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Psicologia Ciência e Profissão OutDez 2016 v 36 n4 831846 DOI 10159019823703004142015 Disponível em wwwscielobrpcp Vivências Acadêmicas e Sofrimento Psíquico de Estudantes de Psicologia Antonio dos Santos Andrade Universidade de São Paulo Ribeirão Preto Brasil Gabriel Arantes Tiraboschi Universidade de São Paulo Ribeirão Preto Brasil Natália Amaral Antunes Universidade de São Paulo Ribeirão Preto Brasil Paulo Vinícius Bachette Alves Viana Universidade de São Paulo Ribeirão Preto Brasil Pedro Alves Zanoto Universidade de São Paulo Ribeirão Preto Brasil Rafael Trebi Curilla Universidade de São Paulo Ribeirão Preto Brasil Resumo A vivência estudantil na universidade é uma questão pouco investigada e discutida especialmente nos cursos de Psicologia assim como o sofrimento que pode acompanhála decorrente sobretudo do contato com o sofrimento psíquico de outras pessoas ou os conteúdos acadêmicos mais diretamente relacionados com a subjetividade humana Este artigo apresenta dados de uma pesquisa cujo objetivo era o levantamento das vivências acadêmicas dos estudantes de Psicologia de uma universidade pública do interior paulista Na coleta de dados foi utilizado um instrumento contendo uma questão de identificação sociodemográfica um conjunto de 20 itens de múltipla escolha formulado como numa escala do tipo likert de cinco pontos e cinco questões abertas que foi respondido por 119 estudantes dos cinco anos do curso Os resultados após serem submetidos às análises quantitativa e qualitativa permitiram verificar que na Escala Likert os alunos apresentaram no geral percepção favorável do curso No entanto nas questões abertas referentes às vivências e ao sofrimento psíquico foram apresentados indicadores explícitos de malestar universitário Na última questão que indagava sobre a vivência de sofrimento psíquico 107 dos 119 estudantes responderam afirmativamente A partir destes dados se discute a necessidade urgente de ações tanto por parte dos gestores universitários quanto das entidades que fiscalizam a formação de psicólogos Palavraschave Ensino Superior Estudantes Universitário Psicologia Serviços de Saúde Mental Orientação Escolar Academic Experiences and Psychological Suffering among Psychology students Abstract Academic experiences constitute a poorly discussed and researched subject which is also truth for the suffering that may go along with such experiences especially in the psychology courses as well as the suffering that can accompany them stemming mainly from contact with the psychic suffering of others or with an academic content more directly related to human subjectivity This study presents data from a survey whose purpose was to map the academic experiences of psychology students at a Brazilian public University A questionnaire containing a question of sociodemographic identification a set of 20 multiplechoice items formulated as a Likert scale of five points and five open questions was used to collect data by 119 students of the five years of the course The results after being subject to quantitative and qualitative analysis allowed to verify in Likert scale that the students presented in general a favorable perception of the course However the open questions relating to experiences and psychological distress presented explicit indicators of university unease In the last question that inquired about the experience of psychological distress 107 of 119 students responded affirmatively From these data we discuss the urgent need for action both by university administrators and by the entities that oversee the training of psychologists Keywords Higher Education College Students Psychology Mental Health Services School Counseling 832 Psicologia Ciência e Profissão OutDez 2016 v 36 n4 831846 Introdução As universidades públicas paulistas atravessam a pior crise de sua história com gastos com pessoal muito acima do permitido pela legislação As universidades federais não se encontram em situação mais favorável Nestes tempos em que cortes e contingenciamentos demissão voluntária para servidores técnicos e admi nistrativos terceirização do setor administrativo ava liação de desempenho com vistas a modificações nos regimes de trabalho ou até mesmo a exoneração de docentes são as palavras de ordem na gestão destas universidades o atendimento ao aluno em suas neces sidades fundamentais é deixado em último plano O presente artigo pretende chamar a atenção para essa necessidade mostrando a partir de uma pes quisa realizada com 119 alunos do curso de Psicolo gia de uma universidade pública do interior paulista a demanda por serviços de atendimento psicológico com vistas a minimizar o sofrimento psíquico destes alunos Destaca a gravidade da questão que a despeito da justificativa de situação de crise não pode ser des cuidada ou ter as providências a respeito adiadas A formação em Psicologia em nosso país é regulamentada pela Resolução da Câmara de Ensino Superior CES do Conselho Nacional de Educação CNES nº 05 de 15 de março de 2011 que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais Elaborada a partir de ampla discussão fundamentase nas concepções de competências e habilidades organizandoas em um Núcleo Comum com seus Eixos Estruturantes e Partes Diversificadas com suas Ênfases Curricula res Propõe e regulamenta ainda a criação de Estágios Supervisionados de dois tipos Básicos no Núcleo Comum e Específicos nas Partes Diversificadas Fina lizando em seu penúltimo parágrafo estabelece a exi gência de previsão no Projeto do Curso de um Serviço de Psicologia no qual os alunos possam realizar ati vidades de atendimento à comunidade na forma de estágios supervisionados No entanto é possível se questionar até que ponto o formato proposto por essas Diretrizes con templa a singularidade das vivências acadêmicas do estudante de Psicologia o qual está em contato com o sofrimento psíquico de outras pessoas e com con teúdos acadêmicos diretamente relacionados com a subjetividade humana Estudos apresentados a seguir apontam evidências de que este contato pode não apenas induzir sofrimento psíquico no próprio estudante como também elevar as probabilidades de desenvolvimento de desfechos mais severos Vivencias Académicas y el Sufrimiento Psíquico de los estudiantes de Psicología Resumen La experiencia de los estudiantes en la universidad es un asunto poco investigado y discutido sobre todo en los cursos de psicología así como el sufrimiento que puede acompañarla derivados principalmente del contacto con el sufrimiento psíquico de los demás o con contenidos académicos más directamente relacionados con la subjetividad humano Este artículo presenta datos de una encuesta cuyo objetivo fue estudiar las experiencias académicas de los estudiantes de psicología en una universidad pública de São Paulo Para la recolección de datos se utilizó un cuestionario que contiene una pregunta de identificación sociodemográfico un conjunto de 20 preguntas de elección múltiple formulado como una escala Likert de cinco puntos y cinco preguntas abiertas que fueron respondidas por 119 estudiantes de los cinco años del curso Los resultados después de haber sido objeto de un análisis cuantitativo y cualitativo permiten verificar en escala Likert que los estudiantes presentan en general una percepción favorable del curso Sin embargo en las