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Texto de pré-visualização

Atividade de Análise de Texto Bibliográfico Nome Curso SemestreData Desenvolver habilidades de leitura crítica e análise de textos acadêmicos identificando pontos chave estrutura argumentativa e a contribuição do texto para a área de estudo Texto Bibliográfico Instruções 1 Leitura Atenta Leia o texto selecionado com atenção Se necessário faça uma primeira leitura para entender o contexto geral e uma segunda para focar nos detalhes importantes 2 Identificação de Informações Principais Título do Texto Autores Ano de Publicação Fonte Revista Livro etc PalavrasChave 3 Resumo do Texto Em um parágrafo de 5 a 7 linhas resuma as ideias principais do texto Inclua os principais argumentos apresentados pelo autor e o objetivo do trabalho 4 Análise Crítica Ponto de Vista do Autor Qual é a posição do autor em relação ao tema abordado Ele apresenta algum viés Evidências e Argumentação Como o autor sustenta seus argumentos Que tipos de evidências ele utiliza dados empíricos exemplos citações de outros autores Estrutura Argumentativa Como o autor organiza suas ideias Identifique a tese central e como os argumentos são desenvolvidos ao longo do texto Contribuição para a Área Qual é a contribuição do texto para o campo de estudo Ele apresenta novas ideias revisa teorias existentes ou oferece uma síntese de conhecimentos 5 Conclusão Pessoal Redija um parágrafo expressando sua opinião sobre o texto Você concorda com o autor Como este texto influenciou seu entendimento do tema Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 169 O ensino jesuítico no período colonial brasileiro algumas discussões Discussions on Jesuit teaching in Brazil during the colonial period Alexandre Shigunov Neto Lizete Shizue Bomura Maciel RESUMO O presente artigo pretende realizar uma análise do ensino jesuítico implementado no período colonial brasileiro e demonstrar que a estrutura escolar fundada pelos padres jesuítas no Brasil era adequada para o momento histórico vivenciado levandose em consideração quatro aspectos os objetivos do Projeto Português para o Brasil o projeto educacional Jesuítico a própria estrutura social brasileira da época e o modelo de homem necessário para a época Colonial Os jesuítas com seu Projeto Educacional e os portugueses que vieram para a colônia brasileira em busca de riquezas tiveram papel fundamental na formação da estrutura social administrativa e produtiva da sociedade que estava sendo formada Partindo do pressuposto de que o fenômeno educacional não é um fenômeno independente e autônomo da realidade social de determinado momento histórico devemos analisar o projeto jesuítico levandose em conta o desenvolvimento social e produtivo da época colonial Assim podese supor que o modelo educacional proposto pelos jesuítas que pretendia formar um modelo de homem baseado nos princípios escolásticos era coerente com as necessidades e aspirações de uma sociedade em formação na primeira fase do período colonial brasileiro Palavraschave jesuítas ensino jesuítico Colônia Administrador formado pela Universidade Estadual de Maringá UEM Especialista em Economia Empresarial pela Universidade Estadual de Londrina Mestre em Educação pelo Programa de PósGraduação em Educação da UEM Especialista em Economia Empresarial pela Universidade Estadual de Londrina Doutorando do Programa de PósGraduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento EGC da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Diretor de Pesquisa e Extensão da Faculdade Central de Cristalina FACEC Professora do Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá UEM SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 170 ABSTRACT Jesuit teaching in Brazil during the colonial period is analyzed It may even be proved that the schooling structure established by the Jesuit fathers was extremely adequate for that specific historical period Four aspects may be taken into account the aims of the Portuguese Project for Brazil the Jesuit Educational Project the Brazilian social structure at that time and the human model needed for the colonial period The Jesuits Educational Project and the Portuguese colonizers that came to the colony in search of wealth have an important role in the formation of the social administrative and productive structure of a society in constant evolution Since the educational phenomenon cannot be analyzed regardless of the social reality of a specific historical moment the Jesuits project has to be seen when the social and productive development during the colonial period is taken into account The Jesuits educational model that aimed at producing a human standard based on Scholastic principles was coherent with the needs and the expectations of an evolutionary society during the first phase of Brazilian colonial history Key words jesuits jesuit teaching colony Considerações iniciais O presente artigo pretende realizar uma análise do ensino jesuítico im plementado no período colonial brasileiro e demonstrar que a estrutura escolar fundada pelos padres jesuítas no Brasil era adequada para o momento histó rico vivenciado levandose em consideração quatro aspectos os objetivos do Projeto Português para o Brasil o Projeto Educacional Jesuítico a própria estrutura social brasileira da época e o modelo de homem necessário para a época colonial Os jesuítas com seu projeto educacional e os portugueses que vieram para a Colônia brasileira em busca de riquezas tiveram papel fundamental na formação da estrutura social administrativa e produtiva da sociedade que estava sendo formada Partindo do pressuposto de que o fenômeno educacional não é um fenô meno independente e autônomo da realidade social de determinado momento histórico devemos analisar o projeto jesuítico levandose em conta o desen volvimento social e produtivo da época colonial Assim podese supor que o modelo educacional proposto pelos jesuítas que pretendia formar um modelo SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 171 de homem baseado nos princípios escolásticos era coerente com as necessi dades e aspirações de uma sociedade em formação na primeira fase do período colonial brasileiro Para consecução dos objetivos do Projeto Português de colonização das terras brasileiras a Coroa portuguesa contou com a colaboração da Companhia de Jesus Segundo Leite 1965 Azevedo 1976 e Ribeiro 1998 a principal intenção do rei D João III1 ao enviar os jesuítas para a Colônia brasileira tal idéia e o conselho foram de Diogo de Gouveia foi para converter o índio à fé católica por intermédio da catequese e do ensino de ler e escrever português A Ordem dos Jesuítas é produto de um interesse mútuo entre a Coroa de Portugal e o Papado Ela é útil à Igreja e ao Estado emergente Os dois pretendem expandir o mundo defender as novas fronteiras somar forças integrar interesses leigos e cristãos organizar o trabalho no Novo Mundo pela força da unidade leireifé RAYMUNDO 1998 p 43 Os jesuítas tornaramse uma poderosa e eficiente congregação religiosa em parte em função de seus princípios fundamentais que eram a busca da perfeição humana por intermédio da palavra de Deus e a vontade dos homens a obediência absoluta e sem limites aos superiores a disciplina severa e rígida a hierarquia baseada na estrutura militar e a valorização da aptidão pessoal de seus membros Tiveram uma grande expansão nas primeiras décadas de sua formação constatada pelo crescimento de seus membros pois em 1856 contava com mil membros e em 1606 esse número cresceu para 13 mil A Ordem dos Jesuítas não foi entretanto criada só com fins educacionais ademais parece que no começo não figuravam esses entre os propósitos que eram antes a confissão a pregação e a catequização Seu recurso principal eram os chamados exercícios espirituais que exerceram enorme influência anímica e religiosa ente os adultos Todavia pouco a pouco a educação ocupou um dos lugares mais importantes senão mais importante entre as atividades da Companhia 1 D João III 15021557 nasceu na cidade de Lisboa em 6 de junho Primeiro filho de D Manuel I com a rainha D Maria de Castela Assumiu o trono de Portugal em 19 de dezembro de 1521 alguns dias após a morte de seu pai e reinou durante 36 anos Casouse com D Catarina irmã do imperador Carlos V em 1525 e veio a falecer em junho de 1557 Em seu reinado procurou intensificar as atividades de política interna e ultramarina e também as relações diplomáticas com os Estados europeus SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 172 A Companhia como se sabe é composta de membros que têm a um tempo caráter regular e secular são membros de uma ordem religiosa com estatutos e autoridades próprias e do mesmo passo são sacerdotes ordenados que exercem todas as funções dos demais sacerdotes Ao contrário das outras ordens religiosas vivem no século no mundo e a Companhia tem caráter sumamente empreendedor e combativo Sua mesma designação de Companhia já indica o caráter de milícia assim como a organização disciplina e espírito de obediência tudo para a maior glória de Deus Omnia ad Majorem Dei Gloriam ou abreviadamente AMDG Dependem os membros de um Geral e em cada nação de um provincial embora submetidos à autoridade do Papa LUZURIAGA 1975 p 118119 A Companhia de Jesus foi fundada em pleno desenrolar do movimento de reação da Igreja Católica contra a reforma protestante podendo ser considerada um dos principais instrumentos da ContraReforma nessa luta Seu objetivo era tentar sustar o grande avanço protestante da época e para isso utilizouse de duas estratégias por meio da educação dos homens e dos índios e por intermédio da ação missionária procurando converter à fé católica os povos das regiões que estavam sendo colonizadas Para Azevedo 1976 a Companhia de Jesus tinha como princípio formar um exército de soldados da Igreja Católica capazes de combaterem a heresia e converter os pagãos apresentando desse modo características de uma milícia Para atingir seus objetivos os jesuítas soldados de Cristo deveriam passar por uma reciclagem intelectual e científica para combater os vícios e os pecados e purificálos contra o mal Seu papel na sociedade portuguesa da época foi fundamental pois cabia a eles propiciar as condições necessárias para educar os grupos sociais menos favorecidos da população Portanto sua obra tornavase uma atividade de caridade Portanto o ensino jesuítico no início de suas atividades não era um ensino para todos e sim para uma pequena parcela da população pois destinavase exclusivamente a ensinar os ignorantes a ler e escrever Serrão 1980 e Vasconcelos 1977 consideram que a história da Companhia de Jesus está circunstanciada de ambigüidades pois nenhuma instituição humana há sido julgada com mais parcialidade do que a dos jesuítas para uns foram eles a idealização do poder católico o tipo mais perfeito do ministro do Evangelho numa palavra verdadeiros apóstolos como em sua aparição os denominou o povo para outros simboliza o instituto de Loyola a falsificação da fé o relaxamento das máximas da moral cristã a corrupção da disciplina eclesiástica quando exigiamno os interesses de sua egoísta política VASCONCELOS 1977 p 40 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 173 Assim podese supor que os jesuítas possuíam um projeto educacional que apesar de estar subordinado ao Projeto Português para o Brasil tinha determinada autonomia teve papel fundamental e acabou contribuindo para que o Governo português atingisse seus objetivos no processo de colonização e povoamento da colônia brasileira Os jesuítas formularam seu Projeto Educa cional que denominaremos Projeto Educacional Jesuítico sendo este o alicerce da nova estrutura social e educacional da Colônia brasileira Os jesuítas e seu projeto educacional A Companhia de Jesus foi uma ordem religiosa da Igreja Católica fundada na Europa em 1540 por Inácio de Loyola2 Era formada por padres designados de jesuítas que tinham como missão catequizar e evangelizar as pessoas pregan do o nome de Jesus Os princípios básicos dessa ordem estavam pautados em 1 a busca da perfeição humana por meio da palavra de Deus e a vontade dos homens 2 a obediência absoluta e sem limites aos superiores 3 a disciplina severa e rígida 4 a hierarquia baseada na estrutura militar 5 a valorização da aptidão pessoal de seus membros São esses princípios que eram rigorosamente aceitos e postos em prática por seus membros que tornaram a Companhia de Jesus uma poderosa e eficiente congregação Com a descoberta pelos portugueses e espanhóis das terras da América seu projeto foi ampliado e levado para as novas terras a fim de pregar a palavra de Deus entre os índios Podese supor que o Projeto Educacional Jesuíticos Jesuítas apesar de estar subordinado ao Projeto Português para o Brasil tinha determinada autonomia e teve papel fundamental na medida em que contribuiu para que o Governo português atingisse seus objetivos no processo de coloni zação brasileiro bem como se constituiu no alicerce da estrutura educacional da Colônia brasileira O Projeto Educacional Jesuítico não era apenas um projeto de catequiza ção mas sim um projeto bem mais amplo um projeto de transformação social pois tinha como função propor e implementar mudanças radicais na cultura indígena brasileira Ou seja era um projeto de transformação social pois tinha 2 Inácio de Loyola 14911566 nasceu em Azpéitia Espanha De família fidalga acabou por seguir a carreira militar convertendose à vida religiosa somente após ser ferido em 1521 no cerco de Pamplona pelas tropas francesas Estudou humanidades