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37 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE Unidade II 5 MODELOS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE 51 Evolução dos pensamentos pedagógicos Desde o surgimento do homem a educação é prática fundamental da espécie distinguindo o modo de ser cultural dos homens do modo natural de existir dos demais seres vivos SEVERINO apud GADOTTI 2001 O pensamento pedagógico surge a partir da reflexão sobre a prática da educação ou seja a prática educativa é anterior ao pensamento pedagógico este surge a fim de sistematizar e organizar a prática em função de determinados fins e objetivos GADOTTI 2001 A seguir de forma sucinta apresentaremos um esquema para facilitar a compreensão da evolução dos pensamentos pedagógicos a partir do estudo de Gadotti 2001 O pensamento pedagógico oriental A doutrina pedagógica mais antiga é o taoísmo que prega pela vida tranquila e pacífica Confúcio 551479 aC sob doutrina taoísta pregava o ensino dogmático e memorizado Na educação chinesa tradicional o centro era a reprodução do sistema hierárquico e de obediência Para os hindus a essência educativa consistia na contemplação e reprodução da cultura das castas Para os egípcios houve destaque no uso de bibliotecas e criação das casas de instrução nas quais eram promovidos ensinamentos de leitura escrita história dos cultos astronomia música medicina dentre outros Para o povo hebreu a educação deveria ser rígida e minuciosa com técnicas de repetição a partir do cristianismo seus métodos influenciaram a cultura ocidental O pensamento pedagógico grego A sociedade grega serviu de berço da cultura civilização e educação ocidental A educação do homem integral pautavase em ginástica para o corpo filosofia para a mente e artes para a moral e os sentimentos 38 Unidade II Contribuições dos grandes filósofos gregos Sócrates crença que o autoconhecimento é o início do caminho para o verdadeiro saber Platão educação como arte de conversão no sentido de vislumbrar o Bem o divino Aristóteles aprendemos fazendo O pensamento pedagógico romano Na educação romana predominou o caráter utilitário e militarista focados na disciplina e justiça Na escola os castigos eram severos os culpados por erros eram açoitados por varas Todas as regiões conquistadas pelo império romano eram submetidas aos mesmos hábitos Com o domínio de Roma sobre a Grécia a filosofia de educação grega também influenciou os romanos O pensamento pedagógico medieval Com a queda do Império Romano e a partir das invasões bárbaras a influência grecoromana é limitada e impõese o crivo ideológico da Igreja Cristã Destacase que Cristo havia sido um grande educador utilizandose de parábolas estabelecendo diálogo com os humildes a partir de uma linguagem popular e erudita O Império Árabe com predomínio islâmico não queria mutilar a cultura grega em função dos seus interesses Assim foram eles que a levaram ao ocidente Os estudos medievais compreendiam gramática dialética e retórica além de aritmética geometria astronomia e música Cabe destacar que a educação assim como o pensamento grego e romano era excludente Não tinham acesso à educação escravos mulheres e crianças apenas a elite que incluía a nobreza e o clero Nesse período da Idade Média há destaque para a criação das universidades Alguns historiadores afirmam que as universidades medievais eram menos elitistas que as renascentistas O pensamento pedagógico renascentista Nesse período da história há uma revalorização da cultura grecoromana tornando a educação mais prática incluindo a educação do corpo e a substituição dos métodos mecânicos por procedimentos mais agradáveis Em reação à Reforma Protestante a Igreja Católica criou o índice de livros proibidos e organizou a Inquisição também criou a Companhia de Jesus com ação dos jesuítas A educação jesuítica privilegiava os dogmas a conservação das tradições em uma educação científica e moral em detrimento de uma abordagem humanística 39 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE O pensamento pedagógico moderno Nesse período há uma nova forma de produção econômica o sistema de cooperação opondose ao modo feudal Tudo o que fora ensinado até então era considerado suspeito Há um questionamento do que é a verdade com predomínio da razão e do método Destaques desse período histórico telescópio Galileu Galilei circulação do sangue William Harvey distinção entre fé e razão Francis Bacon matemática como a ciência perfeita René Descartes Houve ainda uma revolução linguística com o fim do predomínio do latim João Amos Comênio afirmava que a educação do homem nunca termina pois estamos sempre em formação Permanecia a dicotomia entre trabalho intelectual e trabalho manual Ao lado da luta popular pelo acesso à escola temse a popularização da educação religiosa a partir dos metodistas com as escolas dominicais e ordens religiosas católicas dedicandose à educação popular O pensamento pedagógico iluminista Jean Jacques Rousseau inaugura uma nova era na educação com o resgate da relação entre educação e política Outro grande avanço foi o de não vislumbrar mais a criança como um adulto em miniatura Ressaltase nesse período o estado natural do homem com isso temse uma educação que permite o desabrochar da natureza humana Ocorre um movimento de libertação da repressão dos monarcas e do despotismo do clero Immanuel Kant supera a contradição de conhecimento inato x conhecimento pela experiência Para Kant o homem é o que a educação faz dele através da disciplina didática formação moral e da cultura Fichte e Hegel pautamse no idealismo subjetivo negando as implicações externas Mantevese nesse período a diferenciação de educação popular para trabalhar da educação para classe dirigente para governar 40 Unidade II O pensamento pedagógico positivista Referese à concepção burguesa de educação Destaque para Augusto Comte que se pautava no pensamento positivista Cabe explicitar que o positivismo nasce como filosofia e segue como ideologia e que a contribuição positivista na educação referese ao valor dado à ciência ao que é passível de comprovação concreta e quantificação O pensamento pedagógico socialista Surge do movimento popular pela democratização do ensino Gramsci critica a divisão de ensino clássico e profissional e apontava o trabalho como um princípio antropológico e educativo Para Karl Marx a transformação educativa deveria ocorrer paralelamente à revolução social O pensamento pedagógico da escola nova A teoria da Escola Nova propunha que a educação fosse instigadora da mudança social e ao mesmo tempo se transformasse já que a sociedade também estava em mudança Há destaque para Montessori que desenvolveu em seus trabalhos o foco nas experiências sensoriais e para Piaget que teve como foco o desenvolvimento da inteligência na criança Embora esse movimento escolanovista não tenha relação direta com o tecnicismo pedagógico teve grande preocupação com os meios e técnicas educacionais O pensamento pedagógico crítico Na segunda metade do século XX surgem críticas à educação e a afirmação do quanto essa educação reproduz a sociedade Algumas teorias que abordam o sistema de ensino como função ideológica escola enquanto aparelho ideológico do Estado Althusser escola enquanto violência simbólica Bourdieu e Passeron O pensamento pedagógico brasileiro O pensamento pedagógico com autonomia nacional teve início a partir da Escola Nova e até então havia uma reprodução do pensamento religioso medieval Em 1924 foi criada a Associação Brasileira de Educação e em 1938 o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos 41 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE Católicos e liberais representavam grupos diferentes porém o denominador comum entre esses grupos era a configuração de facções de grupos dominantes Com o pensamento pedagógico progressista é que se coloca o papel da educação na transformação social O destaque é dado ao educador e pensador Paulo Freire considerado um dos maiores educadores do século XX Sua ideia central é pautada na concepção dialética educador e educando aprendem juntos em uma relação dinâmica na qual a prática orientada pela teoria reorienta essa teoria tornandose um processo de constante aperfeiçoamento Para Paulo Freire através da educação é possível alcançar a autonomia intelectual do cidadão para intervir sobre a realidade A educação é compreendida como ato político Educadores e teóricos da educação progressistas defendem a formação do cidadão crítico e participantes das mudanças sociais Alguns defendem mais a autonomia da escola outros maior intervenção do estado O pensamento pedagógico brasileiro é rico e está em movimento não é possível reduzilo a esquemas A perspectiva atual é de discussão sobre a educação pósmoderna e multicultural 511 A promoção da saúde e os modelos de educação em saúde A promoção da saúde é definida como processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde incluindo uma maior participação no controle desse processo esta definição advém da carta de Ottawa de 1986 resultante da Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde Nesse sentido a atuação do profissional de saúde está em focalizar o potencial da pessoa para o bemestar e encorajála a modificar hábitos pessoais estilo de vida e ambiente de modo a reduzir os riscos e aumentar a saúde e o bemestar Para isso o princípio de corresponsabilização nas práticas terapêuticas tornase fundamental As direções propostas pela OMS para a promoção da saúde incluem a necessidade da redução das desigualdades sociais e construção de uma comunidade ativa SANTOS WESTPHAL 1999 Pela complexidade dos fatores envolvidos no fenômeno saúde a promoção da saúde passa a ser compreendida como um investimento na articulação de todos esses fatores visando maximizar as possibilidades de saúde e evitar a doença Remetendo ao referencial do processo saúdedoença previamente apresentado acrescentamos que o foco está em maximizar os fatores de fortalecimento à saúde e minimizar os fatores de desgaste Considerado esse contexto a promoção da saúde vem ao encontro da necessidade de uma nova ética social estruturada pelo compartilhamento de possibilidades e potenciais AKERMAN MENDES BÓGUS 2004 42 Unidade II Observação A essência da promoção da saúde é a escolha e portanto a liberdade As mudanças no campo da saúde pública em particular a criação do movimento da promoção da saúde acarretaram mudanças fundamentais nos princípios que sustentaram durante algum tempo a educação em saúde Na velha saúde pública a educação em saúde tinha um único enfoque o da prevenção de doenças A nova educação em saúde deve superar a conceituação biomédica de saúde e abranger objetivos mais amplos uma vez que a saúde deixa de ser apenas a ausência de doenças para ser uma fonte de vida Assim na sua versão contemporânea a educação em saúde já não se destina apenas a prevenir doenças mas a preparar o indivíduo para a luta por uma vida mais saudável Nesse novo paradigma o indivíduo deve ser estimulado a tomar decisões sobre a sua própria vida uma noção de autonomia que cria um ideal de autogoverno Da mesma maneira que a promoção da saúde o neoliberalismo uma nova forma de racionalidade política que tem predominado nas sociedades ocidentais contemporâneas defende a tese do investimento na autonomia e na escolha individual OLIVEIRA 2005 p 424 Com o que apresentamos até aqui conseguimos retomar as discussões da unidade I deste livrotexto pois a partir das bases conceituais apresentadas acerca do processo saúdedoença e do processo ensinoaprendizagem bem como a evolução e organização política da atenção à saúde percebemos que cada vez mais a complexidade do que compreendemos como saúde exige uma atitude de liberdade para o alcance desta Com isso a nova ética social mencionada acima envolve obrigatoriamente novas formas de relações e nessas novas relações inferimos a necessidade de uma nova relação de educação em saúde pautada não mais em normas e regras a serem cumpridas mas em uma dinâmica de diálogo capaz de emancipar o indivíduo na sua livre busca pela saúde subsidiado necessariamente com as estruturas políticas econômicas e sociais pertinentes E assim justificase a apresentação da unidade II que nos remete a um mergulho na habilidade de nos comunicarmos pois para uma nova ética social que estabelece novas relações depreendese a necessidade de novas formas de comunicação ou melhor da conscientização da arte de comunicarse Retomando o foco desta unidade III temos como elementos de discussão o que Oliveira 2005 chama de modelo preventivo e modelo radical de educação em saúde Cabe dizer que a nomenclatura para os modelos pedagógicos em especial os modelos de educação em saúde apresentam variações conforme os autores estudados porém a base teóricofilosófica desses modelos pode clarificar os pressupostos de cada um 43 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE 512 O modelo preventivo de educação em saúde O modelo preventivo de educação em saúde que pode ser denominado como educação em saúde tradicional é permeado pelas tradições da biomedicina O objetivo central desse modelo é a prevenção de doenças A abordagem preventiva da educação em saúde trabalha com a ideia de que os modos de vida dos indivíduos tais como alimentação com pobre equilíbrio nutricional exercícios físicos insuficientes ou ausentes tabagismo dentre outros são as principais causas da falta de saúde Com isso os hábitos insalubres são vistos como consequência de decisões individuais equivocadas Essa forma de conceber as causas do adoecimento compreende como uma falha moral da pessoa o que a leva à posição de culpada e vítima pelo seu próprio infortúnio OLIVEIRA 2005 O objetivo da prevenção de doenças deve ser alcançado por meio da persuasão dos indivíduos para que esses adotem modos de vida saudáveis ou comportamentos considerados pelos profissionais do campo da biomedicina como compatíveis com a saúde TORRES ENDERS 1999 Essa forma de compreender a educação em saúde considera o adoecer um ato de escolha individual Nesse contexto o profissional de saúde deve conhecer os hábitos saudáveis de vida informar a população e esta escolher entre seguir ou não essas regras de saúde A educação em saúde preventiva ignora que comportamentos são sempre interativos o que significa que modos de vida são produtos de uma ação recíproca de fatores socioculturais e individuais Circunstâncias ambientais inclusive as normas sociais às quais os indivíduos estão sujeitados e têm pouco ou nenhum poder para mudar e os valores culturais que organizam a vida cotidiana têm um impacto direto nas escolhas cotidianas das pessoas A questão de que a associação entre saúde e estilo de vida individual é problemática vai ainda além da questão do equívoco de se tratar saúde e doença como resultado direto do comportamento das pessoas Em primeiro lugar isso implica demasiada simplificação da noção de estilo de vida que tende a ser classificado segundo a categoria binária de certoerrado um julgamento obviamente tendencioso A presunção de que há certos modos de vida que deveriam ser reformados para serem saudáveis é em geral informada por estereótipos que definem maior adequação das maneiras de viver de certos grupos sociais em detrimento das de outros OLIVEIRA 2005 p 426 513 O modelo radical de educação em saúde A nova abordagem de educação em saúde que responde às premissas da promoção à saúde é aqui denominada modelo radical de educação em saúde Na perspectiva educativa esse modelo está pautado na consciência crítica das pessoas para que a saúde se configure em um recurso para uma vida com qualidade OLIVEIRA 2005 A abordagem radical rejeita o uso da persuasão na promoção da mudança de comportamento Isso não significa que as mudanças comportamentais 44 Unidade II estejam fora do seu rol de objetivos A diferença entre o modelo tradicional e o modelo radical é que esse último busca muito mais a mudança social do que a transformação pessoal A abordagem radical da educação em saúde tem a intenção de promover o envolvimento dos indivíduos nas decisões relacionadas à sua própria saúde e naquelas concernentes aos grupos sociais aos quais eles pertencem Supõese que indivíduos conscientes sejam capazes de se responsabilizar pela sua própria saúde não apenas no sentido da sua capacidade para tomar decisões responsáveis quanto à saúde pessoal mas também em relação à sua competência para articular intervenções no ambiente que resultem na manutenção da sua saúde OLIVEIRA 2005 p 428 Para considerar efetivamente a autonomia como meta há que se respeitar a possibilidade das pessoas educadas optarem por agir de uma forma não saudável e uma vez que não se coloque em risco a liberdade dos outros esse deve ser visto como resultado final aceitável de um processo educacional WEARE 1995 Essa informação é real porém complexa de ser vivida devido ao estabelecimento de relações de poder conscientes ou não em nossas relações sociais Portanto enquanto profissional da saúde em geral a pessoa se percebe em um patamar superior de poder em relação ao usuário do serviço de saúde ao menos pelo mérito do conhecimento Assim desenvolver a humildade para uma relação na qual o resultado pode ser diferente do que se espera é um grande desafio Desafio necessário no estabelecimento da nova ética nas relações para a promoção da saúde uma ética pautada na liberdade que requer autonomia A ideia apresentada no parágrafo anterior é reforçada por Oliveira 2005 este contribui afirmando que um ponto problemático na metas do processo de empowerment palavra sem tradução literal no português que significa algo como empoderamento no campo da promoção da saúde e educação em saúde é o que se refere à aceitação acrítica da proposição de uma relação igualitária entre educadores e educandos O processo de aprendizagem requer a ação de influências recíprocas entre o educador e o educando apontando que a promoção de escolhas saudáveis a partir da educação não significa necessariamente o investimento em uma autonomia absoluta Não é tarefa fácil garantir que o contexto da ação educativa seja permeado por uma distribuição equânime de poder OLIVEIRA 2005 Em geral os educadores em saúde são profissionais com formação em saúde e assim