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Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 496 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 DESAFIOS E IMPACTOS DA IMPLEMENTAÇÃO DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR o que dizem professores de matemática CHALLENGES AND IMPACTS OF THE IMPLEMENTATION OF THE NATIONAL COMMON CURRICULAR BASE what mathematics teachers say Emilly Gonzales Jolandek 1 UEM Ana Lúcia Pereira 2 UEPG Luiz Otavio Rodrigues Mendes 3 UEM RESUMO Este artigo tem por objetivo identificar que desafios e impactos professores de matemática perceberam durante o período inicial de implantação da Base Nacional Comum Curricular BNCC A pesquisa é de natureza qualitativa os participantes foram 106 professores de matemática do estado do Paraná Brasil Os dados foram obtidos por meio de um questionário e analisados à luz da análise de conteúdo Os resultados revelam que 3583 dos professores consideraram que houve impactos em relação aos processos de ensino e aprendizagem alterações nos conteúdos possíveis desigualdades socioeconômicas e culturais interesses dos alunos e nas implicações das avaliações em larga escala 3301 dos professores apontam que houve desafios na implementação e na participação docente E 3113 dos professores não apontaram impactosdesafios na implementação da BNCC Outrossim há desafios em relação à resistência à mudança bem como na própria formação dos professores PALAVRASCHAVE BNCC Reforma curricular Professores de matemática Documentos oficiais ABSTRACT This article aims to identify the challenges and impacts that teachers of Mathematics perceived during the initial period of implantation of the National Common Curricular Base BNCC The research has a qualitative nature the participants were 106 Mathematics teachers from the state of Paraná Brazil The data were obtained through a questionnaire and analyzed under the Content Analysis approach Our results reveal that 3583 of teachers considered that there were impacts in relation to teaching and learning processes changes in content possible socioeconomic and cultural inequalities changes in the interests of students and in the implications of largescale assessments Also 3301 of teachers pointed out that there were challenges with the implementation and their participation And 3113 of the teachers did not point out impactschallenges in the implementation of the BNCC Therefore there are challenges in relation to the resistance to change as well as in the training of teachers KEYWORDS BNCC Curricular reform Mathematics teachers Official documents DOI 1021920recei72021721496510 httpdxdoiorg1021920recei72021721496510 1 Doutoranda em Educação para a Ciência e a Matemática pela Universidade Estadual de Maringá UEM Email emillyjolandekgmailcom ORCID httpsorcidorg0000000326028303 2 Doutora em Ensino de Ciência e Educação Matemática pela Universidade Estadual de Londrina UEL Professora do Departamento de Matemática e Estatística da Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG Email analuciapereira173gmailcom ORCID httpsorcidorg000000030970260X 3 Doutorando em Educação para a Ciência e a Matemática pela Universidade Estadual de Maringá UEPG E mail mendesluizotaviohotmailcom ORCID httpsorcidorg0000000231608532 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 497 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 INTRODUÇÃO Desde o início do século XXI a educação brasileira vem passando por diversas mudanças inovações e reformas que têm possibilitado posicionamentos políticos dos agentes educacionais em específico os professores Por um lado percebemos as críticas e descontentamentos quando tais reformas buscam regular a educação de forma que por exemplo retire a autonomia do professor Por outro lado verificamos posicionamentos a favor que destacam a necessidade de tais inovações Outrossim a mudança curricular mais recente foi a criação e implantação da nova Base Nacional Comum Curricular BNCC BRASIL 2017 Cabe lembrar que a construção de uma base nacional já era prevista na Constituição brasileira desde 1988 bem como na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN em 1996 Entretanto somente em 2015 é que as discussões e ações para a construção da nova BNCC se efetivaram de fato com a apresentação de propostas para a reforma da educação do País Desta forma este processo também despendeu grande debate nacional envolvendo o País como um todo DOURADO SIQUEIRA 2019 Afonso 2000 compreende que a grande implicação e execução de mudançasreformas escolares ocorrem diretamente na escola e no modus operandi dos professores e no caso da BNCC estas implicações não são diferentes As mudanças podem ser diversas desde a Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio até o Ensino Superior na formação dos professores Além disso acreditamos que este processo é moroso e também depende de vários fatores desde a preparação dos futuros professores uma readequação das escolas bem como a reorganização dos conteúdos abordados nas disciplinas No caso da matemática evidenciamos conteúdos antes trabalhados apenas nos anos finais do Ensino Fundamental que com a aprovação da BNCC passaram a ser trabalhados nos anos iniciais como as unidades de álgebra probabilidade e estatística CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 À vista deste cenário nosso intuito não é discutir sobre quais são as potencialidades ou fragilidades da BNCC mas sim compreender como está sendo esse processo para os professores ou seja como os professores de matemática que estão atuando na Educação Básica percebem os impactos eou desafios com a implantação da BNCC Quais são seus relatos sobre essa reforma Desta forma a partir destes questionamentos norteadores é que traçamos como objetivo identificar que desafios e impactos 4 que professores de matemática perceberam durante o período de implantação da BNCC Além desta primeira seção de introdução este trabalho está estruturado em outras quatro seções Na segunda discutimos sobre a perspectiva histórica e literária da BNCC Na terceira apresentamos nossos procedimentos metodológicos de desenvolvimento da pesquisa Por fim na quarta e quinta seção expusemos respectivamente a análise dos dados coletados e nossas considerações finais REFORMA CURRICULAR E A IMPLEMENTAÇÃO DA BNCC No decorrer da história o sistema educacional brasileiro sofreu muitas mudanças e reformas Maués 2005 p 1 destaca que essas reformas evidenciaram a necessidade de adequação do trabalho docente às novas exigências profissionais advindas das inovações 4 Os termos desafios e impactos utilizados em todo o trabalho se referem respectivamente conforme significado do dicionário da Língua Portuguesa a uma situação ou problema a ser vencido eou superado bem como a um efeito que impede ou acarreta mudanças MICHAELIS 2020 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 498 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 tecnológicas e da consequente mudança no mundo do trabalho Uma dessas mudanças foi estipulada em 1996 quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN configurou a necessidade de uma Base Nacional Comum Curricular Seu artigo 26 institui que Art 26 Os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem ter uma Base Nacional Comum a ser complementada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar por uma parte diversificada exigida pelas características regionais e locais da sociedade da cultura da economia e da clientela BRASIL 1996 p 16 Para além da LDBEN outros documentos e centros de liderança também colocaram como objetivo a construção de uma BNCC O Centro de Liderança Público 5 CLP criou uma iniciativa de visão para o Brasil que aponta metas para um país ideal e desenvolvido até o ano de 2030 com foco principalmente na economia A CLP aponta algumas principais áreas sendo uma delas a Educação tendo temas transversais a serem desenvolvidos entre eles estão a melhoria da formação de professores e criação de uma BNCC CLP 2014 A partir de movimentos como este a discussão da reformulação da educação ganhou força e possibilitou debates sobre a BNCC a partir de 2014 quando também esteve na pauta de discussão a Lei nº 130052014 do Plano Nacional de Educação Assim em 2015 o Ministério da Educação MEC iniciou estudos para a preparação do documento ficando este disponível para consulta pública Participaram das contribuições para a primeira versão da BNCC 6 diversos profissionais nacionais e estrangeiros da área educacional AGUIAR 2018 Entretanto a segunda versão lançada em maio de 2016 não foi disponibilizada para uma consulta pública sendo a discussão realizada por meio de seminários Após diversas discussões e reformulações em dezembro de 2017 foi aprovada a implantação da nova BNCC AGUIAR 2018 Esta reformulaçãoconstrução de um novo currículo acabou provocando muitos questionamentos críticas e descontentamentos Embora o MEC destaque que o processo tenha sido democrático em relação à participação dos professores a forma como este foi organizado e gerido apresentouse muito aligeirada e as sugestões dos professores parecem não ter sido levadas em consideração como destaca Lino 2017 afirmando que a reforma curricular proposta a partir da nova BNCC pode ser caracterizada como o avesso ao diálogo com a sociedade além disso pode ser considerada como um retrocesso na política educacional LINO 2017 p 75 Macedo 2016 também questiona por que os professores não foram ouvidos sendo que eles são aqueles que de fato estão diretamente ligados à situação e sabem as respostas para essas questões Para Macedo 2016 a elaboração de um novo currículo É uma aposta que constitui sem dúvida um desafio mais difícil do que produzir uma lista de conteúdos ou de capacidades de fazer que sirva de base comum nacional Ela envolve formar bem os professores e principalmente darlhes condições de trabalho e salário compatíveis investir nas escolas e no trabalho lá realizado enfim valorizar a educação MACEDO 2016 p 63 Esta visão da autora vai ao encontro do objetivo da BNCC de contribuir para o alinhamento de outras ações em âmbito federal estadual e municipal referentes à formação de 5 O CLP é uma organização social que tem como objetivo transformar o Brasil desenvolvendo líderes públicos e mobilizando a sociedade em causas estruturais para um Estado melhor CLP 2014 6 Quando utilizamos a palavra BNCC estamos nos referindo à BNCC do Ensino Fundamental Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 499 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 professores à avaliação à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação BRASIL 2017 p 8 Além disso estudos como o de Maués 2005 apontam as influências que a reformas curriculares nacionais recebem dos órgãos internacionais podemos nos referir também à BNCC Em concomitância Jolandek Pereira Mendes 2019 destacam que ao se fazer a leitura da BNCC e a matriz do Programme for International Student Assessment PISA é possível identificar diversos elementos em comum De acordo com os autores isso