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Texto de pré-visualização

Contribuições da comunicação nãoviolenta na prática docente1 Pâmela da Rosa Martins Graduanda Pedagogia Bilíngue Librasportuguês no Instituto Federal de Santa Catarina Email pamelarmalunoifscedubr Resumo O presente artigo de caráter qualiquantitativo consiste em investigar as contribuições da comunicação nãoviolenta na prática docente com base na proposta por Marshall Rosenberg 2006 As violências são situações presentes nas escolas que prejudicam a todos os envolvidos e a partir da prática docente é possível agir para melhorar as relações e tornar o espaço educativo em um ambiente de respeito e empatia Esse ambiente pode ser desenvolvido através de uma educação para a paz utilizandose a comunicação nãoviolenta A discussão fundamentase em pesquisas bibliográficas entrevista com especialista da área e a aplicação de um questionário online com docentes e futuros docentes da Grande Florianópolis na qual identificouse que a comunicação nãoviolenta contribui para que o docente consiga agir de forma mais empática e compassiva entretanto segundo os resultados obtidos nessa investigação a maioria dos docentes não possui conhecimento ou quando possui é superficial sobre a comunicação nãoviolenta Concluímos que é importante repensar a formação docente incluindo esse tema nos componentes curriculares dos cursos de Licenciatura em especial dos cursos de Pedagogia Palavraschave Educação para a paz Comunicação nãoviolenta Prática docente Introdução As violências são um problema social cujo impacto é responsável por causar nas vítimas além de danos físicos sintomas como depressão agressividade isolamento social baixa autoestima aumento no consumo de álcool e outras drogas BRASIL 2009 Elas podem se manifestar de diferentes formas física sexual verbal e através de condutas e comportamentos que são as de acordo com Alessandra Gaidargi 2019 violências veladas Por atingir toda a sociedade as violências também estão presentes nas escolas A preocupação com as violências na esfera escolar não se restringe ao âmbito nacional A Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura UNESCO por 1 Este artigo foi apresentado no dia 23 de março de 2021 como Trabalho de Conclusão de Curso e foi julgado adequado para a obtenção do título de Licenciada em Pedagogia Bilíngue pelo IFSCPHB e aprovado pela seguinte comissão avaliadora Vívian de Camargo Coronato orientadora Ana Paula Jung e Danielli Vieira Defesa remota por conta da Pandemia Coronavírus Ata da defesa com ciência e aceite por email de todos os membros da banca e da acadêmica arquivada no Registro Acadêmico do Campus exemplo dedicouse a iniciativas para promover uma cultura de paz NOLETO 2001 Este conceito será explicado ao longo deste artigo As violências presentes nas salas de aula às vezes imperceptíveis para o docente podem causar prejuízos na relação com os seus alunos e no desenvolvimento deles No Brasil a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB contém incisos que versam sobre o combate às violências e à busca por uma cultura de paz BRASIL 1996 No Estatuto da Criança e do Adolescente ECA lêse que o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física psíquica e moral da criança e do adolescente abrangendo a preservação da imagem da identidade da autonomia dos valores ideias e crenças dos espaços e objetos pessoais BRASIL 1990 Esse direito no entanto é violado em uma educação que não promove a cultura de paz As violências manifestamse quando o docente oprime ridiculariza faz comparações retira pertences pessoais põe de castigo entre outras coisas É importante que docentes e futuros docentes tenham uma prática não violenta que respeite os discentes integralmente como sujeitos que têm valores ideias e crenças por meio da compaixão e empatia É preciso observar se os docentes praticam uma educação não violenta baseada em uma cultura de paz e têm conhecimentos de ferramentas que auxiliem na mediação de conflitos como a comunicação nãoviolenta CNV Para verificar se isso ocorre na prática elaborouse um questionário online2 com professores da região da Grande Florianópolis respondido por 56 docentes a partir do qual desenvolveuse uma análise apresentada neste artigo Para participar do questionário os participantes responderam ao termo de consentimento concordando com a participação sem nenhum custo ou vantagem e com o tratamento de forma sigilosa e anônima Além do questionário foram feitas pesquisas bibliográficas e uma entrevista semiestruturada com Milena Aragão psicóloga e Doutora em Educação pela Universidade Federal do Sergipe que atua com a comunicação nãoviolenta por meio de formações palestras e mediações Os objetivos da entrevista foram expostos e consentidos pela entrevistada A entrevista realizada de forma remota através do Google Meet contou com 13 perguntas e durou aproximadamente uma hora A transcrição realizada posteriormente foi aprovada e consentida pela entrevistada As situações de conflitos em sala de aula podem provocar estresse nos professores deixandoos irritados ocasionando situações de violências veladas ou explícitas De acordo com Marshall Rosenberg 2006 a CNV pode auxiliar a evitar ou a lidar com os conflitos de forma mais compassiva e empática Ela é uma forma de linguagem que estimula o desenvolvimento da nossa compaixão natural fazendo com que as pessoas se conectem a si mesmas e aos outros Nesse tipo de comunicação sugerese que seja repensada a forma 2 Disponível em httpsformsglekGQJJ1JBDc9tmf7C9 como os indivíduos interagem considerando os sentimentos e desejos de cada um Vale investigar portanto como ela pode contribuir na prática docente É preciso identificar o que são as violências quais seus tipos e a realidade dos educadores o que será realizado relacionando as propostas de Rosenberg 2006 sobre a CNV e seus quatro componentes a saber i observar sem avaliar ii identificar e expressar os sentimentos iii expressar as necessidades e iv realizar o pedido As violências nas escolas As violências segundo Gaidargi 2019 são comportamentos não inatos ou seja são comportamentos aprendidos as crianças não nascem violentas Elas também são um problema social e se manifestam através de ações que causam danos físicos emocionais espirituais a si próprios ou aos outros BRASIL 2009 As violências estão presentes nas formas como as pessoas se comunicam estão nas expressões faciais e corporais nas agressões física e sexual Elas também acontecem de forma velada através de piadas e brincadeiras mal intencionadas Sendo assim a violência se pauta no desrespeito GAIDARGI 2019 p 248 As violências possuem várias modalidades e níveis nesse sentido justificase o termo violências e faz parte de um processo históricocultural sendo um dos problemas mais complexos que a sociedade enfrenta atualmente de acordo com Milani 2003 As violências estão presentes em todas as camadas da sociedade e em todas as formas de expressão e como dito anteriormente se fazem presente também nas escolas No Brasil inicialmente a preocupação com as violências presentes nas escolas era relacionada com os danos causados ao patrimônio e posteriormente passou a ser analisada também nas interações sociais como apresentam Sposito 2001 e Souza 2007 envolvendo pais alunos professores e comunidade A apreensão com todas as formas de violência na escola consta no inciso IX da LDB incluído pela Lei nº 13663 de 2018 onde se lê que é necessário promover medidas de conscientização de prevenção e de combate a todos os tipos de violência no âmbito das escolas BRASIL 1996 As violências nas escolas de acordo com Gaidargi 2019 são reflexo da sociedade e se tornam um assunto preocupante que afeta a comunidade escolar as famílias e a sociedade como um todo Charlot 2002 caracteriza a violência presente na escola em três tipos i a violência na escola ii a violência à escola e iii a violência da escola A violência na escola se refere à localização ou seja é apenas o lugar de uma violência que teria podido acontecer em qualquer outro lugar CHARLOT 2002 p 434 A violência à escola são aquelas praticadas pelos estudantes contra a instituição e aqueles que a representam como professores diretores etc Já a violência da escola referese àquelas praticadas pela escola com os alunos ocorre de forma institucional simbólica como a escola e seus agentes tratam esses discentes Assim embora a escola seja de certa maneira impotente em relação às violências na escola ela pode segundo Charlot 2002 agir na direção de dirimir as outras duas práticas violentas É na prática cotidiana nas pequenas ações nas relações interpessoais que os docentes têm mais capacidade de agir CHARLOT 2002 e uma das formas de ação para uma educação para a paz uma educação não violenta é por meio da CNV Educação para paz educação para a não violência Assim como a violência não é inata tampouco é a paz como afirma Milani 2003 Ela precisa ser ensinada e aprendida e estar presente em toda uma cultura Daí o termo cultura de paz uma cultura onde os conflitos são resolvidos de forma pacífica e justa Para se construir uma cultura de paz é necessário transformações que vão desde a dimensão dos valores atitudes e estilos de vida até a estrutura econômica e jurídica as relações internacionais e a participação cidadã MILANI 2003 No sentido de promover uma cultura de paz a UNESCO reconhece o ano 2000 como o ano internacional por uma cultura de paz e o período de 20012010 como a década internacional para uma cultura de paz e nãoviolência para as crianças do mundo No Brasil muitos projetos dedicados à promoção da paz têm sido realizados como o projeto Abrindo Espaços educação e cultura para a paz NOLETO 2008 A cultura de paz se refere ao trabalho desenvolvido em favor da contribuição por mudanças ansiadas pela humanidade como a justiça social igualdade entre os sexos eliminação do racismo tolerância religiosa respeito às minorias educação universal equilíbrio ecológico e liberdade política MILANI 2003 De acordo com Noleto 2008 é uma construção cotidiana e permanente a busca por reduzir as desigualdades e injustiças sociais Nas escolas Milani apresenta doze temáticas que precisam ser trabalhadas de preferência em conjunto a fim de se promover uma cultura de paz São elas fortalecimento da identidade pessoal e cultural promoção do autoconhecimento e autoestima desenvolvimento da comunicação interpessoal educação para o exercício da cidadania vivência e reflexão a respeito de valores éticos universais reconhecimento da alteridade e respeito à diversidade sensibilização em questões de gênero sensibilização em questões étnicas aprendizado da prevenção e resolução pacífica de conflitos promoção do protagonismo juvenil mobilização e participação comunitária em prol do bemestar coletivo e com métodos nãoviolentos educação ambiental MILANI 2003 p 5556 Essas temáticas de promoção de uma cultura de paz estão presentes nas proposições de uma educação não violenta uma educação que de acordo com Gaidargi 2019 p 259 demonstra a possibilidade de novos tipos de relação entre os diversos integrantes da comunidade escolar atuando de forma consciente num modelo baseado em respeito e gentileza A não violência contribui na educação como apresenta Gaidargi 2019 fazendo com que alunos e professores se desenvolvam e se reconheçam em sua humanidade a partir de relações dialéticas Segundo Martha Rabbani 2003 o diálogo liberta o aluno e a si mesmo da violência e da opressão através dele se ensina e se aprende com um fim em si mesmo exercendo no próprio ato de ensinar e aprender o valor do educando e do educador Por meio do diálogo de acordo com Paulo Freire 2014 é possível aos educandos a compreensão do que está sendo comunicado aprendendo e se desenvolvendo com base no respeito Uma educação não violenta permite que todos se sintam à vontade para expressar suas emoções e como se sentem com determinadas situações como afirma Rabbani a natureza real de um problema se torna evidente quando todos os afetados podem expressar sua compreensão sua informação sobre o mesmo Quando essa participação coletiva não ocorre a transmissão de qualquer informação ou qualquer conteúdo se torna uma prática violenta ainda que venha sob o rótulo de ciência RABBANI 2003 p 74 Sendo assim a resolução dos conflitos só é possível quando todos envolvidos são capazes de identificar o problema e para isso é preciso que todos possam se expressar tenham espaços de fala sejam escutados empaticamente sejam respeitados integralmente enquanto sujeitos ligados à emoção que possuem crenças valores ideias desejos etc Se faltam esses elementos não há diálogo nem uma real aprendizagem e qualquer ação advinda dessa forma tornase violenta RABBANI 2003 A