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Psicologia Social

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ORIENTAÇÃO DE CARREIRA INVESTIGAÇÃO E PRÁTICAS ORGANIZADORES MARIA CÉLIA PACHECO LASSANCE ROSANE SCHOTGUES LEVENFUS LUCY LEAL MELOSILVA ABOP ORIENTAÇÃO DE CARREIRA INVESTIGAÇÃO E PRÁTICAS ORGANIZADORES MARIA CÉLIA PACHECO LASSANCE ROSANE SCHOTGUES LEVENFUS LUCY LEAL MELOSILVA Todos os direitos reservados à Associação Brasileira de Orientação Profissional Orientação de carreira investigação e práticas Projeto Gráfico e Diagramação Murilo Ohswald Máximo Capa Murilo Ohswald Máximo Orientação de carreira investigação e práticas organizadoras Maria Célia Pacheco Lassance Rosane Schotgues Levenfus Lucy Leal MeloSilva Porto Alegre Associação Brasileira de Orientação Profissional 2015 362 p il Livro eletrônico ISBN 9788569762027 1 Orientação de Carreira 2 Orientação Profissional 3 Intervenção de Carreira I Lassance Maria Célia Pacheco II Levenfus Rosane Schotgues III MeloSilva Lucy Leal IV Título investigação e práticas CDU 005966 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO Foi com muita satisfação que organizamos este livro derivado de trabalhos apresentados no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP e XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional re alizado em Bento Gonçalves RS entre 16 e 19 de setembro de 2015 Desde 1993 data de fundação da Associação Brasileira de Orientação Profissional ABOP wwwabopbrasilorgbr durante o I Simpósio de Orientação Vocacional Ocupacional verificamos um enorme desenvolvi mento na área da orientação profissional e de carreira no Brasil Este desen volvimento pode ser sem sombra de dúvidas atribuído à troca de experiên cias realizada entre orientadores brasileiros e estrangeiros ao longo dos 22 anos de existência da ABOP e pode ser verificado no aumento de disserta ções e teses na área na qualidade sempre crescente da Revista Brasileira de Orientação Profissional e na expansão da sua abrangência e principalmente pela ampliação do público atendido caminhando de forma sistemática e in tencional na direção da universalização das oportunidades para a educação e orientação de carreira Com este volume retomamos uma prática iniciada em 2003 com a pu blicação da série Orientação Profissional teoria e técnica com três volumes publicados pela Vetor Editora 2003 2005 e 2007 por considerarmos que um congresso tem seu impacto potencializado pelo registro formal e comple to dos trabalhos apresentados O livro que agora apresentamos constituise em duas partes Na primeira reunimos trabalhos teóricos e pesquisas Estes estudos envolveram a oferta de orientação profissional em escolas para adolescentes estudantes de ensi no médio e técnico de escolas públicas e jovens participantes de Programas de Aprendizagem estudantes universitários e adultos psicólogos docentes aposentados um estudo transgeracional com mulheres um estudo que re flete sobre a orientação profissional e de carreira em um contexto multicul tural e um estudo que reflete sobre os limites da intervenção em OP através de estudos de caso Na segunda parte o livro traz a descrição e avaliação de práticas diversas em aconselhamento e orientação de carreira com adolescentes estudantes universitários e adultos aposentados apresentando programas de inter venção e técnicas de trabalho A diversidade de estados brasileiros universidades autores públicos contextos e perspectivas teóricas constitui a riqueza desta obra Esperamos APRESENTAÇÃO que este livro inspire consolide a produção de conhecimento na área e prin cipalmente reforce a rede de comunicação entre os orientadores e pesquisa dores brasileiros criando perspectivas de novos trabalhos e trocas entre os diversos grupos de pesquisa Boa leitura Maria Célia Pacheco Lassance Rosane Schotgues Levenfus Lucy Leal MeloSilva Organizadoras PREFÁCIO PREFÁCIO Parafraseando Dante Alighieri apetece dizer aos leitores deste livro que a partir daqui percam toda a esperança de encontrar uma obra monótona uniforme no conteúdo e tematicamente clássica pelo contrário encontrarão nestas páginas os sinais mais evidentes do pulsar da orientação da carreira no espaço IberoAmericano Com efeito encontrarão aqui trabalhos que se ocupam desde os temas mais tradicionais que preenchem um espaço na literatura brasileira principal mente de referência no campo que dá corpo coerente a esta obra até às mais recentes pesquisas quer teóricas quer empíricas que acompanham e estão a par do que se vai fazendo no resto do mundo Refiro ainda outra evidência a orientação o desenvolvimento o aconselhamento de carreira ocupam aqui o espaço que devem ocupar estudos realizados em todas as faixas etárias e em contextos diversificados mostram bem que este campo de investigação e intervenção está bem disseminado e teoricamente consolidado e que interessa tanto ao contexto escolar desde o préescolar ao universitário como ao do mundo do emprego e da empresa e ainda ao da aposentadoria A prova provada de que a orientação o desenvolvimento vocacional a educação para as carreiras e o aconselhamento de carreira têm um espaço próprio de investigação e de intervenção onde cohabitam pesquisadores e práticos psicólogos e outros profissionais está bem evidente nesta obra quase me atrevo a chamarlhe uma obra de retrato um retrato de fotógrafo um retrato de quem quer aprender a fotografar melhor um retrato com pai sagem um retrato selfie tirado em grupo e sobretudo um retrato actual que projecta uma ideia de futuro Olhemos melhor para este retrato As cerca de quarenta peças agora apre sentadas atravessam épocas ultrapassam dificuldades e algumas olham para o futuro E todas elas estão arrumadas com dedicação com vontade com força para continuar os editores merecem por isso uma palavra de aplauso na medida em que nos dão o retrato do profissional esforçado conhecedor do seu ofício e atento ao espaço Iberoamericano Mas há também o retrato feito pelos jovens pelos novos pesquisadores e práticos que procuram saber mais que estimulam as comunidades onde se inserem que não querem deixar por mão alheia o que aprenderam com os mais velhos mas que ao mesmo tempo querem quebrar velhas amarras teóricas querem descobrir outros modos de fazer outras maneiras de se tor narem úteis e em tempo útil às comunidades que servem PREFÁCIO Não espere o leitor uma obra perfeita e portanto acabada Desengane se porque Drummond ecoa a cada página deste livro há sempre uma pedra no meio do caminho Mas ele entendese bem da realidade na medida em que nele se dá conta que haverá sempre algum entrave alguma contrariedade que nos apanha a todos no meio do caminho mas que o caminho existe exis te mesmo E há gente disposta a fazêlo procurando enfrentar obstáculos É também um retrato de paisagem o Brasil melhor os aprendizes os mestres apresentam peças diversas no conteúdo adaptadas aos contextos e enquadradas pelas diferentes paisagens desde os estudos em meios urbanos aos estudos em meios menos favorecidos Afinal a paisagem deste nosso mundo E temos ainda o retrato selfie tirado em grupo no meio da fotografia o mestre o tutor o professor acompanhando pelos seus orientandos pelos seus aprendizes É o retrato que nos fala da equipa da transmissão de sabe res e de afectos de sentido de vida partilhada E temos finalmente o retrato actual que nos mostra o futuro Julgo que teria sido impensável dar à estampa tal livro no ano em que a ABOP reali zou o seu primeiro ou segundo congresso como julgo que será impensável ter um livro só desta dimensão daqui a 10 anos Neste se percebe que há um caminho vislumbrase a contemporaneidade e sentese que a ABOP e os seus membros e os convidados querem fazer mais querem fazer melhor querem ter uma força que não pode ser derrubada O futuro está aqui agora A parte 1 Investigações e Ensaios teóricos com cerca de dezasseis títulos evidencia alguns dos retratos que mencionei acrescentando moldu ras feitas à medida lêse autoeficácia e desenvolvimento de carreira falase da escola pública e do desenvolvimento vocacional considerase a eficiência e a escolha de carreira estudase universitários e reescolhas relacionase optimismo com desenvolvimento vocacional entrase porta adentro dos estágios e da psicologia organizacional espreitase blogues com significado para o significado do trabalho falase de valores do trabalho e de psicólo gos considerase a aposentadoria e o voluntariado olhase para as gerações percebese práticas de orientação profissional considerase escolhas e ado lescência reflectese sobre transição e propostas psicossociais abordase limites e interfaces entre a orientação e a psicoterapia e referese desafios e limites da orientação Enfim da diversidade se vai obtendo a qualidade e a excelência da reflexão e consequentemente da investigação A parte 2 Práticas recheada com cerca de vinte títulos mostra bem aquilo que se tem vindo a fazer desde a avaliação de programas a trabalhos desenvolvidos com populações com deficiência e de meios desfavorecidos PREFÁCIO passando pela operacionalização conceptual lêse também acerca de práticas de implementação de programas de intervenções diversas no conteúdo e na forma de especificidades locais e muito bem delineadas Tratase como já disse de uma obra que não é um tratado monumental que é inacabada mas feita por pessoas que querem mais querem ler mais querem aprender mais querem servir melhor querem colocarse ao serviço das pessoas e das comunidades querem dignificar o Humano querem fazer um retrato comum emoldurado com a moldura mais simples mas por vezes tão difícil de executar a par do desenvolvimento científico e de práticas sus tentadas em referenciais sólidos está sempre deve estar sempre o sentido radicalmente humano da orientação do desenvolvimento e do aconselha mento de carreira Lisboa 3 de Novembro de 2015 Maria Eduarda Duarte SUMÁRIO SUMÁRIO AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS SOCIAIS DE TRABALHO DESTINADOS AOS JOVENS COMPROMISSO COM A EFICIÊNCIA E EFICÁCIA15 Ângela Carina Paradiso Jorge Castellá Sarriera 1 AUTOEFICÁCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA UM ESTUDO COMPARATIVO EM FUNÇÃO DA EXPERIÊNCIA DE TRABALHO29 Mara de Souza Leal Aliene Lago Lucy Leal MeloSilva 2 PODE O OTIMISMO INFLUENCIAR O DESENVOLVIMENTO VOCACIONAL DOS ESTUDANTES INVESTIGANDO ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE HUMAITÁAMAZONAS37 Karen Cibely da Silva Morais Josimar Maciel Cordeiro Fabiana Soares Fernandes Greicy Oliveira Nascimento Lenilda Molina Guerreiro Reis 3 MATURIDADE PARA ESCOLHA PROFISSIONAL E EXPECTATIVAS DE ALUNOS DE CURSOS TÉCNICOS DO PRONATEC47 Camila Felipe Tonn Hellen Cristine Geremia Lucas Schweitzer 4 DESENVOLVIMENTO VOCACIONAL EM ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE HUMAITÁ57 Ueslana Azarak Moreira Karen Cibely da Silva Morais Greicy Oliveira Nascimento Fabiana Soares Fernandes 5 A EFICIÊNCIA DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL CONSIDERANDO O REGISTRO DA ESCOLHA DA CARREIRA67 Laura de Oliveira Marangoni Aliene Lago Lucy Leal MeloSilva 6 PRÁTICAS DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL EM ESCOLAS BRASILEIRAS75 Sílvia Teles Tatiana Lima Celeste Maurício 7 ESCOLHA PROFISSIONAL NA ADOLESCÊNCIA ASPECTOS A CONSIDERAR83 Hedi Maria Luft Juliane Mittelstadt Boaventura Silvia Cristina Segatti Colombo 8 SUCESSO NA TRANSIÇÃO UNIVERSIDADETRABALHO UMA PROPOSTA PSICOSSOCIAL PARA PESQUISA E INTERVENÇÃO91 Marina Cardoso de Oliveira Lucy Leal MeloSilva Maria do Céu Taveira 9 NÃO ERA AQUILO QUE EU QUERIA UM ESTUDO COM UNIVERSITÁRIOS QUE VIVENCIARAM A REESCOLHA DE CURSO99 Carlos Alexandre Campos Scheila Beatriz Sehnem 10 PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS SUMÁRIO RELAÇÃO ENTRE OTIMISMO E DESENVOLVIMENTO VOCACIONAL DOS ACADÊMICOS DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS109 Josimar Maciel Cordeiro Fabiana Soares Fernandes Lenilda Molina Guerreiro Reis Ueslana Azarak Moreira Greicy Oliveira Nascimento 11 ESTÁGIOS DE ESTUDANTES DE PSICOLOGIA NO CAMPO DA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO115 Karla de Oliveira Cruz Edite Krawulski 12 SIGNIFICADO DO TRABALHO E GERAÇÃO Y UMA ANÁLISE DO BLOG 20 E POUCOS 20 E TANTOS123 Livia Antonelli Samantha de Toledo Martins Boehs 13 VALORES RELATIVOS AO TRABALHO DE PSICÓLOGOS NO CONTEXTO BRASILEIRO133 Pedro Alves Zanoto Marília Cammarosano Lucy Leal MeloSilva 14 AUTONOMIA E INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO UM ESTUDO GERACIONAL151 Katia Nahum Campos Maria Lucia Seidl de Moura Andrea Cristina Moreira Pires 16 LIMITES E INTERFACES ENTRE A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E A PSICOTERAPIA UM DILEMA DO ORIENTADOR159 Angela S Elias Cristina Q Frisina Cristina G Moyses Marcia F A Marques 17 DOCENTES APOSENTADOS E EXERCÍCIO DO TRABALHO VOLUNTÁRIO ENTRE A CONTINUIDADE E RUPTURA DANA CARREIRA141 Edite Krawulski Raquel Favretto Karla de Oliveira Cruz Paloma Fraga Medina Ana Carolina de Albuquerque Ribeiro 15 WORKSHOP DEBATER PARA ESCOLHER É SÓ QUERER UMA ESTRATÉGIA LÚDICA PARA A PROMOÇÃO DO AUTOCONHECIMENTO NO PROCESSO DE ESCOLHA PROFISSIONAL177 Leticia Benvenuti Castelo Mariana Michelena Santos 1 CARTA AOS PAIS UMA ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO DOS FILHOS SOBRE A ESCOLHA DE CARREIRA EM ADOLESCENTES MOÇAMBICANOS185 Maria Luísa Lopes Chicote Lucília Maria Abrahão e Sousa Lucy Leal Melo Silva 2 DESAFIOS E LIMITES DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E REORIENTAÇÃO DE CARREIRA EM DUBAI167 Maria Eugênia Nastari Reis 18 PARTE 2 PRÁTICAS SUMÁRIO QUANTO VALE UMA PROFISSÃO A TÉCNICA MERCADO DE PROFISSÕES COMO ESTRATÉGIA DE REFLEXÃO NA CONQUISTA POR UMA CARREIRA UNIVERSITÁRIA195 Aliene Lago Jefferson Claudio Urbinatti Laura de Oliveira Marangoni Lucy Leal MeloSilva 3 EVASÃO EM GRUPOS DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ESTRATÉGIAS DE MOTIVAÇÃO PARA O PROCESSO MANUTENÇÃO DO VÍNCULO E AVALIAÇÃO DO TRABALHO REALIZADO203 Mariana Michelena Santos Leticia Benvenuti Castelo 4 OS TRABALHOS DE GRUPO EM ORIENTAÇÃO VOCACIONAL E OS QUESTIONAMENTOS NA ADOLESCÊNCIA EM DIFERENTES CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS211 Victor Augusto Ferreira de Aguiar Thais Grecca Garcia Silvana Nunes Garcia Bormio 5 POP PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL DA EPHETA PARA A ÁREA DA SURDEZDEFICIÊNCIA AUDITIVA E OS DESAFIOS ATUAIS DA INCLUSÃO NO MUNDO DO TRABALHO221 Elianes Terezinha Klein 6 APRENDIZAGEM PROFISSIONAL E EDUCAÇÃO PARA A CARREIRA REALIDADE SOCIOPROFISSIONAL MATURIDADE VOCACIONAL E AUTOEFICÁCIA DE JOVENS APRENDIZES227 Fernanda Aguillera Lucy Leal Melo Silva 7 DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA COMO ESTRATÉGIA DE AMPLIAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL DE ADOLESCENTES BENEFICIÁRIOS DE PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA239 Fernanda Vieira Guarnieri Lucy Leal MeloSilva 8 ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NO CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA REDES SOCIAIS SENTIDOS DO ESTUDO E PLANEJAMENTO DE VIDA247 Iúri Novaes Luna Vanderlei Brasil 9 PLANEJAMENTO DA CARREIRA DENTRO DA UNIVERSIDADE UMA INTERVENÇÃO EM CONTEXTO DE UMA EMPRESA JÚNIOR255 Luiza Wille Augustin Maiara Lopes da Luz Edite Krawulski 10 A INFLUÊNCIA DA AUTOEFICÁCIA NA ESCOLHA PROFISSIONAL UM RELATO DE CASO265 Thaís Cristine Farsen Marúcia Patta Bardagi 11 CONTRIBUIÇÕES DA ESCUTA PSICANALÍTICA NA MODALIDADE DE ORIENTAÇÃO DE CARREIRA INDIVIDUAL NO ÂMBITO DE UMA FACULDADE275 Michele Gouveia 12 SUMÁRIO ORIENTAÇÃO DE CARREIRA PARA UNIVERSITÁRIOS ESTUDO PARA A CONSTRUÇÃO DO PROGRAMA283 Edgar Pereira Junior Elaine Aparecida Rodrigues Larissa Cristiane de Araújo Sara Francisca Mariano Tiveron 13 PROJETO ENEMCOM PROFISSÃO CARREIRA A UTILIZAÇÃO DA MÍDIA COMO VEÍCULO DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL291 Yangla Kelly Oliveira Rodrigues Roberta Maria Fernandes Cavalcante Aroliza de Drummond Miranda 14 ORIENTAÇÃO DE CARREIRA OFICINAS COM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS299 Marcos Henrique Antunes Marucia Patta Bardagi Viviane da Luz Monteiro 15 PROCESSOS DE LIDERANÇA E DE MUDANÇA DE CARGO NO CONTEXTO JÚNIOR DESENVOLVENDO UM GUIA DE COGESTÃO309 Talita Caetano Silva Karla de Oliveira Cruz Edite Krawulski 16 INTERVENÇÕES DE CARREIRA E SERVIÇOS DE APOIO AO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO NA GRANDE FLORIANÓPOLIS319 Suliana Silva Talita Caetano Silva Marucia Patta Bardagi 17 PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO PARA APOSENTADORIA COM SERVIDORES PÚBLICOS RELATO DE EXPERIÊNCIA329 Marcos Henrique Antunes Renatto Cesar Marcondes 18 A TÉCNICA MAPA DA APOSENTADORIA COMO POSSIBILIDADE DE SENSIBILIZAÇÃO E INTERVENÇÃO EM ORIENTAÇÃO PARA A APOSENTADORIA RELATO DE EXPERIÊNCIA337 Aline Bogoni Costa Dulce Helena Penna Soares 19 ORIENTAÇÃO PARA A APOSENTADORIA POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO PARA O ORIENTADOR PROFISSIONAL345 Dulce Helena Penna Soares Aline Bogoni Costa 20 O PAPEL DO PSICÓLOGOORIENTADOR NO FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS UMA EXPERIÊNCIA EM UM CRAS355 Joice de Paiva Lucy Leal MeloSilva 21 PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS Transform your look with the latest in mens hairstyle trends Book your appointment today Talk to our stylists for personalized advice and style recommendations Experience quality cuts tailored to your preference Visit us at Razzano Barber Shop for the freshest fades and classic cuts Our expert barbers specialize in skin fades tapered styles and the latest trends to give you a sharp confident look Call now or walk in to enjoy a professional grooming experience that leaves you feeling your best Follow us on social media for style inspiration and exclusive promotions AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS SOCIAIS DE TRABALHO DESTINADOS AOS JOVENS COMPROMISSO COM A EFICIÊNCIA E EFICÁCIA AVALIAÇÃO DE PROG PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 1528 1 Ângela Carina Paradiso1 Jorge Castellá Sarriera2 1 Psicóloga Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Formação em Orientação Profissional pelo Instituto do Ser SP Secretária da ABOP na gestão 20012003 Membro do Grupo de Pesquisa em Psicologia Comunitária da UFRGS angelaparadisohotmailcom 2 Psicólogo e Psicopedagogo Mestre pela PUCRS e Doutor em Psicologia pela Universidade Autónoma de Madri UAM Pósdoutorado em Análises Multivariadas pela UB Espanha e Psicologia Comunitária pela USF USA Coordenador do Grupo de Pesquisa em Psicologia Comunitária desde 1993 jorgesarrieragmailcom Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil O presente capítulo aborda a avaliação de programas sociais de trabalho des tinados aos jovens sob a ótica da eficiência otimização dos recursos dispo níveis e da eficácia alcance dos objetivos propostos Na primeira parte do texto são apresentadas questões gerais sobre a avaliação de programas sociais uso de critérios de eficiência e eficácia e principais tipos de avalia ção Na segunda seção é feita uma breve descrição dos principais programas sociais de trabalho dirigidos aos jovens executados pelo governo federal na última década e na sequência são apresentadas informações de caráter ava liativo sobre esses programas disponíveis em artigos científicos de periódicos nacionais A fim de oferecer subsídios para a avaliação de programas sociais na terceira parte do texto são apresentadas questões teóricas que envolvem a definição de indicadores de resultados e após é relatado o percurso meto dológico utilizado na definição de indicadores de resultados de programas de Aprendizagem Profissional Ao final é feita uma discussão geral sobre os temas e questões abordados nesse trabalho O propósito desse texto é esti mular que profissionais e gestores de programas sociais de trabalho busquem identificar através de critérios objetivos e tangíveis se o investimento Ângela Carina Paradiso Jorge Castellá Sarriera 16 financeiro e o esforço de todos os envolvidos com o programa estão de fato contribuindo para alcançar os resultados esperados Avaliação de programas sociais sob a ótica da eficiência e eficácia O termo avaliar significa em geral determinar fixar estimar ou julgar o valor de algo a fim de tomar decisões Aguilar AnderEgg 1994 Cohen Franco 2012 FernándezBallesteros 1996 Kusek Rist 2005 Rebolloso FernándezRamirez Cantón 2008 Stufflebeam Shinkfield 2007 Ao mesmo tempo em que a avaliação se constitui em uma ferramenta ou ati vidade estratégica de gestão Costa Castanhar 2003 avaliar as ações do Estado permite prestar contas para a sociedade de forma clara e objetiva sobre a utilização racional dos recursos financeiros e a qualidade dos pro gramas Dessa forma favorece o controle social sobre os gastos públicos e as ações de governo contribuindo em última análise para a qualidade de vida da população Costa Castanhar 2003 Ramos Schabbach 2012 Sano Montenegro Filho 2013 O uso de critérios de avaliação representa medidas para aferir diferentes aspectos de um programa sendo que a escolha dos critérios depende dos as pectos que se deseja privilegiar Costa Castanhar 2003 A avaliação con forme o critério de eficiência tem origem nas ciências econômicas e significa obter a menor relação possível entre custobenefício ou dito de outro modo otimizar os recursos disponíveis e maximizar os benefícios oferecidos pelo programa Costa Castanhar 2003 Rebolloso et al 2008 A busca pela efi ciência envolve identificar a melhor alternativa entre programas atividades etc que permite atingir os mesmos resultados com o menor custo Tanaka Melo 2004 A eficácia por sua vez visa medir o alcance dos objetivos de um programa na direção desejada sem considerar os custos implicados Cohen Franco 2012 Costa Castanhar 2003 Rebolloso et al 2008 Apesar da distinção conceitual entre eficiência e eficácia Cohen e Franco 2012 apontam que não é possível dissociar um critério de outro pois como os recursos sociais são limitados é esperado aumentar a eficiência de pro gramas sociais do mesmo modo que é almejado incrementar a eficácia na consecução dos objetivos Mesmo assim os autores alertam para o fato de ser comum a ausência de controle e do uso de metodologias de avaliação Na prática isso impede que os gestores optem pelas alternativas mais econômi cas para alcançar os objetivos deixando de efetuar o acompanhamento que permita reorientar um programa ou projeto quando julgarem que os objeti vos não estão sendo atingidos O momento em que se realiza a avaliação de um programa define distin tos tipos e propósitos da avaliação A Tabela 1 apresenta alguns dos prin cipais tipos objetivos funções e estratégias metodológicas de avaliação referentes a cada um desses momentos Apesar dessa divisão ressaltase que a avaliação é uma atividade permanente que acompanha todas as fases da política pública Carvalho 2003 ou de um programa social cujas etapas estão interligadas e são interdependentes Stufflebeam Shinkfield 2007 Rebolloso et al 2008 Avaliação de programas sociais de trabalho 1528 17 TABELA 1 Tipo Objetivo Função e Metodologia de Avaliação de Programas Nota Adaptado de Aguilar AnderEgg 1994 Cohen Franco 2012 FernándezBallesteros 1996 Rebolloso et al 2008 Rossi Lipsey Freeman 2004 Stufflebeam Shinkfield 2007 Tipo Objetivo Função Metodologia Contexto e necessidades Conhecer a realidade social e identificar o problema identificar e priorizar necessidades Observações entrevistas individuais e em grupo consulta a documentos Concepção teórica e metodológica Identificar provável êxito do programa Reformular ou não a proposta Consulta a documentos e literatura científica entrevistas observação Processo Verificar se execução ocorre como planejado Melhorar o programa Entrevistas observação questionários Resultado Verificar se os resultados esperados foram obtidos Decidir sobre a continuação ou não do programa Entrevistas questionários Impacto Identificar relação entre causa programa e efeito resultados do programa Decidir sobre a continuação ou não do programa Desenho experimental quase experimental ou não experimental O que a literatura científica nacional informa sobre a avaliação de programas sociais de trabalho destinados aos jovens A fim de contextualizar o surgimento dos programas sociais de trabalho destinados aos jovens na última década é preciso lembrar que a virada do mi lênio suscitou a discussão sobre o papel estratégico da juventude no desen volvimento social e econômico sustentável Organização das Nações Unidas 2003 Neste contexto o trabalho representa um padrão de integração social e um meio de obter recursos em direção à conquista de autonomia e eman cipação dos jovens Organização Internacional do Trabalho 2008 Ao en contro dessa posição o Brasil assume que o Estado tem o dever de garantir o acesso aos meios que permitirão o desenvolvimento integral dos jovens a fim de promover o desenvolvimento da sociedade tanto no presente quanto no futuro Conselho Nacional de Juventude 2006 No que tange à oferta de condições que favoreçam o ingresso dos jovens brasileiros no mercado de trabalho diferentes programas foram sido implan tados a partir de 2003 Gonzalez 2009 momento em que iniciou o processo de institucionalização das políticas de juventude brasileiras Brenner Lânes Carrano 2005 Conselho Nacional de Juventude 2011 De lá para cá os principais programas sociais de trabalho executados em âmbito nacional são a Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego PNPE extinto em 2008 b Programa Nacional de Inclusão de Jovens ProJovem que entre 20072008 foi reformulado e transformado no ProJovem Integrado e c Aprendizagem Profissional Conselho Nacional de Juventude 2011 Organização Internacional do Trabalho 2009 Silva Andrade 2009 A se guir descrevese sinteticamente cada um deles O Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego PNPE foi um dos programas de maior destaque do governo federal nos anos 2000 A im plantação do PNPE teve início no final de 2003 e seu encerramento aconteceu Ângela Carina Paradiso Jorge Castellá Sarriera 18 quatro anos depois O objetivo principal era proporcionar aos jovens entre 16 e 24 anos de idade a oportunidade de obter a primeira experiência de tra balho formal através da oferta de vagas de trabalho subsidiadas Ministério do Trabalho e Emprego 2005 Em 2005 a inclusão social dos jovens consolidouse como dimensão nor teadora da Política Nacional de Juventude O Programa Nacional de Inclusão de Jovens ProJovem implantado nesse ano foi considerado um dos princi pais programas destinados à população jovem com baixa escolaridade e ren da Secretaria Nacional de Juventude 2010 Entre os anos 2007 e 2008 esse programa foi reestruturado e foi criado o ProJovem Integrado o qual passou a comportar quatro modalidades denominadas de ProJovem Adolescente 15 17 anos Urbano Trabalhador e Campo 1829 anos Exceto o ProJovem Adolescente os demais programas do ProJovem Integrado articulam ob jetivos voltados à escolarização qualificação profissional eou inserção no mercado de trabalho O ProJovem Urbano tem como objetivo oportunizar a conclusão do ensino fundamental e oferecer qualificação profissional O ProJovem Trabalhador visa à qualificação profissional a fim de preparar o jovem para o mercado de trabalho e para ocupações alternativas geradoras de renda bem como busca fomentar a visão do empreendedorismo juvenil O ProJovem Campo oferece qualificação profissional inicial em produção rural e estimula a conclusão ao menos do ensino fundamental Conselho Nacional de Juventude 2011 Por fim a Lei da Aprendizagem Brasil 2005 regulamentou o contrato de trabalho especial entre o jovem aprendiz entre 14 e 24 anos de ida de e o empregador com duração máxima de dois anos De acordo com o texto da lei a Aprendizagem Profissional pretende preparar o jovem para desempenhar atividades profissionais e ao mesmo tempo desenvolver sua capacidade de lidar com diferentes situações no mundo trabalho A forma ção dos aprendizes deve estar sob a coordenação de entidades formadoras qualificadas para esse fim A função do empregador é proporcionar ao jo vem aprendiz formação técnicoprofissional através de atividades teóricas e práticas sistematicamente organizadas em tarefas de complexidade pro gressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho Brasil 2005 Ministério do Trabalho e Emprego 2011 O Conselho Nacional de Juventude CONJUVE através da Comissão de Acompanhamento de Políticas e Programas CAPP divulgou um balanço das políticas de juventude brasileiras entre 20032010 Conselho Nacional de Juventude 2011 em que reconhece a ausência de informações específicas sobre a avaliação dos programas executados Aliás uma das recomendações finais do Conselho para as políticas na área do trabalho é a necessidade de aperfeiçoar o sistema de informações sobre a situação social da juventude bem como o monitoramento e avaliação das políticas Conselho Nacional de Juventude 2011 p 46 A limitação de tempo relativo à execução dessas políticas implantadas a partir de 2003 pode explicar a escassez de estudos de avaliação consisten tes Conselho Nacional de Juventude 2006 2011 Sposito Silva Souza Avaliação de programas sociais de trabalho 1528 19 2006 Além disso a avaliação de políticas públicas ainda se depara com difi culdades como a ausência de uma cultura de avaliação o que dificulta que ela se torne uma atividade regular no contexto da administração pública Costa Castanhar 2003 Ramos Schabbach 2012 Diante da limitada disponibilidade de informação sobre a avaliação de programas sociais de trabalho em nível federal foi realizada uma pesquisa em bases de dados de artigos científicos com o objetivo de identificar infor mações de caráter avaliativo sobre programas sociais de trabalho voltados à juventude no Brasil O método e os principais resultados desse estudo serão descritos a seguir Método Em maio de 2015 foi realizada uma consulta a artigos científicos de pe riódicos nacionais disponíveis nas bases de dados de texto completo PePSIC e SciELO httpwwwbvspsiorgbr utilizando os termos de busca juventudejovens A partir do conjunto de resultados para cada um desses termos a busca foi refinada utilizandose os termos trabalho e políticas pú blicas e trabalho e programas sociais No total foram recuperados 26 resumos dos quais 10 se repetiam Após a leitura dos 16 resumos restantes foram selecionados apenas dois de acordo com os seguintes critérios a o estudo referese a um programa social de âmbito federal na área do trabalho b o programa social de âmbito federal na área do trabalho está em execução e c o objetivo do estudo propõe algum tipo de análise sobre um programa social na área do trabalho destinado aos jovens ou sobre os participantes desse tipo de programa Considerando o pequeno número de resumos selecionados na primeira busca conforme os critérios definidos para o estudo optouse por reali zar uma segunda busca nas mesmas bases de dados utilizandose como descritores o nome dos programas em curso no momento ProJovem e Aprendizagem Assim foram utilizados os termos jovens e projovem jo vens e aprendizagem e jovens e aprendiz Para os termos jovens e projovem foram recuperados oito resumos Destes foram selecionados cinco dois dos quais já haviam sido recuperados na primeira busca ou seja foram selecionados três novos resumos àqueles da primeira busca totalizando cinco resumos Para os termos jovens e aprendizagem e jovens e aprendiz foram recupera dos 140 resumos sendo a grande maioria deles relacionada à área da educa ção Após leitura desse conjunto de resumos foram selecionados cinco que tratavam especificamente do programa de Aprendizagem Profissional tota lizando 10 resumos Nessa segunda busca os critérios de seleção dos artigos foram os mesmos que os utilizados na primeira Após a leitura dos 10 artigos selecionados nas duas buscas efetuadas nas bases de dados foram descartados dois artigos cujo conteúdo não atendeu ao objetivo do estudo que é identificar informações de caráter avaliativo so bre programas sociais de trabalho voltados à juventude no Brasil A Tabela 2 Ângela Carina Paradiso Jorge Castellá Sarriera 20 apresenta o programa social de trabalho e a respectiva referência do artigo o objetivo do estudo e a metodologia empregada em cada um dos oito arti gos selecionados TABELA 2 Informações Sobre os Artigos Relacionados aos Programas Sociais Selecionados Programa social Referência Objetivo do estudo Método 1 Aprendizagem Freitas Oliveira 2012 Identificar e compreender os significados atribuídos à escola e à formação profissional descrever os problemas enfrentados Análise de conteúdo das respostas de 99 aprendizes a um questionário semiestruturado 2 Aprendizagem Mattos Chaves 2006 Investigar as representações sociais de aprendizes sobre o trabalho e a relação entre trabalho e estudo Análise de conteúdo das respostas de 71 aprendizes a um questionário com questões abertas 3 Aprendizagem Mattos Chaves 2010 Investigar a as experiências de transição para o trabalho de egressos de um programa de Aprendizagem Análise qualitativa de entrevista semiestruturada realizada com 10 jovens egressos 4 Aprendizagem Pessoa Alberto Máximo Souza 2014 Analisar a formação profissional oferecida por uma instituição filantrópica a partir da perspectiva de jovens aprendizes Análise de conteúdo temática de entrevista semiestruturada realizada com 20 aprendizes 5 Aprendizagem Sousa Frozzi Bardagi 2013 Conhecer como jovens participantes de um programa de Aprendizagem avaliam a inserção na vida profissional através do primeiro emprego quais mudanças identificam em suas rotinas de vida expectativas de futuro e escolha profissional e aspectos positivos ou não das experiências de trabalho e aprendizagem Análise de conteúdo de entrevista de grupo foco realizada com quatro aprendizes 6 Projovem Friedrich Benite Benite 2012 Apresentar uma reflexão sobre a relação entre a proposta pedagógica do Projovem discurso oficial e a realidade social dos egressos do programa Análise das respostas de 45 egressos do Projovem a um questionário 7 Projovem Trabalhador Deluiz Veloso 2013 Analisar as expectativas dos alunos em relação aos cursos de qualificação profissional as concepções e estratégias pedagógicas utilizadas e as mudanças ocorridas em sua situação social Realização de cinco grupos focais com 58 alunos de cursos de qualificação 8 Projovem Urbano Soares Ferrão e Marques 2011 Quantificar a desistência e evasão identificar os grupos com maior incidência de evasão e a avaliação do desempenho dos alunos em Matemática e Língua Portuguesa Análise estatística de dados de 47142 jovens que concluíram o programa Resultados A leitura dos artigos selecionados permitiu identificar aspectos positi vos dos programas Projovem e Aprendizagem Profissional e problemas e desafios a serem superados em relação à execução desses programas e dos resultados por eles obtidos A Tabela 3 apresenta uma síntese das informa ções tanto favoráveis quanto desfavoráveis sobre os programas sociais de trabalho destinados aos jovens em execução no Brasil identificadas nos ar tigos selecionados Tabela 2 Tais informações foram agrupadas conforme o momento da execução do programa a que se referem durante ou após a execução do programa Avaliação de programas sociais de trabalho 1528 21 TABELA 3 Informações Avaliativas Sobre Programas Sociais de Trabalho Conforme Momento da Execução Programa Informação avaliativa Durante execução do programa Após execução do programa Aprendizagem Favorável integração entre curso teórico e prática profissional Reforço dos conteúdos escolares Aprendizagem de comportamentos adequados e formas de se relacionar com pessoas no contexto das empresas Desfavorável baixa qualidade do material didático Metodologia das aulas é pouco dinâmica Conteúdo das aulas teóricas é defasado e não atende às necessidades dos alunos na prática profissional Rotatividade dos professores Favorável mudanças positivas no âmbito pessoal desenvolvimento de novas competências e habilidades aquisição de novos conhecimentos aumento da iniciativa autonomia e sentimento de responsabilidade percepção de amadurecimento pessoal e melhora da autoestima Trabalho associado a desenvolvimento pessoal e aprendizagem Conhecimento sobre direitos e cidadania ProJovem Favorável mudanças positivas no âmbito pessoal Aprendizagem de novos conhecimentos gerais ProJovem Trabalhador Favorável bom desempenho dos professores metodologia das aulas é satisfatória Desfavorável conteúdo dos cursos é simplificado Baixa qualidade do material didático Ausência de prática profissional dificulta consolidação do aprendizado teórico Favorável mudanças positivas no âmbito pessoal Conhecimento sobre direitos sociais ProJovem Urbano Desfavorável índices elevados de evasão 41 dos inscritos Favorável aumento no nível de conhecimento específico Língua Portuguesa e Matemática após a conclusão do programa Levando em conta a metodologia de pesquisa utilizada pelos autores dos artigos selecionados Tabela 2 verificase que as informações avaliativas disponíveis Tabela 3 derivam de pesquisas predominantemente descritivas e exploratórias de caráter qualitativo cujo propósito é conhecer e compreen der percepções experiências e expectativas dos jovens participantes dos pro gramas sociais de trabalho sobre variadas questões Embora os autores dos artigos contribuam com reflexões sobre temas como juventude educação e trabalho e até mesmo mencionem a possível contribuição dos seus estudos para as politicas públicas não foram encontrados estudos fundamentados em critérios de avaliação préestabelecidos Dessa forma podese afirmar que exceto o trabalho Soares et al 2011 a avaliação de programas sociais de trabalho não é o foco principal dos estu dos publicados em artigos científicos nacionais A ausência de critérios de referência que permitam avaliar o alcance de programas sociais de trabalho destinados aos jovens motivou a realização de uma pesquisa empírica cujo objetivo é definir indicadores de resultados de programas de Aprendizagem Profissional A seguir apresentamse algumas considerações teóricas e metodológicas sobre a definição de indicadores e na sequência o método utilizado nesse estudo Ângela Carina Paradiso Jorge Castellá Sarriera 22 Definição de indicadores de resultados de programas de Aprendizagem Profissional Um indicador é uma variável quantitativa ou qualitativa Kusek Rist 2005 Tanaka Melo 2004 cuja tarefa básica é expressarrepresentar a si tuação que se deseja avaliar Fernandes 2004 Tanaka Melo 2004 O ter mo resultados é compreendido como toda e qualquer consequência do pro grama imediata ou duradoura desejada ou não positiva ou negativa direta ou indireta Kusek Rist 2005 Rebolloso et al 2008 Avaliar os resultados implica avaliar o alcance dos objetivos do programa ou dito de outro modo se o programa apresenta os efeitos mudanças na direção desejada e qual a extensão dessa mudança Aguilar AnderEgg 1994 Em geral a determinação de indicadores adequados e efetivos envolve aspectos políticos e metodológicos Do ponto de vista político é preciso que eles sejam definidos de forma participativa que conciliem as preocupações de todas as partes interessadas num determinado programa que sejam com preensíveis e acessíveis representando uma linguagem de uso comum a to dos os envolvidos bem como devem ser adequados para a análise e tomada de decisão Fernandes 2004 Kusek Rist 2005 Minayo 2009 Em termos metodológicos os indicadores de resultados devem ser definidos a partir dos objetivos de um projeto Cohen Franco 2012 Considerando que definir um objetivo de resultado é o mesmo que estabe lecer resultados esperados Cohen Franco 2012 Rebolloso et al 2008 definir indicadores de resultados implica em traduzir os resultados espera dos de um programa em variáveis quantitativas ou qualitativas e estabelecer a forma de mensurálas Kusek Rist 2005 Indicadores adequados devem ter características específicas e obedecer a diferentes critérios Tanaka e Melo 2004 destacam a praticidade e a validade dos indicadores De acordo com os autores um indicador é prático se está acessível ou pode ser obtido em curto prazo sem maiores dificuldades Para um indicador ser considerado válido sua utilidade deve ser reconhecida por todos os atores envolvidos na avaliação Os critérios adotados por Kusek e Rist 2005 a partir da proposta de Salvatore SchiavoCampo apontam que um indicador dever ser a claro o mais direto e inequívoco possível seja ele qualitativo ou quantitativo b relevante pertinente ao resultado desejado c econômico coletar e analisar dados representa um alto custo financeiro d mensurável deve ser confiável garantia de que o que se está medindo em um dado momento seja o mesmo que será medido em um momento posterior e válido garan tia de que o que está medindo seja em realidade o que se buscava medir e e adequado não deve ser demasiado indireto ou abstrato a ponto de que estimar o desempenho desse indicador se converta numa tare fa problemática ou complicada A seguir é apresentada a metodologia utilizada para atender ao objetivo de identificar indicadores de resul tados da Aprendizagem Profissional na vida dos jovens a partir da pers pectiva de egressos educadores e gestores de entidades executoras de cursos de Aprendizagem Avaliação de programas sociais de trabalho 1528 23 Método Participantes O estudo contou com a colaboração de cinco entidades executoras de cursos de Aprendizagem Profissional registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Porto Alegre CMDCA uma entidade está registrada como Organização não governamental duas como Entidade assistencial e duas como Instituição educacional Participaram 13 egressos oito rapazes e cinco moças dessas entidades com idades entre 17 e 20 anos que concluíram o curso de Aprendizagem Profissional entre seis meses e dois anos antes do momento da pesquisa Também participaram 10 educadores cinco homens e cinco mulheres responsáveis por disciplinasmódulos dos cursos de Aprendizagem seis gestores das entidades executoras da Aprendizagem cinco mulheres e um homem e seis profissionais vinculados a empresas responsáveis pela contra tação acolhimento e acompanhamento dos aprendizes quatro mulheres e dois homens Esses últimos em geral atuam na área de recursos humanos e serão designados a partir de agora como empregadores Instrumentos de coleta de dados Os egressos participaram de três grupos focais Gaskell 2008 com du ração aproximada de 60 minutos Dentre outros aspectos os jovens foram estimulados a discutir sobre possíveis mudançasresultados esperados ou alcançados através da Aprendizagem durante e após a conclusão do curso na vida dos jovens Para os demais participantes foi utilizada a entrevista individual semies truturada Gaskell 2008 com duração entre 30 e 45 minutos No total foram realizadas 22 entrevistas Em geral os entrevistados foram solicitados a falar in direta ou diretamente sobre os resultados esperados da Aprendizagem na vida dos jovens e caso tivessem conhecimento sobre resultados alcançados Dessa forma buscouse ter acesso ao maior número possível de informações relativas aos resultados da Aprendizagem Profissional sejam eles esperados ou alcança dos Sempre que possível os participantes foram estimulados a apontar indi cadores que melhor traduzissem cada resultado esperado Kusek Rist 2005 Procedimentos e cuidados éticos Esse estudo foi realizado mediante a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul CEPUFRGS A participação foi voluntária e todos foram informados sobre o caráter confidencial dos dados garantindo o respeito aos padrões éticos da pesquisa envolvendo seres humanos conforme a Resolução 19696 do Conselho Nacional de Saúde Conselho Nacional de Saúde 1996 Análise dos dados Os dados foram analisados conforme procedimentos da análise de conte údo Bauer 2008 Gaskell 2008 Os resultados esperados eou alcançados Ângela Carina Paradiso Jorge Castellá Sarriera 24 da Aprendizagem na vida dos jovens foram categorizados em seis âmbitos trabalho pessoal interpessoal educacional e vocacional familiar e social Após buscouse definir os indicadores de resultados para cada um desses âmbitos conforme sugerem Kusek e Rist 2005 Para os autores dentre as etapas iniciais do processo de construção de um sistema de indicadores de resultados está a conhecer os resultados esperados e no caso desse estudo optouse por agregar os resultados alcançados de acordo com o ponto de vis ta comum de todas as partes diretamente interessadas e b traduzilos em indicadores de resultados capazes de expressar diretamente esses resultados Resultados Ressaltase que no caso dessa pesquisa a definição dos indicadores de re sultados correspondeu às manifestações dos participantes nos grupos focais e nas entrevistas de como seria possível identificardemonstrar que deter minado resultado esperado efetivamente foi alcançado A Tabela 4 apresenta exemplos de indicadores de resultados da Aprendizagem Profissional na vida dos jovens que ilustram essas duas etapas TABELA 4 Resultado Esperado eou Alcançado da Aprendizagem na Vida dos Jovens e Respectivos Indicadores de Resultado Resultado esperado eou alcançado âmbito Indicador de resultado 1 Obter emprego formal Trabalho 1 Obtenção de emprego formal 2 Aumentar a autoestima Pessoal 2 Nível de autoestima 3 Aprender a se comunicar de maneira adequada saber ouvir e saber falar Interpessoal 31 Capacidade de se comunicarconversar de maneira adequada 32 Capacidade de ouvir e de expressar ideias e opiniões 4 Dar continuidade aos estudos ex nível superior Escolar e vocacional 41 Ingresso no ensino superior 42 Conclusão do ensino superior 5 Membros da família definem objetivos educacionais e profissionais e buscam atingilos Familiar 51 Busca de qualificação profissional por parte de membros da família 52 Busca eou obtenção de trabalho por parte de membros da família 6 Participar de atividades sociais e ou comunitárias visando mudanças e melhorias sociais Social 61 Participação em atividades sociais eou comunitárias 62 Númerotipo de ações sociais eou comunitárias que os egressos participaramparticipam por exemplo igrejas associações organizações sociais 63 Tempo de duraçãoperiodicidade dedicado a ações sociais eou comunitárias Discussão O objetivo deste trabalho é abordar a avaliação de programas sociais de trabalho destinados aos jovens conforme os critérios de eficiência e eficácia Em termos gerais o objetivo dos programas sociais de trabalho no âmbi to federal que estão vigentes Projovem e Aprendizagem Profissional é oferecer ao jovem qualificação profissional e social elevar o nível de esco laridade e estimular a inserção no mercado de trabalho Conselho Nacional Avaliação de programas sociais de trabalho 1528 25 de Juventude 2011 Organização Internacional do Trabalho 2009 Silva Andrade 2009 Esses aspectos se mostram coerentes com as necessidades de uma importante parcela da população juvenil que tem baixa escolaridade e busca capacitação para a inserção no mercado de trabalho Corrochano Ferreira Souza 2008 Gonzalez 2009 Através da identificação de informações avaliativas disponíveis em arti gos científicos sobre programas sociais de trabalho para os jovens executados no âmbito federal foi possível verificar que as pesquisas não abordam dire tamente questões relacionadas à eficiência dos programas Entretanto foi possível observar que elementos como a estrutura dos cursos de formação profissional a qualidade do material didático e dos professores o tipo de metodologia empregada e a atualização e pertinência do conteúdo ministra do os quais se referem à avaliação de processo Cohen Franco 2012 Rebolloso et al 2008 representam parâmetros para a avaliação da eficiên cia Cohen Franco 2012 Costa Castanhar 2003 Rebolloso et al 2008 Tanaka Melo 2004 de programas sociais de trabalho Tais elementos es tão relacionados ao investimento financeiro em recursos materiais e huma nos necessários à execução de cursos de qualificação profissional e aparecem como os principais elementos levados em consideração pelos jovens quando solicitados a avaliar positiva ou negativamente a execução dos programas sociais de trabalho Aliás quando bem avaliados esses elementos estimulam inclusive o interesse dos jovens em frequentar as aulas teóricas da formação profissional Sousa et al 2013 Ainda sobre a execução dos cursos um aspecto a ser destacado é que a prá tica profissional proporcionada pelos programas de Aprendizagem Profissional conta com garantias legais e treinamento específico Brasil 2005 Ministério do Trabalho e Emprego 2011 Essa questão merece atenção porque reforça a im portância das políticas públicas em promover o trabalho decente Organização Internacional do Trabalho 2009 visto que as primeiras experiências positivas contribuem para a construção de um itinerário profissional significativo para o jovem Corrochano et al 2008 Gonzalez 2009 Em termos de resultados alcançados é possível afirmar que os alunos do ProJovem Urbano comprovadamente se beneficiam do programa em termos de aquisição de conhecimentos específicos Soares et al 2011 Participantes do ProJovem e da Aprendizagem Profissional também apontam transfor mações em termos pessoais e na aquisição de conhecimentos sobre direitos sociais Mattos Chaves 2006 2010 Sousa et al 2013 Por outro lado não há comprovação de que a passagem por um programa social de trabalho atenda a expectativa do jovem de ingressar no mercado de trabalho Assim encontramse limitações em comprovar a eficácia desses programas justa mente na redução do desemprego juvenil uma das principais justificativas para que eles sejam formulados e implantados Gonzalez 2009 Silva Andrade 2009 A expectativa de pesquisadores Mattos Chaves 2006 Sousa et al 2013 em contribuir para a formulação de políticas públicas ou para as ins tituições envolvidas na tarefa da formação profissional dos jovens reforça o Ângela Carina Paradiso Jorge Castellá Sarriera 26 papel da avaliação na retroalimentação do ciclo de políticas públicas e a con tribuição do meio acadêmico para o controle social sobre as ações do Estado Ramos Schabbach 2012 Entretanto a intenção de avaliar a fim de tomar decisões para o aperfeiçoamento continuidade ou extinção dos programas sociais de trabalho objetivo principal da avaliação de programas Aguilar AnderEgg 1994 Cohen Franco 2012 FernándezBallesteros 1996 Kusek Rist 2005 Rebolloso et al 2008 Stufflebeam Shinkfield 2007 parece não ser o foco dos artigos selecionados Essa constatação reforça tanto a recomendação do CONJUVE sobre a necessidade de avaliar os programas sociais executados pelo Governo Federal Conselho Nacional de Juventude 2011 quanto a verificação de que no Brasil não existe uma tradição de avaliar as ações do Estado Ramos Schabbach 2012 Assim parece evidente que as políticas públicas e programas sociais de trabalho carecem de estudos que permitam comprovar que são eficientes e eficazes Considerando que para avaliar a eficiência e a eficácia de programas sociais é preciso conhecer seus resultados Cohen Franco 2012 Costa Castanhar 2003 Rebolloso et al 2008 Sano Montenegro Filho 2013 Tanaka Melo 2004 o relato do percurso metodológico que levou à identificação de indi cadores de resultados da Aprendizagem Profissional pode servir como refe rência a profissionais e gestores que pretendem avaliar resultados de progra mas A consulta e a contribuição de diferentes partes interessadas egressos educadores gestores e empregadores na Aprendizagem Profissional para a definição de indicadores atendeu ao aspecto político envolvido na avaliação Fernandes 2004 Kusek Rist 2005 Minayo 2009 Do ponto de vista metodológico buscouse traduzir os resultados esperados eou alcançados apontados pelas pessoas envolvidas com os programas de Aprendizagem em variáveis quantitativas ou qualitativas diretamente relacionadas aos resulta dos que se deseja alcançar através da execução do programa Cohen Franco 2012 Kusek Rist 2005 Minayo 2009 Tanaka Melo 2004 À luz das características ou critérios que permitem apontar se um indi cador é adequado ou não alguns pontos devem ser observados Quanto à praticidade Tanaka Melo 2004 devese garantir que não haja obstáculos para que a entidade executora estabeleça contato com os egressos do pro grama via email redes sociais ou com outras fontes de dados O limite de tempo necessário para verificar se os resultados esperados foram alcançados é outro ponto a ser levado em conta Quanto à clareza tanto os indicadores quantitativos quanto qualitativos devem ser precisos e objetivos caso con trário não será possível mensurálos Do ponto de vista econômico o custo para obtenção de dados pode variar de acordo com o tipo de instrumento questionário entrevista se é preciso treinamento para sua aplicação e qual a demanda de tempo para analisar os dados Uma vez definidos os indicadores que oferecerão informações sobre o avanço em direção aos resultados esperados há outras etapas no processo de avaliação como identificar os dados básicos ou parâmetros relativos a cada indicador determinar os objetivos de desempenho dos indicadores e plane jar a coleta e a análise de dados Kusek Rist 2005 Tanaka Melo 2004 Avaliação de programas sociais de trabalho 1528 27 Todo esse processo envolve tempo dinheiro recursos humanos e principal mente interesse em avaliar FernándezBallesteros 1996 Rebolloso et al 2008 e em utilizar os resultados da avaliação FernándezBallesteros 1996 Kusek Rist 2005 Stufflebeam Shinkfield 2007 As pessoas envolvidas na avaliação se manterão motivadas para fornecer coletar e analisar dados somente se reconhecerem e confiarem na utilidade desse processo Kusek Rist 2005 o que torna essa atividade complexa e desafiadora Considerações finais Ao mesmo tempo em que esse trabalho defende a necessidade de avaliar os programas sociais de trabalho destinados aos jovens conforme os critérios de eficiência e eficácia reconhece que são muitas as limitações para que uma avaliação efetivamente aconteça Apesar desses obstáculos destacase que assim como os jovens depositam muitas expectativas no trabalho é esperado que façam o mesmo ao participar de um programa governamental que pro mete qualificação profissional e ingresso no mercado de trabalho Portanto é dever do Estado e da sociedade levar a sério tais expectativas e criar estraté gias de ação eficientes e eficazes Nesse sentido esse trabalho busca chamar a atenção de gestores e profissionais para a relevância de avaliar programas sociais de trabalho destinados aos jovens à luz desses critérios A oferta de cursos de formação profissional certamente tem um custo elevado Desta forma avaliar a eficiência dos programas sociais de trabalho representa um desafio a mais para os gestores e profissionais responsáveis pela sua execução a fim de minimizar custos e ao mesmo tempo manter a qualidade dos benefícios aos jovens Da mesma forma a avaliação da eficácia é indispensável pois se sabe apenas que os programas são executados mas pouco se conhece sobre o alcance dos seus objetivos Apesar de ser apenas o primeiro passo no processo de avaliação de re sultados identificar indicadores de resultados é uma tarefa fundamental para demonstrar se os resultados desejados de fato são ou não alcançados A partir daí os gestores podem tomar as decisões mais apropriadas sobre a execução de um programa aplicar os recursos financeiros adequadamente e principalmente identificar se estão cumprindo com as promessas feitas às partes interessadas REFERÊNCIAS Aguilar M J AnderEgg E 1994 Avaliação de serviços e programas sociais Petrópolis RJ Vozes Brasil 2005 Decreto N 5598 de 1 de dezembro de 2005 Regulamenta a contratação de aprendizes e dá outras providências Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03Ato200420062005DecretoD5598htm Acesso em 4 de janeiro de 2011 Brenner A K Lânes P Carrano P C R 2005 A arena das políticas públicas de juventude no Brasil Revista de Estudios sobre Juventud 922 194211 Cohen E Franco R 2012 Avaliação de projetos sociais 10ª edição Petrópolis RJ Vozes Editora Conselho Nacional de Juventude 2006 Política Nacional de Juventude Diretrizes e perspectivas São Paulo Conselho Nacional de Juventude Fundação Friedrich Ebert Disponível em httpwwwjuventudegovbrconjuvedocumentoscopy2ofdocumentos Acesso em 21 de outubro de 2008 Conselho Nacional de Juventude 2011 Reflexões sobre a política nacional de juventude 20032011 Disponível em httpwwwjuventudegov brconjuvedocumentosreflexoessobreapoliticanacionaldejuventude20032011 Acesso em 25 de novembro de 2011 Conselho Nacional de Saúde 1996 Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996 Disponível em httpconselhosaudegovbrresolucoes1996 Reso196doc Acesso em 12 de outubro de 2010 Ângela Carina Paradiso Jorge Castellá Sarriera 28 Corrochano M C Ferreira M I C M V Souza R 2008 Jovens e trabalho no Brasil Desigualdades e desafios para as políticas públicas São Paulo Ação Educativa Instituto ibi Disponível em httpwwwbdaeorgbrdspacebitstream12345678923011Jovenstrabalho Brasilpdf Acesso em 03 de maio de 2011 Costa F L Castanhar J C 2003 Avaliação de programas públicos Desafios conceituais e metodológicos RAP Rio de Janeiro 375 96992 Deluiz N Veloso B 2013 O arco ocupacional saúde nas políticas de educação profissional Trabalho Educação e Saúde 112 355374 FernándezBallesteros R 1996 Cuestiones conceptuales básicas en evaluación de programas In R FernándezBallesteros Org Evaluación de programas Una guía práctica en ámbitos sociales educativos y de salud pp2147 Madrid Editorial Síntesis Freitas M F Q Oliveira L M P 2012 Juventude e educação profissionalizante Dimensões psicossociais do Programa Jovem Aprendiz Pesquisa em Psicologia 62 111120 doi105327Z198212472012000200004 Friedrich M Benite C R M Benite A M C 2012 O Programa Nacional de Inclusão de Jovens ProJovem Uma análise entre a proposta oficial e a experiência vivida em Goiânia Ensaio Avaliação de Políticas Públicas em Educação 2074 185206 Gonzalez R 2009 Políticas de emprego para jovens Entrar no mercado de trabalho é a saída In J A de Castro L M C de Aquino C C de Andrade Orgs Juventude e políticas sociais no Brasil pp 109128 Brasil Ipea Disponível em httpwwwipeagovbrsites0002livros LivroJuventudePoliticaspdf Acesso em 4 de junho de 2012 Kusek J Z Rist R C 2005 Diez pasos hacia un sistema de seguimiento y evaluación basado em resultados Bogotá Banco Mundial Mayol Ediciones Mattos E Chaves A M 2006 As representações sociais do trabalho entre adolescentes aprendizes um estudo piloto Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano 163 6675 Mattos E Chaves A M 2010 Trabalho e escola É possível conciliar A perspectiva de jovens aprendizes baianos Psicologia Ciência Profissão 303 540555 Ministério do Trabalho e Emprego 2005 National action plan for the employment of young people Disponível em httpwwwiloorgpublic englishemploymentstratyendownloadbnappdf Acesso em 07 de maio de 2007 Ministério do Trabalho e Emprego 2011 Manual da aprendizagem O que é preciso saber para contratar o aprendiz 7ª ed Brasília Ministério do Trabalho e Emprego Organização das Nações Unidas 2003 Resolução adotada pela Assembleia Geral 57165 das Nações Unidas sobre a Promoção do Emprego de Jovens Disponível em httpwwwoitbrasilorgbr Acesso em 2 de maio de 2007 Organização Internacional do Trabalho 2008 Global Employment Trends for Youth Disponível em 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gestão pública e sua relevância para o desenvolvimento social e das ações públicas Desenvolvimento em Questão 1121 3561 Silva E R A Andrade C C 2009 A política nacional de juventude Avanços e dificuldades In J A de Castro L M C de Aquino C C de Andrade Orgs Juventude e políticas sociais no Brasil pp4369 Brasil Ipea Disponível em httpwwwipeagovbrsites0002livros LivroJuventudePoliticaspdf Acesso em 4 de junho de 2012 Secretaria Nacional de Juventude 2010 Guia de Políticas Públicas de Juventude Secretaria Nacional de Juventude Brasília SNJ Disponível em httpwwwjuventudegovbrguia Acesso em 25 de novembro de 2011 Soares T M Ferrão M E Marques C A 2011 Análise da evasão no ProJovem Urbano Uma abordagem através do Modelo de Regressão Logística Multinível Ensaio Avaliação de Políticas Públicas em Educação 1973 841860 Sousa H Frozzi D Bardagi M P 2013 Percepção de adolescentes aprendizes sobre a experiência do primeiro emprego Psicologia Ciência Profissão 334 918933 Sposito M P Silva H H C Souza N A 2006 Juventude e poder local Um balanço de iniciativas públicas voltadas para jovens em municípios de regiões metropolitanas Revista Brasileira de Educação 1132 238257 Stufflebeam D L Shinkfield A J 2007 Evaluation theory models and applications San Francisco CA JosseyBass Trevisan A T van Bellen H M 2008 Avaliação de políticas públicas Uma revisão teórica de um campo em construção Revista de Administração Pública 423 529550 AUTOEFICÁCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA UM ESTUDO COMPARATIVO EM FUNÇÃO DA EXPERIÊNCIA DE TRABALHO AUTOEFICÁCIA PARA PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 2936 2 Mara de Souza Leal1 Aliene Lago2 Lucy Leal MeloSilva3 1 Psicóloga pela Universidade Federal de Uberlândia UFU Mestre e Doutoranda em Psicologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto FFCLRPUSP maraslealuspbr 2 Psicóloga pela FFCLRPUSP realizou a Capacitação Técnica no Hemocentro de Ribeirão Preto e foi Assistente de Recurso Humano da micro empresa online Self English Mestranda no Programa de Pósgraduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo FFCLRPUSP alienelagomsncom 3 Psicóloga livre docente pela USP Ribeirão Preto docente na Graduação e Pósgraduação em Psicologia da FFCLRPUSP É responsável pela área de Orientação Profissional na FFCLRPUSP na qual desenvolve pesquisa ensino e extensão Membro da ABOP e da IAEVG Coeditora da Revista Brasileira de Orientação Profissional Pesquisadora CNPq lucilealffclrpuspbr Diferentes modelos teóricos advindos da Psicologia buscam explicar o proces so de desenvolvimento de carreira destacandose a Teoria Social Cognitiva de Carreira TSCC de Lent Brown e Hackett 1994 derivada da Teoria Social Cognitiva de Bandura 2001 Esse autor buscou articular as ideias que expli cavam o comportamento como puramente inato e biológico e as que conside ravam a conduta como determinada pelo contexto sócio histórico A tentativa de transcender esta dicotomia resultou na Teoria Social Cognitiva na qual se destaca a interação sistêmica entre pessoacomportamentocontexto sendo que os três elementos se influenciam mutuamente são dependentes um do outro e denominados como reciprocidade triádica Calado 2009 De acor do com este referencial teóricometodológico o indivíduo é o agente de seu desenvolvimento do seu destino individual e do mundo no qual é ele quem organiza seus recursos opera mudanças e administra seu sistema individual e ambiental Ou seja o sujeito é proativo atua na sua trajetória de vida de modo intencional é capaz de explorar modificar e influenciar o ambiente e Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Mara de Souza Leal Aliene Lago Lucy Leal MeloSilva 30 de autorregular o seu próprio comportamento Leal 2013 Assim sendo essa perspectiva sociocognitiva centrase no papel ativo do sujeito enquanto intérprete do seu ambiente de convívio acarretando grande importância ao significado pessoalmente construído contudo não diminuindo a relevância das características objetivas do contexto Guarnieri MeloSilva 2010 A partir deste modelo de Bandura os autores Lent Brown e Hackett 1994 construíram a Teoria Social Cognitiva de Carreira TSCC na qual analisaram o indivíduo na sua construção profissional Esta ideia focaliza três dimensões importantes e que se relacionam autoeficácia expectativas de resultados e objetivos alcançados Calado 2009 O primeiro conceito re ferese às crenças que o indivíduo possui sobre sua habilidade em executar determinadas ações para alcançar desempenhos específicos Já as expectati vas de resultados referemse às consequências antecipadas que o sujeito pos sui diante de esforços comportamentais Por último os objetivos alcançados são definidos como a determinação para se entregar às atividades sempre buscando conseguir o sucesso futuro Guarnieri MeloSilva 2010 Além disso Lent et al 1994 desenvolveram três princípios explicativos dos aspectos mais fundamentais no desenvolvimento de carreira e orienta ção profissional o Modelo de Desenvolvimento dos Interesses Modelo das Escolhas de Carreira e Modelo de Desempenho O primeiro princípio afirma que a autoeficácia e as expectativas de resultados exercem efeito direto na construção dos interesses vocacionais e que estes são fundamentais para se escolher uma carreira Em outras palavras o indivíduo se interessa por uma carreira quando se sente apto para realizála e quando prevê seus resultados positivos Além disso este modelo considera o desenvolvimento de carrei ra como um processo dinâmico que acontece ao longo de todo o ciclo vital entretanto encontra maior variabilidade nas fases da infância e adolescência Calado 2009 Já com relação ao Modelo das Escolhas de Carreira Lent et al 1994 defendem a importância de fatores pessoais e contextuais na escolha profissional mas também das experiências de aprendizagem do indivíduo Ou seja aspectos como gênero condições de saúde e status socioeconômico assim como os conhecimentos já aprendidos que exercem efeitos nos objeti vos e ações de escolha de um indivíduo podendo funcionar como facilitador ou como barreira na sua construção Por último o Modelo de Desempenho descreve sobre o nível e qualidade das realizações pessoais e a persistência dos comportamentos relacionados à carreira Esta teoria interrelaciona capacida des autoeficácia expectativas de resultados e objetivos quando leva em conta o desempenho demonstrado do indivíduo na construção da carreira Lent et al 1994 Em outras palavras afirma que a capacidade que um indivíduo acredi ta que possui realizações aptidões e desempenhos anteriores influencia nos seus comportamentos atuais podendo ser de forma direta através da autoe ficácia ou indireta através das expectativas de resultado atingindo também consequentemente a definição de objetivos Calado 2009 Sendo assim com base em Lent et al 1994 destacase a importância da autoeficácia no desenvolvimento de carreira A fim de melhor entendi mento aprofundouse a definição deste último conceito O desenvolvimento Autoeficácia para o desenvolvimento de carreira 2936 31 vocacional de acordo com a TSCC segundo Guarnieri 2008 envolve três aspectos a formação e elaboração de interesses vocacionais b seleção das opções vocacionais e c a persistência e o desempenho nas atividades educacionais e profissionais Além disso há seis tarefas que se relacionam com o desenvolvimento de carreira e uma vez realizadas auxiliam na sua construção e progresso 1 aquisição de crenças de autoeficácia e expecta tivas positivas de resultados ajustadas à realidade 2 desenvolvimento de interesses acadêmicos e profissionais por determinada área 3 formação transformação da união entre os interesses e os objetivos 4 transformação dos objetivos em ações 5 desenvolvimento de competências específicas e competências gerais 6 negociação de barreiras e apoios que afetam o acesso às opções vocacionais pretendidas Desta maneira a TSCC foi utilizada neste estudo para compreender e relacionar a autoeficácia o desenvolvimento de carreira e a experiência de trabalho Este último conceito está relacionado com o knowhow que o in divíduo possui com relação às atividades profissionais Guarnieri 2008 A literatura tem apontado que há melhores resultados no planejamento e orientação para exploração de carreira quando se tem maior experiência pro fissional Creed Patton 2003 Contudo outros autores afirmam que as variáveis como maturidade possuem maior relação com o sucesso escolar e com os projetos de continuidade dos estudos do que a idade e a experiência de trabalho Aguillera 2013 Sendo assim há contraposições e lacunas na literatura sobre esta temática em questão o que justifica este trabalho Por conseguinte a fim de auxiliar na busca de mais conhecimentos na área este capítulo focalizou a influência que a variável experiência profissional possui sobre a autoeficácia para o desenvolvimento de carreira Objetivo Este estudo objetiva verificar se existe diferença na autoeficácia percebida para o desenvolvimento de carreira em função da experiência de trabalho tra balhanão trabalha em alunos do ensino médio regular e técnico Esperase que exista diferença estatisticamente significativa na autoeficácia percebida em desenvolvimento de carreira a favor dos alunos que trabalham H1 Método Este estudo de caráter quantitativo e descritivo é um recorte de uma pesquisa maior que objetivou avaliar a autoeficácia para o desenvolvimento de carreira e os interesses profissionais em estudantes do ensino médio re gular e técnico Participantes A amostra do presente estudo constituiuse de 301 estudantes do ter ceiro ano do ensino médio de uma cidade do interior paulista 153 alunos do ensino médio técnico e 148 alunos do ensino médio regular sendo 101 Mara de Souza Leal Aliene Lago Lucy Leal MeloSilva 32 do sexo masculino e 200 do sexo feminino com idades entre 16 e 59 anos M2010 DP711 Moda17 Instrumentos Questionário de Identificação Instrumento formulado com o objetivo de obter informações da amostra sobre a identificação o rendimento escolar a questões relativas à experiência de trabalho a carreira a participação em processos de orientação profissional além da escolaridade dos pais e o nível socioeconômico Inventário de Autoeficácia para o Desenvolvimento de Carreira Career Development SelfEfficacy Inventory CDSEI de Yuen et al 2004 2005 A versão original do instrumento é chinesa de Hong Kong Para fins deste estudo foi utilizada a versão brasileira de Aguillera 2013 O instrumento avalia a confiança de estudantes do ensino médio na aplicação de competên cias da vida para o desenvolvimento da carreira O instrumento é composto por 24 itens subdividido em seis fatores a Planejamento de Carreira b Questões de Gênero na Carreira c Informação para a Escolha Profissional d Preparação para a Busca de Emprego e Procura de Emprego e f Definição de Objetivos de Carreira As respostas são dadas por meio de uma escala do tipo Likert de seis pontos 1extremamente não confiante a 6extremamente confiante O CDSEI apresenta propriedades psicométri cas satisfatórias tanto na versão original chinesa com valores de alfa de Cronbach entre α077 a 082 nas subescalas e na escala total α095 Yuen et al 2004 quanto na versão brasileira adaptada por Aguillera 2013 com jovens aprendizes α069 a 078 nas subescalas e na escala total α094 O CDSEI tem sido utilizado em pesquisas no contexto português apresentando bons índices de consistência interna nas subescalas α070 a 079 no estudo de Lopes 2010 e com valores entre α048 e 072 no estudo de Teixeira Barreira Faria Baptista e Pimentel 2011 Este instrumento pode ser utili zado em processos de orientação profissional e avaliação de programas Coleta de dados Foi realizado um estudo piloto antes de iniciar a coleta para verificar a adequabilidade dos instrumentos e tempo de aplicação dos mesmos O instrumento se mostrou adequado para a utilização na pesquisa com en tendimento dos itens pelos clientes aplicação rápida tempo médio de oito minutos de aplicação e principalmente pelas propriedades psicométricas satisfatórias nas diferentes versões Após a aprovação do Comitê de Ética em pesquisa a coleta de dados foi realizada em sala de aula em duas escolas públicas de uma cidade do interior paulista uma de ensino médio regular na qual foram coletados os dados em seis turmas e outra de ensino médio técnico na qual foram coletados dados em oito cursos a Administração b Design de Interiores c Edificações d Eletrônica e Eletrotécnica f Mecatrônica g Nutrição e Dietética e h Secretariado Pontuase que os dados foram coletados mediante a assinatura dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE Para os alunos com idade inferior a 18 anos foi Autoeficácia para o desenvolvimento de carreira 2936 33 solicitado que trouxessem o TCLE assinado pelos pais Vale salientar que como contrapartida foi oferecida aos alunos que participaram da pesquisa prioridade de atendimento no Serviço de Orientação Profissional da univer sidade pública à qual as pesquisadoras deste estudo estão vinculadas Análise de dados Foi verificada a distribuição da amostra por meio dos testes de ShapiroWilk e KolmogorovSmirnov Para a comparação dos grupos estu dantes que trabalham e estudantes que não trabalham face à subescalas de autoeficácia em desenvolvimento de Carreira foi utilizado o teste de Mann Whitney Os dados foram analisados no programa estatístico Statistical Package for Social Science SPSS versão 17 Resultados e Discussão Primeiramente foi verificada a distribuição da amostra por meio do teste de normalidade de KolmogorovSmirnov e ShapiroWilk Escalas do CDSEI Trabalha KolmogorovSmirnova ShapiroWilk Statistic Df Sig Statistic Df Sig Planejamento de Carreira Não 147 178 000 940 178 000 Sim 126 123 000 948 123 000 Questões de Gênero na Carreira Não 166 178 000 954 178 000 Sim 123 123 000 933 123 000 Informação para Escolha Profissional Não 136 178 000 954 178 000 Sim 113 123 001 964 123 002 Preparação para Busca de Emprego Não 144 178 000 962 178 000 Sim 123 123 000 961 123 001 Procura de Emprego Não 138 178 000 944 178 000 Sim 122 123 000 957 123 001 Definição de Objetivos de Carreira Não 144 178 000 955 178 000 Sim 096 123 007 974 123 017 Escore total Não 113 178 000 949 178 000 Sim 103 123 003 971 123 009 TABELA 1 Resultados do teste de normalidade de KolmogorovSmirnov e ShapiroWilk para amostra em relação a situação de trabalho Nota a Lilliefors Significance Correction Como os valores de p foram inferiores 005 nos testes de normalidade rejeitamos a hipótese de semelhança da amostra à distribuição normal Considerando que os resultados apontaram a não normalidade da distribui ção amostral para a comparação da autoeficácia para o desenvolvimento da Mara de Souza Leal Aliene Lago Lucy Leal MeloSilva 34 carreira em relação à situação de trabalho trabalhanão trabalha foi utili zado o teste ManWhitney Os resultados da comparação da autoeficácia em função da situação de trabalho são apresentados na Tabela 2 e Tabela 3 TABELA 2 Resultados das médias para as diferentes escalas e escore total do CDSEI em função da situação de trabalho TABELA 3 Resultados do teste de MannWhitney para as diferentes escalas e escore total do CDSEI em função da variável trabalho Escalas do CDSEI Trabalha N Média de Ordem Somatório da Ordenação Planejamento de Carreira Não 178 15357 2733600 Sim 123 14728 1811500 Questões de Gênero na Carreira Não 178 14911 2654100 Sim 123 15374 1891000 Informação para Escolha Profissional Não 178 14831 2640000 Sim 123 15489 1905100 Preparação para Busca de Emprego Não 178 14843 2642100 Sim 123 15472 1903000 Procura de Emprego Não 178 15488 2756950 Sim 123 14538 1788150 Definição de Objetivos de Carreira Não 178 15132 2693500 Sim 123 15054 1851600 Escore total Não 178 15167 2699800 Sim 123 15002 1845300 PC QGC IEP PBE PE DOC Escore total MannWhitney U 10489000 10610000 10469000 10490000 10255500 10890000 10827000 Wilcoxon W 18115000 26541000 26400000 26421000 17881500 18516000 18453000 Z 622 458 649 619 939 077 162 Asymp Sig 2tailed 534 647 516 536 348 938 872 Nota PC Planejamento de Carreira QGC Questões de Gênero na Carreira IEP Informação para Escolha Profissional PBE Preparação para a Busca de Emprego PE Procura de Emprego e DO C Definição de Objetivos de Carreira Os resultados da comparação das dimensões e escore total de autoeficá cia em desenvolvimento de carreira em função da variável trabalho revelam que não existe diferença estatisticamente significativa para as subescalas e escore total de autoeficácia Nesse sentido a hipótese H1 Esperase que exis ta diferença estatisticamente significativa na autoeficácia percebida em desenvol vimento de carreira a favor dos alunos que trabalham não foi confirmada Tendo em vista que a literatura da área aponta a influência das expe riências de trabalho nas tarefas de carreira e que a TSCC considera as ha bilidades ou experiências anteriores influenciadoras na percepção das Autoeficácia para o desenvolvimento de carreira 2936 35 crenças de autoeficácia Lent et al 1994 esperavase encontrar diferenças na percepção da autoeficácia em desenvolvimento de carreira na presente investigação a favor dos alunos que trabalham Além disso há evidências dessa hipótese em diversos estudos como de Creed e Patton 2003 no qual estudantes com experiência de trabalho apresentavam melhores resultados em tarefas de exploração e planejamento de carreira e o de Aguillera 2013 que ao investigar a autoeficácia para o desenvolvimento de carreira por meio do CDSEI em jovens aprendizes encontrou maior autoeficácia na escala Preparação para Busca de Emprego entre os jovens que tiveram experiência profissional anterior Somado a isso há também as pesquisas de Vieira e Coimbra 2004 e Pelissoni 2007 nas quais foram verificadas diferenças estatisticamente significativas em todas as dimensões de autoeficácia a favor dos universitá rios com experiência de trabalho e nos estudos O contato com o mercado de trabalho e a experiência profissional poderiam propiciar uma percepção mais forte de autoeficácia quanto às tarefas de carreira com uma maior percepção de sua capacidade em relação ao planejamento às questões de gênero à bus ca de informações à preparação para procura de emprego à busca ativa de emprego e ao estabelecimento de objetivos de carreira Pontuase também que a falta de verificação de experiência laboral an terior também pode ter colaborado para os resultados da presente investi gação Foi investigado se os alunos estavam trabalhando no momento da pesquisa porém não foi perguntado se já haviam tido alguma experiência laboral anterior Considerações finais Apesar do presente estudo não ter verificado diferenças na percepção das crenças de autoeficácia em relação à carreira em função da experiência de trabalho sabese que a Teoria Social Cognitiva de Carreira tem se mostrado bastante eficiente na tentativa de explicar os comportamentos de carreira com fundamentos nos conceitos de agência humana mais notadamente na autoeficácia percebida Vale salientar que esse estudo possui limitações quanto a sua generaliza ção devido ao tamanho da amostra e em relação à ausência de análise das ex periências prévias de trabalho da população investigada As contraposições e lacunas na literatura acerca da influência da experiência profissional no desenvolvimento de carreira notadamente nas percepções da autoeficácia indicam a necessidade de mais estudos sobre essa temática REFERÊNCIAS Aguillera F 2013 Projeto de vida e preparação para carreira de jovens aprendizes da realidade à intervenção Teste de Doutorado Universidade de São Paulo Ribeirão Preto Bandura A 2001 Social Cognitive Theory An Agentic Perspective Annual Reviews Psychologist 52 126 httpdxdoiorg101146annurev psych5211 Calado I S 2009 Um programa de planejamento da carreira para estudantes do 9 ano de escolaridade Dissertação de Mestrado Integrado em Psicologia Universidade de Lisboa Lisboa Mara de Souza Leal Aliene Lago Lucy Leal MeloSilva 36 Creed P A Patton W 2003 Differences in career attitude and career Knowledge for High School students with and without paid work experience International Journal for Education and Vocational Guidance 31 2133 Guarnieri F V 2008 Cotas Universitárias perspectivas de estudantes em situação de vestibular Dissertação de Mestrado Universidade de São Paulo Ribeirão Preto Guarnieri F V MeloSilva L L 2010 Perspectivas de estudantes em situação de vestibular sobre as cotas universitárias Psicologia Sociedade 223 Leal M S 2013 Autoeficácia percebida em desenvolvimento de carreira e interesses profissionais em estudantes do Ensino Médio Regular e Técnico Dissertação de Mestrado Universidade de São Paulo Ribeirão Preto Lent R Brown S D Hackett G 1994 Towards a unifying social cognitive theory of career and academic interests choice and performance Journal Vocational Behavior 4579122 Lopes A R 2010 Projectos vocacionais crenças de autoeficácia e expectativas parentais em estudantes do 7º ano de escolaridade em situação de sucessoinsucesso escolar Dissertação de mestrado não publicada Universidade de Lisboa Lisboa Portugal Pelissoni A M S 2007 Autoeficácia na transição para o trabalho e comportamento de exploração de carreira em licenciados Dissertação de Mestrado Faculdade de Educação Universidade estadual de Campinas Campinas Teixeira M O Barreira C Faria I Baptista J Pimentel A L 2011 Inventário de AutoEficácia para o Desenvolvimento de Carreira CD SEI Career Development Selfefficacy Inventory CDROM Atas do Congresso Iberoamericano de AvaliaçãoEvaluación Psicológica 8 Conferência Internacional Avaliação Psicológica Formas e Contextos 15 Vieira D Coimbra J 2004 Fatores facilitadores para a transição para o trabalho A perspectiva de finalistas do ensino superior In MC Taveira H Coelho H Oliveira J Leonardo Orgs Desenvolvimento vocacional ao longo da vida Fundamentos princípios e orientações pp343352 Coimbra Almedina Yuen M Gysbers N Chan R M D Lau P S Y Leung T K M Hui E K P Shea P M K 2005 Developing a career development selfefficacy instrument for Chinese adolescents in Hong Kong International Journal for Educational and Vocational Guidance 5 5773 httpdxdoi org101007s1077500521263 Yuen M Gysbers N C Hui E K P Leug T K M Lau P S Y Chan R M C Ke S Y 2004 Career development selfefficacy inventory Users manual Hong Kong China The University of Hong Kong PODE O OTIMISMO INFLUENCIAR O DESENVOLVIMENTO VOCACIONAL DOS ESTUDANTES INVESTIGANDO ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE HUMAITÁ AMAZONAS PODE O OTIMISMO IF PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 3745 3 Karen Cibely da Silva Morais1 Josimar Maciel Cordeiro2 Fabiana Soares Fernandes3 Greicy Oliveira Nascimento4 Lenilda Molina Guerreiro Reis5 1 Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal do Amazonas Aluna do Programa de Iniciação Científica PIBIC cibelynoghotmailcom 2 Graduando do Curso de Licenciatura em Letras na Universidade Federal do Amazonas Aluno do Programa de Iniciação Científica PIBIC josimarmaciel177gmailcom 3 Doutora em Psicologia Docente da Universidade Federal do Amazonas fabianafernandes2801gmailcom 4 Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal do Amazonas Aluna do Programa de Iniciação CientíficaPIBIC greicyoliveiranhotmailcom 5 Pedagoga pela Universidade Federal do Amazonas lenildamolinagmailcom Este trabalho vai discorrer sobre o Desenvolvimento Vocacional na Adolescência e possíveis fatores que podem influenciar nesse processo tal como o otimismo Para tal compreensão faremos uma breve introdução so bre as variáveis que estão destacadas nesse estudo Entendemos a adolescência como uma etapa em que o indivíduo passa por mudanças corporais e psicológicas as quais são imprescindíveis ao de senvolvimento humano É uma etapa de transição em que já não se é mais criança porém ainda não se têm status de adulto Tratase de um conceito cultural por se relacionar com processos sociais É também um processo psi cossocial que dura por um pouco mais de 10 anos e se caracteriza pela transi ção entre a infância e a idade adulta Já a puberdade é um conceito biológico por se referir às mudanças físicas pelas quais o jovem passa No que diz respeito às escolhas profissionais estas são influenciadas por uma série de fatores entre eles a educação escolar a família aspectos sociais Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Karen Cibely da Silva Morais Josimar Maciel Cordeiro Fabiana Soares Fernandes Greicy Oliveira Nascimento Lenilda Molina Guerreiro Reis 38 psicológicos pessoais econômicos e culturais que irão construir um modelo de vida a ser seguido Embora não sejam atualmente entendidas como um momento pontual nessa fase do desenvolvimento humano a adolescência é nesse momento que as escolhas precisam ser declaradas e assumidas pelos jovens diante da sociedade pelo fato de este ser o momento que está mais próximo da tomada de decisões principalmente com relação à carreira profissional Fernandes 2014 Coimbra 199798 Gonçalves 2008 Dentre os aspectos psicológicos destacamos nesse trabalho o otimismo usualmente definido como um comportamento ou sentimento Scheier Carver 1985 citado por Hutz 2014 Ottati 2014 que influencia positivamente várias áre as da vida como a saúde mental e física Carver et al 2010 citado por Pais Ribeiro 2012 O otimismo como condutor de aspectos positivos poderá influenciar na escolha profissional uma vez que leva o indivíduo à expectati va de que tudo vai dar certo O objetivo do trabalho foi investigar em que etapa do Desenvolvimento Vocacional se encontram os jovens estudantes do ensino médio em uma escola pública do município de HumaitáAM bem como possíveis aspectos que podem estar influenciando esse processo A fim de atender esse objetivo geral buscouse a caracterizar em que etapa do desenvolvimento vocacio nalDV se encontram os jovens finalistas do Ensino Médio b analisar se o otimismo influencia no DV O trabalho está dividido em quatro partes Num primeiro momento fare mos uma revisão da literatura buscando apreender o que tem sido investigado sobre a temática em questão Na sequência apresentaremos a metodologia utilizada bem como todos os procedimentos adotados ao longo da realização deste trabalho No terceiro momento apresentamse os resultados encontra dos e a discussão dos mesmos e por fim apresentamos as considerações finais O que é o Desenvolvimento Vocacional De acordo com Super 1984 citado por Fernandes Gonçalves e Oliveira 2014 p233 o desenvolvimento vocacional tende a ser uma série de pequenas porém importantes decisões A partir disto entende mos que a decisão no que se trata de vocação não é resultado apenas de um simples e comum conhecimento adquirido sobre algumas profissões e cursos que o sistema de formação poderá oferecer é também consequência das relações que o sujeito constrói com o mundo em que vive envolvendo se de forma emotiva cognitiva e comportamental Ou seja implica em um processo construtivo no ciclo vital no qual diversos aspectos micro e macrossociais estão envolvidos podendo o indivíduo sofrer influência tan to da família dos amigos da escola quanto da sociedade em geral Essas escolhas tentem a ter maior pressão na fase da adolescência quando o jovem é pressionado tanto pela escola pelo fato de estar concluindo o Ensino Médio quanto pela família que espera ansiosamente pelos resul tados dos vestibulares e também pela sociedade que de forma simbólica exige um posicionamento de todo e qualquer ser social que nela permane ça Fernandes 2014 Essa decisão vai interferir no estilo de vida que o Pode o otimismo influenciar o desenvolvimento vocacional 3745 39 jovem passará a ter podendo ou não proporcionarlhe satisfação pessoal Fernandes Gonçalves Oliveira 2014 p 233 A fim de compreender como se dá esse desenvolvimento vocacional re corremos a Gonçalves 2006 quando apresenta diversas abordagens do de senvolvimento vocacional entre elas a Perspectiva Humanista e a Perspectiva do Determinismo Sociológico A Perspectiva Humanista cita algumas teo rias como por exemplo a de Carl Rogers 1951 e Law 1991 citados em Gonçalves 2006 que tratam o desenvolvimento como uma ação espontânea na qual o sujei to experimentará emoções e desejos portanto na visão humanista rejeita se o exame psicológico de aptidões interesses e valores bem como a in formação escolar e profissional e prefere a ajuda na resolução do problema da escolha o contato pessoal e a capacidade de ouvir atentamente o cliente através da modalidade do aconselhamento psicológico individual ou em pequenos grupos valorizandose preferencialmente como atividades ou seja tratase de uma intervenção Gonçalves 2006 p15 Ainda para o mesmo autor a Perspectiva do Determinismo Sociológico focase na realidade subjetiva como facilitadora do desenvolvimento voca cional ou seja referese à forte influência das oportunidades sociais sobre o itinerário vocacional dos indivíduos devido às transformações sociais econômicas e políticas ocorridas no seu entorno social Gonçalves 2006 p15 Podemos exemplificar a partir dessa última perspectiva a existência de um grupo de jovens que querem seguir uma carreira ou seja escolhem uma profissão mas por se encontrar numa classe social não facilitadora acabam se conformando em ter outra profissão completamente diferente do que era desejado para sua vida profissional mas que suas condições social econômi ca e cultural permitem Outros ainda até chegam a cursar e a se formar num curso desejado mas a falta de estrutura da localidade em que estão inseridos acaba optando por outros empregos ou ficam desempregados por anos Essas situações são uma realidade no município de HumaitáAM Nesta perspecti va todo o poder atribuído ao sujeito individual no modelo humanista não passará de uma ilusão porque os jovens não escolhem agarram o que está disponível para o seu nível de qualificação escolar e profissional Law 1991 citado por Gonçalves 2006 p 17 Diante dessas e de outras abordagens possíveis ao desenvolvimento vo cacional Marcia 1996 apud Fernandes Gonçalves Oliveira 2014 ana lisou a construção da identidade na formação do processo vocacional ba seandose em dois processos a Exploração e o Investimento A Exploração consiste no processo de análise e avaliação das várias alternativas possíveis Já o Investimento pressupõe uma adesão a um determinado objetivo ou princípio assim como o desencadear de ações concretas para implementar Karen Cibely da Silva Morais Josimar Maciel Cordeiro Fabiana Soares Fernandes Greicy Oliveira Nascimento Lenilda Molina Guerreiro Reis 40 projetos e escolhas ou agir de acordo com esses mesmos objetivos ou prin cípios Marcia 1996 citado por Fernandes Gonçalves Oliveira 2014 p 234 O autor nos apresenta esses dois fatores como base para a elabo ração de futuros projetos profissionais podemos portanto acreditar que esses processos estão intensificados ao longo do Ensino Médio uma vez que nesse momento os jovens precisam optar ou pela entrada imediata no mundo do trabalho ou por uma formação superior Assim Exploração e Investimento são processos psicológicos ativadores do Desenvolvimento Vocacional Em se tratando de aspectos ou processos psicológicos envolvi dos na construção de projetos profissionais destacamos o Otimismo Mas o que é Otimismo Vários pesquisadores Peterson Seligman 2004 citado por Ottati 2014 Rojas Marin 2010 citado por Ottati 2014 Scheier Carver 1985 citado por Hutz 2014 Seligman 2002 citado por Ottati 2014 entre ou tros vêm estudando dentro da Psicologia Positiva condutores que pudes sem auxiliar no tratamento de patologias O otimismo assim como a felici dade resiliência e outros sentimentos positivos seriam comportamentos indispensáveis para esses tratamentos Autores como Scheier e Carver 1985 citado por Hutz 2014 definem o Otimismo como uma disposição do indivíduo em avaliar as situações a que é exposto caracterizase por expectativas positivas generalizadas sobre eventos futuros p96 A partir dessa definição compreendese que otimistas são pessoas que esperam que coisas boas aconteçam com elas enquanto que os pessimistas esperam que coisas ruins ocorram p 96 Scheier e Carver 1985 citado por Hutz 2014 enfatizam que Otimismo e Pessimismo são características de personalidade que influenciam a forma como as pessoas se colocam diante dos eventos da vida Entretanto ser otimista não se limita a pensar positivamente mas está relacionado com a maneira em que se explica a causa dos eventos ou seja qual seu estilo ex plicativo e esse estilo está relacionado com a saúde futura deste indivíduo Seligman 1995 citado por Weber Brandenburg e Viezzer 2003 De acordo com este autor existem três dimensões utilizadas para explicar o porquê do acontecimento de um evento a primeira é a permanência que se refere ao quanto os efeitos do evento se prolongam no tempo a segunda é a difusão que se refere ao quanto os efeitos do evento se propagam para outras situações e a terceira é a per sonalização que se refere ao quanto a causa é atribuída a fatores externos ou internos Otimistas atribuem explicações permanentes difundidas e internas para os eventos bons e explicações temporárias específicas e ex ternas para eventos ruins O contrário acontece para os pessimistas Os eventos bons são vistos como temporários específicos e externos O in divíduo acredita que o evento bom não foi determinado pelo seu próprio esforço para ocorrer Os eventos ruins são vistos pelo pessimista como per manentes difundidos e internos culpandose pelo acontecimento Weber Brandenburg e Viezzer 2003 p71 Pode o otimismo influenciar o desenvolvimento vocacional 3745 41 Outra perspectiva é a definição de otimismo aprendido de Seligman 1995 citado por Snyder Lopez 2009 para quem o otimismo está re lacionado com um ambiente de aprendizagem Segundo esse autor o oti mista utilizase das atribuições causais externas para explicar os fenôme nos negativos que experiencia ao passo que os pessimistas utilizamse de atribuições causais internas Muitas vezes os pais são atuantes para criar o otimismo em seus filhos os pais que entendem o fracasso de seus filhos e trabalham com fatores externos em vez de internos Assim mostram a seus filhos uma forma adaptativa de encontrar desculpas para o problema Desta forma o otimista explica as coisas ruins de maneira a 1 explicar o papel de ou tras pessoas e ambientes na produção de resultados ruins ou seja uma atribuição externa 2 interpretar os eventos como se tivesse pouca proba bilidade de voltar a acontecer isto é uma atribuição variável e 3 restrin gir o resultado ruim apenas a um desempenho e uma área e não a outros ou seja uma atribuição específica Snyder e Lopez 2009 p 171 Nesse mesmo sentido Scheier e Carver 1985 apud Hutz 2014 compre endem Otimismo como um comportamento aprendido ou seja o ambiente influencia o desenvolvimento ou não desse comportamento Por exemplo os pais ao se depararem com uma situação negativa de seus filhos podem trabalhar com fatores internos que ajudem a florescer esse sentimento comportamento achando meios de regredir a situação negativa e adaptar uma situação positiva ou seja mostrando o lado bom da situação Cordeiro Fernandes Mascarenhas 2014 Segundo Ottati 2014 p 22 Teoria do otimismo aprendido ou explicativo tem como base a ideia de que as expectativas das pessoas para o futuro são derivadas da forma como elas interpretam as causas dos eventos negativos e positivos ocorridos no passado Essa teoria surgiu do modelo de desamparo aprendido cuja premissa era de que ao experimentar eventos aversivos as pessoas tor navamse impotentes passivas e indiferentes ou seja aprendiam com a experiência negativa a não ter boas expectativas futuras Carver et al 2010 citado por PaisRibeiro 2012 p 220 destacam que elevados níveis de otimismo são bons preditores de melhor bem es tar subjetivo em situações de adversidade de melhor saúde física melhor saúde mental maior resiliência perante eventos estressantes tal como a escolha profissional na adolescência Diante do exposto podemos dizer que ser otimista é acreditar que dias melhores virão esperar sempre por resultados positivos Em face de uma situação ruim o otimista acredita que esta vai passar e tem esperança de que ao final vai dar tudo certo Esses pensamentos positivos ajudam na saúde mental e física como descoberto pela psicologia positiva e podem influenciar diversas decisões entre elas as escolhas profissionais Karen Cibely da Silva Morais Josimar Maciel Cordeiro Fabiana Soares Fernandes Greicy Oliveira Nascimento Lenilda Molina Guerreiro Reis 42 Método Este estudo teve um caráter exploratório transversal e quantitativo Os dados coletados por meio de instrumento próprio foram analisados com re curso à estatística descritiva e da Análise de Variância Univariada ANOVA com apoio do software estatístico SPSS A amostra foi composta de 218 alunos que frequentam o ensino médio de uma escola da rede pública no município de HumaitáAM de ambos os sexos 43 do sexo masculino e 57 do sexo feminino com idades entre 15 e 24 anos No que diz respeito aos procedimentos metodológicos foi feito o contato com a escola prevista para a realização da pesquisa para pedir autorização para a aplicação do questionário e a mesma reservou o mês de abril para que esta coleta pudesse ser feita Os alunos foram informados sobre a pesquisa e no dia previamente combinado foram convidados a preencher o questioná rio em sala e horário de aula no qual descreveram suas opiniões a respeito das propostas no questionário Instrumentos A fim de avaliar como os adolescentes constroem exploram e inves tem nas suas escolhas profissionais utilizamos a Escala de Exploração e Investimento Vocacional EEIVBR Fernandes Gonçalves Oliveira 2014 Essa escala é um instrumento de autorrelato composto por 28 itens respondidos de acordo com uma escala do tipo likert de 6 pontos sendo 1 Discordo totalmente 2 Discordo raramente 3 Discordo às vezes 4 Concordo raramente e 5 Concordo às veze 6 Concordo totalmente que operacionaliza o desenvolvimento vocacional nas seguintes dimensões Exploração Investimento investimento sem exploração Floreclosure ten dência para a exclusão de opções eou investimentos outorgados e ausência de exploração de investimento Difusão vocacional 1 Exploração Vocacional avalia os momentos de procura questiona mento moratória vocacional na qual o adolescente se sente confrontado com várias possibilidades e alternativas face à escolha profissional Campos Coimbra 1991 Um exemplo de item desta subescala é Não conheço os cursos superiores existentes mas isso não me incomoda 2 Investimento avalia o processo psicológico em que o sujeito parte para a ação ou seja pela exploração do investimento o adolescente reconstrói o investimento atual Campos Coimbra 1991 Um exemplo de item desta subescala é Depois de ter falado com vários profissionais e de ter explorado informações penso que sei o rumo a dar a minha vida profissional 3 Difusão este processo vocacional caracteriza aqueles sujeitos que nem exploram nem investem face à construção de um projeto profissional estão indiferentes Marcia 1996 apud Fernandes Gonçalves Oliveira 2014 Ausência de projetos os diffusers Um exemplo de item desta subescala é Tenho dificuldades em fazer escolhas quando disponho de várias opções Pode o otimismo influenciar o desenvolvimento vocacional 3745 43 4 Foreclosure Tendência a Excluir Escolhas é um processo que caracte riza o sujeito que faz investimentos sem ter realizado comportamentos de exploração vocacional tendência a excluir a exploração de outras alterna tivas Blustein Ellis Devenis 1989 citado por Fernandes Gonçalves Oliveira 2014 Um exemplo de item desta subescala é Acho que existe um único projeto profissional adequado para mim 5 Foreclosure em Relação aos Significativos caracteriza o sujeito que faz investimentos sem ter realizado comportamentos de exploração voca cional procurando realizar os projetos outorgados pelos outros significati vos como pais professores e amigos Um exemplo de item desta subescala é Acho que o único curso e profissão que quero são aqueles que os meus pais sempre valorizaram A fim de avaliar como o Otimismo influencia nas escolhas profissio nais utilizamos a Escala sobre o Otimismo Barros 1998 Adaptação Mascarenhas 2010 Essa escala é um instrumento de autorrelato com posto por 5 itens respondidos de acordo com uma escala do tipo likert de 5 pontos sendo 1 Totalmente em desacordo absolutamente não 2 Bastante em desacordo não 3 Nem de acordo nem desacordo mais ou menos 4 Bastante de acordo sim 5 Totalmente de acordo absoluta mente sim que operacionaliza o otimismo Resultados No que diz respeito à etapa do desenvolvimento vocacional em que se encontram os jovens de Humaitá constatamos que a maioria está em Investimento M425 Do cruzamento entre as variáveis DV e Otimismo constatouse o resultado estatisticamente significativo Traço Pillai 622 F5380234 p001 η²p12 π1 Percebemos que quanto mais Otimistas M5 mais os jovens investem M485 A segunda maior média demonstra que os alunos estão na dimensão Exploração M320 cruzando estes dados com o Otimismo verificamos que quanto maior o Otimismo M5 menos ocorre exploração M275 De manei ra geral observamos que 7393 dos jovens finalistas apresentam altos índices de otimismo Discussão A partir dos resultados verificouse que os jovens de Humaitá em sua maioria está em Investimento estão investindo em um querer Trata se de uma dimensão que leva o sujeito a arriscar e comprometerse consigo próprio na relação que constrói com seu entorno físico e social isto significa dizer que já aderiram a um determinado objetivo ou princípio Levando em consideração que se tratam de jovens finalistas do Ensino Médio esse resul tado é bastante pertinente e adequado os jovens estão prontos para investir na carreira escolhida Karen Cibely da Silva Morais Josimar Maciel Cordeiro Fabiana Soares Fernandes Greicy Oliveira Nascimento Lenilda Molina Guerreiro Reis 44 Em consonância com essa etapa do desenvolvimento vocacional encon tramos que o Otimismo está relacionado com o Investimento Vocacional de forma que quanto mais otimista o aluno mais ele está disposto a investir numa carreira profissional Ou seja sua crença em que coisas boas vão acon tecer sua visão positiva em relação ao futuro está funcionando como força propulsora em suas decisões no caso específico a que se refere esse trabalho está facilitando o investir em um querer A segunda maior média nos informa que os jovens estão em Exploração o que significa que ainda estão buscando inteirarse com as possiblidades de formação profissional ou seja estão analisando e avaliando as várias alter nativas possíveis Esses jovens apresentam índices de Otimismo inferiores aos daqueles que estão em Investimento ou seja ainda não tem a seguran ça em fazer uma escolha e portanto não tem ainda uma visão positiva do seu futuro profissional Considerações finais No que diz respeito ao desenvolvimento vocacional concluímos baseados na revisão da literatura que esse é um processo que ocorre ao longo da vida mas que tem bastante ênfase na adolescência por este ser o período mais próximo da tomada de decisão momento em que se está diante da hora de decidir qual curso fazer se vai fazer um curso técnico se prefere casar e ter filhos ou seguir uma carreira profissional por exemplo Quanto às escolhas vocacionais são essas várias decisões que se tem que tomar e que surgem da interação entre a pessoa e a sociedade em que ela está inserida Percebemos em nossos jovens que o otimismo tem bastante influência quando se trata de escolhas pois quanto maior o otimismo mais os jovens investem e pouco exploram porque já estão determinados e seguros em suas escolhas A influência do otimismo no desenvolvimento vocacional parece ser de extrema importância como vimos nos resultados Sabemos que o otimismo é um comportamento aprendido e que portanto o ambiente em que o jovem se desenvolve pode ser favorável ou não ao desenvolvimento desse compor tamento Mais uma vez a família aparece como coadjuvante importante Se o ambiente familiar despertar esse comportamento precocemente os jovens crescerão dispostos a acreditar que tudo vai dar certo o que facilitará seu processo decisório quanto à escolha profissional Finalmente escolher uma profissão faz parte do desenvolvimento huma no e quando essa escolha caminha lado a lado com o otimismo tornase um evento esperado positivamente e com grandes possibilidades dar certo REFERÊNCIAS Campos B P Coimbra J L 1991 Consulta Psicológica e Exploração do Investimento Vocacional Cadernos de Consulta Psicológica 7 1119 Cordeiro J M Fernandes F S Mascarenhas S A N 2014 Otimismo comportamento inato ou aprendido Anais da V Semana Educa Universidade Federal de Rondônia Porto Velho Rondônia p 363366 ISSN 21798389 Fernandes F S 2014 Estilo Parental e Desenvolvimento Vocacional um estudo sobre a influência das famílias na orientação dos adolescentes São Paulo Edições Loyola Pode o otimismo influenciar o desenvolvimento vocacional 3745 45 Fernandes F S Gonçalves C M Oliveira P 2014 Adaptação e Validação da Escala de Exploração e Investimento Vocacional EEIV a uma amostra estudantil do Brasil Psicologia Reflexão e Crítica 272 233246 Gonçalves C M 2006 A Família e a Construção de Projetos Vocacionais de Adolescentes e Jovens Tese de Doutorado apresentada a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto Portugal 2ª Ed Hutz C S org 2014 Avaliação em Psicologia Positiva Porto Alegre Artmed Snyder C R Lopez S J 2009 Psicologia Positiva Porto Alegre Artmed Ottati F 2014 Otimismo interesses profissionais e autoeficácia estudo com adolescentes Tese Doutorado Programa de PósGraduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco Itatiba 118 p PaisRibeiro J 2012 Dimensionalidade do otimismo In J PaisRibeiro I Leal A Pereira S Monteiro Org Psicologia da saúde Desafios à promoção da Saúde em Doenças crónicas pp220226 Lisboa Portugal Editora Placebo ISBN 9789898463302 Weber L N D Brandenburg O J Viezzer A P 2003 A relação entre o estilo parental e o otimismo da criança PsicoUSF 81 7179 JanJun BABY FADE Fades from zero to long leaving the top any length for styling NEW STANDARD Great allpurpose haircut Longer on top with a short tapered natural finish BALLERINA Classical tapered tapered fade to really bring the style to life THE HIGH TIGHT Sharp fade into very short sides and back Style the top with pomade and some attitude SKATER UNDERCUT Short sides and back with a disconnected long top and messy style THE 360 CROWN UNDERCUT A sculpted undercut all the way around to create a halo effect MATURIDADE PARA ESCOLHA PROFISSIONAL E EXPECTATIVAS DE ALUNOS DE CURSOS TÉCNICOS DO PRONATEC MATURIDADE PARA E PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 4755 4 Camila Felipe Tonn1 Hellen Cristine Geremia2 Lucas Schweitzer3 1 Psicóloga pósgraduanda em Gestão Estratégica de Pessoas SENACSC atualmente atua como docente no SENAISC camilatonngmailcom 2 Psicóloga mestranda do Programa de PósGraduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC é pósgraduada em Psicologia Organizacional e do Trabalho hellengeremiagmailcom 3 Psicólogo mestrando do Programa de PósGraduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC e pósgraduado em Avaliação Psicológica CelerSC lucassschweitzergmailcom A escolha profissional compõe uma tarefa complexa e desafiadora para ado lescentes não apenas pelas diversas transformações físicas e psíquicas pelas quais o adolescente perpassa neste período mas também pela escolha da ocupação ter impactos importantes no futuro do jovem Embora as pessoas estejam habituadas a fazer diferentes escolhas ao longo da vida as decisões profissionais implicam em refletir sobre o lugar em que se deseja trabalhar a rotina de trabalho as pessoas com quem vai se relacionar e o retorno que vai obter por meio deste trabalho Neiva 1995 O processo de escolha profissional envolve a definição de uma profissão que comporte esta série de avaliações em meio às várias opções no caminho que são consideradas ou rejeitadas por quem escolhe Deste modo escolher implica em decidir entre uma série de opções que parecem melhor para o su jeito Lucchiari 1998 Nesse sentido é necessário compreender que a escolha profissional ocorre em um processo com diversos fatores associados tais como aspectos psicológicos familiares educacionais sociais econômicos e políticos que compõem um conjunto de avaliações e decisões que ocorrem ao longo da vida No que tange especificamente aos aspectos psicológicos envolvidos nesse Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Camila Felipe Tonn Hellen Cristine Geremia Lucas Schweitzer 48 processo estão associadas variáveis como habilidades interesses aspectos de personalidade expectativas em relação ao futuro valores bem como a maturi dade para a escolha profissional BordãoAlves MeloSilva 2008 Ponderar entre estes fatores não costuma ser tarefa fácil o que pode tor nar este momento da escolha ambígua para o jovem envolvendo tanto medo de errar e fracassar como entusiasmo e expectativas Soares 2002 Com as diversas possibilidades de profissões para escolher e as transformações do capitalismo que desencadearam inúmeras mudanças sociais e tecnológicas Alves 2007 houve o aumento da necessidade de qualificação e formação de habilidades diferenciadas para a inserção no mercado de trabalho e o sucesso na carreira profissional O Governo Federal tem desenvolvido uma série de iniciativas para prover qualificação à população Em outubro de 2011 por meio da Lei nº 12513 instituiu o PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego que é operacionalizado pelos municípios O PRONATEC é um conjunto de ações que visam ampliar a oferta de vagas na Educação Profissional e Tecnológica no Brasil melhorando as condições de inserção no mundo do trabalho sendo destinado a três públicos estudantes e egres sos do ensino médio da rede pública inclusive da educação de jovens e adultos beneficiários dos programas federais de transferência da renda e trabalhadores Este programa realizou mais de 8 milhões de matrículas em cursos técnicos e de formação inicial e continuada nos últimos 4 anos BRASIL 2014 Sob esta égide a tarefa de optar por uma ou outra profissão fica cada vez mais complexa na medida em que aumentam as possibilidades de quali ficação e atuação profissional o que exige do adolescente maturidade para a escolha MeloSilva Oliveira e Coelho 2002 consideram que a maturidade para a escolha profissional ocorre quando o jovem se torna maduro para to mar decisões referentes ao mundo profissional sendo esta uma das tarefas do desenvolvimento vocacional que busca equilibrar se entre ganhos e perdas como consequências das decisões ocupacionais presentes na maturidade Ao encontro destas considerações Neiva 1998 2014 menciona ser necessária a aquisição de determinados conhecimentos e de determinadas atitudes para que o jovem atinja maturidade para a decisão profissional Segundo esses pressupostos teóricos a maturidade para a escolha profissional compreende duas dimensões as Atitudes e os Conhecimentos A dimensão das atitudes compreende os elementos Determinação e Responsabilidade para a escolha profissional bem como a Independência na definição da escolha já a dimen são dos Conhecimentos envolve o Autoconhecimento e o Conhecimento da Realidade educativa e socioprofissional Neiva 2003 Neiva 2014 sendo que ambas as dimensões e subdimensões são importantes elementos relacio nados à maturidade para a escolha profissional Considerando todas essas informações os incentivos governamentais à qua lificação e a necessidade de contínua formação profissional questionase qual o nível de maturidade para a escolha profissional de alunos ingressantes em cursos técnicos PRONATEC concomitantes nos anos finais do Ensino Médio Maturidade para escolha profissional 4755 49 Método Tratase de um estudo de natureza qualiquantitativa constituída de amostra composta por 64 alunos ingressantes de cursos técnicos PRONATEC concomitantes de uma instituição de ensino de um município da região da Grande Florianópolis A amostra foi composta por alunos de ambos os sexos e com faixa etária que compreende de 15 a 19 anos de idade sendo que 25 alunos cursavam o Técnico em Logística 23 o curso Técnico em RH e 16 o curso Técnico em Informática O instrumento utilizado para coleta de dados foi a Escala de Maturidade para a Escolha Profissional EMEP composta de 5 subescalas Determinação Responsabilidade Independência Autoconhecimento e Conhecimento da Realidade Educativa e Socioprofissional Neiva 2014 Este instrumento é uma escala de tipo Likert com cinco modalidades de resposta composta de 45 afirmações que indicam atitudes com relação à escolha profissional A aplicação da escala foi realizada pelos pesquisadores mediante autorização da instituição de ensino e se deu de forma coletiva em sala de aula confor me instruções do manual O tempo médio de aplicação foi de 30 minutos incluindo as explicações acerca dos objetivos da pesquisa seu caráter volun tário e as instruções para preenchimento da escala Os estudantes também responderam a um questionário constituído de duas perguntas abertas so bre motivos para escolha pelo curso de nível técnico e expectativas de futuro profissional Após a coleta de dados os protocolos da EMEP foram avaliados de acordo com as orientações contidas no manual da escala Neiva 2014 obtendose o nível de maturidade por subescala a saber os níveis previstos pela EMEP são muito inferior inferior médio inferior médio médio superior supe rior e muito superior para cada participante Com essas informações foi possível identificar quantos alunos por curso técnico atingiram determina do nível de maturidade para escolha profissional para cada subdimensão da EMEP Estes dados foram analisados com estatísticas descritivas proceden dose com a comparação do nível de maturidade em porcentagem em função das variáveis curso escolhido sexo e idade As respostas dadas às perguntas do segundo questionário foram analisadas e classificadas em categorias de finidas a posteriori de acordo com a metodologia de análise de conteúdo proposta por Bardin 2010 Foram elaboradas tabelas para apresentação dos resultados encontrados Resultados e Discussão Da amostra total de alunos pesquisados a média de idade é de 16 anos e a maioria 77 são do sexo feminino No curso de Informática as idades variam entre 15 e 18 anos e 50 são do sexo masculino e 50 do sexo femi nino em Logística 72 feminino e 28 masculino com faixa etária entre 16 e 19 anos e em Recursos Humanos 96 do sexo feminino e 4 masculino sendo participantes de 15 a 18 anos Camila Felipe Tonn Hellen Cristine Geremia Lucas Schweitzer 50 Nível de Maturidade CURSO Informática Logística Recursos Humanos Muito Inferior 0 0 0 Inferior 38 8 4 Médio Inferior 13 12 22 Médio 31 60 48 Médio Superior 6 12 9 Superior 6 4 17 Muito Superior 6 4 0 Total 100 100 100 TABELA 1 Comparação do nível de maturidade total dos participantes da pesquisa de acordo com o curso que frequentam A partir dos dados apresentados na tabela 1 é possível observar que boa parte dos jovens que frequentam o curso de Informática apresentam níveis inferiores de maturidade total para escolha profissional Entre os estudantes do curso de Logística e RH prevalecem os níveis médios de maturidade Ao estratificar os dados coletados de acordo com a idade dos participantes per cebese que entre os jovens matriculados no curso de Informática aqueles com idades entre 15 e 17 anos apresentam níveis inferiores de maturidade total para escolha sendo que a maioria dos alunos com 18 anos passam a apresentar níveis médios No curso de Logística os alunos com 16 17 e 18 anos apresentam nível médio de maturidade total subindo para níveis su periores entre a maioria dos jovens com 19 anos Em relação aos alunos do curso de RH a maioria daqueles que possuem 15 16 e 18 anos apresentaram nível médio de maturidade total para escolha Nesse sentido Neiva 2014 salienta que a maturidade aumenta em função do nível escolar o que no caso da presente pesquisa também pode ser observado em relação a idade dos participantes Apesar disso entre os alunos do curso de RH aqueles com 17 anos apresentam níveis inferiores de maturidade para escolha enquanto nas outras faixas etárias prevalece o nível médio No que tange à análise da maturidade total dos participantes de acordo com o sexo é possível perceber que não existem discrepâncias cerca de meta de dos participantes dos dois sexos apresentaram indicativos de nível médio de maturidade aproximadamente um terço dos estudantes apresentaram níveis inferiores e cerca de 20 níveis superiores independente do sexo Com base nos dados presentes na tabela 2 verificase que os jovens que frequentam o curso de Informática apresentam menores níveis de maturida de para a escolha nos fatores Determinação e Conhecimento da Realidade Sendo assim ainda que esses jovens possuam pouco conhecimento em re lação à realidade profissional e educacional e estarem pouco decididos de monstram preocupação e agem para efetivação da escolha A área de atuação em Tecnologia da Informação TI vem crescendo consideravelmente no mundo e especialmente no Brasil onde apresentou Maturidade para escolha profissional 4755 51 TABELA 2 Distribuição do nível de maturidade dos jovens que frequentam o curso de técnico em Informática pelo percentual total de indicações dos mesmos um aumento de 154 em 2013 e 92 em 2014 Beer 2014 Essa expan são rápida gerou a necessidade crescente de profissionais para atuação na área de TI em maior volume e mais especializados Mangia 2013 Por isso as possibilidades de formação na área também vem crescendo De acordo com o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos 2011 existem nove tipos de cursos para formação em nível técnico no Eixo Tecnológico de Informação e Comunicação sendo que o curso de Informática está entre os dez cursos com maior número de matrículas nas redes pública e privada INEP 2014 Um estudo realizado pelo Observatório SOFTEX 2012 indica que houve crescimento de 83 ao ano no número de matrículas em cursos técnicos na área de TI entre 2004 a 2010 mas apesar disso o número de egressos teve um decréscimo de 29 ao ano Essa tendência se evidencia ao se analisar os índices de evasão do curso de Informática na instituição pesquisada que chegou a 315 no primeiro semestre Nível de Maturidade Determinação Responsabilidade Independência Auto conhecimento Conhecimento da Realidade Muito Inferior 6 0 0 6 0 Inferior 6 13 13 6 25 Médio Inferior 25 19 19 19 38 Médio 38 19 56 44 38 Médio Superior 13 19 6 19 0 Superior 6 25 6 0 0 Muito Superior 6 6 0 6 0 Total 100 100 100 100 100 Nesse sentido é possível refletir sobre o nível de maturidade que os alu nos dos cursos na área de TI têm no momento da escolha pelo curso A grande disseminação da mídia em relação à necessidade de profissionais na área e os salários elevados podem ser um determinante para a busca de formação na área de TI sem o devido conhecimento das possibilidades de formação e atua ção das diversas profissões existentes Além disso a diversidade de cursos na área que nem sempre possuem especificidades claras para aqueles com certo desconhecimento da realidade profissional pode ser um dos determinantes para o aluno estar pouco decidido e seguro em relação à escolha Com base nos dados presentes na tabela 3 é possível observar que os fa tores pertencentes à dimensão Atitudes Determinação Responsabilidade e Independência apresentaram maiores índices indicando de forma em geral que os alunos do curso de Logística possuem maturidade média em relação à decisão e segurança com relação à escolha preocupação com a escolha profis sional empreendendo ações para sua efetivação com responsabilidade neste Camila Felipe Tonn Hellen Cristine Geremia Lucas Schweitzer 52 processo bem como para a definição da escolha de forma independente sem deixarse influenciar por ideias de outras pessoas Neiva 2003 Neiva 2014 Apesar disso nos fatores pertencentes a dimensão dos Conhecimentos em especial na subdimensão Autoconhecimento as classificações obtidas cha mam a atenção quando comparadas as outras subdimensões avaliadas pelo EMEP Os índices obtidos podem indicar que estes jovens possuem um me nor autoconhecimento sobre si mesmos no que tange ao conhecimento de aspectos pessoais importantes para a escolha profissional tais como valores interesses habilidades características pessoais No fator Conhecimento da Realidade houve uma maior distribuição entre as classificações com a maio ria dos jovens localizados na média da população porém com uma quanti dade significativa de sujeitos com índices inferiores ou superiores à média indicando que elementos como o nível de conhecimento sobre as profissões não encontram homogeneidade neste curso Neiva 2003 Neiva 2014 Nível de Maturidade Determinação Responsabilidade Independência Auto conhecimento Conhecimento da Realidade Muito Inferior 0 0 0 0 0 Inferior 4 12 8 12 12 Médio Inferior 16 20 16 40 16 Médio 56 56 56 32 44 Médio Superior 12 4 12 4 12 Superior 8 4 8 8 16 Muito Superior 4 4 0 4 0 Total 100 100 100 100 100 TABELA 3 Distribuição do nível de maturidade dos jovens que frequentam o curso de técnico em Logística pelo percentual total de indicações dos mesmos O processo de autoconhecimento é fundamental para a realização de uma escolha contextualizada aos desejos individuais Soares 2002 Sem reflexão sobre características gostos interesses valores habilidades e metas pesso ais aumentase o risco de se realizar uma escolha profissional sem satisfação e alcance dos objetivos Ao encontro disso constatase que o índice de evasão do curso de Logística foi de 195 no primeiro semestre Dessa forma perce bese que permaneceram no curso jovens com nível médio de maturidade to tal e menor conhecimento sobre si indicando que o