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Filosofia ·

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1 INTRODUÇÃO AS CIÊNCIAS SOCIAIS 2 INTRODUÇÃO AS CIÊNCIAS SOCIAIS DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES Segunda a Sexta das 0900 as 1800 ATENDIMENTO AO ALUNO editorafamartfamartedubr 2 Sumário A Construção social da realidade 3 Objetividade e neutralidade nas ciências sociais 3 Identificar e caracterizar o método científico e as respectivas fases 4 Em que consiste o conhecimento de senso comum e justificar a necessidade metodológica de efectuar a respectiva ruptura 5 Como se processa a ruptura com o senso comum e identificar os instrumentos fundamentais de ruptura relativização e relacionação 5 Definir a noção de corpo científico de uma ciência 6 Noção de teorias e paradigmas e o seu processo de formação e Reformulação 7 Antropologia 23 Psicologia 24 História 24 Demografia 25 O domínio das ciências sociais a especifidade do social 30 Conhecer e delimitar o domínio das ciências sociais 30 Apresentar a definição de social e o que é um fato social segundo Émile Durkheim 30 Distinguir entre fato social e fato sociológico 30 Saber delimitar em que consiste a especificidade do social 31 A explicação e interpretação em ciências sociais 31 A divisão do trabalho e a dependência económica 38 KARL MARX 55 ÉMILE DURKHEIM 55 3 A Construção social da realidade Objetividade e neutralidade nas ciências sociais As diferentes ciências que constituem as ciências sociais como a sociologia a antropologia a economia etc têm por principal objetivo conhecer e explicar de forma objetiva a realidade social recorrendo ao método científico O objeto das ciências sociais coloca a questão da análise da realidade social como ponto de partida essencial para garantir a objetividade e neutralidade do investigador O processo de construção do conhecimento científico sobre a realidade social exige ao investigador objetividade e neutralidade na sua análise uma vez que ele próprio faz parte dessa realidade que se lhe apresenta carregada de subjectividade e de conhecimento do senso comum conhecimento vulgar que se constrói com base em experiências observações e vivências com que o homem se depara no seu diaa dia É um conhecimento imediato ingénuo e subjetivo que passa de geração em geração e que se baseia muitas vezes em crenças tradições mitos etc que pode transportar para a investigação e análise Os cientistas têm dificuldade em excluir a intervenção dos seus valores nos seus procedimentos pois como seres humanos que são são seres valorativos logo a ciência não reside numa objetividade pura mas depende sempre das escolhas valorativas do cientista ou seja as suas simpatias preferências concepções etc Para atingir o principal objetivo das ciências sociais que é explicar de forma objetiva a realidade social o cientista tem que recorrer ao método científico de modo a conseguir atingir o máximo de objetividade Para isso tem que começar com a ruptura com as evidências do senso comum pela desconstrução de prénoções que foram construídas ao longo da vida e que por não se basear na construção racional e objetiva dificultam o desenvolvimento do seu raciocínio científico Para atingir a objetividade o cientista tem que definir rigorosamente os seus conceitos tem que contrariar as interpretações vulgares tem que questionar e analisar de forma racional e objetiva ou seja tem que seguir uma série de procedimentos e métodos científicos 4 Identificar e caracterizar o método científico e as respectivas fases O conhecimento científico baseiase em fatos concretos Para isso as ciências sociais ao longo dos tempos foram desenvolvendo procedimentos teorias e métodos científicos de modo a conseguirem atingir um conhecimento científico cada vez mais objetivo e racional No processo de produção de conhecimento científico para além da ruptura com o senso comum distinguimos ainda outras duas fases que são a construção do objeto de análise e das teorias explicativas e a verificação da validade dessas teorias pelo confronto com informação empírica Ruptura construção e verificação são assim inseparáveis no processo do conhecimento científico Silva 2009 52 Neste processo o cientista tem que adoptar uma série de métodos e técnicas que sirvam como uma ferramenta para a investigação e pesquisa necessárias para a obtenção das respostas que procura Através destes métodos obtém enunciados constrói teorias que explicam como ocorrem os fenómenos que se propõe estudar e que por sua vez vão dar origem a novas teorias a novas questões e a novas soluções Os paradigmas existentes estão assim constantemente em mudança isto é os conceitos e procedimentos vão sendo continuamente substituídos Assim Almeida e Pinto referem que O seu primeiro momento ciência é o da interrogação do questionamento a certas dimensões da realidade 2009 62 Referem ainda que o ponto de partida do cientista vai ser a elaboração de questões sobre determinada realidade a problemática teórica de modo a estabelecer o método para a sua investigação Para uma melhor compreensão dos fenómenos é essencial que o cientista para além da teoria principal recorra também a teorias auxiliares de modo a ter um leque o mais alargado possível de informação 2009 63 No entanto os enunciados abstractos da teoria para serem consideradas conhecimento científico têm que ser provados verificados justificacionismo É aqui que reside a problemática Karl Popper por exemplo mostrara já a impossibilidade de provar positivamente qualquer teoria uma vez que a generalização se faz forçosamente a partir de observações em número limitado 5 Popper defende ainda que sob o ponto de vista lógico concluir pela falsidade de um enunciado universal a partir de uma observação singular contraditória então as hipóteses devem ser claramente formuladas e disporem do máximo conteúdo possível para poderem ser falsificáveis Por outro lado a teoria pode também a qualquer momento ser substituída por outra teoria melhor ou seja pode ser refutada o que torna também difícil a sua verificação Popper apud Silva 2009 65 66 Podemos então dizer que a prova absoluta é impossível e que o cientista tem que viver com as incertezas com o erro o provisório e com o falível Contudo a teoria desempenha um papel fundamental no percurso de construção do conhecimento ela é o ponto de partida da investigação científica Como refere Almeida e Pinto À teoria é conferido o papel de comando do conjunto do trabalho científico que se traduz em articularlhe os diversos momentos ela define o objeto de análise confere à investigação por referência a esse objeto orientação e significado constróilhe as potencialidades explicativas e definelhes os limites Em que consiste o conhecimento de senso comum e justificar a necessidade metodológica de efectuar a respectiva ruptura O conhecimento do senso comum é um conhecimento vulgar que se constrói com base em experiências observações e vivências com que o homem se depara no seu diaadia É um conhecimento imediato ingénuo e subjetivo que passa de geração em geração e que se baseia muitas vezes em crenças tradições mitos etcO senso comum é o ponto de partida da ciência porque ele é o resultado do uso dos nossos sentidos A primeira forma de conhecimento é empírica Portanto como os conhecimentos de senso comum podem estar errados ou inadequados a ciência começa quando inicia o processo de crítica do senso comum produzindo assim conhecimentos novos que lentamente vão dando corpo ao saber científicoigual respostas anteriores Como se processa a ruptura com o senso comum e identificar os 6 instrumentos fundamentais de ruptura relativização e relacionação A ruptura com o senso comum não se faz de uma forma absoluta isso não é possível pois dado que o investigador faz parte da própria realidade que investiga e como ser humano que é é um ser valorativo logo a ciência não reside numa objetividade pura mas depende sempre das escolhas valorativas do cientista ou seja as suas simpatias preferências concepções etc A ruptura com o senso comum não se faz também de uma só vez é um processo continuado e sempre incompleto é um processo em que a ciência se questiona a si própria e é precisamente pelo fato de a verdade científica não ser definitiva que obriga a ciência a estar numa busca constante da verdade o que permite que progrida e enriqueça os seus conhecimentos e que esta se desenvolva No processo de ruptura com o senso comum são usados instrumentos fundamentais para conseguir esta ruptura que são a relativização dos fenómenos humanos Os fenómenos humanos não podem ser considerados absolutos não podem ser explicados por propriedades universais e só podem ser analisados inseridos num determinado tempo e lugar e nos contextos sóciohistóricos em que se integram Há determinados fenómenos que são válidos num determinada cultura e noutras já não o são Por exemplo as regras de parentesco que predominavam na Idade Média são diferentes das que existem hoje em Portugal etc A relacionação dos fatos é outro instrumento importante Os fatos sociais só podem ser explicados por sistemas de relações entre eles isto é é preciso estabelecer correlações entre os fenómenos estudados para perceber o ponto de partida do problema Ex a correlação entre o nível de instrução dos pais e a frequência dos museus pelos filhos constitui um ponto de partida para a história e a sociologia de arte o suicídio de Durkheim Definir a noção de corpo científico de uma ciência No processo de ruptura com o senso comum e na construção do conhecimento científico recorrese ao corpo científico de cada ciência para justificar 7 ou refutar as noções do senso comum O corpo cientifico consiste no conjunto de conhecimentos acumulados sobre determinado tema sociedade etc Noção de teorias e paradigmas e o seu processo de formação e Reformulação No processo de construção do conhecimento científico o cientista tem que adoptar uma série de métodos e técnicas que sirvam como uma ferramenta para a investigação e pesquisa necessárias para a obtenção das respostas que procura Através destes métodos obtém enunciados constrói teorias que explicam como ocorrem os fenómenos que se propõe estudar e que por sua vez vão dar origem a novas teorias a novas questões e a novas soluções Uma teoria segundo Popper é apenas uma conjectura carácter conjectural das teorias que ainda não foi falsificada Depois de testada é aceite porque foi corroborada na experiência Digo corroborada e não verificada isto é os testes parecem indicar que a teoriaconjectura está de acordo com a realidade Mas isto também quer dizer que um teste ainda mais apertado e sofisticado possa levantar novos problemas e assim por diante Em suma uma teoria é apenas uma hipótese ainda não falsificada mas que pode vir a ser falsificada Por isso mantémse no corpo científico como hipótese e a sua verdade é apenas de carácter aproximado e provisório Uma teoria é uma hipótese uma tentativa que tem em vista compreender o mundo nunca pode ser verificada mas ser validada se resistir com êxito aos testes mais severos e não tenha sido substituída com vantagem por uma teoria rival Uma hipótese corroborada é uma hipótese aceite pela comunidade científica mas cujo destino é um dia ser desmembrada pelo aparecimento de novos fatos Todas as teorias científicas não são mais do que hipóteses conjecturas cujo sucesso poderá ser mais ou menos duradouro mas que poderão vir a ser total ou parcialmente refutadas originando novos problemas que por sua vez irão conduzir à elaboração de novas teorias susceptíveis de serem ou não um sucesso conforme a sua capacidade de resistência à discussão crítica 8 Os paradigmas existentes estão assim constantemente em mudança isto é os conceitos e procedimentos vão sendo continuamente substituídos O ponto de partida do cientista vai ser a elaboração de questões sobre determinada realidade a problemática teórica de modo a estabelecer o método para a sua investigação Para uma melhor compreensão dos fenómenos é essencial que o cientista para além da teoria principal recorra também a teorias auxiliares de modo a ter um leque o mais alargado possível de informação Distinguir entre realidade social e o processo científico da realidade social A realidade social é tudo aquilo que o homem conhece que existe independentemente da sua vontade A realidade da vida quotidiana constitui a nossa realidade social ela está todos os dias presente quer isso nos agrade quer não quer queiramos quer não O homem vulgar toma como certo realidades muito diversas em diferentes sociedades mas o que é verdade numa sociedade pode não o ser noutra Ex há determinadas atitudes que em países são considerados crimes noutros não No processo científico da realidade o sociólogo não pode dar como certa essa realidade tem que questionar e perceber as suas diferenças Não pode aceitar nada como dado ou adquirido tem que conseguir a explicação máxima para os fenómenos tem que distinguir entre o que é válido e não válido Equacionar o processo de conhecimento científico como um processo em construção conributo de Bachelard em ciência nada é dado tudo se constrói O processo do conhecimento científico dáse com a ruptura do senso comum do romper com as prénoções do conhecimento imediato prático e vulgar A ciência constróise contra o senso comum que considera superficial subjetivo ilusório e falso No entanto a ruptura com o senso comum não se faz de uma só vez é um 9 processo continuado e sempre incompleto É um processo em que a ciência se questiona a si própria numa constante procura da verdade e da explicação dos fenómenos Em ciência nada é dado tudo se constrói a ciência é um conhecimento incompleto que nunca tem a certeza de nada é imperfeita e por isso está sempre em reformulação A ciência ao levantar questões ao problematizar faz com que a ciência não seja definitiva o que permite que progrida que se desenvolva e que enriqueça os seus conhecimentos Dupla ruptura salientada por Boaventura Segundo Boaventura dos Santos A dupla ruptura epistemológica é a atitude epistemológica recomendada na fase de transição em que vivemos A dupla ruptura epistemológica é uma estratégia científica adequada à fase de transição No processo de construção do conhecimento científico deixou de fazer sentido criar um conhecimento novo e autónomo em confronto com o senso comum primeira ruptura se esse conhecimento não se destinar a transformar o senso comum e a transformarse nele 2ª ruptura A dupla ruptura procede a um trabalho de transformação tanto do senso comum como da ciência Enquanto a 1ª ruptura é imprescindível para constituir a ciência mas deixa o senso comum tal como estava antes dela a 2ª ruptura transforma o senso comum com base na ciência O que se pretende é um novo senso comum mas com mais sentido mesmo que não seja tão comum ou seja um senso comum esclarecido A 1ª ruptura representa o que há de velho na fase de transição enquanto que a 2ª ruptura epistemológica é o que há de novo Interligar fases do processo