·
Pedagogia ·
Sociologia
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5\nA Sociologia Alemã\n\nKarl Marx, crítico da modernidade\n\nÉ providencial que você já tinha ouvido falar em Marx. Ele ficou conhecido como o pai do comunismo, e é por isso que desperta tanta polêmica: de um modo geral, ou se ama, ou se odeia Marx. Mas você não precisa nem amar, nem odiar Marx, para reconhecer a importância de seu pensamento. Alguns de seus argumentos nos ajudaram a ter uma compreensão mais refinada do mundo. É importante conhecer esses argumentos, mesmo que você venha a discordar deles depois.\n\nIsto porque as ideias de Marx tiveram um enorme impacto na pesquisa e na história do pensamento. Sua obra marcou decisivamente não apenas o início da Sociologia, mas afetou também Filosofia, Política, Economia, Literatura, História e Artes em geral.\n\nEla nos deixou como herança uma linguagem de crítica, uma maneira de avaliar os principais aspectos do mundo moderno: o capitalismo, sua relação com o Estado e a sociedade. Marx nos ensina a desconstruir as aparentes, e procurar contradições profundas nas relações sociais existentes.\n\nApresentando Marx\n\nDe origem judaica, Marx nasceu em Trier, cidade da Alemanha, em 1818. Estudou Direito, História e Filosofia na Universidade de Bonn, então se mudou para Berlim. Fez seu doutorado, em Filosofia, em 1841, mas não conseguiu emprego como professor universitário.\n\nEm outubro de 1842, decidiu ir morar na cidade de Colônia, começou a trabalhar como jornalista. O governo fez com que ele escrevesse, e Marx, então à esse, mudou-se para Paris, onde conheceu Friedrich Engels, com quem faria uma parceria intelectual para o resto da vida. Marx teve seis filhos, mas tinha um problema de saúde adulta.\n\nContinue publicando em jornais, e se envolvendo cada vez mais com política, principalmente com o movimento operário europeu. Em 1848, Marx e Engels publicaram o Manifesto do Partido Comunista, texto que se tornaria um clássico, servindo de inspiração para os operários e socialistas do mundo inteiro. Novamente, Marx se exilou na Bélgica e, por fim, em Londres, acabou vivendo até sua morte.\n\n104 • CAPÍTULO 5 Introdução\n\nUma boa maneira de começar a conhecer a obra de um autor é entender o contexto em que ele viveu, as questões que o preocupavam, e contra quem escrevia. É o que faremos nesta introdução. Antes de vermos mais de perto alguns dos argumentos de Marx, vamos observar um pouco da realidade política, econômica e intelectual em que ele vivia, e que foi decisiva para a formação de suas ideias. Isto vai nos ajudar a situar os argumentos de Marx, facilitando sua compreensão.\n\nNo começo do século XVI, um trabalhador inglês levava em média 3 meses para conseguir sustentar sua família pelo ano inteiro. No final do século XVIII, precisava trabalhar ao inte...r, para obter a mesma renda. Ou seja, já estava ficando mais difícil em termos econômicos; para o trabalhador médio, ganhar dinheiro tornava-se um desafio cada vez maior.\n\nCOMENTÁRIO\n\nOs dados são do historiador Christopher Hill, em seu livro \"Reformation to Industrial Revolution: a social and economic history of Britain, 1530-1780.\" \n\nNascido no início do século XIX, Marx viu com os próprios olhos esta realidade econômica, a imensa transformação que a Revolução Industrial havia colocado em movimento. Mas por que essas mudanças tanto? Como foi que a Revolução Industrial alterou completamente a vida econômica do Ocidente (e depois, do mundo todo)? Exemplo\n\nVamos dar um exemplo. Imagine que você é um fabricante de casacos de lã na Inglaterra do final do século XVII. Você aprendeu a fabricá-los com o seu pai, que por sua vez havia aprendido com o pai dele. Desde sempre, sua família comprava a lã de um fornecedor local, que criava ovelhas em um pedaço de terra perto de sua casa. Vocês fabricavam os casacos manualmente, isto é, artesanalmente, e os vendiam depois nas pequenas feiras populares de rua.\n\nAcontece que, um dia, vocês receberam a notícia de que uma máquina havia sido criada, e que ela conseguia produzir um tipo de casaco menor de casacos que você e seu pai levavam um mês para fazer. A família se reúne para discutir se vale a pena comprar uma máquina daquelas, que na época era bastante cara. Muitas perguntas e dúvidas surgiram.