sugere possíveis influências da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE e outros órgãos internacionais Nestas conjunturas as políticas de reforma tendem a gerar novas expectativas e necessidades AFONSO 2000 entretanto no presente momento não se sabe quais são todas as implicações e impactos que a BNCC com suas competências e habilidades influenciada política e economicamente tem causado e que ainda causará no chão da sala de aula Afonso 2000 p 60 em seus estudos aponta que algumas reformas não produzem efeitos outras produzem efeitos inesperados ou mesmo opostos às intenções iniciais e outras recriam o mesmo desequilíbrio que queriam corrigir O autor afirma que o sucesso ou fracasso depende das razões políticas Autores como Dourado e Siqueira 2019 Silva 2019 e Pereira e Dias 2021 consideram que existe uma intenção política por trás da BNCC no sentido de uma visão neoliberal que está ligada ao sentido empresarial sobre a educação a qual deve apresentar uma produção parametrizada com bons resultados em relação ao ensino e aprendizagem Por outro lado as reformas no ensino podem atuar como suporte nos debates sobre o desenvolvimentomodernização do País AFONSO 2000 Desta forma apesar dos demasiados debates a partir do momento de publicação da BNCC ela passa a ser uma referência obrigatória na Educação Básica tanto em elaboração de currículos como de materiais didáticos formação de professores e elaboração de avaliações em larga escala PEREZ 2018 A partir da homologação da BNCC o sistema educacional tem que se atualizar como os currículos estaduais municipais materiais didáticos avaliações em larga escala nacional estadual e municipais entre outros Entendemos que os conteúdos nos livros didáticos em parte mudaram e terão que ser feitas modificações em sala de aula mas não é possível saber se tudo que está proposto de fato sairá do papel Conforme destaca Afonso 2000 o sucesso ou fracasso das reformas curriculares depende de diversos fatores sendo um deles razões políticas bem como as exigências impostas à educação por tais políticas Além disso percebemos também as mudanças no currículo propriamente dito Em específico os conteúdos programáticos de matemática mudaram tanto nos anos iniciais do Ensino Fundamental 1º ao 5º ano como nos anos finais do Ensino Fundamental 6º ao 9º ano Chica Barnabé e Tenuta 2019 apresentam uma comparação dos conteúdos de como eles estavam organizados nos Parâmetros Curriculares Nacionais PCN e como aparecem atualmente na BNCC Apresentamos essa comparação no quadro 1 Quadro 1 Mudanças dos conteúdos estruturantes de matemática Conteúdos estruturantes PCN BNCC Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 500 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 Álgebra Era um conteúdo visto somente a partir do 7º ano A Álgebra estava contemplada no bloco de números e operações trazendo como principais conteúdos a utilização de representações algébricas para expressar generalizações sobre propriedades das operações aritméticas e regularidades observadas em sequências numéricas a compreensão da noção de variável pela interdependência da variação de grandezas e a construção de procedimentos para calcular o valor numérico de expressões algébricas simples CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Agora a Álgebra é aplicada nos anos iniciais do Ensino Fundamental e além disso As equações não são mais trabalhadas de forma exaustiva nos 8º e 9º anos A ênfase é dada à capacidade de resolver situaçõesproblema utilizando o pensamento algébrico e isso pode ou não envolver equações e inequações CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Geometria Era denominado de Espaço e Forma e era focado na geometria clássica axiomática e suas relações internas Não havia qualquer ênfase às aplicações e relações da geometria com o espaço vivenciado pelos alunos CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Os conteúdos de plano cartesiano simetria e semelhança por exemplo entram a partir do 5º ano De 6º ano 9º ano algoritmos e fluxogramas passam a ser tema das aulas de Geometria a partir do 6º ano Fluxogramas aparecem como forma de identificar os passos necessários na resolução de problemas geométricos a exemplo das construções de polígonos e transformações no plano Além disso aparece também para estruturar a classificação de figuras utilizando para isso as organizações próprias dos fluxogramas CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Números Englobava toda a parte de álgebra e propriedades operatórias deixando de focar especificamente nos significados dos entes numéricos e das operações A estrutura de ampliação gradativa dos conjuntos já existia mas com menos foco na construção dos números inteiros como compostos por fatores primos frações como relações de inteiros em diversos significados e reais como referências aos pontos da reta CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Um conceito novo na ideia de números é a progressão no ensino das frações destacando as diferentes concepções da fração como número elemento dos racionais operador aplicado a inteiros discretos ou contínuos ou representante de relações entre parte e todo ou razão entre partes CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Grandezas e Medidas Neste eixo temático não incluía com tanta ênfase as medidas não convencionais essenciais para a compreensão global do conceito de medida e de suas aplicações no contexto social CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 As noções de unidades de medidas como comprimento capacidade massa área e temperatura já são vistos nos anos iniciais do Ensino Fundamental CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 Nos anos finais o foco é a resolução de problemas envolvendo medidas e medições CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Probabilidade e Estatística Era nomeado de Tratamento da Informação e era mais voltado para a análise e interpretação de resultados estatísticos apresentados em gráficos e tabelas medidas Nos anos iniciais são trabalhados conceitos de probabilidade e estatística como coleta e organização de dados tabelas gráficos bem como trabalhada a probabilidade clássica e Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 501 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 de tendência central e dispersão CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 frequentista CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 Nos anos finais interpretação e a elaboração de gráficos mais complexos que antes acontecia apenas no Ensino Médio já é tratada como objeto de conhecimento a partir do 6º ano CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Fonte os autores 2021 com base em Chica Barnabé e Tenuta 2019 Alguns dos conteúdos matemáticos foram alterados incluídos eou excluídos do currículo bem como não foram descritos com clareza em cada unidade temática PINTO 2017 Tais mudanças desta reforma curricular exigirão dos professores e de toda a comunidade escolar novas compreensões sobre o modo de pensar e ensinar SILVA 2019 Apesar de em um primeiro momento ser difícil saber quais são os impactos desta mudança é necessário identificar quais as percepções dos professores para que novas discussões ou mesmo novas políticas possam ser consideradas METODOLOGIA O presente artigo é resultado de uma pesquisa de mestrado realizada no período de implementação da BNCC na Educação Básica Com o intuito de buscar dar significados a fenômenos manifestações fatos eventos vivências ideias sentimentos eou assuntos bem como procurar entender como as pessoas professores de matemática constroem significados e representações nos apropriamos dos pressupostos da pesquisa qualitativa para análise dos dados BOGDAN BIKLEN 1994 Segundo Minayo et al 2002 p 21 a pesquisa qualitativa se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado Ou seja ela trabalha com o universo de significados motivos aspirações crenças valores e atitudes o que corresponde a um universo mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis Por esse motivo por meio da abordagem qualitativa buscamos identificar que desafios e impactos professores de matemática percebem durante o período de implantação da BNCC A pesquisa foi acompanhada pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de Ponta Grossa e aprovada pela Plataforma Brasil pelo parecer do CAAE número 98154218000000105 Os sujeitos da pesquisa são professores de matemática que lecionaram na Educação Básica durante o ano de 2019 na rede pública do estado do Paraná Brasil A coleta dos dados se deu por meio de questionários eletrônicos 7 que foram enviados aos professores via Secretaria de Estado de Educação do Paraná SEEDPR de onde obtivemos 106 respostas Os professores que participaram da pesquisa atuavampertenciam a 29 dos 32 Núcleos Regionais de Educação do Paraná NREPR bem como lecionavam nos anos finais do Ensino Fundamental Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos O questionário foi constituído de perguntas abertas e fechadas No entanto para este estudo nos apropriamos de uma única pergunta aberta a saber Qual o maior desafio eou impactos que você sentiupercebeu durante esse período de implantação da BNCC Para organizar e analisar os dados coletados desta questão optamos por utilizar a Análise de Conteúdo de Bardin 2011 7 Os questionários foram aplicados nos meses de março a abril de 2019 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 502 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 Para tanto seguimos suas três fases i préanálise ii exploração do material e iii o tratamento dos resultados a inferência e a interpretação Na primeira desenvolvemos a análise superficial dos dados em que a leitura flutuante foi realizada isto é uma leitura inicial de todas as respostas Outrossim seguimos todas as regras elencadas por Bardin 2011 para preparação do material tais como representatividade exaustividade homogeneidade etc Por conseguinte na segunda fase com o corpus de análise elaborado conforme destaca Bardin 2011 p 131 a fase de análise propriamente dita não é mais do que a aplicação sistemática das decisões tomadas ou seja classificamos as respostas que emergiram das falas dos professores em que agrupamos suas falas a partir de suas semelhanças emergindo 10 categorias que caracterizam as principais ideias postas pelos professores Por último na terceira fase tratamos os dados preservando a identidade dos professores e para manter a ética na pesquisa cada professor foi nomeado com a letra P seguida de um número exemplo P1 P2 P3 P106 À luz do que a literatura discute na segunda seção realizamos a inferência e a interpretação dos dados Este processo é apresentado na próxima seção RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir dos dados obtidos em nosso corpus de trabalho evidenciamos três categorias que emergiram a posteriori As categorias serão apresentadas em ordem decrescente a partir da maior porcentagem conforme mostra o quadro 2 Categoria I Impactos na