de conhecimento científico ruptura construção e verificação validade das teorias e o confronto com a informação empírica No processo do conhecimento científico é importante o processo de pesquisa 10 empírica para a validação de teorias Assim ao estudar um fenómeno social o sociólogo deve recorrer por exemplo ao depoimentoinquéritos de alguns membros da sociedade de modo a poder recolher elementos importantes e essenciais para a solução do enigma No entanto este método pode não ser eficaz porque as explicações que recebemos são do senso comum e constituem um explicação do social pelo social O sociólogo tem pois que formular um conjunto de interrogações e hipóteses provisoriamente validadas a que se chama teoria e que serve de ponto de partida para a pesquisa Portanto na ciência para além dos processos da recolha de informação através das técnicas de observação e depoimentos é necessário elaborar uma teoria principal bem como teorias auxiliares para poderem ter respostas objetivas e concretas para o problema em questão Identificar o papel de comando da teoria no processo de conhecimento científico A teoria desempenha um papel fundamental no percurso de construção do conhecimento ela é o ponto de partida da investigação científica Como refere Almeida e Pinto À teoria é conferido o papel de comando do conjunto do trabalho científico que se traduz em articularlhe os diversos momentos ela define o objeto de análise confere à investigação por referência a esse objeto orientação e significado constróilhe as potencialidades explicativas e definelhes os limites Problematizar as contingências aliadas à fase de verificação de resultados Para testar a cientificidade de uma teoria tem que se considerar que ela é passível de erro e de ser falsa o falsificacionismo Tem que se ter uma perspectiva crítica e pôr a hipótese da teoria estar errada de modo a poderse aprender com esse mesmo erro O erro é a melhor maneira para dinamizar o crescimento do saber Os erros instruem nos Só podem ter sucesso aquelas teorias que são 11 refutáveis testáveis falsificáveis capazes de serem demonstradas como falsas e que tendo subsistido tal como acontece na selecção natural ao nível dos seres vivos são confirmadas isto é corroboradas confirmadas validadas É por isso que Popper convida os cientistas a procurarem nas suas próprias teorias o erro a falha o improvável em vez de quererem a todo o custo fundamentar o verosímil Convidaos a tentarem derrubar as teorias e não a defendêlas tentando verificálas a todo o custo o método da investigação não consiste em defender teorias de maneira a provar que temos razão pelo contrário é um método em que se procura derrubálas Usando todas as armas da lógica e da matemática ao nosso alcance tentase provar que as nossas antecipaçõesconjecturashipótesesteorias são falsas de modo a podermos colocar no seu lugar outras antecipaçõeshipóteses por justificar ou talvez injustificáveis O justificacionismo afirmava só ser cientifico o que pudesse ser provado o que fosse positivamente demonstrado pela articulação de fatos repetidamente observados com os enunciados abstractos da teoria Verificouse no entanto que era impossível provar a certeza de hipóteses pois não era possível provar positivamente qualquer teoria uma vez que a generalização se faz forçosamente a partir de observações em número limitado Ex o peru comia sempre ás 9 da manhã enunciado geral na véspera de Natal o peru já não comeu porque foi morto Visão global sobre as ciências sociais Identificar o contexto político histórico e social de desenvolvimento das ciências sociais A preocupação em conhecer e explicar os fenómenos sociais sempre foi uma preocupação para o Homem Daí terem surgido as ciências sociais com o objetivo de dar uma explicação social a esses mesmos fenómenos que acontecem na vida social como as crises desordens e conflitos sociais provocados pelas transformações que ocorreram na sociedade As ciências sociais são uma criação histórica recente Idade Média e o seu 12 desenvolvimento tem sido marcado por vários fatores a sua própria evolução teórica o dinamismo de outras ciências as características desiguais de diferentes contextos institucionais e sociais Durante o séc XVIII uma série de mudanças ocorreram na sociedade de ordem política económica e social Assistimos ao desaparecimento da sociedade feudal e ao aparecimento da sociedade capitalista Um dos fatores que causou uma mudança profunda foi a Revolução Industrial que provocou mudanças a nível tecnológico uso da máquina a nível económico concentração de capitais e acumulação de riqueza com o aparecimento de grandes empresas a nível social aparecimento de grandes cidades êxodo rural desaparecimento das sociedades tradicionais aparecimento do proletariado etc Estas mudanças provocaram transformações profundas na sociedade provocando tensões e conflitos sociais A evolução e formação das ciências sociais estão assim ligadas à necessidade de controlar a natureza e compreendêla e de se desenvolverem técnicas para controlar os conflitos criados pelas crises do séc XVIII Explicitar o sentido da tese de que o social é irredutível ao individual O social é irredutível ao individual sem a consolidação desta tese não haveria ciências sociais Os homens são seres sociais As suas acções desdobramse em práticas materiais e simbólicas relações com a natureza e relações com outros homens no âmbito das sociedades onde estão inseridos Pelas suas práticas criam instituições comportamentos e condutas criam novas realidades materiais paisagens alimentos ou povoações criam acontecimentos ou seja criam materialidades sociais que condicionam a produção das práticas que as produzem e reproduzem os comportamentos e as consciências individuais são socialmente condicionados No inicio do sec XIX vários autores evidenciam a autonomia do social as estruturas sociais nunca equivalem à soma de atividades conscientes que pudessem ser apercebidas e caracterizadas no mero plano individual 13 Caracterizar a importância do contributo da teoria de August Comte para a transformação da forma de estudar os fenómenos sociais O pensamento de Comte reflectia os acontecimentos turbulentos do seu tempo A Revolução Francesa havia introduzido uma série de mudanças importante na sociedade e o crescimento da industrialização tinha alterado o modo tradicional de vida da população francesa Comte procurou criar uma ciência da sociedade que pudesse explicar as leis do mundo social à imagem das ciências naturais que explicavam como funcionava o mundo físico A teoria de Comte reside na ideia de que a sociedade só pode ser convenientemente reorganizada através de uma completa reforma intelectual do homem Comte achava que era necessário fornecer aos homens novos hábitos de 14 pensar de acordo com o estado das ciências de seu tempo Assim o seu sistema estruturouse em torno de três temas básicos Em primeiro lugar uma filosofia da história com o objetivo de mostrar as razões pelas quais uma certa maneira de pensar chamada por ele filosofia positiva ou pensamento positivo deve imperar entre os homens Em segundo lugar uma fundamentação e classificação das ciências baseadas na filosofia positiva finalmente uma sociologia que determinando a estrutura e os processos de modificação da sociedade permitisse a reforma prática das instituições A filosofia da história primeiro tema da filosofia de Comte pode ser sintetizada na sua célebre lei dos três estados todas as ciências e o espírito humano como um todo desenvolvemse através de três fases distintas a teológica a metafísica e a Positiva Estádio teológico as ideias religiosas e a crença que a sociedade era uma expressão da vontade de Deus eram o guia do pensamento Estado metafísico a sociedade começou a ser vista em termos naturais e não sobrenaturais Estado positivo encorajou a aplicação de técnicas científicas ao mundo social A contribuição principal de Comte à filosofia do positivismo foi sua adopção do método científico positivismo Positivismo defende que a ciência deve preocuparse apenas com fatos observáveis que ressaltam directamente da experiência Abordagem positivista acredita na produção de conhecimentos acerca da sociedade com base em provas empíricas retiradas da observação da comparação e da experimentação Comte propôs para o estudo dos fenómenos sociais o método positivo que exige a subordinação dos conceitos aos fatos e a aceitação da ideia segundo a qual os fenómenos sociais estão sujeitos a leis gerais embora admita que as leis que governam os fenómenos sociais são menos rígidas do que as que regulamentam o biológico e o físico 15 Comte reclamou ainda a fundação de uma religião da humanidade que deveria abandonar a fé e o dogma em favor de um fundamento científico Comte estava perfeitamente consciente do estado da sociedade em que vivia estava preocupado com as desigualdades que a industrialização produzia e a ameaça que elas constituíam para a coesão social Saber definir em que consiste o positivismo científico August Comte Positivismo August Comte defendia que a ciência deve preocuparse apenas com fatos observáveis que ressaltam directamente da experiência Abordagem positivista acredita na produção de conhecimentos acerca da sociedade com base em provas empíricas retiradas da observação da comparação e da experimentação O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro De acordo com os positivistas somente podese afirmar que uma teoria é correcta se ela foi comprovada através de métodos científicos válidos Os positivistas não consideram os conhecimentos ligados as crenças superstição ou qualquer outro que não possa ser comprovado cientificamente Para eles o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos Explicitar o sentido do conceito de matriz disciplinar Num primeiro sentido um paradigma é um conjunto ordenado de elementos que podem ser um modelo uma referência uma directriz um parâmetro um rumo uma estrutura ou até mesmo um ideal Algo digno de ser seguido Ao mesmo tempo ao ser aceite um paradigma serve como critério de verdade e de validação e reconhecimento nos meios onde é adoptado Definimos paradigma como uma matriz disciplinar que sustenta uma concepção de mundo numa determinada época Um paradigma possui um modelo de racionalidade no qual se incluem todas as esferas quer científicas filosóficas teológicas ou de senso comum 16 A compreensão deste sentido de paradigma como matriz disciplinar melhorará se se considerar mais de perto em que consistem os elementos acima referidos As generalizações simbólicas são portadoras de um poder legislativo aparecem como leis da natureza bem como de um poder de definição funcionam como definições implícitas dos termos integrantes Outro tipo de componente de uma matriz disciplinar são os valores partilhados pelo grupo e são dados como exemplos a preferência por previsões quantitativas em desfavor de previsões qualitativas a preferência por teorias simples Os casos exemplares são outro elemento de uma matriz disciplinar Só por si garantem um segundo sentido de paradigma que agora trataremos de precisar Equacionar sob ponto de vista metodológico a unidade e a pluralidade das ciências sociais Não é por as ciências sociais se ocuparem de diferentes fenómenos ou realidades que elas se distinguem umas das outras De fato todas elas se ocupam da mesma realidade a da realidade humana e social Esta ideia de unidade sob a diversidade ou diferenciação das disciplinas exprime a da própria realidade que é uma só unidade das Ciências Sociais Sendo assim a distinção entre as várias Ciências Sociais só pode vir das próprias Ciências Sociais sendo que cada uma dessas disciplinas tem que abordar analisar de uma forma diferente aquela mesma realidade A pluralidade das Ciências Sociais A Economia a Demografia e a Ciência por exemplo diferem entre si porque encaram abordam analisam de maneiras diferentes os mesmos fenómenos sociais os mesmos grupos as mesmas sociedades ou seja cada uma das Ciências Sociais nomotéticas adopta em relação à realidade social uma óptica de análise diferente Ou seja as diferenças entre as Ciências Sociais devem verificarse consoantes os diferentes fins ou objetivos da pesquisa científica que se propõe 17 Definir fenómeno social total e a sua importância para a concepção moderna de social O conceito de fenómeno social total significa que ao pretendermos estudar um determinado fenómeno social devemos considerálo na sua multiplicidade de aspectos e procurar várias perspectivas de análise que possam contribuir para uma melhor compreensão do fenómeno Este não se restringe à sua instância social poderá ter implicações de vária ordem ao nível económico político ideológico demográfico etc As várias facetas dos fenómenos sociais referem um intercâmbio entre as várias disciplinas que mantêm entre si múltiplas relações de interdependência O conhecimento dos fenómenos sociais só se constrói mediante a complementaridade de perspectivas pois só deste modo o objeto de estudo em questão poderá ser compreendido e explicado na sua globalidade e complexidade intrínsecas Um sociólogo pode interessarse e estudar coisas muito diversas mas têm sempre a ver com os indivíduos nas suas interacções no seu relacionamento enquanto pessoas que vivem em comunidade Assim a dimensão sociológica dos fenómenos sociais é o seu carácter relacional ou interactivo Émile Durkheim A noção de fenómeno social é a de que a cada uma das Ciências Sociais caberia investigar um distinto campo do real isto é um conjunto de fenómenos reais perfeitamente separados ou separáveis de quaisquer outros A Economia ocuparse ia da realidade económica a Demografia da realidade de demográfica a Ciência Política da realidade política e assim por diante A tal concepção opõese agora a de que no domínio do humano e do social não existem campos de realidade e fenómenos que dessa forma se distingam uns dos outros como se fossem compartimentos estanques o campo da realidade sobre o qual as Ciências Sociais se debruçam é de fato um só o da realidade humana e social e todos os fenómenos desse campo são fenómenos sociais totais quer dizer fenómenos que seja na sua estrutura própria seja nas suas relações e determinações têm implicações simultaneamente em vários níveis e em 18 diferentes dimensões do realsocial sendo portanto susceptíveis pelo menos potencialmente de interessar a várias quando não a todas as Ciências Sociais ou seja o mesmo fenómeno social é visto por perspectivas diferentes consoante a disciplina que o está a analisar portanto o mesmo fenómeno a mesma realidade pode interessar e ser estudado por várias disciplinas em contextos diferentes Formular em que consiste o centro de interesse de uma Ciência As Ciências Sociais diferem umas das outras basicamente por o centro de interesse da investigação ser para cada uma delas diferente do de todas as restantes disciplinas É sempre o centro de interesse que distingue de qualquer outra uma Ciência Social É sempre o centro de interesse que