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Filosofia do Direito

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LAURENCE BONJOUR ANN BAKER FILOSOFIA TEXTOS FUNDAMENTAIS COMENTADOS 2ª EDIÇÃO CONSELHO EDITORIAL DE FILOSOFIA Maria Carolina dos Santos Rocha Presidente Professora e Doutora em Filosofia Contemporânea pela ESAParis e UFRGSBrasil Mestre em Sociologia pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais EHESSParis Fernando José Rodrigues da Rocha Doutor em Psicolinguística Cognitiva pela Universidade Católica de Louvain Bélgica com pós doutorados em Filosofia nas Universidades de Kassel Alemanha Carnegie Mellon USA Católica de Louvain Bélgica e Marnela Vallee França Professor Associado do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Lia Levy Professora Adjunta do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Doutora em História da Filosofia pela Universidade de Paris IVSorbonne França Mestre em Filosofia pela UFRJ Nestor Luiz João Beck Diretor de Desenvolvimento da Fundação ULBRA Doutor em Teologia pelo Concordia Seminary de Saint Louis Missouri USA com pósdoutorado em Teologia Sistemática no Instituto de História Europeia em Mainz Alemanha Bacha rel em Direito Licenciado em Filosofia Roberto Hofmeister Pich Doutor em Filosofia pela Universidade de Bonn Alemanha Professor do Programa de PósGradua ção em Filosofia da PUCRS Valerio Rohden Doutor e livredocente em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul com pósdoutorado na Uni versidade de Münster Alemanha Professor titular de Filosofia na Universidade Luterana do Brasil EQUIPE DE TRADUÇÃO André Nilo Klaudat Doutorado em Filosofia University College London Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio Gran de do Sul Darlei DallAgnol Doutorado em Filosofia University of Bristol Professor Associado I da Universidade Federal de Santa Catarina Marco Antonio Franciotti Doutorado em Filosofia pela University of London Professor Adjunto IV da Universidade Federal de Santa Catarina Maria Carolina dos Santos Rocha Doutorado em Filosofia Contemporânea pela ESAParis e Universidade Federal do Rio Grande do Sul Milene Consenso Tonetto Doutorado em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina Nelson Fernando Boeira Doutorado em História Yale University Professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul Roberto Hofmeister Pich Doutorado em Filosofia Bonn Universität Professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul B B715f BonJour Laurence Filosofia recurso eletrônico textos fundamentais comentados Laurence BonJour Ann Baker revisão técnica Maria Carolina dos Santos Rocha Roberto Hofmeister Pich 2 ed Dados eletrônicos Porto Alegre Artmed 2010 Editado também como livro impresso em 2010 ISBN 9788536323633 1 Filosofia I Baker Ann II Título CDU 1 Catalogação na publicação Renata de Souza Borges CRB101922 1 o Que É A FilosoFiA Há muitas opiniões diferentes sobre a natureza da filosofia mas provavelmente ne nhuma definição muito simples do assunto Isso reflete o fato de que de um modo que não se verifica em nenhuma outra disciplina a natureza da filosofia é em si mesma um assunto importante de discordância filosófica um assunto para o qual há uma longa his tória de opiniões que competem entre si A nossa convicção que muitos partilham é que ao final uma pessoa pode obter uma ideia realmente clara do que é a filosofia somente estudando com efeito o assunto em mais detalhes Felizmente contudo há alguns pontos modestos sobre os quais há concordância su ficientemente ampla para proporcionar um ponto de partida razoável Em primeiro lugar a palavra filosofia significa literalmente o amor pela sabedoria e desde o início da sua longa história os filósofos perguntaram e tentaram responder a questões muito difíceis sobre os tópicos que pareciam os mais importantes para a humanidade buscando por isso mesmo a sabedoria Em segundo lugar dado que o conhecimento parece importante mesmo se não suficiente para a sabedoria poderseia perguntar que tipo de conhecimento o estudo da filosofia produz Uma resposta tradicional é que os filósofos descobrem a natureza es sencial de várias coisas abstratas verdade conhecimento pensamento liberdade dever justiça beleza e inclusive a própria realidade Uma versão mais contemporânea e talvez mais modesta dessa reivindicação é que os filósofos descobrem o conteúdo ou a análise correta dos conceitos que usamos quando pensamos sobre a verdade o conhecimento e temas semelhantes ou talvez os significados das palavras correspondentes Em terceiro lugar todos concordam que muitas áreas de investigação que come çaram como partes da filosofia depois se tornaram ramificações da ciência Isso acon tece aproximadamente quando as questões envolvidas tornamse definidas de modo suficientemente claro para tornar possível investigálas em termos científicos através de observação empírica e de teorização com base empírica Assim enquanto virtualmente todo tipo de conhecimento foi parte da filosofia para o filósofo grego da Antiguidade Aris tóteles a física e a biologia têm sido separadas da filosofia por muito tempo com outras áreas seguindo por esse caminho mais recentemente Por exemplo até o final do século XIX a psicologia ainda era vista como parte da filosofia Isso sugere que a filosofia pode ser identificada ainda que um tanto indiretamente como a origem daqueles temas que as pessoas ainda não aprenderam a investigar em termos científicos Isso inclui alguns temas com respeito aos quais é difícil imaginar que isso jamais aconteça porque são de masiado gerais demasiado difíceis e possivelmente demasiado fundamentais Em quarto lugar quase todos os filósofos concordam que a história da filosofia é importante para a própria natureza da filosofia e para a contínua investigação filosófica de um modo em que as outras histórias de outras disciplinas não são igualmente impor tantes para elas Isso se reflete na proporção bastante grande de seleções históricas no presente volume Contudo os filósofos também discordam sobre o quão importante a história da filosofia é e sobre por que ela é importante Uma abordagem da filosofia oferecida pelo filósofo americano do século XX Wil frid Sellars pode ajudar a resumir alguma das ideias anteriores e também revelar um pouco mais do sabor do assunto O objetivo da filosofia formulado abstratamente é entender como as coisas no mais amplo sentido possível do termo estão conectadas no sentido mais amplo possível do termo Sob coisas no mais amplo sentido possível incluo itens radicalmente diferentes como não só 22 laurence bonJour Ann baker repolhos e reis mas também números e deveres possibilidades e estaladas de dedos experiência estética e morte Alcançar sucesso na filosofia seria para usar um modo de expressão contemporâneo estar familiarizado com o entorno com respeito a todas essas coisas não naquele modo irreflexivo no qual o centípoda da história tinha fami liaridade com o seu entorno antes que encarasse a questão como eu caminho mas naquele modo reflexivo que significa que nenhum apoio intelectual está barrado1 Como isso sugere nada está realmente além da competência da filosofia Co locando esse ponto de uma maneira apenas levemente diferente a filosofia busca entender de um modo plenamente reflexivo de que maneira tudo está relacionado a e conectado com porém difere de tudo o mais Esta é uma concepção bastante abstrata para dizer o mínimo e também uma concepção bastante exigente Por um lado existem pessoas que pensam que o único modo de aprender filosofia é simplesmente começar lendo alguns textos filosóficos tentando compreender o que está acontecendo e qual é o ponto sem qualquer ajuda ou condução adicional