nas Universidades de Alcalá e Salamanca Espanha e teologia na Universidade de Paris Em Roma fundou a Companhia de Jesus que o Papa Paulo III aprovou em 1540 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 174 como função propor e implementar alterações profundas na cultura indígena brasileira Teixeira Soares 1961 p 142 afirma que a Companhia de Jesus surgiu como uma explosão de pensamento religioso transvertido ao campo das atividades práticas Refazer o homem infundirlhe espírito novo arquetipálo em finalidade sociais e religiosas foi a ação da Ordem Ao analisarmos o Projeto Jesuítico para o Brasil Colônia devemos ter em mente que o mesmo apesar de ter atingido satisfatoriamente seus objetivos iniciais foi sendo conquistado gradativamente com muitas dificuldades e es forços de seus membros O trabalho de catequização e conversão do gentio ao cristianismo motivo formal da vinda dos jesuítas para a Colônia brasileira destinavase à trans formação do indígena em homem civilizado segundo os padrões culturais e sociais dos países europeus do século XVI e à subseqüente formação de uma nova sociedade Essa preocupação com a transformação do indígena em homem civilizado justificase pela necessidade em incorporar o índio ao mundo burguês à nova relação social e ao novo modo de produção Desse modo havia uma preocupação em inculcar no índio o hábito do trabalho pelo produtivo em detrimento ao ócio e ao improdutivo Segundo Azevedo 1976 a atuação jesuítica na colônia brasileira pode ser dividida em duas fases distintas a primeira fase considerandose o primeiro século de atuação dos padres jesuítas foi a de adaptação e construção de seu tra balho de catequese e conversão do índio aos costumes dos brancos já a segunda fase o segundo século de atuação dos jesuítas foi de grande desenvolvimento e extensão do sistema educacional implantado no primeiro período A exemplo de outros europeus conquistadores e colonizadores os padres jesuítas num primeiro momento tinham uma imagem do índio que o caracte rizou como o bom gentio bem como o seu modo de viver e seus costumes eram motivo de admiração visto serem considerados exóticos Já num segundo momento os indígenas passam a ser encarados pelos pa dres jesuítas como um empecilho para a consecução de seus objetivos pois ao não se adaptarem às exigências do trabalho árduo rotineiro e contínuo destinado à acumulação e não mais apenas à sobrevivência tornamse insubordinados abandonando dessa maneira as missões e retornando para suas aldeias O modelo ideal de homem o homem puro cristão e livre dos pecados do mundo burguês que buscavam os padres jesuítas poderia ser este homem inocente encontrado em terras brasileiras As Cartas Jesuíticas3 documento 3 As Cartas Jesuíticas são documentos apresentados sob a forma de cartas escritas pelos padres jesuítas e que tinham como objetivo fornecer um relato das atividades desenvolvidas pela Companhia nas terras descobertas As cartas foram escritas principalmente pelos padres Manoel da Nóbrega Azpicueta Navarro e José de Anchieta entre 1549 e 1568 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 175 que relata as preocupações as necessidades e as atividades realizadas pelos padres jesuítas Juntamente com suas atividades de catequização os jesuítas tentaram de senvolver no indígena a preocupação burguesa com o trabalho com o produtivo O primeiro grupo de jesuítas chegou à Colônia brasileira em 1549 na mesma época em que desembarcou o GovernadorGeral Tomé de Sousa Eram chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega que se tornou o primeiro Provincial com a fundação da província jesuítica brasileira em 1553 permanecendo no cargo entre 15491559 e sendo substituído por Luís de Grã 155969 O padre Manuel da Nóbrega e seus companheiros da Companhia de Jesus fundaram na Bahia em agosto de 1549 a primeira escola de ler e escrever brasileira Portugal que até então vivera imerso na atmosfera medieval e ocupado com as intermináveis guerras santas contra os invasores mouriscos e guerras defensivas contra os espanhóis começava apenas a despertar para a nova cultura da Renascença Sem tradições educativas o seus sistema escolar começava a esboçarse mui vagamente apenas O analfabetismo dominava não somente as massas populares e a pequena burguesia mas se estendia até a alta nobreza e família real Saber ler e escrever era privilégio de poucos na maioria confinados à classe sacerdotal e à alta administração pública É bem verdade que os mosteiros e as catedrais eram quase que os únicos asilos das letras tanto sagradas como profanas mas sua atuação era modesta e restrita à satisfação de suas necessidades internas não tinham a consciência de estar cumprindo uma missão social MATTOS 1958 p 3738 Ao contrário do que se poderia imaginar mesmo na grande maioria dos países europeus da época não havia um sistema escolar modelo visto que se o sistema escolar português de 1549 era como acabamos de ver ainda diminuto e embrionário nem por isso diríamos que Portugal estava nesse ponto em grande atraso em relação à maior parte dos países da Europa A situação era mais ou menos a mesma na Espanha no sul da Itália na Bélgica Holanda Inglaterra Irlanda Países Escandinavos Polônia Rússia e nos Balcans O ideal democrático de uma rede escolar para toda a massa da população ainda não começara a materializarse previsto apenas vagamente pelos devaneios utópicos de Thomas Morus e Campanella SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 176 Quanto a planos e tentativas de organização de um sistema escolar extensivo a toda a população abrangendo todos os graus de instrução como o entendemos modernamente apenas começavam a surgir por essa época as primeiras idéias com Luthero e Sturm na Alemanha 1536 Calvino em Genebra 1538 Santo Inácio de Loyola 1540 e o Concilio de Trento 1545 em função da tremenda luta religiosa que desde 1517 abalava a Europa Esse sistema escolar em gestação seria apenas um recurso estratégico nessa luta e como tal começava a ser discutido e ensaiado na Alemanha França Suíça e norte da Itália MATTOS 1958 p 4142 Ao desembarcar no Brasil o padre Manuel da Nóbrega faz a nomeação de seus ajudantes para algumas funções essenciais Desse modo com a nomeação e atribuição de funções aos demais padres jesuítas é redigido o primeiro status ou catálogo da missão brasileira A utilização de um método de ensino para conversão do índio ao catolicismo devese à seguinte questão e como iriam os padres jesuítas pregar a fé católica se não conseguiam se comunicar com os indígenas O plano de estudos organizado pelo padre Manuel da Nóbrega consistia em duas fases na primeira fase considerada como do ensinamento dos estudos elementares era constituída pelo aprendizado de português do ensinamento da doutrina cristã e da alfabetização Para a segunda fase do processo de aprendi zagem idealizado por Manuel da Nóbrega o aluno teria a opção para escolher entre o ensino profissionalizante e o ensino médio segundo suas aptidões e dotes intelectuais revelados durante o ensino elementar Como prêmio para os alunos que de destacassem nos estudos da gramática latina previase o envio em viagem de estudos aos grandes colégios de Coimbra ou da Espanha Uma das estratégias adotadas por Manuel da Nóbrega na conversão dos gentios foi a construção de aldeias de catequização que se situavam próximas das vilas e cidades portuguesas Essas aldeias eram habitadas pelos padres jesuítas e pelos índios a serem convertidos e destinavamse a atingir três objetivos objetivo doutrinário que visava ensinar a religião e a prática cristã aos índios objetivo econômico visava a instituir o hábito do trabalho como princípio fundamental na formação da sociedade brasileira objetivo político visava a utilizar os índios convertidos contra os ataques dos índios selvagens e também dos inimigos externos SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 177 Em 1551 desembarca no Brasil o segundo grupo de padres jesuítas oriun dos de Lisboa e juntamente com os padres vem um grupo de vinte meninos órfãos de Lisboa Esses meninos já haviam sido orientados e treinados para desempenharem suas funções auxiliar os jesuítas em sua obra de evangelização Assim logo que desembarcaram foram distribuídos e enviados para os colégios jesuítas existentes nas terras brasileiras Nesse mesmo ano a escola da Bahia foi transformada em Colégio dos Meninos de Jesus4 O padre Manuel da Nóbrega conhecido como o grande defensor dos índios5 em suas décadas à frente dos jesuítas no Brasil teve papel ativo no processo de colonização e catequização dos índios Coube a ele colaborar ativa mente na fundação da aldeia de Piratininga 1553 que tornarse posteriormente a cidade de São Paulo no Colégio de São Paulo 1554 e na cidade do Rio de Janeiro 1565 Entretanto a maior contribuição ocorreu na área educacional sendo sua contribuição ainda maior pois sob seu comando foram fundadas cinco escolas de instrução elementar em Porto Seguro Ilhéus Espírito Santo São Vicente e São Paulo de Piratininga e três colégios no Rio de Janeiro Pernambuco e Bahia A fundação da aldeia de Piratininga representa um fato importante das atividades jesuíticas na Colônia brasileira pois sua localização privilegiada o capacita para tornarse muito mais que um núcleo de catequese mas um centro irradiador de povoamento A fundação de Piratininga data de 25 de janeiro de 1554 e somente foi possível graças à desobediência do padre Manuel da Nóbrega ao Regimento de Tomé de Sousa que restringia a colonização apenas ao litoral da colônia proibindo assim a colonização do interior Em 13 de julho de 1553 chega à Bahia um novo grupo de padre jesuítas o terceiro grupo a vir para o Brasil composto de seis padres sob o comando de Luiz de Grã Vicente Rodrigues 15281600 conhecido por Vicente Rijo nasceu em Sacavém Portugal e era irmão do então Ministro do Colégio das Artes de 4 O Colégio de Jesus da Bahia foi fundado em fins do ano de 1549 Com instalações e acomodações pequenas que lhe impunham uma limitação no número de alunos nunca contou com mais de 25 alunos internos entre órfãos índios e mamelucos Também freqüentavam as aulas de ler e escrever alguns alunos externos em sua maioria filhos de colonos portugueses Entre sua fundação e 1556 contou com quatro mestres Vicente Rodrigues ministrou aulas entre abril de 1549 e julho de 1550 Salvador Rodrigues atuou entre julho de 1550 e julho de 1553 Antonio Blasques exerceu as atividades docentes entre julho e novembro de 1553 e João Gonçalves que exerceu a atividade docente entre novembro de 1553 e 1556 5 A liberdade dos indígenas sempre foi defendida pelos padres da Companhia de Jesus apesar de não se oporem formalmente à escravatura em virtude sua situação frente à Coroa portu guesa SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 178 Coimbra padre Jorge Rijo Ingressou em Coimbra aos 17 anos na Companhia de Jesus onde fez seu noviciado Aos 21 anos de idade já na Bahia foi incumbido pelo padre Manuel da Nóbrega de catequizar e ensinar a ler e escrever os meninos indígenas tornandose desse modo o primeiro professor a ministrar aulas na primeira escola brasileira o Colégio da Bahia Após quatorze anos de belo trabalho e bons resultados o padre Vicente Rijo foi transferido por motivos de saúde para Porto Seguro Em 1553 o padre Manuel da Nóbrega6 retirouse para as capitanias do Sul e nomeou Vicente Rijo como superior interino do Colégio da Bahia Em 1554 entregou provisoriamente a regência do Colégio da Bahia aos padres António Blasques e José de Anchieta e embarcou juntamente com onze jesuítas para São Vicente com o objetivo de fundarem o novo colégio de São Paulo de Pirati ninga Após sete anos de trabalho de catequização no Colégio de São Paulo de Piratininga Vicente Rijo foi promovido a superior onde ficou até 1753 quando foi transferido para o Colégio da Bahia Ainda em 1553 o padre Manuel da Nóbrega realizou visita ao recolhi mento de São Vicente7 trazendo quatro órfãos de Lisboa para auxiliarem no trabalho de catequização Em fevereiro desse mesmo ano o recolhimento pas sou a denominarse Colégio dos Meninos de Jesus de São Vicente O colégio oferecia aos seus alunos internos e externos contava com aproximadamente cem alunos matriculados além do ensino de grau primário e secundário o ensino artístico Em síntese o Colégio dos Meninos de Jesus de São Vicente foi a instituição educacional que melhor se desenvolveu nesse fase pioneira da educação no Brasil e serviu para pôr em evidência as ricas possibilidades do primitivo plano educacional esboçado por D João III no Regimento de 1548 MATTOS 1958 p 75 6 Antes de falecer em 1600 com 62 anos de idade ainda desempenhou por mais de quinze anos no Colégio do Rio de Janeiro as mesmas funções de Administrador da Igreja e Diretor Espiritual da comunidade Foram 41 anos de dedicação e trabalhos em prol da catequização e evangelização dos indígenas brasileiros que lhe valeram o título de Primeiro MestreEscola do Brasil 7 O recolhimento de São Vicente foi fundado em 1550 pelo padre Leonardo Nunes e destinavase inicialmente à catequese SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 179 Os colégios da Bahia e de São Vicente foram os mais prósperos da Com panhia de Jesus Os jesuítas também fundaram colégios no Espírito Santo padre Afonso Braz e em Porto Seguro padre Azpicuelta Navarro O apoio e a proteção na metrópole para que o padre Manuel da Nóbrega desempenhasse suas atividades na Colônia brasileira eram proporcionados pelo padre Mestre Simão Rodrigues8 Em 1552 o padre Mestre Simão Rodrigues após desentendimentos com Inácio de Loyola