fator Autoconhecimento pode influenciar na decisão de permanecer ou desistir do curso ainda que não esteja isoladamente relacionado à altos índices de desistência A partir da análise dos dados percebese que a maior parte dos alunos de RH apresenta preocupação com a escolha profissional empreendem ações para a efetivação da escolha de forma independente sem se deixar influen ciar diretamente pela opinião de outras pessoas O processo de escolha en volve múltiplas variáveis como interesses e gostos pessoais a maneira como Maturidade para escolha profissional 4755 53 TABELA 4 Distribuição do nível de maturidade dos jovens que frequentam o curso de técnico em Recursos Humanos pelo percentual total de indicações dos mesmos Nível de Maturidade Determinação Responsabilidade Independência Auto conhecimento Conhecimento da Realidade Muito Inferior 0 4 0 0 0 Inferior 4 4 4 4 17 Médio Inferior 9 22 22 22 22 Médio 61 35 35 52 52 Médio Superior 13 13 13 0 9 Superior 0 17 17 22 0 Muito Superior 13 4 9 0 0 Total 100 100 100 100 100 o jovem percebe a realidade autopercepção informação profissional e in fluências sociais de pares pais e familiares Almeida Pinho 2008 Essas influências explícitas ou implícitas podem facilitar ou dificultar o processo de escolha sendo que a grande questão da escolha profissional se coloca na forma com que o indivíduo lida com as influências que recebe Cabe destacar que o curso de RH apresentou um percentual de 18 de evasão no primeiro semestre Dessa forma os alunos que permaneceram no curso podem ser aqueles que apresentam nível médio de maturidade total e maiores níveis de preocupação com a escolha profissional realizando ações com autonomia para escolha indicando que os fatores Responsabilidade e Independência podem influenciar na decisão do aluno em permanecer no curso escolhido Considerando os dados colhidos sobre a opinião dos participantes em re lação aos motivos para a escolha do curso técnico os jovens de todos os cursos investigados afirmaram que os principais motivos para essa escolha foram o aprimoramento da formação acadêmica e a melhoria das condições de inser ção no mercado de trabalho categorias que somadas foram indicadas por 100 dos alunos do curso de Informática 92 de Logística e 87 de Recursos Humanos Tais dados corroboram a pesquisa de Madeira 2006 que indica que dentre as principais razões para jovens optarem pela formação técnica es tão a preocupação em obter qualificação que viabilize a inserção no mercado de trabalho e uma formação qualificada que propicie experiência prática Ainda que em menor proporção outros motivos indicados pelos jovens para a escolha do ensino técnico chamam a atenção A valorização profis sional da formação por exemplo foi explicitada por 25 dos alunos de Informática 16 dos de Logística e 13 dos de RH Esses dados podem evi denciar que embora o ensino técnico no Brasil possua características mais assistencialistas muitas vezes se configurando como uma segunda opção para aqueles que não têm condições de investir no ensino superior Cunha Camila Felipe Tonn Hellen Cristine Geremia Lucas Schweitzer 54 2010 os incentivos governamentais realizados nos últimos anos para am pliação da educação profissional têm contribuído para o desenvolvimento integral dos jovens com uma formação mais sólida que parece se refletir nos dados colhidos Cabe destacar a informação obtida de que a principal expectativa de fu turo após o término do curso técnico para 74 dos jovens matriculados em Recursos Humanos 69 em Informática e 64 em Logística é atuar profissio nalmente na área de formação técnica Cerca de 78 dos alunos do curso de RH e 25 do curso de Informática indicam pretender cursar o Ensino Superior após a conclusão do nível técnico Sparta e Gomes 2005 constataram que o vestibular foi a escolha dominante após o término do Ensino Médio principal mente entre alunos das escolas particulares Entre os jovens da escola pública houve indicações principalmente de realização de curso prévestibular curso profissionalizante e ingresso no mercado de trabalho Nesse sentido a forma ção técnica pode ser entendida como uma alternativa intermediária entre a conclusão do Ensino Médio e a Educação Superior pois permite uma inserção no mercado de forma mais qualificada Madeira 2006 Considerações finais Considerando os dados coletados na amostra de alunos dos cursos técni cos de Informática Logística e RH constatouse que existem variações no ní vel de maturidade para escolha profissional em função do curso sendo que os alunos do curso de Informática apresentaram níveis abaixo da média quanto à maturidade total Em relação ao sexo não foram observadas diferenças significativas na maturidade total Nesse sentido é possível destacar uma relação entre altos índices de evasão e menor maturidade para a escolha pro fissional como observado no curso de Informática Apesar disso os cursos com maiores índices de maturidade por fator foram os cursos de Logística e Recursos Humanos com maioria feminina corroborando os achados de Neiva 2003 que verificou uma tendência de terem as moças mais maturida de para escolher do que rapazes Outro resultado que chama a atenção foi a identificada tendência de evolução da maturidade para a escolha profissional de acordo com o aumento da idade dos participantes A escolha pela formação técnica na modalidade concomitante ocorre ain da antes da conclusão do Ensino Médio ou seja acontece mais precocemen te sendo necessário que existam iniciativas para permitir o desenvolvimento da maturidade para escolha profissional Assim considerase que projetos de orientação profissional cujo objetivo é auxiliar jovens candidatos às vagas dos programas de incentivo desenvolvidos pelo governo federal no desen volvimento da maturidade para a escolha profissional favorecem para que esta seja realizada de maneira refletida e contextualizada Apesar dos dados obtidos por meio da pesquisa não serem generalizáveis em função do tamanho reduzido da amostra recomendase que mais estu dos sejam realizados com o intuito de investigar a maturidade para escolha profissional com alunos do ensino técnico e que se dediquem à temática da Maturidade para escolha profissional 4755 55 maturidade para a escolha profissional ou outros elementos relacionados à escolha profissional neste nível de formação Assim seria possível compa rar os resultados encontrados na presente pesquisa com o de outras popula ções principalmente ao se considerar que ainda são recentes os estudos com foco nos estudantes de cursos do nível técnico e profissional que buscam in vestigar a escolha profissional rendimento escolar a evasão ou a transição para o mercado de trabalho Basso 2014 Além disso as particularidades dessa população em relação a outros grupos de estudantes do ensino médio indicam a possibilidade de normatizações específicas de testes psicológicos para esta população Os dados aqui encontrados podem ser úteis de modo a se obter indicativos para possíveis intervenções junto aos estudantes do ensino técnico REFERÊNCIAS Almeida M E G G Pinho L V 2003 Adolescência família e escolhas implicações na orientação profissional Psicologia Clínica 15 173184 Alves G 2007 Dimensões da Reestruturação Produtiva ensaios da sociologia do trabalho 2ª Ed Londrina Praxis Bardin L 2010 Análise de conteúdo 4 ed Lisboa Edições 70 p 281 Basso C 2014 Aspectos pessoais e contextuais favoráveis à permanência de estudantes em cursos técnicos do Pronatec Tese de Doutorado Centro de Filosofia e Ciências Humanas UFSC Florianópolis UFSC 196f Beer M 2014 30 de dezembro Crescendo fora da curva Observatório da Imprensa Recuperado em 17 julho 2015 de httpobservatoriodaimprensa combrenoticiased831crescendoforadacurva BordãoAlves D P MeloSilva L L 2008 Maturidade ou imaturidade na escolha da carreira uma abordagem psicodinâmica Avaliação Psicológica Porto Alegre v 7 n 1 abr Brasil Ministério da Educação 2014 PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego Recuperado em 10 de julho de 2015 de httppronatecmecgovbr Catálogo Nacional de Cursos Técnicos 2011 Eixo Tecnológico Informação e Comunicação Recuperado em 18 julho 2015 de httppronatec mecgovbrcnctetinformacaocomunicacaoetinformacaocomunicacaophp Cunha L A 2005 O ensino profissional da irradiação do industrialismo 2 ed São Paulo UNESP INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 2014 Censo Escolar da Educação Básica 2013 resumo técnico Brasília INEP Lucchiari D H P S 1998 O que é escolha profissional 3ed São Paulo Brasiliense Madeira M H 2006 Ensino Profissional de Jovens Um Percurso Escolar Diferente para a ReConstrução de Projectos de Vida Rev Lusófona de Educação 7 121141 Mangia U B 2013 Antecedentes à transição de carreira na área de tecnologia da informação Dissertação de Mestrado Fundação Getúlio Vargas Rio de Janeiro MeloSilva L L Oliveira J C de Coelho R de S 2002 Avaliação da Orientação Profissional no desenvolvimento da maturidade na escolha da profissão Rev de Psicologia da Vetor Editora São Paulo v 3 n 2 dez Neiva K M C 1995 Entendendo a orientação profissional São Paulo Paulus Neiva K M C 1998 Escala de Maturidade para a Escolha Profissional EMEP Estudo de validade e fidedignidade Revista Unib 64361 Neiva K M C 2003 A maturidade para a escolha profissional uma comparação entre alunos do ensino médio RBOP 412 97103 Neiva K M C 2014 Escala de Maturidade para a Escolha Profissional EMEP 2ª edição Vetor Editora São Paulo Observatório SOFTEX 2012 Software e Serviços de TI A indústria brasileira em perspectiva Soares D H P 2002 A escolha profissional do jovem ao adulto São Paulo Summus Sparta M Gomes W B 2005 Importância atribuída ao ingresso na educação superior por alunos do ensino médio RBOP 6 4553 Skin Fade Style Guide RAZZANO CLASSIC Edgy tapered low to mid skin fade with sharp line up RAZZANO SOCKITTOME Bold afro push up with skin fade and shape up RAZZANO FADE BABY Perfect baby fade with fresh shape up baby fro RAZZANO CLEAN CUT Neatly tapered line up skin fade with tight hairline RAZZANO ROYAL TAPER Style with a virgin shaped hairline and sharp fade RAZZANO CUSHION Fluffed top with tight low fade for extra style Fulton Quarters 59 N 4TH AVE FULTON KY 270 4722934 DESENVOLVIMENTO VOCACIONAL EM ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE HUMAITÁ DESENVOLVIMENTO PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 5765 5 Ueslana Azarak Moreira1 Karen Cibely da Silva Morais2 Greicy Oliveira Nascimento3 Fabiana Soares Fernandes4 1 Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal do Amazonas Aluna do Programa de Iniciação Científica PIBIC ueslanazarakhotmailcom 2 Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal do Amazonas Aluna do Programa de Iniciação Científica PIBIC cibelynoghotmailcom 3 Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal do Amazonas Aluna do Programa de Iniciação Científica PIBIC greicyoliveiranhotmailcom 4 Doutora em Psicologia Docente da Universidade Federal do Amazonas fabianafernandes2801gmailcom Este trabalho discorrerá sobre o desenvolvimento vocacional na adolescência e possíveis fatores que podem influenciar nesse processo Para tal compreen são faremos uma breve introdução sobre as variáveis que estão destacadas nesse estudo Costumamos entender a adolescência como uma fase em que o indivíduo passa por mudanças corporais e psicológicas inseparáveis do desenvolvi mento humano É uma etapa de transição em que já não se é mais criança porém ainda não se tem status de adulto De acordo com Coll Marchesi Palacios e Cols 2004 a adolescência vem logo depois de um curto período de desenvolvimento chamado de puberdade que é caracterizado pelo apare cimento dos caracteres sexuais A adolescência é o período portanto em que o jovem enfrenta várias tarefas evolutivas entre elas a escolha profissional A partir desse fato temos a percepção de que os estudantes nessa fase do desenvolvimento e etapa de ensino podem não estar totalmente aptos a gerir várias mudanças e escolha de profissão que lhes são de certa forma impostas pela sociedade Portanto Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Ueslana Azarak Moreira Karen Cibely da Silva Morais Greicy Oliveira Nascimento Fabiana Soares Fernandes 58 partindo desse pressuposto foram levantadas questões como de que modo se encontram os jovens humaitaenses no momento de escolha vocacional Será necessária uma intervenção nesse processo de escolha para auxiliálos A partir dessas questões observouse a necessidade de um estudo explorató rio sobre os jovens de Humaitá e essa investigação será essencial para uma discussão ampliação e divulgação de estudos no meio científico O objetivo do trabalho foi investigar em que etapa do desenvolvimen to vocacional se encontram os jovens estudantes do ensino médio em uma escola do município de Humaitá AM bem como possíveis aspectos que estão influenciando esse processo A fim de atender esse objetivo geral a foi caraterizado em que etapa do desenvolvimento vocacional os jovens se encontram e b investigouse se o sexo se relaciona com o desenvolvimento vocacional Desenvolvimento vocacional Quando Jean Piaget denominou a adolescência como o período das operações formais estava afirmando que o sujeito está capacitado para formar conceitos qualitativos porém abstratos com relação ao amor a jus tiça a política e também a um fator muito importante do qual o futuro é dependente o desenvolvimento vocacional ou seja que com essas novas habilidades introduzidas no seu desenvolvimento intelectual o adolescen te além de encarar os novos mais complexos e abstratos conteúdos acadê micos também será capaz de refletir sobre si mesmo sua realidade passada e seus planos para o futuro O desenvolvimento vocacional é um processo contínuo que ocorre ao longo do ciclo vital e tende a ser resultado de uma interação entre o indivíduo e a sociedade em que este encontrase inserido Esse desenvolvimento tem grande ênfase na adolescência porque essa é a fase que se aproxima da toma da de decisões sobre vocaçãoprofissão pois como já discutido até o presen te este é o período que está sob o impacto de múltiplas e fortes influências contextuais Gonçalves 2006 Gonçalves 2006 trata dos diferentes modos de abordagens do de senvolvimento vocacional apresentando teorias como a Naturalista Contextualistas e Desenvolvimentais do Ciclo Vital A Perspectiva Naturalista que predominou até o final do século XIX de senvolvia fatores que determinavam o projeto de vida dos indivíduos na tureza social classe social localização profissão dos pais sexo do filho por exemplo o filho de um artesão tenderia a ser artesão e o filho de um comerciante teria forte influência em suceder ao seu pai nessa atividade pro fissional Logo o que determinava o seu futuro era a repetição de padrões dos grupos sociais ou seja é o determinismo biológico do desenvolvimento vocacional que atribui as diferenças à natureza e não à história dos indivíduos ou seja à qualidade das experiências de vida a que o indivíduo está exposto e que influencia as suas escolhas Coimbra 1996 apud Gonçalves 2006 p13 Desenvolvimento vocacional em estudantes do ensino médio 5765 59 Por outro lado as Perspectivas Contextualistas e Desenvolvimentais do Ciclo Vital tendo como base a perspectiva do determinismo biológico per mitiu a Super 1953 fazer alguns estudos e ajustar alguns traços com relação à vida e ao desenvolvimento vocacional Gonçalves 2006 p 21 afirma que o Desenvolvimento Vocacional é um processo contínuo que ocorre da infância para a adolescência idade adul ta e velhice porque os gostos as aptidões profissionais e as condições de vida das pessoas mudam e evoluem com o tempo a maturação e a experiência As escolhas vocacionais referemse ao um monte de decisões que surgem da interação entre a pessoa e a sociedade em que ela está integrada Ainda para este autor o processo do desenvolvimento vocacional pas sa por alguns estágios dos quais teve relevância em nossa pesquisa foram Exploração e Investimento A Exploração de acordo com Super 1953 apud Gonçalves 2006 é um dos estágios que antecedem a entrada no mundo do trabalho caracterizado pela procura de informação do mundo profissional e das formações ou seja é a busca de informações de conhecimento de si próprio e do mundo para orientarse antes da tomada de decisão O indivíduo vive ciclos de exploração que envolve a procura de informa ção b processamento da informação em que o sujeito analisa a informa ção em termos do conceito de si próprio e lhe atribui um significado pessoal c avaliação dos deficits bloqueadores de um investimento d procura de informação e processamento da mesma e sucessivas reduções de alterna tivas até chegar a uma escolha Haren 1979 apud Gonçalves 2006 p 43 O Investimento como o próprio nome descreve é investir em um que rer O investimento é uma dimensão que leva o sujeito a arriscar e compro meterse consigo próprio na relação que constrói com os segmentos da rea lidade do mundo físico e social Como sublinha Costa 1996 apud Gonçalves 2006 p 49 O investimento é intrapessoal é algo consigo próprio tendo mais a ver com o querer com os significados é portanto mais afetivo Blustein Ellis e Devenis 1989 apud Gonçalves 2006 p 51 definem o investimento vocacional como o resultado de um processo sequencial que precede as actividades de planeamento e exploração ou seja o investimen to commitment referese em geral a um sentimento de vinculação forte a um conjunto de crenças ideias e orientações futurasou seja uma firme ligação a um objetivo vocacional em termos de preferências profissionais Campos e Coimbra 1991 apud Fernandes 2012 p 234 destacam por tanto que a exploração e o investimento são processos que se compreendem juntos pois a exploração vocacional não só prepara e conduz o indivíduo a novos investimentos como interage com este investimento permitindo que se construa uma relação entre os investimentos atuais e futuros desse Ueslana Azarak Moreira Karen Cibely da Silva Morais Greicy Oliveira Nascimento Fabiana Soares Fernandes 60 indivíduo que vai por conseguinte transformar as relações dele com o mun do promovendo assim o desenvolvimento Portanto os dois processos fun cionam com um ciclo sem fim porque um compreende o outro de forma a desenvolver a vida profissional do indivíduo Ao longo da construção dos projetos profissionais o jovem além passar por momentos de exploração ou de investimento também poderá passar por momentos de investimento sem exploração foreclosure que se subdividem em indivíduos que investem em uma carreira sem ter explorado ou seja in vestem em escolhas outorgadas por pessoas que lhes são significativas com pais professores ou amigos foreclosure em relação aos significativos ou simplesmente apresentam uma tendência a excluir a exploração de outras alternativas foreclosure tendência a excluir escolhas Os jovens que realizam escolhas outorgadas normalmente provêm de con textos familiares demasiado apoiantes deixando pouco espaço para pro cesso de autonomia e exploração do mundo gerando dependência entre os vários elementos da família Estes sujeitos normalmente não se deixam questionar porque têm medo da exploração são pouco autônomos e tem uma grande necessidade de aprovação social por isso jogam sempre no seguro e garantido pelos significativos Fernandes 2014 p 91 Finalizando a combinação entre exploração e investimento temos ainda jovens que nem exploram nem investem em uma carreira profissional nos quais percebemos então a ausência de projetos profissionais difusão Algumas vezes podem apresentar algumas preferências profissionais mas dão a impressão de que podem desistir facilmente se forem confrontados com outras opções São sujeitos pouco motivados e descomprometidos com as escolhas e investimentos profissionais Fernandes 2014 p 91 A revisão da literatura indica ainda que moças e rapazes se comportam de maneira diferente no que diz respeito à exploração e investimento vocacio nais Estudos como os de Faria Taveira e Saavedra 2008 e Hutz e Badargir 2006 apresentam as meninas com maior indecisão ansiedade e inseguran ça o que pode levalas a serem menos favoráveis à exploração o que poderia assim comprometer seu processo decisório Taveira 2000 ou leválas a ex plorar mais que os rapazes Gonçalves 2008 como uma forma de compensar essa insegurança Fernandes 2012 p 90 Sobre a exploração vocacional Sparta 2003 esclarece que as meninas dão mais importância às escolhas profissionais do que os rapazes e acreditam que explorando direta e indire tamente os mundos de formação e do trabalho irá ajudálas no processo de escolha citado em Fernandes 2012 p 150 Nesse mesmo sentido seguem os estudos de Neiva 2003 ao afirmar que as meninas realizam ações de exploração vocacional de forma mais autôno ma responsável e independente não se sentindo tão pressionadas como os rapazes em relação aos seus pares e significativos na construção das suas Desenvolvimento vocacional em estudantes do ensino médio 5765 61 escolhas profissionais citado em Fernandes 2012 p 151 A investigação de Fernandes 2012 realizada com jovens finalistas do ensino médio da ci dade de Manaus também encontrou diferenças entre meninos e meninas nas dimensões ForeclosureSIG e Difusão Método Esse estudo teve um caráter exploratório transversal e quantitativo Os dados coletados por meio de instrumento próprio descrito a seguir foram analisados com recurso à estatística descritiva e da Análise de Variância Univariada ANOVA com apoio do software estatístico SPSS Diante dos objetivos deste trabalho as variáveis dependentes ou seja aquelas que po dem sofrer alterações em função das variáveis independentes em estudo foram as do desenvolvimento vocacional investimento exploração difusão floreclosure tendência a excluir escolhas e floreclosure em relação aos significa tivosSIG A variável independente em estudo foi o sexo A amostra dessa pesquisa foi composta de 218 alunos que frequentam o ensino médio de uma escola da rede pública no município de HumaitáAM de ambos os sexos 43 do sexo masculino e 57 do sexo feminino com idades entre 15 e 24 anos No que diz respeito aos procedimentos foi feito o contato com a escola prevista para a realização da pesquisa para pedir autorização para a aplicação do questionário a mesma reservou o mês de abril para que esta coleta pudes se ser feita os alunos foram informados sobre a mesma e no dia previamente combinado os mesmos foram convidados a preencher o questionário em sala e horário de aula no qual descreveram suas opiniões a respeito das pro postas no questionário Instrumento A fim de avaliar como os adolescentes constroem exploram e inves tem nas suas escolhas profissionais utilizamos a Escala de Exploração e Investimento Vocacional EEIVBR Fernandes Gonçalves Oliveira 2014 Essa escala é um instrumento de autorrelato composto por 28 itens respondidos de acordo com uma escala do tipo likert de 6 pontos sendo1 Discordo totalmente 2 Discordo raramente 3 Discordo às vezes 4 Concordo raramente e 5 Concordo às veze 6 Concordo totalmente que operacionaliza o desenvolvimento vocacional nas seguintes dimensões exploração investimento investimento sem exploração Floreclosure ten dência para a exclusão de opções eou investimentos outorgados e ausên cia de exploração de investimento difusão vocacional 1 Exploração Vocacional avalia os momentos de procura questiona mento moratória vocacional na qual o adolescente se sente confrontado com várias possibilidades e alternativas face à escolha profissional Campos Coimbra 1991 Um exemplo de item desta subescala é Não conheço os cursos superiores existentes mas isso não me incomoda Ueslana Azarak Moreira Karen Cibely da Silva Morais Greicy Oliveira Nascimento Fabiana Soares Fernandes 62 2 Investimento avalia o processo psicológico em que o sujeito parte para a ação ou seja pela exploração do investimento o adolescente reconstrói o investimento atual Campos Coimbra 1991 Um exemplo de item desta subescala é Depois de ter falado com vários profissionais e de ter explorado informações penso que sei o rumo a dar a minha vida profissional 3 Difusão este processo vocacional caracteriza aqueles sujeitos que nem exploram nem investem face à construção de um projeto profissional estão indiferentes Marcia 1996 apud Fernandes Gonçalves Oliveira 2014 Ausência de projetos os diffusers Um exemplo de item desta su bescala é Tenho dificuldades em fazer escolhas quando disponho de vá rias opções 4 Foreclosure Tendência a Excluir Escolhas é um processo que caracte riza o sujeito que faz investimentos sem ter realizado comportamentos de exploração vocacional tendência a excluir a exploração de outras alternati vas Blustein Ellis Devenis 1989 apud Fernandes Gonçalves Oliveira 2014 Um exemplo de item desta subescala é Acho que existe um único projeto profissional adequado para mim 5 Foreclosure em Relação aos Significativos caracteriza o sujeito que faz investimentos sem ter realizado comportamentos de exploração vocacional procurando realizar os projetos outorgados pelos outros significativos como pais professores e amigos Um exemplo de item desta subescala é Acho que o único curso e profissão que quero são aqueles que os meus pais sempre valorizaram Resultados No que diz respeito à etapa do desenvolvimento vocacional em que se encontram os jovens de Humaitá constatamos que a maioria está em Investimento M425 A segunda maior média demonstra que os alunos estão na dimensão Exploração M320 isto é ainda estão buscando in teirarse mais com as possiblidades de formação profissional Na sequência temos as dimensões Foreclosure Tendência a Excluir Escolhas M298 e Foreclosure em Relação aos Significativos M212 Um menor número de alunos encontrase em Difusão M195 Conforme pode ser observado na figura abaixo Desenvolvimento vocacional em estudantes do ensino médio 5765 63 Sobre se o sexo influencia o desenvolvimento vocacional constatouse o resultado estatisticamente significativo em relação às dimensões Difusão e Foreclosure em relação aos Significativos Traço Pillai 15 F63116633 p 001 η²p 158 π 99 apontando para uma maior Difusão apresen tada pelo sexo masculino M235 e também na dimensão Foreclosure em relação aos Significativos M230 Discussão Em relação à etapa do desenvolvimento vocacional em que se encontram os jovens de Humaitá constatamos que a maioria está em Investimento ou seja estão investindo em um querer O Investimento é uma dimensão que leva o sujeito a arriscar e comprometerse consigo próprio na relação que cons trói com os segmentos da realidade do mundo físico e social A segunda maior média demonstrou que os alunos estão em Exploração ou seja buscando al ternativas para sua formação posterior É uma fase importante do desenvol vimento vocacional entretanto levando em consideração que a pesquisa foi realizada com alunos finalistas do Ensino Médio era de se esperar que eles já tivessem superado essa etapa de exploração e estivessem aptos a investir na carreira afinal em menos de um ano estarão prestando vestibular ou ENEM Um menor número de alunos encontrase em Floreclosure SIG M212 e Difusão M195 o que é um resultado que nos chama a atenção uma vez que a primeira dimensão Floreclosure SIG diz respeito àqueles sujeitos que estabeleceram escolhas profissionais através das realizações das pessoas que têm bastante significância para estes jovens De acordo com Gonçalves 2008 apud Fernandes 2012 esse tipo de escolha acontece a partir de contextos familiares que dão apoio em demasia desvalorizando a autonomia e explora ção do mundo facilitando a dependência entre os vários elementos da famí lia Estes indivíduos não tem a oportunidade de se autoconhecer e também não exploram as oportunidades o que ocorre é que deixam sua autonomia de lado se importam muito com o reconhecimento social e por isso apostam sempre na segurança e garantia das escolhas já realizadas por seus significa tivos Isto é esses jovens já viram que em seus significativos esta escolha deu certo então ele acredita que com ele também dará certo investem em uma carreira sem ter explorado esta ou outras alternativas A segunda dimensão a Difusão é onde encontramse aqueles sujeitos que não se importam com a vida profissional isto é nem exploraram nem investiram em uma carreira Uns podem até apresentar algum tipo de prefe rência mas parecem desistir fácil ao se encontrarem com outras opções são pessoas que não tem motivação para com as escolhas profissionais Faria Taveira Saavedra 2009 Quanto à diferença entre os sexos nas dimensões do desenvolvimen to vocacional percebemos que os meninos apresentam médias superiores nas dimensões Floreclosure SIG e Difusão O fato de alguns jovens do sexo masculino estarem difusos pode ser explicado pelo fato de eles já quererem ou precisam ingressar rapidamente no mercado de trabalho sem antes Ueslana Azarak Moreira Karen Cibely da Silva Morais Greicy Oliveira Nascimento Fabiana Soares Fernandes 64 cursar o ensino superior pois o que eles desejam ou necessitam é ter condi ções de se manterem financeiramente Outros motivos podem ser também a falta de interesse ausência de cursos do seu gosto no município entre outros Quanto ao Floreclosure SIG esse fato se explica por eles não explorarem e justamente por falta de exploração eles acabam por aderirem a escolhas de pessoas que os rodeiam e possuem maior significância em suas vidas pois já viram que com seus significativos essa escolha já deu certo portanto eles acham que também irão se realizar nessa carreira Considerações finais É importante ressaltar que a adolescência é uma fase do desenvolvi mento implicado por mudanças sociais culturais psicológicas e biológicas Devese salientar que o jeito como cada sociedade lida com os adolescentes é particular e diferenciado pois relacionase com o seu contexto sociocultural e histórico Observamos que hoje os nossos jovens são criados de forma dife rente da tradicional como por exemplo antigamente era normal os pais es colherem profissões para seus filhos e geralmente sucederia o pai na atuação profissional nos negócios da família mas hoje vivemos uma vida de liberdade e mais importante de oportunidades O desenvolvimento vocacional é um processo que se dá ao longo da vida como nos tem mostrado os estudos até o presente momento mas que tem bastante repercussão na adolescência porque este é o período mais próximo da tomada de decisão é o momento em que se está diante da hora de decidir o que quer ser na vida uma antiga expressão que se renova no momento da decisão Percebemos que o sexo tem bastante influência quando se trata de escolhas de forma que os meninos estão menos interessados em explorar e investir do que as meninas não construindo assim seus projetos profissio nais Difusão Uma possível explicação é que talvez ao se deparam com a realidade que envolve condição financeira gostos falta de abrangência da área escolhida pelo jovem no município acabam deixando de lado suas pre ferências e fazem cursos que apenas satisfaçam a vontade de estar cursando o Ensino Superior algumas vezes se encontram nessa área outras empacam ali mesmo no meio do caminho e desistem de seguir a carreira desejada No que se trata da dimensão Foreclosure SIG este estudo permitiu con cluir que alunos mais do que as alunas estão optando por profissões basea das nas realizações de seus significativos Concluindo esse trabalho percebe mos a necessidade de uma intervenção na orientação profissional de nossos jovens que serão futuros profissionais em áreas distintas e diversas E é importante que essas informações sejam tratadas com complexidade e orga nização contextualizandoas com nossa sociedade atual REFERÊNCIAS Campos B P Coimbra J L 1991 Consulta Psicológica e Exploração do Investimento Vocacional Cadernos de Consulta Psicológica 7 1119 Coll Marchesi Palacios Cols 2004 Desenvolvimento Psicológico e Educação Psicologia Evolutiva V1 Porto Alegre ArtMed Desenvolvimento vocacional em estudantes do ensino médio 5765 65 Faria L C Taveira M C Saavedra L M 2009 Exploração e Decisão de Carreira Numa Transição Escolar Diferenças Individuais Revista brasileira de Orientação Profissional São Paulo 92 p 1730 Fernandes F S Gonçalves C M Oliveira P 2014 Adaptação e Validação da Escala de Exploração e Investimento Vocacional EEIV à uma amostra estudantil do Brasil Psicologia Reflexão e Crítica 272 233246 Fernandes F S 2012 As Famílias no Amazonas um estudo sobre os Estilos Parentais e a sua influência no desenvolvimento vocacional dos adolescentes Tese de Doutorado apresentada na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto Portugal Fernandes F S 2014 Estilo Parental e Desenvolvimento Vocacional um estudo sobre a influência das famílias na orientação dos adolescentes São Paulo Loyola Gonçalves C M 2006 A Família e a Construção de Projetos Vocacionais de Adolescentes e Jovens Tese de Doutorado apresentada a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto Portugal Gonçalves C M 2008 Pais aflitos filhos com futuro incerto Um estudo sobre a influência das famílias na orientação dos filhos Portugal Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação para a Ciência e a Tecnologia Hutz C S Bardagir MP 2006 Indecisão profissional ansiedade e depressão na adolescência a influência dos estilos parentais PsicoUSF 11 1 65 73 Taveira M C 2000 Exploração vocacional Teoria investigação e prática Psychologica Porto 26 527 NONFATAL OCCUPATIONAL INJURY AND ILLNESS CASES INVOLVING DAYS AWAY FROM WORK AND RATE BY WORKER AGE GROUP 20212022 Age Groups 2021 2022 Change Number Rate Number Rate Number Rate Total all industries 405640 14 452060 15 46420 01 Under 16 4460 14 6280 20 1820 06 16 to 19 18850 40 17480 37 1370 03 20 to 24 36210 29 38410 29 2200 0 25 to 34 87040 16 98980 17 11940 01 35 to 44 88190 13 95490 13 7300 0 45 to 54 87110 13 94250 14 7140 01 55 to 64 51590 14 55160 14 3570 0 65 and older 32100 19 40010 22 7910 03 A EFICIÊNCIA DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL CONSIDERANDO O REGISTRO DA ESCOLHA DA CARREIRA A EFICIÊNCIA DA ORI PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 6773 6 Laura de Oliveira Marangoni1 Aliene Lago2 Lucy Leal MeloSilva3 1 Psicóloga graduada e com mestrado em andamento em Psicologia na área de concentração em Psicologia em Saúde e Desenvolvimento pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo FFCLRPUSP sob orientação da Profa Dra Lucy Leal MeloSilva laumarangonigmailcom 2 Graduada e bacharel em Psicologia pela FFCLRPUSP realizou a Capacitação Técnica no Hemocentro de Ribeirão Preto Assistente de Recurso Humano da micro empresa online Self English Mestranda pela FFCLRP em Psicologia em Saúde e Desenvolvimento orientada pela Lucy Leal MeloSilva na área de Orientação Profissional alienelagomsncom 3 Psicóloga livre docente pela USP Ribeirão Preto docente na Graduação e Pósgraduação em Psicologia da FFCLRPUSP É responsável pela área de Orientação Profissional na FFCLRPUSP na qual desenvolve pesquisa ensino e extensão Membro da ABOP e da IAEVG Coeditora da Revista Brasileira de Orientação Profissional Pesquisadora CNPq lucilealffclrpuspbr O adolescente vivencia um processo de transitoriedade permeado por muitas dúvidas e angústias em uma fase de vida cuja principal tarefa de desenvolvimento consiste na construção da identidade pessoal e profissio nal Erikson 1994 descreve essa fase como um momento de ligação entre o passado e o futuro entre o que se era papéis e habilidades construí dos e o que se gostaria de vir a ser É um momento em que o jovem terá que confrontarse com as mudanças biológicas e sociais BordãoAlves MeloSilva 2008 A resolução positiva desse momento de crise resultaria em um crescimento saudável possibilitando a continuidade para o está gio seguinte Almeida Pinho 2008 A identidade profissional constitui um dos pilares da identidade pessoal BordãoAlves MeloSilva 2008 Ambas seriam influenciadas pelas identificações feitas ao longo da vida pelo indivíduo levando em conta tanto dimensões sociais mercado de trabalho expectativa da família quanto dimensões individuais preferên cias individuais habilidades sendo assim uma das principais tarefas de Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Laura de Oliveira Marangoni Aliene Lago Lucy Leal MeloSilva 68 desenvolvimento da adolescência Almeida Pinho 2008 BordãoAlves MeloSilva 2008 Diante da multiplicidade de profissões e das transformações constan tes no mundo em geral o processo de construção da identidade pessoal Almeida Pinho 2008 e por conseguinte a escolha da carreira tornase um processo complexo Nesse ponto a Orientação Profissional OP pode auxiliar os adolescentes quanto à tomada de decisões a partir da promoção da capacidade de reflexão sobre influências possibilidades consequências e riscos permitindo uma escolha autônoma e esclarecida MeloSilva 2005 Jenschke 2003 Almeida MeloSilva 2006 Silva Ourique Oliveira Reis Lassance 2008 Contudo assim como o mundo está se transformando constantemente a OP também vem passando por mudanças tanto nos re ferencias teóricos que a embasam quanto em seus modelos de intervenção Tais modificações têm o objetivo de acompanhar as transformações globais e de abarcar o processo de construção da carreira em sua totalidade Atentos a estas transformações MeloSilva Lassance e Soares 2004 salientam que teve um aumento na procura por intervenções na área de OP sobretudo nes ta fase de transição entre Ensino Médio e Ensino Superior A partir dessas crescentes demandas também se faz necessário investir na avaliação de tais intervenções para a produção e compartilhamento de estratégias de qualida de e mais eficazes Contudo há falta de um modelo único de avaliação que seja aplicável a todas as práticas existentes Alonso MeloSilva 2013 Isso acontece pois os programas de OP podem divergir quanto às especificidades culturaissociaisregionais aos objetivos e ao sistema metodológico Alonso MeloSilva 2013 Whiston e Buck 2008 Uma estratégia utilizada por muitos pesquisadores como notase na li teratura é utilizar os registros dos resultados finais das intervenções de OP como uma possibilidade de averiguar a eficiência da intervenção Um exemplo desta estratégia foi utilizada por Almeida e MeloSilva 2006 em um estu do no qual foram avaliadas as respostas a um instrumento misto questões abertas e fechadas de participantes de um processo de OP atendidos em um Serviço de Orientação Profissional entre os anos de 1994 e 2000 As pergun tas focalizavam a avaliação de três dimensões de análise inputs processos e ou tputs Os inputs envolveriam as condições oferecidas pelo serviço localização localsala de atendimento inscrição no serviço primeira entrevista duração do atendimento dentre outros aspectos o processo abordaria as atividades desenvolvidas a interação com o psicólogoestagiário a interação com os de mais participantes do grupo dentre outras e os outputs seriam aos resultados obtidos através da OP ou seja a maturidade as influências percebidas para a tomada de decisão profissional e como o processo auxiliou na resolução de problemas e no desenvolvimento de habilidades para a organização da cons trução da carreira Outro exemplo é a pesquisa de Moura Sampaio Gemelli Rodrigues e Menezes 2005 A fim de avaliarem se o programa comporta mental foi eficiente tais estudiosos utilizaram uma entrevista individual pósOP que envolveu alguns instrumentos EMEP Inventário de Satisfação do Consumidor e Questionário de Avaliação do Programa A eficiência da orientação profissional 6773 69 Assim sendo este estudo objetiva avaliar a eficiência da intervenção em Orientação Profissional OP a partir dos dados registrados em prontuá rios sobre a decisão de carreira de participantes egressos de um Serviço de Orientação Profissional SOP ao término de um processo de intervenção Método Participantes A população escolhida foi de egressos do Serviço de Orientação Profissional SOP do Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada CPA na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto FFCLRP da Universidade de São Paulo USP entre os anos de 2004 a 2009 O deli neamento de tempo escolhido teve como base os objetivos do projeto de Mestrado ao qual este recorte de pesquisa está vinculado Além disso fo ram definidos como critérios os egressos do processo de OP da modalidade Grupo uma vez que o número é maior de egressos nesta modalidade e pela técnica grupal demonstrar melhor suporte psicológico a esse públicoalvo por conta do processo de identificação e reconhecimento de seus problemas nos outros Soares Krawulski Dias DAvila 2007 Além disso foram selecionados aqueles que na época da inscrição cursassem o Ensino Médio ou algum curso preparatório para vestibular Caracterização do Serviço de Orientação Profissional e do processo em grupo O Serviço de Orientação Profissional SOP é oferecido pelo Departamento de Psicologia da FFCLRPUSP e seus atendimentos são realizados por es tagiários do 5º ano da graduação em Psicologia como parte das atividades de formação prática profissional O processo de OP em Grupo tem duração aproximada de 10 a 12 sessões sendo planejadas com base nos conteúdos emergentes de cada grupo centrandose principalmente em seis eixos temáti cos vestibular autoconhecimento escolha estudos informação sobre as car reiras mundo do trabalho e as formas de acesso à universidade As técnicas de apresentação e aquecimento baseiamse sobretudo em SoaresLucchiari 1993 e Pelletier 1982 Contudo algumas técnicas são criadas ou adaptadas pelos estagiários tendo em vista as especificidades de cada grupo MeloSilva 2005 Os encontros são semanais e têm duração de 2 horas sendo que cada grupo é coordenado por dois estagiários e supervisionado semanalmente Alguns instrumentos podem ser utilizados para o atendimento O pri meiro deles é o Roteiro de Triagem que auxilia na definição do atendimento ou de encaminhamentos Outros constituem recursos auxiliares durante a OP visando facilitar o processo de escolhas ocupacionais conscientes e au tônomas considerando tanto a realidade interna ao indivíduo como a ex terna Alguns dos instrumentos usados são Escala de Maturidade para a Escolha Profissional EMEP Neiva 1999 BBT Teste de Fotos de Profissões Achtnich 1991 adaptado ao contexto brasileiro Jacquemin Okino Noce Assoni Pasian 2006 Critérios de Escolha Neiva 2008 Carta aos pais Laura de Oliveira Marangoni Aliene Lago Lucy Leal MeloSilva 70 Silva Venturini MeloSilva 2005 dentre outros instrumentos No final do processo há uma entrevista devolutiva individual em que é discutido todo desenvolvimento dos encontros e a posição atual do cliente quanto à escolha profissional A partir dessa devolutiva o registro é feito no histórico do aten dimento do participante que compõe o prontuário juntamente com o roteiro de triagem e demais registros Levando em conta essas informações neste estudo foi feita a análise a partir dos registros individuais do processo de OP a fim de caracterizar sua eficiência Instrumentos Roteiro de triagem O Roteiro de Triagem para atendimento no SOP é do tipo autorrelato preenchido manualmente pelo candidato contendo os seguintes itens Identificação Educação Trabalho Motivo da Consulta Saúde e Encaminhamento Para fins deste estudo serão utilizadas as res postas obtidas no item que informa sobre as profissões de interesse no momento da inscrição Histórico do atendimento O Histórico de Atendimento do Cliente no CPA é preenchido pelo estagiário do estágio ao final do processo no qual adicio namse algumas informações do cliente como dados pessoais para identifi cação motivo da procura do serviço e relato do atendimento Utilizaramse as informações encontradas nesse último item para este estudo pois é neste espaço em que é feito o registro da síntese da evolução e do resultado da intervenção encontrando a informação referente a escolha ou não da pro fissão a ser seguida Obtenção e Análise dos dados Após o levantamento dos prontuários entre os anos de 2004 e 2009 aqueles relacionados ao atendimento em grupo e que continham os dados referentes à escolha préOP e pósOP foram digitalizados e organizados em uma planilha do Excel conjuntamente com outros dados como número de prontuário nome e data de nascimento para identificação Com esses dados foi possível organizar as informações em três categorias os que chegaram a uma definição de carreira os que ainda tinham dúvidas mas estavam mais próximos da escolha e os que continuaram sem decisão ao final do processo Resultado e Discussão Após a seleção dos dados aplicando os critérios mencionados anterior mente obtevese um total de 273 participantes com faixa etária entre 15 e 20 anos Como observado na Tabela 1 dentro desse total de participantes 68 são do sexo feminino enquanto 32 são do sexo masculino A incidência maior na busca de serviço de saúde pelo público feminino em detrimento do masculino já foi debatido por Gomes Nascimento e Araújo 2007 e Figueiredo 2005 Todos os autores abordam a questão de gênero como a responsável por essa diferença As mulheres assumem o papel de cui dado da educação e da saúde da família e da própria Para elas é natural A eficiência da orientação profissional 6773 71 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Total Feminino 34 31 55 44 13 8 185 68 Masculino 10 13 39 15 6 5 88 32 Total 44 44 94 59 19 13 273 100 TABELA 1 Distribuição dos participantes por ano do sexo masculino e feminino e seus respectivos totais número e porcentagem TABELA 2 Distribuição dos participantes por ano em função das categorias Decidiu Próximo da escolha e Não se decidiu cuidar está de acordo com as expectativas sociais para o gênero feminino Por sua vez a identidade masculina estaria associada à força virilidade e in vulnerabilidade Tais características poderiam impedir a busca de serviços de saúde pois no imaginário masculino são relacionadas com demonstração de fraqueza ansiedade medo eou insegurança Gomes Nascimento e Araújo 2007 O ato de verbalizar as suas necessidades de saúde física e mental levariam à feminilização constituindo um perigo ao ideal masculino Esse pensamento acaba por incentivar um comportamento de despreocupação com a saúde e desvalorização do autocuidado Figueiredo 2005 Além dessa representação outra explicação encontrada por Figueiredo 2005 foi a per cepção pelo indivíduo da dificuldade do acesso ao serviço representada pelo modus operandi do sistema de saúde visto como demorado tempo perdido na fila de espera e pela percepção do espaço destinado aos cuidados como ambientes feminilizados fazendo com que eles tenham a sensação de não pertencer àquele lugar É possível associar essa informação com a situação da procura por OP que também representaria a busca por ajuda a uma situação em que a pessoa estaria insegura eou ansiosa demonstrando fraqueza Já com relação à decisão da carreira a Tabela 2 apresenta os resultados referentes à quantidade de pessoas que optaram por uma profissão as que ainda têm dúvidas mas estão mais próximas da escolha e as que não se deci diram ao fim do processo de orientação nesses 6 anos de intervalo de tempo estudado 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Total Decidiu 20 26 48 40 11 8 153 56 Próximo da escolha 15 9 31 9 4 3 71 26 Não se decidiu 9 9 15 10 4 2 49 18 Total 44 44 94 59 19 13 273 100 Como é possível notar mais da metade das pessoas chegaram a uma escolha profissional 56 enquanto 26 permaneceram com alguma dú vida mas afirmam serem capazes de decidir e apenas 18 terminaram o processo sem uma escolha ou uma melhora quanto à dúvida que tinham no momento em que ingressaram no SOP Se considerarmos que a OP foi efetiva Laura de Oliveira Marangoni Aliene Lago Lucy Leal MeloSilva 72 em função da promoção de uma melhora significativa diante da situação de dúvida é possível afirmar que mais de 80 daqueles que ingressaram no ser viço apresentavamse decididos ou próximos da decisão de carreira Sendo assim tais resultados comprovam a eficiência das intervenções em OP neste serviçoescola para aqueles que participaram do processo completo Esses mesmos resultados porém agora vistos a cada ano Tabela 3 mantêm a porcentagem acima de 50 em relação à tomada de uma decisão no fim da intervenção com exceção do ano de 2004 com percentil de 46 O número mais elevado foi o de 2007 com uma porcentagem de 68 Em relação a estar mais próximo da decisão o menor percentual foi de 15 e o maior de 34 enquanto os que não conseguiram chegar a uma decisão não ultrapassou de 21 nesses 6 anos Decidiu Próximo da escolha Não se decidiu 2004 20 46 15 34 9 20 2005 26 59 9 21 9 20 2006 48 51 31 33 15 16 2007 40 68 9 15 10 17 2008 11 58 4 21 4 21 2009 8 62 3 23 2 15 TABELA 3 Distribuição comparativa entre o número de participantes e seus resultados no final da intervenção número e porcentagem em Orientação Profissional por ano organizados nas categorias Decidiu Próximo da escolha e Não se decidiu Se considerar que a eficiência da OP se daria em função da decisão ao final da intervenção ou da proximidade de uma escolha como estabelecido anteriormente obtevese o mínimo de 79 de impacto em uma intervenção nesse intervalo de tempo estudado Considerações finais Esses resultados corroboram outras pesquisas relacionadas ao tema em que vários programas de intervenção em OP em grupo cada qual com sua es pecificidade demonstraram serem eficazes e importantes na ajuda do jovem em busca de uma escolha profissional como já apontado por Abade 2005 Contudo o conceito de eficiência diverge quando se pensa em OP Andrade Meira e Vasconcelos 2002 afirmam que a OP seria mais que in formar sobre as possibilidades de escolha de uma carreira universitária para a qual devese prestar o vestibular seria a promoção de autoconhecimento e adaptação à vida MeloSilva 1999 fala da OP como um espaço de promoção de escolhas ocupacionais conscientes e autônomas considerando aspectos internos e externos à pessoa Logo ressaltandose que outros aspectos tam bém devem ser considerados Recomendase portanto outras estratégias avaliativas inclusive estudos de característica longitudinal A eficiência da orientação profissional 6773 73 REFERÊNCIAS Achtnich M 1991 O BBT Teste de Fotos de Profissões Método projetivo para a clarificação da inclinação profissional J Ferreira Filho trad São Paulo CETEPP Almeida F H MeloSilva L L 2006 Avaliação de um Serviço de Orientação Profissional A Perspectiva de ExUsuários Revista Brasileira de Orientação Profissional 72 81102 Almeida E G G Pinho L V 2008 Adolescência família e escolhas Implicações na orientação profissional Psicologia Clínica 202 173184 Alonso W C MeloSilva L L 2013 Avaliação de uma intervenção em Orientação Profissional na Perspectiva de ExEstagiários Psicologia Ciência e Profissão 331 8499 Andrade J M Meira G R J M Vasconcelos Z B 2002 O processo de orientação vocacional frente ao século XXI perspectivas e desafios Psicologia Ciência e Profissão 223 4653 Erikson E H 1994 Identity and the Life Cycle Reissue New York W W Norton Company Figueiredo W 2005 Assistência à saúde dos homens um desafio para os serviços de atenção primária Ciência Saúde Coletiva 101 105109 Gomes R Nascimento E F Araújo F C 2007 Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior Cadernos de Saúde Pública 233 565574 Jacquemin A Okino E T K Noce M A Assoni R F Pasian S R 2006 O BBTBr Feminino Teste de Fotos de Profissões Adaptação brasileira normas e estudos de caso São Paulo SP Centro Editor de Testes e Pesquisas em Psicologia MeloSilva L L 1999 Estágio profissionalizante em orientação profissional experiência de supervisão em um curso de psicologia Revista da ABOP 31 119135 MeloSilva L L 2005 Orientação Profissional em uma ClínicaEscola de Psicologia In L L MeloSilva M A Santos C P Simon Orgs Formação em psicologia serviçosescola em debate pp 171196 São Paulo Vetor MeloSilva L L Lassance M C P Soares D H P 2004 A orientação profissional no contexto da educação e trabalho Revista Brasileira de Orientação Profissional 52 3152 Moura C B Sampaio A C P Gemelli K R Rodrigues L D Menezes MV 2005 Avaliação de um programa comportamental de orientação profissional para adolescentes Revista Brasileira de Orientação Profissional 61 2540 Neiva K M C 1999 Manual Escala de Maturidade para a Escolha Profissional EMEP São Paulo Vetor Neiva K M C 2008 Critérios para a Escolha Profissional 2a ed São Paulo Vetor Pellerier D Noiseux G Bujold C 1982 Desenvolvimento vocacional e crescimento pessoal enfoque operatório E F Alves trad Petrópolis Vozes Silva C S C Ourique L R Oliveira M Z Reis M G P Lassance M C 2008 Ressignificação da experiência de Orientação Profissional Revista Brasileira de Orientação Profissional 91 7586 Silva L M Venturini F P MeloSilva L L 2005 Cartas que dizem muito Pais e filhos na orientação profissional In Cristiane Paulin Simon Lucy Leal MeloSilva Manoel Antônio dos Santos Org Formação em Psicologia desafios da diversidade na pesquisa e na prática São Paulo Vetor Editora p 307320 Soares D H P Krawulski E Dias M S L DAvila G T 2007 Orientação Profissional em contexto coletivo uma experiência em prévestibular popular Psicologia Ciência e Profissão 274 746759 SoaresLucchiari D H P 1993 Pensando e vivendo a orientação profissional 2ªed São Paulo Summus Whiston S C Buck I M 2008 Evaluation Of Career Guidance Programs In J A Athanasou R V Esbroeck Eds International Handbook of Career Guidance Springer ScienceBusiness Media B V NONFATAL OCCUPATIONAL INJURY AND ILLNESS CASES INVOLVING DAYS AWAY FROM WORK AND RATE BY WORKER AGE GROUP 20202021 Age Groups 2020 2021 Change Number Rate Number Rate Number Rate Total all industries 539190 2 405640 14 133550 06 Under 16 5400 18 4460 14 940 04 16 to 19 27610 58 18850 4 8760 18 20 to 24 48750 41 36210 29 12540 12 25 to 34 122630 23 87040 16 35590 07 35 to 44 121680 18 88190 13 33490 05 45 to 54 110810 17 87110 13 23700 04 55 to 64 65400 18 51590 14 13810 04 65 and older 36900 23 32100 19 4800 04 PRÁTICAS DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL EM ESCOLAS BRASILEIRAS PRÁTICAS DE ORIEN PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 7581 7 Sílvia Teles1 Tatiana Lima2 Celeste Maurício3 1 Psicóloga UFBA Sóciadiretora da Socialize Consultoria e Treinamento Mestre em Psicologia Social e do Trabalho UFBA tema de pesquisa em Identidade Profissional Docência no Ensino Superior e PósGraduação Realiza atividades profissionais voltadas para a aprendizagem do aluno do professor e do trabalhador em parceria com escolas editoras e empresas Conduz atividades de orientação profissional individual e em grupos em consultório e escolas silviatelespsicologiagmailcom 2 Administradora UNIFACS SalvadorBA pósgraduada em Administração Estratégica UFBA Mestre em Administração Estratégica UNIFACS SalvadorBA Graduanda em Psicologia pela Devry Brasil Faculdade Ruy Barbosa Condução de processos de mediacão de conflito e palestras em desenvolvimento de pessoas Docência em cursos de Pósgraduação Formação em Orientação Profissional de Carreira e Aposentadoria pelo Instituto do Ser de Santa Catarina sotarinandagmailcom 3 Psicóloga Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública especializada em Psicoterapia BreveFocal IDEP Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública Desenvolve em Arembepe CamaçariBA o projeto Sala de Leitura facilitando de forma lúdica que crianças e jovens da localidade ampliem sua visão de homem e de mundo de modo a construírem projetos de vida que incluam o processo de escolha profissional e a inserção no mundo do trabalho celestemauriciopsigmailcom A questão da orientação profissional tem ocupado importante lugar nas dis cussões contemporâneas amparadas em três eventos a globalização o neoli beralismo e a reestruturação produtiva provocadores de mudanças estruturais no mundo do trabalho O contexto da pósmodernidade oferece aos jovens entrantes diversas e dinâmicas possibilidades de atuação profissional e as ins tituições de ensino têm à sua frente uma oportunidade ímpar de coprotago nismo nas escolhas de seus alunos ocupando um lugar central neste processo O foco do estudo se voltou para as práticas de intervenção adotadas no Brasil nas duas últimas décadas identificandose pontos em comum e dife renças principalmente no que se refere aos formatos adotados Educação para a carreira e conexões com o mundo contemporâneo Diante de um cenário de constantes mudanças tornase essencial Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Sílvia Teles Tatiana Lima Celeste Maurício 76 compreender a formatação assumida pelas profissões quando do preparo de jovens para inserção no mercado de trabalho O dinamismo deste novo cenário requer dos profissionais que atuam no campo da orientação profis sional um olhar atento e constante para riscos possibilidades e diversidades na escolha profissional Para Filgueiras 1997 o neoliberalismo emerge nos anos 70 na busca de redirecionar a intervenção do Estado na sociedade em decorrência do enfra quecimento daquilo que ele chama de rede de proteção ao trabalho e segu rança social ao cidadãop59 ou seja do seu papel assistencialista instalado no período posterior à Segunda Guerra Mundial Segundo o autor este novo sistema atrelado a mais dois fenômenos a globalização e a reestruturação produtiva apontam na mesma direção e revolucionam o modo de vida das pessoas culminando numa reformulação dos valores até então cultivados no mundo do trabalho Descortinaramse no horizonte das sociedades os processos da reestru turação produtiva e da globalização como legitimadores do movimento ne oliberal No seio das organizações aconteceram dois fenômenos O primeiro referiuse ao envelhecimento tecnológico levando a uma desaceleração no crescimento da produtividade e o segundo referiuse ao envelhecimento da forma de organizar as pessoas no trabalho Neste contexto cabe uma reflexão acerca dos caminhos a serem per corridos pelas gerações futuras de profissionais hoje jovens estudantes Assim questionase de que forma a sociedade poderá dar suporte e direcio namento para a inserção desse sujeito no mercado de trabalho Neste sen tido família escola sociedade e instituições são convidados a atualizarem sua dinâmica em prol do novo cenário de desenvolvimento de cidadania e ser humano integrado De acordo com Munhoz 2011 a Educação para a Carreira se traduz num segmento da Orientação de Carreira já disseminado em muitos países que se sustenta numa sistematização de práticas de orientação profissional na escola e permeia o currículo de forma transversal As mudanças ocorridas no último século levaram o mercado de trabalho a assumir uma formatação diferenciada sem precedentes na história da humanidade O novo cenário clama por novas significações no que se refere ao rol de competências reque ridas para a inserção no mundo do trabalho Os conhecimentos habilidades e atitudes CHA necessários para atuar na vida profissional estão cada vez mais refinados A estas competências organizações contemporâneas têm agregado valores e espiritualidade concebendo o que chamam de CHAVE para a empregabilidade Neste sentido a preparação para o ingresso no mercado do trabalho de manda por uma rede que deve ser tecida ao longo da vida do sujeito a fim de que lhe seja possível o desenvolvimento e incorporação de tais competências de forma robusta e sustentável Para Munhoz 2011 a escola mostrase como espaço de importância fundamental para não só propiciar o desenvolvimento destas compe tências mas também como importante mediadora nas conexões com os Práticas de orientação profissional 7581 77 demais partícipes do processo como a família a sociedade o mercado de trabalho e as universidades Compreendese assim a importância de que o corpo técnico da escola adquira recursos ou ferramentas que ajudem a consolidar a função da es cola enquanto rede formadora de sujeitos que consideram a dimensão do trabalho nos seus projetos de vida O que se propõe é o conhecimento sobre práticas de orientação profissional existentes em escolas como recurso que permite à equipe técnica ampliar seu escopo de atuação e consequentemen te consolidar e fortalecer a prática de educação para a carreira alinhandose às tendências atuais no campo Método As autoras utilizaramse da metodologia de levantamento bibliográfico contendo relatos de experiências em publicações nacionais que respalda ram a descrição das práticas de Orientação Profissionais adotadas em es colas brasileiras Foram realizadas reuniões semanais no período de 14 de março a 10 de julho de 2015 quando o grupo de trabalho realizou um primeiro levanta mento de publicações relativas a programas de orientação profissional em escolas resultando numa triagem final de 11 artigos cuja relação encontra se abaixo descrita A análise do material permitiu a elaboração de quadros comparativos a partir de categorias comuns identificadas função da escola pressupostos teóricos temas referências a prescrições legais referências à família formato duração quem conduz participantes e região O critério de escolha foi primordialmente a realização do programa nas instalações da escola articulado com o calendário acadêmico e realizado por profissionais do seu corpo técnico Antunes DC Castro AB de Garbulho N De F Oliveira E CSde 2007 Orientação Profissional na educação pré escolar livros teatro videos e histórias infantis como instrumentos para um trabalho reflexivo In Barros DTR Lima MT Escalda R Org Escolha e inserção profissionais desafios para indivíduos famílias e instituições Orientação Profissional Teoria e Técnica v3 pp 225240 São Paulo Vetor Barbosa Altemir e LAMAS Karen A Orientação Profissional como atividade transversal ao currículo escolar Estudos de Psicologia setembrodezembro2012 461468 Acervo disponível em wwwscielobrespsic em 03052015 Couto Carla Pena 2007 Orientação Profissional numa escola particular de atividade extraclasse à grade curricular do ensino médio In Barros Lima Escalda e Cols Escolha e Inserção Profissionais desafios para indivíduos famílias e instituições Orientação Profissional Teoria e Técnica Vol 3 pp 181 194 São Paulo Vetor Crestani RA 2000 Orientação vocacional ocupacional e profissional numa escola de Ensino Fundamental e Médio In LISBOA M SOARES D Orientação Profissional em Ação formação e prática de orientadores pp4866 SP Summus Crestani Regina Anzolch 2010 Orientação profissional na escola privada In Levenfus Soares e Orientação vocacional ocupacional 2a ed pp 5764 Porto Alegre Artmed MansãoC S2000 Ampliando os rumos da orientação profissional no novo século uma experiência na 8ª série do ensino fundamental In Lisboa M Soares DH Orgs Orientação Profissional em Ação p85 a 97 São Paulo Summus Moreira FC2000 Orientação Profissional uma visão multidisciplinar In Lisboa M Soares DH Orgs Orientação Profissional em Ação p134 a 143 São Paulo Summus continua Sílvia Teles Tatiana Lima Celeste Maurício 78 Silva Isabel Cristina Tremarin da 1997 A Orientação vocacional ocupacional na escola In Levenfus RS e Soares DHP col Psicodinâmica da escolha profissionalpp 269 286 Porto Alegre Artmed Silva IC T da Birk C 2002 Um modelo de atendimento em orientação profissional na escola privada In Levenfus Soares e Col Orientação Vocacional Ocupacional novos achados teóricos técnicos e instrumentais para a clínica a escola e a em presa pp 101114 Porto Alegre Artmed Souza AM Toledo LC Martins AN Vardi CH2004 Olhando para o Futuro Orientação Profissional na Grade Curricular Reflexões sobre uma experiência no ensino médio In Z B Vasconcelos IDOliveiraOrgs Orientação Vocaciona alguns aspectos teóricos técnicos e práticos 1ª ed p187197 São Paulo Vetor Zendron MA 2000 Aprender a filosofar é aprender s vir a ser In Lisboa M Soares DH Orgs Orientação Profissional em Ação p67 a 84 São Paulo Summus Salientase que foram encontrados diversos artigos que descrevem ações pontuais realizadas por jovens estudantes a exemplo de clínicas de psicolo gia em universidades que mantêm parcerias com escolas públicas e privadas todavia tais relatos não possibilitaram a compreensão do tipo de programa existente na instituição de ensino e de que forma estaria associado àquela atividade externa dos estudantes Após a seleção e análise dos onze trabalhos optouse pela construção de um quadro descritivo visando a melhor compreensão das experiências neles relatadas bem como permitiu analogias e inferências que resultaram na produção deste texto Programas de orientação profissional identificados De acordo com o levantamento realizado pelas autoras verificouse a ênfase dos pressupostos teóricos no construtivismo havendo também pro postas de programas baseados nas perspectivas sociohistórica sociointera cionista e sociocognitiva A teoria de Super num modelo desenvolvimentista foi também utilizada em um dos relatos de experiências analisados Os modelos teóricos adotados se confundem com referenciais em edu cação como o construtivismo apesar da existência de teorias específicas em orientação profissional a exemplo do enfoque decisional cognitivista e do enfoque psicodinâmico Autoconhecimento o mundo do trabalho e informa ção sobre as profissões são temas comuns aos programas analisados Os relatos de experiências selecionados para este trabalho ocorreram na maioria tendo como público estudantes do Ensino Médio observando se também programas realizados desde a educação infantil até o ensino fundamental II Assim a faixa etária da maior parte dos participantes está compreendida entre 14 e 17 anos de idade Estes estudantes são na maioria oriundos das classes média e alta sendo que um dos programas analisados tem como participantes jovens de diferentes classes sociais No que se refere aos Estados onde ocorreram os programas de Orientação Profissional as autoras constataram uma concentração de publicações nas re giões Sul e Sudeste sendo a maioria no Estado do Rio Grande do Sul Cabe uma reflexão sobre de que forma estimular relatos de programas desenvolvidos nas demais regiões do país de forma a fomentar a cultura da orientação profissio nal nas escolas brasileiras e legitimar o lugar do orientador nestas instituições continuação Práticas de orientação profissional 7581 79 No que se refere à duração dos programas boa parte deles se estendeu por cerca de seis a sete meses com encontros quinzenais de 60 a 90 minu tos perfazendo uma média de 25 horas no total Os trabalhos foram reali zados na maioria em grupo sendo que alguns adotaram a sistemática mista priorizando atendimentos em grupo no primeiro momento e individual mais para o final do ano letivo Quanto ao formato dos programas de orientação observaramse varia ções tanto no que se refere à quantidade de alunos por grupo de trabalho como nos tipos de atividades aplicadas que iam desde dinâmicas de grupo testes psicológicos e técnicas específicas a contratação de palestrantes para pais eou alunos e atividades externas como visitas e entrevistas Os principais pontos de discussão levantados nos trabalhos analisados giram em torno do autoconhecimento conhecimento do mundo do traba lho e do seu significado estando aí incluídos os cenários econômico e social além de informações sobre as profissões e processo decisório Verificouse a condução dos trabalhos de Orientação Profissional por pro fissionais do Serviço de Orientação Educacional sendo que em uma das esco las em parceria com o professor de ensino religioso e em outra por psicólogo externo à escola no papel de coordenador do programa Vale ressaltar ainda a participação do corpo docente em alguns programas de orientação voltados para atividades externas integradas a projetos de pesquisa e curriculares Sobre as referências às famílias dentre os trabalhos analisados uma es cola desenvolveu estratégias de ação para envolvimento dos pais no processo de escolha da profissão tanto com relação ao apoio emocional como auxílio nas pesquisas sobre as profissões e o diálogo permanente Outra instituição de ensino abordou a importância da trajetória sociohistórica entretanto sem o envolvimento mais próximo da família Um terceiro relato ressalta a expectativa de sucesso que os pais depositam nos filhos mas também não mencionou ações que contemplem a participação da família no processo Em um dos trabalhos analisados observouse o uso da terminologia Comunidade Escolar como uma instância em que os pais foram inseridos no processo dando apoio a atividades práticas a exemplo de parcerias para visitas a grandes indústrias e universidades Em todos os trabalhos analisados está presente a compreensão do papel exercido pela escola no processo decisório a ser vivido pelos alunos rumo ao início da vida profissional a escola tem um papel social a cumprir com seus alunos contribui para o seu amadurecimento e visão crítica da realidade é fonte de estímulo e motivação intrínseca dos alunos e deve ser um espaço social de suporte às ansiedades e conflitos nesta etapa de sua vida Tal constatação em relação ao papel da escola parece estar reforçada pela prescrição legal da Lei de Diretrizes e Bases 93941996 LDB e do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil Conhecimento de Mundo RCNEI Segundo essas proposições é possível desenvolver desde a infância uma visão de mundo que propicie a construção paulatina do que vem a ser considerado adiante um projeto de vida a escola deve estar vin culada ao mundo do trabalho o papel do professor envolve a exploração de Sílvia Teles Tatiana Lima Celeste Maurício 80 representações profissionais nas suas disciplinas fatos e informações devem auxiliar a compreensão do aluno acerca dos cenários de trabalho Considerações finais A análise dos onze programas de Orientação Profissional permitiu às autoras uma imersão nas práticas adotadas nas instituições de ensino de forma a visualizar o processo vivenciado pelos alunos a partir do empenho dos profissionais e equipes em de fato propiciar aos jovens as condições para a maturação de escolhas Neste contexto verificase no conjunto o papel do orientador educacio nal de alavancar os processos OP na escola na organização das atividades na articulação do modelo teórico na viabilidade e formação de equipe de trabalho junto aos alunos Ao apreender a dinâmica de funcionamento das propostas de trabalho verificouse a existência de programas que incluem atividades processuais dos jovens para a construção e produção de saberes na interrelação com pes soas e processos Um exemplo é a viagem feita por alunos cuja programação incluiu tarefas curriculares ao mesmo tempo em que mantiveram contato com profissionais de diferentes empresas e indústrias e ao retornarem pre param um simpósio interclasse para relatarem os conteúdos adquiridos e experiências vivenciadas Um segundo exemplo referese ao exercício da es colha de alunos do ensino médio desde a primeira série quando devem op tar por disciplinas eletivas e realizar projetos científicos de interesse pessoal lhes sendo facultado permanecer com o tema inicial ou realizar outra escolha por nova área de conhecimento Tais programas apontam para uma natureza multidisciplinar ou transversal de modo que possibilita ao aluno amadure cer no processo de decisão a partir não só de uma perspectiva construída subjetivamente mas de estímulos provenientes de diversas direções do seu entorno que lhe permitem protagonizar de forma mais concreta o momento vivenciado Aos programas desta natureza as autoras optam por denominar de Programas Multidirecionais Por outro lado constatase a existência de outra categoria de programas cujas atividades são organizadas de modo a municiar o aluno de informações e atividades que giram em torno da absorção de conteúdos visando uma decisão mais racional tendo como sentido único o aluno na sua subjetivida de o processamento do que é proposto é dele e nele sozinho Este é o caso de programas de orientação profissional nos quais as atividades realizadas convergem exclusivamente para o pronunciamento da decisão por parte do orientando Dinâmicas de grupo testes psicológicos e técnicas específicas estão a serviço desse sujeito em si mesmo A esses programas as autoras ado tam a denominação de Programas Unidirecionais Ressaltase contudo que não se trata de polarizar formas de atuação em orientação profissional mas antes de tudo em contribuir com referen ciais que respaldem a construção de programas adequados a cada realidade Na perspectiva das autoras programas multidirecionais e unidirecionais Práticas de orientação profissional 7581 81 parecem demandar recursos diferentes como maior ou menor deslocamento de alunos maior ou menor participação de equipe técnica e corpo docente refletindo em parâmetros diferentes para a viabilidade de sua implementa ção e consolidação de práticas de OP nas escolas Desta forma descortinase uma perspectiva de análise de programas de orientação profissional que coloca em cena a escola na sua dimensão or ganizacional e pedagógica oportunizando diferentes possibilidades de ali nhamento do Serviço de Orientação Educacional com as potencialidades e recursos disponíveis na instituição de ensino REFERÊNCIAS Antunes D C Castro A B de Garbulho N De F Oliveira E C S 2007 Orientação Profissional na educação préescolar livros teatro vídeos e histórias infantis como instrumentos para um trabalho reflexivo In D T R Barros M T Lima R Escalda Orgs Escolha e inserção profissionais desafios para indivíduos famílias e instituições Orientação Profissional Teoria e Técnica v3 pp 225240 São Paulo Vetor Barbosa A Lamas K 2012 A Orientação Profissional como atividade transversal ao currículo escolar Estudos de Psicologia setembro dezembro2012 461468 Disponível em wwwscielobrespsic em 03052015 Barreto M A AielloVeisberg T 2007 Escolha profissional e dramática do viver adolescente Psicologia e Sociedade 191 107114 Recuperado de httpwwwscielobrpdfpsocv19n1a15v19n1pdf Couto C P 2007 Orientação Profissional numa escola particular de atividade extraclasse à grade curricular do ensino médio In Barros Lima Escalda e Cols Escolha e Inserção Profissionais desafios para indivíduos famílias e instituições Orientação Profissional Teoria e Técnica Vol 3 pp 181 194 São Paulo Vetor Crestani R A 2000 Orientação vocacional ocupacional e profissional numa escola de Ensino Fundamental e Médio In M Lisboa D H Soares D Orientação Profissional em Ação formação e prática de orientadores pp4866 SP Summus Crestani R A 2010 Orientação profissional na escola privada In R S Levenfus D H Soares Orientação vocacional ocupacional 2a ed pp 5764 Porto Alegre Artmed Filgueiras L A M 1997 A desestruturação do mundo do trabalho e o malestar desse fim de século Cadernos do CEAS Salvador p171 Mansão C S 2000 Ampliando os rumos da orientação profissional no novo século uma experiência na 8ª série do ensino fundamental In M Lisboa D H Soares Orgs Orientação Profissional em Ação p85 a 97 São Paulo Summus Moreira FC 2000 Orientação Profissional uma visão multidisciplinar In M Lisboa D H Soares Orgs Orientação Profissional em Ação p134 a 143 São Paulo Summus Moura C B Silveira J M Orientação Profissional sob o enfoque da análise do comportamento avaliação de uma experiência Estud psicol Campinas online 2002 vol19 n1 pp 514 ISSN 0103166X httpwwwscielobrscielophpscriptscipdfpidS0103166X2002000 100001lngptnrmisotlngpt Munhoz I M S MeloSilva L L 2011 Educação para a Carreira concepções desenvolvimento e possibilidades no contexto brasileiro Revista Brasileira de Orientação Profissional 121 3748 Recuperado em 21 de julho de 2015 de httppepsicbvsalud orgscielo phpscriptsciarttextpidS167933902011000100006lngpttlngpt Nascimento E N B O trabalho de OP dentro de uma instituição educacional Sua importância e seu desenvolvimento Disponível em https wwwufpebrcapindexphpoptioncomcontentviewarticleid232Itemid178 Oliveira C M R de Neiva K M C 2013 Orientação Vocacional profissional avaliação de um projeto piloto para 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Total all industries 526950 21 542590 2 539190 2 12240 01 Under 16 5730 16 5620 17 5400 18 330 02 16 to 19 28400 55 28050 6 27610 58 790 03 20 to 24 48680 39 49520 38 48750 41 70 02 25 to 34 125560 23 128350 23 122630 23 2930 0 35 to 44 118930 17 121090 17 121680 18 2750 01 45 to 54 110880 15 110980 15 110810 17 70 02 55 to 64 62650 17 65400 18 65400 18 2750 01 65 and older 33260 23 34120 22 36900 23 3640 0 Total all age groups show data for workers aged 16 years and older except for the Under 16 age group The average annual number of employed workers for 20122021 was about 152 million including 24 million younger than 16 years NOTE Rate is the number of cases involving days away from work per 100 fulltime equivalent workers SOURCES US Department of Labor Bureau of Labor Statistics Survey of Occupational Injuries and Illnesses SOII a UNIJUI é uma universidade regional que se localiza na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e abrange 21 municípios ESCOLHA PROFISSIONAL NA ADOLESCÊNCIA ASPECTOS A CONSIDERAR ESCOLHA PROFISSIO PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 8390 8 Hedi Maria Luft1 Juliane Mittelstadt Boaventura2 Silvia Cristina Segatti Colombo3 1 Professora do Departamento Humanidades e Educação UNIJUI Câmpus Santa Rosa Doutora em Educação pela UNISINOS São Leopoldo e Professora da rede Municipal de Ensino de Santa Rosa atuando na escola Instituto Estadual de Educação Visconde de Cairu Ensino Médio Curso Normal Santa RosaRS hedimterracombr 2 Acadêmica do curso de Psicologia Câmpus Santa Rosa É estagiária na Clínicaescola de Psicologia da UNIJUÍ ênfase psicologia e processos clínicos Bolsista do Projeto de extensão Sensibilização para a escolha profissional na adolescência boaventurajmhotmailcom 3 Professora Departamento Humanidades e Educação Pedagoga e Psicóloga UNIJUI Câmpus Santa Rosa Mestre em Educação nas Ciências Psicologia UNIJUI Professora aposentada da Rede Estadual de Educação do Estado do Rio Grande do Sul colombounijuiedubr A escolha profissional é um processo desafiador para a grande maioria das pessoas Além disso é na adolescência que a decisão se torna necessária principalmente em função de concepções culturais na sociedade em que vi vemos Deste modo elaboramos o Projeto de Extensão Sensibilização para a Escolha Profissional na Adolescência com o objetivo desenvolver atividades sobre a escolha profissional na adolescência junto às escolas de ensino mé dio da região de abrangência da nossa universidadea para compreender os fatores implicados nesse momento da vida como também aprimorar o co nhecimento sobre o mundo do trabalho favorecendo a escolha profissional mais adequada O presente relato vinculado ao projeto citado apresenta o contexto da escolha profissional baseado numa amostra realizada com alu nos do último ano do ensino médio de escolas públicas e privadas da cidade de Santa RosaRS Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Hedi Maria Luft Juliane Mittelstadt Boaventura Silvia Cristina Segatti Colombo 84 A escolha de uma profissão implica considerar inúmeros fatores porém há dois elementos básicos ou seja tratase da adolescência e de trabalho Neste sentido primeiramente vamos destacar esses dois aspectos e na se quência trataremos diversos fatores que influenciam neste processo Fatores como a falta de clareza sobre a carreira os medos e as dúvidas as exigên cias para o ingresso no mercado de trabalho os ideais de felicidade que são vinculados a realização profissional entre outros Há muitas opções no campo profissional no contexto atual e também vários meios de alcançar os objetivos profissionais O adolescente então se vê imerso em um mundo de opções que possibilitam a construção de caminhos para a realização pro fissional Por um lado há mais possibilidades por outro o que aparece são grandes dúvidas e conflitos frente a qual direção seguir Pensar em escolhas implica o sujeito a responsabilizarse com as consequências o que pode ser angustiante pois para muitos a escolha de um curso acadêmico na adoles cência é vista como algo definitivo e linear A adolescência e as decisões profissionais Não bastassem todas as incertezas da fase da vida a adolescência impõe de certa forma outros aspectos que também buscam respostas para esse mo mento da existência A compreensão da adolescência no decorrer da história tem sido mo dificada Vários autores entre eles Rassial 1997 apontam que tornouse necessário adolescer quando desapareceu da vida social a eficácia simbólica ou seja rituais e cerimônias adotadas por sociedades onde a adolescência era um fenômeno historicamente determinado Sabemos que a adolescên cia tal como a conhecemos é uma criação moderna e que não pode ser en tendida apenas como um tempo cronológico de transformações fisiológicas e de novas exigências sociais mas sim como um tempo lógico tempo de novas possibilidades identificatórias Segundo Oliveira 2001 p 3 o início da adolescência será marcado pela necessidade de uma afirmação própria do sujeito pela qual ele responderá ao apelo a deixar a latência e a inserirse desde uma posição sexuada nos laços sociais Por isso ao confrontarse com necessidades de escolhas o adolescente rejeita um saber pronto e se en gaja intuitivamente num processo de construção do saber E nesta busca muitas vezes é visto ocupando um lugar paradoxal pois ao mesmo tempo que desafia amedronta provoca também é apático desinteressado ou sur preende inventa participa Desafia o discurso social adulto discurso que aparece como organizado e determinado Essa passagem para a adolescência é um momento de grandes transfor mações tanto físicas quanto psicológicas que são vividas por ele com um sentimento de perda muito grande Essa perda se transforma em vivência de luto Luto pela perda da infância entre outras Essas perdas fazem com que ele reedite uma defesa muito usada pela criança que é a onipotência levando o a acreditar que com ele nada vai acontecer como forma de suportar a an gústia provocada pelas expectativas tanto do social quanto as suas próprias Outeiral Araujo 2015 Escolha profissional na adolescência 8390 85 Importa destacar então que a adolescência se caracteriza como um período instável e turbulento marcado pela dúvida e constituição da sua identidade frente ao social Uma escolha para o futuro marca então esta questão conflituosa do ser adulto e ter de responsabilizarse por suas esco lhas Segundo Jerusalinsky 2004 p 1 a adolescência é um estado turbu lento pela iminência da decisão Decisão que se baseada em orientação se apresenta com menos dificuldades sendo que os adolescentes demonstram grande interesse em serem orientados conforme verificado nos questioná rios aplicados a alunos do último ano do ensino médio de escolas públicas e privadas de Santa RosaRS Adolescência e mundo do trabalho Criamos a época da produção veloz mas nos sentimos enclausurados dentro dela A máquina que produz em grande escala tem provocado a escassez Nossos conhecimentos fizeramnos céticos nossa inteligência empedernidos e cruéis Pensamos em demasia e sentimos bem pouco Mais do que máquinas precisamos de humanidade mais do que de inteligência precisamos de afeição e doçura Sem essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido Chaplin 2009b Segundo Marx 2002 p50 o trabalho é uma condição de existência do homem independente de todas as formas de sociedade eterna necessida de natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e portanto da vida humana Essa afirmação de Marx associada à concepção de Charles Chaplin nos move a pensar que apesar de todos os avanços ainda temos dificuldades de compreender que o trabalho é a razão da nossa existência somente quando temos o direito de exercêlo nos princípios da dignidade hu mana Afora desta perspectiva ou seja sem dignidade permanecem os con dicionamentos culturais que marcaram a prática do trabalho historicamente Na Grécia Antiga por exemplo os trabalhos físicos pesados ligados à sobrevivência como a agricultura e o trabalho doméstico eram atribuí dos aos escravos e aos cidadãos gregos as atividades importantes como a discussão dos problemas da cidade Não bastasse isto a própria origem da palavra trabalho carrega em si tortura e sofrimento O termo trabalho se ori gina do latim tripalium e a maioria dos dicionários registrao como sinônimo b Chaplin em discurso proferido no final do filme O Grande Ditador Hedi Maria Luft Juliane Mittelstadt Boaventura Silvia Cristina Segatti Colombo 86 de instrumento de tortura Significa ainda um instrumento feito com três paus aguçados alguns munidos de pontas de ferro com o qual os agriculto res batiam o trigo as espigas de milho o linho para rasgálas e esfiapálos Por muito tempo até inícios do século XV trabalho significava algo como padecimento e cativeiro Albornoz 2004 No Brasil o trabalho inicia com a marca da atividade escrava do indígena e do negro O latifúndio monocultor no Brasil exigia mãodeobra perma nente Como a utilização de portugueses assalariados era inviável já que a intenção não era vir para trabalhar e sim para enriquecer os negros e an tes os indígenas eram escravizados Segundo Frigotto 2005 a história do trabalho é uma história onde o humano está cindido Desde o século XVIII em quase todas as sociedades o trabalho é regulado pelas relações sociais ca pitalistas modo de produção que se sobrepõe ao modo de produção feudal e que se caracteriza pela acumulação do capital via exploração do trabalhador É uma relação assimétrica que estrutura as classes sociais básicas ou seja os proprietários dos meios e instrumentos de produção e os nãoproprietá rios trabalhadores que para sobreviver necessitam vender sua força de trabalho Os trabalhadores assalariados produtores no mercado de trabalho tornamse eles mesmos uma mercadoria O que conta é a produção o lucro imediato dos donos do capital que têm como se beneficiar do trabalho do outro Desta forma os direitos fundamentais da pessoa humana são sempre sacrificados em prol do mercado negando as possibilidades de humanização e de vida digna No contexto brasileiro atual ainda há muitas condições de trabalho que em nada dignificam a ação humana No entanto segundo Albornoz 2004 o trabalho está na base de toda sociedade estabelecendo as formas de relação entre os indivíduos entre as classes sociais criando relações de poder de terminando o ritmo do cotidiano Ao analisarmos o que significa trabalhar imediatamente nos remetemos a uma necessidade vital e sua vinculação às determinações do poder das classes das forças produtivas Segundo Lessa 2005 no emaranhado da conjuntura que vivemos não ser escravizado pe las ideias do mercado do consumo é algo profundamente complexo porque a mercadoria mercado parece ser a única coisa fixa em nosso mundo mu tante Todas as transformações sejam elas quais forem apenas se trans formam no e pelo mercado como que a sublinhar que nada existe fora dele que apenas nele as coisas têm existência A mercadoria assume na ideologia cotidiana o estatuto ontológico da transcendentalidade como substrato último e imutável seria o suporte de toda e qualquer existência concebível Lessa 2005 p70 Nessa perspectiva a intervenção da escola é indispensável porque ao as sumir o papel de mediadora na análise dos processos do trabalho favorece também a compreensão sobre quando se trata do trabalho que humaniza ou quando o trabalho é apenas um meio de exploração com o aprofundamento das relações de desigualdade da vida humana Escolha profissional na adolescência 8390 87 O adolescente nesse universo ao buscar saber mais defrontase com uma gama de possibilidades interpelações e desafios que não obstante re querem um processo de aprendizagem exigente disciplinado e coletivo Esse processo é função da escola A escola é a responsável pela transmissão dos conhecimentos historicamente elaborados No entanto é preciso reconhecer que nos modos informais de se fazer educação há aprendizagens que po dem inclusive superar o que a própria escola propõe Diante desse contexto quais as possibilidades de um adolescente definir sua profissão Pensar o amanhã despertar para a formação humana que atenta à dimensão da experiência históricosocial contribua e fortaleça a in tervenção esperançosa de cada um no mundo Segundo Freire 1996 p 80 a esperança é um condimento indispensável à experiência histórica Sem ela não haveria História mas puro determinismo Só há história onde há tempo problematizado e não prédatado Pensar segundo esta afirmativa nos remete à ideia de necessidade da escola e demais espaços sociais contri buírem para que a escolha profissional dos adolescentes possa favorecer a construção da realização profissional e pessoal O trabalho é uma das questões decisivas e portanto crucial para os adolescentes A habilitação para o trabalho sempre se vinculou mesmo que equivocadamente ao poder da escola sob a forma de conhecimento e aprendizagem Frigotto 2005 p12 afirma que o trabalho em seu sentido de produção de bens úteis materiais e simbólicos ou criador de valores de uso é condição constitutiva da vida dos seres humanos em relação aos ou tros Isto permite afirmar que a discussão sobre o trabalho deveria permear os processos educativos formais ou seja toda educação básica indepen dentemente do nível de escolarização eou da modalidade de ensino que o aluno frequenta Adolescência e aspectos a considerar A adolescência é uma etapa de definições o que exige muito do sujei to Sabemos que não se trata apenas da opção profissional mas também de outras questões que interferem na vida No entanto são decisões que precisam ser feitas e individualmente Escolher é uma tarefa intransferí vel Cada passo é importante para definir a história de vida Ser criterio so nas escolhas perseverante na busca é desafiador mas vale uma vida eis o desafio Assim no intuito de contribuir com a escolha dos adolescentes da nossa região realizamos um trabalho que busca compreender os fatores implicados nesse momento da vida como também aprimorar o conhecimento sobre o mundo do trabalho favorecendo assim uma escolha profissional mais ade quada O trabalho foi realizado com alunos do terceiro ano do ensino médio estudantes do turno da manhã e da noite com faixa etária de dezesseis a dezenove anos de idade e envolveu quatro escolas da rede privada de ensino e seis escolas da rede pública estadual Foram feitas cinco questões objetivas e uma opcional dissertativa As questões versavam sobre a escolha de um curso o que mais sabem sobre esse o que motivou a escolha em que lugar Hedi Maria Luft Juliane Mittelstadt Boaventura Silvia Cristina Segatti Colombo 88 mais discute sobre esse assunto e se considera necessário realizar um traba lho sobre orientação profissional e por que A atividade mostrou que há uma série de situações que interferem na escolha e que fatores como a falta de clareza sobre a carreira os medos e as dúvidas as exigências para o ingresso no mercado de trabalho os ideais de felicidade que são vinculados a realização profissional entre outros são muito constantes Há muitas opções no campo profissional e também são vários meios de alcançar os objetivos profissionais Assim o desafio está em aprofundar os conhecimentos engendrando modos que auxiliem numa esco lha que favoreça a realização pessoal e profissional Desta forma entendemos que cada fator citado merece reflexão A fal ta de clareza sobre a profissão revelada pelos adolescentes indica que ainda são tímidas as iniciativas das escolas em relação à discussão sobre o mundo do trabalho Partese do princípio de que essa é uma tarefa de outros ou seja da família e da sociedade Verificamos que num universo de trezentos e quarenta alunos apenas 12 discutem o tema na escola 6256 deba tem a temática com a família 32 com os amigos e os demais com outras pessoas Verificamos que os amigos e especialmente a família se encarregam de aprofundar as discussões sobre a escolha profissional Isso revela que há uma certa limitação por parte dos professores ou seja da própria escola Entendemos que a questão do trabalho deva ser discutida em toda educa ção básica porque o trabalho como princípio educativo deve ser segundo Frigotto 2005 entendido como algo que todos os seres humanos desde a infância entendem como educativo Internalizar que trabalhar é educativo requer que se entenda que se sujei algo devo limpar isso não tem a ver com trabalho infantil mas com educação para o trabalho Outros fatores que encontramos na amostra é que há entre os adoles centes muitos medos e dúvidas em relação às profissões O medo e a dúvida são uma espécie de linguagem na qual expressamos nossos sentimentos e são inerentes ao ser humano No caso dos adolescentes em relação à escolha profissional esses sentimentos são oriundos das exigências impostas pelo contexto em que estão inseridos no sentido de fazerem a escolha acertada Na tentativa de não fracassar e serem infelizes uma grande maioria dos ado lescentes convive com os medos e as dúvidas O fator que envolve as exigências para o ingresso no mercado de trabalho vem marcado com a ideia de que o trabalho é o fato social que mais claramente evidencia a exclusão social Não somente pelas filas cotidianas de desemprega dos nas ruas ou nas telas de televisão mas também porque existe uma forte identificação com o projeto da sociedade para o qual o trabalho assalariado se caracteriza como central porque é um trabalho protegido Protegido por que prevê férias décimo terceiro seguro desemprego aposentadoria o que de certa forma tranquiliza Assim para se manterem incluídos socialmente adolescentes buscam sem muito questionar cursos de qualificação e requali ficação para o trabalho Isto segundo Frigotto 2005 representa uma ilusão pois esses cursos geram atualmente muito mais uma promessa de empregabi lidade do que a garantia de uma vaga ou posto de trabalho Escolha profissional na adolescência 8390 89 Os ideais de felicidade que são vinculados e a realização profissional são elementos muito fortemente presentes na escolha profissional Esses ele mentos são extremamente complexos porque o projeto pessoal nem sempre está adequado ao mercado de trabalho O ideal de realização no trabalho vai muito além dos interesses pessoais como satisfação financeira status social porque há toda uma dimensão social que implicada na vida do sujeito É pos sível verificar no grupo esse aspecto pois 833 dos adolescentes da amostra afirmam ser a realização profissional o fator mais importante para escolha de uma profissão sobrepondose à influência familiar e financeira Isso é re levante na medida em que esse aspecto muitas vezes é desmerecido nas discussões pois se aposta muito na dedução de que é o campo financeiro ou econômico que decreta as escolhas Por fim importa destacar que a escolha profissional envolve muitos as pectos É preciso estar atento pois há elementos que a escola pode explo rar mais e acima de tudo é importante reconhecer de que a adolescência pressupõe compreensão e acolhimento atitudes que podem estar mais for temente presentes no mundo adulto favorecendo a escolha profissional dos adolescentes Considerações finais A Sensibilização para a Escolha Profissional na Adolescência é um projeto de extensão que desenvolve atividades sobre a escolha profissional na adoles cência junto às escolas de ensino médio e desse modo analisa os fatores im plicados nesse momento da vida aprimorando assim de modo significativo o conhecimento sobre o mundo do trabalho favorecendo assim uma escolha profissional mais adequada Partimos do pressuposto que a escolha profissional implica considerar inúmeros aspectos mas a adolescência e o trabalho são determinantes Neste sentido percebemos que os fatores como a falta de clareza sobre a carreira os medos e as dúvidas as exigências para o ingresso no mercado de trabalho os ideais de felicidade que são vinculados a realização profissional entre outros preocupam os adolescentes Há muitas opções no campo pro fissional e isso têm criado ainda mais dificuldades de escolha para alguns para outros a gama de possibilidades favorece a decisão pois alarga a pro babilidade de acertar na escolha das aspirações Assim uma alternativa que desencadeamos é aprofundar os conhecimentos através de oficinas palestras e discussões modos esses que auxiliem na escolha que favorece a realização pessoal e profissional É desafiador porém segundo Marques 1995 as condições básicas da aprendizagem se dão no concreto da história na realidade inscrita no aqui e agora da vida cotidiana Mais do que das abstrações da ciência os conhe cimentos emergem do interior da experiência vivida no espaço onde esta mos Portanto a base da existência humana é efetivamente aprender as lições mais simples da vida Saber viver e conviver com os contextos sociais culturais religiosos políticos exige aprender e reaprender todos os dias Hedi Maria Luft Juliane Mittelstadt Boaventura Silvia Cristina Segatti Colombo 90 Estar aberto às provocações assumindo os desafios que a prática profissional e existencial apresenta A escolha profissional é elemento identificatório daí entendese e se jus tificam os sentimentos de medo e dúvida que os adolescentes enfrentam e convivem neste processo de escolha A amostra possibilitou criar estratégias de mobilização junto as escolas no sentido de estas compreenderem a rele vância do trabalho de formação dos alunos e a necessidade de um processo de orientação permanente em relação à escolha profissional Portanto o tra balho de orientação profissional nas escolas possibilita uma maior referência de informações aos adolescentes no sentido destes ter mais referenciais para uma escolha mais satisfatória REFERÊNCIAS Albornoz Suzana 2004 O que é trabalho 6ed São Paulo Brasiliense Chaplin Charles Mais que máquinas Recuperado em 20 de outubro de 2009 Disponível em httpfrasesglobocomcharleschaplin4486 Freire Paulo 1996 Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa 13ed São Paulo Paz e Terra Frigotto Gaudêncio Ciavatta Maria orgs 2005 A experiência do trabalho na educação básica 2ed Rio de Janeiro DPA Lessa Sérgio 1996 A centralidade ontológica do trabalho em Lukács Revista Serviço Social e Sociedade São Paulo v XVII n 52 p 725 Luft Hedi Maria 2010 As relações entre a escola e o mundo do trabalho na educação de jovens e adultos trabalhadores um estudo com professores de Eja do ensino médio São Leopoldo Unisinos Tese de Doutorado Marques Mario Osório 1995 Aprendizagem na mediação social do aprendido e da docência Ijuí UNIJUI Marx Karl2002 O capital crítica da economia política Livro I Tradução Reinaldo SantAnna 19 ed Rio de Janeiro Brasileira Oliveira Luis F L 2001 A adolescência como trabalho psíquico In Informativo da Clinica da UNIJUI Ano 2 no 7 Outeiral Jose Ottoni Araujo Sandra Ma Baccara 2015 Winnicott e a adolescência recuperado em 17 de julho 2015 Disponível em http wwwpsicologianovacombradolescenciaparawinnicotttjsp Rassial JeanJacques 1997 A passagem do adolescente da família ao laço social Porto Alegre Artes e Ofícios SUCESSO NA TRANSIÇÃO UNIVERSIDADETRABALHO UMA PROPOSTA PSICOSSOCIAL PARA PESQUISA E INTERVENÇÃO SUCESSO NA TRANSI PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 9197 9 Marina Cardoso de Oliveira1 Lucy Leal MeloSilva2 Maria do Céu Taveira3 1 Psicóloga e professora do curso de Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro UFTM Doutora em Psicologia FFCLRP USP Pesquisa temas associados à transição universidadetrabalho e sucesso na carreira Tem artigos publicados na Revista Brasileira de Orientação Profissional e Avaliação Psicológica mcouftmgmailcom 2 Psicóloga docente da Graduação e da PósGraduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto FFCLRPUSP Membro da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais ABOP e da International Association Educational Vocacional Guidance IAEVG Editora da Revista Brasileira de Orientação Profissional Autora de livros na área da Orientação Profissional e Formação em Psicologia Pesquisadora CNPq lucilealffclrpuspbr 3 Psicóloga docente da Graduação e PósGraduação em Psicologia da Escola de Psicologia da Universidade do Minho Portugal Seus interesses de pesquisa incluem exploração de carreira ajustamento de carreira e eficácia de intervenções de carreira Suas pesquisas têm sido publicadas em revistas como Journal of Vocational Behaviour Educational Review e Social Indicators Research mceutacunhagmailcom O presente estudo focaliza diferentes possibilidades de transição na carreiraa Nosso objetivo é apresentar uma proposta psicossocial para a compreensão do sucesso na transição universidadetrabalho que possa servir de inspiração para intervenções na área e futuras investigações Antes de descrevêla fazse necessário a apresentação de alguns conceitos que articulados formaram a base para a formulação dessa proposta Transição universidadetrabalho definições e características do processo Em decorrência das velozes transformações no contexto socioeconômico mais amplo a construção da carreira e as trajetórias profissionais no início a O termo em inglês career transition foi traduzido para o português como transição na carreira Optouse por essa tradução pois ela reflete diferentes possibilidades de transição que ocorrem entre as carreiras e as que ocorrem na própria carreira Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Marina Cardoso de Oliveira Lucy Leal MeloSilva Maria do Céu Taveira 92 do século XXI têm sido caracterizadas pela instabilidade e pela imprevisibi lidade como apontado pela literatura Passa a existir um consenso de que não há um padrão linear para o desenvolvimento e a construção da carreira por isso o indivíduo deverá ser capaz de se adaptar periodicamente às tran sições e construir novos sentidos para suas experiências de vida e trabalho Oliveira MeloSilva Dela Coleta 2012 Nesse cenário de incertezas e instabilidade o interesse dos pesquisadores e orientadores profissionais direcionase tanto para a compreensão das tran sições que ocorrem entre os diferentes estágios do desenvolvimento quanto às transições associadas às mudanças entre as carreiras e as que ocorrem na própria carreira McQuarrie Jackson 2002 Independente de qual seja o tipo de transição elas possuem como característica comum as mudanças que ocorrem na vida pessoal e profissional e que transformam os relacionamen tos as rotinas as crenças os papéis e a identidade Entre os diferentes tipos de transição na carreira destacase a transição escolatrabalhob schooltowork transition Em um nível elementar tem sido definida como o período no qual o indivíduo se desvincula do sistema educa cional ensino médio técnico ou superior e inicia suas atividades de traba lho Ng Feldman 2007 Swanson Fouad 1999 Integrando o conjunto de possibilidades de transição escolatrabalho en contrase a transição universidadetrabalho objeto dessa comunicação De modo geral essa transição tem sido apontada na literatura como uma tran sição antecipada de entrada no mercado de trabalho e com grandes impli cações para o desenvolvimento psicossocial e para a construção da carreira Para a maioria das pessoas que concluem o ensino superior a transição universidadetrabalho é a primeira grande tarefa no processo de adaptação ao trabalho Por isso é um momento significativo e com repercussões im portantes no desenvolvimento psicossocial dos indivíduos Frequentemente são criadas expectativas de que os recémformados encontrem um trabalho relacionado com a área de formação e com os objetivos individuais além de se adaptarem ao papel de trabalhador Wendlandt Rochlen 2008 Por ser um momento de antecipação mais do que de realização de proje tos uma grande parcela dos recémformados ainda que seja pequena con siderando a sociedade em geral encontra dificuldades de vivenciar de modo funcional a transição universidadetrabalho Entre os principais problemas vivenciados destacamse as expectativas irrealistas sobre o futuro profissio nal e a discrepância entre as competências adquiridas durante a formação e aquelas exigidas pelo mercado de trabalho Grande parte dessas dificuldades decorre da falta de preparação Em muitos casos os jovens profissionais des conhecem os desafios que terão que enfrentar depois da graduação Graham McKenzie 1995 Perrone Vickers 2003 Pelos motivos mencionados a transição universidadetrabalho é uma etapa da vida pessoal profissional e familiar com repercussões importantes b A expressão em inglês schooltowork transition foi traduzida para o português como transição escolatrabalho e retrata as transições do sistema educacional para o mundo do trabalho Sucesso na transição universidadetrabalho 9197 93 para o desenvolvimento de carreira subsequente Em um cenário em que a educação superior se torna cada vez mais acessível fazse necessário inves tigar em que medida ela é capaz de oferecer uma formação que capacite os recémformados para enfrentarem os desafios do mundo contemporâneo e serem bem sucedidos no processo de transição universidadetrabalho Koen Klehe Van Vianen 2012 Sucesso na transição universidadetrabalho O sucesso na carreira é um conceito que possui uma multiplicidade de sentidos visto que o que é considerado sucesso para uma pessoa pode não ser para outra fazendo esse termo ter um caráter subjetivo e contextual Gunz Heslin 2005 Nessa direção Dries 2011 pontua que as mu danças socioeconômicas vivenciadas pelas sociedades ocidentais de uma sociedade baseada na agricultura para uma sociedade industrial e pósin dustrial afetaram o modo como as carreiras e o sucesso tem sido defini dos ao longo do tempo Por exemplo na sociedade feudal o sucesso estava associado à segurança à saúde física e à formação do caráter associado à ética protestante Posteriormente na sociedade industrial o sucesso na carreira passa a ser mensurado por meio de indicadores observáveis tais como salário posição hierárquica e status Atualmente nas sociedades pósindustriais a definição de sucesso na carreira expandiuse buscando incorporar resultados mais amplos e subjetivos do que apenas a progressão na hierarquia organizacional Dries 2011 Hoje o sucesso na carreira tem sido definido na literatura da área como as conquistas reais ou percebidas acumuladas pelos indivíduos resultantes das suas experiências de trabalho Judge Higgins Thoresen Barrick 1999 ou como a conquista de resul tados desejados em qualquer experiência de trabalho Arthur Khapova Wilderom 2005 Acompanhando a evolução nas definições de sucesso na carreira o su cesso na transição universidadetrabalho tem sido descrito por meio de uma multiplicidade de sentidos que refletem resultados de natureza objeti va e subjetiva O sucesso subjetivopessoal traduz a avaliação subjetiva que cada recémformado faz das conquistas alcançadas depois da graduação e indicam a confiança no futuro de carreira superação dos medos e das incertezas a conquista gradativa dos objetivos traçados a construção da identidade profissional a adaptação ao papel de trabalhador e a satisfação com o percurso profissional Já o sucesso objetivosocial relacionase com o alcance de resultados que atendem as expectativas sociais tais como con seguir um trabalho na área remuneração compatível com o mercado e com os pares independência financeira e familiar e reconhecimento social pelo desempenho profissional traduzido em termos de promoções premiações e indicações Oliveira 2014 Diante do exposto acreditase que para a compreensão do sucesso na transição universidadetrabalho é necessário entendêlo como um fenômeno psicossocial em que a articulação das dimensões individual e contextual ocor re de forma integrada Assumindo esse posicionamento a respeito do tema a Marina Cardoso de Oliveira Lucy Leal MeloSilva Maria do Céu Taveira 94 seguir apresentamos uma proposta psicossocial do sucesso na transição uni versidadetrabalho que pode ser útil como referência para futuras pesquisas e para o planejamento de programas de preparação para a transição Uma proposta psicossocial como referência para futuras pesquisas e intervenções Sabese que as teorias e as intervenções no campo da psicologia voca cional e da orientação profissional se desenvolveram e se transformaram ao longo do tempo No decorrer do último século diferentes enfoques teóricos têm sido empregados para a compreensão da carreira e dos seus resultados Em uma clássica revisão histórica do campo Sonnenfeld e Kotter 1982 identificaram quatro diferentes perspectivas nas quais os estudos sobre a carreira se sustentam sendo elas a perspectiva sociológica b perspectiva das diferenças individuais c perspectiva desenvolvimentista e d perspectiva da carreira ao longo da vida Tradicionalmente os estudos com base na perspectiva sociológica focam os determinantes sociais e seus impactos na carreira A visão psicológica das diferenças individuais dedica se a compreender como as diferenças individuais predizem as escolhas e o sucesso na carreira O enfoque desenvolvimentista foca na compreensão da dinâmica dos estágios de carreira Por sua vez a perspectiva da carreira ao longo da vida leva em consideração o processo dinâmico da construção da carreira no desenrolar da vida Apesar da utilidade didática da diferenciação apresentada por Sonnenfeld e Kotter 1982 ela evidencia uma das tensões mais tradicionais do campo da psicologia vocacional que pode ser traduzida pelo seguinte questionamento O sucesso na carreira seria decorrente da agência pessoal ou consequência de determinismos sociais Para responder a essa questão partiremos do princípio que a construção da carreira e o sucesso são fenômenos psicossociais complexos nos quais a articulação das dimensões individual e contextual ocorre de forma integrada Em consonância com o posicionamento de Ribeiro 2009 2011 2012 2013 podese afirmar que a carreira e o sucesso é uma construção contínua e com partilhada e não o resultado de um simples ajustamento ou adaptação de um indivíduo processo subjetivo a uma realidade processo social Ambos os elementos individuais e contextuais passam a ser compreendidos não como processos delimitados e separados mas sim como parte de um único processo visto como elo de continuidade do subjetivo ao social e viceversa Nessa visão os aspectos subjetivos e contextuais são compreendidos como polos extremos de uma mesma estrutura processual global que é produzida em relação dialé tica Ou seja constitui como produto e produtora da própria relação relação de dupla transição do subjetivo ao social e viceversa num processo contínuo Sendo assim tanto em intervenções quanto em pesquisas que focalizam a transição universidadetrabalho deveriam ser considerados a articulação entre fatores individuais e contextuais Entretanto quais seriam as caracte rísticas individuais e contextuais que melhor explicariam o sucesso na carrei ra depois da graduação Sucesso na transição universidadetrabalho 9197 95 Para responder a essa questão foi realizado um estudo longitudinal que teve por objetivo testar o poder preditivo de algumas variáveis individuais e contextuais na explicação do sucesso na transição universidadetrabalho Oliveira 2014 No que diz respeito às variáveis individuais partiuse do princípio que aqueles indivíduos que se engajam ativamente nas atividades de planejamento e de exploração de carreira que se sentem identificados e decididos em relação à sua escolha profissional que se mostram confiantes na sua capacidade de executar com sucesso as demandas da profissão e que acreditam ser responsáveis pelos acontecimentos da sua carreira têm maio res chances de obter sucesso na transição universidadetrabalho Se por um lado essas características individuais influenciam o quanto a pessoa se engaja autonomamente na sua formação e no próprio processo de transição por outro lado existem características de contexto demarcan do as possibilidades do processo Na investigação supracitada optouse por incluir no modelo uma variável do contexto econômico as oportunidades do mercado de trabalho e uma variável do contexto relacional apoio social As expectativas são de que melhores condições do mercado de traba lho ampliam as chances de obter resultados desejáveis logo após a conclusão da graduação Além disso o apoio social decorrente da rede social à qual o indivíduo pertence tem sido apontado como um aspecto facilitador durante a transição uma vez que auxilia no alcance dos objetivos e na superação das dificuldades servindo como fonte de encorajamento de orientação de cons trução de crenças de autoeficácia de expectativas de resultados positivos e de gerenciamento da ansiedade Ng Feldman 2007 De modo geral os resultados do estudo longitudinal sinalizaram que tanto as percepções do contexto quanto as variáveis psicológicas do desen volvimento de carreira foram necessárias para predizer o sucesso na tran sição universidadetrabalho Contudo a influência das variáveis individuais pareceu ser mais significativa do que a influência das percepções do contexto quando ambos os conjuntos de variáveis foram testadas simultaneamente no mesmo modelo Em síntese os resultados nos permitem dizer que aqueles universitários que durante o último ano da graduação se descreviam como possuidores de recursos psicológicos associados à identidade de carreira à exploração de car reira à decisão de carreira e à autoeficácia profissional conseguiram alcançar após a conclusão da graduação melhores resultados relacionados à inserção e satisfação profissional à confiança no futuro de carreira à remuneração e independência financeira e à adaptação ao trabalho Parece que quando esses recursos psicológicos estão presentes as influências do contexto passam a ter impacto reduzido nos resultados alcançados após a graduação Isso não quer dizer que fatores contextuais não influenciam os resultados alcança dos Pelo contrário variáveis contextuais relacionadas ao apoio social e às percepções favoráveis do mercado de trabalho também se mostraram bons preditores do sucesso na transição universidadetrabalho Pensando os dados a partir de uma concepção psicossocial da carreira o sucesso na transição universidadetrabalho seria decorrente de um processo Marina Cardoso de Oliveira Lucy Leal MeloSilva Maria do Céu Taveira 96 contínuo de sínteses entre as características individuais e contextuais Desse modo os resultados dessa investigação apresentam argumentos empíricos que ressaltam a relevância de uma perspectiva psicossocial para a compreen são do sucesso na transição universidadetrabalho Tais resultados trouxe ram implicações que podem ser úteis para a prática e para futuras pesquisas destacadas a seguir Implicações práticas e para futuras pesquisas Por meio de intervenções baseadas numa proposta psicossocial os estudantes universitários e recémformados poderiam ser melhor pre parados para vivenciar a transição universidadetrabalho Os programas de preparação funcionariam como facilitadores do desenvolvimento de recursos psicológicos necessários para o enfrentamento das demandas inerentes aos processos de transição Koen et al 2012 Tais programas poderiam ser estruturados em disciplinas workshops e atendimentos in dividuais e em grupos Nesses espaços os participantes seriam convida dos a pensar sobre o futuro profissional o projeto de vida e de carreira o mercado de trabalho a rede social de apoio e as competências de carreira necessárias para a obtenção de resultados objetivos e subjetivos após a conclusão da graduação Para enquadrar esses programas seria útil considerar abordagens narrativas baseadas em perspectivas pósmodernas pex Clark Severy Sawyer 2004 Ribeiro 2012 Savickas 2012 Stead Bakker 2010 Assim criarseiam espaços nos quais as pessoas seriam incentivadas a considerar a articulação entre o social e o individual de forma integrada sem uma concepção que operasse a separação entre essas duas dimensões da vida humana Como agenda de pesquisa uma clara recomendação é a replicação do estudo longitudinal em outros contextos regionais e de formação com o objetivo revalidar os resultados encontrados Estudos multiculturais e com grupos minoritários são necessários Ampliar o conjunto de variáveis ante cedentes individuais e contextuais seria interessante Como sugestão para novas pesquisas incluiria variáveis individuais associadas à adaptabilidade de carreira à personalidade ao locus de controle e variáveis contextuais re lacionadas ao rendimento acadêmico ao envolvimento em atividades extra curriculares e à experiência profissional Recomendase ainda a implantação de programas de preparação para a transição universidadetrabalho e sua posterior avaliação o que contribuiria imensamente para a validação desse modelo psicossocial para pesquisa e intervenção Considerações finais Esperase que a proposta psicossocial apresentada possa fomentar no vas reflexões sobre o sucesso na transição universidadetrabalho ao mes mo tempo em que inspire práticas contextualizadas Fica o convite para a realização de novos estudos que avancem na compreensão do sucesso na Sucesso na transição universidadetrabalho 9197 97 transição universidadetrabalho como um fenômeno complexo e multide terminado no qual aspectos individuais e contextuais interagem mutua mente influenciando na qualidade dos resultados alcançados após a conclu são da graduação REFERÊNCIAS Arthur M B Khapova S N Wilderom C P M 2005 Career success in a boundaryless world Journal of Organizational Behavior 26 177202 Clark M A Severy L Sawyer S A 2004 Creating connections Using a narrative approach in career group counseling with college students from diverse cultural backgrounds Journal of College Counseling 7 2431 Dries N 2011 The meaning of career success Avoiding reification through a closer inspection of historical cultural and ideological context Career Development International 16 364384 Graham C McKenzie A 1995 Delivering the promisse The transition from higher education to work Education Training 371 411 Gunz H P Heslin P A 2005 Reconceptualizing career success Journal of Organizational Behavior 25 105111 Judge T A Higgins C A Thoresen C J Barrick M R 1999 The Big Five personality traits general mental ability and career success across the life span Personnel Psychology 52 621652 Koen J Klehe U Van Vianen A E M 2012 Training career adaptability to facilitate a successful schooltowork transition Journal of Vocational Behavior 81 395408 Mcquarrie F A E Jackson E L 2002 Transitions in leisure careers and their parallels in work careers the effect of constrains on choice and action Journal of Career Development 291 3753 Ng T W H Feldman D C 2007 The schoolto work transition a role identity perspective Journal of Vocational Behavior 711 114134 Oliveira M C 2014 Sucesso na carreira depois da graduação estudo longitudinal prospectivo da transição universidadetrabalho 205 f Tese Doutorado Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Universidade de São Paulo Ribeirão Preto Oliveira M C MeloSilva L L Dela Coleta M F 2012 Pressupostos teóricos de Super Datados ou aplicáveis a Psicologia Vocacional contemporânea Revista Brasileira de Orientação Profissional 132 223234 Perrone L Vickers M H 2003 Life after graduation as a very uncomfortable world an Australian case study Education Training 45 6978 Ribeiro M A 2009 A trajetória da carreira como construção teóricoprática e a proposta dialética da carreira psicossocial Cadernos de Psicologia Social do Trabalho 122 203 216 Ribeiro M A 2011 Algumas contribuições brasileiras para a Orientação Profissional O enfoque socioconstrucionista em Orientação Profissional uma proposta In M A Ribeiro L L MeloSilva Orgs Compêndio de orientação profissional e de carreira enfoques teóricos contemporâneos e modelos de intervenção Vol 2 São Paulo Vetor Ribeiro M A 2012 Uma abordagem psicossocial da carreira com base no Construcionismo Social 2012 238f Tese LivreDocência não publicada Universidade de São Paulo São Paulo SP Brasil Ribeiro M A 2013 Reflexiones epistemológicas para la orientación professional em América Latina Una propuesta desde el Construccionismo Social Revista Mexicana de Orientación Educativa 1024 210 Savickas M L 2012 Life Design a paradigm for career intervention in the 21st century Journal of Counseling Development 90 1319 Sonnenfeld J Kotter J 1982 The maturation of career theory Human Relations 351 1946 Stead G B Bakker T M 2010 Discourse analysis in career counseling and development The Career Development Quarterly 59 7286 Swanson J L Fouad N A 1999 Applying theories of personenvironment fit to the transition from school to work The Career Development Quarterly 47 337347 Wendlandt N M Rochlen A B 2008 Adressing the collegetowork transition Journal of Career Development 352 151165 BOBS BURGERS ORDER Sliders 3 528 cal Double Cheese Burger 574 cal BBQ Bacon Burger 660 cal Roasted Turkey Slider 244 cal Vegan Sliders 2 298 cal Side of Fries 365 cal Side Salad 33 cal Gluten Free Bun Additional charge 44 cal Hot Dog 340 cal Gluten Free Hot Dog Additional charge 340 cal Onion Rings 384 cal 330 Canada Dry 0 cal 330 Diet Coke 0 cal OJ 135 cal Lime 244 cal 330 Coke 140 cal Lemonade 110 cal 330 Fanta 160 cal Milkshake 720 cal Coleslaw 210 cal A BOLT 330 Coke 140 cal 330 Diet Coke 0 cal OJ 135 cal Lime 244 cal Milkshake 720 cal Lemonade 110 cal 330 Canada Dry 0 cal 330 Fanta 160 cal Milkshakes 700770 cal 330 Diet Coke 0 cal 330 Coke 140 cal Thank you for your order Bobs Burgers Let us know your experience Like pe Share NÃO ERA AQUILO QUE EU QUERIA UM ESTUDO COM UNIVERSITÁRIOS QUE VIVENCIARAM A REESCOLHA DE CURSO NÃO ERA AQUILO QUE PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 