\n\n\"Se se nós comprarmos a máquina, mas não houver lã suficiente para abastecê-la? Se não conseguirmos vender todos os casacos que produzirmos, vamos guardar-os onde?\"\n\n\"Send a máquina muito cara, precisamos pegar dinheiro emprestado para comprá-la mas como vamos ter a certeza de que o investimento vale a pena?\"\n\n105 • CAPÍTULO 5\n\n*Com tantos casacos produzidos em um único mês, precisaremos contratar alguém para vendê-los em outras feiras além das nossas. Mas quanto será o salário que pagaremos a esta pessoa?\" A partir do ascenso do capitalismo e, sobretudo, depois da Revolução Industrial, isto muda radicalmente: ao invés de a Economia ser parte integrante das relações sociais, são as relações sociais que passam a estar contidas na Economia.\n\nCOMENTÁRIO\n\nEste argumento é desenvolvido por Karl Polanyi na parte 1 de seu livro A grande transformação.\n\nThe Great Transformation: The Political and Economic Origins of Our Time é a obra mais importante do filósofo e historiador da Economia húngaro Karl Polanyi, publicada originalmente em 1944 nos Estados Unidos.\n\nHoje em dia, nós nem percebemos mais este fato. Já estamos acostumados a achar natural que a vida social esteja sujeita à lógica da Economia. Mas Marx testemunhou estas transformações no momento em que elas explodiram com toda intensidade, revolucionando a sociedade, o trabalho, a Economia, a Política, enfim, a vida das nações.\n\nEXEMPLO\n\nPor exemplo, o desempenho das indústrias leva a uma urbanização muito acelerada, e a vida nas cidades rapidamente se deteriorou: favoreização, falta de saneamento básico, jornadas de trabalho exaustivas, tudo isso contribuiu para as péssimas condições de vida dos trabalhadores (falida, a família produtora de clássicos artesanais engraxistas é, efetivamente, um triste exemplo de operações urbanas ...).\n\nPara ser uma ideia, operários chegavam a trabalhar 16 horas por dia, em 1833, criando-se então a jornada de trabalho para mais de 9 horas diárias na Inglaterra... Uma descrição das Londres de meados do século XIX se parece muito com a de uma grande brasileira atualmente.\n\nMarx acreditava que faltava um esforço intelectual no sentido de pensar criticamente sobre estas questões da maneira que ele julgava adequada. Embora admita-se os pensadores socialistas de sua época, como Saint-Simon e Fourier, Marx os julgava utópicos, porque seus ideais em prol de uma sociedade mais justa pareciam irrealizáveis.\n\nDo mesmo modo, conseguiu reconhecer a grandeza do principal mentor filosófico de seu tempo, o também além de Georg W. F. Hegel, Marx achava que era necessário se distanciar do idealismo de sua época. Para ele, Marx discordava completamente dos pensadores da tradição liberal, que elogiavam a Economia de mercado. Tais pensadores acreditavam que apenas o mercado poderia regular o próprio mercado: quanto menos o governo se intrometesse na Economia, melhor. CONCEITO\n\nMaterialismo\n\nMaterialismo, como veremos logo adiante, refere-se às condições materiais de existência, que, para Marx, era a base de onde deveria partir toda avaliação da vida humana. O conceito de \"falsidade\" é oriundo da História, e refere-se a diferentes formas por diferentes autores. Para Marx, dialética refere-se sobretudo, a uma cronificação.\n\nPor exemplo, um processo em que algo ocorre (uma tese), gera um efeito contrário (antítese), e, ao choque de ambos, resultam um novo fenômeno (uma síntese). Este movimento contínuo, no qual a tese e a antítese se chocam de modo a dar origem a uma \"sintese\", é um movimento dialético.\n\nNada nem ninguém deveria intervir nos preços dos salários, terras, produtos, ou nas regras de comércio. Isto porque o mercado seria como que regido por um modo invisível, que resultava da interação das pessoas, este resultado acabaria sendo benefício para todos.