219
Pedagogia
UNIT
17
Pedagogia
UNIT
10
Pedagogia
UNIT
17
Pedagogia
UNIT
34
Pedagogia
UNIT
6
Pedagogia
UNIT
22
Pedagogia
UNIT
13
Pedagogia
UNIT
Texto de pré-visualização
Trajetória e Políticas para o Ensino das Artes no Brasil anais do XV Confaeb Ministério da Educação Brasília dezembro de 2006 Trajetória e Políticas para o Ensino das Artes no Brasil anais do XV Confaeb XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil Edições MECUNESCO Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Ministro da Cultura Gilberto Gil SecretárioExecutivo do Ministério da Educação José Henrique Paim Fernandes Secretário de Educação Continuada Alfabetização e Diversidades Ricardo Henriques Presidente da Funarte Antonio Grassi SECAD Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade Esplanada dos Ministérios Bl L sala 700 Brasília DF CEP 70097900 Tel 55 61 21048432 Fax 55 61 21048476 Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura Representação no Brasil SAS Quadra 5 Bloco H Lote 6 Ed CNPqIBICTUNESCO 9º andar 70070914 Brasília DF Brasil Tel 55 61 21063500 Fax 55 61 33224261 Site wwwunescoorgbr Email grupoeditorialunescoorg Trajetória e Políticas para o Ensino das Artes no Brasil anais do XV Confaeb XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil FAEB Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil 15 2004 Rio de Janeiro RJ XV CONFAEB 2004 trajetória e políticas do ensino de artes no Brasil Rio de Janeiro FUNARTE Brasília FAEB 2005 ISBN 8598171565 346p 1 Arte na educação Brasil 3 Arte na educação Congressos CCD 3725 2006 Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade Secad e Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura Unesco Conselho Editorial da Coleção Educação para Todos Adama Ouane Alberto Melo Célio da Cunha Dalila Shepard Osmar Fávero Ricardo Henriques Coordenação Editorial Coordenadora Maria Adelaide Santana Chamusca Assistente Shirley da Luz Villela Produção e edição final Editorial Abaré Revisão Tereza Vitale e equipe Diagramação Rogério Pinto Tiragem 5000 exemplares Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Os autores são responsáveis pela escolha e apresentação dos fatos contidos nesse livro bem como pelas opiniões nele expressas que não são necessariamente as da UNESCO e da SECADMEC nem comprometem a Organização e a Secretaria As indicações de nomes e a apresentação do material ao longo deste livro não implicam a manifestação de qualquer opinião por parte da UNESCO e da SECADMEC a respeito da condição jurídica de qualquer país território cidade região ou de suas autoridades nem tampouco a delimitação de suas fronteiras ou limites I Abertura Congresso Nacional da Federação dos ArteEducadores do Brasil Antônio Grassi 15 Apresentação da Federação dos ArteEducadores do Brasil José Mauro Barbosa Ribeiro 17 BemVindos ArteEducadores Míriam Brum 19 Arte e Educação cerzir fronteiras enunciar territórios Ricardo Henriques 21 II Painel políticas públicas para o ensino de arte no Brasil Boasvindas Myriam Lewin 31 XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil Antonio Cláudio Gomes 33 A Importância da Arte no Currículo no Ensino Fundamental das Escolas do Município do Rio de Janeiro Maria de Fátima Gonçalves da Cunha 35 Sumário Aspectos da ArteEducação a partir dos Anos 1970 no Estado do Rio de Janeiro Caíque Botkay 37 III Homenagens Não me Conformo Renan Tavares 45 Albertina dínamo de coragem e liderança Ritamaria Aguiar 48 Homenagem ao Professor Camarotti Arheta Ferreira de Andrade 51 IV Conferências ArteEducação Contemporânea ou Culturalista Ana Mae Barbosa 55 XV Congresso da Federação de ArteEducadores do Brasil Laís Aderne 64 V Mesas Temáticas Políticas Públicas e o Ensino de Arte no Brasil Mediador Richard Perassi Luis de Souza 79 1 Políticas Públicas para o Ensino de Arte no Brasil a transversalidade necessária José Mauro Ribeiro Barbosa 89 2 O Ministério da Cultura e a Funarte Míriam Brum 85 3 Educação Física e Cultural na Escola Pública Carlos Alberto Ribeiro de Xavier 92 4 Políticas Públicas e o Ensino da Arte Francisco Potiguara Cavalcante Júnior 107 Ensino da Arte em Contextos de Comunidade Mediadora Leda Guimarães 113 1 Educação Artística a Serviço da Comunidade perspectiva histórica dos africanos e da diáspora Jacqueline Chanda 113 2 Componentes da Ação Comunitária como Fontes Pedagógicas Vesta A H Daniel 122 3 Reflexões sobre o Ensino da Arte no Âmbito das ONGs Lívia Marques Carvalho 134 Pesquisas em Ensino de Arte no Brasil Mediadora Isabela Frade 144 1 Entrevidas o cotidiano e o ensino de arte Míriam Celeste Martins 144 2 Pesquisas no Ensino e na Formação de Professores caminhos entre visualidades e visibilidades Lucimar Bello P Frange 148 3 Pedagogia do Teatro e Teatro na Educação Ingrid Koudela 161 Formação de Professores de Arte Novos Caminhos Mediador Aldo Victoriano 164 1 Formação de Professor de Arte novos caminhos muitas responsabilidades imensa responsabilidade Lúcia Gouvêa Pimentel 164 2 Dançaeducação uma contribuição da expressão corporaldança Mabel Emilce Botelli 173 3 A Modalidade Música no Composto ArteEducaçãoMúsicaEscola notas certezas e indagações em torno da formação de professores Regina Márcia Simão Santos 182 4 Cursos de Arte novos caminhos Abordagens metodológicas do teatro na educação Arão Paranaguá de Santana Ingrid Dormien Koudela 204 Arte Diversidade Cidadania e Inclusão Mediadora Ritamaria Aguiar 204 1 Arte na Diversidade da função à inclusão Roberta Puccetti 204 2 Pertencer e Viver Denise Mendonça 215 3 Educação Intercultural e Educação para Todosas dois conceitos que se complementam Ivone Mendes Richter 220 VI Comunicações Grupos de Trabalho Pôsters e Oficinas 1 Ensino de Arte e Cultura Visual Coordenação Terezinha M Losada Moreira 228 2 Currículo e Ensino de Arte Coordenação Donald Hugh Barros Kerr Jr 237 3 Ensino de Arte na Diversidade Coordenação Fernando Antônio Gonçalves de Azevedo 246 4 História do Ensino da Arte no Brasil Coordenação Luciana Grupelli Loponte 259 5 Arte Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental Coordenação Itamar Alves Leal dos Santos 264 6 Formação de Professores em Arte Coordenação Richard Perassi Luis de Sousa 268 7 Ensino de Arte e Interdisciplinaridade Coordenação Maria Célia F Rosa 277 8 Ensino de Arte nos Espaços Culturais Coordenação Alice Bemvenutti 285 9 Ensino de Artes e Novas Tecnologias Coordenação Alberto Coelho 299 10 Ensino de Arte Corpo e Som Coordenação Rosimerie Gonçalves 307 Pôsters 1 A ArteEducação por Meio do Lúdico Leo no Renascimento Tatiana Dantas Oliveira 312 2 Ciranda de Tarituba Elis Regina Silveira Vasconcelos de Lima 313 3 Comunidade Virtual Faeb Federação de ArteEducadores do Brasil Arthur Leandro e Itamar Alves Leal dos Santos 314 4 Do Labirinto dos Dinossauros ao Labirinto das Crianças Alessandra Mara Rotta de Oliveira 315 5 Ensino da Dança arte corpo e socialização Valeska Ribeiro Alvim Kátia Imaculada Moreira e Maristela Moura Silva Lima 316 6 O Enigma do Prazer Natasha Parlagreco 317 7 O Fluxo da Imagem Domina Tudo o fluxo da mulher domina o homem Silvana Fonseca 318 8 Língua de Barro e Fogo Ana Maria Giffoni Soares 319 9 As Linguagens Artísticas e a Pesquisa em Artes Rose Mary Aguiar Borges e João Henrique Verly Serrão 320 10Macapá Amapá extremo norte do Brasil bem no meio do mundo Jonas Borges e Anderson Rirley 320 11 Obra de Arte Cédula Dione Souza Lins e Luís Ricardo Pereira de Azevedo 321 12 As ONGs e a Ludicidade na Formação de ArteEducadores uma possibilidade de inclusão social Ana Paula Trindade de Albuquerque 322 13 O Que é o Lugar Por Que e Quando se Dá o nosso Lugar Kátia Meireles 323 14 Por Que se Esconde a Árvore Barbara Harduim 323 15 Projeto de Artes Maria do Carmo Ferreira Magela 324 16 Revista ArteEducação Alexandre Palma da Silva 325 17 2º Encontro de ArteEducadores da Região do Médio Paraíba III ResendeRJ Múltiplas linguagens da arte no mundo da escola Alice Brandão Maria Estela de Oliveira e Nadia Teresinha Moraes Nelson 326 18 Um Triângulo Imoral Reflexões Acerca da Relação SexualidadeFamíliaEscola Rejane Galeno e Tissiana Carvalhêdo 327 19 Uso de VRML para Educação a Distância em Arte Jurema Luzia de Freitas SampaioRalha 328 Oficinas Coordenação Itamar Alves Leal dos Santos e Rosimeri Aguiar Borges 329 1 ArteEducare arteeducação integrada ao programa de educação em valores humanos educare Marcelle de Lima Lyra 330 2 A Arte na Escrita Maria Beatriz Albernaz 330 3 Brincando de Brincadeira reciclando o encontro Antonio Ataíde Cunha Filho 331 4 Expressão Criativa com o Corpo no TeatroEducação Ariadne Cardoso Carvalho e Cilene Nascimento Canda 331 5 Expressão Musical recriação e som Sidney Mattos 332 6 A Importância da Dança como Propulsora do Movimento Criativo na Formação de Professores de Arte Carla Ávila e Mirza Ferreira 333 7 Grafismo Indígena Brasileiro os Asurini do Xingu Vera Pletitsch 333 8 Oficina de Circo Merinéia Ribeiro 334 9 Percepção Corpóreo Vocal para Dançar na Escola Nara Salles 335 10 Zumbi e a Estética Africana através de Máscaras de Argila Rose Mary Aguiar Borges e Vitória Levy Sztejnman 336 Índice Autoral 338 I Abertura do XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil Original box plot The median The box The whiskers The outliers The values from the lower quartile to the upper quartile represent 75 but exclude outliers MiniMax 15 Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil Antonio Grassi A o apoiar o XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil Confaeb que reuniu profissionais de todo o país para discutir os rumos do ensino no Brasil a Funarte afirma sua convicção de que é necessária a volta da arte como matéria prioritária ao currículo do ensino básico O encontro teve como tema Trajetória e Políticas para o Ensino de Arte no Brasil e promoveu espaços para a troca de experiências entre arteeducadores sobre os trabalhos desenvolvidos nas escolas brasileiras As estruturas educacionais do país vêm ao longo dos anos se democratizando mesmo assim é inegável a necessidade de que sejam implementadas políticas mais eficazes e consistentes no sentido de garantir a inclusão do ensino da arte com qualidade o acesso ao fazer artístico à compreensão da produção estética e ao conhecimento do patrimônio cultural A promulgação em 1996 da nova Lei de Diretrizes e Bases LDB foi um passo importante na medida em que abre um processo de discussão nas redes escolares Neste momento se configurava a oportunidade de resgate do perfil humanista e criativo da educação brasileira abandonado em detrimento de um ensino técnico e profissionalizante Presidente da FunarteFundação Nacional de Arte 16 Porém poucas foram as instituições que vislumbraram o ensino da arte da filosofia da sociologia como elementos de peso e imprescindíveis para a formação plena do cidadão Para a Funarte fica clara a necessidade de apoiar e tornarse parceira de iniciativas como as do Confaeb para que de fato possamos avançar na construção de um projeto que reaproxime o universo da educação do universo da arte e da cultura Durante os três dias do evento entre palestras oficinas e mesas temáticas os participantes debateram questões como o currículo e o ensino de arte interdisciplinaridade novas tecnologias e formação dos professores E o saldo do Confaeb foi positivo A consolidação de novas perspectivas de trabalho em escolas e universidades comprovou a disposição dos Ministérios da Cultura e da Educação em apoiar a criação e implementação de novas estratégias educativas comprometidas com a identidade social e cultural brasileira A Funarte quer fazer parte desta mudança e tem trabalhado para a criação de medidas inovadoras que dêem à arte o seu devido valor 17 Apresentação da Federação dos ArteEducadores do Brasil José Mauro Barbosa Ribeiro a sua XV edição o Congresso dos ArteEducadores do Brasil na cidade do Rio de Janeiro objetiva refletir sobre os caminhos percorridos pelo ensino de arte no nosso país e suas perspectivas de novas e possíveis direções A pauta do debate situase entre dois olhares passado e presente não como tempos estanques mas como a trama histórica que sustenta o entendimento do contexto contemporâneo em suas múltiplas dimensões fundamentando por conseguinte a ação educativa e a formulação de políticas públicas para o ensino Os objetivos das associações científicas além de promoverem a discussão a crítica e a socialização do conhecimento têm também função de congregar profissionais estimular a produção de conhecimento de pesquisa e criar meios necessários à sua divulgação A cada ano a Faeb realiza em algum estado da Federação o Confaeb nosso momento mais importante de aprofundamento das questões teórico políticas sobre o ensino de arte Nossa intenção como diretoria é realizar um congresso que realmente reflita discuta e apresente respostas para as demandas que se impõem ao contexto N Presidente da Federação dos ArteEducadores do Brasil 18 contemporâneo Este ano em que o MEC sinaliza com propostas de reformas no sistema de ensino as questões a serem discutidas aprovadas e encaminhadas às autoridades competentes têm importância primordial no apontamento de saídas para os problemas identificados neste fórum Assim a temática do congresso refletida em suas mesasredondas comunicações oficinas e pôsters remete para o aprofundamento destas questões Ser realizado na cidade do Rio de Janeiro era uma vontade há muito alimentada por todos nós arteeducadores que acompanhamos e participamos desta jornada de 15 anos pela importância política e cultural da cidade e principalmente histórica afetiva Nesta cidade foi criada a Escolinha de arte do Brasil berço portanto de nossa história e a Sobreart uma das nossas primeiras experiências associativas de arteeducadores liderada bom tempo pela saudosa Fayga Ostrower Também são desta cidade nossos homenageados in memorian que em suas vidas tanto contribuíram para a arteeducação brasileira o emérito arteeducador Geraldo Salvador e a guerreira líder do programa Arte sem Barreiras Albertina dos Santos Brasil Por fim a inauguração da parceria com a FunarteMinc a participação de autoridades do MEC do MCT em mesas temáticas e a presença de representantes das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação e Cultura do Estado do Rio nos dão o forte sentimento de que retomamos nosso lugar como protagonistas da nossa história propositores da construção de uma sociedade ética justa e estética nos seus fundamentos filosóficos e humanísticos Bom Congresso para todos 19 BemVindos ArteEducadores É Míriam Brum com enorme satisfação que a Funarte abriga o XV Congresso da Federação de ArteEducadores do Brasil Fizemos questão de receber este congresso no Palácio Capanema casa habitada por dois amantes em histórico desencontro Na verdade a tarefa a que estamos nos propondo é sempre de muito difícil abordagem já que envolve além de questões técnicas e políticas questões de ordem emocional pois como um casal educação e cultura se encontram desde há muito separados Todos nós que convivemos no diaadia com os dois sabemos que eles nascerem um para o outro Eles próprios percebem a esquizofrenia e a catástrofe geradas por esta separação Bem hoje aqui estamos para discutir a relação Com este intuito Faeb e Funarte convidaram para dividir a mesma mesa representantes da educação e da cultura em suas instâncias federal estaduais e municipais Diretora do Centro de Programas Integrados da Funarte 20 Esperamos que esta iniciativa represente um passo nesta reconciliação em uma relação mais aberta com cada um em sua própria casa mas compartilhando ações que possam ser transformadoras para a construção de uma sociedade melhor e mais justa Gostaríamos de agradecer aos conferencistas e professores convidados que nos honram com suas presenças a todos que aqui vieram dispostos a trocar idéias discutir e refletir sobre as trajetórias e políticas para o ensino de arte no Brasil 21 esde a sua criação em 1930 com o nome de Ministério de Estado da Educação e da Saúde Pública o MEC sofreu quatro grandes mudanças A primeira ocorreu em 1937 quando o Ministro Capanema estabeleceu a estrutura funcional que perdurou por décadas A segunda data de 1953 com o desmembramento da área da saúde para constituir ministério próprio quando o Ministério da Educação ganhou a sigla que até hoje conserva A terceira ocorreu em 1985 quando foi extinta no MEC a Secretaria de Assuntos Culturais e suas funções e os órgãos a ela vinculados foram transferidos ao Ministério da Cultura A quarta e última mais recente ocorreu com a criação do Ministério do Esporte que levou para si responsabilidade até então atribuída à área educacional Muito já se falou sobre as vantagens e desvantagens da vinculação desses assuntos em uma mesma Pasta ou de sua separação tal como hoje se apresentam na estrutura administrativa do governo A simples transferência de uma função governamental programas projetos recursos humanos orçamentos e outros meios de um para outro organismo do Estado Arte e Educação cerzir fronteiras enunciar territórios Ricardo Henriques D Gostaria de agradecer os comentários e as sempre ricas conversas com Carlos Alberto Xavier Secretário de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação professor licenciado da Universidade Federal Fluminense 22 não garante por si só melhores resultados em especial quando falamos de educação a mais importante missão dos governos desde a proclamação da República do Brasil Tendo em conta a amplitude do desafio educacional do Brasil já se pensou também em levar o ensino superior para o Ministério da Ciência e Tecnologia deixando a cargo do Ministério da Educação apenas a educação básica Felizmente essa última alteração do aparelho do Estado não se realizou Digo felizmente porque o problema atual da qualidade da educação está a exigir de toda a sociedade e não só dos governos um esforço redobrado para além da necessária cobertura quantitativa por demanda da educação básica E isto a partir de uma abordagem sistêmica da educação que promova a articulação continuada entre diferentes níveis e modalidades de ensino e contemple de forma integrada a educação infantil fundamental média e superior E a questão da qualidade como sabemos vincula se à adoção de políticas públicas que viabilizem a preparação e a execução de um competente projeto políticopedagógico pelas escolas de todo o país aproveitandose todos os meios modernos de que dispomos para oferecer conteúdos curriculares adequados à realidade dos diferentes contextos culturais do país Portanto o que aqui cabe não é discutir se é melhor operarmos com apenas um ou diversos ministérios e sim como agregar no projeto pedagógico das escolas os vários e diferentes assuntos da cultura da educação física e do esporte escolar da educação ambiental dos direitos e valores humanos e outros conteúdos indispensáveis à formação do cidadão na escola e fora dela Tratase também de organizar a oferta de educação dos sistemas estaduais e municipais de ensino nas diferentes regiões do país evitando que essas diferenças regionais se transformem em desigualdades O processo de separação que vem de décadas pois o litígio entre as diversas áreas afins existia antes mesmo da criação do Ministério da Cultura a partir de uma costela do MEC provocou em determinados momentos a busca de identidade tanto da educação quanto da cultura como temáticas isoladas Esse processo de forma perversa e artificial transformou diferenças em desigualdades Na verdade este é um problema da sociedade brasileira como um todo nós infelizmente confundimos diferença com desigualdade naturalizamos relações desiguais e esquecemos os valores positivos das diferenças Então talvez na tentativa de reforço de suas próprias identidades tenham se artificializado as distâncias entre os Ministérios da Educação e o da Cultura Esse raciocínio serve também para o diálogo entre o projeto político pedagógico das escolas e o esporte escolar a educação ambiental os direitos humanos a ciência e tecnologia e o ensino das artes O que me parece estar na pauta da sociedade brasileira desde a consolidação do processo de redemocratização e que também constitui uma motivação no interior 23 do atual governo é a necessidade de quebrarmos essas barreiras rompermos com este artificialismo e resgatarmos aquilo que é no campo ampliado natureza comum entre educação e cultura Evidentemente numa sociedade de conhecimento a eliminação de fronteiras de saberes é fator de ruptura da noção de territórios e de limites rígidos dando substância a conteúdos transdisciplinares Evidentemente pode haver um certo bairrismo carioca nesta ênfase mas é importante registrar o fato simbólico da realização do XV Confaeb no Palácio Capanema É notável que um ministro do Estado Novo tenha conseguido conciliar educação e cultura e trazer para a instituição toda uma tradição vinda da época de fortalecimento do movimento comunista da ação dos modernistas da articulação dos educadores em torno do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova Gustavo Capanema empreendeu um notável esforço de fortalecimento da educação nacional e contava com a colaboração de nomes importantes como Carlos Drummond de Andrade seu chefe de gabinete Reuniu também em torno de si Portinari Bruno Giorgio VillaLobos Lúcio Costa Oscar Niemeyer Roberto Burle Marx Humberto Mauro grandes nomes nas artes plásticas na música na arquitetura e no cinema e representantes de vários outros campos da cultura nacional para construírem juntos um projeto de educação para o país Portanto considero relevante que este movimento de reaproximação aconteça a partir da luta da Federação de Arte Educadores do Brasil e dentro do Palácio Capanema Eu não sou arteeducador mas recuperei um pouco de história o movimento de arte educação passa a ser tão forte sobretudo nos anos 90 que permite hoje a discussão sobre a diversidade cultural e a inclusão social temas que passam a habitar obrigatoriamente o debate sobre currículo nos meios educacionais Assim os Parâmetros Curriculares NacionaisPCN são contagiados de forma positiva pela discussão da diversidade em grande parte a partir desta articulação no interior das escolas no interior do movimento dos especialistas do ensino das artes em todo o país Felizmente nós estamos hoje tendo a oportunidade de conceber alguns instrumentos reais para além dos PCN nós estamos conseguindo refletir esta agenda da diversidade no interior dos sistemas de ensino como um todo em seus componentes formal e nãoformal Um elemento ativo nessa conquista é evidentemente a própria secretaria que eu tenho a honra de estar coordenando E uma questão que se coloca no campo da definição é a nitidez política de uma agenda que valoriza um outro ethos na relação com a educação a dívida histórica que este país tem que assumir para ter uma agenda política de transformação Um exemplo esclarecedor é o próprio nome da secretaria que dirijo Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e 24 Diversidade Secad A designação talvez não cause impacto de comunicação tanto que abro mão disso para tornar denso o seu conteúdo e tomar de forma política as suas principais metas De forma muito breve educação continuada é uma expressão que causa um efeito real sobre aquilo que deve ser implementado em processo é a idéia de continuidade do processo educacional a educação permanente Isso significa a educação como direito efetivo de todos ao longo de toda a sua vida conduzindo para dentro da secretaria a prioridade do direito de todos à educação como proposta que substitui a falsa e incompleta idéia dos sistemas de ciclos etários distribuídos entre crianças jovens adultos e idosos A expressão traz para a Secretaria a responsabilidade de organização de uma agenda que permita lidar com a dívida histórica brasileira no que se refere à desigualdade de oportunidades educacionais Outro elemento que compõe o nome da nova Secretaria é a alfabetização ela confere nitidez política àquele que é o ponto inicial do processo de exclusão social na medida em que convivemos com índices vergonhosos de analfabetismo Além disso explicita a firmeza do ideário político e pedagógico de Paulo Freire Nós temos cerca de 65 milhões de pessoas com mais de 15 anos de idade que não completaram o ensino fundamental neste país É simplesmente absurdo se pensar que este país vá ter uma inserção decente na sociedade do conhecimento se nós ainda temos cerca de um terço de sua população que sequer concluiu os ciclos iniciais da educação básica Nós estamos migrando de forma veloz para aquilo que Manuel Castels chama de exclusão cognitiva separando efetivamente esta parte da sociedade das possibilidades de desenvolvimento de suas potencialidades Destes 65 milhões de brasileiros 33 milhões são pelo menos analfabetos funcionais e 16 milhões de pessoas são analfabetos absolutos Os analfabetos absolutos estão distribuídos em todas as faixas etárias Na realidade há uma retórica falsa segundo a qual o analfabetismo é um problema de idosos quando na verdade hoje nós temos na faixa etária situada entre os 15 e os 29 anos de idade cerca de três milhões de analfabetos absolutos cidadãos que não são capazes de ler uma mensagem e transmitila ou de escrever uma frase O terceiro elemento é realmente prioritário no nome e na ação da Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade O conceito de diversidade assume a frente da cena no MEC como organizador de uma secretaria que pela primeira vez passa a tratar da diversidade cultural como prioridade política na história do Ministério Desde 1930 nunca houve a coragem e o discernimento de se reconhecer a relevância da diversidade mencionandoa no próprio nome de uma secretaria nacional Esse tema 25 nunca participou sequer de uma diretoria do MEC Por que isto é tão fundamental Porque em última instância o Ministério da Educação assume para si a agenda da inclusão educacional como meta prioritária Mas nós temos um passo anterior que é o entendimento da complexidade deste país no que se refere à sua diversidade étnico racial de gênero geracional de orientação sexual territorial e cultural A Secad é orientada pela busca de inclusão educacional com redução das desigualdades e nesse sentido os parâmetros que informam a estratégia de organização e ação da Secretaria sustentamse no trinômio democratização qualidade eqüidade Democratização explicita a insuficiência de procedimentos que assegurem o acesso à escola nos distintos níveis e modalidades de ensino e destaca a necessidade de arranjos institucionais que promovam a complementariedade entre acesso permanência e sucesso dos alunos nos sistemas de ensino Qualidade colocase como referência prioritária das políticas pedagógicas e das práticas de ensino destacandose a importância entre outros elementos do adensamento da estrutura curricular e integração com as agendas extracurriculares da gestão dinâmica técnica e participativa das escolas e da adesão nos conteúdos formais e não formais de ensino aos saberes e valores reconhecidos como relevantes pela comunidade e da juventude local Eqüidade de forma a enfrentar as diversas formas de fragmentação social valorizando as diferenças como forma ativa de enfrentamento das desigualdades A construção desse trinômio tem no reconhecimento e na valorização da diversidade a possibilidade de tradução de um eixo organizador da agenda educacional que traz com seriedade o sentido da eqüidade e de promoção da qualidade em todo o sistema O ensino das artes em suas várias linguagens assume papel estratégico na medida em que representa uma dimensão relevante da eqüidade de oferta de oportunidades de educação com qualidade Esta abordagem permite uma melhoria dos processos de ensinoaprendizagem tendo no ensino das artes um instrumento de ampliação da visão e compreensão do mundo o que inclui necessariamente como um de seus resultados a melhoria do rendimento escolar Buscase construir um entendimento de que a escolarização em si não assegura a aprendizagem e de que o nosso maior desafio é para além da democratização do acesso conseguir garantir instrumentos de aprendizagem efetiva das crianças dos adolescentes dos jovens e dos adultos integrando a estrutura curricular do ensino básico aos conteúdos relevantes dos ambientes familiares e comunitários e à diversidade do país1 Essa estratégia 1 A possibilidade de adaptação do ensino básico aos distintos contextos do país estabelece uma clara referência ao programa Interação entre a Educação Básica e os diferentes contextos culturais existen tes no país desenvolvido no início dos anos 1980 pela Secretaria de Cultura do MEC comandada por Aloísio Magalhães 26 permite tornar evidentes os objetivos de que havia falado o da democratização da qualidade e o da eqüidade que passam a ser peçaschave de todo o processo Quando pensamos qualidade um dos campos que nos parece fundamental sobretudo quando pensamos na juventude é a possibilidade de se estabelecerem nas práticas cotidianas da sala de aula e no contra turno fora da sala de aula estratégias de sedução de encanto e de mobilização de desejos que permitam o desenvolvimento de todas as potencialidades dos alunos Nesse sentido a fronteira artificializada entre educação e cultura entre a educação e as artes precisa ser rompida de forma a que os espaços de aprendizagem na sala de aula e fora dela sejam portadores de uma outra visão de mundo É preciso fazer com que o encanto possível de ser insinuado nos projetos pedagógicos sinalize a formação de um outro ator social um novo homem uma nova mulher engajados nesse processo que estamos querendo construir junto com a sociedade brasileira Este movimento de renovação do ensino das artes que vem se solidificando ao longo dos últimos 20 anos mais ou menos se harmoniza plenamente com as possibilidades de contribuirmos com um instrumento que obviamente não é único para provocar um choque de qualidade estabelecer a cultura como balizadora dos saberes dentro da educação Além disso ela constitui também um instrumento fundamental para o estabelecimento da eqüidade sobretudo se considerarmos a juventude da periferia nos centros urbanos a juventude do meio rural se pensarmos nas juventudes Falo de juventudes no plural Juventudes porque não devemos acatar uma visão homogeneizadora do universo dos jovens que fragilize a possibilidade de uma agenda de política pública produzida com os jovens e para os jovens A escola pública infelizmente em várias dimensões não está estruturada para interagir com nossos jovens e produzir um ambiente de ensino e aprendizagem que seja dinâmico criativo formador e transformador Ao contrário são inúmeras as indicações de que apesar de ser o último espaço republicano de nossa sociedade nem as praças são públicas a escola de forma recorrente se apresenta como uma máquina de exclusão que produz e reproduz nossos vergonhosos padrões de exclusão e desigualdade As escolas são construídas a partir de uma visão de ambientes familiares e comunitários que não têm mais existência concreta Acredito que em grande medida as práticas de ensino se organizam a partir de idealizações sobre supostas famílias que já não existem mais e sobre comunidades que não são mais visíveis na sociedade brasileira São famílias e comunidades idealizadas na experiência do pósguerra europeu e que ainda ocupam o imaginário da escola brasileira 27 Diante disso nós precisamos ser capazes de transformar esse processo dentro da escola Necessitamos republicanizar os sistemas de ensino E para tornar a escola um espaço republicano por excelência é fundamental que consigamos associar políticas universalistas com políticas diferencialistas isto é políticas específicas ditas de ação afirmativa que em última instância são capazes de mobilizar saberes locais valorizar identidades constituídas de forma substantiva em cada território e promover um campo de aprendizagem que rompa com a artificialidade das fronteiras entre educação e cultura As diferenças têm valores positivos e não são necessariamente desigualdades essas diferenças são os verdadeiros instrumentos básicos para as práticas inclusivas no cotidiano do sistema de ensino A relação da educação com a cultura é hoje absolutamente fundamental para que possamos fazer essa transformação Quando se constrói uma escola em tempo integral ou uma escola aberta nos finais de semana estamos tornando objetiva uma estratégia a de abrir as portas das escolas que estão fechadas para a sociedade Abrir não só para fazer campeonatos de futebol e jogo de xadrez mas sobretudo para valorizar os saberes locais daquelas comunidades que estão interditadas que não podem freqüentar ou ocupar plenamente o espaço da escola A escola é freqüentemente construída segundo um modelo quase prisional muros altos fechados numa arquitetura que não é a arquitetura do espaço aberto de uma verdadeira república Nós estamos falando da possibilidade de romper estes muros e permitir que essa idéia de fronteira seja desmontada em nome da virtuosidade que surge de uma agenda transdisciplinar Isto evidentemente não vai de encontro à disciplina ou aos saberes fortes das disciplinas ou aos valores centrais do mérito o que entendemos é que esses saberes das disciplinas precisam dialogar com os saberes locais e assim eliminar fronteiras e mostrar flexibilidade Eu gostaria de concluir dizendo que hoje o Ministério da Educação e o Ministério da Cultura estão tentando estabelecer laços que têm rebatimentos naturais Ações estão acontecendo em estados e municípios com o objetivo de romper as barreiras e criar um campo de transitoriedades possível Nesse movimento pretendemos implementar de forma consistente aquilo que deve deixar de ser episódico ou seja a prática continuada de políticas públicas verdadeiramente preocupadas com o aprendizado Essas políticas requerem a articulação de pelo menos três dimensões escala aumentar a cobertura das ações romper com os limites das experiências piloto e dos elementos idiossincráticos de várias ações continuidade a arrogância do poder não pode fazer com que se quebre uma experiência bem sucedida em nome de outro experimentalismo isso é absolutamente inconsistente com a idéia de política pública e multidimensionalidade procurando dar conta 28 da complexidade do fenômeno social e educacional Então escala continuidade e multidimensionalidade são dimensões que nós buscamos articular na elaboração e na condução de uma política pública para a educação e a cultura capaz de cerzir fronteiras e enunciar novos territórios de aprendizagem Nosso entendimento é o de que o ensino das artes passa a ter um papel fundamental um papel de destaque nas suas múltiplas linguagens para poder contribuir para um outro aprendizado e uma outra pedagogia política que torne possível priorizar a educação contemplando os critérios democratização qualidade e eqüidade II Painel Políticas Públicas para o Ensino de Arte no Brasil Improving the photosynthetic capacity of Ceratopteris thalictroides gametophytes by fusion with Asplenium nidus prothallus cells Interspecies cell fusion was performed and the morphological and physiological characterization of the fused gametophytes was assessed The fusion of Ceratopteris thalictroides gametophyte cells with the prothallus cells of Asplenium nidus resulted in gametophytes with an increased photosynthetic rate and chlorophyll content indicating enhanced photosynthetic capacity Fusion was achieved by using polyethylene glycol as a fusogen and selection was carried out to isolate successfully fused gametophytes This approach demonstrates a novel method to improve the photosynthetic traits of ferns and could have implications for enhancing growth and productivity in these plants 31 BoasVindas Myriam Lewin B omdia a todos autoridades professores palestrantes convidados e participantes do XV Confaeb aqui presentes que souberam reconhecer a importância deste momento para a história da arteeducação no Brasil É com grande satisfação que a Funarte juntamente com a Faeb abre seus espaços para abrigar o XV Confaeb oportunidade de encontro das mais diversas correntes de pensamento e relato de ações voltadas para esta discussão tão fundamental da arte educação que não tem encontrado espaços para sua prática e desenvolvimento Reconhecendo que usufruir dos bens culturais e participar integralmente da vida cultural do país é sobretudo um direito da cidadania a Funarte através de sua trajetória sempre entendeu que a educação possui uma importância política no sentido da socialização do conhecimento A cultura é uma das mais importantes vertentes na construção da verdadeira cidadania É a porta de entrada para um mundo onde a dignidade e o respeito são premissas fundamentais para a formação plena de cidadãos transformadores Triste é constatar que a arte ainda continua tendo de pedir licença para entrar tanto na escola quanto na vida institucional do país DiretoraExecutiva da Funarte 32 Podemos entender essa dificuldade quando reconhecemos que uma ação efetiva nas instâncias formadoras do homem quaisquer que sejam elas educação cultura trabalho saúde e lazer para não citar outras tantas áreas transversais exige mudanças e redefinições dos papéis cotidianos de toda uma estrutura já sedimentada Exigese ousadia no campo político e institucional pois ameaça as estruturas de poder constituídas Gigantes têm de ser enfrentados Entre eles a burocracia que é devoradora e desestimulante Enquanto não conseguimos ferramentas de gestão leves desembaraçadas atentas à especificidade do fazer cultural não será possível vencermos este enorme desafio Não quero me estender na descrição das ações da Funarte no campo da arte educação pois isto será tema da mesa de logo mais Prefiro usar este espaço para reafirmar o compromisso da Funarte em reestabelecer uma trajetória que já foi pioneira no país e que emblematicamente inaugura com o XV Confaeb o embrião de uma nova linha de trabalho que certamente encontrará parceria na Educação 33 É XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil Antonio Cláudio Gomes com grande satisfação que a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro participa como parceira do XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil 2004 Saúdo em nome do secretário Claudio Mendonça titular da pasta e da governadora Rosinha Garotinho às demais autoridades componentes da mesa das esferas federal estadual e municipal aos organizadores do evento e em especial aos arteeducadores presentes Muito feliz a escolha do local do evento o Palácio Gustavo Capanema espaço de memoráveis lutas pela escola pública de qualidade Não poderia deixar de citar ainda o trabalho produtivo da professora Rose Mary Aguiar Borges da comissão de infraestrutura e apoio deste evento docente da rede estadual e militante assídua dos ideais da Confaeb lotada na Coordenadoria Regional Serrana II em Nova Friburgo Foi através de sua oportuna solicitação que disponibilizamos os computadores em rede aqui instalados e mobilizamos os professores estaduais com a garantia de acesso a este Congresso que se notabilizou ao longo dos anos por tantas inovações e contribuições que têm trazido ao ensino da arte no país Juntome à homenagem em memória dos arteeducadores Geraldo Salvador de Araújo e Albertina Santos Brasil na qual acrescento o saudoso mestre Hilton SubsecretárioAdjunto da Gestão Escolar 34 Araújo pioneiro no ensino do Teatro na Educação de quem tive a honra de ser aluno na UniRio Inúmeras são as contribuições do ensino da arte Desde os Pioneiros da Educação enaltecidos no legendário manifesto da Escola Nova de 1932 até o reconhecimento inconteste dos célebres pedagogos e pensadores da atualidade educacional Tais como o desenvolvimento da criatividade do trabalho em equipe da compreensão da condição humana do aporte intelectual das habilidades manuais rítmicas literárias e tantas outras manifestas nas diversas linguagens artísticas do teatro da música das artes plásticas da dança assim como na história das artes Sem distinção entre artes maiores ou menores na valorização do processo sobre o resultado já que o aprendizado se dá nos ensaios de erro e acerto na construção das habilidades e competências indispensáveis para o crescimento pessoal e da coletividade Parabéns muito obrigado e bom trabalho a todos 35 A Importância da Arte no Currículo no Ensino Fundamental das Escolas do Município do Rio de Janeiro Maria de Fátima Gonçalves da Cunha um prazer participar deste evento enquanto representante da Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro É também um prazer poder integrar a mesa composta pelas três instâncias governamentais responsáveis pelas políticas públicas do ensino de arte no Brasil governos federal estadual e municipal Esse casamento proposto pela Míriam Brum numa articulação maior e mais constante favorece sem dúvida a implementação de caminhos para o ensino de arte no nosso país Especificamente a Diretoria de Educação Fundamental da Secretaria Municipal de Educação do Rio é locus da discussão do ensino da orientação curricular e da formação dos professores desta rede que é uma rede atípica por ser a maior rede municipal do país e acredito ainda da América Latina No município do Rio temos 1409 escolas que adotam um currículo a multieducação nosso núcleo curricular básico e neste currículo contemplamos as quatro linguagens da arte Teatro Música Artes Visuais e Dança como áreas de conhecimento oferecidas da 5a à 8a série Os alunos nessas séries trabalham obrigatoriamente em cada ano com uma dessas linguagens o que significa que eles podem estar vivenciando as quatro linguagens no decorrer desse período de sua educação É Diretora de Educação Fundamental do Departamento Geral de Educação da Secretaria Municipal da Cidade do Rio de Janeiro 36 Na Secretaria Municipal de Educação entendemos que como política pública hoje nós precisamos valorizar o ensino de arte na grade nas suas quatro linguagens enquanto áreas específicas do conhecimento sem perder de vista um processo mais amplo de integração entre estas áreas da arte que se caracteriza na perspectiva da educação estética Nesse momento passamos por um processo de atualização curricular Esse núcleo curricular básico a multieducação está na nossa rede desde 1996 e mais uma vez trazemos para os professores que ensinam arte na Rede Pública do Município uma atualização uma discussão desses componentes curriculares assim como todos os outros Nessa discussão atual afirmamos a importância conceitual e a importância do investimento nessa política que garante aos alunos da rede terem um ensino de arte valorizado Esse é um viés que acredito ser bastante importante quando pensamos no processo de desenvolvimento desses jovens meninos e meninas do segmento da 5a à 8a série do ensino fundamental É importante lidar com as questões da sensibilidade da afetividade do desejo da criatividade que são processos detonados pelo ensino de arte Todas as áreas de conhecimento precisam beber dessa riqueza que o ensino de arte nos traz Além do trabalho na grade curricular possuímos na rede municipal nove núcleos de arte que são programas de uma política de extensividade do horário escolar do aluno ou seja uma possibilidade para o aluno participar em oficinas de arte ampliando o seu horário na escola Na verdade trabalhamos com duas grandes vertentes no ensino de arte uma na perspectiva da alfabetização nessas linguagens o aluno precisa ler e interpretar o mundo a partir das linguagens da Arte Isso é contemplado no horário regular da escola na grade curricular A outra perspectiva diz respeito à extensividade do horário escolar a possibilidade de aprofundar conhecimentos atendendo ao interesse ao desejo ao talento à vontade de estar ampliando o espaço de convívio escolar em oficinas de arte Para isso nós temos os núcleos de arte É muito importante podermos continuar reafirmando as políticas de formação através de um processo de interlocução com o campo com esses professores e a partir de uma demanda do próprio campo para contemplar essa área de arte no currículo escolar Eu quero agradecer mais uma vez a possibilidade de estar aqui compartilhando com vocês a ação da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro com suas políticas públicas para o ensino da arte Muito obrigada 37 omdia a todos os meus colegas Agradeço o convite da Funarte para esse importante encontro e que bom começar o dia ouvindo boa música A queda do som veio a propósito para mostrar a importância do canto coral na nossa formação uma vez que pudemos todos com afinação cantar a música até o final Quero parabenizar a minha amiga Míriam Brum pela organização de um evento tão necessário para o pleno desenvolvimento da educação através do pensamento voltado para a educação cultural e artística no âmbito escolar Sou assessor da subsecretária de Ação Cultural professora Cecília Conde Subsecretaria que abrange o interior e a baixada totalizando os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro E falando em Cecília Conde eu gostaria de prestar uma justa homenagem ao educador e artista Pedro Domingues casado com Cecília Conde por mais de quarenta anos e que faleceu no dia 08 do mês corrente Cito este nome porque ele foi um grande expoente do assunto de nosso encontro Aspectos da ArteEducação a partir dos Anos 1970 no Estado do Rio de Janeiro Caíque Botkay B Assessor da Subsecretaria de Ação Cultural da SECRJ 38 Pedro Domingues era um educador um artista plástico e bonequeiro como raros e que junto com a Cecília Conde e Ilo Krugli formou um tripé capitaneado pelo Augusto Rodrigues que mudou muito os conceitos da questão da arte e educação nos anos 1960 aqui no Rio de Janeiro Eles quebraram todas as antigas convenções fundaram um novo pensar e distribuíram entre milhares de pessoas e eu tenho a honra de me incluir como um dos pupilos dessa geração Então é uma homenagem à memória do Pedro esta minha participação aqui hoje Continuo a falar a respeito de Cecília Conde que foi uma das fundadoras do moderno conceito de arteeducação Cecília há duas semanas com o Pedro ainda hospitalizado dirigiu aqui o Encontro Nacional de Educação Musical produzido pelo Conservatório Brasileiro de Música Neste Conservatório do qual é diretora artística Cecília fundou em 1972 o curso de Musicoterapia pioneiro no Brasil no qual tive o grande prazer de ter sido da turma inaugural Logo eu venho acompanhando a articulação dos conceitos de arte e educação ao longo desses trinta e poucos anos Eram então nossos professores por exemplo os já citados Pedro e Ilo Klaus e Angel Vianna Aylton Escobar Mauro Costa Fernando Lébeis Nos anos 1970 Cecília Conde junto com João Rui Medeiros e Paulo Afonso Grisolli começou as viagens pelo interior do Estado para conhecer o que se fazia o que acontecia fora da capital E esta grande cidade do Rio de Janeiro já trazia a herança de capital nacional com todo seu aparato de bens patrimoniais que abrangiam dezenas de teatros incluindo o Teatro Municipal cinemas casas de espetáculos museus centros culturais e fartos investimentos Além de ser a capital cultural do país em contraponto aos escassos recursos técnicos e financeiros dos antigos municípios fluminenses Eu pessoalmente não sou partidário do termo interiorização da cultura porque aparenta ser um descobrimento do Brasil sem levar em conta a cultura previamente existente Dá a impressão de que não existia nada antes tem de se levar a cultura com as naus da cidade grande O interior está lá e sempre esteve É riquíssima e variada a sua produção e temos de travar conhecimento com ela Logo temos é de começar a compartilhar esses fazeres culturais o pensamento tem de sair das grandes capitais ou não vamos avançar no conhecimento do país e do que deve ser feito em nome da sua arte sua cultura e conseqüentemente em nome da sua educação Nos anos 1980 Cecília Conde me convidou para integrar a equipe central de animação cultural nos CIEPs do Estado do Rio de Janeiro que foi uma inovação dela com o professor Darcy Ribeiro na área da cultura dentro das escolas Este é o tema central que considero da maior importância que nós poderemos falar aqui hoje o animador cultural Foi uma mudança de conceito da relação da arte com a escola envolvendo a comunidade e o próprio prédio educacional Quebrouse um antigo conceito da arte congelada dentro da sala de aula embora o mesmo seja da 39 maior importância Eu acredito que não são atividades excludentes Não estou falando aqui da eliminação da Educação Artística na escola A questão que abordo é que a Animação Cultural que era o artista fazendo a ponte a ligação entre comunidade e a sua escola trazia o conceito mais abrangente de cultura como totalidade das ações de uma coletividade Então toda a comunidade tomava posse deixava de ver a escola como aquela construção inatingível O que pertencia só aos alunos e ao corpo docente deixou de ser um corpo estranho à comunidade o que possibilitou uma maior aproximação na própria educação dos filhos e demais parentes Então a população tornouse agente e partícipe do desenvolvimento da própria escola O conceito de educação na cabeça das diretoras e professoras dessa nova escola também se transformou porque mudou o enfoque da utilização daqueles muros Com o tempo davamse até casamentos nos finais de semana dos Cieps naqueles novos e belos prédios E mais cursos de doceiras desfiles de modas e cineclubes para a toda a população Além de amplos debates sobre os mais diversos assuntos como discriminação racial violência doméstica o papel da mulher alternativas para os jovens Cada comunidade e cada escola tinham seus animadores culturais oriundos da região e que sabiam o que era importante para estabelecer aquele trânsito diverso Agora temos de falar sobre o que ocorreu em meados dos anos 1990 quando abateuse talvez a pior praga que temos para desenvolvimento do nosso assunto de hoje que é a falta de continuidade de projetos fundamentais como o citado Acredito que sem uma análise profunda a esse respeito e se os setores políticos não compreenderem que um programa não pode findar em um único e breve mandato passaremos a vida inteira organizando eventos e projetos imediatos e não poderemos pensar no cerne da palavra desenvolvimento que eu creio ser a palavrachave para o nosso país O programa de animadores culturais foi desmontado Tínhamos 1100 animadores culturais pelo estado inteiro em todos os municípios Eram dois animadores por Ciep sempre com linguagens artísticas diferentes Ou era dança e música ou música e teatro ou literatura e dança As linguagens eram distintas e eles não trabalhavam dentro da grade mas dentro de toda a escola inclusive com voz ativa nas reuniões deliberativas Tudo isso foi desmontado e agora temos ainda seiscentos animadores que estão fora dessa função original Ficamos então sem a animação cultural e sem a educação artística dependentes de um maior ou menor grau de interesse de cada diretora Ficamos sem ambos Não temos na grade a educação artística e não temos o animador para fazer esse contato com a comunidade Meu atual sentimento é de que todas as ações ligadas à arte na educação estão muito isoladas Por outro lado temos já uma história de realizações já experimentadas uma base que é fundamental 40 Outro dia conversando em um debate no Dia da Cultura eu estava na rádio MEC falando com a Maria Juçá a diretora do Circo Voador que o reergueu das cinzas Isso que é bonito na cultura ela não morre ela fica enterrada viva por um tempo depois ela retorna Estávamos falando sobre a questão de meia entrada para teatros e cinemas para os estudantes a importância disso Mas também concluímos que se pensarmos na evasão escolar que temos no interior nas favelas na baixada quem é esse aluno da meia entrada Quem é que se beneficia Qual é a meia entrada para o exestudante que não está mais na sala de aula Que acesso esse exaluno terá em cinema e teatro Lembrome ainda de que 70 dos municípios do Rio de Janeiro não têm cinema nem teatro Temos de encarar o quadro como grave temos de pensar com muito carinho sobre essa questão da evasão escolar e a nossa função dentro disso A nossa função de transformar a escola em um espaço menos voltado para o estudo massivo sem a ótica humana que a arte traz para dentro da escola Outra coisa que observamos talvez tão séria quanto todos esses aspectos foi a questão da professora principalmente no interior e na baixada fluminense que não tem o que ler não tem verba e nem um salário que possa propiciar uma literatura de qualidade assistir a uma ópera visitar uma boa exposição Na maioria da vezes essa professora nem pode vir da baixada até o museu porque os grandes bens materiais museus teatros e salas de exposição estão todos aqui na capital Culpa da herança da capital brasileira e capital cultural Então só o preço do transporte já inviabiliza uma vinda Sem o ovo e sem a galinha a professora precisa estar instrumentalizada para estimular o aluno a ter um pensamento plural A partir desta constatação a equipe da Subsecretaria de Ação Cultural formulou um projeto uma minuta do que seria a função da Educação Artística nas Escolas da Rede Pública Estadual do Rio de Janeiro da qual farei um resumo O documento abre com uma frase de José Miguel Wisnik A arte ensaia e antecipa aquelas transformações que estão se dando que vão se dar ou que deveriam se dar na sociedade Introdução buscando novas soluções a função da educação artística nas escolas da rede pública estadual do Rio de Janeiro tem como uma das suas finalidades sensibilizar através das práticas das linguagens artísticas os professores de ensino fundamental e os futuros professores que cursam as duas últimas séries das escolas de formação de professores além dos animadores culturais que ainda estão no Estado A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional se refere às artes nos arts 3o 24 26 32 e 33 O art 26 determina que o ensino das artes constitui 41 componente curricular obrigatório nos diversos níveis de educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos deixando agora de ser considerada uma atividade educativa conforme era referida na lei anterior Os parâmetros curriculares nacionais situam a educação artística de forma bastante ampla abordam aspectos relativos aos fundamentos teóricos e históricos na arte da educação e do ensino da arte no Brasil Segundo os PCNs os parâmetros curriculares nacionais a arte tem uma função tão importante quanto a dos outros conhecimentos no processo de ensino e aprendizado Não tomarei muito tempo porque temos outros colegas da mesa que falarão sobre suas experiências Eu vou só dizer que este projeto visa qualificar e aperfeiçoar professores e alunos e essa equipe seria composta por educadores professores de arte supervisores conferencistas e palestrantes Seria um projeto piloto em dez escolas está pronto para ser executado estamos lutando por ele e nossa luta é constante Comentei aqui a questão dos municípios que 70 deles não possuem equipamentos culturais e eu tenho levantado a possibilidade de verbas provenientes de loterias e renúncias fiscais tenho discutido o assunto no Conselho Estadual de Cultura do qual faço parte Então se 70 do estado do Rio não possui equipamento eu fico pensamento nos cinco mil municípios do Brasil Mas a grande maioria tem a escola Então nesse casamento a gente precisa obedecer a uma das boas propostas dos ensinamentos históricos crescei e multiplicai vos Porque onde quer que haja uma escola nós podemos chegar e é dever da cultura caminhar junto com esse processo Agora como uma palavra de incentivo eu fui jurado pelo segundo ano do prêmio Cultura nota dez que atende aos 92 municípios do Rio de Janeiro e que dá prêmios a dez projetos artísticos e sociais que envolvam cultura no estado No ano passado nossa equipe examinou 312 projetos e esse ano foram 282 Eu posso dizer com clareza que a imensa maioria desses projetos e foram quinhentos e tantos vindos do interior e da baixada fluminense passavam pela escola de alguma forma Quero dizer que a escola continua sendo o eixo das atividades dos acontecimentos nos municípios do Rio de Janeiro E precisamos simplesmente sistematizar apoiar e entender a importância disso no crescimento dessa meninada que até os dez anos vai aprender tudo o que vai levar pela vida Muito obrigado e um bomdia a todos Evaluation of compressional strength and sugar content of callus cultures from three different explants of Rosa hybrida Rock Fire Supplement swelling ring agar burthysis gametophore callus ctrl slightly sugary swelling ring swollen colon desiccation by high sucrose concentration 1M on growth If growth diameter of the callus inducer by the effect of the strength evaluation sucrose concentration in the culture is medium from 6 different tuk use of ex 103 3x103 6x103 and 009 dm3 m3 sucrose concentrations was carried out Evaluation of the compressive strength of the callus was performed by measuring the force required to crush the callus per unit area on an automated texture analyzer Before measurement the 3 callus discs were cut to a diameter of 05 cm and placed in a force vector on the lower surface of the press slot The force was automatically applied at one side until the callus was crushed The measurement distance was 2 cm and the measurement was stopped automatically after 5 cm The average compressive strength stress was determined from the slope of the linear regression line graph with a forceforce displacement relation b The effect of sucrose concentration on callus tissue inside image a compressive strength of callus Force area1 kgcm2 Callus tissue produced only growth diameter has been observed as an effect of the sucrose concentration in the culture medium Compressive strength increased as the sucrose concentration increased at 09 m 1 M lactose level but of the same concentration decreases again Increased compressive strength with increasing sucrose concentration is due to decreased water absorption Compressive strength of callus tissue depends on sucrose concentration in the medium The sugar content of callus tissue as shown in image c can be extrapolated from the concentration levels of sucrose in the medium Sugar content in callus tissue increased significantly when supplemented by sucrose Sugars content increased significantly to 72 percent and 814 percent of callus dry weight supplemented with a 50 gL sucrose and 100 gL sucrose respectively The sugar content decreased when the sugar concentration exceeded 100 gL1 This decrease was explained by a significant decrease in dry weight To sum up during the growth and multiplication of callus tissue changes in callus compressive strength and sugar content are evident which indicate their function in osmotic regulation III Homenagens IV Conferências 45 Não me Conformo Renan Tavares ue a palavra poética de Gabriel o Pensador na música Não me conformo possa se comunicar com a sensibilidade dos que aqui estão vivos e que viveram as peripécias desta geração assim como possa tocar o espírito daqueles que já partiram que já não estão mais entre nós mas que igualmente fizeram parte desta geração de luta por um mundo melhor por uma mudança efetiva e duradoura Assim quero agradecer a oportunidade de remexer minhas memórias para falar e homenagear com todos vocês Geraldo Salvador de Araújo neste XV Congresso da Federação de ArteEducadores do Brasil Para não me alongar muito penso ser oportuno evocar somente três momentos de convívio com este saudoso amigo O primeiro se deu em um passeio de barco pelos mares do sul que circundam a ilha de Santa Catarina quando Florianópolis em 1995 acolheu o VIII Congresso da Faeb Em uma manhã nem tão cinzenta nem tão ensolarada pude estar com Ingrid e Geraldo e perceber a serenidade e disponibilidade para o outro como características fundamentais de sua personalidade Pudemos trocar num cenário de beleza singular experiências pessoais que certamente foram fundamentais para o amadurecimento de uma relação de afeto e respeito pelo outro Q Professor Doutor da UniRio 46 Foi sem dúvida um momento ímpar para nós três e como é gostoso lembrar e resgatar o imenso viver que juntos experimentamos naquele passeio de barco Um segundo momento foi no Colégio de Aplicação CAp da UFRJ quando o procurei para reativar a possibilidade de ter os estudantes do Curso de Licenciatura da Escola de Teatro da UniRio realizando o Estágio Supervisionado nas aulas de Artes Cênicas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio junto à equipe de professores de Teatro Neste momento conheci a apaixonante dimensão do trabalho de formação dos estudantes de Licenciatura que Geraldo desenvolvia e fui generosamente acolhido no tocante ao nosso interesse como Universidade Ao mostrar o espaço do CAp dedicado às atividades de Artes Cênicas Geraldo revelava a cada momento seu total engajamento e descrevia as dificuldades e vitórias alcançadas para finalmente se chegar ao ambiente favorável para o desenvolvimento das atividades inerentes tanto ao ensino dos alunos do CAp quanto à formação dos futuros professores Ainda aqui neste encontro com interesses nitidamente profissionais pude reconfirmar a serenidade a generosidade a disponibilidade para com o próximo como qualidades inerentes àquela personalidade Como último momento de convívio talvez o mais intenso e o mais produtivo em que Geraldo me revelou sua incansável e cuidadosa atenção a tudo o que diz respeito à inserção do Teatro no universo do ensino foi quando acolheu meu convite para ler e avaliar uma numerosa contribuição de pesquisadores e estudantes dos cursos de mestrado e doutorado de São Paulo e do Rio com vistas a uma publicação sobre teatro e educação no ensino e na comunidade Trabalhamos juntos durante um pouco mais de um mês trocando idéias experiências e desfrutando de um valioso prazer em verificar a real existência de textos resultantes de pesquisas e experiências em sala de aula oriundos de quase a totalidade dos estados do Brasil Nossa tarefa ler e avaliar foi concluída e foi elaborado dentro do prazo o sumário para tal publicação que apesar de não ter sido efetivada nos aproximou sobremaneira Nesta época experimentamos uma forte sensação de orgulho de pertencermos a uma comunidade de pesquisadores cujos textos poderiam contribuir para subsidiar o trabalho pedagógico dos inúmeros professores de teatro nos três níveis de ensino Durante este tempo de intenso trabalho conjunto Geraldo me revelou seu interesse em trabalhar na UniRio e pude então através de um dossiê que ele preparou apresentar ao Colegiado do Programa de PósGraduação em Teatro sua candidatura como Professor Convidado Uma carta da profa dra Ana Mae Barbosa ao então vicereitor da Unirio em muito colaborou para a concretização deste desejo A participação do prof dr Geraldo Salvador de Araújo foi aceita sem questionamentos Entretanto inesperada e surpreendentemente a chama de sua vida se apagou 47 Recentemente revendo o filme de Peter Brook Encontro com homens notáveis que trata da juventude de Gurjief fiquei impressionado sobre um questionamento que ele faz durante sua busca pelo conhecimento o que acontece quando se morre A resposta de um dos notáveis cabe aqui ser reproduzida a gente desenvolve durante a vida uma substância fina que custa muito tempo para morrer depois de nossa morte Ao me lembrar destes três momentos de convívio com Geraldo ouso dizer que sua generosidade sua cuidadosa atenção e disponibilidade para o próximo sua paixão pelo que fazia profissionalmente sua serenidade seu prazer em acolher e ouvir seus pares ainda permanecem vivas e por estarem vivas enquanto sutil e fina substância justifica nossa homenagem Têlo assim em nossa memória é sem dúvida colocarnos como aprendizes diante de um verdadeiro mestre Espero que saibamos alimentar cotidianamente em nossas mentes e em nossos corações o legado que Geraldo nos deixou enquanto arteeducadores que somos 48 Albertina dínamo de coragem e liderança Ritamaria Aguiar lbertina sempre foi e é ícone e fênix ao mesmo tempo Mas ultrapassa todas as denominações conhecidas em nossa língua pátria e as outras que conhecemos dinâmica generosa altruísta e empreendedora Nem isolada e nem distraída atenta e aglutinadora Observadora atenta Caminha devagar mas célere com segurança em alternâncias de cadências mas sempre em frente olhando o chão e visualizando as estrelas e as nuvens Com a arte levou e proporcionou que muitas pessoas tivessem deslocamentos sensíveis que permeavam a andança pelo mundo Em alguns momentos era o exercício participativo e compartilhado unindo relações dialéticas entre meta e metodologia forma e função teoria e experiência Em outros momentos percebia em cada olhar novas figuras volumes cores e luzes oportunizando sempre espaços para que cada artista demonstrasse a sua capacidade e competência com respeito e ética A Coordenadora de Programa Arte Sem Barreiras da Funarte 49 Sempre indagávamos a ela de onde vinha tanta força e entusiasmo A resposta era sempre a mesma minha força é ancorada pela verdadeira fé e por acreditar que podemos realizar coisas boas Em sua formação acadêmica lecionou em diversas universidades fundadora da Faculdade de Serviço Social de Sergipe criou o Centro de Cultura e Arte entre outras diversas associações Idealizou e dirigiu os Festivais de Arte de São Cristóvão SE Presidiu a Aliança Francesa do estado de Sergipe e foi vicepresidente do Conselho Estadual de Cultura Mineira mas cidadã do mundo Como Madre Superiora aceitava sem esboçar nenhum antagonismo as questões religiosas diferentes da sua Bem partimos das esferas intelectiva científica e acadêmica e entramos no campo da emoção único pelo qual podemos falar com o coração A proposta de vida de Albertina foi sempre essa a de falar através da emoção e do coração Certa vez Edithinha o anjo tutelar em vida de Albertina preocupada com a longa viagem que ela realizaria externou a preocupação do cansaço e Berta respondeu Querida Edithinha tenho vivido muito e continuarei vivendo o cansaço não faz parte do meu currículo Quando conheci Albertina Através de quem Alegrome em responder Em 1984 estiveram no Brasil Joanne Grady diretora do Very Special Arts Internacional e Earl Copus Presidente de Melwood Traininng e Laurie Larhrop antropóloga que vieram a convite das professoras Olívia Pereira e Sara Couto César através do Partners of América Companheiros das Américas Partners of América é uma grande associação que realiza intercâmbios entre Brasil e Estados Unidos Nessa ocasião eu respondia pela Diretoria Executiva Assim nos endereçaram para avaliações de intercâmbio duas propostas Projeto Centro de Vida Independente idealizado por Rosângela Berman e o Projeto Artes para pessoas com visão reduzida apresentado por Albertina Brasil Santos As duas propostas foram aceitas pelo conteúdo significativo e necessário Realizouse o intercâmbio e na volta Albertina e um grupo de idealistas conscientes da responsabilidade montaram a Associação Very Special ArtsArte Sem Barreiras com o apoio da Funarte em parceira com dezenas de instituições de para e com pessoas com deficiência secretarias de cultura universidades entre outras associações Reuniões e mais reuniões foram realizadas e finalmente em 1990 foi oficialmente fundada a Associação Very Special ArtsArte Sem BarreirasFunarte 50 Taiwan Sobradinho Bruxelas Ouro Preto Paris Januária pelo mundo afora Em todos os locais em que representava a Associação Very Special ArtsArte Sem Barreiras Funarte Albertina os transformava em espaços de divulgação da arte estética realizada pelas pessoas com deficiência Sua conduta e postura fortaleciam a aproximação e interação entre os povos levando a imagem do Brasil de forma positiva e qualificada Albertina como bem enfatiza Luiza Câmara transformou em magia o palco das representações para milhares de pessoas Em cada oportunidade de realizações de festivais mostras de arte seminários e congressos as pessoas iam mudando seus conceitos e préconceitos A Mestra Albertina sempre flexível em direção às mudanças quando em determinada época em reunião com Otoniel Serra e Paulo Cesar Soares levei a nova filosofia de inclusão como um novo vetor de interação e mostrei que essa filosofia deveria nortear as nossas futuras ações Albertina imediatamente acatou a idéia e assim reconstruímos estradas de inclusão Refletindo E juntaramse a nós os amigos e profissionais interessados e comprometidos Bráulio Késia Zezé Gonzaga Rosita Gonzalez Maria do Carmo Ruth Tereza Luiza Otoniel Maria Lúcia Godoy Paulo César Fernando e tantos outros O Brasil começou a mudar Com um trabalho intenso ultrapassou os limites que a vida tentou lhe impor e cada dia mais forte deixava a marca de sua trajetória A arte até então para poucos começou a ocupar um lugar de destaque os artistas com deficiência começaram a mostrar sua performance e estética Mas o tempo foi pouco para tantas realizações e quando pensávamos que Albertina seria eterna da perspectiva renascentista em beleza e harmonia ela fez a viagem no tempo Renascer é o verbo Os observadores sensíveis e atentos podem perceber a profundidade dessas variáveis sempre harmônicas o ícone da arte em linguagem universal sem barreiras espaçotemporais e sua história de inclusão Renascer é o verbo Obrigada Albertina 51 com imensa honra e respeito que por meio desta homenagem tentarei expressar o sentimento de gratidão e saudade que invadiu nesses últimos dias os corações de tantos arteeducadores que conheceram Marco Antonio Camarotti Rosa Professor da Universidade Federal de Pernambuco PhD em teatro escritor ator dramaturgo encenador enfim Camarotti dedicou toda a sua vida a questões relativas aos campos da arte e da educação Lutou junto a muitos dos arteeducadores aqui presentes por espaços ativos para o trabalho em arteeducação dentro das instituições de ensino e colaborou com valiosas pesquisas sobre teatro infantil teatro folclórico dentre tantas outras No entanto não é apenas deste homem de grande importância acadêmica que quero falar mas também do brilhante ser humano que tive o privilégio de encontrar para além do espaço acadêmico Posso dizer que conheci um dos homens mais belos que já vi Homem cuja beleza se expressava através da interminável crença na vida na fé do encontro indiscriminado com o outro no respeito às diferenças e ao tempo de cada um Beleza presente na coragem de se entregar por Homenagem ao Professor Camarotti Arheta Andrade É Universidade Federal de Pernambuco 52 inteiro aos seus alunos abrindo as portas de sua casa de sua família de sua vida do seu coração Beleza concentrada no dedicado amor com que realizava todas as suas atividades E dentre as tantas que realizava a que ele mais amava era a educação Sempre ouvi isso dele de sua esposa de sua filha Mais que ensinar o o quê e o como dar aulas de teatro o nosso professor nos ensinou o amor pela arteeducação amor com que descobrimos o como e o o quê ensinar Finalizo dizendo que o professor Marco Camarotti contagiou uma legião de educadores com seus sonhos de um mundo melhor com sua fé no homem e em suas possibilidades de mudança Sua sabedoria brilhava como o fogo Era vasta e plena como um grande rio Serena e suave como o vento Se vocês me permitirem eu gostaria de me referir à letra da música Mistérios de Milton Nascimento que melhor que minhas palavras expressa o sentimento dos arteeducadores que foram alunos de Camarotti IV Conferências 55 ArteEducação Contemporânea ou Culturalista Ana Mae Barbosa N os últimos anos o esforço de entendermos a área de ArteEducação ou Ensino da Arte em relação com a cultura que nos cerca gerou estudos muito significativos Dentre os Estudos Culturais da Arteeducação podemos mencionar três livros Building Bridges de Marjo Räsänem 1998 Teorías y Prácticas en Educación Artística de Imanol Agirre 2000 e The Arts and the creation of mind de Elliot Eisner 2002 Curiosamente Räsänem que é finlandesa Agirre que é espanhol e Eisner um americano partem do mesmo ponto o conceito de Arte como experiência elaborado em 1934 por John Dewey Este conceito circulou entre os pragmatistas e fenomenologistas com sucesso mas não teve larga aceitação entre artistas e críticos de arte durante o alto modernismo para o qual importava principalmente a materialidade da obra ou sua conceituação O pósmodernismo retoma o conceito embebendoo em um contextualismo esclarecedor que amplia a noção de experiência e lhe dá uma densidade cultural É portanto natural que os Estudos Culturais da ArteEducação tomem como base a experiência como argumento cognitivista Dos três livros aos quais me refiro o de Eisner é o mais ousadamente classificatório Em The Arts and the creation of mind Elliot Eisner estabelece uma taxonomia das visões Titular do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicação e Arte ECA da USP 56 de ArteEducação que persistem na contemporaneidade Suas conceituações de arte e de educação o aproximam de John Dewey e Paulo Freire Conceitua educação como um processo de aprender como inventarmos a nós mesmos Paulo Freire menos confiante nas nossas invenções pessoais ensinounos que a educação é um processo de vermos a nós mesmos e ao mundo em volta de nós Enquanto Eisner enfatiza imaginação Paulo Freire valorizaa mas sugere diálogos com a conscientização social Para ambos a educação é mediatizada pelo mundo em que se vive formatada pela cultura influenciada por linguagens impactada por crenças clarificada pela necessidade afetada por valores e moderada pela individualidade Tratase de uma experiência com o mundo empírico com a cultura e a sociedade personalizada pelo processo de gerar significados pelas leituras pessoais autosonorizadas do mundo fenomênico e das paisagens interiores É aí na valorização da experiência que os três filósofos eou epistemólogos se encontram Dewey Paulo Freire e Eisner Se para Dewey experiência é conhecimento para Freire é a consciência da experiência que podemos chamar conhecimento Já Eisner destaca da experiência do mundo empírico sua dependência de nosso sistema sensorial biológico que é a extensão de nosso sistema nervoso ao qual Susanne Langer chama de órgão da mente Segundo Eisner refinar os sentidos e alargar a imaginação é o trabalho que a arte faz para potencializar a cognição Cognição é o processo pela qual o organismo se torna consciente de seu meio ambiente Novamente os três gigantes da filosofia da educação se encontram e nos alertam acerca da importância da arte para nos permitir a tolerância à ambigüidade e a exploração de múltiplos sentidos e significações Esta dubiedade da arte a torna valiosa na educação arte não tem certo e errado tem o mais ou o menos adequado o mais ou o menos significativo o mais ou o menos inventivo Arte na educação se contrapõe às supostas verdades da educação e mais supostas ainda às certezas da escola São muitas as visões da ArteEducação as quais dependem da ênfase que se dá às funções da arte na educação Para Eisner as que operam até nossos dias são autoexpressão criadora solução criadora de problemas desenvolvimento cognitivo cultura visual ser disciplina potencializar a performance acadêmica preparação para o trabalho 57 A leitura de Eisner como sempre estimuloume a pensar em termos de Brasil e de nossa trajetória histórica Cada livro novo dos três grandes teóricos da Arte Educação EFLAND PARSONS e EISNER é uma provocação intelectual Comecemos a analisar as mais recentes visões categorizadas por Eisner Vejamos a idéia de preparação para o trabalho enfocando a necessidade de flexibilizar o indivíduo para ser capaz de mudar de emprego pelo menos uma vez na vida e estar conseqüentemente preparado para desempenhar mais de uma tarefa Para mim esta é uma função apontada pela ideologia neoliberal Encontramos na história do ensino da arte no Brasil a configuração da visão da arte como preparação para o trabalho no fim do século XIX ancorada nas idéias liberais de Rui Barbosa André Rebouças e Abílio César Pereira Borges Mas com uma conotação libertária ligada ao antiescravagismo e à aparentemente nobre preocupação de preparar os escravos recémlibertos para conseguir empregos Não deixavam de ser hipócritas como os neoliberais de hoje que querem que tudo continue o mesmo eles ganhando muito dinheiro às custas de manter a maioria na instabilidade empregatícia Os nossos liberais de antigamente pensaram em preparar os escravos para trabalhos de pintura de gregas e frisas decorativas ornatos sobrepostos como rosáceas e vitrais assim como em métodos de ampliação de figuras para que trabalhassem na construção civil portanto assimilandoos nas mais baixas classes sociais Quanto à arte na educação para melhorar a performance acadêmica esta concepção ainda não chegou ao Brasil É típica da ArteEducação norteamericana dos últimos anos depois que uma pesquisa mostrou que os dez primeiros lugares do exame SAT equivalente ao Enem por uma década haviam cursado pelo menos duas disciplinas de arte No ensino médio nos Estados Unidos os alunos escolhem as disciplinas que vão cursar No Brasil não há liberdade de escolha o currículo parece prescrição médica Portanto nem se poderia fazer uma pesquisa dessas no Brasil A arte como disciplina configurada no Disciplined Based Art Education que mudou o ensino da arte nos Estados Unidos na década de 1990 também não emplacou no Brasil apesar de vários arteeducadores brasileiros terem sido enviados pelo poder privado para cursar o instituto de preparação para o DBAE mais fraco dos financiados pela Getty Foundation na região pobre de Chattanooga numa forçada tentativa de ressaltar nosso suposto subdesenvolvimento Na realidade não temos uma ArteEducação subdesenvolvida mas temos até pensamento próprio Um amigo da Austrália um dia me perguntou Como vocês no Brasil escaparam do DBAE enquanto os países da Ásia estão por ele colonizados Dialogamos com o pósmodernismo ou ultramodernismo e sistematizamos nosso próprio sistema com a Proposta Triangular inspirada em 58 múltiplas experiências estudadas em diferentes lugares Hibridizamos falando nossa própria linguagem de necessidades e somos hoje um dos países que junto com Cuba e Chile estão na liderança do ensino da arte na América Latina com um sistema bem desenvolvido de ArteEducação A Colômbia graças aos esforços dos últimos anos está prestes a se integrar a este grupo de qualidade No Modernismo os lugares de excelência do Ensino da Arte na América Latina eram a Argentina e o México Das visões da ArteEducação que Elliot Eisner nos fala as que dizem respeito à nossa história e aos nossos dias no Brasil são em ordem cronológica a expressão criadora a solução criadora de problemas a cognição e a cultura visual Quanto a esta última há uma grande diferença do caso americano Eisner dá a entender que foi a decisão de ampliar a análise visual circunscrita à arte para outros universos visuais como a publicidade o cinema o vídeo clip que fez surgir nos Estados Unidos a preocupação com a multiculturalidade No Brasil o movimento foi inverso Ao sairmos de uma ditadura de 20 anos o processo de redemocratização nos anos 1980 trouxe em seu bojo a preocupação plural com a multiculturalidade Durante a ditadura os únicos suspiros democráticos no Ensino da Arte foram os festivais especialmente os de Ouro Preto nos quais professores alunos artesãos locais e povo em geral podiam intercambiar Por meio dos festivais os universitários de arte tinham contato com o povo e suas culturas Quando os resultados daqueles intercâmbios puderam chegar mais abertamente às universidades manifestaramse na necessidade de respeito à produção de todas as classes sociais Foi o multiculturalismo baseado na diferença de classes sociais que primeiro eclodiu no Brasil O revigoramento das idéias de Paulo Freire que voltou ao Brasil em 1980 com uma recepção popular nunca vista para um educador assim como o início do PósModernismo na ArteEducação no Festival de Inverno de Campos de Jordão em 1983 consolidaram o valor do reconhecimento das diferenças que depois orientou a política multicultural do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo de 1987 a 19931 que era bastante ampla incluindo a cultura visual do povo como os lateiros os carnavalescos os pintores de placas de bar etc2 Este esforço multicultural trazia a necessidade de ver criticamente a produção do povo das minorias e das mídias especialmente a publicidade e a programação da 2 À arte popular chamo arte do povo É a arte reconhecida em separado pelo código hegemônico como arte do povo resultando que o artista do povo que a faz também se reconhece como artista Exemplo Vitalino Chamo arte das minorias Estética do povo ou cultura visual do povo quando o produto tem alta qualidade estética não é codificado pela cultura dominante e o próprio criador não se vê como artista Exemplo lateiro as bancas dos feirantes os bonecos de escapamento a confeiteira de bolo Estética das massas quando ligada aos valores visuais dos grandes mitos e manifestações populares como o Carnaval o Candomblé À Popular Art dos americanos chamo de cultura de massa no singular 1 Ver Tópicos Utópicos BH Comarte 1998 59 rede Globo que fora durante a ditadura e pelo menos até 2002 mais poderosa que o Ministério da Educação No próprio Festival de Campos do Jordão 1983 teve lugar o primeiro curso de análise de televisão oferecido à arteeducadores que fora precedido de cursos de TV em estúdio vídeo e cinema em 1980 durante a Semana de Arte e Ensino da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Mesmo nas oficinas de arte e computador realizadas em 1984 durante o Congresso de História do Ensino da Arte na ECAUSP ainda não se falava de cultura visual Só nos anos 1990 começamos a usar a expressão Cultura Visual TV internet softwares interativos etc para falar das mídias que modelam nossa mente nos ensinam sobre arte e comandam a nossa educação embora já as viéssemos trabalhando criticamente como imagem e como significação O conceito já era conhecido mas o termo cultura visual entrou no vocabulário dos arteeducadores graças ao curso que deu Kerry Freedman em São Paulo no SESCVila Mariana em 1998 e à publicação do livro de Fernando Hernandez Um dos textos de Kerry Freedman discutidos no curso está publicado neste livro Entretanto a cultura visual achou o caminho preparado por livros como A imagem no Ensino da Arte 1991 Metodologia do Ensino da Arte 1993 e outro bem anterior Teoria e Prática da Educação Artística 1975 que já falava de experiências na Escolinha de Arte de São Paulo com a análise de imagens da TV Mas voltemos ao início a idéia da arte na escola como expressão criadora difusa data do início do modernismo tendo como patronos Franz Cizek artista do Movimento de Secessão de Viena Viktor Lowenfeld e Herbert Read que para teorizar sobre ArteEducação recorreram o primeiro a Freud e o segundo a Jung tendo como base filosófica comum Martim Buber Portanto as primeiras sistematizações teóricas na ArteEducação foram de origem psicanalítica e psicológica Embora nenhum destes autores houvesse prescrito que a análise visual inerente ao desenho de observação da natureza era a única forma aceitável de estímulo à expressão Como diz Eisner a idéia do Ensino da Arte como solução criadora de problemas esteve influenciada pela Bauhaus 19191932 WEIMARDESSAU A função do ensino da arte era produzir soluções para a vida e para o design tecnicamente eficientes esteticamente prazerosas e socialmente relevantes A idéia era desafiar expectativas tradicionais quando a melhor forma de resolver problemas fosse encontrada Na Escolinha de Arte de São Paulo trabalhamos não só no desenho de observação de objetos e roupas de bom desenho visitando lojas da moda mas ensaiamos o desenho gráfico de capas de discos e livros e a construção de objetos de madeira Atualmente a abordagem mais contemporânea de ArteEducação na qual estamos mergulhados no Brasil é a associada ao desenvolvimento cognitivo 60 Embora Eisner afirme que a visão de ArteEducação mais fortemente implantada no imaginário popular é a ligada à expressão criadora difusa interpretada como algo emocional e não mental como atividade concreta e não abstrata como trabalho das mãos e não da cabeça o movimento de ArteEducação como cognição se impõe no Brasil Por meio dele se afirma a eficiência da arte para desenvolver formas sutis de pensar diferenciar comparar generalizar interpretar conceber possibilidades construir formular hipóteses e decifrar metáforas Rudolf Arnheim foi um dos expoentes da idéia de arte para o desenvolvimento da cognição Sua concepção se baseia na equivalência configuracional entre percepção e cognição Para ele perceber é conhecer Eisner aponta Ulric Neisser e Nelson Goodman como colaboradores desta visão Arrisco a afirmar que o Projeto ZERO que Goodman iniciou e financiou pessoalmente foi a maior fonte de pesquisas sobre a cognição em arte e a cognição por meio da arte O livro The Arts and Cognition editado pelo Projeto ZERO em 1977 foi um forte argumento cognitivo Evidenciou que arte depende de julgamento mas obriga a poucas regras que precisam ser conhecidas antes de se ousar desafiálas Estas regras são para Arnheim a gramática visual subjacente a todas as operações envolvidas na cognição como recepção estocagem e processamento de informação percepção sensorial memória pensamento aprendizagem etc Acusado de formalista nos anos 1980 na efervescência do PósModernismo nos Estados Unidos Arnheim entretanto vem sendo recuperado pelos cognitivistas pois sua gramática visual não se comprazia apenas na forma mas derivava de uma negociação contextual mental e se dirigia ao contexto perceptual A princípio se trabalhava a percepção desta gramática visual só a partir da percepção do mundo fenomênico Nos anos 1980 precisamente a partir de 1983 Festival de Inverno de Campos do Jordão o esforço cognitivo de apreender a imagem da Arte se ampliou e outras mídias visuais também passaram a interessar à Arte Educação e a um novo grupo o de especialistas em educação e comunicação Estou preparando um livro que trata principalmente dos modos pelos quais se aprende arte portanto de cognição e interdisciplinaridade Artigos publicados entre 2002 e 2003 de Michael Parsons e Arthur Efland da Universidade Estadual de Ohio EUA e Kit Grauer Rita Irwin Alex de Cosson e Sylvia Wilsom da Universidade de British Columbia Vancouver British Canadá iniciam o livro que é presidido pela idéia de Arte como conhecimento Em seguida o conhecimento da Arte ocupa a segunda parte do livro centrada no Ensino da História da Arte Os artigos de Edward LucieSmith Crítico e Historiador da Arte da Inglaterra de Donald Soucy da Universidade de New Brunswick e de 61 Annie Smith da Universidade de Toronto ambos do Canadá são republicações dos anais do Congresso sobre O Ensino da Arte e sua História por mim organizados em 1989 no MAC USP Estes anais de tiragem restrita são conhecidos apenas pelos pesquisadores mas alguns textos são muito importantes para a prática de professores do ensino fundamental e médio em sala de aula Annie que veio duas vezes ao Brasil dar cursos no Museu de Arte Contemporânea da USP infelizmente morreu poucos anos atrás deixando uma lacuna na experimentação do ensino da História da Arte e muitos de nós seus amigos saudosos O texto de Jacqueline Chanda que encerra a segunda parte já anuncia o tema da terceira parte reclamando por uma teoria crítica no ensino da História da Arte baseada na leitura da obra e do campo de sentido da arte O texto de Jacqueline Chanda foi publicado primeiramente no Brasil pelo SESC Vila Mariana que o distribuiu no curso que ela ministrou no projeto A Compreensão e o Prazer da Arte em 1998 Na Parte III do livro dois artigos paradigmáticos de Brent Wilson e David Thistlewood são palestras que deram para o Simpósio sobre o Ensino da Arte e sua História em 1989 que continuam muito atuais Sob a égide da decodificação nesta parte se agrupam situações diferentes de leitura como a que é desenvolvida em museus privilegiando ArteEducação como mediação cultural BARBOSA 2004 a praga escolar da releitura BARBOSA 2002 e o novo poder da cultura visual FREEDMAN 1998 Tópicos sobre interculturalidade ocupam a Parte V do livro discutindo o problema ou oferecendo um rico material para ser usado pelos professores como o texto de Heloísa Margarido Sales escrito para embasar o material didático da Exposição arte da África que teve lugar no Centro Cultural do Banco do Brasil em São Paulo em 2004 mas não publicado na íntegra Agradeço ao curador Alfons Hug a permissão para publicação das imagens O texto de Jimo Bola Akolo contextualiza o ensino da arte na Nigéria servindo de referência para o texto de Heloísa Diferentes perspectivas da multiculturalidade no século XXI podem ser apreciadas nesta parte do livro como a proposta didática de Marian Cao da Universidade Complutense de Madri as questões do multiculturalismo e da Cultura Visual nos Estados Unidos depois de 11 de Setembro de Vesta A H Daniel Patrícia L Sturh e Christine BallengeeMorris as três do departamento de ArteEducação da The Ohio State Universit o problema de gênero discutido por Belidson Dias professor da Universidade de Brasília e na ocasião que escreveu este texto vivendo em Vancouver no Canadá como doutorando da Universidade de British Columbia O artigo de Graham Chalmers Universidade de British Columbia Seis anos depois de Celebrando o Pluralismo transculturas visuais 62 educação e multiculturalismo crítico encerra com chave de ouro a quinta parte do livro fazendo uma revisão dos conceitos de seu livro publicado em 1996 Simpatizo muito com intelectuais que são capazes de rever seus conceitos e posições e Chalmers que já merecia todo o meu respeito por suas atitudes plurais agora é por mim mais admirado ainda por sua ousadia crítica A última parte do livro é composta de três artigos sobre Avaliação o de Enid Zimmerman publicado pela primeira vez em português e os de Doug Boughton Northern Illinois University EUA e Maurice Sevigny e Marguerite Fairchild respectivamente diretor do Faculdade de Arte da Universidade do Arizona e sua ex colega da Universidade do Austin Texas publicados o primeiro pelo SESCVila Mariana em 1998 e o último pelos anais do Simpósio sobre o Ensino da Arte e sua História de 1989 Curiosamente a 5a e última parte sintetiza as fontes deste livro que são artigos atuais nunca publicados antes no Brasil ou de brasileiros inéditos e artigos republicados dos dois eventos que solidificaram a contemporaneidade e a internacionalidade da ArteEducação no Brasil o Simpósio sobre o Ensino da Arte e sua História de 1989 e a série de cursos patrocinados pelo SESC dentro do projeto A Compreensão e o Prazer da Arte de 1998 O Congresso de 10 anos da Anpad 1996 também foi um reforço em direção ao internacionalismo da Arte Educação no Brasil mas os trabalhos apresentados eram muito mais voltados para pesquisas e difíceis de serem apropriados pelos professores em sala de aula O livro é para o professor e a professora que se interessam pelos fazeres informados Este livro foi um projeto desenvolvido com minhas alunas de doutorado do período 20012005 Leda Guimarães Lívia Marques e Vitória Amaral que discutiram comigo algumas escolhas e traduziram muitos dos artigos Leda e Vitória estiveram na The Ohio State University com bolsa sanduíche da Capes em 20012005 É um hábito meu incluir os orientandos do momento em meus projetos de livros As mestrandas de 20012004 Fernanda Cunha e Rita Bredariolli ajudaram na produção do livro Belidson Dias também participou das escolhas e do trabalho de tradução Nunca foi meu aluno mas venho acompanhando sua vida acadêmica com grande interesse e expectativa Está terminando o doutorado sob a orientação de Graham Chalmers em Vancouver Agradeço a eles e a Maria Emília Sardelic a quem não conheço pessoalmente e que me foi apresentada via email por um aluno meu que fazia bolsa sanduíche na Espanha Ela é professora da Universidade Estadual de Feira de Santana e se dispôs a traduzir o texto de Marian Cao enquanto fazia seu pósdoutorado em Barcelona Agradeço a generosidade de todos que trabalharam 63 para este livro e aos meus amigos autores e autoras que permitiram a publicação ou republicação de seus artigos Peço permissão a eles e elas para dedicar o livro à memória dos queridos Annie Smith e David Thistlewood que influenciaram muitos arteeducadores brasileiros com seus cursos iluminadores e que com suas ausências em nossas vidas deixaram o mundo mais pobre Este livro em um certo sentido é a continuidade de ArteEducação Leituras no Subsolo publicado em 1997 pela mesma editora Cortez O livro de 97 é uma antologia de textos que influenciaram a mudança do paradigma Modernista para o PósModernista segundo pesquisa realizada nas teses e dissertações defendidas nas universidades no Brasil Portanto os textos representam os fundamentos da Pós Modernidade na ArteEducação Este livro traz os textos que demonstram o desenrolar dos problemas salientados pelo PósModernismo Referências AGIRRE I Teorías y Prácticas en Educación Artística Pamplona Universidad Pública de Navarra 2000 BARBOSA A M Teoria e prática da Educação Artística São Paulo Editora Cultrix 1975 A imagem no ensino da Arte São Paulo Editora Perspectiva 1991 Tópicos Utópicos Belo Horizonte Editora ComArte1998 DEWEY J Art as experience New York Perigee Books 1980 EISNER E The Arts and the creation of mind New Haven Yale University Press 2002 FERRAZ MH FUSARI MF Metodologia do Ensino da Arte São Paulo Editora Cortez 1993 PERKINS D LEONDAR B The Arts and the Cognition Baltimore and London The John Hopkins University Press 1977 RÄSÄNEM M Building Bridges Helsinki University of Art and Design 1998 64 Os fatos mudam e a história se repete á 15 anos estivemos no Congresso Nacional trazendo a mensagem aos educadores artistas entidades e instituições preocupados em inserir na Constituição a Arte como elemento indispensável à formação do homem brasileiro Os debates sobre esta questão vêm se desenvolvendo a partir de encontros e congressos de arteeducação municipais estaduais e nacionais que geraram documentos como Manifesto de Diamantina Carta de São João Del Rei Carta Protesto de Brasília e o documento síntese apresentado em 1987 à Constituinte na Comissão de Educação Cultura e Desportos Em 1988 realizamos em Brasília o I Congresso da Faeb que elaborou o documento apresentado na V CBE onde foi aprovada em plenária moção garantindo o espaço da Arte entre as disciplinas básicas dos currículos de 1º e 2º graus na nova LDB Hoje voltamos a este Congresso representando 49 entidades e instituições preocupadas com a formação do cidadão brasileiro e os destinos do país nas questões de educação e cultura XV Congresso da Federação de ArteEducadores do Brasil Laís Aderne H Universidade de Brasília Instituto HUAH DO PLANALTO CENTRAL Osmar Toscano Rios Parlamentarista da UEE de Minas Gerais Refrão de um discurso proferido no Congresso de Estudantes Diamantina 1958 65 A necessidade da arte para o desenvolvimento nacional é justificada na história de todas as civilizações como elemento preponderante da cultura e da própria economia de todos os povos Em 1988 a dra Ana Mae Barbosa da USP publica em seu artigo Arte é Preciso que a área de Arte gera pelo menos 25 dos empregos do país e cita ainda países como o Canadá onde a indústria das artes desde 1982 vem sendo a que tem o maior número de empregos em tempo integral 234280 ocupando o 9º lugar na produção de renda o que significa 25 do PNB Produto Nacional Bruto No Brasil não tem sido levada em conta pelos legisladores a dimensão da criação em arte que gera tantos empregos e renda para o país tanto no design como nas profissões ligadas à arte comercial como propaganda broadcasting cinema publicações de livros e revistas gravação de som vídeos e TV carente de sonorizadores competentes desenhistas de ambientes e câmeras que realmente conheçam acerca da imagem Sabemos através da história da educação inglesa o quanto foi investido em arte na educação durante a revolução industrial pois a Inglaterra tomando consciência da primazia da França nos modelos para a indústria resolve assumir a liderança aplicando especialmente na presença marcante da Arte nos currículos das escolas Esta ampliação do espaço das artes em prol do desenvolvimento econômico gera o movimento humanista e o desenvolvimento das teorias de educação através da arte lideradas pelo filósofo Herbert Read que chega até nós através Escolinha de Arte do Brasil A partir de depoimentos trazidos por Anísio Teixeira para um grupo restrito de educadores da Escolinha de Arte do Brasil RJ em 1967 vindo do exílio dos EUA tomamos conhecimento do investimento do governo americano na área de artes nas escolas após a II Guerra Mundial Este investimento era decorrente da constatação da pobreza em número de cientistas entre os países aliados enquanto a Alemanha estava após a guerra exportando seus criadores e homens da ciência para os países vencedores A análise comparativa dos currículos da Alemanha e EUA levou o país naquela ocasião a aplicar cifras altíssimas na arte nas escolas A aplicação desses recursos foi reforçada depois do lançamento do Sputnik e vem sendo grandemente subvencionadas hoje pela fundação Paulo Getty com o objetivo de formar o homem criador o ser pensante reformulando a sociedade Recentemente o XX Fórum de Secretários de Estado da Cultura do Brasil esteve reunido na cidade de Manaus para a formulação de propostas que favoreçam o desenvolvimento cultural do país 66 Refletindo e debatendo sobre a política que defenda o patrimônio ambiental preserve o patrimônio cultural e a pluriculturalidade que caracteriza o país esse fórum entre outros posicionamentos decidiu manifestarse diante do Congresso Nacional pela importância da arte na educação do cidadão brasileiro mantendo e ampliando na nova LDB o espaço da arte entre as matérias fundamentais dos currículos de 1º e 2º graus como elemento imprescindível para a formação da personalidade da cidadania do educando e para o desenvolvimento da cultura nacional Anexo Citações do Documento do I Congresso da Faeb Anais do I Encontro Bienal de Ecologia Ambiental Humana e Social do Ecomuseu do Cerrado e II Feira dos Poetas Escritores Músicos e Produtores Culturais de Corumbá de Goiás Universidade do Cerrado Unicerrado Realização Instituto HUAH do Planalto CentralFubraAPVDFSDCT Apoio UnBUCBMMAIbamaAmabGO Local Praça da Matriz e Casarões do Município de Corumbá de Goiás Hotel Fazenda Cabanas dos Pirineus Cocalzinho de Goiás Período 20 a 25082004 O Ecomuseu abrange sete municípios do Entorno de Brasília Abadiânia Alexânia Águas Lindas Cocalzinho de Goiás Corumbá de Goiás Pirenópolis e Santo Antônio do Descoberto Todos fazem parte da área de abrangência do Projeto Ecomuseu do Cerrado Museu Território na Região da Amab Associação dos Municípios da Abrangência de Brasília no Estado do Goiás I Relatório Geral Este 1º Encontro Bienal de Ecologia Ambiental Humana e Social após seis anos do início da implantação do Ecomuseu objetivou refletir consolidar e ampliar as metas e propostas estabelecidas para sua região de atuação preparando e estimulando 67 os cidadãos e grupos envolvidos através das Instituições Parceiras e definindo as novas metas que incluem a criação da Universidade do Cerrado e do Museu de História Natural do Cerrado no Planalto Central O I Encontro Bienal aconteceu entre os dias 20 e 25 de agosto de 2004 Representou dois momentos significativos das linhas metodológicas do Ecomuseu do Cerrado sua experiência de cultura e sociedade bem como a reflexão sobre os conceitos teóricos e as metodologias que a norteiam Este projeto é um Eco Museu Território que está sendo implantado no cerrado do planalto central do Brasil integrando o pensamento o sentimento e a ação das comunidades envolvidas em seu programa de trabalho O primeiro momento do encontro foi a II Feira dos Poetas Escritores Músicos e Produtores Culturais de Corumbá de Goiás que ocorreu entre os dias 20 e 22 de agosto de 2004 Esta feira a cada ano faz homenagens especiais tendo no ano passado homenageado os nove Poetas e Escritores Imortais de Corumbá de Goiás das Academias Goiana e Brasileira de Letras e neste ano destacando o poeta latino americano Pablo Neruda pela ocasião do seu centenário e o pároco Monsenhor Chiquinho criador da 1a Biblioteca de Corumbá de Goiás incentivando e apoiando o nascimento de uma significativa produção literária na região A feira mostrou e refletiu as práticas culturais das comunidades do Ecomuseu e especialmente de Corumbá com extensa programação com stands com apresentações musicais rodas de poesia exposições de artesanato e artes visuais danças saraus oficinas e lançamento de livros Essas atividades compuseram a primeira parte do encontro dedicadas a mostrar para os participantes as linhas de ação do Ecomuseu e os fazeres culturais da região com o objetivo de subsidiar as reflexões no segundo momento do Encontro que foi realizado no Centro de Convenções do Hotel Fazenda Cabanas dos Pirineus no município de Cocalzinho de Goiás Os trabalhos da segunda parte do I Encontro Bienal de Ecologia Ambiental Humana e Social do Ecomuseu do Cerrado ocorreram entre os dias 23 e 25 de agosto de 2004 A cerimônia de abertura foi presidida pela prefeita do município de Abadiânia Leda Almada presidente da Associação dos Municípios Adjacentes de Brasília Amab Participaram da mesa como convidados especiais Emir José Suaiden Diretor Presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do DF FAPDF a representante do Ministro da Cultura Ana Maria Villalba da Diretoria de Identidade e Diversidade Cultural do Minc Cecília Leite Oliveira representando o Secretário de Estado do Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia do DF SDCTDF e a Coordenadora do Evento Laís Aderne Todos os participantes da mesa usaram da palavra destacando a 68 importância do trabalho que está sendo realizado nos sete municípios que compõem o Ecomuseu do Cerrado e ressaltando a realização das ações destes últimos seis anos de trabalho na preservação e resgate do patrimônio natural e cultural da região Após a instalação do Encontro foram iniciados os trabalhos com a Oficina da Terra coordenada pela doutoranda Eliene Muniz de Matos da UCBCEB que abordou a identidade cultural e natural da região fazendo uma alusão ao passado presente e futuro e gerando trabalhos individuais dos participantes Do painel de Ecologia Ambiental coordenado por Nina de Paula Laranjeira representante do MMA participaram os conferencistas Manoel Cláudio da Silva Júnior UnB Antônio José da Rocha UCB o pesquisador Tiago Gomes Teixeira Neto do Jardim Botânico de Salvador BA As atividades do dia foram concluídas com um Fórum Ecológico coordenado por Maria Dolores Coni Campos UFF que conduziu os participantes do encontro para um trabalho de identidade diversidade e unidade No segundo dia o painel Conceito e Diversidade Cultural dos Ecomuseus Ecomuseu e o Bioma Cerrado foi coordenado pela representante do Ibama Lúcia Pio Foram conferencistas deste painel os representantes do IcomBrasil Maurício Cândido da Silva Universidade da São PauloUSP Ana Maria Villalba do Ministério da Cultura representando a Museóloga Célia Corsino da Universidade Católica de GoiásUCG a Coordenadora Técnica do Ecomuseu Laís Aderne da UnBInstituto Huah do Planalto Central Eduardo Luppi da UFMGInstituto Huah Este painel trouxe as palavras do Icom sobre a experiência dos Ecomuseus do Brasil enfocando a criação do Ecomuseu do Itaipu Os outros conferencistas abordaram o Ecomuseu do Cerrado Museu Território que se instalou no ecossistema Cerrado do Planalto Central em 1998 para preservar e recuperar o patrimônio natural e cultural dessa região integrando as áreas de ecologia ambiental humana e social e enfocando cultura e sociedade No período da tarde realizouse o painel Ecologia Humana e Social com as conferencistas Anita Mendes de Reyna da Fundación Tierra Viva Venezuela Vera Lessa Catalão e Isabel Zaneti da UnB Lenita Nicoletti da Fundação Oswaldo Cruz Fiocruz com enfoque nas questões humana e social e nos efeitos causados pelos resíduos sólidos no ser humano e no meio ambiente No Fórum Ecológico coordenado por Maria Dolores Coni Campos foram formados os grupos de trabalho do encontro com base nas temáticas dos painéis objetivando fornecer subsídios para as novas metas do Ecomuseu com relação aos aspectos conceituais metodológicos e seu embasamento na área de cultura e sociedade 69 Na manhã do último dia as atividades foram iniciadas por Laís Aderne que fez um pronunciamento a respeito do assunto em destaque o painel Cultura e Sociedade e apresentou os convidados David W Ecker New York University Maurice Reyna Adido Cultural da Venezuela o doutorando da UnB Hermes Oliveira dos Anjos tradutor do conferencista David Ecker que abordou o contexto cultural o indivíduo e o objeto enfocando o pluralismo cultural e sua importância neste momento da globalização Finalizando foi reinstalado o Fórum Ecológico e reuniramse os grupos de trabalho para elaboração dos documentos finais que refletem os conceitos metodologias e metas do Ecomuseu do Cerrado e redesenha suas linhas de ação visando estabelecer as bases para a criação da Universidade do Cerrado e seu Museu de História Natural enfocando o Cerrado e Planalto Central Os três Grupos de Trabalho Filosofia Cultura e Sociedade e Metodologia sintetizaram as contribuições trazidas pelos diversos painéis e o Fórum Ecológico bem como estabeleceram propostas para linhas de ação Em seguida foi convocada a Assembléia de Encerramento do I Encontro Bienal de Ecologia Humana Social e Ambiental onde foram apresentados os documentos elaborados pelos grupos de trabalho e submetidos à votação pela plenária tendo sido debatidos e aprovados por unanimidade Na Assembléia foram apresentadas cinco moções para discussão e votação tendo sido aprovadas por unanimidade após as contribuições dos participantes Criação das Coordenações Tríplices e dos Conselhos Locais em cada município do Ecomuseu reordenando assim sua organização a partir da experiência de seus seis anos de funcionamento Cada município será representado por duas pessoas no Conselho Regional Apresentação em cada um dos sete municípios que compõem o Ecomuseu através das Câmaras de Vereadores de propostas de parceria entre a prefeitura e o Ecomuseu do Cerrado para o desenvolvimento dentre outras das seguintes ações a criação nos outros municípios como em Santo Antônio do Descoberto dos Guardiões do Cerrado que deverão ser orientados para realizar visitas nas propriedades rurais num trabalho de conscientização sobre a preservação do meio ambiente 70 b palestras nas escolas a fim de mobilizar os estudantes em uma campanha de reflorestamento principalmente das matas ciliares e áreas de nascentes de forma integrada com representantes das escolas e da sociedade organizada de cada município através do projeto Replantando a Vida no Cerrado Solicitação à prefeitura de Cocalzinho de Goiás de espaço destinado aos outros municípios do Ecomuseu para escoamento de produtos culturais no evento Festa da Rapadura que integra o Circuito de Feiras e Festas de Cultura da Região Encaminhar ao Ministério de Desenvolvimento Agrário uma proposta de programas de incentivo ao pequeno proprietário de terras da região do Ecomuseu através da implantação de um Território do MDA que apóie projetos rurais produtivos e evite o arrendamento de suas propriedades por produtores de grãos vindos de outras regiões que utilizam grandes extensões de terras arrendadas para a plantação de grãos com agrotóxicos deixando a região degradada Encaminhamento ao Fórum Social Mundial de Porto Alegre à Unesco ONU e OEA a proposta de criação de um Conselho Mundial de Ecologia Humana que objetive a preservação do homem e das culturas deste planeta para impedir o tipo de violências que vêm ocorrendo atualmente no Oriente Médio e em outras partes do planeta Após os debates e votação das propostas a presidente da assembléia deu por encerrados os trabalhos do I Encontro de Ecologia Humana Ambiental e Social do Ecomuseu do Cerrado II Documentos finais dos Grupos de Trabalho Criação da Universidade do Cerrado a Missão e Filosofia Nossa missão é desenvolver estudos pesquisas e experimentações gerando conhecimentos compartilháveis de forma imediata com a sociedade Para isso a Universidade do Cerrado enquanto espaço de Educação deverá interagir de forma direta com a comunidade através de seus agentes educacionais auxiliando os grupos a reorientarem suas ações para alcançar soluções mais permanentes e harmonizadas 71 A Universidade do Cerrado deverá abrigar atividades integradas de ensino pesquisa extensão promovendo a experimentação realização de eventos debates consultorias publicações administração de projeto dentre outras tendo como fundamento para todas as suas ações a educação integral do ser humano e priorizando na pesquisa e extensão o bioma cerrado o Planalto Central do Brasil e a América Latina com um enfoque multicultural Acreditamos que todo processo educacional deve se estruturar como um sistema capaz de intervir de forma equilibrada e positiva nas inúmeras atividades humanas reorientandoas através de princípios e valores que elevem a qualidade da vida coletiva A Ação Educativa é um bem maior da humanidade se for entendida construída e praticada visando uma nova ordem pode atuar em todos os níveis do ambiente social integrandoos na direção de um objetivo que conduza a sociedade para rumos superiores de convivência Princípios filosóficos específicos Promover ações de capacitação que possibilitem a criação de uma dinâmica emancipadora das populações dos municípios participantes do Ecomuseu do Cerrado transformandoas em protagonistas de seu próprio processo de desenvolvimento sustentável e multicultural Refletir sobre as tecnologias que estão sendo utilizadas propondo melhorias para que se tornem mais adequadas e eficientes Possibilitar ainda a criação de novas tecnologias ou a renovação das já existentes sincronizando eficiência e adequação com os resultados almejados pelas comunidades e uma visão multicultural e sistêmica de mundo A Universidade deverá orientar sua prática de ensino buscando instalar processos transformadores da formação crítica dos indivíduos entendidos como agentes geradores e transmissores do conhecimento Promover por meio das suas ações o fomento de interconexões entre comunidades específicas e afins buscando abranger os aspectos biopsicossocial e espiritual do ser humano na sua forma individual e coletiva Instalar um processo educacional capaz de libertar o indivíduo de suas próprias limitações de suas amarras morais emocionais e intelectuais para ver o outro além de si mesmo respeitando as diversidades ambientais e humanas 72 Desenvolver a consciência crítica a fim de intervir na questão ambiental por meio da construção de projetos voltados para a pesquisa e extensão com o objetivo de priorizar a preservação das espécies endêmicas do cerrado e identificar seus recursos etnobotânicos sua história sua cultura e tecnologias oriundas desse ecossistema b Metodologia Um espaçotempo de pedagogia integradora experimental e de pesquisa em processo contínuo e em cultura democrática Um centro gerador de idéias e de formação humana assegurando projetos multidisciplinares Um local de preservação cultural e ambiental da região do Ecomuseu do Cerrado Um núcleo gerador de integração de saberes e difusão de conhecimentos com foco no desenvolvimento sustentável embasado na cultura Um laboratório humano de criação e superação individual e coletiva na perspectiva da harmonia e do bemestar do homem e do seu ambiente em processo de estudoreflexão contínuo Um trabalho de preservação e reencontro de identidades tomando como base a experiência de Olhos dágua em AlexâniaGO atento ao envolvimento inclusão e interação das sete comunidades iniciais e em expansão a outras da região na revitalização local e no equilíbrio ambiental Um grande centro de convivência cultural e ambiental aberto a todos que queiram trocar fazeressaberestecnologias e desejem ampliar conhecimentos na construção de um acervo vivo centrado na memória pessoal social e ambiental resgatando e preservando o acervo natural e cultural c Cultura e Sociedade A Universidade do Cerrado Unicerrado deverá ser voltada para as características de seu meio ambiente e sua sociedade da seguinte forma intercambiando com outros centros acadêmicos e grupos sociais de outras culturas dominantes sem competir com eles mas inovando em suas linhas de pesquisa e ação societária e ambiental bem como produtiva voltada para populações de pequeno e médio porte atuando com seus mestres e com especialistas de outros centros culturais que poderão ministrar cursos e oficinas em módulos e atender pessoas vindas de outras regiões que poderão 73 trocar um período de estudo na Unicerrado por serviços na área de extensão e ensino às comunidades do Ecomuseu construindo uma rede de especialistas de diferentes áreas do conhecimento das várias regiões do país e do continente não somente doutores mas também grandes mestres outros níveis de conhecimento não acadêmico promovendo cursos de experiências em diferentes áreas da ciência tecnologia e humanidades como a botânica a geologia a medicina tradicional ou as tecnologias construtivas regionais e a comunicação através do rádio audiovisual teatro folclore e outros meios propiciando acesso gratuito à população local criando produtos para a difusão do processo gerado pela atividade acadêmica e comunitária bem como proporcionando recursos materiais para a produção de instrumentos e registro de processos e resultados oferecendo créditos aos alunos pelas atividades de extensão comunitária desenvolvendo estudos e guias de ações voltados para a interação entre a comunidade universitária e a sociedade realizando estudos e projetos com bases nas tecnologias construtivas históricas da região que favoreçam a saúde humana a partir dos materiais utilizados planejando seu calendário para permitir a promoção do turismo acadêmico cultural e ecológico com outras universidades do país e do exterior possibilitando o intercâmbio entre professores pesquisadores produtores culturais e estudantes em períodos de férias integrando tecnologias inovadoras e tecnologias tradicionais com utilização de recursos naturais e mãodeobra local minimizando impactos ambientais e culturais negativos gerando conhecimento transdisciplinar através de atividades e pesquisa nas áreas de cultura educação sociedade e natureza redesenho social e desenvolvimento sustentável tecnologias tradicionais e contemporâneas desenvolvendo pesquisas no campo alimentar visando minimizar impactos ambientais gerados pela alimentação humana tradicional produzida sem levar em conta o conceito de desenvolvimento sustentável promovendo na região a criação de cursos profissionalizantes de segundo grau voltados para o campo da ecologia humana ambiental e social 74 promovendo a interação entre as ciências tecnologias e artes para favorecer aos estudantes a construção do pensamento sistêmico formando acervos bibliográficos videográficos fonográficos e monográficos que favoreçam estudos e pesquisas nas áreas de cultura e sociedade ecologia e educação promovendo a geração de serviços e elaborando programas de atividades extracurriculares envolvendo a cultura regional e o intercâmbio com outras culturas promovendo ações de gestão na geração de serviços no setor de ecoturismo cultural que favoreçam a vocação da região e o desenvolvimento sustentável oferecendo consultoria às prefeituras municipais do território do Ecomuseu para o estabelecimento de planos microrregionais de desenvolvimento embasados na cultura III Colaboradores a Participantes do Grupo de Trabalho Missão e Filosofia Gabriela Silva Noronha Sebrae GO Eduardo Luiz Luppi Instituto HuahUFMG Belas Artes Hermés Oliveira dos Anjos UnB Tiago Gomes Teixeira Neto PMSSPJJBotânico Salvador BA Laércio Carlos Tomaz Ecomuseu Santo Antônio do Descoberto GO José Áureo de Oliveira Villena Comunidade de Francisco RJ Sônia Aparecida Santos Curado Corumbá de Goiás GO Itamar de Queiroz Ferreira Secr de Turismo de CorumbáPres ACIACG Lúcia Pio dos Santos IbamaDIRECCGECODF b Participantes do Grupo de Trabalho Metodologia Anita Reyna Fundación Tierra Viva Venezuela Isabel Zaneti UnB Vera Lessa Catalão UnB 75 Maria Dolores Coni Campos Instituto Pé no Chão RJ Maria Jussara Lopes Bandeira Comunidade de Corumbá de Goiás GO Aurea Curado Fleury Teixeira Ecomuseu do Cerrado Corumbá de Goiás GO Neuler Lourenço Teixeira Ecomuseu do Cerrado Corumbá de Goiás GO Emir Curado Vereador em Corumbá de Goiás GO Maria Eliza Curado Professora Corumbá de Goiás GO Deuselina Teles Machado da Silva Radialista Cocalzinho de Goiás GO Ecomuseu do Cerrado Maria Divina de Assis Pereira Corumbá de Goiás GO Maria Terezinha Resende Martins Instituto HUAH c Participantes do Grupo de Trabalho Cultura e Sociedade David W Ecker New York University Lais Aderne UNBInstituto Huah Maurice Reyna Adido Cultural da VenezuelaMúsico Vera Lucia Professora Eurípedes Ferreira Gomes Vereador Wilmar Mota Fernandes Vereador Cléia Rezende Pires Educadora Ramir Curado Pesquisador professor e comerciante Lucimar Pavelkonski da Silva Primeira dama de Cocalzinho GO Maurício Cândido Silva USP especialista em museologia Lúcia Andrade Comunidade de Pirenópolis GO Cézar Rabelo Gestão de ecossistema Sítio Baleria Cocalzinho de GoiásGO 25 de agosto de 2004 V Mesas Temáticas 1 In medieval Europe which invention was crucial for transforming warfare by allowing soldiers to attack enemies from a distanceA CrossbowB Long swordC ShieldD Helmet2 During the Renaissance artists used perspective techniques to create which effect in their paintingsA Abstract shapesB Threedimensional depthC Black and white contrastD Flat surfaces3 What was the main purpose of the Magna Carta in 1215A Grant absolute power to the kingB Limit the power of the king and protect barons rightsC Establish a democracyD End the Crusades4 Which empire was the most powerful and expansive in Europe during the 15th centuryA Ottoman EmpireB Byzantine EmpireC Holy Roman EmpireD Mongol Empire5 What was the significance of the printing press invention by Johannes GutenbergA Made books available only to the richB Reduced the spread of knowledgeC Allowed for mass production of books and spread of knowledgeD Focused on printing religious texts only6 The Black Death which swept through Europe in the 14th century was primarily caused byA FamineB WarC PlagueD Superstition7 During the Age of Exploration which country was the first to establish sea routes to India around the Cape of Good HopeA SpainB PortugalC EnglandD France8 The Hundred Years War was primarily a conflict between which two countriesA England and FranceB Spain and PortugalC France and GermanyD England and Scotland9 Which of the following was a major consequence of the Crusades on EuropeA Decline in tradeB Increase in cultural and economic exchangesC End of feudalismD Rise of absolute monarchs10 Who was the famous English monarch known for his six marriages and break from the Roman Catholic ChurchA Richard the LionheartB Henry VIIIC Elizabeth ID Henry IVAnswers 1 A 2 B 3 B 4 C 5 C 6 C 7 B 8 A 9 B 10 B 79 Professor Mestre do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília UnB e Presidente da Faeb Políticas Públicas e o Ensino de Arte no Brasil Mediador Richard Perassi Luis de Souza 1 Políticas Públicas para o Ensino de Arte no Brasil José Mauro Ribeiro Barbosa A aceitação da arte como forma de conhecimento humano nas suas mais variadas linguagens se deu em razão de sua identidade com o amplo espectro da ação humana Sua inserção no sistema educacional brasileiro ocorreu a partir da segunda metade do século XX onde há registro da presença de escolas especializadas com objetivos de ensinar às crianças e aos adolescentes as mais variadas modalidades artísticas Segundo Ana Mae Barbosa personalidades importantes de nossa história como Teodoro Braga Anita Malfatti e Mário de Andrade tiveram contribuições relevantes para o início do processo de ensino de arte em nosso país Teodoro dirigiu em São Paulo a Escola Brasileira de Arte Anita mantinha cursos para crianças e adolescentes em seu ateliê enquanto Mário entre outras coisas na qualidade de diretor do Departamento de Cultura de São Paulo incentivou a criação de um curso infantil 80 Sob a influência do neoexpressionismo que grassava no pósguerra tanto nos Estados Unidos como na Europa no final da década de 1940 surge no Brasil um movimento de valorização da arte infantil com o aparecimento de ateliês orientados por artistas voltados para a livre expressão da criança Neste universo criativo e pulsante de locais de ensino de arte Augusto Rodrigues funda a Escolinha de Arte do Brasil no Rio de Janeiro iniciativa ligada ao movimento de redemocratização da educação liderado por Anísio Teixeira Helena Antipoff e outros notáveis na construção do processo educacional do nosso país Figura dotada de um carisma invejável Rodrigues teve como parceira nesta empreitada a professora Noêmia Varela fundadora da Escolinha de Arte de Recife que posteriormente transferiuse para o Rio e juntos frutificaram por vários anos o ambiente onde se especializaram os primeiros professores de arte brasileiros numa função afirmativa multiplicadora e divulgadora da causa educativa da arte Em 1958 influenciado pelas idéias do movimento da Bauhaus Lucio Costa arquiteto que concebeu Brasília elaborou um programa de ensino em desenho que influenciou o processo de ensino de arte brasileiro como um todo resultando na promulgação de uma lei que permitia a criação de classes experimentais para o ensino de arte com a finalidade de investigar alternativas e experimentações para os currículos e programas que se definiram posteriormente como normas gerais do Ministério da Educação A implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961 que regulamentou a uniformização dos programas escolares e sugeriu a introdução formal da arte na escola teve entretanto seu percurso cortado com o golpe de 1964 Alguns anos mais tarde com o pressuposto de democratizar o ensino foi implementada a famigerada reforma na educação que em suas primeiras ações eliminou o exame de admissão ao curso ginasial o correspondente hoje ao período de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental com a intenção de ampliar vagas Deuse a primeira estremecida nas velhas estruturas do sistema escolar vigente e conseqüentemente na qualidade educativa pois as demandas em todas as áreas de ensino eram muito distintas daquele público proposto para antigos programas Esse novo cenário com necessidades e procedimentos tiveram que ser adequados às demandas surgidas como o acesso de alunos de origens sociais diferentes que por sua vez trouxeram para a escola experiências de vivências culturais diversas e peculiares explicitou os paradoxos e obstáculos que se apresentaram à trajetória da educação brasileira a partir de então Como decorrência desta súbita abertura dos portões das escolas aos pobres sem que para eles fossem pensadas e implementadas 81 políticas voltadas para a manutenção dos mesmos nos bancos escolares que culminou com a adoção da Lei 569271 de caráter tecnicista A partir de então o sistema educacional como um todo passou por um processo de decadência e aviltamento de suas condições operativas refletindose na formação precária dos professores baixos salários falta de materiais didáticos etc Foi nesse contexto que o ensino de arte entrou em cena oficialmente na educação brasileira com o advento da Educação Artística para o ensino de 1º e 2º graus e do curso de Licenciatura em Educação Artística para o ensino superior nos formatos de duração curta e plena Moldado pelas mãos do regime de exceção e com uma visão demagógicopopulista do processo educacional implantouse por dispositivo de lei a obrigatoriedade do ensino de artes nas escolas sob a égide da polivalência O que já estava capenga no sistema escolar acentuouse de maneira drástica no emergente ensino de arte Com a obrigatoriedade considerada uma boa nova em termos de oportunidade educativa para os alunos e de mercado de trabalho para esta nova categoria de professores na verdade o que se assistiu foi o aparecimento de diversos problemas tornando inexeqüível a efetivação na arte no meio escolar Isso se deu quer pela concepção pedagógica equivocada a de fusão polivalente das linguagens artísticas conceito que tentava abrigar um ensino pretensamente interdisciplinar das artes cênicas plásticas música e desenho ministrado por um mesmo professor da 1ª a 8ª série do 1º grau quer pela inadequação física das escolas ou então pela necessidade que se impôs quanto à improvisação de professores provenientes das demais disciplinas para preencher as lacunas criadas pela nova atividade escolar já que não havia professor qualificado para tal Formouse assim uma verdadeira confusão que passava pela questão da competência profissional do enfoque teóricometodológico das técnicas e materiais didáticos como pelo próprio preconceito dos professores das outras disciplinas quanto à incompreensão da arte como forma de conhecimento o que infelizmente perdura até hoje Dessa maneira o mal que veio para o bem ou melhor a obrigatoriedade da arte no currículo acabou colaborando para transtornar o ainda combalido e frágil processo de implantação do ensino de arte na educação escolar brasileira Na tentativa de resolver os problemas que se apresentaram principalmente relativos à carência no quadro de professores foram criados cursos emergenciais para os professores leigos e complementares para os professores provenientes de bacharelados de belas artes conservatórios de música e escolas de teatro e dança Ainda antes disso no final dos anos 1960 foi celebrado um convênio entre o MEC e a Escolinha de Arte do Brasil 82 para execução junto às Secretarias Estaduais de Educação o qual resultou em cursos de especialização ainda não se tinha um sistema de pósgraduação no Brasil e na elaboração de um guia de orientação da nova disciplina Contudo poucos Estados conseguiram desenvolver e realizar algum projeto que resultasse em algo razoável apesar de que se tenha realizado um trabalho mais efetivo de reciclagem e atendimento de professores no Rio de Janeiro em Minas Gerais e Rio Grande do Sul O insucesso do programa levou à criação em 1977 do Programa de Desenvolvimento Integrado de ArteEducaçãoProdiarte visandose estabelecer uma integração entre a cultura da comunidade e a cultura escolar projeto esse que acabou caindo na inércia e no populismo pelo esgotamento do regime militar que experimentava sua agonia derradeira Se o advento da licenciatura em Educação Artística provocou o surgimento de graves problemas desde sua implantação por outro lado contribuiu para dar a largada definitiva da afirmação da arte como área de conhecimento e sua gradativa expansão no ensino superior Segundo estudos de Arão Paranaguá de Santana em 1972 existiam apenas três cursos superiores de teatro ao passo que hoje entre bacharelados e licenciaturas há 34 cursos em todo o território nacional o que se pode verificar também nas outras áreas da arte pois há cerca de 150 cursos de licenciatura em artes em todo o Brasil nos últimos vinte anos foram criados diversos programas de pósgraduação stricto sensu principalmente lato sensu a produção acadêmica aumentou devido à atuação das universidades públicas cresceu consideravelmente o número de títulos publicados o que dá provas da capacidade produtiva e da capilaridade da arteeducação A construção deste árduo e belo caminho firmouse através de lutas debates experimentações artísticas pesquisas e principalmente pelo movimento organizado dos arteeducadores iniciado na década de 1980 marcado pelos inúmeros encontros nacionais ampliadores de um debate até então restrito às agências formadoras conselhos secretarias de educação Fazse necessário registrar os marcos desse movimento organizado pelos professores e estudantes de arte que viabilizaram e estimularam gradativamente a conscientização e a participação dos professores em debates e lutas políticas que se seguiriam nas duas últimas décadas a saber I Encontro de Especialistas de Arte e Educação MECUnB Brasília 1973 I Encontro LatinoAmericano de ArteEducação Rio de Janeiro 1977 Semana de Arte e Ensino ECAUSP São Paulo 1981 Congresso da International Society for Education Trought ArtINSEA Sobreart Rio de Janeiro 1984 83 Encontro de ArteEducação do Nordeste João Pessoa 1984 Festival LatinoAmericano de Arte e CulturaFLAACUnB Brasília 1987 Ressaltese que no último evento em destaque em meio às discussões emergidas no próprio festival e considerando os bastidores políticos onde se moldava a nova LDB imaginouse uma maneira de congregar a ânsia associativa que germinava nas várias unidades da federação culminando na criação da Federação dos ArteEducadores do Brasil Faeb No final do século passado precisamente nas duas últimas décadas a efervescência dos acontecimentos no bojo desse movimento exigiu um novo sentido para o sistema educacional ocasionado a partir da promulgação da Lei 939496 Posteriormente vieram as diretrizes do CNE parâmetros e orientações curriculares do MEC provocando por conseguinte uma mudança lenta mas significativa alterando a legislação curricular dos Estados aperfeiçoando em todos os níveis a educação nacional atualizando os cursos superiores solidificando as associações acadêmicocientíficas aumentando o quadro de professores nas redes de ensino mudando o panorama editorial aflorando a pesquisa possibilitando oportunidades em termos de educação continuada Notase contudo que neste novo século as associações arrefeceram sua força de articulação e militância política tendo transferido esta resistência para o cotidiano das escolas e universidades com temas mais centrados em problemáticas domésticas como adequação de currículos a tentativa de superação das deficiências no quadro de professores a luta constante por melhores condições de trabalho de salário etc Entretanto entre altos e baixos a nossa Faeb mantevese como canal representativo da luta dos arteeducadores apresentandose como um espaço híbrido entre a resistência dos professores da escola básica e dos professores pesquisadores na academia tornando seus congressos anuais momentos únicos de equalização das trincheiras de resistência de diálogo e reflexão acerca das saídas aos inúmeros problemas encontrados por quem realiza o ensino da arte enquanto protagonista dos destinos de nosso país Neste sentido o Confaeb que ora realizamos é um desdobramento de toda esta trajetória e hoje mais do que nunca propõese a interatividade entre nossas ações e as políticas formalizadas pelos poderes públicos A organização deste fórum temático reflete a nossa preocupação de abrir uma discussão um debate franco e amistoso com os ilustres componentes que aqui se encontram e os que estarão 84 participando das discussões que se sucederão um momento singular para o debate crítico e propositivo sobre as políticas públicas relativas à nossa área Estamos nesta oportunidade ansiosos e esperançosos de que essas proposições possam sinalizar novos caminhos viabilizando a verdadeira transversalidade de parcerias entre nós arteeducadores e as pessoas que lidam com a máquina pública Para clarear a discussão passo a citar um projeto de lei PL 456703 encaminhado ao Congresso Nacional Para transformar a letra da lei em realidade o governo federal encaminhará proposta de lei complementar para regulamentar a cooperação entre as esferas de administração normalizando o regime de colaboração entre os sistemas de ensino e instituindo as instâncias democráticas de articulação A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional descreveu sob a orientação constitucional as incumbências de cada esfera administrativa Em todas o princípio da colaboração se repete subordinado não somente ao cumprimento do direito público subjetivo ao qual correspondem deveres de Estado e ações de governo como também à superação de desigualdades à formação básica comum e à consolidação de um padrão de qualidade Partindo desta indicação creio que há um caminho certo e uma hora exata que perpassam a realização do XV Confaeb que devem imporse como ponto de partida na construção de um projeto que inaugure efetivas parcerias capazes de formular políticas públicas para o setor cultural e educativo deste país entendendo cultura e arte não como mero entretenimento ou simples questão de mercado mas como a dimensão simbólica da existência social brasileira como eixo construtor de nossa identidade permanentemente alimentada e enriquecida pela nossa diversidade Não há mais lugar para idéias mirabolantes saídas de uma cabeça brilhante e solitária ditando os destinos e os sonhos de uma nação o tempo é de solidariedade de parcerias e de agregação de idéias num exercício constante e interativo que possibilite sem exclusão o efetivo acesso de nossos bens culturais a toda sociedade brasileira 