Essa visão está refletida em um antigo adágio de instrutor jo gueos na água e veja quem consegue nadar Por outro lado algumas pessoas pensam que uma orientação inicial à filosofia ainda que necessariamente uma orientação ape nas aproximada e parcial pode ser de grande ajuda Dado que cremos que essa última concepção é correta começamos este capítulo com um ensaio de Ann Baker sobre a natureza da filosofia e especialmente sobre os elementos do pensamento filosófico Uma das atividades filosóficas centrais refletida na tentativa de entender a na tureza essencial das coisas ou dos conceitos é a clarificação Os filósofos estão cons tantemente levantando questões sobre o que vários tipos de coisas realmente vêm a ser ou o que as palavras em questão realmente significam Muitos dos diálogos de Platão estão focados sobre questões desse tipo sobretudo questões relativas a noções morais ou avaliativas O que é a coragem O que é a justiça O que é o conhe cimento e assim por diante No seu diálogo Eutífron Platão faz a pergunta O que é a piedade que para os gregos equivalia aproximadamente à pergunta O que é a correção moral Aprendemos no Eutífron que Sócrates foi acusado de corromper a juventude de Atenas e na Apologia de Platão temos um relato do julgamento de Sócrates no qual ele foi declarado culpado e condenado à morte assim se tornando de fato um mártir para a filosofia Na Apologia na medida em que Sócrates explana por que não pode evitar a sua punição desistindo da investigação filosófica ele faz a famosa afirmação de que a vida sem reflexão não é digna de viver A perspectiva e a integridade intelectual refletidas nessa afirmação foram frequentemente consideradas como paradigmáticas do verdadeiro filósofo Enquanto muitas pessoas creem que a filosofia é obviamente importante e va liosa existem aquelas que desprezam o pensamento filosófico como jogo mental ir relevante desprezível sem importância Bertrand Russell argumenta que a filosofia é valiosa mesmo que se revele como produzindo pouco ou nenhum conhecimento seguro Assim pois mais de 2000 anos depois de Platão ter escrito o Eutífron e a Apologia Russell defendeu o estudo e a prática da filosofia como essenciais ao melhor tipo de vida Ann Baker Ann baker 1953 é uma filósofa americana que leciona na universidade de Wa shington em seattle e é uma das coeditoras deste livro neste ensaio ela explica o que é a filosofia apresenta as suas principais ramificações ou subáreas explica os elementos básicos do pensamento filosófico e discute como ler um texto filosófico 1 Wilfrid Sellars Philosophy and the Scientific Image of Man reimpresso em Science Perception and Reality London Routledge Kegan Paul 1963 p 1 Filosofia textos fundamentais comentados 23 Você decidiu então estudar filoso fia Talvez você tenha uma ideia bastante clara do que o estudo da filosofia envol ve ou pode ter somente uma vaga ideia ou mesmo nenhuma ideia 1 Dado que existem algumas concepções interessante mente diferentes de filosofia os filósofos filosofam até mesmo sobre a filosofia e dado que precisamos de uma concepção singular da filosofia para guiar o nosso trabalho começaremos o nosso estudo da filosofia desenvolvendo primeiramen te uma concepção bastante específica de filosofia Ainda que nos baseemos nessa concepção de filosofia ao longo do livro é responsabilidade sua como um filóso fo em potencial pensar cuidadosamente sobre ela e ter uma opinião sobre os seus méritos no momento em que tiver con cluído o curso Nesse meiotempo você pode pensar que deveria haver mudanças ou qualificações pequenas ou mesmo grandes na concepção de filosofia que estávamos usando o Conteúdo da FilosoFia Comecemos construindo a nossa concepção de filosofia diferenciando entre o conteúdo característico envolvi do na disciplina da filosofia e o método característico do pensamento filosófico O conteúdo diz respeito obviamente àquilo sobre o que os filósofos pensam Por exemplo os filósofos pensam tipica mente sobre questões como essas O que é o conhecimento O que é a verdade O que são as mentes O que é a consciên cia Somos genuinamente livres Ser moralmente responsável requer ser li vre Somos por nossa própria nature za egoís tas Há uma diferença genuína entre certo e errado ou bem e mal O que é a justiça Deus existe E até mes mo como já vimos o que é a filosofia Ao tentar responder a essas questões os filósofos pensam sobre alegações asserções específicas focadas que são lançadas como sendo verdadeiras ou falsas e também sobre concepções ou posições mais abrangentes compostas de muitas alegações relacionadas que têm o propósito de responder a questões como aquelas listadas antes Para generalizar a partir desses exemplos seria razoável dizer que o con teúdo da filosofia diz respeito 1 à natureza fundamental da realidade a natureza do espaço e do tempo de propriedades e de universais e em especial mas obviamente não de ma neira exclusiva da parte da realidade que consiste de pessoas a ramifica ção da filosofia chamada de metafísi ca 2 à natureza fundamental das relações cognitivas entre pessoas e outras par tes da realidade as relações de pen sar sobre conhecer e assim por dian te a ramificação da filosofia chamada de epistemologia 3 à natureza fundamental dos valores sobretudo valores que pertencem às relações éticas ou sociais entre as pes soas e entre as pessoas e outras par tes da realidade tais como animais não humanos o ambiente e assim por diante a ramificação da filosofia chamada de axiologia que inclui os campos mais específicos da ética da filosofia política e da estética 2 o Método da FilosoFia Renunciaremos de momento a qualquer explanação posterior do conteú do da filosofia dado que essa é a tarefa principal do restante do livro Todavia existem algumas acepções implícitas fei tas pelos filósofos e a sua clarificação exigirá uma explicação do método do pensamento filosófico O método do pensamento filosófico requer um conjunto de habilidade e al guns hábitos intelectuais distintivos que chamaremos de hábitos filosóficos da men te Explanaremos sobre algumas dessas habilidades e desses hábitos neste ensaio introdutório mas a sua plena apreciação requer exercitálos nas concepções e nos argumentos filosóficos desenvolvidos no restante do livro Duas das habilidades mais básicas envolvidas no pensamento filosófico são clarificar e justificar alega Introdução ao Pensamento Filosófico 1 Pare e pense o que você acha que a filosofia é Você leu algum texto que chamaria de filosófico Você teve quaisquer discussões que consi deraria filosóficas Há alguém na sua família que é especialmente filosófico N de T A palavra claims também poderia ser traduzida aqui como reivindicações 2 Coloque cada uma das questões do parágrafo anterior em uma dessas três categorias gerais pAre 24 laurence bonJour Ann baker ções na qualidade de filósofos temos como ocupação fazer dois tipos principais de coisas clarificar e justificar em rela ção a um tipo específico de objeto uma alegação O que queremos dizer com cla rificar e justificar alegações Vamos des montar esta frase Primeiro o que é uma alegação Como vimos há pouco uma alegação é uma asserção algo que é dito com a in tenção de dizer alguma coisa que é ou verdadeira ou falsa Aqui estão alguns exemplos há cerejeiras no pátio Chica go fica a oeste de Washington DC 7 5 12 a relva é vermelha nenhum cão jamais foi perdido os políticos são uni formemente honestos Note que as alega ções podem ser tanto falsas quanto ver dadeiras Nem tudo o que você diz é uma alegação uma vez que a sua intenção não é sempre afirmar verdades Por exemplo uma pergunta não é uma alegação nem o é uma exclamação ou um comando Segundo o que se quer dizer com clarificação Quando um