são considerados como experts status que pode dificultar a promoção da livre escolha Desse modo com respeito à natural pressão do conhecimento dos profissionais da saúde sobre as escolhas das pessoas é relevante saber que a promoção de decisões autônomas é ainda mais complexa por envolver relações de classe gênero idade e raça OLIVEIRA 2005 45 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE Saiba mais A leitura que contempla os assuntos aqui apresentados para um fechamento ampliado dessa discussão é o artigo LOPES R TOCANTINS F R Promoção da saúde e a educação crítica Interface Comunic Saude Educ v 16 n 40 p 23546 2012 Leia o trecho a seguir extraído do jornal de debates de 1º de setembro de 2007 Educação Egípcia por Nelson Valente Um dos traços marcantes da cultura egípcia foi o seu realismo Esse aspecto se evidencia quando analisamos o espírito e a organização da educação dos egípcios Como todos os sistemas pedagógicos orientais a educação egípcia visou à transmissão às novas gerações de uma tradição revelada de um tesouro cultural considerado como de origem divina A formação religiosa e espiritual representou um dos objetivos primaciais da educação egípcia A sociedade egípcia era dividida em numerosas classes ainda que sem a fixidez e a impenetrabilidade das castas hindus sacerdotes guerreiros escribas comerciantes operários camponeses A classe sacerdotal era a mais elevada e tinha a seu cargo a direção intelectual moral e religiosa da nação como detentora que era das tradições da literatura da filosofia das ciências consideradas como patrimônio sagrado e inalienável de que só a pessoas reais podiam de certo modo compartilhar Sucedia à casta sacerdotal a classe guerreira embora grande parte fosse constituída de estrangeiros mercenários Os escribas eram letrados que tinham estudado e sabiam ler escrever e calcular Desempenhavam cargos públicos eram sustentados pelos faraós recebiam doações de terras e gozavam de certos privilégios à maneira dos mandarins chineses Agora leia o trecho a seguir extraído do texto de Severino 2000 O quadro da realidade social e educacional do Brasil mostra bem o quanto a existência histórica dos brasileiros está longe de atingir um patamar mínimo de qualidade Mostra também o quanto é ainda grave o déficit educacional em termos quantitativos e qualitativos acesso restrito à educação e qualidade de ensino questionável e como é ainda grande o desafio para os gestores da educação no Brasil Se a educação pode ser como querem as teorias reprodutivistas um elemento fundamental na reprodução de determinado sistema social ela pode ser também elemento gerador de novas formas de concepções de mundo capazes de se contraporem à concepção de mundo dominante em determinado contexto sociocultural 46 Unidade II Exemplo de aplicação Exemplo de aplicação Reflita a partir dos seguintes questionamentos 1 Considerando o seu conhecimento sobre a evolução histórica da educação cite uma crítica ao modelo educacional egípcio 2 Cite uma semelhança entre o acesso à educação na educação egípcia e na atual realidade da educação no Brasil citada por Severino 2000 3 Considerando o seu conhecimento sobre estratégias de ensino que estratégias educativas são condizentes para estabelecer uma educação que promova a geração de novas formas de concepções de mundo e não a reprodução dos sistemas sociais estabelecidos 6 MODELOS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE REFLEXO DO CONTEXTO HISTÓRICO Retrospectivamente já na Idade Média acreditavase na importância da educação em saúde certamente não com essa denominação porém recomendandose que o regime alimentar fosse correto as práticas de higiene adequadas e as horas de sono prolongadas o que contribuiria para o aumento na longevidade dos indivíduos PELICIONI PELICIONI 2007 De acordo com Silva et al 2010 a tríade educação saúde e suas práticas eram e continuam sendo orientadas pelas concepções de saúde vigentes em cada momento histórico e pelos modelos de atenção implantados nos serviços sendo a educação em saúde influenciada diretamente pelos acontecimentos políticos Desta forma a crítica às fases da educação em saúde deve considerar seus respectivos tempos e espaços uma vez que cada época sofrerá suas influências refletirá suas tendências e reproduzirá suas concepções PELICIONI PELICIONI 2007 Um dos paradigmas educacionais discutidos na atualidade referese à escola tradicional que além de servir como referencial aos modelos que a sucederam encontrase em vigência até os dias de hoje LEÃO 1999 Chagas et al 2009 acreditam que a pedagogia tradicional ainda é predominante e caracterizada como prática que desconsidera o saber dos aprendizes e coloca o educador como único detentor do saber válido não permitindo que o indivíduo procure por melhores condições de vida e saúde a partir de suas experiências Santos et al 2011 complementa referindose ao emprego desse modelo como prática na qual o conhecimento científico do profissional deve ser incorporado pelo usuário Afirmam ainda que este modelo caracterizase pela dominação do profissional de saúde sobre os usuários os quais são responsabilizados pela redução dos riscos à sua saúde 47 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE Segundo Freire 2005 este modelo apresentase como a concepção bancária da educação em uma relação predominantemente narradora de conteúdos muitas vezes desconectados da realidade dos indivíduos Isto por sua vez faz da educação um ato de depositar sendo o educador o depositante e os educandos o depósito Nesse processo o educador tornase o único e real sujeito sendo que ao invés de comunicarse apenas faz comunicados aos educandos meros objetos que recebem pacientemente memorizam e repetem O autor resume o modelo nos seguintes itens o educador é o que educa os educandos os que são educados o educador é o que sabe os educandos os que não sabem o educador é o que pensa os educandos os pensados o educador é o que diz a palavra os educandos os que a escutam docilmente o educador é o que disciplina os educandos os disciplinados o educador é o que opta e prescreve sua opção os educandos os que seguem a prescrição o educador é o que atua os educandos os que têm a ilusão que atuam o educador escolhe o conteúdo programático os educandos jamais ouvidos nesta escolha se acomodam a ele o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos estes devem adaptarse às determinações daquele o educador finalmente é o sujeito do processo os educandos meros objetos FREIRE 2005 p 68 Acreditase que o vislumbre de um rompimento com essa prática teve início a partir do contato dos profissionais de saúde com a educação popular O movimento começou a partir da insatisfação de muitos intelectuais latinoamericanos que desde a década de 1950 aproximavamse das camadas populares buscando uma metodologia alternativa à autoritária praticada pelas elites quando abordavam a população Descobriram que as classes populares não constituíam uma massa carente passiva e resistente a mudanças uniamse em grandes movimentos em busca do enfrentamento de seus problemas e compartilhavam muitas iniciativas de solidariedade Na verdade perceberam que essa classe abarcava um saber riquíssimo que os permitia viver com alegria até mesmo em meio a adversidades Com isso os intelectuais descobriram que se colocassem o seu saber e trabalho à disposição dessas iniciativas populares alcançavam resultados surpreendentes SANTOS et al 2011 O educador Paulo Freire não foi o inventor da educação popular porém foi quem primeiro sistematizou teoricamente a experiência acumulada através deste movimento Por esse motivo em muitos países a educação popular costuma ser chamada de pedagogia freiriana VASCONCELOS 2007 48 Unidade II Nesta perspectiva a Fundação Nacional de Saúde 2007 acredita que a educação em saúde é uma prática social contínua sistemática e permanente que envolve a capacitação do indivíduo na aquisição de uma consciência crítica a respeito de seus problemas de saúde Parte da reflexão acerca das dificuldades vivenciadas no dia a dia buscandose soluções coletivas ou individuais com vistas à transformação da realidade em estudo Utilizandose o termo participação no sentido de tomar parte assumir o que é seu de direito ser sujeito e ator assumir o controle social podemos dizer que o estímulo à busca de soluções pelos próprios sujeitos envolvidos no processo promove a sua ação real no exercício do controle social reafirmandose assim a educação como um sistema baseado na participação de pessoas visando à modificação de determinadas situações FUNASA 2007 Por conseguinte podemos dizer que a finalidade da educação em saúde é a transformação o que contribui firmemente à consolidação dos princípios e diretrizes do SUS universalidade integralidade equidade descentralização participação e controle social Os agentes desse processo compõemse não apenas de profissionais de saúde mas também de grupos sociais e da população em geral que uma vez concentrados sobre a realidade buscam conhecêla compreendêla desvendála e atuar sobre no intuito de transformála À medida que ocorre a transformação os próprios sujeitos