85 2 O Ministério da Cultura e a Funarte Miriam Brum A Funarte sempre foi uma instituição pioneira Criada em 1975 nasceu 10 anos antes do Ministério da Cultura que só veio a ser constituído em 1985 Como não poderia deixar de ser a história da Funarte reflete a história da vida pública brasileira marcada por tantas instabilidades na construção de suas políticas e constantes redefinições de seus objetivos institucionais A partir dos anos 1930 no período Vargas algumas instituições públicas foram criadas com o objetivo de produzir preservar e difundir bens culturais em nosso país Era o momento da criação de uma estrutura organizacional nacional e a cultura localizandose inicialmente dentro do Ministério da Educação e Saúde Pública teve como ministro Gustavo Capanema 19365 que arregimentou artistas e intelectuais para compor sua equipe A visão da cultura nacional ancoravase neste momento inicial em um viés preservacionista Já no final dos anos 1960 refletindo a preocupação do governo para com os bens simbólicos dentro de um projeto político que se desenhava foi criada a Embrafilme posteriormente extinta em 1990 tendo como uma de suas motivações ajudar a mudar no exterior a imagem do país que vivia em plena ditadura Era a época do milagre econômico 196874 momento em que no rastro da modernização uma modernização conservadora as multinacionais começavam a ter forte presença no país invadindo violentamente a cultura nacional Para fazer frente ao risco de descaracterização da cultura nacional face ao potencial perigo trazido pela modernização do país e o conseqüente descontrole a partir da invasão no mercado cultural reforçouse a necessidade de promoção dos valores nacionais através de grandes campanhas ufanistas de veiculação nacional Era a época de um Brasil campeão mundial de futebol na copa de 1970 de Fittipaldi campeão mundial de fórmula I do Brasil ameo ou deixeo e do Eu te amo meu Brasil eu te amo Era sombria da ditadura e do AI 5 Em 1975 o Conselho Federal de Cultura que havia sido criado no ano de 1966 apresentava pela primeira vez um conjunto de diretrizes para a área promovendo uma reorganização das instituições num documento chamado Política Nacional de Cultura gerado pelo Governo Geisel 197479 ministro do MEC Nei Diretora do Centro de Programas Integrados da Funarte 86 Braga que incluía a cultura em suas metas políticas entrelaçando as noções de cultura desenvolvimento e segurança nacional na promoção dos valores nacionais Na época da criação deste documento o governo brasileiro ensaiava uma aproximação com a classe artística Em 1973 através do Departamento de Assuntos Culturais do MEC tinha lançado um programa chamado Programa de Ação Cultural PAC com estrutura moderna bastante ágil que não se prendia à burocracia e dispunha de gordas verbas vindas do FNDE Com estas vantagens o programa acabou atuando de forma paralela ao próprio MEC só que com muito mais eficiência que ele o que acabou por gerar um conflito Em conseqüência a partir daí os recursos começaram a ser repassados diretamente para os órgãos existentes o programa se enfraqueceu e a solução foi a criação de uma estrutura para herdar a agilidade e os recursos que o PAC tinha Para executar as diretrizes da Política Nacional de Cultura foi então criada a Funarte em bases modernas buscando modelos mais leves e ágeis que não fossem dominados pela máquina burocrática tendo em sua estrutura o Instituto Nacional de Artes Plásticas Inap o de música INM e o folclore O Serviço Nacional de Teatro já existente com autonomia política mas vinculado orçamentariamente à Funarte ganhou mais força A Funarte dirigida de 1976 a 1981 por Roberto Parreira que tinha sido gestor do PAC tinha sua política claramente formulada a cultura se liga à identidade nacional e à preservação de seus valores As raízes são vistas como questão de segurança nacional 1 Atuavase com uma equipe de ponta através do fomento às atividades culturais numa política de incentivo à produção e ao consumo como uma agência de financiamento Empírica num primeiro momento sua ação amadureceu e a partir de pesquisas e análises técnicas chegouse a uma política de prioridades e divisão de responsabilidades entre as áreas estaduais e municipais numa definição de políticas mais claras Passou a atuar em duas linhas a Financiando projetos próprios criando uma área editorial formando pessoal criando áreas de pesquisa documentação e divulgação b Apoiando projetos externos vindos de todo o país Em 1981 durante o governo Figueiredo a Secretaria de Assuntos Culturais do MEC foi transformada em Secretaria de Cultura com mais peso político e 87 institucional estabelecendo uma coordenação única das instituições culturais Dirigida por Aloísio Magalhães esta Secretaria estabelece dois campos operacionais a Uma vertente de produção com a Funarte a Embrafilme e a criação do Inacem com autonomia administrativa e financeira mas ligada à Funarte b Uma vertente patrimonial na qual a Fundação PróMemória absorve o Museu Nacional de Belas Artes o Museu Imperial o Museu VillaLobos e o Museu Histórico Nacional mais tarde a Fundação Biblioteca Nacional absorveu parte do Instituto Nacional do Livro extinto em março de 1990 A partir de 1982 com as primeiras eleições diretas para governos estaduais depois do golpe de 1964 a área cultural se viu fortalecida foram criadas secretarias estaduais de cultura desligadas das de educação Organizouse o Fórum Nacional dos Secretários Estaduais Alguns anos mais tarde em 1985 fruto de articulações deste Fórum veio a ser criado o Ministério da Cultura Assim de uma Secretaria de Cultura forte dentro do MEC com uma política claramente formulada foi criado um Ministério que não chegou a ter a mesma força e acabou defenestrado pelo governo Collor em 1990 que desmantelou brutalmente suas estruturas e demitiu grande parte de seus funcionários Ainda hoje sentimos as conseqüências deste desmantelamento no cotidiano da instituição Três estruturas antes autônomas e com perfis bastante consolidados Funarte Fundacen e Fundação do Cinema Nacional foram amontoadas dentro de um Instituto Brasileiro de Arte e Cultura o Ibac O esvaziamento causado levou a uma redistribuição de responsabilidades Com a saída de cena do governo federal os estados e municípios tiveram que de uma hora para a outra assumir sozinhos integralmente suas responsabilidades para com a cultura Com a escassez dos recursos públicos federais as esferas estaduais e municipais regidas por uma visão cada vez mais de resultados dos investimentos efetuados e pela pressão do marketing passaram a disputar espaço recursos e visibilidade e se dissociam cada vez mais radicalmente Programas e projetos eram gestados nos centros das burocracias federal estaduais e municipais que atuavam de forma desvinculada dissociada gerando ações paralelas 88 Como se vê política cultural no Brasil tem sido quase sempre conjuntural nunca estrutural imediatista visando a atender a demandas circunstanciais Não se trabalha para a consolidação e fortalecimento das instituições Esquece se que o objetivo destas é atender à demanda da população e acabase sucumbindo às pressões de grupos com interesses particulares fragmentados Um dos grandes desafios que a conjuntura atual nos apresenta é como abraçar este imenso Brasil com suas múltiplas facetas enormes desigualdades e diferenças culturais nos planos econômico e social Quando falamos em diferenças culturais nos referimos tanto à riqueza da diversidade quanto do abismo gerado pela desigualdade de oportunidades entre os diversos grupos sociais neste país tão heterogêneo Vivemos num país em que convivem uma elite que discute os caminhos da pósmodernidade e uma imensa população que ainda não tem equacionadas suas questões básicas de sobrevivência como comida saneamento e saúde É claro que isto não é novo e historicamente sempre foi o cerne da questão Este conflito ocorreu historicamente num contexto de enorme instabilidade institucional que sempre caracterizou nosso país São exemplos expressivos dessa instabilidade uma seqüência de eventos como a revolução de 1930 a de 32 o golpe de Estado de 37 a reconstitucionalização do país em 45 a crise de 54 que culminou com o suicídio de Vargas a renúncia de Jânio o golpe de 64 dezessete atos institucionais que modificaram profundamente as constituições de 46 e 67 e sete planos de estabilização econômica só para citar alguns exemplos macrohistóricos Assim podemos notar que grande parte do séc XX foi marcado por constantes rupturas que não poucas vezes nos alienou de nossa memória em campos fundamentais para o desenvolvimento nacional e nos afastou do eixo da questão Neste contexto quantas ações foram iniciadas e abortadas sem que suas virtudes tenham sido mais bem exploradas Programas e projetos foram e continuam sendo sempre marcados por esta descontinuidade pela carência de uma reflexão mais profunda a cada mudança Pretendese reinventar a roda a cada gestão seja por desconhecimento das experiências bemsucedidas anteriores seja pelo desejo de alguns governantes em deixar marcadas suas impressões digitais em suas ações 89 Como primeiro passo no sentido de restaurarmos a arteeducação dentro das ações da Funarte buscamos conhecer os projetos que já tinham sido concebidos e desenvolvidos ao longo de sua história para evitar que mais uma vez reproduzíssemos estes velhos e condenáveis vícios de gestão A questão da educação vinha sendo trabalhada na Funarte desde seus primeiros anos Tendo como princípio a educação do indivíduo através da arte e da cultura como matériaprima da educação foram implantados três projetos o Projeto Universitário em 1977 os apoios aos festivais de arte e o projeto fazendo artes em 1980 O Projeto Universitário apoiava a extensão cultural da universidade partia do reconhecimento desta como espaço próprio para uma reflexão sobre a cultura brasileira e visava à integração com a comunidade O apoio aos festivais de arte buscava transformar o caráter de evento dos festivais através de ações que deixassem raízes nas comunidades Em 1980 a Funarte criava como uma alternativa à Educação Artística instituída como disciplina obrigatória nos currículos pela Lei 569271 o Fazendo Artes para apoiar experiências em arteeducação que pudessem trazer subsídios a professores e educadores Trabalhando as diferentes possibilidades de arte na educação privilegiouse o espaço informal propício à experimentação e à atividade livre da criança e do professor dando prioridade a crianças que estavam fora da escola ou com dificuldades de aprendizagem e adaptação O primeiro passo foi fazer um levantamento em termos nacionais desses trabalhos para posterior seleção e apoio Concomitantemente também foram realizados encontros seminários congressos promovendo a discussão e divulgação de experiências e propostas Em 1981 a Secretaria de Cultura do MEC com a participação de todos os órgãos que compunham sua estrutura elaborou o documento Diretrizes para a operacionalização da Política Cultural do MEC Este documento apontava para a necessidade de um sistema de ações descentralizadas que compreendessem e beneficiassem a produção do bem cultural e a proteção do bem patrimonial O mecanismo fundamental proposto era a articulação dos níveis municipais estaduais e federal através de efetiva interação de instituições oficiais entidades privadas e representantes do fazer e do pensamento das comunidades descentralizando ações através de um sistema de comunicação entre os diferentes contextos culturais existentes no Brasil 90 Apontava também para a necessidade de interdisciplinaridade o reconhecimento da pluralidade cultural a valorização dos bens culturais ainda não consagrados e a proteção do produto cultural brasileiro Um documento intitulado A Funarte diante das Diretrizes levantava várias questões que estiveram presentes na atuação da instituição durante todos esses anos E afirmava Enquanto a escola e a universidade não assumirem sua função de espaço cultural fundamental dentro da sociedade enquanto a arte se mantiver alijada da formação de novas gerações pouco se poderá avançar na democratização do universo da arte no país Em 1981 outro projeto é proposto por Aloísio Magalhães Interação entre educação básica e os diferentes contextos culturais existentes no país uma linha programática que com recursos do FNDE incentivava ações destinadas a proporcionar à comunidade meios de participação em todos os níveis de processo educacional de modo a garantir que a apreensão de outros conteúdos culturais se faça a partir dos valores próprios da comunidade A comunidade participava do planejamento execução e avaliação do projeto a escola integrada com a comunidade participava das ações propostas procurando incorporar ao seu currículo o contexto cultural específico ao qual se inseria Mais de 200 projetos ocorreram e foram acompanhados por técnicos de diversas áreas em todo o país Interação teve duração de 1981 a 1985 e constituiuse em uma das experiências de ponta da SECMEC Mas com sua extinção e a criação do MinC em 1985 colocaramse novas exigências de pertencimento institucional de realinhamento político de captação e aplicação de recursos abrindo acentuando um quadro de crises no Projeto doc Interaçãocinco anosavaliação e perspectivas Lúcia Yunes Lygia Segala e Paulo Roberto Abrantes Pouco depois o projeto foi interrompido Nesta época tinha acabado de ser criada uma Coordenação de Educação na Funarte que teve curta existência Perdeu fôlego dentro do bojo da mudança institucional provocada pela criação do Ministério da Cultura Os recursos diminuíram paralelamente a uma indefinição filosófica entre ocupar um papel de agência financiadora ou executora de projetos O repasse de verbas diretamente para as secretarias estaduais implantado pelo MinC e a decisão de transferir o trabalho desenvolvido com as universidades para o MEC entre outras decisões promoveram um esvaziamento da Funarte com a perda 91 de sua autonomia e deslegitimização de sua prática Perdeuse a capacidade de estar na vanguarda Com a criação das leis de incentivo recursos privados substituíram recursos orçamentários confirmando a retirada do Estado dos subsídios Se a proposta inicial da criação do Ministério baseavase na expectativa de ampliação de recursos deuse na verdade o contrário parcos orçamentos desgaste e perda de prestígio Como tinha profetizado Aloísio Magalhães tínhamos agora um Ministério fraco ao invés de uma secretaria outrora forte No vácuo aberto pelo governo federal e alimentado pelas leis de incentivo emergiram novos perfis culturais que aliavam espaço e financiamento Nasceram sucessivamente ao longo dos anos os centros culturais do Banco do Brasil da Caixa o Instituto Cultural Itaú o Instituto Moreira Salles entre outros No início do governo Collor extinguiuse o Ministério da Cultura que foi transformado novamente em uma secretaria Período de triste lembrança Com Fernando Henrique Cardoso a ação do governo federal através da Lei de Incentivo à Cultura acabou por transferir o poder de definir as políticas púbicas antes prerrogativa do governo para os departamentos de marketing das empresas A escolha do que teria incentivo passou a obedecer exclusivamente a critérios dessas empresas o que é antes de mais nada espantoso pois afinal a renúncia fiscal nada mais é que dinheiro público E distorção maior hoje as próprias instituições públicas passaram a buscar recompor sua capacidade de se manter como agências executoras através destes mesmos recursos disputandoos no mercado com os produtores culturais independentes Não é um belo quadro Urge que revertamos esta situação retomando nosso papel original Antes de qualquer coisa procedendo à modernização do setor público tornando o mais ágil para que possa atender ao ritmo dinâmico da sociedade articulando as diversas instâncias estimulando experiências inovadoras mas antes de tudo exercendo o seu papel na defesa dos produtos culturais nãocomerciais garantindo as manifestações culturais em sua diversidade e a preservação da memória nacional Parafraseando Paulo Freire a cultura não transforma o mundo Transforma as pessoas As pessoas é que transformam o mundo 92 Referências BOTELHO I Romance de Formação Funarte e política cultural 19761990 Rio de Janeiro Edições Casa de Rui Barbosa 2001 FUNARTE Legislação Básica da Funarte Rio de Janeiro sd Documento de Ação Rio de Janeiro 1983 Interação Educação Básica contexto cultural cinco anos de projeto avaliação e perspectivas Rio de Janeiro 1986 Boletim Fazendo Artes Vários números Documentos Internos Relatórios de atividades Vários MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA O Programa de Ação Cultural PAC em 1973 Política Nacional de Cultura Brasília 1975 Diretrizes para a operacionalização da política cultural do MEC Brasília 1981 Interação entre educação básica e os diferentes contextos culturais existentes no país Brasília 1981 Interação entre educação básica e os diferentes contextos culturais existentes no país Orientação para o encaminhamento de propostas para 1983 Brasília 1982 93 3 Educação Física e Cultural na Escola Pública Carlos Alberto Ribeiro de Xavier Resumo No presente texto o autor procura fazer um pequeno histórico da evolução institucional do Ministério da Educação da sua fundação em 1930 aos nossos dias especialmente no que diz respeito ao tratamento dado a conteúdos do processo educativo os quais apesar de fundamentais nem sempre são assim considerados educação física o ensino das artes a formação cultural e todas as atividades complementares necessárias ao desenvolvimento da criança e a formação do jovem para fazêlo cidadão responsável e participativo Palavraschave Educação Física ArteEducação Atividades Complementares Cultura Primeiras Palavras Inicialmente gostaria de salientar que não falo aqui como especialista em arteeducação nem mesmo falo como professor mas sim como funcionário público federal por trinta anos desempenhando diversos cargos e funções na órbita da educação cultura e meio ambiente Por essa condição e também pelo privilégio da permanência na alta direção da Administração Pública Federal em setores tão importantes meu texto traz um testemunho sobre o papel desempenhado pelo setor público a respeito do tema deste Congresso Como ensina Celso Furtado terceiro Ministro da Cultura no Brasil devemos analisar a questão cultural por três ângulos o relativo ao arcabouço jurídico de que dispomos Constituição Federal e Leis e Decretos específicos o aparato institucional que montamos o conjunto de organizações do Estado que tratam da matéria e por Carlos Alberto Ribeiro de Xavier é assessor especial do Ministro da Educação Foi Diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro MMA do IPHAN MinC Secretário de Cooperação Internacional e Chefe de Gabinete do Ministro da Cultura e do Gabinete do Ministro da Educação em várias gestões carlosxaviermecgovbr 94 fim a organização da sociedade o conjunto de entidades de interesse público não estatais criadas pelos cidadãos Tendo isso em conta informo também que não vou falar apenas da educação cultural ou do ensino de arte vou fazer um breve histórico da evolução institucional do Ministério da Educação MEC desde a sua fundação em 1930 até os dias atuais especialmente no que diz respeito ao tratamento dado a certos conteúdos do processo educativo os quais apesar de essenciais nem sempre são assim considerados a educação física o ensino de artes a formação cultural e todas as atividades complementares necessárias ao desenvolvimento da criança e do jovem para fazêlo cidadão responsável e participativo Introdução Onze dias após a tomada do poder pela Revolução de 1930 o Governo Provisório de Getúlio Vargas criou o Ministério da Educação e Saúde Pública nomeando o doutor Francisco Campos o primeiro titular desta Pasta Antes do surgimento do Ministério a educação era tarefa afeta ao Departamento de Instrução Pública Correios e Telégrafos do Ministério da Justiça e Negócios Interiores Em 1934 em meio ao processo constituinte Gustavo Capanema foi nomeado ministro e dois anos e meio depois em 1937 conduziu uma ampla reforma do Ministério incluindo todos os assuntos ligados à Cultura à Educação Física à Ciência e à Pesquisa na Universidade em uma nova estrutura o Ministério da Educação e Saúde denominação persistente até 1953 quando surgiram o Ministério da Saúde o Ministério da Educação e Cultura fixandose a sigla MEC que se conserva até hoje Vale lembrar ainda que a reforma proposta e implementada por Gustavo Capanema em 1937 deu a conformação institucional que vigora até os nossos dias mesmo que aqui ou ali como em São Paulo onde o estado assumiu integralmente as tarefas da educação inclusive o Ensino Superior com a criação da USP em 1934 Hoje as atividades antes desenvolvidas pelo Ministério de Capanema estão subdivididas entre seis Ministérios Saúde Meio Ambiente Cultura Educação Esportes Ciência e Tecnologia e com a crescente descentralização e autonomia dos sistemas educacionais o modelo federal tende a se reproduzir Com a criação da ONU e dos organismos a ela vinculados como OMS Unesco OIT entre outros vários países criaram instituições homólogas ou análogas ou foram 95 se adaptando aos novos tempos do pósguerra Assim é que foram criados um organismo autônomo nãoestatal denominado Ibecc Instituto Brasileiro de Educação Ciência e Cultura para articular a sociedade nacional em torno da Educação Ciência e Cultura Essa mesma preocupação apareceu nas Américas com o sistema da OEA e na Iberoamérica com o sistema OEI organismo do qual o Brasil voltou a fazer parte em 2002 Mas o Brasil já vinha pioneiramente implantando as bases da educação nacional um poderoso Ministério inclusive com a inauguração do prédio de sua sede que é hoje marco mundial indiscutível da arquitetura moderna no Rio de Janeiro Nós todos funcionários do Ministério da Educação e Cultura o MEC somos herdeiros do exemplo deixado pelo grupo de pessoas que o ministro Gustavo Capanema conseguiu reunir em torno de um projeto auxiliares e colaborares do porte de Carlos Drummond de Andrade ou Mário de Andrade de um Anísio Teixeira e um inventor de cinema brasileiro Humberto Mauro que como um Chaplin caboclo era autor produtor diretor montador de dezenas de filmes educativos além de clássicos longas metragens patrimônio cultural dos mais importantes Capanema reuniu desde um padreinspetor do ensino médio chamado D Helder Câmara a um maestro brilhante como Villa Lobos que conseguia reger milhares de vozes para cantar o Brasil jovens arquitetos como Oscar Niemeyer Lucio Costa a Jorge Moreira a Carlos Leão a Afonso Reidy e Hernani Vasconcelos artistas como Bruno Giorgi Roberto Burle Marx e Cândido Portinari Celso Antônio Adriana Janacópulus e Lipchitz que construíram no Brasil país periférico um prédio dentro das mais modernas linhas arquitetônicas da vanguarda mundial um marco da modernidade no Rio de Janeiro em um tempo em que como disse Lucio Costa a Europa e o mundo estavam envolvidos em um conflito que destruía com a guerra milhares de vidas e importante patrimônio cultural da humanidade Também devemos nos lembrar de Rodrigo de Melo Franco de Andrade que soube erguer solidamente com pedra e cal as robustas bases do Iphan que vem prestando enorme serviço à nação há várias décadas e de tantas outras pessoas professores e diretores de escolas e de faculdades de todo o Brasil ou simples funcionários como eu próprio que emprestam todo seu vigor inteligência e anônima labuta gente que dedicava e dedica até a morte todo amor que é capaz de sentir para quê Tudo isso por um patrimônio imaterial a idéia de um Brasil possível um Brasil melhor para todos Oscar Niemeyer considera o período Capanema tão ou mais importante do que a Semana de Arte Moderna em São Paulo pelos efeitos duradouros que causou 96 Recomendou a exposição A construção do Moderno instalada no segundo andar do Palácio Capanema como bem ilustrativa do que representa essa construção para o Brasil e tem essa mesma indicação a exposição sobre a história do Ministério da Educação montada na sede do MEC em Brasília Assim na esteira do desenvolvimento do MEC surgiram no início dos anos 1950 o CNPq Conselho Nacional de Pesquisa hoje vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia e a Campanha de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior depois Capes Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior hoje uma Fundação ainda vinculada ao Ministério da Educação em 1953 com a autonomia dada à área da Saúde com a criação do novo Ministério consolidou se o Ministério da Educação e Cultura A evolução do MEC Até a mudança da capital e do Ministério da Educação para Brasília em 1960 desenvolveuse no Brasil um sistema educacional centralizado que se pretendeu modelar seguido em todos os estados e municípios do país onde existia a oferta do ensino primário de quatro anos mas o MEC estabelecia os currículos mínimos e conteúdos programáticos a serem seguidos pelas escolas em todos os níveis de ensino Notese bem que naquela altura a população do Brasil era em sua maioria do meio rural havendo apenas cerca de 15 milhões de pessoas nas cidades e mais de 70 do restante da população estava nas pequenas localidades do interior ou mesmo no campo Nas capitais e em outras cidades a educação era tida como de boa qualidade mas atendia a apenas cerca de metade da população urbana e uma pequena parcela do restante Com a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB em 1961 cujo projeto havia sido apresentado ao Congresso em 1947 esperavase que depois de 14 anos de discussão a norma pudesse durar algum tempo Mas não logo surgiram propostas de alteração e novas leis e emendas foi criado o Salário Educação e o FNDE o Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação junto com uma série de mudanças a partir de 1964 a mudança do antigo sistema de ensino primário e secundário primeiro e segundo graus de ensino e criado o Ensino Fundamental de oito anos mais os três anos do nível médio como temos hoje a Educação Básica No início dos anos 1970 portanto a LDB já não era a mesma 97 Até a promulgação da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional editada em 1996 o sistema educacional brasileiro foi sendo gradativamente descentralizado ganhando força os sistemas estaduais e municipais de ensino público além do vigoroso crescimento do sistema privado de educação principalmente do ensino médio e superior em que a oferta de ensino público não conseguia atender com qualidade a demanda da sociedade Nesse novo período do Ministério da Educação no primeiro os trinta anos no Rio e no segundo 14 em Brasília a evolução da área cultural dentro da instituição experimentou seu melhor momento em dois períodos do governo Figueiredo sob a inspirada liderança de Aloísio Magalhães na chefia da poderosa Secretaria de Assuntos Culturais do MEC São dessa época os melhores exemplos de programação integrada com a cultura e com as comunidades locais como foi o projeto Interação da educação básica com os diversos contextos culturais do país que procurava pioneiramente adequar a educação pública às diferenças culturais e características regionais do país Antes de ser encarada apenas como um problema de desigualdade econômica e social essas diferenças são também a rica diversidade cultural do Brasil O artista plástico Aloísio Magalhães havia usado sua criatividade ambulante para criar um inovador e interessante sistema administrativo denominado SPHAN prómemória dentro da rígida Administração Pública da época conseguindo fazer com que o poder de polícia da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Sphan tivesse um braço executivo ágil para implementar suas ações e ainda se encarregar de outras a Fundação Nacional PróMemória que funcionou com uma estrutura administrativa matricial para execução de projetos e programas da área cultural inclusive usando recursos privados das empresas tão eficiente como nunca se viu sucedâneo mesmo após a criação do Minc e do surgimento das Leis de Incentivo à Cultura1 Nessa época o Sphanprómemória já havia incluído os bens de valor arqueológico Lei 3924 de 1961 e passara a se preocupar em proteger e promover todas as manifestações culturais de importância sob o ponto de vista antropológico sociológico as manifestações da arte popular e dos fazeres culturais locais Mais de duzentos projetos foram desenvolvidos pela Secretaria da Cultura do MEC antes do surgimento do Ministério da Cultura 1 Sobre trajetória de Aloísio Magalhães na Secretaria de Cultura do MEC ver o livro E Triunfo editado pelo IPHAN 98 Esses projetos eram os mais variados Escola Nova do Ylê Ayê de Salvador a primeira experiência de valorização do patrimônio cultural afrobrasileiro o Projeto Seringueiro Cooperativa Escola Educação de Adultos e Saúde para os Seringueiros de Xapuri no Acre de onde saíram várias lideranças dentre elas a ministra Marina Silva as pioneiras experiências de educação diferenciada nos remanescentes de quilombos A Escola Indígena Experimental dos Ticuna onde se experimentou ensinar em primeiro lugar na língua da aldeia para depois introduzir o português Hoje é a política para todas as populações indígenas Desse mesmo tipo de programa cultural nas escolas que o MEC chegou a desenvolver entre 1979 e 1984 vários projetos e ações eram financiadas pelo FNDE pela FAE ou por alguma das 11 instituições culturais vinculadas ao MEC que iriam se transferir mais tarde para o Minc Em 1982 foi realizado o I Encontro Nacional de Seringueiros na Universidade de Brasília propondo teses e valorizando propostas que mais tarde seriam abraçadas por Chico Mendes Uma dessas teses a da Territorialidade dos Seringais era a base de todo o movimento que fez surgir as Reservas Extrativistas hoje institucionalizadas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação Poderia citar dezenas de outras interessantes iniciativas mas fico com algumas como o Projeto de Fortalecimento e Difusão da Cultura Amapaense o Projeto Arte Cênicas Uma proposta de Interação também em Macapá com o Inacen Projeto Música e Culturas Regionais em Manaus e outras cidades com o Instituto Nacional de Música da Funarte Projeto Escola Aberta do Calabar em Salvador Projeto Espaço Cultural Cinematográfico em diversas capitais do país com a Embrafilme Projeto Fotografia sem Câmera com a Funarte em Olinda e outras cidades Projeto Mamulengo Uma proposta de Interação EscolaComunidade com o Inacen em Tracunhaém Olinda Projeto olhar dos pequenos para mim Projeto Tempero Projeto Chegança Projeto Penha todos no Rio de Janeiro com o Inacen Projeto Criança e Cinema de Animação em Curitiba com a Embrafilme Projeto literatura Infantojuvenil da Escola Básica em todo o país com o INL Projeto Boi Aruá com a Embrafilme em todo o país Projeto de Longa Metragem na Educação Básica também com a Embrafilme Enfim o que quero mostrar com esse pequeno rol de ações e projetos é a riqueza de articulações que havia na época em que a Educação e a Cultura estavam sob o mesmo comando Não vemos mais as instituições vinculadas à Cultura produzindo materiais para o público das escolas como se fazia antes se buscando a formação de novos públicos junto à comunidade escolar professores funcionários alunos e a família dos alunos 99 Em 1985 depois de amplo debate nacional liderado pelo Secretário de Cultura de Minas Gerais no curto período de governo mineiro de Tancredo Neves e na euforia dos movimentos populares das Diretas Já propunhase a criação do Ministério da Cultura contrariando outra corrente inspirada na incontestável liderança de Aloísio Magalhães que preferia uma forte Secretaria de Assuntos Culturais vinculada ao MEC a um Ministério novo e fraco O governo Sarney surgiu com a novidade da criação do Ministério da Cultura permanecendo o Desporto no MEC porém já sem a força que tivera a educação física em outros tempos Também o que se chamava educação artística foi perdendo espaço até quase desaparecer As práticas de algumas modalidades esportivas e as competições esportivas interescolares que vinham substituindo um projeto pedagógico integral ficaram cada vez mais escassas as atividades dos alunos fora da sala de aula como as visitas a museus foram perdendo espaço para uma série de novas atividades descontinuadas e assistemáticas oferecidas aleatoriamente às escolas ao sabor das incontáveis mudanças de direção de rumo das políticas adotadas de estruturas e orientações administrativas incompatíveis com um projeto pedagógico moderno e participativo Houve também um período em que havia uma farta distribuição de materiais educativos complementares e cartilhas diversas sobre os mais variados temas que não podiam ser adequadamente tratados em sala de aula por falta de habilitação dos professores ou mesmo por falta de espaço no calendário escolar Não havia como incluir no Calendário Escolar cada vez mais apertado para conduzir as crianças e jovens ao mundo da Língua Portuguesa da Matemática das Ciências da Geografia e da História em tão pouco tempo Não foi possível ainda manter uma boa formação de professores capaz de atender a crescente demanda na quantidade e qualidade exigidas Não se trata de fazer aqui uma avaliação sobre os ganhos advindos com o surgimento do Ministério da Cultura que é positiva sem dúvida mas de fazer algumas considerações sobre a deficiência ou mesmo ausência de cooperação ampla e consistente entre os dois ministérios nestes últimos 19 anos Partindo da hipótese de que a educação ficou empobrecida sem os aportes da cultura no cotidiano escolar e de que a cultura perdeu o sentido de sua função no governo se distanciando do sistema educacional poderia afirmar por exemplo que os sistemas de museus e de bibliotecas existem em função da educação e não simplesmente como local de guarda de acervos ou de produção científica ou artística voltados para seu público tradicional e seu próprio desenvolvimento como se fossem instituições isoladas 100 Cultura e esporte nas escolas O que se constata facilmente ao longo dos anos é que o Ministério da Educação vem perdendo substância em sua ação conteúdos em suas políticas e efetividade na execução de seus programas educacionais isso devido não apenas às sucessivas mudanças em sua denominação e reestruturações administrativas que se observa Mesmo depois da criação do Ministério da Cultura em 1985 o Ministério da Educação permaneceu com denominação de 1953 sobrevieram o Ministério da Educação e do Desporto até 1994 e hoje Ministério da Educação mantendose porém a tradicional sigla MEC Deixou também de existir em 1995 a Secretaria de Esporte Educacional SeedMEC transferida primeiro para uma Secretaria Extraordinária e depois para um Ministério Extraordinário depois para o Ministério do Turismo e Esporte e agora para o Ministério do Esporte Atualmente com a criação do Ministério do Esporte além da antiga Secretaria deuse também a transferência dos funcionários e dos programas orçamentários que cobrem despesas e investimentos com materiais e infraestrutura esportiva permanecendo com o MEC e sob a égide do Conselho Nacional de Educação as competências técnicas diretrizes e parâmetros curriculares para todos os níveis e modalidades de ensino inclusive evidentemente para Educação Física2 Por outro lado desde a criação do Ministério da Cultura a função governamental e os programas orçamentários incluindose aí os projetos e as atividades e campanhas de incentivo à leitura programas para o livro bibliotecas públicas e acervos bibliográficos a política nacional de museus dos acervos arquivísticos e do patrimônio histórico e artístico nacional hoje são vinculadas ao MinC enquanto os sistemas educacionais públicos municipais estaduais e do Distrito Federal vinculamse ao MEC sem que se verifique na prática desses últimos anos uma cooperação que garanta a otimização dos recursos públicos aplicados nesses setores Os esforços para integração de políticas e programas de educação física e cultural não resultaram Continuaram os dois novos ministérios executando políticas 2 Sobre este histórico de atividades de educação física e cultural consultar o documento Considerações preliminares sobre a assinatura de Termo de Cooperação entre o Ministério da Educação e o Ministério da Cultura e o Relatório Final do Projeto Esporte e Cultura nas Escolas Acordo BrasilUnesco MEC julho de 2004 101 paralelas verificandose duplicidade de ações em áreas como a do livro e da leitura dentre outras Houve avanço sim na área da pósgraduação com a criação na Capes do programa Apartes destinado a atender a demanda de cursos de pósgraduação da clientela artística e cultural que agora estão sendo ampliados Não há muito mais a relatar Educação e meio ambiente Educação Ambiental é um tema que tem outro histórico na Educação pois se trata de um conteúdo novo que chegou ao Ministério às Secretarias de Educação e às escolas por pressão da sociedade Da primeira Conferência Mundial de Desenvolvimento e Meio Ambiente realizada em 1972 em Estocolmo à ECO92 realizada no Rio de Janeiro observou se uma mudança radical na postura do governo em relação ao assunto Se na primeira reunião a delegação brasileira foi defender o progresso e o desenvolvimento da indústria nacional defendendo a fumaça como sinal de progresso na segunda o Brasil patrocinou sua realização trazendo dezenas de Chefes de Estado e de Governo ao Rio de Janeiro para defender o oposto Nessa época já durante a gestão do presidente Itamar Franco foi criado o primeiro núcleo de Educação Ambiental do MEC no gabinete do ministro da Educação que desenvolveu um importante trabalho de base em todas as secretarias do MEC fazendo surgir a semente de uma nova mentalidade para a questão ambiental na educação Posteriormente surgiu a Coordenação de Educação Ambiental da Secretaria de Educação Fundamental na Secretaria Executiva e hoje da Secad Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade É preciso lembrar que para chegarmos ao estágio atual com a Educação Ambiental colocada nos Parâmetros Curriculares Nacionais como tema transversal e interdisciplinar em todos os níveis e modalidades de ensino percorremos um longo caminho em 1981 surgiram o Conselho Nacional do Meio Ambiente Conama a lei que estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente e o Sistema Nacional de Meio Ambiente em vigor até hoje Também surgiu e se consolidou o Direito Ambiental a partir da Lei dos Direitos Difusos do Cidadão editada em 1984 fazendo valer as ações de defesa conservação proteção e recuperação do patrimônio cultural incluídas as áreas ecológicas de interesse relevante 102 Para se ter uma idéia do envolvimento já antigo da sociedade com a questão ambiental a partir da década de 1970 basta citar que a publicação do primeiro Cadastro de Organizações NãoGovernamentais voltadas para a defesa do meio ambiente em 1983 já contava mais de 2000 entidades Hoje essas organizações do terceiro setor são um importante braço executivo e principal parceiro dos governos especialmente no caso aqui tratado da educação ambiental nãoformal Estão em vigor o Decreto nº 4281 de 25 de junho de 2002 regulamentando a Lei nº 9795 de 27 de abril de 1999 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências As normas legais estabelecem claramente os critérios e os papéis do Ministério da Educação e o do Meio Ambiente para cumprirem e fazerem cumprir as funções governamentais de Educação Ambiental formal e nãoformal Criaram inclusive um Comitê Gestor para a Educação Ambiental composto por representantes dos dois ministérios encarregado do planejamento assessoramento e gestão dos projetos nessa área Os tempos mais recentes Mais uma vez principalmente pela eficiente ação de Darcy Ribeiro voltam se os pensamentos para os pioneiros da educação como Anísio Teixeira Lourenço Filho Paulo Freire A proposta de Escolas Parque que chegou a ser instituída em Brasília não permaneceu e nem se repetiu pelo país afora como se pretendia Estamos sempre em busca de um modelo ou melhor de uma equação que permita estender o tempo de permanência na escola e preencher o calendário com as indispensáveis atividades culturais no sentido mais amplo do termo No primeiro governo de Leonel Brizola no Rio de Janeiro em 1983 surgiu a inovadora experiência com os Centros Integrados de Educação Pública Cieps foram construídas 400 dessas Escolas No começo do governo Collor em 1990 surgiram os Centros Integrados de Atenção à Criança Ciacs lamentavelmente sem a menor consistência como projeto educativo e sem qualquer projeto pedagógico Posteriormente seguindo o que emanava do recémpromulgado Estatuto da Criança e do Adolescente ECA agosto de 1990 surgiram os Centros de Atenção Integral à Criança Caic que foram construídos no Brasil de 1992 a 1994 O que se pretendia era a atenção integral à criança e ao adolescente Em todas essas experiências além de resgatar as teses dos pioneiros da educação caminhavase no sentido da ampliação dos temas culturais nos programas pedagógicos dessas escolas e principalmente na ampliação do tempo de permanência das crianças nas escolas 103 Entretanto poucas dessas escolas chegaram a funcionar efetivamente como centros de educação integral com atividades didáticas esportivas culturais ou de lazer durante todo o dia Hoje são poucos os sistemas educativos que oferecem ensino em tempo integral e com programação completa Com a aprovação das diretrizes e parâmetros curriculares para todos os níveis e modalidades do ensino básico e com a concentração de esforços na formação e complementação de estudos dos professores para melhorar o aproveitamento dos estudantes nas disciplinas tradicionais a educação artística a educação física e as atividades didáticas relativas ao temas transversais aqueles que buscam a formação do cidadão consciente e participativo ficaram em segundo plano As experiências de enriquecimento das atividades escolares dentro e fora dos turnos freqüentados pelos alunos não são sistematizadas acontecem de forma aleatória eventual e depende quase sempre da existência de programas complementares patrocinados por empresas privadas ou apoiados por organizações nãogovernamentais que atuam em um universo muito reduzido considerado o tamanho dos sistemas estaduais e municipais de educação que atendem a quase quarenta milhões de alunos com mais de dois milhões de professores atuando em cerca de 180 mil escolas Essas experiências não acontecem todas sob a coordenação do Ministério da Educação outro órgão da administração pública federal pois os sistemas estaduais e municipais são autônomos a administração dos recursos financeiros está hoje descentralizada quase que completamente como o programa da alimentação escolar do livro didático além dos repasses financeiros do Fundep pelo qual a União repassa recursos financeiros para os estados e municípios que tenham recursos insuficientes para cumprir a legislação que estabelece pisos salariais de professores e patamares de investimentos mínimos em educação de acordo com os números de alunos matriculados A experiência de funcionamento de vários ministérios que deveriam trabalhar de forma coordenada em função da educação pública mostra o desenvolvimento de programas autônomos não integrados Portanto não são muitas as experiências de trabalho conjunto a relatar Com o Ministério dos Esportes antes atuando junto com o Turismo aconteceram apenas algumas competições esportivas interescolares com o patrocínio da iniciativa privada e não foram realizados em todos os anos Com o Ministério da Ciência e Tecnologia ressaltase o programa de bolsas de pesquisa destinado a professores e alunos de graduação e pós 104 graduação no 3º grau Além disso o MCT patrocina alguns programas como Jovem Cientista dentre outros Com o Ministério da Cultura MEC financia o programa Proler destinado a desenvolver o hábito da leitura em parceria com a Biblioteca Nacional entretanto os programas de compra de acervos para as Bibliotecas Públicas no Minc e das Bibliotecas das Escolas ou do Professor no MEC e as campanhas publicitárias de incentivo à leitura dos dois ministérios são independentes e sem articulação Só agora surge o programa Fome de Livro que depois de realizar cerca de 100 reuniões em todo o Brasil está consolidando um Plano Nacional do Livro e da Leitura envolvendo 11 ministérios e várias empresas estatais A programação da TV Escola que está no ar desde 1996 inclui alguns programas culturais mas também de forma não sistemática aleatória A programação levada ao ar é de boa qualidade algumas campanhas foram muito bem executadas mas são poucas as experiências e grande é o potencial deste veículo a imagem da TV Escola chega a cerca de 70 mil escolas as maiores e atinge um universo de mais da metade do alunado e do professorado Os bons exemplos de programação cultural levada às escolas públicas do país foram aqueles apresentados e patrocinados por empresas privadas como os concursos de frases e de redação os programas de distribuição de livros de literatura nas escolas os programas que trataram de educação para o trânsito direitos humanos educação ambiental educação para a saúde combate às drogas pluralidade cultural programas que buscam a valorização do cidadão e do patrimônio cultural do Brasil dentre outros Todos esses programas ou projetospiloto patrocinados por empresas privadas ou executados por organizações nãogovernamentais contaram quase sempre com os benefícios da Lei Rouanet ou outras leis de incentivo à cultura por serem consideradas atividades culturais e portanto não representam efetivamente gastos para as empresas mas investimento pois o retorno em termos de imagem institucional é altamente compensador como sabemos A descentralização dos sistemas educacionais permitiu que os estados e os municípios pudessem construir os seus próprios currículos e até mesmo que cada escola possa hoje preparar o seu próprio projeto pedagógico respeitando as peculiaridades culturais do lugar e vindo ao encontro do que preconizava a pioneira programação da Secretaria de Assuntos Culturais do MEC no começo dos anos 105 1980 O problema é que isso não acontece apesar de ser absolutamente possível e recomendável pela legislação atual Para não falar da afinidade com o Ministério da Saúde objeto de um projeto de cooperação que está sendo tratado à parte é urgente a conjugação de esforços do Ministério da Educação com as áreas da Cultura dos Esportes do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia procurando desenvolver a cooperação e o intercâmbio com vistas a uma programação conjunta e de forma a incorporar todos os aportes desejáveis para o enriquecimento e melhoria da qualidade da educação oferecida nas escolas públicas de todo o país Como foi retomado o processo de planejamento governamental com o PPA 20042007 mesmo que de uma forma incipiente temos condições de conhecer os projetos e ações de cada um dos ministérios e podemos articular os diversos programas Depois de várias reuniões nesses primeiros dois anos de governo estamos trabalhando por um programa comum de atividades entre os ministérios afins As áreas exploradas nas reuniões havidas entre técnicos do Ministério da Educação e do Ministério da Cultura para o estabelecimento de uma cooperação ampla e efetiva são as seguintes a Museus Existem vários museus cerca de 30 vinculados às universidades e outras instituições da esfera do MEC e dentre eles o mais importante sem dúvida é o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro Existe já uma pauta extensa a ser trabalhada que inclui uma reunião de seis ministros do Meio Ambiente da Ciência e Tecnologia da Cultura da Educação do Esporte e do Turismo realizada em outubro de 2003 no Palácio Capanema no Rio de Janeiro Pelo Decreto 5264 foi criado o Sistema Brasileiro de Museus que disporá de um Comitê Gestor com a participação do MEC b 2o Tempo Dentro do programa que vem sendo executado em cooperação com o Ministério do Esporte esperase agregar atividades artísticas culturais e de lazer nos horários alternados ao turno que os alunos das escolas públicas freqüentam c TV Escola Depois de entendimentos havidos entre o MEC o MinC e o Iphan estão sendo encaminhados três sugestões para a produção de vídeos para a TV Escola roteiros sugeridos pelo programa MonumentaBID do MinC e o aproveitamento das experiências bem sucedidas de preservação e divulgação do patrimônio cultural reconhecidas pelo Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade e outros textos escolhidos de roteiros d Escolas Técnicas Foi apresentada a demanda de cursos técnicos de nível médio para as áreas culturais carentes em diversas regiões do país 106 e Livro e Leitura Ficou evidente a urgente necessidade de articulação dos dois ministérios na produção de programas e campanhas de incentivo à leitura e de compra de acervos para as Bibliotecas Públicas Estaduais Municipais Universitárias Escolares dentre outras de forma a otimizar a utilização de recursos do orçamento ou incentivados O programa Fome de Livro está sendo preparado e deve se constituir no Plano Nacional do Livro da Leitura e da Biblioteca a ser anunciado brevemente f Departamento de Artes das Universidades Registrase mais uma vez certa nostalgia dos tempos em que os campi das universidades eram verdadeiros centros culturais com a promoção de atividades de dança música teatro festivais de cinema O Ministério da Cultura acredita que pode encontrar patrocinadores para a implantação de cinemas comerciais nos campi para atrair a comunidade universitária e fazer das universidades um pólo irradiador de cultura g Programas da Capes para a área cultural A experiência do programa Apartes e Virtuose da Capes e do MinC estão sendo revistos e ampliados para incluir a área do patrimônio e outras de interesse h Símbolos Nacionais Abandonadas há muito tempo as atividades cívicas nas escolas deixaram de ser promovidas Há necessidade de revisão da legislação que trata do assunto Lei 54001971 e de distribuição de materiais às escolas para a reintrodução dessas atividades no calendário escolar i Linguagem audiovisual nas Escolas Existe um anseio muito grande dos cineastas de introdução da linguagem audiovisual nas escolas de forma mais intensiva mas não se adiantou ainda na estratégia eou formas de inserção do aprendizado pelas imagens no currículo escolar Foi realizado um Seminário Nacional em Belo Horizonte e esperase que a Secretaria do AudiovisualMinC conclua o programa que pretende lançar em cooperação com o MEC 107 4 Políticas Públicas e o Ensino da Arte Francisco Potiguara Cavalcante Junior Inicialmente gostaria de agradecer o convite para participar do XV Confaeb Trajetória Políticas de Ensino da Arte no Brasil com a responsabilidade de refletir com os arteeducadores sobre algumas questões relacionadas a Políticas Públicas e o Ensino da Arte Falando do lugar de quem pela condição imposta pelo exercício da função de dirigente público procura democraticamente desenvolver políticas e ações para a consolidação da Escola Pública Republicana capaz de produzir corações e mentes repletos de alegria paixão e espírito crítico em milhões de meninos e meninas alunos das Escolas Públicas de Educação Básica espalhadas por todos os cantos do Brasil Um céu de estrelas escrito com caneta Bic num papel de pão Zeca Baleiro em Boi de Haxixe CD Vô Imbolá Sempre que ouço esta música do Zeca e em particular os versos aqui citados penso na escola brasileira nos nossos padrões de qualidade no que se ensina nas condições materiais de trabalho pois não tenho dúvida muitos alunos das escolas de Educação Básica ainda usam o papel de pão e outros recursos que a criatividade lhes permite como insumo pedagógico Triste realidade de um país com um dos maiores índices de desigualdade social do planeta que se reflete de maneira contundente nas instituições sociais em especial na escola pública brasileira Os versos graças à sensibilidade do artista tocam o céu de estrelas desenhados no papel de pão com toda a simbologia e significado Penso na escola que possa desenvolver a capacidade de sonhar que leve nossos alunos a observar o céu o futuro A escola em que os alunos risquem e rabisquem o céu Com certeza uma boa escola No caminho de ser um espaço de constituição de valores universais como a liberdade o direito à participação o direito de ser gente de desenvolver todas as potencialidades do ser humano Uma escola que ensine para a vida plena e consciente competente na transposição do conhecimento e na preparação básica para o trabalho Mas acima de tudo uma Escola do Prazer de Aprender da esperança uma escola para se viver e conviver em sociedade A escola dos homens e mulheres do amanhã CoordenadorGeral de Política do Ensino Médio Ministério da Educação Secretaria de Educação BásicaDepartamento de Política do Ensino Médio 108 A constituição da escola republicana passa necessariamente por um processo histórico de afirmação de modelos gerenciais de financiamento e de currículo Desde há muito educadores e governantes de muitos matizes políticos e ideológicos vêm contribuindo no desenvolvimento de concepção ou concepções de organização política e pedagógica da escola brasileira Alguns consensos possíveis já existem e estão explicitados nas leis que regem a Educação Nacional e em publicações que oficiais ou não definem os eixos norteadores de uma prática docente competente e emancipadora como bem demonstram os princípios norteadores da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional I igualdade de condições para o acesso e permanência na escola II liberdade de aprender ensinar pesquisar e divulgar a cultura o pensamento a arte e o saber III pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas IV respeito à liberdade e apreço à tolerância V coexistência de instituições públicas e privadas de ensino VI gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais VII valorização do profissional da educação escolar VIII gestão democrática do ensino público na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino IX garantia de padrão de qualidade X valorização da experiência extraescolar XI vinculação entre a educação escolar o trabalho e as práticas sociais A normatização desses princípios tem concretizado avanços na oferta e implementação da Educação Básica que expressam o resultado das lutas históricas pela democratização do ensino E o ensino da arte De que forma a dimensão da cultura incorporada ao currículo escolar pode gerar movimentos capazes de induzir mudanças significativas na formação de professores e alunos Faz sentido ensinar arte Como e em que condições devemos trabalhar o ensino da arte nas escolas Quando comecei a refletir sobre o tema Políticas Públicas e o Ensino da Arte logo vieram do passado sons imagens e conteúdos do tempo em que lecionei História da Arte para alunos do então 2o grau que buscavam habilitação pela formação do Curso Técnico de Turismo Na ausência de professor de artes entra o professor de História com o desafio de desenvolver competências e habilidades numa área a princípio distante da sua formação inicial Por intuição comprei um livro e assim como tantos outros professores a partir dele fiz o planejamento do ano letivo O livro História da Arte de Gombrich 109 Muitas janelas se abriram conhecer a história das artes plásticas no ocidente e dividir este novo conhecimento com os meus alunos foi uma experiência enriquecedora Era o que minha história de vida permitia fazer em uma organização escolar sem coordenação sem planejamento e satisfeita pelo fato de naquele momento preencher a grade curricular No papel todas as disciplinas tinham professores Dessa experiência retomo um conceito de arte de Gombrich Nada existe realmente a que se possa dar o nome de arte Existem somente artistas Outrora eram homens que apanhavam um punhado de terra colorida e com ela modelavam toscamente as formas de um bisão na parede de uma caverna hoje alguns compram suas tintas e desenham cartazes para os tapumes eles faziam e fazem muitas outras coisas Não prejudica ninguém dar o nome de arte a todas essas atividades desde que se conserve em mente que tal palavra pode significar coisas muito diversas em tempos e lugares diferentes e que arte com A maiúscuo não existe A esse conceito acrescento outros dois O primeiro da professora doutora Graziela Feldmann Uma das formas de percebermos a existência do homem no mundo é por meio da arte A arte está presente no mundo desde que o homem se fez homem A arte como parte essencial da experiência humana nos mostra como o ser humano mediante a imaginação visão de homem de mundo de experiências sentimentos conhecimento dá forma às suas idéias e produz cria cultura cria arte Em seguida uma reflexão de Hegel Arte é o meio entre a insuficiente existência objetiva e a representação puramente interior ela nos fornece os objetos mesmos mas tirados do interior Limita nosso interesse à abstrata aparência que apresenta a um olhar puramente contemplativo 110 E é com a percepção desses três autores que ouso refletir com vocês sobre o ensino de artes nas escolas brasileiras Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio estabelecem como objetivo do ensino da arte o seguinte Capacitar os estudantes a humanizaremse melhor como cidadãos inteligentes sensíveis estéticos reflexivos criativos e responsáveis no coletivo por melhores qualidades culturais na vida dos grupos e das cidades com ética e respeito pela diversidade O Relatório Jacques Delors Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI propõe que o processo de escolarização seja desenvolvido a partir de quatro pilares básicos aprender a apreender aprender a fazer aprender a conviver e aprender a ser Pilares a partir dos quais educadores de todo o mundo civilizado defendem a reestruturação da Educação Pública fazendo com que o conhecimento neste século transformese no instrumento fundamental a base sobre a qual as nações se inserem ou não no conjunto das relações internacionais O principal capital o bem mais precioso Essa percepção inclina as forças políticas a investir como nunca na formação das pessoas Há uma preocupação global com o desenvolvimento de políticasações que elevem os níveis de formação em todos os países do planeta Uma onda positiva que deve ser surfada tendo como objetivo a consolidação da Educação Básica garantindo as possibilidades de que todos os nossos jovens desenvolvam seus estudos e avancem na direção da universidade ou do mundo profissional Educação Básica capaz de viabilizar conhecimentos que permitam ao jovem desenvolver as competências e habilidades necessárias para uma inserção qualificada no mercado de trabalho e acima de tudo uma educação básica que prepare para a vida em sociedade formando cidadãos Para Delors à educação cabe fornecer de algum modo os meios de um mundo complexo e constantemente agitado e ao mesmo tempo a bússola que permita navegar através dele É desta Educação Básica que estamos falando De processos formativos que dêem significado ao conhecimento acumulado pela humanidade que permitam aos jovens aprender e enriquecer os primeiros conhecimentos e se adaptar a um mundo em mudança Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio estabelecem como competências a serem desenvolvidas pelo ensino de arte 111 realizar e compreender produções artísticas apreciar e compreender produtos de arte analisar conhecer e compreender manifestações artísticas em sua diversidade históricocultural Em trecho das Orientações Curriculares do Ensino Médio produzido pelo Ministério da Educação os autores do artigo sobre a componente arte destacam que Além do objetivo mais imediato de fazer com que os alunos consigam criar expressar e comunicar idéias artísticas e estéticas pelo estudo investigação e prática é fundamental conferir ao ensino da arte a possibilidade de propiciar ao educando um nível de qualificação que o habilite a entender os sistemas sígnicos que constituem a produção a apreciação e a contextualização dos conceitos da área Percebese claramente o que se espera do ensino da arte na formação básica de adolescentes e adultos que estão nas escolas de Ensino Médio educar os estudantes para a cidadania impregnada de sensibilidade A arte como expressão de humanidade ideal que consolide valores éticos o respeito à diversidade ao trabalho coletivo à criação e ao espírito crítico A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seu art 36 destaca a importância da compreensão do sentido da arte pelos alunos Sem dúvida alguma precisamos investir na consolidação dos espaços necessários para o bom desenvolvimento das práticas que permitam o acesso a todas as dimensões da cultura pelos estudantes do Ensino Médio Uma excelente formação geral é precondição para que homens e mulheres possam ocupar plenamente seus espaços na sociedade Digo trabalhar exercer o papel político com autonomia desenvolver projeto de vida que inclua as dimensões pessoal e social Na escola o ensino da arte entre outras áreas do conhecimento tem esse potencial que é vital para uma Educação Emancipadora desenvolver em todos nós os sentidos da vida Manter acesa a capacidade de sonhar e projetar o futuro Como Que passos podemos dar na direção da Escola Republicana que ainda não temos Que ações os gestores devem promover para o pleno desenvolvimento das artes nas Escolas de Ensino Médio 112 O Relatório da Unesco sobre a educação para o século XXI o Relatório Jacques Delors indica três áreas de intervenção prioritárias para as políticas públicas comprometidas com a superação do atual quadro da educação em todo o mundo gestão das escolas concepção e elaboração de programas e seus aspectos conexos currículo melhoria das competências dos professores Tarefa difícil mas não impossível é desenvolver estratégias capazes de garantir no diaadia dos sistemas e das escolas ações que possibilitem a expansão do sentido de arte nos processos de gerenciamento e de ensinoaprendizagem Precisamos com a máxima urgência estruturar alguns cenários nos quais a direção da escola por meio de processos de gestão participativa promova a abertura de espaços alternativos que viabilizem as condições físicas para o trabalho artístico uma escola com sala de teatro de música de artes plásticas um espaço de múltiplos usos para o desenvolvimento de todo o potencial de habilidades artísticas Finalmente uma formação inicial e continuada que permita a todos os educadores o acesso ao patrimônio cultural e artístico produzido pela humanidade Vamos à luta Referências ABBAGNANO N Dicionário de Filosofia São Paulo Martins Fontes 2000 BRASIL Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica Orientações Curriculares do Ensino Médio Brasília MEC 2004 DELORS J Educação um tesouro a descobrir relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI 6 ed São Paulo Brasília CortezUnescoMEC 2001 FELDMANN MG Formação de Professores e o Ensino de Arte na Escola Brasileira Palestra proferida no 2º Fórum de Educadores São Paulo 06 de outubro de 2004 Disponível em httpwwwmackenziecombrposgraduaçãocont strictoeducahcforumeducadoreshtm Acesso em 08102004 GOMBRICH EH História da Arte Rio de Janeiro Guanabara 1993 113 Professora de Educação Artística e História da Arte na Universidade do Norte do Texas chandauntedu Ensino da Arte em Contextos de Comunidade Mediadora Leda Guimarães 1 Educação Artística a Serviço da Comunidade perspectiva histórica dos africanos e da diáspora Jacqueline Chanda Resumo Este artigo analisa a educação artística como uma intervenção direta no desenvolvimento cultural da comunidade fazendo um breve exame de como a arte africana tem sido usada no passado e no presente como veículo para manter o controle social elaborar conceitos históricos e disseminar valores educacionais Discute primeiramente alguns exemplos de objetos de arte africana em sociedades tradicionais como instrumento de controle social preservação 114 da memória histórica e educação focalizando em seguida como conceitos parecidos se manifestam em sociedades urbanas contemporâneas analisando um exemplo mais atual na forma de um fenômeno chamado SetSetal que ocorreu no Senegal entre 1989 e 1992 Palavraschave Comunidade Arte Educação Arte Africana A educação artística comunitária tornouse um tema candente nos últimos anos No contexto americano é considerada geralmente como um acréscimo ou alternativa aos programas de arte em escolas públicas ou privadas O objetivo dos programas de arte comunitária é oferecer às crianças oportunidades adicionais ou especiais para vivenciar a feitura da arte Com freqüência esses programas procuram também atender às necessidades sociais das crianças Muitas vezes esses programas são adotados porque os programas de arte nas escolas públicas e privadas não dispõem de recursos suficientes ou porque simplesmente não existem O que é educação artística comunitária O dicionário define comunidade como um grupo unificado de indivíduos pessoas que partilham um interesse comum e habitam uma mesma área a comunidade Segundo várias definições comunidade se refere a um local onde vivem pessoas com interesses e características comuns Outra definição aponta para propriedade comum ou participação Ao associarmos educação artística e comunidade criamos a expressão educação artística comunitária O que queremos dizer com isso Esse fenômeno é geralmente definido como um processo criativo baseado na cooperação entre um artista profissional e uma comunidade ou na colaboração de artistas com a comunidade com o objetivo de abordar certos tópicos acordados como expressão de identidade relação ou propósito É importante como um processo de desenvolvimento comunitário como meio de estabelecer uma conexão dos artistas com a comunidade de incentivar a participação nas artes e de demonstrar a relevância das artes para a vida cotidiana Todas essas definições contêm a noção de um artista como o cerne dessa combinação Outras definições porém indicam que a educação artística comunitária se refere à feitura da arte com a participação direta das pessoas que partilham o processo criativo produzindo assim sua própria arte Embora essas definições ofereçam uma perspectiva interessante quando olhamos para as tradições originárias da África notamos que a arte estava a serviço da comunidade de que 115 fazia parte integrante e que era portanto ligeiramente diferente do conceito de arte comunitária no mundo ocidental No contexto africano o termo comunidade se referia mais a uma localidade onde em alguns casos as pessoas eram ligadas de alguma forma pela consangüinidade ou casamento e em outros casos pela ocupação E quando comunidade é associada à educação artística a definição aponta mais claramente para uma intervenção direta da comunidade em seu próprio desenvolvimento cultural e futuro Essa definição põe em relevo o propósito da arte na comunidade em resumo como a comunidade cria e utiliza a arte para intervir no seu próprio bemestar cultural e social e no dos indivíduos Essa noção se aplica não apenas ao contexto tradicional da arte africana mas também ao contexto atual da arte em muitas comunidades africanas rurais e urbanas Este artigo explora essa noção de intervenção direta da arte no desenvolvimento cultural do próprio indivíduo passando em revista alguns exemplos africanos tradicionais e mais especificamente o movimento chamado SetSetal que ocorreu no Senegal entre 1989 e 1992 SetSetal é uma expressão da língua wolof e significa purificar Set significa puro e setal significa tornar puro A redundância da expressão puro e purificar reflete uma preocupação com a pureza física e moral O que torna esse fenômeno recente tão interessante é o fato de que as questões relacionadas com a pureza física e moral sempre tiveram um lugar central no uso da arte em comunidades tradicionais africanas Culturas africanas tradicionais Em muitas culturas africanas a arte sempre teve uma intervenção direta no desenvolvimento cultural e futuro da comunidade Os objetos de arte eram utilizados para controle social e para manter as normas sociais reforçar conceitos históricos educar os jovens e assegurar uma existência pacífica Às vezes essa intervenção era facilitada por máscaras estátuas ou outros objetos estéticos Em algumas sociedades danças com máscaras por exemplo eram executadas com o fim de purificar a comunidade de forças negativas indesejáveis Em outras os objetos eram criados para instruir e socializar as pessoas com relação a valores e conceitos importantes para a comunidade A arte africana tradicional portanto fazia parte integral da vida e das comunidades de muitos povos africanos Os kweles do Gabão do Congo e de Camarões por exemplo acreditavam que as mortes inexplicáveis a varíola e outras ameaças misteriosas contra o bemestar da comunidade eram causadas pela feitiçaria O antídoto para a feitiçaria era o ritual beete que incluía a cerimônia da máscara eluk 116 CHANDA 1993 Essa cerimônia se realizava a intervalos regulares mas principalmente quando algum evento grave ocorria como a doença de um dignitário uma caçada infrutífera um ataque contra a aldeia etc A palavra eluk se refere aos espíritos protetores da floresta A finalidade da máscara era unir a comunidade numa interação harmoniosa contra forças negativas As máscaras kwele eram esculpidas em muitos estilos mas todas tinham algumas características básicas comuns caras em forma de coração pintadas de branco utilizando pigmentos de terra com os olhos em forma de fenda estreita O pigmento branco simboliza luz e claridade duas armas essenciais na luta contra a feitiçaria É obtido de caulim e deriva sua força mágica do fato de ter sido guardado juntamente com crânios poderosos de familiares mortos preservados em relicários Esses crânios eram guardados em cestos decorados com cabeças esculpidas de madeira e colocados atrás da cama do chefe de família DESCHAMPS 1962 Estando assim próximos os ancestrais podiam aconselhar o chefe de família em sonhos e desvendar o futuro Esse poder era mobilizado contra as forças negativas da feitiçaria capazes de destruir a saúde e a harmonia de uma aldeia Muitos objetos de arte eram no contexto africano tradicional dispositivos mnemônicos objetos usados para ajudar as pessoas a se lembrarem de idéias conceitos e eventos históricos Os lubas por exemplo utilizavam o lukasa como um auxílio para a memória Nesse objeto do século XVIII ou XIX o desenho formado por contas e alfinetes na superfície e os sulcos e saliências lembram importantes fatos míticos ou históricos Esses desenhos sulcos e saliências funcionam como ideogramas que são lidos A leitura depende da ocasião em que o objeto é utilizado e essa leitura é pública O objeto é como um texto que registra conhecimentos e serve de documento para a história a ideologia e a cultura BIEBUYCK HERREMAN 1999 Os indivíduos que os lêem fazem parte da associação Mbudye São treinados rigorosamente e são conhecidos como homens de memória Eles aprendem a variada iconografia referencial O conhecimento dessa iconografia estimula a memória Por exemplo As contas coloridas se referem a heróis específicos da cultura e aos principais protagonistas do mito luba As fileiras de contas se referem a viagens estradas e migrações Uma conta grande rodeada por um círculo de contas menores se refere a um chefe cercado de seus dignitários O alfinete de ferro se refere ao rei em cuja honra a prancha foi feita e os desenhos talhados encerram em código segredos reais BIEBUYCK HERREMAN p 285 117 A prancha é dividida em duas partes uma das quais representa os aspectos masculinos e a outra os aspectos femininos Essa divisão permite a leitura das genealogias Além de utilizar objetos para controle social e para documentar a história as culturas africanas têm uma longa tradição de uso de objetos de arte como meios pedagógicos Esses meios eram geralmente apresentados durante os ciclos de iniciação ou de atos comunitários relacionados com funerais ou diversão social Os pende da República Democrática do Congo por exemplo produzem uma refinada máscara de madeira metade preta e metade branca com traços distorcidos relacionados com doença ou paralisia facial Essa máscara demonstra como até mesmo o membro mais considerado e correto da comunidade como um caçador pode inesperadamente ser atingido por uma doença causada por feitiçaria caso ele tenha falhas morais O propósito da máscara portanto é ensinar o público pende a respeito das recompensas de uma boa conduta e os perigos a que estão sujeitos aqueles que têm falhas morais Tradicionalmente a máscara era usada na cerimônia mbuya de máscaras como parte da iniciação de meninos Agora são usadas predominantemente para o entretenimento de visitantes estrangeiros Também aparecem quando um novo chefe é designado durante a construção da casa de um chefe e no fim da safra PERANI SMITH 1998 A máscara preta e branca é conhecida como a máscara de palhaço e sua finalidade é questionar os valores estabelecidos Segundo Perani e Smith num contexto de entretenimento a máscara de palhaço comenta e critica as mudanças socioeconômicas ocasionadas pelo colonialismo e pela independência p 271 Do rural para o urbano À primeira vista pode parecer que o processo de arte comunitária que servia como instrumento de desenvolvimento cultural e de continuidade tenha sofrido erosão por causa do surgimento e desenvolvimento de áreas urbanas em toda a África No entanto a arte continua a ser usada como meio para comentar e criticar as mudanças socioeconômicas relacionadas com o colonialismo e a independência tanto na zona rural como em áreas urbanas Há porém diferenças marcantes na maneira como a comunidade pode ser definida Como foi mencionado a comunidade rural era baseada em indivíduos ligados por consangüinidade ou ocupação Diferentemente da maioria das zonas rurais as áreas urbanas se definem por grupos heterogêneos de pessoas pertencentes a diferentes grupos étnicos e de diferente procedência A comunidade tal como existia num sentido tradicional não é mais viável num meio urbano Pessoas vindas de diferentes zonas rurais 118 convergem nas grandes cidades em busca de melhores condições de vida emprego educação etc Infelizmente encontram apenas alienação De acordo com Diouf 2001 os centros urbanos concentram principalmente os jovens nascidos após a independência Vêm em busca de oportunidades mas encontram alienação e marginalização pois não se enquadram na cultura do meio urbano Em geral uma comunidade heterogênea não parece ser o lugar mais adequado para um discurso coletivo visto que segundo Repetti 2001 a proximidade forçada de grupos culturalmente heterogêneos incentiva a fragmentação do mbookk a família polígama ampliada e o enfraquecimento de suas funções de apoio além de impor a modificação das relações sociais tradicionais p 11 No Senegal porém jovens estudantes e desempregados se juntaram no final da década de 1980 e fundaram um movimento social chamado SetSetal Algumas pessoas dizem que o movimento foi instigado pelo ritmo sincopado do superastro do mundo musical Youssou NDour que escrevia e cantava canções a respeito de pureza dignidade e retidão ROBERTS e ROBERTS 2002 Suas canções foram lançadas em um momento em que havia tensões entre a juventude urbana e o governo senegalês por causa da falta de emprego e do colapso dos serviços públicos básicos ROBERTS e ROBERTS 2002 p 58 Essa juventude marginalizada porém não se lançou às ruas em agitações Pôsse antes a restaurar os logradouros públicos embelezandoos recolhendo lixo e pintando as paredes com ícones da cultura popular e de santos sufistas1 Além disso o propósito do movimento expresso na palavra set na língua wolof que significa puro era limpar as ruas restaurar pintar e substituir monumentos coloniais e dar novos nomes aos locais alienados Outro propósito do movimento era romper com o discurso histórico que fora perpetuado pela geração nacionalista DIOUF 1992 A fim de ajudar os jovens marginalizados a encontrar seu lugar em comunidades ou quartiers heterogêneos inúmeras organizações associativas como as sociedades de auxílio mútuo e associações islâmicas forneceram respaldo e criaram um espaço de apoio e assistência mútuos mediante discurso cooperação prática e solidariedade recíprocos Essas associações reuniam pessoas com laços familiares e ligadas por causa de etnia religião ou negócios REPETTI 2001 A argamassa que unia cada um desses quartiers não era apenas elementos sociais mas também suas memórias idiossincráticas que contribuíam para as várias identidades sociais que davam àqueles jovens senegaleses uma sensação de pertencer O elemento de coesão que unia os membros dos quartiers era as histórias que a comunidade produzia Essas histórias dão origem a uma consciência comunitária Ainda segundo Repetti o acervo de tradições orais é partilhado pelos residentes de um distrito 1 Os sufis são muçulmanos que representam uma vertente mística do Islã muçulmanos que buscam uma experiência direta de Alá 119 e é virtualmente desconhecido fora dos limites daquele distrito p 2 As histórias servem de impulso para trocar o nome dos espaços alienados Um distrito ou quartier por exemplo mudou o seu nome de HLM 6 para HML ângulo Mouss ou canto do gato por causa de uma história em que um gato entra em uma casa e se transforma em uma feiticeira e Patte doie Pé de ganso substituiu a designação oficial das zonas HLM indicadas por número HLM 1 HLM 2 etc Repetti acrescenta que essa expressão de identidade por meio da camaradagem constitui uma base social da produção artística urbana que era emblemática do movimento SetSetal Embora possa parecer pelos relatos publicados que os jovens decidiram empreender essa atividade sem a ajuda de órgãos governamentais o fato é que ainda segundo Repetti a Municipalidade de Dakar confiou a implementação do SetSetal a associações e artistas locais A campanha decorativa de educação social recebeu subsídios para ornamentar com murais áreas da cidade p 9 O movimento SetSetal do final da década de 1980 contou com milhares de jovens senegaleses que foram mobilizados para limpar locais onde o lixo e a sujeira evidenciavam a negligência do governo de Dakar No esforço de limpeza combatiam também a corrupção a prostituição e a delinqüência causadas por um governo ineficiente Os murais que abordavam três tópicos principais saneamento ecologia e história podem ser considerados como meios pedagógicos destinados a estabelecer certa forma de controle social Em certas comunidades eles atuam como dispositivos que criam ou revivem a história Os que tratam de saneamento focalizam questões relacionadas com HIVAids vacinação e o combate contra a diarréia A maioria desses contém textos para esclarecer as mensagens educativas Por exemplo um que se refere à diarréia exibe a frase Comment on attrappe la Diarrhée Como se contrai a diarréia A ilustração mostra em forma de narrativa que se defecarem e brincarem no mesmo local as crianças irão sofrer diarréia Todo ano um grande número de crianças morre desse mal por isso a campanha para informar os cidadãos sobre o assunto é de crucial importância A preocupação com a ecologia é ilustrada por um mural que admoesta Ne coupez pas les arbres Não corte as árvores A África está sofrendo seriamente com o desmatamento À medida que os madeireiros e fazendeiros limpam terrenos para a agricultura perdese a cobertura vegetal expondo as áreas à erosão e ao escoamento dos minerais e nutrientes empobrecendo o solo Na África Ocidental esse problema é gravíssimo pois 90 das matas já foram derrubados Além da perda de minerais e nutrientes o desmatamento causa mudanças climáticas Dos murais com temas históricos 117 aproximadamente tratam de religião e outros contêm referências políticas DIOUF 1992 Essas referências são mais 120 internacionais do que locais mostram não somente figuras históricas da época colonial mas também aquelas que parecem ter mais relevância para a juventude de hoje Entre as figuras políticas internacionais se incluem Nelson Mandela Malcom X e Che Guevara Outras afirmações políticas são feitas por meio da representação simbólica de fábulas senegalescogambianas que falam da raposa e do coelho e do cabrito e da hiena Num mural o cabrito e a hiena que são inimigos em fábulas tradicionais tornamse amigos e jogam futebol com o leão um símbolo da paz REPETTI 2001 Os murais religiosos se concentram em sua maioria na representação de Ahmadou Bamba um santo marabuto Tratase de um sufi2 nascido em 1853 Era um pacifista que empunhava a pena em vez de revólver Ele atingiu a santidade realizando milagres como orar sobre as águas sossegar um leão famélico e escapar das ciladas cruéis de seus captores franceses As representações de Bamba predominam nos quartiers majoritariamente muçulmanos Esses murais servem não somente para ornamentar ou embelezar a cidade mas também para contar a história e falar do poder de Bamba Os mourides3 levam uma imagem de Bamba à testa ou beijam os murais para receber sua bênção ROBERTS e ROBERTS 2002 p 55 Embora o Islã proíba a representação de seres humanos a imagem visual é nesse contexto usada como veículo de intercessão Um dos principais responsáveis pela criação dos murais relacionados com o movimento SetSetal era um jovem grafiteiro chamado Pape Samb mais conhecido por Papisto Boy Órfão chegou a Dakar aos dez anos Tinha vivido numa comunidade de pescadores espremida entre pátios de fábricas e um parque industrial chamado Belaire Ele pinta murais como um ato de devoção ao Caminho Mouride3 Artista autodidata é mais conhecido pelo mural de mais de duzentos metros de comprimento nas paredes de uma fábrica de Belaire O mural retrata Nelson Mandela Jimi Hendrix Malcom X e outras figuras conhecidas Papisto Boy diz que se inspira em sonhos e que sua mão é guiada pelo santo Depois de Amadu Bamba o retratado que mais aparece é Bob Marley considerado um mensageiro que inspirou Papisto por intermédio da música Diferentemente do que acontece com outros murais Papisto vem trabalhando no seu mural das paredes sórdidas da fábrica há trinta anos de modo que se trata de uma obra em andamento Há pinturas sobre pinturas que não são completamente cobertas Às vezes ele enxerga algo escondido em um retrato ou 2 O sufismo cristalizou sua forma atual no século XVII A vereda do amor como a religião échamada é um caminho que facilita a união pessoal e direta com o Divino Amado Por meio dessa união aquele que busca fortalecido pela disciplina e pela graça vive a experiência da essência do amor e sabedoria divinos no mundo e atinge a consciência da Realidade Única 3 Seguidores do mouridismo um movimento islâmico contemporâneo inspirado pelo sufi pacifista poeta e santo Amadou Bamba 121 em uma cena e pinta essa visão O retrato de Che Guevara é um perfeito exemplo disso Certa manhã enquanto ele estava parado diante do retrato do político Abdoulaye Wade p 3 da oposição o olhar fixo nele o retrato de Che se revelou a ele e Papisto Boy o pintou Conclusão Como vimos a arte em sociedades africanas continua a exercer controle social manter os padrões sociais reforçar conceitos históricos e educar as massas Ao passo que antes a arte era usada para controlar forças imprevisíveis no contexto urbano de hoje no Senegal ela é usada para transformar espaços marginalizados em espaços imaginários criados pelo desejo de controlar um meio ambiente negligenciado pelo governo de Dakar Esse controle assumiu a forma de murais que recriam a história produzem memórias compartilhadas e instruem a comunidade a respeito de questões sociais Infelizmente ao contrário dos objetos de arte tradicional cujo uso e função eram reforçados por uma comunidade homogênea esses murais são efêmeros e frágeis diante da ação do tempo e da poluição e por isso alguns já começam a se apagar Referências CHANDA J African Art and Culture Davis Worcester Massachusetts 1993 DESCHAMPS H Traditions et Archives au Gabon Paris BergerLevrault 1962 DIOUF M Citoyennetes et recompositions identitaires dans les villes Ouest Africaines Citizens and recomposition of identify in West African cities Sahel 21 2001 DIOUF M Fresques murales et écriture de lhistoire Le SetSetal à Dakar Politique Africaine 46 4154 1992 PERANI J SMITH F The visual arts of Africa gender power and life cycle rituals New Jersey Prentice Hall 1998 122 BIEBUYCK D HERREMAN F Central Africa In PHILIPS T Ed Africa The Art of a Continent New York Prestel 1999 REPETTI M Marking Dakar A Topography of the Imaginary Spring Translated by Deidre Kantz Xcp Streetnotes 2001 wwwxcpbfnorg call4workhtml ROBERTS A ROBERTS M A Saint in the city Sufi arts of urban Senegal African Art 354 5273 2002 Papisto Boy African art 322 7279 2000 2 Componentes da Ação Comunitáriacomo Fontes Pedagógicas Vesta A H Daniel Nesta palestra defendo a idéia de que a vinculação da aprendizagem a contextos e processos comunitários é uma forma de identificar aquilo que sabemos de onde veio nosso conhecimento e como esse conhecimento contribui para o êxito da educação institucional Ademais as interrelações entre as instituições formais e os espaços comunitários conducentes a um ensino e a uma aprendizagem viáveis são capazes de incentivar uma intensa atividade educacional Serão aqui sugeridos componentes pedagógicos específicos baseados na comunidade que não se limitam à educação artística como forma de vincular professores membros da comunidade e alunos mediante a prática educacional A ação comunitária é um comportamento ou atividade cuja origem e realização se encontram na autodeterminação de um grupo que se define como comunidade Fazse necessária a cooperação de várias identidades para identificar buscar e atingir seus objetivos coletivos DANIEL 1999 Doutora em Educação Departamento de Educação Artística da Universidade Estadual de Ohio Columbus Ohio EUA 123 Meu trabalho no ensino superior inclui o preparo de estudantes de uma universidade do MeioOeste dos Estados Unidos para se tornarem arteeducadores Procuro incentivar os estudantes e aqueles que já estão em exercício a adotarem um conceito transformador da educação Um dos meus objetivos é leválos à experiência da educação artística baseada na comunidade e de seu potencial para identificar as correlações entre grupos díspares e a associarse à comunidade como uma fonte pedagógica Defino comunidade como sendo um aglomerado de pessoas unidas ou não pelo lugar ou localidade por circunstâncias semelhantes ou por sua história interesses compartilhados ou afinidades espirituais A vinculação a contextos comunitários permite identificar o que as pessoas sabem de onde lhes vem tal conhecimento e como esse conhecimento está ligado a uma educação institucional bemsucedida As fontes de conhecimento e as formas de adquirir conhecimento não podem se limitar a um cânone determinado pela presunção de uma classe média eurocêntrica e machista que se julga dona de um conhecimento superior e intérprete do pensamento Aqueles que estão à margem os membros de diversas comunidades os ativistas e defensores de causas cívicas e culturais podem ser fontes confiáveis de conhecimento relevante para uma prática educacional que leve em conta os comportamentos comunitários A consideração dos métodos comunitários de identificação e utilização do conhecimento é um aspecto da pedagogia baseada na comunidade Ela pode contribuir para que a educação seja mais estreitamente vinculada tanto aos professores como aos estudantes Pode também transformar a sociedade contribuindo para a consecução do ideal de igualdade O local e uma educação consciente do local Um dos elementos que definem meu pensamento sobre a importância da comunidade para a educação procede das teorias sobre local e educação consciente do local Um dos argumentos dessas teorias é que as localidades ou os lugares têm importância pedagógica por serem os contextos mais amplos de vida dos quais a educação faz parte GRUENEWALD 2003 HOOKS 1994 HOVEY 2004 Gruenewald 2003 conclama os educadores e administradores a associar a experiência baseada no local à responsabilidade acadêmica Segundo ele Para que o local tenha significado para a escolaridade é preciso que a responsabilidade e o propósito sejam concebidos de modo a levar em conta o 124 valor do local como um contexto primário da experiência como uma via de autêntica participação democrática e como um legado vivo do envolvimento humano no mundo p 645 Além de ser uma fonte de conhecimento que influi na pedagogia a comunidade pode funcionar como um local ou lugar de resistência propiciando matéria e comportamentos que suscitam um diálogo crítico Isto é o status quo das práticas educacionais que dependem de uma interação unidirecional entre professor e aluno pode ser mudado mediante uma cooperação instrutiva que se realize numa multiplicidade de direções vozes e camadas Uma educação que prestigie o microcosmo social da educação baseada na comunidade prepara o estudante para o macrocosmo da comunidade mundial A participação de professores e alunos na experiência bidirecional de cada um como pessoas de lugares diferentes é outro aspecto da pedagogia baseada na comunidade Professores procedentes da cultura majoritária que talvez não se expressem como maioria numérica precisam eles próprios participar dessa experiência para que possam merecer confiança e ser eficientes em contextos cultural racial e etnicamente diferentes Em muitos casos precisarão aprender a interessarse profundamente pelo contexto pessoal de seus alunos a fim de elaborar e ministrar um conteúdo curricular atraente Alguns educadores na tentativa de fazer modificações num conteúdo curricular cultural e racialmente pobre enganoso ou simplesmente errado têm propiciado a seus alunos que se preparam para ser professores experiências baseadas na comunidade Os professores podem racionalizar alegando que apenas por se encontrarem em contextos comunitários ou lugares novos ou desconhecidos tais como centros de recreação centros culturais oficinas de artistas centros comunitários ou programas extracurriculares estarão preparados para ensinar nesses contextos Mas se professores e alunos não se conectarem com o etos práticas objetivos estratégias para a solução de problemas experiências e histórias que caracterizam a comunidade a experiência baseada na comunidade não passará de um exercício sem propósito 125 A comunidade como fonte de conhecimento prévio A experiência tanto dos professores como dos alunos é fonte de conhecimento prévio proveniente de algum tipo de conexão com a comunidade quer seja essa conexão rica inteiramente aprazível estimulante e nutriente quer seja ela distante e lamentável A utilização desse conhecimento prévio que poderá vir do lar ou da comunidade tem relação com o processo de educação SHAPIRO 2004 ao estudar o que é que os estudantes aprendem pela leitura de um texto concluiu que o conteúdo do conhecimento prévio pode afetar o grau de informação que os leitores extraem de um texto p 162 e que embora um conhecimento prévio preciso possa ajudar os leitores a extrair informação de um texto um conhecimento prévio inexato pode até mesmo interferir com o aprendizado p 163 Os estudos de Lipson de 1982 e 1983 citados por SHAPIRO 2004 alertam que é mais difícil corrigir um conhecimento prévio incorreto durante o processo de aprendizagem do que assimilar uma informação desconhecida Os professores e membros da comunidade que pelejam no sentido de corrigir conceitos errôneos baseados em preconceitos estereótipos medos infundados de pessoas culturas e comunidades desconhecidas esforçamse para corrigir um conhecimento prévio inexato SHAPIRO 2004 sugere que os professores capazes de identificar aquilo que os estudantes já sabem o conhecimento prévio que eles trazem consigo para a escola estão mais bem capacitados para identificar o que é que eles estão aprendendo na escola Além disso como sugere Freire 1973 é preciso que os professores se familiarizem com as vidas e realidades de seus alunos Precisam prestigiar o conhecimento que eles trazem consigo derivado do contexto de sua experiência como sendo do ponto de vista educacional matriz de relevância prazer emancipação e autonomia tanto para alunos como para professores O conhecimento que posso identificar como resultado de meu envolvimento com ações comunitárias permiteme identificar alguns dos objetivos que os grupos comunitários parecem compartir Exemplos aquisição da autosuficiência por meio de iniciativas comerciais aquisição e demonstração de autodeterminação política e cultural pelo esforço próprio iniciativas de melhoria ambiental e participação nelas exploração e compartilhamento de histórias filosofias e cosmologias pessoais como um aspecto importante da história coletiva 126 utilização da arte da estética pessoal e comunitária e do ensino de arte como instrumentos de transformação social celebração valorização e observação pública e privada de crenças e práticas pessoais e comunitárias importantes e concessão de voz aos semvoz À medida que fui me familiarizando com esses objetivos comecei a compreender que eles são formulados e moldados por experiências do passado e do presente como deve acontecer também com os objetivos da educação formal Parece também que para que os educadores possam propugnar por objetivos que sejam importantes e valiosos para alunos e professores é preciso que as características das ações comunitárias fiquem bem claras tanto para eles como para os estudantes A identificação de ações criativas e positivas da comunidade e a participação nessas ações poderão levar a uma pedagogia educacional esclarecida e fazer com que a epistemologia baseada na comunidade seja reconhecida e utilizada com proveito como conteúdo curricular Características da ação comunitária 1 Orientação do processo Esse aspecto da ação comunitária se refere à natureza da forma como a ação é realizada Uma característica do processo de ação comunitária é que ele talvez pareça desprovido de regras ou diretrizes claras Por exemplo os objetivos do processo que se seguem podem jamais ter sido enunciados ou considerados importantes já que isso poderia atrapalhar sua fluidez a os objetivos do processo devem ser claramente enunciados no início de cada procedimento e b cada parte dessa discussão deve durar apenas 15 minutos No entanto é possível que o processo tenha um sistema de operação e que seja voltado para um objetivo que pode ser a produção de um item material ou uma idéia a ser explorada e colocada em prática O processo poderá consistir numa série de ações que pode ou não ser formalizada O processo é a geratriz do produto Meus alunos já observaram que às vezes élhes difícil atenuar sua preocupação com um determinado produto como por exemplo a elaboração de um currículo ou a 127 organização de uma exposição de arte dos alunos Já pude notar porém que aqueles que educam a partir de uma base comunitária reconhecem e em geral nunca mais negligenciam a importância do processo na identificação e consecução dos objetivos que interessam a uma determinada comunidade 2 Aspecto dinâmico e evolutivo Visto que em geral as comunidades são internamente diversificadas seus membros demonstram diferentes estilos de participação e comunicação e diferentes noções do momento mais adequado para atuar Nesse sentido uma comunidade é como uma sala de aula com diferentes tipos de alunos Diferentemente de uma sala de aula porém em que o professor felizmente ou infelizmente pode muitas vezes dirigir a interação entre mestre e aluno a ação comunitária pode ser impulsionada por uma dinâmica a trancos de um movimento enérgico e vigoroso em direção a um objetivo Para a frustração de alguns esse movimento é suscetível de causar muitas alterações de orientação e estrutura a caminho de um objetivo Com freqüência a natureza de uma ação comunitária pode fazer com que o objetivo seja alcançado de maneira mais gradual mediante um processo evolutivo ou de descoberta que leva os membros da comunidade a um outro nível de conscientização Em outras palavras à medida que o processo evolui também evoluem o pensamento e a compreensão por parte dos membros da comunidade Uma pessoa que se situasse fora desse comportamento como observador esclarecido provavelmente notaria as descobertas específicas e os exemplos de conscientização entre os participantes do processo 3 Aspecto nãolinear provavelmente Definese como linear um processo que percorre uma linha reta e estreita em que os elementos sucedem uns aos outros de maneira ordeira e concatenada Da mesma forma que uma linha um processo pode ser um caminho ou uma trilha desprovido de largura e espessura Existem porém comunidades de aprendizes que devido a seus padrões culturais estilos de aprendizagem ambiente educacional ou pendores criativos utilizam caminhos alargados e multidimensionais para identificar e atingir seus objetivos Assim por exemplo no debate com vistas à elaboração de um plano para a construção de um playground comunitário talvez seja necessário reconstruir pela discussão os relatos históricos de eventos que são importantes para indivíduos e grupos no espaço comunitário em foco discorrer sobre experiências de amigos e parentes que talvez pareçam ter apenas uma relação muito distante com o assunto em pauta e que no entanto oferecem lições de vida do passado suscetíveis de ajudarnos em nossas decisões para o presente e o futuro 128 expor e valorizar afirmações ou fotografias de entes queridos e de heróis a fim de criar um clima de apoio mediante a homenagem aos ancestrais ou antepassados e estabelecer o motivo da presença de cada indivíduo e de sua participação na discussão O processo é nãolinear no sentido de que esses quatro elementos podem ser abordados na discussão em qualquer ordem na mesma ocasião ou em qualquer oportunidade Não se trata de confusão Os participantes compreendem que esse caminho ampliado é importante para a consecução dos objetivos porque é baseado na experiência e portanto relacionado com sua vida A participação num caminho com tal multiplicidade de camadas demonstra respeito pela importância das experiências coletivas que são fontes de informação importante e que refletem um conhecimento nascido da experiência 4 O processo funciona como matriz formadora alimentada pela interação de história filosofia tradição contexto e emoção Neste período pósmoderno e construtivista de nossa história estamos cônscios da interação das variáveis em nossas vidas que são suscetíveis de ajudar ou impedir a construção de um significado um conhecimento e uma compreensão pessoais É certo que o conceito de ação comunitária como método educacional precede as teorias do pósmodernismo e do construtivismo e temse evidenciado historicamente em comunidades pelo mundo afora A comunidade com que tenho maior familiaridade além da comunidade universitária americana é urbana e centrada na África Esse agrupamento que transcende gerações e gêneros inclui muitos setores da Diáspora Africana de que são exemplos embora não exclusivos os negros na África na América do Norte e na América do Sul na Europa e no Caribe e indivíduos que não são de ascendência africana A constituição de uma comunidade pode também transcender os diferentes níveis econômicos e educacionais podendo ser caracterizada pela proximidade geográfica sem a ela se limitar O sentido de experiência histórica e de fundamento filosófico partilhados produz tanto consonância como dissonância entre os membros de uma comunidade Entende se porém que nossa relação tradicional contextual e emocional com nossos filhos por exemplo age em harmonia com nossos diversos objetivos sociais estéticos e educacionais Estamos cientes de que nossas decisões não podem racionalmente ser separadas de nossas realidades contextuais e de que as ações comunitárias proativas são um componente fundamental da educação de crianças e adultos Acho que as escolas sabem disso também mas não sabem bem como agir nessa base 129 5 Uma forma de trabalho do espírito Uma volta pela livraria local provavelmente nos há de revelar um acervo de textos voltados para o cuidado e a alimentação do espírito O espírito pode ser considerado como a força invisível e intangível que anima os seres vivos talvez sem nosso consentimento ou aprovação A artista brasileira Regina Vater ao discorrer sobre a influência do legado africano no Brasil oferece uma explicação para o conceito de espírito A vibração de antigos saberes da África ainda reverbera em muitas coisas no Brasil em nossa espiritualidade sensorial em nossa conexão mágica com a vida na nossa resistência e paciência nas circunstâncias mais adversas em nossa teimosa esperança de melhores dias na espontânea conexão com a alegria no aguçado sentido de meiguice e generosidade do amor na liberdade e inventividade do corpo no admirável ouvido musical brasileiro e na flexibilidade e adaptabilidade diante do novo 1977 p 72 Notese que não estou me referindo à religião Trabalho do espírito aqui se refere à atividade que nos anima nos inspira a nós e a nossa comunidade e que nos traz máxima satisfação O trabalho do espírito está relacionado com a sugestão de Chandler 1997 segundo o qual o gênio artístico não é uma questão de gênero ou raça salvo se aquelas qualidades estiverem ligadas à agência espiritual ao poder de fazer com que boas coisas aconteçam mesmo em tempos ruins p 81 Os professores cônscios de que o trabalho do espírito pode ser uma parte importante da experiência das diversas culturas norteamericanas terão mais facilidade para trabalhar com estudantes de tipos diversos Por exemplo Ani 1994 sugere que para alguns estudantes influenciados por certos sistemas de crença africanos a criação artística deve ser sempre comunitária e espiritual para que seja moral No conceito africano do ser humano o emocional e espiritual estão indissoluvelmente ligados ao racional e material Aliás é a espiritualidade do ser humano que o define como humano fornecendo o contexto no qual ele é capaz de criar tanto a arte como a tecnologia A identificação emocional do indivíduo e da comunidade com a arte e sua participação nela são valores primários que ajudam a determinar sua forma Embora os artistas europeus ainda tentem suscitar certas reações emocionais isoladas no seu público essas reações têm teoricamente muito pouco significado cultural ou moral p 203 130 Em uma situação comunitária o trabalho do espírito incluirá necessariamente o propósito de agir para o bem comum O motivo que leva a pessoa a fazer isso não se expressa em forma discursiva assim como nossa experiência da arte dificilmente pode ser verbalizada Os participantes de uma comunidade porém podem ser capazes de explicitar a natureza do trabalho do espírito a ser realizado como no caso da criação do Kwanzaa Playground na cidade de Columbus Ohio Os sete artistas da comunidade cujas obras nele estão permanentemente instaladas tinham sido expostos a certos aspectos do pensamento de raízes africanas com o qual se identificaram em diferentes graus Boa parte de sua obra reflete a internalização de qualidades suscetíveis de serem definidas como espirituais A discussão de Delpit 2003 ao analisar a obra de Asa Hilliard em 1997 sobre a educação africana tradicional e contemporânea ajuda a colocar em evidência a importante relação entre espírito e educação O autor observa que a educação da mente e do corpo se realiza simultaneamente e que o templo divino p 16 do corpo abriga o espírito A educação corporal e a espiritual estão pois interligadas Na tradição africana portanto é papel do professor apelar para o intelecto a humanidade e a espiritualidade de seus alunos p 16 Os artistas do Kwanzaa Playground procuraram atingir o intelecto a humanidade e a espiritualidade dos que freqüentam o lugar mediante o seguinte trabalho do espírito tornando visível o efeito de cosmologias africanas em sua arte apresentando exemplos de estética e símbolos de inspiração africana que evocam lições positivas de vida como as que se observam em símbolos adinkra tornando culturas invisíveis visíveis a todas as comunidades mostrando como as crianças são valorizadas como parte da coletividade da família e da comunidade e mostrando a relação positiva entre autodeterminação e ação comunitária 6 Valorização mediante a narrativa Um aspecto da cultura jovem que está se tornando um fenômeno mundial é uma forma de arte performática chamada narração oral Tratase de uma narrativa poética e emocional ora em estilo livre e extemporâneo ora meticulosamente preparada Esse tipo de contar história pode ser observado em praça pública clubes teatro televisão rádio espaços comunitários e escolas Uma linguagem humorística vigorosa e pungente é utilizada a fim de criar algo que poderia ser considerado como uma contranarrativa HOOKS 2003 uma forma de resistência oral contra as matrizes narrativas de hegemonia supremacia poder e 131 privilégio Em sua descrição de metodologias Creswell 1994 caracteriza a narrativa qualitativa como um procedimento de pesquisa que resulta da análise de dados Esses descritores partilham da palavra falada como narrativa Os dados submetidos à análise são a experiência vivida e a natureza da narrativa pode ser realista confessional ou impressionista ou todas essas coisas ao mesmo tempo A narrativa é uma história contada Ela requer um contexto compreensível um pano de fundo pormenores descritivos e marcadores cronológicos LUNSFORD CONNORS 1995 As narrativas religiosas como as bíblicas e as corânicas por exemplo e as narrativas históricas como as da escravidão as militares são exemplos desse gênero Ana Mae Barbosa arteeducadora e patrona das artes discorre sobre as dificuldades de artistas brasileiras em suas próprias narrativas BARBOSA 1997 A crítica teórica Bell Hooks uma afroamericana valese de suas narrativas para exemplificar a aplicação de ideologias baseadas em raça à educação HOOKS 1994 e 2003 Muitos estudantes têm histórias para contar que podem ajudar a estabelecer um vínculo entre eles e seus professores e até mesmo inspirar e influenciar o currículo e o ambiente da sala de aula Um professor que quisesse focalizar minha história por exemplo observaria os seguintes elementos entre outros Filosófica cultural e etnicamente identificome como uma afroamericana produto do Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos É evidente que meu destino foi influenciado pelo processo movido por Brown contra a Junta de Educação de Topeka Estado de Kansas em 1954 que levou à abolição da segregação legalizada nas escolas públicas e à Lei sobre Direitos Civis de 1964 cujo propósito era pôr fim à segregação legalizada de negros e brancos no Sul dos Estados Unidos e em locais públicos em todo o país A vida e o destino de meus pais porém assim como de seus antepassados retrocedendo até o século XV foram profundamente influenciados pelas atrocidades do tráfico negreiro transatlântico Dos 15 milhões de africanos que foram transportados à força da África pelos europeus e norteamericanos a maior parte foi levada para a América do Sul e para as ilhas do Caribe Constato que desde aquela época até os dias de hoje os descendentes de africanos na diáspora pelo mundo afora têm tido de enfrentar desafios sem o direito e a expectativa de utilizar seu próprio nome e tendo de lutar para manter uma presença histórica e cultural em muitas frentes hostis Minha experiência educacional como estudante e como professora abarca tanto escolas com maioria de estudantes negros como escolas com maioria de estudantes brancos Em todas as escolas predominantemente para brancos tinha plena consciência de que pessoas semelhantes a mim eram omitidas dos relatos históricos sobre contribuições inventivas criativas e monumentais aos Estados Unidos e ao mundo Minha experiência educacional abrange várias décadas e poderia apontar para uma irrelevância contemporânea Contudo há um mês uma aluna do curso de graduação 132 contoume que ela tencionava fazer pesquisa sobre a omissão ou o tratamento indevido da arte de africanos e afroamericanos no conteúdo curricular e a falta de preparo especialização ou disposição para inclusão desse aspecto nos currículos Há dois meses um grupo de estudantes brancos me disse que eles se sentiam estupefatos ao constatar a falta de interesse por parte de seus colegas também brancos em discutir a importância do elemento racial como por exemplo a imagem definida pela raça como um aspecto da cultura visual particularmente por parte daqueles que não tinham alunos negros Seria importante que aquele professor soubesse que a prática de uma pessoa adotar seu próprio nome é um componente de minha história bem como um aspecto de minha autodeterminação Isso significa que as pessoas podem escolher sua identidade em vez de têla imposta por outros Nos Estados Unidos a identidade pública e privada é baseada em geral em bipolaridades tais como negrobranco homemmulher ricopobre heterossexualhomossexual instruídosem instrução Todo professor deveria refletir se sua filosofia história pessoal e se o ambiente de sua sala de aula bem como suas práticas de ensino demonstram resistência a essas polaridades como determinantes do êxito educacional e da igualdade social Se aquele professor estudasse minha história em relação à minha comunidade poderia ensinar e aprender em plena consciência os três conceitos seguintes 1 raça e as odiosas conseqüências socioculturais do racismo são fenômenos importantes que afetam a realidade da experiência do indivíduo como norteamericano ou como imigrante no contexto norteamericano 2 a designação racial nos Estados Unidos influi sobre até que ponto uma educação de qualidade poderá ser obtida e sobre o conteúdo curricular e 3 os professores que não estão interessados na história de seus alunos inclusive no impacto da raça poderão ter dificuldade em utilizar o conteúdo curricular de maneira atraente e significativa DANIEL 2003 Conclusão Os professores fariam bem em se envolver no ensino de arte como uma ação comunitária visto que tal processo oferece as seguintes vantagens confere um propósito a uma abordagem muitas vezes desprovida de rumo do envolvimento educacional nas experiências comunitárias de arte propicia uma perspectiva sob a qual a pedagogia se baseia no saber da comunidade ensina os educadores formais a respeito do processo filosofia e valor da arte e da pesquisa baseada na comunidade permite uma visão dos componentes de um conhecimento que é evolutivo ligado a situações específicas contextual e voltado tanto para o processo como para o produto e exige que os educadores e pesquisadores examinem sua tendência para a exploração da comunidade Hooks 1994 que resumiria esses componentes 133 como pedagogia engajada acrescentaria que essa abordagem de parceria de objetivos educacionais entre escolas e comunidades é uma expressão de atividade política HOOKS 1994 p 202203 A familiaridade dos educadores com as características da ação comunitária pode respaldar as maneiras de ensinar e aprender mediante a transferência do conhecimento por meio da ação da microcomunidade para a macrocomunidade ou de dentro da comunidade para fora dela O envolvimento dos professores na história de seus alunos e de suas comunidades poderá dinamizar o currículo e como sugere Delpit 2003 evitar que os professores se esgotem no esforço de fazer com que o ensino seja vital atraente e eficaz p 15 Incentivo os educadores a se envolverem com as comunidades como fonte de conhecimento e de pedagogia e a participarem de uma experiência interativa de ensino e aprendizagem com seus alunos Esse envolvimento é capaz de incentivar o pensamento crítico ao nos familiarizarmos com as vozes e as formas de saber das comunidades às margens da sociedade predominante Um resultado auspicioso dessa transferência de conhecimento de uma comunidade para outra poderá ser uma educação mais estreitamente relacionada com a vida Referências ANI M Yurugu An Africancentered critique of European Cultural thought and behavior Trenton Africa World Press Inc 1994 BARBOSA AM Art in Brazil Several minorities In FARRISDUFRENE P Voices of color Art and society in the Americas New Jersey Humanities 1997 CRESWELL JW Research Design Qualitative Quantitative Approaches Thousand Oaks Sage 1994 DANIEL VAH The Kwanzaa playground narrative an anchor for integrated curriculum in art education The International Journal of Arts Education 12 6 15 2003 DELPIT L Educators as seed people growing a new future Educational Researcher 732 1421 2003 FREIRE P Pedagogy of the Oppressed Harmondsworth Penguin 1972 134 GRUENEWALD D Foundations of place A multidisciplinary framework for placeconscious education American Educational Research Journal 403 619654 2003 HOOKS B Teaching to Transgress Education as the practice of freedom New York Routledge 1994 Teaching community A pedagogy of hope New York Routledge 2003 HOVEY K Spatial social theory applied to the Kwanzaa Playground Implications and applications for art educators Dissertação de doutorado não publicada The Ohio State University Columbus 2004 LUNSFORD A CONNORS R The New St Martins Handbook Boston BedfordSt Martins 1995 SHAPIRO A Effects of including prior knowledge as a subject variable American Educational Research Journal 411 p 159189 2004 VATER R The continent of Ashe In FARRIS DUFRENE P Voices of Color Art and society in the Americas New Jersey Humanities 1997 3 Reflexões sobre o Ensino da Arte no Âmbito das ONGs1 Lívia Marques Carvalho Resumo Em decorrência de uma combinação de problemas sociais que se acentuaram no início da década de 1980 verificouse no Brasil o aumento do número de crianças e 1 MesaRedonda Tema Ensino de Arte em Contextos de Comunidade Doutoranda em Artes pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo USP Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba UFPB Graduada em Educa ção Artística pela UFPB Professora do Departamento de Artes Visuais da UFPB Coordenadora da Oficina de Artes da Casa Pequeno Davi atividade de extensão universitária 19892004 Autora de diversos artigos na área de arte e educação no Terceiro Setor em coletâneas e revistas especializadas 135 adolescentes fora das escolas vagueando pelas ruas A inconformidade com essa situação tem levado a sociedade civil organizada principalmente as ONGs organizações nãogovernamentais a se estruturarem criando mediações de caráter educacional e político visando a promover a inclusão social Em tais organizações a arte é quase sempre tomada como uma diretriz pedagógica fundamental Com base em uma pesquisa realizada em três ONGs brasileiras situadas na Região Nordeste voltadas para a promoção e a defesa de crianças e jovens em situação de risco social analisa se o papel da arte o perfil dosas educadoresas e as atividades artísticas empregadas nesses espaços educativos Palavraschave Ensino de Arte Educação NãoFormal Inclusão Social Organizações NãoGovernamentais O panorama da sociedade brasileira tem sido marcado por desigualdades econômicas profundas Ao mesmo tempo em que alcança uma das mais elevadas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto entre os países capitalistas os indicares sociais para medir a qualidade de vida de sua população atingem níveis lastimáveis No que pese algumas conquistas sociais recentes como o aumento da expectativa de vida a diminuição do número de analfabetos e de evasão escolar o Brasil continua como um dos países que apresentam um dos piores índices de desenvolvimento humano do mundo Os governos vêm se empenhando em expandir o sistema educacional partindo do pressuposto de que a escolarização melhora a qualificação e conseqüentemente possibilita a inserção de indivíduos no mercado Esse discurso sempre presente nos planejamentos do Estado é baseado em teorias educacionais que consideram a educação um instrumento capaz de produzir a igualdade social bem como garantir a integração de todos os indivíduos no corpo social De acordo com esse entendimento a educação seria por si só um fator de superação da marginalidade No entanto diversos estudos têm revelado que no que tange à sociedade brasileira a realidade tem mostrado que apesar dos esforços governamentais para expandir o sistema educacional a sociedade brasileira continua polarizada por carências profundas e privilégios cristalizados As conquistas obtidas na área da educação não conseguiram reduzir de maneira significativa os níveis de pobreza 136 O sistema educacional oficial do Estado toma como base sociedades homogêneas exclui por conseguinte aqueles que se encontram fora da forma prescrita por critérios sejam estes de idade herança cultural padrão econômico local de nascimento ou de residência Desconhece os efeitos das condições socioeconômicas e culturais do aluno sobre a sua capacidade e seu estado de espírito ou até de saúde para aprender O sistema educacional oficial não abarca portanto todos os seus usuários Os problemas sociais provenientes das desigualdades que se acentuaram no início da década de 1980 e os motivados pelas mudanças econômicas decorrentes dos tempos de globalização tornaram a exclusão social ainda mais intensa e revigorada Diante desse quadro os intelectuais são desfiados por um lado a entender os mecanismos que tornam possível a manutenção de tais fenômenos por outro lado a investigar ações inovadoras que possibilitem as mudanças sociais A inconformidade com essa situação tem levado os indivíduos e a sociedade civil a se articularem criando um ambiente propício às ações participativas É nesse contexto que se percebe a acelerada expansão das atividades do chamado Terceiro Setor no Brasil principalmente das organizações nãogovernamentais ONGs Essas instituições têm se destacado principalmente pelo desenvolvimento de metodologias e estratégias eficazes para intervir junto a grupos com demandas específicas Em geral as ONGs atuam junto àqueles grupos nos quais as ações do Estado não têm conseguido atingir nem são do interesse dos setores privados como por exemplo populações da zona rural minorias raciais crianças e jovens em situação de riscos pessoal e social Nos últimos anos a mídia principalmente a televisiva tem apresentado com muita freqüência matérias sobre ONGs ressaltando principalmente o trabalho daquelas que são voltadas para promoção dos direitos das crianças e dosas adolescentes O trabalho dessas instituições adquiriu nos últimos anos no Brasil uma visibilidade nunca dantes recebida Em grande parte das reportagens o que sobressai são as cenas focalizando meninosas sorridentes desenvoltosas realizando alguma atividade artística A repetição amiúde dessas cenas não apenas propicia à sociedade reconhecer que o número dessas instituições vem se ampliando e ocupando um espaço significativo no cenário nacional quanto põe em evidência que o ensino artístico é um componente fundamental em seus programas educativos A partir de uma pesquisa que venho desenvolvendo sob a orientação da professora Ana Mae Barbosa para a realização de doutorado examinei alguns aspectos relativos ao ensino de arte em três ONGs da Região Nordeste que têm como público alvo crianças e adolescentes em situação de risco social São elas a Casa Pequeno 137 Davi na cidade de João Pessoa a Casa Renascer em Natal e a Daruê Malungo em Recife Neste trabalho discuto três questões a Como a arte contribui para a reconstrução pessoal e inclusão social b Quem ensina arte nas ONGs c Quais as atividades artísticas ensinadas A pesquisa de campo foi realizada no segundo semestre do ano de 2003 por meio de exames em documentos oficiais registros administrativos publicações questionários entrevistas individuais com dirigentes e educadores e com grupos focais de educandos Análises das questões Questão I Como a arte contribui para a reconstrução pessoal e inclusão social A arte foi considerada por todos os participantes da pesquisa como um elemento de absoluta importância Foram apontados diversos propósitos tais como fortalecer a autoestima desenvolver a capacidade cognitiva socializar o acesso aos bens culturais produzidos universalmente desenvolver habilidades e competências em determinadas modalidades artísticas favorecer a obtenção de atitudes positivas possibilitar a inserção no mercado de trabalho para fazer valer os direitos de todas as crianças e adolescentes As atividades artísticas são organizadas em forma de oficinas Essas oficinas têm carga horária média de cinco a seis horas semanais Há por parte de todas as ONGs estudadas uma preocupação em prover tanto os conteúdos teóricos específicos das linguagens artísticas quanto em aperfeiçoar as habilidades técnicas Conhecer e ter domínio de técnicas e materiais permite aos educandos criar articulando percepção imaginação e conhecimento Isso é um fator essencial para que osas educandosas produzam com mais confiança competência e qualidade estética Realizar bem os exercícios pode contribuir para erguer a autoestima Pois ao se perceberem realizando algo bem feito recebendo aprovação sendo aplaudidos e valorizados os educandos descobremse com competências em áreas que até então lhes eram desconhecidas A repetição sistemática de situações nas quais os educandos sejam bem sucedidos termina por lhes elevar a autoestima A gratificação pelo reconhecimento social modifica a maneira como esses meninosas se autopercebem A crença em si e o se querer bem estão relacionados à visão de futuro à esperança ao desejo de vir a ser Dada a situação de vulnerabilidade do públicoalvo quanto à primeira inserção no mercado a qualidade do ensino necessita ser muito sólida com vistas a possibilitar 138 uma possível profissionalização Embora a inserção no mercado não seja o objetivo principal dessas instituições esse aspecto está quase sempre presente na mente dosas dirigentes educadoresas quanto na dosas educandosas e seus familiares A participação em trabalhos realizados em grupos contribui para o protagonismo dosas educandosas Osas meninosas são incentivadosas a discutir os exercícios e a compartilhar de todas as etapas do trabalho isso incentiva o diálogo estabelece relação de cooperação entre os participantes melhora a capacidade de comunicação concorre para formar consciências mais críticas fatores necessários para o desabrochar de personalidades mais seguras Os trabalhos realizados coletivamente podem possibilitar ainda a consideração e o respeito pelo o outro bem como o cumprimento de normais grupais Assegurar meios para que as crianças e osas adolescentes se expressem com liberdade e que tenham acesso aos bens culturais está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente2 A maioria desse segmento social é privada por limitações de ordem econômica e social a que está sujeita de usufruir a produção artísticocultural que não seja a divulgada pelos meios de comunicação de massa A ampliação das referências estéticas favorece a compreensão acerca do mundo ao refletir e se posicionar criticamente diante destas Questão II Quem ensina nas ONGs A Casa Pequeno Davi conta com oito educadoresas a Daruê Malungo com quatro e a Casa Renascer três Totalizando 15 educadoresas Dentre estes oito 53 33 possuem o 3o grau completo Sendo um pedagogo e sete arteeducadores Cinco 3333 possuem o 2o grau completo e dois 1333 o 1o grau incompleto Essas instituições como já foi mencionado lidam com meninosas com necessidades desmedidas e têm como objetivo propiciar por meio de atividades educacionais condições para que osas mesmosas busquem meios de superar as barreiras que osas excluem Isso implica que osas educadoresas tenham posicionamentos políticos éticos e estéticos alinhados aos das instituições e que possuam também qualidades e aptidões pessoais que vão além das habilidades técnicas profissionais tais como autonomia capacidade de liderança de trabalhar 2 Art 58 do Capítulo IV do Estatuto de Criança e do Adolescente que dispõe sobre o direito à educação à cultura ao esporte e ao lazer ECA 1990 p 22 139 em equipe habilidade no relacionamento interpessoal responsabilidade Portadoresas de títulos acadêmicos desacompanhadosas dessas especificações são de pouca valia Questão III Quais as atividades artísticas ensinadas Para simplificar tomei a liberdade de dividir as atividades artísticas em dois grandes grupos Grupo 1 Performance as atividades que podem possibilitar a apresentação de espetáculos como a música teatro e dança Grupo 2 Artes Visuais as atividades cujo ato da percepção envolve mais diretamente o sentido da visão como as artes plásticas artes gráficas e arte em tecido Atividades Artísticas Número de ocorrênciaONG Grupos Música 2 CPD CR3 G1 Performance Percussão 1 DM G1 Performance Teatro 3 CPD DM CR G1 Performance Dança de Rua 1 CPD G1 Performance Dança Contemporânea 2 CPD CR G1 Performance Dança AfroBrasileira 1 DM G1 Performance Artes Plásticas 2 CPD DM G2 Artes visuais Arte em Tecido 1 CPD G2 Artes visuais Marcenaria 1 CPD G2 Artes visuais Das 15 oficinas dez 667 estão incluídas no G1 Performance e cinco 333 no G2 Artes Visuais Os dados encontrados na pesquisa de campo indicaram a predominância de atividades que possam resultar em trabalhos coletivos e que possibilitem a montagem de apresentações públicas 3 CPD Casa Pequeno Davi DM Daruê Malungo CR Casa Renascer 140 Foi possível observar que as atividades que são realizadas coletivamente como as bandas a dança o teatro têm mais chances de receber apoio financeiro Pois são atividades que ao cabo de poucos meses podem originar um produto com possibilidade de ser levado a público apreciado e divulgado Diante de um espetáculo a comunicação com o público é mais imediata há uma interação social maior Diferentemente as artes visuais são meios de expressão realizadas na maioria das vezes individualmente e a comunicação com o público é mais subjetiva sutil e menos imediata nem têm tampouco um impacto televisivo marcante Para as ONGs aparecer também é muito importante As que têm mais visibilidade são as que têm mais chances de receber apoio das agências financeiras uma vez que muitas destas preferem investir naquelas que já são referência Mas esse não é o único motivo Os trabalhos realizados coletivamente têm também elevada importância pedagógica porque propiciam o diálogo as discussões grupais e favorecem também a sociabilidade dos participantes Para osas educandosas as modalidades que possam vir a ser espetáculos também apresentam pontos vantajosos pois para elesas aparecer lhes confere notoriedade Elesas passam a ser conhecidosas na vizinhança na escola e até os familiares passam a lhes dar mais importância Realizar algo considerado digno de ser mostrado e aplaudido faz com que elesas se sintam mais segurosas e aprovadosas Essas considerações me levam a refletir sobre as formulações de Guy Debord sobre a sociedade contemporânea que ele denominou de A sociedade do espetáculo em uma obra com esse mesmo nome O autor destaca o domínio das imagens e a forte influência da mídia nas sociedades contemporâneas Nosso cotidiano está fartamente embebido de realidades que são representadas nos outdoors TVs vídeos computadores CDs DVDs e outros meios Na atualidade tudo vira espetáculo desde as manifestações da cultura popular como carnaval as festas do ciclo junino até os debates políticos Em nenhuma outra época a imagem teve tanta importância Tecendo as considerações finais Osas meninosas que vivem em situação de risco geralmente têm baixa auto estima porque pertencem a comunidades pobres porque incorporam várias discriminações e símbolos negativos Portanto é importante que se empregue meios que favoreçam o desenvolvimento tanto dos campos cognitivos quanto dos emocionalais 141 As atividades artísticas além dos propósitos mencionados pelos entrevistados são também uma oportunidade para que essesas meninosas possam expressar seus sentimentos brincar criar inventar fantasiar A exclusão social penaliza toda uma geração de brasileiros Enquanto crianças e jovens servirem de suporte econômico da família seu desenvolvimento pessoal estará comprometido e sob permanente ameaça de violência da marginalidade da prostituição e das drogas Acredito ser indispensável criar chances de integração social e ao mesmo tempo gerar condições que proporcionem a afirmação individual Para enfrentar o desafio de oferecer possibilidades reais de construção de um projeto de vida é necessário empregar uma pedagogia como a educação artística que tenha a força de interferir no plano da autoimagem e da autoestima Que osas leve a acreditar e a desejar possibilidade de ultrapassar as barreiras que osas excluem e buscar o seu desenvolvimento como pessoa e como cidadãoã Seria um equívoco supor que a formação acadêmica seja desnecessária o que os exemplos sugerem é que a habilitação acadêmica por si só não é suficiente para preparar oa educadora para realizar um trabalho competente nesse campo de ensino Em alguns casos essesas profissionais trazem para esses espaços educacionais vivência e atitudes próprias da escola formal que muitas vezes não se adaptam a essa esfera pedagógica e até dificultam a atuação destesas Na condição de arteeducadora exercendo atividade tanto na Universidade Federal da Paraíba quanto na Casa Pequeno Davi onde participo ativamente como voluntária desde 1989 pude perceber algumas dificuldades de adaptação experimentadas pelosas educadoresas provenientes dos cursos de Educação Artística nesse campo de ensino Um dos impasses mais recorrentes diz respeito à questão de trabalhar em função de resultados Para as ONGs é importante se mostrar apresentar expor o que foi produzido nas oficinas Por isso esforçamse para organizar eventos em intervalos regulares Para as instituições a apresentação de resultados é uma das maneiras de prestar contas de serem avaliadas pelas agências financiadoras pelos familiares dos educandos e pela comunidade em geral No entanto para algunsmas arteeducadoresas trabalhar sob essa perspectiva representa romper com conceitos que se cristalizaram nos cursos de formação Seria como se elesas estivessem aceitando ser o festeiroa da escola postura tão combatida no âmbito dos cursos de formação de Educação Artística e por isso oferecem resistência em aceitar ou relutam em se enquadrar nesses procedimentos Elesas parecem se prender ao princípio básico de que em educação o importante não é o produto mas o processo sem fazer as devidas transposições entre as situações educativas 142 A realidade observada aponta para a necessidade dos cursos de Licenciatura em Artes elaborarem currículos mais adequados à diversidade de mercado de trabalho e que ofereçam conhecimentos e treinamentos que habilite osas alunosas para atuarem apropriadamente em espaços especiais e não apenas nas escolas regulares O nosso sistema educacional atual é convencional não está montado para atender ao novo cenário que se forma tendo como elemento importante as demandas por profissionais para o Terceiro Setor Um setor que vem se expandindo em uma velocidade superior a dos tradicionais setores público e privado Para fazer frente às novas responsabilidades em uma sociedade em transformação o terceiro setor necessita de competências específicas para suas atividades Sem essa competência esse setor não poderá desempenhar bem as transformações sociais que todos nós almejamos Para finalizar eu diria que a arte nesse setor é um campo propício para rebatermos o desânimo e acalentarmos o sonho de construímos uma sociedade para além dos limites da exclusão Referências ALMEIDA C de C Concepções e práticas artísticas na escola In FERREIRA S Org O ensino das artes construindo caminhos Campinas Papirus 2001 BARBOSA AM Org Arteeducação leitura no subsolo São Paulo Cortez 1997 BRASIL Estatuto da criança e do adolescente Brasília Ministério da Criança Projeto Minha Gente 1991 COELHO S de CT Terceiro setor um estudo comparado entre Brasil e Estados Unidos 2 ed São Paulo SENAC São Paulo 2002 COELHO R de F Neoliberalismo e o pensamento de Gramsci na educação resistência ou legitimação V 4 n 5 p 2631 João Pessoa Conceito jan jun 2001 143 CORAGGIO JL Desenvolvimento humano e educação o papel das ONGs latinoamericanas na iniciativa da educação para todos São Paulo Cortez 2000 DEBORD G A sociedade do espetáculo Rio de Janeiro Contraponto 1997 GONH M da G Educação nãoformal e cultura política impactos sobre o associativismo do terceiro setor São Paulo Cortez 1999 GRACIANI MSS Pedagogia social de rua análise e sistematização de uma experiência vivida São Paulo Cortez 1997 IBGE Indicadores Sociais IBGE 2003 Disponível em httpwwwibgegovbr Acesso em 170104 LANDIM L Para além do mercado e do estado Filantropia e cidadania no Brasil Rio de Janeiro Iser 1993 MOYSÉS L A autoestima se constrói passo a passo Campinas Papirus 2001 OLIVEIRA AC HADDAD S As organizações da sociedade civil e as ONGs de educação Caderno de Pesquisa n 112 p 6183 março 2001 SINSON VON O PARK M FERNANDES R Org Educação não formal cenário da criação Campinas UnicampCentro de Memória 2001 144 Pesquisas em Ensino de Arte no Brasil Mediadora Isabela Frade 1 MesaRedonda Tema Pesquisas em Ensino de Arte no Brasil Professora de pósgraduação do Instituto de ArtesUnesp Sóciafundadora do Espaço Pedagógico formação contínua de educadores e do Rizoma Cultural coordenação