implementação da BNCC Categoria II Desafios na implementação da BNCC Categoria III Professores que não percebem impactos e desafios Quadro 2 Categorias que emergiram das respostas dos professores de matemática CATEGORIAS SUBCATEGORIAS SUJEITOS FREQUÊNCIA I Impactos na implementação da BNCC Processos de ensino e aprendizagem P7 P12 P30 P33 P35 P51 P54 P57 P58 P62 P70 P71 P87 P98 P103 e P105 1509 16 Conteúdos P23 P32 P34 P36 P38 P40 P44 P47 P69 P79 P85 P88 P95 e P75 1320 14 Desigualdades P39 P46 P97 283 3 Interesse do aluno P2 P10 P101 283 3 Avaliação em larga escala P27 P65 188 2 II Desafios na implementação da BNCC Resistência a mudança P1 P3 P8 P16 P19 P41 P50 P64 P68 P76 P90 P100 P102 e P104 1320 14 Implantação P11 P22 P42 P53 P73 P84 P86 P99 P106 850 9 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 503 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 Participação P6 P21 P29 P31 P37 P56 e P67 660 7 Formação para o Professor P4 P5 P60 P89 P92 471 5 III Professores que não percebem impactos e desafios Não percebem impactos P9 P13 P14 P15 P17 P18 P20 P24 P25 P26 P28 P43 P45 P48 P49 P59 P61 P63 P66 P72 P74 P77 P78 P80 P81 P82 P83 P93 P94 e P96 P52 P55 P91 3113 33 TOTAL 100 106 Fonte os autores 2021 É possível observar no quadro 2 que cada uma das três categorias é constituída por subcategorias Esse processo favorece uma análise mais adequada e especificada uma vez que podemos ter diversos olhares sobre uma mesma temática Assim por meio destas categorias e subcategorias é que buscamos analisar as percepções dos professores sobre os impactos e desafios sentidos durante a implementação da BNCC Categoria I Impactos na implementação da BNCC A primeira categoria reúne as falas de 3583 38 dos professores que apontam diversos desafios nos processos de ensino e aprendizagem sendo que alguns destes desafios já existem no espaço escolar e que podem ser aumentados a partir da implementação da BNCC como mostram alguns exemplos de falas dos professores P12 Um desafio é trabalhar de modo que o aluno se sinta estimulado a aprender matemática Desvincular o trabalho mecânico e mnemônico atual alguns professores ainda trabalham assim e buscar alternância nas práticas diárias P30 O maior desafio é fazer pensar a necessidade para o aprendizado P58 Um impacto é a divergência entre os anseios dos professores e de toda comunidade escolar Pensamos uma coisa mas a BNCC outra P65 A BNCC é o norte mas como chegar lá está longe das nossas possibilidades atuais Precisamos nesse momento de estratégias de ação urgente para se trabalhar as defasagens que nossos alunos apresentam quando chegam no CEEBJA Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos que é o nosso caso Precisamos de apoio de aprendizagem para todas as dificuldadestranstornossíndromesdeficiências que estão chegando na escola e também apoio para os professores P103 Impacto e desafio é conseguir desenvolver tudo aquilo que é imposto Para esse grupo de professores os desafios que surgem a partir da BNCC vão desde o modo de ensinar os alunos desenvolver tudo que está proposto na BNCC até a necessidade de um apoio à aprendizagem a partir de estratégia de ação Ou seja expõem anseios que não foram sanados pelo texto da BNCC apesar da base se apresentar como um conjunto progressivo de aprendizagens essenciais que os alunos devem desenvolver ao longo da Educação Básica BRASIL 2017 As falas dos professores acima revelam uma certa preocupação em relação a Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 504 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 desenvolver tudo o que está sendo proposto e se de fato os alunos irão aprender com toda mudança proposta em alguns conteúdos Os professores também apontam que muitos conteúdos importantes foram retirados da estrutura curricular e outros foram realocados em diversos anosséries causando um grande impacto e desafio para o processo de ensino e aprendizagem P32 O impacto foi deixar de lado assuntos clássicos e importantes P38 Creio que adiantar os conteúdos trará certas dificuldades para quem não pegou o ponto inicial Porém de forma gradual seria interessante Mas terá mais sucesso nas escolas particulares do que nas instituições de ensino público É um novo desafio mas implica no MEC em questão de aplicabilidade de recursos e exigências nas escolas públicas uma vez observado que a maioria dos alunos vem das escolas municipais muitas vezes não possuem a estrutura e a responsabilidade para atender a BNCC assim gerando deficiência nos estudos desde a base de ensino P40 Os conteúdos não estão bem encaixados nos anosséries P79 Um desafio será organizar os novos conteúdos inseridos P75 Um impacto foi a perda de conteúdos indispensáveis Essa preocupação vai ao encontro das concepções de Macedo 2016 ao destacar que a implantação da BNCC envolve um grande desafio que vai muito além do que somente produzir uma lista de conteúdos e capacidades envolve também formar os professores não engessar os conteúdos dar boas condições de trabalho investir no ensino isto é valorizar a educação A não flexibilização de trabalhar com os conteúdos de matemática ausenta a autonomia do professor em sala de aula essa prática não deve ser engessada regulada PEREIRA DIAS 2021 Além dos conteúdos programáticos que tiveram suas mudanças e atualizações também não passaram despercebidas pelos professores as mudanças nas avaliações em larga escala nacional e regional pois se ocorreu uma mudança significativa nos conteúdos a serem ensinados CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 consequentemente ocorrerá alterações nas matrizes das avaliações em larga escala o que acarretará em diferentes cobranças de melhores resultados ou seja mudança em larga escala e ações políticas conforme destacam Afonso 2000 e Canário 1992 Essa questão pode ser observada na fala do professor P27 ao destacar que o desafio será a cobrança em relação aos resultados esperados em avaliações em larga escala Com ênfase Jolandek Pereira Mendes 2019 mostram que a BNCC sofreu fortes influências de organizações internacionais principalmente do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes PISA que é uma avaliação em larga escala internacional Existe uma possibilidade a médio ou longo prazo que as exigências serão maiores frente aos resultados das avaliações começando pelas avaliações nacionais ocasionando também impactos no processo de ensino e aprendizagem Outro desafio que se reflete também a processos de ensino e aprendizagem diz respeito às dificuldades nos aspectos políticos e econômicos no País Os professores percebem a existência de grande desigualdade no Brasil como fala o professor P39 ao destacar que As desigualdades socioeconômicas e culturais dificultam qualquer processo de uniformização Ao levarmos em consideração que o Brasil é um país que tem uma extensão territorial continental e uma grande diversidade social cultural étnica e econômica a implantação da nova BNCC em todos os estados brasileiros tornase um desafio Embora a BNCC destaque o compromisso com a equidade na aprendizagem afirmando que a BNCC é um documento valioso que servirá para Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 505 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 reafirmar o compromisso de todos com a redução das desigualdades educacionais no Brasil e a promoção da equidade e da qualidade das aprendizagens dos estudantes brasileiros BRASIL 2017 p 5 consideramos que também podem ter influências nas dificuldades já apresentadas pelos professores Categoria II Desafios na implementação da BNCC A segunda categoria reúne as falas de quatro subcategorias do quadro 2 resistência a mudança implantação participação e formação de professores que contabilizam 3301 35 dos professores Todos esses impactosdesafios se caracterizam com a dificuldade de o professor aceitar a implantação da BNCC Os professores acrescentam em suas falas que tiveram poucas discussões nas escolas dando a impressão de que essa discussão ficou muito vaga para os professores e que isso poderia gerar resistência a tais mudanças curriculares sobre a prática por falta de maiores debates como podemos ver nos exemplos de falas dos professores abaixo P8 Muita resistência principalmente pelo fato de não considerar tempo e debate que a proposta necessitava para os educandos P16 A minha principal preocupação é se os professores irão realmente colocar em prática ou seja a resistência à mudança P19 A resistência a mudanças principalmente por não termos tido tempo de discussão nas escolas ou seja os maiores interessados no assunto P90 A aceitação por parte de todos os professores já atuantes no magistério bem como das secretarias municipais A fala do professor P42 aponta como desafio a maneira de como será implantada a BNCC ou seja os professores não estavamestão preparados para entender como todas essas mudanças e reformulações do currículo seriam eou que ainda serão instituídas da Educação Básica Resistir à mudança por um lado como apontam alguns dos professores é ter dificuldade de aceitála bem como colocar em prática pois como é apontado pelos professores as discussões não ocorrem em tempo hábil para uma melhor compreensão desta reforma Por outro lado podemos olhar a resistência à mudança como ação de recusa à submissão e regulação imposta pela BNCC e a política por trás dela cuja elaboração do documento não foi democrática DOURADO SIQUEIRA 2019 As falas dos professores acima vão ao encontro de Lino 2017 p 75 ao destacar que a reforma curricular proposta a partir da nova BNCC foi o avesso ao diálogo com a sociedade e por isso pode ser ainda um retrocesso na política educacional Acompanham esta linha de pensamento em relação à falta de diálogo prescrição e controle MACEDO 2016 Para Hypólito 2019 p 199 a resistência tem sido forte e poderá ser longa mas não se pode desistir da busca de uma educação social coletiva culturalmente relevante e que busque uma justiça curricular e social A formação do professor também se apresentou como outro desafio nesta categoria Os professores relatam a falta de diálogos discussões e engessamentosregulação para as contribuições antes da implementação da BNCC e depois O professor P5 por exemplo salienta que há falta de tempo para os estudos da BNCC Os professores P29 e P31 respectivamente descrevem que não fomos consultados de maneira correta e nem informados corretamente a respeito muito generalizada a discussão bastante engessada para contribuições bem como o professor P60 que destaca a falta de capacitações mais Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 506 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 aprofundadas em relação à BNCC Verificamos que essa falta de diálogos e discussões generalizadas nas escolas bem como uma formação aligeirada foi um impacto Antes da implementação da BNCC isto é durante sua elaboração muitos dos professores fizeram contribuições através de discussões em reuniões pedagógicas e por meio de plataformas online para melhoria da estrutura em geral da BNCC entretanto houve