filósofo clarifi ca uma alegação ele explica ou expressa em detalhes o significado da alegação A clarificação é com frequência valiosa ou inclusive requerida porque o significado de uma alegação tal como foi inicialmen te formulada pode ser seriamente obscu ro de forma que se torna difícil discutilo ou avaliálo Considere por exemplo a alegação de que Deus é amor Presumi velmente a pessoa que diz que Deus é amor pretende dizer algo que é verda deiro mas algumas pessoas consideram essa alegação muito confusa Isso signi fica meramente que Deus é uma pessoa amorosa Não parece que a intenção é querer dizer algo muito mais significativo do que isso Mas o quê Dado que o amor é um tipo de emoção o significado lite ral da alegação não tem um sentido cla ro visto que Deus certamente não é um tipo de emoção Assim talvez a alegação seja metafórica em vez de literal É mui to mais fácil clarificar alegações literais do que clarificar alegações metafóricas No entanto um trabalho importante de clarificação é feito mesmo ao se dizer que a alegação é metafórica Obviamente algumas alegações precisam de mais clarificação do que ou tras Considere as seguintes alegações a Dinheiro não pode comprar felicidade b Deus é amor c Nenhum homem solteiro é feliz d Se uma pessoa é mãe então essa pes soa é do sexo feminino e Collies são cachorros f Estudar filosofia tem valor Essas alegações não são igualmente claras Qual alegação mais tem necessi dade de clarificação As alegações a e b são ambas metafóricas mas podese mais facilmente imaginar a explanação do significado metafórico de a Sem dú vida você não pode literalmente comprar felicidade dado que ela não pode ser en contrada em nenhuma loja nem pode ser comprada pela internet Porém esse não é o ponto real da alegação Su ponha por exemplo que você estivesse advertindo sua irmã mais nova de fazer o que lhe parecia um casamento muito ruim a única coisa boa que você conse gue ver sobre o futuro marido dela é que ele é muito rico Seria natural dizer à sua irmã que dinheiro não pode comprar fe licidade querendo dizer que se pode ter muito dinheiro e ser ainda muito infeliz Obviamente você estaria supondo que ela quer ser feliz Você pode clarificar uma alegação sem através disso dar qualquer razão para pensar que a alegação é verdadeira Pense em como você poderia clarificar a alegação c de que nenhum homem sol teiro é feliz Essa é certamente uma ale gação falsa mas alguém ainda poderia ficar pensando sobre o significado de ser feliz Antes que você pensasse demais sobre isso poderia pensar que certamen te entende o que é a felicidade Contudo tão logo você tente definila claramente todos os tipos de problemas aparecem ver os Capítulos 5 e 8 A clarificação às vezes exige explicar somente um dos termos na alegação tal como em c enquanto em outros momentos exige explicar o significado de diversos termos tal como em f Às vezes uma alega ção simplesmente necessita ser tornada mais precisa Por exemplo alguém po deria perguntarse se todos os collies são cães ou só a maioria dos collies são cães ou só alguns collies são cães O nível de clarificação que uma alegação realmente necessita pode depender do contexto N de T Cf no original a expressão bachelor Cf também o Apêndice II Filosofia textos fundamentais comentados 25 Terceiro o que se quer dizer com justificação Quando os filósofos ofere cem justificação para uma alegação eles dão razões para crer na alegação e que melhor razão há para crer numa alega ção do que uma razão para pensar que ela é verdadeira A nossa concepção de filosofia admite que uma razão para pen sar que uma alegação é verdadeira é uma boa razão para crer nela Além disso tal razão parece num primeiro olhar ser o único tipo de boa razão para crer numa alegação dado que aceitar a alegação é afinal aceitála como verdadeira Em outras palavras se você não tem uma ra zão para pensar que uma alegação é ver dadeira nesse caso você aparentemente não tem nenhuma razão para crer nessa alegação Se poderia haver alguma base aceitável para crer numa alegação além de uma razão para pensar que ela é ver dadeira essa é uma questão levantada explicitamente no Capítulo 7 Suponhamos para o restante desta discussão que uma razão para uma ale gação será sempre uma razão para a ver dade da alegação Uma outra suposição que faremos ao explicar o que se quer dizer com justificação é que as razões avançadas para a verdade de uma alega ção serão elas mesmas sempre alegações asserções feitas na tentativa de dizer algo verdadeiro E a suposição feita ao tratar dessas alegações como razões é que a ver dade das razões provê evidência ou aval de algum tipo para a verdade da alegação em questão a alegação que estamos ten tando justificar arGuMentos e lóGiCa Lançar outras alegações em suporte de uma alegação que você está defenden do é oferecer um argumento Assim pois de acordo com a nossa acepção de justi ficação quando um filósofo justifica uma alegação ele normalmente oferece um argumento Em filosofia um argumento não é uma discordância ou uma briga De acordo com a definição filosófica padrão um argumento é um conjunto de alega ções uma dos quais é a conclusão e as outras são as premissas oferecidas para dar suporte à conclusão premissas que são afirmadas pela pessoa que está pro pondo o argumento para tornálo muito provável ou talvez até mesmo para ga rantir que a conclusão é verdadeira Uma das primeiras coisas que você aprenderá ao desenvolver as habilidades que são importantes para o método filo sófico é tornarse muito sensível à dife rença entre a conclusão e as premissas de um argumento a alegação que está sen do asserida por um filósofo a alegação a favor da qual se argumentará é a con clusão enquanto as alegações oferecidas em suporte da conclusão são as premis sas Um dos hábitos filosoficamente dis tintivos da mente é aquele que distingue claramente entre premissas e conclusões entre aquilo a favor do que se está argu mentando e o que está sendo oferecido como uma razão Uma questão que pode ser feita sobre as premissas de um argumento é se são verdadeiras ou pelo menos se é razoável pensar que são verdadeiras Po rém enquanto a questão relativa a se as premissas são verdadeiras é crucial para a força do argumento ela não deveria ser a primeira questão que você faz ao avaliar um argumento Antes de se preocupar se as alegações oferecidas como razões são verdadeiras você deveria perguntar a si mesmo se em sendo verdadeiras elas ge nuinamente dariam suporte à alegação Razões podem dar suporte a uma alega ção de modo mais ou menos bemsucedi do e quando você pergunta o quão boas são as razões oferecidas para a alegação admitindo que são verdadeiras você está perguntando sobre a força da relação de suporte a relação evidencial entre as premissas e a conclusão Assim a ideia central de um argu mento filosófico é a ideia de dar razões para uma alegação oferecer premissas para o propósito de mostrar que a con clusão do argumento é verdadeira Alguns argumentos são argumen tos dedutivos válidos argumentos cujas premissas se verdadeiras garantem a ver dade da conclusão Considere o seguinte argumento para a alegação de que Maria pegou o carro ou João pegou o carro ou Maria pegou o carro e eu sei que João não pegou o carro de modo que Maria deve têlo pegado Você pode avaliar a força da relação de suporte desse argumento sem conhecer João ou Maria ou sem saber N de T Esta é a tradução que via de regra será proposta para warrant em sentido epistêmico 26 laurence bonJour Ann baker qualquer coisa sobre o carro Você sim plesmente pergunta a si mesmo se as pre missas se verdadeiras de fato dão supor te à conclusão Elas dão Se as premissas desse argumento são verdadeiras então a conclusão deve