CNV é um caminho para a educação para a paz que considera amorosa e respeitosamente as crianças como indivíduos completos auxiliando no desenvolvimento de personalidades nãoviolentas nos estudantes GAIDARGI 2019 A educação baseada no diálogo e no respeito que não tem espaço para violência e atitudes punitivas e depreciativas é um espaço de educação para a humanidade de educação para a paz GAIDARGI 2019 p 260 Rabbani 2003 afirma que o método dialógico é transparente e leva a conscientização sobre a violência e a ação para a paz ele educa a partir de distintas perspectivas induzindo ao conhecimento real sobre determinado problema e consequentemente para uma ação efetiva para a sua transformação Importante destacar que uma educação para a paz não é uma educação sem conflitos já que Conflitos são normais e não são necessariamente positivos ou negativos maus ou ruins É a resposta que se dá aos conflitos que os torna negativos ou positivos construtivos ou destrutivos A questão é como se resolvem os conflitos se por meios violentos ou nãoviolentos GUIMARÃES 2006 p 346 Uma das maneiras de evitar ou resolver conflitos de forma pacífica através do diálogo é utilizando uma CNV que segundo Aragão 2020 s p é uma forma de resolver conflitos ou lidar com conflitos de uma maneira empática e compassiva trazendo observação sentimentos necessidades e o pedido adequado a essas necessidades Milani 2003 relembra que a missão da escola é educar para a vida e formar cidadãos então sabendo que o conflito faz parte das relações humanas e há a necessidade de se educar para a vida tornase importante buscar meios de mediação negociação etc que tornem a sua resolução pacífica e proporcionem o desenvolvimento de uma cultura de paz através da educação O que é Comunicação NãoViolenta CNV Marshall Rosenberg 2006 inicia sua obra Comunicação nãoviolenta técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e interpessoais com um relato pessoal que fomentou o seu desejo em compreender como as pessoas se mantêm compassivas mesmo em situações adversas Após estudos ele identifica a linguagem e o uso de palavras o falar e o ouvir a comunicação como fonte para florescer a compaixão natural A CNV é uma forma de comunicação que consiste em fazer as pessoas se conectarem e se concentrarem em agir de maneira clara promovendo o respeito a atenção e a empatia possibilitando que a compaixão natural floresça ROSENBERG 2006 Através da CNV os indivíduos reformulam a maneira com que se expressam e ouvem os outros identificando sentimentos e desejos Nesse sentido A CNV nos ensina a observarmos cuidadosamente e sermos capazes de identificar os comportamentos e as condições que estão nos afetando Aprendemos a identificar e articular claramente o que de fato desejamos em determinada situação A forma é simples mas profundamente transformadora ROSENBERG 2006 p 22 Para conseguir utilizar a CNV com eficácia são necessárias algumas habilidades sendo uma delas ligada ao autoconhecimento porque é possível praticar a violência através da comunicação com outro sem perceber pois embora possamos não considerar violenta a maneira de falarmos nossas palavras não raro induzem à mágoa e à dor seja para os outros seja para nós mesmos ROSENBERG 2006 p 21 É fundamental também ter empatia para que ocorra essa conexão que a CNV propõe a empatia é a compreensão respeitosa do que os outros estão vivendo e para oferecêla devemos receber também Para isso também é preciso mostrar nossa vulnerabilidade ROSENBERG 2006 p 133 A concepção de CNV proposta por Rosenberg trabalha com dois elementos figurativos o chacal e a girafa De acordo com Aragão 2020 o chacal é a forma grosseira com que as pessoas se apresentam com rótulos e violências já a girafa significa conexão e se baseia no respeito mútuo e na empatia a girafa é símbolo da CNV A ideia de usar as figuras do chacal e da girafa foi surgiu porque Rosenberg costumava utilizar fantoches desses dois animais em alguns seminários para demonstrar a diferença entre a linguagem do chacal e a da girafa para crianças e adultos como por exemplo Por favor diga isso de outro jeito Use sua conversa de girafa solicitava uma professora de Chicago EUA quando alguém se comportava como um chacal ROSENBERG 2006 p 28 Para o desenvolvimento de uma CNV Rosenberg 2006 propõe 4 componentes a serem desenvolvidas i observar sem avaliar ii identificar e expressar os sentimentos iii expressar as necessidades e iv realizar o pedido Segundo Aragão 2020 o objetivo dos quatros componentes é repensar toda uma estrutura de relacionamento A seguir detalhamos esses componentes O primeiro componente observar sem avaliar indica que é importante estar atento aos acontecimentos ao nosso redor sem apresentar nenhum julgamento Os julgamentos os rótulos segundo Rosenberg 2006 não permitem que conheçamos uns aos outros em suas totalidades A CNV é uma linguagem dinâmica que desestimula generalizações estáticas A linguagem dinâmica proporciona que as observações sejam feitas de modo específico para um tempo e um determinado contexto e ela desestimula generalizações estáticas porque estas causam problemas visto que a realidade das pessoas da sociedade em geral está em constante mudança Dessa forma o truque é ser capaz de articular essa observação sem fazer nenhum julgamento ou avaliação mas simplesmente dizer o que nos agrada ou não naquilo que as pessoas estão fazendo ROSENBERG 2006 p 25 Por exemplo ao invés de dizer você raramente faz o que eu quero podese dizer nas últimas três vezes que comecei uma atividade você disse que não queria fazêla ROSENBERG 2006 p 57 Nesse sentido a observação referese ao que de fato pode ser observado sem generalizar e rotular as pessoas O segundo componente identificar e expressar os sentimentos referese à capacidade de conseguir identificar um sentimento e expressálo de forma correta Uma determinada ação pode estimular sentimentos que precisam ser identificados como mágoa medo alegria tristeza etc No entanto nosso repertório de palavras para rotular os outros costuma ser maior do que o vocabulário para descrever claramente nossos estados emocionais ROSENBERG 2006 p 63 e isso é um dos fatos que faz com que expressar os sentimentos se torne um desafio Além disso nossa sociedade desestimula a manifestação dos sentimentos Ao expressarse é importante clareza para que o outro consiga entender o que está sendo falado Quando se utiliza palavras junto com verbos sentir que não apresentam sentimentos ou ideias genéricas que podem abrir espaço para outras interpretações afetase o outro de forma que a necessidade e o pedido não sejam atendidos como se gostaria No livro de Rosenberg 2006 p 74 que citamos anteriormente o autor conta sobre uma mulher casada que tenta expressar como se sente em relação ao marido sinto que estou casada com uma parede diz ela Essa frase pode ser entendida como uma opinião e uma crítica porque não apresenta nenhum sentimento Então Rosenberg a estimula a apresentar seus sentimentos de forma clara ou seja dizer que está se sentindo solitária e gostaria de mais atenção Logo ao expressar nossos sentimentos e emoções de forma clara e específica nos conectamos mais facilmente uns com os outros e ao nos permitirmos ser vulneráveis ajudamos a resolver conflitos ROSENBERG 2006 No exemplo anterior a mulher casada além de dizer que estava se sentindo solitária também expressou sua necessidade a de ter mais atenção Expressar as necessidades é o terceiro componente da CNV Como Rosenberg 2006 apresenta é necessário reconhecer quais as necessidades estão ligadas ao sentimento específico de cada um O último componente da CNV é saber realizar um pedido ou seja após identificar o que se sente e qual é sua necessidade é preciso saber expressálo de forma clara e honesta Para realizar o pedido devese expressar o que se está pedindo e não o que não se está pedindo pois isso causa confusão e também leva a resistência Os pedidos devem ser feitos com uma linguagem positiva especificando uma ação concreta que a pessoa consiga realizar Rosenberg 2006 p 104 exemplifica uma mulher frustrada porque o marido estava passando tempo demais no trabalho descreveu como seu pedido tinha se voltado contra ela Pedi que ele não passasse tanto tempo no trabalho Três semanas depois ele reagiu anunciando que havia se inscrito num torneio de golfe Ela havia comunicado a ele com sucesso o que ela não queria que ele passasse tanto tempo no trabalho mas tinha deixado de pedir o que ela realmente queria Solicitada a reformular seu pedido ela pensou por um minuto e disse Eu queria terlhe dito que desejava que ele passasse pelo menos uma noite por semana em casa com as crianças e comigo Observase pelo exemplo acima que ao dizer o que não se quer podese receber respostas que não atendam às suas necessidades Por isso é preciso afirmar o que se deseja e evitar frases vagas abstratas ou ambíguas porque estas abrem espaço para várias interpretações Para ficar compreensível para o ouvinte é preciso expressar mais do que só sentimentos porque isso não torna explícito o que se quer por exemplo quando se afirma estou aborrecida porque você se esqueceu da manteiga e das cebolas que lhe pedi que comprasse para o jantar embora pareça claro a quem expressa a afirmação não apresenta a necessidade nem um pedido que poderia ser que a pessoa voltasse ao estabelecimento para comprar o que faltou ROSENBERG 2006 p 110 Há uma importante distinção entre pedido e exigência Um pedido é algo que pode ou não ser atendido uma exigência deve ser atendida senão haverá culpa ou punição Normalmente quando os pedidos não são atendidos as pessoas tendem a ter uma reação negativa e ficar buscando o que há de errado no outro ou em si mesmo porque a necessidade é fruto de algo que precisa ser atendido Assim ao depararse com uma negação de necessidades temse segundo Rosenberg 2006 quatro opções culpar nós mesmos culpar os outros escutar nossos próprios sentimentos e necessidades e escutar sentimentos e necessidades dos outros A CNV não trabalha com a culpa e propõe que se seja empático consigo e com os outros para que se possa entender o que se sente quando se tem um pedido negado e o que o outro está sentindonecessitando ao negar nosso pedido Assim para a CNV devese aceitar a responsabilidade pelos próprios sentimentos o que se sente não é culpa dos outros e isso deve estar expresso na forma com que se comunica Veja o exemplo a seguir A Você me desapontou ao não aparecer na noite passada B Fiquei desapontado quando você não apareceu porque eu queria conversar a respeito de algumas coisas que estavam me incomodando Na frase A a pessoa atribui a responsabilidade pelo desapontamento somente à atitude da outra pessoa Em B o sentimento de desapontamento é reconhecido no desejo da própria pessoa que fala o qual não está sendo atendido ROSENBERG 2006 p 81 Assim na frase B a pessoa expressa seu desejo não atendido na frase A culpa o outro por ele não ter sido atendido Em uma relação empática a pessoa que recebe a frase B deve estar aberta para escutála pois é preciso sentir empatia para oferecer empatia Quando se percebe que não se pode oferecêla no momento é preciso a parar respirar sentir empatia por nós mesmos ou b gritar de modo nãoviolento ou c darnos um tempo ROSENBERG 2006 p174 Comunicarse através da CNV não significa tornarse uma pessoa sem sentimentos negativos como raiva decepção etc o importante é reconhecêlos aceitálos e entender que nem sempre é possível oferecer empatia Trabalhar com a comunicação nãoviolenta também não significa que não se possa dizer não colocar limites ou disciplinar mas isso pode ser feito como Gaidargi 2019 defende de forma gentil consciente e respeitosa Rosenberg 2006 apresenta que a CNV pode ser utilizada em diversos espaços níveis de comunicação e situações como relacionamentos íntimos famílias organizações e instituições etc sendo portanto utilizada na justiça restaurativa em círculos empáticos e pode ser aplicada nas escolas visto que pode contribuir no relacionamento com os membros da comunidade escolar no desenvolvimento do aprendizado para evitar ou resolver conflitos de forma pacífica entre outros A CNV está conectada a todas as abordagens que buscam a nãoviolência e a paz Aragão 2020 s p conta que tudo que fala sobre nãoviolência possui relação ela apresenta uma metáfora sobre a conexão entre as disciplinas a gente olha para uma floresta e vê várias árvores e aparentemente as árvores estão desconectadas mas embaixo elas se conectam através das raízes Por mais que algumas abordagens apresentam concepções diferentes os objetivos são semelhantes que são o de tornar as relações mais pacíficas e respeitosas com base na empatia A CNV e a sua relação com a prática docente desafios e