\n\nMarx não concordava com nada disto, e dedicou sua vida a mostrar que estavam errados. Como ele afirmou, é o que veremos agora, a partir dos conceitos de estrutura, superestrutura, relações de produção, educação, capitalismo, trabalho, alienação, mais-valia, ideologia e fetichismo da mercadoria.\n\nEstrutura, superestrutura e relações de produção\n\n\"Filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é transformá-lo.\" (Marx, Teses sobre Feuerbach).\n\nMarx avançou suas críticas acerca do mundo moderno em geral, e do capitalismo industrial em particular, através de uma perspectiva que ficou conhecida como materialismo histórico dialético.\n\nVeremos em que consiste este método, qual seu ponto de partida, e quais são as variáveis que legitimam essa abordagem. Para Marx, o que acontece na vida dos homens continuamente é determinado; relações necessárias e ideais são, portanto, construções sociais que possuem uma determinação histórica. Resumindo, bastante, seu argumento seil se desenvolve:\n\n- quando e fazem, chocam-se com as estruturas econômicas, sociais e políticas estabelecidas;\n- essas estruturas começam a ruir, e, então, sub-se uma época revolucionária;\n- dos conflitos sociais que daí resultam surgirá uma nova sociedade, com uma nova estrutura, ela que novas forças produtivas começam a se expandir.\n\nE o ciclo recomeça. Examinemos mais detidamente como todo este processo ocorreria. Segundo Marx, a um determinado conjunto de forças produtivas correspondem certas relações sociais de produção. Mas o que seriam tais relações sociais de produção?\n\nCompreendem a organização e o tipo de cooperação que é preciso haver para que os homens possam produzir. São as maneiras de usar as ferramentas, as matérias-primas ou a matriz energética disponível; é a distribuição dos instrumentos de produção, e o processo de tomada de decisão; a forma como o produto resultante será apropriado pelas pessoas.\n\nO conjunto das relações sociais de produção forma a estrutura de uma sociedade; e a partir desta estrutura que as instituições sociais e políticas vão se constituir. A produção de vida material gera outro tipo de produto nas formas culturais, religiosas, políticas, jurídicas, ideológicas, Marx chamaria de superestrutura.\n\nNa produção social da vida, os homens continuam determinando as relações necessárias e inde-\n\nfinidas à vida. Para Marx, a estrutura histórica se torna um elemnto fundacional, pois ela é parte do processo de transformação social em geral. (\"A Ideologia Alemã\", p. 19).\n\nO que Marx quer dizer é mais ou menos o seguinte: \"Quer entender a cultura, o direito, a religião, enfim, os fenômenos políticos e sociais de uma sociedade? Olhe para sua Economia, ou melhor, para as relações sociais de produção vigentes nesta sociedade\".\n\nA chave para a compreensão de uma sociedade está referida ao seu modo de produção—dai a perspectiva marxista ser materialista. Mas há uma armadilha na leitura da obra de Marx: é bastante comum dizerem que, para Marx, a Economia determina tudo o resto (cultura, religião, leis, política, etc.). Ou seja, tudo isso não passaria de um mero efeito ou fenômeno derivado das condições objetivas da Economia.\n\nO pensamento de Marx, entretanto, é mais complexo do que isso. Se Marx tivesse dito que a Economia determina a cultura, a política, o religião etc., então ele teria basicamente repetido o economista clássico David Ricardo. Na verdade, Marx queria assinalar que as contradições do modo de produção da vida material (a estrutura) estabelecem as condições dentro das quais a vida social, política e espiritual (a superestrutura) irá se desenvolver.\n\nEm outras palavras, Marx não alertava para o fato de que os impasses do sistema capitalista – a exploração de muitos em benefício de poucos, o conflito entre burgueses e proletários – formam um contexto que irá contribuir decisivamente para moldar as demais esferas (cultural, religiosa, jurídica etc.) do mundo moderno.\n\nCOMENTÁRIO\n\nVale ressaltar que o mesmo processo contínuo, isto é, a mesma relação dialética entre estrutura e superestrutura, aplica-se não apenas ao modo de produção capitalista, mas a todos os outros (feudal, escravocrata, etc.).