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Psicologia Social

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18 Psicologia geral e social processo – formas de pensamento ou memória coletiva de experiên- cias produzidas desde os tempos pré-históricos. Jung chamou essas “formas de pensamento” de arquétipos, os quais ele acreditava ter grande importância no desenvolvimento da personalidade. Exemplo O que são arquétipos? De acordo com Jung, são conjuntos de imagens que existem desde sempre, repetições progressivas de uma mesma experiência, durante muitas gerações. Essas imagens são armazenadas no inconsciente coletivo e, ao lidarmos com uma experiência relacionada, essas aparecem em nosso consciente. Por exemplo, a imagem da “mãe” é universalmente conhecida e associada à nossa própria mãe, à mãe-terra e à presença protetora etc. Ele dividiu as pessoas em dois tipos: introvertidas e extrover- tidas. As extrovertidas são as que participam e se interessam pela vida dos outros e pelos acontecimentos ao redor. Já as introverti- das são mais voltadas para si mesmas, não são muito sociais e são desconfiadas. Jung pensava que todas as pessoas tinham um pouco de cada tipo, mas que algum traço era dominante. Mais tarde, dividiu as pessoas em indivíduos racionais e irra- cionais. As racionais agem por meio de pensamentos e sentimen- tos. As irracionais, por percepções ou inconscientemente. Assim, um tipo de pessoa toma decisões com base em fatos, enquanto o outro tipo dependeria de percepções e dos sentidos, além de fatos óbvios, para tomar decisões. Erik Erikson Erikson (1902-1994) estudou com Freud em Viena e fez psicana- lise com a filha de Freud, Anna. Sua teoria também é baseada na visão mais social do desenvolvimento da personalidade, ainda que também considerasse muito importante a qualidade da relação en- tre pais e filhos. Na lista a seguir, apresentamos uma breve descri- ção dos estágios de desenvolvimento da personalidade, segundo Erikson: 1. Confiança versus desconfiança – nos primeiros anos de vida, os bebês ficam divididos entre confiar e não confiar nos pais. Se o 19 Introdução à psicologia desejo é atendido, o bebê passa a confiar no ambiente, e isso influencia a confiança e a segurança na vida adulta. Se não são atendidos, os bebês podem ser adultos desconfiados e temerosos. 2. Autonomia versus vergonha e dúvida – nos três primeiros anos, as crianças aprendem a andar, segurar objetos e ir ao banheiro. Se a criança falha continuamente no treino, ela duvi- da de si própria. 3. Iniciativa versus culpa – entre os 3 e os 6 anos, a criança ini- cia novos projetos, faz planos e supera novos desafios. Os pais que incentivam dão às crianças uma sensação de alegria. Mas a criança punida por tais iniciativas pode apresentar sentimen- tos fortes de culpa e desejo de vingança. 4. Engenhosidade versus inferioridade – nos próximos seis ou sete anos, as crianças passam por novas expectativas em casa e na escola. Para serem adultos completos, as crianças devem assumir habilidades de cuidados pessoais, trabalhos produtivos e independência social. Se forem reprimidas no esforço de fazer parte da vida adulta, podem se ver como incapazes, me- diocres e inferiores. 5. Identidade versus confusão de papel – a puberdade é sinal da vida adulta à frente. É a fase da busca por identidade. Segundo Erikson, a identidade é adquirida por meio da integração de vários papéis, como aluno, irmão, amigo etc. A falha em cons- truir a identidade gera confusão de papel e desespero. 6. Intimidade versus isolamento – a intimidade é o novo proble- ma da vida adulta. Para construir um relacionamento íntimo, os amantes devem ser confiantes, autônomos e capazes de ini- ciativa, além de maturidade. Uma intimidade mal construída pode levar a uma sensação dolorosa de solidão. 7. Produtividade versus estagnação – para adultos entre 25 e 60 anos, o desafio é continuar produtivo e criativo em todos os as- pectos da vida. As pessoas que conseguem vencer os seis estágios anteriores têm mais possibilidades de encontrar sentido e alegria na carreira, na família, na comunidade. Do contrário, a vida será uma rotina entediante e as pessoas se tornam enfadonhas. 8. Integridade versus desespero – na terceira idade, as pessoas devem aceitar a aproximação da morte. De acordo com Erikson, essa fase é a oportunidade de atingir o “eu” pleno. Porém, mui- tas pessoas entram em desespero e perdem os papéis adquiridos. A maturidade ensinará a lidar com o medo da morte. 