foi substituído no cargo de Provincial de Portugal pelo padre Diogo Mirão e enviado ao reino de Aragão Este fato implicou no abandono de alguns padres da Companhia de Jesus e a cessação do apoio do Provincial de Portugal à política dos recolhimentos do padre Manuel da Nóbrega no Brasil Além da crise interna no seio da própria Companhia de Jesus resultante dos desentendimentos havidos entre Santo Inácio de Loyola e Simão Rodrigues sob cuja inspiração se concebera e se incentivara a política dos recolhimentos e das confrarias dos meninos outra razão havia mais profunda e decisiva determinando esta mudança de orientação Era que as novas Constituições da Companhia de Jesus proibiam a manutenção de internatos para educandos leigos que não fossem candidatos com vocação religiosa para ingressar nas fileiras militantes da Companhia MATTOS 1958 p 119 O novo Provincial da Companhia de Jesus em Portugal o padre Diogo Mirão com pensamento contrário ao de seu antecessor logo impôs uma nova política Além disso o exemplar desprendimento apostólico implícito na política de fundar confrarias de escolares com autonomia financeira e administrativa sobre bens temporais não se enquadrava com a nova orientação dada por Mirão à Companhia na metrópole MATTOS 1958 p 105 8 Padre Mestre Simão Rodrigues foi o fundador e primeiro Provincial da Companhia de Jesus em Portugal e confessor predileto de D João III motivo pelo qual tinha apoio do governante Em 1553 voltou para Portugal mas foi proibido de ficar por Inácio de Loyola sendo exilado em Roma durante vinte anos Apenas conseguiu retornar para Portugal em 1579 quando veio a falecer SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 180 Os três principais defensores da política educacional de Nóbrega foram D João III o Mestre Simão Rodrigues e Tomé de Sousa Ao mesmo tempo em que perdeu seu apoio adquiriu quatro grandes adversários o padre Diogo Mirão Luiz de Grão o Bispo Dom Pedro Sardinha e D Duarte da Costa Em 1556 foi promulgada no Brasil a nova constituição da Companhia de Jesus fato que provocou mais uma derrota para o padre Manuel da Nóbrega em sua luta contra a nova política provincial de Portugal Pois segundo as regula mentações da nova constituição foi proibida a manutenção de internatos para educandos leigos que não fossem candidatos da Companhia de Jesus O método educacional jesuítico o Ratio Studiorum O Ratio Atque Institutio Studiorum Societatis Jesu9 mais conhecido pela denominação de Ratio Studiorum foi o método de ensino que estabelecia o currículo a orientação e a administração do sistema educacional a ser seguido instituído por Inácio de Loyola para direcionar todas as ações educacionais dos padres jesuítas em suas atividades educacionais tanto na colônia quanto na metrópole ou seja em qualquer localidade onde os jesuítas desempenhassem suas atividades O Ratio Studiorum não era um tratado sistematizado de pedagogia mas sim uma coletânea de regras e prescrições práticas e minuciosas a serem se guidas pelos padres jesuítas em suas aulas Portanto era um manual prático e sistematizado que apresentava ao professor a metodologia de ensino a ser utilizada em suas aulas O método educacional jesuítico foi fortemente influenciado pela orientação filosófica das teorias de Aristóteles e de São Tomás de Aquino pelo Movimen to da Renascença10 e por extensão pela cultura européia Apresentava como peculiaridades a centralização e o autoritarismo da metodologia a orientação universalista a formação humanista e literária e a utilização da música O Ratio Studiorum apresentava três opções de cursos o curso secundá rio que correspondia ao curso secundário e dois cursos superiores o curso de teologia e o curso de filosofia Os cursos eram constituídos por disciplinas 9 O Ratio Studiorum foi publicado originariamente em 1599 pelo padre Geraldo Cláudio Aquaviva e visava à formação do homem cristão de acordo com a fé e a cultura cristã 10 O período denominado de Renascimento foi um período compreendido entre os séculos XV e XVI em que ocorreram profundas transformações na sociedade européia caracterizado também pelo questionamento dos métodos de ensino da escolástica SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 181 também denominadas de classes que caracterizavamse por graus de progres sos que correspondiam ao período de um ano Assim sua proposta curricular dividiase em duas partes distintas os estudos inferiores conhecidos por ensino secundário e os estudos superiores Os cursos secundários com duração de cinco anos que na maioria das vezes prorrogavamse por seis anos destinavamse à formação eminentemente literária e humanista pois o ensino ministrado era fundamentalmente literário e clássico Portanto o objetivo do curso de humanidades era a arte acabada da composição oral e escrita O aluno deve desenvolver todas as suas faculdades postas em exercício pelo homem que se exprime e adquirir a arte de vazar esta manifestação de si mesmo nos moldes de uma expressão perfeita As classes de gramática asseguravamlhe uma expressão clara e exata a de humanidades uma expressão rica e elegante a de retórica mestria perfeita na expressão poderosa e convincente ad perfectam aloquentiam informat LEONEL FRANCA 1952 p 49 Esse curso de humanidades foi o que mais se propagou e difundiu na Colônia podendo ser considerado o alicerce da estrutura educacional jesuítica Já os cursos superiores eram integrados pelos cursos de filosofia e ciências também denominado de curso de artes Tinham duração de três anos e eram dire cionados para a formação do filósofo pois as disciplinas que compunham os estudos eram a lógica a metafísica a matemática a ética e as ciências físicas e naturais Para Leonel Franca 1952 os estudos universitários organizados pelo Ratio Studiorum visavam à formação profissional do homem enquanto que os cursos secundários tinham a finalidade de formar o humanista o homem para viver em sociedade No Brasil os jesuítas elaboraram tendo como base o Ratio Studiorum um plano de estudos de forma diversificada com o objetivo de atender à diversidade de interesses e de capacidades Começando pelo aprendizado do português incluía o ensino da doutrina cristã a escola de ler e escrever Daí em diante continua em caráter opcional o ensino de canto orfeônico e de música instrumental e uma bifurcação tendo em um dos lados o aprendizado profissional e agrícola e de outro aula de gramática e viagem de estudos à Europa RIBEIRO 1998 p 2122 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 182 Logo podese deduzir que o plano de estudos o Ratio Studiorum utilizado no Brasil inicialmente pelo padre Manuel da Nóbrega foi adaptado11 para atender as necessidades especificidades e diversidades encontradas na Colônia Considerações finais A atuação jesuítica na Colônia pode ser compreendida em duas fases distin tas a primeira corresponde ao período de adaptação e construção de seu trabalho de catequese e conversão do índio aos costumes dos brancos Já a segunda fase que corresponde ao segundo século de sua atuação foi um período de grande desenvolvimento do sistema educacional implantado no primeiro período ou seja foi a fase de consolidação de seu projeto educacional Inicialmente os padres jesuítas dedicaramse à catequização e à conversão do gentio à fé católica mas com o passar dos anos começaram a se dedicar tam bém ao ensino dos filhos dos colonos e demais membros da Colônia atingindo num último estágio até a formação da burguesia urbana constituída principal mente pelos filhos dos donos de engenho Esses jovens que após o término de seus estudos no Brasil partem para estudarem na Universidade de Coimbra vão impulsionar muito mais tarde o espírito nacionalista Por meio de seu ensino e sua metodologia os jesuítas exerceram grande influência sobre a embrionária sociedade brasileira constituída pelos filhos da classe burguesa As principais críticas efetuadas pelos adversários políticos dos jesuítas no Reino ao método pedagógico são a educação da mocidade reinol e colonial monopolizada pelos padres orientavase sem dúvida para a uniformidade intelectual os quadros do seu ensino dogmático e abstrato não apresentavam plasticidade para se ajustarem às necessidades novas os métodos autoritários e conservadores até a rotina e além de não incluir o ensino das ciências esse plano de estudos excessivamente literários e retóricos não abria lugar para as línguas modernas conservando nas elites uma tal ignorância sobre essas línguas que de maravilha se encontraria na colônia um brasileiro que soubesse francês AZEVEDO 1976 p 48 11 Neves 1993 acredita que os jesuítas ao organizarem o ensino a ser aplicado na con versão dos índios puderam moldar as leis e práticas impostas pela ordem mesmo porque o Ratio Studiorum estava em fase de elaboração apenas tendo sido aprovado em 1759 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 183 As causas da expulsão dos jesuítas do Brasil podem ser categorizadas políticas e ideológicas a Companhia de Jesus tornarase um empecilho aos interesses do Estado Moderno além do que era detentora de grande poder econômico cobiçado pela Coroa portuguesa e educacional as transformações sociais advindas do movimento Iluminista e dos princípios liberais requeriam a formação de um novo homem o homem burguês o comerciante e não mais o homem cristão Podese supor que a expulsão da Companhia de Jesus e a destruição de sua organização educacional são duas ordens política os jesuítas representavam um empecilho aos interesses do Estado Moderno além de ser detentora de grande poder econômico cobiçado pelo Estado educacional a necessidade da educação formar um novo homem o comerciante e o homem burguês e não mais o homem cristão pois os princípios liberais e o movimento Iluminista trazem consigo novos ideais e uma nova filosofia de vida Assim concordamos com Teixeira Soares 1961 quando afirma que os jesuítas pretendiam formar o modelo de homem cristão diferentemente do homem burguês que estava sendo formado na Europa Contudo discordamos do pesquisador na medida em que o mesmo afirma que os jesuítas pretendiam formar um novo homem pois na realidade os padres jesuítas estavam lutando para manter vivo o atual modelo de homem o homem cristão que estava sendo substituído pelo modelo de homem burguês A análise da expulsão da Companhia de Jesus deve ser compreendida enquanto um processo mais amplo e que envolve questões de cunho político ideológico e econômico E portanto que não foi específico de Portugal pois foi observado em outros países da Europa como por exemplo na Espanha deve ser considerada a hipóteses de que para além de todas as motivações de natureza ideológica de fundo mais ou menos iluminístico o fenômeno da expulsão dos jesuítas da Península Ibérica se liga fundamentalmente a uma dada conjuntura imperial quer de Portugal quer de Espanha É que no Brasil as minas de ouro tendiam para a exaustão o que tornava necessário rever e recondicionar uma nova política geral para com a grande colônia sulamericana sem a qual Portugal não fazia sentido no mundo de então Ora o tradicional papel dos jesuítas no Brasil a sua força ideológica e até econômica impedia ou dificultava esse recondicionamento da política lusobrasileira SERRãO 1984 p 356 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 184 Esse processo denominado de antijesuitismo representava uma atitude presente em muitos países europeus não sendo exclusividade de Portugal Nesse sentido os jesuítas representavam um obstáculo e fonte de resistência às tenta tivas de implantação da nova filosofia iluminista que se difundia rapidamente por toda a Europa Para Teixeira Soares 1961 as reformas elaboradas pelo Marquês de Pombal em seu mandato como Ministro visavam a transformar e adaptar a sociedade portuguesa aos movimentos sociais econômicos e políticos que estavam ocorrendo na Europa do século XVIII Contudo é preciso atentarse para uma peculiaridade a ser destacada nesse processo de expulsão dos jesuítas e de formulação das reformas de Pombal que tem início nesse momento histórico e que acompanhará a educação brasileira ao longo dos anos as reformas educacionais brasileiras apresentam como característica marcante a total destruição e substituição das antigas propostas pelas novas A importância do trabalho dos jesuítas para a vida da Colônia brasileira e principalmente para a educação brasileira é apontada por Leite 1940 Teixeira Soares 1961 Veríssimo 1980 Serrão 1980 Avellar 1983 Almeida 2000 Holanda 1989 Ribeiro 1998 e Azevedo 1976 p 9 Assim a vinda dos padres jesuítas em 1549 não só marca o início da história da educação no Brasil mas inaugura a primeira fase a mais longa dessa história e certamente a mais importante pelo vulto da obra realizada e sobretudo pelas conseqüências que dela resultaram para nossa cultura e civilização RIBEIRO 1998 p 28 Ribeiro complementa destacando a importância social dos jesuítas para a sociedade colonial pois se transformaram na única força capaz de influir no domínio do senhor do engenho Isto foi conseguido não só através dos colégios como dos confessionário do teatro e particularmente pelo terceiro filho que deveria seguir a vida religiosa Já para Leite 1965213 mais vasta que a artística e em muitos aspectos mais valiosa é a herança cultural científica e literária dos jesuítas do Brasil a começar pelo que se refere aos índios RIBEIRO 1998 p 28 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 185 Para Azevedo 1976 Almeida 2000 e Ribeiro 1998 a eficácia do en sino jesuítico somente pôde ser concretizada após um longo e lento processo de adaptação às realidades