\n\nÉ por esta razão que, contrariamente toda a filosofia de sua época, Marx poderia afirmar que \"Não é a consciência do homem que determina seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência.\" Ou seja, nos dois sentidos de modo, a maneira como percebemos a realidade, não é apenas uma questão de perspectiva individual. Ao contrário, ela depende fundamentalmente da posição social que ocupamos, e esta posição social é estabelecida, sobretudo, através das relações de produção.\n\nTendo isto em mente, podemos agora mergulhar numa proposta marxista para extrair sua força, para exercício se reproduzir.\n\nCapitalismo, trabalho e alienação\n\nComo vimos, para Marx as forças produtivas (condições materiais da produção) e as relações de produção (formas pelas quais os homens se organizam para levar adiante as atividades produtivas) são os dois fatores principais que estruturam uma sociedade. Há diversos modos de organizar as relações de produção; elas podem ser, por exemplo, de tipo cooperativo, escravaguista, servil, ou capitalista. Marx, é claro, irá analisar em detalhes o modo capitalista. Contudo, antes de avangardas, convém esclarecer que, diferentemente do uso que o senso comum atualmente lhe dá, o termo capital, na obra de Marx, não significa dinheiro.\n\nNo entendimento de Marx, \"O capital é um produto coletivo; só pode ser posto em movimento pelos esforços combinados de muitos membros da sociedade; e, mesmo, em última instância, pelos esforços combinados de todos os membros da sociedade. O capital não é uma coisa, uma força pessoal, é uma força social.\" (Manifesto Comunista). Adam Smith, um dos pais da economia clássica, já havia notado que o trabalho, porque criador de valor, era fonte de riqueza das sociedades. Marx, no entanto, não irá se limitar a observar somente as aparências do mercado sob o modo de produção capitalista, como o jogo de oferta e demanda.\n\nTomando caminho diverso, Marx investigará como o capitalismo transforma tudo em mercadoria, e quais as consequências para aqueles que são mais afetados por este fato. De início, Marx observa que o operário não possui nada, além de sua própria força de trabalho, que ele será obrigado a vender e em garantir sua sobrevivência. O próprio operário torna-se uma mercadoria, cuja força de trabalho é alugada pelo burguês mediante o pagamento de um salário. Portanto, de acordo com esse percurso de pensamento, Marx poderá então avaliar criticamente as questões da exploração e da alienação.\n\nA unidade de análise mais básica no sistema capitalista é a mercadoria, que possui um valor de uso (sua utilidade, incidentalmente) e um valor de troca (seu valor proporcional a outras mercadorias); por sua vez, não é apenas do quanto tempo gasto na sua produção, mas no processo de produção da mercadoria em relação com o trabalhador, que está a parte mais interessante da questão marxista.\n\nO capitalista, o burguês que é dono dos meios de produção (matéria-prima, ferramentas, etc.), fez todo um esforço para incrementar aquilo que Marx chamou de mais-valia, segundo algumas análises tradicionais. O capitalista não apenas aumenta a jornada de trabalho, o que Marx chama de mais-valia absoluta, ou incrementar a produtividade através da deproporção, a mais-valia relativa. Ou seja, o lucro não seria apenas um resíduo, como espunham os economistas clássicos. Em resumo, no modo de produção capitalista, o trabalhador transforma-se em um mero apêndice de máquinas; realizando tarefas insignificantes, monótonas, em qualquer relação com aquilo que produz.\n\nÉ esta a realidade a partir da Revolução Industrial: como as máquinas para o pequeno produtor acabou virando empregado de uma grande indústria. Mas este não foi o único tipo de alienação surgido com o consolidação do capitalismo.\n\nMarx fala também de alienação no sentido político, quando afirma que a democracia é o conteúdo e a forma. A forma da democracia era entendida e experimentada: havia eleições, votava-se para eleger. Estado não era um órgão político imparcial, como gostavam de sugerir os liberais. Na verdade, o Estado representava principalmente os interesses da burguesia, não os do povo.