20 Psicologia geral e social A teoria humanista Essa linha defende que a existência humana não tem somente problemas e conflitos ocultos. Os psicólogos humanistas enfatizam o potencial das pessoas para crescer e mudar. Essa aborda- gem coloca-nos como responsáveis por nossas vidas. Os humanistas também sugerem que as pessoas se desenvolvem nas direções que desejam se tiverem condições de vida razoáveis. Fique atento Trataremos aqui apenas das teorias de Carl Rogers. Sobre a teoria de hierarquia das necessidades de Abraham Maslow, “Motivação e emoção”, que leva à autorrealização, você encontra no capítulo 8 da obra Introdução à psicologia (MORRIS; MAISTRO, 2004). Carl Rogers Rogers (1902-1987) defendia que homens e mulheres dese- volvem suas personalidades a serviço de objetivos positivos. Ele acreditava que o objetivo da vida era realizar um projeto genético. Além disso, cada um de nós pode se tornar o melhor que nosso ser natural é capaz de ser. Ele chamou essa força psicológica de ten- dência realizadora. Basicamente, sua teoria diz que fazemos uma autoimagem de nós mesmos e tentamos viver de acordo com ela. Por exemplo, uma pessoa se vê como “atleta”, então ela pro- curará viver de maneira que responda a essa imagem e não se deixará levar pelas expectativas que os outros têm a respeito dela. Caso contrário, em algum momento, perceberá que não sabe real- mente quem é ou o que quer. Avaliando a teoria humanista As teorias humanistas da personalidade são atacadas pela críti- ca, que as considera difíceis de ser analisadas cientificamente. Mas o princípio básico da psicologia humanista é que o propósito maior do ser humano é realizar seu potencial. Teoria da aprendizagem social Albert Bandura, psicólogo, fundou a teoria social cognitiva. Na década de 1960, ele realizou um estudo que foi considerado clássico, conhecido como "estudo do joão-teimoso" (também co- nhecido como joão-bobo). Nesse experimento, Bandura estava interessado em entender o comportamento agressivo. Ele dividiu dois grupos de crianças e elas ficavam, uma de cada vez, em uma sala com vários brinquedos, entre eles um boneco joão-teimoso. Então, um adulto entrava na sala e começa a xingar e a bater no boneco, enquanto a criança apenas observava. Alguns minutos de- pois, outro adulto entrava na sala e pegava o brinquedo com o qual a criança estivesse brincando para criar o que Bandura chamou de "momento de frustração". Em outro grupo de crianças, o adulto apenas brincava na sala, sem fazer nada com o joão-teimoso. O resultado do experimento foi que a maioria das crianças que esta- vam na sala em que ocorreu a agressão fez o mesmo com joão- -teimoso ao ficar frustrada pela perda do brinquedo. Ou seja, as crianças passaram a agredir o boneco do modo semelhante ao que tinham visto o adulto fazer. Esse tipo de aprendizagem é chamado de modelação ou imita- ção. A modelação é o processo pelo qual um comportamento, como a agressividade, pode ser aprendido por meio da observação e da imitação de um modelo. Portanto, o ambiente social no qual um indivíduo está inserido pode influenciar o comportamento que ele apresenta em diversas situações. Fique atento Os processos modelação e modelagem são diferentes. Modelagem é o procedimento de aprendizagem por aproximações sucessivas, proposto por Skinner. Modelação é o processo de aprendizagem por imitação, estudado por Bandura. Esse estudo foi replicado depois, inclusive pelo próprio Ban- dura, introduzindo variações. Os resultados contribuem com a dis- cussão sobre a influência de filmes, videogames e desenhos animados a que as crianças são expostas diariamente. Embora pesquisadores não possam afirmar que todo compor- tamento agressivo tem origem na observação da agressão, estudos recentes analisam que crianças que cresceram em lares violentos têm grande possibilidade de se tornarem adultos agressivos. Homem, o ser social O homem é, por natureza, um ser social. É possível analisar tal afirmação de forma mais detalhada, como podemos ver a seguir. · Ao pertencer a uma sociedade, o indivíduo é produto de um sistema complexo de interações que, de um modo ou de outro, ocorrem com toda a humanidade e mais particularmente com a sociedade da qual faz parte. · Enquanto se relaciona com outros no processo de socialização, adquire hábitos e costumes que agregam aos poucos a sua perso- nalidade individual e o tornam mais identificado com uma personalidade social. · Os contornos dessa personalidade social ficam menos defini- dos conforme aumentam as interações. · As possibilidades de interação são praticamente infinitas du- rante a vida, criando a possibilidade de cada indivíduo contri- buir para formação de numerosas estruturas sociais no decorrer de sua existência. O indivíduo e as interações sociais Caso esteja em uma estação de metrô ou um ônibus lotado, você acha que os contatos que podem ocorrer provocaria certa influência em você ou em algum dos indivíduos ao lado? É evi- dente que não, pois para uma interação social ou uma influência deverá ocorrer mais que contato involuntário. Vamos ver como isso acontece. Quando duas ou mais pessoas estabelecem uma co- municação, ocorre uma ação recíproca, e ideias, sentimentos