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Psicologia Organizacional
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Texto de pré-visualização
20 cadernos temáticos CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 20 São Paulo 2016 1ª Edição Conselho Regional de Psicologia SP CRP 06 cadernos temáticos CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho Caderno Temático n 20 Psicologia Organizacional e do Trabalho XIV Plenário 20132016 Diretoria Presidente Elisa Zaneratto Rosa Vicepresidente Adriana Eiko Matsumoto Secretário José Agnaldo Gomes Tesoureiro Guilherme Luz Fenerich Conselheiros Alacir Villa Valle Cruces Aristeu Bertelli da Silva Bruno Simões Gonçalves Camila de Freitas Teodoro Dario Henrique Teófilo Schezzi Gabriela Gramkow Graça Maria de Carvalho Camara Gustavo de Lima Bernardes Sales Ilana Mountian Janaína Leslão Garcia Joari Aparecido Soares de Carvalho Livia Gonsalves Toledo Luis Fernando de Oliveira Saraiva Luiz Eduardo Valiengo Berni Maria das Graças Mazarin de Araujo Maria Ermínia Ciliberti Marília Capponi Mirnamar Pinto da Fonseca Pagliuso Moacyr Miniussi Bertolino Neto Regiane Aparecida Piva Sandra Elena Spósito Sergio Augusto Garcia Junior Silvio Yasui Organização do caderno Itala Moradei Revisão ortográfica Paulo Paranhos Vírgula Crase Projeto gráfico e editoração Paulo Mota Comunicação do CRP SP C755c Conselho Regional de Psicologia de São Paulo Psicologia Organizacional e do Trabalho Conselho Regional de Psicologia de São Paulo São Paulo CRP SP 2016 70p 21x28cmCadernos Temáticos CRP SP ISBN 9788560405404 1 Psicologia Organizacional 2 Psicologia do Trabalho 3 Saúde Mental 4 Identidade Profissional I Título CDD 1587 Ficha catalográfica elaborada por Marcos Antonio de Toledo CRB88396 Cadernos Temáticos do CRP SP Desde 2007 o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo inclui en tre as ações permanentes da gestão a publicação da série Cadernos Temáti cos do CRP SP visando registrar e divulgar os debates realizados no Conselho em diversos campos de atuação da Psicologia Essa iniciativa atende a vários objetivos O primeiro deles é concretizar um dos princípios que orienta as ações do CRP SP o de produzir referências para o exercício profissional de psicólogasos o segundo é o de identificar áreas que mereçam atenção prioritária em função de seu reconhecimento social ou da necessidade de sua consolidação o terceiro é o de efetivamente garantir voz à categoria para que apresente suas posições e questionamen tos acerca da atuação profissional garantindo assim a construção coletiva de um projeto para a Psicologia que expresse a sua importância como ciência e como profissão Esses três objetivos articulamse nos Cadernos Temáticos de maneira a apresentar resultados de diferentes iniciativas realizadas pelo CRP SP que contaram com a experiência de pesquisadoresas e especialistas da Psicolo gia para debater sobre temáticas ou assuntos variados na área Reafirmamos o debate permanente como princípio fundamental do processo de democrati zação seja para consolidar diretrizes seja para delinear ainda mais os cami nhos a serem trilhados no enfrentamento dos inúmeros desafios presentes em nossa realidade sempre compreendendo a constituição da singularidade humana como fenômeno complexo multideterminado e historicamente pro duzido A publicação dos Cadernos Temáticos é nesse sentido um convite à continuidade dos debates Sua distribuição é dirigida a psicólogasos bem como aos diretamente envolvidos com cada temática criando uma oportuni dade para a profícua discussão em diferentes lugares e de diversas maneiras sobre a prática profissional da Psicologia Este é o 20º Caderno da série O seu tema é Psicologia Organizacional e do Trabalho Outras temáticas e debates ainda se unirão a este conjunto trazendo para o espaço coletivo informações críticas e proposições sobre temas rele vantes para a Psicologia e para a sociedade A divulgação deste material nas versões impressa e digital possibilita a ampla discussão mantendo permanentemente a reflexão sobre o compro misso social de nossa profissão reflexão para a qual convidamos a todasos XIV Plenário do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo Os Cadernos já publicados podem ser consultados em wwwcrpsporgbr 1 Psicologia e preconceito racial 2 Profissionais frente a situações de tortura 3 A Psicologia promovendo o ECA 4 A inserção da Psicologia na saúde suplementar 5 Cidadania ativa na prática 5 Ciudadanía activa en la práctica 6 Psicologia e Educação contribuições para a atuação profissional 7 Nasf Núcleo de Apoio à Saúde da Família 8 Dislexia Subsídios para Políticas Públicas 9 Ensino da Psicologia no Nível Médio impasses e alternativas 10 Psicólogo Judiciário nas Questões de Família 11 Psicologia e Diversidade Sexual 12 Políticas de Saúde Mental e juventude nas fronteiras psijurídicas 13 Psicologia e o Direito à Memória e à Verdade 14 Contra o genocídio da população negra subsídios técnicos e teóricos para Psicologia 15 Centros de Convivência e Cooperativa 16 Psicologia e Segurança Pública 17 Psicologia na Assistência Social e o enfrentamento da desigualdade social 18 Psicologia do Esporte contribuições para a atuação profissional 19 Psicologia e Educação desafios da inclusão Desafios Contemporâneos para as psiCólogas e psiCólogos nas organizações De trabalho Guilherme Luz Fenerich Fernanda Lou Sans Magano Maria das Graças Mazarin de Araújo DiversiDaDe nas organizações e nas relações De trabalho Edna Muniz de Souza Adriano Bandini Maria Aparecida Silva Bento Debates iDentiDaDe profissional Dao psiCólogao nas organizações Maria Emília Lopuff dos Santos Thaís Zerbini Fátima Aparecida Pighinelli Ázar Debates iDentifiCanDo as Diferentes formas De violênCia no trabalho Hely Aparecida Zavattaro Eduardo Pinto e Silva José Roberto Heloani Debate a saúDe no trabalho foCo na prevenção Da saúDe mental Maria das Graças Mazarin de Araújo Valquiria Rossi Debates 07 08 10 12 13 20 25 28 29 36 41 45 46 50 55 61 62 68 Sumário CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 7 Desafios Contemporâneos para as Psicólogas e Psicólogos nas Organizações de Trabalho Guilherme Luiz Fenerich Conselheiro Tesoureiro do CRP 06 Bom dia a todos Vou dar início ao nosso evento de hoje Antes de qualquer coisa eu quero me apre sentar eu sou Guilherme estou compondo a dire toria da atual gestão do Conselho Regional de Psi cologia na função de tesoureiro A presidente Elisa apareceu na primeira programação como confirma da infelizmente ela não pôde vir Em nome da pre sidência da diretoria e especialmente em nome do 14º Plenário quero agradecer a presença de todos aqui hoje neste Seminário Estadual de Psicologia Organizacional e do Trabalho com o título Desafios Contemporâneos para as Psicólogas e Psicólogos nas Organizações de Trabalho Primeiramente quero parabenizar o Núcleo de Psicologia Organizacional do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia na pessoa da Maria das Gra ças conselheira também do 14º Plenário principal responsável pela realização do evento de hoje Agra deço também a presença da Fernanda Magano com panheira representando o Sindicato dos Psicólogos A Psicologia Organizacional do Trabalho ou como costumamos chamar a POT um nome simpá tico está inserida hoje no mundo contemporâneo em mais espaços do que o tradicional espaço da compra e venda da força de trabalho onde começa mos a nossa inserção nesse campo Enquanto área específica do conhecimento metodologias pressupostos teóricos suas técni cas e práticas a POT hoje está convocada para um movimento muito maior de preposição de me lhores condições e organizações de trabalho rela ções e processo de trabalho dignidade no traba lho saúde no trabalho e tantas outras frentes que têm se aberto para a categoria nessa área frentes que exigem o enfrentamento dos problemas já estabelecidos decorrentes do mundo do trabalho contemporâneo como desemprego trabalho pre carizado inclusive trabalhos em condições análo gas à escravidão Entendemos que a POT cumpre um papel permanente de diálogo em intervenções com as expressões da vida vivida no trabalho mas também com ela vivida fora dele o que amplia a nossa interlocução com a vida política social e econômica portanto compromissado e compro metido com uma sociedade mais justa e igualitária Esta mesma sociedade que tem sido uma bandei ra dessa gestão como um todo em todas as áreas e como não poderia deixar de ser também na Psi cologia Organizacional do Trabalho invariavelmen te passa por essa área do trabalho e seus modos de organização afinal de contas é sobre o trabalho que a nossa sociedade está assentada A chamada dos desafios desafios contem porâneos aponta para a nossa necessidade de pensar formas de atuação dos psicólogos e das psicólogas nas organizações mas também fora dela identificar os desafios é o primeiro passo fa lar e refletir sobre eles é o segundo e claro o ter ceiro é agir E é isso que se propõe no evento de hoje sem mais delongas agradeço novamente a presença de todos e todas e que tenhamos um óti mo dia de trabalho hoje Muito obrigado Entendemos que a POT cumpre um papel permanente de diálogo em intervenções com as expressões da vida vivida no trabalho mas também com ela vivida fora dele o que amplia a nossa interlocução com a vida política social e econômica portanto compromissado e comprometido com uma sociedade mais justa e igualitária Identificar os desafios é o primeiro passo falar e refletir sobre eles é o segundo e claro o terceiro é agir 8 Fernanda Lou Sans Magano Representante do Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo Psicóloga na Secretaria de Administração Penitenciária Tesoureira do SinPsi SP Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo Presidente da FENAPSI Federação Nacional dos Psicólogos Conselheira Nacional de Saúde Bom dia a todos e todas quero dizer que é um prazer estar aqui a possibilidade dessa rela ção parceira que se mantém entre o Sindicato dos Psicólogos e o Conselho Regional de Psicologia É sempre bom poder partilhar desses mo mentos e eu comentava primeiro o quanto é in teressante que na diversidade da Psicologia nas muitas possibilidades de intervenção o quanto vamos atraindo mais pessoas que não participam tanto desse espaço e passam a convergir para estar aqui Tanto a iniciativa da criação do núcleo para pensar trabalhar como também propor um evento com essas características que estão co locadas é bastante inovador porque pensamos a questão da Psicologia Organizacional do Tra balho para além do POT Guilherme você sair da quele modelo tradicional de pensar as dinâmicas de recursos humanos as dinâmicas institucionais e trazer o tema do debate de raça o tema da di versidade mais amplamente a questão de como a necessidade da transformação dessa identidade profissional desse trabalhador desse psicólogo que se coloca nas empresas para não ficar sub metido a mandos e desmandos e nesse sentido ser um ator que se veste para cumprir os princípios éticos trabalhar a Psicologia de uma maneira mais densa e mais ampla fazendo então o elo aqui deste debate que são as perspectivas de saúde do trabalhador e a saúde mental Quando eu fui olhar a programação fiquei bastante feliz com essa lógica mais complexa de pensar o tema Enquanto vamos fazendo uma aproxima ção inserindo este tema num debate mais perto das políticas públicas Eu ficava pensando Estou para essa abertura podemos escolher dois cami nhos ou falar da lamúria que está o mercado de trabalho e da lamúria que está a conjuntura ou pensar em perspectivas que avancem e nessa lógica do avançar acho que recentemente em dezembro passado tivemos a 4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador que trouxe elementos bastante interessantes de utilizar a RENAST a Rede Nacional de Saúde do Trabalha dor as Delegacias Regionais de Trabalho uma parceria entre saúde do trabalhador Ministério do Trabalho e emprego para pensar os princípios de trabalho decentes trabalhar o tema de assédio de uma maneira diferenciada fazer os enfrenta mentos necessários para que vamos construindo passo a passo um mundo mais justo porque essa lógica do capital a qual o Guilherme se referia en quanto temos esse mercado que é essa máquina de moer carne se não colocamos os psicólogos a serviço de moer carne também que tenhamos um olhar diferenciado conseguindo nos colocar mos muitas vezes em confronto com a institui ção e acho que esse é um debate que precisamos avançar Se pensarmos historicamente os avan ços que a Psicologia está construindo estão mui to calcados nesses enfrentamentos sair daquele modelo tradicional de pensar as dinâmicas de recursos humanos as dinâmicas institucionais e trazer o tema do debate de raça o tema da diversidade mais amplamente a questão de como a necessidade da transformação dessa identidade profissional desse trabalhador desse psicólogo que se coloca nas empresas para não ficar submetido a mandos e desmandos CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 9 Pensando no sistema de avaliação de testes psicológicos o que tem a ver com esse momento de pensar a Psicologia Organizacio nal Tudo a ver porque a partir do uso inade quado de testes de processos seletivos que faziam questões discriminatórias xenofóbicas racistas fizeram alguns psicólogos sofrerem processos Ao sofrerem processos tanto na perspectiva do Conselho as fichas éticas como também no caso específico alguns anos atrás até processo criminal Então fez a Psicologia se debruçar sobre isso que critérios vamos pôr para os testes terem validação nacional Que mecanismos criamos para que haja um uso ade quado desses instrumentos E que possamos então hoje neste encontro refletir sobre esses princípios éticos refletir sobre a nossa forma ção que muitas vezes deixa a desejar nesse gancho de entender as perspectivas de saúde saúde mental dentro das organizações e que possamos avançar na construção de novos mo delos de intervenção onde se respeite o que há de humano respeite e valorize as condições do nosso cotidiano de trabalho e transforme esse cotidiano de trabalho Transformar na perspec tiva da valorização de uma Psicologia que cuide das pessoas Eu fecho essa questão do cuidado e passo a palavra para a Graça na reflexão da 15ª Confe rência Nacional de Saúde que vai acontecer em dezembro onde se fala do cuidado das pessoas E pensar então a Psicologia inserida nessa lógi ca do cuidado é o necessário para que façamos algo que nos satisfaça profissionalmente mas que faça uma intervenção para as mudanças so ciais necessárias É isso e que possamos apro veitar o nosso dia aqui Obrigada 10 Maria das Graças Mazarin de Araújo Conselheira e Coordenadora do Núcleo de Psicologia Organizacional e do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo CRP 06 Bom dia psicólogas e psicólogos é um prazer muito grande estar aqui hoje e confesso que é uma emoção e para quem é do Núcleo de POT deve estar se sentindo como eu É uma fe licidade muito grande ter trazido este seminário à categoria Eu quero começar falando um pouco como foi essa construção dos núcleos e como é que o CRP entende isso A atual gestão do CRPSP reconhece em seu planejamento a importância da articulação dos saberes e experiências nas diversas áreas em que a Psicologia se insere Nós temos Educação Saúde Assistência Social Trabalho Sexualidade Gênero Etnias Terra Emergências e Desastres Mobilidade Humana Esportes e tantas outras e ao mes mo tempo desafios e avanços construídos em cada campo Nesta proposta os núcleos nas di versas áreas da Psicologia foram criados como uma forma de gestão das atividades do CRPSP que tem como função subsidiar as comissões permanentes as plenárias a diretoria a comis são gestora das subsedes para produção de referências e estratégias de ação política rela tivas ao seu tema Então tal modelo de gestão busca garantir a construção de propostas que se comprometam com a transformação da Psi cologia fazendo convergir esforços e conser vando a complexidade do dia a dia profissional Essa é a proposta principal dos núcleos Os núcleos são compostos por colabora dores psicólogos psicólogas sendo que eles podem ser psicólogos ou profissionais de áreas afins Está aberto o convite quem tem interesse em participar do Núcleo Estadual e nas subse des em todo Estado nós temos Subnúcleos que seriam os núcleos regionais podem entrar em contato com o CRP que nós vamos atendêlos Para continuarmos gostaria de apresentar os componentes do Núcleo Estadual de POT que tanto trabalharam e que estiveram muito juntos vários WhatsApp emails e discussões para que nós estivéssemos aqui hoje O conselheiro Da rio Henrique Teófilo Schezzi está numa plenária Edna Muniz de Souza por favor gostaria que você se levantasse está conosco Vamos ba ter palmas para a Edna Fátima Aparecida ázar que estará conosco também Felipe Maia Hashi moto Gabriela Amanda da Silva Hely Apareci da Zavattaro Joyce Melo de Oliveira que ainda não chegou e é a mais novinha do Núcleo Maria Emília Lopuff Espíndola e o Ubiratan Nunes de Oliveira que também trabalhou muito conosco e não pôde estar presente Dario acabou de che gar nosso conselheiro de São José do Rio Preto Que bom É para você vir dar uma palestra Dario Foi das discussões empreendidas no bojo do Núcleo de POT e pensando nos incontáveis desafios que o psicólogo organizacional se de para principalmente na manutenção e resgate Então tal modelo de gestão busca garantir a construção de propostas que se comprometam com a transformação da Psicologia fazendo convergir esforços e conservando a complexidade do dia a dia profissional CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 11 da dignidade do trabalhador e a proteção dos seus direitos que este seminário foi planejado e tecido Hoje vamos trabalhar com quatro ei xos temáticos primeiro eixo Diversidade nas Organizações e Relações de Trabalho segundo eixo identidade Profissional da Psicologia nas Organizações terceiro identificando as Dife rentes Formas de Violência no Trabalho e no quarto eixo e último a Saúde no Trabalho foco na Prevenção da Saúde Mental Dá até vontade de começar a discutir não é mesmo Gostaria de desejar a todos um dia bas tante produtivo e que possamos sair daqui com reflexões mais maduras com reflexões que possamos multiplicar em nossos ambientes de trabalho e com os nossos colegas Quero agra decer a presença do Guilherme e da Fernanda e eu vou chamar o nosso primeiro mediador para compor a Mesa Muito obrigada Guilherme mui to obrigada Fernanda Chamo a mediadora Edna Muniz de Sou za que é Coordenadora de Programas de Saúde Mental e de Saúde do Trabalhador da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de São Paulo Gestão de Pessoas da Levis Strauss do Brasil Programa de Qualidade de Vida no Trabalho Di retora de Desenvolvimento na área de Gestão de Pessoas da Secretaria Municipal de Saúde da PMSP e Consultora e Pesquisadora do CE ERT Por favor foi das discussões empreendidas no bojo do Núcleo de POT e pensando nos incontáveis desafios que o psicólogo organizacional se depara principalmente na manutenção e resgate da dignidade do trabalhador e a proteção dos seus direitos que esse seminário foi planejado e tecido 12 Diversidade nas Organizações e nas Relações de Trabalho Edna Muniz de Souza Mediadora Coordenadora de Programas de Saúde Mental e de Saúde do Trabalhador da Secretaria de Saúde da PMSP Gestão de Pessoas da Levis Strauss do Brasil Programa de Qualidade de Vida no Trabalho Diretora de Desenvolvimento na Área de Gestão de Pessoas da Secretaria Municipal de Saúde da PMSP e Consultora e Pesquisadora do CEERT Bom dia a todos e todas É um prazer estar aqui em nome do Núcleo mediando esta Mesa e também dizer o quanto é importante esta dis cussão para nós por ser um primeiro momento do Núcleo em ação Acho que é importante fri sar isso Vou chamar para a Mesa o Adriano Bandini que é psicólogo com 15 anos de experiência em trabalhos com Diversidade nos setores públicos e privados incluindo terceiro setor e é profes sor do Curso de PósGraduação Diversidade e inclusão de PCD da Faculdade MAUá Chama mos a Doutora Maria Aparecida Silva Bento que tem um currículo extenso e ela está dizendo Não precisa ler tudo isso risos então eu só vou dizer que ela é Coordenadora Executiva do CEERT o qual tenho o prazer de partilhar com ela que é o Centro de Estudos das Relações de Trabalho de Desigualdades e ela vai trabalhar a questão da Diversidade é psicóloga douto ra pela USP e tem esse acúmulo de mais de 25 anos nesse campo da Diversidade Vou pedir para o Adriano iniciar A ideia é que após a fala possamos abrir para um pequeno debate e nós já estamos um pouco atrasados então vamos ter que controlar um pouquinho o nosso horário Vou pedir para o Adriano começar logo após a Cida faz a apresentação dela e abriremos para o debate CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 13 Adriano Bandini Psicólogo com 15 anos de experiência em trabalhos com Diversidade nos setores públicos e privados incluindo Terceiro Setor Professor do Curso de PósGraduação Diversidade e Inclusão de PcD da Faculdade MAUÁ Bom dia a todos Tem alguma pessoa com defi ciência presente Uma duas baixa visão Ok Então eu descreverei algumas coisas que esti verem na tela levanta a mão se você não con seguir captar tudo bem Primeiro estou superfeliz de conseguir falar dentro do mundo de Psicologia sobre a Psicologia Organizacional que falamos muito pouco eu acho e um pouco do trabalho que vou apresentar é a mistura do que eu gosta ria de dar de recado e provocar um pouco aqui todos para pensarmos juntos Temos um desa fio gigantesco eu trabalho hoje em um banco no Citibank há quatro anos Mas antes fiquei quatro anos na Prefeitura de São Paulo na Se cretaria da Pessoa com Deficiência e tenho uma consultoria na verdade atuo muito com treina mentos e educação e conheço um pouquinho de cada segmento dentro do pilar talvez com mais dor no bolso mais trabalho demanda que são as cotas que o governo impôs Então tem um papel importante nessas cotas e o psicó logo precisa se apropriar disso para conseguir ajudar o que o objetivo original da cota propor cionou que é um programa de inclusão que um dia vai fazer com que essa sociedade igualitária que queremos realmente aconteça Vou falar um pouco da experiência de Di versidade mas para ouvirmos com a provocação algumas perguntas algumas coisas O psicólogo vai ser cobrado dentro de uma empresa por re sultado aquela coisa de ser um funcionário de uma empresa logo a empresa tem uma expecta tiva em relação a você e quando você entra nela para fazer o trabalho vai dizer assim Olha tem muita coisa errada aqui dentro a empresa não vai gostar muito e dependendo de como você fala isso ela vai mandálo embora O problema é esse Então temos um problema duro para ser enfrentado que precisa de um posicionamento mas não podemos ser reféns do salário só ou da estrutura que a empresa nos apresenta Eu acho que esse jogo é um importante jogo para ser aprendido e para ele ser muito bom para am bas as partes com bastante reconhecimento e prazer no que se faz existem caminhos E o re sultado esse caminho que temos que aprender a dizer ou a formatar E o caminho é a qualidade de vida das pessoas claro mas casando com o núcleo com a satisfação dos acionistas aos ter ceiros que trabalham ali e assim por diante O meu papel nesse processo Eu tenho que olhar tudo que acontece com um papel bastante ousado de empreendedor e não de executor do que vão me mandar fazer Dentro da Psicologia mais ainda porque se vamos para solucionar coi sas que já estão há tempos sendo desafiadas ou por exemplo a questão de como a gestão de pes soas atua se fosse boa nem precisaríamos estar lá Entrar para fazer a mesma coisa não basta Todas as pessoas têm uma expectativa de que se ele passou por uma faculdade de Psicologia vai saber falar de Diversidade se ele fez faculdade de Psicologia ele vai fazer superbem o trabalho de inclusão do pessoal com deficiência nem sempre é tão simples 14 O que é Diversidade O conceito é grande o desafio é grande e os valores humanos que estão embasando cada ação de Diversidade precisam ser do conhecimento de todos os psicólogos por que por mais que não se tenha por exemplo um clí nico não tem ali uma intenção original de trabalhar na empresa mas aí por algum motivo ele acaba entrando e vai fazer alguma ação Todas as pes soas têm uma expectativa de que se ele passou por uma faculdade de Psicologia vai saber falar de Diversidade se ele fez faculdade de Psicologia ele vai fazer superbem o trabalho de inclusão do pes soal com deficiência nem sempre é tão simples Então pelo menos falar do assunto e dizer Olha ainda não sei muito bem isso precisamos apren der a fazer e buscar um pouco mais de prática Há muitas imagens aqui elas na verdade mostram o contexto que um ambiente corporativo tem e de uma forma mais provocativa há pesso as com deficiência o cadeirante que é um símbolo bastante direto quando falamos de inclusão à di reita na parte de baixo eu tenho algumas pessoas no meu programa de deficiência intelectual tem 46 eu vou mostrar um pequeno vídeo vou econo mizar fala para que o vídeo se autoexplique e esse trabalho só funciona porque tem muitos psicólo gos envolvidos de várias áreas diferentes Então essa articulação é fundamental Nesta atual foto eu tenho uma mulher ne gra que no mercado de trabalho é a que mais sofre preconceito é a que menos está lá formal mente e em termos salariais é a que tem a maior discrepância se compararmos com o homem branco padrão dominante assim por diante A Doutora Cida pode dar uma aula porque é ela que ensina sobre esse tema inclusive Falar de Diversidade respeitar a questão da Diversidade eu gosto de dividir em três mun dos para que fique claro que a nossa atuação vai transbordar com toda a certeza os muros da em presa Primeiro é a área de trabalho a força de trabalho que a companhia tem Então se eu estou numa empresa diretamente comigo nesse item de três são os funcionários as pessoas que estão ali Então eu posso olhar para a Diversidade para o meu público e entender onde estão quantos são e qual a qualidade de vida que eles têm ali incluin do aqueles detalhes difíceis como salários que eu acabei de dizer com relação à etnia Uma segunda atuação dos psicólogos em Diversidade nas com panhias é o suporte à comunidade principalmente quando as empresas multinacionais são as que estão em jogo O poder que uma marca tem de in fluenciar o entorno é enorme podemos nos valer da influência que essa empresa tem naquela cida de naquele bairro naquele país para reescrever a história que acreditamos ser a melhor Assim nos sa prática ganha visibilidade e impacta em tudo E no suporte à comunidade podemos fazer por exemplo ou pela sustentabilidade pela responsa bilidade social ou promoção de voluntariado para que ajude pequenos grupos que estão no entorno nos bairros são pequenas ONGs no caso do Citi aqui da tela apoiamos financeiramente reformas estruturais em pequenas ONGs essas que difi cilmente conseguem concorrer a grandes editais e ter um financiamento público maior para quê Para aumentar a capacidade de produto dela se trabalha com aprendizagem ela vai poder ter mais alunos se trabalha com acolhimento de qualquer perfil de vulnerabilidade vai poder acolher mais e isso aumenta a sustentabilidade da ONG A nossa meta é essa fazer uma ação pontual melhor que garanta que esse espaço se torne mais sustentá vel e depois saímos para que eles continuem A indicação é sempre por um funcionário porque a manutenção dessa ONG interna que temos tam bém é feita uma parte por funcionários e uma par te pela corporação E o terceiro ponto importante de Diversidade é na política de aquisição de bens ou seja minha cadeia de fornecedores os meus terceiros Eu posso falar para eles e eu falo Eu quero que vocês tenham os valores de Diversidade também Como Cumpram a lei de cotas de vocês aqui no meu contrato façam um bom atendimen to das minhas pessoas dos meus funcionários de todos eles no perfil que são e mais ainda se eu posso e eu preciso comprar um determinado pro duto eu posso comprar de pequenos fornecedo res de grupos vulneráveis socialmente fazendo com que a economia e o desenvolvimento desses grupos sejam acelerados e não simplesmente da quele que está mais fácil ali a pronta entrega mas O poder que uma marca tem de influenciar o entorno é enorme podemos nos valer da influência que essa empresa tem naquela cidade naquele bairro naquele país para reescrever a história que acreditamos ser a melhor CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 15 que já domina o mercado quase que no monopólio Dá trabalho Dá mas é por isso que estamos lá para conseguir mostrar que caminho seguir e tor nar isso mais fácil ao longo do tempo O posicionamento são quatro flechas que eu gosto muito de ilustrar com elas que se encon tram no centro que vão dizer como o psicólogo vai se colocar sem medo de ter os argumentos necessários para inclusive questionar os outros poderes Temos a princípio poder básico que é do grupo diretivo os acionistas as famílias que fazem o direcionamento do negócio Daqui a dois três anos nós vamos para cá vamos abrir uma nova fábrica vamos abrir mais lojas enfim eles darão o norte para todo mundo Depois no outro poder tem gestão de pessoas que vão dizer como fazer aquilo como é que está toda questão legal sindi cal quantidade de pessoas necessárias benefí cios o engajamento vai no detalhe recrutamento e seleção força de trabalho etc Um terceiro ponto muito importante é o im pacto que tudo isso terá Como fazer eu preciso fazer um processo sustentável ter todas as nor mas que vão me falar de responsabilidade social e sustentabilidade para que aquele negócio propos to faça com o melhor impacto Aqui eu tenho os três mais tradicionais e eu gosto de encaixar a Di versidade como um quarto independente dos ou tros três para que ele tenha autonomia de entrar lá e dizer Olha podemos dar uma melhoradinha nes sa parte ou Podemos otimizar o resultado que a área de sustentabilidade oferece para outras áre as da companhia e fazer com que o entorno se de senvolva ainda mais rápido então uma empresa saudável garante mais empregos e garante mais desenvolvimento para todo mundo isso impacta em muitas questões inclusive as legais e para isso temos que nos preparar Primeiro passo é entender o que funciona como inclusão e exclusão os para digmas que crescemos vivendo já estão conosco para quebrar esse estereótipo é difícil E a maior parte das pessoas dos estagiários de Psicologia que recebemos ou dos psicólogos que entram nas funções de recursos humanos que infelizmente é cada vez menor eles continuam então reprodu zindo o que cresceram vendo A oferta de solução ainda é rasa há um desafio gigante na formação desse psicólogo que ingressa para que essa par te se aprofunde de verdade e faça mudanças es truturais Os paradigmas antes de falar do vídeo que é o que vai explicar bastante aqui na prática o projeto como é que funciona tudo isso e o nosso posicionamento quando eu tenho que tomar algu ma decisão e existem muitas delas Eu vou contar um caso aqui de uma dupla licençamaternidade tem duas que participaram conosco do curso esta semana desculpa mas vou contar tudo de novo que é o modelo que o mercado mudou nas últimas décadas vemos por exemplo desde a década de 1950 até a de 1980 com aquela história da integra ção As leis de cotas evidenciaram muito isso mas toda dinâmica segue a mesma coisa ou seja tem uma vaga de emprego ela é assim cadeira verme lha a mesa tem essa medida a pessoa tem que caber nela do jeito que ela está se é na linha de produção é igual etc Vamos filtrando de acordo com o tamanho da roupa Só tenho bota 41 se o candidato calça 43 Sinto muito você não pode tem que ser alguém que calça 41 esse é o para digma da integração E ele foi mudando conforme a evolução dos conceitos a clareza deles e as lutas por eles foram conquistando vitórias De 2000 para cá diminuímos muito a questão da integração e passou a fazer o processo de inclusão que só tem realidade quando ele é qualitativo Eu sei que estou na inclusão quando a pessoa está vivendo junto e de uma forma que todos usufruem meio de quali dade de vida Esse é o principal paradigma é o meu ponto de decisão se eu tenho que tomar alguma é a pessoa que é o centro da história então são os direitos humanos que vão ali mesmo que as cren ças pessoais sejam diferentes do que os próprios direitos humanos apresentam Tem um psicólogo que trabalha comigo e teve um dilema recente mente sobre a questão LGBT e crença ele tinha uma religião bastante radical em determinados va lores e se defrontou com uma situação de um fun cionário LGBT o funcionário transgênero Depois de todo um trabalho ficou chocado com aquilo foi a primeira vez que teve contato direto indo de en contro a opinião da crença religiosa dele mas foi muito interessante porque ele conseguiu filtrar ali Meu papel aqui de psicólogo exige que eu consi ga ter o meu pessoal num ponto e consiga fazer avaliações de julgamentos a partir de outro núcleo Primeiro passo é entender o que funciona como inclusão e exclusão os paradigmas que crescemos vivendo já estão conosco para quebrar esse estereótipo é difícil 16 de valores isso é uma outra coisa que temos que dominar bastante E é essa premissa do juramento que eu trago de diversidade não é mais a cadei ra e a mesa que vai importar e sim a pessoa que chegar vai ter a ergonomia adequada para ela ou seja usar a lei da forma que ela beneficie a pessoa e não ao contrário e assim por diante Um gráfico supersimples que é o das bolinhas coloridas na parte de cima eu tenho a inclusão que é um monte de bolinhas coloridas espalhadas aleatoriamente eu não tenho um pensamento organizado ali e em baixo os modelos de exclusão eu coloquei as bo linhas coloridas fora do sistema estão banidas do convívio corporativo da segregação falar assim Eu faço uma ótima política eu integrei todos aqui na minha folha faz parte já Vamos ver onde eles estão você passa toda área sai da área entra num outro lugarzinho construído exatamente para eles pronto segregados A integração até está junto ali mas tem um setor deles vira o setor dos egressos aqui e assim por diante Muito bem vou passar um vídeo Ele ilustra um pouco o último gráfico que está na tela que é a questão da atuação do psicólogo e que eu acredi to muito que seja uma pista para um caminho mais qualitativo O psicólogo tem que ser a pessoa mais metida da empresa Fato Tem que ser muito meti da ela se mete onde não é chamada o tempo todo Por quê Porque se você esperar que alguém venha chamálo Quero melhorar a minha não vai ser tão fácil Então você tem que se convidar para ir aos lugares e começar a falar e articular e então você tem que ir lá não vai esperar que venham ilustran do o quadro é um gráfico bem simples no centro a ideia de Diversidade do profissional de Psicologia e várias flechas saindo desse centro para que cada área exista as que eu nomeio aqui e muitas outras recebam a influência desse trabalho e muitas ve zes quando um desses trabalhos acontece as sen sibilidades que tem uma das bolinhas fala assim Promoção de seis tipos de acessibilidade não só arquitetônica que é uma que conhecemos bastan te elevador rampa etc mas eu falo da comunica cional mercadológica instrumental programática que é mudar normas leis para tirar barreiras e mais pessoas poderem participar com qualidade e tudo isso são ferramentas que o psicólogo pode usar para fazer o trabalho dele acontecer na prática E um dos projetos que eu vou mostrar no vídeo que se chama Projeto Somar ele foi pensado dentro do mundo da pessoa com deficiência inicialmente Eu tenho 46 funcionários com deficiência intelectual no total são 260 pessoas com todos os tipos física auditiva visual intelectual e múltipla ainda não te nho nenhum surdo ou cego mas estou convencen do a ter O pessoal está meio resistente mas ven cemos pelo cansaço E esse projeto para dar certo ele exigiu as seis formas de acessibilidade então mudamos muita coisa achamos espaço para que o intelectual pudesse trabalhar qual atividade que ele poderia executar pensamos quem poderia ser um tutor dele tinha que formar o cara antes e ao mes mo tempo não podia só deixar em sala de aula e de pois trazer para a empresa Descobri que não acaba nunca a formação dos intelectuais ela é constan te de dois em dois meses a turma está lá de novo Descobri que não tem limite de desenvolvimento ele pode ir até onde continuar sendo estimulado se empenhar e vai continuar se desenvolvendo eles extrapolaram todos os itens que pensamos no iní cio do projeto Descobrimos que a família atrapalha precisa ter um trabalho com a família precisa mudar a forma como a família pensa então vamos junto com a família Descobrimos que o parceiro precisa ter psicólogos terceiros fora do papel ou do chapéu da instituição para conseguir falar com essa família com uma neutralidade importante Tinham pais que iam à agência por exemplo que o filho trabalha para conversar direto com o ges tor da agência para decidir detalhes que queria tirar férias dali a cinco dias Então calma Ou outros pais bem cruel a história que usaram todos os créditos por exemplo que um funcionário bancário tem direi to todos Cartão de crédito todos a que ele tinha di reito empréstimo todos empréstimos consignados tudo Deixaram o rapaz endividado até o talo Muito cruel a situação Para termos o projeto funcionando bem temos que ter um olhar mais sistêmico temos que funcionar em várias pontes e sozinho não faze mos nada então vai psicólogo aqui vai psicólogo lá cada um com uma especialidade fazendo o melhor para uma coisa só girar bem E a metodologia depois virou um material Formatamos Se outras empresas quiserem fazer dá para seguir Dá e é simples E o custo O custo é o melhor de todos eu tenho coisas Se eu aumento o meu índice de retenção de pessoas com deficiência quanto eu economizo E só de multa eu calculo 20 milhões por ano economizados para a organização CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 17 que são supercaras médias e baratas mas quando fazemos a conta eu devolvo o investimento para cada um real que eu aplico por exemplo voltam oito e é essa conta que temos que aprender a fazer para conseguir vender qualidade para o trabalho do psi cólogo interno Senão vamos ser ainda apelidados do cara que abraça a árvore E essa conta não é fácil então precisamos entender que exatas está na alma tem que fazer parte e traduzir O meu investi mento aqui vai ser de sei lá 500 mil reais e quanto é que isso vai voltar no fim do ano Se eu aumento o meu índice de retenção de pessoas com deficiência quanto eu economizo E só de multa eu calculo 20 milhões por ano economizados para a organização A minha área hoje tem um orçamento de dois mi lhões por ano tenho seis funcionários que trabalham comigo e agora ganhamos mais uma nova área qualidade de vida para todos os funcionários Eles olharam esse projeto que vocês vão assistir e fala ram assim Agora faz igual para todo mundo com e sem deficiência por exemplo Vamos ver Vídeo OPORTUNIDADE Alex Soares Integrante do Projeto Somar Eu não tenho ainda um objetivo certo de onde eu quero chegar porque sempre pretendemos crescer mais e mais então aqui dentro do Banco eu passei pelo Remote depois para a Agência e hoje eu consegui uma oportunidade na área de Crédito Imobiliário Eu pretendo com certeza me desenvolver ainda mais tendo uma oportunidade maior aqui para saber onde eu posso chegar e quais são os meus limites Rafaela Oliveira Regional Paulista O Alex era da agência WTC em São Paulo e ele já estava lá há bastante tempo e vivia comentando Eu quero ser promovido eu quero ter uma nova oportunidade Ele veio para a área de Crédito Imobiliário Hoje ele lida com o gerente ele envia emails de pendências ele vem sempre aqui na Paulista para conversar so bre pendências de processos Andrea Barros Crédito Imobiliário O Alex che gou à nossa área há aproximadamente dois anos e ele veio da área comercial com muita experiência em atendimento ao público e em vendas de cartão de crédito Assim que ele chegou imediatamente assumiu uma atribuição extremamente relevante na nossa área que era a parte de análise de crédito preparação para os documentos para análise de crédito no tratamento das propostas e renovação da carta de crédito atividades que ele desempenha até hoje com alguns outros desafios Ana Lucia Monteiro Integrante do Projeto So mar Eu vim para cá com deficiência intelectual leve acho que as outras pessoas que quiserem também terão a oportunidade de tentar vir para cá A rotina de banco é puxada Para quem acha que é tudo às mil maravilhas não é tanto assim Se não fosse o Citi eu não estaria aqui Eu estou muito feliz aqui Não identificada Quando eu cheguei à Paulista uma agência grande com 33 officers a matriz do banco na hora eu pensei Poxa só tem uma pessoa do Somar aqui só o André que também já conhecia a Paulista porque estava aqui há muito tempo Con versando com o Adriano a Patrícia eu falei assim Por que não ter outro Somar na Paulista Eu acho que cabe mais uma pessoa aqui E foi quando eu sugeri para o Adriano a Ana Lucia porque eu já a co nhecia e sabia da experiência dela sabia que ela era muito integrada no dia a dia de vendas por saber várias coisas vários processos Quando o convite foi feito a ela foi como uma promoção para vir traba lhar na maior agência do Brasil E quando ela chegou aqui se sentiu tão lisonjeada tinha tanto orgulho de estar na maior agência do Brasil que falávamos Olha você só está aqui por causa de toda experiên cia que você tem no Banco e ela chegou aqui num momento de mudança e ela queria fazer ela chega va para os gerentes Me dá isso que eu faço é uma imagem que você precisa ter Uma Xerox e ela ia tirava queria organizar a fila na recepção E todos os dias quando chega à minha mesa fala Hoje eu trabalho na maior agência do Brasil Ana Lucia Monteiro Integrante do Projeto So mar Eu estou com seis anos e seis meses de banco Patricia Fris Recursos Humanos A ideia veio de um conjunto de pessoas que queria trabalhar para essa empregabilidade acontecer Temos obviamen te a Lei de Cotas mas não queríamos fazer só isso queríamos ir além proporcionando oportunidade para as pessoas e mudando a vida E hoje sete anos depois vemos que a vida das pessoas mudou Carmem de Marco Psicopedagoga psicóloga e especialista em Psicologia Clínica e Educacio nal do Colégio Pauliceia Lá no comecinho o que foi feito Foi feito um levantamento nas diversas agências das pessoas que estavam mais voltadas para isso Começamos com aqueles que estavam mais potencialmente prontos Nós fizemos uma capacitação dessa equipe de gestores onde ex plicamos como era como eles funcionavam quais são as coisas que podiam ser feitas para ajudar o que no meu comportamento com eles poderia fa vorecer um desenvolvimento o que poderia even 18 tualmente dificultar E a partir disso esse trabalho foi crescendo junto porque essas pessoas que no começo eram algumas hoje são muitas Então é muito interessante que praticamente no Citi hoje nós temos todas as agências de São Paulo e já uma em Campinas com o Somar RESPEITO Andrea Barros Crédito Imobiliário Em poucas empresas eu vi tamanho respeito à diversidade Eu posso dizer que esse é um dos fatores o fato do Citi trabalhar diversidade com esse respeito é o que me dá mais orgulho de trabalhar no Citi Não identificada A maioria dos clientes vê isso como um lado muito positivo Mas já teve um episó dio de um cliente numa outra agência não aqui na Paulista que começou a questionar Poxa por que vocês deixam essa pessoa atendendo Acho que isso assim é muito raro acontecer Acho que o clien te vê isso como uma coisa muito positiva e faze mos questão de mostrar e de deixar eles expostos quando sabemos que eles têm essa capacidade de conversar de lidar e se você pega pessoas como a Ana Lucia que sempre está ali na entrada da agên cia sorrindo dando bom dia para todo mundo é interessante que os próprios funcionários do Banco aqui na Paulista Poxa quem é essa menina que fica dando bom dia com um sorriso no rosto isso traz uma coisa muito boa para todo mundo Andrea Barros Crédito Imobiliário Não pode mos ignorar que existe uma limitação ali essa limi tação precisa ser reconhecida para que possamos atribuir atividades adequadas de acordo com a ca pacidade de entrega daquele funcionário No caso do Alex foi muito fácil isso porque apesar de ele ter uma deficiência intelectual rapidamente já de senvolvemos técnicas que nos ajudassem a fazer com que ele superasse essas dificuldades Carmem de Marco Psicopedagoga psicóloga e especialista em Psicologia Clínica e Educa cional do Colégio Pauliceia A pessoa com de ficiência intelectual gosta de atividades de baixa complexidade repetitivas que tenham um rendi mento mais imediato Então isso tudo vai fazendo com que essa escolha do deficiente intelectual seja muito interessante dentro desse processo das empresas Vamos explicar como é a deficiência intelectual mas num foco muito interessante da oportunidade Vamos dizer o que acontece para o que aquilo pode ser canalizado de uma forma positiva e o que podemos fazer no dia a dia para minimizar possíveis dificuldades Max da Silva Nicolay Integrante do Projeto Somar Você quer tentar aí eu falei Vamos tentar uma entrevista não custa nada e eu estou gostando adorando e graças a esse em prego aqui eu tenho tudo o que tenho na minha vida Eu nunca pensei na minha vida que eu ia conseguir um apartamento mas eu estou con seguindo O Citi é um banco internacional não é qualquer banco por isso temos a obrigação de representar bem o Citi Se você for atrás e deixar 30 currículos um vai chamar porém faça a sua parte para a empresa fazer a dela DIGNIDADE E CIDADANIA Ana Cristina Gimenez Carvalho Rubin de Celis Mãe de dois integrantes do Projeto Somar Minha ligação com o projeto é que eu tenho os meus filhos gêmeos o Wilson e o Luís que este ano dia cinco de dezembro vai fazer sete anos que eles trabalham no projeto eu tenho uma li gação total com o projeto Nós acompanhamos a entrevista e o meu medo inicial era de que um deles não entrasse E a minha maior surpresa é que do Paulicéia colégio foram escolhidos cin co e entre os cinco estavam os dois Eles deram uma grandeza para a função que inicialmente talvez fosse pequena para as outras pessoas E a função deles foi aumentando e nisso a autoes tima vai se elevando cada vez mais e trazendo isso para a família MAIS DE 50 PARTICIPANTES ATÉ 2015 93 DE RETENÇÃO 100 DAS AGÊNCIAS DO CITI NA GRANDE SÃO PAULOSP APRENDIZES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL PLANO DE CARREIRA AMPLIAÇÃO PARA O PROJETO SOMAR PARA O RJ NOVA TECNOLOGIA SOCIAL PARA TODO O MERCADO RECONHECIMENTO EXPOSIÇÃO POSITIVA DA MARCA AMPLIAÇÃO DA ATRATIVIDADE EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS Ana Lucia Monteiro Integrante do Projeto Somar Se não fosse por esse projeto eu não estaria onde eu estou hoje CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 19 Muito bem Eu acho que esse projeto exigiu muita coisa diferente ao longo desses anos todos tem quase dez anos foram oito e um fruto dele foi essa abertura para a diversidade Então quan do temos hoje demandas novas o fator Somar o Projeto Somar já ajuda muito a ter um posiciona mento frente às outras temáticas Adriano volta a falar E o caso das mulheres que eu comentei é bem simples Nós tivemos duas funcionárias que se conhe ceram lá uma com cinco anos de casa a outra com sete aí elas se amaram e casaram Em termos de di reitos são iguais usufruem igual não tivemos nenhum impacto em relação a isso Passado um tempo elas resolveram ser mães uma delas em especial que ain da não era mãe a companheira dela tinha uma filha de um casamento hétero que ela teve anteriormente Deixa eu só pôr a foto delas aqui vai ficar bem legal Elas foram fazer os tratamentos os exames etc e a primeira mãe descobriu que não poderia gestar ela tem um problema de rins bastante severo e quando o médico um segundo médico um terceiro médico mos trou isso para ela ela ficou muito triste decepciona da mas era fato A companheira dela fez os exames e descobriu que poderia gestar novamente resolvido A primeira mãe foi até uma clínica de fertiliza ção tirou os óvulos fecundou e colocou no útero da companheira dela para gestar E deu certo A gravi dez vingou gêmeas duas meninas Lá pelo terceiro mês quando estava tudo realmente consolidado fi zeram uma pergunta bem legal para o RH Quem sai de licençamaternidade Vai psicólogo boa sorte Depois de um supertrabalho pesquisa consulta em várias áreas iNSS tivemos um caminho e um ponto de decisão de colocar as duas que são duas mães em licençamaternidade porque não é uma fazendo o papel paterno Muito do que voltou do mercado era isso É fácil um materno e outro paterno só que não as duas a não grávida ou seja a mãe biológi ca não grávida fez um tratamento para amamentar também então para ficar legal o caso tivemos esse acréscimo Enfim e foi esse trabalho de pesquisa consulta posicionamento e encorajar a tomada de decisão da companhia é que faz a diferença no fim já foram já voltaram as crianças estão com quase dois anos mas o legal é ver que o mercado ficou as sustado num primeiro momento recebemos vários advogados de outras companhias bravos conosco dizendo que fomos irresponsáveis porque se criou uma jurisprudência Só que não é uma jurisprudência é um caso muito específico e único com caracterís ticas que dificilmente se reproduzem assim e que mostram que se o medo é jurídico na primeira parte da fala assim Tranquilo olha aí apresenta com a paciência infinita do psicólogo e o segundo pas so a conversa sempre termina assim Mas o mais importante é a pessoa logo se fosse para ser juris prudência que fosse que seja que é para as pesso as poderem ter outro paradigma para começar a se comparar Obrigado mas o legal é ver que o mercado ficou assustado num primeiro momento recebemos vários advogados de outras companhias bravos conosco dizendo que fomos irresponsáveis porque criou uma jurisprudência Edna Muniz de Souza Parabéns É tão difícil ficar nesse papel primei ro porque você quer ouvir mais porque dá uma sensação de querer saber como foi Mas nós infelizmente temos um tempo aqui temos ou tras Mesas vamos ter que cortar o Adriano Eu acho que no debate vamos tentar deixar inclu sive diminuir um pouquinho a fala para deixar um pouquinho mais de tempo para o debate Vamos ver se conseguimos Passamos a pala vra agora para a Cida doutora Maria Aparecida Silva Bento e ela tem 25 minutos que vou con trolando aqui 20 Maria Aparecida Silva Bento Coordenadora Executiva do CEERT Doutora pelo Instituto de Psicologia da USP Coordenadora Geral das 7 edições do Prêmio Educar para a Igualdade Racial e de Gênero Coordenadora do Projeto Conteúdos Materiais Ensino a Distância e Formação de Rede em prol da Diversidade na Educação Infantil com a UFSCarMEC Membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia Desenvolveu consultoria no campo da diversidade para FEBRABAN no Comitê de Diversidade dos Jogos Olímpicos 2016 Itaipu Binacional OXFAM Fundação Vale Eletrobrás e outras empresas Professora de Psicologia Social da Universidade de Austin TexasEUA ExMembro do Grupo Assessor da ONU Mulheres Membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia Fellow da Ashoka Eleita Líder Social no Fórum de Líderes Sociais e Empresariais da Gazeta Mercantil 2002 Líder Avina Reconhecimento pela Medalha Anchieta e do Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo Cidadã da Cidade de Atlanta EUA 1991 Autora de vários livros Bom dia a todas e todos aqui Tenho uma história longa com este CRP neste tema eu diria que em 1996 e 1997 aqui no CRP nós fizemos muitas coi sas nós fizemos publicações nós fizemos vídeos Acho que na época era o Odair Furtado a Lumena e houve um longo tempo de história aqui de traba lho com psicólogos organizacionais nesse campo da diversidade depois fui para o Conselho Federal de Psicologia na área de direitos humanos fiquei algum tempo e depois saí agora retornei Pensei em começar a minha conversa com vocês com uma provocação eu estive na Con ferência Ethos1 este ano e do ano passado em ambos os anos os diferentes psicólogos ou profis sionais da área de RH que lá estavam na Mesa co migo disseram a mesma coisa o ano passado que disseram este ano O tema que está sendo mais difícil de avançar nas empresas é o tema das rela ções raciais bate com vocês A penúltima estava 1 Conferência anual realizada pelo instituto Ethos O instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma Oscip cuja missão é mobilizar sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável tornandoas parcei ras na construção de uma sociedade justa e sustentável com o Reinaldo Bugarelli ele falou Trabalho todos os temas mas esse é o único que eu não consigo fazer avançar Então acho que é algo para se pensar acho que isso mostra um pouco como é que cada um de nós está lidando com esse desafio onde é que es tão os impasses Eu entendi que hoje iríamos falar de desafios quais são os desafios para nós pro fissionais e na dimensão institucional que preci samos ler para poder atuar de uma maneira talvez mais assertiva A minha provocação inicial é essa pesquisa que eu estou terminando na minha organização que é com empresas multinacionais O que dizer sobre essa pesquisa O universo dessa pesquisa referese a 15 dentre as 50 empresas líderes em diversidade em 2014 publicada pelo Diversity Inc então são 15 eles publicam 50 empresas que se destacaram foram premiadas pelo trabalho com diversidade e eu peguei 15 dessas empresas uma equipe dentro do CFP o que fizemos Ana lisamos dados dos websites dados dos códigos de conduta relatórios de diversidade relatórios de responsabilidade social para entender um pou co como é que essas empresas estavam lidando com diversidade o que elas estavam fazendo Lá nas matrizes e aqui neste país elas são as maio res aqui são a Johnson CocaCola estou falan do das grandes empresas aqui no Brasil Mais de 80 têm diversidade no código de conduta fora do Brasil e aqui dentro do Brasil Frequentemente encontrase destaque sobre diversidade étnico racial nas matrizes essa palavrinha aparece lá não aparece aqui Vamos adiantando aqui O que eu percebo das ações dessas empresas Fazendo uma análise na verdade na pesquisa aparece em presa por empresa vamos publicar o ano que vem O tema que está sendo mais difícil de avançar nas empresas é o tema das relações raciais A penúltima estava com o Reinaldo Bugarelli ele falou Trabalho todos os temas mas esse é o único que eu não consigo fazer avançar CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 21 mas ainda estamos nesse debate porque não in teressa expor nenhuma empresa interessa tentar compreender os processos Mas o que de ações que eu achei que são bem legais e têm promovido mudanças Conselho de diversidade que avalia e define a direção es tratégica de programas de diversidade que orien ta lideranças a focar em metas nessa área tem que ter uma meta para gênero uma meta para PcD Pessoas com Deficiência uma meta para raça uma meta para LGBT tem que ter as metas A existência de organismos as empresas têm or ganismos têm núcleos coletivos áreas para tra tar desse tema todas essas 15 que eu estou fa lando são as 15 maiores Esses organismos estão compostos por altas lideranças então eu diria que mais de 30 anos de experiência me mostraram que se a alta liderança da empresa não entra o psicólogo da empresa não faz nada além de criar uma hostilidade no seu entorno tornar o seu dia a dia um inferno porque ele é aquele que está tra zendo coisas que a empresa não quer ouvir Altas lideranças têm que estar Liderança em inclusão e diversidade esses núcleos implementam programas significativos para empregados para comunidades para clien tes e para candidatos e eles premiam lideranças com bom desempenho no campo da diversidade se eu tenho um chefe de uma área a de custos e ele está conseguindo implementar a diversida de ele tem mulher no seu quadro tem negros eu arrumo uma maneira de visibilizar essa liderança dentro da empresa e premiála Uma coisa interessante pelo desdobramen to essas empresas têm programa de diversidade para fornecedor criam oportunidades e desenvol vem capacidades para empresas que tiveram bar reiras Se a minha empresa contrata fornecedores de computador de papel de não sei o que por que é que eu não vou buscar aquelas pequenas empre sas que em geral não conseguem contratos Em presas dirigidas por mulheres dirigidas por negros Quando eu posso deslocar o programa de diversi dade de dentro sou eu que escolho tenho quatro fiz uma licitação tenho quatro empresas para me fornecerem determinado serviço ou determinado produto eu digo que um dos critérios é que ela tenha diversidade um dos critérios que você em presa se quer concorrer aqui para esse serviço me mostre diversidade e existem várias formas de se fazer isso Elas têm grupos de funcionários e o grupo como meu foco foi gênero e étnicoracial essas pessoas se reúnem para fazer a empresa avançar naquele tema Localizam e acolhem novos funcionários dos grupos minoritários Como é que eu vou ampliar a presença de negros de mulheres e PcD dentro da empresa Eu acho que tem uma coisa que nós fizemos no nosso Censo da FEBRA BAN Federação Brasileira de Bancos que vamos perceber dentre tantos aprendizados que tivemos um Censo que envolveu a população total que era de 500 mil empregados em todo o Brasil de todos os maiores bancos vamos perceber que a principal fonte de recrutamento é de amigos e parentes Se eu não tenho negros ali eu já tenho uma questão não é que o cara quer indicar não é que o cara não quer negros na empresa mas ele indica uma pessoa que é parenta dele que provavelmente é branca do círculo dele então alguns aprendizados quando você faz o Censo ajudam você a perce ber onde é que pode melhorar o seu processo por exemplo de recrutamento Os treinamentos são uma coisa interes sante eles têm websites dinâmicos que oferecem treinamento contínuo em diversidade para engajar o funcionário criar um ambiente de trabalho que valorize a diversidade eles desenvolvem pesqui sas entre os funcionários sobre o que fazer para ampliar a diversidade fazem campanhas de ma rketing sensíveis aos grupos minoritários aqui é presencialmente não a presença na população mas dentro daquela empresa E o que é interes sante também pensando em um RH Se eu nunca vi essa empresa aberta para um segmento ao qual pertenço eu nunca vou botar o meu currículo lá a empresa tem que dar algum sinal de que eu sou bemvinda Se ela faz um cartaz uma propagan da como por exemplo até mexemos com a USP na última propaganda que eles tiveram para ves tibular havia quatro mulheres com escova e loiras chamando para um curso quer dizer está ali claro quem a instituição está chamando então se quer mostrar que a diversidade é importante por que não coloca lá uma mulher de cabelo encaracolado morena negra quer dizer como é que os meus ma teriais podem repercutir isso Nos seus projetos sociais e nisso eu concordo muito com o Adriano o psicólogo também tem que ajudar projeto so cial a empresa tem sempre por que ela vai apoiar só chá das cinco Ou aquelas coisas que tocam o coração das pessoas instituições de pessoas que têm câncer é importante por que a empresa tem dificuldade por exemplo de apoiar questões que ela entende como políticas grupos que lutam por direito pela defesa de direito Talvez seja uma 22 coisa a dizer para a empresa que nem eu estava olhando isso aqui direitos das crianças e adoles centes talvez esse também não que não possa apoiar instituições que trabalham com câncer mas ela pode apoiar também instituições que traba lham na defesa ou com iniciativas na defesa de direitos isso é um foco interessante que eu posso discutir com a área de projetos sociais que no ge ral tem muito dinheiro e a escolha é a mais con servadora possível é a escolha de quem só dá o dinheiro naquela área onde o coração dói e não implica em defesa em questões políticas Tutorias A importância do desenvolvimen to de tutoria isso eu tenho aprendido porque faço tutoria para várias empresas quer dizer não é a mesma coisa se eu quiser acelerar a carrei ra tenho certeza que mulheres não conseguem espaço de direção em empresas ou negros Não é botar todo mundo junto com os homens num programa de tutoria é diferente a tutoria para mulheres dentro da empresa encontra obstácu los diferentes elas têm uma trajetória diferente em relação a dos homens não é para negar isso elas têm uma realidade diferente que a empresa precisa reconhecer Essa coisa de que todos so mos iguais bota tudo lá não A tutoria para uma mulher negra é diferente a tutoria para mulheres em geral é diferente a tutoria para um PcD é di ferente eu preciso reconhecer que eu tenho uma diferença ali então isso é importante No Brasil essas empresas essas 15 cos tumam citar políticas para PcDs e aí quando o Adriano traz a importância da cota é verdade eu sempre fui contra a cota nas empresas privadas mas a minha pergunta é se a empresa se mexe quando não for multada caso ela não mude No movimento social sempre apanhei porque eu fa lei que sou contra cotas que eu prefiro ação afir mativa que as pessoas têm que estar sensíveis o coração delas tem que se abrir elas têm que entender e eu percebo que não é isso que está acontecendo o tempo passa eu já estou velhinha e as coisas não mudam O que está faltando no mesmo contexto quando eu tenho uma empresa que tem cotas e se ela não cumprir a cotas o Ministério Público multa ela se mexe É verdade ou não é Ela se mexe para algum outro canto como ela se mexe para a ques tão Não mexe porque ela é multada e não são mul tas pequenas É uma coisa a se pensar Qualquer um de nós ou a grande maioria de nós fica meritocracia não sei o que não sei o que inclusive precisamos discutir um pouco o que é meritocracia Meritocra cia é merecimento se estamos dizendo que quem está nos melhores lugares é quem merece ou seja eu estou dizendo assim se eu tenho a maioria de ministros homens é porque eles têm o mérito as mulheres não estão lá porque elas não têm o méri to Então às vezes estou em cursos para RH vejo e não acredito o psicólogo tira do seu bolso o mesmo argumento Não mas não podemos ter privilégio ao mérito mas o que você está me dizendo Você está me dizendo que se na sua empresa 100 dos diretores são homens dizendo que as mulheres não têm mérito por isso que elas não estão lá ou tem uma questão social que levou a isso Há uma história também não é que eles não tenham méri to ninguém está dizendo isso não estou dizendo que eles não têm mérito mas como é que a elite da empresa utiliza o discurso do mérito quem merece e como é que também compramos Começamos a repetir Tem que ter mérito não pode ter privilégio na cadeira que senta homem senta mulher não é assim Tem outros elementos No movimento social sempre apanhei porque eu falei que sou contra cotas que eu prefiro ação afirmativa que as pessoas têm que estar sensíveis o coração delas tem que se abrir elas têm que entender e eu percebo que não é isso que está acontecendo o tempo passa eu já estou velhinha e as coisas não mudam Então às vezes estou em cursos para RH vejo e não acredito o psicólogo tira do seu bolso o mesmo argumento Não mas não podemos ter privilégio ao mérito mas o que você está me dizendo Você está me dizendo que se na sua empresa 100 dos diretores são homens dizendo que as mulheres não têm mérito por isso que elas não estão lá ou tem uma questão social que levou a isso CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 23 Por que hoje como eu tenho a responsa bilidade de trazer o tema das relações raciais é importante pensar que temos um contexto insti tucional legal favorável O que é isso Com esses programas de cotas e ações afirmativas que te mos nas universidades eu vou provocálos para