sociais da Colônia e do povo brasileiro E Leite 1965 p 54 complementa ainda afirmando que essa eficácia assentouse sobretudo em elementos de ordem moral persuasão emulação repreensão mas sobretudo sem excluir os de ordem física Segundo Azevedo 1976 a atuação jesuítica na Colônia brasileira pode ser dividia em duas fases distintas na primeira fase considerandose o primeiro século de atuação dos padres jesuítas foi a de adaptação e construção de seu tra balho de catequese e conversão do índio aos costumes dos brancos já a segunda fase o segundo século de atuação dos jesuítas foi de grande desenvolvimento e extensão do sistema educacional implantado no primeiro período Azevedo justifica a opção pelo ensino de atividades literárias e pelo ensino de humanidades em detrimento ao ensino técnico e profissionalizante pois a exploração de suas fazendas de que vendiam os produtos o aproveitamento do trabalho escravo ou do índio e a própria formação profissional sob a pressão das circunstâncias de um corpo de mestres e oficiais não eram senão meros instrumentos meios para a realização dos fins religiosos e educativos a que se propunham os padres jesuítas AZEVEDO 1976 p 41 Portanto era coerente a proposta educacional jesuítica pois vinha ao en contro de seus objetivos principais na Colônia a conversão do índio à fé cristã e o trabalho educativo Posteriormente o ensino jesuítico dedicouse também à formação da burguesia urbana Assim para Azevedo uma das conseqüências porém certamente a mais larga e a mais importante dessa cultura urbanizadora que se desenvolveu pela ação pedagógica dos jesuítas foi a unidade espiritual que ela contribuiu notavelmente para estabelecer fornecendo uma base ideológica lingüística religiosa e cultural à unidade e à defesa nacionais AZEVEDO 1976 p 42 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 186 Azevedo conclui afirmando que foi de fato em grande parte pela influência dos padres que se preparou a base da unidade nacional na tríplice unidade de língua de religião e de cultura em todo o território Nenhum elemento intelectual foi mais poderoso do que o ensino jesuítico na defesa e conservação da língua culta AZEVEDO 1976 p 43 Para Ribeiro 1998 não há como compreender a organização escolar na Colônia brasileira senão a implantada e vinculada à política colonizadora da metrópole E destaca que o importante a ressaltar é que a formação intelectual oferecida pelos jesuítas e portanto a formação da elite nacional será marcada por uma intensa rigidez na maneira de pensar e conseqüentemente de interpretar a realidade RIBEIRO 1998 p 25 Por intermédio de seu ensino e sua metodologia os jesuítas exerceram grande influência em todas as camadas da sociedade brasileira ainda em for mação Como conclui Leite para se compreender bem o facto tenhase presente que a Companhia de Jesus nunca existiu como corporação isolada A sua grande obra no Brasil como ter personalidade própria pertence à Igreja como instituição que era dela pertence à Portugal como instrumento seu nacional de cultura e cristianização ultramarina LEITE 1965 p 232 Portanto e levandose em conta as dificuldades seus objetivos as dimensões geográficas do Brasil as estruturas materiais físicas e financeiras disponíveis e sua relativa autonomia os números da obra jesuítica impressionam pela grandeza pois foram fundadas 36 missões escolas de ler e escrever em quase todas as povoações e aldeias 25 residências dos jesuítas 18 estabelecimentos de ensino secundário entre colégios e seminários nos principais pontos do Brasil entre eles Bahia São SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 187 Vicente Rio de Janeiro Olinda Espírito Santo São Luís Ilhéus Recife Santos Porto Seguro Paranaguá Alcântara Vigia Pará Colônia do Sacramento Floria nópolis e Paraíba A Companhia de Jesus teve suas atividades suspensas na Colônia brasileira a partir de 1759 com o Decretolei de 3 de setembro de 1759 promulgado pelo Rei D José I12 Com a promulgação da lei o Ministro de Estado Marquês de Pombal exilava de Portugal e da Colônia brasileira a Companhia de Jesus confiscando para a Coroa portuguesa todos os seus bens materiais e financeiros Quando da assinatura do decreto pelo Marquês de Pombal havia no Brasil 670 membros da Companhia de Jesus incluindo noviços e estudantes sendo repatriados para Portugal 417 Per maneceram no Brasil 253 membros entre aqueles que ainda não haviam recebido ordens ou os noviços que foram induzidos a deixarem a ordem religiosa Para Teixeira Soares 1961 Carvalho 1978 Ribeiro 1998 Cardoso 1990 Serrão 1980 e 1982 Avellar 1983 Holanda 1993 e Cruz 1984 as reformas elaboradas e implementadas ou não pelo Marquês de Pombal em seu mandato como Ministro visavam a transformação e adaptação da sociedade portuguesa aos movimentos sociais culturais econômicos e políticas que estavam a ocorrer na Europa do século XVIII Contudo é preciso atentarse para uma peculiaridade a ser destacada nesse processo de expulsão dos jesuítas e de implantação das reformas de Pombal que tem início nesse momento histórico e que acompanhará a educação brasileira ao longo dos anos as reformas educacionais brasileiras apresentam como característica marcante a total destruição e substituição das antigas propostas pelas novas Assim a reforma educacional do Marquês de Pombal confirma nossa hipótese as reformas educacionais propostas na organização escolar brasileira utilizamse da destruição e negação do que estava posto e a introdução de novas propostas não havendo assim uma continuidade nas políticas educacionais Conforme afirmam Veríssimo 1980 Teixeira Soares 1961 Azevedo 1976 Serrão 1982 Almeida 2000 Holanda 1989 e Ribeiro 1998 os jesuítas foram os responsáveis pela formação da elite nacional Pois do período compreendido entre sua chegada em 1549 até sua expulsão em 1759 foram os responsáveis pelo ensino formal dos habitantes do Brasil inclusive dos jovens que se preparavam para ingressar em cursos superiores na Universidade de Coimbra13 12 D José I 17141777 nasceu em 6 de junho Filho e sucessor de D João V casouse em 1729 com D Mariana Vitoria e teve quatro filhas D Maria I D Maria Ana D Maria Francisca Dorotéia e D Maria Francisca Benedita Teve grande colaboração e influência em seu governo do Marquês de Pombal 13 A Universidade de Coimbra localizada em Portugal foi a responsável pelo ensino superior de grande parte da elite política e intelectual brasileira nos séculos XVI XVII e XVIII SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 188 Portanto para Leite 1965 Teixeira Soares 1961 Almeida 2000 Ribeiro 1998 e Azevedo 1976 os padres jesuítas podem ser considerados os primeiros e únicos educadores do Brasil colonial E complementa ainda Azevedo 1976 p 3637 educadores por vocação mestres notáveis a todos os respeitos eles puderam exercer na colônia favorecidos por circunstâncias excepcionais um verdadeiro monopólio do ensino a que não faltava para caracterizálo o apoio oficial que lhes deu o governo da Metrópole amparandoos na sua missão civilizadora e pacífica com largas doações de terras e aplicações de rendimentos reais dotação de seus colégios Contudo e como nos lembram Azevedo 1976 Serrão 1982 e Holanda 1989 a Companhia de Jesus não foi a única ordem religiosa que atuou na Colônia brasileira mas foi sim aquela que mais destaque teve e a que primeiro desembarcou Os membros das demais ordens como os franciscanos os car melitas e os beneditinos somente se instalaram e iniciaram seu trabalho por volta de 1580 e diferentemente dos jesuítas não tinham na função educadora sua principal atividade Assim podese supor que os jesuítas possuíam um projeto educacional que apesar de estar subordinado ao Projeto Português para o Brasil tinha determinada autonomia e teve papel fundamental e acabou contribuindo para que o Governo português atingisse seus objetivos no processo de colonização e povoamento da Colônia brasileira REFERÊNCIAS ALMEIDA José Ricardo Pires de Instrução pública no Brasil 15001889 história e legislação 2 ed São Paulo EDUCINEPMEC 2000 AVELLAR Hélio de Alcântara História administrativa do Brasil a administração pombalina 2 ed Brasília FUNCEPEditora da UnB 1983 AZEVEDO Fernando de A cultura brasileira 5 ed São Paulo MelhoramentosINL 1976 Parte 3 A transmissão da cultura SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 189 CARDOSO Ciro Flamarion Santana A crise do colonialismo luso na América Portu guesa 17501822 In LINHARES Maria Yedda L Org História geral do Brasil 6 ed Rio de Janeiro Campus 1990 CARVALHO Laerte Ramos de As reformas pombalinas da instrução pública São Paulo SaraivaEdusp 1978 HOLANDA Sérgio Buarque de História geral da civilização brasileira a época colonial 8 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1989 v 1 HOLANDA Sérgio Buarque de História geral da civilização brasileira o Brasil monárquico Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1993 v 1 LEITE Serafim Suma história da Companhia de Jesus no Brasil assistência de Portugal 15491760 Lisboa Junta de Investigação Ultramar 1965 LEONEL FRANCA S J O método pedagógico dos jesuítas o Ratio Studiorum Rio de Janeiro Agir 1952 LUZURIAGA Lorenzo História da educação e da pedagogia 7 ed São Paulo Editora Nacional 1975 MATTOS Luiz Alves de Primórdios da educação no Brasil o período heróico 1549 1570 Rio de Janeiro Aurora 1958 NEVES Fátima Maria Educação jesuítica no Brasilcolônia a coerência da forma e do conteúdo 1993 190 p Dissertação Mestrado Universidade Metodista de Piracicaba RAYMUNDO Gislene Miotto Catolino Os princípios da modernidade nas práticas educativas dos jesuítas 1998 143 p Dissertação Mestrado Universidade Estadual de Maringá RIBEIRO Maria Luisa Santos História da educação brasileira a organização escolar 15 ed Campinas Autores Associados 1998 SERRãO Joaquim Veríssimo História de Portugal 3 ed Lisboa Verbo 1980 v 2 A formação do Estado Moderno 14151495 SERRãO Joaquim Veríssimo História de Portugal Lisboa Verbo 1982 v 6 O despotismo iluminado 17501807 TEIXEIRA SOARES álvaro O Marquês de Pombal Brasília Editora da UnB 1961 VASCONCELOS Simão de Crônica da Companhia de Jesus 3 ed Petrópolis Vozes INLMEC 1977 v 1 TAREFA O ensino jesuítico no período colonial brasileiro Algumas discussões Alexandre Shigunov Neto Lizete Shizue Bomura Maciel O artigo traz referencial teórico sólido acerca da temática sendo um dos objetivos a incorporação de reflexões durante a leitura Buscou analisar a implementação do projeto educacional na época do ensino jesuítico a estrutura social da época e o modelo do ser social na época dessa implementação Para isso embasa suas ideias acerca do período da instalação educacional Isto é o Brasil ao longo dos anos tem passado por diversas transformações em diversos sentidos sociais políticos educacionais culturais dentre outros Dessa forma reconhecer que a época sustentava tal formato se torna interessante tendo em vista que em dias atuais tal fundamentação não possui mesmo respaldo Nessa época o ensino era vinculado a um aspecto religioso além disso visava uma estrutura hierárquica rígida e severa de ensino Nesse sentido o ensino não visava uma questão mais autonômica do indivíduo para o meio social mas um formato direcionado a prática católica e seus respectivos segmentos Para tanto o ensino estava vinculado a uma persuasão social Em outras palavras índios eram ensinados a ler e a escrever entretanto em troca precisavam se adaptar as novas estruturas sociais incorporadas pelo Projeto Educacional Jesuítico Com o passar do tempo passaram a oferecer resistência dessa forma retornavam às suas aldeias Os índios tinham sua vida e seu habitat se adaptavam se alimentavam e sobreviviam à sua maneira e forma Os portugueses por sua vez tinham objetivo de ensinar a doutrina cristã e a alfabetizar para posteriormente direcionar a conhecimentos mais específicos e profissionalizantes Dessa forma foi preciso estabelecer comunicação entre os portugueses e os índios o que no início foi um desafio Aldeias foram estruturadas próximas aos índios para fortalecer e engajar tal vínculo dessa forma o objetivo era converter alguns índios de forma sutil para que os mesmos compusessem um novo modelo social econômico e político Com o passar do tempo diversos padres jesuítas desembarcavam na região para compor cada vez mais um meio estruturado e sólido Em suma o Padre Manoel da Nóbrega buscou respaldar o povo indígena apontando permissão de colonização apenas ao litoral e não ao interior Fato esse que deu lugar a diversas lutas em prol do povo indígena e sua cultura A partir de uma análise crítica o autor traz fundamentação aprofundada sobre o tema não apontando viés ou tendenciosidades principalmente porque cita outros autores e outras fontes durante sua exploração Ainda o autor apresenta de forma detalhada ícones importantes durante o processo de colonização demonstrando assim a importância dos mesmos ao longo de todo o processo Entendo que tal artigo traz diversas contribuições para a área em questão principalmente pelo enriquecimento de informações e a forma como o artigo aborda as seções e tópicos Concordo com o conteúdo que os autores trazem principalmente pela fundamentação exposta Acredito que a informação não traz conteúdos novos em relação ao já exposto pela literatura entretanto traz abordagens e formas de interpretação diferentes o que traz engajamento ao leitor para possível aprofundamento na temática REFERÊNCIA NETO A S MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial brasileiro algumas discussões Educar Editora UFPR Curitiba n 31 p 169189 2008