ou atitudes provocarão reações mútuas que modificarão o comporta- mento de todos. As pessoas influenciam e também sofrem influên- cia dos outros. Somente quando isso ocorre podemos dizer que existe interação social. De forma mais precisa, as interações formam a base de toda organização e estrutura social e podem ocorrer de duas maneiras: com a proximidade física entre duas ou mais pessoas ou pelos meios de comunicação. Nesse último caso, a televisão, o rádio, os livros etc. são instrumentos para essa influência que é, na verdade, recíproca. Quem produz a informação influencia quem a recebe e vice-versa. A internet é um veículo diferente, pois permite influência mú- tua entre dois ou mais indivíduos. As redes sociais e os e-mails, por exemplo, compõem novas maneiras de interação e geram fe- nômenos sociais significativos, a ponto de causar alteração no co- tidiano da vida das pessoas. Chamamos de relação social as diferentes maneiras que a interação social pode assumir. Dessa forma, o mundo social de cada indivíduo é filtrado de acordo com a posição social e com as peculiaridades de outros. A presença do outro torna-se fundamental para a introdução da língua, da cultura, das normas sociais pela criança. Essas atribuições ga- rantem a inter-relação do sujeito com seu ambiente social. A lin- guagem, por exemplo, amplia as possibilidades de comunicação e enriquece as relações sociais e a capacidade de controle entre os seres humanos e deles sobre a natureza - o meio em que vivem. Ao ser incorporada no conteúdo que a criança recebe a sociedade, a identidade e a linguagem, uma vez que estas estão intimamente relacionadas. Interação e identidade social Todos nós, de uma forma ou de outra, identificamo-nos com algum grupo social. O estilo de vida, o modo de se vestir, o pen- teado, os hábitos de consumo, os lugares frequentados são deter- minantes para caracterizar a identidade. Essa consciência de saber quem é o que somos é o que chamamos de identidade social. Identidades sociais são fundamentais para o indivíduo definir condutas de vida, critérios para avaliar seu desempenho, além de oferecer significado à vida. A afirmação de identidade social acon- tece na comparação com outros membros da sociedade. Uma roupa pode distinguir um indivíduo em um grupo de pes- soas ou ser adequada para determinada função. Na verdade, a identidade social está sempre associada à identifi- cação com um grupo particular e à diferenciação em relação a outros grupos. Esse processo fica evidente quando um adolescente adota determinado estilo de vestimenta, corte de cabelo, utiliza adornos etc. Um momento importante e uma afirmação da identidade social, que se completa com a busca por outros adolescen- tes com as mesmas características e interesses. Exercícios de fixação 1. Quais foram as consequências do desenvolvimento da psicologia no século XX? 2. Qual é o foco da psicologia industrial? Exemplifique. 3. Em que sentido dizemos que a psicologia é semelhante a outras ciências? 4. Explique a teoria behaviorista. 5. O que significam Gestalt e cognição? 6. O que é personalidade? 7. O que é teoria psicodinâmica? 8. Explique a estrutura da personalidade de acordo com a teoria de Freud: id, ego e superego. 9. Aponte um ou dois aspectos diferentes nas teorias de Freud e Jung. 10. Como um indivíduo desenvolve sua personalidade? Dê exemplos. Panorama Motivação no trabalho depende de personalidade Contratar um profissional que, além dos requisitos que o cargo exige, apresente competências e seja motivado para as funções é uma das tarefas mais complexas para quem está na liderança das contratações. O número de contratações e promoções que acabam frustrando as expectativas de ambos os lados, comprometendo o desempenho de uma área ou de toda a empresa, tem sido grande. Em muitos casos, isso ocorre porque falta ao líder uma importante ferramenta para avaliação adequada na escolha do profissional. Para superar esse desafio, é necessário observar não só a capacidade técnica, mas também a personalidade do profissional – seu estilo de trabalho, sua liderança, seus recursos, a maneira como toma decisões, e atitude diante da vida e dos outros. Quanto mais forem identificados interesses, aptidões e habilidades dos colaboradores, menor é a probabilidade de erros em contratações. Atualmente, aplicando testes de personalidade, empresas acertam mais em suas apostas. Há muitos testes baseados em diferentes teorias; uma delas é a do psicanalista Leopold Szondi. Ele afirma que todos os indivíduos são diferentes, porém, existem semelhanças que permitem fazer previsões sobre o comportamento. Adotar essa nova visão ajuda não apenas a acertar na escolha do profissional para a função, mas também contribui para o desenvolvimento e, em alguns casos, a melhoria no desempenho e a boa imagem da empresa. Exercício Você considera