contribuições A CNV na educação surge como uma alternativa para as situações de violência que ocorrem dentro das instituições de ensino indicando novos caminhos para as relações em sala de aula GAIDARGI 2019 e pode ser usada em diversas metodologias pois diz respeito à convivência entretanto é importante que a escola seja um espaço democrático que os indivíduos tenham espaços de fala Em uma escola democrática segundo Gaidargi 2019 os docentes e os discentes podem se expressar de modo que cada um reconheça e compreenda a necessidade do outro de forma compassiva e possa agir com responsabilidade com o outro A comunicação nãoviolenta de acordo com Gaidargi 2019 pode ser aplicada na educação desde a infância sendo desenvolvida com os estudantes considerando as necessidades que integram a comunidade escolar desestruturando as violências presentes nos ambientes educacionais que acontecem por meio das relações humanas Tratase de a CNV estar presente na educação escolar desde a infância porque serão norteadores da relação do aluno com a escola por toda a vida GAIDARGI 2019 p 250 afastando as violências rompendo um ciclo que segundo Gaidargi 2019 é vicioso e equivocado e que poderia acompanhar toda a vida das crianças A CNV não desestimula a disciplina mas segundo Gaidargi 2019 pode ser feita de forma gentil e respeitosa melhorando as condições de aprendizagem dos alunos favorecendo para que tenham responsabilidade e aprendam a permanecer em equilíbrio em diversas situações encontrando soluções de forma pacífica e autônoma ou seja para o desenvolvimento de personalidades nãoviolentas A CNV na educação também contribui no diálogo entre professor e aluno quando por exemplo o professor se depara com estudantes que têm um comportamento contrário do esperado já que segundo Rosenberg 2006 p 21 se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos mesmo em condições adversas A fim de verificar a prática docente em sala de aula mais especificamente na relação entre professor e aluno e quais as suas estratégias para lidar com determinadas situações realizouse uma pesquisa em 2020 através de um questionário respondido via Google Forms O questionário composto por questões fechadas e abertas conta com 56 participantes docentes e futuros docentes da região da Grande Florianópolis em Santa Catarina sendo que desse total 71 são do gênero masculino e 929 são do gênero feminino e a faixa etária está entre os 21 e os 59 anos de idade Entre os pesquisados 70 possui formação em Pedagogia ou está com curso em andamento Entre os pósgraduados 45 dos casos a maioria possui Especialização na área de Educação Especial A maior parte dos participantes graduouse entre os anos de 2010 a 2020 02 concluíram seus cursos nos anos de 1990 e 17 estão em formação Entre as instituições formadoras 50 são públicas Em relação ao tempo de experiência na área da Educação que varia de um ano até mais de vinte anos a maioria dos pesquisados tem entre 6 e 10 anos Os colaboradores dessa pesquisa com relação ao seu conhecimento em CNV a maioria afirma ter algum conhecimento eou experiência porém não de forma aprofundada conforme é possível observar na Figura 1 Figura 1 Conhecimento docente sobre CNV Fonte A autora Em relação aos dois participantes que afirmam ter conhecimento e experiência em CNV um possui formações fornecidas pela Prefeitura Municipal de Florianópolis e outro aponta que participou de quatro formações afirmando que elas contribuíram significativamente para o cotidiano escolar Com relação às áreas correlatas à CNV como cultura da paz círculos empáticos e justiça restaurativa com exceção de um participante que possui conhecimento nas áreas citadas porém não em CNV os demais participantes que afirmam ter conhecimento em CNV também o possuem em outras áreas conforme podese observar na Figura 2 Figura 2 Conhecimento docente em áreas correlatas Fonte A autora A primeira pergunta aberta realizada versa sobre o diálogo empático com os alunos questionando se os docentes costumam ouvir os estudantes e se não qual a dificuldade para tal É possível identificar que a maioria dos participantes costuma sim dialogar entretanto nem sempre esse diálogo ocorre devido a alguns fatores como a rotina o tempo dificuldade na relação com os gestores e a utilização das palavras corretas com determinada faixa etária As respostas apontam para uma necessidade de não só repensar a prática docente com base na escuta empática mas também de remodelar toda uma estrutura O respeito aos educandos considerando a sua condição de existência e dignidade só é possível com diálogo e escuta empática como afirma Paulo Freire 2014 Desse modo com diálogo empático demonstrase respeito aos estudantes como se observa no relato apresentado pelo participante A Um aluno me desrespeitou dizendo que não mando nele quando pedi para que parasse de correr pela sala e atrapalhar os colegas Pedi para que ele se sentasse na minha mesa e conversamos perguntei para ele o porque ele não tinha interesse pela aula e expliquei que realmente eu não mando nele mas dentro da sala de aula eu sou a autoridade e do mesmo jeito que eu respeito a todos eu preciso ser respeitada também Foi então que ele falou que não tinha paciência de estudar porque ele se achava burro e que ele não entendia nada A partir desse dia eu coloquei ele sentado mais perto de mim e dei atividades adaptadas a ele e mostrei a ele que cada um tem seu tempo para aprender e que eu teria paciência de esperar o tempo dele só precisava que ele se esforçasse também No relato acima constatase a presença da CNV foi estabelecido um diálogo e o professor solucionou o conflito de forma empática identificando que sentimentos e necessidades levaram o aluno a agir daquela forma O limite imposto foi colocado de forma respeitosa com liberdade para que o aluno se expressasse sendo possível que o docente identificasse que o problema do aluno estava relacionado com sua dificuldade de aprendizagem e que sua maneira de se comportar era um pedido de atenção para isso Ao iniciar um diálogo é preciso ter conhecimento da realidade do educando do contexto como apresenta Paulo Freire 2014 Nesse sentido são necessárias algumas habilidades como por exemplo observar sem avaliar ROSENBERG 2006 A maioria dos docentes entrevistados declarou não julgar as crianças mas em alguns desses casos é perceptível um julgamento como se pode observar no relato do participante B Dois alunos discutiam no corredor e os outros estavam em volta incentivando a briga corporal entrei no meio dos dois e fiz gesto de porquê da briga olhei pra um olhei para o outro apenas acenei em expressão de dúvida Foi engraçado sem pedir explicações ambos começaram a se explicar e eu os ouvi Quando foi a minha vez de falar disse a eles que estavam dando um show para os outros e que no final de tudo quem iria se prejudicar seriam eles e não os demais O participante B afirma não julgar as crianças por seu comportamento entretanto em seu relato verificase uma avaliação da situação quando o professor diz que eles estavam dando um show para os demais estudantes Essa observação pode ser vista como julgamento que culpabiliza os alunos e não os possibilita aprender como evitar ou resolver os conflitos com autonomia Para estimular os estudantes a resolverem conflitos podem ser utilizadas algumas práticas apresentadas por Aragão 2020 como trabalhar o repertório de sentimentos e emoções para que eles consigam se expressar Uma estratégia é fazer rodas de conversa com o objetivo de incentivar o diálogo entre eles outra proposta é sugerir a criação de um espaço pensado pelos próprios alunos que funcione como uma válvula de escape para onde eles possam se dirigir quando não estão se sentindo muito bem O participante C também afirma que não costuma julgar o comportamento das crianças ao exemplificar uma situação de conflito justifica a situação utilizando a expressão birra No entanto a birra é um rótulo a um determinado comportamento que é considerado inadequado ela é resultado de um sentimento e uma necessidade que não está sendo atendida Em casos como esse o docente poderia iniciar um diálogo com o aluno realizando uma escuta empática para identificar quais os sentimentos e necessidades estão afligindo o estudante A segunda pergunta Como você se sente com relação aos seus sentimentos Você consegue se expressar sentimentalmente com seus alunos versa sobre os sentimentos Sobre esse ponto a maioria relata que tem dificuldades alguns consideram inadequado expressar sentimentos por ser algo pessoal Também apontase a barreira imposta pelas instituições onde o professor deve estar aparentemente sempre bem Alguns docentes costumam demonstrar sentimentos utilizando estratégias como rodas de conversa que permitem que alunos e professor se expressem A participante D relata que Tive essa experiência e foi lindo Alguns alunos perceberam que o meu dia não estava bem e realmente não estava por problemas familiares contei a eles e eles se fizeram presente naquele momento expressaram generosidade e empatia com o meu sofrimento Assim como as crianças os docentes também são vulneráveis mostrar isso faz com que elas se coloquem no lugar do professor e possam demonstrar empatia por ele como ocorre na experiência relatada por D O questionário revela que a maioria dos participantes que afirma ter dificuldades às vezes em conhecer as suas necessidades também demonstra ter dificuldades em se expressar Rosenberg 2006 apresenta que cada necessidade está ligada a um sentimento específico assim se alguém não consegue identificar e expressar os sentimentos também não consegue identificar as necessidades como notamos nas respostas coletadas no questionário De acordo com Souza 2007 para a prevenção à violência envolvendo alunos pais e professores há princípios básicos que consistem em aprender a ouvir com atenção ter consideração e sensibilidade reclamar do que não gosta sem ofender humilhar ou atacar a pessoa atacar o problema e não a pessoa neutralizar a raiva quando esta se intensifica a tal ponto que corre o risco de desembocar em atos violentos dizer o que gosta com relação ao que os outros dizem ou fazem descarregar as tensões inevitáveis de modo saudável tolerar as diferenças e usar métodos não violentos para colocar limites e favorecer a disciplina de modo que as relações se tornem pacíficas Podese observar alguns desses princípios no relato de E Um ex aluno chegou alcoolizado e cheirando a fumo Estava atrapalhando a aula e chamei sua atenção e o mesmo foi agressivo com suas palavras nesse momento fui ríspida e chamei para conversar fora da sala de aula Expliquei que estava preocupada com sua conduta e sobre os males que isso acarretaria para o seu futuro Com o tempo ele foi melhorando seu comportamento e não chegou mais daquele jeito Depois foi para outra escola e no dia do meu aniversário me parabenizou pelo Facebook e agradeceu por tudo que fiz por ele Palavras dele O participante E ao expressar seus sentimentos e necessidades e mostrar empatia pelo o que o aluno poderia estar vivenciando observou uma mudança positiva no comportamento do mesmo A mudança nem sempre é imediata é um processo que deve ser construído diariamente Assim como o participante E o participante G descreve uma de suas experiências vivenciadas na educação infantil que também levou um tempo maior que o esperado para obter resultados G comenta sobre um aluno de três anos passando pelo período de adaptação e também de separação dos pais A criança externava tudo o que sentia dentro da sala de aula agindo com agressividade e arremessando objetos A partir de muita conversa e escuta empática os conflitos foram cessando Esse processo durou aproximadamente dois meses Foi com muita conversa e com uma postura firme e carinhosa que a criança entendeu que aquelas atitudes não eram certas e teve uma melhora comportamental muito significativa Em relação à terceira pergunta Como você lida com a resolução de conflitos Como você reage quando um aluno te contraria alguns docentes relatam ficar estressados irritados e que a resolução de conflitos demanda muita paciência Em sua maioria os profissionais utilizam a conversa Mas para que essa conversa ocorra de forma não violenta ela deve permitir a docentes e discentes se expressarem O participante B conta que fica em silêncio em situações de conflito e deixa que o aluno continue com suas convicções Nesse caso é possível identificar a falta de diálogo como uma forma de violência pois conforme Abramovay et al 2016 a negligência também é uma forma de violência porque nega o acesso ao ensino ao desenvolvimento da aprendizagem Também no relato é possível identificar a falta de empatia porque ao ignorar o aluno observase a falta de consideração