de Ações Educativas em Instituições Culturais Autora de artigos e livros espaçopedagogicopedagogicocombr 1 Entrevidas o cotidiano e o ensino de arte1 Mirian Celeste Martins Resumo Na mesaredonda em que se situa esta reflexão pretendese abordar a pesquisa do ponto de vista do cotidiano do professor partindo dela para a pesquisa acadêmica e para as publicações que tanto têm provocado o ensino de arte no Brasil Palavraschave Formação Contínua Pesquisa Ensino de Arte 145 2 Para mais informações sobre Anna Maria Maiolino consulte httpwww1uolcombrbienal24bienal e wwwobraprimanetmateriashtml722html722html O pé está nu Pisa com extremo cuidado atento e sensível à crueza do solo e a fragilidade dos pequenos obstáculos prenhes de vida O que nos diz Entrevidas2 é o nome desta instalação de Anna Maria Maiolino originada de uma performance em 1981 A foto síntese abre este texto não como ilustração mas como epígrafe visual detentora da idéia que anima esta reflexão sobre pesquisas no ensino de arte no Brasil Talvez o solo da educação brasileira possa ser expresso também por este solo instalação Talvez nós educadores tenhamos este mesmo cuidado ao atravessar os obstáculos que a vida na escola nos apresenta Talvez seja a nossa condição humana que nos faça percorrer caminhos escolher percursos atravessar terrenos pouco amistosos Mas como educadores nos basta a condição humana de sermos cuidadosos Basta caminhar delicadamente com a sensibilidade à flor da pele com o respeito e o cuidado frente à fragilidade do outro O senso comum tem invadido a sala de aula e nos tomado em suas garras Muitas vezes mergulhados no ritmo frenético de aulas de 45 minutos de uma jornada de trabalho sem descanso sem alimentos teóricos sem espaço de troca entre parceiros nos vemos vagando com menor ou maior cuidado entre conceitos fazeres e aprendizes Que alicerces profissionais nos ajudam a sair dos impasses em que nos metemos Como nos inventamos a cada dia para driblar a mesmice Como usufruímos da vida de educadores saboreando o aprender de cada dia junto com nossos alunos É preciso como diz Lya Luft 2004 p 23 escapar na liberdade do pensamento desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar seja lá no que for Que liberdade de pensamento pode nos levar a ousar caminhos outros a inventar a nós mesmos como andarilhos do saber a buscar compreender a caminhada por entre tantos obstáculos riscos trilhas 146 3 Este termo é empregado por Perrenoud 1993 para designar o trabalhar com os meios disponíveis reutilizar textos situações materiais como uma bricolage retirando o termo do antropólogo Claude LeviStraus Somente como professorespesquisadores poderemos ultrapassar o senso comum que nos mantém no que já fizemos ou que nos faz repetir o que deu certo para outros Vivenciar a ação pesquisante o olhar indagador a vigília criativa e atenta ao mundo ao nosso redor o estudo a leitura a constante formação cultural pode nos alimentar como profissionais da educação Profissionais que aprendem seu ofício na convivência diária com a pesquisa de sua própria prática É deste ponto de vista particular que gostaria de focalizar as pesquisas em ensino de arte Quase como operários e operárias da educação na construção diária do futuro tenho encontrado professores e professoras atentos ao caminho que traçam e às suas encruzilhadas na conexão vigorosa com os caminhos da arte do ensino da arte dos aprendizes com seus repertórios e desejos particulares Educadores que registram em seus diários de bordo as conquistas os desacertos as inquietudes diárias e refletem sobre eles sem descanso Minha homenagem primeira é para esses professores pesquisadores bricouleur 3 de suas próprias práticas coletores de papéis de jornais de imagens da cultura visual na riqueza e na penúria de nossa realidade Assim as pesquisas em ensino de arte não se atêm apenas àquelas que se constituem nos espaços das universidades É certo que os mestrados e doutorados são excelentes alimentos para as pesquisas Como doutora tive a honra de participar de e aprender com muitas bancas nas qualificações e defesas que evidenciam o mergulho de profissionais nos processos de aprender e ensinar vivendo eles mesmos as incertezas do nãosaber as perdições no caos criador de quem busca algo mais Muitas das publicações que hoje encontramos sobre o ensino de arte advêm deste espaço da academia Poderíamos aqui elencar muitas delas mas me abstenho para não incorrer em esquecimentos injustos pois não me foi possível uma pesquisa mais aprofundada É certo também que nem sempre estas pesquisas ganham a divulgação que merecem ficando restritas às bibliotecas das faculdades em que foram apresentadas A Associação Nacional dos Pesquisadores em Artes Plásticas Anpap por exemplo não tem um acervo atualizado das pesquisas de seus associados Há grupos de pesquisa oficializados junto ao CNPq ou não mas a divulgação fica muitas vezes restrita aos grupos que lhe são próximos Embora essa idéia não seja nova faço desta reflexão um convite ou melhor uma provocação para que a Faeb tendo como suporte a Funarte possa se tornar um meio de divulgação das pesquisas sobre o ensino de arte Em tempos de internet não será tão difícil disponibilizálas Como fazer isso 147 Instituições assim como idéias sobrevivem se pessoas lutarem arduamente para mantêlas em pé para ativálas em outros para tornálas reais Como dinamizar o que já se tem pesquisado para que outros sejam provocados por elas Há algo que move o artista há algo que move o educador e a educadora Algo que pode ser ainda imprevisível como uma mancha de luz Algo que pode estar na ponta da língua mas não sabemos o que é até encontrar uma referência que nos traga a certeza Algo que faz manejar situações de incerteza singularidade e conflito Para Schön a arte é uma forma de exercício da inteligência um tipo de saber 1992a p 26 Há uma habilidade artística do aprendiz e também do mestre que aprende que para Schön consiste em sua capacidade e disposição para mergulhar numa situação Arriscase a declarar que efeitos espera produzir e se arrisca a colocar em prova um tipo de experimentação desconhecida id p 258 Arriscase para um viraser tornarse ser em um tempo e um espaço contextualizados Além dele Stenhouse 1987 Sacristan e Perez Gómes 1998 entre outros têm feito considerações em relação à dimensão estética da experiência educativa e da pesquisa tendo como suporte maior a visão da experiência estética de Dewey 1959 49 74 O artista apreende o sentido das qualidades com as quais trabalha e sabe tirar proveito delas É preciso que os educadores e aprendizeseducadores também possam perceber como a flexibilidade a sutileza e tolerância pela ambigüidade são necessárias ampliando o conceito do que é uma ação racional e valorizando também as qualidades de subjetividade ludicidade e humor de lidar com o caos com a insegurança com a tensão que também faz criar Os artistas investigam de maneira qualitativa e é deles que como pesquisadores poderemos aprender a pesquisar a dar forma ao que buscamos Para isto não há modelos de pesquisa nem modelos de educadores nem modelos de educador de educadores mas jeitos muito diferentes de lidar com o contexto com a cultura com a sociedade com a política enfim com os outros humanos aqui e em outros espaços de forma compromissada coerente e intensa ou apaixonada e por isto estética com sabor aroma e calor especiais Precisamos de aventurasdesafios que possam nos instigar para que nos arrisquemos no mundo E a esperança é que nestes encontros da Faeb encontremos parceiros para continuar nossa aventura pelos caminhos do ensinar e do aprender arte para além do sensocomum com o cuidado e tensão criadora de quem com olhar estrangeiro estranha o familiar e problematiza o que já sabe com cuidado e atenção por onde e com quem atravessa a vida 148 Artista plástica exposições no Brasil e exterior pesquisadora em artes visuais Bolsa de Pesquisa em Arte Fundação Vitae 1994 doutora em ArteEducação pela ECAUSP e pósdoutora em Comunicação e Semiótica pela PUCSP Professora aposentada UFU Uberlândia Publicações Por que se escon de a violeta S Paulo Anna BlumeUberlândia EDUFU 1995 Noemia Varela e a arte Belo Horizon te CArte 2001 Desenhando e Construindo a Cidade no Cerrado orgcom Falcão Vasconcelos Uberlândia EDUFU 2002 Email lucimarbelloterracombr Referências DEWEY J Como pensamos São Paulo Nacional 1959 El arte como experiencia Mexico Fondo de Cultura Economica 1949 A Arte como experiência São Paulo Abril Cultural Col Os Pensadores 1974 LUFT L Pensar é transgredir Rio de Janeiro Record 2004 PERRENOUD P Práticas Pedagógicas Profissão Docente e Formação perspectivas sociológicas Lisboa Dom Quixote 1993 PÉREZ GÓMEZ AP e SACRISTAN JG Compreender e transformar o ensino Porto Alegre Artes Médicas 1998 SCHÖN D La formación de professionales reflexivos hacia un nuevo diseño de la enseñanza y el aprendizage en las profesiones Barcelona Paidós 1992 STENHOUSE L La investigación como base de la enseñanza Madrid Morata 1987 2 Pesquisas no Ensino e na Formação de Professores caminhos entre visualidades e visibilidades Lucimar Bello P Frange Resumo O texto está dividido em duas partes a primeira trata de uma abordagem sobre algumas teorias da arte e seu ensino e a segunda possibilita uma reflexão sobre a formação de professores propondo alguns caminhos de pesquisa 149 1 Professoralidade é um termo trabalhado por Marcos Vilela Pereira em sua tese de doutorado A estética da professoralidade um estudo interdisciplinar sobre a subjetividade do professor São Paulo PUC 1996 2 Sobre o MEA ver Noemia e o Movimento Escolinhas de Arte In FRANGE LBP Noemia arela e a Arte Belo Horizonte CArte 2001 E ainda Arte e seu ensino uma questão ou várias questões In BARBOSA AM org Inquietações e mudanças no ensino da arte São Paulo Cortez 2002 p 3547 3 Sobre esses termos existe hoje no Brasil uma bibliografia significativa de livros dissertações e teses ainda não publicadas anais de congressos como os da Federação de ArteEducadores do Brasil Faeb os da Associação Nacional de Pesquisadores em Arte e Publicações Anpap de encontros e materiais de instituições culturais 4 PIMENTEL LG Limites em expansão licenciatura em artes visuais Belo Horizonte CArte 1999 p 97 5 Sobre os PCN ver considerações em TOURINHO I Transformações no ensino de arte algumas questões para uma reflexão conjunta In BARBOSA AM Org Op cit p 2734 Parte 1 Algumas teorias sobre a arte e seu ensino visualidades e visibilidades A pintura jamais celebrará outro enigma a não ser o da visibilidade Maurice MerleauPonty A partir dos anos 1980 a arte e seu ensino vêm sendo estudados em pesquisas de mestrados e de doutorados relacionadas a várias áreas do conhecimento Nesse sentido vão se construindo e consolidando abordagens metodológicas diversificadas Estas pesquisas nos permitem considerar vários caminhos de professoralidades1 em artes visuais permitindo conviver e dialogar pensamentos convergentes e divergentes São presenças constantes os termos educação artística educação através da arte arte educação arte e seu ensino O primeiro reportase às proposições da Lei 569271 e os caminhos percorridos anunciados e denunciados como anticaminhos para o ensino da arte Educação através da arte se refere a Herbert Read e no Brasil ao MEA Movimento de Escolinhas de Arte do Brasil2 Arteeducação e Arte e ensino de arte estabelecem a contigüidade entre arte e educação nas escolas nos espaços culturais grupos e comunidades3 Os PCN Parâmetros Curriculares Nacionais propõem categorias arte como expressão e comunicação elementos básicos formais produtores de arte diversidade das formas de arte e concepções estéticas da cultura regional arte na sociedade4 Propõe os temas transversais sendo um deles a pluralidade cultural visto como sinônimo de multiculturalidade Os PCN nos impulsionam a outras buscas5 A Proposta Triangular propõe uma relação entre ler obras de arte crítica e estética contextualizar relações entre arte e outras áreas do conhecimento e fazer a prática artística Está fundamentada por Ana Mãe Barbosa em três abordagens epistemológicas Escuelas ao Aire Libre no México Critical Studies na Inglaterra Rod 150 6 Ver Fundamentação do trabalho de arteeducadores realizado na Mostra In RIZZI M C de SL Olho Vivo ArteEducação na Exposição Labirinto da Moda uma aventura infantil São Paulo ECA USP 1999 tese de doutoramento 7 Sobre o olhar e leitura de imagens ver BUORO AB O olhar em construção uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola São Paulo Cortez 1996 8 Sobre releituras ver Leitura e releitura In PILLAR AD Org A educação do olhar Porto Alegre Mediação 1999 p 921 Ver ainda Outras maneiras de ver Mondrian e universos pessoais In FRANGE LBP Por que se esconde a violeta Isto não é uma concepção de desenho nem pós moderna nem tautológica São Paulo AnnaBlumeUberlândia EDUFU 1995 p 148 9 Ver OLIVEIRA AC de As semioses pictóricas Face revista de semiótica e comunicação São Paulo PUCCOS v 4 n 2 nov 1985 10 Ver BUORO AB Olhos que pintam a leitura da imagem e o ensino da arte São Paulo EDUC Fapesp Cortez 2002 11 Mais de 160000 pessoas visitaram a Exposição Os Guerreiros de Xi an e os Tesouros da Cidade Proibida em São Paulo Seriam pessoas seduzidas pela arte e o que ela nos mostra diz afirma ou provoca 12 BARBOSA AM As mutações do conceito e da prática In BARBOSA A M Org Id p 1325 Taylor e DBAE Discipline Based Art Education nos Estados Unidos6 Elliot Eisner Brent Wilson Ralph Smith Marjorie Wilson entre outros Um grande número de abordagens com diferenças conceituais enfoca o Olhar7 e a Leitura de imagens Estudar as leituras visuais é necessário após um excesso de releituras termo vindo entre muitos de nós arteeducadores de desleituras rápidas e rasteiras8 Leitura de imagens a partir da sociossemiótica propõe a construção de leitores de imagens num contratocomunicativo A arte é considerada como linguagem em seus percursos sintáticos e semânticos que geram sentidos nas relações concomitantes entre plano de expressão e plano do conteúdo imbricadas nas dimensões culturais e sociais9 O olhar seleciona organiza discrimina associa classifica analisa constrói sentidos A formação de um primeiro olhar seguido de muitos outros olhares é caminho para promover a cidadania cultural e o direito de acesso aos bens culturais É o primeiro passo para um olhar expandido para todos os sentidos como diz MerleauPonty há um olharcorpóreo A leitura de imagens enriquecida pela análise estimula a criação Olhar é tornarse imagem10 Algumas variáveis acabam impulsionando ainda mais a necessidade de aprofundamento como o boom de arteshows e a mídia convocando cada vez mais um grande número de pessoas11 para as visitações às exposições A Alfabetização Visual é uma proposta de conhecimento visual interrelacionando análises formais diferentes contextos e a recepção da obra de arte Trabalha com códigos e decodificação buscando o significado da obra12 No entanto muitos educadores trabalham a alfabetização visual apenas como codificação e decodificação e ainda como recepção ficando trabalhada apenas a expressão sem chegar ao conteúdo 151 13 PIMENTEL LG Tecnologias contemporâneas e o ensino de arte In BARBOSA AM Org Id ibid p 113121 14 MARTINS MC et al Didática do ensino de arte a língua do mundo poetizar fruir e compreender arte São Paulo FTD 1998 15 DOMINGUES D Org A arte no século XXI a humanização das tecnologias São Paulo Unesp 1997 16 Ver FAZENDA I Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro efetividade ou ideologia São Paulo Loyola 1992 priorizando os aspectos formais e estruturais sem ver a obra em sua inteireza relacionada a percursos pessoas e grupos culturais e sociais Ser alfabetizado é entender o significado e sentilo dentro do contexto É ser atravessado por esse significado ser perpassado pela experiência pessoal e pelas experiências coletivas A manipulação de imagens e o diálogo entre os meios tradicionais e os eletrônicos permitem o acesso à desconstrução para uma construção outra e portanto à criação13 Alguns educadores priorizam o que denominam como Percursos Educativos com obras de arte abrangendo sentidos variados plásticos poéticos críticos culturais temporais locais universais As experiências com a arte postulam parar olhar sentir questionar investir em atitudes investigativas Formar pela arte é uma experiência transcultural crítica e poética A Mediação envolve dois pólos que dialogam com um terceiro o mediador São projetos para interlocuções entre objeto de conhecimento professor aprendiz arte culturas O projeto em ação do professor se configura como uma prática investigativa e mediadora que incorpora a qualidade estética e se traduz na experiência visível e refletida avaliada e replanejada14 A mediação é comunicação interatividade incluindo a mediação tecnológica rede de relações e pensamento contextual em constante transformação A internet permite diálogos coletivos numa importância de atitudes criativas culturais políticas e críticas As criações computacionais e multimidiáticas são artes de interações do viraser As autorias são copartilhadas com engenheiros físicos matemáticos técnicos As tecnologias digitais propiciam a participação a comunicação a interatividade15 A interdisciplinaridade é uma questão de mudança de atitude frente ao conhecimento é uma concepção unitária e integral do ser humano16 A 152 17 RICHTER I Interculturalidade e estética do cotidiano no ensino de artes visuais Campinas Mercado Aberto 2003 18 AZEVEDO FAG Multiculturalidade e um fragmento da história da ArteEducação Especial In BARBOSA AM Org Op cit p 95104 19 Centros de Cultura são espaços de encontros com obras trajetórias de artistas e de pessoas cotidianos comunidades e mundos vividos imaginados e emvivência interculturalidade implica uma interrelação e reciprocidade entre culturas enfatizando a estética do cotidiano reforçando a idéia de diversidade da multiplicidade e da heterogeneidade de perspectivas17 Olhar para as pessoas especiaisdiferentes pelo ângulo das potencialidades e não pelo ângulo das deficiências é investir nas inclusões culturais é ir além das inclusões sociais A Educação Especial dentre outras abordagens vem propondo um olhar antropológico da cultura a valorização nas singularidades uma mudança das atitudes de estranhamento diante das desigualdades gritantes em nossa sociedade o reconhecimento da heterogeneidade de qualquer grupo humano18 Ao lado dessas atitudes investigativas há uma experiência que vai se sedimentando e nos obrigando a maiores aprofundamentos entre arte e ensino arte em nossas vidas A ação educativa em arte é território de interações e diálogos que permitem revelar a arte como sistema de relações estéticas e estésicas sentidos sentidos na escola e nos centros de cultura19 A arteeducação é epistemologia da arte são interlocuções entre as teorias da arte e as teorias do ensinoaprendizagem no intuito de compreender a arte e suas afirmaçõesprovocações Arte é cognição interalteridades e interculturalidades As idéias só têm valor e sentido para o ser humano quando podem ser compreensíveis e possibilitam uma interatividade com o mundo da natureza e o mundo das culturas O conhecimento em arte é para mim fundamentalmente uma questão de visibilidades além das visualidades A arte não representa o visível a arte torna visível conforme afirma Paul Klee E também como diz MerleauPonty a pintura jamais celebrará outro enigma a não ser o da visibilidade A partir dessas rápidas considerações nós professores de arte podemos construir espaços e tempos para uma ética da arte na escola junto a uma ética estética e estesia de presença no mundo olharescorpóreos para a arte e com a arte na vidaemvivência 153 Parte 2 Reflexão sobre a formação de professores alguns caminhos A criação artística colabora de maneira privilegiada com a elaboração da questão do SER e com a expressão do SENTIDO DE MUNDO Georges DidiHuberman A relação entre visualidade e visibilidade é uma das maneiras de ir além de uma primeira visada rápida de fácil apreensão enganosa e enganadora A visibilidade se dá pelos olhares adensados em busca da significação a busca do ato de escuta perante a obra a fala e voz do artista pela e na imagem as conexões com outros textos visuais do artista e outros textos visuais de outros artistas as conexões espaciais e temporais Nesse sentido concordo com Paul Klee A arte não representa o visível a arte torna visível As relações entre o cognoscível e o sensível necessitam estar nas proposições curriculares o cognoscível a ser trabalhado na arte em relação com as culturas com a filosofia antropologia sociologia história conteúdos imbricados aos quais chamamos de transdisciplinaridades o sensível a ser trabalhado na arte e nas dimensões do Ser inquietações memórias desejos afetos e perceptos As formas são estruturas de ações e de pensamentos materializados são corposmatéricos são pessoasArte como nos afirma MerleauPonty emprestando seu corpo ao mundo é que o pintor transforma o mundo em pintura meu corpo é vidente e visível 20 Isto significa que sou na forma me mostro nela e deixo inúmeras visibilidades nela e através dela No sistema educacional precisamos investir na construção dessas relações entre o cognoscível e o sensível Segundo Jacqueline Chanda compreender a filosofia estética de uma cultura que gerou uma obra de arte significa olhar para aquele objeto através da epistemologia daquela cultura Para mim isso quer dizer atuar nas dimensões intervalares das culturas as intraculturas as dimensões de uma pessoa as entreculturas dimensões entre pessoas e as interculturas dimensões intervalares existentes nas suas dimensões anteriores ou seja o que se gesta eou se constrói de conexões das tessituras de intervalos 20 MERLEAUPONTY M O olho e o espírito In MERLEAUPONTY M Textos selecionados São Paulo Abril Cultural 1984 p 88 154 As subjetivações as objetivações constituem as alteridades As alteridades por sua vez são constituídas de pessoalidades e de sujeitidades a pessoa em um tempo e em um espaço em relação com outras pessoas em outros tempos e em outros espaços Pessoalidade é a pessoa com suas histórias memórias vontades frustrações desejosdesejantes esperas apostas jeitos de ser Sujeitidade é essa pessoa sociopolíticocultural adensada de mils possibilidades de Ser e Pessoaquesefaz Ser O SER se institui no EU uma sociabilidade e uma sustentabilidade de si no outro em copartilhamentos de corpos em outro CORPUS a Arte na vida ARTE é criação é invenção efetivada ARTE é conhecimento Arte é de certa forma a antidisciplina na escola ela está entre limites e potencialidades de ser Coisa e ser SERHumano a se mostrar e se fazer ver nos objetos e nas situações nas instaurações como diz Tunga ao invés do termo instalações usado nas artes visuais As licenciaturas em artes visuais poderiam enfatizar pesquisas em conteúdos da arte do sistema da arte e de tessituras intervalares conteúdos das culturas pelas histórias de vida das pessoas daquele grupo professores alunos técnicoadministrativos pessoas da comunidade escolar e das famílias dessa comunidade formação crítica permanente entre arte e saberes quer sejam ou não os instituídos arte nas contemporaneidades quer dizer os mundos cotidiânicos e suas complexidades desafios e potências frestas e fissuras Levanto para pensarmos algumas expressões retiradas dos currículos das licenciaturas em artes plásticas ou visuais cursos ancorados em disciplinas das belas artes e na Lei 569271 que fez nascer as licenciaturas curtas geram as despossessões na arte e da arte na vida as particularidades sem especificidade da própria arte a disciplina folclore tem sido uma exotização de quem somos e como somos a disciplina chamada análise e exercício das técnicas e dos materiais expressivos separa a estrutura de seus conteúdos como se isso fosse possível informações conteudísticas excessos de disciplinas um saber falso de contagotas sem formar uma gota sequer fragmentos partes sem um todo despedaços da arte e das pessoas 155 A relação de termos a seguir foi feita a partir de análises de grades curriculares e são expressões complexas a serem trabalhadas e ressignificadas porque estão indevidas e são negações de uma educação emancipadora estética ética e estésica habilitação escolhida Profissional habilitado A arte não é habilidade mas uma dimensão humana de criação compreensão e ressemantização da vida e das relações interculturais fortalecer a índole da pesquisa A pesquisa não acontece por índole mas com atitudes investigativas muito menos pode ser fortalecida A pesquisa é encontro entre inúmeras buscas Cada um gera incessante e permanentemente outras buscas atividade resultante Resultado esperado Resultados esperados fazem parte de outras dimensões do conhecimento não da arte E arte também não é atividade é dimensão humana de criação do nãoexistente o curso possibilita atividades de criação Criação não é atividade mas conteúdo inventivo que mostra uma pessoa em seus estadosdeser transmitir conhecimentos Conhecimentos não são transmissíveis São construídos com muita ousadia inventividade e percursos densos intensos e saborosos de trabalhos passar experiências Experiências não são passáveis mas momentos vividos e adensados no corpopessoa momentos intensivos de experimentações a serem significativos promove a supervisão didáticopedagógica do curso Um projeto é coordenado é trabalho de equipe e não supervisionado e nem promovido conteúdos como meio e suporte para a constituição das competências A arte não é meio e nem suporte mas conteúdo e subjetivação coletivizada novas ferramentas auxiliares à prática artística enriquecedora exercício de atividades de enriquecimento cultural Nesta frase a passividade fica instalada em auxiliares e em enriquecedora As ferramentas na arte contemporânea são constituintes de uma trajetória do artista ou do estudante de arte e a prática não é de enriquecimento muito pelo contrário é de desafios de angústias de desconstruções para que possam haver construções outras Arte não é atividade É dimensão de existência novamente insisto arte é vidaemvivência e em constantes perdas e invenções para perdas e buscas outras 156 construção progressiva Esse raciocínio vem do positivismo A construção é construtivação permanente comprometimento com valores inspirados da sociedade democrática Valores não se inspiram valores são construídos por grupos de comunidades diversificadas Cada um de nós é concomitantemente muitas comunidades dependendo do lugar em que habitamos um dado momento sociocultural folclorecomplexo cultural espontâneo Folclore é palavra que remete a estrangeirismos a exotização E mesmo se assim considerado não é espontâneo pois mostra e é maneira de ser de uma determinada comunidade atividades de suporte em setores da sociedade como mediadoras de eventos Arte não é atividade nem suporte nem eventos Évento já passou Arte é uma manifestação humana Os eventos se dão noutros campos e nada contra eles muito pelo contrário incentivar a simbolização consciente como celebração da vida O que seria incentivar a simbolização consciente E ainda como celebração da vida proporcionar a conquista da significação da produção artística Significação não se conquista é trabalho árduo e de muito tempo É construção assumida copartilhada e efetivada a forma humana como veículo expressivo nos seus vários contextos O ser humano é expressivo ao se mostrar na arte em suas produções O veículo é de extrema passividade não sendo o caso da arte beneficiando nossos alunos Escola não é espaço de benesse mas de diálogos desafiadores instalando a dúvida com respostas para novas indagações prestar serviços à comunidade como educador de arte O artista e o professor de arte não prestam serviços mas provocam dialogam desafiam abastecem a si e a outras pessoas na busca da arte e seus inúmeros significados O enfrentamento a partir dessas considerações é conceitual entre as nossas visões de bachareturas e os licenciarados segundo Irene Tourinho professora da UFG Poucos dentre os cursos de licenciatura atualmente propostos têm adensado a compreensão da arte Precisamos aprofundar as críticas aos bacharelados e às licenciaturas e suas informações generalistas e rasantes O professor em muitos momentos ainda é o proponente E o aluno por sua vez ainda é o obediente 157 Numa proposta contemporânea alunos professores técnicoadministrativos exalunos e comunidades toda uma equipe tem que ser propositora e cúmplice de uma e das muitas processualidades Todos têm que enfrentar as dicotomias entre fazerarte e pensararte e transformálas em complementares de fazerpensarsaber de fazersaber de saberfazer e pensar criticamente os saberes com sabores de saberfazerser nas artes visuais na vida nas culturas e no mundo Os saberes da arte são sabores ácidos adocicados beloshorrorosos deliciosos interrelacionando arte estética estesia todos constituintes que tornam visível tanto a expressão quanto o conteúdo A cultura das imagens abre as portas para uma crise da visibilidade dificultando não apenas a percepção das facetas sombrias mas até mesmo por saturação aquelas mais iluminadas Os olhares são cada vez mais indiferentes progressivamente cegos Como o alimento das imagens é o olhar e como o olhar é um gesto do corpo transformamos o corpo em alimento do mundo das imagens Quanto mais vemos menos vivemos quanto mais vivemos mais necessitamos de visibilidade E quanto mais visibilidade tanto mais invisibilidade e tanto menos capacidade de olhar Assim o primeiro sacrifício desse círculo vicioso termina por ser o próprio corpo em sua complexidade multifacetada olfativa auditiva performática e proprioceptiva21 Na maioria dos bacharelados há uma distância entre a arte e a compreensão da arte entre textos visuais verbais e sincréticos As discussões sobre a compreensão da arte têm ficado para os professores como se isso fosse Uma Verdade O artista é um ser inquieto inventa porque está insatisfeito inventa por necessidade das rupturas Os artistas estão na escola porque são profissionais da arte como diz Renina Katz entrei na universidade como artista me tornei professora de arte Na maioria das licenciaturas há uma distância entre os artistas e seus ateliês O futuro professor em grande parte dos cursos de arte minora a processualidade dos artistas e a inventividade da arte 21 BAITELLO JUNIOR N O olho do furacão A cultura da imagem e a crise da visibilidade Revista Virtual GHREBH São Paulo CISC 03032003 internet 158 A escola é espaço e tempo de gestações de inventividades da arte na vida e da vida com arte Essas proposições podem ser vistas por exemplo na trajetória de Lygia Clark que propõe a vida como obra de arte Paulo Freire afirma que Os sonhos são projetos pelos quais se luta Um curso de licenciatura em Artes Visuais no início desse 3o milênio pode ter como conteúdos possíveis a construção de uma práxis da educação em arte uma educação dos sentidos sentidos dos sentidos significativos que aprofundem as percepções os entendimentos e as múltiplas significações na complexidade da arte e do mundo contemporâneo incluindo enfaticamente o silêncio e a escuta as experiências e seus percursos de acontecimentos interligados questionados e adensados de significações Os Conteúdos da Arte se constituem de teorias da arte e do sistema da arte espaçoslugaresambientes de criação com análises constantes são experiências co partilhadas de compreensão e de significação são avaliações propositoras mas muitas vezes têm deixado ao largo as pessoas e as tessituras intervalares entre Coisas Pessoas e Mundos Segundo Agnaldo Farias cada obra de arte é em si mesma um sinal de descontentamento Todo artista diversamente do comportamentopadrão em vez de simplesmente satisfazerse com as obras já existentes de ficar extasiado pela leitura de um livro pela contemplação de uma pintura ou pela audição de uma música prefere ir além prefere produzir mais um livro ou pintura ou obra musical Sintonia de uma insatisfação cada obra de arte traz embutida uma crítica à própria noção de arte e pode mesmo modificar aquilo que entendemos por arte22 As licenciaturas em Artes Visuais têm de incorporar e enfatizar esses desafios e tecer conjuntamente outros fios Uma licenciatura em Artes Visuais é uma força latente e uma proposta curricular de transformação de realidades em atos é corpus de consistências e resistências para transformar uma vontade inovadora audaciosa coerente em ARTE em experiências significativas para as pessoas A arte fala diz e precisamos escutar as maneiras de sua organização para dizer o que ela nos fala assim como escutar o que nos dizem os artistas suas produções e proposições inquiridoras 22 FARIAS A Arte Brasileira Hoje São Paulo Publifolha 2002 p 14 159 O artista enfrenta o desafio desenhar e desenharse que são as ousadias permanentes da criação Ele trabalha num campo pessoal movediço e abastecido pelo coletivo Somos socioculturais as trajetórias são portanto pessoais e coletivizadas O conceito de desenho ainda como mimeses é um dos maiores entraves nas grades curriculares dos cursos a sua dependência e nãoautonomia minora a arte e as estruturas formais de pensamentos e saberes inquietos O desenho está pensado aqui como desenhamento uma condição de estrutura visiva e cambiante inventada por uma pessoa e a nós mostrada para que com ela possamos conversar O professor de arte professa e constrói sua professoralidade na relação entre o sistema escolar e o sistema da arte As trajetórias mais uma vez são coletivas O professor se realiza na sala de aula se abastece dos desafios coletivos seus dos alunos dos sistemas da arte e da escola e nas comunidades com as quais está envolvido Isto é além de uma comunidade escolar um curso não pode ser portanto concebido apenas pela comunidade acadêmica esse tem sido um dentre outros de nossos grandes equívocos no ensino da arte A escola é propulsora do processo de transformações cultural educacional política e ética das pessoas Os ateliês os laboratórios as salas de aulas são espaços de encontros e desencontros para encontros outros Aqui podemos lembrar algumas experiências recentes o professorvisitanteartista num ateliê dentro do espaço escolar o artistavisitante na Escola de Belas Artes da UFMG a proposta de Rod Taylor em Wigan Inglaterra do artistaresidente na escola as escolas de Reggio Emilio na Itália em que cada uma tem um artista ou um artesão trabalhando ora ao lado ora junto com os alunos Os trabalhos de final de curso precisam abrir espaços e ter defesas publicizadas junto a profissionais da arte artistas e junto a profissionais do ensino de arte os professorespesquisadores de arte e sobre a arte Uma proposta curricular poderia atuar no cognoscível e no sensível A escola é lugar de síntese entre cotidianidades e rupturas É espaço do intervalar do inesperado na espera é espaço e tempo da criação A escola é espaço educativosocial da condição humana A construção de uma proposta curricular em artes visuais é uma gestão copartilhada entre pessoas e culturas é projeto de autonomia é campo de avaliação permanente e propositora para outras mudanças da escola das pessoas das comunidades e de sociedades 160 Referências ARAÚJO OT de O Olhar amoroso São Paulo Momesse 2002 Um percurso pessoal e prazeroso In Espelho selvagem arte moderna no Brasil na primeira metade do século XX Coleção Nemirovsky São Paulo MAM 2002 BARBOSA AM Org Inquietações e mudanças no ensino da arte São Paulo Cortez 2002 BASBAUM R Org Arte contemporânea brasileira texturas dicções ficções estratégias Rio de Janeiro Rios Ambiciosos 2001 BRITO R Neoconcretismo brasileiro vértice e ruptura do processo construtivo brasileiro Rio de Janeiro Funarte 1985 BUORO A Olhos que pintam a leitura da imagem e o ensino de arte São Paulo EDUCFapespCortez 2002 CHIARELLI T Arte brasileira internacional São Paulo Lemos 1999 DIDIHUBERMAN G O que vemos o que nos olha São Paulo Editora 34 1998 FRANGE LBP Por que se esconde a violeta Isto não é uma concepção de desenho nem pósmoderna nem tautológica São Paulo Anna Blume Uberlândia EDUFU 1995 Noemia Varela e a Arte Belo Horizonte CArte 2002 NÓVOA A Org Profissão professor Porto Porto Editorial 1995 PERRENOUD P Pedagogia diferenciada das intenções às ações Porto Alegre Artes Médicas 2000 REY S A colocação do problema arte como processo híbrido In BRITES B Org O meio como ponto zero Metodologia da pesquisa em artes plásticas Porto Alegre UFRGS 2002 ROLNIK S Cartografia sentimental In Roteiros Roteiros Roteiros Roteiros Roteiros Roteiros Roteiros 24ª Bienal de São Paulo São Paulo Fundação Bienal de São Paulo 1998 161 3 Pedagogia do Teatro e Teatro na Educação1 Ingrid Koudela A questão da terminologia sempre gerou muitas polêmicas na área de conhecimento a que denominamos Teatro na Educação Em outros países termos como Creative Dramatics Drama in Education Child Drama e outros se sucedem no decorrer de sua história Em função disso fazse necessário historicizar o binômio Pedagogia do Teatro e Teatro na Educação através do qual identificamos o nosso Grupo de Trabalho da Associação Brasileira de Pesquisa e PósGraduação em Artes Cênicas Abrace que focaliza a criação e a difusão do conhecimento teóricoprático em teatro tendo como fórum os debates e discussões resultantes dos GTs da entidade organizados em congressos bienais A consolidação dos GTs como eixo estruturante da Abrace é de notória relevância já que em seu âmbito foram efetuados avanços significativos realizando avaliações e prognósticos No início da década de 1970 eu utilizava a grafia TeatroEducação A barra buscava deixar em aberto relações a serem tecidas através do binômio Com a tradução do termo Art Education para o português oriundo da área de artes visuais nos EUA passamos a grafar TeatroEducação termo que se tornou corrente durante toda a década de setenta nos congressos da Federação de ArteEducadores do Brasil Faeb e da Associação de ArteEducadores de São Paulo Aesp dos quais vínhamos participando O anglicismo é evidente mas foi largamente utilizado O termo Arte Educação passou a ser utilizado de forma genérica sendo as áreas de conhecimento do Teatro da Dança da Música e das Artes Visuais concebidas como linguagens Embora esta questão dificilmente encontre unanimidade temos o exemplo dos PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais na área de arte que apontam para ela tornando a contemporânea e palpitante O batismo de Pedagogia do Teatro e Teatro na Educação do nosso GT na Abrace buscou incorporar as novas dimensões da pesquisa que vem sendo realizada na área tendo em vista evitar a camisa de força gerada por uma visão estreita dos 1 MesaRedonda Tema Pesquisas em Ensino de Arte no Brasil Professora Doutora Escola de Comunicação e Artes USP 162 conceitos de pedagogia didática e metodologia sedimentando a epistemologia de nossa área de conhecimento no teatro O termo Pedagogia do Teatro é utilizado em diferentes contextos Eugenio Barba faz uso dele em A Arte Secreta do Ator Hucitec Unicamp 1995 e no contexto alemão a Theaterpädagogik é a denominação dada ao campo teóricoprático do teatro com vistas à sua articulação com a pedagogia e a educação A revista especializada que traz artigos com diferentes vertentes e abordagens era chamada inicialmente década de 1980 Lehrstück Theater Pädagogik Peça Didática Teatro Pedagogia As reticências no título buscavam claramente indagar e deixar em aberto as relações a serem estabelecidas Evidenciase que o ponto de partida é brechtiano embora a tradição do Lehrstück possa ser reportada até Lessing e o classicismo alemão Na década de 1990 a revista assume a denominação Zeitschrift für Theaterpädagogik Revista para a Pedagogia do Teatro legitimando dessa forma essa área de pesquisa O dicionário Concebido como instrumento de trabalho para orientação na área da Theaterpädagogik que teve na última década um grande desenvolvimento e é concebida cada vez mais como disciplina autônoma na Alemanha incorporada em diferentes sistemas organizacionais e de formação o WÖRTERBUCH DER THEATERPÄDAGOGIK Berlin ScribniVerlag 2003 KOCH GERD E STREISAND MARIANNE Org é a primeira publicação dessa natureza em língua alemã Proporcionando uma perspectiva da multiplicidade de abordagens métodos procedimentos e suas formulações teóricas e históricas e apontando para o caráter interdisciplinar da Pedagogia do Teatro incorpora temáticas que alcançaram projeção significativa no discurso internacional e que pertencem aos conhecimentos reunidos na área O Dicionário traz verbetes escritos por 140 autores sendo os conceitos oriundos de diferentes contextos culturais tais como Animation animação Warming Up aquecimento Stegreif improvisação Statuentheater teatro imagem Ästhetische Bildung formação estética Spiel jogo Psychodrama psicodrama Rollenspiel desempenho de papéis Prozess und Produkt processo e produto Performance performance Lehrstück peça didática Contact Improvisation contato improvisação Drama in Education drama na educação Konstruktivismus construtivismo entre outros 163 Há também verbetes que se referem a autores oriundos de várias disciplinas o que condiz com o objeto da Pedagogia do Teatro na prática e na teoria que se caracteriza como disciplina de integração entre os pólos teatro e pedagogia bem como de disciplinas limítrofes Nesse sentido o Dicionário traz o desafio de constituir se como um programa de pesquisa em Pedagogia do Teatro Entre os autores sobre os quais é apresentada uma breve biografia encontramos Rudolf Steiner Jacob Moreno Richard Schechner Bertolt Brecht Rudolf Laban Augusto Boal John Dewey Viola Spolin entre outros Drama in education Outro verbete que merece comentário mais detalhado é Drama in Education drama na educação cujos princípios metodológicos foram desenvolvidos desde a década de 1950 na Inglaterra Também nos Estados Unidos no Canadá e na Austrália esta concepção didática representa uma especialização do Educational Drama drama educacional Na Europa o DIE Drama in Education foi divulgado especialmente nos Países Baixos e Escandinávia Através do trabalho da inglesa Dorothy Heathcote o DIE se impôs no espaço lingüístico anglosaxão encontrando ingresso como metodologia no currículo da escola oficial Outros representantes são Galvin Bolton Richard Courtney e Peter Slade Em seu esboço para uma Education in Drama educação através do drama David Hornbrooks contesta a didática do DIE definindo o Drama como uma disciplina artística e analisando esse processo educacional como parte da formação estética o que vem a corroborar com as posições largamente defendidas nos últimos anos no Brasil O campo epistemológico O intuito de incorporar reflexões e indagações sobre a Pedagogia do Teatro visou não apenas a ampliar o espectro da pesquisa na área trazendo para a discussão os Mestres de Teatro dramaturgos teóricos e encenadores como também fundamentar a epistemologia e os processos de trabalho do teatro inserindoos na história da cultura Acredito que essa dimensão nos permita escapar do risco de reducionismos e camisas de força didáticas entendendo o ensino do teatro na sua complexidade 164 1 Formação de Professor1 de Arte novos caminhos muitas possibilidades imensa responsabilidade 2 Lucia Gouvêa Pimentel Resumo A elaboração de um currículo para formação de professors de arte tem como premissas mais que normas legais É necessário que sejam levadas em conta as contextualizações de como se pretende realizar essa formação e das condições em que esse ensino vai se realizar bem como que o currículo proposto tenha condições de preparar alun a preocuparse com sua formação continuamente Partese ainda do princípio que um curso de arte forma artistas algunsmas serão professors outros não Palavraschave Ensino de Arte Licenciatura em Artes Visuais Currículo Formação de Professors de Arte Mediador Aldo Victoriano 1 A grafia neste caso referese ao masculino e ao feminino 2 MesaRedonda Tema Cursos de arte novos caminhos Professora e ViceDiretora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais EBA UFMG Bacharel e Licenciada em Belas Artes EBAUFMG Mestre em Educação FAEMG e Doutora em Formação de Professores de Arte Novos Caminhos 165 Introdução Conhecer é uma construção e não uma aquisição Supõe oportunidade de ter acesso à informação e supõe um movimento interno que torne significativa essa informação para que possam ser tomadas decisões não a partir do que está na moda ou do que outras pessoas fazem mas com base nos pensamentos e na autonomia da vontade pessoal Os saberes são construídos a partir do conhecimento Os saberes em arte pressupõem portanto um trabalho de informação e de conhecimento a cargo do ensino de arte que faz parte do trabalho de educação em arte É muito importante pensar e discutir o porquê do ensino de arte na escola Uma das questões é entender a justificativa para serem incluídas aulas de arte na Educação Básica Na maioria das vezes o ensino de arte nas escolas tem como objetivos desenvolver a criatividade permitir a autoexpressão e ajudar a sociabilidade Não há normalmente o registro a priori de que o objetivo das aulas de arte é ensinar e aprender arte Arte na escola é a oportunidade de uma pessoa explorar construir e aumentar seu conhecimento desenvolver suas habilidades articular e realizar trabalhos estéticos e explorar seus sentimentos Proporciona meios de conhecer apresentar interpretar simbolizar e metaforizar em um contexto de apreciação e valorização Para que isso ocorra é preciso que o ensino de arte possibilite a tods s aluns a construção de conhecimentos que interajam com sua emoção através do pensar do apreciar e do fazer arte A escola sendo lugar social de construção do conhecimento de aprender e de ensinar deve contribuir para promover o pensamento e construir conhecimento nas áreas nela presentes Temse pois que arte está presente no currículo escolar porque é uma área de conhecimento e como área de conhecimento tem que estar na escola da mesma maneira que as outras áreas estão Sabemos através de estudos que vêm sendo desenvolvidos em diversas partes do mundo inclusive aqui no Brasil que existem ações inteligentes ações mentais que só podem ser feitas a partir de determinados raciocínios em arte assim como existem algumas que somente são feitas a partir de determinados raciocínios em história em matemática etc Portanto temos diversas áreas de conhecimento presentes na escola porque as formas de pensar são diferentes e peculiares a cada área ArteEducação ECAUSP Membro da Amarte Associação Mineira de ArteEducação da Faeb e da InSEA Coordenadora da Coleção Arte Ensino Editora CARTEBH e membro do Conselho Editorial da Revista Art luciagpibhterracombr e luciagpiufmgbr 166 Arte relacionase com registros diversificados e com a imaginação estética desses registros que podem ser tanto gestuais quanto gráficos sonoros virtuais espaciais etc A dificuldade que se tem de entendimento da arte contemporânea está muito relacionada a uma capacidade que normalmente não desenvolvemos que é a de pensar registros Os registros podem ser vários e não padronizados Dentre os registros possíveis as referências visuais sonoras gestuais e comportamentais estão à disposição de tods e cada vez mais direcionados à criança e ao jovem Entender registros contextualizálos e recontextualizálos e pensar novas possibilidades para eles é importante para a formação de crianças e jovens Notese que não estamos nos referindo à comunicação visual mas ao desenvolvimento e criação de repertório imagético O fato de na escola não serem trabalhados conteúdos de arte tem como conseqüência maior massificação e alienação porque tiramos das crianças e jovens as chances de conhecer novas possibilidades de trabalho em arte de pensar o que há de desafio em uma imagem um gesto ou um movimento e de imaginar como se expressar em uma imagem um gesto ou um movimento Ensinar arte é uma tarefa extremamente complexa porque lidamos com questões materiais instrumentais e conceituais do que seja aprender e ensinar arte do que seja a própria questão da área do conhecimento arte e inerentemente com a questão emotiva sensível ds aluns Essa tarefa que é complexa necessita de uma preparação bastante profunda e constante para poder ser bem sucedida Por isso a necessidade de que professor de arte tenha tempo de pensar e experimentar questões de arte e possa estar em conexão com especialistas de outras áreas de conhecimento O produto necessário como consumação de um processo mesmo que não seja perene é importante como registro do percurso dessa experiência A arte deve ser tratada em suas diversas facetas como área de conhecimento na relação com a memória e na possibilidade de pensar registros imagéticos e imaginários com referência em seu contexto cultural Se há algum tempo a obra de arte era obra de arte por ela mesma hoje ela tem valor relacionado ao seu contexto cultural Isto é extremamente importante para o ensino de arte na contemporaneidade O conhecimento em arte propicia a construção de novos saberes acadêmicos e pessoais para o grupo de maneira geral e para cada indivíduo em particular podendo em muito contribuir para o compartilhamento de experiências estéticas sensíveis e significativas 167 Nossas escolhas no campo da arte seu ensino sua aprendizagem sua pesquisa e sua ação são fatores determinantes para que determinemos os rumos do que pretendemos que seja a arte neste início de século XXI O ensino da arte em todos os níveis tem passado ao longo dos tempos por processos os mais diversos quer por fatores de influência social quer por modismos ou pela importação de modelos sem a necessária adaptação ao contexto cultural brasileiro E agora é o momento de pensarmos a arte como parte integrante da formação da criança e do jovem como componente curricular e extracurricular de construção não só de conhecimentos mas também de cidadania Aqui o problema maior serelaciona a duas lacunas a formação d professor e a sala ambiente de arte Sem professors especializads e locais adequados o ensino de arte na Educação Básica que deveria propiciar a alun oportunidades experenciais nas diversas formas de arte praticamente inexiste na maioria das escolas restringindose a atividades não possibilitadoras de construção de conhecimentos na área Considerase que currículo é a referência social para um esforço reconstrutivo pessoal e integrado que possibilita uma atitude participativa envolvida emocionalmente carregada do aluno um campo fértil para criação e construção de conhecimentos Um currículo deve ser flexível trabalhar em todas as áreas derivadas do processo artístico de criação pensar na perspectiva que o mundo apresenta hoje compatibilizar as tendências do corpo docente com as tendências de abertura necessária de flexibilização e de processualidade mais rigorosa ser contemporâneo ensinar ao sujeito como aprender sempre como estudar sempre Ainda há que se notar que a tradição de arte é dinâmica e é formada a cada dia e continuamente pela inclusão das tecnologias contemporâneas como acréscimo às possibilidades existentes Além da atualização tecnológica é preciso que as escolas tenham à disposição a possibilidade de pesquisa constante na área por parte ds professors Há que se investir portanto na formação de professors para que conheçam essa área e possam instigar e propiciar vivências significativas 168 O desafio diante de um material a ser trabalhado esteticamente ou de uma obra de arte já finalizada propiciam a elaboração do pensamento em que todas as forças intelectuaisemocionais agem em completude As experiências de desenhar pintar cantar dançar apreciar filmar videografar dramatizar etc são vivências essenciais para a construção de conhecimento em arte Não se pode pensar na formação de professors de arte em cursos que não tenham o tempo adequado para que essas experiências se realizem Saber como a arte é concebida e ensinada na escola como se expressa em cada cultura e que significado tem para um indivíduo e para a sociedade é importante para que se possa planejar as ações necessárias para o ensino aprendizagem da arte Pela necessidade da especulação constante o estudoação está sempre presente na arte quer seja em sua análise ou produção Ensinar arte significa possibilitar experiências e vivências significativas em apreciação reflexão e elaboração artística Para isso é necessário que professor tenha uma base teórica que lhe possibilite a amplidão de pensamento tanto para conhecer os caminhos trilhados por seussuas aluns quanto para propiciar momentos significativos que possibilitem encontrar novos processos individuais e coletivos Além dos trabalhos tradicionais bidimensionais e tridimensionais em artes visuais é importante que as formas contemporâneas de expressão também sejam contempladas tais como o grafite a instalação e a arte digital O trabalho de arte digital não é chamado de 2D bidimensional ou 3D tridimensional porque é virtual Isto porque a arte digital é de outra natureza São obras digitais as realizadas com o uso de equipamentos que produzem imagens digitalizadas como o computador e a câmara digital por exemplo Essas imagens podem ou não ser impressas em suportes tradicionais Não é o uso de papel ou de tela como suporte o que caracteriza a impressão quando se pensa na imagem digital Impressão hoje é um dos conceitos a serem revisitados A tecnologia digital propicia novas formas de pensar e fazer arte Para que isso aconteça s aluns precisam entender a natureza dos instrumentos de arte e os meios de escolha Isso significa que é importante que façam exercícios para conhecer programas de tratamento de imagem por exemplo mas é essencial que pensem seu trabalho como sua própria produção artística e não somente usem os recursos desses programas aleatoriamente É importante portanto que professor de arte conheça e experiencie os meios digitais de produção artística para poder fazer propostas e 169 aceitar propostas de aluns bem como para poder contextualizar adequadamente obras de arte digital Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN arte é fundamental no processo ensinoaprendizagem de arte contemporâneo que s aluns através de pesquisas observações análises e críticas possam conhecer e analisar os processos ds produtores de arte artistas dos seus produtos obras de arte dos difusores comunicacionais da produção artística dos públicos apreciadores de arte no âmbito da multiculturalidade Quanto à expressão audiovisual hoje além dos tradicionais meios audiovisuais já assimilados como a fotografia televisão cinema vêm se somando outras mídias A formatação da internet por exemplo tem permitido o desenvolvimento e a criação de novas formas de relacionamento e conhecimento Aprenderensinar arte é portanto tarefa muito mais complexa que o simples ensino de técnicas ou o uso de materiais artísticos em atividades prazerosas Exige um investimento de completude constante para que as experiências sejam significativas tanto para professor quanto para alun Em vista disso tornase premente repensar os currículos escolares de maneira geral e principalmente os que são responsáveis pela formação de professors de arte Quais serão os conteúdos e procedimentos metodológicos que melhor poderão preparar s aluns para viverem em um mundo em constante mudança No momento em que os PCNsArte ainda não estão instalados no Ensino Fundamental e Médio e já estão sendo repensados e é preciso que estejamos atents a isto sob pena de perdermos o pouco que já conquistamos estarão os cursos de licenciatura em arte preparando professors conhecedors da área e com capacidade crítica para neles buscar não uma prescrição mas um ponto de referência para a construção de novos conhecimentos e práticas metodológicas É preciso que cuidemos para que haja coerência entre a formação d bacharel e d professor bem como que haja respeito à área específica de conhecimento e expressão sem detrimento das possibilidades de ação entre as diversas áreas artísticas Artes Audiovisuais Artes Visuais Dança Música Teatro Partese do princípio que uma Escola de Arte forma artistas alguns vão ser professores outros não Para 170 s que fazem a opção de ser professor é preciso fazer a ligação entre o que é o conhecimento de arte sua expressão seu ensino e sua interrelação com a formação artística d alun Assim licenciad em arte é artista e é professor Lembremos ainda que os desafios a serem vencidos não são os do século XXI mas os deste início do século XXI que portanto se fazem presentes agora Outras pessoas virão para dar continuidade ao que propusermos ou para mudar tudo Isso depende de fatores externos sim mas também de como nos sairmos nessa tarefa Temos que saber que as crianças e jovens são cidadãosãs hoje e como tal devem ser respeitads Não estamos preparando futuros cidadãosãs estamos compartilhando como cúmplices da vida cidadã da idade que els têm O currículo da escola de belas artes da UFMG É sabido que não se pode delegar somente ao currículo seja ele qual for a melhoria do ensino Todo o contexto em que o currículo ocorre tem de ser revisto sob pena de que também este se perca nas amarras de estruturas arcaicas Mas considerase que a mudança curricular em seus conteúdos tarefas e forma de organização é um dos fatores que podem impulsionar uma mudança mais ampla bem como servir de estímulo para que outras mudanças que se fazem necessárias ocorram A flexibilidade da estrutura curricular sem que se descuide do aporte teórico e da reflexão sobre a prática foi um dos quesitos mais estudados para a elaboração do nosso currículo Sabese entretanto que não é possível a prática de uma flexibilização sem que ela seja implantada em toda a infraestrutura que envolve a prática acadêmica Os aspectos da individualidade e da contextualização a preocupação com a formação cultural d alun e sua visão de mundo com a inovação e o desenvolvimento de potencialidades para construção de conhecimentos da cultura artística estão presentes no curso Como já foi dito partese do princípio que uma escola de arte forma artistas algunsmas vão ser professors outrs não Para s que fazem a opção de ser professor é preciso fazer a ligação entre o que é o conhecimento de arte sua expressão seu ensino e sua interrelação com a formação artística d alun Assim licenciado em arte é artista e é professor Justificase portanto o sistema de um curso básico comum para a licenciatura e o bacharelado Assim o foco da licenciatura em artes visuais é o conhecimento específico Arte integrado com conhecimento específico Ensino Arte e seu ensino não devem ser 171 desarticulados na prática mas unificados desde a construção de seu campo específico de conhecimento Isso posto não é desejável que se pense a licenciatura com um programa especial a ser feito após o bacharelado mas um curso que possa ter sua especificidade atendida durante todo o percurso do aluno na graduação Fica claro que durante o curso ocorrerão momentos mais dirigidos para arte e outros mais dirigidos para seu ensino É desejável entretanto que sempre que seja possível a interrelação arteensino de arte seja estabelecida Afinal todos são professors e podem contribuir para a formação de futurs profissionais nessa área A estreita ligação com o bacharelado habilita s licenciands para o desenvolvimento e o estímulo de atitudes criativas em seussuas futurs aluns A LDB sugere que alun possa fazer os dois cursos ao mesmo tempo o que parece viável desde que el permaneça mais tempo na escola O ideal é que alun tenha ao longo do nível básico suporte teóricocrítico dirigido a ambos os cursos Na fase de especialização alun da licenciatura terá seu enfoque complementado por oficinas e laboratórios diferenciados com prática de docência estudos e discussões sobre educação em arte Mas os ateliês à sua disposição serão os mesmos à disposição do bacharelado É importante que a valorização e a qualidade de ambos os cursos seja a mesma a fim de que a esperada competência d profissional formad seja fruto de um projeto interrelacional alunprofessorinstituição professor de arte em qualquer nível de ensino deve ser primeiramente uma pessoa inserida no contexto artístico como forma de viver É essencial que a experiência estética seja um componente importante em sua vida cotidiana Ao se ensinar e aprender arte é preciso que se assegure continuidade e ruptura garantindo uma prática artísticapedagógica consistente responsável e respeitável Para além da inteligência e da percepção já instituídas Rumo ao pensamento Ao se lidar com arte lidase não somente com conhecimento específico com sensibilidade e com emoção com identidade e com subjetividade mas também e certamente com o pensamento Como norteamento geral durante todo o período de sua formação alun estará sendo estimulad a fazer reflexões acerca da arte seu estudo sua aprendizagem e seu ensino considerados em seus múltiplos aspectos e tendências Teoria e prática não serão concorrentes mas interagentes num mesmo processo A especulação constante necessária tanto ao trabalho d artista quanto ao d professor supõe ambas Assim um professor da EBAUFMG que desenvolva seus estudos predominantemente na área teórica deverá estar num ateliê 172 discutindo questões levantadas durante atividades práticas e viceversa Isso acarretará um esforço de todos no sentido de quebrar as barreiras dos muros departamentais além de centrar as discussões em questões de ensino mais que nas burocráticas Notese que as nomenclaturas das disciplinas na grade curricular são apresentadas de maneira globalizante possibilitando flexibilidade na elaboração das ementas dos conteúdos programáticos e facilitando as mudanças sempre que se faça necessário De acordo com as normas da flexibilização alun poderá cursar parte de sua formação em outra escola faculdade ou instituto que não a EBA assim como a EBA poderá receber aluns oriunds de outras escolas faculdades ou institutos O primeiro ano é básico alun tem oportunidade de construir conhecimentos que serão necessários para sua formação em arte qualquer que seja sua opção posterior por cursar uma habilitação Cada semestre tem 315 horas de aula perfazendo 21 créditos Serão oferecidas duas turmas para cada disciplina manhã e tarde à exceção das disciplinas eminentemente teóricas que terão turma única Ao final do segundo semestre alun fará sua opção por uma das habilitações oferecidas no bacharelado ou pela licenciatura O segundo ano é o intermediário em que será feita a base mais específica para a licenciatura alun será iniciad nas práticas pedagógicas tendo um conhecimento mais aprofundado dos fundamentos do ensino de arte que lhe darão a sustentação para sua presença em sala de aula O terceiro e o quarto anos são de aprofundamento alun sistematizará seus conhecimentos nas bases teóricas do ensino de arte e os trabalhará integradamente ao processo artístico de ateliê bem como iniciará sua prática em escola de educação infantil e do primeiro segmento do ensino fundamental cumprindo 405 horas de Estágio Supervisionado As duas últimas semanas de cada semestre serão de preparação e mostra de seu trabalho tanto de artista quanto de professor de arte No último semestre haverá ainda o Trabalho de Conclusão de Curso que aliará suas reflexões às práticas exercidas Esse trabalho será defendido publicamente Durante todo o curso alun deverá também perfazer 210 horas de Atividades AcadêmicasCientíficasCulturais à sua escolha aprovadas pelo colegiado de Curso 173 Tanto em relação as professors quanto em relação as aluns preocupamonos com o ser contemporâneo E ser contemporâne é caminhar com o tempo Supõe o presente o agora a cada momento Podese viver esse tempo passando ao largo dele ou influenciandoo sendo influenciado e projetandoo para tempos antes e depois Cabe a nós a decisão Referências UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE BELAS ARTES Currículo do Curso de Artes Visuais Bacharelado e Licenciatura Belo Horizonte EBAUFMG 2004 PIMENTEL LG Limites em expansão Licenciatura em Artes Visuais Belo Horizonte CARTE 1999 2 DançaEducação uma contribuição da expressão corporaldança1 Mabel Emilce Botelli Resumo Contribuição sobre DançaEducação apresentando o trabalho que teve seu início na Primer Escuela Argentina de Expresión CorporalDanza e que está sendo desenvolvido no Brasil há dezesseis anos Apresentação da pesquisa em DançaEducação intitulada Corpo Natureza sentidos da Expressão CorporalDança na Natureza entre adolescentes 1 MesaRedonda Tema Formação de Professores de Arte novos caminhos ArteEducadora formada pela Primer Escuela Argentina de Expresión CorporalDanza Mestre em Educação Física UGF Dissertação sobre DançaEducação professora do Curso de Dança da UFRJ responsável pela Coordenação Artística da Companhia Cirandeira do Projeto Ciranda Brasileira realiza do pelo Instituto de Arte Tear tearinstituto tearorgbr Responsável pela disciplina Estágio Super visionado em Dança Contemporânea da Escola Angel Vianna 174 O estudo analisa atividades desenvolvidas no Rio de Janeiro com adolescentes junto à Escola de Arte Tear Palavraschave Comunicação Criação Ser Fico muito agradecida por ter a oportunidade de participar do XV Congresso da Federação de ArteEducadores do Brasil que aborda questões tão significativas sobre ArteEducação Neste momento quero contribuir falando sobre DançaEducação apresentando um trabalho que teve seu início na Primer Escuela Argentina de Expresión CorporalDanza e que venho desenvolvendo no Brasil há 16 anos A Expressão CorporalDança foi um movimento de DançaEducação criado por Patrícia Stokoe que se iniciou na Argentina em 1950 onde ganhou ampla aceitação expandindose para outros países Resultou depois na Primer Escuela um marco na ArteEducação no país não só formando profissionais que defenderam o espaço da dança dentro da educação formal preocupandose em discutir a relação da teoria com a prática através de grupos de pesquisa que combinam arte e educação assim como produzindo vários trabalhos escritos Esta Escola oferece subsídios para o trabalho dirigido ao público infantil e juvenil Para a Primer Escuela Argentina Expressão CorporalDança ECD é Uma das linguagens artísticas patrimônio da espécie humana que considera a pessoa como unidade indivisível em suas áreas sensitiva motora psicológica afetiva criativa e social Um ser que se impressiona com estímulos de seu meio os re elabora em seu interior e os expressa em sua dança STOKOE et al 1986 2 O desenvolvimento desta maneira de dançar compromete o indivíduo com a descoberta de quem ele é como ele é do que quer expressar de quais são os caminhos para dizêlo corporalmente Nesta concepção de dança não se procura um corpo adestrado para responder a formas e códigos preestabelecidos Importa antes despertar a atenção e o domínio do corpo para responder aos próprios impulsos que se materializam na dança Para que os princípios desta abordagem possam ser aplicados é indispensável integrar o desenvolvimento corporal com o sujeito como um todo Esta perspectiva pressupõe por outro lado que todo ser humano pode dançar sem distinção de idade sexo ou situação física ou mental todos têm o direito e a possibilidade de viver a experiência da dança 175 Desenvolver a dança de cada um não significa se isolar Como diz Herbert Read 1977 a singularidade carece de valor prático no isolamento Segundo este autor a formação pessoal deve ser não somente um processo de individuação mas também de integração de reconciliação da singularidade individual com a unidade social A corrente de dança preconizada pela Primer Escuela utiliza como uma de suas fontes filosóficas o pensamento de Read Assim buscase estimular a consciência de que o ser humano se completa no intercâmbio com os demais na cooperação no compartilhar no respeitarse e respeitar o outro O ser humano não nasce pronto ele vai se constituindo durante toda a vida e isto acontece na troca com o meio a partir da sua relação com as outras pessoas outros seres e o ambiente O ser humano é um ser cultural e social Ele se completa na vida em sociedade E a dança é uma das formas em que tal aspecto essencial pode ganhar espaço A ECD pode cumprir uma importante função educativa na formação global do ser humano trazendo temas conteúdos e objetivos próprios e complementares aos de outras áreas do conhecimento Segundo a filosofia da Primer Escuela educar através da dança é promover certas qualidades humanas como desenvolvimento da sensibilidade impulso para investigar expressão das emoções e da subjetividade expansão da imaginação criatividade prazer da beleza ludicidade capacidade de comunicação humana Entre seus objetivos específicos podemos citar o desenvolvimento da sensibilidade e percepção do corpo da consciência a expressão e o domínio do movimento da criatividade e da comunicação nãoverbal Nos documentos de base da Primer Escuela argentina enunciase A princípio sonhamos e lutamos por instituições educativas onde Arte e Ciência se equilibram para viabilizar um novo ser humano desenvolvendo todas as suas potencialidades Acreditamos em um currículo onde cada área com sua identidade e todas em sua diversidade possibilitem ao aluno sintetizar em si mesmo o cientista e o artista STOKOE et al 1986 1 Entre as diversas concepções que fundamentam esta prática da dança uma referência é Curt Sachs 1980 que escreve A dança enlaça a separação de alma e corpo une a livre expressão das emoções à rigidez da conduta estabelecida marca um nexo entre a vida social e a manifestação da individualidade p 13 No texto o autor considera a dança um meio de ligação adesão reunião de converter em unidade aquilo que está separado Mais adiante vincula a dança com a mitologia dizendo 176 quem dança ganhará através dela poderes mágicos que o levarão à vitória à saúde e à vida um laço mítico que une a tribo cujos integrantes juntam suas mãos em dança grupal e a desenfreada dança individual expoente da profunda devoção que o executante consagra a si mesmo Idem 14 O autor também discorre sobre o caráter lúdico da dança sua qualidade desinteressada o processo criativo que ela implica Nas suas palavras Liberase o potencial reprimido e buscase uma expressão desinteressada o dançarino se dá ao deleite supremo do jogo aproximandoo da região onde a fantasia a imaginação e a visão acordam e entram em plena função criadora Ibidem Dançar assim é vivenciar a relação do homem consigo próprio com os outros homens com o imaginário com o sagrado É uma manifestação onde corpo mente e espírito não estão separados dançar permite um contato maior com o corpo que pode significar uma maior consciência e transcendência de si mesmo A dança dá sentido ao movimento É linguagem do corpo organizada em seqüências significativas Uma manifestação da pessoa que responde com atividades conscientes e inconscientes a um mundo humano natural e cósmico do qual faz parte em um interagir incessante A dança possibilita à pessoa desenvolver suas potencialidades criativas através do movimento Este perde seu sentido meramente físico e toma um sentido mais amplo psíquico compartilhado socialmente integrado no todo Criase no praticante conexões entre o percebido sua históriamemória sua imaginação seus afetos a presença dos outros dentro de si propiciando uma expressão única singular e irreproduzível A atividade Expressão CorporalDança segue dinâmicas próprias no âmbito da educação do sensível e do fazer Formam parte destas dinâmicas quatro aspectos básicos que se apresentam de forma sucessiva alternada ou integrada pesquisa expressão criação e comunicação A pesquisa é utilizada para o conhecimento e as relações com o próprio corpo o corpo do outro com o espaço os materiais do local é a etapa da educação sensível A expressão é a possibilidade de manifestar através do corpo sua subjetividade a capacidade de exteriorizar as sensações sentimentos emoções pensamentos imagens sonhos e fantasias O momento expressivo se caracteriza por dois níveis de realização o que se quer expressar e como expressar Na etapa da criação o questionamento feito pelo profissional facilitador é aberto as respostas 177 podem ser variadas com amplas possibilidades produto da iniciativa e da imaginação de cada participante Além das improvisações de exploração de si mesmo das formas expressivas e da busca do que e como se quer expressar existe outra etapa a etapa construtiva na qual cabe dar forma concreta ao tema Compreende a seleção a combinação a memorização e a composição do movimento o encontro da forma através da qual a pessoa sinta que projeta sua verdade interioridade sentimentos representações O quarto aspecto da comunicação se apresenta em diferentes níveis a A comunicação intrapessoal consiste em entrar em relação consigo mesmo sentir se descobrirse conhecerse pensarse manifestarse implica uma investigação pessoal de sua realidade corporal e de sua psique conectarse com seus sonhos fantasias desejos é dançarse a si mesmo e para si mesmo darse ao prazer de sua própria revelação expressiva b A comunicação interpessoal implica estabelecer uma relação com outra pessoa é a participação em uma aprendizagem mútua envolve dialogar complementar encontrar adequar aceitar reconhecer o outro criar empatia c A comunicação grupal parte da relação entre várias pessoas participar em um aprendizado grupal envolve perceber os seus companheiros sintonizar harmonizar d A comunicação intergrupal está associada ao relacionamento de um grupo com outro envolve sentirse parte de um corpo grupal ampliar o campo da percepção para seu grupo e o outro Em 1994 Patricia Stokoe2 e Alicia Sirkin3 escreveram El Proceso de la Creación en Arte 1994 que sintetiza a concepção da Expressão CorporalDança As autoras sustentam que o culto do indivíduo proclamado pelo capitalismo não oferece opções de individualidade para a maioria das pessoas e sim uma proposta velada de manipulação de massificação que serve para impor o domínio da minoria Esta proposta tende a retirar do ser humano sua essência mesma sua singularidade única e irrepetível Sufocase assim a expressão pessoal e a criatividade pela indução 2 Patricia Stokoe 19211996 bailarina e arteeducadora argentina recebeu sua formação e trabalhou profissionalmente como bailarina em Londres desse modo incorporando muitas disciplinas de dança e de teatro de 1938 até 1950 ano em que regressou ao seu país Desenvolveu um conceito de dança criativa ao qual deu o nome de Expressão Corporal sobre o que escreveu vários livros Foi a criadora da Primer Escuela Argentina de Expresión CorporalDanza tendo desenvolvido sua metodologia de ensino e prática desde 1950 Patricia Stokoe abriu um caminho de prática e investigação incansá veis e se dedicou durante toda a sua vida à reaproximação da dança com o social e o cotidiano A dança deve estar ao alcance de todos acreditava ela Nesta busca de uma linguagem autêntica Patricia como bailarina e educadora ao confrontarse com tantas inibições tensões e bloqueios por uma falta de conhecimento e contato corporal produto de séculos de negação do corpo e dicotomização da pessoa foi integrando os anos de prática e investigação sobre si mesma com as contribuições mais valiosas entre elas se encontram as de Rudolf Von Laban e de seus mestres e companheiros de trabalho entre os quais podemos citar Moske Feldenkrais e Gerda Alexander 3 Alicia Sirkin psicóloga socióloga e atriz foi uma das pessoas que se integrou ao núcleo da Escuela no final da década de 1970 quando ela se constituiu como espaço de formação de educadores na área 178 de modelos valores comportamentos que vão se construindo como ideal do eu Desta maneira a pessoa termina por negarse a si mesma nivelandose ao outro esse outro socialmente estandardizado O trabalho da ECD propõe favorecer a flexibilidade do corpo em termos de mobilidade de plasticidade de expressões diversas Corpos que se transformem de acordo com as circunstâncias e as oportunidades Corpos que expressem uma linguagem ampla subjetiva Corpos onde o ser possa manifestarse sem travas sem fechaduras sem armaduras que limitem a verdadeira relação entre a intenção e a expressão corpórea Stokoe e Sirkin também sustentam que quando a educação nos primeiros anos de idade inculca modelos dominantes dá início a um processo de alienação que bloqueia a criatividade o pensamento crítico e a autonomia Dito de outra maneira neste marco há tendência a seres passivos impedindo que cada indivíduo se desenvolva como pessoa responsável por suas próprias escolhas invenções expressões ações Desta forma limitase a possibilidade das pessoas expressarem suas identidades e de contribuírem criativamente para o momento histórico da sociedade em que estão vivendo É fundamental no processo de formação do ser humano estimular a criatividade e favorecer a manifestação da subjetividade para que como ser social cada pessoa participe eficazmente do contínuo processo de criação e recriação do mundo e de si mesma A participação ativa criativa crítica autônoma e sensibilizada socialmente é indispensável para a evolução social Só assim o indivíduo pode atuar como protagonista das trocas necessárias à busca de uma sociedade mais justa A participação sensível de cada um permitirá maior respeito mútuo mais respeito às diferenças um maior sentimento de pertencimento fazendo parte e fazendo sua parte uma maior igualdade de direitos e deveres Favorecerá o emergir de seres mais responsáveis mais cooperativos Como protagonistas conscientes é possível estarse atento e participar dos processos sociais Em relação à evolução pessoal e à participação social Stokoe e Sirkin afirmam que o desenvolvimento da individualidade criadora não se contrapõe à necessidade de atender aos interesses coletivos e ao bem comum 1994 15 Um sujeito autônomo através do aguçar de sua sensibilidade e do exercício da reflexão com liberdade para manifestarse produzir estará mais preparado para integrarse e contribuir com o seu meio Ele conta com instrumentos para resolver com originalidade os desafios que os processos de transformação pessoal e social vão apresentando a cada momento 179 Na atividade artística a subjetividade é fonte e instrumento das obras Aqui as fantasias os sonhos os desejos enfim os componentes da subjetividade são elementos decisivos Nos termos de Stokoe e Sirkin criar artisticamente é subjetivar a realidade 1994 25 O artista imprime seu olhar seu sentir seu tônus sua vivência dando forma a uma nova realidade o produto artístico através do qual se revela a si próprio e ao mundo O produto artístico é uma estrutura com significados diversos em que se moldam imagens emocionadas do mundo Assim ele nos informa sobre a realidade social e histórica a que a obra pertence mas através da significação particular através da qual o artista a recria Segundo as autoras dar forma artística compreende um complexo processo de criação onde há a participação de diferentes níveis da personalidade O inconsciente habitado por imagens fantasias desejos se entrelaça com aspectos conscientes da subjetividade A integração e fluidez entre consciente e inconsciente variam em cada pessoa Estas variações são definidas não só pela estrutura da personalidade mas também pela situação do meio em que acontecem Falando sobre as fontes que mobilizam em cada um a criação da forma artística as autoras afirmam que elas se constituem pela relação existencial entre criador e o mundo pela maneira como o sujeito é afetado pelas vivências com seu meio e consigo mesmo Estas experiências movimentam um processo de elaboração imaginária que culmina na ideação de um objeto ao qual o criador dará uma forma material Este processo marca a importância da qualidade e variedade de experiências oferecidas e recebidas pelo sujeito criador A ECD pretende oferecer um espaço através do qual possamos nos desvelar tanto em relação a nós mesmos quanto na interação com os outros e o ambiente A prática da ECD compreende um processo contínuo que nos convida a experiências do humano como dedicação constância persistência importantes qualidades que devemos praticar Aliás diante da corrida desenfreada associada ao consumismo atual não se pode esquecer também do desenvolvimento da tolerância do companheirismo do respeito Talvez uma forma de cada um de nós voltar a ser Caçador de mim Tive oportunidade de realizar uma pesquisa em DançaEducação que constitui minha dissertação de mestrado intitulada Corpo Natureza sentidos da Expressão CorporalDança na Natureza entre adolescentes O estudo analisa atividades de Expressão CorporalDança na Natureza ECDN desenvolvidas no Rio de Janeiro com adolescentes da classe média junto à Escola de Arte Tear A pesquisa de natureza qualitativa teve como objetivos 180 1 Mapear os sentidos de ECDN para adolescentes praticantes desta atividade conforme expressos em seus discursos 2 Identificar pontos de convergência entre os sentidos de ECDN dos praticantes e os objetivos presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs especialmente nas áreas de arte e meio ambiente Os fundamentos teóricos que nortearam o estudo foram extraídos de textos que explicitam a proposta de Expressão CorporalDança ECD de textos oficiais dos PCNs e do pensamento de autores que abordam temas relacionados à pesquisa entre eles adolescência imaginário social mito grupo e análise do discurso Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com adolescentes praticantes de ECDN cuja idade variou de 13 a 20 anos Na análise de seus discursos quatro marcas lingüísticas se destacaram e foram estudadas pormenorizadamente sentir experiênciaser adolescentegrupo As conclusões do estudo apontam que existem inúmeros pontos de convergência entre as experiências desenvolvidas em ECDN e as concepções e recomendações oficiais contidas nos PCNs especialmente no que diz respeito à necessidade de fomentar a autoexpressão dos adolescentes e seu encontro consigo mesmos com os outros e com o meio ambiente na busca de um desenvolvimento individual socialmente integrado Referências BRASIL Ministério da Educação 2000a Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Fundamental 1a à 4a Série Educação Física Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 24 maio 2003 Ministério da Educação 2000b Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino fundamental 1a à 4a Série Meio Ambiente e Saúde Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 24 maio 2003 Ministério da Educ ação 2000c Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Fundamental 5a à 8a Série Introdução Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 20 set 2003 Ministério da Educação 2000d Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Fundamental 5a à 8a Série Educação Física Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 20 set 2003 Ministério da Educação2000e Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Fundamental 5a à 8a Série Meio Ambiente e Saúde Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 20 set 2003 181 Ministério da Educação 2000f Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Fundamental 5a à 8a Série Arte Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 20 set 2003 Ministério da Educação 2000g Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio Parte I Bases legais Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 20 set 2003 Ministério da Educação 2000h Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio Parte II Linguagens Códigos e suas Tecnologias Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 20 set 2003 BOTELLI M Corpo Natureza sentidos da expressão corporaldança na natureza entre adolescentes Dissertação de Mestrado Programa de PósGraduação em Educação Física Rio de Janeiro Universidade Gama Filho 2004 READ H Educación por el arte Buenos Aires Piados 1977 SACHS C Historia universal de la danza Argentina mimeo 1980 STOKOE P et al La expresión corporaldanza en el congreso pedagógico In Encontro La Educación en el Congreso Pedagógico Buenos Aires mimeo 1986 STOKOE P SIRKIN A El proceso de la creación en arte Argentina Almagento 1994 STOKOE P Expresión Corporal Arte Salud y Educación Buenos Aires ICSA Humanitas 1987 La expresión corporal Guía didáctica para el docente Buenos Aires Ricordi 1978 STOKOE P La expresión corporal y el adolescente Buenos Aires Barry 1976 Bibliografia Consultada ABERASTURY A KNOBEL M 1992 Adolescência Normal Porto Alegre Artes Médicas 1992 BUZZI A Introdução ao pensar O ser o conhecimento a linguagem Petrópolis Vozes 1992 CALLOIS R Os jogos e os homens Lisboa Cotobia 1990 CAMPBELL J Isto és tu São Paulo Landy 2002 O poder do mito São Paulo Palas Athena 1991 182 CHEVALIER J GHEERBRANT A Dicionário de símbolos Mitos sonhos costumes gestos formas figuras cores números Rio de Janeiro José Olympio 2001 DUARTE JR JF Os sentidos do sentir Curitiba Criar 2001 DURAND G O imaginário Ensaio acerca das ciências e da filosofia da imagem Rio de Janeiro Difel 2001 As estruturas antropológicas do imaginário São Paulo Martins Fontes 1997 ELIADE M Mito e realidade São Paulo Perspectiva 2000 O Sagrado e o Profano São Paulo Martins Fontes 1996a Imagens e símbolos São Paulo Martins Fontes 1996b MAFFESOLI M O tempo das tribos o declínio do individualismo nas sociedades de massa Rio de Janeiro ForenseUniversitária 1987 ORLANDI EP Discurso e leitura Campinas Cortez 2000 Análise do discurso princípios procedimentos Campinas Pontes 1999 Interpretação autoria leitura e efeitos do trabalho simbólico Petrópolis Vozes 1996 As formas do silêncio no movimento dos sentidos Campinas Unicamp 1993 A linguagem e seu funcionamento as formas do discurso Campinas Pontes 1987 3 A Modalidade Música no Composto ArteEducação MúsicaEscola notas certezas e indagações em torno da formação de professores Regina Márcia Simão Santos Resumo Apresento histórias de vida e trajetórias do pensamento em Educação Musical Educação Artística e ArteEducação no Brasil teorização políticas públicas e práticas curriculares cotidianas Trago questões contemporâneas para a formação de especialistas professores de arte nas modalidades artes visuais dança teatro e música e para a formação de professores das séries iniciais generalistas ou unidocentes a Professora Doutora pelo Departamento de Educação Musical do Centro de Letras e Artes da Universi dade Federal do Estado do Rio de Janeiro UniRio 183 propósito do composto arteeducaçãomúsicaescola arte música como forma de conhecimentopensamento experiência da ordem do plano de composição estética multiplicidade já presente na prática social trajeto dinâmico entre os caminhos de profissionalização e humanização e projeto educacionalpedagógicocurricular com um funcionamento da aula como mapacartografia Atuo na licenciatura do Curso de Música da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UniRio desde o início dos anos 1970 Vivi a proposta das licenciaturas curtas e plenas as tendências do pensamento em Educação Artística ArteEducação e Educação Musical a euforia em torno da Lei 569271 e recentemente a expectativa em torno da Lei 939496 que fala do ensino da arte como componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica e se conjuga com os documentos do MEC Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil Parâmetros Curriculares Nacionais de 1a a 4a e de 5a a 8a Diretrizes Curriculares para o Ensino Superior Diretrizes Gerais para as Licenciaturas Diretrizes Curriculares para a Educação Profissional de Nível Técnico1 que tratam por exemplo das modalidades artes visuais dança teatro e música e da formação de especialistas Minha história de vida se confunde com tais histórias que deixaram marcas inscritas em todos que viveram e estão vivendo essas experiências Não estamos aqui para fazer discursos saudosistas ou denunciatórios Há muito já temos ouvido falar do enfraquecimento das linguagens da arte no cotidiano escolar e quero me referir especificamente ao caso da música Como disse em recente congresso2 não cabe indagar que conjunto de fatores responde por isso se como dizem alguns a arteeducação enfraqueceu o projeto do Canto Orfeônico se algumas universidades brasileiras abdicaram dos saberes específicos de cada componente da área de arte a música na licenciatura e optaram por uma polivalência mal entendida se os músicos abdicaram da sua presença no projeto da Educação Básica de baixa hierarquia e prestígio social entre os campos profissionais e ocupações profissionais Ao invés de falar da volta da música para a escola concordo com Maura Penna 2002 quando prefere dizer que não temos sabido ocupar esse espaço que nunca deixou de ser oferecido pelos documentos oficiais no Brasil 1 Documentos normativos de orientação oficial mas não de caráter obrigatório que servem de base para a construção de projetos políticospedagógicos da competência das escolas em acordo com orienta ções das instâncias federal estadual e municipal conforme o caso São documentos situados histori camente Não devem ser tomados como um conjunto de princípios atemporais 2 XIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL Rio de Janeiro out de 2004 184 Não estamos aqui para dizer do que perdemos nesse percurso pois não se trata de recuperar nada resgatar nada restabelecer nada Um ritornelo na música ou na vida nunca é o retorno do mesmo Ao ser convidada para a mesa do XV Confaeb sobre novos caminhos na formação de professores de arte pensei em tratar de terminalidades de cursos flexibilização e percursos individuais autonomia do aluno no desenho do seu percurso curricular de quebra de fronteiras disciplinares e campos de saberes de ensino modular alternativas na organização curricular e currículos integrados Ou considerar que os saberes pedagógicos não se localizam exclusivamente nas licenciaturas que nos formamos professores numa rede de instâncias de formação no convívio cotidiano e direto com o campo profissional em meio a processos analíticos e intuitivos Mas isso tudo já foi tratado em outras ocasiões3 e preferi não me repetir aqui Pareceume oportuno então considerar o composto arteeducaçãomúsica escola nesse composto que questões contemporâneas parecem importar para tratar da formação de professores especialistas mas também de professores das séries iniciais hoje Educação Musical Educação Artística ArteEducação pedaços da história de uma prática curricular Parto da rememoração de pedaços da história da prática curricular que temos chamado de Educação Musical Educação Artística ou ArteEducação São fragmentos que existem em nós teorizações que em parte incorporamos Constituem 3 SANTOS RMS Música a Realidade nas Escolas e Políticas de Formação Revista da ABEM n 12 2005 no prelo Melhoria de vida ou fazendo a vida vibrar o projeto social para dentro e fora da escola e o lugar da educação musical Revista da ABEM v 10 p 5964 ABEM abr 2004 Labirinto caleidoscópio rede e espiral aberta o currículo a partir de um paradigma estético CONGRESSO INTERNACIONAL DE POLÍTICAS CURRICULARES Tema Currículo e Contemporaneidade questões emergentes UFPBCE João Pessoa Paraíba 2003 Poster A Universidade Brasileira e o Projeto Curricular dos Cursos de Música frente ao Panorama Pós Moderno Revista da ABEM n 8 p 6368 março 2003 Um Paradigma Estético para o Currículo considerações a partir de Gilles Deleuze e Jorge Larrosa Anais XIV CONGRESSO DA ANPPOM Porto Alegre ago 2003 CDROM A produção de conhecimento em Educação Musical no Brasil balanço e perspectivas OPUS Ano 9 n 9 Campinas Anppom p 4565 2003 A Formação Profissional para os Múltiplos Espaços de Atuação em Educação Musical Anais X ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL Uberlândia p 41 66 2001 185 um conjunto de heranças que pode ser atravessado por outros fluxos ser rasgado remontado atualizado São partes dessa trama VillaLobos instituindo o Canto Orfeônico por Decreto em 1931 no governo de Getúlio Vargas com um tríplice objetivo estético de disciplina e civismo Bloom tratando das taxionomias dos domínios afetivo psicomotor e cognitivo controlando e definindo objetivos em níveis e complexidade crescentes Herbert Read criando o termo arteeducação e falando do professorartista no que o aproximo de Paulo Freire Perrenoud Schon Nóvoa e Corazza Piaget antogonizandose com Robert Witkin que desenvolveu uma teoria com base na sensibilidade estética ao invés de baseada no conhecimento através dos objetos da ação sobre eles4 George Kellner frisando que em todo item de um programa é possível desenvolver processos de criação Fayga Ostrower fundamentando o debate sobre criatividade e processos de criação Jerome Bruner criando a noção de currículo em espiral espiral de conceitos e rompendo com currículos lineares Do apogeu dos discursos sobre a estrutura da matéria currículos centrados na estrutura da matéria segundo os grupos de especialistas chegamos a experimentar duas posições distintas a ênfase essencialista e naturalizante desses discursos e a suspeita de que tais estruturas são uma construção do homem existindo múltiplas lógicas possíveis na organização do conhecimento JaquesDalcroze avaliador da instituição escolar em que se pode reconhecer Dalcroze um século depois Debates n 4 Revista do Programa de PósGraduação em Música da UniRio 2001 p 0748 Cartografias na Educação Infantil quem joga IX ANAIS ABEM 2000 p 111132 et al Contribuições Para Discussão Sobre as Novas Diretrizes Curriculares dos Cursos Superiores Comunicação de Trabalho em GT Anais XI ENCONTRO DA ANPPOM Campinas 1999 p 123127 Cultura e Globalização desafios ao ensino de música na cidade contemporânea In Interfaces Revista da PósGraduação das Unidades do Centro de Letras e Artes da UFRJ ano IV n 5 temático Globalização e Cultura Ano IV n 5 out 1998 p 2132 Uma Educação Musical em face da sensibilidade urbana da presente modernidade In ANAIS VI ENCONTRO DA ANPPOM p 120127 1993 SANTOS RMS e ALFONZO NR No compasso de um paradigma estético entre o liso e o estriado falando de práticas curriculares em Música e Educação II COLÓQUIO FRANCOBRASILEIRO DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO O DEVIRMESTRE ENTRE DELEUZE E A EDUCAÇÃO UERJ Rio de Janeiro 2004 Sessão Especial CDROM Música e Educação práticas cotidianas como composições estéticas Anais VI COLÓQUIO SOBRE QUESTÕES CURRICULARESII COLÓQUIO LUSOBRASILEIRO SOBRE QUESTÕES CURRICULARES Rio de Janeiro UERJ 2004 4 Como as crianças organizam uma coleção de pedras em círculo triângulo linha como resultado de uma qualidade estética e não com base na consciência de uma invariância quantitativa Esta é uma das questões que destaco do seu livro de 1974 intitulado The Intelligence of Feeling 186 Elliot Eisner indagando mais recentemente em torno da estrutura e mágica no ensino de arte EISNER 1999 e reiterando que sempre há uma estrutura sempre a aprendizagem diz de algum relacionamento alguma seqüência conexão não necessariamente única verdadeira linear Seria hoje mais próprio falar de estruturas acentradas com centros moventes estruturas rizomáticas espirais com anéis abertos caleidoscópios labirintos Esta seria outra forma de pensar o funcionamento da arte do conhecimento da vida Em todo esse percurso fomos abandonando o paradigma do racionalismo acadêmico enciclopedismo sendo atravessados pelo paradigma tecnicista ênfases aplicacionistas em torno de técnicas e métodos e experimentando a ênfase nos processos cognitivos Em Educação Musical usamos as músicas para disciplinar os corpos ensinar cantando o que se pode ensinar falando dar ordens de modo mais agradável e cantando todos juntos São musiquinhas de comando FUKS 1991 que muitos manuais pedagógicos e cancioneiros para a escola nos ensinaram a usar E selecionamos músicas folclóricas e canções pedagógicas para as festas e comemorações do calendário escolar Chegamos a incluir as músicas de diversas culturas amenizando o peso no repertório eurocêntrico música séria cultura musical erudita européia música clássica música escrita cultivated music notated music Fomos afetados pelo paradigma da cultura e passamos a considerar a possibilidade de trabalhar sobre as culturas Da camiseta ao museu título de um livro que bem poderíamos num paralelo chamar de Do jingle à música de concerto ou inverter indo do museu à camiseta sem o pretexto de partir da cultura do aluno para chegar à mais nobre numa operação de diferenciação hierarquização e exercício de poder Falamos de multiculturalismo de diferença e identidade e hoje entendemos que não basta defender a tolerância e o respeito à alteridade sendo necessário considerar como se constituem históricosocialmente tais diferenças e identidades Em música vimos se alargarem os horizontes do trabalho com o material e as mediações pedagógicas os brasileiros Gazzi de Sá Liddy Mignone e Sá Pereira investiram na mediação pedagógica através de sistema de sílabas e de números a mediação corporal e a qualidade cinestésica formaram a base do discurso dalcroziano sobre a memória corporal do ritmo e o som apreendido pelo corpo inteiro numa sensação tátilmotora Para Dalcroze 1967 interessava que o aluno pudesse dizer 187 ao final de uma experiência de ensino eu sinto ao invés de dizer eu sei p 63 As idéias de Orff chegaram ao Brasil pondo em destaque o potencial expressivo das palavras a qualidade musical rítmicosonora das rimas e lengalengas e defendendo uma prática musical de conjunto intuitiva e imediata com ênfase nas atividades de criação Os vários representantes do movimento de Oficina de Música exploraram o som produziram o som propuseram o desenvolvimento de processos de composição empírica os músicoseducadores europeus e norteamericanos Briam Dennis John Paynter Murray Schafer o alemão naturalizado brasileiro Hans J Koellreutter a argentina Violeta Gainza os brasileiros Luiz Carlos Cseko e Jorge Antunes o uruguaio Conrado Silva atuante na vida acadêmica e cultural no Brasil por várias décadas são alguns de quem nos lembramos Falase de método préfigurativo KOELLREUTTER 1997 p 41 e de ensinar no limite do risco SCHAFER 1991 p 277 Defendeuse um currículo menos fragmentado e por processo de composição empírica indo direto aos materiais visto que há pouco valor em se saber sobre ritmo pulso e duração a não ser que a visão derivada da experiência nos capacite a lidar com outros usos de ritmo pulso e duração onde e quando os encontrarmos PAYNTER 1983 p 345 Desafiouse o professor de música a uma ação pedagógica norteada pelo princípio do prazer em lidar com sons ao invés de orientada por uma seqüência de informações e habilidades técnicas lidar com direções que possam vir dos alunos sem critério aparente Para Paynter 1983 um bom planejamento deveria possibilitar mudanças na direção ou caminhos alternativos para lidar com linhas inesperadas da exploração que possam vir dos alunos p 43 Isso tomandose um princípio unificador que liberte o potencial musical em várias direções e ainda assegure a abordagem de conceitos musicais sem nenhuma fragmentação p 66 Mais recentemente temos discutido as possibilidades de diálogo com a cultura midiática as culturas do cotidiano na sala de aula considerando na segunda metade do século XX o impacto da tecnologia o acesso às músicas através da audição a prática intensa dos adolescentes ouvindo música no seu ambiente familiar e no cotidiano da vida urbana shoppings academias lugares públicos os mais diversos com funções e identidades variadas Temos buscado compreender os diversos contextos onde se dá o aprendizado musical na vida cotidiana 5 Tradução de Regina Marcia Simão Santos 188 Por uma política de formação de professores especialistas nas modalidades da arte e professores das séries iniciais A que ações e pensamentos toda essa trajetória e toda essa imbricada composição nos leva hoje Quero desenvolver isso em cinco pontos que entendo serem questões contemporâneas para o traçado de uma política de formação de professores especialistas nas diversas modalidades da arte e também para professores das séries iniciais considerando o funcionamento pedagógicocurricular a Arte Música como forma de pensamento e conhecimento Deleuze e Guattari vão tratar da arte ciência e filosofia como três formas de pensamento e campos indiscerníveis um não sendo inferior nem mais relevante que o outro ou de excelência ou lugar exclusivo de criação e pensamento Todos os três são campos de criação Assim se desfaz a visão romântica da arte como lugar exclusivo da criatividade e do espontâneo Dizem Deleuze e Guattari 1992 que é o cérebro que diz Eu mas este Eu não é apenas o eu concebo do cérebro como filosofia é também o eu sinto do cérebro como arte A sensação não é menos cérebro que o conceito 6 p 271 A ciência tem a função de produzir proposições científicas a filosofia tem a função de produzir conceitos e a arte tem a função de produzir blocos de sensação de afetos Diz de afetar e ser afetado por uma escultura seus trajetos interiores ângulos de ser arrastado pelo devirjazz de uma performance musical por uma interpretação do Hino Nacional Brasileiro na voz de Fafá de Belém de ser afetado pelos materiais num processo de experimentação E o gestual do maestro o cheiro da tinta ou o pêlo da brocha fazem parte desse bloco de sensações Não há mais lugar para os binarismos reducionistas do tipo arte como lugar da emoção do inefável do transcendente do metafísico e do inexprimível e ciência como pensamento via razão Arte ciência e filosofia não competem entre si são apenas formas de organizar o caos concomitância de linhas Arte ciência e filosofia brigam contra a opinião o clichê o molde o dado pronto no lugar do pontoposição já dado de antemão numa estrutura seria mais próprio falar do pontolinha que surge no trajetocartografia 6 Curioso é observar que na virada do século XIX para o XX Dalcroze falava que os seus alunos deveriam chegar ao final de uma experiência de ensino dizendo eu sinto ao invés de dizer eu sei 189 Urge tratar a arte como área de conhecimento como instrumento de compreensão do mundo e intervenção na realidade como leitura do mundo através das marcas sonoromusicais das vestimentas das esculturas da arquitetura etc Marcas que talvez já não tenhamos na memória sons que já perdemos garrafas de leite rangido de cadeiras de balanço no assoalho rodas de carros de boi trepidar de paralelepípedos no fundo do carro Essa afinação do mundo ou paisagem sonora como diz Schafer todos os corpos sonoros todo objeto suscetível de produzir sons tem sentidos inscritos socialmente Há implicações disso no projeto de formação de professores de Arte e dos professores das séries iniciais no funcionamento da prática curricular b Arte Música como plano de composição estética que extrapola o plano de composição técnica Os materiais entram na sensação seja quando se compõe a partir de um plano detalhado ou quando se vai compondo de cor em cor de som em som por experimentação A arte como plano de composição estética atravessa e une os eixos do fazer apreciar refletir Integra o produzir executar criar fruir e refletir Refletir sobre conhecimento técnico notacional perceptivo sobre conhecimento socialmente acumulado contextualização dos produtos culturais e históricos sobre sentidos e subjetividades contextualização histórica social psicológica antropológica geográfica ecológica biológica o que amplia o que temos vivido tradicionalmente como História da Arte Há implicações disso no projeto de formação de professores de Arte e dos professores das séries iniciais no funcionamento da prática curricular c Arte Música como multiplicidade já presente na prática social musical no caso Estar entre a variação de um idêntico e a identidade de um diverso conforme expressão de Barbero 1987 falando dos fenômenos de cultura e comunicação Essa é a condição em que nos coloca a cultura pelo seu funcionamento intertextual em rede com produtos híbridos misturando presente e passado e produzindo sentidos que se dão na remissão a outras obras do mesmo gênero ou não Uma multiplicidade já está presente na prática social e podemos falar de uma música sobreposta interdependente de outras práticas e não pura musicalidade SAID 1992 p 121 ao mesmo tempo em que falamos da música como experiência massiva e singular Música compartilhada com suas matrizes culturais inscrita num 190 ritual social no qual um grupo se reconhece e música como experiência individual e idiossincrática não visando a comunicação social Um menino congadeiro diz que aprende a bater o ritmo do congado indo direto no batido ARROYO 1999 o aluno da escola regular diz que gosta mesmo é do batidão do funk ALFONZO 2004 Em ambos os casos referem se a um composto uma multiplicidade dada a cada instante o batido do congado e o batidão do funk são ao mesmo tempo ritmos timbre intensidade coreografia dança Borramse as fronteiras entre essas dimensões de uma mesma experiência social No batido e no batidão há tanto uma escuta guiada por convenções quanto uma escuta que escapa às coordenadas que orientam qualquer suposta escuta certa ideal e totalizante Há implicações disso no projeto de formação de professores de arte e dos professores das séries iniciais no funcionamento da prática curricular d Arte Música nos seus caminhos de profissionalização e humanização Um músico popular cego tocador de viola afirma Tô tocando tô me divertindo É a minha profissão7 Divertirse e ir se tornando um músico profissional se confundem Mundo do trabalho e profissionalização parecem se instalar sem que se tenha um demarcador temporal para isso De igual forma o jovem vai se profissionalizando em música hoje sem que se possa precisar quando e como começa a sua profissionalização Essa é uma realidade que temos encontrado nos dias atuais e que nos leva a rever célebres binarismos e códigos de coleção que guiaram projetos e políticas educacionais no Brasil formação do músico x formação de platéia formação profissional x formação geral Se professores abrem portas e se falamos de um projeto éticopolítico socialestético como não conceber que um projeto esteja centrado em tarefas que façam sentido para o aluno e para o professor aumentando a potência de agir e de viver a potência de produção e a capacidade de tomar decisões musicais favorecendo o crescente desejo de competência e a expectativa de profissionalização e Arte Música no projeto educacionalpedagógicocurricular com um funcionamento da aula como mapacartografia Decorre disso tudo que não se trata de entender a arte como campo de conhecimento proposicional Ao invés de dizer o que é a bossanova dizer do que 7 Documentário Som da Rua TV ZERO Exibições através da emissora de televisão CANAL BRASIL 191 experimentamos seu devirjazz seu devirimpressionismo seu devirsamba entre essas qualidades e blocos de sensação Ao invés de uma unidade programática no planejamento de ensino que define o que é ritmo experimentar o devirritmo nas suas multiplicidades sempre um conceito em fuga que depende das circunstâncias que é da ordem do acontecimento dos eventos em seus relacionamentos em cada contexto seja no transcurso de um trecho musical nos modos de falar um nome ou uma frase faladacantada melodiada Nesses trajetos que são cartografias a escuta é nômade inesgotável de caráter heurístico e sempre reinventada mesmo quando se dá em sistema musical com alto grau de previsibilidade Decorre também que devemos estranhar os projetos de disciplinarização e institucionalização da Arte como conhecimento escolar como a temos caracterizado na cultura escolar O exercício de atomização para melhor controle e domínio do processo de administração do conhecimento e os binarismos na grade fora da grade curricular extracuricular ou profissional não profissional devem dar lugar à experimentação de outras possibilidades de lidar com educação e organização curricular Sandra Corazza na sua palestra intitulada Nos Tempos da Educação8 trata do que herdamos para então considerar a herança que deixaremos no campo pedagógicocurricular A herança que deixaremos decorrerá de uma decisão cotidiana fundamentada compartilhada construída coletivamente investindo nas brechas abertas nos documentos da educação maior oficial instituída Entre notas certezas e indagações As questões que se colocam à formação de professores de Arte hoje propondo novos caminhos frente aos novos conhecimentos da arte da filosofia e da ciência não geram respostas prontas para reprodução Geram profundo questionamento sobre a lógica dos cursos de formação já que é neles que aprendemos a prática do enciclopedismo da didática bancária do ensino proposicional do moverse pela força reativa estudar para passar na prova Diz Perrenoud 1995 8 Conferência de abertura do XIII Encontro Anual da Associação Brasileira de Educação Musical Rio de Janeiro outubro de 2004 192 Estes esquemas uma vez adquiridos não se transformam facilmente de hoje para amanhã e comandam uma parte das novas experiências do indivíduo tanto na construção de uma imagem da realidade como nas condutas concretas que adota em relação ao seu trabalho Se se aceitar esta análise admitirseá que o tipo de funcionamento que favorece durante tantos anos a organização escolar condiciona profundamente as competências e as estratégias que os atores ao tornaremse adultos mobilizarão no seio de outras organizações p 33 Quando e como vamos romper este círculo VillaLobos 1987 afirma que temos mais necessidade de professores de senso estético do que de escolas ou cursos de humanidades p13 Fica a pergunta a nos inquietar e mobilizar para ações emergentes onde se aprende a ser professor artista aquele que compõe com o outro lida com a brincadeira com o jogo da criação queensina no limite do risco já que depende do trajeto e do percurso Que faz uma pedagogia plástica e constrói currículos dançantes Que projeto pedagógico e curricular poderá ser útil à formação desse profissional Referências ALFONZO NR Prática Coral um plano de Composição Dissertação de Mestrado Programa de PósGraduação em Música Rio de Janeiro UNIRIO 2004 ARROYO M Representações Sociais sobre Práticas de Ensino e Aprendizagem Musical um estudo etnográfico entre Congadeiros professores e estudantes de música Tese de Doutorado Programa de PósGraduação em Música P Alegre UFRGS 1999 BARBERO JM De los Medios a las Mediaciones Comunicación Cultura y hegemonia México Gustavo Gili 1987 DELEUZE G e GUATTARI F O que é a Filosofia Tradução Bento Prado Jr e Alberto A Muñoz Rio de Janeiro Ed 34 1992 EISNER E Estrutura e Mágica no Ensino da Arte In BARBOSA AM org ArteEducação leitura no subsolo 2 ed São Paulo Cortez 1999 p 7894 193 FUKS R O Discurso do Silêncio Rio de Janeiro Enelivros 1991 JAQUESDALCROZE E Rhythm Music Education England The Dalcroze Society 1967 KOELLREUTTER HJ O Espírito Criador e o Ensino PréFigurativo In KATER C org Cadernos de Estudo Educação Musical Belo Horizonte Atravez EM UFMGFEAFAPEMIG p 5359 1997 PAYNTER J Music in the Secondary School Curriculum Cambridge University Press 1983 PENNA M Professores de Música nas Escolas Públicas de Ensino Fundamental e Médio uma ausência significativa Revista da ABEM Porto Alegre n 7 p 07 20 set 2002 PERRENOUD P Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar Porto Porto Editora 1995 SAID EW Elaborações Musicais Rio de Janeiro Imago 1992 SCHAFER RM O Ouvido Pensante São Paulo UNESP 1991 VILLALOBOS H Presença de VillaLobos v IX MECDAC Museu Villa Lobos 1974 In O Pensamento Vivo v 18 Heitor VillaLobos São Paulo Martin Claret 1987 4 Cursos de Arte novos caminhos Abordagens metodológicas do teatro na educação Ingrid Dormien Koudela Arão Paranaguá de Santana A crítica educacional contemporânea tem evidenciado que muitas práticas pedagógicas se restringem apenas à aplicação de técnicas desvinculadas de uma justificativa teórica resultando no afastamento dos reais propósitos da ação educativa Professora Doutora da Escola de Comunicação e Artes USP Professor Doutor da Universidade Federal do Maranhão UFMA 194 em relação às possibilidades de aprendizagem concreta que são propiciadas aos sujeitos Inferese que essas práticas desconhecem via de regra as bases teóricometodológicas que se foram agregando no decorrer da história o que assegura a necessidade de se sistematizar a discussão em torno do assunto Não somente na esfera do teatro como em qualquer área do conhecimento os pressupostos epistemológicos de uma metodologia do ensino necessitam proporcionar o conhecimento da estrutura teóricoprática dos procedimentos que levam à aprendizagem ensejando a incorporação do pólo instrucional ao pólo sociocultural Nessa trajetória o que se convencionou denominar de metodologia do ensino adquire um valor relativo que se configura no enlace entre educador e educando em meio a condições objetivas matéria situação escolar ambiente etc e subjetivas pessoas comunidades etc O termo método descende do grego metá pelo através e hodós caminho e significa na perspectiva pedagógica a unidade entre teoria e prática que compreende o ambiente educativo em face da realidade cultural na qual os atores estão inseridos Neste sentido metodologia do ensino constituise em uma atividade de natureza complexa que se torna objetiva somente quando é convertida em procedimento pedagógico voltado para a superação do apriorismo do dogmatismo e do espontaneísmo Nas últimas décadas a presença da arte na educação brasileira alterouse progressivamente fazendo emergir algumas conquistas bastante significativas a saber i a legislação curricular foi aperfeiçoada em todos os níveis da educação nacional ii os cursos universitários atualizaram seus projetos pedagógicos ou estão adotando essa estratégia iii há entidades representativas da produção intelectual atuantes em todas as linguagens e a atuação da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós Graduação em Artes Cênicas Abrace é um dos exemplos mais significativos iv multiplicaramse as oportunidades no mercado de trabalho v mudou o panorama editorial em termos quantitativos e qualitativos graças sobretudo à pesquisa desenvolvida nos cursos de pósgraduação1 Para compreender o contexto em que esses avanços estão configurados no terreno da pedagogia teatral tornase imprescindível verificar quais são os fundamentos teóricometodológicos que lhe dão sustentação e de que maneira eles se cristalizaram na história da educação brasileira conforme discussão a seguir 1 A navegação no site do CNPq resultou numa lista de 131 grupos de pesquisa na área de artes cadastrados na plataforma LATTES cujos trabalhos tratam de temas específicos referentes as artes cênicas artes visuais música dança e outras linguagens ou abordam perspectivas multidisciplinares informação capturada no site wwwcnpqbr em 10022004 Ademais podese dizer que a produção nacional expan diuse de maneira articulada aos parâmetros internacionais da pesquisa em arte 195 Conceitos e práticas recorrentes no Brasil Do ponto de vista epistemológico há algum tempo atrás os fundamentos do teatro na educação eram pensados a partir de questões dirigidas ou formuladas pela psicologia e educação indicando o caminho a orientar Hoje a história e estética do teatro fornecem conteúdos e metodologias norteadoras para a teoria e prática educacional Podemos dizer que a situação se inverteu sendo que especialistas de várias áreas e em vários níveis de ensino da Educação Infantil ao Ensino Superior buscam a contribuição única que a área de teatro pode trazer para a educação Ainda que possa ser considerado em grande parte utópico diante da miséria em que se encontra a educação brasileira o caminho afigurase talvez como a última possibilidade de resgate do ser humano diante do processo social conturbado que se atravessa na contemporaneidade Para atender a essas prerrogativas sociais podese dizer que há várias abordagens metodológicas para o teatro na educação que nasceram de forma independente em contextos culturais e educacionais diversos e em grande parte estranhos uns aos outros2 Inventariando teríamos o lehrstück o jogo de aprendizagem brechtiano e a animation Ambos sugerem a parceria entre projetos artísticos e educacionais o teatro na escola e a escola no teatro A renovação da linguagem do teatro de espetáculo não é dissociada do vasto campo chamado teatro amador que engloba o teatro na escola e o grupo comunitário Bons exemplos são o teatro da espontaneidade de Moreno o lehrstück de Brecht o teatro fórum de Boal e os jogos teatrais de Viola Spolin Mas por que ensinar teatro para crianças e jovens Ou para amadores Essa pergunta de ordem epistemológica tem mais de uma resposta O termo theater game jogo teatral foi originalmente cunhado por Viola Spolin em língua inglesa Mais tarde ela registrou o seu método de trabalho como Spolin Games A autora americana estabelece uma diferença entre dramatic play jogo dramático e game jogo de regras diferenciando assim a sua proposta para um teatro improvisacional de outras abordagens através da ênfase no jogo de regras e no aprendizado da linguagem teatral3 2 Inúmeros termos designam a área do teatro na educação drama child drama creative drama creative dramatics improvisational drama drama in education educational drama informal drama art education theatre education theatre in education educational theatre A discussão em torno da gênese e desenvolvimento dessas expressões é analisada por Ingrid Dormien Koudela Jogos Teatrais São Paulo Perspectiva 1984 3 Ver SPOLIN V Jogos teatrais o fichário de Viola Spolin São Paulo Perspectiva 2001 Jogos teatrais no livro do diretor São Paulo Perspectiva 1999 Improvisação para o teatro São Paulo Perspectiva 1989 196 Nos livros de Winifred Ward encontramos os postulados da Escola Nova transportados para o ensino do teatro Apesar de teóricos como John Dewey preverem oportunidades para a expressão dramática na escola foi Ward quem desenvolveu princípios e técnicas e popularizou a atividade Seu livro Playmaking with children publicado em 1947 teve impacto considerável na Inglaterra e em todo o Reino Unido além dos Estados Unidos onde o termo creative dramatics passou a designar o movimento de teatro realizado com crianças Peter Slade publicou Child drama 1954 baseado em trabalhos desenvolvidos durante vinte anos na Inglaterra Sua tese é a de que existe uma arte infantil e na definição de Slade o objetivo do jogo dramático é equacionado pelas experiências pessoais e emocionais dos jogadores O valor máximo da atividade é a espontaneidade a ser atingida através da absorção e da sinceridade durante a realização do jogo Dentre os muitos valores do drama está o valor emocional e Slade propõe que o jogo dramático forneça à criança uma válvula de escape uma catarse emocional A diferença mais importante da definição de theater game de Spolin quando relacionada ao drama teatroeducação de origem inglesa ou ao creative dramatics drama criativo de origem americana reside na relação com o corpo O puro fantasiar do jogo dramático é substituído no processo de aprendizagem com o jogo teatral por meio de uma representação corporal consciente De acordo com Spolin o princípio da physicalization fisicizaçãocorporificação busca evitar uma imitação irrefletida mera cópia Dicotomia e polarização de objetivos e técnicas agravaramse durante os últimos trinta anos no Brasil Através da influência do escolanovismo e da postura espontaneísta podese caracterizar uma tendência que ancora os objetivos educacionais da atividade de teatro na escola na dimensão psicológica do processo de aprendizagem Nos textos especializados nacionais sucedemse descrições de objetivos comportamentais que são a justificativa para a inclusão do teatro no currículo da escola Ultimamente o conceito de jogo teatral vem tendo uma larga aplicação na educação e no trabalho com crianças e adolescentes Paralelamente à prática do jogo teatral em escolas e centros culturais o método de Viola Spolin vem sendo adotado em escolas de teatro contribuindo para a formação de atores e professores nas universidades O conceito de jogo teatral tem sido entre nós objeto de reflexão e fundamentação teórica sendo abordado através da conceituação de Piaget e Vigotski Na psicogênese da linguagem e do jogo na criança a função simbólica ou semiótica aparece por volta dos dois anos e promove uma série de comportamentos que denotam o desenvolvimento da linguagem e da representação Piaget destaca cinco condutas 197 de aparecimento mais ou menos simultâneo e que enumera na ordem de complexidade crescente imitação diferida jogo simbólico ou jogo de ficção desenho ou imagem gráfica imagem mental e evocação verbal língua A evolução do jogo na criança se dá por fases que constituem estruturas de desenvolvimento da inteligência jogo sensóriomotor jogo simbólico e jogo de regras O jogo de regras aparece por volta dos seteoito anos como estrutura de organização do coletivo e se desenvolve até a idade adulta nos jogos de rua jogos tradicionais folguedos populares danças dramáticas O jogo de regras favorece a aprendizagem da cooperação no sentido piagetiano Na teoria biológica de Piaget o processo de equilibração é promovido pela relação dialética entre a assimilação da realidade ao eu e a acomodação do eu ao real Com foco na psicologia do desenvolvimento é importante notar que a relação dialética entre assimilação e acomodação não se dá de forma harmônica no desenvolvimento da criança Na primeira infância prevalece a assimilação da realidade ao eu determinada pela atitude centrada em si mesma da criança até os seissete anos de idade O jogo de regras supõe o desenvolvimento da inteligência operatória quando a criança desenvolve a reversibilidade de pensamento O amplo repertório de jogos tradicionais populares sempre foi instrumento de aprendizagem privilegiada da infância As brincadeiras de rua como as amarelinhas os jogos de bolinhas de gude as cantigas de roda os pegadores o escondeesconde as charadas e adivinhas foram documentadas por exemplo por Peter Brueghel em uma imagem paradigmática sobre esse patrimônio cultural da humanidade A expressividade da criança é uma manifestação sensível da inteligência simbólica egocêntrica Pela revolução coperniciana que se opera no sujeito ao passar de uma concepção de mundo centrada no eu para uma concepção descentrada as operações concretas iniciam o processo de reversibilidade do pensamento Esse princípio irá operar uma transformação interna na noção de símbolo na criança Integrada ao pensamento a assimilação egocêntrica do jogo simbólico cede lugar à imaginação criadora Por uma correlação com a conceituação piagetiana a maior contribuição de Vigostski reside no favorecimento de processos que estão embrionariamente presentes mas que ainda não se consolidaram A intervenção educacional do coordenador de jogo é fundamental ao desafiar o processo de aprendizagem de reconstrução de significados A zona de desenvolvimento proximal muda radicalmente o conceito de avaliação As propostas de avaliação do coordenador de jogo deixam de ser retrospectivas o que o aluno é capaz de realizar por si só para se transformarem em prospectivas o que o aluno 198 poderá vir a ser A avaliação passa a ser propulsora do processo de aprendizagem O conceito de zona de desenvolvimento proximal como princípio de avaliação promove com particular felicidade a construção de formas artísticas No jogo teatral pelo processo de construção da forma estética a criança estabelece com seus pares uma relação de trabalho em que a fonte da imaginação criadora o jogo simbólico é combinada com a prática e a consciência da regra de jogo a qual interfere no exercício artístico coletivo O jogo teatral passa necessariamente pelo estabelecimento de acordo de grupo por meio de regras livremente consentidas entre os parceiros O jogo teatral é um jogo de construção com a linguagem artística Na prática com o jogo teatral o jogo de regras é princípio organizador do grupo de jogadores para a atividade teatral O trabalho com a linguagem desempenha a função de construção de conteúdos por intermédio da forma estética Outra abordagem metodológica e conceitual muito difundida no Brasil reportase à Peça Didática brechtiana4 Através da teoria da Peça Didática Brecht busca uma solução reintegradora para a sociedade e para o impasse da alienação artística E aqui não menos que no conjunto de problemas nos quaisse insere a filosofia marxista vai encontrála na sociedade sem classes O desenho da etapa propriamente comunista depois de revolucionariamente ultrapassadas as contradições não só do capitalismo como da fase instauradora da nova ordem proletária não é muito preciso e contém boa dose de redução teleológica senão utópica ou pelo menos profética A Peça Didática foi concebida por Brecht com o fito de interferir na organização social do trabalho infraestrutura Em um Estado que se dissolve como organização fundamentada na diferença de classes essa pedagogia deixa de ser utópica Por outro lado é justamente o caráter utópico da experimentação com a Peça Didática concebida para uma ordem comunista do futuro que garante a sua reivindicação realista no plano político Enquanto o palco privilegiado do Episches Schaustück Peça Épica de Espetáculo é o Schauspielhaus casa de espetáculo casa onde se mostra o jogo o Lehrstück Peça Didática busca palcos alternativos buscando romper a atitude passiva do espectador do consumidor de arte Ambas as tipologias dramatúrgicas pertencem à poética do Teatro Épico Dialético de acordo com Brecht 4 Ver KOUDELA ID Brecht na pósmodernidade São Paulo Perspectiva 2001 Brecht um jogo de aprendizagem São Paulo EDUSPPerspectiva 1991 Um vôo brechtiano teoria e prática da peça didática São Paulo PerspectivaFAPESP 1992 199 Na Peça Didática a realização do espetáculo fica condicionada à intervenção ativa do receptor na obra de arte no Kollektiver Kunstakt ato artístico coletivo A Peça Didática ensina quando nela atuamos Em princípio não há necessidade de platéia embora ela possa ser utilizada Brecht propõe dois instrumentos didáticos quais sejam o Handlungsmuster modelo de ação e a Verfremdung estranhamento O conceito de Handlunsmuster visa a radicalizar de acordo com Brecht a autonomia da obra de arte do próprio autor como modelo Ao escrever a Peça Didática Brecht abdica da autoria na medida em que concebeu exercícios de dialética nos quais o texto é experimentado cenicamente visando à participação do leitor como ator e co autor do texto O exame do Theaterspiel brechtiano levanta novos questionamentos O jogo teatral brechtiano pode atingir objetivos de aprendizagem específicos que são próprios ao teatro e só podem ser aprendidos através desta linguagem Para o teatro amador contemporâneo dos trabalhadores estudantes e crianças a libertação da obrigação de exercer a hipnose se faz sentir de forma especialmente positiva Tornase possível estabelecer fronteiras entre o jogo do amador e do ator profissional sem abandonar funções básicas do teatro O teatro como uma forma distinta de manifestação pública tem um Gestus próprio que pode ser declarado ou camuflado por meio da confissão do teatro como teatro Os campos hipnóticos do velho teatro de ilusões sugerem que ao abrir se a cortina aparecerá um mundo real de ações e paixões A capacidade de transformação completa é tida como uma característica do talento do ator se falhar tudo estará perdido Ela falha quando crianças brincam de teatro e com atores leigos Algo de artificial estará presente no seu jogo A diferença entre teatro e realidade aparece de forma dolorosa A natureza do Gestus é dialética justamente pelo fato de ser simultaneamente símbolo e ação física É o que lhe confere o status de Gestische Sprache linguagem gestual de acordo com Brecht No poema Teatro do Cotidiano o autor descreve como esse processo de pensamento se organiza No ensaio Cena de Rua tira as conseqüências do teatro do cotidiano para as formas de procedimento e a estética do Teatro Épico A cena de rua é eleita por Brecht como modelo de uma cena de Teatro Épico O teatro passa a ser o espaço do filósofo no sentido de Brecht que se reflete sobre os processos históricos para exercer uma ação sobre eles O conceito de Gestus 200 exerce justamente neste ponto nevrálgico ou neste campo de tensão entre os estados estéticos e históricos a sua importância primordial Tarefa do trabalho pedagógico na dicção brechtiana é ter em mira o concreto e o abstrato na forma do gesto que deverá ser operacionalizado tornado físico O Lehrstück foi estudado à margem ou esteticamente desqualificado a partir de pontos de vista artísticos críticos eou políticos que impediam o acesso à sua poética A marca registrada da vulgata brechtiana é pensar a Peça Didática como aprendizado e suporte de conteúdos que envelheceram Quando Brecht traduziu o termo Lehrstück para o inglês utilizou o equivalente Learning Play isto é um jogo de aprendizagem e não a instrumentalização de conhecimentos préestabelecidos Essa confusão afastou o conhecimento real do trabalho teórico de Brecht sobre a Peça Didática e sua capacidade de se adaptar a novos contextos A prática do Teatro do Oprimido de Augusto Boal surgiu da necessidade de reação às relações ditatoriais na América Latina na década de 1960 Boal conclui por uma total desativação do papel do espectador tendo em vista a sua libertação do papel de mero observador e com isso em última instância a libertação do povo de sua passividade e impotência Ao acusar Brecht de ter proclamado a experiência política apenas no nível da consciência e não da ação Boal desconhece as reflexões do escrevinhador de peças e sua teoria da Peça Didática Através da publicação de Brecht um jogo de aprendizagem foram recuperados materiais importantes que eram totalmente desconhecidos entre nós e que permaneceram em grande parte fragmentários e subterrâneos na obra de Brecht Na teoria da Peça Didática e na especificidade dessa tipologia dramatúrgica foi possível vislumbrar uma proposta estética e pedagógica que mostrou ser merecedora de novos aprofundamentos teóricopráticos de pesquisa com vistas à sua aplicabilidade no contexto educacional brasileiro contemporâneo A teoria pura da Peça Didática não mais existe e certamente nunca existiu É a possibilidade de ir além do plano meramente intelectual e buscar a percepção sensório corporal para provocar o processo de estranhamento de gestos e atitudes corporais o que torna a proposta pedagógica brechtiana singular Vemos na perspectiva de um dos maiores encenadores de Brecht no Brasil José Antonio Martinez Correia que 201 Na pequena brecha antes do primeiro fim antes da Segunda Guerra Brecht criou uma antítese teatral para deter o que vinha vindo o merchandising a arte como mídia Trouxe a tecnologia dos ritos taoístas de sacação social dialética para as suas peças chamadas de didáticas softwares sofisticadíssimos de educação social A Peça Didática entrou na máquina de produção cultural que os corais operários comunistas desencadearam num último round de guerra social Mas disso ficou um eco de teatro doutrinário Essas peças não são isso São obras de arte São como os mistérios dos jesuítas ou rituais de feitura de nova cabeça no candomblé que se fazem para sacar nossos papéis no jogo social Ritos austeros produzidores de estalos dialéticos não somente comunistas mas metáforas da sacação coletiva do tempo Essas peças sempre foram horrivelmente mal representadas como teatro político Como teve que fazer as malas Brecht trabalhou muito pouco com elas Essas peças inspiradas em ritos de teatro Nô chinês são programas teatralizados de aprendizagem que o Ministério da Educação deve aplicar à educação como Villa Lobos fez com os corais para a educação da juventude no teatro5 Uma educação política que pratique a educação estética e uma educação estética que leve a sério a formação política terá de esforçarse para alcançar uma consciência capaz de superar a diferença entre a esfera do estético e a do político no seu conceito de cultura Ou seja ambas as esferas não podem ser submetidas a um denominador comum pois tal redução significaria o fim da arte por outro lado não há como separar tais domínios um do outro posto que se inter relacionam continuamente através de um processo de oscilações O político de ser constantemente resguardado de modo a não se tornar unidimensional cabendolhe trazer ao estético a consciência de que ele se acha sob o signo do como se Nos últimos anos vem sendo usada no Brasil a terminologia Pedagogia do Teatro6 que incorpora tanto a investigação sobre a teoria e prática da linguagem artística do teatro quanto sua inserção nos vários níveis e modalidades de ensino Essa vertente focaliza principalmente pesquisas com ênfase no jogo teatral e na teoria do jogo com diferentes fundamentações O espaço como elemento 5 Folha de S Paulo 1999 6 Há várias referências tratando da Pedagogia do Teatro e suas variadas vertentes seja em publica ções ou encontros científicos a exemplo dos livros e anais da Associação de Pesquisa e Pós Graduação em Artes CênicasAbrace Ver também SANTANA AP de Coord Visões da ilha apontamentos sobre teatro e educação São Luís UFMA 2003 202 deflagrador do jogo e local privilegiado para enfrentamento e risco é um dos temas recorrentes bem como a criação de imagens a partir do jogo e a proposição de textos poéticos como deflagradores do processo pedagógico A perspectiva de interação