preguntas abiertas relacionadas con las experiencias y los trastornos psicológicos se presentaron indicadores explícitos de malestar universitario En la última pregunta que trataba acerca de la experiencia de sufrimiento psíquico 107 de 119 estudiantes respondieron afirmativamente A partir de estos datos se discute la necesidad urgente de adoptar medidas tanto por parte de los administradores de la universidad como por parte las entidades que supervisan la formación de los psicólogos Palabras clave Educacion Superior Estudiantes Universitarios Psicologia Servicios de Salud Mental Orientación Escolar 833 Andrade A S Tiraboschi G A Antunes N A Viana P V B A Zanoto P A Curilla R T 2016 Vivências de graduandos em Psicologia Identificar indicadores de sofrimento psíquico de alunos de Psicologia se constituiu na meta prin cipal da pesquisa que será relatada neste artigo Pretendese ainda propor a discussão e o debate sobre as responsabilidades em relação a uma situação que vem se agravando a cada ano de negligência e desamparo aos estudantes de Psicologia em relação às suas demandas por atendimento psicológico Negli gência que parece ser mais acentuada nas universida des públicas pois as Instituições de Ensino Superior IES particulares com os altos índices de evasão se veem forçadas a buscar as formas de contela apos tando no atendimento psicoterapêutico do aluno como uma saída Esperandose assim contribuir para o aprofundamento deste debate este artigo assume como problema a existência de sofrimento psíquico na formação de psicólogos sem a iniciativa por parte dos dirigentes em ofertar serviços de atendimento Sofrimento psíquico prevalência dos transtornos mentais menores Para Horta Horta e Horta 2012 o conceito de distúrbio psiquiátrico menor pode ser empregado para caracterizar conjuntos de manifestações de malestar psíquico de caráter inespecífico com reper cussões fisiológicas e psicológicas que podem gerar limitações Enquanto Cerchiari Caetano e Faccenda 2005a acompanhando diversos outros autores preferem referiremse a este fenômeno como Trans tornos Mentais Menores TMM e apontam que na população mundial em geral os índices de prevalên cia destes variam entre 7 e 26 enquanto na popu lação brasileira são de 8 a 23 Nos EUA o índice de prevalência de TMM nas universidades é de 35 Entre estudantes canadenses encontrouse um índice de 30 E foi encontrado um índice de 3932 entre uni versitários mexicanos Enquanto na Finlândia o índice variou de 6 a 29 segundo Cerchiari et al 2005a No Brasil em universidades públicas os índices de pre valência de TMM variaram entre 25 Cerchiari et al 2005a e 58 Neves Dalgalarrondo 2007 Nos questionários de rastreamento os principais sinto mas investigados são os níveis de estresse distúrbios psicossomáticos irritabilidade fadiga e insônia entre outros possíveis Horta et al 2012 em uma universi dade do sul do país encontraram uma prevalência de 95 entre os professores 195 entre os funcionários e 266 entre os estudantes Neves e Dalgalarrondo 2007 e Cerchiari et al 2005a pesquisaram diversos cursos das três gran des áreas do conhecimento humanas exatas e bio lógicas e em ambos os estudos foi encontrada pre valência maior em estudantes dos cursos de ciências humanas e da saúde Facundes e Ludemir 2005 pesquisaram especificamente a incidência desses transtornos em estudantes da área da saúde cursos de Medicina Odontologia Enfermagem e Educação Física e encontraram um índice geral de 341 com predominância entre estudantes de Medicina 426 Lima Domingues e Cerqueira 2006 e Fiorotti Ros soni Borges e Miranda 2010 encontraram índices de 446 e 371 respectivamente entre os graduandos em Medicina Cavestro e Rocha 2006 obtiveram índi ces parecidos de depressão e risco de suicídio entre estudantes dos cursos de Terapia Ocupacional Medi cina e Fisioterapia de uma universidade pública Costa et al 2010 ao estimarem a prevalência de TMM e fatores associados entre estudantes de Medi cina da Universidade Federal de Sergipe encontraram uma prevalência de 40 quando se retira os dados referentes aos calouros 1º semestre e 425 quando se inclui os dados referentes aos calouros Em estudo posterior Costa et al 2014 com estudantes de Medi cina Odontologia e Enfermagem encontraram uma prevalência para os mesmos transtornos de 337 Em um curso de Medicina da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Unesp Silva Cer queira e Lima 2014 encontraram uma prevalência de 449 para este mesmo tipo de transtorno O único estudo deste tipo encontrado na literatura científica nacional que inclui estudantes de Psicologia é o de Gastaud et al 2006 no qual a prevalência dos transtornos psiquiátrico menores foi comparada com a dos alunos de Direito e Medicina obtida em estudo anterior citado pelos autores Os níveis de prevalência foram aproximadamente os mesmos pois na pesquisa anterior haviam encontrado uma prevalência de 175 para os alunos de Direito e 20 para os alunos de Medi cina enquanto na pesquisa em consideração encon traram 211 de prevalência destes transtornos para os de Psicologia Não apenas com os estudantes de Psico logia mas também nos demais estudos anteriormente citados os autores concluíram que o contato com o sofrimento psíquico de outras pessoas ou os conteú dos acadêmicos mais diretamente relacionados com a subjetividade humana pode elevar as probabilidades do desenvolvimento de algum transtorno mental menor 834 Psicologia Ciência e Profissão OutDez 2016 v 36 n4 831846 Sofrimento Psíquico e manifestações associadas dependência química sintomas psicossomáticos e evasão No Ensino Superior segundo Xavier Nunes e Santos 2008 observase a produção de situações que propiciam sofrimento psíquico e suas mani festações sintomáticas absenteísmo depressão dependência química melancolia fobias isola mento e no limite a evasão Os autores relatam que ao longo de quatro anos de atendimento psi coterápico do Núcleo de Atendimento e Práticas Psicológicas NAPP da Universidade Estadual do Ceará UECe aos alunos de graduação puderam constatar consequências do sofrimento psíquico e do malestar discente a partir de observação qua litativa dos sujeitos atendidos que variavam desde absenteísmo laboral e stress até dependência quí mica e quadros de doença mental Andrade et al 2014 buscaram descrever os dife rentes processos que interferem no sofrimento psí quico discente em todas as escolas médicas do Ceará acompanhando do 2o ao 6o ano 40 alunos da UECe e 20 dos demais estudantes com ingresso comum em todas as outras escolas cearenses Foi utilizado o SelfReport Questionnaire20 para avaliar Transtornos Mentais Leves TML Na UECe foi encontrada uma prevalência de suspeitos de portar TML de 533 sendo que 20 dos alunos procuraram ajuda psico lógica Nas outras escolas 485 foram suspeitos e 182 procuraram ajuda Depressão insônia pro blema pessoal privação de lazer e insegurança téc nica atuaram sobre o sofrimento FerrideBarros Alencar Berchielli e Castelhano Junior 2011 investigaram a ocorrência de cefaleias entre estudantes de Medicina e de Psicologia Foi uti lizado um questionário respondido pelos estudan tes A cefaleia pelo menos uma vez na vida ocorreu em 98 dos estudantes no ano anterior à coleta dos dados em 91 Enquanto a cefaleia tensional ocor reu em 59 e a enxaqueca em 22 na Medicina na Psicologia ocorreu 485 e 32 respectivamente De todos os estudantes 45 relataram