\n\nEm outras palavras, o Estado era um instrumento de dominação da classe dominante, razão pela qual os trabalhadores, os operários explorados, estavam também separados (alienados) dos processos de tomada de decisões políticas. A noção de participação popular é importante para o argumento marxista: a ausência de participação tornaria evidente o caráter excludente e classista da organização do Estado.\n\nPara Marx, a realização prática dos direitos humanos, por exemplo, pressupunha a participação do povo na vida política – justamente o que não acontecia! Sem tal participação, os direitos humanos seriam apenas uma noção abstrata, não uma realidade concreta, experimentada pelos indivíduos. Assim, Marx denuncia que os direitos humanos não definiam a igualdade; ao contrário, pressupunham a desigualdade. Luta de classes, história e revolução\n\n\"A sociedade burguesa moderna, que trouxe das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classe. Não fez senão substituir novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta às de outrora.\"\n\n(Manifesto Comunista)\n\nVale a pena desfazer desde já um equívoco de compreensão bastante comum na visão monista, uma classe não é definida pelo nível de renda, mas pela posição nos meios de produção. Tal posição varia de acordo com o momento histórico; na Idade Média, os senhores feudais eram donos dos meios de produção, os servos, ninguém, o mesmo vale para burgueses e operários na sociedade capitalista moderna. Marx não foi o primeiro a falar em classes, como, aliás, ele mesmo reconhece. Os economistas clássicos já utilizavam o conceito para pensar a divisão da sociedade. Então qual foi a novidade que introduziu a teoria da luta de classes?\n\nA história de luta das sociedades se verifica não apenas em todo o mundo, mas em todas as épocas. Homens livre, e pobres, era o povo, proletariado, em frente ao ricasso que lhes opõem, nesta guerra que, para uns, nunca tem fim, e que os bobos a endurecem, mas, para outros, é constante oposição, tendo vivido em uma guerra ininterrupta, em franca, ou disfarçada, uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária, ou a sociedade imune, ou pelo destruição das duas classes em luta. (Manifesto Comunista).\n\nMark mostrou que a existência de classes esteve sempre ligada a determinadas fases históricas do desenvolvimento dos modos de produção, e afirmou que, uma vez estabelecido o sistema capitalista, a luta de classes inevitavelmente desaguaria na vitória do proletariado sobre a burguesia, dando início a ditadura do proletariado.\n\nTal ditadura implicaria na abolição de todas as classes, no começo de uma sociedade justa, porque igualitária, uma sociedade onde não houvesse a exploração do homem pelo homem.\n\n\"O que caracteriza o comunismo não é a abolição da propriedade em geral, mas a abolição da propriedade burguesa. Ora, a propriedade privada, a propriedade burguesa, é, se a uma maneira perfeita expresse, de modo de produção e de apropriação baseado nos antagonismos de classes, na exploração de uns pelos outros. Nesse sentido, \"\n\nCAPÍTULO 5 113
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Ou seja, já estava ficando mais difícil em termos econômicos; para o trabalhador médio, ganhar dinheiro tornava-se um desafio cada vez maior.\n\nCOMENTÁRIO\n\nOs dados são do historiador Christopher Hill, em seu livro \"Reformation to Industrial Revolution: a social and economic history of Britain, 1530-1780.\" \n\nNascido no início do século XIX, Marx viu com os próprios olhos esta realidade econômica, a imensa transformação que a Revolução Industrial havia colocado em movimento. Mas por que essas mudanças tanto? Como foi que a Revolução Industrial alterou completamente a vida econômica do Ocidente (e depois, do mundo todo)? Exemplo\n\nVamos dar um exemplo. Imagine que você é um fabricante de casacos de lã na Inglaterra do final do século XVII. Você aprendeu a fabricá-los com o seu pai, que por sua vez havia aprendido com o pai dele. Desde sempre, sua família comprava a lã de um fornecedor local, que criava ovelhas em um pedaço de terra perto de sua casa. 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Mas quanto será o salário que pagaremos a esta pessoa?