99107 10 Carlos Alexandre Campos1 Scheila Beatriz Sehnem2 1 Graduando em Psicologia pela Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Campus Joaçaba carloscampospsicoyahoocombr 2 Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina mestre em Educação pela Universidade do Oeste de Santa Catarina e atua como docente e psicóloga na Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC Campus Joaçaba scheilasehnemunoescedubr A ação de escolher é algo presente na vida de todos os indivíduos pois desde o nascimento é necessário realizar escolhas Soares 2002 A partir desta afirmação podemos por vezes questionar o porquê de tantas dificuldades para se escolher uma profissão processo este que se inicia na adolescência Lucchiari 1993 infere que além da escolha de uma profissão constituirse como uma necessidade o momento em que ela acontece coincide com essa fase do desenvolvimento na qual o indivíduo está se descobrindo novamen te a adolescência quando está definindo sua identidade e em meio a esse mundo de descobertas entretanto cabe a ele escolher uma profissão E o adolescente a escolhe ou na maioria dos casos faz a escolha possível no momento sem ter muita consciência das influências por ele sofridas e principalmente sem ter informações suficientes sobre a profissão que está escolhendo Lucchiari 1993 Neste cenário Lucchiari 1993 p 12 afirma que a tarefa da Orientação Profissional OP é a de facilitar o momento da escolha ao jovem auxiliandoo a compreender sua situa ção específica de vida na qual estão incluídos aspectos pessoais familia res e sociais proporcionando mais condições para a definição da melhor escolha possível Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Carlos Alexandre Campos Scheila Beatriz Sehnem 100 Ingressar na universidade significa para muitos o resultado de todos os esforços empreendidos na busca de um objetivo bastante idealizado a futura profissão Dias Soares 2009 Quando entra na universidade entretanto o estudante ainda não possui muita clareza sobre a escolha realizada Dias Soares 2009 Soares 2000 p 31 afirma que du rante o período universitário o jovem muitas vezes procura o serviço de Orientação Profissional porque está inseguro e insatisfeito e quer confirmar sua escolha ou trocar de curso Centrandose mais especificamente na tro ca de curso tornase pertinente aliar a este acontecimento o processo de reorientação profissional sendo que esta segundo Garcia 2000 p 147 tem por objetivo resgatar os projetos profissionais do indivíduo que em algum momento de sua vida engajouse numa escolha sem ter passado por questionamentos ou importouse apenas em viver aquele momento ou ainda considerou apenas o futuro sem levar em conta todo o processo decisório pelo qual estava passando Este processo que engloba o repensar a escolha profissional realizada e alterar o planejamento de carreira mostra se como um ato desafiador para os estudantes universitários sendo que a compreensão dos fatores intrínsecos a esta vivência é relevante para que se consiga auxiliar satisfatoriamente tais indivíduos Assim a reopção de curso consiste em uma alternativa a ser pensada pelos universitários que se sentem insatisfeitos com seus cursos nestes casos o papel da universidade seria o de oferecer suporte a estes estu dantes e buscar oferecerlhes o processo de reorientação profissional já que este além de facilitar as trajetórias profissionais dos indivíduos em questão pode auxiliar as instituições de ensino superior de modo bastante positivo pois tenderá a reduzir a evasão dos cursos superiores e minimi zar os índices de constantes transferências de curso Basso 2008 afirma que a compreensão das situações apresentadas pelos estudantes por parte das universidades subsidia a elas o desenvolvimento de possíveis planos de ação que visem reduzir a insatisfação a evasão a transferência e o abando no de curso enfatizando a relevante tarefa da reorientação profissional e do planejamento de carreira como trabalhos que devem ser ofertados aos universitários em todos os cursos visando auxiliálos em suas trajetórias acadêmicas e profissionais A pesquisa realizada caracterizouse como uma pesquisa descritiva e pro pôsse a delinear o perfil sociodemográfico dos universitários que solicita ram transferência de curso e identificar os fatores que influenciaram neste processo Para a realização da coleta de dados que ocorreu entre os meses de abril e maio do ano de 2014 e foi realizada individualmente utilizouse uma entrevista semiestruturada composta por dados sociodemográficos dos sujeitos e por dezoito questões formuladas a partir dos objetivos a que a pes quisa se propôs e a aplicação do instrumento psicológico BBT Berufsbilder Test Teste de Fotos de Profissões Achtnich 1991 A realização da pes quisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa CEP da Universidade do Oeste de Santa Catarina Campus Joaçaba sob parecer número 491073 datado de 11122013 Não era aquilo que eu queria 99107 101 Os participantes foram cinco acadêmicos de um dos campi de uma uni versidade comunitária do meiooeste catarinense dois matriculados em cur sos da Área das Ciências Biológicas e da Saúde Odontologia e Psicologia e três matriculados em cursos da Área das Ciências Sociais Aplicadas dois matriculados no Curso de Ciências Contábeis e um matriculado no Curso de Comunicação Social Publicidade e Propaganda todos solicitaram transfe rência interna de curso de graduação no 1º ou no 2º semestres letivos do ano de 2013 e o status de matrícula deles encontravase ativo na universidade no momento da coleta de dados para esta pesquisa O total de universitários com histórico de transferência de curso durante o ano de 2013 na instituição de ensino superior em questão era de sessenta e três sendo que dez apresen tavam o status de matrícula inativo no momento da realização da pesquisa e trinta e seis efetuaram transferência entre os cursos de Engenharia nas di versas habilitações ofertadas caracterizandose como públicos desconside rados para esta pesquisa A realização da pesquisa com um número reduzido de sujeitos pesquisados cinco entre dezessete sujeitos ocorreu em razão de que os demais não aderiram à participação neste estudo pelos mais diver sos motivos por eles alegados apesar dos pesquisadores terem possibilitado total disponibilidade de dias e horários a fim de facilitar a participação dos sujeitos na pesquisa De modo geral os universitários com histórico de transferência de curso que foram participantes desta pesquisa encontramse na faixa etária entre 19 e 38 anos são predominantemente do sexo feminino residem em muni cípios do meiooeste catarinense possuem atividades laborais remuneradas são solteiros sem filhos e efetuaram mudança de curso para áreas do conhe cimento totalmente diferentes da área do primeiro curso escolhido No que se refere aos cursos e turnos aos quais os sujeitos pesquisados estavam vinculados antes da solicitação da transferência e os que estavam frequentando no momento da realização da pesquisa podese observar na Tabela 1 Sujeito Primeiro Curso Turno Segundo Curso Turno S1 Engenharia Elétrica Integral Publicidade e Propaganda Noturno S2 Fisioterapia Noturno Odontologia Integral S3 Comércio Exterior Noturno Ciências Contábeis Noturno S4 Engenharia Elétrica Integral Psicologia Noturno S5 Educação Física Noturno Ciências Contábeis Noturno TABELA 1 Cursos e turnos Quanto às áreas do conhecimento nas quais os cursos estão alocados temse que os cursos de Administração com linha de formação em Comércio Exterior Ciências Contábeis e Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pertencem à Área das Ciências Sociais Aplicadas Carlos Alexandre Campos Scheila Beatriz Sehnem 102 os cursos de Educação Física Fisioterapia Odontologia e Psicologia per tencem à Área das Ciências Biológicas e da Saúde e o curso de Engenharia Elétrica pertence à Área das Ciências Exatas e da Terra De acordo com os dados apresentados na Tabela 1 percebese que a mudança de curso de três participantes S1 S4 e S5 foi para áreas do conhecimento totalmente dife rentes das quais estavam vinculados inicialmente constituindose em um fator que elucida o desconhecimento dos sujeitos pesquisados acerca dos cur sos de graduação e de seus próprios anseios e expectativas perante as primei ras escolhas profissionais realizadas Bardagi e Hutz 2009 ao realizarem um estudo com estudantes evadidos de cursos superiores obtiveram resul tados que evidenciam que a quantidade de informações que os estudantes possuem para escolher uma profissão é além de reduzida geralmente incon sistente Além disso os autores apontaram que a dificuldade de mapear as expectativas dos estudantes em relação ao ingresso na universidade foi uma constante em todos os casos analisados Tais afirmações propiciam refletir que a busca por um curso totalmente diferente daquele inicialmente escolhi do pode ser reflexo das poucas e frequentemente incoerentes informações que os estudantes possuem acerca dos cursos de graduação de modo geral Compreendendo os motivos da transferência de curso Dias e Soares 2009 afirmam que a problemática da escolha do curso su perior acontece tanto pelo despreparo dos jovens para optar por uma futura profissão quanto pela falta de conhecimento do indivíduo acerca das diversas profissões possíveis Antes de identificar os motivos que geraram a solicitação da transferên cia de curso buscouse conhecer se os sujeitos pesquisados haviam participa do do processo de Orientação Profissional antes do ingresso na universidade MeloSilva Lassance e Soares 2004 afirmam que o conceito de Orientação Profissional OP sob o prisma psicológico significa o processo de ajuda prestado a um indivíduo visando à solução dos problemas relativos à escolha ou ao progresso profissional Então questionados acerca de terem participa do do processo de OP os cinco participantes afirmaram não terem partici pado e neste contexto podese analisar também que os participantes não tinham clareza acerca do que era a OP vinculando este processo somente à testagem psicológica tal como elucidado na verbalização de S1 quando ques tionado sobre ter participado do processo de OP Aqueles testes vocacionais e de S3 Não participei mas eu acho que ajudaria Esse teste tem perguntas sobre as áreas né Já teria uma base do que era o curso por inteiro né Ao encontro dessas verbalizações Soares 2002 afirma que muitos indivíduos pensam que a OP se resume à aplicação de testes que resultarão em uma resposta de qual a melhor profissão a seguir Entretanto apesar de não terem participado de algum processo de OP e apesar do conhecimento de certo modo errôneo sobre o processo quatro participantes relataram sua importância conforme se pode analisar nas se guintes verbalizações Eu acho que seria importante sim antes dele ingressar numa universidade pra ele poder decidir saber o que é aquele curso e poder decidir Não era aquilo que eu queria 99107 103 se é isso que ele quer pra ele ou não então eu considero importante S1 Às vezes a pessoa não tá decidida o que ela quer no último ano do ensino médio daí então às vezes ela vai e começa por embalo por empolgação da universidade então às vezes bastante gente acaba transferindo de curso porque começa e não é aquilo lá que quer Então eu acredito que se eu tivesse realmente conversa com outros profissionais até mesmo com psicólogo acredito eu que eu tinha ido pro curso certo sem precisar da transferência S5 S4 foi o único participante que afirmou pensar que a Orientação Profissional não o faria mudar de escolha de acordo com a seguinte verbali zação Eu acho que não mudaria Já tava bem decidida Percebese que uma vez que muitos indivíduos tais como os participantes do presente estudo concluem o ensino médio sem conhecimentos acerca de qual caminho pro fissional desejam para si a tarefa da Orientação Profissional é imensamente válida pois auxiliaria significativamente muitos adolescentes no esclareci mento de suas dúvidas e na construção de um projeto profissional tendo em vista que conforme discorre Neiva 2013 a Orientação Profissional não se trata somente de informação profissional pois a informação embora im portante não é tão completa quanto a OP uma vez que esta última abrange muitos outros aspectos visando auxiliar na construção do projeto profissio nal dos indivíduos Quanto aos motivos que geraram a solicitação de transferência de curso e as expectativas frustradas na primeira escolha profissional verificouse a presença de quatro fatores como principais durante o relato dos universitá rios que serão apresentados na sequência O fator de maior evidência que esteve presente no relato de quatro par ticipantes S1 S3 S4 e S5 referese ao desconhecimento em relação ao curso de graduação nos aspectos de componentes curriculares e conteúdos a serem estudados ou seja aquilo que a vida acadêmica realmente é conforme pode ser visualizado na transcrição das seguintes verbalizações Eu esperava que fosse um pouco mais fácil mas ele é um curso bem focado na área de Elétrica é muita conta é muito cálculo e eu acho que isso não é uma coisa pra mim É não era aquilo que eu esperava mesmo S1 Eu achei que era totalmente diferente daí comecei a primeira fase e a gente não trabalhava por exemplo de você ver alguma coisa naquilo que você escolheu era só cálculo cálculo e você não conseguia ver nada de prático daí eu já não queria mais nessa área já via que não era aquilo que eu queria S4 e Um sonho era ser jogador de futebol daí tendo o curso de Educação Física achei que podia crescer nessa área tendo conhecimentos conhecer pessoas que podiam me levar até um clube S5 Tal como evidenciado na verbalização de S4 acerca da expectativa de vivenciar práticas Dias e Soares 2009 afirmam que esta é uma das pos síveis explicações para a constante troca de curso durante as fases iniciais da graduação pois nos primeiros semestres as disciplinas são mais teóri cas e menos práticas Além disso muitas vezes ocorre que ao ingressar na universidade o indivíduo se vê em meio a um confronto entre aquilo que ele imaginava que a vida universitária era e aquilo que ela realmente é Dias Soares 2009 Carlos Alexandre Campos Scheila Beatriz Sehnem 104 O fator influência familiar foi evidenciado no relato de três participan tes Bohoslavsky 2003 afirma que a família se constitui como um grupo de participação e referência quer positiva quer negativa na vida do indi víduo e os valores repassados por este grupo tornamse bases significati vas na orientação do adolescente Sobre este fator nos casos de S1 e S4 a influência ocorreu por meio dos irmãos pois ambos têm irmãos graduados em Engenharia Mecânica o que os motivou de certo modo na busca pelos cursos de Engenharia embora em outra habilitação Soares 2002 discorre acerca da influência dos pais irmãos tios avós e demais familiares no mo mento da escolha profissional do adolescente afirmando que algumas vezes esta influência acontece com base na identificação do adolescente com algum familiar que admire Já S2 foi influenciada pela família na busca de sua pri meira formação na área da Educação que ocorreu antes do ingresso no Curso de Fisioterapia pois relatou que sua escolha aconteceu porque além de saber que sua família não despendia de recursos financeiros para que ela cursasse Odontologia que era o seu desejo todos da sua família atuavam na área da Educação o que a influenciou após a conclusão do ensino médio na modalidade Técnico em Magistério a buscar uma graduação também nesta área Neste caso em específico tornase possível reconhecer a afirmação de Soares 2002 acerca da melhor escolha possível realizada pelo jovem uma vez que a escolha de S2 mesmo não sendo a idealizada por ela naquele mo mento era a melhor possível dentro dos determinantes situacionais daquele período sendo que seu projeto profissional estava naquela época calcado na realidade Dias Soares 2009 O fator financeiro foi relatado por dois 02 participantes S1 e S2 S1 afirmou que um dos motivos da insatisfação com seu primeiro curso foi o fato de necessitar contribuir financeiramente para o pagamento de seus es tudos e não conseguir encontrar emprego pois as aulas eram ministradas em período integral com maior concentração nos períodos matutino e noturno fator tido por ele como dificultador na busca de um emprego somente para o período vespertino além do que caso este fosse encontrado inviabilizaria as horas de dedicação necessárias aos estudos fora da sala de aula O caso de S2 relacionase também ao fator financeiro porque no momento da escolha profissional teve de abdicar do desejo de frequentar o curso pretendido por que sua família não despendia de recursos financeiros para mantêla no curso em questão o que a levou a concluir a primeira formação e atuar na área por diversos anos para então retornar à universidade vinculandose à área da Saúde mas somente na segunda opção ingressando no curso que sempre desejou Sabese que não é raro encontrar universitários que custeiem seus próprios estudos ou parte deles porque a família não possui condições fi nanceiras para mantêlos dedicados somente às atividades acadêmicas Este fator constituise por vezes como sendo facilitador da evasão universitária uma vez que muitos indivíduos desempenham atividades laborais em áreas totalmente diferentes da área de seus estudos o que pode gerar desmoti vação além de reduzir significativamente as horas de dedicação ao estudo Neste contexto uma das causas da evasão universitária é exatamente o fato Não era aquilo que eu queria 99107 105 de que muitos indivíduos são estudantestrabalhadores e uma vez que em alguns casos tornase inviável conciliar as atividades laborais necessárias à subsistência com as atividades acadêmicas havendo uma incompatibilida de de tempo e esforço despendido o indivíduo opta por desistir dos estudos Vieira Frigo 1991 Ribeiro 2005 O fator desconhecimento em relação ao mercado de trabalho evidenciouse no relato de dois participantes S3 e S5 S3 relatou que desde o início do primeiro curso enviou seu currículo para diversas empresas e não obteve nenhum retorno tal fato segundo ela desmotivoua a continuar no curso pois não conseguia ter perspectivas futuras de atuação profissional uma vez que o mercado profissional para a formação em questão lhe aparentava não possuir mais muitas vagas Neiva 2013 afirma que o mercado de trabalho e as oportunidades profissionais estão em constante mudança dificultando ao indivíduo que realiza a sua escolha profissional prever tanto o mercado de trabalho futuro quanto ter garantia de que poderá viabilizar seu projeto profissional principalmente quando se analisa o cenário mundial em que diversos profissionais atuam em áreas distintas das quais possuem forma ção Já S5 relatou que ingressou no primeiro curso com o objetivo de tornar se jogador de futebol pois acreditava que os professores poderiam condu zirlhe até algum clube esportivo com a vivência acadêmica percebeu que isto não seria possível durante a graduação e que o mercado de trabalho para o curso em questão era diferente de suas expectativas Dias e Soares 2012 p 276 afirmam que as escolhas iniciais são tramadas dentro da ausência de informação sobre o curso superior e sobre o mercado de trabalho o que confirma o contexto de desinformação relatado pelos participantes já que estes ao ingressarem na universidade não conheciam muito sobre o curso em si tampouco sobre a realidade profissional o que pode ser observado na verbalização de S3 Eu achava que não seria tão teórico assim daí as primeiras fases tavam legais tinha Matemática Básica e outras disciplinas Depois só mais textos e daí me desanimou ou seja a desinformação sobre o curso eou a profissão que muitas vezes leva o jovem a realizar a escolha profissional com base em imaginação e mitos construídos em torno de uma ou outra profissão Dias Soares 2009 é uma constante na maioria dos casos de universitários que optam pela transferência de curso Mais estritamente re lacionado ao desconhecimento do mercado de trabalho Moura e Menezes 2004 descreveram em pesquisa realizada com indivíduos em situação de reescolha profissional que 333 dos sujeitos pesquisados apontaram como dificuldade o fato de não vislumbrarem mercado profissional com a profissão escolhida Apesar da insatisfação com a primeira opção de curso universitário ne nhum dos sujeitos pesquisados relatou ter pensado em desistir de cursar alguma graduação fator que se assemelha a outros estudos que discorrem acerca de que mesmo estando em dúvida os indivíduos desejam continuar na universidade Polydoro 1995 Buscouse identificar também as expectativas dos universitários em re lação ao curso atual tendo sido encontrado neste âmbito um fator relevante Carlos Alexandre Campos Scheila Beatriz Sehnem 106 para a compreensão do processo de reopção de curso que consiste na in fluência familiar vivenciada pelos sujeitos também para a segunda escolha profissional Neste contexto evidenciaramse duas expectativas apresen tadas pelos universitários em relação ao curso de graduação sendo estas a capacitação teórica que subsidiará suas práticas profissionais futuras e a pos sibilidade de inserção eou ascensão no mercado de trabalho em profissões relacionadas ao curso de graduação ainda durante a trajetória acadêmica Centrandose nas expectativas atuais dos participantes todos afirmaram estarem satisfeitos com seus cursos embora dois deles tenham reconhecido que o segundo curso os surpreendeu positivamente pois esperavam que o curso fosse diferente daquilo que realmente encontraram na realidade aca dêmica fato que denota a desinformação profissional presente na vida dos participantes mesmo após a reopção de curso Além dos aspectos supracitados também se verificou a clarificação dos interesses profissionais dos participantes A verificação deste quesito ocor reu por meio da aplicação teste BBT Berufsbilder Test Teste de Fotos de Profissões Achtnich 1991 tendo em vista que o mesmo tem como objetivo auxiliar no processo de escolha eou reescolha profissional Bernardes Jacquemin 2002 p 35 Este instrumento psicológico apre senta diversas possibilidades de conhecer as inclinações profissionais dos participantes Entretanto uma vez que os objetivos da pesquisa não se cen tram em todas as facetas que o BBT se propõe a avaliar os resultados aqui apresentados são referentes a alguns aspectos avaliados pelo instrumento O segmento do BBT utilizado nesta pesquisa é a história que foi elabora da pelos participantes com base na escolha de cinco fotografias preferidas entre as escolhidas positivamente durante a aplicação do instrumento A análise deste aspecto possibilitou verificar que apesar da reopção de curso os indivíduos ainda apresentam desinformação profissional e desejo por outras profissões totalmente diferentes das escolhidas em sua vida acadê mica O desejo por outras profissões pode ser visto de certo modo como algo positivo uma vez que redefinir opções profissionais é sempre uma alternativa a mais a ser considerada pelos alunos em processo de forma ção Dias Soares 2009 p 102 Entretanto acreditase que o desejo por profissões totalmente diferentes daquela para a qual estão se profis sionalizando pode ser um fator que denota a desinformação profissional ainda presente na vida destes sujeitos Os resultados obtidos por meio da história elaborada pelos participantes possibilitou verificar que somente dois S1 e S3 apresentaram desejo por atividades profissionais correlacio nadas às do seu curso de graduação Os demais participantes apresentaram uma lacuna significativa quando se analisam as atividades profissionais escolhidas nas fotografias em relação àquelas que integram a realidade de suas futuras profissões Esperase que as reflexões aqui expostas despertem o interesse pelo de senvolvimento de novas pesquisas que contemplem como públicoalvo os universitários mais especificamente aqueles com histórico de transferência de curso Não era aquilo que eu queria 99107 107 REFERÊNCIAS Achtnich M 1991 O BBT Teste de Fotos de Profissões método projetivo para a clarificação da inclinação profissional São Paulo Centro Editor de Testes e Pesquisas em Psicologia Bardagi M P Hutz C S 2009 Não havia outra saída percepções de alunos evadidos sobre o abandono do curso superior PsicoUSF 141 95105 Recuperado em 06 outubro 2014 de httpwwwscielobrpdfpusfv14n1a10v14n1pdf Basso C 2008 Escolha Profissional estudantes universitários em crise durante as fases intermediárias da formação acadêmica Dissertação de Mestrado nãopublicada Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis Bernardes E M Jacquemin A 2002 O Teste de Fotos de Profissões BBT de Achtnich um estudo longitudinal com adolescentes São Paulo Vetor Bohoslavsky R 2003 Orientação vocacional a estratégia clínica J M V Bojart Trad São Paulo Martins Fontes Original publicado em 1974 Dias M S L Soares D H P 2009 Planejamento de Carreira uma orientação para estudantes universitários São Paulo Vetor Dias M S L Soares D H P 2012 A Escolha Profissional no Direcionamento da Carreira dos Universitários Psicologia Ciência e Profissão 322 272283 Garcia M P B 2000 Reorientação profissional em grupo Planejamento por encontro In M D Lisboa D H P Soares Orgs Orientação Profissional em Ação Formação e Prática de Orientadores pp 144168 São Paulo Summus Lassance M C P 1997 A Orientação Profissional e a Globalização da Economia Revista da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais 11 7180 Recuperado em 15 maio 2014 de httppepsicbvsaludorgpdfrabopv1n1v1n1a06pdf Lucchiari D H P S 1993 O que é Orientação Profissional Uma nova proposta de atuação In D H P S Lucchiari Org Pensando e Vivendo a Orientação Profissional pp 1116 São Paulo Summus MeloSilva L L Lassance M C P Soares D H P 2004 A Orientação Profissional no contexto da Educação e Trabalho Revista Brasileira de Orientação Profissional 52 3152 Recuperado em 27 agosto 2013 de httppepsicbvsaludorgpdfrbopv5n2v5n2a05pdf Moura C B Menezes M V 2004 Mudando de Opinião Análise de um Grupo de Pessoas em Condição de Reescolha Profissional Revista Brasileira de Orientação Profissional 51 2945 Recuperado em 02 setembro 2013 de httppepsicbvsaludorgpdfrbopv5n1v5n1a04pdf Neiva K M C 2013 Processos de Escolha e Orientação Profissional 2a ed São Paulo Vetor Polydoro S A J 1995 Evasão em uma instituição de ensino superior desafio para a psicologia escolar Dissertação de Mestrado nãopublicada Pontifícia Universidade Católica de Campinas Campinas Ribeiro M A 2005 O projeto profissional familiar como determinante da evasão universitária um estudo preliminar Revista Brasileira de Orientação Profissional 51 5570 Recuperado em 06 outubro 2014 de httppepsicbvsaludorgpdfrbopv6n2v6n2a06pdf Soares D H P 2000 As diferentes abordagens em orientação profissional In M D Lisboa D H P Soares Orgs Orientação Profissional em Ação Formação e Prática de Orientadores pp 2447 São Paulo Summus Soares D H P 2002 A Escolha Profissional do jovem ao adulto 2a ed São Paulo Summus Vieira E R Frigo L P 1991 Evasão dos cursos de graduação da UFRGS em 1985 1986 e 1987 Porto Alegre UFRGS JACKS CHAMPION MEAT 520 cal 100 BURGER BEEF BIG 5 OZ PATTY ALL THE TOPPINGS GLUTEN FREE BUN 779 Jacks Spicy Chicken Sandwich 390 cal 100 CHICKEN BREAST CRISPY OR GRILLED SPICED TOMATO RELISH GLUTEN FREE BUN 749 Jacks Cauliflower Melt 450 cal GOUDA TOMATO LEAFY GREENS CAULIFLOWER GLUTEN FREE BUN 749 Jacks Spicy Chicken Sandwich 390 cal 100 CHICKEN BREAST CRISPY OR GRILLED SPICED TOMATO RELISH GLUTEN FREE BUN 749 749 Jacks Vegan PlantBased Burger 470 cal GLUTEN FREE BUN HOUSE SAUCE JACKS SPECIAL ONIONS 749 Jacks Bacon Burger 680 cal 779 BACON TERIYAKI GLAZE CHEESE JACKS SPECIAL ONIONS GLUTEN FREE BUN JACKS BURGER SONIC DELIVERS AND PALLETS PER GOURMET BURGERS CALORIES ARE TYPICAL VALUES BASED ON MILLIONS OF WEIGHT NOT SNAKE JH SOURCES FROM JACKS RESTAURANTS AND MENU NUTRITION INFORMATION METERS READING JACKS BURGERS CANCEL ORDER See allergen info See menu nutrition info SOS 3 1 Shake Shack ShackBurger 560 cal Classic cheeseburger with lettuce tomato ShackSauce Made with 100 allnatural Angus beef Shackcago Dog 340 cal Allbeef hot dog with secret relish onions cucumber tomato sport peppers hot pepper celery salt Single Dog 290 cal Classic allbeef hot dog with ketchup mustard and relish Shack Snack 450 cal Hot dog bites with fries To know more visit our site or contact your closest location RELAÇÃO ENTRE OTIMISMO E DESENVOLVIMENTO VOCACIONAL DOS ACADÊMICOS DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS RELAÇÃO ENTRE OTI PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 109114 11 Josimar Maciel Cordeiro1 Fabiana Soares Fernandes2 Lenilda Molina Guerreiro Reis3 Ueslana Azarak Moreira4 Greicy Oliveira Nascimento5 1 Graduando do Curso de Licenciatura em Letras na Universidade Federal do Amazonas Aluno do Programa de Iniciação Científica PIBIC josimarmaciel177gmailcom 2 Psicóloga e Doutora em Psicologia pala Universidade do PortoPortugal Atualmente é docente da Universidade Federal do Amazonas no Instituto de Educação Agricultura e Ambiente IEAA fabianafernandes2801gmailcom 3 Pedagoga pela Universidade Federal do Amazonas lenildamolinagmailcom 4 Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal do Amazonas Aluna do Programa de Iniciação Científica PIBIC ueslanazarakhotmailcom 5 Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal do Amazonas Aluna do Programa de Iniciação Científica PIBIC greicyoliveiranhotmailcom O presente trabalho discorre sobre o desenvolvimento vocacional em estu dantes do ensino superior e o otimismo O desenvolvimento vocacional na perspectiva de Super 1984 é entendido como um processo que ocorre ao longo da vida e envolve uma série de decisões ou seja não se restringe à es colha de um curso superior a ser cursado ao fim do ensino médio Além disso sofre diversas influências contextuais como convicções políticas e religiosas valores e crenças situação política e econômica do país a família os amigos etc Fernandes 2012 Santos 2005 Partindo dessa ideia buscamos nesse estudo a análise de uma variável psicológica que tem sido estuda pela psicologia positiva como indutora do bemestar físico e psicológico o otimismo Este é entendido como compor tamentosentimento que promove um olhar positivo sobre a vida com a crença de que coisas boas irão ocorrer apesar das adversidades Nesse senti do hipotetizamos que se o otimismo proporciona esse olhar para o futuro Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Josimar Maciel Cordeiro Fabiana Soares Fernandes Lenilda Molina Guerreiro Reis Ueslana Azarak Moreira Greicy Oliveira Nascimento 110 como expectativas positivas isso iria influenciar também positivamente as escolhas e o desenvolvimento vocacional Assim o objetivo desse trabalho foi avaliar o desenvolvimento vocacional de estudantes do ensino superior e analisar se o otimismo influencia esse desenvolvimento O desenvolvimento vocacional O desenvolvimento vocacional ao longo de sua trajetória histórica foi definido de várias maneiras na tentativa de explicar e resolver a questão das escolhas profissionais Até o final da década de 50 predominavam as teorias traçofator que previam uma relação entre as características da personalida de do indivíduo e as características exigidas por cada profissão Fernandes 2012 p74 Essas abordagens e não levam em consideração o contexto no qual o indivíduo se desenvolve de forma que Arthur Inksn e Pringle 1999 apud Fernandes 2012 chegam a afirmar que essas teorias viam o indivíduo como inerte uma vez que seu desenvolvi mento poderia ser influenciado pelos interesses dos empregadores igno rando assim as singularidades do indivíduo ou seja em última análise tratavase do ajustamento dos sujeitos ás oportunidades e necessidades do mundo do trabalho p 74 De acordo com Santos 2007 somente a partir da década de 80 é que o desenvolvimento vocacional foi enfatizado como um processo que ocorre a logo do ciclo vital quando se reconceitualiza esta dimensão do desenvol vimento humano à luz da teoria psicossocial de Erik Erikson 19631968 e especificamente a partir do modelo de estatutos da identidade de James Marcia Fernandes 2012 p 75 Fernandes 2012 destaca que a integração do desenvolvimento vocacional no processo mais amplo do desenvolvimento psicológico passando por as pectos afetivos cognitivos dentre outros acontece a partir de dois processos básicos a exploração e o investimento A exploração implica nos processos de busca e processamento de informação acerca de si próprio e do mundo a sua volta o investimento mobiliza o indivíduo a construir vínculos com o mundo Esses processos em conjunto fornecem a base estrutural para a elaboração e implementação de projetos profissionais Campos e Coimbra 1991 apud Fernandes 2014 destacam que esses processos exploração e investimento não são processos separados eles coexistem numa interrelação importante A exploração vocacional não só prepara e conduz o indivíduo a novos in vestimentos como interage com este investimento permitindo que se cons trua uma relação entre os investimentos atuais e futuros desse indivíduo que vai por conseguinte transformar as relações dele como o mundo pro movendo assim o desenvolvimento Fernandes 2014 p81 Neste processo o indivíduo é chamado para fazer explorações den tro das possibilidades que surgem através das profissões utilizando de Relação entre otimismo e desenvolvimento vocacional 109114 111 seu autoconceito vocacional para assim tomar a decisão da carreira Para Carvalho 1995 apud Moura 2011 o indivíduo deve ter conhecimento de si levando em consideração suas aptidões interesses valores medos insegu ranças e expectativas os quais irão fazer parte do processo de exploração de uma profissão Nesse sentido Bardagi 2010 p 98 afirma que autoconceito é um constructo próximo ao de identidade o qual reúne as percepções que o sujeito possui sobre si mesmo e o qual organiza suas experiências ao longo da vida O autoconceito é formado no desempenho dos diferentes papéis sociais e ocupacionais que cada um assume ao lon go da vida Para se investir em uma carreira inicialmente o indivíduo explora a si mesmo e ao ambiente para poder fazer uma escolha tomar uma decisão A decisão da carreira é definida como a competência que um indivíduo possui em realizar escolhas e comprometerse com uma dada direção educacional ou vocacional Osipow Carney Barak 1976 apud Teixeira Gomes 2005 É a capacidade que a pessoa tem de identificar seus interesses dentro de certa profissão traçando assim obje tivos profissionais e estratégias planos aos quais quer alcançar Teixeira Gomes 2005 Para dar base emocional a essas decisões um construto tem sido estudado pela Psicologia Positiva o otimismo A Psicologia Positiva é um termo recém criado dentro do campo psicoló gico científico tendo um olhar voltado para o despertar de condutores como a resiliência esperança bemestar subjetivo e otimismo Rojas Marin 2010 apud Ottati 2014 Partindo dessa teoria e conceituando o otimismo podemos dizer que é um fenômeno psicológico distinto pelo fato de ter um olhar positivo para a realidade apesar de vêla desfavorável Scheier e Carver 1985 apud Cordeiro Fernandes Mascarenhas 2014 definem o otimismo como uma disposição do indivíduo em avaliar as situações a que é exposto caracterizase por expectativas positivas generalizadas sobre eventos futu ros p364 Silva 2011 reforça essa teoria ao conceituar o otimismo como uma capacidade do indivíduo de julgar tudo da melhor maneira possível como uma tendência para achar que as coisas irão ficar bem de forma que o otimista dentro desta concepção tornase uma pessoa mais esperançosa e ativa p 108 Esperar ter resultados positivos desenvolver a habilidade de pensar que tudo vai dar certo no decorrer de uma situação negativa é uma reação que o otimista tem ao se deparar com eventos desgostosos e ruins uma vez que acredita que tudo vai dar certo a seu favor Desta maneira se o ser humano en tender que o amanhã pode ser melhor estará sendo otimista Mascarenhas Lira Vieira 2013 Em postura oposta temos o pessimista que tem um olhar negativo diante de situações adversas por acreditar que nada em sua vida dará certo Cordeiro Fernandes Mascarenhas 2014 Apostar em um amanhã com realizações positivas é favorável e provedor mas nem todas as pessoas tem um olhar positivo diante de um evento negativo é claro que se Josimar Maciel Cordeiro Fabiana Soares Fernandes Lenilda Molina Guerreiro Reis Ueslana Azarak Moreira Greicy Oliveira Nascimento 112 todos aprendessem ser otimistas viveriam bem esperariam sempre um ama nhã melhor mas será que existe uma maneira de aprender a ser otimista Com quem aprendemos a ser otimistas Autores como Hasan e Power 2002 apud Weber Brandenburg Viezzer 2003 enfatizam que as pessoas em suas relações aprendem a ser otimistas primeiramente pela influência do comportamento dos pais Desde sua in fância o ser humano tem a capacidade de desenvolver esse sentimentocom portamento positivo dependendo de que o ambiente onde ele está inserido contribua para isso O otimismo portanto pode ser aprendido O indivíduo pode ser educado para ser otimista de forma que muitas vezes os pais são atuantes para criar o otimismo em seus filhos os pais que entendem o fracas so de seus filhos e trabalham com fatores externos em vez de internos Assim mostram a seus filhos uma forma adaptativa de encontrar desculpas para o problema Cordeiro Fernandes Mascarenhas 2014 p365 Diante do exposto percebemos que o otimismo é um condutor po sitivo enquanto o pessimismo é um condutor negativo Nesse sentido Ottati 2014 referenciando Peterson 2000 afirma que o otimismo envolve componentes cognitivos emocionais e motivacionais Pessoas altas em otimismo tendem a ser mais perseverantes e bemsucedidas a apresentar mais bom humor e a experienciar melhor saúde física e men tal p21 Nessa perspectiva se o otimismo torna o indivíduo mais perseverante podemos acreditar que ele irá influenciar positivamente o desenvolvimento vocacional Método Partindo da revisão da literatura apresentada o objetivo desse estudo foi avaliar o desenvolvimento vocacional de estudantes do curso de licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Amazonas e analisar se o otimis mo influencia esse desenvolvimento Realizouse uma pesquisa quantitativa exploratória e transversal com a participação de 97 alunos sendo 835 do sexo feminino com idades entre 18 e 44 anos que estão frequentando o 2º 4º 6º e 8º períodos do curso de licenciatura em Pedagogia em HumaitáAM Os dados coletados foram analisados com recursos à estatística descri tiva e da Análise de Variância Multivariada MANOVA Para a coleta dos dados foi utilizado parte do Students Career Construction Inventory SCCI Savickas M L 2008 traduzido e adaptado à população Portuguesa por Rocha Oliveira Azevedo 2009 Foram selecionados 14 itens voltados para o desenvolvimento da carreira agrupados em duas dimensões Preocupação com a carreiraPC implica nas minhas preocupações em relação ao futuro profissional e tem afirmativas como Tenho consciência das escolhas educa cionais e profissionais que tenho de tomar e Curiosidade pela carreiraCC implica na exploração do ambiente que me rodeia e tem afirmativas como Imagino como será o meu futuro a serem respondidos com uma escala de 6 pontos do tipo Likert Relação entre otimismo e desenvolvimento vocacional 109114 113 O Otimismo foi avaliada a partir da Escala sobre Otimismo Barros 1998 a qual apresenta 4 afirmações que o avaliado irá julgar em que grau concorda ou discorda numa escala tipo likert de 5 pontos Resultados e Discussão Em relação ao otimismo percebemos que os estudantes apresentaram médias elevadas M431 Levando em conta que esse comportamento sentimento é promotor de bem estar físico e emocional podemos deduzir que os universitários que participaram desse estudo estão emocionalmente bem dispostos a seguir sua formação e com expectativas positivas quanto ao futuro profissional que os aguardam Da MANOVA realizada entre as dimensões do desenvolvimento vocacio nal Preocupação com a Carreira e Curiosidade pela Carreira e Otimismo detectouse uma relação estatisticamente significativa p024 de forma que Otimismo as influencia positivamente Entre os 8131 dos estudan tes com as maiores médias em Otimismo entre 4 e 5 apresentaram níveis elevados de Preocupação com a Carreira com pontuações médias compre endidas entre 497 e 542 De mesma foram essa influência ocorreu com a Curiosidade pela Carreira tendo esses estudantes apresentado médias que variaram entre 458 e 525 A dimensão Preocupação com a Carreira está relacionada com as ex pectativas de um futuro positivo que está sendo planejado e construído paulatinamente Ora se Otimismo implica em acreditar que coisas boas vão acontecer apesar das adversidades que possam surgir ao longo da ca minhada é uma consequência natural que os otimistas apresentem mé dias elevadas na nessa dimensão Em relação à dimensão Curiosidade pela Carreira esta está relacionada às perspectivas futuras o que leva a explo rar o ambiente que rodeia o indivíduo imaginar como será o futuro procu rar oportunidades que permitam crescer enquanto pessoa Como otimista o jovem fará essas buscas e vislumbrará um futuro promissor sempre com expectativas positivas Considerações finais Percebese que nossos universitários estão bastante otimistas e que esse otimismo tem bastante influência no desenvolvimento vocacional Além de promover o bemestar psicossocial como vem sendo investigado pela Psicologia Positiva o otimismo também está contribuindo com esse aspecto do desenvolvimento humano A influência do otimismo no desenvolvimento vocacional parece ser de extrema importância como vimos nos resultados estimulando os universitários a vislumbrar um futuro positivo e realizador de seus so nhos profissionais bem como favorecendo a exploração do seu ambien te e das alternativas que possam contribuir com um futuro profissional promissor Josimar Maciel Cordeiro Fabiana Soares Fernandes Lenilda Molina Guerreiro Reis Ueslana Azarak Moreira Greicy Oliveira Nascimento 114 REFERÊNCIAS Bardagi M P 2010 A abordagem cognitivo evolutiva do desenvolvimento vocacional In Levenfus Rosane Schotgues Soares Dulce Helena Penna e Colaboradores Orientação vocacional ocupacional 2ª edição Porto Alegre Artmed Barros J O Optimismo teoria e avaliação proposta de uma nova escala Psicologia Educação e Cultura 22 295308 1998 Cordeiro J M Fernandes F S e Mascarenhas S A N 2014 Otimismo comportamento inato ou aprendido Anais da V Semana Educa Universidade Federal de Rondônia Porto Velho Rondônia p 363366 ISSN 21798389 Fernandes F S 2012 As Famílias no Amazonas um estudo sobre os Estilos Parentais e a sua influência no desenvolvimento vocacional dos adolescentes Tese de Doutorado apresentada na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto Portugal Fernandes F S 2014 Estilo Parental e Desenvolvimento Vocacional um estudo sobre a influência das famílias na orientação dos adolescentes São Paulo Edições Loyola Mascarenhas Suely A do N LIRA Rosenir VIEIRA Kuíz Sérgio 2013 Otimismo de habitantes do AmazonasBrasil Inclusive povos e comunidades Tradicionais associado a indicadores de exercício da cidadania e inserção socioeconômica IV Congresso Educação Democracia e cidadania HumaitáAm 19 20 e 21 de Agosto de 2013 Moura C B 2011 Orientação profissional sob o enfoque da análise do comportamento Campinas SP Editora Alínea 3ª edição Santos L M M 2005 O papel da família e dos pares na escolha profissional Psicol Estud Maringá 10 1 doi 101590S141373722005000100008 Santos P J 2007 Dificuldades de Escolha Vocacional Coimbra Ed Almedina Silva S da 2011 Pedagogia do ressentimento o otimismo nas concepções e nas práticas de ensino R Bras Est Pedag Brasilia v 92 N 230 p 107125 janabr Super D E 1984 Career and life development In D Brown L Brooks Associates Eds Career choice and development San Francisco JosseyBass 192234 Ottati F 2014 Otimismo interesses profissionais e auto eficácia estudo com adolescentes Itatiba Teixeira M A Gomes W B 2005 Decisão de carreira entre estudantes em fim de curso Universitário Psicologia Teoria e Pesquisa setdez vol 21n 3 pp 327334 Weber L N D Brandenburg O J Viezzer AP 2003 A relação entre o estilo parental e o otimismo da criança Psico USF V 8 n 1 p 7179 janjun ESTÁGIOS DE ESTUDANTES DE PSICOLOGIA NO CAMPO DA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO ESTÁGIOS DE ESTUDA PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 115122 12 Karla de Oliveira Cruz1 Edite Krawulski2 1 Psicóloga e Mestranda em Psicologia no Programa de PósGraduação em Psicologia da UFSC Área Psicologia das Organizações e do Trabalho Linha Formação profissional desenvolvimento de carreira e inserção no trabalho Integrante do LIOP Laboratório de Informação e Orientação Profissional karladeoliveiracgmailcom 2 Psicóloga Mestre em Administração e Doutora em Engenharia de Produção Ergonomia Docente da Graduação e da PósGraduação em Psicologia da UFSC Ex Coordenadora do Curso de Psicologia e Ex Chefe do Departamento de Psicologia Integrante do Laboratório de Informação e Orientação Profissional Ex tesoureira da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais gestão 19971999 editecfhufscbr Estágios são dispositivos pedagógicos que visam à integração entre teoria e prática articulando conhecimentos teóricos e a realidade do contexto pro fissional A Lei n 11788 de 25092008 conhecida como Lei de Estágios Brasil 2008 define em seu artigo 1º que Estágio é ato educativo escolar supervisionado desenvolvido no ambiente de trabalho que visa à prepara ção para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o en sino regular em instituições de educação superior p1 Ainda de acordo com essa lei o estágio faz parte do projeto pedagógico do curso e integra o processo de formação do estudante visando à contextualização curricu lar e ao aprendizado de competências específicas da atividade profissional possibilitando o desenvolvimento para o trabalho e para a cidadania Brasil 2008 As atividades de estágio também permitem uma aproximação entre universidade e comunidade através da produção e socialização de novos sa beres e práticas desde que ocorram de maneira sistematizada e crítica Peres Carvalho Hashimoto 2004 Muitos estudos voltados à investigação do papel dos estágios na forma ção profissional identificaram contribuições específicas derivadas de tais Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Karla de Oliveira Cruz Edite Krawulski 116 experiências como o fortalecimento da identidade profissional uma maior satisfação com a escolha pelo curso um melhor julgamento sobre as capaci dades de agir a identificação e o desenvolvimento de preferências poten cialidades e limitações concordâncias e discordâncias relativas à própria prática profissional e também a criação de expectativas de futuro mais rea listas Bardagi Lassance Paradiso 2003 Teixeira Gomes 2004 Bardagi Lassance Paradiso Menezes 2006 Bardagi Boff 2010 Vieira Caires Coimbra 2011 Haupenthal Krawulski 2013 Nesse sentido eles atuam como um laboratório prático onde o estudante pode exercitar testar e apren der aspectos de uma atuação profissional real em contato com múltiplas di mensões da profissão que escolheu É nesse momento de experimentação que o graduando se torna mais capaz de confrontar expectativas construídas ao longo do curso e anteriormente a ele criando novas concepções e sentidos sobre seu futuro fazer profissional No campo da Psicologia em específico as Diretrizes Curriculares Nacionais DCNs definem os estágios como conjuntos de atividades de for mação programadas e supervisionadas por professores com os objetivos de consolidar articular e concretizar competências em ações profissionais por meio do contato com a prática Brasil 2011 Essas diretrizes prevê em está gios básicos no núcleo comum dos currículos e estágios específicos no nú cleo profissionalizante associados às ênfases curriculares Para a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia ABEP os estágios básicos visam apoiar habilidades essenciais da prática do psicólogo enquanto os específicos obje tivam um maior aprofundamento em contextos diversos conforme as ênfa ses definidas por cada curso em seu projeto pedagógico ABEP 2014 O Curso de Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC campo do presente estudo existe há mais de 35 anos é pioneiro na formação de psicólogos no estado e continua sendo o único curso público da área em Santa Catarina Sua matriz curricular atual implementa da em 2010 objetiva formar psicólogos e professores de psicologia capazes de atuar direta e indiretamente sobre fenômenos psicológicos em diferentes contextos Nuernberg Schneider Krawulski Cruz 2009 p13 O Núcleo Profissionalizante dessa matriz que se inicia a partir do sétimo semestre possui quatro ênfases às quais são vinculados os respectivos estágios es pecíficos e obrigatórios com duração de dois semestres e carga semana de 12 horas Saúde e Processos Clínicos Psicologia EducacionalEscolar Processos Comunitários e Ações Coletivas e Trabalho Organizações e Gestão Os estágios obrigatórios na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho POT vinculamse à ênfase Trabalho Organizações e Gestão e abor dam os fundamentos e as intervenções da Psicologia no campo das organiza ções de trabalho entidades associativas e instituições públicas sendo reali zados em diversos locais com predominância dos contextos organizacionais juniores Voltados à profissionalização no campo POT buscam desenvolver competências e habilidades relacionadas a práticas que promovam o desen volvimento das pessoas e a qualidade de vida nas relações decom o trabalho Nuernberg Schneider Krawulski Cruz 2009 Estágios de estudantes de Psicologia 115122 117 A atuação do psicólogo nesse campo se apresenta como uma contribuição do saber psicológico que há muito tempo fornece ferramentas e subsídios para uma melhor compreensão e intervenção em contextos organizacionais Tendo emergido a partir da industrialização ocorrida entre os séculos XIX e XX a área superou uma atuação inicialmente limitada e voltada ao aspecto produtivo e funcional das organizações Zanelli Bastos 2004 buscan do uma perspectiva mais crítica e ampla envolvendo questões relativas ao bemestar dos trabalhadores e à influência do trabalho como categoria social estruturante nos processos de subjetivação Spector 2005 Tratase de uma área de atuação abrangente que objetiva a compreensão do comportamento daqueles que trabalham tanto em seus determinantes e suas consequências como nas possibilidades da construção produtiva das ações de trabalho com preservação máxima da natureza da qualidade de vida e do bemestar humano Zanelli Bastos 2004 p483 Presumese que o treino para a atuação nessa perspectiva seja desenvolvido durante a formação acadêmica principalmente por meio de estágios realizados em di versos contextos organizacionais organizações públicas iniciativa privada terceiro setor ou ainda iniciativas no próprio ambiente universitário Em se tratando de uma área com tradição e práticas consolidadas no universo da Psicologia não obstante as críticas referidas por Codo 1985 e ainda reproduzidas no meio acadêmico os estágios no campo da POT têm sido buscados por diversas razões muitas voltadas às possibilidades de in serção profissional encontradas Tomando por base o embasamento legal referente a estágios sua inserção e importância na estrutura curricular a tradição do campo da POT e principalmente as repercussões da experiência na formação acadêmica e profissional de estudantes o estudo aqui relatado objetivou identificar e analisar o panorama geral dos estágios desenvolvidos nesse campo por graduandos de Psicologia da UFSC Método O estudo foi realizado por meio de análise documental dos Termos de Compromisso de Estágio TCEs documentos que formalizam o compromis so entre o estudante a instituição de ensino e a organização onde as ativi dades ocorrerão Esses termos segundo preconizado pela Lei de Estágios devem indicar as condições de adequação do estágio à proposta pedagógi ca do curso à etapa e a modalidade da formação escolar do estudante e ao horário e calendário escolar Brasil 2008 p3 Na UFSC tais documentos são elaborados em uma plataforma online o SIARE Sistema de Inscrição Acompanhamento e Registro de Estágio que permite o gerenciamento de todos os estágios desenvolvidos por seus estudantes Esse registro possui informações como tipo de estágio obrigatório ou nãoobrigatório entidade concedente profissional supervisor local pe ríodo de realização do estágio jornada semanal dados sobre remuneração e auxíliotransporte professor orientador na UFSC etc Também inclui o Plano de Atividades de Estágio PAE ou seja o detalhamento das atividades Karla de Oliveira Cruz Edite Krawulski 118 previstas para serem realizadas pelo estagiário as quais são analisadas pelos coordenadores de estágio observando sua adequação aos objetivos do curso Foram analisados os TCEs relativos a estágios obrigatórios e não obriga tórios realizados no período entre 2011 e 2014 mediante prévia autorização da Coordenadoria de Estágios do Curso Dos 1264 Termos identificados 302 239 do total caracterizavam estágios em POT enquanto 962 761 eram relativos a outras áreas Feita essa triagem a análise documental dete vese aos 302 registros de estágios vinculados à POT Os dados coletados foram registrados em formulário elaborado no Microsoft Office Excel nas seguintes categorias número de registro do TCE local de estágio data de início e término carga horária estabelecida professor supervisor atividades previstas e existência ou não de remunera ção Feita essa sistematização de informações procedeuse à sua análise por meio de técnicas de estatística descritiva Resultados e Discussão Dos 302 TCEs específicos da área de Psicologia Organizacional e do Trabalho identificouse que 227 7517 diziam respeito a estágios obri gatórios e 75 2483 a não obrigatórios A análise dos locais de realização desses estágios gerou dados surpreendentes 80 ocorreram em organizações privadas 21 em instituições públicas e nove em organizações do terceiro setor enquanto 192 registros ou 6358 do total foram desenvolvidos em diferentes iniciativas eou setores inseridos na própria universidade Em relação a esses 192 registros a análise mostrou uma preponderân cia de empresas juniores EJs como campos de estágio em POT 130 deles ou 6771 abrangendo 15 EJs diferentes das quais 14 vinculadas à pró pria UFSC A diversidade de campos de atuação dessas empresas aponta para impactos positivos e singulares que os estudantes podem vivenciar em suas experiências de estágio independentemente das especificidades dos contextos Engenharia Jornalismo Nutrição Administração Design Biologia etc Estágios desenvolvidos junto ao Laboratório de Informação e Orientação Profissional LIOP inserido no Departamento de Psicologia da instituição representaram 35 TCEs com atividades voltadas à escolha formação e inserção profissional bem como ao planejamento de carreira e a processos de aposentadoria Outros estágios identificados tendo como campo o ambiente universitário foram Programas de Educação Tutorial PETs grupo de apoio para pessoas vítimas de assédio moral no trabalho Curso prévestibular Hospital Universitário e secretarias administrativas de unidades acadêmicas A análise de dados restrita aos 227 TCEs referentes a registros de está gios obrigatórios indicou que aqueles realizados no contexto universitário representaram 7665 do total seguidos pelos estágios em organizações privadas 1674 enquanto organizações públicas contabilizaram 617 e organizações do terceiro setor apenas 044 Dentre os 7665 de estágios Estágios de estudantes de Psicologia 115122 119 obrigatórios realizados no meio acadêmico um quantitativo de 5507 foi re alizado em EJs enquanto 1321 deramse no LIOP e 837 em outros locais A predominância de incidência de estágios em EJs não se manteve no caso dos estágios não obrigatórios em POT onde a maior frequência encon trada se referiu àqueles desenvolvidos em organizações privadas 56 se guida da própria UFSC 24 LIOP e EJs 667 em cada campo e 1066 em outros locais Estágios em organizações públicas somaram 933 e em organizações do terceiro setor 1067 percentuais mais elevados que nas experiências de estágio obrigatório A incidência de registros de estágios desenvolvidos no próprio contexto universitário principalmente entre os estágios obrigatórios é um dado re levante Podese conjecturar que essas experiências possibilitam aos alunos uma maior autonomia de trabalho e também abertura a novas propostas de atuação em POT por estarem inseridas em um contexto de aprendizado É possível no entanto que elas proporcionem certa dimensão de conforto e segurança já que se desenvolvem no mesmo ambiente em que ocorrem as aulas estando em princípio menos sujeitas a instabilidades exigências e até mesmo limitações de atuação comuns ao mercado de trabalho de modo geral A alta frequência de estágios realizados em empresas juniores indica não somente um interesse recorrente de estudantes de Psicologia na busca por estágios nesses locais mas também que as próprias EJs têm se apresenta do abertas à inserção desses alunos e interessadas em contar com as con tribuições que tal área do conhecimento pode oferecer às suas atividades Definidas pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores como associa ções civis sem fins econômicos formadas e geridas por alunos de graduação os objetivos primordiais dessas empresas são o aprendizado e o desenvol vimento profissional de estudantes por meio da prestação de serviços e da realização de projetos para outras organizações e sociedade em geral Brasil Júnior 2012 Para além de propiciarem uma experimentação de exercício profissional permeado por elementos comuns ao mercado de trabalho elas possibilitam também uma maior autonomia no desenvolvimento de ati vidades e projetos inseridos na área da POT Ao criarem um ambiente de hierarquia mais horizontal e terem o aprendizado como objetivo fundante as EJs permitem que o estagiário possa exercer funções em nível tático e es tratégico diferentemente de outros estágios que muitas vezes se restringem a aspectos operacionais das práticas clássicas da área como recrutamento e seleção treinamento e desenvolvimento No entanto estágios desenvolvidos fora do contexto acadêmico também podem oferecer aprendizados importantes Além do desenvolvimento de competências básicas como comunicação trabalho em equipe e negociação entre outras eles possuem como diferencial o contato com a realidade do mercado de trabalho Nesse sentido avaliase a necessidade de uma maior consideração às potencialidades que outras organizações têm a oferecer para estagiários de POT principalmente àqueles que realizam estágios obrigató rios visto que os estágios não obrigatórios já são realizados em quantidade significativa nesses locais Karla de Oliveira Cruz Edite Krawulski 120 Um aspecto merecedor de análise relativamente a esses resultados é que o currículo vigente do curso impactou os estágios em três aspectos princi pais quantidade de ênfases curriculares oferecidas tempo mínimo exigido e carga horária Como esse currículo passou a contemplar uma quarta ênfase área de estágios Psicologia Social e Comunitária além das três tradicionais ocorre maior diversificação das possibilidades de experiência prática e de for mação dos estudantes incluindo o estabelecimento de vínculos com novos campos de estágio e a reestruturação dos seus processos de divulgação sele ção e supervisão Com a mudança curricular os estágios obrigatórios anteriormente rea lizados em um semestre passaram a sêlo em dois semestres para cada uma das duas ênfases escolhidas com redistribuição da carga horária de 20 para 12 horas semanais Essas alterações são visíveis nos dados coletados uma vez que a variabilidade das cargas horárias especificadas nos TCEs foi bastan te significativa Houve porém preponderância de termos de estágios previs tos em 20 horas semanais reflexo do fato de a imensa maioria dos registros analisados em razão do período compreendido 20112014 se referirem a estudantes ainda vinculados ao currículo anterior Percebeuse que no caso de estágios não obrigatórios a carga horária semanal adquire um caráter mais livre comparativamente aos obrigató rios a critério da disponibilidade de tempo do aluno e da proposta feita pelos locais de estágio A Lei de Estágios Brasil 2008 determina que a carga horária de estágio para estudantes de ensino superior não ultrapasse seis horas diárias e 30 horas semanais Em casos de cursos que alternam teoria e prática essa legislação permite estágios de 40 horas semanais nos períodos em que não haja aulas presenciais programadas desde que previstos no projeto pedagógico do curso Com a ressalva de dois TCEs de estágios obrigatórios com jornada de 40 horas semanas realizados em uma organização privada sediada em outra cidade do Estado pro vavelmente enquadrados nessa exceção todos os demais atenderam às determinações legais Sobre remuneração os dados encontrados também corroboraram as especificações da Lei de Estágio as quais prevêem que apenas na hipótese de estágio não obrigatório seja compulsória a concessão de bolsa ou ou tra forma de contraprestação acordada bem como de auxíliotransporte Brasil 2008 A totalidade de TCEs analisados referentes a estágios não obrigatórios firmava concessão de auxílio financeiro enquanto apenas sete dos obrigatórios o faziam Quanto à exigência legal de haver um professor orientador da instituição de ensino e um supervisor da parte concedente Brasil 2008 evidenciou se referência a 19 professores diferentes no conjunto dos 302 Termos de Compromisso de Estágios analisados Verificouse no entanto que 8796 dos registros analisados se referem a estágios supervisionados por oito pro fessores vinculados à ênfase Trabalho Organizações e Gestão indicando que a supervisão vem sendo prestada por aqueles docentes com experiências práti cas e profissionais na área da POT Estágios de estudantes de Psicologia 115122 121 Considerações finais A pesquisa realizada possibilitou a obtenção de um panorama de ca racterização dos estágios desenvolvidos em POT no curso de Psicologia da UFSC evidenciando seus locais de incidência modalidades e cargas horá rias despendidas dentre outros aspectos Como seu foco foi quantitativo as atividades registradas nos documentos não foram objeto de análise Os resultados encontrados abrem perspectivas de investigação sobre a temática da formação acadêmica e profissional em Psicologia como por exemplo as configurações reais dos estágios desenvolvidos e suas repercussões na forma ção e no desenvolvimento de carreira dos estudantes Algumas limitações da análise documental realizada precisam ser aponta das primeiramente destacase que os 1264 TCEs identificados correspondem à quantidade de documentos de registros de estágios arquivados pela Coordenação de Estágios do Curso de Psicologia podendo não corresponder à mesma quan tidade de vivências de estágio diferentes Por questões curriculares e outros mo tivos é comum que ocorra um registro semestral do estágio ou seja que um estágio com duração de um ano por vezes seja registrado em dois TCEs diferen tes um para cada semestre Em virtude do grande volume de TCEs encontrado e do modo de organização desses documentos tornouse inviável identificar com precisão quais se referiam ou não a uma mesma experiência Além disso ao longo do processo de coleta de dados percebeuse haver defasagem nos registros de estágios por meio dos Termos principalmente no caso de estágios não obrigatórios a quantidade de registros encontrada é inferior à real incidência de estágios fato confirmado por professores super visores e também estagiários ex estagiários ou seus colegas Essa defasagem pode decorrer de diversos fatores como a falta de informação eou interesse dos estagiários em efetuarem o registro no SIARE e a consequente elaboração dos TCEs as dificuldades burocráticas de fiscalização da elaboração desses documentos a não entrega dos TCEs devidamente assinados à Coordenação de Estágios os problemas de arquivamento desses documentos e ainda a falta de informação eou cobrança das unidades concedentes junto aos estagiários pela apresentação do TCEs Essa discrepância entre os estágios realizados e os registros parece ser maior naqueles desenvolvidos no próprio contexto univer sitário uma vez que nas organizações externas a necessidade de formalização tende a ser maior devido a questões administrativas legais e financeiras Tais constatações permitem problematizar a importância do registro do estágio seja para a formalização do vínculo e garantia dos direitos preconiza dos pela Lei 11788 Brasil 2008 seja pelo controle por parte da Coordenação de Estágio e dos professores supervisores sobre as atividades desenvolvidas pelos alunos Além disso merece ser destacado também o próprio reconheci mento da experiência uma vez que os Termos de Compromisso de Estágio se configuram como documentos legais e comprovam sua realização É possível afirmar portanto que a incidência de estágios na área de POT é maior do que apontam os dados coletados o que sem dúvida deve se repetir nas outras áreas de atuação da Psicologia Karla de Oliveira Cruz Edite Krawulski 122 Apesar dessas limitações dos dados disponíveis os resultados encontra dos permitem afirmar que a Lei de Estágios tem sido cumprida no que se refere à carga horária semanal à proteção aos diretos dos estudantes e à ga rantia das condições necessárias ao seu desenvolvimento supervisão local orientação acadêmica aprovação das atividades a serem desenvolvidas etc Evidentemente os registros por si só não se constituem como representa ções fidedignas da realidade vivenciada pelos estagiários o que aponta para a importância do acompanhamento por parte dos professores supervisores e da própria Coordenação de Estágios junto aos estudantes além de destacar um campo rico de investigação científica Quanto aos locais de estágios destacouse a maior frequência de opor tunidades oferecidas no próprio ambiente acadêmico apresentandose a necessidade de exploração daquelas externas à UFSC A experimentação pos sibilitada pelos estágios oferece ao estudante a oportunidade de se projetar no futuro e de tecer novas expectativas interesses e objetivos para sua vida profissional após a formação com base na sua própria vivência ao estagiar Nesse sentido o ideal seria que os alunos buscassem experimentar di ferentes contextos e oportunidades plurais que poderiam se dar através dos próprios estágios ou até mesmo de outras atividades complementares como as de extensão iniciação científica entre outras para enriquecer sua formação e preparo para atuação profissional Na área da POT em específico cada campo de estágio ou organização é única e pode oferecer oportunidades e aprendizados singulares que impactarão de diferentes maneiras essa for mação bem como a construção de projetos futuros de carreira REFERÊNCIAS ABEP 2014 Histórico das DCNs Recuperado em 26 de junho de 2014 de httpwwwabepsiorgbrsitehistoricodasdcnC2B4s Bardagi M P Boff R de M 2010 Autoconceito autoeficácia profissional e comportamento exploratório em universitários concluintes Avaliação 151 4156 Bardagi M P Lassance MCP Paradiso AC 2003 Trajetória acadêmica e Satisfação com a Escolha Profissional de Universitários em Meio de Curso Revista Brasileira de Orientação Vocacional 412 153166 Bardagi MP Lassance MCP Paradiso AC Menezes IA de 2006 Escolha profissional e inserção no mercado de trabalho percepções de estudantes formandos Psicologia Escolar e Educacional 101 6982 Brasil Lei nº 11788 2008 25 de setembro Dispõe sobre o estágio de estudantes e dá outras providências Recuperado em 02 de junho de 2014 de httpwwwunifespbrcampussan7imagespdfsEstagiolei11788pdf Brasil Resolução nº 5 2011 15 de março Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia estabelecendo normas para o projeto pedagógico complementar para a Formação de Professores de Psicologia Recuperado em 2 de junho de 2014 de httpportalmecgovbrindexphpoptioncomcontentid12991diretrizescurricularescursosdegraduacao Brasil Júnior 2012 DNA Jr Recuperado em 02 de junho de 2014 de httpwwwbrasiljuniororgbrarquivos Codo W 1985 O papel do psicólogo na organização industrial notas sobre o lobo mau em psicologia In STM Lane W Codo Orgs Psicologia social o homem em movimento 3a ed pp195202 São Paulo Brasiliense Haupenthal C Krawulski E 2013 Interfaces entre atuação em contexto empresarial júnior e satisfação com o curso frequentado In VF Quiroga MR Cattaneo Comps Transformaciones em las Organizaciones Del Trabajo salud y ampliación de ciudadanía tomo I pp197 2004 Rosário Editorial de La Universidad Nacional de Rosário Nuernberg A H Schneider D R Krawulski E Cruz R M 2009 Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Psicologia Universidade Federal de Santa Catarina Peres R S Carvalho A M R Hashimoto F 2004 Empresa Júnior integrando teorias e práticas em psicologia Revista Psicologia Organizações e Trabalho 42 1130 Spector P E 2005 Psicologia nas organizações 2a ed São Paulo Saraiva Teixeira MAP Gomes WB 2004 Estou me formando e agora Reflexões e perspectivas de jovens formandos universitários Revista Brasileira de Orientação Profissional 51 4762 Vieira D A Caires S Coimbra J L2011 Do ensino superior para o trabalho contributo dos estágios para inserção profissional Revista Brasileira de Orientação Profissional 121 2936 Zanelli J C Bastos AVG 2004 Inserção Profissional do Psicólogo em Organizações e no Trabalho In JC Zanelli JE BorgesAndrade AVB Bastos Orgs Psicologia Organizações e Trabalho no Brasil pp466491 Porto Alegre Artmed SIGNIFICADO DO TRABALHO E GERAÇÃO Y UMA ANÁLISE DO BLOG 20 E POUCOS 20 E TANTOS SIGNIFICADO DO TRA PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 123131 13 Livia Antonelli1 Samantha de Toledo Martins Boehs2 1 Graduada em Administração de Empresas com MBA em Gestão de Talentos e Comportamento Humano pela Universidade Federal do Paraná UFPR Atua na área de Recursos Humanos com desenvolvimento e performance de pessoas Autora do Blog 20 E POUCOS 20 E TANTOS liviaantonelligmailcom 2 Psicóloga UFMG mestre em Administração UFPR e Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina Docente do Departamento de Administração Geral e Aplicada da UFPR Atua como Psicóloga Organizacional e leciona nas áreas de Gestão de Pessoas e Comportamento Humano profsamanthatoledogmailcom Pessoas que nasceram entre 1978 e meados de 1990 integram a denomina da Geração Y e são caracterizadas segundo Oliveira Piccinini e Bitencourt 2012 por um conjunto de comportamentos relacionados ao ritmo de mu dança elevada interatividade rapidez no acesso à informação e entendimen to de mundo A Geração Y diferente das gerações anteriores Geração X e Baby Boomera que viveram em uma conjuntura mais estável nasceu e cresceu em um mundo em que a tecnologia avança de maneira acelerada propiciando o surgimento de um maior número de profissões e áreas de atuação no mer cado o que diversifica as possibilidades de decisão relacionadas à carreira Pesquisa realizada pela agência brasileira Box 1284 2011 revelou que grande parte dos jovens que podemos caracterizar como da Geração Y teve uma educação privilegiada em escolas particulares de referência Além disso tiveram acesso a algumas oportunidades como o intercâmbio a A Geração X é constituída pelos nascidos de 1968 a 1978 Valorizam a qualidade de vida horários flexíveis de trabalho e independência preferem trabalhar sozinhos A geração Baby Boomer é formada pelos nascidos de 1946 a 1967 Caracterizamse por seguirem os valores tradicionais relacionados ao cumprimento de suas obrigações em relação à carreira São leais à organização e valorizam o casamento a educação e criação dos filhos Veloso Silva Dutra 2011 Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Livia Antonelli Samantha de Toledo Martins Boehs 124 e a facilidade ao acesso de informações proporcionado pela internet Muitos jovens da Geração Y são fluentes em até cinco idiomas valorizam a diversidade preocupamse com questões sociais e acreditam nos direitos individuais Eles também costumam ser mais criadores do que receptores formar redes para alcançar objetivos e priorizar a vida pessoal em relação às questões profissionais Rumblesperger Toneli 2011 Vasconcelos Merhi Goulart Silva 2010 No Brasil a Geração Y não pode ser generalizada De acordo com Oliveira Piccinini Bitencourt 2012 para muitos brasileiros o ensino superior ainda é um privilégio e a inserção digital um desafio Dessa forma o Brasil apresenta dois perfis de jovens da Geração Y aqueles que pela necessidade econômica buscam a partir do trabalho prover recursos para si eou para a família e outro formado por jovens sem necessidade econômica iminente interessados em constituir uma base sólida para a carreira Em comum esses jovens entendem a educação como importante para o futuro buscam conci liar o estudo a formação profissional e o trabalho tanto em situações em que são privilegiados pelas condições econômicas de seus familiares quanto pela necessidade e desejo de construir uma autonomia financeira Acostumados aos restaurantes fastfood serviços 24 horas fácil acesso à comunicação e ao compartilhamento de informações a qualquer hora de qualquer lugar a Geração Y não aprendeu a esperar Desta maneira ao se de pararem com a realidade muitos precisam do reconhecimento instantâneo o que nem sempre é possível no ambiente de trabalho gerando decepção e frustração com os desafios que lhes são apresentados Hassler 2008 Esses jovens estão inseridos nas organizações e divergem das gerações anteriores em relação aos motivos que levam a trabalhar não considerando o principal fator para a busca e permanência no emprego apenas a seguran ça financeira Segundo Vasconcelos et al 2010 para os jovens o trabalho é mais do que uma fonte econômica deve também ser provedor de satisfa ção e aprendizado Hassler 2008 afirma que 80 dos jovens americanos de 20 e poucos anos estão insatisfeitos com a vida e que os desapontamentos são decorrentes principalmente da carreira ou escolha profissional dos relacionamentos e da situação financeira A insatisfação está relacionada às altas expectativas em encontrar um emprego ideal e também aos desafios e situações indesejadas que surgem na carreira Os jovens da Geração Y buscam encontrar um traba lho ideal que tenha propósito significado e que propicie a realização pessoal Entretanto ao se depararem com as adversidades e os contrastes entre o ideal e o real os jovens se frustram trocam de curso de área de trabalho e na maio ria das vezes deixam os empregos visando novas oportunidades de trabalho em outras organizações ou de maneira independente Esses comportamentos acabam propiciando percepções negativas sobre os jovens dessa geração Rumblesperger e Tonelli 2011 argumentam que referências negativas à Geração Y no ambiente organizacional estão relacionadas à inexperiência conflitos e desentendimentos seja como superior ou subordinado Segundo os autores a arrogância e o individualismo também são características Significado do trabalho e geração 123131 125 presentes nesses jovens uma vez que para eles o ambiente competitivo tor nouse comum aliado ao espírito de urgência Para Vasconcelos et al 2010 a mudança de comportamento provocada pela Geração Y altera significativamente os critérios de carreira promoção es tabilidade e vínculo profissional aspectos valorizados pelas gerações anteriores O presente capítulo tem como objetivo compreender os elementos valo rizados e o significado do trabalho para a Geração Y a partir da análise dos depoimentos de 18 jovens dessa geração extraídos do Blog 20 E POUCOS 20 E TANTOS Significado do trabalho e Geração Y As primeiras pesquisas sobre o sentido do trabalho iniciaram na década de 70 a partir dos estudos de Hackman e Oldhan 1975 dois psicólogos que relacionaram a qualidade de vida ao sentido do trabalho Para eles um trabalho que apresenta sentido deve ser importante útil e legítimo para quem o executa Nessa mesma linha Morin 2001 ressalta três característi cas fundamentais que contribuem para dar sentido ao trabalho a variedade das tarefas que possibilita a utilização das competências do indivíduo a identidade do trabalho percepção da realização de uma tarefa do começo ao fim responsabilizandose pelo resultado do seu trabalho e o significado do trabalho a capacidade do trabalho ter um impacto significativo sobre o bem estar ou sobre o trabalho de outras pessoas de modo que contribua para a organização e para o ambiente social Em 1987 os pesquisadores do grupo MOW Meaning of Work International Research Team foram os precursores na realização de estudos em diferentes países para identificar o significado que os indivíduos atribuem ao trabalho Pesquisas realizadas pelo grupo MOW 1987 e por Morin 2001 demons tram que a maioria das pessoas mesmo que tivesse condições para viver o resto da vida confortavelmente continuaria a trabalhar Isto porque o tra balho além de ser fonte de sustento é um meio de possibilitar o relaciona mento com os outros de se sentir como parte integrante de um grupo de ter ocupação e objetivo na vida Para Borges e AlvesFilho 2003 o significado do trabalho tem uma perspectiva cognitiva com três naturezas principais subjetiva uma vez que apresenta uma variação individual refletindo a história de cada um sócio histórica pois reflete os fatos compartilhados por um grupo de indivíduos e as condições da sociedade na qual estão inseridos e dinâmica já que o sig nificado está em permanente processo de construção Apesar das diferenças nas abordagens sobre sentidos e significados do trabalho Segundo a pesquisa Projeto Sonho Brasileiro desenvolvida pela agên cia Box 1284 2011 para o jovem um trabalho com sentido é aquele que conecta a realização pessoal com a profissão dos sonhos O trabalho deve gerar felicidade e não apenas ser uma forma de retorno financeiro O sucesso no ponto de vista dos jovens deixa de estar relacionado à riqueza ou status e passa a estar conectado com fazer o que gosta e conseguir aliar a vida pes soal à profissional O dinheiro continua sendo importante para a segurança Livia Antonelli Samantha de Toledo Martins Boehs 126 estabilidade independência e bemestar entretanto a nova geração objetiva ganhar dinheiro trabalhando com o que acredita Além disso para a Geração Y o trabalho deve ser divertido dinâmico e contribuir para a sociedade Outro elemento relacionado ao significado do trabalho para a Geração Y é o caráter de multidisciplinariedade para o envolvimento das tarefas A atividade laboral não é somente uma em que o jovem coloca todas as expec tativas Com a finalidade de suprir as necessidades de realização ele costuma envolverse em diferentes projetos e atividades simultaneamente tais como ONGs grupos religiosos associação de moradores empresas juniores Tolfo Coutinho Baasch e Cugnier 2010 afirmam que todas as concepções sobre o significado do trabalho têm em comum a concepção de que ele é construído pelos indivíduos a partir de suas experiências com a realidade vivida Todos esses fatores refletem nas formas e perspectivas de carreira da Geração Y que está inserida em um ambiente dinâmico com múltiplas possi bilidades de atuação Esses jovens costumam desenvolver carreiras denomi nadas por Bendassolli 2009 como carreira portfólio e carreira proteana Na primeira o indivíduo tem o trabalho fragmentado em atividades envolven dose em diferentes projetos ou experiências que podem lhe trazer retorno financeiro ou não permitindo maior flexibilidade Na carreira proteana por sua vez o profissional possui experiências diversificadas de trabalho sendo capaz de adaptarse a contextos e situações mantendose orientado por va lores necessidades e ideais Na pesquisa desenvolvida por Vasconcelos et al 2010 a Geração Y de monstrou priorizar em suas carreiras aspectos relacionados ao Estilo de Vida 22 a Criatividade Empresarial 18 e ao Serviço ou Dedicação à uma causa 16 Desta forma assumese que os jovens buscam trabalhos onde possam conciliar as necessidades pessoais familiares e de carreira Além disso buscam criar novos produtos ou serviços e querem sentir que estão contribuindo para a sociedade engajandose em temas pertinentes como educação saúde mobilidade segurança e política A Análise do Blog 20 E POUCOS 20 E TANTOS O Blog aborda histórias de jovens a partir da publicação de depoimen tos projetos dicas notícias e outros dados relevantes que funcionam como fonte de informação e motivação para que os leitores da Geração Y planejem a carreira e o futuro Foram analisados os depoimentos forneci dos ao blog por dezoito jovens de vinte a trinta anos A fim de preservar a identidade dos participantes eles foram citados neste trabalho como B fazendo referência à palavra Blog seguidos de uma numeração de acordo com a sequência dos depoimentos Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo Bardin 1977 e classificados em duas categorias principais características de um trabalho ideal o contraste entre o trabalho ideal e o real Segundo Bardin 1977 a análise de conteúdo é composta por um conjunto de téc nicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos siste máticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores Significado do trabalho e geração 123131 127 quantitativos ou não que permitam a inferência de conhecimentos relati vos às condições de produçãorecepção destas mensagens A análise dos depoimentos demonstrou que grande parte dos jovens tem prorrogado a fase adulta especialmente aqueles que foram privilegiados pela situação econômica de suas famílias Essa geração tem buscado o autoco nhecimento e a reflexão sobre o que pensam em fazer na carreira através de algumas experiências como intercâmbios estágios e até mesmo usufruindo de um período sabático após a finalização dos estudos caracterizado pela ausência do trabalho A experiência mais marcante que mudou a percepção que eu tinha sobre o mundo e me conectou com os meus valores e a minha essência foi o inter câmbio que fiz na Ásia B1 27 anos Já visitei 30 países sob os mais diferentes intuitos representando jovens líderes do Brasil como facilitador mestre de cerimônias curioso e interes sado em imersões culturais B2 25 anos As características de um trabalho ideal A inovação é algo presente na realidade da Geração Y os jovens relatam serem movidos pelo exercício da criatividade e da possibilidade de construírem algo novo Eles querem ter a certeza de que estão desenvolvendo habilidades e competências enquanto estão trabalhando e quando não encontram oportu nidades para exercerem os seus talentos a frustração aparece Arnett 2004 as atividades não eram tudo aquilo que eu imaginava Com tanta diferença de comportamento e pensamento tinha muita dificuldade para realizar o trabalho do meu jeito e pouca abertura para dar ideias e suges tões Um dia a minha chefe me falou que o que ela precisava eram mãos para fazer e não cabeças para pensar B7 23 anos Outro fator importante para os jovens é a conexão com pessoas interes santes que possam acrescentar para o aprendizado e para a troca de experi ências Com a influência dos avanços da tecnologia eles desejam aprender continuamente por meio de diferentes meios não dependendo somente das instituições formais como escolas e universidades Costumam utilizar as fontes de informação disponíveis para aprenderem e apoiamse em pessoas e oportunidades que possam fornecer as ferramentas que precisam para fa cilitar o aprendizado Depois das experiências que tive cheguei à conclusão de que precisava estudar e a melhor maneira seria sozinho Eu lia sobre os mais variados assuntos administração marketing espiritualidade estratégia autoco nhecimento e por aí vai Eu também conversava com as pessoas e comecei a procurar um emprego queria aprender com a prática em alguma empre sa B9 23 anos Livia Antonelli Samantha de Toledo Martins Boehs 128 Além disso os jovens demonstram gostar do trabalho em equipe e va lorizam a colaboração e a cocriação contrastando com as afirmações de Rumblesperger e Tonelli 2011 que consideram que a arrogância e o individu alismo são características da Geração Y que se sobressaem no ambiente laboral Aprendi a valorizar e admirar muito mais as pessoas que trabalham em parceria conosco e que se dedicam dia após dia para a educação B11 24 anos Os depoimentos também demonstram que os jovens possuem interes ses diversos dedicamse a diferentes projetos simultaneamente procurando conciliálos Essa característica vem ao encontro dos modelos de carreira por tfólio e protena comentados anteriormente Uma das maiores dificuldades nisto tudo é conciliar os trabalhos tão di ferentes é preciso muita organização paciência e sacrifícios diários mas a satisfação pessoal e o reconhecimento valem todo o esforço B7 23 anos Como uma forma de buscar forças em outras atividades e mudar de ares decidi romper com tudo que fizera até então Trabalhei em eventos como garçonete em um restaurante assistente administrativa em uma empresa de networking monitora em acampamento e consegui até um trabalho no Perú Em paralelo continuava escrevendo Aceitei todas as experiências pois queria conhecer um pouco de cada coisa e me encontrar B10 25 anos O contraste entre o trabalho ideal e o real Para alguns jovens a independência chega cedo e é preciso crescer sem o auxílio dos pais corroborando a afirmação de Oliveira et al 2012 de que não se pode generalizar a Geração Y Entretanto os dados demonstraram que mesmo para aqueles que não possuem o financiamento dos pais a necessida de de trabalhar não se torna um motivo para que abandonem o objetivo de se realizarem profissionalmente Hoje eu moro em um lugar legal e tenho uma situação confortável Mas assumi cedo a minha independência e tive que aprender a adequar o meu estilo de vida em cada momento Se for preciso abrir mão de algumas coi sas não haverá problema B9 23 anos Muitos sacrifícios financeiros tiveram que ser feitos e a vida social aca bou sendo deixada de lado para que fosse possível arcar com os custos ini ciais B11 24 anos Por cerca de dois anos tive muito trabalho Eram 3 ao mesmo tempo Foi um período muito difícil cheguei a dormir 3 horas por noite para conse guir dar conta de tudo B12 28 anos Significado do trabalho e geração 123131 129 A dificuldade da Geração Y em esperar se faz presente em alguns relatos confirmando o que Hassler 2008 afirma sobre a necessidade do reconheci mento instantâneo e da necessidade de valorização dos resultados relacionados ao trabalho Quando não são reconhecidos ou valorizados por seus líderes os jovens encerram um ciclo rapidamente buscando novas oportunidades de em prego ou iniciando projetos próprios Para essa geração mudar de um trabalho para outro em um curto espaço de tempo não é algo prejudicial para a carreira A mudança é tida como uma forma de experimentar oportunidades até encontra rem um trabalho com o qual se identifiquem Robbins Wilner 2001 Não me via dependendo de um emprego com um salário fixo para o res to da vida Para ter mais liberdade maior desenvolvimento profissional e uma renda melhor eu sabia que seria preciso me dedicar para um projeto pessoal em algum momento B13 26 anos Eu sinto que me libertei Aquela vida de trabalhar em empresa não me cabia mais estava doente Foi uma mudança de rumo B16 31 anos Sempre deixamos muitas coisas pelo caminho Mas é importante que isso aconteça pra que a gente valorize o caminho percorrido Parece clichê né Mas eu adoro um desafio Gosto de tudo que me movimenta me provoca me tira do eixo B17 26 anos O jovem da Geração Y por esperar engajarse com temas socialmente relevantes por meio do trabalho quando se vê em um ambiente que não valo riza isso sentese insatisfeito e procura alternativas que possam suprir esse desejo dentro ou fora da organização A dedicação a uma causa foi observada em oito depoimentos do Blog Decidi me perder para me surpreender para descobrir no que eu real mente sou bom em como eu posso contribuir para a minha comunidade e para o mundo serem melhores B3 25 anos Eu quero continuar contribuindo para a construção de um mundo mais justo e para a formação de talentos e futuros líderes que também tenham esta visão B8 30 anos Mudar o mundo é igual retirar uma baleia que está encalhada na areia da praia Você jamais conseguirá sozinho mas se você se unir a outras pesso as pode ter certeza de que vai dar certo B14 25 anos Apesar de estarem cientes de que para alcançarem o trabalho ideal é pre ciso sair da zona de conforto e persistir apareceram nos depoimentos algu mas dificuldades relacionadas à escolha por carreiras não tão convencionais tais como a pressão pelo êxito e pela independência financeira impostas es pecialmente pela sociedade e pelos familiares Livia Antonelli Samantha de Toledo Martins Boehs 130 Enfrentei algumas barreiras principalmente o preconceito por deixar de lado uma trajetória de carreira tradicional Também tive que sair muitas vezes da zona de conforto e superar as dificuldades iniciais do negócio B14 25 anos Enfrentar a visão e o preconceito dos amigos e da sociedade com a minha nova carreira exigiu muita persistência B1 27 anos Convencer a minha família de que era isso o que eu queria fazer não foi nada fácil principalmente por todos os anos dedicados à faculdade preci sei ter muita paciência para superar a pressão e conseguir a compreensão e o apoio deles B15 24 anos Os depoimentos dos jovens no Blog 20 e POUCOS 20 E TANTOS retra tam uma juventude que se sente feliz em um trabalho que possa conseguir realizarse ter segurança autonomia e independência relacionarse com os outros e dar sentido à vida No Blog é possível encontrar relatos sobre a feli cidade e realização dos jovens nas áreas em que atuam Tenho 20 e poucos anos e o privilégio de dizer que trabalho com o que amo B6 24 anos Hoje a minha principal motivação é fazer o que eu amo Encontrei uma forma de fazer o jornalismo da maneira que eu acredito Mesmo tendo que fazer coisas que não gosto a diferença é que agora eu consigo ver significa do no que eu faço B12 28 anos Considerações finais Os resultados da pesquisa demonstram que o jovem dessa geração tem buscado o autoconhecimento a reflexão sobre o que gosta de fazer e sobre os objetivos para o futuro considerando como trabalho ideal aquele que possibilita o desenvolvimento de habilidades e competências o exercício da criatividade a utilização dos talentos a troca de experiências e o trabalho em equipe corroborando com estudos anteriores sobre o tema Arnett 2004 Rumblesperger Tonelli 2011 Vasconcelos et al 2010 Neste estudo notase que a Geração Y deseja contribuir para a constru ção de um mundo melhor por meio do trabalho engajandose com temas relevantes para a sociedade E que acima de tudo o jovem dessa geração possui a necessidade de amar o trabalho que realiza para que ao sentirse parte de um projeto maior consiga se dedicar verdadeiramente ao universo em que está inserido Diante desse contexto ao compreender as motivações os elementos de satisfação e realização no trabalho bem como o que realmente engaja e retém os jovens as organizações gestores e profissionais da área de gestão de pes soas estarão melhor habilitadas para promoverem intervenções e mudanças Significado do trabalho e geração 123131 131 nas práticas de gestão de pessoas e nas relações líderliderado que se por um lado atendem às necessidades de carreira da Geração Y por outro melhoram as relações de trabalho e consequentemente a eficácia organizacional REFERÊNCIAS Arnett J J 2004 Emerging Adulthood The Winding Road from Late Teens trough the Twenties Londres Inglaterra Oxford University Press Bardin L 2011 Análise de conteúdo São Paulo Edições 70 229p Bendassolli P F 2009 Psicologia e Trabalho Apropriações e Significados São Paulo Cengage Learning Blog 20 E POUCOS 20 E TANTOS Disponível em http20epoucos20etantoscom Acesso frequente durante todo o período do estudo Borges L O de AlvezFilho A A 2003 A Estrutura fatorial do Inventário do Significado e Motivação do Trabalho IMST Avaliação Psicológica 22 123143 Recuperado em 10 de julho de 2014 de httppepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpidS1677 04712003000200004lngpttlngpt BOX 1284 All work and all play Recuperado em 17 setembro de 2014 de httpvimeocom44130258 Acesso em 17 set 2013 BOX 1284 Projeto Sonho Brasileiro Recuperado em 09 de agosto de 2014 de httppesquisaosonhobrasileirocombrindexnphp Hackman J R Oldham G R 1975 Development of the job diagnostic survey Journal of Applied Psychology 602 159170 httpdxdoi org101037h0076546 Hassler C 2008 20 something manifesto Quarterlifers speak out about who they are what they want and how to get it Novato California New World Library MOW Meaning of work international research team 1987 The meaning of working London Academic Press Morin E M 2001 Os sentidos do trabalho Revista de Administração de Empresas 143 819 Oliveira S R Piccinini V C Bitencourt B M 2012 Juventudes Gerações e Trabalho É possível falar em 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CONTEXTO BRASILEIRO VALORES RELATIVOS PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 133140 14 Pedro Alves Zanoto1 Marília Cammarosano2 Lucy Leal MeloSilva3 1 Graduando da Psicologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto USP bolsista de iniciação científica PIBICCNPq zanoto92gmailcom 2 Doutoranda em Psicologia pela FFCLRP USP Mestre em Ciências pela EESC USP 2012 Especialista em Terapia Comportamental pelo ITCR Campinas 2011 Graduada em Psicologia pela UFSCar 2008 Tem interesse e experiência nas áreas de atuação Psicologia Organizacional e do Trabalho e Orientação Profissional e de Carreira macammarosanogmailcom 3 Psicóloga livre docente pela USP Ribeirão Preto docente na Graduação e Pósgraduação em Psicologia da FFCLRPUSP Responsável pela área de Orientação Profissional na FFCLRPUSP na qual desenvolve pesquisa ensino e extensão Membro da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais ABOP e da International Association Educational Vocacional Guidance IAEVG lucilealffclrpuspbr Muitas variáveis têm sido investigadas a fim de se compreender a constru ção de carreira de diferentes categorias profissionais Os valores relativos ao trabalho são parte da vasta gama de conceitos disponíveis na literatura referente ao tema cuja pesquisa tem se conduzido há décadas com o in tuito de compreender quais aspectos da atividade laboral são importantes para as pessoas e as levam a trabalhar Porto e Tamayo 2008 podendo resultar em ferramentas para o trabalho de orientadores profissionais ges tores visando à promoção do bemestar laboral dos indivíduos e melhoria do desempenho Os trabalhos primordiais que fundamentam as pesquisas sobre valores relativos ao trabalho são aqueles que propõem em primeiro lugar uma te oria de valores básicos humanos Schwartz 2006 aponta que o consenso sobre o conceito de valores humanos foi gradualmente estabelecido com as pesquisas realizadas a partir da década de 1950 sendo possível aglutinar os principais dados sobre o tema destacando cinco aspectos básicos da com preensão do conceito de valores humanos a são crenças porém mais que Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Pedro Alves Zanoto Marília Cammarosano Lucy Leal MeloSilva 134 apenas representações cognitivas frias estão ligadas ao âmbito afetivo da experiência humana b são atrelados a aspectos motivacionais servem como referência e orientação para a ação humana como metas a serem perseguidas c são generalizados e transcendem situações específicas são metas abstratas aplicáveis a múltiplas situações d servem como padrões ou critérios para selecionar ações e políticas e orientar julgamentos reali zados pelo sujeito e e são hierarquizáveis em entre si criando sistemas ordenados de valores pessoais específicos partindo daqueles de maior im portância dotados de primazia em tomadas de decisão e julgamentos para aqueles de menor importância Realizando pesquisas pautadas nessas concepções Schwartz 1992 1999 2005 desenvolveu e propôs um modelo composto por 10 tipos de valores apontados como universais e aplicáveis de forma intercultural Os dez tipos motivacionais propostos por Schwartz são Hedonismo busca por prazer autogratificação Realização busca por sucesso pessoal que seja reconhecido socialmente Poder busca por controle sobre pessoas e recursos Autodeterminação busca por possibilidade de ditar suas pró prias ações e ideias Conformidade atenção às regras sociais e padrões já estabelecidos de comportamento e pensamento Benevolência busca fazer bem para aqueles que o cercam direta ou indiretamente Segurança busca manter harmônicas e estáveis as relações e instituições nos níveis social interpessoal e pessoal Tradição manutenção de estruturas costumes e ideias socialmente estabelecidos Estimulação busca de novas situações ideias e atividades e Universalismo busca pelo bemestar e proteção dos outros próximos ou não assim como do meio ambiente Schwartz 2006 Em sua publicação de 2005 Schwartz expande o modelo apresentado dispondo cada um destes 10 tipos em um plano formando um continuum circular disposto em 2 eixos representado pela Figura 1 Nessa figura circu lar os tipos estão organizados por similaridades e diferenças motivacionais sendo os tipos adjacentes aqueles que apresentam compatibilidade entre si Consequentemente quão mais distantes dois tipos se encontram um do outro mais antagônicos eles são configurando tipos opostos pelo centro do círculo como contrários Os eixos no qual este círculo se situa apresentam em cada direção uma categoria que engloba os valores ali situados Tais pa res antagônicos de conjuntos motivacionais são determinados por Schwartz como Abertura à mudança versus Conservação e Autotranscedência versus Autopromoção Atualmente esta teoria já foi investigada em mais de 60 países inclusive o Brasil Kamia Porto 2011 Observase então o desenvolvimento de estudos voltados para a verifi cação da aplicabilidade do modelo de Schwartz ao contexto laboral apoiados também na concepção proposta por Sagie e Elizur 1999 de que as estrutu ras de valores gerais e de valores relativos ao trabalho de um mesmo indi víduo estão relacionadas Também baseados na teoria de Schwartz 1992 Ros Schwartz e Surkiss 1999 propuseram quatro conjuntos de valores do trabalho paralelos aos quatro conjuntos motivacionais pessoais humanos de ordem maior a os valores do trabalho intrínsecos que se relacionam com Valores relativos ao trabalho 133140 135 FIGURA 1 Estrutura motivacional dos valores humanos e fatores de ordem maior de Schwartz 2005 conforme Tamayo e Porto 2009 os valores de ordem maior de abertura a mudança e se referem a metas ob tidas pelos conteúdos e práticas referentes ao trabalho em si b os valores do trabalho extrínsecos que se relacionam com os valores pessoais humanos da ordem maior de conservação e se referem a metas obtidas pelos resultados do trabalho c os valores do trabalho sociais que são paralelos aos valores pessoais humanos de autotranscedência e tratam da busca de metas relacio nais no ambiente de trabalho e d os valores de prestígio que são paralelos aos valores de autopromoção e se referem à busca de poder e reconhecimento social por meio do trabalho No Brasil foram desenvolvidos pesquisas e instrumentos baseados nestas teorias de valores pessoais humanos e valores relativos ao trabalho Porto e Tamayo 2003 validaram sua Escala de Valores Relativos ao Trabalho EVT ancorada no modelo apresentado anteriormente Os resultados apontaram validade para a escala com quatro fatores paralelos aos propos tos na teoria denominados Realização Profissional Abertura à mudança Estabilidade Conservação Relações Sociais Autotranscedência e Prestígio Autopromoção Porto e Tamayo desenvolveram outras pesquisas utilizan dose da EVT 2006 2007 estudando em uma delas a influência dos valores de pais e colegas de curso sobre valores relativos ao trabalho de estudantes e em outra a relação entre valores relativos ao trabalho e os valores humanos básicos dos estudantes utilizandose da EVT e da Escala de Valores Humanos de Schwartz 1992 como instrumentos da pesquisa Os resultados apoiaram as relações positivas previstas entre as quatro estruturas de ordem maior de Schwartz e as quatro dimensões da EVT em conformidade com o apontado acima com altos valores de covariância Analogamente foram encontradas covariâncias negativas entre Relações Sociais e Autopromoção assim como entre Prestígio e Autotranscedência Entretanto as relações de conflito foram apenas parcialmente confirmadas já que não foram encontradas covariâncias significativas entre Realização Pedro Alves Zanoto Marília Cammarosano Lucy Leal MeloSilva 136 Profissional e Conservação e entre Estabilidade e Abertura a Mudança con forme o previsto pelo modelo teórico Schwartz 1992 Em 2010 Porto e Pilati realizaram dois estudos com o interesse de revi sar a EVT No primeiro estudo detectaram haver representação limitada de certos tipos motivacionais adequação questionável à teoria e ao conteúdo dos valores descritos na escala não necessariamente condizentes com aque les propostos na teoria No segundo estudo analisaram a EVT e a revisaram balanceando os itens relativos às necessidades expressas pelos eixos motiva cionais propostos por Schwartz Para suprir as falhas destacadas acima revisaram os itens toman do a EVT como ponto de partida para a construção de uma nova escala A partir de provas de juízes especialistas na teoria desenvolveram novos itens que foram adicionados à escala para representar melhor os aspectos subrepresentados na EVT Batizaram então o novo instrumento desen volvido como Escala de Valores Relativos ao Trabalho Revisada EVTR Este instrumento foi então aplicado a uma amostra de tamanho signifi cativo para sua validação e os resultados mostraram que houve um efeito positivo da adição dos novos itens à escala aproximandoa da teoria de valores de Schwartz Pesquisas têm investigado os valores relativos ao trabalho de diferentes categorias profissionais a fim de obter informações férteis para elaborar es tratégias organizacionais para adequação indivíduocargo indivíduotarefa e indivíduoorganização e fornecer base teórica para processos de orientação profissional Focalizando categorias profissionais específicas Hagström e Kjellberg 2007 investigaram os valores relativos ao trabalho entre profissio nais de Engenharia e Enfermagem e observaram uma maior valorização de aspectos relativos ao altruísmo pelos profissionais de Enfermagem em com paração aos profissionais de Engenharia Além disso detectaram também que as profissionais do sexo feminino para ambas as ocupações tenderam destacar a importância de valores relativos a relações sociais e ao altruísmo quando comparadas à amostra do sexo masculino Nesta mesma linha de estudos acerca das prioridades axiológicas de classes específicas de trabalhadores Cammarosano Santos e Rojas 2014 investigaram utilizandose da EVTR valores relativos ao trabalho em uma amostra de investigadores inseridos num contexto de pesquisa e desenvolvi mento Os resultados indicaram que as prioridades axiológicas que caracte rizam tais profissionais são de uma maior valorização de fatores relativos às categorias de segunda ordem de Relações Pessoais e Realização Profissional com as categorias Segurança e Prestígio seguidas na hierarquia No contexto de pesquisas sobre valores no trabalho em docentes univer sitários Câmara e PereiraGuizzo 2015 por meio da EVT investigaram o alinhamento entre valores organizacionais e os valores do trabalho de pro fessores universitários em uma amostra com 68 docentes sendo 82 destes graduados em Ciências Exatas e Tecnológicas Seus resultados indicaram uma estrutura motivacional que prioriza abertura à mudança em primei ro lugar seguida por estabilidade relações sociais e finalmente prestígio Valores relativos ao trabalho 133140 137 Esses achados contribuem para a compreensão da identidade profissional desta população específica Ciências Exatas e Tecnológicas No que se refere ao psicólogo foco deste estudo a literatura disponível mostrou lacuna no que se refere a valores relativos ao trabalho e até mesmo valores básicos humanos Em um estudo de revisão da literatura Mazer e MeloSilva 2010 destacam que a carreira do psicólogo é baseada na com preensão de certas disposições e interesses próprios do indivíduo como o contato com o outro na prática profissional ou a relação de escuta diálogo e cuidado Com base na revisão as autoras apontam ainda que a identidade profissional do psicólogo passa por um processo de mudança paradigmática de uma práxis individual clínica e reprodutiva de modelos para uma atuação crítica política e localizada pautada no ambiente social bem estar coletivo e interesses públicos A síntese da revisão mostra uma categoria profissional em transformação constante sempre na busca de processos relacionais na sua prática e construção identitária Este estudo se insere em um projeto maior que inclui valores no trabalho em diferentes profissões Particularmente este estudo objetiva identificar os valores relativos ao trabalho de uma amostra de psicólogos brasileiros a fim de se levantar seu perfil motivacional Método Participantes Foram convidados a participar da pesquisa psicólogos de ambos os sexos alocados em diferentes regiões do país A amostra N126 teve média de idade de 37 anos sendo composta 75 por mulheres 35 de pessoas da região sudeste Instrumentos Foram utilizados o Questionário sociodemográfico foram coletados para caracterização da amostra dados a respeito dos participantes compre endendo sexo gênero idade estado civil escolaridade cursos superiores concluídos região do país em que se situa natureza da IES em que trabalha pública vs privada E a Escala Revisada de Valores Relativos ao Trabalho EVTR de Porto e Pilati 2010 Esse instrumento consiste em 34 valores do trabalho divididos em 6 fatores principais correspondentes à tipologia da teoria de Schwartz 1992 sendo eles Autodeterminação e Estimulação α084 b Segurança α079 c Realização α081 d Universalismo e Benevolência α077 e Poder α072 e f Conformidade α068 A escala é respondida através da avaliação de cada um dos valores propostos aos respondentes por meio de escala Likert de 5 pontos sendo 1 Nada importante a 5 Extremamente importante Coleta de dados A coleta de dados foi realizada por meio de formulário online plataforma Google Docs O hiperlink do formulário e a cartaconvite de participação na Pedro Alves Zanoto Marília Cammarosano Lucy Leal MeloSilva 138 pesquisa foram compartilhados via redes sociais correio eletrônico pessoal do aluno e correio eletrônico institucional da orientadora endereçandoo a contatos pessoais inseridos nessa área e ao correio eletrônico de diretores de instituições de ensino superior de todo o país Aos convidados que aceitaram participar do estudo foi apresentado os seus objetivos e procedimento de co leta de dados que consistiu em responder a EVTR de Porto e Pilati 2010 Antes do início de cada coleta foi apresentado na plataforma o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Apenas mediante a afirmativa do parti cipante de concordância e compreensão do termo foi liberada a resposta aos questionários Considerações éticas O projeto no qual este se insere foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FFCLRPUSP CAAE 30826814100005407 Para o seu de senvolvimento foram respeitados os critérios éticos da Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde e solicitado que os participantes assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Análise dos dados Os dados quantitativos foram analisados estatisticamente por meio de programa computacional SPSS Statistical Package for Social Sciences ver são 170 e Microsoft Excel Foi feita uma análise estatística descritiva a fim de caracterização sóciodemográfica da amostra bem como a exatidão da en trada dos dados presença de casos extremos distribuição de casos omissos distribuição e frequência de respostas Em seguida foi realizada análise es tatística para compreensão das prioridades axiológicas da amostra estudada Para analisar a estrutura motivacional foi calculada a média das respostas à escala likert para cada item e a seguir calculada a média para as categorias de segunda ordem de acordo com os itens que a compunham Resultados e Discussão Os resultados apresentaram a seguinte sequência de fatores do mais im portante ao menos importante a Relações Sociais média 434 que se refere à motivação altruística ou busca de relações sociais positivas no traba lho e de contribuição positiva para a sociedade através do trabalho realizado b Estabilidade média380 que se refere à busca de segurança e ordem na vida pessoal e profissional através do trabalho e a preservação do status quo possibilitando suprir materialmente as necessidades pessoais c Abertura à Mudança média356 que se refere à busca de realização pessoal e profissio nal e de independência de pensamento e ação no trabalho através da autono mia intelectual e da criatividade e finalmente d Prestígio média344 que se refere à busca de autoridade sucesso profissional e poder de influên cia no ambiente de trabalho O fator das Relações Sociais concentrou 85 das respostas entre as ca tegorias muito importante e extremamente importante com menos Valores relativos ao trabalho 133140 139 de 1 de respostas nas categorias nada importante e pouco impor tante Esse nível de priorização só foi observado neste fator destacando sua importância Os outros fatores Estabilidade Abertura à mudança e Prestígio apresentaram níveis similares de aceitação 65 57 e 53 respectivamente e também níveis consideravelmente próximos de rejei ção 12 19 e 23 Os resultados foram consistentes com a teoria utilizada Por exemplo a relação de incompatibilidade entre tipos motivacionais contrários pre vista por Schwartz foi estabelecida com a priorização total dos valores de Relações Sociais e ampla denegação dos valores de Prestígio com as posições intermediárias estabelecendo uma posição mais equilibrada Dessa forma foi possível levantar um perfil motivacional de psicólogos brasileiros com base no modelo de Schwartz sobre valores no trabalho contribuição para intervenções em orientação e planejamento de carreiras destinadas a esses profissionais A literatura aponta para uma valorização de aspectos sociais pelos psi cólogos em sua escolha de carreira formação e prática Mazer e MeloSilva 2010 o que foi claramente confirmado no presente estudo Atuando em múltiplos contextos os psicólogos dispõem de diferentes maneiras de atuar frente a esses interesses desde o nível de atendimento individual até a atu ação em planejamento em serviços públicos nas áreas de saúde educação trabalho e social É importante destacar que uma parte considerável da amostra 44 en contrase em algum estágio da carreira acadêmica englobando docentes e pesquisadores de mestrado e doutorado talvez explicando a aproximação da estrutura encontrada nesse estudo com a estabelecida por Câmara e Guizzo 2015 em sua pesquisa com professores universitários havendo apenas uma inversão entre a valorização da abertura à mudança e das relações sociais Além disso a grande valorização da estabilidade pode ter sido influenciada pela grande presença desta categoria cujo objetivo final em geral é um dos cargos de maior estabilidade possível professor no ensino superior público Como a literatura apresenta lacuna de estudos sobre valores relativos ao trabalho e até mesmo valores básicos humanos em psicólogos este estudo objetivou contribuir com o conhecimento nessa direção e para a descrição de perfis de valores complementarmente a outras profissões Novas pesquisas são necessárias para ampliar a produção do conhecimento sobre valores em diferentes cenários e contextos REFERÊNCIAS Câmara J R S PereiraGuizzo C de S 2015 Workrelated values and organizational values from the perspective of university professors A correlational study Estudos de Psicologia Campinas 322 259268 Epub April 00 2015 Retrieved July 23 2015 from httpwwwscielo brscielophpscriptsciarttextpidS0103166X2015000200259lngentlngen 1015900103166X2015000200010 Cammarosano M Santos F C A Rojas F A R 2014 Valores relativos ao trabalho de pesquisadores em uma organização brasileira Revista de administração de empresas 544 445457 Doi 101590S0034759020140409 Elizur D Sagie A1999 Facets of personal values A structural analysis of life and work values Applied Psychology An International Review 4817387 Hagström T Kjellberg A 2007 Stability and change in work values among male and female nurses and engineers Scandinavian Journal of Psychology 48 143151 doi 101111j14679450200700576x Pedro Alves Zanoto Marília Cammarosano Lucy Leal MeloSilva 140 Kamia M Porto J B 2011 Comportamento proativo nas organizações o efeito os valores pessoais Psicologia ciência e profissão 313 456467 Mazer S M MeloSilva L L 2010 Identidade profissional do Psicólogo uma revisão da produção científica no Brasil Psicologia Ciência e Profissão 302 276295 Retrieved August 14 2015 from httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS1414 98932010000200005lngentlngpt 101590S141498932010000200005 Porto J B Pilati R 2010 Escala revisada de Valores relativos ao Trabalho EVTR Psicologia Reflexão e Crítica 231 7382 Retrieved August 17 2015 from httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS010279722010000100010lngentlngpt 101590 S010279722010000100010 Porto J Tamayo A 2003 Desenvolvimento e validação da escala de valores do trabalho EVT Psicologia Teoria e Pesquisa 192 145152 Porto J B Tamayo A 2006 A influência dos valores laborais dos pais sobre os valores laborais dos filhos Psicologia reflexão e crítica 191 151158 Porto J B Tamayo A 2007 Estrutura dos valores pessoais a relação entre valores gerais e laborais Psicologia teoria e pesquisa 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Organizações e do Trabalho UFSC Atual como psicóloga clínica e é professora do programa de PósGraduação do ICEP em Psicologia Organizacional e Coaching raquelfavrettoyahoocombr 3 Psicóloga e Mestranda em Psicologia no Programa de PósGraduação em Psicologia da UFSC Área Psicologia das Organizações e do Trabalho Linha Formação profissional desenvolvimento de carreira e inserção no trabalho Integrante do LIOP Laboratório de Informação e Orientação Profissional karladeoliveiracgmailcom 4 Psicóloga MBA em Gestão de Pessoas FACEL e Mestranda em Psicologia UFSC Integrante do Laboratório de Informação e Orientação Profissional Foi tutora na UNOPAR CEMAPRS Orientadora educacional no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENACRS Atuou como Psicóloga Social no Centro de Referência em Assistência Social em São Valentim RS psicopalomagmailcom 5 Ana Carolina de Albuquerque Ribeiro é graduanda em Psicologia e ex bolsista voluntária de iniciação científica na Universidade Federal de Santa Catarina anacaribeirogmailcom Edite Krawulski1 Raquel Favretto2 Karla de Oliveira Cruz3 Paloma Fraga Medina4 Ana Carolina de Albuquerque Ribeiro5 As implicações do trabalho na constituição identitária dos sujeitos têm sido reiteradamente discutidas nas últimas décadas As trajetórias profissionais em seus processos de repetição e ruptura são profundamente marcadas pelas relações de trabalho vivenciadas e assim compreendidas as experiências dos trabalhadores são tidas como importantes na construção da sua subjetividade O trabalho ocupa amplos espaços na constituição da existência humana inserindose dentre as atividades mais importantes que os indivíduos reali zam constituindose como fonte relevante de significados na construção da vida humana associada Silva Tolfo 2012 Ao longo da vida laboral com suas distintas etapas por meio do exercício de suas atividades profissionais eles podem criar e reconhecerse enquanto indivíduos e seres sociais Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Edite Krawulski Raquel Favretto Karla de Oliveira Cruz Paloma Fraga Medina Ana Carolina de Albuquerque Ribeiro 142 Considerando a premissa da centralidade do trabalho no processo de viver a aposentadoria se caracteriza como um processo que produz múltiplos impactos nessa trajetória profissional A literatura tem des tacado duas dimensões diferentes da aposentadoria as quais produzem desdobramentos também singulares para o sujeito Uma delas de natu reza objetiva ocorre burocrática e formalmente a partir do rompimento com um exercício profissional ou contrato de trabalho e do recebimento de benefício previdenciário Roesler 2012 Já a segunda dimensão tem caráter subjetivo e consiste no processo de se desvincular da atividade profissional e de aspectos que se estendem para além desta de um gru po social de uma carreira e principalmente de uma identidade construída ao longo das vivências de trabalho Roesler 2012 França 2008 Zanelli Silva Soares 2010 A passagem de trabalhador a aposentado é portanto complexa e per meada por diversas questões dentre as quais a incerteza do que está por vir pois o ciclo que termina é conhecido enquanto aquele que se inicia pode ser apenas imaginado Roesler 2012 Desse modo a aposentadoria traz consigo a necessidade de redefinição de projetos de vida ainda que a autoimagem do trabalhador que se aposenta esteja permeada por sua iden tidade profissional Estudiosos têm apontado que se trata de um processo cujas implicações podem abranger dificuldades e aspectos financeiros e também psicológicos decorrentes do trabalho que deixou de ser desempe nhado Hermida Stefani 2011 O afastamento do trabalho provocado pela aposentadoria talvez seja a perda mais importante da vida social das pessoas pois pode acarretar em outras perdas futuras que tendem a afe tar sua estrutura psicológica e cujas consequências negativas mais ime diatas se relacionam à diminuição da renda familiar à ansiedade frente ao vazio deixado pelo trabalho e ao aumento na frequência de consultas médicas França 1999 A literatura a respeito da aposentadoria é vasta e aumenta à medida que o tema ganha maior relevância social e acadêmica Embora essa temáti ca venha sendo objeto de investigação e de produção científica por parte de muitos estudiosos Santos 1990 França 2008 Costa Soares 2008 Zhan Wang Liu Shultz 2009 Zaneli Silva Soares 2010 Menezes França 2012 Roesler 2012 França Menezes Bendassoli Macedo 2013 poucas pesquisas contemplam satisfatoriamente os casos de trabalhadores cuja apo sentadoria não implica no desligamento total das atividades profissionais que já eram exercidas durante a trajetória laboral Em determinadas profissões eou fazeres o vínculo estabelecido com o trabalho possui características e natureza peculiares produzindo um processo de desvinculação também idiossincrásico É o que ocorre por via de regra com os docentes sobretudo aqueles vinculados a instituições de ensino superior públicas os quais nem sempre se desengajam das suas ati vidades ao se aposentarem por escolha ou por circunstâncias legais que as sim o exigem como o caso da aposentadoria compulsória por idade Silva 2010 Krawulski Ribeiro 2013 Docentes aposentados e exercício do trabalho voluntário 141149 143 A aposentadoria de docentes do magistério superior possui contornos específicos a essa profissão Deps 1994 As peculiaridades das atividades desenvolvidas por esses profissionais o status construído durante a carreira docente a vinculação a agências de fomento bem como a necessidade de manter o reconhecimento pelo trabalho na instituição onde atuam são al gumas das razões para que mesmo com o advento da aposentadoria haja continuidade no exercício do seu trabalho Assim muitos deles permanecem trabalhando em suas instituições após se aposentarem ainda que as tarefas desempenhadas o tempo despendido e os compromissos e responsabilida des assumidos se modifiquem A disposição para a continuidade das atividades docentes é formali zada por meio do trabalho voluntário O voluntariado é uma prática co mum e em crescente expansão particularmente entre os aposentados servindo de certa forma como mecanismo para manteremse social mente ativos e afastaremse do preconceito relacionado à aposentadoria Souza Lautert 2008 Conforme apontam pesquisas o voluntariado se diferencia do trabalho formal por não possuir remuneração obriga toriedade ou rigidez de horário prevalecendo a liberdade e o desejo por realizálo Trabalhadores voluntários aposentados comumente não se per cebem como tais em razão do prazer advindo da atividade desenvolvida Figueiredo 2005 O trabalho docente voluntário de aposentados vem sendo estudado em suas perspectivas características e peculiaridades em seu potencial para a continuidade tanto da formação quanto da contribuição intelectual às insti tuições onde se inserem e ainda como nova modalidade de trabalho precari zado de que lançam mão as instituições de ensino superior Amoroso 2008 Guimarães Soares Casagrande 2012 Acreditase que uma das razões que levam docentes aposentados a permanecerem por mais tempo trabalhando nas instituições por meio de termo de adesão se relaciona à centralidade que alcançaram na instituição ao longo