entre jogo e narrativa é outro aspecto ressaltado Outra tendência verificada em várias pesquisas é o teatro como ação cultural Problemas sociais contemporâneos como as drogas o meio ambiente e a violência têm surgido como temas privilegiados nos trabalhos realizados com crianças e adolescentes Esse trabalho teatral vem sendo desenvolvido no âmbito de organizações nãogovernamentais de projetos de pesquisa e extensão nas universidades e através de apoios da iniciativa privada Os pesquisadores representantes dessa tendência propõem ampliar a discussão de políticas culturais que discutam o papel do Estado na busca de continuidade e apoio para o tratamento dos problemas sociais contemporâneos através do teatro e da arte A pesquisa que surge dentro dessa tendência manifesta preocupação com os critérios estabelecidos para a condução de projetos em ação cultural eou comunitária no que diz respeito ao treinamento e recrutamento de educadores considerandose as esferas estatais privadas e do terceiro setor Ainda uma outra vertente ressalta a importância do desenvolvimento da linguagem artística do teatro na formação do professor Essas pesquisas focalizam a vinculação corpo e voz e a voz como corporeidade A pedagogia do teatro abrange também o receptor na apreciação de espetáculos teatrais Assim como o espectador frente ao espetáculo o professor pode explorar os materiais de apoio educativo para transformar a ida ao teatro numa experiência significativa através da mobilização do processo de apreciação e criação de seus alunos A apreciação e a análise por parte das crianças e jovens de espetáculos teatrais de qualidade bem como a participação em eventos artísticos são formas de trabalhar a construção de valores estéticos e o conhecimento de teatro sendo que o professor poderá desenvolver procedimentos variados para avaliar a fruição apreciação e leitura do espetáculo fazendo propostas para a tematização do conteúdo da peça A Pedagogia do Teatro tem como referência teorias contemporâneas de estudos críticoculturais como o desconstrutivismo o feminismo e o pós modernismo Nesse tipo de teatro educadores e alunos empregam convenções que desafiam resistem e desmantelam sistemas de privilégio criados pelos discursos 203 dominantes e práticas discursivas da moderna cultura do ocidente Dessa forma a prática da ação dramática cria espaços e possibilidades para dar forma à consciência pósmoderna e póscolonial sensíveis à pluralidade diversidade inclusão e justiça social Acreditando que a escolarização a cultura e a economia no novo milênio vão exigir dos educadores brasileiros uma reavaliação de suas percepções rotineiras há solicitação quanto à construção de pontes no mais amplo sentido do termo para atingir o outro e a Pedagogia do Teatro pode contribuir para essa tarefa 204 1 Arte na Diversidade da função à inclusão1 Roberta Puccetti Resumo A arte na educação e sua relação com a diversidade cultural no exercício da cidadania plena efetiva e na inclusão social A função social e a ética da arte na educação no contexto da sociedade contemporânea A tendência sociointeracionista da arte na educação A arte como conhecimento como ruptura com o modelo racionalista tecnicista e individualista excludente Palavraschave Arte Educação Diversidade Inclusão Cidadania Função Social Ética Arte Diversidade Cidadania e Inclusão Mediadora Ritamaria Aguiar 1 MesaRedonda Tema Arte Diversidade Cidadania e Inclusão Mestre em Educação pela PUCCampinas SP Doutora em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba SP Diretora e Professora da Faculdade de Artes Visuais da PUCCampinas SP 205 Introdução O tema proposto para esta palestra pressupõe a relação a interlocução a articulação entre quatro idéias ou conceitos ricos em sentidos e significações o que sem dúvida permite uma variedade de aproximações Minha exposição se dará no sentido da articulação dos conceitos de diversidade cidadania e inclusão para situar ao final o papel da arte sob a perspectiva da arte na educação ou seja o ensino da arte e a função que desempenha na educação inclusiva numa sociedade multicultural O propósito é contribuir na reflexão sobre a função da arte estruturada na experiência do fazer na linguagem visual na expressão e conhecimento e na produção artística numa sociedade complexa diversa e globalizada Enfim demonstrar a importância da arte para todos e demonstrar que nesse sentido como aponta Loureiro 200315 a questão é mais de caráter ético do que estético ou seja permitir que todos sem distinção desfrutem das possibilidades do estético em que a diferença seja entendida como singularidade a inclusão como equilíbrio diante do desequilíbrio dissimétrico da exclusão a simetria da estética transposta para a dimensão social como garantia de que todos sem exceção possam exercer a real função da arte Multiculturalismo diversidade cidadania e inclusão Este termo multiculturalidade tem sido utilizado como sinônimo de pluralidade ou diversidade cultural indicando as múltiplas culturas hoje presentes nas sociedades complexas Atualmente vem sendo utilizado também o termo interculturalidade que implica uma interrelação de reciprocidade entre culturas Esse termo seria portanto o mais adequado a um ensinoaprendizagem em artes que se proponha a estabelecer a interrelação entre os códigos culturais de diferentes grupos culturais RICHTER 2003 A idéia de diversidade encontrase compreendida na construção da teoria da multiculturalidade Por sua vez a idéia de multiculturalidade é de certa forma uma resposta à globalização ao efeito homogeneizante excessivo buscase valorizar a diversidade e as identidades locais DEMO in TORRES 2003 As teorias do multiculturalismo predominam no discurso educacional de países democráticos nos últimos vinte anos e nasceram em resposta à constituição do sujeito 206 pedagógico nas escolas à interação deste com o sujeito político e também para enfatizar a relevância da multiciplicidade de identidades na educação e na cultura De tal forma que as teorias do multiculturalismo estão intrinsecamente ligadas às políticas educacionais e culturais e ambas se relacionam com as teorias da cidadania Ambas procuram identificar o sentido e as fontes da identidade e das formas concorrentes de identidade nacional regional étnica ou religiosa TORRES 2003 64 Contudo como adverte Torres 200364 as teorias da cidadania e da democracia refletem os desafios teóricos e práticos nas sociedades contemporâneas além de enfatizar os dilemas da negociação do poder em sociedades capitalistas De tal modo que a reflexão sobre uma não se faz sem a relação com as outras Essa aproximação ocorre quando se deparam com questões referentes à participação representação controle e equilíbrio do poder com os modos de promover a solidariedade para além das formas específicas de identidade TORRES 2003 6465 De modo geral porém é possível estabelecer os objetivos comuns entre as teorias segundo o autor quais sejam identificar um senso de identidade que integre o cidadão e o sujeito políticomulticultural estabelecer os limites e as possibilidades das formas de sociabilidades destinadas a promover a habilidade dos indivíduos para tolerar e trabalhar com pessoas diferentes de si mesmos aumentar a habilidade ou o desejo das pessoas de participar do processo político de promoção do bem público e da responsabilidade social contribuir para aumentar a disposição dos indivíduos de exercitar a autorestrição e responsabilidade pessoal na suas demandas econômicas e escolhas pessoais que afetem a saúde e a prosperidade da sociedade e do meio ambiente assim como o processo de formação de comunidades TORRES 2003 65 Ocorre que na perseguição desses objetivos as teorias convivem ou enfrentam alguns dilemas os conceitos de cidadania foram desenvolvidos em contextos bastante específicos e limitados as mulheres minorias pessoas com deficiências físicas ou mentais foram excluídas da definição de cidadão que identificam uma cidadania homogênea através do processo de exclusão sistemática em vez da inclusão social Os sistemas democráticos foram incapazes de evitar essa exclusão sistêmica e tampouco conseguiram realizar os valores de igualdade e eqüidade pois o capitalismo por definição exige representação diferenciada no poder e na política promovendo a injustiça e a desigualdade os conceitos de multiculturalismo não aceitaram ou relutaram em fazêlo um conceito de democracia e cidadania factível exeqüível e eticamente viável no contexto de uma sociedade capitalista TORRES 2003 6566 207 Evidenciase assim o conflito entre a idéia de uma sociedade democrática multicultural da cidadania plena sem distinção de qualquer tipo e as características e condições exigidas pelo capitalismo Conflito este que repercute nas políticas públicas de modo que a exclusão social compreendida como limitação da cidadania plena portanto bem mais que a simples participação política passa a ser a tônica de nosso tempo Tempo de sociedade fragmentada em dois mundos o dos incluídos e dos excluídos entre o homem racional e o homem sensível No embate entre a idéia de sociedade democrática multicultural de cidadania plena e as exigências capitalistas a educação transita como a mediação necessária como garantia de acesso às melhores condições sociais O ensino da arte como expressão do fazer humano histórico e social embasados em fundamentos teóricos metodológicos e filosóficos inserese nesse contexto não apenas como um processo de individualização mas também de integração que é a reconciliação da singularidade pessoal com a unidade social conforme assinala Read 1958 Na perspectiva da arteeducação portanto reconhecer a diversidade implica práticas educativas que estabeleçam a reciprocidade entre as múltiplas culturas ou como afirma Richter 200319 estabelecer a interrelação entre os diversos códigos culturais existentes A arte e a educação A experiência estética se situa na origem naquele ponto em que o homem confundido inteiramente com as coisas experimenta sua familiaridade com o mundo DUFRENE 1971 Desde os mais remotos tempos os homens registram suas marcas e percepções do mundo Esses registros são formas de comunicação singulares e históricas pois ultrapassam o tempo trazendo referências a respeito de uma multiplicidade cultural O acesso a eles contudo não nos é dado mas pode ser construído Em outras palavras somente é possível compreender a linguagem artística por meio do aprendizado organizado e fundamentado É a arteeducação que reúne os fundamentos teóricos históricos metodológicos filosóficos e epistemológicos que permitem a aproximação dessa específica e singular produção humana Inserida num processo histórico e social a arte se relaciona com o processo educacional de forma dinâmica Assim a história da arteeducação está impregnada 208 por concepções teóricas que revelam modos de compreender o homem e o mundo que ora enfatizam o fazer ora o exprimir ora a forma como elemento definidor da produção artística Sobre esses elementos foram construídos os diferentes paradigmas sobre a arte várias maneiras de conceber a arte e a função que desempenha na educação De tal modo que os pressupostos filosóficos e metodológicos na arte educação passaram por algumas transformações e várias tendências influenciaram o ensino e a aprendizagem da arte acompanhando as variações conhecidas pelo próprio conceito de arte Nesta apresentação porém nos limitaremos a considerar apenas a tendência sociointeracionista reflexiva emergente e crítica que contempla a arte como conhecimento que evidenciou a ruptura com o modelo tecnicista reprodutivista individualista e excludente O paradigma sociointeracionista parte de uma concepção integral do homem compreendido como racional e sensível inacabado um ser social e político que se rela ciona com outros homens e se constrói nessas relações um ser singular e coletivo que interpreta o mundo que emprega sentido ao que vivencia um ser dotado de corpo razão emoção e espiritualidade FREIRE 2004 e CHARLOT 2000 Comprerender a educação como um processo pelo qual o sujeito se constrói e a arte como uma produção que lhe é inerente uma produção social uma linguagem construída pelo ser humano e histórico modo construído de comunicação com o mundo que pode ser aprendido capaz de promover transformações Com Varela 1991 compreendemos que O espaço da arteeducação é essencial à educação numa dimensão muito ampla em todos os seus níveis e formas de ensino Não é um campo de atividades conteúdos e pesquisa de pouco significado Muito menos está voltado apenas para atividades artísticas É um território que pede presença de muitos tem sentido profundo desempenha papel integrador plural e interdisciplinar no processo formal da educação Sob esse ponto de vista a arteeducação poderia exercer um papel de agente transformador na escola e na sociedade A arteeducação é assim um conceito recente no contexto educacional brasileiro E o princípio que o sustenta é ver a arte não apenas como uma das metas da educação mas sim como seu próprio processo que é considerado criador FERRAZ e FUSARI 1993 209 A arteeducação função social e ética implícita no reconhecimento do outro Como presença consciente no mundo não posso escapar à responsabilidade ética no meu moverme no mundo FREIRE 2004 Nesse cenário vislumbrase a potencialidade inclusiva da arteeducação Desvelase no conhecimento artístico na linguagem da arte na experiência do fazer artístico revelase a função social e ética da arte como área do saber sistematicamente organizado em sua relação com a educação entendida como categoria fundamental para a construção do processo que emancipa o sujeito voltada à formação humana crítica implicada no reconhecimento dos direitos sociais dos indivíduos A potencialidade inclusiva da arte portanto sustentase no movimento dialético entre o sensível e o racional como proposta para transformação da existência e para uma prática cotidiana cidadã tendo como base uma filosofia estética e ética que compreende a pluralidade como pressuposto de sua construção Meira 200314 baseada na proposta de Guattari e Deleuze que propõem a ecologia como uma filosofia para pensar as relações contemporâneas afirma a complexidade da proposta de enfatizar a importância da subjetividade do sensível e sua implicação A complexidade diz respeito a questionar o lugar sensível da subjetividade nas relações do sujeito em todas as dimensões no cotidiano de suas práticas A implicação referese ao comprometimento necessário do sujeito como agente ou seja aquele a quem cabe promover a transformação e a formulação de um novo discurso sobre a vida e acerca dos meios formais e informais de aprender a realizar concretamente uma prática estética ligada à existência A transformação implica ainda como pondera Meira 20031415 um salutar estranhamento assim como a aproximação mental exige o tempero das emoções a ousadia de pensar sobre o diferente para reconhecer o outro como verdadeira alteridade pois a natureza e a cultura são múltiplas e o cosmo multidiverso Portanto a transformação que defendemos situase para além da visão homogênea do mundo e do homem A transformação possibilitada pelo acesso ao conhecimento artístico tem no reconhecimento do outro o seu foco Com efeito Ardoino in MORIN 2002553 em sua teoria sobre o pensamento plural e multireferencial tem na heterogeneidade compreendida como a instituição do outro um de seus pilares cuja relevância é defendida em razão de que 210 a experiência mais extrema às vezes a mais cruel mas provavelmente também a mais enriquecedora que podemos ter da heterogeneidade é a que nos é imposta através do encontro com o outro enquanto limite de nosso desejo de nosso poder e de nossa ambição de domínio Ainda sobre a instituição do outro Castoriadis in BARBOSA 199854 questiona Por que é necessária essa dura escolagem da realidade da distinção da diferenciação Por que não se pode suportar um outro que seja verdadeiramente outro e não simplesmente um outro exemplar de si Reconhecimento portanto que está além do conceito de alteridade compreendido apenas como idéia do outro conforme ressalta Ardoino in MORIN 2002553 Uma das significações mais profundas e talvez intoleráveis do plural é o caráter inelutável desse reconhecimento e dessa aceitação do outro alteração fenomenal concebida como jogo dinâmico e dialético do outro inserida numa duração muito mais ainda do que alteridade eidética somente idéia do outro mas todas as duas superando amplamente a simples noção de diferença porque ambas levam em conta a heterogeneidade aqui constituída principalmente de desejos interesses e intencionalidades e mesmo estratégias antagônicas É o mesmo Ardoino 199812 que enfatiza com clareza a distinção entre alteridade idéia freqüentemente presente nos discursos e alteração É muito mais fácil dormir com a idéia do outro se ele não ronca é muito mais difícil conviver com a alteração quer dizer com a ação do outro que tem negatricidade que se opõe a nós e da qual o desejo não responde necessariamente ao nosso Entendo que a função social e ética da arte tem origem na sua concepção como produção social humana que não fragmenta o homem entre ser racional e ser sensível pois transita entre o inteligível e a sensibilidade além de possibilitar o acesso ao outro de reconhecer na produção artística o outro que fala que reage e que se opõe a nós Nessa perspectiva plural a arte é uma forma de produção social dotada de compreensibilidade e autonomia que expressa no todo o seu criador e o seu fruidor Arte é construção de linguagem modo singular de reflexão humana onde interagem o racional e o sensível O processo criativo enquanto materialização do fazer é pura intencionalidade Portanto inserese num processo amplo o que revela o 211 universo de cada ser seu olhar sua visão de mundo num contexto de interação social referindose a um registro geral deacontecimentos e envolve a interioridade e a contemplação desencadeando a atribuição de significados carregando consigo as potencialidades cognitivas Na produção artística revelase o esforço de explicitar a idéia o pensamento e a visão É a representação simbólica da realidade do mundo interior e exterior de vários mundos Sob esse olhar a arte se constitui num sistema de representações construtora de símbolos que envolvem processos psicológicos e intelectuais que propiciam o desvelar da cultura e o acesso a ela a um modo de saber e de construir conhecimento que implica a idéia de alteração que apresentamos São esses fundamentos que permitem reivindicar para o ensino da arte uma função social e ética portanto inclusiva diante das necessidades educacionais contemporâneas A função desempenhada pela arte está implícita na análise crítica da educação tendo em conta o papel social que desempenha na formação sujeito Inserese portanto no contexto da transição paradigmática vivenciada pela educação e pela escola Em outras palavras a arteeducação está comprometida com outra visão de mundo e de homem que não aquela consubstanciada pelo modelo newtoniano cartesiano presa ao realismo materialista para o qual a realidade é constituída de objetos independentes dos sujeitos que os produzem e o conhecem A função social da arte está além da visão racionalista dualista e mecanicista do mundo A proposta educativa do ensino de arte está implicada com o ser humano inacabado inconcluso em construção nas relações com outros seres humanos social político histórico que dá sentido ao mundo e as experiências que vivencia que constrói seu modo de ser pelo aprendizado um ser composto de matéria razão emoção e alma Essa concepção abrangente holística do ser humano contempla a valorização de outras formas de conhecimento como o conhecimento artístico Sobre a função da arte Aragão 200240 pondera com propriedade que é formar o conhecedor fruidor e decodificador da imagem seja arte ou não Assim a função da arte é contribuir também no processo de construção do conhecimento Isto porque a concebemos como expressão por excelência da subjetividade do fazer e da criação Expressão que possibilita múltiplas leituras em que o processo de produção transita entre a sensibilidade e a razão E é justamente esta mobilidade o movimento dialético entre o racional e o sensível a origem de seu potencial transformador e inclusivo Assim no que se refere à arte ao processo de produção à linguagem e à expressão artística não há diferenças mas modos singulares de olhar o mundo É nessa perspectiva que atua a subjetividade que se constitui socialmente 212 pela linguagem que por sua vez representa mais que meio de expressão visto que está envolvida num processo de organização mental que implica a assunção de postura reflexiva diante da realidade e na compreensão de nós mesmos num movimento dialético entre o pessoal e o social A linguagem artística portanto desvela a capacidade de expressão inerente aos homens pois atua em sua dimensão criativa A produção artística é em si um processo de conhecimento no qual os fazeres se relacionam visto que compreende uma série de açõesoperações conectadas ao sujeito que compreende relaciona ordena classifica transforma e cria O sujeito participa ativamente desse processo percebe a realidade sua capacidade de transformar de inovar Enfim percebese como ser criativo e que seus limites podem ser superados A criação portanto implica aprendizagem e a arte como assinala Meira 2003122 tem o desafio de transformar e a pretensão de capturar a vida onde ela se esconde ou se camufla para o olhar mesmo nas coisas banais e simples De tal forma que as propostas de ensinar a arte inseridas numa filosofia estética demandam relacionar arte e vida onde o conhecer o fazer o expressar o comunicar e o interagir instauram práticas inventivas a partir das vivências de cada um A arte se constitui portanto num conhecimento fundamentado que se legitima na dimensão criativa e se apresenta pleno de possibilidade para o ensino inclusivo A concepção da arte como conhecimento como linguagem mediadora do conhecimento tem em conta que a aprendizagem não se resume apenas ao racional mas também à dimensão criativa e sensível do sujeito que observa e vê no mundo e se relaciona com o outro Compreende o sujeito como ser cultural dotado de percepções estéticas A linguagem artística por sua vez compreende várias categorias de expressão nas quais a construção de qualquer uma delas implica conhecimento e leitura de elementos O conhecimento da linguagem visual por exemplo assume fundamental importância quando se reconhece que vivemos na civilização da imagem conforme assinala Durand apud MEIRA 2003 40 e a partir daí necessário para a formação integral das pessoas e sua socialização em forma de inclusão do cidadão Acreditamos que o ensino de arte é resultado da articulação entre o fazer o conhecer o exprimir e o criar Tomando cada sujeito em sua unicidade inserido num pluralismo cultural temos que as histórias de vida são únicas e portanto são diversas as possibilidades de construção das expressões visuais 213 Conclusão A leitura crítica do mundo permite identificar as bases e os fundamentos sobre os quais se assentam a escola o ensino e as políticas públicas assim como as outras dimensões em que a sociedade se organiza A análise crítica é fundamental diante da necessidade de promover mudanças sociais profundas na escola quando se almeja práticas e processos escolares humanizados e inclusivos Nesse sentido é fundamental contemplar as formas de conhecimentos que se assentem sobre a concepção do ser plural e ao mesmo tempo singular A condição humana é plural A arte contempla essa pluralidade Nessa perspectiva entendemos que a arte na educação implica a busca do diferente novo da transformação e transposição de algo já existente e a criação do inexistente Sob este enfoque educação e arte têm muito em comum pois na arte o processo de criação move o fazer o conhecer e o exprimir em direção da transformação A arte então permite ao homem demonstrar como vê e como se vê no mundo Permite que outros conheçam essa relação daí que o ensino da arte implica o reconhecimento do outro ou seja mudanças A arte envolve o sujeito como elemento sensível e atuante que observa o mundo que se vê e vê os outros no mundo que aplica processos mentais racionais na produção e na leitura da produção artística Sujeito racional sensível que se relaciona que reconhece na produção e na linguagem artística a pluralidade de culturas Enfim um ser social cultural dentre tantas e diferentes culturas e dotado de percepções estéticas Em outras palavras o fazer a leitura da produção artística permitem identificar dados culturais símbolos e a significação presente no ato criativo em si em seu criador e no contexto histórico e social Desse modo a experiência artística é um exercício de sensibilidade em queas vivências têm significados e conteúdos e pode ser estimulada por meio de práticas pedagógicas que se constroem com as interações entre o fazer o conhecer e o exprimir o processo de criação e as concepções de linguagem com que o sujeito interage com o mundo apropriase de formas culturalmente organizadas de ação constituindose sujeito de seu próprio desenvolvimento capaz de utilizarse da arte para esse fim A arteeducação portanto rompe com o limite do racional e o estigma da exclusão pois ordena o pensamento revela a expressão convida à criação considera a perspectiva da diversidade de ruptura com a hierarquia com a segregação elitista 214 Referências ARAGÃO MCF Contextualizando a Arte na Escola para Todos Revista Integração n 24 Brasília Secretaria da Educação EspecialMinistério da Educação 2002 BARBOSA JG O Pensamento Plural e a Instituição do Outro Revista Educação Linguagem ano 7 n 9 São Bernardo do Campo Umesp jan jun 2004 ECO U A Definição da Arte São Paulo Martins Fontes 1986 BAKTHIN M Marxismo e Filosofia da Linguagem São Paulo Hucitec 1992 BUENO RPP A Arte na Diferença um estudo da relação arteconhecimento do deficiente mental Tese Doutorado Faculdade de Educação Piracicaba Universidade Metodista de Piracicaba 2002 CASTANHO MELM ArteEducação e Intelectualidade da Arte Dissertação Mestrado Faculdade de Educação Campinas PUC Campinas 1982 DUARTE JUNIOR JF Fundamentos Estéticos da Educação Campinas Papirus 2001 DUFRENE M Estética e Filosofia São Paulo Perspectiva 1971 FRANGIE LBP Por que se esconde a violeta São Paulo Annablume 1995 FREIRE P Pedagogia da Autonomia saberes necessários à prática educativa 29 ed São Paulo Paz e Terra 2004 JOLY M Introdução à Análise da Imagem Campinas Papirus 1996 LOUREIRO J de JP A Estética de uma Ética sem Barreiras Educação Arte Inclusão Caderno de Textos Programa de Arte sem BarreiraFunarte 2003 Ano 2 n 3 2003 MARTINS MC et al Didática do Ensino de Arte a língua do mundo poetizar fruir e conhecer arte São Paulo FTD 1998 MATURANA H Cognição Ciência e Vida Cotidiana Belo Horizonte UFMG 2001 MEIRA M Filosofia da Criação reflexões sobre o sentido do sensível Porto Alegre Mediação 2003 215 OSTROWER F Criatividade e Processos de Criação Petrópolis Vozes 1987 PAREYSON L Os Problemas da Estética São Paulo Martins Fontes 1984 READ H A Arte e Alienação Rio de Janeiro Zahar Editores 1983 A Educação pela Arte Lisboa Portugal Martins Fontes 1958 RICHTER IM Interculturalidade e Estética do Cotidiano no Ensino de Artes Visuais São Paulo Editora 2003 SANTAELLA L Arte e Cultura equívocos do elitismo São Paulo Cortez 1995 TORRES CA Org Teoria Crítica e Sociologia Política da Educação São Paulo Cortez e Instituto Paulo Freire 2003 VARELLA F et al The Embopdied Mind Cognitive Science and Human Experience Cambridge The MIT Press 1991 2 Pertencer e Viver Denise Mendonça Resumo A partir da História da Escola de Arte Tear e focalizando um de seus projetos sociais articulamse reflexões e devaneios acerca da importância da arte como produtora dos sentidos e das dimensões do ser do pertencer do perceber e do estar no mundo Levanta ainda questões sobre a função da arte nos projetos de reconstrução e inserção sociais Palavraschave Arte Inclusão Cidadania Diversidade Projeto Social Diretora Geral da Escola de Arte Tear e do Instituto de Arte Tear wwwinstitutotearorgbr 216 Pensar em elaborar um texto sobre arte diversidade cidadania e inclusão para fazer parte das memórias faebianas é antes de tudo relembrar trajetórias de uma história de arteeducação no Brasil e de muitas gerações de profissionais que a compuseram E desta forma me assombro ao pensar em como me inscrever neste tempo que me escreve1 Volto então aos idos de 1970 quando cursando a faculdade de musicoterapia no CBM conheci Cecília Conde Fernando Lébeis Dona Noêmia Varella Augusto Rodrigues Ana Mae Barbosa e tantos outros grandes educadores e educadoras que me puseram definitivamente diante do que viria a ser um projeto de vida a fundação do Tear em 1980 uma escola de arte na zona norte do Rio de Janeiro entre Vila Isabel Maracanã Mangueira e Tijuca Talvez não por acaso somos frutos de um tempo de silêncios esperas de profundas convicções humanistas e utopias traduzidas por metáforas o Tear por ser assim nomeado passe a existir com a missão de reatar fios e de tecer seu próprio tecido Explico os anos 1980 foram marcados por um sentimento e expressão de amizade cívica tempo de coração civil pulsando com entusiasmo e vivacidade Marcados por laços de filha quando nós brasileiros e brasileiras da Silva pudemos finalmente viver os sonhos antes clandestinamente exilados Uma época de filiações aos movimentos sociais artísticos e culturais emergentes partidos políticos associações sindicatos e federações como a Faeb De lá para cá o Tear vem florescendo Cresce em sua genealogia a partir do MEA Movimento das Escolinhas de Arte sua inspiraçãomatriz Os traços de sua identidade institucional se formam pelas naturalidades geográfica histórica política social e cultural constituindose como um espaço nãoformal de natureza privada com fins públicos de educação pela arte nas suas diversas linguagens e dimensões Pela vocação de atender um público variado todo e qualquer criança adolescentes e adultos incluindo comunidades populares indígenas e quilombolas trabalha através da arte em uma relação dialética de construção de conhecimentos na diversidade 1 Nas palavras de Affonso Romano de SantAnna 217 Também por trabalhar com a formação de educadores de vários segmentos profissionais em via de mão dupla educadoreducando consolida uma práxis que não se separa da experiência cotidiana dos sujeitos A esses fatos credito a sua característica de educação inclusiva com e pela arte A arte como produtora e reveladora de sentidos é o princípio norteador de todas as ações do Tear É o que leva às dimensões de ser pertencer perceber e estar no mundo Portanto a arte é sua poética e a educação sua política É a partir deste ponto e deste lugar que me coloco na vizinhança dos espaços e culturas acadêmicas que gostaria de tecer ou desfiar algumas idéias que possam contribuir para o tema deste colóquio Arte Diversidade Cidadania e Inclusão Puxarei para tanto um dos fios da malha de projetos que o Tear vem tecendo no momento o Projeto Ciranda Brasileira Para melhor compreensão das idéias defendidas e do trabalho desenvolvido fazse necessário enunciar um pouco mais de sua estrutura O Ciranda Brasileira é um projeto com e para adolescentes moradores de várias comunidades de baixa renda localizadas na Grande Tijuca Borel Formiga Salgueiro Casa Branca Chacrinha Turano e Macacos Reúne quatro programas de diferentes linguagens que dialogam entre si O Ciranda se realiza na casasede do Tear Todos os adolescentes estudam em escolas da rede pública e optaram por participar do projeto escolhendo um dos quatro programas oferecidos Catadores de História eixo literatura Artecidade eixo artes visuais Brincantes eixo artes corporaisteatro Menestréis eixo música Freqüentam em média de 9 a 16 horas semanais e quinzenalmente participam da TriboArte vivências fóruns integrando todos os grupos para discussões sobre diversos temas voltados para o universo adolescente É um projeto que instiga a todos nós educadores do Ciranda a pensar durante todo o processo de trabalho sobre as sutilezas delicadezas e contradições contidas num exercício da arte como libertadora e produtora de sentidos ao mesmo tempo 218 reveladora de grandes hiatos nãolugares de um tempo quando a violência nas suas várias dimensões passa a ser o avesso dos direitos É uma proposta de educação cidadã de promoção e de defesa de direitos dos adolescentes Tendo iniciado em 2001 hoje é possível observar a trajetória de alguns dos cerca de 150 adolescentes que estiveram e estão no projeto O que nós podemos constatar é que através da arte se torna possível a elaboração de novas narrativas e representações sobre como percebem e compreendem a si mesmos aos outros e os seus ambientes comunidade família escola tribos etc É possível verificar outras maneiras como enfrentam seus cotidianos como traduzem a condição de existência projetando desejos futuros encorajandose para conquistarem seus espaços de direitos e por direito É possível constatar a partir dos posicionamentos assumidos pelos adolescentes frente às solicitudes do diaadia o apuramento e desenvolvimento da percepção da imaginação do pensamento da crítica da sensibilidade e da criatividade Enfim sabemos que através da arte quando se torna possível um caminho processual com uma intencionalidade que provoque o sentir a expressão o conhecimento e a contextualização o trabalho conduz a possibilidades de encontros identificações e desenvolvimentos pessoais e coletivos No entanto para que esses jovens vivenciem o processo artístico como algo que faça sentido para se desdobrarem no mundo como sujeitos indivíduos e coletivos é preciso uma revelação inesperada e fascinante serem desafiados a reconhecer que se encontraram na mesma arca como se fosse na viagem primordial2 É preciso o exercício rituais e ritos do estar junto com se fazendo ser na relação com o outro que os torne iguais entre si e semelhantes implicados com o grupo e com o que está ao redor São esses pequenos gestos solidários de amizade de amorosidade que se tecem na articulação do privado do próprio do diferente com o público o comum o mesmo3 Surge daí o sentido de pertencimento e de destino do bem comum realimentando nossas identidades 2 Nas palavras de Octavio Ianni 3 Jean Pierre Vernant 219 Não pertencer é como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos e não ter a quem dizer tome é seu abrao Clarice Lispector Tomo emprestado de Clarice esta imagem poética que é como percebo muitos destes meninos e meninas brasileiros que estão repletos de presentes a serem desembrulhados esperando que encontrem destino certo Neste sentido é extraordinária a riqueza de projetos sociais que se alastram pelo Brasil afora acreditando na arte como caminho de reconstrução social Mas sabemos que existem algumas armadilhas sobretudo quando a arte se torna no imaginário de muitos um poderoso instrumento de controle ou de ocupação dos territórios emocionais afetivos e espirituais de crianças e adolescentes com a justificativa de que ao participarem de projetos com a arte meninos e meninas carentes estarão a salvo pelo menos enquanto o projeto durar dos perigos da entrada no mundo do tráfico ou da marginalidade Ocupase então o tempo da meninada como se eles não pudessem fazer escolhas ter discernimentos entretenimentos e o direito do tempo livre E se são carentes há quem deva preenchêlos Como Com que Os caminhos para se combater este estado de violência parecem ser outros Tenho aprendido com a experiência trabalhando com adolescentes em comunidades que somos todos parte deste drama cotidiano Um outro desalinho é acreditar que em alguns meses de trabalho é possível tornar o adolescente um profissionalartista pronto para entrar no mercado de trabalho Ou ainda tal como é comum acontecer artistas de renome utilizandose deste novo marketing social confundindo o verdadeiro sentido de investimento social Dar a voz dar acesso dar a isca e ensinar a pescar para dar a chance aos meninos e meninas de se tornarem cidadãos são hoje palavras esvaziadas de sentido porque ao serem enunciadas não se referem ao que se acredita Querse de fato ouvir estas vozes Desejase realmente compartilhar as chaves que conduzem a certos lugares hoje habitados por não tantos Neste tanto tempo fiandeiro tenho aprendido a divagar sobre as miudezas e delicadezas dos bordados Um tempo paciente da construção sólida do viraser E me pergunto quem se preocupa com a delicadeza de um bordado Como pensar 220 sobre meninos e meninas que precisam bordar seus destinos tendo que a cada gesto desconstruir desfazer refazer transfazer cada ponto sempre como se fosse pela primeira vez Ou como se não houvera nenhuma vez Trafegar nestes limites tão tênues nestas divisas imaginárias nem sempre é tão simples Pois revelam muitas vezes o que não damos conta de ver Inúmeras questões ainda ficaram por ser levantadas sobre os projetos sociais que utilizam a arte como centralidade em seus processos socioeducativos Desde a tirania de alguns investidores da iniciativa privada que valorizam projetos cujos resultados são meramente quantitativos e espetaculares até os de iniciativas criativas e inovadoras mas que passam despercebidos pois sobrevivem apenas dos esforços de uns poucos guerreiros apaixonados pela causa sem nenhum apoio Sem falar das desarticulações entre os próprios projetos ou a anemia dos programas e políticas públicas para a Educação e Cultura Os anos 1980 foram tempos que se inscreveram pela força da participação da sociedade civil É momento de revermos este capítulo e agirmos juntos para voltarmos a nos sentir correspondidos e pertencentes 3 Educação Intercultural e Educação para Todosas dois conceitos que se complementam Ivone Mendes Richter Resumo O ensino intercultural da arte tem como objetivo propiciar uma educação inclusiva no seu sentido mais amplo respeitando as individualidades pessoais e as características culturais de todos os grupos presentes em sala de aula e que compõem a nossa sociedade utilizando Professora Pesquisadora da Universidade Federal de Santa Maria Mestre em ArteEducação pela Concordia University Canadá Doutora em Educação pela Unicamp Coordena intercâmbios de pesquisa com Universidades do Canadá Inglaterra e Alemanha Foi Conselheira Mundial da InSEA e Presidente da Faeb Federação dos ArteEducadores do Brasil Possui trabalhos publicados no Canadá Estados Unidos Hungria Inglaterra Lituânia Portugal e Uruguai Endereço eletrônico ivonerichterterracombr 221 para isso a arte contemporânea em suas múltiplas manifestações e suas múltiplas estéticas de forma a propiciar uma educação mais justa e um tratamento mais igualitário para todosas Palavraschave Educação Intercultural Multiculturalismo Ensino Intercultural da Arte Ensino de Arte para Todosas A Federação dos ArteEducadores do Brasil Faeb vem dedicando há bastante tempo uma atenção especial aos diferentes aspectos da multiculturalidade e suas decorrências para o ensino intercultural da arte Este assunto tem sido aprofundado por estudiosasos ligadasos à Faeb buscando discutir qual o papel da arte na educação inclusiva e das culturas não dominantes As questões sobre pluralidade cultural levantadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais e o enfoque de uma Educação para Todosas levaram os professores e as professoras de arte a buscar soluções que contemplem um ensino mais contemporâneo e intercultural para a arte A arte pode construir pontes entre as origens culturais de nossos alunos e sua participação no aprendizado de forma a criar um ambiente escolar enriquecedor para todos os alunos diz Amalia MesaBains artista e arteeducadora nascida nos Estados Unidos filha de pais mexicanos e que descreve a si própria como Chicana CAHAN e KOCUR 1996 p 3132 Esta autora propõe uma equação para o aprendizado baseado nas experiências anteriores doa alunoa que ela descreve como Experiência Texto Significado Neste caso o texto pode ser um texto literário como um livro um poema como pode ser também um filme ou uma obra de arte visual O importante é que este texto precisa estar conectado com a experiência anterior que a criança traz de forma a produzir um significado para ela Segundo a autora citada introduzir atividades que utilizem a experiência anterior doa alunoa antes da introdução de algo novo pode tornálosas conscientes do que elas ou eles já sabem sobre o assunto Iniciando o trabalho a partir de sua própria vida cultura e experiência será possível atingir a compreensão de outros aspectos relevantes Podemos dar como exemplo o trabalho artístico desta artista que parte de sua vida cotidiana do seu passado e da tradição cultural de seus pais e avós para criar sua arte Ela salienta as múltiplas estéticas possíveis na arte contemporânea e como osas artistas buscam sua responsabilidade social buscando salientar suas culturas de origem e o intercâmbio entre culturas Diz ela que quando se fala em percepção estética e valor estético não se está falando sobre categorias 222 superficiais mas sobre categorias que possuem raízes profundamente inseridas na realidade cultural e artística de algum grupo de seres humanos Esta postura é especialmente indicada para o ensino da arte pois dá ênfase às manifestações artísticas de culturas as mais diversas considerando suas visões de mundo e seus próprios conceitos de arte sem descuidar do conhecimento e do domínio dos múltiplos códigos da arte como acervo cultural de toda a humanidade A educação intercultural em arte busca a preservação da cultura e da harmonia através do desenvolvimento de competências em muitos sistemas culturais Estas competências envolvem o conhecimento e a capacidade de lidar com os códigos culturais de outras culturas bem como a compreensão de como ocorrem certos processos culturais básicos e o reconhecimento de contextos macroculturais onde as culturas se inserem como é o caso da arte Sua característica principal reside em considerar a diversidade como um recurso e uma força para a educação ao invés de um problema Ela reconhece similaridades entre grupos ao invés de salientar as diferenças promovendo o cruzamento cultural das fronteiras entre grupos culturais sejam eles quais forem e não a sua permanência Ela busca uma educação para todosas osas estudantes A educação se refere aos processos formais e informais através dos quais a cultura é transmitida aos indivíduos A escola é somente um desses processos A educação no entanto é universal pois é a experiência básica do ser humano de aprender a ser competente na sua cultura MUKHOPADHYAY e MOSES 1994 A educação intercultural vista desta forma longe de significar um complexo de procedimentos na prática educativa significa a existência integral do sujeito que se apropria de si mesmoa ao apropriarse da sua e de outras culturas As crianças na escola são conscientes de suas diferenças mas essa consciência não chega a permitir uma análise da situação que não é criada por elas mas da qual elas são um reflexo pois apresentase presente na vida social na nossa vida cotidiana de brasileirasos Quando Heller 1991 fala da questão da discriminação na vida cotidiana diz que as relações de inferioridadesuperioridade são relações de desigualdade social e como conseqüência são por princípio alienantes As relações interpessoais são necessárias pelo fato antropológico da diferença entre os seres humanos O contato cotidiano é sempre um contato pessoal pois uma ou mais pessoas entram em contato com outras pessoas Todas as relações sociais são relações interpessoais mas enquanto conjunto de relações não são relações de contato pessoal embora estejam baseadas nessas Dessa forma as relações sociais quando estabelecidas no sistema de inferioridadesuperioridade refletemse nas relações pessoais cotidianas sob a forma 223 de alienação Essa alienação de que nos fala Heller está presente na vida cotidiana da escola e pela razão mesma de ser alienante tende a ser negada pelas pessoas mesmo pelas mais discriminadas O processo de alienação faz com que sejam encontradas desculpas para a discriminação que vão desde o insucesso escolar por indisciplina e insubordinação até a rejeição da criança discriminada pelosas própriosas colegas Sobre esse processo é importante a análise feita por Marco Frenette em sua obra Preto e Branco a importância da cor da pele 2001 Outros artistas norteamericanos à semelhança de Amalia também buscaram em suas raízes étnicas expressar o orgulho por suas origens e denunciar o preconceito existente contra as minorias não pertencentes à cultura dominante É o caso de Faith Ringgold que se autodenomina artista mulher africana americana e de Jimmie Durham que se declara Cheroqui e nãoamericano nativo que é a forma como os índios são chamados nos Estados Unidos Faith realiza sua arte na forma de quilts que são colchas de retalhos da tradição africana americana que as mulheres negras executavam com retalhos e nas quais contavam sua história Ela relata que tem um sentimento de orgulho ao utilizar formas africanas em seu trabalho e que foram os obstáculos colocados pelas camadas dominantes da sociedade à sua arte que a inspiraram Da mesma forma podemos imaginar o sentimento de orgulho de alunos da mesma etnia ao estudar na escola a obra desta grande artista Jimmie Durham declara que não pode sentarse em seu atelier em seu mundo privado e cultivar boas idéias artísticas ele precisa criar sua arte socialmente para o uso comum e o bem de todos Diz ele que pelo mesmo motivo é necessário também integrar o mundo da arte das galerias museus revistas de arte ao resto do mundo Pois a arte tem funções importantes na vida humana aprendemos certas coisas através da arte de uma maneira particular que não é possível através da linguagem falada Quero que a minha obra dê energia e alento a todo o ser humano que entre em contato com ela diz ele CAHAN e KOCUR 2001 p 179 No Brasil é incontável o número de artistas que colocam as questões sociais como questionamento e desafio em suas obras Podemos citar entre muitos outros a obra de Siron Franco em especial sua Série Césio em que o artista traz o horror da tragédia de Goiânia e a incapacidade da sociedade em prevenir e lidar com um acontecimento como este e ao mesmo tempo o encantamento estético que gerou a tragédia pois o elemento radioativo foi passando de mão em mão levando deleite estético e morte Francisco Stockinger com sua Série Gabiru em que o artista retrata a sofrida família brasileira das camadas mais pobres da nossa população em que o 224 sofrimento e a resignação se unem de forma constante no diaadia Lia Menna Barreto que com sua obra desafia a nossa compreensão da sociedade e seus absurdos Rachel Mason relata sua experiência de proporcionar nas aulas de arte na escola a presença de artistas britânicos de origens étnicas diferenciadas filhos de imigrantes da África Ásia e do Caribe como uma forma de promover a educação intercultural na GrãBretanha A análise da autora sobre estas experiências pode ser muito enriquecedora para a professora e o professor de arte no Brasil 2001 Outras obras que abordam as questões multiculturais no Brasil podem também ser de utilidade para as abordagens interculturais na escola como as obras de Ana Mae Barbosa 2001 Azoilda Trindade Org 1999 e de Maria do Rosário Porto et al 2002 Muitos artistas latinoamericanos têm questionado o caráter consumista de nossa sociedade criando obras em que aspectos do cotidiano são trazidos à luz de novos olhares buscando o pensamento reflexivo como também obras em que objetos do cotidiano evocam reminiscências culturais Podemos citar desde artistas consagrados como Xul Solar até artistas contemporâneos como Nicola Constantino e Edgardo Vigo da Argentina Juan Domingos Dávila do Chile Carlos Zerpa e Sergio Rangel Penzo da Venezuela e Sammy Cucher do Peru1 Utilizar o sentimento estético como uma forma de lutar contra esse tipo de discriminação presente no cotidiano é um caminho a ser seguido como um canal para a compreensão da estética de outras culturas no sentido de despertar valores estéticos que permitam a valorização de todas as manifestações culturais Mesmo agindo em um espaço micro como o da sala de aula podese perturbar certezas ensinar a crítica e a autocrítica LOURO 1998 p 124 Salientarse em algum processo artístico pode significar para a criança discriminada a diferença entre a inferioridade e a igualdade ou mesmo a superioridade naquele momento específico Da mesma forma ver a sua cultura valorizada estudada em detalhes percebida como parte influente na cultura da humanidade pode significar o crescimento da auto estima na formação da própria individualidade Como diz Heller o campo de ação da individualidade não é somente a vida cotidiana senão a vida enquanto tal da qual a vida cotidiana é fundamento e em parte espelho Os valores são formados através da concepção de mundo do ser individual e este é em grande parte regido pelo ser coletivo No entanto é possível ao ser individual através da arte alcançar a genericidade de concepções do cotidiano como o amor o ódio o respeito e a amizade A concepção de mundo de cada indivíduo 1 Serão apresentadas e analisadas obras dos artistas citados 225 é a forma através da qual ele ou ela ordena de um modo hierárquico sua cotidianidade Cada ser humano possui uma irrepetibilidade e unicidade que o caracterizam como ser único E esta é a razão pela qual o ser humano faz única a sua concepção de mundo adaptandoa à sua individualidade Através da estética é possível despertar uma concepção de mundo em que a multiculturalidade seja vista como um valor e a aceitação do que é diferente como uma demonstração da riqueza cultural que pode ser alcançada por meio da compreensão de diferentes estéticas e de diferentes culturas A inclusão da educação para todosas nos conceitos desenvolvidos pela educação intercultural vem ampliar a compreensão da interculturalidade permitindo também aproveitar os estudos já realizados neste sentido para complementar a compreensão e a ação da prática educativa para todosas Uma prática que resgate o outro que seja revolucionária no sentido de propor a inclusão de todas e de todos que encontre as verdadeiras riquezas de todas as culturas e de todos os seres humanos justamente por sua diversidade Referências BARBOSA AM Cultural Identity in a Dependent Country the Case of Brazil In BOUGHTON D MASON R Ed Beyond Multicultural Art Education International Perspectives München Waxmann 1999 I BIENAL DE ARTES VISUAIS DO MERCOSUL Porto Alegre Catálogo FBAVM 1997 CAHAN S KOCUR Z Ed Contemporary Art and Multicultural Education New York The Museum of Contemporary Art 1996 FRENETTE M Preto e branco a importância da cor da pele São Paulo Publisher Brasil 2001 HELLER A Sociología de la Vida Cotidiana 3 ed Barcelona Península 1991 LOURO GL Gênero Sexualidade e Educação uma perspectiva pós estruturalista 2 ed Petrópolis Vozes 1998 MASON R Por uma ArteEducação Multicultural uma visão pessoal Campinas Mercado de Letras 2001 226 Art Education and Multiculturalism Nova York Croom Helm 1988 MESABAINS A Teaching Students the Way They Learn In CAHAN S KOCUR Z Ed Contemporary Art and Multicultural Education New York The Museum of Contemporary Art 1996 MUKHOPADHYAY CC MOSES YT Multicultural Education Anthropological Perspectives In The International Encyclopedia of Education 2 ed v 7 p 39714 Oxford Pergamon 1994 PORTO M do R et al Negro educação e multiculturalismo São Paulo Panorama 2002 RICHTER IM Interculturalidade e Estética do Cotidiano no Ensino das Artes Visuais Campinas Mercado de Letras 2003 VI Comunicações Grupos de Trabalhos Pôsters e Oficinas 228 Gupos de Trabalho Fundação Oswaldo Cruz 1 Ensino de Arte e Cultura Visual Coordenação Terezinha M Losada Moreira 11 Arte em Lata Adalgiza da Silva Rocha Amanda Nogueira Brum Fontes Diogo dos Santos Netto Harrison Magdinier Gomes e Rodrigo Mexas Este trabalho tem como objetivo levar arte ciência e cidadania aos alunos de comunidades carentes Com essa finalidade foi montada uma oficina de fotografia em lata Pinhole Pinalfinete e holeburaco no Ciep 314 localizado no bairro de Santa Maria Belfort Roxo Aos alunos envolvidos com a oficina foram transmitidas noções de luz cores e história de fotografia Após o preparo das MáquinasLatas 229 os alunos realizavam suas tomadas fotográficas no ambiente escolar ou na comunidade Os negativos foram processados em uma câmara escura improvisada na própria escola A foto foi obtida através da técnica de contato utilizandose a luz da própria câmara As fotografias obtidas nas diversas oficinas foram expostas em alguns eventos como Arte de portas abertas Meu bairro minha comunidade 10 Anos da Universidade Aberta e 2 Simpósio de Ciência Arte e Cidadania Cada foto obtida apresenta uma beleza singular com imprevisíveis curvaturas e incríveis granulosidades Por esta particularidade esperamos atrair o olhar de quem já estava acostumado com as dificuldades do diaadia para uma nova maneira de ver o cotidiano Palavraschave Fotografia Arte Ciência 12 Arte em Qualquer Parte Cecilia Maria Lúcio Pacheco Com a nova LDBEN Lei nº 939496 o ensino de arte ganhou destaque ao ser reconhecido como área de conhecimento O trabalho que pretendemos apresentar descreve um programa institucional UBM ao Alcance de Todos criado no ano de 2001 por iniciativa do Curso de Artes Visuais que se organizou para oferecer à população do município uma oportunidade dialógica com o universo artístico em espaço social Pela natureza do público crianças jovens adultos e idosos que freqüenta o Parque Centenário Jardim das Preguiças em Barra Mansa ou seja uma gama variadíssima de pessoas oriundas dos mais diferentes segmentos da sociedade nos é oferecida a oportunidade intercambiar a arte em todos esses segmentos A educação do olhar na contemporaneidade tem se tornado essencial em virtude da diversidade de estímulos visuais presente em nosso cotidiano Levando oficinas livres de arte e murais de imagens aos domingos pela manhã uma vez por mês acreditamos contribuir para o desenvolvimento da sensibilidade a percepção a reflexão e a imaginação ou seja ampliando o universo e a visão particular de dar sentido às experiências vividas Não nos esquecendo que fazer arte envolve o fazer artístico o apreciar e o refletir sobre este processo contextualizando histórica e culturalmente UBM Centro Universitário Barra Mansa RJ 230 13 Duas Mulheres de Fibra Eudirce Silva Almeida Esta é uma pesquisa em desenvolvimento que pretende apresentar a história de vida de duas mulheres diferentes no contexto social porém interligadas na abordagem poéticovisual de um processo cultural do Planalto Central A primeira mulher é a arteeducadora Laís Fontoura Aderne que desde 1973 desenvolve projetos educativos em Olhos dÁgua Goiás buscando o envolvimento dos artesãos para a retomada do desenvolvimento cultural e econômico da região Segundo a professora Laís Aderne a mudança deveria partir dos valores ainda presentes naquela comunidade mesmo que estivessem adormecidos Criou a Feira de Trocas de Olhos dÁgua e a Casa da Memória e do Fazer A segunda mulher é a artesã Clotilde da Costa Abrante Dutra que resgatou produtos culturais do meio ambiente criando novas tecnologias para o uso de matériasprimas como a bucha confeccionando bonecas e outros objetos Clotilde foi integrante de um grupo de mulheres pioneiras da Feira de Trocas Essa Feira foi a mola mestra do processo de escoamento da produção cultural da região tendo conseguido consolidar o resgate dos fazeres culturais de Olhos dÁgua Além de desenvolver a autosustentabilidade da localidade atingida pela Feira de Trocas incentivando assim as ações voltadas para a educação e para a profissionalização Todas as diversidades de recursos naturais usados de maneira diferenciada fazem parte da cultura de cada povo devendo ser respeitada e compreendida a maneira como cada indivíduo interage com a natureza Não significando que não possa haver interferências na cultura quando se questiona a tradição Porém as culturas e os saberes tradicionais na maioria das vezes contribuem para a preservação do ambiente natural e do uso sustentável de seus produtos Neste trabalho o propósito é ressaltar o poder criador do idoso para o surgimento de novos valores e a consolidação da identidade cultural O reconhecimento dessas potencialidades e dos saberes e fazeres das comunidades culturais devem ser indicadores para a inclusão social Palavraschave Identidade Cultura Diversidade Faculdade de Artes Dulcina de Moraes 231 14 Estudo e Produção de Imagem Cristina Pierre de França Leciono no Colégio Pedro II na unidade Tijuca e algumas de minhas classes são do Ensino Médio Por uma especificidade da escola o programa da disciplina se desenvolve pelo período de um semestre Comecei este ano um projeto que ainda em curso e que tem como base a inserção da arte na contemporaneidade Como professora do Ensino Médio entendo que o aluno deva estabelecer uma conexão entre a arte e o mundo que o cerca Nesse sentido busquei vincular a arte a comunicação e a imagem a partir de dois eixos o primeiro de caráter teórico e o segundo de caráter prático No primeiro eixo introduzi os conceitos pertinentes aos objetos de nosso estudo como os conceitos de signo e imagem que permitiu um olhar para as imagens cotidianas além de um recorte para o estudo de movimentos artísticos decisivos para a arte contemporânea No segundo eixo os alunos deveriam produzir diversos tipos de imagens partindo da imagem fotográfica que variam da produção manual até a manipulação da imagem digital passando pela idéia do múltiplo Infelizmente não foi possível chegar à última etapa de maneira satisfatória por falta de equipamento Palavraschave Signo Imagem Arte 15 As Imagens na Sala de Aula possibilidades de abordagem da cultura e do cotidiano na constituição do sujeito Márcia Maria de Sousa Esta pesquisa de mestrado busca observar como se tece a rede de significados que acontece na leitura da imagem Tem como objetivo investigar práticas e saberes que professores de Artes Visuais constroem em sua interação com os alunos segundo suas características sociais culturais e históricas Considera as referências visuais do Colégio Pedro II Faculdade de Educação Universidade Federal de Uberlândia MG 232 cotidiano do homem contemporâneo e a cultura visual como instâncias que têm afetado a maneira de perceber sentir conhecer e pensar a realidade no contexto escolar e como possibilidades de transmitir e expressar desejos idéias e expectativas Toma como referência a visão históricoculturaldialética de Marx Vygotsky e Rey para esclarecer problemáticas como atribuição de significados do aluno sobre sua realidade cultural saberes produzidos na interação professoralunos e tomada de consciência de professores e alunos sobre si e sobre o mundo Configurase como Pesquisa Qualitativa tendo a Pesquisa Bibliográfica como procedimento inicial e base teóricoconceitual para a investigação de três professores de Artes Visuais do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia Através de entrevistas registros e observações de sala de aula a pesquisadora pretende fazer uma reflexão sobre as implicações da leitura da imagem na sala de aula na constituição dos sujeitos e suas subjetividades Palavraschave Ensino de arte Cultura visual Subjetividade 16 Jogos com a Visualidade Ronaldo Auad Este trabalho vem apresentar resultados da proposição Jogos com a visualidade concebida pelo professor Ronaldo Auad a partir de leituras realizadas sobre o zen Tal proposição tem como objetivo dissolver as dicotomias que limitem a expressão Nesse âmbito o contato deste professor com as obras de dois artistas norteamericanos o coreógrafo Merce Cunnigham 1920 e o compositor e músico John Cage 1912 1992 também influenciadas pelo zen configurouse como uma forte referência Aos artistas acima citados interessa o não experimentado as aproximações consideradas impossíveis Enfim interesses sobre procedimentos que possam gerar novas significações O lance de dados prática observada nas obras em questão vem suscitar o inusitado as surpresas reveladoras de novas situações de novos problemas de novos significados Os resultados aqui apresentados referemse a experimentações e novas variações concebidas por Ronaldo Auad junto a alunos de seu ateliê e da graduação em licenciatura em Artes Visuais do UBM Jogos com a visualidade é um sistema Curso de Arte Visuais Licenciatura Centro Universitário de Barra Mansa UBM Barra Mansa RJ 233 estruturado a partir de dois ou mais blocos combinatórios contendo cada um seis opções Em seguida a partir de lances de dados podem ser definidas a questões relacionadas ao espaço a partir de combinações entre formatos e dimensões de suportes no âmbito bidimensional e formas e dimensões de áreas abertas ou fechadas no âmbito tridimensional b relações entre os elementos visuais linha superfície volume luz cor textura a partir de suas inscrições sobre diferentes suportes ou a partir de suas constituições físicas fios relevos volumes instaladas no espaço tridimensional c relações entre totalidades partes e detalhes de desenhos gravuras pinturas e esculturas pertencentes a diversos períodos da História da Arte Enfim os novos contextos visuais surgidos a partir dessas operações irão apresentar conteúdos novos novas significações a serem decifradas Palavraschave Zenbudismo Arte contemporânea Ensino de artes visuais 17 Linguagem Visual Instrumental uma proposta de formação docente Esequiel Rodrigues Oliveira Teresa Maria Moniz de Aragão Sentimos que a atual estruturação do ensino escolar em relação à linguagem visual não atende às necessidades da sociedade contemporânea Em geral não existem diretrizes metodológicas que trabalhem de forma sistematizada a imagem e a linguagem visual relacionada a um todo social cultural e político isto é a imagem e suas implicações na construção do conhecimento e da cultura Existe um analfabetismo visual que se expressa no desconhecimento dos elementos estruturais da linguagem visual das questões plásticas icônicas e semânticas do discurso nelas incluídas as questões ideológicas Acreditamos ser necessário capacitar os educadores possibilitando seu acesso a uma linguagem visual instrumental dinamizando e ampliando a qualidade de sua prática docente É esta formação visando ao entendimento do Universidade do Estado do Rio de Janeiro Colégio Pedro II 234 Faculdade de Artes Visuais Universidade Federal de Goiás funcionamento da linguagem visual a leitura das imagens e a produção de textos visuais assim como sua interação com outras linguagens e suas possibilidades interdisciplinares que propomos aqui Entendemos que a ampliação da formação do professor de arte numa semiologia da imagem voltada para fins didáticos poderá prover a capacitação dos educadores de outras áreas no domínio do sistema de signos visuais Palavraschave Linguagem Visual Formação de Professores Cultura Visual e Transdisciplinaridade 18 Memórias Zipadas visualidades do CentroOeste brasileiro Leda Guimarães Estou chamando de memórias zipadas uma série de miniaturas artesanais documentadas nas feiras da cidade de Goiânia As feiras foram espaços para nossa pesquisa considerando a dinâmica de encontros e hibridações formais e simbólicas ocorridas no espaço urbano Estas miniaturas ocupam zonas fronteiriças de deslocamentos culturais entre oficial e não oficial arte e artesanato brinquedo e decoração útil e lúdico interior e cidade passado e presente Carrinhos de boi tearesinhos casinhas ferramentinhas e muitos outros inhos e inhas propiciam agenciamentos da memória e um religare com um tempo e um espaço transmutados Lembram o passado mas não estão no passado As rememorações reterritorializam os sujeitos produtores e os objetos produzidos na vitalidade do presente Nossa reflexão sobre essas transformações foi baseada na pesquisa histórica na colonização do Centro Oeste nos Estudos Culturais e em narrativas orais depoimentos dos produtores e frequentadores das feiras Na nossa perspectiva os elementos físicogeográficos e socioculturais presentes nestas miniaturas são componentes de uma poética visual do Cerrado brasileiro Palavraschave Miniaturas Rememorança Cultura Visual 235 Mestrado em Cultura Visual FAVUFG Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Belas Artes Programa de PósGraduação em Artes Visuais 19 Modernismo e Expressão Regional na Arte Goiana Enauro de Castro Das várias narrativas que compõem o mosaico do imaginário goiano existe uma fixada na crença de que a construção de uma nova capital Goiânia nos anos 1930 foi um marco na vida cultural de Goiás separando dois tempos um presente de atraso e decadência e um futuro de desenvolvimento e progresso Essa narrativa deriva de uma noção dicotômica polarizando primitivo e civilizado empregada para explicar aspectos culturais da história recente de Goiás filtrada pela assimetria da conquista Em contraposição os crespos do sertão convivem com toda sorte de contradições das quais retiram a matériaprima para moldar outras formas de ver e sentir Isto é os artistas goianos têm uma experiência de modernidade diferente produzem imagens fugidias como objetos prismáticos híbridos de difícil apreensão por parte de um olhar desabituado Suas obras brotam no limite entre o tradicional e o moderno o atraso e o progresso o próximo e o distante expressam o modo pelo qual essas polaridades se reconhecem e se estranham por intermédio de suas projeções de alteridade A partir dessa compreensão pretendo expor essa contraposição e o modo como ela escapa àquela dicotomia abordando transformações da obra do pintor desenhista e gravador D J Oliveira um dos precursores do modernismo na arte goiana Palavraschave Imaginário Goiano Modernismo Expressão Regional 110 A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Turística Alexandre Sá Barretto da Paixão Walter Benjamin já havia apontado as possíveis conseqüências do surgimento da fotografia e do cinema ou daquilo que ele chamou de reprodutibilidade técnica Contudo hoje com o advento das tecnologias digitais e da facilidade de produção reprodução e veiculação da imagem a própria obra parece gradativamente aproximar se da necessidade da constituição imagética para que ela se consolide O que acontece 236 é um absoluto estreitamento prático na relação entre obra e imagem que merece atenção especial dentro de sala de aula para que seja estabelecido um código possível entre professores e alunos A obra de arte na era da reprodutibilidade turística fazse a partir de sua própria imagem seu puro reflexo e não mais unicamente pelo verbo genuíno do acontecer A imagem em obra obrase como imagem E arte termina sendo aquilo que é provocado pelo discurso Armadilha pura para o conceito e fruto dele Esta comunicação tangenciará tais questões e buscará uma aproximação com alguns artistas que fazem da imagem sua obra em trânsito E provocará uma reflexão sobre o deslocamento do eixo original dentro da paisagem contemporânea Palavraschave Imagem Conceito Arte 111 O Olho que se Faz Olhar os sentidos do Espaço Estético do Colégio de Aplicação da UFSC para alunos do ensino fundamental Fabíola Cirimbelli Búrigo Costa Esta comunicação tem como objetivo apresentar os resultados referentes à pesquisa O Olho que se faz olhar os sentidos do Espaço Estético do Colégio de Aplicação da UFSC para alunos do Ensino Fundamental A pesquisa visou a analisar como estes significam o processo de alfabetização estéticoartísticovisual a que foram submetidos Investigar também como e de que maneira este espaço provoca mudanças no olhar estético de quem por ali transita Os aportes teóricos da Psicologia HistóricoCultural de Lev Semenovich Vygotski e interlocutores bem como a proposta Triangular do Ensino de Arte de Ana Mae Barbosa são fundamentações para a realização do presente estudo Constatouse a importância de espaços estéticos artísticos didáticos e pedagógicos em contextos escolares por possibilitarem o acesso ao universo da produção estéticoartísticovisual criando condições para que alunos e comunidade escolar vivenciem experiências significativas através da exposição da produção da fruição dessas formas e das reflexões provenientes da relação artevida expandindo na dialogia com o outro valores e conceitos culturais estéticos artísticos visuais e éticos Palavraschave Educação do Olhar Ensino de Arte Espaço Estético Psicologia HistóricoCultural Colégio de AplicaçãoUFSC 237 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Todos os propositores desta comunicação são artistas e também professores na rede oficial de ensino 2 Cúrriculo e Ensino da Arte Coordenação Donald Hugh Barros Kerr Jr 21 Aspectos Curriculares do Bacharelado em Artes Visuais Richard Perassi Luiz de Sousa O Curso de Artes na Universidade Federal de Mato Grosso está em plena atuação desde 1981 e ao longo desse tempo passou por diversas atualizações curriculares A última atualização aconteceu no ano de 2003 prevendo o processo de implantação que está ocorrendo neste ano de 2004 Esta comunicação apresenta os pressupostos históricocontextuais que orientaram a composição dos perfis profissionais do bacharel em artes visuais e o processo de atualização curricular do Curso de Bacharelado Os objetivos do processo foram a ampliação e a organização de áreas de estudos promotoras do desenvolvimento de linguagens artísticas tradicionais e principalmente de linguagens fotográficas videográficas e infográficas aplicadas aos campos da arte e do design Essa perspectiva previu interações entre códigos imagéticos sonoros pedagógicos e artesanais cultivados nos cursos de graduação extensão e pósgraduação do Departamento de Arte e Comunicação que abriga também uma Licenciatura em Música uma pósgraduação em Imagem e Som e um Núcleo de Inovação e Design em Artesanato Palavraschave Bacharelado Currículo de Artes Contexto Local 22 Beuys Alexandre Pereira Alexandre Sá Amélia Sampaio Possidônio Arthur Leandro e Giordani Maia Artistas como Joseph Beuys e Hélio Oiticica já indicavam a proximidade entre o artista e o professor considerando tanto a educação quanto a cultura como campos libertários por excelência A discussão que propomos é fruto de conversas em que 238 Colegiado de Artes Visuais Universidade Federal do Amapá identificamos problemas comuns de relacionamento de artistasprofessores com dirigentes de instituições de ensino professores de arte ou de outras áreas principalmente quando executamos propostas experimentais de ensino de arte bem como trazemos questões de arte contemporânea para a sala de aula Queremos relatar diferentes situações que parecem revelar que o entendimento ontológico do que é arte expresso nos currículos institucionais estancou a possibilidade de processos criativos atualizados nos espaços formais de ensino e que a escola em todos os níveis está longe de ser o local de reflexão e de produção artística tornandose apenas o lugar de sedimentação de entendimentos particulares do que dirigentes de escolas e especialistas em educação que elaboram currículos julgam ser o aprendizado e o fazer artísticos Palavraschave Arte Contemporânea Instituição Ensino 23 A Década da Educação e a Disciplina de Fundamentos da ArteEducação no Curso de Pedagogia em Módulo da Universidade Federal do Amapá Alexandre Pereira Em 20 de dezembro de 1996 foi sancionada a Lei 9394 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que trata amplamente sobre a educação nacional inclusive regulamentando e especificando a formação docente É interessante observar o art 87 que institui o Plano Nacional da Educação e cria a Década da Educação de 1997 a 2007 fazendo com que surja uma série de estratégias e convênios para a capacitação em nível superior dos professores de ensino infantil e ensino fundamental Esta comunicação pretende descrever uma experiência realizada em um curso do tipo modular de pedagogia da Universidade Federal do Amapá com encontros realizados apenas nos períodos de férias acadêmicas Nesse curso ministrei a disciplina de Teoria e Prática da ArteEducação que tem carga horária de 60 horasaula divididas em um curtíssimo espaço de uma semana com encontros realizados todos os dias pela manha e à tarde Foram ao todo três turmas correspondendo a 21 dias corridos de trabalho Pretendo falar dos rompimentos de um mínimo de preconceitos e com o senso comum sobre arte e principalmente 239 Faculdades Integradas de Curitiba PR arteeducação sobre a bibliografia sobre a proposta teórica e metodológica e sobre os trabalhos produzidos pelos alunos Palavraschave ArteEducação Teoria Política Educacional 24 Educação Especial mito ou utopia o desvelar de uma história de vida Marisa Tsubouchi da Silva Numa época em que os progressos científicos e tecnológicos levam a uma transformação das condições de vida tornase impossível captar a realidade em seu movimento rapidíssimo sem uma fantasia poderosa e aberta aos maiores paradoxos A imaginação fantástica pode tornarse um guia lógico no mundo de hoje e sobretudo no amanhã Mário Schenberg Este trabalho desvela a história de vida da professora Ana Lúcia de Albuquerque Schulhan nos anos de 1990 a 2003 com o tema Educação Especial mito ou utopiao desvelar de uma história de vida A mesma encontrase em fase de conclusão e está sendo realizada nas dependências do Colégio Estadual Professora Júlia Wanderley Ensinos Fundamental e Médio no Bairro Batel Curitiba Paraná e para pintar esse imenso universo optouse pela Metodologia de História Oral Redesenhando o caminho partiuse do príncípio que as crianças portadoras de deficiência com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares e as mesmas deverão integrálas no contexto escolar com uma pedagogia flexível centralizada na criança com apoio da família da equipe de professores equipe pedagógica e comunidade em geral Refletir o novo paradigma possível para a inclusão educacional de crianças portadoras de necessidades especiais em um estabelecimento estadual com mais de dois mil alunos com todos os níveis de Ensino Regular foi um desafio e ainda tendo como objetivos integrar as crianças com necessidades especiais no ambiente de uma escola regular e oportunizar às crianças com necessidades especiais que convivam felizes com seus pares no cotidiano 240 Secretaria Municipal de Educação SME Rio de Janeiro RJ da sala de aula As diversas linguagens artísticas foram suportes fundamentais para transformar essas crianças verdadeiramente em cidadãs Palavraschave Educação Especial Escola Regular e Linguagens 25 Por Onde Caminha a Educação Angela Capanema Garcia CostaJurema Regina Holperin Lurimar Rangel de Freitas A presente comunicação está baseada numa experiência em Educação realizada na Escola Municipal Experimental José Bonifácio no bairro da Saúde Rio de Janeiro no período de 1984 a 1988 Trabalhamos procedimentos pedagógicos inerentes ao processo criador em todas as disciplinas do currículo escolar do 2º segmento do Ensino Fundamental construindo assim uma metodologia integradora tendo a arte como fio condutor Embora os procedimentos pesquisados por nós não fossem inéditos a diferença estava no fato de que eram incomuns e aconteceram dentro de um conjunto contínuo e simultâneo tornandoos procedimentos especiais Por serem especiais ainda hoje estão atualizados e resultaram no livro Por onde caminha a Educação base de nossa apresentação neste Congresso Acreditamos que qualquer trabalho através da expressão criadora em qualquer disciplina do currículo pode intervir nos diferentes processos mentais auxiliando na construção do pensamento divergente e no potencial de reflexão crítica de cada indivíduo Acreditamos que fatores como a organização a disciplina e a responsabilidade são conquistas num processo de dentro para fora Numa escola em que se pretenda desenvolver uma pesquisa metodológica é necessário que se tenha uma equipe construída numa convivência democrática respeitandose as contradições É também focalizar o administrativo com olhos de educador Palavraschave ArteEducação Currículo Pesquisa 241 Secretaria de Estado da Educação e do Desporto e LazerSE 26 Proposta Curricular para o Ensino Fundamental da Rede Pública Estadual de Sergipe Manoel Luiz Cerqueira Filho Erinaldo Alves do Nascimento Nadja Nayra Alves Monteiro Ana Gardênia Felizardo de Souza José Carlos Carvalho de Mendonça José Iradilson Bomfim Bispo e Sônia Silva Barreto Considerando os princípios de flexibilidade e autonomia a LDB delega aos estabelecimentos de ensino a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica Lei 939496 art 12 cuja prerrogativa é reafirmada pelas Diretrizes Nacionais para o Ensino Fundamental Resolução nº 298 CNE Neste momento cabe às Secretarias de Educação dos diversos Estados do país investir estimular e provocar a implementação de propostas curriculares que venham ao encontro dos anseios da comunidade das orientações normativas e das novas diretrizes do ensino atual bem como a implantação de iniciativas que garantam a qualidade do ensino e atualização constante dos professores Atendendo a essas incumbências a Secretaria de Estado da Educação e do Desporto e Lazer SEED por intermédio do Departamento de Educação de Sergipe DED vem desenvolvendo há algum tempo ações que contribuíram e serviram de base para o momento atual Os projetos Salas de Cultura e Arte 19971999 e o Ações ArteEducativas 1999 2000 por exemplo fomentaram novas perspectivas para o ensino da arte em Sergipe Constatouse então com base nessa vivência a imperiosa necessidade de elaborar uma proposta curricular com o objetivo de conferir uma direção à prática docente em arte Palavraschave Currículo Ensino Aprendizagem 242 Mestrando Faculdade de EducaçãoUFRJ PósGraduação em EducaçãoUFBA 27 Revista ArteEducação Alexandre Palma da Silva O objetivo da comunicação é apresentar a página da internet wwwrevista arteeducacaoprobr Esta página iniciou sua visualização a partir de 17 de junho de 2004 em palestra realizada na I Jornada em ArteEducação da Universidade Federal do Rio de Janeiro Esta mídia eletrônica é uma alternativa para a divulgação de artigos entrevistas projetos pesquisas links agenda cultural e formação de comunidade virtual congregando docentes artistas estudantes pesquisadores e público interessado nas áreas de arte e educação O site de atualização mensal contém publicação impressa que até o momento teve participações de Adir Botelho Escola de Belas Artes UFRJ Dircéia Machado Faculdade de Educação UFRJ Emílio Gonçalves Faculdade de Educação UFRJ João Vicente Ganzarolli Escola de Belas Artes UFRJ Mario Orlando Colégio de Aplicação UFRJ Murillo Mendes Escola de Belas Artes UFRJ Rossano Antenuzzi Museu Nacional de Belas Artes e Rosza Vel Zoladz Escolinha de Arte do Brasil Pretendemos com este pôster mostrar para o público presente do XV Confaeb possibilidades do uso de novas tecnologias como meio de contato e partilha de conhecimentos entre professores atuantes no ensino de arte Palavraschave ArteEducação Informática na Educação Internet 28 TeatroEducação saberes e transformações de jovens artistas Alexandre Santiago da Costa A presente comunicação tem como objetivo explanar sobre um estudo de caso desenvolvido a partir da pesquisa de dissertação sobre o CRIA Centro de Referência e Integração de Adolescentes que constitui uma ONG organização não governamental que atua na cidade de Salvador com a participação de adolescentes provenientes da periferia desta mesma cidade A pesquisa procura identificar as principais matrizes teóricopráticas dessa instituição e analisar o currículo que é preconizado para o trabalho em teatroeducação com esses jovens O teatroeducação 243 Universidade Federal da Bahia Faculdade de Educação Programa de PósGraduação em Educação aporta como um importante aliado na formação desses jovens que participam de um processo que valoriza seus saberes e experiências sua corporeidade sua cultura e seus desejos A presente pesquisa visa também identificar processos privilegiados no trabalho educacional haja vista que essa ONG trabalha com saberes relativos à construção da cidadania e saúde Portanto aportamos com reflexões acerca dos processos educacionais através do teatro procurando privilegiar uma formação multirreferencial e atentando para os conflitos inerentes à vida desses educandos Palavraschave TeatroEducação Currículo e Juventude 29 TeatroEducação Componente Curricular no Meio Rural o caso da escola comunitária Brilho do Cristal Riomar Lopes da Silva A presente comunicação tem como objetivo apresentar a pesquisa de dissertação que tem como objeto de estudo o teatroeducação enquanto componente curricular da Escola Comunitária Brilho do Cristal ECBC Tendo como objetivo geral sistematizar e analisar a prática pedagógica do teatro educação de terceira e quarta séries do primeiro semestre do ano letivo de 2004 A ECBC situase no Vale do Capão pequeno povoado de cerca de novecentos metros O Vale do Capão pertence ao distrito de CaetéAçú no município de Palmeiras na Chapada Diamantina no Estado da Bahia A população aí residente é historicamente agricultora e garimpeira Para melhor analisar e sistematizar minha pesquisa três perguntas nortearão meu estudo como se deu o processo através do qual o teatro apareceu na ação pedagógica da ECBC Quais as contribuições efetivas e que efeitos a linguagem do teatro enquanto componente curricular trouxeram para o projeto pedagógico da ECBC Quais as propostas que uma análise sistematizada sobre o componente curricular teatroeducação pode oferecer para contribuir com a organização do currículo da ECBC Metodologicamente essa pesquisa tem como base o estudo de caso de caráter qualitativo que implica descrever fundamentar e registrar a pesquisa Palavraschave Currículo TeatroEducação Meio Rural 244 Centro Universitário de BelasArtes de São Paulo 210 Trabalhos Finais de Curso de Arte no Brasil a tendência histórica da obraprima Sérgio Augusto Malacrida Apesar de somente constar como obrigatoriedade o Trabalho Final de Graduação para os cursos de arquitetura conforme PortariaMEC 177094 no campo das artes cada vez mais tal instrumento pedagógico é adotado com diferentes denominações Tratase da busca por articulações de conhecimentos que significam o trânsito do âmbito eminentemente acadêmico para o do exercício profissional em um trabalho que demonstre aquisição de competências mínimas a serem avaliadas O Brasil influenciado pela Missão Francesa a Academia de Belas Artes cujo início se deu em 1816 adotou a título de estímulo o Prêmio de Viagem um concurso para premiar os melhores trabalhos de pintura escultura e arquitetura A adoção no ensino formal de arte brasileiro teve como fonte inspiradora o Grande Prêmio de Roma da Academia de Belas Artes de Paris que anualmente premiava os melhores trabalhos nas diversas áreas de arte tendo a pintura como a mais nobre No Brasil além das premiações havia uma exposição de trabalhos a qual no seu início recebia o prestígio da presença da família real A tendência da valorização das obras seguindo modelos consagrados vem das corporações medievais dos cursos de treinamento dos mestres de ofício que no seu final exigiam a elaboração de uma obraprima Palavraschave TCC Curso de Arte ObraPrima 245 Secretaria Municipal de Educação de Uberlândia MG 211 Uma Trajetória no Ensino de Arte em Uberlândia MG diretrizes básicas de ensino Carneiro de Zumpano França Ana Maria Vilela de Carvalho Márcia Maria Sousa Maria Rosalina Souza Pereira Miguel Marilane Costa Lelis Melo Milene Martins Mendonça Rodrigues Rosane Amado Silva Medeiros Rosângela de Ávila Oliveira Silvana Brito de Resende Teresa Cristina Melo da Silveira Valéria Carrilho da Costa e Waldilena Silva Campos As Diretrizes Básicas de Ensino por Componente Curricular Ensino de Arte Artes Visuais Artes Cênicas e Música são fruto de um processo histórico e representam a materialização do conhecimento acumulado e sistematizado a partir das experiências e reflexões dosas professoresas Estes entendem o currículo como uma estratégia de ação intersubjuntiva dotada de procedimentos metodológicos que se efetiva no interior de um determinado sistema educativo com a finalidade de garantir que o fluxo de informações selecionadas e filtradas filosóficopoliticamente da cultura seja transformado em princípios éticopolíticopedagógicos e em saberes escolares sistematicamente organizados MUNOZ PALAFOX 2001 p 95 As Diretrizes estão assim organizadas Histórico Objetivos Justificativa Fundamentos FilosóficoPedagógicos Educação Conhecimento Cultura Arte Metodologia Avaliação Desenvolvimento Gráfico Conteúdos Específicos Considerações Gerais e Bibliografia Elas têm por objetivo orientar o trabalho dos professores visto que na educação escolar nem sempre a arte é entendida como um campo de conhecimentos organizados que pode ajudarnos a interpretar o passado a realidade presente e a nós mesmos Esse entendimento favorece a construção de uma identidade O Ensino de Artes Visuais propõe trabalhar em sala de aula na relação aluno professor conhecimento na perspectiva da articulação das seguintes referências Proposta Triangular BARBOSA 1998 de Projeto Educativo HERNÁNDEZ 2000 e busca de uma aprendizagem significativa MARTINS 1998 Palavraschave Currículo Ensino de Arte Educação 246 Universidade Federal do Maranhão UFMA 3 Ensino de Arte na Diversidade Coordenação Fernando Antonio Gonçalves de Azevedo 31 ArteEducação e Turismo em Escolas Públicas de São Luís MA Izabel Mota Costa O trabalho enfoca um projeto desenvolvido pela Fundação Municipal de Turismo de São Luís MA entre os anos de 19992001 Objetivava sensibilizar as crianças sobre o valor e importância do patrimônio da cidade escolhida em 1997 como Patrimônio da Humanidade O públicoalvo eram alunos das escolas municipais da 1ª série do Ensino Fundamental ao Ensino Médio Inicialmente a equipe do projeto utilizava palestras como metodologia mas estas não produziam bons resultados em turmas até a 6ª série Ao ser contratada para coordenar o projeto criei oficinas de arte em que eram escolhidos temas relacionados à história e cultura de São Luís incluindose passeios pelos pontos mais importantes da cidade museus prédios De posse destes dados os alunos partiam para o fazer artístico trabalhos que eram expostos na escola em que compareciam as famílias moradores do bairro autoridades municipais Os resultados foram altamente positivos para os alunos tanto para uma melhor compreensão da arte e do processo artístico como para a autoestima individual já que a grande maioria provinha de famílias muito pobres Palavraschave Turismo Metodologia Escola Fundamental 247 32 A Arte na Alfabetização de Jovens e Adultos Cilene Nascimento Canda Tal comunicação tem como objetivo principal analisar a prática da arte e da ludicidade e a sua função social na alfabetização de jovens e adultos O objeto de estudo centrase no processo de alfabetização políticoestética concretizado em ciclos de leitura e escrita de textos partindo da interação grupal proporcionada pelas vivências lúdicas e oficinas de teatro realizadas com alunos jovens e adultos que apresentam dificuldades de aprendizagem no contexto educativo O públicoalvo dessa pesquisa é composto pelas classes sociais desfavorecidas economicamente da cidade de Salvador Bahia A educação desse público requer uma prática voltada para o desenvolvimento políticoestético tendo como base as atividades lúdicas e artísticas A educação de jovens e adultos necessita de uma abordagem teórica técnica e metodológica particularmente diferenciada das práticas aplicadas na educação de crianças e adolescentes Unir o processo de alfabetização com a ludicidade permite nãosomente a apropriação de ferramentas da leitura e da escrita mas também suscitar no sujeito a necessidade da atividade criativa promovendo fontes geradoras de idéias e o estabelecimento de outras formas de relações sociais desenvolvendo a aquisição de conhecimentos de forma significativa e sensibilizando os alunos para as expressões culturais da comunidade Palavraschave Arte Ludicidade e Alfabetização 33 Ensino de Arte e Inclusão do Aluno Deficiente Visual Roberto Sanches Rabello e Eliane de Souza Nascimento Tratase de um projeto de pesquisaação em desenvolvimento que tem como objeto a adequação do ensino de arte ao aluno com deficiência visual implicando simultaneamente a produção de conhecimento e uma ação de impacto coletivo Universidade Federal da Bahia Universidade Federal da Bahia 248 Universidade Federal de Pernambuco O objetivo do trabalho é analisar a situação do ensino de arte oferecido a alunos com deficiência visual na rede pública estadual em Salvador visando a subsidiar estudos e a implementar ações na perspectiva de uma educação inclusiva Identificamos as concepções de arteeducação e as diretrizes do professor na organização do trabalho pedagógico contemplando ações que facilitem o aprendizado da arte a percepção do deficiente visual e o relacionamento entre os alunos A fundamentação do estudo envolve as diretrizes do ensino de arte na atualidade e o paradigma da educação inclusiva na especificidade do deficiente visual Apresentamos um diagnóstico da situação de atendimento ao deficiente visual em oito escolas mostrando também a análise preliminar das entrevistas realizadas com os professores de arte culminando com as conclusões que chegamos até o momento Palavraschave Ensino de Arte Deficiência Visual Inclusão 34 O Ensino de Teatro na EJA uma experiência com jogos teatrais Elaine Rodrigues Este trabalho apresenta o relato de um processo pedagógico em Teatro Educação numa turma do módulo II da EJA Educação de Jovens e Adultos numa escola pública na cidade do Recife PE em 2003 O uso do jogo como processo criativo e emancipatório atesta a aplicação do teatro no contexto escolar contribuindo para que o educando exercite e desenvolva os aspectos físicos intelectuais psíquicos imaginários e cognitivos ajudandoo a construir seu autoconhecimento revelandoo a si próprio Primeiramente por meio do jogo dramático desenvolvemos o manuseio de um objeto aparentemente sem função levando o educando a redescobrilo através de sua exploração atribuindolhe novos significados Percebeuse no primeiro momento uma certa timidez e resistência aos exercícios justificados pela falta de contato anterior com práticas similares Vencido esse obstáculo desenvolvemos o jogo teatral em que o grupo optou por realizálo projetandose em mamulengos Percebemos que com este artifício vencemos as barreiras antes expostas 249 É necessário considerar que no adulto geralmente uma parte do seu ser o sensível o sensorial e o sensual foi suprimida no decurso de sua educação em favor do intelectual do convencional do lógico O ensino do teatro ajuda o educando a descobrir e a trazer ao consciente essa parte relegada Permitindo lhe maior familiaridade com seus próprios sentimentos e emoções despertados pela prática dos jogos ele estará mais subsidiado para compreender e organizar suas ações propiciando o seu desenvolvimento integral Palavraschave Ensino Teatro Jogo Referências BRASIL Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte 3º e 4º ciclos do Ensino FundamentalArte Brasilia MEC 1998 COURTNEY R Jogo Teatro e Pensamento as bases intelectuais na Educação São Paulo Perspectiva1980 FREIRE P Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra1975 SPOLIN V Improvisação para o teatro São Paulo Perspectiva 1979 35 A Instalação na Escola Jacqueline MacDowell Entrando pelo caminho da criatividade conseguimos desenvolver as potencialidades dos alunos e assim fazêlos crescer psiquicamente através de trabalhos feitos com a Instalação A entrada do mundo utópico da arte faz as pessoas imaginarem sonharem criarem metas buscarem seus objetivos seguirem uma trilha A Instalação é por si só interativa por haver emissor e receptor objetosujeito num sistema de trocas intercâmbiofeedback se fala da ruptura no campo das artes em questão de categorias Universidade Federal do Rio de Janeiro 250 Secretaria Municipal de Educação Rio de Janeiro RJ Mas o que importará para o aluno é exatamente a troca dele com a experiência do material e o ambiente que se faz que se cria Revendo o histórico da Instalação no Brasil na década de 1950 encontramos artistas experimentando um novo patamar na arte brasileira Como exemplo os experimentos de Hélio Oiticica com materiais e depois em ambientes que propiciará um diálogo do material com o espectador Quando concebe os penetráveis Hélio encontra uma nova ordem de pensamento da qual fluirão novos conceitos A comunicação então se contextualizará nesta diversidade da arte encontrada na Instalação Palavraschave Imaginar Criar Explorar 36 InterRelações entre Teatro e Educação a alfabetização cênica André Luiz Porfiro A comunicação Interrelações entre teatro e educação a alfabetização cênica pretende apresentar o resultado de uma investigação realizada durante o período de agosto a novembro de 2002 e em novembro de 2003 na Escola Municipal Gandhi localizada na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro Estabelece linhas de contato existentes entre o teatro na educação a partir dos jogos dramáticos na formulação desenvolvida por Ryngaert e a educação contemporânea entendida a partir do relatório para Unesco Organização das Nações Unidas para a Educação para a Ciência e para a Cultura da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI o Relatório Jacques Delors somados ao pensamento de Morin sobre a educação do futuro numa prática em sala de aula da rede pública A pesquisa favoreceu a construção de um conhecimento pertinente da nossa época apontando para a importância da prática do teatro na educação preocupado com a cultura da comunidade e a formação do homem Palavraschave Teatro na Educação Jogos Dramáticos Educação Contemporânea 251 37 A Leitura de Imagens Através do Jogo Teatral uma experiência de ensino de arte em espaços nãoescolares Everson Melquiades Araújo Silva O dispositivo da pesquisaação foi mobilizado para se compreender os efeitos da utilização do jogo teatral na aprendizagem da leitura de obras de artes de estilo moderno A experiência de ensino foi desenvolvida com 25 crianças com faixa etária entre sete e oito anos de idade que participam de um grupo de formação em valores humanos da organização nãogovernamental ONG Casa da Criatividade localizada em uma favela de periferia urbana da cidade de Recife O processo formativo desencadeado buscou desenvolver através de um conjunto de ações organizadas atividades que possibilitassem às crianças realizarem a leitura e releitura da obra de arte Guernica de Pablo Picasso através do jogo teatral e do registro da performance realizada no jogo através da imagem visual fixa fotografia A seqüência didática vivenciada possibilitou a articulação do ensino de artes visuais e o ensino de teatro realizada a partir da metodologia triangular do ensino de arte O processo de releitura da obra de arte através do jogo teatral aliado à leitura objetiva e subjetiva da imagem possibilitou às crianças de maneira lúdica criarem um bom nível de conhecimento da obra estudada e uma compreensão global das imagens Palavraschave Leitura de Imagem Jogo Teatral Ensino de Arte em Espaços NãoEscolares 38 O Negro e seus Acessos aos Direitos de Cidadania Ronivaldo Moraes da Silva São visíveis as dificuldades enfrentadas pela comunidade negra em se inserir no contexto da cidadania brasileira e quando falo em comunidade negra falo também dos adeptos das religiões afrobrasileiras inclusive quanto ao respeito às suas diferenças Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal do Amapá 252 1 Parte da Agência Experimental de Comunicação Social Ingomba NAruanda extensão universitária do Colegiado de Artes da Universidade Federal do Amapá e Faculdade SEAMA para a Federação de Cultos AfroBrasileiros do Amapá Professores orientadores Arthur Leandro e Alexandre Alcolumbre Universidade Federal de Pernambuco Na minha experiência como monitor do projeto de extensão Ingomba NAruanda1 fiz dois vídeos sobre esse universo e pude conviver com o universo afroreligioso no Amapá Tanto nos vídeos como na experiência educativa trato de assuntos corriqueiros entre os grupos sociais que Muniz Sodré chama discrimináveis e isso permeia discriminação no trabalho e na escola e também trato das dificuldades de socialização nas quais engendra até o envolvimento amoroso com pessoas de fora do culto Meu trabalho é composto de jovens que levam a vida normalmente como quaisquer outros com dois diferenciais são em sua maioria negros e candomblecistas genericamente chamados de macumbeiros Mesmo que para alguns possa soar esdrúxulo e repugnante ou exótico não devemos esquecer que esse é justamente o discurso excludente professado pelos meios de comunicação pela escola e por outras instituições da oficialidade brasileira É sobre esse universo de exclusão que tratam meus vídeos e minha atuação na arteeducação e uso arte mídia como forma de inserção e possibilidade de convivência pacífica multicultural Palavraschave Arte Vídeo Diferença 39 Um Olhar sobre a Inclusão através do Teatro Arheta Ferreira de Andrade A problemática da inclusão do portador de necessidades especiais nas atividades sociais afeta também o universo teatral Crianças jovens e adultos portadores de alguma necessidade especial leiase deficiências visuais auditivas mentais e doenças mentais não dispõem de oportunidades para apreciar um espetáculo de teatro nem para se expressar através do mesmo Tomando como foco de observação um trabalho de pesquisa realizado por um projeto chamado Pátio da Fantasia da UFPE objetivamos discutir a necessidade de uma acentuada inclusão desse grupo de pessoas acima referido no processo de apreciação artística especialmente na linguagem teatral 253 Os integrantes do projeto durante todo período de dois anos de pesquisa realizaram seminários com temas relativos ao universo infantil ao teatro em geral ao teatro para e com crianças às necessidades dos portadores de deficiência bem como oficinas enfocando técnicas necessárias para as atividades artísticas do projeto mímica mágica percussão etc Após esse período compartilharam com as crianças espetáculos teatrais que possuíam grande flexibilidade em seus enredos Nessas peças o espectador poderia apreciar participando e até interferindo criativamente no processo Estas atividades teatrais deram àqueles que delas participaram a possibilidade de se encontrarem enquanto seres criadores capazes de se verem iguais aos outros sem preconceitos e discriminações Palavraschave Inclusão ArteEducação Educação Especial 310 O Papel da ArteEducação na Realização de um Projeto Social Claudia Carneiro da Cunha Mabel E Botelli e Denise Mendonça O Projeto Ciranda Brasileira é desenvolvido desde 2001 pelo Instituto de Arte TEAR que opera com uma metodologia construída ao longo de 24 anos pela Escola de Arte TEAR O instituto é uma ONG de caráter educativo e sociocultural O Projeto contempla adolescentes de escolas públicas da Grande Tijuca no RJ de 12 a 21 anos em situação de vulnerabilidade O trabalho de formação organizase em três níveis o primeiro oferece os fundamentos das linguagens artísticas o segundo aprofunda as linguagens e o terceiro tem caráter profissionalizante a CIA Cirandeira Os participantes percorrem oficinas integradas onde são desenvolvidas linguagens como artes cênicas criação literária dança expressão corporal música canto construção de instrumentos artes visuais além de fóruns de discussão com temáticas específicas da juventude Trabalhase com os vários sentidos da arte campo específico de conhecimento socializadora meio de autoconhecimento e Instituto de Arte TEAR 254 Universidade Federal Fluminense Rio de Janeiro RJ expressão mobilizadora de subjetividades e coletividade O trabalho permite que os alunos se preencham vivenciando a arte nas suas dimensões ética estética e de conhecimento Há um exercício de construção contínua de saberes entre professores e alunos alicerçado em valores de cooperação solidariedade respeito e cuidado Palavraschave ArteEducação Projeto Social Juventude 311 Pequenos Espetáculos da Memória Beatriz Pinto Venancio Esta comunicação trata de pesquisa realizada há cinco anos com um grupo de idosos nãoatores participantes de um projeto de extensão da UFF Nas oficinas semanais os idosos relatam lembranças do passado criando um acervo para o arquivo que alimenta a produção de pequenos textos dramáticos A pesquisa foi objeto de minha tese de doutorado em teatro defendida em março deste ano na UniRio Circulando pelos campos do teatro comunitário estudos de memória exercícios de escrita dramática e encenação de lembranças relato o registro cênico dramatúrgico de três espetáculos revelando o imaginário teatral do grupo com forte presença de uma estética do teatro popular Procuro mostrar como as concepções do fazer teatral dos participantes saltam para dentro dos espetáculos permeando as escolhas do modo de contar as lembranças e de fazer delas um tipo de espetáculo No entanto este fazer teatral surge carregando os novos códigos apreendidos nas oficinas dando origem a um modo próprio do grupo de fazer e pensar o teatro Neste sentido procuro mostrar a experiência em um duplo movimento o processo de criação coletiva de um grupo de idosos nãoatores e um novo canal de expressão de memórias Palavraschave Teatro Comunitário Velhice Memória 255 312 A Práxis do Teatro Didático na Instituição Pública Escolar uma experiência dentro e fora da sala de aula Eneila Almeida dos Santos O trabalho que quero apresentar relata uma vivência uma pesquisaação desenvolvida com um grupo de alunos de uma escola pública estadual de São Paulo da qual sou arteeducadora no decorrer do meu curso de mestrado em 2002 intitulado A práxis do teatro didático na instituição pública escolar uma experiência dentro e fora da sala de aula Essa pesquisa que integra arte cultura e educação escolar num esforço interdisciplinar buscou por meio da arte teatral especificamente de jogos e exercícios improvisacionais orientar professores que queiram trabalhar o teatro na escola dentro ou fora da sala de aula de maneira simples e eficaz O foco principal foram as ações desenvolvidas no decorrer da práxis de 44 jogos desenvolvidos pelos alunos de uma sala de aula do primeiro ano do ensino médio e por um grupo de teatro experimental fora da sala de aula A pesquisa traz uma reflexão sobre a importância da arte teatral no ambiente escolar principalmente na realidade política e sociocultural na qual está inserida Partindo do princípio de que toda ação teatral é uma ação política solidificamos todas as experimentações em fatos reais substituindo magias por verdades vividas pelos próprios participantes nas quais a espontaneidade a criatividade as regras e as avaliações nortearam todo o processo de iniciação da arte teatral naquele ambiente escolar Toda a pesquisa é embasada nas práticas reflexivas nas vivências dos próprios alunos estimulando dessa forma a transformação do ambiente escolar muitas vezes monótono em um grande palco no qual todos os participantes se tornam personagens reais de sua própria história Palavraschave ArteEducação Teatro Jogos Teatrais Escola Estadual João Kopke São Paulo SP 256 Fundação de Apoio à Escola Técnica Faetec Faculdade de Artes Visuais Universidade Federal de Goiás 313 Processo de Criação na Contemporaneidade Marly Silva Rodriguez Diferentemente da arte moderna a arte contemporânea não pode ser estudada pensada e compreendida como aquela em que forma cor e espaço eram objetos de discussão A arte contemporânea está ligada a outras esferas não artísticas como a política o corpo a sexualidade a filosofia a ética determinadas pela produção cultural de nossos dias Refletir sobre questões estéticas e sociais locais ou globais identificar um papel crítico na linguagem artística ultrapassando tradições acadêmicas e formalistas redefinindo processos e conceitos As propostas vão além da simples representação ou de vir a ser um produto de mercado A escola está situada em Quintino Bocaiúva atende a uma clientela heterogênea afastada social e culturalmente quer pela distância ou devido a outros impedimentos A minha oficina pretende minimizar e fazer a inclusão quer seja atendendo aos especiais de pessoas da terceira idade e da comunidade em geral Palavraschave Inclusão Processo de Criação Criatividade 314 Representações Visuais da Identidade Sexual de Adolescentes em Escolas Públicas de Goiânia Adair Marques Filho A partir da minha experiência particular em relação aos estudos gays e lésbicos fundamentados pela Teoria Queer procuro problematizar como as representações da identidade sexual de adolescentes são trabalhadas ou não nas escolas pois ainda há uma resistência quando o assunto é sexualidade e principalmente quando se trata de identidade homossexual As questões que giram em torno da homossexualidade vêm à tona em vários momentos na escola nas ruas na família e se manifestam em espaços informais das escolas como muros banheiros etc Essa é uma questão polêmica e apresentase como ponto inicial da minha pesquisa em que busco elucidar os seguintes questionamentos qual a necessidade de se discutir as 257 identidades homossexuais na escola Qual seria o papel do ensino de arte para a abordagem do tema nas escolas de uma forma natural A escola incluindose os educadores está preparada para enfrentar esse desafio Em um momento que tanto se discute uma educação para a diversidade acredito ser a arte o meio para a conscientização e transformação de um pensamento sobre o diferente colocando em pauta discussões sobre identidade homossexual como forma de desmitificar a idéia da homossexualidade como um desvio ou doença mas encarandoa como um modo diferente de ser Palavraschave Representações Visuais Arte e Diversidade Identidade Sexual 315 Tecendo Lembranças e Vivenciando as Artes no Convívio entre Amigas e Profissionais Maria Célia Fernandes Rosa Vera Lúcia Dias e Lydia Garcia Relatamos a experiência do nosso grupo de professores que ensinou artes no Ensino Fundamental em Brasília entre 1965 e 1995 Iniciamos o trabalho nas escolas de Brasília quase ao mesmo tempo Daí aposentamonos quase juntas Em algum tempo da nossa carreira algumas de nós trabalharam juntas na mesma escola ou num mesmo projeto educacional criamos os filhos que nos chamavam de tias não por sermos professoras mas por sermos muito unidas festas de aniversários doenças nascimentos congressos noitadas etc Tínhamos necessidades de continuarmos nesta convivência mas só as reuniões sociais não nos satisfaziam Era preciso ver o fruto desta ânsia de contato Resolvemos fazer alguma atividade prazerosa que nos instigasse eou nos provocasse a criar e a pesquisar Assistindo ao filme Colcha de retalhos veio a idéia vamos bordar Uma vez por semana nos reunimos na casa de uma de nós mesmas e escolhemos o tema às vezes as cores predominantes e bordamos pedaços de telas de tapeçaria que emendadas viram colchas pedaços de linho que viram toalhas de mesa Depois de prontas são sorteadas e cada uma vai ganhando a sua Algumas nunca tinham experimentado bordar por isto a primeira tarefa foi feita devagar sem acreditar que ia funcionar Foi só a primeira Depois as cabeças encheramse de lembranças de imagens do Fundação Educacional do Distrito Federal 258 Pontifícia Universidade Católica de Campinas SP Universidade Metodista de São Paulo São Bernardo do Campo SP que foi visto sonhado vivido e tudo ia virando bordado Ficamos tão orgulhosas que sentimos a necessidade de mostrar tudo issoVera Lúcia tem um livro no prelo inspirado em nossos fazeres Uma exposição também já está agendada para o início de 2005 Nos encontros discutimos os filmes teatros ou concertos assistidos marcamos visitas às exposições ou ateliês de artistas Estamos encontrando uma maneira de continuarmos a nos envolver com as artes de promovermos a nossa educação continuada e de promovermos também o interesse de outras pessoas pelo fazer artístico e pela discussão de como e para que se faz arte Apresento o grupo Vera Lúcia Dias Vera Cecília Solange Guimaraens MariLéa P de Campos Lydia Garcia e Lourdes Brandão são professoras de música Odete Regina e Myrtes professoras de artes visuais eu Maria Célia sou professora de artes cênicas e Ester sempre estudou canto mas é professora de História Outras mulheres entraram no grupo por muita afinidade com todos Nilda a mãe de Vera Lúcia e Zezé que nem era professora mas cantava desde pequenininha e ainda canta no coro junto com as outras Palavraschave Arte Diversidade Comunidade 316 A Tridimensionalidade e a Formação Roberta Puccetti Carla Carolina Constantino Maria Christina Quilici Guimarães Rafaela Maria Zanatta Raquel Carneiro Amin Raquel Martins e Renata Meirelles Pires Ferreira Célia Regina Gonçalves Marinelli A pesquisa referese ao estudo da produção artística tridimensional na construção do conhecimento enquanto relação entre fazer conhecer exprimir e criar do deficiente mental A hipótese com a qual se trabalha é a de que a complexidade da produção tridimensional que implica esforços intencionais e conscientes de organização visual e mental em razão das diferentes relações espaciais 259 a serem feitas simultaneamente pelo sujeito desvela o desenvolvimento de processos cognitivos ao visualizar mentalmente ao perceber a forma ao explorar intensamente o jogo de profundidades e o fluxo de espaço ao sentir o impacto da massa e a natureza diversa das técnicas e dos materiais O estudo centrase sobre os significados construídos na produção artística tridimensional a partir dos seguintes conceitos teóricos norteadores arte como linguagem construído por Eco 1988 e Pareyson 1984 experiência estética em MerleauPonty 1991 e Meira 2003 concepção percepção e concretude da forma no fazer em Pareyson 1993 e na vertente psicológica Gestalt e Jung os processos cognitivos e deficiência mental em Vygotsky 1988 e 1996 e Maturana 2001 Justificase o estudo pela relevância acadêmica e social num momento em que se buscam possibilidades reais de inclusão de modo a atender às necessidades educacionais contemporâneas A metodologia proposta inserese no contexto de uma pesquisa empírica qualitativa com a coleta de dados ocorrendo em encontros com os sujeitos realizados no Centro Interdisciplinar de Atenção ao Deficiente da PUC Campinas com a aplicação de um roteiro de atividades que exploram a produção artística tridimensional por meio de observação pesquisa bibliográfica e documental Palavraschave Arte Produção Conhecimento 4 A História do Ensino da Arte no Brasil Coordenação Luciana Grupelli Loponte 41 A Contribuição do Professor Ivan Serpa Hélio Márcio Dias Ferreira Em 2004 defendi na Faculdade de Educação UFF a tese de doutorado O Professor Ivan Serpa importância das artes plásticas na educação com parte dos estudos realizados na Université Sorbonne Paris 3 com bolsa sanduíche promovida pela Capes Escola de Teatro UniRio 260 Minha comunicação visa a apresentar um resumo da minha pesquisa e a mostrar a importância do insígne mestre já falecido Ivan Serpa e lembrar a Escolinha de Arte por ele criada no MAM e que hoje já não mais existe Não necessito de nenhum recurso extra para acompanhar a comunicação Palavraschave Ivan Serpa Educação e Arte Escolinha de artes do MAM 42 Ensino de Arte e Educação Profissional Feminina a criação da escola profissional feminina de São Paulo Carolina Marielli Barreto O presente trabalho busca a compreensão do ideário de ensino de arte presente nos pressupostos que fomentaram a criação em 1911 da Escola Profissional Feminina de São Paulo EPFSP A EPFSP foi um projeto e uma experiência pioneiros do ponto de vista das políticas educacionais públicas Organizada e regulamentada pelo governo estadual de São Paulo a instituição foi destinada ao público feminino voltada para o ensino das artes tidas como femininas aplicadas à indústria A finalidade era de preparar mãodeobra qualificada e apta à crescente industrialização que se processava em São Paulo Nesse contexto o ensino da arte mais propriamente o ensino do desenho teve papel relevante como objeto disciplinador ou como forma de aperfeiçoar a mãodeobra e cultivar o espírito do trabalhador O trabalho se caracteriza como uma análise da bibliografia levantada para o entendimento do tema proposto Como fontes de pesquisa foram utilizados pareceres e anuários apresentados pela Secretaria de Instrução Pública e outros documentos oficiais da EPFSP Por meio do discurso de seus relatores tornouse possível investigar a ideologia contida nas concepções de ensino da arte e buscouse também conceituar dentro do período compreendido entre 1910 a 1940 o que significava a profissionalização feminina Palavraschave História do Ensino de Arte Educação para o Trabalho e Educação Feminina Graduada em Educação Artística e Mestranda em Artes no Instituto de Artes da Unesp 261 43 O Ensino de Arte na Educação Feminina no Colégio Nossa Senhora das Dores 18851973 Roberta Maira de Melo Araújo Esta pesquisa tem por objetivo verificar o modelo de ensino de arte na educação feminina no Colégio Nossa Senhora das Dores CNSD em Uberaba no estado de Minas Gerais no período de 1885 a 1973 e contribui para a História do Ensino de Artes Plásticas no Brasil O CNSD era um internato e externato feminino fundado por irmãs dominicanas francesas e ministrava aulas de trabalhos manuais desenho e pintura Como resultado observouse que no Colégio Nossa Senhora das Dores a tendência educacional tradicionalista predominou desde o final do século XIX até grande parte do século XX de par com os princípios do neoclassicismo nas aulas de desenho e pintura Contudo a pintura não era disciplina obrigatória e era paga a parte As aulas de trabalhos manuais compreendiam os bordados a costura e a modelagem O ensino de arte recebeu influências das correntes positivistas e liberalistas e de educadores e pesquisadores como Comenius Pestalozzi Dewey Montessori Anísio Teixeira e Perrelet Um outro aspecto da pesquisa é a análise das imagens fotos das alunas no CNSD e da produção realizada por elas nas aulas de arte que proporcionaram a constatação das influências recebidas e desnudaram as mulheres da época Palavraschave História do Ensino Ensino de Arte Educação Feminina 44 Panorama Histórico das Artes Cênicas no Município do Rio de Janeiro Laureana Conte de Carvalho e Juvêncio Fernandes Carvalho O tema em estudo é uma panorâmica histórica do Ensino das Artes Cênicas AC na Rede Municipal do Rio de Janeiro baseada nas vivências dos professores participantes desta realidade Universidade Federal de Uberlândia MG Secretaria Municipal de EducaçãoRJ 262 Em 1980 um grupo inquieto de professores de artes cênicas reuniuse com a finalidade de discutir e analisar os aspectos regulamentadores da disciplina leis pareceres documentos da SMERJ e do SNT Inacem do Ministério da Cultura As conclusões desses encontros foram a constatação de restrições à disciplina de AC e à Educação Artística a autoavaliação das deficiências na formação do arte educador suas conseqüências gerativas no sistema educacional e as prováveis linhas de ação do grupo culminando em 1982 com a publicação pela SMERJ do Documento Caminhos da Artes Cênicas Neste documento definimos o perfil do professor de AC sua formação e condições de trabalho Acreditamos que o relato proposto irá adicionar elementos para a busca de soluções nas problemáticas comuns do arteeducador Queremos portanto ampliar dentro do contexto nacional a visão do ensino das artes cênicasteatro no segundo segmento do Ensino Fundamental Finalmente verificaremos em nossa comunicação os pontos comuns entre as questões levantadas neste documento e as questões atuais do Componente Curricular Teatro Palavraschave Inícios Teatro Educação 45 Os Primeiros Passos no Ensino da Dança Moderna em Minas Gerais Gabriele Luzia Pires Generoso e Alba Pedreira Vieira Nesta pesquisa historiográfica nosso objetivo foi investigar o desenvolvimento da dança moderna em Minas Gerais a partir da perspectiva de sujeitos que participaram desse processo Realizamos entrevistas semiestruturadas com cinco coreógrafos que participaram desse movimento histórico Nesse período dança e escola tomaram rumos diferenciados pois a primeira tida como essencialmente feminina não era vista como agente contribuidor para os fins propostos pelo Estado autoritário o qual priorizou investir em atividades desportivas que incentivavam a competitividade elemento essencial para o crescimento do país na perspectiva Universidade Federal de Viçosa MG 263 econômica adotada pelos militares o capitalismo Segundo os entrevistados em Minas a dança moderna teve seu período de ascensão na década de 1960 tendo como seus precursores dentre outros Marilene Martins Martins incentivou a dança moderna no estado ao priorizar em sua metodologia de ensino o desenvolvimento da criatividade de seus alunosintérpretes O seu trabalho tem continuidade através daqueles que passaram por sua escola e que atualmente têm suas companhias de dança reconhecidas nacionalmente como a Cia de Dança de Minas Gerais cuja sede é no Palácio das Artes Hoje a dança moderna se mistura a outras tendências dando origem à dança contemporânea cuja perspectiva de abertura a novas propostas condiz com nossa presente dinâmica social Palavraschave História Dança Moderna Movimento Modernista 46 As Quatro Chaves do Imaginário na Poética de Ilo Krugli Márcia Mascarenhas Esta comunicação pretende apresentar parte da pesquisa que venho realizando para o projeto de mestrado em História no Instituto de História da UFU Ilo Krugli nasceu na Argentina em 10 de dezembro de 1930 veio para o Brasil em 1961 para trabalhar na Escolinha de Arte do Brasil fundada por Augusto Rodrigues onde encontrou artistas e pesquisadores como Noêmia Varela Nize da Silveira e Cecília Conde desenvolvendo pesquisas pelas quais buscavam educar através da arte Krugli entrelaçou a essa nova filosofia educacional uma poética própria trazendo a cultura popular a festa e o jogo valorizando a composição cênica através de cenas despojadas em que o ator e o público brincavam com objetos sugestivos que iam se transformando física ou imaginariamente Palavraschave Teatro Didático Coletivo Imaginário Universidade Federal de Uberlândia MG 264 5 Arte Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental Coordenação Itamar Alves Leal dos Santos 51 O Ensino de Arte nas Séries Iniciais do Ciclo I implantação do ensino de arte ministrado por especialistas nas séries iniciais Roseli Cassar Ventrella e Maria Terezinha Telles Guerra Este trabalho tem como objetivo apresentar em linhas gerais os caminhos iniciais trilhados por membros da equipe técnica da CenpSEESP assessores das diferentes linguagens representantes das Diretorias de Ensino e das escolas de Educação Básica da rede pública estadual durante o processo de discussão e reflexão que teve como foco a implantação do ensino de arte ministrado por especialistas nas séries iniciais do Ciclo I em 2003 através da Resolução SE nº 184 de 27122002 Coube a nós coordenadoras do projeto deflagrar uma série de encontros para que o êxito da implantação bem como as ações empreendidas coletivamente em tais encontros alcançassem na sala de aula das séries iniciais o sucesso e a competência da aprendizagem desejada em arte Foram realizados então em 2002 dois grandes Fóruns de Ensino de Arte dos quais participaram todas as Diretorias de Ensino do Estado de São Paulo representadas pelo Assistente TécnicoPedagógico de arte um Supervisor de Ensino e três professores de arte de cada uma das regiões Unidos em torno de um mesmo ideal discutir e refletir sobre a importância da inclusão do ensino de Arte no Ciclo I diferentes propostas foram apresentadas visando ao compromisso com os objetivos e conteúdos específicos da área E foram tantas as perguntas tantos os questionamentos e tanta a vontade de acertar que as dúvidas e ansiedades acabaram por contribuir para que o conjunto de professores inicialmente heterogêneo se transformasse em um grupo sólido e unido em busca de soluções que representariam o norte das ações que seriam colocadas em prática por especialistas que atuariam nesse segmento Energias e idéias foram reunidas e em janeiro de 2003 junto aos ATPs de Arte e logo em seguida estes com seus professores e estes com seus alunos o projeto diagnóstico No País das Maravilhas foi discutido Secretaria de Estado de Educação de São Paulo Cenp 265 experimentado alterado reduzido ampliado copiado amputado enxertado apropriado modificado ressignificado Nesse sentido a escolha de situaçãoproblema repertório cultural e histórico tornouse o início do diálogo com os alunos das séries iniciais do Ciclo I através do projetodiagnóstico No País das Maravilhas Com o objetivo de contemplar as linguagens da Dança Teatro Música e Artes Visuais mais quatro projetos foram criados e aplicados em 2003 Elaborados por especialistas em cada uma dessas linguagens e com foco no desenvolvimento da competência leitora e escritora nos códigos não verbais os projetos possibilitaram às crianças manipular organizar compor significar decodificar interpretar produzir conhecer imagens visuais sonoras e gestuaiscorporais requisitos indispensáveis para formação do cidadão contemporâneo Adentramos 2004 num clima de confiança respeito e cooperação entre todos os envolvidos no processo e avançamos ao contemplar música e dança no projeto desenvolvido no primeiro semestre deste ano Corpos Sonoros Neste semestre estamos trabalhando com a integração entre teatro e artes visuais por meio do projeto O Tempo no Espaço e o Espaço no Tempo Pensar projetos de arte para a escola de Ciclo I especialmente projetos que contemplam ensinaraprender arte de maneira significativa e competente está entre nossos objetivos Portanto os objetivos e conteúdos de cada um deles permeiam um processo de pensar construirfazer lúdico e estético que inclui atos técnicos e inventivos de transformar de produzir formas novas a partir da matéria oferecida pelo mundo da natureza e da cultura onde vivem nossos alunos Palavraschave Resolução 184 Ciclo I Arte 52 Projeto ArteEducação para a Cidadania Joana Sanches Justo e Carmem Sílvia Sanches Criar ambientes educativos utilizando recursos como fotografia esquetes teatrais dança instalações artísticas entre outros para que alunos da rede pública de ensino possam ampliar sua consciência cidadã e propor soluções aos problemas de nossa realidade pautadas no pluralismo de idéias e respeito à diversidade cultural são os principais objetivos deste projeto que existe há três anos junto ao Núcleo de Universidade Estadual de Londrina Universidade Estadual Paulista 266 Ensino da Universidade Estadual Paulista campus de MaríliaSP O Projeto faz parceria com escolas da cidade e região e desenvolvese aos finais de semana procurando atender aos interesses de expressão artística dos alunos Oficinas de dança flamenca e hip hop além de contribuírem para a educação rítmica das crianças foram importantes para conhecerem culturas distintas e minimizarem seus preconceitos diante do que é diferente Ainda na perspectiva de valorizar a solidariedade entre os povos trabalhamos na confecção de um símbolo de paz utilizando origami técnica milenar japonesa conjugada à pomba de Picasso A leitura crítica de fotos permitiu aos alunos perceberem a violência simbólica presente nas grades e muros altos da escola Enfim os resultados das ações empreendidas têm apontado melhora na convivência escolar e maior tolerância ao diverso Palavraschave Protagonismo Infantil Diversidade Cultural 53 Projeto Dante no PIJ uma experiência pedagógica em arteeducação infantil José Mauro Barbosa Ribeiro Elza Gabriela Godinho Miranda Patrícia Lúcia Mércio da Silveira Sá Paola Talita de Oliveira Barbosa Sara Luciana Martins Cíntia de C Lobo e Larissa Vargas Brandão O Projeto InfantoJuvenil direcionado a crianças de dois anos e seis meses a dez anos de idade atendia inicialmente somente filhos de professores e servidores da Universidade de Brasília UnB Atualmente recebe também a comunidade próxima e filhos de alunos da universidade Uma parceria com o Departamento de Artes Cênicas criou o Projeto Dante no PIJ pensado inicialmente como uma proposta de dança e teatro para as crianças alunas do PIJ ministrada por alunos bolsistas do Departamento de Artes Cênicas Os alunosprofessores desenvolvem atividades artísticopedagógicas utilizando jogos dramáticos infantis jogos teatrais oficinas de ações cênicas e movimentos corporais envolvendo música histórias e Projeto InfantoJuvenil PIJ Departamento de Artes Cênicas CEN Universidade de Brasília UnB 267 livros infantis visando através do exercício teatral a despertar na criança desenvolvimento sensóriomotor sociabilidade desinibição criatividade e principalmente atitude crítica e estética frente ao mundo e à sociedade dos quais fazem parte Desta forma os futuros professores de arteeducação têm a possibilidade de experimentar e se aperfeiçoar através da prática do ensino cotidiano e da reflexão sobre os caminhos apontados pela arteeducação como filosofia pedagógica e para a aplicabilidade do ensinamento das disciplinas do currículo do curso de licenciatura em Artes Cênicas No final do ano letivo são realizadas atividades de interação com os pais professores e comunidade com demonstração do processo para que através de críticas e sugestões possamos reorientar e aprimorar o projeto Palavraschave Experiência Licenciatura ArteEducação 54 Vídeo produção visual de crianças Valéria Fabiane Ferreira Este trabalho relata um projeto realizado com duas turmas de crianças em uma escola da rede privada de ensino de artes de Goiânia A Turma A incluía nove crianças entre sete e oito anos e a Turma B incluía dez crianças mais novas entre cinco e seis anos de idade Projetei três encontros semanais de sessenta minutos com cada turma visando a estimular a percepção audiovisual através de uma proposta com vídeo que surgiu da vontade de proporcionar às crianças uma experiência que fosse sensorial que integrasse o visual linguagem falada musical e escrita A referência visual selecionada para iniciar o projeto foi a obra poética Nome 1993 de Arnaldo Antunes Célia Catunda Kiko Mistrorigo e Zaba Moreou Nome possibilitou aproximar as crianças de um tipo de discurso do vídeo que vai além da função de registro enfatizando o discurso poético que o vídeo pode construir Utilizado com a intenção de criar uma narrativa poética o vídeo estimulou a percepção audiovisual e fortaleceu o processo de alfabetização visual preparando as crianças para construir sentidos e significados através de experiências audiovisuais Palavraschave Ensino Arte Alfabetização Visual Vídeo Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás UFG 268 6 Formação de Professores de Arte Coordenação Richard Perassi Luis de Sousa 61 A Arte como Princípio de Todas as Aulas Sônia Regina Fernandes Todo professor de arte deve por princípio ser criador de aulas inesquecíveis e transformadoras O maior sentido de qualquer aula é ser situação de encontro que coloca a vida em curso tornandose momento de revelação de construções de significação de interações fecundas Portanto cada aula em sua autonomia pedagógica deve ser arte em ação ou seja conhecimento das transformações na experiência do dinamismo que faz viver intensamente nas realidades relacionais a existência humana em suas diversas facetas Nela devese reconhecer o jogo do continuum da semiose do mundo Toda aula em sua existência individualizada para se garantir educação ativa deve ser arte em curso arte em obra A quaseeternidade da arte confundese com a quaseeternidade da existência encarnada escreve MarleauPonty ao analisar a obra de Cézanne Segundo sua visão a arte representa pulsação vitalidade respiração enfim sensação de se estar vivo Assim como celebração do potencial humano a arte tem nas limitações humanas sua matériaprima Ela pode significar como nos indica Eduardo Portella a manifestação da plenitude do vigor humano e viver no ser que pulsa e se expor no pulsar que perturba deixando à mostra o coração trêmulo conforme as palavras de Clarice Lispector Palavraschave Aula Arte Educação Centro Universitário de BelasArtes de São Paulo 269 62 A Crítica Genética e o Ensino Artístico um diálogo possível Edna de Jesus Goya Este texto A Crítica Genética e o Ensino Artístico um diálogo possível tem como preocupação central discutir sobre o processo de criação não do ponto de vista das teorias mas chamar à atenção os professores para as discussões que estão sendo levantadas pela Crítica Genética que embora seja uma disciplina recente 1990 tem suscitado discussões interessantes sobre o assunto A Crítica Genética discute criação a partir de uma teoria geral tanto na arte quanto na ciência Tem nos feito refletir sobre o fazer artístico não apenas como ação isolada ou algo fruto do talento mas como gestoação que acontece imbuído de preliminares e de complexidade que se movimenta interligado a uma cadeia de relações tempo espaço cultura materiais e técnicas Tem nos levado a pensar sobre o que acontece no percurso da elaboração da obra o que conseqüentemente vem contribuir para a crítica de arte ajudandonos na compreensão da obra Mas ao discutir os processos de produção criadora também temos pensado nas implicações positivas que estes estudos poderão trazer para a formação do artista para a educação em arte uma vez que por meio da crítica genética tornase possível conhecer uma teoria geral da criação ver procedimentos criativos de outros artistas bem como favorecer o futuro artista para a compreensão do seu próprio processo criativo Palavraschave Processo Criação Ensino 63 Cultura e Arte nas Séries Iniciais Sandra Helena Escouto de Carvalho Arte enquanto linguagem e educação como processo em se fazendo são intrínsecas à natureza humana sendo produtos na expressão e na comunicação Fundem o sentir e o pensar na construção e sistematização de culturas de cada comunidade e seu interfaceamento Neste trabalho configurado como qualitativo Faculdade de Artes Visuais Universidade Federal de Goiás Departamento de Didática Unesp Campus Marília SP 270 crítico e etnográfico baseado no conceito adorniano de formação cultural propomos práticas educativas críticas e emancipatórias articulando a arte na educação informal formal e nãoformal de professoras de séries iniciais e estudantes de Pedagogia de 13 municípios da região nordeste do Rio Grande do Sul No decorrer da pesquisa identificamos como vigoram na familiarização com as linguagens da arte na escola além da problemática educativa e pedagógica sobretudo a semiformação cultural das professoras impedindoas de entrelaçar criticamente no cotidiano docente os produtos da arte erudita da arte popular tradicional e da indústria cultural Deste modo verificamos que para uma profícua prática educativa em arte professoras de séries iniciais precisam ter resignificada sua formação cultural por meio do resgate problematização e compreensão das manifestações das linguagens artísticas na totalidade de suas trajetórias de vida Desejamos uma sala de aula com ritmos permeados pela crítica porém respeitando e buscando sempre a poética neles contida sendo este um caminho de arte possível para o fortalecimento da luta contra a barbárie e a desumanização Palavraschave Ensino de Arte Formação de Professores Séries iniciais 64 Da Professora Criativa à Docência Artista tensões na produção da docência em arte Luciana Gruppelli Loponte De que é feita a formação docente em arte Como professora formadora de professoras há alguns anos tenho vivido situações desafiantes que me desanimam ao mesmo tempo que me impulsionam a pesquisar mais As professoras e são mulheres a maioria esperam de nós que ocupamos esse lugar de especialistas uma receita salvadora para suas aulas E enquanto nos esforçamos para encontrar algum tipo de saída há um mercado editorial crescente de manuais pedagógicos de autoajuda direcionados aos docentes que os consomem avidamente Estes livros têm títulos sugestivos como A Professora Criativa contraditoriamente repleto de modelos de atividades e de desenhos para colorir para todas as datas comemorativas Mas que formação docente para o ensino de arte é necessária O discurso acadêmico deve renderse à linguagem de receituário e vender soluções Universidade de Santa Cruz do Sul Unisc 271 mágicas como às vezes tanto as professoras querem Para fugir das análises circulares e das constatações óbvias e pessimistas podemos então começar a fazer outras perguntas e de um certo modo provocadas por Foucault tentar pensar de outro modo Se estas professoras e aqui saliento o grande número de professoras leigas que atuam na área têm uma formação tão precária o que elas ensinam nas suas aulas de arte E ainda de que forma o fato de serem mulheres as principais responsáveis por este ensino afeta este trabalho A partir dessas questões afetadas principalmente pelas produções teóricas de Foucault e de estudos feministas ligados à arte problematizo o que chamo de docência