\" A partir do ascenso do capitalismo e, sobretudo, depois da Revolução Industrial, isto muda radicalmente: ao invés de a Economia ser parte integrante das relações sociais, são as relações sociais que passam a estar contidas na Economia.\n\nCOMENTÁRIO\n\nEste argumento é desenvolvido por Karl Polanyi na parte 1 de seu livro A grande transformação.\n\nThe Great Transformation: The Political and Economic Origins of Our Time é a obra mais importante do filósofo e historiador da Economia húngaro Karl Polanyi, publicada originalmente em 1944 nos Estados Unidos.\n\nHoje em dia, nós nem percebemos mais este fato. Já estamos acostumados a achar natural que a vida social esteja sujeita à lógica da Economia. 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Uma descrição das Londres de meados do século XIX se parece muito com a de uma grande brasileira atualmente.\n\nMarx acreditava que faltava um esforço intelectual no sentido de pensar criticamente sobre estas questões da maneira que ele julgava adequada. Embora admita-se os pensadores socialistas de sua época, como Saint-Simon e Fourier, Marx os julgava utópicos, porque seus ideais em prol de uma sociedade mais justa pareciam irrealizáveis.\n\nDo mesmo modo, conseguiu reconhecer a grandeza do principal mentor filosófico de seu tempo, o também além de Georg W. F. Hegel, Marx achava que era necessário se distanciar do idealismo de sua época. Para ele, Marx discordava completamente dos pensadores da tradição liberal, que elogiavam a Economia de mercado. Tais pensadores acreditavam que apenas o mercado poderia regular o próprio mercado: quanto menos o governo se intrometesse na Economia, melhor. CONCEITO\n\nMaterialismo\n\nMaterialismo, como veremos logo adiante, refere-se às condições materiais de existência, que, para Marx, era a base de onde deveria partir toda avaliação da vida humana. O conceito de \"falsidade\" é oriundo da História, e refere-se a diferentes formas por diferentes autores. Para Marx, dialética refere-se sobretudo, a uma cronificação.\n\nPor exemplo, um processo em que algo ocorre (uma tese), gera um efeito contrário (antítese), e, ao choque de ambos, resultam um novo fenômeno (uma síntese). Este movimento contínuo, no qual a tese e a antítese se chocam de modo a dar origem a uma \"sintese\", é um movimento dialético.\n\nNada nem ninguém deveria intervir nos preços dos salários, terras, produtos, ou nas regras de comércio. Isto porque o mercado seria como que regido por um modo invisível, que resultava da interação das pessoas, este resultado acabaria sendo benefício para todos.\n\nMarx não concordava com nada disto, e dedicou sua vida a mostrar que estavam errados. Como ele afirmou, é o que veremos agora, a partir dos conceitos de estrutura, superestrutura, relações de produção, educação, capitalismo, trabalho, alienação, mais-valia, ideologia e fetichismo da mercadoria.\n\nEstrutura, superestrutura e relações de produção\n\n\"Filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é transformá-lo.\" (Marx, Teses sobre Feuerbach).\n\nMarx avançou suas críticas acerca do mundo moderno em geral, e do capitalismo industrial em particular, através de uma perspectiva que ficou conhecida como materialismo histórico dialético.\n\nVeremos em que consiste este método, qual seu ponto de partida, e quais são as variáveis que legitimam essa abordagem. 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(\"A Ideologia Alemã\", p. 19).\n\nO que Marx quer dizer é mais ou menos o seguinte: \"Quer entender a cultura, o direito, a religião, enfim, os fenômenos políticos e sociais de uma sociedade? Olhe para sua Economia, ou melhor, para as relações sociais de produção vigentes nesta sociedade\".\n\nA chave para a compreensão de uma sociedade está referida ao seu modo de produção—dai a perspectiva marxista ser materialista. Mas há uma armadilha na leitura da obra de Marx: é bastante comum dizerem que, para Marx, a Economia determina tudo o resto (cultura, religião, leis, política, etc.). Ou seja, tudo isso não passaria de um mero efeito ou fenômeno derivado das condições objetivas da Economia.