de sua vida laboral independente mente da hierarquia do cargo que ocupavam ou do conjunto de tarefas que lhes cabia Krawulski Ribeiro 2013 Na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC campo da pesqui sa aqui relatada o trabalho voluntário docente é formalizado por meio do Programa de Serviço Voluntário da instituição criado por meio de Resolução própria a qual define como trabalho voluntário o exercício não remunerado de atividades de ensino pesquisa e extensão prestadas por pessoas físicas inclusive servidores aposentados da Universidade e de outras instituições de ensino superior Assegurada por essa legislação interna pautada pela Lei maiora a possibilidade de atuação docente em caráter voluntário é buscada por muitos dos docentes da instituição ao se aposentarem como forma de se manterem em atividade a Lei n 9608 de 180298 que institui o trabalho voluntário no Brasil O Art 1º dessa Lei define como trabalho voluntário a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos culturais educacionais científicos recreativos ou de assistência social inclusive mutualidade BRASIL 2011 Edite Krawulski Raquel Favretto Karla de Oliveira Cruz Paloma Fraga Medina Ana Carolina de Albuquerque Ribeiro 144 Considerando essas questões a pesquisa realizada objetivou identificar os motivos da adesão de docentes aposentados ao trabalho voluntário na UFSC e estabelecer relações entre a permanência em atividade docente por esse meio e possíveis estratégias de continuidade do ciclo de vida laboral Método O estudo teve caráter qualitativo e foi desenvolvido em duas etapas Na primeira foi realizada análise documental junto a processosb de 64 docentes aposentados que apresentaram plano de trabalho na modalidade voluntária à instituição no período de 2008 a 2012 e que se encontravam atuando em seus diferentes departamentos de ensino Os dados coletados nessa etapa acessados após solicitada e obtida a devida autorização do gestor responsá vel foram tratados recorrendose a planilhas Excel e a tabelas de distribui ção de frequência Seu objetivo consistiu em identificar o estado da arte do trabalho docente voluntário na instituição além de caracterizálo em linhas gerais Krawulski Ribeiro 2013 A segunda etapa da investigação focalizada no presente texto foi de senvolvida após sua aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC Foram realizadas entrevistas a partir de roteiro se miestruturado com cinco desses docentes selecionados intencionalmente observados os critérios de vinculação a diferentes unidades acadêmicas da instituição e de tempo superior a um ano exercendo formalmente trabalho voluntário ou seja mediante assinatura do termo de adesão a essa modali dade de atuação Os dados levantados nessa etapa foram tratados por meio da análise de conteúdo das transcrições das entrevistas Bardin 1979 O processo de aná lise desses dados possibilitou a identificação de categorias e temas emergen tes por meio dos quais foram conhecidos os motivos pelos quais os docentes aposentados permanecem exercendo suas atividades em caráter voluntário Também foi possível relacionar essa permanência em atividade docente por meio do voluntariado com estratégias de continuidade dana carreira docen te e do ciclo de vida laboral Resultados e Discussão O mapeamento do estado da arte do trabalho voluntário docente rea lizado na primeira etapa da pesquisa mostrou que essa modalidade de tra balho se concentra especialmente em alguns centrosdepartamentosáreas da instituição tem duração média de dois anos despende carga horária de até 20 horas semanais e contempla atividades diversificadas porém desen volvidas predominantemente nos programas de pósgraduação Krawulski a Processo é um conjunto individual e formal de documentos devidamente numerado correspondente a cada uma das solicitações de adesão ao trabalho voluntário e que contém todas as informações inerentes ao vínculo estabelecido desde o período da adesão até as atividades propostas para serem desempenhadas Após tramitar por todos os setores competentes da instituição esses processos ficam arquivados no setor de gestão de pessoas Docentes aposentados e exercício do trabalho voluntário 141149 145 Ribeiro 2013 Embora tenham sido encontrados registros de docentes aposentados exercendo trabalho voluntário nas 11 unidades universitárias da instituição sua distribuição não era uniforme 46 dos 64 docentes cujos processos foram analisados atuavam em quatro dessas unidades evidencian do maior concentração em áreas onde o trabalho docente geralmente se dá em regime de dedicação exclusiva Presumiuse que em função dessa característica o processo de desliga mento do trabalho após a aposentadoria talvez tenha sido vivenciado com maiores dificuldades além de envolver o desejo eou necessidade de conti nuidade de projetos que se encontravam em desenvolvimento muitos dos quais inclusive contando com financiamentos por parte de agências de fo mento Outros aspectos que podem ser considerados são as microculturas organizacionais que em algumas áreas incentivam e esperam essa continui dade além da existência de programas de ensino em pósgraduação que pre cisam do trabalho qualificado de tais docentes para manterem sua qualidade e produtividade Quanto à duração média de dois anos encontrada para essa modalidade de trabalho tratase de um prazo derivado da legislação institucional que estipula um período inicial máximo de dois anos com possibilidade de reno vação posterior uma vez que essa renovação acontece duas vezes ou mais em muitos casos resultando em uma permanência por tempo bem maior que dois anos no exercício do trabalho voluntário Krawulski Ribeiro 2013 Ainda que essa continuidade seja percebida há no entanto uma redução significativa na carga de trabalho limitandose a aproximadamente 20 ho ras semanais dado que corrobora os resultados de estudo desenvolvido por Menezes e França 2012 apontando a influência de uma maior flexibilidade e controle sobre o trabalho na escolha pela permanência na organização após a aposentadoria Foi identificada uma ampla variedade de atividades desenvolvidas a títu lo de voluntariado por parte dos docentes incluindo desde a ministração de disciplinas obrigatórias ou optativas a organização de eventos e até mesmo a participação em reuniões administrativas No entanto o trabalho exclusi vo no âmbito da pósgraduação mostrouse majoritário sendo identificado em 30 casos dentre os 64 analisados enquanto aproximadamente um terço deles propôsse a atuar em ambos os níveis de ensino Na pósgraduação destacaramse como atividades exercidas a orientação de mestrandos eou doutorandos a ministração eou colaboração em disciplinas a participação eou condução de projetos de pesquisa a participação em bancas examinado ras e a organização de eventos científicos Em termos de perfil sociodemográfico dos cinco docentes entrevistados na segunda etapa da pesquisa todos são casados quatro são do gênero mas culino e uma é mulher três têm filhos e os outros dois têm enteados três possuem netos e suas idades variam entre 57 e 73 anos com média aproxi mada de 66 anos Quatro deles são pósdoutores atuam em programas de pósgraduação e têm ou tiveram até há pouco bolsas de produtividade de agências de fomento e um é mestre e atua somente no nível de graduação Edite Krawulski Raquel Favretto Karla de Oliveira Cruz Paloma Fraga Medina Ana Carolina de Albuquerque Ribeiro 146 Todos estão aposentados há pelo menos dois anos e um deles há 12 anos Dois se aposentaram em decorrência de terem atingido a idade da aposenta doria compulsória que ocorre aos 70 anos no serviço público Para ambos essa obrigatoriedade legal de efetuarem o desligamento do trabalho não foi bem recebida embora aleguem que tenham se preparado para o momento A resistência decorreu de considerarem que ainda se encontravam em plena condição tanto de saúde quanto de desempenho profissional sendo portan to um crime acadêmico terem de se afastar e deixar de utilizar sua vasta experiência na atuação docente As categorias emergentes a partir dos dados e que favoreceram a compre ensão do trabalho voluntário realizado pelos docentes aposentados foram a escolha pela carreira docente a decisão pela aposentadoria a decisão pela con tinuidade do trabalho na condição de voluntário a rotina como aposentado e a perda do espaço e desvalorização institucional A escolha pela carreira docente constituiuse como o marco inicial na trajetória dos entrevistados Os motivos que levaram a essa escolha foram diversos mas efetivamente desencadearam um processo de construção da trajetória profissional na docência Dentre esses motivos que levaram à escolha pela carreira docente foi referida a identificação familiar conforme declarou um dos sujeitos Sou de família de professores fui criado nesse ambiente dentro de escola minha mãe dizia assim não seja professor que professor ganha mal E aí eu fui para a universidade porque na universidade não se ganha tão pouco entende então eu cumpri o mandato dela eu fui ser professor que ganha mais não que ganha menos Outro sujeito reportou ainda ter escolhido ser professor ao experimentar ati vidades de monitoria quando ainda era estudante e constatar que se saía bem na atividade de ensinar Quanto à decisão pela aposentadoria conforme já referido dois dos en trevistados não a tomaram e sim foram compelidos por força de dispositivo legal por terem atingido a idade limite prevista no serviço público brasileiro Chamou a atenção que nenhum dos docentes referiu ter decidido aposen tarse simplesmente por ter completado o tempo Nos outros três casos a decisão pela aposentadoria também foi tomada considerando aspectos le gais relacionados ao temor de perda de direitos trabalhistas adquiridos caso permanecessem na ativa e ocorressem mudanças na legislação Percebeuse assim que ao enveredarem pelo trabalho voluntário como estratégia de continuidade do exercício profissional ocorreu na verdade uma decisão pela não aposentadoria ou seja os participantes ao optarem pelo trabalho voluntário permaneceram trabalhando e seguindo sua trajetó ria profissional como sujeitos ativos movimentandose no mundo por meio de seu trabalho Um deles ao dissertar a esse respeito relatou que desde o momento em que efetivou sua aposentadoria já havia escolhido a não rup tura da carreira docente Não eu sabia que ia me aposentar e eu sabia que tinha essa resolução referente ao trabalho voluntário na instituição A decisão pela continuidade do trabalho na condição de voluntário con forme os depoimentos explicitaram está diretamente ligada à satisfação gerada ao longo da trajetória profissional que se iniciou na escolha pela Docentes aposentados e exercício do trabalho voluntário 141149 147 docência e perpassou até o momento da aposentadoria O docente aposen tado e que atua como voluntário há 12 anos assim se manifestou Essa coisa é muito pessoal se você se sente feliz numa área você vai continuar com ela mas se você sente magoado desculpem minhas colegas que aposentaram mais jovem do que eu mas nem queiram entrar na instituição É uma satisfação pessoal Então voluntário como eu falei é uma satisfação pessoal sinceramente Essa alusão à satisfação pessoal representa que a constituição enquanto sujeito sendo professor teve um valor positivo e dessa forma a constituição da identidade como docente foi significativa no momento da decisão em con tinuar em exercício na universidade Assim quando se trata da construção da identidade profissional de todo capital adquirido em anos de trabalho não há como negar que decidir por encerrar uma vida de trabalho institucional pode acarretar na perda dessa identidade No que tange à docência a iden tidade de professor e principalmente professor da UFSC é significativa e difícil de ser deixada como expressou a docente entrevistada professora vo luntária pois é e agora quando eu terminar o tempo como voluntária o que vou colocar Ex professora da UFSC porque é uma identidade difícil de tirar e a UFSC tem um nome forte para perder de graça Eu acho que é isso o trabalho voluntário é uma continuidade E dá um certo medinho será que eu não vou querer voltar Então vou deixar uma linhazinha presa pra não romper com tudo A rotina de aposentado foi descrita de modo geral como um tempo da vida que possibilita realizar outras atividades antes preteridas pelo tempo excessivo dedicado ao trabalho Viagens maior contato e convívio com a fa mília com destaque para esposas e netos leituras e outras atividades de natureza cultural além de atividades de manutenção do espaço doméstico foram referidas como integrantes dessa rotina Todos ressaltaram que o tem po dedicado à universidade em caráter voluntário não se sobrepõe a esse rol de ocupações o qual é priorizado Essa rotina também se caracteriza por realizar aquilo que se quer com tem po faço tudo devagar Eu me dou o tempo de fazer as coisas mais devagar pelo fato de não ter tanto compromisso mas por outro lado eu ainda continuo com a angústia hiper moderna do sentimento de não estar fazendo tudo que eu poderia de não tar dando conta de tudo que eu gostaria eu faço minha academia três vezes por semana de manhã eu volto passo no super cuido um pouco mais da casa Alguns depoimentos evidenciaram que a diversidade de ocupações buscadas no novo momento da vida parece ser antídoto para evitar o vazio e o tempo livre tão desejado durante a trajetória de trabalho com sua típica sobrecarga Todos os entrevistados fizeram referências à perda do espaço e a um sentimento de desvalorização por parte da instituição para a qual ainda tra balham O espaço físico que ocupavam quando na ativa passa a ser domínio de outros docentes recém ingressantes na instituição e se veem destituídos de um lugar para continuarem a exercer seu ofício Em suas falas a esse res peito fica evidente a sensação de desrespeito por parte da instituição visto que imediatamente ao encerrarem sua atuação como efetivos e assumirem atividades como voluntários aposentados muitos perdem a sala que ocupa vam até então Edite Krawulski Raquel Favretto Karla de Oliveira Cruz Paloma Fraga Medina Ana Carolina de Albuquerque Ribeiro 148 Essa queixa foi assim explicitada O único desgosto que eu tive foi que a portaria disse que eu tinha direito a espaço e quando eu chego aqui não tem espaço Hoje você é muito bem aceito e amanhã alguém diz ó você vai sair da sala Problema sério Então esse é o como se diz na gíria o troco que a universidade dá para o voluntariado Além da questão do espaço o sentimento de desvaloriza ção e o não reconhecimento dessa modalidade de trabalho ecoam tem uma desvalorização pode anotar aí É uma desvalorização porque o voluntário não é nada é um zero à esquerda fui cadastrar um trabalho de extensão com os alunos não voluntário não pode fui cadastrar e não pode Não pode é um sentimento é bem o sentimento do aposentado de que não vale mais tu não vale mais Considerações finais A etapa de entrevistas possibilitou maior detalhamento nas informações colhidas nos documentos processuais evidenciando que a condição de exer cício docente voluntário oferece maior autonomia aos profissionais na esco lha das atividades a serem desenvolvidas e na sua distribuição temporal ao longo do tempo Percebeuse que a continuidade das atividades já em curso anteriormente à aposentadoria permite a esses docentes se manterem na carreira estabelecendo uma rotina mínima de trabalho e também sua con tribuição a núcleos eou laboratórios de pesquisa ou a programas de pósgra duação da instituição Como esses profissionais estão entre a ruptura e a continuidade de seu trabalho podese aventar que essa permanência no exercício das atividades profissionais se caracterize para eles como um bridge employment ou seja uma fase de transição na qual trabalhadores estão começando a se desligar do trabalho mas ainda não se sentem prontos para efetivamente se aposenta rem Zhan Wang Liu Shultz 2009 O trabalho voluntário exercido seria então essa ponte para que o desligamento definitivo da realidade ocupa cional possa paulatinamente tomar lugar Os dados evidenciaram que por meio dessa experiência de trabalho vo luntário os docentes aposentados conseguem manter por um maior tempo e de forma mais efetiva o sobrenome institucional tão caro ao mundo do tra balho e que pode lhes servir de chancela para outras atividades profissionais que porventura venham a desenvolver ou já estejam desenvolvendo de forma autônoma consultorias por exemplo para além da instituição Quanto a esta parece paradoxal que por um lado legalize e legitime o trabalho de voluntários em seus quadros de trabalhadores e por outro não ofereça as condições adequadas para que ele se viabilize Concluise que o exercício dessa modalidade de trabalho se constitui em estratégia de permanência no mundo do trabalho e principalmente de con tinuidade dana carreira ainda que essa permanência ganhe configurações mais favoráveis a partir da livre escolha das atividades do maior tempo livre desfrutado e da maior atenção dada à vida pessoal O desejo de permanecer trabalhando e de poder deixar um pouco mais de seus conhecimentos e ex periências para a instituição também está associado à disposição de exercer o Docentes aposentados e exercício do trabalho voluntário 141149 149 trabalho voluntário o que reitera a condição desses docentes entre a ruptura e a continuidade deem sua carreira no magistério superior REFERÊNCIAS Amoroso S R B 2008 Motivações e expectativas de docentes face à aposentadoria elementos para uma política de formação continuada Dissertação de Mestrado Programa de PósGraduação em Educação Universidade de Brasília Bardin L 1979 Análise de conteúdo Lisboa Edições 70 Brasil 2011 Casa Civil Presidência da República Lei Nº 9608 de 18 de fevereiro de 1998 dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras providências Recuperado em 18 de julho de 2015 de httpwwwplanaltogovbrCcivil03LEISL9608compiladohtm Costa A B Soares D H P 2008 Projetos de Futuro na Aposentadoria uma discussão fundamentada pela Orientação Profissional em Psicologia Revista Perspectivas en Psicología y Ciencias Afines 52 especial Envejecimiento pp 3746 Deps V L 1994 A transição à aposentadoria na percepção de professores recémaposentados da Universidade Federal do Espírito Santo Tese de Doutorado Faculdade de Educação Universidade Estadual de Campinas Figueiredo N C M 2005 Interfaces do trabalho voluntário na aposentadoria Dissertação de Mestrado Programa de PósGraduação em Psicologia Social e Institucional Universidade Federal do Rio Grande do Sul França L H 2008 O desafio da aposentadoria o exemplo dos executivos do Brasil e da Nova Zelândia Rio de Janeiro Rocco França L H 1999 Preparação para a aposentadoria desafios a enfrentar In Renato Veras org Terceira Idade alternativas para uma sociedade em transição pp1134 Rio de Janeiro BR Editora RelumeDumaráUnatiUERJ França L H F P Menezes G S Bendassolli P F Macedo L S S 2013 Aposentarse ou continuar trabalhando o que influencia essa decisão Psicologia Ciência e Profissão 333 548563 Guimarães V N Soares S V Casagrande M D H 2012 Trabalho docente voluntário em uma universidade federal nova modalidade de trabalho precarizado Educação em Revista 283 pp 77101 set Hermida P Stefani D 2011 La jubilación como un factor de estrés psicosocial Un análisis de los trabajos científicos de las últimas décadas Perspectivas em Psicología 8 pp 101107 nov Krawulski E Ribeiro A C A 2013 Aposentadoria docência e trabalho voluntário tecendo aproximações In Victor F Quiroga María Romina Cattaneo Orgs Transformaciones en las Organizaciones del Trabajo salud y ampliación de ciudadanía 1ªed Rosario Argentina Editora da Universidad Nacional de Rosario v I pp 239245 Menezes G S França L H 2012 Preditores da decisão da aposentadoria por servidores públicos federais Revista Psicologia Organizações e Trabalho 123 pp 315328 setdez Roesler V R 2012 Posso me aposentar de verdade E agora Contradições e ambivalência vividas por bancários no processo de aposentadoria Tese de Doutorado Programa de PósGraduação em Psicologia Universidade Federal de Santa Catarina Santos M F S 1990 Identidade e aposentadoria São Paulo EPU Silva M I 2010 O trabalho docente e voluntário a experiência da UFSC Florianópolis Editora da UFSC Silva N Tolfo S R 2012 Trabalho significativo e felicidade humana explorando aproximações Revista Psicologia Organizações e Trabalho 123 pp 341354 setdez Souza L M Lautert L 2008 Trabalho voluntário uma alternativa para a promoção da saúde de idosos Revista esc Enferm USP 422 pp 371376 Zanelli J C Silva N Soares D H P 2010 Orientação para aposentadoria nas organizações de trabalho construção de projetos para o pós carreira Porto Alegre Artmed Zhan Y Wang M Liu S Shultz K 2009 Bridge employment and retirees health A longitudinal investigation Journal of Occupational Health Psychology 14 374389 PARTE 2 PRÁTICAS AUTONOMIA E INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO UM ESTUDO GERACIONAL AUTONOMIA E INSER PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 151158 16 Katia Nahum Campos1 Maria Lucia Seidl de Moura2 Andrea Cristina Moreira Pires3 1 Psicóloga formada pela UERJ doutoranda em Psicologia Social UERJ mestre em Psicologia Clínica PUCRio especialista em Terapia de Família e Casal PUCRio e especialista em Orientação Educacional e Pedagógica UCAM É supervisora de estágio em orientação profissional do curso de Psicologia da Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora e da Universidade Veiga de Almeida katianahumgmailcom 2 Psicóloga formada pela UERJ possui doutorado em Psicologia Cognitiva pela FGV RJ mestrado em Educational Psychology University of Wisconsin Madison e livredocência pela UFRJ Fez pósdoutorado na USP em psicologia evolucionista Atualmente é professora titular da UERJ e pesquisadora 1A do CNPq mlseidlgmailcom 3 Graduanda do curso de Psicologia e bolsista de iniciação científica da Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora dedeapiresgmailcom Nas últimas décadas a família vem passando por uma série de trans formações e uma das principais é em relação aos papéis atribuídos ao homem e à mulher O modelo familiar tradicional apresentava uma cla ra divisão dos papéis pois o homem era visto como provedor e a mu lher como responsável pelos afazeres da vida familiar cuidando dos filhos marido e administrando a casa Atualmente as mulheres con quistaram novos espaços profissionais e estão inseridas cada vez mais no mercado de trabalho assumindo uma série de papéis que antes eram prioritariamente dos homens Estas relevantes mudanças demandam uma reflexão sobre as diferenças intergeracionais na caracterização da autonomia feminina O termo família deriva do latim famulus que significa o conjunto de servos e dependentes de um chefe ou senhor Historicamente os antigos romanos acreditavam que a esposa os filhos os servos livres e os escravos eram fâmulos de um patriarca As primeiras famílias formadas no Brasil eram grupos autônomos de produção administração justiça e autodefesa Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Katia Nahum Campos Maria Lucia Seidl de Moura Andrea Cristina Moreira Pires 152 centrados na autoridade máxima do pater familias que detinha o poder so bre os escravos empregados filhos e esposa RochaCoutinho 2006 Por muito tempo ao longo da história do Brasil os valores patriarcais que remontam ao período colonial foram referência Havia uma ideia de submissão de todos que estivessem sob o poder do pater familias Na or dem familiar a mulher deveria obedecer ao pai e ao marido e passava da autoridade de um para a do outro através de um casamento monogâmico e indissolúvel O domínio masculino era indiscutível Havia pouco ou ne nhum espaço para os projetos individuais e as manifestações de desejos e sentimentos particulares pois o que importava era o grupo familiar e dentro dele a vontade do patriarca era soberana Scott 2012 Historicamente segundo Nader 1998 a vida da mulher foi atrelada à instituição familiar e o papel feminino em seu interior ficava restrito a uma prática de subordinação ideológica ao poder masculino A própria educação familiar e religiosa ensinava à mulher apenas o necessário para a boa condução da unidade doméstica respeitando e obedecendo ao seu marido o chefe da família No Brasil durante gerações a mulher princi palmente a que pertencia à classe mais rica ficava contida no ambiente pri vado familiar não podendo participar das decisões familiares nem da vida pública pois esse papel era exercido exclusivamente pelo homem Como aponta Pinsky 2012 a masculinidade era associada à força racionalidade e coragem enquanto eram características femininas o instinto maternal a fragilidade e a dependência Com o passar dos anos o papel da mulher transformouse junto com a família Houve uma maior inserção no espaço público e no mundo do traba lho a conquista de direitos legais e de uma maior autonomia em suas esco lhas afetivas A mudança no lugar da mulher está estreitamente vinculada à estruturação e reprodução da família Na história observase que as relações entre gênero e família são marcadas pela constante emergência de novos va lores e atitudes promovendo novas formas de interação que convivem com formas tradicionais e conservadoras de se relacionar Magalhães 2010 Dentro desta discussão BiasoliAlves 2000 analisou as mudanças e continuidades no papel da mulher principalmente no contexto familiar brasileiro com base em dados de pesquisas realizadas na região sudeste O estudo teve como base os dados sobre a mulher da camada média e popular da sociedade brasileira do final do século XIX à década de 90 do século XX com especial atenção à educação que ela recebia e ao seu papel dentro do ambiente doméstico Fica evidente que a imagem do ser frágil e necessitado de proteção sob o domínio dos sentimentos e presa aos cuidados com a prole ganha com os anos outros contornos A mulher mostrase um ser em construção na busca de seu desenvolvimento e realização de potencialida des Para BiasoliAlves 2000 houve mudanças acentuadas nos seguintes aspectos 1 No espaço em que era permitido que a mulher transitasse Depois da década de 1930 quando a mulher nem podia sair à rua para fazer compras desacompanhada o direito de ir e vir vai aparecendo e tornando se cada vez maior sendo poucos os ambientes em que existe a proibição Autonomia e inserção da mulher no mercado de trabalho 151158 153 ou não recomendação de sua presença 2 No trabalho A mulher parte da casa do trabalho doméstico ou atrelado aos adultos da família e à igreja e se profissionaliza ela alcança na atualidade postos elevados e importantes em muitas sociedades 3 No casamento havia pouca permissão para uma decisão pessoal ou seja era a família de origem que definia com quem como e quando as moças e rapazes deveriam se casar As moças conheciam seus futuros maridos através dos pais e acatavam sua opinião aceitando uniões que satisfaziam os critérios colocados pelos mais velhos que definiam o que seria um bom casamento Chegase gradativamente ao momento em que a escolha é livre num movimento que inverte a direção ou seja os pais devem aceitar o que a geração mais nova determinou para si mesma As mudanças sociais trouxeram o aparecimento de novas configurações familiares Jablonski 2005 2007 O modelo de família formado pelo casal legalmente constituído e seus filhos tendo o pai como provedor e a mãe donadecasa e responsável pela educação dos filhos não é mais hegemônico As mulheres inseriramse no mercado de trabalho precisando conciliar a sua atividade profissional com a responsabilidade familiar Segundo dados do censo demográfico de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE no período de 2000 a 2010 houve um crescimento ex pressivo das famílias com a pessoa responsável do sexo feminino inclusive daquelas que contavam com a presença de cônjuge Nesses dez anos houve um aumento no percentual de famílias tendo a mulher como responsável de 222 para 373 inclusive em presença de cônjuge de 195 para 464 contra o decréscimo de 778 para 627 no caso de homem responsável Também houve queda no percentual de homens responsáveis em domicí lios com presença de cônjuge de 953 para 922 Os motivos podem ser creditados a uma mudança de valores culturais relativos ao papel da mulher na sociedade brasileira e a fatores como o ingresso maciço no mercado de trabalho e o aumento da escolaridade em nível superior combinados com a redução da fecundidade Segundo Losada e RochaCoutinho 2007 o trabalho remunerado pa rece ser um dos aspectos que mais se modificou no que diz respeito ao lugar que ele ocupa na vida das mulheres Esta atividade que antes não era vista como tão importante quando comparada à dedicação da mulher à família e ao lar hoje passou a ser considerada de extrema importância havendo uma desvalorização da imagem da mulher donadecasa Neste sentido Maluf e Kahhale 2010 realizaram uma pesquisa com 45 mulheres executivas em idade reprodutiva entre 30 e 45 anos de diversas empresas localizadas em São Paulo Os resultados evidenciaram que todas queriam ser profissionais de sucesso mostrandose completamente compro metidas com suas posições de poder e bemsucedidas nelas A maioria das participantes afirmou que o desenvolvimento profissional trouxe relações igualitárias e realização nos planos e perspectivas profissionais além da de sejada estabilidade financeira Assim a mulher contemporânea saiu da segurança de seu lar e tem enfrentado o mercado de trabalho buscando novas conquistas novas Katia Nahum Campos Maria Lucia Seidl de Moura Andrea Cristina Moreira Pires 154 possibilidades e novos modelos de vida Esta modificação no status da mulher pode ser resultado da autonomia conquistada através da sua atuação fora do lar Foi construído um novo olhar da mulher e esta mudança demonstra que houve uma quebra dos velhos paradigmas bem como um distanciamento da visão daqueles tempos passados Lopes DellazzanaZanon Boeckel 2014 O movimento de emancipação feminina veio transformar profunda mente as relações de gênero em função da entrada da mulher no mercado de trabalho e de suas consequências tais como casamentos mais tardios diminuição do número de filhos maior autonomia e independência por parte das mulheres e um aumento de conflitos gerado pela busca da igual dade de direitos Jablonski 2007 Com isso observase a coexistência de dois tipos de expectativas com relação às mulheres de um lado a individu alidade sucesso e realização pessoal e profissional assim como igualdade entre os sexos e de outro a visão de que o provimento das necessidades financeiras da família é atribuição dos homens enquanto as mulheres são responsáveis pelo cuidado com os filhos e pela vida familiar harmoniosa entre outras RochaCoutinho 2007 A mesma autora RochaCoutinho 2005 aponta que embora algumas diferenças de gênero persistam as meninas hoje são educadas como os me ninos para competir e buscar um crescimento profissional cada vez maior para acreditar em suas capacidades lutando pelo sucesso pessoal e valori zando sua independência Ao mesmo tempo diferentes discursos sociais continuam a reforçar o seu papel na família como esposas e principalmente como mães Sua socialização inicial continua a encorajar o desenvolvimento de características essenciais para seu papel na família como é o caso do de senvolvimento de um sentido de interdependência com relação às pessoas e que torna a atividade de cuidar das necessidades dos outros quase que vital para o seu bemestar Vivemos em uma época na qual a autonomia é muito valorizada em con textos urbanos diversos mas apesar disso podese observar a influência da família nas escolhas individuais FéresCarneiro Ponciano Magalhães 2007 Para as autoras a história de vida a identificação com outros signifi cativos e a história familiar são referências para a constituição da identidade pessoal Individualizarse é um imperativo social permeado pelo processo de transmissão entre gerações Assim toda construção singular é acompanhada pela marca da continuidade Apesar da instabilidade das relações e de sua permanente transformação a transmissão geracional confirma a continuida de familiar O presente e o futuro são construídos pela elaboração da herança recebida e as escolhas autônomas são influenciadas pela história da família Assim o processo de constituição dos sujeitos é permeado tanto pela ruptura quanto pela continuidade de valores transmitidos de geração em geração A maioria das teorias do desenvolvimento tem destacado a separação e a autonomia como metas para o desenvolvimento social e emocional saudá vel ou seja elas têm considerado que uma trajetória natural e desejada no desenvolvimento humano se dá em direção à separação e à individualização No entanto podemos questionar se o privilégio da separação e autonomia é Autonomia e inserção da mulher no mercado de trabalho 151158 155 uma trajetória de desenvolvimento universal natural Nós somos membros de uma espécie com uma organização social complexa e a relação com nossos coespecíficos é essencial para nossa sobrevivência Desta forma autonomia e relação são aspectos fundamentais do desenvolvimento humano Os resul tados de um conjunto de estudos em diferentes regiões e cidades brasileiras utilizando instrumentos diversificados têm indicado a tendência à valori zação de uma trajetória de desenvolvimento orientada para a autonomia e a proximidade com os outros ou seja de autonomiarelacionada Seidlde Moura Carvalho Vieira 2013 Dada à relevância do tema o objetivo deste trabalho foi investigar as di ferenças intergeracionais na caracterização da autonomia em mulheres de três gerações familiares do Rio de Janeiro discutindoas com base nas trans formações que ocorreram em relação ao seu lugar na família nas últimas décadas no Brasil Método Participaram do estudo oito famílias avó materna mãe e filha residen tes no Rio de Janeiro A idade média das avós foi de 73 anos das mães foi de 48 anos e das filhas de 22 anos Das oito famílias participantes 50 das avós possuíam fundamental completoincompleto 50 das mães tinham o ensino superior completopósgraduação e 625 das filhas possuíam o en sino superior incompleto As participantes responderam a seguinte pergunta O que caracteriza para você uma mulher autônoma As respostas foram gravadas e posterior mente transcritas para realização das análises Resultados Para a análise das respostas foram utilizadas categorias préestabele cidas obtidas no estudo realizado por SeidldeMoura et al submetido sobre as concepções de participantes de faixas etárias diversas de ambos os sexos sobre autonomia As categorias encontradas foram realização profissional e financeira RPF estado de realização na profissão na carrei ra eou financeiramente desempenho intelectual e acadêmico DIA de monstração da capacidade intelectual habilidades e conhecimento sobre um tópico em geral através da educação agência AGN comportamento de agir e tomar decisões por conta própria com base em suas crenças e ideias autorrealização AUR desenvolvimento de qualidades pessoais e sensação de realização como pessoa independência IND capacidade de cuidar de si de gerir sua vida de ser responsável pelos seus atos de não se submeter aos outros senso de dever e valores SDV sentimento de compromisso com regras e regulações sociais tenacidade TEN carac terística qualidade ou estado do que é tenaz senso de liberdade SDL sentimento de possibilidade de agir segundo os seus desejos ausência de limitações e restrições no pensar e no agir Katia Nahum Campos Maria Lucia Seidl de Moura Andrea Cristina Moreira Pires 156 Observouse que a categoria realização profissional e financeira foi a mais frequente seguida por independência e agência Das 24 mulheres entrevistadas 19 responderam que a descrição de uma mulher autôno ma envolve realização na profissão na carreira eou financeiramente 14 pontuaram a capacidade de cuidar de si de gerir sua vida ser responsável pelos seus atos e não se submeter aos outros 11 participantes destacaram o comportamento de agir e tomar decisões por conta própria com base em suas crenças e ideias Conforme a tabela abaixo das oito filhas entrevistadas sete descreveram mulher autônoma como aquela que é independente sabe cuidar de si e tem vontade própria independência Todas as mães citaram como característica da mulher autônoma ter estabilidade financeira uma fonte de renda para se sustentar e ser realizada profissionalmente realização profissional e finan ceira Já no grupo das avós as categorias realização profissional e financeira e independência estavam presentes nas respostas de cinco avós Estes resultados podem ser compreendidos levando em consideração as transformações do papel da mulher na família no decorrer das últimas déca das A mulher contemporânea vem assumindo novas funções posições no mercado de trabalho que antes só eram ocupadas por homens Por isso a rea lização profissionalfinanceira a capacidade de cuidar de si de gerir sua vida de tomar decisões por conta própria de ser responsável pelos seus atos e não se submeter aos outros tem sido características valorizadas na formação e educação feminina As três gerações deste estudo vivenciaram momentos diversos desta história mas podese perceber de uma forma geral que todas valorizam a independência da mulher sua inserção no mercado de trabalho e realização profissional Sabese que em todas as famílias ocorre a transmissão de valores cren ças mitos e legados de uma geração para outra Desta forma percebeuse também em quase todos os grupos familiares uma repetição de categorias entre as gerações demonstrando uma transmissão geracional em relação ao Autonomia e inserção da mulher no mercado de trabalho 151158 157 Famílias Filha categorias Mãe categorias Avó categorias 1 AGN RPF IND RPF AGN RPF AGN 2 TEN IND RPF TEN IND 3 IND AGN RPF AGN RPF IND RPF AUR 4 IND AGN RPF RPF DIA IND RPF 5 IND AGN RPF AGN RPF SDL SDV RPF 6 IND AGN SDV IND RPF DIA IND RPF SDV 7 RPF TEN SDV RPF AGN 8 AGN RPF IND IND RPF IND TEN que define uma mulher autônoma As categorias que apareceram no discurso de cada membro da família podem ser obervadas no quadro abaixo QUADRO 1 Categorias encontradas nas diversas gerações Conclusões Através desta pesquisa observouse a importância da realização profis sional e financeira na caracterização da autonomia feminina Atualmente as mulheres brasileiras são educadas para competir e buscar um crescimento profissional cada vez maior lutando pelo sucesso pessoal e valorizando sua independência Nas últimas décadas a mulher contemporânea assumiu no vos papéis onde foram acrescentadas novas funções ao seu estilo de vida conquistando posições no mercado de trabalho que antes eram apenas ocu padas por homens Concluise que é de extrema relevância refletir sobre a interação da mu lher com o trabalho na atualidade pois o movimento de emancipação femi nina veio transformar profundamente as relações de gênero em função da forte entrada feminina neste mercado de trabalho Cabe ressaltar também a importância de se compreender as demandas femininas e a multiplicidade de papéis da mulher contemporânea para a condução de atendimentos clínicos e de orientação profissional com este grupo afinal todas as teorias que se propõem a uma prática precisam estar atualizadas com as dinâmicas sociais do seu tempo principalmente quando ocorrem mudanças estruturais como neste caso onde houve uma transformação tão significativa no papel da mu lher na sociedade REFERÊNCIAS BiasoliAlves Z M M 2000 Continuidades e rupturas no papel da mulher brasileira no século XX Psicologia Teoria e Pesquisa 163 233239 FéresCarneiro T Ponciano E L T Magalhães A S 2007 Família e casal da tradição à modernidade Em C M O Cerveny Org Família em movimento pp 2336 São Paulo Casa do Psicólogo IBGE 2010 Recenseamento Geral do Brasil Censo Demográfico Famílias e Domicílios Rio de Janeiro Jablonski B 2005 Atitudes de jovens solteiros frente à família e ao casamento novas tendências Em FéresCarneiro T Org Família e casal efeitos da contemporaneidade pp 93 110 Rio de Janeiro Ed PUCRio Katia Nahum Campos Maria Lucia Seidl de Moura Andrea Cristina Moreira Pires 158 Jablonski B 2007 O cotidiano do casamento contemporâneo a difícil e conflitiva divisão de tarefas e responsabilidades entre homens e mulheres Em T FéresCarneiro Org Família e casal saúde trabalho e modos de vinculação pp 203228 São Paulo Casa do Psicólogo Losada B L RochaCoutinho M L 2007 Redefinindo o significado da atividade profissional para as mulheres o caso das pequenas empresárias Psicologia em Estudo 123 493502 Lopes M N DellazzanaZanon L L Boeckel M G 2014 A multiplicidade de papéis da mulher contemporânea e a maternidade tardia Temas em Psicologia 224 917928 Magalhães I S 2010 Entre a casa e o trabalho a transmissão geracional do feminino Dissertação de Mestrado Instituto de Psicologia Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Maluf V M D Kahhale E M S P 2010 Mulher trabalho e maternidade Uma visão contemporânea Polêmica 93 143160 Nader M B 1998 A mulher e as transformações sociais do século XX a virada histórica do destino feminino Revista de História da UFES 7 6171 Pinsky C B 2012 A era dos modelos rígidos Em C B Pinsky J M Pedro Org Nova história das mulheres no Brasil pp 469512 São Paulo Editora Contexto RochaCoutinho M L 2005 Variações sobre um antigo tema a maternidade para mulheres com uma carreira profissional bem sucedida Em T FéresCarneiro Org Família e Casal efeitos da contemporaneidade pp 122137 Rio de Janeiro Editora PUCRio RochaCoutinho M L 2006 Transmissão geracional e família na contemporaneidade Em M L Barros Org Família e Gerações pp 91106 Rio de Janeiro Editora FGV RochaCoutinho M L 2007 Família e emprego conflitos e expectativas de mulheres executivas e de mulheres com um trabalho Em T Féres Carneiro Org Família e casal saúde trabalho e modos de vinculação pp157180 São Paulo Casa do Psicólogo SeidldeMoura M L Pessôa L F Mendes D M L F Ramos D O Carvalho R V C FioravantiBastos A C Victor T Concepções sobre autonomia em faixas etárias diversas um estudo exploratório Estudos de Psicologia PUCCampinas submetido SeidldeMoura M L Carvalho R V C Vieira M L 2013 Brazilian Mothers Cultural Models Socialization for Autonomy and Relatedness Em SeidldeMoura M L Ed Parenting in South American and African contexts pp 115 Rijeka Croácia InTech Scott A S 2012 O caledoscópio dos arranjos familiares Em C B Pinsky J M Pedro Org Nova história das Mulheres no Brasil pp 1542 São Paulo Editora Contexto LIMITES E INTERFACES ENTRE A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E A PSICOTERAPIA UM DILEMA DO ORIENTADOR LIMITES E INTERFACE PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 159166 17 Angela S Elias1 Cristina Q Frisina2 Cristina G Moyses3 Marcia F A Marques4 1 Psicóloga pela PUCRS orientadora de carreira especialista em psicologia clínica pelo ESIPP formação em orientação vocacional pelo GEA extensionista em estudos avançados em aconselhamento de carreira junto ao CAPSOP da UFRGS 2 Psicóloga pela PUCRS Orientadora de carreira especialista em crianças e adolescentes pelo CEAPIA extensionista em estudos avançados em aconselhamento de carreira junto ao CAPSOP da UFRGS 3 Psicóloga organizacional pela UNISINOSRS Orientadora Profissional Especialista em Didática do Ensino Superior pela Universidade São JudasSP Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas pela FGVRS 4 Psicóloga pela PUCRS Orientadora de carreira especialista em diagnóstico psicológico pela PUCRS especialista em Psicologia Clínica pelo CRP especialista em Psicologia Escolar pela UFRGS extensionista em estudos avançados em aconselhamento de carreira junto ao CAPSOP da UFRGS procarreiraprocarreiraconsultoriacombr É muito comum num processo de Orientação Profissional OP o cliente apresentar uma demanda de carreira e com o andamento do atendimento emergirem questões de fundo de ordem pessoal transcendentes ao contexto da orientação mas que influenciam o processo exigindo do orientador um posicionamento acerca de qual caminho seguir A prática da orientação profissional ou vocacional tem ao longo dos anos evoluído em termos de objetivos foco e abordagem Inicialmente baseado no autoconhecimento conhecimento das ocupações e na correspondência entre ambos teoria de traço e fator proposta por Parsons em 1909 o processo de orientação profissional ampliou seu campo de atuação na medida em que passou a auxiliar o indivíduo a lidar com contextos de mudança e compreen der sua trajetória profissional como uma construção de um projeto de vida Lima Fraga 2010 Numa abordagem construtivista Savickas 2005 como citado em Lima Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Angela S Elias Cristina Q Frisina Cristina G Moyses Marcia F A Marques 160 Fraga 2010 p 270 compreende a carreira construída à medida que os indi víduos realizam escolhas que exprimem o seu autoconceito e que estruturam os seus objetivos na realidade social do papel e dos significados de trabalho numa perspectiva que leva em conta os vários segmentos do espaço e do ci clo de vida do sujeito Desta forma o modelo de intervenção baseado numa perspectiva construtivista do desenvolvimento vocacional tornase uma re ferencia em termos de abordagem ampliada de orientação tanto ao nível das metodologias narrativas como ao nível do foco da intervenção a história de vida dos clientes Nascimento Coimbra 2005b Vários autores têm apontado a intersecção entre as questões pessoais e de carreira como aspectos importantes a serem considerados dentro do pro cesso de OP Conforme Santos OliveiraCardoso e MeloSilva 2009 a esco lha da carreira embora vista como um problema do domínio da Orientação Vocacional pode na prática configurarse também como uma demanda de psicoterapia Anderson e Niles 1995 como citado em OliveiraCardoso MeloSilva Piovesani Santos 2010 p 215 comprovaram que mais de um terço das preocupações manifestas por clientes com pedidos vocacionais en contravamse relacionadas com problemas não vocacionais como dificulda des nos relacionamentos interpessoais eou outras perturbações emocionais Nascimento e Coimbra 2005b relatam que os pedidos dos clientes isto é os motivos que os levam a procurar orientação profissional muitas vezes se apresentam inespecíficos sendo comum vivenciarem os pedidos vocacionais como mais aceitáveis dos que os psicoterápicos Quando há predominância de aspectos não vocacionais o pedido explícito do cliente pode não corres ponder às suas reais expectativas face à intervenção podendo indicar um apelo de ajuda para necessidades latentes Nascimento Coimbra 2005a Este contexto pode justificar a adoção de intervenções vocacionais extensí veis ao todo individual Neste sentido a orientação vocacional representaria a porta de entrada para um atendimento com enfoque ampliado sendo a psicoterapia vista como um recurso eficiente no atendimento da demanda proveniente da OP Santos et al 2009 Autores como Swanson 1995 como citado em OliveiraCardoso et al 2010 p 215 defendem fortemente a necessidade de integração entre a orientação vocacionalprofissional também denominada aconselhamento de carreira e a psicoterapia pois percebem que o aconselhamento de carrei ra não seria fundamentalmente diferente do aconselhamento pessoal ou da psicoterapia Já para Bohoslavsky 2003 a orientação vocacional constitui uma ampla gama de procedimentos e tarefas que incluem o diagnóstico a investigação a prevenção e a solução da problemática relacionada ao campo vocacional procedimentos estes comuns também em vários tipos de aborda gem em psicoterapia A integração entre a orientação vocacional e a psicoterapia também é proposta por Nascimento e Coimbra 2005b como forma de atender às problemáticas vocacionais associadas a desajustamentos desenvolvimen tais ou perturbações de ordem emocional ou relacional Para os autores os objetivos metodologia e intervenções devem ter como foco para além das Limites e interfaces entre a orientação profissional e a psicoterapia 159166 161 questões vocacionais as dinâmicas de funcionamento global da pessoa uma vez que questões pessoais podem gerar disfuncionalidades vocacionais e vi ceversa e por outro lado tornar a interação pessoalvocacional algo positivo e construtivo Nascimento Coimbra 2005b Concordante com esta ideia está Magalhães 1999 para quem a tarefa de orientação implica numa abordagem da pessoa como um todo situada numa trajetória de vida por sua vez contextualizada nos planos históri co social e cultural Segundo o autor o aconselhamento quando orientado para a elucidação de fatores psicodinâmicos decorrentes de contextos de histórias de vida preocupase em esclarecer a origem das motivações vo cacionais trabalhando os conflitos subjacentes aos interesses ocupacionais como forma de melhorar a tomada de decisão e os processos de escolha do orientando O autor afirma no entanto que não seria adequado incluir a OP no âmbito geral das psicoterapias dada a diversidade a complexidade e a especificidade dos recursos utilizados pelo orientador profissional De outra parte também não seria possível compreender a psicoterapia como parte da OP dada as diferentes formas de abordagens e objetivos Por fim afirma que OP e psicoterapia não seriam atividades mutuamente excludentes Para Nevo e Wiseman 2002 o aconselhamento de carreira evolutivo Developmental Career Counseling com o qual trabalham tem muitos pontos em comum com a psicoterapia em especial com a psicoterapia psicodinâmica breve modelo de James Manns 1973 como citado em Nevo Wiseman 2002 o enfoque no desenvolvimento da expectativa de vida developmental lifespan approch o tempo limitado a importância da aliança terapêutica a avaliação rápida e precoce rapid and early assessesment o foco central a par ticipação mais ativa do orientador a flexibilidade terapêutica entre outras Já Lassance 2005 propõe um modelo de intervenção em aconselhamento de carreira evolutivo abrindo espaço para questões afetivas e para a análise de cognições e crenças disfuncionais do orientando possibilitando a par tir de técnicas características da terapia cognitivocomportamental que as questões vocacionais sejam trabalhadas sem no entanto perder o foco no ajustamento profissional De acordo com Nascimento e Coimbra 2005b a adoção da perspectiva do sujeito psicológico onde o comportamento vocacional não é isolado das demais experiências exige do profissional uma reflexão acerca dos interesses e implicações que a exploração de dimensões do problema diferentes do pe dido inicial pode acarretar para si mesmo para o cliente e para o processo de intervenção De acordo com os autores a intervenção em OP pode ter três pontos de partida possíveis 1 Pedido do cliente Psicólogo privilegiará a abordagem dos aspectos vo cacionais sem preocupação com a avaliação ou intervenção a outro nível que aquele pedido 2 A avaliação técnica do pedido as dificuldades vocacionais deverão ser o ponto principal o centro de interesses a questão central da intervenção mas não deve ignorar as questões não vocacionais individuais ou interpessoais Angela S Elias Cristina Q Frisina Cristina G Moyses Marcia F A Marques 162 3 A pessoa do cliente a intervenção privilegia a transformação individu alizada do próprio pedido no sentido da sua resignificação à luz da aprendi zagem que procura proporcionar ao cliente da forma como as suas memórias os seus sentimentos as suas preocupações as suas crenças os seus valores as suas motivações os seus interesses a sua identidade e os seus contextos de vida se encontram interrelacionados No estudo realizado por OliveiraCardoso et al 2010 que investigou possíveis benefícios do processo de OP simultâneo à psicoterapia predomi nou a percepção de que houve ganhos consistentes ao longo do processo As percepções foram convergentes no sentido de que uma pessoa pode se beneficiar da sinergia das duas abordagens quando elas têm um foco claro e estratégias de ação bem definidas de modo a não confundir o cliente OliveiraCardoso et al 2010 p 219 Os autores também destacam a importância de uma avaliação criteriosa no que diz respeito à decisão do orientador de encaminhar o orientando para a psicoterapia pois ao fazêlo correse o risco de desencadear uma mudan ça e até mesmo uma ruptura no processo de OP Assim é fundamental que o vínculo de confiança entre o cliente e o orientador esteja bem estabelecido minimizando possíveis resistências ou quebra de expectativas Neste sentido Nascimento e Coimbra 2005a ressaltam a responsabilidade do orientador em identificar a extensão das queixas nãovocacionais do cliente para então optar pelo encaminhamento ou pela ampliação da intervenção aplicando um pro cesso de psicoterapia que poderá preceder ser simultâneo ou realizado após o término da intervenção vocacional Como pontua Magalhães 1995 Se o profissional orientador não está habilitado para lidar com questões emocionais enraizadas em perturbações no desenvolvimento da persona lidade do orientando e no seu contexto socializador é de sua responsabili dade oferecer a oportunidade e os meios para o orientando tratar destes aspectos ou seja deve encaminhálo Magalhães 1995 p 6 Pelo exposto percebese o quão permeável são as fronteiras entre a OP e a Psicoterapia Na prática da orientação a emergência de questões que transcendem aspectos vocacionais é frequente Assim é com frequência que o orientador se vê num dilema sobre o enquadre de sua intervenção até que ponto deverá aprofundar questões tangenciais à problemática inicial ou por outro lado seguir de forma mais direta e delimitada no processo de orienta ção mesmo ciente de que o mesmo poderá não atingir os resultados ou ex pectativas do cliente Quando e de que forma é indicado o encaminhamento para a psicoterapia O presente trabalho tem por objetivo promover uma discussão sobre as interfaces entre a OP e a psicoterapia seus limites e intersecções bem como elencar formas de lidar com estas situações na prática Para ilustrar Limites e interfaces entre a orientação profissional e a psicoterapia 159166 163 esta problemática serão apresentadas vinhetas de atendimentos realizados pelas autoras contendo diferentes maneiras de condução da intervenção Relato de casos Caso A Rafael 25 anos estudante universitário solteiro Pedido Inicial Cliente procura o Serviço de Orientação Profissional SOP de uma instituição acadêmica Refere não estar gostando do seu curso de graduação quer auxílio para dar um norte na sua vida Evolução Os primeiros encontros de Rafael foram marcados por um com portamento tímido dificuldade no relato de suas necessidades dificuldade de reflexividade e falta de organização de ideias A aplicação de técnicas que focam em sua história de vida mobiliza Rafael de tal forma que ele refere nunca ter experimentado tal situação ou seja pensar seu passado refletir sua trajetória fazer identificações com familiares e principalmente falar de suas perdas A evidente fragilidade e confusão faz com que o orientador opte por alargar o enquadre do atendimento uma vez que as questões emocio nais subjacentes poderiam atrapalhar o processo de orientação Assim faz a escuta do que ele necessita narrar e entender de si mesmo Nos encontros seguintes relata sua infância suas brincadeiras numa cidade do interior seus vínculos de amizade sua adolescência narrativa que permite ao orientador fazer um link com escolhas já realizadas Nesses momentos o orientador chama a atenção para o fato de que suas necessidades pessoais ultrapassa vam o escopo do Serviço de Orientação e sugeriu a busca da psicoterapia em continuidade ao processo de orientação Caso B Paulo 32 anos solteiro curso superior completo Pedido Inicial Paulo chega ao SOP de uma instituição acadêmica com pe dido de orientação de carreira Quer pensar onde poderia trabalhar e o que poderia fazer Evolução Paulo teve vários empregos sempre fora de sua área Teve algu mas oportunidades de crescimento profissional mas nunca conseguiu apro veitálas Iniciava bem nos empregos mas não conseguia mantêlos pois faltavam disciplina e cumprimento de metas e prazos Mesmo diagnosticado com TDAH e fazendo uso de maconha não estava em tratamento Nos primeiros encontros demonstra fragilidade ao trazer assuntos pes soais e grande necessidade de falar sobre eles Percebese que as questões emocionais e dificuldades relacionais se sobrepõem aos aspectos vocacionais Relata estar bastante perdido com relação às questões profissionais mas ad mite que a desorientação atinja todos os aspectos de sua vida Passa a se questionar sobre o que tem feito da vida como está sendo como filho e o quanto gostaria de ser pai e ter uma companheira Em um primeiro momento é feita uma escuta e acolhimento destas ques tões e iniciase um trabalho de encaminhamento para psicoterapia o que é Angela S Elias Cristina Q Frisina Cristina G Moyses Marcia F A Marques 164 bem recebido por Paulo Por motivo de recesso do SOP houve uma inter rupção do atendimento em OP No entanto Paulo continua sendo atendido em terapia No seu retorno percebese a evolução apresentada em função da psicoterapia possibilitando a retomada do trabalho de OP com foco no auto conhecimento e no estabelecimento de algumas possibilidades profissionais Paulo seguiu com os dois atendimentos em paralelo Foram estabelecidos objetivos a curto e médio prazo como exploração do mercado de trabalho entrevistas com excolegas da faculdade professores e profissionais Após a conclusão da OP o cliente segue em atendimento psicoterápico Caso C Eduardo 20 anos estudante de cursinho prévestibular Pedido inicial Eduardo procura um atendimento em OP em consultório particular Tem dúvidas quanto à sua escolha de curso não sabe se o curso pretendido é o que realmente quer Evolução Eduardo chega para atendimento com indicação para psicotera pia por apresentar dificuldades sociais falta de ânimo dependência emocio nal da mãe e alguns comportamentos esquizoides Como se recusava a iniciar o atendimento psicoterápico a Orientação Vocacional surge como uma op ção pois Eduardo tinha dúvidas quanto a sua escolha de curso Nas primeiras entrevistas o objetivo do orientador era identificar as reais condições de Eduardo para realizar um trabalho de Orientação Vocacional o que se confirmou de forma positiva no decorrer dos encontros A Orientação Vocacional teve duração de quatro meses sendo que o cliente teve condições de fazer uma escolha de carreira além disso esse pe ríodo foi importante para se estabelecer o vínculo e a criação de aliança te rapêutica permitindo assim a continuidade do tratamento em psicoterapia com o mesmo profissional Discussão Os casos relatados apresentam diferentes interfaces entre a OP e a Psicoterapia e demonstram formas distintas de condução do orientador no sentido de integrar as duas abordagens No caso A Rafael ao optarse pelo alargamento do processo de orien tação foram realizadas intervenções que buscassem criar condições para que as dimensões pessoais que estavam encobertas se tornassem apa rentes favorecendo assim o entendimento do problema vocacional Este atendimento exigiu do orientador realizar um trabalho integrado entre os domínios vocacionais e não vocacionais respeitando os limites e pro cedimentos institucionais e a manutenção do foco na OP Esta atitude do orientador é corroborada por Magalhaes 1999 que afirma a importância da exploração de contextos de vida como forma de melhorar os processos de escolha e a tomada de decisão do cliente No caso B Paulo apesar de existir uma demanda real em OP o clien te tinha consciência e desejo de tratar questões pessoais que interferiam Limites e interfaces entre a orientação profissional e a psicoterapia 159166 165 fortemente no seu desempenho profissional No decorrer do atendimento o orientador percebeu a urgência e importância de se realizar um atendimento psicoterápico em paralelo com a OP e propôs encaminhalo para a psicote rapia O atendimento psicoterápico realizado concomitantemente com a OP surtiu efeitos positivos na medida em que houve uma nítida evolução do cliente em termos de disponibilidade e aproveitamento das técnicas e ins trumentos propostos pelo orientador Este resultado confirma a percepção expressa por OliveiraCardoso et al 2010 acerca dos benefícios oriundos do atendimento concomitante das duas abordagens No caso C Eduardo a OP representou a porta de entrada para um atendimento psicoterápico mais amplo cuja demanda já existente incluía dificuldades em questões de carreira Ao mesmo tempo em que a OP abor dava questões típicas de indecisão e dificuldades em realizar escolhas o orientador abria espaço para acolher as questões pessoais e psicopatoló gicas com o intuito de fortalecer a aliança terapêutica necessária para o seguimento do processo psicoterápico propriamente dito Concordantes com esta postura estão Nascimento e Coimbra 2005a quando ressaltam a importância do estabelecimento de um vínculo de confiança para garantir continuidade do atendimento em psicoterapia Considerações finais O presente trabalho buscou apresentar os limites e as interfaces entre a OP e a psicoterapia Percebese na prática de orientação o quanto as questões de ordem pessoal estão imbricadas com aspectos vocacionais colocando o orientador num dilema acerca do caminho a seguir Cabe a este avaliar caso a caso usando critérios diagnósticos e escolher a melhor forma de condução do atendimento Questões como limites institucionais recursos do cliente e competências do orientador são aspectos presentes que influenciam na tomada de decisão sobre as dimensões do enquadre da orientação Os exemplos apresentados demonstram a interface entre OP e Psicoterapia abordagens que longe de serem excludentes são complementares Concluise que deverá prevalecer o entendimento do cliente de forma global contemplan do as diferentes dimensões e problemáticas que dificultam não só aspectos profissionais mas também a qualidade de vida do sujeito REFERÊNCIAS Bohoslavsky R 2003 Orientação Vocacional a estratégia clínica São Paulo Martins Fontes Lassance M C P 2005 Adultos com dificuldades de ajustamento ao trabalho ampliando o enquadre da orientação vocacional de abordagem evolutiva Revista Brasileira de Orientação Profissional 61 4151 Lima R Fraga S 2010 Intervir para ajudar e ajudar para construir um modelo de intervenção psicológica com estudantes do ensino superior Revista Brasileira de Orientação Profissional 112 Magalhães M 1999 Orientação vocacionalocupacional e psicoterapia Revista Brasileira de Orientação Profissional 31 Nascimento I Coimbra J L 2005a Pedido problemas e processos alguns dilemas da intervenção em consulta psicológica vocacional Revista Brasileira de Orientação Profissional 62 114 Nascimento I Coimbra J L 2005b A escolha do foco de intervenção em consulta psicológica vocacional contributos para uma perspectiva integradora de intervenção Revista Brasileira de Orientação Profissional 61 1524 Angela S Elias Cristina Q Frisina Cristina G Moyses Marcia F A Marques 166 Nevo O Wiseman H 2002 Incorporanting short term dynamic psychotherapy principles into career counseling a theoretical and practical approach Journal of Career Development 284 OliveiraCardoso EA MeloSilva L L Piovesani F P Santos M A 2010 Orientação vocacionalprofissional e psicoterapia alternativas mutuamente excludentes ou complementares PsicoUSF 412 214221 Santos M A OliveiraCardoso E MeloSilva L L 2009 Orientador profissional como porta de entrada para psicoterapia um estudo retrospectivo PsicoUSF 142 143156 DESAFIOS E LIMITES DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E REORIENTAÇÃO DE CARREIRA EM DUBAI DESAFIOS E LIMITES PARTE 1 INVESTIGAÇÕES E ENSAIOS TEÓRICOS 167174 18 Maria Eugênia Nastari Reis1 1 Psicóloga com formação em Psicanálise SPCRJ Sociedade de Psicanálise da Cidade do Rio de Janeiro Análise Transacional Santrarj Sociedade de Análise Transacional do Rio de Janeiro e Arte terapia Antrophos Realiza Psicoterapia Orientação Profissional Reorientação de Carreira e supervisão de casos clínicos Formação em orientação profissional Experiência em docência em Instituição de Psicanálise na SOBEPI Sociedade Brasileira do Ensino e Pesquisa da Infância reiseugeniagmailcom reiseugeniaglobocom Em 2014 uma psicóloga que havia sido minha aluna foi morar em Dubai e me solicitou uma formação em Orientação Profissional e Reorientação de Carreira com o propósito de implantar esses serviços lá Iniciei via Skype a transmissão teórica vivencial do processo dentro da abordagem psicodinâ mica de Rodolfo Bohoslavsky 1987 Ao longo da supervisão dos atendimentos que já estão sendo realizados por ela em Orientação Profissional estou tendo a oportunidade de acompa nhar as questões sócio culturais inerentes ao contexto mulçumano Fazemos um recorte trazendo em especial a questão da mulher na cultura islâmica Os objetivos ao trazer essa temática estão sendo observar e avaliar se a mulher dentro do islamismo poderia vir a ter abertura para o novo rever valores e ideias e ter liberdade de escolha e decisão Dubai por fazer parte dos Emirados Árabes Unidos tem regras e parâme tros diferentes dos nossos A mulher nativa em geral é ainda bem vigiada tem pouca autonomia de ação e decisão e está submetida ao marido Porém com o incremento do turismo e a valorização da mão de obra estrangeira as referências vêm aos poucos deixando de ser tão rígidas Segundo a psi cóloga que está em Dubai menos de 18 da população é local os restantes são expatriados que vem tendo bastante influência tanto na mão de obra Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Maria Eugênia Nastari Reis 168 como financeiramente para o governo e por isso a necessidade de abertura A inserção da mulher no mercado de trabalho por exemplo vem sendo expe rimentada aos poucos dependendo por vezes mais da família a que pertence do que dos ditames da cultura local Na realidade cada família é um núcleo muito particular e o incentivo ou não da entrada na vida acadêmica ou no mercado de trabalho dependerá disso A psicóloga iniciou seu trabalho como orientadora profissional com brasileiros filhos de pessoas que estão temporariamente morando lá e vai implantar os atendimentos também com os nativos o que nos convida a grandes reflexões Juntas logo começamos a perceber os desafios desse trabalho De um lado a ousadia de transmitir online os alicerces teóricos e vivenciais para que ela pudesse efetivamente se tornar uma orientadora profissional Ela viven ciou o processo para então sentir através de todas as etapas ao que a abor dagem psicodinâmica se propõe De outro lado como seria o impacto da orientação profissional dentro desta abordagem uma vez que sensibiliza um novo olhar e forma de pen sar sobre si e a vida em um contexto sócio cultural e religioso diferente do nosso no caso Islamismo Como os nativos e em especial a mulher lidam no cotidiano com escolhas Esta experiência nos faz visitar antigas reflexões de que todo sujeito é também fruto do seu meio O ser humano é o tempo todo permeado pela cultura seus valores e expectativas e também sua condição econômica Os indivíduos pensam e agem segundo paradigmas inscritos culturalmente ne les O limiar entre o determinismo cultural e a singularidade de uma subje tividade é tênue Muitas pessoas têm que trabalhar e nem podem se dar a oportunida de nobre de identificar seus potenciais Construir uma carreira está para além de exercer uma atividade produtiva Uma identidade profissional se constrói baseada não só no olhar dos pais mas também da cultura onde o jovem está inserido Seus valores e nível de ambição são o tempo todo atravessados por esse viés E com isso vamos percebendo as nuances e fragilidades do sujeito no que se refere a trabalho e profissão Ele é atravessado por muitas questões tanto reais como subjetivas e o grande desafio é dar conta disso O trabalho em geral é uma fonte de controvérsias Para uns pode sina lizar riqueza crescimento e realização pessoal para outros instrumento de discriminação exploração e sofrimento pessoal Esses fatores são encontrados em maior ou menor grau dependendo da cultura em questão e vem sendo observados na cultura islâmica na faixa de população nativa mais humilde Há uma nítida diferença hierárquica De um lado os empresários e grandes executivos que trabalham e tem um alto poder aquisitivo e do outro lado uma faixa da população cerceada em sua capaci dade de expressão liberdade de escolhas e exploradas em sua mão de obra A carga penosa explícita que antes era mais visível nos trabalhos tipo escravo hoje em dia fica camuflada devido aos avanços tecnológicos Mas a Desafios e limites da orientação profissional 167174 169 mulher ainda é tratada de modo inferior ao homem tanto em relação à sua produtividade como ao salário Podemos observar que em algumas cidades dos Emirados Árabes onde os valores socioculturais são mais rígidos o que impera é uma ditadura que vem pelo viés das proibições Dependendo da cultura e do núcleo familiar essas proibições são mais ostensivas em outras nem tanto existe mais flexi bilidade Muita coisa não pode principalmente para a mulher sob pena de ser muito mal vista ou até mesmo punida Isso faz lembrar da história mitológica do Leito de Procrusto Website Wikipédia que era um bandido que vivia na serra de Elêusis Em sua casa ele tinha uma cama de ferro que tinha seu exato tamanho para a qual con vidava todos os viajantes a se deitarem Se os hóspedes fossem demasiados altos ele amputava o excesso de comprimento para ajustálos à cama e os que tinham pequena estatura eram esticados até atingirem o comprimento suficiente Uma vítima nunca se ajustava exatamente ao tamanho da cama porque Procrusto secretamente tinha duas camas de tamanhos diferentes É como se em certos núcleos familiares as pessoas tivessem que se aleijar em suas possibilidades talentos e livre expressão para caberem dentro do que lhes é permitido Em outras culturas como a nossa a ditadura se apresenta de outro modo pelo imperativo em ter que fazer determinadas coisas consumir ser de um jei to específico para ser aceito e a mídia trabalha muito bem para promover isso A impossibilidade ou a obrigação de determinadas condutas são dois lados de uma mesma moeda que podem gerar submissão medo insegurança ou re beldia Nestes casos a obediência é sempre externa e não do eixo de referência interno Esses aspectos que ficam mais em evidência em uma cultura islâmi ca podem também ser encontrados na cultura ocidental supostamente mais aberta só que de formas sutis É importante ter a abertura de enxergar que o que parece estranho e nocivo não está necessariamente tão distante de nós Algumas vezes o indivíduo mesmo já tendo definido sua carreira ou ocupação se depara com limitações por conta de realidades externas muito duras no mundo do trabalho Outras vezes pode se defrontar com fragili dades internas nas relações humanas ao não poder por exemplo se expres sar ou criar Segundo observações feitas pela brasileira que se encontra lá esse aspecto que pode facilmente ser encontrado em qualquer cultura tem se apresentado de modo bastante ostensivo com as nativas do local Já há a possibilidade de a mulher estudar e trabalhar mas sua produtividade não é ainda tão valorizada em seu valor intelectual e reconhecimento financeiro como no homem Qual seria então a abrangência do papel do orientador profissional já que sua atuação está também circunscrita dentro de um contexto social cul tural econômico e religioso Como facilitar ao sujeito percorrer seu próprio caminho levando em conta esses múltiplos fatores Um orientador profissional pode ajudar o sujeito a discriminar que a im possibilidade momentânea de ser criativo não implica em não se perceber com essa capacidade Sentirse capaz e com dignidade é um valor que vem de Maria Eugênia Nastari Reis 170 dentro para fora não é externo Ainda que as reais possibilidades de expres são e criação possam vir a ser minadas não implica que estas não existam Ele pode com sua sensibilidade e bagagem de vida identificar e acolher o que a pessoa que está na sua frente tem de melhor e juntos descobrirem meios de manter acesa a chama dos potenciais da motivação e da busca do sentido de vida Ou seja ao contrário do mito do Leito de Procrusto onde o indivíduo tem que se adaptar para caber dentro do previamente estabelecido a proposta é ampliar alternativas e recursos Cabe ao orientador ajudar o indivíduo a reconhecer quem ele é o que almeja quais são suas potencialidades e seus aliados com que dificuldades terão que se deparar onde se encontra em relação a onde quer chegar Ou seja mais do que informar sobre carreiras ou ocupações o orientador deve promover o autoconhecimento e ajudar o sujeito a elaborar um projeto de vida de forma mais responsável e consciente Será que os nativos dos Emirados Árabes que vivem sob a égide de refe rências mais rígidas têm de fato abertura para o novo para rever ideias e valores previamente inscritos pela família e sociedade em que vivem Qual o real grau de liberdade de escolha e autonomia nas suas decisões uma vez que depende das referências da família em que estão inseridos Percebemos então que a relação com o trabalho pode ser nociva ou sau dável Esse limiar é dado tanto pela cultura sociopolítica e cultural onde o sujeito está inserido como também passa por sua subjetividade Ressalto que além dos fatores socioeconômicos e culturais que envolvem o ser humano há também um fator subjetivo e bastante presente que é a postura do indivíduo diante de suas limitações e possibilidades Refirome à forma com que se lida com a energia os recursos internos e o grau de resiliência de cada psiquismo As dificuldades podem ser fatores paralisantes para uns e desafiadores para outros Um choque que se recebe pode ser transformado em movimento ou pode amortecer e gerar incapacidade A diferença entre essas duas possi bilidades depende da calibragem interna da energia psíquica de cada pes soa Viver implica muita coragem e ambição determinação para dar conta de alcançar os objetivos e cada um deve acionar os recursos de que dispõe Tornase importante trazermos o conceito de empregabilidade Chiavenato 2013 que é a capacidade de o indivíduo tornarse apto ao tra balho empregável ou seja de gerenciar sua própria vida ou carreira e com suas qualificações atualizadas manterse empregado A segurança profissio nal não está mais tão diretamente ligada a um cargo corporativo ou a um salário e sim na possibilidade e nas condições de se conseguir trabalho e re muneração de modos criativos e alternativos Escolher uma profissão e trabalhar poderia ser uma maneira de viver e não uma obrigação Conquistar o trabalho como forma de realização é sentir todas as dimensões da vida naquilo que parece uma simples sucessão de ta refas O trabalho pode efetivamente ser um dos meios de realização na vida se o indivíduo estiver afinado com o que faz A satisfação não vem só do que se faz e sim também do como se faz Desafios e limites da orientação profissional 167174 171 Uma ocupação um emprego ou uma profissão dão o caráter de cidadania de utilidade de ação Implica em sair da posição passiva e passar a ocupar uma posição ativa produtiva e às vezes até criativa na sociedade O trabalho quando se torna possibilidade de autodesenvolvimento nos devolve nossa honra e dignidade A escolha profissional apresentase como uma forte etapa na vida de um jovem e está relacionada por sua vez a vários aspectos de sua identidade A abordagem psicodinâmica proposta por Rodolfo Bohoslavsky com preende que identidade profissional ou ocupacional é um aspecto da identidade do sujeito parte de um sistema mais amplo que compreende e é determinada e determinante na relação com toda a personalidade Bohoslavsky 1987 p 55 A escolha profissional definirá uma identidade profissional que vem cer cada de muitas questões com todo peso decorrente das expectativas não só pessoais como familiares e sociais permeadas pelas angustias e dúvidas típicas de um adolescente e contextualizada num universo social bastante complexo regido pela globalização Segundo Bohoslavsky a orientação vocacional busca definir uma carreira ou trabalho a ser seguido pelo adolescente permitindo que este aprenda a escolher e encontrar sua identidade vocacional e assim sua identidade pes soal O processo de orientação profissional vai fazer com que o adolescente decida de maneira mais autônoma levando em consideração suas próprias determinações psíquicas e as estruturas sociais Muller 1988 Na abordagem psicodinâmica são levados em conta os aspectos intrap síquicos ou seja as fantasias medos e as perspectivas diante de seu futuro Os possíveis conflitos são trabalhados durante o processo e a ênfase é dada ao autoconhecimento Desta forma a escolha profissional assume grande importância no plano individual já que envolve a definição das futuras expe riências profissionais significando principalmente a definição de quem ser muito mais do que a escolha do que fazer Este enfoque encara o jovem como um sujeito que se interroga pensa e pode vislumbrar um caminho profissional Estimula o ato de reflexão escolhas e posicionamentos o que implica a consideração do sujeito como autônomo livre para vir a ser quem é A proposta é que o indivíduo possa se questionar sobre quem é para além do olhar e expectativas alheias O processo é interativo e considera o orientando não como objeto a ser mensurado e avaliado e sim como um sujeito capaz de tomar decisões a partir da elaboração de seus conflitos e portanto cabe a ele a decisão final Ao ser convidado a se implicar de modo ativo e dinâmico vai percebendo ao longo do processo suas identificações e constrói a liberdade de escolher não só o que fazer mas como desenvolver sua futura identidade profissional Na realidade vai identificando seus critérios como também construindo um projeto de vida Introduzir a orientação profissional dentro da abordagem psicodinâ mica metodologia usada vem sendo um modo de convidar os indivídu os dentro da cultura islâmica a ampliar seus horizontes na medida que Maria Eugênia Nastari Reis 172 são incitados a olharem para si mesmos para além do referencial da cul tura A percepção de si mesmos de modo reflexivo ajuda a construir um sentido de identidade Daí encontrarmos simultaneamente os limites e desafios da Orientação Profissional em uma cultura islâmica Dubai apesar de estar inserida nos Emirados Árabes Unidos vem se apresentando mais flexível e aberta em sua cultura o que favorece implementar novas filosofias de vida para os nati vos No entanto observamos ainda limites no que diz respeito à capacidade de expressão e autonomia de decisão que aparecem sob a forma de valores internalizados trazidos pela cultura e pela família As restrições externas al gumas vezes atendem e justificam receios internos das mulheres em relação a própria capacidade De certo modo se submeter às proibições protege as mulheres de assumir os riscos por suas próprias avaliações e decisões Gera uma zona de conforto pois evita o temor da liberdade de pensar e se compro meter com os riscos do erro ou a exposição em relação ao gerenciamento da própria vida A responsabilidade pelo acerto ou erro é sempre colocada fora de si mesmas Por outro lado os desafios são a possibilidade das mulheres transcen derem à essas questões uma vez que dentro do processo de orientação profissional são convidadas a perceberem quem são para além do que é esperado delas Acreditamos que ao dar a oportunidade para se olharem e perceberem como funcionam pela via do aspecto profissional estaremos contribuindo com o resgate tanto do auto conhecimento como da dignida de delas Pela via ocupacional poderia reconhecer quem ela é o que almeja quais são suas potencialidades onde se encontra em relação a aonde quer chegar A forma como cada mulher lida com suas possibilidades depende do grau de resiliência de cada psiquismo A escolha de uma futura carreira traz algo bem maior do que um trabalho ou uma ocupação Traz a possibilidade de se inserir de forma singular e criati va na sociedade Fazer algo está diretamente relacionado a quem o indivíduo é e como ele se sente na vida Uma profissão aponta para a riqueza da possi bilidade de realização em um sentido muito mais amplo do que meramente o financeiro Morin 2003 contribui muito para a elucidação dessas questões existen ciais quando fala que interrogar o ser humano é questionar sua posição no mundo Todo desenvolvimento humano implica no conjunto de suas autono mias individuais sua participação comunitária e o pertencimento à espécie humana O ser humano é segundo ele singular múltiplo e complexo e traz em si características antagônicas É neste universo complexo e dentro das in certezas do mundo que o cerca que ele tem que se situar fazer escolhas e se preparar para o que a vida traz É preciso aprender a enfrentar as incertezas já que vivemos em uma época de mudanças e isso implica na capacidade de crítica autocrítica e de rever ideias teorias A questão da autonomia nas escolhas é em geral bem delicada Mesmo em uma sociedade como a nossa mais aberta observamos que alguns pais não só criam expectativas em relação aos filhos como reprimem Desafios e limites da orientação profissional 167174 173 qualquer menção de questionamento ou iniciativa autônoma destes em relação à própria vida E nisso alguns jovens independente da classe so cial e econômica podem ficar engessados no olhar do dos pais sobre eles Algumas profissões são desconsideradas por não darem um bom retorno financeiro ou por não apresentarem status sendo portanto imediatamen te rechaçadas pela família O jovem acaba tendo liberdade dentro de um universo de possiblidades mais reduzido das profissões aceitas filtradas e permitidas pelos pais Penso que uma real autonomia e liberdade de escolha é um proces so a ser construído independente da cultura em que estamos inseridos Por sermos no início da vida totalmente dependente de um adulto que nos cuide alimente e nos dê referências passamos os primeiros anos de nossas vidas moldados por essas pessoas O início da vida passa por uma dependência do outro Se diferenciar desse primeiro olhar é um proces so gradual Mesmo em uma cultura mais aberta essa é uma conquista a ser feita um caminho a ser percorrido e construído e o ideal é que seja de dentro para fora O que se espera é que o sujeito possa saber o real tamanho de seus potenciais ou dificuldades a partir de dentro e não pelos outros A grande obediência deve ser à sua mais pura e genuína essência e não aos valores externos Afinal ninguém dá ou tira a própria capacidade de sentir e pen sar O meio familiar e cultural pode facilitar ou complicar esse processo mas o trabalho interno é de cada um A grande tarefa de todo ser huma no é fazer a travessia da alienação ficar preso ao olhar do outro para a singularidade conquistar a própria essência independente da cultura em que se encontra Como esse desafio da inserção da Orientação Profissional na realidade islâmica dentro da abordagem psicodinâmica ainda está bem no início não temos ainda como resultados observações conclusivas Por enquanto lida mos mais com interrogações do que com constatações Considerações Finais A relevância desse tema é o desafio de trazer uma filosofia tão aberta e questionadora em contextos socioculturais mais limitados Ressaltamos que o limiar entre o determinismo cultural e a subjetividade humana é tênue O processo da Orientação Profissional dentro da abordagem psicodinâ mica por ser tão interrogativa e convidar o indivíduo a se implicar em suas próprias questões pode contribuir para que os indivíduos mesmo em con textos mais cerceadores possam olhar para si mesmos e se perceberem mes mo com o véu da cultura Esse olhar pode se constituir em semente de uma futura postura em relação à sua própria vida Acreditamos ser possível ajudar os indivíduos e em especial a mulher no contexto islâmico a discriminar que a impossibilidade momentânea de ser criativa e se expressar de modo autônomo não implica em não se perceber com essa capacidade Maria Eugênia Nastari Reis 174 REFERÊNCIAS Bohoslavsky R 1987 Orientação vocacional a estratégia clínica 7º edição São Paulo Martins Fontes Chiavenato I 2013 Talento e Empregabilidade Retirado de httpwww2unicentrobrempregabilidadefiles201308talentoeempregabilidade1pdf Miller M 1988 Orientação Vocacional Contribuições Clínicas e educacionais Porto Alegre Artes Médicas Morin E 2003 Os sete saberes necessários à Educação do Futuro São Paulo Cortez PARTE 2 PRÁTICAS PARTE 2 PRÁTICAS WORKSHOP DEBATER PARA ESCOLHER É SÓ QUERER UMA ESTRATÉGIA LÚDICA PARA A PROMOÇÃO DO AUTOCONHECIMENTO NO PROCESSO DE ESCOLHA PROFISSIONAL WORKSHOP DEBATE PARTE 2 PRÁTICAS 177184 1 Leticia Benvenuti Castelo1 Mariana Michelena Santos2 1 Psicóloga CRP 06122782 possui MBA em Gestão de Pessoas pela FGV formação em Coaching Integrado pela ICI e em Orientação Profissional e de Carreira pelo Instituto do Ser Atua como consultora na área de Gestão de Pessoas e trabalha com desenvolvimento profissional de jovens e adultos através de orientação profissional planejamento de carreira e coaching leticialcastelocombr 2 Psicóloga CRP 1210297 Tem formação em Orientação Profissional e de Carreira pelo Instituto do Ser e é mestranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC na área de Psicologia do Trabalho e das Organizações Atua e desenvolve pesquisas com jovens e adultos na área de orientação profissional e planejamento de carreira marianamarianamichelenacombr O momento da escolha profissional em razão de sua importância frequen temente envolve dúvidas receios preocupações e em alguns casos aflição e ansiedade Tratase de uma decisão fundamental na vida das pessoas sendo na maioria dos casos a primeira escolha com consequências significativas que os alunos do ensino médio realizam Giddens 2002 Diante disto muitos jovens não se sentem preparados para tomar uma decisão de forma consciente e segura O trabalho de Orientação Profissional OP visa auxiliar os jovens nesse momento de escolha aumentando o seu autoconhecimento proporcionan dolhes uma visão de seus interesses gostos e aptidões e oferecendo infor mações sobre mercado de trabalho profissões e universidades Contribui ainda para que os jovens identifiquem os fatores que influenciam sua esco lha profissional e assim a realizem com maior autonomia e responsabilida de Valore Ferrarini 2011 De acordo com Lucchiari 1993 a OP deve trabalhar os seguintes as pectos a Conhecimento de si mesmo b Conhecimento das profissões e c Escolha propriamente dita que envolve uma decisão pessoal conseguir Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Leticia Benvenuti Castelo Mariana Michelena Santos 178 deixar de lado o que não foi escolhido e viabilizar a escolha O processo de OP completo pode ser realizado de forma individual ou em grupo no contex to escolar ou em consultório particular A atividade em grupo geralmente é realizada com no máximo 15 alunos para um profissional facilitador já que o grupo é apenas um método mas o processo é individualizado e deve ser tratado como tal Cada vez mais as escolas particulares que oferecem Ensino Médio vêm percebendo a importância de facilitar a escolha profissional de seus alunos para além de preparálos para a prova do vestibular Para isso algumas esco las têm em seu quadro de funcionários um profissional da área da psicolo gia ou da pedagogia com competência para realizar trabalhos de OP outras contratam esse serviço de forma terceirizada De uma forma ou de outra as escolas reconhecem a necessidade de trabalhar as questões de escolha pro fissional com seus alunos mas muitas vezes não conseguem viabilizar um processo completo de OP em função de escassos recursos financeiros ou até mesmo por dificuldade em conciliar com as demais atividades dos alunos principalmente do terceiro ano no ensino médio Diante disso foram surgindo práticas isoladas de OP que trabalham um aspecto específico da escolha profissional a informação profissional como por exemplo a feira das profissões Percebese a partir da prática profissio nal que a maioria das atividades oferecidas pelas escolas foca especialmente esse aspecto principalmente por ser uma prática possível de ser desenvolvi da com grandes grupos Outro fator relevante referese às características dos jovens das turmas e da carga horária atuais Discutese em diferentes campos como na educação e no contexto empresarial como os jovens das novas gerações tem carac terísticas bastante peculiares e diferentes das gerações anteriores Isto se deve principalmente à Era Tecnológica em que cresceram a qual interferiu para que desenvolvessem dentre outras características a dificuldade de se concentrarem em um único estímulo já que possuem facilidade em fazer vá rias coisas ao mesmo tempo Levenfus 2002 Oliveira 2010 A partir dessa realidade profissionais de várias áreas inclusive da orientação profissional precisam adaptar práticas que consigam se adequar a essas características proporcionando atividades lúdicas que despertem o interesse dos jovens e que os mobilize para reflexões mais profundas acerca de si mesmos Destacase também uma realidade das escolas particulares que é o nume ro de alunos por turma Atualmente é comum encontrar turmas com mais de cinquenta alunos Essa situação também justifica a reflexão sobre práticas de OP que se adequem a essa realidade ou seja que consigam captar a aten ção desses alunos e que proporcionem momentos de autorreflexão mesmo em meio a um número expressivo de jovens na mesma turma Aliado ao número de alunos por turma encontrase a carga horária de estudo dos jovens em questão principalmente quando se fala do terceiro ano do ensino médio o conhecido terceirão Para conseguir atender as de mandas do ensino regular juntamente com o foco na prova do vestibular os alunos do terceiro ano do ensino médio de diferentes escolas particulares Workshop debater para escolher é só querer 177184 179 têm atividades escolares aulas provas simulados aulões e etc em prati camente dois períodos por dia de segunda a sextafeira e às vezes também aos sábados Com essa carga horária intensa encontrar espaço para outras atividades como a OP tornase cada vez mais difícil Desta forma uma ati vidade de OP que consiga se encaixar na carga horária obrigatória escolar é uma forma de tornar acessível esse serviço para os alunos Diante de tais reflexões o presente trabalho visa apresentar o workshop Debater para escolher é só querer uma nova possibilidade de prática de OP A atividade fundamentase na exploração de aspectos importantes para o autoconhecimento dos adolescentes O workshop foi elaborado para facilitar o processo de escolha profissional de forma coletiva acima de 20 alunos como estratégia complementar a outros métodos com este mes mo fim buscando atender as características e possibilidades dos jovens do ensino médio no que se refere principalmente à carga horária extensa de estudo Foi aplicado em uma escola particular da grande Florianópolis com oito turmas de aproximadamente cinquenta alunos do terceiro ano do en sino médio O workshop teve o objetivo principal de promover o autoconhecimento dos adolescentes em fase de escolha profissional facilitando a identificação dos fatores que influenciam sua decisão além da identificação dos principais critérios que são importantes para a efetivação de sua escolha A atividade também objetivou conscientizar os jovens a respeito da importância de re fletir sobre a escolha profissional e desenvolver a capacidade de reflexão e argumentação para embasar determinadas escolhas de modo a facilitar a avaliação dos prós e contras de cada critério e influência de acordo com os valores de cada aluno Descrição do Workshop A atividade foi realizada com oito grupos de aproximadamente cinquenta alunos Participaram do workshop jovens que estavam cursando o terceiro ano do ensino médio de uma escola particular da Grande Florianópolis Para uma maior efetividade do processo sugerese um número mínimo de 20 alunos O número máximo de alunos dependerá do número de profissio nais facilitadores um profissional para cada 30 jovens aproximadamente O workshop teve duração aproximada de 03 horas O workshop foi composto de dois momentos distintos a saber 1 Júri si mulado e 2 Leilão dos critérios para escolha profissional As duas atividades serão descritas abaixo O Júri simulado teve o objetivo de auxiliar os jovens a identificar quais os principais fatores que influenciam em sua escolha profissional e avaliar a melhor forma para lidar com essas influências A escolha profissional assim como qualquer outra escolha sofre influência de diferentes fatores que às vezes são conhecidos por quem escolhe e às vezes não o são Identificar os fatores que influenciam na escolha profissional contribui para tornála ainda mais consciente e para o aumento da responsabilidade por ela Leticia Benvenuti Castelo Mariana Michelena Santos 180 Os principais fatores que influenciam na escolha profissional foram di vididos por Soares 2002 em seis categorias a saber Políticos Econômicos Sociais Educacionais Familiares e Psicológicos Embora a autora os tenha dividido em diferentes categorias ressalta que se trata de uma divisão mera mente didática uma vez que os fatores atuam juntos na escolha profissional dos sujeitos Etapa 1 A atividade iniciouse com a apresentação do caso fictício do jovem Vitor O facilitador explicou que seria lido um email escrito por um jovem com a mesma faixa etária dos participantes que estava na fase de escolha profis sional O caso finalizou com uma dúvida relacionada à escolha do jovem que apresentava duas possibilidades de escolha Após a leitura o facilitador solicitou 5 voluntários para comporem o júri e dividiu o restante da turma em dois grandes grupos Cada grupo ficou res ponsável por defender uma das possibilidades de escolha do jovem Vitor Foi entregue uma cópia do email lido para cada grupo com o objetivo de facili tar as reflexões para a próxima etapa Etapa 2 Nesta etapa os grupos discutiram o caso identificando os principais fatores que estão influenciando na dúvida do Vitor e levantando argumen tos para defesa da escolha que ficou sob responsabilidade de seu grupo Concomitante às discussões dos grandes grupos os voluntários que compu seram o júri também analisaram o caso identificando os fatores que influen ciam na escolha do jovem e se preparando para a escuta dos argumentos O facilitador neste momento acompanhou as reflexões dos grupos incenti vouos a pensarem em argumentos plausíveis e convincentes além de ter contribuído com a identificação dos fatores de influência Etapa 3 Cada grupo de defesa selecionou um membro para atuar como advogado e apresentar os argumentos e os fatores levantados pelo grupo Os advoga dos tiveram 5 minutos para apresentação Neste momento não pôde haver interferência do grupo contrário e nem do júri Enquanto um grupo realizava sua apresentação o outro grupo e o júri estavam atentos para conseguirem realizar a etapa seguinte Etapa 4 Após a escuta de ambos os grupos de defesa os advogados retornaram para seus grupos Os grupos formularam uma questão de contraargumen tação para o grupo contrário O júri teve o direito de formular uma questão para cada grupo Quando as perguntas estavam elaboradas os advogados e o júri apresen taram as perguntas sem interrupções e em seguida retornaram à configu ração anterior para a elaboração das réplicas por parte dos grupos de defesa Workshop debater para escolher é só querer 177184 181 Etapa 5 Os grupos se reuniram novamente e tiveram 5 minutos para prepararem sua réplica em resposta às perguntas realizadas Esta etapa finalizou com a apresentação das réplicas sem a possibilidade de interferências externas Etapa 6 O júri retirouse da sala e os seus participantes tiveram 5 minutos para tomar sua decisão com base nos argumentos apresentados pelos grupos e não em suas opiniões pessoais Isto foi ressaltado pelo facilitador O júri retornou para a sala e apresentou o veredito final apresentando os argumentos que foram considerados para tal decisão Etapa 7 O facilitador levantou os aspectos que foram trabalhados na atividade de modo a facilitar a reflexão sobre os fatores que influenciam a escolha profis sional bem como abriu espaço para possíveis reflexões ou dúvidas dos alunos A outra atividade desenvolvida no workshop foi o leilão dos critérios para escolha profissional Dentre os fatores psicológicos que influen ciam a escolha profissional podese destacar os critérios adotados para realizar essa tomada de decisão Descrever quais são os critérios que são importantes para sua escolha profissional é uma tarefa de autoconhe cimento mas que deve levar em consideração os aspectos referentes à informação profissional Os critérios dizem respeito aos aspectos que são relevantes e até priori tários para uma pessoa no que concerne ao seu exercício profissional Eles podem ser trabalhados de diferentes maneiras no campo da OP no entanto será apresentado nesse trabalho o leilão dos critérios que foi desenvolvido com base no Jogo Critérios para Escolha Profissional Neiva 2008 O jogo teve início com as ideias propostas por Nuoffer 1987 cita do por Neiva 2010 no programa de Orientação Profissional em uma atividade chamada Seleção de Critérios de Satisfação Profissional Seu objetivo principal é proporcionar ao orientando a identificação de critérios de satisfação profissional a partir de uma lista de interesses habilidades e valores A partir dessa atividade a autora pôde desenvolver o jogo cujo objetivo principal é facilitar a escolha profissional de jovens e adultos O instrumento proporciona ao orientando refletir sobre os seguintes critérios para a escolha profissional 1 Ambiente de trabalho que contempla tipos específicos de lo cais universidades escolas hospitais consultórios escritórios home office etc bem como características dos mesmos ambiente descontraído formal informal empresas públicas privadas etc 2 Objetosconteúdos de traba lho que contempla aspectos relacionados ao que o sujeito pensa ou deseja trabalhar pessoas animais computador números cálculos instrumentos cirúrgicos desenhos etc 3 Atividades de trabalho tais como comandar liderar convencer persuadir atividades em grupos atividades individuais Leticia Benvenuti Castelo Mariana Michelena Santos 182 entre outras 4 Rotina de trabalho que envolve critérios como trabalhar in tensamente ou moderadamente em horário fixo ou flexível viajar com fre quência entre outros e 5 Retornos do trabalho que engloba aspectos como autossatisfação estabilidade financeira ajudar pessoas acúmulo de bens prestígio status etc Neiva 2010 Tomando como base estes critérios de senvolveuse como segunda atividade do workshop o Leilão dos Critérios para escolha profissional descrito a seguir Primeiramente distribuiuse as fichas individuais para a participação no Leilão dos Critérios Tal ficha é composta por quatro categorias de critérios para escolha profissional ambiente de trabalho atividades de trabalho ro tina de trabalho e retornos do trabalho e cada categoria possui cinco itens relacionados à mesma Notase que optouse por não incluir no Leilão a categoria Objetosconteúdos do trabalho uma vez que a mesma apresenta aspectos particulares de determinadas profissões o que poderia dificultar o consenso posterior desses itens na etapa coletiva Ressaltase também que o jogo em si possui mais itens do que cinco para cada categoria no entanto foram selecionados os principais itens e mais conhecidos de cada categoria para que o leilão pudesse ser viabilizado no tempo previsto para aplicação Etapa 1 Os alunos participantes receberam a ficha individual para participação no leilão e tiveram como tarefa numerar de 1 a 5 os itens de cada categoria conforme seu grau de interesse em cada item Etapa 2 Após o preenchimento individual dessas fichas os alunos foram dividi dos em subgrupos de aproximadamente 8 alunos por grupo Cada equipe re cebeu a ficha de grupo para participação no Leilão constituída basicamente dos mesmos itens da ficha individual mas com as colunas adicionais de pla nejamento orçamentário e valor pago Cada grupo recebeu também o valor de R 200000 para ser utilizado durante o leilão Nessa fase os integrantes do grupo compartilharam seus interesses in dividuais em cada critério argumentando uns com os outros até chegarem a um consenso do grupo O objetivo principal foi que o grupo planejasse o quanto iria gastar em cada critério lembrando que não era obrigatório com prar critérios de todas as categorias Etapa 3 Preparados para o leilão cada grupo selecionou um integrante para ser o seu representante na atividade de modo que apenas essa pessoa pôde dar os lances do grupo O resto do grupo ficou junto com o representante para auxi liálo no entanto apenas a voz do representante foi levada em consideração O facilitador iniciou o leilão de cada critério controlando a compra de cada grupo e registrando os valores gastos com cada item comprado consi derando o valor inicial de cada grupo R200000 Workshop debater para escolher é só querer 177184 183 Etapa 4 Após o encerramento do leilão o facilitador realizou um fechamento da atividade convidando os jovens a refletirem sobre como foi participar do leilão como foi ter que argumentar para que o seu critério fosse comprado como foi ter que abrir mão de um critério do seu interesse ou ainda ter conseguido convencer o seu grupo na compra de um critério mas não ter conseguido efetivar a compra pois outra equipe o comprou Ainda foram dis cutidas questões relacionadas a prioridades pessoais e prioridades do grupo como seria trabalhar em algo que não atendesse seus critérios principais e relação entre as características do exercício profissional e estilo de vida dese jado Estas questões foram articuladas com a inserção no mercado de traba lho com escolhas de carreira e com diferentes experiências profissionais que podem vir a compor as trajetórias individuais dos alunos Resultados e Discussões Os resultados do workshop puderam ser avaliados a partir de dois as pectos o feedback verbal dos alunos participantes ao final da atividade e o feedback da escola em reunião posterior com o facilitador Tanto os alunos quanto a escola apontaram como pontos positivos da atividade a metodolo gia lúdica utilizada para trabalhar questões profundas e relevantes sobre a es colha profissional Os alunos conseguiram identificar e relacionar os critérios que são mais importantes para cada um com as possibilidades de profissões Destacase também a partir do embasamento teórico utilizado neste trabalho que se tratou de uma atividade coletiva mas de autoconhecimen to o que parece ser original nas práticas comuns de OP dentro das escolas Estudos na área apontam que jovens concluintes do ensino médio apresen tam pouco conhecimento sobre si no que se refere aos seus interesses va lores e habilidades Lassance Grocks Francisco 1993 Sparta Bardagi Andrade 2005 Observase que na etapa 2 do leilão os alunos puderam colocar seus pontos de vista e ouvir os dos demais colegas a respeito dos critérios para es colha profissional Essa oportunidade possibilitou que os alunos pensassem em critérios diferentes do que já haviam pensado anteriormente e alguns jovens acabaram mudando sua prioridade de critérios a partir da escuta dos argumentos dos colegas A partir das considerações sobre a intensa carga horária escolar o workshop apresentouse como uma oportunidade para os jovens vivenciarem experiências que se aproximam da vida profissional Um estudo realizado por Sparta Bardagi e Andrade 2005 cujo objetivo era conhecer os motivos que levaram os jovens de escola pública a escolherem uma profissão concluiu que 567 dos participantes que eram alunos de escola pública escolheram o curso com base em experiências profissionais anteriores Essa realidade não se repete com alunos de escolas particulares pois a maioria não ingressa no mercado de trabalho durante o ensino médio Isso pode acontecer por motivo de prioridadeescolha familiar e do jovem mas também por falta de Leticia Benvenuti Castelo Mariana Michelena Santos 184 tempo devido à carga horária escolar Nesse sentido o workshop pôde con tribuir para essa bagagem vivencial que facilita a escolha Identificase que o workshop contribuiu também para auxiliar a escolha profissional de jovens que já tinham tomado sua decisão e que provavelmen te não procurariam um trabalho de OP Conforme mostram alguns estudos algumas pessoas não realizam sua escolha de forma consciente e autônoma o que pode acarretar em uma desistência posterior ao ingresso na universi dade Lucchiari 1993 Considerações finais Vale salientar que o workshop por se tratar de uma atividade lúdica pode ser percebida pelos jovens apenas como uma brincadeira As fases finais das duas atividades são utilizadas justamente para que a atividade seja assimila da pelos jovens de forma construtiva no seu processo de escolha profissional Ressaltase que esta atividade foi realizada em conjunto com outras ati vidades ofertadas pela escola tais como a feira das profissões ou palestras sobre escolha profissional proporcionando um maior aprofundamento nas reflexões acerca da escolha profissional Por fim cabe destacar a importância de se repensar as práticas atuais de orientação profissional buscando se adequar aos novos contextos mas sem perder os propósitos básico do trabalho nesta área REFERÊNCIAS Giddens A 2002 Modernidade e identidade Rio de Janeiro Zahar Lassance M C Grocks A Francisco D J 1993 Escolha profissional em estudantes universitários estilo de escolha Anais do Simpósio de Orientação Vocacional Ocupacional Porto Alegre RS Brasil Levenfus R S 2002 Geração Zapping e o Sujeito da Orientação Vocacional Em R S Levenfus D H P Soares Org Orientação vocacional ocupacional novos achados teóricos técnicos e instrumentais para a clínica a escola e a empresa Porto Alegre Artmed p 3350 Lucchiari D H P S org 1993 Pensando e vivendo a orientação profissional São Paulo Summus Neiva K 2008 Critérios para escolha profissional 2a ed rev e atual São Paulo Vetor Neiva K 2010 Jogo critérios para a escolha profissional Em R S Levenfus D H P Soares org Orientação vocacional ocupacional 2a ed Porto Alegre Artmed p 237243 Oliveira S 2010 Geração Y O Nascimento de uma nova versão de líderes 2a ed São Paulo Editora Integrare 2010 Soares D H P 2002 A escolha profissional do jovem ao adulto São Paulo Summus Sparta M Bardagi M P Andrade A M J 2005 Exploração vocacional e informação profissional percebida em estudantes carentes Aletheia 22 7988 Valore L A Ferrarini N L 2011 Decisão e exploração vocacional em estudantes de um curso prévestibular popular contribuições da Psicologia International Journal of Developmental and Educational Psychology 12 p 135143 CARTA AOS PAIS UMA ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO DOS FILHOS SOBRE A ESCOLHA DE CARREIRA EM ADOLESCENTES MOÇAMBICANOSa CARTA AOS PAIS UM PARTE 2 PRÁTICAS 185194 2 Maria Luísa Lopes Chicote1 Lucília Maria Abrahão e Sousa2 Lucy Leal Melo Silva3 1 Natural de Moçambique Doutoranda em Psicologia na USPRibeirão Preto membro do grupo de pesquisa Eladis Laboratório Discursivo sujeito rede eletrônica e sentidos em Movimento membro da Associação Linguística da América Latina ALFAL membro da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais ABOP e da Associação para o Desenvolvimento de Investimento em Psicologia de Educação ADIPSIEDUC mluisachicotegmailcom 2 Doutora em Psicologia LivreDocente na Universidade de São Paulo onde dá aulas e orienta alunos de graduação mestrado doutorado e supervisiona pósdoutorado É bolsista 2 do CNPq2009 Coordena o grupo de Pesquisa Discurso e Memoria movimentos do sujeito cadastrado junto ao Diretório de Grupos do CNPQ e o Eladis Laboratório Discursivo sujeito rede eletrônica e sentidos em Movimento luciliamsrffclrpuspbr 3 Psicóloga livre docente pela USP Ribeirão Preto docente na Graduação e Pósgraduação em Psicologia da FFCLRPUSP Responsável pela área de Orientação Profissional na FFCLRPUSP na qual desenvolve pesquisa ensino e extensão Membro da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais ABOP e da International Association Educational Vocacional Guidance IAEVG Pesquisadora CNPq lucilealffclrpuspbr Escolha de carreira na adolescência entre necessidade e urgência Tecer os fios do discurso sobre a orientação profissional e a educação para a carreira hoje exige tomar em consideração a conjuntura socioeconô mica e as transformações que tornaram possível a configuração teórica deste campo de investigação desde as primeiras atividades que visavam atender às demandaschaves de determinadas épocas cenários e contextos laborais Nesse sentido sabese que existe um consenso de que só no início do século passado com Frank Parsons a orientação constituiuse como uma aborda gem deliberada humanista e reformadora dos processos de entrada e estadia de jovens e adultos no mundo profissional Ribeiro 2011 Em um século de a Este capítulo focaliza um recorte de uma pesquisaação em nível de Doutorado da primeira autora Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Maria Luísa Lopes Chicote Lucília Maria Abrahão e Sousa Lucy Leal Melo Silva 186 história as teorias buscaram responder a muitas demandas Tais mudanças exigem cada vez mais novas ferramentas métodos mais integrados para aju dar os indivíduos a saber se colocar e adaptarse à nova organização social Assim observase que a necessidade de orientação profissional sempre acompanhou o homem desde a industrialização Ribeiro 2011a No caso particular de Moçambique foco deste estudo ela emergiu e se impôs rapi damente como uma urgência se tomarmos em consideração que orientação profissional e educação para a carreira consistem ainda em discursos eou e práticas asistematizadas As mudanças operadas no sistema educativo embora tenham como ponto de partida introduzir inovações curriculares acarretam por outro lado desafios no que tange ao processo de escolha e decisão de carreira Mais especificamente entendemos evidenciar o fato de que propostas de intervenção voltadas para os adolescentes alunos do ensino secundário e médio se constituem como relevantes e urgentes se tomarmos em consideração que os adolescentes moçambicanos no percur so educativo são obrigados a tomarem decisões de escolha desde o 10º ano de escolaridade ou seja por volta de 15 anos de idade fase em que se encontram passando por um complexo processo de definição da identida de Ademais os alunos moçambicanos no final do 10º ano são desafiados a decidir por uma área de concentração que distingue Ciências Humanas e Letras das Ciências Exatas e Engenharias e das Ciências Biológicas escolhas que após o final do ensino médio não podem ser reformuladas Isto associa do ao fato de que os alunos ao ingressarem o ensino superior se encontram ainda no período ou final da sua adolescência tentando integrar as mudan ças biológicas e psicológicas ocorridas fase em que na perspectiva das teo rias desenvolvimentistas de carreira os jovens ainda estariam lidando com a tarefa de exploração Super 1990 Assim pensar propor e avaliar estratégias e técnicas de orientação pro fissional e de educação para a carreira e ainda elaborar políticas públicas no contexto moçambicano além de necessárias são urgentes Enquadramento teóricometodológico Este estudo de natureza qualitativaexploratória se caracteriza por uma abordagem multidisciplinar pois enquanto de um lado se tomam em consideração as teorias do desenvolvimento vocacional e de construção da vidacarreira no campo da Psicologia do outro lado nos sustentamos na Teoria da Análise de Discurso enquanto disciplina de interpretação in trinsecamente margeada por outras áreas de saber o que afeta nosso olhar sobre nossas compreensões acerca dos sentidos produzidos e movimenta dos entorno do objeto em estudo sem nos esquecermos dos fenômenos filosóficos sociológicos que afetam os gestos de leitura e interpretação Se os estudos qualitativos se propõem a imergir nos significados interpreta ções e sentidos que os sujeitos constroem em torno dos fatos e fenômenos pensamos que a Análise de Discurso se configura como um dos horizontes teóricos que nos abre tal possibilidade Dispensando categorias nosso in teresse estará centrado no processo de produção de significados e sentidos Carta aos pais uma estratégia de comunicação 185194 187 que os sujeitos movimentaram no contexto da atividade eleita para o estu do a Carta aos pais Enquanto por um lado apoiamonos na perspectiva desenvolvimentista que se debruça sobre os processos de decisão de carreira por outro lado com este capítulo propomos contribuir para um possível diálogo teórico e meto dológico tendo como foco os processos de linguagem postos em movimento pelos sujeitos investigados por meio da Teoria da Análise de Discurso de matriz francesa iniciada por Pêcheux filósofo e Jean Dubois lexicólogo no final dos anos sessenta conforme apuramos em Maldidier 2003 A Análise de Discurso se configurou como uma nova área de saber que se consolidou a partir de um deslocamento fundamental na teoria discursiva qual seja a impossibilidade de existir um sentido único e de esgotar todos os sentidos a cada tomada de palavra porque se assim fosse não haveria necessidade possibilidade de dizer Em relação ao nosso objeto nesse trabalho inferimos que a interpretação da Carta aos pais tornase possível entendendo os su jeitosadolescentes como posiçõessujeitos ao invés de apenas indivíduos empíricos daí que tentaremos trazer à tona o entrelaçamento entre o sujeito e a historicidade mediados pelos processos da linguagem Os discursos dos recortes das cartas aos pais foco desta análise realiza das no contexto da pesquisaintervenção podem reforçar as ideias apontadas na literatura sobre a importância do diálogo entre pais e filhos o que tornou mais justificada a urgência de envolver os pais nas intervenções de educação para a carreira dos filhos em particular no contexto moçambicano onde ex periências similares são quase inexistentes Este estudo envolveu um grupo de 13 pais dos quais 7 relataram que conversam com os filhos acerca das suas escolhas de carreira o que corroborava a necessidade do seu envolvimento nes te momento particular de vida dos adolescentes A Carta aos pais apontou também a tensão que os adolescentes vivem diante das expetativas parentais como também os comportamentos distantes dos pais diante das escolhas dos filhos outro aspecto promotor de angústia frustração indecisão dos filhos Assim este estudo centrase na atividade Carta aos Pais como estraté gia de comunicação Esta técnica foi desenvolvida pelos membros do Serviço de Orientação Profissional SOP da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo descrita no Livreto Escolha de Carreira conversa na cozinha MeloSilva e Pereira 2002 uma publi cação em formato de gibi cuja finalidade prática no trabalho em orientação profissional com os clientes do SOP é de servir como disparador temático para discussão a respeito das diversas influências que incidem nas decisões de carreira Duarte MeloSilva Santos Bonfim 2005 Em particular neste estudo a atividade da carta aos pais foi utilizada como disparador temático da sessão que estava ligada ao tema influência dos pais na escolha de carrei ra dos filhos Embora os diálogos dos personagens comportassem algumas expressões típicas do contexto cultural brasileiro não houve dificuldades significativas que impedisse aos adolescentes moçambicanos em captarem as ansiedades diante do vestibular dúvidas de carreiras e também questio namentos acerca de suas percepções de influências externas sobre decisões Maria Luísa Lopes Chicote Lucília Maria Abrahão e Sousa Lucy Leal Melo Silva 188 de carreira A Carta aos Pais sintetiza inúmeras cartas redigidas pelos ado lescentes atendidos no SOP e tem sido utilizada em processos de Orientação Profissional em reuniões de pais com o objetivo de facilitar o exercício doe diálogo e de alteridade entre pais e filhos Silva Venturini MeloSilva 2005 Por sua vez os pais redigem a carta aos filhos resultado da síntese das cartas individuais preparadas numa atividade especificamente direciona da aos pais dos adolescentes implicados Neste estudo focalizamos a Carta aos Pais redigida no contexto de uma intervenção realizada em Moçambique com o objetivo de analisar as implicações desta atividade na comunicação familiar a fim de explicitar a influência parental nas decisões dos adolescentes E ainda possibilitar mais verbalizações inerentes às influências dos pais sobre esses sujeitos podendo facilitar a comunicação e as reflexões em torno dos efeitos de sentidos movi mentados pelos sujeitosadolescentes Método e Análise O grupo dos participantes deste estudo foi constituído por 32 alunos que frequentavam entre 8ª a 12ª classes regularmente matriculados entre o ensino secundário e médio nomenclatura utilizada em Moçambique com preendendo a idade entre 14 a 18 anos de ambos os sexos Todos os alunos pertenciam a uma escola pública que aderiu à proposta de realização de uma intervenção que é objeto de análise neste capítulo Os participantes são pro venientes tanto da cidade como da zona periférica da cidade de Nampula capital do norte de Moçambique Estes adolescentes procuraram volunta riamente o Serviço de Orientação ProfissionalVocacional e Educação para a Carreira após um convite formulado pela equipe coordenadora da pesquisa intervenção da qual faz aparte a primeira autora O critério para a organiza ção dos grupos foi o da frequência no mesmo período de aulas o que resultou em dois grupos um grupo composto por 17 estudantes e o segundo por 15 Ao final da pesquisaação participaram 24 sujeitosparticipantes A proposta da intervenção foi feita no âmbito de projeto de doutorado da proponente primeira autora deste capítulo A intervenção foi desenvolvida no período entre julho a dezembro de 2014 Após as devidas aprovações da proposta por parte das entidades públicas que tutelam os servidos de educa ção seguiuse à divulgação do programa na escola Durante este período foram apresentados os objetivos do programa de Orientação Profissional e Educação para a Carreira Imediatamente após a divulgação aderiram cerca de 150 ado lescentes Foi organizado um encontro em dois turnos nos quais foram escla recidos de forma mais detalhada os objetivos e o formato geral do programa de intervenção foram entregues o termo de consentimento dos adolescentes quanto à participação na pesquisa e as cartas de autorização dos paisb b No contexto educativo moçambicano ainda não existe um dispositivo legal que formaliza o assentimento dos sujeitos com idade inferior a 18 anos Ainda assim cuidados éticos foram tomados com a solicitação da uma carta de autorização que devia ser assinada pelos pais Carta aos pais uma estratégia de comunicação 185194 189 O programa foi estruturado em 12 sessões nas quais foram trabalhados diferentes temas como a Autoconhecimento e percepção de si b Escolha Vocacional e suas influências c Estudo d Mundo do trabalho e Mercado de emprego A definição dos eixos temáticos teve em vista organizar o plane jamento da intervenção portanto não excluiu o surgimento de outros temas que emergiram relacionados à escolha de carreira construção da identidade e sexualidade por exemplo Dependendo do grau de emergência tais temas foram trabalhados e reportados no contexto da intervenção O corpus em análise discussão dos resultados Lagazzi 1998 mostranos que a Análise de Discurso não visa uma exaus tividade horizontal em extensão mas sim uma exaustividade vertical em profundidade considerada em relação aos objetivos do analista a exaus tividade extensional tornase incoerente na medida em que todo o discurso se estabelece sobre um discurso anterior apontando para outro o que existe não é um discurso fechado em si mesmo mas um processo discursivo do qual se podem recortar e analisar estados diferentes Orlandi 1986b apud Lagazzi 1998 p 60 A identificação e circunscrição do corpus é um processo gradual e é justamente esse processo que não é a priori que caracte riza a verticalidade a profundidade teórica da Análise de Discurso Lagazzi 1998 p60 Nesta perspectiva o recorte dos nossos dados foi feito a partir de repetidas leituras de todas as cartas dos sujeitos participantes e ampa rados na noção de recorte entendida como unidade discursiva fragmento correlacionado de linguagem e situação Orlandi 2007 p139 e tido como primeiro movimento de análise identificamos algumas regularidades discursivas que serviram de tópicos para a discussão dos resultados A noção de recorte supera a noção de informação do mensurável trabalhando assim com a noção de texto tendo o recorte uma relação com a constituição histórica do sentido Tivemos em mãos vinte e quatro cartas contudo nessa análise trabalharemos com recortes de três cartas tidas como mais signifi cativas das questões que aprimoramos Para salvaguardar a identidade e sin gularidade dos sujeitos denominaremos cada recorte de R1 e um número para a carta de onde extraímos o recorte que denominaremos de sujeito S e assim teremos R1 S1 sucessivamente Passamos então a alguns gestos de leitura e interpretação dos recortes extraídos da Carta aos Pais Sentidos de negaçãoresistência versus afirmação da liberdade de escolha Nesta sequência discursiva