ser verdadeira Contudo alguns argumentos que se pretende dedutivos são inválidos é pos sível que as premissas sejam verdadeiras enquanto a conclusão seja falsa Conside re o seguinte argumento para a alegação de que Maria pegou o carro se Maria pe gou o carro então João não o pegou e eu sei que João não o pegou assim Maria deve têlo pegado Suponha que todas as premissas são verdadeiras A verdade da quelas premissas garante ou mesmo dá suporte para a verdade da conclusão Não esse argumento comete a falácia de afirmar o consequente Uma falácia é um equívoco no raciocínio Será útil digre dir um pouco para ver claramente o que é essa falácia e por que é um equívoco raciocinar dessa maneira Como você verá muitos argumen tos filosóficos incluem afirmações condi cionais afirmações da forma se A então B Por exemplo se Maria pegou o carro então João não o pegou A primeira parte da condicional a parte A é chamada de antecedente e a segunda parte a par te B é chamada de consequente Uma afirmação condicional pode ser confusa num primeiro momento antes que se pen se com cuidado sobre o que exatamente ela está dizendo Considere a alegação de que se George Washington era um polvo então George Washington tinha oito per nas É essa alegação verdadeira ou falsa Alguns estudantes inicialmente dizem que a alegação é falsa mas assim que a olham novamente veem claramente que a alegação é verdadeira A verdade de uma afirmação condicional não requer a verdade do antecedente a alegação de que Maria pegou o carro porque a condiconal está alegando apenas que se Maria pegou o carro então João não o pegou A verdade da condicional requer apenas que se o antecedente é verdadeiro então o consequente deve ser verdadeiro não pode ser falso em outras palavras se o consequente é falso então o ante cedente também deve ser falso para que a afirmação condicional total seja verda deira Contudo se tanto Maria quanto João pegaram o carro caso em que o an tecedente é verdadeiro e o consequente é falso então a afirmação condicional se Maria pegou o carro então João não o pegou é em si mesma falsa Assim se uma afirmação condicional é verdadeira e o antecedente é verdadeiro nesse caso você sabe que o consequente também deve ser verdadeiro e se uma afirmação condicional é verdadeira e o consequente é falso então você sabe que o anteceden te também deve ser falso Porém nada se segue da verdade de uma condicional e da verdade do consequente portanto argumentos que alegam tirar uma conclu são sobre a verdade do antecedente na base da verdade da condicional e da ver dade do consequente estão cometendo o erro de raciocínio chamado de falácia de afirmar o consequente 3 Uma vez que as premissas num caso de afirmar o consequente na reali dade não dão nenhum suporte à conclu são você poderia ser tentado a dizer que esse não é um argumento em absoluto Todavia não parece correto dizer de for ma taxativa que esse não é um argumen to parece mais claro dizer que é um mau argumento e melhor ainda dizer exata mente o que é ruim acerca dele Quando está diante de um argumento inválido você não precisa se preocupar se as suas premissas são verdadeiras visto que mes mo se elas o são não oferecem sequer um suporte mínimo para a conclusão Há outros tipos de argumentos cujas premissas oferecem razões boas mas não conclusivas para a verdade da conclu são argumentos que oferecem suporte genuíno para as suas conclusões mas em que ainda é possível embora improvável que a conclusão seja falsa muito embora as premissas sejam verdadeiras Os ar gumentos mais comumenente referidos como argumentos indutivos ou mais explicitamente argumentos indutivos enumerativos são dessa forma e mui tos argumentos científicos são desse tipo Quando por exemplo alguém raciocina que todos os cisnes são brancos com base em muitas observações diferentes de cis nes brancos esse alguém está oferecendo um exemplo simples de um argumento indutivo Você não pode razoavelmente concluir que todos os cisnes são brancos com base em uma observação de um cis ne branco ou mesmo de dois ou vinte porém se existem observações suficien tes em locais e circunstâncias suficiente mente variados então você pode razoa 3 Há uma outra falácia rela cionada a essa chamada de negar o antecedente Você deveria ser capaz de compreender o que é aquele engano e por que ele é um engano dada essa explicação da falácia de afirmar o consequente pAre Filosofia textos fundamentais comentados 27 velmente concluir que todos os cisnes não apenas aqueles que você observou até aqui são brancos Quando você ra ciocina que o sol nascerá amanhã com base na alegação de que ele nasceu todas as manhãs até aqui por milhares de anos você está oferecendo um argumento in dutivo Os filósofos não chamam o bom argumento indutivo de válido porque a definição de validade consiste em que é impossível para a conclusão ser falsa enquanto as premissas são verdadeiras Argumentos indutivos por definição têm conclusões que poderiam ser falsas ain da que as premissas sejam verdadeiras Todavia quanto melhor é o argumento indutivo mais inverossímil ou imprová vel é que a conclusão seja falsa ao passo que as premissas são verdadeiras Bons argumentos indutivos aqueles cuja rela ção evidencial ou de suporte entre as pre missas e a conclusão é convincente são normalmente descritos como fortes Em tal argumento a verdade das premissas oferece uma boa razão para pensar que a conclusão é verdadeira Um tipo diferente de argumento nãodedutivo cujas premissas nova mente proporcionam boas razões mas não conclusivas para a verdade das suas conclusões é o que é referido como um argumento explanatório também cha mado de uma inferência à melhor expla nação ou um argumento abdutivo e às vezes o termo indução é usado mais amplamente de maneira a também in cluir argumentos desse tipo A ideia de um argumento explanatório é que há um fato afirmado de algum tipo a ser explanado outras considerações que são relevantes para a explanação desse fato e alguma explanação que é alegada como sendo a melhor à luz daquelas conside rações Assim pois as premissas de tal argumento incluem tanto uma afirmação do fato afirmado a ser explicado quanto afirmações dessas outras considerações relevantes e a conclusão é uma afirma ção da explanação tomada como sendo a melhor E tal argumento será forte ja mais válido se a explanação oferecida realmente for a melhor admitindose que o fato em questão realmente é um fato e que as outras considerações supostamen te relevantes são também verdadeiras Aqui está um exemplo simples su ponha que a polícia chame você no traba lho para dizerlhe que o seu carro esteve envolvido num acidente e que o motoris ta do carro abandonou a cena A questão é como explicar o fato de que o seu carro esteve num acidente ao invés de ainda estar estacionado na entrada onde esta va quando você saiu para pegar o ônibus para o trabalho nesta manhã As seguin tes considerações posteriores parecem re levantes que sempre só você e a sua irmã Maria dirigem o carro embora ela tenha sido recentemente proibida por você de dirigilo devido às várias multas por ex cesso de velocidade que ela recebeu que há somente uma chave para esse carro que fica pendurada num gancho na porta dos fundos que Maria é a única pessoa além de você com acesso fácil a essa chave e que a polícia encontrou o carro com a chave ainda nele Então poderia ser alegado a explanação mais provável do fato de que o seu carro estava no aci dente ao invés de ainda estar no estacio namento onde você pensava que estava é que Maria o dirigiu apesar de estar proibida de fazêlo Obviamente você terá evidência ainda melhor assim que falar com ela ou descobrir a partir de re latos de testemunhas oculares com quem o