distingue de qualquer outra uma Ciência Social Não se deve imaginar que as diversas Ciências Sociais têm domínios materialmente distintos Uma determinada disciplina pode concentrar a sua atenção sobre certos problemas não dispondo embora de uma prévia definição clara do seu centro de interesse ou seja dos fins ou objetivos a que em última análise todo o seu esforço de pesquisa deverá subordinarse Problematizar a característica pluridimensional da realidade social e a importância da interdisciplinaridade e complementaridade entre as diversas ciências sociais A interdisciplinaridade nas Ciências Sociais significa o intercâmbio de saberes com vista à complementaridade do conhecimento para melhor explicar os fenómenos sociais na sua totalidade O real social é pluridimensional e por isso susceptível de ser abordado de diferentes maneiras pelas diversas Ciências Sociais Estas mantêm entre si relações de interdependência na abordagem aos fenómenos sociais As diferentes ciências analisam as mesmas realidades os mesmos fenómenos sociais totais embora privilegiando cada uma delas uma perspectiva própria de análise Este intercâmbio 19 entre disciplinas leva a que as investigações realizadas numa disciplina qualquer possam ser fundamentais para outra Assim é precisamente a mesma realidade humana e social que vai interessar às diversas Ciências Sociais Temos portanto que o social é único as maneiras de o abordar as dimensões a privilegiar é que variam consoante os interesses que orientam e a partir dos quais se situa o investigador em Ciências Sociais com a sua específica abordagem da realidade social Marques 1987 9799 Ao pretendermos estudar um determinado fenómeno social devemos considerálo na sua multiplicidade de aspectos e procurar várias perspectivas de análise que possam contribuir para uma melhor compreensão do fenómeno Este não se restringe à sua instância social poderá ter implicações de vária ordem aos níveis económico político ideológico demográfico etc As várias facetas dos fenómenos sociais referem um intercâmbio entre as várias disciplinas que mantêm entre si múltiplas relações de interdependência O conhecimento dos fenómenos sociais só se constrói mediante a complementaridade de perspectivas pois só deste modo o objeto de estudo em questão poderá ser compreendido e explicado na sua globalidade e complexidade intrínsecas Distinguir as ciências sociais como conhecimento e como prática atividade social Ciência é um corpo de conhecimentos e de resultados que por se basearem nos métodos da experimentação e da verificação se encontram submetidos a um reconhecimento em teoria universal Noutro sentido porém a Ciência é a atividade a que se dedicam os investigadores no quadro dos conhecimentos métodos procedimentos e técnicas sancionados pela experimentação e pela verificação Ciência designa efectivamente duas realidades distintas um produto de determinado tipo de atividade humana que é aquela a que os investigadores se dedicam esse produto consubstanciase em um corpo de 20 conhecimentos e de resultados um sistema de produção desse produto sistema que implica meios de produção relações de produção circuitos de circulação e consumo mecanismos de conservação e mudança os quais definem as condições concretas da elaboração difusão e desenvolvimento acumulativo do produto científico ou seja as condições concretas em que se exerce a atividade dos investigadores Ora o que uma dada Ciência é como produto como corpo de conhecimentos e de resultados depende do que ela é como sistema de produção como sistema de atividades produtoras de conhecimentos científicos Nomeadamente depende de quem são os investigadores dos interesses científicos e extra científicos que os motivam das suas posições e atitudes relativamente à estrutura e à dinâmica social cultural e política dos meios de produção que os cientistas manipulam métodos conceitos e teorias disponíveis instrumentos materiais técnicas de pesquisa recursos financeiros recursos humanos fontes de informação meios de comunicação etc de quais são como se formaram e como se encontram estruturadas funcionam e se relacionam com outras estruturas e instituições sociais as organizações onde a atividade de produção de conhecimentos a investigação se exerce quem as financia qual o seu grau de dependência ou de liberdade em relação a organizações e forças exteriores qual a sua estrutura interna de poderes quais os mecanismos da sua gestão administrativa e científica qual a estrutura e dinâmica daquelas forças externas As características do produto científico dependem da natureza e do enquadramento estrutural do sistema social de produção de conhecimentos que o produz Na verdade a estrutura e a dinâmica das relações internas e externas deste último têm directas e fortes incidências em qualquer dos quatro níveis precedentemente distinguidos o dos fins ou objetivos em última análise visados o dos problemas de investigação escolhidos o das variáveis relevantes seleccionadas e o dos métodos e técnicas utilizados Todas as ciências sociais procuram conhecer a realidade Ao procurarmos 21 conhecer a realidade social vamos organizando e estruturando essa mesma realidade em categorias mediante processos complexos influenciados pelas nossas necessidades vivencias interesses ou seja vamos construindo instrumentos que nos proporcionam informação sobre essa realidade e modos de a tornar inteligível mas nunca se confundem com ela O conhecimento não é um estado mas sim um processo processo complexo de adaptação activa e criadora do homem ao meio envolvente implicando a articulação entre prática e pensamento vivências e representações simbólicas Recorre a determinados meios de trabalho que se desenvolvem num contexto social e histórico sendo influenciado portanto para além das condições teóricas pelas condições económicas políticas e ideológicas da sociedade onde se insere Compreender o processo de construção do objeto científico de cada ciência social Ciência é um corpo de conhecimentos e de resultados que por se basearem nos métodos da experimentação e da verificação se encontram submetidos a um reconhecimento em teoria universal A ciência tem como objeto a explicação de fenómenos de modo a tornálos inteligíveis Para o conseguir a ciência tem que definir racionalmente problemas susceptíveis de resolução através de uma atividade de pesquisa A ciência para ser reconhecida como Ciência seja ela qual for tem que construir o seu objeto próprio ou seja a partir do momento que tem um conjunto de problemas solucionáveis abandona as questões cuja abordagem se poderia fazer apenas no registo da filosofia religião ou ideologia e se situa a um nível de abstracção e generalidades que lhe permite construir modelos interpretativos e elucidar irregularidades Em consequência ciência é também procurar soluções para problemas Ela própria elabora e testa os meios necessários as teorias instrumentos técnicos de recolha e tratamento de informação métodos de pesquisa Desenvolve um complexo processo em que parte de princípiospressupostos vai construindo sistemas de relação conceptuais primeiro formulando hipóteses e depois 22 submetendoos a sucessivas provas de observação e validação de modo a chegar às explicações que procura As explicações só são cientificas se testáveis e portanto virtualmente refutáveis Uma Ciência representa uma outra maneira de ler o real diferente da do sensocomum Implica um outro código de leitura implica portanto a construção de outros objetos que não os que nos servem para ler o real do diaadia A Ciência pressupõe ruptura com as evidências do sensocomum ou da ideologia a Ciência tem de romper simultaneamente com o código de leitura do real de que elas decorrem e que o sensocomum ou a ideologia lhe propõem Tem portanto de inventar um novo código o que significa que recusando e contestando o mundo dos objetos do sensocomum ou da ideologia tem de construir um novo universo conceptual ou seja todo um corpo de novos objetos e de novas relações entre objetos todo um sistema de novos conceitos e de relações entre conceitos Como diz Manuel CASTELLS uma Ciência define se antes do mais pela existência de um objeto teórico próprio ele mesmo suscitado por uma necessidade social de conhecimento de uma parte do real concreto O objeto científico de uma determinada disciplina é constituído pelo conjunto conceptual construído com o fim de se dar conta de uma multiplicidade de objetos reais que por hipótese essa ciência tem em vista analisar Algumas ciências sociais Saber distinguir os principais fatores de desenvolvimento das ciências sociais seleccionadas As ciências sociais germinaram e desenvolveramse na Europa do século XIX que as ciências sociais se desenvolveram As mais marcantes na história geral das ciências sociais foram Sociologia é a ciência que estuda a sociedade a partir das relações que os seres humanos estabelecem entre si É o estudo da vida social humana grupos e sociedades em que o seu tema de estudo é o nosso próprio comportamento enquanto seres sociais 23 O sociólogo está assim em contato constante com a vida quotidiana das pessoas mas ao longo dos tempos os sociólogos aperceberamse que tinham que se abstrair das rotinas familiares da vida quotidiana de maneira a poder olhálas de forma diferente era necessário adoptar uma perspectiva mais abrangente do modo como somos e das razões pelas quais agimos Entretanto as grandes transformações ocorridas nas sociedades devido à Revolução Francesa e Revolução Industrial haviam introduzido uma série de mudanças importante na sociedade e o crescimento da industrialização tinha alterado o modo tradicional de vida da população Surgiu com August Comte a teoria de criar uma ciência da sociedade que pudesse explicar as leis do mundo social à imagem das ciências naturais que explicavam como funcionava o mundo físico Comte via a Sociologia como uma ciência positiva Positivismo defende que a ciência deve preocuparse apenas com fatos observáveis que ressaltam directamente da experiência Abordagem positivista da Sociologia acredita na produção de conhecimentos acerca da sociedade com base em provas empíricas retiradas da observação da comparação e da experimentação Conte explicou a evolução da sociedade através da Lei dos três estádios segundo Comte as tentativas humanas para compreender o mundo passaram pelos estádios teológico metafísico e positivo Desenvolvese assim um saber rigoroso objetivo ou seja um discurso científico Antropologia Existia a curiosidade para conhecer outros grupos sociais outras sociedades Com os descobrimentos começou a obterse relatos de viagens e conhecimento sobre outros povos Os pensadores da 2ª metade do séc XVIII dedicavamse assim a explicar diferenças e semelhanças as origens e as evoluções das sociedades Aparece o uso das designações etnologia e etnografia Mas é no séc XIX que se desenvolve o campo de acção da Antropologia o 24 que conduz ao estudo da evolução natural da espécie humana Já não se tratava só de relatos das viagens mas sim de conhecer descrever e medir a diversidade das sociedades humanas A antropologia começou a procurar os estádios da evolução humana e em consequência as sociedades primitivas aparecem como os antepassados naturais das sociedades ocidentais atuais Resumindo numa primeira fase a antropologia identificase com o domínio empírico que a expansão europeia lhe permitiu de sociedades primitivas arcaicas tradicionais atrasadas sem escrita A antropologia contemporânea renunciou a esta primitividade O seu objeto de estudo é o Homem e a humanidade na sua totalidade isto é em todos os seus aspectos abrangendo todas as dimensões biológicas sociais e culturais O objeto de estudo da antropologia atualmente é as sociedades em diversas fases de desenvolvimento com diferentes tipos de culturas Psicologia A psicologia tal como acontece com as outras ciências sociais distinguese da perspectiva do senso comum pelo fato de ser dedicar ao estudo científico do comportamento das funções da mente em termos de organização e diversidade A Psicologia desde os finais do séc XIX teve importantes desenvolvimentos graças à realização de vários estudos experimentais e várias descobertas Das várias ramificações da psicologia encontrase a psicologia social que tem como ponto de interesse a noção de interacção social Assim o objeto de estudo da psicologia é a interacção social entre os indivíduos entre os indivíduos e os grupos e entre os próprios grupos A afirmação como disciplina autónoma foi desencadeada pela existência de estudos que sustentavam um novo domínio do conhecimento o da interferência dos outros no comportamento dos indivíduos História História é a ciência que estuda o Homem e sua acção no tempo e no espaço concomitante à análise de processos e eventos ocorridos no passado A história recebeu o seu impulso devido às crises industriais e movimentos 25 sociais ligados à evolução das economias modernas e que originam a constituição de uma sociedade de massa Nenhuma sociedade cessa de reescrever a sua história O presente e o passado esclarecemse mutuamente Demografia A Demografia enquanto ciência nasceu do encontro entre o desejo de conhecerem melhor e de compreenderem os fenómenos humanos e o sentimento de que existe para os seres humanos uma possibilidade de agir sobre a sociedade e de a mudar quando não de a transformar radicalmente Dado que o estudo da demografia incide sobre o Homem que vive em sociedade e sendo a sociedade qualquer grupos social é em primeiro lugar um grupo de pessoas que ocupam um certo lugar no espaço aumentam e diminuem no decurso do tempo Assim assistiuse a várias alterações no padrão da demografia tendo a partir do final do sec XVIII havido um decréscimo da mortalidade e um aumento da vida média Os tempos modernos viram surgir outra mudança a fecundidade diminui e as populações envelhecem Perante estas alterações a demografia tem que integrar os seus resultados numa síntese sociológica Estabelecer comparação entre as ciências sociais no que se refere aos objetos e campos de estudo e principais metodologias Sociologia é a ciência que estuda a sociedade a partir das relações que os seres humanos estabelecem entre si É o estudo da vida social humana grupos e sociedades em que o seu tema de estudo é o nosso próprio comportamento enquanto seres sociais Antropologia O seu objeto de estudo é o Homem e a humanidade na sua totalidade isto é em todos os seus aspectos abrangendo todas as dimensões biológicas sociais e culturais O objeto de estudo da antropologia atualmente é as sociedades em diversas fases de desenvolvimento com diferentes tipos de culturas 26 Psicologia o objeto de estudo da psicologia é a interacção social entre os indivíduos entre os indivíduos e os grupos e entre os próprios grupos História é a ciência que estuda o Homem e sua acção no tempo e no espaço concomitante à análise de processos e eventos ocorridos no passado Todas estas ciências estudam o homem o seu comportamento enquanto ser social integrado na