irem ao ProUni vai no site do MEC vocês vão ver que jovens brancos pobres têm o mesmo percen tual de benefícios das cotas do que os negros e pardos Vai no MEC um milhão e tanto para um um milhão e tanto para outro Aqui ninguém ouve falar nada dos jovens brancos pobres que utilizam co tas Vocês ouvem Quando se fala de cota se fala de privilégio para negro mas vai ao MEC se vocês forem na UERJ nos estudos de João Felix ele vai mostrar que as universidades que deveriam que começou a disputa por cotas raciais viraram cotas sociais Vocês conhecem essa discussão não é Cotas raciais não cotas sociais têm que ser para todo mundo o que significa que hoje e eu acho que isso é uma coisa muito positiva o ganho do jovem branco pobre é igual ao ganho do jovem negro nas cotas e ação afirmativa É uma coisa que o movi mento negro deveria explorar muito mais porque as pessoas repetem os discursos da Globo do UOL da Folha que é Precisamos cotas vá ver as estatísticas você verá quantos jovens pobres brancos e negros estão se beneficiando Eles es tão saindo do curso superior não dá para dizer Eu não consigo encontrar negros para os meus traba lhos talvez o recrutamento precise entender me lhor como é que vai lidar para ter negros porque senão vamos também repetir o clichê Mas não tem negro precisamos trabalhar isso É possível identificar casos nessas áreas em várias empresas brasileiras iguais àquelas multi nacionais existem empresas brasileiras fazendo coisas bonitas são isoladas não têm visibilida de Eu tenho dito que é importante mapear para vermos como é que o outro está fazendo e está dando certo O grande desafio que tem sido colo cado é o dado da cor raça nos cadastros não é verdade Vai colocar dado cor raça no cadastro aí começa a discussão Nós não sabemos quem é negro o Brasil é miscigenado se não resolvermos perguntar para a polícia porque ela sabe a polícia não sabe Ou pomos uns três policiais ali para nos ajudarem a descobrir quem é negro porque eles são assertivos eles matam três vezes mais ne gros do que brancos eles sabem tudo sobre isso Se não colocarmos os policiais lá podemos nos inspirar na experiência de mais de 30 anos do iBGE do iPEA de todos os cadastros muitos cadastros que utilizam o dado cor raça o ENEM tudo Temos os cadastros e o Ministério Público porque as em presas reagiram dizendo Não podemos colocar a cor das pessoas porque ninguém sabe porque o Brasil é miscigenado quem é moreno Ministério Público colocou no Ministério Público do Trabalho na folha dele na internet ele coloca lá os marcos legais para o uso da cor raça nos cadastros só que não basta colocar O Brasil tem uma história de silêncio sobre esse tema não é educado colo car a raça falar sobre raça esse negócio não de vemos fazer as pessoas ficam desconfortáveis se mexendo como lidamos com isso Eu tenho expe riência de mais de 20 anos de instituições a nossa também tem mas tem no Brasil inteiro gente que faz uma campanha explica porque eu pergunto sobre dado de cor raça PcDs LGBTs por que eu pergunto isso Porque eu quero que a minha em presa seja mais diversa é só por isso Depois que você faz um bom treinamento para quem pergunta e para quem responde temos a nossa experiência é de um mês para outro 80 nesse mês não que riam dizer a sua cor No mês seguinte explicouse em um folhetinho muito simples de três minutos as pessoas chegam agora em Salvador de 0 a 3 passou agora para mais de 80 de pessoas brancas e negras que falaram da sua cor Elas entenderam por que está se perguntando e envolver as altas lideranças que eu falei é impor tante caminhando para a finalização pensar que a persistência dos índices é muito grande em relação às desigualdades Aquilo que o Adriano já falou no caso de desemprego as mulheres estão em dobro na informalidade 66 é a taxa delas mais elevada do que a dos brancos Os rendimentos são extrema mente inferiores e é muito importante que os avanços de gênero não têm incluído as mulheres em regras e ontem eu estava num debate aqui envolvendo ho mens e mulheres eu disse Gênero é mulheres ou é só mulheres brancas porque alguém conhece o Pró Gênero é mulheres ou é só mulheres brancas porque alguém conhece o Pró Equidade de Gênero aqui Só duas empresas aqui Três Quatro Pró Equidade de Gênero é um programa que busca ampliar a presença das mulheres negras dentro das empresas é bem interessante 24 Equidade de Gênero aqui Só duas empresas aqui Três quatro Pró Equidade de Gênero é um programa que busca ampliar a presença das mulheres negras dentro das empresas é bem interessante Muitas empresas têm aderido acho que agora ultrapassou 100 empresas e a empresa faz um Censo pergunta várias coisas inclusive a cor e raça a empresa gosta eles têm um selo e tal e esse programa tem gênero mas quando faz o Censo e se percebe a diferença na presença da mulher negra as mulheres que fa zem parte do comitê de diversidade não conseguem avançar na questão da mulher negra porque de ver dade a mulher negra tinha que estar nesses comitês de diversidade senão não é um avanço Bom acho que é isso Vou só trazer mais um pouquinho esse negócio Vocês veem aí o Movimento das Crespas na rua Quem pegar a Avenida Paulista com aqueles cabelos crespos vermelhos verdes e tal Eu acho que é importante pensarmos sobre isso Mi nha sobrinha teve uma situação bastante difícil numa grande empresa aqui em São Paulo não vou nem dizer a avenida porque ela é fluente em espanhol chinês inglês e foi para a China ficou um ano e meio aprendendo mandarim porque ela acha que para re lações de comércio exterior seria importante Ela vol ta da China achando que o currículo dela iria arrasar com 29 anos e não conseguiu emprego Seis meses depois estava em depressão e aí falando com uma consultora de RH a consultora quis ver um pouco o Linkedin dela o cabelo crespo vermelho avermelha do e ela disse Com esse cabelo você não vai ocupar cargo de direção em nenhuma empresa Ela tinha o cabelo enrolado avermelhado assim como tantas jo vens usam não é vermelho mas ela falou foi do cabelo crespo Você tente fazer uma escova não use essa blusa colorida no Linkedin não sei o quê e ela falou para mim Tia olha como ela foi racista eu disse Ela não foi racista ela foi realista Eu não sei onde é que convencionamos que uma cabeça onde tem cabelo liso toma decisões melhores porque tem cabelo liso tem capacidade de comando tal mas usamos isso no dia a dia se tivéssemos uma comprovação ficaría mos ali na porta da empresa com escova progressiva para melhorar e nem faria treinamento Um salão para poder melhorar a nossa capacidade mas é isso A última coisa que eu queria falar é diversida de desigualdade meritocracia Essa é a última coi sa Tudo que eu aprendo em empresas às vezes é que a empresa pega uma ideia já que ela não tem saída pega aquela ideia e transforma aquela ideia A diversidade que surge da luta das mulheres para ampliar a presença dela dos membros na em presa ela vira diversidade de visões de mundo di versidade de perspectivas Como também entramos nessas marmeladas porque às vezes eu chego numa empresa Aqui não é só diversidade mulher homem essa coisa temos que ir para o lado mais propositivo mais positivo nosso time tem pessoas com diversas visões de mundo eu falo assim Tudo bem é tão legal tão bonito isso só que diversidade não surge assim Diversidade surge na rua na luta das mulhe res porque não estavam incluídas Surge porque elas não conseguem ocupar cargos de direção Surge na batalha dos negros dos PcDs para entrarem nas em presas como é que vamos transformar isso nessa coisa de diversidade de conceitos Então diversida de não pode ser deslocada de desigualdade Diver sidade não é diferença eu sou ruiva você é morena Eu sou alta você é baixa todas nós temos que ter oportunidade não é isso Mas temos isso no nos so discurso nós eu falo nós porque somos nós nós psicólogos nós estamos na empresa precisa mos daquele emprego não é que vamos sair dizendo tudo que pensamos e ir para o olho da rua e buscar no outro porque vai ser igual mas nós compramos muito desse discurso E a meritocracia já falei é me recimento o conceito que vem todo tempo que fa lamos que precisa ampliar a presença de mulheres Oh reconhecemos mas tem que ter mérito Eu fico parada Você está querendo me dizer o quê Que os incluídos são os que têm mérito E para finali zar eu diria o seguinte que o Adriano trouxe quanto mais uma empresa pode dialogar com a população onde ela está incluída então o Mcdonalds da Rússia não pode ser o mesmo Mcdonalds da China que não pode ser o mesmo Mcdonalds da áfrica o Mcdonalds do Brasil não pode ser a mesma coisa em produtos em atendimento e em quadro de pessoal A cada lu gar onde a empresa está ela tem que dialogar com o perfil da população nos seus produtos nos seus serviços e nos quadros de pessoal Ela tem que con siderar isso não é bom só para a população é bom para a instituição também Obrigada Diversidade surge na rua na luta das mulheres porque não estavam incluídas Surge porque elas não conseguem ocupar cargos de direção Surge na batalha dos negros dos PcDs para entrarem nas empresas como é que vamos transformar isso nessa coisa de diversidade de conceitos CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 25 Debates Edna Muniz de Souza Quero agradecer ao Adriano e à Cida pelas brilhantes reflexões porque na ver dade foi isso além de trazerem as experiências nos fazem refletir mesmo no nosso dia a dia no lugar da Psicologia neste contexto organizacional Nós esta mos online para quem está assistindo online pode enviar perguntas para crpwebtvcrpsporgbr Quem está online pode encaminhar perguntas e as pes soas aqui podem também vamos abrir agora para perguntas a ideia é que para as pessoas que não quiserem ocupar a fala possam escrever nós temos pessoas aqui para pegar e temos um tempo de 15 minutos para essas perguntas Podemos começar E pede para a pessoa se apresentar rapidamente só para saber de onde é e o nome Andrea Albuquerque Bom dia meu nome é Andrea Albuquerque Eu sou psicóloga e sou coordenado ra de diversidade numa empresa de tecnologia da informação Eu já acompanho há bastante tempo vocês e quando o Adriano estava falando eu tinha pensado em compartilhar as minhas dores as quais eu estou vivendo atualmente Quando a Cida falou eu acho que respondeu tudo O inferno que eu vivo no dia a dia porque eu fui contratada para ir para esse papel há sete meses e eu acho que eu vou pedir o desligamento porque eu não consigo fazer absolutamente nada Então eu acho que a minha pergunta é quando nos deparamos com essa resis tência da alta liderança o que fazer Eu sinto que eu não tenho mais energia para tentar lutar para mu dar tantas mentes fechadas e sem a preocupação de ao menos perceber outro olhar Estou tendo mui ta dificuldade eu vim de uma empresa na qual eu só fazia o manejo era uma empresa absolutamente fantástica em relação a isso ela caminha sozinha aceitei esse desfio e realmente estou assim eu vim para tentar compartilhar essa experiência e aprender um pouco porque está sendo bem difícil Edna Muniz de Souza Alguém mais para fazermos um bloco pelo menos de questões Roseli Inês Imasseti Bom dia eu sou Roseli inês imasseti de Americana sou psicóloga organizacio nal e eu acho que a minha pergunta complementa a dela Qual é o preparo do psicólogo para enfrentar esse tipo de resistência Eu acho que tem um buraco aí e eu gostaria que fosse falado sobre isso Edna Muniz de Souza Alguém mais Então eu vou passando para o pode ser o Adriano a Cida quem começa Adriano Bandini Eu ia falar que é uma ótima pergunta para a doutora Cida mas vamos lá Essa parte da re sistência é fato Eu acho que ela é maior quando jus tamente não tem cotas e é a hora que entra no con creto no mundo real O avanço significativo acontece quando a sensibilidade da liderança chega e quando dói no bolso é bem sensível Então quando a Lei de Cotas o que ela deixou de aprendizado aqui Ela teve um caminho foi criada em 1991 e ficou zero resultado até que o decreto de 1999 veio e a fiscalização come çou a usar esse decreto e falou Vamos ver como que anda esse assunto Depois ela ganhou muito peso porque a fiscalização viu que só com a ação fiscal é que o resultado aparecia e a multa é bem mais cara do que a folha de pagamento porque claramente fazem a conta na sua frente É mais barato pagar a multa do que contratar porque folha de pagamento bene fício não sei o que se não fosse o fato da multa poder ser diária até você cumprir a cota Eu acho que o começo de lugares que são pedreira não teve um bom momento quando a multa não existia Depois a pessoa que começa a trabalhar com isso inicialmente por cotas consegue ter espaço para falar e a partir daí ela começa a mostrar muitas melhorias E a outra parte que eu acho que mulheres ilustram muito é a se 26 guinte mulheres são um pilar global todos os países trabalham a liderança feminina e salário igualitário e há comitês de mulheres há muito anos mais do que qualquer outra temática de diversidade mas o resul tado não acelerou muito também Qual é a questão Primeiro o argumento contábil sempre foi meio fraco quando começamos a mostrar números que chamas sem mais a atenção eu acho que a estratégia que eu assisti de pares e pessoas de outras empresas que fizeram os trabalhos avançarem do nada foi que eles foram para uma pessoa no pessoal no relaciona mento e disseram Vamos almoçar E esse diretor da presidência quando não era o próprio deu alguns minutos de atenção e falou Olha nós conseguimos aumentar o engajamento em tantos por cento ou a lucratividade em tantos por cento tem uma pesqui sa aqui que mostrou isso em um minuto eu falei a mensagem A pergunta que eu espero é Como as sim eu tenho mais espaço para continuar falando Mas o que chama a atenção É o número Para que aquela pressão natural que ele tem por meta resul tado tal tenha alguma liga com o que eu quero apre sentar e posteriormente é que temos um resultado que nós sabemos que é sensacional mas que ele não tem nem a chance de ser apresentado e no fato das mulheres a mulher na experiência que eu acompanhei teve o seu comitê e tinha uma que era dos direitos e tal porém nunca aconteceu de verdade um avanço e não tinha nenhuma mulher negra no grupo aliás só tem uma parda que ainda se autodeclara branca Talvez outro tema bom para mexer Aconteceu que depois de dez anos estruturados e pouquíssimos resultados agora tem um homem ali junto e se abriu a questão não só aqui mas em outros países onde deixamos muito claro O trabalho que esse comitê de mulheres faz ele tem que ser junto com os homens E entrou o tema relações compartilhadas e muitos ou tros desdobrando E agora temos visto nesse progra ma de Assessment Método de Desenvolvimento de Potencial que a doutora Cida colocou é muito legal realmente é muito personalizado e passa a ter uma fala até mais forte do que a nossa inicialmente na pe dreira ali lapidando cada pedacinho O problema é que a formação não existe Hoje somos carentes de como formar um psicólogo para fazer isso acontecer eu acho que a maior oportunidade direta aqui CRP vou dar trabalho para vocês aliás bota uma rampa aqui está faltando se um cadeirante vier falar aqui preci samos falar está aqui e é esse o ponto são nesses detalhes que a coisa vai funcionar Eu acho que temos uma excelente oportunidade porque se discutem as cotas raciais agora a área pública já tem e quando vamos poder ajudar para efetivamente fazer a quali dade acontecer além da quantidade Maria Aparecida Silva Bento Acho que você tocou nos pontos eu vou só pegar o que eu acho que po deria ajudar a complementar Eu entendo o que a An drea e também o que a Roseli colocaram Eu sempre penso algumas coisas principalmente o que caracte riza uma instituição porque eu acho que precisamos sempre pensar como é que a instituição reage ao novo tem uma psicóloga que diz que uma identidade reivindicada dentro de uma instituição é insuportável por quê Porque a instituição tem uma vocação de se preservar criar procedimentos uniformizálos repeti los transmitilos com aquela queixa de que aqui todo mundo tem um tratamento igual Então você quer requisitar tal coisa você vai ter o mesmo tratamento que ela eu tenho que ter um procedimento uniforme que se repete o tempo inteiro mas as instituições so mos nós elas não são aqueles prédios e aquelas me sas As instituições somos nós e pensar como é que a instituição reage à presença de uma mulher numa reunião de diretoria onde 12 homens se reuniam sem pre faziam suas piadinhas só os ternos e de repente chega uma mulher e se senta para decidir igual não veio servir café Ela veio para tomar decisões sobre o que fazer com esse recurso ou com aquele e isso não tem pacto isso tem Está no imaginário deles porque eles vivem o cotidiano de uma mulher num outro lugar prender uma mulher num outro lugar está no imagi nário dela aquele desconforto vai surgir ali Se entrar um negro então eu acho que isso é um ponto muito importante como é que a instituição reage a isso Precisamos não subestimar isso O que mais funcio nou eu concordo com o Adriano relações pessoais fazem a diferença numa das empresas em que eu estou trabalhando isso faz a diferença uma pessoa foi a um dos diretores e começou a conversar com ele Eu fui para os Estados Unidos e lá eu sentei com um negão da direção da empresa e eles têm menos de 20 Aqui eu contratei dois negros na minha equipe de 40 e já perguntaram se eu estou querendo prete jar a área entendeu Mas isso não é dessa empresa racista é das empresas onde nós todos estamos Se Aqui eu contratei dois negros na minha equipe de 40 e já perguntaram se eu estou querendo pretejar a área entendeu Mas isso não é dessa empresa racista é das empresas onde nós todos estamos CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 27 eu vou lá eu sento com o negão aqui eu não con sigo a força disso às vezes a conversa vai se dando com alguma liderança que começa a se abrir A outra coisa é onde os processos avançaram a instituição vivia uma situação de discriminação e teve que dar uma resposta Por exemplo num trabalho que eu desenvolvi junto com o Adriano numa grande corpo ração as mulheres pediram para o Ministério Público para que averiguasse naquelas empresas a presença de mulheres e negros e o Ministério Público acolheu e falou Está bom eu vou verificar e verificou que não tinha mulher não tinha negro não tinha cargo de dire ção então falou Desenhe o problema de diversida de e tudo começou oito anos atrás assim Quem fez isso foi o movimento sindical o movimen to negro e de mulheres mas tudo que nós da em presa aprendemos é que se tem um ser carimbado de horrível é movimento sindical movimento negro movimento de mulheres é verdade ou não é Você falou disso nas empresas as pessoas já começam a estrebuchar babar porque movimento sindical mo vimento mas são esses segmentos que às vezes podem fazer a pressão que você que está lá dentro de RH não vai fazer você tem vínculo empregatício A importância também desses movimentos que são tão chatos e falam aquelas coisas que não quere mos ouvir queremos ver o positivo que dá certo é porque esses daí é que vão empurrar Então eu também tenho visto muita coisa avançar porque as pessoas batem ela viveu uma situação de discri minação e entra no Ministério e fala Me faça uma proposta de como você vai ser mais diversa ela começa a se mexer E por último vamos ter que ter cotas nas empresas privadas Essa é a minha gran de pergunta Agora o psicólogo sozinho eu acho que algumas coisas que ele pode ir fazendo é todo tipo de ação porque o psicólogo sozinho também guarda dentro de si os preconceitos não sei o que aconteceu com o nosso curso de Psicologia que di zemos para nós que somos objetivos e neutros nos processos de seleção De alguma maneira depois que entramos no curso de Psicologia e na empre sa no RH perdemos tudo que era preconceito tudo quanto é discriminação somos neutros objetivos só escolhemos pelas competências não é isso que achamos de nós Mas não é verdade Nós também trazemos os preconceitos nós mesmos Eu acho que poder fazer o pequenininho que não vai mudar tanto mas já muda recrutar se preocupar em recru tar onde há negros há mulheres dar sinais de que eu estou interessada em negros na minha empresa no meu material de comunicação não preciso falar para colocar mas eu posso colocar no meu material de divulgação em todo curso que eu fizer de treina mento ter um modulozinho competente não é aquilo que eu pude fazer pelo senso comum mas é alguém que trabalha nisso Temos vários estados fazer um módulo que toque em pontos centrais em 20 minu tos fazemos isso um módulo legal que comece a mexer com as pessoas A pessoa sentou para fazer um curso de treinamento vai ouvir falar sobre diver sidade humana na nossa empresa Há várias coisas que podemos fazer mas acho que as altas lideran ças precisam ser envolvidas e o que vem fazendo avançar não tem sido sensibilização Edna Muniz de Souza infelizmente vamos ter que encerrar esta Mesa Estamos no limite do tempo acho que teríamos mais coisas para abordar Que as perguntas que vieram também pela web vão ser res pondidas e se mais pessoas quiserem encaminhar nós também podemos fazer chegar aos palestrantes e depois encaminhar as respostas Vamos agrade cer ao Adriano agradecer à doutora Cida pelas con tribuições aqui na Mesa Acho que nós vamos ter um pequeno intervalo de 20 minutos ah então não vamos ter intervalo nós vamos direto eu acho que primeiro só dizer para vocês que é importante va mos ter outros temas que podem aprofundar ques tões que foram encaminhadas para cá por exemplo a próxima Mesa aqui é de identidade profissional que pode aprofundar questões de como estar num lugar e não precisar pedir demissão Agradeço aos dois e vamos continuar aqui na próxima Mesa Obrigada Maria das Graças Mazarin de Araújo Continuan do chamo Maria Emília dos Santos para compor a segunda Mesa Maria Emília é psicóloga formada pela USP com especialização em Administração de RH com mais de 30 anos de experiência na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho Atualmente é Coordenadora dos cursos de Gestão de Negócios e Professora de Psicologia Organiza cional e do Trabalho Ética Profissional Gestão de Pessoas e Psicologia Social Agora o psicólogo sozinho acho que algumas coisas que ele pode ir fazendo é todo tipo de ação porque o psicólogo sozinho também guarda dentro de si os preconceitos não sei o que aconteceu com o nosso curso de Psicologia que dizemos para nós que somos objetivos e neutros nos processos de seleção 28 Identidade Profissional dao Psicólogao nas Organizações Maria Emília Lopuff dos Santos Psicóloga formada pela USP com especialização em Administração de RH com mais de 30 anos de experiência na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho Atualmente é Coordenadora dos cursos de Gestão de Negócios e Professora de Psicologia Organizacional e do Trabalho Ética Profissional Gestão de Pessoas e Psicologia Social Bom dia a todos Vamos continuar aqui o nos so trabalho Vou chamar os nossos palestran tes Thais Zerbini Doutora e Mestre em Psico logia pela Universidade de Brasília Bolsista de Produtividade em Pesquisa Nível 2 Professora Doutora em Psicologia Organizacional e do Tra balho da Faculdade de Filosofia Ciências e Le tras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo FFCLRPUSP Participa do corpo docente do Programa de PósGraduação em Psicologia e do Grupo de Trabalho de Psicologia Organi zacional e do Trabalho na Associação Nacional de Pesquisa e PósGraduação em Psicologia Foi Coordenadora também do Curso de Graduação em Psicologia da USP na gestão 20122013 e Secretária da Associação Nacional de Psicologia Organizacional e do Trabalho SBPOT na gestão 20102012 seja bemvinda e a Professora Fáti ma Aparecida Pighinelli ázar psicóloga Bacharel e Licenciada em Psicologia pela Universidade Paulista UNESP Especialista em Psicologia Or ganizacional e do Trabalho Psicopedagoga pelo instituto Sedes Sapientiae em 1986 Especialista em Avaliação institucional pela Universidade Fe deral de Brasília Mestre em Administração com foco em Recursos Humanos pela Universidade Metodista Professora universitária desde 1986 atuando como supervisora de estágio aplicado à Psicologia Organizacional e do Trabalho no Curso de Psicologia Coordenadora de PósGraduação Lato Sensu em Gestão Estratégica de Pessoas e Psicologia Organizacional da Universidade Metodista e membro de Grupos de Pesquisa vin culados à Programas de PósGraduação Stricto Sensu da Universidade Metodista nas áreas da Educação e Saúde Seja bemvinda Fátima Es pero que todos aproveitem vou pedir para que quem for elaborar suas perguntas que sejam bem claras e objetivas para que todos possam participar e o pessoal que também está nos as sistindo via internet que encaminhem suas per guntas para os nossos palestrantes CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 29 Thais Zerbini Doutora 2007 e Mestre 2003 em Psicologia pela Universidade de Brasília Bolsista de Produtividade em Pesquisa Nível 2 Professora Doutora em Psicologia Organizacional e do Trabalho da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo FFCLRPUSP Participa do corpo docente do Programa de PósGraduação em Psicologia e do Grupo de Trabalho de Psicologia Organizacional e do Trabalho na Associação Nacional de Pesquisa e PósGraduação em Psicologia Foi Coordenadora do Curso de Graduação em Psicologia da FFCLRPUSP Gestão 20122013 e Secretária da Associação Nacional de Psicologia Organizacional e do Trabalho SBPOT Gestão 20102012 Bom dia a todos Antes de iniciar a minha fala gostaria de agradecer imensamente o convite do CRP Eu vejo como uma iniciativa louvável reunir o encontro sobre Psicologia Organizacional e do Trabalho principalmente aqui no Estado de São Paulo onde vemos muitas falhas em formação Eu acompanhei esta última Mesa e vi uma das participantes esqueci o nome agora falando que pensou em desistir Enfim nós vamos re tomar isso eu penso que ser psicólogo já exige uma tolerância diariamente ser psicólogo em contexto de organizações e trabalho é muito di fícil Nossa vida é composta por trabalho as pes soas adoecem por trabalho tem uma outra Mesa no final do dia onde vai ser falado muito disso as pessoas adoecem e não se dão conta disso atribuem coisas aspectos disposicionais indivi duais familiares quando na verdade o trabalho impacta diretamente e penso eu na maior parte na saúde física e mental das pessoas E penso que o psicólogo pode contribuir muito mais do que vem contribuindo na área de organizações e trabalho seja qual tema especí fico nós estivermos tratando seja diversidade saúde mental no trabalho área de gestão de pessoas para que essas questões diminuam Nós somos recentes ainda o conjunto teórico metodológico de POT no Brasil vem se estrutu rando há pouco tempo eu vou tentar mostrar isso para vocês Então de fato eu acho que nós temos que fazer o nosso trabalho de crí tica também porque senão vamos cometer o mesmo erro dos contratantes de identificar quais são as falhas na formação para que nós não nos sintamos responsáveis por essa au sência de informação e conhecimento O que eu vou mostrar para vocês é que de fato nos cursos de graduação e nos cursos profissionali zantes há muita falha na formação dessa área da Psicologia Organizacional do Trabalho até por uma questão histórica eu vou tentar falar isso em 30 minutos não sei se será possível mas eu sou superdisponível via email a res ponder questões Há três anos eu inaugurei o Laboratório de Psicologia Organizacional e do Trabalho na USP de Ribeirão Preto wwwlabpo tuspcom quem quiser acessar ali tem todas as disciplinas os contatos as publicações vocês podem mandar email diretamente para mim no último slide vai estar o meu email eu respon do com o maior prazer Vou tentar resumir aqui em 30 minutos aspectos que eu considero mais importantes associados à identidade do psicó logo organizacional e do trabalho ok Os objetivos gerais desses 30 minutos que eu vou tentar falar identificar os fenôme nos e processos relativos à ação do psicólogo em contexto de organização e trabalho e as suas interfaces com outras áreas de conheci mento o que eu acho saudável e extremamente importante mas infelizmente é muito dificulta do descrever as práticas que constitui o mode O que eu vou mostrar para vocês é que de fato nos cursos de graduação e nos cursos profissionalizantes há muita falha na formação dessa área da Psicologia Organizacional do Trabalho até por uma questão histórica 30 lo tradicional de intervenção então nós vamos tentar entender porque depois de 30 anos os psicólogos continuam tendo que desenvolver as mesmas técnicas aplicando os mesmos fer ramentais que não são uteis que trazem sofri mento para o próprio psicólogo para as pesso as que são alvo desse trabalho vamos tentar entender porque essa prática profissional per siste nos dias de hoje e tentar caracterizar as tendências inovadoras no exercício profissional do psicólogo em organização e trabalho Aqui eu só quero retomar um pouquinho e vai ser rápido antes de entrarmos nessa discus são porque é tão importante hoje o psicólogo organizacional atuar de acordo com os pressu postos teóricos metodológicos da área Existe toda uma evolução do modelo de gestão dessa área e de atuação do psicólogo que se desconhecido pode impactar nos dias de hoje então vocês vão ver ao final desses quatro períodos independe do nome aqui é o nome só para identificar cada organização pode dar o nome que for e não estamos falando só de contexto corporativo isso é outra coisa impor tantíssima as pessoas associam muito o tra balho do psicólogo organizacional a contextos corporativos em empresas de natureza privada sendo que na verdade o psicólogo organiza cional e do trabalho atua em diversos contex tos de trabalho não corporativos do terceiro setor enfim ele pode contribuir inclusive com a área de gestão em saúde por exemplo Então você ter um psicólogo organizacional que ajude uma equipe de medicina por exemplo a se res peitar a se entender fazer compartilhamentos mentais entre médicos enfermeiros técnicos isso só tende a trazer benefícios para todos e fundamentalmente para as pessoas principais que são os pacientes no caso Existe uma evo lução mas vocês verão que temos uma lacuna de atuação entre o que se viu de evolução de mais ou menos 35 anos Nós temos acesso às informações A questão é porque não estamos aplicando é nesse ponto que temos que traba lhar quais são as atividades políticas existem relações de poder nas organizações existem relações políticas que muitas vezes impedem o psicólogo de aplicar ou de sugerir mudan ças necessárias para que os funcionários se jam menos culpabilizados pela sobrecarga de trabalho por exemplo Eu penso que no último eixo do dia isso vai ser falado vimos acompa nhando cada vez mais suicídios no trabalho em função do trabalho Então isso é uma questão que tem que ser posta que tem que ser discu tida Então começamos lá veja o período de 1890 a 1920 que se chamava departamento de pessoal de novo nós temos departamentos de pessoal hoje em dia nas organizações Temos Deve se ter esses aspectos administrativos Obviamente Nós temos que ver qual é o traba lho só psicólogo em termos de mediação do tra balhador e das organizações ou de ambientes abertos de trabalho de uma pessoa que pre cisa de qualificação de uma pessoa que está sem emprego por exemplo Qual é o papel do psicólogo nesse momento Vemos que nessa época em função de algumas características principalmente do crescimento industrial o foco das organizações eram estritamente os objeti vos organizacionais Pensavase apenas em retornos em termos de indicadores financeiros e de lucro Sabemos que muitas organizações não corporativas almejam por outros indica dores que não estão relacionados a indicado res financeiros necessariamente Bom nessa época obviamente as técnicas de gestão não se falava gestão na época de recursos hu manos era simplesmente controle supervisão Então eu ainda vejo empresas que acham que controlam o desempenho humano no trabalho ou pensam que existe algum controle social no funcionário fazendo com que ele chegue às oito da manhã e saia às 18h Está para me dizer que isso prediz desempenho humano no trabalho o fato de você chegar às 8h e ficando até as 18h não significa que o indivíduo vai ter um bom de sempenho humano no trabalho pelo contrário dependendo do desenho do trabalho daquele indivíduo esse horário pode até prejudicálo e vemos empresas punindo ainda pessoas que se atrasam para chegar saem mais cedo por algu ma questão familiar de saúde então estamos falando de técnicas de gestão de mais de 100 mil anos porque os contratantes que eu chamo realmente de contratantes acríticos continuam achando que técnicas de controle social vão Existe uma evolução mas vocês verão que temos uma lacuna de atuação entre o que se viu de evolução de mais ou menos 35 anos CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 31 resolver problemas de comprometimento ou de condições Sabemos que a ausência de condi ções ideais de trabalho são as maiores causa doras de problemas motivacionais Os psicólo gos ou administradores ou enfim o profissional que trabalha nessa área e que não identifica de fato a causa do problema de desempenho aca ba intervindo na consequência que obviamente é uma desmotivação Quem de nós aguenta tra balhar num ambiente em que não há um supor te psicossocial não há suporte da chefia não há suporte dos colegas não há perspectiva de gestão de carreira há evidentes injustiças so ciais Você pode ser a pessoa mais competente daquela organização que o seu desempenho em médio e longo prazo vai cair e você vai ser considerado um funcionário ruim sendo que na verdade é extremamente competente no que faz e tem muito interesse em aplicar alguma coisa Sabemos que as questões que envolvem desempenho elas não se encerram em compe tências Existem duas variáveis uma delas é a condição que falamos do poder fazer e a outra é motivacional do querer fazer que impacta no desempenho exemplar Já aviso a vocês que nos últimos 30 anos de pesquisa a questão moti vacional explica menos de 5 do desempenho ruim no trabalho De 70 a 80 do desempenho inadequado é em função da ausência de con dições adequadas de trabalho Então os psi cólogos realmente têm que começar a intervir em mudanças de condições de trabalho o que é dificultado porque nós não temos autonomia para isso Nós acabamos intervindo em compe tências e competência não é o problema mui tas vezes É só que na maior parte das vezes repito em média 80 do desempenho não es perado é em função de ausência de gestão de carreira de salários inadequados Depois obviamente em função da con traprodutividade isso vocês acompanham isso é histórico passamos por um período mais di gamos humanista Então os psicólogos come çaram a falar assim Nossa as condições de trabalho podem influenciar no desempenho hu mano isso nos parece óbvio hoje em dia é ób vio mas naquela época não era O ser humano trabalhador era simplesmente mais uma peça de maquinário que poderia ser substituída a qualquer momento e daí vêm frases que eu fico assustada de ouvir até hoje Se você não quer trabalhar por esse salário tem gente que quer o que eu acho o fim isso não deveria ser mais reproduzido nos dias de hoje infelizmente por várias razões sociais políticas que não vamos entrar que não vai dar tempo de entrarmos nesse mérito ainda temos que ouvir esse tipo de coisa Chega sorrindo no seu trabalho faça amizade com seus colegas de trabalho como se isso fosse responsabilidade pura e simples mente do funcionário Em função disso os psicólogos ficaram um pouco sem saber o que fazer Em um mo mento o objetivo era alcançar os indicadores organizacionais Num outro nós começamos a estudar em demasia a questão mais humanis ta então vimos as teorias motivacionais vimos que as pessoas se motivavam além do dinheiro quer dizer o reconhecimento era importante o investimento em ações educacionais o inves timento em treinamento era importante mas mesmo assim o psicólogo continuava sendo tratado como um funcionário sem autonomia e que era responsável por resolver conflitos de natureza política estratégica das organizações e não dos indivíduos Então Vá conversar com o psicólogo so bre isso você anda faltando demais você anda brigando demais no trabalho e o psicólogo se ele não sabe o que fazer de fato ele tem que estabelecer uma conversa com esse indivíduo para tentar pelo menos paliativamente reduzir esse tipo de situação Nessa hora de um lado os objetivos organizacionais do outro os objetivos das pessoas eles viram que continuavam sem muita autonomia nós pulamos das relações hu manas para o tal do RH Estratégico houve uma época que era RH Estratégico RH Estratégico o que é o tal do RH Estratégico Ou o que de Aí vêm todos os mitos e preconceitos que se arrastam por anos na área de Psicologia Organizacional e que os psicólogos atendem os interesses do capital o que não é verdade sabemos que o psicólogo organizacional tem que entender o seu contexto para conseguir ajudar o funcionário para conseguir auxiliar o trabalhador e conseguir propor negociações 32 veria ser Na verdade é você tentar alinhar os interesses do indivíduo com os interesses da or ganização É isso Estou falando também além do ambiente corporativo Falando de progra mas de qualificação profissional de emprego e desemprego de diversidade que vocês falaram e de saúde mental no trabalho Então o que eu tinha que fazer nessa época era tentar alinhar esses dois interesses Como assim alinhar Aí vêm todos os mitos e preconceitos que se arras tam por anos na área de Psicologia Organizacio nal e que os psicólogos atendem os interesses do capital o que não é verdade sabemos que o psicólogo organizacional tem que entender o seu contexto para conseguir ajudar o funcioná rio para conseguir auxiliar o trabalhador e con seguir propor negociações É a mesma coisa em qualquer outra área da Psicologia então vamos pegar a área clínica se você quiser ajudar uma criança que está com determinadas dificuldades você tem que entender onde ela vive como são os seus pais como é o bairro em que ela mora a escola senão você não consegue ajudar a crian ça pelo contrário a responsabiliza em resolver os problemas sozinha O psicólogo em contex to de organização de trabalho é a mesmíssima coisa ele tem que entender e identificar as li mitações principalmente políticas e de poder e os interesses da organização para conseguir propor modelos que atendam aos interesses dos funcionários e que diminuam problemas graves de saúde física e mental no trabalho É o contrá rio Obviamente existem psicólogos que vão lá e atendem os interesses demandados Atendem precisam pagar conta no final do mês têm o seu trabalho muitas vezes não têm autonomia para mudar mas a questão é que a Psicologia Orga nizacional e do Trabalho na verdade identifica o contexto para conseguir propor alternativas visando o bemestar do indivíduo Esse é o obje tivo da Psicologia geral O que muda são teorias e metodologias em determinados contextos E a Psicologia Organizacional é a mesma coisa Qual foi o grande problema dessa época Bom de um lado eu tenho conceitos organiza cionais do tipo competências organizacionais missão valores objetivos organizacionais re torno custo benefício Do outro eu tenho ques tões do tipo aprendizagem humana no trabalho motivação aspectos culturais liderança enfim são conceitos muito diferentes não são Muito diferentes de se alinhar Como você vai alinhar interesses e motivação de quatro mil cinco mil funcionários com conceitos do tipo objetivo es tratégico da organização Os psicólogos conti nuavam sem saber o que fazer Nessa hora nós emprestamos não é um conceito novo nós emprestamos da década de 60 e 70 da área da Educação inclusive o conceito de competên cia porque você encontra definição no concei to de competência nos três níveis Existe uma definição de competência organizacional uma definição de competência de equipes e existe uma definição de competência individual Quan do nós conseguimos encontrar um alinhamento conceitual nos três níveis de atuação nós con seguimos fazer uma proposta metodológica in felizmente eu não vou conseguir mostrar para vocês como se dá essa proposta metodológica mas o conceito de competência e quando eu falo competência envolve atitudes afeto valor e pode ser mapeado e deve ser mapeado Qual que é o grande problema das organizações Elas mapeiam apenas conhecimentos e habili dades o que continua sendo injusto porque na verdade o que mais se exige de um trabalhador hoje em dia é como aplicar o conhecimento e habilidade que ele tem de acordo com as difi culdades e limitações que o contexto lhe impõe isso é a definição de atitude é habilidade em função do contexto Nós temos até um grupo já estudando sobre isso sobre as estratégias de enfrentamento então veja as limitações polí ticas são essas o que nós devemos fazer mas até isso a organização tem que entender e tem que identificar e trabalhar junto ao indivíduo e o psicólogo também ok Uma evolução rápida antes de chegar ao que vemos hoje só para vocês terem uma ideia vocês acompanharam a evolução dos modelos anteriores então vocês viram que em 1820 es távamos no modelo de departamento pessoal e gestão de pessoas por competência no mun do se começou a estudar em 1980 e nós ainda vemos infelizmente muitas organizações bra sileiras que ignoram todos os tipos de orienta Existe uma definição de competência organizacional uma definição de competência de equipes e existe uma definição de competência individual Quando conseguimos encontrar um alinhamento conceitual nos três níveis de atuação nós conseguimos fazer uma proposta metodológica CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 33 ções da Psicologia muito por conta da nossa evolução Até 1930 víamos muitos exames psi cotécnicos até 1945 Surgiram as primeiras le gislações trabalhistas nós tentamos lidar com isso até 1964 e tivemos reconhecimento legal da profissão Até 1980 o fortalecimento dos modelos de gestão era baseado em administra ção científica A administração científica eram teorias de 80 100 anos atrás e nós começamos a utilizálas na década de 80 Aqui eu queria começar de fato a discu tir as questões da identidade profissional Na década de 80 o CFP descreveu a atuação do psicólogo no Brasil O grupo de trabalho do qual eu faço parte o GTPOT Grupo de Traba lho em Psicologia Organizacional e do Trabalho da ANPEPP Associação Nacional de Pesquisa e Pósgraduação em Psicologia refez essa pesquisa em 2010 e vemos o mesmo cenário O que vemos infelizmente o que o psicólogo em organizações do trabalho ainda faz nas or ganizações Ele tem um enorme viés tecnicista então se utiliza de modelos de pacotes pron tos para realizar o seu trabalho são presas de modismos e consumidores acríticos ou seja quem contrata um psicólogo na verdade não sabe o que ele é capaz de oferecer para a or ganização além de aplicação de testes psico lógicos não estou criticando os testes psico lógicos pelo contrário mas na verdade para você tomar essa decisão de aplicar um teste psicológico você tem que entender o desenho do trabalho você tem que saber se aquele tes te se aplica àquele cargo àquele contexto Nós não podemos simplesmente sair aplicando um conjunto de testes psicológicos e fazer isso em processos seletivos até porque nas recentes pesquisas menos de 2 de predição de zero a 100 2 de predição de alguns testes psico lógicos por posterior desempenho do indivíduo no trabalho Então nossos processos seletivos não funcionam do jeito que estão sendo feitos Eles são extremamente objetivos eles de fato refletem uma situação de poder do psicólogo Atuação limitada a esse modelo sob o estereó tipo de reprodutores do sistema de dominação um trabalho extremamente fragmentado Então se você pegar o organograma de uma determi nada organização você vai ver que os psicólo gos geralmente estão alocados num setor de RH que está lá embaixo no organograma Para ele chegar a tomar decisões estratégicas exis tem vários trâmites vários caminhos para to mar esse tipo de decisão e acaba ficando com uma visão fragmentada da sua atuação Muitas vezes ele sabe que não deveria es tar fazendo aquilo e gostaria de estar fazendo diferente mas não pode não é incentivado a fa zer isso Domínio das atividades de recrutamen to e seleção o que levou a área de Psicologia Organizacional do Trabalho ao descrédito e ao subemprego Você vê consultorias de seleção e recrutamento fazendo com que as pessoas fechem em um dia 40 50 vagas olhando para o currículo pagando valores vergonhosos isso não é trabalho de psicólogo organizacional e do trabalho Ele tem que entender do desenho do trabalho que entender das condições que aque la organização oferta a pessoa que está pas sando por um processo seletivo tem o direito de saber que condições ela vai enfrentar aspectos subjetivos têm que ser evitados perguntas do tipo Qual é a sua qualidade Qual é o seu de feito Se você fosse um animal qual animal se ria isso não é trabalho de psicólogo organiza cional as tais das entrevistas por competência de fato devem cruzar o que elas devem fazer no trabalho com as condições de trabalho para se evitar justamente o que vimos na Mesa anterior Então aparência não sei se vocês já acompa nharam questões dessa natureza e entramos em questões de ética aparência raça enfim estamos em 2015 determinadas coisas não po dem e não devem mais acontecer Bom o que aconteceu Um grupo de pes quisadores e psicólogos organizacionais no país resolveu se reunir também assumir enfim a res ponsabilidade dessa falha de disseminação de formação e em 2001 por volta de 2000 2001 nós criamos a SBPOT que é a Associação Bra sileira de Psicologia Organizacional do Trabalho aspectos subjetivos têm que ser evitados perguntas do tipo Qual é a sua qualidade Qual é o seu defeito Se você fosse um animal qual animal seria isso não é trabalho de psicólogo organizacional as tais das entrevistas por competência de fato devem cruzar o que elas devem fazer no trabalho com as condições de trabalho 34 quem quiser acessar lá tem vários manifestos inclusive a respeito disso O primeiro GTPOT que foi em Salvador no ano que vem vai ser em Brasília em julho nós estaremos indo para a 7ª edição A atuação do GTPOT na ANPEPP está fazendo produção de conhecimento por meio de livros didáticos auxiliando as pessoas de diver sos estados para se fazer essa formação Eu vou pular alguns impulsionadores des sa prática mas isso está muito claro busca por equilíbrio e trabalho Ampliação do papel da mulher enfim todas essas questões levaram o psicólogo a mudar a sua postura em ambien tes de trabalho Uma coisa que nós temos que evitar e que já está na hora disso evoluir são os discursos que impregnam a área então falar que psicólogo organizacional atende o sistema capitalista que atua com viés tecnicista que existe um papel alienado de controle social nós trabalhamos com diversas teorias com diver sas orientações teóricas não só com orienta ções teóricas ferramentais e de natureza cor porativa pelo contrário cada vez mais eu tenho falado nas minhas palestras nos cursos que o psicólogo tem que trabalhar com variáveis psi cológicas certamente mas cada vez mais te mos que entender e estudar variáveis contex tuais caso contrário nós não vamos conseguir mudar muita coisa Então esse tipo de discurso que impregna a imagem da área não ajuda não é útil nós temos que ver qual a solução para que isso diminua Outra coisa que vemos muito críticas ou compromisso social Eu já ouvi pessoas falando que quem é psicólogo organizacional e do trabalho por si só já não e ético porque atende aos interes ses da organização portanto o sistema capi talista gera um sistema de dominação para os trabalhadores então é uma falta de informação muito grave na minha opinião Então fizemos algumas análises isso foi muito trabalhado pelo Virgílio Barros o critério da expansão nós não atuamos só no ambiente corporativo cada vez mais temos ampliado os contextos o critério de renovação técnicas de seleção de treinamento de gestão de carreira elas têm ampliado muito os seus modelos metodológicos de interven ção de modo a tentar auxiliar cada vez mais os funcionários Critério de orientação teórica nós não somos vinculados apenas a uma orientação teórica São várias que nos ajudam a intervir O critério de direção política Quem fala que nós atendemos o sistema capitalista desconhece muito as relações de poder e questões sociais que envolvem a área Por fim nós podemos e devemos atuar em todos os níveis obviamente com base em estudos e pesquisas infelizmen te nós vemos psicólogos atuando mais no nível operacional não que seja ruim o problema é que nós não temos autonomia quando atuamos nesse nível Uma coisa importante que eu queria falar para vocês é que SBPOT é contra a cisão então para nós a Psicologia Organizacional e do Trabalho é uma área de conhecimento Os pressupostos teóricos metodológicos da Psico logia Organizacional e da Psicologia do Traba lho se complementam Existem pessoas ainda que falam que Psicologia do Trabalho é do bem porque trabalha com saúde mental e qualidade de vida e Psicologia Organizacional é do mal porque trabalha em ambientes corporativos o que é extremamente é um mito muito dissemi nado Então a POT é uma área de conhecimento em três campos de atuação que não só o RH eu fico até arrepiada quando alguém fala assim nós não atuamos só no ambiente corporativo cada vez mais temos ampliado os contextos o critério de renovação técnicas de seleção de treinamento de gestão de carreira elas têm ampliado muito os seus modelos metodológicos de intervenção de modo a tentar auxiliar cada vez mais os funcionários que já está na hora disso evoluir são os discursos que impregnam a área então falar que psicólogo organizacional atende o sistema capitalista que atua com viés tecnicista que existe um papel alienado de controle social nós trabalhamos com diversas teorias com diversas orientações teóricas não só com orientações teóricas ferramentais e de natureza corporativa CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 35 Você trabalha com Psicologia Organizacional do Trabalho Sim Você é do RH É um dos campos de atuação os outros dois são a Psi cologia Organizacional que responde questões relacionadas ao comportamento humano e à or ganização em que esse ocorre mesmo que em ambiente governamental então se você quer fazer um programa de qualificação profissio nal no Estado de São Paulo por exemplo você tem que entender a situação política e social do Estado de São Paulo para se inserir nesse pro grama de qualificação profissional A Psicolo gia do Trabalho que dá respostas às questões relacionadas ao trabalho em si independente mente de uma vinculação até em questões de desemprego e uma delas que é a mais reco nhecida pelos profissionais é a área de gestão de pessoas que dá respostas relacionadas à ação do indivíduo em relação a objetivos e mis são da organização Quais são as tendências só psicólogo organizacional Contribuir cada vez mais com a prática de gestão dessas instituições maior preocupação com fenômenos grupais e orga nizacionais utilização de técnicas cognitivas e comportamentais outras podem Podem Só que essas são um pouco mais diretivas nós conseguimos argumentar mais facilmente com as pessoas que tomam a decisão Por fim o principal da minha fala por que acontece tudo isso Há uma deficiência muito grande na formação de graduandos nos cursos de Psicologia Eu vejo isso estou na USP quan do entrei lá em 2008 tínhamos um curso de 5 mil horas com uma disciplina de POT de 75 horas como eu formo um aluno para atuar no mercado de trabalho sem cometer erros com 75 horas Hoje eu consigo oferecer algumas optativas e alguns estágios mas ainda temos que lutar contra esse tipo de orientação É um núcleo co mum a Psicologia Organizacional quem traba lha no hospital vai atuar como psicólogo orga nizacional quem trabalha numa escola também quem trabalha no governo idem e as pessoas saem sem saber o que fazer Transferem meto dologias de outras áreas para o contexto orga nizacional e não se tem o retorno e isso leva a nossa profissão ao descrédito nós temos que ficar atentos à formação dos graduandos nessa área da Psicologia Organizacional do Trabalho isso leva obviamente as pessoas formadas replicarem cursos e treinamentos e também como são originários de má formação esses psicólogos reproduzem os modelos inadequa dos de atuação Gente desculpa eu acho que eu passei um pouquinho De novo o que não der para responder hoje me mandem email entrem no wwwlabpotuspcom nós temos uma página no facebook também que divulga isso Quem se interessar em fazer mestrado na área Ribeirão Preto é aqui pertinho quem se interessar em fazer Doutorado quem se interessar em partici par do labpot nossa missão aqui no Estado de São Paulo é tentar disseminar o maior número de pesquisas interessadas na área Muito obri gada desculpas por passar o tempo 36 Fátima Aparecida Pighinelli Ázar Psicóloga Bacharel e Licenciada em Psicologia 1982 pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho Psicopedagoga pelo Instituto Sedes Sapientiae 1986 Especialista em Avaliação Institucional pela Universidade Federal de Brasília UnB 2002 Mestre em Administração Foco Recursos Humanos 2000 pela Universidade Metodista de São Paulo Consultora desde 1988 com atuação na área de RH Desenvolvimento Organizacional e Gerencial Coordenadora da Área de Avaliação Institucional desde 1999 e da Comissão Própria de Avaliação CPA da Universidade Metodista Professora universitária desde 1986 atuando como Supervisora de estágio aplicado à Psicologia Organizacional e do Trabalho no Curso de Psicologia desde 2000 Coordenadora 2011 do curso de PósGraduação Lato Sensu Gestão Estratégica de Pessoas e Psicologia Organizacional da Universidade Metodista de São Paulo Membro de Grupos de Pesquisa vinculados a Programas de Pós Graduação Stricto Sensu na Universidade Metodista nas áreas da Educação projeto aprovado pela Fapesp formação do professor PIBID e Saúde saúde do trabalhador A minha fala vai complementar um pouco o que a Professora Thais acabou de colocar Eu sou pro fessora e aqui estou como professora de Psicolo gia atuando com a supervisão do estágio do 5º ano 9º e 10º semestres E é desse lugar de pro fessora de sala de aula de supervisão que eu vou falar um pouquinho para vocês com relação ao tema que nos foi dado É nessa condição que eu comecei a pensar como é que eu vou falar sobre o perfil do psicólogo a atuação do psicólogo hoje Eu falei Eu preciso começar a falar um pouco da formação Eu inicio pensando em alguns aspectos relativos à formação do psicólogo São pouquíssi mos aspectos porque não dá para conversarmos a respeito de todos eu fiz aqui um apanhado Eu acho que o início de uma crítica reflexão a respeito do papel do psicólogo no âmbito das organizações de trabalho vai depender muito de uma análise da sua formação profissional além da caracterização do que vêm a ser as demandas organizacionais do passado e de hoje é claro Só que quando você pensa a respeito dessa crítica dessa reflexão o que mudou nesse cenário Eu acho que é a primeira pergunta que nos ocorre o que mudou Minha faculdade eu fiz no interior de São Paulo nos anos de ih deixa lembrar bem aqui eu terminei em 1983 então iniciei em 1978 Vivi uma trajetória da qual muitos de vocês aqui não viveram em termos dessas mudanças de ce nários Algumas eu consegui acompanhar e outras não Algumas eu fui capaz de fazer uma crítica e outras engoli como a Professora Cida comentou engoli sem a crítica devida mas muita coisa mu dou Quais as demandas atuais Mas a minha pergunta fica como as instituições de ensino têm entendido essas demandas Como é que elas têm entendido e como têm organizado seus projetos pedagógicos de curso a partir de diretrizes curri culares nacionais para os cursos de graduação em Psicologia Gente isso aqui é uma tese de douto rado até pósdoc Então o meu primeiro exercí cio foi levantar de diversas escolas de Psicologia a matriz curricular comecei a analisar o que uma dá o que a outra não dá o que uma tem falei Não não é por aí Eu acho que nesse primeiro momento eu acho que esse é um exercício que tem gente fazendo e tem gente boa achei bons artigos depois posso repassar para vocês mas eu acho que não é ainda o que eu gostaria de colocar e discutir e provocar uma discussão hoje Claro que eu fui buscar nas minhas diretrizes qual é a meta central dos cursos de graduação em Psicologia E lá encontramos a formação do psicólogo voltada para a atuação profissional para pesquisa e para o ensino da Psicologia Essa é a meta das diretri zes Teve há pouco tempo uma discussão bastan te profunda a respeito das diretrizes aqui no CRP está gravado vocês podem assistir e olhando para essa meta central o que percebemos dentro das diretrizes é um apontamento de uma identidade Quais as demandas atuais Mas a minha pergunta fica como as instituições de ensino têm entendido essas demandas Como é que elas têm entendido e como têm organizado seus projetos pedagógicos de curso a partir de diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em Psicologia CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 37 da Psicologia começando a ser estruturado por meio de um grupo comum em que se definem com petências habilidades e conteúdos da formação do psicólogo Também os perfis profissionais que farão parte da estrutura formal que é o psicólo go o pesquisador ou o professor de Psicologia A valorização da formação prática com os estágios à inovação são os estágios já logo no início Nas diretrizes eu acho que é um documento que todos vocês têm que conhecer ali é a base Eles trazem as competências que vão ser desenvolvidas nos estudantes de Psicologia para sua formação para sua atuação E por que eu digo que todos vocês têm que conhecer Foi onde eu pensei O que isso vai importar para uma plateia na sua grande maio ria de psicólogos já formados Falar da formação hoje para eles porque vocês têm um papel muito importante dentro de uma das competências que é a educação permanente Vocês recebem nos seus locais de trabalho o estagiário em Psicologia muitos de vocês recebem e é da competência de vocês auxiliarem nesta formação Eu falei assim Deve fazer algum sentido a minha fala na reflexão da formação acadêmica do psicólogo para quem já está atuando e pensando aí o perfil desse profis sional hoje com essas mudanças todas que come çamos a discutir na primeira Mesa de hoje Foquei me voltei mais para minha realidade vivida que é a Universidade Metodista o perfil so cioeconômico do aluno de Psicologia E se formos buscar em dados no iNEP instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira quem é o aluno de Psicologia não difere muito tem diferenças sim de regiões mas tem elementos que são muito comuns Nós temos uma série histórica nós temos esse perfil o curso tem mais de 30 anos esse perfil é estudado e considerado desde 1989 e eu fiz um recorte entre 2000 a 2014 Então o que percebemos Que é uma população na sua gran de maioria feminina 85 analisando essa série histórica Esta universidade está aqui na região do ABC varia de 75 a 85 feminina e muito jovem O ingresso no curso de 25 a 35 deles têm 17 anos Em 2004 nós tivemos o maior ingresso do mascu lino foi um percentual mais alto e na faixa etária também aí perdão eu me equivoquei na informa ção Em 2004 nós tivemos um percentual mais alto da faixa etária 20 a 23 anos depois ela permanece com 22 a 30 nessa faixa etária De 2000 a 2014 mais de 85 dos alunos são solteiros até em fun ção de muito jovens iniciarem o curso bem jovens Em 2000 nós tínhamos 34 dos alunos vindo de escolas particulares e 29 de escolas públicas Em 2006 iniciase um processo de inversão desse quadro Começa a aumentar o percentual de alu nos vindos de escolas públicas e hoje em média são 60 dos nossos alunos vindos de escolas pú blicas Agora interessante que independentemen te do tipo de escola a maioria deles frequenta o período diurno isso é um dado interessante Ape nas uma pequena quantidade dos ingressantes fez curso prévestibular É o aluno que sai do colegial e já entra no curso de Psicologia Além disso his toricamente a maioria busca o curso de Psicologia por considerar ser aquele que mais atenderia aos seus anseios e aptidões incluindo a possibilidade de contribuir para melhoria das condições de vida das pessoas Veja que já vão buscar pensando no profissional não é na pesquisa não é na ampliação de conhecimento mas esse perfil tem uma percep ção que ao se formar ele estaria entrando para o mercado de trabalho Perdão eu me adiantei No primeiro são anseios e aptidões e também a pos sibilidade de contribuir para a melhoria das condi ções de vida das pessoas e ao mesmo tempo por que ele busca um curso superior Com desejo de ter melhores chances de conseguir um emprego com remuneração porque estão recebendo uma formação profissional para o trabalho Finalmente a origem do recurso financeiro em 2000 mais de 50 dos alunos contavam com a renda familiar como forma de pagamento do curso A instituição que eu estou é uma instituição con fessional mas é uma instituição particular Entre 2004 até hoje o que vamos percebendo é cada vez maior o número de ingressantes que depende rão da renda do próprio trabalho de bolsas de di versas origens como o ProUni bolsa social e prin cipalmente o FiES O que percebemos ali na região do ABC é um empobrecimento da população e um aumento do número do aluno trabalhador Podese perceber ao longo desses 14 anos um empobrecimento desses alunos sendo que em Podese perceber ao longo desses 14 anos um empobrecimento desses alunos sendo que em 2004 foi o ano com menor média de renda familiar cresceu sensivelmente em 2008 e de 2008 até 2014 o que percebemos é uma diminuição nesta renda 38 2004 foi o ano com menor média de renda fami liar cresceu sensivelmente em 2008 e de 2008 até 2014 o que percebemos é uma diminuição nesta renda Este é o perfil do aluno que nós temos den tro do curso de Psicologia na Universidade Meto dista mas que não é tão distinto de outras institui ções particulares de ensino E ali estamos numa região que quem olha diz assim Que maravilha cheia de trabalho cheia de grandes corporações de grandes empresas Em presas em que o nosso aluno poderia fazer o seu estágio trabalhando a sua prática só que não como o adolescente diz e nós tivemos sim até o ano de 2000 um número bastante grande e temos até hoje um número bastante grande de estágios não curriculares o estágio do psicólogo do estu dante de Psicologia na área de RH nessas gran des corporações O que sentíamos enquanto for mação Primeiro que a estrutura e política interna dessas corporações não permitem e não possibili tam concretamente o estágio curricular Para eles é muito difícil conceder a um ser quatro horas por dia uma vez por semana dentro do seu espaço de trabalho opa Como Foge aos padrões que eles têm estabelecidos Além disso esse sujeito assim como psicólogos de muitas dessas organizações não tem acesso ao todo da organização Normal mente eles ficam circunscritos à área de RH ou a uma área determinada pelo estágio Está com pro blemas em Compras você vai ficar em Compras E isso não servia não atendia ao nosso propósito ao nosso anseio de formação Além disso também dificultava o exercício do papel profissional porque esse aluno não pode jamais participar de uma reu nião de diretoria nem pensar entrar numa negocia ção com o sindicato nem sonhar em visitar algumas áreas em desenvolvimento Ou seja ele não conhe ce ele não tem a possibilidade de conhecer essa organização por inteiro Nós começamos a pensar como é que fazemos e o aluno que trabalhava nes sas organizações ou estagiava não conseguia dar conta de algumas tarefas que eram exigências da formação O tempo dele era todinho consumido para o trabalho ali específico da área da qual ele estava contratado