artista Nessa direção investigo as possibilidades éticoestéticas ou uma etopoética de um grupo de formação docente em arte Penso na constituição de uma docência artística que se efetivaria através da escrita de si e das relações de amizade no seu sentido mais político como formas possíveis de resistência de subversão aos poderes subjetivantes principalmente os que envolvem relações de podersaber e gênero O desafio é pensar fazer aparecer outras formas de subjetividade docente uma éticoestética uma etopoética docente Por que afinal a docência não pode ser uma obra de arte Palavraschave Ensino de Arte Formação Docente Michel Foucault 65 Educador Artista Pesquisador utopia ou realidade Renata Bittencourt Meira A elaboração do Projeto Político Pedagógico do curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Uberlândia discute a formação de professor de teatro e a relação entre licenciatura e bacharelado bem como a relação do contexto local com a pesquisa acadêmica na área Uberlândia é uma cidade de porte médio pólo regional do Triângulo Mineiro A produção cultural vem crescendo mas ainda é incipiente quando comparada ao potencial local O curso de Artes Cênicas vem contribuindo para o crescimento da atuação cênica e do ensino do teatro O curso de Artes Cênicas modalidade licenciatura sempre manteve estreita a relação entre fazer teatro e ensinar teatro Com base na análise dos dados sobre as atividades dos egressos concluise que é necessária a abertura do bacharelado o desafio é oferecer um curso de graduação que forme o educador o artista e o pesquisador Acreditamos Universidade Federal de Uberlândia MG 272 na formação do artistaeducadorpesquisador como profissional adequado ao contexto de Uberlândia considerando a universidade um pólo cultural regional e como contribuição deste profissional na produção do conhecimento em Artes Cênicas O desafio é a construção de um projeto pedagógico que dê conta dos aspectos artístico pedagógico e científico da formação do professor de teatro de maneira crítica e criativa Palavraschave Educador Artista Pesquisador 66 Em Busca e à espreita de uma Pedagogia para o Ator Tatiana Motta Lima No seu livro Les Gestes Vilém Flusser analisa entre outros o gesto de plantar Próprio a esse gesto seria o basearse em um projeto inicial que aplicado à terra e seguido de um momento de espera geraria a colheita Segundo Flusser no gesto de plantar acreditase tão firmemente que a realidade se curvará ao projeto inicial que uma má colheita é vista como uma catástrofe Seguindo esse pressuposto podese inferir que se a realidade porventura vier a desmentir o plano inicial o agricultor passará a acreditar ou que o projeto perfeito ainda não foi encontrado ou que a terra é definitivamente imprópria Acredito que muitas vezes temos como modelo do gesto de ensinaraprender e consequentemente do ensino aprendizagem do teatro o gesto de plantar Pretendo no primeiro momento da minha comunicação trabalhar sobre esta comparação a partir de alguns pontos a ênfase no planejamento a dificuldade de lidar com a alteridade o apego a métodos e técnicas a maneira de relacionarse com o tempo na aprendizagem etc Aqui estarei dialogando entre outros com Jorge Larossa no seu livro Pedagogia Profana Embora Flusser não tenha um capítulo sobre o gesto de caçar acredito que este possa ser um contraponto interessante para a discussão que vou apresentar Numa entrevista que me concedeu Thomas Richards trabalha sobre as imagens do engenheiro e do caçador como imagens que dialeticamente devem dialogar no trabalho daqueles que conduzem outros pelo caminho da criação Na segunda parte da comunicação estarei inferindo um certo modo de pensar o ensinaraprender a partir do gesto de caçar Este gesto que se apresenta como intrinsecamente ligado Escola de Teatro da UniRio 273 à selvageria à instabilidade ao nomadismo e que onde não se espera como um agricultor espera a colheita mas se espreita assim como se faz quando há necessidade de caçar Palavraschave Pedagogia Teatro Formação de Artistas 67 O Ensino de Arte na Formação Inicial dos Professores das Séries Iniciais da Escolarização uma análise das matrizes curriculares das instituições formadoras da região metropolitana do Recife Clarissa Martins de Araújo e Everson Melquiades Araújo Silva A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 939496 estabeleceu a obrigatoriedade do ensino da arte em todos os níveis da Educação Básica Desta forma todos os professores das séries iniciais da escolarização têm obrigação de ensinar artes aos seus alunos No Estado de Pernambuco esses professores têm se formado basicamente nas instituições de ensino superior no curso de Pedagogia e em escolas secundárias no curso normal médio Neste sentido esta pesquisa buscou compreender qual o espaço do ensino de arte na formação inicial de professores das séries iniciais da escolarização das instituições formadoras da Região Metropolitana do Recife Para tanto foi realizada a análise documental das matrizes curriculares de sete instituições formadoras Para uma maior compreensão dos processos em torno das matrizes curriculares analisadas foi realizada também uma entrevista semi estruturada com os coordenadores dos cursos O estudo apontou que a partir das reformas realizadas nos cursos com exceção do curso normal médio todas as instituições de ensino superior criaram disciplinas relacionadas ao ensino de arte nas suas matrizes curriculares ou os que ainda se encontram em reforma apontam para a criação dessas disciplinas Percebese então que o ensino de arte ainda vem se constituindo objeto de reflexão dos cursos de formação de professores da Região Metropolitana do Recife Palavraschave Formação Inicial Ensino de Artes e Professores das Séries Inicias da Escolarização Universidade Federal de Pernambuco 274 68 Exercício de Cena Berenice Raulino A proposta inicial do experimento foi a criação de uma cena por cada aluno do grupo tendo como princípio uma idéia a ser trabalhada O aluno autor da idéiatema a transformaria em ação por meio de dois personagens com vontades conflitantes e respectivas contravontades de modo a explicitar o tema escolhido A proposta seguia a linha realista e as cenas contavam sempre com a participação de dois alunosatores O autor da cena redigia seu texto a partir de improvisações e o reescrevia pelo menos mais uma vez depois de novas improvisações em que o texto esboçado tivesse sido utilizado como roteiro As improvisações eram discutidas pelo grupo que fazia sugestões para seu criador Nesses exercícios era sempre solicitado aos alunos que deixassem evidenciada a contravontade do personagem O criador da cena em um sistema de alternância de funções atuava em cenas de seus colegas A proposta possibilitou que o aluno se exercitasse em diferentes funções uma vez que era dramaturgo diretor cenógrafo iluminador sonoplasta e figurinista de uma cena e ator de outras Esta proposta foi se modificando em suas versões posteriores em que o estilo e o número de participantes de cada cena foram sendo liberados Palavraschave Ensino de Teatro Experimentação Teatral Prática da Escritura Cênica 69 Formação de Professores em Arte representações visuais e suas mediações Henrique Lima Assis O objetivo deste estudo é discutir a realidade do ensino e do professorado de arte em Goiânia apontando as políticas de formação continuada e ainda discutir a práxis de dois grupos de professores um que freqüenta grupos de estudos outro não Instituto de Artes Departamento de Didática Unesp Campus Marília SP Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte e Faculdade de Artes VisuaisUniversidade Federal de Goiás 275 Subsiste uma realidade nas escolas goianas que enfraquece muito a aprendizagem em arte A maioria dos docentes que ministra essa disciplina é habilitada em outras áreas do conhecimento Tais professores conhecem pouco ou equivocadamente o universo da arteeducação com suas técnicas vocabulários conceitos e história Os currículos seus processos metodológicos avaliativos e outras atitudes que estão presentes no ato de ensinar e aprender arte ficam prejudicados com tal fato Em 2003 a Secretaria de Educação cria o Centro de Estudos e Pesquisa Ciranda da Arte objetivando reunir professores habilitados ou não em grupos de estudos para discutir aspectos atuais do ensino de arte como a presença de visualidades nas escolas as possibilidades de mediação imagética reflexões sobre a multiculturalidade diálogos sobre a proposta triangular e outros O projeto de pesquisa em questão propõe analisar as representações visuais adotadas pelos dois grupos de professores supra citados em suas práticas pedagógicas e os modos como os alunos as interpreta Palavraschave Formação de Professores Visualidades Mediações 610 TeatroEducação um coadjuvante do autoconhecimento na adolescência Lêda Aristides Esta comunicação pretende contribuir com reflexões e estudos para profissionais que queiram utilizar o fazer teatral em sua trajetória de trabalho Decorre de pesquisas baseadas na observação e em estudos realizados através da leitura de especialistas no assunto que tem por base o fato de que o período adolescente possui intensos conflitos em que as transformações físicas psíquicas biológicas e sociais se dão em grande velocidade Dissertamos sobre a adolescência os estágios de desenvolvimento e suas características Refletimos sobre o caminho da construção de um eu que a partir do autoconhecimento se constrói mais reflexivo e crítico capaz de fazer escolhas superando esta fase de intensos conflitos através do fazer teatral O TeatroEducação através de seus objetivos e da UcamRJ 276 especificidade de seus conteúdos tem se mostrado como um caminho facilitador para se trabalhar no jovem o conhecimento de si próprio a formação da auto imagem e a consciência na construção de um autoconceito que possibilite o surgimento de um adulto proativo e mais feliz Um protagonista de sua própria história quer sendo platéia ativa e consciente quer sendo o construtor de diferentes personagens ao atuar de forma verdadeira e eficaz no grande palco da vida Palavraschave TeatroEducação Adolescência Autoconhecimento 611 Tons e Semitons na Formação do Professor Ana Valéria de Figueiredo da Costa e Stella Maria Peixoto de Azevedo Pedrosa As autoras apresentam uma proposta para a inclusão de uma Educação Musical orientada para a experiência de estágio dentro do currículo do Curso de Formação de Professores para a Educação Infantil Discorrem sobre a importância do estágio curricular na formação do professor como elemento que propõe a vivência da relação teoriaprática Neste projeto o futuro professor é autor ele próprio de uma Educação Musical cuja prática no ambiente do estágio trará subsídios para sua formação teórica Essa proposta sugere experiências que podem contribuir para o futuro docente conscientizarse da importância da Educação Musical no diaadia de sua prática pedagógica O estudo aqui apresentado completase com a análise qualitativa de respostas colhidas em questionários respondidos por professores em formação e em pleno estágio curricular podendo indicar nos aspectos relevantes da intenção sugerida por este trabalho Palavraschave Formação de professores Música Educação infantil Unig Unesa PUCRio 277 612 Vygotsky Educação e Arte Pressupostos e Práticas da Psicologia Sociohistórica na Educação Estética Adilson Florentino Este estudo pretende estabelecer uma interlocuçãoreflexão com a matriz epistemológica vygotskyana e as questões que ela suscita no campo das tensões e contradições tematizadas em torno da formação do professor do ensino de arte propondo uma perspectiva críticoanalítica que aprofunde a compreensão das relações entre os universos estéticos e educativos A partir da perspectiva transcultural dos estudos de Vygotsky farseá uma análise que circunscreva a educação estética como uma prática histórica fundamental cujas implicações científicosociais paradigmáticas incidam nos múltiplos contextos formativos dos professores de arte no Brasil Palavraschave Educação Estética Sociointeracionismo Perspectiva Transcultural 7 Ensino de Arte e Interdisciplinaridade Coordenação Maria Célia F Rosa 71 A Arte Possibilita ao Ser Humano Repensar suas Certezas e Reinventar seu Cotidiano Fernando Antônio Gonçalves de Azevedo Ler é atribuir significados é interpretar o mundo produzindo sentidos traduzindoo para sua própria codificação fatos e imagens tentativa de recontar a aventura humana por meio das linguagens Ler é tomar de empréstimo fragmentos de saberes com a perspectiva de coordenar articular juntar partes tecer uma trama Inventar um texto é recriação processo de reinvenção em constante transformação potencializando afetos trabalhos e lutas Em sentido freiriano ler o mundo nos Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UniRio Mestre Seduc Pernambuco e Faitvisa Pernambuco 278 humaniza nos religa ao outro e ao universo Ler possibilita inventividade por exigir a criação da trama textual como expressão histórica e social que muda a face do mundo desfazendo certezas e instaurando novos modos de perceber o real Por isso ler a imagem segundo Analice Dutra Pillar é a leitura de um texto de uma trama de algo tecido com formas cores texturas volumes 200112 Convém ainda acrescentar que assim como no texto escrito a reinvenção de um texto imagético implica uma relação dialogal entre os contextos culturais do leitor com os do autor e isso requer um intenso e rico processo de negociações seleção associação classificação recortes conexões comparações entre diferentes saberes culturais A concepção de arte e arteeducação que fundamenta esta comunicação parte do seguinte princiípio a arte é uma das formas de produção cultural assim como a ciência e a filosofia que deve ser estudada na contemporaneidade situada em seu contexto histórico social político e cultural considerando os saberes instituídos e os saberes instituintes A arte pois ao possibilitar o ser humano repensar suas certezas e instaurar novos modos de ser colocanos em um território que nos religa à vida Palavraschave Arte Linguagem Leitura 72 Cem Anos de Dali projeto pedagógico de uma escola de periferia de Nova Friburgo Rose Mary Aguiar Borges Tendo em vista a comemoração do centenário do grande mestre do surrealismo Salvador Dali optamos pela escolha do estudo de sua vida obra como Projeto Pedagógico deste ano de 2004 cujo objetivo principal seria levar o aluno a ter acesso a um conhecimento cultural mais abrangente tomando como referencial este ícone da pintura mundial Todos se envolveram porém somente os professores de arte português história e geografia deram prosseguimento Cada um dentro de suas especificidades programou e realizou trabalhos interessantes com o apoio total da direção do colégio Os alunos tiveram acesso às imagens das obras de Dali e a um pequeno texto sobre sua vida que foi distribuído a todos os alunos da escola A partir daí tudo fluiu organizamos trabalho sobre a Espanha e textos de criação com narrativa de sonhos além dos trabalhos plásticos como colagens surrealistas desenhos SEEColégio Estadual Prof Galdino do Vale Filho NF 279 e pinturas A culminância deste trabalho deuse no dia 14 de maio com grande exposição na escola com divulgação na mídia local É importante destacar o retorno do processo apresentado pelos alunos quando identificaram no mesmo período toda a mídia nacional abordando o tema e sentindose conhecedores de tamanho vulto mundial E daí surgiu Viaje como Dali sem drogas Palavraschave Surrealismo Sonhos Interdisciplinaridade 73 Experimentos na Disciplina Seminário Interdisciplinar no Curso de Educação ArtísticaHabilitação Artes Cênicas da UFU Ana Maria Pacheco Carneiro Ana Carneiro Esta comunicação pretende apresentar algumas discussões que venho desenvolvendo na disciplina Seminário Interdisciplinar do Curso de Educação ArtísticaHabilitação Artes Cênicas da UFU pautadas tanto nas recentes discussões sobre interdisciplinaridade no contexto da educação formal como nas experiências atualmente vivenciadas na prática dessa disciplina e nos referenciais teóricos utilizados Palavraschave Interdisciplinaridade Teatro Lúdico 74 História da Estética como estudála e como traçar meios de viabilizar a apreensão do mundo contemporâneo através da arte Merinéia Ribeiro O conceito de estética é o ponto principal para a compreensão da linha sobre a qual a pesquisa se realizará Uma análise do conceito em sua história realizando comparações entre as possíveis mudanças conceituais ocorridas O trabalho se desenvolve no estudo da estética em si num primeiro momento para então Universidade Federal de Uberlândia UFU Universidade Estadual Paulista Faculdade de Filosofia e Ciências Campus de Marília SP 280 compreender as artes do ponto de vista filosófico O estudo das mudanças conceituais ocorridas possibilita verificar o que de fato altera a visão do belo e do bem ao longo da história Posterior a isso compreender os trabalhos artísticos e seu conteúdo histórico a fim de traçar meios para a construção de um método de aprendizado através da arte As etapas anteriores seriam uma preparação para trabalhar uma interdisciplinaridade que seria fazer com que o aluno percebesse que os conhecimentos adquiridos são constantemente retomados pois o objetivo é desenvolver a percepção e trabalhar as relações dos conhecimentos no aprendiz com maior acuidade Palavraschave Estética Arte Interdisciplinaridade 75 Jogos Tradicionais na Educação Ingrid Dormien Koudela e Itamar Alves Leal dos Santos A pesquisa Jogos Tradicionais na Educação procura respostas para a questão como onde e do que brincam as crianças da periferia Está fundamentada em Bakhtin Benjamin Bruner Koudela Richter entre outros Nela narro reflito e procuro fundamentar as minhas experiências nas quais os jogos e as brincadeiras tradicionais fizeram a diferença entre o trabalho forçado e o fazdeconta entre o assédio sexual e o brincar de boneca entre a realidade e o sonho Uso diversos instrumentos virtuais e presenciais entrevista observação questionário e enquete virtual comunidade virtual e oficinas para profissionais da educação formal e informal e para o público leigo Criei a comunidade virtual JogoEduc jogos e brincadeiras tradicionais que conta com 63 participantes na sua grande maioria professores da educação formal ou informal distribuídos por várias cidades do Brasil que promovem e participam de eventos para divulgar a importância do resgate das brincadeiras no aumento da auto estima de nossa população Analiso desenhos e relatos de 1572 respostas do questionário impresso dos alunos do Ensino Fundamental e EJA Educação de Jovens e Adultos da periferia de São Paulo com a questão do que você gosta de brincar A pesquisa conta com fotos e documentação que fundamentam ilustram e exemplificam a forma como os jogos e brincadeiras ainda estão presentes no cotidiano Escola de Comunicação e Artes Universidade de São Paulo 281 da nossa população Trago em linguagem simples o que eles procuram valorizando os seus saberes e dando a fundamentação necessária para a utilização dos jogos tradicionais Palavraschave Jogos Tradicionais Ludicidade Memória 76 OficinaEscola de Arte de Nova Friburgo uma experiência bemsucedida em arteeducação por políticas públicas da Secretaria de Cultura de Nova Friburgo Sonia Guaraldi Maria Vidal Eliane Jordy Adriana Xaviero Aitom Pacheco Rodrigo Guadagnini Márcia Caetano Merian Fontes Marlene Louback Joffre Evandro Paulo N e Osmar Carpi A OEANF é uma instituição pública criada pelo governo municipal e mantida pela Secretaria de Cultura de Nova Friburgo Oferece cursos e oficinas de forma gratuita nas variadas linguagens artísticas como teatro dança música literatura desenho criativo artesanato canto construção de instrumentos coral Tem como objetivos oferecer arte com qualidade permitindo acesso à cultura e proporcionar vivências em arte que partem da comunidade onde vivem os alunos respeitando a diversidade cultural A maior preocupação é orientar o indivíduo para o seu direito à cidadania diminuindo as desigualdades sociais Os projetos desenvolvidos nessa escola têm como base a arteeducação possibilitando uma leitura reflexiva e crítica com uma metodologia que procura atender os interesses de seu públicoalvo alunos provindos da zona urbana e periferia além de alunos da zona rural e cidades vizinhas recebendo diversificadas leituras de vida A metodologia é a de projetos que nasçam do interesse do aluno e possibilitem a interdisciplinaridade entre as linguagens Ex alunos do teatro com alunos de desenho organizando cenário O públicoalvo é de estudantes de 8 aos 17 anos os quais podem se matricular em duas oficinas e Coordenadora Professores 282 mudar caso não se identifiquem com elas Os portadores de necessidades especiais também participam deste projeto Esta instituição de arte está vivendo uma grande experiência em arteeducação e sua metodologia está em processo Esta comunicação mostrará como os projetos acontecem Palavraschave Cultura Comunidade Responsabilidade social 77 Sabores e Saberes das Minas Gerais recortes e trajetórias interdisciplinares Déborah de Oliveira Lins Fernanda Vianna e Fernanda Viola Trinta O projeto consiste em uma proposta de trabalho com alunos da 7a série do Ensino Fundamental envolvendo os ensinos de arte matemática e tecnologias de comunicação e informação desenvolvidos durante um semestre Todas as propostas e processos visaram à aproximação do aluno com a cultura mineira objeto de investigação que teria como um de seus objetivos visitar as cidades de Congonhas do Campo Ouro Preto e Mariana As etapas do processo são exploração da temática a partir do samba enredo da Mangueira 2004 produção de um café colonial releitura da obra cozinha mineira de um artesão local início do processo de ampliações malha quadriculada homotetia e projeções e estudo de semelhanças viagem registro fotográfico visita Museu das Reduções observação tipos urbanos e patrimônio histórico No retorno foram produzidas animações cenas do cotidiano mineiro estudo da obra de Scliar produção em Natureza morta pintura por semelhança movimento e 360º e extração de pigmentos a partir de materiais coletados na região Finalização organização de mostra cultural na escola painéis pinturas vídeo de animação esculturas em argila vitral estandartes com os profetas de Aleijadinho diário de bordo em vídeo Palavraschave Estudo de Campo Processos de Recriação Imagem em Movimento Centro Educacional Espaço Integrado 283 78 O Teatro e o Adolescente em Conflito com a Lei Marly Alonso Araújo De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente um jovem que comete um ato infracional poderá a critério do Juiz e ainda de acordo com a gravidade do seu ato ficar em internação provisória por até 45 dias aguardando a medida socioeducativa definitiva O seu direito à escolarização é assegurado A dificuldade de escolarização em tão curto tempo levou o conjunto de professoresas a propo um formato de oficinas para as aulas com temas geradores escolhidos a cada bimestre A oficina em que se realiza esta atividade é a de vivência que tem como objetivo discutir a ética e os valores morais de nossa sociedade com estes adolescentes A oficina de teatro escolheu como tema a Escravidão e a Liberdade Os seus objetivos são resgatar a autoestima dos jovens dando valor às suas emoções através do estímulo a expressão de sentimentos discutir o valor ético da liberdade A metodologia utilizada foi desenho das letras do nome e criação de uma história desenho dos sentimentos em figuras geométricas montagem de jogral Escravidão e a Liberdade a partir das falas dos adolescentes e suas formas de expressão cultural como a capoeira e o rap Palavraschave Jovens Infratores Teatro Liberdade Coordenadora Colégio Estadual Padre Carlos Leôncio Degase 284 79 Artes Visuais e Teatro experimento de interação da obra Desvio para o Vermelho de Cildo Meireles com Dois Perdidos Numa Noite Suja de Plínio Marcos Fred Nascimento São inesgotáveis as possibilidades interdisciplinares entre as artes visuais e o teatro como também com a história a língua portuguesa e a música As reflexões que desenvolveremos comportam a encenação de Dois Perdidos Numa Noite Suja texto de Plínio Marcos em diálogo com a obrainstalação Desvio para o Vermelho de Cildo Meireles de 1968 Trabalho desenvolvido em montagem teatral realizada na Escola Municipal de Arte João Pernambuco em Recife PE Na busca de criar uma atmosfera que pudesse traduzir a decadência humana o círculo vicioso da tortura mútua do beco sem saída da miséria e da violência da morte como horizonte permanente lançamos mão da obra Desvio e a partir de sua releitura foram criados todos os elementos visuais da encenação figurino acessórios cenário maquiagem A monocromia do vermelho remete ao universo violento em que os personagens vivem mergulhados interna e externamente Trabalhamos com dois alunosatores interpretando cada personagem que se revesam durante o decorrer do espetáculo A troca de signos por eles manipulados foi decisiva para dar forma ao nosso pensamento Cildo Meireles e Plínio Marcos permanecem atuais nestes tempos obtusos que estamos vivendo Escola Municipal de Arte João Pernambuco 285 8 Ensino de Artes nos Espaços Culturais Coordenação Alice Bemvenutti 81 Alfabetização Cultural o acesso às instituições culturais no processo de aprendizagem Renata SantAnna de Godoy Pereira e Anacláudia Di Lorenzo Paciullo Apresenta o programa Alfabetização cultural iniciado em 2003 no grupo de alfabetização de jovens e adultos da Ação Educativa propondo uma reflexão sobre a importância das instituições públicas no processo de aprendizagem Esse programa tem como proposta o desenvolvimento de uma série de visitas a diferentes instituições culturais apresentando as várias atividades oferecidas a esse público com a finalidade de tornálos cidadãos participativos no contexto cultural da cidade Baseado nas diversas metodologias de alfabetização e em pesquisas atuais que apontam para a importância de trabalhos voltados para a inclusão cultural de jovens e adultos iletrados pensamos ser indispensável um programa que favoreça o contato com as manifestações artísticas tais como música artes visuais teatro dança literatura e cinema Ao aproximar os jovens e adultos em processo de letramento das instituições culturais acreditase que esses educandos terão maior capacidade em progredir dentro de uma cultura letrada que portanto sentirseão desafiados a continuar com uma aprendizagem permanente de forma responsável crítica e consciente Palavraschave Alfabetização Cultural Jovens Ação Educativa Assessoria Pesquisa e Informação Centro Universitário Maria AntôniaUSP 286 82 Ateliê de Sonhos uma experiência em arte na educação de jovens e adultos da Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Profª Terezinha Souza Nélia Lúcia Fonseca As escolas da rede municipal de Belém através do Projeto Político Pedagógico Escola Cabana possui em seu desenho curricular aulas de Arte para Educação de Jovens e Adultos O projeto de trabalho Ateliê de Sonhos foi elaborado com a intenção de fazer com que os alunos do noturno do EJA cursando a I e II totalidade da Escola Terezinha Souza pudessem ter um contato mais direto com as artes visuais tendo acesso a obras de artes através de recursos tecnológicos como a TV o vídeo e retroprojetor ou de visitas a museus de arte igrejas e praças em nossa cidade percebendo dessa forma como a arte está inserida em nossa vida cotidiana e a sua importância enquanto forma de conhecimento pois compreendi que devido a nossos alunos serem oriundos de classe social operária não tinham acesso aos espaços culturais de nossa cidade e nem tinham a possibilidade de exercer a criatividade através de um fazer artístico devido ao fato de terem uma baixa estima fazendo com que não se sentissem capazes de produzir trabalhos artísticos visuais Palavraschave Arte Acesso Conhecimento 83 A Biblioteca como Espaço Cultural Estimulador da Ação Cultural e da Arte Raphael Figueiredo Xavier Opondose a uma idéia obsoleta da biblioteca como depósito de livros procura se ampliar o escopo de sua atuação com ações e preocupações especificamente relacionadas à cultura e à arte como fomentadoras de questionamentos e superação de desafios na frágil política cultural do nosso país Tratase a biblioteca como um Espaço Cultural capaz não somente de disseminar informação nos suportes já tradicionais mas de dialogar com as artes dinamizando sua atuação com a população Secretaria Municipal de Educação de Belém PA Unesp Faculdade de Filosofia e Ciências Marília SP 287 objeto da unidade informacional tentando alcançar o esquema informar discutir criar representado por Milanesi para a ação cultural criando um processo de contribuição para o desenvolvimento individual em nível inventivo Colocase como coordenador da ação cultural o profissional da informação uma função diferenciada capaz de revelar à comunidade suas verdadeiras necessidades culturais além dos sonhos e utopias caracterizandoa como uma população participante da cultura isto é sujeitos consumidores de arte Palavraschave Ação Cultural Espaços Culturais Disseminação da Informação 84 Da Escola à Galeria e de Volta para a Vida Luisa Günther As considerações a serem apresentadas nesta comunicação resultam de minha experiência como oficineira do projeto pedagógico Criança Arteira sob a coordenação do arteeducador José Mauro Barbosa Desenvolvido pelo Centro Cultural da Caixa o Criança Arteira tem por intenção promover a inclusão sociocultural do corpo discente de escolas públicas das cidadessatélites e do entorno de Brasília através de oficinas infantojuvenis de artes plásticas teatro e música além de monitoria às exposições em cartaz nas galerias e visita aos espaços do teatro Minhas impressões serão organizadas de forma a relacionar reflexivamente memórias relativas às oficinas de colagem que ministro Agora por que a colagem O que começou como uma forma de aproveitar materiais impressos de divulgação que sobram após o fim de cada exposição ou espetáculo transformouse em uma atividade lúdica que estimula o desenvolvimento da consciência crítica ecológica e das potencialidades do olhar Palavraschave Transinstitucionalização Cultura Visual Colagem Conjunto Cultural da Caixa Brasília DF 288 85 Estratégia de Mediação para a Exposição Morte das Casas Nuno Ramos Alberto Duvivie Camila Lia Christiane Coutinho Erick Orloski e Fábio Tremonte O ArteEducação Produções é uma equipe formada por artistas e arte educadores que têm desenvolvido trabalhos em programas educativos de instituições culturais tendo como eixo a arteeducação como mediação e como principal fundamentação teórica a proposta triangular Nesta perspectiva os trabalhos desenvolvidos pela equipe têm se pautado num processo de mediação que envolve as três dimensões leitura da obra de arte a sua contextualização e as conexões com a produção No Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo a equipe foi responsável pela ação educativa de diversas exposições dentre elas a exposição Morte das Casas Nuno Ramos ocorrida em 2004 Foi concebida uma proposta de visita e uma oficina em forma de jogo cuja dinâmica se dava em quatro fases que ocorriam nos quatro andares de exposição Em cada um desses andares foi colocada uma caixa projetada especialmente para a oficina contendo diversos materiais que visavam a ampliar as informações contextuais aguçar a percepção formal da obra e estimular a reflexão acerca dos trabalhos que estavam sendo vistos O jogo não possuía um caráter competitivo e pretendia possibilitar a reflexão a partir das várias linguagens artísticas utilizando materiais imagens e textos diversos para atingir esse objetivo onde os diversos conceitos presentes na exposição foram refletidos durante o percurso da visita Arte Educação Produções SP 289 86 Estudo de Espaços Escolares Reais e Imaginados em Escolas Públicas de Goiânia Lílian Ucker Os impactos da globalização têm alcançado grande parte da população mundial em escala e velocidade espantosas transformando e reorganizando sistemas práticas e espaços culturais Neste cenário pósmoderno o espaço escolar continua sendo vivido com grande intensidade apresentando mais do que marcas de regras gerais de organização social e curricular mostrando marcas de experiências e saberes cotidianos que são construídos e compartilhados nas realidades desses espaços Considerando o espaço escolar como socializador de significados cotidianos este projeto visa a investigar como jovens da rede pública de Goiânia fantasiam e imaginam suas escolas Através de desenhos feitos por alunos serão analisados escolas ou espaços por eles representados e as visualidades que compõem a construção da escola imaginada O estudo tem como objetivos levantar discussões sobre a relação escola real x escola imaginada e organizar evidências de visualidades que configuram estas escolas A pesquisa tem como eixo as seguintes questões que elementos visuais aparecem nessas representações De que maneira esses elementos recriam espaços Como é representada a escola imaginada desses adolescentes Como esse espaço incorpora vivências Duas turmas do 1º ano do Ensino Médio de duas escolas localizadas na região central de Goiânia participam do projeto1 Palavraschave Espaço Escolar Visualidades Imaginação Universidade Federal de Goiás Mestrado em Cultura Visual 1 Projeto orientado pelo prof dr Raimundo Martins Agência financiadora CNPq 290 87 Instalação Casa Robson Francisco Martins Maria das Graças M Martins Maria Ignez de Almeida Cacholas Jorge Roberto Silva de Moraes Jorge Pinto da Silveira Projeto do artista plástico e professor Martins com a participação de 600 alunos professores e funcionários do Colégio Estadual Dom Antônio M Júnior localizado no bairro de Santa Luzia município de São Gonçalo RJ A exposição é a culminância do Projeto Pedagógico Interdisciplinar Casa que vem sendo desenvolvido desde março de 2004 e consiste em unir as disciplinas em torno de um mesmo tema A instalação é composta por 310 tijolos na medida de 20cm x 20cm com pinturas de casas em suas faces painel com colagens construído com imagens de casas retiradas de jornais e revistas forrando uma parede de 15m2 painel de contato de 2m x 2m com a técnica do flanelógrafo para o público interagir e oito almofadas nas cores primárias medindo 100cm x 50 cm e a inscrição Seja Bem Vindo No dia 04102004 durante cinco horas de trabalho oito alunos um pedreiro cinco professores 20 sacos de aréola 2 sacos de cimento 6 baldes 60 litros de água 4 metros quadradros de plástico 2 pás 2 enxadas 4 colheres de pedreiro 1 prumo 2 bacias e 1 nível construíram 9 paredes com no máximo 120cm x 80cm que se espalhavam pelos 72m2 da Casa das Artes principal galeria de arte da cidade sugerindo a construção de uma casa com suas divisões medidas e ângulos Os objetivos da Instalação são de reconhecer as CiênciasDisciplinas como ferramentas indissociáveis de nosso cotidiano trazer intimidade entre trabalhoarteconhecimento e levar para a Galeria de Arte ou Espaço Público o resultado dos conhecimentos desenvolvidos no Espaço Escolar Palavraschave Ciência Construção Arte Colégio Estadual Dom Antonio de Almeida M Júnior Educação Artística Coordenadora Educação Artística Coordenadora Educação Física Educação Física Geografia 291 88 Mediação ArtePúblico encontros provocativos de um grupo de pesquisa Mirian Celeste Martins Ana Maria Schultze Olga Egas Solange Utuari Claudio Moreno Domingues Maria Celina Barros Mercúrio Maristela Sanches Rodrigues Rita de Cássia Demarchi Maria Lúcia Fioravanti et al A preocupação em investigar a mediação entre arte e público nas suas múltiplas relações produção artística curadoria mediação fruidores ensino e aprendizagem de arte estrutura este grupo de pesquisa do Instituto de Artes da Unesp nascido após a disciplina ministrada pela coordenadora no Curso de PósGraduação Os diálogos as trocas e as reflexões geradas pela disciplina e pelo grupo têm alimentado pesquisas coletivas e individuais tendo sido concluídas as dissertações Encontros sensíveis experiências de mediação da obra pública Estação Sumaré no Metrô de São Paulo de Rita de Cássia Demarchi 2003 Mapas sensíveis percursos de leituras do mundo através de imagens fotográficas de Ana Maria Schultze 2003 Cultura Visual fios e desafios no ensino da arte de Olga Egas 2004 O papel do museu e da experiência estética na formação do professor de arte de Solange Utuari 2004 além do texto coletivo Mediação artepúblico compartilhando um exercício de pesquisa divulgado em 2003 Neste momento o grupo investiga a curadoria educativa isto é a escolha os fios condutores e as imagens e objetos apresentados em sala de aula entre professores de arte e de história As justificativas os tipos e suportes das imagens e objetos apresentados assim como de onde vêm as imagens utilizadas têm sido objeto de análise através de entrevistas e das reflexões de cada participante Em andamento a presente pesquisa do grupo considerada como uma pesquisa em ação ainda não tem resultados sistematizados a apresentar A análise inicial entretanto já revela que a própria linguagem da arte precisa alimentar ainda mais o ensino de arte construindo olhares curiosos e experiências estéticas impulsionando a formação continuada de professores em diálogo com a complexidade e as rizomáticas conexões entre arte cultura e vida Palavraschave Arte Público Mediação Instituto de Artes da Unesp 292 89 Museus e Educação em Museus História Metodologias e Projetos com Análises de Caso Museus de Arte Contemporânea de São Paulo Niterói e Rio Grande do Sul Alice Bemvenuti A história das ações educativas nos museus brasileiros percorre desde a realização de ações experimentais isoladas até as intenções políticas inicialmente desenvolvida em museus de história A história não nos apresenta uma linearidade de fatos e ações que nos conduzem a uma conseqüência ou resultado previsível mas aponta as inúmeras possibilidades e desencadeamentos que foram realizados considerando o encontro com a obra de arte original eou com o objeto museológico Não é novidade que o conhecimento dos fatos históricos amplia nosso campo de atuação e a conscientização de nossa própria condição de serem fazedores de história Diante do panorama dos MAMs e MACs brasileiros é possível perceber que as ações educativas contemplam desde ações isoladas como a monitoria informativa ou um programa de ação educativa que não instigam o espectador a refletir sobre o registro realizado pelo artista por outro lado existem setores organizados e desenvolvendo pesquisas e atividades relacionadas à leitura de obra onde é possível pressupor o desenvolvimento de ações educativas sistematizadas Os museus de arte contemporânea selecionados para essa pesquisa foram MACUSP MACNiterói e MACRS que apresentaram diferentes características desde a história e constituição dos mesmos como a pesquisa desenvolvida no setor educativo em especial ao trabalho em relação ao acervo de arte contemporânea Palavraschave Educação em Museus Ensino de Arte Museus de Arte Contemporânea Universidade Federal do Rio Grande do Sul 293 810 Oficina do Olhar estendendo os limites do museu até a escola Bárbara Harduim Mariana Furlon Ana Paula Pereira e Morgana Maselli O presente trabalho busca trazer à tona questões e debates sobre a importância do museu como patrimônio material e instrumento de memória socialmente construída bem como a divulgação dos projetos educativos desenvolvidos no Museu Antônio Parreiras em Niterói RJ mais especificamente a Oficina do Olhar Compreendemos a instituição cultural como instigante promotora da memória de uma região e que imbuída desse papel sua relação com as escolas e seus profissionais deve ser cada vez mais estreita e produtiva Nesse intuito o projeto referido acima visa a intensificar o diálogo e a troca de experiências entre os arteeducadores do museu e os professores atuantes em sala de aula sensibilizando os segundos não apenas para os históricos e obras artísticas da instituição mas também para os questionamentos suscitados durante as visitas das escolas Nosso objetivo último é derrubar os limites do museu a fim de que o conhecimento construído de forma coletiva durante as visitas ecoem até as escolas e além das mesmas Palavraschave Patrimônio Material Memória Social Interação MuseuEscola 811 Oficina do Patrimônio Cultural Rossano Antenuzzi de Almeida Esta comunicação discute a ação educativa que vem sendo desenvolvida desde maio de 2004 com professores e demais profissionais da área de educação das redes pública e privada à galeria de arte brasileira do século XIX do Museu Nacional de BelasArtes e objetiva face ao mundo globalizado dialogar a respeito da função social do museu na salvaguarda da nossa memória consubstanciada nos bens culturais Museu Antônio Parreiras Museu Nacional de BelasArtes 294 do patrimônio cultural brasileiro e no papel do cidadão na defesa desse patrimônio afirmando assim a nossa identidade cultural A metodologia adotada consiste em a caracterizar a instituição escola enquanto um espaço formal de educação e a instituição museu enquanto um espaço nãoformal de educação b caracterizar a função social do Museu Nacional de BelasArtes na salvaguarda do seu acervo e a globalização c contextualizar historicamente a sociedade brasileira do século XIX e os reflexos na produção cultural d visitar o espaço expositivo e discutir com os professores as possibilidades pedagógicas interdisciplinares de leituras de imagens do acervo em exposição permanente na construção do conhecimento dos alunos Palavraschave Museu Educação Cidadania 812 Práticas Pedagógicas Teatrais um olhar etnográfico Narciso Telles O uso da abordagem etnográfica na pesquisa educacional dáse no início da década de 1970 ampliando as possibilidades de entendimento dos processos de ensinoaprendizagem em contextos escolares e de educação nãoformal Esta abordagem proporciona ao pesquisador investigar com maior acuidade o processo suas atividades e interações cotidianas abarcando o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida Cremos que no Brasil a abordagem etnográfica ainda incipiente na área da pesquisa teatral pode trazer uma contribuição fundamental na revisão e ampliação de concepções e procedimentos dos processos de ensinoaprendizagem teatral A presente comunicação busca apresentar o trabalho etnográfico na pesquisa em pedagogia teatral realizado junto ao Grupo Tá na Rua Palavraschave Pedagogia Teatral Pesquisa Etnográfica Grupo Tá na Rua Núcleo de Criação e Pesquisa TeatralTribo Universidade Federal de Uberlândia MG 295 813 Prefiro Ver com meus Próprios Olhos Rejane Galvão Coutinho Prefiro ver com meus próprios olhos Foi esta a resposta espontânea dada a um monitor há quatro anos quando a questão da mediação não fazia parte de meu repertório enquanto arteeducadora De lá pra cá muita coisa mudou na minha maneira de encarar a questão mas a afirmação continua orientando o trabalho que venho desenvolvendo e que gostaria de relatar nesta comunicação São experiências de mediação tendo como fundamentação a abordagem triangular e como campo de ação várias exposições no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo Durante este percurso meus olhos continuam cada vez mais exigentes e autônomos mas aprendi também a ver em conjunto a trocar olhares experimentando outras formas de ver a arte O monitor deixou de ser um guia que indicava o que se deveria olhar para se tornar um educador em processo de busca de conhecimentos sobre mediação sobre arte e principalmente sobre seu papel como mediador Na dinâmica deste trabalho a possibilidade de mergulhos nos diferentes universos da arte alimenta e desafia a construção de estratégias de mediação que se tornam significativas porque são construídas e negociadas num coletivo complexo Formar equipes de educadores para exercer a mediação tem sido um desafio constante Palavraschave Mediação Abordagem Triangular Formação de Educadores 814 Projeto de Extensão arteeducação e cidadania Caminhos de Barro Mônica Scarpat Zandonadi José Ricardo Viana Silvia Alicia Martinez e Marcelo Carlos Gantos O projeto Caminhos de Barro foi concebido no ano de 2000 com a expectativa de criar um espaço alternativo e privilegiado para a formação artística cultural e técnica da comunidade apontando a educação e a capacitação na arte da cerâmica e sobretudo Instituto de Artes da Unesp Universidade Estadual do Norte Fluminense RJ 296 para a construção de um espaço educativo para o desenvolvimento de um pólo de cerâmica artística local A oficina localizada no Colégio Estadual Leôncio Pereira Gomes parceiro inestimável está voltada para estudantes e comunidade local do distrito de São Sebastião locus privilegiado de produção artesanal e industrial de telhas e tijolos do município de Campos dos Goytacazes No decorrer do projeto os alunos vêm desenvolvendo as técnicas básicas de modelagem em argila e escultura partindo para uma cerâmica regional pesquisando o folclore resgatando as festividades lendas e tradições locais A metodologia utilizada para o desenvolvimento do projeto foi a triangular que integra a História da Arte o Fazer Artístico Cerâmico e a Leitura da Obra de Arte Os objetivos do projeto vêm sendo atingidos com o desenvolvimento de uma cerâmica artística local geração de renda através da comercialização das peças e participação em exposições assim como a formação de um grupo coeso constituído de aproximadamente setenta pessoas envolvidas com a arteeducação através de pesquisas práticas e teóricas direcionadas à arte cerâmica Palavraschave Cerâmica ArteEducação Desenvolvimento Humano 815 Relações entre a Codificação Freireana e o Distanciamento Brechtiano na Prática de Teatro para o Desenvolvimento Maria Amélia Gimmler Netto Paula Karina Kornatzki e Márcia Pompeo Nogueira A finalidade desta pesquisa é a busca de instrumentos metodológicos para a prática de um Teatro Dialógico que vise ao fortalecimento da comunidade e que contribua enquanto um meio de comunicação e uma forma de identificação e solução de problemas A pesquisa envolveu revisão bibliográfica dos conceitos de codificação segundo Paulo Freire e de distanciamento brechtiano Envolveu também pesquisa de campo através da prática teatral com jovens da comunidade de Nova Esperança na grande Florianópolis Vimos que a codificação funciona como uma apresentação de situações de vida familiar ao grupo que passam a ser reconhecidas discutidas e desenvolvidas ampliando o entendimento da realidade Já o distanciamento torna especial um acontecimento Centro de Artes da Udesc 297 cotidiano lançando um olhar de espanto que instiga a curiosidade Ambos os conceitos permitem uma percepção distanciada da realidade através do entendimento crítico das situações de vida apresentadas Nas reuniões semanais realizadas com um grupo de 16 adolescentes partimos de uma música trazida pelo grupo e através dela investigamos o tema da relação entre pais e filhos Das imagens e improvisações surgiram três histórias As Drogas sobre um menino que se envolveu no mundo das drogas O Susto sobre o abuso sexual na família e A Fuga sobre gravidez adolescente Para desenvolver estas histórias não partimos de depoimentos pessoais da vida dos alunos mas das imagens que eles criam em relação à vida dos personagens Palavraschave Codificação Distanciamento Teatro para o Desenvolvimento 816 Teatro e Imaginário a sala de aula como espaço cênico Sueli Barbosa Thomaz Este trabalho é parte de uma pesquisa mais ampla cujo objetivo foi a apreensão do imaginário de alunos de uma escola fundamental através dos jogos dramáticos nas aulas de teatro Partindo do pressuposto de que o imaginário é um sistema organizador de imagens e que ele permite mediar a relação do homem com outro a pesquisa buscou compreender o imaginário de alunos através da apreensão dos regimes de imagens de modo a perceber se os jogos podem contribuir para a resignificação do social criando outros sistemas simbólicos e redes de relações Partindo das lembranças afetivas dos sujeitos da pesquisa ligadas ao nome da comunidade onde vivem e através de práticas teatrais pensadas por Ryngaert que considera o espaço da sala de aula um local onde menos nos movimentamos onde o corpo é negado e proibido em nome do intelecto foi possível a compreensão do imaginário de grupos de alunos O espaço cênico transformouse num espaço de ações consigo mesmo e com o Outro um espaço possível para a compreensão do imaginário Indo além de uma temporalidade linear e racional os jogadores deixaram emergir imagens próprias das lembrançasafetivas e que nos dias de hoje estão presentes na vida cotidiana do grupo Palavraschave Teatro Educação Imaginário Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UniRio 298 817 O Teatro na Relação EscolaComunidade Josanne Pinheiro Tavares e Márcia Pompeo Nogueira Desde a década de 1930 a relação entre escola e comunidade vem sendo alvo de discussões entre educadores Entretanto a gestão democrática das escolas públicas carrega ainda hoje tensões que dificultam tanto a aproximação da família com a escola quanto a aceitação do conhecimento advindo da cultura popular em relação ao ensino formal Por outro lado o teatro tem em seu percurso marcas de muitas tentativas de democratização que também têm enfrentado muitos problemas mas que caminham no sentido que vai da apresentação de espetáculos para um público mais amplo para a realização de trabalhos que envolvem comunidades no próprio fazer teatral A tensão aqui estaria na perspectiva estética que tem o teatro formal como modelo e que leva a uma marginalização da prática teatral com comunidades Neste cenário perguntamos o teatro poderia contribuir para o aprimoramento da relação entre escola e comunidade Será que ele não poderia servir como ponte no diálogo entre a cultura popular e o conhecimento escolar Para responder a essas perguntas estamos investigando experiências teatrais desenvolvidas na Escola Integrada Municipal Francisco Cortez na comunidade do Canto da Lagoa Lagoa da Conceição em Florianópolis Palavraschave Teatro Escola Comunidade Centro de Artes da Udesc 299 9 Ensino de Artes e Novas Tecnologias Coordenação Alberto Coelho 91 Arte Interativa por Computador Alberto Coelho A repercussão do computador no campo das artes visual cinematográfica teatral musical multimídia como uma ferramenta de criação leva gradativamente alguns artistas a incorporarem tais recursos em suas pesquisas e ações Como instrumento que possibilita uma nova linguagem expressiva na arte contemporânea aos poucos a digitalização se estabelece fazendo com que os novos meios tecnológicos se tornem suporte de expressão artística permitindo diferentes aprofundamentos Acredito que com estes meios a movimentação dos artistas encaminhe uma nova condição às experiências estéticas em que a arte interativa e a interatividade se destacam como uma nova possibilidade de provocação sensorial e motora O que proponho nesta comunicação é analisar aspectos da arte interativa provocando no leitor professor de arte a necessidade de realizar projetos que priorizem discussões pertinentes às novas tecnologias digitais a relação interativa com a arte a coautoria o jogo as experiências corporais Tratase de uma abordagem sobre conhecimento específico em arte e que pode apontar conteúdos a serem selecionado para grupos de alunos do Ensino Fundamental Médio e Superior Resultou de uma preocupação que no meu entendimento merece maior atenção e investimento a atualização dos conteúdos de arte em sala de aula Palavraschave Interatividade Corpo Instalações Interativas Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS Professor do Centro Federal de Educa ção Tecnológica CefetPelotas RS 300 92 Artes Visuais e o Laboratório de Informática parceria de sucesso Claudia Maria Mauad de Sousa Andrade Sandra Maria Vasconcelos e Wilma Maria Costa Ana Cristina Barreto Leite Maria Beatriz de Moraes Rocha e Sônia Regina Natal de Freitas O Colégio Pedro II é uma instituição federal de ensino e a Unidade Humaitá I atende cerca de 500 alunos ao ano Desde 1997 as equipes de artes e de informática educativa iniciaram uma parceria viabilizando o uso das novas tecnologias da comunicação e da informação como ferramenta de mudança no processo de pesquisa produção e leitura de imagens pelos alunos Percebemos a necessidade de uma educação que integre o estudo das visualidades nos projetos educacionais democratizando o acesso à produção intelectual e às pesquisas em novas tecnologias Dessa parceria foram criados vários projetos desde a classe de alfabetização até a 4a série do Ensino Fundamental nas quais os alunos tiveram oportunidade de dialogar com as linguagens contemporâneas e com todas as possibilidades da era da representação O objetivo desta comunicação é partilhar com outros educadores e instituições de ensino as novas possibilidades do fazer artístico e da leitura de imagens partindo de uma utilização crítica e consciente das novas mídias Apresentaremos trabalhos desenvolvidos com crianças de 6 a 12 anos que trabalharam conteúdos como cultura popular história da arte propaganda fotografia animação história em quadrinhos etc utilizando como recursos da informática internet câmera digital editores de imagens linguagem de programação editores de textos entre outros Palavraschave Artes Visuais Novas Tecnologias Ensino Fundamental Equipe de Artes Visuais do Colégio Pedro II Unidade Humaitá I Equipe de Informática Educativa do Colégio Pedro II Unidade Humaitá I 301 93 Clube de Quadrinhos unindo arte e tecnologia Anderson Leitão Relato de experiência pedagógica baseada no uso da linguagem das histórias em quadrinhos como forma de desenvolvimento do potencial artístico e lingüístico de alunos dos ensinos Fundamental e Médio Partimos do interesse que esse tipo de literatura desperta em boa parte dos alunos e idealizamos um conjunto de atividades que permitissem o desenvolvimento dos múltiplos aspectos relacionados aos modos de criação e produção de narrativas em quadrinhos No processo de trabalho estabelecemos o computador como ferramenta de edição do material produzido pelos alunos para publicação impressa e digital através da criação de um sítio na internet Palavraschave Histórias em Quadrinhos Mídia Internet 94 Ensino de Dança e Novas Tecnologias existe uma fronteira Mirza Ferreira As transformações ocorridas em nossa sociedade contemporânea desenca deadas pelas novas tecnologias de comunicação e informação vêm transformando nossos conceitos de dança e educação o que nos faz pensar em novas formas de educar As experiências virtuais vividas principalmente pelas gerações mais jovens influenciam suas formas de pensar agir e até de se movimentar E esta nova cultura deve ser valorizada dentro do ensino de dança Este trabalho reflete sobre esta necessidade de considerarmos tais transformações enquanto professores de dança que lidam com jovens contemporâneos Em seu decorrer apresento alguns autores que discutem a contemporaneidade procurando traçar as possíveis relações destas transformações com o mundo da prática e do ensino de dança Para tanto parto dos relatos de um grupo de jovens dançarinos universitários que participaram de CIEP 441 Mané Garrincha Centro Universitário de Belo Horizonte MG 302 minha pesquisa de mestrado Com o grupo pude discutir os conceitos principais desse trabalho assim como refletir sobre suas posições enquanto dançarinos e professores contemporâneos Palavraschave Ensino de Dança Novas Tecnologias de Comunicação e Informação Contemporaneidade 95 Experiência do Teatro de Animação em Audiovisual Letícia Braga Santoro Quando se fala em teatro de animação pensamos na criança menor O teatro de animação inserese dentro do teatro como uma modalidade a ser valorizada com os alunos Uma arte milenar que consegue integrar quase todas as artes cênicas visuais musical literatura e atualmente integra as novas tecnologias a exemplo dos recursos audiovisuais e da informática Com a arte e a tecnologia dividimos a aula em duas partes Na primeira trabalhamos o teatro de animação com sua confecção manipulação e criação de história Na segunda o teatro de animação será transformado em linguagem audiovisual Algumas situações básicas são percebidas no processo do trabalho como manuseio da câmara centralização dos personagens e tomadas de cena Não podemos esquecer que aliado a este trabalho temos a preocupação de analisar criticamente as mensagens debatendo o que nos é passado pela mídia do consumo Precisamos do saber técnico para responder aos desafios de hoje mas não podemos esquecer dos saberes de ética política capacidade criadora curiosidade liberdade e expressão artística Os recursos tecnológicos também podem principiar uma ação didática de modificar e transformar O teatro de animação como uma via tecnológica deve cumprir um papel artístico e social Palavraschave Teatro de Animação Ensino Vídeo Centro Federal de Educação TecnológicaRJ 303 96 Jogando Aprendendo proposta para o uso de um jogo eletrônico sobre história da arte Débora da Rocha Gaspar Atualmente a amplitude da influência dos computadores na vida social contemporânea vem alterando as concepções culturais e educacionais As crianças estão sendo socializadas em ambientes enriquecidos com tecnologia eletrônica entre eles os softwares de jogos interativos que interferem em suas maneiras de olhar o mundo Influenciado por este contexto o professor doutor Antônio Vargas SantAnna da Universidade do Estado de Santa Catarina e sua equipe estão elaborando um jogo eletrônico e educativo denominado Conhecendo a História da Arte com os Croquets em A Mansão de Quelícera no que por meio de uma trama de suspense explorase o potencial lúdico dos meios eletrônicos com o intuito de ampliar o repertório do público infantojuvenil acerca de conteúdos artísticos Este estudo desenvolve encaminhamentos educativos com estudantes da 6a série do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina tendo este game como mediação educativa Assim o percurso teórico percorrido mapeará a história do jogo chegando aos jogos atuais que influenciaram a criação do game o contexto da cibercultura e suas intervenções no campo pedagógico o percurso metodológico deste trabalho bem como a vivência educativa com o jogo A Mansão de Quelícera na escola Chegase então às reflexões acerca da prática pedagógica Palavraschave Jogo Eletrônico e Educativo Ensino de Arte Novas Tecnologias da Informação e Comunicação Universidade do Estado de Santa Catarina Udesc 304 97 Revista Digital Art uma experiência de uso da internet como veículo de atualização profissional e divulgação científica em arte Anna Rita Ferreira de Araújo Ester Marçal Fér Gisa Picosque Gisele Torres Martini Itamar Alves Leal dos Santos José Afonso Medeiros Sousa Jurema Luzia de Freitas SampaioRalha Márcia Moreira Neves Martha Maria Prata Linhares e Siomar Kohler Zigler Este trabalho apresenta ao público diretamente interessado a publicação Revista Digital Art ISSN 18062962 Existindo desde 20112002 com endereço próprio desde 20012003 é a primeira revista acadêmica brasileira digital na internet independente voltada para a divulgação de artigos científicos e trabalhos de pesquisa em arte e ensino de arte sendo a única em língua portuguesa indexada Tem como característica principal ter sido criada desenvolvida e ser administrada totalmente via internet por trabalho colaborativo e conta com diretoria composta por membros distribuídos por diversos estados brasileiros que trabalham quase exclusivamente de forma virtual e desenvolvem este trabalho voluntariamente não há remuneração A publicação apresenta periodicidade semestral e conselho acadêmico constituído em 31122003 formado por professores doutores membros de equipes de pesquisa e docência das mais renomadas instituições de ensino e pesquisa do Brasil representando todas as regiões geográficas Isso faz com que a publicação mantenha um caráter multicultural de visões sobre o ensino de arte em nosso país Conta ainda com variadas ferramentas de apoio aos professores que promovem a atualização profissional dos mesmos e lista de discussão atualmente com 45 membros O número mais recente da Art acaba de ser lançado em outubro de 2004 e o próximo com chamada de trabalhos já aberta está previsto para abril de 2005 Infraestrutura datashow e computador com kit multimídia e CDROM de minimamente 4X Palavraschave Revista de Divulgação Científica Indexada e Semestral Ensino de Arte Fundação Educacional do Distrito Federal 305 98 O Vídeo como Modelo de Educação Cognitiva e Estética Fábio Ferreira de Lima Na produção de modelos artísticos que envolvem arte e novas tecnologias há uma forte inclinação da reinvenção continuada em projetos de livre experimentação produzindo um sistema de comunicação complexo e amplo O suporte passa a ser o mais variado possível no caso do vídeo ele tende a perder a sua superfície plana para ser trabalhado em instalações onde as pessoas possam interagir De qualquer modo o vídeo deve ser entendido como um instrumento de livre expressão assim como o lápis a argila ou a aquarela Ele é apenas uma ferramenta entre outras de um artista que possibilita colocar em prática suas idéias Por se tratar de uma linguagem bastante fluida o vídeo não possui a obrigatoriedade de ser todo inteligível e as cenas fundemse na mente criando uma mescla Nesse sentido há uma complexa e variável instauração de valores simbólicos flutuantes Muitos vídeos são reconhecidamente produtos de grande apelo poético facilitadores da educação visual mediada pela atração que a imagem em movimento exerce e desperta contribuindo para a apreciação estética Palavraschave Vídeo Educação Estética 99 A VídeoInstalação como Material Educativo no Ensino da Arte Greice Cohn Anita Leandro Esta comunicação apresenta uma vídeoinstalação como resultado de uma investigação teóricoprática sobre novas abordagens do audiovisual para o vídeo Faculdade de Artes Visuais Goiânia GO Professora de Artes Visuais do Colégio Pedro II Rio de Janeiro RJ Professora NUTESUFRJ Rio de Janeiro RJ e Universidade de Bourdeaux França 306 educativo a serem utilizadas no ensino da arte Esse campo se ressente da escassez de materiais educativos em vídeo e a qualidade dos materiais existentes deixa a desejar Com o objetivo de obter uma recepção participativa por parte dos alunos propomos aqui uma abordagem construtivista do vídeo inspirandonos em experiências desenvolvidas atualmente no campo do cinema e da vídeoinstalação Analisamos a série Histórias do cinema de JeanLuc Godard e três vídeoinstalações contemporâneos obras que trazem em seus métodos de montagem uma abordagem construtivista das imagens em movimento A partir de um diálogo com estas obras e de estudos de recepção realizados mediante a apresentação de vídeoinstalações para alunos da primeira série do ensino médio do Colégio Pedro II desenvolvemos propostas de renovação da linguagem audiovisual no campo da arteeducação A vídeoinstalação que aqui apresentamos está sendo utilizada em sala de aula como um material experimental para o futuro desenvolvimento de uma série de materiais educativos nesse campo Palavraschave Ensino da Arte Vídeo Educativo VídeoInstalação 307 10 Ensino de Arte Corpo e Som Coordenação Rosimerie Gonçalves 101 Angel Vianna a pedagogia do corpo Maria Enamar Ramos Neherer Bento Esta pesquisa busca um paralelo entre a Conscientização do Movimento e Jogos Corporais trabalho desenvolvido por Angel Vianna desde os anos 1970 e o trabalho do ator Iniciando por uma sistematização dos princípios fundamentais que regem o trabalho corporal de Angel Vianna a pesquisa analisa seus cursos livres técnicos e os da Faculdade Angel Vianna com a finalidade de mostrar como esse tipo de trabalho corporal contribui para um trabalho de ator mais de acordo com as demandas do teatro contemporâneo Com base em depoimentos de alunos e diretores atores e atrizes que com ela trabalharam ou trabalham mostram toda a ação pedagógica exercida por Angel Vianna no decorrer desses 23 anos dedicados a tornar corpos mais ativos e expressivos Palavraschave Teatroeducação Pedagogia do Teatro Formação Corporal do Ator 102 O Circo na Escola o prazer da aprendizagem Carlos Cartaxo O pensamento moderno do que seja ensino de arte tem tratado o circo como uma linguagem cênica que possibilita procedimentos pedagógicos que propiciam uma releitura do que vem a ser artes cênicas Essa concepção tem evoluído a partir dos espetáculos mais marcantes dos últimos cinco anos realizados por companhias como o Cirque du Soleil Intrépida Trupe Circo Mínino Escola Piolin Grupo Galpão entre outros Esses trabalhos deram uma nova configuração do que de fato são as artes cênicas ou seja a concomitância artística das linguagens do teatro Tese Doutorado em Teatro Programa de PósGraduação em Teatro Centro de Letras e Artes Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 2004 UFPB 308 do circo da dança e da ópera Esse pensamento da obra cênica está sendo pesquisado em algumas instituições de ensino como a Unicamp através do Grupo Lume a Universidade Federal da Bahia através da pósgraduação em teatro e dança e a Universidade Federal da Paraíba através do trabalho do professor Carlos Cartaxo que pesquisa o ensino das artes cênicas na escola de Ensino Fundamental e Médio A influência do trabalho desenvolvido na UFPB tem descoberto alunos do curso de Educação Artística cujos perfis técnicos se enquadram na linguagem circense de maneira que o projeto O Circo na Escola é uma forma de levar o trabalho desenvolvido academicamente às escolas públicas e de baixa renda foco desse projeto O Circo é uma das linguagens que conjuntamente com o teatro a dança e a ópera compõe as artes cênicas Não obstante pedagogicamente nem sempre se dá tratamento equânime as quatro linguagens citadas O circo por exemplo na maioria das vezes nem é citado enquanto linguagem artística Como esta é uma linguagem que faz parte do inconsciente coletivo dos pequenos vilarejos às grandes cidades e metrópoles inclusive ultrapassando as fronteiras de vários continentes defendemos o universo imaginário do circo como conteúdo do ensino de arte de tal forma que esta expressão artística não fique fora da escola A LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei nº 939496 de 20 de dezembro de 1996 cita no seu art 26 parág 2o que o ensino de arte constituirá componente obrigatório nos diversos níveis da educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos A mesma lei tira o ensino das artes cênicas e torna obrigatório apenas o teatro eou a dança Esse procedimento marginaliza o circo como se fosse uma manifestação de periferia de arte menor e elitiza a ópera como se toda ópera fosse erudita Na verdade o circo é uma manifestação artística alegre que simboliza perfeição harmonia desafio e que está presente no nosso imaginário da mesma forma que a ópera popular muito bem representada pela Nau Catarineta BumbameuBoi Lapinha Coco de Roda etc Partindo dessa concepção propomos a linguagem do circo como sendo um conteúdo programático que pode e deve ser trabalhado na escola através de um projeto lúdico que propicie autoestima e motivação à aprendizagem 309 103 Escultura Viva Laiz Vilarinho Mônica França Vera Resende e Robson Martins Para conceituar Escultura unidade prevista no Projeto Pedagógico História da Arte Brasileiradesenvolvido desde março de 2004 a equipe docente criou uma aula partindo da Escultura Viva praticada por artistas de rua para trabalhar com alunos do Ensino Fundamental mesclados com alunos portadores de necessidades especiais Com auxílio de instrutor paramentado com traje épico sendo Escultura Viva cinco pedestais tijolos embrulhados máscaras de papel filmadora e um baú contendo bonés echarpes calças vestidos e tecidos o trabalho desenvolveuse da seguinte maneira cinco pares de alunos por vez para vivenciar os personagens Escultura e Escultor O alunoescultura sobe no pedestal submetendose ao olhar estético do alunoescultor isto é escolha de vestimentas independente até do sexo fator resistência e manterse imóvel na posição escolhida pelo artista aguardando todos completarem a tarefa submetendose aos olhares e aplausos da platéia Em seguida trocase de lugar dando continuidade ao processo escolhendo outros grupos privilegiando a todos Palavraschave Inclusão Arte Movimento 104 Eu Danço me Pergunte Como Luciana Gomes Ribeiro Esta simples pergunta desencadeia todo o trabalho realizado na Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Goiânia Eseffego com um grupo experimental de dança Este tem como eixo norteador a apropriação da dança como forma de conhecimento em uma perspectiva críticosocial Um dos objetivos principais buscados no grupo é o prazer de se mover e ser no tempo e no espaço O gozo em dançar Mostrarse neste contexto preenchendoo até tornarse ele em uma relação de deleite e concretude entre o sujeito e a gravidade Os trabalhos são construções coletivas Escola Arte Vida Fundação de Apoio às Escolas TécnicasFaetec Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Goiânia Eseffego 310 resultantes do diálogo entre os contextos da dança existente na cidade de Goiânia e o contexto dos alunosdançarinos São traduções de questionamentos criação e transgressão são convergências de culturas e idéias Os trabalhos necessitam fundamentalmente da história corporalsocial de cada um e se tornam o ponto de fusão um autoretrato do grupo Assim nos aproximamos da dançateatro que como coloca Fernandes 2000 é um trabalho retroativo em sua própria linguagem transformando sua história e identidade Desta forma a dança do grupo é a recriação da dança a partir das danças existentes na realidade de cada alunodançarino em uma dinâmica de redançarreescrever o passado sendo presente e tornandose futuro Palavraschave Conhecimento Dança Processo de Criação 105 Música e Teatro uma proposta artísticoestética Martha Lemos de Moraes e Betsy Emery Keppel Esta comunicação pretende discutir a prática pedagógica a partir de uma experiência na Creche e Jardim de Infância Fundação Cabo Frio no Rio de Janeiro com o objetivo de desenvolver competências artísticas e estéticas em crianças de 2 a 6 anos O trabalho que vem sendo proposto consiste em jogos infantis e dramáticos em oficinas de teatro e jogos e vivências musicais e corporais em oficinas de musicalização A cada semana há um dia da apreciação ponto culminante do processo desenvolvido no qual uma história é contada Nela são retomadas as experiências vivenciadas nas oficinas bem como este se torna o momento de ponto de partida para o trabalho da semana seguinte Assim garante se o fazer artístico a sua contextualização e a fruição Autores como Viola Spolin e Augusto Boal na área de teatro e Murray Schafer e Teca de Alencar Brito na área de música sustentam a prática pedagógica As duas autoras fundamentamse na idéia de que a criança deverá entrar em contato com diferentes gêneros e estilos das diversas linguagens artísticas ampliando assim suas experiências estéticas Um diálogo freqüente entre as docentes proporciona um trabalho interdisciplinar no qual corpo som e movimento são elementos que contribuem para o desenvolvimento sensívelcognitivo como propõem os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil Palavraschave Educação Estética Histórias Jogos Fundação Cabo Frio RJ 311 106 O Trabalho Corpóreo e o Estudo do Movimento na Disciplina Dança Educacional no Curso de Licenciatura em TeatroUFAL Nara Salles Estabelecemos a pesquisa corpórea como seqüência de movimentos corporais não padronizados e nem associados a determinado ritmo musical sendo os movimentos organizados a partir de experimentações corpóreas criativas como respostas corporais a uma motivação ou memória do corpo podendo ter um fim expressivo e comunicativo Este processo permite desenvolver sobremaneira os fatores do desenvolvimento mental aliado a vivência e ao meio ambiente A pesquisa corpórea permite coordenar a atividade intelectual a percepção corporal a expressão de emoções sentimentos e afetividade dentro de uma estética própria na busca de inovações e nas compreensões humanas internas Para professores de teatro é fundamental o trabalho corpóreo incentivado em forma de encenações que pode ser realizado na disciplina Dança Educacional pois assim eles têm oportunidade de perceber a possibilidade de refazer e reelaborar o trabalho corporal a pesquisa do movimento e seus elementos espaço tempo peso e fluxo atrelandoos a outras expressões artísticas pintura escultura instaurações cênicas teatro texto imagens sons cruzandose numa experiência dinâmica e vital tanto para o processo de estudo do movimento quanto para a criação da encenação assim como para a vida desses futuros profissionais do ensino do teatro que irão atuar no cenário educativo Palavraschave Corpo Artes Cênicas Educação Universidade Federal de Alagoas UFAL 312 Pôsters Partindo da intertextualidade entre os textos nãoverbal e verbal foram abordadas as relações entre a arte a mídia e a educação Através do imaginário contido na música de Vinícius de Moraes A Casa surge este trabalho com o objetivo de ensinar a partir do lúdico um CDRom intitulado Leo na Renascença Enfocando o período artístico renascentista 13001500 idealizouse um personagem baseado no gênio Leonardo Da Vinci Para a sua concretização foram projetados diversos esboços fundamentados no cotidiano renascentista por meio de pesquisas na internet em livros sobre História da Arte e da Estética da Recepção A criança através do percurso de Leo protagonista e de suas escolhas opções do jogo proporcionadas pelo estilo Adventure tomará conhecimento da história e da estética a que pertencem os elementos componentes deste jogo interativo Palavraschave Interatividade Renascimento Da Vinci Fundação Dracenense de Educação e Cultura Fundec 1 A ArteEducação por Meio do Lúdico Leo no Renascimento Tatiana Dantas Oliveira 313 2 Ciranda de Tarituba Elis Regina Silveira Vasconcelos de Lima A ciranda é uma grande expressão do Folclore de Paraty e especialmente em Tarituba 3º distrito do município Vila de pescadores Tarituba fica a 35 km do centro histórico de Paraty e possui menos de oitocentos moradores É uma importante manifestação cultural e possui muitos significados para essa comunidade que luta para preservar não só a sua cultura como também as suas terras É uma série de danças também conhecidas como baile popular A cirandabaile obedece ao seguinte esquema abertura miudezas e encerramento As músicas são tiradas pelo mestre cirandeiro em quadras tradicionais ou criadas na hora pelo mesmo O acompanhamento é feito por viola violão cavaquinho pandeiro e mancado As coreografias variam desde pares enlaçados como pares soltos em círculos ou em filas com sapateados e rodopios É uma influência portuguesa espanhola francesa ameríndia e africana Constituise um elemento de integração pois dela participam pessoas de diferentes camadas sociais sem distinção de cor raça sexo ou idade Pode ser dançada ao ar livre ou em interiores É uma dança de comemoração e tem o sentido de partilha O Grupo de Danças Folclóricas de Tarituba existe como organização desde 1975 Palavraschave Danças Folclóricas Paraty Folclore Brasileiro 3 Comunidade Virtual Faeb Federação de ArteEducadores do Brasil Arthur Leandro e Itamar Alves Leal dos Santos No Conselho dos Representantes do XIV Confaeb2003 a Comunidade Virtual ArteEducar esteve presente em condições de igualdade com as outras Centro Universitário de Barra Mansa Escola de Comunicação e Artes USP 314 Núcleo de Estudos e Pesquisa da Educação de Crianças de 0 a 6 anos NEE0a6 Universidade Federal de Santa Catarina Grupo de Pesquisa Ensino e Extensão em Educação Gedest Universi dade do Extremo Sul Catarinense associações e já naquela época contava com um número muito maior do que os filiados nas associações estaduais Dessa experiência Yta criou a lista de discussão da Faeb httpbrgroups yahoocomgroupfaebem abril03 para agilizar a comunicação com filiados e diretores da entidade canal de informações sobre a Faeb pretendia ser um jornal virtual quadro de recados ou uma ferramenta de contato entre os arteeducadores brasileiros É um ambiente que congrega artistas arteeducadores doutores mestres professores estudantes e curiosos Convivem ali diariamente divulgam comentam criticam denunciam congregam festejam brigam relatam participam Comunidade virtual atualmente com 220 participantes discute desde o Estatuto da Faeb eventos legislação o papel do profissional que trabalha com arte e com o Ensino de Arte divulgações de concursos e cursos entre outros O Fórum criado dessa diversidade se transformou numa espécie de assembléia permanente da Faeb em que o participante de qualquer parte do Brasil tem voz ativa sendo ouvido e respondido lugar onde pode cobrar da diretoria dar sugestões tirar dúvidas e ao mesmo tempo ajudar a traçar novas metas movimentando as próprias ações da Faeb Palavraschave Comunidade Virtual Faeb ArteEducação 4 Do labirinto dos Dinossauros ao Labirinto das Crianças Alessandra Mara Rotta de Oliveira Este trabalho tem como perspectiva contribuir com a discussão e com a consolidação de uma Pedagogia da Educação Infantil que tenha como eixo do trabalho pedagógico as crianças pequenas suas singularidades e as linguagens artístico culturais incentivando os projetos das crianças de 0 a 6 anos de idade A partir da documentação das relações e interações que um grupo de crianças estabeleceu com um produto cultural criado especificamente para as crianças pequenas revista de passatempo cuja temática principal eram os dinossauros buscamos a discussão dos limites e das possibilidades desta produção cultural na vida das crianças a partir dos indícios delas próprias Desta forma procuramos construir um olhar crítico e sensível 315 sobre as ações falas e interesses das crianças para elaborar uma proposta pedagógica de ampliação das possibilidades de sua expressão na linguagem do desenho incentivando processos de imaginação e criação curiosidade e exploração de técnicas e equipamentos presentes em nossa cultura de maneira que permitam construir novas formas de expressar seus desejos e saberes entre outros Tratase de um trabalho que busca não a reprodução de imagens linhas e temáticas mas a criação infantil impulsionada por uma dada referência da produção cultural a qual as crianças têm acesso hoje Palavraschave Desenho Educação Infantil Produção Cultural 5 Ensino da Dança arte corpo e socialização Valeska Ribeiro Alvim Kátia Imaculada Moreira e Maristela Moura Silva Lima O presente projeto de extensão e pesquisa referese a um estudo em andamento que pretende analisar intervenções comunitárias através da dançateatro que venham promover uma ação efetiva na melhoria do processo de educação das comunidades carentes na intenção de contribuir com o processo de inclusão social por meio de experiências problematizadoras em que a dança o teatro a música enfim a cultura tentam resgatar a preservação dos valores éticos morais e sociais como a cooperação a solidariedade a igualdade e a justiça oferecendo a estes a noção de cidadania Para tanto dois grandes eixos norteiam o programa a ludicidade e a pedagogia de direitos O referido projeto nasceu da parceria do Banco do Brasil com a Prefeitura Municipal e a Universidade Federal de Viçosa que desde então desenvolvem um programa de extensão denominado AABB Comunidade que ao longo de dois anos vem trabalhando com oitenta crianças do ensino fundamental das escolas públicas dos bairros da periferia da cidade Podemos partir de uma afirmação provisória de que os objetivos propostos para o projeto estão sendo alcançados como o interesse manifestado pelos alunos durante a aula e a própria Universidade Federal de Viçosa MG 316 Universidade Federal do Amapá freqüência no decorrer do processo fatos que têm sido percebidos pela observação da equipe nas conversas semanais Palavraschave Arte Educação e Sociedade 6 O Enigma do Prazer Natasha Parlagreco Por um momento fiquei imóvel tremendo o sangue subindo à cabeça enquanto ela olhava meu pau se erguer na calça Meu trabalho acontece nessa mesma inocência com que Georges Bataille na História do Olho trata as perversões sexuais de dois adolescentes que experimentam seus corpos e as situações sexuais como brincadeiras infantis Brinco com corpos lambuzando com tinta vermelha e fazendo carícias num ritual sedutor que nos proporciona a mesma liberdade que Simone uma das personagens da história tem em mergulhar sua bunda no prato de leite branco No Evento RésquiNóscio promovido pelo GPAVUnifap proposta de um encontro para ebulição de processos poéticos mais do que um ciclo formal de debates ali no meio de vários outros trabalhos eu e Ângela Freiberger entramos numa das salas sem sermos anunciadas nem apresentadas tiramos a roupa e começamos a pintar Nesta como nas demais situações que fiz experiências dessa natureza instalouse um silêncio ensurdecedor Um grito surdo que me leva a pensar que sexo sensualidade erotismo e corpo são ainda tabus e pensar em meus trabalhos como mecanismos que possam despertar no outro reflexões sobre o seu próprio corpo e sobre questões alheias à arte mas inerentes à vida como prazer e sexualidade Palavraschave Arte Contemporânea Performance Corpo 317 7 O Fluxo da Imagem Domina Tudo o Fluxo da Mulher Domina o Homem Silvana Fonseca Imagem é uma das principais preocupações femininas e a autoimagem tem como modelo e inspiração os perfis impostos pelos meios de comunicação como descritos por Debord na Sociedade do Espetáculo A imagem da mulher perfeita é financiada pelas indústrias da moda e cosméticos que lançam diariamente produtos diferentes e ditam o novo com o nome de tendências Utilizome de produtos e resíduos dessa indústria da estética feminina para fazer minhas experimentações performáticas Na ação engarrafados quebro uma garrafa e com os cacos de vidro corto meus cabelos observo o choque e o silêncio que poderá causar nos espectadores quando vêem uma ação comum sendo realizada com material não convencionado para tal Já em para onde vou utilizo produtos que são utilizados nos rituais diários das produções femininas mostradas pelas diversas mídias como maquiagem gel lingerie outros acessórios e um vestido confeccionado com saco plástico representando a exigência social da embalagem do produto mulher um feminino imposto para cada tipo de lugar e evento Como no dito popular lugar de mulher é na cozinha criando o paradoxo com este outro estereótipo fiz esta performance na cozinha do Centro de Referência de Desenvolvimento Sustentável do Amapá Palavraschave Arte Contemporânea Imagem Corpo 8 Língua de Barro e Fogo Ana Maria Giffoni Soares Atividade das mais antigas a produção de peças cerâmicas nasce com os pré históricos no momento em que estes descobrem o fogo e passam a cozinhar seus alimentos Surgida como objeto utilitário a cerâmica percorreu um longo caminho Universidade Federal do Amapá Escola Estadual Gabriel Prestes Lorena SP Centro Universitário de Barra Mansa UBM RJ 318 até ser adotada como meio de expressão por muitos artistas que aprimoraram os seus recursos técnicos e desenvolveram a sua dimensão simbólica O presente projeto visa a incentivar junto aos alunos do Ensino Médio o conhecimento da cerâmica como linguagem expressiva aproximandoos desse fazer ancestral por meio da criação e modelagem em argila e resgatando a primitiva técnica da queima artesanal com serragem na experiência direta do contato com o fogo que transforma a argila em cerâmica Propõe o relacionamento do jovem com esta vertente das artes visuais não só por meio de suas produções artísticas mas pela compreensão da cerâmica em seus contextos estético sociocultural e histórico Envolve ações realizadas no 2º semestre de 2004 durante as aulas de arte com alunos de 1º ano da E E Gabriel Prestes em Lorena SP As etapas constam de momentos de sensibilização pesquisa teórica e de materiais apreciação de vídeos apreciação estética elaboração de instrumentos oficinas de modelagem construção de forno artesanal e queima cerâmica Palavraschave Ensino Médio Cerâmica Queima Artesanal 9 As Linguagens Artísticas e a Pesquisa em Artes Rose Mary Aguiar Borges e João Henrique Verly Serrão A pesquisa assim como a leitura da obra de arte assume papel preponderante na formação do cidadão uma vez que representa o questionamento a busca a redescoberta o despertar da capacidade críticoanalítica do pensar artístico e da percepção estética e nunca a redução dos alunos a receptáculos das informações do professor O presente estudo é resultado de uma pesquisa participante em que alunos e professores trabalharam em conjunto procurando uma nova leitura e análise dos códigos e linguagens artísticoculturais através da pesquisa em arte procurando analisar criticamente os códigos existentes considerando o conhecimento préexistente do aluno em formação e as novas interpretações diante da visão crítica possibilitada pela pesquisa Palavraschave Cultura Pesquisa Arte Instituto de Educação de Nova FriburgoSEERJ Programa de PósGraduação em Odontologia Social UFF Niterói RJ 319 10 Macapá Amapá extremo Norte do Brasil bem no meio do mundo1 Jonas Borges e Anderson Rirley Nossos olhos brilham de tanta empolgação Mal se contêm nas órbitas O que fazemos O que todos fazem participamos olhamos flertamos Não tão à vista nem tão escondidos Somos os olhos de quem viveu ou não viveu o résqui nóscio Presença necessária Como disse Eneida de Moraes em Aruanda eu nada tenho de meu a vida é um bem coletivo e nossas experiências artísticas não são nossas mas pertencentes a uma multidão que conhecemos e jamais vimos É um emaranhado disso daquilo daquilo outro Fazemos arte Estamos fazendo agora Se a imaginação é a faculdade de criar imagens podemos estar criando imagemtexto e o ato de observar e narrar como fazemos exige os predicados da criatividade visual dos rezadores benzedeiros daqueles que de tão pobres nem sabem escrever e de todos os cegos cantadores que recontam e recriam diariamente a nossa história de fato presente entre nós em sua atualidade viva Palavraschave Arte Contemporânea Memória Relatos 11 Obra de Arte Cédula Dione Souza Lins e Luís Ricardo Pereira de Azevedo Sendo o tema do 3º bimestre do projeto políticopedagógico da escola Trabalho e Dignidade a equipe decidiu trabalhar com o eixo Os 10 anos de real Tendo por base as teorias como a metodologia triangular onde os alunos passam por um conjunto 1 Projeto integrante do Grupo de Pesquisa em Artes Visuais do Colegiado de Artes da Universidade Federal do Amapá Linha de pesquisa em poéticas políticas Professor orientador Arthur Leandro Professores colaboradores Alexandre Adalberto Pereira Fátima Garcia dos Santos Joaquim César da Veiga Netto e Marco Antônio Scutti da Costa Brava Universidade Federal do Amapá Escola Estadual Leitão da Cunha 320 amplo de experiências nas quais articulamos percepção imaginação sensibilidade conhecimento e produção iniciamos sensibilizando as turmas de 7ª série através da música A novidade de H Vianna e Gil seguido das atividades 1 Visita ao CCBB Exposição Onde está você geração 80 Observação e debate sobre o trabalho da arte contemporânea e novas técnicas artísticas Observação da obra Zero Cruzeiro de Cildo Meirelles 2 Apresentação do vídeo Ilha das Flores de Jorge Furtado seguido de discussão sobre valorlucrosociedade e a inserção de cada aluno no contexto social tentando conscientizálos de seus direitos e deveres 3 Criação plástica a partir do tema cédulas Como seria sua cédula Que imagens usar Expressão escrita e debate da experiência de cada aluno Através desse trabalho os alunos podem observar e discutir o cotidiano descobrir as diferentes formas de expressar plasticamente idéias e críticas Nossos projetos desenvolvem a sensibilidade de todos elevando a autoestima e levandoos a exercer sua cidadania de uma forma mais justa Palavraschave Trabalho Cidadania Contemporaneidade 12 As ONGs e a Ludicidade na Formação de Arte Educadores uma possibilidade de inclusão social Ana Paula Trindade de Albuquerque O texto aqui apresentado é fruto do projeto de pesquisa de mestrado que tem o objetivo de investigar até que ponto o trabalho através da arteludicidade assumindo que a ludicidade é contemplada também pela arteeducação desenvolvida em organizações nãogovernamentais contribui para uma inclusão social crítica e transformadora Para o desenvolvimento desse trabalho é necessário trazer para este espaço alguns questionamentos que inclusão é essa a qual algumas ONGs se referem Como e onde se dá a ludicidade na formação desse arteeducador De que forma é feito o trabalho de arteludicidade para que este seja um veículo importante para a construção da cidadania Tentando responder essas questões é que se escolheu como um dos caminhos a formação dos educadores que trabalham com ludicidadearte UFBAFacedPrograma de PósGraduação em Educação 321 educação A proposta é entender até que ponto essa formação dá conta da demanda de indivíduos denominados excluídos da sociedade Cabendo ressaltar a fragilidade desse público tendo em vista que a maioria não tem garantidos seus direitos e deveres não sendo portanto contemplados pelo modelo econômico vigente Assim pretende se investigar a formação profissional desse arteeducador na graduação ou não bem como sua formação continuada ou seja o desdobramento da sua formação no trabalho de ludicidadearteeducação desenvolvido em ONGs Palavraschave Arte Ludicidade Inclusão Social 13 O que é o Lugar Por Que e Quando se dá o nosso Lugar Kátia Meireles O processo eternocontínuo observado na área de ressaca no bairro Jesus de Nazaré Macapá por efeitos múltiplos de interferências e interações no ambiente espaço psicossocial habitável no lugar ou não A interatividade do lugar com outros e a interferência destes proporcionando uma paisagem mutável única criada por seres que vivem ali que passam por ali os autores e o público será Quem é o que na verdade Realizo passeios levando turistas para ver artedesinteressada produzida na ressaca no alagado um amontoado de tábuas sobrepostas encaixadas colocadas tão despropositadamente que sem obrigatoriedade vai se deixando ser Diante da visão estética préestabelecida que a condiciona que a faz ser o que é ou o que deixa parecer Exótico Sendo esta sua principal determinante então é visão desagradável odores insalubres personas feias animais asquerosos arquitetura aleatória cenário desconcertante esculturas sem direito à cultura cor com sobrenome vermelhoputa pretoquente verdelimo e brancopó Performances enigmáticas típicas e somos nós os personagens estranhos interventores desde o observar ao tropeçar em armadilhas esquecidas ou colocadas cuidadosamente para provocar acidentes propósito da obra Na estiva a paisagem é flutuante Palavraschave Arte Contemporânea Espaço Cidade Universidade Federal do Amapá 322 14 Por Que se Esconde a Árvore Barbara Harduim Na maioria das vezes adultos e crianças pegam num lápis para desenhar uma árvore fazem duas retas verticais ligadas na parte superior por um risco ondulado circular O resultado é um desenho que traduz um esquema muito distante da riqueza de detalhes presente na árvore Muitas podem ser as causas desse fato porém para uma nova forma de desenhar o importante é fornecer elementos motivadores Não me refiro a nenhum manual de ensino de desenho e sim a um exercício de traduzir o que se pensa o que se usa da memória e principalmente o que se observa para posteriormente fazer o registro É o resgate do olhar curioso da pesquisa cuidadosa e da apreciação estética A partir destas questões o Setor Educativo elaborou uma oficina que visa a estimular as pessoas em especial as crianças a perceberem as formas na natureza e os elementos da composição visual na representação da árvore O exercício da observação e da percepção representa a pauta metodológica desta oficina na qual o processo inicia muito antes de se pegar no lápis Palavraschave Arte Natureza Educação Patrimonial 15 Projeto de Artes Maria do Carmo Ferreira Magela O Projeto do Ensino de Artes do 1º Segmento do Curso Fundamental Noturno do Colégio Santo Inácio situado na cidade do Rio de Janeiro visa a oferecer ao aluno jovem e adulto instrumentos que o façam conhecer e trocar experiências de artes plásticas constituintes do patrimônio da humanidade entendendoas como linguagem particular e coletiva necessária à formação integral do cidadão A Museu Antônio Parreiras Colégio Santo Inácio Curso noturno 323 metodologia que orienta a prática deste ensino atende à contextualização histórico espacial ao exercício da arte e ao processo criativo O conteúdo trabalhado corresponde à História da Arte com realce para a arte brasileira artistas e obras de diversos períodos Nas aulas são utilizadas diversas técnicas e recursos multimídia Os alunos são incentivados a participar de exposições internas às bienais dos colégios jesuítas e a tomarem contato com obras e expositores em museus e centros culturais em visitas guiadas organizadas pela escola Palavraschave Fundamentos Metodologia e Estratégias 16 Revista ArteEducação Alexandre Palma da Silva O objetivo do pôster é apresentar a página da internet wwwrevista arteeducacaoprobr A visualização da página iniciou em 17 de junho de 2004 em palestra realizada na I Jornada em ArteEducação da Universidade Federal do Rio de Janeiro Esta mídia eletrônica é uma alternativa para a divulgação de artigos entrevistas projetos pesquisas links agenda cultural e formação de comunidade virtual congregando docentes artistas estudantes pesquisadores e público interessado nas áreas de arte e educação O site de atualização mensal organizou publicação impressa e até o momento teve participações de Adir Botelho Escola de Belas Artes UFRJ Dircéia Machado Faculdade de Educação UFRJ Emílio Gonçalves Faculdade de Educação UFRJ João Vicente Ganzarolli Escola de Belas Artes UFRJ Mario Orlando Colégio de Aplicação UFRJ Murillo Mendes Escola de Belas Artes UFRJ Rossano Antenuzzi Museu Nacional de Belas Artes e Rosza Vel Zoladz Escolinha de Arte do Brasil Pretendemos com este pôster mostrar para o público presente do XV Confaeb as possibilidades do uso de novas tecnologias como meio de contato e partilha de conhecimentos entre professores atuantes no ensino de arte Palavraschave ArteEducação Informática na Educação Internet Mestrando Faculdade de Educação Universidade Federal Fluminense RJ 324 17 2º Encontro de ArteEducadores da Região do Médio Paraíba III Resende RJ Múltiplas Linguagens da Arte no Mundo da Escola Alice Brandão Maria Estela de Oliveira e Nadia Teresinha Moraes Nelson O 2º Encontro de ArteEducadores da Região do Médio Paraíba III Múltiplas Linguagens da Arte no Mundo da Escola foi um evento realizado nos dias 10 e 11 de setembro de 2004 que deu continuidade ao 1º Encontro de Arte Educadores da Região do Médio Paraíba III e contou com a participação de aproximadamente cem profissionais da educação da região oriundos dos municípios de Resende Itatiaia Quatis Porto Real Barra Mansa Volta Redonda Barra do Piraí e Piraí evento que foi uma iniciativa dos arteeducadores da rede estadual de ensino com apoio da equipe pedagógica da Coordenadoria Regional da Região do Médio Paraíba III Essa iniciativa surgiu da necessidade em comum que todos arteeducadores sentem em relação ao olhar sobre o ensino de arte Questões como a desvalorização da disciplina arte no contexto escolar a ocupação de vagas por profissionais não qualificados em arteeducação a busca por espaços apropriados para o desenvolvimento efetivo da prática pedagógica a escassez de recursos e materiais para execução do trabalho e a necessidade de promover formação continuada para que possamos entrar em contato com novas técnicas novas teorias trocarmos experiências a respeito do ensino de arte foram discutidas e analisadas pelos profissionais presentes nos grupos de trabalho e cujo resultado foi acordado em plenária o que originou um documento de reivindicações dos arteeducadores da região Participaram 170 profissionais da educação entre professores e alunos de arte estudantes de pedagogia e pedagogos além de professores interessados no ensino da Arte em dois dias com palestras nove oficinas de múltiplas linguagens exposição de trabalhos desenvolvidos por alunos das escolas estaduais com o tema Reaproveitando e Reciclando exposição Professor Artista e apresentações de performances dos alunos das escolas estaduais Palavraschave Arte Múltiplas linguagens e ArteEducadores Coordenadoria Regional da Região do Médio Paraíba III 325 18 Um Triângulo Imoral Reflexões Acerca da Relação SexualidadeFamíliaEscola Rejane Galeno e Tissiana Carvalhêdo O trabalho propõe discutir a problemática da educação sexual abordando fatores sociais relevantes como a família e a escola visando atentar para a importância da sexualidade na formação da cidadania dos educandos A introdução do tema apresentará uma cena da peça O Despertar da Primavera de Frank Wedekind fragmento cena II 2º ato que consiste em um diálogo entre mãe e filha e trata da questão da educação sexual em família A partir desse gancho propõese a revisão dos papéis sociais exercidos habitualmente pela família e pela escola instâncias onde geralmente firmase acordo tácito de silêncio dissimulação e negação da sexualidade provocando uma visão deturpada da educação cujos sentimentos naturais da vida são crivados numa ótica moral sob códigos previstos e arranjados gerando graves problemas sociais como gravidez e aborto na adolescência Após a apresentação seguese uma discussão acerca dessa problemática questionandose o importante papel da educação na formação desses jovens criando as condições para desenvolver o pensamento crítico e para que possam com responsabilidade decidir sobre seus destinos darlhes perspectivas para fazer seu sonho brilhar e conviver com o outro A escola realiza mudanças nas concepções de vida daqueles que passam por ela A escola tem que negar a desordem pessoal da vida cotidiana O que ela precisa fazer ou pode fazer para acolher esses problemas e ajudálos a achar a saída Como capacitar a escola para ampliar sua ação sobre a sociedade Neste sentido a comunicação resulta do trabalho de uma investigação sobre alguns fatores da sexualidade na adolescência desenvolvida inicialmente junto à disciplina Interpretação I do Curso de Educação Artística e depois continuada através do fazer teatral do grupo Cena Aberta prova de que esse fazer teatral é além de uma prática artísticocultural uma possibilidade de diálogo com a realidade contextualizando os aspectos da vida Palavraschave Sexualidade Família Escola Universidade Federal do Maranhão 326 19 Uso de VRML para Educação a Distância em Arte Jurema Luzia de Freitas SampaioRalha Este trabalho é o resumo do resultado da pesquisa de mestrado desenvolvida no IAUnesp apresentada para defesa em 28032003 tendo sido aprovada com indicação para publicação Tratase de uma proposta de estudo da viabilidade de uso de realidade virtual nãoimersiva por linguagem VRML para estudo de arte por Educação a Distância EaD mediada por computadores ligados em rede com base na construção de ambientes virtuais educacionais de apreciação artística A proposta é trabalhada com base na metodologia triangular de Ana Mae Barbosa e visa promover a apreciação artística a distância por simulação de ambientes com uso da realidade virtual e reprodução digital de imagens O trabalho reúne as conclusões da pesquisa que após levantamentos e estudos de campo com pesquisa quantitativa e qualitativa detecta e documenta um total despreparo dos professores de arte para lidar com as Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação Este fato isolado desencadeia diversos questionamentos porém para a pesquisa em questão tornou se fator decisivo para as considerações finais propostas A percepção da atual impossibilidade de concluir efetivamente se o uso da realidade virtual por VRML é ou não viável para EaD em arte pelo desconhecimento da maioria dos profissionais da área das possibilidades tecnológicas disponíveis atualmente Palavraschave Realidade Virtual EaD Ensino de Arte e Tecnologia Universidade Paulista Unip e Faculdades Integradas Ipep 327 Oficinas Instituto de Educação Nova Friburgo SEERJ 1 ArteEducare arteeducação integrada ao programa de educação em valores humanos educare Marcelle de Lima Lyra A proposta desta oficina é levar o participante a vivenciar os valores humanos através das cinco técnicas harmonização citação história canto grupal e atividade grupal que compõem o Programa Educare elaborado em 1963 na Índia por um grupo de educadores e psicólogos sob a orientação de Sri Sathya Sai atualmente reitor da Universidade Autônoma de Puttaparthi Em vários países do mundo inclusive no Brasil este Programa vem sendo adotado com êxito Enfatizaremos a quinta técnica atividade grupal cujo objetivo é despertar o nível espiritual do indivíduo através de atividades de expressão artística como instrumento capaz de resgatar os valores básicos do homem tão minimizados pela realidade da civilização moderna Sendo assim descobrir o sentido da vida e o que valorizar irá depender da compreensão que temos do mundo Portanto a escola atual deve deixar florescer no aluno sua capacidade de sentir e criar para que ele possa ver o mundo com um olhar sensível à realidade que o rodeia e agir de forma em que haja equilíbrio entre o pensamento a palavra e a ação O Programa Educare integrado à arte age no sentido de aumentar a conscientização do educando possibilitandoo transformar o próprio meio de forma criativa Palavraschave Valores Humanos Arte Vivência 328 2 A Arte na Escrita Maria Beatriz Albernaz O namoro entre a literatura e as artes plásticas não está apenas na admiração mútua entre artistas ou na inspiração que uma das artes possa provocar na outra Algumas experiências artísticas tiveram traduções nas artes plásticas e na poesia ou romance simbolismo cubismo surrealismo etc Porém independente das escolas é interessante perceber as possibilidades que se abrem para a escrita ao se amparar no olhar agudo de um artista plástico Essa oficina tem como propósito praticar esse relacionamento através da leitura interpretativa de obras mas principalmente através de exercícios Para professores de arte essa experiência ajuda a derrubar uma das fronteiras erguidas pela divisão do saber em disciplinas isoladas aquela que separou a linguagem visual da oral e escrita Essa possibilidade revisita os tempos em que as artes integravamse numa só manifestação Afinal o desenho está na raiz da escrita Durante a oficina elementos tradicionalmente gráficos serão trabalhados em textos criativos Os exercícios tomarão determinados elementos como ponto de partida para o estabelecimento da ponte entre as duas artes como o grafismo o mosaico a colagem o desenho a cor o equilíbrio e a perspectiva Palavraschave Escrita Grafismo Plástica 3 Brincando de Brincadeira reciclando o encontro Antonio Ataíde Cunha Filho A oficina Brincando de Brincadeiras abre janelas para a livre criação de desenhos e jogos utilizando recicláveis possibilitando transformações no encontro consigo mesmo e com o outro através dos elementos básicos das artes visuais Materiais descartados são manipulados de maneira lúdica e criativa com propostas de jogos ou como simples incentivo à exploração e à criação de novas atividades É possível criar e recriar jogos formar desenhos além de levar a reflexão de temas relacionados à Doutoranda em Ciências da Literatura Poética na Universidade Federal do Rio de Janeiro RJ Secretaria de Estado do Distrito Federal Escola Parque 303304 Norte 329 Universidade Federal da Bahia reciclagem formação de valores interligandose a outras disciplinas Na verdade a oficina é um espaço onde tudo é possível Cada participante a seu tempo e forma de expressão manipula o material fazendo descobertas envolvendose e aos poucos construindo uma consciência ampla de desenvolver novas maneiras de aprender brincando abrindo espaços para o resgate do processo criativo provocando ações em defesa do meio ambiente e ampliando a capacidade de ser e perceber a vida Tem como objetivo geral transformar recicláveis em desenhos jogos e brinquedos A sua dinâmica é uma só liberdade de expressão Palavraschave Brincadeiras Reciclar Encontro 4 Expressão Criativa com o Corpo no Teatro Educação Ariadne Cardoso Carvalho e Cilene Nascimento Canda Esta oficina tem como principal objetivo oferecer um conjunto de atividades práticas que têm como fundamentação a metodologia de ensino de teatro voltada para o desenvolvimento da expressão corporal dos participantes O trabalho de teatro desenvolvido com atividades lúdicas possibilita que o sujeito se expresse a partir do corpo de forma expressiva e criativa tendo como referência a cultura brasileira Com a utilização de cenas cotidianas de textos poéticos músicas populares ritmos e sons corporais o sujeito tem a oportunidade de expor idéias pensamentos e valores através do corpo sem a utilização da voz A oficina possibilita a interação corporal entre os participantes contribuindo para a expressão da sensibilidade e da afetividade Através de diversos tipos de ritmos e sons o sujeito poderá compartilhar experiências lúdicas que trabalhem a consciência corporal dramática A experiência vivenciada nesta oficina permite aos arteeducadores a reflexão sobre a importância da atividade corporal no processo educativo Serão utilizados jogos teatrais e dramáticos músicas e textos poéticos brasileiros e dinâmicas de grupo a fim de estimular o desenvolvimento do processo criativo corporal Palavraschave Teatro Corpo Educação 330 5 Expressão Musical recriação e som Sidney Mattos Tema Recriação e Som Objetivos Geral Vivenciar possibilidades de uma prática pedagógica interdisciplinar criativa e lúdica utilizando a expressão musical Específicos Entrar em contato com os parâmetros do som Vivenciar ritmo e melodia Pesquisar e identificar objetos sonoros utilizando instrumentos de percussão Atividades Contato com os parâmetros do som altura timbre intensidade e duração Vivência do ritmo Eu e minha música Vivência da melodia Eu e o outro Vivência da harmonia Eu e o mundo Material Espaço físico sala vazia com duas cadeiras para o especialista Recursos necessários 1 folha branca por participante Roupa confortável para o desenvolvimento de atividades corporais Produto Criação e composição em grupo de um esquete musical Tema livre Palavraschave Música Som Lúdico Núcleo Experimental de ArteEducação Neae wwwneaecombr 331 6 A Importância da Dança como Propulsora do Movimento Criativo na Formação de Professores de Arte Carla Ávila e Mirza Ferreira A criatividade é uma constante na vida do ser humano porém nem sempre conseguimos encontrála em nossas rotinas Mesmo em meio a um bombardeio de informações do mundo globalizado televisão internet outdoors publicidades entre outros muitas vezes o processo criativo fica estagnado dentro do ser artista O movimento criativo expresso no gesto no fazer diário na comunicação nos rituais subjetivos nas relações interpessoais nas imagens nos corpos estão presentes em nosso diaadia Entretanto quando somos chamados a criar algo novo nos deparamos com um vazio de idéias Desta forma esta oficina propõe construir espaços e criar situações reflexivas sobre a importância do movimento criativo para o professor de arte Para tanto utilizará a dança enquanto linguagem artística que tem como essência o movimento humano Buscará estabelecer diálogos entre os diversos corpos e as multiplicidades dos saberes pretendendo possibilitar a descoberta de seus próprios movimentos como propulsores de sua criatividade Palavraschave Criatividade Dança Educação 7 Grafismo Indígena Brasileiro os Asurini do Xingu Vera Pletitsch Esta oficina fez parte da monografia do curso de pósgraduação em arte educação apresentada em 2002 na Fafic na qual foram utilizadas pesquisas bibliográficas sobre Antropologia Estética principalmente as obras de Lux Vidal 2000 e de Berta Ribeiro 1987 Como resultado dessas pesquisas tenho apresentado a exposição Kwatsiarapara constando de pinturas confeccionadas com argila em pó Universidade Federal de Viçosa e Centro Universitário de Belo Horizonte MG Casa de Cultura Villa Maria Mestranda em Cognição e Linguagem UENF 332 inspiradas nos grafismos dos povos Karajá Waiãpi Kayabí KayapóXikrin e Asurini Ao apresentar a linguagem visual simbólica do grafismo indígena brasileiro particularmente dos Asurini do Xingu demonstrarei que esses desenhos formam um sistema de comunicação que reflete o sistema social religiosocosmológico e estético do povo que o produz identificando o indivíduo e o grupo sendo também registro de suas vivências e exercício da memória social compartilhada Trabalhando a partir da imagem com apreciação história e fazer artístico segundo a Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa 1991 serão apresentadas ilustrações da produção gráfica desse povo e realizada explanação sobre materiais técnicas e relações formais para a confecção seus usos e significados Em seguida os participantes confeccionarão um trabalho utilizando papelão cola e argila em pó inspirados no padrão Taingawa considerando os princípios estéticos dos Asurini Palavraschave Grafismo Indígena Brasileiro 8 Oficina de Circo Merinéia Ribeiro A arte circense visa trabalhar com um aspecto lúdico Os movimentos não repetitivos que são realizados durante a oficina pelos participantes incentivam a quebra dos medos possibilitando que eles venham a adquirir uma estima mais elevada por si mesmos no momento em que se percebem realizando ações das quais num primeiro momento pareciamlhes assustadoras Serão aplicadas técnicas de acrobacias que têm como foco mostrar uma oportunidade que o arteeducador tem de trabalhar no aluno a autoestima a confiança em si mesmo e a confiança no outro para a realização de trabalhos em equipe com qualidade Acima de tudo o circo é um elemento cultural que deve ser resgatado Palavraschave Disciplina AutoEstima Trabalho em Equipe Universidade Estadual Paulista Faculdade de Filosofia e Ciências Campus de Marília SP 333 Universidade Federal de Alagoas UFAL Instituto de Educação Nova Friburgo SEE UniRio RJ 9 Percepção Corpóreo Vocal para Dançar na Escola Nara Salles Ao ser oferecida a oportunidade ao ser humano de explorar os aspectos criativos corpóreovocais ele pode descobrir a capacidade para criar novos meios de expressão e comunicação com os movimentos corporais pois sua imaginação é estimulada na inter relação de criações corporais individuais e em grupo provocando uma incitação no intelecto da pessoa para que ela amplie sua própria percepção e criatividade corpóreo vocal Partindo dessa idéia proponho desenvolver uma oficina com a seguinte estrutura metodológica exercícios de percepção e sensibilização do próprio corpo formas de mover partes do corpo no espaço locomoção com ritmo reconhecendo o fator tempo espaço utilização de formas corporais para expressar pensamentos idéias e percepções e a interação do movimento corporal com objetos O objetivo da oficina é principalmente incentivar uma proposta de percepção corpóreovocal e experimentações na organização de movimentos corporais alicerçadas no estudo dos movimentos cotidianos e sensações internas visando à percepção corpóreovocal intelectiva considerando os aspectos culturais do meio ambiente sóciocultural que os indivíduos trazem em seus corpos Dessa forma poderão ter a oportunidade de compreender que as movimentações básicas do diaadia no meio social onde vivem e as percepções internas podem transgredir o cotidiano e em um processo criativo transformase em arte Palavraschave Corpo Artes Cênicas Educação 10 Zumbi e a Estética Africana através de Máscaras de Argila Rose Mary Aguiar Borges e Vitória Levy Sztejnman Pretendemos demonstrar através da manipulação da argila a estética das máscaras africanas Segundo Araújo é reconhecido na arte e na estética africanas o valor das máscaras das bonecas de fertilidade e instalação do fetiche No relato de 334 Viota o africano que molda uma máscara o faz no sentido de escultura para uso ritual não considera que esteja realizando uma obra de arte As máscaras africanas influenciaram artistas europeus no início do século XX Modigliani que encontrou nas máscaras alargadas das etnias Baulè IBO e Fang uma excepcional fonte de inspiração e Picasso que soube aproveitar melhor que ninguém a carga emocional que a arte africana oferecia representando a figura humana de forma geométrica em atrevidos planos e ângulos dando a mesma sensação de força e potência que emanam das máscaras africanas A aplicação da técnica da argila será aqui elaborada após didaticamente expormos a significação e os passos para que cada um possa elaborar sua própria criação Lembrando que no próximo dia 20 de novembro festejaremos o dia de Zumbi ressaltamos a grande influência da África na nossa cultura nos cultos na arte nas danças nos costumes ao longo dos anos fazendo a introdução de hábitos na nossa vida cotidiana Palavraschave Máscara Estética África 335 ADERNE Laís pág 64 AGUIAR Ritamaria pág 48 ALBERNAZ Maria Beatriz pág 330 ALBUQUERQUE Ana Paula Trindade de pág 322 ALMEIDA Eudirce Silva pág 230 ALMEIDA Rossano Antenuzzi de pág 293 ALVIM Valeska Ribeiro pág 316 AMIN Raquel Carneiro pág 258 ANDRADE Arheta Ferreira de pág 252 51 ANDRADE Claudia Maria Mauad de Sousa pág 300 ARAGÃO Teresa Maria Moniz de pág 233 ARAÚJO Anna Rita Ferreira de pág 304 ARAÚJO Clarissa Martins de pág 273 ARAÚJO Marly Alonso pág 283 ARAÚJO Roberta Maira de Melo pág 261 ARISTIDES Lêda pág 275 ASSIS Henrique Lima pág 274 AUAD Ronaldo pág 232 ÁVILA Carla pág 333 AZEVEDO Fernando Antônio Gonçalves de pág 277 AZEVEDO Luís Ricardo Pereira de pág 321 BARBOSA Ana Mae pág 55 BARBOSA Paola Talita de Oliveira pág 266 BARRETO Carolina Marielli pág 260 BARRETO Sônia Silva pág 241 Índice Autoral BEMVENUTI Alice pág 292 BENTO Maria Enamar Ramos Neherer pág 307 BISPO José Iradilson Bomfim pág 241 BORGES Jonas pág 320 BORGES Rose Mary Aguiar pág 278 320 336 BOTELLI Mabel Emilce pág 173 253 BOTKAY Caique pág 37 BRANDÃO Alice pág 326 BRANDÃO Larissa Vargas pág 266 BRUM Míriam pág 19 85 CACHOLAS Maria Ignez de Almeida pág 290 CAETANO Márcia pág 281 CAMPOS Waldilena Silva pág 245 CANDA Cilene Nascimento pág 247 331 CARNEIRO Ana Maria Pacheco pág 279 CARPI Osmar pág 281 CARTAXO Carlos pág 307 CARVALHÊDO Tissiana pág 327 CARVALHO Ana Maria Vilela de pág 245 CARVALHO Ariadne Cardoso pág 331 CARVALHO Juvêncio Fernandes pág 261 CARVALHO Laureana Conte de pág 261 CARVALHO Sandra Helena Escouto de pág 269 CASTRO Enauro de pág 235 CAVALCANTE JÚNIOR Francisco Potiguara pág 107 336 CERQUEIRA FILHO Manoel Luiz pág 241 CHANDA Jacqueline pág 113 COELHO Alberto pág 299 COHN Greice pág 305 CONSTANTINO Carla Carolina pág 258 COSTA Valéria Carrilho da pág 245 COSTA Alexandre Santiago da pág 242 COSTA Ana Valéria de Figueiredo da pág 276 COSTA Angela Capanema Garcia pág 240 COSTA Fabíola Cirimbelli Búrigo pág 236 COSTA Izabel Mota pág 246 COSTA Wilma Maria pág 300 COUTINHO Christiane pág 288 COUTINHO Rejane Galvão pág 295 CUNHA FILHO Antonio Ataíde pág 330 CUNHA Claudia Carneiro da pág 253 CUNHA Maria de Fátima Gonçalves da pág 35 DANIEL Vesta pág 122 DE XAVIER Carlos Alberto pág 92 DEMARCHI Rita de Cássia pág 291 DIAS Vera Lúcia pág 257 DOMINGUES Claudio Moreno pág 291 DUVIVIE Alberto pág 288 EGAS Olga pág 291 EVANDRO Joffre pág 281 FÉR Ester Marçal pág 304 FERNANDES Sonia Regina pág 268 FERREIRA Hélio Márcio Dias pág 259 FERREIRA Mirza pág 301 333 FERREIRA Renata Meirelles Pires pág 258 FERREIRA Valéria Fabiane pág 267 FIORAVANTI Maria Lúcia pág 291 FLORENTINO Adilson pág 277 FONSECA Nélia Lúcia pág 286 FONSECA Silvana pág 318 FONTES Amanda Nogueira Brum pág 228 FONTES Merian pág 281 FRANÇA Carneiro de Zumpano pág 245 FRANÇA Cristina Pierre de pág 331 FRANÇA Mônica pág 309 FRANGE Lucimar Bello P pág 148 FREITAS Lurimar Rangel de pág 240 FREITAS Sônia Regina Natal de pág 300 FURLON Mariana pág 293 GALENO Rejane pág 327 GANTOS Marcelo Carlos pág 295 GARCIA Lydia pág 257 GASPAR Débora da Rocha pág 303 GENEROSO Gabriele Luzia Pires pág 262 GIMMLER NETTO Maria Amélia pág 296 GOMES Harrison Magdinier pág 228 GOMES Antonio Cláudio pág 33 GOYA Edna de Jesus pág 269 GRASSI Antonio pág 15 GUADAGNINI Rodrigo pág 281 GUARALDI Sonia pág 281 GUERRA Maria Terezinha Telles pág 264 GUIMARAES Leda pág 113 234 GUIMARÃES Maria Christina Quilici pág 258 GÜNTHER Luisa pág 287 HARDUIM Bárbara pág 293 HARDUIM Bárbara pág 323 HOLPERIN Jurema Regina pág 240 HENRIQUES Ricardo pág 21 JORDY Eliane pág 281 JUSTO Joana Sanches pág 265 337 KEPPEL Betsy Emery pág 310 KORNATZKI Paula Karina pág 296 KOUDELA Ingrid Dormien pág 161 193 280 LEANDRO Anita pág 305 LEANDRO Arthur pág 237 314 LEITÃO Anderson pág 301 LEITE Ana Cristina Barreto pág 300 LEWIN Myriam pág 31 LIA Camila pág 288 LIMA Elis Regina Silveira Vasconcelos de pág 313 LIMA Fábio Ferreira de pág 305 LIMA Maristela Moura Silva pág 316 LIMA Tatiana Motta pág 272 LINHARES Martha Maria Prata pág 304 LINS Déborah de Oliveira pág 282 LINS Dione Souza pág 323 LOBO Cíntia de C pág 266 LOPONTE Luciana Gruppelli pág 270 LOUBACK Marlene pág 281 LYRA Marcelle de Lima pág 329 MACDOWELL Jacqueline pág 249 MAGELA Maria do Carmo Ferreira pág 324 MAIA Giordani pág 237 MALACRIDA Sérgio Augusto pág 244 MARINELLI Célia Regina Gonçalves pág 258 MARQUES FILHO Adair pág 256 MARQUÊS Lívia pág 134 MARTINEZ Silvia Alicia pág 295 MARTINI Gisele Torres pág 304 MARTINS Maria das Graças M pág 290 MARTINS Míriam Celeste pág 144 291 MARTINS Raquel pág 258 MARTINS Robson Francisco pág 290 309 MARTINS Sara Luciana pág 266 MASCARENHAS Márcia pág 263 MASELLI Morgana pág 293 MATTOS Sidney pág 332 MEDEIROS Rosane Amado Silva pág 245 MEIRA Renata Bittencourt pág 271 MEIRELES Kátia pág 323 MELO Marilane Costa Lelis pág 245 MENDONÇA Denise pág 215 MENDONÇA Denise pág 253 MENDONÇA José Carlos Carvalho de pág 241 MERCÚRIO Maria Celina Barros pág 291 MEXAS Rodrigo pág 228 MIGUEL Maria Rosalina Souza Pereira pág 245 MIRANDA Elza Gabriela Godinho pág 266 MONTEIRO Nadja Nayra Alves pág 241 MORAES Jorge Roberto Silva de pág 290 MORAES Martha Lemos de pág 310 MOREIRA Kátia Imacula pág 316 N Paulo pág 281 NASCIMENTO Eliane de Souza pág 247 NASCIMENTO Erinaldo Alves do pág 241 NASCIMENTO Fred pág 284 NELSON Nadia Teresinha Moraes pág 326 NEVES Márcia Moreira pág 304 NOGUEIRA Márcia Pompeo pág 296 298 OLIVEIRA Alessandra Mara Rotta de pág 315 OLIVEIRA Esequiel Rodrigues pág 233 OLIVEIRA Maria Estela de pág 326 OLIVEIRA Rosângela de Ávila pág 245 OLIVEIRA Tatiana Dantas pág 312 ORLOSKI Erick pág 288 338 PACHECO Aitom pág 281 PACHECO Cecília Maria Lúcio pág 229 PACIULLO Anacláudia Di Lorenzo pág 285 PAIXÃO Alexandre Sá Barreto da pág 235 PALAGRECO Natasha pág 317 PEDROSA Stella Maria Peixoto de Azevedo pág 276 PEREIRA Alexandre pág 237 238 PEREIRA Ana Paula pág 293 PEREIRA Renata SantAnna de Godoy pág 285 PICOSQUE Gisa pág 304 PIMENTEL Lúcia Gouvêia pág 164 PLETITSCH Vera pág 333 PORFIRO André Luiz pág 250 POSSIDÔNIO Amélia Sampaio pág 237 PUCCETTI Roberta pág 204 258 RABELLO Roberto Sanches pág 247 RAULINO Berenice pág 274 RESENDE Silvana Brito de pág 245 RESENDE Vera pág 309 RIBEIRO José Mauro Barbosa pág 17 79 266 RIBEIRO Luciana Gomes pág 309 RIBEIRO Merinéia pág 279 334 RICHTER Ivone pág 220 RIRLEY Anderson pág 320 ROCHA Adalgiza da Silva pág 228 ROCHA Maria Beatriz de Moraes pág 300 RODRIGUES Elaine pág 248 RODRIGUES Maristela Sanches 291 RODRIGUES Milene Martins Mendonça pág 245 RODRIGUEZ Marly Silva pág 256 ROSA Maria Célia Fernandes pág 257 SÁ Patrícia Lúcia Mércio da Silveira pág 266 SÁ Alexandre pág 237 SALLES Nara pág 311 355 SAMPAIORALHA Jurema Luzia de Freitas pág 304 328 SANCHES Carmem Sílvia pág 265 SANTANA Arão Paranaguá de pág 193 SANTORO Letícia Braga pág 302 SANTOS NETTO Diogo dos pág 228 SANTOS Eneila Almeida dos pág 255 SANTOS Itamar Alves Leal dos pág 280 304 314 SANTOS Regina Márcia Simão pág 182 SCHULTZE Ana Maria pág 291 SERRÃO João Henrique Verly pág 320 SILVA Alexandre Palma da pág 242 325 SILVA Everson Melquiades Araújo pág 253 273 SILVA Marisa Tsubouchi da pág 239 SILVA Riomar Lopes da pág 243 SILVA Ronivaldo Moraes da pág 251 SILVEIRA Jorge Pinto da pág 290 SILVEIRA Teresa Cristina Melo da pág 245 SOARES Ana Maria Giffoni pág 319 SOUSA Márcia Maria de pág 231 245 SOUSA Richard Perassi Luiz de pág 79 237 SOUZA Ana Gardênia Felizardo de pág 241 SOUZA José Afonso Medeiros pág 304 SZTEJNMAN Vitória Levy pág 336 TAVARES Josanne Pinheiro pág 298 TAVARES Renan pág 45 TELLES Narciso pág 294 THOMAZ Sueli Barbosa pág 297 TREMONTE Fábio pág 288 339 TRINTA Fernanda Viola pág 282 UCKER Lílian pág 289 UTUARI Solange pág 291 VASCONCELOS Sandra Maria pág 300 VENANCIO Beatriz Pinto pág 254 VENTRELLA Roseli Cassar pág 264 VIANA José Ricardo pág 295 VIANNA Fernanda pág 282 VIDAL Maria pág 281 VIEIRA Alba Pedreira pág 262 VILARINHO Laiz pág 309 XAVIER Raphael Figueiredo pág 286 XAVIERO Adriana pág 281 ZANATTA Rafaela Maria pág 258 ZANDONADI Mônica Scarpat pág 295 ZIGLER Siomar Kohler pág 304 Organizadores do XV Confaeb Coordenador Geral do Congresso Prof Ms José Mauro Barbosa Ribeiro Presidente da FAEB Coordenadora Geral do Evento Miriam Brum Diretora do Centro de Programas Integradas Funarte Coordenação de Execução do Evento Beatriz Gross Funarte Profª Camila Portes AndrewsRJ Profª Ms Dilma Nascimento Funarte Profº Dr José Alberto Tostes UNIFAP Profª Liliane Mundim Secretaria Municipal de EducaçãoUNIRIO Profª Ms Marisa Egrejas TearRJ Profº Ms Narciso Telles Universidade Federal de Uberlândia Profª Rose Mary Aguiar Borges Secretaria de Estado de Educação Coordenação Serrana IIRJ Profª Ms Vanda B M Viola Unibennett Profª Maria Célia Fernandes Barbosa ASAEDF Comissão Científica Presidente Prof Dr Arão Nogueira Paranaguá de Santana UFMA Profª Dra Isabel Montandon UNB Profª Ms Maria Beatriz Lemos UNB Profª Dra Marly Meira GEARTE UFRGS Profª Dra Irene Tourinho UFG Profª Dra Maria Heloísa de Toledo Ferraz USP Profª Izabel Mota Costa UFMA Comissão Editoral Profª Dra Roberta Puccetti PUC Campinas Profª Ms Maria José de Oliveira Nascimento PUC Campinas Profª Célia Regina Marinelli SENAC Campinhas Profª Ms Dilma Nascimento Funarte Profª Maristela Rangel Funarte Profª Maria Ângela Villela Funarte Profº João Carlos Guimarães Funarte Coordenação das Oficinas Profª Itamar Alves dos Santos Leal Profª Rose Mary Aguiar Borges Carlos Alberto Xavier João Moreira Coelho Tradutor Apoio Luiza Granda Anagilsa Franco Cláudia Amorim Roseana Agra Pedro do Amaral Local FUNARTE Palácio Gustavo Capanema Rua da Imprensa 16 20030120 RJ Tel 21 22798078 UNIBENNETT Rua Marquês de Abrantes 55 Flamengo Coleção Educação para Todos Volume 01 Educação de Jovens e Adultos uma memória contemporânea 19962004 Volume 02 Educação Antiracista caminhos abertos pela Lei Federal nº 1063903 Volume 03 Construção Coletiva contribuições à educação de jovens e adultos Volume 04 Educação Popular na América Latina diálogos e perspectivas Volume 05 Ações Afirmativas e Combate ao Racismo nas Américas Volume 06 História da Educação do Negro e Outras Histórias Volume 07 Educação como Exercício de Diversidade Volume 08 Formação de Professores Indígenas repensando trajetórias Volume 09 Dimensões da Inclusão no Ensino Médio mercado de trabalho religiosidade e educação quilombola Volume 10 Olhares Feministas Título Trajetória e Políticas para o Ensino das Artes no Brasil anais do XV Confaeb Formato 17cm x 24cm Tipologias utilizadas Adobe Caslon Pro e Helvetica Papel AP 75 gm2 miolo e Cartão Supremo 240 gm2 capa SCLRN 709 Bloco D Loja 53 W3 Norte CEP 70750543 Asa Norte BrasíliaDF Telefax 61 30333704 wwweditorialabarecombr terezaintertextonet Produção Editorial Ministério da Educação 9 788598 171562 ISBN 8598171565 Linha do Tempo Cronológica Foto 01 Fundo Tempo Infinidade Pixabay Disponível httpspixabaycomptimagessearchlinha20do20tempo Acesso em 08032024 Como elaborar uma Linha do Tempo Cronológica Uma linha do tempo exibe uma ordem cronológica de datas importantes e eventos ocorridos contando histórias sobre a evolução e os obstáculos que ocorreram durante um determinado período estabelecido A linha do tempo cronológica bem construída permite uma visualização rápida sobre os anos e seus principais marcos durante o período determinado A linha do tempo mostra as datas hora local etc Você pode inserir detalhes adicionais Selecione uma data de início e fim e liste os eventos no meio em ordem cronológica Escolha um layout para a sua linha do tempo conforme os modelos abaixo 1 Figura 02 Como desenhar o diagrama de linha do tempo perfeito com o Creately Diagrama da Linha do Tempo do Layout Vertical Disponível httpscreatelycomblogptcreatelyptcomodesenharumalinhadotempo Acesso em 05032024 Figura 03 Como desenhar o diagrama de linha do tempo perfeito com o Creately Diagrama da Linha do Tempo do Layout horizontal Disponível httpscreatelycomblogptcreatelyptcomodesenharumalinhadotempo Acesso em 05032024 Para maiores informações como elaborar uma Linha do Tempo com os programas no PowerPoint Excel Canva Prezi e Word acesso o seguinte endereço eletrônico httpstecnologiaumcomocombrartigocomofazeruma linhadotempo29743htmlanchor1 Como fazer uma linha do tempo Por Ketlyn Araujo 13 março 2021 2 1 2 3 5 6 7 8 9 4 O conceito de arte como tragetória foi criado por Jonh Dewy Gerando grandes impactos no ensino Essa ideia circula entre pragmatistas e fenomenologistas mas não é amplamente aceita durante o modernismo Ocorreu o primeiro curso de análise de televisão para arteeducadores antecedido por cursos de TV em estúdio vídeo e cinema Além de promoção da valoziação de diferentes manifestações culturais Preocupação com a multiculturalidade durante a redemocratização No período de ditadura o Ensino da Arte só ocorria democraticamente em festivais como o de Ouro Preto onde alunos professores e artesãos podiam intercambiar Inclusão da internet televisão dentre outros meios O conceito representa a influência no desenvolvimento da mente humana No Brasil esse conceito passou a ser utilizado através dos ensinamentos de Kerry Freedman 1934 1983 1980 1990 John Dewey e o conceito de arte Festival de Campos do Jordão Processo de redemocratização Expressão da Cultura Visual ARTEEDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA OU CULTURALISTA UMA LINHA DO TEMPO HISTÓRICA O Congresso serviu como um reforço para que o internacionalismo da Arte Educação no Brasil fosse real Durante o Congresso os trabalhos apresentados eram voltados especialmente para pesquisas e difíceis de serem apropriados pelos professores em sala de aula no Brasil Brent Wilson e David Thistlewood trouxeram conceitos referentes a ArteEducação como mediação cultural e poder da culrura visual 1996 2019 O Congresso de 10 anos da Anpad Simpósio sobre o Ensino da Arte e sua História Com base em ideias de Rudolf Arnheim a arte passou a ser vista como um mecanismo para desenvolvimento da cognição a partir do equilibrio entre equivalência configuracional entre percepção e cognição Autores como Michael Parsons e Arthur Efland trouxeram ideias como cognição e interdisciplinaridade assim a arte passou a ser uma fonte de construção de conhecimento necessária para a educação 2000 2003 Desenvolvimento da cognição interdisciplinaridade na arte Heloísa Margarido Sales trouxe concepções sobre a necessidade de valorização das culturas a partir da a Exposição arte da Áfricaque ocorreu no Centro Cultural do Banco do Brasil na cidade de São Paulo Congresso Nacional da Federação de Arte Educadores do Brasil 15 2004 Rio de Janeiro RJ XV CONFAEB 2004 trajetória e políticas do ensino de artes no Brasil Barbosa Ana Mae org ArteEducação Contemporânea ou Culturalista Rio de Janeiro FUNARTE Brasília FAEB 2005 2004 Interculturalidade REFERÊNCIAS 1998
219
Pedagogia
UNIT
17
Pedagogia
UNIT
10
Pedagogia
UNIT
17
Pedagogia
UNIT
34
Pedagogia
UNIT
6
Pedagogia
UNIT
22
Pedagogia
UNIT
13
Pedagogia
UNIT
Texto de pré-visualização