reunimos verbalizações que dão indícios de que os sujeitos oscilam entre dois polos que se contrapõem envoltos do ob jeto escolha de carreira ou seja por um lado os sujeitos movimentandose em diferentes formas de enunciação assumem alternadamente atitudes de recusa negação diante das expectativas parentais e por outro lado afeta dos pelas condições atuais próprias de sujeitos contemporâneos que se defi nem pela liberdade de escolha a sua condição de poder efetuar as próprias escolhas sem interferências externas afirmam a sua quase inquestionável Maria Luísa Lopes Chicote Lucília Maria Abrahão e Sousa Lucy Leal Melo Silva 190 liberdade de escolha Vamos tentar perceber as movimentações dos sujeitos nos recortes que selecionamos R1 Meus queridos pais eu gostaria que ninguém da minha família me obrigasse ao que eles querem mas sim o que eu quero Meus queridos fa miliares não quero que nenhum dia me obrigam a ser polícia não suporto ser Eu quero ser um advogado ou Doutor S9 Observando este recorte notase que o sujeito introduz o seu discurso com uma saudação impregnada de sentimentos de respeito estima e con sideração dirigida aos próprios pais meus queridos pais No entanto na mesma formulação assistimos que o sujeito assumindo o advérbio de nega ção nenhum patente na frase produzindo efeitos de repúdio que se dirige não apenas à esfera parental que seriam seus interlocutores diretos mas alcançando outros interlocutores imaginários fazendo transcender a sua ne gação a uma esfera mais ampla ou seja da minha família passa para meus familiares deixando implícito que a pressão não provém apenas do núcleo familiar pai e mãe o que à luz do contexto em que o discurso é produzido assume um significado peculiar já que no contexto cultural moçambicano aos membros da família alargada é sempre reservada uma palavra quando um filho pretende tomar certa decisão mas que este sujeito mostrase contrário a tal práticatradição Apoiandose em paráfrases o sujeito vai argumentando sua posição per dendo assim o controle sobre como a ideologia vai funcionando nele através da naturalização de que as escolhas são pessoais e livres o que nos leva a confrontar que na relação linguagem e mundo exprimese relação sujeito e individualização Orlandi 2012a O sujeito assim fisgado pela ideologia experimenta a ilusão de ser dono e autor origem das suas opções neste caso da sua vidacarreira o que de certa forma os reconduz a determinada resistência à submissão das expetativas parentais que o ameaçam Por outro lado ao afirmar que em nenhum dia quer ser obrigado deixa transparecer que o sujeito nega essa interferência não apenas no momento em que escre ve no momento da escolha mas que ele quer se distanciar das obrigações pelo menos em hipótese em todos os outros momentos ou seja a negação transcende o presente da formulação discursiva do sujeito Estas constatações nos presenteiam as reflexões de Bronfenbrenner 1994 quando elucida a forte interação entre pais e filhos na construção de projetos pessoais e familiares uma interação impregnada por um conjun to de valores normas afetos crenças e estabelecimentos históricos que a nosso ver podem estar na base das negações movimentadas pelo sujeito Permanecendo ainda no efeito de negação produzido pelo sujeito notase que o mesmo se dirige a um referente e um objeto específicos a profissão que lhe é imposta a abraçar ou seja ser polícia O sujeito ao intervir com o verbo suportar faz movimentar outros sentidos que não apenas exprimem o seu repugno mas apontam outras pistas que podem incluir o imaginário que se constrói em torno do ser polícia dentro das condições de produção Carta aos pais uma estratégia de comunicação 185194 191 em que o sujeito está imersoc Por fim o recorte encerrase anunciando a escolha do sujeito eu quero ser advogado ou Doutor Duas profissões que em última instância podem estar no mesmo nível para alcançar uma ou outra é necessário passar por uma formação universitária são apresentadas em alternativa à obrigação de ser polícia o que leva o sujeito a manifestar a tensão interior que experimenta em termos de escolhas como também o seu estado de sujeito capturado por um discurso recorrente dentro de uma deter minada formação social como se frequentar uma universidade fosse o único caminho para se perseguir a felicidade que o homem anseia Passemos a seguir à análise de mais um recorte R2 Pais eu cheguei um momento em que eu posso ter uma decisão eu gos taria que eu possa escolher um curso e to tu possa gostar por que a há outros pais que um filho escolheu um curso e proíbem Então gostaria que podíamos ter uma conversa entre nós É que eu tenho meu programa na cabeça de ser médico e tu não concordas porque tem um curso para mim então é melhor me dar antes que eu tome minha decisão S6 Neste recorte chama particular atenção a afirmação do sujeito Pais eu cheguei um momento em que eu posso ter uma decisão Mas como definir entender caracterizar esse momento em que o sujeito entende reunir capaci dades de tomar uma decisão No entanto se tentarmos partir da observação de que as palavras são habitadas por um silenciamento de sentidos Orlandi 1997 que nos reconduz a uma dimensão do nãodito podemos inferir que o sujeito ocupando a posição de sujeitoadolescente deixa implícito que ele enquanto adolescente não mais criança já reúne idade capacidades e maturidade para ter uma decisão própria Para argumentar a sua posição o sujeito recorre a historicidade ao avançar que a há outros pais que um filho escolheu um curso e proíbem onde pinçando o arquivo pessoal o sujei to não apenas atualiza essa experiência que o sujeito aponta como negativa mas simultaneamente manifesta seu desacordo afirmando implicitamente sua autossuficiência e independência ignorando a complexidade do processo de construção de carreira que envolve uma gama de fatores que podem fa cilitar ou condicionar uma determinada escolha No entanto não podemos escamotear um dos aspectos importantes patentes ainda nesta verbalização o fato de que o sujeito logo de imediato recua apelando para uma possibili dade de diálogo então gostaria que podíamos ter uma conversa entre nós apelando para o diálogo e confronto ilustrado na afirmação É que eu tenho meu programa na cabeça de ser médico e tu não concordas Nesse sentido Bauman 1998 elucida a posição do sujeito ao sustentar que o homem contemporâneo vive em um hiato entre seguir seus desejos ou então ser seduzido pelo mercado e ser impossibilitado assim de satisfazer c No que concerne ao contexto moçambicano ser polícia significa subscreverse a uma das profissões menos prestigiadas em termos de condições de trabalho riscos e até o salário que é definido como magro seja em termos de prestígio porque polícia é corrupta polícia é pobre pior se tratar dos famosos cinzentinhos nomeação pejorativa naturalizada para a categoria de polícia de proteção civil em Moçambique Maria Luísa Lopes Chicote Lucília Maria Abrahão e Sousa Lucy Leal Melo Silva 192 esses desejos Para Bauman o mundo atual provoca um despedaçamento das redes sociais como a família E em consequência disto as relações fami liares vão se tornando mais efêmeras e fugazes passando por sensíveis alte rações que incluem a alteração dos papéis dentro de cada família e a nosso ver isso pode afetar o modo como os sujeitos vão definindo suas identidades neste caso por meio da escolha de carreira em situações com diferentes graus de liberdade A seguir apresentamos o último recorte R3 agradeço imenso a vossa preocupação com o meu futuro mais mas dizer para a mãe que lamento imenso mais tomei uma decisão para minha vida ela quer que eu seja médica futuramente mais lamento e é com muita tristeza que eu digo que não será possível seguir o que ela quer para mim porque futuramente eu gostaria de ser uma jornalista ou de fazer direito É isso que eu gosto e admiro muito e quero fazer S1 Essa formulação é marcante porque embora a verbalização tenha sido introduzida por uma saudação dirigida às duas figuras paternas pai e a mãe agradeço imenso a vossa preocupação com o meu futuro logo de imedia to o sujeito filiase a uma rede de sentidos que o inscreve na posição social mulher levandoo não apenas a enunciar na posição sujeitoadolescente mulher silenciando e produzindo um apagamento da figura paterna mas disputando o referente apenas com um interlocutor a mãe Notase que ao produzir o apagamento da figura paterna deixa escapar alguns implíci tos dum lado ligados as relações de gênero embora alguns estudos Trusty 1996 afirmem que os pais ambos influenciam mais no desenvolvimento educacional na escolha de carreira de suas filhas do que de seus filhos e do outro lado o fato de que o sujeito com as suas negações põe em movimento o jogo das relações de força especificamente mãefilha Ademais o jogo de paráfrase mãe lamento imenso mas lamento e é com muita tristeza eu digo que não será possível que sustenta a negação mostra sua resistência a essas relações de força optando pelo jornalismo ou direito A consideração das divergências entre expetativas parentais contrapos ta aos sonhos gostos desejos manifestados pelos filhos foi encarada como relevante e pertinente porque se constitui como um dos pontos nodais que tem sido apontado na literatura do campo da Orientação Vocacional como um dos núcleos de pesquisa que deve ser consolidado pois já estudos significativos revelaram que os pais agem como um fator que influencia na decisão dos filhos quanto à escolha de carreira mais que o próprio grupo de pares Pinto Soares 2001 Por sua vez Schimitt Rodermud e Vondracek 1999 defendem que a exploração vocacional e o planejamento de carreira estão ligados ao relacionamento entre pais e filhos às atitudes comporta mentais na infância e às expetativas parentais Ademais o sujeito ao ne gar ser médico não apenas rompe com a expectativa materna mas com os sentidos produzidos e circulantes em torno do ser médico Com Pêcheux 1999 vimos que os sentidos são produzidos a partir de uma memória dis cursiva e que quanto mais condimentada estiver esta memória maior será Carta aos pais uma estratégia de comunicação 185194 193 a possibilidade de compreender os sentidos circulantes e romper com eles produzindo outros sentidos neste caso o sujeito dando mais valor ao ser jornalista e advogado contradiz ao que foi cristalizado e naturalizado em torno da figura e prestígio de ser médico Enfim esta ruptura que o sujeito instaura pode ser elucidada através da formulação de Pêcheux 1997b se gundo a qual o sujeito é ainda sujeito à história já que o sentido das palavras e expressões mudam segundo a época e as transformações das práticas ma teriais modo e relações de produção Considerações finais O estudo destinouse a analisar a atividade Carta aos Pais enquanto uma estratégia de comunicação de pais e filhos no processo de tomada de decisão de carreira Nesta direção a reflexão em torno dos processos e di nâmicas comunicacionais no contexto familiar deram indícios de quanto a interação entre pais e filhos as expetativas parentais facilitam ou dificultam o processo de tomada de decisão de carreira reduzindo o efeito do grupo dos pares O estudo apontou ainda a pertinência de uma intervenção preventiva ou de promoção de saúde e adaptabilidade ao mundo do trabalho pois as ver balizações de alguns sujeitos envolvidos no estudo revelaram o quanto seria pertinente uma reflexão sobre a própria escolha de carreira em anos anterio res do ciclo escolar quando se encontravam a frequentar áreas acadêmicas que divergiam com as suas projeções de carreira Por outro lado parte deles enfrentava dificuldades no que se refere ao processo de planificação plane jamento e autogestão de carreira conforme apuramos nos recortes analisa dos Em síntese este estudo evidenciou que a maioria dos sujeitos assume o percurso universitário como uma via incontornável e almejada justificando assim intervenções voltadas para o ingresso no ensino superior vestibular mas que no entanto priorizem a construção do projeto de carreiravida REFERÊNCIAS Bauman Z 1998 O mal estar da pósmodernidade M Gama CM Gama Trads Rio de Janeiro Zahar Bronfenbrenner U Cici S J1994 Naturenurture reconceptualized in developmental perspective a bioecological model Phycholocal Review 1014 568585 Duarte CV MeloSilva LL Santos ML Bonfim TA 2005 A influência familiar na escolha familiar dos filhos na perspetiva das mães de clientes em processo de orientação profissional In C P Simon LL Meloilva MA dos Santos Orgs Formação em Psicologia Desafios da diversidade na pesquisa e na prática pp285306 São Paulo Vetor Lagazzi S 1988 O desafio de dizer não Campinas Pontes Maldidier D2003 A inquietação do discurso reler Michel Pêcheux hoje Campinas Pontes MeloSilva LL Perreira J M F2002 Escolha da carreira conversa na cozinha Ribeirão Preto Maxicolor Silva LM Venturini P F MeloSilva LL 2005 Cartas que dizem muito Pais e filhos na orientação profissional In CP Simon LL Melo Silva MA Santos Orgs Formação em Psicologia desafios da diversidade na pesquisa e na prática pp 285320 São Paulo Vetor Orlandi E P 1997 As formas do silêncio no movimento dos sentidos 4a ed Campinas Editora Unicamp Orlandi E P 2007 Interpretação autoria leitura e efeitos do trabalho simbólico 5a ed Campinas Pontes Orlandi E P 2012a Quando a falha fala materialidade sujeito sentido In EP Orlandi Discurso em análise sujeito sentido ideologia pp 6982 Campinas Pontes Parsons F 1909 Choosing a vocation Boston Houghton Mifflin Pêcheux M1997b Semântica e discurso uma crítica à afirmação do óbvio EP Orlandi et al Trads 3a ed Campinas Unicamp Pêcheux M 1999 Sobre os contextos epistemológicos da Análise de Discurso In Revista Escritos 4 São Paulo Unicamp Pinto HR Soares MC 2002 Influência parental no desenvolvimento vocacional de adolescentes Revista Portuguesa de Psicologia 36 111137 Ribeiro MA Breve Histórico dos Primórdios da Orientação Profissional 2011a In Ribeiro M A MeloSilva L L Orgs Compêndio de orientação profissional e de carreira perspectiva histórica e enfoques teóricos clássicos e modernos pp1522 São Paulo Vetor Maria Luísa Lopes Chicote Lucília Maria Abrahão e Sousa Lucy Leal Melo Silva 194 Super D 1990 A lifespan lifespace to career development In Brown D Brooks L Orgs Career choice and development applying contemporary theories to practice pp197261 San Francisco Jossey Bass Trusty J 1996 Relationship of parental involvement in teens career development to teen attitudes perceptions and behaviour Journal of Tesearch and Development in Education 301 6069 Ribeiro MA MeloSilva LL orgs Compêndio de orientação profissional e de carreira perspectiva histórica e enfoques teóricos clássicos e modernos São Paulo Vetor vol 1 QUANTO VALE UMA PROFISSÃO A TÉCNICA MERCADO DE PROFISSÕES COMO ESTRATÉGIA DE REFLEXÃO NA CONQUISTA POR UMA CARREIRA UNIVERSITÁRIA QUANTO VALE UMA PARTE 2 PRÁTICAS 195202 3 Aliene Lago1 Jefferson Claudio Urbinatti2 Laura de Oliveira Marangoni3 Lucy Leal MeloSilva4 1 Graduação em Psicólogo e Bacharel em Psicologia pela FFCLRPUSP realizou a Capacitação Técnica no Hemocentro de Ribeirão Preto Assistente de Recurso Humano da micro empresa online Self English especialista Mestranda pela FFCLRP em Psicologia em Saúde e Desenvolvimento orientada pela Profa Dra Lucy Leal MeloSilva na área de Orientação Profissional alienelagomsncom 2 Bacharel e graduado em Psicologia pela FFCLRPUSP possui formação em atendimento a vítimas de violência pelo Serviço de Atendimento à Violência Doméstica e Agressão Sexual do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto SEAVIDASHC RP urbinattipsicologiagmailcom 3 Psicóloga graduada e com mestrado em andamento em Psicologia na área de concentração em Psicologia em Saúde e Desenvolvimento pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo FFCLRPUSP sob orientação da Profa Dra Lucy Leal MeloSilva laumarangonigmailcom 4 Psicóloga livre docente pela USP Ribeirão Preto docente na Graduação e Pósgraduação em Psicologia da FFCLRPUSP Responsável pela área de Orientação Profissional na FFCLRPUSP na qual desenvolve pesquisa ensino e extensão Membro da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais ABOP e da International Association Educational Vocacional Guidance IAEVG lucilealffclrpuspbr Devido à grande diversidade de atividades profissionais que encontramos no mundo atual às transformações sociais e tecnológicas e à importância do trabalho na sociedade a prática de escolher uma profissão ocupa um lugar cada vez mais central e complexo na vida das pessoas Soares Krawulski Dias e DAvila 2007 Evidentemente que quando se fala em escolha le vase em consideração os graus de liberdade como bem apontou Ferrettti 1994 por isso conceito está entre aspas Gradativamente fica evidente que escolher optar ou tomar decisões por uma atividade profissional auxilia na definição do projeto de vida do indivíduo e no seu reconhecimento pessoal sendo o trabalho uma forma de participação na sociedade Contudo a esco lha da profissão não é algo que acontece rapidamente as decisões de carreira são processuais e ocorrem ao longo da vida Muitas vezes a pessoa necessita da intervenção profissional especializada para ajudála a lidar com essa te mática Godoy Noronha 2010 Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Aliene Lago Jefferson Claudio Urbinatti Laura de Oliveira Marangoni Lucy Leal MeloSilva 196 A prática de intervenção mais comum no Brasil é denominada Orientação Profissional e tem como objetivo geral a promoção da saúde da qualidade de vida no mundo do trabalho sendo um instrumento de transformação que auxilia o indivíduo nas escolhas profissionais por meio de entrevistas con versações e técnicas amparadas pela literatura Noronha Freitas Ottati 2003 Valore Cavallet 2012 Lassance 2005 que permitem a compre ensão da dinâmica do individual e do grupo Em outras palavras ela facilita a escolha do orientando Tetu Domingues Chiochetta Veloso 2011 permitindo o entendimento de toda situação complexa por meio da restitui ção de seu papel ativo na resolução de seus conflitos provendo condições fa voráveis para escolhas profissionais maduras BordãoAlves MeloSilva 2008 A Orientação Profissional pode ser desenvolvida nas modalidades individual ou grupal Ambas as estratégias possuem seus benefícios e van tagens assim como limites Contudo em situações nas quais o públicoalvo é adolescente estudiosos têm afirmado que a técnica grupal fornece melhor suporte psicológico Isso porque nessa fase da vida o adolescente está cons truindo sua identidade pessoal e profissional fruto de seu sentimento de pertença a um determinado grupo social no qual estabelece suas relações O grupo dessa forma tornase um espaço de possibilidades para identifica ções troca de experiências resgate da autoestima e atualização do seu auto conceito e sua percepção Ao participarem das intervenções conjuntamente com outras pessoas os indivíduos expressam ao mesmo tempo a partir de seus discursos aquilo que é único e próprio de cada um mas também o que é coletivo em seus múltiplos significados Soares et al 2007 Somado a isso a Orientação Profissional envolve aspectos pessoais fa miliares sociais históricos financeiros Noronha et al 2003 psicológicos educacionais e políticos dentre outros Esta temática possibilita ao orientan do uma escolha vocacional pautada no conhecimento do seu mundo interno e externo o que possibilita uma vida mais satisfatória e produtiva Ou seja a intervenção em Orientação Profissional visa auxiliar o indivíduo a se res ponsabilizar por suas decisões ajudando na construção da sua identidade ocupacional através da integração de todas as informações encontradas nes te processo BordãoAlves MeloSilva 2008 Por fim independente do seu contexto a orientação conjuntamente com suas técnicas e instrumentos deve ser embasada teórica e conceitualmente para que haja coerência nos desdobramentos das suas ações Soares et al 2007 Segundo Lassance 2005 uma das teorias que mais têm influenciado a Orientação Profissional é a desenvolvimentista que possui como teórico de destaque Donald Edwin Super Tais teorias afirmam que o processo de esco lha laboral possui diversas etapas que não são lineares e sim cíclicas e que cada nível demanda uma maturidade de carreira diferenciada Além disso fundamentase no conceito de que o trabalho é algo de muita importância e significado na vida das pessoas sendo essencial avaliar os interesses e habili dades do indivíduo para a escolha da melhor opção de carreira que satisfaça as necessidades profissionais e pessoais do indivíduo Oliveira Guimarães Coleta 2006 Quanto vale uma profissão 195202 197 Dentro da mesma temática há variáveis que se interligam e que são importantes no processo de desenvolvimento vocacional dentre elas cres cimentoreflexão pessoal autoconhecimento compreensão das atividades laborais e da realidade que as rodeiam conhecimento das profissões e a es colha em si Soares et al 2007 Além disso essas teorias defendem que o processo de desenvolvimento vocacional acontece em todas as etapas da vida de forma diferenciada é transpassado pela subjetividade e vai variar con forme o contexto social em que o indivíduo está inserido Ao mesmo tempo os conhecimentos relacionados ao mundo profissional são implementados transformados e reformulados de acordo com os resultados das experiências do indivíduo e da fase em que se encontra sofrendo influências constantes de diversos fatores Lassance 2005 Pensando a priori no autoconhecimento e que a identidade de trabalho está diretamente relacionada aos aspectos pessoais o orientador profissio nal deve favorecer que o sujeito compreenda suas características interes ses aptidões habilidades traços de personalidade valores e expectativas quanto ao futuro O entendimento destes aspectos funciona como suporte psicológico fazendo com que o indivíduo se aproprie das suas escolhas Soares et al 2007 BordãoAlves MeloSilva 2008 Em outras palavras é preciso focalizar as temáticas relacionadas às perguntas como quem sou eu quais papéis já exerci na minha vida quais papéis poderei exer cer no futuro qual é meu projeto de vida como me vejo no futuro quais são as minhas expectativas quais são as expectativas da minha família em relação a mim e quais são meus principais gostos interesses e valores Tetu et al 2011 Segundo Tetu et al 2011 quanto ao conhecimento das profissões ter uma compreensão da complexa realidade é um importante passo no processo de escolha profissional É necessário saber como ésão as pro fissãoões de interesse quais atividades as envolvem quais os lugares de atuação e a remuneração Também é imprescindível que se conheça o mun do do trabalho no sistema políticoeconômico vigente e saber das possibili dades de atuação no mercado de trabalho Isso é possível através por exem plo de visitas aos locais laborais informações via internet entrevistas com profissionais e com estudantes Considerando tais complexidades as escolhas não são construídas por acaso nem tampouco num determinado momento mas o seu processo se dá ao longo da vida e envolve muitas transições e muitas influências Ao longo da vida somos nós e nossas circunstâncias Pensando nisso a Orientação Profissional como estratégia de intervenção poderiadeveria estar presente no processo educacional de todo ser humano desde a infância incentivan do o aprender a escolher e a partir disso facilitando a tomada de decisões ao longo de sua vida não apenas no que diz respeito à escolha profissional Deveria logo se estender a todos os aspectos de vida do indivíduo Tetu et al 2011 Soares et al 2007 Enquanto no Brasil essa não é a realidade de todas as escolas experiências pontuais são desenvolvidas e técnicas são criadas em cenários e contextos específicos e compartilhadas Aliene Lago Jefferson Claudio Urbinatti Laura de Oliveira Marangoni Lucy Leal MeloSilva 198 Assim este estudo objetiva descrever a técnica denominada Mercado de Profissões a fim de possibilitar reflexões acerca dos seus resultados com relação à importância da opção profissional Esta atividade obje tiva auxiliar os jovens na identificação de custos e benefícios intrín secos à escolha de determinadas carreiras e assim promover o au toconhecimento o conhecimento das profissões e reflexões sobre as contingências pessoais Procedimentos Participaram da atividade nove adolescentes de ambos os sexos com idades variando entre 16 e 17 anos todos cursando Ensino Médio e que estavam sendo atendidos no Serviço de Orientação Profissional SOP da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo no ano de 2013 Esses adolescentes tinham como meta tomar de cisões de carreira e assim definirem quais exames vestibulares participariam e para quais cursos de graduação Utilizouse como técnica de reflexão o Mercado de Profissões desenvol vida pelos próprios estagiários do programa sob orientação da Profa Dra Lucy Leal MeloSilva supervisora do SOP Esta atividade objetiva instigar re flexões sobre os custos e os benefícios requeridos Na escolha de uma carreira A técnica constituise de 8 passos Passo 1 Instruções para a elaboração do Quadro de Rotina Foram distri buídas folhas impressas contendo uma tabela No topo das colunas há o registro de todos os dias da semana e no canto esquerda das linhas há a organização do tempo dividido por hora Foi dada a instrução para realiza ção da atividade extragrupo com base na rotina de uma semana normal em período de aulas Passo 2 Entrega do Quadro de Rotina aos coordenadores do grupo No en contro seguinte os estudantes entregaram o quadro já preenchido e par ticiparam das outras atividades planejadas pelos coordenadores do grupo Em um momento posterior à reunião os estagiários realizaram para cada estudante a contagem de horas disponibilizadas para as seguintes moda lidades escola estudos em casa lazer e sono Passo 3 Contagem de pontos e preparação das fichas Após a contagem foram confeccionadas diferentes fichas para cada tipo de atividade ficha escola fichaestudo fichalazer e fichasono Passo 4 Banco de fichas Na reunião seguinte as fichas foram distribuí das conforme a contagem de horas realizada anteriormente Sendo assim cada aluno tinha um determinado número de fichasescola fichasestudo fichaslazer e fichassono levando em conta as horas disponibilizadas para essas atividades conforme o Quadro de Rotina Foi explicado aos alunos o porquê da quantidade de fichas que estavam recebendo e o significado de cada uma delas Passo 5 Listagem individual das profissões de interesse Foi pedido aos participantes que escolhessem profissões de interesse aquelas em Quanto vale uma profissão 195202 199 que já pensaram ou que estão querendo seguir Tais atividades profis sionais foram registradas na lousa da sala na qual as sessões em grupo são realizadas Passo 6 Trabalho coletivo de definição de horas de estudo necessárias para cada profissão listada Solicitouse que os alunos decidissem em consenso quantas horas por dia de estudo seriam necessárias para a aprovação no vestibular e o ingresso em um a careira universitária objetivo principal dos participantes do grupo Passo 7 Aquisição da profissão por meio das fichas Ao final da atividade os coordenadores colocaram duas mesas explicando que uma simboliza va o Mercado de Profissões e a outra o banco de fichas O Mercado de Profissões é o lugar onde eles podem comprar as profissãoões que desejarem com base no quadro de valor lousa sendo que o produto é a atividade laboral e o preço as horas necessárias de estudo para sua conquis ta Já o banco de fichas seria o espaço no qual eles poderiam fazer trocas trocar duas fichaslazer por duas fichasestudo por exemplo A única ficha que não pode ser trocada é a fichaescola pois não há como ir mais à escola ou deixar de ir para fazer outras atividades para não estimular faltas às au las A moeda para compras é a fichaestudo ou seja com a fichaestudo os participantes obtêm o direito de adquirir simbolicamente uma profissão Passo 8 Reflexão e síntese Após as devidas trocas de fichas e compras participantes e coordenadores sentaram em uma roda e foi proposta uma conversa sobre a atividade instigando o valor de cada profissão o custo para se conquistálas o que os jovens têm feito para alcançar seus objeti vos e quais trocas seriam necessárias para se conquistar uma meta Resultados e Discussão Os resultados com a atividade intitulada Mercado de Profissões foram observados durante o desenvolvimento da técnica e na roda de discussão fei ta a posteriori Foram analisados os dados conforme as falas dos estudantes bem como suas atividades e relato de reflexão ao fim da atividade Inicialmente durante a contagem de horas feitas pelos coordenadores percebeuse que a quantidade de tempo disponibilizada às aulas escolares não variou muito entre os estudantes mesmo havendo diferenças quanto ao período em que se estuda matutino vespertino ou noturno Em segundo lugar durante a construção da tabela de produtos e preços os alunos pu deram observar as diferenças de horas de estudo disponibilizadas para cada curso superior Alguns possuíam nota de corte eou relação candidatovaga menores do que outros Além disso como houve algumas divergências de decisão do preço da carreira eles puderem relatar e perceber que isso de pendia da instituição de ensino superior em que se encontrava determinado curso e da época em que se está prestando vestibular pode variar conforme o ano e o período meio ou final do ano Além disso já na roda de reflexão apareceram dois tipos de grupos de participantes os que têm poucas fichasestudo para comprar a carreira Aliene Lago Jefferson Claudio Urbinatti Laura de Oliveira Marangoni Lucy Leal MeloSilva 200 desejada e aqueles com muitas fichasestudo e poucas fichaslazer eou fi chassono O primeiro grupo era esperado justamente pelo fato desssa técni ca ter sido elaborada pelos coordenadores para alertar sobre a organização do tempo e as poucas horas dedicadas aos estudos em situações específicas de alguns alunos Sabese que essa quantidade de horas disponibilizadas se dife rencia de pessoa para pessoa Inclusive os próprios estudantes traziam exem plos que conceituavam essa situação em que pessoas que para ir bem em uma determinada prova precisavam estudar cerca de 5 a 7 horas Contudo outros colegas para a mesma prova se dedicavam cerca de 2 horas e saiam se bem senão melhor em comparação com aquele primeiro colega Sendo assim foi feita uma reflexão sobre a relativização do tempo de estudo de cada um e a qualidade do resultado Porém no caso do primeiro grupo o tempo estimado de estudos era re duzido e não suficiente uma vez que eles trouxeram relatos nas sessões an teriores de notas baixas na escola falta de ânimo para estudar e muito tempo disponibilizado ao lazer Em especial um garoto chamou atenção ele estava em dúvida entre Engenharia de Computação e Ciências da Computação es tudava cerca de 2 horas e passava mais de 24 horas com jogos computacionais na semana Com a atividade ele percebeu onde estava falhando e resolver trocar algumas fichaslazer por fichasestudo para comprar alguma dessas atividades profissionais A técnica mostrou ao garoto de uma maneira lúdi ca as modificações que poderia fazer em sua rotina para conquistar seu ob jetivo Nessa situação particular o tempo dedicado a jogos computacionais se relaciona diretamente com a profissão almejada o que é um indicador de consistência na escolha Por outro lado é preciso atentar para as exigências relativas aos conteúdos requeridos nas provas dos exames vestibulares Com relação ao segundo grupo foi discutida a importância de se ter tempo dedicado ao lazer e suficientes horas de sono Também foi feita uma discussão sobre a relativização do tempo de pessoa para pessoa disponibi lizado a essas atividades Os estudantes traziam diferenças quanto a horas de sono Por exemplo enquanto uns dormiam 5 horas e estavam dispostos no outro dia outros precisam de 8 ou 9 horas Os coordenadores trouxeram na reunião uma metáfora para explicar a necessidade que o ser humano tem de descansar o corpo e a cabeça transcrita a seguir O cérebro é como uma esponja que absorve cada gota de água assim como nosso cérebro absorve as informações Em um determinado momento a esponja satura e já não absorve água pelo contrário começa a escorrer por ela O cérebro funciona da mesma forma quando está farto de conhecimentos ele não capta com a mesma proporção Enquanto que para a esponja voltar ao mesmo nível de absorção basta apertála até a água sair por completo com o cérebro é preciso ter o tempo de lazer e as horas de sono Somado a isso foi levado em conta que biologicamente a memorização de conhecimento é feita durante o sono mais um motivo para se ter um repouso de qualidade No segundo grupo se destacou uma garota que afirmava não conseguir memorizar os conteúdos dos seus estudos ficando horas e horas fazendo a leitura papagaio na qual a pessoa lê mas não compreende e não fixa as Quanto vale uma profissão 195202 201 informações Depois da atividade o grupo chegou à conclusão que era devi do à falta de descanso A estudante comentou que tentava estudar até tarde privandose de dormir o suficiente e não se envolvia em atividades de lazer nem aos finais de semana Na atividade ela pôde perceber que excedia seu limite nos estudos e que não relaxava sendo assim pôde comprar a profis são que desejava e com o que sobrou das fichasestudo trocou por algumas fichaslazer e fichassono Conclusão Em síntese ao final do grupo de discussão os estudantes concluíram que deveriam levar em conta as particularidades requeridas de cada profissão e os seus limites individuais Esta atividade possibilitou a busca pelo realis mo sendo este o grau de concordância entre o retrato que o indivíduo faz de si mesmo e as evidências externas a ele Lassance 2005 A atividade não foi desenvolvida no sentido de fazer os estudantes se encaixarem nas exigências para se conquistar determinada profissão como era a Orientação Profissional no início do século XX Sparta 2006 O intuito foi instigar refle xões e críticas construtivas acerca dos próprios comportamentos e o quanto estes refletem na construção da carreira escolhida Além disso a finalidade dessa intervenção foi de auxiliar na construção de um autoconceito mais real e benéfico Assim a técnica pode auxiliar na observação sobre quais atitudes já estão sendo efetivadas e que contribuem para o alcance do objetivo e quais atitudes necessitariam ser modificadas Sendo assim na medida em que os indivíduos que se percebem como auto eficazes e com um autoconceito positivo elevase também a autoestima e consequentemente ficam mais motivados em buscar seus sonhos e decidir qual carreira seguir Lassance 2005 Somado a isso este trabalho possui importância na literatura relacionada à prática em Orientação Profissional uma vez que contribui com a inovação das intervenções através de uma técnica nova e pautada nas experiências pro fissionais A atividade pode ser expandida para outros contextos com situações semelhantes e auxiliar na escolha laboral e na sua busca pela carreira desejada fazendo com que haja o encontro dos interesses e habilidades do indivíduo com suas opções profissionais contribuindo para seu sucesso e satisfação Por último os estudantes avaliaram a intervenção como direta objeti va positiva e reflexiva sendo também um pouco angustiante visto que eles são colocados para se autocriticarem e pensarem nas soluções dos possíveis problemas encontrados Sendo assim o aluno foi posicionado como o sujeito do seu próprio desenvolvimento contudo em um ambiente protegido onde os coordenadores os auxiliaram a buscar o que desejam a tomar decisões a estabelecer objetivos e a persistirem na meta mesmo com obstáculos Soares et al 2007 Instituto Ayrton Senna material de discussão sd Ao final do atendimento os estudantes relataram que a técnica contribuiu bastantes ou seja muito mais do que possibilitar falar ela permitiu verificar a realidade E assim criouse oportunidade de reflexões sobre seus comportamentos sobre Aliene Lago Jefferson Claudio Urbinatti Laura de Oliveira Marangoni Lucy Leal MeloSilva 202 REFERÊNCIAS BordãoAlves D P MeloSilva L L 2008 Maturidade ou imaturidade na escolha da carreira uma abordagem psicodinâmica Avaliação Psicológica 71 2334 Ferrettti C J Uma nova proposta em orientação profissional São Paulo Cortez Godoy S Noronha A P P 2010 Interesses e personalidade diferenças entre série e sexo de jovens do Ensino Médio Estudos Interdisciplinares em Psicologia 12 184201 Instituto Ayrton Senna sano Competências socioemocionais material de discussão Lassance M C P 2005 Adultos com dificuldades de ajustamento ao trabalho amplicando o enquadre da Orientação Vocacional de abordagem evolutiva Revista Brasileira de Orientação Profissional 61 4151 Noronha A P P Freitas F A Ottati F 2003 Análise de instrumentos de avaliação de interesses profissionais Psicologia Teoria e Pesquisa 193 287291 Oliveira M C Guimarães V F Coleta M F D 2006 Modelo desenvolvimentista de avaliação e Orientação de Carreira proposto por Donald Super Revista Brasileira de Orientação Profissional 72 1118 Soares D H P Krawulski E Dias M S L DAvila G T 2007 Orientação Profissional em contexto coletivo uma experiência em prévestibular popular Psicologia Ciência e Profissão 274 746759 Sparta M 2003 O desenvolvimento da Orientação Profissional no Brasil Revista Brasileira de Orientação Profissional 412 111 Tetu V Domingues A S Chiochetta L Veloso M M 2011 O trabalho de Orientação Profissional com um grupo de alunos de 3 ano do Ensino Médio Trabalho apresentado no X Congresso Nacional de Educação EDUCERE I Seminário Internacional de Representações Sociais Subjetividade e Educação SIRSSE Pontifícia Universidade Católica do Paraná Curitiba Valore L A Cavallet L H R 2012 Escolha e Orientação Profissional de estudantes de curso prévestibular popular Psicologia Sociedade 242 354363 as possíveis escolhas e metas a serem alcançadas trazendo melhor compre ensão do processo complexo na busca por resultados mais satisfatórios O que requer algumas mudanças mais concretas EVASÃO EM GRUPOS DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ESTRATÉGIAS DE MOTIVAÇÃO PARA O PROCESSO MANUTENÇÃO DO VÍNCULO E AVALIAÇÃO DO TRABALHO REALIZADO EVASÃO EM GRUPOS PARTE 2 PRÁTICAS 203210 4 Mariana Michelena Santos1 Leticia Benvenuti Castelo2 1 Psicóloga CRP 1210297 formação em Orientação Profissional e de Carreira pelo Instituto do Ser e é mestranda do Programa de PósGraduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC na área de Psicologia do Trabalho e das Organizações Atua e desenvolve pesquisas com jovens e adultos na área de orientação profissional e planejamento de carreira marianamarianamichelenacombr 2 Psicóloga CRP 06122782 graduada na UNISUL MBA em Gestão de Pessoas pela FGV Possui formação em Coaching Integrado pela ICI e em Orientação Profissional e de Carreira pelo Instituto do Ser Atua como consultora na área de Gestão de Pessoas e trabalha com desenvolvimento profissional de jovens e adultos através de orientação profissional planejamento de carreira e coaching leticialcastelocombr A escolha profissional constituise como um processo complexo que permeia a vida dos sujeitos Por efetivarse predominantemente na juventude esta decisão constituise como uma das primeiras escolhas de alta consequência Giddens 2002 realizada pelos sujeitos e envolve resultados particulares fundamentais para as suas vidas no futuro Neste momento os jovens são impelidos a refletirem e avaliarem possibilidades e necessidades as quais se fundamentam em suas oportunidades de vida Luna Santos 2013 A realização de uma escolha profissional autônoma e na medida do possível consciente de suas motivações e implicações é apontada pela literatura da área de orientação profissional como decorrente da união do autoconheci mento e de informações profissionais Valore Ferrarini 2011 Mas será que os jovens contemporâneos têm se dedicado ao conhecimento de si e da realidade socioprofissional e educativa Estudos nacionais tendem a apontar que os jovens brasileiros ao realiza rem suas primeiras escolhas profissionais na iminência da conclusão do en sino médio Bock 2006 Sparta 2003 Sparta Gomes 2005 apresentam Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Mariana Michelena Santos Leticia Benvenuti Castelo 204 conhecimentos restritos sobre si no que tange aos seus interesses valores e habilidades Lassance Grocks Francisco 1993 Sparta Bardagi Andrade 2005 e especialmente no que se refere ao mundo do trabalho Hotza Lucchiari 1998 Levenfus Nunes 2002 Sparta 2003 Em pesquisa reali zada por Schiesse e Sarriera 2000 com alunos do último ano do ensino mé dio de escolas públicas e particulares do município de Itajaí SC os autores identificaram que a imaturidade e a dificuldade para identificar interesses e aptidões eram frequentemente citadas entre estes sujeitos como fatores que dificultavam a escolha por um curso universitário Ademais outros aspectos relacionados à dificuldade de escolha profissional identificados por Primi e co laboradores 2000 foram a insegurança e a falta de informação A carência de informações profissionais pode constituirse como um dos principais aspectos que dificulta a tomada de decisão profissional Lima 1999 bem como a assi milação de informações equivocadas e insuficientes pode levar à construção de projetos profissionais estereotipados e inconsistentes Faria e Guzzo 2007 Sparta Bardagi Andrade 2005 Whitaker Onofre 2006 Neste contexto fazse importante refletir por que os jovens contempo râneos que vivenciam a era da informação e têm fácil acesso a diversos me canismos que proporcionam o contato com um contingente de informações apresentamse substancialmente desinformados Em um estudo realizado por Santos Luna e Bardagi 2014 os autores problematizam os desafios da orientação profissional com adolescentes sob a ótica da modernidade líquida Bauman 2001 a qual é caracterizada pela efemeridade distancia mento superficialidade do conhecimento e do entendimento dos sujeitos acerca do mundo e de si mesmos Para os autores alguns modelos utilizados para descrever a adolescência atual tal como o da geração zapping ou geração Z descrito por Levenfus 2002 fazem menção a estas característcias da modernidade líquida O termo zapping oriundo do inglês faz alusão ao com portamento de zapear que é característico desta geração refletindo a alter nância frequente dos jovens entre atividades ou atenção a diversos estímulos Levenfus 2002 Deste modo os jovens diversificam mas não se aprofun dam nas informações com as quais entram em contato Santos et al 2014 o que pode refletir também em seus processos de escolha profissional No âmbito da orientação profissional observase com frequência uma necessidade de muitos jovens por respostas imediatas como se buscas sem um diagnóstico e uma definição de como enfrentar a sua dificuldade Bohoslavsky 2003 em um curto período de tempo Por vezes mesmo que motivados por uma iniciativa própria a buscar auxílio de um orientador pro fissional determinados jovens chegam ao processo de OP com uma postura passiva como se o orientador fosse responsável por sugerir respostas que o próprio jovem não tem Esta atitude se reflete por exemplo na falta de com prometimento com as atividades propostas com as tarefas para casa e com a assiduidade nos encontros Este espírito de desapego e descompromisso que pode constituirse como uma das características da geração zapping pode trazer dificuldades no planejamento profissional e de vida visto que pensar no próprio futuro e tomar decisões sobre ele implicam em uma postura ativa Evasão em grupos de orientação profissional 203210 205 em seu processo de autoconhecimento percepção de estabilidade de certos interesses e metas pessoais e estabelecimento de estratégias de longo prazo Santos et al 2014 No âmbito da orientação profissional realizada em contexto escolar es tas dificuldades também se fazem presentes Com a finalidade de facilitar o processo de escolha profissional de seus alunos é crescente o número de es colas que oferecem atividades voltadas para a orientação profissional Muitas instituições buscam profissionais especializados em OP sejam eles educado res ou psicólogos os quais por vezes fazem parte do quadro funcional da escola ou são contratados em caráter terceirizado Visando à economia dos recursos financeiros a otimização do trabalho realizado e o alcance do maior número de alunos possível ao mesmo tempo principalmente em virtude do número expressivo de atividades que os alunos do ensino médio realizam as escolas têm priorizado ofertar atividades voltadas para grupos Estas ativi dades podem ocorrer durante o horário da aula com a totalidade da turma ou em grupos no contraturno escolar Geralmente são atividades ofertadas de forma gratuita para os alunos Todavia muitos sujeitos mesmo apresentan do dificuldades no processo de escolha resistem em participar ou quando o fazem comprometemse pouco com as atividades realizadas apresentan do frequência irregular nos encontros baixo envolvimento nas discussões e impaciência durante atividades Além disso muitos desistem ao longo dos encontros realizados em grupo Salvo nos casos de desistência pelo fato de já terem efetivado uma escolha muitos abandonam por falta de interesse em realizar as atividades propostas incompatibilidade de expectativas falta de empatia com os colegas desinteresse no compartilhamento dos demais difi culdade de conciliar com outras atividades extraclasses entre outras razões A estruturação de um plano de vida em condições de curto prazo e de uma política de satisfação instantânea emerge como um desafio considerável para os processos de OP Santos et al 2014 Nesse sentido as implicações das características da modernidade líquida Bauman 2001 nos processos decisórios bem como nas práticas de orientação profissional devem ser dis cutidas com a finalidade de problematizar as práticas vigentes e sistema tizar conhecimentos que fundamentem novas propostas interventivas que contemplem as características desta realidade Levando em consideração tais aspectos este artigo visa apresentar estratégias que foram utilizadas para di minuir a evasão em grupos de OP ofertados para os alunos do ensino médio de uma escola da Grande Florianópolis Destinase também a oferecer uma nova possibilidade interventiva de orientação profissional na modalidade de grupos no contexto escolar a qual pode constituirse como um importante recurso para motivar os alunos para a partipação ativa e para o engajamento em seus processos de escolha Descrição da intervenção Inicialmentente ocorreu a divulgação do programa de orientação pro fissional através de palestras em três turmas duas turmas do segundo ano e uma do terceiro do ensino médio de uma escola particular localizada na Mariana Michelena Santos Leticia Benvenuti Castelo 206 região da Grande Florianópolis Após as palestras os alunos interessados realizavam suas inscrições nos horários previamente estabelecidos Foram ofertados quatro horários para grupos no contraturno escolar Cada grupo ti nha 15 vagas disponíveis A participação dos alunos foi voluntária e gratuita Com a finalidade de tornar o programa de orientação profissional mais dinâmico e envolvente para os seus participantes diminuindo a evasão nos grupos de orientação profissional realizados anualmente na escola as psi cólogas responsáveis pela orientação profissional ofertada nesta instituição elaboraram uma Gincana de Orientação Profissional Para tanto os alunos foram divididos em equipes as quais competiam entre si e somavam pontos através da realização de atividades Critérios como assiduidade comprome timento e participação também eram pontuados com o intuito de que os gru pos permanecessem coesos e colaborativos ao longo do processo A gincana foi composta por dinâmicas de grupo testes psicológicos jogos desenhos colagens questionários pesquisas genoprofissiograma projeto de intervenção profissional entre outras técnicas de OP as quais bus cavam explorar o autoconhecimento informação profissional e projeto de futuro O programa teve um total de oito encontros sete em grupo e uma de devolutiva individual realizados semanalmente cada um com duração de 1 hora e 30 minutos Participaram da gincana 47 alunos O limite de faltas foi definido limitandose a um encontro por aluno com a finalidade de que os mesmos se comprometessem com o horário escolhido e não perdessem atividades importantes no decorrer do processo As atividades da gincana foram realizadas em uma sala propícia para o desenvolvimento das mes mas localizada nas dependências da escola em questão e foram conduzidas por duas psicólogas especializadas em orientação profissional e de carreira Apresentase a seguir um quadro ilustrativo contendo as atividades realiza das em cada encontro em grupo bem como as tarefas para serem desenvol vidas em casa pelos alunos Encontro Atividades realizadas Tarefas de casa 1 Apresentação sociodrama contrato elaboração das equipes e preenchimento do questionário inicial 2 Gosto e Faço e Cesta de Habilidades Genoprofissiograma 3 Discussão e reflexão dos Genoprofissiogramas estudos de Caso fatores que interferem na escolha Frases para completar 4 Reflexão sobre as Frases para completar Critérios para escolha profissional Desenho das profissões e Aplicação do AIP Avaliação dos Interesses Profissionais 5 Dinâmica Construindo um automóvel para ETs manuseio dos cartões das profissões e instrução sobre o Projeto de Intervenção Pesquisa sobre as profissões 6 Apresentações das profissões e desenvolvimento do Projeto de Intervenção Projeto de Intervenção 7 Apresentações dos Projetos Profissionais QUADRO ILUSTRATIVO Detalhamento das atividades e tarefas de casa Evasão em grupos de orientação profissional 203210 207 No final do processo a equipe vencedora foi premiada com um Kit do Vestibulando o qual era composto por materiais escolares caneta lápis borracha post its guia das profissões gibi sobre a escolha profissional mar cador de livro e itens de alimentação e hidratação comumente utilizados no decorrer das provas do vestibular água frutas barra de cereal chocolate Também foi aplicado um questionário de avaliação de impacto com o intuito de identificar a percepção dos participantes acerca do programa diagnosticar possíveis aspectos que causam o desinteresse para o planejamento de futuras intervenções e avaliar possíveis melhorias Resultados e Discussão A realização do programa de orientação profissional no formato de uma gincana possibilitou um maior engajamento dos alunos durante os encon tros Foi possível observar que as equipes mantiveramse unidas durante o decorrer das atividades e os alunos mostraramse mais participativos no processo de escolha de seus colegas contribuindo com informações trazidas de casa e incentivando uns aos outros na realização das tarefas Além disso favoreceu o processo de autoconhecimento na medida em que os colegas fo ram trocando vivências e experiências e localizando seus interesses valores e habilidades No contexto grupal cada participante atua como um facilitador pois a sua possibilidade de entender o outro e poder expressar de alguma forma a sua percepção sobre ele auxilia cada membro na busca pelo conheci mento de si mesmo Gonçalves Perpétuo 2007 Lucchiari 1993 Ao tro car experiências e informações com o grupo o jovem passa pelo processo de identificação facilitando o autoconhecimento e desenvolvendo a maturidade e autonomia para uma escolha profissional segura Em um cenário de constantes transformações como configurado na adolescência a possibilidade do grupo facilitar a localização de caracte rísticas individuais a partir das trocas com os colegas que convivem dia riamente com estes sujeitos também contribui para a percepção de certa estabilidade em termos de gostos e habilidades Para Santos e colaborado res 2014 na atualidade os processos de orientação profissional devem auxiliar os jovens a lidar com mudanças rápidas e imprevisibilidade bem como com o surgimento de novos interesses e preferências no que tange ao trabalho Porém também devem contribuir para distinguir o que é efêmero e o que é contínuo em termos de preferências e interesses com base nas características individuais de cada um Deste modo os encontros de OP podem configurarse como um espaço para a construção e planejamento de projetos futuros viáveis e satisfatórios para além da política de satisfação instantânea da modernidade líquida Uma limitação que até então dificultava o processo de OP nesta escola era o fato de que os alunos pareciam limitar as reflexões sobre suas escolhas profissionais ao momento do grupo e eventualmente durante a realização das tarefas de casa Porém através da gincana observouse que os desdo bramentos das intervenções de OP realizadas no grupo foram expandidos Mariana Michelena Santos Leticia Benvenuti Castelo 208 na medida em que os alunos discutiam as atividades que deveriam realizar para o próximo encontro durante o horário do recreio bem como marcaram encontros para a realização destas atividades no contraturno escolar Alguns grupos encontraramse no laboratório de informática para pesquisar infor mações sobre cursos de graduação e mercado de trabalho e outros se encon traram para entrevistarem profissionais Um maior engajamento entre os pares foi observado como decorrên cia desta nova proposta interventiva A realização de atividades em equipe motivou os alunos a contribuirem de forma efetiva nos processos de es colha de seus colegas auxiliando nas discussões e tarefas uns dos outros O uso das redes sociais para divulgar informações e fotos sobre a gincana também contribuiu para que os alunos mativessem o contato para além dos encontros presenciais comentando nas fotos e nas postagens sobre informações que eram de seu interesse A internet consituise como um importante recurso para a busca e compartilhamento de informações na área de orientação profissional potencializada sobretudo entre os sujei tos considerados nativos digitais Prensky 2001 os quais cresceram lado a lado com as novas tecnologias computadores celulares games tocadores de áudio digitais entre outros Configurase como um veículo de comuni cação diário entre os adolescentes mediante diferentes aplicativos e redes sociais podendo ser utilizado como mais um canal para a promoção e aces so a informações profissionais A atividade denominada Projeto de intervenção profissional possibi litou uma aproximação com a realidade de determinadas profissões favo recendo que os alunos entrassem em contato com profissionais da região bem como visualizassem as possibilidades de atuação destas profissões na prática Nesta atividade os alunos analisaram problemas reais vivenciados no país envolvendo aspectos como saúde mobilidade urbana sistema carce rário entre outros tópicos e após realizaram um projeto de interevenção em pequenos grupos nos quais cada participante contribuia com possibilidades interventivas a partir da ótica de determinado profissional que lhe desper tasse interesse Além de favorecer o acesso a informações profissionais esta atividade contribuiu para o processo de tomada de consciência engajamento e comprometimento social pontuados como fundamentais pela literatura da área de OP Santos et al 2014 Outro aspecto observado foi a redução do número de alunos que desisti ram ao longo do processo Em virtude dos grupos serem ofertados gratuita mente pela escola em questão era comum até então que os alunos faltassem aos encontros com frequência principalmente nos dias que antecediam as provas Alguns realizavam suas respectivas inscrições e não compareciam nem ao primeiro encontro ora por esquecerem a data de início ora por se inscreverem motivados pelo grupo de amigos que participaria e não por um desejo genuíno de refletir sobre a escolha da profissão Deste modo a partir de uma limitação do número de faltas e do engajamento dos alunos com as suas equipes observouse que a frequência dos mesmos aumentou resultan do na redução da evasão dos alunos dos grupos Em anos anteriores o índice Evasão em grupos de orientação profissional 203210 209 de evasão dos grupos de OP na escola em questão beirava os 40 e durante o decorrer deste ano este índice não chegou a 20 A avaliação dos alunos através do preenchimento de um quetionário após a conclusão do processo também possibilitou identificar que os objeti vos da proposta foram alcançados A significativa maioria dos alunos 93 avaliou que os assuntos discutidos e as atividades propostas contribuíram para a sua escolha profissional considerou a carga horária e o número de encontros adequados 93 e de uma forma unânime os participantes avaliaram que o processo de OP ofertado alcançou as suas expectativas Como aspectos positivos do processo pontuados pelos participantes foram citados o aumento do autoconhecimento e de informações profissionais a proposta dinâmica e interativa a relação estabelecida com os colegas e com as orientadoras o esclarecimento de dúvidas e o reforço da escolha que alguns já haviam feito Como possibilidades de melhorias no programa um aluno sugeriu que os encontros poderiam ser mais divertidos e outro avaliou que poderiam ser mais agitados Neste sentido tornase possível concluir que as atividades ofertadas na modalidade de gincana além de fa cilitarem o processo de escolha profissional dos sujeitos que participaram também contribuíram para a motivação dos mesmos para o processo de es colha manutenção da assiduidade e consequentemente para a diminuição dos índices de evasão dos grupos Considerações finais Os resultados apontam a necessidade de flexibilidade e criatividade dos profissionais da área de OP para a realização de um trabalho consistente do ponto de vista teóricometodológico e que ao mesmo tempo possa promover reflexões de uma forma lúdica e descontraída Tais aspectos têm sido funda mentais para o sucesso das práticas de OP nas escolas possibilitando o en gajamento e participação dos alunos em atividades reflexivas e significativas para a construção de seus projetos individuais Enfatizase como um aspecto positivo deste trabalho o caráter coleti vo da aplicação e que ao mesmo tempo possibilita o autoconhecimento dos participantes Como uma oportunidade de melhoria para esta proposta in terventiva sugerese que a mesma seja realizada em um período de tem po maior que uma hora e meia Em virtude do tempo limitado estabelecido junto à coordenação da escola as discussões em alguns momentos preci saram ser sucintas e por vezes aceleradas para que fosse possível concluir as atividades no tempo previsto Entretanto os diálogos e questionamentos suscitados nos debates constituemse como a parte mais rica das atividades propostas e poderiam ser explorados em maior profundidade caso houvesse mais tempo Neste sentido tornouse fundamental a condução realizada por duas facilitadoras visto que as mesmas tiveram a oportunidade de circular entre os pequenos grupos enquanto os mesmos trabalhavam em equipes re alizando apontamentos mediando e conduzindo discussões e facilitando a reflexão de determinadas informações Mariana Michelena Santos Leticia Benvenuti Castelo 210 Ademais vale apontar que a Gincana de OP constituise como parte de um programa de orientação profissional ofertado pela escola e as discussões abordadas nestes encontros puderam ser complementadas eou aprofun dadas em outras atividades que enfocam aspectos da escolha profissional Atividades como palestras com profissionais de áreas específicas feira das profissões e pesquisas sobre as profissões realizadas em pequenos grupos e posteriormente expostas nos corredores da escola contribuem para comple mentar e aprofundar as informações discutidas A partir da avaliação dos resultados obtidos podese concluir que a ativi dade realizada constituise como um instrumento facilitador para a reflexão de aspectos significativos que permeiam o processo de escolha profissional bem como para a tomada de decisão dos jovens participantes podendo ser utilizada como um importante recurso na prática de orientadores profissio nais que atuam em escolas Também pode constituirse como um recurso facilitador para a construção de conhecimento científico na medida em que pode ser utilizado em diferentes populações escolas públicas e privadas alunos no início e final do ensino médio possibilitando traçar relações e diferenciações a partir dos dados obtidos REFERÊNCIAS Bauman Z 2001 Modernidade Líquida Rio de Janeiro Zahar Bock S D 2006 Orientação Profissional a abordagem sóciohistórica 3a ed São Paulo Cortez Faria L R P Guzzo R S L 2007 Em tempo de globalização a representação social de emprego trabalho e proissão em adolescentes Estudos e Pesquisas em Psicologia Rio de Janeiro v 7 n 3 p 387404 Giddens A 2002 Modernidade e identidade Rio de Janeiro Zahar Golçalves A M Perpétuo S C 2007 Dinâmica de grupos na formação de lideranças 10 ed Rio de Janeiro DPA Hotza M A S Lucchiari D H P S 1998 A reescolha profissional dos vestibulandos da UFSC de 1997 Revista da ABOP 21 97110 Lassance M C Grocks A Francisco D J 1993 Escolha profissional em estudantes universitários estilo de escolha Anais do Simpósio de Orientação Vocacional Ocupacional Porto Alegre RS Brasil Levenfus R S 2002 Geração Zapping e o Sujeito da Orientação Vocacional Em R S Levenfus D H P Soares Org Orientação vocacional ocupacional novos achados teóricos técnicos e instrumentais para a clínica a escola e a empresa Porto Alegre Artmed p 3350 Levenfus R S Nunes M L T 2002 Principais temas abordados por jovens centrados na escolha profissional Em R S Levenfus D H P Soares Org Orientação vocacional ocupacional novos achados teóricos técnicos e instrumentais para a clínica a escola e a empresa Porto Alegre Artmed Lima M T A 1999 A tempestade de profissões e sua utilização em orientação profissional In MCP Lassance Org Técnicas para o trabalho de orientação profissional em grupos pp147155 Porto Alegre Editora da Universidade Lucchiari D H P S 1993 Pensando e vivendo a orientação profissional São Paulo Summus Luna I N Santos M M 2013 Profissão e carreira relações entre escolhas por cursos de graduação e âncoras de carreira Psicologia Argumento 3175 pp 653663 Prensky M 2001 Digital natives digital immigrants On the Orizon MCB UniversityPress 95 p 16 Primi R et al 2000 Desenvolvimento de um inventário de levantamento das dificuldades da decisão profissional Revista Psicologia Relexão e Crítica Porto Alegre v 13 n 3 p 451463 Schiesse C S Sarriera J C 2000 O ingresso à universidade Diiculdades e expectativas dos jovens em relação à escolha do curso universitário Psico 312 p123146 Sparta M 2003 A exploração e a indecisão vocacionais em adolescentes no contexto educacional brasileiro Dissertação de mestrado nãopublicada Programa de PósGraduação em Psicologia do Desenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre RS Brasil Sparta M Gomes W B 2005 A importância atribuída ao ingresso na educação superior por alunos do ensino médio Revista Brasileira de Orientação Profissional 62 4553 Sparta M Bardagi M P Andrade A M J 2005 Exploração vocacional e informação profissional percebida em estudantes carentes Aletheia 22 7988 Valore L A Ferrarini N L 2011 Decisão e exploração vocacional em estudantes de um curso prévestibular popular contribuições da Psicologia International Journal of Developmental and Educational Psychology 12 p 135143 Whitaker D C A Onofre S A 2006 Representações sociais em formação sobre os vestibulares dos estudantes de um cursinho comunitário na zona rural Revista Brasileira de Orientação Profissional 71 pp4555 OS TRABALHOS DE GRUPO EM ORIENTAÇÃO VOCACIONAL E OS QUESTIONAMENTOS NA ADOLESCÊNCIA EM DIFERENTES CONTEXTOS SOCIOCULTURAIS OS TRABALHOS DE G PARTE 2 PRÁTICAS 211219 5 Victor Augusto Ferreira de Aguiar1 Thais Grecca Garcia2 Silvana Nunes Garcia Bormio3 1 Psicólogo clínico Graduado em Psicologia pela Universidade Sagrado Coração Bauru SP aguiarsm09gmailcom 2 Psicóloga Graduada em Psicologia pela Universidade Sagrado Coração Bauru SP thaisggyahoocombr 3 Doutora em Psicologia e Docente na Universidade Sagrado Coração Bauru SP silvanasergiouolcombr Atualmente em nossa sociedade a busca por caminhos vocacionais e profis sionais está sendo realizada cada vez mais tarde Tal processo acompanha do por requisitos de autoconhecimento requer para a grande maioria dos adolescentes um processo de acompanhamento que pode auxiliar no desen volvimento de diferentes áreas de sua personalidade não só as habilidades profissionais Além disso as transformações sociais e econômicas do sistema capitalista marcadas por incertezas oscilações e contradições colocam no vos e graves questionamentos em todo o mundo ameaçando a construção de perspectivas e colocando em risco uma possível segurança que se pode almejar em relação ao futuro dentro e fora dos espaços de trabalho A orientação vocacionalprofissional OVP é a área da Psicologia que tem especificamente o objetivo de acompanhar e orientar o indivíduo de modo especial adolescentes em seu processo de escolha e decisão profissional Este processo segundo Sparta Bardagi e Teixeira 2006 deve levar em conside ração conteúdos internos e externos como sua história de vida traços de personalidade assim como o mercado de trabalho e as necessidades deste mercado respectivamente Também tal processo deve auxiliar na identifi cação das influências que o indivíduo recebeu durante todo seu processo de desenvolvimento sejam elas da família amigos mídia livros filmes etc Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Victor Augusto Ferreira de Aguiar Thais Grecca Garcia Silvana Nunes Garcia Bormio 212 Da mesma forma o papel do psicólogo no trabalho de orientação profis sional é atingir o objetivo de promoção da saúde levando o sujeito a se conhecer no sentido de possibilitar uma escolha mais lúcida madura ajus tada e de acordo com as habilidades de cada indivíduo Noronha Ambiel 2006 p 75 A OVP é um processo que tem seu dinamismo em qualquer etapa do de senvolvimento humano porém é na adolescência que ela se apresenta como uma das tarefas evolutivas deste período e passaporte para entrada no mun do adulto Ao final do Ensino Médio o jovem adolescente se depara com a realidade de que em seu futuro a qualidade de vida dependerá e muito da escolha que fizer Encontrase assim com um número muito grande de op ções profissionais com um mercado de trabalho submerso na realidade da lógica capitalista e desprovido de qualquer recurso para lidar com tudo isso uma vez que são raras as ações educativas centradas na área da OVP Considerando que é um período do desenvolvimento humano marcado por inúmeras modificações relacionadas ao corpo à família ao raciocínio à sua posição nos grupos sociais como a escola amigos grupos religio sos entre outros requer do adolescente um sem fim de energia psíquica para tentar solucionar os questionamentos advindos deste processo de amadurecimento Sabese ainda ser a adolescência uma etapa do ciclo vital em que há o des prendimento da infância com todas as implicações emocionais e cognitivas envolvidas na elaboração dos lutos específicos desta etapa e a concomitante entrada progressiva no mundo e no papel adulto é nesse contexto conturba do que os jovens precisam assumir uma postura diante da sociedade tendo que optar por uma carreira profissional a ser seguida Muller 1998 No início da adolescência o jovem sentese descompromissado com o seu projeto de vida vivendo muitas vezes a ilusão a fantasia e o sonho mas ao passo em que vai conquistando sua própria identidade e compreendendo suas próprias singularidades tem a necessidade de definirse conhecerse e de escolher sua profissão com base na sua realidade pessoal e sociocultural Piaget em seus estudos concluiu conforme Bee 1997 que um novo tipo de pensamento surgia a partir dos 12 anos de idade era o pensamen to operatório formal Este tem como características principais a ampliação das habilidades de raciocínio para além da realidade podendo o indivíduo iniciar um processo de manipulação de conceitos mais abstratos outra carac terística é a busca por soluções sistemáticas e metódicas para a resolução de problemas chegando como processo do desenvolvimento à lógica dedutiva em seu repertório Freud acrescentando ideias sobre o desenvolvimento humano diferen ciou este através de fases sexuais onde o verbete sexuais deve ser enten dido como a energia libidinosa que move o indivíduo à vida A adolescência para ele chamada de fase genital era o momento no qual o sujeito retoma os impulsos sexuais após uma fase de adormecimento denominada período de latência Assim o adolescente passa a buscar em pessoas fora de seu grupo familiar um objeto de amor Os trabalhos de grupo em orientação vocacional 211219 213 As marcas das identificações e a vontade de corresponder às expectati vas das pessoas significativas em sua vida são questões que o jovem tenta atender Este se vê frente ao mercado de trabalho e de um grande campo de possibilidades passando assim por um período de ruptura e tendo que se posicionar na sociedade Bohoslavsky 2007 sintetiza o processo adolescência como a resolução de importantes tarefas como a de esclarecer seu papel na sociedade ou gru po elaborar lutos principalmente os relacionados com a infância e os papéis parentais entre outras que demandam grande energia psíquica ao longo de seu desenvolvimento podendo estas serem geradoras de ansiedade e preo cupações Portanto observase neste período além das experiências biopsi cossociais vivenciadas pelo adolescente o ajustamento de questões relacio nadas à sexualidade à cognição e ao futuro Definida como o processo pelo qual o indivíduo é ajudado a escolher e a se preparar para entrar e progredir numa ocupação a OVP propicia o de senvolvimento do autoconhecimento aplicando essa compreensão às ocupa ções A importância do processo é evidenciada no fato de que havendo uma identificação profissional haverá maiores possibilidades de o indivíduo se desenvolver em todas as suas potencialidades Através do processo de OVP os indivíduos se conhecem melhor como su jeitos reais percebendo suas identificações características e singularidades ampliando e transformando sua consciência e adquirindo assim melhores condições de organizar seus projetos de vida e especificamente no momen to fazer sua escolha profissional minimizando as fantasias É mais do que um momento para a descoberta da profissão a seguir é um processo onde emergem conflitos estereótipos e preconceitos que são trabalhados para sua superação onde a desinformação é enfrentada e possíveis caminhos de resolução são traçados onde o autoconhecimento adquire o status de algo que se constrói na relação com o outro e não como algo que se dá a partir de uma reflexão isolada descolada da realidade social ou que se conquista através de um esforço pessoal Bock Aguiar 1995 p17 A partir desta concepção podese dizer que a OVP também é um proces so que visa à promoção da saúde do indivíduo Dentre as técnicas comumente utilizadas pelo profissional psicólogo para a OVP podem ser citadas as encontradas em diferentes literaturas acerca do tema Colagem e cartaz Aspirações e expectativas a respeito do futuro Autobiografia Pesquisa de interesses descobrindo o CBO Código Brasileiro de Ocupações Cinefórum Gincana das Profissões entre outras Lassance Magalhães 1997 Soares Krawulski Dias Davila 2007 Bock 2010 Hohendorff Prati 2010 Brasil 2012 Permeando todas estas técnicas o profissional psicólogo pode desenvol ver seu trabalho individualmente ou em grupo Ao longo dos anos de modo especial após as grandes guerras mundiais o trabalho grupal tanto voltado Victor Augusto Ferreira de Aguiar Thais Grecca Garcia Silvana Nunes Garcia Bormio 214 para a OVP ou outra atividade psicoterápica aumentou e se desenvolveu Ao longo de seu ciclo vital o individuo ao interagir em seus grupos amplia os e renovaos Os grupos não são um somatório de individualidades mas possuem entidade leis e mecanismos específicos preservando a unidade de cada integrante havendo um enquadre para o mesmo funcionar Zimerman Osório 1997 Além disso seguindo a teoria dos grupos operativos de Pichón Rivière quem caracteriza estes como um tipo de grupo pedagógico os quais tem por finalidade operar sobre uma determinada tarefa visando aprender a pensar em coparticipação na resolução de situações estereoti padas para a obtenção de mudanças Aguiar Delazari Miqueleto Ramos Belancieri 2011 O objetivo deste trabalho foi mostrar o desenvolvimento de duas inter venções psicológicas e refletir sobre como o trabalho de grupo em OVP pode levar por caminhos diferentes todo o processo que o jovem possa realiza re ferente às suas escolhas e seu futuro Descrição das intervenções As atividades foram realizadas ao longo de um ano cada uma com du ração de três meses em semestres diferentes A primeira realizouse nas dependências de um projeto socioeducativo localizado em bairro da peri feria de uma cidade de médio porte do interior do estado de São Paulo No projeto socioeducativo presente no bairro há mais de vinte e cinco anos as dependências contam com salas para atividades biblioteca sala de informá tica refeitório quadra poliesportiva e um pátio geral Atualmente o projeto trabalha semanalmente com aproximadamente 180 crianças e adolescentes sendo 25 adolescentes participantes do programa PróJovem entre 14 e 18 anos faixa etária que integrou as atividades de OVP Em parceria com a Secretaria Municipal do BemEstar Social a instituição presta serviços do Sistema Único da Assistência Social SUAS desenvolvendo atividades nas áreas de Arte e Cultura Esporte e Lazer Ética e Cidadania Saúde e Meio Ambiente e Informática No segundo semestre a prática foi realizada nas dependências da Clínica de Psicologia Aplicada CPAF da universidade na qual os pesqui sadores desenvolviam suas atividades Participaram adolescentes também entre 14 e 18 anos inscritos por meio de ficha própria da clínica A CPAF oferece atendimento psicológico à comunidade de região de médio porte do interior do estado de São Paulo através de seus alunos em formação na graduação de Psicologia Os atendimentos são distribuídos nas diferentes abordagens psicológicas CognitivoComportamental Psicanálise Analítica Junguiana HumanistaExistencial Sistêmica Plantão Psicológico OVP e Psicossomática Especificamente tal prática foi realizada com os adolescentes que preencheram ficha de inscrição na secretaria da CPAF ou demonstraram interesse no serviço de OVP durante a Feira de Profissões realizada também pela universidade Para o desenvolvimento das práticas foi escolhida a metodologia de tra balho com grupos Conforme Zimerman Osório 1997 a conceituação de Os trabalhos de grupo em orientação vocacional 211219 215 grupo também passa pelo estudo das relações humanas uma vez que estas são uma das características intrínsecas para a formação de um grupo No projeto socioeducativo a participação foi voluntária a partir da apre sentação da proposta de trabalho De um total de vinte adolescentes partici pantes do projeto doze aderiram às atividades de OVP Na segunda experiência a participação também foi voluntária Entretanto os próprios adolescentes ou os pais de alguns buscavam auxílio de profissionais para a OVP de seus filhos O total de participantes nesta experiência foi de oito adolescentes Ao longo dos três meses de cada uma das atividades foram elaborados e organizados doze encontros semanais com duração de noventa minutos cada um Os encontros semanais estavam divididos em dois grandes blocos O pri meiro com duração de dez minutos consistia em possibilitar um momento no qual os adolescentes pudessem escrever sua biografia sempre com um tema a percorrer O segundo bloco estruturouse a partir de dinâmicas em anexo possibilitando a interação entre os pares e a reflexão pessoal sobre temas que permeiam a orientação e a decisão vocacional tais como família habilidades pessoais a vida acadêmicoescolar cursos de aperfeiçoamento e ou graduação gênero e profissão mercado de trabalho e o caminho a percor rer depois da decisão Para melhor compreensão e visão de conjunto as técnicas objetivos e resultados das intervenções estão descritas no quadro a seguir Técnicas e Objetivos Grupo Socioeducativo Grupo Clínico Confecção do Nome Objetivos Elaborar de forma criativa a identificação pessoal dentro do grupo Em um tríptico piramidal deveriam escrever o nome e decorálo para utilizarem em todos os encontros Como primeira atividade os adolescentes necessitaram apresentarse de acordo com o mais significativo para cada um o nome ou apelido Ao fazerem parte habitualmente de um grupo muitas das relações interpessoais estavam construídas Notouse a diferenciação de gênero sexual quanto à decoração e a escrita do crachá os meninos sem detalhes de enfeites Diferentemente do grupo socioeducativo este grupo não possuía vínculos extra clínica A execução desta atividade requereu maiores dados no momento da apresentação Significativamente estes dados estavam relacionados à escolha de carreira e momento escolar de cada integrante O diálogo foi aberto mostrando o interesse de cada um Autobiografia Objetivo Possibilitar um momento de escrita da história pessoal facilitada pelos diferentes aspectos Família Escola Amigos Trabalho Tema Livre e Futuro A execução ao longo do processo como dinâmica de iniciação foi recebida e executada com abertura dos participantes Contudo a falta do arcabouço linguístico acabou mostrando limitações quanto a escrita e construção da própria história Alguns temas foram superficialmente abordados A diferença quanto ao nível educativo dos participantes em relação ao grupo socioeducativo mostrouse significativamente maior neste grupo O tempo reservado para esta técnica 10 necessitava ser a cada dia ampliado pois o processo de escrita demandava maior esforço linguístico para os integrantes O que penso e o que quero Objetivo Entrar em contato com os desejos pessoais atuais e as projeções dentro de cinco e de dez anos em busca do autoconhecimento De modo geral o grupo realizou a atividade utilizandose de recortes e colagens trazendo ideias desejos e projeções relacionadas a ascensão socioeconômica e profissional Observouse a presença inicial de assuntos relacionados ao que socialmente hoje denominase ostentação Temas como processo educacional e carreiras foram citados com superficialidade O grupo mostrou uma projeção construtiva dentro dos períodos propostos Mostraram continuidade no processo projetivo colocando metas educativas formativas e socioeconômicas nos anos projetados Todos utilizaramse de imagens e símbolos relacionados à cursos superiores e processos advindos destes como a pósgraduação Características pessoais como dedicação força de vontade renúncias deveriam ser feitas para conseguir os objetivos continua Victor Augusto Ferreira de Aguiar Thais Grecca Garcia Silvana Nunes Garcia Bormio 216 Técnicas e Objetivos Grupo Socioeducativo Grupo Clínico Recorte e Debate Objetivo Obter imagens e símbolos que possam ser utilizados para a discussão do Tema 1 Mercado de trabalho Tema 2 Gênero e do Tema Tema 1 No diálogo deste grupo foram relacionados temas sobre o desemprego marcas eou tatuagens no corpo profissões emergentes e a similaridade da busca e oferta de trabalho às políticas de oferta e procura de produtos ou seja o Mercado de Trabalho também funciona de alguma forma análogo às normas do Mercado quanto menor oferta maior procura e viceversa Tema 2 O grupo ascendeu as diferenças de gênero nas profissões quanto à força ao cuidado e delicadeza femini na Concluíram que o importante são as qualidades e habilidades de cada um para desenvolverse na profissão e não se é para Homens ou Mulheres Tema 1 Neste grupo as questões mais discutidas neste técnica versou sobre a absorção atual de diferentes profissões e a qualificação constante que deve ter um trabalhador para não perder seu posto pois as empresas são exigentes quanto a cursos extras como línguas aperfeiçoamentos entre outros Emergiu também questões relacionadas aos diferentes campos eou habilitações propostas pelos cursos universitários Tema 2 Em geral o grupo construiu o diálogo de forma semelhante ao grupo socioeducativo Mostrando que atualmen te não há significativamente a diferencia ção ocupacional por gênero mas sim a busca pela carreira universitária que mais responde às minhas habilidades e desejos Levantamento de Profissões Objetivo Caracterizar a diferença entre profissão e ocupação e o processo de qualificação utilizandose dos recortes realizados na técnica anterior A identificação e diferenciação neste grupo foi deficitária Os recortes apresentavam ocupações e profissões do entorno econômico dos adolescentes e outras idealizadas por eles No diálogo foram percebendo o sem fim ocupacional existente e quais as diferenças educativas econômicas e sociais existentes Neste grupo o processo apresentou aspectos semelhantes contudo no diálogo questionamentos entre a formação específica e geral das ocupações foram as mais presentes mostrando as dúvidas e desconhecimentos dos adolescentes quanto ao Ensino Superior e suas vertentes Qual caminho a percorrer Objetivo Dialogar sobre o processo pessoal de orientação vocacional profissional Observando o diálogo e o processo realizado foram propostos ao grupo dois encontros O primeiro sobre a elaboração de currículo com sugestivo aproveitamento uma vez que muitos dos adolescentes desconheciam os itens e as informações necessárias a serem apresentadas No segundo a preparação e realização de entrevista profissional postura e desconstrução de mitos relacionados a este momento vital Estes encontros foram os que alteraram o cronograma inicial proposto Neste grupo com a emersão das carreiras profissionais de cada integrante foi pro posto a cada um buscar informações sobre a formação universidades processos sele tivos programas de graduação e pósgra duação e outras informações para serem consideradas no processo de escolha Um adendo a este encontro foi a realização da Feira das Profissões dentro da Universida de na qual os adolescentes foram convida dos a visitarem para aumentar o arcabouço pessoal sobre as carreiras e profissões Cinefórum Bem Carson mãos talentosas Ben Carson Cuba Gooding Jr era um menino pobre com desmotivação escolar e que aos 33 anos se tornou o diretor do Centro de Neuro logia Pediátrica do Hospital Universitário Johns Hopkins em Baltimore EUA que em 1987 alcançou renome mundial por seu desempenho na bemsucedida separação de dois gêmeos siameses Sua história profundamente humana descreve o papel vital que a sua mãe desem penhou na metamorfose do filho de menino de rua a um dos mais respeitados neuro cirurgiões do mundo MAOS TALENTOSAS 2009 Neste grupo as ressonâncias quanto ao processo educativo assim como a situação socioeconômica da família do protagonista foram os aspectos mais dialogados pelos adolescentes no fórum Também as situações de bullying e violência presentes o contexto cinematográfico foram detalhes que aproximaram o filme da realidade vivida pelos integrantes na escola e no bairro Diferentemente deste grupo emergiu para o diálogo todo o processo de crescimento pessoal e educativo do protagonista A força de vontade dele em buscar dos seus sonhos do saber profissional e da atualização constante Não deixaram de citar detalhes socioeducativos e violentos presentes no filme entretanto estes não foram o foco do diálogo no fórum deste grupo continua continuação Os trabalhos de grupo em orientação vocacional 211219 217 Técnicas e Objetivos Grupo Socioeducativo Grupo Clínico Reconstrução de si Objetivo Possibilitar um momento de decisão após o processo realizado Para este grupo esta técnica possibilitou o empoderamento dos integrantes na busca para a maior parte deles do primeiro emprego A releitura pessoal de todas as etapas da construção autobiográfica permitiu que cada um deparasse com suas habilidades pessoais assim como áreas nas quais deveriam fortalecer para a conquista dos objetivos vitais que possuíam A releitura da autobiografia bem como as discussões realizadas ao longo dos encontros semanais auxiliou a cada adolescente em seu processo de escolha de carreira A metade deles já estavam decididos e inscritos para os processos seletivos A outra parte que cursava o segundo ano do Ensino Médio relatou que os encontros trouxeram mais informações quanto a escolha profissional e também às diferentes áreas dentro das profissões continuação Resultados e Discussão O trabalho realizado em ambos os grupos possuiu um planejamento comum ou seja as mesmas atividades e encontros foram propostos para o grupo socioeducativo e também para o grupo clínico A forma na qual a dinâmica de cada um dos grupos foi ocorrendo levou os pesquisadores à modificação do planejamento inicial a fim de que o processo de OVP es tivesse atendendo as reais demandas de cada um dos grupos A temática trabalhada em ambos os grupos sobre o mercado de trabalho possibilitou a abrangência de novos conteúdos que Bardagi Lassance Paradiso Menezes 2006 em seu trabalho mostram que o elevado nível de insatis fação de formandos com respeito à escolha está diretamente relacionado ao desagrado com o mercado de trabalho Paralelamente a esta pesquisa encontramos em Ribeiro 2003 a discussão sobre as diferentes formas de entrar no mercado de trabalho na adolescência Assim a percepção das reais necessidades e realização de mudanças no planejamento das atividades do grupo pode ser relacionada à não imposição do conhecimento e da experiência dos facilitadores porém uma adaptação aos conteúdos emergidos do grupo Mostrando que a realidade do mercado de trabalho é atualmente mais importante para o grupo socioeducativo e não para o grupo clínico Os integrantes do grupo socioeducativo tinham que descobrir ou mes mo reconhecer suas habilidades pessoais assim como obter informações sobre as reais possibilidades de entrada no mercado de trabalho para que a satisfação da escolha estivesse também relacionada tanto aos gostos pes soais quanto ao mercado de trabalho que na situação de vulnerabilidade na qual viviam era a tarefa solicitada por seu grupo social Já no grupo clínico as necessidades vocacionais eram diferentes As ati vidades versaram sobre cursos de graduação e os possíveis caminhos que o sistema educativo oferecem aos estudantes Também possibilitaram o diálo go de conteúdos trazidos pelos adolescentes ao longo dos encontros relativos às escolhas e ao papel das figuras parentais Em ambas as experiências foi utilizado o filme Mãos Talentosas A his tória de Ben Carson possibilitando a discussão acerca da relação entre as Victor Augusto Ferreira de Aguiar Thais Grecca Garcia Silvana Nunes Garcia Bormio 218 habilidades pessoais e a profissão escolhida pois é de fundamental impor tância na escolha da profissão que um indivíduo tenha efetivo autoconhe cimento Carter 2009 MeloSilva Oliveira Coelho 2002 consideram que o adolescente está em um processo de transformação precisando de finir seu futuro e para que isso aconteça afirmam que é necessário que o mesmo se comprometa se responsabilize se autocontrole consiga in dependência de figuras de autoridade e defina seus interesses para então prepararse para a vida adulta Em diferentes graus e modos relacionados ao meio no qual os integrantes de cada um dos grupos viviam as discussões permearam as influências que existem no momento da escolha e como cada um trabalha com as mesmas sendo estas abordadas com um nível de estresse de cada participante e de como cada ambiente familiar e relacional do adolescente percebia tais conteúdos Assim percebeuse uma mudança no grupo socioeducativo o que levou a alteração das atividades propostas visando à diminuição do nível de estresse quanto à escolha e as pressões sofridas no âmbito familiar escolar e social visando não somente à seleção universitária mas também e antes disso a escolha profissional em si Uma das dificuldades encontradas nesta experiência foi a diminuição gradual do número de participantes dos grupos No primeiro tal diminui ção pode ser justificada pelo fato de os adolescentes se encontrarem em fa ses diferentes no período do desenvolvimento e de que um número signifi cativo dos mesmos buscava iniciarse no mercado de trabalho No segundo a saída ocorreu de forma dialogal principalmente quando os adolescentes já às vésperas do vestibular realizavam suas decisões sobre as escolhas e preferiam dedicar mais tempos às revisões uma vez que o objetivo da bus ca pelo serviço de OVP era o de sanar dúvidas sobre a escolha de curso de graduação Frente às duas situações se tornou necessário desenvolver as habilidades específicas dos facilitadores no que tange a teoria da OVP bem como a expe riência e o manejo de técnicas para a criação de estratégias de intervenção a fim de relacionálas com as fases da adolescência e da escolha profissio nal bem como incentivar os adolescentes a descobrirem e até ampliarem o autoconhecimento Considerações finais O desenvolvimento das atividades de OVP possibilitou aos pesquisado res aprofundar no tema permeado tanto pelo desenvolvimento humano no período da adolescência como no da escolha profissional Tal escolha como apresentado acima está associada para alguns indivíduos às adequações de demandas mercadológicas ao mesmo tempo da possibilidade de desenvolver as habilidades pessoais Já o entendimento das questões da adolescência é um fator que deve ser significativamente levado em consideração pelo fato de que o processo de escolha profissional tem o seu ápice neste período do desenvolvimento humano Os trabalhos de grupo em orientação vocacional 211219 219 É relevante levar em consideração no trabalho do orientador vocacio nal a realidade as situações socioeconômicas e as necessidades de cada um dos adolescentes A diferença no número de participantes em ambos os grupos levou à reflexão acerca do fazer psicológico uma vez que as opções técnicas a empatia o mecanismo de grupo e todas suas vertentes contri buíram e contribuem para o direcionamento prático dos saberes da ciência psicológica envolvidos na compreensão da dinâmica pertencente à escolha de uma profissão Frente a isto a dinâmica do profissional deve ser cuidadosamente reco nhecida e acionada quando da necessidade no desenvolvimento de alterações em um programa grupal Ao manter um processo relacionado à prática e às necessidades dos sujeitos que conformam o grupo permeado sempre com o embasamento teórico necessário a dinâmica pouco se altera e contribui as sim para que os adolescentes perseverantes em seu caminho de orientação possam receber desfrutar relacionar e sintetizar em seu desenvolvimento todo o suporte necessário para que sua resposta à escolha profissional possa ser a mais próxima possível de seus questionamentos REFERÊNCIAS Aguiar V A F Delazari M Z Miqueletto A Ramos T C F Belancieri M F 2011 Teorias e técnicas grupais na prática profissional do psicólogo uma revisão teórica Seção de Pôster apresentado no I Simpósio Internacional de Filosofia e Psicologia da USC Horizontes e perspectivas Bauru SP Bardagi M Lassance M C P Paradiso  C Menezes I A 2006 Escolha profissional e inserção no mercado de trabalho percepções de estudantes formandos Psicologia Escolar e Educacional 101 6982 Recuperado em 14 de julho de 2015 de httpwwwscielobrscielo phpscriptsciarttextpidS141385572006000100007lngentlngpt 101590S141385572006000100007 Bee H 1997 O ciclo vital Porto Alegre RS Artmed Bock S D 2010 Orientação 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Pósgraduação em Educação Inclusiva ITECNE Membro associada da ABOP Associação Brasileira de Orientação Profissional e do COMBRASD Conselho Brasileiro de Altas Habilidades e Superdotação elianesklbolcombr popelianesterracombr O paradigma inclusivo para pessoas com deficiências no mundo do tra balho atualmente propõe pela lei de cotas nº 8213 de 24 de julho de 1991 que a empresa com 100 cem ou mais empregados está obrigada preencher de 2 dois por cento a 5 cinco por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com necessidades especiais O mercado de trabalho expandiu as oportunidades de inserção contudo os desafios na escolarização e qualificação profissional continuam sendo fatores restritivos para ampliar as possibilidades de permanência e efeti vação nas vagas e postos de trabalho específicos para pessoas com defi ciências Este trabalho objetiva relatar o processo vivenciado por jovens neste contexto e os desafios atuais a serem superados para consolidar para além dos resultados alcançados novos espaços de formação e con solidação de seu projeto de vida A orientação Profissional no contex to da sudezdeficiência auditiva finaliza o processo de permanência na Metodologia EPHETA e insere a pessoa com deficiência auditiva no mundo do trabalho e no social produtivo conforme a lei de cotas para Pcds e também pela lei federal da aprendizagem profissional lei 100972000 e decreto 55982005 Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Elianes Terezinha Klein 222 Objetivos Oportunizar o processo de escolha profissional do adolescente com sur dezdeficiência auditiva seu autoconhecimento a informação profissional escolha da área profissional e legislação vigente para Pcds Contextualizar a informação profissional com vivências in loco possibilitando a escolha de áreas de interesses profissionais habilidades e competências Métodos Utilizouse o método psicodinâmico de orientação profissional no con texto educacional inserido na Metodologia Epheta ensino da língua portu guesa para pessoa com deficiência auditiva que contempla dois eixos audi ção voz e fala e leitura produção e análise linguística Conteúdos O POP Programa de Orientação Profissional na EPHETA Instituição espe cializada na área da surdez deficiência auditiva Segue a proposta Facilitação da Escolha Soares 1988 processo que permite ao sujeito refletir sua rela ção com o mundo do trabalho fazendo opções por caminhos que o levem ao seu encontro pessoal e profissional A escolha é subjetiva singular depende da situação específica de vida e dos aspectos pessoais familiares sociais educacionais políticos psicológicos econômicos e das questões referentes à deficiência em seu processo de escolarização e profissionalização Dividese para fins didáticos em três níveis de aplicação e funcionamento NÍVEL I Conhecimento de si mesmo mobilizando a análise do perfil pes soal Aspectos Internos auto e hetero imagem relacionados aos aspectos da deficiência em questão As Técnicas de autoconhecimento utilizadas foram adaptadas considerando o contexto da deficiência auditiva e constituídas de instrumentos de levantamento de características autoconceito autoestima Quem sou eu Como eu sou Sondagem de interesses habilidades aptidões e competências e valores para o trabalho com síntese do perfil pessoal NÍVEL II informação profissional e conhecimento das profissões que considera os aspectos externos por meio de fichas profissiográficas visita a locais de trabalho a cursos profissionalizantes e laboratórios de pesqui sa das universidades identificação de vagas para pessoas com deficiência A informação contextualizada considera 17 áreas de Interesses profissionais e as oportunidades do mundo do trabalho na realidade local com atualizações permanentes informática mecânica escritório musical persuasiva cientí fica ar livre literária numérica artística serviço social dramática serviço pessoal gráfica fotografia saúde construção civil NÍVEL III Legislação trabalhista das PCDS Pessoas com deficiências elaboração do CURRICULUM VITAE e preenchimento de fichas de cadastro para emprego pesquisa de vagas para emprego Treinamento da entrevista para o emprego definição da escolha da vaga para encaminhamento ao traba lho avaliação e desligamento do POP Para os alunos que já concluíram o POP e aguardam a conclusão de cursos e a elaboração dos requisitos competências POP Programa de Orientação Profissional da Epheta 221226 223 e habilidades necessárias para a colocação em vagas e finalização do Processo e posterior permanência no trabalho o grupo de Formação Profissional e exe cução do projeto de vida acontece semanalmente sendo trabalhados nestes encontros temas complementares aos três níveis anteriores empregabilida de empreendedorismo bulliyng e assédio no trabalho convivendo com as diferenças inteligência emocional e autocontrole comportamento e comu nicação no relacionamento interpessoal espiritualidade e trabalho saúde do adolescente e a CIPA nas empresas a surdez pelo mundo e a convivência en tre os iguais e diferentes atualizações permanentes das demandas do mundo do trabalho para as pessoas com deficiências o uso das mídias digitais na educação inclusiva e estruturação do projeto de vida incluindo as várias di mensões nas diferentes etapas do desenvolvimento humano O funcionamento do programa está integrado à Oficina de linguagem VI da proposta pedagógica da Metodologia EPHETA de ensino da língua portu guesa para a pessoa com deficiência auditiva em 2 eixos audição voz e fala leitura produção e análise linguística dentro de uma abordagem com atua ção da equipe interdisciplinar Os temas transversais de sexualidade preven ção ao uso indevido de drogas e Ética e cidadania hábitos atitudes e valores para a vida transpassam todos os conteúdos envolvidos Toda escolha para as vagas de emprego tem o acompanhamento da famí lia da supervisão do POP e equipe interdisciplinar que encaminha os alunos para as mais diversas áreas de interesse profissional conforme o perfil pesso al e área de interesse informática mecânica escritório musical persuasiva científica ar livre literária numérica artística serviço social dramática serviço pessoal gráfica fotografia saúde construção civil O compromisso final assumido pela EPHETA neste processo é oportu nizar a primeira escolha e colocação no trabalho O momento da escolha é quando se pode olhar para trás e para frente ao mesmo tempo decidindo o caminho a seguir Soares 1988 Consideramos a sua realidade de vida como o agente demarcador dos limites da escolha Realidade concreta situações reais e limitadas Nas questões referentes á temporalidade Integração do passado e presente para projetar um futuro e executar o seu Projeto de Vida a filosofia do POP é Parte da concepção do homem como ser livre para es colher livre em sua situação específica de vida que se configura como limite Luquiari 1993 A participação da família é constante em intervenções individuais ou em grupo Durante todo o processo semestralmente ocorrem reuniões de grupos de pais com temas específicos em cada nível em conformidade com o que está acontecendo com o aluno para definição dos passos a serem seguidos em seu processo de escolha profissional O canal de inserção dos alunos no mundo do trabalho é através da Lei de cotas Lei da Aprendizagem ocorrendo de forma satisfatória e efetiva dentro dos objetivos propostos a esta clientela Destacamse alguns pontos a ob servar nos encaminhamentos para resultados mais efetivos quais foram as oportunidades vivenciadas as experiências familiares e sociais diante da de ficiência o processo de rehabilitação na área da surdezdeficiência auditiva Elianes Terezinha Klein 224 nível de escolaridade atingido nível de qualificação profissional aspectos psicológicos da adolescência e expectativas familiares frente ao trabalho Os resultados efetivos do programa contemplam 70 de efetivação em vagas no mercado de trabalho formal dentre das áreas escolhidas pelos alu nos com retorno avaliativo das empresas positivo e de pleno exercício de suas funções Os desligamentos do programa de orientação profissional que ocorreram antes do término dos três níveis e solicitados pela família foram motivados por mudança de domicílio opção por casamento necessidade de renda e por encaminhamento imediato em colocações sem muita exigência de qualifica ção e escolaridade prioridade e necessidade de atendimentos clínicos com plementares antes do encaminhamento profissional Atualmente 15 alunos estão no nível I e II do Programa e 15 alunos em formação e processo de con clusão e execução de seu projeto de vida para acompanhamento avaliação e desligamento do POP Considerações práticas na forma de se comunicar com a pessoa com deficiência auditiva no ambiente escolar e de trabalho Com a Pessoa com deficiência auditiva Fale de frente nunca de costas nem de lado Fale claramente distinguindo palavra por palavra mas não exa gere fale com velocidade normal salvo que lhe seja pedido para falar mais devagar fale com tom normal de voz a não ser que lhe peçam para levantar a voz gritar nunca adianta Ao falar não fique com cigarro cachimbo em sua boca nem ponha a mão diante dos lábios O vocabulário precisa ser entendido pela pessoa com surdez deficiên cia auditiva Construa frases simples corretas e curtas não de modo vulgar sem gírias Se não compreender repitalhe Se for necessário procure outra palavra que tenha o mesmo sentido ou dê outra forma à frase Verifique a mensagem compreendida Como a Pessoa com surdez deficiência auditiva não pode ouvir as mu danças sutis do tom de sua voz indicando sarcasmo ou seriedade a maioria deles lerá suas expressões faciais seus gestos ou movimentos de seu corpo para entender o que você quer comunicar Quando você quer falar com a pessoa com surdez deficiência auditiva chame sua atenção seja sinalizando com a mão ou delicadamente tocando em seu braço Enquanto estiverem conversando mantenha contato visual se você olhar para outro lado enquanto está conversando a pessoa com defi ciência auditiva pode pensar que a conversa terminou Se você tiver dificuldade para entender o que a pessoa com surdez defi ciência auditiva falou na dúvida sintase à vontade para pedir que ele repita Se você ainda não entender então use papel e lápis A Pessoa com surdezdeficiência auditiva que usa AASI aparelho de amplificação sonora individual não é como um ouvinte O aparelho não faz milagres auxilia na compreensão da linguagem após uma longa e difícil re educação A leitura labial é muitas vezes um complemento necessário para pessoas com perdas auditivas profundas POP Programa de Orientação Profissional da Epheta 221226 225 Se a pessoa surda usa libras e está acompanhado por um intérprete fale diretamente com ele e não com o intérprete A pessoa com surdezdeficiência auditiva achase facilmente isolado entre os ouvintes Com frequência tem a sensação de estar marginalizado Façao tomar parte da vida e do mundo do trabalho informandoo do que se passa ou se diz ao seu redor incluindo os avisos importantes dados pela empresa aos colaboradores Não devemos ter atitudes paternalistas as pessoas com surdezdeficiên cia auditiva deverão ter os mesmos direitos mas também os mesmos deveres de qualquer colaborador da empresa Comunique oralmente por escrito e todas as formas de registro possí vel cartaz folder flyer correio eletrônico a rotina e sequência de trabalho exigido pela empresa Em semana de treinamento e dias de integração comunique por escrito ou em power point todas as informações necessárias para boa integração no local de trabalho Desafios permanentes da inclusão na escola e no mundo do trabalho no contexto da Surdezdeficiência auditiva Abordagem pedagógica adequada dentro das necessidades linguísticas da pessoa com surdezdeficiência auditiva Considerar a diversidade de re postas na área Libras Oralidade Significação do vocabulário para entendimento das ordens e enunciados das informações garantindo a compreensão Qualificação compatível com a área de interesses e habilidades demonstra das na sondagem de interesses e autoconhecimento Garantia de acesso a cursos qualificação profissional por meio de políticas públicas de educação Comunicação assertiva e favorável para a integração da pessoa com sur dezdeficiência auditiva no circuito de informações da empresa Tecnologias Assistivas implante coclear AASI Aparelho de Amplificação Sonora Individual e Sistema FM Capacitação permanente dos profissionais da educação dentro das dife rentes abordagens de trabalho na área da surdezdeficiência auditiva Políticas Públicas que favoreçam a assistência permanente das necessida des educacionais das pessoas com SurdezDeficiência auditiva O nível de escolaridade garante vagas de emprego e qualificação contudo a abordagem efetiva de re habilitação é que garante a permanência no mundo produtivo do trabalho Conclusão O presente programa de orientação profissional para pessoa com defi ciencia auditiva tem possibilitado nesta década a inserção em postos no mer cado de trabalho de 130 alunos que concluiram os três níveis com escolhas de Elianes Terezinha Klein 226 diferentes áreas de atuação serviços gerais área de produção ensino médio técnico e superior REFERÊNCIAS Pigatto CS Klein TE Wisnevzki R2000 Orientação Profissional no contexto da dificiência auditiva Editora Juruá Curitiba PR BRASIL Lei de cotas nº 8213 de 24 de Julho de 1991 Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências httpwwwplanaltogovbrccivil03LeisL8213conshtm Luchiari D H PS 1993 org Pensando e vivenciando a orientação profissional Editota Sumus editorial SP Metodologia EPHETA 2010 Proposta pedagógica de ensino da língua portuguesa para deficientes auditivos registro nº 241105 da fundação da biblioteca nacional do ministério da cultura Curitiba Pr Presidência da República Casa Civil Lei Nº 10097 de 19 de dezembro de 2000 Presidência da República Casa Civil Lei Nº 11180 de 23 de setembro de 2005 Soares DHP 1988 O jovem e a escolha profissional Editota Mercado Aberto SP Soares D HP 1988 O que é escolha profissional Editora brasiliense SP APRENDIZAGEM PROFISSIONAL E EDUCAÇÃO PARA A CARREIRA REALIDADE SOCIOPROFISSIONAL MATURIDADE VOCACIONAL E AUTOEFICÁCIA DE JOVENS APRENDIZES APRENDIZAGEM PRO PARTE 2 PRÁTICAS 227237 7 Fernanda Aguillera1 Lucy Leal MeloSilva2 1 Psicóloga doutora em Psicologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo Docente da Universidade Federal de Sergipe da Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe e da Faculdade Pio Décimo em Aracaju SE É membro da Associação Brasileira de Orientação Profissional e da Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho aguillerahotmailcom 2 Psicóloga livredocente pela Universidade de São Paulo Docente da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo FFCLRPUSP Membro da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais ABOP e da International Association Educational Vocacional Guidance IAEVG Coeditora da Revista Brasileira de Orientação Profissional e autora de livros na área lucilealffclrpuspbr Desafios do mundo do trabalho têm sido discutidos amplamente nas úl timas décadas destacandose a condição dos mais jovens como o au mento gradativo dos índices mundiais de desemprego juvenil e os dé ficits de trabalho decente a essa camada da população OIT 2010 em contraponto com os registros de trabalho infantil ainda alarmantes OIT 2013 PNAD 2012 que evidenciam necessidades de inserção profissio nal precoce para sobrevivência Conforme se discute em fóruns nacionais e internacionais sobre os temas números alertam para a importância de ações restritivas e de proteção a crianças e adolescentes além da urgên cia de investimento em políticas de trabalho e emprego para a juventu de visando à garantia de direitos como a própria educação com especial atenção àquela em situação de vulnerabilidade social e econômica Tem sido sugerido um olhar mais atento para a transição escolatrabalho e a busca de alternativas em favor da qualificação profissional que possi bilite aos jovens aprender uma profissão e trabalhar em um ambiente seguro e protegido Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Fernanda Aguillera Lucy Leal MeloSilva 228 Mas se considerada a dinâmica atual do mundo do trabalho num sen tido mais amplo não basta atender a essas necessidades emergenciais Jenschke 2003 alerta que é preciso garantir preparação para o trabalho a toda a juventude visando o enfrentamento de desafios profissionais e tran sições de carreira futuros Tal proposta remete a duas importantes práticas que precisam ser melhor conhecidas Uma é a Educação para a Carreira intervenção do campo da orientação desenvolvida de forma sistemática em contexto escolar e diversos períodos educacionais Hoyt 1995 mais comum em países desenvolvidos e que começa a ser suscitada no Brasil por Munhoz e Melo Silva 2011 E a outra é a Aprendizagem Profissional mo dalidade de qualificação que existe no país desde a década de 1940 e atende predominantemente jovens das camadas populares Fruto de pesquisa de doutorado aqui sintetizada Aguillera 2013 esse estudo sugere possível aproximação de tais práticas apresentada numa perspectiva exploratória a partir da análise da realidade socioprofissional da maturidade vocacional e da autoeficácia para o desenvolvimento de carreira de adolescentes que vivenciam a experiência Regulamentada pela Lei nº 100972000 a Lei do Aprendiz a Aprendizagem Profissional AP caracterizase por formação técnicopro fissional pautada em atividades teóricas e práticas na forma de curso que inclui estágio profissionalizante na área do ofício ou ocupação em que se está sendo qualificado para o qual se firma um contrato de trabalho remunerado junto a empresasempregadores parceiros sendo a experiência mediada e monitorada pela instituição formadora Em certa medida isso lhe confere um caráter de trabalho protegido se a instituição é responsável por fiscalizar as condições de trabalho preservar os direitos do adolescente acompanhar seu aproveitamento escolar garantindo que o mesmo se mantenha na es cola e sem prejuízos ao desempenho Esteve associada tradicionalmente aos serviços nacionais de aprendizagem Sistema S o que se ampliou com a Lei 111802005 e o endosso como instituições formadoras em AP também aquelas parceiras ou reconhecidas pelo mesmo além das escolas técnicas e de entidades que apresentem proposta de qualificação profissional apro vada e reconhecida pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente CMDCA Dentre essas encontramse diversas organizações não governamen tais e instituições sem fins lucrativos que por todo o país têm se dedicado à Educação Profissional e iniciação monitorada no trabalho a exemplo das Guardas Mirins e Círculos de Patrulheiros Sabese que apesar de em sua maioria não terem o status de instituições educacionais reconhecidas pelo Ministério da Educação e Cultura MEC essas são entidades educativas por natureza na medida em que se dedicam à missão de educar para o trabalho com projeto pedagógico aprovado pelo CMDCA para seu credenciamento e legalização oferecendo serviços que atendem aos parâmetros exigidos pela Portaria no 6152007 do Ministério do Trabalho e Emprego MTE Desse modo num momento em que se discute a importância e a democratização do acesso a práticas de orientação no país essas instituições parecem se Aprendizagem profissional e educação para a carreira 227237 229 configurar terreno fértil a propostas e políticas de Educação para a Carreira dados os seus objetivos além da flexibilidade de currículos e carga horária dos cursos Temse notícias de que algumas delas oferecem serviços de orien tação para o trabalho integrado nos currículos tanto na forma de disciplinas na grade obrigatória como na de projetos aditivos e opcionais o que reforça a importância de se colocar as mesmas em análise e no rol de interesses para a definição de tais políticas Mas para que possam ser reconhecidas como tal é fundamental investi gar a diversidade de suas propostas e contribuições no tocante à orientação para a carreira e preparação para o trabalho A tentativa de encontrar res postas na literatura especializada revelou que a Aprendizagem Profissional é praticamente inexplorada por estudos nesse campo Observouse a publi cação de poucos trabalhos realizados no contexto predominando relatos de experiências e análises com reduzido número de participantes com outros enfoques que não as práticas de orientação e a carreira dos aprendizes pro priamente ditas Mattos Chaves 2006 2010 Amazarray Thomé Souza Poletto Koller 2009 Sales 2010 Oliveira 2010 Dutra 2010 Mas quase a totalidade dos estudos mencionam a falta de perspectivas desses jovens em relação ao futuro e a ausência de projetos de vida profissional embora sem apresentarem uma avaliação sistemática dessa realidade Em contraponto experiências da presente autora junto a instituições que asso ciam serviços de orientação à AP num modelo aproximado a propostas de Educação para a Carreira pareciam sugerir quadros mais otimistas talvez reflexos das intervenções Evidenciadas as lacunas e o possível descompasso entre pesquisas e prática emergiram algumas questões Será que esse modelo de assistência funciona A que resultados se tem chegado Procedimentos e programas têm se mostrado eficazes em termos de contribuições à empregabilida de e ao desenvolvimento da carreira dos jovens Antes de se pensar na avaliação dos serviços fazse necessário o desenvolvimento de recursos para tal bem como o mapeamento do que tem sido proposto Não ape nas esses serviços e seus métodos precisam ser identificados e descritos como também o perfil de seus usuários suas dificuldades e demandas de carreira possíveis perdasganhos e limites da conciliação trabalho escola o impacto percebido dessa experiência em sua trajetória escolar e profissional e nas perspectivas de futuro além de seus reflexos em im portantes aspectos do desenvolvimento como a maturidade vocacional e a autoeficácia de carreira Visando contribuir com o desvelar dessa realidade e apoiado em refe renciais desenvolvimentistas Super 1990 Super Savickas Super 1996 Savickas 2001 e sócio cognitivos de carreira Bandura 1982 1997 Lent Brown Hackett 1996 2004 o presente estudo teve como objetivos a verificar evidências de validade e precisão de instrumentos de avaliação adaptados para esse contexto a saber Questionário de Educação à Carreira QEC e Inventário de Autoeficácia no Desenvolvimento da Carreira CDSEI e b analisar a realidade socioprofissional de uma amostra de adolescentes Fernanda Aguillera Lucy Leal MeloSilva 230 aprendizes identificando possíveis efeitos de variáveis demográficas acadê micas e da carreira na maturidade vocacional e autoeficácia Vale citar que a primeira é entendida aqui como a preparação para lidar com tarefas de car reira ao longo da vida considerandose aspectos exploratórios como a bus ca de informações e recursos que permitam decisões mais conscientes e de planificação como a definição de metas e estratégias para nortear ações e o alcance de objetivos Super 1990 Savickas 2001 Silva 2004 Já a segunda é compreendida como as crenças de alguém em sua capacidade de organizar e executar cursos de ação requeridos para produzir certas realizações conforme proposto por Bandura 1997 p 3 aqui investigada no tocante ao desenvol vimento de carreira Método Participantes Participaram 470 adolescentes de idade entre 14 e 20 anos M1653 DP078 sendo 549 garotas e 451 rapazes vinculados a duas organi zações que oferecem formação como Aprendiz em Auxiliar Administrativo A maioria cursa o ensino médio em escolas públicas 859 e pertence a famílias de baixa renda predominantemente da classe C 555 segun do o Critério de Classificação Econômica Brasil da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa ABEP sendo que 264 participavam de algum pro grama governamental de renda mínima Destaquese que grande parte dos jovens buscou essa alternativa de formação como meio de garantir sua in serção profissional 498 devido aos estágios remunerados oferecidos por intermédio das instituições Local A pesquisa foi realizada em duas organizações não governamentais do interior paulista dedicadas à AP que oferecem formação e encaminhamento de jovens de baixa renda para o mercado de trabalho conforme a Lei No 100972000 Ambas são instituições filantrópicas cujo mote principal é a Educação para o Trabalho o que norteia suas propostas de intervenção junto aos jovens incluindo acompanhamento do desempenho escolar dos aprendizes e oferta de reforço àqueles com dificuldades na escola regu lar Foram selecionadas num universo de 312 entidades credenciadas no Cadastro Nacional de Aprendizagem das quais 171 eram paulistas e dessas 122 eram pertencentes ao terceiro setor com princípios assistenciais e de educação profissionalizante nos moldes dos antigos movimentos denomina dos Guardas Mirins e Patrulheiros Instrumentos Foram adotados três instrumentos de avaliação apresentados a seguir 1 Questionário Inicial Caracterizando os Aprendizes Composto por ques tões abertas e fechadas investiga a realidade dos adolescentes que vivenciam Aprendizagem profissional e educação para a carreira 227237 231 a inserção precoce no trabalho possíveis determinantes sociodemográficos dessa opção variáveis relacionadas à vivência profissional e escolar tendo em vista os desafios de se conciliar trabalho e escola e outras potencial mente relacionadas à maturidade e à autoeficácia de carreira incluindo projetos futuros 2 Questionário de Educação à Carreira QEC Dupont Gingras 1990 Balbinotti Tétreau 2002 2006a Avalia Educação para a Carreira em termos de conhecimentos habilidades atitudes e valores servindo ao diag nóstico inicial de necessidades bem como recurso avaliativo a programas de intervenção Explora a Importância atribuída ao Trabalho e a Preparação para a Carreira sendo contempladas tarefas de Exploração Vocacional Pessoas e Fontes Consultadas e Atividades Realizadas na busca de in formações sobre trabalho e profissões e Planificação Passos Realizados para escolhas escolares e profissionais Fatores Considerados Profissão Preferida e Pesquisa e Conservação de Emprego Apoiase em escala tipo Likert graduada em 4 pontos e os escores são estimados pela somatória dos pontos em cada dimensão 3 Career Development SelfEfficacy Inventory CDSEI Yuen Hui Leung Lau Chan Shea Ke Gysbers 2004 Composto por 24 itens investiga as percepções da capacidade pessoal quanto a competências necessárias para a transição da escola para o mundo do trabalho considerando aspectos do desenvolvimento da carreira planejamento de carreira como projeto de fu turo e preparação para ele questões de gênero na carreira informação para escolha profissional preparação para busca de emprego procura de emprego e definição de objetivos de carreira Breve e simples aborda a escolha da for mação profissional de modo abrangente não restrito ao ensino superior em escala tipo Likert de 6 pontos de extremamente não confiante a extre mamente confiante Percurso metodológico O presente estudo foi construído em diferentes etapas adaptação dos instrumentos QEC e CDSEI verificação de suas propriedades psicométricas recorte exploratório descritivo da realidade socioprofissional dos aprendizes e análise de sua maturidade e autoeficácia de carreira em relação a variáveis demográficas acadêmicas e profissionais a partir da verificação de diferen ças entre grupos Inicialmente a adaptação das novas versões do QEC e do CDSEI foi con duzida seguindo o que recomenda a literatura especializada Anastasi Urbina 2000 Pasquali 2001 2003 HernándezNieto 2002 Reichenheim Moraes 2007 CasseppBorges Balbinotti Teodoro 2010 Para adap tação do QEC foi realizada a análise de itens junto a grupo de aprendizes e a dois comitês de especialistas profissionais experientes em AP e juízes peritos em Orientação ProfissionalOP seguida de ensaio experimental Já para adaptação do CDSEI realizouse tradução retradução análise dos itens verificação da validade de conteúdo por juízes especializados em OP e ensaio experimental Fernanda Aguillera Lucy Leal MeloSilva 232 De posse das versões consolidadas dos mesmos realizouse coleta de da dos para as etapas subsequentes da pesquisa Ocorreu por aplicação coletiva dos instrumentos em seção única com cada turma em salas de aulas quando os adolescentes respondiam ao Questionário Inicial QEC e CDSEI que foram apresentados em ordens diferentes a cada seção para evitar o efeito fadiga nos resultados Inicialmente eram retomados os objetivos e métodos da pesquisa distribuídos os materiais relido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Versão para Adolescentes com os alunos e recolhidos esses do cumentos assinados pelos pais ou responsáveis Em seguida eram dadas as orientações verificada a compreensão pelos participantes e iniciada a apli cação dos instrumentos respeitandose procedimentos recomendados pelos autores A duração dos encontros para coleta de dados variou entre 45 e 55 minutos contando com média de 30 alunos por sala Quanto à análise das propriedades psicométricas foram verificadas evi dências de validade baseadas na estrutura interna de cada instrumento mais especificamente na estrutura fatorial correlação itemtotal e correlação en tre subescalas além das baseadas na relação entre as duas medidas Já os co eficientes de precisão foram estimados considerandose a consistência inter na de cada instrumento tendo sido calculado os alfas de Cronbach para cada escala em sua totalidade e também para suas subescalas Para caracterizar a realidade da amostra foram adotadas estatísticas descritivas e organização dos resultados em tabelas de frequência Já no intuito de explorar as relações da maturidade e da autoeficácia com