com os seus sentimentos e necessidades Para Gaidargi 2019 no processo educativo falar e ouvir é a base de uma relação dialógica e da ausência de violência é preciso estabelecer uma relação de troca entre quem fala e quem ouve porque Todos tem algo grandioso a oferecer Não só falar como se a verdade fosse propriedade Muito menos só ouvir como se não houvesse nada a ser entregue ao outro GAIDARGI 2019 p 250 Alguns participantes da pesquisa apresentam formas violentas de resolução de conflitos como expulsão de aluno da sala ignorar a situação No exemplo exposto por F observase um relato onde a solução encontrada foi a de retirar o aluno da sala de aula Eu tinha recém me formado e um rapaz do ensino médio contrariado com a aula tentou causar me xingando não respondi a agressão dele me posicionei e mandei que saísse da aula chamamos a secretária e depois a cena se acalmou Nesse caso o docente se coloca em posição de autoridade quando menciona me posicionei e realiza uma ordem uma exigência quando diz que mandou que o aluno se retirasse da sala No questionário esse docente afirma apresentar dificuldades em realizar um pedido claro e empático isso pode ser observado em seu relato Retirar o aluno da sala de aula devido algum conflito pode ser considerado como uma punição e de acordo com Gaidargi 2019 a educação punitiva é falha e desnecessária pois leva o indivíduo a se concentrar nas consequências de sua ação gerando insegurança Uma mensagem que não esteja clara pode abrir espaço para várias interpretações podendo ocasionar um conflito como no relato de H A situação não aconteceu especificamente comigo mas sim com a minha colega de turma Uma criança falou para sua mãe que a professora estava brigando muito com ela e a mãe da criança acabou indo ao CEI para esclarecer a situação Porém quando a mãe chegou para nós relatando essa situação ficamos muito espantadas pois ela era uma criança bastante tranquila Mas o que ocorreu de fato foi que a professora não estava brigando com ela e sim chamando a atenção mas não era dela e sim das crianças mais agitadas Mas a criança acabou achando que a professora estava brigando com ela e alegando isso para a mãe Quando se dirige a um grupo devese expressar claramente o que se deseja obter como resposta de acordo com Rosenberg 2006 porque em caso contrário como no exemplo acima tornamse discussões improdutivas que não satisfazem as necessidades de ninguém Rosenberg 2006 afirma que nesses casos podese perguntar aos estudantes o que eles nos ouviram dizer O professor L comenta que foi agredido por um aluno e que nesse momento precisou se colocar no lugar do estudante e entendeu o sentimento e o que motivou aquela reação No dia seguinte de forma mais tranquila conversou com o aluno e a partir de então o docente passou a dar mais atenção a ele demonstrando cuidado e carinho melhorando a relação através de abraços e pequenos gestos na rotina Nesse caso o aluno queria atenção porém como não sabia pedir agia de forma agressiva Se o aluno tivesse conhecimento prático da CNV poderia expressar seus sentimentos e suas necessidades de forma não agressiva De acordo com Aragão 2020 a CNV contribui para os docentes e discentes Para os docentes ela vai colaborar para o desenvolvimento do autoconhecimento fazendo com que eles se conectem consigo mesmo com seus sentimentos desejos e necessidades favorecendo a realização de um pedido mais claro e compassivo e para os discentes vai ajudar no desenvolvimento de uma educação socioemocional principalmente ao se tratar da utilização de ferramentas lúdicas fazendo com que esse aprendizado seja utilizado inclusive no seu cotidiano É o que ela demonstra ao relatar uma de suas experiências em que foi mediadora Aragão 2020 conta que duas crianças na faixa de três anos de idade estavam em um determinado conflito sobre a utilização de um brinquedo quando chegou uma terceira criança que devido ao convívio com a CNV utilizou as ferramentas do diálogo para realizar uma mediação com os colegas propondo que cada um brincasse um pouco e que a professora seria a responsável por marcar o tempo Essa mediação só foi possível devido ao fato de que mediações e diálogos empáticos eram feitos diariamente em sala de aula pela docente Podese observar que em um contexto onde a CNV é praticada as crianças desenvolvem autonomia e responsabilidade nas relações socioemocionais não sendo necessária a presença de um docente mediador para resolver todos os conflitos Para que o diálogo seja claro e significativo para os estudantes o que se transmite deve estar coerente com as nossas ações porque como afirma Freire 2014 não basta só pensar certo é preciso fazer certo também A partir da convivência e através dos exemplos de mediação de conflitos com o uso da CNV os discentes aprendem na prática como se relacionar e lidar com os conflitos de forma nãoviolenta Para que os docentes possam ser exemplos práticos de uma educação nãoviolenta é preciso que eles recebam formação nessa área As respostas levantadas a partir do questionário revelam que 964 dos professores consideram importante a implementação de uma disciplina que tenha como objetivo uma educação empática de respeito compassiva e dialógica que possa contribuir para o desenvolvimento de indivíduos mais confiantes autônomos e felizes Segundo Aragão sp 2020 é preciso que assuntos como esse sejam trabalhados no mínimo durante todo um semestre porque infelizmente as pessoas têm um hábito violento internalizado que veio da criação da convivência das influências com sociedade etc e não é apenas em um dia que será possível uma mudança é preciso como na metáfora apresentada pela entrevistada plantar a semente contudo para que ela cresça dê frutos é necessário que esse conhecimento seja regado Considerações Finais É na prática nos pequenos momentos e nas relações interpessoais que os docentes têm maior capacidade de agir em busca de uma cultura de paz nas escolas CHARLOT 2002 Se tanto a paz quanto a violência não são inatas ambas podem ser aprendidas e ensinadas Educar com e pela paz é uma forma de construir relações mais pacíficas e justas Em uma cultura de paz a educação é baseada no respeito gentileza e empatia Os indivíduos desenvolvemse e reconhecem sua humanidade a partir de uma relação que tem como instrumento o diálogo e a capacidade de lidar com conflitos de forma empática e compassiva O conhecimento e a prática de uma comunicação nãoviolenta contribuem para uma educação que desenvolve o autoconhecimento e a empatia através de seus componentes essenciais que envolvem a observação sem julgamento a capacidade de expressar sentimentos e necessidades e de realizar um pedido de forma clara A CNV contribui nas relações interpessoais no ambiente escolar ao proporcionar a construção de relações mais empáticas os docentes são capazes de se colocarem no lugar dos seus alunos e estes no lugar dos docentes uns conhecendo as realidades dos outros Ela também desenvolve o autoconhecimento possibilitando os docentes a observaremse e a expressaremse de forma mais direta e consciente A partir da convivência com a CNV os discentes desenvolvem autonomia e autoconhecimento para aprender a lidar com os conflitos o que possibilita que expressem seus sentimentos e necessidades como se pode observar no exemplo fornecido por Aragão 2020 onde uma criança na faixa dos três anos de idade acostumada com a prática da CNV em sala mediou um conflito que ocorria entre seus colegas Constatouse que alguns docentes costumam julgar seus alunos sem perceber utilizando expressões como birra e dar um show termos que rotulam e não permitem a identificação das necessidades que não estão sendo atendidas Alguns docentes não costumam expressar seus sentimentos por considerarem inadequados ou por conta das normas das instituições em que atuam Por não conseguirem expressar seus sentimentos também não conseguem expressar suas necessidades de forma clara e nem realizar os pedidos de modo que não sejam entendidos como exigências gerando resistência Embora a CNV possa contribuir na prática docente muitos professores afirmaram não ter conhecimento sobre ou o ter de forma superficial Os docentes no entanto consideram importante a implementação de abordagens nãoviolentas em sua formação visto que elas não estão presentes nas práticas sociais e muitos hábitos violentos internalizados precisam ser desconstruídos Assim sugerese pesquisas futuras voltadas para os currículos de formação de professores em especial dos cursos de pedagogia para a implementação de disciplinas voltadas para uma abordagem de práticas nãoviolentas em sala de aula É importante repensar a formação docente para que transformações positivas ocorram porque somente com intervenções é possível melhorar as próximas práticas como afirma Paulo Freire 2014 Por isso é necessário analisar os currículos dos cursos de licenciatura em especial de Pedagogia e propor que na formação docente sejam incluídas práticas em CNV dentro de um contexto de educação para a paz Referências Bibliográficas ABRAMOVAY M CASTRO M G SILVA A P CERQUEIRA L Diagnóstico participativo das violências nas escolas falam os jovens Rio de Janeiro FLACSO Brasil OEI MEC 2016 ARAGÃO Milena Cristina Depoimento dez 2020 Entrevistadora Pâmela da Rosa Martins Palhoça Instituto Federal de Santa Catarina 2020 1 arquivo mp4 1hr5min Entrevista concedida para a pesquisa sobre educação não violenta em sala de aula Não publicada BRASIL Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional Brasília DF Presidência da República 1996 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03leisl9394htm Acesso em 01 jan 2021 BRASIL Lei Federal nº 8069 de 13 de julho de 1990 Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências Brasília DF Presidência da República 1990 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03leisl8069htm Acesso em 24 mar 2020 BRASIL Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Por uma cultura da paz a promoção da saúde e a prevenção da violência Brasília Ministério da Saúde 2009 CHARLOT B A violência na escola como os sociólogos franceses abordam essa questão Revista Sociologias Porto Alegre v 4 n 8 p 432443 2002 Disponível em httpswwwscielobrpdfsocn8n8a16pdf Acesso em 13 fev 2021 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa Paulo Freire 49 Ed Rio de Janeiro Paz e Terra 2014 GAIDARGI Alessandra Maria Martins Educação infantil dialógica e nãoviolenta Dialogia São Paulo n 33 p 246262 setdez 2019 Disponível em httpsperiodicosuninovebrdialogiaarticleview13668 Acesso em 13 fev 2021 GONÇALVES Josiane Peres A educação para a paz no âmbito escolar e sua relação com a formação docente In 1 SIMPÓSIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO XX SEMANA DE PEDAGOGIA Cascavel PR Simpósio Cascavel PR Unioeste 2008 Disponível em httpsmemoriaappsuepgbrnepbibliotecapazpedagogiapdf Acesso em 23 fev 2021 GUIMARÃES Marcelo Rezende A educação para a paz como exercício da ação comunicativa alternativas para a sociedade e para a educação Educação Porto Alegre v 29 n 2 p 329368 maioago 2006 Disponível em httpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfacedarticleview447 Acesso em 13 fev 2021 MILANI Feizi Masrour Cultura de paz x violências papel e desafios da escola In MILANI Feizi M JESUS Rita de Cássia Dias Pereira de orgs Cultura de paz estratégias mapas e bússolas Salvador INPAZ 2003 p 3162 NOLETO Marlova Jovchelovitch Abrindo espaços educação e cultura para a paz 4ed rev Brasília UNESCO Fundação Vale 2008 109 p RABBANI Martha Jalali Educação para a paz desenvolvimento histórico objetivos e metodologia In MILANI Feizi M JESUS Rita de Cássia Dias Pereira de orgs Cultura de paz estratégias mapas e bússolas Salvador INPAZ 2003 p 6396 ROSENBERG Marshall B Comunicação nãoviolenta técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais São Paulo Ágora 2006 SANTOS José Vicente Tavares dos A violência na escola conflitualidade social e ações civilizatórias Educação e Pesquisa São Paulo v 27 n 1 p 105122 janjun 2001 httpswwwscielobrpdfepv27n1a08v27n1pdf Acesso em 23 fev 2021 SOUZA Luciana Karine de Educação para a paz e educação moral na prevenção à violência Psic da Ed São Paulo n 25 p 131155 2007 Disponível em httppepsicbvsaludorgpdfpsien25v25a08pdf Acesso em 13 fev 2021 SPOSITO Marilia Pontes Um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil Educação e Pesquisa São Paulo v 27 n1 p 87103 janjun 2001 Disponível em httpswwwscielobrpdfepv27n1a07v27n1pdf Acesso em 13 fev 2021 Responsabilidade de autoria As informações contidas neste artigo são de inteira responsabilidade de seus autores As opiniões nele emitidas não representam necessariamente pontos de vista da Instituição eou do Conselho Editorial do IFSC