se transformam durante o processo respeitandose ambos os saberes científico e popular que permanentemente se reconstroem FUNASA 2007 Visualizamos o caráter transformador da educação quando os indivíduos assumem posicionamentos que não tinham antes reelaboram seus conhecimentos utilizando formas diferentes de se expressar mostram atitudes de apoio e afeto entre si quando se verificam sentimentos de respeito confiança solidariedade e responsabilidade Nestes casos percebemos a verdadeira libertação da situação opressora que foi concedida através da atuação transformadora DAMASCENO SAID 2008 Esta visão educativa conforme afirmado por Santos e Penna 2009 é incompatível ao modelo normativo e autoritário que visa à transmissão de informações o qual segundo as autoras é insuficiente para promover o aprendizado Santos Penna 2009 ainda complementam dizendo que a educação em saúde representa um dos principais pilares da promoção da saúde e uma maneira de cuidado que leva ao desenvolvimento da consciência crítica e reflexiva para a emancipação dos sujeitos ao possibilitar a produção de uma saber que leva as pessoas a cuidarem melhor de si e de seus familiares Ainda neste modelo educacional Chagas et al 2009 concordam com o pensamento do educador Paulo Freire 2005 ao afirmarem que a educação tem o papel de conscientizar objetivando a modificação de uma realidade indesejada utilizandose da liberdade e do diálogo para se passar de uma visão ingênua a uma consciência crítica Tanto Leão 1999 quanto Pellicioni Pellicioni 2007 e Chagas et al 2009 consideram que ambos os modelos educacionais acima descritos coexistem na atualidade Silva 2007 também acredita que após a implantação do SUS diferentes movimentos articulamse simultaneamente Ainda que permaneça a educação tradicional com o seu poder centrado nas mãos do profissional de saúde a educação popular inicialmente tomada como método alternativo de prática educativa vem saindo das margens da 49 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE sociedade para ocupar lugar na incorporação de outras práticas e espaços educativos buscando assim o empoderamento comunitário e o encorajamento e apoio para que os sujeitos e grupos sociais assumam maior controle sobre suas vidas e saúde Para Paulo Freire 2006 educar exige condições básicas que são apresentadas em seu livro intitulado Pedagogia da autonomia saberes necessários para a prática educativa nesta obra ele consegue sintetizar suas ideias e produções anteriores e contribui com os seguintes ensinamentos Não há docência sem discência ensinar exige rigorosidade metódica pesquisa respeito aos saberes dos educandos criticidade estética e ética a corporificação das palavras pelo exemplo risco aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação reflexão crítica sobre a prática o reconhecimento e a assunção da identidade cultural Ensinar não é transferir conhecimento ensinar exige consciência do inacabamento reconhecimento de ser condicionado respeito à autonomia do ser educando bom senso curiosidade apreensão da realidade alegria e esperança 50 Unidade II convicção de que a mudança é possível humildade tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores Ensinar é uma especificidade humana ensinar exige competência profissional e generosidade comprometimento compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo liberdade e autoridade tomada consciente de decisões saber escutar reconhecer que a educação é ideológica disponibilidade para o diálogo querer bem aos educandos Resumo Nesta unidade apresentamos a evolução histórica dos pensamentos pedagógicos para aprofundar nossa compreensão na origem de muitos costumes e práticas referentes à prática educativa Cabe destacar as influências de cada período histórico nas realidades educativas atuais A partir do panorama histórico desses pensamentos pedagógicos passamos a destacar as práticas de educação em saúde como uma ação voltada para a promoção da saúde A educação para a promoção da saúde vem sendo reconhecida por diversos autores como fator indispensável à melhoria da qualidade de vida Assim as práticas de saúde adequadas ou não constituem fatores preponderantes sobre as decisões que os indivíduos tomarão ao longo de suas vidas podendo contribuir com a diminuição manutenção ou o aumento em seus níveis de saúde PELICIONI PELICIONI 2007 51 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE Sabese entretanto que essas decisões não podem ser consideradas como atitudes de responsabilidade absolutamente individual pois há que se considerar a estrutura cultural econômica e política que influenciam as decisões tomadas pelas pessoas Dessa forma a educação em saúde para promover saúde se apresenta a partir de modelos distintos Para Oliveira 2005 temos o modelo tradicional e o modelo radical de educação em saúde O primeiro compreende a transmissão de informações para que os indivíduos possam fazer escolhas individuais que terão como consequências mais ou menos saúde O segundo denominado radical prevê ações coletivas que oferece ao indivíduo a liberdade de refletir e tomar decisões autônomas e conscientes frente aos fatores que levam ou não à saúde Por fim conhecer as influências históricas culturais econômicas e políticas que sustentam modelos distintos nos ampara em uma compreensão mais ampla e crítica acerca de cada um Atualmente constatase a coexistência de modelos distintos na prática de educação em saúde Outro destaque nesse capítulo é a contribuição que Paulo Freire apresenta sobre a educação bancária a qual podemos aproximar do que chamamos de modelo tradicional Nesse modelo pedagógico resumidamente o foco é a transmissão de informações e responsabilização do outro pelas suas escolhas Em contraponto o autor contribui com elementos fundamentais para uma prática de educação que leva à autonomia e apresenta elementos necessários no processo ensinoaprendizagem Essas contribuições da área da educação podem evidentemente ser transportadas para a realidade da saúde e subsidiar as práticas de educação em saúde em conformidade com o modelo radical apresentado por Oliveira 2005 Exercícios Questão1 Desde o surgimento do homem a educação é prática fundamental da espécie distinguindo o modo de ser cultural dos homens do modo natural de existir dos demais seres vivos SEVERINO apud GADOTTI 2001 52 Unidade II Referente à evolução do pensamento pedagógico no Brasil e no mundo considere as afirmativas a seguir I Na perspectiva atual do ensino brasileiro destacase a discussão sobre o ensino pósmoderno e multicultural II No pensamento pedagógico crítico algumas teorias abordam o sistema de ensino como função ideológica III O pensamento pedagógico brasileiro é considerado pobre em relação ao de outros países e está estagnado sendo possível reduzilo a esquemas Dentre as afirmativas anteriores A Todas as afirmativas estão corretas B Apenas as afirmativas II e III estão corretas C Todas as afirmativas estão incorretas D Apenas as afirmativas I e II estão corretas E Apenas as afirmativas I e III estão corretas Resposta correta alternativa D Análise da questão Apenas as afirmativas I e II estão de fato corretas A afirmativa III está incorreta porque o pensamento pedagógico brasileiro é rico e está em desenvolvimento contínuo Questão 2 As mudanças no campo da saúde pública em particular a criação do movimento da promoção da saúde acarretaram mudanças fundamentais nos princípios que sustentaram durante algum tempo a educação em saúde Na velha saúde pública a educação em saúde tinha um único enfoque o da prevenção de doenças A nova educação em saúde deve superar a conceituação biomédica de saúde e abranger objetivos mais amplos uma vez que a saúde deixa de ser apenas a ausência de doenças para ser uma fonte de vida OLIVEIRA 2005 Referente aos modelos de educação em saúde apresentados por este autor assinale a alternativa correta A O modelo de educação em saúde tradicional enfoca os aspectos sociais que envolvem as escolhas por hábitos saudáveis B O modelo radical de educação em saúde tem como característica o radicalismo autoritário de impor normas de conduta para o alcance da saúde 53 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE C O modelo de educação em saúde tradicional enfoca os aspectos individuais que envolvem as escolhas por hábitos saudáveis Esse modelo pode levar a uma responsabilização do sujeito quanto ao seu estado de saúde D O modelo radical de educação em saúde é sustentado pela filosofia positivista e é reducionista quanto aos fatores que levam ao adoecimento E A verdadeira libertação de situações opressoras são resultados de uma atuação transformadora a exemplo do modelo tradicional de educação Resolução desta questão na 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Políticas de Saúde - Ângela Cristina Puzzi Fernandes e Giseli Panigassi

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Políticas de Saúde - Ângela Cristina Puzzi Fernandes e Giseli Panigassi

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Planejamento e Execução de Ações Educativas em Saúde

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Prova de Políticas de Saúde - FARMÁCIA