sociedade Estudam a sociedade e o homem Todas elas recorrem à ruptura com o senso comum constroem o objeto de análise e das teorias explicativas e recorrem à verificação da validade dessas teorias pelo confronto com informação empírica sociologia psicologia Antropologia e história recolhem informação documentos etc observação participativa Demografia inquéritos questionários estatísticas etc Identificar os principais autores e respectivos contributos para o desenvolvimento das concepções teóricas e formas de abordagem da realidade social Os primeiros teóricos Auguste Comte 17981857 foi ele que inventou o termo Sociologia O pensamento de Comte reflectia os acontecimentos turbulentos do seu tempo A Revolução Francesa havia introduzido uma série de mudanças importante na sociedade e o crescimento da industrialização tinha alterado o modo tradicional de vida da população francesa Comte procurou criar uma ciência da sociedade que pudesse explicar as leis do mundo social à imagem das ciências naturais que explicavam como funcionava o mundo físico Comte via a Sociologia como uma ciência positiva Positivismo defende que a ciência deve preocuparse apenas com fatos observáveis que ressaltam directamente da experiência Abordagem positivista da Sociologia acredita na produção de conhecimentos acerca da sociedade com base em provas empíricas retiradas da observação da comparação e da experimentação 27 A Lei dos três estádios segundo Comte as tentativas humanas para compreender o mundo passaram pelos estádios teológico metafísico e positivo Estádio teológico as ideias religiosas e a crença que a sociedade era uma expressão da vontade de Deus eram o guia do pensamento Estado metafísico a sociedade começou a ser vista em termos naturais e não sobrenaturais Estado positivo encorajou a aplicação de técnicas científicas ao mundo social Émile Durkheim 18581917 via a Sociologia como uma nova ciência que podia ser usada para elucidar questões filosóficas tradicionais examinandoas de modo empírico Durkheim como anteriormente Comte acreditava que devemos estudar a vida social com a mesma objetividade com que cientistas estudam o mundo natural O seu famoso princípio básico da Sociologia era estudar os fatos sociais como coisas Queria com isso dizer que a vida social podia ser analisada com o mesmo rigor com que se analisam objetos ou fenómenos da natureza Para o autor a principal preocupação intelectual da Sociologia reside no estudo dos fatos sociais são formas de agir pensar ou sentir que são externas aos indivíduos tendo uma realidade própria à vida e percepções das pessoas individualmente Outras características de fatos sociais é exercerem um poder coercivo sobre os indivíduos No entanto a natureza constrangedora dos fatos sociais raramente é reconhecida pelas pessoas como algo coercivo pois de uma forma geral atuam de livre vontade de acordo com os fatos sociais acreditando que estão a agir segundo as suas opções Na verdade afirma Durkheim frequentemente as pessoas seguem simplesmente padrões que são comuns na sociedade onde se inserem Durkheim estava preocupado com as mudanças que transformavam a sociedade do seu tempo Estava particularmente interessado na solidariedade social e moral por outras palavras naquilo que mantém a sociedade unida e impede a sua queda no caos A solidariedade é mantida quando os indivíduos se 28 integram com sucesso em grupos sociais Durkheim expôs uma análise da mudança social defendendo que o advento da era industrial representava a emergência de um novo tipo de solidariedade Ao desenvolver este argumento o autor constatou dois tipos da solidariedade mecânica e orgânica relacionandoas com a divisão do trabalho e o aumento de distinções entre ocupações diferentes A mecânica baseiase no consenso e na similaridade das crenças As culturas tradicionais com um nível reduzido de divisão do trabalho caracterizamse pela solidariedade mecânica dado que a maior parte dos membros da sociedade estarem envolvidos em ocupações similares estando envolvidos em torno de experiências comuns e crenças partilhadas No entanto as forças da industrialização e da urbanização conduziram a uma maior divisão do trabalho o que contribuiu para o colapso desta forma de solidariedade A orgânica a especialização de tarefas e a cada vez maior diferenciação social nas sociedades desenvolvidas haveria de conduzir a uma nova ordem que é caracterizada pela solidariedade orgânica Com a divisão do trabalho as pessoas ficam cada vez mais dependentes umas das outras dado que cada uma necessita dos bens e serviços que os outros fornecem Os processos de mudança no mundo moderno são tão rápidos e intensos que dão origem a problemas sociais importantes Durkheim relacionou este contexto conturbado com a anomia um sentimento de ausência de objetivos ou de desespero provocado pela vida social moderna Os padrões tradicionais são destruídos pelo desenvolvimento social moderno o que deixa em muitos indivíduos um sentimento de ausência de sentido na sua vida quotidiana Ex o suicídio Karl Max 188183 as suas ideias contrastam radicalmente com as de Comte e Durkheim embora tal como eles também Marx tenha tentado explicar as mudanças que ocorriam na época da Revolução Industrial A maior parte dos seus escritos centrase em questões económicas mas como sempre teve como preocupação relacionar os problemas económicos com as instituições sociais a sua obra era e é rica em reflexões sociológicas Para ele as mudanças mais importantes estavam ligadas ao 29 desenvolvimento do apitalismo um sistema de produção que contrasta de forma radical com sistemas económicos historicamente anteriores implicando a produção de bens e serviços para serem vendidos a uma grande massa de consumidores O autor identificou dois elementos cruciais nas empresas capitalistas o 1º é o capital classe dominante que detém o capital ou capitalistas o 2º o trabalho assalariado classe de trabalhadores assalariados ou operários proletariado Segundo Marx o capitalismo é inerentemente um sistema de classes sendo as relações entre as classes caracterizadas pelo conflito Embora as 2 classes dependam uma da outra é uma dependência extremamente desequilibrada Na perspectiva de Marx a mudança social é promovida acima de tudo por fatores económicos Max Weber 18641920 Grande parte da sua obra dava também particular atenção ao desenvolvimento do capitalismo moderno e à forma como a sociedade moderna era diferente de outros tipos anteriores de organização social Na perspectiva de Weber os fatores económicos eram importantes mas as ideias e os valores tinham o mesmo impacto sobre a mudança social Ao contrário dos primeiros pensadores sociológicos Weber defendeu que a Sociologia devia centrarse na acção social e não nas estruturas Argumentava que as ideias e as motivações humanas eram as forças que estavam por detrás da mudança as ideias valores e crenças tinham o poder de originar transformações Segundo o autor os indivíduos têm a capacidade de agir livremente e configurar o futuro Ao contrário de Durkheim ou Marx Weber não acreditava que as estruturas existiam externamente aos indivíduos ou que eram independentes destes Pelo contrário as estruturas da sociedade eram formadas por uma complexa rede de acções recíprocas A tarefa da Sociologia era procurar entender o sentido por detrás destas acções Segundo Weber a emergência da sociedade moderna foi acompanhada por importantes mudanças ao nível dos padrões de acção social O autor acreditava que as pessoas estavam a afastarse das crenças tradicionais baseadas na superstição na religião no costume e em hábitos enraizados Racionalização a organização 30 da vida económica e social segundo princípios de eficiência e tendo por base o conhecimento técnico O domínio das ciências sociais a especifidade do social Conhecer e delimitar o domínio das ciências sociais O objeto das ciências sociais é o mundo em que vivemos ou seja as ciências sociais estudam os fenómenos sociais isto é a realidade social da vida quotidiana tratase de estudar o senso comum as experiencias pessoais subjectivas e logo duvidosas do ponto de vista do rigor e da objetividade exigidas à investigação científica Apresentar a definição de social e o que é um fato social segundo Émile Durkheim O social é um todo englobando diferentes tipos de relacionamento que os seres humanos desenvolvem entre si É um processo ou processos que engloba o ser humano e a sua maneira de estar no mundo integrado num determinado contexto e em que ele é um elemento dinâmico na sociedade O social é único as abordagens são múltiplas as ciências sociais que se ocupam do social são várias a realidade é que é sempre a mesma a realidade humana e social A abordagens são diferentes uma vez que os objetivos de investigação são diferentes Para Émile Durkheim um fato social são formas de agir pensar ou sentir que são externas aos indivíduos e que são susceptíveis de exercer sobre o indivíduo um poder coercivo isto é o que as pessoas sentem pensam ou fazem resultam de padrões que são comuns na sociedade onde estão inseridos embora as pessoas pensem que estão a agir segundo as suas opções Distinguir entre fato social e fato sociológico Fato social são formas de agir pensar ou sentir que são externas aos indivíduos e que são susceptíveis de exercer sobre o indivíduo um poder coercivo 31 isto é o que as pessoas sentem pensam ou fazem resultam de padrões que são comuns na sociedade onde estão inseridos embora as pessoas pensem que estão a agir segundo as suas opções O fato sociológico não existe na realidade é um conceito é uma abstracção uma selecção uma construção do real social a partir de uma determinada teoria O sociológico é assim o domínio do social sobre o qual se debruça a sociologia é já um tratamento do real É essencialmente construído fruto duma construção científica Saber delimitar em que consiste a especificidade do social Não existe indivíduo sem social nem sociedade sem o indivíduo existe uma relação de reciprocidade No entanto é necessário identificar e determinar as características sociais do indivíduo ou seja o social não é qualquer coisa que se vem juntar ao individual não lhe é exterior não vem de fora mas sim resulta de uma conjugação de elementos contextuais relacionais e de interacção social A explicação e interpretação em ciências sociais Identificar a teoria social desenvolvida por Karl Marx para a análise da realidade social a análise das relações sociais através das relações de produção A teoria de Marx assentava no que denominava concepção materialista da história em que defendia que não eram as ideias ou os valores humanos as principais fontes da mudança social Pelo contrário a mudança social era promovida acima de tudo por fatores económicos Marx analisou a forma como as sociedades se desenvolveram ao longo da história e segundo ele os sistemas sociais transitam de um modo de produção para outro A emergência de comerciantes e artesãos marcaram o início de uma classe comercial ou capitalista que acabou por substituir a nobreza Para Marx a história é um processo de criação satisfação e recriação 32 contínuas das necessidades humanas É por essa razão que o trabalho o intercâmbio entre os homens e o seu ambiente natural está na base da sociedade humana Para Marx a história não é mais do que a sucessão de várias gerações distintas cada uma das quais explora os materiais e as forças produtivas que herdou de todas as gerações precedentes A tipologia da sociedade estabelecida por Marx baseavase no reconhecimento de uma diferenciação progressiva da divisão de trabalho A constituição de uma sociedade de classes a partir do sistema original indiferenciado de propriedade comunal relacionavase com a especialização na divisão do trabalho Os vários estádios da evolução da divisão do trabalho relacionamse com outras formas de propriedade isto é o estado atual da divisão do trabalho determina também as relações dos indivíduos entre si no que se refere às matériasprimas aos instrumentos e ao produto de trabalho As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas Para Marx a economia era um sistema de relações sociais entre grupos concretos que participam nos processos de produção As mais importantes são as relações sociais de produção Na sociedade capitalista as relações sociais de produção caracterizamse pelo salário Proprietárias das forças produtivas fábricas e máquinas os detentores do capital capitalistas compram a força de trabalho dos operários que recebem um salário em troca das suas prestações As relações sociais de produção entre as pessoas estão ligadas às relações entre estas e as forças de produção a que Marx chama as relações técnicas de produção Antes da industrialização o trabalhador escravo servo artesão controlava todos os processos de produção O agricultor semeava ceifava e colhia criava o gado e abatiaos etc Com o trabalho em cadeia o operário não intervém mais do que num dos processos de produção Ele perde a propriedade e o controlo tendo apenas uma relação indirecta com o trabalho O trabalhador não se reconhece nem na sua atividade nem no objeto que daí resulta sentese um estranho ao seu próprio trabalho e por isso a si mesmo São estas condições de exploração e de alienação próprias do capitalismo industrial que definem o proletariado 33 Forças produtivas relações técnicas de produção e relações sociais de produção constituem em conjunto a infraestrutura económica da sociedade Caracterizar a tipologia social desenvolvida por Marx tendo em conta a divisão do trabalho distinguir a sociedade sem classes e a sociedade assente na diferenciação de classe Sistemas em que não há classes todas as formas de sociedade humana pressupõem uma divisão rudimentar do trabalho Mas no tipo de sociedade mais simples de todos a sociedade tribal essa divisão é mínima constituindo essencialmente uma divisão de trabalho entre sexos as mulheres cuidam dos filhos e o homem ocupa um papel mais importante O sistema económico assenta na posse comum sendo estabelecida uma forma de sociedade mais justa À medida que a divisão do trabalho se torna mais complexa cria paralelamente uma capacidade de produzir mais do que é necessário para satisfazer as necessidades básicas o que implica uma troca de bens troca essa que dá origem a uma individualização progressiva dos homens processo que atinge o seu ponto máximo no sistema capitalista no qual se verifica uma divisão altamente especializada do trabalho o desenvolvimento de uma economia monetária e de produção de bens A sociedade clássica civilização que assenta nas cidades é a primeira forma bem definida de uma sociedade de classes As classes só começam a existir quando os excedentes da produção são em quantidade suficiente para um grupo de pessoas deles se aproprie e passe a destacarse claramente da grande massa dos produtores Sociedade assente na diferenciação de classe Marx realçou em particular a classe que considerou ser uma característica objetiva da estrutura económica da sociedade