interferência variável na produtividade No geral a taxa de auto medicação foi de 77 relataram piora da cefaleia desde o ingresso na universidade 36 Os auto res consideraram que a prevalência de cefaleias foi muito alta A enxaqueca foi mais prevalente em Psi cologia do que Medicina havendo piora dos sinto mas desde o ingresso na universidade Santos Pereira e Siqueira 2013 buscaram traçar o perfil do uso de álcool e tabaco entre universitários do curso de graduação em Psicologia do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo com uma amostra de 221 estudantes e a utilização de um questionário Encontrouse maior prevalência de álcool 8507 e tabaco 3307 na frequência uso na vida sendo o uso de álcool maior que na população geral As substâncias associadas ao uso de álcool foram a maconha os tranquilizantes e as anfetaminas Já para o uso de tabaco as substân cias mais associadas foram maconha inalantes aluci nógenos e as anfetaminas Chiapetti e Serbena 2007 investigaram o uso de álcool tabaco e drogas por alunos da área de saúde de uma universidade particular da cidade de Curi tiba Um questionário foi aplicado a 538 estudantes de 18 a 54 anos dos Cursos de Educação Física Fisio terapia Nutrição e Psicologia Verificaram um elevado consumo de álcool e tabaco principalmente nos cur sos de Educação Física e Psicologia que também se destacam no consumo de outras substâncias Correlacionada aos problemas da saúde mental e da falta de estrutura da universidade em termos de apoio pedagógico está a evasão universitária que é definida por Castro 2012 como o desligamento do curso superior por qualquer outro motivo que não a diplomação Silva Filho Motejunas Hipolito e Lobo 2007 apontam uma média de evasão de 12 para as universidades públicas Outros estudos apontam que o 1o ano da universidade é o período mais delicado para o aluno de extrema importân cia para o sucesso ou não do aluno é nesse ano que muitas desistências acontecem MarinhoAraujo Bisinoto 2011 Reason Terenzini Domingo 2006 Teixeira Dias Wottrich Oliveira 2008 É impor tante lembrarse da preocupação apresentada por Bardagi e Hutz 2009 em relação ao fato de muitos alunos estarem insatisfeitos com sua experiência acadêmica em boa parte da graduação De uma forma geral os estudos apresentados nessa seção apontam diversas manifestações asso ciadas ao sofrimento psíquico desde a dependência química e os sintomas psicossomáticos até o absen teísmo e a evasão Considerandose os índices supe riores à população geral para os TMM e as demais manifestações associadas seria de se esperar que providências fossem tomadas no sentido de apoio e assistência psicoterapêutica ao estudante 835 Andrade A S Tiraboschi G A Antunes N A Viana P V B A Zanoto P A Curilla R T 2016 Vivências de graduandos em Psicologia Serviços de apoio acadêmico e psicológico ao aluno em universidades Se por um lado as pesquisas citadas acima reve lam uma significativa incidência de TMM e conse quente sofrimento psíquico por outro lado eviden ciase pelo menos na literatura nacional a escassez de estudos sobre serviços de atendimento psicológico a estudantes universitários Em Cerchiari Caetano e Faccenda 2005b encon tramos que esse tipo de serviço teria surgido nos Esta dos Unidos no início do século XX a partir do reco nhecimento de que os universitários passam por uma fase vulnerável do ponto de vista psicológico e que dessa forma a responsabilidade em ajudálos nesse momento seria da instituição em que se encontrem inseridos Este reconhecimento levou à Primeira Con ferência Internacional sobre Saúde Mental Estudan til da qual participaram 37 especialistas de diferentes categorias profissionais oriundos de vários países Já no que concerne ao Brasil os autores situam como marco inicial do atendimento em saúde mental a uni versitários a criação no ano de 1957 na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco do primeiro Serviço de Higiene Mental e Psicologia Clí nica com a finalidade de oferecer assistência psicoló gica e psiquiátrica aos estudantes universitários Figueiredo e Oliveira 1995 apresentam a ten tativa de implantação de um serviço dessa natureza junto ao corpo discente da Universidade Federal de São Carlos UFSCar Foi realizado um estudo prévio com os estudantes no qual foi possível constatar que os interesses se concentravam em problemas emo cionais 37 doenças sexualmente transmissíveis 24 toxicomania 174 métodos anticoncepcio nais 107 e alcoolismo 26 Cianflone Figueiredo e Colares 2002 apresen tam o Centro de Apoio Educacional e Psicológico CAEP que tem como finalidade a assistência psico lógica e psicopedagógica aos alunos de graduação da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Univer sidade de São Paulo O objetivo geral desse serviço é auxiliar o estudante no seu desenvolvimento pessoal e profissional no decorrer de sua formação acadê mica As modalidades de atendimento são variáveis e procuram se adaptar à disponibilidade dos alunos e às possibilidades do serviço Peres Santos e Coelho 2003 descrevem em seu trabalho o Programa de ProntoAtendimento Psicoló gico ao Aluno um serviço de atendimento psicológico oferecido junto à clínicaescola da Faculdade de Ciên cias e Letras de Assis da Unesp e o Centro de Pesquisas e Psicologia Aplicada voltado à comunidade discente dessa universidade Segundo a descrição feita o ser viço oferece atendimentos gratuitos aos estudantes conduzidos por estagiários dos 4º e 5º anos do curso de graduação em Psicologia e supervisionados por uma psicóloga contratada Assis e Oliveira 2010 apresentam um levan tamento realizado pelo Fórum de Próreitores de Assuntos Comunitários e Estudantis órgão ligado à Associação Nacional de Reitores das Universidades Federais Brasileiras Este fórum realizou um mapea mento sobre a assistência aos estudantes praticada entre 40 IES públicas brasileiras durante os anos de 1999 e 2000 Dessas 40 instituições eles constataram que somente 34 ofereciam algum tipo de atendi mento à saúde mental dos estudantes universitários Bisinoto e MarinhoAraújo 2015 realizaram estudo pioneiro que mapeou os Serviços de Psicolo gia das Instituições de Educação Superior brasileiras e o trabalho realizado pelos psicólogos escolares por meio de questionário formulário eletrônico com posto de 13 questões objetivas tendo identificado 87 Serviços Verificaram que na maioria deles os psi cólogos escolares em equipe multiprofissional desen volvem ações principalmente direcionadas aos estu dantes identificandose algumas intervenções com outros atores educacionais Em outro texto Bisinoto e MarinhoAraújo 2014 apresentam uma proposta de atuação para os Serviços de Psicologia Escolar na Edu cação Superior abordando diversos aspectos destes serviços como objetivos públicoalvo recursos huma nos e as atividades a serem desenvolvidas Em conclusão o que se verifica em relação ao atendimento psicoterapêutico ao estudante universi tário em geral e aos dos cursos de Psicologia em par ticular é que a situação ainda demanda mais investi gações Mas pelos dados que já se possui verificase uma oferta muito aquém da demanda por este tipo de atendimento levando à reivindicação de ações dos órgãos responsáveis pela fiscalização da formação e do exercício profissional no sentido de melhoria de tão indispensável dispositivo de saúde universitária Perspectiva do estudo A partir do panorama da literatura científica