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Contribuições da comunicação nãoviolenta na prática docente1 Pâmela da Rosa Martins Graduanda Pedagogia Bilíngue Librasportuguês no Instituto Federal de Santa Catarina Email pamelarmalunoifscedubr Resumo O presente artigo de caráter qualiquantitativo consiste em investigar as contribuições da comunicação nãoviolenta na prática docente com base na proposta por Marshall Rosenberg 2006 As violências são situações presentes nas escolas que prejudicam a todos os envolvidos e a partir da prática docente é possível agir para melhorar as relações e tornar o espaço educativo em um ambiente de respeito e empatia Esse ambiente pode ser desenvolvido através de uma educação para a paz utilizandose a comunicação nãoviolenta A discussão fundamentase em pesquisas bibliográficas entrevista com especialista da área e a aplicação de um questionário online com docentes e futuros docentes da Grande Florianópolis na qual identificouse que a comunicação nãoviolenta contribui para que o docente consiga agir de forma mais empática e compassiva entretanto segundo os resultados obtidos nessa investigação a maioria dos docentes não possui conhecimento ou quando possui é superficial sobre a comunicação nãoviolenta Concluímos que é importante repensar a formação docente incluindo esse tema nos componentes curriculares dos cursos de Licenciatura em especial dos cursos de Pedagogia Palavraschave Educação para a paz Comunicação nãoviolenta Prática docente Introdução As violências são um problema social cujo impacto é responsável por causar nas vítimas além de danos físicos sintomas como depressão agressividade isolamento social baixa autoestima aumento no consumo de álcool e outras drogas BRASIL 2009 Elas podem se manifestar de diferentes formas física sexual verbal e através de condutas e comportamentos que são as de acordo com Alessandra Gaidargi 2019 violências veladas Por atingir toda a sociedade as violências também estão presentes nas escolas A preocupação com as violências na esfera escolar não se restringe ao âmbito nacional A Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura UNESCO por 1 Este artigo foi apresentado no dia 23 de março de 2021 como Trabalho de Conclusão de Curso e foi julgado adequado para a obtenção do título de Licenciada em Pedagogia Bilíngue pelo IFSCPHB e aprovado pela seguinte comissão avaliadora Vívian de Camargo Coronato orientadora Ana Paula Jung e Danielli Vieira Defesa remota por conta da Pandemia Coronavírus Ata da defesa com ciência e aceite por email de todos os membros da banca e da acadêmica arquivada no Registro Acadêmico do Campus exemplo dedicouse a iniciativas para promover uma cultura de paz NOLETO 2001 Este conceito será explicado ao longo deste artigo As violências presentes nas salas de aula às vezes imperceptíveis para o docente podem causar prejuízos na relação com os seus alunos e no desenvolvimento deles No Brasil a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB contém incisos que versam sobre o combate às violências e à busca por uma cultura de paz BRASIL 1996 No Estatuto da Criança e do Adolescente ECA lêse que o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física psíquica e moral da criança e do adolescente abrangendo a preservação da imagem da identidade da autonomia dos valores ideias e crenças dos espaços e objetos pessoais BRASIL 1990 Esse direito no entanto é violado em uma educação que não promove a cultura de paz As violências manifestamse quando o docente oprime ridiculariza faz comparações retira pertences pessoais põe de castigo entre outras coisas É importante que docentes e futuros docentes tenham uma prática não violenta que respeite os discentes integralmente como sujeitos que têm valores ideias e crenças por meio da compaixão e empatia É preciso observar se os docentes praticam uma educação não violenta baseada em uma cultura de paz e têm conhecimentos de ferramentas que auxiliem na mediação de conflitos como a comunicação nãoviolenta CNV Para verificar se isso ocorre na prática elaborouse um questionário online2 com professores da região da Grande Florianópolis respondido por 56 docentes a partir do qual desenvolveuse uma análise apresentada neste artigo Para participar do questionário os participantes responderam ao termo de consentimento concordando com a participação sem nenhum custo ou vantagem e com o tratamento de forma sigilosa e anônima Além do questionário foram feitas pesquisas bibliográficas e uma entrevista semiestruturada com Milena Aragão psicóloga e Doutora em Educação pela Universidade Federal do Sergipe que atua com a comunicação nãoviolenta por meio de formações palestras e mediações Os objetivos da entrevista foram expostos e consentidos pela entrevistada A entrevista realizada de forma remota através do Google Meet contou com 13 perguntas e durou aproximadamente uma hora A transcrição realizada posteriormente foi aprovada e consentida pela entrevistada As situações de conflitos em sala de aula podem provocar estresse nos professores deixandoos irritados ocasionando situações de violências veladas ou explícitas De acordo com Marshall Rosenberg 2006 a CNV pode auxiliar a evitar ou a lidar com os conflitos de forma mais compassiva e empática Ela é uma forma de linguagem que estimula o desenvolvimento da nossa compaixão natural fazendo com que as pessoas se conectem a si mesmas e aos outros Nesse tipo de comunicação sugerese que seja repensada a forma 2 Disponível em httpsformsglekGQJJ1JBDc9tmf7C9 como os indivíduos interagem considerando os sentimentos e desejos de cada um Vale investigar portanto como ela pode contribuir na prática docente É preciso identificar o que são as violências quais seus tipos e a realidade dos educadores o que será realizado relacionando as propostas de Rosenberg 2006 sobre a CNV e seus quatro componentes a saber i observar sem avaliar ii identificar e expressar os sentimentos iii expressar as necessidades e iv realizar o pedido As violências nas escolas As violências segundo Gaidargi 2019 são comportamentos não inatos ou seja são comportamentos aprendidos as crianças não nascem violentas Elas também são um problema social e se manifestam através de ações que causam danos físicos emocionais espirituais a si próprios ou aos outros BRASIL 2009 As violências estão presentes nas formas como as pessoas se comunicam estão nas expressões faciais e corporais nas agressões física e sexual Elas também acontecem de forma velada através de piadas e brincadeiras mal intencionadas Sendo assim a violência se pauta no desrespeito GAIDARGI 2019 p 248 As violências possuem várias modalidades e níveis nesse sentido justificase o termo violências e faz parte de um processo históricocultural sendo um dos problemas mais complexos que a sociedade enfrenta atualmente de acordo com Milani 2003 As violências estão presentes em todas as camadas da sociedade e em todas as formas de expressão e como dito anteriormente se fazem presente também nas escolas No Brasil inicialmente a preocupação com as violências presentes nas escolas era relacionada com os danos causados ao patrimônio e posteriormente passou a ser analisada também nas interações sociais como apresentam Sposito 2001 e Souza 2007 envolvendo pais alunos professores e comunidade A apreensão com todas as formas de violência na escola consta no inciso IX da LDB incluído pela Lei nº 13663 de 2018 onde se lê que é necessário promover medidas de conscientização de prevenção e de combate a todos os tipos de violência no âmbito das escolas BRASIL 1996 As violências nas escolas de acordo com Gaidargi 2019 são reflexo da sociedade e se tornam um assunto preocupante que afeta a comunidade escolar as famílias e a sociedade como um todo Charlot 2002 caracteriza a violência presente na escola em três tipos i a violência na escola ii a violência à escola e iii a violência da escola A violência na escola se refere à localização ou seja é apenas o lugar de uma violência que teria podido acontecer em qualquer outro lugar CHARLOT 2002 p 434 A violência à escola são aquelas praticadas pelos estudantes contra a instituição e aqueles que a representam como professores diretores etc Já a violência da escola referese àquelas praticadas pela escola com os alunos ocorre de forma institucional simbólica como a escola e seus agentes tratam esses discentes Assim embora a escola seja de certa maneira impotente em relação às violências na escola ela pode segundo Charlot 2002 agir na direção de dirimir as outras duas práticas violentas É na prática cotidiana nas pequenas ações nas relações interpessoais que os docentes têm mais capacidade de agir CHARLOT 2002 e uma das formas de ação para uma educação para a paz uma educação não violenta é por meio da CNV Educação para paz educação para a não violência Assim como a violência não é inata tampouco é a paz como afirma Milani 2003 Ela precisa ser ensinada e aprendida e estar presente em toda uma cultura Daí o termo cultura de paz uma cultura onde os conflitos são resolvidos de forma pacífica e justa Para se construir uma cultura de paz é necessário transformações que vão desde a dimensão dos valores atitudes e estilos de vida até a estrutura econômica e jurídica as relações internacionais e a participação cidadã MILANI 2003 No sentido de promover uma cultura de paz a UNESCO reconhece o ano 2000 como o ano internacional por uma cultura de paz e o período de 20012010 como a década internacional para uma cultura de paz e nãoviolência para as crianças do mundo No Brasil muitos projetos dedicados à promoção da paz têm sido realizados como o projeto Abrindo Espaços educação e cultura para a paz NOLETO 2008 A cultura de paz se refere ao trabalho desenvolvido em favor da contribuição por mudanças ansiadas pela humanidade como a justiça social igualdade entre os sexos eliminação do racismo tolerância religiosa respeito às minorias educação universal equilíbrio ecológico e liberdade política MILANI 2003 De acordo com Noleto 2008 é uma construção cotidiana e permanente a busca por reduzir as desigualdades e injustiças sociais Nas escolas Milani apresenta doze temáticas que precisam ser trabalhadas de preferência em conjunto a fim de se promover uma cultura de paz São elas fortalecimento da identidade pessoal e cultural promoção do autoconhecimento e autoestima desenvolvimento da comunicação interpessoal educação para o exercício da cidadania vivência e reflexão a respeito de valores éticos universais reconhecimento da alteridade e respeito à diversidade sensibilização em questões de gênero sensibilização em questões étnicas aprendizado da prevenção e resolução pacífica de conflitos promoção do protagonismo juvenil mobilização e participação comunitária em prol do bemestar coletivo e com métodos nãoviolentos educação ambiental MILANI 2003 p 5556 Essas temáticas de promoção de uma cultura de paz estão presentes nas proposições de uma educação não violenta uma educação que de acordo com Gaidargi 2019 p 259 demonstra a possibilidade de novos tipos de relação entre os diversos integrantes da comunidade escolar atuando de forma consciente num modelo baseado em respeito e gentileza A não violência contribui na educação como apresenta Gaidargi 2019 fazendo com que alunos e professores se desenvolvam e se reconheçam em sua humanidade a partir de relações dialéticas Segundo Martha Rabbani 2003 o diálogo liberta o aluno e a si mesmo da violência e da opressão através dele se ensina e se aprende com um fim em si mesmo exercendo no próprio ato de ensinar e aprender o valor do educando e do educador Por meio do diálogo de acordo com Paulo Freire 2014 é possível aos educandos a compreensão do que está sendo comunicado aprendendo e se desenvolvendo com base no respeito Uma educação não violenta permite que todos se sintam à vontade para expressar suas emoções e como se sentem com determinadas situações como afirma Rabbani a natureza real de um problema se torna evidente quando todos os afetados podem expressar sua compreensão sua informação sobre o mesmo Quando essa participação coletiva não ocorre a transmissão de qualquer informação ou qualquer conteúdo se torna uma prática violenta ainda que venha sob o rótulo de ciência RABBANI 2003 p 74 Sendo assim a resolução dos conflitos só é possível quando todos envolvidos são capazes de identificar o problema e para isso é preciso que todos possam se expressar tenham espaços de fala sejam escutados empaticamente sejam respeitados integralmente enquanto sujeitos ligados à emoção que possuem crenças valores ideias desejos etc Se faltam esses elementos não há diálogo nem uma real aprendizagem e qualquer ação advinda dessa forma tornase violenta RABBANI 2003 A CNV é um caminho para a educação