motorista do carro se parecia Mas você não tem exatamente agora uma razão muito boa para a conclusão de que Maria pegou o carro A sua razão não é conclu siva isto é a conclusão não está garan tida como sendo verdadeira porque há outras explanações possíveis para o fato de que o seu carro esteja na cena de um acidente que poderiam inclusive se reve lar melhores no final das contas Talvez alguém tenha arrombado a sua casa pe gado a chave e levado o carro embora Usamos argumentos explanatórios desse tipo na vida diária e os cientistas fazem uso de argumentos explanatórios para tirar conclusões sobre leis e entida des teóricas Tais argumentos com gran de frequência também desempenham um papel importante nas discussões filo sóficas Resumindo de acordo com a defi nição padrão de argumento com a qual começamos se as premissas são ofere cidas com o propósito de dar suporte à N de T Neste capítulo para explanation e to explain além de explanação e explanar serão às vezes usadas de modo equivalente também as expressões explicação e explicar 28 laurence bonJour Ann baker verdade de uma conclusão nesse caso o conjunto de alegações que consistem na quelas premissas e na conclusão constitui um argumento O argumento é dedutivo se a verdade das premissas é destinada a garantir a verdade da conclusão se a ver dade das premissas é meramente destina da a tornar a verdade da conclusão muito verossímil ou provável mas não garan tida o argumento pode ser indutivo ou explanatório ainda que existam tam bém outras possibilidades que não consi deramos aqui como os argumentos que apelam para analogias Um argumento dedutivo cujas premissas são relaciona das à sua conclusão no modo correto de atingir o seu propósito é válido enquanto bons argumentos indutivos ou explanató rios podem apenas ser fortes Uma ques tão posterior sobre qualquer argumento é se as próprias premissas são verdadeiras uMa ilustração do Método da FilosoFia Temos pensado até agora através de uma explanação inicial em duas das habilidades importantes envolvidas no método da filosofia clarificação e justifi cação Consideremos agora uma ilustra ção dessas habilidades tentando clarifi car e justificar a alegação de que estudar filosofia tem valor Clarificação definindo o que queremos dizer Clarifiquemos primeiramente a alegação de que estudar filosofia tem valor Você de modo razoável pergunta se sobre o significado de ambas as par tes da alegação o que significa estudar filosofia e o que significa tem valor Suponha que alguém leu o livro de Ber trand Russell Os problemas da filosofia numa noite é isso o suficiente para se ter estudado filosofia De acordo com o que queremos dizer quando fazemos a alegação não o é Você tem de fazer mais do que ler um livro de filosofia para ter estudado filosofia Leva muito mais do que uma noite para se estudar filosofia Porém não há uma quantidade exata de estudo que possa ser considerada como o significado preciso de estudar filosofia Algumas vezes o que é preciso para tornar uma questão suficientemente clara para ser razoavelmente discutida é subs tituir a alegação original por uma que é clara e mais precisa embora diga aproxi madamente a mesma coisa Assim pois um tanto arbitrariamente entenderemos estudar filosofia como significando fa zer e passar por pelo menos quatro aulas de filosofia ou fazer algo razoavelmente semelhante Provavelmente você pode ria por si mesmo fazer o equivalente a frequentar e a passar por quatro cursos de filosofia se estivesse suficientemente motivado e tivesse alguns recursos para conferir o seu entendimento Agora o que você quer dizer com tem valor na segunda parte da alega ção Tudo o que queremos dizer com valor aqui é que é bom para você que você ficará significativamente melhor por têlo feito Você poderia duvidar de que a nossa alegação é verdadeira mas ago ra você tem um sentido bastante bom do que queremos dizer com ele Clarificamos embora talvez ainda não suficiente mente a nossa alegação de que estudar filosofia tem valor Poderíamos fazer mais uma clari ficação Alguém poderia perguntar se a alegação é que estudar filosofia tem sem pre valor não importa quem o faça ou apenas que normalmente tem valor Por exemplo pense sobre as seguintes alega ções que têm a forma de fazer A é B Correr uma maratona é exigente Dar à luz é feito por pessoas do sexo feminino Assistir à televisão é divertido Praticar exercícios regularmente é importante Obter um grau universitário vale a pena O contexto às vezes junto com o conteúdo da alegação determina nor malmente se alguém que afirma uma dessas alegações quer dizer sempre ou na maior parte das vezes ainda que isso possa às vezes ser obscuro Vamos admitir que o que queremos dizer quan do dizemos que estudar filosofia tem va lor é que isso sempre tem valor N de T Philosophy classes ou seja no sentido de disciplinas de filosofia cursadas ao longo de um período acadêmico como um trimestre ou um semestre Filosofia textos fundamentais comentados 29 Assim temos agora uma reafirma ção bastante boa da alegação original resultante desse esforço inicial de clarifi cação a nossa alegação de que estudar fi losofia tem valor significa que alguém que faz o equivalente a frequentar e a passar por pelo menos quatro cursos de filosofia se beneficiará disso significativamente Um dos hábitos mentais distintivamente filosóficos é aquele de perceber quando alegações são mais ou menos claras Justificação oferecendo um argumento Agora desloquemonos da clarifica ção para a justificação lembrando que a justificação filosófica tipicamente toma a forma de um argumento Aqui está um argumento para a alegação que acaba mos de clarificar 1 Estudar filosofia sempre faz com que você pense mais claramente 2 Pensar mais claramente sempre tem valor 3 Portanto estudar filosofia sempre tem valor O que faz disso um argumento É um conjunto de alegações uma das quais é a conclusão e as outras são premissas postas para dar suporte à conclusão Quando você oferece um argumento para uma alegação a alegação é a con clusão do argumento Assim as primei ras duas sentenças são as premissas e a terceira sentença é a conclusão Apenas faça de conta por um mo mento que as premissas são verdadeiras Se elas são verdadeiras a verdade das premissas torna a conclusão provável ou até mesmo certa de ser verdadeira Para esse argumento como para muitos outros argumentos você precisa pen sar sobre as premissas e a conclusão no intuito de responder a essa questão a resposta a essa questão não é o resultado de um teste mecânico claro Na medida em que você adquire o hábito intelectual de avaliar argumentos você fica cada vez melhor em distinguir os bons argumen tos dos maus O que você deveria fazer é supor que as premissas são verdadeiras e então tentar imaginar se seria possível que a conclusão fosse falsa mesmo sendo dada a verdade das premissas Sugerimos que a verdade das pre missas se são verdadeiras oferece uma razão muito boa para pensar que a con clusão é verdadeira De fato o argumen to parece ser válido parece logicamente impossível que as premissas sejam ver dadeiras e a conclusão seja falsa Con sideraremos mais tarde uma razão para questionar se isso realmente é assim Esse argumento portanto oferece um bom exemplo da relação de oferecer uma boa razão que é o elemento central de um argumento No argumento anterior se as pre missas são verdadeiras então a conclu são está aparentemente garantida como sendo verdadeira É evidente porém que não podemos simplesmente admitir que as premissas são verdadeiras E visto que a conclusão do argumento foi justificada somente se as premissas são verdadeiras a nossa tarefa de justificar a alegação ori ginal não está acabada até que tenhamos pelo menos