muitas queixas dos professores que estas não foram utilizadas na versão final ou seja não foram acatadas pelo MEC A elaboração da BNCC se reduziu a um grupo que não levou em consideração a voz daqueles que estão no chão da escola no interior das salas de aula não olhou para as necessidades do processo de ensino e aprendizagem de toda a Educação Isso foi percebido por alguns professores que consideram tal ponto como um impacto para a implementação da BNCC como destacou o professor P31 que aponta o engessamento para contribuições As falas dos professores acima vão ao encontro da falta de diálogo prescrição e controle apontada por Macedo 2016 e a falha no diálogo com a sociedade educacional e retrocesso na política educacional conforme aponta Lino 2017 A BNCC se caracterizou como um retrocesso histórico na educação onde o currículo escolar é imposto como um modelo fixo PINTO 2017 sem diálogos engessada e reguladora Por tal fato a formação para a BNCC foi considerada um impacto pois não foi adequada e suficiente como evidenciamos a partir dos relatos dos professores que participam da presente pesquisa Categoria III Professores que não percebem impactos e desafios A terceira categoria reúne as falas de 3113 33 dos professores que apontam não sentirem os impactos da implantação da nova BNCC conforme é possível observar nos exemplos de falas dos seguintes professores P24 Ainda estamos em processo de implantação tudo muito vago P72 Nenhum permanece apenas no papel P93 Não senti impacto ou desafio pela implantação da BNCC porque sempre me sinto desafiada a buscar novas estratégias para melhorar minhas práticas É possível observar que na visão destes professores por considerarem que a BNCC ainda está sendo implantada não perceberam impactos ou desafios mas podemos destacar por exemplo a fala dos professores P72 e P93 respectivamente em que para o primeiro tudo que está na BNCC não irá sair do papel e para o segundo os desafiosimpactos que a BNCC traz não serão relevantes pois para esse professor a sala de aula sempre é um desafio o qual deve buscar inovar sempre É possível verificar nesta fala que existe uma desconfiança em relação à implementação da BNCC no ensino bem como certa resistência Verificamos que a implementação de um novo documento imposto no ensino não é significativa ou desafiadora para alguns dos professores pois o identificam apenas como mais um documento como já descrito por Pereira e Dias 2021 A questão de os professores não perceberem os impactos apontando que a implementação estava muito vaga ou que a mesma não sairá do papel se remete também à política de implementação da BNCC que teve orientações confusas HYPÓLITO 2019 Além disso o pouco diálogo e discussão que teve sobre a BNCC no início de sua implementação também pode ser um fator que levou esse grupo de professores a não evidenciarem os possíveis Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 507 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 impactos e desafios no ensino de matemática a partir da implementação da BNCC LINO 2017 CONSIDERAÇÕES FINAIS No presente artigo buscamos identificar os desafios e impactos que professores de matemática perceberam durante o período de implantação da BNCC Identificamos dois vieses sobre os desafios e impactos da implementação da BNCC para uma parcela de professores observouse que houve impactos e desafios principalmente no processo de ensino e aprendizagem em que foi possível organizar as duas primeiras categorias i Impactos na implementação da BNCC ii Desafios na implementação da BNCC para outra parcela não houve impactos e isso foi representado a partir da terceira categoria iii Professores não perceberam impactos e desafios A partir da análise da terceira categoria podemos observar que dentre os participantes da pesquisa aproximadamente 1 a cada 3 professores não percebe impactosdesafios na implementação da BNCC Entretanto não podemos analisar essa percepção como algo positivo pois ela aparece relacionada há uma descrença e descrédito na sua efetiva implementação na escola potencializada pela falta de discussões o que deixou o tema vago Do mesmo modo que houve professores que não sentiram desafios já que consideram estar preparados para supera lós A análise das duas primeiras categorias nos permite apontar que aproximadamente 2 a cada 3 professores consideraram haver impactos e desafios Os principais impactos estiveram relacionados ao próprio processo de ensino e aprendizagem uma vez que há uma ressignificação desse processo até mesmo pela alteração de conteúdos nos currículos Além disso houve relatos dos professores em relação às implicações que a BNCC possa ter com as avaliações em larga escala nacional Consideramos que todos esses impactos são pontos importantes a serem debatidos visto que como colocou Macedo 2016 há uma necessidade de aprofundamento nas discussões Além disso os principais desafios relatados pelos professores estiveram atrelados à própria resistência à mudança que pode haver de alguns professores bem como o grande desafio de sua implementação pois este documento substituirá os Parâmetros Curriculares Nacionais 1997 Para tanto percebemos que há a necessidade de uma participação de todos os entes educacionais e até mesmo da população em si para que desenvolvam um processo organizado e bem elaborado Por fim o último desafio esteve relacionado à própria formação dos professores uma vez que há a necessidade de preparálos tanto na formação continuada como na formação inicial À vista disso compreendemos a insegurança dos professores dentre as incertezas que as mudanças trazem Entendemos como necessário que ainda ocorram discussões reflexões críticas bem como o desenvolvimento de adequadas formações sobre a BNCC para que os professores tenham total compreensão e conhecimento sobre a política embutida que envolve essa reforma curricular Podemos destacar ainda que esses são apenas alguns dos desafios e impactos que já foram percebidos por alguns professores mas há consciência de que ainda surgirão outros desafios na vigência desse documento no contexto escolar Cabe ressaltar que esta pesquisa foi realizada durante o processo de desenvolvimento e implementação da BNCC Consideramos Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 508 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 assim para estudos futuros verificar como está sendo esse processo após sua definitiva implementação AGRADECIMENTOS Os autores Emilly Gonzales Jolandek e Luiz Otavio Rodrigues Mendes agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES pela bolsa de doutorado e a autora Ana Lúcia Pereira agradece à Fundação Araucária pela bolsa produtividade REFERÊNCIAS AFONSO Almerindo Janela Avaliação educacional regulação e emancipação para uma sociologia das políticas avaliativas contemporâneas São Paulo Cortez 2000 AGUIAR Marcia Ângela da Silva Relato da resistência à instituição da BNCC pelo Conselho Nacional de Educação mediante pedido de vista e declarações de votos In AGUIAR Márcia Ângela da S DOURADO Luiz Fernandes A BNCC na contramão do PNE 20142024 avaliação e perspectivas Recife ANPAE 2018 p 2833 BARDIN Laurence Análise de conteúdo São Paulo Edições 70 2011 BOGDAN Robert BIKLEN Sari Knopp Investigação qualitativa em Educação uma introdução à teoria e aos métodos Portugal Porto Editora 1994 BRASIL Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional Brasília DF 1996 Disponível em httplegissenadolegbrlegislacaoListaPublicacoesactionid102480tipoDocumentoLEIt ipoTextoPUBhttplegissenadolegbrlegislacaoListaPublicacoesactionid102480tipoDoc umentoLEItipoTextoPUB Acesso em 20 fevereiro 2019 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais introdução aos parâmetros curriculares nacionais Secretaria de Educação Fundamental Brasília MECSEF 1997 126 BRASIL Base Nacional Curricular Comum Ministério da Educação Governo Federal 2017 Disponível em httpbasenacionalcomummecgovbrabase Acesso em 6 maio 2018 CANÁRIO Rui Escolas e mudanças da lógica da Reforma à lógica da inovação In ESTRELA A FALCÃO M org II Colóquio Nacional da AIPELP AFIRSE A reforma curricular em Portugal e nos países da comunidade europeia Lisboa Universidade de LisboaFPCE 1992 p 195220 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 509 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 CLP Sumário executivo visão Brasil 2030 Centro de Liderança Pública setembro 2014 Disponível em httpclporgbrShowCanalVisaoBrasil2030xH4dFtVYLEaFngcCi49Q Acesso em 26 dez 2018 CHICA Cristiane BARNABÉ Fernando TENUTA Luciana Compare as mudanças dos PCNS para a BNCC em matemática Nova Escola Fundação Lemann 2019 Disponível em httpsnovaescolaorgbrbnccconteudo33compareasmudancasdospcnsparaabnccem matematica Acesso em 16 jun 2020 DOURADO Luiz Fernandes SIQUEIRA Romilson Martins A arte do disfarce BNCC como gestão e regulação do currículo Revista Brasileira de Política e Administração da Educação Periódico científico editado pela ANPAE S l v 35 n 2 p 291 2019 HYPÓLITO Álvaro Moreira BNCC agenda global e formação docente Revista Retratos da Escola Brasília v 13 n 25 p 187201 2019 JOLANDEK Emilly Gonzales PEREIRA Ana Lúcia MENDES Luiz Otavio Rodrigues Avaliação em larga escala e currículo relações entre o PISA e a BNCC Com a Palavra o Professor S l v 4 n 10 p 245268 2019 LINO Lucilia Augusta As ameaças da reforma desqualificação e exclusão Revista Retratos da Escola Brasília v 11 n 20 p 7590 janjun 2017 DOI httpdxdoiorg1022420rdev11i20756 MACEDO Elizabeth Base nacional curricular comum a falsa oposição entre conhecimento para fazer algo e conhecimento em si Educação em Revista Belo Horizonte v 32 n 2 p 45 67 abrjun 2016 MAUÉS Olgaises Cabral O trabalho docente no contexto das reformas In REUNIÃO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓSGRADUAÇÃO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO 28 2005 São Paulo Anais São Paulo 2005 MICHAELIS Dicionário da Língua Portuguesa Disponível em httpmichaelisuolcombr Acesso em 23 jun 2020 MINAYO M C S de DESLANDES S F NETO O C GOMES R Pesquisa social teoria método e criatividade 21º edição Petrópolis Editora Vozes 2002 PEREIRA V B DIAS M O A BNCC de matemática para os anos finais no contexto de prática possibilidades de autonomia do professor Revista mbienteeducação São Paulo v 14 n 1 p 187213 janabr 2021 PEREZ Tereza BNCC a Base Nacional Comum Curricular na prática da gestão escolar e pedagógica São Paulo Editora Moderna 2018 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 510 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 PINTO Antonio Henrique A Base Nacional Comum Curricular e o ensino de matemática flexibilização ou engessamento do currículo escolar Bolema Boletim de Educação Matemática v 31 n 59 p 10451060 2017 SILVA Lucenildo Elias da Educação matemática e a Base Nacional Comum Curricular BNCC um desafio para a Educação Básica Humanidades Inovação S l v 6 n 6 p 5161 2019 Submetido em abril de 2021 Aprovado em junho de 2021