apresentado anteriormente assumiuse investi 836 Psicologia Ciência e Profissão OutDez 2016 v 36 n4 831846 gar as vivências acadêmicas dos alunos do curso de Psicologia de um município do interior paulista Vivência acadêmica é um termo que se tem empre gado na literatura de Psicologia aplicada ao ensino superior Usualmente referese a um conjunto geral de aspectos de experiências universitárias os quais se refletem no desempenho e sucesso dos alunos Ao utilizar este termo autores procuram extrapolar a tradicional perspectiva intrapsíquica e contemplar também características dos contextos universitá rios ou seja fatores externos ao indivíduo Almeida Soares e Ferreira 2000 destacam como relaciona dos a essa vivência os domínios acadêmico social pessoal e vocacional Subdividido em dimensões e escalas este constructo foi avaliado na forma de questionário construído e validado em Portugal Almeida 1998 e adaptado ao Brasil Granado San tos Almeida Soares Guisande 2005 Entre os poucos estudos empíricos encontrados na literatura e que investigam aspectos das vivências acadêmicas em curso de Psicologia temos o de Igue Barani e Milanesi 2008 que pesquisaram as vivên cias acadêmicas de universitários por meio da aplica ção do Questionário de Vivências Acadêmicas versão reduzida QVAr juntamente com uma questão sobre as expectativas no período de ingresso à universi dade em 203 estudantes dos 1º e 5º anos de um curso superior de Psicologia As análises estatísticas indica ram diferença significativa na dimensão institucional entre os dois anos considerados Quanto às expecta tivas iniciais foi encontrada diferença significativa apenas para os alunos de 5º ano na dimensão inter pessoal e no total das dimensões Santos Polydoro Scortegagna e Linden 2013 utilizando o QVAr e uma Escala de Satisfação Aca dêmica ESEA com 203 estudantes dos cursos de Psicologia n 76 e Odontologia n 127 de uma universidade particular mostraram que os estudan tes apresentaram níveis de integração e de satisfação superior à média Foram detectadas diferenças entre os cursos relativas às variáveis focalizadas e corre lações entre as dimensões Em conclusão afirmam que a integração e a satisfação apesar de comparti lhar aspectos comuns avaliam construtos diferentes ambos importantes para a compreensão do fenômeno complexo e multideterminado da vida acadêmica Mais especificamente investigando reflexões derivadas da experiência como professora e supervi sora da disciplina de Técnicas de Diagnóstico Infan til a qual exige a realização de um psicodiagnóstico Poletto 2003 realizou o levantamento e estudo sobre as diversas demandas envolvidas no processo por meio de exemplos vivenciados pelas alunas com as crianças e seus pais Na Universidade do Porto Rocha Silva Barbosa e Duarte 2013 buscaram promover o Desenvolvimento Profissional DP de estudantes de Psicologia em duas componentes intrapessoal e interpessoalsocial por meio de um programa com dois grupos um de 10 e outro de cinco participantes avaliados formalmente no início e no fim do programa através de uma medida construída para o efeito Os resultados apoiaram a eficácia da intervenção e indicam mudanças ao nível do autoconhecimento da representação de DP do conhecimento do papel de psicólogo dos recursos para a transição entre papéis e contextos da coerência e riqueza narrativa e das competências relacionais básicas Para a pesquisa que se relatará a seguir elabo rouse um questionário cuja finalidade era compre ender alguns dos fatores mais relevantes que podem levar ao sofrimento psíquico às dificuldades de envolvimento dos alunos no curso e à evasão para tanto foi realizado um levantamento acerca das vivências acadêmicas dos alunos do curso de Psico logia de uma universidade pública do interior pau lista Como objetivos específicos a pesquisa preten deu investigar respostas dos alunos sobre como se dava o envolvimento deles com as atividades curri culares acadêmicas complementares e extracurricu lares os relacionamentos interpessoais com colegas e professores as justificativas para o trancamento geralevasão do curso e possíveis indícios de sofri mento psíquico Método Caracterização do estudo Tratase de uma pesquisa transversal de aborda gem qualitativa e quantitativa realizada por meio de questionário O questionário utilizado continha sete questões a primeira delas de caracterização socio demográfica a segunda uma escala Likert as outras cinco eram questões abertas as quais foram respon didas anonimamente pelos estudantes do curso de Psicologia de uma universidade pública do interior do estado de São Paulo 837 Andrade A S Tiraboschi G A Antunes N A Viana P V B A Zanoto P A Curilla R T 2016 Vivências de graduandos em Psicologia Caracterização dos participantes Participaram deste estudo 119 discentes matricu lados do 1º ao 5º ano do curso de Psicologia da refe rida IES que oferece 40 vagas anuais aos ingressantes podendo totalizar até 200 alunos Foram incluídos todos os alunos que estando presentes no momento da aplicação do questionário concordaram em parti ciparem Destes 32 possuíam idade de 2122 anos 28 de 1920 anos 24 de 2324 anos 61 eram do sexo feminino 89 não exerciam atividade remune rada 48 declararam morar com colegas 61 decla raram que a mãe possui ensino superior completo e 56 que o pai possui ensino superior completo Instrumento utilizado Foi elaborado um questionário com quatro par tes A primeira parte solicitava dados sociodemo gráficos dos alunos tais como idade gênero estado civil escolaridade e profissão dos pais entre outros A segunda parte tratavase de uma Escala Likert de cinco pontos 1 Discordo muito 2 Discordo 3 Indiferente 4 Concordo 5 Concordo plena mente elaborada com 20 itens dos quais 10 foram aproveitados do Questionário de Vivências Acadê micas revisto QVAr Almeida Soares Ferreira 2002 sendo que das cinco dimensões que o compõe não foi utilizado nenhum item da Dimensão Pessoal 1 da Dimensão Vocacional 2 da Dimensão Interpes soal 3 da Dimensão EstudoAprendizagem e 4 da Dimensão Institucional Exemplos Sintome envol vido com o meu curso Mesmo que pudesse não mudaria de curso Conheço bem os serviços ofe recidos pela universidade Simpatizo com a cidade onde se situa a minha universidade Estes itens foram completados com outros 10 das quais cinco se referiam diretamente a aspectos do curso carga horária atividades de sala de aula atividades práti cas tipos de avaliações e desempenho nas provas três se referiam às atividades acadêmicas comple mentares iniciação científica monitoria e extensão universitária um sobre atividades extracurriculares e ainda outro sobre as relações das unidades de con teúdos do início do curso com as do final A Tabela 1 na seção de Resultados apresenta os enunciados dos 20 itens A terceira parte era composta por três itens de múltipla escolha com opções sim não ou não sei sendo a primeira questão sobre espaço para discussão das dificuldades de adaptação no curso a segunda sobre a importância da discus são de questões relativas ao papel profissional do psicólogo no início do curso a terceira sobre tran camento total de matrícula Esta última questão subdivide a resposta sim em três alternativas consi derandose o número de semestres trancados Além disso este item solicita que o respondente declare os motivos que levaram ao trancamento total A quarta parte do questionário compreendia duas questões