defendido as premissas dan do razões para pensar que as premissas são verdadeiras Além disso deveríamos também considerar e responder às mais óbvias objeções caso existam dando razões para a verdade das premissas Comecemos com a primeira premis sa estudar filosofia sempre faz com que você pense mais claramente Em anteci pação pense sobre o que estará envolvido no estudo da filosofia você lerá muitos textos filosóficos diferentes de muitos pe ríodos diferentes da história aprendendo o que diferentes filósofos disseram sobre muitos tópicos diferentes Além disso como os autores são filósofos eles nor malmente estarão argumentando a favor das suas concepções de modo que você precisa entender e avaliar criticamente aquelas opiniões e aqueles argumentos numa tentativa de compreender o que você pensa acerca do tópico filosófico em questão Além disso como os filósofos têm de discutir muitos outros assuntos ao explanar e clarificar as suas concepções apresentando argumentos e consideran do objeções a outras concepções e como veremos inclusive às suas próprias uma obra filosófica é normalmente bastante complicada sendo que todas essas par tes precisam ser devidamente resolvidas 30 laurence bonJour Ann baker dos supervisores sugere a Doug que ele tome uma aula particular Doug jamais se pergunta por que ou como aquela aula se encaixa no seu programa como um todo Doug provavelmente não tem um plano claro mas tem sim o desejo de terminar a faculdade do modo mais eficiente pos sível Suponha que Joe esteja constan temente afiando as suas habilidades de pensamento ele sempre pede à super visora para clarificar os seus conselhos sempre pergunta por que esse é um bom curso para se fazer e tem em mente com clareza os requisitos de grau É razoá vel afirmar que por causa da habilidade que Joe tem de pensar mais claramente do que Doug Joe realizará o seu objetivo mais provavelmente do que Doug e este nem sequer é o melhor exemplo é Você não tem de pensar com excepcional cla reza para realizar o objetivo de terminar a faculdade do modo mais eficiente possí vel Imagine o quão claramente você tem de pensar para ser um cidadão responsá vel ou um amigo afetuoso ou um ótimo pai Ser capaz de distinguir entre crer em alguma coisa com base em pensamento ilusório como oposto a crer em alguma coisa com base em boa evidência pode fa zer a diferença entre realizar um bom tra balho e realizar um trabalho inadequado em muitas áreas das relações humanas Assim pensar claramente tem sempre va lor porque o ajuda a conseguir o que você quer não importa que isso signifique ser um empregado da justiça um bom pai ou um perfeito inútil Nesse ponto oferecemos razões para pensar que ambas as premissas são verdadeiras e parece inicialmente cla ro que se as premissas são verdadeiras então a conclusão deve ser verdadeira Logo apresentamos e defendemos um ar gumento mas isso basta para justificar a alegação Certamente é uma justificação mas ainda não é a mais forte justificação que poderíamos dar Uma justificação ainda melhor para uma alegação também inclui considerar e responder a objeções ao nosso próprio argumento objeções considerando razões contra a verdade das premissas Alguns estudantes relutam em con siderar objeções a um argumento que estão tentando defender porque lhes Estudar filosofia envolve realizar todos esses procedimentos com cuidado O que então é pensar claramen te Sem dúvida envolve ser capaz de clarificar várias ideias e opiniões que você encontra mas também envolve ser lógico considerar e às vezes descobrir razões para aquelas opiniões junto com a capacidade de avaliar de modo bem sucedido quando aquelas razões são boas e quando não o são Uma habilidade de pensar claramente é a habilidade de fazer malabarismos com combinações compli cadas de ideias enquanto se atenta para as diferentes relações entre elas E como qualquer habilidade leva tempo e práti ca para tornarse bom nela Você precisa pensar claramente para ao menos enten der os filósofos e precisa ser capaz de pensar claramente para avaliar opiniões filosóficas Quando avalia uma opinião você decide se ela é uma boa opinião provavelmente verdadeira ou uma má opinião provavelmente falsa e como filósofo você deve ter razões para fazer aquela avaliação Portanto alguém que estudou filosofia dado o modo como clarificamos essa ideia ou aprendeu a pensar claramente pela primeira vez ou então já sabia em certa medida como pen sar claramente mas teve agora grande quantidade de prática adicional nisso e assim presumivelmente pensa ainda mais claramente Eis uma defesa da primeira premissa uma razão para pensar que a primeira premissa é verdadeira Agora consideremos uma defesa para a segunda premissa a premissa de que pensar mais claramente sempre tem valor Com certeza podemos todos con cordar que fazer alguma coisa que o aju da a conseguir o que você quer tem valor que você se beneficia significativamente ao fazer algo que aumenta a sua habilida de de conseguir o que quer a menos na turalmente que o que você quer não seja bom para você Defendemos que pensar claramente sempre faz isso Suponha por exemplo que cada uma de duas pessoas chameas de Joe e Doug quer terminar a faculdade do modo mais eficiente possí vel e suponha além disso que Joe pensa muito mais claramente do que Doug Su ponha que Doug de fato jamais pensa de modo suficientemente intenso para man ter na linha os requisitos de grau ou até mesmo perceber que existem alguns des ses requisitos Suponha que quando um Filosofia textos fundamentais comentados 31 parece que estão enfraquecendo a sua própria posição Contudo um argumen to que considere e responda a objeções é muito mais forte do que um argumen to que não considere nenhuma objeção Imagine que você está lendo dois edito riais no jornal um dos quais expressa as suas próprias opiniões políticas enquan to o outro expressa opiniões contrárias às suas Suponha que cada peça argumenta a favor da sua posição sem considerar quaisquer pontos de vista alternativos que poderiam levar a objeções Quando você lê aquela com a qual você concor da é infelizmente demasiado fácil apenas acompanhar o argumento você afinal já concorda com a conclusão Po rém quando lê aquela da qual discorda você está provavelmente pensando em objeções ao longo do caminho e assim talvez não se sinta desafiado na sua pró pria concepção porque você pensa que tem boas objeções para as razões dadas a favor da conclusão de que você discorda No entanto imagine que o editorial de que você discorda seguiu considerando objeções similares àquelas nas quais você está pensando à medida que o lê e ima gine que as repostas que ele dá àquelas objeções são bastante convincentes Você não se sentiria mais desconfor tável negando a importância da opinião que ele defende nesse caso Não pare ceria o desafio à sua própria concepção mais sério Analogamente não ficaria a peça que argumenta a favor da opinião com a qual você concorda até mesmo mais forte se também considerasse e res pondesse a objeções Qualquer opinião argumentada com base em um lado so mente sem considerar perspectivas alter nativas e as objeções resultantes não é tão convincente quanto uma opinião que considerou as mais fortes objeções e mos trou também como aquelas objeções não importa o quanto pareçam fortes podem receber resposta de um modo satisfató rio Esse é um hábito mental filosófico especialmente importante veja muitos lados de uma questão não fique satis feito com uma perspectiva apenas Queremos considerar e responder a objeções pelo propósito de fortalecer o nosso argumento mas presumivelmente julgamos o argumento bastante convin cente uma vez que o inventamos De que modo então proceder para encon trar boas objeções Essa é outra