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Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 496 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 DESAFIOS E IMPACTOS DA IMPLEMENTAÇÃO DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR o que dizem professores de matemática CHALLENGES AND IMPACTS OF THE IMPLEMENTATION OF THE NATIONAL COMMON CURRICULAR BASE what mathematics teachers say Emilly Gonzales Jolandek 1 UEM Ana Lúcia Pereira 2 UEPG Luiz Otavio Rodrigues Mendes 3 UEM RESUMO Este artigo tem por objetivo identificar que desafios e impactos professores de matemática perceberam durante o período inicial de implantação da Base Nacional Comum Curricular BNCC A pesquisa é de natureza qualitativa os participantes foram 106 professores de matemática do estado do Paraná Brasil Os dados foram obtidos por meio de um questionário e analisados à luz da análise de conteúdo Os resultados revelam que 3583 dos professores consideraram que houve impactos em relação aos processos de ensino e aprendizagem alterações nos conteúdos possíveis desigualdades socioeconômicas e culturais interesses dos alunos e nas implicações das avaliações em larga escala 3301 dos professores apontam que houve desafios na implementação e na participação docente E 3113 dos professores não apontaram impactosdesafios na implementação da BNCC Outrossim há desafios em relação à resistência à mudança bem como na própria formação dos professores PALAVRASCHAVE BNCC Reforma curricular Professores de matemática Documentos oficiais ABSTRACT This article aims to identify the challenges and impacts that teachers of Mathematics perceived during the initial period of implantation of the National Common Curricular Base BNCC The research has a qualitative nature the participants were 106 Mathematics teachers from the state of Paraná Brazil The data were obtained through a questionnaire and analyzed under the Content Analysis approach Our results reveal that 3583 of teachers considered that there were impacts in relation to teaching and learning processes changes in content possible socioeconomic and cultural inequalities changes in the interests of students and in the implications of largescale assessments Also 3301 of teachers pointed out that there were challenges with the implementation and their participation And 3113 of the teachers did not point out impactschallenges in the implementation of the BNCC Therefore there are challenges in relation to the resistance to change as well as in the training of teachers KEYWORDS BNCC Curricular reform Mathematics teachers Official documents DOI 1021920recei72021721496510 httpdxdoiorg1021920recei72021721496510 1 Doutoranda em Educação para a Ciência e a Matemática pela Universidade Estadual de Maringá UEM Email emillyjolandekgmailcom ORCID httpsorcidorg0000000326028303 2 Doutora em Ensino de Ciência e Educação Matemática pela Universidade Estadual de Londrina UEL Professora do Departamento de Matemática e Estatística da Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG Email analuciapereira173gmailcom ORCID httpsorcidorg000000030970260X 3 Doutorando em Educação para a Ciência e a Matemática pela Universidade Estadual de Maringá UEPG E mail mendesluizotaviohotmailcom ORCID httpsorcidorg0000000231608532 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 497 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 INTRODUÇÃO Desde o início do século XXI a educação brasileira vem passando por diversas mudanças inovações e reformas que têm possibilitado posicionamentos políticos dos agentes educacionais em específico os professores Por um lado percebemos as críticas e descontentamentos quando tais reformas buscam regular a educação de forma que por exemplo retire a autonomia do professor Por outro lado verificamos posicionamentos a favor que destacam a necessidade de tais inovações Outrossim a mudança curricular mais recente foi a criação e implantação da nova Base Nacional Comum Curricular BNCC BRASIL 2017 Cabe lembrar que a construção de uma base nacional já era prevista na Constituição brasileira desde 1988 bem como na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN em 1996 Entretanto somente em 2015 é que as discussões e ações para a construção da nova BNCC se efetivaram de fato com a apresentação de propostas para a reforma da educação do País Desta forma este processo também despendeu grande debate nacional envolvendo o País como um todo DOURADO SIQUEIRA 2019 Afonso 2000 compreende que a grande implicação e execução de mudançasreformas escolares ocorrem diretamente na escola e no modus operandi dos professores e no caso da BNCC estas implicações não são diferentes As mudanças podem ser diversas desde a Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio até o Ensino Superior na formação dos professores Além disso acreditamos que este processo é moroso e também depende de vários fatores desde a preparação dos futuros professores uma readequação das escolas bem como a reorganização dos conteúdos abordados nas disciplinas No caso da matemática evidenciamos conteúdos antes trabalhados apenas nos anos finais do Ensino Fundamental que com a aprovação da BNCC passaram a ser trabalhados nos anos iniciais como as unidades de álgebra probabilidade e estatística CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 À vista deste cenário nosso intuito não é discutir sobre quais são as potencialidades ou fragilidades da BNCC mas sim compreender como está sendo esse processo para os professores ou seja como os professores de matemática que estão atuando na Educação Básica percebem os impactos eou desafios com a implantação da BNCC Quais são seus relatos sobre essa reforma Desta forma a partir destes questionamentos norteadores é que traçamos como objetivo identificar que desafios e impactos 4 que professores de matemática perceberam durante o período de implantação da BNCC Além desta primeira seção de introdução este trabalho está estruturado em outras quatro seções Na segunda discutimos sobre a perspectiva histórica e literária da BNCC Na terceira apresentamos nossos procedimentos metodológicos de desenvolvimento da pesquisa Por fim na quarta e quinta seção expusemos respectivamente a análise dos dados coletados e nossas considerações finais REFORMA CURRICULAR E A IMPLEMENTAÇÃO DA BNCC No decorrer da história o sistema educacional brasileiro sofreu muitas mudanças e reformas Maués 2005 p 1 destaca que essas reformas evidenciaram a necessidade de adequação do trabalho docente às novas exigências profissionais advindas das inovações 4 Os termos desafios e impactos utilizados em todo o trabalho se referem respectivamente conforme significado do dicionário da Língua Portuguesa a uma situação ou problema a ser vencido eou superado bem como a um efeito que impede ou acarreta mudanças MICHAELIS 2020 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 498 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 tecnológicas e da consequente mudança no mundo do trabalho Uma dessas mudanças foi estipulada em 1996 quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN configurou a necessidade de uma Base Nacional Comum Curricular Seu artigo 26 institui que Art 26 Os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem ter uma Base Nacional Comum a ser complementada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar por uma parte diversificada exigida pelas características regionais e locais da sociedade da cultura da economia e da clientela BRASIL 1996 p 16 Para além da LDBEN outros documentos e centros de liderança também colocaram como objetivo a construção de uma BNCC O Centro de Liderança Público 5 CLP criou uma iniciativa de visão para o Brasil que aponta metas para um país ideal e desenvolvido até o ano de 2030 com foco principalmente na economia A CLP aponta algumas principais áreas sendo uma delas a Educação tendo temas transversais a serem desenvolvidos entre eles estão a melhoria da formação de professores e criação de uma BNCC CLP 2014 A partir de movimentos como este a discussão da reformulação da educação ganhou força e possibilitou debates sobre a BNCC a partir de 2014 quando também esteve na pauta de discussão a Lei nº 130052014 do Plano Nacional de Educação Assim em 2015 o Ministério da Educação MEC iniciou estudos para a preparação do documento ficando este disponível para consulta pública Participaram das contribuições para a primeira versão da BNCC 6 diversos profissionais nacionais e estrangeiros da área educacional AGUIAR 2018 Entretanto a segunda versão lançada em maio de 2016 não foi disponibilizada para uma consulta pública sendo a discussão realizada por meio de seminários Após diversas discussões e reformulações em dezembro de 2017 foi aprovada a implantação da nova BNCC AGUIAR 2018 Esta reformulaçãoconstrução de um novo currículo acabou provocando muitos questionamentos críticas e descontentamentos Embora o MEC destaque que o processo tenha sido democrático em relação à participação dos professores a forma como este foi organizado e gerido apresentouse muito aligeirada e as sugestões dos professores parecem não ter sido levadas em consideração como destaca Lino 2017 afirmando que a reforma curricular proposta a partir da nova BNCC pode ser caracterizada como o avesso ao diálogo com a sociedade além disso pode ser considerada como um retrocesso na política educacional LINO 2017 p 75 Macedo 2016 também questiona por que os professores não foram ouvidos sendo que eles são aqueles que de fato estão diretamente ligados à situação e sabem as respostas para essas questões Para Macedo 2016 a elaboração de um novo currículo É uma aposta que constitui sem dúvida um desafio mais difícil do que produzir uma lista de conteúdos ou de capacidades de fazer que sirva de base comum nacional Ela envolve formar bem os professores e principalmente darlhes condições de trabalho e salário compatíveis investir nas escolas e no trabalho lá realizado enfim valorizar a educação MACEDO 2016 p 63 Esta visão da autora vai ao encontro do objetivo da BNCC de contribuir para o alinhamento de outras ações em âmbito federal estadual e municipal referentes à formação de 5 O CLP é uma organização social que tem como objetivo transformar o Brasil desenvolvendo líderes públicos e mobilizando a sociedade em causas estruturais para um Estado melhor CLP 2014 6 Quando utilizamos a palavra BNCC estamos nos referindo à BNCC do Ensino Fundamental Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 499 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 professores à avaliação à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação BRASIL 2017 p 8 Além disso estudos como o de Maués 2005 apontam as influências que a reformas curriculares nacionais recebem dos órgãos internacionais podemos nos referir também à BNCC Em concomitância Jolandek Pereira Mendes 2019 destacam que ao se fazer a leitura da BNCC e a matriz do Programme for International Student Assessment PISA é possível identificar diversos elementos em comum De acordo com os autores isso sugere possíveis influências da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE e outros órgãos internacionais Nestas conjunturas as políticas de reforma tendem a gerar novas expectativas e necessidades AFONSO 2000 entretanto no presente momento não se sabe quais são todas as implicações e impactos que a BNCC com suas competências e habilidades influenciada política e economicamente tem causado e que ainda causará no chão da sala de aula Afonso 2000 p 60 em seus estudos aponta que algumas reformas não produzem efeitos outras produzem efeitos inesperados ou mesmo opostos às intenções iniciais e outras recriam o mesmo desequilíbrio que queriam corrigir O autor afirma que o sucesso ou fracasso depende das razões políticas Autores como Dourado e Siqueira 2019 Silva 2019 e Pereira e Dias 2021 consideram que existe uma intenção política por trás da BNCC no sentido de uma visão neoliberal que está ligada ao sentido empresarial sobre a educação a qual deve apresentar uma produção parametrizada com bons resultados em relação ao ensino e aprendizagem Por outro lado as reformas no ensino podem atuar como suporte nos debates sobre o desenvolvimentomodernização do País AFONSO 2000 Desta forma apesar dos demasiados debates a partir do momento de publicação da BNCC ela passa a ser uma referência obrigatória na Educação Básica tanto em elaboração de currículos como de materiais didáticos formação de professores e elaboração de avaliações em larga escala PEREZ 2018 A partir da homologação da BNCC o sistema educacional tem que se atualizar como os currículos estaduais municipais materiais didáticos avaliações em larga escala nacional estadual e municipais entre outros Entendemos que os conteúdos nos livros didáticos em parte mudaram e terão que ser feitas modificações em sala de aula mas não é possível saber se tudo que está proposto de fato sairá do papel Conforme destaca Afonso 2000 o sucesso ou fracasso das reformas curriculares depende de diversos fatores sendo um deles razões políticas bem como as exigências impostas à educação por tais políticas Além disso percebemos também as mudanças no currículo propriamente dito Em específico os conteúdos programáticos de matemática mudaram tanto nos anos iniciais do Ensino Fundamental 1º ao 5º ano como nos anos finais do Ensino Fundamental 6º ao 9º ano Chica Barnabé e Tenuta 2019 apresentam uma comparação dos conteúdos de como eles estavam organizados nos Parâmetros Curriculares Nacionais PCN e como aparecem atualmente na BNCC Apresentamos essa comparação no quadro 1 Quadro 1 Mudanças dos conteúdos estruturantes de matemática Conteúdos estruturantes PCN BNCC Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 500 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 Álgebra Era um conteúdo visto somente a partir do 7º ano A Álgebra estava contemplada no bloco de números e operações trazendo como principais conteúdos a utilização de representações algébricas para expressar generalizações sobre propriedades das operações aritméticas e regularidades observadas em sequências numéricas a compreensão da noção de variável pela interdependência da variação de grandezas e a construção de procedimentos para calcular o valor numérico de expressões algébricas simples CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Agora a Álgebra é aplicada nos anos iniciais do Ensino Fundamental e além disso As equações não são mais trabalhadas de forma exaustiva nos 8º e 9º anos A ênfase é dada à capacidade de resolver situaçõesproblema utilizando o pensamento algébrico e isso pode ou não envolver equações e inequações CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Geometria Era denominado de Espaço e Forma e era focado na geometria clássica axiomática e suas relações internas Não havia qualquer ênfase às aplicações e relações da geometria com o espaço vivenciado pelos alunos CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Os conteúdos de plano cartesiano simetria e semelhança por exemplo entram a partir do 5º ano De 6º ano 9º ano algoritmos e fluxogramas passam a ser tema das aulas de Geometria a partir do 6º ano Fluxogramas aparecem como forma de identificar os passos necessários na resolução de problemas geométricos a exemplo das construções de polígonos e transformações no plano Além disso aparece também para estruturar a classificação de figuras utilizando para isso as organizações próprias dos fluxogramas CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Números Englobava toda a parte de álgebra e propriedades operatórias deixando de focar especificamente nos significados dos entes numéricos e das operações A estrutura de ampliação gradativa dos conjuntos já existia mas com menos foco na construção dos números inteiros como compostos por fatores primos frações como relações de inteiros em diversos significados e reais como referências aos pontos da reta CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Um conceito novo na ideia de números é a progressão no ensino das frações destacando as diferentes concepções da fração como número elemento dos racionais operador aplicado a inteiros discretos ou contínuos ou representante de relações entre parte e todo ou razão entre partes CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Grandezas e Medidas Neste eixo temático não incluía com tanta ênfase as medidas não convencionais essenciais para a compreensão global do conceito de medida e de suas aplicações no contexto social CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 As noções de unidades de medidas como comprimento capacidade massa área e temperatura já são vistos nos anos iniciais do Ensino Fundamental CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 Nos anos finais o foco é a resolução de problemas envolvendo medidas e medições CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Probabilidade e Estatística Era nomeado de Tratamento da Informação e era mais voltado para a análise e interpretação de resultados estatísticos apresentados em gráficos e tabelas medidas Nos anos iniciais são trabalhados conceitos de probabilidade e estatística como coleta e organização de dados tabelas gráficos bem como trabalhada a probabilidade clássica e Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 501 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 de tendência central e dispersão CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 frequentista CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 Nos anos finais interpretação e a elaboração de gráficos mais complexos que antes acontecia apenas no Ensino Médio já é tratada como objeto de conhecimento a partir do 6º ano CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 p 3 Fonte os autores 2021 com base em Chica Barnabé e Tenuta 2019 Alguns dos conteúdos matemáticos foram alterados incluídos eou excluídos do currículo bem como não foram descritos com clareza em cada unidade temática PINTO 2017 Tais mudanças desta reforma curricular exigirão dos professores e de toda a comunidade escolar novas compreensões sobre o modo de pensar e ensinar SILVA 2019 Apesar de em um primeiro momento ser difícil saber quais são os impactos desta mudança é necessário identificar quais as percepções dos professores para que novas discussões ou mesmo novas políticas possam ser consideradas METODOLOGIA O presente artigo é resultado de uma pesquisa de mestrado realizada no período de implementação da BNCC na Educação Básica Com o intuito de buscar dar significados a fenômenos manifestações fatos eventos vivências ideias sentimentos eou assuntos bem como procurar entender como as pessoas professores de matemática constroem significados e representações nos apropriamos dos pressupostos da pesquisa qualitativa para análise dos dados BOGDAN BIKLEN 1994 Segundo Minayo et al 2002 p 21 a pesquisa qualitativa se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado Ou seja ela trabalha com o universo de significados motivos aspirações crenças valores e atitudes o que corresponde a um universo mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis Por esse motivo por meio da abordagem qualitativa buscamos identificar que desafios e impactos professores de matemática percebem durante o período de implantação da BNCC A pesquisa foi acompanhada pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de Ponta Grossa e aprovada pela Plataforma Brasil pelo parecer do CAAE número 98154218000000105 Os sujeitos da pesquisa são professores de matemática que lecionaram na Educação Básica durante o ano de 2019 na rede pública do estado do Paraná Brasil A coleta dos dados se deu por meio de questionários eletrônicos 7 que foram enviados aos professores via Secretaria de Estado de Educação do Paraná SEEDPR de onde obtivemos 106 respostas Os professores que participaram da pesquisa atuavampertenciam a 29 dos 32 Núcleos Regionais de Educação do Paraná NREPR bem como lecionavam nos anos finais do Ensino Fundamental Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos O questionário foi constituído de perguntas abertas e fechadas No entanto para este estudo nos apropriamos de uma única pergunta aberta a saber Qual o maior desafio eou impactos que você sentiupercebeu durante esse período de implantação da BNCC Para organizar e analisar os dados coletados desta questão optamos por utilizar a Análise de Conteúdo de Bardin 2011 7 Os questionários foram aplicados nos meses de março a abril de 2019 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 502 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 Para tanto seguimos suas três fases i préanálise ii exploração do material e iii o tratamento dos resultados a inferência e a interpretação Na primeira desenvolvemos a análise superficial dos dados em que a leitura flutuante foi realizada isto é uma leitura inicial de todas as respostas Outrossim seguimos todas as regras elencadas por Bardin 2011 para preparação do material tais como representatividade exaustividade homogeneidade etc Por conseguinte na segunda fase com o corpus de análise elaborado conforme destaca Bardin 2011 p 131 a fase de análise propriamente dita não é mais do que a aplicação sistemática das decisões tomadas ou seja classificamos as respostas que emergiram das falas dos professores em que agrupamos suas falas a partir de suas semelhanças emergindo 10 categorias que caracterizam as principais ideias postas pelos professores Por último na terceira fase tratamos os dados preservando a identidade dos professores e para manter a ética na pesquisa cada professor foi nomeado com a letra P seguida de um número exemplo P1 P2 P3 P106 À luz do que a literatura discute na segunda seção realizamos a inferência e a interpretação dos dados Este processo é apresentado na próxima seção RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir dos dados obtidos em nosso corpus de trabalho evidenciamos três categorias que emergiram a posteriori As categorias serão apresentadas em ordem decrescente a partir da maior porcentagem conforme mostra o quadro 2 Categoria I Impactos na implementação da BNCC Categoria II Desafios na implementação da BNCC Categoria III