como estagiário e pouco tempo sobrava E o trabalho que ele fazia como estagiário era um trabalho muito mais burocrático do que um trabalho efetivo do papel que entendemos que seja o papel do psicólogo nas organizações E com isso conseguimos ampliar a possibi lidade de atuação desse aluno e também ampliar as competências habilidades e possibilidades de atuação profissional Hoje eu tenho alunos que estão nos mais diferentes lugares de trabalho in clusive estagiando no trabalho informal Vou falar rapidamente porque acho que o mais importante são as questões que venho ob servando nesse processo de formação e que elas não são muito diferentes do que a professora Thais nos traz Então no 9º semestre esse alu no trabalha na elaboração do diagnóstico do local onde ele está A abordagem é realizada por três supervisores e como nós trabalhamos na gradua ção muitas vezes percebemos que o aluno já vem com um conhecimento com desejo de trabalhar com abordagens mais qualitativas E isso é possibilitado desde que haja coerência com o método que ele está usando e o ferramental que ele vai usar até o aluno que gostaria de trabalhar dentro de uma abordagem mais quantitativa Então na graduação esse leque tem que ser oferecido e respeitado na formação No 9º semestre ele faz e discute diagnóstico apresenta alguns caminhos de cide junto com a organização e elabora uma propos ta e um plano de intervenção que faz até o final do ano com os devidos relatos e relatórios Agora nem tudo são flores óbvio mas o que sinto é que como vivi um primeiro momento e estou vivendo este os ganhos têm sido maiores apesar de ainda não ser o modelo que considero pronto bem delineado pois temos muitos equívocos ainda precisamos conver sar mas já é um caminho que amplia a compreensão e visão do aluno a respeito do papel do psicólogo sobre os espaços de atuação desse psicólogo das questões da ética que você se depara E uma com petência que acredito ter desenvolvido muito é o trabalho com a questão das relações de poder nas organizações de trabalho identificar pessoas chaves e saber adequar o seu discurso além de negociar questões como pano de fundo são fundamentais nesse exercício e não só mas ainda temos muitos pecados e temos que ajo elhar no milho para pagálos Então o aluno quando chega não gosta Até hoje penso que agora com o fórum de apresentação dos trabalhos isso vai mudar E uma competência que acredito ter desenvolvido muito é o trabalho com a questão das relações de poder nas organizações de trabalho CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 39 não não muda gente Ampliou um pouquinho Antes a negação era maior mas até hoje muitos alunos dizem não gostar da área organizacional e do trabalho De fato é uma área muito difícil de atuação Todos nós sabemos que é por várias razões porém é uma área que é muito rica em discussões da existência huma na E um dos elementos que dificultam a compreen são do aluno da importância do trabalho do psicólogo nessa área ainda é a dicotomia entre uma Psicologia Clínica e uma Psicologia outra clínica mas nos mol des tradicionais É uma questão não resolvida Ainda vamos precisar levar mais um tempo discutindo essa questão da divisão e da atuação desse profissional que quando está na clínica é interessante porque conversando e dialogando com outros colegas que trabalham já numa visão mais ampliada fora das em presas mas com a questão da Psicologia do Traba lho que me dizem Fátima a psicóloga que atua aqui nessa área da saúde ela não consegue fazer o nexo da doença com a questão laboral Ela não enxerga ela não consegue contextualizar o diagnóstico que está vindo a queixa que está vindo aliás é como se o trabalho não existisse não fizesse parte do contexto E acho que é um outro viés da formação da Psicolo gia que é de se pensar na compreensão do humano só a partir das questões familiares Os conflitos toda a questão das angustias da subjetividade aprendemos a olhar como uma ques tão da família e não do trabalho Eu ainda sinto falta Crescemos muito em abordagens teóricas em pes quisa na área do trabalho mas ainda sinto falta de algo que dê um suporte para essa mudança ou para essa inteireza da Psicologia Eu não sei se isso vai ser possível mas pelo menos já se começa a falar sobre isso Eu posso falar dessa divisão ok Uma outra questão é a dificuldade do aluno de compreender o significado de ser psicólogo antes do ser psicólogo organizacional e do trabalho o psicólo go clínico A Thais passa por essa questão a impor tância de você trabalhar com esse compromisso da Psicologia do psicólogo não estou negando a área de aplicação não é isso é que tem um antes que eu sinto que na formação isso não é muito bem alinha do muito bem coordenado Eu sinto no último ano Falei da busca pelo estágio que é feita pelo aluno Ele é quem sai a campo É quem vai ven der a sua proposta de estágio entre aspas e como não são empresas muito estruturadas ele fala com quem Ele fala com o dono o tomador de decisão Ele tem a possibilidade de dizer a esse sujeito a que veio o psicólogo E esse é o primei ro susto que 99 eu posso garantir para vocês das pequenas empresas e que têm o faturamento que podem ser consideradas de médio porte As empresas os gestores desconhecem o papel do psicólogo nas organizações Então as piadinhas são muitas inúmeras Aqui não tem nenhum lou co não preciso desse tipo de trabalho Mas o que você vai fazer aqui Aqui só tem máquina você vai fazer o que aqui Eu não tenho divã então há sim um desconhecimento do papel e isso fragiliza um pouco o aluno que fica inseguro se já não vem gostando da área o sujeito diz que não tem es paço para ele ali O início do estágio não é fácil é muito difícil para dar o suporte a esse aluno e ao mesmo tempo leválo a refletir que esse proces so é um processo muito rico para a formação dele É como você convencer esquimó a comprar gelo mas é um processo dificílimo e importante Hoje eu entendo esse processo como um dos aspec tos mais importantes da supervisão porque nem o aluno sabe qual é o papel dele na organização Então é o momento onde ele vai ter que buscar articular todo o conhecimento que ele aprendeu para dar conta daquele momento da prática onde ele não é o estagiário circunscrito numa mesinha analisando currículos Ele está ali representando uma categoria e tendo que dizer ao que veio E isto é muito interessante porque alguns voltam se preparam e retornam com aquele que disse Não e recebem um Sim isso para mim é fantástico Eu só tenho mais um minuto mas vou ten tar dar um fechamento Esse momento acho que é rico para as duas partes Estamos cumprindo dois papéis e ao falar com o dono proprietário sócio majoritário gerente geral ele já estabelece um vínculo em que em outro modelo ele não con seguiria tentar influenciar no sentido da origem da palavra influência tentar influenciar esse sujeito para compreender que a proposta que ele tem é uma proposta pelo menos o princípio é bom Acho que me lembra muito o modelo fenomenológico de pesquisa que não começa por um princípio ruim e sim por um princípio bom O princípio é bom Crescemos muito em abordagens teóricas em pesquisa na área do trabalho mas ainda sinto falta de algo que dê um suporte para essa mudança ou para essa inteireza da Psicologia 40 Há sim uma dificuldade na aplicação e cor relação dos conhecimentos já adquiridos ao lon go do curso no universo do trabalho assim como vocês que estão atuando na organização mui tas vezes alguns que estão iniciando não con seguem fazer essa articulação têm dificuldades em fazer essa articulação A visão tecnicista imediatista presente no dia a dia das organizações e é interessan te porque como ele não tem vínculo consegue dizer claramente para o dono Calma o senhor tem que ter paciência o tempo do homem não é o tempo da máquina e ele vai mostrando que para que você faça uma leitura compreensiva da organização para que de fato você vá além daquilo que se já compreende você precisa que as pessoas estabeleçam um vínculo de con fiança com você para que seja uma fala autên tica E nesse diálogo vai ampliando a relação de confiança Há sim uma dificuldade em ler no trabalho o significado da existência humana Acho que já falei disso como se a existência humana só fosse capaz de ser lida num outro âmbito que não a do trabalho e uma dificuldade grande em atuar inter e multi profissionalmente isso também acontece nesse percurso e é tra balhado em supervisão porque muitos de nós ainda pensamos o trabalho com as referências do século passado Hoje coincidentemente quando cheguei aqui estava tocando a música E o tempo passou na janela só Carolina não viu A música traz para nós que a vida passa célere e afoita pela janela e muitas vezes o psicólogo não a vê e fica mais di fícil você começar um trabalho de uma compreen são mais abrangente do que aquela segmentada pelas áreas de atuação Uma das questões que eu coloco para os alunos que no começo eles se assustam Mas depois ficam sem saber muito bem o que eu estou dizendo Depois eles até se sentem um pouco mais tranquilos porque são eles que vão ter que fazer Há muito o que se fazer nessa área O modelo de atuação do passado já vimos que não atende porém ainda não se tem outro pronto então estamos em processo de cons trução O que não dá é negar Acho que há dife renças e divergências Temos que explicitálas para conseguirmos ultrapassar essas dificulda des E à medida que esse aluno vai caminhando pelo processo de estágio aos poucos ganhando confiança e percebendo Percebo na minha re alidade conversando com outros supervisores e outras escolas há uma convergência aqui no Estado de São Paulo Não fiz nenhuma pesqui sa científica para me valer dessa informação mas sinto nos nossos alunos uma autoestima extremamente baixa como se eles não fossem capazes de nada como se não tivessem con dições de estar nessa condição de estágio e solto ainda do jeito que está porque ainda não está numa área específica e à medida que acre dita que vai ganhando confiança conseguindo puxar da memória uma série de concepções de conceitos que ele tem vai ganhando uma outra postura até física e até de vestimenta Percebemos essa mudança no aluno Que também passa a perceber a área organizacional e do trabalho como um espaço de possibilida des e não a possibilidade de aplicação de alguns conceitos a partir de um roteiro prédefinido Percebem também pela diversidade de espaço de atuação Tenho alunos atuando em hospitais em atendimento de emergência ONGs pequenas médias e grandes até na metalurgia e nos empre gos de farol E fechando mesmo as atividades exercidas que percebemos com menor frequência são aque las voltadas para a saúde do trabalhador e a com preensão do trabalhador como um ser integrado São as mais difíceis de atuarmos Há muito o que se fazer nessa área O modelo de atuação do passado já vimos que não atende porém ainda não se tem outro pronto então estamos em processo de construção as atividades exercidas que percebemos com menor frequência são aquelas voltadas para a saúde do trabalhador e a compreensão do trabalhador como um ser integrado São as mais difíceis de atuarmos CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 41 Debates Maria Emília Lopuff dos Santos Bom vamos às questões quem ainda tiver alguma questão pode se pronunciar e quem tiver por escrito também e quiser passar pode encaminhar por favor Diego Bom dia Professora Fátima e Professora Thais A minha pergunta tem a ver com a mesa de identidade Profissional Aproveito para falar um pouco sobre multiprofissionalidade Atuo den tro do departamento de Saúde no município onde moro com foco na Atenção Básica e no Departa mento de Ação Social com medidas Socioeducati vas também Onde moro tem uma escola técnica do Centro Paula Souza Etec que vai oferecer a partir do ano que vem 40 vagas via acesso de vestibulinho para o curso técnico de Recursos Humanos Tenho percebido um aumento nessa oferta específica para técnico em Recursos Hu manos A minha pergunta é Quem é esse perso nagem e qual a sua relevância para a Psicologia Organizacional e do Trabalho Thais Zerbini É extremamente importante a dis cussão da questão da formação em técnico em Recursos Humanos especialista em Recursos Humanos especialista em Psicologia Organiza cional Existem muitos cursos de especialização MBA em Gestão Estratégica de Pessoas enfim o que vejo é que existe uma oferta muito grande de cursos nesse sentido e quando se analisa cursos dessa natureza se vê o repasse de informações de conhecimentos extremamente ferramentais ex tremamente prontos não personalizado Então in dependentemente isso na minha opinião se você for no nível técnico se atua no nível de gestão se é um recémformado enfim a formação precisa passar por um processo de formação em gestão e de discussão de outras relações contextuais como as relações de poder de autonomia e estra tégia Caso contrário você pode aprender diversas técnicas que você vai ser capaz de personalizar e aplicar isso para as demandas específicas daquela situação Então o que estou dizendo é que não dá para fugir como qualquer outra área da Psicologia e qualquer ciência que venhamos fazer da área de pesquisa e de ensino nós temos que sair um pouco da questão prescritiva Faça isso Aplique isso As sine dessa forma e desenvolver mais questões de metacognição mesmo E como consigo identificar a demanda Como consigo identificar em que fase ou em que nível agir As ferramentas estão nos livros Temos vários autores internacionais e na cionais que desenvolvem livros infelizmente com base em muitos modismos mas a pessoa pega aquele ferramental e não consegue atender as de mandas da instituição e a área continua caindo no descrédito E então como aplicar um processo de seleção por exemplo de recrutamento e seleção numa ONG em que se envolve voluntariado Como vou desenvolver ações de treinamento e desenvol vimento em educação numa organização de saú de Como vou envolver médicos enfermeiros etc Independentemente do nome que se dê penso que o profissional de Psicologia tem que personalizar as suas intervenções e não só ser um replicador de instrumental de procedimentos que infelizmente é isso que nos é demandado porque os consumidores são críticos eles não sabem o que o psicólogo organizacional é capaz de fazer 42 Você tem que personalizar o que se tem de co nhecimento o que se tem de teoria nesses casos independentemente do nível de atuação há muito que se contribuir para essa área Não gosto mui to do termo recursos humanos sendo sincera Porque se aproxima muito de recursos financeiros materiais E o trabalhador o ser humano é um ser único integral independentemente do nome que se dê penso que o profissional de Psicologia tem que personalizar as suas intervenções e não só ser um replicador de instrumental de procedimen tos que infelizmente é isso que nos é demanda do porque os consumidores são críticos eles não sabem o que o psicólogo organizacional é capaz de fazer Então o que eu costumo dizer Deslizes éticos do psicólogo organizacional principalmen te pessoas recémformadas são consequências muitas vezes da ausência de conhecimento eles não cometem deslizes éticos e nem atuam de for ma inadequada por qualquer outro motivo E sim por ausência de conhecimento A formação nesse caso é muito importante e até mesmo os cursos técnicos especialização os meus alunos dizem Professora eu vou fazer um curso de MBA em Gestão de Pessoas E digo O que você quer Porque nesses cursos vaise discutir o ferramen tal vão trazer estudos de caso eles vão pedir que identifique bem o que você quer Não deu tempo de eu falar muito na apresentação mas como qualquer outra área da Psicologia a organizacio nal e do trabalho ela tem que estar diretamente vinculada a uma formação constante e ao acom panhamento de resultados de pesquisas para isso Fátima Aparecida Pighinelli Ázar Acho que não vamos ter tempo para discutir o que vou dizer mas vou dizer Não pode esquecer que a Psicologia tem uma parte que é ciência e a outra parte que é a aplicada Sinto que muitas vezes negligenciamos a discussão da aplicação Precisamos começar a trabalhar melhor esses espaços de discussão Fa lando sobre o seu comentário do tecnólogo dei aula para cursos de tecnólogo e a minha amiga irmã é coordenadora de um curso de tecnólogo e temos altas brigas no bom sentido Um dia ela fez a seguinte pergunta Por que você acha que sur giram cursos de tecnólogos em RH Sem saber a resposta fui tentar descobrir o motivo O curso de tecnólogo veio como uma proposição para atender a uma demanda de mercado que era a da mão de obra técnica E ele foi pensado para o sujeito que não teve a possibilidade de fazer a graduação na idade que se espera que se faça o curso Era es perado um perfil mais velho de alunos já atuantes e que não têm um referencial para poder melhorar a sua prática Foi assim que o curso de tecnólogo surgiu No entanto tenho o perfil dos tecnólogos pois trabalho na área de avaliação institucional Dessa forma acabo tendo essas informações nu méricas e a faixa etária do aluno de tecnólogo que hoje é a mesma da graduação entre 17 e 18 anos O aluno faz um curso de dois anos e consegue emprego na área de RH Nessas empresas onde o meu aluno vai estagiar muitas vezes é apenas uma pessoa que está no DP fazendo todos os sub sistemas da empresa de cargos salários e benefí cios quando muito tem um auxiliar A empresa re cebe o meu aluno de braços abertos diferente do psicólogo da área de RH No caso do tecnólogo a empresa recebe o meu aluno sem medo de concor rência ciente de que o aluno vai contribuir porque ele não dá conta nem pelo curso que ele fez nem pela prática que ele tem Acho que deveríamos ter mais tempo para discutir essas questões mas acho que temos que olhar também para a questão da aplicação A aplicação não se faz sem a pes quisa sem a construção do conhecimento mas a Psicologia é as duas coisas hoje no Brasil Maria Emília Lopuff dos Santos Bom eu vou jun tar duas perguntas que vieram da plateia uma sem identificação e a outra é de Roseli Pinesi A primei ra pergunta interferir na organização do trabalho não seria papel ou competência do administrador ou do gestor e para dar um exemplo diz Se existe a identificação de uma violência moral no trabalho e o gestor sabe mas afirma que isso não existe na sua área como o psicólogo deve inter ferir se muitas vezes ele não tem autonomia E a Roseli pergunta A autonomia do psicólogo que nós temos citado aqui desde cedo é atribuída pela empresa É pela organização ou é conquistada pelo psicólogo É responsabilidade da empresa ter conhecimento do nosso papel na organização Thais Zerbini Nós somos gestores também Esse é o desafio O psicólogo em qualquer área em que ele decida atuar a tendência é que nós precisamos cada vez mais tomar lugares de gestão e de tomadores de decisão CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 43 Nós somos gestores também Esse é o desafio O psicólogo em qualquer área que ele decida atuar a tendência é que nós precisamos cada vez mais to mar lugares de gestão e de tomadores de decisão Se nós não conseguirmos chegar no nível de ges tão dificilmente nós conseguimos contribuir com a elaboração de diretrizes e de políticas para as organizações Até mesmo fora de contextos cor porativos Quando falamos de políticas públicas do trabalhador por exemplo temos que ter um papel importante Qual é o problema disso que nós fala mos aqui nesta mesa Nos cursos de Psicologia muitas vezes não existem disciplinas não existem orientações voltadas para a gestão então os es tudantes de graduação têm uma formação teóri ca técnica e a gestão não faz parte dessa grade curricular o que gera uma maior responsabilidade para estágios São poucos os alunos que fazem estágios em organizações para entender as difi culdades de gestão A Professora Fátima trouxe dados muito interessantes em relação a isso A questão da autonomia eu vejo pelos dois lados a organização tem que ter conhecimento sobre as competências de um egresso em Psicologia da mesma forma que os psicólogos também precisam demonstrar conhecimento Por isso que falo da questão da tolerância Sobre isso meus alunos di zem O que você fala temos que tratar da prática da aplicação Recebo demandas para dar treina mento para ontem Tenho que selecionar pessoas em uma semana Respondo Olha as coisas não vão mudar realmente numa organização principal mente a organização que é mais autocrática e que tem mais centralização O que sempre comento é O impedimento de fazer naquele momento não é justificativa para não fazer Então o que costu mo orientar aos meus alunos é em investir na sua formação e aos poucos ir sugerindo alterações Então se criar memória organizacional se você fez aquele processo seletivo naquele momento mas no relatório que você entregou numa determinada reunião você fala Porém a minha sugestão é fa zer determinadas alterações não se faz as ações educacionais Estou oferecendo ação educacio nal demandada contudo existem outras formas de se discutir essa oferta em ações educacionais Se deixar registrado de qualquer forma ou por es crito ou por fala e olhar demora mesmo Depen dendo das organizações para se alterar o modelo de gestão que está diretamente relacionado aos aspectos culturais e políticos demora anos não são nem meses Então realmente o que eu quero dizer é não se cobrem tanto e não vamos cair para o outro lado que é se culpabilizar por tudo A orga nização tem que dar uma contrapartida em termos de investimento em formação dessas pessoas Os pesquisadores professores e profissionais têm que fazer iniciativas no sentido de ofertar essa for mação e aos poucos as pessoas que trabalham nessa área assumirem poderes maiores cargos de tomada de decisões isso só com o conhecimen to senão vira quem bate mais forte na mesa é um argumento que não funciona Vejo as duas partes envolvidas mas nós temos que ficar atentos para formação nesse sentido e de novo reforçando somos gestores especialistas transformadores consultores internos e externos e técnicos tam bém com muito orgulho mas temos que nos posi cionar em relação a esse aspecto principalmente na questão de organização e trabalho Maria Emília Lopuff dos Santos Só complementando Antes de discutirmos so bre a empresa reconhecer ou nos dar valor etc ou saber qual é o nosso papel temos que saber qual é o nosso papel Acho que nós vamos pas sar isso para a empresa e organizações no dia a dia se conseguirmos reconhecer o nosso pa pel Termos consciência da importância do nosso trabalho da abrangência do nosso serviço para a organização e com as nossas práticas conse guir mostrar e trazer essa consciência para a or ganização Se for esperar a consciência vir dela eu diria que vamos morrer na praia Temos que primeiro reconhecermos nós mesmos e a Psico logia o CRP e acho que esse evento mostra isso esse reconhecimento e esse apoio para essa nossa área mas nós internamente temos que reconhecer também para daí podermos buscar isso e mostrar isso para a sociedade Uma pergunta que veio pela internet da Camila Garcia Zanka que gostaria de discutir o posicio namento do CRP e da categoria dos psicólogos do trabalho e organizacionais quanto às exigên cias da experiência profissional apresentada nos editais de concursos públicos para a psicóloga Antes de discutirmos sobre a empresa reconhecer ou nos dar valor etc ou saber qual é o nosso papel temos que saber qual é o nosso papel 44 organizacional A Camila dá um exemplo que re centemente a banca de contratação para o car go do Hospital Escola da Universidade de São Carlos não considerou como experiência profis sional atuações de seus candidatos registrados em carteira como técnico administrativo ou con sultor mesmo em relação às atividades empe nhadas indo ao encontro do Conselho Federal de Psicologia e da literatura brasileira Ela diz Sabemos que boa parte dos psicólogos organi zacionais não são registrados como tal ou são prestadores de serviços em consultorias Em seguida pergunta As bancas de concursos não deveriam refletir essa realidade já apontada por levantamentos de autores respeitados na área Que debate devemos articular para repensar tal condição nos concursos Camila parabeniza o CRP e os palestrantes pela iniciativa Fátima Aparecida Pighinelli Ázar Eu não sei nem o que responder Honestamente não sei mas en tendo que é uma questão que deve ser trazida no CRP mesmo para uma discussão porque você não considerar a experiência em carteira a não ser que seja contrário àquilo que o Edital está pedindo en quanto experiência se não for não tem o porquê de não ser considerado Thais Zerbini Penso sobre isso Já acompanhei outros casos e aqui a Camila traz um caso muito específico Não pode levar esse caso específico mas a questão está muito ligada também ao mercado de trabalho É o que as organizações realmente não sabem Não dominam quais são as competências de um psicólogo organizacio nal e do trabalho Aliás até pouco tempo há uns dez ou 15 anos não havia em concursos públicos vagas específi cas para psicólogos organizacionais do trabalho Se tinha para psicólogo que o candidato entra va dentro das organizações e fazia trabalhos da área fim da área meio enfim Conheci uma pessoa que foi contratada como psicóloga num hospital e tinha que fazer tudo serviço de ges tão de pessoas ela tinha de atender familiares pacientes isso vem mudando com publicações com o aumento de pesquisas alguns editais já vêm detalhando as competências específicas do psicólogo organizacional e do trabalho principal mente na área de docência Uma outra coisa im portante também é verificar o que a organização demanda o desenho do trabalho É o modelo lógico a organização precisa de um psicólogo para atuar em quais tarefas Em quais contex tos É somente desta forma que ela consegue desenhar o Edital Se é Psicologia Organizacional e do Trabalho quais são as competências que aquele indivíduo vai desenvolver Já vi Editais com orientações determinadas para Psicologia com orientações puramente da administração o que dificulta também Vamos pegar a formação a estrutura curricular de um curso de Psicologia as vantagens que temos que é uma excelente formação metodológica por exemplo além de uma competente formação em Psicologia da Educação em aprendizagem humana Por outro lado temos um certo asco digamos assim à questão de gestão de poder Na administração dificilmente eles conseguem investir na forma ção de aprendizagem individual nas questões individuais só que eles nos trazem muita con tribuição na questão de gestão Tudo isso tem que ser levado em conta pelas organizações que abrem vagas e desenvolvem os Editais na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho e têm que ser específicas talvez nesse caso eles que riam psicólogos mais para área fim para área de atendimento aos familiares enfim aos pacien tes Vale para Camila ela foi minha aluna na USP de Ribeirão discutir isso com o CRP e verificar mas isso vem mudando Os Editais vêm trazen do itens mais detalhados do que é a POT como área de conhecimento incluindo tudo a Psicolo gia do Trabalho saúde do trabalhador qualidade de vida do trabalho emprego e desemprego na Psicologia Organizacional não se trabalha não se consegue atuar com essa cisão teórica A Psi cologia do Trabalho ajuda muito a organizacio nal a Organizacional ajuda muito a Psicologia do Trabalho essas duas áreas ajudam muito quem atua na área de gestão de pessoas então é co meçar por aí mas acho que isso vem mudando bastante nos últimos dez anos nos editais de concurso público para psicólogo organizacional Só de ter o nome organizacional já conquista mos um avanço muito grande Conheci uma pessoa que foi contratada como psicóloga num hospital e tinha que fazer tudo serviço de gestão de pessoas ela tinha de atender familiares pacientes CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 45 Identificando as Diferentes Formas de Violência no Trabalho Hely Aparecida Zavattaro Maria das Graças Mazarin de Araújo Abertura Tarde Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná em 1984 com habilitação em Psicologia Organizacional Clínica e Educacional Também é consultora na área de Desenvolvimento Organizacional desde 1989 Docente em cursos de graduação e pósgraduação e pesquisadora na área de Gestão de Pessoas desde 1987 É especialista em Administração de Recursos Humanos pelo Centro de Estudos Superiores de Londrina CESULON em 1988 Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Estadual de Londrina UEL em 1991 e Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela UEL Mestre em Psicologia Social e do Trabalho pela USP em 1999 Conselheira e Coordenadora do Núcleo de Psicologia Organizacional e do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo CRP 06 Obrigada pela presença de vocês e por todos aqueles também que estão nos assistindo pela internet Vou falar também em nome do núcleo Te mos um grande prazer em dar continuidade a esse evento com duas Mesas Tivemos pela manhã uma diversidade de apresentações e muitos acessos pela transmissão online E agora tenho uma gra ta satisfação em apresentar sobre um tema que é de altíssima relevância também importantíssimo na discussão do psicólogo ligado ao contexto do trabalho que é identificando Diferentes Formas de Trabalho Conto com uma segunda grata satis fação de trazer à Mesa o Professor José Roberto Heloani e o Professor Eduardo Pinto e Silva José Roberto Heloani Psicólogo pela Pon tifícia Universidade Católica de São Paulo PUC SP Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo USP É professor Titular da Universidade Estadual de Campinas UNiCAMP também é con veniado junto à Université Paris LivreDocente em Teoria das Organizações na UNiCAMP Pós Doutorado em Comunicação pela USP Doutor em Psicologia pela PUC Mestre em Administração pela Fundação Getulio Vargas FGV pesquisador na área de Assédio MoralSexual e Ética Laboral Membro fundador do site wwwassediomoralorg então convido a fazer parte da mesa O professor Eduardo Pinto e Silva tem gradu ação em Psicologia pela PUC de São Paulo Mestre e Doutor em Educação pela UNiCAMP PósDou torado pelo Programa de Políticas Públicas e For mação Humana pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ Professor do Departamento de Educação e Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos UFSCar Membro dos grupos de pesquisa Tra balho Docente na Educação Superior pela UERJ e Núcleo de Estudos Trabalho Saúde e Subjetivida de pela UNiCAMP Desenvolve a pesquisa Traba lho e subjetividade do professor na expansão da universidade pública Convido então o Professor Eduardo Pinto e Silva a fazer parte da mesa Professor Eduardo fique à vontade Unica mente vou controlar um pouco do tempo com aviso cinco minutos antes de terminar a fala de vocês Em tempo reiniciamos os trabalhos e gos taria de chamar a Hely Aparecida para coordenar a próxima atividade 46 Eduardo Pinto e Silva Graduação em Psicologia PUCSP Mestre e Doutor em Educação UNICAMP PósDoutorado pelo Programa de Políticas Públicas e Formação Humana UERJ Professor do Departamento de Educação e Programa de PósGraduação em Educação UFSCar Membro dos grupos de pesquisa Trabalho Docente na Educação Superior UERJ e Núcleo de Estudos Trabalho Saúde e Subjetividade UNICAMP Desenvolve a pesquisa Trabalho e subjetividade do professor na expansão da universidade pública Boa tarde a todos É um prazer estar aqui no CRP para poder discutir essa questão tanto problemá tica e tão difícil de ser debelada que é a questão da violência no trabalho A Cabanagem ou corpo de trabalhadores no GrãoPará na História do Brasil era um movimen to de resistência à escravização a uma legislação uma violência jurídica que permitia que o Estado usasse o trabalho indígena em condições de es cravidão no GrãoPará teve a revolta dos indíge nas e nessa revolta eles foram considerados vio lentos e isso justifica a violência do Estado é um dos movimentos conhecidos da História do Brasil Nessa revolta foram dizimados aproximadamen te 20 mil indígenas além de 30 a 40 mil pessoas mortas numa época em que a província do Grão Pará tinha 100 mil trabalhadores A violência é histórica concreta Tem suas formas atuais como no assédio moral tem efeito sobre subjetividade e na sua versão atualizada Está muito relacionada com a questão da hiper produção de um sistema gerencial que estabelece a todo momento metas e resultados a se cumprir dentro daquilo que o Gaulejac chama de quan tofrenia ou doença da medida onde o trabalho passa a ser a todo momento quantificado e mui tas vezes por critérios que são exógenos ao tra balhador ou aquilo que o Dejours chama de o real do trabalho Como no trabalho dos professores universitários não precisa enquanto é necessário nas empresas de um modo geral Quer dizer tenho amigos que não têm nada a ver com Psicologia mas eu fico brincando às vezes Metas metas qualidade gestão daí todo mundo sente no dia a dia um pouco essa pressão por resultados e muitas vezes nosso desempenho sendo avaliado de uma forma que não é condizente como nós nos avaliamos Não acho que sou um bom professor se eu escrevi cinco artigos e equalizar um naquele ano os critérios são outros e são critérios quan titativos como se o que é qualitativo do trabalho pudesse ser mensurado Uma questão que acho que é fundamen tal para pensarmos a violência no trabalho ou o sofrimento no trabalho é a questão de que para além do problema da intensificação e precariza ção no trabalho que a literatura aponta como algo também em todas as categorias profissionais quer dizer e as novas tecnologias deveriam nos servir para dar mais tempo elas facilitam tanto elas economizam tanto o nosso tempo elas têm potencialmente mas parece que as novas ecolo gias nos prendem mais ainda ao trabalho e é mui to comum ouvirmos um pouco assim um relato Trabalho muito trabalho todo dia e estou sempre A violência é histórica concreta Tem suas formas atuais como no assédio moral tem efeito sobre subjetividade e na sua versão atualizada Trabalho muito trabalho todo dia e estou sempre com o sentimento de dívida com trabalho ainda a cumprir CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 47 com o sentimento de dívida com trabalho ainda a cumprir daí chega no fim de semana feriado fala mos Vou aproveitar esse feriadinho para colocar o meu trabalho em dia Os estudantes são assim os professores universitários são assim e várias categorias profissionais E acho que para além da questão da intensificação e da extensão do traba lho ele se estende para além dos períodos formais de forma de trabalho é a questão da perda do sen tido do trabalho As fotos do Sebastião Salgado que vão retratar também esse aspecto dessa relação dessa insocia bilidade entre violência no trabalho e violência social de um modo geral As fotos do Sebastião Salgado Outro exemplo de trabalho que inclusive te mos a questão da própria morte por exaustão é o trabalho do cortador de cana De um modo geral as violências são múlti plas muito difícil você falar é melhor e mais pru dente você falar em violências do que tentar de finir numa definição cabal o que seja a violência existem múltiplas formas o fenômeno da violên cia é tão diverso e polimorfo quanto são as suas determinações e conceituações é algo que passa pela história da humanidade e é necessário consi derarmos as suas múltiplas e vertentes especifici dades e aqui então vou estar falando um pouco partindo de um aspecto mais geral da violência so cial para depois entrar um pouco na questão da violência relacionada ao trabalho e em particular a violência simbólica e a violência psicológica Podemos pensar que existem singularidades múltiplas em torno das violências no trabalho con traditórias e históricas e elas não podem ser divorcia das de uma totalidade concreta na qual ela se insere da violência mais ampla inerente à própria civilização aí eu me remeto ao Freud na história da civilização ao Adorno e Horkheimer e às próprias configurações históricas das relações sociais de produção capita lista nesse aspecto convergem autores de perspec tivas distintas desde a Psicanálise pela teoria crítica até o materialismo histórico dialético Oliveira e Nunes tratam um pouco dessa questão da violência no trabalho mas eles pro põem o conceito de violência relacionada ao tra balho por quê Porque eles falam assim A vio lência não dá para ser pensada como se ela fosse uma coisa do trabalho o trabalho também não é um lócus privilegiado existe a potencialidade tam bém no trabalho de outras vivências que não da violência do sofrimento etc Eles argumentam em prol de um conceito de violências relacionadas ao trabalho É interessante porque eles vão con tar assim nesse sentido você consegue fazer um diagnóstico mais preciso da totalidade na qual se inserem essas violências que se dão no campo es pecífico do trabalho isso não quer dizer que não possamos falar da violência no trabalho e eu vou chegar lá quando falar um pouco da violência sim bólica e psicológica do trabalho no trabalho Existem então marcas da violência social do trabalho na história daí faço referência um pouco à obra do Engels a situação da classe trabalhadora na inglaterra no qual ele vai descrevendo toda a expulsão do campesinato nos primórdios da cons tituição do modo capitalista de trabalho e o livro vai mostrando as formas deletérias e insalubres das condições objetivas de moradia e trabalho Marx com a questão da violência e expropriação só sobre trabalho e Freud e Adorno que trazem a vio lência e a barbárie como uma marca permanente da história da civilização quer dizer a violência não é simplesmente uma disfuncionalidade ela está na origem do desenvolvimento da própria civilização A referência ao corpo de trabalhadores do Pará que eu já comentei um pouco o fruto de uma violência engendrada contra o movimento de resis tência dos indígenas ao poder das elites e à barbárie da ordem imperial movimento que foi escravizado estigmatizado e dizimado sob o eufemismo de que eram eles os indígenas os violentos e a violência na sua forma jurídica toda uma legislação que per mitia o Estado sequestrar pessoas para o trabalho forçado e conceder a sua exploração a particulares assim como existiu na época de Marx que também descreve a lei da vagabundagem o trabalhador que estivesse nas ruas era preso como não submissão ao trabalho exploratório e a legislação e o Estado então legitimando essa forma de sequestro Sobre as violências no trabalho e violências relacionadas ao trabalho os autores Oliveira e Nunes argumentam que podemos evitar alguns malentendidos provocados pelo uso de termos como violência do trabalho e violência no trabalho A violência não dá para ser pensada como se ela fosse uma coisa do trabalho o trabalho também não é um lócus privilegiado existe a potencialidade também no trabalho de outras vivências que não da violência do sofrimento etc 48 quando usamos o conceito de violências relacio nadas ao trabalho Eles argumentam que existe uma discussão teórica sobre a violência no traba lho que não a considere apriorística como lócus de violência e exclusão se faz necessária porque isso poderia levar a um diagnóstico mais preciso da totalidade das condições materiais e de vida dos trabalhadores na identificação das violências às quais são cotidianamente submetidos Trago também a questão do Dejours que é um autor clássico do estudo da saúde do adoeci mento no trabalho mas que tem um livro muito in teressante que é Banalização da injustiça Social Nesse livro Dejours mostra essa insociabilidade entre a discussão da violência social e a violência do ou no trabalho estabelecendo aí uma relação de influência mutua e recíproca Tem um trechinho do livro Banalização da injustiça Social onde ele trabalha essa questão inclusive dessa relação que se estabelece entre o social a violência a banalização do sofrimento e da injustiça social envolvendo tanto o trabalho como a esfera do não trabalho quer dizer sofri mento e injustiça as relações entre sofrimento e emprego mas ele argumenta Cumpre também pensar as relações entre sofrimento e trabalho As primeiras se referindo ao sofrimento dos que não têm trabalho e emprego e as últimas ao sofrimen to dos que continuam a trabalhar A banalização do mal então segundo Dejours repousa precisa mente sobre um processo de recursos recíprocos de umas pelas outras Oliveira e Nunes definem a violência relacio nada ao trabalho como uma ação voluntária de um indivíduo ou grupo contra o próprio indivíduo que venha causar danos envolvendo forma de priva ção infração de princípios fundamentais direitos trabalhistas E acho que quando vamos discutir também a questão da violência psicológica tam bém indo na contramão dos valores éticos e dos valores pessoais do trabalhador quando as tare fas passam a entrar em contradição e conflito com os próprios valores do sujeito a questão da per da do sentido do trabalho e a violência ao mesmo tempo psicológica e simbólica Essa violência relacionada ao trabalho está nas relações de trabalho na organização e condi ções de trabalho que podem também se demons trar como violências de resistências respostas às violências relacionadas ao trabalho Podemos lem brar dos Ludistas do clássico exemplo de Marx que quebravam as máquinas ou da própria revolta dos indígenas que eu fiz e a violência simbólica que envolve preconceitos e estigmas Um autor muito importante na questão da discussão da violência simbólica é Bourdieu que aponta a base da violência simbólica como arbitrá rio cultural e que esse poder simbólico coloca uma imposição de concepções e significações Bourdieu diz que a violência psicológica e o assédio moral no trabalho atingem a identida de do trabalhador e que ela se intensifica E que assédio moral é um fenômeno tão velho quanto o trabalho mas que se reatualiza e se intensifica no contexto do existencialismo e do que nosso colega da Mesa Roberto Heloani chama de au sência de saúde moral Em um quadrinho do dicionário psicodinâmi ca do trabalho do verbete violência do trabalho do Faria há o discurso expresso e a realidade Atingir metas o discurso expresso na realidade é pressão por resultados e daí vai Definir metas realidade metas as inatingíveis dedicação ao trabalho realidade excesso de trabalho compro metimento com a organização realidade longas jornadas de trabalho Toda questão da dissimula ção discursiva sendo contraposta à questão da realidade a lista é longa O Faria fez isso para mim e falei A palestra é identificação das vio lências do Trabalho está aí uma bela listinha para decorarmos e combater Adib traz uma caracterização da violência psicológica relacionando à produção de subjetivi dades acuadas São subjetividades paralisadas e não têm condições de transformar a organização do trabalho e isso nos remete a Dejours É muito interessante Dejours falando so bre a loucura do trabalho porque ele pega o caso do subproletariado no capítulo 1 e do tra balho repetitivo No primeiro caso é para expli No caso do subproletariado é a morte é a luta pela sobrevivência então tem uma ideologia da vergonha Não se fala da doença não porque se quer evitar a ansiedade da doença mas pelo risco real que a doença simboliza esse fracasso da luta pela sobrevivência CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 49 car o que é uma ideologia defensiva e daí ele fala o quanto que a ideologia defensiva tem por objetivo mascarar uma ansiedade muito grave e não uma defesa no sentido clássico freudiano contra um princípio psíquico é uma defesa con tra algo muito real No caso do subproletariado é a morte é a luta pela sobrevivência então tem uma ideologia da vergonha Não se fala da doença não porque se quer evitar a ansieda de da doença mas pelo risco real que a doença simboliza esse fracasso da luta pela sobrevi vência São pessoas que trabalham para comer que vivem o trabalho no seu cotidiano subem prego e não trabalho E aquele que não contri bui ou que não compartilha do uso da ideologia cedo ou tarde é excluído Dejours fala que o trabalho taylorizado é aquele que impede as operações da regulagem do binômio homemtrabalho e a liberdade de in venção Torna o trabalhador um corpo meramente instrumentalizado e despossuído de seu aparelho mental O sistema coloca o trabalhador em oposi ção aos outros deixandoo isolado Engendra divi sões entre os indivíduos que são confrontados um por um individualmente e na solidão às violências da produtividade Era um pouco por aí que eu queria falar As considerações finais e deixamos um tempinho maior para o debate e o José Roberto Heloani pode aprofundar a questão do assédio moral e do suicí dio Obrigado pela atenção 50 José Roberto Heloani Psicólogo PUCSP e Bacharel em Direito USP Professor Titular na UNICAMP Também é conveniado junto à Université Paris X Laboratoire Genre Travail et Mobilités Livre Docente em Teoria das Organizações UNICAMP PósDoutorado em Comunicação USP Doutor em Psicologia PUC Mestre em Administração FGV Pesquisador na área de Assédio MoralSexual e Ética Laboral Membro fundador do site wwwassediomoralorg Começo agradecendo e muito à Graça à Hely por essa oportunidade e pela coragem de trazer um assunto que muitas vezes até por ser espinho so por ser difícil de ser lidado é deixado de lado Quer dizer estou vendo amigos pessoas que gosto muito de muito tempo ainda tratar sobre racismo tratar sobre o trabalho é um assunto tabu por incrível que possa parecer Reclama mos muito falamos em demasia que a coisa está ruim que tem muita violência isso e aquilo mas na hora Ok vamos discutir sentemos à mesa não é Vamos ver o que é possível ser feito e não ser feito e mais do que isso cara pálida o que você está fazendo como cidadão e como profissional Daí muda Vamos deixar isso de lado afinal de contas isso aí é uma questão mais capitalista Bom nós viemos onde afinal de contas Nós exercemos o quê Vamos es perar a redentora Vai esperando a redentora Exige muitas vezes coragem E é um prazer es tar aqui de volta ao CRP porque fui durante duas gestões da comissão de direitos humanos do Conselho Regional de Psicologia Nesta sala dis cutíamos questões éticas de direitos humanos recordar situações difíceis muitas vezes porque é um trabalho difícil falar sobre direitos humanos discutir essa questão mas ao mesmo tempo para mim é algo que tem muito significado por que obviamente eu pude questionar do ponto de vista identitário o que é ser psicólogo do trabalho e é isso que eu quero discutir um pouquinho com vocês Minha formação é basicamente em Direi to e Psicologia como já falaram depois eu fiz Mestrado em Administração e daí segui carreira acadêmica Voltei às origens fiz doutorado em Psicologia enfim e hoje eu sou um pesquisador na área do trabalho e da saúde Estou ao lado da Hely que foi minha orientanda na especialização estou ao lado do Eduardo que hoje é meu ami go escrevemos e trabalhamos juntos estamos no NET Núcleo de Estudos e Trabalho e Saú de na UNiCAMP mas que eu fui coorientador no Mestrado e orientador no Doutorado isso é um prazer imenso para nós porque vemos que deu fruto apesar de que fazer uma carreira acadêmi ca no Brasil é muito difícil exige muito sacrifício você vai ter uma recompensa se tiver no fim da carreira Mas é bom quando você vê que os frutos foram bons quer dizer ter o Eduardo ao meu lado ter a Hely ao meu lado é motivo de orgulho no sentido positivo da palavra não de vaidade Quer dizer olha aqui tem gente boa fazendo tão bem ou melhor do que você Então isso mexe com o nosso ego e mexe principalmente com o nosso emocional Eu acho que é isso que vale a pena E por que eu estou colocando essa ques tão Porque quando eu vim para o CRP aqui eu me lembro que a discussão que sempre se colocava O que é possível fazer em relação ao trabalho sabemos que as organizações hoje em dia quei ramos ou não elas estão presentes em nós Mas eu não trabalho em organização Esquece você interage com ela o tempo todo você interage com Entender melhor esse mundo é condição sine qua non para você tentar mudar em alguma coisa Caso contrário você faz uma crítica histórica ineficaz ineficiente e às vezes burra que inclusive reforça o próprio sistema CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 51 uma organização até quando vai ao banco pagar uma conta Você interage com uma organização até quando você vai simplesmente reclamar de que a sua operadora de telefone não está fun cionando Você sente o capitalismo na pele não é verdade Você lida com a organização na sua escola Hoje salvo raríssimas exceções as es colas as universidades privadas são o quê São empresas cujo principal objetivo é lucro ponto fi nal Então você está lidando com gente o tempo todo queira ou não queira Entender melhor esse mundo é condição sine qua non para você tentar mudar em alguma coisa Caso contrário você faz uma crítica histórica ineficaz ineficiente e às ve zes burra que inclusive reforça o próprio sistema E essa discussão estamos vendo que gerou frutos Hoje nesse encontro tivemos outras questões tem dois núcleos que trabalham com essa ques tão que acho que temos que fazer as coisas jun tos já para começar a me posicionar não é dividir é somar o contrário não leva a nada E agradeço a vocês todos que seja um dos encontros dos muitos que teremos para discutir essa questão O Eduardo sabe muito bem Hoje é um grande espe cialista da discussão da Educação da gestão do adoecimento do docente Ele sabe como a própria universidade outrora lugar de vestais hoje em dia o quê Adotou em gênero número e grau o modelo gerencialista que tanto criticou durante décadas Acho que o CRP se preocupar de fato com essa questão é se preocupar não só com a questão da Psicologia stricto sensu mas das relações inter subjetivas dentro e fora das organizações ou seja é estar preocupado com a nossa saúde mental e com o sofrimento éticopolítico que é decorrente dessas dissoluções que acomete todo cidadão em qualquer idade independentemente de gênero independentemente de classe social independen temente de qualquer outra dimensão Quero começar a discutir estou preocupado com o tempo só para começar a pensar Acho que o professor Eduardo trouxe questões muito impor tantes inclusive históricas a Cabanagem A violência está presente a toda hora a todo momento em nós ela está aí se sairmos um pouco à noite for dar uma volta na Paulista pegar um cinema Veja bem a Paulista de jeito nenhum é a mais violenta das avenidas mas sempre tomamos cui dado A violência faz parte infelizmente da nossa sociedade Ela está aí só que essa violência pode ser naturalizada ou não Acho que aí é a discus são Como nós encaramos essa violência Como eu encaro um assalto Um estupro Como enca ro o que acontece dentro do trabalho As pesso as não são esquisso não dá para falar que o que acontece dentro do trabalho não repercute fora O que acontece fora repercute dentro do trabalho Falar em assédio moral sem falar em discrimina ção e humilhação não consigo Embora lide com isso há 17 anos ter um site me especializando e ainda em ética no trabalho em assédio moral e as sédio sexual Mesmo trazendo com a Margarida esse assunto para o Brasil eu não consigo de jei to nenhum falar sem associar com discriminação Nesses 17 anos trabalhando com isso chegamos a uma conclusão não existe assédio moral sem humilhação e sem discriminação ponto E quanto maior o grau de discriminação que existe em diver sas formas das mais sutis até as mais elogiosas Muitas vezes existem discriminações elogiosas o cinismo é quase patológico não é Quanto mais maior a probabilidade de você ter inúmeras formas de assédio moral inclusive sexual Numa das empresas campeãs de assédio moral no Brasil uma organização onde sempre ocorreu muito racismo humilhação que faziam parte do seu métier A primeira condenação ocor reu em 2004 Claudio Brandão outrora Juiz na Bahia hoje Desembargador no Tribunal em Brasí lia e é também ministro é uma pessoa de quem eu tenho orgulho de ser amigo por ser uma pes soa superséria teve a coragem de condenar essa megaempresa Em 2004 o que aconteceu Uma vendedora que não quis ceder a um assédio se xual teve a sua coxa não é exagero marcada com uma bituca de cigarro no melhor estilo casa gran quando falamos de violência nas suas várias formas são como dimensões na minha concepção que acabam tendo uma intersecção e superposição Quando falamos em assédio moral estamos somente revelando a pontinha do iceberg Falar em assédio moral sem falar em discriminação e humilhação não consigo 52 desenzala Agora como é que você chega nesse campo Como é que você chega a essa lógica Porque tem um monte de fatos anteriores A mesma empresa obrigava inclusive os seus gestores a andarem de vestido de mulher num salão maior do que o auditório do CRP SP se não obtivessem as metas que o Eduardo acabou de falar muito bem Vejam bem vocês imaginem uma pessoa com 40 50 anos vestida de mulher portando batom e claro se homem de pele branca com um pênis de plástico negro desses que ven dem nos sex shops se homem de pele negra pênis de plástico branco isso é brincadeirinha Não Está por trás o quê Uma prática racista reiterada isso não é à toa E mais pagava o dia para aquele raro vendedor que cumpria as metas ou ultrapassava aquela meta pagava um valemotel quer dizer ele não precisava trabalhar naquele dia e ia para o mo tel mas ia com quem Com a vendedora que não cumpria a meta Eu não estou falando de campo de concentração não estou falando de um país ocu pado eu estou falando de Brasil do nosso século Há outros mais não quero colocar aqui por várias razões tem coisas mais pesadas mas vamos dei xar para outra oportunidade com mais tempo Então quando falamos de violência nas suas várias formas são como dimensões na mi nha concepção que acabam tendo uma intersec ção e superposição Quando falamos em assédio moral estamos somente revelando a pontinha do iceberg Tudo isso que o Professor Eduardo colocou mostra muito bem isso não é verdade E quando eu disse que afinal de contas nós po demos ter questões pontuais nós temos que de forma isolada não se constituem se quer ilícitas mas no conjunto quando costuradas perfazem um processo que pode ser dantesco simples mente brutal detona com a pessoa Não quero entrar em detalhes técnicos aqui que não é este o caso mas se eu faço uma observação para uma pessoa apontando uma única observação talvez não seja nem violência depende como eu faço a observação seja como professor gestor amigo às vezes você é obrigado a fazer observações Olha eu acho que você não está agindo correta mente Acho que você precisa se esforçar mais Tudo bem são coisas que fazem parte da vida Agora se faço essa observação e sempre sou muito mais rigoroso com aquela pessoa do que com os demais se associo aquela falha a uma condição de gênero mesmo que não explícita por alguma condição política ou condição ideológica a coisa vai mudando de figura E se mais obvia mente eu no final do expediente costumo na sextafeira convidar todos para tomar um cho pe mas nunca convido ela a pessoa dela Tudo bem não sou obrigado a convidar todo mundo para tomar chope comigo não é verdade Óbvio mas sempre aquela mesma pessoa com quem sou mais rigoroso que cumprimento de uma for ma diferente que faço observações constantes eu nunca convido Como é que ela começa a se sentir Não é verdade E se ela vem conversar comigo sempre que ela se aproxima eu desvio o rosto e atenção para uma outra pessoa como se não a tivesse visto Dificilmente o meu olhar se cruza com o dela Como é que a Gisleine que é mi nha amiga e posso usála como exemplo como é que ela começa a se sentir Se eu tivesse feito um ato tudo bem passa batido não tem nada de ilegal imoral e antiético são fatos da vida Agora quando você começa a ter um conjunto de atos uma constelação de atos que de forma isolada pouco ou nada significam no conjunto pode ser o começo de um processo Que tipo de processo De isolamento discriminação e desqualificação Só que tem um problema se esse processo durar muito tempo chega a um ponto em que a Gisleine se transforma exatamente naquilo que eu quero que ela se transforme numa péssima funcionária Não que ela queira ser uma péssima funcionária talvez ela tenha entrado na empresa com a me lhor das intenções motivadíssima querendo dar o melhor superbem preparada mas por que ela se metaforizou Por que ela se modificou tanto Porque ela começa a não dormir bem a se per guntar o que ela tem de diferente dos demais começa a se alimentar mal a se desentender com o companheiro a gastar mais energia para decodificar o que está em torno dela porque eu a trato dessa maneira e trato outro com mais con descendência enfim a energia que seria para o trabalho ela volta para a sua defesa e aí tem a ver inclusive com o que o professor Eduardo aca bou de colocar as inúmeras defesas psíquicas que Ana Freud já tinha colocado muito bem e é fundamental não esquecermos disso o assédio moral ele é composto por vários atos que às vezes que de forma isolada seriam desentendimentos e é comum que no mundo do trabalho CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 53 Ela cada vez mais erra obviamente porque quem não está bem começa a errar cada vez mais ela tenta para tentar mostrar obviamente que é competente a se meter numa seara que não é a dela então ela começa a cometer erros grotes cos enfim ela fica prontinha para que eu chegue e fale Gisleine foi realmente um erro na seleção Essa moça e aí vêm as famosas frases céle bres não veste a camisa da empresa não tem envolvimento com a organização eu não sei por que escolheram essa moça que ingenuidade por parte do pessoal da seleção e muitas vezes dá margem inclusive no serviço público à demissão por justa causa Dá para perceber que obviamen te o assédio moral não é qualquer coisa O assédio moral não é um simples desentendimento es tou resumindo a coisa por causa do tempo Então o assédio moral ele é composto por vários atos que às vezes que de forma isolada seriam desen tendimentos e é comum que no mundo do traba lho haja conflito Eu fiquei aqui duas gestões seis anos é claro tive conflitos quase todos são meus amigos até hoje mas é claro que havia desenten dimentos onde tem gente tem desentendimento isso não tem nada a ver pode até ser uma forma de violência mas é uma forma de violência situa cional que ocorre de forma esporádica sem inten ção como pode acontecer até entre pessoas que se amam que vez por outra se estranham Quem nunca se desentendeu com seu amado ou amada Olha Professor eu acho que sou felizardo estou há 15 anos com aquela pessoa e eu nunca levan tei o tom de voz nunca tive um desentendimento Ok me diga qual é o nome da outra impossível não é Eu me lembro não faz três anos eu estava no Paraná e era uma Mesa para discutir uma série de questões e dentre elas violência mas a ter ceirização estava se começando a discutir essa questão e daí eu tinha falado que eu era sába do dependendo de quando ia acabar você nunca sabe exatamente eu queria ir para Campinas e não para São Paulo minha mocinha mora em Cam pinas E daí aconteceu o seguinte acabou não tão tarde eu fiz sinal para o pessoal da organização e eles mudaram a passagem para mim conseguiram mudar e iam me arranjaram um voo da Azul para eu ir Legal só que por azar estava aquela coisa sabe aquela coisa meio de paquera você namora mas não assume é amigo e tal aquela coisa toda e daí eu falei Você me liga e daí eu digo se vai dar para eu ir para nós íamos pegar um cinemi nha jantar se dá para ir ou vou para São Paulo daí ela ligou mas ligou quando estava acabando a Mesa Eu falei Olha eu não sei se eu estou pre parado porque tinha um monte de coisa eu tinha falado com os trabalhadores o pessoal me sujou de barro foi muito legal pessoal da área rural só que tinha que passar tinha que comprar uma calça uma coisa porque não dava para ir assim o resul tado disso Eu falei meio alto assim Eu não sei e desliguei Bom para quê Eu estou entrando no avião para ir para lá as meninas sabem o que eu estou falando vem um torpedinho é uma forma de violência viu qual torpedinho Helo venha somente se quiser e desejar mas não sou bobo o que eu respondi imediatamente Quero e desejo Acabei com a coisa Mas foi bom porque é um as sédio Não é um assédio é um conflito decorrente de uma má comunicação No mundo do trabalho no nosso mundo temos conflitos obviamente Por exemplo isso aqui não é violência tenho que falar porque eu só tenho um minuto Posso acabar pelo menos a historinha que é verdadeira Senão eu posso ter problemas depois quando eu sair daqui Queria chegar em Campinas e explicar Olha não é frescura minha estava com o ministro não dava para virar as costas aquela coisa toda e é claro ela também queria esclarecer porque que ela foi tão direta como toda boa descendente de italiana foi no âmago da questão Foi muito bom porque fomos para um bom restaurante em Cam pinas e em consequência disso eu falei Melhor pararmos de enrolar e assumir que vamos começar a namorar esse negócio de amigo não está dando senão não teria ficado tão magoado e nem você O que aconteceu Foi um conflito não deixa de ser conflito mas que depois até teve bons frutos pelo menos para mim não sei para ela mas para mim teve Teve conflito Teve Qual é a diferença disso e de um conflito que você quer magoar É diferen te No assédio você tem discriminação por trás tem humilhação tem a intenção de neutralizar alguém ou de colocálo para fora Essa que é a grande diferen ça É ilusório pensarmos que em qualquer ambiente você não vai ter conflitos aliás isso seria na pró pria Psicanálise uma visão mais do que romântica se você tem na própria família se você tem pesso as que te amam Aí você não tem um ato discrimi natório você não quer humilhar ninguém você não quer isolar ninguém você não quer descompensar ninguém você não quer se livrar de ninguém O pro blema é que a lógica do assédio pelo contrário ela é fria e racional embora aparentemente possa ser até emocional possa ser passional é um conjun to de atos que muitas vezes vão transformando a pessoa numa pessoa com transtornos mentais numa pessoa com problemas sérios de gerencia 54 mento de si e que não tendo saída ela mesmo pede para ser exonerada ou dispensada do trabalho E já tive casos na área pública acompanhei assédio de seis anos vocês acreditam nisso Em que a pessoa heroicamente não saiu porque não queria perder a aposentadoria Não faz muito tempo tinha uma professora eu posso falar de uma federal bem famosa em São Paulo que ficou comigo conversan do durante quase duas horas e eu convencendo que faltavam seis meses para ela se aposentar que ia perder toda aposentadoria integral vocês acredi tam nisso ela falou Eu não aguento mais eu tenho sudorese quando eu entro no meu departamento E é por isso que em decorrência desse transtorno que afeta inclusive a nossa fisiologia que nós soma tizamos e muitos casos acabam em suicídio E por que as organizações sejam públicas ou privadas escondem e pagam fortunas para que não saia na imprensa Por que eles escondem os suicídios Por que o suicido como diria Dejours é uma mensagem brutal Ele não diz que o sujeito está morto não diz que o sujeito está com problemas diz que o grupo está com problemas porque o grupo não foi solidá rio porque o grupo não escutou porque o grupo tal vez tenha transformado aquele sujeito num sujeito invisível e aquele sujeito que você sabe que está com problema você desvia o olhar porque você não tem tempo você não tem tempo para escutar você não tem tempo para falar você não tem tempo para interagir aliás uma das características do trabalho e aí a nossa função como psicólogos por isso que nós temos que entrar temos que sujar a mão sim é voltar a reconstituir um coletivo de trabalho porque essa lógica pósmoderna ou pósmodista esgarçou o tecido social no trabalho Podemos ter um coletivo do trabalho se eu tenho relações intersubjetivas mi nimamente confiáveis Quando eu simplesmente remunero as pessoas na mesma função de forma diferencia da que é a coqueluche de tudo isso eu já estou arreigando com a possibilidade de solidarieda