para a paz que considera amorosa e respeitosamente as crianças como indivíduos completos auxiliando no desenvolvimento de personalidades nãoviolentas nos estudantes GAIDARGI 2019 A educação baseada no diálogo e no respeito que não tem espaço para violência e atitudes punitivas e depreciativas é um espaço de educação para a humanidade de educação para a paz GAIDARGI 2019 p 260 Rabbani 2003 afirma que o método dialógico é transparente e leva a conscientização sobre a violência e a ação para a paz ele educa a partir de distintas perspectivas induzindo ao conhecimento real sobre determinado problema e consequentemente para uma ação efetiva para a sua transformação Importante destacar que uma educação para a paz não é uma educação sem conflitos já que Conflitos são normais e não são necessariamente positivos ou negativos maus ou ruins É a resposta que se dá aos conflitos que os torna negativos ou positivos construtivos ou destrutivos A questão é como se resolvem os conflitos se por meios violentos ou nãoviolentos GUIMARÃES 2006 p 346 Uma das maneiras de evitar ou resolver conflitos de forma pacífica através do diálogo é utilizando uma CNV que segundo Aragão 2020 s p é uma forma de resolver conflitos ou lidar com conflitos de uma maneira empática e compassiva trazendo observação sentimentos necessidades e o pedido adequado a essas necessidades Milani 2003 relembra que a missão da escola é educar para a vida e formar cidadãos então sabendo que o conflito faz parte das relações humanas e há a necessidade de se educar para a vida tornase importante buscar meios de mediação negociação etc que tornem a sua resolução pacífica e proporcionem o desenvolvimento de uma cultura de paz através da educação O que é Comunicação NãoViolenta CNV Marshall Rosenberg 2006 inicia sua obra Comunicação nãoviolenta técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e interpessoais com um relato pessoal que fomentou o seu desejo em compreender como as pessoas se mantêm compassivas mesmo em situações adversas Após estudos ele identifica a linguagem e o uso de palavras o falar e o ouvir a comunicação como fonte para florescer a compaixão natural A CNV é uma forma de comunicação que consiste em fazer as pessoas se conectarem e se concentrarem em agir de maneira clara promovendo o respeito a atenção e a empatia possibilitando que a compaixão natural floresça ROSENBERG 2006 Através da CNV os indivíduos reformulam a maneira com que se expressam e ouvem os outros identificando sentimentos e desejos Nesse sentido A CNV nos ensina a observarmos cuidadosamente e sermos capazes de identificar os comportamentos e as condições que estão nos afetando Aprendemos a identificar e articular claramente o que de fato desejamos em determinada situação A forma é simples mas profundamente transformadora ROSENBERG 2006 p 22 Para conseguir utilizar a CNV com eficácia são necessárias algumas habilidades sendo uma delas ligada ao autoconhecimento porque é possível praticar a violência através da comunicação com outro sem perceber pois embora possamos não considerar violenta a maneira de falarmos nossas palavras não raro induzem à mágoa e à dor seja para os outros seja para nós mesmos ROSENBERG 2006 p 21 É fundamental também ter empatia para que ocorra essa conexão que a CNV propõe a empatia é a compreensão respeitosa do que os outros estão vivendo e para oferecêla devemos receber também Para isso também é preciso mostrar nossa vulnerabilidade ROSENBERG 2006 p 133 A concepção de CNV proposta por Rosenberg trabalha com dois elementos figurativos o chacal e a girafa De acordo com Aragão 2020 o chacal é a forma grosseira com que as pessoas se apresentam com rótulos e violências já a girafa significa conexão e se baseia no respeito mútuo e na empatia a girafa é símbolo da CNV A ideia de usar as figuras do chacal e da girafa foi surgiu porque Rosenberg costumava utilizar fantoches desses dois animais em alguns seminários para demonstrar a diferença entre a linguagem do chacal e a da girafa para crianças e adultos como por exemplo Por favor diga isso de outro jeito Use sua conversa de girafa solicitava uma professora de Chicago EUA quando alguém se comportava como um chacal ROSENBERG 2006 p 28 Para o desenvolvimento de uma CNV Rosenberg 2006 propõe 4 componentes a serem desenvolvidas i observar sem avaliar ii identificar e expressar os sentimentos iii expressar as necessidades e iv realizar o pedido Segundo Aragão 2020 o objetivo dos quatros componentes é repensar toda uma estrutura de relacionamento A seguir detalhamos esses componentes O primeiro componente observar sem avaliar indica que é importante estar atento aos acontecimentos ao nosso redor sem apresentar nenhum julgamento Os julgamentos os rótulos segundo Rosenberg 2006 não permitem que conheçamos uns aos outros em suas totalidades A CNV é uma linguagem dinâmica que desestimula generalizações estáticas A linguagem dinâmica proporciona que as observações sejam feitas de modo específico para um tempo e um determinado contexto e ela desestimula generalizações estáticas porque estas causam problemas visto que a realidade das pessoas da sociedade em geral está em constante mudança Dessa forma o truque é ser capaz de articular essa observação sem fazer nenhum julgamento ou avaliação mas simplesmente dizer o que nos agrada ou não naquilo que as pessoas estão fazendo ROSENBERG 2006 p 25 Por exemplo ao invés de dizer você raramente faz o que eu quero podese dizer nas últimas três vezes que comecei uma atividade você disse que não queria fazêla ROSENBERG 2006 p 57 Nesse sentido a observação referese ao que de fato pode ser observado sem generalizar e rotular as pessoas O segundo componente identificar e expressar os sentimentos referese à capacidade de conseguir identificar um sentimento e expressálo de forma correta Uma determinada ação pode estimular sentimentos que precisam ser identificados como mágoa medo alegria tristeza etc No entanto nosso repertório de palavras para rotular os outros costuma ser maior do que o vocabulário para descrever claramente nossos estados emocionais ROSENBERG 2006 p 63 e isso é um dos fatos que faz com que expressar os sentimentos se torne um desafio Além disso nossa sociedade desestimula a manifestação dos sentimentos Ao expressarse é importante clareza para que o outro consiga entender o que está sendo falado Quando se utiliza palavras junto com verbos sentir que não apresentam sentimentos ou ideias genéricas que podem abrir espaço para outras interpretações afetase o outro de forma que a necessidade e o pedido não sejam atendidos como se gostaria No livro de Rosenberg 2006 p 74 que citamos anteriormente o autor conta sobre uma mulher casada que tenta expressar como se sente em relação ao marido sinto que estou casada com uma parede diz ela Essa frase pode ser entendida como uma opinião e uma crítica porque não apresenta nenhum sentimento Então Rosenberg a estimula a apresentar seus sentimentos de forma clara ou seja dizer que está se sentindo solitária e gostaria de mais atenção Logo ao expressar nossos sentimentos e emoções de forma clara e específica nos conectamos mais facilmente uns com os outros e ao nos permitirmos ser vulneráveis ajudamos a resolver conflitos ROSENBERG 2006 No exemplo anterior a mulher casada além de dizer que estava se sentindo solitária também expressou sua necessidade a de ter mais atenção Expressar as necessidades é o terceiro componente da CNV Como Rosenberg 2006 apresenta é necessário reconhecer quais as necessidades estão ligadas ao sentimento específico de cada um O último componente da CNV é saber realizar um pedido ou seja após identificar o que se sente e qual é sua necessidade é preciso saber expressálo de forma clara e honesta Para realizar o pedido devese expressar o que se está pedindo e não o que não se está pedindo pois isso causa confusão e também leva a resistência Os pedidos devem ser feitos com uma linguagem positiva especificando uma ação concreta que a pessoa consiga realizar Rosenberg 2006 p 104 exemplifica uma mulher frustrada porque o marido estava passando tempo demais no trabalho descreveu como seu pedido tinha se voltado contra ela Pedi que ele não passasse tanto tempo no trabalho Três semanas depois ele reagiu anunciando que havia se inscrito num torneio de golfe Ela havia comunicado a ele com sucesso o que ela não queria que ele passasse tanto tempo no trabalho mas tinha deixado de pedir o que ela realmente queria Solicitada a reformular seu pedido ela pensou por um minuto e disse Eu queria terlhe dito que desejava que ele passasse pelo menos uma noite por semana em casa com as crianças e comigo Observase pelo exemplo acima que ao dizer o que não se quer podese receber respostas que não atendam às suas necessidades Por isso é preciso afirmar o que se deseja e evitar frases vagas abstratas ou ambíguas porque estas abrem espaço para várias interpretações Para ficar compreensível para o ouvinte é preciso expressar mais do que só sentimentos porque isso não torna explícito o que se quer por exemplo quando se afirma estou aborrecida porque você se esqueceu da manteiga e das cebolas que lhe pedi que comprasse para o jantar embora pareça claro a quem expressa a afirmação não apresenta a necessidade nem um pedido que poderia ser que a pessoa voltasse ao estabelecimento para comprar o que faltou ROSENBERG 2006 p 110 Há uma importante distinção entre pedido e exigência Um pedido é algo que pode ou não ser atendido uma exigência deve ser atendida senão haverá culpa ou punição Normalmente quando os pedidos não são atendidos as pessoas tendem a ter uma reação negativa e ficar buscando o que há de errado no outro ou em si mesmo porque a necessidade é fruto de algo que precisa ser atendido Assim ao depararse com uma negação de necessidades temse segundo Rosenberg 2006 quatro opções culpar nós mesmos culpar os outros escutar nossos próprios sentimentos e necessidades e escutar sentimentos e necessidades dos outros A CNV não trabalha com a culpa e propõe que se seja empático consigo e com os outros para que se possa entender o que se sente quando se tem um pedido negado e o que o outro está sentindonecessitando ao negar nosso pedido Assim para a CNV devese aceitar a responsabilidade pelos próprios sentimentos o que se sente não é culpa dos outros e isso deve estar expresso na forma com que se comunica Veja o exemplo a seguir A Você me desapontou ao não aparecer na noite passada B Fiquei desapontado quando você não apareceu porque eu queria conversar a respeito de algumas coisas que estavam me incomodando Na frase A a pessoa atribui a responsabilidade pelo desapontamento somente à atitude da outra pessoa Em B o sentimento de desapontamento é reconhecido no desejo da própria pessoa que fala o qual não está sendo atendido ROSENBERG 2006 p 81 Assim na frase B a pessoa expressa seu desejo não atendido na frase A culpa o outro por ele não ter sido atendido Em uma relação empática a pessoa que recebe a frase B deve estar aberta para escutála pois é preciso sentir empatia para oferecer empatia Quando se percebe que não se pode oferecêla no momento é preciso a parar respirar sentir empatia por nós mesmos ou b gritar de modo nãoviolento ou c darnos um tempo ROSENBERG 2006 p174 Comunicarse através da CNV não significa tornarse uma pessoa sem sentimentos negativos como raiva decepção etc o importante é reconhecêlos aceitálos e entender que nem sempre é possível oferecer empatia Trabalhar com a comunicação nãoviolenta também não significa que não se possa dizer não colocar limites ou disciplinar mas isso pode ser feito como Gaidargi 2019 defende de forma gentil consciente e respeitosa Rosenberg 2006 apresenta que a CNV pode ser utilizada em diversos espaços níveis de comunicação e situações como relacionamentos íntimos famílias organizações e instituições etc sendo portanto utilizada na justiça restaurativa em círculos empáticos e pode ser aplicada nas escolas visto que pode contribuir no relacionamento com os membros da comunidade escolar no desenvolvimento do aprendizado para evitar ou resolver conflitos de forma pacífica entre outros A CNV está conectada a todas as abordagens que buscam a nãoviolência e a paz Aragão 2020 s p conta que tudo que fala sobre nãoviolência possui relação ela apresenta uma metáfora sobre a conexão entre as disciplinas a gente olha para uma floresta e vê várias árvores e aparentemente as árvores estão desconectadas mas embaixo elas se conectam através das raízes Por mais que algumas abordagens apresentam concepções diferentes os objetivos são semelhantes que são o de tornar as relações mais pacíficas e respeitosas com base na empatia A CNV e a sua relação com a prática docente desafios e contribuições A CNV na educação