Para Marx uma classe é um grupo de pessoas com uma posição comum face aos meios de produção os meios pelos quais ganham o seu sustento Nas sociedades pré industrializadas as duas principais classes eram aqueles que possuíam as terras aristocratas pequena nobreza e os que cultivavam as terras 34 servos escravos camponeses Nas sociedades modernas as 2 principais classes são os que possuem os meios de produção industriais ou capitalistas e aqueles que ganham a vida vendendo a força do seu trabalho aos primeiros a classe trabalhadora o proletariado De acordo com Marx a relação entre as classes é uma relação de exploração Nas sociedades feudais a exploração assumia a forma de uma transferência directa de produtos Nas sociedades capitalistas atuais Marx argumentou que os trabalhadores produzem mais do que é realmente necessário Esta mais valia é a fonte do lucro que os capitalistas usam em seu próprio proveito Marx ficou perplexo com as desigualdades criadas pelo sistema capitalista classe trabalhadora tornavase cada vez mais empobrecida em relação à classe capitalista Definir o conceito de relações de produção e a estrutura de classes segundo Marx relações de classes modo de produção capitalista alienação do trabalho e maisvalia O desenvolvimento do Capitalismo um sistema de produção que contrasta de forma radical com sistemas económicos historicamente anteriores implica a produção de bens e serviços para serem vendidos a uma grande massa de consumidores Depois de implantado o capitalismo e à medida que vai progredindo verificase uma tendência crescente para a criação de 2 grandes classes a 1º é o capital classe dominante que detém o capital ou capitalistas a 2º o trabalho assalariado classe de trabalhadores assalariados ou operários proletariado Segundo Marx o capitalismo é inerentemente um sistema de classes sendo as relações entre as classes caracterizadas pelo conflito Embora as 2 classes dependam uma da outra é uma dependência extremamente desequilibrada Nas sociedades capitalistas atuais Marx argumentou que os trabalhadores produzem mais do que é realmente necessário ou seja produzem um valor bem superior ao custo total do seu salário a maisvalia Esta mais valia é a fonte do lucro que os capitalistas usam em seu próprio proveito O fato de as indústrias 35 estarem cada vez mais mecanizadas a maisvalia tem tendência a aumentar Os capitalistas enriquecem cada vez mais enquanto os operários empobrecem progressivamente Perante esta situação de exploração e miséria a classe operária sentese revoltada e cria situações de conflito Na concepção de Marx as classes constituem o principal elo entre as relações de produção e o resto da sociedade As relações de classe são o eixo principal da distribuição do poder político dela depende também a organização política Segundo Marx o poder económico e o poder politico relacionamse intimamente se bem que não de forma inseparável Ver Ponto 1 Identificar os principais eixos de análise sociológica desenvolvidos por Émile Durkheim sobre a realidade social Émile Durkheim via a Sociologia como uma nova ciência que podia ser usada para elucidar questões filosóficas tradicionais examinandoas de modo empírico Durkheim acreditava que devemos estudar a vida social com a mesma objetividade com que cientistas estudam o mundo natural O seu famoso princípio básico da Sociologia era estudar os fatos sociais como coisas Queria com isso dizer que a vida social podia ser analisada com o mesmo rigor com que se analisam objetos ou fenómenos da natureza Três dos princípios que abordou na sua obra foram A importância da Sociologia enquanto ciência empírica A emergência do indivíduo e a formação de uma ordem social as origens e carácter da autoridade moral na sociedade Para o autor a principal preocupação intelectual da Sociologia reside no estudo dos fatos sociais são formas de agir pensar ou sentir que são externas aos indivíduos tendo uma realidade própria à vida e percepções das pessoas individualmente Outras características de fatos sociais é exercerem um poder coercivo sobre os indivíduos No entanto a natureza constrangedora dos fatos sociais raramente é reconhecida pelas pessoas como algo coercivo pois de uma 36 forma geral atuam de livre vontade de acordo com os fatos sociais acreditando que estão a agir segundo as suas opções Na verdade afirma Durkheim frequentemente as pessoas seguem simplesmente padrões que são comuns na sociedade onde se inserem Durkheim estava preocupado com as mudanças que transformavam a sociedade do seu tempo Estava particularmente interessado na solidariedade social e moral por outras palavras naquilo que mantém a sociedade unida e impede a sua queda no caos A solidariedade é mantida quando os indivíduos se integram com sucesso em grupos sociais Durkheim expôs uma análise da mudança social defendendo que o advento da era industrial representava a emergência de um novo tipo de solidariedade Ao desenvolver este argumento o autor contrastou dois tipos da solidariedade mecânica e orgânica relacionandoas com a divisão do trabalho e o aumento de distinções entre ocupações diferentes A mecânica baseiase no consenso e na similaridade das crenças As culturas tradicionais com um nível reduzido de divisão do trabalho caracterizamse pela solidariedade mecânica dado que a maior parte dos membros da sociedade estarem envolvidos em ocupações similares estando envolvidos em torno de experiências comuns e crenças partilhadas No entanto as forças da industrialização e da urbanização conduziram a uma maior divisão do trabalho o que contribuiu para o colapso desta forma de solidariedade A orgânica a especialização de tarefas e a cada vez maior diferenciação social nas sociedades desenvolvidas haveria de conduzir a uma nova ordem que é caracterizada pela solidariedade orgânica Com a divisão do trabalho as pessoas ficam cada vez mais dependentes umas das outras dado que cada uma necessita dos bens e serviços que os outros fornecem Comte e Durkheim são pensadores positivistas Ambos acreditam que a sociedade possa ser analisada da mesma forma que os fenómenos da natureza A sociologia tem assim como tarefa o esclarecimento de acontecimentos sociais constantes e recorrentes O papel fundamental da sociologia seria o de explicar a sociedade para manter a ordem vigente 37 Compreender e definir os principais conceitos desenvolvidos por Durkheim Fato social consiste nas maneiras de agir pensar e sentir exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder coercivo A natureza dos fatos sociais raramente é reconhecida pelas pessoas como algo coercivo pois de uma forma geral atuam de livre vontade de acordo com os fatos sociais acreditando que estão a agir segundo as suas opções Na verdade afirma Durkheim frequentemente as pessoas seguem simplesmente padrões que são comuns na sociedade onde se inserem Durkheim distingue os fatos sócias em três características 1 A coercividade ou seja a força que os fatos sociais exercem sobre os indivíduos levandoos a conformarse às regras da sociedade em que vivem independentemente da sua escolha e vontade 2 A exterioridade os fatos sociais existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente 3 A generalidade segundo Durkheim é social todo fato que é geral que se repete em todos os indivíduos ou pelo menos na maioria deles Uma vez identificados e caracterizados os fatos sociais Durkheim procurou definir o método de conhecimento da sociologia Para ele a explicação científica exige que o pesquisador mantenha certa distância e neutralidade em relação aos fatos resguardando a objetividade de sua análise Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar os fatos sociais como coisas isto é objetos que lhe sendo exteriores deveriam ser medidos observados e comparados independentemente do que os indivíduos envolvidos pensassem ou declarassem a respeito Tais formulações seriam apenas opiniões juízos de valor individuais que podem servir de indicadores dos fatos sociais mas mascaram as leis de organização social cuja racionalidade só é acessível ao cientista A sociologia de acordo com Durkheim tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para a vida social A sociedade como todo organismo apresentaria estados normais e patológicos isto é saudáveis e doentios 38 Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução Solidariedade social mantém a sociedade unida e impede a sua queda no caos A solidariedade é mantida quando os indivíduos se integram com sucesso em grupos sociais Durkheim expôs uma análise da mudança social defendendo que o advento da era industrial representava a emergência de um novo tipo de solidariedade Ao desenvolver este argumento o autor contrastou dois tipos da solidariedade mecânica e orgânica relacionandoas com a divisão do trabalho e o aumento de distinções entre ocupações diferentes A mecânica baseiase no consenso e na similaridade das crenças As culturas tradicionais com um nível reduzido de divisão do trabalho caracterizamse pela solidariedade mecânica dado que a maior parte dos membros da sociedade estarem envolvidos em ocupações similares estando envolvidos em torno de experiências comuns e crenças partilhadas No entanto as forças da industrialização e da urbanização conduziram a uma maior divisão do trabalho o que contribuiu para o colapso desta forma de solidariedade A orgânica a especialização de tarefas e a cada vez maior diferenciação social nas sociedades desenvolvidas haveria de conduzir a uma nova ordem que é caracterizada pela solidariedade orgânica Com a divisão do trabalho as pessoas ficam cada vez mais dependentes umas das outras dado que cada uma necessita dos bens e serviços que os outros fornecem Divisão do trabalho organização racional de tarefas especialização individualismo ou seja a sociedade moderna caracterizada pela diferença social A divisão do trabalho é uma das bases fundamentais da ordem social É uma lei da natureza mas também uma regra moral da conduta humana A divisão do trabalho e a dependência económica O trabalho dividese em numerosas ocupações diferentes em que as 39 pessoas se especializam Nas sociedades tradicionais o trabalho não agrícola baseavase em ofícios cujo domínio perfeito era adquirido depois de um longo período de aprendizagem O trabalhador executava normalmente todas as fases do processo de produção do princípio ao fim Com o desenvolvimento da produção industrial moderna muitos dos ofícios tradicionais desapareceram sendo substituídos por especialistas que operam no âmbito de processos de produção mais amplos Nas sociedades modernas tem havido também uma alteração na localização do trabalho Antes da industrialização a maior parte do trabalho tinha lugar em casa sendo realizado de forma colectiva por todos os membros do agregado familiar Os avanços da tecnologia industrial contribuíram para a separação entre o trabalho e a casa As fábricas tornaramse pontos fulcrais do desenvolvimento industrial e a produção em massa de bens começou a fazer desaparecer o artesanato de pequena escala produzido em casa As pessoas que procuravam empregos nas fábricas seriam treinadas para desempenhar uma tarefa específica recebendo um salário por tal trabalho O desempenho dos empregados era supervisionado por directores O contraste entre a divisão do trabalho nas sociedades tradicionais e modernas é extraordinário Mesmo nas maiores sociedades tradicionais não havia mais do que 20 ou 30 ofícios principais No sistema industrial moderno existem milhares de ocupações distintas Nas comunidades tradicionais a maioria da população trabalhava na agricultura era economicamente autosuficiente e produzia os seus próprios alimentos vestuário entre outros bens essenciais Pelo contrário uma das principais características das sociedades modernas é a enorme expansão da interdependência económica Todos dependemos de muitos trabalhadores para a obtenção dos produtos e serviços de que necessitamos no quotidiano Os primeiros sociólogos escreveram sobre as consequências da divisão de trabalho Para Marx os trabalhadores empregados numa fábrica perderiam todo o controlo sobre o seu trabalho seriam obrigados a desempenhar tarefas rotineiras e monótonas onde a criatividade não teria qualquer valor Defendia que num sistema 40 capitalista os trabalhadores vêem o trabalho apenas como uma forma de ganhar a vida Durkheim tinha uma perspectiva mais optimista apesar de também reconhecer os efeitos nocivos Achava que a especialização de papéis iria fortalecer a solidariedade social no âmbito das comunidades Em vez de viverem em unidades isoladas e autosuficientes as pessoas estariam ligadas entre si por laços de dependência mútua Coesão e laços sociais solidariedade entre aqueles que dela fazem parte isto é sobre um conjunto de laços graças aos quais eles asseguram a mantêm uma coesão mínima Consciência colectiva é o conjunto de crenças e de sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema que tem a sua vida própria Anomia os processos de mudança no mundo moderno são tão rápidos e intensos que dão origem a problemas sociais importantes Durkheim relacionou este contexto conturbado com a anomia um sentimento de ausência de objetivos ou de desespero provocado pela vida social moderna Os padrões tradicionais são destruídos pelo desenvolvimento social moderno o que deixa em muitos indivíduos um sentimento de ausência de sentido na sua vida quotidiana Ex o suicídio Consenso moral existência de valores comuns numa sociedade complexa e diferenciada com um alto grau de divisão do trabalho A sociedade é um sistema complexo cujas partes se conjugam para garantir estabilidade e solidariedade Segundo esta perspectiva a Sociologia enquanto disciplina deve investigar o relacionamento das partes da sociedade entre si e para com a sociedade enquanto um todo o funcionalismo O funcionalismo enfatiza a importância do consenso moral na manutenção da ordem e da estabilidade na sociedade O consenso moral verificase quando a maior parte das pessoas de uma sociedade partilham os mesmos valores Uma critica feita recorrentemente ao funcionalismo é a de que este realça excessivamente o papel de fatores que conduzem à coesão social em detrimento de fatores que produzem conflito e divisão A ênfase na estabilidade e na ordem significa que as divisões ou as desigualdades são minimizadas 41 Percepcionar a perspectiva de Durkheim sobre a totalidade social concepção holística de sociedade A concepção holística da sociedade de Durkheim o todo que a sociedade constitui sobredetermina os indivíduos que dela fazem parte as suas ideias e os seus comportamentos Vê assim a sociedade como um todo considera que o todo e as partes se determinam mutuamente e são na realidade consubstanciais Os fatos sociais representam modos de agir de pensar e de sentir que se definem pela exterioridade apresentamse ao observador como vindos de fora e pelo constrangimento impõemse ao sujeito independentemente da sua vontade Ora é justamente no quadro de concepção holística e funcionalista