de Quando eu intensifico o trabalho e densifico que é conceito que não vou entrar aqui porque não interessa mas densificação é quando você não tem tempo para parar eu intensifico e den sifico como as pessoas me falam o trabalho a ponto de eu achar que é perda de tempo para conversar dois minutos com o colega também estou detonando o coletivo de trabalho Portan to essa lógica de organizar o trabalho vai ter que ser modificada e o nosso papel como psi cólogos do trabalho é tentar nem que seja de forma heroica politicamente e profissionalmen te achar brechas nesse sistema caso contrá rio realmente vamos ter muito mais a profissão de clínico fora da organização do que dentro da organização porque nós vamos ter cada vez mais pessoas descompensadas com ação sui cida e praticando suicídio Eu acho que não foi para isso que nós estudamos Obrigado o nosso papel como psicólogos do trabalho é tentar nem que seja de forma heroica politicamente e profissionalmente achar brechas nesse sistema caso contrário realmente vamos ter muito mais a profissão de clínico fora da organização do que dentro da organização CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 55 Debates Hely Aparecida Zavattaro Obrigada Heloani Ago ra daremos início à sessão de perguntas para de bates sobre o tema Vou reforçar o que o Heloani comentou Aproveito para informar que estamos com aproximadamente 77 acessos pela internet que isso já é relevante e falar também para quem está assistindo enviar perguntas ou comentários para o email wwwcrpwebtvcrpsporgbr Daniele Eu sou Daniele estudante de Psicologia Quero saber como o psicólogo pode atuar na or ganização de forma preventiva ao assédio moral Domiti Meu nome é Domiti sou psicólogo Quero que vocês falem um pouquinho mais sobre essa questão de explicitar esses momentos em que se dá a violência porque às vezes parece quase que uma coisa paranoica Ele não me chamou fez um comentário mais rigoroso comigo Pode explicitar esse tipo de ação violenta Eduardo Pinto e Silva Boa tarde de novo Essa questão da Daniele é muito boa Estive no Con gresso de Psicodinâmica do Trabalho em Manaus Voltei ontem e eu apresentei dois trabalhos mas eu fui fazer um minicurso também Promoção da Saúde do Trabalhador Foi tão gratificante porque fiquei no lugar do aluno de novo e eu fiz uma per gunta também para a moça do minicurso Como eu faço para criar o espaço da palavra e a prevenção da saúde do trabalhador porque o difícil é encon trarmos idealmente também encontrar respostas indicativos porque a questão Dejours coloca na finalização da fala do Heloani que traz também a importância de encontrar as brechas no sistema e do psicólogo poder ser um mediador O que Dejours denomina o espaço da palavra no trabalho que é poder agora como que você vai criar o espaço da palavra que é uma situação que requer confiança cooperação solidariedade num modelo gerencial que trabalha no sentido oposto Não basta as pessoas não estão assim prontinhas para pode rem falar de todos os conflitos que são muito mais do que conflitos normais como o próprio Roberto diferenciou são questões ligadas a preconceito de discriminação competitividade não é uma compe titividade que é algo que se explica pelo indivíduo porque são indivíduos que são produzidos assim às vezes quase que corrompidos um pouco con taminados pela lógica mas eu acho que a questão é um pouco por aí a criação de espaços mesmo de discussão do trabalho no qual se possa debater e criar possibilidades de contribuições efetivas do sujeito à organização do trabalho Quando a orga nização do trabalho coloca toda sorte de impedi mento quando ela padroniza quando ela tira toda singularidade do modo operatório de uma tarefa infringe um determinado modo de fazer você está matando a singularidade e todo aquele processo de operações que vão regular binômio trabalhador trabalho Então acho que é um pouco por aí e ao mesmo tempo nadamos um pouco contra a corren te porque como fazer disso que requer reconheci mento um do outro solidariedade cooperação num ambiente é complicado É quase que uma revolu ção nas formas de gestão da atualidade Há orga nizações que têm uma maior maturidade para isso Com certeza naquela que o Roberto exemplificou aqui acho que é missão impossível É que nem nós na clínica se recebemos um paciente já num grave processo de adoecimento a nossa manobra para lidar com essa psicose ou com essa patologia vai ser muito limitada Quando está num grau de certa percepção e vamos dizer com uma defesa menos rigidamente colocada daí temos mais manobras Acredito que existem instituições com maior matu 56 ridade e possibilidade mas as mais problemáticas são as mais impenetráveis e onde isso é mais sua ve que são as mais trabalháveis José Roberto Heloani Acho que as duas questões são muito interessantes e cheias de dados empíri cos que confirmam A Daniele coloca prevenção em matéria de assé dio moral como é que você pode prevenir alguma coisa Você pode prevenir costumo dizer inclusive o último artigo que escrevi com a Margarida co locamos exatamente isso sendo intolerante com certas tolerâncias Temos que ser intolerante com as tolerâncias Não podemos permitir certas brin cadeiras como é muito comum no Brasil dar certos apelidos que são absurdos Temos variadas virtu des Uma informalidade muito positiva certo humor muitas vezes para situações que outras pessoas não têm Ótimo tudo isso inclusive é admirado pe los estrangeiros tudo bem Só que brincadeira que é brincadeira ninguém sai chorando ninguém sai como o João Bobo entendeu Você não discrimina ninguém não humilha não trabalha com questões delicadas de gênero não sabe o histórico daquela pessoa Então certas brincadeiras que são feitas são simplesmente inadmissíveis É como apelidos você tem apelidos que você fala uma vez o sujeito coloca apelido em alguém eu aconselho quando a pessoa vem O que eu faço vai chegar como o pai chega para o filho que está sofrendo bullying Filho não liga Gente opinião mais besta como essa não existe Claro que ele liga se ele já chegou para você e está dizendo isso é porque está inco modando se ele tivesse força para ser contrário ele chegaria perto de você não é verdade Então ele está pedindo ajuda você não pode ser passi vo o sujeito está sendo apelidado o conselho é o seguinte em particular você fale Por favor fulano de tal eu não gostaria que você me tratasse por esse nome eu não me sinto bem Chameme pelo meu nome por favor e não pelo apelido Tudo bem o sujeito não entendeu ou esqueceu na segunda vez a mesma coisa em particular educadamente Por favor não me chame por esse nome Quero que você me chame pelo meu nome Eu não me sinto bem com você me chamando por esse apeli do O sujeito por debilidade ou coisa semelhante ainda não entendeu você vai fazer a mesma coisa educadamente em público Provavelmente para por aí Se assim mesmo o indivíduo não entendeu e age de forma proposital você vai à delegacia faz um Boletim de Ocorrência com representação ga ranto que quando ele receber uma cartinha da de legacia solicitando esclarecimentos ele para Por que é caso de injúria artigo 138 do Código Penal Eu já vi apelidos entrarem em injúria Você não pode fazer isso a organização seja ela qual for univer sidade hospital hoje em dia os hospitais estão você não sabe o que tem por dentro dessa área Ele não pode ser conivente com o atentado à dignida de que é um valor condicional está nos primeiros artigos da Constituição não é a favor de ninguém Por exemplo você tem respeito pelo outro então se você for intolerante com certas tolerâncias com certas brincadeiras você põe freio Eu não sou in gênuo não acho que as pessoas são santas mas também não acho que são demoníacas são pes soas Nesse ponto eu sou muito Rousseau as pes soas se comportam conforme o ambiente Se você deixa a coisa fluir vai Tenho no meu pen drive eu não quero gastar tem po porque senão não saímos daqui mas tem uma organização que é uma das maiores empresas de ali mentos do Brasil isso acompanhei desde o começo Para vocês entenderem a lógica era uma empre sa que tinha uma prática de brincadeiras muito de mau gosto com homoafetivos Resultado foi um longo processo mas para encurtar o rapaz depois de sofrer várias brincadeiras entre as quais ele foi chamado de Bambi não sei quantas vezes na linha de produção ele trabalhava numa linha de desos sa de frangos o cara já estava no seu limite sem nenhum histórico de violência pegou o facão trans passou o outro essas coisas acontecem No outro caso na mesma empresa em outra uni dade outro relato mas agora envolvendo questão racial sempre que o funcionário chegava tinha uma Não podemos permitir certas brincadeiras como é muito comum no Brasil dar certos apelidos que são absurdos No outro caso na mesma empresa em outra unidade outro relato mas agora envolvendo questão racial sempre que o funcionário chegava tinha uma casca de banana ao lado CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 57 casca de banana ao lado Depois uma banana Pos teriormente ele foi pegar o jaleco você sabe que o ambiente é muito frio às vezes a temperatura chega a menos de 50 graus então junto ao jaleco coloca ram um macaquinho com frio porque ele estava se queixando muito que fazia muito frio então eles co locaram um macaquinho escrito que frio no bolso do jaleco Bom assim como no relato anterior o funcio nário já estava no seu limite Como se não bastasse naquele dia chegou outro sujeito e começa a imitar um chimpanzé atrás dele Tudo bem o que aconte ceu Ele estava com um instrumento cortante trans passou Não morreu mas foi parar no hospital esse outro Dois casos um caso de racismo e um caso de homofobia Tudo bem por aí O que a empresa fez Nada além de pôr para fora os funcionários Mas o que ela fez em termos educativos a questão da pre venção Aí que entra o psicólogo o educador Como se coloca para fora o sujeito Pensemos Não foi um idiota que fez isso e o outro idiota você não tem só dois idiotas você tem um conjunto de idiotas porque onde estão os outros colegas Eu sempre falo numa humilhação você tem três partes quem faz quem re cebe e quem assiste não são duas só É uma visão fantasiosa Onde está o resto Não é uma coisa sim ples tem todo o contexto Como é que você chega a esse ponto Como é que a sociedade permite isso Não é verdade A situação não parou por aí como era de se prever O que aconteceu Um belo dia isso é mais recente um rapaz homoafe tivo ao final do expediente estou falando de uma das maiores empresas produtoras de alimentos e não um boteco o rapaz homoafetivo é rendido por cinco funcionários na parte mais distante do esta cionamento desta organização Numa brincadeirinha inocente o quinto funcionário introduz uma manguei ra de ar comprimido no ânus dele ele foi hospitaliza do Detalhe quatro renderam e o quinto fez isso Sabe quem é esse quinto Boa coisa para discutirmos essa coisa de gênero aqui uma mulher Causou surpresa ao delegado inclusive Por que eu estou falando essa questão isso está disseminado naturalizado Voltei ao começo Lembram que eu coloquei essa questão A violência como o Eduardo muito bem colocou está disseminada e generalizada Vai me dizer que esse caso era esporádico Não para você chegar a esse ponto tem que ter certeza da impunidade o grupo todo introjetou inclusive uma mulher E há uma questão de gênero nesta situa ção introjetou essa violência como absolutamen te normal banalizou e acabou chegando ao cúmu lo de ter um ato nazista A questão da prevenção é fundamental E per gunto onde é que estavam e o que faziam os psicólogos dessa área Os educadores O que fizeram quando teve uma prática homofóbica Quando teve a discriminação racial Depois você chega a quê Você vai além É sabido isso Falar que não tem o que fazer no trabalho se tem muito que fazer Agora tem que ter o míni mo de coragem sim E tem que pagar um preço alto às vezes Precisamos nos perguntar o que queremos na nossa vida Se alguém está pen sando que ir para a área trabalhista ser psicó logo do trabalho do trabalhador é coisa fácil é tranquilo não precisa estudar nada Ou você vai ter uma vida folgada ou muda de área la mento dizer São as opções da vida o que você quer Talvez não fazendo nada realmente é mais tranquilo com certeza Agora é como no artigo que escrevi Psicologia do Trabalho ou do Capital você tem que fazer a sua opção É algo que temos que parar para pensar e decidir para a nossa vida agora falar que ano tem es paço falar que não tem necessidade e se tem Muito mais que antigamente sem uma leitura correta da correlação de forças eu não tenho nenhum pejo a termos com relação de forças não tenho problema nenhum eu uso mesmo se você não tiver nenhum pejo e observar a corre lação de forças como se dá dentro da organiza ção se você não está entrando nos sindicatos nas associações você está perdido você não vai conseguir mudar nada Você quando muito consegue fazer uma adaptação É um trabalho como todo bom trabalho político no sentido em que você está lidando com o coletivo no sen tido em que você tem pelo próprio código dos psicólogos você tem num compromisso com o ser humano e com o trabalhador Para não ficar tudo em cima do psicólogo então vamos mudar um pouquinho Hoje o médico do trabalho é uma das categorias mais desprestigiadas pelos tra balhadores O médico do trabalho não goza da confiabilidade dos trabalhadores em quase to dos os setores Eu mesmo há três anos fiz uma Se alguém está pensando que ir para a área trabalhista ser psicólogo do trabalho do trabalhador é coisa fácil é tranquilo não precisa estudar nada Ou você vai ter uma vida folgada ou muda de área lamento dizer 58 palestra sobre o viés do trabalho assédio mo ral a convite dos médicos peritos acho que eles nunca mais vão me convidar mas tudo bem Foi no anfiteatro Sul América no Rio de Janeiro 535 médicos estou brincando até que foi uma dis cussão boa começamos a conversar com eles falei do nosso grupo falei um monte de coisas eles começaram a se colocar o que eles colo caram Professor é uma situação complicada Respondi É mesmo por quê Pela legislação brasileira o perito pode ser médico da empre sa então muitas vezes olha que coisa doida é completamente esquizofrênico nesses casos não tem jeito viu Edu como você falou não tem jeito O cara trabalha na Klabin suponhamos como perito o laudo que ele vai dar como é que pode ser neutro Se ele é empregado da Klabin Deu para entender Então veja bem você tem situações que são muito complexas o que não quer dizer que você não possa fazer um bom trabalho Você tem médicos do trabalho fazen do um excelente trabalho e você tem psicólo gos fazendo excelentes trabalhos Agora preci sa saber o que você quer Fabíola Boa tarde meu nome é Fabíola Venho de Campinas Ao longo desse dia muito produ tivo parabéns ao CRP por essa iniciativa Nós ouvimos muitas histórias e vivências E essas situações que o Professor colocou nos marcam profundamente também como ser humano mas eu queria tentar olhar de outra forma O profes sor já teve contato os professores poderiam nos colocar algum exemplo de estratégias ado tadas por empresas que tenham tido resultado benéfico porque quando falamos de assédio moral Sou do RH vamos fazer dentro do pro grama de diversidade trabalhar sob a questão dos transgêneros da homofobia trabalhar o assédio todo mundo fica de cabelo em pé o que essa louca quer falar Não mexe nisso aba fa o caso Mas e o contrário Teríamos estraté gias promissoras que nós conhecemos Edna Eu sou Edna Eu sou do Núcleo de POT Esse é um tema no qual eu tenho uma história pessoal acompanho essa discussão Só queria complementando que tanto Heloani que eu sei que sabe e o Professor também pudessem di zer como é que você faz essa articulação com as outras instâncias porque quando eu ouvi o Heloani dizendo pensei Que bom que ele fa lou isso que bom porque senão fica um peso tão grande que é o psicólogo que tem que fazer isso e que bom quando você disse Olha só dá para fazer se você tiver articulação com o sin dicato com outras instâncias com a Delegacia Regional do Trabalho e com o Ministério Que ro que você fale um pouco disso nos casos de sucesso como é que essa articulação se deu porque aí não fica só para o psicólogo o enca minhamento tudo bem Hely Aparecida Zavattaro Posso juntar com mais duas questões Não vai dar para respon der a todas as questões que vieram pela inter net porque houve uma grande quantidade mas vou juntar algumas das questões que têm rela ção inclusive ao que vocês perguntaram A primeira a Michele Araújo que remete a um caso de uma estagiária uma aprendiza na empresa com uma condição econômica restri ta teve problemas com higiene relacionados a sapatos com mau cheiro cabelo com cheiro de suor e odor O grupo de trabalho inserido na empresa com características elitizadas come çou a excluir a estagiária e inclusive apelidar naturalmente Como nos posicionar como psi cólogos em situações como essa A outra questão é a da Rosana também de Araraquara Ela disse que sofre a situação con trária tem uma pessoa no departamento que realmente se exclui Ela odeia a empresa o che fe os companheiros e o grupo tenta integrála mas ela sempre está arrumando confusão e fa zendo intrigas E nesta situação a culpa é nos sa Essa é a questão José Roberto Heloani As questões todas óti mas pena que temos pouco tempo Edna já nos conhecemos há tantos anos não é A questão da articulação é fundamental em qualquer trabalho Hoje em dia a complexida A questão da articulação é fundamental em qualquer trabalho Hoje em dia a complexidade é muito grande quando falamos em mundo do trabalho estamos falando da saúde do trabalhador e daquilo que se chama de Psicologia Organizacional CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 59 de é muito grande quando falamos em mundo do trabalho estamos falando da saúde do tra balhador e daquilo que se chama de Psicologia Organizacional O que chamamos de Psicologia do Trabalho é uma discussão teórica não vou entrar porque não interessa neste contexto mas enfim é um mundo vastíssimo A própria psicodinâmica a qual o Professor Eduardo tão bem se referiu que inclusive Dejours mudou de psicopatologia para psicodinâmica Ele esteve na FGV repetiu e pessoalmente o que está nos seus últimos textos que não dá simplesmente para você encarar o trabalho como algo que causa sofrimento e o sofrimento não pode ser o quê Moldado Esse sofrimento pode também ser criativo ele coloca essa questão o que o Professor Eduardo muito bem colocou se eu dou autonomia se eu crio o espaço da palavra eu consigo superar Até certo ponto o Profes sor Eduardo já respondeu essa questão Agora como é que eu crio o espaço da palavra Que Habas também fala vários autores colocam Só consigo fazer isso com o mínimo de confiabili dade sejam psicólogos sejam médicos seja lá quem for se as pessoas não confiam em mim você não vai criar espaço de confiabilidade ne nhuma você vai criar um teatrão uma situa ção que beira o ridículo muitas vezes onde as pessoas tendem a falar aquilo que elas acham que o supervisor que o coordenador quer ouvir como em alguns ambientes inclusive educacio nais nos quais pessoas se reúnem e fazem uma reunião para legitimar tudo que já foi decidido ao telefone ou por email é ou não é Geral mente é assim E ao contrário do que se pensa as reuniões mais longas são as menos impor tantes porque se fala um monte de baboseiras e as mais curtas que não têm muito tempo de a pessoa reagir são as mais importantes pare e pense nisso Então temos o quê Essa con fiabilidade é a primeira coisa se você não tem uma relação também de confiança com os sin dicatos com as associações com outras cate gorias nós somos trabalhadores e isso é uma questão básica O médico é trabalhador assim como o psicólogo o funcionário ou o colabora dor entre aspas termo horroroso todos nós somos trabalhadores quer dizer é uma questão de classe sobre esse aspecto você tem que se colocar como um trabalhador e eu vou fazer o quê Eu tenho que fazer um trato com as outras categorias para que possamos fazer alguma coisa A questão do assédio eu tenho feito pa lestras no Brasil um trabalho de militância com Margarida agora temos um trânsito muito bom com o Ministério Público do Trabalho com o Ministério Público Estadual com as escolas de magistratura quase todas as escolas de ma gistratura já dei curso de ética de assédio mo ral isso vai te dando possibilidade de construir uma rede relacional que te dá força e elemen tos para fazer alguma coisa Agora eu sozinho como pesquisador como professor universitá rio por mais que queiramos fazer sozinho é di fícil apesar de termos trânsito nos sindicatos que é construído e demora muito Agora é pre ciso fazer O primeiro passo é a confiança tem que ter claro o que você quer na sua vida para quem você está servindo Tem que reler código de ética que é fundamental eu posso fazer não posso fazer os princípios norteadores Arch em grego pessoal fala em arqueologia então é coi sa antiga que tem dois significados em grego antigo e princípio aquilo que a história te deu é o que a experiência te deu Nós psicólogos temos que pensar mais no arch na nossa his tória e nos nossos princípios Daí começamos a avançar e fazemos realmente o quê Alguma coisa caso contrário não construiremos abso lutamente nada Tinha uma outra questão que era de estraté gias No espaço da palavra eu posso falar coi sas que aconteceram e que foram sugestões de psicólogos Um dia o pessoal da Eletrobras que é uma megaempresa estatal me chamou no Rio pois estavam com vários casos porque eles fo ram comprando unidades no Brasil e como sa bemos país com culturas diferentes Falei com o vicepresidente da época Depois chegou um pessoal um cara excelente Jorge Nunes que era diretor geral de RH um cara muito bom bem relacionado político enfim falei Quem está trabalhando na Psicologia com vocês ele me apresentou a equipe e eu conversei com eles e juntos fizemos algumas sugestões e começou a melhorar Coisas aparentemente simples por exemplo A Ouvidoria tem que ter autonomia senão deixar de ser Porque sem autonomia é melhor não ter Ouvidoria Na época o setor era ao lado literalmente da sala do presidente Um setor ouvia o que o outro estava fazendo isso era ridículo Você acha que você vai à Ouvidoria falar alguma coisa sabendo que o presidente está ouvindo A comissão de ética tinha de núncias sobre o caso de discriminação racial A comissão de ética não sabia o que aconte cia na Ouvidoria que por sua vez não sabia o 60 que acontecia na comissão de ética São coisas simples Eles mesmos começaram a elaborar alguns procedimentos sigilo é questão absolu ta qualquer denúncia vai ter que ser apurada tem que dar o prazo de um mês para apuração depois volta mas aquela pessoa nesse período em nenhuma hipótese é um trato junto com o sindicato ela não vai poder ser dispensada em hipótese alguma São coisas simples mas que funcionam e funcionará e quem fez a propos ta Eu só dei umas dicas mas foram os psicó logos Precisamos também parar de pensar que o psicólogo é o cara que fica aplicando testes e que a função dele é imitar o Freud ficar com o cachimbo Vamos parar com esse negócio E funcionou e muitas pessoas começaram a usar o que já podíamos ter feito há anos Eu simples mente falei Olha vocês têm que ocupar o es paço de vocês aqui é claro que se a organiza ção não dá espaço algum no caso eles tiveram um grande diretor faço questão de citar porque é uma pessoa extremamente uma visão pro gressista madura excepcional Reforçando o que o Professor Eduardo já colocou se a organi zação não lhe dá espaço algum meu caro che ga o momento em que você tem que falar Até logo tchau não dá mesmo Há organizações e organizações mas como muito bem falou o Professor Eduardo algumas não adiantam não vai sair nada procura o teu espaço em outra Vai dar para fazer alguma coisa mesmo dentro do sistema capitalista mesmo com as contra dições dessa lógica O que tem que ficar claro Não se dá para servir a dois senhores Hely Aparecida Zavattaro Encerrando neste momento a Mesa agradecemos principalmente a fala do Professor Eduardo do Professor Helo ani reforçar principalmente algumas questões que nos fizeram refletir relacionadas à força da escuta também do funcionário estratégias co letivas construídas com equipe multiprofissio nal e essa é uma importante discussão sobre a violência que se iniciou e que é necessária também para nós psicólogos construirmos es tratégias conjuntas CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 61 A Saúde no Trabalho Foco na Prevenção da Saúde Mental Maria das Graças Mazarin de Araújo Vamos continuar O nosso encontro partindo para a próxima Mesa cujo tema é Saúde no Trabalho Foco na Prevenção da Saúde Mental Chamo a palestrante Valquíria Rossi Psicóloga Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho e Mestre em Psicologia da Saúde pela Universidade Metodista de São Paulo Atualmen te Professora e Supervisora do curso de Gradu ação em Psicologia e Coordenadora do curso de PósGraduação Especialização lato sensu em Gestão de Pessoas e Psicologia Organizacional EAD Responsável pelo Núcleo de Psicologia Or ganizacional e do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia da Subsede do Grande ABC Conta com 30 anos de experiência na área de Recur sos Humanos nos setores privado e público Com expertise em Recrutamento e Seleção de Pesso al Treinamento e Desenvolvimento de Pessoal Saúde Ocupacional Avaliação de Performance Desenvolvimento de Carreiras e Desenvolvimen to Organizacional Coaching psicológico e im plantação de subsistemas de Recursos Huma nos de Universidades Corporativas e Escolas de Governo Por favor a palavra é sua 62 Valquíria Rossi Psicóloga Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho e Mestre em Psicologia da Saúde pela Universidade Metodista de São Paulo Atualmente Professora e Supervisora do curso de Graduação em Psicologia e Coordenadora do curso de PósGraduação Especialização Lato Sensu em Gestão de Pessoas e Psicologia Organizacional EAD Responsável pelo Núcleo de Psicologia Organizacional e do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia da Subsede do Grande ABC Conta com 30 anos de experiência na área de Recursos Humanos nos setores privado e público Com expertise em Recrutamento e Seleção de Pessoal Treinamento e Desenvolvimento de Pessoal Saúde Ocupacional Avaliação de Performance Desenvolvimento de Carreiras e Desenvolvimento Organizacional Coaching psicológico e implantação de subsistemas de Recursos Humanos de Universidades Corporativas e Escolas de Governo Boa tarde a todos É um prazer estar aqui com vocês um sábado a essa altura do campeonato todos aqui desde o período da manhã muito bacana Vamos fa lar um pouquinho a respeito da saúde mental do tra balhador quando me convidaram pediram para eu contar um pouco a respeito da minha experiência Eu falei Poxa o que eu vou levar para eles num sábado a última palestra para mantêlos acordados É um ponto importante e aí eu resolvi trazer um pouqui nho da experiência prática daquilo que eu já fiz para conversar com vocês para podermos trocar ideias trocar figurinhas a respeito Fiquei pensando em preparar a palestra falei Bom não consigo separar a Psicologia Organiza cional da Psicologia do Trabalho justamente pela minha experiência porque sempre entrei pela porta da organizacional nas empresas e aí a Psicologia do Trabalho acontecia depois disso Primeiro você tinha que matar alguns leões em Seleção outros leões em Treinamento e Desenvolvi mento depois para passar para outro lado ou fazendo menção às atividades passar das regulatórias para as atividades emancipatórias Então não consigo fa zer a separação Trouxe isso para dividir com vocês até por conta do nosso mercado de trabalho Olhando para a necessidade das organizações será que con seguimos ser contratados só para ser psicólogo do trabalho É uma reflexão para fazer junto com vocês Na minha vida isso nunca aconteceu até o próprio case que eu trouxe para discutir com vocês foi bas tante pontual e interessante sempre foi organizacio nal e trabalho Vinham as duas dimensões juntas Por histórico também da própria Psicologia como é que começamos com aplicação de testes para melhorar o desenvolvimento da produtividade com todo esse histórico que nós já temos como ante riores os problemas de formação do próprio psicólo go que cansamos de discutir de conversar a respeito da formação do psicólogo que psicólogo é esse que não pode ser um psicólogo tecnicista insistimos mui to e o Heloani bem lembrou agora em sua fala muito feliz quem não gosta de estudar e quer ser psicólogo organizacional e do trabalho desculpa você vai ter mesmo que fazer outra coisa então isso pesa não é Cuidar desses dois domínios da organizacional e a do trabalho exige muito mais dedicação e amor a essa profissão no trato para lidar com esses traba lhadores todos os dias Qual é o compromisso do psi cólogo organizacional e do trabalho Geralmente em palestras recebo perguntas do tipo Quem é o seu patrão Para quem você responde e aí eu costumo dizer até deixar bem claro os nossos espaços dentro das organizações que o papel é nosso Nós fazemos o trabalho da Psicologia aquilo que o código de éti ca norteia nos auxilia mas nós não respondemos ao dono da empresa ao presidente da empresa nós temos um reporte administrativo a essa pessoa que nos contrata mas o trabalho do psicólogo ninguém vai dizer o que é e nem como tem que ser feito Nós vamos fazer a leitura dos fenômenos psicológicos dentro das organizações de trabalho não consigo separar a Psicologia Organizacional da Psicologia do Trabalho justamente pela minha experiência porque eu sempre entrei pela porta da organizacional nas empresas e aí a Psicologia do Trabalho acontecia depois disso CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 63 e é por meio dessas leituras que vamos nortear a nossa práxis dia a dia o nosso fazer isso é muito importante e devemos bem claro para nós mes mos Saber qual é o nosso objetivo nesse lugar senão corremos o risco de ter muitos patrões lá dentro muitas demandas por conta da produção do capital e de outras coisas mais Atuamos justa mente por conta dos problemas sociais e humanos que vamos ajudar a investigar a fazer uma maior e melhor compreensão desses problemas oriundos das relações de trabalho próprios das relações de trabalho Seria estranho se não tivesse proble ma nenhum se fosse tudo bastante tranquilo E o trabalho dizemos Puxa vida psicólogo o ideal do psicólogo quando ele entra na faculdade é ser psicólogo clínico todos eles querem ser psicólogos clínicos ninguém quer ser psicólogo organizacional e do trabalho coitadinha da Psicologia Organizacio nal e do Trabalho fica ali num segundo plano para um segundo momento E por que cuidar de quem trabalha Trabalhadores somos todos nós só quem não trabalha são as crianças e hoje não podemos dizer nem que são os aposentados porque com a aposentadoria do iNSS eles voltaram para o mer cado com intuito de complementar a renda Então todo mundo trabalha Veja quanta gente com quan tas pessoas nós podemos trabalhar Olha só que interessante Todo mundo E o trabalho ocupa na vida das pessoas muito tempo as pessoas hoje es tão trabalhando 12 14 16 horas por dia com todo o avanço da tecnologia os eletrônicos todos que não precisa falar os nomes mas todos nos colocam em tempo real Você pode estar na sua casa Foi lá deu uma corridinha para almoçar para resolver um problema doméstico O telefone toca é o What sApp que é uma benção e uma maldade também uma benção no sentido de poder e uma maldição por não nos dar paz Usamos o aplicativo para quê Para trabalhar Então nos encontram em todos os lugares Não tem mais essa de não nos encontrar encontra na hora do almoço meianoite sábado domingo feriado dia santo A Juliana está sorrindo ali porque ela me passa email às duas horas da manhã estou entregando você O trabalho é formador da identidade do sujeito E como uma sociedade capitalista nós organizamos a vida toda em torno do trabalho Se eu convidar vocês para tomar um chope na sextafeira às três horas da tarde quintafeira duas horas quem pode Vão falar Valquíria está doida Tomar chopinho durante a se mana ainda Não posso porque trabalho As pessoas não vão ao médico Os médicos vão ter que mudar o trabalho deles para noite e começar a atender aos sábados e domingos porque as pessoas evitam Não vou ao dentista não vou ao médico porque não que ro faltar no trabalho não quero me ausentar do meu trabalho somase a isso os quadros cada vez mais enxutos dentro das organizações Quando você entra na empresa você entra feliz para fazer determinadas atividades Em três anos se você olhar aquilo que fez com certeza já está fazendo muito mais tarefas do que você fazia quando foi contratado Você fazia dez atividades quando foi contratado por exemplo Três anos depois você está fazendo atividades de três ou quatro colegas que foram embora absorvendo várias atividades que não eram suas e que foi tomando para si E é por isso mesmo que você está lá muito mais tempo do que gostaria Esse tal de trabalho justa mente porque ocupa muito espaço em nossa vida Minha filha quando era pequena uma vez dis se para mim mãe esse tal de trabalho ocupa muito tempo não é Ocupa muito o seu tempo porque você passa muito tempo trabalhando Você passa mais tempo trabalhando do que comigo É uma realidade uma reivindicação que os filhos fazem até hoje mas trabalhamos realmente muito O trabalho é um mediador da saúde Também pode ser fonte de prazer como de sofrimento E é uma pena que nas organizações de trabalho acabamos identificando mais as fontes de sofrimento sempre correndo atrás desse tal do sofrimento do trabalha dor do que trabalhando em ações que alguém falou das ações preventivas para que esse trabalho venha a ser fonte de prazer e realmente mediador de saúde nas organizações E o sofrimento como é que ele pode ser O so frimento é singular É herdado da própria forma do sujeito já faz parte da sua estrutura O sofrimento Atuamos justamente por conta dos problemas sociais e humanos que vamos ajudar a investigar a fazer uma maior e melhor compreensão desses problemas oriundos das relações de trabalho próprios das relações de trabalho O trabalho é um mediador da saúde Também pode ser fonte de prazer como de sofrimento 64 atual que se dá do encontro ou como costumo fa lar aquele re a barra fui eu que coloquei adaptei ali do autor do encontro quando é a primeira vez ou do reencontro que é tornar a encontrar este ambiente de trabalho nos contextos de trabalho E o próprio sofrimento ele tem contrastes que podemos ob servar Ele pode também ser criativo a partir do mo mento em que o trabalhador consegue lidar elaborar melhor estas soluções e encontrar saídas Mas há o contrário o patogênico Que é quando ele não con segue encontrar as soluções para os problemas que ele tem ali no seu dia a dia que são inúmeros Pode falar das lideranças das questões de assédio como acabamos de ouvir a palestra de assédio moral que em 2015 e falamos Puxa vida não tem carro voando em 2015 que era o que se esperava ainda se inves tem horrores no desenvolvimento de lideranças e nós temos um número absurdo de processos de assédio moral e danos morais empresas campeãs em todos os segmentos permitindo essa prática entre aspas então tudo isso pode sim trazer um grande sofri mento para o trabalhador E como encontrar uma solução diante dessa tragédia dessa miséria Qual é o nosso papel quando estamos dentro de uma organização Tem como você falar Agora sou organizacional e do trabalho Não é tudo junto e misturado acontecendo ao mesmo tem po Como psicóloga organizacional e do trabalho sou responsável por fazer as leituras dessas relações de trabalho Como andam essas relações de trabalho As relações desses empregados com o seu empregador desses empregados com seus pares com seus supe riores A relação dessa pessoa com as suas ativida des com aquilo que faz com o trabalho propriamente que ela executa como é que ela lida com isso O nos so compromisso é com o social com os trabalhado res Como falei no início temos uma relação financeira com essa empresa que nos contrata o nosso maior compromisso é com os trabalhadores é fazer leitu ra da compreensão desses fenômenos o que está acontecendo Quais são as dificuldades deste lugar E assim vamos conseguindo nos inserir Acho que é por aí que se dá a inserção do psicólogo organizacio nal e do trabalho nesses ambientes nos contextos de trabalho porque muitas vezes muitas não 99 das vezes posso dizer entramos pela porta da Seleção e do Treinamento E entra pela porta de qualquer outro profissional pode fazer aquilo que está regulado fa zer uma seleção de uma forma bastante simples sem o uso de testes psicológicos sem o uso da entrevista psicológica fazer um treinamento Posso trabalhar no departamento de Treinamento o que eu faço Eu con trato o treinamento compro o treinamento coloco as pessoas em sala Com essas atitudes você é um auxi liar de escritório não precisa ser psicólogo para fazer isso não há necessidade de uma formação de cinco anos de uma especialização para fazer esse trabalho Assumese esse seu compromisso com o trabalhador muda inclusive a sua inserção muda o seu trabalho e o que é possível você fazer neste lugar Você efe tivamente vai analisar treinamento para quem Para quê Por quê Qual o objetivo Qual a justificativa A seleção de pessoal que é um trabalho extremamente interessante e que o psicólogo pode fazer por que da seleção Tem realmente essa vaga Ela existe Qual a necessidade de mais este trabalhador Quem nós estamos procurando Quem é esse profissional En tão esse posicionamento do psicólogo é que vai dar um pouco da cor do nosso trabalho do tom do nosso trabalho nas empresas E uma forma de analisarmos eu trouxe aqui a SellimanSilva que particularmente gosto muito das suas proposições que fala a respeito da situação de trabalho Uma forma de o psicólogo organizacional e do trabalho conseguir fazer essas leituras dentro da organização é justamente estudar a situação de trabalho que está instalada nesse lugar Situação de trabalho que tem duas dimensões as condições de trabalho e a organização de trabalho As condições de trabalho quais seriam As físicas as químicas e as biológicas às quais os trabalhadores estão expostos Então eu tenho um motorista de ônibus que trabalha numa garagem tem uma emissão de poluentes numa garagem de ônibus que é algo impressionante preo cupante terrível isso inspira muitos cuidados com a saúde por conta de começar por problemas respira tórios então você tem uma condição que é química e que vai trazer algum agravo a essa saúde As físicas esse mesmo motorista pode ter uma jornada de oito nove horas a jornada dele é de sete horas e vinte legalmente falando Mas hoje com os quadros redu zidos ele vai fazer uma jornada de oito nove dez e até 14 horas Temos notícias do trabalho de motoris ta que tem uma condição física que lhe é imposta que vai ser um agravante a sua saúde E consequen temente ele pode ter problemas relacionados emo cionais e psicológicos advindos desse próprio traba lho Do outro lado a organização do trabalho como é que esse trabalho está constituído Como é que ele Qual é o nosso papel quando estamos dentro de uma organização CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 65 está dividido Como é que essa empresa se organiza para o trabalho Como são as políticas de pessoal dentro dessa organização Essa organização deixa claro como é o sistema de promoção Como é que uma pessoa pode receber um aumento Quem é elegível a determinados prêmios O modelo de ges tão e eu complementaria a própria liderança quem são esses líderes Quais são suas perspectivas em relação ao trabalho Como anda a sua ação Qual modelo de gestão que é ditado pela empresa Mo delo de gestão vai ser uma cascata ele vem de um fundador de um presidente muitas vezes Os demais vão um pouco olhar e se espelhar nesse modelo Os valores os objetivos dessa organização quais são A estruturação temporal de trabalho como é que es tão divididas as jornadas de trabalho Tem o trabalho diurno noturno por escalas eu tenho trabalhos mas de que forma Eu tenho férias adequadas as pausas adequadas para o trabalho Até a pausa para o cafe zinho precisa estar ali na organização do nosso dia a dia é extremamente importante Paro um pouco para ir ao banheiro para o cafezinho Hoje temos notícias de empresas que controlam o tempo para ir ao ba nheiro Você vai ao banheiro Você tem tempo Cin co minutos E tem dez minutos para almoçar É prati camente contra a nossa estrutura é contra a nossa humanidade As relações de poder como estão esta belecidas as relações de poder Às vezes pensamos bom quem manda mais é quem tem o cargo x o alto cargo na organização De repente não Faremos uma leitura em determinados departamentos e uma vez descobri que a estagiária no departamento mandava mais que o gerente Então olha só como é que esta vam as relações de poder Se você faz a leitura pura e simplesmente do organograma você vai dizer que quem manda mais aqui no departamento é o gerente Não era bem assim que a coisa acontecia ali Sobre a prescrição e a divisão do trabalho e o conteúdo da tarefa o trabalhador precisa se enxergar parte inte grante de um todo Precisa saber de onde vem para onde vai esse trabalho que ele faz Qual é a parte que lhe cabe de um todo de algo que é maior e ele pre cisa se ver integrante desse conjunto Ele não pode se ver como um recorte daquilo como uma atividade bastante pontual até por conta de ele conseguir sig nificar esse trabalho o que é esse trabalho esse tra balho é importante para mim por quê Eu consigo en xergar que faço parte de algo que é maior e enfim o conteúdo da tarefa o que realmente eu faço e como eu me relaciono com essa tarefa Então essas seriam formas de o psicólogo organizacional e do trabalho conseguir fazer o seu diagnóstico E aí pensando em saúde saúde mental do trabalhador trago o conceito da OMS que norteia o trabalho de todos nós que é o completo bemestar psicossocial e não apenas a ausência da doença Para levar essa máxima para o dia a dia das organizações considero o nosso gran de desafio enquanto psicólogos o nosso grande desafio e que precisamos estar muito atentos aos nossos objetivos profissionais a máxima da saúde aos cuidados com o trabalhador porque senão es corregamos acabamos fazendo só a rotina fazendo as tarefas tarefas e tarefas e você acaba deixando uma parte que é nobre que são essas tais atividades emancipatórias que eu vou falar daqui a pouquinho Eu trouxe um case que foi justamente o pon to fora da curva na minha carreira que foi quando alguém me ligou um gerente de Recursos Humanos me ligou e disse assim Olha Valquíria eu sou o João da empresa tal e eu queria bater um papo com você estou com o seu currículo aqui Você foi indicada e eu queria conversar um pouco Eu tenho uma vaga aqui para psicólogo clínico imagina uma empresa ligar para você e dizer que tem uma vaga para um psicólogo clínico Opa travou o HD falei O que é pensei logo em plantão psicológico mas não sou eu essa pessoa e aí eu falei Olha João eu agradeço a sua ligação mas não sou eu essa pessoa É você sim falei Mas eu não faço Psicologia Clínica eu não tenho consultório não atuo desta forma eu também não trabalho em plantão psicológico se você quiser eu posso dar o nome de pessoas profissionais que fazem esse trabalho Não não não É você sim estou com seu currículo aqui sei que você faz isso pensei Caramba falei Eu sou psicóloga organiza cional e do trabalho e aí eu não sabia quem tinha indicado porque ele não falou o nome da pessoa e eu não queria ser indelicada você não vem aqui para conversarmos então falei Vou saio de São Bernardo vou até a Vila Maria para conversar e sa ber qual era a necessidade da empresa e aí quando eu cheguei ele me mostra um anunciozinho de jornal onde ele realmente publicou na época usava muito o Estadão ele publicou Psicólogo Clínico e aí elencou as atividades que o psicólogo ia fazer Seleção vai trabalhar com treinamento com acidente de traba lho com atendimentos individualizados ao trabalha dor e eu comecei a interromper O que é qual é a necessidade Aí ele começa a me relatar A empresa é uma empresa gigantesca tem 70 e poucos anos no mercado o maior segmento dela é construção ci vil pesada é uma empreiteira mas ela não está na LavaJato não fiquem tranquilos acalmem seus co rações Eu também fiquei com o meu coração agita do só faltava Não não estava Então seis segmen tos transporte rodoviário de passageiros pedreiras mineração pecuária laticínios e concessionárias de 66 veículos Tirando concessionárias de veículos todos os outros segmentos envolviam grau de risco em ter mos de segurança medicina e segurança do trabalho altíssimo grau de risco 4 construção civil pesada é o segmento que mais mata no nosso país minera ção é onde nós temos os maiores casos de consumo de álcool drogas prostituição porque geralmente uma mina uma das minas dessa empresa para vo cês terem ideia era ali pertinho do Xingu um lugar extremamente isolado e eles não tinham nenhuma comunicação eles se comunicavam por rádio e eram 28 pessoas trabalhando nessa mina o engenheiro de minas e 27 operários então vocês imaginem o que eles faziam Quando ele vinha para cá ele me con tava Trabalhamos o dia inteiro para comer almoço janta comer lanche tomar café você vai trabalhan do e vai comendo tomando lanche tomando café trabalhando porque não tem outra coisa para fazer Quando você para e janta aí tem um radiozinho que funciona à pilha liga o radiozinho e fala umas bestei ras e bebe bebe bebe Esse engenheiro de minas que estava comigo inclusive ele estava se tornando um alcoolista por conta do trabalho nessa mina Então voltando para o João ele Quais são os nossos problemas aqui Acidente de trabalho aqui é algo absurdo são 15 mil empregados espalhados pelo Brasil nós temos várias filiais no país inteiro e um número gigantesco em todos os segmentos justamente por conta do grau de risco o número de afastamento a rotatividade os conflitos interpes soais e doença Doença aqui é mato estou usando a mesma expressão que ele me relatou Falei Bom então o que você precisa não é de um psicólogo clínico talvez você tenha até a necessidade de um plantão psicológico mas eu não posso falar agora o que é exatamente Pareceme que é trabalho de um psicólogo organizacional e do trabalho e não clínico Ele respondeu Eu vou saber Quem tem que saber é você não eu Uma pessoa muito brincalhona sim ples muito tranquilo de lidar com ele que continuo falando Se você sabe o que fazer com isso ótimo Porque eu daqui a pouco estou louco por conta des se trabalho por não saber lidar com isso afinal sou administrador Respondi Então vamos fazer o se guinte eu venho se você concordar faço um diag nóstico para verificar se é isso mesmo porque mui tas vezes vocês devem receber isso sempre o que eu chamo de diagnóstico de bandeja Vem o gerente da área e fala assim Tenho isso aqui de problemas os funcionários estão desmotivados reclamam do salário não querem trabalhar não querem fazer hora extra isso é diagnóstico de bandeja será que é isso mesmo Então vamos dar uma olhada para ver se é E aí eu pedi Posso fazer um diagnóstico Fi que à vontade desde que você comece a trabalhar amanhã E eu comecei E em dois dias em média eu estava lá com eles Fiz o psicodiagnóstico realmente identifiquei um alto índice de acidentes de trabalho afastamentos rotatividades conflitos interpessoais doenças relacionadas ao trabalho e o que me cha mou a atenção um trabalhador mudo principalmen te no transporte rodoviário de passageiro e nas con cessionárias de veículos Fiz uma mostra da cidade de São Paulo e Vale do Paraíba porque a empresa é gigantesca e não dava para fazer isso no Brasil in teiro Nessa mostra esse trabalhador não falava ele concordava com tudo fazer o diagnóstico foi um par to para conseguir chegar e acessar essas pessoas E eu falei É isso acidentes vocês têm todas as evi dências têm os relatórios está estratificado Não nosso índice de acidentes é 80 por exemplo no transporte rodoviário de passageiros Na construção civil não preciso nem falar para você quanto é falei Queria saber estratificado Não não tem estratifi cado está tudo junto e misturado então era desde ter quebrado um retrovisor na hora em que entrou na garagem até bater o ônibus capotou e matou 50 pessoas 40 pessoas era uma coisa assim bastan te gritante Bom e aí dá para abraçar o mundo Dá para fazer tudo Porque eles estavam contratando só uma pessoa era só eu e tinha administração de pessoal tinha gente para fazer DP tinha gente para fazer admissão mas não tinha gente para fazer Psi cologia Organizacional e do Trabalho nem pensar Bom o que nós fizemos para começar a dar conta disso Montamos uma equipe interdisciplinar para trabalhar porque na minha cabeça o desenho veio assim são tantos problemas são tantas coisas que nós precisamos fazer que não vai ser trabalho só do psicólogo vai ser trabalho de outros profissionais envolvidos para dar conta disso para poder tratar tudo isso E aí contemplando este homem numa vi são biopsicossocial que até então não era a em presa estava muito aberta eu acho que ela estava muito desesperada com o número de problemas que ela tinha Geralmente é assim eles vão nos chamar quando está tudo uma bagunça quando está tudo um grande problema E a equipe interdisciplinar aju daria a dar conta de tudo isso atender todos esses problemas e um por vez E começamos a fazer um trabalho uma equipe que foi formada por mim duas estagiárias de organizacional um médico do tra balho um engenheiro de segurança um técnico de segurança um fisioterapeuta um dentista e um en fermeiro Esse era a planta São Paulo para cuidar de São José e todas as cidades do Vale do Paraíba onde eles tinham as empresas e aqui em São Paulo capi CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 67 tal mais ou menos isso gerava em torno de 1500 3 mil empregados nesse lugar E aí nós começamos a fazer um trabalho em conjunto porque eles já ti nham um proceder um empregado precisava tinha alguma necessidade ele tinha alguma dificuldade ou alguma doença ele vinha para a matriz para ser atendido e aí o que eu fiz Eu mantive esse proceder ele vinha e determinava a necessidade a queixa pela qual ele chegava fazíamos com que outros profis sionais pudessem atender esse trabalhador Então geralmente passava por mim passava pelo médi co o médico eu não preciso falar para vocês que é extremamente difícil porque eles têm um horário reduzido eles não fazem uma jornada de oito horas quatro horas Estou estourando o meu tempo vou tentar ser muito rápida Vou direto para os casos aqui depois eu me coloco à disposição para responder para vocês por email se vocês tiverem dúvidas A Mariana uma vez chegou para mim bilheteira há 26 anos na verdade chegou a requisição de pessoal pedindo a substitui ção da Mariana os nomes estão trocados para pro tegermos o nosso sujeito A Mariana seria demitida por quê Qual era a queixa que o chefe dela fazia Eu liguei para ele e disse assim Por que você vai subs tituir ela trabalhava na rodoviária do Tietê imagine uma bilheteira na rodoviária do Tietê aquele lugar ali que é uma profusão de pessoas indo e vindo Ela tem muitas faltas ela está sempre doente muito triste e tem um problema essa moça não come está emagrecendo e logo vai morrer Sabe por que ela vai morrer Porque ela não come eu falei Espera aí que coisa estranha Fulano me deixa falar com a Maria na aí ele falou Deixo mas não vai adiantar porque ela não come eu já fiz de tudo até comprar comida em restaurante caro eu já fiz e ela não come Muito bem fui conversar com a Mariana fui entender qual era o problema da Mariana Chamei a Mariana Ma riana você sabe que o teu chefe quer mandar você embora ela Eu sei inclusive eu pedi para ele me mandar embora por isso que ele está providenciando a minha substituição falei Mariana por que você quer ir embora Você não gosta de trabalhar conos co O que aconteceu Aconteceu algum problema ela falou Eu estou doente Desde pequena eu tenho muitos problemas com os meus dentes Eu estou doente faz uns três anos agravou ela tem aquele queixo que eu não vou lembrar agora mas era para frente e já estava fechando fazendo com que ela não conseguisse comer tomava apena iogurte e água de coco Há três anos ela não comia direito ela não sa bia o que era comer direito porque a mastigação dela estava com problema E aí eu fiz assim Espera um pouquinho fui lá tínhamos um dentista falei Doutor pode dar uma olhadinha Estou com um caso assim assim assim Posso olhou e aí ele voltou ele demorou dez minutos com ela voltou e falou as sim Val ela precisa de uma cirurgia ela precisa de um bucomaxilo ontem ela vai morrer ela não come e era verdade o encarregado dela tinha falado a verdade ela não comia E aí nós come çamos todo um trabalho lógico isso foi encam pado pela empresa começamos todo um traba lho de encaminhar para o bucomaxilo através de convênio esse dentista nosso ele ajudou ele acompanhou o caso dessa moça até que ela pu desse ser operada ela foi assistida nós fizemos a reinserção dela no ambiente de trabalho para que ela pudesse voltar ao que ela fazia antes só que dessa vez com a saúde restabelecida e a Mariana provavelmente continua na empresa até hoje trabalhando como bilheteira só que hoje ela é sorridente hoje ela come Vejam esse é o tipo da doença que não se apresentava como uma doença mental com problema psicológico só que acabou acarretando problemas emocionais e psicológicos problemas entre os colegas proble mas de relacionamento com os colegas porque ela ficava sozinha ela se isolava por conta dessa dificuldade que ela tinha e ela não sabia quem procurar porque ela falou Cada vez que eu vou ao dentista eu perco um dente porque eu vou ao dentista eles me tiram um dente e me falam que eu não tenho espaço na boca Então a história dessa moça foi uma história bastante interes sante importante Só para dar um exemplo para vocês de como o trabalho do psicólogo é extre mamente importante e às vezes vamos traba lhar numa área vamos cuidar de fazer determina dos encaminhamentos que não é da Psicologia de repente não é uma doença mental não é um problema psicológico ela veio por um problema que ela tinha que era orgânico era outro tipo de problema mas que acarretou problemas emocio nais e psicológicos para ela Acho que não vai dar tempo do segundo caso Obrigada Agradeço a vocês Boa tarde fizemos a reinserção dela no ambiente de trabalho para que ela pudesse voltar ao que ela fazia antes só que dessa vez com a saúde restabelecida 68 Debates Maria das Graças Mazarin de Araújo Obrigada Valquíria Nós temos aí alguns minutinhos para abrirmos para o debate Não identificado Boa tarde Professora Valquíria Eu gostaria de ouvir a sua opinião sobre o papel e abrangência atual do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador os CERESTs Valquíria Rossi O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador hoje tem um papel bastante impor tante para nos auxiliar nestes encaminhamentos porque muitas vezes a pessoa lhe procura ela vem até você e ela conta por exemplo você sendo psi cólogo da organização ela vem e conversa com você Quando esse profissional não existe dentro da organização muitas vezes ele fica com receio de para quem que ele vai falar de com quem ele pode conversar Ele até pode falar com alguém de Recursos Humanos ou para o próprio colega do lado mas o trabalhador tem muito receio ele tem muito medo que isso se vire contra ele e já vimos muitas vezes isso acontecer O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador é um importante aliado porque ele acaba agindo nessas organizações de uma forma bastante tran quila ele entra num caráter de orientação muitas vezes num caráter interrogativo para saber o que está acontecendo como é que foi esse acidente porque eles recebem as notificações dos aciden tes de trabalho então o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador eu diria que hoje é um im portante aliado ao trabalho dos psicólogos Marcos Meu nome é Marcos sou psicólogo atuo na saúde do trabalhador dentro de uma universi dade e eu gostaria de perguntar sobre esse case ha quanto tempo se deu essa intervenção E se teve resultados que se perpetuaram Valquíria Rossi Esse case foi a primeira implanta ção dessa equipe de saúde interdisciplinar como chamávamos de 1998 a 2006 aproximadamen te Essa moça foi atendida no ano de 2005 e eles continuaram com essa prática mesmo depois que saí alguns profissionais também acabaram sain do foram contratadas outras pessoas para dar continuidade a esse trabalho porque foi bastan te efetivo e importante Para você ter uma ideia nas transportadoras era transporte rodoviário de passageiros eles tinham um índice de 80 de acidentes de trabalho por mês Era uma coisa absurda E aí fezse um trabalho conseguimos fa zer um em três anos a redução de 80 para 20 mas por exemplo você tinha motorista na equipe que não enxergava pessoas que estavam sendo assistidas pelo CAPES da região que a empresa não sabia então por exemplo um motorista num dia teve uma crise um surto dentro do ônibus Ele chegou estacionou o ônibus e saiu pela janela O encarregado me ligou e falou assim Valquíria tão estranho ele saiu pela janela É normal eu brin quei Ele pode sair por onde ele quiser O que está acontecendo O fato de sair pela porta ou pela janela o que está acontecendo então foram in vestigar ele estava sendo atendido pelo CAPES e o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador eu diria que hoje é um importante aliado ao trabalho dos psicólogos CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 69 a empresa não sabia Esse trabalhador não tinha informado nem a sua família Então aconteciam coisas que a empresa não ficava sabendo e essa equipe ajudou a diminuir o número de acidentes a deixar o trabalhador mais assistido até em termos de saúde com benefício do plano de saúde Então essa equipe continua creio que deva continuar até hoje que foi um trabalho bastante interessan te que essa empresa adotou como desafio porque era uma empresa gigantesca Toda empresa que cresce demais sabemos que massifica os trata mentos são feitos de qualquer jeito as pessoas ganham números ao invés de nomes e essa era uma preocupação bastante grande da empresa Rafaela Boa tarde Meu nome é Rafaela sou psi cóloga e queria entender um pouco Como funcio na do lado da empresa olhar tantos números Por que começamos a fazer uma particularização dos problemas então é pontual Como a empresa ob serva o adoecimento que ela pode eventualmente provocar e como ela trata disso Valquíria Rossi Essa empresa em particular ficou assustadíssima com o número de acidentes que ela começou a ter em todos os segmentos Lógico que se falarmos A empresa está realmente pre ocupada com a saúde do trabalhador A empresa está preocupada realmente em promover e preve nir a saúde Não a empresa está preocupada com o seu lucro Ela quer ter um desempenho financeiro brilhante no final do exercício e isso é toda empre sa Esta especificamente ela se preocupou porque estava num patamar quase absurdo em relação às empresas do mesmo segmento Então eles disse ram Espera um pouco o que as outras empresas estão fazendo que não têm acidentes É um tra balho fácil Rafaela Não não é Não vou dizer para você que não tínhamos corte de orçamento que não havia brigas por conta de orçamento precisa va de dinheiro para fazer uma equipe como essa funcionar e principalmente tinha um agravante que viajávamos muito para as cidades aqui mesmo em São Paulo Mas isso gera um custo para aten der e justamente para você não personalizar não atender só por exemplo Vou atender só São Pau lo que está mais perto apenas meiadúzia daqui e posar de boa moça fazer uma ação marqueteira não é isso Muitas empresas na linha da susten tabilidade corporativa vão querer fazer isso Com certeza Fazem qualquer ação para parecer como uma empresa que participa de ação social mas que sabemos que a realidade é outra É só para posar de boa moça mas eu acho que isso vai mui to do nosso trabalho Rafaela Vai muito da nossa insistência e persistência porque não é fácil para você ser cortado por conta de orçamento começar a bater na rotina do dia a dia e cuidar da Seleção do Treinamento que é extremamente demandan te que vai ocupar o seu tempo se você não tirar a cabeça fora dágua para falar Poxa para ver ou tras coisas que estão acontecendo você não faz É bastante difícil É um desafio Maria das Graças Mazarin de Araújo infelizmen te nosso tempo acabou Aproveito para lembrar que nós não temos obrigatoriamente a presença de um psicólogo nos SESMTs Serviços especiali zados e acho que é uma luta que precisamos em preender a presença do psicólogo nos serviços de Medicina dentro das organizações quem sabe nós possamos Valquíria Rossi Complementando a fala da Graça que é bastante importante Medicina e Seguran ça do Trabalho manual das NRs veremos qual é o objetivo deles Eles são obrigados a zelar pela integridade física e mental do trabalhador Você vai lá na constituição do SESMT tem engenheiro de segurança do trabalho técnico de segurança do trabalho enfermeira do trabalho auxiliar de en fermagem do trabalho e cadê o psicólogo Acaba Acabou Opa cadê o psicólogo organizacional e do trabalho Essa a Graça lembrou bem Então é extremamente importante começarmos a nos posicionar no sentido de E nós Até onde nós sabemos o profissional que vai atuar com a saúde mental do trabalhador somos nós os psicó logos dentro dos lugares de trabalho porque mui tas vezes você não vai encontrar um médico que é conivente Esse médico da nossa equipe foi muito interessante passaram cinco médicos antes para um médico acertar para trabalhar em equipe inter Até onde nós sabemos o profissional que vai atuar com a saúde mental do trabalhador somos nós os psicólogos dentro dos lugares de trabalho porque muitas vezes você não vai encontrar um médico que é conivente 70 disciplinar Os quatros que vieram antes diziam as sim Eu não vou trabalhar com vocês Por que te nho que trabalhar com vocês Eu trabalho sozinho Eu não trabalho em equipe eu sou médico Ouvia e falava Tudo bem doutor obrigada Maria das Graças Mazarin de Araújo Bom pode ríamos continuar falando mais uma ou duas horas mas o tempo acabou Então o que vimos aconte cer no dia de hoje Nós falamos sobre diversidade nas organizações identidade do profissional Falamos um pouco identificando as diferentes formas de violência no trabalho e finalizamos com a saúde do trabalhador Em tudo isso o que fica Grandes reflexões principalmente na importância do trabalho do psicólogo organiza cional em favorecer condições através de um trabalho sério respaldado em pressupostos teóricos para que esse homem que está tra balhando tenha através desse favorecimento dessas intervenções condições de construir a sua identidade pessoal profissional na sua ple nitude Creio que esse é o nosso grande desafio e a nossa missão enquanto psicólogos voltados a essa área do trabalho Quero agradecer a Pro fessora Valquíria Rossi muito obrigada A todos vocês que estiveram aqui conosco presentes de coração foi muito bom muito importante vamos fazer outros encontros para continuar mos falando sobre a nossa querida POT Agra decer todos os palestrantes que estiveram aqui conosco agradecer ao pessoal do evento que mandou muito bem enfim a todos aqueles que estiveram de alguma forma presentes pesso al que está nos assistindo via web agradecer também enfim toda essa atenção dispensada E dou por encerrado este encontro este semi nário Muito obrigada Em tudo isso o que fica Grandes reflexões principalmente na importância do trabalho do psicólogo organizacional em favorecer condições através de um trabalho sério respaldado em pressupostos teóricos para que esse homem que está trabalhando tenha através desse favorecimento dessas intervenções condições de construir a sua identidade pessoal profissional na sua plenitude Realização Conselho Regional de PSICOLOGIA SP