\n\nO pensamento de Marx, entretanto, é mais complexo do que isso. Se Marx tivesse dito que a Economia determina a cultura, a política, o religião etc., então ele teria basicamente repetido o economista clássico David Ricardo. Na verdade, Marx queria assinalar que as contradições do modo de produção da vida material (a estrutura) estabelecem as condições dentro das quais a vida social, política e espiritual (a superestrutura) irá se desenvolver.\n\nEm outras palavras, Marx não alertava para o fato de que os impasses do sistema capitalista – a exploração de muitos em benefício de poucos, o conflito entre burgueses e proletários – formam um contexto que irá contribuir decisivamente para moldar as demais esferas (cultural, religiosa, jurídica etc.) do mundo moderno.\n\nCOMENTÁRIO\n\nVale ressaltar que o mesmo processo contínuo, isto é, a mesma relação dialética entre estrutura e superestrutura, aplica-se não apenas ao modo de produção capitalista, mas a todos os outros (feudal, escravocrata, etc.).\n\nÉ por esta razão que, contrariamente toda a filosofia de sua época, Marx poderia afirmar que \"Não é a consciência do homem que determina seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência.\" Ou seja, nos dois sentidos de modo, a maneira como percebemos a realidade, não é apenas uma questão de perspectiva individual. Ao contrário, ela depende fundamentalmente da posição social que ocupamos, e esta posição social é estabelecida, sobretudo, através das relações de produção.\n\nTendo isto em mente, podemos agora mergulhar numa proposta marxista para extrair sua força, para exercício se reproduzir.\n\nCapitalismo, trabalho e alienação\n\nComo vimos, para Marx as forças produtivas (condições materiais da produção) e as relações de produção (formas pelas quais os homens se organizam para levar adiante as atividades produtivas) são os dois fatores principais que estruturam uma sociedade. Há diversos modos de organizar as relações de produção; elas podem ser, por exemplo, de tipo cooperativo, escravaguista, servil, ou capitalista. Marx, é claro, irá analisar em detalhes o modo capitalista. Contudo, antes de avangardas, convém esclarecer que, diferentemente do uso que o senso comum atualmente lhe dá, o termo capital, na obra de Marx, não significa dinheiro.\n\nNo entendimento de Marx, \"O capital é um produto coletivo; só pode ser posto em movimento pelos esforços combinados de muitos membros da sociedade; e, mesmo, em última instância, pelos esforços combinados de todos os membros da sociedade. O capital não é uma coisa, uma força pessoal, é uma força social.\" (Manifesto Comunista). Adam Smith, um dos pais da economia clássica, já havia notado que o trabalho, porque criador de valor, era fonte de riqueza das sociedades. Marx, no entanto, não irá se limitar a observar somente as aparências do mercado sob o modo de produção capitalista, como o jogo de oferta e demanda.\n\nTomando caminho diverso, Marx investigará como o capitalismo transforma tudo em mercadoria, e quais as consequências para aqueles que são mais afetados por este fato. De início, Marx observa que o operário não possui nada, além de sua própria força de trabalho, que ele será obrigado a vender e em garantir sua sobrevivência. O próprio operário torna-se uma mercadoria, cuja força de trabalho é alugada pelo burguês mediante o pagamento de um salário. Portanto, de acordo com esse percurso de pensamento, Marx poderá então avaliar criticamente as questões da exploração e da alienação.\n\nA unidade de análise mais básica no sistema capitalista é a mercadoria, que possui um valor de uso (sua utilidade, incidentalmente) e um valor de troca (seu valor proporcional a outras mercadorias); por sua vez, não é apenas do quanto tempo gasto na sua produção, mas no processo de produção da mercadoria em relação com o trabalhador, que está a parte mais interessante da questão marxista.