da sociedade por parte de Durkheim em que o todo é mais que uma simples soma das partes e cada parte deve ser considerada na sua relação e harmonia com o todo que o conceito de consciência colectiva deve ser enquadrado e entendido Assim a consciência colectiva representa o conjunto de normas e valores atitudes e crenças signos e símbolos partilhados por uma comunidade ou sociedade cuja ausência ou enfraquecimento se torna causadora de situações de crise caos e anomia a qual é sintoma de desregulação da sociedade A perspectiva é holística ou seja o todo sociedade apesar de ser composto por suas inúmeras partes indivíduos prevalece sobre elas Desse modo o fato social teria a faculdade de constranger de vir de fora e de ter validade para todos os membros da sociedade Discutir em que consistem as principais orientações das regras do método sociológico desenvolvido por Durkheim discutir o caso concreto da análise do suicídio A primeira regra fundamental é considerar os fatos sociais como coisas Durkheim define coisas dizendo que as coisas sociais só se realizam através dos homens elas são um produto da atividade humana Assim Para Durkheim estudar os fatos sociais como coisas queria dizer que a vida social podia ser analisada com o mesmo rigor com que se analisam objetos ou 42 fenómenos da natureza Os fenómenos sociais são coisas e devem ser tratados como coisas Coisa é tudo aquilo que nos é dado tudo o que se oferece isto é que se impõe à observação Devemos considerar os fenómenos sociais em si mesmos desligados dos sujeitos conscientes que deles têm representações é preciso estudálos de fora como coisas exteriores porque é assim que eles se os apresentam Os fatos sociais não são um produto da nossa vontade eles moldamna do exterior são como moldes nos quais temos a necessidade de vazar as nossas acções Durkheim defende que o fato de o indivíduo enquanto ser social interiorizar um conjunto de princípios influenciam as suas acções sem que disso se dê necessariamente conta Quando me entrego à minha tarefa de irmão de cônjuge ou de cidadão quando realizo os compromissos que contraí cumpro os deveres que estão definidos exteriores a mim e aos meus atos no direito e nos costumes Se a sociologia tem por domínio o estudo dos fatos sociais que devem ser apreendidos como coisas então o sociólogo deve aplicarse a explicar o social pelo social e afastar assim todo o tipo de explicação extrasocial que não é do seu foro O suicídio Pág 10 e 11 Durkheim explicou o suicídio enquanto fenómeno social Para isso se demonstrou que este ato individual pode ser analisado a partir do contexto colectivo pois fatores sociais exercem uma influência fundamental no comportamento do indivíduo Uma pessoa que está existencialmente insegura o sentimento de culpa a sensação de desconforto afastamento emocional perda de um familiar qualquer fator que acarrete o ego como vítima leva pessoas comuns a pensamentos levianos na realidade não passa de um pensamento muitas vezes mecânico onde a pessoa autoflagela seu inconsciente levando ao desapego corporal a única tentativa de retaliação Também a presença de depressão alcoolismo ou de dependência de drogas geralmente drogas prescritas como um fator de maioria dos casos 43 Alguns fatos curiosos os protestantes têm mais probabilidades de se tornarem suicidas do que os católicos e os judeus indivíduos de classe alta e baixa têm mais tendência a se tornarem suicidas do que indivíduos de classe média com relação à ocupação funcional o índice de suicídios é maior em médicos músicos dentistas oficiais da lei advogados e corretores de seguro do que na população geral Segundo ele É nos grandes centros industriais que os crimes e os suicídios são mais numeroso Os três tipos de suicídio utilizados por Durkheim para uma melhor caracterização dos mesmos são o Suicídio Egoísta que se caracteriza por um estado de apatia e ausência de qualquer apego a vida do Suicídio Altruísta ligado a energia e a paixão e por fim o Suicídio Anómico caracterizado por um estado de irritação e repulsa por uma ausência de regulação social Para Durkheim o suicídio constitui um fato social O social efectivamente não tem limites posto que se manifesta pelo conjunto de acções do indivíduo na sociedade mesmo através das que parecem a priori íntimas e pessoais Perspectivar a noção de fato social sob a perspectiva de Durkheim e explicar o significado da expressão explicar o social pelo social ilustrar o raciocínio com a apresentação de exemplos O fato social só é explicado por outro fato social O social só se explica pelo social ou seja um fato entendido como social só pode ser entendido como fenômeno da sociedade que o produziu Durkheim só admite observar comparar e explicar um fato social por um outro fato social as taxas de suicídio só podem ser explicadas em função dos meios sociais dos divórcios das crises económicas etc O social só se explica pelo social proposição teóricometodológica que não deixa de reverberar a máxima tautológica do positivismo de que o que dá estabilidade à ordem social é a própria ordem social Na aplicação do método proposto por Durkheim à sociologia e evidenciado na 44 realização da pesquisa sobre as taxas de suicídio fica evidente que a explicação sociológica proposta pelo autor consiste no estabelecimento de ligações causais ou seja a relação de um fenómeno como causa de outro só é possível pela observação eou exame dos casos em que os dois fenómenos estão presentes para com isto verificar se há dependência entre eles Este método comparativo ou método da experiência indirecta é por excelência sociológico uma vez em que a verificação da ligação entre variáveis não pode ser feita pelo método da experimentação porém o rigor do método comparativo proposto por Durkheim acaba por suprir a impossibilidade da experiência 1 Referenciar os principais fundamentos subjacentes ao desenvolvimento de análise da realidade social de Max Weber assente no modelo compreensivo Weber considera esta disciplina como uma ciência que pretende compreender interpretando a acção social para dessa maneira explicar a mesma de forma causal no seu desenvolvimento e efeitos Para Weber a Sociologia procura articular a interpretação a compreensão e a explicação visando apreender o sentido da acção e estabelecer relações de causalidade salvaguardando simultaneamente a análise da especificidade da conduta humana Ou seja fundamentase como uma ciência cujo objetivo é a análise interpretativa da acção social A sua prática exige um trabalho de construção racional de conceitos fundamentais para a análise da realidade social É neste sentido que Weber propõe a construção dos tiposideais O autor advoga assim uma abordagem alternativa à de cariz positivista assente numa construção conceptual de cariz racionalista A partir desta acepção de base que deve enformar segundo Weber o estudo da realidade social o autor defende a adopção de uma postura compreensiva A Sociologia deve deste modo incidir sobre a análise do significado que os sujeitos conferem à sua acção A análise sociológica de raiz weberiana recusa uma concepção reificada e substancialista das estruturas sociais e centrase nos atores sociais procurando apreender o sentido que eles atribuem às suas acções É desta 45 forma possível compreender o significado subjacente às acções racionais ou seja tornar inteligíveis os motivos conscientemente invocados pelos atores A abordagem weberiana tem como importante contributo o fato de destacar a importância dos mecanismos de atribuição de sentido accionados pelos sujeitos face às suas práticas Todavia o privilégio analítico concedido ao ator social diz respeito apenas ao sentido intencional da sua acção não permitindo prestar a atenção devida a dinâmicas de significação espontaneamente incorporadas nas práticas sociais É deste modo importante frisar que o sentido intencional da acção que Weber se propõe estudar não abrange o largo espectro da acção não intencional invocado pelo ator social de forma não consciente Esta é frequentemente mais relevante do ponto de vista da orientação e explicação dos comportamentos individuais Definir os conceitos desenvolvidos por Max Weber Grande parte da sua obra dava também particular atenção ao desenvolvimento do capitalismo moderno e à forma como a sociedade moderna era diferente de outros tipos anteriores de organização social Na perspectiva de Weber os fatores económicos eram importantes mas as ideias e os valores tinham o mesmo impacto sobre a mudança social Ao contrário dos primeiros pensadores sociológicos Weber defendeu que a Sociologia devia centrarse na acção social e não nas estruturas Argumentava que as ideias e as motivações humanas eram as forças que estavam por detrás da mudança as ideias valores e crenças tinham o poder de originar transformações Segundo o autor os indivíduos têm a capacidade de agir livremente e configurar o futuro Ao contrário Durkheim ou Marx Weber não acreditava que as estruturas existiam externamente aos indivíduos ou que eram independentes destes Pelo contrário as estruturas da sociedade eram formadas por uma complexa rede de acções recíprocas A tarefa da Sociologia era procurar entender o sentido por detrás destas acções Os seus escritos mostram que outras dimensões da estratificação para além 46 das classes influenciam fortemente a vida das pessoas Enquanto Marx procurou reduzir a estratificação apenas às divisões de classes Weber deu atenção à relação complexa existente entre classe status e partido Estes 3 elementos da estratificação permitem um enorme número possível de posições na sociedade Apesar de Weber aceitar o ponto de vista de Marx de que as classes se baseiam em confissões económicas ele concebeu uma maior variedade de fatores económicos que não têm directamente a ver com a propriedade Tais recursos têm a ver com os saberes ou qualificações que afectam os tipos de trabalho que as pessoas são capazes de obter Por exemplo os indivíduos que tem cargos de gestão ou ocupações técnicas ganham mais e possuem condições de trabalho mais favoráveis do que os trabalhadores manuais As qualificações que possuem e as competências que adquiriram tornamnos mais comercializáveis do que aqueles que não têm essas qualificações ou qualquer especialização Na teoria de Weber entendese por status as diferenças entre grupos sociais em matéria de honra ou prestígio social que lhe são conferidos Nas sociedades modernas o status passou a expressarse através dos estilos de vida das pessoas As marcas e símbolos vestuário ocupação etc ajudam a moldar o posicionamento social do indivíduo aos olhos dos outros Weber salienta que nas sociedades modernas a formação de partidos é um aspecto importante do poder e pode influenciar a estratificação independentemente da classe e do status Por partido entendese um grupo de indivíduos que unem esforços com vista a alcançar determinado fim e que é do interesse dos seus membros Weber argumentou que status e partido podem influenciar as condições económicas dos indivíduos e grupos e por conseguinte afectar as classes Na sua obra A Ética Protestante Weber aborda um problema extremamente importante o das razões pelas quais o capitalismo se desenvolveu no Ocidente e não noutros lugares A seguir à queda da Roma Antiga a Europa era uma área insignificante do globo enquanto a China a India por exemplo eram as maiores potências muito mais avançadas do que o Ocidente em termos de desenvolvimento tecnológico e económico O que aconteceu para provocar o desenvolvimento económico na Europa a partir do sec XVII 47 O conceito de acumular riqueza é diferente nas sociedades da indústria moderna As pessoas passaram a valorizar a riqueza pelo conforto segurança poder e prazer que ela proporciona Ao acumular riqueza usamna para viver mais confortavelmente Segundo Weber ao observarmos o desenvolvimento económico do Ocidente encontramos uma atitude diferente atitude a que Weber chama o espírito do capitalismo um conjunto de crenças e valores defendidos pelos primeiros capitalistas mercantis e industriais Estas pessoas tinham uma forte tendência para acumular riqueza pessoal e ao contrário das classes ricas de outras regiões do globo não usavam a riqueza para ter um estilo de vida luxuoso tinham uma vida modesta e pacata sem manifestações de riqueza Esta atitude foi vital para o arranque do desenvolvimento económico do Ocidente pois ao contrário dos ricos de eras anteriores e de culturas diferentes estes grupos não esbanjavam a sua riqueza Em vês disso reinvestemna para promover a expansão das empresas que dirigiam O ponto fulcral da teoria de Weber reside em defender que as atitudes no espírito do capitalismo decorrem da religião tendo sido o Protestantismo a grande força motivadora desta perspectiva principalmente uma variante do Protestantismo o Puritanismo Os primeiros capitalistas eram na maioria Puritanos Os Puritanos acreditavam que o luxo era diabólico e desta forma o desejo de acumular riqueza juntouse a um estilo de vida muito severo e simples o que contribuiu para um tremendo impulso para o sucesso económico Um elemento importante da perspectiva sociológica de Weber era a ideia de tipo ideal modelos conceptuais ou analíticos que podem ser usados para compreender o mundo Um tipo ideal não é naturalmente ideal em sentido normativo ele não traz a conotação de que sua realização seja desejável Um tipo ideal é um puro tipo no sentido lógico e não exemplar A criação de tipos ideais não é um fim em si mesmo o único propósito de construílos é para facilitar a análise de questões empíricas O tipo ideal é um recurso metodológico onde Weber construiu modelos típicos baseados em generalizações e que servem de apoio para se estudar uma variedade 48 de casos e acontecimentos É então um conceito teórico abstracto criado com base na realidadeindução servindo como um guia na variedade de fenómenos que ocorrem na realidade Para Weber os fatos sociais não podem ser encarados como coisas e sim como acontecimentos que o cientista percebe e tenta explicar No seu entender não é possível uma total neutralidade do cientista social pois o cientista age guiado pelos seus sentimentos a sua cultura a sua tradição Por isso considera necessária uma postura que distancie o investigador do seu objeto de estudo através da aplicação de métodos que ditará as regras que o cientista deve seguir garantindo assim a objetividade do conhecimento científico Para um conhecimento ser objetivo significa que este deve ser independente da vontade e interesses do cientista não pode ser subjetivo e deve se completamente impessoal Weber deu à ciência social o rigor científico que ela exige Weber confirma que ao cientista cabe apenas mostrar a necessidade de escolha e as consequências prováveis de cada escolha mas não qual deve ser a escolha É possível verificar portanto uma tensão entre objetividade e juízo de valor Para Weber o mundo dos valores não pode permear na atividade dos cientistas As ciências não podem julgar os valores Sempre