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20 cadernos temáticos CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 20 São Paulo 2016 1ª Edição Conselho Regional de Psicologia SP CRP 06 cadernos temáticos CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho Caderno Temático n 20 Psicologia Organizacional e do Trabalho XIV Plenário 20132016 Diretoria Presidente Elisa Zaneratto Rosa Vicepresidente Adriana Eiko Matsumoto Secretário José Agnaldo Gomes Tesoureiro Guilherme Luz Fenerich Conselheiros Alacir Villa Valle Cruces Aristeu Bertelli da Silva Bruno Simões Gonçalves Camila de Freitas Teodoro Dario Henrique Teófilo Schezzi Gabriela Gramkow Graça Maria de Carvalho Camara Gustavo de Lima Bernardes Sales Ilana Mountian Janaína Leslão Garcia Joari Aparecido Soares de Carvalho Livia Gonsalves Toledo Luis Fernando de Oliveira Saraiva Luiz Eduardo Valiengo Berni Maria das Graças Mazarin de Araujo Maria Ermínia Ciliberti Marília Capponi Mirnamar Pinto da Fonseca Pagliuso Moacyr Miniussi Bertolino Neto Regiane Aparecida Piva Sandra Elena Spósito Sergio Augusto Garcia Junior Silvio Yasui Organização do caderno Itala Moradei Revisão ortográfica Paulo Paranhos Vírgula Crase Projeto gráfico e editoração Paulo Mota Comunicação do CRP SP C755c Conselho Regional de Psicologia de São Paulo Psicologia Organizacional e do Trabalho Conselho Regional de Psicologia de São Paulo São Paulo CRP SP 2016 70p 21x28cmCadernos Temáticos CRP SP ISBN 9788560405404 1 Psicologia Organizacional 2 Psicologia do Trabalho 3 Saúde Mental 4 Identidade Profissional I Título CDD 1587 Ficha catalográfica elaborada por Marcos Antonio de Toledo CRB88396 Cadernos Temáticos do CRP SP Desde 2007 o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo inclui en tre as ações permanentes da gestão a publicação da série Cadernos Temáti cos do CRP SP visando registrar e divulgar os debates realizados no Conselho em diversos campos de atuação da Psicologia Essa iniciativa atende a vários objetivos O primeiro deles é concretizar um dos princípios que orienta as ações do CRP SP o de produzir referências para o exercício profissional de psicólogasos o segundo é o de identificar áreas que mereçam atenção prioritária em função de seu reconhecimento social ou da necessidade de sua consolidação o terceiro é o de efetivamente garantir voz à categoria para que apresente suas posições e questionamen tos acerca da atuação profissional garantindo assim a construção coletiva de um projeto para a Psicologia que expresse a sua importância como ciência e como profissão Esses três objetivos articulamse nos Cadernos Temáticos de maneira a apresentar resultados de diferentes iniciativas realizadas pelo CRP SP que contaram com a experiência de pesquisadoresas e especialistas da Psicolo gia para debater sobre temáticas ou assuntos variados na área Reafirmamos o debate permanente como princípio fundamental do processo de democrati zação seja para consolidar diretrizes seja para delinear ainda mais os cami nhos a serem trilhados no enfrentamento dos inúmeros desafios presentes em nossa realidade sempre compreendendo a constituição da singularidade humana como fenômeno complexo multideterminado e historicamente pro duzido A publicação dos Cadernos Temáticos é nesse sentido um convite à continuidade dos debates Sua distribuição é dirigida a psicólogasos bem como aos diretamente envolvidos com cada temática criando uma oportuni dade para a profícua discussão em diferentes lugares e de diversas maneiras sobre a prática profissional da Psicologia Este é o 20º Caderno da série O seu tema é Psicologia Organizacional e do Trabalho Outras temáticas e debates ainda se unirão a este conjunto trazendo para o espaço coletivo informações críticas e proposições sobre temas rele vantes para a Psicologia e para a sociedade A divulgação deste material nas versões impressa e digital possibilita a ampla discussão mantendo permanentemente a reflexão sobre o compro misso social de nossa profissão reflexão para a qual convidamos a todasos XIV Plenário do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo Os Cadernos já publicados podem ser consultados em wwwcrpsporgbr 1 Psicologia e preconceito racial 2 Profissionais frente a situações de tortura 3 A Psicologia promovendo o ECA 4 A inserção da Psicologia na saúde suplementar 5 Cidadania ativa na prática 5 Ciudadanía activa en la práctica 6 Psicologia e Educação contribuições para a atuação profissional 7 Nasf Núcleo de Apoio à Saúde da Família 8 Dislexia Subsídios para Políticas Públicas 9 Ensino da Psicologia no Nível Médio impasses e alternativas 10 Psicólogo Judiciário nas Questões de Família 11 Psicologia e Diversidade Sexual 12 Políticas de Saúde Mental e juventude nas fronteiras psijurídicas 13 Psicologia e o Direito à Memória e à Verdade 14 Contra o genocídio da população negra subsídios técnicos e teóricos para Psicologia 15 Centros de Convivência e Cooperativa 16 Psicologia e Segurança Pública 17 Psicologia na Assistência Social e o enfrentamento da desigualdade social 18 Psicologia do Esporte contribuições para a atuação profissional 19 Psicologia e Educação desafios da inclusão Desafios Contemporâneos para as psiCólogas e psiCólogos nas organizações De trabalho Guilherme Luz Fenerich Fernanda Lou Sans Magano Maria das Graças Mazarin de Araújo DiversiDaDe nas organizações e nas relações De trabalho Edna Muniz de Souza Adriano Bandini Maria Aparecida Silva Bento Debates iDentiDaDe profissional Dao psiCólogao nas organizações Maria Emília Lopuff dos Santos Thaís Zerbini Fátima Aparecida Pighinelli Ázar Debates iDentifiCanDo as Diferentes formas De violênCia no trabalho Hely Aparecida Zavattaro Eduardo Pinto e Silva José Roberto Heloani Debate a saúDe no trabalho foCo na prevenção Da saúDe mental Maria das Graças Mazarin de Araújo Valquiria Rossi Debates 07 08 10 12 13 20 25 28 29 36 41 45 46 50 55 61 62 68 Sumário CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 7 Desafios Contemporâneos para as Psicólogas e Psicólogos nas Organizações de Trabalho Guilherme Luiz Fenerich Conselheiro Tesoureiro do CRP 06 Bom dia a todos Vou dar início ao nosso evento de hoje Antes de qualquer coisa eu quero me apre sentar eu sou Guilherme estou compondo a dire toria da atual gestão do Conselho Regional de Psi cologia na função de tesoureiro A presidente Elisa apareceu na primeira programação como confirma da infelizmente ela não pôde vir Em nome da pre sidência da diretoria e especialmente em nome do 14º Plenário quero agradecer a presença de todos aqui hoje neste Seminário Estadual de Psicologia Organizacional e do Trabalho com o título Desafios Contemporâneos para as Psicólogas e Psicólogos nas Organizações de Trabalho Primeiramente quero parabenizar o Núcleo de Psicologia Organizacional do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia na pessoa da Maria das Gra ças conselheira também do 14º Plenário principal responsável pela realização do evento de hoje Agra deço também a presença da Fernanda Magano com panheira representando o Sindicato dos Psicólogos A Psicologia Organizacional do Trabalho ou como costumamos chamar a POT um nome simpá tico está inserida hoje no mundo contemporâneo em mais espaços do que o tradicional espaço da compra e venda da força de trabalho onde começa mos a nossa inserção nesse campo Enquanto área específica do conhecimento metodologias pressupostos teóricos suas técni cas e práticas a POT hoje está convocada para um movimento muito maior de preposição de me lhores condições e organizações de trabalho rela ções e processo de trabalho dignidade no traba lho saúde no trabalho e tantas outras frentes que têm se aberto para a categoria nessa área frentes que exigem o enfrentamento dos problemas já estabelecidos decorrentes do mundo do trabalho contemporâneo como desemprego trabalho pre carizado inclusive trabalhos em condições análo gas à escravidão Entendemos que a POT cumpre um papel permanente de diálogo em intervenções com as expressões da vida vivida no trabalho mas também com ela vivida fora dele o que amplia a nossa interlocução com a vida política social e econômica portanto compromissado e compro metido com uma sociedade mais justa e igualitária Esta mesma sociedade que tem sido uma bandei ra dessa gestão como um todo em todas as áreas e como não poderia deixar de ser também na Psi cologia Organizacional do Trabalho invariavelmen te passa por essa área do trabalho e seus modos de organização afinal de contas é sobre o trabalho que a nossa sociedade está assentada A chamada dos desafios desafios contem porâneos aponta para a nossa necessidade de pensar formas de atuação dos psicólogos e das psicólogas nas organizações mas também fora dela identificar os desafios é o primeiro passo fa lar e refletir sobre eles é o segundo e claro o ter ceiro é agir E é isso que se propõe no evento de hoje sem mais delongas agradeço novamente a presença de todos e todas e que tenhamos um óti mo dia de trabalho hoje Muito obrigado Entendemos que a POT cumpre um papel permanente de diálogo em intervenções com as expressões da vida vivida no trabalho mas também com ela vivida fora dele o que amplia a nossa interlocução com a vida política social e econômica portanto compromissado e comprometido com uma sociedade mais justa e igualitária Identificar os desafios é o primeiro passo falar e refletir sobre eles é o segundo e claro o terceiro é agir 8 Fernanda Lou Sans Magano Representante do Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo Psicóloga na Secretaria de Administração Penitenciária Tesoureira do SinPsi SP Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo Presidente da FENAPSI Federação Nacional dos Psicólogos Conselheira Nacional de Saúde Bom dia a todos e todas quero dizer que é um prazer estar aqui a possibilidade dessa rela ção parceira que se mantém entre o Sindicato dos Psicólogos e o Conselho Regional de Psicologia É sempre bom poder partilhar desses mo mentos e eu comentava primeiro o quanto é in teressante que na diversidade da Psicologia nas muitas possibilidades de intervenção o quanto vamos atraindo mais pessoas que não participam tanto desse espaço e passam a convergir para estar aqui Tanto a iniciativa da criação do núcleo para pensar trabalhar como também propor um evento com essas características que estão co locadas é bastante inovador porque pensamos a questão da Psicologia Organizacional do Tra balho para além do POT Guilherme você sair da quele modelo tradicional de pensar as dinâmicas de recursos humanos as dinâmicas institucionais e trazer o tema do debate de raça o tema da di versidade mais amplamente a questão de como a necessidade da transformação dessa identidade profissional desse trabalhador desse psicólogo que se coloca nas empresas para não ficar sub metido a mandos e desmandos e nesse sentido ser um ator que se veste para cumprir os princípios éticos trabalhar a Psicologia de uma maneira mais densa e mais ampla fazendo então o elo aqui deste debate que são as perspectivas de saúde do trabalhador e a saúde mental Quando eu fui olhar a programação fiquei bastante feliz com essa lógica mais complexa de pensar o tema Enquanto vamos fazendo uma aproxima ção inserindo este tema num debate mais perto das políticas públicas Eu ficava pensando Estou para essa abertura podemos escolher dois cami nhos ou falar da lamúria que está o mercado de trabalho e da lamúria que está a conjuntura ou pensar em perspectivas que avancem e nessa lógica do avançar acho que recentemente em dezembro passado tivemos a 4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador que trouxe elementos bastante interessantes de utilizar a RENAST a Rede Nacional de Saúde do Trabalha dor as Delegacias Regionais de Trabalho uma parceria entre saúde do trabalhador Ministério do Trabalho e emprego para pensar os princípios de trabalho decentes trabalhar o tema de assédio de uma maneira diferenciada fazer os enfrenta mentos necessários para que vamos construindo passo a passo um mundo mais justo porque essa lógica do capital a qual o Guilherme se referia en quanto temos esse mercado que é essa máquina de moer carne se não colocamos os psicólogos a serviço de moer carne também que tenhamos um olhar diferenciado conseguindo nos colocar mos muitas vezes em confronto com a institui ção e acho que esse é um debate que precisamos avançar Se pensarmos historicamente os avan ços que a Psicologia está construindo estão mui to calcados nesses enfrentamentos sair daquele modelo tradicional de pensar as dinâmicas de recursos humanos as dinâmicas institucionais e trazer o tema do debate de raça o tema da diversidade mais amplamente a questão de como a necessidade da transformação dessa identidade profissional desse trabalhador desse psicólogo que se coloca nas empresas para não ficar submetido a mandos e desmandos CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 9 Pensando no sistema de avaliação de testes psicológicos o que tem a ver com esse momento de pensar a Psicologia Organizacio nal Tudo a ver porque a partir do uso inade quado de testes de processos seletivos que faziam questões discriminatórias xenofóbicas racistas fizeram alguns psicólogos sofrerem processos Ao sofrerem processos tanto na perspectiva do Conselho as fichas éticas como também no caso específico alguns anos atrás até processo criminal Então fez a Psicologia se debruçar sobre isso que critérios vamos pôr para os testes terem validação nacional Que mecanismos criamos para que haja um uso ade quado desses instrumentos E que possamos então hoje neste encontro refletir sobre esses princípios éticos refletir sobre a nossa forma ção que muitas vezes deixa a desejar nesse gancho de entender as perspectivas de saúde saúde mental dentro das organizações e que possamos avançar na construção de novos mo delos de intervenção onde se respeite o que há de humano respeite e valorize as condições do nosso cotidiano de trabalho e transforme esse cotidiano de trabalho Transformar na perspec tiva da valorização de uma Psicologia que cuide das pessoas Eu fecho essa questão do cuidado e passo a palavra para a Graça na reflexão da 15ª Confe rência Nacional de Saúde que vai acontecer em dezembro onde se fala do cuidado das pessoas E pensar então a Psicologia inserida nessa lógi ca do cuidado é o necessário para que façamos algo que nos satisfaça profissionalmente mas que faça uma intervenção para as mudanças so ciais necessárias É isso e que possamos apro veitar o nosso dia aqui Obrigada 10 Maria das Graças Mazarin de Araújo Conselheira e Coordenadora do Núcleo de Psicologia Organizacional e do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo CRP 06 Bom dia psicólogas e psicólogos é um prazer muito grande estar aqui hoje e confesso que é uma emoção e para quem é do Núcleo de POT deve estar se sentindo como eu É uma fe licidade muito grande ter trazido este seminário à categoria Eu quero começar falando um pouco como foi essa construção dos núcleos e como é que o CRP entende isso A atual gestão do CRPSP reconhece em seu planejamento a importância da articulação dos saberes e experiências nas diversas áreas em que a Psicologia se insere Nós temos Educação Saúde Assistência Social Trabalho Sexualidade Gênero Etnias Terra Emergências e Desastres Mobilidade Humana Esportes e tantas outras e ao mes mo tempo desafios e avanços construídos em cada campo Nesta proposta os núcleos nas di versas áreas da Psicologia foram criados como uma forma de gestão das atividades do CRPSP que tem como função subsidiar as comissões permanentes as plenárias a diretoria a comis são gestora das subsedes para produção de referências e estratégias de ação política rela tivas ao seu tema Então tal modelo de gestão busca garantir a construção de propostas que se comprometam com a transformação da Psi cologia fazendo convergir esforços e conser vando a complexidade do dia a dia profissional Essa é a proposta principal dos núcleos Os núcleos são compostos por colabora dores psicólogos psicólogas sendo que eles podem ser psicólogos ou profissionais de áreas afins Está aberto o convite quem tem interesse em participar do Núcleo Estadual e nas subse des em todo Estado nós temos Subnúcleos que seriam os núcleos regionais podem entrar em contato com o CRP que nós vamos atendêlos Para continuarmos gostaria de apresentar os componentes do Núcleo Estadual de POT que tanto trabalharam e que estiveram muito juntos vários WhatsApp emails e discussões para que nós estivéssemos aqui hoje O conselheiro Da rio Henrique Teófilo Schezzi está numa plenária Edna Muniz de Souza por favor gostaria que você se levantasse está conosco Vamos ba ter palmas para a Edna Fátima Aparecida ázar que estará conosco também Felipe Maia Hashi moto Gabriela Amanda da Silva Hely Apareci da Zavattaro Joyce Melo de Oliveira que ainda não chegou e é a mais novinha do Núcleo Maria Emília Lopuff Espíndola e o Ubiratan Nunes de Oliveira que também trabalhou muito conosco e não pôde estar presente Dario acabou de che gar nosso conselheiro de São José do Rio Preto Que bom É para você vir dar uma palestra Dario Foi das discussões empreendidas no bojo do Núcleo de POT e pensando nos incontáveis desafios que o psicólogo organizacional se de para principalmente na manutenção e resgate Então tal modelo de gestão busca garantir a construção de propostas que se comprometam com a transformação da Psicologia fazendo convergir esforços e conservando a complexidade do dia a dia profissional CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 11 da dignidade do trabalhador e a proteção dos seus direitos que este seminário foi planejado e tecido Hoje vamos trabalhar com quatro ei xos temáticos primeiro eixo Diversidade nas Organizações e Relações de Trabalho segundo eixo identidade Profissional da Psicologia nas Organizações terceiro identificando as Dife rentes Formas de Violência no Trabalho e no quarto eixo e último a Saúde no Trabalho foco na Prevenção da Saúde Mental Dá até vontade de começar a discutir não é mesmo Gostaria de desejar a todos um dia bas tante produtivo e que possamos sair daqui com reflexões mais maduras com reflexões que possamos multiplicar em nossos ambientes de trabalho e com os nossos colegas Quero agra decer a presença do Guilherme e da Fernanda e eu vou chamar o nosso primeiro mediador para compor a Mesa Muito obrigada Guilherme mui to obrigada Fernanda Chamo a mediadora Edna Muniz de Sou za que é Coordenadora de Programas de Saúde Mental e de Saúde do Trabalhador da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de São Paulo Gestão de Pessoas da Levis Strauss do Brasil Programa de Qualidade de Vida no Trabalho Di retora de Desenvolvimento na área de Gestão de Pessoas da Secretaria Municipal de Saúde da PMSP e Consultora e Pesquisadora do CE ERT Por favor foi das discussões empreendidas no bojo do Núcleo de POT e pensando nos incontáveis desafios que o psicólogo organizacional se depara principalmente na manutenção e resgate da dignidade do trabalhador e a proteção dos seus direitos que esse seminário foi planejado e tecido 12 Diversidade nas Organizações e nas Relações de Trabalho Edna Muniz de Souza Mediadora Coordenadora de Programas de Saúde Mental e de Saúde do Trabalhador da Secretaria de Saúde da PMSP Gestão de Pessoas da Levis Strauss do Brasil Programa de Qualidade de Vida no Trabalho Diretora de Desenvolvimento na Área de Gestão de Pessoas da Secretaria Municipal de Saúde da PMSP e Consultora e Pesquisadora do CEERT Bom dia a todos e todas É um prazer estar aqui em nome do Núcleo mediando esta Mesa e também dizer o quanto é importante esta dis cussão para nós por ser um primeiro momento do Núcleo em ação Acho que é importante fri sar isso Vou chamar para a Mesa o Adriano Bandini que é psicólogo com 15 anos de experiência em trabalhos com Diversidade nos setores públicos e privados incluindo terceiro setor e é profes sor do Curso de PósGraduação Diversidade e inclusão de PCD da Faculdade MAUá Chama mos a Doutora Maria Aparecida Silva Bento que tem um currículo extenso e ela está dizendo Não precisa ler tudo isso risos então eu só vou dizer que ela é Coordenadora Executiva do CEERT o qual tenho o prazer de partilhar com ela que é o Centro de Estudos das Relações de Trabalho de Desigualdades e ela vai trabalhar a questão da Diversidade é psicóloga douto ra pela USP e tem esse acúmulo de mais de 25 anos nesse campo da Diversidade Vou pedir para o Adriano iniciar A ideia é que após a fala possamos abrir para um pequeno debate e nós já estamos um pouco atrasados então vamos ter que controlar um pouquinho o nosso horário Vou pedir para o Adriano começar logo após a Cida faz a apresentação dela e abriremos para o debate CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 13 Adriano Bandini Psicólogo com 15 anos de experiência em trabalhos com Diversidade nos setores públicos e privados incluindo Terceiro Setor Professor do Curso de PósGraduação Diversidade e Inclusão de PcD da Faculdade MAUÁ Bom dia a todos Tem alguma pessoa com defi ciência presente Uma duas baixa visão Ok Então eu descreverei algumas coisas que esti verem na tela levanta a mão se você não con seguir captar tudo bem Primeiro estou superfeliz de conseguir falar dentro do mundo de Psicologia sobre a Psicologia Organizacional que falamos muito pouco eu acho e um pouco do trabalho que vou apresentar é a mistura do que eu gosta ria de dar de recado e provocar um pouco aqui todos para pensarmos juntos Temos um desa fio gigantesco eu trabalho hoje em um banco no Citibank há quatro anos Mas antes fiquei quatro anos na Prefeitura de São Paulo na Se cretaria da Pessoa com Deficiência e tenho uma consultoria na verdade atuo muito com treina mentos e educação e conheço um pouquinho de cada segmento dentro do pilar talvez com mais dor no bolso mais trabalho demanda que são as cotas que o governo impôs Então tem um papel importante nessas cotas e o psicó logo precisa se apropriar disso para conseguir ajudar o que o objetivo original da cota propor cionou que é um programa de inclusão que um dia vai fazer com que essa sociedade igualitária que queremos realmente aconteça Vou falar um pouco da experiência de Di versidade mas para ouvirmos com a provocação algumas perguntas algumas coisas O psicólogo vai ser cobrado dentro de uma empresa por re sultado aquela coisa de ser um funcionário de uma empresa logo a empresa tem uma expecta tiva em relação a você e quando você entra nela para fazer o trabalho vai dizer assim Olha tem muita coisa errada aqui dentro a empresa não vai gostar muito e dependendo de como você fala isso ela vai mandálo embora O problema é esse Então temos um problema duro para ser enfrentado que precisa de um posicionamento mas não podemos ser reféns do salário só ou da estrutura que a empresa nos apresenta Eu acho que esse jogo é um importante jogo para ser aprendido e para ele ser muito bom para am bas as partes com bastante reconhecimento e prazer no que se faz existem caminhos E o re sultado esse caminho que temos que aprender a dizer ou a formatar E o caminho é a qualidade de vida das pessoas claro mas casando com o núcleo com a satisfação dos acionistas aos ter ceiros que trabalham ali e assim por diante O meu papel nesse processo Eu tenho que olhar tudo que acontece com um papel bastante ousado de empreendedor e não de executor do que vão me mandar fazer Dentro da Psicologia mais ainda porque se vamos para solucionar coi sas que já estão há tempos sendo desafiadas ou por exemplo a questão de como a gestão de pes soas atua se fosse boa nem precisaríamos estar lá Entrar para fazer a mesma coisa não basta Todas as pessoas têm uma expectativa de que se ele passou por uma faculdade de Psicologia vai saber falar de Diversidade se ele fez faculdade de Psicologia ele vai fazer superbem o trabalho de inclusão do pessoal com deficiência nem sempre é tão simples 14 O que é Diversidade O conceito é grande o desafio é grande e os valores humanos que estão embasando cada ação de Diversidade precisam ser do conhecimento de todos os psicólogos por que por mais que não se tenha por exemplo um clí nico não tem ali uma intenção original de trabalhar na empresa mas aí por algum motivo ele acaba entrando e vai fazer alguma ação Todas as pes soas têm uma expectativa de que se ele passou por uma faculdade de Psicologia vai saber falar de Diversidade se ele fez faculdade de Psicologia ele vai fazer superbem o trabalho de inclusão do pes soal com deficiência nem sempre é tão simples Então pelo menos falar do assunto e dizer Olha ainda não sei muito bem isso precisamos apren der a fazer e buscar um pouco mais de prática Há muitas imagens aqui elas na verdade mostram o contexto que um ambiente corporativo tem e de uma forma mais provocativa há pesso as com deficiência o cadeirante que é um símbolo bastante direto quando falamos de inclusão à di reita na parte de baixo eu tenho algumas pessoas no meu programa de deficiência intelectual tem 46 eu vou mostrar um pequeno vídeo vou econo mizar fala para que o vídeo se autoexplique e esse trabalho só funciona porque tem muitos psicólo gos envolvidos de várias áreas diferentes Então essa articulação é fundamental Nesta atual foto eu tenho uma mulher ne gra que no mercado de trabalho é a que mais sofre preconceito é a que menos está lá formal mente e em termos salariais é a que tem a maior discrepância se compararmos com o homem branco padrão dominante assim por diante A Doutora Cida pode dar uma aula porque é ela que ensina sobre esse tema inclusive Falar de Diversidade respeitar a questão da Diversidade eu gosto de dividir em três mun dos para que fique claro que a nossa atuação vai transbordar com toda a certeza os muros da em presa Primeiro é a área de trabalho a força de trabalho que a companhia tem Então se eu estou numa empresa diretamente comigo nesse item de três são os funcionários as pessoas que estão ali Então eu posso olhar para a Diversidade para o meu público e entender onde estão quantos são e qual a qualidade de vida que eles têm ali incluin do aqueles detalhes difíceis como salários que eu acabei de dizer com relação à etnia Uma segunda atuação dos psicólogos em Diversidade nas com panhias é o suporte à comunidade principalmente quando as empresas multinacionais são as que estão em jogo O poder que uma marca tem de in fluenciar o entorno é enorme podemos nos valer da influência que essa empresa tem naquela cida de naquele bairro naquele país para reescrever a história que acreditamos ser a melhor Assim nos sa prática ganha visibilidade e impacta em tudo E no suporte à comunidade podemos fazer por exemplo ou pela sustentabilidade pela responsa bilidade social ou promoção de voluntariado para que ajude pequenos grupos que estão no entorno nos bairros são pequenas ONGs no caso do Citi aqui da tela apoiamos financeiramente reformas estruturais em pequenas ONGs essas que difi cilmente conseguem concorrer a grandes editais e ter um financiamento público maior para quê Para aumentar a capacidade de produto dela se trabalha com aprendizagem ela vai poder ter mais alunos se trabalha com acolhimento de qualquer perfil de vulnerabilidade vai poder acolher mais e isso aumenta a sustentabilidade da ONG A nossa meta é essa fazer uma ação pontual melhor que garanta que esse espaço se torne mais sustentá vel e depois saímos para que eles continuem A indicação é sempre por um funcionário porque a manutenção dessa ONG interna que temos tam bém é feita uma parte por funcionários e uma par te pela corporação E o terceiro ponto importante de Diversidade é na política de aquisição de bens ou seja minha cadeia de fornecedores os meus terceiros Eu posso falar para eles e eu falo Eu quero que vocês tenham os valores de Diversidade também Como Cumpram a lei de cotas de vocês aqui no meu contrato façam um bom atendimen to das minhas pessoas dos meus funcionários de todos eles no perfil que são e mais ainda se eu posso e eu preciso comprar um determinado pro duto eu posso comprar de pequenos fornecedo res de grupos vulneráveis socialmente fazendo com que a economia e o desenvolvimento desses grupos sejam acelerados e não simplesmente da quele que está mais fácil ali a pronta entrega mas O poder que uma marca tem de influenciar o entorno é enorme podemos nos valer da influência que essa empresa tem naquela cidade naquele bairro naquele país para reescrever a história que acreditamos ser a melhor CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 15 que já domina o mercado quase que no monopólio Dá trabalho Dá mas é por isso que estamos lá para conseguir mostrar que caminho seguir e tor nar isso mais fácil ao longo do tempo O posicionamento são quatro flechas que eu gosto muito de ilustrar com elas que se encon tram no centro que vão dizer como o psicólogo vai se colocar sem medo de ter os argumentos necessários para inclusive questionar os outros poderes Temos a princípio poder básico que é do grupo diretivo os acionistas as famílias que fazem o direcionamento do negócio Daqui a dois três anos nós vamos para cá vamos abrir uma nova fábrica vamos abrir mais lojas enfim eles darão o norte para todo mundo Depois no outro poder tem gestão de pessoas que vão dizer como fazer aquilo como é que está toda questão legal sindi cal quantidade de pessoas necessárias benefí cios o engajamento vai no detalhe recrutamento e seleção força de trabalho etc Um terceiro ponto muito importante é o im pacto que tudo isso terá Como fazer eu preciso fazer um processo sustentável ter todas as nor mas que vão me falar de responsabilidade social e sustentabilidade para que aquele negócio propos to faça com o melhor impacto Aqui eu tenho os três mais tradicionais e eu gosto de encaixar a Di versidade como um quarto independente dos ou tros três para que ele tenha autonomia de entrar lá e dizer Olha podemos dar uma melhoradinha nes sa parte ou Podemos otimizar o resultado que a área de sustentabilidade oferece para outras áre as da companhia e fazer com que o entorno se de senvolva ainda mais rápido então uma empresa saudável garante mais empregos e garante mais desenvolvimento para todo mundo isso impacta em muitas questões inclusive as legais e para isso temos que nos preparar Primeiro passo é entender o que funciona como inclusão e exclusão os para digmas que crescemos vivendo já estão conosco para quebrar esse estereótipo é difícil E a maior parte das pessoas dos estagiários de Psicologia que recebemos ou dos psicólogos que entram nas funções de recursos humanos que infelizmente é cada vez menor eles continuam então reprodu zindo o que cresceram vendo A oferta de solução ainda é rasa há um desafio gigante na formação desse psicólogo que ingressa para que essa par te se aprofunde de verdade e faça mudanças es truturais Os paradigmas antes de falar do vídeo que é o que vai explicar bastante aqui na prática o projeto como é que funciona tudo isso e o nosso posicionamento quando eu tenho que tomar algu ma decisão e existem muitas delas Eu vou contar um caso aqui de uma dupla licençamaternidade tem duas que participaram conosco do curso esta semana desculpa mas vou contar tudo de novo que é o modelo que o mercado mudou nas últimas décadas vemos por exemplo desde a década de 1950 até a de 1980 com aquela história da integra ção As leis de cotas evidenciaram muito isso mas toda dinâmica segue a mesma coisa ou seja tem uma vaga de emprego ela é assim cadeira verme lha a mesa tem essa medida a pessoa tem que caber nela do jeito que ela está se é na linha de produção é igual etc Vamos filtrando de acordo com o tamanho da roupa Só tenho bota 41 se o candidato calça 43 Sinto muito você não pode tem que ser alguém que calça 41 esse é o para digma da integração E ele foi mudando conforme a evolução dos conceitos a clareza deles e as lutas por eles foram conquistando vitórias De 2000 para cá diminuímos muito a questão da integração e passou a fazer o processo de inclusão que só tem realidade quando ele é qualitativo Eu sei que estou na inclusão quando a pessoa está vivendo junto e de uma forma que todos usufruem meio de quali dade de vida Esse é o principal paradigma é o meu ponto de decisão se eu tenho que tomar alguma é a pessoa que é o centro da história então são os direitos humanos que vão ali mesmo que as cren ças pessoais sejam diferentes do que os próprios direitos humanos apresentam Tem um psicólogo que trabalha comigo e teve um dilema recente mente sobre a questão LGBT e crença ele tinha uma religião bastante radical em determinados va lores e se defrontou com uma situação de um fun cionário LGBT o funcionário transgênero Depois de todo um trabalho ficou chocado com aquilo foi a primeira vez que teve contato direto indo de en contro a opinião da crença religiosa dele mas foi muito interessante porque ele conseguiu filtrar ali Meu papel aqui de psicólogo exige que eu consi ga ter o meu pessoal num ponto e consiga fazer avaliações de julgamentos a partir de outro núcleo Primeiro passo é entender o que funciona como inclusão e exclusão os paradigmas que crescemos vivendo já estão conosco para quebrar esse estereótipo é difícil 16 de valores isso é uma outra coisa que temos que dominar bastante E é essa premissa do juramento que eu trago de diversidade não é mais a cadei ra e a mesa que vai importar e sim a pessoa que chegar vai ter a ergonomia adequada para ela ou seja usar a lei da forma que ela beneficie a pessoa e não ao contrário e assim por diante Um gráfico supersimples que é o das bolinhas coloridas na parte de cima eu tenho a inclusão que é um monte de bolinhas coloridas espalhadas aleatoriamente eu não tenho um pensamento organizado ali e em baixo os modelos de exclusão eu coloquei as bo linhas coloridas fora do sistema estão banidas do convívio corporativo da segregação falar assim Eu faço uma ótima política eu integrei todos aqui na minha folha faz parte já Vamos ver onde eles estão você passa toda área sai da área entra num outro lugarzinho construído exatamente para eles pronto segregados A integração até está junto ali mas tem um setor deles vira o setor dos egressos aqui e assim por diante Muito bem vou passar um vídeo Ele ilustra um pouco o último gráfico que está na tela que é a questão da atuação do psicólogo e que eu acredi to muito que seja uma pista para um caminho mais qualitativo O psicólogo tem que ser a pessoa mais metida da empresa Fato Tem que ser muito meti da ela se mete onde não é chamada o tempo todo Por quê Porque se você esperar que alguém venha chamálo Quero melhorar a minha não vai ser tão fácil Então você tem que se convidar para ir aos lugares e começar a falar e articular e então você tem que ir lá não vai esperar que venham ilustran do o quadro é um gráfico bem simples no centro a ideia de Diversidade do profissional de Psicologia e várias flechas saindo desse centro para que cada área exista as que eu nomeio aqui e muitas outras recebam a influência desse trabalho e muitas ve zes quando um desses trabalhos acontece as sen sibilidades que tem uma das bolinhas fala assim Promoção de seis tipos de acessibilidade não só arquitetônica que é uma que conhecemos bastan te elevador rampa etc mas eu falo da comunica cional mercadológica instrumental programática que é mudar normas leis para tirar barreiras e mais pessoas poderem participar com qualidade e tudo isso são ferramentas que o psicólogo pode usar para fazer o trabalho dele acontecer na prática E um dos projetos que eu vou mostrar no vídeo que se chama Projeto Somar ele foi pensado dentro do mundo da pessoa com deficiência inicialmente Eu tenho 46 funcionários com deficiência intelectual no total são 260 pessoas com todos os tipos física auditiva visual intelectual e múltipla ainda não te nho nenhum surdo ou cego mas estou convencen do a ter O pessoal está meio resistente mas ven cemos pelo cansaço E esse projeto para dar certo ele exigiu as seis formas de acessibilidade então mudamos muita coisa achamos espaço para que o intelectual pudesse trabalhar qual atividade que ele poderia executar pensamos quem poderia ser um tutor dele tinha que formar o cara antes e ao mes mo tempo não podia só deixar em sala de aula e de pois trazer para a empresa Descobri que não acaba nunca a formação dos intelectuais ela é constan te de dois em dois meses a turma está lá de novo Descobri que não tem limite de desenvolvimento ele pode ir até onde continuar sendo estimulado se empenhar e vai continuar se desenvolvendo eles extrapolaram todos os itens que pensamos no iní cio do projeto Descobrimos que a família atrapalha precisa ter um trabalho com a família precisa mudar a forma como a família pensa então vamos junto com a família Descobrimos que o parceiro precisa ter psicólogos terceiros fora do papel ou do chapéu da instituição para conseguir falar com essa família com uma neutralidade importante Tinham pais que iam à agência por exemplo que o filho trabalha para conversar direto com o ges tor da agência para decidir detalhes que queria tirar férias dali a cinco dias Então calma Ou outros pais bem cruel a história que usaram todos os créditos por exemplo que um funcionário bancário tem direi to todos Cartão de crédito todos a que ele tinha di reito empréstimo todos empréstimos consignados tudo Deixaram o rapaz endividado até o talo Muito cruel a situação Para termos o projeto funcionando bem temos que ter um olhar mais sistêmico temos que funcionar em várias pontes e sozinho não faze mos nada então vai psicólogo aqui vai psicólogo lá cada um com uma especialidade fazendo o melhor para uma coisa só girar bem E a metodologia depois virou um material Formatamos Se outras empresas quiserem fazer dá para seguir Dá e é simples E o custo O custo é o melhor de todos eu tenho coisas Se eu aumento o meu índice de retenção de pessoas com deficiência quanto eu economizo E só de multa eu calculo 20 milhões por ano economizados para a organização CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 17 que são supercaras médias e baratas mas quando fazemos a conta eu devolvo o investimento para cada um real que eu aplico por exemplo voltam oito e é essa conta que temos que aprender a fazer para conseguir vender qualidade para o trabalho do psi cólogo interno Senão vamos ser ainda apelidados do cara que abraça a árvore E essa conta não é fácil então precisamos entender que exatas está na alma tem que fazer parte e traduzir O meu investi mento aqui vai ser de sei lá 500 mil reais e quanto é que isso vai voltar no fim do ano Se eu aumento o meu índice de retenção de pessoas com deficiência quanto eu economizo E só de multa eu calculo 20 milhões por ano economizados para a organização A minha área hoje tem um orçamento de dois mi lhões por ano tenho seis funcionários que trabalham comigo e agora ganhamos mais uma nova área qualidade de vida para todos os funcionários Eles olharam esse projeto que vocês vão assistir e fala ram assim Agora faz igual para todo mundo com e sem deficiência por exemplo Vamos ver Vídeo OPORTUNIDADE Alex Soares Integrante do Projeto Somar Eu não tenho ainda um objetivo certo de onde eu quero chegar porque sempre pretendemos crescer mais e mais então aqui dentro do Banco eu passei pelo Remote depois para a Agência e hoje eu consegui uma oportunidade na área de Crédito Imobiliário Eu pretendo com certeza me desenvolver ainda mais tendo uma oportunidade maior aqui para saber onde eu posso chegar e quais são os meus limites Rafaela Oliveira Regional Paulista O Alex era da agência WTC em São Paulo e ele já estava lá há bastante tempo e vivia comentando Eu quero ser promovido eu quero ter uma nova oportunidade Ele veio para a área de Crédito Imobiliário Hoje ele lida com o gerente ele envia emails de pendências ele vem sempre aqui na Paulista para conversar so bre pendências de processos Andrea Barros Crédito Imobiliário O Alex che gou à nossa área há aproximadamente dois anos e ele veio da área comercial com muita experiência em atendimento ao público e em vendas de cartão de crédito Assim que ele chegou imediatamente assumiu uma atribuição extremamente relevante na nossa área que era a parte de análise de crédito preparação para os documentos para análise de crédito no tratamento das propostas e renovação da carta de crédito atividades que ele desempenha até hoje com alguns outros desafios Ana Lucia Monteiro Integrante do Projeto So mar Eu vim para cá com deficiência intelectual leve acho que as outras pessoas que quiserem também terão a oportunidade de tentar vir para cá A rotina de banco é puxada Para quem acha que é tudo às mil maravilhas não é tanto assim Se não fosse o Citi eu não estaria aqui Eu estou muito feliz aqui Não identificada Quando eu cheguei à Paulista uma agência grande com 33 officers a matriz do banco na hora eu pensei Poxa só tem uma pessoa do Somar aqui só o André que também já conhecia a Paulista porque estava aqui há muito tempo Con versando com o Adriano a Patrícia eu falei assim Por que não ter outro Somar na Paulista Eu acho que cabe mais uma pessoa aqui E foi quando eu sugeri para o Adriano a Ana Lucia porque eu já a co nhecia e sabia da experiência dela sabia que ela era muito integrada no dia a dia de vendas por saber várias coisas vários processos Quando o convite foi feito a ela foi como uma promoção para vir traba lhar na maior agência do Brasil E quando ela chegou aqui se sentiu tão lisonjeada tinha tanto orgulho de estar na maior agência do Brasil que falávamos Olha você só está aqui por causa de toda experiên cia que você tem no Banco e ela chegou aqui num momento de mudança e ela queria fazer ela chega va para os gerentes Me dá isso que eu faço é uma imagem que você precisa ter Uma Xerox e ela ia tirava queria organizar a fila na recepção E todos os dias quando chega à minha mesa fala Hoje eu trabalho na maior agência do Brasil Ana Lucia Monteiro Integrante do Projeto So mar Eu estou com seis anos e seis meses de banco Patricia Fris Recursos Humanos A ideia veio de um conjunto de pessoas que queria trabalhar para essa empregabilidade acontecer Temos obviamen te a Lei de Cotas mas não queríamos fazer só isso queríamos ir além proporcionando oportunidade para as pessoas e mudando a vida E hoje sete anos depois vemos que a vida das pessoas mudou Carmem de Marco Psicopedagoga psicóloga e especialista em Psicologia Clínica e Educacio nal do Colégio Pauliceia Lá no comecinho o que foi feito Foi feito um levantamento nas diversas agências das pessoas que estavam mais voltadas para isso Começamos com aqueles que estavam mais potencialmente prontos Nós fizemos uma capacitação dessa equipe de gestores onde ex plicamos como era como eles funcionavam quais são as coisas que podiam ser feitas para ajudar o que no meu comportamento com eles poderia fa vorecer um desenvolvimento o que poderia even 18 tualmente dificultar E a partir disso esse trabalho foi crescendo junto porque essas pessoas que no começo eram algumas hoje são muitas Então é muito interessante que praticamente no Citi hoje nós temos todas as agências de São Paulo e já uma em Campinas com o Somar RESPEITO Andrea Barros Crédito Imobiliário Em poucas empresas eu vi tamanho respeito à diversidade Eu posso dizer que esse é um dos fatores o fato do Citi trabalhar diversidade com esse respeito é o que me dá mais orgulho de trabalhar no Citi Não identificada A maioria dos clientes vê isso como um lado muito positivo Mas já teve um episó dio de um cliente numa outra agência não aqui na Paulista que começou a questionar Poxa por que vocês deixam essa pessoa atendendo Acho que isso assim é muito raro acontecer Acho que o clien te vê isso como uma coisa muito positiva e faze mos questão de mostrar e de deixar eles expostos quando sabemos que eles têm essa capacidade de conversar de lidar e se você pega pessoas como a Ana Lucia que sempre está ali na entrada da agên cia sorrindo dando bom dia para todo mundo é interessante que os próprios funcionários do Banco aqui na Paulista Poxa quem é essa menina que fica dando bom dia com um sorriso no rosto isso traz uma coisa muito boa para todo mundo Andrea Barros Crédito Imobiliário Não pode mos ignorar que existe uma limitação ali essa limi tação precisa ser reconhecida para que possamos atribuir atividades adequadas de acordo com a ca pacidade de entrega daquele funcionário No caso do Alex foi muito fácil isso porque apesar de ele ter uma deficiência intelectual rapidamente já de senvolvemos técnicas que nos ajudassem a fazer com que ele superasse essas dificuldades Carmem de Marco Psicopedagoga psicóloga e especialista em Psicologia Clínica e Educa cional do Colégio Pauliceia A pessoa com de ficiência intelectual gosta de atividades de baixa complexidade repetitivas que tenham um rendi mento mais imediato Então isso tudo vai fazendo com que essa escolha do deficiente intelectual seja muito interessante dentro desse processo das empresas Vamos explicar como é a deficiência intelectual mas num foco muito interessante da oportunidade Vamos dizer o que acontece para o que aquilo pode ser canalizado de uma forma positiva e o que podemos fazer no dia a dia para minimizar possíveis dificuldades Max da Silva Nicolay Integrante do Projeto Somar Você quer tentar aí eu falei Vamos tentar uma entrevista não custa nada e eu estou gostando adorando e graças a esse em prego aqui eu tenho tudo o que tenho na minha vida Eu nunca pensei na minha vida que eu ia conseguir um apartamento mas eu estou con seguindo O Citi é um banco internacional não é qualquer banco por isso temos a obrigação de representar bem o Citi Se você for atrás e deixar 30 currículos um vai chamar porém faça a sua parte para a empresa fazer a dela DIGNIDADE E CIDADANIA Ana Cristina Gimenez Carvalho Rubin de Celis Mãe de dois integrantes do Projeto Somar Minha ligação com o projeto é que eu tenho os meus filhos gêmeos o Wilson e o Luís que este ano dia cinco de dezembro vai fazer sete anos que eles trabalham no projeto eu tenho uma li gação total com o projeto Nós acompanhamos a entrevista e o meu medo inicial era de que um deles não entrasse E a minha maior surpresa é que do Paulicéia colégio foram escolhidos cin co e entre os cinco estavam os dois Eles deram uma grandeza para a função que inicialmente talvez fosse pequena para as outras pessoas E a função deles foi aumentando e nisso a autoes tima vai se elevando cada vez mais e trazendo isso para a família MAIS DE 50 PARTICIPANTES ATÉ 2015 93 DE RETENÇÃO 100 DAS AGÊNCIAS DO CITI NA GRANDE SÃO PAULOSP APRENDIZES COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL PLANO DE CARREIRA AMPLIAÇÃO PARA O PROJETO SOMAR PARA O RJ NOVA TECNOLOGIA SOCIAL PARA TODO O MERCADO RECONHECIMENTO EXPOSIÇÃO POSITIVA DA MARCA AMPLIAÇÃO DA ATRATIVIDADE EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS Ana Lucia Monteiro Integrante do Projeto Somar Se não fosse por esse projeto eu não estaria onde eu estou hoje CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 19 Muito bem Eu acho que esse projeto exigiu muita coisa diferente ao longo desses anos todos tem quase dez anos foram oito e um fruto dele foi essa abertura para a diversidade Então quan do temos hoje demandas novas o fator Somar o Projeto Somar já ajuda muito a ter um posiciona mento frente às outras temáticas Adriano volta a falar E o caso das mulheres que eu comentei é bem simples Nós tivemos duas funcionárias que se conhe ceram lá uma com cinco anos de casa a outra com sete aí elas se amaram e casaram Em termos de di reitos são iguais usufruem igual não tivemos nenhum impacto em relação a isso Passado um tempo elas resolveram ser mães uma delas em especial que ain da não era mãe a companheira dela tinha uma filha de um casamento hétero que ela teve anteriormente Deixa eu só pôr a foto delas aqui vai ficar bem legal Elas foram fazer os tratamentos os exames etc e a primeira mãe descobriu que não poderia gestar ela tem um problema de rins bastante severo e quando o médico um segundo médico um terceiro médico mos trou isso para ela ela ficou muito triste decepciona da mas era fato A companheira dela fez os exames e descobriu que poderia gestar novamente resolvido A primeira mãe foi até uma clínica de fertiliza ção tirou os óvulos fecundou e colocou no útero da companheira dela para gestar E deu certo A gravi dez vingou gêmeas duas meninas Lá pelo terceiro mês quando estava tudo realmente consolidado fi zeram uma pergunta bem legal para o RH Quem sai de licençamaternidade Vai psicólogo boa sorte Depois de um supertrabalho pesquisa consulta em várias áreas iNSS tivemos um caminho e um ponto de decisão de colocar as duas que são duas mães em licençamaternidade porque não é uma fazendo o papel paterno Muito do que voltou do mercado era isso É fácil um materno e outro paterno só que não as duas a não grávida ou seja a mãe biológi ca não grávida fez um tratamento para amamentar também então para ficar legal o caso tivemos esse acréscimo Enfim e foi esse trabalho de pesquisa consulta posicionamento e encorajar a tomada de decisão da companhia é que faz a diferença no fim já foram já voltaram as crianças estão com quase dois anos mas o legal é ver que o mercado ficou as sustado num primeiro momento recebemos vários advogados de outras companhias bravos conosco dizendo que fomos irresponsáveis porque se criou uma jurisprudência Só que não é uma jurisprudência é um caso muito específico e único com caracterís ticas que dificilmente se reproduzem assim e que mostram que se o medo é jurídico na primeira parte da fala assim Tranquilo olha aí apresenta com a paciência infinita do psicólogo e o segundo pas so a conversa sempre termina assim Mas o mais importante é a pessoa logo se fosse para ser juris prudência que fosse que seja que é para as pesso as poderem ter outro paradigma para começar a se comparar Obrigado mas o legal é ver que o mercado ficou assustado num primeiro momento recebemos vários advogados de outras companhias bravos conosco dizendo que fomos irresponsáveis porque criou uma jurisprudência Edna Muniz de Souza Parabéns É tão difícil ficar nesse papel primei ro porque você quer ouvir mais porque dá uma sensação de querer saber como foi Mas nós infelizmente temos um tempo aqui temos ou tras Mesas vamos ter que cortar o Adriano Eu acho que no debate vamos tentar deixar inclu sive diminuir um pouquinho a fala para deixar um pouquinho mais de tempo para o debate Vamos ver se conseguimos Passamos a pala vra agora para a Cida doutora Maria Aparecida Silva Bento e ela tem 25 minutos que vou con trolando aqui 20 Maria Aparecida Silva Bento Coordenadora Executiva do CEERT Doutora pelo Instituto de Psicologia da USP Coordenadora Geral das 7 edições do Prêmio Educar para a Igualdade Racial e de Gênero Coordenadora do Projeto Conteúdos Materiais Ensino a Distância e Formação de Rede em prol da Diversidade na Educação Infantil com a UFSCarMEC Membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia Desenvolveu consultoria no campo da diversidade para FEBRABAN no Comitê de Diversidade dos Jogos Olímpicos 2016 Itaipu Binacional OXFAM Fundação Vale Eletrobrás e outras empresas Professora de Psicologia Social da Universidade de Austin TexasEUA ExMembro do Grupo Assessor da ONU Mulheres Membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia Fellow da Ashoka Eleita Líder Social no Fórum de Líderes Sociais e Empresariais da Gazeta Mercantil 2002 Líder Avina Reconhecimento pela Medalha Anchieta e do Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo Cidadã da Cidade de Atlanta EUA 1991 Autora de vários livros Bom dia a todas e todos aqui Tenho uma história longa com este CRP neste tema eu diria que em 1996 e 1997 aqui no CRP nós fizemos muitas coi sas nós fizemos publicações nós fizemos vídeos Acho que na época era o Odair Furtado a Lumena e houve um longo tempo de história aqui de traba lho com psicólogos organizacionais nesse campo da diversidade depois fui para o Conselho Federal de Psicologia na área de direitos humanos fiquei algum tempo e depois saí agora retornei Pensei em começar a minha conversa com vocês com uma provocação eu estive na Con ferência Ethos1 este ano e do ano passado em ambos os anos os diferentes psicólogos ou profis sionais da área de RH que lá estavam na Mesa co migo disseram a mesma coisa o ano passado que disseram este ano O tema que está sendo mais difícil de avançar nas empresas é o tema das rela ções raciais bate com vocês A penúltima estava 1 Conferência anual realizada pelo instituto Ethos O instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma Oscip cuja missão é mobilizar sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável tornandoas parcei ras na construção de uma sociedade justa e sustentável com o Reinaldo Bugarelli ele falou Trabalho todos os temas mas esse é o único que eu não consigo fazer avançar Então acho que é algo para se pensar acho que isso mostra um pouco como é que cada um de nós está lidando com esse desafio onde é que es tão os impasses Eu entendi que hoje iríamos falar de desafios quais são os desafios para nós pro fissionais e na dimensão institucional que preci samos ler para poder atuar de uma maneira talvez mais assertiva A minha provocação inicial é essa pesquisa que eu estou terminando na minha organização que é com empresas multinacionais O que dizer sobre essa pesquisa O universo dessa pesquisa referese a 15 dentre as 50 empresas líderes em diversidade em 2014 publicada pelo Diversity Inc então são 15 eles publicam 50 empresas que se destacaram foram premiadas pelo trabalho com diversidade e eu peguei 15 dessas empresas uma equipe dentro do CFP o que fizemos Ana lisamos dados dos websites dados dos códigos de conduta relatórios de diversidade relatórios de responsabilidade social para entender um pou co como é que essas empresas estavam lidando com diversidade o que elas estavam fazendo Lá nas matrizes e aqui neste país elas são as maio res aqui são a Johnson CocaCola estou falan do das grandes empresas aqui no Brasil Mais de 80 têm diversidade no código de conduta fora do Brasil e aqui dentro do Brasil Frequentemente encontrase destaque sobre diversidade étnico racial nas matrizes essa palavrinha aparece lá não aparece aqui Vamos adiantando aqui O que eu percebo das ações dessas empresas Fazendo uma análise na verdade na pesquisa aparece em presa por empresa vamos publicar o ano que vem O tema que está sendo mais difícil de avançar nas empresas é o tema das relações raciais A penúltima estava com o Reinaldo Bugarelli ele falou Trabalho todos os temas mas esse é o único que eu não consigo fazer avançar CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 21 mas ainda estamos nesse debate porque não in teressa expor nenhuma empresa interessa tentar compreender os processos Mas o que de ações que eu achei que são bem legais e têm promovido mudanças Conselho de diversidade que avalia e define a direção es tratégica de programas de diversidade que orien ta lideranças a focar em metas nessa área tem que ter uma meta para gênero uma meta para PcD Pessoas com Deficiência uma meta para raça uma meta para LGBT tem que ter as metas A existência de organismos as empresas têm or ganismos têm núcleos coletivos áreas para tra tar desse tema todas essas 15 que eu estou fa lando são as 15 maiores Esses organismos estão compostos por altas lideranças então eu diria que mais de 30 anos de experiência me mostraram que se a alta liderança da empresa não entra o psicólogo da empresa não faz nada além de criar uma hostilidade no seu entorno tornar o seu dia a dia um inferno porque ele é aquele que está tra zendo coisas que a empresa não quer ouvir Altas lideranças têm que estar Liderança em inclusão e diversidade esses núcleos implementam programas significativos para empregados para comunidades para clien tes e para candidatos e eles premiam lideranças com bom desempenho no campo da diversidade se eu tenho um chefe de uma área a de custos e ele está conseguindo implementar a diversida de ele tem mulher no seu quadro tem negros eu arrumo uma maneira de visibilizar essa liderança dentro da empresa e premiála Uma coisa interessante pelo desdobramen to essas empresas têm programa de diversidade para fornecedor criam oportunidades e desenvol vem capacidades para empresas que tiveram bar reiras Se a minha empresa contrata fornecedores de computador de papel de não sei o que por que é que eu não vou buscar aquelas pequenas empre sas que em geral não conseguem contratos Em presas dirigidas por mulheres dirigidas por negros Quando eu posso deslocar o programa de diversi dade de dentro sou eu que escolho tenho quatro fiz uma licitação tenho quatro empresas para me fornecerem determinado serviço ou determinado produto eu digo que um dos critérios é que ela tenha diversidade um dos critérios que você em presa se quer concorrer aqui para esse serviço me mostre diversidade e existem várias formas de se fazer isso Elas têm grupos de funcionários e o grupo como meu foco foi gênero e étnicoracial essas pessoas se reúnem para fazer a empresa avançar naquele tema Localizam e acolhem novos funcionários dos grupos minoritários Como é que eu vou ampliar a presença de negros de mulheres e PcD dentro da empresa Eu acho que tem uma coisa que nós fizemos no nosso Censo da FEBRA BAN Federação Brasileira de Bancos que vamos perceber dentre tantos aprendizados que tivemos um Censo que envolveu a população total que era de 500 mil empregados em todo o Brasil de todos os maiores bancos vamos perceber que a principal fonte de recrutamento é de amigos e parentes Se eu não tenho negros ali eu já tenho uma questão não é que o cara quer indicar não é que o cara não quer negros na empresa mas ele indica uma pessoa que é parenta dele que provavelmente é branca do círculo dele então alguns aprendizados quando você faz o Censo ajudam você a perce ber onde é que pode melhorar o seu processo por exemplo de recrutamento Os treinamentos são uma coisa interes sante eles têm websites dinâmicos que oferecem treinamento contínuo em diversidade para engajar o funcionário criar um ambiente de trabalho que valorize a diversidade eles desenvolvem pesqui sas entre os funcionários sobre o que fazer para ampliar a diversidade fazem campanhas de ma rketing sensíveis aos grupos minoritários aqui é presencialmente não a presença na população mas dentro daquela empresa E o que é interes sante também pensando em um RH Se eu nunca vi essa empresa aberta para um segmento ao qual pertenço eu nunca vou botar o meu currículo lá a empresa tem que dar algum sinal de que eu sou bemvinda Se ela faz um cartaz uma propagan da como por exemplo até mexemos com a USP na última propaganda que eles tiveram para ves tibular havia quatro mulheres com escova e loiras chamando para um curso quer dizer está ali claro quem a instituição está chamando então se quer mostrar que a diversidade é importante por que não coloca lá uma mulher de cabelo encaracolado morena negra quer dizer como é que os meus ma teriais podem repercutir isso Nos seus projetos sociais e nisso eu concordo muito com o Adriano o psicólogo também tem que ajudar projeto so cial a empresa tem sempre por que ela vai apoiar só chá das cinco Ou aquelas coisas que tocam o coração das pessoas instituições de pessoas que têm câncer é importante por que a empresa tem dificuldade por exemplo de apoiar questões que ela entende como políticas grupos que lutam por direito pela defesa de direito Talvez seja uma 22 coisa a dizer para a empresa que nem eu estava olhando isso aqui direitos das crianças e adoles centes talvez esse também não que não possa apoiar instituições que trabalham com câncer mas ela pode apoiar também instituições que traba lham na defesa ou com iniciativas na defesa de direitos isso é um foco interessante que eu posso discutir com a área de projetos sociais que no ge ral tem muito dinheiro e a escolha é a mais con servadora possível é a escolha de quem só dá o dinheiro naquela área onde o coração dói e não implica em defesa em questões políticas Tutorias A importância do desenvolvimen to de tutoria isso eu tenho aprendido porque faço tutoria para várias empresas quer dizer não é a mesma coisa se eu quiser acelerar a carrei ra tenho certeza que mulheres não conseguem espaço de direção em empresas ou negros Não é botar todo mundo junto com os homens num programa de tutoria é diferente a tutoria para mulheres dentro da empresa encontra obstácu los diferentes elas têm uma trajetória diferente em relação a dos homens não é para negar isso elas têm uma realidade diferente que a empresa precisa reconhecer Essa coisa de que todos so mos iguais bota tudo lá não A tutoria para uma mulher negra é diferente a tutoria para mulheres em geral é diferente a tutoria para um PcD é di ferente eu preciso reconhecer que eu tenho uma diferença ali então isso é importante No Brasil essas empresas essas 15 cos tumam citar políticas para PcDs e aí quando o Adriano traz a importância da cota é verdade eu sempre fui contra a cota nas empresas privadas mas a minha pergunta é se a empresa se mexe quando não for multada caso ela não mude No movimento social sempre apanhei porque eu fa lei que sou contra cotas que eu prefiro ação afir mativa que as pessoas têm que estar sensíveis o coração delas tem que se abrir elas têm que entender e eu percebo que não é isso que está acontecendo o tempo passa eu já estou velhinha e as coisas não mudam O que está faltando no mesmo contexto quando eu tenho uma empresa que tem cotas e se ela não cumprir a cotas o Ministério Público multa ela se mexe É verdade ou não é Ela se mexe para algum outro canto como ela se mexe para a ques tão Não mexe porque ela é multada e não são mul tas pequenas É uma coisa a se pensar Qualquer um de nós ou a grande maioria de nós fica meritocracia não sei o que não sei o que inclusive precisamos discutir um pouco o que é meritocracia Meritocra cia é merecimento se estamos dizendo que quem está nos melhores lugares é quem merece ou seja eu estou dizendo assim se eu tenho a maioria de ministros homens é porque eles têm o mérito as mulheres não estão lá porque elas não têm o méri to Então às vezes estou em cursos para RH vejo e não acredito o psicólogo tira do seu bolso o mesmo argumento Não mas não podemos ter privilégio ao mérito mas o que você está me dizendo Você está me dizendo que se na sua empresa 100 dos diretores são homens dizendo que as mulheres não têm mérito por isso que elas não estão lá ou tem uma questão social que levou a isso Há uma história também não é que eles não tenham méri to ninguém está dizendo isso não estou dizendo que eles não têm mérito mas como é que a elite da empresa utiliza o discurso do mérito quem merece e como é que também compramos Começamos a repetir Tem que ter mérito não pode ter privilégio na cadeira que senta homem senta mulher não é assim Tem outros elementos No movimento social sempre apanhei porque eu falei que sou contra cotas que eu prefiro ação afirmativa que as pessoas têm que estar sensíveis o coração delas tem que se abrir elas têm que entender e eu percebo que não é isso que está acontecendo o tempo passa eu já estou velhinha e as coisas não mudam Então às vezes estou em cursos para RH vejo e não acredito o psicólogo tira do seu bolso o mesmo argumento Não mas não podemos ter privilégio ao mérito mas o que você está me dizendo Você está me dizendo que se na sua empresa 100 dos diretores são homens dizendo que as mulheres não têm mérito por isso que elas não estão lá ou tem uma questão social que levou a isso CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 23 Por que hoje como eu tenho a responsa bilidade de trazer o tema das relações raciais é importante pensar que temos um contexto insti tucional legal favorável O que é isso Com esses programas de cotas e ações afirmativas que te mos nas universidades eu vou provocálos para irem ao ProUni vai no site do MEC vocês vão ver que