Professores que não percebem impactos e desafios Quadro 2 Categorias que emergiram das respostas dos professores de matemática CATEGORIAS SUBCATEGORIAS SUJEITOS FREQUÊNCIA I Impactos na implementação da BNCC Processos de ensino e aprendizagem P7 P12 P30 P33 P35 P51 P54 P57 P58 P62 P70 P71 P87 P98 P103 e P105 1509 16 Conteúdos P23 P32 P34 P36 P38 P40 P44 P47 P69 P79 P85 P88 P95 e P75 1320 14 Desigualdades P39 P46 P97 283 3 Interesse do aluno P2 P10 P101 283 3 Avaliação em larga escala P27 P65 188 2 II Desafios na implementação da BNCC Resistência a mudança P1 P3 P8 P16 P19 P41 P50 P64 P68 P76 P90 P100 P102 e P104 1320 14 Implantação P11 P22 P42 P53 P73 P84 P86 P99 P106 850 9 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 503 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 Participação P6 P21 P29 P31 P37 P56 e P67 660 7 Formação para o Professor P4 P5 P60 P89 P92 471 5 III Professores que não percebem impactos e desafios Não percebem impactos P9 P13 P14 P15 P17 P18 P20 P24 P25 P26 P28 P43 P45 P48 P49 P59 P61 P63 P66 P72 P74 P77 P78 P80 P81 P82 P83 P93 P94 e P96 P52 P55 P91 3113 33 TOTAL 100 106 Fonte os autores 2021 É possível observar no quadro 2 que cada uma das três categorias é constituída por subcategorias Esse processo favorece uma análise mais adequada e especificada uma vez que podemos ter diversos olhares sobre uma mesma temática Assim por meio destas categorias e subcategorias é que buscamos analisar as percepções dos professores sobre os impactos e desafios sentidos durante a implementação da BNCC Categoria I Impactos na implementação da BNCC A primeira categoria reúne as falas de 3583 38 dos professores que apontam diversos desafios nos processos de ensino e aprendizagem sendo que alguns destes desafios já existem no espaço escolar e que podem ser aumentados a partir da implementação da BNCC como mostram alguns exemplos de falas dos professores P12 Um desafio é trabalhar de modo que o aluno se sinta estimulado a aprender matemática Desvincular o trabalho mecânico e mnemônico atual alguns professores ainda trabalham assim e buscar alternância nas práticas diárias P30 O maior desafio é fazer pensar a necessidade para o aprendizado P58 Um impacto é a divergência entre os anseios dos professores e de toda comunidade escolar Pensamos uma coisa mas a BNCC outra P65 A BNCC é o norte mas como chegar lá está longe das nossas possibilidades atuais Precisamos nesse momento de estratégias de ação urgente para se trabalhar as defasagens que nossos alunos apresentam quando chegam no CEEBJA Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos que é o nosso caso Precisamos de apoio de aprendizagem para todas as dificuldadestranstornossíndromesdeficiências que estão chegando na escola e também apoio para os professores P103 Impacto e desafio é conseguir desenvolver tudo aquilo que é imposto Para esse grupo de professores os desafios que surgem a partir da BNCC vão desde o modo de ensinar os alunos desenvolver tudo que está proposto na BNCC até a necessidade de um apoio à aprendizagem a partir de estratégia de ação Ou seja expõem anseios que não foram sanados pelo texto da BNCC apesar da base se apresentar como um conjunto progressivo de aprendizagens essenciais que os alunos devem desenvolver ao longo da Educação Básica BRASIL 2017 As falas dos professores acima revelam uma certa preocupação em relação a Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 504 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 desenvolver tudo o que está sendo proposto e se de fato os alunos irão aprender com toda mudança proposta em alguns conteúdos Os professores também apontam que muitos conteúdos importantes foram retirados da estrutura curricular e outros foram realocados em diversos anosséries causando um grande impacto e desafio para o processo de ensino e aprendizagem P32 O impacto foi deixar de lado assuntos clássicos e importantes P38 Creio que adiantar os conteúdos trará certas dificuldades para quem não pegou o ponto inicial Porém de forma gradual seria interessante Mas terá mais sucesso nas escolas particulares do que nas instituições de ensino público É um novo desafio mas implica no MEC em questão de aplicabilidade de recursos e exigências nas escolas públicas uma vez observado que a maioria dos alunos vem das escolas municipais muitas vezes não possuem a estrutura e a responsabilidade para atender a BNCC assim gerando deficiência nos estudos desde a base de ensino P40 Os conteúdos não estão bem encaixados nos anosséries P79 Um desafio será organizar os novos conteúdos inseridos P75 Um impacto foi a perda de conteúdos indispensáveis Essa preocupação vai ao encontro das concepções de Macedo 2016 ao destacar que a implantação da BNCC envolve um grande desafio que vai muito além do que somente produzir uma lista de conteúdos e capacidades envolve também formar os professores não engessar os conteúdos dar boas condições de trabalho investir no ensino isto é valorizar a educação A não flexibilização de trabalhar com os conteúdos de matemática ausenta a autonomia do professor em sala de aula essa prática não deve ser engessada regulada PEREIRA DIAS 2021 Além dos conteúdos programáticos que tiveram suas mudanças e atualizações também não passaram despercebidas pelos professores as mudanças nas avaliações em larga escala nacional e regional pois se ocorreu uma mudança significativa nos conteúdos a serem ensinados CHICA BARNABÉ TENUTA 2019 consequentemente ocorrerá alterações nas matrizes das avaliações em larga escala o que acarretará em diferentes cobranças de melhores resultados ou seja mudança em larga escala e ações políticas conforme destacam Afonso 2000 e Canário 1992 Essa questão pode ser observada na fala do professor P27 ao destacar que o desafio será a cobrança em relação aos resultados esperados em avaliações em larga escala Com ênfase Jolandek Pereira Mendes 2019 mostram que a BNCC sofreu fortes influências de organizações internacionais principalmente do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes PISA que é uma avaliação em larga escala internacional Existe uma possibilidade a médio ou longo prazo que as exigências serão maiores frente aos resultados das avaliações começando pelas avaliações nacionais ocasionando também impactos no processo de ensino e aprendizagem Outro desafio que se reflete também a processos de ensino e aprendizagem diz respeito às dificuldades nos aspectos políticos e econômicos no País Os professores percebem a existência de grande desigualdade no Brasil como fala o professor P39 ao destacar que As desigualdades socioeconômicas e culturais dificultam qualquer processo de uniformização Ao levarmos em consideração que o Brasil é um país que tem uma extensão territorial continental e uma grande diversidade social cultural étnica e econômica a implantação da nova BNCC em todos os estados brasileiros tornase um desafio Embora a BNCC destaque o compromisso com a equidade na aprendizagem afirmando que a BNCC é um documento valioso que servirá para Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 505 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 reafirmar o compromisso de todos com a redução das desigualdades educacionais no Brasil e a promoção da equidade e da qualidade das aprendizagens dos estudantes brasileiros BRASIL 2017 p 5 consideramos que também podem ter influências nas dificuldades já apresentadas pelos professores Categoria II Desafios na implementação da BNCC A segunda categoria reúne as falas de quatro subcategorias do quadro 2 resistência a mudança implantação participação e formação de professores que contabilizam 3301 35 dos professores Todos esses impactosdesafios se caracterizam com a dificuldade de o professor aceitar a implantação da BNCC Os professores acrescentam em suas falas que tiveram poucas discussões nas escolas dando a impressão de que essa discussão ficou muito vaga para os professores e que isso poderia gerar resistência a tais mudanças curriculares sobre a prática por falta de maiores debates como podemos ver nos exemplos de falas dos professores abaixo P8 Muita resistência principalmente pelo fato de não considerar tempo e debate que a proposta necessitava para os educandos P16 A minha principal preocupação é se os professores irão realmente colocar em prática ou seja a resistência à mudança P19 A resistência a mudanças principalmente por não termos tido tempo de discussão nas escolas ou seja os maiores interessados no assunto P90 A aceitação por parte de todos os professores já atuantes no magistério bem como das secretarias municipais A fala do professor P42 aponta como desafio a maneira de como será implantada a BNCC ou seja os professores não estavamestão preparados para entender como todas essas mudanças e reformulações do currículo seriam eou que ainda serão instituídas da Educação Básica Resistir à mudança por um lado como apontam alguns dos professores é ter dificuldade de aceitála bem como colocar em prática pois como é apontado pelos professores as discussões não ocorrem em tempo hábil para uma melhor compreensão desta reforma Por outro lado podemos olhar a resistência à mudança como ação de recusa à submissão e regulação imposta pela BNCC e a política por trás dela cuja elaboração do documento não foi democrática DOURADO SIQUEIRA 2019 As falas dos professores acima vão ao encontro de Lino 2017 p 75 ao destacar que a reforma curricular proposta a partir da nova BNCC foi o avesso ao diálogo com a sociedade e por isso pode ser ainda um retrocesso na política educacional Acompanham esta linha de pensamento em relação à falta de diálogo prescrição e controle MACEDO 2016 Para Hypólito 2019 p 199 a resistência tem sido forte e poderá ser longa mas não se pode desistir da busca de uma educação social coletiva culturalmente relevante e que busque uma justiça curricular e social A formação do professor também se apresentou como outro desafio nesta categoria Os professores relatam a falta de diálogos discussões e engessamentosregulação para as contribuições antes da implementação da BNCC e depois O professor P5 por exemplo salienta que há falta de tempo para os estudos da BNCC Os professores P29 e P31 respectivamente descrevem que não fomos consultados de maneira correta e nem informados corretamente a respeito muito generalizada a discussão bastante engessada para contribuições bem como o professor P60 que destaca a falta de capacitações mais Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 506 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 aprofundadas em relação à BNCC Verificamos que essa falta de diálogos e discussões generalizadas nas escolas bem como uma formação aligeirada foi um impacto Antes da implementação da BNCC isto é durante sua elaboração muitos dos professores fizeram contribuições através de discussões em reuniões pedagógicas e por meio de plataformas online para melhoria da estrutura em geral da BNCC entretanto houve muitas queixas dos professores que estas não foram utilizadas na versão final ou seja não foram acatadas pelo