das habi lidades que você adquirirá à medida que desenvolver hábitos filosóficos da mente você precisará ser capaz de assumir uma atitude crítica criticando os argumentos de outros filósofos Você também pode adotar esse mesmo ponto de vista com relação ao seu próprio argumento fazen do de conta que você mantém o outro ponto de vista e procurando fraquezas no seu argumento original Você poderia pensar num primeiro momento que o modo de objetar a um argumento é objetando a sua conclusão encontrar razões para pensar que a con clusão é falsa Mas de fato isso não fun ciona realmente muito bem se você está tentando criticar o argumento original Ora se você oferece razões para pensar que a conclusão é falsa então você sim plesmente produziu um outro argumento para a conclusão oposta Você agora tem dois argumentos opostos levando a re sultados opostos mas não está realmente envolvendo um com o outro em qualquer forma mais substancial Eles não podem ambos ser argumentos válidos com pre missas verdadeiras e é improvável ain da que não impossível que sejam ambos fortes Todavia o mero conflito entre eles não oferece em si mesmo nenhuma per cepção de qual é equivocado ou o que é até mesmo mais importante de como ele é equivocado Assim pois se o objeti vo é avaliar criticar ou fortalecer o argu mento original o que faz mais sentido é considerar objeções às suas premissas ou ao raciocínio das premissas à conclusão em vez de razões para rejeitar a conclu são Se há boas razões para pensar que as premissas de um argumento são falsas ou que o raciocínio das premissas à conclu são é falho então o argumento falha em dar suporte à sua conclusão porém se aquelas objeções podem ser respondidas então a posição total a favor da conclusão é fortalecida Consideremos inicialmente uma objeção a cada premissa do nosso argu mento de amostra Uma objeção a uma premissa é uma razão para pensar que a premissa é falsa Consideremos a pri meira premissa estudar filosofia faz com que você pense mais claramente Alguém poderia objetar dizendo que estudar filo sofia é muito confuso Para estudar filo sofia você tem de ler muitos autores dife rentes sobre muitas questões diferentes e muitos dos autores viveram há muito 32 laurence bonJour Ann baker tempo de modo que o seu estilo de es crever é muito diferente do nosso e em geral difícil de entender Questões filosó ficas são difíceis de entender sobretudo porque são demasiado abstratas e remo tas em relação às preocupações diárias Por isso muitas pessoas que estudam fi losofia acabam ficando muito confusas e com certeza alguém que é muito confuso não é alguém que pensa claramente Por tanto estudar filosofia não faz com que alguém pense mais claramente O que dizer sobre a segunda premis sa pensar mais claramente sempre tem valor Alguém poderia objetar a essa pre missa apontando que quanto mais cla ramente alguém pensa mais claramente alguém vê o quão vulneráveis nós débeis seres humanos somos Temos muitos de sejos grandiosos mas a nossa habilidade de conseguir o que queremos é ampla mente dependente de condições além do nosso controle e assim todo o nosso planejamento e esquema é no final so mente patético Quanto mais claramente pensamos mais claramente percebemos isso e mais paralisados nos tornamos Ob viamente não nos beneficiamos em ficar tão paralisados Pelo contrário a ignorân cia e o pensamento obscuro são a maior alegria Portanto pensar claramente não tem sempre valor Objeções podem também ser feitas ao raciocínio envolvido na argumentação de que a conclusão é provavelmente ver dadeira dada a verdade das premissas Considere uma objeção ao raciocínio do argumento de amostra Suponha que al guém reconheça a verdade de ambas as premissas mas argumente que há outros modos com efeito muito mais fáceis de aprender a pensar mais claramente do que estudando filosofia Se a conclusão de que estudar filosofia sempre tem va lor significa que qualquer um deveria consideradas todas as coisas estudar filo sofia então essa conclusão poderia muito bem ser falsa caso em que o argumento não é realmente válido no final das con tas Suponha que você é um especialista em matemática suponha também que estudar matemática ensina você a pensar mais claramente suponha ainda que da dos os seus talentos e interesses tomar o tempo para estudar filosofia tiraria tem po de outras atividades de que você gos ta sem adicionar muito benefício uma vez que você já está aprendendo a pensar claramente ao estudar matemática As sim você poderia argumentar que mes mo sendo verdade que estudar filosofia ensinaria você a pensar mais claramente e que pensar mais claramente tem sem pre valor é falso que estudar filosofia tem valor para você É falso que você em fun ção de tudo o que é verdadeiro sobre a sua vida deveria estudar filosofia Essa objeção desafia o raciocínio envolvido em tirar a conclusão a partir das premissas em vez de desafiar uma das premissas Nesse ponto formulamos uma ob jeção a cada uma das nossas premissas e uma objeção ao raciocínio do argumento tudo com o objetivo último de fortalecer a nossa posição a favor da alegação de que estudar filosofia tem valor por res ponder a essas objeções 4 respostas mostrando por que as objeções falham Obviamente precisamos responder a essas objeções precisamos mostrar por que elas não são fortes o suficiente para afetar gravemente a força do argumento original Ao responder a objeções você às vezes mostrará que o raciocínio das ob jeções é falho enquanto em outros mo mentos você pode responder mostrando que a afirmação original da premissa ou do raciocínio precisa ser alterada ou qua lificada para acomodar a objeção mes mo ainda sendo capaz de estabelecer a posição a favor da alegação que você está defendendo A primeira objeção alega que o es tudo da filosofia ao invés de levar ao pensamento claro é algo confuso Porém enquanto algumas pessoas de fato o con sideram confuso num primeiro momento aquele sentido de confusão quase sempre vai embora assim que se trabalha nele com um pouco mais de intensidade Real mente não é muito fácil passar por quatro disciplinas de filosofia sem adquirir as ha bilidades de pensar que resolvem a con fusão Essa objeção poderia ter tido peso sério se tivéssemos especificado a ideia de estudar filosofia como significando passar por somente um curso de filosofia mas ela não tem nenhum peso sério contra a pri meira premissa quando estudar filosofia é entendido como requerendo que se tenha passado por quatro cursos de filosofia ou feito o equivalente a isso 4 Você consegue pensar em quaisquer outras objeções a esse argumento pAre Filosofia textos fundamentais comentados 33 A segunda objeção alega que somos virtualmente impotentes para obter o que queremos não importa o quão cuidado samente planejamos e antecipamos de modo que o pensamento claro não tem de fato sempre valor Mas que evidência pode ser oferecida para tal alegação Que razão esse objetor pode oferecer para a concepção de que o nosso planejamento e pensamento cuidadoso não faz nenhu ma diferença ou tão pouca diferença a ponto de ser irrelevante para o resultado dos nossos esforços Suponha que você indique que sabe de muitos exemplos de pessoas que com frequência foram bem sucedidas em conseguir o que queriam quando planejaram isso cuidadosamente e de outras pessoas que não planejam cuidadosamente e falham em obter o que querem Esses exemplos são contraexem plos 5 à opinião do objetor exemplos que oferecem alguma razão para pensar que a opinião é falsa Naturalmente nin guém defenderia que o planejamento cui dadoso garante bons resultados A defesa para a premissa em consideração preci sa apenas reivindicar que o pensamento cuidadoso claro torna mais provável a obtenção do