abertas a primeira delas sobre vivências acadêmi cas e a segunda sobre sofrimento psíquico Procedimento Próximo ao final do 2o semestre letivo no início ou término das aulas com a anuência dos docentes os pesquisadores apresentavam os objetivos da pes quisa descreviam seus procedimentos e convida vam os estudantes presentes em sala a participarem do estudo Os que concordavam assinavam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e respondiam o questionário Foi escolhido o final de semestre por se considerar que a vivência acumulada durante o ano iria possibilitar especialmente aos ingressantes condições para responderem às questões propostas Foi dada preferência à aplicação no início ou término de disciplinas obrigatórias por concentrarem maior número de estudantes Pelo mesmo motivo se prefe riu a aplicação em sala de aula Análise de dados Nas primeira segunda e terceira partes os dados foram analisados a partir do cômputo das por centagens de resposta em cada uma de suas alter nativas sejam as questões de múltipla escolha ou as da Escala Likert Para esta foram calculados os Box Scores e a Moda de cada item segundo as reco mendações de Jamieson 2004 Três itens da Escala apresentavam formulações negativas portanto para melhor visualização tiveram a sua pontuação inver tida Para toda a Escala Likert foi calculado o inter valo de confiança de proporções do Top e Botton Box totais com a finalidade de estimar quais seriam as proporções de respostas extremas se todos os alunos estivessem presentes durante a aplicação Jamieson 2004 As respostas dadas na Quarta parte do ques tionário de questões abertas foram submetidas à análise de conteúdo 838 Psicologia Ciência e Profissão OutDez 2016 v 36 n4 831846 Considerações éticas A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos da IES a qual pertencem os autores CAAE nº 22877113400005407 Resultados A seguir serão apresentados os resultados obti dos na análise dos dados da segunda Questão II terceira Questões III IV e V e quarta Questões VI e VII partes do questionário aplicado aos estu dantes uma vez que os dados da primeira parte já foram incluídos na caracterização dos participan tes na seção de Método Vivências acadêmicas avaliadas pela Escala Likert Questão II A Tabela 1 apresenta as respostas brutas aos 20 itens que compuseram a Escala Likert Questão II nas colunas estão o enunciado da questão as frequ ências brutas de respostas em cada um dos pontos da escala de 1 a 5 as modas destacadas em negrito o Botton Box porcentagem de respostas no extremo Enunciado Frequências brutas em cada um dos pontos da escala Bottom Box Muito ruim Discordo muito 1 Top Box Muito boa Concordo plenamente 5 1 2 3 4 5 Gostaria de concluir o curso na instituição que frequento 2 0 5 16 96 168 8204 Mesmo que pudesse não mudaria de curso 12 9 6 25 67 1008 6256 A instituição de ensino que frequento não me desperta interesse 2 4 11 39 63 168 5384 Oportunidades de atividades de pesquisa IC e outros 0 2 14 44 59 0 4958 Simpatizo com a cidade onde se situa minha universidade 4 5 11 42 57 336 4955 Relacionamento interpessoal com colegas 2 3 12 48 54 168 4615 Tenho dúvidas vocacionais 10 13 15 37 44 840 4034 Sintome desiludidoa com meu curso 5 13 12 48 41 420 3595 Sintome envolvido com o meu curso 3 10 19 48 39 252 3361 Oportunidades de atividades de extensão universitária 2 31 34 26 26 168 2222 Relacionamento interpessoal com docentes 3 11 43 44 18 252 1551 Desempenho nas provas 0 5 25 72 17 0 1429 Envolvimento em atividades extracurriculares 7 25 34 38 15 588 1339 Carga horária semanal de atividades do curso 2 33 35 39 10 168 855 Atividades práticas 8 31 36 35 9 672 810 Quantidade e qualidade das monitorias 4 27 45 36 7 336 609 Nível de exigências das avaliações 4 16 40 54 5 336 435 Conheço bem os serviços oferecidos pela universidade 5 36 41 32 5 420 438 Relações entre as disciplinas iniciais e a prática profissional 18 32 46 19 4 1513 395 Atividades em sala de aula 0 16 55 46 2 0 168 Total 391 2781 IC Iniciação científica Itens cujas pontuações foram invertidas devido ao sentido negativo da questão Tabela 1 Frequência bruta de respostas a cada ponto e em cada item da Escala Likert com modas destacadas em negrito e Botton e Top Box por item 839 Andrade A S Tiraboschi G A Antunes N A Viana P V B A Zanoto P A Curilla R T 2016 Vivências de graduandos em Psicologia inferior da escala ponto 1 e o Top Box porcentagem no extremo superior ponto 5 Nos seis primeiros itens da Tabela 1 a moda se situa na pontuação 5 e há uma diferença de mais de 44 pontos percentuais entre seus respectivos Botton Box e Top Box Os estudantes têm uma percepção muito positiva das questões abordadas nos respecti vos itens opinião sobre a instituição e o curso opor tunidades de pesquisa a cidade da universidade e relacionamento interpessoal com colegas A moda do sétimo item Tenho dúvidas vocacio nais se situa na pontuação 5 e a diferença entre Top e Botton Box é superior a 30 mas 84 das respos tas foram na pontuação mais negativa do item Há um número considerável de alunos com dúvida vocacional Para os cinco itens subsequentes a moda está nas pontuações 4 ou 3 com a diferença entre o Top e Botton Box variando de 13 a 31 pontos percentuais Os estudantes que de maneira geral se sentem envol vidos e satisfeitos com o curso e com seu desempenho neste têm um bom relacionamento interpessoal com docentes e julgam que têm boas oportunidades de ati vidades de extensão universitária A moda dos seis itens a seguir se situa nas pontu ações 3 e 4 mas com diferenças entre Top e Botton Box pequenas menores que 8 Os alunos não se sentem muito envolvidos com atividades extracurriculares jul gam que a carga horária semanal do curso não é muito adequada julgam as atividades práticas como media nas não concordam muito com a quantidade de moni torias oferecidas e o nível de exigência das avaliações e não conhecem muito bem os serviços oferecidos pela universidade O último item Atividades em sala de aula contém somente duas respostas nas categorias extremas Estas respostas condizem com o fato dos alu nos desejarem melhores aulas mais atividades práticas melhores avaliações e menor carga horária semanal No penúltimo item Relações entre as discipli nas iniciais e a prática profissional o Botton Box excede consideravelmente o Top Box A moda se situa na pontuação 3 mas a concentração de respostas se dá nas três primeiras pontuações de resposta Os alu nos consideram muito ruim a relação entre a teoria ministrada em aula e a prática profissional em coe rência com as respostas aos itens de atividades práti cas e atividades em sala de aula Em síntese nos itens da Escala Likert os alunos apresentaram no geral uma apreciação bastante favorável do curso Necessidade de reflexão sobre o curso e trancamentos Questões III IV e V As questões de múltipla escolha III IV e V abor daram as necessidades de reflexão de acolhimento e a evasão do curso As alternativas eram Sim Não e Não sei Na Questão III perguntase Você considera importante que os alunos tenham um espaço para discussões em grupo sobre as dificuldades de adap tação ao início do curso Essa questão foi respon dida afirmativamente por 115 alunos 966 reve lando um consenso dominante entre os alunos sobre a importância de apoio ao aluno no momento inicial do curso As respostas à Questão IV Você acha impor tante que se discuta no início