surge como uma alternativa para as situações de violência que ocorrem dentro das instituições de ensino indicando novos caminhos para as relações em sala de aula GAIDARGI 2019 e pode ser usada em diversas metodologias pois diz respeito à convivência entretanto é importante que a escola seja um espaço democrático que os indivíduos tenham espaços de fala Em uma escola democrática segundo Gaidargi 2019 os docentes e os discentes podem se expressar de modo que cada um reconheça e compreenda a necessidade do outro de forma compassiva e possa agir com responsabilidade com o outro A comunicação nãoviolenta de acordo com Gaidargi 2019 pode ser aplicada na educação desde a infância sendo desenvolvida com os estudantes considerando as necessidades que integram a comunidade escolar desestruturando as violências presentes nos ambientes educacionais que acontecem por meio das relações humanas Tratase de a CNV estar presente na educação escolar desde a infância porque serão norteadores da relação do aluno com a escola por toda a vida GAIDARGI 2019 p 250 afastando as violências rompendo um ciclo que segundo Gaidargi 2019 é vicioso e equivocado e que poderia acompanhar toda a vida das crianças A CNV não desestimula a disciplina mas segundo Gaidargi 2019 pode ser feita de forma gentil e respeitosa melhorando as condições de aprendizagem dos alunos favorecendo para que tenham responsabilidade e aprendam a permanecer em equilíbrio em diversas situações encontrando soluções de forma pacífica e autônoma ou seja para o desenvolvimento de personalidades nãoviolentas A CNV na educação também contribui no diálogo entre professor e aluno quando por exemplo o professor se depara com estudantes que têm um comportamento contrário do esperado já que segundo Rosenberg 2006 p 21 se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos mesmo em condições adversas A fim de verificar a prática docente em sala de aula mais especificamente na relação entre professor e aluno e quais as suas estratégias para lidar com determinadas situações realizouse uma pesquisa em 2020 através de um questionário respondido via Google Forms O questionário composto por questões fechadas e abertas conta com 56 participantes docentes e futuros docentes da região da Grande Florianópolis em Santa Catarina sendo que desse total 71 são do gênero masculino e 929 são do gênero feminino e a faixa etária está entre os 21 e os 59 anos de idade Entre os pesquisados 70 possui formação em Pedagogia ou está com curso em andamento Entre os pósgraduados 45 dos casos a maioria possui Especialização na área de Educação Especial A maior parte dos participantes graduouse entre os anos de 2010 a 2020 02 concluíram seus cursos nos anos de 1990 e 17 estão em formação Entre as instituições formadoras 50 são públicas Em relação ao tempo de experiência na área da Educação que varia de um ano até mais de vinte anos a maioria dos pesquisados tem entre 6 e 10 anos Os colaboradores dessa pesquisa com relação ao seu conhecimento em CNV a maioria afirma ter algum conhecimento eou experiência porém não de forma aprofundada conforme é possível observar na Figura 1 Figura 1 Conhecimento docente sobre CNV Fonte A autora Em relação aos dois participantes que afirmam ter conhecimento e experiência em CNV um possui formações fornecidas pela Prefeitura Municipal de Florianópolis e outro aponta que participou de quatro formações afirmando que elas contribuíram significativamente para o cotidiano escolar Com relação às áreas correlatas à CNV como cultura da paz círculos empáticos e justiça restaurativa com exceção de um participante que possui conhecimento nas áreas citadas porém não em CNV os demais participantes que afirmam ter conhecimento em CNV também o possuem em outras áreas conforme podese observar na Figura 2 Figura 2 Conhecimento docente em áreas correlatas Fonte A autora A primeira pergunta aberta realizada versa sobre o diálogo empático com os alunos questionando se os docentes costumam ouvir os estudantes e se não qual a dificuldade para tal É possível identificar que a maioria dos participantes costuma sim dialogar entretanto nem sempre esse diálogo ocorre devido a alguns fatores como a rotina o tempo dificuldade na relação com os gestores e a utilização das palavras corretas com determinada faixa etária As respostas apontam para uma necessidade de não só repensar a prática docente com base na escuta empática mas também de remodelar toda uma estrutura O respeito aos educandos considerando a sua condição de existência e dignidade só é possível com diálogo e escuta empática como afirma Paulo Freire 2014 Desse modo com diálogo empático demonstrase respeito aos estudantes como se observa no relato apresentado pelo participante A Um aluno me desrespeitou dizendo que não mando nele quando pedi para que parasse de correr pela sala e atrapalhar os colegas Pedi para que ele se sentasse na minha mesa e conversamos perguntei para ele o porque ele não tinha interesse pela aula e expliquei que realmente eu não mando nele mas dentro da sala de aula eu sou a autoridade e do mesmo jeito que eu respeito a todos eu preciso ser respeitada também Foi então que ele falou que não tinha paciência de estudar porque ele se achava burro e que ele não entendia nada A partir desse dia eu coloquei ele sentado mais perto de mim e dei atividades adaptadas a ele e mostrei a ele que cada um tem seu tempo para aprender e que eu teria paciência de esperar o tempo dele só precisava que ele se esforçasse também No relato acima constatase a presença da CNV foi estabelecido um diálogo e o professor solucionou o conflito de forma empática identificando que sentimentos e necessidades levaram o aluno a agir daquela forma O limite imposto foi colocado de forma respeitosa com liberdade para que o aluno se expressasse sendo possível que o docente identificasse que o problema do aluno estava relacionado com sua dificuldade de aprendizagem e que sua maneira de se comportar era um pedido de atenção para isso Ao iniciar um diálogo é preciso ter conhecimento da realidade do educando do contexto como apresenta Paulo Freire 2014 Nesse sentido são necessárias algumas habilidades como por exemplo observar sem avaliar ROSENBERG 2006 A maioria dos docentes entrevistados declarou não julgar as crianças mas em alguns desses casos é perceptível um julgamento como se pode observar no relato do participante B Dois alunos discutiam no corredor e os outros estavam em volta incentivando a briga corporal entrei no meio dos dois e fiz gesto de porquê da briga olhei pra um olhei para o outro apenas acenei em expressão de dúvida Foi engraçado sem pedir explicações ambos começaram a se explicar e eu os ouvi Quando foi a minha vez de falar disse a eles que estavam dando um show para os outros e que no final de tudo quem iria se prejudicar seriam eles e não os demais O participante B afirma não julgar as crianças por seu comportamento entretanto em seu relato verificase uma avaliação da situação quando o professor diz que eles estavam dando um show para os demais estudantes Essa observação pode ser vista como julgamento que culpabiliza os alunos e não os possibilita aprender como evitar ou resolver os conflitos com autonomia Para estimular os estudantes a resolverem conflitos podem ser utilizadas algumas práticas apresentadas por Aragão 2020 como trabalhar o repertório de sentimentos e emoções para que eles consigam se expressar Uma estratégia é fazer rodas de conversa com o objetivo de incentivar o diálogo entre eles outra proposta é sugerir a criação de um espaço pensado pelos próprios alunos que funcione como uma válvula de escape para onde eles possam se dirigir quando não estão se sentindo muito bem O participante C também afirma que não costuma julgar o comportamento das crianças ao exemplificar uma situação de conflito justifica a situação utilizando a expressão birra No entanto a birra é um rótulo a um determinado comportamento que é considerado inadequado ela é resultado de um sentimento e uma necessidade que não está sendo atendida Em casos como esse o docente poderia iniciar um diálogo com o aluno realizando uma escuta empática para identificar quais os sentimentos e necessidades estão afligindo o estudante A segunda pergunta Como você se sente com relação aos seus sentimentos Você consegue se expressar sentimentalmente com seus alunos versa sobre os sentimentos Sobre esse ponto a maioria relata que tem dificuldades alguns consideram inadequado expressar sentimentos por ser algo pessoal Também apontase a barreira imposta pelas instituições onde o professor deve estar aparentemente sempre bem Alguns docentes costumam demonstrar sentimentos utilizando estratégias como rodas de conversa que permitem que alunos e professor se expressem A participante D relata que Tive essa experiência e foi lindo Alguns alunos perceberam que o meu dia não estava bem e realmente não estava por problemas familiares contei a eles e eles se fizeram presente naquele momento expressaram generosidade e empatia com o meu sofrimento Assim como as crianças os docentes também são vulneráveis mostrar isso faz com que elas se coloquem no lugar do professor e possam demonstrar empatia por ele como ocorre na experiência relatada por D O questionário revela que a maioria dos participantes que afirma ter dificuldades às vezes em conhecer as suas necessidades também demonstra ter dificuldades em se expressar Rosenberg 2006 apresenta que cada necessidade está ligada a um sentimento específico assim se alguém não consegue identificar e expressar os sentimentos também não consegue identificar as necessidades como notamos nas respostas coletadas no questionário De acordo com Souza 2007 para a prevenção à violência envolvendo alunos pais e professores há princípios básicos que consistem em aprender a ouvir com atenção ter consideração e sensibilidade reclamar do que não gosta sem ofender humilhar ou atacar a pessoa atacar o problema e não a pessoa neutralizar a raiva quando esta se intensifica a tal ponto que corre o risco de desembocar em atos violentos dizer o que gosta com relação ao que os outros dizem ou fazem descarregar as tensões inevitáveis de modo saudável tolerar as diferenças e usar métodos não violentos para colocar limites e favorecer a disciplina de modo que as relações se tornem pacíficas Podese observar alguns desses princípios no relato de E Um ex aluno chegou alcoolizado e cheirando a fumo Estava atrapalhando a aula e chamei sua atenção e o mesmo foi agressivo com suas palavras nesse momento fui ríspida e chamei para conversar fora da sala de aula Expliquei que estava preocupada com sua conduta e sobre os males que isso acarretaria para o seu futuro Com o tempo ele foi melhorando seu comportamento e não chegou mais daquele jeito Depois foi para outra escola e no dia do meu aniversário me parabenizou pelo Facebook e agradeceu por tudo que fiz por ele Palavras dele O participante E ao expressar seus sentimentos e necessidades e mostrar empatia pelo o que o aluno poderia estar vivenciando observou uma mudança positiva no comportamento do mesmo A mudança nem sempre é imediata é um processo que deve ser construído diariamente Assim como o participante E o participante G descreve uma de suas experiências vivenciadas na educação infantil que também levou um tempo maior que o esperado para obter resultados G comenta sobre um aluno de três anos passando pelo período de adaptação e também de separação dos pais A criança externava tudo o que sentia dentro da sala de aula agindo com agressividade e arremessando objetos A partir de muita conversa e escuta empática os conflitos foram cessando Esse processo durou aproximadamente dois meses Foi com muita conversa e com uma postura firme e carinhosa que a criança entendeu que aquelas atitudes não eram certas e teve uma melhora comportamental muito significativa Em relação à terceira pergunta Como você lida com a resolução de conflitos Como você reage quando um aluno te contraria alguns docentes relatam ficar estressados irritados e que a resolução de conflitos demanda muita paciência Em sua maioria os profissionais utilizam a conversa Mas para que essa conversa ocorra de forma não violenta ela deve permitir a docentes e discentes se expressarem O participante B conta que fica em silêncio em situações de conflito e deixa que o aluno continue com suas convicções Nesse caso é possível identificar a falta de diálogo como uma forma de violência pois conforme Abramovay et al 2016 a negligência também é uma forma de violência porque nega o acesso ao ensino ao desenvolvimento da aprendizagem Também no relato é possível identificar a falta de empatia porque ao ignorar o aluno observase a falta de consideração com os seus sentimentos e