Trajetória e Políticas para o Ensino das Artes no Brasil anais do XV Confaeb Ministério da Educação Brasília dezembro de 2006 Trajetória e Políticas para o Ensino das Artes no Brasil anais do XV Confaeb XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil Edições MECUNESCO Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Ministro da Cultura Gilberto Gil SecretárioExecutivo do Ministério da Educação José Henrique Paim Fernandes Secretário de Educação Continuada Alfabetização e Diversidades Ricardo Henriques Presidente da Funarte Antonio Grassi SECAD Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade Esplanada dos Ministérios Bl L sala 700 Brasília DF CEP 70097900 Tel 55 61 21048432 Fax 55 61 21048476 Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura Representação no Brasil SAS Quadra 5 Bloco H Lote 6 Ed CNPqIBICTUNESCO 9º andar 70070914 Brasília DF Brasil Tel 55 61 21063500 Fax 55 61 33224261 Site wwwunescoorgbr Email grupoeditorialunescoorg Trajetória e Políticas para o Ensino das Artes no Brasil anais do XV Confaeb XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil FAEB Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil 15 2004 Rio de Janeiro RJ XV CONFAEB 2004 trajetória e políticas do ensino de artes no Brasil Rio de Janeiro FUNARTE Brasília FAEB 2005 ISBN 8598171565 346p 1 Arte na educação Brasil 3 Arte na educação Congressos CCD 3725 2006 Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade Secad e Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura Unesco Conselho Editorial da Coleção Educação para Todos Adama Ouane Alberto Melo Célio da Cunha Dalila Shepard Osmar Fávero Ricardo Henriques Coordenação Editorial Coordenadora Maria Adelaide Santana Chamusca Assistente Shirley da Luz Villela Produção e edição final Editorial Abaré Revisão Tereza Vitale e equipe Diagramação Rogério Pinto Tiragem 5000 exemplares Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Os autores são responsáveis pela escolha e apresentação dos fatos contidos nesse livro bem como pelas opiniões nele expressas que não são necessariamente as da UNESCO e da SECADMEC nem comprometem a Organização e a Secretaria As indicações de nomes e a apresentação do material ao longo deste livro não implicam a manifestação de qualquer opinião por parte da UNESCO e da SECADMEC a respeito da condição jurídica de qualquer país território cidade região ou de suas autoridades nem tampouco a delimitação de suas fronteiras ou limites I Abertura Congresso Nacional da Federação dos ArteEducadores do Brasil Antônio Grassi 15 Apresentação da Federação dos ArteEducadores do Brasil José Mauro Barbosa Ribeiro 17 BemVindos ArteEducadores Míriam Brum 19 Arte e Educação cerzir fronteiras enunciar territórios Ricardo Henriques 21 II Painel políticas públicas para o ensino de arte no Brasil Boasvindas Myriam Lewin 31 XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil Antonio Cláudio Gomes 33 A Importância da Arte no Currículo no Ensino Fundamental das Escolas do Município do Rio de Janeiro Maria de Fátima Gonçalves da Cunha 35 Sumário Aspectos da ArteEducação a partir dos Anos 1970 no Estado do Rio de Janeiro Caíque Botkay 37 III Homenagens Não me Conformo Renan Tavares 45 Albertina dínamo de coragem e liderança Ritamaria Aguiar 48 Homenagem ao Professor Camarotti Arheta Ferreira de Andrade 51 IV Conferências ArteEducação Contemporânea ou Culturalista Ana Mae Barbosa 55 XV Congresso da Federação de ArteEducadores do Brasil Laís Aderne 64 V Mesas Temáticas Políticas Públicas e o Ensino de Arte no Brasil Mediador Richard Perassi Luis de Souza 79 1 Políticas Públicas para o Ensino de Arte no Brasil a transversalidade necessária José Mauro Ribeiro Barbosa 89 2 O Ministério da Cultura e a Funarte Míriam Brum 85 3 Educação Física e Cultural na Escola Pública Carlos Alberto Ribeiro de Xavier 92 4 Políticas Públicas e o Ensino da Arte Francisco Potiguara Cavalcante Júnior 107 Ensino da Arte em Contextos de Comunidade Mediadora Leda Guimarães 113 1 Educação Artística a Serviço da Comunidade perspectiva histórica dos africanos e da diáspora Jacqueline Chanda 113 2 Componentes da Ação Comunitária como Fontes Pedagógicas Vesta A H Daniel 122 3 Reflexões sobre o Ensino da Arte no Âmbito das ONGs Lívia Marques Carvalho 134 Pesquisas em Ensino de Arte no Brasil Mediadora Isabela Frade 144 1 Entrevidas o cotidiano e o ensino de arte Míriam Celeste Martins 144 2 Pesquisas no Ensino e na Formação de Professores caminhos entre visualidades e visibilidades Lucimar Bello P Frange 148 3 Pedagogia do Teatro e Teatro na Educação Ingrid Koudela 161 Formação de Professores de Arte Novos Caminhos Mediador Aldo Victoriano 164 1 Formação de Professor de Arte novos caminhos muitas responsabilidades imensa responsabilidade Lúcia Gouvêa Pimentel 164 2 Dançaeducação uma contribuição da expressão corporaldança Mabel Emilce Botelli 173 3 A Modalidade Música no Composto ArteEducaçãoMúsicaEscola notas certezas e indagações em torno da formação de professores Regina Márcia Simão Santos 182 4 Cursos de Arte novos caminhos Abordagens metodológicas do teatro na educação Arão Paranaguá de Santana Ingrid Dormien Koudela 204 Arte Diversidade Cidadania e Inclusão Mediadora Ritamaria Aguiar 204 1 Arte na Diversidade da função à inclusão Roberta Puccetti 204 2 Pertencer e Viver Denise Mendonça 215 3 Educação Intercultural e Educação para Todosas dois conceitos que se complementam Ivone Mendes Richter 220 VI Comunicações Grupos de Trabalho Pôsters e Oficinas 1 Ensino de Arte e Cultura Visual Coordenação Terezinha M Losada Moreira 228 2 Currículo e Ensino de Arte Coordenação Donald Hugh Barros Kerr Jr 237 3 Ensino de Arte na Diversidade Coordenação Fernando Antônio Gonçalves de Azevedo 246 4 História do Ensino da Arte no Brasil Coordenação Luciana Grupelli Loponte 259 5 Arte Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental Coordenação Itamar Alves Leal dos Santos 264 6 Formação de Professores em Arte Coordenação Richard Perassi Luis de Sousa 268 7 Ensino de Arte e Interdisciplinaridade Coordenação Maria Célia F Rosa 277 8 Ensino de Arte nos Espaços Culturais Coordenação Alice Bemvenutti 285 9 Ensino de Artes e Novas Tecnologias Coordenação Alberto Coelho 299 10 Ensino de Arte Corpo e Som Coordenação Rosimerie Gonçalves 307 Pôsters 1 A ArteEducação por Meio do Lúdico Leo no Renascimento Tatiana Dantas Oliveira 312 2 Ciranda de Tarituba Elis Regina Silveira Vasconcelos de Lima 313 3 Comunidade Virtual Faeb Federação de ArteEducadores do Brasil Arthur Leandro e Itamar Alves Leal dos Santos 314 4 Do Labirinto dos Dinossauros ao Labirinto das Crianças Alessandra Mara Rotta de Oliveira 315 5 Ensino da Dança arte corpo e socialização Valeska Ribeiro Alvim Kátia Imaculada Moreira e Maristela Moura Silva Lima 316 6 O Enigma do Prazer Natasha Parlagreco 317 7 O Fluxo da Imagem Domina Tudo o fluxo da mulher domina o homem Silvana Fonseca 318 8 Língua de Barro e Fogo Ana Maria Giffoni Soares 319 9 As Linguagens Artísticas e a Pesquisa em Artes Rose Mary Aguiar Borges e João Henrique Verly Serrão 320 10Macapá Amapá extremo norte do Brasil bem no meio do mundo Jonas Borges e Anderson Rirley 320 11 Obra de Arte Cédula Dione Souza Lins e Luís Ricardo Pereira de Azevedo 321 12 As ONGs e a Ludicidade na Formação de ArteEducadores uma possibilidade de inclusão social Ana Paula Trindade de Albuquerque 322 13 O Que é o Lugar Por Que e Quando se Dá o nosso Lugar Kátia Meireles 323 14 Por Que se Esconde a Árvore Barbara Harduim 323 15 Projeto de Artes Maria do Carmo Ferreira Magela 324 16 Revista ArteEducação Alexandre Palma da Silva 325 17 2º Encontro de ArteEducadores da Região do Médio Paraíba III ResendeRJ Múltiplas linguagens da arte no mundo da escola Alice Brandão Maria Estela de Oliveira e Nadia Teresinha Moraes Nelson 326 18 Um Triângulo Imoral Reflexões Acerca da Relação SexualidadeFamíliaEscola Rejane Galeno e Tissiana Carvalhêdo 327 19 Uso de VRML para Educação a Distância em Arte Jurema Luzia de Freitas SampaioRalha 328 Oficinas Coordenação Itamar Alves Leal dos Santos e Rosimeri Aguiar Borges 329 1 ArteEducare arteeducação integrada ao programa de educação em valores humanos educare Marcelle de Lima Lyra 330 2 A Arte na Escrita Maria Beatriz Albernaz 330 3 Brincando de Brincadeira reciclando o encontro Antonio Ataíde Cunha Filho 331 4 Expressão Criativa com o Corpo no TeatroEducação Ariadne Cardoso Carvalho e Cilene Nascimento Canda 331 5 Expressão Musical recriação e som Sidney Mattos 332 6 A Importância da Dança como Propulsora do Movimento Criativo na Formação de Professores de Arte Carla Ávila e Mirza Ferreira 333 7 Grafismo Indígena Brasileiro os Asurini do Xingu Vera Pletitsch 333 8 Oficina de Circo Merinéia Ribeiro 334 9 Percepção Corpóreo Vocal para Dançar na Escola Nara Salles 335 10 Zumbi e a Estética Africana através de Máscaras de Argila Rose Mary Aguiar Borges e Vitória Levy Sztejnman 336 Índice Autoral 338 I Abertura do XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil Original box plot The median The box The whiskers The outliers The values from the lower quartile to the upper quartile represent 75 but exclude outliers MiniMax 15 Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil Antonio Grassi A o apoiar o XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil Confaeb que reuniu profissionais de todo o país para discutir os rumos do ensino no Brasil a Funarte afirma sua convicção de que é necessária a volta da arte como matéria prioritária ao currículo do ensino básico O encontro teve como tema Trajetória e Políticas para o Ensino de Arte no Brasil e promoveu espaços para a troca de experiências entre arteeducadores sobre os trabalhos desenvolvidos nas escolas brasileiras As estruturas educacionais do país vêm ao longo dos anos se democratizando mesmo assim é inegável a necessidade de que sejam implementadas políticas mais eficazes e consistentes no sentido de garantir a inclusão do ensino da arte com qualidade o acesso ao fazer artístico à compreensão da produção estética e ao conhecimento do patrimônio cultural A promulgação em 1996 da nova Lei de Diretrizes e Bases LDB foi um passo importante na medida em que abre um processo de discussão nas redes escolares Neste momento se configurava a oportunidade de resgate do perfil humanista e criativo da educação brasileira abandonado em detrimento de um ensino técnico e profissionalizante Presidente da FunarteFundação Nacional de Arte 16 Porém poucas foram as instituições que vislumbraram o ensino da arte da filosofia da sociologia como elementos de peso e imprescindíveis para a formação plena do cidadão Para a Funarte fica clara a necessidade de apoiar e tornarse parceira de iniciativas como as do Confaeb para que de fato possamos avançar na construção de um projeto que reaproxime o universo da educação do universo da arte e da cultura Durante os três dias do evento entre palestras oficinas e mesas temáticas os participantes debateram questões como o currículo e o ensino de arte interdisciplinaridade novas tecnologias e formação dos professores E o saldo do Confaeb foi positivo A consolidação de novas perspectivas de trabalho em escolas e universidades comprovou a disposição dos Ministérios da Cultura e da Educação em apoiar a criação e implementação de novas estratégias educativas comprometidas com a identidade social e cultural brasileira A Funarte quer fazer parte desta mudança e tem trabalhado para a criação de medidas inovadoras que dêem à arte o seu devido valor 17 Apresentação da Federação dos ArteEducadores do Brasil José Mauro Barbosa Ribeiro a sua XV edição o Congresso dos ArteEducadores do Brasil na cidade do Rio de Janeiro objetiva refletir sobre os caminhos percorridos pelo ensino de arte no nosso país e suas perspectivas de novas e possíveis direções A pauta do debate situase entre dois olhares passado e presente não como tempos estanques mas como a trama histórica que sustenta o entendimento do contexto contemporâneo em suas múltiplas dimensões fundamentando por conseguinte a ação educativa e a formulação de políticas públicas para o ensino Os objetivos das associações científicas além de promoverem a discussão a crítica e a socialização do conhecimento têm também função de congregar profissionais estimular a produção de conhecimento de pesquisa e criar meios necessários à sua divulgação A cada ano a Faeb realiza em algum estado da Federação o Confaeb nosso momento mais importante de aprofundamento das questões teórico políticas sobre o ensino de arte Nossa intenção como diretoria é realizar um congresso que realmente reflita discuta e apresente respostas para as demandas que se impõem ao contexto N Presidente da Federação dos ArteEducadores do Brasil 18 contemporâneo Este ano em que o MEC sinaliza com propostas de reformas no sistema de ensino as questões a serem discutidas aprovadas e encaminhadas às autoridades competentes têm importância primordial no apontamento de saídas para os problemas identificados neste fórum Assim a temática do congresso refletida em suas mesasredondas comunicações oficinas e pôsters remete para o aprofundamento destas questões Ser realizado na cidade do Rio de Janeiro era uma vontade há muito alimentada por todos nós arteeducadores que acompanhamos e participamos desta jornada de 15 anos pela importância política e cultural da cidade e principalmente histórica afetiva Nesta cidade foi criada a Escolinha de arte do Brasil berço portanto de nossa história e a Sobreart uma das nossas primeiras experiências associativas de arteeducadores liderada bom tempo pela saudosa Fayga Ostrower Também são desta cidade nossos homenageados in memorian que em suas vidas tanto contribuíram para a arteeducação brasileira o emérito arteeducador Geraldo Salvador e a guerreira líder do programa Arte sem Barreiras Albertina dos Santos Brasil Por fim a inauguração da parceria com a FunarteMinc a participação de autoridades do MEC do MCT em mesas temáticas e a presença de representantes das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação e Cultura do Estado do Rio nos dão o forte sentimento de que retomamos nosso lugar como protagonistas da nossa história propositores da construção de uma sociedade ética justa e estética nos seus fundamentos filosóficos e humanísticos Bom Congresso para todos 19 BemVindos ArteEducadores É Míriam Brum com enorme satisfação que a Funarte abriga o XV Congresso da Federação de ArteEducadores do Brasil Fizemos questão de receber este congresso no Palácio Capanema casa habitada por dois amantes em histórico desencontro Na verdade a tarefa a que estamos nos propondo é sempre de muito difícil abordagem já que envolve além de questões técnicas e políticas questões de ordem emocional pois como um casal educação e cultura se encontram desde há muito separados Todos nós que convivemos no diaadia com os dois sabemos que eles nascerem um para o outro Eles próprios percebem a esquizofrenia e a catástrofe geradas por esta separação Bem hoje aqui estamos para discutir a relação Com este intuito Faeb e Funarte convidaram para dividir a mesma mesa representantes da educação e da cultura em suas instâncias federal estaduais e municipais Diretora do Centro de Programas Integrados da Funarte 20 Esperamos que esta iniciativa represente um passo nesta reconciliação em uma relação mais aberta com cada um em sua própria casa mas compartilhando ações que possam ser transformadoras para a construção de uma sociedade melhor e mais justa Gostaríamos de agradecer aos conferencistas e professores convidados que nos honram com suas presenças a todos que aqui vieram dispostos a trocar idéias discutir e refletir sobre as trajetórias e políticas para o ensino de arte no Brasil 21 esde a sua criação em 1930 com o nome de Ministério de Estado da Educação e da Saúde Pública o MEC sofreu quatro grandes mudanças A primeira ocorreu em 1937 quando o Ministro Capanema estabeleceu a estrutura funcional que perdurou por décadas A segunda data de 1953 com o desmembramento da área da saúde para constituir ministério próprio quando o Ministério da Educação ganhou a sigla que até hoje conserva A terceira ocorreu em 1985 quando foi extinta no MEC a Secretaria de Assuntos Culturais e suas funções e os órgãos a ela vinculados foram transferidos ao Ministério da Cultura A quarta e última mais recente ocorreu com a criação do Ministério do Esporte que levou para si responsabilidade até então atribuída à área educacional Muito já se falou sobre as vantagens e desvantagens da vinculação desses assuntos em uma mesma Pasta ou de sua separação tal como hoje se apresentam na estrutura administrativa do governo A simples transferência de uma função governamental programas projetos recursos humanos orçamentos e outros meios de um para outro organismo do Estado Arte e Educação cerzir fronteiras enunciar territórios Ricardo Henriques D Gostaria de agradecer os comentários e as sempre ricas conversas com Carlos Alberto Xavier Secretário de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação professor licenciado da Universidade Federal Fluminense 22 não garante por si só melhores resultados em especial quando falamos de educação a mais importante missão dos governos desde a proclamação da República do Brasil Tendo em conta a amplitude do desafio educacional do Brasil já se pensou também em levar o ensino superior para o Ministério da Ciência e Tecnologia deixando a cargo do Ministério da Educação apenas a educação básica Felizmente essa última alteração do aparelho do Estado não se realizou Digo felizmente porque o problema atual da qualidade da educação está a exigir de toda a sociedade e não só dos governos um esforço redobrado para além da necessária cobertura quantitativa por demanda da educação básica E isto a partir de uma abordagem sistêmica da educação que promova a articulação continuada entre diferentes níveis e modalidades de ensino e contemple de forma integrada a educação infantil fundamental média e superior E a questão da qualidade como sabemos vincula se à adoção de políticas públicas que viabilizem a preparação e a execução de um competente projeto políticopedagógico pelas escolas de todo o país aproveitandose todos os meios modernos de que dispomos para oferecer conteúdos curriculares adequados à realidade dos diferentes contextos culturais do país Portanto o que aqui cabe não é discutir se é melhor operarmos com apenas um ou diversos ministérios e sim como agregar no projeto pedagógico das escolas os vários e diferentes assuntos da cultura da educação física e do esporte escolar da educação ambiental dos direitos e valores humanos e outros conteúdos indispensáveis à formação do cidadão na escola e fora dela Tratase também de organizar a oferta de educação dos sistemas estaduais e municipais de ensino nas diferentes regiões do país evitando que essas diferenças regionais se transformem em desigualdades O processo de separação que vem de décadas pois o litígio entre as diversas áreas afins existia antes mesmo da criação do Ministério da Cultura a partir de uma costela do MEC provocou em determinados momentos a busca de identidade tanto da educação quanto da cultura como temáticas isoladas Esse processo de forma perversa e artificial transformou diferenças em desigualdades Na verdade este é um problema da sociedade brasileira como um todo nós infelizmente confundimos diferença com desigualdade naturalizamos relações desiguais e esquecemos os valores positivos das diferenças Então talvez na tentativa de reforço de suas próprias identidades tenham se artificializado as distâncias entre os Ministérios da Educação e o da Cultura Esse raciocínio serve também para o diálogo entre o projeto político pedagógico das escolas e o esporte escolar a educação ambiental os direitos humanos a ciência e tecnologia e o ensino das artes O que me parece estar na pauta da sociedade brasileira desde a consolidação do processo de redemocratização e que também constitui uma motivação no interior 23 do atual governo é a necessidade de quebrarmos essas barreiras rompermos com este artificialismo e resgatarmos aquilo que é no campo ampliado natureza comum entre educação e cultura Evidentemente numa sociedade de conhecimento a eliminação de fronteiras de saberes é fator de ruptura da noção de territórios e de limites rígidos dando substância a conteúdos transdisciplinares Evidentemente pode haver um certo bairrismo carioca nesta ênfase mas é importante registrar o fato simbólico da realização do XV Confaeb no Palácio Capanema É notável que um ministro do Estado Novo tenha conseguido conciliar educação e cultura e trazer para a instituição toda uma tradição vinda da época de fortalecimento do movimento comunista da ação dos modernistas da articulação dos educadores em torno do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova Gustavo Capanema empreendeu um notável esforço de fortalecimento da educação nacional e contava com a colaboração de nomes importantes como Carlos Drummond de Andrade seu chefe de gabinete Reuniu também em torno de si Portinari Bruno Giorgio VillaLobos Lúcio Costa Oscar Niemeyer Roberto Burle Marx Humberto Mauro grandes nomes nas artes plásticas na música na arquitetura e no cinema e representantes de vários outros campos da cultura nacional para construírem juntos um projeto de educação para o país Portanto considero relevante que este movimento de reaproximação aconteça a partir da luta da Federação de Arte Educadores do Brasil e dentro do Palácio Capanema Eu não sou arteeducador mas recuperei um pouco de história o movimento de arte educação passa a ser tão forte sobretudo nos anos 90 que permite hoje a discussão sobre a diversidade cultural e a inclusão social temas que passam a habitar obrigatoriamente o debate sobre currículo nos meios educacionais Assim os Parâmetros Curriculares NacionaisPCN são contagiados de forma positiva pela discussão da diversidade em grande parte a partir desta articulação no interior das escolas no interior do movimento dos especialistas do ensino das artes em todo o país Felizmente nós estamos hoje tendo a oportunidade de conceber alguns instrumentos reais para além dos PCN nós estamos conseguindo refletir esta agenda da diversidade no interior dos sistemas de ensino como um todo em seus componentes formal e nãoformal Um elemento ativo nessa conquista é evidentemente a própria secretaria que eu tenho a honra de estar coordenando E uma questão que se coloca no campo da definição é a nitidez política de uma agenda que valoriza um outro ethos na relação com a educação a dívida histórica que este país tem que assumir para ter uma agenda política de transformação Um exemplo esclarecedor é o próprio nome da secretaria que dirijo Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e 24 Diversidade Secad A designação talvez não cause impacto de comunicação tanto que abro mão disso para tornar denso o seu conteúdo e tomar de forma política as suas principais metas De forma muito breve educação continuada é uma expressão que causa um efeito real sobre aquilo que deve ser implementado em processo é a idéia de continuidade do processo educacional a educação permanente Isso significa a educação como direito efetivo de todos ao longo de toda a sua vida conduzindo para dentro da secretaria a prioridade do direito de todos à educação como proposta que substitui a falsa e incompleta idéia dos sistemas de ciclos etários distribuídos entre crianças jovens adultos e idosos A expressão traz para a Secretaria a responsabilidade de organização de uma agenda que permita lidar com a dívida histórica brasileira no que se refere à desigualdade de oportunidades educacionais Outro elemento que compõe o nome da nova Secretaria é a alfabetização ela confere nitidez política àquele que é o ponto inicial do processo de exclusão social na medida em que convivemos com índices vergonhosos de analfabetismo Além disso explicita a firmeza do ideário político e pedagógico de Paulo Freire Nós temos cerca de 65 milhões de pessoas com mais de 15 anos de idade que não completaram o ensino fundamental neste país É simplesmente absurdo se pensar que este país vá ter uma inserção decente na sociedade do conhecimento se nós ainda temos cerca de um terço de sua população que sequer concluiu os ciclos iniciais da educação básica Nós estamos migrando de forma veloz para aquilo que Manuel Castels chama de exclusão cognitiva separando efetivamente esta parte da sociedade das possibilidades de desenvolvimento de suas potencialidades Destes 65 milhões de brasileiros 33 milhões são pelo menos analfabetos funcionais e 16 milhões de pessoas são analfabetos absolutos Os analfabetos absolutos estão distribuídos em todas as faixas etárias Na realidade há uma retórica falsa segundo a qual o analfabetismo é um problema de idosos quando na verdade hoje nós temos na faixa etária situada entre os 15 e os 29 anos de idade cerca de três milhões de analfabetos absolutos cidadãos que não são capazes de ler uma mensagem e transmitila ou de escrever uma frase O terceiro elemento é realmente prioritário no nome e na ação da Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade O conceito de diversidade assume a frente da cena no MEC como organizador de uma secretaria que pela primeira vez passa a tratar da diversidade cultural como prioridade política na história do Ministério Desde 1930 nunca houve a coragem e o discernimento de se reconhecer a relevância da diversidade mencionandoa no próprio nome de uma secretaria nacional Esse tema 25 nunca participou sequer de uma diretoria do MEC Por que isto é tão fundamental Porque em última instância o Ministério da Educação assume para si a agenda da inclusão educacional como meta prioritária Mas nós temos um passo anterior que é o entendimento da complexidade deste país no que se refere à sua diversidade étnico racial de gênero geracional de orientação sexual territorial e cultural A Secad é orientada pela busca de inclusão educacional com redução das desigualdades e nesse sentido os parâmetros que informam a estratégia de organização e ação da Secretaria sustentamse no trinômio democratização qualidade eqüidade Democratização explicita a insuficiência de procedimentos que assegurem o acesso à escola nos distintos níveis e modalidades de ensino e destaca a necessidade de arranjos institucionais que promovam a complementariedade entre acesso permanência e sucesso dos alunos nos sistemas de ensino Qualidade colocase como referência prioritária das políticas pedagógicas e das práticas de ensino destacandose a importância entre outros elementos do adensamento da estrutura curricular e integração com as agendas extracurriculares da gestão dinâmica técnica e participativa das escolas e da adesão nos conteúdos formais e não formais de ensino aos saberes e valores reconhecidos como relevantes pela comunidade e da juventude local Eqüidade de forma a enfrentar as diversas formas de fragmentação social valorizando as diferenças como forma ativa de enfrentamento das desigualdades A construção desse trinômio tem no reconhecimento e na valorização da diversidade a possibilidade de tradução de um eixo organizador da agenda educacional que traz com seriedade o sentido da eqüidade e de promoção da qualidade em todo o sistema O ensino das artes em suas várias linguagens assume papel estratégico na medida em que representa uma dimensão relevante da eqüidade de oferta de oportunidades de educação com qualidade Esta abordagem permite uma melhoria dos processos de ensinoaprendizagem tendo no ensino das artes um instrumento de ampliação da visão e compreensão do mundo o que inclui necessariamente como um de seus resultados a melhoria do rendimento escolar Buscase construir um entendimento de que a escolarização em si não assegura a aprendizagem e de que o nosso maior desafio é para além da democratização do acesso conseguir garantir instrumentos de aprendizagem efetiva das crianças dos adolescentes dos jovens e dos adultos integrando a estrutura curricular do ensino básico aos conteúdos relevantes dos ambientes familiares e comunitários e à diversidade do país1 Essa estratégia 1 A possibilidade de adaptação do ensino básico aos distintos contextos do país estabelece uma clara referência ao programa Interação entre a Educação Básica e os diferentes contextos culturais existen tes no país desenvolvido no início dos anos 1980 pela Secretaria de Cultura do MEC comandada por Aloísio Magalhães 26 permite tornar evidentes os objetivos de que havia falado o da democratização da qualidade e o da eqüidade que passam a ser peçaschave de todo o processo Quando pensamos qualidade um dos campos que nos parece fundamental sobretudo quando pensamos na juventude é a possibilidade de se estabelecerem nas práticas cotidianas da sala de aula e no contra turno fora da sala de aula estratégias de sedução de encanto e de mobilização de desejos que permitam o desenvolvimento de todas as potencialidades dos alunos Nesse sentido a fronteira artificializada entre educação e cultura entre a educação e as artes precisa ser rompida de forma a que os espaços de aprendizagem na sala de aula e fora dela sejam portadores de uma outra visão de mundo É preciso fazer com que o encanto possível de ser insinuado nos projetos pedagógicos sinalize a formação de um outro ator social um novo homem uma nova mulher engajados nesse processo que estamos querendo construir junto com a sociedade brasileira Este movimento de renovação do ensino das artes que vem se solidificando ao longo dos últimos 20 anos mais ou menos se harmoniza plenamente com as possibilidades de contribuirmos com um instrumento que obviamente não é único para provocar um choque de qualidade estabelecer a cultura como balizadora dos saberes dentro da educação Além disso ela constitui também um instrumento fundamental para o estabelecimento da eqüidade sobretudo se considerarmos a juventude da periferia nos centros urbanos a juventude do meio rural se pensarmos nas juventudes Falo de juventudes no plural Juventudes porque não devemos acatar uma visão homogeneizadora do universo dos jovens que fragilize a possibilidade de uma agenda de política pública produzida com os jovens e para os jovens A escola pública infelizmente em várias dimensões não está estruturada para interagir com nossos jovens e produzir um ambiente de ensino e aprendizagem que seja dinâmico criativo formador e transformador Ao contrário são inúmeras as indicações de que apesar de ser o último espaço republicano de nossa sociedade nem as praças são públicas a escola de forma recorrente se apresenta como uma máquina de exclusão que produz e reproduz nossos vergonhosos padrões de exclusão e desigualdade As escolas são construídas a partir de uma visão de ambientes familiares e comunitários que não têm mais existência concreta Acredito que em grande medida as práticas de ensino se organizam a partir de idealizações sobre supostas famílias que já não existem mais e sobre comunidades que não são mais visíveis na sociedade brasileira São famílias e comunidades idealizadas na experiência do pósguerra europeu e que ainda ocupam o imaginário da escola brasileira 27 Diante disso nós precisamos ser capazes de transformar esse processo dentro da escola Necessitamos republicanizar os sistemas de ensino E para tornar a escola um espaço republicano por excelência é fundamental que consigamos associar políticas universalistas com políticas diferencialistas isto é políticas específicas ditas de ação afirmativa que em última instância são capazes de mobilizar saberes locais valorizar identidades constituídas de forma substantiva em cada território e promover um campo de aprendizagem que rompa com a artificialidade das fronteiras entre educação e cultura As diferenças têm valores positivos e não são necessariamente desigualdades essas diferenças são os verdadeiros instrumentos básicos para as práticas inclusivas no cotidiano do sistema de ensino A relação da educação com a cultura é hoje absolutamente fundamental para que possamos fazer essa transformação Quando se constrói uma escola em tempo integral ou uma escola aberta nos finais de semana estamos tornando objetiva uma estratégia a de abrir as portas das escolas que estão fechadas para a sociedade Abrir não só para fazer campeonatos de futebol e jogo de xadrez mas sobretudo para valorizar os saberes locais daquelas comunidades que estão interditadas que não podem freqüentar ou ocupar plenamente o espaço da escola A escola é freqüentemente construída segundo um modelo quase prisional muros altos fechados numa arquitetura que não é a arquitetura do espaço aberto de uma verdadeira república Nós estamos falando da possibilidade de romper estes muros e permitir que essa idéia de fronteira seja desmontada em nome da virtuosidade que surge de uma agenda transdisciplinar Isto evidentemente não vai de encontro à disciplina ou aos saberes fortes das disciplinas ou aos valores centrais do mérito o que entendemos é que esses saberes das disciplinas precisam dialogar com os saberes locais e assim eliminar fronteiras e mostrar flexibilidade Eu gostaria de concluir dizendo que hoje o Ministério da Educação e o Ministério da Cultura estão tentando estabelecer laços que têm rebatimentos naturais Ações estão acontecendo em estados e municípios com o objetivo de romper as barreiras e criar um campo de transitoriedades possível Nesse movimento pretendemos implementar de forma consistente aquilo que deve deixar de ser episódico ou seja a prática continuada de políticas públicas verdadeiramente preocupadas com o aprendizado Essas políticas requerem a articulação de pelo menos três dimensões escala aumentar a cobertura das ações romper com os limites das experiências piloto e dos elementos idiossincráticos de várias ações continuidade a arrogância do poder não pode fazer com que se quebre uma experiência bem sucedida em nome de outro experimentalismo isso é absolutamente inconsistente com a idéia de política pública e multidimensionalidade procurando dar conta 28 da complexidade do fenômeno social e educacional Então escala continuidade e multidimensionalidade são dimensões que nós buscamos articular na elaboração e na condução de uma política pública para a educação e a cultura capaz de cerzir fronteiras e enunciar novos territórios de aprendizagem Nosso entendimento é o de que o ensino das artes passa a ter um papel fundamental um papel de destaque nas suas múltiplas linguagens para poder contribuir para um outro aprendizado e uma outra pedagogia política que torne possível priorizar a educação contemplando os critérios democratização qualidade e eqüidade II Painel Políticas Públicas para o Ensino de Arte no Brasil Improving the photosynthetic capacity of Ceratopteris thalictroides gametophytes by fusion with Asplenium nidus prothallus cells Interspecies cell fusion was performed and the morphological and physiological characterization of the fused gametophytes was assessed The fusion of Ceratopteris thalictroides gametophyte cells with the prothallus cells of Asplenium nidus resulted in gametophytes with an increased photosynthetic rate and chlorophyll content indicating enhanced photosynthetic capacity Fusion was achieved by using polyethylene glycol as a fusogen and selection was carried out to isolate successfully fused gametophytes This approach demonstrates a novel method to improve the photosynthetic traits of ferns and could have implications for enhancing growth and productivity in these plants 31 BoasVindas Myriam Lewin B omdia a todos autoridades professores palestrantes convidados e participantes do XV Confaeb aqui presentes que souberam reconhecer a importância deste momento para a história da arteeducação no Brasil É com grande satisfação que a Funarte juntamente com a Faeb abre seus espaços para abrigar o XV Confaeb oportunidade de encontro das mais diversas correntes de pensamento e relato de ações voltadas para esta discussão tão fundamental da arte educação que não tem encontrado espaços para sua prática e desenvolvimento Reconhecendo que usufruir dos bens culturais e participar integralmente da vida cultural do país é sobretudo um direito da cidadania a Funarte através de sua trajetória sempre entendeu que a educação possui uma importância política no sentido da socialização do conhecimento A cultura é uma das mais importantes vertentes na construção da verdadeira cidadania É a porta de entrada para um mundo onde a dignidade e o respeito são premissas fundamentais para a formação plena de cidadãos transformadores Triste é constatar que a arte ainda continua tendo de pedir licença para entrar tanto na escola quanto na vida institucional do país DiretoraExecutiva da Funarte 32 Podemos entender essa dificuldade quando reconhecemos que uma ação efetiva nas instâncias formadoras do homem quaisquer que sejam elas educação cultura trabalho saúde e lazer para não citar outras tantas áreas transversais exige mudanças e redefinições dos papéis cotidianos de toda uma estrutura já sedimentada Exigese ousadia no campo político e institucional pois ameaça as estruturas de poder constituídas Gigantes têm de ser enfrentados Entre eles a burocracia que é devoradora e desestimulante Enquanto não conseguimos ferramentas de gestão leves desembaraçadas atentas à especificidade do fazer cultural não será possível vencermos este enorme desafio Não quero me estender na descrição das ações da Funarte no campo da arte educação pois isto será tema da mesa de logo mais Prefiro usar este espaço para reafirmar o compromisso da Funarte em reestabelecer uma trajetória que já foi pioneira no país e que emblematicamente inaugura com o XV Confaeb o embrião de uma nova linha de trabalho que certamente encontrará parceria na Educação 33 É XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil Antonio Cláudio Gomes com grande satisfação que a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro participa como parceira do XV Congresso Nacional da Federação de ArteEducadores do Brasil 2004 Saúdo em nome do secretário Claudio Mendonça titular da pasta e da governadora Rosinha Garotinho às demais autoridades componentes da mesa das esferas federal estadual e municipal aos organizadores do evento e em especial aos arteeducadores presentes Muito feliz a escolha do local do evento o Palácio Gustavo Capanema espaço de memoráveis lutas pela escola pública de qualidade Não poderia deixar de citar ainda o trabalho produtivo da professora Rose Mary Aguiar Borges da comissão de infraestrutura e apoio deste evento docente da rede estadual e militante assídua dos ideais da Confaeb lotada na Coordenadoria Regional Serrana II em Nova Friburgo Foi através de sua oportuna solicitação que disponibilizamos os computadores em rede aqui instalados e mobilizamos os professores estaduais com a garantia de acesso a este Congresso que se notabilizou ao longo dos anos por tantas inovações e contribuições que têm trazido ao ensino da arte no país Juntome à homenagem em memória dos arteeducadores Geraldo Salvador de Araújo e Albertina Santos Brasil na qual acrescento o saudoso mestre Hilton SubsecretárioAdjunto da Gestão Escolar 34 Araújo pioneiro no ensino do Teatro na Educação de quem tive a honra de ser aluno na UniRio Inúmeras são as contribuições do ensino da arte Desde os Pioneiros da Educação enaltecidos no legendário manifesto da Escola Nova de 1932 até o reconhecimento inconteste dos célebres pedagogos e pensadores da atualidade educacional Tais como o desenvolvimento da criatividade do trabalho em equipe da compreensão da condição humana do aporte intelectual das habilidades manuais rítmicas literárias e tantas outras manifestas nas diversas linguagens artísticas do teatro da música das artes plásticas da dança assim como na história das artes Sem distinção entre artes maiores ou menores na valorização do processo sobre o resultado já que o aprendizado se dá nos ensaios de erro e acerto na construção das habilidades e competências indispensáveis para o crescimento pessoal e da coletividade Parabéns muito obrigado e bom trabalho a todos 35 A Importância da Arte no Currículo no Ensino Fundamental das Escolas do Município do Rio de Janeiro Maria de Fátima Gonçalves da Cunha um prazer participar deste evento enquanto representante da Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro É também um prazer poder integrar a mesa composta pelas três instâncias governamentais responsáveis pelas políticas públicas do ensino de arte no Brasil governos federal estadual e municipal Esse casamento proposto pela Míriam Brum numa articulação maior e mais constante favorece sem dúvida a implementação de caminhos para o ensino de arte no nosso país Especificamente a Diretoria de Educação Fundamental da Secretaria Municipal de Educação do Rio é locus da discussão do ensino da orientação curricular e da formação dos professores desta rede que é uma rede atípica por ser a maior rede municipal do país e acredito ainda da América Latina No município do Rio temos 1409 escolas que adotam um currículo a multieducação nosso núcleo curricular básico e neste currículo contemplamos as quatro linguagens da arte Teatro Música Artes Visuais e Dança como áreas de conhecimento oferecidas da 5a à 8a série Os alunos nessas séries trabalham obrigatoriamente em cada ano com uma dessas linguagens o que significa que eles podem estar vivenciando as quatro linguagens no decorrer desse período de sua educação É Diretora de Educação Fundamental do Departamento Geral de Educação da Secretaria Municipal da Cidade do Rio de Janeiro 36 Na Secretaria Municipal de Educação entendemos que como política pública hoje nós precisamos valorizar o ensino de arte na grade nas suas quatro linguagens enquanto áreas específicas do conhecimento sem perder de vista um processo mais amplo de integração entre estas áreas da arte que se caracteriza na perspectiva da educação estética Nesse momento passamos por um processo de atualização curricular Esse núcleo curricular básico a multieducação está na nossa rede desde 1996 e mais uma vez trazemos para os professores que ensinam arte na Rede Pública do Município uma atualização uma discussão desses componentes curriculares assim como todos os outros Nessa discussão atual afirmamos a importância conceitual e a importância do investimento nessa política que garante aos alunos da rede terem um ensino de arte valorizado Esse é um viés que acredito ser bastante importante quando pensamos no processo de desenvolvimento desses jovens meninos e meninas do segmento da 5a à 8a série do ensino fundamental É importante lidar com as questões da sensibilidade da afetividade do desejo da criatividade que são processos detonados pelo ensino de arte Todas as áreas de conhecimento precisam beber dessa riqueza que o ensino de arte nos traz Além do trabalho na grade curricular possuímos na rede municipal nove núcleos de arte que são programas de uma política de extensividade do horário escolar do aluno ou seja uma possibilidade para o aluno participar em oficinas de arte ampliando o seu horário na escola Na verdade trabalhamos com duas grandes vertentes no ensino de arte uma na perspectiva da alfabetização nessas linguagens o aluno precisa ler e interpretar o mundo a partir das linguagens da Arte Isso é contemplado no horário regular da escola na grade curricular A outra perspectiva diz respeito à extensividade do horário escolar a possibilidade de aprofundar conhecimentos atendendo ao interesse ao desejo ao talento à vontade de estar ampliando o espaço de convívio escolar em oficinas de arte Para isso nós temos os núcleos de arte É muito importante podermos continuar reafirmando as políticas de formação através de um processo de interlocução com o campo com esses professores e a partir de uma demanda do próprio campo para contemplar essa área de arte no currículo escolar Eu quero agradecer mais uma vez a possibilidade de estar aqui compartilhando com vocês a ação da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro com suas políticas públicas para o ensino da arte Muito obrigada 37 omdia a todos os meus colegas Agradeço o convite da Funarte para esse importante encontro e que bom começar o dia ouvindo boa música A queda do som veio a propósito para mostrar a importância do canto coral na nossa formação uma vez que pudemos todos com afinação cantar a música até o final Quero parabenizar a minha amiga Míriam Brum pela organização de um evento tão necessário para o pleno desenvolvimento da educação através do pensamento voltado para a educação cultural e artística no âmbito escolar Sou assessor da subsecretária de Ação Cultural professora Cecília Conde Subsecretaria que abrange o interior e a baixada totalizando os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro E falando em Cecília Conde eu gostaria de prestar uma justa homenagem ao educador e artista Pedro Domingues casado com Cecília Conde por mais de quarenta anos e que faleceu no dia 08 do mês corrente Cito este nome porque ele foi um grande expoente do assunto de nosso encontro Aspectos da ArteEducação a partir dos Anos 1970 no Estado do Rio de Janeiro Caíque Botkay B Assessor da Subsecretaria de Ação Cultural da SECRJ 38 Pedro Domingues era um educador um artista plástico e bonequeiro como raros e que junto com a Cecília Conde e Ilo Krugli formou um tripé capitaneado pelo Augusto Rodrigues que mudou muito os conceitos da questão da arte e educação nos anos 1960 aqui no Rio de Janeiro Eles quebraram todas as antigas convenções fundaram um novo pensar e distribuíram entre milhares de pessoas e eu tenho a honra de me incluir como um dos pupilos dessa geração Então é uma homenagem à memória do Pedro esta minha participação aqui hoje Continuo a falar a respeito de Cecília Conde que foi uma das fundadoras do moderno conceito de arteeducação Cecília há duas semanas com o Pedro ainda hospitalizado dirigiu aqui o Encontro Nacional de Educação Musical produzido pelo Conservatório Brasileiro de Música Neste Conservatório do qual é diretora artística Cecília fundou em 1972 o curso de Musicoterapia pioneiro no Brasil no qual tive o grande prazer de ter sido da turma inaugural Logo eu venho acompanhando a articulação dos conceitos de arte e educação ao longo desses trinta e poucos anos Eram então nossos professores por exemplo os já citados Pedro e Ilo Klaus e Angel Vianna Aylton Escobar Mauro Costa Fernando Lébeis Nos anos 1970 Cecília Conde junto com João Rui Medeiros e Paulo Afonso Grisolli começou as viagens pelo interior do Estado para conhecer o que se fazia o que acontecia fora da capital E esta grande cidade do Rio de Janeiro já trazia a herança de capital nacional com todo seu aparato de bens patrimoniais que abrangiam dezenas de teatros incluindo o Teatro Municipal cinemas casas de espetáculos museus centros culturais e fartos investimentos Além de ser a capital cultural do país em contraponto aos escassos recursos técnicos e financeiros dos antigos municípios fluminenses Eu pessoalmente não sou partidário do termo interiorização da cultura porque aparenta ser um descobrimento do Brasil sem levar em conta a cultura previamente existente Dá a impressão de que não existia nada antes tem de se levar a cultura com as naus da cidade grande O interior está lá e sempre esteve É riquíssima e variada a sua produção e temos de travar conhecimento com ela Logo temos é de começar a compartilhar esses fazeres culturais o pensamento tem de sair das grandes capitais ou não vamos avançar no conhecimento do país e do que deve ser feito em nome da sua arte sua cultura e conseqüentemente em nome da sua educação Nos anos 1980 Cecília Conde me convidou para integrar a equipe central de animação cultural nos CIEPs do Estado do Rio de Janeiro que foi uma inovação dela com o professor Darcy Ribeiro na área da cultura dentro das escolas Este é o tema central que considero da maior importância que nós poderemos falar aqui hoje o animador cultural Foi uma mudança de conceito da relação da arte com a escola envolvendo a comunidade e o próprio prédio educacional Quebrouse um antigo conceito da arte congelada dentro da sala de aula embora o mesmo seja da 39 maior importância Eu acredito que não são atividades excludentes Não estou falando aqui da eliminação da Educação Artística na escola A questão que abordo é que a Animação Cultural que era o artista fazendo a ponte a ligação entre comunidade e a sua escola trazia o conceito mais abrangente de cultura como totalidade das ações de uma coletividade Então toda a comunidade tomava posse deixava de ver a escola como aquela construção inatingível O que pertencia só aos alunos e ao corpo docente deixou de ser um corpo estranho à comunidade o que possibilitou uma maior aproximação na própria educação dos filhos e demais parentes Então a população tornouse agente e partícipe do desenvolvimento da própria escola O conceito de educação na cabeça das diretoras e professoras dessa nova escola também se transformou porque mudou o enfoque da utilização daqueles muros Com o tempo davamse até casamentos nos finais de semana dos Cieps naqueles novos e belos prédios E mais cursos de doceiras desfiles de modas e cineclubes para a toda a população Além de amplos debates sobre os mais diversos assuntos como discriminação racial violência doméstica o papel da mulher alternativas para os jovens Cada comunidade e cada escola tinham seus animadores culturais oriundos da região e que sabiam o que era importante para estabelecer aquele trânsito diverso Agora temos de falar sobre o que ocorreu em meados dos anos 1990 quando abateuse talvez a pior praga que temos para desenvolvimento do nosso assunto de hoje que é a falta de continuidade de projetos fundamentais como o citado Acredito que sem uma análise profunda a esse respeito e se os setores políticos não compreenderem que um programa não pode findar em um único e breve mandato passaremos a vida inteira organizando eventos e projetos imediatos e não poderemos pensar no cerne da palavra desenvolvimento que eu creio ser a palavrachave para o nosso país O programa de animadores culturais foi desmontado Tínhamos 1100 animadores culturais pelo estado inteiro em todos os municípios Eram dois animadores por Ciep sempre com linguagens artísticas diferentes Ou era dança e música ou música e teatro ou literatura e dança As linguagens eram distintas e eles não trabalhavam dentro da grade mas dentro de toda a escola inclusive com voz ativa nas reuniões deliberativas Tudo isso foi desmontado e agora temos ainda seiscentos animadores que estão fora dessa função original Ficamos então sem a animação cultural e sem a educação artística dependentes de um maior ou menor grau de interesse de cada diretora Ficamos sem ambos Não temos na grade a educação artística e não temos o animador para fazer esse contato com a comunidade Meu atual sentimento é de que todas as ações ligadas à arte na educação estão muito isoladas Por outro lado temos já uma história de realizações já experimentadas uma base que é fundamental 40 Outro dia conversando em um debate no Dia da Cultura eu estava na rádio MEC falando com a Maria Juçá a diretora do Circo Voador que o reergueu das cinzas Isso que é bonito na cultura ela não morre ela fica enterrada viva por um tempo depois ela retorna Estávamos falando sobre a questão de meia entrada para teatros e cinemas para os estudantes a importância disso Mas também concluímos que se pensarmos na evasão escolar que temos no interior nas favelas na baixada quem é esse aluno da meia entrada Quem é que se beneficia Qual é a meia entrada para o exestudante que não está mais na sala de aula Que acesso esse exaluno terá em cinema e teatro Lembrome ainda de que 70 dos municípios do Rio de Janeiro não têm cinema nem teatro Temos de encarar o quadro como grave temos de pensar com muito carinho sobre essa questão da evasão escolar e a nossa função dentro disso A nossa função de transformar a escola em um espaço menos voltado para o estudo massivo sem a ótica humana que a arte traz para dentro da escola Outra coisa que observamos talvez tão séria quanto todos esses aspectos foi a questão da professora principalmente no interior e na baixada fluminense que não tem o que ler não tem verba e nem um salário que possa propiciar uma literatura de qualidade assistir a uma ópera visitar uma boa exposição Na maioria da vezes essa professora nem pode vir da baixada até o museu porque os grandes bens materiais museus teatros e salas de exposição estão todos aqui na capital Culpa da herança da capital brasileira e capital cultural Então só o preço do transporte já inviabiliza uma vinda Sem o ovo e sem a galinha a professora precisa estar instrumentalizada para estimular o aluno a ter um pensamento plural A partir desta constatação a equipe da Subsecretaria de Ação Cultural formulou um projeto uma minuta do que seria a função da Educação Artística nas Escolas da Rede Pública Estadual do Rio de Janeiro da qual farei um resumo O documento abre com uma frase de José Miguel Wisnik A arte ensaia e antecipa aquelas transformações que estão se dando que vão se dar ou que deveriam se dar na sociedade Introdução buscando novas soluções a função da educação artística nas escolas da rede pública estadual do Rio de Janeiro tem como uma das suas finalidades sensibilizar através das práticas das linguagens artísticas os professores de ensino fundamental e os futuros professores que cursam as duas últimas séries das escolas de formação de professores além dos animadores culturais que ainda estão no Estado A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional se refere às artes nos arts 3o 24 26 32 e 33 O art 26 determina que o ensino das artes constitui 41 componente curricular obrigatório nos diversos níveis de educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos deixando agora de ser considerada uma atividade educativa conforme era referida na lei anterior Os parâmetros curriculares nacionais situam a educação artística de forma bastante ampla abordam aspectos relativos aos fundamentos teóricos e históricos na arte da educação e do ensino da arte no Brasil Segundo os PCNs os parâmetros curriculares nacionais a arte tem uma função tão importante quanto a dos outros conhecimentos no processo de ensino e aprendizado Não tomarei muito tempo porque temos outros colegas da mesa que falarão sobre suas experiências Eu vou só dizer que este projeto visa qualificar e aperfeiçoar professores e alunos e essa equipe seria composta por educadores professores de arte supervisores conferencistas e palestrantes Seria um projeto piloto em dez escolas está pronto para ser executado estamos lutando por ele e nossa luta é constante Comentei aqui a questão dos municípios que 70 deles não possuem equipamentos culturais e eu tenho levantado a possibilidade de verbas provenientes de loterias e renúncias fiscais tenho discutido o assunto no Conselho Estadual de Cultura do qual faço parte Então se 70 do estado do Rio não possui equipamento eu fico pensamento nos cinco mil municípios do Brasil Mas a grande maioria tem a escola Então nesse casamento a gente precisa obedecer a uma das boas propostas dos ensinamentos históricos crescei e multiplicai vos Porque onde quer que haja uma escola nós podemos chegar e é dever da cultura caminhar junto com esse processo Agora como uma palavra de incentivo eu fui jurado pelo segundo ano do prêmio Cultura nota dez que atende aos 92 municípios do Rio de Janeiro e que dá prêmios a dez projetos artísticos e sociais que envolvam cultura no estado No ano passado nossa equipe examinou 312 projetos e esse ano foram 282 Eu posso dizer com clareza que a imensa maioria desses projetos e foram quinhentos e tantos vindos do interior e da baixada fluminense passavam pela escola de alguma forma Quero dizer que a escola continua sendo o eixo das atividades dos acontecimentos nos municípios do Rio de Janeiro E precisamos simplesmente sistematizar apoiar e entender a importância disso no crescimento dessa meninada que até os dez anos vai aprender tudo o que vai levar pela vida Muito obrigado e um bomdia a todos Evaluation of compressional strength and sugar content of callus cultures from three different explants of Rosa hybrida Rock Fire Supplement swelling ring agar burthysis gametophore callus ctrl slightly sugary swelling ring swollen colon desiccation by high sucrose concentration 1M on growth If growth diameter of the callus inducer by the effect of the strength evaluation sucrose concentration in the culture is medium from 6 different tuk use of ex 103 3x103 6x103 and 009 dm3 m3 sucrose concentrations was carried out Evaluation of the compressive strength of the callus was performed by measuring the force required to crush the callus per unit area on an automated texture analyzer Before measurement the 3 callus discs were cut to a diameter of 05 cm and placed in a force vector on the lower surface of the press slot The force was automatically applied at one side until the callus was crushed The measurement distance was 2 cm and the measurement was stopped automatically after 5 cm The average compressive strength stress was determined from the slope of the linear regression line graph with a forceforce displacement relation b The effect of sucrose concentration on callus tissue inside image a compressive strength of callus Force area1 kgcm2 Callus tissue produced only growth diameter has been observed as an effect of the sucrose concentration in the culture medium Compressive strength increased as the sucrose concentration increased at 09 m 1 M lactose level but of the same concentration decreases again Increased compressive strength with increasing sucrose concentration is due to decreased water absorption Compressive strength of callus tissue depends on sucrose concentration in the medium The sugar content of callus tissue as shown in image c can be extrapolated from the concentration levels of sucrose in the medium Sugar content in callus tissue increased significantly when supplemented by sucrose Sugars content increased significantly to 72 percent and 814 percent of callus dry weight supplemented with a 50 gL sucrose and 100 gL sucrose respectively The sugar content decreased when the sugar concentration exceeded 100 gL1 This decrease was explained by a significant decrease in dry weight To sum up during the growth and multiplication of callus tissue changes in callus compressive strength and sugar content are evident which indicate their function in osmotic regulation III Homenagens IV Conferências 45 Não me Conformo Renan Tavares ue a palavra poética de Gabriel o Pensador na música Não me conformo possa se comunicar com a sensibilidade dos que aqui estão vivos e que viveram as peripécias desta geração assim como possa tocar o espírito daqueles que já partiram que já não estão mais entre nós mas que igualmente fizeram parte desta geração de luta por um mundo melhor por uma mudança efetiva e duradoura Assim quero agradecer a oportunidade de remexer minhas memórias para falar e homenagear com todos vocês Geraldo Salvador de Araújo neste XV Congresso da Federação de ArteEducadores do Brasil Para não me alongar muito penso ser oportuno evocar somente três momentos de convívio com este saudoso amigo O primeiro se deu em um passeio de barco pelos mares do sul que circundam a ilha de Santa Catarina quando Florianópolis em 1995 acolheu o VIII Congresso da Faeb Em uma manhã nem tão cinzenta nem tão ensolarada pude estar com Ingrid e Geraldo e perceber a serenidade e disponibilidade para o outro como características fundamentais de sua personalidade Pudemos trocar num cenário de beleza singular experiências pessoais que certamente foram fundamentais para o amadurecimento de uma relação de afeto e respeito pelo outro Q Professor Doutor da UniRio 46 Foi sem dúvida um momento ímpar para nós três e como é gostoso lembrar e resgatar o imenso viver que juntos experimentamos naquele passeio de barco Um segundo momento foi no Colégio de Aplicação CAp da UFRJ quando o procurei para reativar a possibilidade de ter os estudantes do Curso de Licenciatura da Escola de Teatro da UniRio realizando o Estágio Supervisionado nas aulas de Artes Cênicas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio junto à equipe de professores de Teatro Neste momento conheci a apaixonante dimensão do trabalho de formação dos estudantes de Licenciatura que Geraldo desenvolvia e fui generosamente acolhido no tocante ao nosso interesse como Universidade Ao mostrar o espaço do CAp dedicado às atividades de Artes Cênicas Geraldo revelava a cada momento seu total engajamento e descrevia as dificuldades e vitórias alcançadas para finalmente se chegar ao ambiente favorável para o desenvolvimento das atividades inerentes tanto ao ensino dos alunos do CAp quanto à formação dos futuros professores Ainda aqui neste encontro com interesses nitidamente profissionais pude reconfirmar a serenidade a generosidade a disponibilidade para com o próximo como qualidades inerentes àquela personalidade Como último momento de convívio talvez o mais intenso e o mais produtivo em que Geraldo me revelou sua incansável e cuidadosa atenção a tudo o que diz respeito à inserção do Teatro no universo do ensino foi quando acolheu meu convite para ler e avaliar uma numerosa contribuição de pesquisadores e estudantes dos cursos de mestrado e doutorado de São Paulo e do Rio com vistas a uma publicação sobre teatro e educação no ensino e na comunidade Trabalhamos juntos durante um pouco mais de um mês trocando idéias experiências e desfrutando de um valioso prazer em verificar a real existência de textos resultantes de pesquisas e experiências em sala de aula oriundos de quase a totalidade dos estados do Brasil Nossa tarefa ler e avaliar foi concluída e foi elaborado dentro do prazo o sumário para tal publicação que apesar de não ter sido efetivada nos aproximou sobremaneira Nesta época experimentamos uma forte sensação de orgulho de pertencermos a uma comunidade de pesquisadores cujos textos poderiam contribuir para subsidiar o trabalho pedagógico dos inúmeros professores de teatro nos três níveis de ensino Durante este tempo de intenso trabalho conjunto Geraldo me revelou seu interesse em trabalhar na UniRio e pude então através de um dossiê que ele preparou apresentar ao Colegiado do Programa de PósGraduação em Teatro sua candidatura como Professor Convidado Uma carta da profa dra Ana Mae Barbosa ao então vicereitor da Unirio em muito colaborou para a concretização deste desejo A participação do prof dr Geraldo Salvador de Araújo foi aceita sem questionamentos Entretanto inesperada e surpreendentemente a chama de sua vida se apagou 47 Recentemente revendo o filme de Peter Brook Encontro com homens notáveis que trata da juventude de Gurjief fiquei impressionado sobre um questionamento que ele faz durante sua busca pelo conhecimento o que acontece quando se morre A resposta de um dos notáveis cabe aqui ser reproduzida a gente desenvolve durante a vida uma substância fina que custa muito tempo para morrer depois de nossa morte Ao me lembrar destes três momentos de convívio com Geraldo ouso dizer que sua generosidade sua cuidadosa atenção e disponibilidade para o próximo sua paixão pelo que fazia profissionalmente sua serenidade seu prazer em acolher e ouvir seus pares ainda permanecem vivas e por estarem vivas enquanto sutil e fina substância justifica nossa homenagem Têlo assim em nossa memória é sem dúvida colocarnos como aprendizes diante de um verdadeiro mestre Espero que saibamos alimentar cotidianamente em nossas mentes e em nossos corações o legado que Geraldo nos deixou enquanto arteeducadores que somos 48 Albertina dínamo de coragem e liderança Ritamaria Aguiar lbertina sempre foi e é ícone e fênix ao mesmo tempo Mas ultrapassa todas as denominações conhecidas em nossa língua pátria e as outras que conhecemos dinâmica generosa altruísta e empreendedora Nem isolada e nem distraída atenta e aglutinadora Observadora atenta Caminha devagar mas célere com segurança em alternâncias de cadências mas sempre em frente olhando o chão e visualizando as estrelas e as nuvens Com a arte levou e proporcionou que muitas pessoas tivessem deslocamentos sensíveis que permeavam a andança pelo mundo Em alguns momentos era o exercício participativo e compartilhado unindo relações dialéticas entre meta e metodologia forma e função teoria e experiência Em outros momentos percebia em cada olhar novas figuras volumes cores e luzes oportunizando sempre espaços para que cada artista demonstrasse a sua capacidade e competência com respeito e ética A Coordenadora de Programa Arte Sem Barreiras da Funarte 49 Sempre indagávamos a ela de onde vinha tanta força e entusiasmo A resposta era sempre a mesma minha força é ancorada pela verdadeira fé e por acreditar que podemos realizar coisas boas Em sua formação acadêmica lecionou em diversas universidades fundadora da Faculdade de Serviço Social de Sergipe criou o Centro de Cultura e Arte entre outras diversas associações Idealizou e dirigiu os Festivais de Arte de São Cristóvão SE Presidiu a Aliança Francesa do estado de Sergipe e foi vicepresidente do Conselho Estadual de Cultura Mineira mas cidadã do mundo Como Madre Superiora aceitava sem esboçar nenhum antagonismo as questões religiosas diferentes da sua Bem partimos das esferas intelectiva científica e acadêmica e entramos no campo da emoção único pelo qual podemos falar com o coração A proposta de vida de Albertina foi sempre essa a de falar através da emoção e do coração Certa vez Edithinha o anjo tutelar em vida de Albertina preocupada com a longa viagem que ela realizaria externou a preocupação do cansaço e Berta respondeu Querida Edithinha tenho vivido muito e continuarei vivendo o cansaço não faz parte do meu currículo Quando conheci Albertina Através de quem Alegrome em responder Em 1984 estiveram no Brasil Joanne Grady diretora do Very Special Arts Internacional e Earl Copus Presidente de Melwood Traininng e Laurie Larhrop antropóloga que vieram a convite das professoras Olívia Pereira e Sara Couto César através do Partners of América Companheiros das Américas Partners of América é uma grande associação que realiza intercâmbios entre Brasil e Estados Unidos Nessa ocasião eu respondia pela Diretoria Executiva Assim nos endereçaram para avaliações de intercâmbio duas propostas Projeto Centro de Vida Independente idealizado por Rosângela Berman e o Projeto Artes para pessoas com visão reduzida apresentado por Albertina Brasil Santos As duas propostas foram aceitas pelo conteúdo significativo e necessário Realizouse o intercâmbio e na volta Albertina e um grupo de idealistas conscientes da responsabilidade montaram a Associação Very Special ArtsArte Sem Barreiras com o apoio da Funarte em parceira com dezenas de instituições de para e com pessoas com deficiência secretarias de cultura universidades entre outras associações Reuniões e mais reuniões foram realizadas e finalmente em 1990 foi oficialmente fundada a Associação Very Special ArtsArte Sem BarreirasFunarte 50 Taiwan Sobradinho Bruxelas Ouro Preto Paris Januária pelo mundo afora Em todos os locais em que representava a Associação Very Special ArtsArte Sem Barreiras Funarte Albertina os transformava em espaços de divulgação da arte estética realizada pelas pessoas com deficiência Sua conduta e postura fortaleciam a aproximação e interação entre os povos levando a imagem do Brasil de forma positiva e qualificada Albertina como bem enfatiza Luiza Câmara transformou em magia o palco das representações para milhares de pessoas Em cada oportunidade de realizações de festivais mostras de arte seminários e congressos as pessoas iam mudando seus conceitos e préconceitos A Mestra Albertina sempre flexível em direção às mudanças quando em determinada época em reunião com Otoniel Serra e Paulo Cesar Soares levei a nova filosofia de inclusão como um novo vetor de interação e mostrei que essa filosofia deveria nortear as nossas futuras ações Albertina imediatamente acatou a idéia e assim reconstruímos estradas de inclusão Refletindo E juntaramse a nós os amigos e profissionais interessados e comprometidos Bráulio Késia Zezé Gonzaga Rosita Gonzalez Maria do Carmo Ruth Tereza Luiza Otoniel Maria Lúcia Godoy Paulo César Fernando e tantos outros O Brasil começou a mudar Com um trabalho intenso ultrapassou os limites que a vida tentou lhe impor e cada dia mais forte deixava a marca de sua trajetória A arte até então para poucos começou a ocupar um lugar de destaque os artistas com deficiência começaram a mostrar sua performance e estética Mas o tempo foi pouco para tantas realizações e quando pensávamos que Albertina seria eterna da perspectiva renascentista em beleza e harmonia ela fez a viagem no tempo Renascer é o verbo Os observadores sensíveis e atentos podem perceber a profundidade dessas variáveis sempre harmônicas o ícone da arte em linguagem universal sem barreiras espaçotemporais e sua história de inclusão Renascer é o verbo Obrigada Albertina 51 com imensa honra e respeito que por meio desta homenagem tentarei expressar o sentimento de gratidão e saudade que invadiu nesses últimos dias os corações de tantos arteeducadores que conheceram Marco Antonio Camarotti Rosa Professor da Universidade Federal de Pernambuco PhD em teatro escritor ator dramaturgo encenador enfim Camarotti dedicou toda a sua vida a questões relativas aos campos da arte e da educação Lutou junto a muitos dos arteeducadores aqui presentes por espaços ativos para o trabalho em arteeducação dentro das instituições de ensino e colaborou com valiosas pesquisas sobre teatro infantil teatro folclórico dentre tantas outras No entanto não é apenas deste homem de grande importância acadêmica que quero falar mas também do brilhante ser humano que tive o privilégio de encontrar para além do espaço acadêmico Posso dizer que conheci um dos homens mais belos que já vi Homem cuja beleza se expressava através da interminável crença na vida na fé do encontro indiscriminado com o outro no respeito às diferenças e ao tempo de cada um Beleza presente na coragem de se entregar por Homenagem ao Professor Camarotti Arheta Andrade É Universidade Federal de Pernambuco 52 inteiro aos seus alunos abrindo as portas de sua casa de sua família de sua vida do seu coração Beleza concentrada no dedicado amor com que realizava todas as suas atividades E dentre as tantas que realizava a que ele mais amava era a educação Sempre ouvi isso dele de sua esposa de sua filha Mais que ensinar o o quê e o como dar aulas de teatro o nosso professor nos ensinou o amor pela arteeducação amor com que descobrimos o como e o o quê ensinar Finalizo dizendo que o professor Marco Camarotti contagiou uma legião de educadores com seus sonhos de um mundo melhor com sua fé no homem e em suas possibilidades de mudança Sua sabedoria brilhava como o fogo Era vasta e plena como um grande rio Serena e suave como o vento Se vocês me permitirem eu gostaria de me referir à letra da música Mistérios de Milton Nascimento que melhor que minhas palavras expressa o sentimento dos arteeducadores que foram alunos de Camarotti IV Conferências 55 ArteEducação Contemporânea ou Culturalista Ana Mae Barbosa N os últimos anos o esforço de entendermos a área de ArteEducação ou Ensino da Arte em relação com a cultura que nos cerca gerou estudos muito significativos Dentre os Estudos Culturais da Arteeducação podemos mencionar três livros Building Bridges de Marjo Räsänem 1998 Teorías y Prácticas en Educación Artística de Imanol Agirre 2000 e The Arts and the creation of mind de Elliot Eisner 2002 Curiosamente Räsänem que é finlandesa Agirre que é espanhol e Eisner um americano partem do mesmo ponto o conceito de Arte como experiência elaborado em 1934 por John Dewey Este conceito circulou entre os pragmatistas e fenomenologistas com sucesso mas não teve larga aceitação entre artistas e críticos de arte durante o alto modernismo para o qual importava principalmente a materialidade da obra ou sua conceituação O pósmodernismo retoma o conceito embebendoo em um contextualismo esclarecedor que amplia a noção de experiência e lhe dá uma densidade cultural É portanto natural que os Estudos Culturais da ArteEducação tomem como base a experiência como argumento cognitivista Dos três livros aos quais me refiro o de Eisner é o mais ousadamente classificatório Em The Arts and the creation of mind Elliot Eisner estabelece uma taxonomia das visões Titular do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicação e Arte ECA da USP 56 de ArteEducação que persistem na contemporaneidade Suas conceituações de arte e de educação o aproximam de John Dewey e Paulo Freire Conceitua educação como um processo de aprender como inventarmos a nós mesmos Paulo Freire menos confiante nas nossas invenções pessoais ensinounos que a educação é um processo de vermos a nós mesmos e ao mundo em volta de nós Enquanto Eisner enfatiza imaginação Paulo Freire valorizaa mas sugere diálogos com a conscientização social Para ambos a educação é mediatizada pelo mundo em que se vive formatada pela cultura influenciada por linguagens impactada por crenças clarificada pela necessidade afetada por valores e moderada pela individualidade Tratase de uma experiência com o mundo empírico com a cultura e a sociedade personalizada pelo processo de gerar significados pelas leituras pessoais autosonorizadas do mundo fenomênico e das paisagens interiores É aí na valorização da experiência que os três filósofos eou epistemólogos se encontram Dewey Paulo Freire e Eisner Se para Dewey experiência é conhecimento para Freire é a consciência da experiência que podemos chamar conhecimento Já Eisner destaca da experiência do mundo empírico sua dependência de nosso sistema sensorial biológico que é a extensão de nosso sistema nervoso ao qual Susanne Langer chama de órgão da mente Segundo Eisner refinar os sentidos e alargar a imaginação é o trabalho que a arte faz para potencializar a cognição Cognição é o processo pela qual o organismo se torna consciente de seu meio ambiente Novamente os três gigantes da filosofia da educação se encontram e nos alertam acerca da importância da arte para nos permitir a tolerância à ambigüidade e a exploração de múltiplos sentidos e significações Esta dubiedade da arte a torna valiosa na educação arte não tem certo e errado tem o mais ou o menos adequado o mais ou o menos significativo o mais ou o menos inventivo Arte na educação se contrapõe às supostas verdades da educação e mais supostas ainda às certezas da escola São muitas as visões da ArteEducação as quais dependem da ênfase que se dá às funções da arte na educação Para Eisner as que operam até nossos dias são autoexpressão criadora solução criadora de problemas desenvolvimento cognitivo cultura visual ser disciplina potencializar a performance acadêmica preparação para o trabalho 57 A leitura de Eisner como sempre estimuloume a pensar em termos de Brasil e de nossa trajetória histórica Cada livro novo dos três grandes teóricos da Arte Educação EFLAND PARSONS e EISNER é uma provocação intelectual Comecemos a analisar as mais recentes visões categorizadas por Eisner Vejamos a idéia de preparação para o trabalho enfocando a necessidade de flexibilizar o indivíduo para ser capaz de mudar de emprego pelo menos uma vez na vida e estar conseqüentemente preparado para desempenhar mais de uma tarefa Para mim esta é uma função apontada pela ideologia neoliberal Encontramos na história do ensino da arte no Brasil a configuração da visão da arte como preparação para o trabalho no fim do século XIX ancorada nas idéias liberais de Rui Barbosa André Rebouças e Abílio César Pereira Borges Mas com uma conotação libertária ligada ao antiescravagismo e à aparentemente nobre preocupação de preparar os escravos recémlibertos para conseguir empregos Não deixavam de ser hipócritas como os neoliberais de hoje que querem que tudo continue o mesmo eles ganhando muito dinheiro às custas de manter a maioria na instabilidade empregatícia Os nossos liberais de antigamente pensaram em preparar os escravos para trabalhos de pintura de gregas e frisas decorativas ornatos sobrepostos como rosáceas e vitrais assim como em métodos de ampliação de figuras para que trabalhassem na construção civil portanto assimilandoos nas mais baixas classes sociais Quanto à arte na educação para melhorar a performance acadêmica esta concepção ainda não chegou ao Brasil É típica da ArteEducação norteamericana dos últimos anos depois que uma pesquisa mostrou que os dez primeiros lugares do exame SAT equivalente ao Enem por uma década haviam cursado pelo menos duas disciplinas de arte No ensino médio nos Estados Unidos os alunos escolhem as disciplinas que vão cursar No Brasil não há liberdade de escolha o currículo parece prescrição médica Portanto nem se poderia fazer uma pesquisa dessas no Brasil A arte como disciplina configurada no Disciplined Based Art Education que mudou o ensino da arte nos Estados Unidos na década de 1990 também não emplacou no Brasil apesar de vários arteeducadores brasileiros terem sido enviados pelo poder privado para cursar o instituto de preparação para o DBAE mais fraco dos financiados pela Getty Foundation na região pobre de Chattanooga numa forçada tentativa de ressaltar nosso suposto subdesenvolvimento Na realidade não temos uma ArteEducação subdesenvolvida mas temos até pensamento próprio Um amigo da Austrália um dia me perguntou Como vocês no Brasil escaparam do DBAE enquanto os países da Ásia estão por ele colonizados Dialogamos com o pósmodernismo ou ultramodernismo e sistematizamos nosso próprio sistema com a Proposta Triangular inspirada em 58 múltiplas experiências estudadas em diferentes lugares Hibridizamos falando nossa própria linguagem de necessidades e somos hoje um dos países que junto com Cuba e Chile estão na liderança do ensino da arte na América Latina com um sistema bem desenvolvido de ArteEducação A Colômbia graças aos esforços dos últimos anos está prestes a se integrar a este grupo de qualidade No Modernismo os lugares de excelência do Ensino da Arte na América Latina eram a Argentina e o México Das visões da ArteEducação que Elliot Eisner nos fala as que dizem respeito à nossa história e aos nossos dias no Brasil são em ordem cronológica a expressão criadora a solução criadora de problemas a cognição e a cultura visual Quanto a esta última há uma grande diferença do caso americano Eisner dá a entender que foi a decisão de ampliar a análise visual circunscrita à arte para outros universos visuais como a publicidade o cinema o vídeo clip que fez surgir nos Estados Unidos a preocupação com a multiculturalidade No Brasil o movimento foi inverso Ao sairmos de uma ditadura de 20 anos o processo de redemocratização nos anos 1980 trouxe em seu bojo a preocupação plural com a multiculturalidade Durante a ditadura os únicos suspiros democráticos no Ensino da Arte foram os festivais especialmente os de Ouro Preto nos quais professores alunos artesãos locais e povo em geral podiam intercambiar Por meio dos festivais os universitários de arte tinham contato com o povo e suas culturas Quando os resultados daqueles intercâmbios puderam chegar mais abertamente às universidades manifestaramse na necessidade de respeito à produção de todas as classes sociais Foi o multiculturalismo baseado na diferença de classes sociais que primeiro eclodiu no Brasil O revigoramento das idéias de Paulo Freire que voltou ao Brasil em 1980 com uma recepção popular nunca vista para um educador assim como o início do PósModernismo na ArteEducação no Festival de Inverno de Campos de Jordão em 1983 consolidaram o valor do reconhecimento das diferenças que depois orientou a política multicultural do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo de 1987 a 19931 que era bastante ampla incluindo a cultura visual do povo como os lateiros os carnavalescos os pintores de placas de bar etc2 Este esforço multicultural trazia a necessidade de ver criticamente a produção do povo das minorias e das mídias especialmente a publicidade e a programação da 2 À arte popular chamo arte do povo É a arte reconhecida em separado pelo código hegemônico como arte do povo resultando que o artista do povo que a faz também se reconhece como artista Exemplo Vitalino Chamo arte das minorias Estética do povo ou cultura visual do povo quando o produto tem alta qualidade estética não é codificado pela cultura dominante e o próprio criador não se vê como artista Exemplo lateiro as bancas dos feirantes os bonecos de escapamento a confeiteira de bolo Estética das massas quando ligada aos valores visuais dos grandes mitos e manifestações populares como o Carnaval o Candomblé À Popular Art dos americanos chamo de cultura de massa no singular 1 Ver Tópicos Utópicos BH Comarte 1998 59 rede Globo que fora durante a ditadura e pelo menos até 2002 mais poderosa que o Ministério da Educação No próprio Festival de Campos do Jordão 1983 teve lugar o primeiro curso de análise de televisão oferecido à arteeducadores que fora precedido de cursos de TV em estúdio vídeo e cinema em 1980 durante a Semana de Arte e Ensino da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Mesmo nas oficinas de arte e computador realizadas em 1984 durante o Congresso de História do Ensino da Arte na ECAUSP ainda não se falava de cultura visual Só nos anos 1990 começamos a usar a expressão Cultura Visual TV internet softwares interativos etc para falar das mídias que modelam nossa mente nos ensinam sobre arte e comandam a nossa educação embora já as viéssemos trabalhando criticamente como imagem e como significação O conceito já era conhecido mas o termo cultura visual entrou no vocabulário dos arteeducadores graças ao curso que deu Kerry Freedman em São Paulo no SESCVila Mariana em 1998 e à publicação do livro de Fernando Hernandez Um dos textos de Kerry Freedman discutidos no curso está publicado neste livro Entretanto a cultura visual achou o caminho preparado por livros como A imagem no Ensino da Arte 1991 Metodologia do Ensino da Arte 1993 e outro bem anterior Teoria e Prática da Educação Artística 1975 que já falava de experiências na Escolinha de Arte de São Paulo com a análise de imagens da TV Mas voltemos ao início a idéia da arte na escola como expressão criadora difusa data do início do modernismo tendo como patronos Franz Cizek artista do Movimento de Secessão de Viena Viktor Lowenfeld e Herbert Read que para teorizar sobre ArteEducação recorreram o primeiro a Freud e o segundo a Jung tendo como base filosófica comum Martim Buber Portanto as primeiras sistematizações teóricas na ArteEducação foram de origem psicanalítica e psicológica Embora nenhum destes autores houvesse prescrito que a análise visual inerente ao desenho de observação da natureza era a única forma aceitável de estímulo à expressão Como diz Eisner a idéia do Ensino da Arte como solução criadora de problemas esteve influenciada pela Bauhaus 19191932 WEIMARDESSAU A função do ensino da arte era produzir soluções para a vida e para o design tecnicamente eficientes esteticamente prazerosas e socialmente relevantes A idéia era desafiar expectativas tradicionais quando a melhor forma de resolver problemas fosse encontrada Na Escolinha de Arte de São Paulo trabalhamos não só no desenho de observação de objetos e roupas de bom desenho visitando lojas da moda mas ensaiamos o desenho gráfico de capas de discos e livros e a construção de objetos de madeira Atualmente a abordagem mais contemporânea de ArteEducação na qual estamos mergulhados no Brasil é a associada ao desenvolvimento cognitivo 60 Embora Eisner afirme que a visão de ArteEducação mais fortemente implantada no imaginário popular é a ligada à expressão criadora difusa interpretada como algo emocional e não mental como atividade concreta e não abstrata como trabalho das mãos e não da cabeça o movimento de ArteEducação como cognição se impõe no Brasil Por meio dele se afirma a eficiência da arte para desenvolver formas sutis de pensar diferenciar comparar generalizar interpretar conceber possibilidades construir formular hipóteses e decifrar metáforas Rudolf Arnheim foi um dos expoentes da idéia de arte para o desenvolvimento da cognição Sua concepção se baseia na equivalência configuracional entre percepção e cognição Para ele perceber é conhecer Eisner aponta Ulric Neisser e Nelson Goodman como colaboradores desta visão Arrisco a afirmar que o Projeto ZERO que Goodman iniciou e financiou pessoalmente foi a maior fonte de pesquisas sobre a cognição em arte e a cognição por meio da arte O livro The Arts and Cognition editado pelo Projeto ZERO em 1977 foi um forte argumento cognitivo Evidenciou que arte depende de julgamento mas obriga a poucas regras que precisam ser conhecidas antes de se ousar desafiálas Estas regras são para Arnheim a gramática visual subjacente a todas as operações envolvidas na cognição como recepção estocagem e processamento de informação percepção sensorial memória pensamento aprendizagem etc Acusado de formalista nos anos 1980 na efervescência do PósModernismo nos Estados Unidos Arnheim entretanto vem sendo recuperado pelos cognitivistas pois sua gramática visual não se comprazia apenas na forma mas derivava de uma negociação contextual mental e se dirigia ao contexto perceptual A princípio se trabalhava a percepção desta gramática visual só a partir da percepção do mundo fenomênico Nos anos 1980 precisamente a partir de 1983 Festival de Inverno de Campos do Jordão o esforço cognitivo de apreender a imagem da Arte se ampliou e outras mídias visuais também passaram a interessar à Arte Educação e a um novo grupo o de especialistas em educação e comunicação Estou preparando um livro que trata principalmente dos modos pelos quais se aprende arte portanto de cognição e interdisciplinaridade Artigos publicados entre 2002 e 2003 de Michael Parsons e Arthur Efland da Universidade Estadual de Ohio EUA e Kit Grauer Rita Irwin Alex de Cosson e Sylvia Wilsom da Universidade de British Columbia Vancouver British Canadá iniciam o livro que é presidido pela idéia de Arte como conhecimento Em seguida o conhecimento da Arte ocupa a segunda parte do livro centrada no Ensino da História da Arte Os artigos de Edward LucieSmith Crítico e Historiador da Arte da Inglaterra de Donald Soucy da Universidade de New Brunswick e de 61 Annie Smith da Universidade de Toronto ambos do Canadá são republicações dos anais do Congresso sobre O Ensino da Arte e sua História por mim organizados em 1989 no MAC USP Estes anais de tiragem restrita são conhecidos apenas pelos pesquisadores mas alguns textos são muito importantes para a prática de professores do ensino fundamental e médio em sala de aula Annie que veio duas vezes ao Brasil dar cursos no Museu de Arte Contemporânea da USP infelizmente morreu poucos anos atrás deixando uma lacuna na experimentação do ensino da História da Arte e muitos de nós seus amigos saudosos O texto de Jacqueline Chanda que encerra a segunda parte já anuncia o tema da terceira parte reclamando por uma teoria crítica no ensino da História da Arte baseada na leitura da obra e do campo de sentido da arte O texto de Jacqueline Chanda foi publicado primeiramente no Brasil pelo SESC Vila Mariana que o distribuiu no curso que ela ministrou no projeto A Compreensão e o Prazer da Arte em 1998 Na Parte III do livro dois artigos paradigmáticos de Brent Wilson e David Thistlewood são palestras que deram para o Simpósio sobre o Ensino da Arte e sua História em 1989 que continuam muito atuais Sob a égide da decodificação nesta parte se agrupam situações diferentes de leitura como a que é desenvolvida em museus privilegiando ArteEducação como mediação cultural BARBOSA 2004 a praga escolar da releitura BARBOSA 2002 e o novo poder da cultura visual FREEDMAN 1998 Tópicos sobre interculturalidade ocupam a Parte V do livro discutindo o problema ou oferecendo um rico material para ser usado pelos professores como o texto de Heloísa Margarido Sales escrito para embasar o material didático da Exposição arte da África que teve lugar no Centro Cultural do Banco do Brasil em São Paulo em 2004 mas não publicado na íntegra Agradeço ao curador Alfons Hug a permissão para publicação das imagens O texto de Jimo Bola Akolo contextualiza o ensino da arte na Nigéria servindo de referência para o texto de Heloísa Diferentes perspectivas da multiculturalidade no século XXI podem ser apreciadas nesta parte do livro como a proposta didática de Marian Cao da Universidade Complutense de Madri as questões do multiculturalismo e da Cultura Visual nos Estados Unidos depois de 11 de Setembro de Vesta A H Daniel Patrícia L Sturh e Christine BallengeeMorris as três do departamento de ArteEducação da The Ohio State Universit o problema de gênero discutido por Belidson Dias professor da Universidade de Brasília e na ocasião que escreveu este texto vivendo em Vancouver no Canadá como doutorando da Universidade de British Columbia O artigo de Graham Chalmers Universidade de British Columbia Seis anos depois de Celebrando o Pluralismo transculturas visuais 62 educação e multiculturalismo crítico encerra com chave de ouro a quinta parte do livro fazendo uma revisão dos conceitos de seu livro publicado em 1996 Simpatizo muito com intelectuais que são capazes de rever seus conceitos e posições e Chalmers que já merecia todo o meu respeito por suas atitudes plurais agora é por mim mais admirado ainda por sua ousadia crítica A última parte do livro é composta de três artigos sobre Avaliação o de Enid Zimmerman publicado pela primeira vez em português e os de Doug Boughton Northern Illinois University EUA e Maurice Sevigny e Marguerite Fairchild respectivamente diretor do Faculdade de Arte da Universidade do Arizona e sua ex colega da Universidade do Austin Texas publicados o primeiro pelo SESCVila Mariana em 1998 e o último pelos anais do Simpósio sobre o Ensino da Arte e sua História de 1989 Curiosamente a 5a e última parte sintetiza as fontes deste livro que são artigos atuais nunca publicados antes no Brasil ou de brasileiros inéditos e artigos republicados dos dois eventos que solidificaram a contemporaneidade e a internacionalidade da ArteEducação no Brasil o Simpósio sobre o Ensino da Arte e sua História de 1989 e a série de cursos patrocinados pelo SESC dentro do projeto A Compreensão e o Prazer da Arte de 1998 O Congresso de 10 anos da Anpad 1996 também foi um reforço em direção ao internacionalismo da Arte Educação no Brasil mas os trabalhos apresentados eram muito mais voltados para pesquisas e difíceis de serem apropriados pelos professores em sala de aula O livro é para o professor e a professora que se interessam pelos fazeres informados Este livro foi um projeto desenvolvido com minhas alunas de doutorado do período 20012005 Leda Guimarães Lívia Marques e Vitória Amaral que discutiram comigo algumas escolhas e traduziram muitos dos artigos Leda e Vitória estiveram na The Ohio State University com bolsa sanduíche da Capes em 20012005 É um hábito meu incluir os orientandos do momento em meus projetos de livros As mestrandas de 20012004 Fernanda Cunha e Rita Bredariolli ajudaram na produção do livro Belidson Dias também participou das escolhas e do trabalho de tradução Nunca foi meu aluno mas venho acompanhando sua vida acadêmica com grande interesse e expectativa Está terminando o doutorado sob a orientação de Graham Chalmers em Vancouver Agradeço a eles e a Maria Emília Sardelic a quem não conheço pessoalmente e que me foi apresentada via email por um aluno meu que fazia bolsa sanduíche na Espanha Ela é professora da Universidade Estadual de Feira de Santana e se dispôs a traduzir o texto de Marian Cao enquanto fazia seu pósdoutorado em Barcelona Agradeço a generosidade de todos que trabalharam 63 para este livro e aos meus amigos autores e autoras que permitiram a publicação ou republicação de seus artigos Peço permissão a eles e elas para dedicar o livro à memória dos queridos Annie Smith e David Thistlewood que influenciaram muitos arteeducadores brasileiros com seus cursos iluminadores e que com suas ausências em nossas vidas deixaram o mundo mais pobre Este livro em um certo sentido é a continuidade de ArteEducação Leituras no Subsolo publicado em 1997 pela mesma editora Cortez O livro de 97 é uma antologia de textos que influenciaram a mudança do paradigma Modernista para o PósModernista segundo pesquisa realizada nas teses e dissertações defendidas nas universidades no Brasil Portanto os textos representam os fundamentos da Pós Modernidade na ArteEducação Este livro traz os textos que demonstram o desenrolar dos problemas salientados pelo PósModernismo Referências AGIRRE I Teorías y Prácticas en Educación Artística Pamplona Universidad Pública de Navarra 2000 BARBOSA A M Teoria e prática da Educação Artística São Paulo Editora Cultrix 1975 A imagem no ensino da Arte São Paulo Editora Perspectiva 1991 Tópicos Utópicos Belo Horizonte Editora ComArte1998 DEWEY J Art as experience New York Perigee Books 1980 EISNER E The Arts and the creation of mind New Haven Yale University Press 2002 FERRAZ MH FUSARI MF Metodologia do Ensino da Arte São Paulo Editora Cortez 1993 PERKINS D LEONDAR B The Arts and the Cognition Baltimore and London The John Hopkins University Press 1977 RÄSÄNEM M Building Bridges Helsinki University of Art and Design 1998 64 Os fatos mudam e a história se repete á 15 anos estivemos no Congresso Nacional trazendo a mensagem aos educadores artistas entidades e instituições preocupados em inserir na Constituição a Arte como elemento indispensável à formação do homem brasileiro Os debates sobre esta questão vêm se desenvolvendo a partir de encontros e congressos de arteeducação municipais estaduais e nacionais que geraram documentos como Manifesto de Diamantina Carta de São João Del Rei Carta Protesto de Brasília e o documento síntese apresentado em 1987 à Constituinte na Comissão de Educação Cultura e Desportos Em 1988 realizamos em Brasília o I Congresso da Faeb que elaborou o documento apresentado na V CBE onde foi aprovada em plenária moção garantindo o espaço da Arte entre as disciplinas básicas dos currículos de 1º e 2º graus na nova LDB Hoje voltamos a este Congresso representando 49 entidades e instituições preocupadas com a formação do cidadão brasileiro e os destinos do país nas questões de educação e cultura XV Congresso da Federação de ArteEducadores do Brasil Laís Aderne H Universidade de Brasília Instituto HUAH DO PLANALTO CENTRAL Osmar Toscano Rios Parlamentarista da UEE de Minas Gerais Refrão de um discurso proferido no Congresso de Estudantes Diamantina 1958 65 A necessidade da arte para o desenvolvimento nacional é justificada na história de todas as civilizações como elemento preponderante da cultura e da própria economia de todos os povos Em 1988 a dra Ana Mae Barbosa da USP publica em seu artigo Arte é Preciso que a área de Arte gera pelo menos 25 dos empregos do país e cita ainda países como o Canadá onde a indústria das artes desde 1982 vem sendo a que tem o maior número de empregos em tempo integral 234280 ocupando o 9º lugar na produção de renda o que significa 25 do PNB Produto Nacional Bruto No Brasil não tem sido levada em conta pelos legisladores a dimensão da criação em arte que gera tantos empregos e renda para o país tanto no design como nas profissões ligadas à arte comercial como propaganda broadcasting cinema publicações de livros e revistas gravação de som vídeos e TV carente de sonorizadores competentes desenhistas de ambientes e câmeras que realmente conheçam acerca da imagem Sabemos através da história da educação inglesa o quanto foi investido em arte na educação durante a revolução industrial pois a Inglaterra tomando consciência da primazia da França nos modelos para a indústria resolve assumir a liderança aplicando especialmente na presença marcante da Arte nos currículos das escolas Esta ampliação do espaço das artes em prol do desenvolvimento econômico gera o movimento humanista e o desenvolvimento das teorias de educação através da arte lideradas pelo filósofo Herbert Read que chega até nós através Escolinha de Arte do Brasil A partir de depoimentos trazidos por Anísio Teixeira para um grupo restrito de educadores da Escolinha de Arte do Brasil RJ em 1967 vindo do exílio dos EUA tomamos conhecimento do investimento do governo americano na área de artes nas escolas após a II Guerra Mundial Este investimento era decorrente da constatação da pobreza em número de cientistas entre os países aliados enquanto a Alemanha estava após a guerra exportando seus criadores e homens da ciência para os países vencedores A análise comparativa dos currículos da Alemanha e EUA levou o país naquela ocasião a aplicar cifras altíssimas na arte nas escolas A aplicação desses recursos foi reforçada depois do lançamento do Sputnik e vem sendo grandemente subvencionadas hoje pela fundação Paulo Getty com o objetivo de formar o homem criador o ser pensante reformulando a sociedade Recentemente o XX Fórum de Secretários de Estado da Cultura do Brasil esteve reunido na cidade de Manaus para a formulação de propostas que favoreçam o desenvolvimento cultural do país 66 Refletindo e debatendo sobre a política que defenda o patrimônio ambiental preserve o patrimônio cultural e a pluriculturalidade que caracteriza o país esse fórum entre outros posicionamentos decidiu manifestarse diante do Congresso Nacional pela importância da arte na educação do cidadão brasileiro mantendo e ampliando na nova LDB o espaço da arte entre as matérias fundamentais dos currículos de 1º e 2º graus como elemento imprescindível para a formação da personalidade da cidadania do educando e para o desenvolvimento da cultura nacional Anexo Citações do Documento do I Congresso da Faeb Anais do I Encontro Bienal de Ecologia Ambiental Humana e Social do Ecomuseu do Cerrado e II Feira dos Poetas Escritores Músicos e Produtores Culturais de Corumbá de Goiás Universidade do Cerrado Unicerrado Realização Instituto HUAH do Planalto CentralFubraAPVDFSDCT Apoio UnBUCBMMAIbamaAmabGO Local Praça da Matriz e Casarões do Município de Corumbá de Goiás Hotel Fazenda Cabanas dos Pirineus Cocalzinho de Goiás Período 20 a 25082004 O Ecomuseu abrange sete municípios do Entorno de Brasília Abadiânia Alexânia Águas Lindas Cocalzinho de Goiás Corumbá de Goiás Pirenópolis e Santo Antônio do Descoberto Todos fazem parte da área de abrangência do Projeto Ecomuseu do Cerrado Museu Território na Região da Amab Associação dos Municípios da Abrangência de Brasília no Estado do Goiás I Relatório Geral Este 1º Encontro Bienal de Ecologia Ambiental Humana e Social após seis anos do início da implantação do Ecomuseu objetivou refletir consolidar e ampliar as metas e propostas estabelecidas para sua região de atuação preparando e estimulando 67 os cidadãos e grupos envolvidos através das Instituições Parceiras e definindo as novas metas que incluem a criação da Universidade do Cerrado e do Museu de História Natural do Cerrado no Planalto Central O I Encontro Bienal aconteceu entre os dias 20 e 25 de agosto de 2004 Representou dois momentos significativos das linhas metodológicas do Ecomuseu do Cerrado sua experiência de cultura e sociedade bem como a reflexão sobre os conceitos teóricos e as metodologias que a norteiam Este projeto é um Eco Museu Território que está sendo implantado no cerrado do planalto central do Brasil integrando o pensamento o sentimento e a ação das comunidades envolvidas em seu programa de trabalho O primeiro momento do encontro foi a II Feira dos Poetas Escritores Músicos e Produtores Culturais de Corumbá de Goiás que ocorreu entre os dias 20 e 22 de agosto de 2004 Esta feira a cada ano faz homenagens especiais tendo no ano passado homenageado os nove Poetas e Escritores Imortais de Corumbá de Goiás das Academias Goiana e Brasileira de Letras e neste ano destacando o poeta latino americano Pablo Neruda pela ocasião do seu centenário e o pároco Monsenhor Chiquinho criador da 1a Biblioteca de Corumbá de Goiás incentivando e apoiando o nascimento de uma significativa produção literária na região A feira mostrou e refletiu as práticas culturais das comunidades do Ecomuseu e especialmente de Corumbá com extensa programação com stands com apresentações musicais rodas de poesia exposições de artesanato e artes visuais danças saraus oficinas e lançamento de livros Essas atividades compuseram a primeira parte do encontro dedicadas a mostrar para os participantes as linhas de ação do Ecomuseu e os fazeres culturais da região com o objetivo de subsidiar as reflexões no segundo momento do Encontro que foi realizado no Centro de Convenções do Hotel Fazenda Cabanas dos Pirineus no município de Cocalzinho de Goiás Os trabalhos da segunda parte do I Encontro Bienal de Ecologia Ambiental Humana e Social do Ecomuseu do Cerrado ocorreram entre os dias 23 e 25 de agosto de 2004 A cerimônia de abertura foi presidida pela prefeita do município de Abadiânia Leda Almada presidente da Associação dos Municípios Adjacentes de Brasília Amab Participaram da mesa como convidados especiais Emir José Suaiden Diretor Presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do DF FAPDF a representante do Ministro da Cultura Ana Maria Villalba da Diretoria de Identidade e Diversidade Cultural do Minc Cecília Leite Oliveira representando o Secretário de Estado do Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia do DF SDCTDF e a Coordenadora do Evento Laís Aderne Todos os participantes da mesa usaram da palavra destacando a 68 importância do trabalho que está sendo realizado nos sete municípios que compõem o Ecomuseu do Cerrado e ressaltando a realização das ações destes últimos seis anos de trabalho na preservação e resgate do patrimônio natural e cultural da região Após a instalação do Encontro foram iniciados os trabalhos com a Oficina da Terra coordenada pela doutoranda Eliene Muniz de Matos da UCBCEB que abordou a identidade cultural e natural da região fazendo uma alusão ao passado presente e futuro e gerando trabalhos individuais dos participantes Do painel de Ecologia Ambiental coordenado por Nina de Paula Laranjeira representante do MMA participaram os conferencistas Manoel Cláudio da Silva Júnior UnB Antônio José da Rocha UCB o pesquisador Tiago Gomes Teixeira Neto do Jardim Botânico de Salvador BA As atividades do dia foram concluídas com um Fórum Ecológico coordenado por Maria Dolores Coni Campos UFF que conduziu os participantes do encontro para um trabalho de identidade diversidade e unidade No segundo dia o painel Conceito e Diversidade Cultural dos Ecomuseus Ecomuseu e o Bioma Cerrado foi coordenado pela representante do Ibama Lúcia Pio Foram conferencistas deste painel os representantes do IcomBrasil Maurício Cândido da Silva Universidade da São PauloUSP Ana Maria Villalba do Ministério da Cultura representando a Museóloga Célia Corsino da Universidade Católica de GoiásUCG a Coordenadora Técnica do Ecomuseu Laís Aderne da UnBInstituto Huah do Planalto Central Eduardo Luppi da UFMGInstituto Huah Este painel trouxe as palavras do Icom sobre a experiência dos Ecomuseus do Brasil enfocando a criação do Ecomuseu do Itaipu Os outros conferencistas abordaram o Ecomuseu do Cerrado Museu Território que se instalou no ecossistema Cerrado do Planalto Central em 1998 para preservar e recuperar o patrimônio natural e cultural dessa região integrando as áreas de ecologia ambiental humana e social e enfocando cultura e sociedade No período da tarde realizouse o painel Ecologia Humana e Social com as conferencistas Anita Mendes de Reyna da Fundación Tierra Viva Venezuela Vera Lessa Catalão e Isabel Zaneti da UnB Lenita Nicoletti da Fundação Oswaldo Cruz Fiocruz com enfoque nas questões humana e social e nos efeitos causados pelos resíduos sólidos no ser humano e no meio ambiente No Fórum Ecológico coordenado por Maria Dolores Coni Campos foram formados os grupos de trabalho do encontro com base nas temáticas dos painéis objetivando fornecer subsídios para as novas metas do Ecomuseu com relação aos aspectos conceituais metodológicos e seu embasamento na área de cultura e sociedade 69 Na manhã do último dia as atividades foram iniciadas por Laís Aderne que fez um pronunciamento a respeito do assunto em destaque o painel Cultura e Sociedade e apresentou os convidados David W Ecker New York University Maurice Reyna Adido Cultural da Venezuela o doutorando da UnB Hermes Oliveira dos Anjos tradutor do conferencista David Ecker que abordou o contexto cultural o indivíduo e o objeto enfocando o pluralismo cultural e sua importância neste momento da globalização Finalizando foi reinstalado o Fórum Ecológico e reuniramse os grupos de trabalho para elaboração dos documentos finais que refletem os conceitos metodologias e metas do Ecomuseu do Cerrado e redesenha suas linhas de ação visando estabelecer as bases para a criação da Universidade do Cerrado e seu Museu de História Natural enfocando o Cerrado e Planalto Central Os três Grupos de Trabalho Filosofia Cultura e Sociedade e Metodologia sintetizaram as contribuições trazidas pelos diversos painéis e o Fórum Ecológico bem como estabeleceram propostas para linhas de ação Em seguida foi convocada a Assembléia de Encerramento do I Encontro Bienal de Ecologia Humana Social e Ambiental onde foram apresentados os documentos elaborados pelos grupos de trabalho e submetidos à votação pela plenária tendo sido debatidos e aprovados por unanimidade Na Assembléia foram apresentadas cinco moções para discussão e votação tendo sido aprovadas por unanimidade após as contribuições dos participantes Criação das Coordenações Tríplices e dos Conselhos Locais em cada município do Ecomuseu reordenando assim sua organização a partir da experiência de seus seis anos de funcionamento Cada município será representado por duas pessoas no Conselho Regional Apresentação em cada um dos sete municípios que compõem o Ecomuseu através das Câmaras de Vereadores de propostas de parceria entre a prefeitura e o Ecomuseu do Cerrado para o desenvolvimento dentre outras das seguintes ações a criação nos outros municípios como em Santo Antônio do Descoberto dos Guardiões do Cerrado que deverão ser orientados para realizar visitas nas propriedades rurais num trabalho de conscientização sobre a preservação do meio ambiente 70 b palestras nas escolas a fim de mobilizar os estudantes em uma campanha de reflorestamento principalmente das matas ciliares e áreas de nascentes de forma integrada com representantes das escolas e da sociedade organizada de cada município através do projeto Replantando a Vida no Cerrado Solicitação à prefeitura de Cocalzinho de Goiás de espaço destinado aos outros municípios do Ecomuseu para escoamento de produtos culturais no evento Festa da Rapadura que integra o Circuito de Feiras e Festas de Cultura da Região Encaminhar ao Ministério de Desenvolvimento Agrário uma proposta de programas de incentivo ao pequeno proprietário de terras da região do Ecomuseu através da implantação de um Território do MDA que apóie projetos rurais produtivos e evite o arrendamento de suas propriedades por produtores de grãos vindos de outras regiões que utilizam grandes extensões de terras arrendadas para a plantação de grãos com agrotóxicos deixando a região degradada Encaminhamento ao Fórum Social Mundial de Porto Alegre à Unesco ONU e OEA a proposta de criação de um Conselho Mundial de Ecologia Humana que objetive a preservação do homem e das culturas deste planeta para impedir o tipo de violências que vêm ocorrendo atualmente no Oriente Médio e em outras partes do planeta Após os debates e votação das propostas a presidente da assembléia deu por encerrados os trabalhos do I Encontro de Ecologia Humana Ambiental e Social do Ecomuseu do Cerrado II Documentos finais dos Grupos de Trabalho Criação da Universidade do Cerrado a Missão e Filosofia Nossa missão é desenvolver estudos pesquisas e experimentações gerando conhecimentos compartilháveis de forma imediata com a sociedade Para isso a Universidade do Cerrado enquanto espaço de Educação deverá interagir de forma direta com a comunidade através de seus agentes educacionais auxiliando os grupos a reorientarem suas ações para alcançar soluções mais permanentes e harmonizadas 71 A Universidade do Cerrado deverá abrigar atividades integradas de ensino pesquisa extensão promovendo a experimentação realização de eventos debates consultorias publicações administração de projeto dentre outras tendo como fundamento para todas as suas ações a educação integral do ser humano e priorizando na pesquisa e extensão o bioma cerrado o Planalto Central do Brasil e a América Latina com um enfoque multicultural Acreditamos que todo processo educacional deve se estruturar como um sistema capaz de intervir de forma equilibrada e positiva nas inúmeras atividades humanas reorientandoas através de princípios e valores que elevem a qualidade da vida coletiva A Ação Educativa é um bem maior da humanidade se for entendida construída e praticada visando uma nova ordem pode atuar em todos os níveis do ambiente social integrandoos na direção de um objetivo que conduza a sociedade para rumos superiores de convivência Princípios filosóficos específicos Promover ações de capacitação que possibilitem a criação de uma dinâmica emancipadora das populações dos municípios participantes do Ecomuseu do Cerrado transformandoas em protagonistas de seu próprio processo de desenvolvimento sustentável e multicultural Refletir sobre as tecnologias que estão sendo utilizadas propondo melhorias para que se tornem mais adequadas e eficientes Possibilitar ainda a criação de novas tecnologias ou a renovação das já existentes sincronizando eficiência e adequação com os resultados almejados pelas comunidades e uma visão multicultural e sistêmica de mundo A Universidade deverá orientar sua prática de ensino buscando instalar processos transformadores da formação crítica dos indivíduos entendidos como agentes geradores e transmissores do conhecimento Promover por meio das suas ações o fomento de interconexões entre comunidades específicas e afins buscando abranger os aspectos biopsicossocial e espiritual do ser humano na sua forma individual e coletiva Instalar um processo educacional capaz de libertar o indivíduo de suas próprias limitações de suas amarras morais emocionais e intelectuais para ver o outro além de si mesmo respeitando as diversidades ambientais e humanas 72 Desenvolver a consciência crítica a fim de intervir na questão ambiental por meio da construção de projetos voltados para a pesquisa e extensão com o objetivo de priorizar a preservação das espécies endêmicas do cerrado e identificar seus recursos etnobotânicos sua história sua cultura e tecnologias oriundas desse ecossistema b Metodologia Um espaçotempo de pedagogia integradora experimental e de pesquisa em processo contínuo e em cultura democrática Um centro gerador de idéias e de formação humana assegurando projetos multidisciplinares Um local de preservação cultural e ambiental da região do Ecomuseu do Cerrado Um núcleo gerador de integração de saberes e difusão de conhecimentos com foco no desenvolvimento sustentável embasado na cultura Um laboratório humano de criação e superação individual e coletiva na perspectiva da harmonia e do bemestar do homem e do seu ambiente em processo de estudoreflexão contínuo Um trabalho de preservação e reencontro de identidades tomando como base a experiência de Olhos dágua em AlexâniaGO atento ao envolvimento inclusão e interação das sete comunidades iniciais e em expansão a outras da região na revitalização local e no equilíbrio ambiental Um grande centro de convivência cultural e ambiental aberto a todos que queiram trocar fazeressaberestecnologias e desejem ampliar conhecimentos na construção de um acervo vivo centrado na memória pessoal social e ambiental resgatando e preservando o acervo natural e cultural c Cultura e Sociedade A Universidade do Cerrado Unicerrado deverá ser voltada para as características de seu meio ambiente e sua sociedade da seguinte forma intercambiando com outros centros acadêmicos e grupos sociais de outras culturas dominantes sem competir com eles mas inovando em suas linhas de pesquisa e ação societária e ambiental bem como produtiva voltada para populações de pequeno e médio porte atuando com seus mestres e com especialistas de outros centros culturais que poderão ministrar cursos e oficinas em módulos e atender pessoas vindas de outras regiões que poderão 73 trocar um período de estudo na Unicerrado por serviços na área de extensão e ensino às comunidades do Ecomuseu construindo uma rede de especialistas de diferentes áreas do conhecimento das várias regiões do país e do continente não somente doutores mas também grandes mestres outros níveis de conhecimento não acadêmico promovendo cursos de experiências em diferentes áreas da ciência tecnologia e humanidades como a botânica a geologia a medicina tradicional ou as tecnologias construtivas regionais e a comunicação através do rádio audiovisual teatro folclore e outros meios propiciando acesso gratuito à população local criando produtos para a difusão do processo gerado pela atividade acadêmica e comunitária bem como proporcionando recursos materiais para a produção de instrumentos e registro de processos e resultados oferecendo créditos aos alunos pelas atividades de extensão comunitária desenvolvendo estudos e guias de ações voltados para a interação entre a comunidade universitária e a sociedade realizando estudos e projetos com bases nas tecnologias construtivas históricas da região que favoreçam a saúde humana a partir dos materiais utilizados planejando seu calendário para permitir a promoção do turismo acadêmico cultural e ecológico com outras universidades do país e do exterior possibilitando o intercâmbio entre professores pesquisadores produtores culturais e estudantes em períodos de férias integrando tecnologias inovadoras e tecnologias tradicionais com utilização de recursos naturais e mãodeobra local minimizando impactos ambientais e culturais negativos gerando conhecimento transdisciplinar através de atividades e pesquisa nas áreas de cultura educação sociedade e natureza redesenho social e desenvolvimento sustentável tecnologias tradicionais e contemporâneas desenvolvendo pesquisas no campo alimentar visando minimizar impactos ambientais gerados pela alimentação humana tradicional produzida sem levar em conta o conceito de desenvolvimento sustentável promovendo na região a criação de cursos profissionalizantes de segundo grau voltados para o campo da ecologia humana ambiental e social 74 promovendo a interação entre as ciências tecnologias e artes para favorecer aos estudantes a construção do pensamento sistêmico formando acervos bibliográficos videográficos fonográficos e monográficos que favoreçam estudos e pesquisas nas áreas de cultura e sociedade ecologia e educação promovendo a geração de serviços e elaborando programas de atividades extracurriculares envolvendo a cultura regional e o intercâmbio com outras culturas promovendo ações de gestão na geração de serviços no setor de ecoturismo cultural que favoreçam a vocação da região e o desenvolvimento sustentável oferecendo consultoria às prefeituras municipais do território do Ecomuseu para o estabelecimento de planos microrregionais de desenvolvimento embasados na cultura III Colaboradores a Participantes do Grupo de Trabalho Missão e Filosofia Gabriela Silva Noronha Sebrae GO Eduardo Luiz Luppi Instituto HuahUFMG Belas Artes Hermés Oliveira dos Anjos UnB Tiago Gomes Teixeira Neto PMSSPJJBotânico Salvador BA Laércio Carlos Tomaz Ecomuseu Santo Antônio do Descoberto GO José Áureo de Oliveira Villena Comunidade de Francisco RJ Sônia Aparecida Santos Curado Corumbá de Goiás GO Itamar de Queiroz Ferreira Secr de Turismo de CorumbáPres ACIACG Lúcia Pio dos Santos IbamaDIRECCGECODF b Participantes do Grupo de Trabalho Metodologia Anita Reyna Fundación Tierra Viva Venezuela Isabel Zaneti UnB Vera Lessa Catalão UnB 75 Maria Dolores Coni Campos Instituto Pé no Chão RJ Maria Jussara Lopes Bandeira Comunidade de Corumbá de Goiás GO Aurea Curado Fleury Teixeira Ecomuseu do Cerrado Corumbá de Goiás GO Neuler Lourenço Teixeira Ecomuseu do Cerrado Corumbá de Goiás GO Emir Curado Vereador em Corumbá de Goiás GO Maria Eliza Curado Professora Corumbá de Goiás GO Deuselina Teles Machado da Silva Radialista Cocalzinho de Goiás GO Ecomuseu do Cerrado Maria Divina de Assis Pereira Corumbá de Goiás GO Maria Terezinha Resende Martins Instituto HUAH c Participantes do Grupo de Trabalho Cultura e Sociedade David W Ecker New York University Lais Aderne UNBInstituto Huah Maurice Reyna Adido Cultural da VenezuelaMúsico Vera Lucia Professora Eurípedes Ferreira Gomes Vereador Wilmar Mota Fernandes Vereador Cléia Rezende Pires Educadora Ramir Curado Pesquisador professor e comerciante Lucimar Pavelkonski da Silva Primeira dama de Cocalzinho GO Maurício Cândido Silva USP especialista em museologia Lúcia Andrade Comunidade de Pirenópolis GO Cézar Rabelo Gestão de ecossistema Sítio Baleria Cocalzinho de GoiásGO 25 de agosto de 2004 V Mesas Temáticas 1 In medieval Europe which invention was crucial for transforming warfare by allowing soldiers to attack enemies from a distanceA CrossbowB Long swordC ShieldD Helmet2 During the Renaissance artists used perspective techniques to create which effect in their paintingsA Abstract shapesB Threedimensional depthC Black and white contrastD Flat surfaces3 What was the main purpose of the Magna Carta in 1215A Grant absolute power to the kingB Limit the power of the king and protect barons rightsC Establish a democracyD End the Crusades4 Which empire was the most powerful and expansive in Europe during the 15th centuryA Ottoman EmpireB Byzantine EmpireC Holy Roman EmpireD Mongol Empire5 What was the significance of the printing press invention by Johannes GutenbergA Made books available only to the richB Reduced the spread of knowledgeC Allowed for mass production of books and spread of knowledgeD Focused on printing religious texts only6 The Black Death which swept through Europe in the 14th century was primarily caused byA FamineB WarC PlagueD Superstition7 During the Age of Exploration which country was the first to establish sea routes to India around the Cape of Good HopeA SpainB PortugalC EnglandD France8 The Hundred Years War was primarily a conflict between which two countriesA England and FranceB Spain and PortugalC France and GermanyD England and Scotland9 Which of the following was a major consequence of the Crusades on EuropeA Decline in tradeB Increase in cultural and economic exchangesC End of feudalismD Rise of absolute monarchs10 Who was the famous English monarch known for his six marriages and break from the Roman Catholic ChurchA Richard the LionheartB Henry VIIIC Elizabeth ID Henry IVAnswers 1 A 2 B 3 B 4 C 5 C 6 C 7 B 8 A 9 B 10 B 79 Professor Mestre do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília UnB e Presidente da Faeb Políticas Públicas e o Ensino de Arte no Brasil Mediador Richard Perassi Luis de Souza 1 Políticas Públicas para o Ensino de Arte no Brasil José Mauro Ribeiro Barbosa A aceitação da arte como forma de conhecimento humano nas suas mais variadas linguagens se deu em razão de sua identidade com o amplo espectro da ação humana Sua inserção no sistema educacional brasileiro ocorreu a partir da segunda metade do século XX onde há registro da presença de escolas especializadas com objetivos de ensinar às crianças e aos adolescentes as mais variadas modalidades artísticas Segundo Ana Mae Barbosa personalidades importantes de nossa história como Teodoro Braga Anita Malfatti e Mário de Andrade tiveram contribuições relevantes para o início do processo de ensino de arte em nosso país Teodoro dirigiu em São Paulo a Escola Brasileira de Arte Anita mantinha cursos para crianças e adolescentes em seu ateliê enquanto Mário entre outras coisas na qualidade de diretor do Departamento de Cultura de São Paulo incentivou a criação de um curso infantil 80 Sob a influência do neoexpressionismo que grassava no pósguerra tanto nos Estados Unidos como na Europa no final da década de 1940 surge no Brasil um movimento de valorização da arte infantil com o aparecimento de ateliês orientados por artistas voltados para a livre expressão da criança Neste universo criativo e pulsante de locais de ensino de arte Augusto Rodrigues funda a Escolinha de Arte do Brasil no Rio de Janeiro iniciativa ligada ao movimento de redemocratização da educação liderado por Anísio Teixeira Helena Antipoff e outros notáveis na construção do processo educacional do nosso país Figura dotada de um carisma invejável Rodrigues teve como parceira nesta empreitada a professora Noêmia Varela fundadora da Escolinha de Arte de Recife que posteriormente transferiuse para o Rio e juntos frutificaram por vários anos o ambiente onde se especializaram os primeiros professores de arte brasileiros numa função afirmativa multiplicadora e divulgadora da causa educativa da arte Em 1958 influenciado pelas idéias do movimento da Bauhaus Lucio Costa arquiteto que concebeu Brasília elaborou um programa de ensino em desenho que influenciou o processo de ensino de arte brasileiro como um todo resultando na promulgação de uma lei que permitia a criação de classes experimentais para o ensino de arte com a finalidade de investigar alternativas e experimentações para os currículos e programas que se definiram posteriormente como normas gerais do Ministério da Educação A implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961 que regulamentou a uniformização dos programas escolares e sugeriu a introdução formal da arte na escola teve entretanto seu percurso cortado com o golpe de 1964 Alguns anos mais tarde com o pressuposto de democratizar o ensino foi implementada a famigerada reforma na educação que em suas primeiras ações eliminou o exame de admissão ao curso ginasial o correspondente hoje ao período de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental com a intenção de ampliar vagas Deuse a primeira estremecida nas velhas estruturas do sistema escolar vigente e conseqüentemente na qualidade educativa pois as demandas em todas as áreas de ensino eram muito distintas daquele público proposto para antigos programas Esse novo cenário com necessidades e procedimentos tiveram que ser adequados às demandas surgidas como o acesso de alunos de origens sociais diferentes que por sua vez trouxeram para a escola experiências de vivências culturais diversas e peculiares explicitou os paradoxos e obstáculos que se apresentaram à trajetória da educação brasileira a partir de então Como decorrência desta súbita abertura dos portões das escolas aos pobres sem que para eles fossem pensadas e implementadas 81 políticas voltadas para a manutenção dos mesmos nos bancos escolares que culminou com a adoção da Lei 569271 de caráter tecnicista A partir de então o sistema educacional como um todo passou por um processo de decadência e aviltamento de suas condições operativas refletindose na formação precária dos professores baixos salários falta de materiais didáticos etc Foi nesse contexto que o ensino de arte entrou em cena oficialmente na educação brasileira com o advento da Educação Artística para o ensino de 1º e 2º graus e do curso de Licenciatura em Educação Artística para o ensino superior nos formatos de duração curta e plena Moldado pelas mãos do regime de exceção e com uma visão demagógicopopulista do processo educacional implantouse por dispositivo de lei a obrigatoriedade do ensino de artes nas escolas sob a égide da polivalência O que já estava capenga no sistema escolar acentuouse de maneira drástica no emergente ensino de arte Com a obrigatoriedade considerada uma boa nova em termos de oportunidade educativa para os alunos e de mercado de trabalho para esta nova categoria de professores na verdade o que se assistiu foi o aparecimento de diversos problemas tornando inexeqüível a efetivação na arte no meio escolar Isso se deu quer pela concepção pedagógica equivocada a de fusão polivalente das linguagens artísticas conceito que tentava abrigar um ensino pretensamente interdisciplinar das artes cênicas plásticas música e desenho ministrado por um mesmo professor da 1ª a 8ª série do 1º grau quer pela inadequação física das escolas ou então pela necessidade que se impôs quanto à improvisação de professores provenientes das demais disciplinas para preencher as lacunas criadas pela nova atividade escolar já que não havia professor qualificado para tal Formouse assim uma verdadeira confusão que passava pela questão da competência profissional do enfoque teóricometodológico das técnicas e materiais didáticos como pelo próprio preconceito dos professores das outras disciplinas quanto à incompreensão da arte como forma de conhecimento o que infelizmente perdura até hoje Dessa maneira o mal que veio para o bem ou melhor a obrigatoriedade da arte no currículo acabou colaborando para transtornar o ainda combalido e frágil processo de implantação do ensino de arte na educação escolar brasileira Na tentativa de resolver os problemas que se apresentaram principalmente relativos à carência no quadro de professores foram criados cursos emergenciais para os professores leigos e complementares para os professores provenientes de bacharelados de belas artes conservatórios de música e escolas de teatro e dança Ainda antes disso no final dos anos 1960 foi celebrado um convênio entre o MEC e a Escolinha de Arte do Brasil 82 para execução junto às Secretarias Estaduais de Educação o qual resultou em cursos de especialização ainda não se tinha um sistema de pósgraduação no Brasil e na elaboração de um guia de orientação da nova disciplina Contudo poucos Estados conseguiram desenvolver e realizar algum projeto que resultasse em algo razoável apesar de que se tenha realizado um trabalho mais efetivo de reciclagem e atendimento de professores no Rio de Janeiro em Minas Gerais e Rio Grande do Sul O insucesso do programa levou à criação em 1977 do Programa de Desenvolvimento Integrado de ArteEducaçãoProdiarte visandose estabelecer uma integração entre a cultura da comunidade e a cultura escolar projeto esse que acabou caindo na inércia e no populismo pelo esgotamento do regime militar que experimentava sua agonia derradeira Se o advento da licenciatura em Educação Artística provocou o surgimento de graves problemas desde sua implantação por outro lado contribuiu para dar a largada definitiva da afirmação da arte como área de conhecimento e sua gradativa expansão no ensino superior Segundo estudos de Arão Paranaguá de Santana em 1972 existiam apenas três cursos superiores de teatro ao passo que hoje entre bacharelados e licenciaturas há 34 cursos em todo o território nacional o que se pode verificar também nas outras áreas da arte pois há cerca de 150 cursos de licenciatura em artes em todo o Brasil nos últimos vinte anos foram criados diversos programas de pósgraduação stricto sensu principalmente lato sensu a produção acadêmica aumentou devido à atuação das universidades públicas cresceu consideravelmente o número de títulos publicados o que dá provas da capacidade produtiva e da capilaridade da arteeducação A construção deste árduo e belo caminho firmouse através de lutas debates experimentações artísticas pesquisas e principalmente pelo movimento organizado dos arteeducadores iniciado na década de 1980 marcado pelos inúmeros encontros nacionais ampliadores de um debate até então restrito às agências formadoras conselhos secretarias de educação Fazse necessário registrar os marcos desse movimento organizado pelos professores e estudantes de arte que viabilizaram e estimularam gradativamente a conscientização e a participação dos professores em debates e lutas políticas que se seguiriam nas duas últimas décadas a saber I Encontro de Especialistas de Arte e Educação MECUnB Brasília 1973 I Encontro LatinoAmericano de ArteEducação Rio de Janeiro 1977 Semana de Arte e Ensino ECAUSP São Paulo 1981 Congresso da International Society for Education Trought ArtINSEA Sobreart Rio de Janeiro 1984 83 Encontro de ArteEducação do Nordeste João Pessoa 1984 Festival LatinoAmericano de Arte e CulturaFLAACUnB Brasília 1987 Ressaltese que no último evento em destaque em meio às discussões emergidas no próprio festival e considerando os bastidores políticos onde se moldava a nova LDB imaginouse uma maneira de congregar a ânsia associativa que germinava nas várias unidades da federação culminando na criação da Federação dos ArteEducadores do Brasil Faeb No final do século passado precisamente nas duas últimas décadas a efervescência dos acontecimentos no bojo desse movimento exigiu um novo sentido para o sistema educacional ocasionado a partir da promulgação da Lei 939496 Posteriormente vieram as diretrizes do CNE parâmetros e orientações curriculares do MEC provocando por conseguinte uma mudança lenta mas significativa alterando a legislação curricular dos Estados aperfeiçoando em todos os níveis a educação nacional atualizando os cursos superiores solidificando as associações acadêmicocientíficas aumentando o quadro de professores nas redes de ensino mudando o panorama editorial aflorando a pesquisa possibilitando oportunidades em termos de educação continuada Notase contudo que neste novo século as associações arrefeceram sua força de articulação e militância política tendo transferido esta resistência para o cotidiano das escolas e universidades com temas mais centrados em problemáticas domésticas como adequação de currículos a tentativa de superação das deficiências no quadro de professores a luta constante por melhores condições de trabalho de salário etc Entretanto entre altos e baixos a nossa Faeb mantevese como canal representativo da luta dos arteeducadores apresentandose como um espaço híbrido entre a resistência dos professores da escola básica e dos professores pesquisadores na academia tornando seus congressos anuais momentos únicos de equalização das trincheiras de resistência de diálogo e reflexão acerca das saídas aos inúmeros problemas encontrados por quem realiza o ensino da arte enquanto protagonista dos destinos de nosso país Neste sentido o Confaeb que ora realizamos é um desdobramento de toda esta trajetória e hoje mais do que nunca propõese a interatividade entre nossas ações e as políticas formalizadas pelos poderes públicos A organização deste fórum temático reflete a nossa preocupação de abrir uma discussão um debate franco e amistoso com os ilustres componentes que aqui se encontram e os que estarão 84 participando das discussões que se sucederão um momento singular para o debate crítico e propositivo sobre as políticas públicas relativas à nossa área Estamos nesta oportunidade ansiosos e esperançosos de que essas proposições possam sinalizar novos caminhos viabilizando a verdadeira transversalidade de parcerias entre nós arteeducadores e as pessoas que lidam com a máquina pública Para clarear a discussão passo a citar um projeto de lei PL 456703 encaminhado ao Congresso Nacional Para transformar a letra da lei em realidade o governo federal encaminhará proposta de lei complementar para regulamentar a cooperação entre as esferas de administração normalizando o regime de colaboração entre os sistemas de ensino e instituindo as instâncias democráticas de articulação A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional descreveu sob a orientação constitucional as incumbências de cada esfera administrativa Em todas o princípio da colaboração se repete subordinado não somente ao cumprimento do direito público subjetivo ao qual correspondem deveres de Estado e ações de governo como também à superação de desigualdades à formação básica comum e à consolidação de um padrão de qualidade Partindo desta indicação creio que há um caminho certo e uma hora exata que perpassam a realização do XV Confaeb que devem imporse como ponto de partida na construção de um projeto que inaugure efetivas parcerias capazes de formular políticas públicas para o setor cultural e educativo deste país entendendo cultura e arte não como mero entretenimento ou simples questão de mercado mas como a dimensão simbólica da existência social brasileira como eixo construtor de nossa identidade permanentemente alimentada e enriquecida pela nossa diversidade Não há mais lugar para idéias mirabolantes saídas de uma cabeça brilhante e solitária ditando os destinos e os sonhos de uma nação o tempo é de solidariedade de parcerias e de agregação de idéias num exercício constante e interativo que possibilite sem exclusão o efetivo acesso de nossos bens culturais a toda sociedade brasileira 85 2 O Ministério da Cultura e a Funarte Miriam Brum A Funarte sempre foi uma instituição pioneira Criada em 1975 nasceu 10 anos antes do Ministério da Cultura que só veio a ser constituído em 1985 Como não poderia deixar de ser a história da Funarte reflete a história da vida pública brasileira marcada por tantas instabilidades na construção de suas políticas e constantes redefinições de seus objetivos institucionais A partir dos anos 1930 no período Vargas algumas instituições públicas foram criadas com o objetivo de produzir preservar e difundir bens culturais em nosso país Era o momento da criação de uma estrutura organizacional nacional e a cultura localizandose inicialmente dentro do Ministério da Educação e Saúde Pública teve como ministro Gustavo Capanema 19365 que arregimentou artistas e intelectuais para compor sua equipe A visão da cultura nacional ancoravase neste momento inicial em um viés preservacionista Já no final dos anos 1960 refletindo a preocupação do governo para com os bens simbólicos dentro de um projeto político que se desenhava foi criada a Embrafilme posteriormente extinta em 1990 tendo como uma de suas motivações ajudar a mudar no exterior a imagem do país que vivia em plena ditadura Era a época do milagre econômico 196874 momento em que no rastro da modernização uma modernização conservadora as multinacionais começavam a ter forte presença no país invadindo violentamente a cultura nacional Para fazer frente ao risco de descaracterização da cultura nacional face ao potencial perigo trazido pela modernização do país e o conseqüente descontrole a partir da invasão no mercado cultural reforçouse a necessidade de promoção dos valores nacionais através de grandes campanhas ufanistas de veiculação nacional Era a época de um Brasil campeão mundial de futebol na copa de 1970 de Fittipaldi campeão mundial de fórmula I do Brasil ameo ou deixeo e do Eu te amo meu Brasil eu te amo Era sombria da ditadura e do AI 5 Em 1975 o Conselho Federal de Cultura que havia sido criado no ano de 1966 apresentava pela primeira vez um conjunto de diretrizes para a área promovendo uma reorganização das instituições num documento chamado Política Nacional de Cultura gerado pelo Governo Geisel 197479 ministro do MEC Nei Diretora do Centro de Programas Integrados da Funarte 86 Braga que incluía a cultura em suas metas políticas entrelaçando as noções de cultura desenvolvimento e segurança nacional na promoção dos valores nacionais Na época da criação deste documento o governo brasileiro ensaiava uma aproximação com a classe artística Em 1973 através do Departamento de Assuntos Culturais do MEC tinha lançado um programa chamado Programa de Ação Cultural PAC com estrutura moderna bastante ágil que não se prendia à burocracia e dispunha de gordas verbas vindas do FNDE Com estas vantagens o programa acabou atuando de forma paralela ao próprio MEC só que com muito mais eficiência que ele o que acabou por gerar um conflito Em conseqüência a partir daí os recursos começaram a ser repassados diretamente para os órgãos existentes o programa se enfraqueceu e a solução foi a criação de uma estrutura para herdar a agilidade e os recursos que o PAC tinha Para executar as diretrizes da Política Nacional de Cultura foi então criada a Funarte em bases modernas buscando modelos mais leves e ágeis que não fossem dominados pela máquina burocrática tendo em sua estrutura o Instituto Nacional de Artes Plásticas Inap o de música INM e o folclore O Serviço Nacional de Teatro já existente com autonomia política mas vinculado orçamentariamente à Funarte ganhou mais força A Funarte dirigida de 1976 a 1981 por Roberto Parreira que tinha sido gestor do PAC tinha sua política claramente formulada a cultura se liga à identidade nacional e à preservação de seus valores As raízes são vistas como questão de segurança nacional 1 Atuavase com uma equipe de ponta através do fomento às atividades culturais numa política de incentivo à produção e ao consumo como uma agência de financiamento Empírica num primeiro momento sua ação amadureceu e a partir de pesquisas e análises técnicas chegouse a uma política de prioridades e divisão de responsabilidades entre as áreas estaduais e municipais numa definição de políticas mais claras Passou a atuar em duas linhas a Financiando projetos próprios criando uma área editorial formando pessoal criando áreas de pesquisa documentação e divulgação b Apoiando projetos externos vindos de todo o país Em 1981 durante o governo Figueiredo a Secretaria de Assuntos Culturais do MEC foi transformada em Secretaria de Cultura com mais peso político e 87 institucional estabelecendo uma coordenação única das instituições culturais Dirigida por Aloísio Magalhães esta Secretaria estabelece dois campos operacionais a Uma vertente de produção com a Funarte a Embrafilme e a criação do Inacem com autonomia administrativa e financeira mas ligada à Funarte b Uma vertente patrimonial na qual a Fundação PróMemória absorve o Museu Nacional de Belas Artes o Museu Imperial o Museu VillaLobos e o Museu Histórico Nacional mais tarde a Fundação Biblioteca Nacional absorveu parte do