do curso questões relativas ao papel profissional do psicólogo mos traram uma concentração maior dos dados com três turmas 1o 3o e 5o anos apresentando consenso 100 de frequência na alternativa Sim No geral 116 alunos 974 responderam afirmativamente à questão revelando um interesse generalizado em dis cutir aspectos da atuação profissional e ele se estende a toda a graduação A Questão V buscou detectar quantos alunos haviam passado pelo processo de trancamento total do curso em anos recentes o que poderia indi car uma tendência à evasão À exceção do primeiro um aluno de cada ano havia trancado e retomado o curso todos por um período de até dois semestres totalizando quatro alunos 34 das respostas O restante 115 estudantes 966 nunca realizara trancamento Para aqueles que responderam afir mativamente a essa questão solicitouse os moti vos que levaram ao referido trancamento Como respostas apareceram a não identificação com a proposta das disciplinas problemas de saúde com membro da família carga horária excessiva de comprometimento com atividades e motivos pessoais que impossibilitaram a conciliação com atividades do curso Evidentemente alunos que estavam com a matrícula trancada no momento de aplicação do questionário não responderam a esta questão Dados da época da aplicação do questionário mostram que de quatro turmas ativas naquele período haviam evadido 17 alunos apro ximadamente quatro em cada turma de 40 ressal vandose que estas vagas são sempre preenchidas por transferência 840 Psicologia Ciência e Profissão OutDez 2016 v 36 n4 831846 Comentários abertos sobre as vivências e o sofrimento psíquico Questões VI e VII A Análise de Conteúdo das repostas à Questão VI Comente a sua vivência acadêmica até o momento considerando seus relacionamentos acontecimen tos marcantes facilidades e dificuldades resultou em categorias que foram classificadas segundo a valoração que os estudantes atribuíam a estes temas separandoas em favorável desfavorável ou neutra Tabela 2 Com predomínio de classificação favorável estão as incluídas nas categorias referência às vivências em geral 588 de respostas favoráveis em 64 o relacionamento entre pares 784 de respos tas favoráveis em 51 atividades extracurriculares 941 de respostas favoráveis em 17 e relaciona mento com os professores 481 de respostas favo ráveis e 408 desfavoráveis em 27 Como desfavoráveis a carga horária com relatos de práticas avaliativas recorrentemente se restringindo a atividades centralizadas apenas nos finais dos semestres sobrecarregando esse período enquanto em outros momentos se sentem ociosos a organização curricular críticas à excessiva con centração de disciplinas básicas nos primeiros anos a relação entre teoria e prática e adaptação à vida universitária Esta última com relatos abordando desde situação econômica até a iniciação e cultivo de laços sociais frente à situação de risco de ruptura de vínculos mudança de cidade inserção institucio nal e até questões relativas à formação de identidade A dificuldade de acesso a informações institucionais de serviços que a universidade já oferece e que não comunica de forma eficiente e a falta de transparência da instituição que tem suas informações concentra das em um sistema pouco prático fazendo com que as oportunidades dependam muito de contatos infor mais para suas identificações Em síntese são diversos os indicadores de situa ções internas ao curso que podem levar a sentimentos de inadequação e até mesmo a sofrimento A despeito do posicionamento aparentemente favorável explici tado na escala Likert incluída na Questão II A última questão VII Você considera que as ati vidades desenvolvidas pelos alunos deste curso podem desencadear algum tipo de sofrimento psíquico Expli que obteve 107 respostas sim 90 explicadas pos teriormente e 12 respostas não 10 sem justificati Categorias Favorável Neutro Desfavorável Total Referência às vivências em geral 37 587 16 254 10 159 63 Relacionamento entre pares 40 784 2 39 9 177 51 Relacionamento com professores 13 481 3 111 11 408 27 Carga horária 2 80 0 23 920 25 Adaptação à vida universitária 0 1 48 20 952 21 Questões específicas dos dois primeiros anos 2 95 1 48 18 857 21 Atividades extracurriculares 16 941 0 1 58 17 Relação entre teoria e prática 2 125 0 14 875 16 Didática 2 154 1 77 10 769 13 Organização curricular 0 1 77 12 923 13 Informações institucionais 1 83 2 167 9 750 12 Relacionamento com veteranos 6 545 1 91 4 364 11 Sociabilização ou eventos sociais 7 700 0 3 300 10 Experiência de estágios 1 167 3 500 2 333 6 Atividades de pesquisa e extensão 6 100 0 0 6 Informações acadêmicas 1 200 0 4 800 5 Avaliação 0 0 3 100 3 Pressão por desempenho 0 0 3 100 3 Motivação em relação ao curso 0 1 333 2 667 3 Eventos acadêmicos 3 100 0 0 3 Vocação 0 0 1 100 1 Tabela 2 Frequência e porcentagem das categorias de conteúdos obtidas a partir das respostas à Questão VI 841 Andrade A S Tiraboschi G A Antunes N A Viana P V B A Zanoto P A Curilla R T 2016 Vivências de graduandos em Psicologia vas A Análise de Conteúdo destas produziram diversas categorias sendo possível que uma mesma resposta pela sua extensão produzisse mais de um sentido A carga excessiva de atividades do curso é a categoria com maior número de respostas 28 com exigência do aluno de mais tempo do que o previsto no programa das disciplinas que dificulta a participa ção em atividades extracurriculares A natureza espe cífica do estudo da Psicologia 27 respostas inclui referências à mobilização de sentimentos e aborda gem de temas de caráter pessoal A seguir a exigên cia emocional durante os estágios que acontecem nos dois últimos anos do curso 17 respostas o exagero de demanda encontrada na cultura pelo desempenho acadêmico citado em 16 respostas Necessidades de um sistema de apoio ao aluno e sugestões específi cas em 15 Nesta última categoria os respondentes também abordaram o sucateamento de um órgão já existente que oferece serviço clínico para membros da instituição assim como a inexistência e a necessidade de sistemas abertos de apoio pessoal ao estudante Relacionamentos com professores específicos incluiu 13 respostas Organização curricular incluiu 12 Especificidades estruturais do primeiro ano incluiu 10 Houve oito repostas que fizeram referência ao surgimento de sintomas psicossomáticos secundá rios a circunstâncias vivenciadas no curso entre tais sintomas foram citados a privação de sono o estresse e angústias facilitadoras de desequilíbrios hormonais Categorias com poucas respostas em cada uma delas necessidades ou demandas estudantis não atendidas com seis respostas avaliações sem sen tido com cinco dissociação teoria e prática e falta de didática ambas com quatro respostas cada difi culdade de adaptação à vida universitária com três respostas dúvidas vocacionais apenas duas e por último uma categoria outras com as seguintes res postas problemas de socialização e interação entre os alunos relacionamento com os veteranos falta de reconhecimento para as atividades extracurricu lares e menção a evasão que aconteceu com colega por não ter recebido apoio institucional Em resumo nestas duas questões VI e VII foram reveladas situações de produção de sofrimento psí quico vivenciadas por estudantes até mesmo em um curso de Psicologia que numa avaliação geral e obje tiva se apresentava como bom Numa síntese geral dos resultados evidenciase inicialmente