importante o teste de personalidade em entrevista de emprego? Por quê? Outro exemplo: no Brasil, é comum as pessoas tomarem banho diariamente. Já em algumas regiões mais frias, isso não é tão comum e, em certos países europeus, pode ser considerado um comportamento doentio e preocupante. Há certo ou errado nesse caso? É difícil julgar, não é verdade? Mas podemos pensar que cada indivíduo age de acordo com as normas mais aceitas pelos membros da sociedade em que ele vive. Indivíduo, posição e status Um indivíduo, por meio do processo de socialização, ocupa ao longo da vida várias posições na hierarquia social. Chamamos esse posicionamento de status e podemos empregá-lo também para grupos. Vejamos algumas de suas características: Um indivíduo ocupa diversos status ao mesmo tempo. Pode ser filho, pai, marido, professor e cidadão. Durante a vida, poderá passar de estudante universitário a arquiteto, de técnico de enfermagem a enfermeira. É importante compreender que as pessoas são o status. Se uma pessoa deixa de ocupar uma posição social, perde prestígio, a riqueza, o poder propiciado pelo status. Há dois tipos de status: 1) os atribuídos pela sociedade, não importando qualidade ou esforço da pessoa; 2) os que são obtidos pelo próprio esforço. Os grupos de status se diferenciam pelo consumo de bens e são representados por estilos de vida específicos. O status principal de um indivíduo pode variar. Por exemplo, nas sociedades modernas, o status está ligado à profissão, mas nas sociedades mais antigas estava ligado à religião ou à idade. Podemos concluir que há diversas formas de socialização, e por meio desse processo o indivíduo desenvolve sua personalidade. Cultura De que maneira a cultura contribui para a diversidade humana? Para definir o termo, podemos dizer que é a maneira como as pessoas vivem. A cultura oferece diferentes modos de pensar, agir e se comunicar; transmite ideias de como o mundo funciona, a razão do comportamento de pessoas, crenças e ideias. Todas as sociedades modernas incluem subculturas – grupos com valores, atitudes, comportamentos e vocabulários que os diferem da cultura predominante. Nossa sociedade está cada vez mais multicultural. E os psicólogos estão lidando com uma grande diversidade de pacientes, participantes e estudantes, cabendo à psicologia, portanto, preparar-se para o futuro, educando e treinando profissionais “culturalmente competentes”. Socialização e construção da identidade pessoal O indivíduo recebe a cultura como parte de uma herança social e, por sua vez, pode influenciar introduzindo mudanças que serão transmitidas às gerações futuras. Esse processo, que se inicia quando o indivíduo nasce e só termina quando morre, é denominado socialização. É importante citar novamente que a cultura é transmissível de uma geração para outra pelo convívio social, e não pela herança biológica. Podemos definir socialização como aquisição das maneiras de agir, pensar e sentir próprias dos grupos, da sociedade ou da civilização em que o indivíduo vive. O processo de socialização do indivíduo permite que ele adquira uma personalidade própria; identificada com seu grupo social e que, ao mesmo tempo, torna-lo-á diferente em relação aos demais grupos. Um indivíduo que nasce no estado de São Paulo apresenta traços sociais relativos aos seguintes grupos sociais, por exemplo: paulista, brasileiro, latino-americano etc. E, ao mesmo tempo, dependendo da região em que tiver nascido, conterá traços culturais característicos. O modo de falar de alguém que nasceu em Sorocaba, por exemplo, é naturalmente diferente do de alguém que nasceu e mora na capital. Recapitulando Esta unidade procurou responder a questão “O que é psicologia?” e apresentou um quadro histórico de como a psicologia, pela insistência de seus fundadores, tornou-se ciência. Falando desses processos, discutimos a respeito de cada um dos psicólogos e suas contribuições ao desenvolvimento da área. Explicamos que a psicologia do desenvolvimento se preocupa com os processos de crescimento e mudança ao longo da vida, desde antes do nascimento até a terceira idade e a morte. Estabelecemos as subdivisões, especificando que cada área da psicologia concentra sua atenção. Procuramos compreender as teorias psicodinâmicas de personalidade e aprendemos que elas consideram o comportamento resultado das dinâmicas psicológicas internas de cada indivíduo. Vimos também as contribuições no estudo do desenvolvimento da personalidade. Finalmente, aprendemos sobre a relação entre o sujeito e o “eu” primitivo — que se desenvolve por meio do contato com as outras pessoas e inserido em ambientes sociais. Mais que isso, que o ser humano não é constituído por instintos básicos, mas é um organismo que sofre influências ao mesmo tempo que influencia, por meio da expressão do pensamento, do sentimento e da comunicação.