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Atividade de Análise de Texto Bibliográfico Nome Curso SemestreData Desenvolver habilidades de leitura crítica e análise de textos acadêmicos identificando pontos chave estrutura argumentativa e a contribuição do texto para a área de estudo Texto Bibliográfico Instruções 1 Leitura Atenta Leia o texto selecionado com atenção Se necessário faça uma primeira leitura para entender o contexto geral e uma segunda para focar nos detalhes importantes 2 Identificação de Informações Principais Título do Texto Autores Ano de Publicação Fonte Revista Livro etc PalavrasChave 3 Resumo do Texto Em um parágrafo de 5 a 7 linhas resuma as ideias principais do texto Inclua os principais argumentos apresentados pelo autor e o objetivo do trabalho 4 Análise Crítica Ponto de Vista do Autor Qual é a posição do autor em relação ao tema abordado Ele apresenta algum viés Evidências e Argumentação Como o autor sustenta seus argumentos Que tipos de evidências ele utiliza dados empíricos exemplos citações de outros autores Estrutura Argumentativa Como o autor organiza suas ideias Identifique a tese central e como os argumentos são desenvolvidos ao longo do texto Contribuição para a Área Qual é a contribuição do texto para o campo de estudo Ele apresenta novas ideias revisa teorias existentes ou oferece uma síntese de conhecimentos 5 Conclusão Pessoal Redija um parágrafo expressando sua opinião sobre o texto Você concorda com o autor Como este texto influenciou seu entendimento do tema Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 169 O ensino jesuítico no período colonial brasileiro algumas discussões Discussions on Jesuit teaching in Brazil during the colonial period Alexandre Shigunov Neto Lizete Shizue Bomura Maciel RESUMO O presente artigo pretende realizar uma análise do ensino jesuítico implementado no período colonial brasileiro e demonstrar que a estrutura escolar fundada pelos padres jesuítas no Brasil era adequada para o momento histórico vivenciado levandose em consideração quatro aspectos os objetivos do Projeto Português para o Brasil o projeto educacional Jesuítico a própria estrutura social brasileira da época e o modelo de homem necessário para a época Colonial Os jesuítas com seu Projeto Educacional e os portugueses que vieram para a colônia brasileira em busca de riquezas tiveram papel fundamental na formação da estrutura social administrativa e produtiva da sociedade que estava sendo formada Partindo do pressuposto de que o fenômeno educacional não é um fenômeno independente e autônomo da realidade social de determinado momento histórico devemos analisar o projeto jesuítico levandose em conta o desenvolvimento social e produtivo da época colonial Assim podese supor que o modelo educacional proposto pelos jesuítas que pretendia formar um modelo de homem baseado nos princípios escolásticos era coerente com as necessidades e aspirações de uma sociedade em formação na primeira fase do período colonial brasileiro Palavraschave jesuítas ensino jesuítico Colônia Administrador formado pela Universidade Estadual de Maringá UEM Especialista em Economia Empresarial pela Universidade Estadual de Londrina Mestre em Educação pelo Programa de PósGraduação em Educação da UEM Especialista em Economia Empresarial pela Universidade Estadual de Londrina Doutorando do Programa de PósGraduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento EGC da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Diretor de Pesquisa e Extensão da Faculdade Central de Cristalina FACEC Professora do Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá UEM SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 170 ABSTRACT Jesuit teaching in Brazil during the colonial period is analyzed It may even be proved that the schooling structure established by the Jesuit fathers was extremely adequate for that specific historical period Four aspects may be taken into account the aims of the Portuguese Project for Brazil the Jesuit Educational Project the Brazilian social structure at that time and the human model needed for the colonial period The Jesuits Educational Project and the Portuguese colonizers that came to the colony in search of wealth have an important role in the formation of the social administrative and productive structure of a society in constant evolution Since the educational phenomenon cannot be analyzed regardless of the social reality of a specific historical moment the Jesuits project has to be seen when the social and productive development during the colonial period is taken into account The Jesuits educational model that aimed at producing a human standard based on Scholastic principles was coherent with the needs and the expectations of an evolutionary society during the first phase of Brazilian colonial history Key words jesuits jesuit teaching colony Considerações iniciais O presente artigo pretende realizar uma análise do ensino jesuítico im plementado no período colonial brasileiro e demonstrar que a estrutura escolar fundada pelos padres jesuítas no Brasil era adequada para o momento histó rico vivenciado levandose em consideração quatro aspectos os objetivos do Projeto Português para o Brasil o Projeto Educacional Jesuítico a própria estrutura social brasileira da época e o modelo de homem necessário para a época colonial Os jesuítas com seu projeto educacional e os portugueses que vieram para a Colônia brasileira em busca de riquezas tiveram papel fundamental na formação da estrutura social administrativa e produtiva da sociedade que estava sendo formada Partindo do pressuposto de que o fenômeno educacional não é um fenô meno independente e autônomo da realidade social de determinado momento histórico devemos analisar o projeto jesuítico levandose em conta o desen volvimento social e produtivo da época colonial Assim podese supor que o modelo educacional proposto pelos jesuítas que pretendia formar um modelo SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 171 de homem baseado nos princípios escolásticos era coerente com as necessi dades e aspirações de uma sociedade em formação na primeira fase do período colonial brasileiro Para consecução dos objetivos do Projeto Português de colonização das terras brasileiras a Coroa portuguesa contou com a colaboração da Companhia de Jesus Segundo Leite 1965 Azevedo 1976 e Ribeiro 1998 a principal intenção do rei D João III1 ao enviar os jesuítas para a Colônia brasileira tal idéia e o conselho foram de Diogo de Gouveia foi para converter o índio à fé católica por intermédio da catequese e do ensino de ler e escrever português A Ordem dos Jesuítas é produto de um interesse mútuo entre a Coroa de Portugal e o Papado Ela é útil à Igreja e ao Estado emergente Os dois pretendem expandir o mundo defender as novas fronteiras somar forças integrar interesses leigos e cristãos organizar o trabalho no Novo Mundo pela força da unidade leireifé RAYMUNDO 1998 p 43 Os jesuítas tornaramse uma poderosa e eficiente congregação religiosa em parte em função de seus princípios fundamentais que eram a busca da perfeição humana por intermédio da palavra de Deus e a vontade dos homens a obediência absoluta e sem limites aos superiores a disciplina severa e rígida a hierarquia baseada na estrutura militar e a valorização da aptidão pessoal de seus membros Tiveram uma grande expansão nas primeiras décadas de sua formação constatada pelo crescimento de seus membros pois em 1856 contava com mil membros e em 1606 esse número cresceu para 13 mil A Ordem dos Jesuítas não foi entretanto criada só com fins educacionais ademais parece que no começo não figuravam esses entre os propósitos que eram antes a confissão a pregação e a catequização Seu recurso principal eram os chamados exercícios espirituais que exerceram enorme influência anímica e religiosa ente os adultos Todavia pouco a pouco a educação ocupou um dos lugares mais importantes senão mais importante entre as atividades da Companhia 1 D João III 15021557 nasceu na cidade de Lisboa em 6 de junho Primeiro filho de D Manuel I com a rainha D Maria de Castela Assumiu o trono de Portugal em 19 de dezembro de 1521 alguns dias após a morte de seu pai e reinou durante 36 anos Casouse com D Catarina irmã do imperador Carlos V em 1525 e veio a falecer em junho de 1557 Em seu reinado procurou intensificar as atividades de política interna e ultramarina e também as relações diplomáticas com os Estados europeus SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 172 A Companhia como se sabe é composta de membros que têm a um tempo caráter regular e secular são membros de uma ordem religiosa com estatutos e autoridades próprias e do mesmo passo são sacerdotes ordenados que exercem todas as funções dos demais sacerdotes Ao contrário das outras ordens religiosas vivem no século no mundo e a Companhia tem caráter sumamente empreendedor e combativo Sua mesma designação de Companhia já indica o caráter de milícia assim como a organização disciplina e espírito de obediência tudo para a maior glória de Deus Omnia ad Majorem Dei Gloriam ou abreviadamente AMDG Dependem os membros de um Geral e em cada nação de um provincial embora submetidos à autoridade do Papa LUZURIAGA 1975 p 118119 A Companhia de Jesus foi fundada em pleno desenrolar do movimento de reação da Igreja Católica contra a reforma protestante podendo ser considerada um dos principais instrumentos da ContraReforma nessa luta Seu objetivo era tentar sustar o grande avanço protestante da época e para isso utilizouse de duas estratégias por meio da educação dos homens e dos índios e por intermédio da ação missionária procurando converter à fé católica os povos das regiões que estavam sendo colonizadas Para Azevedo 1976 a Companhia de Jesus tinha como princípio formar um exército de soldados da Igreja Católica capazes de combaterem a heresia e converter os pagãos apresentando desse modo características de uma milícia Para atingir seus objetivos os jesuítas soldados de Cristo deveriam passar por uma reciclagem intelectual e científica para combater os vícios e os pecados e purificálos contra o mal Seu papel na sociedade portuguesa da época foi fundamental pois cabia a eles propiciar as condições necessárias para educar os grupos sociais menos favorecidos da população Portanto sua obra tornavase uma atividade de caridade Portanto o ensino jesuítico no início de suas atividades não era um ensino para todos e sim para uma pequena parcela da população pois destinavase exclusivamente a ensinar os ignorantes a ler e escrever Serrão 1980 e Vasconcelos 1977 consideram que a história da Companhia de Jesus está circunstanciada de ambigüidades pois nenhuma instituição humana há sido julgada com mais parcialidade do que a dos jesuítas para uns foram eles a idealização do poder católico o tipo mais perfeito do ministro do Evangelho numa palavra verdadeiros apóstolos como em sua aparição os denominou o povo para outros simboliza o instituto de Loyola a falsificação da fé o relaxamento das máximas da moral cristã a corrupção da disciplina eclesiástica quando exigiamno os interesses de sua egoísta política VASCONCELOS 1977 p 40 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 173 Assim podese supor que os jesuítas possuíam um projeto educacional que apesar de estar subordinado ao Projeto Português para o Brasil tinha determinada autonomia teve papel fundamental e acabou contribuindo para que o Governo português atingisse seus objetivos no processo de colonização e povoamento da colônia brasileira Os jesuítas formularam seu Projeto Educa cional que denominaremos Projeto Educacional Jesuítico sendo este o alicerce da nova estrutura social e educacional da Colônia brasileira Os jesuítas e seu projeto educacional A Companhia de Jesus foi uma ordem religiosa da Igreja Católica fundada na Europa em 1540 por Inácio de Loyola2 Era formada por padres designados de jesuítas que tinham como missão catequizar e evangelizar as pessoas pregan do o nome de Jesus Os princípios básicos dessa ordem estavam pautados em 1 a busca da perfeição humana por meio da palavra de Deus e a vontade dos homens 2 a obediência absoluta e sem limites aos superiores 3 a disciplina severa e rígida 4 a hierarquia baseada na estrutura militar 5 a valorização da aptidão pessoal de seus membros São esses princípios que eram rigorosamente aceitos e postos em prática por seus membros que tornaram a Companhia de Jesus uma poderosa e eficiente congregação Com a descoberta pelos portugueses e espanhóis das terras da América seu projeto foi ampliado e levado para as novas terras a fim de pregar a palavra de Deus entre os índios Podese supor que o Projeto Educacional Jesuíticos Jesuítas apesar de estar subordinado ao Projeto Português para o Brasil tinha determinada autonomia e teve papel fundamental na medida em que contribuiu para que o Governo português atingisse seus objetivos no processo de coloni zação brasileiro bem como se constituiu no alicerce da estrutura educacional da Colônia brasileira O Projeto Educacional Jesuítico não era apenas um projeto de catequiza ção mas sim um projeto bem mais amplo um projeto de transformação social pois tinha como função propor e implementar mudanças radicais na cultura indígena brasileira Ou seja era um projeto de transformação social pois tinha 2 Inácio de Loyola 14911566 nasceu em Azpéitia Espanha De família fidalga acabou por seguir a carreira militar convertendose à vida religiosa somente após ser ferido em 1521 no cerco de Pamplona pelas tropas francesas Estudou humanidades nas Universidades de Alcalá e Salamanca Espanha e teologia