que a percepção do curso pelos alunos é bastante satisfatória Mas se deve considerar ser esta apenas uma aproximação bastante geral das vivências do curso em análise pois foi possível a identificação de alguns aspectos mais específicos nos quais os estudan tes apontavam problemas Por exemplo o penúltimo item da Escala Likert Relações entre as disciplinas iniciais e a prática profissional foi o único no qual o número de avaliações extremamente negativas excede consideravelmente o número de avaliações extrema mente positivas Mais explicitamente na Questão VI os estudantes fizeram várias referências desfavoráveis à relação entre teoria e prática didática e organização curricular E na Questão VII ao serem perguntados sobre vivências que podem desencadear sofrimento psíquico os alunos relacionam esse sofrimento a natu reza particular do estudo da Psicologia a exigência emocional durante os estágios que acontecem nos dois últimos anos do curso organização curricular e especi ficidades do 1o ano de curso Além disso o perfil traçado pelos alunos carac teriza as disciplinas do curso em especial as iniciais como desorganizadas entre si sem comunicação entre os docentes Também não fica evidente a relação das disciplinas dos anos iniciais com a prática da profissão o que pode acarretar em dificuldades no momento em que são solicitados a realizarem os estágios específicos nos dois últimos anos do curso Muitas dessas ques tões poderiam ser trabalhadas com o aluno se a facul dade promovesse discussões no início do curso sobre questões relativas ao papel profissional do psicólogo Prática que quase todos os participantes considera ram importante O perfil é de alunos sobrecarregados A Questão II mostra a carga horária semanal avaliada como não sendo muito adequada Nas questões aber tas VI e VII a carga horária é avaliada negativamente também sendo considerada excessiva em especial nos momentos finais de cada semestre Discussão Um primeiro aspecto evidenciado na Escala Likert Questão II se refere às dúvidas vocacio nais Este é um aspecto que poderia ser trabalhado com tais alunos em serviços de apoio ao aluno tais como os citados por Assis e Oliveira 2010 Bisinoto e MarinhoAraújo 2015 Cerchiari et al 2005b Cianflone et al 2002 Figueiredo e Oliveira 1995 Peres et al 2003 Esta questão talvez não tenha surgido com maior destaque nos dados pelo fato 842 Psicologia Ciência e Profissão OutDez 2016 v 36 n4 831846 de que a coleta de dados foi realizada próxima ao final do 2o semestre época em que as dúvidas voca cionais maiores já resultaram em evasão tal como corroborado pelos estudos de MarinhoAraujo e Bisinoto 2011 Reason et al 2006 e Teixeira et al 2008 que apontam que os maiores índices de eva são ocorrem ao final do 1o ano Informações da IES na qual a pesquisa foi rea lizada apontam que a evasão naquele curso se situa entre 10 e 20 quase sempre ao final do 1o ano Evidentemente os dados com os alunos evadidos não poderiam ter sido conseguidos pelo questioná rio utilizado pois pela sua natureza ele demandava uma vivência mínima com curso antes de ser respon dido daí a sua aplicação mais próxima ao final do ano quando os evadidos do 1o ano já não cursavam mais as disciplinas Como apontado por MarinhoAraujo e Bisinoto 2011 Reason et al 2006 Teixeira et al 2008 o 1o ano de faculdade é um momento crítico para os alunos Na questão final sobre o sofrimento psíquico que pudessem ter vivenciado os resultados obtidos apon tam uma real existência de dificuldades de adequação ao curso e principalmente a ocorrência de sofrimento psíquico apontada por 107 dos 119 respondentes Na revisão da literatura apresentada na Introdução para Cerchiari et al 2005a e Neves e Dalgalarrondo 2007 há uma prevalência maior de Transtornos Mentais Menores em estudantes dos cursos de ciências huma nas e da saúde Também Facundes e Ludemir 2005 encontraram um índice geral de 341 com predomi nância entre estudantes de Medicina 426 Ainda Fiorotti et al 2010 e Lima et al 2006 encontraram índices de 446 e 371 respectivamente entre os graduandos em medicina Assim como Cavestro e Rocha 2006 sobre os índices de depressão e risco de suicídio entre estudantes Os autores de todos esses estudos observaram que o contato com o sofrimento psíquico de outras pessoas ou os conteúdos acadêmi cos mais diretamente relacionados com a subjetividade humana correlacionase com certa vulnerabilidade e pode elevar as probabilidades do desenvolvimento de algum transtorno mental o que leva à hipótese de que o mesmo ocorra com estudantes dos cursos de Psico logia O que foi corroborado pelos dados obtidos na presente pesquisa Todos estes aspectos justificam a preocupa ção com a oferta de dispositivos de assistência e apoio ao estudante Assis e Oliveira 2010 Bisinoto e MarinhoAraújo 2015 Cerchiari et al 2005b Cianflone et al 2002 Figueiredo e Oliveira 1995 Peres et al 2003 mostram que em relação ao aten dimento ao estudante universitário em geral mas também em relação aos dos cursos de Psicologia em particular a situação de atendimento psicológico ainda é bastante precária clamando por investigações e principalmente por ações dos órgãos responsáveis pela fiscalização da formação e do exercício profissio nal no sentido de melhoria de tão indispensável dis positivo de saúde universitária Por tratarse de uma universidade pública pau lista esta negligência só pode ser atribuída a uma ênfase exagerada no produtivismo entendido como forma de avaliação do desempenho docente funda mentado na produção científica ou seja artigos em periódicos Numa política deste tipo a graduação acaba por se tornar uma preocupação secundária que fica evidenciada no valor secundário atribuído às atividades de ensino nas avaliações docentes na quantidade relativamente baixa de incentivos às ati vidades de graduação quando comparadas com os incentivos à pósgraduação e à pesquisa Formar psicólogos num contexto como esse a despeito do destaque que o curso possa ter seja por sua alta procura ou por posições elevadas nos rankings nacionais fica comprometido pela negligên cia com as vivências acadêmicas e os aspectos passí veis de gerarem sofrimento psíquico tal como eviden ciado pelos dados apresentados Considerações finais Os resultados obtidos e discutidos na presente pesquisa permitem a conclusão de uma situação bastante complexa em relação ao sofrimento psí quico dos estudantes deste curso de Psicologia A percepção geral das vivências no curso investi gadas através da Escala Likert são amplamente favoráveis mas nas questões abertas evidenciam de forma clara e enfática a existência do sofrimento psíquico mencionando fatos que os propiciam e apontando vivências que lhes foram desfavoráveis Estes sentimentos podem estar indicando uma situ ação de risco aumentado para o desenvolvimento de transtornos mentais nessa população de estu dantes o que sugere a necessidade de haver uma atenção mais cuidadosa por parte da instituição universitária com a consequente necessidade de 843 Andrade A S Tiraboschi G A Antunes N A Viana P V B A Zanoto P A Curilla R T 2016 Vivências de graduandos em Psicologia discutir e propor medidas de manejo deste sofri mento como medida propiciadora de bemestar no ambiente universitário A partir daí surge como aspecto relevante as propostas de serviços de atendimento ao estudante universitário do curso de Psicologia modalidade de serviço ainda