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Prova de Políticas de Saúde - FARMÁCIA

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Sus e Política Nacional de Medicamentos Remume campinas

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Sus e Política Nacional de Medicamentos Remume campinas

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37 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE Unidade II 5 MODELOS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE 51 Evolução dos pensamentos pedagógicos Desde o surgimento do homem a educação é prática fundamental da espécie distinguindo o modo de ser cultural dos homens do modo natural de existir dos demais seres vivos SEVERINO apud GADOTTI 2001 O pensamento pedagógico surge a partir da reflexão sobre a prática da educação ou seja a prática educativa é anterior ao pensamento pedagógico este surge a fim de sistematizar e organizar a prática em função de determinados fins e objetivos GADOTTI 2001 A seguir de forma sucinta apresentaremos um esquema para facilitar a compreensão da evolução dos pensamentos pedagógicos a partir do estudo de Gadotti 2001 O pensamento pedagógico oriental A doutrina pedagógica mais antiga é o taoísmo que prega pela vida tranquila e pacífica Confúcio 551479 aC sob doutrina taoísta pregava o ensino dogmático e memorizado Na educação chinesa tradicional o centro era a reprodução do sistema hierárquico e de obediência Para os hindus a essência educativa consistia na contemplação e reprodução da cultura das castas Para os egípcios houve destaque no uso de bibliotecas e criação das casas de instrução nas quais eram promovidos ensinamentos de leitura escrita história dos cultos astronomia música medicina dentre outros Para o povo hebreu a educação deveria ser rígida e minuciosa com técnicas de repetição a partir do cristianismo seus métodos influenciaram a cultura ocidental O pensamento pedagógico grego A sociedade grega serviu de berço da cultura civilização e educação ocidental A educação do homem integral pautavase em ginástica para o corpo filosofia para a mente e artes para a moral e os sentimentos 38 Unidade II Contribuições dos grandes filósofos gregos Sócrates crença que o autoconhecimento é o início do caminho para o verdadeiro saber Platão educação como arte de conversão no sentido de vislumbrar o Bem o divino Aristóteles aprendemos fazendo O pensamento pedagógico romano Na educação romana predominou o caráter utilitário e militarista focados na disciplina e justiça Na escola os castigos eram severos os culpados por erros eram açoitados por varas Todas as regiões conquistadas pelo império romano eram submetidas aos mesmos hábitos Com o domínio de Roma sobre a Grécia a filosofia de educação grega também influenciou os romanos O pensamento pedagógico medieval Com a queda do Império Romano e a partir das invasões bárbaras a influência grecoromana é limitada e impõese o crivo ideológico da Igreja Cristã Destacase que Cristo havia sido um grande educador utilizandose de parábolas estabelecendo diálogo com os humildes a partir de uma linguagem popular e erudita O Império Árabe com predomínio islâmico não queria mutilar a cultura grega em função dos seus interesses Assim foram eles que a levaram ao ocidente Os estudos medievais compreendiam gramática dialética e retórica além de aritmética geometria astronomia e música Cabe destacar que a educação assim como o pensamento grego e romano era excludente Não tinham acesso à educação escravos mulheres e crianças apenas a elite que incluía a nobreza e o clero Nesse período da Idade Média há destaque para a criação das universidades Alguns historiadores afirmam que as universidades medievais eram menos elitistas que as renascentistas O pensamento pedagógico renascentista Nesse período da história há uma revalorização da cultura grecoromana tornando a educação mais prática incluindo a educação do corpo e a substituição dos métodos mecânicos por procedimentos mais agradáveis Em reação à Reforma Protestante a Igreja Católica criou o índice de livros proibidos e organizou a Inquisição também criou a Companhia de Jesus com ação dos jesuítas A educação jesuítica privilegiava os dogmas a conservação das tradições em uma educação científica e moral em detrimento de uma abordagem humanística 39 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE O pensamento pedagógico moderno Nesse período há uma nova forma de produção econômica o sistema de cooperação opondose ao modo feudal Tudo o que fora ensinado até então era considerado suspeito Há um questionamento do que é a verdade com predomínio da razão e do método Destaques desse período histórico telescópio Galileu Galilei circulação do sangue William Harvey distinção entre fé e razão Francis Bacon matemática como a ciência perfeita René Descartes Houve ainda uma revolução linguística com o fim do predomínio do latim João Amos Comênio afirmava que a educação do homem nunca termina pois estamos sempre em formação Permanecia a dicotomia entre trabalho intelectual e trabalho manual Ao lado da luta popular pelo acesso à escola temse a popularização da educação religiosa a partir dos metodistas com as escolas dominicais e ordens religiosas católicas dedicandose à educação popular O pensamento pedagógico iluminista Jean Jacques Rousseau inaugura uma nova era na educação com o resgate da relação entre educação e política Outro grande avanço foi o de não vislumbrar mais a criança como um adulto em miniatura Ressaltase nesse período o estado natural do homem com isso temse uma educação que permite o desabrochar da natureza humana Ocorre um movimento de libertação da repressão dos monarcas e do despotismo do clero Immanuel Kant supera a contradição de conhecimento inato x conhecimento pela experiência Para Kant o homem é o que a educação faz dele através da disciplina didática formação moral e da cultura Fichte e Hegel pautamse no idealismo subjetivo negando as implicações externas Mantevese nesse período a diferenciação de educação popular para trabalhar da educação para classe dirigente para governar 40 Unidade II O pensamento pedagógico positivista Referese à concepção burguesa de educação Destaque para Augusto Comte que se pautava no pensamento positivista Cabe explicitar que o positivismo nasce como filosofia e segue como ideologia e que a contribuição positivista na educação referese ao valor dado à ciência ao que é passível de comprovação concreta e quantificação O pensamento pedagógico socialista Surge do movimento popular pela democratização do ensino Gramsci critica a divisão de ensino clássico e profissional e apontava o trabalho como um princípio antropológico e educativo Para Karl Marx a transformação educativa deveria ocorrer paralelamente à revolução social O pensamento pedagógico da escola nova A teoria da Escola Nova propunha que a educação fosse instigadora da mudança social e ao mesmo tempo se transformasse já que a sociedade também estava em mudança Há destaque para Montessori que desenvolveu em seus trabalhos o foco nas experiências sensoriais e para Piaget que teve como foco o desenvolvimento da inteligência na criança Embora esse movimento escolanovista não tenha relação direta com o tecnicismo pedagógico teve grande preocupação com os meios e técnicas educacionais O pensamento pedagógico crítico Na segunda metade do século XX surgem críticas à educação e a afirmação do quanto essa educação reproduz a sociedade Algumas teorias que abordam o sistema de ensino como função ideológica escola enquanto aparelho ideológico do Estado Althusser escola enquanto violência simbólica Bourdieu e Passeron O pensamento pedagógico brasileiro O pensamento pedagógico com autonomia nacional teve início a partir da Escola Nova e até então havia uma reprodução do pensamento religioso medieval Em 1924 foi criada a Associação Brasileira de Educação e em 1938 o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos 41 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE Católicos e liberais representavam grupos diferentes porém o denominador comum entre esses grupos era a configuração de facções de grupos dominantes Com o pensamento pedagógico progressista é que se coloca o papel da educação na transformação social O destaque é dado ao educador e pensador Paulo Freire considerado um dos maiores educadores do século XX Sua ideia central é pautada na concepção dialética educador e educando aprendem juntos em uma relação dinâmica na qual a prática orientada pela teoria reorienta essa teoria tornandose um processo de constante aperfeiçoamento Para Paulo Freire através da educação é possível alcançar a autonomia intelectual do cidadão para intervir sobre a realidade A educação é compreendida como ato político Educadores e teóricos da educação progressistas defendem a formação do cidadão crítico e participantes das mudanças sociais Alguns defendem mais a autonomia da escola outros maior intervenção do estado O pensamento pedagógico brasileiro é rico e está em movimento não é possível reduzilo a esquemas A perspectiva atual é de discussão sobre a educação