que um homem da ciência permite que se manifestem seus próprios juízos de valor ele perde a compreensão integral dos fatos Os valores orientam a nossa vida e influenciam as nossas decisões determinando o que pensamos acerca do que é melhor ou pior Uma distinção aparentemente clara mas na verdade difícil de entender é a que se costuma estabelecer entre fatos e valores Podemos captar esta distinção dizendo que há dois tipos de juízos os juízos de fato e os juízos de valor Imagina que dizes O João tem um metro e noventa ou A pena de morte existe nos Estados Unidos Estes juízos limitamse a descrever certos aspectos da realidade Mas podes também dizer O João é honesto ou A pena de morte é injusta Nestes casos estás também a fazer juízos acerca do João e da pena de morte mas estes parecem ter uma natureza diferente Os primeiros dois juízos são meramente descritivos Têm valor de verdade e 49 o seu valor de verdade não depende em nada daquilo que pensa a pessoa que os formula Se descrevem correctamente a realidade se correspondem aos fatos são verdadeiros Caso contrário são falsos E a sua verdade ou falsidade é objetiva ou seja completamente independente das diversas perspectivas das pessoas São por isso juízos de fato Os juízos de fato têm claramente valor de verdade E o seu valor de verdade é independente das crenças ou gostos de quem os profere Ou melhor é independente da perspectiva de qualquer sujeito São totalmente descritivos Quando são verdadeiros limitamse a dizernos como as coisas são Os juízos de valor são parcialmente normativos De certa forma destinamse a indicarnos como devemos avaliar as coisas Não é óbvio que os juízos de valor tenham valor de verdade E se são verdadeiros ou falsos talvez não o sejam independentemente das crenças ou gostos de quem os profere Talvez não o seja independente da perspectiva de qualquer sujeito O que garante a cientificidade de uma explicação é o método de reflexão e os conceitos escolhidos para guiar a pesquisa não a objetividade pura dos fatos Sendo assim a análise social envolve sempre qualidade interpretação subjetividade e compreensão Weber defende que a subjectividade das ciências sociais não pode ser ignorada pelo que têm que ser consideradas distintas das outras ciências naturais Tendo começado a interessarse pela sociologia Weber diz que a sociologia será uma ciência que se interessa pela compreensão e interpretação das acções sociais e portanto pela explicação causal do seu curso e consequências A acção ou conduta social é aquela que implica um significado subjetivo que se refere a outro indivíduo ou grupo O significado dessa acção pode ser analisado sob 2 pontos de vista quer em função do significado concreto quer em função de um tipo ideal de significado subjetivo Weber reconhece que o significado subjetivo é uma componente básica de muitas condutas humanas Defende que o intuicionismo não é a única doutrina que nos permite estudar essa conduta subjectiva pelo contrário a sociologia interpretativa pode e deve basearse em técnicas fixas de interpretação do significado e que podem ser comprovadas de acordo com os métodos científicos 50 Distingue 2 tipos básicos de acção interpretativa do significado A 1ª é a compreensão directa compreendemos o significado de uma acção através da observação directa e a 2ª compreensão explanatória implica a intervenção de um motivo que estabelece a ligação entre a atividade observada e o seu significado para o indivíduo Weber concebe a Sociologia como uma ciência interpretativa cujo objeto é a acção social a qual deve ser compreendida pelo sentido que lhe atribuem os atores sociais Weber propõe o método da compreensão para captar o sentido da acção social seja racional afectivo eou tradicional Assim os homens agem levando em conta as acções de outros homens deixamse guiar por elas Se a acção é racional com relação a fins ou a valores é a razão que a impulsiona por exemplo vendolhe minha bicicleta porque preciso de dinheiro se a acção social tem por sentido a emoção ela é afectiva por exemplo no local de trabalho comemoramos os aniversariantes do mês eou se a anão social tem por motivo a tradição ela é tradicional por exemplo a cerimonia de posse do governador foi concorrida O sentido da acção social é um meio para alcançar um fim e tornála efectiva uma vez que acontece numa cadeia motivacional num processo de muitas acções concatenadas uma relação social na concepção de Weber Acção social Weber definiu a sociologia como uma ciência que pretende compreender interpretativamente a acção social e assim explicála causalmente em seus desenvolvimentos e efeitos Por acção entendese neste caso um comportamento humano sempre e na medida em que o agente ou agentes o relacionem a um sentido subjetivo Uma piscadela de olhos gesto que sinaliza alguma coisa é um comportamento que tem um sentido para quem o praticou A piscadela é uma acção É diferente de um tique nervoso que faz alguém piscar os olhos automaticamente sem que nenhum sentido seja atribuído a esse ato O tique não é uma acção no sentido weberiano A acção é social quando existe referência ao comportamento de outros na 51 elaboração do sentido da acção Quando pisco um olho para dizer a alguém que estou tramando alguma coisa contra um terceiro a minha acção é social O sentido de minha acção piscar o olho tem a ver com o fato de que quero me comunicar com a outra pessoa É sempre bom lembrar que a acção social se define pela participação de outros na elaboração de seu sentido Não importa o tipo de participação A acção social pode ser boa ou má Dar um soco na cara de alguém É uma acção social O sentido do ato dar um soco tem a ver com a presença do outro e com alguma coisa que ele fez ou deixou de fazer A acção social inclui todas as condutas humanas que orientam o seu próprio comportamento tendo em vista a ação passada presente ou futura A relação social existe quando há reciprocidade por parte de dois ou mais individuos cada um dos quais relaciona a sua acção aos atos do outro O indivíduo é o agente social que dá sentido à sua acção o sentido é compreendido através da análise do MOTIVO que leva a pessoa à acção mas seus efeitos muitas vezes escapam ao controle e previsão do agente É pelo motivo que se desvenda o sentido da acção e a motivação é formulada expressamente pelo agente ou está implícito em sua conduta Há relações duradouras e relações de caracter transitória Estras ultimas são as que mais compõem a vida social O conflito é uma das caracteristicas de todas as relações até da mais permanentes A tarefa da sociologia para Weber é interpretar a acção social Interpretar é captar o sentido da acção Para orientar o trabalho de interpretação Weber estabeleceu quatro tipos puros de acção social São chamados tipos puros porque só existem como arranjo de ideias no mundo conceitual A realidade é muito mais complexa do que os tipos propostos O objetivo é usar a simplicidade conceitual dos tipos para ordenar a realidade organizála de forma simplificada para que possa ser compreendida de acordo com as limitações do intelecto humano incapaz de apreender toda a infinita complexidade do real O primeiro tipo é o da acção racional nos propósitos De acordo com este tipo o sentido racional da acção se encontra na escolha dos meios mais adequados para a realização de um fim O único critério de selecção dos meios é a sua 52 capacidade de realizar o objetivo estabelecido Qualquer meio eficiente é válido pela sua eficiência independentemente de avaliações morais ou éticas É o tipo de acção mais frequente na sociedade moderna É a acção do empresário capitalista é a acção do político é a acção do crime organizado etc O segundo tipo é o da acção racional com respeito a valores A diferença em relação à primeira é que o fim é um VALOR que pode ter conteúdo ético moral religioso político ou estético O que dá sentido à acção é a sua racionalidade quanto aos valores que a guiaram A acção é orientada pela fidelidade aos valores que inspiram a conduta Desde que fiel aos valores o comportamento é válido por si mesmo A acção racional com respeito a valores pode tender para a irracionalidade tanto mais quanto maior for a adesão aos valores absolutos É a acção do crente que prefere pregar para as paredes a fazer alguma adaptação de suas ideias de acordo com o gosto do público É a acção do artista que prefere não vender nenhuma obra a fazer concessões ao povo É a acção do político que prefere perder as eleições a renegar a sua ideologia O terceiro tipo é a acção afectiva ou emocional Não é racional É a acção inspirada por emoções imediatas tais como vingança desespero admiração orgulho medo inveja ou entusiasmo Na acção afectiva o agente segue um impulso e não elabora as consequências da sua acção É a acção de quem larga tudo por amor É a acção de quem dá um tiro na cara da mulher quando descobre que foi traído É a acção de quem larga o emprego porque foi xingado pelo chefe A acção afectiva se diferencia da racional com respeito a valores porque nesta última o agente elabora racionalmente o sentido de sua acção de modo que sua conduta seja fiel aos valores aos quais adere Como foi dito na acção afectiva não existe elaboração racional das consequências Finalmente a acção tradicional Também não é racional Ocorre quando o agente cumpre hábitos e costumes arraigados simplesmente porque é o que sempre foi feito Quando o grau de automatismo é muito alto o comportamento pode deixar de ter um sentido subjetivo para o agente Neste caso deixaria de ser acção É a acção daquelas pessoas que se casam na igreja e baptizam os filhos sem nunca terem sido religiosas mas apenas porque todo mundo faz assim 53 Claro que as acções reais são muito mais complexas do que o esquema dos tipos puros As acções acontecidas na prática podem combinar elementos de cada um dos tipos As acções reais não são puras A ideia é usar a simplicidade dos tipos para lançar luz sobre certos aspectos das acções reais Tipos de domínio As relações sociais mais estáveis são aquelas em que as atitudes subjectivas dos indivíduos são orientadas pela crença numa ordem legítima Por exemplo se um indivíduo com prestígio não cumprir as regras das boas maneiras ele será provavelmente ridicularizado pelo resto do grupo O recurso a esta sanção constitui geralmente um meio muito poderoso de assegurar o respeito pelo cumprimento das regras A lei existe quando um indivíduo ou grupo de indivíduos tem a capacidade e o dever legítimos de aplicar sanções aos transgressores Estes grupos não têm que ser necessariamente da polícia O conceito de domínio referese aos casos de exercício de poder em que um agente obedece a uma ordem específica dada por outrem A aceitação desta dominação pode ter motivos muito diferentes Pode ser por hábito por interesse mas na maioria das vezes é pelo carácter legítimo de que a subordinação se reveste Weber distingue 3 tipos de legitimidade como base da relação de domínio Tradicional baseiase na crença e nas regras e poderes há muito estabelecidos Nas aldeias tradicionais por exemplo os mais velhos são os mais indicados para exercer autoridade por terem um grau elevado de sabedoria tradicional Legal o indivíduo que detém autoridade fálo em nome de regras impessoais que forma instituídas num contexto de racionalidade quer de propósitos quer de valor Tanto a tradicional como a legal são sistemas de administração permanente onde se desempenham tarefas de rotina relacionadas com a vida quotidiana Carismática é um sistema diferente Weber define o carisma como uma qualidade que caracteriza uma personalidade individual que é considerado uma pessoa extraordinária e tratado como se tivesse poderes ou dons especiais que o 54 distinguem do comum dos mortais As figuras carismáticas podem ser políticos religiosos etc cujas acções influenciaram o curso das civilizações Processo de racionalização em Max Weber Segundo Weber a emergência da sociedade moderna foi acompanhada por importantes mudanças ao nível dos padrões de acção social O autor acreditava que as pessoas estavam a afastarse das crenças tradicionais baseadas na superstição na religião no costume e em hábitos enraizados Em vez disso os indivíduos envolviamse cada vez mais em cálculos racionais e instrumentais que tinham em consideração a eficiência e as consequências futuras Na sociedade industrial havia pouco espaço para sentimentos e para fazer certas coisas só porque sempre tinham sido feitas assim O desenvolvimento da ciência da tecnologia moderna e da burocracia foi chamando por Weber como Racionalização a organização da vida económica e social segundo princípios de eficiência e tendo por base o conhecimento técnico De acordo com o autor a Revolução Industrial e a emergência do capitalismo eram provas de uma tendência maior no sentido da racionalização O capitalismo não era dominado pelo conflito de classes como Marx defendia mas pelo avanço da ciência e da burocracia organizações de grande dimensão O autor utilizou o termo desencantamento para descrever a forma pela qual o pensamento científico no mundo moderno fez desaparecer as forças sentimentais do passado Weber não era no entanto era totalmente optimista em relação às consequências da racionalização Temia uma sociedade moderna que fosse um sistema que ao tentar regular todas as esferas da vida pessoal destruísse o espírito humano Receava os efeitos potencialmente sufocantes e desumanizantes da burocracia e as suas implicações no destino da democracia Relacionar e distinguir as teorias de Marx Dukheim e Weber 55 Identificar o objetivo visado pelos cientistas sociais Os cientistas sociais têm procurado explicar e compreender a realidade social Importa para esta análise ter em conta a contextualização social e histórica em que são desenvolvidas as teorias visam explicar e compreender uma determinada sociedade num determinado tempo KARL MARX Tentou explicar as mudanças que ocorreram na sociedade na época da Ver Industrial Capitalismo e luta de classes Marx concebe a organização da sociedade como resultante das relações de produção e toma as relações de classe como o objeto próprio da sociologia Concepção materialista da história os principais fatores de mudança são os fatores económicos Os conflitos motivam o desenvolvimento histórico O que provoca as mutações na sociedade são os interesses conflituosos entre seus membros especialmente o conflito de interesses de classes Marx desenvolve a teoria do materialismo dialéctico em que a história assenta num processo de criação satisfação e recriação contínua das necessidades humanas O desenvolvimento da sua teoria tem por base a denúncia das desigualdades sociais que o autor explica através das relações sociais de produção que determinam as relações entre os indivíduos e a divisão do trabalho ÉMILE DURKHEIM Durkheim preocupouse em estabelecer um método e definir o objeto da sociologia e encontrar explicação para a organização social iniciou a perspectiva de que o social apenas pode ser explicado recorrendo ao social