bastante incipiente conforme relatado pelos estudos apontados anteriormente Neste sentido o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior Sinaes desenvolvido pelo Ins tituto Nacional de Estudos e Pesquisas INEP do Ministério da Educação MEC inclui entre suas dimensões do instrumento de avaliação uma que se refere especificamente à Assistência ao Discente Esta preocupação do MEC por certo determina ações e preocupações em universidades públicas federais mas não se estende às públicas estaduais que estejam subordinadas a Conselhos Estaduais de Educação Nestas o descuido é proeminente mais ainda nesta época de crise da universidade púbica como mencionado na Introdução Na IES do curso no qual a pesquisa se realizou havia um projeto de criação de um Serviço de Atendimento ao Aluno que foi completamente abandonado tão logo a crise se instalou Seria portanto de se esperar que o Conselho Federal de Psicologia também se ocupasse da mesma Cabe pois propor que a partir da literatura revista e dos dados obtidos na presente pesquisa este órgão assuma ações efetivas seja no sentido de orientar ou até mesmo de fiscalizar a implantação de Serviços de Atendimento ao Estudante de Psicologia A pesquisa apresentada neste artigo possui limi tações por utilizar um questionário de autorrelato que revelou dados que podem não refletir de forma completa e aprofundada as percepções que os estu dantes possuíam ainda que se tenha incluído ques tões abertas A realização de estudos utilizando por exemplo entrevistas poderiam enriquecer os dados obtidos e revelar aspectos que não foram menciona dos Ainda que pelo compromisso ético assumido não se mencionou qual foi a IES estudada fica evi dente que se trata de um estudo cujos dados por prin cípio se restringem ao seu caso estimulando pois que novas pesquisas com diversas outras IES públicas ou particulares se realizem Referências Almeida L S 1998 Questionário de vivências aca démicas para jovens universitários estudos de construção e de validação Revista GalegoPortugue sa de Psicología e Educación 23 113130 Almeida L S Soares A P Ferreira J A G 2000 Transição e adaptação à universida de apresentação do questionário de 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dfcategoryslugmarco2011pdfItemid30192 Castro A K S S 2012 Evasão no ensino superior um estudo no curso de psicologia da UFRGS Dis sertação de Mestrado Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre Recuperado de http hdlhandlenet1018355077 Cavestro J M Rocha F L 2006 Prevalência de depressão entre estudantes universitários Jornal Brasileiro de Psiquiatria 554 264267 doi101590S004720852006000400001 Cerchiari E A N Caetano D Faccenda O 2005a Prevalência de transtornos mentais menores em es tudantes universitários Estudos de Psicologia 103 413420 doi101590S1413294X2005000300010 Cerchiari E A N Caetano D Faccenda O 2005b Utilização do serviço de saúde mental em uma univer sidade pública Psicologia Ciência e Profissão 252 252265 doi101590S141498932005000200008 Chiapetti H Serbena C A 2007 Uso de álcool ta baco e drogas por estudantes da área de saúde de uma universidade de Curitiba Psicologia Reflexão e Crítica 202 303313 doi101590S010279722007000200017 Cianflone A R L Figueiredo J 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considerações acerca de uma experiência em clínicaescola Estudos de Psicologia Campinas 203 4757 doi101590S0103166X2003000300004 Poletto R C 2003 Demandas do processo psi codiagnóstico considerações teóricas e clíni cas sobre as vivências das estudantes de psico logia Psicologia Ciência e Profissão 233 29 doi101590S141498932003000300002 Reason R D Terenzini P T Domingo R J 2006 First things first developing academic competence in the first year of college Research in Higher Educa tion 472 149175 doi101007s1116200588844 Rocha A C Silva G Barbosa R Duarte C 2013 Tornarse psicólogo para além das aulas grupo de de senvolvimento com estudantes de psicologia Análise Psicológica 311 87102 doi1014417ap660 Santos A A A G Polydoro S A J Scortegagna S A Linden M S 2013 Integração ao ensino superior e satisfação acadêmica em universitá rios Psicologia Ciência e Profissão 334 780793 doi101590S141498932013000400002 Santos M V R Pereira D S Siqueira M M 2013 Uso de álcool e tabaco entre estudantes de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo Jornal Brasileiro de Psiquiatria 621 2230 doi101590S004720852013000100004 Silva A G Cerqueira A T A R Lima M C P 2014 Apoio social e transtorno mental comum entre estudantes de medicina Revista Brasileira de Epidemiologia 171 229242 doi1015901415790X201400010018ENG Silva Filho R L L Motejunas P R Hipólito O Lobo M B C M 2007 A evasão no ensino superior brasileiro Cadernos de Pesquisa 37132 641659 Recuperado de httppublicacoesfccorg brojsindexphpcparticleview346350 Teixeira M A P Dias A C G Wottrich S H Olivei ra A M 2008 Adaptação à universidade em jovens calouros Psicologia Escolar e Educacional 121 185202 doi101590S141385572008000100013 Xavier A Nunes A I B L Santos M S 2008 Subjetividade e sofrimento psíquico na formação do sujeito na universidade Revista Malestar e Sub jetividade 82 427451 Recuperado de httppep sicbvsaludorgscielophpscriptsciarttextpi dS151861482008000200008 Antonio dos Santos Andrade Docente da Universidade de São Paulo Ribeirão Preto SP Brasil Email antandrasffclrpuspbr Gabriel Arantes Tiraboschi Mestrando pela Universidade de São Paulo Ribeirão Preto SP Brasil Email gabrielarantestuspbr Natália Amaral Antunes Acadêmica de Psicologia pela Universidade de São Paulo Ribeirão Preto SP Brasil Email antunespoligmailcom Paulo Vinícius Bachette Alves Viana Acadêmico de Psicologia pela Universidade de São Paulo Ribeirão Preto SP Brasil Email paulobac1gmailcom Pedro Alves Zanoto Acadêmico de Psicologia pela Universidade de São Paulo Ribeirão Preto SP Brasil Email zanoto92gmailcom Rafael Trebi Curilla Acadêmico de Psicologia pela Universidade de São Paulo Ribeirão Preto SP Brasil Email wedchidnahotmailcom Endereço para envio de correspondência Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto USP Av Bandeiranes 3900 Ribeirão Preto São Paulo CEP 14049900 Recebido 29112015 Reformulação 09082016 Aprovado 04112016 Received 11292015 Reformulated 08092016 Approved 11042016 Recibido 29112015 Reformulado 09082016 Aceptado 04112016 846 Psicologia Ciência e Profissão OutDez 2016 v 36 n4 831846 Como citar Andrade A S Tiraboschi G A Antunes N A Viana P V B A Zanoto P A Curilla R T 2016 Vivências Acadêmicas e Sofrimento Psíquico de Estudantes de Psicologia Psicologia Ciência e Profissão 364 831846 DOI 10159019823703004142015 How to cite Andrade A S Tiraboschi G A Antunes N A Viana P V B A Zanoto P A Curilla R T 2016 Academic Experiences and Psychological Suffering among Psychology students Psicologia Ciência e Profissão 364 páginapágina831846 DOI 10159019823703004142015 Cómo citar Andrade A S Tiraboschi G A Antunes N A Viana P V B A Zanoto P A Curilla R T 2016 Vivencias Académicas y el Sufrimiento Psíquico de los estudiantes de Psicología Psicologia Ciência e Profissão 364 831846 DOI 10159019823703004142015 542 Psicologia Ciência e Profissão AbrJun 2017 v 37 n2 542542 httpsdoiorg10159019823703000012017 ERRATA Na edição 364 no artigo Vivências Acadêmicas e Sofrimento Psíquico de Estudantes de Psicologia nas páginas 831 e 845 onde se lê Pedro Alvez Zanoto correto é Pedro Alves Zanoto