Instituto Nacional do Livro extinto em março de 1990 A partir de 1982 com as primeiras eleições diretas para governos estaduais depois do golpe de 1964 a área cultural se viu fortalecida foram criadas secretarias estaduais de cultura desligadas das de educação Organizouse o Fórum Nacional dos Secretários Estaduais Alguns anos mais tarde em 1985 fruto de articulações deste Fórum veio a ser criado o Ministério da Cultura Assim de uma Secretaria de Cultura forte dentro do MEC com uma política claramente formulada foi criado um Ministério que não chegou a ter a mesma força e acabou defenestrado pelo governo Collor em 1990 que desmantelou brutalmente suas estruturas e demitiu grande parte de seus funcionários Ainda hoje sentimos as conseqüências deste desmantelamento no cotidiano da instituição Três estruturas antes autônomas e com perfis bastante consolidados Funarte Fundacen e Fundação do Cinema Nacional foram amontoadas dentro de um Instituto Brasileiro de Arte e Cultura o Ibac O esvaziamento causado levou a uma redistribuição de responsabilidades Com a saída de cena do governo federal os estados e municípios tiveram que de uma hora para a outra assumir sozinhos integralmente suas responsabilidades para com a cultura Com a escassez dos recursos públicos federais as esferas estaduais e municipais regidas por uma visão cada vez mais de resultados dos investimentos efetuados e pela pressão do marketing passaram a disputar espaço recursos e visibilidade e se dissociam cada vez mais radicalmente Programas e projetos eram gestados nos centros das burocracias federal estaduais e municipais que atuavam de forma desvinculada dissociada gerando ações paralelas 88 Como se vê política cultural no Brasil tem sido quase sempre conjuntural nunca estrutural imediatista visando a atender a demandas circunstanciais Não se trabalha para a consolidação e fortalecimento das instituições Esquece se que o objetivo destas é atender à demanda da população e acabase sucumbindo às pressões de grupos com interesses particulares fragmentados Um dos grandes desafios que a conjuntura atual nos apresenta é como abraçar este imenso Brasil com suas múltiplas facetas enormes desigualdades e diferenças culturais nos planos econômico e social Quando falamos em diferenças culturais nos referimos tanto à riqueza da diversidade quanto do abismo gerado pela desigualdade de oportunidades entre os diversos grupos sociais neste país tão heterogêneo Vivemos num país em que convivem uma elite que discute os caminhos da pósmodernidade e uma imensa população que ainda não tem equacionadas suas questões básicas de sobrevivência como comida saneamento e saúde É claro que isto não é novo e historicamente sempre foi o cerne da questão Este conflito ocorreu historicamente num contexto de enorme instabilidade institucional que sempre caracterizou nosso país São exemplos expressivos dessa instabilidade uma seqüência de eventos como a revolução de 1930 a de 32 o golpe de Estado de 37 a reconstitucionalização do país em 45 a crise de 54 que culminou com o suicídio de Vargas a renúncia de Jânio o golpe de 64 dezessete atos institucionais que modificaram profundamente as constituições de 46 e 67 e sete planos de estabilização econômica só para citar alguns exemplos macrohistóricos Assim podemos notar que grande parte do séc XX foi marcado por constantes rupturas que não poucas vezes nos alienou de nossa memória em campos fundamentais para o desenvolvimento nacional e nos afastou do eixo da questão Neste contexto quantas ações foram iniciadas e abortadas sem que suas virtudes tenham sido mais bem exploradas Programas e projetos foram e continuam sendo sempre marcados por esta descontinuidade pela carência de uma reflexão mais profunda a cada mudança Pretendese reinventar a roda a cada gestão seja por desconhecimento das experiências bemsucedidas anteriores seja pelo desejo de alguns governantes em deixar marcadas suas impressões digitais em suas ações 89 Como primeiro passo no sentido de restaurarmos a arteeducação dentro das ações da Funarte buscamos conhecer os projetos que já tinham sido concebidos e desenvolvidos ao longo de sua história para evitar que mais uma vez reproduzíssemos estes velhos e condenáveis vícios de gestão A questão da educação vinha sendo trabalhada na Funarte desde seus primeiros anos Tendo como princípio a educação do indivíduo através da arte e da cultura como matériaprima da educação foram implantados três projetos o Projeto Universitário em 1977 os apoios aos festivais de arte e o projeto fazendo artes em 1980 O Projeto Universitário apoiava a extensão cultural da universidade partia do reconhecimento desta como espaço próprio para uma reflexão sobre a cultura brasileira e visava à integração com a comunidade O apoio aos festivais de arte buscava transformar o caráter de evento dos festivais através de ações que deixassem raízes nas comunidades Em 1980 a Funarte criava como uma alternativa à Educação Artística instituída como disciplina obrigatória nos currículos pela Lei 569271 o Fazendo Artes para apoiar experiências em arteeducação que pudessem trazer subsídios a professores e educadores Trabalhando as diferentes possibilidades de arte na educação privilegiouse o espaço informal propício à experimentação e à atividade livre da criança e do professor dando prioridade a crianças que estavam fora da escola ou com dificuldades de aprendizagem e adaptação O primeiro passo foi fazer um levantamento em termos nacionais desses trabalhos para posterior seleção e apoio Concomitantemente também foram realizados encontros seminários congressos promovendo a discussão e divulgação de experiências e propostas Em 1981 a Secretaria de Cultura do MEC com a participação de todos os órgãos que compunham sua estrutura elaborou o documento Diretrizes para a operacionalização da Política Cultural do MEC Este documento apontava para a necessidade de um sistema de ações descentralizadas que compreendessem e beneficiassem a produção do bem cultural e a proteção do bem patrimonial O mecanismo fundamental proposto era a articulação dos níveis municipais estaduais e federal através de efetiva interação de instituições oficiais entidades privadas e representantes do fazer e do pensamento das comunidades descentralizando ações através de um sistema de comunicação entre os diferentes contextos culturais existentes no Brasil 90 Apontava também para a necessidade de interdisciplinaridade o reconhecimento da pluralidade cultural a valorização dos bens culturais ainda não consagrados e a proteção do produto cultural brasileiro Um documento intitulado A Funarte diante das Diretrizes levantava várias questões que estiveram presentes na atuação da instituição durante todos esses anos E afirmava Enquanto a escola e a universidade não assumirem sua função de espaço cultural fundamental dentro da sociedade enquanto a arte se mantiver alijada da formação de novas gerações pouco se poderá avançar na democratização do universo da arte no país Em 1981 outro projeto é proposto por Aloísio Magalhães Interação entre educação básica e os diferentes contextos culturais existentes no país uma linha programática que com recursos do FNDE incentivava ações destinadas a proporcionar à comunidade meios de participação em todos os níveis de processo educacional de modo a garantir que a apreensão de outros conteúdos culturais se faça a partir dos valores próprios da comunidade A comunidade participava do planejamento execução e avaliação do projeto a escola integrada com a comunidade participava das ações propostas procurando incorporar ao seu currículo o contexto cultural específico ao qual se inseria Mais de 200 projetos ocorreram e foram acompanhados por técnicos de diversas áreas em todo o país Interação teve duração de 1981 a 1985 e constituiuse em uma das experiências de ponta da SECMEC Mas com sua extinção e a criação do MinC em 1985 colocaramse novas exigências de pertencimento institucional de realinhamento político de captação e aplicação de recursos abrindo acentuando um quadro de crises no Projeto doc Interaçãocinco anosavaliação e perspectivas Lúcia Yunes Lygia Segala e Paulo Roberto Abrantes Pouco depois o projeto foi interrompido Nesta época tinha acabado de ser criada uma Coordenação de Educação na Funarte que teve curta existência Perdeu fôlego dentro do bojo da mudança institucional provocada pela criação do Ministério da Cultura Os recursos diminuíram paralelamente a uma indefinição filosófica entre ocupar um papel de agência financiadora ou executora de projetos O repasse de verbas diretamente para as secretarias estaduais implantado pelo MinC e a decisão de transferir o trabalho desenvolvido com as universidades para o MEC entre outras decisões promoveram um esvaziamento da Funarte com a perda 91 de sua autonomia e deslegitimização de sua prática Perdeuse a capacidade de estar na vanguarda Com a criação das leis de incentivo recursos privados substituíram recursos orçamentários confirmando a retirada do Estado dos subsídios Se a proposta inicial da criação do Ministério baseavase na expectativa de ampliação de recursos deuse na verdade o contrário parcos orçamentos desgaste e perda de prestígio Como tinha profetizado Aloísio Magalhães tínhamos agora um Ministério fraco ao invés de uma secretaria outrora forte No vácuo aberto pelo governo federal e alimentado pelas leis de incentivo emergiram novos perfis culturais que aliavam espaço e financiamento Nasceram sucessivamente ao longo dos anos os centros culturais do Banco do Brasil da Caixa o Instituto Cultural Itaú o Instituto Moreira Salles entre outros No início do governo Collor extinguiuse o Ministério da Cultura que foi transformado novamente em uma secretaria Período de triste lembrança Com Fernando Henrique Cardoso a ação do governo federal através da Lei de Incentivo à Cultura acabou por transferir o poder de definir as políticas púbicas antes prerrogativa do governo para os departamentos de marketing das empresas A escolha do que teria incentivo passou a obedecer exclusivamente a critérios dessas empresas o que é antes de mais nada espantoso pois afinal a renúncia fiscal nada mais é que dinheiro público E distorção maior hoje as próprias instituições públicas passaram a buscar recompor sua capacidade de se manter como agências executoras através destes mesmos recursos disputandoos no mercado com os produtores culturais independentes Não é um belo quadro Urge que revertamos esta situação retomando nosso papel original Antes de qualquer coisa procedendo à modernização do setor público tornando o mais ágil para que possa atender ao ritmo dinâmico da sociedade articulando as diversas instâncias estimulando experiências inovadoras mas antes de tudo exercendo o seu papel na defesa dos produtos culturais nãocomerciais garantindo as manifestações culturais em sua diversidade e a preservação da memória nacional Parafraseando Paulo Freire a cultura não transforma o mundo Transforma as pessoas As pessoas é que transformam o mundo 92 Referências BOTELHO I Romance de Formação Funarte e política cultural 19761990 Rio de Janeiro Edições Casa de Rui Barbosa 2001 FUNARTE Legislação Básica da Funarte Rio de Janeiro sd Documento de Ação Rio de Janeiro 1983 Interação Educação Básica contexto cultural cinco anos de projeto avaliação e perspectivas Rio de Janeiro 1986 Boletim Fazendo Artes Vários números Documentos Internos Relatórios de atividades Vários MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA O Programa de Ação Cultural PAC em 1973 Política Nacional de Cultura Brasília 1975 Diretrizes para a operacionalização da política cultural do MEC Brasília 1981 Interação entre educação básica e os diferentes contextos culturais existentes no país Brasília 1981 Interação entre educação básica e os diferentes contextos culturais existentes no país Orientação para o encaminhamento de propostas para 1983 Brasília 1982 93 3 Educação Física e Cultural na Escola Pública Carlos Alberto Ribeiro de Xavier Resumo No presente texto o autor procura fazer um pequeno histórico da evolução institucional do Ministério da Educação da sua fundação em 1930 aos nossos dias especialmente no que diz respeito ao tratamento dado a conteúdos do processo educativo os quais apesar de fundamentais nem sempre são assim considerados educação física o ensino das artes a formação cultural e todas as atividades complementares necessárias ao desenvolvimento da criança e a formação do jovem para fazêlo cidadão responsável e participativo Palavraschave Educação Física ArteEducação Atividades Complementares Cultura Primeiras Palavras Inicialmente gostaria de salientar que não falo aqui como especialista em arteeducação nem mesmo falo como professor mas sim como funcionário público federal por trinta anos desempenhando diversos cargos e funções na órbita da educação cultura e meio ambiente Por essa condição e também pelo privilégio da permanência na alta direção da Administração Pública Federal em setores tão importantes meu texto traz um testemunho sobre o papel desempenhado pelo setor público a respeito do tema deste Congresso Como ensina Celso Furtado terceiro Ministro da Cultura no Brasil devemos analisar a questão cultural por três ângulos o relativo ao arcabouço jurídico de que dispomos Constituição Federal e Leis e Decretos específicos o aparato institucional que montamos o conjunto de organizações do Estado que tratam da matéria e por Carlos Alberto Ribeiro de Xavier é assessor especial do Ministro da Educação Foi Diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro MMA do IPHAN MinC Secretário de Cooperação Internacional e Chefe de Gabinete do Ministro da Cultura e do Gabinete do Ministro da Educação em várias gestões carlosxaviermecgovbr 94 fim a organização da sociedade o conjunto de entidades de interesse público não estatais criadas pelos cidadãos Tendo isso em conta informo também que não vou falar apenas da educação cultural ou do ensino de arte vou fazer um breve histórico da evolução institucional do Ministério da Educação MEC desde a sua fundação em 1930 até os dias atuais especialmente no que diz respeito ao tratamento dado a certos conteúdos do processo educativo os quais apesar de essenciais nem sempre são assim considerados a educação física o ensino de artes a formação cultural e todas as atividades complementares necessárias ao desenvolvimento da criança e do jovem para fazêlo cidadão responsável e participativo Introdução Onze dias após a tomada do poder pela Revolução de 1930 o Governo Provisório de Getúlio Vargas criou o Ministério da Educação e Saúde Pública nomeando o doutor Francisco Campos o primeiro titular desta Pasta Antes do surgimento do Ministério a educação era tarefa afeta ao Departamento de Instrução Pública Correios e Telégrafos do Ministério da Justiça e Negócios Interiores Em 1934 em meio ao processo constituinte Gustavo Capanema foi nomeado ministro e dois anos e meio depois em 1937 conduziu uma ampla reforma do Ministério incluindo todos os assuntos ligados à Cultura à Educação Física à Ciência e à Pesquisa na Universidade em uma nova estrutura o Ministério da Educação e Saúde denominação persistente até 1953 quando surgiram o Ministério da Saúde o Ministério da Educação e Cultura fixandose a sigla MEC que se conserva até hoje Vale lembrar ainda que a reforma proposta e implementada por Gustavo Capanema em 1937 deu a conformação institucional que vigora até os nossos dias mesmo que aqui ou ali como em São Paulo onde o estado assumiu integralmente as tarefas da educação inclusive o Ensino Superior com a criação da USP em 1934 Hoje as atividades antes desenvolvidas pelo Ministério de Capanema estão subdivididas entre seis Ministérios Saúde Meio Ambiente Cultura Educação Esportes Ciência e Tecnologia e com a crescente descentralização e autonomia dos sistemas educacionais o modelo federal tende a se reproduzir Com a criação da ONU e dos organismos a ela vinculados como OMS Unesco OIT entre outros vários países criaram instituições homólogas ou análogas ou foram 95 se adaptando aos novos tempos do pósguerra Assim é que foram criados um organismo autônomo nãoestatal denominado Ibecc Instituto Brasileiro de Educação Ciência e Cultura para articular a sociedade nacional em torno da Educação Ciência e Cultura Essa mesma preocupação apareceu nas Américas com o sistema da OEA e na Iberoamérica com o sistema OEI organismo do qual o Brasil voltou a fazer parte em 2002 Mas o Brasil já vinha pioneiramente implantando as bases da educação nacional um poderoso Ministério inclusive com a inauguração do prédio de sua sede que é hoje marco mundial indiscutível da arquitetura moderna no Rio de Janeiro Nós todos funcionários do Ministério da Educação e Cultura o MEC somos herdeiros do exemplo deixado pelo grupo de pessoas que o ministro Gustavo Capanema conseguiu reunir em torno de um projeto auxiliares e colaborares do porte de Carlos Drummond de Andrade ou Mário de Andrade de um Anísio Teixeira e um inventor de cinema brasileiro Humberto Mauro que como um Chaplin caboclo era autor produtor diretor montador de dezenas de filmes educativos além de clássicos longas metragens patrimônio cultural dos mais importantes Capanema reuniu desde um padreinspetor do ensino médio chamado D Helder Câmara a um maestro brilhante como Villa Lobos que conseguia reger milhares de vozes para cantar o Brasil jovens arquitetos como Oscar Niemeyer Lucio Costa a Jorge Moreira a Carlos Leão a Afonso Reidy e Hernani Vasconcelos artistas como Bruno Giorgi Roberto Burle Marx e Cândido Portinari Celso Antônio Adriana Janacópulus e Lipchitz que construíram no Brasil país periférico um prédio dentro das mais modernas linhas arquitetônicas da vanguarda mundial um marco da modernidade no Rio de Janeiro em um tempo em que como disse Lucio Costa a Europa e o mundo estavam envolvidos em um conflito que destruía com a guerra milhares de vidas e importante patrimônio cultural da humanidade Também devemos nos lembrar de Rodrigo de Melo Franco de Andrade que soube erguer solidamente com pedra e cal as robustas bases do Iphan que vem prestando enorme serviço à nação há várias décadas e de tantas outras pessoas professores e diretores de escolas e de faculdades de todo o Brasil ou simples funcionários como eu próprio que emprestam todo seu vigor inteligência e anônima labuta gente que dedicava e dedica até a morte todo amor que é capaz de sentir para quê Tudo isso por um patrimônio imaterial a idéia de um Brasil possível um Brasil melhor para todos Oscar Niemeyer considera o período Capanema tão ou mais importante do que a Semana de Arte Moderna em São Paulo pelos efeitos duradouros que causou 96 Recomendou a exposição A construção do Moderno instalada no segundo andar do Palácio Capanema como bem ilustrativa do que representa essa construção para o Brasil e tem essa mesma indicação a exposição sobre a história do Ministério da Educação montada na sede do MEC em Brasília Assim na esteira do desenvolvimento do MEC surgiram no início dos anos 1950 o CNPq Conselho Nacional de Pesquisa hoje vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia e a Campanha de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior depois Capes Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior hoje uma Fundação ainda vinculada ao Ministério da Educação em 1953 com a autonomia dada à área da Saúde com a criação do novo Ministério consolidou se o Ministério da Educação e Cultura A evolução do MEC Até a mudança da capital e do Ministério da Educação para Brasília em 1960 desenvolveuse no Brasil um sistema educacional centralizado que se pretendeu modelar seguido em todos os estados e municípios do país onde existia a oferta do ensino primário de quatro anos mas o MEC estabelecia os currículos mínimos e conteúdos programáticos a serem seguidos pelas escolas em todos os níveis de ensino Notese bem que naquela altura a população do Brasil era em sua maioria do meio rural havendo apenas cerca de 15 milhões de pessoas nas cidades e mais de 70 do restante da população estava nas pequenas localidades do interior ou mesmo no campo Nas capitais e em outras cidades a educação era tida como de boa qualidade mas atendia a apenas cerca de metade da população urbana e uma pequena parcela do restante Com a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB em 1961 cujo projeto havia sido apresentado ao Congresso em 1947 esperavase que depois de 14 anos de discussão a norma pudesse durar algum tempo Mas não logo surgiram propostas de alteração e novas leis e emendas foi criado o Salário Educação e o FNDE o Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação junto com uma série de mudanças a partir de 1964 a mudança do antigo sistema de ensino primário e secundário primeiro e segundo graus de ensino e criado o Ensino Fundamental de oito anos mais os três anos do nível médio como temos hoje a Educação Básica No início dos anos 1970 portanto a LDB já não era a mesma 97 Até a promulgação da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional editada em 1996 o sistema educacional brasileiro foi sendo gradativamente descentralizado ganhando força os sistemas estaduais e municipais de ensino público além do vigoroso crescimento do sistema privado de educação principalmente do ensino médio e superior em que a oferta de ensino público não conseguia atender com qualidade a demanda da sociedade Nesse novo período do Ministério da Educação no primeiro os trinta anos no Rio e no segundo 14 em Brasília a evolução da área cultural dentro da instituição experimentou seu melhor momento em dois períodos do governo Figueiredo sob a inspirada liderança de Aloísio Magalhães na chefia da poderosa Secretaria de Assuntos Culturais do MEC São dessa época os melhores exemplos de programação integrada com a cultura e com as comunidades locais como foi o projeto Interação da educação básica com os diversos contextos culturais do país que procurava pioneiramente adequar a educação pública às diferenças culturais e características regionais do país Antes de ser encarada apenas como um problema de desigualdade econômica e social essas diferenças são também a rica diversidade cultural do Brasil O artista plástico Aloísio Magalhães havia usado sua criatividade ambulante para criar um inovador e interessante sistema administrativo denominado SPHAN prómemória dentro da rígida Administração Pública da época conseguindo fazer com que o poder de polícia da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Sphan tivesse um braço executivo ágil para implementar suas ações e ainda se encarregar de outras a Fundação Nacional PróMemória que funcionou com uma estrutura administrativa matricial para execução de projetos e programas da área cultural inclusive usando recursos privados das empresas tão eficiente como nunca se viu sucedâneo mesmo após a criação do Minc e do surgimento das Leis de Incentivo à Cultura1 Nessa época o Sphanprómemória já havia incluído os bens de valor arqueológico Lei 3924 de 1961 e passara a se preocupar em proteger e promover todas as manifestações culturais de importância sob o ponto de vista antropológico sociológico as manifestações da arte popular e dos fazeres culturais locais Mais de duzentos projetos foram desenvolvidos pela Secretaria da Cultura do MEC antes do surgimento do Ministério da Cultura 1 Sobre trajetória de Aloísio Magalhães na Secretaria de Cultura do MEC ver o livro E Triunfo editado pelo IPHAN 98 Esses projetos eram os mais variados Escola Nova do Ylê Ayê de Salvador a primeira experiência de valorização do patrimônio cultural afrobrasileiro o Projeto Seringueiro Cooperativa Escola Educação de Adultos e Saúde para os Seringueiros de Xapuri no Acre de onde saíram várias lideranças dentre elas a ministra Marina Silva as pioneiras experiências de educação diferenciada nos remanescentes de quilombos A Escola Indígena Experimental dos Ticuna onde se experimentou ensinar em primeiro lugar na língua da aldeia para depois introduzir o português Hoje é a política para todas as populações indígenas Desse mesmo tipo de programa cultural nas escolas que o MEC chegou a desenvolver entre 1979 e 1984 vários projetos e ações eram financiadas pelo FNDE pela FAE ou por alguma das 11 instituições culturais vinculadas ao MEC que iriam se transferir mais tarde para o Minc Em 1982 foi realizado o I Encontro Nacional de Seringueiros na Universidade de Brasília propondo teses e valorizando propostas que mais tarde seriam abraçadas por Chico Mendes Uma dessas teses a da Territorialidade dos Seringais era a base de todo o movimento que fez surgir as Reservas Extrativistas hoje institucionalizadas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação Poderia citar dezenas de outras interessantes iniciativas mas fico com algumas como o Projeto de Fortalecimento e Difusão da Cultura Amapaense o Projeto Arte Cênicas Uma proposta de Interação também em Macapá com o Inacen Projeto Música e Culturas Regionais em Manaus e outras cidades com o Instituto Nacional de Música da Funarte Projeto Escola Aberta do Calabar em Salvador Projeto Espaço Cultural Cinematográfico em diversas capitais do país com a Embrafilme Projeto Fotografia sem Câmera com a Funarte em Olinda e outras cidades Projeto Mamulengo Uma proposta de Interação EscolaComunidade com o Inacen em Tracunhaém Olinda Projeto olhar dos pequenos para mim Projeto Tempero Projeto Chegança Projeto Penha todos no Rio de Janeiro com o Inacen Projeto Criança e Cinema de Animação em Curitiba com a Embrafilme Projeto literatura Infantojuvenil da Escola Básica em todo o país com o INL Projeto Boi Aruá com a Embrafilme em todo o país Projeto de Longa Metragem na Educação Básica também com a Embrafilme Enfim o que quero mostrar com esse pequeno rol de ações e projetos é a riqueza de articulações que havia na época em que a Educação e a Cultura estavam sob o mesmo comando Não vemos mais as instituições vinculadas à Cultura produzindo materiais para o público das escolas como se fazia antes se buscando a formação de novos públicos junto à comunidade escolar professores funcionários alunos e a família dos alunos 99 Em 1985 depois de amplo debate nacional liderado pelo Secretário de Cultura de Minas Gerais no curto período de governo mineiro de Tancredo Neves e na euforia dos movimentos populares das Diretas Já propunhase a criação do Ministério da Cultura contrariando outra corrente inspirada na incontestável liderança de Aloísio Magalhães que preferia uma forte Secretaria de Assuntos Culturais vinculada ao MEC a um Ministério novo e fraco O governo Sarney surgiu com a novidade da criação do Ministério da Cultura permanecendo o Desporto no MEC porém já sem a força que tivera a educação física em outros tempos Também o que se chamava educação artística foi perdendo espaço até quase desaparecer As práticas de algumas modalidades esportivas e as competições esportivas interescolares que vinham substituindo um projeto pedagógico integral ficaram cada vez mais escassas as atividades dos alunos fora da sala de aula como as visitas a museus foram perdendo espaço para uma série de novas atividades descontinuadas e assistemáticas oferecidas aleatoriamente às escolas ao sabor das incontáveis mudanças de direção de rumo das políticas adotadas de estruturas e orientações administrativas incompatíveis com um projeto pedagógico moderno e participativo Houve também um período em que havia uma farta distribuição de materiais educativos complementares e cartilhas diversas sobre os mais variados temas que não podiam ser adequadamente tratados em sala de aula por falta de habilitação dos professores ou mesmo por falta de espaço no calendário escolar Não havia como incluir no Calendário Escolar cada vez mais apertado para conduzir as crianças e jovens ao mundo da Língua Portuguesa da Matemática das Ciências da Geografia e da História em tão pouco tempo Não foi possível ainda manter uma boa formação de professores capaz de atender a crescente demanda na quantidade e qualidade exigidas Não se trata de fazer aqui uma avaliação sobre os ganhos advindos com o surgimento do Ministério da Cultura que é positiva sem dúvida mas de fazer algumas considerações sobre a deficiência ou mesmo ausência de cooperação ampla e consistente entre os dois ministérios nestes últimos 19 anos Partindo da hipótese de que a educação ficou empobrecida sem os aportes da cultura no cotidiano escolar e de que a cultura perdeu o sentido de sua função no governo se distanciando do sistema educacional poderia afirmar por exemplo que os sistemas de museus e de bibliotecas existem em função da educação e não simplesmente como local de guarda de acervos ou de produção científica ou artística voltados para seu público tradicional e seu próprio desenvolvimento como se fossem instituições isoladas 100 Cultura e esporte nas escolas O que se constata facilmente ao longo dos anos é que o Ministério da Educação vem perdendo substância em sua ação conteúdos em suas políticas e efetividade na execução de seus programas educacionais isso devido não apenas às sucessivas mudanças em sua denominação e reestruturações administrativas que se observa Mesmo depois da criação do Ministério da Cultura em 1985 o Ministério da Educação permaneceu com denominação de 1953 sobrevieram o Ministério da Educação e do Desporto até 1994 e hoje Ministério da Educação mantendose porém a tradicional sigla MEC Deixou também de existir em 1995 a Secretaria de Esporte Educacional SeedMEC transferida primeiro para uma Secretaria Extraordinária e depois para um Ministério Extraordinário depois para o Ministério do Turismo e Esporte e agora para o Ministério do Esporte Atualmente com a criação do Ministério do Esporte além da antiga Secretaria deuse também a transferência dos funcionários e dos programas orçamentários que cobrem despesas e investimentos com materiais e infraestrutura esportiva permanecendo com o MEC e sob a égide do Conselho Nacional de Educação as competências técnicas diretrizes e parâmetros curriculares para todos os níveis e modalidades de ensino inclusive evidentemente para Educação Física2 Por outro lado desde a criação do Ministério da Cultura a função governamental e os programas orçamentários incluindose aí os projetos e as atividades e campanhas de incentivo à leitura programas para o livro bibliotecas públicas e acervos bibliográficos a política nacional de museus dos acervos arquivísticos e do patrimônio histórico e artístico nacional hoje são vinculadas ao MinC enquanto os sistemas educacionais públicos municipais estaduais e do Distrito Federal vinculamse ao MEC sem que se verifique na prática desses últimos anos uma cooperação que garanta a otimização dos recursos públicos aplicados nesses setores Os esforços para integração de políticas e programas de educação física e cultural não resultaram Continuaram os dois novos ministérios executando políticas 2 Sobre este histórico de atividades de educação física e cultural consultar o documento Considerações preliminares sobre a assinatura de Termo de Cooperação entre o Ministério da Educação e o Ministério da Cultura e o Relatório Final do Projeto Esporte e Cultura nas Escolas Acordo BrasilUnesco MEC julho de 2004 101 paralelas verificandose duplicidade de ações em áreas como a do livro e da leitura dentre outras Houve avanço sim na área da pósgraduação com a criação na Capes do programa Apartes destinado a atender a demanda de cursos de pósgraduação da clientela artística e cultural que agora estão sendo ampliados Não há muito mais a relatar Educação e meio ambiente Educação Ambiental é um tema que tem outro histórico na Educação pois se trata de um conteúdo novo que chegou ao Ministério às Secretarias de Educação e às escolas por pressão da sociedade Da primeira Conferência Mundial de Desenvolvimento e Meio Ambiente realizada em 1972 em Estocolmo à ECO92 realizada no Rio de Janeiro observou se uma mudança radical na postura do governo em relação ao assunto Se na primeira reunião a delegação brasileira foi defender o progresso e o desenvolvimento da indústria nacional defendendo a fumaça como sinal de progresso na segunda o Brasil patrocinou sua realização trazendo dezenas de Chefes de Estado e de Governo ao Rio de Janeiro para defender o oposto Nessa época já durante a gestão do presidente Itamar Franco foi criado o primeiro núcleo de Educação Ambiental do MEC no gabinete do ministro da Educação que desenvolveu um importante trabalho de base em todas as secretarias do MEC fazendo surgir a semente de uma nova mentalidade para a questão ambiental na educação Posteriormente surgiu a Coordenação de Educação Ambiental da Secretaria de Educação Fundamental na Secretaria Executiva e hoje da Secad Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade É preciso lembrar que para chegarmos ao estágio atual com a Educação Ambiental colocada nos Parâmetros Curriculares Nacionais como tema transversal e interdisciplinar em todos os níveis e modalidades de ensino percorremos um longo caminho em 1981 surgiram o Conselho Nacional do Meio Ambiente Conama a lei que estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente e o Sistema Nacional de Meio Ambiente em vigor até hoje Também surgiu e se consolidou o Direito Ambiental a partir da Lei dos Direitos Difusos do Cidadão editada em 1984 fazendo valer as ações de defesa conservação proteção e recuperação do patrimônio cultural incluídas as áreas ecológicas de interesse relevante 102 Para se ter uma idéia do envolvimento já antigo da sociedade com a questão ambiental a partir da década de 1970 basta citar que a publicação do primeiro Cadastro de Organizações NãoGovernamentais voltadas para a defesa do meio ambiente em 1983 já contava mais de 2000 entidades Hoje essas organizações do terceiro setor são um importante braço executivo e principal parceiro dos governos especialmente no caso aqui tratado da educação ambiental nãoformal Estão em vigor o Decreto nº 4281 de 25 de junho de 2002 regulamentando a Lei nº 9795 de 27 de abril de 1999 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências As normas legais estabelecem claramente os critérios e os papéis do Ministério da Educação e o do Meio Ambiente para cumprirem e fazerem cumprir as funções governamentais de Educação Ambiental formal e nãoformal Criaram inclusive um Comitê Gestor para a Educação Ambiental composto por representantes dos dois ministérios encarregado do planejamento assessoramento e gestão dos projetos nessa área Os tempos mais recentes Mais uma vez principalmente pela eficiente ação de Darcy Ribeiro voltam se os pensamentos para os pioneiros da educação como Anísio Teixeira Lourenço Filho Paulo Freire A proposta de Escolas Parque que chegou a ser instituída em Brasília não permaneceu e nem se repetiu pelo país afora como se pretendia Estamos sempre em busca de um modelo ou melhor de uma equação que permita estender o tempo de permanência na escola e preencher o calendário com as indispensáveis atividades culturais no sentido mais amplo do termo No primeiro governo de Leonel Brizola no Rio de Janeiro em 1983 surgiu a inovadora experiência com os Centros Integrados de Educação Pública Cieps foram construídas 400 dessas Escolas No começo do governo Collor em 1990 surgiram os Centros Integrados de Atenção à Criança Ciacs lamentavelmente sem a menor consistência como projeto educativo e sem qualquer projeto pedagógico Posteriormente seguindo o que emanava do recémpromulgado Estatuto da Criança e do Adolescente ECA agosto de 1990 surgiram os Centros de Atenção Integral à Criança Caic que foram construídos no Brasil de 1992 a 1994 O que se pretendia era a atenção integral à criança e ao adolescente Em todas essas experiências além de resgatar as teses dos pioneiros da educação caminhavase no sentido da ampliação dos temas culturais nos programas pedagógicos dessas escolas e principalmente na ampliação do tempo de permanência das crianças nas escolas 103 Entretanto poucas dessas escolas chegaram a funcionar efetivamente como centros de educação integral com atividades didáticas esportivas culturais ou de lazer durante todo o dia Hoje são poucos os sistemas educativos que oferecem ensino em tempo integral e com programação completa Com a aprovação das diretrizes e parâmetros curriculares para todos os níveis e modalidades do ensino básico e com a concentração de esforços na formação e complementação de estudos dos professores para melhorar o aproveitamento dos estudantes nas disciplinas tradicionais a educação artística a educação física e as atividades didáticas relativas ao temas transversais aqueles que buscam a formação do cidadão consciente e participativo ficaram em segundo plano As experiências de enriquecimento das atividades escolares dentro e fora dos turnos freqüentados pelos alunos não são sistematizadas acontecem de forma aleatória eventual e depende quase sempre da existência de programas complementares patrocinados por empresas privadas ou apoiados por organizações nãogovernamentais que atuam em um universo muito reduzido considerado o tamanho dos sistemas estaduais e municipais de educação que atendem a quase quarenta milhões de alunos com mais de dois milhões de professores atuando em cerca de 180 mil escolas Essas experiências não acontecem todas sob a coordenação do Ministério da Educação outro órgão da administração pública federal pois os sistemas estaduais e municipais são autônomos a administração dos recursos financeiros está hoje descentralizada quase que completamente como o programa da alimentação escolar do livro didático além dos repasses financeiros do Fundep pelo qual a União repassa recursos financeiros para os estados e municípios que tenham recursos insuficientes para cumprir a legislação que estabelece pisos salariais de professores e patamares de investimentos mínimos em educação de acordo com os números de alunos matriculados A experiência de funcionamento de vários ministérios que deveriam trabalhar de forma coordenada em função da educação pública mostra o desenvolvimento de programas autônomos não integrados Portanto não são muitas as experiências de trabalho conjunto a relatar Com o Ministério dos Esportes antes atuando junto com o Turismo aconteceram apenas algumas competições esportivas interescolares com o patrocínio da iniciativa privada e não foram realizados em todos os anos Com o Ministério da Ciência e Tecnologia ressaltase o programa de bolsas de pesquisa destinado a professores e alunos de graduação e pós 104 graduação no 3º grau Além disso o MCT patrocina alguns programas como Jovem Cientista dentre outros Com o Ministério da Cultura MEC financia o programa Proler destinado a desenvolver o hábito da leitura em parceria com a Biblioteca Nacional entretanto os programas de compra de acervos para as Bibliotecas Públicas no Minc e das Bibliotecas das Escolas ou do Professor no MEC e as campanhas publicitárias de incentivo à leitura dos dois ministérios são independentes e sem articulação Só agora surge o programa Fome de Livro que depois de realizar cerca de 100 reuniões em todo o Brasil está consolidando um Plano Nacional do Livro e da Leitura envolvendo 11 ministérios e várias empresas estatais A programação da TV Escola que está no ar desde 1996 inclui alguns programas culturais mas também de forma não sistemática aleatória A programação levada ao ar é de boa qualidade algumas campanhas foram muito bem executadas mas são poucas as experiências e grande é o potencial deste veículo a imagem da TV Escola chega a cerca de 70 mil escolas as maiores e atinge um universo de mais da metade do alunado e do professorado Os bons exemplos de programação cultural levada às escolas públicas do país foram aqueles apresentados e patrocinados por empresas privadas como os concursos de frases e de redação os programas de distribuição de livros de literatura nas escolas os programas que trataram de educação para o trânsito direitos humanos educação ambiental educação para a saúde combate às drogas pluralidade cultural programas que buscam a valorização do cidadão e do patrimônio cultural do Brasil dentre outros Todos esses programas ou projetospiloto patrocinados por empresas privadas ou executados por organizações nãogovernamentais contaram quase sempre com os benefícios da Lei Rouanet ou outras leis de incentivo à cultura por serem consideradas atividades culturais e portanto não representam efetivamente gastos para as empresas mas investimento pois o retorno em termos de imagem institucional é altamente compensador como sabemos A descentralização dos sistemas educacionais permitiu que os estados e os municípios pudessem construir os seus próprios currículos e até mesmo que cada escola possa hoje preparar o seu próprio projeto pedagógico respeitando as peculiaridades culturais do lugar e vindo ao encontro do que preconizava a pioneira programação da Secretaria de Assuntos Culturais do MEC no começo dos anos 105 1980 O problema é que isso não acontece apesar de ser absolutamente possível e recomendável pela legislação atual Para não falar da afinidade com o Ministério da Saúde objeto de um projeto de cooperação que está sendo tratado à parte é urgente a conjugação de esforços do Ministério da Educação com as áreas da Cultura dos Esportes do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia procurando desenvolver a cooperação e o intercâmbio com vistas a uma programação conjunta e de forma a incorporar todos os aportes desejáveis para o enriquecimento e melhoria da qualidade da educação oferecida nas escolas públicas de todo o país Como foi retomado o processo de planejamento governamental com o PPA 20042007 mesmo que de uma forma incipiente temos condições de conhecer os projetos e ações de cada um dos ministérios e podemos articular os diversos programas Depois de várias reuniões nesses primeiros dois anos de governo estamos trabalhando por um programa comum de atividades entre os ministérios afins As áreas exploradas nas reuniões havidas entre técnicos do Ministério da Educação e do Ministério da Cultura para o estabelecimento de uma cooperação ampla e efetiva são as seguintes a Museus Existem vários museus cerca de 30 vinculados às universidades e outras instituições da esfera do MEC e dentre eles o mais importante sem dúvida é o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro Existe já uma pauta extensa a ser trabalhada que inclui uma reunião de seis ministros do Meio Ambiente da Ciência e Tecnologia da Cultura da Educação do Esporte e do Turismo realizada em outubro de 2003 no Palácio Capanema no Rio de Janeiro Pelo Decreto 5264 foi criado o Sistema Brasileiro de Museus que disporá de um Comitê Gestor com a participação do MEC b 2o Tempo Dentro do programa que vem sendo executado em cooperação com o Ministério do Esporte esperase agregar atividades artísticas culturais e de lazer nos horários alternados ao turno que os alunos das escolas públicas freqüentam c TV Escola Depois de entendimentos havidos entre o MEC o MinC e o Iphan estão sendo encaminhados três sugestões para a produção de vídeos para a TV Escola roteiros sugeridos pelo programa MonumentaBID do MinC e o aproveitamento das experiências bem sucedidas de preservação e divulgação do patrimônio cultural reconhecidas pelo Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade e outros textos escolhidos de roteiros d Escolas Técnicas Foi apresentada a demanda de cursos técnicos de nível médio para as áreas culturais carentes em diversas regiões do país 106 e Livro e Leitura Ficou evidente a urgente necessidade de articulação dos dois ministérios na produção de programas e campanhas de incentivo à leitura e de compra de acervos para as Bibliotecas Públicas Estaduais Municipais Universitárias Escolares dentre outras de forma a otimizar a utilização de recursos do orçamento ou incentivados O programa Fome de Livro está sendo preparado e deve se constituir no Plano Nacional do Livro da Leitura e da Biblioteca a ser anunciado brevemente f Departamento de Artes das Universidades Registrase mais uma vez certa nostalgia dos tempos em que os campi das universidades eram verdadeiros centros culturais com a promoção de atividades de dança música teatro festivais de cinema O Ministério da Cultura acredita que pode encontrar patrocinadores para a implantação de cinemas comerciais nos campi para atrair a comunidade universitária e fazer das universidades um pólo irradiador de cultura g Programas da Capes para a área cultural A experiência do programa Apartes e Virtuose da Capes e do MinC estão sendo revistos e ampliados para incluir a área do patrimônio e outras de interesse h Símbolos Nacionais Abandonadas há muito tempo as atividades cívicas nas escolas deixaram de ser promovidas Há necessidade de revisão da legislação que trata do assunto Lei 54001971 e de distribuição de materiais às escolas para a reintrodução dessas atividades no calendário escolar i Linguagem audiovisual nas Escolas Existe um anseio muito grande dos cineastas de introdução da linguagem audiovisual nas escolas de forma mais intensiva mas não se adiantou ainda na estratégia eou formas de inserção do aprendizado pelas imagens no currículo escolar Foi realizado um Seminário Nacional em Belo Horizonte e esperase que a Secretaria do AudiovisualMinC conclua o programa que pretende lançar em cooperação com o MEC 107 4 Políticas Públicas e o Ensino da Arte Francisco Potiguara Cavalcante Junior Inicialmente gostaria de agradecer o convite para participar do XV Confaeb Trajetória Políticas de Ensino da Arte no Brasil com a responsabilidade de refletir com os arteeducadores sobre algumas questões relacionadas a Políticas Públicas e o Ensino da Arte Falando do lugar de quem pela condição imposta pelo exercício da função de dirigente público procura democraticamente desenvolver políticas e ações para a consolidação da Escola Pública Republicana capaz de produzir corações e mentes repletos de alegria paixão e espírito crítico em milhões de meninos e meninas alunos das Escolas Públicas de Educação Básica espalhadas por todos os cantos do Brasil Um céu de estrelas escrito com caneta Bic num papel de pão Zeca Baleiro em Boi de Haxixe CD Vô Imbolá Sempre que ouço esta música do Zeca e em particular os versos aqui citados penso na escola brasileira nos nossos padrões de qualidade no que se ensina nas condições materiais de trabalho pois não tenho dúvida muitos alunos das escolas de Educação Básica ainda usam o papel de pão e outros recursos que a criatividade lhes permite como insumo pedagógico Triste realidade de um país com um dos maiores índices de desigualdade social do planeta que se reflete de maneira contundente nas instituições sociais em especial na escola pública brasileira Os versos graças à sensibilidade do artista tocam o céu de estrelas desenhados no papel de pão com toda a simbologia e significado Penso na escola que possa desenvolver a capacidade de sonhar que leve nossos alunos a observar o céu o futuro A escola em que os alunos risquem e rabisquem o céu Com certeza uma boa escola No caminho de ser um espaço de constituição de valores universais como a liberdade o direito à participação o direito de ser gente de desenvolver todas as potencialidades do ser humano Uma escola que ensine para a vida plena e consciente competente na transposição do conhecimento e na preparação básica para o trabalho Mas acima de tudo uma Escola do Prazer de Aprender da esperança uma escola para se viver e conviver em sociedade A escola dos homens e mulheres do amanhã CoordenadorGeral de Política do Ensino Médio Ministério da Educação Secretaria de Educação BásicaDepartamento de Política do Ensino Médio 108 A constituição da escola republicana passa necessariamente por um processo histórico de afirmação de modelos gerenciais de financiamento e de currículo Desde há muito educadores e governantes de muitos matizes políticos e ideológicos vêm contribuindo no desenvolvimento de concepção ou concepções de organização política e pedagógica da escola brasileira Alguns consensos possíveis já existem e estão explicitados nas leis que regem a Educação Nacional e em publicações que oficiais ou não definem os eixos norteadores de uma prática docente competente e emancipadora como bem demonstram os princípios norteadores da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional I igualdade de condições para o acesso e permanência na escola II liberdade de aprender ensinar pesquisar e divulgar a cultura o pensamento a arte e o saber III pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas IV respeito à liberdade e apreço à tolerância V coexistência de instituições públicas e privadas de ensino VI gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais VII valorização do profissional da educação escolar VIII gestão democrática do ensino público na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino IX garantia de padrão de qualidade X valorização da experiência extraescolar XI vinculação entre a educação escolar o trabalho e as práticas sociais A normatização desses princípios tem concretizado avanços na oferta e implementação da Educação Básica que expressam o resultado das lutas históricas pela democratização do ensino E o ensino da arte De que forma a dimensão da cultura incorporada ao currículo escolar pode gerar movimentos capazes de induzir mudanças significativas na formação de professores e alunos Faz sentido ensinar arte Como e em que condições devemos trabalhar o ensino da arte nas escolas Quando comecei a refletir sobre o tema Políticas Públicas e o Ensino da Arte logo vieram do passado sons imagens e conteúdos do tempo em que lecionei História da Arte para alunos do então 2o grau que buscavam habilitação pela formação do Curso Técnico de Turismo Na ausência de professor de artes entra o professor de História com o desafio de desenvolver competências e habilidades numa área a princípio distante da sua formação inicial Por intuição comprei um livro e assim como tantos outros professores a partir dele fiz o planejamento do ano letivo O livro História da Arte de Gombrich 109 Muitas janelas se abriram conhecer a história das artes plásticas no ocidente e dividir este novo conhecimento com os meus alunos foi uma experiência enriquecedora Era o que minha história de vida permitia fazer em uma organização escolar sem coordenação sem planejamento e satisfeita pelo fato de naquele momento preencher a grade curricular No papel todas as disciplinas tinham professores Dessa experiência retomo um conceito de arte de Gombrich Nada existe realmente a que se possa dar o nome de arte Existem somente artistas Outrora eram homens que apanhavam um punhado de terra colorida e com ela modelavam toscamente as formas de um bisão na parede de uma caverna hoje alguns compram suas tintas e desenham cartazes para os tapumes eles faziam e fazem muitas outras coisas Não prejudica ninguém dar o nome de arte a todas essas atividades desde que se conserve em mente que tal palavra pode significar coisas muito diversas em tempos e lugares diferentes e que arte com A maiúscuo não existe A esse conceito acrescento outros dois O primeiro da professora doutora Graziela Feldmann Uma das formas de percebermos a existência do homem no mundo é por meio da arte A arte está presente no mundo desde que o homem se fez homem A arte como parte essencial da experiência humana nos mostra como o ser humano mediante a imaginação visão de homem de mundo de experiências sentimentos conhecimento dá forma às suas idéias e produz cria cultura cria arte Em seguida uma reflexão de Hegel Arte é o meio entre a insuficiente existência objetiva e a representação puramente interior ela nos fornece os objetos mesmos mas tirados do interior Limita nosso interesse à abstrata aparência que apresenta a um olhar puramente contemplativo 110 E é com a percepção desses três autores que ouso refletir com vocês sobre o ensino de artes nas escolas brasileiras Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio estabelecem como objetivo do ensino da arte o seguinte Capacitar os estudantes a humanizaremse melhor como cidadãos inteligentes sensíveis estéticos reflexivos criativos e responsáveis no coletivo por melhores qualidades culturais na vida dos grupos e das cidades com ética e respeito pela diversidade O Relatório Jacques Delors Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI propõe que o processo de escolarização seja desenvolvido a partir de quatro pilares básicos aprender a apreender aprender a fazer aprender a conviver e aprender a ser Pilares a partir dos quais educadores de todo o mundo civilizado defendem a reestruturação da Educação Pública fazendo com que o conhecimento neste século transformese no instrumento fundamental a base sobre a qual as nações se inserem ou não no conjunto das relações internacionais O principal capital o bem mais precioso Essa percepção inclina as forças políticas a investir como nunca na formação das pessoas Há uma preocupação global com o desenvolvimento de políticasações que elevem os níveis de formação em todos os países do planeta Uma onda positiva que deve ser surfada tendo como objetivo a consolidação da Educação Básica garantindo as possibilidades de que todos os nossos jovens desenvolvam seus estudos e avancem na direção da universidade ou do mundo profissional Educação Básica capaz de viabilizar conhecimentos que permitam ao jovem desenvolver as competências e habilidades necessárias para uma inserção qualificada no mercado de trabalho e acima de tudo uma educação básica que prepare para a vida em sociedade formando cidadãos Para Delors à educação cabe fornecer de algum modo os meios de um mundo complexo e constantemente agitado e ao mesmo tempo a bússola que permita navegar através dele É desta Educação Básica que estamos falando De processos formativos que dêem significado ao conhecimento acumulado pela humanidade que permitam aos jovens aprender e enriquecer os primeiros conhecimentos e se adaptar a um mundo em mudança Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio estabelecem como competências a serem desenvolvidas pelo ensino de arte 111 realizar e compreender produções artísticas apreciar e compreender produtos de arte analisar conhecer e compreender manifestações artísticas em sua diversidade históricocultural Em trecho das Orientações Curriculares do Ensino Médio produzido pelo Ministério da Educação os autores do artigo sobre a componente arte destacam que Além do objetivo mais imediato de fazer com que os alunos consigam criar expressar e comunicar idéias artísticas e estéticas pelo estudo investigação e prática é fundamental conferir ao ensino da arte a possibilidade de propiciar ao educando um nível de qualificação que o habilite a entender os sistemas sígnicos que constituem a produção a apreciação e a contextualização dos conceitos da área Percebese claramente o que se espera do ensino da arte na formação básica de adolescentes e adultos que estão nas escolas de Ensino Médio educar os estudantes para a cidadania impregnada de sensibilidade A arte como expressão de humanidade ideal que consolide valores éticos o respeito à diversidade ao trabalho coletivo à criação e ao espírito crítico A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seu art 36 destaca a importância da compreensão do sentido da arte pelos alunos Sem dúvida alguma precisamos investir na consolidação dos espaços necessários para o bom desenvolvimento das práticas que permitam o acesso a todas as dimensões da cultura pelos estudantes do Ensino Médio Uma excelente formação geral é precondição para que homens e mulheres possam ocupar plenamente seus espaços na sociedade Digo trabalhar exercer o papel político com autonomia desenvolver projeto de vida que inclua as dimensões pessoal e social Na escola o ensino da arte entre outras áreas do conhecimento tem esse potencial que é vital para uma Educação Emancipadora desenvolver em todos nós os sentidos da vida Manter acesa a capacidade de sonhar e projetar o futuro Como Que passos podemos dar na direção da Escola Republicana que ainda não temos Que ações os gestores devem promover para o pleno desenvolvimento das artes nas Escolas de Ensino Médio 112 O Relatório da Unesco sobre a educação para o século XXI o Relatório Jacques Delors indica três áreas de intervenção prioritárias para as políticas públicas comprometidas com a superação do atual quadro da educação em todo o mundo gestão das escolas concepção e elaboração de programas e seus aspectos conexos currículo melhoria das competências dos professores Tarefa difícil mas não impossível é desenvolver estratégias capazes de garantir no diaadia dos sistemas e das escolas ações que possibilitem a expansão do sentido de arte nos processos de gerenciamento e de ensinoaprendizagem Precisamos com a máxima urgência estruturar alguns cenários nos quais a direção da escola por meio de processos de gestão participativa promova a abertura de espaços alternativos que viabilizem as condições físicas para o trabalho artístico uma escola com sala de teatro de música de artes plásticas um espaço de múltiplos usos para o desenvolvimento de todo o potencial de habilidades artísticas Finalmente uma formação inicial e continuada que permita a todos os educadores o acesso ao patrimônio cultural e artístico produzido pela humanidade Vamos à luta Referências ABBAGNANO N Dicionário de Filosofia São Paulo Martins Fontes 2000 BRASIL Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica Orientações Curriculares do Ensino Médio Brasília MEC 2004 DELORS J Educação um tesouro a descobrir relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI 6 ed São Paulo Brasília CortezUnescoMEC 2001 FELDMANN MG Formação de Professores e o Ensino de Arte na Escola Brasileira Palestra proferida no 2º Fórum de Educadores São Paulo 06 de outubro de 2004 Disponível em httpwwwmackenziecombrposgraduaçãocont strictoeducahcforumeducadoreshtm Acesso em 08102004 GOMBRICH EH História da Arte Rio de Janeiro Guanabara 1993 113 Professora de Educação Artística e História da Arte na Universidade do Norte do Texas chandauntedu Ensino da Arte em Contextos de Comunidade Mediadora Leda Guimarães 1 Educação Artística a Serviço da Comunidade perspectiva histórica dos africanos e da diáspora Jacqueline Chanda Resumo Este artigo analisa a educação artística como uma intervenção direta no desenvolvimento cultural da comunidade fazendo um breve exame de como a arte africana tem sido usada no passado e no presente como veículo para manter o controle social elaborar conceitos históricos e disseminar valores educacionais Discute primeiramente alguns exemplos de objetos de arte africana em sociedades tradicionais como instrumento de controle social preservação 114 da memória histórica e educação focalizando em seguida como conceitos parecidos se manifestam em sociedades urbanas contemporâneas analisando um exemplo mais atual na forma de um fenômeno chamado SetSetal que ocorreu no Senegal entre 1989 e 1992 Palavraschave Comunidade Arte Educação Arte Africana A educação artística comunitária tornouse um tema candente nos últimos anos No contexto americano é considerada geralmente como um acréscimo ou alternativa aos programas de arte em escolas públicas ou privadas O objetivo dos programas de arte comunitária é oferecer às crianças oportunidades adicionais ou especiais para vivenciar a feitura da arte Com freqüência esses programas procuram também atender às necessidades sociais das crianças Muitas vezes esses programas são adotados porque os programas de arte nas escolas públicas e privadas não dispõem de recursos suficientes ou porque simplesmente não existem O que é educação artística comunitária O dicionário define comunidade como um grupo unificado de indivíduos pessoas que partilham um interesse comum e habitam uma mesma área a comunidade Segundo várias definições comunidade se refere a um local onde vivem pessoas com interesses e características comuns Outra definição aponta para propriedade comum ou participação Ao associarmos educação artística e comunidade criamos a expressão educação artística comunitária O que queremos dizer com isso Esse fenômeno é geralmente definido como um processo criativo baseado na cooperação entre um artista profissional e uma comunidade ou na colaboração de artistas com a comunidade com o objetivo de abordar certos tópicos acordados como expressão de identidade relação ou propósito É importante como um processo de desenvolvimento comunitário como meio de estabelecer uma conexão dos artistas com a comunidade de incentivar a participação nas artes e de demonstrar a relevância das artes para a vida cotidiana Todas essas definições contêm a noção de um artista como o cerne dessa combinação Outras definições porém indicam que a educação artística comunitária se refere à feitura da arte com a participação direta das pessoas que partilham o processo criativo produzindo assim sua própria arte Embora essas definições ofereçam uma perspectiva interessante quando olhamos para as tradições originárias da África notamos que a arte estava a serviço da comunidade de que 115 fazia parte integrante e que era portanto ligeiramente diferente do conceito de arte comunitária no mundo ocidental No contexto africano o termo comunidade se referia mais a uma localidade onde em alguns casos as pessoas eram ligadas de alguma forma pela consangüinidade ou casamento e em outros casos pela ocupação E quando comunidade é associada à educação artística a definição aponta mais claramente para uma intervenção direta da comunidade em seu próprio desenvolvimento cultural e futuro Essa definição põe em relevo o propósito da arte na comunidade em resumo como a comunidade cria e utiliza a arte para intervir no seu próprio bemestar cultural e social e no dos indivíduos Essa noção se aplica não apenas ao contexto tradicional da arte africana mas também ao contexto atual da arte em muitas comunidades africanas rurais e urbanas Este artigo explora essa noção de intervenção direta da arte no desenvolvimento cultural do próprio indivíduo passando em revista alguns exemplos africanos tradicionais e mais especificamente o movimento chamado SetSetal que ocorreu no Senegal entre 1989 e 1992 SetSetal é uma expressão da língua wolof e significa purificar Set significa puro e setal significa tornar puro A redundância da expressão puro e purificar reflete uma preocupação com a pureza física e moral O que torna esse fenômeno recente tão interessante é o fato de que as questões relacionadas com a pureza física e moral sempre tiveram um lugar central no uso da arte em comunidades tradicionais africanas Culturas africanas tradicionais Em muitas culturas africanas a arte sempre teve uma intervenção direta no desenvolvimento cultural e futuro da comunidade Os objetos de arte eram utilizados para controle social e para manter as normas sociais reforçar conceitos históricos educar os jovens e assegurar uma existência pacífica Às vezes essa intervenção era facilitada por máscaras estátuas ou outros objetos estéticos Em algumas sociedades danças com máscaras por exemplo eram executadas com o fim de purificar a comunidade de forças negativas indesejáveis Em outras os objetos eram criados para instruir e socializar as pessoas com relação a valores e conceitos importantes para a comunidade A arte africana tradicional portanto fazia parte integral da vida e das comunidades de muitos povos africanos Os kweles do Gabão do Congo e de Camarões por exemplo acreditavam que as mortes inexplicáveis a varíola e outras ameaças misteriosas contra o bemestar da comunidade eram causadas pela feitiçaria O antídoto para a feitiçaria era o ritual beete que incluía a cerimônia da máscara eluk 116 CHANDA 1993 Essa cerimônia se realizava a intervalos regulares mas principalmente quando algum evento grave ocorria como a doença de um dignitário uma caçada infrutífera um ataque contra a aldeia etc A palavra eluk se refere aos espíritos protetores da floresta A finalidade da máscara era unir a comunidade numa interação harmoniosa contra forças negativas As máscaras kwele eram esculpidas em muitos estilos mas todas tinham algumas características básicas comuns caras em forma de coração pintadas de branco utilizando pigmentos de terra com os olhos em forma de fenda estreita O pigmento branco simboliza luz e claridade duas armas essenciais na luta contra a feitiçaria É obtido de caulim e deriva sua força mágica do fato de ter sido guardado juntamente com crânios poderosos de familiares mortos preservados em relicários Esses crânios eram guardados em cestos decorados com cabeças esculpidas de madeira e colocados atrás da cama do chefe de família DESCHAMPS 1962 Estando assim próximos os ancestrais podiam aconselhar o chefe de família em sonhos e desvendar o futuro Esse poder era mobilizado contra as forças negativas da feitiçaria capazes de destruir a saúde e a harmonia de uma aldeia Muitos objetos de arte eram no contexto africano tradicional dispositivos mnemônicos objetos usados para ajudar as pessoas a se lembrarem de idéias conceitos e eventos históricos Os lubas por exemplo utilizavam o lukasa como um auxílio para a memória Nesse objeto do século XVIII ou XIX o desenho formado por contas e alfinetes na superfície e os sulcos e saliências lembram importantes fatos míticos ou históricos Esses desenhos sulcos e saliências funcionam como ideogramas que são lidos A leitura depende da ocasião em que o objeto é utilizado e essa leitura é pública O objeto é como um texto que registra conhecimentos e serve de documento para a história a ideologia e a cultura BIEBUYCK HERREMAN 1999 Os indivíduos que os lêem fazem parte da associação Mbudye São treinados rigorosamente e são conhecidos como homens de memória Eles aprendem a variada iconografia referencial O conhecimento dessa iconografia estimula a memória Por exemplo As contas coloridas se referem a heróis específicos da cultura e aos principais protagonistas do mito luba As fileiras de contas se referem a viagens estradas e migrações Uma conta grande rodeada por um círculo de contas menores se refere a um chefe cercado de seus dignitários O alfinete de ferro se refere ao rei em cuja honra a prancha foi feita e os desenhos talhados encerram em código segredos reais BIEBUYCK HERREMAN p 285 117 A prancha é dividida em duas partes uma das quais representa os aspectos masculinos e a outra os aspectos femininos Essa divisão permite a leitura das genealogias Além de utilizar objetos para controle social e para documentar a história as culturas africanas têm uma longa tradição de uso de objetos de arte como meios pedagógicos Esses meios eram geralmente apresentados durante os ciclos de iniciação ou de atos comunitários relacionados com funerais ou diversão social Os pende da República Democrática do Congo por exemplo produzem uma refinada máscara de madeira metade preta e metade branca com traços distorcidos relacionados com doença ou paralisia facial Essa máscara demonstra como até mesmo o membro mais considerado e correto da comunidade como um caçador pode inesperadamente ser atingido por uma doença causada por feitiçaria caso ele tenha falhas morais O propósito da máscara portanto é ensinar o público pende a respeito das recompensas de uma boa conduta e os perigos a que estão sujeitos aqueles que têm falhas morais Tradicionalmente a máscara era usada na cerimônia mbuya de máscaras como parte da iniciação de meninos Agora são usadas predominantemente para o entretenimento de visitantes estrangeiros Também aparecem quando um novo chefe é designado durante a construção da casa de um chefe e no fim da safra PERANI SMITH 1998 A máscara preta e branca é conhecida como a máscara de palhaço e sua finalidade é questionar os valores estabelecidos Segundo Perani e Smith num contexto de entretenimento a máscara de palhaço comenta e critica as mudanças socioeconômicas ocasionadas pelo colonialismo e pela independência p 271 Do rural para o urbano À primeira vista pode parecer que o processo de arte comunitária que servia como instrumento de desenvolvimento cultural e de continuidade tenha sofrido erosão por causa do surgimento e desenvolvimento de áreas urbanas em toda a África No entanto a arte continua a ser usada como meio para comentar e criticar as mudanças socioeconômicas relacionadas com o colonialismo e a independência tanto na zona rural como em áreas urbanas Há porém diferenças marcantes na maneira como a comunidade pode ser definida Como foi mencionado a comunidade rural era baseada em indivíduos ligados por consangüinidade ou ocupação Diferentemente da maioria das zonas rurais as áreas urbanas se definem por grupos heterogêneos de pessoas pertencentes a diferentes grupos étnicos e de diferente procedência A comunidade tal como existia num sentido tradicional não é mais viável num meio urbano Pessoas vindas de diferentes zonas rurais 118 convergem nas grandes cidades em busca de melhores condições de vida emprego educação etc Infelizmente encontram apenas alienação De acordo com Diouf 2001 os centros urbanos concentram principalmente os jovens nascidos após a independência Vêm em busca de oportunidades mas encontram alienação e marginalização pois não se enquadram na cultura do meio urbano Em geral uma comunidade heterogênea não parece ser o lugar mais adequado para um discurso coletivo visto que segundo Repetti 2001 a proximidade forçada de grupos culturalmente heterogêneos incentiva a fragmentação do mbookk a família polígama ampliada e o enfraquecimento de suas funções de apoio além de impor a modificação das relações sociais tradicionais p 11 No Senegal porém jovens estudantes e desempregados se juntaram no final da década de 1980 e fundaram um movimento social chamado SetSetal Algumas pessoas dizem que o movimento foi instigado pelo ritmo sincopado do superastro do mundo musical Youssou NDour que escrevia e cantava canções a respeito de pureza dignidade e retidão ROBERTS e ROBERTS 2002 Suas canções foram lançadas em um momento em que havia tensões entre a juventude urbana e o governo senegalês por causa da falta de emprego e do colapso dos serviços públicos básicos ROBERTS e ROBERTS 2002 p 58 Essa juventude marginalizada porém não se lançou às ruas em agitações Pôsse antes a restaurar os logradouros públicos embelezandoos recolhendo lixo e pintando as paredes com ícones da cultura popular e de santos sufistas1 Além disso o propósito do movimento expresso na palavra set na língua wolof que significa puro era limpar as ruas restaurar pintar e substituir monumentos coloniais e dar novos nomes aos locais alienados Outro propósito do movimento era romper com o discurso histórico que fora perpetuado pela geração nacionalista DIOUF 1992 A fim de ajudar os jovens marginalizados a encontrar seu lugar em comunidades ou quartiers heterogêneos inúmeras organizações associativas como as sociedades de auxílio mútuo e associações islâmicas forneceram respaldo e criaram um espaço de apoio e assistência mútuos mediante discurso cooperação prática e solidariedade recíprocos Essas associações reuniam pessoas com laços familiares e ligadas por causa de etnia religião ou negócios REPETTI 2001 A argamassa que unia cada um desses quartiers não era apenas elementos sociais mas também suas memórias idiossincráticas que contribuíam para as várias identidades sociais que davam àqueles jovens senegaleses uma sensação de pertencer O elemento de coesão que unia os membros dos quartiers era as histórias que a comunidade produzia Essas histórias dão origem a uma consciência comunitária Ainda segundo Repetti o acervo de tradições orais é partilhado pelos residentes de um distrito 1 Os sufis são muçulmanos que representam uma vertente mística do Islã muçulmanos que buscam uma experiência direta de Alá 119 e é virtualmente desconhecido fora dos limites daquele distrito p 2 As histórias servem de impulso para trocar o nome dos espaços alienados Um distrito ou quartier por exemplo mudou o seu nome de HLM 6 para HML ângulo Mouss ou canto do gato por causa de uma história em que um gato entra em uma casa e se transforma em uma feiticeira e Patte doie Pé de ganso substituiu a designação oficial das zonas HLM indicadas por número HLM 1 HLM 2 etc Repetti acrescenta que essa expressão de identidade por meio da camaradagem constitui uma base social da produção artística urbana que era emblemática do movimento SetSetal Embora possa parecer pelos relatos publicados que os jovens decidiram empreender essa atividade sem a ajuda de órgãos governamentais o fato é que ainda segundo Repetti a Municipalidade de Dakar confiou a implementação do SetSetal a associações e artistas locais A campanha decorativa de educação social recebeu subsídios para ornamentar com murais áreas da cidade p 9 O movimento SetSetal do final da década de 1980 contou com milhares de jovens senegaleses que foram mobilizados para limpar locais onde o lixo e a sujeira evidenciavam a negligência do governo de Dakar No esforço de limpeza combatiam também a corrupção a prostituição e a delinqüência causadas por um governo ineficiente Os murais que abordavam três tópicos principais saneamento ecologia e história podem ser considerados como meios pedagógicos destinados a estabelecer certa forma de controle social Em certas comunidades eles atuam como dispositivos que criam ou revivem a história Os que tratam de saneamento focalizam questões relacionadas com HIVAids vacinação e o combate contra a diarréia A maioria desses contém textos para esclarecer as mensagens educativas Por exemplo um que se refere à diarréia exibe a frase Comment on attrappe la Diarrhée Como se contrai a diarréia A ilustração mostra em forma de narrativa que se defecarem e brincarem no mesmo local as crianças irão sofrer diarréia Todo ano um grande número de crianças morre desse mal por isso a campanha para informar os cidadãos sobre o assunto é de crucial importância A preocupação com a ecologia é ilustrada por um mural que admoesta Ne coupez pas les arbres Não corte as árvores A África está sofrendo seriamente com o desmatamento À medida que os madeireiros e fazendeiros limpam terrenos para a agricultura perdese a cobertura vegetal expondo as áreas à erosão e ao escoamento dos minerais e nutrientes empobrecendo o solo Na África Ocidental esse problema é gravíssimo pois 90 das matas já foram derrubados Além da perda de minerais e nutrientes o desmatamento causa mudanças climáticas Dos murais com temas históricos 117 aproximadamente tratam de religião e outros contêm referências políticas DIOUF 1992 Essas referências são mais 120 internacionais do que locais mostram não somente figuras históricas da época colonial mas também aquelas que parecem ter mais relevância para a juventude de hoje Entre as figuras políticas internacionais se incluem Nelson Mandela Malcom X e Che Guevara Outras afirmações políticas são feitas por meio da representação simbólica de fábulas senegalescogambianas que falam da raposa e do coelho e do cabrito e da hiena Num mural o cabrito e a hiena que são inimigos em fábulas tradicionais tornamse amigos e jogam futebol com o leão um símbolo da paz REPETTI 2001 Os murais religiosos se concentram em sua maioria na representação de Ahmadou Bamba um santo marabuto Tratase de um sufi2 nascido em 1853 Era um pacifista que empunhava a pena em vez de revólver Ele atingiu a santidade realizando milagres como orar sobre as águas sossegar um leão famélico e escapar das ciladas cruéis de seus captores franceses As representações de Bamba predominam nos quartiers majoritariamente muçulmanos Esses murais servem não somente para ornamentar ou embelezar a cidade mas também para contar a história e falar do poder de Bamba Os mourides3 levam uma imagem de Bamba à testa ou beijam os murais para receber sua bênção ROBERTS e ROBERTS 2002 p 55 Embora o Islã proíba a representação de seres humanos a imagem visual é nesse contexto usada como veículo de intercessão Um dos principais responsáveis pela criação dos murais relacionados com o movimento SetSetal era um jovem grafiteiro chamado Pape Samb mais conhecido por Papisto Boy Órfão chegou a Dakar aos dez anos Tinha vivido numa comunidade de pescadores espremida entre pátios de fábricas e um parque industrial chamado Belaire Ele pinta murais como um ato de devoção ao Caminho Mouride3 Artista autodidata é mais conhecido pelo mural de mais de duzentos metros de comprimento nas paredes de uma fábrica de Belaire O mural retrata Nelson Mandela Jimi Hendrix Malcom X e outras figuras conhecidas Papisto Boy diz que se inspira em sonhos e que sua mão é guiada pelo santo Depois de Amadu Bamba o retratado que mais aparece é Bob Marley considerado um mensageiro que inspirou Papisto por intermédio da música Diferentemente do que acontece com outros murais Papisto vem trabalhando no seu mural das paredes sórdidas da fábrica há trinta anos de modo que se trata de uma obra em andamento Há pinturas sobre pinturas que não são completamente cobertas Às vezes ele enxerga algo escondido em um retrato ou 2 O sufismo cristalizou sua forma atual no século XVII A vereda do amor como a religião échamada é um caminho que facilita a união pessoal e direta com o Divino Amado Por meio dessa união aquele que busca fortalecido pela disciplina e pela graça vive a experiência da essência do amor e sabedoria divinos no mundo e atinge a consciência da Realidade Única 3 Seguidores do mouridismo um movimento islâmico contemporâneo inspirado pelo sufi pacifista poeta e santo Amadou Bamba 121 em uma cena e pinta essa visão O retrato de Che Guevara é um perfeito exemplo disso Certa manhã enquanto ele estava parado diante do retrato do político Abdoulaye Wade p 3 da oposição o olhar fixo nele o retrato de Che se revelou a ele e Papisto Boy o pintou Conclusão Como vimos a arte em sociedades africanas continua a exercer controle social manter os padrões sociais reforçar conceitos históricos e educar as massas Ao passo que antes a arte era usada para controlar forças imprevisíveis no contexto urbano de hoje no Senegal ela é usada para transformar espaços marginalizados em espaços imaginários criados pelo desejo de controlar um meio ambiente negligenciado pelo governo de Dakar Esse controle assumiu a forma de murais que recriam a história produzem memórias compartilhadas e instruem a comunidade a respeito de questões sociais Infelizmente ao contrário dos objetos de arte tradicional cujo uso e função eram reforçados por uma comunidade homogênea esses murais são efêmeros e frágeis diante da ação do tempo e da poluição e por isso alguns já começam a se apagar Referências CHANDA J African Art and Culture Davis Worcester Massachusetts 1993 DESCHAMPS H Traditions et Archives au Gabon Paris BergerLevrault 1962 DIOUF M Citoyennetes et recompositions identitaires dans les villes Ouest Africaines Citizens and recomposition of identify in West African cities Sahel 21 2001 DIOUF M Fresques murales et écriture de lhistoire Le SetSetal à Dakar Politique Africaine 46 4154 1992 PERANI J SMITH F The visual arts of Africa gender power and life cycle rituals New Jersey Prentice Hall 1998 122 BIEBUYCK D HERREMAN F Central Africa In PHILIPS T Ed Africa The Art of a Continent New York Prestel 1999 REPETTI M Marking Dakar A Topography of the Imaginary Spring Translated by Deidre Kantz Xcp Streetnotes 2001 wwwxcpbfnorg call4workhtml ROBERTS A ROBERTS M A Saint in the city Sufi arts of urban Senegal African Art 354 5273 2002 Papisto Boy African art 322 7279 2000 2 Componentes da Ação Comunitáriacomo Fontes Pedagógicas Vesta A H Daniel Nesta palestra defendo a idéia de que a vinculação da aprendizagem a contextos e processos comunitários é uma forma de identificar aquilo que sabemos de onde veio nosso conhecimento e como esse conhecimento contribui para o êxito da educação institucional Ademais as interrelações entre as instituições formais e os espaços comunitários conducentes a um ensino e a uma aprendizagem viáveis são capazes de incentivar uma intensa atividade educacional Serão aqui sugeridos componentes pedagógicos específicos baseados na comunidade que não se limitam à educação artística como forma de vincular professores membros da comunidade e alunos mediante a prática educacional A ação comunitária é um comportamento ou atividade cuja origem e realização se encontram na autodeterminação de um grupo que se define como comunidade Fazse necessária a cooperação de várias identidades para identificar buscar e atingir seus objetivos coletivos DANIEL 1999 Doutora em Educação Departamento de Educação Artística da Universidade Estadual de Ohio Columbus Ohio EUA 123 Meu trabalho no ensino superior inclui o preparo de estudantes de uma universidade do MeioOeste dos Estados Unidos para se tornarem arteeducadores Procuro incentivar os estudantes e aqueles que já estão em exercício a adotarem um conceito transformador da educação Um dos meus objetivos é leválos à experiência da educação artística baseada na comunidade e de seu potencial para identificar as correlações entre grupos díspares e a associarse à comunidade como uma fonte pedagógica Defino comunidade como sendo um aglomerado de pessoas unidas ou não pelo lugar ou localidade por circunstâncias semelhantes ou por sua história interesses compartilhados ou afinidades espirituais A vinculação a contextos comunitários permite identificar o que as pessoas sabem de onde lhes vem tal conhecimento e como esse conhecimento está ligado a uma educação institucional bemsucedida As fontes de conhecimento e as formas de adquirir conhecimento não podem se limitar a um cânone determinado pela presunção de uma classe média eurocêntrica e machista que se julga dona de um conhecimento superior e intérprete do pensamento Aqueles que estão à margem os membros de diversas comunidades os ativistas e defensores de causas cívicas e culturais podem ser fontes confiáveis de conhecimento relevante para uma prática educacional que leve em conta os comportamentos comunitários A consideração dos métodos comunitários de identificação e utilização do conhecimento é um aspecto da pedagogia baseada na comunidade Ela pode contribuir para que a educação seja mais estreitamente vinculada tanto aos professores como aos estudantes Pode também transformar a sociedade contribuindo para a consecução do ideal de igualdade O local e uma educação consciente do local Um dos elementos que definem meu pensamento sobre a importância da comunidade para a educação procede das teorias sobre local e educação consciente do local Um dos argumentos dessas teorias é que as localidades ou os lugares têm importância pedagógica por serem os contextos mais amplos de vida dos quais a educação faz parte GRUENEWALD 2003 HOOKS 1994 HOVEY 2004 Gruenewald 2003 conclama os educadores e administradores a associar a experiência baseada no local à responsabilidade acadêmica Segundo ele Para que o local tenha significado para a escolaridade é preciso que a responsabilidade e o propósito sejam concebidos de modo a levar em conta o 124 valor do local como um contexto primário da experiência como uma via de autêntica participação democrática e como um legado vivo do envolvimento humano no mundo p 645 Além de ser uma fonte de conhecimento que influi na pedagogia a comunidade pode funcionar como um local ou lugar de resistência propiciando matéria e comportamentos que suscitam um diálogo crítico Isto é o status quo das práticas educacionais que dependem de uma interação unidirecional entre professor e aluno pode ser mudado mediante uma cooperação instrutiva que se realize numa multiplicidade de direções vozes e camadas Uma educação que prestigie o microcosmo social da educação baseada na comunidade prepara o estudante para o macrocosmo da comunidade mundial A participação de professores e alunos na experiência bidirecional de cada um como pessoas de lugares diferentes é outro aspecto da pedagogia baseada na comunidade Professores procedentes da cultura majoritária que talvez não se expressem como maioria numérica precisam eles próprios participar dessa experiência para que possam merecer confiança e ser eficientes em contextos cultural racial e etnicamente diferentes Em muitos casos precisarão aprender a interessarse profundamente pelo contexto pessoal de seus alunos a fim de elaborar e ministrar um conteúdo curricular atraente Alguns educadores na tentativa de fazer modificações num conteúdo curricular cultural e racialmente pobre enganoso ou simplesmente errado têm propiciado a seus alunos que se preparam para ser professores experiências baseadas na comunidade Os professores podem racionalizar alegando que apenas por se encontrarem em contextos comunitários ou lugares novos ou desconhecidos tais como centros de recreação centros culturais oficinas de artistas centros comunitários ou programas extracurriculares estarão preparados para ensinar nesses contextos Mas se professores e alunos não se conectarem com o etos práticas objetivos estratégias para a solução de problemas experiências e histórias que caracterizam a comunidade a experiência baseada na comunidade não passará de um exercício sem propósito 125 A comunidade como fonte de conhecimento prévio A experiência tanto dos professores como dos alunos é fonte de conhecimento prévio proveniente de algum tipo de conexão com a comunidade quer seja essa conexão rica inteiramente aprazível estimulante e nutriente quer seja ela distante e lamentável A utilização desse conhecimento prévio que poderá vir do lar ou da comunidade tem relação com o processo de educação SHAPIRO 2004 ao estudar o que é que os estudantes aprendem pela leitura de um texto concluiu que o conteúdo do conhecimento prévio pode afetar o grau de informação que os leitores extraem de um texto p 162 e que embora um conhecimento prévio preciso possa ajudar os leitores a extrair informação de um texto um conhecimento prévio inexato pode até mesmo interferir com o aprendizado p 163 Os estudos de Lipson de 1982 e 1983 citados por SHAPIRO 2004 alertam que é mais difícil corrigir um conhecimento prévio incorreto durante o processo de aprendizagem do que assimilar uma informação desconhecida Os professores e membros da comunidade que pelejam no sentido de corrigir conceitos errôneos baseados em preconceitos estereótipos medos infundados de pessoas culturas e comunidades desconhecidas esforçamse para corrigir um conhecimento prévio inexato SHAPIRO 2004 sugere que os professores capazes de identificar aquilo que os estudantes já sabem o conhecimento prévio que eles trazem consigo para a escola estão mais bem capacitados para identificar o que é que eles estão aprendendo na escola Além disso como sugere Freire 1973 é preciso que os professores se familiarizem com as vidas e realidades de seus alunos Precisam prestigiar o conhecimento que eles trazem consigo derivado do contexto de sua experiência como sendo do ponto de vista educacional matriz de relevância prazer emancipação e autonomia tanto para alunos como para professores O conhecimento que posso identificar como resultado de meu envolvimento com ações comunitárias permiteme identificar alguns dos objetivos que os grupos comunitários parecem compartir Exemplos aquisição da autosuficiência por meio de iniciativas comerciais aquisição e demonstração de autodeterminação política e cultural pelo esforço próprio iniciativas de melhoria ambiental e participação nelas exploração e compartilhamento de histórias filosofias e cosmologias pessoais como um aspecto importante da história coletiva 126 utilização da arte da estética pessoal e comunitária e do ensino de arte como instrumentos de transformação social celebração valorização e observação pública e privada de crenças e práticas pessoais e comunitárias importantes e concessão de voz aos semvoz À medida que fui me familiarizando com esses objetivos comecei a compreender que eles são formulados e moldados por experiências do passado e do presente como deve acontecer também com os objetivos da educação formal Parece também que para que os educadores possam propugnar por objetivos que sejam importantes e valiosos para alunos e professores é preciso que as características das ações comunitárias fiquem bem claras tanto para eles como para os estudantes A identificação de ações criativas e positivas da comunidade e a participação nessas ações poderão levar a uma pedagogia educacional esclarecida e fazer com que a epistemologia baseada na comunidade seja reconhecida e utilizada com proveito como conteúdo curricular Características da ação comunitária 1 Orientação do processo Esse aspecto da ação comunitária se refere à natureza da forma como a ação é realizada Uma característica do processo de ação comunitária é que ele talvez pareça desprovido de regras ou diretrizes claras Por exemplo os objetivos do processo que se seguem podem jamais ter sido enunciados ou considerados importantes já que isso poderia atrapalhar sua fluidez a os objetivos do processo devem ser claramente enunciados no início de cada procedimento e b cada parte dessa discussão deve durar apenas 15 minutos No entanto é possível que o processo tenha um sistema de operação e que seja voltado para um objetivo que pode ser a produção de um item material ou uma idéia a ser explorada e colocada em prática O processo poderá consistir numa série de ações que pode ou não ser formalizada O processo é a geratriz do produto Meus alunos já observaram que às vezes élhes difícil atenuar sua preocupação com um determinado produto como por exemplo a elaboração de um currículo ou a 127 organização de uma exposição de arte dos alunos Já pude notar porém que aqueles que educam a partir de uma base comunitária reconhecem e em geral nunca mais negligenciam a importância do processo na identificação e consecução dos objetivos que interessam a uma determinada comunidade 2 Aspecto dinâmico e evolutivo Visto que em geral as comunidades são internamente diversificadas seus membros demonstram diferentes estilos de participação e comunicação e diferentes noções do momento mais adequado para atuar Nesse sentido uma comunidade é como uma sala de aula com diferentes tipos de alunos Diferentemente de uma sala de aula porém em que o professor felizmente ou infelizmente pode muitas vezes dirigir a interação entre mestre e aluno a ação comunitária pode ser impulsionada por uma dinâmica a trancos de um movimento enérgico e vigoroso em direção a um objetivo Para a frustração de alguns esse movimento é suscetível de causar muitas alterações de orientação e estrutura a caminho de um objetivo Com freqüência a natureza de uma ação comunitária pode fazer com que o objetivo seja alcançado de maneira mais gradual mediante um processo evolutivo ou de descoberta que leva os membros da comunidade a um outro nível de conscientização Em outras palavras à medida que o processo evolui também evoluem o pensamento e a compreensão por parte dos membros da comunidade Uma pessoa que se situasse fora desse comportamento como observador esclarecido provavelmente notaria as descobertas específicas e os exemplos de conscientização entre os participantes do processo 3 Aspecto nãolinear provavelmente Definese como linear um processo que percorre uma linha reta e estreita em que os elementos sucedem uns aos outros de maneira ordeira e concatenada Da mesma forma que uma linha um processo pode ser um caminho ou uma trilha desprovido de largura e espessura Existem porém comunidades de aprendizes que devido a seus padrões culturais estilos de aprendizagem ambiente educacional ou pendores criativos utilizam caminhos alargados e multidimensionais para identificar e atingir seus objetivos Assim por exemplo no debate com vistas à elaboração de um plano para a construção de um playground comunitário talvez seja necessário reconstruir pela discussão os relatos históricos de eventos que são importantes para indivíduos e grupos no espaço comunitário em foco discorrer sobre experiências de amigos e parentes que talvez pareçam ter apenas uma relação muito distante com o assunto em pauta e que no entanto oferecem lições de vida do passado suscetíveis de ajudarnos em nossas decisões para o presente e o futuro 128 expor e valorizar afirmações ou fotografias de entes queridos e de heróis a fim de criar um clima de apoio mediante a homenagem aos ancestrais ou antepassados e estabelecer o motivo da presença de cada indivíduo e de sua participação na discussão O processo é nãolinear no sentido de que esses quatro elementos podem ser abordados na discussão em qualquer ordem na mesma ocasião ou em qualquer oportunidade Não se trata de confusão Os participantes compreendem que esse caminho ampliado é importante para a consecução dos objetivos porque é baseado na experiência e portanto relacionado com sua vida A participação num caminho com tal multiplicidade de camadas demonstra respeito pela importância das experiências coletivas que são fontes de informação importante e que refletem um conhecimento nascido da experiência 4 O processo funciona como matriz formadora alimentada pela interação de história filosofia tradição contexto e emoção Neste período pósmoderno e construtivista de nossa história estamos cônscios da interação das variáveis em nossas vidas que são suscetíveis de ajudar ou impedir a construção de um significado um conhecimento e uma compreensão pessoais É certo que o conceito de ação comunitária como método educacional precede as teorias do pósmodernismo e do construtivismo e temse evidenciado historicamente em comunidades pelo mundo afora A comunidade com que tenho maior familiaridade além da comunidade universitária americana é urbana e centrada na África Esse agrupamento que transcende gerações e gêneros inclui muitos setores da Diáspora Africana de que são exemplos embora não exclusivos os negros na África na América do Norte e na América do Sul na Europa e no Caribe e indivíduos que não são de ascendência africana A constituição de uma comunidade pode também transcender os diferentes níveis econômicos e educacionais podendo ser caracterizada pela proximidade geográfica sem a ela se limitar O sentido de experiência histórica e de fundamento filosófico partilhados produz tanto consonância como dissonância entre os membros de uma comunidade Entende se porém que nossa relação tradicional contextual e emocional com nossos filhos por exemplo age em harmonia com nossos diversos objetivos sociais estéticos e educacionais Estamos cientes de que nossas decisões não podem racionalmente ser separadas de nossas realidades contextuais e de que as ações comunitárias proativas são um componente fundamental da educação de crianças e adultos Acho que as escolas sabem disso também mas não sabem bem como agir nessa base 129 5 Uma forma de trabalho do espírito Uma volta pela livraria local provavelmente nos há de revelar um acervo de textos voltados para o cuidado e a alimentação do espírito O espírito pode ser considerado como a força invisível e intangível que anima os seres vivos talvez sem nosso consentimento ou aprovação A artista brasileira Regina Vater ao discorrer sobre a influência do legado africano no Brasil oferece uma explicação para o conceito de espírito A vibração de antigos saberes da África ainda reverbera em muitas coisas no Brasil em nossa espiritualidade sensorial em nossa conexão mágica com a vida na nossa resistência e paciência nas circunstâncias mais adversas em nossa teimosa esperança de melhores dias na espontânea conexão com a alegria no aguçado sentido de meiguice e generosidade do amor na liberdade e inventividade do corpo no admirável ouvido musical brasileiro e na flexibilidade e adaptabilidade diante do novo 1977 p 72 Notese que não estou me referindo à religião Trabalho do espírito aqui se refere à atividade que nos anima nos inspira a nós e a nossa comunidade e que nos traz máxima satisfação O trabalho do espírito está relacionado com a sugestão de Chandler 1997 segundo o qual o gênio artístico não é uma questão de gênero ou raça salvo se aquelas qualidades estiverem ligadas à agência espiritual ao poder de fazer com que boas coisas aconteçam mesmo em tempos ruins p 81 Os professores cônscios de que o trabalho do espírito pode ser uma parte importante da experiência das diversas culturas norteamericanas terão mais facilidade para trabalhar com estudantes de tipos diversos Por exemplo Ani 1994 sugere que para alguns estudantes influenciados por certos sistemas de crença africanos a criação artística deve ser sempre comunitária e espiritual para que seja moral No conceito africano do ser humano o emocional e espiritual estão indissoluvelmente ligados ao racional e material Aliás é a espiritualidade do ser humano que o define como humano fornecendo o contexto no qual ele é capaz de criar tanto a arte como a tecnologia A identificação emocional do indivíduo e da comunidade com a arte e sua participação nela são valores primários que ajudam a determinar sua forma Embora os artistas europeus ainda tentem suscitar certas reações emocionais isoladas no seu público essas reações têm teoricamente muito pouco significado cultural ou moral p 203 130 Em uma situação comunitária o trabalho do espírito incluirá necessariamente o propósito de agir para o bem comum O motivo que leva a pessoa a fazer isso não se expressa em forma discursiva assim como nossa experiência da arte dificilmente pode ser verbalizada Os participantes de uma comunidade porém podem ser capazes de explicitar a natureza do trabalho do espírito a ser realizado como no caso da criação do Kwanzaa Playground na cidade de Columbus Ohio Os sete artistas da comunidade cujas obras nele estão permanentemente instaladas tinham sido expostos a certos aspectos do pensamento de raízes africanas com o qual se identificaram em diferentes graus Boa parte de sua obra reflete a internalização de qualidades suscetíveis de serem definidas como espirituais A discussão de Delpit 2003 ao analisar a obra de Asa Hilliard em 1997 sobre a educação africana tradicional e contemporânea ajuda a colocar em evidência a importante relação entre espírito e educação O autor observa que a educação da mente e do corpo se realiza simultaneamente e que o templo divino p 16 do corpo abriga o espírito A educação corporal e a espiritual estão pois interligadas Na tradição africana portanto é papel do professor apelar para o intelecto a humanidade e a espiritualidade de seus alunos p 16 Os artistas do Kwanzaa Playground procuraram atingir o intelecto a humanidade e a espiritualidade dos que freqüentam o lugar mediante o seguinte trabalho do espírito tornando visível o efeito de cosmologias africanas em sua arte apresentando exemplos de estética e símbolos de inspiração africana que evocam lições positivas de vida como as que se observam em símbolos adinkra tornando culturas invisíveis visíveis a todas as comunidades mostrando como as crianças são valorizadas como parte da coletividade da família e da comunidade e mostrando a relação positiva entre autodeterminação e ação comunitária 6 Valorização mediante a narrativa Um aspecto da cultura jovem que está se tornando um fenômeno mundial é uma forma de arte performática chamada narração oral Tratase de uma narrativa poética e emocional ora em estilo livre e extemporâneo ora meticulosamente preparada Esse tipo de contar história pode ser observado em praça pública clubes teatro televisão rádio espaços comunitários e escolas Uma linguagem humorística vigorosa e pungente é utilizada a fim de criar algo que poderia ser considerado como uma contranarrativa HOOKS 2003 uma forma de resistência oral contra as matrizes narrativas de hegemonia supremacia poder e 131 privilégio Em sua descrição de metodologias Creswell 1994 caracteriza a narrativa qualitativa como um procedimento de pesquisa que resulta da análise de dados Esses descritores partilham da palavra falada como narrativa Os dados submetidos à análise são a experiência vivida e a natureza da narrativa pode ser realista confessional ou impressionista ou todas essas coisas ao mesmo tempo A narrativa é uma história contada Ela requer um contexto compreensível um pano de fundo pormenores descritivos e marcadores cronológicos LUNSFORD CONNORS 1995 As narrativas religiosas como as bíblicas e as corânicas por exemplo e as narrativas históricas como as da escravidão as militares são exemplos desse gênero Ana Mae Barbosa arteeducadora e patrona das artes discorre sobre as dificuldades de artistas brasileiras em suas próprias narrativas BARBOSA 1997 A crítica teórica Bell Hooks uma afroamericana valese de suas narrativas para exemplificar a aplicação de ideologias baseadas em raça à educação HOOKS 1994 e 2003 Muitos estudantes têm histórias para contar que podem ajudar a estabelecer um vínculo entre eles e seus professores e até mesmo inspirar e influenciar o currículo e o ambiente da sala de aula Um professor que quisesse focalizar minha história por exemplo observaria os seguintes elementos entre outros Filosófica cultural e etnicamente identificome como uma afroamericana produto do Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos É evidente que meu destino foi influenciado pelo processo movido por Brown contra a Junta de Educação de Topeka Estado de Kansas em 1954 que levou à abolição da segregação legalizada nas escolas públicas e à Lei sobre Direitos Civis de 1964 cujo propósito era pôr fim à segregação legalizada de negros e brancos no Sul dos Estados Unidos e em locais públicos em todo o país A vida e o destino de meus pais porém assim como de seus antepassados retrocedendo até o século XV foram profundamente influenciados pelas atrocidades do tráfico negreiro transatlântico Dos 15 milhões de africanos que foram transportados à força da África pelos europeus e norteamericanos a maior parte foi levada para a América do Sul e para as ilhas do Caribe Constato que desde aquela época até os dias de hoje os descendentes de africanos na diáspora pelo mundo afora têm tido de enfrentar desafios sem o direito e a expectativa de utilizar seu próprio nome e tendo de lutar para manter uma presença histórica e cultural em muitas frentes hostis Minha experiência educacional como estudante e como professora abarca tanto escolas com maioria de estudantes negros como escolas com maioria de estudantes brancos Em todas as escolas predominantemente para brancos tinha plena consciência de que pessoas semelhantes a mim eram omitidas dos relatos históricos sobre contribuições inventivas criativas e monumentais aos Estados Unidos e ao mundo Minha experiência educacional abrange várias décadas e poderia apontar para uma irrelevância contemporânea Contudo há um mês uma aluna do curso de graduação 132 contoume que ela tencionava fazer pesquisa sobre a omissão ou o tratamento indevido da arte de africanos e afroamericanos no conteúdo curricular e a falta de preparo especialização ou disposição para inclusão desse aspecto nos currículos Há dois meses um grupo de estudantes brancos me disse que eles se sentiam estupefatos ao constatar a falta de interesse por parte de seus colegas também brancos em discutir a importância do elemento racial como por exemplo a imagem definida pela raça como um aspecto da cultura visual particularmente por parte daqueles que não tinham alunos negros Seria importante que aquele professor soubesse que a prática de uma pessoa adotar seu próprio nome é um componente de minha história bem como um aspecto de minha autodeterminação Isso significa que as pessoas podem escolher sua identidade em vez de têla imposta por outros Nos Estados Unidos a identidade pública e privada é baseada em geral em bipolaridades tais como negrobranco homemmulher ricopobre heterossexualhomossexual instruídosem instrução Todo professor deveria refletir se sua filosofia história pessoal e se o ambiente de sua sala de aula bem como suas práticas de ensino demonstram resistência a essas polaridades como determinantes do êxito educacional e da igualdade social Se aquele professor estudasse minha história em relação à minha comunidade poderia ensinar e aprender em plena consciência os três conceitos seguintes 1 raça e as odiosas conseqüências socioculturais do racismo são fenômenos importantes que afetam a realidade da experiência do indivíduo como norteamericano ou como imigrante no contexto norteamericano 2 a designação racial nos Estados Unidos influi sobre até que ponto uma educação de qualidade poderá ser obtida e sobre o conteúdo curricular e 3 os professores que não estão interessados na história de seus alunos inclusive no impacto da raça poderão ter dificuldade em utilizar o conteúdo curricular de maneira atraente e significativa DANIEL 2003 Conclusão Os professores fariam bem em se envolver no ensino de arte como uma ação comunitária visto que tal processo oferece as seguintes vantagens confere um propósito a uma abordagem muitas vezes desprovida de rumo do envolvimento educacional nas experiências comunitárias de arte propicia uma perspectiva sob a qual a pedagogia se baseia no saber da comunidade ensina os educadores formais a respeito do processo filosofia e valor da arte e da pesquisa baseada na comunidade permite uma visão dos componentes de um conhecimento que é evolutivo ligado a situações específicas contextual e voltado tanto para o processo como para o produto e exige que os educadores e pesquisadores examinem sua tendência para a exploração da comunidade Hooks 1994 que resumiria esses componentes 133 como pedagogia engajada acrescentaria que essa abordagem de parceria de objetivos educacionais entre escolas e comunidades é uma expressão de atividade política HOOKS 1994 p 202203 A familiaridade dos educadores com as características da ação comunitária pode respaldar as maneiras de ensinar e aprender mediante a transferência do conhecimento por meio da ação da microcomunidade para a macrocomunidade ou de dentro da comunidade para fora dela O envolvimento dos professores na história de seus alunos e de suas comunidades poderá dinamizar o currículo e como sugere Delpit 2003 evitar que os professores se esgotem no esforço de fazer com que o ensino seja vital atraente e eficaz p 15 Incentivo os educadores a se envolverem com as comunidades como fonte de conhecimento e de pedagogia e a participarem de uma experiência interativa de ensino e aprendizagem com seus alunos Esse envolvimento é capaz de incentivar o pensamento crítico ao nos familiarizarmos com as vozes e as formas de saber das comunidades às margens da sociedade predominante Um resultado auspicioso dessa transferência de conhecimento de uma comunidade para outra poderá ser uma educação mais estreitamente relacionada com a vida Referências ANI M Yurugu An Africancentered critique of European Cultural thought and behavior Trenton Africa World Press Inc 1994 BARBOSA AM Art in Brazil Several minorities In FARRISDUFRENE P Voices of color Art and society in the Americas New Jersey Humanities 1997 CRESWELL JW Research Design Qualitative Quantitative Approaches Thousand Oaks Sage 1994 DANIEL VAH The Kwanzaa playground narrative an anchor for integrated curriculum in art education The International Journal of Arts Education 12 6 15 2003 DELPIT L Educators as seed people growing a new future Educational Researcher 732 1421 2003 FREIRE P Pedagogy of the Oppressed Harmondsworth Penguin 1972 134 GRUENEWALD D Foundations of place A multidisciplinary framework for placeconscious education American Educational Research Journal 403 619654 2003 HOOKS B Teaching to Transgress Education as the practice of freedom New York Routledge 1994 Teaching community A pedagogy of hope New York Routledge 2003 HOVEY K Spatial social theory applied to the Kwanzaa Playground Implications and applications for art educators Dissertação de doutorado não publicada The Ohio State University Columbus 2004 LUNSFORD A CONNORS R The New St Martins Handbook Boston BedfordSt Martins 1995 SHAPIRO A Effects of including prior knowledge as a subject variable American Educational Research Journal 411 p 159189 2004 VATER R The continent of Ashe In FARRIS DUFRENE P Voices of Color Art and society in the Americas New Jersey Humanities 1997 3 Reflexões sobre o Ensino da Arte no Âmbito das ONGs1 Lívia Marques Carvalho Resumo Em decorrência de uma combinação de problemas sociais que se acentuaram no início da década de 1980 verificouse no Brasil o aumento do número de crianças e 1 MesaRedonda Tema Ensino de Arte em Contextos de Comunidade Doutoranda em Artes pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo USP Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba UFPB Graduada em Educa ção Artística pela UFPB Professora do Departamento de Artes Visuais da UFPB Coordenadora da Oficina de Artes da Casa Pequeno Davi atividade de extensão universitária 19892004 Autora de diversos artigos na área de arte e educação no Terceiro Setor em coletâneas e revistas especializadas 135 adolescentes fora das escolas vagueando pelas ruas A inconformidade com essa situação tem levado a sociedade civil organizada principalmente as ONGs organizações nãogovernamentais a se estruturarem criando mediações de caráter educacional e político visando a promover a inclusão social Em tais organizações a arte é quase sempre tomada como uma diretriz pedagógica fundamental Com base em uma pesquisa realizada em três ONGs brasileiras situadas na Região Nordeste voltadas para a promoção e a defesa de crianças e jovens em situação de risco social analisa se o papel da arte o perfil dosas educadoresas e as atividades artísticas empregadas nesses espaços educativos Palavraschave Ensino de Arte Educação NãoFormal Inclusão Social Organizações NãoGovernamentais O panorama da sociedade brasileira tem sido marcado por desigualdades econômicas profundas Ao mesmo tempo em que alcança uma das mais elevadas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto entre os países capitalistas os indicares sociais para medir a qualidade de vida de sua população atingem níveis lastimáveis No que pese algumas conquistas sociais recentes como o aumento da expectativa de vida a diminuição do número de analfabetos e de evasão escolar o Brasil continua como um dos países que apresentam um dos piores índices de desenvolvimento humano do mundo Os governos vêm se empenhando em expandir o sistema educacional partindo do pressuposto de que a escolarização melhora a qualificação e conseqüentemente possibilita a inserção de indivíduos no mercado Esse discurso sempre presente nos planejamentos do Estado é baseado em teorias educacionais que consideram a educação um instrumento capaz de produzir a igualdade social bem como garantir a integração de todos os indivíduos no corpo social De acordo com esse entendimento a educação seria por si só um fator de superação da marginalidade No entanto diversos estudos têm revelado que no que tange à sociedade brasileira a realidade tem mostrado que apesar dos esforços governamentais para expandir o sistema educacional a sociedade brasileira continua polarizada por carências profundas e privilégios cristalizados As conquistas obtidas na área da educação não conseguiram reduzir de maneira significativa os níveis de pobreza 136 O sistema educacional oficial do Estado toma como base sociedades homogêneas exclui por conseguinte aqueles que se encontram fora da forma prescrita por critérios sejam estes de idade herança cultural padrão econômico local de nascimento ou de residência Desconhece os efeitos das condições socioeconômicas e culturais do aluno sobre a sua capacidade e seu estado de espírito ou até de saúde para aprender O sistema educacional oficial não abarca portanto todos os seus usuários Os problemas sociais provenientes das desigualdades que se acentuaram no início da década de 1980 e os motivados pelas mudanças econômicas decorrentes dos tempos de globalização tornaram a exclusão social ainda mais intensa e revigorada Diante desse quadro os intelectuais são desfiados por um lado a entender os mecanismos que tornam possível a manutenção de tais fenômenos por outro lado a investigar ações inovadoras que possibilitem as mudanças sociais A inconformidade com essa situação tem levado os indivíduos e a sociedade civil a se articularem criando um ambiente propício às ações participativas É nesse contexto que se percebe a acelerada expansão das atividades do chamado Terceiro Setor no Brasil principalmente das organizações nãogovernamentais ONGs Essas instituições têm se destacado principalmente pelo desenvolvimento de metodologias e estratégias eficazes para intervir junto a grupos com demandas específicas Em geral as ONGs atuam junto àqueles grupos nos quais as ações do Estado não têm conseguido atingir nem são do interesse dos setores privados como por exemplo populações da zona rural minorias raciais crianças e jovens em situação de riscos pessoal e social Nos últimos anos a mídia principalmente a televisiva tem apresentado com muita freqüência matérias sobre ONGs ressaltando principalmente o trabalho daquelas que são voltadas para promoção dos direitos das crianças e dosas adolescentes O trabalho dessas instituições adquiriu nos últimos anos no Brasil uma visibilidade nunca dantes recebida Em grande parte das reportagens o que sobressai são as cenas focalizando meninosas sorridentes desenvoltosas realizando alguma atividade artística A repetição amiúde dessas cenas não apenas propicia à sociedade reconhecer que o número dessas instituições vem se ampliando e ocupando um espaço significativo no cenário nacional quanto põe em evidência que o ensino artístico é um componente fundamental em seus programas educativos A partir de uma pesquisa que venho desenvolvendo sob a orientação da professora Ana Mae Barbosa para a realização de doutorado examinei alguns aspectos relativos ao ensino de arte em três ONGs da Região Nordeste que têm como público alvo crianças e adolescentes em situação de risco social São elas a Casa Pequeno 137 Davi na cidade de João Pessoa a Casa Renascer em Natal e a Daruê Malungo em Recife Neste trabalho discuto três questões a Como a arte contribui para a reconstrução pessoal e inclusão social b Quem ensina arte nas ONGs c Quais as atividades artísticas ensinadas A pesquisa de campo foi realizada no segundo semestre do ano de 2003 por meio de exames em documentos oficiais registros administrativos publicações questionários entrevistas individuais com dirigentes e educadores e com grupos focais de educandos Análises das questões Questão I Como a arte contribui para a reconstrução pessoal e inclusão social A arte foi considerada por todos os participantes da pesquisa como um elemento de absoluta importância Foram apontados diversos propósitos tais como fortalecer a autoestima desenvolver a capacidade cognitiva socializar o acesso aos bens culturais produzidos universalmente desenvolver habilidades e competências em determinadas modalidades artísticas favorecer a obtenção de atitudes positivas possibilitar a inserção no mercado de trabalho para fazer valer os direitos de todas as crianças e adolescentes As atividades artísticas são organizadas em forma de oficinas Essas oficinas têm carga horária média de cinco a seis horas semanais Há por parte de todas as ONGs estudadas uma preocupação em prover tanto os conteúdos teóricos específicos das linguagens artísticas quanto em aperfeiçoar as habilidades técnicas Conhecer e ter domínio de técnicas e materiais permite aos educandos criar articulando percepção imaginação e conhecimento Isso é um fator essencial para que osas educandosas produzam com mais confiança competência e qualidade estética Realizar bem os exercícios pode contribuir para erguer a autoestima Pois ao se perceberem realizando algo bem feito recebendo aprovação sendo aplaudidos e valorizados os educandos descobremse com competências em áreas que até então lhes eram desconhecidas A repetição sistemática de situações nas quais os educandos sejam bem sucedidos termina por lhes elevar a autoestima A gratificação pelo reconhecimento social modifica a maneira como esses meninosas se autopercebem A crença em si e o se querer bem estão relacionados à visão de futuro à esperança ao desejo de vir a ser Dada a situação de vulnerabilidade do públicoalvo quanto à primeira inserção no mercado a qualidade do ensino necessita ser muito sólida com vistas a possibilitar 138 uma possível profissionalização Embora a inserção no mercado não seja o objetivo principal dessas instituições esse aspecto está quase sempre presente na mente dosas dirigentes educadoresas quanto na dosas educandosas e seus familiares A participação em trabalhos realizados em grupos contribui para o protagonismo dosas educandosas Osas meninosas são incentivadosas a discutir os exercícios e a compartilhar de todas as etapas do trabalho isso incentiva o diálogo estabelece relação de cooperação entre os participantes melhora a capacidade de comunicação concorre para formar consciências mais críticas fatores necessários para o desabrochar de personalidades mais seguras Os trabalhos realizados coletivamente podem possibilitar ainda a consideração e o respeito pelo o outro bem como o cumprimento de normais grupais Assegurar meios para que as crianças e osas adolescentes se expressem com liberdade e que tenham acesso aos bens culturais está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente2 A maioria desse segmento social é privada por limitações de ordem econômica e social a que está sujeita de usufruir a produção artísticocultural que não seja a divulgada pelos meios de comunicação de massa A ampliação das referências estéticas favorece a compreensão acerca do mundo ao refletir e se posicionar criticamente diante destas Questão II Quem ensina nas ONGs A Casa Pequeno Davi conta com oito educadoresas a Daruê Malungo com quatro e a Casa Renascer três Totalizando 15 educadoresas Dentre estes oito 53 33 possuem o 3o grau completo Sendo um pedagogo e sete arteeducadores Cinco 3333 possuem o 2o grau completo e dois 1333 o 1o grau incompleto Essas instituições como já foi mencionado lidam com meninosas com necessidades desmedidas e têm como objetivo propiciar por meio de atividades educacionais condições para que osas mesmosas busquem meios de superar as barreiras que osas excluem Isso implica que osas educadoresas tenham posicionamentos políticos éticos e estéticos alinhados aos das instituições e que possuam também qualidades e aptidões pessoais que vão além das habilidades técnicas profissionais tais como autonomia capacidade de liderança de trabalhar 2 Art 58 do Capítulo IV do Estatuto de Criança e do Adolescente que dispõe sobre o direito à educação à cultura ao esporte e ao lazer ECA 1990 p 22 139 em equipe habilidade no relacionamento interpessoal responsabilidade Portadoresas de títulos acadêmicos desacompanhadosas dessas especificações são de pouca valia Questão III Quais as atividades artísticas ensinadas Para simplificar tomei a liberdade de dividir as atividades artísticas em dois grandes grupos Grupo 1 Performance as atividades que podem possibilitar a apresentação de espetáculos como a música teatro e dança Grupo 2 Artes Visuais as atividades cujo ato da percepção envolve mais diretamente o sentido da visão como as artes plásticas artes gráficas e arte em tecido Atividades Artísticas Número de ocorrênciaONG Grupos Música 2 CPD CR3 G1 Performance Percussão 1 DM G1 Performance Teatro 3 CPD DM CR G1 Performance Dança de Rua 1 CPD G1 Performance Dança Contemporânea 2 CPD CR G1 Performance Dança AfroBrasileira 1 DM G1 Performance Artes Plásticas 2 CPD DM G2 Artes visuais Arte em Tecido 1 CPD G2 Artes visuais Marcenaria 1 CPD G2 Artes visuais Das 15 oficinas dez 667 estão incluídas no G1 Performance e cinco 333 no G2 Artes Visuais Os dados encontrados na pesquisa de campo indicaram a predominância de atividades que possam resultar em trabalhos coletivos e que possibilitem a montagem de apresentações públicas 3 CPD Casa Pequeno Davi DM Daruê Malungo CR Casa Renascer 140 Foi possível observar que as atividades que são realizadas coletivamente como as bandas a dança o teatro têm mais chances de receber apoio financeiro Pois são atividades que ao cabo de poucos meses podem originar um produto com possibilidade de ser levado a público apreciado e divulgado Diante de um espetáculo a comunicação com o público é mais imediata há uma interação social maior Diferentemente as artes visuais são meios de expressão realizadas na maioria das vezes individualmente e a comunicação com o público é mais subjetiva sutil e menos imediata nem têm tampouco um impacto televisivo marcante Para as ONGs aparecer também é muito importante As que têm mais visibilidade são as que têm mais chances de receber apoio das agências financeiras uma vez que muitas destas preferem investir naquelas que já são referência Mas esse não é o único motivo Os trabalhos realizados coletivamente têm também elevada importância pedagógica porque propiciam o diálogo as discussões grupais e favorecem também a sociabilidade dos participantes Para osas educandosas as modalidades que possam vir a ser espetáculos também apresentam pontos vantajosos pois para elesas aparecer lhes confere notoriedade Elesas passam a ser conhecidosas na vizinhança na escola e até os familiares passam a lhes dar mais importância Realizar algo considerado digno de ser mostrado e aplaudido faz com que elesas se sintam mais segurosas e aprovadosas Essas considerações me levam a refletir sobre as formulações de Guy Debord sobre a sociedade contemporânea que ele denominou de A sociedade do espetáculo em uma obra com esse mesmo nome O autor destaca o domínio das imagens e a forte influência da mídia nas sociedades contemporâneas Nosso cotidiano está fartamente embebido de realidades que são representadas nos outdoors TVs vídeos computadores CDs DVDs e outros meios Na atualidade tudo vira espetáculo desde as manifestações da cultura popular como carnaval as festas do ciclo junino até os debates políticos Em nenhuma outra época a imagem teve tanta importância Tecendo as considerações finais Osas meninosas que vivem em situação de risco geralmente têm baixa auto estima porque pertencem a comunidades pobres porque incorporam várias discriminações e símbolos negativos Portanto é importante que se empregue meios que favoreçam o desenvolvimento tanto dos campos cognitivos quanto dos emocionalais 141 As atividades artísticas além dos propósitos mencionados pelos entrevistados são também uma oportunidade para que essesas meninosas possam expressar seus sentimentos brincar criar inventar fantasiar A exclusão social penaliza toda uma geração de brasileiros Enquanto crianças e jovens servirem de suporte econômico da família seu desenvolvimento pessoal estará comprometido e sob permanente ameaça de violência da marginalidade da prostituição e das drogas Acredito ser indispensável criar chances de integração social e ao mesmo tempo gerar condições que proporcionem a afirmação individual Para enfrentar o desafio de oferecer possibilidades reais de construção de um projeto de vida é necessário empregar uma pedagogia como a educação artística que tenha a força de interferir no plano da autoimagem e da autoestima Que osas leve a acreditar e a desejar possibilidade de ultrapassar as barreiras que osas excluem e buscar o seu desenvolvimento como pessoa e como cidadãoã Seria um equívoco supor que a formação acadêmica seja desnecessária o que os exemplos sugerem é que a habilitação acadêmica por si só não é suficiente para preparar oa educadora para realizar um trabalho competente nesse campo de ensino Em alguns casos essesas profissionais trazem para esses espaços educacionais vivência e atitudes próprias da escola formal que muitas vezes não se adaptam a essa esfera pedagógica e até dificultam a atuação destesas Na condição de arteeducadora exercendo atividade tanto na Universidade Federal da Paraíba quanto na Casa Pequeno Davi onde participo ativamente como voluntária desde 1989 pude perceber algumas dificuldades de adaptação experimentadas pelosas educadoresas provenientes dos cursos de Educação Artística nesse campo de ensino Um dos impasses mais recorrentes diz respeito à questão de trabalhar em função de resultados Para as ONGs é importante se mostrar apresentar expor o que foi produzido nas oficinas Por isso esforçamse para organizar eventos em intervalos regulares Para as instituições a apresentação de resultados é uma das maneiras de prestar contas de serem avaliadas pelas agências financiadoras pelos familiares dos educandos e pela comunidade em geral No entanto para algunsmas arteeducadoresas trabalhar sob essa perspectiva representa romper com conceitos que se cristalizaram nos cursos de formação Seria como se elesas estivessem aceitando ser o festeiroa da escola postura tão combatida no âmbito dos cursos de formação de Educação Artística e por isso oferecem resistência em aceitar ou relutam em se enquadrar nesses procedimentos Elesas parecem se prender ao princípio básico de que em educação o importante não é o produto mas o processo sem fazer as devidas transposições entre as situações educativas 142 A realidade observada aponta para a necessidade dos cursos de Licenciatura em Artes elaborarem currículos mais adequados à diversidade de mercado de trabalho e que ofereçam conhecimentos e treinamentos que habilite osas alunosas para atuarem apropriadamente em espaços especiais e não apenas nas escolas regulares O nosso sistema educacional atual é convencional não está montado para atender ao novo cenário que se forma tendo como elemento importante as demandas por profissionais para o Terceiro Setor Um setor que vem se expandindo em uma velocidade superior a dos tradicionais setores público e privado Para fazer frente às novas responsabilidades em uma sociedade em transformação o terceiro setor necessita de competências específicas para suas atividades Sem essa competência esse setor não poderá desempenhar bem as transformações sociais que todos nós almejamos Para finalizar eu diria que a arte nesse setor é um campo propício para rebatermos o desânimo e acalentarmos o sonho de construímos uma sociedade para além dos limites da exclusão Referências ALMEIDA C de C Concepções e práticas artísticas na escola In FERREIRA S Org O ensino das artes construindo caminhos Campinas Papirus 2001 BARBOSA AM Org Arteeducação leitura no subsolo São Paulo Cortez 1997 BRASIL Estatuto da criança e do adolescente Brasília Ministério da Criança Projeto Minha Gente 1991 COELHO S de CT Terceiro setor um estudo comparado entre Brasil e Estados Unidos 2 ed São Paulo SENAC São Paulo 2002 COELHO R de F Neoliberalismo e o pensamento de Gramsci na educação resistência ou legitimação V 4 n 5 p 2631 João Pessoa Conceito jan jun 2001 143 CORAGGIO JL Desenvolvimento humano e educação o papel das ONGs latinoamericanas na iniciativa da educação para todos São Paulo Cortez 2000 DEBORD G A sociedade do espetáculo Rio de Janeiro Contraponto 1997 GONH M da G Educação nãoformal e cultura política impactos sobre o associativismo do terceiro setor São Paulo Cortez 1999 GRACIANI MSS Pedagogia social de rua análise e sistematização de uma experiência vivida São Paulo Cortez 1997 IBGE Indicadores Sociais IBGE 2003 Disponível em httpwwwibgegovbr Acesso em 170104 LANDIM L Para além do mercado e do estado Filantropia e cidadania no Brasil Rio de Janeiro Iser 1993 MOYSÉS L A autoestima se constrói passo a passo Campinas Papirus 2001 OLIVEIRA AC HADDAD S As organizações da sociedade civil e as ONGs de educação Caderno de Pesquisa n 112 p 6183 março 2001 SINSON VON O PARK M FERNANDES R Org Educação não formal cenário da criação Campinas UnicampCentro de Memória 2001 144 Pesquisas em Ensino de Arte no Brasil Mediadora Isabela Frade 1 MesaRedonda Tema Pesquisas em Ensino de Arte no Brasil Professora de pósgraduação do Instituto de ArtesUnesp Sóciafundadora do Espaço Pedagógico formação contínua de educadores e do Rizoma Cultural coordenação de Ações Educativas em Instituições Culturais Autora de artigos e livros espaçopedagogicopedagogicocombr 1 Entrevidas o cotidiano e o ensino de arte1 Mirian Celeste Martins Resumo Na mesaredonda em que se situa esta reflexão pretendese abordar a pesquisa do ponto de vista do cotidiano do professor partindo dela para a pesquisa acadêmica e para as publicações que tanto têm provocado o ensino de arte no Brasil Palavraschave Formação Contínua Pesquisa Ensino de Arte 145 2 Para mais informações sobre Anna Maria Maiolino consulte httpwww1uolcombrbienal24bienal e wwwobraprimanetmateriashtml722html722html O pé está nu Pisa com extremo cuidado atento e sensível à crueza do solo e a fragilidade dos pequenos obstáculos prenhes de vida O que nos diz Entrevidas2 é o nome desta instalação de Anna Maria Maiolino originada de uma performance em 1981 A foto síntese abre este texto não como ilustração mas como epígrafe visual detentora da idéia que anima esta reflexão sobre pesquisas no ensino de arte no Brasil Talvez o solo da educação brasileira possa ser expresso também por este solo instalação Talvez nós educadores tenhamos este mesmo cuidado ao atravessar os obstáculos que a vida na escola nos apresenta Talvez seja a nossa condição humana que nos faça percorrer caminhos escolher percursos atravessar terrenos pouco amistosos Mas como educadores nos basta a condição humana de sermos cuidadosos Basta caminhar delicadamente com a sensibilidade à flor da pele com o respeito e o cuidado frente à fragilidade do outro O senso comum tem invadido a sala de aula e nos tomado em suas garras Muitas vezes mergulhados no ritmo frenético de aulas de 45 minutos de uma jornada de trabalho sem descanso sem alimentos teóricos sem espaço de troca entre parceiros nos vemos vagando com menor ou maior cuidado entre conceitos fazeres e aprendizes Que alicerces profissionais nos ajudam a sair dos impasses em que nos metemos Como nos inventamos a cada dia para driblar a mesmice Como usufruímos da vida de educadores saboreando o aprender de cada dia junto com nossos alunos É preciso como diz Lya Luft 2004 p 23 escapar na liberdade do pensamento desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar seja lá no que for Que liberdade de pensamento pode nos levar a ousar caminhos outros a inventar a nós mesmos como andarilhos do saber a buscar compreender a caminhada por entre tantos obstáculos riscos trilhas 146 3 Este termo é empregado por Perrenoud 1993 para designar o trabalhar com os meios disponíveis reutilizar textos situações materiais como uma bricolage retirando o termo do antropólogo Claude LeviStraus Somente como professorespesquisadores poderemos ultrapassar o senso comum que nos mantém no que já fizemos ou que nos faz repetir o que deu certo para outros Vivenciar a ação pesquisante o olhar indagador a vigília criativa e atenta ao mundo ao nosso redor o estudo a leitura a constante formação cultural pode nos alimentar como profissionais da educação Profissionais que aprendem seu ofício na convivência diária com a pesquisa de sua própria prática É deste ponto de vista particular que gostaria de focalizar as pesquisas em ensino de arte Quase como operários e operárias da educação na construção diária do futuro tenho encontrado professores e professoras atentos ao caminho que traçam e às suas encruzilhadas na conexão vigorosa com os caminhos da arte do ensino da arte dos aprendizes com seus repertórios e desejos particulares Educadores que registram em seus diários de bordo as conquistas os desacertos as inquietudes diárias e refletem sobre eles sem descanso Minha homenagem primeira é para esses professores pesquisadores bricouleur 3 de suas próprias práticas coletores de papéis de jornais de imagens da cultura visual na riqueza e na penúria de nossa realidade Assim as pesquisas em ensino de arte não se atêm apenas àquelas que se constituem nos espaços das universidades É certo que os mestrados e doutorados são excelentes alimentos para as pesquisas Como doutora tive a honra de participar de e aprender com muitas bancas nas qualificações e defesas que evidenciam o mergulho de profissionais nos processos de aprender e ensinar vivendo eles mesmos as incertezas do nãosaber as perdições no caos criador de quem busca algo mais Muitas das publicações que hoje encontramos sobre o ensino de arte advêm deste espaço da academia Poderíamos aqui elencar muitas delas mas me abstenho para não incorrer em esquecimentos injustos pois não me foi possível uma pesquisa mais aprofundada É certo também que nem sempre estas pesquisas ganham a divulgação que merecem ficando restritas às bibliotecas das faculdades em que foram apresentadas A Associação Nacional dos Pesquisadores em Artes Plásticas Anpap por exemplo não tem um acervo atualizado das pesquisas de seus associados Há grupos de pesquisa oficializados junto ao CNPq ou não mas a divulgação fica muitas vezes restrita aos grupos que lhe são próximos Embora essa idéia não seja nova faço desta reflexão um convite ou melhor uma provocação para que a Faeb tendo como suporte a Funarte possa se tornar um meio de divulgação das pesquisas sobre o ensino de