as variáveis de interesse mencionadas foram adotados testes t de Student e análises de variância ANOVAs para verificar diferenças ou semelhanças estatísticas entre grupos comparados controlandose tais variáveis Resultados e Discussão Apresentamse em síntese os principais achados da pesquisa Detalhes estatísticos e outras discussões de cunho teórico prático podem ser observa dos em Aguillera 2013 Um primeiro conjunto de resultados referese à adaptação dos instru mentos e suas propriedades psicométricas No caso específico do QEC ob servouse a necessidade de aprimoramentos de linguagem para substitui ção de expressões regionalistas atualização de termos relativos ao sistema educacional brasileiro e adequação de outros que se referiam a recursos de informação e que podiam ser melhor representados por expressões atuais ou mais usuais na cultura brasileira Além disso foram adicionadas instru ções ao instrumento e convencionouse a revisão de seu formato de modo a facilitar o preenchimento tendo as lacunas sido substituídas pela dispo nibilização da escala em cada item com a clara identificação dos significa dos escalares A análise das propriedades psicométricas evidenciou que os aprimoramentos propostos não interferiram na validade e precisão do ins trumento já constatadas por Balbinotti e Tétreau 2002 2006a no país dado que os resultados encontrados foram muito próximos aos de estudos Aprendizagem profissional e educação para a carreira 227237 233 anteriores indicadores favoráveis dessas propriedades numa perspectiva transcultural No entanto constatouse como medidas reconhecidamente válidas além do escore total de maturidade os escores das escalas prin cipais do instrumento Sentido e Importância do Trabalho Preparação à Carreira Planificação e Preparação à Carreira Exploração dado que a solução em três fatores mostrouse mais adequada que a proposta original em 7 subescalas Esses resultados corroboraram os achados de Balbinotti e Tétreau 2006a apesar dessa perspectiva não ter sido indicada pelos au tores como mais adequada à análise mesmo tendo sido adotada por eles em estudo subsequente Balbinotti Tétreau 2006b Sendo assim su gerese que a análise pormenorizada considerandose as seis subdivisões da Preparação à Carreira originalmente propostas seja utilizada apenas para fins práticos servindo para nortear a estruturação de intervenções ou para avaliar efeitos pontuais de etapas das mesmas direcionadas a tarefas específicas do desenvolvimento vocacional que lhe competem Já em relação ao CDSEI a partir de todos os cuidados éticos e meto dológicos ao propor e testar sua primeira versão brasileira os resultados evidenciaram uma estrutura fatorial distinta da originalmente proposta pelos autores Yuen et al 2004 o que pode ser questionável em razão da especificidade da amostra Apesar disso os demais resultados demonstram semelhanças no padrão de resposta dos aprendizes tanto na comparação com os adolescentes chineses Yuen et al 2004 2005 como em relação aos avaliados pela versão portuguesa do CDSEI Lopes 2010 Teixeira et al 2011 Lopes Teixeira 2012 Esse é um possível indicativo da estabi lidade do construto nas diferentes culturas que somado às evidências de consistência fatorial encontradas sugerem a equivalência de mensuração entre as diferentes versões do instrumento Diante disso considerouse os resultados favoráveis ao seu uso recomendandose por hora a utilização como medida unifatorial dado que a definição de suas subescalas não se mostrou adequada enquanto dimensões distintas para fins psicométricos Enfatizase no entanto a importância de que novos estudos se dediquem a aprimorar o CDSEI e verificar evidências de sua validade e precisão junto a amostras mais abrangentes e representativas dos adolescentes brasileiros Cabe ainda ressaltar o valor do instrumento para a pesquisa e a prática da orientação sob o enfoque da Teoria Social Cognitiva de Carreira sendo o primeiro direcionado a adolescentes no Brasil com o diferencial de anali sar a autoeficácia de carreira sob o olhar amplo do Modelo Abrangente de Orientação de Gysbers 2004 proposta que muito se adéqua às demandas de jovens brasileiros especialmente aqueles em situação de vulnerabilida de socioeconômica Quanto à realidade socioprofissional dos aprendizes constatouse que os jovens em sua maioria procuram a formação como aprendiz por influência da família 476 ou por vontade própria 432 corroborando discussões de Cruz Neto e Moreira 1998 Emerson e Souza 2003 e Romanelli 2003 O fazem em busca de oportunidade de emprego 498 ou de qualificação 472 experiência essa que os mantém vinculados à instituição 481 Fernanda Aguillera Lucy Leal MeloSilva 234 além das expectativas de melhores oportunidades de trabalho no futuro 30 Confirmouse o histórico de trabalho infantil de parte da amostra 253 bem como participação ativa na economia doméstica 664 dis pondo do salário integral ou parte dele para ajudar nas despesas apesar da maioria não pertencer a camadas socioeconômicas mais baixas segundo o critério de classificação econômica adotado Alguns resultados sugerem a eficácia dos serviços quanto à inserção profissional dos jovens e seu acompanhamento no trabalho como o alto percentual de aprendizes alocados na prática de estágio 664 e o relato de algumas trocas de espaço para sua realização 189 especialmente nos casos em que a aprendizagem profissional não era potencializada ou não se atendia as exigências legais ou anseio dos jovens Em relação à preparação para o trabalho avaliase que a intenção de continuidade dos estudos por 96 dos adolescentes a existência de projetos de vida e carreira manifestada por 768 deles e seus elevados escores de maturidade e autoeficácia em comparação com resultados dos mesmos instrumentos junto a outros grupos de mesma faixa etária Yuen et al 2004 2005 Balbinotti Tétreau 2006a 2006b Lopes 2010 Teixeira et al 2011 Lopes Teixeira 2012 Fracalozzi 2014 Leal 2013 podem ser importantes indícios de que as instituições têm contribuído favoravelmente para o desenvolvimento profissional e pessoal dos aprendizes Além disso os mesmos revelaram alta satisfação com a ex periência consideradas tanto a vivência como aprendiz quanto a vincula ção às instituições formadoras manifestada por 847 e 936 da amostra respectivamente Considerando o controle de variáveis na análise da maturidade e au toeficácia de carreira destacouse a influência de variáveis acadêmicas notadamente a autoavaliação do aproveitamento escolar em comparação com os colegas de turma e o desempenho escolar aferido pelas notas na medida em que foram observadas diferenças altamente significativas entre os grupos em todas as dimensões analisadas em favor dos apren dizes com melhor desempenho tendo se destacado a autoeficácia Esses resultados são coerentes com diversos achados de pesquisas nacionais e internacionais sobre a relação entre autoeficácia e desempenho acadêmi co com destaque para as contribuições de Schunk e Zimmerman 1994 reiterando a importância de se considerála também tendo em vista o desenvolvimento vocacional dado que interfere no envolvimento acadê mico e nas aspirações de carreira Bandura 1997 Lent Brown e Hackett 1996 Teixeira 2007 Dentre as variáveis relativas à escolha pela AP os adolescentes que vi saram à qualificação revelaramse mais maduros e autoeficazes que quem buscou os serviços para garantir emprego o que talvez esteja relacionado com falta de informação ou perspectivas mais pessimistas por esses últimos quanto a sua inserção profissional como a possível antecipação de barreiras nesse sentido por exemplo ou mesmo baixa aspiração o que parece recor rente entre jovens que pertencem a grupos sociais mais desfavorecidos se gundo Faria e Teixeira 2010 Do mesmo modo destacaramse aqueles que Aprendizagem profissional e educação para a carreira 227237 235 o fizeram por vontade própria em contraponto com os influenciados por família e amigos Já em relação a variáveis ligadas a trajetória e perspectivas de carreira o direcionamento a um projeto de continuidade dos estudos demonstrou importante relação com a maturidade de carreira assim como a filiação institucional destacouse no tocante à autoeficácia nesse caso reforçando a importância dos modelos de sucesso e a aprendizagem vicariante bastante presentes na Instituição A como importantes fontes de autoeficácia confor me destaca Bandura 1997 Considerações finais Tendo em vista que o diagnóstico de necessidades é fundamental para o adequado planejamento de intervenções assim como a avaliação de seus resultados permite a apreciação da eficácia das mesmas e a atenção a suas possíveis necessidades de melhoria acreditase que o estudo e a disponi bilização das ferramentas analisadas QEC e CDSEI foi uma contribuição significativa da presente pesquisa atendendo a uma evidente lacuna teóri co prática No que tange à maturidade e à autoeficácia de carreira as medi das aqui disponíveis permitem avaliar adolescentes e jovens em préteste e pósteste o que certamente contribuirá para a sistematização de informa ções acerca dos clientes e grupos em atendimento em diversos contextos clínico escolar institucional ou comunitário seja para efeito de carac terizar suas necessidades direcionar o planejamento das intervenções ou verificar se as mesmas atenderam as demandas identificadas Conforme apontado por Silva 2004 é imprescindível a investigação empírica dos efeitos das intervenções não apenas para identificar e garantir a qualidade das mesmas mas também para ganhar força na direção de sua consolidação de modo sério e eficaz Além disso a análise do perfil socioprofissional dos adolescentes trouxe a conhecer parte da realidade e do público atendido no campo da AP ain da pouco explorada cientificamente desvelando sua função social de qua lificação para o trabalho e inserção profissional mediada junto a jovens em desvantagem socioeconômica que precisam recorrer ao trabalho precoce No entanto ressaltase uma limitação do estudo reduzido a duas instituições formadoras não governamentais características do modelo de atenção co nhecido como guarda mirim de região social e economicamente desenvol vida do interior paulista restringe a generalização de resultados dados os diferentes modelos de AP existentes a vastidão do país e seus contrastes de desenvolvimento socioeconômico Quanto aos constructos teóricos analisados os resultados mostraram se coerentes com as observações de Watson 2008 acerca da maturidade vocacional ser favorecida em contextos estimulantes que proporcionem incentivos e oportunidades às pessoas para seu desenvolvimento de car reira E também atendem aos indicativos de Bandura 1997 e de Lent Brown e Hackett 1996 2004 em relação ao apoio social percebido e às Fernanda Aguillera Lucy Leal MeloSilva 236 experiências de sucesso no caso potencializados pela inserção profissional devidamente acompanhada serem importantes fatores em favor de cren ças de autoeficácia positivas Frente a isso os resultados parecem indicar que as instituições for madoras investigadas têm atendido às necessidades dos jovens enquanto oportunidade de qualificação e inserção profissional protegida Lembrando sua adequação às exigências legais que regulamentam o trabalho na ado lescência esperase que as informações aqui trazidas despertem a atenção de pesquisadores para a Aprendizagem Profissional se muito ainda há a ser conhecido sobre ela para que se possa pautado em dados empíricos defender a possibilidade de seu reconhecimento como espaço propício à Educação para a Carreira Num momento em que se discute a democrati zação do acesso a serviços de orientação no país buscandose caminhos e abertura para a defesa de políticas públicas que garantam esse direito à população o terreno parece promissor Além disso deve ser destacada a demanda por recomendações técnicas para padronização de métodos e potencialização de resultados tendo em vista a diversidade de instituições voltadas a esse fim em todo o país a não obrigatoriedade da oferta de in tervenções de carreira devidamente estruturadas bem como a escassa di vulgação de modelos às mesmas em atenção a necessidades específicas de seus clientes REFERÊNCIAS Aguillera F 2013 Projeto de vida e preparação para a carreira de jovens aprendizes da realidade à intervenção Tese de Doutorado Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo São Paulo Amazarray M R Thomé L D Souza A P L Poletto M Koller S H 2009 Aprendiz versus trabalhador Adolescentes em Processo de Aprendizagem Psicologia Teoria e Pesquisa 253 329338 Anastasi A Urbina S 2000 Testagem Psicológica Porto Alegre Artes Médicas Balbinotti M A A Tétreau B 2002 Léducation à la carrière une étude brésilienne de la validité transcuturelle du questionnaire sur léducation à la carrière International Journal for Educational and Vocational Guidance 22 101114 Balbinotti MAA Tétreau B 2006a Questionário de Educação à Carreira propriedades psicométricas da versão brasileira e comparação transcultural Revista Brasileira de Orientação Profissional 72 4963 Balbinotti M A A Tétreau B 2006b Níveis de maturidade vocacional de alunos de 14 a 18 anos do Rio Grande do Sul Psicologia em Estudo 113 551560 Bandura A 1982 SelfEfficacy Mechanism in Human Agency American Psychologist 372 122147 Bandura A 1997 Selfefficacy The exercise of control New York W H Freeman and Company CassepBorges V Balbinotti M A A Teodoro M L M 2010 Tradução e validação de conteúdo uma proposta para a adaptação de instrumentos In L Pasquali org Instrumentação Psicológica pp 506520 Porto Alegre Artmed Cruz Neto O Moreira MR 1998 Trabalho infantojuvenil motivações aspectos legais e repercussão social Cadernos de Saúde Pública 142 437441 Dupont M Gingras M 1990 Questionnaire sur lÉducation à la Carriére Sherbrooke Université de Sherbrooke Centre de recherche sur léducation et la vie ao travail Dutra L P 2010 Política pública de acesso ao mercado de trabalho para jovens e adolescentes Avanços e entraves no estabelecimento da Lei 100972000 Lei da Aprendizagem Monografia Graduação em Serviço Social Universidade de Brasília Brasília Emerson P Souza A 2003 Is there a child labor trap Intergenerational persistence of child labor in Brazil Economic Development and Cultural Change 512 375398 Faria I Teixeira M O 2010 Uma intervenção vocacional com alunos em risco de abandono escolar In M C Taveira A D Silva coords Actas da VI Conferência Desenvolvimento Vocacional 2010 Avaliação e Intervenção Actas em CD Braga Portugal Escola de Psicologia Universidade do Minho Fracalozzi N M N 2014 Educação para a carreira e interesses profissionais em estudantes do ensino médio regular e técnico Dissertação de Mestrado Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo São Paulo Gysbers N C 2004 Comprehensive guidance and counseling programs the evolution of accountability Professional School Counseling 8 114 HernandezNieto R 2002 Contributions to statistical analysis Mérida España Los Andes University Press Hoyt K B 1995 El concepto de educación para la carrera y sus perspectivas In M L Rodríguez Org Educación para la carrera y diseño curricular teoría y práctica de programas de educación para el trabajo Barcelona Universitat de Barcelona Aprendizagem profissional e educação para a carreira 227237 237 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE 2012 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD Rio de Janeiro v 32 p1134 Jenschke B 2003 A cooperação internacional desafios e necessidades da orientação profissional e do aconselhamento em face das mudanças mundiais no trabalho e na sociedade Revista Brasileira de Orientação Profissional 412 3555 Leal M S 2013 Autoeficácia percebida em desenvolvimento de carreira e interesses profissionais em estudantes do ensino médio regular e técnico Dissertação de Mestrado Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo São Paulo Lent R W Brown S D Hackett G 1996 Career Development from a Social Cognitive Perspective In D Brown L Brooks Associates Career Choice and Development 3rd Ed San Francisco JosseyBass Lent R W Hackett G Brown S D 2004 Uma perspectiva social cognitiva de la transición entre la escuela y el trabajo Evaluar 4 122 Lopes A R 2010 Projectos Vocacionais Crenças de AutoEficácia e Expectativas Parentais em Estudantes do 7º Ano de Escolaridade em Situação de Sucesso Insucesso Escolar Dissertação Mestrado Integrado de Psicologia Secção de Psicologia da Educação e da Orientação Faculdade de Psicologia Universidade de Lisboa Lopes A R Teixeira M O 2012 Projetos de carreira autoeficácia e sucesso escolar em ambiente multicultural Revista Brasileira de Orientação Profissional 131 714 Mattos E Chaves A M 2006 As Representações Sociais do trabalho entre adolescentes aprendizes um estudo piloto Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano 1603 6675 Mattos E Chaves A M 2010 Trabalho e escola é possível conciliar A perspectiva de jovens aprendizes baianos Psicologia Ciência e Profissão 303 540555 Munhoz I M S Melosilva L L 2011 Educação para a Carreira concepções desenvolvimento e possibilidades no contexto brasileiro Revista Brasileira de Orientação Profissional 121 3748 Organização Internacional do Trabalho OIT 2010 Global Employment Trends Recuperado em 4 de abril de 2012 de wwwoitbrasilorgbrsites defaultfilestopicemploymentdocgetdavos69pdf Organização Internacional do Trabalho OIT 2013 Medir o progresso na Luta contra o Trabalho Infantil Estimativas e tendências mundiais 20002012 Bureau international do Trabalho Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil IPEC Genebra OIT Oliveira L M P 2010 Jovens aprendizes aspectos psicossociais da formação para a vida Dissertação de Mestrado não publicada Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná Curitiba Pasquali L 2001 Técnicas de Exame Psicológico TEP Manual Volume I Fundamentos das Técnicas Psicológicas São Paulo Casa do Psicólogo Conselho Federal de Psicologia Pasquali L 2003 Psicometria Teoria dos testes na psicologia e na educação Petrópolis Vozes Reichenheim M E Moraes C L 2007 Operacionalização de adaptação transcultural de instrumentos de aferição usados em epidemiologia Revista de Saúde Pública 414 665673 RodriguesMoreno M L 2008 A educação para a carreira aplicação à infância e à adolescência In M CTaveira J T Silva Psicologia vocacional perspectivas para a intervenção Coimbra Imprensa da Universidade de Coimbra Romanelli G 2003 Paternidade em famílias de camadas médias Estudos e pesquisas em Psicologia 32 7995 Sales P E N 2010 Políticas para a capacitação profissional de jovensestudo sobre as relações entre as atividades teóricas e práticas em um Programa de Aprendizagem Dissertação de Mestrado Programa de Pós Graduação em Educação Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Belo Horizonte Schunk D H Zimmerman B J 1994 Selfregulation of learning and performance Issues and educational applications Hillsdale NJ Lawrence Erlbaum Associates Savickas M L 2001 Developmental perspective on vocational behavior career patterns salience and themes International Journal for Educational and Vocational Guidance 1 4957 Silva J M T 2004 Avaliação da maturidade da carreira In L M Leitão Org Avaliação psicológica em orientação escolar e profissional pp 265316 Coimbra Quarteto Super D E 1990 The life span life space approach to career development In D Brown L Brooks Orgs Career Choice and Development pp197261 San Francisco JosseyBass Super D E Savickas M L Super C M 1996 The lifespan lifespace approach to careers In D Brown L Brooks Orgs Career choice and development 3ª ed pp 178221 San Francisco JosseyBass Publishers Teixeira M O 2007 As crenças de eficácia académica na formação de interesses e das escolhas vocacionais Psychologica 44 1123 Teixeira M O Barreira C Faria I Baptista J Pimentel AL 2011 Inventário de AutoEficácia para o Desenvolvimento de Carreira CD SEI Career Development Selfefficacy Inventory In Actas do VIII Congresso Iberoamericano de Avaliação Evaluación Psicológica XV Conferência Internacional Avaliação Psicológica Formas e Contextos 263 267 Lisboa Faculdade de Psicologia Universidade de Lisboa Watson M B 2008 Career maturity assessment In J A Athanasou R V Esbroeck Orgs International handbook of career guidance p 511523 New York Springer Yuen M Gysbers N C Chan RMC Lau P S Y Leung TKM Hui EKP Shea P M K 2005 Developing a Career Development Self Efficacy Instrument for Chinese Adolescents in Hong Kong International Journal for Educational and Vocational Guidance 51 5773 Yuen M Gysbers N C Hui EKP Leung TKM Lau P S Y Chan RMC Shea P M K Ke SY 2004 Career Development SelfEfficacy Inventory Users Manual Hong Kong The University of Hong Kong Faculty of Education Life Sklls Development Project YANNIC HANSES DESIGNER COMMUNICATOR DESENVOLVIMENTO DE CARREIRA COMO ESTRATÉGIA DE AMPLIAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL DE ADOLESCENTES BENEFICIÁRIOS DE PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA DESENVOLVIMENTO PARTE 2 PRÁTICAS 239246 8 Fernanda Vieira Guarnieri1 Lucy Leal MeloSilva2 1 Psicóloga atua como técnica de Referência no Centro de Referência da Assistência Social CRAS concursada pela Prefeitura municipal de Orlândia participa do Grupo de Estudos em Psicodiagnóstico na FFCLRP USP integra a comissão da Rede Socioprotetiva dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Promoção de Direitos das Famílias no Município em que atua ferviguayahoocombr 2 Psicóloga livre docente pela USP Ribeirão Preto docente na Graduação e Pósgraduação em Psicologia da FFCLRPUSP Responsável pela área de Orientação Profissional na FFCLRPUSP na qual desenvolve pesquisa ensino e extensão Membro da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais ABOP e da International Association Educational Vocacional Guidance IAEVG lucilealffclrpuspbr As práticas de orientação profissional e de carreira abarcam uma ampla gama de estratégias que podem auxiliar a constituição de identidades de adolescen tes a partir da apropriação sobre quem ser e o que fazer no modo de produção capitalista No Brasil serviços especializados em Orientação Profissional e de Carreira estão tradicionalmente relacionados às questões de decisão sobre a carreira universitária disponíveis predominantemente em serviçosescola de cursos de Psicologia Instituições de ensino médio privado eou em con sultórios psicológicos o que decorre na limitação do perfil de beneficiários desses serviços A abrangência deste tipo de intervenção é sempre questiona da quando se trata da atenção às demandas e às possibilidades das camadas populares pensarem sobre o próprio futuro Assim cumpre questionar se os serviços de Orientação Profissional nos moldes em que são tradicionalmente propostos estariam adequados a absorverem demandas desses jovens que compõem a maioria da juventude brasileira O presente estudo consiste na apresentação dos caminhos que leva ram à construção do Projeto intitulado Pensando o Futuro desenvolvido Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Fernanda Vieira Guarnieri Lucy Leal MeloSilva 240 com grupos de jovens na perspectiva desenvolvimentista de carreira O Programa tem se constituído em espaço de reflexão voltado a jovens inte ressados em refletirem sobre si mesmos suas escolhas e seus graus de liberdade como apontou Ferretti 1991 o meio em que vivem e sobre suas possibilidades de atuação profissional O fato de os mesmos estarem vin culados a um Centro de Referência da Assistência Social CRAS aparelho governamental ligado à Política de Assistência Social sugere um contra ponto interessante quando consideradas as possibilidades de se interligar o desenvolvimento de carreira ao envolvimento de jovens em ações coletivas com repercussões possíveis sobre a ampliação do Capital Cultural entre os envolvidos no processo As sessões subsequentes deste capítulo foram delineadas a fim de con textualizar o desenvolvimento dos grupos considerando o lugar dessa práti ca na Política Pública de Assistência na proteção social básica incluindo os fatores que levaram à formação das turmas e à avaliação dessa experiência na perspectiva dos jovens O CRAS como Lugar para a construção de Práticas Os Centros de Referência da Assistência Social fazem parte do Sistema Único da Assistência Social SUAS a política pública de Assistência Social brasileira a qual se direciona à garantia de direitos básicos e fundamentais da população sendo que quanto mais vulnerável social e economicamente uma família maiores as dificuldades desta em acessar tais direitos Brasil 2012 Desse modo o acesso aos direitos fundamentais é assumido também enquanto dever do Estado Para tal o Sistema Único de Assistência Social SUAS dispõe de mecanismos de proteção social em dois níveis Proteção Social Básica e a Especial A proteção social básica trata de ações de preven ção junto a famílias em situação de vulnerabilidade e é efetivada nos Centros de Referência da Assistência Social CRAS Já a proteção social especial trata de situações familiares em que já existe a violação de direitos que podem cor responder aos níveis de média eou alta complexidade e são as diretrizes do trabalho realizado nos Centros de Referência Especial da Assistência Social CREAS Brasil 2013b O CRAS é uma unidade pública descentralizada que funciona como porta de entrada das demandas da Assistência Social ofertando serviços de pro teção social básica e organizados de acordo com normativas técnicas me todologias e protocolos da política do Sistema Único de Assistência Social SUAS Brasil 2009 Mais especificamente os CRAS são espaços físicos capilarizados em todo território nacional que atuam na linha de frente da proteção social básica identificando as demandas dos indivíduos e das fa mílias de cada localidade acolhendo as diversas demandas trazidas e inse rindoas em atividades coletivas ou particularizadas junto à rede de serviços socioassistenciais ou em outros atendimentos na rede de serviços interseto riais do Município As equipes técnicas são montadas pelo Município e de vem ser compostas minimamente por um coordenador um psicólogo e um assistente social podendo contar ainda com outros profissionais terapeuta Desenvolvimento de carreira e capital social 239246 241 ocupacional auxiliar administrativo pedagogo entre outros a depender do porte e das condições municipais Pode haver mais de uma unidade CRAS decorrente também da quantidade de famílias que necessitam de acompa nhamento BRASIL 2009 Alguns estudos tem explorado o potencial de ações sociais desse âm bito de trabalho comunitário para o aumento do capital social da popu lação vulnerável socioeconomicamente mais especificamente do público alvo da política de Assistência Social Ferrarezzi 2003 Assim o CRAS será compreendido nesse estudo como ferramenta estratégica dentro da rede de proteção social básica brasileira que contribui para potencializar o alcance das ações e políticas sociais Na medida em que tem como foco central o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários traz in terferências positivas para o aumento do engajamento social dos usuá rios na vida familiar e convivência comunitária reforçando a perspectiva de ampliação do Capital Cultural entre os envolvidos que de acordo com Ferrarezzi 2003 se traduz enquanto melhoria da capacidade de trocas mútuas na sociedade O conceito capital social quando usado para caracterizar as maneiras pelas quais os membros de uma comunidade interagem torna possível identificar quais problemas sociais estão empiricamente relacionados com a existência ou a ausência de determinados tipos de capital social per mite induzir experimentações que envolvam colaboração horizontal em torno de projetos comuns e empoderamento para qualificar a participação política Ferrarezzi 2003 p11 Pensando o Futuro Delineamentos para um espaço de reflexão O Pensando o Futuro consiste em uma modalidade de intervenção em grupo que busca envolver o jovem com o seu próprio processo de escolha fazendo com que o mesmo atribua sentido às suas decisões e comprometa se com elas Foi criado em 2012 em um CRAS único e centralizado de um município de pequeno porte do Estado de São Paulo Foi idealizado por uma psicóloga com experiência profissional e acadêmica na área da Orientação Profissional e de Carreira em resposta à demanda do Município de desenvol ver uma atividade voltada ao público jovem Enquadrase enquanto Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos SCFV da proteção social bási ca devendo para tanto de acordo com o SUAS desenvolver atividades socia lizadoras a partir de questões de interesse dos jovens que contribuam para a construção de novos conhecimentos sobre si e sobre o meio e promovam a formação de atitudes e valores que contribuem para o desenvolvimento sau dável Tratase de uma ação vinculada ao Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família PAIF e é realizado em parceria com outros programas de transferência de renda além do Programa Bolsa Família como o Programa Ação Jovem Assim este estudo objetiva descrever uma experiência de orientação para a carreira levada a cabo por meio de um programa intitulado Fernanda Vieira Guarnieri Lucy Leal MeloSilva 242 Pensando o Futuro PF desenvolvido em um Centro de Referência da Assistência Social CRAS em um município de pequeno porte do interior do Estado de São Paulo Objetivos do Programa Pensando o Futuro e participantes De modo geral a ênfase dos grupos está sobre a preparação dos ado lescentes para refletirem sobre os processos de tomadas de decisão tanto profissionais quanto pessoais Mais especificamente os grupos visam pro mover a criação de um espaço para reflexão orientação técnica e para troca de experiências sobre diferentes processos de tomada de decisão promover o enfrentamento assertivo diante de conflitos tanto profissionais quanto pessoais exercitar planejamento de ações para a construção de um projeto para situações do presente e do futuro e desenvolver a capacidade explora tória sobre o Mundo do trabalho e diferentes trajetórias profissionais Foram convidados a se inscrever jovens de famílias acompanhadas pelo CRAS e jo vens beneficiários de programas de transferência de renda Programa Ação Jovem Programa Bolsa Família com faixa etária entre 14 e 20 anos Procedimentos para a formação das turmas De 2012 a 2014 foram realizadas e finalizadas cinco turmas que segui ram o mesmo procedimento de implementação baseado em cinco etapas 1 levantamento de demanda 2 divulgação e formação das turmas 3 in tervenção em grupo 4 passeios e visitas e 5 avaliação O levantamento de demanda 1 corresponde à etapa inicial para delineamento dos inte ressados em participar dos grupos e cujas fontes principais são as fichas de cadastro do Programa Ação Jovem e o levantamento de demanda das famílias atendidas pelo CRAS A participação nos grupos é voluntária sendo que a participação não está condicionada a qualquer tipo de san ção aos adolescentes que são beneficiários de programas de transferên cia de renda A etapa 2 divulgação e formação das turmas consiste em uma reunião com os adolescentes e seus responsáveis para apresentação da proposta de trabalho do Pensando o Futuro e ao final são montadas turmas com os interessados presentes A etapa 3 referese à intervenção com os adolescentes propriamente dita realizada pela técnica psicóloga referida anteriormente Cumpre ressaltar que as atividades propostas em cada encontro poderiam ser de três tipos a Informativas ênfase na apresentação de esclarecimentos e informações específicas sobre os temas apresentados em cada encontro trajetórias escolares além de atividades individuais ligadas ao autoconhecimento e o levantamento de valores in dividuais e familiares b Interativas focalizam atividades de participa ção coletivas com objetivo de propiciar reflexões individuais ou grupais construções coletivas vinculação ao grupo dinâmicas de interação entre os participantes e c Mistas que integraram atividades Informativas e Integrativas no planejamento de cada encontro A Etapa 4 corresponde aos Passeios e Visitas extraCRAS ou seja além dos encontros semanais cada Desenvolvimento de carreira e capital social 239246 243 turma realizou atividade para aproximar o jovem do contexto profissional A etapa final 5 consiste na Avaliação das experiências adquiridas com as turmas realizadas Para tal finalidade foram elaboradas fichas específicas para que os jovens pudessem avaliar os grupos as atividades de cada en contro os sentimentos despertados ao longo dos encontros e se autoava liarem enquanto agentes do processo de grupo Instrumentos e procedimentos Os resultados expostos a seguir foram extraídos das seguintes fontes a listagem de inscritos por turma b listas de presença de cada encon tro e c informações da ficha de avaliação preenchidas pelos participan tes no encerramento dos grupos As informações foram sistematizadas com base na análise quantitativa para a descrição geral das turmas aná lise das frequências médias de participação e as avaliações que os parti cipantes fizeram sobre os encontros A análise qualitativa deuse com base nos comentários dos adolescentes sobre a experiência proporcionada pelos Grupos Resultados Para fins de apresentação dos resultados as informações foram reu nidas em duas seções a organização das Turmas e b avaliação dos Jovens descritas a seguir Organização das Turmas No total foram formadas 05 turmas entre 2012 e 2014 sendo iden tificadas respectivamente por T1 T2 T3 T4 e T5 A diferença entre elas deuse em função da quantidade de encontros e de participantes inscritos quanto ao local escolhido para a visitação ou passeio e a ênfase do tipo de atividade variando entre Informativas Integrativas ou Mistas confor me referido anteriormente Nesse sentido tiveram ênfase Informativa as Turmas T1 e T2 Integrativa a T4 e Mistas as turmas T3 e T5 Outra diferença é que a T1 foi formada por 6 subgrupos sendo que as demais turmas foram formadas por 2 subgrupos Para calcular a quantidade média de participantes por turma foi considerada a soma de participantes dos subgrupos De modo geral as turmas foram compostas por adolescentes com idade média de 16 anos sendo a menor idade 14 anos e a maior 20 Quanto à escolaridade a composição das turmas foi heterogênea variando de 4º ano do Ensino Fundamental EF a 3º ano do Ensino Médio EM No total participaram efetivamente 161 adolescentes entre 2012 e 2014 dis tribuídos da seguinte forma entre as cinco turmas T172 T225 T318 T421 e T523 conforme Tabela 1 A quantidade de encontros variou de 06 a 09 encontros de acordo com a turma A T1 foi a turma menos extensa com um total de 06 en contros enquanto as mais extensas foram T2 e T5 ambas com 09 encon tros As turmas T3 e T4 foram compostas por 07 encontros A média de Fernanda Vieira Guarnieri Lucy Leal MeloSilva 244 Encontros T1 N72 T2 N25 T3 N 18 T4 N21 T5 N23 N N N n n 1 32 444 12 48 12 667 10 476 9 391 2 32 444 13 52 13 722 6 286 13 565 3 39 541 9 36 3 167 7 333 17 739 4 26 361 8 32 9 50 10 476 14 608 5 37 514 5 20 12 667 10 476 13 565 6 18 25 7 28 8 444 7 333 13 565 7 5 20 9 50 5 238 7 304 8 4 16 5 217 9 4 16 9 391 TABELA 1 Distribuição dos participantes por encontro e por turma participação por encontro variou entre 51 adolescenteencontro em T1 e 111T5 As turmas intermediárias apresentaram médias de 74 T2 78 T4 e 94 T3 A fim de contribuir para descrição do público em questão considerouse também a porcentagem de desistência préintervenção ou seja quantida de de jovens que apesar de terem se inscrito não compareceram a nenhum dos encontros Esse percentual de desistência variou entre 111 T3 e 347 T1 sendo os percentuais intermediários 24 T2 261 T5 e 286 T4 Avaliação dos Jovens No total 46 adolescentes preencheram a ficha de avaliação dos grupos mediante relato individual e preenchimento de questionários elaborado para essa finalidade De modo geral a opinião dos jovens foi positiva sobre os grupos Sobre os sentimentos despertados ao longo dos encontros desta camse diversão n32 699 aprenderam coisas novas n28 609 espaço para conversar n26 565 informação n25 543 e criativos n24 522 As atividades menos interativas foram avaliadas como de menor atra tividade como por exemplo o preenchimento individual de questionário sobre vida escolar familiar e profissional Já as mais interativas foram avaliadas como as preferidas como por exemplo as dinâmicas de grupo simulações de entrevista e encenações Sobre o que aprenderam com a ex periência os jovens relataram que os grupos possibilitaram um espaço de troca para reflexão e informação sobre profissões e sobre escolhas do diaa dia lugar onde fizeram novas amizades e aprenderam a se relacionar me lhor com as pessoas Foi sugerido por eles que houvessem mais encontros ou atividades semelhantes voltadas ao público jovem Desenvolvimento de carreira e capital social 239246 245 TABELA 2 Categorias mais escolhidas pelos participantes que responderam à questão da ficha de avaliação sobre o que os encontros representaram para cada participante Categoria N Divertidos 32 552 Aprender coisas novas 28 483 Conversas 26 448 Informação 25 431 Criativos 24 414 Devia haver mais encontros 21 362 Reflexão 21 362 Alegres 10 172 Legais 10 172 Novas amizades 8 138 Dinâmicos 3 52 Descontraídos 1 17 Tenso 1 17 Considerações finais Podemos afirmar que de modo geral os objetivos das cinco turmas fo ram alcançados visto que o espaço dos grupos foi utilizado para promover reflexões sobre o universo das profissões associado a processos de tomada de decisão que perpassam também o universo interpessoal individual e fa miliar do jovem Além da troca de experiências e das orientações técnicas o espaço foi utilizado pelos jovens para o desenvolvimento de habilidades para enfrentamento assertivo de conflitos interpessoais Considerado pelos jovens um espaço de socialização importante em que novas amizades foram iniciadas a ideia de pertencimento ao grupo foi pre servada e houve avanços nas turmas em função do grau de comprometimen to dos participantes com as tarefas propostas Dentro da Política Pública de Assistência Social SUAS os espaços coleti vos criados a partir das ações da Proteção Social Básica mais especificamen te nos CRAS são propícios para pensar em possibilidades de ampliação do Capital Social dos indivíduos que ao aderirem a serviços coletivos promovem também a convivência comunitária eou familiar Desse modo as atividades coletivas baseadas no comprometimento mútuo fortalecem a convivência grupal e propiciam o aprofundamento das relações sociais como referido por Ferrarezzi 2003 Em se tratando do público jovem é importante que esse tipo atividade possa ser utilizado estrategicamente a fim de aumentar o ca pital social dos indivíduos e do próprio grupo tornandoos mais conscientes sobre o funcionamento do mundo que os cerca além de convidálos a partici par mais ativamente da elaboração do próprio futuro Fernanda Vieira Guarnieri Lucy Leal MeloSilva 246 Cumpre ressaltar que a utilização do espaço do CRAS para atuação com grupos de adolescentes mostrouse bastante fértil para a construção de um espaço para abordagem específica do desenvolvimento de carreira por se traduzir em um tema de interesse da faixa etária atendida A avaliação po sitiva dos grupos pelos participantes demonstra que esse tipo de trabalho nos espaços do CRAS pode contribuir para o preenchimento de possíveis lacunas de serviços voltados ao Desenvolvimento de Carreira para jovens de camadas populares público alvo das políticas de assistência Finalizando cumpre ressaltar com base nos discursos dos próprios participantes a importância de envolver o público jovem em atividades atrativas que visem além da preparação para o mercado de trabalho o de senvolvimento de carreira que também sensibilize o jovem para a impor tância da socialização e de autorreflexões que fortaleçam o agir no mundo com base nos vínculos significativos e em ações conscientes REFERÊNCIAS Araújo M C 2010 Capital Social Série Ciências Sociais passoapasso Rio de Janeiro Zahar Bourdieu P 1980 O Capital Social Notas Provisórias In Nogueira Maria Alice e Catani Afrânio org Escritos de educação Petrópolis Vozes 1998 p 67 Brasil Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 2007 CRAS Um lugar de refazer histórias Ano 1 n1 Brasília Brasil Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 2009 Orientações Técnicas Centro de Referência de Assistência Social CRAS Brasília 1 ed p 72 Brasil Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 2012 Serviço de Proteção e Atendimento integral à Família PAIF segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais Orientações Técnicas Brasília 1a edição Vol 1 p84 Brasil Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 2013b Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais Brasília Recuperado em 10 de julho de 2014 Ferretti C J 1988 Uma nova proposta em orientação profissional São Paulo Cortez ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NO CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA REDES SOCIAIS SENTIDOS DO ESTUDO E PLANEJAMENTO DE VIDA ORIENTAÇÃO PROFIS PARTE 2 PRÁTICAS 247254 9 Iúri Novaes Luna1 Vanderlei Brasil2 1 Psicólogo mestre em Administração e doutor em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Professor Adjunto do Departamento de Psicologia da UFSC com atuação no Curso de Graduação em Psicologia e no Programa de Pós Graduação em Psicologia iurilunaufscbr 2 Psicólogo e especialista em História pela Universidade Federal de Santa Catarina com aperfeiçoamento em Psicoterapia Fenomenológica e Existencialista pelo Núcleo Castor Estudos e Atividades em Existencialismo Professor da Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL vanderleibrasilunisulbr O presente trabalho foi construído tomando como base experiências ad quiridas em duas décadas de coordenação de grupos e atendimentos indi viduais pesquisas supervisões de estágios e projetos de extensão univer sitária em orientação profissional OP no contexto de escolas públicas Especificamente serão apresentados e discutidos os principais pressupostos que nortearam a construção de uma modalidade de trabalho em OP que foi desenvolvida e efetivada junto a alunos e professores de escolas públicas Inicialmente partimos da constatação de que grande parte dos métodos e das técnicas utilizadas tradicionalmente na prática da orientação profissio nal encontrase fortemente orientada para sujeitos que possuem condições de possibilidades razoavelmente amplas no que se refere à escolha profissio nal tanto do ponto de vista do capital financeiro quanto do capital cultural incorporado aqui utilizado no sentido atribuído por Pierre Bourdieu 1998 p7475 ou seja como disposições duráveis do organismo um ter que se tornou ser uma propriedade que se fez corpo e tornouse parte integran te da pessoa um habitus Assim sendo as intervenções tradicionais em OP praticadas em clínicas consultórios escolas e universidades públicas Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Iúri Novaes Luna Vanderlei Brasil 248 e privadas sendo frequentemente norteadas por uma série de manuais de técnicas de uso corrente na área têm seu foco no auxílio para a tomada de decisões e muitas desconsideram ou não dão a devida importância às reais condições que cercam os indivíduos em seus processos de desenvol vimento de vida Sobre essa discussão Ferretti 1992 já indicava no final do século passado o comprometimento da autonomia de escolha de muitos jovens brasileiros em razão de sua situação socioeconômica entendase es colha não apenas como discurso ilustrado pela afirmação agora eu já sei o que vou fazer mas sim como ação isto é implementação das preferências ocupacionaisprofissionais Virando as costas para esse fato a OP assume o individualismo a liberdade e a igualdade enquanto princípios liberais e deixa de atender de forma adequada dos pontos de vista ético e social os jovens provenientes dos estratos socioeconômicos mais baixos Ferretti 1992 Embora os objetivos de vida mais genéricos os chamados sonhos de jovens em diferentes situações socioeconômicas possam se apresentar no discurso de formas muito semelhantes as possibilidades de realizálos são significativamente diferentes Quando a OP é finalizada no momento em que o jovem afirma ter escolhido a profissão não se problematiza o caminho e as condições necessárias para a viabilização dos projetos anunciados Tal pro cedimento reforça a ideia de que residem unicamente no sujeito e mais es pecificamente em sua vontade as condições para viabilizar seus projetos de vida e profissionais Reiterase dessa forma a perspectiva individualista em OP e uma visão um tanto distorcida da palavra autonomia Considerandose a questão em sua dimensão psicológica o próprio Bohoslavsky 1983 p40 na obra por ele organizada e menos conhecida pelos orientadores brasileiros denominada Vocacional teoria técnica e ideologia já afirmara sobre a ideia de vocação que abordar o problema da vocação como sendo individual ou pessoal implica uma ilusão que leva a uma deformação teóricoprática que chamo de vocacionalismo O próprio nome do capítulo que apresenta o trecho citado é explícito em sua intenção Vocacionalismo ou o porvir de uma ilusão Abordar as questões de vocação e escolha desvinculandoas dos contextos nos quais são produzidas e transformadas possui consequências graves e comprometedoras para as intervenções em OP Alguns podem avaliar tais debates como datados ou até mesmo como superados Todavia considerando sua relevância e atualidade a academia e os profissionais da área têm avançado em seus esforços de compreensão e intervenção sobre os processos de escolha e orientação profissional de jovens das camadas populares tendo em vista suas condições concretas de vida Como exemplos de tais esforços podemos mencionar algumas publicações sobre o tema observadas nos últimos anos escolha e orientação profissio nal em escolas públicas Barbosa Lamas 2012 Faleiros Lehman 2013 Faria 2013 Lamas Pereira Barbosa 2008 Souza Menandro Bertollo Rolke 2009 Sparta Gomes 2005 em cursos de prévestibular e pre paratórios populares e comunitários Castro Bicalho 2013 Melsert Bicalho 2012 Soares Krawulski Dias DAvila 2007 Valore Cavallet 2012 em projetos sociais Costa 2007 Dias Soares 2007 e com jovens Orientação Profissional no contexto da escola pública 247254 249 participantes do Programa Primeiro Emprego Veriguine Basso Soares 2014 Grande parte das reflexões e práticas converge na tentativa de superar a discussão polarizada entre liberalismo e determinismo em OP na qual de um lado temos a ideia do querer é poder atrelada aos discursos das compe tências e da empregabilidade mantra reproduzido ad nauseam por muitos veículos de comunição e por outro a crítica à Orientação Profissional que lhe retira a importância ou a possibilidade de ação uma vez que nada seria possível alterar em um sistema que apenas reproduz o modo de produção vigente capitalista Ao concordar com a possibilidade de superação da polaridade mencio nada desenvolvemos uma série de trabalhos em Psicologia da Educação e Orientação Profissional em escolas públicas de Santa Catariana desde a década de 1990 especificamente na região sul do estado e na Grande Florianópolis Assim como já apontado na literatura especializada consta tamos que se tratando de alunos de escolas públicas brasileiras a realidade mostrase significativamente diferente da pressuposta em muitos manuais de OP e que insistir na utilização de métodos e técnicas por eles descritos desconsiderando as peculiaridades das populações atendidas seria um equí voco mesmo considerando as avaliações positivas dos participantes ao final dos processos de OP avaliações de reação sempre questionáveis como ins trumentos de avaliação de eficácia O relato de uma aluna adolescente na entrevista inicial vinculada ao processo de orientação profissional em uma das escolas públicas por nós atendidas mediante um projeto de extensão uni versitária ilustra de forma exemplar essa situação nós temos sonhos projetos para o futuro Queremos ter uma boa profissão um bom trabalho uma vida me lhor Mas de repente a gente engravida e daí já viu Compreender o sentido da expressão de repente no discurso da aluna e a partir desse ponto cons truir estratégias de intervenção mais coerentes com as reais necessidades desse grupo de alunos tornouse um dos pilares da modalidade de trabalho que desenvolvemos O que acontece repentinamente inesperadamente que altera os planos explicitados por meio da consciência discursiva Giddens 1989 e obriga a vida a seguir determinado rumo como se existisse uma força que de maneira inexorável conduz o destino das pessoas Por que muitos jovens não con seguem levar a efeito as escolhas anteriormente definidas e construir uma trajetória profissional a partir delas Por que abandonam a escola no decor rer da educação básica Por que após a conclusão do ensino médio frequen temente não cursam Instituições de Ensino Superior ou de Ensino Técnico Profissional Por que tantas vezes limitamse à realização de trabalhos de baixa complexidade e remuneração mesmo tendo em conta os avanços de correntes das políticas públicas aplicadas à área da educação nos últimos anos Nesse contexto determinados planos de vida podem ser avaliados como sem sustentação na realidade ou seja como resultados de uma visão mágica na qual os pensamentos e desejos alterariam a realidade por si sós Como trabalhar tais questões nas intervenções em OP tornouse assim um desafio para nosso projeto de extensão Iúri Novaes Luna Vanderlei Brasil 250 Durante o período em que estávamos construindo novas formas de inter venção em um movimento constante de idas e vindas da teoria à prática e vice versa outra demanda surgiu proveniente de uma das maiores escolas públicas do município de Palhoça Santa Catarina na qual desenvolvíamos trabalhos de OP em pequenos grupos em virtude do elevado índice de abandono registrado nas turmas de primeiro ano do ensino médio O pedido inicial de palestras de motivação nunca atendido deu origem a um levantamento descritivo realiza do por meio de questionários que foram respondidos por praticamente todos os alunos matriculados nos primeiros anos da referida escola A evasão escolar de fato é um problema que acompanha a educação bra sileira há muitos anos e que vem se modificando ao longo do tempo Por exemplo se confrontarmos os dados estatísticos relativos ao abandono es colar no ensino médio do Brasil podemos perceber a diminuição dos índi ces no decorrer dos últimos 12 anos De acordo com os números do INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira em 2002 a taxa de abandono era de 169 na rede pública cerca de 1 milhão de estudantes enquanto que na rede privada não chegava a 3 gerando um índice nacional total de 15 de abandono INEP 2015a Ainda com base no INEP em 2014 a taxa de abandono na rede pública foi de 86 enquanto na rede privada o índice foi 04 gerando um índice de abandono total do ensino médio de 76 no país Vale salientar que esse índice de abandono é decrescente ao longo dos anos do ensino médio ou seja em 2014 no pri meiro ano do ensino médio a taxa foi de 95 no segundo ano de 71 e no terceiro de 52 INEP 2015b Em que pese a diminuição desses índices de evasão decorrente em boa parte das políticas governamentais de inclusão e manutenção de crianças e jovens na escola os números ainda podem ser considerados altos e requerem muita atenção principalmente quanto à rede pública de ensino via de regra a parte mais vulnerável do sistema educacional Tal preocupação fica mais evi denciada se junto aos dados relativos ao abandono compararmos também os dados relativos à reprovação Também conforme o INEP em 2014 o índice de reprovação total no Brasil foi de 121 sendo que a reprovação total no ensino médio público foi de 131 enquanto a reprovação total no ensino médio privado foi de 55 INEP 2015b Tendo em mente esse quadro o levantamento realizado teve como ob jetivo geral descrever a situação dos alunos dos primeiros anos do ensino médio de uma escola da Rede Estadual de Ensino localizada no município de PalhoçaSC no que se refere aos estudos e ao trabalho Entre seus vários objetivos específicos destacamos três que dizem respeito diretamente ao problema do abandono identificar a percepção dos alunos no que se refere às motivações relacionadas à sua vida escolar verificar a opinião dos alu nos sobre os motivos que podem levar um estudante a desistir de estudar identificar o projeto de vida dos alunos para o período após a conclusão do ensino médio Os questionários foram aplicados em 17 turmas totalizan do 538 questionários válidos Considerando as respostas mais frequentes quanto ao primeiro objetivo específico 28 pensam na escola como uma Orientação Profissional no contexto da escola pública 247254 251 mediação para o futuro 25 como uma forma de aprimoramento pessoal e 20 relacionam a escola com a possibilidade de ter um emprego ou profissão no que diz respeito ao segundo objetivo específico 29 atribuem a possível desistência a problemas consigo mesmo 27 a problemas de rendimento es colar e com as matérias 15 com problemas relacionados ao trabalho e 11 com problemas relativos à escola e aos professores enfim quanto ao terceiro objetivo específico 49 pretendiam fazer um curso superior 19 trabalhar ou conseguir um emprego e 11 trabalhar e fazer um curso superior Tais resultados contrariaram as expectativas de muitos professores e dirigentes que atribuíam a necessidade de trabalhar como principal motivo para o aban dono Indicaram ainda uma significativa diferença entre os projetos preten didos e o que de fato geralmente ocorre tendo em vista a disparidade entre o número de alunos que conclui o ensino médio e os que chegam a cursar uma instituição de ensino superior Mediante uma reflexão geral sobre os resultados do levantamento a questão dos sentidos do estudo na vida desses alunos emergiu que para além de suas percepções e discursos manifestamse por meio de suas decisões e ações ao longo do processo de escolarização Nessa direção mais um tema central foi incorporado no método de orientação profissional que se encon trava em construção os sentidos e significados do estudo e o desempenho acadêmico Utilizando os termos de Bourdieu 1998 problematizar a inércia cultural a naturalização do que foi socialmente construído o habitus enten dido como um sistema de disposições duradouras de ser e de fazer adquirido durante o processo de socialização tornouse mais uma das diretrizes do método proposto Nas palavras de Bourdieu 1998 É provável por um efeito de inércia cultural que continuamos tomando o sistema escolar como um fator de mobilidade social segundo a ideologia da escola libertadora quando ao contrário tudo tende a mostrar que ele é um dos fatores mais eficazes de conservação social pois fornece a aparência de legitimidade às desigualdades sociais e sanciona a herança cultural e o dom social tratado como dom natural p 41 Para os jovens que frequentam as escolas públicas é necessário pergun tar por que ser diferente Diferente dos seus pais irmãos e amigos que com põem os laços fortes de suas redes sociais Por que concluir o ensino médio Por que seguir um curso técnico ou um curso superior Quando tratadas des se modo de forma extremamente direta tais questões parecem simples por possuir respostas aparentemente óbvias Porém o que acontece que de repente faz tudo mudar como afirmou a aluna em sua entrevista de OP O que leva grande parte dos alunos a identificarem em si próprios a causa do abandono da escola Quais fatores podem explicar a significativa diferença entre os que afirmam desejar frequentar o ensino superior e os que de fato assim o fazem Não se limitando à consciência discursiva dos jovens Giddens 1989 as suas identidades biográficas Dubar 1998 é necessário investigar nos processos de Orientação Profissional o que de modo característico é simplesmente Iúri Novaes Luna Vanderlei Brasil 252 feito consciência prática as categorias institucionais que determinam as posições objetivas dos sujeitos as condições objetivas que orientam suas ações mesmo quando as escolhas parecem obedecer à inspiração irredutível do gosto ou da vocação Boudieu 1998 p 49 Desse modo de maneira não refletida muitos jovens podem viven ciar a possibilidade de avanços em suas trajetórias profissionais de de senvolvimento de carreira mediante cursos técnicos ou superiores ou no extremo até mesmo de conclusão do ensino médio como uma forma de transgressão tendo em vista sua rede social de apoio e referência Na fa mília a contradição se explicita quando se deseja que o filho seja como os pais faça como os pais e ao mesmo tempo que seja diferente que siga outros caminhos Bourdieu 1998 nesse sistema quanto maior for o êxi to maior será o fracasso e viceversa Se por um lado o discurso afirma a necessidade de mudança por outro o comportamento a linguagem do corpo que contribuem decisivamente para modelar o habitus ao repro duzir as disposições previamente existentes parecem sempre perguntar por que ser diferente Tomando tais questões como referência entendemos que as intervenções em OP em escolas públicas devem 1 problematizar de forma radical os moti vos que os jovens possuem para continuar frequentando a escola bem como para prosseguir os estudos após a conclusão do ensino médio 2 conhecer de forma particularizada o desempenho acadêmico e a situação socioeconômica de cada aluno e as oportunidades presentes no mercado de trabalho e nas instituições de ensino e formação 3 orientar visando a escolha profissional e sua implementação vinculadas à construção de determinado projeto pro fissional viável Sendo os sujeitos construídos e sustentados por meio das relações sociais que se estabelecem no decorrer de suas existências escolher e seguir trajetórias distintas daquelas trilhadas pelos outros significativos pais irmãos amigos parceiros amorosos implica muitas vezes em ser dife rente em relação a eles em superar identidades pressupostas A superação o rompimento com o hábito padronizado e institucionalizado por sua vez longe de ser uma ação simples e natural requer o enfrentamento da censu ra da não confirmação do não reconhecimento Por isso a oportunidade de avançar nos estudos pode ser experimentada por muitos jovens como um privilégioarmadilha como um presente envenenado Bourdieu 1998 A operacionalização bem sucedida de escolhas profissionais previamente de finidas depende em parte da resposta dos jovens à questão por que ser di ferente A OP por sua vez deve ter como um dos seus objetivos principais contribuir na construção dessa resposta Quanto ao método propriamente dito o trabalho desenvolvido subdi vidiuse em duas modalidades Orientação Profissional em pequenos gru pos fora do horário das aulas tendo como participantes alunos de todos os anos do ensino médio que se interessaram pelo serviço após palestras e convites em sala de aula Planejamento de Vida com turmas inteiras dos primeiros anos do ensino médio no horário das aulas sendo a participação obrigatória Orientação Profissional no contexto da escola pública 247254 253 A primeira modalidade visa contribuir para a formação de atitudes que viabilizem a construção de trajetórias profissionais mais autônomas críti cas e psicologicamente significativas o que inclui a redefinição de projetos de vida e projetos profissionais a partir da avaliação das reais condições de escolha que se apresentam das redes sociais do desempenho acadêmico das percepções e motivações para a mudança das necessidades condições objetivas e interesses dos jovens Nessa modalidade é trabalhada ainda a questão do para além da escolha profissional fundamentada na ideia de que é preciso ampliar o escopo da OP incluindo a discussão sobre o pro cesso de viabilização da escolha ou seja sobre o caminho e as condições necessárias para a efetivação do que foi decidido Não obstante as atuais políticas públicas relacionadas ao ingresso do ensino superior tais como o sistema de cotas os financiamentos e bolsas de estudo para muitos jovens das camadas populares o ingresso no ensino superior quando ocorre mui tas vezes não se dá imediatamente após a conclusão do ensino médio e sim após o ingresso no mundo do trabalho que possibilita condições financeiras para a preparação mais intensa em cursos prévestibulares ou para o cus teio de instituições particulares A segunda modalidade denominada Planejamento de Vida conside rando sobretudo o desinteresse pelos estudos tem em vista a identifi cação e a reflexão sobre atividades cotidianas satisfação engajamento sentidos do estudo objetivos de vida redes sociais limites e possibilidades na construção de estratégias de vida De forma diferente da Orientação Profissional realizada em pequenos grupos essa modalidade de atendi mento é realizada com turmas inteiras que frequentemente possuem mais do que 30 alunos o que dificulta ou mesmo inviabiliza a utilização de estratégias clínicas de atendimento Tendo surgido a partir dos estu dos sobre evasão escolar anteriormente comentados o Planejamento de Vida além de problematizar por meio de várias técnicas e discussões a relevância dos estudos para o desenvolvimento pessoal e profissional dos alunos e as consequências de um possível abandono abrange também uma série de outras dimensões da vida como por exemplo ligadas ao consumo na sociedade contemporânea ao planejamento familiar à saúde à ética entre outras Vários temas específicos podem ser definidos de acordo com as necessi dades de cada grupo mas sempre devem levar em consideração as dificulda des que muitos jovens possuem em pensar sobre si mesmos no futuro em comprometerse com valores pessoais e projetos de vida em um contexto marcado pela flexibilidade instabilidade e curto prazo no qual abrir mão de gratificações no presente em nome de objetivos futuros tornase cada vez mais difícil Santos Luna Bardagi 2014 Nesse cenário o risco do habitus sempre prevalecer intensificase o que exige ainda mais atenção dos orientadores profissionais Enfim ressaltase a importância do envolvimen to de toda a comunidade escolar incluindo professores gestores e pais no planejamento acompanhamento e avaliação de tais atividades para que seus resultados possam ser sustentáveis ao longo do tempo Iúri Novaes Luna Vanderlei Brasil 254 REFERÊNCIAS Barbosa A J G Lamas K C A 2012 A orientação profissional como atividade transversal ao currículo escolar Estudos de Psicologia 173 461468 Bohoslavsky 1983 Vocacional teoria técnica e ideologia São Paulo Cortez Bourdieu P 1998 Escritos de educação Petrópolis RJ Vozes Castro A C Bicalho P P G 2013 Juventude território psicologia e política intervenções e práticas possíveis Psicologia Ciência e Profissão 33 número especial 112123 Costa J M 2007 Orientação profissional um outro olhar Psicologia USP 184 7987 Dias M S L Soares D H P 2007 Jovem mostre a sua cara um estudo das possibilidades e limites da escolha profissional Psicologia Ciência e Profissão 272 316331 Dubar C 1998 Trajetórias sociais e formas identitárias alguns esclarecimentos conceituais e metodológicos Educação Sociedade1962 1330 Faleiros N P Lehman Y P 2013 Imbricações históricas e problemas práticos em orientação profissional no contexto escolar Revista Brasileira de Orientação Profissional 142 289293 Faria L C 2013 Influência da condição de empregodesemprego dos pais na exploração e indecisão vocacional dos adolescentes Psicologia Reflexão e Crítica 264 772779 Ferretti J C 1992 Uma nova proposta de orientação profissional São Paulo Cortez Giddens A 1989 A constituição da sociedade São Paulo Martins Fontes Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP 2015a Sinopse da Educação Básica 2002 Recuperado em 15 julho 2015 de httpportalinepgovbrrsscensoescolarassetpublisheroV0Hcontentid19775 Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INEP 2015b Indicadores Educacionais Educação BásicaTaxas de Rendimento Recuperado em 15 julho 2015 de httpportalinepgovbrindicadoreseducacionais Lamas K C A Pereira S M Barbosa A J G 2008 Orientação Profissional na escola uma pesquisa com intervenção Psicologia em Pesquisa 201 6068 Melsert A L M Bicalho P P G 2012 Desencontros entre uma prática crítica em psicologia e concepções tradicionais em educação Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional 161 153160 Santos M M Luna I L Bardagi M P 2014 O desafio da orientação profissional com adolescentes no contexto da modernidade líquida Revista de Ciências Humanas 482 263281 Soares D H P Krawulski E Dias M S L DAvila Geruza T 2007 Contexto coletivo uma experiência em prévestibular popular Psicologia Ciência e Profissão 274 746759 Souza L G S Menandro M C S Bertollo M Rolke R K 2009 Oficina de orientação profissional em uma escola pública uma abordagem psicossocial Psicologia Ciência e Profissão 292 416427 Sparta M Gomes W 2005 Importância atribuída ao ingresso na educação superior por alunos do ensino médio Revista Brasileira de Orientação Profissional 62 453 Valore L A Cavallet L H R 2012 Escolha e orientação profissional de estudantes de curso prévestibular popular Psicologia Sociedade 242 354363 Veriguine N R Basso C Soares D H P 2014 Juventude e Perspectivas de Futuro A Orientação Profissional no Programa Primeiro Emprego Psicologia Ciência e Profissão 344 10321044 PLANEJAMENTO DA CARREIRA DENTRO DA UNIVERSIDADE UMA INTERVENÇÃO EM CONTEXTO DE UMA EMPRESA JÚNIOR PLANEJAMENTO DA PARTE 2 PRÁTICAS 255263 10 Luiza Wille Augustin1 Maiara Lopes da Luz2 Edite Krawulski3 1 Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina com formatura prevista para março2016 realizou estágio durante três semestres na Ação Junior Consultorias Socioeconômicas da UFSC Atualmente faz estágio no Laboratório de Informação e Orientação Profissional LIOP e em Psicologia Clínica com gestaltterapia luizawahotmailcom 2 Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina com formatura prevista para março2016 realizou estágio durante três semestres na EJEP Empresa Junior de Engenharia de Produção da UFSC Atualmente faz estágio nas áreas hospitalar e clínica maiaralopesluzgmailcom 3 Psicóloga Mestre em Administração e Doutora em Engenharia de Produção Ergonomia Docente do Curso de Graduação e do Programa de PósGraduação em Psicologia da UFSC Área Psicologia das Organizações e do Trabalho Linha Formação Profissional desenvolvimento de carreira e inserção no trabalho Ex Coordenadora do Curso de Graduação em Psicologia Ex Coordenadora de Ensino e Ex Chefe do Departamento de Psicologia Ex Membro da Câmara de Ensino de Graduação da UFSC Ex Presidente da COPERVE Comissão Permanente do Vestibular da UFSC Integrante do LIOP Laboratório de Informação e Orientação Profissional Ex tesoureira da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais gestão 19971999 editecfhufscbr Atualmente o trabalho ocupa lugar central no cotidiano das pessoas em nossa cultura como forma de ascensão econômica e também como afirma ção da identidade Ao examinar a evolução histórica do trabalho Krawulski 1991 destaca que esse fenômeno em princípio compareceu como ativi dade voltada ao atendimento das necessidades de sobrevivência humanas e que apenas nos últimos séculos devido a diferentes circunstâncias histó ricas entre as quais primordialmente a revolução industrial e o advento do capitalismo de modo gradativo passou a ser investido de conotação econô mica Krawulski 1991 1998 Múltiplas dimensões estão envolvidas quando se busca compreender o trabalho Para além da dimensão econômica segundo a qual se concebe que ele seja um meio para proporcionar a satisfação das necessidades é possível também alcançar a autorrealização por seu intermédio Krawulski 1991 Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Luiza Wille Augustin Maiara Lopes da Luz Edite Krawulski 256 1998 Tratase de um conceito com caráter plural e polissêmico e que exige conhecimento multidisciplinar já que a atividade laboral se constitui como fonte de experiência psicossocial sobretudo dada a sua centralidade na vida das pessoas Navarro Padilha 2006 Considerando essa centralidade do trabalho na vida das pessoas a construção da identidade vocacional vem sendo estudada juntamente com o desenvolvimento do sujeito uma vez que durante esse processo ocor re o contato com o mundo laboral com suas possibilidades e limitações De acordo com Bohoslavsky 1977 a escolha profissional é um estabele cimento do que fazer quem ser e a qual lugar pertencer no mundo e tal definição se dá pelo trabalho Fundamentada na teoria desenvolvimental de Super Bardagi 2003 afirma que na adultez jovem período no qual a maioria das pessoas realiza o ensino superior ocorre o estágio do desenvolvimento vocacional nomeado como Estabelecimento etapa na qual há um comprometimento com o mun do do trabalho e passase a perceber as preferências como uma realidade vo cacional Nesse período que abarca o públicoalvo da intervenção relatada e discutida no presente trabalho distintamente do que ocorre na adolescência caracterizada pela absorção indiscriminada do conhecimento o pensamen to e o conhecimento são orientados a objetivos mais específicos Bardagi 2003 Assim em seus contatos com a realidade ocupacional o adulto jovem vai buscando estabelecer e firmar suas escolhas e nesse processo vai se de senvolvendo sua identidade vocacional Contemporaneamente não apenas a relação das pessoas com o trabalho vem se modificando mas também as organizações têm buscado sempre mais estabelecer vantagens competitivas nos mercados onde se inserem Para os trabalhadores as exigências advindas da globalização e da competitividade no mundo do trabalho impõem a necessidade de qualificação e aprimora mento profissionais constantes e essas demandas se fazem presentes desde o período de formação acadêmica O discurso da empregabilidade vigente nos contextos laborais atuais advoga que serestar qualificado é condição não somente para o ingresso e a permanência no mercado de trabalho mas também para se diferenciar nesse mercado frente à competitividade acir rada que o tem caracterizado Antunes Alves 2004 Malvezzi 1999 Tal discurso está também difundido também entre os alunos de graduação de acordo com o estudo de Oliveira 2011 baseado nas percepções de graduan dos de Administração sobre a inserção no mercado de trabalho a percepção mais aparente nos discursos obtidos foi a de que o mercado é extremamente competitivo e de que estar em uma boa faculdade é necessário porém não suficiente para a inserção Paradoxalmente a este contexto mercadológico competitivo e que busca trabalhadores qualificados estudos apontam que as instituições de ensino superior brasileiras se distanciam do universo profissional ficando a dever no que se refere ao preparo para a atuação profissional Marcondes 2014 Krawulski 2004 estabelecendose assim uma grande distância entre o que é ensinado na graduação e o que o mundo do trabalho exige Veriguine Planejamento da carreira dentro da universidade 255263 257 2008 p96 Com frequência tem sido referido que grande parte do con teúdo dos cursos superiores é de cunho teórico e não prático deixando de proporcionar aos estudantes experiências reais e contato com a realidade ocupacional Em pesquisa junto a formandos Gondim 2002 encontrou re latos apontando uma formação universitária insuficiente se comparada às demandas do mercado pois os professores não têm a experiência necessária para oferecer modelos práticos derivados das teorias estudadas e analisadas no curso p 305 Nos últimos anos foram feitos diversos estudos sobre o impacto da participação em atividades extracurriculares durante a formação superior e outros âmbitos como a inserção profissional a satisfação com o curso es colhido e o desempenho acadêmico Bardagi Lassance Paradiso 2003 Schuch Madruga Kneipp Corrêa 2011 Monteiro Gonçalves 2011 Avaliando a relação entre o desempenho de tais atividades e a satisfação com a graduação escolhida para estudantes de meio de curso Bardagi et al 2003 constataram que aqueles alunos envolvidos em pelo menos uma atividade acadêmica relatam com maior frequência estarem muito satisfeitos ou sa tisfeitos com a escolha profissional do que os alunos que não possuem ativi dades acadêmicas 2003 p 158 A partir de resultados obtidos em estudo empírico Gondim 2002 sugere que o problema relativo ao distanciamento entre formação e prática profissional poderia ser corrigido ainda dentro da universidade por meio de iniciativas como por exemplo As empresas juniores apresentamse como uma alternativa promissora por duas razões primeiro por viabilizarem a integração entre o aprendi zado teórico e a prática permitindo refletir sobre o substrato teórico que dá sustentação ao curso e segundo por garantir que a experiência profis sional possa ser vivenciada ainda no processo de formação p 306 As empresas juniores EJs têm obtido destaque na literatura como estratégia para possibilitar a estudantes universitários a vivência de expe riências práticas bem como o desenvolvimento de habilidades requeridas e valorizadas no mundo do trabalho Luna et al 2014 Ferreira Koshino Pereira Rocha 2011 em estudo que investigou como alunos avalia vam a importância do desenvolvimento de atividades extracurriculares durante a vida acadêmica para o alcance dos seus objetivos profissionais identificaram que 34 deles consideravam importante para seu futuro profissional a participação em uma empresa júnior como atividade extra curricular e 33 previam essa participação nos seus planos de carreira dentro da graduação Segundo dados da revista Veja 2010 havia naquele ano cerca de 27800 empresários juniores no Brasil atuando em 1120 empreendimentos Além disso de acordo com a mesma revista 91 dos exjuniores consideraram que aquela experiência foi essencial para sua carreira A Brasil Júnior Confederação Brasileira das Empresas Juniores conceitua empresa jú nior como uma associação civil sem fins econômicos constituída e gerida Luiza Wille Augustin Maiara Lopes da Luz Edite Krawulski 258 exclusivamente por alunos de graduação de estabelecimentos de ensino su perior que presta serviços e desenvolve projetos para empresas entidades e sociedade em geral nas suas áreas de atuação sob a orientação de professo res ou profissionais de mercado Brasil Junior 2012 Oliveira 2005 compreende a empresa júnior como um espaço onde os serviços prestados são realizados por profissionais qualificados mas origi nase de processos de ensinoaprendizagem consistindo num local de ex tensão pesquisa e aprimoramento profissional Qualificase também por instituir um espaço de transmissão de conhecimento e difusão de informa ções desenvolvendo ações relevantes ao desenvolvimento sustentável da sociedade como um todo Muitas competências são desenvolvidas pelo fato de que os membros de empresas juniores entram em contato com diversas situações reais de trabalho como negociar com clientes coordenar equipes de trabalho cobrar por prazos e qualidade entre outros Desta forma evidenciase que as EJs muitas vezes representam o pri meiro passo da carreira profissional de muitos jovens universitários A partir da vivência nesse contexto eles desenvolvem competências técnicas e ge renciais têm uma primeira experiência profissional exercem cargos de lide rança trabalham em grupos e equipes e entram em contato com a realidade organizacional Considerando essas questões durante estágio obrigatório na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho realizado em uma empresa júnior da Universidade Federal de Santa Catarina foi desenvolvida uma ofi cina de planejamento de carreira com seus integrantes na perspectiva de que um melhor aproveitamento das oportunidades vivenciadas durante a gra duação conectado à carreira almejada após a formatura facilita a transição entre universidade e mercado de trabalho Oficina de Planejamento de carreira A partir de contextualização sobre a universidade enquanto espaço for mativo e da importância das atividades extracurriculares para a construção da carreira profissional a oficina desenvolvida procurou englobar e relacio nar as atividades da graduação aquelas vivenciadas na empresa júnior e os planos após a formatura A construção da oficina assentouse na concepção de Dias e Soares 2009 segundo a qual Fazer um projeto de vida é colocar no papel nossos desejos nossas inten ções nossas metas e principalmente ordenar as diversas etapas a seguir Precisamos ter clareza de quais são nossos objetivos e metas e principal mente quais são nossos valores para que consigamos escolher um caminho a seguir para direcionar nossas vidas p 84 O planejamento de carreira proposto foi pensado em um formato que englobasse diversos âmbitos da vida dos participantes visto que o trabalho é central dentre tais âmbitos Por conseguinte a proposta trouxe uma pers pectiva de constituirse também em um projeto de vida Além disso adotou se como pressuposto que o estudante é o protagonista neste processo de Planejamento da carreira dentro da universidade 255263 259 orientação e desenvolvimento de carreira sendo o planejamento de carreira compreendido como ferramenta capaz de intervir e de ajudar os indivíduos a responderem às questões que se co locam ao longo dos percursos de vida fomentando o autoconhecimento e o autodesenvolvimento e antecipando cenários de vida face às mudanças que ocorrem e que se reflectem nos diferentes papéis que desempenham Lima Fraga 2010 A empresa júnior na qual a oficina e o estágio foram desenvolvidos é vinculada aos cursos de graduação em Economia Administração Relações Internacionais e Ciências Contábeis em uma unidade acadêmica da institui ção e presta consultorias na área socioeconômica A demanda pela atividade foi tanto da empresa júnior como grupo quanto dos estudantes membros dessa Os diretores da empresa júnior observaram a necessidade de alguma intervenção para melhorar o comprometimento dos membros com os novos cargos que assumiam pois haviam desistências no meio da gestão Desta forma a atividade foi proposta para auxiliar os membros a refletirem sobre os próximos cargos que almejavam e planejálos juntamente ao seu plano de vida Por outro lado a demanda dos estudantes majoritariamente de fases iniciais e de meio de curso era de obterem uma ajuda para um planejamen to que os conduzisse a ter experiências ainda dentro da universidade que os propulsionem a uma carreira pósformatura A partir da demanda pro veniente da empresa júnior e dos membros dela foi formulado o projeto de planejamento da carreira na universidade Sendo assim os objetivos da intervenção foram realizar um planejamento de carreira contemplando a vida acadêmica e profissional por meio de refle xões acerca do autoconhecimento e do conhecimento a respeito do mercado de trabalho para a partir dele delinear um plano de carreira abrindo novas possibilidades de experiências vinculadas a um planejamento de longo prazo O planejamento assentouse em três objetivos específicos 1 Auto conhecimento proporcionando reflexões que ajudassem os participan tes a se conhecerem a identificarem quais os seus valores fundamentais relacionados ao trabalho bem como a reconhecerem suas habilidades competências e vontades 2 Conhecimento sobre o mercado de trabalho e empregabilidade auxiliando os participantes a identificar as oportuni dades e vivências que ainda querem ter na empresa júnior e na graduação e os modos como essas experiências poderiam auxiliálos com seus planos em médio e longo prazo 3 Realização de um plano de carreira traçando objetivos e etapas a cumprir individualmente a partir de subsídios cons truídos por meio das discussões havidas e de um delineamento daquilo que é almejado como carreira futura incluindo a definição de estratégias para alcançar o almejado desde o período da graduação A divulgação da oficina foi feita na reunião geral da empresa e as ins crições foram realizadas online de acordo com os horários disponíveis dos participantes A participação nos encontros foi opcional Foram realizados Luiza Wille Augustin Maiara Lopes da Luz Edite Krawulski 260 dois grupos cada qual composto por em média seis pessoas Ambos tiveram três encontros com duração média de duas horas cada além de uma entrevis ta final individual O planejamento dos encontros está brevemente descrito abaixo em seus objetivos específicos atividades realizadas tarefas propos tas e comentários complementares Primeiro encontro Objetivos Discutir a função de um planejamento de carreira delimitar os objetivos aserem atingidos pelo grupo apresentar o conceito de valores do trabalho e discutir os valores de cada um dos participantes Atividades 1 Discussão O que é carreira Quais as funções do trabalho Para esta ati vidade foi utilizado material audiovisual contendo questionamentos e expli cações acerca dos conceitos de carreira sucesso profissional e escolhas pro fissionais A partir da apresentação do vídeo Allworkandall play Box 1824 foi feita uma discussão sobre escolhas profissionais e interesses individuais 2 Levantamento de expectativas e explicação dos encontros Foi realizada uma rodada de falas onde todos os integrantes deveriam explicitar suas ex pectativas com a oficina e por que decidiram procurála Após foi apresenta da a proposta da oficina de planejamento de carreira 3 Escala de Valores do Trabalho Foi apresentado o conceito de valores do trabalho os participantes preencheram a Escala de Valores do Trabalho Porto Tamayo 2008 e em seguida foi conduzida uma discussão a respeito de como percebiam a questão em seu trabalho atual e como a relacionariam com um trabalho futuro Tarefa de casa Curtigrama Atividade desenvolvida por meio de uma pla nilha que é obtida dividindose uma folha A4 em quatro quadrantes cada um dos quais devendo ser preenchido com uma das seguintes consignas Gosto e Faço Gosto e Não Faço Não Gosto e Faço Não Gosto e Não Faço Segundo encontro Objetivos Promover reflexão sobre gestão de tempo e interesses pessoais discutir projetos do passado e planos do futuro situar a experiência da empresa ju nior dentro do planejamento de carreira para avaliar o que ainda se pretende desenvolver de conhecimentos e habilidades neste espaço empresarial Atividades 1 Discussão sobre a tarefa de casa A discussão do Curtigrama foi feita a partir das percepções relatadas sobre o preenchimento da planilha e então foram pensados conjuntamente alguns planos de ação específicos para modi ficar os quadrantes visando uma melhor gestão do tempo Planejamento da carreira dentro da universidade 255263 261 2 Construção da linha da vida com passado presente e futuro Foi pro posta como uma atividade de diagnóstico registrando as escolhas passa das dos participantes o momento presente e também uma projeção de 10 anos para o futuro A partir dos desenhos produzidos representando suas trajetórias acadêmicas e profissionais foi conduzida uma discussão sobre as possíveis escolhas dentro da universidade e como elas impactariam o momento após formatura 3 Atividades de Cargos da empresa Atividade desenvolvida a partir de uma Análise do Trabalho realizada anteriormente na empresa júnior A descrição de cada um dos cargos existentes na empresa júnior foi trans formada em tópicos e esses foram embaralhados criando um instrumento tipo escala Likert com aproximadamente 70 perguntas para as quais de veria ser atribuída pontuação de 1 a 5 retratando o grau de satisfação com a realização da tarefa descrita Os pontos atribuídos foram somados para cada cargo e o resultado dividido pelo número de itens deste obtendose um escore para cada um A discussão da atividade possibilitou o fornecimento de mais informa ções sobre cada cargo podendo inclusive haver a troca entre os membros presentes Além do escore que era relativo à possível satisfação também foi discutido acerca de se e como este cargo seria contemplado em um planeja mento da carreira para cada um dos participantes Tarefa de casa Lista de atividades de atuação futura Esta atividade consis tiu na exploração das oportunidades possíveis dentro da área de formação de cada pessoa Como havia integrantes oriundos de quatro diferentes cursos de graduação deixouse em aberto para que realizassem a atividade em conjun to com outros do mesmo curso ou não Terceiro encontro Objetivos Identificar os conhecimentos sobre o mercado de trabalho discutir a res peito das competências necessárias para este mercado e como alcançálas realizar o fechamento do grupo Atividades 1 Discussão sobre a tarefa de casa A discussão sobre os achados trazidos a partir da exploração do mercado de trabalho foi rica evidenciando que a pes quisa foi produtiva e abriu o leque de possibilidades para os participantes 2 Atividades sobre habilidades Foi disponibilizada uma tabela contendo aproximadamente 50 habilidades em forma de verbo por exemplo geren ciar liderar calcular comunicar etc com a consigna de que elencas sem quais acreditavam possuir A discussão pautouse em buscar entender como estas habilidades foram desenvolvidas quais crêem serem importantes em seu planejamento de car reira quais poderiam ainda aprimorar dentro da empresa júnior e da gradu ação e de que formas fazer isto Luiza Wille Augustin Maiara Lopes da Luz Edite Krawulski 262 3 Fechamento e feedback em grupo Foi solicitado um feedback sobre as atividades e o desenrolar da oficina de uma forma geral Também foi realiza do um fechamento do processo grupal desenvolvido Tarefa de casa Realização de um plano de carreira Foi disponibilizado como molde de plano de carreira o apresentado por Dias e Soares 2009 p 241 242 Nele constam diversos objetivos predefinidos ligados à carreira profis sional e a outros aspectos da vida e para cada um deles devese preencher Onde quero chegar Etapas a Conquistar e Período para atingir Entrevista Final Objetivos Discussão sobre o plano de carreira Desenvolvimento de planos de ação Atividade Foi retomado o plano de carreira e a partir dele foram feitas reflexões sobre formas de implementálo e pequenos apontamentos para deixálo mais objetivo Resultados e Conclusão As oficinas tiveram grande receptividade dentro do contexto júnior com número de inscritos equivalendo à metade dos membros efetivos da em presa e com o pedido de serem realizadas novas edições evidenciando o inte resse e a necessidade dos estudantes de se dedicarem a atividades voltadas ao planejamento da carreira A partir dos planos traçados pelos participantes foi possível visualizar a importância da realização desse planejamento ain da na graduação pois se percebeu que puderam identificar e entender seus desejos em relação ao âmbito profissional de modo a melhor se prepararem durante a formação acadêmica para um futuro que almejam Os resultados foram analisados a partir do feedback recebido dos partici pantes do grupo e também a partir de avaliação realizada pelas estagiárias e pela professora orientadora Podese perceber a falta de conhecimento por parte dos graduandos das oportunidades que a própria universidade ofere ce para além da sala de aula e da própria empresa júnior além disso tinham dificuldades em visualizar em quais momentos desenvolveram e potenciali zaram algumas de suas habilidades e conhecimentos e em quais outras opor tunidades poderiam buscar fazer isto Percebeuse por outro lado que os participantes detinham uma noção ampla de mercado de trabalho provavelmente devido ao fato de já estarem em contato com este através das consultorias realizadas pela empresa júnior Este fato corrobora a importância da experiência de inserção em contexto organizacional júnior como estratégia de preparação para o futuro profissio nal constituindose tal experiência também como uma alternativa para compensar a falta de prática durante o curso universitário e a consequente distância entre os estudos e a aplicação no mercado de trabalho Planejamento da carreira dentro da universidade 255263 263 Em relação à replicabilidade deste trabalho para outros contextos per cebese uma demanda para o planejamento da carreira universitária com os estudantes de graduação em geral A pesquisa de Ferreira et al 2011 sobre a importância das atividades extracurriculares universitárias para os obje tivos profissionais dos alunos conclui que Em relação ao planejamento de carreira notouse a falta de orientação desses alunos sobre como selecionar as atividades extracurriculares que poderão contribuir para o alcance dos ob jetivos profissionais p 190 Desta forma ressaltase a importância de que intervenções de planejamento de carreira sejam incorporadas ao ambiente universitário Por fim ressaltase a importância desse tipo de atividade de planejamen to de carreira na graduação pela necessidade de levar os estudantes a uma maior aproximação com o mundo do trabalho com suas possibilidades e suas limitações de modo a tornar possível a criação de um projeto de vida condi zente com a realidade laboral e com as expectativas dos estudantes REFERÊNCIAS Antunes R Alves G 2004 As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital Educ Soc Campinas 2587 335351 Bardagi M P Lassance M C P Paradiso A C 2003 Trajetória Acadêmica e Satisfação com a Escolha Profissional de Universitários em Meio de Curso Revista Brasileira de Orientação Profissional 412 153166 Bohoslavsky R 1977 Orientação Vocacional A estratégia clínica São Paulo Martins Fontes Brasil Júnior 2012 Relatório Nacional Censo e Identidade Dias M S L Soares D H P 2009 Planejamento de carreira uma orientação para estudantes universitários 1 ed São Paulo Vetor Ferreira T R Koshino M F Pereira A K Rocha R A da 2011 A importância das atividades extracurriculares universitárias para o alcance dos objetivos profissionais dos alunos de administração da Universidade Federal de Santa Catarina Rev GUAL Florianópolis p163194 Gondim S M G 2002 Perfil profissional e mercado de trabalho Relação com a formação acadêmica pela perspectiva de estudantes universitários Estudos de Psicologia 72 299309 Krawulski E 1991 Evolução do conceito de trabalho através da história e sua percepção pelo trabalhador de hoje Dissertação de Mestrado não publicada Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis Krawulski E 2004 Construção da identidade profissional do psicólogo Vivendo as metamorfoses do caminho no exercício cotidiano do trabalho Tese de Doutorado nãopublicada Programa de PósGraduação em Engenharia de Produção Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis SC Krawulski E 1998 A Orientação Profissional e o significado do trabalho Revista da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais 21 519 Lima R Fraga S 2010 Intervir para ajudar e ajudar para construir Um modelo de intervenção psicológica com estudantes do ensino superior Revista Brasileira de Orientação Profissional 112 269277 Luna I N Bardagi M P Gaikoski M M Melo F de S 2014 Empresas juniores como espaço de desenvolvimento de carreira na graduação reflexões a partir de uma experiência de estágio Revista Psicologia Organizações e Trabalho 144 441451 Malvezzi S 1999 Empregabilidade e carreira Cadernos de Psicologia Social do Trabalho 2 6468 Marcondes R C 2014 Entre buscar oportunidades e obter reconhecimento Comportamento empreendedor de psicólogos em sua trajetória profissional Florianópolis 167f Dissertação de Mestrado não publicada Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis Monteiro A M Gonçalves C M 2011 Desenvolvimento vocacional no ensino superior satisfação com a formação e desempenho académico Revista Brasileira de Orientação Profissional 121 Navarro V L Padilha V 2007 Dilemas do trabalho no capitalismo contemporâneo Psicologia Sociedade 19spe 1420 Oliveira E M 2005 Empreendedorismo social e empresa júnior no Brasil o emergir de novas estratégias para formação profissional Anais do II Seminário de Gestão de Negócios da FAE Centro Universitário Curitiba PR Brasil 2 Oliveira L B de 2011 Percepções e estratégias de inserção no trabalho de universitários de Administração Revista Brasileira de Orientação Profissional 121 8395 Porto J B Tamayo A 2008 Valores do trabalho In Siqueira M M M Org Medidas do comportamento organizacional Porto Alegre Artmed Revista Veja Donos do próprio negócio Edição de 10 de novembro de 2010 São Paulo Schuch V F Madruga L R D R G Kneipp J M Corrêa A C 2011 Atividades extracurriculares e o processo de formação de administradores Revista Sociais e Humanas 241 3140 Veriguine N R 2008 Autoconhecimento e informação profissional implicações para o processo de planejar a carreira de jovens universitários Dissertação de Mestrado não publicada Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis YANNIC HANSES DESIGNER COMMUNICATOR A INFLUÊNCIA DA AUTOEFICÁCIA NA ESCOLHA PROFISSIONAL UM RELATO DE CASO A INFLUÊNCIA DA AU PARTE 2 PRÁTICAS 265273 11 Thaís Cristine Farsen1 Marúcia Patta Bardagi2 1 Psicóloga mestranda no Programa de Pósgraduação em Psicologia na UFSC bolsista CNPq na área de Psicologia das Organizações e do Trabalho e linha de pesquisa Processos psicossociais e de saúde no trabalho e nas organizações thaisfarsengmailcom 2 Psicóloga com doutorado em Psicologia UFRGS Professora adjunta do curso de Psicologia da UFSC docente efetiva do Programa de PósGraduação em Psicologia da mesma universidade e coordenadora do LIOP Laboratório de Informação e Orientação Profissional Atualmente é bolsista Capes de Pósdoutorado na Universidade de Lisboa Portugal maruciabardagigmailcom O conceito da autoeficácia foi inicialmente apresentado em um artigo de Bandura 1977 no qual o autor propunha uma teoria sobre a possibilidade de modificação do comportamento por meio de intervenções nas percep ções sobre as capacidades das pessoas e sobre como as mudanças pode riam ocorrer Desde sua primeira publicação sobre o tema o conceito tem sofrido diversas modificações Na definição mais atual Bandura 1997 caracteriza a autoeficácia como o conjunto de crenças que os indivíduos possuem em relação às suas próprias capacidades de organizar e executar ações para atingir determinados objetivos e é por meio delas que as pesso as escolhem os desafios que enfrentarão e o quanto de esforço despenderão para atingilos Bandura 1986 1997 apresenta que as crenças de autoeficácia se desenvolvem a partir de quatro fatores sendo eles experiência pessoal aprendizagem vicária persuasão verbal e indicadores fisiológicos Para o autor a experiência pessoal se constitui por meio da formação de crenças sobre determinada atividade e ela se desenvolve por meio da vivência com outras pessoas O segundo fator a aprendizagem vicária referese à per cepção de capacidade pessoal comparada a capacidade dos outros se os Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Thaís Cristine Farsen Marúcia Patta Bardagi 266 outros podem eu também posso Já a persuasão verbal advém do reporte dado por outras pessoas do contexto relacional como você deveria fazer medicina por exemplo esse fator pode reforçar ou diminuir a crença que o indivíduo possui acerca das suas capacidades O último fator refe rese aos indicadores fisiológicos e indica que as características pessoais físicas ou de personalidade definem qual é o perfil profissional da pessoa Bandura 1986 1997 A autoeficácia está relacionada a diversas variáveis onde atua como pre ditora de determinados comportamentos que influenciam a vida das pesso as Entre elas estão o aumento do desempenho acadêmico ou profissional o desenvolvimento de mecanismos adaptativos como a resiliência ou reso lução de conflitos e a satisfação profissional Essas características denotam a importância do desenvolvimento de crenças favoráveis de autoeficácia pois também estão diretamente relacionadas ao bemestar do indivíduo Sob essa perspectiva a autoeficácia atua como um fator importante para o de senvolvimento pessoal e para uma melhor adaptação às diversas situações do cotidiano Nunes Noronha 2009b A motivação presente no desen volvimento de determinada tarefa ou atividade também está relacionada ao quanto uma pessoa se considera capaz de desenvolvêla Bandura 1977 clarifica que o nível de motivação os estados afetivos e as ações pessoais são baseados mais nas crenças que os indivíduos possuem do que o que é objetivamente verdadeiro Nesse sentido Nunes e Noronha 2011a apontam que a autoeficácia e suas fontes possibilitam reflexões importantes acerca da escolha profissio nal pois estão diretamente relacionadas a aspectos motivacionais impli cados a ela Para as autoras a autoeficácia está relacionada à confiança de uma pessoa em suas habilidades para realizar com sucesso uma tarefa ou um grupo de tarefas específicas Nunes Noronha 2009a p103 A autoeficácia também influencia a forma como o indivíduo se comporta e se motiva frente a uma profissão GerreiroCasanova Polydoro 2010 Um índice alto de autoeficácia faz com que mesmo em uma situação de insu cesso uma pessoa continue a exercer determinada atividade enquanto que índices baixos podem fazer com que no primeiro obstáculo a pessoa desista de realizar a atividade A autoeficácia se desenvolve por meio de estímulos sociais e cognitivos Dessa forma as crenças podem ser potencializadas por meio de terapia feedbacks e reforço positivo Nunes e Noronha 2009b argumentam que o refinamento das habilidades individuais se dá por meio do envolvimento repetido com certas atividades da aprendizagem por observação e do re cebimento de feedback de pessoas significativas como membros da família professores amigos etc Essas relações por sua vez são as responsáveis pela formação das crenças de autoeficácia e das expectativas positivas de resul tado Crenças de autoeficácia são constituídas por meio de características pessoais como a cognição e por meio das relações sociais Pajares e Olaz 2008 afirmam que a autoeficácia é um construto pessoal e social Bzuneck 2001 corrobora argumentando que a crença de autoeficácia é uma dedução A influência da autoeficácia na escolha profissional 265273 267 pessoal resultado da ponderação de diversos fatores pessoais e ambientais e reflete a visão que o indivíduo tem de si mesmo As crenças de autoeficácia quando somadas às expectativas de resultado definem as preferências pessoais que posteriormente tornamse interesses e estimulam a busca por desenvolvimento de competências capacitação pro fissionalização por meio do ensino além de definir um estilo pessoal refe rente à determinada profissão Nunes Noronha 2011a 2011b No estudo de Lent Brown e Hackett 1994 os autores elaboram uma diferenciação en tre autoeficácia e interesses que embora em um primeiro momento possam ser considerados semelhantes são fenômenos distintos Os interesses estão relacionados aos padrões de aversão proximidade ou indiferença frente a determinadas atividades profissionais e influenciam o processo de escolha sem necessariamente se transformar em ação uma vez que podem estar rela cionados a outros aspectos como a remuneração por exemplo Lent Brown Hackett 1994 Nunes e Noronha 2009b salientam que crenças favorá veis de autoeficácia podem facilitar o desenvolvimento das potencialidades das pessoas isso porque elas tenderiam a se esforçar mais para realizar suas ações Por outro lado crenças desfavoráveis de autoeficácia podem fazer com que as pessoas evitem certos ambientes e atividades fato que pode retar dar o desenvolvimento de suas competências em uma atividade específica Bandura 1986 1997 A autoeficácia também pode exercer influência oti mista ou pessimista na vida das pessoas isso porque elas normalmente se colocam de maneira mais otimista frente às atividades que se consideram capazes de realizar Bandura 2001 Por se tratar de um mecanismo construído também por meio das rela ções sociais a autoeficácia pode ser desenvolvida Pajares 2002 afirma que por meio das crenças de capacidade e das expectativas de resultado o com portamento pode ser agenciado Esse desenvolvimento pode se dar por meio do recebimento de feedback positivo que ao indicar o desempenho favorável em determinada tarefa ou atividade acarretará no aumento do sentimento de autoeficácia e promoverá uma sensação de controle sobre os resultados e sobre o desenvolvimento das competências Bzuneck 2001 Medeiros Loureiro Linhares Marturano 2003 Nunes Noronha 2009b Rodrigues Barreira 2007 Quando as percepções de autoeficácia estão associadas com expectativas positivas relacionadas a recompensas futuras tanto in trínsecas reconhecimento quanto extrínsecas dinheiro elas podem ge rar interesses por determinadas atividades que acarretarão no aumento das intenções em continuar se comprometendo com elas No caso de situações vinculadas a crenças desfavoráveis de autoeficácia e de expectativas de re sultado negativas o efeito é contrário podendo causar desgosto e evitação pela atividade que acarretará na exclusão de algumas opções de carreira que estejam vinculadas a essas crenças Nunes Noronha 2011a O estudo de Medeiros Loureiro Linhares e Marturano 2000 permite compreender a autoeficácia como uma das variáveis presentes no processo de ensino e aprendizagem que juntamente com outras crenças e atitudes é forte preditor de desempenho acadêmico A autoeficácia influencia no Thaís Cristine Farsen Marúcia Patta Bardagi 268 desempenho e também é influenciada por ele pois em uma relação dialética o desempenho impacta nos processos de motivação nas percepções indivi duais nas expectativas de resultados e nas suas escolhas e interesses e pode favorecer a formação de crenças de autoeficácia Porém no caso de crianças com dificuldades de aprendizagem o efeito pode ser contrário acarretando um autojulgamento negativo relacionado às capacidades em desempenhar com sucesso determinadas tarefas acadêmicas Medeiros et al 2000 Crenças favoráveis de autoeficácia possibilitam que os indivíduos se sintam capazes de executar atividades com habilidade além disso eles apresentam boas construções cognitivas para resolverem problemas o que pode propiciar um desempenho positivo Medeiros et al 2000 Por esse motivo destacase como fundamental a necessidade de se oferecer aos indivíduos mecanismos que não só auxiliem na aquisição de conhecimentos e habilidades mas que também fomentem o desenvolvimento de crenças positivas com relação às suas capacidades de realização Soares e Oliveira 2011 desenvolveram um estudo por meio do qual se buscou relacionar a autoeficácia com o raciocínio verbal e o desempenho escolar de estudantes Os autores explicitam que a autoeficácia influencia diretamente na seleção e no uso de estratégias mais eficazes para a apren dizagem Por meio de uma amostra de 57 estudantes com idade média de 12 anos e 6 meses os autores encontraram evidências de que a autoeficácia atua como preditora do desempenho acadêmico Isso se dá à medida que ela auxilia na promoção das crenças que os estudantes possuem acerca das competências que precisam ter para atingir os seus objetivos Em uma pes quisa com 403 estudantes de graduação de uma universidade privada do interior do Estado de São Paulo Baptista Alves e Santos 2008 buscaram obter relações entre suporte familiar autoeficácia e lócus de controle As evi dências encontradas pelos autores demonstram que quanto maior os esco res de suporte familiar percebido pelo indivíduo maiores também eram os escores de autoeficácia O mesmo ocorreu com o lócus de controle interno e a autoeficácia e quanto mais baixo o suporte familiar percebido maior foi a medida de lócus de controle externo Sobre a relação entre o suporte familiar e a autoeficácia Hoeltje Zubrick Silburn e Garton 1996 argumentam que quanto maior a presença de carac terísticas como carinho interesse acolhimento comunicação adequada ha bilidades em resolução de problemas clareza de regras e consistência entre o que se diz e o que se faz recebidos pela família maior é a percepção que o indivíduo terá de se considerar capaz de realizar determinadas tarefas Além disso os autores trazem contribuições importantes no que se refere à relação de autoeficácia e bemestar Para eles a autoeficácia contribui fortemente para a sensação de bemestar das pessoas e para a forma como os indivíduos se ajustam diante de situações adversas A relação entre suporte familiar e autoeficácia também ocorre no sentido contrário O estudo e Kim e Ciccetti 2003 que envolveu uma amostra de 500 crianças entre elas uma parcela que sofria maus tratos demonstrou que indivíduos que receberam carinho atenção e afetividade deficitários possuíam déficits no desenvolvimento de A influência da autoeficácia na escolha profissional 265273 269 autonomia e uma tendência de se julgarem menos capazes crenças desfavo ráveis de autoeficácia para desempenhar determinadas tarefas Tendo em vista todas as informações supracitadas delineiase o presente estudo de caso que tem como objetivo discutir a influência da autoeficácia em uma intervenção de orientação profissional de carreira O presente trabalho foi construído a partir de uma experiência de estágio obrigatório supervisio nado em psicologia escolar realizada com atividades de orientação profis sional de carreira no Laboratório de Informação e Orientação Profissional LIOP na Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Tratase de uma discussão a partir da síntese de um estudo do caso de uma adolescente que buscou atendimento em Orientação Profissional de Carreira no Serviço de Atenção Psicológica SAPSI desta Universidade Método Participante síntese da queixa e do atendimento realizado A participante deste estudo é denominada KLa uma adolescente de 19 anos de condição socioeconômica restrita que vivia na cidade de Florianópolis no estado de Santa Catarina KL concluiu o ensino médio em uma escola pública da cidade e trabalhou com tosadora em um pet shop po rém no momento do atendimento estava desempregada e não estava estu dando KL foi adotada logo após o seu nascimento em decorrência da rejei ção de sua mãe biológica e morava com a mãe e o pai adotivos duas irmãs uma delas sua irmã gêmea e uma sobrinha O pai de KL era expolicial que no momento do atendimento exercia a profissão de caminhoneiro a mãe era dona de casa e não possuía renda própria e suas duas irmãs atuavam em um pet shop As atividades ocupacionais exercidas pela família nuclear não exigiam profissionalização técnica ou superior e a média de remuneração era de mais ou menos 2 dois salários mínimos A adolescente buscou atendimento em orientação profissional de carreira no ano em que realizou sua primeira e única prova de vestibular sem suces so Nesse vestibular KL escolheu o curso de Design de Interiores e conforme seu relato a escolha se deu devido ao seu interesse em organizar e enfeitar os ambientes atividades que para ela eram desenvolvidas pelo designer de interiores Esta escolha além de demonstrar um alto nível de desinforma ção acerca da formação e da atividade profissional exercida pelo designer de interiores também contradizia o seu relato uma vez que afirmava não ter capacidade para realizar atividades que envolvessem criatividade O processo de orientação ocorreu em 11 encontros marcados por dú vidas e incoerências referentes ao relato da orientanda Estes dados foram avaliados em supervisão como uma possível dificuldade de aprendizagem As técnicas utilizadas foram de autoconhecimento materiais de informação sobre o mercado de trabalho e os tipos de capacitações existentes Todas as a Este foi o nome fictício dado para a cliente a fim de atender ao preceito ético do sigilo e respeito à identidade Thaís Cristine Farsen Marúcia Patta Bardagi 270 atividades foram realizadas de forma lenta apresentando conteúdos pro gressivamente mais complexos em respeito ao tempo da cliente que tinha muita dificuldade de assimilação das informações para que a adolescente pudesse compreender todas as questões e para que o objetivo da orientação pudesse ser minimamente alcançado Resultados e Discussão A constituição das crenças de autoeficácia da cliente estavam diretamen te relacionadas a sua família e ao desempenho acadêmico que teve enquanto estudante A adolescente cresceu ouvindo de sua mãe que ela era diferente dos seus irmãos mais organizada responsável e dedicada e por isso deveria seguir um caminho diferente dos seus familiares Por meio do discurso e da percepção da família KL se desenvolveu considerandose uma pessoa dife rente dos demais componentes do núcleo familiar e possuía o interesse em continuar estudando para ter melhores condições de vida O apoio e o encorajamento da mãe que se mostrava sempre muito cari nhosa e preocupada foram de extrema importância para a constituição das crenças de autoeficácia de KL Para Hoeltje et al 1996 quanto maior for a presença de características como carinho interesse acolhimento comunica ção adequada recebidos pela família maior é a percepção que o indivíduo terá de se considerar capaz de realizar determinadas tarefas A respeito dos fatores por meio dos quais se desenvolvem as crenças de autoeficácia apresentados por Bandura 1986 1997 percebese que no caso de KL a sua experiência pessoal como estudante de escola pública de adolescente inserida em um contexto de condições econômicas restritas de integrante de uma família que não deu continuidade aos estudos e que trabalha em serviços informais a fez desenvolver interesses e habilidades mais simples Ao mesmo tempo em que mantinha o propósito de continuar estudando ela buscava atividades próximas de sua realidade que pudessem tornála mais competente em áreas que já se percebia hábil como o cuidado com animais por exemplo ou os trabalhos administrativos e o atendimento ao público Na persuasão verbal evidenciase o papel exercido pela família quando esta reforça que ela é muito organizada estudiosa e que deveria estudar para exercer uma profissão na qual pudesse utilizar essas caracte rísticas A junção de todos os fatores possibilitou que ela realizasse uma es colha profissional condizente com o que se considerava capaz de realizar e permitiu que ela se sentisse satisfeita com a atividade escolhida para desen volver Em técnicas que visavam verificar aptidões habilidades e interesses profissionais foi percebido que os interesses e habilidades de KL referiamse à organização arquivamento de papéis e atendimento ao público Essas eram atividades que ela se considerava capaz de desenvolver Conforme Medeiros et al 2000 essas crenças favoráveis de autoeficácia possibilitam que os indi víduos se sintam capazes de executar atividades com habilidade além disso eles apresentam boas construções cognitivas para resolverem problemas o que pode propiciar um desempenho positivo A influência da autoeficácia na escolha profissional 265273 271 No entanto neste e em outros casos as crenças de autoeficácia também podem impedir que as pessoas explorem novas possibilidades fazendo com que fiquem presas à segurança daquelas atividades em que já tiveram su cesso No caso de KL era importante também considerando o desconheci mento da adolescente sobre cursos e profissões de nível técnico ou superior que se fizesse um trabalho de associar aquelas atividades em que ela já tinha experiência e confiança a outras ocupações carreiras e trajetórias para que a cliente ampliasse seu leque de possibilidades Isso foi um dos objetivos principais da intervenção trabalhar com a cliente que novas habilidades e competências poderiam ser criadas e desenvolvidas a partir do que já existia no seu repertório mesmo que se tratasse de algo totalmente novo As habilidades encontradas por meio das técnicas puderam ser com provadas quando durante o período de atendimento a cliente iniciou um trabalho como recepcionista Nessa experiência KL declarou estar se de parando com dificuldades que exigiram que ela pensasse de forma proativa em soluções possíveis Entre as soluções encontradas estava realizar um curso profissionalizante de secretariado que permitiu que ela desenvolves se competências importantes para o trabalho Tal fato vai ao encontro do que é trazido por Soares e Oliveira 2011 que definem que a autoeficácia é uma visão positiva que permite que o indivíduo desenvolva tarefas difíceis e suporte as adversidades o que os autores chamam de resistência positi va p36 O otimismo com o qual KL via as situações adversas relaciona das às tarefas que executava também é esclarecido por Bandura 2001 que reflete que a autoeficácia pode exercer influência otimista ou pessimista na vida das pessoas isso porque elas geralmente se colocam de maneira mais otimista frente as atividades que se consideram capazes de realizar No caso de KL percebese que a autoeficácia atuou como um fator impor tante para o seu desenvolvimento pessoal e para uma melhor adaptação às diversas situações do cotidiano o que vai de encontro ao que é trazido por Nunes e Noronha 2009b Os autores salientam que crenças favoráveis de autoeficácia podem facilitar o desenvolvimento das potencialidades das pessoas isso porque elas tenderiam a se esforçar mais para realizar suas ações o que ficou evidente no caso de KL É importante salientar que nem a busca de emprego como recepcionista nem o curso de secretariado faziam parte das expectativas iniciais da cliente mas foram possibilidades surgi das no processo de orientação Com frequência a adolescente apresentou pouca clareza e conhecimento sobre as possibilidades de profissionalização e sobre os diversos campos de trabalho existentes Essa falta de informação denota também a dificuldade de compreensão que a cliente apresentou durante os atendimentos e quando lhe eram propostas as atividades de orientação profissional Salientase que o papel do orientador em casos como esses cujos orientandos possuam algum tipo de dificuldade de compreensão é primordial Isso porque pode ser ne cessário que o orientador assuma o papel de instrutor tendo um foco bastan te pedagógico uma vez que há uma lacuna de informações e esclarecimentos acerca da escolha das possibilidades de formação e de trabalho Thaís Cristine Farsen Marúcia Patta Bardagi 272 Evidenciase que a cliente apresentou baixa confiança em relação às suas possibilidades de escolha e forte necessidade de feedback positivo sobre suas conquistas e sucessos A literatura demonstra que o recebimen to de feedback de pessoas significativas em seu percurso de vida possibili ta o refinamento das habilidades pessoais constituindo suas crenças de autoeficácia e expectativas de resultado Bzuneck 2001 Medeiros et al 2003 Nunes Noronha 2009b Rodrigues Barreira 2007 Sua família a via como alguém capaz de cursar o ensino superior e exercer uma boa profissão no entanto essas eram asserções mais genéricas que não pro piciavam necessariamente uma discriminação de atividades ou carreiras Aqui o papel da orientação também foi resgatar de forma mais pontual os conhecimentos e habilidades da cliente a partir de sua história escolar e de trabalho e relacionálos mais claramente com possíveis trajetórias de formação e profissionalização futuras Pensar em um curso era algo muito abstrato para KL Mas o caminho experiência no pet shop trabalho com recepcionista curso técnico de secretariado possível curso superior futuro em secretariado executivo ou administração era uma realidade mais con creta e tangível Essa construção foi feita a partir de diferentes elementos e interesses trazidos pela cliente O mecanismo da autoeficácia também foi percebido por meio do seu relato quando diz que não teria capacidade para realizar atividades rela cionadas à saúde engenharia e que envolvessem criatividade Tais crenças foram construídas durante o ensino médio e referemse ao desempenho acadêmico desfavorável que ela tinha nas disciplinas de biologia quími ca física matemática e artes Os estudos de Medeiros et al 2000 e de Soares e Oliveira 2011 permitem compreender a autoeficácia como uma das variáveis presentes no processo de ensino e aprendizagem que atua como forte preditora de desempenho acadêmico Nesse sentido o indi víduo tende a procurar atividades nas quais ele já possua um desempe nho favorável afastandose das atividades que julga não ter capacidade para desenvolver Considerações finais Além dos interesses pessoais e conhecimento do mercado de trabalho profissões e formas de capacitação possíveis considerase que o processo de escolha no caso analisado esteve diretamente ligado ao desenvolvimento de crenças favoráveis de autoeficácia Isso se deu por meio do oferecimento de reforço positivo e feedbacks acerca das capacidades pessoais da cliente e permitiram que esta pudesse definir a atividade de recepcionistasecretária como a atividade ocupacional que ela possuía competência para desenvolver naquele momento e na qual ela se via satisfeita no momento Por conseguin te KL pôde verificar como poderia atingir o seu objetivo e como adquiriria competência técnica para realizar as atividades necessárias para a função pensando também nos desdobramentos futuros em termos de carreira que essa escolha poderia permitir A influência da autoeficácia na escolha profissional 265273 273 Este breve relato buscou ilustrar o trabalho com a autoeficácia dentro do processo de orientação profissional especialmente considerandose os clientes que tem uma história de fracasso escolar dificuldades de aprendi zagem ou vulnerabilidade socioeconômica pois estes tendem a percebe remse sem muitas condições de sucesso futuro Nestes casos o trabalho com foco na autoeficácia pode ser um grande facilitador do processo de escolha REFERÊNCIAS Bandura A 1977 Selfefficacy toward a unifying theory of behavioral change Psychological Review 842 191215 Bandura A 1986 Social foundations of thought and action A social cognitive theory Englewood Cliffs NJ PrenticeHall Bandura A 1997 Selfefficacy The exercise of control New York W H Freeman and Company Bandura A 2001 Social cognitive theory an agentic perspective Annual Review of Psychology 521 126 Baptista M N Alves G A S Santos T M M dos 2008 Suporte familiar autoeficácia e lócus de controle evidências de validade entre os construtos Psicologia Ciência e Profissão 282 260271 Bzuneck J A 2001 As crenças de autoeficácia e o seu papel na motivação do aluno In Bzuneck J A Boruchovitch E Eds A motivação do aluno contribuições da Psicologia contemporânea pp 116133 Petrópolis Vozes GuerreiroCasanova D C Polydoro S A J 2011 Autoeficácia na formação superior percepções durante o primeiro ano de graduação Psicologia Ciência e Profissão Brasília 311 5065 Hoeltje C O Zubrick S R Silburn S R Garton A F 1996 Generalized selfefficacy Family and adjustments correlates Journal of Clinical Child Psychology 254 446 453 Kim J Ciccetti D 2003 Social selfefficacy and behaviour problems in maltreated and nonmaltreated children Journal of Clinical Child and Adolescent Psychology 321 106117 Lent R Brown S D Hackett G 1994 Toward a unifying social cognitive theory of career and academic interest choice and performance Journal of Vocational Behavior 45 79122 Medeiros P C Loureiro S R Linhares M B M Marturano E M 2000 A autoeficácia e os aspectos comportamentais de crianças com dificuldade de aprendizagem Psicologia Reflexão e Crítica 133 327336 Medeiros P C Loureiro S R Linhares M B M Marturano E M A 2003 O senso de autoeficácia e o comportamento orientado para aprendizagem em crianças com queixa de dificuldade de aprendizagem Estudos de Psicologia Natal 8 93105 Nunes M F O Noronha A P P 2009a Autoeficácia para atividades ocupacionais e interesses profissionais em estudantes do ensino médio Psicologia Ciência e Profissão Brasília 291 102115 Nunes M F O Noronha A P P 2009b Modelo sóciocognitivo para a escolha de carreira o papel da autoeficácia e de outras variáveis relevantes ETD Educação Temática Digital v 10 p 1635 Nunes M F O Noronha A P P 2011a Associações entre autoeficácia para atividades ocupacionais e interesses em adolescentes Psicologia Reflexão e Crítica Porto Alegre 241 19 Nunes M F O Noronha A P P 2011b Escala de autoeficácia para atividades ocupacionais estudo da estrutura interna e precisão Avaliação Psicológica 101 2540 Pajares F 2002 Overview of social cognitive theory and of selfefficacy Recuperado em 14 de julho de 2015 de httpwwwemoryedu EDUCATIONmfpeffhtml Pajares F Olaz F 2008 Teoria social cognitiva e autoeficácia Uma visão geral In Bandura A Azzi R G Polydoro S Eds Teoria cognitiva Conceitos básicos pp 97114 Porto Alegre Artmed Rodrigues L C Barreira S D 2007 Autoeficácia e desempenho escolar em alunos do Ensino Fundamental Psicologia em Pesquisa 1 4153 Soares A B Oliveira M B de 2011 Autoeficácia raciocínio verbal e desempenho escolar em estudantes Psicologia Teoria e Pesquisa 271 3339 Mediterranean herz CONTRIBUIÇÕES DA ESCUTA PSICANALÍTICA NA MODALIDADE DE ORIENTAÇÃO DE CARREIRA INDIVIDUAL NO ÂMBITO DE UMA FACULDADE CONTRIBUIÇÕES DA PARTE 2 PRÁTICAS 275282 12 Michele Gouveia1 1 Psicanalista graduada em psicologia e especialista clínica pela PUCSP É consultora de Carreira na Faculdade Escola Superior de Propaganda e Marketing e trabalha como Psicanalista e Consultora de Carreira em seu consultório mgouveiaespmbr A estratégia clínica na Orientação de Carreira A estratégia clínica no processo de orientação vocacional foi o tema do trabalho de Bohoslavsky 2007 o qual enfatizou que a contribuição do psicólogo na modalidade clínica é favorecer a autonomia do sujeito deixando de assumir um papel diretivo não porque desconheça as possi bilidades de um bom ajustamento mas porque considera que nenhuma adaptação à situação de aprendizagem ou trabalho