na Universidade de Paris Em Roma fundou a Companhia de Jesus que o Papa Paulo III aprovou em 1540 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 174 como função propor e implementar alterações profundas na cultura indígena brasileira Teixeira Soares 1961 p 142 afirma que a Companhia de Jesus surgiu como uma explosão de pensamento religioso transvertido ao campo das atividades práticas Refazer o homem infundirlhe espírito novo arquetipálo em finalidade sociais e religiosas foi a ação da Ordem Ao analisarmos o Projeto Jesuítico para o Brasil Colônia devemos ter em mente que o mesmo apesar de ter atingido satisfatoriamente seus objetivos iniciais foi sendo conquistado gradativamente com muitas dificuldades e es forços de seus membros O trabalho de catequização e conversão do gentio ao cristianismo motivo formal da vinda dos jesuítas para a Colônia brasileira destinavase à trans formação do indígena em homem civilizado segundo os padrões culturais e sociais dos países europeus do século XVI e à subseqüente formação de uma nova sociedade Essa preocupação com a transformação do indígena em homem civilizado justificase pela necessidade em incorporar o índio ao mundo burguês à nova relação social e ao novo modo de produção Desse modo havia uma preocupação em inculcar no índio o hábito do trabalho pelo produtivo em detrimento ao ócio e ao improdutivo Segundo Azevedo 1976 a atuação jesuítica na colônia brasileira pode ser dividida em duas fases distintas a primeira fase considerandose o primeiro século de atuação dos padres jesuítas foi a de adaptação e construção de seu tra balho de catequese e conversão do índio aos costumes dos brancos já a segunda fase o segundo século de atuação dos jesuítas foi de grande desenvolvimento e extensão do sistema educacional implantado no primeiro período A exemplo de outros europeus conquistadores e colonizadores os padres jesuítas num primeiro momento tinham uma imagem do índio que o caracte rizou como o bom gentio bem como o seu modo de viver e seus costumes eram motivo de admiração visto serem considerados exóticos Já num segundo momento os indígenas passam a ser encarados pelos pa dres jesuítas como um empecilho para a consecução de seus objetivos pois ao não se adaptarem às exigências do trabalho árduo rotineiro e contínuo destinado à acumulação e não mais apenas à sobrevivência tornamse insubordinados abandonando dessa maneira as missões e retornando para suas aldeias O modelo ideal de homem o homem puro cristão e livre dos pecados do mundo burguês que buscavam os padres jesuítas poderia ser este homem inocente encontrado em terras brasileiras As Cartas Jesuíticas3 documento 3 As Cartas Jesuíticas são documentos apresentados sob a forma de cartas escritas pelos padres jesuítas e que tinham como objetivo fornecer um relato das atividades desenvolvidas pela Companhia nas terras descobertas As cartas foram escritas principalmente pelos padres Manoel da Nóbrega Azpicueta Navarro e José de Anchieta entre 1549 e 1568 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 175 que relata as preocupações as necessidades e as atividades realizadas pelos padres jesuítas Juntamente com suas atividades de catequização os jesuítas tentaram de senvolver no indígena a preocupação burguesa com o trabalho com o produtivo O primeiro grupo de jesuítas chegou à Colônia brasileira em 1549 na mesma época em que desembarcou o GovernadorGeral Tomé de Sousa Eram chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega que se tornou o primeiro Provincial com a fundação da província jesuítica brasileira em 1553 permanecendo no cargo entre 15491559 e sendo substituído por Luís de Grã 155969 O padre Manuel da Nóbrega e seus companheiros da Companhia de Jesus fundaram na Bahia em agosto de 1549 a primeira escola de ler e escrever brasileira Portugal que até então vivera imerso na atmosfera medieval e ocupado com as intermináveis guerras santas contra os invasores mouriscos e guerras defensivas contra os espanhóis começava apenas a despertar para a nova cultura da Renascença Sem tradições educativas o seus sistema escolar começava a esboçarse mui vagamente apenas O analfabetismo dominava não somente as massas populares e a pequena burguesia mas se estendia até a alta nobreza e família real Saber ler e escrever era privilégio de poucos na maioria confinados à classe sacerdotal e à alta administração pública É bem verdade que os mosteiros e as catedrais eram quase que os únicos asilos das letras tanto sagradas como profanas mas sua atuação era modesta e restrita à satisfação de suas necessidades internas não tinham a consciência de estar cumprindo uma missão social MATTOS 1958 p 3738 Ao contrário do que se poderia imaginar mesmo na grande maioria dos países europeus da época não havia um sistema escolar modelo visto que se o sistema escolar português de 1549 era como acabamos de ver ainda diminuto e embrionário nem por isso diríamos que Portugal estava nesse ponto em grande atraso em relação à maior parte dos países da Europa A situação era mais ou menos a mesma na Espanha no sul da Itália na Bélgica Holanda Inglaterra Irlanda Países Escandinavos Polônia Rússia e nos Balcans O ideal democrático de uma rede escolar para toda a massa da população ainda não começara a materializarse previsto apenas vagamente pelos devaneios utópicos de Thomas Morus e Campanella SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 176 Quanto a planos e tentativas de organização de um sistema escolar extensivo a toda a população abrangendo todos os graus de instrução como o entendemos modernamente apenas começavam a surgir por essa época as primeiras idéias com Luthero e Sturm na Alemanha 1536 Calvino em Genebra 1538 Santo Inácio de Loyola 1540 e o Concilio de Trento 1545 em função da tremenda luta religiosa que desde 1517 abalava a Europa Esse sistema escolar em gestação seria apenas um recurso estratégico nessa luta e como tal começava a ser discutido e ensaiado na Alemanha França Suíça e norte da Itália MATTOS 1958 p 4142 Ao desembarcar no Brasil o padre Manuel da Nóbrega faz a nomeação de seus ajudantes para algumas funções essenciais Desse modo com a nomeação e atribuição de funções aos demais padres jesuítas é redigido o primeiro status ou catálogo da missão brasileira A utilização de um método de ensino para conversão do índio ao catolicismo devese à seguinte questão e como iriam os padres jesuítas pregar a fé católica se não conseguiam se comunicar com os indígenas O plano de estudos organizado pelo padre Manuel da Nóbrega consistia em duas fases na primeira fase considerada como do ensinamento dos estudos elementares era constituída pelo aprendizado de português do ensinamento da doutrina cristã e da alfabetização Para a segunda fase do processo de aprendi zagem idealizado por Manuel da Nóbrega o aluno teria a opção para escolher entre o ensino profissionalizante e o ensino médio segundo suas aptidões e dotes intelectuais revelados durante o ensino elementar Como prêmio para os alunos que de destacassem nos estudos da gramática latina previase o envio em viagem de estudos aos grandes colégios de Coimbra ou da Espanha Uma das estratégias adotadas por Manuel da Nóbrega na conversão dos gentios foi a construção de aldeias de catequização que se situavam próximas das vilas e cidades portuguesas Essas aldeias eram habitadas pelos padres jesuítas e pelos índios a serem convertidos e destinavamse a atingir três objetivos objetivo doutrinário que visava ensinar a religião e a prática cristã aos índios objetivo econômico visava a instituir o hábito do trabalho como princípio fundamental na formação da sociedade brasileira objetivo político visava a utilizar os índios convertidos contra os ataques dos índios selvagens e também dos inimigos externos SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 177 Em 1551 desembarca no Brasil o segundo grupo de padres jesuítas oriun dos de Lisboa e juntamente com os padres vem um grupo de vinte meninos órfãos de Lisboa Esses meninos já haviam sido orientados e treinados para desempenharem suas funções auxiliar os jesuítas em sua obra de evangelização Assim logo que desembarcaram foram distribuídos e enviados para os colégios jesuítas existentes nas terras brasileiras Nesse mesmo ano a escola da Bahia foi transformada em Colégio dos Meninos de Jesus4 O padre Manuel da Nóbrega conhecido como o grande defensor dos índios5 em suas décadas à frente dos jesuítas no Brasil teve papel ativo no processo de colonização e catequização dos índios Coube a ele colaborar ativa mente na fundação da aldeia de Piratininga 1553 que tornarse posteriormente a cidade de São Paulo no Colégio de São Paulo 1554 e na cidade do Rio de Janeiro 1565 Entretanto a maior contribuição ocorreu na área educacional sendo sua contribuição ainda maior pois sob seu comando foram fundadas cinco escolas de instrução elementar em Porto Seguro Ilhéus Espírito Santo São Vicente e São Paulo de Piratininga e três colégios no Rio de Janeiro Pernambuco e Bahia A fundação da aldeia de Piratininga representa um fato importante das atividades jesuíticas na Colônia brasileira pois sua localização privilegiada o capacita para tornarse muito mais que um núcleo de catequese mas um centro irradiador de povoamento A fundação de Piratininga data de 25 de janeiro de 1554 e somente foi possível graças à desobediência do padre Manuel da Nóbrega ao Regimento de Tomé de Sousa que restringia a colonização apenas ao litoral da colônia proibindo assim a colonização do interior Em 13 de julho de 1553 chega à Bahia um novo grupo de padre jesuítas o terceiro grupo a vir para o Brasil composto de seis padres sob o comando de Luiz de Grã Vicente Rodrigues 15281600 conhecido por Vicente Rijo nasceu em Sacavém Portugal e era irmão do então Ministro do Colégio das Artes de 4 O Colégio de Jesus da Bahia foi fundado em fins do ano de 1549 Com instalações e acomodações pequenas que lhe impunham uma limitação no número de alunos nunca contou com mais de 25 alunos internos entre órfãos índios e mamelucos Também freqüentavam as aulas de ler e escrever alguns alunos externos em sua maioria filhos de colonos portugueses Entre sua fundação e 1556 contou com quatro mestres Vicente Rodrigues ministrou aulas entre abril de 1549 e julho de 1550 Salvador Rodrigues atuou entre julho de 1550 e julho de 1553 Antonio Blasques exerceu as atividades docentes entre julho e novembro de 1553 e João Gonçalves que exerceu a atividade docente entre novembro de 1553 e 1556 5 A liberdade dos indígenas sempre foi defendida pelos padres da Companhia de Jesus apesar de não se oporem formalmente à escravatura em virtude sua situação frente à Coroa portu guesa SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 178 Coimbra padre Jorge Rijo Ingressou em Coimbra aos 17 anos na Companhia de Jesus onde fez seu noviciado Aos 21 anos de idade já na Bahia foi incumbido pelo padre Manuel da Nóbrega de catequizar e ensinar a ler e escrever os meninos indígenas tornandose desse modo o primeiro professor a ministrar aulas na primeira escola brasileira o Colégio da Bahia Após quatorze anos de belo trabalho e bons resultados o padre Vicente Rijo foi transferido por motivos de saúde para Porto Seguro Em 1553 o padre Manuel da Nóbrega6 retirouse para as capitanias do Sul e nomeou Vicente Rijo como superior interino do Colégio da Bahia Em 1554 entregou provisoriamente a regência do Colégio da Bahia aos padres António Blasques e José de Anchieta e embarcou juntamente com onze jesuítas para São Vicente com o objetivo de fundarem o novo colégio de São Paulo de Pirati ninga Após sete anos de trabalho de catequização no Colégio de São Paulo de Piratininga Vicente Rijo foi promovido a superior onde ficou até 1753 quando foi transferido para o Colégio da Bahia Ainda em 1553 o padre Manuel da Nóbrega realizou visita ao recolhi mento de São Vicente7 trazendo quatro órfãos de Lisboa para auxiliarem no trabalho de catequização Em fevereiro desse mesmo ano o recolhimento pas sou a denominarse Colégio dos Meninos de Jesus de São Vicente O colégio oferecia aos seus alunos internos e externos contava com aproximadamente cem alunos matriculados além do ensino de grau primário e secundário o ensino artístico Em síntese o Colégio dos Meninos de Jesus de São Vicente foi a instituição educacional que melhor se desenvolveu nesse fase pioneira da educação no Brasil e serviu para pôr em evidência as ricas possibilidades do primitivo plano educacional esboçado por D João III no Regimento de 1548 MATTOS 1958 p 75 6 Antes de falecer em 1600 com 62 anos de idade ainda desempenhou por mais de quinze anos no Colégio do Rio de Janeiro as mesmas funções de Administrador da Igreja e Diretor Espiritual da comunidade Foram 41 anos de dedicação e trabalhos em prol da catequização e evangelização dos indígenas brasileiros que lhe valeram o título de Primeiro MestreEscola do Brasil 7 O recolhimento de São Vicente foi fundado em 1550 pelo padre Leonardo Nunes e destinavase inicialmente à catequese SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 179 Os colégios da Bahia e de São Vicente foram os mais prósperos da Com panhia de Jesus Os jesuítas também fundaram colégios no Espírito Santo padre Afonso Braz e em Porto Seguro padre Azpicuelta Navarro O apoio e a proteção na metrópole para que o padre Manuel da Nóbrega desempenhasse suas atividades na Colônia brasileira eram proporcionados pelo padre Mestre Simão Rodrigues8 Em 1552 o padre Mestre Simão Rodrigues após desentendimentos com Inácio de Loyola foi substituído no cargo de Provincial de Portugal pelo padre