pósmoderna e multicultural 511 A promoção da saúde e os modelos de educação em saúde A promoção da saúde é definida como processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde incluindo uma maior participação no controle desse processo esta definição advém da carta de Ottawa de 1986 resultante da Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde Nesse sentido a atuação do profissional de saúde está em focalizar o potencial da pessoa para o bemestar e encorajála a modificar hábitos pessoais estilo de vida e ambiente de modo a reduzir os riscos e aumentar a saúde e o bemestar Para isso o princípio de corresponsabilização nas práticas terapêuticas tornase fundamental As direções propostas pela OMS para a promoção da saúde incluem a necessidade da redução das desigualdades sociais e construção de uma comunidade ativa SANTOS WESTPHAL 1999 Pela complexidade dos fatores envolvidos no fenômeno saúde a promoção da saúde passa a ser compreendida como um investimento na articulação de todos esses fatores visando maximizar as possibilidades de saúde e evitar a doença Remetendo ao referencial do processo saúdedoença previamente apresentado acrescentamos que o foco está em maximizar os fatores de fortalecimento à saúde e minimizar os fatores de desgaste Considerado esse contexto a promoção da saúde vem ao encontro da necessidade de uma nova ética social estruturada pelo compartilhamento de possibilidades e potenciais AKERMAN MENDES BÓGUS 2004 42 Unidade II Observação A essência da promoção da saúde é a escolha e portanto a liberdade As mudanças no campo da saúde pública em particular a criação do movimento da promoção da saúde acarretaram mudanças fundamentais nos princípios que sustentaram durante algum tempo a educação em saúde Na velha saúde pública a educação em saúde tinha um único enfoque o da prevenção de doenças A nova educação em saúde deve superar a conceituação biomédica de saúde e abranger objetivos mais amplos uma vez que a saúde deixa de ser apenas a ausência de doenças para ser uma fonte de vida Assim na sua versão contemporânea a educação em saúde já não se destina apenas a prevenir doenças mas a preparar o indivíduo para a luta por uma vida mais saudável Nesse novo paradigma o indivíduo deve ser estimulado a tomar decisões sobre a sua própria vida uma noção de autonomia que cria um ideal de autogoverno Da mesma maneira que a promoção da saúde o neoliberalismo uma nova forma de racionalidade política que tem predominado nas sociedades ocidentais contemporâneas defende a tese do investimento na autonomia e na escolha individual OLIVEIRA 2005 p 424 Com o que apresentamos até aqui conseguimos retomar as discussões da unidade I deste livrotexto pois a partir das bases conceituais apresentadas acerca do processo saúdedoença e do processo ensinoaprendizagem bem como a evolução e organização política da atenção à saúde percebemos que cada vez mais a complexidade do que compreendemos como saúde exige uma atitude de liberdade para o alcance desta Com isso a nova ética social mencionada acima envolve obrigatoriamente novas formas de relações e nessas novas relações inferimos a necessidade de uma nova relação de educação em saúde pautada não mais em normas e regras a serem cumpridas mas em uma dinâmica de diálogo capaz de emancipar o indivíduo na sua livre busca pela saúde subsidiado necessariamente com as estruturas políticas econômicas e sociais pertinentes E assim justificase a apresentação da unidade II que nos remete a um mergulho na habilidade de nos comunicarmos pois para uma nova ética social que estabelece novas relações depreendese a necessidade de novas formas de comunicação ou melhor da conscientização da arte de comunicarse Retomando o foco desta unidade III temos como elementos de discussão o que Oliveira 2005 chama de modelo preventivo e modelo radical de educação em saúde Cabe dizer que a nomenclatura para os modelos pedagógicos em especial os modelos de educação em saúde apresentam variações conforme os autores estudados porém a base teóricofilosófica desses modelos pode clarificar os pressupostos de cada um 43 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE 512 O modelo preventivo de educação em saúde O modelo preventivo de educação em saúde que pode ser denominado como educação em saúde tradicional é permeado pelas tradições da biomedicina O objetivo central desse modelo é a prevenção de doenças A abordagem preventiva da educação em saúde trabalha com a ideia de que os modos de vida dos indivíduos tais como alimentação com pobre equilíbrio nutricional exercícios físicos insuficientes ou ausentes tabagismo dentre outros são as principais causas da falta de saúde Com isso os hábitos insalubres são vistos como consequência de decisões individuais equivocadas Essa forma de conceber as causas do adoecimento compreende como uma falha moral da pessoa o que a leva à posição de culpada e vítima pelo seu próprio infortúnio OLIVEIRA 2005 O objetivo da prevenção de doenças deve ser alcançado por meio da persuasão dos indivíduos para que esses adotem modos de vida saudáveis ou comportamentos considerados pelos profissionais do campo da biomedicina como compatíveis com a saúde TORRES ENDERS 1999 Essa forma de compreender a educação em saúde considera o adoecer um ato de escolha individual Nesse contexto o profissional de saúde deve conhecer os hábitos saudáveis de vida informar a população e esta escolher entre seguir ou não essas regras de saúde A educação em saúde preventiva ignora que comportamentos são sempre interativos o que significa que modos de vida são produtos de uma ação recíproca de fatores socioculturais e individuais Circunstâncias ambientais inclusive as normas sociais às quais os indivíduos estão sujeitados e têm pouco ou nenhum poder para mudar e os valores culturais que organizam a vida cotidiana têm um impacto direto nas escolhas cotidianas das pessoas A questão de que a associação entre saúde e estilo de vida individual é problemática vai ainda além da questão do equívoco de se tratar saúde e doença como resultado direto do comportamento das pessoas Em primeiro lugar isso implica demasiada simplificação da noção de estilo de vida que tende a ser classificado segundo a categoria binária de certoerrado um julgamento obviamente tendencioso A presunção de que há certos modos de vida que deveriam ser reformados para serem saudáveis é em geral informada por estereótipos que definem maior adequação das maneiras de viver de certos grupos sociais em detrimento das de outros OLIVEIRA 2005 p 426 513 O modelo radical de educação em saúde A nova abordagem de educação em saúde que responde às premissas da promoção à saúde é aqui denominada modelo radical de educação em saúde Na perspectiva educativa esse modelo está pautado na consciência crítica das pessoas para que a saúde se configure em um recurso para uma vida com qualidade OLIVEIRA 2005 A abordagem radical rejeita o uso da persuasão na promoção da mudança de comportamento Isso não significa que as mudanças comportamentais 44 Unidade II estejam fora do seu rol de objetivos A diferença entre o modelo tradicional e o modelo radical é que esse último busca muito mais a mudança social do que a transformação pessoal A abordagem radical da educação em saúde tem a intenção de promover o envolvimento dos indivíduos nas decisões relacionadas à sua própria saúde e naquelas concernentes aos grupos sociais aos quais eles pertencem Supõese que indivíduos conscientes sejam capazes de se responsabilizar pela sua própria saúde não apenas no sentido da sua capacidade para tomar decisões responsáveis quanto à saúde pessoal mas também em relação à sua competência para articular intervenções no ambiente que resultem na manutenção da sua saúde OLIVEIRA 2005 p 428 Para considerar efetivamente a autonomia como meta há que se respeitar a possibilidade das pessoas educadas optarem por agir de uma forma não saudável e uma vez que não se coloque em risco a liberdade dos outros esse deve ser visto como resultado final aceitável de um processo educacional WEARE 1995 Essa informação é real porém complexa de ser vivida devido ao estabelecimento de relações de poder conscientes ou não em nossas relações sociais Portanto enquanto profissional da saúde em geral a pessoa se percebe em um patamar superior de poder em relação ao usuário do serviço de saúde ao menos pelo mérito do conhecimento Assim desenvolver a humildade para uma relação na qual o resultado pode ser diferente do que se espera é um grande desafio Desafio necessário no estabelecimento da nova ética nas relações para a promoção da saúde uma ética pautada na liberdade que requer autonomia A ideia apresentada no parágrafo anterior é reforçada por Oliveira 2005 este contribui afirmando que um ponto problemático na metas do processo de empowerment palavra sem tradução literal no português que significa algo como empoderamento no campo da promoção da saúde e educação em saúde é o que se refere à aceitação acrítica da proposição de uma relação igualitária entre educadores e educandos O processo de aprendizagem requer a ação de influências recíprocas entre o educador e o