que você quer o que é o bastante para tornar tal pensamento va lioso Assim o objetor precisa oferecer alguma razão para pensar que é falso que o pensar cuidadosamente claramente torna mais provável que você obterá o que quer O defensor da objeção poderia res ponder que todas aquelas pessoas que planejaram cuidadosamente tiveram apenas sorte e as pessoas que não plane jaram bem foram apenas azaradas Supo nha que o objetor continue a fazer a mes ma afirmação que aqueles que planejam apenas têm sorte não importa o quão detalhados sejam os seus exemplos nem com quantos exemplos você apareça Não há nada que alguém possa dizer que pro ve de forma conclusiva que temos mais controle do que a objeção diz que temos de sorte que a opinião do objetor não pode ser mostrada de forma conclusiva como estando errada Por isso mesmo é legítima a insistência do objetor acerca da opinião É intelectualmente respeitável insistir numa opinião apesar de possíveis contraexemplos simplesmente porque a opinião não foi provada de forma conclu siva como sendo falsa Isso parece clara mente irrazoável A nossa principal resposta a essa objeção então é que a objeção repousa numa suposição muito controversa mal defendida uma suposição que nos parece como sendo manifestamente errada Por tanto a objeção falha em ter qualquer for ça séria contra a premissa à qual se volta O que dizer sobre a objeção ao racio cínio do argumento A principal resposta a essa objeção é que a objeção confundiu o conteúdo da conclusão O ponto do ar gumento não era argumentar que todos deveriam estudar filosofia muito embora talvez não fosse inteiramente irrazoável para o objetor interpretar a conclusão desse modo Um modo de entender a alegação de que estudar filosofia sempre tem valor é pensar que estudar filosofia terá valor para qualquer um E isso sugere enfaticamente que qualquer um deveria fazêlo No entanto poderíamos argu mentar que a conclusão do argumento não quer dizer que qualquer um não importa o que mais for verdadeiro a seu respeito deveria encontrar algum tempo para estudar filosofia A conclusão em vez disso simplesmente significa que se você estuda filosofia então esse estudo terá valor para você no sentido de que você se beneficiará dele Essa conclusão é completamente consistente com a alega ção de que para qualquer pessoa em par ticular ela não deveria estudar filosofia porque para aquela pessoa em particular o estudo da filosofia apesar dos benefí cios que produz não teria valor todas as coisas consideradas dado o que teria de ser sacrificado para dedicarse a tal es tudo e dada a possibilidade de adquirir aqueles mesmos benefícios ou outros muito parecidos de algum outro modo Aqui você pode ver o quanto a conside ração de objeções também pode ajudar a clarificar uma posição resumo Clarificamos e justificamos a ale gação de que estudar filosofia tem valor Para tanto ilustramos muitas das habi lidades e dos hábitos mentais filosóficos exigidos pelo método da filosofia Você consegue ver como a alegação é clarifi cada ainda mais no processo de justifica ção Você consegue ver o quão mais forte é a justificação porque consideramos e respondemos a objeções 5 Comentário uma outra importante ha bilidade filosófica é oferecer contraexemplos a alegações ou teorias filosóficas para criar um contraexemplo você precisa pri meiro compreender o que exata mente a alegação ou a opinião diz e então pensar cuidadosamente sobre como ela se aplica a muitas situações procurando exemplos que mostram que ela está errada 34 laurence bonJour Ann baker Como você agora pode ver um dos primeiros desafios do fazer filosofia é aprender a como dizer quando um filóso fo seja se é você ou alguém que você está lendo ou ouvindo está argumentado a favor de uma opinião fazendo objeção a ela ou respondendo a objeções À medida que você praticar o pensar filosoficamen te mais hábil você ficará em reconhecer essas diferentes atividades e você ficará melhor em clarificar alegações realizar distinções e elaborar você mesmo argu mentos objeções e respostas lendo FilosoFia Com um pequeno esforço quase qualquer um pode aprender a pensar fi losoficamente Contudo você poderia perguntar o que é preciso fazer para tra balhar efetivamente na aquisição dessa habilidade O primeiro e mais valioso re curso sobre o qual você deveria praticar o pensar filosoficamente é o conjunto de seleções de leitura neste livro e quais quer outros textos filosóficos que você puder ler Todavia aprendemos que os estudantes com frequência consideram a leitura da filosofia muito difícil num pri meiro momento e assim incluímos alguns conselhos sobre ler filosofia junto com al gumas breves ilustrações Embora esses conselhos sejam dirigidos em especial à leitura da filosofia os principais pontos também se aplicam ao ato de assistir a uma conferência filosófica ou à participa ção numa discussão filosófica O material filosófico é sobretudo argumentativo e crítico quase nunca meramente expositivo Você não lê filo sofia com o intuito de reunir uma gran de quantidade de fatos que então me morizará Você deve ler filosofia como se estivesse pensando ativamente junto com o autor do texto como se estives se tendo uma conversação intelectual com ele Os filósofos estão argumentan do a favor de uma opinião ou posição Você deve pensar no autor ou no con ferencista ou debatedor como dizendo Olhe isso é o que eu penso e isso é por que eu penso assim O que você pensa sobre isso Portanto você deve sempre ter quatro perguntas em mente enquan to está lendo ou ouvindo conferências ou envolvendose em discussões com um outro filósofo primeira qual opinião ou posição o filósofo está defendendo Em um artigo a resposta a essa questão pode diferir em diferentes lugares um artigo pode estabelecer mais do que um objetivo e você deve perguntar como esses objetivos conectamse uns com os outros Note também que o que está sendo defendido num aspecto particu lar pode ser muito simples e geral por exemplo a alegação de que Deus existe ou muito complicado e específico por exemplo a alegação de que uma objeção particular a um argumento particular de que Deus existe é equivocada A segun da questão a perguntar é quais razões ou argumentos estão sendo oferecidos em suporte da opinião que está sendo de fendida Tente esquematizar as respos tas a essas duas questões enquanto você lê na sua cabeça ou o que é melhor no papel talvez na margem do livro Você então estará numa boa posição para fazer as próximas duas questões o quão fortes são as razões oferecidas e há objeções a elas É virtualmente impossí vel fazer isso enquanto se está relaxando numa disposição passiva da mente Ler filosofia de modo bemsucedido requer uma disposição mental ativa crítica imaginativa um dos hábitos mentais distintamente filosóficos que você preci sa cultivar no intuito de aprender a pen sar filosoficamente Há uma fonte principal de confusão à qual se deve prestar atenção Como a filosofia é essencialmente reflexiva e crí tica um filósofo discutirá outras posições e argumentos além do que foi defendido num artigo particular Isso pode incluir qualquer um dos seguintes pontos 1 posições opostas àquela defendida 2 posições semelhantes mas ainda sig nificativamente diferentes em algum aspecto daquela defendida em que a diferença ajuda a clarificar a opinião principal 3 argumentos em favor de posições opostas àquela defendida que serão criticadas 4 objeções à própria posição do filósofo às quais se responderá 5 às vezes até mesmo argumentos a favor da opinião defendida que o fi lósofo não aceita e quer distinguir da queles que de fato aceita Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem Na Biblioteca Virtual da Instituição você encontra a obra na íntegra