ou seja pela construção social através do corte epistemológico com o senso comum É Durkheim concebe o próprio objeto de análise da sociedade a procura da objetividade com a definição de fato social e as regras do método sociológico Este último autor inaugura uma nova forma de analisar e explicar a realidade social estudar a vida social com a mesma objetividade com que os cientistas estudam o mundo natural 56 estudar os fatos sociais como coisas aplicar o mesmo rigor com que se analisam os objetos e fenómenos da natureza Analisar os fatos sociais explicar a sociedade através de fatos sociais que determinam a nossa acção a industrialização provocou uma maior divisão do trabalho individualismo maior diferenciação e especialização de tarefas Preocupação com a coesão da sociedade solidariedade social MAX WEBER fatores económicos eram importantes mas as ideias e os valores tinham o mesmo impacto sobre a mudança social a sociedade devia concentrarse na acção social tipo ideal Racionalização Compreender e especificar o significado de cultura e de traços culturais padrões de cultura Cultura é a parte do ambiente feita pelo homem e por isso compreende as técnicas a ciência o direito costumes e tudo o mais que o homem implantou sobre a natureza A aptidão para criar cultura é o que distingue o homem dos animais A cultura passa por sucessivas gerações é transmitida aos mais jovens e molda todos os comportamentos e até atitudes e as visões das coisas e das pessoas que lhes estão subjacentes A cultura absorve todos os aspectos da vida das pessoas Numa sociedade integrada todos os diversos grupos que podem identificarse partilham da mesma cultura global Mas há grupos da mesma sociedade que têm visões diferentes e distintas do mundo que são as subculturas As menores unidades culturais individualizáveis de cada cultura designamse pelos traços Os traços agrupamse naturalmente em complexos de cultura Os complexos de traços que se combinam por sua vez e que são próprias a cada cultura permitem identificar padrões de cultura Como a observação mostra que 57 muitos padrões culturais são comuns a povos vizinhos e se estendem por regiões extensas pode por aí chegarse à noção de área cultural que é a área delimitada pela presença de padrões culturais Ex Indios Explicar em que consiste a concepção universalista de cultura ter em conta o contributo de vários autores para o desenvolvimento desta teoria Todas as culturas mesmo as dos povos mais distantes têm naturalmente muitos aspectos análogos Aos aspectos que aparecem com frequência em quase toas as culturas conhecidas têmse chamado os universais da cultura Quanto à noção e designação correcta do conceito científico de cultura os antropólogos não têm chegado a um acordo A dificuldade que têm encontrado para chegar a um modelo comum de sistematização dos fatos observáveis traduz a complexidade e diversidade das sociedades tradicionais Esta dificuldade tem se feito sentir também nas ciências sociais uma vez que a cultura também faz parte do seu objeto de estudo Esta complexidade tem alimentado vários pontos de vista que se exprimem em várias correntes de pensamento e de interpretação É a Edward Burnett Tylor antropólogo britânico que devemos a primeira definição do conceito cientifico de cultura é todo o complexo que compreende o conhecimento as crenças a arte a moral etc e as outras capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade È uma definição puramente descritiva e objetiva em vez de normativa Para ele a cultura é a expressão da totalidade da vida social do homem caracterizase pela sua dimensão colectiva Tylor foi o primeiro a formular o conceito de cultura do ponto de vista antropológico da forma como é utilizado atualmente Franz Boas Defendeu a necessidade de estudar a cultura como um sistema coerente que possui a sua própria lógica a sua própria autonomia e estabeleceu como princípios fundamentais a análise dos dados biológicos linguísticos históricos e culturais Franz Boas proponha uma nova antropologia fundamentada no conceito de cultura como o mais importante para a diversidade humana o relativismo 58 metodológico o método histórico e a necessidade de estudar cada cultura como uma cultura em si Clifford Geertz antropólogo norteamericano deixa claro que considera cultura um sistema simbólico e é a partir desta definição de cultura que ele tenta buscar a definição de ser humano ou seja para Geertz todos os homens são geneticamente aptos para receber um programa a que chama de cultura Malinowski inserese numa corrente da antropologia e da sociologia denominado funcionalismo Tal corrente em Malinowski assume um carácter biológico e determinante na construção do conceito de cultura Cultura de um modo geral é o produto da intervenção humana na natureza e as organizações mesmas que se dão nesse meio transformado eou criado No caso de Malinowski a cultura não deixa de ser compreendida em seu aspecto mais geral mas possui uma relação directa com as necessidades do homem a cultura se dá na realização de funções Essas funções são biológicas e a necessidade biológica primordial é a nutrição manutenção da vida seguida da reprodução manutenção da espécie Formas de sociabilidades e grupos sociais As formas de sociabilidade são um elemento importante da realidade dos grupos mas há neles algo mais de que um certo tipos ou tipos de formas de sociabilidade Os grupos não se confundem com a sociedade global em que se inscrevem nem se esgotam inteiramente nas relações de interacção e de interdependência que ligam os indivíduos Cada pessoa é membro de numerosos grupos a cada um dos quais dão uma individualidade própria as relações estabelecidas entre os membros no seu seio As dificuldades que se têm levantado ao estudo das características dos grupos particulares explica que uns sociólogos tenham revelado uma tendência para os ignorar e para se dedicarem ao estudo das sociedades globais outros principalmente para os americanos tenham se desinteressado pelas sociedades e se cingirem às relações interindividuais que lhes aparecem como dados básicos do 59 social Apareceram assim concepções diferentes Gurvitch procurando formular uma definição de grupo elaborou uma lista daquilo que os grupos são ou não são necessariamente os grupos não são uma quantidade ou uma colecção de indivíduos semelhantes nem simples categorias sociais Por terem a mesma idade o mesmo sexo a mesma profissão etc não são necessariamente um grupo Não são simples ajuntamentos de pessoas reunidas e justapostas As pessoas que se encontram no mesmo local por qualquer motivo paragem autocarro não constituem grupo não são simples relações sociais nem relações sociais positivas e complementares nem sistemas ou unidades de interacção humanas não são simples conjuntos de estatutos e de papeis sociais não podem ser reduzidos ás organizações Os grupos não podem assim ser reduzidos à formas de sociabilidade nem às sociedades globais Gurvitch define assim grupo como uma unidade colectiva real mas parcial directamente observável e assente em atitudes colectivas contínuas e activas tendo uma obra comum a realizar unidade de atitudes e comportamentos a qual constitui um quadro social estruturável tendendo para uma coesão relativa das formas de sociabilidade Os grupos são unidades colectivas englobando uma multiplicidade de formas de sociabilidade integrandose nas sociedades globais de que são um dos elementos constitutivos A sua existência depende da presença de atitudes comuns de uma mesma visão sobre determinados aspectos da realidade por parte de diversas pessoas e de atitudes contínuas e activas na medida em que as simples atitudes comuns não duradouras ou não determinantes de certos impulsos não se revelam capazes de dar origem à junção de pessoas em grupo Um grupo social é um sistema de interacção social Quando 2 pessoas interagem a acção de cada uma fundase em certa medida mas suas atitudes em relação à outra e nas reacções da outra em relação a si que julgam mais prováveis 60 Para explicar o conceito de grupo como sistema social ou de interacção social distinguimos grupos e relações social Uma relação social existe na medida em que dois ou mais indivíduos ou grupos interagem uns com os outros Todos os grupos são feitos de relações sociais mas nem todas as relações sociais formam grupos O grupo implica um certo grau de cooperação entre os membros para atingir objetivos comuns Pode ainda fazerse a distinção de membros e nãomembros de um grupo Os membros têm direitos e obrigações regras de comportamento que não são vinculantes para os não membros Podemos assim usar a palavra grupo para indicar os membros como agregado de pessoas e a palavra sistema social para indicar o sistema de interacção abstraído dos sistemas globais de acções dos vários membros Segundo George Gurvitch sociabilidade são as relações sociais e interacções sociais Tratase de encontrar os tipos de fenómenos mais complexos os tipos sociais mais gerais e mais abstractos Considera que os componentes mais elementares da realidade social são constituídos pelas múltiplas maneiras de estar ligado pelo todo e no todo As formas de sociabilidade são fenómenos sociais totais Temas fundamentais de ciências sociais Papeis sociais Socialização Vida quotidiana Ulrich Beck a sociedade do risco Beck também rejeita o pósmodernismo Segundo nele estamos a deslocar nos para uma fase a que chama a segunda modernidade Por segunda modernidade entende o fato de as instituições modernas se estarem a tornar globais enquanto a vida quotidiana se está a libertar da tradição e dos costumes A antiga sociedade industrial está a desaparecer e a ser substituída pela sociedade de risco O que os pósmodernos vêem como o caos Beck vê como risco ou incerteza A gestão do risco é a característica principal da ordem global 61 O risco tornase central por várias razões Com o avanço da ciência e da tecnologia são criadas novas situações de risco diferentes das anteriores É certo que a ciência e tecnologia trazem muitos benefícios mas também criam riscos difíceis de medir Por ex ninguém sabe ao certo quais os riscos dos alimentos modificados geneticamente Muitas decisões da vida quotidiana também são afectadas pelo risco O risco e as relações de género estão intimamente relacionados Ex o casamento dantes era para toda a vida hoje muitas pessoas já nem se casa vivem juntas e nos casados as taxas de divórcio são elevadas Qualquer pessoa que pense ter uma relação tem que ter este fator de risco em conta Para Beck o mundo contemporâneo não é que tenha mais riscos que os anteriores mas a natureza dos riscos é que está a mudar O risco já não deriva só de perigos naturais mas das incertezas criadas pelo nosso próprio desenvolvimento social e pelo desenvolvimento da tecnologia e ciência Beck concorda com Habermas que a nova sociedade não anuncia o fim das tentavas de reforma social e politica Bem pelo contrário surgem novas formas de activismo como os grupos ecológicos de direitos dos consumidores ou de direitos humanos subpolitica A responsabilidade da gestão de risco não pode ser só dos políticos mas também é necessária a participação de outros grupos Anthony Giddens a reflexividade social Segundo Giddens hoje vivemos num mundo em fuga num mundo marcado por novos riscos e incertezas tal como diagnosticou Beck Mas a par do risco devíamos colocar a noção de confiança A confiança diz respeito à segurança que temos em relação aos indivíduos como em relação às instituições Num mundo em rápida transformação as formas tradicionais de confiança tendem a desaparecer pois as nossas vidas são influenciadas por pessoas que nunca conhecemos ou vimos Confiança significa apoiarmonos em sistemas abstractos como por exemplo temos de confiar nas instituições que regulamentam a alimentação a água a eficiência dos sistemas bancários etc A confiança e o risco estão muito relacionados entre si Na perspectiva de Giddens viver na era da 62 informação significa um aumento da reflexividade social A reflexividade social significa que temos de pensar constantemente e reflectir sobre as circunstâncias em que vivemos as nossas vidas Para Gidedens não perdemos inevitavelmente o controlo sobre o nosso futuro Os Governos mantêm uma boa parte do seu poder Colaborando entre si as nações podem juntarse para reafirmar a nossa influência sobre o mundo em fuga Os novos grupos ecologistas etc podem ter um papel importante A democracia não pode limitarse à esfera pública tal como defendeu Habermas Existe uma democracia de emoções que surge na vida quotidiana e que diz respeito ao aparecimento de formas de família nas quais os homens e as mulheres participam de igual modo A igualdade entre os sexos não se pode limitar ao direito de voto tem também de envolver a esfera pessoal e íntima A democratização da vida pessoal avança para um nível em que as relações se fundamentam no respeito mútuo na comunicação e na tolerância O que distingue as ciências sociais O que as distingue é a forma de encarar de abordar analisar de forma diferente a mesma realidade social ou seja cada uma dela adopta em relação à realidade social uma óptica diferente de análise Há 4 fatores que as diferenciam umas das outras os fins ou objetivos da investigação o que interessa aos investigadores explicar analisar e compreender a natureza dos problemas de investigação que os investigadores definem como sendo aqueles sobre os quais a sua pesquisa deve incidir os critérios utilizados pelos investigadores a fim de seleccionar as varáveis relevantes para o estudos desses problemas os métodos e técnicas de pesquisa Os cientistas procuram através das várias ciências sociais explicar todos os fenómenos ocorridos sendo que cada uma delas apesar de terem todas a mesma realidade a realidade humana e social aborda e analisa de forma diferente a 63 mesma realidade distinguindose pelos fins ou objetivos pela natureza dos problemas de investigação os diferentes critérios e variáveis bem como o método e técnicas de pesquisa 64 Referências BERGER Peter LUCKMAN Thomas Construção Social da Realidade Tratado de Sociologia do Conhecimento Rio de Janeiro Petrópolis 2002 BOBBIO Norberto O Futuro da Democracia 7 ed São Paulo Editora Paz e Terra 2000 CANCLINI Néstor Garcia Consumidores e Cidadãos Conflitos Multiculturais da Globalização Rio de Janeiro Ed UFRJ 1999 CHAUI Marilena Convite à Filosofia São Paulo Ática1999 COSTA Cristina Sociologia Introdução à Ciência da Sociedade São Paulo Moderna 2005 DaMatta Roberto Relativizando Uma introdução à Antropologia Social Rio de Janeiro Zahar1987 DIAS Reinaldo Sociologia e Administração Campinas Ed Alínea 2004 DURKHEIM Émile A Divisão Social do Trabalho Lisboa Presença 1984GIDDENS Anthony Sociologia Porto Alegre Artmed 2005 MARTINS Carlos Benedito Martins O que é Sociologia São Paulo Brasiliense 1994 QUINTANEIRO Tânia BARBOSA Maria L OLIVEIRA Márcia G Émile Durkheim Um Toque dos Clássicos 5 ed Belo Horizonte UFMG 1995 SELL Carlos Eduardo Sociologia Clássica Itajaí Ed UNIVALE 2006