educando apontando que a promoção de escolhas saudáveis a partir da educação não significa necessariamente o investimento em uma autonomia absoluta Não é tarefa fácil garantir que o contexto da ação educativa seja permeado por uma distribuição equânime de poder OLIVEIRA 2005 Em geral os educadores em saúde são profissionais com formação em saúde e assim são considerados como experts status que pode dificultar a promoção da livre escolha Desse modo com respeito à natural pressão do conhecimento dos profissionais da saúde sobre as escolhas das pessoas é relevante saber que a promoção de decisões autônomas é ainda mais complexa por envolver relações de classe gênero idade e raça OLIVEIRA 2005 45 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE Saiba mais A leitura que contempla os assuntos aqui apresentados para um fechamento ampliado dessa discussão é o artigo LOPES R TOCANTINS F R Promoção da saúde e a educação crítica Interface Comunic Saude Educ v 16 n 40 p 23546 2012 Leia o trecho a seguir extraído do jornal de debates de 1º de setembro de 2007 Educação Egípcia por Nelson Valente Um dos traços marcantes da cultura egípcia foi o seu realismo Esse aspecto se evidencia quando analisamos o espírito e a organização da educação dos egípcios Como todos os sistemas pedagógicos orientais a educação egípcia visou à transmissão às novas gerações de uma tradição revelada de um tesouro cultural considerado como de origem divina A formação religiosa e espiritual representou um dos objetivos primaciais da educação egípcia A sociedade egípcia era dividida em numerosas classes ainda que sem a fixidez e a impenetrabilidade das castas hindus sacerdotes guerreiros escribas comerciantes operários camponeses A classe sacerdotal era a mais elevada e tinha a seu cargo a direção intelectual moral e religiosa da nação como detentora que era das tradições da literatura da filosofia das ciências consideradas como patrimônio sagrado e inalienável de que só a pessoas reais podiam de certo modo compartilhar Sucedia à casta sacerdotal a classe guerreira embora grande parte fosse constituída de estrangeiros mercenários Os escribas eram letrados que tinham estudado e sabiam ler escrever e calcular Desempenhavam cargos públicos eram sustentados pelos faraós recebiam doações de terras e gozavam de certos privilégios à maneira dos mandarins chineses Agora leia o trecho a seguir extraído do texto de Severino 2000 O quadro da realidade social e educacional do Brasil mostra bem o quanto a existência histórica dos brasileiros está longe de atingir um patamar mínimo de qualidade Mostra também o quanto é ainda grave o déficit educacional em termos quantitativos e qualitativos acesso restrito à educação e qualidade de ensino questionável e como é ainda grande o desafio para os gestores da educação no Brasil Se a educação pode ser como querem as teorias reprodutivistas um elemento fundamental na reprodução de determinado sistema social ela pode ser também elemento gerador de novas formas de concepções de mundo capazes de se contraporem à concepção de mundo dominante em determinado contexto sociocultural 46 Unidade II Exemplo de aplicação Exemplo de aplicação Reflita a partir dos seguintes questionamentos 1 Considerando o seu conhecimento sobre a evolução histórica da educação cite uma crítica ao modelo educacional egípcio 2 Cite uma semelhança entre o acesso à educação na educação egípcia e na atual realidade da educação no Brasil citada por Severino 2000 3 Considerando o seu conhecimento sobre estratégias de ensino que estratégias educativas são condizentes para estabelecer uma educação que promova a geração de novas formas de concepções de mundo e não a reprodução dos sistemas sociais estabelecidos 6 MODELOS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE REFLEXO DO CONTEXTO HISTÓRICO Retrospectivamente já na Idade Média acreditavase na importância da educação em saúde certamente não com essa denominação porém recomendandose que o regime alimentar fosse correto as práticas de higiene adequadas e as horas de sono prolongadas o que contribuiria para o aumento na longevidade dos indivíduos PELICIONI PELICIONI 2007 De acordo com Silva et al 2010 a tríade educação saúde e suas práticas eram e continuam sendo orientadas pelas concepções de saúde vigentes em cada momento histórico e pelos modelos de atenção implantados nos serviços sendo a educação em saúde influenciada diretamente pelos acontecimentos políticos Desta forma a crítica às fases da educação em saúde deve considerar seus respectivos tempos e espaços uma vez que cada época sofrerá suas influências refletirá suas tendências e reproduzirá suas concepções PELICIONI PELICIONI 2007 Um dos paradigmas educacionais discutidos na atualidade referese à escola tradicional que além de servir como referencial aos modelos que a sucederam encontrase em vigência até os dias de hoje LEÃO 1999 Chagas et al 2009 acreditam que a pedagogia tradicional ainda é predominante e caracterizada como prática que desconsidera o saber dos aprendizes e coloca o educador como único detentor do saber válido não permitindo que o indivíduo procure por melhores condições de vida e saúde a partir de suas experiências Santos et al 2011 complementa referindose ao emprego desse modelo como prática na qual o conhecimento científico do profissional deve ser incorporado pelo usuário Afirmam ainda que este modelo caracterizase pela dominação do profissional de saúde sobre os usuários os quais são responsabilizados pela redução dos riscos à sua saúde 47 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE Segundo Freire 2005 este modelo apresentase como a concepção bancária da educação em uma relação predominantemente narradora de conteúdos muitas vezes desconectados da realidade dos indivíduos Isto por sua vez faz da educação um ato de depositar sendo o educador o depositante e os educandos o depósito Nesse processo o educador tornase o único e real sujeito sendo que ao invés de comunicarse apenas faz comunicados aos educandos meros objetos que recebem pacientemente memorizam e repetem O autor resume o modelo nos seguintes itens o educador é o que educa os educandos os que são educados o educador é o que sabe os educandos os que não sabem o educador é o que pensa os educandos os pensados o educador é o que diz a palavra os educandos os que a escutam docilmente o educador é o que disciplina os educandos os disciplinados o educador é o que opta e prescreve sua opção os educandos os que seguem a prescrição o educador é o que atua os educandos os que têm a ilusão que atuam o educador escolhe o conteúdo programático os educandos jamais ouvidos nesta escolha se acomodam a ele o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos estes devem adaptarse às determinações daquele o educador finalmente é o sujeito do processo os educandos meros objetos FREIRE 2005 p 68 Acreditase que o vislumbre de um rompimento com essa prática teve início a partir do contato dos profissionais de saúde com a educação popular O movimento começou a partir da insatisfação de muitos intelectuais latinoamericanos que desde a década de 1950 aproximavamse das camadas populares buscando uma metodologia alternativa à autoritária praticada pelas elites quando abordavam a população Descobriram que as classes populares não constituíam uma massa carente passiva e resistente a mudanças uniamse em grandes movimentos em busca do enfrentamento de seus problemas e compartilhavam muitas iniciativas de solidariedade Na verdade perceberam que essa classe abarcava um saber riquíssimo que os permitia viver com alegria até mesmo em meio a adversidades Com isso os intelectuais descobriram que se colocassem o seu saber e trabalho à disposição dessas iniciativas populares alcançavam resultados surpreendentes SANTOS et al 2011 O educador Paulo Freire não foi o inventor da educação popular porém foi quem primeiro sistematizou teoricamente a experiência acumulada através deste movimento Por esse motivo em muitos países a educação popular costuma ser chamada de pedagogia freiriana VASCONCELOS 2007 48 Unidade II Nesta perspectiva a Fundação Nacional de Saúde 2007 acredita que a educação em saúde é uma prática social contínua sistemática e permanente que envolve a capacitação do indivíduo na aquisição de uma consciência crítica a respeito de seus problemas de saúde Parte da reflexão acerca das dificuldades vivenciadas no dia a dia buscandose soluções coletivas ou individuais com vistas à transformação da realidade em estudo Utilizandose o termo participação no sentido de tomar parte assumir o que é seu de direito ser sujeito e ator assumir o controle social podemos dizer que o estímulo à busca de soluções pelos próprios sujeitos envolvidos no processo promove a sua ação real no exercício do controle social reafirmandose assim a educação como um sistema baseado na participação de pessoas visando à modificação de determinadas situações FUNASA 2007 Por conseguinte podemos dizer que a finalidade da educação em saúde é a transformação o que contribui firmemente à consolidação dos princípios e diretrizes do SUS universalidade integralidade equidade