jovens brancos pobres têm o mesmo percen tual de benefícios das cotas do que os negros e pardos Vai no MEC um milhão e tanto para um um milhão e tanto para outro Aqui ninguém ouve falar nada dos jovens brancos pobres que utilizam co tas Vocês ouvem Quando se fala de cota se fala de privilégio para negro mas vai ao MEC se vocês forem na UERJ nos estudos de João Felix ele vai mostrar que as universidades que deveriam que começou a disputa por cotas raciais viraram cotas sociais Vocês conhecem essa discussão não é Cotas raciais não cotas sociais têm que ser para todo mundo o que significa que hoje e eu acho que isso é uma coisa muito positiva o ganho do jovem branco pobre é igual ao ganho do jovem negro nas cotas e ação afirmativa É uma coisa que o movi mento negro deveria explorar muito mais porque as pessoas repetem os discursos da Globo do UOL da Folha que é Precisamos cotas vá ver as estatísticas você verá quantos jovens pobres brancos e negros estão se beneficiando Eles es tão saindo do curso superior não dá para dizer Eu não consigo encontrar negros para os meus traba lhos talvez o recrutamento precise entender me lhor como é que vai lidar para ter negros porque senão vamos também repetir o clichê Mas não tem negro precisamos trabalhar isso É possível identificar casos nessas áreas em várias empresas brasileiras iguais àquelas multi nacionais existem empresas brasileiras fazendo coisas bonitas são isoladas não têm visibilida de Eu tenho dito que é importante mapear para vermos como é que o outro está fazendo e está dando certo O grande desafio que tem sido colo cado é o dado da cor raça nos cadastros não é verdade Vai colocar dado cor raça no cadastro aí começa a discussão Nós não sabemos quem é negro o Brasil é miscigenado se não resolvermos perguntar para a polícia porque ela sabe a polícia não sabe Ou pomos uns três policiais ali para nos ajudarem a descobrir quem é negro porque eles são assertivos eles matam três vezes mais ne gros do que brancos eles sabem tudo sobre isso Se não colocarmos os policiais lá podemos nos inspirar na experiência de mais de 30 anos do iBGE do iPEA de todos os cadastros muitos cadastros que utilizam o dado cor raça o ENEM tudo Temos os cadastros e o Ministério Público porque as em presas reagiram dizendo Não podemos colocar a cor das pessoas porque ninguém sabe porque o Brasil é miscigenado quem é moreno Ministério Público colocou no Ministério Público do Trabalho na folha dele na internet ele coloca lá os marcos legais para o uso da cor raça nos cadastros só que não basta colocar O Brasil tem uma história de silêncio sobre esse tema não é educado colo car a raça falar sobre raça esse negócio não de vemos fazer as pessoas ficam desconfortáveis se mexendo como lidamos com isso Eu tenho expe riência de mais de 20 anos de instituições a nossa também tem mas tem no Brasil inteiro gente que faz uma campanha explica porque eu pergunto sobre dado de cor raça PcDs LGBTs por que eu pergunto isso Porque eu quero que a minha em presa seja mais diversa é só por isso Depois que você faz um bom treinamento para quem pergunta e para quem responde temos a nossa experiência é de um mês para outro 80 nesse mês não que riam dizer a sua cor No mês seguinte explicouse em um folhetinho muito simples de três minutos as pessoas chegam agora em Salvador de 0 a 3 passou agora para mais de 80 de pessoas brancas e negras que falaram da sua cor Elas entenderam por que está se perguntando e envolver as altas lideranças que eu falei é impor tante caminhando para a finalização pensar que a persistência dos índices é muito grande em relação às desigualdades Aquilo que o Adriano já falou no caso de desemprego as mulheres estão em dobro na informalidade 66 é a taxa delas mais elevada do que a dos brancos Os rendimentos são extrema mente inferiores e é muito importante que os avanços de gênero não têm incluído as mulheres em regras e ontem eu estava num debate aqui envolvendo ho mens e mulheres eu disse Gênero é mulheres ou é só mulheres brancas porque alguém conhece o Pró Gênero é mulheres ou é só mulheres brancas porque alguém conhece o Pró Equidade de Gênero aqui Só duas empresas aqui Três Quatro Pró Equidade de Gênero é um programa que busca ampliar a presença das mulheres negras dentro das empresas é bem interessante 24 Equidade de Gênero aqui Só duas empresas aqui Três quatro Pró Equidade de Gênero é um programa que busca ampliar a presença das mulheres negras dentro das empresas é bem interessante Muitas empresas têm aderido acho que agora ultrapassou 100 empresas e a empresa faz um Censo pergunta várias coisas inclusive a cor e raça a empresa gosta eles têm um selo e tal e esse programa tem gênero mas quando faz o Censo e se percebe a diferença na presença da mulher negra as mulheres que fa zem parte do comitê de diversidade não conseguem avançar na questão da mulher negra porque de ver dade a mulher negra tinha que estar nesses comitês de diversidade senão não é um avanço Bom acho que é isso Vou só trazer mais um pouquinho esse negócio Vocês veem aí o Movimento das Crespas na rua Quem pegar a Avenida Paulista com aqueles cabelos crespos vermelhos verdes e tal Eu acho que é importante pensarmos sobre isso Mi nha sobrinha teve uma situação bastante difícil numa grande empresa aqui em São Paulo não vou nem dizer a avenida porque ela é fluente em espanhol chinês inglês e foi para a China ficou um ano e meio aprendendo mandarim porque ela acha que para re lações de comércio exterior seria importante Ela vol ta da China achando que o currículo dela iria arrasar com 29 anos e não conseguiu emprego Seis meses depois estava em depressão e aí falando com uma consultora de RH a consultora quis ver um pouco o Linkedin dela o cabelo crespo vermelho avermelha do e ela disse Com esse cabelo você não vai ocupar cargo de direção em nenhuma empresa Ela tinha o cabelo enrolado avermelhado assim como tantas jo vens usam não é vermelho mas ela falou foi do cabelo crespo Você tente fazer uma escova não use essa blusa colorida no Linkedin não sei o quê e ela falou para mim Tia olha como ela foi racista eu disse Ela não foi racista ela foi realista Eu não sei onde é que convencionamos que uma cabeça onde tem cabelo liso toma decisões melhores porque tem cabelo liso tem capacidade de comando tal mas usamos isso no dia a dia se tivéssemos uma comprovação ficaría mos ali na porta da empresa com escova progressiva para melhorar e nem faria treinamento Um salão para poder melhorar a nossa capacidade mas é isso A última coisa que eu queria falar é diversida de desigualdade meritocracia Essa é a última coi sa Tudo que eu aprendo em empresas às vezes é que a empresa pega uma ideia já que ela não tem saída pega aquela ideia e transforma aquela ideia A diversidade que surge da luta das mulheres para ampliar a presença dela dos membros na em presa ela vira diversidade de visões de mundo di versidade de perspectivas Como também entramos nessas marmeladas porque às vezes eu chego numa empresa Aqui não é só diversidade mulher homem essa coisa temos que ir para o lado mais propositivo mais positivo nosso time tem pessoas com diversas visões de mundo eu falo assim Tudo bem é tão legal tão bonito isso só que diversidade não surge assim Diversidade surge na rua na luta das mulhe res porque não estavam incluídas Surge porque elas não conseguem ocupar cargos de direção Surge na batalha dos negros dos PcDs para entrarem nas em presas como é que vamos transformar isso nessa coisa de diversidade de conceitos Então diversida de não pode ser deslocada de desigualdade Diver sidade não é diferença eu sou ruiva você é morena Eu sou alta você é baixa todas nós temos que ter oportunidade não é isso Mas temos isso no nos so discurso nós eu falo nós porque somos nós nós psicólogos nós estamos na empresa precisa mos daquele emprego não é que vamos sair dizendo tudo que pensamos e ir para o olho da rua e buscar no outro porque vai ser igual mas nós compramos muito desse discurso E a meritocracia já falei é me recimento o conceito que vem todo tempo que fa lamos que precisa ampliar a presença de mulheres Oh reconhecemos mas tem que ter mérito Eu fico parada Você está querendo me dizer o quê Que os incluídos são os que têm mérito E para finali zar eu diria o seguinte que o Adriano trouxe quanto mais uma empresa pode dialogar com a população onde ela está incluída então o Mcdonalds da Rússia não pode ser o mesmo Mcdonalds da China que não pode ser o mesmo Mcdonalds da áfrica o Mcdonalds do Brasil não pode ser a mesma coisa em produtos em atendimento e em quadro de pessoal A cada lu gar onde a empresa está ela tem que dialogar com o perfil da população nos seus produtos nos seus serviços e nos quadros de pessoal Ela tem que con siderar isso não é bom só para a população é bom para a instituição também Obrigada Diversidade surge na rua na luta das mulheres porque não estavam incluídas Surge porque elas não conseguem ocupar cargos de direção Surge na batalha dos negros dos PcDs para entrarem nas empresas como é que vamos transformar isso nessa coisa de diversidade de conceitos CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 25 Debates Edna Muniz de Souza Quero agradecer ao Adriano e à Cida pelas brilhantes reflexões porque na ver dade foi isso além de trazerem as experiências nos fazem refletir mesmo no nosso dia a dia no lugar da Psicologia neste contexto organizacional Nós esta mos online para quem está assistindo online pode enviar perguntas para crpwebtvcrpsporgbr Quem está online pode encaminhar perguntas e as pes soas aqui podem também vamos abrir agora para perguntas a ideia é que para as pessoas que não quiserem ocupar a fala possam escrever nós temos pessoas aqui para pegar e temos um tempo de 15 minutos para essas perguntas Podemos começar E pede para a pessoa se apresentar rapidamente só para saber de onde é e o nome Andrea Albuquerque Bom dia meu nome é Andrea Albuquerque Eu sou psicóloga e sou coordenado ra de diversidade numa empresa de tecnologia da informação Eu já acompanho há bastante tempo vocês e quando o Adriano estava falando eu tinha pensado em compartilhar as minhas dores as quais eu estou vivendo atualmente Quando a Cida falou eu acho que respondeu tudo O inferno que eu vivo no dia a dia porque eu fui contratada para ir para esse papel há sete meses e eu acho que eu vou pedir o desligamento porque eu não consigo fazer absolutamente nada Então eu acho que a minha pergunta é quando nos deparamos com essa resis tência da alta liderança o que fazer Eu sinto que eu não tenho mais energia para tentar lutar para mu dar tantas mentes fechadas e sem a preocupação de ao menos perceber outro olhar Estou tendo mui ta dificuldade eu vim de uma empresa na qual eu só fazia o manejo era uma empresa absolutamente fantástica em relação a isso ela caminha sozinha aceitei esse desfio e realmente estou assim eu vim para tentar compartilhar essa experiência e aprender um pouco porque está sendo bem difícil Edna Muniz de Souza Alguém mais para fazermos um bloco pelo menos de questões Roseli Inês Imasseti Bom dia eu sou Roseli inês imasseti de Americana sou psicóloga organizacio nal e eu acho que a minha pergunta complementa a dela Qual é o preparo do psicólogo para enfrentar esse tipo de resistência Eu acho que tem um buraco aí e eu gostaria que fosse falado sobre isso Edna Muniz de Souza Alguém mais Então eu vou passando para o pode ser o Adriano a Cida quem começa Adriano Bandini Eu ia falar que é uma ótima pergunta para a doutora Cida mas vamos lá Essa parte da re sistência é fato Eu acho que ela é maior quando jus tamente não tem cotas e é a hora que entra no con creto no mundo real O avanço significativo acontece quando a sensibilidade da liderança chega e quando dói no bolso é bem sensível Então quando a Lei de Cotas o que ela deixou de aprendizado aqui Ela teve um caminho foi criada em 1991 e ficou zero resultado até que o decreto de 1999 veio e a fiscalização come çou a usar esse decreto e falou Vamos ver como que anda esse assunto Depois ela ganhou muito peso porque a fiscalização viu que só com a ação fiscal é que o resultado aparecia e a multa é bem mais cara do que a folha de pagamento porque claramente fazem a conta na sua frente É mais barato pagar a multa do que contratar porque folha de pagamento bene fício não sei o que se não fosse o fato da multa poder ser diária até você cumprir a cota Eu acho que o começo de lugares que são pedreira não teve um bom momento quando a multa não existia Depois a pessoa que começa a trabalhar com isso inicialmente por cotas consegue ter espaço para falar e a partir daí ela começa a mostrar muitas melhorias E a outra parte que eu acho que mulheres ilustram muito é a se 26 guinte mulheres são um pilar global todos os países trabalham a liderança feminina e salário igualitário e há comitês de mulheres há muito anos mais do que qualquer outra temática de diversidade mas o resul tado não acelerou muito também Qual é a questão Primeiro o argumento contábil sempre foi meio fraco quando começamos a mostrar números que chamas sem mais a atenção eu acho que a estratégia que eu assisti de pares e pessoas de outras empresas que fizeram os trabalhos avançarem do nada foi que eles foram para uma pessoa no pessoal no relaciona mento e disseram Vamos almoçar E esse diretor da presidência quando não era o próprio deu alguns minutos de atenção e falou Olha nós conseguimos aumentar o engajamento em tantos por cento ou a lucratividade em tantos por cento tem uma pesqui sa aqui que mostrou isso em um minuto eu falei a mensagem A pergunta que eu espero é Como as sim eu tenho mais espaço para continuar falando Mas o que chama a atenção É o número Para que aquela pressão natural que ele tem por meta resul tado tal tenha alguma liga com o que eu quero apre sentar e posteriormente é que temos um resultado que nós sabemos que é sensacional mas que ele não tem nem a chance de ser apresentado e no fato das mulheres a mulher na experiência que eu acompanhei teve o seu comitê e tinha uma que era dos direitos e tal porém nunca aconteceu de verdade um avanço e não tinha nenhuma mulher negra no grupo aliás só tem uma parda que ainda se autodeclara branca Talvez outro tema bom para mexer Aconteceu que depois de dez anos estruturados e pouquíssimos resultados agora tem um homem ali junto e se abriu a questão não só aqui mas em outros países onde deixamos muito claro O trabalho que esse comitê de mulheres faz ele tem que ser junto com os homens E entrou o tema relações compartilhadas e muitos ou tros desdobrando E agora temos visto nesse progra ma de Assessment Método de Desenvolvimento de Potencial que a doutora Cida colocou é muito legal realmente é muito personalizado e passa a ter uma fala até mais forte do que a nossa inicialmente na pe dreira ali lapidando cada pedacinho O problema é que a formação não existe Hoje somos carentes de como formar um psicólogo para fazer isso acontecer eu acho que a maior oportunidade direta aqui CRP vou dar trabalho para vocês aliás bota uma rampa aqui está faltando se um cadeirante vier falar aqui preci samos falar está aqui e é esse o ponto são nesses detalhes que a coisa vai funcionar Eu acho que temos uma excelente oportunidade porque se discutem as cotas raciais agora a área pública já tem e quando vamos poder ajudar para efetivamente fazer a quali dade acontecer além da quantidade Maria Aparecida Silva Bento Acho que você tocou nos pontos eu vou só pegar o que eu acho que po deria ajudar a complementar Eu entendo o que a An drea e também o que a Roseli colocaram Eu sempre penso algumas coisas principalmente o que caracte riza uma instituição porque eu acho que precisamos sempre pensar como é que a instituição reage ao novo tem uma psicóloga que diz que uma identidade reivindicada dentro de uma instituição é insuportável por quê Porque a instituição tem uma vocação de se preservar criar procedimentos uniformizálos repeti los transmitilos com aquela queixa de que aqui todo mundo tem um tratamento igual Então você quer requisitar tal coisa você vai ter o mesmo tratamento que ela eu tenho que ter um procedimento uniforme que se repete o tempo inteiro mas as instituições so mos nós elas não são aqueles prédios e aquelas me sas As instituições somos nós e pensar como é que a instituição reage à presença de uma mulher numa reunião de diretoria onde 12 homens se reuniam sem pre faziam suas piadinhas só os ternos e de repente chega uma mulher e se senta para decidir igual não veio servir café Ela veio para tomar decisões sobre o que fazer com esse recurso ou com aquele e isso não tem pacto isso tem Está no imaginário deles porque eles vivem o cotidiano de uma mulher num outro lugar prender uma mulher num outro lugar está no imagi nário dela aquele desconforto vai surgir ali Se entrar um negro então eu acho que isso é um ponto muito importante como é que a instituição reage a isso Precisamos não subestimar isso O que mais funcio nou eu concordo com o Adriano relações pessoais fazem a diferença numa das empresas em que eu estou trabalhando isso faz a diferença uma pessoa foi a um dos diretores e começou a conversar com ele Eu fui para os Estados Unidos e lá eu sentei com um negão da direção da empresa e eles têm menos de 20 Aqui eu contratei dois negros na minha equipe de 40 e já perguntaram se eu estou querendo prete jar a área entendeu Mas isso não é dessa empresa racista é das empresas onde nós todos estamos Se Aqui eu contratei dois negros na minha equipe de 40 e já perguntaram se eu estou querendo pretejar a área entendeu Mas isso não é dessa empresa racista é das empresas onde nós todos estamos CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 27 eu vou lá eu sento com o negão aqui eu não con sigo a força disso às vezes a conversa vai se dando com alguma liderança que começa a se abrir A outra coisa é onde os processos avançaram a instituição vivia uma situação de discriminação e teve que dar uma resposta Por exemplo num trabalho que eu desenvolvi junto com o Adriano numa grande corpo ração as mulheres pediram para o Ministério Público para que averiguasse naquelas empresas a presença de mulheres e negros e o Ministério Público acolheu e falou Está bom eu vou verificar e verificou que não tinha mulher não tinha negro não tinha cargo de dire ção então falou Desenhe o problema de diversida de e tudo começou oito anos atrás assim Quem fez isso foi o movimento sindical o movimen to negro e de mulheres mas tudo que nós da em presa aprendemos é que se tem um ser carimbado de horrível é movimento sindical movimento negro movimento de mulheres é verdade ou não é Você falou disso nas empresas as pessoas já começam a estrebuchar babar porque movimento sindical mo vimento mas são esses segmentos que às vezes podem fazer a pressão que você que está lá dentro de RH não vai fazer você tem vínculo empregatício A importância também desses movimentos que são tão chatos e falam aquelas coisas que não quere mos ouvir queremos ver o positivo que dá certo é porque esses daí é que vão empurrar Então eu também tenho visto muita coisa avançar porque as pessoas batem ela viveu uma situação de discri minação e entra no Ministério e fala Me faça uma proposta de como você vai ser mais diversa ela começa a se mexer E por último vamos ter que ter cotas nas empresas privadas Essa é a minha gran de pergunta Agora o psicólogo sozinho eu acho que algumas coisas que ele pode ir fazendo é todo tipo de ação porque o psicólogo sozinho também guarda dentro de si os preconceitos não sei o que aconteceu com o nosso curso de Psicologia que di zemos para nós que somos objetivos e neutros nos processos de seleção De alguma maneira depois que entramos no curso de Psicologia e na empre sa no RH perdemos tudo que era preconceito tudo quanto é discriminação somos neutros objetivos só escolhemos pelas competências não é isso que achamos de nós Mas não é verdade Nós também trazemos os preconceitos nós mesmos Eu acho que poder fazer o pequenininho que não vai mudar tanto mas já muda recrutar se preocupar em recru tar onde há negros há mulheres dar sinais de que eu estou interessada em negros na minha empresa no meu material de comunicação não preciso falar para colocar mas eu posso colocar no meu material de divulgação em todo curso que eu fizer de treina mento ter um modulozinho competente não é aquilo que eu pude fazer pelo senso comum mas é alguém que trabalha nisso Temos vários estados fazer um módulo que toque em pontos centrais em 20 minu tos fazemos isso um módulo legal que comece a mexer com as pessoas A pessoa sentou para fazer um curso de treinamento vai ouvir falar sobre diver sidade humana na nossa empresa Há várias coisas que podemos fazer mas acho que as altas lideran ças precisam ser envolvidas e o que vem fazendo avançar não tem sido sensibilização Edna Muniz de Souza infelizmente vamos ter que encerrar esta Mesa Estamos no limite do tempo acho que teríamos mais coisas para abordar Que as perguntas que vieram também pela web vão ser res pondidas e se mais pessoas quiserem encaminhar nós também podemos fazer chegar aos palestrantes e depois encaminhar as respostas Vamos agrade cer ao Adriano agradecer à doutora Cida pelas con tribuições aqui na Mesa Acho que nós vamos ter um pequeno intervalo de 20 minutos ah então não vamos ter intervalo nós vamos direto eu acho que primeiro só dizer para vocês que é importante va mos ter outros temas que podem aprofundar ques tões que foram encaminhadas para cá por exemplo a próxima Mesa aqui é de identidade profissional que pode aprofundar questões de como estar num lugar e não precisar pedir demissão Agradeço aos dois e vamos continuar aqui na próxima Mesa Obrigada Maria das Graças Mazarin de Araújo Continuan do chamo Maria Emília dos Santos para compor a segunda Mesa Maria Emília é psicóloga formada pela USP com especialização em Administração de RH com mais de 30 anos de experiência na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho Atualmente é Coordenadora dos cursos de Gestão de Negócios e Professora de Psicologia Organiza cional e do Trabalho Ética Profissional Gestão de Pessoas e Psicologia Social Agora o psicólogo sozinho acho que algumas coisas que ele pode ir fazendo é todo tipo de ação porque o psicólogo sozinho também guarda dentro de si os preconceitos não sei o que aconteceu com o nosso curso de Psicologia que dizemos para nós que somos objetivos e neutros nos processos de seleção 28 Identidade Profissional dao Psicólogao nas Organizações Maria Emília Lopuff dos Santos Psicóloga formada pela USP com especialização em Administração de RH com mais de 30 anos de experiência na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho Atualmente é Coordenadora dos cursos de Gestão de Negócios e Professora de Psicologia Organizacional e do Trabalho Ética Profissional Gestão de Pessoas e Psicologia Social Bom dia a todos Vamos continuar aqui o nos so trabalho Vou chamar os nossos palestran tes Thais Zerbini Doutora e Mestre em Psico logia pela Universidade de Brasília Bolsista de Produtividade em Pesquisa Nível 2 Professora Doutora em Psicologia Organizacional e do Tra balho da Faculdade de Filosofia Ciências e Le tras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo FFCLRPUSP Participa do corpo docente do Programa de PósGraduação em Psicologia e do Grupo de Trabalho de Psicologia Organi zacional e do Trabalho na Associação Nacional de Pesquisa e PósGraduação em Psicologia Foi Coordenadora também do Curso de Graduação em Psicologia da USP na gestão 20122013 e Secretária da Associação Nacional de Psicologia Organizacional e do Trabalho SBPOT na gestão 20102012 seja bemvinda e a Professora Fáti ma Aparecida Pighinelli ázar psicóloga Bacharel e Licenciada em Psicologia pela Universidade Paulista UNESP Especialista em Psicologia Or ganizacional e do Trabalho Psicopedagoga pelo instituto Sedes Sapientiae em 1986 Especialista em Avaliação institucional pela Universidade Fe deral de Brasília Mestre em Administração com foco em Recursos Humanos pela Universidade Metodista Professora universitária desde 1986 atuando como supervisora de estágio aplicado à Psicologia Organizacional e do Trabalho no Curso de Psicologia Coordenadora de PósGraduação Lato Sensu em Gestão Estratégica de Pessoas e Psicologia Organizacional da Universidade Metodista e membro de Grupos de Pesquisa vin culados à Programas de PósGraduação Stricto Sensu da Universidade Metodista nas áreas da Educação e Saúde Seja bemvinda Fátima Es pero que todos aproveitem vou pedir para que quem for elaborar suas perguntas que sejam bem claras e objetivas para que todos possam participar e o pessoal que também está nos as sistindo via internet que encaminhem suas per guntas para os nossos palestrantes CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 29 Thais Zerbini Doutora 2007 e Mestre 2003 em Psicologia pela Universidade de Brasília Bolsista de Produtividade em Pesquisa Nível 2 Professora Doutora em Psicologia Organizacional e do Trabalho da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo FFCLRPUSP Participa do corpo docente do Programa de PósGraduação em Psicologia e do Grupo de Trabalho de Psicologia Organizacional e do Trabalho na Associação Nacional de Pesquisa e PósGraduação em Psicologia Foi Coordenadora do Curso de Graduação em Psicologia da FFCLRPUSP Gestão 20122013 e Secretária da Associação Nacional de Psicologia Organizacional e do Trabalho SBPOT Gestão 20102012 Bom dia a todos Antes de iniciar a minha fala gostaria de agradecer imensamente o convite do CRP Eu vejo como uma iniciativa louvável reunir o encontro sobre Psicologia Organizacional e do Trabalho principalmente aqui no Estado de São Paulo onde vemos muitas falhas em formação Eu acompanhei esta última Mesa e vi uma das participantes esqueci o nome agora falando que pensou em desistir Enfim nós vamos re tomar isso eu penso que ser psicólogo já exige uma tolerância diariamente ser psicólogo em contexto de organizações e trabalho é muito di fícil Nossa vida é composta por trabalho as pes soas adoecem por trabalho tem uma outra Mesa no final do dia onde vai ser falado muito disso as pessoas adoecem e não se dão conta disso atribuem coisas aspectos disposicionais indivi duais familiares quando na verdade o trabalho impacta diretamente e penso eu na maior parte na saúde física e mental das pessoas E penso que o psicólogo pode contribuir muito mais do que vem contribuindo na área de organizações e trabalho seja qual tema especí fico nós estivermos tratando seja diversidade saúde mental no trabalho área de gestão de pessoas para que essas questões diminuam Nós somos recentes ainda o conjunto teórico metodológico de POT no Brasil vem se estrutu rando há pouco tempo eu vou tentar mostrar isso para vocês Então de fato eu acho que nós temos que fazer o nosso trabalho de crí tica também porque senão vamos cometer o mesmo erro dos contratantes de identificar quais são as falhas na formação para que nós não nos sintamos responsáveis por essa au sência de informação e conhecimento O que eu vou mostrar para vocês é que de fato nos cursos de graduação e nos cursos profissionali zantes há muita falha na formação dessa área da Psicologia Organizacional do Trabalho até por uma questão histórica eu vou tentar falar isso em 30 minutos não sei se será possível mas eu sou superdisponível via email a res ponder questões Há três anos eu inaugurei o Laboratório de Psicologia Organizacional e do Trabalho na USP de Ribeirão Preto wwwlabpo tuspcom quem quiser acessar ali tem todas as disciplinas os contatos as publicações vocês podem mandar email diretamente para mim no último slide vai estar o meu email eu respon do com o maior prazer Vou tentar resumir aqui em 30 minutos aspectos que eu considero mais importantes associados à identidade do psicó logo organizacional e do trabalho ok Os objetivos gerais desses 30 minutos que eu vou tentar falar identificar os fenôme nos e processos relativos à ação do psicólogo em contexto de organização e trabalho e as suas interfaces com outras áreas de conheci mento o que eu acho saudável e extremamente importante mas infelizmente é muito dificulta do descrever as práticas que constitui o mode O que eu vou mostrar para vocês é que de fato nos cursos de graduação e nos cursos profissionalizantes há muita falha na formação dessa área da Psicologia Organizacional do Trabalho até por uma questão histórica 30 lo tradicional de intervenção então nós vamos tentar entender porque depois de 30 anos os psicólogos continuam tendo que desenvolver as mesmas técnicas aplicando os mesmos fer ramentais que não são uteis que trazem sofri mento para o próprio psicólogo para as pesso as que são alvo desse trabalho vamos tentar entender porque essa prática profissional per siste nos dias de hoje e tentar caracterizar as tendências inovadoras no exercício profissional do psicólogo em organização e trabalho Aqui eu só quero retomar um pouquinho e vai ser rápido antes de entrarmos nessa discus são porque é tão importante hoje o psicólogo organizacional atuar de acordo com os pressu postos teóricos metodológicos da área Existe toda uma evolução do modelo de gestão dessa área e de atuação do psicólogo que se desconhecido pode impactar nos dias de hoje então vocês vão ver ao final desses quatro períodos independe do nome aqui é o nome só para identificar cada organização pode dar o nome que for e não estamos falando só de contexto corporativo isso é outra coisa impor tantíssima as pessoas associam muito o tra balho do psicólogo organizacional a contextos corporativos em empresas de natureza privada sendo que na verdade o psicólogo organiza cional e do trabalho atua em diversos contex tos de trabalho não corporativos do terceiro setor enfim ele pode contribuir inclusive com a área de gestão em saúde por exemplo Então você ter um psicólogo organizacional que ajude uma equipe de medicina por exemplo a se res peitar a se entender fazer compartilhamentos mentais entre médicos enfermeiros técnicos isso só tende a trazer benefícios para todos e fundamentalmente para as pessoas principais que são os pacientes no caso Existe uma evo lução mas vocês verão que temos uma lacuna de atuação entre o que se viu de evolução de mais ou menos 35 anos Nós temos acesso às informações A questão é porque não estamos aplicando é nesse ponto que temos que traba lhar quais são as atividades políticas existem relações de poder nas organizações existem relações políticas que muitas vezes impedem o psicólogo de aplicar ou de sugerir mudan ças necessárias para que os funcionários se jam menos culpabilizados pela sobrecarga de trabalho por exemplo Eu penso que no último eixo do dia isso vai ser falado vimos acompa nhando cada vez mais suicídios no trabalho em função do trabalho Então isso é uma questão que tem que ser posta que tem que ser discu tida Então começamos lá veja o período de 1890 a 1920 que se chamava departamento de pessoal de novo nós temos departamentos de pessoal hoje em dia nas organizações Temos Deve se ter esses aspectos administrativos Obviamente Nós temos que ver qual é o traba lho só psicólogo em termos de mediação do tra balhador e das organizações ou de ambientes abertos de trabalho de uma pessoa que pre cisa de qualificação de uma pessoa que está sem emprego por exemplo Qual é o papel do psicólogo nesse momento Vemos que nessa época em função de algumas características principalmente do crescimento industrial o foco das organizações eram estritamente os objeti vos organizacionais Pensavase apenas em retornos em termos de indicadores financeiros e de lucro Sabemos que muitas organizações não corporativas almejam por outros indica dores que não estão relacionados a indicado res financeiros necessariamente Bom nessa época obviamente as técnicas de gestão não se falava gestão na época de recursos hu manos era simplesmente controle supervisão Então eu ainda vejo empresas que acham que controlam o desempenho humano no trabalho ou pensam que existe algum controle social no funcionário fazendo com que ele chegue às oito da manhã e saia às 18h Está para me dizer que isso prediz desempenho humano no trabalho o fato de você chegar às 8h e ficando até as 18h não significa que o indivíduo vai ter um bom de sempenho humano no trabalho pelo contrário dependendo do desenho do trabalho daquele indivíduo esse horário pode até prejudicálo e vemos empresas punindo ainda pessoas que se atrasam para chegar saem mais cedo por algu ma questão familiar de saúde então estamos falando de técnicas de gestão de mais de 100 mil anos porque os contratantes que eu chamo realmente de contratantes acríticos continuam achando que técnicas de controle social vão Existe uma evolução mas vocês verão que temos uma lacuna de atuação entre o que se viu de evolução de mais ou menos 35 anos CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 31 resolver problemas de comprometimento ou de condições Sabemos que a ausência de condi ções ideais de trabalho são as maiores causa doras de problemas motivacionais Os psicólo gos ou administradores ou enfim o profissional que trabalha nessa área e que não identifica de fato a causa do problema de desempenho aca ba intervindo na consequência que obviamente é uma desmotivação Quem de nós aguenta tra balhar num ambiente em que não há um supor te psicossocial não há suporte da chefia não há suporte dos colegas não há perspectiva de gestão de carreira há evidentes injustiças so ciais Você pode ser a pessoa mais competente daquela organização que o seu desempenho em médio e longo prazo vai cair e você vai ser considerado um funcionário ruim sendo que na verdade é extremamente competente no que faz e tem muito interesse em aplicar alguma coisa Sabemos que as questões que envolvem desempenho elas não se encerram em compe tências Existem duas variáveis uma delas é a condição que falamos do poder fazer e a outra é motivacional do querer fazer que impacta no desempenho exemplar Já aviso a vocês que nos últimos 30 anos de pesquisa a questão moti vacional explica menos de 5 do desempenho ruim no trabalho De 70 a 80 do desempenho inadequado é em função da ausência de con dições adequadas de trabalho Então os psi cólogos realmente têm que começar a intervir em mudanças de condições de trabalho o que é dificultado porque nós não temos autonomia para isso Nós acabamos intervindo em compe tências e competência não é o problema mui tas vezes É só que na maior parte das vezes repito em média 80 do desempenho não es perado é em função de ausência de gestão de carreira de salários inadequados Depois obviamente em função da con traprodutividade isso vocês acompanham isso é histórico passamos por um período mais di gamos humanista Então os psicólogos come çaram a falar assim Nossa as condições de trabalho podem influenciar no desempenho hu mano isso nos parece óbvio hoje em dia é ób vio mas naquela época não era O ser humano trabalhador era simplesmente mais uma peça de maquinário que poderia ser substituída a qualquer momento e daí vêm frases que eu fico assustada de ouvir até hoje Se você não quer trabalhar por esse salário tem gente que quer o que eu acho o fim isso não deveria ser mais reproduzido nos dias de hoje infelizmente por várias razões sociais políticas que não vamos entrar que não vai dar tempo de entrarmos nesse mérito ainda temos que ouvir esse tipo de coisa Chega sorrindo no seu trabalho faça amizade com seus colegas de trabalho como se isso fosse responsabilidade pura e simples mente do funcionário Em função disso os psicólogos ficaram um pouco sem saber o que fazer Em um mo mento o objetivo era alcançar os indicadores organizacionais Num outro nós começamos a estudar em demasia a questão mais humanis ta então vimos as teorias motivacionais vimos que as pessoas se motivavam além do dinheiro quer dizer o reconhecimento era importante o investimento em ações educacionais o inves timento em treinamento era importante mas mesmo assim o psicólogo continuava sendo tratado como um funcionário sem autonomia e que era responsável por resolver conflitos de natureza política estratégica das organizações e não dos indivíduos Então Vá conversar com o psicólogo so bre isso você anda faltando demais você anda brigando demais no trabalho e o psicólogo se ele não sabe o que fazer de fato ele tem que estabelecer uma conversa com esse indivíduo para tentar pelo menos paliativamente reduzir esse tipo de situação Nessa hora de um lado os objetivos organizacionais do outro os objetivos das pessoas eles viram que continuavam sem muita autonomia nós pulamos das relações hu manas para o tal do RH Estratégico houve uma época que era RH Estratégico RH Estratégico o que é o tal do RH Estratégico Ou o que de Aí vêm todos os mitos e preconceitos que se arrastam por anos na área de Psicologia Organizacional e que os psicólogos atendem os interesses do capital o que não é verdade sabemos que o psicólogo organizacional tem que entender o seu contexto para conseguir ajudar o funcionário para conseguir auxiliar o trabalhador e conseguir propor negociações 32 veria ser Na verdade é você tentar alinhar os interesses do indivíduo com os interesses da or ganização É isso Estou falando também além do ambiente corporativo Falando de progra mas de qualificação profissional de emprego e desemprego de diversidade que vocês falaram e de saúde mental no trabalho Então o que eu tinha que fazer nessa época era tentar alinhar esses dois interesses Como assim alinhar Aí vêm todos os mitos e preconceitos que se arras tam por anos na área de Psicologia Organizacio nal e que os psicólogos atendem os interesses do capital o que não é verdade sabemos que o psicólogo organizacional tem que entender o seu contexto para conseguir ajudar o funcioná rio para conseguir auxiliar o trabalhador e con seguir propor negociações É a mesma coisa em qualquer outra área da Psicologia então vamos pegar a área clínica se você quiser ajudar uma criança que está com determinadas dificuldades você tem que entender onde ela vive como são os seus pais como é o bairro em que ela mora a escola senão você não consegue ajudar a crian ça pelo contrário a responsabiliza em resolver os problemas sozinha O psicólogo em contex to de organização de trabalho é a mesmíssima coisa ele tem que entender e identificar as li mitações principalmente políticas e de poder e os interesses da organização para conseguir propor modelos que atendam aos interesses dos funcionários e que diminuam problemas graves de saúde física e mental no trabalho É o contrá rio Obviamente existem psicólogos que vão lá e atendem os interesses demandados Atendem precisam pagar conta no final do mês têm o seu trabalho muitas vezes não têm autonomia para mudar mas a questão é que a Psicologia Orga nizacional e do Trabalho na verdade identifica o contexto para conseguir propor alternativas visando o bemestar do indivíduo Esse é o obje tivo da Psicologia geral O que muda são teorias e metodologias em determinados contextos E a Psicologia Organizacional é a mesma coisa Qual foi o grande problema dessa época Bom de um lado eu tenho conceitos organiza cionais do tipo competências organizacionais missão valores objetivos organizacionais re torno custo benefício Do outro eu tenho ques tões do tipo aprendizagem humana no trabalho motivação aspectos culturais liderança enfim são conceitos muito diferentes não são Muito diferentes de se alinhar Como você vai alinhar interesses e motivação de quatro mil cinco mil funcionários com conceitos do tipo objetivo es tratégico da organização Os psicólogos conti nuavam sem saber o que fazer Nessa hora nós emprestamos não é um conceito novo nós emprestamos da década de 60 e 70 da área da Educação inclusive o conceito de competên cia porque você encontra definição no concei to de competência nos três níveis Existe uma definição de competência organizacional uma definição de competência de equipes e existe uma definição de competência individual Quan do nós conseguimos encontrar um alinhamento conceitual nos três níveis de atuação nós con seguimos fazer uma proposta metodológica in felizmente eu não vou conseguir mostrar para vocês como se dá essa proposta metodológica mas o conceito de competência e quando eu falo competência envolve atitudes afeto valor e pode ser mapeado e deve ser mapeado Qual que é o grande problema das organizações Elas mapeiam apenas conhecimentos e habili dades o que continua sendo injusto porque na verdade o que mais se exige de um trabalhador hoje em dia é como aplicar o conhecimento e habilidade que ele tem de acordo com as difi culdades e limitações que o contexto lhe impõe isso é a definição de atitude é habilidade em função do contexto Nós temos até um grupo já estudando sobre isso sobre as estratégias de enfrentamento então veja as limitações polí ticas são essas o que nós devemos fazer mas até isso a organização tem que entender e tem que identificar e trabalhar junto ao indivíduo e o psicólogo também ok Uma evolução rápida antes de chegar ao que vemos hoje só para vocês terem uma ideia vocês acompanharam a evolução dos modelos anteriores então vocês viram que em 1820 es távamos no modelo de departamento pessoal e gestão de pessoas por competência no mun do se começou a estudar em 1980 e nós ainda vemos infelizmente muitas organizações bra sileiras que ignoram todos os tipos de orienta Existe uma definição de competência organizacional uma definição de competência de equipes e existe uma definição de competência individual Quando conseguimos encontrar um alinhamento conceitual nos três níveis de atuação nós conseguimos fazer uma proposta metodológica CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 33 ções da Psicologia muito por conta da nossa evolução Até 1930 víamos muitos exames psi cotécnicos até 1945 Surgiram as primeiras le gislações trabalhistas nós tentamos lidar com isso até 1964 e tivemos reconhecimento legal da profissão Até 1980 o fortalecimento dos modelos de gestão era baseado em administra ção científica A administração científica eram teorias de 80 100 anos atrás e nós começamos a utilizálas na década de 80 Aqui eu queria começar de fato a discu tir as questões da identidade profissional Na década de 80 o CFP descreveu a atuação do psicólogo no Brasil O grupo de trabalho do qual eu faço parte o GTPOT Grupo de Traba lho em Psicologia Organizacional e do Trabalho da ANPEPP Associação Nacional de Pesquisa e Pósgraduação em Psicologia refez essa pesquisa em 2010 e vemos o mesmo cenário O que vemos infelizmente o que o psicólogo em organizações do trabalho ainda faz nas or ganizações Ele tem um enorme viés tecnicista então se utiliza de modelos de pacotes pron tos para realizar o seu trabalho são presas de modismos e consumidores acríticos ou seja quem contrata um psicólogo na verdade não sabe o que ele é capaz de oferecer para a or ganização além de aplicação de testes psico lógicos não estou criticando os testes psico lógicos pelo contrário mas na verdade para você tomar essa decisão de aplicar um teste psicológico você tem que entender o desenho do trabalho você tem que saber se aquele tes te se aplica àquele cargo àquele contexto Nós não podemos simplesmente sair aplicando um conjunto de testes psicológicos e fazer isso em processos seletivos até porque nas recentes pesquisas menos de 2 de predição de zero a 100 2 de predição de alguns testes psico lógicos por posterior desempenho do indivíduo no trabalho Então nossos processos seletivos não funcionam do jeito que estão sendo feitos Eles são extremamente objetivos eles de fato refletem uma situação de poder do psicólogo Atuação limitada a esse modelo sob o estereó tipo de reprodutores do sistema de dominação um trabalho extremamente fragmentado Então se você pegar o organograma de uma determi nada organização você vai ver que os psicólo gos geralmente estão alocados num setor de RH que está lá embaixo no organograma Para ele chegar a tomar decisões estratégicas exis tem vários trâmites vários caminhos para to mar esse tipo de decisão e acaba ficando com uma visão fragmentada da sua atuação Muitas vezes ele sabe que não deveria es tar fazendo aquilo e gostaria de estar fazendo diferente mas não pode não é incentivado a fa zer isso Domínio das atividades de recrutamen to e seleção o que levou a área de Psicologia Organizacional do Trabalho ao descrédito e ao subemprego Você vê consultorias de seleção e recrutamento fazendo com que as pessoas fechem em um dia 40 50 vagas olhando para o currículo pagando valores vergonhosos isso não é trabalho de psicólogo organizacional e do trabalho Ele tem que entender do desenho do trabalho que entender das condições que aque la organização oferta a pessoa que está pas sando por um processo seletivo tem o direito de saber que condições ela vai enfrentar aspectos subjetivos têm que ser evitados perguntas do tipo Qual é a sua qualidade Qual é o seu de feito Se você fosse um animal qual animal se ria isso não é trabalho de psicólogo organiza cional as tais das entrevistas por competência de fato devem cruzar o que elas devem fazer no trabalho com as condições de trabalho para se evitar justamente o que vimos na Mesa anterior Então aparência não sei se vocês já acompa nharam questões dessa natureza e entramos em questões de ética aparência raça enfim estamos em 2015 determinadas coisas não po dem e não devem mais acontecer Bom o que aconteceu Um grupo de pes quisadores e psicólogos organizacionais no país resolveu se reunir também assumir enfim a res ponsabilidade dessa falha de disseminação de formação e em 2001 por volta de 2000 2001 nós criamos a SBPOT que é a Associação Bra sileira de Psicologia Organizacional do Trabalho aspectos subjetivos têm que ser evitados perguntas do tipo Qual é a sua qualidade Qual é o seu defeito Se você fosse um animal qual animal seria isso não é trabalho de psicólogo organizacional as tais das entrevistas por competência de fato devem cruzar o que elas devem fazer no trabalho com as condições de trabalho 34 quem quiser acessar lá tem vários manifestos inclusive a respeito disso O primeiro GTPOT que foi em Salvador no ano que vem vai ser em Brasília em julho nós estaremos indo para a 7ª edição A atuação do GTPOT na ANPEPP está fazendo produção de conhecimento por meio de livros didáticos auxiliando as pessoas de diver sos estados para se fazer essa formação Eu vou pular alguns impulsionadores des sa prática mas isso está muito claro busca por equilíbrio e trabalho Ampliação do papel da mulher enfim todas essas questões levaram o psicólogo a mudar a sua postura em ambien tes de trabalho Uma coisa que nós temos que evitar e que já está na hora disso evoluir são os discursos que impregnam a área então falar que psicólogo organizacional atende o sistema capitalista que atua com viés tecnicista que existe um papel alienado de controle social nós trabalhamos com diversas teorias com diver sas orientações teóricas não só com orienta ções teóricas ferramentais e de natureza cor porativa pelo contrário cada vez mais eu tenho falado nas minhas palestras nos cursos que o psicólogo tem que trabalhar com variáveis psi cológicas certamente mas cada vez mais te mos que entender e estudar variáveis contex tuais caso contrário nós não vamos conseguir mudar muita coisa Então esse tipo de discurso que impregna a imagem da área não ajuda não é útil nós temos que ver qual a solução para que isso diminua Outra coisa que vemos muito críticas ou compromisso social Eu já ouvi pessoas falando que quem é psicólogo organizacional e do trabalho por si só já não e ético porque atende aos interes ses da organização portanto o sistema capi talista gera um sistema de dominação para os trabalhadores então é uma falta de informação muito grave na minha opinião Então fizemos algumas análises isso foi muito trabalhado pelo Virgílio Barros o critério da expansão nós não atuamos só no ambiente corporativo cada vez mais temos ampliado os contextos o critério de renovação técnicas de seleção de treinamento de gestão de carreira elas têm ampliado muito os seus modelos metodológicos de interven ção de modo a tentar auxiliar cada vez mais os funcionários Critério de orientação teórica nós não somos vinculados apenas a uma orientação teórica São várias que nos ajudam a intervir O critério de direção política Quem fala que nós atendemos o sistema capitalista desconhece muito as relações de poder e questões sociais que envolvem a área Por fim nós podemos e devemos atuar em todos os níveis obviamente com base em estudos e pesquisas infelizmen te nós vemos psicólogos atuando mais no nível operacional não que seja ruim o problema é que nós não temos autonomia quando atuamos nesse nível Uma coisa importante que eu queria falar para vocês é que SBPOT é contra a cisão então para nós a Psicologia Organizacional e do Trabalho é uma área de conhecimento Os pressupostos teóricos metodológicos da Psico logia Organizacional e da Psicologia do Traba lho se complementam Existem pessoas ainda que falam que Psicologia do Trabalho é do bem porque trabalha com saúde mental e qualidade de vida e Psicologia Organizacional é do mal porque trabalha em ambientes corporativos o que é extremamente é um mito muito dissemi nado Então a POT é uma área de conhecimento em três campos de atuação que não só o RH eu fico até arrepiada quando alguém fala assim nós não atuamos só no ambiente corporativo cada vez mais temos ampliado os contextos o critério de renovação técnicas de seleção de treinamento de gestão de carreira elas têm ampliado muito os seus modelos metodológicos de intervenção de modo a tentar auxiliar cada vez mais os funcionários que já está na hora disso evoluir são os discursos que impregnam a área então falar que psicólogo organizacional atende o sistema capitalista que atua com viés tecnicista que existe um papel alienado de controle social nós trabalhamos com diversas teorias com diversas orientações teóricas não só com orientações teóricas ferramentais e de natureza corporativa CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 35 Você trabalha com Psicologia Organizacional do Trabalho Sim Você é do RH É um dos campos de atuação os outros dois são a Psi cologia Organizacional que responde questões relacionadas ao comportamento humano e à or ganização em que esse ocorre mesmo que em ambiente governamental então se você quer fazer um programa de qualificação profissio nal no Estado de São Paulo por exemplo você tem que entender a situação política e social do Estado de São Paulo para se inserir nesse pro grama de qualificação profissional A Psicolo gia do Trabalho que dá respostas às questões relacionadas ao trabalho em si independente mente de uma vinculação até em questões de desemprego e uma delas que é a mais reco nhecida pelos profissionais é a área de gestão de pessoas que dá respostas relacionadas à ação do indivíduo em relação a objetivos e mis são da organização Quais são as tendências só psicólogo organizacional Contribuir cada vez mais com a prática de gestão dessas instituições maior preocupação com fenômenos grupais e orga nizacionais utilização de técnicas cognitivas e comportamentais outras podem Podem Só que essas são um pouco mais diretivas nós conseguimos argumentar mais facilmente com as pessoas que tomam a decisão Por fim o principal da minha fala por que acontece tudo isso Há uma deficiência muito grande na formação de graduandos nos cursos de Psicologia Eu vejo isso estou na USP quan do entrei lá em 2008 tínhamos um curso de 5 mil horas com uma disciplina de POT de 75 horas como eu formo um aluno para atuar no mercado de trabalho sem cometer erros com 75 horas Hoje eu consigo oferecer algumas optativas e alguns estágios mas ainda temos que lutar contra esse tipo de orientação É um núcleo co mum a Psicologia Organizacional quem traba lha no hospital vai atuar como psicólogo orga nizacional quem trabalha numa escola também quem trabalha no governo idem e as pessoas saem sem saber o que fazer Transferem meto dologias de outras áreas para o contexto orga nizacional e não se tem o retorno e isso leva a nossa profissão ao descrédito nós temos que ficar atentos à formação dos graduandos nessa área da Psicologia Organizacional do Trabalho isso leva obviamente as pessoas formadas replicarem cursos e treinamentos e também como são originários de má formação esses psicólogos reproduzem os modelos inadequa dos de atuação Gente desculpa eu acho que eu passei um pouquinho De novo o que não der para responder hoje me mandem email entrem no wwwlabpotuspcom nós temos uma página no facebook também que divulga isso Quem se interessar em fazer mestrado na área Ribeirão Preto é aqui pertinho quem se interessar em fazer Doutorado quem se interessar em partici par do labpot nossa missão aqui no Estado de São Paulo é tentar disseminar o maior número de pesquisas interessadas na área Muito obri gada desculpas por passar o tempo 36 Fátima Aparecida Pighinelli Ázar Psicóloga Bacharel e Licenciada em Psicologia 1982 pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho Psicopedagoga pelo Instituto Sedes Sapientiae 1986 Especialista em Avaliação Institucional pela Universidade Federal de Brasília UnB 2002 Mestre em Administração Foco Recursos Humanos 2000 pela Universidade Metodista de São Paulo Consultora desde 1988 com atuação na área de RH Desenvolvimento Organizacional e Gerencial Coordenadora da Área de Avaliação Institucional desde 1999 e da Comissão Própria de Avaliação CPA da Universidade Metodista Professora universitária desde 1986 atuando como Supervisora de estágio aplicado à Psicologia Organizacional e do Trabalho no Curso de Psicologia desde 2000 Coordenadora 2011 do curso de PósGraduação Lato Sensu Gestão Estratégica de Pessoas e Psicologia Organizacional da Universidade Metodista de São Paulo Membro de Grupos de Pesquisa vinculados a Programas de Pós Graduação Stricto Sensu na Universidade Metodista nas áreas da Educação projeto aprovado pela Fapesp formação do professor PIBID e Saúde saúde do trabalhador A minha fala vai complementar um pouco o que a Professora Thais acabou de colocar Eu sou pro fessora e aqui estou como professora de Psicolo gia atuando com a supervisão do estágio do 5º ano 9º e 10º semestres E é desse lugar de pro fessora de sala de aula de supervisão que eu vou falar um pouquinho para vocês com relação ao tema que nos foi dado É nessa condição que eu comecei a pensar como é que eu vou falar sobre o perfil do psicólogo a atuação do psicólogo hoje Eu falei Eu preciso começar a falar um pouco da formação Eu inicio pensando em alguns aspectos relativos à formação do psicólogo São pouquíssi mos aspectos porque não dá para conversarmos a respeito de todos eu fiz aqui um apanhado Eu acho que o início de uma crítica reflexão a respeito do papel do psicólogo no âmbito das organizações de trabalho vai depender muito de uma análise da sua formação profissional além da caracterização do que vêm a ser as demandas organizacionais do passado e de hoje é claro Só que quando você pensa a respeito dessa crítica dessa reflexão o que mudou nesse cenário Eu acho que é a primeira pergunta que nos ocorre o que mudou Minha faculdade eu fiz no interior de São Paulo nos anos de ih deixa lembrar bem aqui eu terminei em 1983 então iniciei em 1978 Vivi uma trajetória da qual muitos de vocês aqui não viveram em termos dessas mudanças de ce nários Algumas eu consegui acompanhar e outras não Algumas eu fui capaz de fazer uma crítica e outras engoli como a Professora Cida comentou engoli sem a crítica devida mas muita coisa mu dou Quais as demandas atuais Mas a minha pergunta fica como as instituições de ensino têm entendido essas demandas Como é que elas têm entendido e como têm organizado seus projetos pedagógicos de curso a partir de diretrizes curri culares nacionais para os cursos de graduação em Psicologia Gente isso aqui é uma tese de douto rado até pósdoc Então o meu primeiro exercí cio foi levantar de diversas escolas de Psicologia a matriz curricular comecei a analisar o que uma dá o que a outra não dá o que uma tem falei Não não é por aí Eu acho que nesse primeiro momento eu acho que esse é um exercício que tem gente fazendo e tem gente boa achei bons artigos depois posso repassar para vocês mas eu acho que não é ainda o que eu gostaria de colocar e discutir e provocar uma discussão hoje Claro que eu fui buscar nas minhas diretrizes qual é a meta central dos cursos de graduação em Psicologia E lá encontramos a formação do psicólogo voltada para a atuação profissional para pesquisa e para o ensino da Psicologia Essa é a meta das diretri zes Teve há pouco tempo uma discussão bastan te profunda a respeito das diretrizes aqui no CRP está gravado vocês podem assistir e olhando para essa meta central o que percebemos dentro das diretrizes é um apontamento de uma identidade Quais as demandas atuais Mas a minha pergunta fica como as instituições de ensino têm entendido essas demandas Como é que elas têm entendido e como têm organizado seus projetos pedagógicos de curso a partir de diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em Psicologia CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 37 da Psicologia começando a ser estruturado por meio de um grupo comum em que se definem com petências habilidades e conteúdos da formação do psicólogo Também os perfis profissionais que farão parte da estrutura formal que é o psicólo go o pesquisador ou o professor de Psicologia A valorização da formação prática com os estágios à inovação são os estágios já logo no início Nas diretrizes eu acho que é um documento que todos vocês têm que conhecer ali é a base Eles trazem as competências que vão ser desenvolvidas nos estudantes de Psicologia para sua formação para sua atuação E por que eu digo que todos vocês têm que conhecer Foi onde eu pensei O que isso vai importar para uma plateia na sua grande maio ria de psicólogos já formados Falar da formação hoje para eles porque vocês têm um papel muito importante dentro de uma das competências que é a educação permanente Vocês recebem nos seus locais de trabalho o estagiário em Psicologia muitos de vocês recebem e é da competência de vocês auxiliarem nesta formação Eu falei assim Deve fazer algum sentido a minha fala na reflexão da formação acadêmica do psicólogo para quem já está atuando e pensando aí o perfil desse profis sional hoje com essas mudanças todas que come çamos a discutir na primeira Mesa de hoje Foquei me voltei mais para minha realidade vivida que é a Universidade Metodista o perfil so cioeconômico do aluno de Psicologia E se formos buscar em dados no iNEP instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira quem é o aluno de Psicologia não difere muito tem diferenças sim de regiões mas tem elementos que são muito comuns Nós temos uma série histórica nós temos esse perfil o curso tem mais de 30 anos esse perfil é estudado e considerado desde 1989 e eu fiz um recorte entre 2000 a 2014 Então o que percebemos Que é uma população na sua gran de maioria feminina 85 analisando essa série histórica Esta universidade está aqui na região do ABC varia de 75 a 85 feminina e muito jovem O ingresso no curso de 25 a 35 deles têm 17 anos Em 2004 nós tivemos o maior ingresso do mascu lino foi um percentual mais alto e na faixa etária também aí perdão eu me equivoquei na informa ção Em 2004 nós tivemos um percentual mais alto da faixa etária 20 a 23 anos depois ela permanece com 22 a 30 nessa faixa etária De 2000 a 2014 mais de 85 dos alunos são solteiros até em fun ção de muito jovens iniciarem o curso bem jovens Em 2000 nós tínhamos 34 dos alunos vindo de escolas particulares e 29 de escolas públicas Em 2006 iniciase um processo de inversão desse quadro Começa a aumentar o percentual de alu nos vindos de escolas públicas e hoje em média são 60 dos nossos alunos vindos de escolas pú blicas Agora interessante que independentemen te do tipo de escola a maioria deles frequenta o período diurno isso é um dado interessante Ape nas uma pequena quantidade dos ingressantes fez curso prévestibular É o aluno que sai do colegial e já entra no curso de Psicologia Além disso his toricamente a maioria busca o curso de Psicologia por considerar ser aquele que mais atenderia aos seus anseios e aptidões incluindo a possibilidade de contribuir para melhoria das condições de vida das pessoas Veja que já vão buscar pensando no profissional não é na pesquisa não é na ampliação de conhecimento mas esse perfil tem uma percep ção que ao se formar ele estaria entrando para o mercado de trabalho Perdão eu me adiantei No primeiro são anseios e aptidões e também a pos sibilidade de contribuir para a melhoria das condi ções de vida das pessoas e ao mesmo tempo por que ele busca um curso superior Com desejo de ter melhores chances de conseguir um emprego com remuneração porque estão recebendo uma formação profissional para o trabalho Finalmente a origem do recurso financeiro em 2000 mais de 50 dos alunos contavam com a renda familiar como forma de pagamento do curso A instituição que eu estou é uma instituição con fessional mas é uma instituição particular Entre 2004 até hoje o que vamos percebendo é cada vez maior o número de ingressantes que depende rão da renda do próprio trabalho de bolsas de di versas origens como o ProUni bolsa social e prin cipalmente o FiES O que percebemos ali na região do ABC é um empobrecimento da população e um aumento do número do aluno trabalhador Podese perceber ao longo desses 14 anos um empobrecimento desses alunos sendo que em Podese perceber ao longo desses 14 anos um empobrecimento desses alunos sendo que em 2004 foi o ano com menor média de renda familiar cresceu sensivelmente em 2008 e de 2008 até 2014 o que percebemos é uma diminuição nesta renda 38 2004 foi o ano com menor média de renda fami liar cresceu sensivelmente em 2008 e de 2008 até 2014 o que percebemos é uma diminuição nesta renda Este é o perfil do aluno que nós temos den tro do curso de Psicologia na Universidade Meto dista mas que não é tão distinto de outras institui ções particulares de ensino E ali estamos numa região que quem olha diz assim Que maravilha cheia de trabalho cheia de grandes corporações de grandes empresas Em presas em que o nosso aluno poderia fazer o seu estágio trabalhando a sua prática só que não como o adolescente diz e nós tivemos sim até o ano de 2000 um número bastante grande e temos até hoje um número bastante grande de estágios não curriculares o estágio do psicólogo do estu dante de Psicologia na área de RH nessas gran des corporações O que sentíamos enquanto for mação Primeiro que a estrutura e política interna dessas corporações não permitem e não possibili tam concretamente o estágio curricular Para eles é muito difícil conceder a um ser quatro horas por dia uma vez por semana dentro do seu espaço de trabalho opa Como Foge aos padrões que eles têm estabelecidos Além disso esse sujeito assim como psicólogos de muitas dessas organizações não tem acesso ao todo da organização Normal mente eles ficam circunscritos à área de RH ou a uma área determinada pelo estágio Está com pro blemas em Compras você vai ficar em Compras E isso não servia não atendia ao nosso propósito ao nosso anseio de formação Além disso também dificultava o exercício do papel profissional porque esse aluno não pode jamais participar de uma reu nião de diretoria nem pensar entrar numa negocia ção com o sindicato nem sonhar em visitar algumas áreas em desenvolvimento Ou seja ele não conhe ce ele não tem a possibilidade de conhecer essa organização por inteiro Nós começamos a pensar como é que fazemos e o aluno que trabalhava nes sas organizações ou estagiava não conseguia dar conta de algumas tarefas que eram exigências da formação O tempo dele era todinho consumido para o trabalho ali específico da área da qual ele estava contratado como estagiário e pouco tempo sobrava E o trabalho