MEC A elaboração da BNCC se reduziu a um grupo que não levou em consideração a voz daqueles que estão no chão da escola no interior das salas de aula não olhou para as necessidades do processo de ensino e aprendizagem de toda a Educação Isso foi percebido por alguns professores que consideram tal ponto como um impacto para a implementação da BNCC como destacou o professor P31 que aponta o engessamento para contribuições As falas dos professores acima vão ao encontro da falta de diálogo prescrição e controle apontada por Macedo 2016 e a falha no diálogo com a sociedade educacional e retrocesso na política educacional conforme aponta Lino 2017 A BNCC se caracterizou como um retrocesso histórico na educação onde o currículo escolar é imposto como um modelo fixo PINTO 2017 sem diálogos engessada e reguladora Por tal fato a formação para a BNCC foi considerada um impacto pois não foi adequada e suficiente como evidenciamos a partir dos relatos dos professores que participam da presente pesquisa Categoria III Professores que não percebem impactos e desafios A terceira categoria reúne as falas de 3113 33 dos professores que apontam não sentirem os impactos da implantação da nova BNCC conforme é possível observar nos exemplos de falas dos seguintes professores P24 Ainda estamos em processo de implantação tudo muito vago P72 Nenhum permanece apenas no papel P93 Não senti impacto ou desafio pela implantação da BNCC porque sempre me sinto desafiada a buscar novas estratégias para melhorar minhas práticas É possível observar que na visão destes professores por considerarem que a BNCC ainda está sendo implantada não perceberam impactos ou desafios mas podemos destacar por exemplo a fala dos professores P72 e P93 respectivamente em que para o primeiro tudo que está na BNCC não irá sair do papel e para o segundo os desafiosimpactos que a BNCC traz não serão relevantes pois para esse professor a sala de aula sempre é um desafio o qual deve buscar inovar sempre É possível verificar nesta fala que existe uma desconfiança em relação à implementação da BNCC no ensino bem como certa resistência Verificamos que a implementação de um novo documento imposto no ensino não é significativa ou desafiadora para alguns dos professores pois o identificam apenas como mais um documento como já descrito por Pereira e Dias 2021 A questão de os professores não perceberem os impactos apontando que a implementação estava muito vaga ou que a mesma não sairá do papel se remete também à política de implementação da BNCC que teve orientações confusas HYPÓLITO 2019 Além disso o pouco diálogo e discussão que teve sobre a BNCC no início de sua implementação também pode ser um fator que levou esse grupo de professores a não evidenciarem os possíveis Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 507 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 impactos e desafios no ensino de matemática a partir da implementação da BNCC LINO 2017 CONSIDERAÇÕES FINAIS No presente artigo buscamos identificar os desafios e impactos que professores de matemática perceberam durante o período de implantação da BNCC Identificamos dois vieses sobre os desafios e impactos da implementação da BNCC para uma parcela de professores observouse que houve impactos e desafios principalmente no processo de ensino e aprendizagem em que foi possível organizar as duas primeiras categorias i Impactos na implementação da BNCC ii Desafios na implementação da BNCC para outra parcela não houve impactos e isso foi representado a partir da terceira categoria iii Professores não perceberam impactos e desafios A partir da análise da terceira categoria podemos observar que dentre os participantes da pesquisa aproximadamente 1 a cada 3 professores não percebe impactosdesafios na implementação da BNCC Entretanto não podemos analisar essa percepção como algo positivo pois ela aparece relacionada há uma descrença e descrédito na sua efetiva implementação na escola potencializada pela falta de discussões o que deixou o tema vago Do mesmo modo que houve professores que não sentiram desafios já que consideram estar preparados para supera lós A análise das duas primeiras categorias nos permite apontar que aproximadamente 2 a cada 3 professores consideraram haver impactos e desafios Os principais impactos estiveram relacionados ao próprio processo de ensino e aprendizagem uma vez que há uma ressignificação desse processo até mesmo pela alteração de conteúdos nos currículos Além disso houve relatos dos professores em relação às implicações que a BNCC possa ter com as avaliações em larga escala nacional Consideramos que todos esses impactos são pontos importantes a serem debatidos visto que como colocou Macedo 2016 há uma necessidade de aprofundamento nas discussões Além disso os principais desafios relatados pelos professores estiveram atrelados à própria resistência à mudança que pode haver de alguns professores bem como o grande desafio de sua implementação pois este documento substituirá os Parâmetros Curriculares Nacionais 1997 Para tanto percebemos que há a necessidade de uma participação de todos os entes educacionais e até mesmo da população em si para que desenvolvam um processo organizado e bem elaborado Por fim o último desafio esteve relacionado à própria formação dos professores uma vez que há a necessidade de preparálos tanto na formação continuada como na formação inicial À vista disso compreendemos a insegurança dos professores dentre as incertezas que as mudanças trazem Entendemos como necessário que ainda ocorram discussões reflexões críticas bem como o desenvolvimento de adequadas formações sobre a BNCC para que os professores tenham total compreensão e conhecimento sobre a política embutida que envolve essa reforma curricular Podemos destacar ainda que esses são apenas alguns dos desafios e impactos que já foram percebidos por alguns professores mas há consciência de que ainda surgirão outros desafios na vigência desse documento no contexto escolar Cabe ressaltar que esta pesquisa foi realizada durante o processo de desenvolvimento e implementação da BNCC Consideramos Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 508 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 assim para estudos futuros verificar como está sendo esse processo após sua definitiva implementação AGRADECIMENTOS Os autores Emilly Gonzales Jolandek e Luiz Otavio Rodrigues Mendes agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES pela bolsa de doutorado e a autora Ana Lúcia Pereira agradece à Fundação Araucária pela bolsa produtividade REFERÊNCIAS AFONSO Almerindo Janela Avaliação educacional regulação e emancipação para uma sociologia das políticas avaliativas contemporâneas São Paulo Cortez 2000 AGUIAR Marcia Ângela da Silva Relato da resistência à instituição da BNCC pelo Conselho Nacional de Educação mediante pedido de vista e declarações de votos In AGUIAR Márcia Ângela da S DOURADO Luiz Fernandes A BNCC na contramão do PNE 20142024 avaliação e perspectivas Recife ANPAE 2018 p 2833 BARDIN Laurence Análise de conteúdo São Paulo Edições 70 2011 BOGDAN Robert BIKLEN Sari Knopp Investigação qualitativa em Educação uma introdução à teoria e aos métodos Portugal Porto Editora 1994 BRASIL Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional Brasília DF 1996 Disponível em httplegissenadolegbrlegislacaoListaPublicacoesactionid102480tipoDocumentoLEIt ipoTextoPUBhttplegissenadolegbrlegislacaoListaPublicacoesactionid102480tipoDoc umentoLEItipoTextoPUB Acesso em 20 fevereiro 2019 BRASIL Secretaria de Educação Fundamental Parâmetros curriculares nacionais introdução aos parâmetros curriculares nacionais Secretaria de Educação Fundamental Brasília MECSEF 1997 126 BRASIL Base Nacional Curricular Comum Ministério da Educação Governo Federal 2017 Disponível em httpbasenacionalcomummecgovbrabase Acesso em 6 maio 2018 CANÁRIO Rui Escolas e mudanças da lógica da Reforma à lógica da inovação In ESTRELA A FALCÃO M org II Colóquio Nacional da AIPELP AFIRSE A reforma curricular em Portugal e nos países da comunidade europeia Lisboa Universidade de LisboaFPCE 1992 p 195220 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 509 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 CLP Sumário executivo visão Brasil 2030 Centro de Liderança Pública setembro 2014 Disponível em httpclporgbrShowCanalVisaoBrasil2030xH4dFtVYLEaFngcCi49Q Acesso em 26 dez 2018 CHICA Cristiane BARNABÉ Fernando TENUTA Luciana Compare as mudanças dos PCNS para a BNCC em matemática Nova Escola Fundação Lemann 2019 Disponível em httpsnovaescolaorgbrbnccconteudo33compareasmudancasdospcnsparaabnccem matematica Acesso em 16 jun 2020 DOURADO Luiz Fernandes SIQUEIRA Romilson Martins A arte do disfarce BNCC como gestão e regulação do currículo Revista Brasileira de Política e Administração da Educação Periódico científico editado pela ANPAE S l v 35 n 2 p 291 2019 HYPÓLITO Álvaro Moreira BNCC agenda global e formação docente Revista Retratos da Escola Brasília v 13 n 25 p 187201 2019 JOLANDEK Emilly Gonzales PEREIRA Ana Lúcia MENDES Luiz Otavio Rodrigues Avaliação em larga escala e currículo relações entre o PISA e a BNCC Com a Palavra o Professor S l v 4 n 10 p 245268 2019 LINO Lucilia Augusta As ameaças da reforma desqualificação e exclusão Revista Retratos da Escola Brasília v 11 n 20 p 7590 janjun 2017 DOI httpdxdoiorg1022420rdev11i20756 MACEDO Elizabeth Base nacional curricular comum a falsa oposição entre conhecimento para fazer algo e conhecimento em si Educação em Revista Belo Horizonte v 32 n 2 p 45 67 abrjun 2016 MAUÉS Olgaises Cabral O trabalho docente no contexto das reformas In REUNIÃO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓSGRADUAÇÃO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO 28 2005 São Paulo Anais São Paulo 2005 MICHAELIS Dicionário da Língua Portuguesa Disponível em httpmichaelisuolcombr Acesso em 23 jun 2020 MINAYO M C S de DESLANDES S F NETO O C GOMES R Pesquisa social teoria método e criatividade 21º edição Petrópolis Editora Vozes 2002 PEREIRA V B DIAS M O A BNCC de matemática para os anos finais no contexto de prática possibilidades de autonomia do professor Revista mbienteeducação São Paulo v 14 n 1 p 187213 janabr 2021 PEREZ Tereza BNCC a Base Nacional Comum Curricular na prática da gestão escolar e pedagógica São Paulo Editora Moderna 2018 Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 junho2021 510 JOLANDEK E G PEREIRA A L MENDES L O R Desafios e impactos da implementação da base nacional comum curricular o que dizem professores de matemática Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró v 7 n 21 2021 PINTO Antonio Henrique A Base Nacional Comum Curricular e o ensino de matemática flexibilização ou engessamento do currículo escolar Bolema Boletim de Educação Matemática v 31 n 59 p 10451060 2017 SILVA Lucenildo Elias da Educação matemática e a Base Nacional Comum Curricular BNCC um desafio para a Educação Básica Humanidades Inovação S l v 6 n 6 p 5161 2019 Submetido em abril de 2021 Aprovado em junho de 2021