é boa se não supõe au tonomia p3 Sendo assim a estratégia clínica visa favorecer por meio de sua escuta e ação discursiva a possibilidade do sujeito identificar e decidir o que fará com seus desejos permitindo desta forma que ele direcione a sua carreira e se responsabilize por suas escolhas Desta forma conside ramos que a autonomia é a única forma de o sujeito se responsabilizar pelas suas escolhas Bohoslavsky 2007 descreve a estratégia clínica como sendo uma forma de observação e atuação sobre o comportamento humano sadio ou doente podendo ser realizada em qualquer âmbito institucional grupal clínico etc Uma questão muito importante que contempla esta estraté gia é a comunicação permeada pelo vínculo que segundo o autor tornase imprescindivelmente dinâmico para favorecer o diálogo entre o psicólogo e sujeito Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Michele Gouveia 276 Ou seja tal como na psicanálise a estratégia clínica somente será defini da após a instauração da relação transferencial Esta relação por sua vez é considerada na psicanálise como uma experiência dialética sendo que esta noção segundo Lacan 1998 deve prevalecer quando se formula a ques tão da natureza da transferência p215 Partindo disso cabe explicar que a transferência ocorre porque o sujeito acredita que o Outro neste caso o orientador de carreira tem um conhecimento que pode ajudálo neste pro cesso de escolha A questão ética que a psicanálise lacaniana vai nos colocar sobre a relação transferencial diz sobre a posição do profissional de não assumir esse lugar de saber por exemplo tal como um profissional que julgaria saber quais são as melhores profissões para o seu cliente em relação ao seu perfil interesse competências e habilidades Torres 1998 p4 nos adverte que os métodos tradicionais isto é o grande uso de recursos técnicos aju dam a deslocar esta percepção para a pessoa do orientador a ponto de ouvirmos inúmeras vezes os clientes dizerem algo mais ou menos assim O psicólogo disse que eu dou para fazer O resultado que o psicólo go me deu diz que enfim tantos outros dizeres que transferem para o orientador profissional a responsabilidade e determinação sobre a vida de outrem Podese dizer que o desafio para quem atua na área da orientação de car reira mesmo aqueles que possuem a experiência clínica psicanalítica é saber manejar a transferência a favor da Orientação de Carreira Constantemente somos convidados pelos nossos clientes a responder perguntas como qual área trabalhar ou qual tipo de empresa tem um perfil parecido com o meu sendo que estas perguntas resumem as principais queixas dos alunos que procuram o trabalho de orientação de carreira na instituição foco deste trabalho Apresentação do caso O aluno João procurou o serviço de Orientação de Carreira da faculda de para obter orientações sobre como preencher algumas perguntas no site de vagas Entre as perguntas houve uma que mais o preocupou fale sobre você e suas qualidades João não sabia o que colocar e pedia para que fosse dito o que as empresas gostariam de ouvir Ele dizia que não sabia de suas qualidades e muito menos o que falar de si queixouse também de que há algum tempo estava participando de processos seletivos nos quais não era aprovado e não conseguia entender o porquê Nos chamou a atenção o fato de que ele esperava uma resposta pronta sobre o que colocar sobre ele e o fato de insistir em permanecer no atendimento mesmo tendo encerrado sendo necessário as consultoras se levantarem e pontuar com seu ato que o atendi mento tinha encerrado Durante o atendimento percebemos que o aluno não tinha clareza so bre seus interesses e por isso lhe foi sugerido o encaminhamento para o Contribuições da escuta psicanalítica e orientação de carreira 275282 277 Grupo de Orientação de Careira conduzido por duas Consultoras de Carreira da Instituição O aluno participou dos sete encontros do grupo Ao final do processo durante a devolutiva relatou ter percebido como foi importante considerar em sua escolha profissional as áreas de seu interesse e principalmente o tipo de ambiente de trabalho no qual se sentiria mais confortável Perguntamos para ele como foi participar do grupo e ele comentou que foi bom ouvir outras pessoas Na devolutiva compartilhamos com ele a nossa percepção sobre a sua participação no grupo ao qual ele ficou muito quieto por um logo período e que próximo ao prazo de encerramento passou a falar mais sobre si João confirmou que demora para conseguir se relacionar com as pessoas e que gosta de trabalhar com grupos pequenos pois é mais quieto e não cos tuma falar sobre si para outras pessoas a não ser com sua mãe e namorada Ao concluirmos o grupo fizemos um convite a João para que iniciasse com uma das consultoras um acompanhamento individual O objetivo foi oferecer novas possibilidades para que ele pudesse se apropriar de seus inte resses Estávamos apoiadas no resultado dos trabalhos anteriores por exem plo na atividade de jogo de critérios da escolha na qual ele não conseguia dar sentido às escolhas feitas Quando perguntamos sobre o porquê escolheu determinada área e ele respondia porque é legal questionávamos por que era legal e ele falava porque dá dinheiro em suma as suas respostas eram pontuais e se repetiam para as perguntas feitas sobre as outras áreas Até então os serviços de Orientação de Carreira contemplavam aten dimentos pontuais nomeados de Plantão nesta modalidade o aluno pode agendar um atendimento com uma das consultoras para falar sobre ques tões ligadas à carreira por exemplo dúvidas sobre em qual área trabalhar que tipo de empresa dicas para processo seletivo insatisfação com estágio e dúvida sobre a escolha de disciplinas optativas Para questões de dúvidas relacionadas à escolha profissional o aluno é encaminhado para o Grupo de Orientação de Carreira conduzido pelas consultoras Não havia uma propos ta de Orientação de Carreira individual e ao percebemos a necessidade do aluno nos lembramos do que Torres 1998 fala sobre o enfoque clínico pois ele nos convida a lançar mão não só dos recursos existentes e conheci dos mas também ousar e criar outros que possam complementar enriquecer ou até transcender aqueles já conhecido p5 A escuta psicanalítica e o processo de significação das escolhas profissionais Para Bastos 2009 a escuta psicanalítica precisa orientarse para a sin gularidade do sujeito possibilitando que ele se expresse fale e se implique em seu desejo p93 Concordamos que esta escuta ativa deve provocar o sujeito fazendoo se apropriar de seu discurso darse conta de sua própria singularidade e se implicar com ela Partindo disso iniciei um trabalho a fim de favorecer a significação das escolhas feitas por João até o momento Sobre a significação da escolha do trabalho Dejours 1992 p 40 citado por Talfo Piccinini 2007 p44 destaca Michele Gouveia 278 ao mesmo tempo em que a atividade de trabalho comporta uma signi ficação narcísica ela pode suportar investimentos simbólicos e materiais destinados a um outro isto é ao objeto A tarefa pode também veicular uma mensagem simbólica para alguém ou contra alguém A atividade do trabalho pelos gestos que ela implica pelos instrumentos que ela mo vimenta pelo material tratado pela atmosfera na qual ela opera vei cula um certo número de símbolos A natureza e o encadeamento destes símbolos dependem ao mesmo tempo da vida interior do sujeito isto é do que ele põe do que ele introduz de sentido simbólico no que o rodeia e no que ele faz Neste trabalho foram realizados sete atendimentos individuais consul tora e alunocliente nos quais utilizamos alguns dos materiais que foram desenvolvidos por ele durante o grupo 1 Folha de meus critérios da escolha profissional 2 Curtigrama 3 Exercícios de autoconhecimento como quem sou eu e árvore genealógica das profissões Durante o trabalho de grupo pude observar que o aluno apresentou difi culdades em manter o olhar em lidar com metáforas exemplo ver momento da fábula e apresentou uma redação autobiográfica cuja escrita estava frag mentada sem coerência e com palavras incompletas Por outro lado João também demonstrava a capacidade de desenvolver críticas sociais bem ar ticuladas e apresentar raciocínios inteligentes estudioso de fatos históricos e políticos Mas esse discurso articulado desaparecia quando se tratava de falar sobre suas escolhas pois não conseguia dar sentido àquilo que escolhe ra ou seja produzia um discurso vazio de significação Considerando essas observações entre outras passei a trabalhar com a hipótese de se tratar de uma estrutura psicótica Foi essa hipótese que permeou todo trabalho de manejo do caso o qual incluiu o cuidado de pontuar certas situações que lhe produziam angústia como em situações nas quais precisava lidar com ques tões abstratas ou mesmo naquelas em que se sentia julgado e avaliado como ocorria nas dinâmicas de grupo Conforme Figueiredo e Machado 2000 p69 A clínica psicanalítica opera a partir do que se apresenta da realidade psí quica nos desdobramentos da fala da produção discursiva de um sujeito Este por sua vez se endereça a alguém que não vai escutálo nem objeti vamente como um coletor de dados nem subjetivamente como alguém que se envolve emocionalmente com seu paciente sofre com ele etc Ou trossim esse alguém vai escutálo sendo chamado a cada intervenção a cada movimento a decidir sobre a destinação e consequentemente sobre o rumo das produções discursivas que acolhe No primeiro atendimento a estratégia foi favorecer a João que pudesse associar para além da resposta porque é legal e porque dá dinheiro deixan do tempo para que ele falasse e tentasse encontrar outras respostas às ques tões colocadas permitindo que expressasse livremente o que significava o Contribuições da escuta psicanalítica e orientação de carreira 275282 279 dinheiro e um trabalho legal em sua vida Dentro desse enquadre João pode entrar em contato com a sua necessidade de independência e com o modo como acreditava que o dinheiro poderia contribuir com isso Também trouxe questões de instabilidade financeira familiar que o deixavam angustiado em alguns momentos Durante a discussão sobre a sua árvore genealógica do ponto de vista das profissões falamos sobre as influências da família provoqueio a pensar sobre os seus hobbys e os da família isto possibilitou que se apropriasse do que tinha colocado na folha de critérios da escolha profissional Ele concluiu que o seu interesse pela indústria automobilística remetia a uma paixão por carros compartilhada com seu pai na infância e por imaginar que trabalhar com um produto físico seria algo mais concreto e seguro pois não gosta de coisas muito subjetivas prefere coisas claras Isto nos possibilitou chegarmos a alguns segmentos de produtos e serviços de seu interesse e a áreas de tra balho sendo a logística uma das áreas que mais o interessou pois nessa área ele poderia ter uma rotina dinâmica com procedimentos definidos que se gundo ele era interessante pois não dá para perder a atenção é mais prático Já na aula quando fico escutando o professor não consigo me concentrar penso em muitas coisas sempre Após discutirmos os seus interesses profissionais João comentou no terceiro atendimento que tinha se candidatado a um processo seletivo de programa de estágio e que havia sido chamado para a fase de dinâmica de grupo Indaguei os motivos pelos quais tinha escolhido aquela empresa e o programa de estágio que ela oferecia João comentou que a remuneração era boa e que podia trabalhar na área de logística aquela que começava a lhe interessar Ao ser questionado sobre a empresa João falou apenas prejudica o meio ambiente trouxe de prontidão um aspecto negativo em relação ao negócio algo que lhe pontuei Quando se deu conta disso disse que todas as empresas só pensam no lucro a qualquer preço Perguntei como era isso para ele e João falou não tem problema são todas assim me pagando Pontuei que se não fosse importante ele não teria trazido de prontidão o problema am biental com um ar de descaso e desencanto com relação a empresa e todas as outras João por sua vez respondeu que não acreditava que podia ser diferen te Visando descontruir a certeza de que todas as empresas buscam um lucro a qualquer preço perguntei se ele tinha pesquisado mais sobre a empresa em questão antes de lhe dar esse veredito João respondeu que não No mesmo instante encerrei a sessão pontuando que podíamos discutir mais sobre isso no próximo atendimento com sua pesquisa sobre a empresa assim ele con seguiria sair da dúvida de continuar ou não na seleção pois ele iria avaliar se fazia sentido continuar no processo seletivo João voltou ao atendimento seguinte com a pesquisa concluída Ele ob servou que a empresa tinha tomado ações de redução de danos e era bem vista no mercado sem escândalos ou problemas na área ambiental Isso possibilitou que ele se sentisse seguro para continuar no processo João também pediu algumas dicas de como preparar as apresentações solicita das na dinâmica e comentou que após a dinâmica haveria uma redação Michele Gouveia 280 Naquele exato momento lembreime da redação que ele havia feito num dos trabalhos anteriores e de como a sua escrita estava incompreensível pois foi muito difícil ler e entender sua autobiografia Tal como descrevi acima a sua história tinha tantos cortes que não permitia o leitor ordenar os fatos no tempo não havia nenhuma organização início meio e fim as histórias de sua vida estavam fragmentadas no texto e descritas com muitas palavras incompletas Na sequência lembreime de sua colaboração no grupo no momento de montar a fábula pois ele não conseguiu utilizar os animais para a criação da fábula sendo que ao longo da atividade ele foi indo para o mundo concreto por exemplo isso aqui é a sociedade aqui são as velhinhas na praça o cachorro correndo atrás do gato a vida é assim um indo atrás do outro curiosamente esses animais não contavam entre aqueles do jogo das fábulas Havia de fato uma dificuldade de lidar com questões subjetivas tal como ele já havia trazido nos atendimentos indivi duais A partir disso ocorreume a ideia de pedir para que fizesse uma re dação sobre um tema qualquer para ver se o texto apresentaria as mesmas questões levantadas na outra redação João assim o fez Ele escolheu um tema ligado à política Observei ao analisar a redação que o texto tinha co erência estava estruturado com início meio e fim e estava bem articulado sendo que havia um único detalhe que se repetia o fato de algumas pala vras estarem incompletas Diante disso apontei as palavras incompletas e a falta de cuidado estético no texto algo que caberia em um rascunho mas não em um texto de cunho formal para ser entregue durante um processo seletivo falamos sobre a possibilidade dele pedir nos processos seletivos uma folha de rascunho para a entrega da redação passada a limpo No atendimento seguinte pedi outra redação situação muito comum nos processos seletivos sobre um tema que de certa forma o levava para a questão inicial que o fez procurar a orientação de carreira Quem é você Eu tinha por aposta que isso o remeteria diretamente a uma apresentação sobre ele atividade que envolveria ideias sobre o que gosta de fazer e sobre as suas características pessoais João fez uma redação curta e objetiva na qual descreveu tanto o que gosta de fazer nas horas livres quanto as suas habilida des e os seus interesses e entregou a redação após têla passado a limpo Essa redação permitiu observar que as questões que o fizeram procurar o serviço de orientação de carreira estavam sendo aos poucos esclarecidas João chegou a participar de mais um processo de uma grande empre sa com dinâmica de grupo e concluiu que não se sentia bem em processos com grupos grandes Chegou a comentar é muita competição pedem coisas que não concordo não acredito que dá para avaliar alguém assim Neste pon to conversamos sobre em qual tipo de avaliação ele se sentiria mais con fortável e João chegou à ideia de que uma entrevista e testes o deixariam mais tranquilo também pensou em ambientes com pessoas mais objetivas porque durante o processo numa das empresas lhe pediram para pensar em situações que eram muito subjetivas sem sentido Pude retomar com ele a experiência de grupo de Orientação de Carreira e ajudálo a reconhecer o quanto ele já tinha trazido do desconforto que estas situações lhe provocam Contribuições da escuta psicanalítica e orientação de carreira 275282 281 Conversamos sobre vagas de estágio que não têm processos tão extensos com dinâmicas de grupo Joça achou interessante e ficou de pesquisar João trouxe no atendimento seguinte a pesquisa e passou a enviar o cur rículo para empresas que tinham oportunidade nas áreas e segmento de inte resses Na semana seguinte identificou uma empresa que tinha uma vaga na área de seu interesse Ele fez a entrevista e os testes foi aprovado e retornou ao atendimento feliz com a oportunidade Encerramos os atendimentos semanais e combinamos que ele voltaria após começar o trabalho para conversamos sobre suas atividades e grupo de trabalho João retornou na data combinada comentou que trabalhava com uma equipe pequena e que os achava simpáticos percebeu que o ritmo de trabalho era intenso e estava satisfeito com isso Após essa sessão encer ramos o acompanhamento individual mas deixei aberta a possibilidade de retorno caso ele achasse necessário Após um ano da conclusão do trabalho de Orientação de Carreira individual João me procurou para ajudálo a atua lizar o currículo e para me atualizar de como estava seu trabalho pois queria me contar que o trabalho estava indo bem que as pessoas eram legais mas que apesar de ter sido efetivado observava que não havia possibilidades de crescer na empresa e que por isso iria iniciar uma busca de um novo tra balho que pretendia fazer com calma pois as coisas não estavam ruim e depois disso não retornou Conclusão O resultado desse trabalho possibilitou a abertura da modalidade de orientação de carreira individual para casos em que percebemos ser mais favorável para o aluno seja por questões de estrutura clínica horários que não são compatíveis com os grupos ou mesmo por outros motivos como foi o caso do atendimento realizado por outra consultora a uma aluna com deficiência auditiva Dentro de uma instituição de ensino superior tal como provavelmente em qualquer outra instituição nos deparamos com sujeitos de estruturas clí nicas diversas alguns diagnosticados e em tratamento psicológico eou psi quiátrico e outros que nunca passaram por um especialista mas que devido à angustia de ter que escolher uma carreira e devido às crises da transição da vida adolescente para a vida adulta podem desencadear sintomas Quando identificamos esses casos fazemos o encaminhamento É imprescindível de um lado que consideremos o fato de que os univer sitários iniciantes estão sujeitos a uma série de lutos saída do colégio da casa dos pais da cidade natal etc e de outro que buscam um novo espaço de aceitação social e lidam com novas experiências muitas vezes idealizadas tudo isso levandoos a sentirem como eles mesmo dizem uma confusão de emoções sendo que precisam dar conta delas O desafio que a psicanálise pode nos ajudar a encarar é distinguir entre o sofrimento do aluno decorren te de uma crise momentânea de transição e uma questão sintomática de uma estrutura clínica psicótica neurótica ou perversa Michele Gouveia 282 REFERÊNCIAS Bastos A B B I 2009 A escuta psicanalítica e a educação Psicólogo informação 1313 9198 Bohoslavsky R 2007 Orientação vocacional A estratégia clínica J M V Bojart W M A Penteado Trads São Paulo Martins Fontes Original publicado em 1977 Figueiredo A C Machado O R 2000 O diagnóstico em psicanálise do fenômeno à estrutura Ágora 32 6586 Lacan J 1998 Intervenção sobre a transferência Em J Lacan Escritos pp 214225 Rio de Janeiro Jorge Zahar Original publicado em 1966 Tolfo SR Piccinini V 2007 Sentidos e significados do trabalho explorando conceitos variáveis e estudos empíricos brasileiros Psicologia Sociedade 19spe 3846 Recuperado em 20 de julho de 2015 de httpwwwscielobrscielophpscriptsci arttextpidS010271822007000400007lngpttlngpt 101590S010271822007000400007 Torres MLC 1998 O processo clínico de orientação profissional Revista da ABOP 22 437 Recuperado em 20 de julho de 2015 de http pepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpidS141488891998000200003lngpttlngpt ORIENTAÇÃO DE CARREIRA PARA UNIVERSITÁRIOS ESTUDO PARA A CONSTRUÇÃO DO PROGRAMA ORIENTAÇÃO DE CAR PARTE 2 PRÁTICAS 283290 13 Edgar Pereira Junior1 Elaine Aparecida Rodrigues2 Larissa Cristiane de Araújo3 Sara Francisca Mariano Tiveron4 1 Graduado em Psicologia pela Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP e Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas UNICAMP Experiência com Gestão de Pessoas e Orientação Profissional e de Carreira Professor Ms da Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP ministra disciplinas e supervisiona estágio na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho edgpsicogmailcom 2 Graduada em Psicologia pela Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP Participou do desenvolvimento deste trabalho enquanto cursava o último ano do curso Durante esse período estagiou em orientação vocacional na mesma instituição e trabalha no auxílio de recrutamento e seleção em uma empresa no interior de São Paulo mariateotokos1elangmailcom 3 Graduada em Serviço Social pelas Faculdades Integradas Maria Imaculada e em Psicologia pela Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP Participou deste trabalho enquanto cursava o último ano do curso Fez estágio em orientação vocacional e trabalha com orientação de adolescentes e famílias em situação de vulnerabilidade para inserção no mercado de trabalho larissaaraujo88hotmailcom 4 Graduada em Psicologia pela Universidade Metodista de Piracicaba UNIMEP Participou do desenvolvimento deste trabalho enquanto cursava o último ano do curso Nesse período desenvolveu atendimento de orientação vocacional na mesma instituição e possui seis anos de experiência na área de recursos humanos com foco em recrutamento e seleção sarafmarianohotmailcom Um dos valores mais preciosos ao ser humano é o trabalho Através dele o homem constrói espaços sociais desenvolve habilidades e garante a própria sobrevivência O trabalho portanto faz parte da identificação e da própria dignidade de cada pessoa Para Codo e cols 1994 p 98 o trabalho enquan to valor de uso é o ato de depositar significado humano à natureza constru ção de significado pessoal e intransferível Segundo Bastos e cols 2014 o importante papel que o trabalho repre senta para o indivíduo na sociedade justifica a atuação do psicólogo nas or ganizações e no trabalho A Psicologia Organizacional e do Trabalho POT como área de conhecimento tem acompanhado os contextos sociais e as de mandas mundiais buscando novas respostasàs mudanças na demografia da força de trabalho Diante desse cenário a POT passa a dar atenção a novas Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Edgar Pereira Junior Elaine Aparecida Rodrigues Larissa Cristiane de Araújo Sara Francisca Mariano Tiveron 284 questões comosaúde no trabalho qualidade de vida desemprego planeja mento e desenvolvimento de carreira com a compreensão do trabalho hu mano para além dos contornos organizacionais Como a dinâmica do mundo do trabalho é cada vez menos previsível es tabelece um cenário de transição o qual exige das pessoas adaptabilidade e multifuncionalidade e coloca a realização do projeto profissional em um contexto complexo e mutante Lehman 2010 p 20 Fazer escolhas relacionadas ao trabalho é decidir uma forma de ser e per tencer à sociedade Porém apesar de sua importância na vida das pessoas muitas vezes ele não é sequer escolhido Soares 2002 p 14 Podese ob servar que a escolha profissional assumiu relativa importância com o advento da produção capitalista mas a demanda de cuidados para a empregabilidade e a carreira profissional vem crescendo nos últimos anos Tradicionalmente acreditavase que a gestão da vida profissional era de responsabilidade da empresa sendo algo dependente de terceiros e forte mente direcionado a estímulos como salário e status social Porém no con texto do mundo do trabalho contemporâneo a carreira passou a ser vista como uma estrada a ser construída de maneira ativa pelas pessoas Com vá rias alternativas e incertezas mas com uma visão enfatizada na identificação das oportunidades de trabalho a partir das características habilidades valo res e interesses individuais Dutra 2002 França 2012 A globalização o desenvolvimento tecnológico a dinâmica cada vez me nos previsível do mundo do trabalho e a expansão da especialização profis sional geram maior competitividade por emprego e renda produzem modi ficações no significado social do trabalho e aumentam as possibilidades de projetos de trajetória profissional Em um mundo complexo e mutante cresce a demanda via orientação profissional e de carreira para o estabelecimento de estratégias para a tomada de decisão no planejamento de projetos carreira e inserção no mercado de trabalho Lehman 2010 Sparta 2003 No Brasil a orientação profissional seguiu um modelo diretivo no início o qual indicava a profissão certa para cada indivíduo Mas com o desenvol vimento da psicologia e a regulamentação dos cursos de formação em 1962 a área sofreu mudanças e vinculou a sua atividade ao trabalho da Psicologia Clínica Assim influenciou o trabalho dos orientadores profissionais com ideias não diretivas para o processo de orientação e com a valorização da par ticipação do cliente na intervenção Posteriormente com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional houve uma maior abertura para a criação de projetos de orientação profissional no contexto escolar que estava em conformidade com a tendência internacional dos programas de educação de carreira realizados por escolas que pretendem capacitar os estudantes para a transição entre ensino e o mundo do trabalho Neste contexto a POT e a orientação profissional e de carreira têm encontrado novos espaços de inter venção da qual destacase a criação de centros de carreira nas universidades Lehman 2010 Sparta 2003 Orientacao de carreira para universitarios 283290 285 A orientação profissional e de carreira tem se ampliado e muitas univer sidades têm estado abertas a esse projeto pois compreendem a importância do mesmo para os estudantes universitários O conhecimento raso da car reira dentro da profissão escolhida ainda não permite ao jovem constituir direcionamentos e nem tão pouco traçar planos para expectativas futuras Dias Soares 2009 Percebese nos universitários uma distância em relação às exigências do mercado e como desenvolver atitudes para enfrentar essa exigência Decorrente disso a orientação profissional e de carreira aos jovens univer sitários vem com o propósito de preparar os mesmos para enfrentar a tran sição universidademercado pois muitas vezes faltam habilidades básicas de como elaborar um currículo buscar um emprego e até mesmo dúvidas sobre o autoconhecimento Outros ainda não têm uma ideia do futuro que os espera seja porque não sabem o que realmente gostariam de seguir pois nunca refletiram profundamente sobre isso seja porque não têm co nhecimento de si e de suas potencialidades seja porque não têm nenhuma estratégia para alcançar seus objetivos quando estes estão relativamente claros Muitas vezes as possibilidades de carreira só serão observadas a partir da vivência em processos seletivos e o confronto com a realidade desconhecida e assustadora do mercado de trabalho Dias Soares 2009 Lemos Bueno Silva Ginecolo 2007 Para Melo e Borges 2006 a dificuldade do estudante na transição da universidade para o mercado de trabalho pode gerar consequências como a opção por outro curso universitário a realização de uma pósgraduação para adiar a inserção profissional a aceitação de um emprego de menor remune ração para adquirir experiência na profissão o retardamento da constituição de uma nova família a ocupação de emprego distante da área de formação a busca por emprego em outras cidades e até mesmo outros países O ensino superior constituise de um momento de tomada de decisão so bre o caminho profissional e de transição para o mercado de trabalho Levar o graduando à reflexão sobre a inserção profissional o mercado de trabalho e o desenvolvimento de carreira pode significar a possibilidade de aliviar an siedades e angústias presentes no período universitário favorecer sua futura motivação profissional e a expressão do seu autoconceito através de sua pro fissão Dias Soares 2009 Veriguine et al 2010 Objetivos Este estudo tem o objetivo de apresentar a construção de um programa de orientação de carreira em uma universidade privada do interior de São Paulo para atender as demandas dos estudantes que necessitam de orientação no decorrer das fases de planejamento e de efetivação da transição da univer sidade para o mercado de trabalho Buscase atuar no sentindo de suprir a falta de direcionamento profissional dos universitários favorecendolhes uma autorreflexão de suas perspectivas pessoais suas opções profissionais e de carreira colaborando para que sejam capazes de tomar decisões próprias e fundamentadas em relação à seu futuro profissional Edgar Pereira Junior Elaine Aparecida Rodrigues Larissa Cristiane de Araújo Sara Francisca Mariano Tiveron 286 Estruturação da proposta A elaboração do programa foi realizada em quatro etapas Inicialmente o levantamento bibliográfico com breve recorte apresentado na in trodução deste trabalho tornou possível o contato com rico material e elucidou a necessidade de apoio ao universitário na transição para o mercado de trabalho Posteriormente foi realizado um levantamento dos programas de orientação de carreira em sites de 111 universidades considerando as prin cipais instituições em todas as regiões do Brasil e em seis universidades de destaque internacional O contato com o programa de outras universidades foi realizado com o fim de adquirir conhecimento e exemplos de como o programa é aplicado em cada universidade de modo particular e qual é a aderência a ele os benefícios e os desafios que são vivenciados consideran do que cada universidade possui um perfil de estudante embora podese observar necessidades comuns entre elas O resultado deste levantamen to demonstrou que a maioria das instituições identificadas 55 apenas oferece apoio através de eventos pontuais ou do serviço de orientação vo cacional voltado à escolha da profissão ou do curso universitário e não para a dimensão de transição da universidade para o mercado de trabalho proposto neste estudo e programa Apenas 25 das 111 instituições ofe rece serviços estruturados de orientação de carreira e 20 não menciona qualquer apoio ao estudante Em relação ao públicoalvo das 28 institui ções que oferecem orientação de carreira duas delas oferece o programa somente para universitários cinco para universitários e exalunos 11 para universitários e alunos do ensino médio e 10 para universitários e a comu nidade Os objetivos e as ações dos serviços de orientação de carreira estão concentrados em promover autoconhecimento planejamento de carreira e inserção no mercado de trabalho Na terceira etapa foi realizada uma pesquisa com públicoalvo obtendo 4007 respostas de alunos da universidade em que será implantado o progra ma de orientação de carreira para conhecer o perfil e as necessidades dos estudantes A pesquisa realizada com o públicoalvo foi disponibilizada pela Central de Estágios da instituição via intranet de forma voluntária no pe ríodo entre novembro e dezembro de 2014 O questionário era composto por dezenove questões de múltipla escolha O resultado apontou que 62 dos 4007 alunos respondentes possui interesse nas ações de planejamento e orientação de carreira Portanto há um público significativo interessado por estas demandas carente de informação para embasar decisões sobre o futuro profissional Ainda na pesquisa com o públicoalvo destacase que a maioria 70 dos estudantes é jovem tem até 24 anos parte do público já está registrado ou estagiando na área de formação 44 mas apenas 21 pretende continuar no emprego atual após concluir o curso A maioria dos alunos estão satisfeitos com o curso 78 mas menos da metade identifica com frequência a prática profissional de sua área 48 tem clareza sobre qual atividade pretende realizar 49 e identifica bastante oferta de opor tunidades na área 48 Orientacao de carreira para universitarios 283290 287 Muitos alunos apresentaram dúvidas ou dificuldades durante os proces sos seletivos para identificar meios e formas de encontrar vagas e candi datarse 1409 respostas elaborar um currículo 1014 participar de dinâ micas 1106 participar de entrevistas 1006 fazer provas técnicas 897 manter a calma e controlar ansiedade 1393 falar em público 1091 falar sobre aspectos pessoais 898 ou não tem clareza sobre suas habilidades e capacidades 658 Do total de 62 que gostaria de obter ajuda em relação ao planejamento de carreira destacase a quantidade de respondentes que demandam especificamente os objetivos desta proposta autoconhecimento 1630 preparação para processos seletivos 1595 debates com profissio nais da área 1539 orientação profissional 1511 Com base nas etapas anteriores foi elaborada a proposta do programa de orientação de carreira para a universidade via oferecimento de dois mó dulos independentes Inserção no Mercado de Trabalho e Planejamento de Carreira O programa foi proposto de forma a oferecer ao universitário autoconhecimento e reflexão do perfil em relação às expectativas e opções de carreira habilidades para o desenvolvimento de um plano de carreira es truturado com estratégias para definir e alcançar objetivos pessoais e pro fissionais capacidade para construção de um projeto de desenvolvimento pessoal acadêmico e profissional compreensão do mercado de trabalho e suas estratégias de ingresso e colocação conhecimento sobre processos de seleção elaboração de currículo meios e formas de candidatarse à vagas participação em etapas de avaliação etc Descrição da intervenção O projeto foi realizado no primeiro semestre de 2015 no espaço do Centro de Psicologia da universidade com atendimentos em formato ofici na em grupo até 10 alunos por encontro conduzidas por estudantes que realizavam estágio supervisionado obrigatório em Psicologia e Relações de Trabalho na Central de Estágios da instituição Os participantes foram sele cionados dentre os universitários que responderam a pesquisa com o público alvo e utilizou critérios como interesse em receber orientação disponibili dade de horários e dias cidades onde residem dificuldades relacionadas aos objetivos das oficinas O módulo de Inserção no Mercado de Trabalho contou com três ofici nas com os seguintes temas Currículo como cartão de visita do candidato para o mercado de trabalho Vivenciando um processo seletivo Dinâmica de Grupo e Entrevista de seleção Uma etapa decisiva Teve o objetivo de trabalhar a compreensão do mercado de trabalho e as estratégias de ingres so e colocação o conhecimento sobre processos de seleção a elaboração de currículos coerentes para um mercado concorrido assim como o envio e candidatura às vagas participação em etapas de avaliação sendo processos seletivos grupais e entrevistas individuais O intuito era propiciar ao par ticipante a vivência de um processo seletivo na íntegra As oficinas foram bem dinâmicas com discussões em grupos e apresentações dos participan tes proporcionando um relacionamento interpessoal entre eles Edgar Pereira Junior Elaine Aparecida Rodrigues Larissa Cristiane de Araújo Sara Francisca Mariano Tiveron 288 O módulo de Planejamento de Carreira contou com três oficinas com os seguintes temas trabalhados Autoconhecimento Análise Swot e Estabelecendo Metas e Objetivos Teve o objetivo de orientar os uni versitários que estão em dúvida sobre o seu futuro profissional e buscou proporcionar reflexão sobre o planejamento da carreira trabalhando o autoconhecimento do perfil em relação às expectativas e opções de carrei ra uma reflexão sobre os pontos fortes e fracos em relação ao ambiente interno e externo as habilidades para o desenvolvimento de um plano de carreira estruturado com estratégias para definir e alcançar objetivos pessoais e profissionais As oficinas foram realizadas de forma dinâmica com cartazes montagens e apresentação dos mesmos com o intuito de estimular a reflexão Com o término da aplicação do projeto foi realizada uma análise com o intuito de implantar o serviço e trazer sugestões ao desenvolvimento do tra balho Para tal foi aplicado um questionário no final de cada oficina para os participantes avaliarem as atividades realizadas Destacase que as dúvidas dos alunos foram variadas mas principal mente de ordem prática Algumas das principais dúvidas observadas foram estrutura de um currículo como comportarse em uma dinâmica de grupo ou entrevista individual possibilidades de atuação profissional em seu curso di ficuldades em realizar uma autorreflexão para definir caminhos profissionais compatíveis com seus gostos e motivações Destacamos que as oficinas sobre entrevista e autoconhecimento foram pontuadas pelos participantes como aquelas em que eles possuíam menos conhecimento prévio sobre o assunto ou seja mais dúvidas Vale registrar que em todos os encontros a maioria média de 675 dos participantes considerou ter adquirido nível de conhecimento Muito Bom seguido por uma porcentagem consideravelmente menor de conhecimento nível Bom média de 325 sobre os assuntos Todos os encontros tiveram a percepção sobre a qualidade da apresentação dividida entre Muito Bom média de 71 e Bom média de 29 Quanto aos materiais métodos e técnicas utilizadas nas oficinas prevaleceu a avaliação como Muito Bom variando entre 80 a 90 em todos os encontros Os participantes também pontuaram que as expectativas foram ple namente atendidas Os temas que os participantes acharam mais interes santes foram exatamente os principais abordados em cada encontro mas podese verificar que as questões mais práticas com ênfase no módulo de inserção no mercado de trabalho foram apontadas como mais relevantes Esses destaques nos remetem a ideia de que realmente houve uma boa compreensão sobre os objetivos de cada oficina e que eles realmente ti nham dúvidas sobre os assuntos trabalhados nos atendimentos Também reafirma a relevância de se oferecer orientação profissional e de carreira para universitários para que possamos suprir a carência que eles possuem por conhecimentos práticos sobre processos seletivos e direcionamento da carreira profissional Orientacao de carreira para universitarios 283290 289 Considerações finais Através deste estudo para a construção de um programa de orientação de carreira em uma universidade podese constatar que há um público sig nificativo interessado por demandas que podem ser trabalhadas com atendi mentos de orientação profissional e de carreira na universidade este público é de maioria jovem em início de carreira carente de informação e de desen volvimento da maturidade para tomar decisões de carreira a satisfação com o curso não garante segurança do aluno com sua empregabilidade Assim a orientação profissional e de carreira pode representar uma atenção dife renciada da universidade com seus alunos serviço este pouco presente nas instituições brasileiras O homem é um ser social e a organização social é fundamental para so brevivência de uma sociedade Não é possível separar totalmente trabalho e a vida pessoal no sentindo que eles são complementares e a profissão é parte integrante da vida das pessoas Segundo Bastos e cols 2014 o bem estar e a qualidade de vida das populações estão estritamente ligados à dinâmica que assumem na sociedade sendo o seu funcionamento depen dente do trabalho humano Mas muitas vezes as necessidades e as oportunidades de desenvolvi mento profissional só serão observadas a partir do confronto com a reali dade A orientação profissional pode favorecer a motivação e o entusiasmo para o jovem começar a trilhar uma trajetória profissional pois uma pes soa que exerce sua profissão com motivação está não só se realizando como também prestando um serviço de melhor qualidade á sociedade Soares 2002 p 15 A orientação profissional e de carreira na universidade pode propiciar a satisfação do universitário com sua inserção no mercado de tra balho e seu planejamento de carreira que resultará na percepção de que o trabalho pode ser uma forma de expressão pessoal ou seja na sua vida profissional poderá expressar quem ele é suas características interesses e personalidade Concluise que na medida em que o ensino superior constituise de um momento de tomada de decisão sobre o caminho profissional e de transição para o mercado de trabalho fazse imprescindível o desenvolvimento de projetos de orientação de carreira no espaço da universidade para promo ver um espaço de reflexão sobre esses processos serviço que pode repre sentar uma atenção diferenciada da instituição com seus alunos REFERÊNCIAS Bastos AVB Zanelli JC Rodrigues ACA 2014 Campo profissional do psicólogo em organizações e no trabalhoInZanelli JC Borges Andrade JEBastos AVB Psicologia Organizações e Trabalho no Brasil 2ª ed Porto Alegre Artmed Codo W Sampaio JJC Hitomi AH 1994 Indivíduo trabalho e sofrimento uma abordagem interdisciplinar 2ª ed Petrópolis Vozes Dias MSL Soares D 2009 Planejamento de carreira uma orientação para estudantes universitários São Paulo Vetor Dutra JS 2002 A gestão de carreira In FRANÇA ACL et al As pessoas na Organização São Paulo Editora Gente França ACL 2012 Carreira e Perfil do Gestor de Carreiras In FRANÇA ACL Práticas de recursos humanos conceitos ferramentas e procedimentos São Paulo Editora Atlas Lehman YP 2010 Orientação Profissional na pósmodernidade In Levenfus RS Soares DHP Orgs Orientação vocacional ocupacional 2ª ed Porto Alegre Artmed Edgar Pereira Junior Elaine Aparecida Rodrigues Larissa Cristiane de Araújo Sara Francisca Mariano Tiveron 290 Lemos C Bueno J Silva P Genicolo V 2007 Referenciais de carreira e identidade profissional em estudantes universitários Psicologia Ciência e Profissão 272 208223 Melo SL Borges LO 2006 A transição da Universidade ao Mercado de trabalho na ótica do Jovem Psicologia Ciência e Profissão 327 376395 Soares DHP 2002 A escolha profissional do jovem ao adulto São Paulo Summus Sparta M 2003 O desenvolvimento da Orientação Profissional no Brasil Revista Brasileira de Orientação 412 111 Veriguine NR et al 2010 Da formação superior ao mercado de trabalho percepções de alunos sobre a disciplina orientação e planejamento de carreira em uma universidade federal Revistareid 44 7996 PROJETO ENEMCOM PROFISSÃO CARREIRA A UTILIZAÇÃO DA MÍDIA COMO VEÍCULO DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL PROJETO ENEMCOM PARTE 2 PRÁTICAS 291297 14 Yangla Kelly Oliveira Rodrigues1 Roberta Maria Fernandes Cavalcante2 Aroliza de Drummond Miranda3 1 Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará Orientadora Profissional formada pelo Instituto do Ser e Mestre em Educação pela Universidade do MinhoPortugal Servidora TécnicoAdministrativa da UFC lotada na PróReitoria de Graduação yanglaoliveira2gmailcom 2 Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará Especialista em Psicopedagogia e Mestre em Educação em Saúde pela Universidade de Fortaleza Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade John F Kennedy em Buenos Aires Parceira e docente do Instituto do Ser Orientação profissional Psicóloga clínica e Docente do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza UNIFOR rcuniforbr 3 Graduada em Psicologia pela Universidade de Fortaleza com ênfase na abordagem clínica Orientadora Profissional pelo Instituto do Ser Tem formação em Gestaltterapia no Instituto Gestalt do Ceará Atua como psicóloga educacional em escola particular e como psicóloga clínica e é orientadora profissional em clínica em Fortaleza Ceará psilizadrumondoutlookcom No Ceará dados do Censo Escolar de 2009 nos informam que dos 365362 alunos matriculados no Ensino Médio 95326 cursavam o 3º ano ou seja estavam às vésperas de tentarem o ingresso em universidades ou faculdades Sabemos que a maior parte dos estudantes está em escolas da rede pública e que essas escolas com raras exceções não possuem em sua equipe psicólo gos ou psicólogas nem orientadores educacionais O serviço de orientação profissional tem sido privilégio das classes médias e mais abastadas da popu lação brasileira e ao longo da história têm sido essas classes as que chegam ao ensino universitário Há que se considerar ainda que embora durante muito tempo o aces so à Universidade seja maior para as classes sociais economicamente mais abastadas as possibilidades de acesso de estudantes de escolas públi cas a um curso superior têm sido ampliadas ainda que estejam longe de atender toda a demanda existente Programas como o PROUNI e o FIES Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Yangla Kelly Oliveira Rodrigues Roberta Maria Fernandes Cavalcante Aroliza de Drummond Miranda 292 financiados pelo governo federal permitem que os estudantes de renda mais baixa possam cursar uma universidade ou faculdade particular paga pelo governo com a contrapartida desses jovens restituírem à União os gastos investidos em sua formação depois que eles estejam empregados no mercado de trabalho Ao lado disso passamos a ter a política de cotas nas vagas de acesso às universidades públicas para estudantes de poder aquisitivo inferior Nesse cenário o trabalho de orientação profissional para as classes sociais mais desfavorecidas começa a receber uma nova demanda de jovens que agora têm algumas oportunidades que antes não eram vislumbradas A confusão é mais que justificável sabido que no Brasil temos mais de 200 cursos universitários além de recentes cursos tecnológicos e técnicos e das profissões ditas informais O Ministério do Trabalho por meio de sua Classificação Brasileira de Ocupações nos apresenta cerca de 2500 ocu pações Dessa forma um adolescente entre 16 a 17 anos se vê diante desse universo de possibilidades sem nenhum tipo de orientação qualificada ter minando por optar por cursos mais prestigiados aqueles sobre os quais tem alguma informação aqueles mais fáceis de passar ou seguindo as temíveis profissões da moda No caso dos alunos da rede pública de ensino muitas vezes filhos de pais que nunca frequentaram a universidade por vezes nem bancos escolares não podem contar com a orientação em casa o que agrava ainda mais a situação Tal como ressalta Bock 2008 p 28 As populações pobres do Brasil que estão ampliando sua participação nos degraus escolares em função de políticas públicas que ampliam a oferta de vagas no ensino básico público e no ensino universitário privado e de um discurso que reputa a escolarização como escada para a ascensão social ainda não têm assegurada a discussão a respeito de suas escolhas profis sionais A ideia de que o encaminhar profissional é natural e espontâneo ainda prevalece acrescido daquela de que para populações empobrecidas a escolha profissional não teria o menor sentido em função das necessida des econômicas prementes dessa população Portanto estamos num contexto em que no momento em que os jovens das camadas de poder aquisitivo mais baixo têm de fazer a escolha da sua futura profissão eles não dispõem de pessoal especializado para ajudálos nesse processo Conhecedora dessa realidade e consciente da sua responsabi lidade social a Fundação Demócrito Rocha tomou a iniciativa de lançar um projeto utilizando os veículos de comunicação que possui para oferecer au xílio aos jovens assim como a seus pais e professores que estão vivenciando justamente essa fase da escolha profissional A utilização da mídia para realização da orientação profissional parte do pressuposto de que os veículos de comunicação são canais privilegiados para ensinar a refletir avaliar comparar conscientizar e por isso podem ser bas tante úteis no processo de fazer escolhas e tomar decisões A comunicação é Projeto enemcom profissão carreira 291297 293 parte integrante do cotidiano do ser humano afetandoo profundamente sendo assim é imperioso usar as inovações em benefício da comunidade oferecendo condições para o desenvolvimento das dimensões transforma doras do indivíduo conjugando valores interesses e conhecimentos Ma cedo 2000 p 205 O que eu vou ser quando crescer Para muitos esta não é uma pergun ta fácil de responder especialmente porque isso é exigido precocemente Conforme Dias e Soares 2009 p42 relatam porque é feita precocemente essa escolha sofre sempre de um certo grau de desacerto pela imaturidade do jovem Como sublinha Bianchetti 1996 essa escolha pode ser mesmo aterra dora pois muitas coisas estão em jogo a partir dela e por meio dela é possível o filho e aluno provar aos pais e professores que é capaz os pais projetarem seus anseios íntimos não realizados ou frustrações de que são vítimas o vestibulando se afirmar ou se frustrar perante colegas e amigos desencadear o processo de habilitação ao futuro ingresso no mer cado de trabalho etc O vestibular ou o Enema pode ainda ser a porta para a realização pessoal e profissional do aluno do filho a porta para o status e reconhecimento social Bianchetti 1996 p 72 E em se tratando da realidade brasileira a questão da seletividade e das possibilidades de todos indistintamente conseguirem escolher livremente sua carreira realizar sua vocação se apresenta problemática Bianchetti 1996 p 71 No nosso país dadas as imensas desigualdades sociais há uma parcela significativa de jovens que não têm condições financeiras e estrutura familiar e educacional que os ajudem a concretizar o sonho de uma profis são ou carreira Para esses jovens a entrada num curso de nível superior representa muito mais pois é também a possibilidade de ascensão social e econômica de sair de uma situação de miséria Diante desse cenário o papel do orientador profissional requer compro misso social de tal forma que este ao realizar o seu trabalho precisa ter consciência dos aspectos sociais econômicos e políticos que intervêm no processo de escolha da profissão Lisboa 2000 Considerando esse contexto em face do que a entrada na universida de representa e das dificuldades existentes na busca por essa conquista o trabalho de orientação profissional se revela necessário e importante e ganha uma dimensão social uma vez que tem a função de facilitar a escolha de uma profissão ou carreira de um jovem que na maioria das vezes não tem muitas opções É auxiliar a escolha vislumbrar possibilidades apesar das restrições existentes Significa descobrir e construir junto com esse jo vem um projeto de vida Sim pensar na escolha de uma profissão implica a Acréscimo das autoras Yangla Kelly Oliveira Rodrigues Roberta Maria Fernandes Cavalcante Aroliza de Drummond Miranda 294 esboçar o projeto de sua vida e muitas vezes o aluno o faz sem levar em consideração a aptidão pessoal prática profissional e realidade do mercado de trabalho Dessa maneira muitos jovens ainda sofrem na hora da escolha da profissão É importante desmistificar essa fase de forma que o aluno entenda que escolher um curso não significa a definição de toda a carreira profissional A dúvida o medo de errar a tendência a encarar essa escolha como uma sentença irreparável a falta de conhecimento de si mesmo a forte influência determinista e a pressão por parte da família transmissão geracional a baixa autoestima a falta de informações sobre a profissão escolhida e as suas distintas áreas de atuação a falta de reflexão sobre o trabalho como intermediador perante a comunidade no qual está inserido e de seus objetivos futuros ou mesmo uma idealização fantasiosa sobre a profissão desejada dentre outros fatores contribuem efetivamente para enredar o quadro apresentado Objetivos O projeto Enemcom Projeto de Vida Profissão Carreira objetivou oferecer aos estudantes de Ensino Médio das escolas públicas do Estado do Ceará sobretudo bem como a seus pais e professores e a interessados em geral subsídios para superação de medos angústias e dúvidas no processo de escolha da profissão e carreira e informações acerca dos cursos ofertados pelas instituições públicas de ensino superior a partir das seguintes ações 1 elaboração e desenvolvimento de material didático na forma de 10 dez fascículos veículos junto com o jornal 2 produção de 10 dez programas de rádio e de 10 dez programas de TV discutindo temas relacionados aos fascículos 3 desenvolvimento de site específico para o projeto com o conteúdo por ele produzido e 4 manual do professor que efetivamente constitua suporte aos docentes das escolas para que eles possam ser agentes facilitadores da escolha profissional de seus alunos O projeto O projeto Enemcom Projeto de Vida Profissão Carreira desenvolveu algumas ações dentre as quais a publicação de 10 dez fascículos forma tados a partir de um projeto gráfico atraente jovem colorido e moderno que veiculou informações em linguagem simples lúdica e clara Para sermos didáticos podemos dizer que cada fascículo compreendeu duas partes a pri meira abordou temáticas psicológicas envolvidas na escolha da profissão e a segunda informou sobre os cursos e as universidades Os fascículos foram organizados com os seguintes temas 1 E agora Como escolher uma profissão 2 Eu tenho um projeto de vida 3 Quem sou eu Autoconhecimento 4 Autoconhecimento autoestima e felicidade 5 Talento e escolha profissional 6 Escolha e vida profissional como escolher Projeto enemcom profissão carreira 291297 295 7 O que é o Enem 8 Minha profissão minha família 9 Mitos e preconceitos no mundo das profissões 10 Como ser diferente A parte de cada fascículo relativa à psique procurou provocar o estudan te a se conhecer a reconhecer suas habilidades aptidões respeitando a sua natureza e preferências individuais fatores relevantes para a construção de um projeto de vida perceber também as influências familiares e as demais questões inconscientes que atuam no seu processo de escolha Para assim refletir conversar e debater com pais professores colegas e amigos sendo um multiplicador da ferramenta que lhes foi apresentada Na segunda parte de cada fascículo o estudante encontrou informações sobre os cursos existentes nas diversas áreas das universidades públicas atu antes no Estado do Ceará dentre elas o que faz o profissional o seu perfil o que ele estuda quais as habilidades específicas para o exercício profissio nal áreas de atuação situação do mercado de trabalho duração média do curso quantidade de vagas nas universidades algumas curiosidades e links para artigos interessantes sobre cada uma delas Em cada aba de profissão o públicoalvo dos fascículos também pode ler um breve depoimento de um profissional da área que já atua no mercado Nesse segmento dos fascículos também disponibilizamos informa ções úteis de ordem prática sobre os programas e recursos universitários de apoio aos alunos em situação de vulnerabilidade econômica para que estes pudessem sentirse mais incentivados e confortáveis no seu proces so de escolha Dentre eles endereços e contatos de cursos preparatórios para o Enem ou vestibular que as universidades oferecem a estudantes das escolas públicas cearenses bem como residência e restaurante universitá rio acesso a serviços médicos odontológicos ambulatoriais psicológicos e psicopedagógicos acesso a bolsas de iniciativa acadêmica de extensão de cultura e arte de pesquisa e de monitoria de educação tutorial auxílio mo radia bolsa atleta de incentivo ao desporto de iniciação artística e outros programas como o de formação de células estudantis de aprendizagem cooperativa Os conteúdos dos fascículos foram planejados e elaborados por uma equipe multidisciplinar composta por psicólogas e estudantes de psicologia com experiência em orientação profissional jornalistas e diagramadores Ao todo foram impressos 170000 exemplares dos fascículos sendo 140000 distribuídos para alunos e professores do 3º ano do Ensino Médio e alunos da Educação de Jovens e Adultos através das Coordenadorias de Desenvolvimento do Estado CREDES e 30000 exemplares distribuídos gratuitamente junto com o jornal O Povo jornal de grande circulação que puderam ser adquiridos por qualquer leitor Os programas de rádio e TV objetivaram divulgar os conteúdos aborda dos em cada fascículo promovendo um diálogo com a sociedade e especial mente com os estudantes Esses programas contaram com a participação Yangla Kelly Oliveira Rodrigues Roberta Maria Fernandes Cavalcante Aroliza de Drummond Miranda 296 de especialistas orientadores de profissão e carreira com dicas e sugestões fundamentais para quem está envolvido no processo de escolha profissional e de carreira alunos pais de alunos professores etc O hotsite wwwfdrcombrenemprofissaoecarreira é um domínio na internet no qual os alunos professores e leitores tiveram e ainda podem ter acesso aos fascículos podcasts programas de rádio e aos 10 dez programas elaborados para a TV O Manual do Professor foi publicado com uma tiragem de 25000 exem plares contendo textos de aprofundamento orientações para realização de atividades didáticas e psicopedagógicas dramatizações dicas de filmes sites e livros que complementem e enriqueçam o trabalho dos docentes com seus alunos Resultados Recebemos um feedback positivo o qual pudemos inferir a partir dos in dicadores de audiência dos programas da rádio e da TV bem como da boa visibilidade do projeto por meio do hotsite e das redes sociais O retorno do nosso públicoalvo obtido especialmente através do con tato com alunos entrevistados nos programas de TV é de que as ações do projeto os auxiliaram na escolha da profissão e carreira Acreditamos que com isso num primeiro momento chamamos atenção para a importância de que a escolha da profissão e carreira seja feita de forma responsável realista com base no autoconhecimento e nas informações so bre os diversos cursos existentes nas universidades e sobre o mercado de tra balho Também percebemos o despertar das camadas sociais economicamen te menos favorecidas para o conhecimento acerca do serviço de orientação profissional Muitos nem sabiam que existia esse trabalho para auxiliarem em suas escolhas Podemos perspectivar que através da informação potencializada pelos canais de comunicação seja o jornal impresso o rádio a TV e a internet a discussão sobre a escolha de uma profissão pode chegar aos mais diversos lugares do Estado do Ceará fomentando a conversa sobre isso nas famílias nas escolas e nas comunidades Defendemos que esse debate venha à tona e que possa influir em polí ticas públicas que auxiliem o cidadão na construção de seu projeto de vida pois partimos da compreensão de que a orientação profissional é uma prá tica social capaz de estimular o jovem a pensar na construção do seu futuro por promover a busca sobre si dandose conta de sua condição presente das oportunidades e exigências do mundo do trabalho buscando caminhos possíveis escolhendo a partir de uma apropriação de seu contexto e dos fatores que influenciam a escolha Assim podemos dizer que o compro misso social da orientação profissional neste projeto foi o de sensibilizar os jovens para uma escolha profissionalocupacional coerente com suas possibilidades Projeto enemcom profissão carreira 291297 297 Conclusões A Fundação Demócrito Rocha FDR e toda a equipe envolvida por meio das ações propostas no projeto acredita que pode auxiliar os estudantes na tomada de sua decisão de escolha de curso a seguir envolvendo os compo nentes familiares e escolares dirimindo dúvidas e garantindo um salto em seu projeto de vida ciente de que quanto mais o estudante se conhecer e conhecer a profissão e as atividades que envolvem a sua pretensa carreira terá mais chances de escolher um caminho mais seguro e exitoso Os meios de comunicação podem contribuir bastante uma vez que é pos sível falar explicar refletir e sensibilizar o jovem sobre o conhecimento de si mesmo sobre o mundo social e as relações com os outros A Orientação profissional é um processo dinâmico incessante e contínuo e pode ser in tegrado dos diversos meios de comunicação como uma ação de cooperação entre pais educadores e o próprio jovem estimulando a motivação que é algo interno Luchiari 1996 p 13 considera que a Orientação profissional pode ser realizada em diferentes lugares com diferentes objetivos para diferentes populações mas o que ela sempre deve ter em comum são os pressupostos teóricos básicos o homem é sujeito de sua própria vida é capaz de fazer escolhas mesmo dentro de condições limitadas e muitas vezes determinantes A Orientação profissional em qualquer uma de suas abordagens deve tra balhar para o bemestar psicossocial do individuo sendo assim um trabalho que promove a saúde mental REFERÊNCIAS Bianchetti L 1996 Angústia no vestibular indicações para pais e professores Passo Fundo Ediupf Dias M S L Soares D H P 2009 Planejamento de carreira uma orientação para estudantes universitários 1a ed São Paulo Vetor Bock S D 2008 A escolha profissional de sujeitos de baixa renda recémegressos do Ensino Médio Tese de Doutorado Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis Brasil Recuperado em 22 set 2014 de httpwwwbibliotecadigitalunicampbrdocumentcodevtls000447716 Lisboa M D Soares D H P 2000 Orientação Profissional em ação formação prática de orientadores São Paulo Summus Lucchiari Dulce H P S 1993 Pensando e Vivendo a Orientação Profissional São Paulo Summus Macedo E C 2000 O rádio informa para o futuro In M D Lisboa D H P Soares Orientação Profissional em ação formação prática de orientadores São Paulo Summus Pick the right container ORIENTAÇÃO DE CARREIRA OFICINAS COM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS ORIENTAÇÃO DE CAR PARTE 2 PRÁTICAS 299307 15 Marcos Henrique Antunes1 Marucia Patta Bardagi2 Viviane da Luz Monteiro3 1 Graduado em Psicologia pela Universidade do Oeste de Santa Catarina Mestre e Doutorando em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina marcosantuneslivecom 2 Psicóloga Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul bolsista de PósDoutorado CAPES e professora adjunta do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina Coordenadora do LIOP Laboratório de Informação e Orientação Profissional da UFSC maruciabardagigmailcom 3 Aluna do curso de graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina estagiária do LIOP vividlmhotmailcom As fases intermediária e de conclusão de uma graduação são períodos nos quais o aluno entra no estágio do estabelecimento profissional buscan do firmar um novo papel o de trabalhador Diante disso se depara com inúmeras variáveis que podem influenciar no planejamento profissional Dentre estas há variáveis não controláveis como a oferta de trabalho na profissão escolhida a economia regional a competitividade do mercado etc Além destas há fatores que influenciam este momento e estão rela cionados à maneira como o formando se comportou durante a graduação bem como a sua percepção acerca deste novo papel de trabalhador e ain da às oportunidades oferecidas pela própria instituição formadora para o fortalecimento dos projetos pessoais e profissionais e a confiança para a transição universidadetrabalho A passagem do período universitário para o mercado de trabalho mo mento em que o estudante sente a necessidade de estruturar de forma mais concreta seu projeto profissional configura uma etapa de transição de car reira onde o planejamento tem um importante papel Podese definir o planejamento de carreira como a capacidade de delimitar metas e objetivos Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Marcos Henrique Antunes Marucia Patta Bardagi Viviane da Luz Monteiro 300 e também identificar as estratégias necessárias para atingilos o que im plica a presença de componentes decisionais e exploratórios Ourique Teixeira 2012 No período final da formação o sentimento de respon sabilidade dos alunos aumenta e predominam os sinais de impotência e a sensação de pouco saber para enfrentar o mundo do trabalho Com isso os questionamentos costumam refletir o grande medo de sair da faculdade perder os vínculos estabelecidos e assim os alunos costumam se sentir sozinhos isolados incapazes de fazer a transição entre ser estudante e ser profissional Teixeira Gomes 2004 Esta insegurança frente ao início da atividade profissional faz com que os estudantes refiram a necessidade de auxílio à inserção no mer cado de trabalho e sintamse especialmente interessados em ferra mentas instrumentalizadoras como estratégias de busca de empre go oficinas de currículo entre outras Werbel 2000 Aqueles alunos com projetos profissionais melhor definidos sentemse mais seguros nesse momento de transição Questões de personalidade e crenças de autoeficácia estão também relacionadas ao planejamento de carreira Ourique Teixeira 2012 Considerando tais aspectos e sobretudo a relevância de ações que visem o desenvolvimento de carreira nas instituições de ensino este tra balho foi desenvolvido com o intuito de relatar a experiência de realização das Oficinas de Orientação de Carreira que tiveram como públicoalvo os alunos dos cursos do Centro SócioEconômico da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC principalmente do curso de Administração As Oficinas fazem parte do projeto de extensão Ponte para o mercado de trabalho do Administrador coordenado pelo Laboratório de Inovação e Gestão LIG do Departamento de Ciências da Administração e foram exe cutadas por meio de parceria estabelecida com o Laboratório de Informação e Orientação Profissional LIOP do Departamento de Psicologia O proje to possui o objetivo de auxiliar os estudantes no processo de transição da universidade para o mercado de trabalho especialmente oferecendo infor mações e ações que propiciem o planejamento da carreira relacionado ao contexto atual do mercado de trabalho Cabe destacar que na UFSC existe a disciplina optativa de Orientação e Planejamento de Carreira oferecida aos alunos de todos os cursos da instituição desde 2009 uma iniciativa do Laboratório de Informação e Orientação Profissional LIOP Já as oficinas de orientação de carrei ra começaram a ser oferecidas em 2011 atendendo a uma demanda de alguns cursos por intervenções pontuais focando a participação dos alu nos finalistas em processos seletivos e a dificuldade percebida por pro fessores e orientadores de estágio acerca do planejamento de carreira dos alunos A parceria com o projeto Ponte para o mercado de trabalho do Administrador iniciada em 2012 já ofereceu cinco módulos atendendo a cerca de 80 alunos A seguir descrevese a estrutura e os objetivos especí ficos de cada encontro e as atividades propostas Orientação de Carreira 299307 301 Método No período que antecedeu a realização das Oficinas de Orientação de Carreira efetuouse a divulgação destas atividades por meio eletrônico cor reio eletrônico e sitea e diretamente nas salas de aula Nesse processo os alu nos foram sensibilizados para a importância do tema e convidados a partici parem das atividades A partir disso foi disponibilizado um período de tempo para que os interessados efetivassem a inscrição As oficinas foram oferecidas semestralmente entre os anos de 2012 à 2014 nas dependências da referida Universidade Este trabalho foi desenvolvido na modalidade de grupo e em cada uma das edições houve a participação de aproximadamente 15 alunos As atividades foram conduzidas por duplas de alunos sendo que pelo menos um dos facilitadores era profissional já formado aluno de pósgraduação A idade dos participantes variou entre 18 e 30 anos cabendo informar que houve prevalência da participação de mulheres em todos os grupos Sobre o período do curso que frequentavam os grupos se constituíram he terogêneos com alunos do segundo ao nono último semestre de formação Em relação aos procedimentos metodológicos citase que as Oficinas foram desenvolvidas em 06 encontros semanais com duração de duas horas cada totalizando 12 horas de trabalho Em cada um deles havia um tema princi pal a ser abordado sendo que o trabalho foi estruturado em dois módulos 1 autoconhecimento e avaliação de competências e necessidades e 2 pre paração para busca de oportunidades Ressaltase que os temas tratados no primeiro módulo relacionamse aos aspectos decisionais do planejamento de carreira Ourique Teixeira 2012 Já os do segundo módulo se dire cionam para uma perspectiva exploratória desse planejamento A Tabela 1 apresenta uma sistematização dos aspectos metodológicos e de conteúdo referentes às Oficinas de Orientação de Carreira os quais serão descritos detalhadamente a seguir a O sítio eletrônico do projeto de extensão Ponte para o mercado de trabalho do Administrador é httpwwwcentraldecarreiras cadufscbr Módulos Encontro Objetivos Procedimentos e técnicas Autoconhecimento e identificação de interesses 1 Apresentação e contrato com o grupo Discutir as funções do trabalho e os valores e motivações pessoais Apresentação em trios Estabelecimento de contrato Discussão sobre as funções e valores do trabalho Tarefa entrevista sobre características pessoais 2 Favorecer o autoconhecimento Âncoras de carreira Análise e discussão dos resultados da entrevista Tarefa trajetória acadêmica 3 Analisar a trajetória e o engajamento acadêmico Apresentação e discussão da trajetória acadêmica TABELA 1 Sistematização da metodologia e do conteúdo das Oficinas continua Marcos Henrique Antunes Marucia Patta Bardagi Viviane da Luz Monteiro 302 Módulos Encontro Objetivos Procedimentos e técnicas Instrumentalização para busca de oportunidades 4 Discutir sobre a confecção de currículo Refletir sobre as etapas de um processo seletivo Elaboração de currículo teórico e prático Apresentação pessoal e feedback Tarefa revisar o currículo 5 Dirimir dúvidas sobre a confecção do currículo Refletir sobre as etapas de um processo seletivo Revisão dos currículos Apresentação pessoal e feedback continuidade Roda de conversa sobre entrevista individual 6 Refletir sobre as etapas de um processo seletivo Avaliação e encerramento Dinâmica de grupo Avaliação das Oficinas Fechamento TABELA 1 continuação Sistematização da metodologia e do conteúdo das Oficinas Relato das atividades O primeiro encontro destinavase ao estabelecimento do vínculo e contrato de trabalho entre os participantes e os facilitadores além de introduzir a reflexão e discussão em torno de características individuais dos alunos na perspectiva de favorecer e ampliar o autoconhecimento Inicialmente os coordenadores do projeto e os facilitadores das Oficinas apresentavamse e discorriam sobre os propósitos destas atividades bus cando informar e sensibilizar para a relevância da temática Em seguida os alunos eram convidados à formar duplas ou trios para que neles fizessem suas apresentações pessoais e falassem sobre as expectativas e motivações em relação às Oficinas Após alguns minutos de conversa os facilitadores solicitavam que os participantes se apresentassem e falassem também so bre as expectativas ao grande grupo Depois de ouvilos sobre estes aspectos em todas as edições das Oficinas buscouse estabelecer uma reflexão no sentido de explorar melhor as moti vações e preocupações elencadas pelos participantes bem como esclarecer dúvidas e distorções em relação aos propósitos da atividade Esses procedi mentos denotam a postura respeitosa e ética com a qual as atividades esta riam sendo conduzidas e conferia condições para que na sequência fosse estabelecido o contrato de trabalho com o grupo Após firmado o contrato o debate seguia com a discussão mediada pe los facilitadores acerca das funções do trabalho na vida humana sendo elas econômica psicológica e de relações sociais Sverko VizekVidovic 1995 Essa discussão era realizada de modo a provocar que os alunos pensassem sobre suas motivações individuais em torno do trabalho além de possibilitar uma análise dos diferentes significados que podem estar imbricados na cons tituição do vínculo laboral Dando prosseguimento à esta temática era aplicada a Escala de Valores Relativos ao Trabalho Porto Tamayo 2008 com o objetivo de identificar quais eram os principais motivos que orientavam os alunos na construção de sua vida laboral A partir disso era realizada a avaliação individual do instru mento e estabeleciase um debate geral sobre os resultados obtidos Como Orientação de Carreira 299307 303 tarefa para realizar em casa durante a semana era solicitado que os alunos entrevistassem pessoas de diferentes contextos familiares colegas de traba lho namorados amigos entre outros sobre as principais características que estas visualizavam neles devendo trazer isto por escrito para ser debatido na semana seguinte O segundo encontro iniciava com a aplicação das Âncoras de Carreira Schein 1993 as quais eram avaliadas individualmente e depois disso dis cutidas em grupo Nesse processo buscavase retomar as reflexões realizadas durante o primeiro encontro construindo relações possíveis entre os resul tados obtidos na Escala de Valores do Trabalho e nas Âncoras de Carreira Além disso eram efetuados o processamento e a análise do exercício de auto conhecimento problematizando o material obtido pelos alunos a partir das entrevistas realizadas No terceiro encontro era efetuada a análise individual da trajetória aca dêmica dos participantes a qual havia sido indicada como tarefa para ser re alizada no decorrer da semana A trajetória acadêmica consiste na descrição de informações acerca das experiências curriculares e extracurriculares do aluno em seu processo de formação Tratase portanto de um levantamento de dados sobre o engajamento do aluno nas mais diversas oportunidades que estejam disponíveis para ele participação em aulas cursos congressos pa lestras projetos de pesquisa e extensão estágios curriculares e extracurricu lares eventos centro acadêmico movimentos etc Este exercício possibilita que cada sujeito perceba os movimentos que têm empreendido durante sua trajetória e identifique as principais características e ênfases desse processo enquanto ele ainda está ocorrendo de modo que seja possível potencializar as áreas e ações que não estejam recebendo a atenção devida Assim o pro cedimento adotado foi que cada aluno socializasse os resultados do exercício os quais foram refletidos e debatidos com o grupo O quarto encontro se dividia em dois momentos no primeiro deles os facilitadores realizavam uma exposição dialogada com os alunos sobre a ela boração de currículo tratando da importância desse documento e oferecen do orientações para a confecção do mesmo Como havia sido indicado que os alunos trouxessem seus currículos impressos enquanto havia a apresenta ção do assunto já eram dirimidas dúvidas sobre as possíveis alterações que se faziam necessárias Ao final dessa discussão os facilitadores solicitavam que os alunos que desejassem receber um feedback individualizado sobre o seu currículo deveriam realizar as mudanças e envialo via email no trans correr da semana O segundo momento desse encontro tinha como objetivo principal oferecer subsídios para a participação dos alunos em atividades de apre sentação pessoal em contexto de avaliação tal como ocorre em processos seletivos Para tanto foi disponibilizado à cada participante um tempo de aproximadamente 05 minutos no qual deveria realizar sua apresentação para o restante do grupo Foi solicitado que preparassem essa ação de ma neira criativa e direcionada à uma oportunidade de trabalho específica com base nas áreas individuais de interesse Dessa forma estabeleceuse Marcos Henrique Antunes Marucia Patta Bardagi Viviane da Luz Monteiro 304 a simulação de uma situação real e comum em processos seletivos Após a apresentação de cada participante o grupo era convidado a discorrer so bre os principais aspectos observados sendo eles positivos ou pontos a ser melhor desenvolvidos Esse procedimento foi adotado com intuito de que os alunos vivenciassem as duas experiências percebendose tanto na perspectiva de candidatos em processos seletivos como na de avaliadores Cabe destacar que cada participante recebeu igualmente o feedback dos facilitadores das oficinas sobre a sua apresentação No quinto encontro a primeira atividade consistia numa breve discussão sobre a revisão dos currículos que haviam sido enviados por email para os facilitadores das oficinas Estes abordaram com o grupo as principais difi culdades e recorrências verificadas na confecção do documento Nesse sen tido eram retomadas e esclarecidas algumas informações necessárias sobre o tema Após isso prosseguiase com a atividade de apresentação pessoal que estava sendo desenvolvida desde a semana anterior tendo em vista que em virtude do número de participantes e do processo de feedback essa ação demanda um tempo considerável Apesar disso os procedimentos utilizados no exercício permaneciam inalterados Depois de todos terem realizado sua apresentação estabeleciase uma breve discussão com o grupo a fim de dar o fechamento necessário para esse momento Em seguida os facilitadores coordenavam uma roda de conversa com o tema entrevistas individuais em processo seletivo a qual tinha duração de aproximadamente 45 minutos Nesse sentido os participantes que já haviam participado de entrevistas eram provocados a compartilhar a ex periência com os demais enquanto que os facilitadores complementavam com outras informações e reflexões esclarecendo principalmente sobre os objetivos e os procedimentos que usualmente estão envolvidos numa entrevista de seleção No último encontro em prosseguimento à preparação para processos seletivos era realizada a vivência de uma dinâmica em grupo para avaliar a participação e o envolvimento dos alunos nesse exercício A dinâmica utili zada variou sendo que nas últimas edições das oficinas foi desenvolvida a Dinâmica da Bandeira cuja meta é a criação de um país e de sua respectiva bandeira observandose os aspectos culturais locais que devem ser pensados pelos alunos Esta meta deve ser cumprida em grupo sendo que cada parti cipante recebe uma função específica para cumprir como por exemplo recor tar figuras escrever desenhar falar O grupo tinha um tempo médio de 20 minutos para desenvolver essa ação enquanto que os facilitadores estavam na retaguarda observando o funcionamento individual e coletivo Após isto era realizado o processamento da técnica apontando os principais aspectos observados como foi o processo de trabalho em grupo e o comportamento de cada integrante Quem poderia ter participado e contribuído mais Quem ficou alheio ao trabalho do grupo Como se deu o processo de comunicação Quais os aspectos culturais evidenciados na construção da bandeira e o que significam A tarefa foi cumprida totalmente Por meio dessa vivência a in tenção é discutir a relação entre esse tipo de atividade e o perfil desejado para Orientação de Carreira 299307 305 a função o que implica em autoconhecimento e conhecimento da realidade ocupacional além de uma avaliação das competências transversais Neste encontro era realizada ainda uma avaliação individual escrita das atividades desenvolvidas no decorrer das oficinas sendo que tais aspectos eram tratados também com o grupo Após isto procediase com o fechamen to das atividades o que geralmente acontecia mediante um breve feedback dos facilitadores assinalando elementos centrais do processo vivenciado pelo grupo durante os encontros Resultados e Discussão As Oficinas de Orientação de Carreira revelaramse um formato ade quado de intervenção para tratar do tema promover reflexões e tomada de decisão dos alunos Nesse sentido a seguir serão discutidos alguns aspectos desse processo que merecem ser destacados Primeiramente é importante mencionar que a proposta das Oficinas foi significativamente bem acolhida pela comunidade acadêmica Especialmente entre os alunos que demonstravamse motivados para participar das ati vidades sendo essa uma característica que de uma maneira em geral foi observada no transcorrer do tempo e das diversas atividades desenvolvidas Contudo julgase que este dado precisa ser analisado criticamente tendo em vista que o mesmo pode estar relacionado à carência de ações que atendam às demandas específicas dos estudantes na área de carreira Nesse sentido um dos aspectos observados em todas as edições foi a ex pectativa de muitos participantes de que esse trabalho abordasse elementos anteriores ao planejamento de carreira no sentido de avaliar se estava na área certa o que pressupõe uma análise maior sobre a escolha profissional e não era o propósito das oficinas Ao visualizar tais demandas os facilitadores buscaram fornecer o maior número de informações sobre as possibilidades de acompanhamento profissional que esses alunos poderiam ter ao aces sar por exemplo as diversas atividades executadas pelo LIOP Diante disso destacase novamente a necessidade de intervenções vocacionais no ensino superior o que se configura talvez mais como atividade exploratória do que como especificação para muitos estudantes Nessa perspectiva analisase que as atividades desenvolvidas possibili taram sobretudo a identificação e o reconhecimento de características da identidade pessoal e profissional As técnicas utilizadas no módulo de auto conhecimento favoreceram que os alunos percebessem áreas de competência e motivações em relação ao trabalho sendo que esses aspectos extrapolam as discussões usuais e lineares que tinham em sala de aula sobre inserção no mercado de trabalho Além disso eles foram provocados a pensar sobre os diferentes papéis que cumprem ao longo do seu ciclo vital em espaços diver sificados Super Savickas Super 1996 Por conseguinte ressaltase a importância do levantamento de informa ções sobre a trajetória acadêmica visto que esse exercício proporcionou que os alunos refletissem acerca do seu envolvimento nas diversas atividades e Marcos Henrique Antunes Marucia Patta Bardagi Viviane da Luz Monteiro 306 oportunidades de desenvolvimento durante a graduação Constatouse que alguns alunos não percebiam a relevância dessas ações que se realizam no decorrer da graduação tampouco se preocupavam com as repercussões que o seu nível de engajamento pode ocasionar em sua formação e na vida labo ral futura Dessa maneira compreendese que a análise das experiências já acumuladas pode favorecer que o estudante estabeleça a conexão entre as vi vências as habilidades e as aprendizagens que adquiriu eou está adquirindo no processo de formação e em outros ambientes além da universidade Silva Bardagi Lassance Pereira 2010 Além do mais realizar esse inventário pode ser um potencial facilitador para o estabelecimento dos objetivos e prioridades para a construção de um plano de carreira na medida em que oportuniza ao aluno identificar por quais caminhos têm andado quais são as ênfases de sua formação em quais ações tem se envolvido e quais áreas carecem de mais atenção e empenho Os elementos discutidos até aqui estão relacionados ao primeiro módulo das oficinas e portanto configuramse como componentes decisionais do planejamento de carreira os quais trazem a necessidade de desenvolvimento constante da autoobservação e do autoconhecimento por parte do sujeito Assim para qualquer decisão tornase fundamental identificar claramente o sentido pessoal do trabalho e das atividades desenvolvidas ao longo da tra jetória de vida e da formação o projeto pessoal não só profissional futuro as próprias necessidades e potencialidades os valores pessoais etc Ourique Teixeira 2012 É de suma importância estabelecer para o aluno a relação de interdependência com a dimensão instrumental do planejamento sem autoconhecimento não há boa exploração de oportunidades não há boa pre paração para obtenção de estágio ou emprego Quanto às atividades desenvolvidas no segundo módulo percebeuse que de um modo em geral os participantes apresentaram diversos questio namentos e ansiedade as quais diziam respeito tanto à elaboração do currí culo quanto às atividades que usualmente compõem um processo seletivo A esse respeito convém enfatizar ainda que alguns dos participantes das ofici nas especialmente os que estavam em fases iniciais do curso nunca haviam participado de processos seletivos anteriormente motivo pelo qual mani festaram inquietações e dúvidas Nesse sentido analisase que as atividades permitiram que eles vivenciassem uma aproximação com essa experiência através da simulação num contexto em que era possível o acolhimento dos seus sentimentos e preocupações sendo que isso pode auxiliar na preparação para esse momento Considerações finais Considerando os elementos discutidos destacase que as atividades pos sibilitaram aos alunos perceberem a carreira como um processo em constan te desenvolvimento o que favoreceu a análise das demandas de inserção na área de atuação e em certa medida a revisão dos motivos pelos quais ocor reu a escolha inicial do curso Observouse também que os participantes Orientação de Carreira 299307 307 identificaram as repercussões das escolhas realizadas em sua trajetória aca dêmica principalmente na qualidade do envolvimento em atividades curri culares e extracurriculares durante a formação Diante disso as Oficinas de Orientação de Carreira proporcionaram a análise de diferentes aspectos que compõem e influenciam o desenvolvimento e a gestão das carreiras Salientase portanto a relevância das instituições de ensino oferecerem atividades instrumentalizadoras aos alunos nas quais sejam devidamente abordadas as questões de carreira e identidade profissional Tais atividades precisam ser desenvolvidas de forma ampla e devem estar presentes em todo o processo de formação dos estudantes o que exige também que os profis sionais técnicos e docentes de diferentes áreas tenham subsídios e qualifica ção para atuar nesses temas REFERÊNCIAS Ourique L R Teixeira M A P 2012 Autoeficácia e personalidade no planejamento de carreira de universitários PsicoUSF 172 311321 Porto J B Tamayo A 2008 Valores do trabalho In M M M Siqueira Org Medidas do Comportamento Organizacional Porto Alegre Artmed Schein E H 1993 Carrer Anchors Discovering Your Real Values São Diego CA Pfeiffer Company Silva C B Bardagi M P Lassance M C P Pereira D F 2010 Intervenção com universitários Uma proposta de disciplina de planejamento de carreira na graduação In M C P Lassance Org Técnicas para o trabalho de orientação profissional em grupo 175201 2a ed Porto Alegre Editora UFRGS Super D E Savickas M L Super C M 1996 The lifespan lifespace approach to careers In D Brown L Brooks Eds Career choice and development 3rd ed pp 121178 San Francisco JosseyBass Sverko B VizekVidovic V 1995 Studies of the meaning of work Approaches models and some of the findings In D E Super B Sverko Orgs Life roles values and careers international findings of the Work Importance Study pp 321 San Francisco JosseyBass Teixeira M A P Gomes W B 2004 Estou me formando e agora Reflexões e perspectivas de jovens formando universitários Revista Brasileira de Orientação Profissional 5 4752 Werbel J D 2000 Relationships among career exploration hob search intensity and job search effectiveness in graduating college students Journal of Vocational Behavior 57 379394 Keeping it simple and making it relatable are essential when looking for a spooky block in Halloween land Using Halloween characters symbols colors and more will help evoke that spooky feeling everyone is looking for Use them for signs packaging favors party supplies and more Or use them to inspire your own designs PROCESSOS DE LIDERANÇA E DE MUDANÇA DE CARGO NO CONTEXTO JÚNIOR DESENVOLVENDO UM GUIA DE COGESTÃO PROCESSOS DE LIDE PARTE 2 PRÁTICAS 309317 16 Talita Caetano Silva1 Karla de Oliveira Cruz2 Edite Krawulski3 1 Psicóloga e Mestranda em Psicologia no Programa de PósGraduação em Psicologia da UFSC Área Psicologia das Organizações e do Trabalho Linha Formação profissional desenvolvimento de carreira e inserção no trabalho Integrante do LIOP Laboratório de Informação e Orientação Profissional tcsilvaagmailcom 2 Psicóloga e Mestranda em Psicologia no Programa de PósGraduação em Psicologia da UFSC Área Psicologia das Organizações e do Trabalho Linha Formação profissional desenvolvimento de carreira e inserção no trabalho Integrante do LIOP Laboratório de Informação e Orientação Profissional karladeoliveiracgmailcom 3 Psicóloga Mestre em Administração e Doutora em Engenharia de Produção Ergonomia Docente da Graduação e da Pós Graduação em Psicologia da UFSC Ex Coordenadora do Curso de Psicologia e Ex Chefe do Departamento de Psicologia Integrante do Laboratório de Informação e Orientação Profissional Ex tesoureira da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais gestão 19971999 editecfhufscbr A entrada no ensino superior é uma etapa bastante idealizada pelos jovens na contemporaneidade o que vem ganhando espaço nas narrativas expec tativas e planejamento de vida desta população Na literatura sobre desen volvimento vocacional um conceito relacionado à preparação para a prática profissional é o de comportamento exploratório isto é orientar ações e es colhas futuras ao buscar reunir informações sobre o próprio sujeito e sobre os contextos de atuação relacionados à profissão escolhida Desse modo ao organizar a experiência o comportamento exploratório contribui para a maturidade de carreira possibilitando tanto a exploração de si quanto do contexto Bardagi Boff 2010 Através de experimentações tentativas investigações e outros compor tamentos o sujeito se torna cada vez mais seguro para escolher assumir ou desenvolverse em uma carreira ou ocupação A realização de estágios a participação em monitorias ou em projetos de pesquisa ou de extensão Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Talita Caetano Silva Karla de Oliveira Cruz Edite Krawulski 310 dentre outras atividades extracurriculares são portanto atitudes espe radas ao longo da graduação as quais estabelecem uma relação contínua com o desenvolvimento de carreira possibilitando um contexto favorável a ele Bardagi Hutz 2010 Dentre os desdobramentos importantes dos estágios e atividades extracurriculares para a formação e o desenvolvimen to de carreira estão a integração entre teoria e prática o estabelecimento de metas de carreira e um reforço nas crenças positivas de autoeficácia além do fortalecimento da identidade profissional e de uma maior satisfa ção e comprometimento com a escolha profissional Bardagi Boff 2010 Bardagi Lassance Paradiso Menezes 2006 Teixeira Gomes 2004 Haupenthaul Krawulski 2013 Bardagi Lassance Paradiso 2003 Silva Teixeira 2013 Vieira Caires Coimbra 2011 Ziliotto Berti 2012 Bardagi Hutz 2010 Uma das estratégias de exploração vocacional possíveis ao longo dos estu dos são as atividades extracurriculares desenvolvidas nas empresas juniores EJs Associações civis sem fins econômicos formadas e geridas por alunos de graduação seus objetivos primordiais segundo a Confederação Brasileira de Empresas Juniores são o aprendizado e o desenvolvimento profissional dos estudantes através da prestação de serviços e da realização de projetos para a sociedade de modo geral Brasil Júnior 2012 Por sua estrutura seme lhante à de uma organização sênior o ambiente da EJ possibilita ao estudan te o desenvolvimento de competências e a proximidade com o cenário real do mercado de trabalho Dias Martens Boas 2012 Luna Bardagi Gaikoski Melo 2014 promovendo vivências que muitas vezes se constituem como a primeira inserção em um contexto organizacional A liberdade para pensar os processos o estímulo à criatividade e a facilidade de implementação de novas ideias e soluções são ainda destacadas como diferenciais das EJs em relação a outros contextos e estágios A Universidade Federal de Santa Catarina UFSC conta com empresas juniores desde o ano de 1990 Levantamento realizado em 2013 indicou a existência de 14 empresas juniores federadas estabelecidas no campus de Florianópolis e uma no campus de Araranguá Além dessas à época havia quatro EJs em processo de federação e outras quatro em processo de elabora ção e regularização Costa Borelli 2013 Esse panorama revela a dimensão do MEJ na UFSC e sua importância e prestígio dentre parte significativa dos cursos e estudantes da instituição os quais manifestam grande interesse e envolvimento com esta prática O presente relato descreve uma intervenção desenvolvida em uma das EJs sediadas na UFSC por duas exgraduandas de Psicologia da mesma uni versidade durante seus estágios obrigatórios em Psicologia Organizacional e do Trabalho desenvolvidos nessa EJ em 2012 e 2013 A empresa onde a ação se desenvolveu é uma das mais antigas da UFSC vinculada a um dos cursos de Engenharia da instituição com foco na prestação de serviços de consul toria relativos a processos gerenciais produtivos e estratégicos das organi zações Outras atividades desenvolvidas se referiam aos processoschave da própria EJ responsáveis por sua manutenção e funcionamento dos quais Processos de liderança e de mudança de cargo 309317 311 recrutamento e seleção gestão de processos prospecção de clientes rotinas jurídicoadministrativas etc À época da intervenção a EJ era formada por aproximadamente 35 membros distribuídos em uma estrutura hierárquica composta por seis diferentes cargos trainees gerentes diretores vicepresi dente vicepresidente de processos e presidente além das estagiárias que ocupavam um cargo específico Os trainees eram os recém inseridos na empresa e que durante um se mestre passavam por treinamentos e atividades preparatórias Os cargos de gerência mais numerosos se dividiam em quatro áreas específicas sendo responsáveis pela realização dos processos de tais áreas além de poderem também elaborar vender e gerenciar projetos de consultorias para outras organizações Cada uma dessas áreas possuía um diretor responsável por liderar e gerir a equipe garantindo o cumprimento dos objetivos e repre sentando os demais membros nos processos de tomada de decisão A área de Consultoria responsável direta pelo produto principal da EJ agregava maior quantidade de membros enquanto as demais Marketing Recursos Humanos e Administrativo Financeiro se constituíam como áreas de apoio A presidência era composta por três cargos vicepresidente vicepresi dente de processos e presidente propriamente dito O primeiro tinha como foco de atuação a gestão interna o segundo era responsável pela gestão dos processos e do conhecimento da EJ e o presidente tinha um foco de atuação mais externo de comunicação e parceria com diversos setores e entidades da universidade outras EJs federações além de outras organizações Os mem bros da presidência e os diretores das áreas formavam a Diretoria Executiva e representavam a liderança formal da EJ O processo de sucessão de cargos um dos focos da intervenção aqui descrita acontecia semestralmente Os trainees deviam elaborar uma proposta de trabalho para o cargo de gerência em sua área de interesse após aprovados pela Diretoria eram alocados como gerentes nas quatro áreas conforme suas preferências e as configurações da empresa naquele momento Já aqueles interessados nos cargos de liderança diretoria e pre sidência deveriam também elaborar propostas de trabalho para os cargos almejados as quais após aprovadas em diretoria eram enviadas a toda a empresa Em datas definidas previamente aconteciam as sabatinas reu niões formais de todos os membros da empresa para avaliar as propostas de trabalho apresentadas separadas por cargo de interesse Assim reali zavase uma sabatina por área além de uma para vicepresidente de pro cessos e outra para vicepresidentea Cada candidato apresentava ao grupo sua proposta em tempo determinado na ausência dos demais concorrentes e após discussão coletiva na ausência dos candidatos davase a votaçãob anônima por cédulas a As sabatinas para vicepresidência se estendiam ao cargo de presidência uma vez que o vicepresidente escolhido atuaria como presidente no semestre subsequente b É importante destacar que os votos possuíam pesos diferentes conforme o cargo em questão Em todas as sabatinas os votos dos trainees tinham peso menor por estarem há menos tempo na empresa enquanto os votos das pessoas da área à qual o cargo em votação se relacionava tinham peso maior Talita Caetano Silva Karla de Oliveira Cruz Edite Krawulski 312 Ainda que estes processos de sucessão de cargos fossem de extrema importância e constituíssem um período crítico do semestre de trabalho na empresa não havia qualquer ação formal de apoio a eles seja contem plando as temáticas relativas ao planejamento e desenvolvimento de car reira dos membros internamente e externamente à EJ seja referindose às mudanças de gestão consequentes à transição dos líderes Se por um lado as sucessões diziam respeito às escolhas interesses expectativas e planos futuros de cada um produzindo portanto impacto direto em sua formação profissional por outro elas também impactavam a própria organização enquanto grupo Percebeuse também que devido à ausência de diretrizes claras e pa dronizadas a finalização de uma gestão e o início da outra tinham grande variação pois dependiam exclusivamente das pessoas envolvidas gerando quebras no ritmo de trabalho reformulações desnecessárias problemas de comunicação e outras dificuldades que provocavam desmotivação dos no vos líderes os quais iniciavam seus trabalhos em um ambiente de pressão ansiedade e pouco suporte Considerando essa situação em concordância com a diretoria da empresa foi construída e desenvolvida uma atividade de estágio cujo objetivo seria o planejamento de carreira dos membros com foco na sucessão de cargos e no desenvolvimento de lideranças conforme descrito a seguir Método A demanda pela intervenção foi explicitada de modo recorrente em muitas situações do cotidiano organizacional conversas informais rodas de feedback observação das relações profissionais nos períodos de mudança de gestão discussões em reuniões acompanhamentos individuais entrevis tas de desligamento pesquisas de clima organizacional entre outras Para subsidiar a ação elaborouse uma estratégia de coleta de dados específica e sistemática por meio de entrevistas junto a membros e exmembros da EJ além de um questionário enviado via email e respondido por 17 estudantes diretores e presidentes à época e outros membros e exmembros que haviam exercido os mesmos cargos em gestões anteriores Tanto a entrevista quanto o questionário continham questões princi pais relacionadas à temática da cogestão abordando esse processo quando o membro assumiu o cargo as dificuldades enfrentadas as atividades e compe tências consideradas necessárias ao cargo assumido o processo de cogestão vivenciado e a avaliação de como o processo deveria acontecer entre outros aspectos Os dados coletados foram compilados conforme os cargos de lide rança ocupados pelos participantes e categorizados a partir da análise de conteúdo Bardin 1977 Os resultados derivados desse procedimento de análise foram apresen tados e discutidos em reuniões de planejamento com os integrantes da área de Recursos Humanos da EJ e em encontros de supervisão com a professora orientadora do estágio gerando a proposta de intervenção que foi validada Processos de liderança e de mudança de cargo 309317 313 pelos diretores da empresa e também pelo seu coletivo de membros A inter venção objetivou a construção de um Guia de Cogestão que garantisse um melhor acompanhamento formalização e padronização do processo de su cessão de cargos além do desenvolvimento de lideranças na empresa Resultados e Discussão Tendo como base as informações prévias sobre o processo de desenvol vimento de carreira que ocorria na EJ e as necessidades de estruturação e aperfeiçoamento manifestadas os dados coletados e analisados tornaram possível a criação de estratégias e ações objetivas Foram identificadas duas categorias de análise condições básicas e características necessárias para o exercício do cargo e sugestões de atividades e possíveis propostas de me lhorias as quais forneceram subsídios para a elaboração do guia A primeira categoria permitiu observar que apesar das áreas apre sentarem especificidades em sua dinâmica e operacionalização cotidiana muitas características e condições básicas para o exercício de liderança se assemelhavam Outro aspecto relevante foi o caráter comportamental das características e competências mencionado em maior frequência do que competências técnicas Todas as áreas citaram elementos relacionados à organização no cotidiano empresarial flexibilidade poder de argumen tação disponibilidade em aprender e busca por conhecimento além de atitude e proatividade paciência carisma e agilidade em atender às dife rentes demandas As características mencionadas voltadas à liderança em si relacionamse à percepção atenta e sensível dos diversos fenômenos que ocorriam no ambiente da EJ além de visão estratégica e visão em longo prazo A necessidade do estabelecimento de boas relações com os demais membros e com colaboradores externos também foi apontada como tam bém a importância de um conhecimento amplo e global acerca dos proces sos da empresa para além das áreas específicas Foi recorrente ainda a referência às competências de saber delegar e orientar os liderados antecipar problemas e agir de forma preventiva e não apenas corretiva Conhecimentos específicos em ferramentas como por exemplo Microsoft Excel foram bastante citados enquanto sobre conhe cimentos básicos foi mencionada apenas a importância da apropriação das áreas de atuação do curso ao qual a EJ é vinculada A segunda categoria contemplou sugestões sobre as atividades e possí veis propostas de melhorias para a elaboração do guia de cogestão possibi litando perceber aspectos mais técnicos referidos comuns a todas as áreas Todas as sugestões dentro do possível foram acatadas e incluídas no docu mento elaborado sendo importante enfatizar que elas emergiram a partir do enfrentamento de dificuldades no processo de cogestão daqueles que já haviam passado por esse momento e daqueles que estavam vivenciando esta transição de cargo As principais queixas circundavam a falta de contato com os ex diretores de padronização do processo de cogestão e de esclarecimento sobre as atividades das áreas além da pouca quantidade de treinamentos Talita Caetano Silva Karla de Oliveira Cruz Edite Krawulski 314 oficinas e workshops e do pouco conhecimento dos processos internos da em presa Essas queixas indicaram a necessidade de um processo de cogestão mais estruturado e fundamentado Notouse também que a cogestão recor rente na empresa mesmo que de modo informal refletia diretamente na condução da área após o início da nova gestão o que reiterou a importância da sistematização de um guia O Guia de Cogestão intitulado COGESTÃO NA EJ Y Estratégias e Guia de Tarefas constituiuse de duas partes uma voltada a estratégias mais amplas a serem desenvolvidas ao longo do semestre de trabalho e outra direcionada a atividades relativas à cogestão propriamente dita Enquanto as estratégias se referiam a aspectos mais gerais sobre planejamento de carreira e prepara ção para a elaboração de propostas e planos de ações para a futura gestão o guia de tarefas era mais específico para cada área da empresa contemplando conhecimentos processos e responsabilidades diferentes embora aspectos relativos à liderança também fossem contemplados Nas Estratégias de Cogestão foram elaboradas e descritas as ações 1 Workshop de Apresentação das áreas da EJ 2 Acompanhamento e estímulo à li derança e 3 Acompanhamento da elaboração das Propostas de Sucessão de Cargo O Workshop objetivou apresentar de maneira descontraída e informal as áreas integrantes da estrutura organizacional da empresa todos os membros estariam reunidos em pequenas rodas conforme a constituição das áreas e o grupo de trainees divididos em duplas ou trios deveriam rotacionar por essas rodas buscando informações e esclarecendo dúvidas sobre suas funções e atividades desempenhadas O exercício da comunicação e do papel de liderança propôs que os ge rentes se revezassem entre si para conduzir a apresentação da sua área de modo que cada um deles assumisse a orientação do grupo em pelo menos uma rodada abordando três questões O que a área faz Como Faz e Por que faz Após as rodadas propunhase uma discussão coletiva na qual os trainees poderiam manifestar o que haviam ou não entendido e eventu ais dúvidas Definiuse que essa atividade seria desenvolvida ao menos dois meses antes do início do processo de sucessão de cargos por dois motivos o workshop seria uma atividade de socialização organizacional prevista for malmente e portanto oportunizaria aos trainees um melhor conhecimento sobre a EJ e suas atividades podendo instigálos a pensar desde cedo sobre suas escolhas futuras em termos de áreas e de cargos Além desses aspec tos essa também seria uma atividade de integração entre as pessoas e de exercício de outras competências importantes para o desenvolvimento pro fissional a saber comunicação trabalho em equipe coordenação de grupos e liderança criatividades etc O primeiro workshop de apresentação das áreas obteve resultados muito significativos A atividade foi operacionalizada conforme planejado tendo acontecido algumas modificações pontuais como o pedido feito por al guns gerentes para participar de rodadas em outra área que não a sua de modo a se aproximar mais das funções que outras pessoas exerciam na EJ Os feedbacks recebidos foram positivos e demonstraram que os objetivos Processos de liderança e de mudança de cargo 309317 315 propostos foram atingidos os empresários juniores destacaram tanto os co nhecimentos e novas ideias que surgiram em algumas rodadas de discussão quanto a própria possibilidade de estarem reunidos e estreitarem relações uns com os outros de uma forma divertida e descontraída A aceitação por parte da empresa portanto foi muito boa e a proposta de intervenção se manteve programada para o semestre seguinte tornandose uma atividade consolidada da área de RH A estratégia de Acompanhamento e estímulo à liderança por sua vez teve como objetivo principal trabalhar a motivação dos membros para o exercício do papel de líder e propôsse que cada diretor buscasse seus gerentes para conversas formais eou informais as quais deveriam abordar os interesses ou não relativos à ocupação de um cargo de liderança na EJ e em caso po sitivo que houvesse estímulo e apoio O mesmo deveria acontecer entre os membros presidentes e os diretores Além desse foco considerouse impor tante que de algum modo os líderes permitissem que seus liderados tivessem um contato mais direto com algumas responsabilidades relativas à função de liderança Uma dessas atividades deveria ser a coordenação de reuniões de área e para tanto propôsse que cada interessado ficasse responsável por organizar as pautas e mediar pelo menos uma reunião antes do período de sabatinas Recomendouse também que outras ações nesse sentido fossem realizadas considerando a dinâmica da própria área e função Seguindo a lógica de um acompanhamento mais próximo entre líderes e possíveis líderes a terceira estratégia de cogestão foi o Acompanhamento da elaboração das Propostas de Sucessão de Cargo Não foram propostas ações es pecíficas para essa estratégia mas sim estabelecida a orientação de que cada diretor e membro da presidência buscasse um envolvimento atento com as pessoas interessadas em ocupar aqueles cargos buscando apoiálas instruí las e contribuir para construção de suas propostas Enquanto ações posteriores às sabatinas e eleições dos futuros direto res e vicepresidente o Guia de Cogestão incluiu ainda 1 Acompanhamento PósSabatina e 2 Ações Específicas PósSabatina um guia de tarefas dire cionadas a cada áreacargo O Acompanhamento póssabatina objetivou possibilitar uma melhor apropriação das novas responsabilidades de cada membro incluindo três direcionamentos básicos primeiramente o novo diretor deveria assumir paulatinamente as funções do cargo contando com o apoio daquele que estava encerrando seu trabalho no cargo assim como o vicepresidente deveria começar a assumir as atividades do presidente ao mesmo tempo em que auxiliaria o novo vicepresidente eleito Além disso deveriam ser realizadas conversas com os candidatos não eleitos a fim de trabalhar aspectos motivacionais e auxiliálos a pensar em outros projetos e propostas a serem realizados na EJ ou até mesmo fora dela caso estives sem em tempo de desligamento Para facilitar essa atividade as estagiárias elaboraram um roteiro com sugestões de perguntas sobre a autoavaliação da pessoa no processo de su cessão de cargos os feedbacks recebidos e sua identificação ou não com eles suas motivações expectativas e planos futuros entre outros aspectos Como Talita Caetano Silva Karla de Oliveira Cruz Edite Krawulski 316 terceira tarefa definiuse também que os novos líderes deveriam buscar aproximarse de seus futuros liderados os quais também estavam em pro cesso de mudança de cargo Por fim as Ações específicas póssabatina buscavam listar atividades es pecíficas para cada área conforme suas atribuições e processos De modo geral as atividades atendiam às sugestões dadas pelos participantes da pesquisa que subsidiou a intervenção e se referiam à leitura prévia dos mapeamentos de processos da área além da realização de reuniões peri ódicas com a pessoa que estava deixando o cargo Tais reuniões deveriam abordar aspectos de caráter operacional como a explicação detalhada das atividades o repasse de arquivos e a clareza na definição das diferentes funções que a área engloba e também aspectos estratégicos relativos por exemplo à importância e ao impacto dos processos da área na empresa como um todo Também deveriam ser avaliadas as necessidades de treinamentos especí ficos para os futuros gerentes quando necessário e discutidos aspectos mo tivacionais além de realizadas ações para a formação e integração da nova equipe Para os cargos da Presidência as orientações seguiam basicamente os mesmos direcionamentos salvo as diferentes atribuições existentes De modo geral o Guia de Cogestão estruturou e sistematizou atividades que já ocorriam informalmente além de propor outras ações de apoio base adas em informações coletadas e analisadas sistematicamente Tal estrutu ração foi necessária uma vez que os processos de liderança e de sucessão de cargos de diretoria e presidência ocorrem semestralmente em todas as áreas da empresa além de repercutirem das experiências individuais e coletivas dos membros Podese dizer que este guia possibilitou maior proximidade dos empresários juniores com as diferentes áreas da EJ e também uma maior propriedade dos processos internos realizados tendo sido avaliado muito positivamente por todos Considerações finais Conforme já se registrou com exceção do workshop de apresentação das áreas que se configurou como uma ação nunca antes realizada boa parte das atividades propostas na intervenção já eram realizadas de algum modo na empresa No entanto elas ocorriam de forma pouco estruturada dependen do da disponibilidade dedicação e interesse das pessoas envolvidas o que trazia dificuldades em diferentes níveis individualmente pois o aprendiza do e desenvolvimento potencial proporcionado pelo exercício da liderança e pelo trabalho nos diferentes cargos e áreas em geral não eram aproveitados de forma significativa aos grupos pois a qualidade da gestão das áreas afe tava diretamente a realização de seus processos e à empresa como um todo que deixava de contar com melhores resultados e de se aperfeiçoar enquanto atividade complementar de formação profissional junto à graduação Nesse sentido a intenção com a coleta e análise dos dados e com a pro posição de ações foi justamente de formalizar os processos de cogestão Processos de liderança e de mudança de cargo 309317 317 registrando os aspectos mais importantes que devem permear as mudan ças de gestão ao longo dos semestres e valorizando o desenvolvimento de carreira dos empresários juniores Ainda que essas mudanças sejam cons tantes uma vez que a cada semestre a EJ se renova a busca pelo desen volvimento das pessoas deve ser constante visto que esse é o seu objetivo primordial Uma cogestão eficiente auxilia não apenas aos novos membros que ocuparão os cargos mas também àqueles que estão encerrando suas tarefas vinculadas a eles e que poderão lançarse com mais segurança a ou tros cargos na própria empresa ou a outras oportunidades em diferentes contextos organizacionais Além dos aprendizados específicos do curso ao qual a EJ se vincula e que são favorecidos por meio dos projetos técnicos e estudos desenvolvidos esse tipo de organização proporciona a vivência de aspectos relativos ao ambiente de trabalho de modo geral independentemente de particularidades das áreas de conhecimento São conhecimentos sobre gestão empresarial mercado de trabalho e competências comportamentais que se estendem a outros am bientes e que se aplicam a várias outras atividades Como o desenvolvimento e o planejamento de carreira também englobam esses aspectos ganham na EJ um caráter de experimentação como aquele possibilitado também pelos estágios atividades de extensão e iniciação científica entre outras atividades complementares ao ensino em sala de aula REFERÊNCIAS Bardagi MP Boff R de M 2010 Autoconceito autoeficácia profissional e comportamento exploratório em universitários concluintes Avaliação 151 4156 Bardagi M P Hutz CS 2010 Satisfação de vida comprometimento com a carreira e exploração vocacional em estudantes universitários Arquivos brasileiros de psicologia 621 159170 Bardagi M P Lassance MCP Paradiso AC 2003 Trajetória acadêmica e Satisfação com a Escolha Profissional de Universitários em Meio de Curso Revista Brasileira de Orientação Vocacional 412 153166 Bardagi MP Lassance MCP Paradiso AC Menezes IA de 2006 Escolha profissional e inserção no mercado de trabalho percepções de estudantes formandos Psicologia Escolar e Educacional 101 6982 Bardin L 1977 Análise de Conteúdo Lisboa Ed 70 Brasil Júnior2012 Censo e Identidade Identificando a realidade do Movimento Empresa Júnior Recuperado em 08 de julho de 2014 de http brasiljuniororgbrarquivos Costa F Borrelli C 2013 Empresas Juniores da UFSC se destacam em 2013 Recuperado em 23 de setembro de 2014 de httpnoticiasufsc br201312empresasjunioresdaufscsedestacamem2013 Dias T R F V Martens C D P Boas A A V 2012 29 a 31 de agosto Estudo das características comportamentais empreendedoras dos estudantes membros de duas empresas juniores Trabalho apresentado no XV Simpósio de Administração da Produção Logística e Operações Internacionais Recuperado em 12 de maio de 2015 de httpwwwsimpoifgvspbrarquivo2012artigosE2012T00241PCN02186pdf Haupenthal C Krawulski E 2013 Interfaces entre atuação em contexto empresarial júnior e satisfação com o curso frequentado In VF Quiroga MR Cattaneo Comps Transformaciones em las Organizaciones Del Trabajo salud yampliación de ciudadanía tomo I pp197 2004 Rosário Editorial de La Universidad Nacional de Rosário Luna I N Bardagi M P Gaikoski M M Melo F de S 2014 Empresas juniores como espaço de desenvolvimento de carreira na graduação reflexões a partir de uma experiência de estágio Revista Psicologia Organizações e Trabalho 144 441451 Silva C S C Teixeira M A P 2013 Experiências de Estágio Contribuições para a Transição UniversidadeTrabalho Paidéia 2354 pp103 112 Teixeira MAP Gomes WB 2004 Estou me formando e agora Reflexões e perspectivas de jovens formandos universitários Revista brasileira de orientação profissional 51 4762 Vieira D A Caires S Coimbra J L2011 Do ensino superior para o trabalho contributo dos estágios para inserção profissional Revista Brasileira de Orientação Profissional 121 2936 Ziliotto DM Berti AR 2012 A aprendizagem do aluno inserido em empresa júnior Revista Conexão UEPG 82 20102017 INTERVENÇÕES DE CARREIRA E SERVIÇOS DE APOIO AO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO NA GRANDE FLORIANÓPOLIS INTERVENÇÕES DE PARTE 2 PRÁTICAS 319327 17 Suliana Silva1 Talita Caetano Silva2 Marucia Patta Bardagi3 1 Psicóloga e Mestranda em Psicologia no Programa de PósGraduação em Psicologia da UFSC Área Psicologia das Organizações e do Trabalho Linha Formação profissional desenvolvimento de carreira e inserção no trabalho Integrante do LIOP Laboratório de Informação e Orientação Profissional sulianasilvapsigmailcom 2 Psicóloga e Mestranda em Psicologia no Programa de PósGraduação em Psicologia da UFSC Área Psicologia das Organizações e do Trabalho Linha Formação profissional desenvolvimento de carreira e inserção no trabalho Integrante do LIOP Laboratório de Informação e Orientação Profissional tcsilvaagmailcom 3 Psicóloga com doutorado em Psicologia UFRGS Professora adjunta do curso de Psicologia da UFSC docente efetiva do Programa de PósGraduação em Psicologia da mesma universidade e coordenadora do LIOP Laboratório de Informação e Orientação Profissional Atualmente é bolsista Capes de Pósdoutorado na Universidade de Lisboa Portugal sulianasilvapsigmailcom O Ensino Superior no Brasil Atualmente no Brasil as Instituições de Ensino Superior IES são classi ficadas como Universidades Institutos Federais Centros Federais de Ensino Tecnológico Centros Universitários e Faculdades de acordo com o Censo da Educação Superior INEP 2014 Essas instituições devem ser formadas para oferecer benefícios de natureza social cultural educativa econômica e tec nológica à sociedade Considerando que esta é a sua missão somente tem sentido a existência de IES tanto na esfera pública quanto na privada se es tas estão contribuindo para o desenvolvimento do país Magalhães Silveira Abrantes Ferreira Wakim 2010 O número de matrículas em cursos presenciais incluindo os sequen ciais das IES públicas e privadas do Brasil cresceu de forma expressiva a partir da década de 1990 Em 2012 ingressaram nas IES 2747089 estu dantes o que representou um crescimento de 171 em relação ao ano de 2011 e de 919 nos últimos dez anos Quanto ao número de IES no ano Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Suliana Silva Talita Caetano Silva Marucia Patta Bardagi 320 de 2012 foram contabilizadas 2416 sendo 304 públicas e 2112 privadas INEP 2014 O Ministério da Educação e Cultura MEC com o objetivo de ampliar o acesso ao Ensino Superior ES aumentou o número de cursos noturnos construiu 14 universidades e 146 campi entre os anos de 2003 a 2010 MEC 2013a Percebese dessa forma um aumento de instituições alunos e cursos no ES brasileiro nas últimas décadas assim como uma pre ocupação com inserção de jovens entre 18 e 24 anos nesse nível de ensino Essa expansão é em grande medida devido às políticas públicas de amplia ção do acesso e incentivo à permanência dos alunos No entanto para mui tos autores essa não é acompanhada de políticas voltadas à qualidade da experiência acadêmica e ao apoio às demandas específicas do novo perfil de estudantes Durham 2010 Vargas Paula 2011 Pesquisa realizada pelo Fórum Nacional de PróReitores de Assuntos Comunitários e Estudantis FONAPRACE para mapear a vida social eco nômica e cultural dos estudantes de graduação presencial das Universidades Federais brasileiras aplicou questionário em 19691 alunos no ano de 2010 Comparando os resultados com aqueles obtidos no ano de 2004 em relação à raçacoretnia ocorreu uma diminuição de 5 no número de brancos principalmente da classe A e um aumento de 6 6 de pretos e pardos na maioria das classes C D e E ANDIFES 2011 O mesmo es tudo apontou índice de trancamento de matrícula entre os respondentes de 124 sendo os motivos relatados a insatisfação com o curso 16 problemas de saúde 10 e impedimentos financeiros 15 No entanto a prevalência desses motivos relacionase diretamente com a classe socio econômica do estudante enquanto aqueles que pertencem às classes A e B relatam a insatisfação com o curso nas classes C D e E é o impedimento financeiro que pesa mais As seguintes interferências foram relatas no de senvolvimento das atividades acadêmicas dificuldades financeiras por 52 e a de acesso a materiais e meios de estudos livros computador entre ou tros por 39 Outros aspectos apontados são dificuldades de aprendiza gem e hábitos de estudo 33 falta de disciplina ou de hábitos de estudo 40 carga excessiva de trabalho 37 e a carga excessiva de trabalhos acadêmicos 58 ANDIFES 2011 Estudos que avaliam as políticas de acesso e o perfil dos alunos refor çam a constatação de que houve ampliação do número de ingressantes no ES com perfil menos tradicional Sampaio 2011 assim como a necessida de de maior conhecimento sobre as características expectativas projetos e necessidades destes bem como dos demais integrantes do corpo discente universitário brasileiro O aumento do interesse de profissionais e pesqui sadores de diversas áreas Educação Psicologia Economia Sociologia pe las questões do ES se faz notar pelo crescimento das publicações existência de revistas científicas específicas e investimento em serviços e centros de apoio universitários dentro das IES nos últimos anos No entanto Bariani Buin Barros e Escher 2004 apontam que é necessário ampliar e aprofun dar as publicações sobre ES e fazer uma