que ele fazia como estagiário era um trabalho muito mais burocrático do que um trabalho efetivo do papel que entendemos que seja o papel do psicólogo nas organizações E com isso conseguimos ampliar a possibi lidade de atuação desse aluno e também ampliar as competências habilidades e possibilidades de atuação profissional Hoje eu tenho alunos que estão nos mais diferentes lugares de trabalho in clusive estagiando no trabalho informal Vou falar rapidamente porque acho que o mais importante são as questões que venho ob servando nesse processo de formação e que elas não são muito diferentes do que a professora Thais nos traz Então no 9º semestre esse alu no trabalha na elaboração do diagnóstico do local onde ele está A abordagem é realizada por três supervisores e como nós trabalhamos na gradua ção muitas vezes percebemos que o aluno já vem com um conhecimento com desejo de trabalhar com abordagens mais qualitativas E isso é possibilitado desde que haja coerência com o método que ele está usando e o ferramental que ele vai usar até o aluno que gostaria de trabalhar dentro de uma abordagem mais quantitativa Então na graduação esse leque tem que ser oferecido e respeitado na formação No 9º semestre ele faz e discute diagnóstico apresenta alguns caminhos de cide junto com a organização e elabora uma propos ta e um plano de intervenção que faz até o final do ano com os devidos relatos e relatórios Agora nem tudo são flores óbvio mas o que sinto é que como vivi um primeiro momento e estou vivendo este os ganhos têm sido maiores apesar de ainda não ser o modelo que considero pronto bem delineado pois temos muitos equívocos ainda precisamos conver sar mas já é um caminho que amplia a compreensão e visão do aluno a respeito do papel do psicólogo sobre os espaços de atuação desse psicólogo das questões da ética que você se depara E uma com petência que acredito ter desenvolvido muito é o trabalho com a questão das relações de poder nas organizações de trabalho identificar pessoas chaves e saber adequar o seu discurso além de negociar questões como pano de fundo são fundamentais nesse exercício e não só mas ainda temos muitos pecados e temos que ajo elhar no milho para pagálos Então o aluno quando chega não gosta Até hoje penso que agora com o fórum de apresentação dos trabalhos isso vai mudar E uma competência que acredito ter desenvolvido muito é o trabalho com a questão das relações de poder nas organizações de trabalho CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 39 não não muda gente Ampliou um pouquinho Antes a negação era maior mas até hoje muitos alunos dizem não gostar da área organizacional e do trabalho De fato é uma área muito difícil de atuação Todos nós sabemos que é por várias razões porém é uma área que é muito rica em discussões da existência huma na E um dos elementos que dificultam a compreen são do aluno da importância do trabalho do psicólogo nessa área ainda é a dicotomia entre uma Psicologia Clínica e uma Psicologia outra clínica mas nos mol des tradicionais É uma questão não resolvida Ainda vamos precisar levar mais um tempo discutindo essa questão da divisão e da atuação desse profissional que quando está na clínica é interessante porque conversando e dialogando com outros colegas que trabalham já numa visão mais ampliada fora das em presas mas com a questão da Psicologia do Traba lho que me dizem Fátima a psicóloga que atua aqui nessa área da saúde ela não consegue fazer o nexo da doença com a questão laboral Ela não enxerga ela não consegue contextualizar o diagnóstico que está vindo a queixa que está vindo aliás é como se o trabalho não existisse não fizesse parte do contexto E acho que é um outro viés da formação da Psicolo gia que é de se pensar na compreensão do humano só a partir das questões familiares Os conflitos toda a questão das angustias da subjetividade aprendemos a olhar como uma ques tão da família e não do trabalho Eu ainda sinto falta Crescemos muito em abordagens teóricas em pes quisa na área do trabalho mas ainda sinto falta de algo que dê um suporte para essa mudança ou para essa inteireza da Psicologia Eu não sei se isso vai ser possível mas pelo menos já se começa a falar sobre isso Eu posso falar dessa divisão ok Uma outra questão é a dificuldade do aluno de compreender o significado de ser psicólogo antes do ser psicólogo organizacional e do trabalho o psicólo go clínico A Thais passa por essa questão a impor tância de você trabalhar com esse compromisso da Psicologia do psicólogo não estou negando a área de aplicação não é isso é que tem um antes que eu sinto que na formação isso não é muito bem alinha do muito bem coordenado Eu sinto no último ano Falei da busca pelo estágio que é feita pelo aluno Ele é quem sai a campo É quem vai ven der a sua proposta de estágio entre aspas e como não são empresas muito estruturadas ele fala com quem Ele fala com o dono o tomador de decisão Ele tem a possibilidade de dizer a esse sujeito a que veio o psicólogo E esse é o primei ro susto que 99 eu posso garantir para vocês das pequenas empresas e que têm o faturamento que podem ser consideradas de médio porte As empresas os gestores desconhecem o papel do psicólogo nas organizações Então as piadinhas são muitas inúmeras Aqui não tem nenhum lou co não preciso desse tipo de trabalho Mas o que você vai fazer aqui Aqui só tem máquina você vai fazer o que aqui Eu não tenho divã então há sim um desconhecimento do papel e isso fragiliza um pouco o aluno que fica inseguro se já não vem gostando da área o sujeito diz que não tem es paço para ele ali O início do estágio não é fácil é muito difícil para dar o suporte a esse aluno e ao mesmo tempo leválo a refletir que esse proces so é um processo muito rico para a formação dele É como você convencer esquimó a comprar gelo mas é um processo dificílimo e importante Hoje eu entendo esse processo como um dos aspec tos mais importantes da supervisão porque nem o aluno sabe qual é o papel dele na organização Então é o momento onde ele vai ter que buscar articular todo o conhecimento que ele aprendeu para dar conta daquele momento da prática onde ele não é o estagiário circunscrito numa mesinha analisando currículos Ele está ali representando uma categoria e tendo que dizer ao que veio E isto é muito interessante porque alguns voltam se preparam e retornam com aquele que disse Não e recebem um Sim isso para mim é fantástico Eu só tenho mais um minuto mas vou ten tar dar um fechamento Esse momento acho que é rico para as duas partes Estamos cumprindo dois papéis e ao falar com o dono proprietário sócio majoritário gerente geral ele já estabelece um vínculo em que em outro modelo ele não con seguiria tentar influenciar no sentido da origem da palavra influência tentar influenciar esse sujeito para compreender que a proposta que ele tem é uma proposta pelo menos o princípio é bom Acho que me lembra muito o modelo fenomenológico de pesquisa que não começa por um princípio ruim e sim por um princípio bom O princípio é bom Crescemos muito em abordagens teóricas em pesquisa na área do trabalho mas ainda sinto falta de algo que dê um suporte para essa mudança ou para essa inteireza da Psicologia 40 Há sim uma dificuldade na aplicação e cor relação dos conhecimentos já adquiridos ao lon go do curso no universo do trabalho assim como vocês que estão atuando na organização mui tas vezes alguns que estão iniciando não con seguem fazer essa articulação têm dificuldades em fazer essa articulação A visão tecnicista imediatista presente no dia a dia das organizações e é interessan te porque como ele não tem vínculo consegue dizer claramente para o dono Calma o senhor tem que ter paciência o tempo do homem não é o tempo da máquina e ele vai mostrando que para que você faça uma leitura compreensiva da organização para que de fato você vá além daquilo que se já compreende você precisa que as pessoas estabeleçam um vínculo de con fiança com você para que seja uma fala autên tica E nesse diálogo vai ampliando a relação de confiança Há sim uma dificuldade em ler no trabalho o significado da existência humana Acho que já falei disso como se a existência humana só fosse capaz de ser lida num outro âmbito que não a do trabalho e uma dificuldade grande em atuar inter e multi profissionalmente isso também acontece nesse percurso e é tra balhado em supervisão porque muitos de nós ainda pensamos o trabalho com as referências do século passado Hoje coincidentemente quando cheguei aqui estava tocando a música E o tempo passou na janela só Carolina não viu A música traz para nós que a vida passa célere e afoita pela janela e muitas vezes o psicólogo não a vê e fica mais di fícil você começar um trabalho de uma compreen são mais abrangente do que aquela segmentada pelas áreas de atuação Uma das questões que eu coloco para os alunos que no começo eles se assustam Mas depois ficam sem saber muito bem o que eu estou dizendo Depois eles até se sentem um pouco mais tranquilos porque são eles que vão ter que fazer Há muito o que se fazer nessa área O modelo de atuação do passado já vimos que não atende porém ainda não se tem outro pronto então estamos em processo de cons trução O que não dá é negar Acho que há dife renças e divergências Temos que explicitálas para conseguirmos ultrapassar essas dificulda des E à medida que esse aluno vai caminhando pelo processo de estágio aos poucos ganhando confiança e percebendo Percebo na minha re alidade conversando com outros supervisores e outras escolas há uma convergência aqui no Estado de São Paulo Não fiz nenhuma pesqui sa científica para me valer dessa informação mas sinto nos nossos alunos uma autoestima extremamente baixa como se eles não fossem capazes de nada como se não tivessem con dições de estar nessa condição de estágio e solto ainda do jeito que está porque ainda não está numa área específica e à medida que acre dita que vai ganhando confiança conseguindo puxar da memória uma série de concepções de conceitos que ele tem vai ganhando uma outra postura até física e até de vestimenta Percebemos essa mudança no aluno Que também passa a perceber a área organizacional e do trabalho como um espaço de possibilida des e não a possibilidade de aplicação de alguns conceitos a partir de um roteiro prédefinido Percebem também pela diversidade de espaço de atuação Tenho alunos atuando em hospitais em atendimento de emergência ONGs pequenas médias e grandes até na metalurgia e nos empre gos de farol E fechando mesmo as atividades exercidas que percebemos com menor frequência são aque las voltadas para a saúde do trabalhador e a com preensão do trabalhador como um ser integrado São as mais difíceis de atuarmos Há muito o que se fazer nessa área O modelo de atuação do passado já vimos que não atende porém ainda não se tem outro pronto então estamos em processo de construção as atividades exercidas que percebemos com menor frequência são aquelas voltadas para a saúde do trabalhador e a compreensão do trabalhador como um ser integrado São as mais difíceis de atuarmos CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 41 Debates Maria Emília Lopuff dos Santos Bom vamos às questões quem ainda tiver alguma questão pode se pronunciar e quem tiver por escrito também e quiser passar pode encaminhar por favor Diego Bom dia Professora Fátima e Professora Thais A minha pergunta tem a ver com a mesa de identidade Profissional Aproveito para falar um pouco sobre multiprofissionalidade Atuo den tro do departamento de Saúde no município onde moro com foco na Atenção Básica e no Departa mento de Ação Social com medidas Socioeducati vas também Onde moro tem uma escola técnica do Centro Paula Souza Etec que vai oferecer a partir do ano que vem 40 vagas via acesso de vestibulinho para o curso técnico de Recursos Humanos Tenho percebido um aumento nessa oferta específica para técnico em Recursos Hu manos A minha pergunta é Quem é esse perso nagem e qual a sua relevância para a Psicologia Organizacional e do Trabalho Thais Zerbini É extremamente importante a dis cussão da questão da formação em técnico em Recursos Humanos especialista em Recursos Humanos especialista em Psicologia Organiza cional Existem muitos cursos de especialização MBA em Gestão Estratégica de Pessoas enfim o que vejo é que existe uma oferta muito grande de cursos nesse sentido e quando se analisa cursos dessa natureza se vê o repasse de informações de conhecimentos extremamente ferramentais ex tremamente prontos não personalizado Então in dependentemente isso na minha opinião se você for no nível técnico se atua no nível de gestão se é um recémformado enfim a formação precisa passar por um processo de formação em gestão e de discussão de outras relações contextuais como as relações de poder de autonomia e estra tégia Caso contrário você pode aprender diversas técnicas que você vai ser capaz de personalizar e aplicar isso para as demandas específicas daquela situação Então o que estou dizendo é que não dá para fugir como qualquer outra área da Psicologia e qualquer ciência que venhamos fazer da área de pesquisa e de ensino nós temos que sair um pouco da questão prescritiva Faça isso Aplique isso As sine dessa forma e desenvolver mais questões de metacognição mesmo E como consigo identificar a demanda Como consigo identificar em que fase ou em que nível agir As ferramentas estão nos livros Temos vários autores internacionais e na cionais que desenvolvem livros infelizmente com base em muitos modismos mas a pessoa pega aquele ferramental e não consegue atender as de mandas da instituição e a área continua caindo no descrédito E então como aplicar um processo de seleção por exemplo de recrutamento e seleção numa ONG em que se envolve voluntariado Como vou desenvolver ações de treinamento e desenvol vimento em educação numa organização de saú de Como vou envolver médicos enfermeiros etc Independentemente do nome que se dê penso que o profissional de Psicologia tem que personalizar as suas intervenções e não só ser um replicador de instrumental de procedimentos que infelizmente é isso que nos é demandado porque os consumidores são críticos eles não sabem o que o psicólogo organizacional é capaz de fazer 42 Você tem que personalizar o que se tem de co nhecimento o que se tem de teoria nesses casos independentemente do nível de atuação há muito que se contribuir para essa área Não gosto mui to do termo recursos humanos sendo sincera Porque se aproxima muito de recursos financeiros materiais E o trabalhador o ser humano é um ser único integral independentemente do nome que se dê penso que o profissional de Psicologia tem que personalizar as suas intervenções e não só ser um replicador de instrumental de procedimen tos que infelizmente é isso que nos é demanda do porque os consumidores são críticos eles não sabem o que o psicólogo organizacional é capaz de fazer Então o que eu costumo dizer Deslizes éticos do psicólogo organizacional principalmen te pessoas recémformadas são consequências muitas vezes da ausência de conhecimento eles não cometem deslizes éticos e nem atuam de for ma inadequada por qualquer outro motivo E sim por ausência de conhecimento A formação nesse caso é muito importante e até mesmo os cursos técnicos especialização os meus alunos dizem Professora eu vou fazer um curso de MBA em Gestão de Pessoas E digo O que você quer Porque nesses cursos vaise discutir o ferramen tal vão trazer estudos de caso eles vão pedir que identifique bem o que você quer Não deu tempo de eu falar muito na apresentação mas como qualquer outra área da Psicologia a organizacio nal e do trabalho ela tem que estar diretamente vinculada a uma formação constante e ao acom panhamento de resultados de pesquisas para isso Fátima Aparecida Pighinelli Ázar Acho que não vamos ter tempo para discutir o que vou dizer mas vou dizer Não pode esquecer que a Psicologia tem uma parte que é ciência e a outra parte que é a aplicada Sinto que muitas vezes negligenciamos a discussão da aplicação Precisamos começar a trabalhar melhor esses espaços de discussão Fa lando sobre o seu comentário do tecnólogo dei aula para cursos de tecnólogo e a minha amiga irmã é coordenadora de um curso de tecnólogo e temos altas brigas no bom sentido Um dia ela fez a seguinte pergunta Por que você acha que sur giram cursos de tecnólogos em RH Sem saber a resposta fui tentar descobrir o motivo O curso de tecnólogo veio como uma proposição para atender a uma demanda de mercado que era a da mão de obra técnica E ele foi pensado para o sujeito que não teve a possibilidade de fazer a graduação na idade que se espera que se faça o curso Era es perado um perfil mais velho de alunos já atuantes e que não têm um referencial para poder melhorar a sua prática Foi assim que o curso de tecnólogo surgiu No entanto tenho o perfil dos tecnólogos pois trabalho na área de avaliação institucional Dessa forma acabo tendo essas informações nu méricas e a faixa etária do aluno de tecnólogo que hoje é a mesma da graduação entre 17 e 18 anos O aluno faz um curso de dois anos e consegue emprego na área de RH Nessas empresas onde o meu aluno vai estagiar muitas vezes é apenas uma pessoa que está no DP fazendo todos os sub sistemas da empresa de cargos salários e benefí cios quando muito tem um auxiliar A empresa re cebe o meu aluno de braços abertos diferente do psicólogo da área de RH No caso do tecnólogo a empresa recebe o meu aluno sem medo de concor rência ciente de que o aluno vai contribuir porque ele não dá conta nem pelo curso que ele fez nem pela prática que ele tem Acho que deveríamos ter mais tempo para discutir essas questões mas acho que temos que olhar também para a questão da aplicação A aplicação não se faz sem a pes quisa sem a construção do conhecimento mas a Psicologia é as duas coisas hoje no Brasil Maria Emília Lopuff dos Santos Bom eu vou jun tar duas perguntas que vieram da plateia uma sem identificação e a outra é de Roseli Pinesi A primei ra pergunta interferir na organização do trabalho não seria papel ou competência do administrador ou do gestor e para dar um exemplo diz Se existe a identificação de uma violência moral no trabalho e o gestor sabe mas afirma que isso não existe na sua área como o psicólogo deve inter ferir se muitas vezes ele não tem autonomia E a Roseli pergunta A autonomia do psicólogo que nós temos citado aqui desde cedo é atribuída pela empresa É pela organização ou é conquistada pelo psicólogo É responsabilidade da empresa ter conhecimento do nosso papel na organização Thais Zerbini Nós somos gestores também Esse é o desafio O psicólogo em qualquer área em que ele decida atuar a tendência é que nós precisamos cada vez mais tomar lugares de gestão e de tomadores de decisão CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 43 Nós somos gestores também Esse é o desafio O psicólogo em qualquer área que ele decida atuar a tendência é que nós precisamos cada vez mais to mar lugares de gestão e de tomadores de decisão Se nós não conseguirmos chegar no nível de ges tão dificilmente nós conseguimos contribuir com a elaboração de diretrizes e de políticas para as organizações Até mesmo fora de contextos cor porativos Quando falamos de políticas públicas do trabalhador por exemplo temos que ter um papel importante Qual é o problema disso que nós fala mos aqui nesta mesa Nos cursos de Psicologia muitas vezes não existem disciplinas não existem orientações voltadas para a gestão então os es tudantes de graduação têm uma formação teóri ca técnica e a gestão não faz parte dessa grade curricular o que gera uma maior responsabilidade para estágios São poucos os alunos que fazem estágios em organizações para entender as difi culdades de gestão A Professora Fátima trouxe dados muito interessantes em relação a isso A questão da autonomia eu vejo pelos dois lados a organização tem que ter conhecimento sobre as competências de um egresso em Psicologia da mesma forma que os psicólogos também precisam demonstrar conhecimento Por isso que falo da questão da tolerância Sobre isso meus alunos di zem O que você fala temos que tratar da prática da aplicação Recebo demandas para dar treina mento para ontem Tenho que selecionar pessoas em uma semana Respondo Olha as coisas não vão mudar realmente numa organização principal mente a organização que é mais autocrática e que tem mais centralização O que sempre comento é O impedimento de fazer naquele momento não é justificativa para não fazer Então o que costu mo orientar aos meus alunos é em investir na sua formação e aos poucos ir sugerindo alterações Então se criar memória organizacional se você fez aquele processo seletivo naquele momento mas no relatório que você entregou numa determinada reunião você fala Porém a minha sugestão é fa zer determinadas alterações não se faz as ações educacionais Estou oferecendo ação educacio nal demandada contudo existem outras formas de se discutir essa oferta em ações educacionais Se deixar registrado de qualquer forma ou por es crito ou por fala e olhar demora mesmo Depen dendo das organizações para se alterar o modelo de gestão que está diretamente relacionado aos aspectos culturais e políticos demora anos não são nem meses Então realmente o que eu quero dizer é não se cobrem tanto e não vamos cair para o outro lado que é se culpabilizar por tudo A orga nização tem que dar uma contrapartida em termos de investimento em formação dessas pessoas Os pesquisadores professores e profissionais têm que fazer iniciativas no sentido de ofertar essa for mação e aos poucos as pessoas que trabalham nessa área assumirem poderes maiores cargos de tomada de decisões isso só com o conhecimen to senão vira quem bate mais forte na mesa é um argumento que não funciona Vejo as duas partes envolvidas mas nós temos que ficar atentos para formação nesse sentido e de novo reforçando somos gestores especialistas transformadores consultores internos e externos e técnicos tam bém com muito orgulho mas temos que nos posi cionar em relação a esse aspecto principalmente na questão de organização e trabalho Maria Emília Lopuff dos Santos Só complementando Antes de discutirmos so bre a empresa reconhecer ou nos dar valor etc ou saber qual é o nosso papel temos que saber qual é o nosso papel Acho que nós vamos pas sar isso para a empresa e organizações no dia a dia se conseguirmos reconhecer o nosso pa pel Termos consciência da importância do nosso trabalho da abrangência do nosso serviço para a organização e com as nossas práticas conse guir mostrar e trazer essa consciência para a or ganização Se for esperar a consciência vir dela eu diria que vamos morrer na praia Temos que primeiro reconhecermos nós mesmos e a Psico logia o CRP e acho que esse evento mostra isso esse reconhecimento e esse apoio para essa nossa área mas nós internamente temos que reconhecer também para daí podermos buscar isso e mostrar isso para a sociedade Uma pergunta que veio pela internet da Camila Garcia Zanka que gostaria de discutir o posicio namento do CRP e da categoria dos psicólogos do trabalho e organizacionais quanto às exigên cias da experiência profissional apresentada nos editais de concursos públicos para a psicóloga Antes de discutirmos sobre a empresa reconhecer ou nos dar valor etc ou saber qual é o nosso papel temos que saber qual é o nosso papel 44 organizacional A Camila dá um exemplo que re centemente a banca de contratação para o car go do Hospital Escola da Universidade de São Carlos não considerou como experiência profis sional atuações de seus candidatos registrados em carteira como técnico administrativo ou con sultor mesmo em relação às atividades empe nhadas indo ao encontro do Conselho Federal de Psicologia e da literatura brasileira Ela diz Sabemos que boa parte dos psicólogos organi zacionais não são registrados como tal ou são prestadores de serviços em consultorias Em seguida pergunta As bancas de concursos não deveriam refletir essa realidade já apontada por levantamentos de autores respeitados na área Que debate devemos articular para repensar tal condição nos concursos Camila parabeniza o CRP e os palestrantes pela iniciativa Fátima Aparecida Pighinelli Ázar Eu não sei nem o que responder Honestamente não sei mas en tendo que é uma questão que deve ser trazida no CRP mesmo para uma discussão porque você não considerar a experiência em carteira a não ser que seja contrário àquilo que o Edital está pedindo en quanto experiência se não for não tem o porquê de não ser considerado Thais Zerbini Penso sobre isso Já acompanhei outros casos e aqui a Camila traz um caso muito específico Não pode levar esse caso específico mas a questão está muito ligada também ao mercado de trabalho É o que as organizações realmente não sabem Não dominam quais são as competências de um psicólogo organizacio nal e do trabalho Aliás até pouco tempo há uns dez ou 15 anos não havia em concursos públicos vagas específi cas para psicólogos organizacionais do trabalho Se tinha para psicólogo que o candidato entra va dentro das organizações e fazia trabalhos da área fim da área meio enfim Conheci uma pessoa que foi contratada como psicóloga num hospital e tinha que fazer tudo serviço de ges tão de pessoas ela tinha de atender familiares pacientes isso vem mudando com publicações com o aumento de pesquisas alguns editais já vêm detalhando as competências específicas do psicólogo organizacional e do trabalho principal mente na área de docência Uma outra coisa im portante também é verificar o que a organização demanda o desenho do trabalho É o modelo lógico a organização precisa de um psicólogo para atuar em quais tarefas Em quais contex tos É somente desta forma que ela consegue desenhar o Edital Se é Psicologia Organizacional e do Trabalho quais são as competências que aquele indivíduo vai desenvolver Já vi Editais com orientações determinadas para Psicologia com orientações puramente da administração o que dificulta também Vamos pegar a formação a estrutura curricular de um curso de Psicologia as vantagens que temos que é uma excelente formação metodológica por exemplo além de uma competente formação em Psicologia da Educação em aprendizagem humana Por outro lado temos um certo asco digamos assim à questão de gestão de poder Na administração dificilmente eles conseguem investir na forma ção de aprendizagem individual nas questões individuais só que eles nos trazem muita con tribuição na questão de gestão Tudo isso tem que ser levado em conta pelas organizações que abrem vagas e desenvolvem os Editais na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho e têm que ser específicas talvez nesse caso eles que riam psicólogos mais para área fim para área de atendimento aos familiares enfim aos pacien tes Vale para Camila ela foi minha aluna na USP de Ribeirão discutir isso com o CRP e verificar mas isso vem mudando Os Editais vêm trazen do itens mais detalhados do que é a POT como área de conhecimento incluindo tudo a Psicolo gia do Trabalho saúde do trabalhador qualidade de vida do trabalho emprego e desemprego na Psicologia Organizacional não se trabalha não se consegue atuar com essa cisão teórica A Psi cologia do Trabalho ajuda muito a organizacio nal a Organizacional ajuda muito a Psicologia do Trabalho essas duas áreas ajudam muito quem atua na área de gestão de pessoas então é co meçar por aí mas acho que isso vem mudando bastante nos últimos dez anos nos editais de concurso público para psicólogo organizacional Só de ter o nome organizacional já conquista mos um avanço muito grande Conheci uma pessoa que foi contratada como psicóloga num hospital e tinha que fazer tudo serviço de gestão de pessoas ela tinha de atender familiares pacientes CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 45 Identificando as Diferentes Formas de Violência no Trabalho Hely Aparecida Zavattaro Maria das Graças Mazarin de Araújo Abertura Tarde Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná em 1984 com habilitação em Psicologia Organizacional Clínica e Educacional Também é consultora na área de Desenvolvimento Organizacional desde 1989 Docente em cursos de graduação e pósgraduação e pesquisadora na área de Gestão de Pessoas desde 1987 É especialista em Administração de Recursos Humanos pelo Centro de Estudos Superiores de Londrina CESULON em 1988 Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Estadual de Londrina UEL em 1991 e Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela UEL Mestre em Psicologia Social e do Trabalho pela USP em 1999 Conselheira e Coordenadora do Núcleo de Psicologia Organizacional e do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo CRP 06 Obrigada pela presença de vocês e por todos aqueles também que estão nos assistindo pela internet Vou falar também em nome do núcleo Te mos um grande prazer em dar continuidade a esse evento com duas Mesas Tivemos pela manhã uma diversidade de apresentações e muitos acessos pela transmissão online E agora tenho uma gra ta satisfação em apresentar sobre um tema que é de altíssima relevância também importantíssimo na discussão do psicólogo ligado ao contexto do trabalho que é identificando Diferentes Formas de Trabalho Conto com uma segunda grata satis fação de trazer à Mesa o Professor José Roberto Heloani e o Professor Eduardo Pinto e Silva José Roberto Heloani Psicólogo pela Pon tifícia Universidade Católica de São Paulo PUC SP Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo USP É professor Titular da Universidade Estadual de Campinas UNiCAMP também é con veniado junto à Université Paris LivreDocente em Teoria das Organizações na UNiCAMP Pós Doutorado em Comunicação pela USP Doutor em Psicologia pela PUC Mestre em Administração pela Fundação Getulio Vargas FGV pesquisador na área de Assédio MoralSexual e Ética Laboral Membro fundador do site wwwassediomoralorg então convido a fazer parte da mesa O professor Eduardo Pinto e Silva tem gradu ação em Psicologia pela PUC de São Paulo Mestre e Doutor em Educação pela UNiCAMP PósDou torado pelo Programa de Políticas Públicas e For mação Humana pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ Professor do Departamento de Educação e Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos UFSCar Membro dos grupos de pesquisa Tra balho Docente na Educação Superior pela UERJ e Núcleo de Estudos Trabalho Saúde e Subjetivida de pela UNiCAMP Desenvolve a pesquisa Traba lho e subjetividade do professor na expansão da universidade pública Convido então o Professor Eduardo Pinto e Silva a fazer parte da mesa Professor Eduardo fique à vontade Unica mente vou controlar um pouco do tempo com aviso cinco minutos antes de terminar a fala de vocês Em tempo reiniciamos os trabalhos e gos taria de chamar a Hely Aparecida para coordenar a próxima atividade 46 Eduardo Pinto e Silva Graduação em Psicologia PUCSP Mestre e Doutor em Educação UNICAMP PósDoutorado pelo Programa de Políticas Públicas e Formação Humana UERJ Professor do Departamento de Educação e Programa de PósGraduação em Educação UFSCar Membro dos grupos de pesquisa Trabalho Docente na Educação Superior UERJ e Núcleo de Estudos Trabalho Saúde e Subjetividade UNICAMP Desenvolve a pesquisa Trabalho e subjetividade do professor na expansão da universidade pública Boa tarde a todos É um prazer estar aqui no CRP para poder discutir essa questão tanto problemá tica e tão difícil de ser debelada que é a questão da violência no trabalho A Cabanagem ou corpo de trabalhadores no GrãoPará na História do Brasil era um movimen to de resistência à escravização a uma legislação uma violência jurídica que permitia que o Estado usasse o trabalho indígena em condições de es cravidão no GrãoPará teve a revolta dos indíge nas e nessa revolta eles foram considerados vio lentos e isso justifica a violência do Estado é um dos movimentos conhecidos da História do Brasil Nessa revolta foram dizimados aproximadamen te 20 mil indígenas além de 30 a 40 mil pessoas mortas numa época em que a província do Grão Pará tinha 100 mil trabalhadores A violência é histórica concreta Tem suas formas atuais como no assédio moral tem efeito sobre subjetividade e na sua versão atualizada Está muito relacionada com a questão da hiper produção de um sistema gerencial que estabelece a todo momento metas e resultados a se cumprir dentro daquilo que o Gaulejac chama de quan tofrenia ou doença da medida onde o trabalho passa a ser a todo momento quantificado e mui tas vezes por critérios que são exógenos ao tra balhador ou aquilo que o Dejours chama de o real do trabalho Como no trabalho dos professores universitários não precisa enquanto é necessário nas empresas de um modo geral Quer dizer tenho amigos que não têm nada a ver com Psicologia mas eu fico brincando às vezes Metas metas qualidade gestão daí todo mundo sente no dia a dia um pouco essa pressão por resultados e muitas vezes nosso desempenho sendo avaliado de uma forma que não é condizente como nós nos avaliamos Não acho que sou um bom professor se eu escrevi cinco artigos e equalizar um naquele ano os critérios são outros e são critérios quan titativos como se o que é qualitativo do trabalho pudesse ser mensurado Uma questão que acho que é fundamen tal para pensarmos a violência no trabalho ou o sofrimento no trabalho é a questão de que para além do problema da intensificação e precariza ção no trabalho que a literatura aponta como algo também em todas as categorias profissionais quer dizer e as novas tecnologias deveriam nos servir para dar mais tempo elas facilitam tanto elas economizam tanto o nosso tempo elas têm potencialmente mas parece que as novas ecolo gias nos prendem mais ainda ao trabalho e é mui to comum ouvirmos um pouco assim um relato Trabalho muito trabalho todo dia e estou sempre A violência é histórica concreta Tem suas formas atuais como no assédio moral tem efeito sobre subjetividade e na sua versão atualizada Trabalho muito trabalho todo dia e estou sempre com o sentimento de dívida com trabalho ainda a cumprir CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 47 com o sentimento de dívida com trabalho ainda a cumprir daí chega no fim de semana feriado fala mos Vou aproveitar esse feriadinho para colocar o meu trabalho em dia Os estudantes são assim os professores universitários são assim e várias categorias profissionais E acho que para além da questão da intensificação e da extensão do traba lho ele se estende para além dos períodos formais de forma de trabalho é a questão da perda do sen tido do trabalho As fotos do Sebastião Salgado que vão retratar também esse aspecto dessa relação dessa insocia bilidade entre violência no trabalho e violência social de um modo geral As fotos do Sebastião Salgado Outro exemplo de trabalho que inclusive te mos a questão da própria morte por exaustão é o trabalho do cortador de cana De um modo geral as violências são múlti plas muito difícil você falar é melhor e mais pru dente você falar em violências do que tentar de finir numa definição cabal o que seja a violência existem múltiplas formas o fenômeno da violên cia é tão diverso e polimorfo quanto são as suas determinações e conceituações é algo que passa pela história da humanidade e é necessário consi derarmos as suas múltiplas e vertentes especifici dades e aqui então vou estar falando um pouco partindo de um aspecto mais geral da violência so cial para depois entrar um pouco na questão da violência relacionada ao trabalho e em particular a violência simbólica e a violência psicológica Podemos pensar que existem singularidades múltiplas em torno das violências no trabalho con traditórias e históricas e elas não podem ser divorcia das de uma totalidade concreta na qual ela se insere da violência mais ampla inerente à própria civilização aí eu me remeto ao Freud na história da civilização ao Adorno e Horkheimer e às próprias configurações históricas das relações sociais de produção capita lista nesse aspecto convergem autores de perspec tivas distintas desde a Psicanálise pela teoria crítica até o materialismo histórico dialético Oliveira e Nunes tratam um pouco dessa questão da violência no trabalho mas eles pro põem o conceito de violência relacionada ao tra balho por quê Porque eles falam assim A vio lência não dá para ser pensada como se ela fosse uma coisa do trabalho o trabalho também não é um lócus privilegiado existe a potencialidade tam bém no trabalho de outras vivências que não da violência do sofrimento etc Eles argumentam em prol de um conceito de violências relacionadas ao trabalho É interessante porque eles vão con tar assim nesse sentido você consegue fazer um diagnóstico mais preciso da totalidade na qual se inserem essas violências que se dão no campo es pecífico do trabalho isso não quer dizer que não possamos falar da violência no trabalho e eu vou chegar lá quando falar um pouco da violência sim bólica e psicológica do trabalho no trabalho Existem então marcas da violência social do trabalho na história daí faço referência um pouco à obra do Engels a situação da classe trabalhadora na inglaterra no qual ele vai descrevendo toda a expulsão do campesinato nos primórdios da cons tituição do modo capitalista de trabalho e o livro vai mostrando as formas deletérias e insalubres das condições objetivas de moradia e trabalho Marx com a questão da violência e expropriação só sobre trabalho e Freud e Adorno que trazem a vio lência e a barbárie como uma marca permanente da história da civilização quer dizer a violência não é simplesmente uma disfuncionalidade ela está na origem do desenvolvimento da própria civilização A referência ao corpo de trabalhadores do Pará que eu já comentei um pouco o fruto de uma violência engendrada contra o movimento de resis tência dos indígenas ao poder das elites e à barbárie da ordem imperial movimento que foi escravizado estigmatizado e dizimado sob o eufemismo de que eram eles os indígenas os violentos e a violência na sua forma jurídica toda uma legislação que per mitia o Estado sequestrar pessoas para o trabalho forçado e conceder a sua exploração a particulares assim como existiu na época de Marx que também descreve a lei da vagabundagem o trabalhador que estivesse nas ruas era preso como não submissão ao trabalho exploratório e a legislação e o Estado então legitimando essa forma de sequestro Sobre as violências no trabalho e violências relacionadas ao trabalho os autores Oliveira e Nunes argumentam que podemos evitar alguns malentendidos provocados pelo uso de termos como violência do trabalho e violência no trabalho A violência não dá para ser pensada como se ela fosse uma coisa do trabalho o trabalho também não é um lócus privilegiado existe a potencialidade também no trabalho de outras vivências que não da violência do sofrimento etc 48 quando usamos o conceito de violências relacio nadas ao trabalho Eles argumentam que existe uma discussão teórica sobre a violência no traba lho que não a considere apriorística como lócus de violência e exclusão se faz necessária porque isso poderia levar a um diagnóstico mais preciso da totalidade das condições materiais e de vida dos trabalhadores na identificação das violências às quais são cotidianamente submetidos Trago também a questão do Dejours que é um autor clássico do estudo da saúde do adoeci mento no trabalho mas que tem um livro muito in teressante que é Banalização da injustiça Social Nesse livro Dejours mostra essa insociabilidade entre a discussão da violência social e a violência do ou no trabalho estabelecendo aí uma relação de influência mutua e recíproca Tem um trechinho do livro Banalização da injustiça Social onde ele trabalha essa questão inclusive dessa relação que se estabelece entre o social a violência a banalização do sofrimento e da injustiça social envolvendo tanto o trabalho como a esfera do não trabalho quer dizer sofri mento e injustiça as relações entre sofrimento e emprego mas ele argumenta Cumpre também pensar as relações entre sofrimento e trabalho As primeiras se referindo ao sofrimento dos que não têm trabalho e emprego e as últimas ao sofrimen to dos que continuam a trabalhar A banalização do mal então segundo Dejours repousa precisa mente sobre um processo de recursos recíprocos de umas pelas outras Oliveira e Nunes definem a violência relacio nada ao trabalho como uma ação voluntária de um indivíduo ou grupo contra o próprio indivíduo que venha causar danos envolvendo forma de priva ção infração de princípios fundamentais direitos trabalhistas E acho que quando vamos discutir também a questão da violência psicológica tam bém indo na contramão dos valores éticos e dos valores pessoais do trabalhador quando as tare fas passam a entrar em contradição e conflito com os próprios valores do sujeito a questão da per da do sentido do trabalho e a violência ao mesmo tempo psicológica e simbólica Essa violência relacionada ao trabalho está nas relações de trabalho na organização e condi ções de trabalho que podem também se demons trar como violências de resistências respostas às violências relacionadas ao trabalho Podemos lem brar dos Ludistas do clássico exemplo de Marx que quebravam as máquinas ou da própria revolta dos indígenas que eu fiz e a violência simbólica que envolve preconceitos e estigmas Um autor muito importante na questão da discussão da violência simbólica é Bourdieu que aponta a base da violência simbólica como arbitrá rio cultural e que esse poder simbólico coloca uma imposição de concepções e significações Bourdieu diz que a violência psicológica e o assédio moral no trabalho atingem a identida de do trabalhador e que ela se intensifica E que assédio moral é um fenômeno tão velho quanto o trabalho mas que se reatualiza e se intensifica no contexto do existencialismo e do que nosso colega da Mesa Roberto Heloani chama de au sência de saúde moral Em um quadrinho do dicionário psicodinâmi ca do trabalho do verbete violência do trabalho do Faria há o discurso expresso e a realidade Atingir metas o discurso expresso na realidade é pressão por resultados e daí vai Definir metas realidade metas as inatingíveis dedicação ao trabalho realidade excesso de trabalho compro metimento com a organização realidade longas jornadas de trabalho Toda questão da dissimula ção discursiva sendo contraposta à questão da realidade a lista é longa O Faria fez isso para mim e falei A palestra é identificação das vio lências do Trabalho está aí uma bela listinha para decorarmos e combater Adib traz uma caracterização da violência psicológica relacionando à produção de subjetivi dades acuadas São subjetividades paralisadas e não têm condições de transformar a organização do trabalho e isso nos remete a Dejours É muito interessante Dejours falando so bre a loucura do trabalho porque ele pega o caso do subproletariado no capítulo 1 e do tra balho repetitivo No primeiro caso é para expli No caso do subproletariado é a morte é a luta pela sobrevivência então tem uma ideologia da vergonha Não se fala da doença não porque se quer evitar a ansiedade da doença mas pelo risco real que a doença simboliza esse fracasso da luta pela sobrevivência CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 49 car o que é uma ideologia defensiva e daí ele fala o quanto que a ideologia defensiva tem por objetivo mascarar uma ansiedade muito grave e não uma defesa no sentido clássico freudiano contra um princípio psíquico é uma defesa con tra algo muito real No caso do subproletariado é a morte é a luta pela sobrevivência então tem uma ideologia da vergonha Não se fala da doença não porque se quer evitar a ansieda de da doença mas pelo risco real que a doença simboliza esse fracasso da luta pela sobrevi vência São pessoas que trabalham para comer que vivem o trabalho no seu cotidiano subem prego e não trabalho E aquele que não contri bui ou que não compartilha do uso da ideologia cedo ou tarde é excluído Dejours fala que o trabalho taylorizado é aquele que impede as operações da regulagem do binômio homemtrabalho e a liberdade de in venção Torna o trabalhador um corpo meramente instrumentalizado e despossuído de seu aparelho mental O sistema coloca o trabalhador em oposi ção aos outros deixandoo isolado Engendra divi sões entre os indivíduos que são confrontados um por um individualmente e na solidão às violências da produtividade Era um pouco por aí que eu queria falar As considerações finais e deixamos um tempinho maior para o debate e o José Roberto Heloani pode aprofundar a questão do assédio moral e do suicí dio Obrigado pela atenção 50 José Roberto Heloani Psicólogo PUCSP e Bacharel em Direito USP Professor Titular na UNICAMP Também é conveniado junto à Université Paris X Laboratoire Genre Travail et Mobilités Livre Docente em Teoria das Organizações UNICAMP PósDoutorado em Comunicação USP Doutor em Psicologia PUC Mestre em Administração FGV Pesquisador na área de Assédio MoralSexual e Ética Laboral Membro fundador do site wwwassediomoralorg Começo agradecendo e muito à Graça à Hely por essa oportunidade e pela coragem de trazer um assunto que muitas vezes até por ser espinho so por ser difícil de ser lidado é deixado de lado Quer dizer estou vendo amigos pessoas que gosto muito de muito tempo ainda tratar sobre racismo tratar sobre o trabalho é um assunto tabu por incrível que possa parecer Reclama mos muito falamos em demasia que a coisa está ruim que tem muita violência isso e aquilo mas na hora Ok vamos discutir sentemos à mesa não é Vamos ver o que é possível ser feito e não ser feito e mais do que isso cara pálida o que você está fazendo como cidadão e como profissional Daí muda Vamos deixar isso de lado afinal de contas isso aí é uma questão mais capitalista Bom nós viemos onde afinal de contas Nós exercemos o quê Vamos es perar a redentora Vai esperando a redentora Exige muitas vezes coragem E é um prazer es tar aqui de volta ao CRP porque fui durante duas gestões da comissão de direitos humanos do Conselho Regional de Psicologia Nesta sala dis cutíamos questões éticas de direitos humanos recordar situações difíceis muitas vezes porque é um trabalho difícil falar sobre direitos humanos discutir essa questão mas ao mesmo tempo para mim é algo que tem muito significado por que obviamente eu pude questionar do ponto de vista identitário o que é ser psicólogo do trabalho e é isso que eu quero discutir um pouquinho com vocês Minha formação é basicamente em Direi to e Psicologia como já falaram depois eu fiz Mestrado em Administração e daí segui carreira acadêmica Voltei às origens fiz doutorado em Psicologia enfim e hoje eu sou um pesquisador na área do trabalho e da saúde Estou ao lado da Hely que foi minha orientanda na especialização estou ao lado do Eduardo que hoje é meu ami go escrevemos e trabalhamos juntos estamos no NET Núcleo de Estudos e Trabalho e Saú de na UNiCAMP mas que eu fui coorientador no Mestrado e orientador no Doutorado isso é um prazer imenso para nós porque vemos que deu fruto apesar de que fazer uma carreira acadêmi ca no Brasil é muito difícil exige muito sacrifício você vai ter uma recompensa se tiver no fim da carreira Mas é bom quando você vê que os frutos foram bons quer dizer ter o Eduardo ao meu lado ter a Hely ao meu lado é motivo de orgulho no sentido positivo da palavra não de vaidade Quer dizer olha aqui tem gente boa fazendo tão bem ou melhor do que você Então isso mexe com o nosso ego e mexe principalmente com o nosso emocional Eu acho que é isso que vale a pena E por que eu estou colocando essa ques tão Porque quando eu vim para o CRP aqui eu me lembro que a discussão que sempre se colocava O que é possível fazer em relação ao trabalho sabemos que as organizações hoje em dia quei ramos ou não elas estão presentes em nós Mas eu não trabalho em organização Esquece você interage com ela o tempo todo você interage com Entender melhor esse mundo é condição sine qua non para você tentar mudar em alguma coisa Caso contrário você faz uma crítica histórica ineficaz ineficiente e às vezes burra que inclusive reforça o próprio sistema CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 51 uma organização até quando vai ao banco pagar uma conta Você interage com uma organização até quando você vai simplesmente reclamar de que a sua operadora de telefone não está fun cionando Você sente o capitalismo na pele não é verdade Você lida com a organização na sua escola Hoje salvo raríssimas exceções as es colas as universidades privadas são o quê São empresas cujo principal objetivo é lucro ponto fi nal Então você está lidando com gente o tempo todo queira ou não queira Entender melhor esse mundo é condição sine qua non para você tentar mudar em alguma coisa Caso contrário você faz uma crítica histórica ineficaz ineficiente e às ve zes burra que inclusive reforça o próprio sistema E essa discussão estamos vendo que gerou frutos Hoje nesse encontro tivemos outras questões tem dois núcleos que trabalham com essa ques tão que acho que temos que fazer as coisas jun tos já para começar a me posicionar não é dividir é somar o contrário não leva a nada E agradeço a vocês todos que seja um dos encontros dos muitos que teremos para discutir essa questão O Eduardo sabe muito bem Hoje é um grande espe cialista da discussão da Educação da gestão do adoecimento do docente Ele sabe como a própria universidade outrora lugar de vestais hoje em dia o quê Adotou em gênero número e grau o modelo gerencialista que tanto criticou durante décadas Acho que o CRP se preocupar de fato com essa questão é se preocupar não só com a questão da Psicologia stricto sensu mas das relações inter subjetivas dentro e fora das organizações ou seja é estar preocupado com a nossa saúde mental e com o sofrimento éticopolítico que é decorrente dessas dissoluções que acomete todo cidadão em qualquer idade independentemente de gênero independentemente de classe social independen temente de qualquer outra dimensão Quero começar a discutir estou preocupado com o tempo só para começar a pensar Acho que o professor Eduardo trouxe questões muito impor tantes inclusive históricas a Cabanagem A violência está presente a toda hora a todo momento em nós ela está aí se sairmos um pouco à noite for dar uma volta na Paulista pegar um cinema Veja bem a Paulista de jeito nenhum é a mais violenta das avenidas mas sempre tomamos cui dado A violência faz parte infelizmente da nossa sociedade Ela está aí só que essa violência pode ser naturalizada ou não Acho que aí é a discus são Como nós encaramos essa violência Como eu encaro um assalto Um estupro Como enca ro o que acontece dentro do trabalho As pesso as não são esquisso não dá para falar que o que acontece dentro do trabalho não repercute fora O que acontece fora repercute dentro do trabalho Falar em assédio moral sem falar em discrimina ção e humilhação não consigo Embora lide com isso há 17 anos ter um site me especializando e ainda em ética no trabalho em assédio moral e as sédio sexual Mesmo trazendo com a Margarida esse assunto para o Brasil eu não consigo de jei to nenhum falar sem associar com discriminação Nesses 17 anos trabalhando com isso chegamos a uma conclusão não existe assédio moral sem humilhação e sem discriminação ponto E quanto maior o grau de discriminação que existe em diver sas formas das mais sutis até as mais elogiosas Muitas vezes existem discriminações elogiosas o cinismo é quase patológico não é Quanto mais maior a probabilidade de você ter inúmeras formas de assédio moral inclusive sexual Numa das empresas campeãs de assédio moral no Brasil uma organização onde sempre ocorreu muito racismo humilhação que faziam parte do seu métier A primeira condenação ocor reu em 2004 Claudio Brandão outrora Juiz na Bahia hoje Desembargador no Tribunal em Brasí lia e é também ministro é uma pessoa de quem eu tenho orgulho de ser amigo por ser uma pes soa superséria teve a coragem de condenar essa megaempresa Em 2004 o que aconteceu Uma vendedora que não quis ceder a um assédio se xual teve a sua coxa não é exagero marcada com uma bituca de cigarro no melhor estilo casa gran quando falamos de violência nas suas várias formas são como dimensões na minha concepção que acabam tendo uma intersecção e superposição Quando falamos em assédio moral estamos somente revelando a pontinha do iceberg Falar em assédio moral sem falar em discriminação e humilhação não consigo 52 desenzala Agora como é que você chega nesse campo Como é que você chega a essa lógica Porque tem um monte de fatos anteriores A mesma empresa obrigava inclusive os seus gestores a andarem de vestido de mulher num salão maior do que o auditório do CRP SP se não obtivessem as metas que o Eduardo acabou de falar muito bem Vejam bem vocês imaginem uma pessoa com 40 50 anos vestida de mulher portando batom e claro se homem de pele branca com um pênis de plástico negro desses que ven dem nos sex shops se homem de pele negra pênis de plástico branco isso é brincadeirinha Não Está por trás o quê Uma prática racista reiterada isso não é à toa E mais pagava o dia para aquele raro vendedor que cumpria as metas ou ultrapassava aquela meta pagava um valemotel quer dizer ele não precisava trabalhar naquele dia e ia para o mo tel mas ia com quem Com a vendedora que não cumpria a meta Eu não estou falando de campo de concentração não estou falando de um país ocu pado eu estou falando de Brasil do nosso século Há outros mais não quero colocar aqui por várias razões tem coisas mais pesadas mas vamos dei xar para outra oportunidade com mais tempo Então quando falamos de violência nas suas várias formas são como dimensões na mi nha concepção que acabam tendo uma intersec ção e superposição Quando falamos em assédio moral estamos somente revelando a pontinha do iceberg Tudo isso que o Professor Eduardo colocou mostra muito bem isso não é verdade E quando eu disse que afinal de contas nós po demos ter questões pontuais nós temos que de forma isolada não se constituem se quer ilícitas mas no conjunto quando costuradas perfazem um processo que pode ser dantesco simples mente brutal detona com a pessoa Não quero entrar em detalhes técnicos aqui que não é este o caso mas se eu faço uma observação para uma pessoa apontando uma única observação talvez não seja nem violência depende como eu faço a observação seja como professor gestor amigo às vezes você é obrigado a fazer observações Olha eu acho que você não está agindo correta mente Acho que você precisa se esforçar mais Tudo bem são coisas que fazem parte da vida Agora se faço essa observação e sempre sou muito mais rigoroso com aquela pessoa do que com os demais se associo aquela falha a uma condição de gênero mesmo que não explícita por alguma condição política ou condição ideológica a coisa vai mudando de figura E se mais obvia mente eu no final do expediente costumo na sextafeira convidar todos para tomar um cho pe mas nunca convido ela a pessoa dela Tudo bem não sou obrigado a convidar todo mundo para tomar chope comigo não é verdade Óbvio mas sempre aquela mesma pessoa com quem sou mais rigoroso que cumprimento de uma for ma diferente que faço observações constantes eu nunca convido Como é que ela começa a se sentir Não é verdade E se ela vem conversar comigo sempre que ela se aproxima eu desvio o rosto e atenção para uma outra pessoa como se não a tivesse visto Dificilmente o meu olhar se cruza com o dela Como é que a Gisleine que é mi nha amiga e posso usála como exemplo como é que ela começa a se sentir Se eu tivesse feito um ato tudo bem passa batido não tem nada de ilegal imoral e antiético são fatos da vida Agora quando você começa a ter um conjunto de atos uma constelação de atos que de forma isolada pouco ou nada significam no conjunto pode ser o começo de um processo Que tipo de processo De isolamento discriminação e desqualificação Só que tem um problema se esse processo durar muito tempo chega a um ponto em que a Gisleine se transforma exatamente naquilo que eu quero que ela se transforme numa péssima funcionária Não que ela queira ser uma péssima funcionária talvez ela tenha entrado na empresa com a me lhor das intenções motivadíssima querendo dar o melhor superbem preparada mas por que ela se metaforizou Por que ela se modificou tanto Porque ela começa a não dormir bem a se per guntar o que ela tem de diferente dos demais começa a se alimentar mal a se desentender com o companheiro a gastar mais energia para decodificar o que está em torno dela porque eu a trato dessa maneira e trato outro com mais con descendência enfim a energia que seria para o trabalho ela volta para a sua defesa e aí tem a ver inclusive com o que o professor Eduardo aca bou de colocar as inúmeras defesas psíquicas que Ana Freud já tinha colocado muito bem e é fundamental não esquecermos disso o assédio moral ele é composto por vários atos que às vezes que de forma isolada seriam desentendimentos e é comum que no mundo do trabalho CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 53 Ela cada vez mais erra obviamente porque quem não está bem começa a errar cada vez mais ela tenta para tentar mostrar obviamente que é competente a se meter numa seara que não é a dela então ela começa a cometer erros grotes cos enfim ela fica prontinha para que eu chegue e fale Gisleine foi realmente um erro na seleção Essa moça e aí vêm as famosas frases céle bres não veste a camisa da empresa não tem envolvimento com a organização eu não sei por que escolheram essa moça que ingenuidade por parte do pessoal da seleção e muitas vezes dá margem inclusive no serviço público à demissão por justa causa Dá para perceber que obviamen te o assédio moral não é qualquer coisa O assédio moral não é um simples desentendimento es tou resumindo a coisa por causa do tempo Então o assédio moral ele é composto por vários atos que às vezes que de forma isolada seriam desen tendimentos e é comum que no mundo do traba lho haja conflito Eu fiquei aqui duas gestões seis anos é claro tive conflitos quase todos são meus amigos até hoje mas é claro que havia desenten dimentos onde tem gente tem desentendimento isso não tem nada a ver pode até ser uma forma de violência mas é uma forma de violência situa cional que ocorre de forma esporádica sem inten ção como pode acontecer até entre pessoas que se amam que vez por outra se estranham Quem nunca se desentendeu com seu amado ou amada Olha Professor eu acho que sou felizardo estou há 15 anos com aquela pessoa e eu nunca levan tei o tom de voz nunca tive um desentendimento Ok me diga qual é o nome da outra impossível não é Eu me lembro não faz três anos eu estava no Paraná e era uma Mesa para discutir uma série de questões e dentre elas violência mas a ter ceirização estava se começando a discutir essa questão e daí eu tinha falado que eu era sába do dependendo de quando ia acabar você nunca sabe exatamente eu queria ir para Campinas e não para São Paulo minha mocinha mora em Cam pinas E daí aconteceu o seguinte acabou não tão tarde eu fiz sinal para o pessoal da organização e eles mudaram a passagem para mim conseguiram mudar e iam me arranjaram um voo da Azul para eu ir Legal só que por azar estava aquela coisa sabe aquela coisa meio de paquera você namora mas não assume é amigo e tal aquela coisa toda e daí eu falei Você me liga e daí eu digo se vai dar para eu ir para nós íamos pegar um cinemi nha jantar se dá para ir ou vou para São Paulo daí ela ligou mas ligou quando estava acabando a Mesa Eu falei Olha eu não sei se eu estou pre parado porque tinha um monte de coisa eu tinha falado com os trabalhadores o pessoal me sujou de barro foi muito legal pessoal da área rural só que tinha que passar tinha que comprar uma calça uma coisa porque não dava para ir assim o resul tado disso Eu falei meio alto assim Eu não sei e desliguei Bom para quê Eu estou entrando no avião para ir para lá as meninas sabem o que eu estou falando vem um torpedinho é uma forma de violência viu qual torpedinho Helo venha somente se quiser e desejar mas não sou bobo o que eu respondi imediatamente Quero e desejo Acabei com a coisa Mas foi bom porque é um as sédio Não é um assédio é um conflito decorrente de uma má comunicação No mundo do trabalho no nosso mundo temos conflitos obviamente Por exemplo isso aqui não é violência tenho que falar porque eu só tenho um minuto Posso acabar pelo menos a historinha que é verdadeira Senão eu posso ter problemas depois quando eu sair daqui Queria chegar em Campinas e explicar Olha não é frescura minha estava com o ministro não dava para virar as costas aquela coisa toda e é claro ela também queria esclarecer porque que ela foi tão direta como toda boa descendente de italiana foi no âmago da questão Foi muito bom porque fomos para um bom restaurante em Cam pinas e em consequência disso eu falei Melhor pararmos de enrolar e assumir que vamos começar a namorar esse negócio de amigo não está dando senão não teria ficado tão magoado e nem você O que aconteceu Foi um conflito não deixa de ser conflito mas que depois até teve bons frutos pelo menos para mim não sei para ela mas para mim teve Teve conflito Teve Qual é a diferença disso e de um conflito que você quer magoar É diferen te No assédio você tem discriminação por trás tem humilhação tem a intenção de neutralizar alguém ou de colocálo para fora Essa que é a grande diferen ça É ilusório pensarmos que em qualquer ambiente você não vai ter conflitos aliás isso seria na pró pria Psicanálise uma visão mais do que romântica se você tem na própria família se você tem pesso as que te amam Aí você não tem um ato discrimi natório você não quer humilhar ninguém você não quer isolar ninguém você não quer descompensar ninguém você não quer se livrar de ninguém O pro blema é que a lógica do assédio pelo contrário ela é fria e racional embora aparentemente possa ser até emocional possa ser passional é um conjun to de atos que muitas vezes vão transformando a pessoa numa pessoa com transtornos mentais numa pessoa com problemas sérios de gerencia 54 mento de si e que não tendo saída ela mesmo pede para ser exonerada ou dispensada do trabalho E já tive casos na área pública acompanhei assédio de seis anos vocês acreditam nisso Em que a pessoa heroicamente não saiu porque não queria perder a aposentadoria Não faz muito tempo tinha uma professora eu posso falar de uma federal bem famosa em São Paulo que ficou comigo conversan do durante quase duas horas e eu convencendo que faltavam seis meses para ela se aposentar que ia perder toda aposentadoria integral vocês acredi tam nisso ela falou Eu não aguento mais eu tenho sudorese quando eu entro no meu departamento E é por isso que em decorrência desse transtorno que afeta inclusive a nossa fisiologia que nós soma tizamos e muitos casos acabam em suicídio E por que as organizações sejam públicas ou privadas escondem e pagam fortunas para que não saia na imprensa Por que eles escondem os suicídios Por que o suicido como diria Dejours é uma mensagem brutal Ele não diz que o sujeito está morto não diz que o sujeito está com problemas diz que o grupo está com problemas porque o grupo não foi solidá rio porque o grupo não escutou porque o grupo tal vez tenha transformado aquele sujeito num sujeito invisível e aquele sujeito que você sabe que está com problema você desvia o olhar porque você não tem tempo você não tem tempo para escutar você não tem tempo para falar você não tem tempo para interagir aliás uma das características do trabalho e aí a nossa função como psicólogos por isso que nós temos que entrar temos que sujar a mão sim é voltar a reconstituir um coletivo de trabalho porque essa lógica pósmoderna ou pósmodista esgarçou o tecido social no trabalho Podemos ter um coletivo do trabalho se eu tenho relações intersubjetivas mi nimamente confiáveis Quando eu simplesmente remunero as pessoas na mesma função de forma diferencia da que é a coqueluche de tudo isso eu já estou arreigando com a possibilidade de solidarieda de Quando eu intensifico o trabalho e densifico