Diogo Mirão e enviado ao reino de Aragão Este fato implicou no abandono de alguns padres da Companhia de Jesus e a cessação do apoio do Provincial de Portugal à política dos recolhimentos do padre Manuel da Nóbrega no Brasil Além da crise interna no seio da própria Companhia de Jesus resultante dos desentendimentos havidos entre Santo Inácio de Loyola e Simão Rodrigues sob cuja inspiração se concebera e se incentivara a política dos recolhimentos e das confrarias dos meninos outra razão havia mais profunda e decisiva determinando esta mudança de orientação Era que as novas Constituições da Companhia de Jesus proibiam a manutenção de internatos para educandos leigos que não fossem candidatos com vocação religiosa para ingressar nas fileiras militantes da Companhia MATTOS 1958 p 119 O novo Provincial da Companhia de Jesus em Portugal o padre Diogo Mirão com pensamento contrário ao de seu antecessor logo impôs uma nova política Além disso o exemplar desprendimento apostólico implícito na política de fundar confrarias de escolares com autonomia financeira e administrativa sobre bens temporais não se enquadrava com a nova orientação dada por Mirão à Companhia na metrópole MATTOS 1958 p 105 8 Padre Mestre Simão Rodrigues foi o fundador e primeiro Provincial da Companhia de Jesus em Portugal e confessor predileto de D João III motivo pelo qual tinha apoio do governante Em 1553 voltou para Portugal mas foi proibido de ficar por Inácio de Loyola sendo exilado em Roma durante vinte anos Apenas conseguiu retornar para Portugal em 1579 quando veio a falecer SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 180 Os três principais defensores da política educacional de Nóbrega foram D João III o Mestre Simão Rodrigues e Tomé de Sousa Ao mesmo tempo em que perdeu seu apoio adquiriu quatro grandes adversários o padre Diogo Mirão Luiz de Grão o Bispo Dom Pedro Sardinha e D Duarte da Costa Em 1556 foi promulgada no Brasil a nova constituição da Companhia de Jesus fato que provocou mais uma derrota para o padre Manuel da Nóbrega em sua luta contra a nova política provincial de Portugal Pois segundo as regula mentações da nova constituição foi proibida a manutenção de internatos para educandos leigos que não fossem candidatos da Companhia de Jesus O método educacional jesuítico o Ratio Studiorum O Ratio Atque Institutio Studiorum Societatis Jesu9 mais conhecido pela denominação de Ratio Studiorum foi o método de ensino que estabelecia o currículo a orientação e a administração do sistema educacional a ser seguido instituído por Inácio de Loyola para direcionar todas as ações educacionais dos padres jesuítas em suas atividades educacionais tanto na colônia quanto na metrópole ou seja em qualquer localidade onde os jesuítas desempenhassem suas atividades O Ratio Studiorum não era um tratado sistematizado de pedagogia mas sim uma coletânea de regras e prescrições práticas e minuciosas a serem se guidas pelos padres jesuítas em suas aulas Portanto era um manual prático e sistematizado que apresentava ao professor a metodologia de ensino a ser utilizada em suas aulas O método educacional jesuítico foi fortemente influenciado pela orientação filosófica das teorias de Aristóteles e de São Tomás de Aquino pelo Movimen to da Renascença10 e por extensão pela cultura européia Apresentava como peculiaridades a centralização e o autoritarismo da metodologia a orientação universalista a formação humanista e literária e a utilização da música O Ratio Studiorum apresentava três opções de cursos o curso secundá rio que correspondia ao curso secundário e dois cursos superiores o curso de teologia e o curso de filosofia Os cursos eram constituídos por disciplinas 9 O Ratio Studiorum foi publicado originariamente em 1599 pelo padre Geraldo Cláudio Aquaviva e visava à formação do homem cristão de acordo com a fé e a cultura cristã 10 O período denominado de Renascimento foi um período compreendido entre os séculos XV e XVI em que ocorreram profundas transformações na sociedade européia caracterizado também pelo questionamento dos métodos de ensino da escolástica SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 181 também denominadas de classes que caracterizavamse por graus de progres sos que correspondiam ao período de um ano Assim sua proposta curricular dividiase em duas partes distintas os estudos inferiores conhecidos por ensino secundário e os estudos superiores Os cursos secundários com duração de cinco anos que na maioria das vezes prorrogavamse por seis anos destinavamse à formação eminentemente literária e humanista pois o ensino ministrado era fundamentalmente literário e clássico Portanto o objetivo do curso de humanidades era a arte acabada da composição oral e escrita O aluno deve desenvolver todas as suas faculdades postas em exercício pelo homem que se exprime e adquirir a arte de vazar esta manifestação de si mesmo nos moldes de uma expressão perfeita As classes de gramática asseguravamlhe uma expressão clara e exata a de humanidades uma expressão rica e elegante a de retórica mestria perfeita na expressão poderosa e convincente ad perfectam aloquentiam informat LEONEL FRANCA 1952 p 49 Esse curso de humanidades foi o que mais se propagou e difundiu na Colônia podendo ser considerado o alicerce da estrutura educacional jesuítica Já os cursos superiores eram integrados pelos cursos de filosofia e ciências também denominado de curso de artes Tinham duração de três anos e eram dire cionados para a formação do filósofo pois as disciplinas que compunham os estudos eram a lógica a metafísica a matemática a ética e as ciências físicas e naturais Para Leonel Franca 1952 os estudos universitários organizados pelo Ratio Studiorum visavam à formação profissional do homem enquanto que os cursos secundários tinham a finalidade de formar o humanista o homem para viver em sociedade No Brasil os jesuítas elaboraram tendo como base o Ratio Studiorum um plano de estudos de forma diversificada com o objetivo de atender à diversidade de interesses e de capacidades Começando pelo aprendizado do português incluía o ensino da doutrina cristã a escola de ler e escrever Daí em diante continua em caráter opcional o ensino de canto orfeônico e de música instrumental e uma bifurcação tendo em um dos lados o aprendizado profissional e agrícola e de outro aula de gramática e viagem de estudos à Europa RIBEIRO 1998 p 2122 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 182 Logo podese deduzir que o plano de estudos o Ratio Studiorum utilizado no Brasil inicialmente pelo padre Manuel da Nóbrega foi adaptado11 para atender as necessidades especificidades e diversidades encontradas na Colônia Considerações finais A atuação jesuítica na Colônia pode ser compreendida em duas fases distin tas a primeira corresponde ao período de adaptação e construção de seu trabalho de catequese e conversão do índio aos costumes dos brancos Já a segunda fase que corresponde ao segundo século de sua atuação foi um período de grande desenvolvimento do sistema educacional implantado no primeiro período ou seja foi a fase de consolidação de seu projeto educacional Inicialmente os padres jesuítas dedicaramse à catequização e à conversão do gentio à fé católica mas com o passar dos anos começaram a se dedicar tam bém ao ensino dos filhos dos colonos e demais membros da Colônia atingindo num último estágio até a formação da burguesia urbana constituída principal mente pelos filhos dos donos de engenho Esses jovens que após o término de seus estudos no Brasil partem para estudarem na Universidade de Coimbra vão impulsionar muito mais tarde o espírito nacionalista Por meio de seu ensino e sua metodologia os jesuítas exerceram grande influência sobre a embrionária sociedade brasileira constituída pelos filhos da classe burguesa As principais críticas efetuadas pelos adversários políticos dos jesuítas no Reino ao método pedagógico são a educação da mocidade reinol e colonial monopolizada pelos padres orientavase sem dúvida para a uniformidade intelectual os quadros do seu ensino dogmático e abstrato não apresentavam plasticidade para se ajustarem às necessidades novas os métodos autoritários e conservadores até a rotina e além de não incluir o ensino das ciências esse plano de estudos excessivamente literários e retóricos não abria lugar para as línguas modernas conservando nas elites uma tal ignorância sobre essas línguas que de maravilha se encontraria na colônia um brasileiro que soubesse francês AZEVEDO 1976 p 48 11 Neves 1993 acredita que os jesuítas ao organizarem o ensino a ser aplicado na con versão dos índios puderam moldar as leis e práticas impostas pela ordem mesmo porque o Ratio Studiorum estava em fase de elaboração apenas tendo sido aprovado em 1759 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 183 As causas da expulsão dos jesuítas do Brasil podem ser categorizadas políticas e ideológicas a Companhia de Jesus tornarase um empecilho aos interesses do Estado Moderno além do que era detentora de grande poder econômico cobiçado pela Coroa portuguesa e educacional as transformações sociais advindas do movimento Iluminista e dos princípios liberais requeriam a formação de um novo homem o homem burguês o comerciante e não mais o homem cristão Podese supor que a expulsão da Companhia de Jesus e a destruição de sua organização educacional são duas ordens política os jesuítas representavam um empecilho aos interesses do Estado Moderno além de ser detentora de grande poder econômico cobiçado pelo Estado educacional a necessidade da educação formar um novo homem o comerciante e o homem burguês e não mais o homem cristão pois os princípios liberais e o movimento Iluminista trazem consigo novos ideais e uma nova filosofia de vida Assim concordamos com Teixeira Soares 1961 quando afirma que os jesuítas pretendiam formar o modelo de homem cristão diferentemente do homem burguês que estava sendo formado na Europa Contudo discordamos do pesquisador na medida em que o mesmo afirma que os jesuítas pretendiam formar um novo homem pois na realidade os padres jesuítas estavam lutando para manter vivo o atual modelo de homem o homem cristão que estava sendo substituído pelo modelo de homem burguês A análise da expulsão da Companhia de Jesus deve ser compreendida enquanto um processo mais amplo e que envolve questões de cunho político ideológico e econômico E portanto que não foi específico de Portugal pois foi observado em outros países da Europa como por exemplo na Espanha deve ser considerada a hipóteses de que para além de todas as motivações de natureza ideológica de fundo mais ou menos iluminístico o fenômeno da expulsão dos jesuítas da Península Ibérica se liga fundamentalmente a uma dada conjuntura imperial quer de Portugal quer de Espanha É que no Brasil as minas de ouro tendiam para a exaustão o que tornava necessário rever e recondicionar uma nova política geral para com a grande colônia sulamericana sem a qual Portugal não fazia sentido no mundo de então Ora o tradicional papel dos jesuítas no Brasil a sua força ideológica e até econômica impedia ou dificultava esse recondicionamento da política lusobrasileira SERRãO 1984 p 356 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 184 Esse processo denominado de antijesuitismo representava uma atitude presente em muitos países europeus não sendo exclusividade de Portugal Nesse sentido os jesuítas representavam um obstáculo e fonte de resistência às tenta tivas de implantação da nova filosofia iluminista que se difundia rapidamente por toda a Europa Para Teixeira Soares 1961 as reformas elaboradas pelo Marquês de Pombal em seu mandato como Ministro visavam a transformar e adaptar a sociedade portuguesa aos movimentos sociais econômicos e políticos que estavam ocorrendo na Europa do século XVIII Contudo é preciso atentarse para uma peculiaridade a ser destacada nesse processo de expulsão dos jesuítas e de formulação das reformas de Pombal que tem início nesse momento histórico e que acompanhará a educação brasileira ao longo dos anos as reformas educacionais brasileiras apresentam como característica marcante a total destruição e substituição das antigas propostas pelas novas A importância do trabalho dos jesuítas para a vida da Colônia brasileira e principalmente para a educação brasileira é apontada por Leite 1940 Teixeira Soares 1961 Veríssimo 1980 Serrão 1980 Avellar 1983 Almeida 2000 Holanda 1989 Ribeiro 1998 e Azevedo 1976 p 9 Assim a vinda dos padres jesuítas em 1549 não só marca o início da história da educação no Brasil mas inaugura a primeira fase a mais longa dessa história e certamente a mais importante pelo vulto da obra realizada e sobretudo pelas conseqüências que dela resultaram para nossa cultura e civilização RIBEIRO 1998 p 28 Ribeiro complementa destacando a importância social dos jesuítas para a sociedade colonial pois se transformaram na única força capaz de influir no domínio do senhor do engenho Isto foi conseguido não só através dos colégios como dos confessionário do teatro e particularmente pelo terceiro filho que deveria seguir a vida religiosa Já para Leite 1965213 mais vasta que a artística e em muitos aspectos mais valiosa é a herança cultural científica e literária dos jesuítas do Brasil a começar pelo que se refere aos índios RIBEIRO 1998 p 28 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 185 Para Azevedo 1976 Almeida 2000 e Ribeiro 1998 a eficácia do en sino jesuítico somente pôde ser concretizada após um longo e lento processo de adaptação às realidades sociais da Colônia e do povo brasileiro E Leite 1965 p 54 