sistematização e organização do saber produzido que ofereça subsídios para o planejamento de investigações Intervenções de carreira e serviços de apoio ao estudante universitário 319327 321 científicas e proporcione uma melhor base para os programas educativos e as políticas decisórias p26 O Desenvolvimento de carreira no Ensino Superior O ES tem a responsabilidade de promover o desenvolvimento de com petências acadêmicas cognitivas e pessoais Este deve ser propiciado por meio de atividades curriculares e extracurriculares tendo em vista a pre paração dos alunos para a vida profissional Dessa forma as IES devem en tender o sucesso acadêmico dos universitários para além das notas obtidas em cada disciplina pois isto pode estar associado apenas à habilidade de reproduzir informação e pouca ênfase na preparação dos estudantes para se relacionarem de forma adequada com seus pares ambientes profissio nais e sociais com os quais terão que lidar no decorrer da sua trajetória Ferreira Almeida Soares 2001 As principais necessidades e dúvidas dos estudantes concentramse na maior parte das vezes nos momentos iniciais do curso aqui contam aspectos de adaptação e na sua fase de con clusão aqui relacionamse à transição para o mercado de trabalho Lima Guilherme 2005 Na literatura de carreira e formação superior três as pectos da relação universitário ES têm sido estudados frequentemente tanto no Brasil quanto no cenário internacional São eles a adaptação integração ao ambiente universitário a transição universidademercado de trabalho e a evasão MarinhoAraujo Bisinoto 2011 De forma geral uma questão é apontada de modo sistemático nestes vários estudos a necessidade de intervenções de carreira no ensino superior para auxílio nas diferentes fases da trajetória acadêmica De acordo com Taveira 2001 a intervenção psicológica no Ensino Superior abrange diversas áreas entre elas informação profissional o atendimento de orientação profissional e de carreira psicoterapia apoio psicológico seminários de planejamento de carreira e vida pessoal edu cação vocacional e saúde apoio médico e social O período de transição para o Ensino Superior pode ser considerado um rito de passagem para a vida adulta exige do estudante elevado graus de independência com os objetivos de organização de uma rotina de estudo elaboração de ativida des controle sobre tarefas a serem realizadas Estas demandas são asso ciadas ainda a um perfil variado de ingressantes Ex alunos tradicionais minorias étnicas estudantes trabalhadores estudantes com deficiência Ressaltase que os espaços de orientação profissional e de carreira junto com os serviços psicopedagógicos seriam os locais mais adequados para o desenvolvimento e aperfeiçoamento destas habilidades Os serviços de carreira disponibilizados aos universitários são complexos uma vez que existe uma gama variada de demandas e especificidades do ambiente assim é necessário um amplo repertório de quem realiza esse atendimento para que esse se desenvolva de forma adequada além disso seria necessário que frequentemente investiguese como ocorrem as intervenções bem com os resultados das mesmas assim como a troca de informações entre os servi ços existentes Dias 2002 Suliana Silva Talita Caetano Silva Marucia Patta Bardagi 322 Considerandose a história do ES as suas recentes mudanças com uma expansão ao acesso e diversificação do perfil dos ingressantes somado aos estudos que demonstram os altos índices de evasão as dificuldades no pro cesso de adaptação ao novo ambiente e de transição para o mercado de traba lho fazse necessário refletir sobre os serviços de carreira que vem sendo ofe recido aos universitários no país Apesar de alguns estudos já apresentarem preocupações iniciais com esse processo ainda existem poucos dados que mapeiem a estrutura e características destes serviços e intervenções a nível nacional Dessa forma diante da complexidade e importância dos serviços de intervenção de carreira voltados aos ambientes universitários o objetivo desse trabalho consistiu em realizar um levantamento das intervenções e serviços de carreira já oferecidos para estudantes universitários na Grande Florianópolis no estado de Santa Catarina a fim de suscitar e despertar no vas reflexões e discussões acerca da temática Método Participantes Fizeram parte desta amostra as IES selecionadas por um mapea mento realizado por meio do site do Ministério da Educação e Cultura das Instituições de Ensino Superior da Região Metropolitana da Grande Florianópolis que é composta pelos seguintes municípios Águas Mornas Antônio Carlos Biguaçu Florianópolis Palhoça Santo Amaro da Imperatriz São José São Pedro de Alcântara e Governador Celso Ramos Lei 6362014 Em um primeiro momento foram encontradas 23 IES sendo 18 privadas e cinco públicas Após essa primeira etapa foram se lecionadas por meio dos sites institucionais apenas as IES que possuíam algum tipo de informação sobre Serviços de Orientação Profissional e de Carreira OPC o que totalizou 11 instituições de Ensino Superior 478 sendo cinco públicas duas federais duas estaduais e uma municipal e seis privadas Instrumentos A coleta de dados foi realizada por meio de um formulário confeccionado previamente pelas autoras Procedimentos Num primeiro momento foi realizada uma busca no site do Ministério da Educação e Cultura MEC com o objetivo de obter o endereço eletrô nico das IES localizadas na Região Metropolitana da Grande Florianópolis Após essa etapa as páginas foram acessadas e foi realizada uma busca com intuito de localizar informações sobre Serviços de Orientação Profissional e de Carreira Em seguida os formulários foram preenchidos e analisados Este trabalho faz parte de um estudo maior sobre serviços de carreira na Grande Florianópolis que foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da UFSC Intervenções de carreira e serviços de apoio ao estudante universitário 319327 323 Nome da IES Pública Privada Se Pública Municipal Estadual Federal Serviço de Orientação Profissional e de Carreira Sim Não Se sim tipo Palestra e ou Oficina Atendimento Individual Atendimento em Grupo Outro Vínculo Institucional Projeto de Extensão Serviço de Atendimento aos Alunos Setor de Estágios e Empregos Outro Informações de Contato Telefone Email Endereço Informações sobre o serviço Objetivos Público atendido Atividades Inscrições Público atendido Comunidade Alunos da IES Atividades Orientação e Planejamento de Carreira Inserção Mercado de Trabalho Questões Relativas à Evasão Acompanhamento de Egressos Recepção de Ingressos Orientação sobre Estágios Eventos relacionados a Empregos e Estágio MODELO DO FORMULÁRIO CONFECCIONADO Resultados Este estudo pautouse na técnica de análise documental No presen te trabalho o conteúdo do material foi analisado a partir da unidade de análise de registro Holsti 1969 citado por Ludke André 1985 Na unidade de registro o pesquisador deve selecionar fragmentos especí ficos do conteúdo para realizar a análise a partir de frequência tópicos temas ou expressões Inicialmente com base nos resultados obtidos a partir da identificação inicial das IES nos seus respectivos sites institucionais buscase apresen tar o panorama das instituições que oferecem algum tipo de serviço voltado para Orientação Profissional e de Carreira De modo a amparar e facilitar a compreensão os resultados serão apresentados de forma comparativa eluci dando os dados referentes às instituições públicas e privadas a fim de pro blematizar os objetivos destes dois tipos de segmento educacional Ao tratar dos serviços de orientação profissional e de carreira es pecificamente percebese certo desequilíbrio entre as instituições privadas e públicas no oferecimento de serviços Enquanto todas as cinco IES públicas constadas no site do Ministério da Educação dispo nibilizam serviços de OPC para os seus estudantes das 18 IES privadas apresentadas no site do MEC apenas seis apresentam serviços voltados a esta temática Buscouse também identificar o quanto de informações relevantes so bre objetivos características do público estrutura dos serviços e resultados havia nos sites institucionais Conforme a Figura 1 com relação à presença Suliana Silva Talita Caetano Silva Marucia Patta Bardagi 324 FIGURA 1 Informações disponibilizadas nos sites institucionais ou não de informações sobre estas questões nos sites institucionais as mesmas se encontram distribuídas da seguinte forma Foi possível perceber que todas as IES forneceram ao menos uma forma de contato sendo o número de telefone a estratégia mais empre gada totalizando 10 IES que se utilizam desse recurso Além desse meio de comunicação surge também o contato de email isoladamente ou ain da acompanhado de um número telefônico No que diz respeito ao tipo de atendimento realizado dentre as cinco IES públicas todas elas ofere cem algum tipo de atendimento voltado para questões de carreira sendo que duas possuem espaços para atendimento presencial e três oferecem palestras e seminários ao público atendido As seis IES privadas por sua vez possuem espaços para atendimento individual e somente uma ofe rece atendimento em grupo Com relação ao público atendido apenas uma instituição privada e quatro públicas oferecem atendimento à co munidade as outras cinco instituições privadas e uma pública oferecem atendimento exclusivamente aos discentes da instituição Das 11 IES que compõem a amostra desse estudo notase que duas realizam projetos de extensão voltados à temática da OPC uma de cunho público e outra pri vada quatro funcionam em Serviços de Atendimento ao Aluno dois estão vinculados a serviços de estágios e empregos e três instituições públicas oferecem palestras Outro elemento analisado é quanto ao objetivo dos serviços de OPC estarem explanados nos sites institucionais Observouse que as oito IES que têm espaços específicos para atendimento apresentam seus objetivos detalhadamente nos sítios consultados Destas oito três dão ênfase ao pro cesso de desenvolvimento do aluno dois ao trabalho voltado para OPC e três realizam como tema central o atendimento às questões relacionadas aos estágios e empregos A Figura 2 apresenta as atividades desenvolvidas pelas IES que oferecem serviços de orientação profissional e de carreira aos alunos Observase que as principais atividades voltamse ao auxílio à inserção no mercado de trabalho planejamento de carreira e busca de estágios Nenhuma instituição apresenta informações sobre os resultados esperados das intervenções oferecidas Intervenções de carreira e serviços de apoio ao estudante universitário 319327 325 FIGURA 2 Atividades oferecidas pelas IES da Grande Florianópolis Discussão Este levantamento buscou identificar informações sobre intervenções de orientação profissional e de carreira oferecidas a alunos universitários na região da Grande Florianópolis Para isso fezse uma análise dos sites insti tucionais das IES Inicialmente observase que das 23 IES analisadas apenas 11 possu íam informações sobre serviços ou intervenções dessa natureza O dado de que processos de orientação de carreira não estiveram presentes em grande parte da trajetória de universitários anterior ou mesmo durante a formação superior é uma lacuna apontada por vários autores Almeida MarinhoAraujo Amaral Dias 2012 Bariani et al 2004 Barlem et al 2012 MarinhoAraujo Bisinoto 2011 Marins Côrrea Santana 2010 Naturalmente como tratouse de uma análise documental apenas do material divulgado nos sites institucionais podese pensar que algumas instituições possuam estes serviços sem identificálos em suas páginas De qualquer modo salientase a necessidade de ampliação da oferta de inter venções de carreira nas IES eou a melhor divulgação e comunicação destas atividades à comunidade acadêmica Ainda fazse necessário ressaltar a baixa qualidade e a dificuldade de localizar as informações nos sites ins titucionais principalmente das IES públicas Visto que estes serviços são considerados de suma importância para a qualidade da experiência acadê mica a importância da divulgação e descrição mais eficiente dos serviços e intervenções aos alunos é fundamental A avaliação das intervenções de carreira pode ser definida segundo Patton 1997 como o recolhimento sistemático de informação acerca das atividades características e resultados das intervenções para possibilitar a averiguação sobre o processo e assim proporcionar um aumento da sua efici ência e fornecer dados para possíveis modificações futuras No âmbito inter nacional pesquisas que visam a avaliar processos de Orientação Profissional e de Carreira são realizadas há mais tempo e recentemente tem se tornado alvo constante de investigação Loureiro 2012 Já no Brasil estudos com foco na avaliação dos serviços de carreira oferecidos a estudantes universitários são recentes e pouco frequentes Nesse sentido os resultados deste levantamen to indicam muita variação na qualidade das informações oferecidas pelas Suliana Silva Talita Caetano Silva Marucia Patta Bardagi 326 IES enquanto algumas tem informações bastante detalhadas e completas outras apenas citam atividades sem especificar a estrutura ou o público a qual se destinam Essa superficialidade pode diminuir o interesse dos alunos na busca das intervenções Outro dado importante é a ausência total de in formações sobre metas e resultados esperados elemento essencial para que se possam criar processos de avaliação do serviço oferecido Independentemente das características do aluno são muitos os desafios impostos pela experiência acadêmica no ES Considerandose as atuais mu danças no perfil do estudante que ingressa nesse nível de ensino e a própria Educação Superior como ferramenta de promoção social das famílias e gru pos menos favorecidos tornase essencial a estruturação de alguns serviços técnicos de apoio aos alunos que possam estar com dificuldades de adap tação assim como focados no aprimoramento da experiência de graduação Almeida 2007 Sampaio 2011 Assim salientase a necessidade de am pliação dos serviços de carreira aos estudantes do ensino superior da região uma vez que apenas duas instituições possuem intervenções sistemáticas e contínuas Os resultados aqui alcançados o confronto com o material e as inferências realizadas poderão servir para possíveis novas análises a partir de outros focos de interesse Por fim ressaltase a pouca oferta de processos em grupo o que pode es tar relacionado à criação dos serviços em OPC na década de 1970 que foi in fluenciada principalmente pela Estratégia Clínica de Orientação Vocacional com ênfase em atendimentos individuais Sparta 2003 Outra questão foi a percepção que as diretrizes dos serviços oferecidos são voltadas à inserção no mercado de trabalho sendo pouco valorizados os processos de auxílio mais específicos às questões pessoais de escolha e planejamento de vida e carreira ou seja grande parte dos programas aqui avaliados tem ênfase na parte instrumental de carreira e pouca na subjetiva o que levanta questões acerca de qual é a formação acadêmica dos responsáveis pelo serviço e o com que objetivos tais serviços foram criados Dessa forma sugerese que futuras investigações obtenham dados diretamente com os serviços para comple mentar e confirmar das informações aqui apresentadas REFERÊNCIAS Almeida L S 2007 Transição Adaptação Académica e Xito Escolar no Ensino Superior Revista GalegoPortuguesa de Psicoloxía e Educación 152 203 215 Almeida L S MarinhoAraujo C M Amaral A Dias D 2012 Democratização do acesso e do sucesso no ensino superior uma reflexão a partir das realidades de Portugal e do Brasil Avaliação Campinas 173 899920 Andifes 2011 Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais Brasileiras Fórum Nacional de Pró Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis FONAPRACE Brasília Bariani I C D Buin E Barros R C Escher C A 2004 Psicologia Escolar e Educacional no Ensino Superior análise da produção científica Psicologia Escolar e Educacional 81 1727 Barlem J G T Lunardi V L Bordignon S S Barlem E L D Lunardi Filho W D Silveira R S Zacarias CC 2012 Opção e evasão de um curso de graduação em enfermagem percepção de estudantes evadidos Revista Gaúcha de Enfermagem 332 132138 Dias G F 20012002 Serviços de aconselhamento psicológico no Ensino Superior uma encruzilhada de questões Cadernos de Consulta Psicológica 1718 59 67 Durham E R 2010 A política Educacional do Governo Fernando Henrique Cardoso Uma visão comparada Novos Estudos 88 153179 Ferreira J A Almeida S L Soares A P C 2001 Adaptação académica em estudantes do 1º ano diferenças de género situação de estudante e curso PsicoUSF 61 0110 Lima M R Guilherme H M 2005 Career guidance in higher education Research data related to case studies In Fedora Psyche Conference Cognition Motivation and Emotion Dynamics in the Academic Environment Lisboa Portugal Intervenções de carreira e serviços de apoio ao estudante universitário 319327 327 Loureiro M N P S 2012 Intervenções de carreira no ensino superior Estudo da eficácia de um seminário de gestão pessoal e de carreira tese de doutorado não publicada Universidade do Minho Portugal Ludke M André M Pesquisa em Educação abordagens qualitativas SP EPU 1985 Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 2014 Censo da educação superior 2012 Brasilia DF MEC INEP Magalhães E A Silveira S F R Abrantes L A Ferreira M A M Wakim V R 2010 Custo do ensino de graduação em instituições federais de ensino superior o caso da Universidade Federal de Viçosa Revista de Administração Pública 44 3 637666 MarinhoAraujo C M Bisinoto C 2011 Psicologia Escolar na Educação Superior construindo possibilidades diferenciadas de atuação In Guzzo R S L MarinhoAraujo C M Org Psicologia Escolar Identificando e Superando Barreiras Campinas SP Alínea Marins C N M Côrrea E M Santana R G 2010 Iniciação à Engenharia Um programa para a diminuição da evasão de alunos Retrieved from httpwwwabengeorbr Ministério da Educação e Cultura 2013 Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais REUNI Retirado de httpreunimecgovbr Patton M Q 1997 QUtilizationfocused evaluation The new century text Thousand Oaks CA Sage Sampaio S 2011 A Educação Superior como Espaço Privilegiado para a Orientação Acadêmica In Guzzo R S L MarinhoAraujo C M Org Psicologia Escolar Identificando e Superando Barreiras Campinas SP Alínea Santa Catarina Lei complementar nº 6362014 9 de Setembro de 2014 Institui a Região metropolitana da Grande Florianópolis RMF e a Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis RMF e Estabelece Outras Providências Florianópolis SC Diário Oficial do Estado Sparta M 2003 O Desenvolvimento da Orientação Profissional no Brasil Revista Brasileira de Orientação Profissional 412 111 Taveira MC 2001 O papel da universidade na orientação e desenvolvimento dos alunos Contributos para um modelo de intervenção psicoeducacional ADAXE Revista de Estudios e Experiencias Educativas Espanha 17 6577 Vargas H M Paula MF C 2011 Novas fronteiras na democratização da educação superior o dilema trabalho e estudo Trabalho completo da 34ª reunião anual da Associação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Educação Natal RN Brasil PROGRAMA DE ORIENTAÇÃO PARA APOSENTADORIA COM SERVIDORES PÚBLICOS RELATO DE EXPERIÊNCIA PROGRAMA DE ORIEN PARTE 2 PRÁTICAS 329336 18 Marcos Henrique Antunes1 Renatto Cesar Marcondes2 1 Graduado em Psicologia pela Universidade do Oeste de Santa Catarina Mestre e Doutorando em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina marcosantuneslivecom 2 Graduado e Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina marcondesrenattogmailcom A orientação para aposentadoria constituise numa prática emergente no contexto das organizações de trabalho sendo que os programas desenvol vidos com essa finalidade possibilitam a instrumentalização dos indivíduos para lidarem com as mudanças e os desafios dessa etapa de suas carreiras Tal prática tem se tornado cada vez mais comum nas organizações o que ocorre especialmente em virtude das novas demandas que se apresen tam face ao progressivo aumento da população idosa nas mais diversas esferas sociais Diferentes estudos têm evidenciado que a aposentadoria é um dos principais eventos estressores na vida adulta devido às significativas mu danças que acontecem nesse período as quais são potencialmente gerado ras de instabilidade e insegurança Duarte MeloSilva 2009 Denton Spencer 2009 França Vaughan 2008 Nesse sentido o trabalho desen volvido nos programas de orientação para aposentadoria se direciona para os quesitos da transição e adaptação ao novo momento de vida e de car reira abordando aspectos ligados à identidade do sujeito ao rompimento do vínculo laboral aos impactos psicossociais que ocorrem nesse processo o que por sua vez abrange uma ampla gama de temáticas e experiências Pinto Alves 2014 Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Marcos Henrique Antunes Renatto Cesar Marcondes 330 A orientação para aposentadoria possui como pressuposto central sensi bilizar os gestores e demais trabalhadores acerca do fenômeno promovendo espaços específicos para que emerjam relações de ajuda que possibilitem a potencialização do trabalhador e o seu desenvolvimento Nesses espaços são avaliadas as perdas e os ganhos a serem conquistados a recuperação de anti gos projetos eou a elaboração de um novo script de vida Esse processo pode facilitar o planejamento para a aposentadoria na medida em que possibilita o intercâmbio de informações e a ampliação do campo perceptivo referen te ao tema Antunes Soares Silva 2015 Zanelli Silva Soares 2010 Zanelli Silva Tondera 2013 Mediante esse cenário o presente trabalho visa relatar a experiência de um programa de orientação para aposentadoria desenvolvido na moda lidade de uma intervenção intensiva cujos participantes foram servidores públicos de um munícipio catarinense Entendese que este estudo pode proporcionar subsídios para o desenvolvimento de outras atividades nes sa área por profissionais de diferentes campos do saber tendo em vista principalmente a escassez de materiais que apresentem descrições acerca desse tipo específico de intervenção conforme salientaram Seidl Leandro França e Murta 2014 Procedimentos para construção do programa O programa de orientação para aposentadoria descrito neste trabalho foi desenvolvido por meio da solicitação de um Instituto de Seguridade Social de um município do interior do estado de Santa Catarina cuja po pulação é de aproximadamente 150 mil habitantes IBGE 2013 A partir do convite da instituição realizouse primeiramente uma reunião com a equipe local visando conhecer o contexto e as principais demandas que fundamentavam a busca Nesse sentido percebeuse que a instituição es tava preocupada em oferecer um serviço mais amplo para o público ao qual se destina visto que até aquele momento suas principais ações ainda se concentravam no campo assistencial e previdenciário não envolvendo di retamente a atenção à saúde dos aposentados Essa reunião de reconheci mento da realidade local foi fundamental para uma melhor compreensão das necessidades institucionais e também dos sujeitos que se beneficia riam do processo que ali estava sendo construído Diante disso os autores formularam um projeto de trabalho compos to por três etapas sendo elas 1 Palestra de sensibilização dos servidores préaposentados 2 Execução das atividades do programa de orientação para a aposentadoria propriamente dito 3 Acompanhamento e proces samento do programa em andamento com a equipe da solicitante Cabe evidenciar que as duas primeiras etapas foram dedicadas à intervenção direta com os servidores municipais que estavam em vias de aposentado ria Já a terceira etapa foi um momento de análise e avaliação das ativi dades que estavam sendo desenvolvidas durante o programa com intui to de proporcionar o acompanhamento e a capacitação dos profissionais da equipe local Programa de Orientação para aposentadoria 329336 331 A palestra de sensibilização para a temática teve duração de duas horas e aconteceu 20 dias antes da execução do programa de orientação para a apo sentadoria A divulgação e o convite para essa palestra foram realizados pela equipe local entre os servidores públicos municipais que atendiam aos se guintes critérios 1 estar há no máximo cinco anos da data de possível apo sentadoria 2 apresentar motivação e interesse em participar da atividade Tal evento contou com a presença de 48 participantes e cinco profissionais do instituto contratante sendo que os últimos estavam desenvolvendo ativi dades de apoio à organização Ao final desta atividade iniciouse o processo de inscrição para participação no referido programa cuja adesão dos servi dores era voluntária mediante o preenchimento de ficha de inscrição Esse processo teve início nesse dia e se prolongou durante a semana A segunda etapa diz respeito ao programa de orientação para aposentado ria o qual ocorreu de modo concentrado ao longo de dois dias consecutivos de trabalho totalizando 16 horas de atividades Configurase portanto numa intervenção na modalidade intensiva cuja característica principal é justamen te o regime de imersão que proporciona aos participantes o contato sucessivo a diferentes palestras e vivências em torno do tema em questão Seidl Leandro França Murta 2014 Para a concretização do programa a instituição dis ponibilizou um espaço físico amplo que supria as diferentes necessidades dos participantes ao longo do período de trabalho auditório restaurante espaço social e ao ar livre para prática de atividade física Para essa etapa foi formado um grupo de 25 participantes acrescidos de cinco integrantes da equipe local A terceira etapa do projeto por sua vez ocorreu ao final dos dias do pro grama de orientação para a aposentadoria e durou duas horas organizadas em uma hora por dia Esse momento teve como objetivo processar o desen volvimento das atividades e promover a formação da equipe do instituto para participação em programas futuros Por fim cabe destacar que todas as etapas foram coordenadas e desenvol vidas pelos dois psicólogos autores desse relato Participantes Compareceram à primeira etapa 48 servidores municipais que estavam acima de 50 anos de idade e com a distância máxima de cinco anos da data possível para aposentarse Além dos participantes préaposentados estive ram presentes cinco membros da equipe do instituto de seguridade ofere cendo apoio na organização do evento Na segunda etapa o contingente foi de 25 participantes mantendo as características de idade e tempo de aposentadoria supracitados Desse to tal cerca de 80 eram mulheres Os níveis de escolaridade variaram entre ensino fundamental e superior completo Além destes também estiveram presentes os integrantes da equipe local Quanto à última etapa participaram sete integrantes da equipe de traba lho do instituto promotor das atividades Essa equipe se constitui interdisci plinar abrangendo profissionais com formação em Pedagogia Administração e Contabilidade Marcos Henrique Antunes Renatto Cesar Marcondes 332 Relato das atividades A palestra de sensibilização teve como título Aposentadoria desafios e mudanças na segunda metade da vida e objetivou promover a reflexão dos préaposentados quanto ao fenômeno da aposentadoria e suas reper cussões no contexto de vida de cada um deles além de convidálos para o programa vindouro Para tanto foram utilizadas duas estratégias princi pais num primeiro momento buscando favorecer a socialização do gru po e a apresentação dos participantes realizouse a técnica Sociometria Grupal Soares Costa 2011 Tal técnica consiste em uma medição de diversas informações características e preferências dos participantes por meio da divisão do grupo no espaço físico de acordo com perguntas Após com o apoio de uma apresentação de PowerPoint os ministrantes apresentaram e discutiram os seguintes tópicos com o grupo mudan ças no cenário demográfico da população mundial aspectos psicológicos envolvidos no processo de aposentarse e a importância da elaboração de projetos de futuro O programa de orientação para aposentadoria por sua vez contou com uma carga horária de 16 horas de atividades as quais foram desenvolvidas ao longo de dois dias sendo oito horas em cada A estrutura do programa com os temas e estratégias escolhidos decorre do contato dos ministrantes com a equipe local e com os servidores préaposentados buscando respon der às demandas identificadas na reunião de articulação e na palestra de sensibilização Nessa perspectiva as Tabelas 01 e 02 foram elaboradas vi sando sistematizar a sequência do trabalho desenvolvido em cada um dos dois dias do programa de orientação para aposentadoria com seus diferen tes momentos e propósitos Atividadetema Objetivo Recursos utilizados Cerimônia de abertura do evento Realizar a abertura do evento acolher os participantes e apresentar a proposta de trabalho Breve arguição das autoridades locais da equipe do Instituto de Seguridade e dos ministrantes Sentidos e significados da aposentadoria Conhecer e discutir os sentidos e significados atribuídos à aposentadoria pelos participantes Realizar a apresentação e socialização dos mesmos Técnica Trabalho e aposentadoria Zanelli Silva Soares 2010 realizada em trios com posterior discussão no grande grupo Palestra Os desafios de aposentarse Compreender o processo de aposentadoria e sensibilizar para a importância de realizar projetos Aula expositivodialogada com o apoio de apresentação de PowerPoint Saúde e qualidade de vida aspectos biopsicossociais Analisar aspectos relacionados à saúde em diferentes esferas da vida Técnica Roda da vida Soares Costa 2011 Discussão em grupo Palestra Regras previdenciárias Discutir as regras previdenciárias de acordo com as normativas do Instituto de Seguridade do município Aula expositivodialogada com o apoio de apresentação de PowerPoint Educação Financeira Abordar a importância da organização financeira para a aposentadoria Gastograna Zanelli Silva Soares 2010 TABELA 1 Sistematização das atividades realizadas no primeiro dia Nota Atividade realizada por um Técnico da Equipe do Instituto de Seguridade Social do município no qual o programa de orientação para aposentadoria aconteceu Programa de Orientação para aposentadoria 329336 333 TABELA 2 Sistematização das atividades realizadas no segundo dia As atividades realizadas durante o primeiro dia se dividiram em dois mo mentos no primeiro deles o foco se direcionou para o processo de constitui ção do grupo de trabalho com o estabelecimento de vínculo do contrato e da socialização Já o segundo momento se referiu à abordagem dos diferentes elementos correlacionados ao tema da aposentadoria sendo que isto teve início com a reflexão e identificação dos sentidos e significados atribuídos pelos próprios participantes à esse momento de suas vidas Tal análise subsi diou o trabalho desenvolvido ao longo dos dois dias na medida em que foram verificados os aspectos específicos que careciam ser destacados mediante as demandas do grupo Atividadetema Objetivo Recursos utilizados Atividade física e saúde Sensibilizar e motivar para a prática de atividade física Aula expositivodialogada com o apoio de apresentação de PowerPoint e atividade de caminhada ao ar livre As mudanças no contexto familiar no processo de aposentadoria Compreender as transformações que ocorrem no sistema familiar no processo de aposentadoria Técnica Roleplaying mudança no papel de um familiar Soares Costa 2011 Discussão em grupo Empreendedorismo Apontar possibilidades de inserção do tema nos projetos de futuro Discussão sobre interesses e projetos relacionados a empreender Planejamento de vida na aposentadoria Sensibilizar para a necessidade de construção de projetos de vida e contribuir no estabelecimento de prioridades e organização do tempo Técnicas Diagrama de Recursos e Plano de Ação LeandroFrança 2012 adaptado de Murta 2008a Refletindo sobre meus sonhos Soares Costa 2011 Discussão em grupo Avaliação do programa de orientação para aposentadoria Avaliar o programa e obter feedback Instrumento qualitativo de avaliação das atividades Encerramento Contato e socialização entre participantes equipe local e ministrantes Confraternização Nota Atividade realizada e acompanhada por um Educador Físico Como pode ser observado o programa de orientação para aposentadoria englobou diversos temas e recursos os quais foram desenvolvidos num pro cesso metodológico dinâmico e participativo buscando promover a reflexão e análise de aspectos do contexto de vida dos participantes Dessa maneira para cada atividade foi destinado um tempo específico que variou entre uma e duas horas tendo presente o cumprimento dos objetivos de cada momento bem como os processos psicológicos e grupais que estavam envolvidos na sua execução Os ministrantes adotaram uma postura de atenção e respeito com as questões levantadas pelos participantes procurando na medida do possí vel abordálas de modo que a trajetória percorrida fizesse sentido para eles Assim cada atividade foi devidamente planejada e preparada prezando pela importância de que as informações e vivências desenvolvidas fossem proces sadas e os sujeitos se apropriassem dos seus conteúdos sendo estes aspectos centrais do trabalho com grupos conforme salientou Murta 2008b Marcos Henrique Antunes Renatto Cesar Marcondes 334 Em relação à terceira etapa do projeto a qual se refere ao acompanha mento e processamento do programa em andamento com a equipe da soli citante citase que esta aconteceu ao final dos dias do programa de orien tação para a aposentadoria com duração de duas horas organizadas em uma hora por dia Essa ação se propôs a promover a formação da equipe do instituto para participação em programas futuros contribuindo para que a mesma pudesse se apropriar do processo que estava ocorrendo Tal capaci tação deuse por meio de uma roda de conversa na qual todas as atividades realizadas no programa foram discutidas e avaliadas em conjunto pelos psi cólogos e pela equipe Por fim foi examinado o trabalho dos ministrantes e as demandas locais apontando perspectivas para ações futuras Discussão Dentre os aspectos que merecem destaque está a variedade de conte údos que foram abordados durante os dois dias consecutivos do progra ma de orientação para aposentadoria Ressaltase que ao passo em que isso proporcionou o contato dos participantes com diferentes questões que estão envolvidas na experiência de aposentarse esse processo tam bém se constituiu um desafio para ser administrado pelos ministrantes pois exigiu que as atividades e o grupo fossem coordenados bem como alguns casos específicos recebessem atenção individualizada em virtude de mobilização emocional Diante disso em determinados momentos foi necessário que um dos ministrantes pudesse se retirar do grupo com algum membro para acolhêlo e contribuir em suas reflexões Entendese que esse movimento pode estar relacionado ao viés que o trabalho obteve em virtude da formação em psicologia dos ministrantes Todavia reco mendase que para a execução das intervenções seja prevista a presença de pelo menos dois profissionais com formação em psicologia e condições de acompanhar o grupo Murta 2008b enfatiza que o trabalho com grupos necessita adequada preparação dos profissionais que irão coordenálos tendo em vista que há fa tores facilitadores e fatores dificultadores que podem ocorrer concomitante mente Isso demonstra a relevância da atenção aos processos que acontecem a todo momento tanto numa perspectiva coletiva quanto individualizada Nesse sentido salientese que todas as atividades realizadas durante o pro grama de orientação para aposentadoria foram conduzidas numa postura ética e respeitosa com os participantes que levam em conta sobretudo questões de ordem técnica como por exemplo o estabelecimento de um bom vínculo de trabalho e um contrato psicológico apropriado Os resultados da avaliação qualitativa realizada apontaram para um acer to da equipe na escolha dos temas e organização das atividades Os partici pantes chamaram a atenção para as consequências de cada uma das ativida des na reflexão e construção do planejamento de vida futuro Os momentos que obtiveram maior destaque no relato dos participantes foram as palestras sobre saúde e qualidade de vida família e a construção de projetos de futuro Programa de Orientação para aposentadoria 329336 335 Tais aspectos podem ser explicados principalmente por sua implicação direta na vida cotidiana dos préaposentados Ademais os dados obtidos na avaliação apontam para consequências po sitivas que decorrem da participação nas atividades realizadas Dentre eles se destacam a autorreflexão do processo de aposentarse e o desenvolvimento de novos projetos que concretizam os objetivos traçados para o programa Outros aspectos relatados pelos participantes dizem respeito à valorização dos servidores municipais no que tange a saúde e cuidado além da empatia e reconhecimento dos préaposentados com seus semelhantes Foi possível notar que os participantes demonstraram satisfação com o formato do programa tendo em vista que o mesmo propiciou condições para o aprofundamento do tema sobretudo pela oportunidade de reflexão e debate consecutivo dos diversos elementos que nele estão envolvidos Nessa perspectiva enfatizase que o programa de orientação para aposen tadoria foi estruturado seguindo uma lógica que permitiu que os distintos conteúdos fossem abordados culminando na sensibilização para o planeja mento de vida Analisase que esse percurso facilita que o indivíduo avance a um nível apropriado para reconhecer suas demandas individuais familiares e sociais as quais fundamentam as definições buscas e perspectivas que farão parte da vivência desse período De acordo com Magalhães 2010 a definição de metas e o planejamento da aposentadoria podem ocorrer so mente quando o sujeito tem clareza de suas prioridades e interesses o que exige um processo de autoavaliação e exploração Percebeuse que o programa de orientação também se configurou como um meio de acesso e construção de redes sociais tendo em vista que a convivência a troca de conhecimentos e o debate das experiências permitiram que os sujeitos estabelecessem contato durante as ativida des e este se prolongasse para além desse espaço Exemplo disso é que os próprios participantes realizaram um movimento voluntário de criar um grupo para uso de um aplicativo de celular que permite a troca simultâ nea de mensagens entre seus membros Este grupo foi denominado de Aposentados em ação Considerações finais Considerando os elementos apresentados ressaltase que as atividades possibilitaram a análise de aspectos relacionados à história de vida e de car reira dos participantes contribuindo para o reconhecimento dos diferentes elementos que implicam sobre as suas experiências de aposentadoria Esse processo tornou possível identificar ainda potenciais formas de enfrenta mento às mudanças que transcorrem nesse momento da vida sendo estes elementos importantes no desenvolvimento de projetos de futuro Diante disso considerase que a modalidade intensiva de intervenção favorece a participação e o engajamento dos indivíduos nas atividades e discussões pro postas o que pode auxiliar significativamente na decisão efetivação e vivên cia do processo de desligamento laboral Marcos Henrique Antunes Renatto Cesar Marcondes 336 Nas limitações deste relato são apontadas a relevância e algumas pos sibilidades de como estruturar e desenvolver um programa de orientação para aposentadoria Contudo julgase necessário que outros estudos espe cialmente de natureza quantitativa sejam desenvolvidos com o intuito de mensurar o impacto dessas intervenções na qualidade de vida dos sujeitos em vias de aposentadoria eou já aposentados REFERÊNCIAS Antunes M H Soares D H P Silva N 2015 Orientação para aposentadoria nas organizações histórico gestão de pessoas e indicadores para uma possível associação com a gestão do conhecimento Perspectivas em Gestão Conhecimento 51 4363 Denton F T Spencer B G 2009 What is retirement A review and assessment of alternative concepts and measures Canadian Journal on Aging 281 6376 Duarte C M MeloSilva L L 2009 Expectativas diante da aposentadoria um estudo de acompanhamento em momento de transição Revista Brasileira de Orientação Profissional 101 4554 França L H F P Vaughan G 2008 Ganhos e perdas atitudes dos executivos brasileiros e neozelandeses na aposentadoria Psicologia em Estudo 13 207216 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE 2013 Estimativas da população residente nos municípios brasileiros Brasília DF Recuperado em 20 de junho 2015 de ftpftpibgegovbrEstimativasdePopulacaoEstimativas2013estimativa2013doupdf LeandroFrança C 2012 Modelo de intervenção breve para planejamento da aposentadoria desenvolvimento e avaliação Dissertação de Mestrado nãopublicada Universidade de Brasília Brasília Magalhães M O 2010 Técnicas para programas de preparação para aposentadoria In M C P Lassance Técnicas para o trabalho de orientação profissional em grupo 2a ed pp 255270 Porto Alegre UFRGS Editora Murta S G 2008a Programa de habilidades de vida para adolescentes manual para aplicadores Goiânia Porã Cultural Murta S G 2008b A prática grupoterápica sob o enfoque psicoeducativo uma introdução In S G Murta Ed Grupos psicoeducativos aplicações em múltiplos contextos pp 1330 Goiânia Porã Cultural Pinto L C S Alves S C A 2014 A atuação da psicologia nos programas de preparação para aposentadoria Estudos interdisciplares sobre o envelhecimento 192 525548 Seidl J LeandroFrança C Murta S G 2014 Formatos de programas de educação para aposentadoria In Murta S G LeandroFrança C Seidl J Programas de educação para aposentadoria como planejar implementar e avaliar pp 84113 Novo Hamburgo Sinopsys Editora Soares D H P Costa A B 2011 APOSENTAÇÃO Aposentadoria para a ação São Paulo Vetor Zanelli J C Silva N Soares DHP 2010 Orientação para a aposentadoria nas organizações de trabalho construção de projetos para o póscarreira Porto Alegre Artmed Zanelli J C Silva N Tondera N 2013 Orientação para aposentadoria e Gestão de Pessoas nas Organizações In L O Borges L Mourão O trabalho e as organizações atuações a partir da Psicologia pp 644668 Porto Alegre Artmed A TÉCNICA MAPA DA APOSENTADORIA COMO POSSIBILIDADE DE SENSIBILIZAÇÃO E INTERVENÇÃO EM ORIENTAÇÃO PARA A APOSENTADORIA RELATO DE EXPERIÊNCIA A TÉCNICA MAPA DA PARTE 2 PRÁTICAS 337344 19 Aline Bogoni Costa1 Dulce Helena Penna Soares2 1 Psicóloga e Administradora de Empresas Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Professora Substituta de Psicologia Organizacional e do Trabalho na UFSC Produção científica e experiências vinculamse orientação para a aposentadoria planejamento de carreira identidade e trabalho cotidiano e espaços urbanos httplattescnpq br3523792206757754 alinebogoniyahoocombr 2 Psicóloga Doutora em Psicologia na França Universidade de Strasbourg e PósDoutora na UFRGS Professora Aposentada do Departamento de Psicologia da UFSC Bolsista Produtividade do CNPq 2006 a 2015 Fundadora e coordenadora do Laboratório de Informação e Orientação Profissional LIOP por 25 anos Sócia do Instituto do Ser Orientação Profissional e de Carreira httplattes cnpqbr0390877386572540 dulcepennaterracombr Neste texto apresentase a experiência de atuação com grupos de Orientação para a Aposentadoria OPA por meio da utilização da Técnica denominada de Mapa da Aposentadoria Soares Bogoni Costa 2011 p163 a qual foi cons truída com o objetivo de sensibilizar e intervir acerca das questões psicológicas e sociais do fenômeno A escolha por relatar esta técnica deriva de suas amplas possibilidades de trabalho nos grupos e de sua aceitação identificada pelo en gajamento e participação dos integrantes nos contextos em que foi aplicada Sobre o FAZER e o SER na Aposentadoria Em muitos momentos me pergunto o que é importante na minha vida Quero colocar as coisas certas em primeiro lugar Penso que me falta estí mulo e motivação para conquistar algo novo que me dê prazer Sinto orgu lho por tudo o que já fiz mas depois da aposentadoria quando terminou a fase da euforia comecei a sentir necessidade de fazer algo que me faça sentir mais útil sentir viva relato de participante Grupo de OPA Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Aline Bogoni Costa Dulce Helena Penna Soares 338 Compreendese a aposentadoria como um processo de transformações identitárias aos sujeitos que transita entre as esferas pessoal e social guia do por expectativas idealizadas durante muito tempo da carreira Muffang 2009 Pode ser vivida com sofrimento quando tais expectativas conver gem de modo conflituoso e ao mesmo tempo à perda do lugar no sistema de produção e à necessidade de reorganização espacial e temporal tempo e lugar de trabalhotempo e lugar de nãotrabalho experimentandose a reestruturação da própria identidade Santos 1990 Bogoni Costa 2009 Zanelli Silva Soares 2010 Soares Bogoni Costa 2011 Roesler 2014 Neste contexto a OPA assume um papel preponderante de facilitação das escolhas apoiando o processo de planejamento e de elaboração de proje tos de futuro com intervenções possíveis em diversos âmbitos de trabalho Bogoni Costa Soares 2009 Nos grupos de OPA são comuns os debates entre os participantes sobre o FAZER na aposentadoria como forma de reconstruir uma agenda até en tão preenchida pelo trabalho e guiada por rotinas claras que foram muitas vezes estabelecidas ao longo de anos em suas carreiras Esse tal FAZER além de referenciar as descobertas de novas atividades vem acompanhado da bus ca por sentidos no novo momento de vida pela apropriação de um cotidiano ainda desconhecido Seria então o FAZER ou o SER destas pessoas que está no centro dos debates O FAZER colocase na busca pela ocupação do tempo livre permeada por desejos de satisfação pessoal em uma diversidade de atividades possíveis à reorganização dos dias Relacionase às soluções práticas aos conflitos ine rentes a esta transição de carreira Entretanto passada a euforia da saída do trabalho constróise a necessidade destas pessoas se identificarem e se reconhecerem em algum lugar enquanto atores de suas vidas SER alguém SER aposentado O SER ao mesmo tempo envolve a ressignificação das refe rências identitárias anteriormente vinculadas aos espaços do trabalho seus sentidos e significados o sentirse útil e vivo como mencionado no relato da epígrafe O FAZER na aposentadoria é transitório sem o encontro de SER al guém aposentado Bogoni Costa 2015 que é uma das maiores inquietações escondidas nos debates sobre o tema Como os profissionais que atuam em OPA podem trabalhar com estas questões A Técnica Mapa da Aposentadoria que será apresentada a seguir tem sido utilizada em diversos âmbitos de trabalho da OPA mostrandose um interessante instrumento facilitador de reflexões da sensibilização e da in tervenção acerca do tema Descrevendo a Técnica de Orientação Psicológica Mapa da Aposentadoria A aplicação da Técnica Mapa da Aposentadoria Soares Bogoni Costa 2011 oportuniza um espaço de trocas sobre o tempo de aposentadoria junto às pessoas aposentadas ou que estejam próximas de se aposentar em gru pos de orientação para a aposentadoria Buscase por meio de sua aplicação A técnica mapa da aposentadoria 337344 339 sensibilizar e refletir sobre outras perspectivas de fazer bem como discu tir o processo de inserção dos sujeitos nesta nova fase da vida sobre o SER aposentado Além disso possibilita que os participantes de grupos da OPA percebam a existência de novos lugares possíveis ao momento de vida pois a ideia de um mapa traz em si o sentido de situar localizar e colo car sobre um terreno as questões cotidianas vinculadas à aposentadoria A construção coletiva do Mapa proposto na Técnica também é uma caracterís tica importante pois promove a interação entre os participantes e a troca de informações sobre o contexto da aposentadoria Quando se utiliza a Técnica Aplicase a Técnica para grupos de 20 até 30 pessoas no primeiro encontro de grupos de OPA e em workshops com ob jetivo de sensibilizar e provocar discussões iniciais sobre a aposentadoria bem como para compreender como os participantes pensam o tema e quais suas expectativas quanto à orientação Além disso a questão do mapa ao trazer a referência de lugar se torna interessante para mobilizar os participantes sobre o SER e o FAZER do aposentado aspecto geralmente polêmico para estes e que os leva a pensar sobre a reorganização de espaços e tempo da vida No que consiste a Técnica e como é aplicada A Técnica objetiva construir ma pas a partir de cinco temas relativos à aposentadoria a mapa dos aspectos positivos b mapa dos medos e angústias c mapa das mudanças sociais d mapa das mudanças familiares e e mapa das atividades do tempo livre Os subgrupos preferencialmente de até seis integrantes são formados por indicação do orientador ou por livre escolha dependendo do contexto e do posicionamento do orientador Utilizando cartolinas ou papel craft soli citase aos subgrupos a elaboração de desenhos ou a colagem de figuras que representem o mapa da aposentadoria para eles sendo que cada subgrupo fica responsável por um tema a escolher São disponibilizados materiais diversos como imagens fotográficas revistas jornais pinceis coloridos etc Estabelece se o tempo de realização como sendo de aproximadamente 50 minutos que contempla o diálogo entre os integrantes e o processo de confecção Finalizadas as produções nos subgrupos estas são afixadas em local visí vel lado a lado apresentadas e discutidas pelo grupo todo Podem ser incluí das novas imagens ou palavras a cada mapa na medida em que o grande gru po traz novas contribuições sobre os temas tornando assim uma construção conjunta representando o mapa grupal da aposentadoria Após concluir esta etapa é solicitado aos participantes que comentem sobre a experiência aspectos mais relevantes o que gostaram e o que não gostaram bem como sobre os significados de se ter um grande mapa composto pelo grupo Para finalizar o orientador procura sintetizar as ideias discutidas es tabelecendo relações com a importância da preparação para aposentadoria Este fechamento também pode ser realizado na forma de uma palestra do orientador onde são retomados os pontos mais importantes e polêmicos levantados refletindose sobre o que significa SER aposentado a partir das discussões do grupo Os mapas podem permanecer fixados no local onde os encontros prosseguirão como forma de se dar uma continuidade ao processo Aline Bogoni Costa Dulce Helena Penna Soares 340 de pensar a aposentadoria no grupo É importante que o facilitador anote os comentários e percepções sobre o grupo durante a Técnica o que o auxiliará na elaboração e abordagem do tema nos próximos encontros e no caso de workshops na construção de relatórios com as demandas identificadas aos organizadores Qual o tempo necessário para a realização da Técnica Geralmente a ela boração do mapa as discussões e o fechamento levam cerca de duas horas e meia a três horas dependendo do tamanho do grupo e do aprofundamento da discussão Com a palavra os Grupos Neste espaço apresentamse fragmentos de discussões e algumas das observações construídas por meio da aplicação da técnica aqui apresentada reunidos e resumidos a partir dos cerca de dez anos de experiência em OPA em que a mesma tem sido utilizada Em relação aos aspectos positivos da aposentadoria observase alguns temas recorrentes na elaboração dos mapas grupais tais como a maior disponibilidade e liberdade de tempo para a família e amigos bem como para atividades de lazer e realização de viagens b maior zelo com a saúde e cuidados pessoais com a intensificação de atividades físicas atenção com a alimentação e visitas preventivas a profissionais da saúde c a possibi lidade de escolher uma atividade prazerosa como a realização de leituras a aproximação das artes por meio de cursos o cultivo de plantas a busca de estudos diversos a dedicação a hobbies d possibilidade de conhecer novas pessoas de fazer novos amigos de construir afetos de namorar e possibilidade de descobrir novas habilidades e interesses que podem ser geradoras de recursos financeiros f buscar espaços e alternativas para o trabalho voluntário Quanto aos aspectos financeiros apesar de haver perdas de renda na maioria dos casos geralmente é um item que aparece vinculado aos aspec tos positivos Verificase que os participantes procuram encontrar possibi lidades de economizar gastando menos com vestuário com alimentação e deslocamento revendo prioridades e planejando melhor suas escolhas a exemplo da opção por pacotes de viagens promocionais Já os sujeitos que mencionam a necessidade de obter ganhos extras após a aposentadoria co mumente procuram conciliar a busca financeira com atividades prazerosas Por exemplo uma participante que gostava do trato com animais disse que iria fazer cursos de dar banho em cachorro outro participante apreciador do turismo afirmou me especializarei para ser guia de grupos de viagens Alguns comentam que na aposentadoria estão numa zona de conforto podem viver a vida com menor pressão estar sob menos estresse ter horário livre sem relógio nem despertador sair da empresa com vigor e darse conta de que existe vida fora do trabalho Os amigos distantes podem ser acessados pessoalmente com viagens pois existe uma maior possibilidade de retorno e visitas a parentes aos filhos eou netos distantes Outros relatam a satisfação do dever cumprido e a possibilidade de retomada de sonhos abandonados em A técnica mapa da aposentadoria 337344 341 função do trabalho Em muitos comentários verificase a noção de ter uma tranquilidade ah vida boa poder ir ao salão de beleza com mais calma esco lher os horários para circular pela cidade que sejam mais tranquilos acordar sem pressa tomar um café às 10 horas Nos mapas sobre os medos e angústias da aposentadoria aparecem em evidência os medos da depressão da solidão das doenças do divórcio da morte dos cônjuges da distância ou afastamento dos filhos da rejeição do preconceito das pessoas da falta de sexo e do envelhecimento presentes em falas como aposentarse é envelhecer por dentro Referemse à angústia da perda da imagem social de trabalhador passando a serem vistos como pessoa inativa inútil que não tem mais nada a oferecer à sociedade em expressões como a gente não é mais nada Também o medo do ponto final e a imagem do envelhecimento acompanhados do sentimento de se tornar alguém sem nada a acrescentar A perda de estímulo para descobrir coisas novas a perda de prazer de ter prazer A perda intelectual enquanto um fator negativo também está presente nas falas onde as pessoas em fase de se aposentar não se sentem mais parte das instituições ou são vistas como desatualizadas Neste mapa são comuns as referências a um horizonte mais curto a falta de motivação para novas descobertas e o fechamento de novas possibilida des Ao mesmo tempo aparece a falta de um objetivo de vida e a necessidade de mudança de paradigma de fazer outra coisa por exemplo eu sou médico agora vou estudar direito Outro receio é de não saber o que fazer com o tem po ocioso pela falta de compromissos Para alguns falar da aposentadoria é como deixar cair uma máscara do prestígio e sentir o medo de se tornar vaga bundo perdendo as referências identitárias que faziam a pessoa ser alguém e com isso sentir os amigos se afastarem Nesse aspecto da perda de refe rências profissionais temse o medo de ser esquecido de lidar com o carimbo de aposentado na carteira de trabalho e deixar o sobrenome da empresa onde trabalhou Ouvemse comumente relatos de saudade e de nostalgia do tem po que passou e de ter a referência do trabalho como um meio de socializa ção de encontro com as pessoas e com os amigos porque nós nos constituímos com a nossa profissão A questão financeira também é recorrente no mapa dos medos geral mente referenciando compromissos assumidos anteriormente Comentam que o salário fica menor pela perda do vale alimentação e de outros bene fícios trabalhistas também poderão gastar mais por motivos de doenças e com relação aos filhos e netos ainda dependentes Sentemse angustiados com a perda de parte dos vencimentos pela possibilidade de conflitos fami liares e da relação conjugal Quanto às mudanças sociais na aposentadoria encontramse mapas que enfatizam benefícios reconhecidos pela sociedade como a meiaentrada no cinema e teatro a passagem grátis nos ônibus municipais e estaduais os descontos em farmácias desconto em viagens linhas de financiamento especiais para aposentados e a redução de desconto com a previdência para algumas categorias profissionais Identificam e utilizam os direitos da idade Aline Bogoni Costa Dulce Helena Penna Soares 342 já me sinto um senhor e tenho direito na fila para pegar a carne para sentar na frente no ônibus Sou novo ainda mas sei que são fases da vida e não reluto Contudo também enfatizam as perdas de benefícios de trabalhador e das re lações semelhantes ao que foi citado no mapa dos medos e angústias como o deixar de ter uma referência profissional um sobrenome de empresa São comuns os relatos de desconforto ao voltar na empresa para uma visita sen tindose incomodados com a possibilidade de atrapalharem a rotina ou ain da por perceberem que os excolegas não dão mais atenção Ainda aparece frequentemente a questão do preconceito social em relação ao aposentado visto como um idoso por exemplo na fila do banco os idosos são vistos com raiva como aqueles que furam fila As mudanças familiares na aposentadoria aparecem através do temor de ser explorado pela família e por outro lado da necessidade de impor limi tes de marcar o seu espaço na casa nas atividades a serem desenvolvidas Muitas mulheres comentam que não quero ficar em casa cuidando dos netos ou da casa como se eu não tivessem outra ocupação ou que fosse uma obrigação minha para com a família Porém ao mesmo tempo sentem a necessidade de ser útil de ajudar os filhos e os netos Existe ao mesmo tempo o temor da saturação das relações conjugais dos problemas de saúde e novamente do preconceito com o idoso pois percebem que a família não vê bem o idoso e discriminam o aposentado temem haver intolerância está à toa todo dia em casa sem fazer nada Apontam como positivo nas mudanças familiares com a aposentadoria a maior disponibilidade de tempo horários flexíveis além da satisfação pelo convívio e a busca por um novo lugar em casa como alguém experiente con tribuindo com ideias e exemplo de vida Comentam sobre as possibilidades de fazer atividades conjuntas com familiares como exercícios físicos volun tariado festejar datas sair para passear e viajar Acerca das questões financeiras envolvendo a família geralmente re latam a importância do controle citando a elaboração de planilhas para a anotação de gastos e a necessidade de refletir sobre as despesas cotidianas Tratam da diferença entre o desejo e a necessidade de consumo dos membros da família pois a diminuição do orçamento pode dificultar a vida cotidiana e esta deve ser enfrentada com o planejamento conjunto Por vezes alguns dos aspectos negativos vinculados à família dificultam ou adiam a decisão da aposentadoria por exemplo em relação aos relaciona mentos desgastados com cônjuge ou filhos um participante comentou ao chegar em casa percebi como minha mulher estava diferente nem parecia a mesma com a qual me casei há 30 anos atrás Entre outros aspectos relatados estão a redução de renda não aceita pela família e a perda de segurança com a extinção de seguros de vida e planos de saúde Em relação ao tempo livre do trabalho aparecem muitas interrogações em como gerir este tempo e como planejálo de forma que traga satisfação Alguns se questionam em como utilizavam o tempo livre enquanto tinham vínculos laborativos como ocupavam os finais de semana por exemplo Muitos perce bem que os tempos ditos livres também eram tempos de trabalho dedicados A técnica mapa da aposentadoria 337344 343 às coisas da casa como manutenções diversas para prosseguir com mais uma semana Assim questionam se tiveram realmente algum tempo livre du rante toda a vida e se sabem como lidar com esta possibilidade Então o vazio deixado pelo trabalho causa temor por não se saber o que fazer além dele Existe também a necessidade de lidar com a apropriação do seu tempo livre pelo outro com solicitações de familiares e amigos para fazerem coisas corriqueiras por eles em pedidos frequentes como Já que você está sem fazer nada então vai no banco pra mim Relacionado ao tempo livre os participantes normalmente falam sobre a questão de gênero citando diferenças entre a aposentadoria de homens e mulheres Segundo os relatos reunidos a mulher tem mais opções de lazer e de atividades manuais ou é mais fácil se aposentar pois ela volta pra casa vai fazer bolo costurar e cuidar dos netos mas a gente faz o quê e existe uma di ficuldade maior da inclusão do homem no convívio doméstico em contraposição a rainha do lar Há também comentários acerca de algumas profissões em que o aposentado pode continuar exercendo a mesma atividade como no caso do professor e outras em que o há uma ruptura quase que total com o fazer adquirido no caso de bancário e policiais ao deixarem a instituição deixam também a possibilidade do seu FAZER Por meio deste mapa é possível identificar pessoas que vão descobrindo muitas possibilidades de lidar com o seu tempo livre ao longo das discussões favorecidas pela construção do mapa Aparecem depoimentos de este tempo pode ser utilizado de diferentes formas como a realização de novos projetos e atividades prazerosas escolhendo entre diversas opções de atividade físi ca fazendo trabalhos manuais aprendendo a tocar instrumentos musicais fazendo aulas de dança indo ao cinema e ao teatro fazendo cursos de culi nária praticando a jardinagem a marcenaria a pintura a escultura fazendo voluntariado Então ao descobrirem tantas opções que lhes são atrativas alguns afirmam que irá faltar tempo para fazer tudo isso vai faltar tempo até para dormir Considerações finais A aplicação da técnica Mapa da Aposentadoria em OPA tem possibilitado a sensibilização dos participantes para novos momentos da orientação bem como favorecido as reflexões sobre os significados e os novos lugares pos síveis na aposentadoria o que também facilita a intervenção Geralmente a técnica é relembrada pelos participantes na avaliação grupal como uma cons trução propicia para o entendimento da aposentadoria enquanto um pro cesso que envolve muitos aspectos da vida e também como um momento para interagir com os demais participantes e perceber que muitas questões dúvidas e medos são recorrentes no grupo Aos orientadores a técnica permite explorar diversos aspectos da apo sentadoria e de certo modo facilitar ao grupo para que extrapole a com preensão geral e se aproxime de questões específicas em cada um dos cinco temas trabalhados nos mapas Este movimento no caso de grupos de longa Aline Bogoni Costa Dulce Helena Penna Soares 344 duração enriquece as discussões e permite um encadeamento de interesses para os próximos encontros No caso de workshops possibilita a identificação de necessidades e demandas a serem relatadas às instituições objetivando a continuidade do trabalho pela mesma Por fim acreditase que a adoção da técnica possibilita a reflexão inicial sobre os diversos espaços de vida que os aposentados podem ocupar no seu tempo de aposentadoria facilitando desse modo que se reconheçam e se identifiquem enquanto SER ativos deste momento bem como que encon trem nas opções de FAZER aquilo que os permita a realização pessoal e satis fação na aposentadoria REFERÊNCIAS Bogoni Costa Aline 2009 Projetos de Futuro na Aposentadoria Dissertação de Mestrado Programa de PósGraduação em Psicologia Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis Bogoni Costa A Soares D H P 2009 Orientação psicológica para a aposentadoria Revista Psicologia Organizações e Trabalho 915 p 97108 Bogoni Costa A 2015 Tão perto e tão longe o cotidiano de aposentados nos espaços urbanos da cidade de Florianópolis Tese de Doutorado não publicada Programa de PósGraduação em Psicologia Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis Muffang S 2009 La retraitePas si simple Comment passer le cap Paris Ellipses Roesler V 2014 Posso me aposentar de verdade e agoracontradições e ambiguidades vividas no processo de aposentadoria Curitiba Alteridade Santos M de F S 1990 Identidade e Aposentadoria São Paulo EPU Soares D H P Bogoni Costa A 2011 AposentAção Aposentadoria para Ação 1 ed São Paulo Vetor Editora Zanelli J C Silva N Soares D H P 2010 Orientação para Aposentadoria nas Organizações de Trabalho Construção de projetos para o pós carreira Porto Alegre Editora Artmed ORIENTAÇÃO PARA A APOSENTADORIA POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO PARA O ORIENTADOR PROFISSIONAL ORIENTAÇÃO PARA A PARTE 2 PRÁTICAS 345353 20 Dulce Helena Penna Soares1 Aline Bogoni Costa2 1 Psicóloga Doutora em Psicologia na França Universidade de Strasbourg e PósDoutora na UFRGS Professora Aposentada do Departamento de Psicologia da UFSC Bolsista Produtividade do CNPq 2006 a 2015 Fundadora e coordenadora por 25 anos do Laboratório de Informação e Orientação Profissional LIOP Sócia do INSTITUTO DO SER Orientação Profissional e de Carreira httplattescnpqbr0390877386572540 dulcepennaterracombr 2 Psicóloga e Administradora de Empresas Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Professora Substituta de Psicologia Organizacional e do Trabalho na UFSC Produção científica e experiências vinculamse orientação para a aposentadoria planejamento de carreira identidade e trabalho cotidiano e espaços urbanos httplattescnpq br3523792206757754 alinebogoniyahoocombr A Orientação para a Aposentadoria OPA é um campo de atuação ainda jo vem que nas últimas duas décadas tem se desenvolvido cientificamente no país em atividades de pesquisas e extensão ampliandose ao mesmo tempo as alternativas para as práticas profissionais Neste breve texto objetivase reunir elementos que situam a OPA no âmbito da Psicologia em termos das possibilidades métodos e desafios da atuação Os significados da aposentadoria A busca por entender a relação do ser humano com o trabalho nos di ferentes momentos da carreira constituise como um aspecto central à atuação e à intervenção de Orientadores Profissionais O trabalho represen ta uma das principais fontes de sentidos e significados sobre os modos de vida sendo que suas referências reportam ao mesmo tempo à percepção das pessoas sobre si próprias o contexto e o ambiente em que se inserem e às relações sociais possibilitadas ou não por meio de seu fazer O que você faz e em que você trabalha são indagações recorrentes em diálogos de Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Dulce Helena Penna Soares Aline Bogoni Costa 346 pessoas que se conhecem e geralmente se colocam logo após a revelação do nome Eu sou fulano Trabalho na empresa X Pensando desta maneira o trabalho constituise como uma categoria central Antunes 2010 2011 Cardoso 2011 e integradora da vida humana Tolfo Piccinini 2007 por meio da qual as pessoas constroem sentidos e significados e se reconhecem psicológica e socialmente Considerando essa centralidade do trabalho o que ocorre quando é chegado o momento da aposentadoria e vivese o não trabalho eou a inexistência de vínculos formais de emprego O que se deixa além da carteira assinada do horário delimitado de alguns protocolos e forma lidades O que acontece com os papeis internalizados que podem conti nuar importantes cargos ocupados a referência de pertencer a um gru po É possível reorganizar a identidade Afinal aposentadoria que fenômeno é esse Compreendese a aposentadoria como um processo contextual di nâmico envolvido por contradições e ambiguidades Muffang 2009 Zanelli Silva Soares 2010 Lima 2010 Soares Bogoni Costa 2011 Roesler 2014 Bogoni Costa 2015 Aposentadoria não é tão simples as sim Como atravessála é a expressão de Muffang 2009 utiliza para intitular seu livro referindose à aposentadoria como um fenômeno social e também como um evento subjetivo necessário de ser reconhe cido e compreendido pelas pessoas ou seja um processo que transita entre duas esferas a pessoal e a social No pessoal a partir de um novo olhar sobre si mesmo novos projetos novos relacionamentos e talvez novas atividades no social pelos critérios e etapas a serem cumpridos para se aposentar bem como pela compreensão de que existe um lu gar social demarcado ao aposentado que em muitos casos pode ser o próprio recolhimento aos aposentos em seu significado mais denotativo Bogoni Costa 2015 Um dos questionamentos recorrentes aos psicólogos sobre a aposen tadoria é por que algumas pessoas esperam tantos anos para se aposentar e vivem o momento com sofrimento Muffang 2009 entende que isso ocorre porque a aposentadoria é o momento da carreira e da vida em que estão depositadas esperanças e expectativas idealizadas por anos Quando eu me aposentar haverá tempo para praticar esportes quando eu me aposentar ficarei mais com a família quando eu me aposentar farei as viagens que sempre desejei quando eu me aposentar poderei dedicar me aos vínculos sociais são expressões reiteradas por muitas pessoas ao longo da carreira Entretanto temse evidenciado por meio de diversos estudos França Vaughan 2008 Bogoni Costa 2009 2015 Lima 2010 Antunes 2014 Roesler 2014 o quão difícil pode ser elaborar novos pro jetos de vida e se experimentar aposentadoa Neste sentido afirmase que a aposentadoria ocorre acompanhada de diversas transformações no cotidiano podendo representar a perda de um lugar de um espaço e ao mesmo tempo o ganho de um tempo livre com o qual muitas vezes não se sabe o que fazer Estes conflitos são comumente Orientação para a aposentadoria 345353 347 relatados por participantes de Programas de Preparação para a Aposentadoria PPAs e atendimentos clínicos mencionando suas dificuldades de buscar outras atividades e lugares dotados de sentidos e significados Soares Bogoni Costa 2011 Bogoni Costa 2015 Pensando no trabalho como único significante da vida de algumas pes soas a ruptura com as suas identificações quando da aposentadoria pode contribuir para o aparecimento de problemas psicológicos Amarilho 2005 Witczak 2011 França Vaughan 2008 Pode significar também a perda dos objetivos da rotina que organiza a vida e do papel que concede a uma pessoa um lugar na sociedade Se efetuada de modo abrupto sem planeja mento tornase um momento fortemente propício a episódios amargos em que são comuns relatos de separações conjugais doenças severas e até suicídios nos primeiros anos e meses da aposentadoria França Vaughan 2008 Soares Bogoni Costa 2011 Roesler 2014 Antunes 2014 Bogoni Costa 2015 Com tantos aspectos negativos contradições e ambiguidades como o aposentarse pode ser um momento de felicidade Consideramos fun damental o planejamento ao longo da carreira e abertura para novas aprendizagens que surgem ao se vivenciar o processo da aposentadoria Esta pode ser compreendida como uma transição que requer um reco meço sem necessariamente romper com o passado mas sim procu rando resgatálo e reconhecelo ao mesmo tempo resgatandose e re conhecendose nele para então encontrar novos fazeres com sentido estabelecer e manter vínculos sociais permitindose também ocupar novos lugares Não há um modelo único para planejar a aposentado ria e compreendela mas sim dependerá de cada pessoa e do contex to no qual vive o que entendemos ser um importante desafio à OPA no âmbito psicológico A Orientação para a Aposentadoria OPA no âmbito da Psicologia Entendese OPA como o processo de facilitação de escolhas o apoio ao planejamento e à elaboração de projetos de futuro de pessoas com diversas possibilidades de intervenção ao longo da carreira Na última década esta compreensão tem se fortalecido por meio de estudos desenvolvidos por profissionais da Orientação Profissional com a construção de uma abor dagem vinculada às escolhas pessoais à história de vida e à aprendizagem acerca das novas vivências França 2008 Bogoni Costa Soares 2009 Roesler 2014 Antunes Soares Silva 2015 No entanto a proposta de planejar a aposentadoria ao longo da carrei ra raramente acontece por decisão dos sujeitos eou iniciativa de institui ções Ao contrário é possível identificar que muitas pessoas experimentam a aposentadoria no susto buscando no improviso a solução para seus conflitos França Vaughan 2008 Soares Bogoni Costa 2011 Em vista disso geralmente quem busca serviços de orientação já viveu algum tipo de sofrimento em sua aposentadoria ou está muito próximo de aposen tarse ou ainda apoiase em exemplos de outras pessoas que não foram Dulce Helena Penna Soares Aline Bogoni Costa 348 bemsucedidas na aposentadoria A limitação quanto ao momento de tomar esta iniciativa em muitas situações tem conduzido à intervenções de orien tação com características reativas ou seja trabalhase muito mais com as di ficuldades decorrentes de processos de aposentadoria malsucedidos do que com a facilitação de escolhas planejamento e elaboração de projetos de vida Contrariamente compreendemse as ações preventivas como sendo as pro postas de orientação que trariam melhores retornos aos sujeitos no entanto quando não se pode fazer o ideal preventivo deve ser fazer ao menos o que é possível reativo Ressaltase no entanto que haverá maior efetividade nas ações de OPA mediante seu desenvolvimento em um trabalho no longo prazo com o planejamento para o futuro a discussão sobre as maneiras de lidar com perdas a manutenção de projetos de vida e o resgate de sonhos pas sados a fim de transformálos em novos projetos a partir das escolhas dos sujeitos A partir dessa compreensão a proposta de trabalho para a Psicologia tornase mais ampla com acompanhamento ao longo da car reira dos sujeitos e envolvimento sócioorganizacional em diversos âm bitos a exemplo das organizações de trabalho privadas e públicas dos gestores públicos das famílias das universidades e da própria sociedade Bogoni Costa Soares 2009 Cabe considerar ainda questões socioeconômicas de grande rele vância associadas à vivência da aposentadoria tais como aumento da expectativa de vida e da longevidade envelhecimento populacional sus tentabilidade da previdência social etc Especificamente no Brasil vivese a acelerada inversão das pirâmides etárias sendo que a geração de 1980 nasceu em um país de jovens e irá morrer em um país de velhos supon do 2050 a 2060 Projetase triplicar o número de idosos no país entre 2012 e 2050 passando de 21 milhões para 64 milhões o que represen tará aproximadamente 30 da população BBC 2012 Mas como o Brasil tem se preparado para esta realidade No Estatuto do Idoso Lei 10741 de 2003 constam direitos importantes à qualidade de vida e en tre eles a preparação para a aposentadoria que ainda é pouco conheci da como um direito pelo cidadão Instituir filas exclusivas gratuidade em passagens de ônibus e outras priorizações foram ganhos mas será que somente isso dignifica De fato há um longo e necessário caminho a ser construído para a dignidade na aposentadoria e na velhice para o qual a participação da Psicologia pode e deve ser central A mudança social no sentido de valori zação do aposentado e do idoso talvez seja o maior desafio deste caminho onde se faz necessário romper com a conspiração do silêncio Beauvoir 1990 e com diversos mitos a exemplo do mito da inutilidade do reco lhimento aos aposentos presente tanto nas questões do envelhecimento como da aposentadoria Na contemporaneidade ser velho e poderia se estender para os casos em que a aposentadoria é entendida como sinônimo de velhice é lutar para continuar a ser alguém Na relação com os outros Orientação para a aposentadoria 345353 349 é que as pessoas sentemse velhas nos outros é que muitos sentemse aposentados da vida Nem todo mundo me trata como velho Acho graça disso Por quê Porque um velho nunca se sente um velho Compreendo a partir dos outros o que a velhice implica para aquele que a olha de fora Mas eu não sinto a minha velhice Logo a minha velhice não é algo que em si mesmo me ensine algu ma coisa O que me ensina alguma coisa é a atitude dos outros em relação a mim Em outras palavras o fato de que ser velho para outrem é ser velho profundamente A velhice é uma realidade minha que os outros sentem eles me veem e dizem este velho senhor são amáveis porque vou morrer logo e são também respeitosos etc os outros é que são a minha velhice Sartre 1992 p 37 Nas palavras de Sartre se fossem substituídas a palavra velho e ve lhice por aposentado e aposentadoria respectivamente vários aspectos tratados neste breve texto estão presentes a identidade as relações sociais as contradições a busca por lugares entre outros Certamente a superação da conspiração do silêncio se coloca como um dos maiores desafios ao pro fissional que atua no âmbito da OPA As possibilidades de atuação do Orientador Profissional na aposentadoria As possibilidades de atuação do Orientador Profissional no contexto da aposentadoria são amplas e diversas Talvez por este motivo não haja consenso sobre o campo de vinculação destes orientadores à Psicologia Para alguns autores a OPA concentrase em atividades relacionadas à Psicologia do Trabalho Zanelli BorgesAndrade Rodrigues 2014 para outros a atuação amplificase compreendendo as interfaces da Orientação Profissional da Psicologia Organizacional e do Trabalho e da ciência da Administração Ribeiro Zerbini 2012 Por se tratar de um campo em que as mudanças ocorrem de modo intenso na contemporaneidade a exemplo das questões demográficas previdenciárias e de carreira as possibilidades de atuação em OPA estão conjuntamente em processo de construção e descoberta Afinal as demandas surgem em diversos âmbitos organiza ções clínicas sociedade etc e ao se apresentarem estes orientadores pas sam a construir estratégias para atendelas Nos quadros 1 2 e 3 seguintes procurase apresentar três âmbitos de atuação organizacional clínico e políticas públicas e sociais sistemati zando as possibilidades de atuação e os desafios da OPA elaborados por meio da experiência destas autoras no campo há mais de dez anos Cabe ressaltar no entanto o entendimento de que as propostas de trabalho in dependentemente do âmbito devem ser articuladas de modo interdiscipli nar e relacional apoiandose em outrasespecialidades e ciências Dulce Helena Penna Soares Aline Bogoni Costa 350 QUADRO 1 Âmbito de trabalho organizacional organizações privadas e públicas Possibilidades de atuação em Orientação para a Aposentadoria Método de trabalho Desafios percebidos 1 Orientação de carreira que contemple o tema da aposentadoria As atividades de orientação de carreira em empresas abrangem na maioria das vezes apenas o contexto de trabalho da profissão e o desenvolvimento de estratégias para melhorar o desempenho em determinados cargos especialmente no caso de gestores de equipes Nestas atividades raramente abordam se aspectos da aposentadoria Entendendo a aposentadoria como um momento importante da vida que necessita de preparação compreendese que o tema deveria ser integrado às atividades de orientação de carreira Realização de atividades grupais eou individuais Os temas vinculados à aposentadoria podem ser trabalhados em intervenções breves França Murta Negreiros Pedralho Carvalhedo 2013 no processo de orientação de carreira por meio de palestras atividades que facilitem reflexões sobre os projetos de futuro e a sensibilização para os sentidos e significados da aposentadoria Importante trazer pessoas aposentadas para palestrar contando suas experiências desafios e oportunidades de projetos de vida com a aposentadoria Há diversas técnicas de orientação grupal que podem ser facilitadoras neste processo como autorretrato desenhado caixa de perguntas agenda colorida viagem ao passado presente e futuro Soares Bogoni Costa 2011 Poucas organizações oferecem atividades de orientação de carreira com um olhar para o trabalhador seus gostos sua profissão seus projetos Neste contexto como falar sobre a aposentadoria Geralmente os objetivos da orientação de carreira nas organizações têm o viés de fortalecer elementos do cargo a exemplo do desenvolvimento de competências para ocupar posições internas Tal constatação é ao mesmo tempo um desafio e uma oportunidade para os orientadores pois o retorno de orientar para a carreira tende a ser mais duradouro e a trazer melhor direcionamento às necessidades de posições ocupadas na organização 2 Planejamento e realização de Grupos de OPA com longa duração Em termos do planejamento com preendese o levantamento das demandas de gestão de pessoas considerandose o públicoalvo tempo estimado para a aposenta doria as características de atua ção profissional cargos e relações internas e os interesses individu ais que podem ser previamente mapeados em entrevistas eou questionários de inscrição É ne cessário prever os investimentos e retornos desse tipo de projeto para evidenciar sua importância às pessoas e organizações Importante a sensibilização e interação entre os participantes do grupo e da própria organização de modo a fortalecer os vínculos e facilitar a continuidade e efetividade do trabalho Realização durante dois anos ou mais para pessoas próximas da aposentadoria de encontros grupais mensais ou bimestrais com até 15 participantes com duração mínima de quatro horas por encontro Adoção de técnicas de OPA mediante estudo prévio das demandas do grupo Alguns temas e técnicas estão detalhados no modelo do Programa Aposentação Soares Bogoni Costa 2011 A extensão de alguns encontros aos familiares dos participantes costuma facilitar o envolvimento e a sensibilização para as questões da aposentadoria As organizações direcionarem seus interesses e investimentos ao desenvolvimento da carreira para o trabalho e não para a aposentadoria Afinal por que investir tempo e recursos em pessoas que se afastarão da organização Argumentar com a responsabilidade social da organização muitas pessoas construíram suas carreiras exclusivamente na organização O orientador deve demonstrar os retornos tangíveis e a importância da destinação de investimentos a estes projetos As Entidades de Previdência Complementar Fechadas cujo negócio é o planejamento financeiro e previdenciário estão sensibilizadas para a importância da OPA possuem recursos disponíveis e não encontram projetos atrativos para financiar 3 Orientação e planejamento financeiro para a aposentadoria Contempla atividades de orientação e planejamento financeiro para a aposentadoria desde a sensibilização para a poupança previdenciária a educação sobre os ganhos e as perdas financeiras da aposentadoria até a compreensão de como cada um lida com suas finanças em termos subjetivos Realização de atividades grupais eou individuais Os modelos que trazem melhores re sultados mesclam aspectos objetivos e subjetivos das finanças Programa de quatro encontros com duração de duas horas cada realizar 1 palestra sobre educação financeira e previ denciária 2 palestra sobre aspectos técnicos da previdência social e complementar 3 encontro grupal para mapeamento dos ganhos Estabelecer parcerias com especialistas na área de educação financeira e previdenciária para contemplar aspectos técnicos Instituto Nacional de Seguridade Social INSS oferece de modo programado palestras gratuitas a grupos continua Orientação para a aposentadoria 345353 351 QUADRO 1 continuação Âmbito de trabalho organizacional organizações privadas e públicas Este tipo de atuação tem sido bastante valorizada pelas organizações com vistas a atender a demandas de educação financeira dos próprios trabalhadores e perdas financeiras com a aposentadoria técnica organizando a vida financeira e o dinheiro Soares Bogoni Costa 2011 4 encontro grupal sobre como melhor usufruir de recursos na aposentadoria técnica gosto e gasto Soares Bogoni Costa 2011 Tem sido comum que outros profissionais assumam este tipo de orientação Entretanto os aspectos subjetivos nestes casos não são trabalhados o que é uma perda para o cliente Considerase como uma possibilidade de atuação que carece de olhar e especialização do psicólogo 4 Seminário intensivo ou Workshop Há uma grande demanda por par te de organizações para a realiza ção de eventos de curta duração evento de OPA com duração de dois dias seguidos quando es peram reunir informações sobre o tema intensivamente Esta prática não traz resultados tão efetivos quanto a orientação no longo prazo mas é preciso valorizar e atender a tais iniciativas deixan do claro suas limitações e quiçá sensibilizando para a continuidade do trabalho Realização de encontros grupais de 16 horas em dois dias seguidos com até 50 participantes que estejam a cerca de um a dois anos da aposentadoria Focar o trabalho em diálogos sobre o processo da aposentadoria através de técnicas grupais como roda da vida agenda colorida e finalizar com a elaboração de um planejamento para dois anos após a aposentadoria Soares Bogoni Costa 2011 Esta estratégia traz bons resultados pois as pessoas tem uma ideia do que fazer com o tempo livre e organizam um planejamento sentindose tranquilas Um dos desafios deste modelo são as grandes expectativas apresen tadas pelos participantes pois geralmente não houve qualquer intervenção de OPA anteriormente Cabe deixar claro estas limitações ao próprio grupo e orientar em como buscar apoio à expectativas pontuais que não forem contempladas aten dimento clínico por exemplo QUADRO 2 Âmbito de trabalho clínico Possibilidades de atuação em Orientação para a Aposentadoria Método de trabalho Desafios percebidos 1 Orientação para a aposentadoria individual A orientação ocorre em espaços clínicos por meio demanda individual da mesma forma que ocorre a orientação profissional de jovens para a escolha de carreira Geralmente são demandas vinculadas a aposentadorias malsucedidas em que estas pessoas buscam ajuda na Psicologia para compreender e superar conflitos eou elaborar projetos de vida Atendimento individual por meio de entrevistas e utilização de técnicas de orientação tais como técnica da linha da vida da trajetória sócio profissional agenda colorida planejamento de vida Soares Bogoni Costa 2011 Este tipo de orientação tende a ser concluído em cerca de 10 a 15 encontros com duração de uma hora cada Atuação pouco conhecida do público em geral no entanto tende a se ampliar com as novas características demográficas onde a aposentadoria pode ser o momento de escolha por uma nova carreira ou de novos projetos Muitas pessoas buscam a OPA individual de forma tardia apresentam juntamente situações de sofrimento eou doenças psicológicas como depressão 2 Orientação para a aposentadoria em famílias A orientação ocorre em espaços clínicos para responder demandas apresentada por familiares da pessoa aposentada especialmente cônjuge ou pelo próprio aposentado Trazem consigo queixas de comportamentos que após a aposentadoria tem repercussões na dinâmica familiar Antunes 2014 Atendimento da família por meio de entrevistas e utilização de técnicas de orientação como a linha da vida a trajetória sócio profissional agenda colorida planejamento de vida conjunto Soares Bogoni Costa 2011 Este tipo de orientação tende a ser concluído em cerca de 10 encontros com duração de duas horas cada Identificar que se trata de um processo de orientação para a aposentadoria e envolver a família geralmente quem traz a queixa para a compreensão do contexto e da elaboração de projetos que muitas vezes podem ser concretizados de modo conjunto Dulce Helena Penna Soares Aline Bogoni Costa 352 QUADRO 3 Âmbito de trabalho políticas públicas e sociais Possibilidades de atuação em Orientação para a Aposentadoria Método de trabalho Desafios percebidos 1 Elaboração e gestão de projetos educacionais do setor público O conhecimento em OPA é importante na elaboração e gestão de projetos do setor público nas seguintes temáticas a Educação financeira e previdenciária não somente às pessoas já aposentadas mas àquelas que iniciam a carreira planejar o tempo necessário e valores de contribuição b construção de novas possibilidades de carreira no pósaposentadoria c engajamento social atividades de voluntariado Corroborar para a implantação de políticas educacionais que favoreçam o conhecimento do contexto da aposentadoria e de questões técnicas dos benefícios previdenciários Disseminar a importância da educação financeira e previdenciária Disseminar conhecimentos sobre a aposentadoria e o envelhecimento descontruindo mitos como por exemplo de que a aposentadoria significa o fim dos projetos de vida Fortalecer o papel social do aposentado e suas possibilidades de contribuição para a sociedade 2 Interpretação de demandas para o planejamento urbano Após a aposentadoria a relação com os espaços urbanos modificamse Geralmente as políticas públicas de planejamento urbano promovem segregações espaço das crianças dos idosos de quem trabalha o que de certo modo é discriminatório e afasta as pessoas de um habitar emancipador de se sentirem parte do local onde moram Bogoni Costa 2015 A participação da OPA é importante na interpretação dos anseios do habitar para construir espaços que sejam de todos os cidadãos O conhecimento do orientador é fundamentado em experiências de pesquisas e no exercício profissional Seu contato com o público aposentado facilita a compreensão e interpretação das demandas de planejamento urbano Apoiar de modo interdisciplinar um papel que até então é dominantemente conduzido por arquitetos e urbanistas Acreditase que o orientador profissional de todos os momentos da carreira consegue compreender de modo amplo a relação das pessoas com o trabalho e não trabalho e desta forma pode traduzir tais necessidades em projetos que tornem os espaços melhores para se habitar 3 Atuar na formação universitária de orientadores Em universidades onde docentes e estudantes podem realizar trabalhos de pesquisaextensão sobre aposentadoria e o tema pode estar presente nos currículos da graduação como forma de construir os fundamentos da atuação profissional em Psicologia Soares Bogoni Costa 2011 Despertar o interesse por atividades de pesquisa e extensão no campo de atuação como forma de melhor preparar profissionais para as demandas atuais e para aquelas que surgirão Investimento na formação docente e inovação em pesquisas e extensão na área de modo atento às demandas sociais À guisa de uma conclusão enfatizase a importância de o orientador pro fissional assumir esta tarefa de orientar para a aposentadoria como uma atu ação pertinente a sua área mas que requer uma formação à parte Estudar sobre o mundo do trabalho e seu significado na vida das pessoas as repercus sões da saída deste papel na sua identidade pessoal a trajetória profissional suas realizações e frustrações e as questões do envelhecimento são funda mentais para o bom desempenho nesta área de atuação REFERÊNCIAS Amarilho C B 2005 As Implicações da Perspectiva de Afastamento do Trabalho e Projeto de Vida no Discurso do ExecutivoEmpreendedor Idoso Dissertação de Mestrado não publicada Programa de PósGraduação em Psicologia Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre Antunes M H 2014 Entre o mito do pijama e o projeto de ser feliz as repercussões da aposentadoria na dinâmica relacional familiar na perspectiva do casal Dissertação de Mestrado não publicada Programa de PósGraduação em Psicologia Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis Orientação para a aposentadoria 345353 353 Antunes M H Soares D H P Silva N 2015 Orientação para aposentadoria nas organizações histórico gestão de pessoas e indicadores para uma possível associação com a gestão do conhecimento Perspectivas em Gestão Conhecimento João Pessoa 51 4363 Antunes RLC 2010 Adeus ao trabalho Ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho 14a ed São Paulo Cortez Ed Unicamp Antunes RLC 2011 Trabalho In A D Cattani L Holzmann Orgs Dicionário de Trabalho e Tecnologia 2 ed Revisada e ampliada Porto Alegre Zouk 432437 BBC 2012 British Broadcasting Corporation Em dez anos mundo terá mais de 1 bilhão de idosos diz ONU Revista eletrônica de 01 de outubro de 2012 Recuperado em 15 de outubro 2012 em httpwwwbbccoukportuguesenoticias201210 121001 populacao idosadgshtml Beauvoir S de 1990 A velhice Rio de Janeiro Nova Fronteira Bogoni Costa Aline 2009 Projetos de Futuro na Aposentadoria Dissertação de Mestrado Programa de PósGraduação em Psicologia Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis Bogoni Costa A Soares D H P 2009 Orientação psicológica para a aposentadoria Revista Psicologia Organizações e Trabalho 915 p 97108 Bogoni Costa A 2015 Tão perto e tão longe o cotidiano de aposentados nos espaços urbanos da cidade de Florianópolis Tese de Doutorado não publicada Programa de PósGraduação em Psicologia Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis BRASIL Lei no 10741 de 1o de outubro de 2003 Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências Diário Oficial da União Brasília 03 out 2003 Recuperado em 20 de janeiro 2015 em httpwwwplanaltogovbrccivil03Leis2003L10741htm Cardoso L A 2011 A categoria trabalho no capitalismo contemporâneo Tempo Social 232 265295 França C L Murta S G Negreiros J L Pedralho M Carvalhedo R 2013 Intervenção Breve na Preparação para Aposentadoria Revista Brasileira de Orientação Profissional 141 99110 Recuperado em 20 de janeiro de 2015 em httppepsicbvsaludorgscielo phpscriptsciarttextpidS1679339020130001000 10lngpttlngpt França L H de F P Vaughan G 2008 Ganhos e perdas atitudes dos executivos brasileiros e neozelandeses frente à aposentadoria Psicologia em Estudo 132 207216 INSS 2012 Instituto Brasileiro de Seguridade Social Boletim Estatístico da Previdência Social Data Prev v 13 n8 2011 Recuperado em 1o de outubro 2012 em httpwwwmpasgovbrarquivosoffice3110 825143916892pdf Lima M B de F 2010 Aposentadoria e tempo livre um estudo com policiais federais Dissertação de Mestrado Programa de PósGraduação em Psicologia Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis Muffang S 2009 La retraite Pas si simple Comment passer le cap Paris Ellipses Ribeiro M A Zerbini T 2012 Síntese das discussões e propostas do Grupo de Trabalho Interfaces entre a orientação profissional psicologia organizacional e do trabalho e administração Revista Brasileira de Orientação Profissional 131 117120 Recuperado em 20 de janeiro 2015 em httppepsicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpidS1679339020120001000 13lngpttlngpt Roesler V 2014 Posso me aposentar de verdade e agoracontradições e ambiguidades vividas no processo de aposentadoria Curitiba Alteridade Sartre JP 1992 A esperança agora Rio de Janeiro Nova Fronteira Soares D H P Bogoni Costa A 2011 AposentAção Aposentadoria para Ação 1 ed São Paulo Vetor Editora Tolfo S da R Piccinini V 2007 Sentidos e significados do trabalho explorando conceitos variáveis e estudos empíricos brasileiros Psicologia Sociedade 19 Edição Especial 1 3846 Zanelli J C Bastos AVB Rodrigues A C de A 2014 Campo profissional do psicólogo em organizações e no trabalho In J C Zanelli J E BorgesAndrade A V B Bastos Psicologia organizações e trabalho no Brasil Porto Alegre Artmed 549 582 Zanelli J C Silva N Soares D H P 2010 Orientação para Aposentadoria nas Organizações de Trabalho Construção de projetos para o pós carreira Porto Alegre Editora Artmed Witczak M V C 2011 Nos olhos no corpo e na boca a ressignificação da vida após a aposentadoria por invalidez permanente Tese de Doutorado não publicada Programa de PósGraduação em Psicologia Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre GENERAL KNOWLEDGE QUIZ 1 What is the largest planet in the solar system 2 Who wrote the play Romeo and Juliet 3 What is the capital city of Japan 4 Which chemical element has the symbol O 5 How many continents are there on Earth 6 What is the process by which plants make their food 7 Who painted the Mona Lisa 8 What is the smallest unit of life in biology 9 Which famous scientist developed the theory of relativity 10 What is the currency of the United Kingdom 319 The liver stores energy in the form of glycogen produces bile and helps detoxify harmful substances in the body 329 7 WAYS TO CELEBRATE YOUR BRAIN 1 Get enough sleep Aim for 7 to 9 hours per night to give your brain time to rest and recharge 2 Stay hydrated Drink plenty of water to keep your brain functioning at its best 3 Challenge your mind Engage in puzzles reading or learning new skills to stimulate brain activity 4 Exercise regularly Physical activity increases blood flow to the brain and supports cognitive health 5 Eat brainhealthy foods Include plenty of fruits vegetables and omega3 fatty acids in your diet 6 Practice mindfulness or meditation These activities can improve focus and reduce stress 7 Socialize Interacting with others can strengthen brain connections and boost mood O PAPEL DO PSICÓLOGOORIENTADOR NO FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS UMA EXPERIÊNCIA EM UM CRAS O PAPEL DO PSICÓL PARTE 2 PRÁTICAS 355362 21 Joice de Paiva1 Lucy Leal MeloSilva2 1 Psicóloga graduada pela Unifenas 2008 pósgraduação em MBA Gestão de Recursos Humanos 2008 e especialização em Teoria e Clínica Psicanalítica 2014 Trabalha no Centro de Referência de Assistência Social de São Pedro da UniãoMG desde 2011 e atende em consultório particular psijoiceyahoocombr 2 Psicóloga livredocente pela Universidade de São Paulo Ribeirão Preto docente na Graduação e Pósgraduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo É Responsável pela área de Orientação Profissional na FFCLRPUSP na qual desenvolve pesquisa ensino e extensão lucilealffclrpuspbr O CRAS é uma unidade pública estatal descentralizada da política de assis tência social responsável pela organização e oferta dos serviços socioassis tenciais da Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social SUAS nas áreas de vulnerabilidade e risco social dos municípios e Distrito Federal DF Brasil 2004 Temos que levar em conta também que o CRAS é uma criação muito re cente que está em processo de evolução constante Os estudos que são re alizados sobre ele têm como objetivo aprimorálo cada vez mais E como a Psicologia foi convocada a participar deste novo projeto em prol da cida dania brasileira temos que apresentar as nossas contribuições Com as mudanças do mundo contemporâneo a Psicologia vem sendo convocada a responder sobre as diversas questões que envolvem a complexidade huma na Com isso surgem projetos e programas a todo o momento que convi dam o psicólogo a atuar em campos que ultrapassam o atendimento clínico e particular Mariano 2011 p235 Trabalho apresentado no I Congresso IberoAmericano de Orientação de Carreira da ABOP XII Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional Ocupacional realizado de 16 a 19 de setembro de 2015 em Bento GonçalvesRS Brasil Joice de Paiva Lucy Leal MeloSilva 356 As atividades do CRAS estão voltadas para o alívio imediato da po breza para a ruptura com o ciclo intergeracional da pobreza e para o de senvolvimento das famílias O CRAS é responsável pela oferta de serviços continuados de proteção social básica e de Assistência Social às famílias de vulnerabilidade social Crepop 2007 O percurso inicial do profissio nal de Psicologia no CRAS é conhecer o campo de atuação e as políticas públicas da assistência social No Brasil a preocupação com a Assistência Social enquanto política pública é relativamente recente Desta forma a assistência social como campo de efetivação de direitos emerge como política estratégica não contributiva voltada para o enfrentamento da pobreza e para a construção e o provimento de mínimos sociais de inclu são e para a universalização de direitos buscando romper com a tradição clientelista e distribuição de auxílios financeiros como aponta Yazbek 2012 p304305 Assim o reordenamento da política pública estabelece que o psicólogo no CRAS deve intervir no sentido de promover e fortalecer vínculos sócioa fetivos de forma que as atividades de atendimento gerem progressivamente independência dos benefícios oferecidos e promovam a autonomia no de senvolvimento da cidadania É um grande desafio essa orientação da política pública para atuar eou intervir numa perspectiva emancipatória em um país marcado por profundas desigualdades sociais Cabe ao psicólogo desenvolver um plano de trabalho para além do cará ter terapêutico ou psicoterapêutico São necessários planos de desenvolvi mento do usuário e da família que com base nos objetivos estabelecidos na Tipificação Nacional estabeleçam a definição das estratégias a serem adota das juntamente com a equipe O espaço do CRAS não comporta o atendimen to clínico restritivo e acrítico pois não se pode desconsiderar as demandas de natureza subjetiva É preciso reconhecer estas demandas e valorizar a escuta diferenciada da intervenção social Mariano 2011 Nesse sentido destacase que os saberes psicológicos se entrecruzam com os saberes de outras disciplinas em complementaridade para intervir com populações vulneráveis e em situções complexas que requerem múltiplos sa beres Esperase que o psicólogo que atua no CRAS busque apropriarse das noções básicas de assistência social e outras ciências afins além de posicio narse a partir de uma linha teóricoprática de sua escolha e especificidade podendo cumprir com as funções estabelecidas no atendimento à população E que também possa realizarse profissionalmente e dar o melhor de si para contribuir com mudanças sociais O referencial teórico escolhido para fundamentar as intervenções objeto deste estudo foi a abordagem de Grupo Operativo de Enrique PichonRivière Para este autor grupo é um conjunto restrito de pesso as que ligadas por constantes de tempo de espaço e articuladas por sua mútua representação interna propõese em forma explícita ou implícita a uma tarefa que constitui sua finalidade interatuando através de com plexos mecanismos de assunção e adjudicação de papéis PichonRivière 2000 p169 O papel do psicólogoorientador no fortalecimento de vínculos 355362 357 Esta abordagem de trabalho grupal define a tarefa e o vínculo mútua representação interna como responsáveis pela manutenção do grupo os quais são organizadores dos processos de pensamento comunicação e ação PichonRivière 1985 Através da interação e da troca de experiências em torno de uma tarefa comum os integrantes começam a estabelecer vínculos e vão internalizando uns aos outros e também os recursos que cada partici pante do grupo utiliza para enfrentar as dificuldades e adversidades do viver cotidiano Objetivo Este estudo objetiva descrever um relato de experiência de uma interven ção psicológica com um grupo de crianças de 8 a 12 anos cadastradas nas ofi cinas de artesanato do CRAS visando também refletir sobre possibilidades de atuação do psicólogoorientador profissional nesse cenário e contexto tendo como eixo o fortalecimento de vínculos Contexto do estudo e participantes A experiência foi realizada no CRAS de São Pedro da União município de pequeno porte localizado no sul de Minas Gerais que conta atualmente com uma população de 5040 habitantes de acordo com o censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE 2010 As atividades foram desenvolvidas durante um semestre totalizando 20 encontros se manais de grupo aberto Os objetivos foram promover e fortalecer vínculos sócioafetivos e sóciofamiliares na perspectiva de elaboração de projeto de vida e esperança no futuro As atividades foram realizadas por meio de atividades jogos contação de histórias e vivências grupaisOs encontros se manais tiveram duração de aproximadamente duas horas sendo um total de dez 10 participantes coordenado pela psicóloga com participação da professora de artesanato e da assistente social Participaram das atividades quinze crianças entre 8 e 12 anos todas ca dastradas no CadÚnico e beneficiárias do PBF as situações prioritárias eram as de vulnerabilidade pessoas com deficiência uma crianças cadastrada de fasagem escolar e vivência de negligência Os encontros ocorriam uma vez por semana na sala multiuso do CRAS A psicóloga realizava as intervenções e logo após as crianças participavam das oficinas de artesanato com a professora de artes Em algumas intervenções a assistente social esteve presente em alguns momentos realizava exercícios de relaxamento e técnicas do Tai Chi Chuan exercício feito por meio de movimentos simples suaves e fáceis de serem aprendidos com o objetivo de promover relaxamento físico e mental Percurso metodológico Para refletir sobre a experiência objeto deste capítulo utilizouse a análise do processo grupal baseada no Esquema Conceitual e Referencial de Grupo Operativo ECRO de PichonRiviére 1985 Essa abordagem possi bilita o favorecimento e estabelecimento de novos vínculos jovensjovens jovensequipe e jovensfamília o que acaba por enriquecer as experiências do Joice de Paiva Lucy Leal MeloSilva 358 cotidiano Segundo PichonRiviére 2000 a metodologia de Grupo Operativo não só possibilita a comunicação de conhecimentos como também a modi ficação de comportamentos Busca promover a independência e autonomia dos integrantes em relação à coordenação Além disso foi preciso realizar uma pesquisa bibliográfica sobre o per curso da legislação da assistência social no Brasil tomando como base a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais Centro de Referência de Assistência Social CRAS Sistema Único de Assistência Social SUAS e a Lei Orgânica de Assistência Social LOAS A LOAS foi publicada em 1993 Lei nº 874293 dispõe sobre a organização da Assistência Social no país LOAS1993 O trabalho social com famílias no CRAS é unificado com as regras do Reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos SCFV Por reordenamento entendese a unificação das regras para a oferta qualificada do SCFV que visa equalizaruniformizar a oferta unificar a lógica de confinanciamento federal possibilitar o planejamento da oferta de acordo com a demanda local garantir serviços continuados potencializar a inclusão dos usuários identificados nas situações prioritárias e facilitar a execução do SCFV otimizando os recursos humanos materiais e financeiros SCFV 2013 A estratégia de atendimento utilizada nas intervenções foi focal e não terapêutica embora tenham ocorrido alguns resultados terapêuticos uma vez que a troca de experiências por meio da convivência grupal trouxe novas maneiras de se viver resgatando as regras de convivência e novas manei ras de ver o mundo Utilizase o referencial de grupo operativo justamente por se tratar de grupo centrado na tarefa As orientações técnicas são claras no que se refere à psicoterapia no CRAS No caso de haver demanda para acompanhamento psicoterapêutico o CRAS não é o lugar para tal deven dose referenciar a demanda para outras instituições que compõem a rede assistencial dentro ou fora da política de assistência social Conselho Federal de Psicologia 2008 Apesar da recomendação clara os primeiros estudos sobre o trabalho do psicólogo nos CRAS como o estudo realizado com psicó logos sergipanos revelam que uma das atividades mais desenvolvidas pelos psicólogos é a psicoterapia seja individual ou em grupo Além disso foi cons tatado no referido estudo que os referenciais que norteiam as práticas ana lisadas são prioritariamente clínicos e que muito pouco se sabe sobre ações não clínicas Cruz 2009 Essa instituição possui como eixo norteador a proteção social básica com objetivo da prevenção de situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições o fortalecimento de vínculos familiares e comuni tários da população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza privação eou fragilização de vínculos afetivos É operacionalizada pelo Centro de Referência de Assistência Social CRAS e por serviços de prote ção básica Tipificação dos Serviços Socioassistenciais 2009B Os objetivos e as estratégias de intervenção foram estabalecidos ao longo do caminhar grupal baseandose nas demandas vigentes Técnicas grupais foram utilizadas como facilitadoras e disparadoras da comunicação O papel do psicólogoorientador no fortalecimento de vínculos 355362 359 Desenvolvimento dos encontros grupais Dentre as funções requeridas do psicólogo está o acompanhamento psicossocial dos usuários do CRAS Esse acompanhamento compreende o cadastramento das famílias priorizadas como públicoalvo do Programa de Atenção Integral à Família FAIF levantamento e identificação de ne cessidades das famílias atendimentos psicossociais individuais e em grupos promovendo a restauração o fortalecimento de vínculos familiares comuni tários possibilitando o desenvolvimento das competências familiares e de protagonismo social Orientações Técnicas CRAS 2009 Através desse acompanhamento psicossocial foi feito um levantamento do público prioritário para a constituição do grupo de convivência e fortale cimento de vínculos Foram feitas entrevistas individuais com as mães das crianças para identificação das necessidades e verificação do interesse e pos sibilidade na participação de um trabalho grupal Os espaços de trabalho do psicólogo no SUAS estão distribuídos na pro teção social básica e especial A proteção social básica tem como foco as famí lias cujos membros estão em situação de vulnerabilidade social Nesse nível são priorizadas as famílias inseridas no Cadastro Único do Governo Federal CadÚnico as beneficiárias do Programa Bolsa Família PBF e do Benefício de Prestação Continuada MDS 2004 Porém em 2013 foi publicado o Reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos SCFV considerando as situações prioritárias de atendimento Considerase público prioritário para a meta de inclusão no SCFV crian ças e ou adolescentes e ou pessoas idosas nas seguintes situações em situação de isolamento trabalho infantil vivência de violência e ou negligência fora da escola ou com defasagem escolar superior a 2 anos em situação de acolhimento em cumprimento de Medida Sócio Educativa em meio aberto egressos de medidas socioeducativas situação de abuso eou exploração sexual com medidas de proteção do Estatuto da Criança e do Adolescente ECA crianças e adolescentes em situação de rua vulnerabilidade que diz respeito às pessoas com deficiência SCFV 2013 As estratégias utilizadas nas intervenções buscavam favorecer a troca de experiências A construção de cada passo foi realizada a partir da leitura do emergente de cada encontro As atividades e suas regras foram escolhidas em ação conjunta com os membros da equipe e os participantes do grupo sendo um processo de construção coletiva Os objetivos traçados ao longo do caminhar grupal foram a facilitar a troca de experiências por meio da comunicação verbal e não verbal b identificar e elaborar as dificuldades relacionadas ao cumprimento das re gras de convivência e cordialidade com os pares c possibilitar à elaboração Joice de Paiva Lucy Leal MeloSilva 360 dos sentimentos relacionados as vivências afetivas diretamente ligadas a convivência familiar e comunitária e d promover um espaço de apoio as vivências individuais dentro de um espaço coletivo visando à promoção da autoestima e o autocuidado O grupo operativo é um grupo centrado na tarefa toma como problemática central as relações entre integrantes para a realização da tarefa ou seja como os indivíduos se organizam e interagem como se relacionam com os objetivos e as tarefas propostos PichonRivière 2000 Inicialmente foi observado que o grupo apresentava dificuldades no cumprimento de regras básicas de convi vência e cordialidade de centrase na tarefa Contudo tais observações favo receram a escuta de sentimentos de implícitos como baixa autoestima e neces sidade de atenção E também reflexões sobre as estratégias utilizadas pela equipe exigindo maiores estudos para lidar tecnicamente com tais situações Podese notar também que a comunicação um dos vetores de avaliação do ECRO entre as crianças não se dava de forma satisfatória e complemen tar Inicialmente tornouse nítida a ausência de limites e necessidade de reconhecimento por parte da coordenadora e da professora de artes Diante da dificuldade do cumprimento das regras a coordenadora com ajuda da professora de artes montou o jogo das regras As crianças aos poucos co meçaram a cobrar uns aos outros pelo cumprimento das regras início da autorregulação da contenção e administração das emoções Foram observa das modificações de comportamento por exemplo quando as crianças cons tataram que seguir regras favorecia a convivência harmônica sendo essencial para a realização dos trabalhos principalmente nas oficinas de artes Também foram encontradas algumas dificuldades descritas a seguir As crianças ainda estavam acostumadas com o rítmo escolar confundindo o CRAS com a escola e acompanhando o calendário escolar Não havendo aulas no dia faltavam também no grupo Em dois encontros não compareceram de vido a semana do Dia das Crianças e o dia da Festa Junina Essa situação evidencia a matriz de aprendizagem internalizada a do modelo escolar Outra observação referese à dificuldade das crianças no cumprimento das regras de convivência Foi preciso trabalhar as regras em quase todos os encontros isto se deu também devido à oscilação do número de participantes o que dificulta va o vínculo entre os integrantes do grupo e entre integrantes e coordenadores e com a tarefa Cabe questionar se no grupo houve o estabelecimento dos vín culos que possibilitam a constituição do grupo Para desenvolver um grupo é importante conhecer as necessidades dos participantes Assim foram realizadas atividades reflexivas que promoveram o resgate da autoestima dos participantes motivandoos a participar do gru po no intuito de promover e fortalecer vínculos sócioafetivos e sóciofami liares na perspectiva de elaboração de projeto de vida e esperança no futuro Foram desenvolvidas atividades lúdicas para promover maior integração en tre os participantes realizadas dinâmicas que propiciaram a recuperação da autoestima e utilizados recursos audiovisuais para reflexão A maneira de se conduzir um grupo é visar além dos objetivos propos tos a independência em relação ao coordenador Percebeuse que o vínculo O papel do psicólogoorientador no fortalecimento de vínculos 355362 361 favoreceu falas complementares facilitando a comunicação entre os inte grantes uma vez que o veículo da interação é a comunicação entendida como intercâmbio de mensagens e de significados Questões comuns entre os mem bros foram possíveis de serem trabalhadas a partir do filme Os Croods no dia da Sessão Pipoca A animação retrata conflitos familiares de maneira en graçada e divertida relação entre o genro e a sogra ciúmes do pai em relação à filha entre outras situações As piadinhas apresentadas no filme fizeram com que as crianças comparassem a família dos Croods com suas próprias fa mílias Apresentaram verbalmente a realidade vivida por eles novos arranjos familiares o problema das drogas principalmente do álcool na família e as dificuldades de convívio Refletiram sobre a importância de cada integrante da família e da necessidade de tolerância uns com os outros Na averiguação dos resultados das intervenções grupais pode ser expli citado como os integrantes pesavam sobre o futuro Através das atividades de conscientização ambiental feita pela professora de artes verbalizavam as perspectivas que tinham no futuro com relação à consciência ambiental e sobre a importância do trabalho e do estudo para a construção do futu ro Nesse sentido foi possível pensar em temáticas relativas à Orientação Profissional momento no qual cada integrante do grupo relatou o que gostaria de ser no futuro Assim temas como sonhos projetos de vida e expectativas foram tratados Considerações finais Cumpre destacar a importância do psicólogo na formulação de políticas públicas sociais e em ações derivadas dessas políticas que na capilaridade dos territórios resultam em programas nos municípios Tratase de oferecer espaços sociais nos quais ricas histórias de vida e muitas questões psico afetivas precisam de escuta psicológica Essa escuta no grupo analisado promoveu a convivência social entre as crianças favoreceu a construção de uma consciência mais crítica propiciando maior autocuidado e desenvolvi mento da autoestima A Psicologia pode contribuir com o desenvolvimento de programas no contexto da Assistência Social No CRAS a intervenção em grupo operativo pode contribuir com o fortalecimento de vínculos entre pessoas E por sua vez intervenções que focalizam estudos e trabalho podem ser levadas a cabo com base na Orientação Profissional e Educação para a Carreira visando contribuir com ações voltadas à independência e à autonomia das crianças e adolescentes sobretudo na construção da vidacarreira a partir de vínculos pessoais e também com o estudo ponte para o futuro Desse modo analisar as possibilidades de ações do psicólogoorientador pode contribuir para reflexões sobre a escuta e atuação dos profissionais da Psicologia e de outros profissionais que atuam no CRAS Como estratégia relevante para atuação destacase a coordenação de grupo com o objetivo de proporcionar melhoria na comunicação entre as pessoas especialmente a população em situação de desvantagem social com vistas ao resgate ou Joice de Paiva Lucy Leal MeloSilva 362 REFERÊNCIAS Centro de Referência Técnica de Psicologia e Políticas Publicas CREPOP 2007 Referências Técnicas para Atuação do a psicólogo a no CRAS SUASRecuperado em 11 abril 2015 de httpcrepoppolorgbrpubliquecgicgiluaexesysstarthtmsid53 Conselho Federal de Psicologia CFP 2008 Referência técnica para atuação doa psicólogoa no CRASSUAS Brasília DF CFP Cruz J M O 2009 Práticas psicológicas em Centro de Referência da Assistência Social Revista Psicologia em Foco 2 1127 Fernandes WJ 2003 Grupos Operativos In WJ FERNANDES B SVARTMAN col Grupos e configurações vinculares 1ª ed pp4569 Porto Alegre Artmed 2003 Lei Orgânica de Assistência Social LOAS nº 8742 1993 Regulamenta eestabelece normas ecritérios para organização da assistência social Brasília DF Presidência da República IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Disponível em httpwwwibgegovbr Acesso em 10 mar 2015 Mariano MLHS 2011 O praticante de psicanálise no centro de referência da assistência social crasa intervenção retificadora e outras questões Dissertação de Mestrado Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Belo Horizonte 277f Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MDS 2004 Política Nacional de Assistência Social PNAS Brasília MDS Orientações Técnicas Centro de Referência de Assistência Social CRAS 2009 Brasília DF Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome PichonRivière E 1985 El processo grupal del psicoanálisis a la psicologia social Buenos Aires Ediciones Nueva Visón PichonRivière E 2000 O processo grupal São Paulo Martins Fontes Política Nacional de Assistência Social PNAS 2004 Ministério do Desenvolvimento Social Combate à Fome Brasília DF Secretaria Nacional de Assistência Social Reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos SCFV 2013 abril Brasília DF Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Resolução nº 109 2009 B 11 de novembro Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais Brasília DF Presidência da República Yamamoto OH Oliveira IF 2010 Política Social e Psicologia Uma trajetória de 25 anos Revista Psicologia Teoria e Pesquisa 26 n especial 924 Recuperado em 01 julho 2015 dehttpwwwscielobrpdfptpv26nspea02v26nspdf Yazbek M C 2012 Pobreza no Brasil Contemporâneo e Formas de seu enfrentamento Revista Serviço Social e Sociedade n 110 288322 Recuperado em 01 julho 2015 de httpwwwscielobrpdfsssocn110a05n110pdf construção de vínculos contribuindo com a melhora das condições de vida atuais e futura A prática do psicólogoorientador no CRAS pode contribuir em diferen tes frentes seja facilitando o presente por meio da comunicação e resgate de vínculos entre as pessoas seja construindo pontes com o futuro domínio do orientador profissional Para a atuação nestes âmbitos destacase a forma ção básica do psicólogo na qual são requeridas competências para coordenar grupos e para intervir desenvolvendo estratégias de fortalecimento de vín culos de acordo com o reordenamento da política pública social o papel do psicólogo Em relação à formação em orientação profissional e de carreira são requeridas competências para intervir em planos de estudos e trabalho e em perspectivas de futuro para as próximas gerações ORIENTAÇÃO DE CARREIRA INVESTIGAÇÃO E PRÁTICAS ORGANIZADORES MARIA CÉLIA PACHECO LASSANCE ROSANE SCHOTGUES LEVENFUS LUCY LEAL MELOSILVA ABOP ISBN 9788569762027 9 7 8 8 5 6 9 7 6 2 0 2 7 Este livro foi publicado em arquivo PDF para leitura em qualquer dispositivo eletrônico O mesmo se encontra formatado com as mesmas características de um livro impresso podendo ser impresso para leitura quando desejar Caso tenha o desejo de fazer a impressão deste livro em uma tiragem grande para distribuição ou outro interesse este arquivo precisa de alguns ajustes de formatação Para isso entre em contato no email momaximo23hotmailcom solicitando o respectivo material para que o mesmo seja enviado de acordo Volume 1 2022 ISBN 9788569762027 9 7 8 8 5 6 9 7 6 2 0 2 7