necessidades Para Gaidargi 2019 no processo educativo falar e ouvir é a base de uma relação dialógica e da ausência de violência é preciso estabelecer uma relação de troca entre quem fala e quem ouve porque Todos tem algo grandioso a oferecer Não só falar como se a verdade fosse propriedade Muito menos só ouvir como se não houvesse nada a ser entregue ao outro GAIDARGI 2019 p 250 Alguns participantes da pesquisa apresentam formas violentas de resolução de conflitos como expulsão de aluno da sala ignorar a situação No exemplo exposto por F observase um relato onde a solução encontrada foi a de retirar o aluno da sala de aula Eu tinha recém me formado e um rapaz do ensino médio contrariado com a aula tentou causar me xingando não respondi a agressão dele me posicionei e mandei que saísse da aula chamamos a secretária e depois a cena se acalmou Nesse caso o docente se coloca em posição de autoridade quando menciona me posicionei e realiza uma ordem uma exigência quando diz que mandou que o aluno se retirasse da sala No questionário esse docente afirma apresentar dificuldades em realizar um pedido claro e empático isso pode ser observado em seu relato Retirar o aluno da sala de aula devido algum conflito pode ser considerado como uma punição e de acordo com Gaidargi 2019 a educação punitiva é falha e desnecessária pois leva o indivíduo a se concentrar nas consequências de sua ação gerando insegurança Uma mensagem que não esteja clara pode abrir espaço para várias interpretações podendo ocasionar um conflito como no relato de H A situação não aconteceu especificamente comigo mas sim com a minha colega de turma Uma criança falou para sua mãe que a professora estava brigando muito com ela e a mãe da criança acabou indo ao CEI para esclarecer a situação Porém quando a mãe chegou para nós relatando essa situação ficamos muito espantadas pois ela era uma criança bastante tranquila Mas o que ocorreu de fato foi que a professora não estava brigando com ela e sim chamando a atenção mas não era dela e sim das crianças mais agitadas Mas a criança acabou achando que a professora estava brigando com ela e alegando isso para a mãe Quando se dirige a um grupo devese expressar claramente o que se deseja obter como resposta de acordo com Rosenberg 2006 porque em caso contrário como no exemplo acima tornamse discussões improdutivas que não satisfazem as necessidades de ninguém Rosenberg 2006 afirma que nesses casos podese perguntar aos estudantes o que eles nos ouviram dizer O professor L comenta que foi agredido por um aluno e que nesse momento precisou se colocar no lugar do estudante e entendeu o sentimento e o que motivou aquela reação No dia seguinte de forma mais tranquila conversou com o aluno e a partir de então o docente passou a dar mais atenção a ele demonstrando cuidado e carinho melhorando a relação através de abraços e pequenos gestos na rotina Nesse caso o aluno queria atenção porém como não sabia pedir agia de forma agressiva Se o aluno tivesse conhecimento prático da CNV poderia expressar seus sentimentos e suas necessidades de forma não agressiva De acordo com Aragão 2020 a CNV contribui para os docentes e discentes Para os docentes ela vai colaborar para o desenvolvimento do autoconhecimento fazendo com que eles se conectem consigo mesmo com seus sentimentos desejos e necessidades favorecendo a realização de um pedido mais claro e compassivo e para os discentes vai ajudar no desenvolvimento de uma educação socioemocional principalmente ao se tratar da utilização de ferramentas lúdicas fazendo com que esse aprendizado seja utilizado inclusive no seu cotidiano É o que ela demonstra ao relatar uma de suas experiências em que foi mediadora Aragão 2020 conta que duas crianças na faixa de três anos de idade estavam em um determinado conflito sobre a utilização de um brinquedo quando chegou uma terceira criança que devido ao convívio com a CNV utilizou as ferramentas do diálogo para realizar uma mediação com os colegas propondo que cada um brincasse um pouco e que a professora seria a responsável por marcar o tempo Essa mediação só foi possível devido ao fato de que mediações e diálogos empáticos eram feitos diariamente em sala de aula pela docente Podese observar que em um contexto onde a CNV é praticada as crianças desenvolvem autonomia e responsabilidade nas relações socioemocionais não sendo necessária a presença de um docente mediador para resolver todos os conflitos Para que o diálogo seja claro e significativo para os estudantes o que se transmite deve estar coerente com as nossas ações porque como afirma Freire 2014 não basta só pensar certo é preciso fazer certo também A partir da convivência e através dos exemplos de mediação de conflitos com o uso da CNV os discentes aprendem na prática como se relacionar e lidar com os conflitos de forma nãoviolenta Para que os docentes possam ser exemplos práticos de uma educação nãoviolenta é preciso que eles recebam formação nessa área As respostas levantadas a partir do questionário revelam que 964 dos professores consideram importante a implementação de uma disciplina que tenha como objetivo uma educação empática de respeito compassiva e dialógica que possa contribuir para o desenvolvimento de indivíduos mais confiantes autônomos e felizes Segundo Aragão sp 2020 é preciso que assuntos como esse sejam trabalhados no mínimo durante todo um semestre porque infelizmente as pessoas têm um hábito violento internalizado que veio da criação da convivência das influências com sociedade etc e não é apenas em um dia que será possível uma mudança é preciso como na metáfora apresentada pela entrevistada plantar a semente contudo para que ela cresça dê frutos é necessário que esse conhecimento seja regado Considerações Finais É na prática nos pequenos momentos e nas relações interpessoais que os docentes têm maior capacidade de agir em busca de uma cultura de paz nas escolas CHARLOT 2002 Se tanto a paz quanto a violência não são inatas ambas podem ser aprendidas e ensinadas Educar com e pela paz é uma forma de construir relações mais pacíficas e justas Em uma cultura de paz a educação é baseada no respeito gentileza e empatia Os indivíduos desenvolvemse e reconhecem sua humanidade a partir de uma relação que tem como instrumento o diálogo e a capacidade de lidar com conflitos de forma empática e compassiva O conhecimento e a prática de uma comunicação nãoviolenta contribuem para uma educação que desenvolve o autoconhecimento e a empatia através de seus componentes essenciais que envolvem a observação sem julgamento a capacidade de expressar sentimentos e necessidades e de realizar um pedido de forma clara A CNV contribui nas relações interpessoais no ambiente escolar ao proporcionar a construção de relações mais empáticas os docentes são capazes de se colocarem no lugar dos seus alunos e estes no lugar dos docentes uns conhecendo as realidades dos outros Ela também desenvolve o autoconhecimento possibilitando os docentes a observaremse e a expressaremse de forma mais direta e consciente A partir da convivência com a CNV os discentes desenvolvem autonomia e autoconhecimento para aprender a lidar com os conflitos o que possibilita que expressem seus sentimentos e necessidades como se pode observar no exemplo fornecido por Aragão 2020 onde uma criança na faixa dos três anos de idade acostumada com a prática da CNV em sala mediou um conflito que ocorria entre seus colegas Constatouse que alguns docentes costumam julgar seus alunos sem perceber utilizando expressões como birra e dar um show termos que rotulam e não permitem a identificação das necessidades que não estão sendo atendidas Alguns docentes não costumam expressar seus sentimentos por considerarem inadequados ou por conta das normas das instituições em que atuam Por não conseguirem expressar seus sentimentos também não conseguem expressar suas necessidades de forma clara e nem realizar os pedidos de modo que não sejam entendidos como exigências gerando resistência Embora a CNV possa contribuir na prática docente muitos professores afirmaram não ter conhecimento sobre ou o ter de forma superficial Os docentes no entanto consideram importante a implementação de abordagens nãoviolentas em sua formação visto que elas não estão presentes nas práticas sociais e muitos hábitos violentos internalizados precisam ser desconstruídos Assim sugerese pesquisas futuras voltadas para os currículos de formação de professores em especial dos cursos de pedagogia para a implementação de disciplinas voltadas para uma abordagem de práticas nãoviolentas em sala de aula É importante repensar a formação docente para que transformações positivas ocorram porque somente com intervenções é possível melhorar as próximas práticas como afirma Paulo Freire 2014 Por isso é necessário analisar os currículos dos cursos de licenciatura em especial de Pedagogia e propor que na formação docente sejam incluídas práticas em CNV dentro de um contexto de educação para a paz Referências Bibliográficas ABRAMOVAY M CASTRO M G SILVA A P CERQUEIRA L Diagnóstico participativo das violências nas escolas falam os jovens Rio de Janeiro FLACSO Brasil OEI MEC 2016 ARAGÃO Milena Cristina Depoimento dez 2020 Entrevistadora Pâmela da Rosa Martins Palhoça Instituto Federal de Santa Catarina 2020 1 arquivo mp4 1hr5min Entrevista concedida para a pesquisa sobre educação não violenta em sala de aula Não publicada BRASIL Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional Brasília DF Presidência da República 1996 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03leisl9394htm Acesso em 01 jan 2021 BRASIL Lei Federal nº 8069 de 13 de julho de 1990 Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências Brasília DF Presidência da República 1990 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03leisl8069htm Acesso em 24 mar 2020 BRASIL Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Por uma cultura da paz a promoção da saúde e a prevenção da violência Brasília Ministério da Saúde 2009 CHARLOT B A violência na escola como os sociólogos franceses abordam essa questão Revista Sociologias Porto Alegre v 4 n 8 p 432443 2002 Disponível em httpswwwscielobrpdfsocn8n8a16pdf Acesso em 13 fev 2021 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa Paulo Freire 49 Ed Rio de Janeiro Paz e Terra 2014 GAIDARGI Alessandra Maria Martins Educação infantil dialógica e nãoviolenta Dialogia São Paulo n 33 p 246262 setdez 2019 Disponível em httpsperiodicosuninovebrdialogiaarticleview13668 Acesso em 13 fev 2021 GONÇALVES Josiane Peres A educação para a paz no âmbito escolar e sua relação com a formação docente In 1 SIMPÓSIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO XX SEMANA DE PEDAGOGIA Cascavel PR Simpósio Cascavel PR Unioeste 2008 Disponível em httpsmemoriaappsuepgbrnepbibliotecapazpedagogiapdf Acesso em 23 fev 2021 GUIMARÃES Marcelo Rezende A educação para a paz como exercício da ação comunicativa alternativas para a sociedade e para a educação Educação Porto Alegre v 29 n 2 p 329368 maioago 2006 Disponível em httpsrevistaseletronicaspucrsbrojsindexphpfacedarticleview447 Acesso em 13 fev 2021 MILANI Feizi Masrour Cultura de paz x violências papel e desafios da escola In MILANI Feizi M JESUS Rita de Cássia Dias Pereira de orgs Cultura de paz estratégias mapas e bússolas Salvador INPAZ 2003 p 3162 NOLETO Marlova Jovchelovitch Abrindo espaços educação e cultura para a paz 4ed rev Brasília UNESCO Fundação Vale 2008 109 p RABBANI Martha Jalali Educação para a paz desenvolvimento histórico objetivos e metodologia In MILANI Feizi M JESUS Rita de Cássia Dias Pereira de orgs Cultura de paz estratégias mapas e bússolas Salvador INPAZ 2003 p 6396 ROSENBERG Marshall B Comunicação nãoviolenta técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais São Paulo Ágora 2006 SANTOS José Vicente Tavares dos A violência na escola conflitualidade social e ações civilizatórias Educação e Pesquisa São Paulo v 27 n 1 p 105122 janjun 2001 httpswwwscielobrpdfepv27n1a08v27n1pdf Acesso em 23 fev 2021 SOUZA Luciana Karine de Educação para a paz e educação moral na prevenção à violência Psic da Ed São Paulo n 25 p 131155 2007 Disponível em httppepsicbvsaludorgpdfpsien25v25a08pdf Acesso em 13 fev 2021 SPOSITO Marilia Pontes Um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil Educação e Pesquisa São Paulo v 27 n1 p 87103 janjun 2001 Disponível em httpswwwscielobrpdfepv27n1a07v27n1pdf Acesso em 13 fev 2021 Responsabilidade de autoria As informações contidas neste artigo são de inteira responsabilidade de seus autores As opiniões nele emitidas não representam necessariamente pontos de vista da Instituição eou do Conselho Editorial do IFSC

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