complementa ainda afirmando que essa eficácia assentouse sobretudo em elementos de ordem moral persuasão emulação repreensão mas sobretudo sem excluir os de ordem física Segundo Azevedo 1976 a atuação jesuítica na Colônia brasileira pode ser dividia em duas fases distintas na primeira fase considerandose o primeiro século de atuação dos padres jesuítas foi a de adaptação e construção de seu tra balho de catequese e conversão do índio aos costumes dos brancos já a segunda fase o segundo século de atuação dos jesuítas foi de grande desenvolvimento e extensão do sistema educacional implantado no primeiro período Azevedo justifica a opção pelo ensino de atividades literárias e pelo ensino de humanidades em detrimento ao ensino técnico e profissionalizante pois a exploração de suas fazendas de que vendiam os produtos o aproveitamento do trabalho escravo ou do índio e a própria formação profissional sob a pressão das circunstâncias de um corpo de mestres e oficiais não eram senão meros instrumentos meios para a realização dos fins religiosos e educativos a que se propunham os padres jesuítas AZEVEDO 1976 p 41 Portanto era coerente a proposta educacional jesuítica pois vinha ao en contro de seus objetivos principais na Colônia a conversão do índio à fé cristã e o trabalho educativo Posteriormente o ensino jesuítico dedicouse também à formação da burguesia urbana Assim para Azevedo uma das conseqüências porém certamente a mais larga e a mais importante dessa cultura urbanizadora que se desenvolveu pela ação pedagógica dos jesuítas foi a unidade espiritual que ela contribuiu notavelmente para estabelecer fornecendo uma base ideológica lingüística religiosa e cultural à unidade e à defesa nacionais AZEVEDO 1976 p 42 SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 186 Azevedo conclui afirmando que foi de fato em grande parte pela influência dos padres que se preparou a base da unidade nacional na tríplice unidade de língua de religião e de cultura em todo o território Nenhum elemento intelectual foi mais poderoso do que o ensino jesuítico na defesa e conservação da língua culta AZEVEDO 1976 p 43 Para Ribeiro 1998 não há como compreender a organização escolar na Colônia brasileira senão a implantada e vinculada à política colonizadora da metrópole E destaca que o importante a ressaltar é que a formação intelectual oferecida pelos jesuítas e portanto a formação da elite nacional será marcada por uma intensa rigidez na maneira de pensar e conseqüentemente de interpretar a realidade RIBEIRO 1998 p 25 Por intermédio de seu ensino e sua metodologia os jesuítas exerceram grande influência em todas as camadas da sociedade brasileira ainda em for mação Como conclui Leite para se compreender bem o facto tenhase presente que a Companhia de Jesus nunca existiu como corporação isolada A sua grande obra no Brasil como ter personalidade própria pertence à Igreja como instituição que era dela pertence à Portugal como instrumento seu nacional de cultura e cristianização ultramarina LEITE 1965 p 232 Portanto e levandose em conta as dificuldades seus objetivos as dimensões geográficas do Brasil as estruturas materiais físicas e financeiras disponíveis e sua relativa autonomia os números da obra jesuítica impressionam pela grandeza pois foram fundadas 36 missões escolas de ler e escrever em quase todas as povoações e aldeias 25 residências dos jesuítas 18 estabelecimentos de ensino secundário entre colégios e seminários nos principais pontos do Brasil entre eles Bahia São SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 187 Vicente Rio de Janeiro Olinda Espírito Santo São Luís Ilhéus Recife Santos Porto Seguro Paranaguá Alcântara Vigia Pará Colônia do Sacramento Floria nópolis e Paraíba A Companhia de Jesus teve suas atividades suspensas na Colônia brasileira a partir de 1759 com o Decretolei de 3 de setembro de 1759 promulgado pelo Rei D José I12 Com a promulgação da lei o Ministro de Estado Marquês de Pombal exilava de Portugal e da Colônia brasileira a Companhia de Jesus confiscando para a Coroa portuguesa todos os seus bens materiais e financeiros Quando da assinatura do decreto pelo Marquês de Pombal havia no Brasil 670 membros da Companhia de Jesus incluindo noviços e estudantes sendo repatriados para Portugal 417 Per maneceram no Brasil 253 membros entre aqueles que ainda não haviam recebido ordens ou os noviços que foram induzidos a deixarem a ordem religiosa Para Teixeira Soares 1961 Carvalho 1978 Ribeiro 1998 Cardoso 1990 Serrão 1980 e 1982 Avellar 1983 Holanda 1993 e Cruz 1984 as reformas elaboradas e implementadas ou não pelo Marquês de Pombal em seu mandato como Ministro visavam a transformação e adaptação da sociedade portuguesa aos movimentos sociais culturais econômicos e políticas que estavam a ocorrer na Europa do século XVIII Contudo é preciso atentarse para uma peculiaridade a ser destacada nesse processo de expulsão dos jesuítas e de implantação das reformas de Pombal que tem início nesse momento histórico e que acompanhará a educação brasileira ao longo dos anos as reformas educacionais brasileiras apresentam como característica marcante a total destruição e substituição das antigas propostas pelas novas Assim a reforma educacional do Marquês de Pombal confirma nossa hipótese as reformas educacionais propostas na organização escolar brasileira utilizamse da destruição e negação do que estava posto e a introdução de novas propostas não havendo assim uma continuidade nas políticas educacionais Conforme afirmam Veríssimo 1980 Teixeira Soares 1961 Azevedo 1976 Serrão 1982 Almeida 2000 Holanda 1989 e Ribeiro 1998 os jesuítas foram os responsáveis pela formação da elite nacional Pois do período compreendido entre sua chegada em 1549 até sua expulsão em 1759 foram os responsáveis pelo ensino formal dos habitantes do Brasil inclusive dos jovens que se preparavam para ingressar em cursos superiores na Universidade de Coimbra13 12 D José I 17141777 nasceu em 6 de junho Filho e sucessor de D João V casouse em 1729 com D Mariana Vitoria e teve quatro filhas D Maria I D Maria Ana D Maria Francisca Dorotéia e D Maria Francisca Benedita Teve grande colaboração e influência em seu governo do Marquês de Pombal 13 A Universidade de Coimbra localizada em Portugal foi a responsável pelo ensino superior de grande parte da elite política e intelectual brasileira nos séculos XVI XVII e XVIII SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 188 Portanto para Leite 1965 Teixeira Soares 1961 Almeida 2000 Ribeiro 1998 e Azevedo 1976 os padres jesuítas podem ser considerados os primeiros e únicos educadores do Brasil colonial E complementa ainda Azevedo 1976 p 3637 educadores por vocação mestres notáveis a todos os respeitos eles puderam exercer na colônia favorecidos por circunstâncias excepcionais um verdadeiro monopólio do ensino a que não faltava para caracterizálo o apoio oficial que lhes deu o governo da Metrópole amparandoos na sua missão civilizadora e pacífica com largas doações de terras e aplicações de rendimentos reais dotação de seus colégios Contudo e como nos lembram Azevedo 1976 Serrão 1982 e Holanda 1989 a Companhia de Jesus não foi a única ordem religiosa que atuou na Colônia brasileira mas foi sim aquela que mais destaque teve e a que primeiro desembarcou Os membros das demais ordens como os franciscanos os car melitas e os beneditinos somente se instalaram e iniciaram seu trabalho por volta de 1580 e diferentemente dos jesuítas não tinham na função educadora sua principal atividade Assim podese supor que os jesuítas possuíam um projeto educacional que apesar de estar subordinado ao Projeto Português para o Brasil tinha determinada autonomia e teve papel fundamental e acabou contribuindo para que o Governo português atingisse seus objetivos no processo de colonização e povoamento da Colônia brasileira REFERÊNCIAS ALMEIDA José Ricardo Pires de Instrução pública no Brasil 15001889 história e legislação 2 ed São Paulo EDUCINEPMEC 2000 AVELLAR Hélio de Alcântara História administrativa do Brasil a administração pombalina 2 ed Brasília FUNCEPEditora da UnB 1983 AZEVEDO Fernando de A cultura brasileira 5 ed São Paulo MelhoramentosINL 1976 Parte 3 A transmissão da cultura SHIGUNOV NETO A MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial Educar Curitiba n 31 p 169189 2008 Editora UFPR 189 CARDOSO Ciro Flamarion Santana A crise do colonialismo luso na América Portu guesa 17501822 In LINHARES Maria Yedda L Org História geral do Brasil 6 ed Rio de Janeiro Campus 1990 CARVALHO Laerte Ramos de As reformas pombalinas da instrução pública São Paulo SaraivaEdusp 1978 HOLANDA Sérgio Buarque de História geral da civilização brasileira a época colonial 8 ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1989 v 1 HOLANDA Sérgio Buarque de História geral da civilização brasileira o Brasil monárquico Rio de Janeiro Bertrand Brasil 1993 v 1 LEITE Serafim Suma história da Companhia de Jesus no Brasil assistência de Portugal 15491760 Lisboa Junta de Investigação Ultramar 1965 LEONEL FRANCA S J O método pedagógico dos jesuítas o Ratio Studiorum Rio de Janeiro Agir 1952 LUZURIAGA Lorenzo História da educação e da pedagogia 7 ed São Paulo Editora Nacional 1975 MATTOS Luiz Alves de Primórdios da educação no Brasil o período heróico 1549 1570 Rio de Janeiro Aurora 1958 NEVES Fátima Maria Educação jesuítica no Brasilcolônia a coerência da forma e do conteúdo 1993 190 p Dissertação Mestrado Universidade Metodista de Piracicaba RAYMUNDO Gislene Miotto Catolino Os princípios da modernidade nas práticas educativas dos jesuítas 1998 143 p Dissertação Mestrado Universidade Estadual de Maringá RIBEIRO Maria Luisa Santos História da educação brasileira a organização escolar 15 ed Campinas Autores Associados 1998 SERRãO Joaquim Veríssimo História de Portugal 3 ed Lisboa Verbo 1980 v 2 A formação do Estado Moderno 14151495 SERRãO Joaquim Veríssimo História de Portugal Lisboa Verbo 1982 v 6 O despotismo iluminado 17501807 TEIXEIRA SOARES álvaro O Marquês de Pombal Brasília Editora da UnB 1961 VASCONCELOS Simão de Crônica da Companhia de Jesus 3 ed Petrópolis Vozes INLMEC 1977 v 1 TAREFA O ensino jesuítico no período colonial brasileiro Algumas discussões Alexandre Shigunov Neto Lizete Shizue Bomura Maciel O artigo traz referencial teórico sólido acerca da temática sendo um dos objetivos a incorporação de reflexões durante a leitura Buscou analisar a implementação do projeto educacional na época do ensino jesuítico a estrutura social da época e o modelo do ser social na época dessa implementação Para isso embasa suas ideias acerca do período da instalação educacional Isto é o Brasil ao longo dos anos tem passado por diversas transformações em diversos sentidos sociais políticos educacionais culturais dentre outros Dessa forma reconhecer que a época sustentava tal formato se torna interessante tendo em vista que em dias atuais tal fundamentação não possui mesmo respaldo Nessa época o ensino era vinculado a um aspecto religioso além disso visava uma estrutura hierárquica rígida e severa de ensino Nesse sentido o ensino não visava uma questão mais autonômica do indivíduo para o meio social mas um formato direcionado a prática católica e seus respectivos segmentos Para tanto o ensino estava vinculado a uma persuasão social Em outras palavras índios eram ensinados a ler e a escrever entretanto em troca precisavam se adaptar as novas estruturas sociais incorporadas pelo Projeto Educacional Jesuítico Com o passar do tempo passaram a oferecer resistência dessa forma retornavam às suas aldeias Os índios tinham sua vida e seu habitat se adaptavam se alimentavam e sobreviviam à sua maneira e forma Os portugueses por sua vez tinham objetivo de ensinar a doutrina cristã e a alfabetizar para posteriormente direcionar a conhecimentos mais específicos e profissionalizantes Dessa forma foi preciso estabelecer comunicação entre os portugueses e os índios o que no início foi um desafio Aldeias foram estruturadas próximas aos índios para fortalecer e engajar tal vínculo dessa forma o objetivo era converter alguns índios de forma sutil para que os mesmos compusessem um novo modelo social econômico e político Com o passar do tempo diversos padres jesuítas desembarcavam na região para compor cada vez mais um meio estruturado e sólido Em suma o Padre Manoel da Nóbrega buscou respaldar o povo indígena apontando permissão de colonização apenas ao litoral e não ao interior Fato esse que deu lugar a diversas lutas em prol do povo indígena e sua cultura A partir de uma análise crítica o autor traz fundamentação aprofundada sobre o tema não apontando viés ou tendenciosidades principalmente porque cita outros autores e outras fontes durante sua exploração Ainda o autor apresenta de forma detalhada ícones importantes durante o processo de colonização demonstrando assim a importância dos mesmos ao longo de todo o processo Entendo que tal artigo traz diversas contribuições para a área em questão principalmente pelo enriquecimento de informações e a forma como o artigo aborda as seções e tópicos Concordo com o conteúdo que os autores trazem principalmente pela fundamentação exposta Acredito que a informação não traz conteúdos novos em relação ao já exposto pela literatura entretanto traz abordagens e formas de interpretação diferentes o que traz engajamento ao leitor para possível aprofundamento na temática REFERÊNCIA NETO A S MACIEL L S B O ensino jesuítico no período colonial brasileiro algumas discussões Educar Editora UFPR Curitiba n 31 p 169189 2008

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