que é conceito que não vou entrar aqui porque não interessa mas densificação é quando você não tem tempo para parar eu intensifico e den sifico como as pessoas me falam o trabalho a ponto de eu achar que é perda de tempo para conversar dois minutos com o colega também estou detonando o coletivo de trabalho Portan to essa lógica de organizar o trabalho vai ter que ser modificada e o nosso papel como psi cólogos do trabalho é tentar nem que seja de forma heroica politicamente e profissionalmen te achar brechas nesse sistema caso contrá rio realmente vamos ter muito mais a profissão de clínico fora da organização do que dentro da organização porque nós vamos ter cada vez mais pessoas descompensadas com ação sui cida e praticando suicídio Eu acho que não foi para isso que nós estudamos Obrigado o nosso papel como psicólogos do trabalho é tentar nem que seja de forma heroica politicamente e profissionalmente achar brechas nesse sistema caso contrário realmente vamos ter muito mais a profissão de clínico fora da organização do que dentro da organização CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 55 Debates Hely Aparecida Zavattaro Obrigada Heloani Ago ra daremos início à sessão de perguntas para de bates sobre o tema Vou reforçar o que o Heloani comentou Aproveito para informar que estamos com aproximadamente 77 acessos pela internet que isso já é relevante e falar também para quem está assistindo enviar perguntas ou comentários para o email wwwcrpwebtvcrpsporgbr Daniele Eu sou Daniele estudante de Psicologia Quero saber como o psicólogo pode atuar na or ganização de forma preventiva ao assédio moral Domiti Meu nome é Domiti sou psicólogo Quero que vocês falem um pouquinho mais sobre essa questão de explicitar esses momentos em que se dá a violência porque às vezes parece quase que uma coisa paranoica Ele não me chamou fez um comentário mais rigoroso comigo Pode explicitar esse tipo de ação violenta Eduardo Pinto e Silva Boa tarde de novo Essa questão da Daniele é muito boa Estive no Con gresso de Psicodinâmica do Trabalho em Manaus Voltei ontem e eu apresentei dois trabalhos mas eu fui fazer um minicurso também Promoção da Saúde do Trabalhador Foi tão gratificante porque fiquei no lugar do aluno de novo e eu fiz uma per gunta também para a moça do minicurso Como eu faço para criar o espaço da palavra e a prevenção da saúde do trabalhador porque o difícil é encon trarmos idealmente também encontrar respostas indicativos porque a questão Dejours coloca na finalização da fala do Heloani que traz também a importância de encontrar as brechas no sistema e do psicólogo poder ser um mediador O que Dejours denomina o espaço da palavra no trabalho que é poder agora como que você vai criar o espaço da palavra que é uma situação que requer confiança cooperação solidariedade num modelo gerencial que trabalha no sentido oposto Não basta as pessoas não estão assim prontinhas para pode rem falar de todos os conflitos que são muito mais do que conflitos normais como o próprio Roberto diferenciou são questões ligadas a preconceito de discriminação competitividade não é uma compe titividade que é algo que se explica pelo indivíduo porque são indivíduos que são produzidos assim às vezes quase que corrompidos um pouco con taminados pela lógica mas eu acho que a questão é um pouco por aí a criação de espaços mesmo de discussão do trabalho no qual se possa debater e criar possibilidades de contribuições efetivas do sujeito à organização do trabalho Quando a orga nização do trabalho coloca toda sorte de impedi mento quando ela padroniza quando ela tira toda singularidade do modo operatório de uma tarefa infringe um determinado modo de fazer você está matando a singularidade e todo aquele processo de operações que vão regular binômio trabalhador trabalho Então acho que é um pouco por aí e ao mesmo tempo nadamos um pouco contra a corren te porque como fazer disso que requer reconheci mento um do outro solidariedade cooperação num ambiente é complicado É quase que uma revolu ção nas formas de gestão da atualidade Há orga nizações que têm uma maior maturidade para isso Com certeza naquela que o Roberto exemplificou aqui acho que é missão impossível É que nem nós na clínica se recebemos um paciente já num grave processo de adoecimento a nossa manobra para lidar com essa psicose ou com essa patologia vai ser muito limitada Quando está num grau de certa percepção e vamos dizer com uma defesa menos rigidamente colocada daí temos mais manobras Acredito que existem instituições com maior matu 56 ridade e possibilidade mas as mais problemáticas são as mais impenetráveis e onde isso é mais sua ve que são as mais trabalháveis José Roberto Heloani Acho que as duas questões são muito interessantes e cheias de dados empíri cos que confirmam A Daniele coloca prevenção em matéria de assé dio moral como é que você pode prevenir alguma coisa Você pode prevenir costumo dizer inclusive o último artigo que escrevi com a Margarida co locamos exatamente isso sendo intolerante com certas tolerâncias Temos que ser intolerante com as tolerâncias Não podemos permitir certas brin cadeiras como é muito comum no Brasil dar certos apelidos que são absurdos Temos variadas virtu des Uma informalidade muito positiva certo humor muitas vezes para situações que outras pessoas não têm Ótimo tudo isso inclusive é admirado pe los estrangeiros tudo bem Só que brincadeira que é brincadeira ninguém sai chorando ninguém sai como o João Bobo entendeu Você não discrimina ninguém não humilha não trabalha com questões delicadas de gênero não sabe o histórico daquela pessoa Então certas brincadeiras que são feitas são simplesmente inadmissíveis É como apelidos você tem apelidos que você fala uma vez o sujeito coloca apelido em alguém eu aconselho quando a pessoa vem O que eu faço vai chegar como o pai chega para o filho que está sofrendo bullying Filho não liga Gente opinião mais besta como essa não existe Claro que ele liga se ele já chegou para você e está dizendo isso é porque está inco modando se ele tivesse força para ser contrário ele chegaria perto de você não é verdade Então ele está pedindo ajuda você não pode ser passi vo o sujeito está sendo apelidado o conselho é o seguinte em particular você fale Por favor fulano de tal eu não gostaria que você me tratasse por esse nome eu não me sinto bem Chameme pelo meu nome por favor e não pelo apelido Tudo bem o sujeito não entendeu ou esqueceu na segunda vez a mesma coisa em particular educadamente Por favor não me chame por esse nome Quero que você me chame pelo meu nome Eu não me sinto bem com você me chamando por esse apeli do O sujeito por debilidade ou coisa semelhante ainda não entendeu você vai fazer a mesma coisa educadamente em público Provavelmente para por aí Se assim mesmo o indivíduo não entendeu e age de forma proposital você vai à delegacia faz um Boletim de Ocorrência com representação ga ranto que quando ele receber uma cartinha da de legacia solicitando esclarecimentos ele para Por que é caso de injúria artigo 138 do Código Penal Eu já vi apelidos entrarem em injúria Você não pode fazer isso a organização seja ela qual for univer sidade hospital hoje em dia os hospitais estão você não sabe o que tem por dentro dessa área Ele não pode ser conivente com o atentado à dignida de que é um valor condicional está nos primeiros artigos da Constituição não é a favor de ninguém Por exemplo você tem respeito pelo outro então se você for intolerante com certas tolerâncias com certas brincadeiras você põe freio Eu não sou in gênuo não acho que as pessoas são santas mas também não acho que são demoníacas são pes soas Nesse ponto eu sou muito Rousseau as pes soas se comportam conforme o ambiente Se você deixa a coisa fluir vai Tenho no meu pen drive eu não quero gastar tem po porque senão não saímos daqui mas tem uma organização que é uma das maiores empresas de ali mentos do Brasil isso acompanhei desde o começo Para vocês entenderem a lógica era uma empre sa que tinha uma prática de brincadeiras muito de mau gosto com homoafetivos Resultado foi um longo processo mas para encurtar o rapaz depois de sofrer várias brincadeiras entre as quais ele foi chamado de Bambi não sei quantas vezes na linha de produção ele trabalhava numa linha de desos sa de frangos o cara já estava no seu limite sem nenhum histórico de violência pegou o facão trans passou o outro essas coisas acontecem No outro caso na mesma empresa em outra uni dade outro relato mas agora envolvendo questão racial sempre que o funcionário chegava tinha uma Não podemos permitir certas brincadeiras como é muito comum no Brasil dar certos apelidos que são absurdos No outro caso na mesma empresa em outra unidade outro relato mas agora envolvendo questão racial sempre que o funcionário chegava tinha uma casca de banana ao lado CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 57 casca de banana ao lado Depois uma banana Pos teriormente ele foi pegar o jaleco você sabe que o ambiente é muito frio às vezes a temperatura chega a menos de 50 graus então junto ao jaleco coloca ram um macaquinho com frio porque ele estava se queixando muito que fazia muito frio então eles co locaram um macaquinho escrito que frio no bolso do jaleco Bom assim como no relato anterior o funcio nário já estava no seu limite Como se não bastasse naquele dia chegou outro sujeito e começa a imitar um chimpanzé atrás dele Tudo bem o que aconte ceu Ele estava com um instrumento cortante trans passou Não morreu mas foi parar no hospital esse outro Dois casos um caso de racismo e um caso de homofobia Tudo bem por aí O que a empresa fez Nada além de pôr para fora os funcionários Mas o que ela fez em termos educativos a questão da pre venção Aí que entra o psicólogo o educador Como se coloca para fora o sujeito Pensemos Não foi um idiota que fez isso e o outro idiota você não tem só dois idiotas você tem um conjunto de idiotas porque onde estão os outros colegas Eu sempre falo numa humilhação você tem três partes quem faz quem re cebe e quem assiste não são duas só É uma visão fantasiosa Onde está o resto Não é uma coisa sim ples tem todo o contexto Como é que você chega a esse ponto Como é que a sociedade permite isso Não é verdade A situação não parou por aí como era de se prever O que aconteceu Um belo dia isso é mais recente um rapaz homoafe tivo ao final do expediente estou falando de uma das maiores empresas produtoras de alimentos e não um boteco o rapaz homoafetivo é rendido por cinco funcionários na parte mais distante do esta cionamento desta organização Numa brincadeirinha inocente o quinto funcionário introduz uma manguei ra de ar comprimido no ânus dele ele foi hospitaliza do Detalhe quatro renderam e o quinto fez isso Sabe quem é esse quinto Boa coisa para discutirmos essa coisa de gênero aqui uma mulher Causou surpresa ao delegado inclusive Por que eu estou falando essa questão isso está disseminado naturalizado Voltei ao começo Lembram que eu coloquei essa questão A violência como o Eduardo muito bem colocou está disseminada e generalizada Vai me dizer que esse caso era esporádico Não para você chegar a esse ponto tem que ter certeza da impunidade o grupo todo introjetou inclusive uma mulher E há uma questão de gênero nesta situa ção introjetou essa violência como absolutamen te normal banalizou e acabou chegando ao cúmu lo de ter um ato nazista A questão da prevenção é fundamental E per gunto onde é que estavam e o que faziam os psicólogos dessa área Os educadores O que fizeram quando teve uma prática homofóbica Quando teve a discriminação racial Depois você chega a quê Você vai além É sabido isso Falar que não tem o que fazer no trabalho se tem muito que fazer Agora tem que ter o míni mo de coragem sim E tem que pagar um preço alto às vezes Precisamos nos perguntar o que queremos na nossa vida Se alguém está pen sando que ir para a área trabalhista ser psicó logo do trabalho do trabalhador é coisa fácil é tranquilo não precisa estudar nada Ou você vai ter uma vida folgada ou muda de área la mento dizer São as opções da vida o que você quer Talvez não fazendo nada realmente é mais tranquilo com certeza Agora é como no artigo que escrevi Psicologia do Trabalho ou do Capital você tem que fazer a sua opção É algo que temos que parar para pensar e decidir para a nossa vida agora falar que ano tem es paço falar que não tem necessidade e se tem Muito mais que antigamente sem uma leitura correta da correlação de forças eu não tenho nenhum pejo a termos com relação de forças não tenho problema nenhum eu uso mesmo se você não tiver nenhum pejo e observar a corre lação de forças como se dá dentro da organiza ção se você não está entrando nos sindicatos nas associações você está perdido você não vai conseguir mudar nada Você quando muito consegue fazer uma adaptação É um trabalho como todo bom trabalho político no sentido em que você está lidando com o coletivo no sen tido em que você tem pelo próprio código dos psicólogos você tem num compromisso com o ser humano e com o trabalhador Para não ficar tudo em cima do psicólogo então vamos mudar um pouquinho Hoje o médico do trabalho é uma das categorias mais desprestigiadas pelos tra balhadores O médico do trabalho não goza da confiabilidade dos trabalhadores em quase to dos os setores Eu mesmo há três anos fiz uma Se alguém está pensando que ir para a área trabalhista ser psicólogo do trabalho do trabalhador é coisa fácil é tranquilo não precisa estudar nada Ou você vai ter uma vida folgada ou muda de área lamento dizer 58 palestra sobre o viés do trabalho assédio mo ral a convite dos médicos peritos acho que eles nunca mais vão me convidar mas tudo bem Foi no anfiteatro Sul América no Rio de Janeiro 535 médicos estou brincando até que foi uma dis cussão boa começamos a conversar com eles falei do nosso grupo falei um monte de coisas eles começaram a se colocar o que eles colo caram Professor é uma situação complicada Respondi É mesmo por quê Pela legislação brasileira o perito pode ser médico da empre sa então muitas vezes olha que coisa doida é completamente esquizofrênico nesses casos não tem jeito viu Edu como você falou não tem jeito O cara trabalha na Klabin suponhamos como perito o laudo que ele vai dar como é que pode ser neutro Se ele é empregado da Klabin Deu para entender Então veja bem você tem situações que são muito complexas o que não quer dizer que você não possa fazer um bom trabalho Você tem médicos do trabalho fazen do um excelente trabalho e você tem psicólo gos fazendo excelentes trabalhos Agora preci sa saber o que você quer Fabíola Boa tarde meu nome é Fabíola Venho de Campinas Ao longo desse dia muito produ tivo parabéns ao CRP por essa iniciativa Nós ouvimos muitas histórias e vivências E essas situações que o Professor colocou nos marcam profundamente também como ser humano mas eu queria tentar olhar de outra forma O profes sor já teve contato os professores poderiam nos colocar algum exemplo de estratégias ado tadas por empresas que tenham tido resultado benéfico porque quando falamos de assédio moral Sou do RH vamos fazer dentro do pro grama de diversidade trabalhar sob a questão dos transgêneros da homofobia trabalhar o assédio todo mundo fica de cabelo em pé o que essa louca quer falar Não mexe nisso aba fa o caso Mas e o contrário Teríamos estraté gias promissoras que nós conhecemos Edna Eu sou Edna Eu sou do Núcleo de POT Esse é um tema no qual eu tenho uma história pessoal acompanho essa discussão Só queria complementando que tanto Heloani que eu sei que sabe e o Professor também pudessem di zer como é que você faz essa articulação com as outras instâncias porque quando eu ouvi o Heloani dizendo pensei Que bom que ele fa lou isso que bom porque senão fica um peso tão grande que é o psicólogo que tem que fazer isso e que bom quando você disse Olha só dá para fazer se você tiver articulação com o sin dicato com outras instâncias com a Delegacia Regional do Trabalho e com o Ministério Que ro que você fale um pouco disso nos casos de sucesso como é que essa articulação se deu porque aí não fica só para o psicólogo o enca minhamento tudo bem Hely Aparecida Zavattaro Posso juntar com mais duas questões Não vai dar para respon der a todas as questões que vieram pela inter net porque houve uma grande quantidade mas vou juntar algumas das questões que têm rela ção inclusive ao que vocês perguntaram A primeira a Michele Araújo que remete a um caso de uma estagiária uma aprendiza na empresa com uma condição econômica restri ta teve problemas com higiene relacionados a sapatos com mau cheiro cabelo com cheiro de suor e odor O grupo de trabalho inserido na empresa com características elitizadas come çou a excluir a estagiária e inclusive apelidar naturalmente Como nos posicionar como psi cólogos em situações como essa A outra questão é a da Rosana também de Araraquara Ela disse que sofre a situação con trária tem uma pessoa no departamento que realmente se exclui Ela odeia a empresa o che fe os companheiros e o grupo tenta integrála mas ela sempre está arrumando confusão e fa zendo intrigas E nesta situação a culpa é nos sa Essa é a questão José Roberto Heloani As questões todas óti mas pena que temos pouco tempo Edna já nos conhecemos há tantos anos não é A questão da articulação é fundamental em qualquer trabalho Hoje em dia a complexida A questão da articulação é fundamental em qualquer trabalho Hoje em dia a complexidade é muito grande quando falamos em mundo do trabalho estamos falando da saúde do trabalhador e daquilo que se chama de Psicologia Organizacional CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 59 de é muito grande quando falamos em mundo do trabalho estamos falando da saúde do tra balhador e daquilo que se chama de Psicologia Organizacional O que chamamos de Psicologia do Trabalho é uma discussão teórica não vou entrar porque não interessa neste contexto mas enfim é um mundo vastíssimo A própria psicodinâmica a qual o Professor Eduardo tão bem se referiu que inclusive Dejours mudou de psicopatologia para psicodinâmica Ele esteve na FGV repetiu e pessoalmente o que está nos seus últimos textos que não dá simplesmente para você encarar o trabalho como algo que causa sofrimento e o sofrimento não pode ser o quê Moldado Esse sofrimento pode também ser criativo ele coloca essa questão o que o Professor Eduardo muito bem colocou se eu dou autonomia se eu crio o espaço da palavra eu consigo superar Até certo ponto o Profes sor Eduardo já respondeu essa questão Agora como é que eu crio o espaço da palavra Que Habas também fala vários autores colocam Só consigo fazer isso com o mínimo de confiabili dade sejam psicólogos sejam médicos seja lá quem for se as pessoas não confiam em mim você não vai criar espaço de confiabilidade ne nhuma você vai criar um teatrão uma situa ção que beira o ridículo muitas vezes onde as pessoas tendem a falar aquilo que elas acham que o supervisor que o coordenador quer ouvir como em alguns ambientes inclusive educacio nais nos quais pessoas se reúnem e fazem uma reunião para legitimar tudo que já foi decidido ao telefone ou por email é ou não é Geral mente é assim E ao contrário do que se pensa as reuniões mais longas são as menos impor tantes porque se fala um monte de baboseiras e as mais curtas que não têm muito tempo de a pessoa reagir são as mais importantes pare e pense nisso Então temos o quê Essa con fiabilidade é a primeira coisa se você não tem uma relação também de confiança com os sin dicatos com as associações com outras cate gorias nós somos trabalhadores e isso é uma questão básica O médico é trabalhador assim como o psicólogo o funcionário ou o colabora dor entre aspas termo horroroso todos nós somos trabalhadores quer dizer é uma questão de classe sobre esse aspecto você tem que se colocar como um trabalhador e eu vou fazer o quê Eu tenho que fazer um trato com as outras categorias para que possamos fazer alguma coisa A questão do assédio eu tenho feito pa lestras no Brasil um trabalho de militância com Margarida agora temos um trânsito muito bom com o Ministério Público do Trabalho com o Ministério Público Estadual com as escolas de magistratura quase todas as escolas de ma gistratura já dei curso de ética de assédio mo ral isso vai te dando possibilidade de construir uma rede relacional que te dá força e elemen tos para fazer alguma coisa Agora eu sozinho como pesquisador como professor universitá rio por mais que queiramos fazer sozinho é di fícil apesar de termos trânsito nos sindicatos que é construído e demora muito Agora é pre ciso fazer O primeiro passo é a confiança tem que ter claro o que você quer na sua vida para quem você está servindo Tem que reler código de ética que é fundamental eu posso fazer não posso fazer os princípios norteadores Arch em grego pessoal fala em arqueologia então é coi sa antiga que tem dois significados em grego antigo e princípio aquilo que a história te deu é o que a experiência te deu Nós psicólogos temos que pensar mais no arch na nossa his tória e nos nossos princípios Daí começamos a avançar e fazemos realmente o quê Alguma coisa caso contrário não construiremos abso lutamente nada Tinha uma outra questão que era de estraté gias No espaço da palavra eu posso falar coi sas que aconteceram e que foram sugestões de psicólogos Um dia o pessoal da Eletrobras que é uma megaempresa estatal me chamou no Rio pois estavam com vários casos porque eles fo ram comprando unidades no Brasil e como sa bemos país com culturas diferentes Falei com o vicepresidente da época Depois chegou um pessoal um cara excelente Jorge Nunes que era diretor geral de RH um cara muito bom bem relacionado político enfim falei Quem está trabalhando na Psicologia com vocês ele me apresentou a equipe e eu conversei com eles e juntos fizemos algumas sugestões e começou a melhorar Coisas aparentemente simples por exemplo A Ouvidoria tem que ter autonomia senão deixar de ser Porque sem autonomia é melhor não ter Ouvidoria Na época o setor era ao lado literalmente da sala do presidente Um setor ouvia o que o outro estava fazendo isso era ridículo Você acha que você vai à Ouvidoria falar alguma coisa sabendo que o presidente está ouvindo A comissão de ética tinha de núncias sobre o caso de discriminação racial A comissão de ética não sabia o que aconte cia na Ouvidoria que por sua vez não sabia o 60 que acontecia na comissão de ética São coisas simples Eles mesmos começaram a elaborar alguns procedimentos sigilo é questão absolu ta qualquer denúncia vai ter que ser apurada tem que dar o prazo de um mês para apuração depois volta mas aquela pessoa nesse período em nenhuma hipótese é um trato junto com o sindicato ela não vai poder ser dispensada em hipótese alguma São coisas simples mas que funcionam e funcionará e quem fez a propos ta Eu só dei umas dicas mas foram os psicó logos Precisamos também parar de pensar que o psicólogo é o cara que fica aplicando testes e que a função dele é imitar o Freud ficar com o cachimbo Vamos parar com esse negócio E funcionou e muitas pessoas começaram a usar o que já podíamos ter feito há anos Eu simples mente falei Olha vocês têm que ocupar o es paço de vocês aqui é claro que se a organiza ção não dá espaço algum no caso eles tiveram um grande diretor faço questão de citar porque é uma pessoa extremamente uma visão pro gressista madura excepcional Reforçando o que o Professor Eduardo já colocou se a organi zação não lhe dá espaço algum meu caro che ga o momento em que você tem que falar Até logo tchau não dá mesmo Há organizações e organizações mas como muito bem falou o Professor Eduardo algumas não adiantam não vai sair nada procura o teu espaço em outra Vai dar para fazer alguma coisa mesmo dentro do sistema capitalista mesmo com as contra dições dessa lógica O que tem que ficar claro Não se dá para servir a dois senhores Hely Aparecida Zavattaro Encerrando neste momento a Mesa agradecemos principalmente a fala do Professor Eduardo do Professor Helo ani reforçar principalmente algumas questões que nos fizeram refletir relacionadas à força da escuta também do funcionário estratégias co letivas construídas com equipe multiprofissio nal e essa é uma importante discussão sobre a violência que se iniciou e que é necessária também para nós psicólogos construirmos es tratégias conjuntas CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 61 A Saúde no Trabalho Foco na Prevenção da Saúde Mental Maria das Graças Mazarin de Araújo Vamos continuar O nosso encontro partindo para a próxima Mesa cujo tema é Saúde no Trabalho Foco na Prevenção da Saúde Mental Chamo a palestrante Valquíria Rossi Psicóloga Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho e Mestre em Psicologia da Saúde pela Universidade Metodista de São Paulo Atualmen te Professora e Supervisora do curso de Gradu ação em Psicologia e Coordenadora do curso de PósGraduação Especialização lato sensu em Gestão de Pessoas e Psicologia Organizacional EAD Responsável pelo Núcleo de Psicologia Or ganizacional e do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia da Subsede do Grande ABC Conta com 30 anos de experiência na área de Recur sos Humanos nos setores privado e público Com expertise em Recrutamento e Seleção de Pesso al Treinamento e Desenvolvimento de Pessoal Saúde Ocupacional Avaliação de Performance Desenvolvimento de Carreiras e Desenvolvimen to Organizacional Coaching psicológico e im plantação de subsistemas de Recursos Huma nos de Universidades Corporativas e Escolas de Governo Por favor a palavra é sua 62 Valquíria Rossi Psicóloga Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho e Mestre em Psicologia da Saúde pela Universidade Metodista de São Paulo Atualmente Professora e Supervisora do curso de Graduação em Psicologia e Coordenadora do curso de PósGraduação Especialização Lato Sensu em Gestão de Pessoas e Psicologia Organizacional EAD Responsável pelo Núcleo de Psicologia Organizacional e do Trabalho do Conselho Regional de Psicologia da Subsede do Grande ABC Conta com 30 anos de experiência na área de Recursos Humanos nos setores privado e público Com expertise em Recrutamento e Seleção de Pessoal Treinamento e Desenvolvimento de Pessoal Saúde Ocupacional Avaliação de Performance Desenvolvimento de Carreiras e Desenvolvimento Organizacional Coaching psicológico e implantação de subsistemas de Recursos Humanos de Universidades Corporativas e Escolas de Governo Boa tarde a todos É um prazer estar aqui com vocês um sábado a essa altura do campeonato todos aqui desde o período da manhã muito bacana Vamos fa lar um pouquinho a respeito da saúde mental do tra balhador quando me convidaram pediram para eu contar um pouco a respeito da minha experiência Eu falei Poxa o que eu vou levar para eles num sábado a última palestra para mantêlos acordados É um ponto importante e aí eu resolvi trazer um pouqui nho da experiência prática daquilo que eu já fiz para conversar com vocês para podermos trocar ideias trocar figurinhas a respeito Fiquei pensando em preparar a palestra falei Bom não consigo separar a Psicologia Organiza cional da Psicologia do Trabalho justamente pela minha experiência porque sempre entrei pela porta da organizacional nas empresas e aí a Psicologia do Trabalho acontecia depois disso Primeiro você tinha que matar alguns leões em Seleção outros leões em Treinamento e Desenvolvi mento depois para passar para outro lado ou fazendo menção às atividades passar das regulatórias para as atividades emancipatórias Então não consigo fa zer a separação Trouxe isso para dividir com vocês até por conta do nosso mercado de trabalho Olhando para a necessidade das organizações será que con seguimos ser contratados só para ser psicólogo do trabalho É uma reflexão para fazer junto com vocês Na minha vida isso nunca aconteceu até o próprio case que eu trouxe para discutir com vocês foi bas tante pontual e interessante sempre foi organizacio nal e trabalho Vinham as duas dimensões juntas Por histórico também da própria Psicologia como é que começamos com aplicação de testes para melhorar o desenvolvimento da produtividade com todo esse histórico que nós já temos como ante riores os problemas de formação do próprio psicólo go que cansamos de discutir de conversar a respeito da formação do psicólogo que psicólogo é esse que não pode ser um psicólogo tecnicista insistimos mui to e o Heloani bem lembrou agora em sua fala muito feliz quem não gosta de estudar e quer ser psicólogo organizacional e do trabalho desculpa você vai ter mesmo que fazer outra coisa então isso pesa não é Cuidar desses dois domínios da organizacional e a do trabalho exige muito mais dedicação e amor a essa profissão no trato para lidar com esses traba lhadores todos os dias Qual é o compromisso do psi cólogo organizacional e do trabalho Geralmente em palestras recebo perguntas do tipo Quem é o seu patrão Para quem você responde e aí eu costumo dizer até deixar bem claro os nossos espaços dentro das organizações que o papel é nosso Nós fazemos o trabalho da Psicologia aquilo que o código de éti ca norteia nos auxilia mas nós não respondemos ao dono da empresa ao presidente da empresa nós temos um reporte administrativo a essa pessoa que nos contrata mas o trabalho do psicólogo ninguém vai dizer o que é e nem como tem que ser feito Nós vamos fazer a leitura dos fenômenos psicológicos dentro das organizações de trabalho não consigo separar a Psicologia Organizacional da Psicologia do Trabalho justamente pela minha experiência porque eu sempre entrei pela porta da organizacional nas empresas e aí a Psicologia do Trabalho acontecia depois disso CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 63 e é por meio dessas leituras que vamos nortear a nossa práxis dia a dia o nosso fazer isso é muito importante e devemos bem claro para nós mes mos Saber qual é o nosso objetivo nesse lugar senão corremos o risco de ter muitos patrões lá dentro muitas demandas por conta da produção do capital e de outras coisas mais Atuamos justa mente por conta dos problemas sociais e humanos que vamos ajudar a investigar a fazer uma maior e melhor compreensão desses problemas oriundos das relações de trabalho próprios das relações de trabalho Seria estranho se não tivesse proble ma nenhum se fosse tudo bastante tranquilo E o trabalho dizemos Puxa vida psicólogo o ideal do psicólogo quando ele entra na faculdade é ser psicólogo clínico todos eles querem ser psicólogos clínicos ninguém quer ser psicólogo organizacional e do trabalho coitadinha da Psicologia Organizacio nal e do Trabalho fica ali num segundo plano para um segundo momento E por que cuidar de quem trabalha Trabalhadores somos todos nós só quem não trabalha são as crianças e hoje não podemos dizer nem que são os aposentados porque com a aposentadoria do iNSS eles voltaram para o mer cado com intuito de complementar a renda Então todo mundo trabalha Veja quanta gente com quan tas pessoas nós podemos trabalhar Olha só que interessante Todo mundo E o trabalho ocupa na vida das pessoas muito tempo as pessoas hoje es tão trabalhando 12 14 16 horas por dia com todo o avanço da tecnologia os eletrônicos todos que não precisa falar os nomes mas todos nos colocam em tempo real Você pode estar na sua casa Foi lá deu uma corridinha para almoçar para resolver um problema doméstico O telefone toca é o What sApp que é uma benção e uma maldade também uma benção no sentido de poder e uma maldição por não nos dar paz Usamos o aplicativo para quê Para trabalhar Então nos encontram em todos os lugares Não tem mais essa de não nos encontrar encontra na hora do almoço meianoite sábado domingo feriado dia santo A Juliana está sorrindo ali porque ela me passa email às duas horas da manhã estou entregando você O trabalho é formador da identidade do sujeito E como uma sociedade capitalista nós organizamos a vida toda em torno do trabalho Se eu convidar vocês para tomar um chope na sextafeira às três horas da tarde quintafeira duas horas quem pode Vão falar Valquíria está doida Tomar chopinho durante a se mana ainda Não posso porque trabalho As pessoas não vão ao médico Os médicos vão ter que mudar o trabalho deles para noite e começar a atender aos sábados e domingos porque as pessoas evitam Não vou ao dentista não vou ao médico porque não que ro faltar no trabalho não quero me ausentar do meu trabalho somase a isso os quadros cada vez mais enxutos dentro das organizações Quando você entra na empresa você entra feliz para fazer determinadas atividades Em três anos se você olhar aquilo que fez com certeza já está fazendo muito mais tarefas do que você fazia quando foi contratado Você fazia dez atividades quando foi contratado por exemplo Três anos depois você está fazendo atividades de três ou quatro colegas que foram embora absorvendo várias atividades que não eram suas e que foi tomando para si E é por isso mesmo que você está lá muito mais tempo do que gostaria Esse tal de trabalho justa mente porque ocupa muito espaço em nossa vida Minha filha quando era pequena uma vez dis se para mim mãe esse tal de trabalho ocupa muito tempo não é Ocupa muito o seu tempo porque você passa muito tempo trabalhando Você passa mais tempo trabalhando do que comigo É uma realidade uma reivindicação que os filhos fazem até hoje mas trabalhamos realmente muito O trabalho é um mediador da saúde Também pode ser fonte de prazer como de sofrimento E é uma pena que nas organizações de trabalho acabamos identificando mais as fontes de sofrimento sempre correndo atrás desse tal do sofrimento do trabalha dor do que trabalhando em ações que alguém falou das ações preventivas para que esse trabalho venha a ser fonte de prazer e realmente mediador de saúde nas organizações E o sofrimento como é que ele pode ser O so frimento é singular É herdado da própria forma do sujeito já faz parte da sua estrutura O sofrimento Atuamos justamente por conta dos problemas sociais e humanos que vamos ajudar a investigar a fazer uma maior e melhor compreensão desses problemas oriundos das relações de trabalho próprios das relações de trabalho O trabalho é um mediador da saúde Também pode ser fonte de prazer como de sofrimento 64 atual que se dá do encontro ou como costumo fa lar aquele re a barra fui eu que coloquei adaptei ali do autor do encontro quando é a primeira vez ou do reencontro que é tornar a encontrar este ambiente de trabalho nos contextos de trabalho E o próprio sofrimento ele tem contrastes que podemos ob servar Ele pode também ser criativo a partir do mo mento em que o trabalhador consegue lidar elaborar melhor estas soluções e encontrar saídas Mas há o contrário o patogênico Que é quando ele não con segue encontrar as soluções para os problemas que ele tem ali no seu dia a dia que são inúmeros Pode falar das lideranças das questões de assédio como acabamos de ouvir a palestra de assédio moral que em 2015 e falamos Puxa vida não tem carro voando em 2015 que era o que se esperava ainda se inves tem horrores no desenvolvimento de lideranças e nós temos um número absurdo de processos de assédio moral e danos morais empresas campeãs em todos os segmentos permitindo essa prática entre aspas então tudo isso pode sim trazer um grande sofri mento para o trabalhador E como encontrar uma solução diante dessa tragédia dessa miséria Qual é o nosso papel quando estamos dentro de uma organização Tem como você falar Agora sou organizacional e do trabalho Não é tudo junto e misturado acontecendo ao mesmo tem po Como psicóloga organizacional e do trabalho sou responsável por fazer as leituras dessas relações de trabalho Como andam essas relações de trabalho As relações desses empregados com o seu empregador desses empregados com seus pares com seus supe riores A relação dessa pessoa com as suas ativida des com aquilo que faz com o trabalho propriamente que ela executa como é que ela lida com isso O nos so compromisso é com o social com os trabalhado res Como falei no início temos uma relação financeira com essa empresa que nos contrata o nosso maior compromisso é com os trabalhadores é fazer leitu ra da compreensão desses fenômenos o que está acontecendo Quais são as dificuldades deste lugar E assim vamos conseguindo nos inserir Acho que é por aí que se dá a inserção do psicólogo organizacio nal e do trabalho nesses ambientes nos contextos de trabalho porque muitas vezes muitas não 99 das vezes posso dizer entramos pela porta da Seleção e do Treinamento E entra pela porta de qualquer outro profissional pode fazer aquilo que está regulado fa zer uma seleção de uma forma bastante simples sem o uso de testes psicológicos sem o uso da entrevista psicológica fazer um treinamento Posso trabalhar no departamento de Treinamento o que eu faço Eu con trato o treinamento compro o treinamento coloco as pessoas em sala Com essas atitudes você é um auxi liar de escritório não precisa ser psicólogo para fazer isso não há necessidade de uma formação de cinco anos de uma especialização para fazer esse trabalho Assumese esse seu compromisso com o trabalhador muda inclusive a sua inserção muda o seu trabalho e o que é possível você fazer neste lugar Você efe tivamente vai analisar treinamento para quem Para quê Por quê Qual o objetivo Qual a justificativa A seleção de pessoal que é um trabalho extremamente interessante e que o psicólogo pode fazer por que da seleção Tem realmente essa vaga Ela existe Qual a necessidade de mais este trabalhador Quem nós estamos procurando Quem é esse profissional En tão esse posicionamento do psicólogo é que vai dar um pouco da cor do nosso trabalho do tom do nosso trabalho nas empresas E uma forma de analisarmos eu trouxe aqui a SellimanSilva que particularmente gosto muito das suas proposições que fala a respeito da situação de trabalho Uma forma de o psicólogo organizacional e do trabalho conseguir fazer essas leituras dentro da organização é justamente estudar a situação de trabalho que está instalada nesse lugar Situação de trabalho que tem duas dimensões as condições de trabalho e a organização de trabalho As condições de trabalho quais seriam As físicas as químicas e as biológicas às quais os trabalhadores estão expostos Então eu tenho um motorista de ônibus que trabalha numa garagem tem uma emissão de poluentes numa garagem de ônibus que é algo impressionante preo cupante terrível isso inspira muitos cuidados com a saúde por conta de começar por problemas respira tórios então você tem uma condição que é química e que vai trazer algum agravo a essa saúde As físicas esse mesmo motorista pode ter uma jornada de oito nove horas a jornada dele é de sete horas e vinte legalmente falando Mas hoje com os quadros redu zidos ele vai fazer uma jornada de oito nove dez e até 14 horas Temos notícias do trabalho de motoris ta que tem uma condição física que lhe é imposta que vai ser um agravante a sua saúde E consequen temente ele pode ter problemas relacionados emo cionais e psicológicos advindos desse próprio traba lho Do outro lado a organização do trabalho como é que esse trabalho está constituído Como é que ele Qual é o nosso papel quando estamos dentro de uma organização CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 65 está dividido Como é que essa empresa se organiza para o trabalho Como são as políticas de pessoal dentro dessa organização Essa organização deixa claro como é o sistema de promoção Como é que uma pessoa pode receber um aumento Quem é elegível a determinados prêmios O modelo de ges tão e eu complementaria a própria liderança quem são esses líderes Quais são suas perspectivas em relação ao trabalho Como anda a sua ação Qual modelo de gestão que é ditado pela empresa Mo delo de gestão vai ser uma cascata ele vem de um fundador de um presidente muitas vezes Os demais vão um pouco olhar e se espelhar nesse modelo Os valores os objetivos dessa organização quais são A estruturação temporal de trabalho como é que es tão divididas as jornadas de trabalho Tem o trabalho diurno noturno por escalas eu tenho trabalhos mas de que forma Eu tenho férias adequadas as pausas adequadas para o trabalho Até a pausa para o cafe zinho precisa estar ali na organização do nosso dia a dia é extremamente importante Paro um pouco para ir ao banheiro para o cafezinho Hoje temos notícias de empresas que controlam o tempo para ir ao ba nheiro Você vai ao banheiro Você tem tempo Cin co minutos E tem dez minutos para almoçar É prati camente contra a nossa estrutura é contra a nossa humanidade As relações de poder como estão esta belecidas as relações de poder Às vezes pensamos bom quem manda mais é quem tem o cargo x o alto cargo na organização De repente não Faremos uma leitura em determinados departamentos e uma vez descobri que a estagiária no departamento mandava mais que o gerente Então olha só como é que esta vam as relações de poder Se você faz a leitura pura e simplesmente do organograma você vai dizer que quem manda mais aqui no departamento é o gerente Não era bem assim que a coisa acontecia ali Sobre a prescrição e a divisão do trabalho e o conteúdo da tarefa o trabalhador precisa se enxergar parte inte grante de um todo Precisa saber de onde vem para onde vai esse trabalho que ele faz Qual é a parte que lhe cabe de um todo de algo que é maior e ele pre cisa se ver integrante desse conjunto Ele não pode se ver como um recorte daquilo como uma atividade bastante pontual até por conta de ele conseguir sig nificar esse trabalho o que é esse trabalho esse tra balho é importante para mim por quê Eu consigo en xergar que faço parte de algo que é maior e enfim o conteúdo da tarefa o que realmente eu faço e como eu me relaciono com essa tarefa Então essas seriam formas de o psicólogo organizacional e do trabalho conseguir fazer o seu diagnóstico E aí pensando em saúde saúde mental do trabalhador trago o conceito da OMS que norteia o trabalho de todos nós que é o completo bemestar psicossocial e não apenas a ausência da doença Para levar essa máxima para o dia a dia das organizações considero o nosso gran de desafio enquanto psicólogos o nosso grande desafio e que precisamos estar muito atentos aos nossos objetivos profissionais a máxima da saúde aos cuidados com o trabalhador porque senão es corregamos acabamos fazendo só a rotina fazendo as tarefas tarefas e tarefas e você acaba deixando uma parte que é nobre que são essas tais atividades emancipatórias que eu vou falar daqui a pouquinho Eu trouxe um case que foi justamente o pon to fora da curva na minha carreira que foi quando alguém me ligou um gerente de Recursos Humanos me ligou e disse assim Olha Valquíria eu sou o João da empresa tal e eu queria bater um papo com você estou com o seu currículo aqui Você foi indicada e eu queria conversar um pouco Eu tenho uma vaga aqui para psicólogo clínico imagina uma empresa ligar para você e dizer que tem uma vaga para um psicólogo clínico Opa travou o HD falei O que é pensei logo em plantão psicológico mas não sou eu essa pessoa e aí eu falei Olha João eu agradeço a sua ligação mas não sou eu essa pessoa É você sim falei Mas eu não faço Psicologia Clínica eu não tenho consultório não atuo desta forma eu também não trabalho em plantão psicológico se você quiser eu posso dar o nome de pessoas profissionais que fazem esse trabalho Não não não É você sim estou com seu currículo aqui sei que você faz isso pensei Caramba falei Eu sou psicóloga organiza cional e do trabalho e aí eu não sabia quem tinha indicado porque ele não falou o nome da pessoa e eu não queria ser indelicada você não vem aqui para conversarmos então falei Vou saio de São Bernardo vou até a Vila Maria para conversar e sa ber qual era a necessidade da empresa e aí quando eu cheguei ele me mostra um anunciozinho de jornal onde ele realmente publicou na época usava muito o Estadão ele publicou Psicólogo Clínico e aí elencou as atividades que o psicólogo ia fazer Seleção vai trabalhar com treinamento com acidente de traba lho com atendimentos individualizados ao trabalha dor e eu comecei a interromper O que é qual é a necessidade Aí ele começa a me relatar A empresa é uma empresa gigantesca tem 70 e poucos anos no mercado o maior segmento dela é construção ci vil pesada é uma empreiteira mas ela não está na LavaJato não fiquem tranquilos acalmem seus co rações Eu também fiquei com o meu coração agita do só faltava Não não estava Então seis segmen tos transporte rodoviário de passageiros pedreiras mineração pecuária laticínios e concessionárias de 66 veículos Tirando concessionárias de veículos todos os outros segmentos envolviam grau de risco em ter mos de segurança medicina e segurança do trabalho altíssimo grau de risco 4 construção civil pesada é o segmento que mais mata no nosso país minera ção é onde nós temos os maiores casos de consumo de álcool drogas prostituição porque geralmente uma mina uma das minas dessa empresa para vo cês terem ideia era ali pertinho do Xingu um lugar extremamente isolado e eles não tinham nenhuma comunicação eles se comunicavam por rádio e eram 28 pessoas trabalhando nessa mina o engenheiro de minas e 27 operários então vocês imaginem o que eles faziam Quando ele vinha para cá ele me con tava Trabalhamos o dia inteiro para comer almoço janta comer lanche tomar café você vai trabalhan do e vai comendo tomando lanche tomando café trabalhando porque não tem outra coisa para fazer Quando você para e janta aí tem um radiozinho que funciona à pilha liga o radiozinho e fala umas bestei ras e bebe bebe bebe Esse engenheiro de minas que estava comigo inclusive ele estava se tornando um alcoolista por conta do trabalho nessa mina Então voltando para o João ele Quais são os nossos problemas aqui Acidente de trabalho aqui é algo absurdo são 15 mil empregados espalhados pelo Brasil nós temos várias filiais no país inteiro e um número gigantesco em todos os segmentos justamente por conta do grau de risco o número de afastamento a rotatividade os conflitos interpes soais e doença Doença aqui é mato estou usando a mesma expressão que ele me relatou Falei Bom então o que você precisa não é de um psicólogo clínico talvez você tenha até a necessidade de um plantão psicológico mas eu não posso falar agora o que é exatamente Pareceme que é trabalho de um psicólogo organizacional e do trabalho e não clínico Ele respondeu Eu vou saber Quem tem que saber é você não eu Uma pessoa muito brincalhona sim ples muito tranquilo de lidar com ele que continuo falando Se você sabe o que fazer com isso ótimo Porque eu daqui a pouco estou louco por conta des se trabalho por não saber lidar com isso afinal sou administrador Respondi Então vamos fazer o se guinte eu venho se você concordar faço um diag nóstico para verificar se é isso mesmo porque mui tas vezes vocês devem receber isso sempre o que eu chamo de diagnóstico de bandeja Vem o gerente da área e fala assim Tenho isso aqui de problemas os funcionários estão desmotivados reclamam do salário não querem trabalhar não querem fazer hora extra isso é diagnóstico de bandeja será que é isso mesmo Então vamos dar uma olhada para ver se é E aí eu pedi Posso fazer um diagnóstico Fi que à vontade desde que você comece a trabalhar amanhã E eu comecei E em dois dias em média eu estava lá com eles Fiz o psicodiagnóstico realmente identifiquei um alto índice de acidentes de trabalho afastamentos rotatividades conflitos interpessoais doenças relacionadas ao trabalho e o que me cha mou a atenção um trabalhador mudo principalmen te no transporte rodoviário de passageiro e nas con cessionárias de veículos Fiz uma mostra da cidade de São Paulo e Vale do Paraíba porque a empresa é gigantesca e não dava para fazer isso no Brasil in teiro Nessa mostra esse trabalhador não falava ele concordava com tudo fazer o diagnóstico foi um par to para conseguir chegar e acessar essas pessoas E eu falei É isso acidentes vocês têm todas as evi dências têm os relatórios está estratificado Não nosso índice de acidentes é 80 por exemplo no transporte rodoviário de passageiros Na construção civil não preciso nem falar para você quanto é falei Queria saber estratificado Não não tem estratifi cado está tudo junto e misturado então era desde ter quebrado um retrovisor na hora em que entrou na garagem até bater o ônibus capotou e matou 50 pessoas 40 pessoas era uma coisa assim bastan te gritante Bom e aí dá para abraçar o mundo Dá para fazer tudo Porque eles estavam contratando só uma pessoa era só eu e tinha administração de pessoal tinha gente para fazer DP tinha gente para fazer admissão mas não tinha gente para fazer Psi cologia Organizacional e do Trabalho nem pensar Bom o que nós fizemos para começar a dar conta disso Montamos uma equipe interdisciplinar para trabalhar porque na minha cabeça o desenho veio assim são tantos problemas são tantas coisas que nós precisamos fazer que não vai ser trabalho só do psicólogo vai ser trabalho de outros profissionais envolvidos para dar conta disso para poder tratar tudo isso E aí contemplando este homem numa vi são biopsicossocial que até então não era a em presa estava muito aberta eu acho que ela estava muito desesperada com o número de problemas que ela tinha Geralmente é assim eles vão nos chamar quando está tudo uma bagunça quando está tudo um grande problema E a equipe interdisciplinar aju daria a dar conta de tudo isso atender todos esses problemas e um por vez E começamos a fazer um trabalho uma equipe que foi formada por mim duas estagiárias de organizacional um médico do tra balho um engenheiro de segurança um técnico de segurança um fisioterapeuta um dentista e um en fermeiro Esse era a planta São Paulo para cuidar de São José e todas as cidades do Vale do Paraíba onde eles tinham as empresas e aqui em São Paulo capi CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 67 tal mais ou menos isso gerava em torno de 1500 3 mil empregados nesse lugar E aí nós começamos a fazer um trabalho em conjunto porque eles já ti nham um proceder um empregado precisava tinha alguma necessidade ele tinha alguma dificuldade ou alguma doença ele vinha para a matriz para ser atendido e aí o que eu fiz Eu mantive esse proceder ele vinha e determinava a necessidade a queixa pela qual ele chegava fazíamos com que outros profis sionais pudessem atender esse trabalhador Então geralmente passava por mim passava pelo médi co o médico eu não preciso falar para vocês que é extremamente difícil porque eles têm um horário reduzido eles não fazem uma jornada de oito horas quatro horas Estou estourando o meu tempo vou tentar ser muito rápida Vou direto para os casos aqui depois eu me coloco à disposição para responder para vocês por email se vocês tiverem dúvidas A Mariana uma vez chegou para mim bilheteira há 26 anos na verdade chegou a requisição de pessoal pedindo a substitui ção da Mariana os nomes estão trocados para pro tegermos o nosso sujeito A Mariana seria demitida por quê Qual era a queixa que o chefe dela fazia Eu liguei para ele e disse assim Por que você vai subs tituir ela trabalhava na rodoviária do Tietê imagine uma bilheteira na rodoviária do Tietê aquele lugar ali que é uma profusão de pessoas indo e vindo Ela tem muitas faltas ela está sempre doente muito triste e tem um problema essa moça não come está emagrecendo e logo vai morrer Sabe por que ela vai morrer Porque ela não come eu falei Espera aí que coisa estranha Fulano me deixa falar com a Maria na aí ele falou Deixo mas não vai adiantar porque ela não come eu já fiz de tudo até comprar comida em restaurante caro eu já fiz e ela não come Muito bem fui conversar com a Mariana fui entender qual era o problema da Mariana Chamei a Mariana Ma riana você sabe que o teu chefe quer mandar você embora ela Eu sei inclusive eu pedi para ele me mandar embora por isso que ele está providenciando a minha substituição falei Mariana por que você quer ir embora Você não gosta de trabalhar conos co O que aconteceu Aconteceu algum problema ela falou Eu estou doente Desde pequena eu tenho muitos problemas com os meus dentes Eu estou doente faz uns três anos agravou ela tem aquele queixo que eu não vou lembrar agora mas era para frente e já estava fechando fazendo com que ela não conseguisse comer tomava apena iogurte e água de coco Há três anos ela não comia direito ela não sa bia o que era comer direito porque a mastigação dela estava com problema E aí eu fiz assim Espera um pouquinho fui lá tínhamos um dentista falei Doutor pode dar uma olhadinha Estou com um caso assim assim assim Posso olhou e aí ele voltou ele demorou dez minutos com ela voltou e falou as sim Val ela precisa de uma cirurgia ela precisa de um bucomaxilo ontem ela vai morrer ela não come e era verdade o encarregado dela tinha falado a verdade ela não comia E aí nós come çamos todo um trabalho lógico isso foi encam pado pela empresa começamos todo um traba lho de encaminhar para o bucomaxilo através de convênio esse dentista nosso ele ajudou ele acompanhou o caso dessa moça até que ela pu desse ser operada ela foi assistida nós fizemos a reinserção dela no ambiente de trabalho para que ela pudesse voltar ao que ela fazia antes só que dessa vez com a saúde restabelecida e a Mariana provavelmente continua na empresa até hoje trabalhando como bilheteira só que hoje ela é sorridente hoje ela come Vejam esse é o tipo da doença que não se apresentava como uma doença mental com problema psicológico só que acabou acarretando problemas emocionais e psicológicos problemas entre os colegas proble mas de relacionamento com os colegas porque ela ficava sozinha ela se isolava por conta dessa dificuldade que ela tinha e ela não sabia quem procurar porque ela falou Cada vez que eu vou ao dentista eu perco um dente porque eu vou ao dentista eles me tiram um dente e me falam que eu não tenho espaço na boca Então a história dessa moça foi uma história bastante interes sante importante Só para dar um exemplo para vocês de como o trabalho do psicólogo é extre mamente importante e às vezes vamos traba lhar numa área vamos cuidar de fazer determina dos encaminhamentos que não é da Psicologia de repente não é uma doença mental não é um problema psicológico ela veio por um problema que ela tinha que era orgânico era outro tipo de problema mas que acarretou problemas emocio nais e psicológicos para ela Acho que não vai dar tempo do segundo caso Obrigada Agradeço a vocês Boa tarde fizemos a reinserção dela no ambiente de trabalho para que ela pudesse voltar ao que ela fazia antes só que dessa vez com a saúde restabelecida 68 Debates Maria das Graças Mazarin de Araújo Obrigada Valquíria Nós temos aí alguns minutinhos para abrirmos para o debate Não identificado Boa tarde Professora Valquíria Eu gostaria de ouvir a sua opinião sobre o papel e abrangência atual do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador os CERESTs Valquíria Rossi O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador hoje tem um papel bastante impor tante para nos auxiliar nestes encaminhamentos porque muitas vezes a pessoa lhe procura ela vem até você e ela conta por exemplo você sendo psi cólogo da organização ela vem e conversa com você Quando esse profissional não existe dentro da organização muitas vezes ele fica com receio de para quem que ele vai falar de com quem ele pode conversar Ele até pode falar com alguém de Recursos Humanos ou para o próprio colega do lado mas o trabalhador tem muito receio ele tem muito medo que isso se vire contra ele e já vimos muitas vezes isso acontecer O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador é um importante aliado porque ele acaba agindo nessas organizações de uma forma bastante tran quila ele entra num caráter de orientação muitas vezes num caráter interrogativo para saber o que está acontecendo como é que foi esse acidente porque eles recebem as notificações dos aciden tes de trabalho então o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador eu diria que hoje é um im portante aliado ao trabalho dos psicólogos Marcos Meu nome é Marcos sou psicólogo atuo na saúde do trabalhador dentro de uma universi dade e eu gostaria de perguntar sobre esse case ha quanto tempo se deu essa intervenção E se teve resultados que se perpetuaram Valquíria Rossi Esse case foi a primeira implanta ção dessa equipe de saúde interdisciplinar como chamávamos de 1998 a 2006 aproximadamen te Essa moça foi atendida no ano de 2005 e eles continuaram com essa prática mesmo depois que saí alguns profissionais também acabaram sain do foram contratadas outras pessoas para dar continuidade a esse trabalho porque foi bastan te efetivo e importante Para você ter uma ideia nas transportadoras era transporte rodoviário de passageiros eles tinham um índice de 80 de acidentes de trabalho por mês Era uma coisa absurda E aí fezse um trabalho conseguimos fa zer um em três anos a redução de 80 para 20 mas por exemplo você tinha motorista na equipe que não enxergava pessoas que estavam sendo assistidas pelo CAPES da região que a empresa não sabia então por exemplo um motorista num dia teve uma crise um surto dentro do ônibus Ele chegou estacionou o ônibus e saiu pela janela O encarregado me ligou e falou assim Valquíria tão estranho ele saiu pela janela É normal eu brin quei Ele pode sair por onde ele quiser O que está acontecendo O fato de sair pela porta ou pela janela o que está acontecendo então foram in vestigar ele estava sendo atendido pelo CAPES e o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador eu diria que hoje é um importante aliado ao trabalho dos psicólogos CADERNOS TEMáTiCOS CRP SP Psicologia Organizacional e do Trabalho 69 a empresa não sabia Esse trabalhador não tinha informado nem a sua família Então aconteciam coisas que a empresa não ficava sabendo e essa equipe ajudou a diminuir o número de acidentes a deixar o trabalhador mais assistido até em termos de saúde com benefício do plano de saúde Então essa equipe continua creio que deva continuar até hoje que foi um trabalho bastante interessan te que essa empresa adotou como desafio porque era uma empresa gigantesca Toda empresa que cresce demais sabemos que massifica os trata mentos são feitos de qualquer jeito as pessoas ganham números ao invés de nomes e essa era uma preocupação bastante grande da empresa Rafaela Boa tarde Meu nome é Rafaela sou psi cóloga e queria entender um pouco Como funcio na do lado da empresa olhar tantos números Por que começamos a fazer uma particularização dos problemas então é pontual Como a empresa ob serva o adoecimento que ela pode eventualmente provocar e como ela trata disso Valquíria Rossi Essa empresa em particular ficou assustadíssima com o número de acidentes que ela começou a ter em todos os segmentos Lógico que se falarmos A empresa está realmente pre ocupada com a saúde do trabalhador A empresa está preocupada realmente em promover e preve nir a saúde Não a empresa está preocupada com o seu lucro Ela quer ter um desempenho financeiro brilhante no final do exercício e isso é toda empre sa Esta especificamente ela se preocupou porque estava num patamar quase absurdo em relação às empresas do mesmo segmento Então eles disse ram Espera um pouco o que as outras empresas estão fazendo que não têm acidentes É um tra balho fácil Rafaela Não não é Não vou dizer para você que não tínhamos corte de orçamento que não havia brigas por conta de orçamento precisa va de dinheiro para fazer uma equipe como essa funcionar e principalmente tinha um agravante que viajávamos muito para as cidades aqui mesmo em São Paulo Mas isso gera um custo para aten der e justamente para você não personalizar não atender só por exemplo Vou atender só São Pau lo que está mais perto apenas meiadúzia daqui e posar de boa moça fazer uma ação marqueteira não é isso Muitas empresas na linha da susten tabilidade corporativa vão querer fazer isso Com certeza Fazem qualquer ação para parecer como uma empresa que participa de ação social mas que sabemos que a realidade é outra É só para posar de boa moça mas eu acho que isso vai mui to do nosso trabalho Rafaela Vai muito da nossa insistência e persistência porque não é fácil para você ser cortado por conta de orçamento começar a bater na rotina do dia a dia e cuidar da Seleção do Treinamento que é extremamente demandan te que vai ocupar o seu tempo se você não tirar a cabeça fora dágua para falar Poxa para ver ou tras coisas que estão acontecendo você não faz É bastante difícil É um desafio Maria das Graças Mazarin de Araújo infelizmen te nosso tempo acabou Aproveito para lembrar que nós não temos obrigatoriamente a presença de um psicólogo nos SESMTs Serviços especiali zados e acho que é uma luta que precisamos em preender a presença do psicólogo nos serviços de Medicina dentro das organizações quem sabe nós possamos Valquíria Rossi Complementando a fala da Graça que é bastante importante Medicina e Seguran ça do Trabalho manual das NRs veremos qual é o objetivo deles Eles são obrigados a zelar pela integridade física e mental do trabalhador Você vai lá na constituição do SESMT tem engenheiro de segurança do trabalho técnico de segurança do trabalho enfermeira do trabalho auxiliar de en fermagem do trabalho e cadê o psicólogo Acaba Acabou Opa cadê o psicólogo organizacional e do trabalho Essa a Graça lembrou bem Então é extremamente importante começarmos a nos posicionar no sentido de E nós Até onde nós sabemos o profissional que vai atuar com a saúde mental do trabalhador somos nós os psicó logos dentro dos lugares de trabalho porque mui tas vezes você não vai encontrar um médico que é conivente Esse médico da nossa equipe foi muito interessante passaram cinco médicos antes para um médico acertar para trabalhar em equipe inter Até onde nós sabemos o profissional que vai atuar com a saúde mental do trabalhador somos nós os psicólogos dentro dos lugares de trabalho porque muitas vezes você não vai encontrar um médico que é conivente 70 disciplinar Os quatros que vieram antes diziam as sim Eu não vou trabalhar com vocês Por que te nho que trabalhar com vocês Eu trabalho sozinho Eu não trabalho em equipe eu sou médico Ouvia e falava Tudo bem doutor obrigada Maria das Graças Mazarin de Araújo Bom pode ríamos continuar falando mais uma ou duas horas mas o tempo acabou Então o que vimos aconte cer no dia de hoje Nós falamos sobre diversidade nas organizações identidade do profissional Falamos um pouco identificando as diferentes formas de violência no trabalho e finalizamos com a saúde do trabalhador Em tudo isso o que fica Grandes reflexões principalmente na importância do trabalho do psicólogo organiza cional em favorecer condições através de um trabalho sério respaldado em pressupostos teóricos para que esse homem que está tra balhando tenha através desse favorecimento dessas intervenções condições de construir a sua identidade pessoal profissional na sua ple nitude Creio que esse é o nosso grande desafio e a nossa missão enquanto psicólogos voltados a essa área do trabalho Quero agradecer a Pro fessora Valquíria Rossi muito obrigada A todos vocês que estiveram aqui conosco presentes de coração foi muito bom muito importante vamos fazer outros encontros para continuar mos falando sobre a nossa querida POT Agra decer todos os palestrantes que estiveram aqui conosco agradecer ao pessoal do evento que mandou muito bem enfim a todos aqueles que estiveram de alguma forma presentes pesso al que está nos assistindo via web agradecer também enfim toda essa atenção dispensada E dou por encerrado este encontro este semi nário Muito obrigada Em tudo isso o que fica Grandes reflexões principalmente na importância do trabalho do psicólogo organizacional em favorecer condições através de um trabalho sério respaldado em pressupostos teóricos para que esse homem que está trabalhando tenha através desse favorecimento dessas intervenções condições de construir a sua identidade pessoal profissional na sua plenitude Realização Conselho Regional de PSICOLOGIA SP