descentralização participação e controle social Os agentes desse processo compõemse não apenas de profissionais de saúde mas também de grupos sociais e da população em geral que uma vez concentrados sobre a realidade buscam conhecêla compreendêla desvendála e atuar sobre no intuito de transformála À medida que ocorre a transformação os próprios sujeitos se transformam durante o processo respeitandose ambos os saberes científico e popular que permanentemente se reconstroem FUNASA 2007 Visualizamos o caráter transformador da educação quando os indivíduos assumem posicionamentos que não tinham antes reelaboram seus conhecimentos utilizando formas diferentes de se expressar mostram atitudes de apoio e afeto entre si quando se verificam sentimentos de respeito confiança solidariedade e responsabilidade Nestes casos percebemos a verdadeira libertação da situação opressora que foi concedida através da atuação transformadora DAMASCENO SAID 2008 Esta visão educativa conforme afirmado por Santos e Penna 2009 é incompatível ao modelo normativo e autoritário que visa à transmissão de informações o qual segundo as autoras é insuficiente para promover o aprendizado Santos Penna 2009 ainda complementam dizendo que a educação em saúde representa um dos principais pilares da promoção da saúde e uma maneira de cuidado que leva ao desenvolvimento da consciência crítica e reflexiva para a emancipação dos sujeitos ao possibilitar a produção de uma saber que leva as pessoas a cuidarem melhor de si e de seus familiares Ainda neste modelo educacional Chagas et al 2009 concordam com o pensamento do educador Paulo Freire 2005 ao afirmarem que a educação tem o papel de conscientizar objetivando a modificação de uma realidade indesejada utilizandose da liberdade e do diálogo para se passar de uma visão ingênua a uma consciência crítica Tanto Leão 1999 quanto Pellicioni Pellicioni 2007 e Chagas et al 2009 consideram que ambos os modelos educacionais acima descritos coexistem na atualidade Silva 2007 também acredita que após a implantação do SUS diferentes movimentos articulamse simultaneamente Ainda que permaneça a educação tradicional com o seu poder centrado nas mãos do profissional de saúde a educação popular inicialmente tomada como método alternativo de prática educativa vem saindo das margens da 49 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE sociedade para ocupar lugar na incorporação de outras práticas e espaços educativos buscando assim o empoderamento comunitário e o encorajamento e apoio para que os sujeitos e grupos sociais assumam maior controle sobre suas vidas e saúde Para Paulo Freire 2006 educar exige condições básicas que são apresentadas em seu livro intitulado Pedagogia da autonomia saberes necessários para a prática educativa nesta obra ele consegue sintetizar suas ideias e produções anteriores e contribui com os seguintes ensinamentos Não há docência sem discência ensinar exige rigorosidade metódica pesquisa respeito aos saberes dos educandos criticidade estética e ética a corporificação das palavras pelo exemplo risco aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação reflexão crítica sobre a prática o reconhecimento e a assunção da identidade cultural Ensinar não é transferir conhecimento ensinar exige consciência do inacabamento reconhecimento de ser condicionado respeito à autonomia do ser educando bom senso curiosidade apreensão da realidade alegria e esperança 50 Unidade II convicção de que a mudança é possível humildade tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores Ensinar é uma especificidade humana ensinar exige competência profissional e generosidade comprometimento compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo liberdade e autoridade tomada consciente de decisões saber escutar reconhecer que a educação é ideológica disponibilidade para o diálogo querer bem aos educandos Resumo Nesta unidade apresentamos a evolução histórica dos pensamentos pedagógicos para aprofundar nossa compreensão na origem de muitos costumes e práticas referentes à prática educativa Cabe destacar as influências de cada período histórico nas realidades educativas atuais A partir do panorama histórico desses pensamentos pedagógicos passamos a destacar as práticas de educação em saúde como uma ação voltada para a promoção da saúde A educação para a promoção da saúde vem sendo reconhecida por diversos autores como fator indispensável à melhoria da qualidade de vida Assim as práticas de saúde adequadas ou não constituem fatores preponderantes sobre as decisões que os indivíduos tomarão ao longo de suas vidas podendo contribuir com a diminuição manutenção ou o aumento em seus níveis de saúde PELICIONI PELICIONI 2007 51 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE Sabese entretanto que essas decisões não podem ser consideradas como atitudes de responsabilidade absolutamente individual pois há que se considerar a estrutura cultural econômica e política que influenciam as decisões tomadas pelas pessoas Dessa forma a educação em saúde para promover saúde se apresenta a partir de modelos distintos Para Oliveira 2005 temos o modelo tradicional e o modelo radical de educação em saúde O primeiro compreende a transmissão de informações para que os indivíduos possam fazer escolhas individuais que terão como consequências mais ou menos saúde O segundo denominado radical prevê ações coletivas que oferece ao indivíduo a liberdade de refletir e tomar decisões autônomas e conscientes frente aos fatores que levam ou não à saúde Por fim conhecer as influências históricas culturais econômicas e políticas que sustentam modelos distintos nos ampara em uma compreensão mais ampla e crítica acerca de cada um Atualmente constatase a coexistência de modelos distintos na prática de educação em saúde Outro destaque nesse capítulo é a contribuição que Paulo Freire apresenta sobre a educação bancária a qual podemos aproximar do que chamamos de modelo tradicional Nesse modelo pedagógico resumidamente o foco é a transmissão de informações e responsabilização do outro pelas suas escolhas Em contraponto o autor contribui com elementos fundamentais para uma prática de educação que leva à autonomia e apresenta elementos necessários no processo ensinoaprendizagem Essas contribuições da área da educação podem evidentemente ser transportadas para a realidade da saúde e subsidiar as práticas de educação em saúde em conformidade com o modelo radical apresentado por Oliveira 2005 Exercícios Questão1 Desde o surgimento do homem a educação é prática fundamental da espécie distinguindo o modo de ser cultural dos homens do modo natural de existir dos demais seres vivos SEVERINO apud GADOTTI 2001 52 Unidade II Referente à evolução do pensamento pedagógico no Brasil e no mundo considere as afirmativas a seguir I Na perspectiva atual do ensino brasileiro destacase a discussão sobre o ensino pósmoderno e multicultural II No pensamento pedagógico crítico algumas teorias abordam o sistema de ensino como função ideológica III O pensamento pedagógico brasileiro é considerado pobre em relação ao de outros países e está estagnado sendo possível reduzilo a esquemas Dentre as afirmativas anteriores A Todas as afirmativas estão corretas B Apenas as afirmativas II e III estão corretas C Todas as afirmativas estão incorretas D Apenas as afirmativas I e II estão corretas E Apenas as afirmativas I e III estão corretas Resposta correta alternativa D Análise da questão Apenas as afirmativas I e II estão de fato corretas A afirmativa III está incorreta porque o pensamento pedagógico brasileiro é rico e está em desenvolvimento contínuo Questão 2 As mudanças no campo da saúde pública em particular a criação do movimento da promoção da saúde acarretaram mudanças fundamentais nos princípios que sustentaram durante algum tempo a educação em saúde Na velha saúde pública a educação em saúde tinha um único enfoque o da prevenção de doenças A nova educação em saúde deve superar a conceituação biomédica de saúde e abranger objetivos mais amplos uma vez que a saúde deixa de ser apenas a ausência de doenças para ser uma fonte de vida OLIVEIRA 2005 Referente aos modelos de educação em saúde apresentados por este autor assinale a alternativa correta A O modelo de educação em saúde tradicional enfoca os aspectos sociais que envolvem as escolhas por hábitos saudáveis B O modelo radical de educação em saúde tem como característica o radicalismo autoritário de impor normas de conduta para o alcance da saúde 53 PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE C O modelo de educação em saúde tradicional enfoca os aspectos individuais que envolvem as escolhas por hábitos saudáveis Esse modelo pode levar a uma responsabilização do sujeito quanto ao seu estado de saúde D O modelo radical de educação em saúde é sustentado pela filosofia positivista e é reducionista quanto aos fatores que levam ao adoecimento E A verdadeira libertação de situações opressoras são resultados de uma atuação transformadora a exemplo do modelo tradicional de educação Resolução desta questão na 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