\n\nO capitalista, o burguês que é dono dos meios de produção (matéria-prima, ferramentas, etc.), fez todo um esforço para incrementar aquilo que Marx chamou de mais-valia, segundo algumas análises tradicionais. O capitalista não apenas aumenta a jornada de trabalho, o que Marx chama de mais-valia absoluta, ou incrementar a produtividade através da deproporção, a mais-valia relativa. Ou seja, o lucro não seria apenas um resíduo, como espunham os economistas clássicos. Em resumo, no modo de produção capitalista, o trabalhador transforma-se em um mero apêndice de máquinas; realizando tarefas insignificantes, monótonas, em qualquer relação com aquilo que produz.\n\nÉ esta a realidade a partir da Revolução Industrial: como as máquinas para o pequeno produtor acabou virando empregado de uma grande indústria. Mas este não foi o único tipo de alienação surgido com o consolidação do capitalismo.\n\nMarx fala também de alienação no sentido político, quando afirma que a democracia é o conteúdo e a forma. A forma da democracia era entendida e experimentada: havia eleições, votava-se para eleger. Estado não era um órgão político imparcial, como gostavam de sugerir os liberais. Na verdade, o Estado representava principalmente os interesses da burguesia, não os do povo.\n\nEm outras palavras, o Estado era um instrumento de dominação da classe dominante, razão pela qual os trabalhadores, os operários explorados, estavam também separados (alienados) dos processos de tomada de decisões políticas. A noção de participação popular é importante para o argumento marxista: a ausência de participação tornaria evidente o caráter excludente e classista da organização do Estado.\n\nPara Marx, a realização prática dos direitos humanos, por exemplo, pressupunha a participação do povo na vida política – justamente o que não acontecia! Sem tal participação, os direitos humanos seriam apenas uma noção abstrata, não uma realidade concreta, experimentada pelos indivíduos. Assim, Marx denuncia que os direitos humanos não definiam a igualdade; ao contrário, pressupunham a desigualdade. Luta de classes, história e revolução\n\n\"A sociedade burguesa moderna, que trouxe das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classe. Não fez senão substituir novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta às de outrora.\"\n\n(Manifesto Comunista)\n\nVale a pena desfazer desde já um equívoco de compreensão bastante comum na visão monista, uma classe não é definida pelo nível de renda, mas pela posição nos meios de produção. Tal posição varia de acordo com o momento histórico; na Idade Média, os senhores feudais eram donos dos meios de produção, os servos, ninguém, o mesmo vale para burgueses e operários na sociedade capitalista moderna. Marx não foi o primeiro a falar em classes, como, aliás, ele mesmo reconhece. Os economistas clássicos já utilizavam o conceito para pensar a divisão da sociedade. Então qual foi a novidade que introduziu a teoria da luta de classes?\n\nA história de luta das sociedades se verifica não apenas em todo o mundo, mas em todas as épocas. Homens livre, e pobres, era o povo, proletariado, em frente ao ricasso que lhes opõem, nesta guerra que, para uns, nunca tem fim, e que os bobos a endurecem, mas, para outros, é constante oposição, tendo vivido em uma guerra ininterrupta, em franca, ou disfarçada, uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária, ou a sociedade imune, ou pelo destruição das duas classes em luta. (Manifesto Comunista).\n\nMark mostrou que a existência de classes esteve sempre ligada a determinadas fases históricas do desenvolvimento dos modos de produção, e afirmou que, uma vez estabelecido o sistema capitalista, a luta de classes inevitavelmente desaguaria na vitória do proletariado sobre a burguesia, dando início a ditadura do proletariado.\n\nTal ditadura implicaria na abolição de todas as classes, no começo de uma sociedade justa, porque igualitária, uma sociedade onde não houvesse a exploração do homem pelo homem.\n\n\"O que caracteriza o comunismo não é a abolição da propriedade em geral, mas a abolição da propriedade burguesa. Ora, a propriedade privada, a propriedade burguesa, é, se a uma maneira perfeita expresse, de modo de produção e de apropriação baseado nos antagonismos de classes, na exploração de uns pelos outros. Nesse sentido, \"\n\nCAPÍTULO 5 113