arte Em tempos de internet não será tão difícil disponibilizálas Como fazer isso 147 Instituições assim como idéias sobrevivem se pessoas lutarem arduamente para mantêlas em pé para ativálas em outros para tornálas reais Como dinamizar o que já se tem pesquisado para que outros sejam provocados por elas Há algo que move o artista há algo que move o educador e a educadora Algo que pode ser ainda imprevisível como uma mancha de luz Algo que pode estar na ponta da língua mas não sabemos o que é até encontrar uma referência que nos traga a certeza Algo que faz manejar situações de incerteza singularidade e conflito Para Schön a arte é uma forma de exercício da inteligência um tipo de saber 1992a p 26 Há uma habilidade artística do aprendiz e também do mestre que aprende que para Schön consiste em sua capacidade e disposição para mergulhar numa situação Arriscase a declarar que efeitos espera produzir e se arrisca a colocar em prova um tipo de experimentação desconhecida id p 258 Arriscase para um viraser tornarse ser em um tempo e um espaço contextualizados Além dele Stenhouse 1987 Sacristan e Perez Gómes 1998 entre outros têm feito considerações em relação à dimensão estética da experiência educativa e da pesquisa tendo como suporte maior a visão da experiência estética de Dewey 1959 49 74 O artista apreende o sentido das qualidades com as quais trabalha e sabe tirar proveito delas É preciso que os educadores e aprendizeseducadores também possam perceber como a flexibilidade a sutileza e tolerância pela ambigüidade são necessárias ampliando o conceito do que é uma ação racional e valorizando também as qualidades de subjetividade ludicidade e humor de lidar com o caos com a insegurança com a tensão que também faz criar Os artistas investigam de maneira qualitativa e é deles que como pesquisadores poderemos aprender a pesquisar a dar forma ao que buscamos Para isto não há modelos de pesquisa nem modelos de educadores nem modelos de educador de educadores mas jeitos muito diferentes de lidar com o contexto com a cultura com a sociedade com a política enfim com os outros humanos aqui e em outros espaços de forma compromissada coerente e intensa ou apaixonada e por isto estética com sabor aroma e calor especiais Precisamos de aventurasdesafios que possam nos instigar para que nos arrisquemos no mundo E a esperança é que nestes encontros da Faeb encontremos parceiros para continuar nossa aventura pelos caminhos do ensinar e do aprender arte para além do sensocomum com o cuidado e tensão criadora de quem com olhar estrangeiro estranha o familiar e problematiza o que já sabe com cuidado e atenção por onde e com quem atravessa a vida 148 Artista plástica exposições no Brasil e exterior pesquisadora em artes visuais Bolsa de Pesquisa em Arte Fundação Vitae 1994 doutora em ArteEducação pela ECAUSP e pósdoutora em Comunicação e Semiótica pela PUCSP Professora aposentada UFU Uberlândia Publicações Por que se escon de a violeta S Paulo Anna BlumeUberlândia EDUFU 1995 Noemia Varela e a arte Belo Horizon te CArte 2001 Desenhando e Construindo a Cidade no Cerrado orgcom Falcão Vasconcelos Uberlândia EDUFU 2002 Email lucimarbelloterracombr Referências DEWEY J Como pensamos São Paulo Nacional 1959 El arte como experiencia Mexico Fondo de Cultura Economica 1949 A Arte como experiência São Paulo Abril Cultural Col Os Pensadores 1974 LUFT L Pensar é transgredir Rio de Janeiro Record 2004 PERRENOUD P Práticas Pedagógicas Profissão Docente e Formação perspectivas sociológicas Lisboa Dom Quixote 1993 PÉREZ GÓMEZ AP e SACRISTAN JG Compreender e transformar o ensino Porto Alegre Artes Médicas 1998 SCHÖN D La formación de professionales reflexivos hacia un nuevo diseño de la enseñanza y el aprendizage en las profesiones Barcelona Paidós 1992 STENHOUSE L La investigación como base de la enseñanza Madrid Morata 1987 2 Pesquisas no Ensino e na Formação de Professores caminhos entre visualidades e visibilidades Lucimar Bello P Frange Resumo O texto está dividido em duas partes a primeira trata de uma abordagem sobre algumas teorias da arte e seu ensino e a segunda possibilita uma reflexão sobre a formação de professores propondo alguns caminhos de pesquisa 149 1 Professoralidade é um termo trabalhado por Marcos Vilela Pereira em sua tese de doutorado A estética da professoralidade um estudo interdisciplinar sobre a subjetividade do professor São Paulo PUC 1996 2 Sobre o MEA ver Noemia e o Movimento Escolinhas de Arte In FRANGE LBP Noemia arela e a Arte Belo Horizonte CArte 2001 E ainda Arte e seu ensino uma questão ou várias questões In BARBOSA AM org Inquietações e mudanças no ensino da arte São Paulo Cortez 2002 p 3547 3 Sobre esses termos existe hoje no Brasil uma bibliografia significativa de livros dissertações e teses ainda não publicadas anais de congressos como os da Federação de ArteEducadores do Brasil Faeb os da Associação Nacional de Pesquisadores em Arte e Publicações Anpap de encontros e materiais de instituições culturais 4 PIMENTEL LG Limites em expansão licenciatura em artes visuais Belo Horizonte CArte 1999 p 97 5 Sobre os PCN ver considerações em TOURINHO I Transformações no ensino de arte algumas questões para uma reflexão conjunta In BARBOSA AM Org Op cit p 2734 Parte 1 Algumas teorias sobre a arte e seu ensino visualidades e visibilidades A pintura jamais celebrará outro enigma a não ser o da visibilidade Maurice MerleauPonty A partir dos anos 1980 a arte e seu ensino vêm sendo estudados em pesquisas de mestrados e de doutorados relacionadas a várias áreas do conhecimento Nesse sentido vão se construindo e consolidando abordagens metodológicas diversificadas Estas pesquisas nos permitem considerar vários caminhos de professoralidades1 em artes visuais permitindo conviver e dialogar pensamentos convergentes e divergentes São presenças constantes os termos educação artística educação através da arte arte educação arte e seu ensino O primeiro reportase às proposições da Lei 569271 e os caminhos percorridos anunciados e denunciados como anticaminhos para o ensino da arte Educação através da arte se refere a Herbert Read e no Brasil ao MEA Movimento de Escolinhas de Arte do Brasil2 Arteeducação e Arte e ensino de arte estabelecem a contigüidade entre arte e educação nas escolas nos espaços culturais grupos e comunidades3 Os PCN Parâmetros Curriculares Nacionais propõem categorias arte como expressão e comunicação elementos básicos formais produtores de arte diversidade das formas de arte e concepções estéticas da cultura regional arte na sociedade4 Propõe os temas transversais sendo um deles a pluralidade cultural visto como sinônimo de multiculturalidade Os PCN nos impulsionam a outras buscas5 A Proposta Triangular propõe uma relação entre ler obras de arte crítica e estética contextualizar relações entre arte e outras áreas do conhecimento e fazer a prática artística Está fundamentada por Ana Mãe Barbosa em três abordagens epistemológicas Escuelas ao Aire Libre no México Critical Studies na Inglaterra Rod 150 6 Ver Fundamentação do trabalho de arteeducadores realizado na Mostra In RIZZI M C de SL Olho Vivo ArteEducação na Exposição Labirinto da Moda uma aventura infantil São Paulo ECA USP 1999 tese de doutoramento 7 Sobre o olhar e leitura de imagens ver BUORO AB O olhar em construção uma experiência de ensino e aprendizagem da arte na escola São Paulo Cortez 1996 8 Sobre releituras ver Leitura e releitura In PILLAR AD Org A educação do olhar Porto Alegre Mediação 1999 p 921 Ver ainda Outras maneiras de ver Mondrian e universos pessoais In FRANGE LBP Por que se esconde a violeta Isto não é uma concepção de desenho nem pós moderna nem tautológica São Paulo AnnaBlumeUberlândia EDUFU 1995 p 148 9 Ver OLIVEIRA AC de As semioses pictóricas Face revista de semiótica e comunicação São Paulo PUCCOS v 4 n 2 nov 1985 10 Ver BUORO AB Olhos que pintam a leitura da imagem e o ensino da arte São Paulo EDUC Fapesp Cortez 2002 11 Mais de 160000 pessoas visitaram a Exposição Os Guerreiros de Xi an e os Tesouros da Cidade Proibida em São Paulo Seriam pessoas seduzidas pela arte e o que ela nos mostra diz afirma ou provoca 12 BARBOSA AM As mutações do conceito e da prática In BARBOSA A M Org Id p 1325 Taylor e DBAE Discipline Based Art Education nos Estados Unidos6 Elliot Eisner Brent Wilson Ralph Smith Marjorie Wilson entre outros Um grande número de abordagens com diferenças conceituais enfoca o Olhar7 e a Leitura de imagens Estudar as leituras visuais é necessário após um excesso de releituras termo vindo entre muitos de nós arteeducadores de desleituras rápidas e rasteiras8 Leitura de imagens a partir da sociossemiótica propõe a construção de leitores de imagens num contratocomunicativo A arte é considerada como linguagem em seus percursos sintáticos e semânticos que geram sentidos nas relações concomitantes entre plano de expressão e plano do conteúdo imbricadas nas dimensões culturais e sociais9 O olhar seleciona organiza discrimina associa classifica analisa constrói sentidos A formação de um primeiro olhar seguido de muitos outros olhares é caminho para promover a cidadania cultural e o direito de acesso aos bens culturais É o primeiro passo para um olhar expandido para todos os sentidos como diz MerleauPonty há um olharcorpóreo A leitura de imagens enriquecida pela análise estimula a criação Olhar é tornarse imagem10 Algumas variáveis acabam impulsionando ainda mais a necessidade de aprofundamento como o boom de arteshows e a mídia convocando cada vez mais um grande número de pessoas11 para as visitações às exposições A Alfabetização Visual é uma proposta de conhecimento visual interrelacionando análises formais diferentes contextos e a recepção da obra de arte Trabalha com códigos e decodificação buscando o significado da obra12 No entanto muitos educadores trabalham a alfabetização visual apenas como codificação e decodificação e ainda como recepção ficando trabalhada apenas a expressão sem chegar ao conteúdo 151 13 PIMENTEL LG Tecnologias contemporâneas e o ensino de arte In BARBOSA AM Org Id ibid p 113121 14 MARTINS MC et al Didática do ensino de arte a língua do mundo poetizar fruir e compreender arte São Paulo FTD 1998 15 DOMINGUES D Org A arte no século XXI a humanização das tecnologias São Paulo Unesp 1997 16 Ver FAZENDA I Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro efetividade ou ideologia São Paulo Loyola 1992 priorizando os aspectos formais e estruturais sem ver a obra em sua inteireza relacionada a percursos pessoas e grupos culturais e sociais Ser alfabetizado é entender o significado e sentilo dentro do contexto É ser atravessado por esse significado ser perpassado pela experiência pessoal e pelas experiências coletivas A manipulação de imagens e o diálogo entre os meios tradicionais e os eletrônicos permitem o acesso à desconstrução para uma construção outra e portanto à criação13 Alguns educadores priorizam o que denominam como Percursos Educativos com obras de arte abrangendo sentidos variados plásticos poéticos críticos culturais temporais locais universais As experiências com a arte postulam parar olhar sentir questionar investir em atitudes investigativas Formar pela arte é uma experiência transcultural crítica e poética A Mediação envolve dois pólos que dialogam com um terceiro o mediador São projetos para interlocuções entre objeto de conhecimento professor aprendiz arte culturas O projeto em ação do professor se configura como uma prática investigativa e mediadora que incorpora a qualidade estética e se traduz na experiência visível e refletida avaliada e replanejada14 A mediação é comunicação interatividade incluindo a mediação tecnológica rede de relações e pensamento contextual em constante transformação A internet permite diálogos coletivos numa importância de atitudes criativas culturais políticas e críticas As criações computacionais e multimidiáticas são artes de interações do viraser As autorias são copartilhadas com engenheiros físicos matemáticos técnicos As tecnologias digitais propiciam a participação a comunicação a interatividade15 A interdisciplinaridade é uma questão de mudança de atitude frente ao conhecimento é uma concepção unitária e integral do ser humano16 A 152 17 RICHTER I Interculturalidade e estética do cotidiano no ensino de artes visuais Campinas Mercado Aberto 2003 18 AZEVEDO FAG Multiculturalidade e um fragmento da história da ArteEducação Especial In BARBOSA AM Org Op cit p 95104 19 Centros de Cultura são espaços de encontros com obras trajetórias de artistas e de pessoas cotidianos comunidades e mundos vividos imaginados e emvivência interculturalidade implica uma interrelação e reciprocidade entre culturas enfatizando a estética do cotidiano reforçando a idéia de diversidade da multiplicidade e da heterogeneidade de perspectivas17 Olhar para as pessoas especiaisdiferentes pelo ângulo das potencialidades e não pelo ângulo das deficiências é investir nas inclusões culturais é ir além das inclusões sociais A Educação Especial dentre outras abordagens vem propondo um olhar antropológico da cultura a valorização nas singularidades uma mudança das atitudes de estranhamento diante das desigualdades gritantes em nossa sociedade o reconhecimento da heterogeneidade de qualquer grupo humano18 Ao lado dessas atitudes investigativas há uma experiência que vai se sedimentando e nos obrigando a maiores aprofundamentos entre arte e ensino arte em nossas vidas A ação educativa em arte é território de interações e diálogos que permitem revelar a arte como sistema de relações estéticas e estésicas sentidos sentidos na escola e nos centros de cultura19 A arteeducação é epistemologia da arte são interlocuções entre as teorias da arte e as teorias do ensinoaprendizagem no intuito de compreender a arte e suas afirmaçõesprovocações Arte é cognição interalteridades e interculturalidades As idéias só têm valor e sentido para o ser humano quando podem ser compreensíveis e possibilitam uma interatividade com o mundo da natureza e o mundo das culturas O conhecimento em arte é para mim fundamentalmente uma questão de visibilidades além das visualidades A arte não representa o visível a arte torna visível conforme afirma Paul Klee E também como diz MerleauPonty a pintura jamais celebrará outro enigma a não ser o da visibilidade A partir dessas rápidas considerações nós professores de arte podemos construir espaços e tempos para uma ética da arte na escola junto a uma ética estética e estesia de presença no mundo olharescorpóreos para a arte e com a arte na vidaemvivência 153 Parte 2 Reflexão sobre a formação de professores alguns caminhos A criação artística colabora de maneira privilegiada com a elaboração da questão do SER e com a expressão do SENTIDO DE MUNDO Georges DidiHuberman A relação entre visualidade e visibilidade é uma das maneiras de ir além de uma primeira visada rápida de fácil apreensão enganosa e enganadora A visibilidade se dá pelos olhares adensados em busca da significação a busca do ato de escuta perante a obra a fala e voz do artista pela e na imagem as conexões com outros textos visuais do artista e outros textos visuais de outros artistas as conexões espaciais e temporais Nesse sentido concordo com Paul Klee A arte não representa o visível a arte torna visível As relações entre o cognoscível e o sensível necessitam estar nas proposições curriculares o cognoscível a ser trabalhado na arte em relação com as culturas com a filosofia antropologia sociologia história conteúdos imbricados aos quais chamamos de transdisciplinaridades o sensível a ser trabalhado na arte e nas dimensões do Ser inquietações memórias desejos afetos e perceptos As formas são estruturas de ações e de pensamentos materializados são corposmatéricos são pessoasArte como nos afirma MerleauPonty emprestando seu corpo ao mundo é que o pintor transforma o mundo em pintura meu corpo é vidente e visível 20 Isto significa que sou na forma me mostro nela e deixo inúmeras visibilidades nela e através dela No sistema educacional precisamos investir na construção dessas relações entre o cognoscível e o sensível Segundo Jacqueline Chanda compreender a filosofia estética de uma cultura que gerou uma obra de arte significa olhar para aquele objeto através da epistemologia daquela cultura Para mim isso quer dizer atuar nas dimensões intervalares das culturas as intraculturas as dimensões de uma pessoa as entreculturas dimensões entre pessoas e as interculturas dimensões intervalares existentes nas suas dimensões anteriores ou seja o que se gesta eou se constrói de conexões das tessituras de intervalos 20 MERLEAUPONTY M O olho e o espírito In MERLEAUPONTY M Textos selecionados São Paulo Abril Cultural 1984 p 88 154 As subjetivações as objetivações constituem as alteridades As alteridades por sua vez são constituídas de pessoalidades e de sujeitidades a pessoa em um tempo e em um espaço em relação com outras pessoas em outros tempos e em outros espaços Pessoalidade é a pessoa com suas histórias memórias vontades frustrações desejosdesejantes esperas apostas jeitos de ser Sujeitidade é essa pessoa sociopolíticocultural adensada de mils possibilidades de Ser e Pessoaquesefaz Ser O SER se institui no EU uma sociabilidade e uma sustentabilidade de si no outro em copartilhamentos de corpos em outro CORPUS a Arte na vida ARTE é criação é invenção efetivada ARTE é conhecimento Arte é de certa forma a antidisciplina na escola ela está entre limites e potencialidades de ser Coisa e ser SERHumano a se mostrar e se fazer ver nos objetos e nas situações nas instaurações como diz Tunga ao invés do termo instalações usado nas artes visuais As licenciaturas em artes visuais poderiam enfatizar pesquisas em conteúdos da arte do sistema da arte e de tessituras intervalares conteúdos das culturas pelas histórias de vida das pessoas daquele grupo professores alunos técnicoadministrativos pessoas da comunidade escolar e das famílias dessa comunidade formação crítica permanente entre arte e saberes quer sejam ou não os instituídos arte nas contemporaneidades quer dizer os mundos cotidiânicos e suas complexidades desafios e potências frestas e fissuras Levanto para pensarmos algumas expressões retiradas dos currículos das licenciaturas em artes plásticas ou visuais cursos ancorados em disciplinas das belas artes e na Lei 569271 que fez nascer as licenciaturas curtas geram as despossessões na arte e da arte na vida as particularidades sem especificidade da própria arte a disciplina folclore tem sido uma exotização de quem somos e como somos a disciplina chamada análise e exercício das técnicas e dos materiais expressivos separa a estrutura de seus conteúdos como se isso fosse possível informações conteudísticas excessos de disciplinas um saber falso de contagotas sem formar uma gota sequer fragmentos partes sem um todo despedaços da arte e das pessoas 155 A relação de termos a seguir foi feita a partir de análises de grades curriculares e são expressões complexas a serem trabalhadas e ressignificadas porque estão indevidas e são negações de uma educação emancipadora estética ética e estésica habilitação escolhida Profissional habilitado A arte não é habilidade mas uma dimensão humana de criação compreensão e ressemantização da vida e das relações interculturais fortalecer a índole da pesquisa A pesquisa não acontece por índole mas com atitudes investigativas muito menos pode ser fortalecida A pesquisa é encontro entre inúmeras buscas Cada um gera incessante e permanentemente outras buscas atividade resultante Resultado esperado Resultados esperados fazem parte de outras dimensões do conhecimento não da arte E arte também não é atividade é dimensão humana de criação do nãoexistente o curso possibilita atividades de criação Criação não é atividade mas conteúdo inventivo que mostra uma pessoa em seus estadosdeser transmitir conhecimentos Conhecimentos não são transmissíveis São construídos com muita ousadia inventividade e percursos densos intensos e saborosos de trabalhos passar experiências Experiências não são passáveis mas momentos vividos e adensados no corpopessoa momentos intensivos de experimentações a serem significativos promove a supervisão didáticopedagógica do curso Um projeto é coordenado é trabalho de equipe e não supervisionado e nem promovido conteúdos como meio e suporte para a constituição das competências A arte não é meio e nem suporte mas conteúdo e subjetivação coletivizada novas ferramentas auxiliares à prática artística enriquecedora exercício de atividades de enriquecimento cultural Nesta frase a passividade fica instalada em auxiliares e em enriquecedora As ferramentas na arte contemporânea são constituintes de uma trajetória do artista ou do estudante de arte e a prática não é de enriquecimento muito pelo contrário é de desafios de angústias de desconstruções para que possam haver construções outras Arte não é atividade É dimensão de existência novamente insisto arte é vidaemvivência e em constantes perdas e invenções para perdas e buscas outras 156 construção progressiva Esse raciocínio vem do positivismo A construção é construtivação permanente comprometimento com valores inspirados da sociedade democrática Valores não se inspiram valores são construídos por grupos de comunidades diversificadas Cada um de nós é concomitantemente muitas comunidades dependendo do lugar em que habitamos um dado momento sociocultural folclorecomplexo cultural espontâneo Folclore é palavra que remete a estrangeirismos a exotização E mesmo se assim considerado não é espontâneo pois mostra e é maneira de ser de uma determinada comunidade atividades de suporte em setores da sociedade como mediadoras de eventos Arte não é atividade nem suporte nem eventos Évento já passou Arte é uma manifestação humana Os eventos se dão noutros campos e nada contra eles muito pelo contrário incentivar a simbolização consciente como celebração da vida O que seria incentivar a simbolização consciente E ainda como celebração da vida proporcionar a conquista da significação da produção artística Significação não se conquista é trabalho árduo e de muito tempo É construção assumida copartilhada e efetivada a forma humana como veículo expressivo nos seus vários contextos O ser humano é expressivo ao se mostrar na arte em suas produções O veículo é de extrema passividade não sendo o caso da arte beneficiando nossos alunos Escola não é espaço de benesse mas de diálogos desafiadores instalando a dúvida com respostas para novas indagações prestar serviços à comunidade como educador de arte O artista e o professor de arte não prestam serviços mas provocam dialogam desafiam abastecem a si e a outras pessoas na busca da arte e seus inúmeros significados O enfrentamento a partir dessas considerações é conceitual entre as nossas visões de bachareturas e os licenciarados segundo Irene Tourinho professora da UFG Poucos dentre os cursos de licenciatura atualmente propostos têm adensado a compreensão da arte Precisamos aprofundar as críticas aos bacharelados e às licenciaturas e suas informações generalistas e rasantes O professor em muitos momentos ainda é o proponente E o aluno por sua vez ainda é o obediente 157 Numa proposta contemporânea alunos professores técnicoadministrativos exalunos e comunidades toda uma equipe tem que ser propositora e cúmplice de uma e das muitas processualidades Todos têm que enfrentar as dicotomias entre fazerarte e pensararte e transformálas em complementares de fazerpensarsaber de fazersaber de saberfazer e pensar criticamente os saberes com sabores de saberfazerser nas artes visuais na vida nas culturas e no mundo Os saberes da arte são sabores ácidos adocicados beloshorrorosos deliciosos interrelacionando arte estética estesia todos constituintes que tornam visível tanto a expressão quanto o conteúdo A cultura das imagens abre as portas para uma crise da visibilidade dificultando não apenas a percepção das facetas sombrias mas até mesmo por saturação aquelas mais iluminadas Os olhares são cada vez mais indiferentes progressivamente cegos Como o alimento das imagens é o olhar e como o olhar é um gesto do corpo transformamos o corpo em alimento do mundo das imagens Quanto mais vemos menos vivemos quanto mais vivemos mais necessitamos de visibilidade E quanto mais visibilidade tanto mais invisibilidade e tanto menos capacidade de olhar Assim o primeiro sacrifício desse círculo vicioso termina por ser o próprio corpo em sua complexidade multifacetada olfativa auditiva performática e proprioceptiva21 Na maioria dos bacharelados há uma distância entre a arte e a compreensão da arte entre textos visuais verbais e sincréticos As discussões sobre a compreensão da arte têm ficado para os professores como se isso fosse Uma Verdade O artista é um ser inquieto inventa porque está insatisfeito inventa por necessidade das rupturas Os artistas estão na escola porque são profissionais da arte como diz Renina Katz entrei na universidade como artista me tornei professora de arte Na maioria das licenciaturas há uma distância entre os artistas e seus ateliês O futuro professor em grande parte dos cursos de arte minora a processualidade dos artistas e a inventividade da arte 21 BAITELLO JUNIOR N O olho do furacão A cultura da imagem e a crise da visibilidade Revista Virtual GHREBH São Paulo CISC 03032003 internet 158 A escola é espaço e tempo de gestações de inventividades da arte na vida e da vida com arte Essas proposições podem ser vistas por exemplo na trajetória de Lygia Clark que propõe a vida como obra de arte Paulo Freire afirma que Os sonhos são projetos pelos quais se luta Um curso de licenciatura em Artes Visuais no início desse 3o milênio pode ter como conteúdos possíveis a construção de uma práxis da educação em arte uma educação dos sentidos sentidos dos sentidos significativos que aprofundem as percepções os entendimentos e as múltiplas significações na complexidade da arte e do mundo contemporâneo incluindo enfaticamente o silêncio e a escuta as experiências e seus percursos de acontecimentos interligados questionados e adensados de significações Os Conteúdos da Arte se constituem de teorias da arte e do sistema da arte espaçoslugaresambientes de criação com análises constantes são experiências co partilhadas de compreensão e de significação são avaliações propositoras mas muitas vezes têm deixado ao largo as pessoas e as tessituras intervalares entre Coisas Pessoas e Mundos Segundo Agnaldo Farias cada obra de arte é em si mesma um sinal de descontentamento Todo artista diversamente do comportamentopadrão em vez de simplesmente satisfazerse com as obras já existentes de ficar extasiado pela leitura de um livro pela contemplação de uma pintura ou pela audição de uma música prefere ir além prefere produzir mais um livro ou pintura ou obra musical Sintonia de uma insatisfação cada obra de arte traz embutida uma crítica à própria noção de arte e pode mesmo modificar aquilo que entendemos por arte22 As licenciaturas em Artes Visuais têm de incorporar e enfatizar esses desafios e tecer conjuntamente outros fios Uma licenciatura em Artes Visuais é uma força latente e uma proposta curricular de transformação de realidades em atos é corpus de consistências e resistências para transformar uma vontade inovadora audaciosa coerente em ARTE em experiências significativas para as pessoas A arte fala diz e precisamos escutar as maneiras de sua organização para dizer o que ela nos fala assim como escutar o que nos dizem os artistas suas produções e proposições inquiridoras 22 FARIAS A Arte Brasileira Hoje São Paulo Publifolha 2002 p 14 159 O artista enfrenta o desafio desenhar e desenharse que são as ousadias permanentes da criação Ele trabalha num campo pessoal movediço e abastecido pelo coletivo Somos socioculturais as trajetórias são portanto pessoais e coletivizadas O conceito de desenho ainda como mimeses é um dos maiores entraves nas grades curriculares dos cursos a sua dependência e nãoautonomia minora a arte e as estruturas formais de pensamentos e saberes inquietos O desenho está pensado aqui como desenhamento uma condição de estrutura visiva e cambiante inventada por uma pessoa e a nós mostrada para que com ela possamos conversar O professor de arte professa e constrói sua professoralidade na relação entre o sistema escolar e o sistema da arte As trajetórias mais uma vez são coletivas O professor se realiza na sala de aula se abastece dos desafios coletivos seus dos alunos dos sistemas da arte e da escola e nas comunidades com as quais está envolvido Isto é além de uma comunidade escolar um curso não pode ser portanto concebido apenas pela comunidade acadêmica esse tem sido um dentre outros de nossos grandes equívocos no ensino da arte A escola é propulsora do processo de transformações cultural educacional política e ética das pessoas Os ateliês os laboratórios as salas de aulas são espaços de encontros e desencontros para encontros outros Aqui podemos lembrar algumas experiências recentes o professorvisitanteartista num ateliê dentro do espaço escolar o artistavisitante na Escola de Belas Artes da UFMG a proposta de Rod Taylor em Wigan Inglaterra do artistaresidente na escola as escolas de Reggio Emilio na Itália em que cada uma tem um artista ou um artesão trabalhando ora ao lado ora junto com os alunos Os trabalhos de final de curso precisam abrir espaços e ter defesas publicizadas junto a profissionais da arte artistas e junto a profissionais do ensino de arte os professorespesquisadores de arte e sobre a arte Uma proposta curricular poderia atuar no cognoscível e no sensível A escola é lugar de síntese entre cotidianidades e rupturas É espaço do intervalar do inesperado na espera é espaço e tempo da criação A escola é espaço educativosocial da condição humana A construção de uma proposta curricular em artes visuais é uma gestão copartilhada entre pessoas e culturas é projeto de autonomia é campo de avaliação permanente e propositora para outras mudanças da escola das pessoas das comunidades e de sociedades 160 Referências ARAÚJO OT de O Olhar amoroso São Paulo Momesse 2002 Um percurso pessoal e prazeroso In Espelho selvagem arte moderna no Brasil na primeira metade do século XX Coleção Nemirovsky São Paulo MAM 2002 BARBOSA AM Org Inquietações e mudanças no ensino da arte São Paulo Cortez 2002 BASBAUM R Org Arte contemporânea brasileira texturas dicções ficções estratégias Rio de Janeiro Rios Ambiciosos 2001 BRITO R Neoconcretismo brasileiro vértice e ruptura do processo construtivo brasileiro Rio de Janeiro Funarte 1985 BUORO A Olhos que pintam a leitura da imagem e o ensino de arte São Paulo EDUCFapespCortez 2002 CHIARELLI T Arte brasileira internacional São Paulo Lemos 1999 DIDIHUBERMAN G O que vemos o que nos olha São Paulo Editora 34 1998 FRANGE LBP Por que se esconde a violeta Isto não é uma concepção de desenho nem pósmoderna nem tautológica São Paulo Anna Blume Uberlândia EDUFU 1995 Noemia Varela e a Arte Belo Horizonte CArte 2002 NÓVOA A Org Profissão professor Porto Porto Editorial 1995 PERRENOUD P Pedagogia diferenciada das intenções às ações Porto Alegre Artes Médicas 2000 REY S A colocação do problema arte como processo híbrido In BRITES B Org O meio como ponto zero Metodologia da pesquisa em artes plásticas Porto Alegre UFRGS 2002 ROLNIK S Cartografia sentimental In Roteiros Roteiros Roteiros Roteiros Roteiros Roteiros Roteiros 24ª Bienal de São Paulo São Paulo Fundação Bienal de São Paulo 1998 161 3 Pedagogia do Teatro e Teatro na Educação1 Ingrid Koudela A questão da terminologia sempre gerou muitas polêmicas na área de conhecimento a que denominamos Teatro na Educação Em outros países termos como Creative Dramatics Drama in Education Child Drama e outros se sucedem no decorrer de sua história Em função disso fazse necessário historicizar o binômio Pedagogia do Teatro e Teatro na Educação através do qual identificamos o nosso Grupo de Trabalho da Associação Brasileira de Pesquisa e PósGraduação em Artes Cênicas Abrace que focaliza a criação e a difusão do conhecimento teóricoprático em teatro tendo como fórum os debates e discussões resultantes dos GTs da entidade organizados em congressos bienais A consolidação dos GTs como eixo estruturante da Abrace é de notória relevância já que em seu âmbito foram efetuados avanços significativos realizando avaliações e prognósticos No início da década de 1970 eu utilizava a grafia TeatroEducação A barra buscava deixar em aberto relações a serem tecidas através do binômio Com a tradução do termo Art Education para o português oriundo da área de artes visuais nos EUA passamos a grafar TeatroEducação termo que se tornou corrente durante toda a década de setenta nos congressos da Federação de ArteEducadores do Brasil Faeb e da Associação de ArteEducadores de São Paulo Aesp dos quais vínhamos participando O anglicismo é evidente mas foi largamente utilizado O termo Arte Educação passou a ser utilizado de forma genérica sendo as áreas de conhecimento do Teatro da Dança da Música e das Artes Visuais concebidas como linguagens Embora esta questão dificilmente encontre unanimidade temos o exemplo dos PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais na área de arte que apontam para ela tornando a contemporânea e palpitante O batismo de Pedagogia do Teatro e Teatro na Educação do nosso GT na Abrace buscou incorporar as novas dimensões da pesquisa que vem sendo realizada na área tendo em vista evitar a camisa de força gerada por uma visão estreita dos 1 MesaRedonda Tema Pesquisas em Ensino de Arte no Brasil Professora Doutora Escola de Comunicação e Artes USP 162 conceitos de pedagogia didática e metodologia sedimentando a epistemologia de nossa área de conhecimento no teatro O termo Pedagogia do Teatro é utilizado em diferentes contextos Eugenio Barba faz uso dele em A Arte Secreta do Ator Hucitec Unicamp 1995 e no contexto alemão a Theaterpädagogik é a denominação dada ao campo teóricoprático do teatro com vistas à sua articulação com a pedagogia e a educação A revista especializada que traz artigos com diferentes vertentes e abordagens era chamada inicialmente década de 1980 Lehrstück Theater Pädagogik Peça Didática Teatro Pedagogia As reticências no título buscavam claramente indagar e deixar em aberto as relações a serem estabelecidas Evidenciase que o ponto de partida é brechtiano embora a tradição do Lehrstück possa ser reportada até Lessing e o classicismo alemão Na década de 1990 a revista assume a denominação Zeitschrift für Theaterpädagogik Revista para a Pedagogia do Teatro legitimando dessa forma essa área de pesquisa O dicionário Concebido como instrumento de trabalho para orientação na área da Theaterpädagogik que teve na última década um grande desenvolvimento e é concebida cada vez mais como disciplina autônoma na Alemanha incorporada em diferentes sistemas organizacionais e de formação o WÖRTERBUCH DER THEATERPÄDAGOGIK Berlin ScribniVerlag 2003 KOCH GERD E STREISAND MARIANNE Org é a primeira publicação dessa natureza em língua alemã Proporcionando uma perspectiva da multiplicidade de abordagens métodos procedimentos e suas formulações teóricas e históricas e apontando para o caráter interdisciplinar da Pedagogia do Teatro incorpora temáticas que alcançaram projeção significativa no discurso internacional e que pertencem aos conhecimentos reunidos na área O Dicionário traz verbetes escritos por 140 autores sendo os conceitos oriundos de diferentes contextos culturais tais como Animation animação Warming Up aquecimento Stegreif improvisação Statuentheater teatro imagem Ästhetische Bildung formação estética Spiel jogo Psychodrama psicodrama Rollenspiel desempenho de papéis Prozess und Produkt processo e produto Performance performance Lehrstück peça didática Contact Improvisation contato improvisação Drama in Education drama na educação Konstruktivismus construtivismo entre outros 163 Há também verbetes que se referem a autores oriundos de várias disciplinas o que condiz com o objeto da Pedagogia do Teatro na prática e na teoria que se caracteriza como disciplina de integração entre os pólos teatro e pedagogia bem como de disciplinas limítrofes Nesse sentido o Dicionário traz o desafio de constituir se como um programa de pesquisa em Pedagogia do Teatro Entre os autores sobre os quais é apresentada uma breve biografia encontramos Rudolf Steiner Jacob Moreno Richard Schechner Bertolt Brecht Rudolf Laban Augusto Boal John Dewey Viola Spolin entre outros Drama in education Outro verbete que merece comentário mais detalhado é Drama in Education drama na educação cujos princípios metodológicos foram desenvolvidos desde a década de 1950 na Inglaterra Também nos Estados Unidos no Canadá e na Austrália esta concepção didática representa uma especialização do Educational Drama drama educacional Na Europa o DIE Drama in Education foi divulgado especialmente nos Países Baixos e Escandinávia Através do trabalho da inglesa Dorothy Heathcote o DIE se impôs no espaço lingüístico anglosaxão encontrando ingresso como metodologia no currículo da escola oficial Outros representantes são Galvin Bolton Richard Courtney e Peter Slade Em seu esboço para uma Education in Drama educação através do drama David Hornbrooks contesta a didática do DIE definindo o Drama como uma disciplina artística e analisando esse processo educacional como parte da formação estética o que vem a corroborar com as posições largamente defendidas nos últimos anos no Brasil O campo epistemológico O intuito de incorporar reflexões e indagações sobre a Pedagogia do Teatro visou não apenas a ampliar o espectro da pesquisa na área trazendo para a discussão os Mestres de Teatro dramaturgos teóricos e encenadores como também fundamentar a epistemologia e os processos de trabalho do teatro inserindoos na história da cultura Acredito que essa dimensão nos permita escapar do risco de reducionismos e camisas de força didáticas entendendo o ensino do teatro na sua complexidade 164 1 Formação de Professor1 de Arte novos caminhos muitas possibilidades imensa responsabilidade 2 Lucia Gouvêa Pimentel Resumo A elaboração de um currículo para formação de professors de arte tem como premissas mais que normas legais É necessário que sejam levadas em conta as contextualizações de como se pretende realizar essa formação e das condições em que esse ensino vai se realizar bem como que o currículo proposto tenha condições de preparar alun a preocuparse com sua formação continuamente Partese ainda do princípio que um curso de arte forma artistas algunsmas serão professors outros não Palavraschave Ensino de Arte Licenciatura em Artes Visuais Currículo Formação de Professors de Arte Mediador Aldo Victoriano 1 A grafia neste caso referese ao masculino e ao feminino 2 MesaRedonda Tema Cursos de arte novos caminhos Professora e ViceDiretora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais EBA UFMG Bacharel e Licenciada em Belas Artes EBAUFMG Mestre em Educação FAEMG e Doutora em Formação de Professores de Arte Novos Caminhos 165 Introdução Conhecer é uma construção e não uma aquisição Supõe oportunidade de ter acesso à informação e supõe um movimento interno que torne significativa essa informação para que possam ser tomadas decisões não a partir do que está na moda ou do que outras pessoas fazem mas com base nos pensamentos e na autonomia da vontade pessoal Os saberes são construídos a partir do conhecimento Os saberes em arte pressupõem portanto um trabalho de informação e de conhecimento a cargo do ensino de arte que faz parte do trabalho de educação em arte É muito importante pensar e discutir o porquê do ensino de arte na escola Uma das questões é entender a justificativa para serem incluídas aulas de arte na Educação Básica Na maioria das vezes o ensino de arte nas escolas tem como objetivos desenvolver a criatividade permitir a autoexpressão e ajudar a sociabilidade Não há normalmente o registro a priori de que o objetivo das aulas de arte é ensinar e aprender arte Arte na escola é a oportunidade de uma pessoa explorar construir e aumentar seu conhecimento desenvolver suas habilidades articular e realizar trabalhos estéticos e explorar seus sentimentos Proporciona meios de conhecer apresentar interpretar simbolizar e metaforizar em um contexto de apreciação e valorização Para que isso ocorra é preciso que o ensino de arte possibilite a tods s aluns a construção de conhecimentos que interajam com sua emoção através do pensar do apreciar e do fazer arte A escola sendo lugar social de construção do conhecimento de aprender e de ensinar deve contribuir para promover o pensamento e construir conhecimento nas áreas nela presentes Temse pois que arte está presente no currículo escolar porque é uma área de conhecimento e como área de conhecimento tem que estar na escola da mesma maneira que as outras áreas estão Sabemos através de estudos que vêm sendo desenvolvidos em diversas partes do mundo inclusive aqui no Brasil que existem ações inteligentes ações mentais que só podem ser feitas a partir de determinados raciocínios em arte assim como existem algumas que somente são feitas a partir de determinados raciocínios em história em matemática etc Portanto temos diversas áreas de conhecimento presentes na escola porque as formas de pensar são diferentes e peculiares a cada área ArteEducação ECAUSP Membro da Amarte Associação Mineira de ArteEducação da Faeb e da InSEA Coordenadora da Coleção Arte Ensino Editora CARTEBH e membro do Conselho Editorial da Revista Art luciagpibhterracombr e luciagpiufmgbr 166 Arte relacionase com registros diversificados e com a imaginação estética desses registros que podem ser tanto gestuais quanto gráficos sonoros virtuais espaciais etc A dificuldade que se tem de entendimento da arte contemporânea está muito relacionada a uma capacidade que normalmente não desenvolvemos que é a de pensar registros Os registros podem ser vários e não padronizados Dentre os registros possíveis as referências visuais sonoras gestuais e comportamentais estão à disposição de tods e cada vez mais direcionados à criança e ao jovem Entender registros contextualizálos e recontextualizálos e pensar novas possibilidades para eles é importante para a formação de crianças e jovens Notese que não estamos nos referindo à comunicação visual mas ao desenvolvimento e criação de repertório imagético O fato de na escola não serem trabalhados conteúdos de arte tem como conseqüência maior massificação e alienação porque tiramos das crianças e jovens as chances de conhecer novas possibilidades de trabalho em arte de pensar o que há de desafio em uma imagem um gesto ou um movimento e de imaginar como se expressar em uma imagem um gesto ou um movimento Ensinar arte é uma tarefa extremamente complexa porque lidamos com questões materiais instrumentais e conceituais do que seja aprender e ensinar arte do que seja a própria questão da área do conhecimento arte e inerentemente com a questão emotiva sensível ds aluns Essa tarefa que é complexa necessita de uma preparação bastante profunda e constante para poder ser bem sucedida Por isso a necessidade de que professor de arte tenha tempo de pensar e experimentar questões de arte e possa estar em conexão com especialistas de outras áreas de conhecimento O produto necessário como consumação de um processo mesmo que não seja perene é importante como registro do percurso dessa experiência A arte deve ser tratada em suas diversas facetas como área de conhecimento na relação com a memória e na possibilidade de pensar registros imagéticos e imaginários com referência em seu contexto cultural Se há algum tempo a obra de arte era obra de arte por ela mesma hoje ela tem valor relacionado ao seu contexto cultural Isto é extremamente importante para o ensino de arte na contemporaneidade O conhecimento em arte propicia a construção de novos saberes acadêmicos e pessoais para o grupo de maneira geral e para cada indivíduo em particular podendo em muito contribuir para o compartilhamento de experiências estéticas sensíveis e significativas 167 Nossas escolhas no campo da arte seu ensino sua aprendizagem sua pesquisa e sua ação são fatores determinantes para que determinemos os rumos do que pretendemos que seja a arte neste início de século XXI O ensino da arte em todos os níveis tem passado ao longo dos tempos por processos os mais diversos quer por fatores de influência social quer por modismos ou pela importação de modelos sem a necessária adaptação ao contexto cultural brasileiro E agora é o momento de pensarmos a arte como parte integrante da formação da criança e do jovem como componente curricular e extracurricular de construção não só de conhecimentos mas também de cidadania Aqui o problema maior serelaciona a duas lacunas a formação d professor e a sala ambiente de arte Sem professors especializads e locais adequados o ensino de arte na Educação Básica que deveria propiciar a alun oportunidades experenciais nas diversas formas de arte praticamente inexiste na maioria das escolas restringindose a atividades não possibilitadoras de construção de conhecimentos na área Considerase que currículo é a referência social para um esforço reconstrutivo pessoal e integrado que possibilita uma atitude participativa envolvida emocionalmente carregada do aluno um campo fértil para criação e construção de conhecimentos Um currículo deve ser flexível trabalhar em todas as áreas derivadas do processo artístico de criação pensar na perspectiva que o mundo apresenta hoje compatibilizar as tendências do corpo docente com as tendências de abertura necessária de flexibilização e de processualidade mais rigorosa ser contemporâneo ensinar ao sujeito como aprender sempre como estudar sempre Ainda há que se notar que a tradição de arte é dinâmica e é formada a cada dia e continuamente pela inclusão das tecnologias contemporâneas como acréscimo às possibilidades existentes Além da atualização tecnológica é preciso que as escolas tenham à disposição a possibilidade de pesquisa constante na área por parte ds professors Há que se investir portanto na formação de professors para que conheçam essa área e possam instigar e propiciar vivências significativas 168 O desafio diante de um material a ser trabalhado esteticamente ou de uma obra de arte já finalizada propiciam a elaboração do pensamento em que todas as forças intelectuaisemocionais agem em completude As experiências de desenhar pintar cantar dançar apreciar filmar videografar dramatizar etc são vivências essenciais para a construção de conhecimento em arte Não se pode pensar na formação de professors de arte em cursos que não tenham o tempo adequado para que essas experiências se realizem Saber como a arte é concebida e ensinada na escola como se expressa em cada cultura e que significado tem para um indivíduo e para a sociedade é importante para que se possa planejar as ações necessárias para o ensino aprendizagem da arte Pela necessidade da especulação constante o estudoação está sempre presente na arte quer seja em sua análise ou produção Ensinar arte significa possibilitar experiências e vivências significativas em apreciação reflexão e elaboração artística Para isso é necessário que professor tenha uma base teórica que lhe possibilite a amplidão de pensamento tanto para conhecer os caminhos trilhados por seussuas aluns quanto para propiciar momentos significativos que possibilitem encontrar novos processos individuais e coletivos Além dos trabalhos tradicionais bidimensionais e tridimensionais em artes visuais é importante que as formas contemporâneas de expressão também sejam contempladas tais como o grafite a instalação e a arte digital O trabalho de arte digital não é chamado de 2D bidimensional ou 3D tridimensional porque é virtual Isto porque a arte digital é de outra natureza São obras digitais as realizadas com o uso de equipamentos que produzem imagens digitalizadas como o computador e a câmara digital por exemplo Essas imagens podem ou não ser impressas em suportes tradicionais Não é o uso de papel ou de tela como suporte o que caracteriza a impressão quando se pensa na imagem digital Impressão hoje é um dos conceitos a serem revisitados A tecnologia digital propicia novas formas de pensar e fazer arte Para que isso aconteça s aluns precisam entender a natureza dos instrumentos de arte e os meios de escolha Isso significa que é importante que façam exercícios para conhecer programas de tratamento de imagem por exemplo mas é essencial que pensem seu trabalho como sua própria produção artística e não somente usem os recursos desses programas aleatoriamente É importante portanto que professor de arte conheça e experiencie os meios digitais de produção artística para poder fazer propostas e 169 aceitar propostas de aluns bem como para poder contextualizar adequadamente obras de arte digital Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN arte é fundamental no processo ensinoaprendizagem de arte contemporâneo que s aluns através de pesquisas observações análises e críticas possam conhecer e analisar os processos ds produtores de arte artistas dos seus produtos obras de arte dos difusores comunicacionais da produção artística dos públicos apreciadores de arte no âmbito da multiculturalidade Quanto à expressão audiovisual hoje além dos tradicionais meios audiovisuais já assimilados como a fotografia televisão cinema vêm se somando outras mídias A formatação da internet por exemplo tem permitido o desenvolvimento e a criação de novas formas de relacionamento e conhecimento Aprenderensinar arte é portanto tarefa muito mais complexa que o simples ensino de técnicas ou o uso de materiais artísticos em atividades prazerosas Exige um investimento de completude constante para que as experiências sejam significativas tanto para professor quanto para alun Em vista disso tornase premente repensar os currículos escolares de maneira geral e principalmente os que são responsáveis pela formação de professors de arte Quais serão os conteúdos e procedimentos metodológicos que melhor poderão preparar s aluns para viverem em um mundo em constante mudança No momento em que os PCNsArte ainda não estão instalados no Ensino Fundamental e Médio e já estão sendo repensados e é preciso que estejamos atents a isto sob pena de perdermos o pouco que já conquistamos estarão os cursos de licenciatura em arte preparando professors conhecedors da área e com capacidade crítica para neles buscar não uma prescrição mas um ponto de referência para a construção de novos conhecimentos e práticas metodológicas É preciso que cuidemos para que haja coerência entre a formação d bacharel e d professor bem como que haja respeito à área específica de conhecimento e expressão sem detrimento das possibilidades de ação entre as diversas áreas artísticas Artes Audiovisuais Artes Visuais Dança Música Teatro Partese do princípio que uma Escola de Arte forma artistas alguns vão ser professores outros não Para 170 s que fazem a opção de ser professor é preciso fazer a ligação entre o que é o conhecimento de arte sua expressão seu ensino e sua interrelação com a formação artística d alun Assim licenciad em arte é artista e é professor Lembremos ainda que os desafios a serem vencidos não são os do século XXI mas os deste início do século XXI que portanto se fazem presentes agora Outras pessoas virão para dar continuidade ao que propusermos ou para mudar tudo Isso depende de fatores externos sim mas também de como nos sairmos nessa tarefa Temos que saber que as crianças e jovens são cidadãosãs hoje e como tal devem ser respeitads Não estamos preparando futuros cidadãosãs estamos compartilhando como cúmplices da vida cidadã da idade que els têm O currículo da escola de belas artes da UFMG É sabido que não se pode delegar somente ao currículo seja ele qual for a melhoria do ensino Todo o contexto em que o currículo ocorre tem de ser revisto sob pena de que também este se perca nas amarras de estruturas arcaicas Mas considerase que a mudança curricular em seus conteúdos tarefas e forma de organização é um dos fatores que podem impulsionar uma mudança mais ampla bem como servir de estímulo para que outras mudanças que se fazem necessárias ocorram A flexibilidade da estrutura curricular sem que se descuide do aporte teórico e da reflexão sobre a prática foi um dos quesitos mais estudados para a elaboração do nosso currículo Sabese entretanto que não é possível a prática de uma flexibilização sem que ela seja implantada em toda a infraestrutura que envolve a prática acadêmica Os aspectos da individualidade e da contextualização a preocupação com a formação cultural d alun e sua visão de mundo com a inovação e o desenvolvimento de potencialidades para construção de conhecimentos da cultura artística estão presentes no curso Como já foi dito partese do princípio que uma escola de arte forma artistas algunsmas vão ser professors outrs não Para s que fazem a opção de ser professor é preciso fazer a ligação entre o que é o conhecimento de arte sua expressão seu ensino e sua interrelação com a formação artística d alun Assim licenciado em arte é artista e é professor Justificase portanto o sistema de um curso básico comum para a licenciatura e o bacharelado Assim o foco da licenciatura em artes visuais é o conhecimento específico Arte integrado com conhecimento específico Ensino Arte e seu ensino não devem ser 171 desarticulados na prática mas unificados desde a construção de seu campo específico de conhecimento Isso posto não é desejável que se pense a licenciatura com um programa especial a ser feito após o bacharelado mas um curso que possa ter sua especificidade atendida durante todo o percurso do aluno na graduação Fica claro que durante o curso ocorrerão momentos mais dirigidos para arte e outros mais dirigidos para seu ensino É desejável entretanto que sempre que seja possível a interrelação arteensino de arte seja estabelecida Afinal todos são professors e podem contribuir para a formação de futurs profissionais nessa área A estreita ligação com o bacharelado habilita s licenciands para o desenvolvimento e o estímulo de atitudes criativas em seussuas futurs aluns A LDB sugere que alun possa fazer os dois cursos ao mesmo tempo o que parece viável desde que el permaneça mais tempo na escola O ideal é que alun tenha ao longo do nível básico suporte teóricocrítico dirigido a ambos os cursos Na fase de especialização alun da licenciatura terá seu enfoque complementado por oficinas e laboratórios diferenciados com prática de docência estudos e discussões sobre educação em arte Mas os ateliês à sua disposição serão os mesmos à disposição do bacharelado É importante que a valorização e a qualidade de ambos os cursos seja a mesma a fim de que a esperada competência d profissional formad seja fruto de um projeto interrelacional alunprofessorinstituição professor de arte em qualquer nível de ensino deve ser primeiramente uma pessoa inserida no contexto artístico como forma de viver É essencial que a experiência estética seja um componente importante em sua vida cotidiana Ao se ensinar e aprender arte é preciso que se assegure continuidade e ruptura garantindo uma prática artísticapedagógica consistente responsável e respeitável Para além da inteligência e da percepção já instituídas Rumo ao pensamento Ao se lidar com arte lidase não somente com conhecimento específico com sensibilidade e com emoção com identidade e com subjetividade mas também e certamente com o pensamento Como norteamento geral durante todo o período de sua formação alun estará sendo estimulad a fazer reflexões acerca da arte seu estudo sua aprendizagem e seu ensino considerados em seus múltiplos aspectos e tendências Teoria e prática não serão concorrentes mas interagentes num mesmo processo A especulação constante necessária tanto ao trabalho d artista quanto ao d professor supõe ambas Assim um professor da EBAUFMG que desenvolva seus estudos predominantemente na área teórica deverá estar num ateliê 172 discutindo questões levantadas durante atividades práticas e viceversa Isso acarretará um esforço de todos no sentido de quebrar as barreiras dos muros departamentais além de centrar as discussões em questões de ensino mais que nas burocráticas Notese que as nomenclaturas das disciplinas na grade curricular são apresentadas de maneira globalizante possibilitando flexibilidade na elaboração das ementas dos conteúdos programáticos e facilitando as mudanças sempre que se faça necessário De acordo com as normas da flexibilização alun poderá cursar parte de sua formação em outra escola faculdade ou instituto que não a EBA assim como a EBA poderá receber aluns oriunds de outras escolas faculdades ou institutos O primeiro ano é básico alun tem oportunidade de construir conhecimentos que serão necessários para sua formação em arte qualquer que seja sua opção posterior por cursar uma habilitação Cada semestre tem 315 horas de aula perfazendo 21 créditos Serão oferecidas duas turmas para cada disciplina manhã e tarde à exceção das disciplinas eminentemente teóricas que terão turma única Ao final do segundo semestre alun fará sua opção por uma das habilitações oferecidas no bacharelado ou pela licenciatura O segundo ano é o intermediário em que será feita a base mais específica para a licenciatura alun será iniciad nas práticas pedagógicas tendo um conhecimento mais aprofundado dos fundamentos do ensino de arte que lhe darão a sustentação para sua presença em sala de aula O terceiro e o quarto anos são de aprofundamento alun sistematizará seus conhecimentos nas bases teóricas do ensino de arte e os trabalhará integradamente ao processo artístico de ateliê bem como iniciará sua prática em escola de educação infantil e do primeiro segmento do ensino fundamental cumprindo 405 horas de Estágio Supervisionado As duas últimas semanas de cada semestre serão de preparação e mostra de seu trabalho tanto de artista quanto de professor de arte No último semestre haverá ainda o Trabalho de Conclusão de Curso que aliará suas reflexões às práticas exercidas Esse trabalho será defendido publicamente Durante todo o curso alun deverá também perfazer 210 horas de Atividades AcadêmicasCientíficasCulturais à sua escolha aprovadas pelo colegiado de Curso 173 Tanto em relação as professors quanto em relação as aluns preocupamonos com o ser contemporâneo E ser contemporâne é caminhar com o tempo Supõe o presente o agora a cada momento Podese viver esse tempo passando ao largo dele ou influenciandoo sendo influenciado e projetandoo para tempos antes e depois Cabe a nós a decisão Referências UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE BELAS ARTES Currículo do Curso de Artes Visuais Bacharelado e Licenciatura Belo Horizonte EBAUFMG 2004 PIMENTEL LG Limites em expansão Licenciatura em Artes Visuais Belo Horizonte CARTE 1999 2 DançaEducação uma contribuição da expressão corporaldança1 Mabel Emilce Botelli Resumo Contribuição sobre DançaEducação apresentando o trabalho que teve seu início na Primer Escuela Argentina de Expresión CorporalDanza e que está sendo desenvolvido no Brasil há dezesseis anos Apresentação da pesquisa em DançaEducação intitulada Corpo Natureza sentidos da Expressão CorporalDança na Natureza entre adolescentes 1 MesaRedonda Tema Formação de Professores de Arte novos caminhos ArteEducadora formada pela Primer Escuela Argentina de Expresión CorporalDanza Mestre em Educação Física UGF Dissertação sobre DançaEducação professora do Curso de Dança da UFRJ responsável pela Coordenação Artística da Companhia Cirandeira do Projeto Ciranda Brasileira realiza do pelo Instituto de Arte Tear tearinstituto tearorgbr Responsável pela disciplina Estágio Super visionado em Dança Contemporânea da Escola Angel Vianna 174 O estudo analisa atividades desenvolvidas no Rio de Janeiro com adolescentes junto à Escola de Arte Tear Palavraschave Comunicação Criação Ser Fico muito agradecida por ter a oportunidade de participar do XV Congresso da Federação de ArteEducadores do Brasil que aborda questões tão significativas sobre ArteEducação Neste momento quero contribuir falando sobre DançaEducação apresentando um trabalho que teve seu início na Primer Escuela Argentina de Expresión CorporalDanza e que venho desenvolvendo no Brasil há 16 anos A Expressão CorporalDança foi um movimento de DançaEducação criado por Patrícia Stokoe que se iniciou na Argentina em 1950 onde ganhou ampla aceitação expandindose para outros países Resultou depois na Primer Escuela um marco na ArteEducação no país não só formando profissionais que defenderam o espaço da dança dentro da educação formal preocupandose em discutir a relação da teoria com a prática através de grupos de pesquisa que combinam arte e educação assim como produzindo vários trabalhos escritos Esta Escola oferece subsídios para o trabalho dirigido ao público infantil e juvenil Para a Primer Escuela Argentina Expressão CorporalDança ECD é Uma das linguagens artísticas patrimônio da espécie humana que considera a pessoa como unidade indivisível em suas áreas sensitiva motora psicológica afetiva criativa e social Um ser que se impressiona com estímulos de seu meio os re elabora em seu interior e os expressa em sua dança STOKOE et al 1986 2 O desenvolvimento desta maneira de dançar compromete o indivíduo com a descoberta de quem ele é como ele é do que quer expressar de quais são os caminhos para dizêlo corporalmente Nesta concepção de dança não se procura um corpo adestrado para responder a formas e códigos preestabelecidos Importa antes despertar a atenção e o domínio do corpo para responder aos próprios impulsos que se materializam na dança Para que os princípios desta abordagem possam ser aplicados é indispensável integrar o desenvolvimento corporal com o sujeito como um todo Esta perspectiva pressupõe por outro lado que todo ser humano pode dançar sem distinção de idade sexo ou situação física ou mental todos têm o direito e a possibilidade de viver a experiência da dança 175 Desenvolver a dança de cada um não significa se isolar Como diz Herbert Read 1977 a singularidade carece de valor prático no isolamento Segundo este autor a formação pessoal deve ser não somente um processo de individuação mas também de integração de reconciliação da singularidade individual com a unidade social A corrente de dança preconizada pela Primer Escuela utiliza como uma de suas fontes filosóficas o pensamento de Read Assim buscase estimular a consciência de que o ser humano se completa no intercâmbio com os demais na cooperação no compartilhar no respeitarse e respeitar o outro O ser humano não nasce pronto ele vai se constituindo durante toda a vida e isto acontece na troca com o meio a partir da sua relação com as outras pessoas outros seres e o ambiente O ser humano é um ser cultural e social Ele se completa na vida em sociedade E a dança é uma das formas em que tal aspecto essencial pode ganhar espaço A ECD pode cumprir uma importante função educativa na formação global do ser humano trazendo temas conteúdos e objetivos próprios e complementares aos de outras áreas do conhecimento Segundo a filosofia da Primer Escuela educar através da dança é promover certas qualidades humanas como desenvolvimento da sensibilidade impulso para investigar expressão das emoções e da subjetividade expansão da imaginação criatividade prazer da beleza ludicidade capacidade de comunicação humana Entre seus objetivos específicos podemos citar o desenvolvimento da sensibilidade e percepção do corpo da consciência a expressão e o domínio do movimento da criatividade e da comunicação nãoverbal Nos documentos de base da Primer Escuela argentina enunciase A princípio sonhamos e lutamos por instituições educativas onde Arte e Ciência se equilibram para viabilizar um novo ser humano desenvolvendo todas as suas potencialidades Acreditamos em um currículo onde cada área com sua identidade e todas em sua diversidade possibilitem ao aluno sintetizar em si mesmo o cientista e o artista STOKOE et al 1986 1 Entre as diversas concepções que fundamentam esta prática da dança uma referência é Curt Sachs 1980 que escreve A dança enlaça a separação de alma e corpo une a livre expressão das emoções à rigidez da conduta estabelecida marca um nexo entre a vida social e a manifestação da individualidade p 13 No texto o autor considera a dança um meio de ligação adesão reunião de converter em unidade aquilo que está separado Mais adiante vincula a dança com a mitologia dizendo 176 quem dança ganhará através dela poderes mágicos que o levarão à vitória à saúde e à vida um laço mítico que une a tribo cujos integrantes juntam suas mãos em dança grupal e a desenfreada dança individual expoente da profunda devoção que o executante consagra a si mesmo Idem 14 O autor também discorre sobre o caráter lúdico da dança sua qualidade desinteressada o processo criativo que ela implica Nas suas palavras Liberase o potencial reprimido e buscase uma expressão desinteressada o dançarino se dá ao deleite supremo do jogo aproximandoo da região onde a fantasia a imaginação e a visão acordam e entram em plena função criadora Ibidem Dançar assim é vivenciar a relação do homem consigo próprio com os outros homens com o imaginário com o sagrado É uma manifestação onde corpo mente e espírito não estão separados dançar permite um contato maior com o corpo que pode significar uma maior consciência e transcendência de si mesmo A dança dá sentido ao movimento É linguagem do corpo organizada em seqüências significativas Uma manifestação da pessoa que responde com atividades conscientes e inconscientes a um mundo humano natural e cósmico do qual faz parte em um interagir incessante A dança possibilita à pessoa desenvolver suas potencialidades criativas através do movimento Este perde seu sentido meramente físico e toma um sentido mais amplo psíquico compartilhado socialmente integrado no todo Criase no praticante conexões entre o percebido sua históriamemória sua imaginação seus afetos a presença dos outros dentro de si propiciando uma expressão única singular e irreproduzível A atividade Expressão CorporalDança segue dinâmicas próprias no âmbito da educação do sensível e do fazer Formam parte destas dinâmicas quatro aspectos básicos que se apresentam de forma sucessiva alternada ou integrada pesquisa expressão criação e comunicação A pesquisa é utilizada para o conhecimento e as relações com o próprio corpo o corpo do outro com o espaço os materiais do local é a etapa da educação sensível A expressão é a possibilidade de manifestar através do corpo sua subjetividade a capacidade de exteriorizar as sensações sentimentos emoções pensamentos imagens sonhos e fantasias O momento expressivo se caracteriza por dois níveis de realização o que se quer expressar e como expressar Na etapa da criação o questionamento feito pelo profissional facilitador é aberto as respostas 177 podem ser variadas com amplas possibilidades produto da iniciativa e da imaginação de cada participante Além das improvisações de exploração de si mesmo das formas expressivas e da busca do que e como se quer expressar existe outra etapa a etapa construtiva na qual cabe dar forma concreta ao tema Compreende a seleção a combinação a memorização e a composição do movimento o encontro da forma através da qual a pessoa sinta que projeta sua verdade interioridade sentimentos representações O quarto aspecto da comunicação se apresenta em diferentes níveis a A comunicação intrapessoal consiste em entrar em relação consigo mesmo sentir se descobrirse conhecerse pensarse manifestarse implica uma investigação pessoal de sua realidade corporal e de sua psique conectarse com seus sonhos fantasias desejos é dançarse a si mesmo e para si mesmo darse ao prazer de sua própria revelação expressiva b A comunicação interpessoal implica estabelecer uma relação com outra pessoa é a participação em uma aprendizagem mútua envolve dialogar complementar encontrar adequar aceitar reconhecer o outro criar empatia c A comunicação grupal parte da relação entre várias pessoas participar em um aprendizado grupal envolve perceber os seus companheiros sintonizar harmonizar d A comunicação intergrupal está associada ao relacionamento de um grupo com outro envolve sentirse parte de um corpo grupal ampliar o campo da percepção para seu grupo e o outro Em 1994 Patricia Stokoe2 e Alicia Sirkin3 escreveram El Proceso de la Creación en Arte 1994 que sintetiza a concepção da Expressão CorporalDança As autoras sustentam que o culto do indivíduo proclamado pelo capitalismo não oferece opções de individualidade para a maioria das pessoas e sim uma proposta velada de manipulação de massificação que serve para impor o domínio da minoria Esta proposta tende a retirar do ser humano sua essência mesma sua singularidade única e irrepetível Sufocase assim a expressão pessoal e a criatividade pela indução 2 Patricia Stokoe 19211996 bailarina e arteeducadora argentina recebeu sua formação e trabalhou profissionalmente como bailarina em Londres desse modo incorporando muitas disciplinas de dança e de teatro de 1938 até 1950 ano em que regressou ao seu país Desenvolveu um conceito de dança criativa ao qual deu o nome de Expressão Corporal sobre o que escreveu vários livros Foi a criadora da Primer Escuela Argentina de Expresión CorporalDanza tendo desenvolvido sua metodologia de ensino e prática desde 1950 Patricia Stokoe abriu um caminho de prática e investigação incansá veis e se dedicou durante toda a sua vida à reaproximação da dança com o social e o cotidiano A dança deve estar ao alcance de todos acreditava ela Nesta busca de uma linguagem autêntica Patricia como bailarina e educadora ao confrontarse com tantas inibições tensões e bloqueios por uma falta de conhecimento e contato corporal produto de séculos de negação do corpo e dicotomização da pessoa foi integrando os anos de prática e investigação sobre si mesma com as contribuições mais valiosas entre elas se encontram as de Rudolf Von Laban e de seus mestres e companheiros de trabalho entre os quais podemos citar Moske Feldenkrais e Gerda Alexander 3 Alicia Sirkin psicóloga socióloga e atriz foi uma das pessoas que se integrou ao núcleo da Escuela no final da década de 1970 quando ela se constituiu como espaço de formação de educadores na área 178 de modelos valores comportamentos que vão se construindo como ideal do eu Desta maneira a pessoa termina por negarse a si mesma nivelandose ao outro esse outro socialmente estandardizado O trabalho da ECD propõe favorecer a flexibilidade do corpo em termos de mobilidade de plasticidade de expressões diversas Corpos que se transformem de acordo com as circunstâncias e as oportunidades Corpos que expressem uma linguagem ampla subjetiva Corpos onde o ser possa manifestarse sem travas sem fechaduras sem armaduras que limitem a verdadeira relação entre a intenção e a expressão corpórea Stokoe e Sirkin também sustentam que quando a educação nos primeiros anos de idade inculca modelos dominantes dá início a um processo de alienação que bloqueia a criatividade o pensamento crítico e a autonomia Dito de outra maneira neste marco há tendência a seres passivos impedindo que cada indivíduo se desenvolva como pessoa responsável por suas próprias escolhas invenções expressões ações Desta forma limitase a possibilidade das pessoas expressarem suas identidades e de contribuírem criativamente para o momento histórico da sociedade em que estão vivendo É fundamental no processo de formação do ser humano estimular a criatividade e favorecer a manifestação da subjetividade para que como ser social cada pessoa participe eficazmente do contínuo processo de criação e recriação do mundo e de si mesma A participação ativa criativa crítica autônoma e sensibilizada socialmente é indispensável para a evolução social Só assim o indivíduo pode atuar como protagonista das trocas necessárias à busca de uma sociedade mais justa A participação sensível de cada um permitirá maior respeito mútuo mais respeito às diferenças um maior sentimento de pertencimento fazendo parte e fazendo sua parte uma maior igualdade de direitos e deveres Favorecerá o emergir de seres mais responsáveis mais cooperativos Como protagonistas conscientes é possível estarse atento e participar dos processos sociais Em relação à evolução pessoal e à participação social Stokoe e Sirkin afirmam que o desenvolvimento da individualidade criadora não se contrapõe à necessidade de atender aos interesses coletivos e ao bem comum 1994 15 Um sujeito autônomo através do aguçar de sua sensibilidade e do exercício da reflexão com liberdade para manifestarse produzir estará mais preparado para integrarse e contribuir com o seu meio Ele conta com instrumentos para resolver com originalidade os desafios que os processos de transformação pessoal e social vão apresentando a cada momento 179 Na atividade artística a subjetividade é fonte e instrumento das obras Aqui as fantasias os sonhos os desejos enfim os componentes da subjetividade são elementos decisivos Nos termos de Stokoe e Sirkin criar artisticamente é subjetivar a realidade 1994 25 O artista imprime seu olhar seu sentir seu tônus sua vivência dando forma a uma nova realidade o produto artístico através do qual se revela a si próprio e ao mundo O produto artístico é uma estrutura com significados diversos em que se moldam imagens emocionadas do mundo Assim ele nos informa sobre a realidade social e histórica a que a obra pertence mas através da significação particular através da qual o artista a recria Segundo as autoras dar forma artística compreende um complexo processo de criação onde há a participação de diferentes níveis da personalidade O inconsciente habitado por imagens fantasias desejos se entrelaça com aspectos conscientes da subjetividade A integração e fluidez entre consciente e inconsciente variam em cada pessoa Estas variações são definidas não só pela estrutura da personalidade mas também pela situação do meio em que acontecem Falando sobre as fontes que mobilizam em cada um a criação da forma artística as autoras afirmam que elas se constituem pela relação existencial entre criador e o mundo pela maneira como o sujeito é afetado pelas vivências com seu meio e consigo mesmo Estas experiências movimentam um processo de elaboração imaginária que culmina na ideação de um objeto ao qual o criador dará uma forma material Este processo marca a importância da qualidade e variedade de experiências oferecidas e recebidas pelo sujeito criador A ECD pretende oferecer um espaço através do qual possamos nos desvelar tanto em relação a nós mesmos quanto na interação com os outros e o ambiente A prática da ECD compreende um processo contínuo que nos convida a experiências do humano como dedicação constância persistência importantes qualidades que devemos praticar Aliás diante da corrida desenfreada associada ao consumismo atual não se pode esquecer também do desenvolvimento da tolerância do companheirismo do respeito Talvez uma forma de cada um de nós voltar a ser Caçador de mim Tive oportunidade de realizar uma pesquisa em DançaEducação que constitui minha dissertação de mestrado intitulada Corpo Natureza sentidos da Expressão CorporalDança na Natureza entre adolescentes O estudo analisa atividades de Expressão CorporalDança na Natureza ECDN desenvolvidas no Rio de Janeiro com adolescentes da classe média junto à Escola de Arte Tear A pesquisa de natureza qualitativa teve como objetivos 180 1 Mapear os sentidos de ECDN para adolescentes praticantes desta atividade conforme expressos em seus discursos 2 Identificar pontos de convergência entre os sentidos de ECDN dos praticantes e os objetivos presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs especialmente nas áreas de arte e meio ambiente Os fundamentos teóricos que nortearam o estudo foram extraídos de textos que explicitam a proposta de Expressão CorporalDança ECD de textos oficiais dos PCNs e do pensamento de autores que abordam temas relacionados à pesquisa entre eles adolescência imaginário social mito grupo e análise do discurso Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com adolescentes praticantes de ECDN cuja idade variou de 13 a 20 anos Na análise de seus discursos quatro marcas lingüísticas se destacaram e foram estudadas pormenorizadamente sentir experiênciaser adolescentegrupo As conclusões do estudo apontam que existem inúmeros pontos de convergência entre as experiências desenvolvidas em ECDN e as concepções e recomendações oficiais contidas nos PCNs especialmente no que diz respeito à necessidade de fomentar a autoexpressão dos adolescentes e seu encontro consigo mesmos com os outros e com o meio ambiente na busca de um desenvolvimento individual socialmente integrado Referências BRASIL Ministério da Educação 2000a Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Fundamental 1a à 4a Série Educação Física Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 24 maio 2003 Ministério da Educação 2000b Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino fundamental 1a à 4a Série Meio Ambiente e Saúde Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 24 maio 2003 Ministério da Educ ação 2000c Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Fundamental 5a à 8a Série Introdução Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 20 set 2003 Ministério da Educação 2000d Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Fundamental 5a à 8a Série Educação Física Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 20 set 2003 Ministério da Educação2000e Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Fundamental 5a à 8a Série Meio Ambiente e Saúde Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 20 set 2003 181 Ministério da Educação 2000f Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Fundamental 5a à 8a Série Arte Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 20 set 2003 Ministério da Educação 2000g Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio Parte I Bases legais Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 20 set 2003 Ministério da Educação 2000h Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio Parte II Linguagens Códigos e suas Tecnologias Disponível em wwwmecgovbr Acesso em 20 set 2003 BOTELLI M Corpo Natureza sentidos da expressão corporaldança na natureza entre adolescentes Dissertação de Mestrado Programa de PósGraduação em Educação Física Rio de Janeiro Universidade Gama Filho 2004 READ H Educación por el arte Buenos Aires Piados 1977 SACHS C Historia universal de la danza Argentina mimeo 1980 STOKOE P et al La expresión corporaldanza en el congreso pedagógico In Encontro La Educación en el Congreso Pedagógico Buenos Aires mimeo 1986 STOKOE P SIRKIN A El proceso de la creación en arte Argentina Almagento 1994 STOKOE P Expresión Corporal Arte Salud y Educación Buenos Aires ICSA Humanitas 1987 La expresión corporal Guía didáctica para el docente Buenos Aires Ricordi 1978 STOKOE P La expresión corporal y el adolescente Buenos Aires Barry 1976 Bibliografia Consultada ABERASTURY A KNOBEL M 1992 Adolescência Normal Porto Alegre Artes Médicas 1992 BUZZI A Introdução ao pensar O ser o conhecimento a linguagem Petrópolis Vozes 1992 CALLOIS R Os jogos e os homens Lisboa Cotobia 1990 CAMPBELL J Isto és tu São Paulo Landy 2002 O poder do mito São Paulo Palas Athena 1991 182 CHEVALIER J GHEERBRANT A Dicionário de símbolos Mitos sonhos costumes gestos formas figuras cores números Rio de Janeiro José Olympio 2001 DUARTE JR JF Os sentidos do sentir Curitiba Criar 2001 DURAND G O imaginário Ensaio acerca das ciências e da filosofia da imagem Rio de Janeiro Difel 2001 As estruturas antropológicas do imaginário São Paulo Martins Fontes 1997 ELIADE M Mito e realidade São Paulo Perspectiva 2000 O Sagrado e o Profano São Paulo Martins Fontes 1996a Imagens e símbolos São Paulo Martins Fontes 1996b MAFFESOLI M O tempo das tribos o declínio do individualismo nas sociedades de massa Rio de Janeiro ForenseUniversitária 1987 ORLANDI EP Discurso e leitura Campinas Cortez 2000 Análise do discurso princípios procedimentos Campinas Pontes 1999 Interpretação autoria leitura e efeitos do trabalho simbólico Petrópolis Vozes 1996 As formas do silêncio no movimento dos sentidos Campinas Unicamp 1993 A linguagem e seu funcionamento as formas do discurso Campinas Pontes 1987 3 A Modalidade Música no Composto ArteEducação MúsicaEscola notas certezas e indagações em torno da formação de professores Regina Márcia Simão Santos Resumo Apresento histórias de vida e trajetórias do pensamento em Educação Musical Educação Artística e ArteEducação no Brasil teorização políticas públicas e práticas curriculares cotidianas Trago questões contemporâneas para a formação de especialistas professores de arte nas modalidades artes visuais dança teatro e música e para a formação de professores das séries iniciais generalistas ou unidocentes a Professora Doutora pelo Departamento de Educação Musical do Centro de Letras e Artes da Universi dade Federal do Estado do Rio de Janeiro UniRio 183 propósito do composto arteeducaçãomúsicaescola arte música como forma de conhecimentopensamento experiência da ordem do plano de composição estética multiplicidade já presente na prática social trajeto dinâmico entre os caminhos de profissionalização e humanização e projeto educacionalpedagógicocurricular com um funcionamento da aula como mapacartografia Atuo na licenciatura do Curso de Música da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UniRio desde o início dos anos 1970 Vivi a proposta das licenciaturas curtas e plenas as tendências do pensamento em Educação Artística ArteEducação e Educação Musical a euforia em torno da Lei 569271 e recentemente a expectativa em torno da Lei 939496 que fala do ensino da arte como componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica e se conjuga com os documentos do MEC Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil Parâmetros Curriculares Nacionais de 1a a 4a e de 5a a 8a Diretrizes Curriculares para o Ensino Superior Diretrizes Gerais para as Licenciaturas Diretrizes Curriculares para a Educação Profissional de Nível Técnico1 que tratam por exemplo das modalidades artes visuais dança teatro e música e da formação de especialistas Minha história de vida se confunde com tais histórias que deixaram marcas inscritas em todos que viveram e estão vivendo essas experiências Não estamos aqui para fazer discursos saudosistas ou denunciatórios Há muito já temos ouvido falar do enfraquecimento das linguagens da arte no cotidiano escolar e quero me referir especificamente ao caso da música Como disse em recente congresso2 não cabe indagar que conjunto de fatores responde por isso se como dizem alguns a arteeducação enfraqueceu o projeto do Canto Orfeônico se algumas universidades brasileiras abdicaram dos saberes específicos de cada componente da área de arte a música na licenciatura e optaram por uma polivalência mal entendida se os músicos abdicaram da sua presença no projeto da Educação Básica de baixa hierarquia e prestígio social entre os campos profissionais e ocupações profissionais Ao invés de falar da volta da música para a escola concordo com Maura Penna 2002 quando prefere dizer que não temos sabido ocupar esse espaço que nunca deixou de ser oferecido pelos documentos oficiais no Brasil 1 Documentos normativos de orientação oficial mas não de caráter obrigatório que servem de base para a construção de projetos políticospedagógicos da competência das escolas em acordo com orienta ções das instâncias federal estadual e municipal conforme o caso São documentos situados histori camente Não devem ser tomados como um conjunto de princípios atemporais 2 XIII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL Rio de Janeiro out de 2004 184 Não estamos aqui para dizer do que perdemos nesse percurso pois não se trata de recuperar nada resgatar nada restabelecer nada Um ritornelo na música ou na vida nunca é o retorno do mesmo Ao ser convidada para a mesa do XV Confaeb sobre novos caminhos na formação de professores de arte pensei em tratar de terminalidades de cursos flexibilização e percursos individuais autonomia do aluno no desenho do seu percurso curricular de quebra de fronteiras disciplinares e campos de saberes de ensino modular alternativas na organização curricular e currículos integrados Ou considerar que os saberes pedagógicos não se localizam exclusivamente nas licenciaturas que nos formamos professores numa rede de instâncias de formação no convívio cotidiano e direto com o campo profissional em meio a processos analíticos e intuitivos Mas isso tudo já foi tratado em outras ocasiões3 e preferi não me repetir aqui Pareceume oportuno então considerar o composto arteeducaçãomúsica escola nesse composto que questões contemporâneas parecem importar para tratar da formação de professores especialistas mas também de professores das séries iniciais hoje Educação Musical Educação Artística ArteEducação pedaços da história de uma prática curricular Parto da rememoração de pedaços da história da prática curricular que temos chamado de Educação Musical Educação Artística ou ArteEducação São fragmentos que existem em nós teorizações que em parte incorporamos Constituem 3 SANTOS RMS Música a Realidade nas Escolas e Políticas de Formação Revista da ABEM n 12 2005 no prelo Melhoria de vida ou fazendo a vida vibrar o projeto social para dentro e fora da escola e o lugar da educação musical Revista da ABEM v 10 p 5964 ABEM abr 2004 Labirinto caleidoscópio rede e espiral aberta o currículo a partir de um paradigma estético CONGRESSO INTERNACIONAL DE POLÍTICAS CURRICULARES Tema Currículo e Contemporaneidade questões emergentes UFPBCE João Pessoa Paraíba 2003 Poster A Universidade Brasileira e o Projeto Curricular dos Cursos de Música frente ao Panorama Pós Moderno Revista da ABEM n 8 p 6368 março 2003 Um Paradigma Estético para o Currículo considerações a partir de Gilles Deleuze e Jorge Larrosa Anais XIV CONGRESSO DA ANPPOM Porto Alegre ago 2003 CDROM A produção de conhecimento em Educação Musical no Brasil balanço e perspectivas OPUS Ano 9 n 9 Campinas Anppom p 4565 2003 A Formação Profissional para os Múltiplos Espaços de Atuação em Educação Musical Anais X ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL Uberlândia p 41 66 2001 185 um conjunto de heranças que pode ser atravessado por outros fluxos ser rasgado remontado atualizado São partes dessa trama VillaLobos instituindo o Canto Orfeônico por Decreto em 1931 no governo de Getúlio Vargas com um tríplice objetivo estético de disciplina e civismo Bloom tratando das taxionomias dos domínios afetivo psicomotor e cognitivo controlando e definindo objetivos em níveis e complexidade crescentes Herbert Read criando o termo arteeducação e falando do professorartista no que o aproximo de Paulo Freire Perrenoud Schon Nóvoa e Corazza Piaget antogonizandose com Robert Witkin que desenvolveu uma teoria com base na sensibilidade estética ao invés de baseada no conhecimento através dos objetos da ação sobre eles4 George Kellner frisando que em todo item de um programa é possível desenvolver processos de criação Fayga Ostrower fundamentando o debate sobre criatividade e processos de criação Jerome Bruner criando a noção de currículo em espiral espiral de conceitos e rompendo com currículos lineares Do apogeu dos discursos sobre a estrutura da matéria currículos centrados na estrutura da matéria segundo os grupos de especialistas chegamos a experimentar duas posições distintas a ênfase essencialista e naturalizante desses discursos e a suspeita de que tais estruturas são uma construção do homem existindo múltiplas lógicas possíveis na organização do conhecimento JaquesDalcroze avaliador da instituição escolar em que se pode reconhecer Dalcroze um século depois Debates n 4 Revista do Programa de PósGraduação em Música da UniRio 2001 p 0748 Cartografias na Educação Infantil quem joga IX ANAIS ABEM 2000 p 111132 et al Contribuições Para Discussão Sobre as Novas Diretrizes Curriculares dos Cursos Superiores Comunicação de Trabalho em GT Anais XI ENCONTRO DA ANPPOM Campinas 1999 p 123127 Cultura e Globalização desafios ao ensino de música na cidade contemporânea In Interfaces Revista da PósGraduação das Unidades do Centro de Letras e Artes da UFRJ ano IV n 5 temático Globalização e Cultura Ano IV n 5 out 1998 p 2132 Uma Educação Musical em face da sensibilidade urbana da presente modernidade In ANAIS VI ENCONTRO DA ANPPOM p 120127 1993 SANTOS RMS e ALFONZO NR No compasso de um paradigma estético entre o liso e o estriado falando de práticas curriculares em Música e Educação II COLÓQUIO FRANCOBRASILEIRO DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO O DEVIRMESTRE ENTRE DELEUZE E A EDUCAÇÃO UERJ Rio de Janeiro 2004 Sessão Especial CDROM Música e Educação práticas cotidianas como composições estéticas Anais VI COLÓQUIO SOBRE QUESTÕES CURRICULARESII COLÓQUIO LUSOBRASILEIRO SOBRE QUESTÕES CURRICULARES Rio de Janeiro UERJ 2004 4 Como as crianças organizam uma coleção de pedras em círculo triângulo linha como resultado de uma qualidade estética e não com base na consciência de uma invariância quantitativa Esta é uma das questões que destaco do seu livro de 1974 intitulado The Intelligence of Feeling 186 Elliot Eisner indagando mais recentemente em torno da estrutura e mágica no ensino de arte EISNER 1999 e reiterando que sempre há uma estrutura sempre a aprendizagem diz de algum relacionamento alguma seqüência conexão não necessariamente única verdadeira linear Seria hoje mais próprio falar de estruturas acentradas com centros moventes estruturas rizomáticas espirais com anéis abertos caleidoscópios labirintos Esta seria outra forma de pensar o funcionamento da arte do conhecimento da vida Em todo esse percurso fomos abandonando o paradigma do racionalismo acadêmico enciclopedismo sendo atravessados pelo paradigma tecnicista ênfases aplicacionistas em torno de técnicas e métodos e experimentando a ênfase nos processos cognitivos Em Educação Musical usamos as músicas para disciplinar os corpos ensinar cantando o que se pode ensinar falando dar ordens de modo mais agradável e cantando todos juntos São musiquinhas de comando FUKS 1991 que muitos manuais pedagógicos e cancioneiros para a escola nos ensinaram a usar E selecionamos músicas folclóricas e canções pedagógicas para as festas e comemorações do calendário escolar Chegamos a incluir as músicas de diversas culturas amenizando o peso no repertório eurocêntrico música séria cultura musical erudita européia música clássica música escrita cultivated music notated music Fomos afetados pelo paradigma da cultura e passamos a considerar a possibilidade de trabalhar sobre as culturas Da camiseta ao museu título de um livro que bem poderíamos num paralelo chamar de Do jingle à música de concerto ou inverter indo do museu à camiseta sem o pretexto de partir da cultura do aluno para chegar à mais nobre numa operação de diferenciação hierarquização e exercício de poder Falamos de multiculturalismo de diferença e identidade e hoje entendemos que não basta defender a tolerância e o respeito à alteridade sendo necessário considerar como se constituem históricosocialmente tais diferenças e identidades Em música vimos se alargarem os horizontes do trabalho com o material e as mediações pedagógicas os brasileiros Gazzi de Sá Liddy Mignone e Sá Pereira investiram na mediação pedagógica através de sistema de sílabas e de números a mediação corporal e a qualidade cinestésica formaram a base do discurso dalcroziano sobre a memória corporal do ritmo e o som apreendido pelo corpo inteiro numa sensação tátilmotora Para Dalcroze 1967 interessava que o aluno pudesse dizer 187 ao final de uma experiência de ensino eu sinto ao invés de dizer eu sei p 63 As idéias de Orff chegaram ao Brasil pondo em destaque o potencial expressivo das palavras a qualidade musical rítmicosonora das rimas e lengalengas e defendendo uma prática musical de conjunto intuitiva e imediata com ênfase nas atividades de criação Os vários representantes do movimento de Oficina de Música exploraram o som produziram o som propuseram o desenvolvimento de processos de composição empírica os músicoseducadores europeus e norteamericanos Briam Dennis John Paynter Murray Schafer o alemão naturalizado brasileiro Hans J Koellreutter a argentina Violeta Gainza os brasileiros Luiz Carlos Cseko e Jorge Antunes o uruguaio Conrado Silva atuante na vida acadêmica e cultural no Brasil por várias décadas são alguns de quem nos lembramos Falase de método préfigurativo KOELLREUTTER 1997 p 41 e de ensinar no limite do risco SCHAFER 1991 p 277 Defendeuse um currículo menos fragmentado e por processo de composição empírica indo direto aos materiais visto que há pouco valor em se saber sobre ritmo pulso e duração a não ser que a visão derivada da experiência nos capacite a lidar com outros usos de ritmo pulso e duração onde e quando os encontrarmos PAYNTER 1983 p 345 Desafiouse o professor de música a uma ação pedagógica norteada pelo princípio do prazer em lidar com sons ao invés de orientada por uma seqüência de informações e habilidades técnicas lidar com direções que possam vir dos alunos sem critério aparente Para Paynter 1983 um bom planejamento deveria possibilitar mudanças na direção ou caminhos alternativos para lidar com linhas inesperadas da exploração que possam vir dos alunos p 43 Isso tomandose um princípio unificador que liberte o potencial musical em várias direções e ainda assegure a abordagem de conceitos musicais sem nenhuma fragmentação p 66 Mais recentemente temos discutido as possibilidades de diálogo com a cultura midiática as culturas do cotidiano na sala de aula considerando na segunda metade do século XX o impacto da tecnologia o acesso às músicas através da audição a prática intensa dos adolescentes ouvindo música no seu ambiente familiar e no cotidiano da vida urbana shoppings academias lugares públicos os mais diversos com funções e identidades variadas Temos buscado compreender os diversos contextos onde se dá o aprendizado musical na vida cotidiana 5 Tradução de Regina Marcia Simão Santos 188 Por uma política de formação de professores especialistas nas modalidades da arte e professores das séries iniciais A que ações e pensamentos toda essa trajetória e toda essa imbricada composição nos leva hoje Quero desenvolver isso em cinco pontos que entendo serem questões contemporâneas para o traçado de uma política de formação de professores especialistas nas diversas modalidades da arte e também para professores das séries iniciais considerando o funcionamento pedagógicocurricular a Arte Música como forma de pensamento e conhecimento Deleuze e Guattari vão tratar da arte ciência e filosofia como três formas de pensamento e campos indiscerníveis um não sendo inferior nem mais relevante que o outro ou de excelência ou lugar exclusivo de criação e pensamento Todos os três são campos de criação Assim se desfaz a visão romântica da arte como lugar exclusivo da criatividade e do espontâneo Dizem Deleuze e Guattari 1992 que é o cérebro que diz Eu mas este Eu não é apenas o eu concebo do cérebro como filosofia é também o eu sinto do cérebro como arte A sensação não é menos cérebro que o conceito 6 p 271 A ciência tem a função de produzir proposições científicas a filosofia tem a função de produzir conceitos e a arte tem a função de produzir blocos de sensação de afetos Diz de afetar e ser afetado por uma escultura seus trajetos interiores ângulos de ser arrastado pelo devirjazz de uma performance musical por uma interpretação do Hino Nacional Brasileiro na voz de Fafá de Belém de ser afetado pelos materiais num processo de experimentação E o gestual do maestro o cheiro da tinta ou o pêlo da brocha fazem parte desse bloco de sensações Não há mais lugar para os binarismos reducionistas do tipo arte como lugar da emoção do inefável do transcendente do metafísico e do inexprimível e ciência como pensamento via razão Arte ciência e filosofia não competem entre si são apenas formas de organizar o caos concomitância de linhas Arte ciência e filosofia brigam contra a opinião o clichê o molde o dado pronto no lugar do pontoposição já dado de antemão numa estrutura seria mais próprio falar do pontolinha que surge no trajetocartografia 6 Curioso é observar que na virada do século XIX para o XX Dalcroze falava que os seus alunos deveriam chegar ao final de uma experiência de ensino dizendo eu sinto ao invés de dizer eu sei 189 Urge tratar a arte como área de conhecimento como instrumento de compreensão do mundo e intervenção na realidade como leitura do mundo através das marcas sonoromusicais das vestimentas das esculturas da arquitetura etc Marcas que talvez já não tenhamos na memória sons que já perdemos garrafas de leite rangido de cadeiras de balanço no assoalho rodas de carros de boi trepidar de paralelepípedos no fundo do carro Essa afinação do mundo ou paisagem sonora como diz Schafer todos os corpos sonoros todo objeto suscetível de produzir sons tem sentidos inscritos socialmente Há implicações disso no projeto de formação de professores de Arte e dos professores das séries iniciais no funcionamento da prática curricular b Arte Música como plano de composição estética que extrapola o plano de composição técnica Os materiais entram na sensação seja quando se compõe a partir de um plano detalhado ou quando se vai compondo de cor em cor de som em som por experimentação A arte como plano de composição estética atravessa e une os eixos do fazer apreciar refletir Integra o produzir executar criar fruir e refletir Refletir sobre conhecimento técnico notacional perceptivo sobre conhecimento socialmente acumulado contextualização dos produtos culturais e históricos sobre sentidos e subjetividades contextualização histórica social psicológica antropológica geográfica ecológica biológica o que amplia o que temos vivido tradicionalmente como História da Arte Há implicações disso no projeto de formação de professores de Arte e dos professores das séries iniciais no funcionamento da prática curricular c Arte Música como multiplicidade já presente na prática social musical no caso Estar entre a variação de um idêntico e a identidade de um diverso conforme expressão de Barbero 1987 falando dos fenômenos de cultura e comunicação Essa é a condição em que nos coloca a cultura pelo seu funcionamento intertextual em rede com produtos híbridos misturando presente e passado e produzindo sentidos que se dão na remissão a outras obras do mesmo gênero ou não Uma multiplicidade já está presente na prática social e podemos falar de uma música sobreposta interdependente de outras práticas e não pura musicalidade SAID 1992 p 121 ao mesmo tempo em que falamos da música como experiência massiva e singular Música compartilhada com suas matrizes culturais inscrita num 190 ritual social no qual um grupo se reconhece e música como experiência individual e idiossincrática não visando a comunicação social Um menino congadeiro diz que aprende a bater o ritmo do congado indo direto no batido ARROYO 1999 o aluno da escola regular diz que gosta mesmo é do batidão do funk ALFONZO 2004 Em ambos os casos referem se a um composto uma multiplicidade dada a cada instante o batido do congado e o batidão do funk são ao mesmo tempo ritmos timbre intensidade coreografia dança Borramse as fronteiras entre essas dimensões de uma mesma experiência social No batido e no batidão há tanto uma escuta guiada por convenções quanto uma escuta que escapa às coordenadas que orientam qualquer suposta escuta certa ideal e totalizante Há implicações disso no projeto de formação de professores de arte e dos professores das séries iniciais no funcionamento da prática curricular d Arte Música nos seus caminhos de profissionalização e humanização Um músico popular cego tocador de viola afirma Tô tocando tô me divertindo É a minha profissão7 Divertirse e ir se tornando um músico profissional se confundem Mundo do trabalho e profissionalização parecem se instalar sem que se tenha um demarcador temporal para isso De igual forma o jovem vai se profissionalizando em música hoje sem que se possa precisar quando e como começa a sua profissionalização Essa é uma realidade que temos encontrado nos dias atuais e que nos leva a rever célebres binarismos e códigos de coleção que guiaram projetos e políticas educacionais no Brasil formação do músico x formação de platéia formação profissional x formação geral Se professores abrem portas e se falamos de um projeto éticopolítico socialestético como não conceber que um projeto esteja centrado em tarefas que façam sentido para o aluno e para o professor aumentando a potência de agir e de viver a potência de produção e a capacidade de tomar decisões musicais favorecendo o crescente desejo de competência e a expectativa de profissionalização e Arte Música no projeto educacionalpedagógicocurricular com um funcionamento da aula como mapacartografia Decorre disso tudo que não se trata de entender a arte como campo de conhecimento proposicional Ao invés de dizer o que é a bossanova dizer do que 7 Documentário Som da Rua TV ZERO Exibições através da emissora de televisão CANAL BRASIL 191 experimentamos seu devirjazz seu devirimpressionismo seu devirsamba entre essas qualidades e blocos de sensação Ao invés de uma unidade programática no planejamento de ensino que define o que é ritmo experimentar o devirritmo nas suas multiplicidades sempre um conceito em fuga que depende das circunstâncias que é da ordem do acontecimento dos eventos em seus relacionamentos em cada contexto seja no transcurso de um trecho musical nos modos de falar um nome ou uma frase faladacantada melodiada Nesses trajetos que são cartografias a escuta é nômade inesgotável de caráter heurístico e sempre reinventada mesmo quando se dá em sistema musical com alto grau de previsibilidade Decorre também que devemos estranhar os projetos de disciplinarização e institucionalização da Arte como conhecimento escolar como a temos caracterizado na cultura escolar O exercício de atomização para melhor controle e domínio do processo de administração do conhecimento e os binarismos na grade fora da grade curricular extracuricular ou profissional não profissional devem dar lugar à experimentação de outras possibilidades de lidar com educação e organização curricular Sandra Corazza na sua palestra intitulada Nos Tempos da Educação8 trata do que herdamos para então considerar a herança que deixaremos no campo pedagógicocurricular A herança que deixaremos decorrerá de uma decisão cotidiana fundamentada compartilhada construída coletivamente investindo nas brechas abertas nos documentos da educação maior oficial instituída Entre notas certezas e indagações As questões que se colocam à formação de professores de Arte hoje propondo novos caminhos frente aos novos conhecimentos da arte da filosofia e da ciência não geram respostas prontas para reprodução Geram profundo questionamento sobre a lógica dos cursos de formação já que é neles que aprendemos a prática do enciclopedismo da didática bancária do ensino proposicional do moverse pela força reativa estudar para passar na prova Diz Perrenoud 1995 8 Conferência de abertura do XIII Encontro Anual da Associação Brasileira de Educação Musical Rio de Janeiro outubro de 2004 192 Estes esquemas uma vez adquiridos não se transformam facilmente de hoje para amanhã e comandam uma parte das novas experiências do indivíduo tanto na construção de uma imagem da realidade como nas condutas concretas que adota em relação ao seu trabalho Se se aceitar esta análise admitirseá que o tipo de funcionamento que favorece durante tantos anos a organização escolar condiciona profundamente as competências e as estratégias que os atores ao tornaremse adultos mobilizarão no seio de outras organizações p 33 Quando e como vamos romper este círculo VillaLobos 1987 afirma que temos mais necessidade de professores de senso estético do que de escolas ou cursos de humanidades p13 Fica a pergunta a nos inquietar e mobilizar para ações emergentes onde se aprende a ser professor artista aquele que compõe com o outro lida com a brincadeira com o jogo da criação queensina no limite do risco já que depende do trajeto e do percurso Que faz uma pedagogia plástica e constrói currículos dançantes Que projeto pedagógico e curricular poderá ser útil à formação desse profissional Referências ALFONZO NR Prática Coral um plano de Composição Dissertação de Mestrado Programa de PósGraduação em Música Rio de Janeiro UNIRIO 2004 ARROYO M Representações Sociais sobre Práticas de Ensino e Aprendizagem Musical um estudo etnográfico entre Congadeiros professores e estudantes de música Tese de Doutorado Programa de PósGraduação em Música P Alegre UFRGS 1999 BARBERO JM De los Medios a las Mediaciones Comunicación Cultura y hegemonia México Gustavo Gili 1987 DELEUZE G e GUATTARI F O que é a Filosofia Tradução Bento Prado Jr e Alberto A Muñoz Rio de Janeiro Ed 34 1992 EISNER E Estrutura e Mágica no Ensino da Arte In BARBOSA AM org ArteEducação leitura no subsolo 2 ed São Paulo Cortez 1999 p 7894 193 FUKS R O Discurso do Silêncio Rio de Janeiro Enelivros 1991 JAQUESDALCROZE E Rhythm Music Education England The Dalcroze Society 1967 KOELLREUTTER HJ O Espírito Criador e o Ensino PréFigurativo In KATER C org Cadernos de Estudo Educação Musical Belo Horizonte Atravez EM UFMGFEAFAPEMIG p 5359 1997 PAYNTER J Music in the Secondary School Curriculum Cambridge University Press 1983 PENNA M Professores de Música nas Escolas Públicas de Ensino Fundamental e Médio uma ausência significativa Revista da ABEM Porto Alegre n 7 p 07 20 set 2002 PERRENOUD P Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar Porto Porto Editora 1995 SAID EW Elaborações Musicais Rio de Janeiro Imago 1992 SCHAFER RM O Ouvido Pensante São Paulo UNESP 1991 VILLALOBOS H Presença de VillaLobos v IX MECDAC Museu Villa Lobos 1974 In O Pensamento Vivo v 18 Heitor VillaLobos São Paulo Martin Claret 1987 4 Cursos de Arte novos caminhos Abordagens metodológicas do teatro na educação Ingrid Dormien Koudela Arão Paranaguá de Santana A crítica educacional contemporânea tem evidenciado que muitas práticas pedagógicas se restringem apenas à aplicação de técnicas desvinculadas de uma justificativa teórica resultando no afastamento dos reais propósitos da ação educativa Professora Doutora da Escola de Comunicação e Artes USP Professor Doutor da Universidade Federal do Maranhão UFMA 194 em relação às possibilidades de aprendizagem concreta que são propiciadas aos sujeitos Inferese que essas práticas desconhecem via de regra as bases teóricometodológicas que se foram agregando no decorrer da história o que assegura a necessidade de se sistematizar a discussão em torno do assunto Não somente na esfera do teatro como em qualquer área do conhecimento os pressupostos epistemológicos de uma metodologia do ensino necessitam proporcionar o conhecimento da estrutura teóricoprática dos procedimentos que levam à aprendizagem ensejando a incorporação do pólo instrucional ao pólo sociocultural Nessa trajetória o que se convencionou denominar de metodologia do ensino adquire um valor relativo que se configura no enlace entre educador e educando em meio a condições objetivas matéria situação escolar ambiente etc e subjetivas pessoas comunidades etc O termo método descende do grego metá pelo através e hodós caminho e significa na perspectiva pedagógica a unidade entre teoria e prática que compreende o ambiente educativo em face da realidade cultural na qual os atores estão inseridos Neste sentido metodologia do ensino constituise em uma atividade de natureza complexa que se torna objetiva somente quando é convertida em procedimento pedagógico voltado para a superação do apriorismo do dogmatismo e do espontaneísmo Nas últimas décadas a presença da arte na educação brasileira alterouse progressivamente fazendo emergir algumas conquistas bastante significativas a saber i a legislação curricular foi aperfeiçoada em todos os níveis da educação nacional ii os cursos universitários atualizaram seus projetos pedagógicos ou estão adotando essa estratégia iii há entidades representativas da produção intelectual atuantes em todas as linguagens e a atuação da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós Graduação em Artes Cênicas Abrace é um dos exemplos mais significativos iv multiplicaramse as oportunidades no mercado de trabalho v mudou o panorama editorial em termos quantitativos e qualitativos graças sobretudo à pesquisa desenvolvida nos cursos de pósgraduação1 Para compreender o contexto em que esses avanços estão configurados no terreno da pedagogia teatral tornase imprescindível verificar quais são os fundamentos teóricometodológicos que lhe dão sustentação e de que maneira eles se cristalizaram na história da educação brasileira conforme discussão a seguir 1 A navegação no site do CNPq resultou numa lista de 131 grupos de pesquisa na área de artes cadastrados na plataforma LATTES cujos trabalhos tratam de temas específicos referentes as artes cênicas artes visuais música dança e outras linguagens ou abordam perspectivas multidisciplinares informação capturada no site wwwcnpqbr em 10022004 Ademais podese dizer que a produção nacional expan diuse de maneira articulada aos parâmetros internacionais da pesquisa em arte 195 Conceitos e práticas recorrentes no Brasil Do ponto de vista epistemológico há algum tempo atrás os fundamentos do teatro na educação eram pensados a partir de questões dirigidas ou formuladas pela psicologia e educação indicando o caminho a orientar Hoje a história e estética do teatro fornecem conteúdos e metodologias norteadoras para a teoria e prática educacional Podemos dizer que a situação se inverteu sendo que especialistas de várias áreas e em vários níveis de ensino da Educação Infantil ao Ensino Superior buscam a contribuição única que a área de teatro pode trazer para a educação Ainda que possa ser considerado em grande parte utópico diante da miséria em que se encontra a educação brasileira o caminho afigurase talvez como a última possibilidade de resgate do ser humano diante do processo social conturbado que se atravessa na contemporaneidade Para atender a essas prerrogativas sociais podese dizer que há várias abordagens metodológicas para o teatro na educação que nasceram de forma independente em contextos culturais e educacionais diversos e em grande parte estranhos uns aos outros2 Inventariando teríamos o lehrstück o jogo de aprendizagem brechtiano e a animation Ambos sugerem a parceria entre projetos artísticos e educacionais o teatro na escola e a escola no teatro A renovação da linguagem do teatro de espetáculo não é dissociada do vasto campo chamado teatro amador que engloba o teatro na escola e o grupo comunitário Bons exemplos são o teatro da espontaneidade de Moreno o lehrstück de Brecht o teatro fórum de Boal e os jogos teatrais de Viola Spolin Mas por que ensinar teatro para crianças e jovens Ou para amadores Essa pergunta de ordem epistemológica tem mais de uma resposta O termo theater game jogo teatral foi originalmente cunhado por Viola Spolin em língua inglesa Mais tarde ela registrou o seu método de trabalho como Spolin Games A autora americana estabelece uma diferença entre dramatic play jogo dramático e game jogo de regras diferenciando assim a sua proposta para um teatro improvisacional de outras abordagens através da ênfase no jogo de regras e no aprendizado da linguagem teatral3 2 Inúmeros termos designam a área do teatro na educação drama child drama creative drama creative dramatics improvisational drama drama in education educational drama informal drama art education theatre education theatre in education educational theatre A discussão em torno da gênese e desenvolvimento dessas expressões é analisada por Ingrid Dormien Koudela Jogos Teatrais São Paulo Perspectiva 1984 3 Ver SPOLIN V Jogos teatrais o fichário de Viola Spolin São Paulo Perspectiva 2001 Jogos teatrais no livro do diretor São Paulo Perspectiva 1999 Improvisação para o teatro São Paulo Perspectiva 1989 196 Nos livros de Winifred Ward encontramos os postulados da Escola Nova transportados para o ensino do teatro Apesar de teóricos como John Dewey preverem oportunidades para a expressão dramática na escola foi Ward quem desenvolveu princípios e técnicas e popularizou a atividade Seu livro Playmaking with children publicado em 1947 teve impacto considerável na Inglaterra e em todo o Reino Unido além dos Estados Unidos onde o termo creative dramatics passou a designar o movimento de teatro realizado com crianças Peter Slade publicou Child drama 1954 baseado em trabalhos desenvolvidos durante vinte anos na Inglaterra Sua tese é a de que existe uma arte infantil e na definição de Slade o objetivo do jogo dramático é equacionado pelas experiências pessoais e emocionais dos jogadores O valor máximo da atividade é a espontaneidade a ser atingida através da absorção e da sinceridade durante a realização do jogo Dentre os muitos valores do drama está o valor emocional e Slade propõe que o jogo dramático forneça à criança uma válvula de escape uma catarse emocional A diferença mais importante da definição de theater game de Spolin quando relacionada ao drama teatroeducação de origem inglesa ou ao creative dramatics drama criativo de origem americana reside na relação com o corpo O puro fantasiar do jogo dramático é substituído no processo de aprendizagem com o jogo teatral por meio de uma representação corporal consciente De acordo com Spolin o princípio da physicalization fisicizaçãocorporificação busca evitar uma imitação irrefletida mera cópia Dicotomia e polarização de objetivos e técnicas agravaramse durante os últimos trinta anos no Brasil Através da influência do escolanovismo e da postura espontaneísta podese caracterizar uma tendência que ancora os objetivos educacionais da atividade de teatro na escola na dimensão psicológica do processo de aprendizagem Nos textos especializados nacionais sucedemse descrições de objetivos comportamentais que são a justificativa para a inclusão do teatro no currículo da escola Ultimamente o conceito de jogo teatral vem tendo uma larga aplicação na educação e no trabalho com crianças e adolescentes Paralelamente à prática do jogo teatral em escolas e centros culturais o método de Viola Spolin vem sendo adotado em escolas de teatro contribuindo para a formação de atores e professores nas universidades O conceito de jogo teatral tem sido entre nós objeto de reflexão e fundamentação teórica sendo abordado através da conceituação de Piaget e Vigotski Na psicogênese da linguagem e do jogo na criança a função simbólica ou semiótica aparece por volta dos dois anos e promove uma série de comportamentos que denotam o desenvolvimento da linguagem e da representação Piaget destaca cinco condutas 197 de aparecimento mais ou menos simultâneo e que enumera na ordem de complexidade crescente imitação diferida jogo simbólico ou jogo de ficção desenho ou imagem gráfica imagem mental e evocação verbal língua A evolução do jogo na criança se dá por fases que constituem estruturas de desenvolvimento da inteligência jogo sensóriomotor jogo simbólico e jogo de regras O jogo de regras aparece por volta dos seteoito anos como estrutura de organização do coletivo e se desenvolve até a idade adulta nos jogos de rua jogos tradicionais folguedos populares danças dramáticas O jogo de regras favorece a aprendizagem da cooperação no sentido piagetiano Na teoria biológica de Piaget o processo de equilibração é promovido pela relação dialética entre a assimilação da realidade ao eu e a acomodação do eu ao real Com foco na psicologia do desenvolvimento é importante notar que a relação dialética entre assimilação e acomodação não se dá de forma harmônica no desenvolvimento da criança Na primeira infância prevalece a assimilação da realidade ao eu determinada pela atitude centrada em si mesma da criança até os seissete anos de idade O jogo de regras supõe o desenvolvimento da inteligência operatória quando a criança desenvolve a reversibilidade de pensamento O amplo repertório de jogos tradicionais populares sempre foi instrumento de aprendizagem privilegiada da infância As brincadeiras de rua como as amarelinhas os jogos de bolinhas de gude as cantigas de roda os pegadores o escondeesconde as charadas e adivinhas foram documentadas por exemplo por Peter Brueghel em uma imagem paradigmática sobre esse patrimônio cultural da humanidade A expressividade da criança é uma manifestação sensível da inteligência simbólica egocêntrica Pela revolução coperniciana que se opera no sujeito ao passar de uma concepção de mundo centrada no eu para uma concepção descentrada as operações concretas iniciam o processo de reversibilidade do pensamento Esse princípio irá operar uma transformação interna na noção de símbolo na criança Integrada ao pensamento a assimilação egocêntrica do jogo simbólico cede lugar à imaginação criadora Por uma correlação com a conceituação piagetiana a maior contribuição de Vigostski reside no favorecimento de processos que estão embrionariamente presentes mas que ainda não se consolidaram A intervenção educacional do coordenador de jogo é fundamental ao desafiar o processo de aprendizagem de reconstrução de significados A zona de desenvolvimento proximal muda radicalmente o conceito de avaliação As propostas de avaliação do coordenador de jogo deixam de ser retrospectivas o que o aluno é capaz de realizar por si só para se transformarem em prospectivas o que o aluno 198 poderá vir a ser A avaliação passa a ser propulsora do processo de aprendizagem O conceito de zona de desenvolvimento proximal como princípio de avaliação promove com particular felicidade a construção de formas artísticas No jogo teatral pelo processo de construção da forma estética a criança estabelece com seus pares uma relação de trabalho em que a fonte da imaginação criadora o jogo simbólico é combinada com a prática e a consciência da regra de jogo a qual interfere no exercício artístico coletivo O jogo teatral passa necessariamente pelo estabelecimento de acordo de grupo por meio de regras livremente consentidas entre os parceiros O jogo teatral é um jogo de construção com a linguagem artística Na prática com o jogo teatral o jogo de regras é princípio organizador do grupo de jogadores para a atividade teatral O trabalho com a linguagem desempenha a função de construção de conteúdos por intermédio da forma estética Outra abordagem metodológica e conceitual muito difundida no Brasil reportase à Peça Didática brechtiana4 Através da teoria da Peça Didática Brecht busca uma solução reintegradora para a sociedade e para o impasse da alienação artística E aqui não menos que no conjunto de problemas nos quaisse insere a filosofia marxista vai encontrála na sociedade sem classes O desenho da etapa propriamente comunista depois de revolucionariamente ultrapassadas as contradições não só do capitalismo como da fase instauradora da nova ordem proletária não é muito preciso e contém boa dose de redução teleológica senão utópica ou pelo menos profética A Peça Didática foi concebida por Brecht com o fito de interferir na organização social do trabalho infraestrutura Em um Estado que se dissolve como organização fundamentada na diferença de classes essa pedagogia deixa de ser utópica Por outro lado é justamente o caráter utópico da experimentação com a Peça Didática concebida para uma ordem comunista do futuro que garante a sua reivindicação realista no plano político Enquanto o palco privilegiado do Episches Schaustück Peça Épica de Espetáculo é o Schauspielhaus casa de espetáculo casa onde se mostra o jogo o Lehrstück Peça Didática busca palcos alternativos buscando romper a atitude passiva do espectador do consumidor de arte Ambas as tipologias dramatúrgicas pertencem à poética do Teatro Épico Dialético de acordo com Brecht 4 Ver KOUDELA ID Brecht na pósmodernidade São Paulo Perspectiva 2001 Brecht um jogo de aprendizagem São Paulo EDUSPPerspectiva 1991 Um vôo brechtiano teoria e prática da peça didática São Paulo PerspectivaFAPESP 1992 199 Na Peça Didática a realização do espetáculo fica condicionada à intervenção ativa do receptor na obra de arte no Kollektiver Kunstakt ato artístico coletivo A Peça Didática ensina quando nela atuamos Em princípio não há necessidade de platéia embora ela possa ser utilizada Brecht propõe dois instrumentos didáticos quais sejam o Handlungsmuster modelo de ação e a Verfremdung estranhamento O conceito de Handlunsmuster visa a radicalizar de acordo com Brecht a autonomia da obra de arte do próprio autor como modelo Ao escrever a Peça Didática Brecht abdica da autoria na medida em que concebeu exercícios de dialética nos quais o texto é experimentado cenicamente visando à participação do leitor como ator e co autor do texto O exame do Theaterspiel brechtiano levanta novos questionamentos O jogo teatral brechtiano pode atingir objetivos de aprendizagem específicos que são próprios ao teatro e só podem ser aprendidos através desta linguagem Para o teatro amador contemporâneo dos trabalhadores estudantes e crianças a libertação da obrigação de exercer a hipnose se faz sentir de forma especialmente positiva Tornase possível estabelecer fronteiras entre o jogo do amador e do ator profissional sem abandonar funções básicas do teatro O teatro como uma forma distinta de manifestação pública tem um Gestus próprio que pode ser declarado ou camuflado por meio da confissão do teatro como teatro Os campos hipnóticos do velho teatro de ilusões sugerem que ao abrir se a cortina aparecerá um mundo real de ações e paixões A capacidade de transformação completa é tida como uma característica do talento do ator se falhar tudo estará perdido Ela falha quando crianças brincam de teatro e com atores leigos Algo de artificial estará presente no seu jogo A diferença entre teatro e realidade aparece de forma dolorosa A natureza do Gestus é dialética justamente pelo fato de ser simultaneamente símbolo e ação física É o que lhe confere o status de Gestische Sprache linguagem gestual de acordo com Brecht No poema Teatro do Cotidiano o autor descreve como esse processo de pensamento se organiza No ensaio Cena de Rua tira as conseqüências do teatro do cotidiano para as formas de procedimento e a estética do Teatro Épico A cena de rua é eleita por Brecht como modelo de uma cena de Teatro Épico O teatro passa a ser o espaço do filósofo no sentido de Brecht que se reflete sobre os processos históricos para exercer uma ação sobre eles O conceito de Gestus 200 exerce justamente neste ponto nevrálgico ou neste campo de tensão entre os estados estéticos e históricos a sua importância primordial Tarefa do trabalho pedagógico na dicção brechtiana é ter em mira o concreto e o abstrato na forma do gesto que deverá ser operacionalizado tornado físico O Lehrstück foi estudado à margem ou esteticamente desqualificado a partir de pontos de vista artísticos críticos eou políticos que impediam o acesso à sua poética A marca registrada da vulgata brechtiana é pensar a Peça Didática como aprendizado e suporte de conteúdos que envelheceram Quando Brecht traduziu o termo Lehrstück para o inglês utilizou o equivalente Learning Play isto é um jogo de aprendizagem e não a instrumentalização de conhecimentos préestabelecidos Essa confusão afastou o conhecimento real do trabalho teórico de Brecht sobre a Peça Didática e sua capacidade de se adaptar a novos contextos A prática do Teatro do Oprimido de Augusto Boal surgiu da necessidade de reação às relações ditatoriais na América Latina na década de 1960 Boal conclui por uma total desativação do papel do espectador tendo em vista a sua libertação do papel de mero observador e com isso em última instância a libertação do povo de sua passividade e impotência Ao acusar Brecht de ter proclamado a experiência política apenas no nível da consciência e não da ação Boal desconhece as reflexões do escrevinhador de peças e sua teoria da Peça Didática Através da publicação de Brecht um jogo de aprendizagem foram recuperados materiais importantes que eram totalmente desconhecidos entre nós e que permaneceram em grande parte fragmentários e subterrâneos na obra de Brecht Na teoria da Peça Didática e na especificidade dessa tipologia dramatúrgica foi possível vislumbrar uma proposta estética e pedagógica que mostrou ser merecedora de novos aprofundamentos teóricopráticos de pesquisa com vistas à sua aplicabilidade no contexto educacional brasileiro contemporâneo A teoria pura da Peça Didática não mais existe e certamente nunca existiu É a possibilidade de ir além do plano meramente intelectual e buscar a percepção sensório corporal para provocar o processo de estranhamento de gestos e atitudes corporais o que torna a proposta pedagógica brechtiana singular Vemos na perspectiva de um dos maiores encenadores de Brecht no Brasil José Antonio Martinez Correia que 201 Na pequena brecha antes do primeiro fim antes da Segunda Guerra Brecht criou uma antítese teatral para deter o que vinha vindo o merchandising a arte como mídia Trouxe a tecnologia dos ritos taoístas de sacação social dialética para as suas peças chamadas de didáticas softwares sofisticadíssimos de educação social A Peça Didática entrou na máquina de produção cultural que os corais operários comunistas desencadearam num último round de guerra social Mas disso ficou um eco de teatro doutrinário Essas peças não são isso São obras de arte São como os mistérios dos jesuítas ou rituais de feitura de nova cabeça no candomblé que se fazem para sacar nossos papéis no jogo social Ritos austeros produzidores de estalos dialéticos não somente comunistas mas metáforas da sacação coletiva do tempo Essas peças sempre foram horrivelmente mal representadas como teatro político Como teve que fazer as malas Brecht trabalhou muito pouco com elas Essas peças inspiradas em ritos de teatro Nô chinês são programas teatralizados de aprendizagem que o Ministério da Educação deve aplicar à educação como Villa Lobos fez com os corais para a educação da juventude no teatro5 Uma educação política que pratique a educação estética e uma educação estética que leve a sério a formação política terá de esforçarse para alcançar uma consciência capaz de superar a diferença entre a esfera do estético e a do político no seu conceito de cultura Ou seja ambas as esferas não podem ser submetidas a um denominador comum pois tal redução significaria o fim da arte por outro lado não há como separar tais domínios um do outro posto que se inter relacionam continuamente através de um processo de oscilações O político de ser constantemente resguardado de modo a não se tornar unidimensional cabendolhe trazer ao estético a consciência de que ele se acha sob o signo do como se Nos últimos anos vem sendo usada no Brasil a terminologia Pedagogia do Teatro6 que incorpora tanto a investigação sobre a teoria e prática da linguagem artística do teatro quanto sua inserção nos vários níveis e modalidades de ensino Essa vertente focaliza principalmente pesquisas com ênfase no jogo teatral e na teoria do jogo com diferentes fundamentações O espaço como elemento 5 Folha de S Paulo 1999 6 Há várias referências tratando da Pedagogia do Teatro e suas variadas vertentes seja em publica ções ou encontros científicos a exemplo dos livros e anais da Associação de Pesquisa e Pós Graduação em Artes CênicasAbrace Ver também SANTANA AP de Coord Visões da ilha apontamentos sobre teatro e educação São Luís UFMA 2003 202 deflagrador do jogo e local privilegiado para enfrentamento e risco é um dos temas recorrentes bem como a criação de imagens a partir do jogo e a proposição de textos poéticos como deflagradores do processo pedagógico A perspectiva de interação entre jogo e narrativa é outro aspecto ressaltado Outra tendência verificada em várias pesquisas é o teatro como ação cultural Problemas sociais contemporâneos como as drogas o meio ambiente e a violência têm surgido como temas privilegiados nos trabalhos realizados com crianças e adolescentes Esse trabalho teatral vem sendo desenvolvido no âmbito de organizações nãogovernamentais de projetos de pesquisa e extensão nas universidades e através de apoios da iniciativa privada Os pesquisadores representantes dessa tendência propõem ampliar a discussão de políticas culturais que discutam o papel do Estado na busca de continuidade e apoio para o tratamento dos problemas sociais contemporâneos através do teatro e da arte A pesquisa que surge dentro dessa tendência manifesta preocupação com os critérios estabelecidos para a condução de projetos em ação cultural eou comunitária no que diz respeito ao treinamento e recrutamento de educadores considerandose as esferas estatais privadas e do terceiro setor Ainda uma outra vertente ressalta a importância do desenvolvimento da linguagem artística do teatro na formação do professor Essas pesquisas focalizam a vinculação corpo e voz e a voz como corporeidade A pedagogia do teatro abrange também o receptor na apreciação de espetáculos teatrais Assim como o espectador frente ao espetáculo o professor pode explorar os materiais de apoio educativo para transformar a ida ao teatro numa experiência significativa através da mobilização do processo de apreciação e criação de seus alunos A apreciação e a análise por parte das crianças e jovens de espetáculos teatrais de qualidade bem como a participação em eventos artísticos são formas de trabalhar a construção de valores estéticos e o conhecimento de teatro sendo que o professor poderá desenvolver procedimentos variados para avaliar a fruição apreciação e leitura do espetáculo fazendo propostas para a tematização do conteúdo da peça A Pedagogia do Teatro tem como referência teorias contemporâneas de estudos críticoculturais como o desconstrutivismo o feminismo e o pós modernismo Nesse tipo de teatro educadores e alunos empregam convenções que desafiam resistem e desmantelam sistemas de privilégio criados pelos discursos 203 dominantes e práticas discursivas da moderna cultura do ocidente Dessa forma a prática da ação dramática cria espaços e possibilidades para dar forma à consciência pósmoderna e póscolonial sensíveis à pluralidade diversidade inclusão e justiça social Acreditando que a escolarização a cultura e a economia no novo milênio vão exigir dos educadores brasileiros uma reavaliação de suas percepções rotineiras há solicitação quanto à construção de pontes no mais amplo sentido do termo para atingir o outro e a Pedagogia do Teatro pode contribuir para essa tarefa 204 1 Arte na Diversidade da função à inclusão1 Roberta Puccetti Resumo A arte na educação e sua relação com a diversidade cultural no exercício da cidadania plena efetiva e na inclusão social A função social e a ética da arte na educação no contexto da sociedade contemporânea A tendência sociointeracionista da arte na educação A arte como conhecimento como ruptura com o modelo racionalista tecnicista e individualista excludente Palavraschave Arte Educação Diversidade Inclusão Cidadania Função Social Ética Arte Diversidade Cidadania e Inclusão Mediadora Ritamaria Aguiar 1 MesaRedonda Tema Arte Diversidade Cidadania e Inclusão Mestre em Educação pela PUCCampinas SP Doutora em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba SP Diretora e Professora da Faculdade de Artes Visuais da PUCCampinas SP 205 Introdução O tema proposto para esta palestra pressupõe a relação a interlocução a articulação entre quatro idéias ou conceitos ricos em sentidos e significações o que sem dúvida permite uma variedade de aproximações Minha exposição se dará no sentido da articulação dos conceitos de diversidade cidadania e inclusão para situar ao final o papel da arte sob a perspectiva da arte na educação ou seja o ensino da arte e a função que desempenha na educação inclusiva numa sociedade multicultural O propósito é contribuir na reflexão sobre a função da arte estruturada na experiência do fazer na linguagem visual na expressão e conhecimento e na produção artística numa sociedade complexa diversa e globalizada Enfim demonstrar a importância da arte para todos e demonstrar que nesse sentido como aponta Loureiro 200315 a questão é mais de caráter ético do que estético ou seja permitir que todos sem distinção desfrutem das possibilidades do estético em que a diferença seja entendida como singularidade a inclusão como equilíbrio diante do desequilíbrio dissimétrico da exclusão a simetria da estética transposta para a dimensão social como garantia de que todos sem exceção possam exercer a real função da arte Multiculturalismo diversidade cidadania e inclusão Este termo multiculturalidade tem sido utilizado como sinônimo de pluralidade ou diversidade cultural indicando as múltiplas culturas hoje presentes nas sociedades complexas Atualmente vem sendo utilizado também o termo interculturalidade que implica uma interrelação de reciprocidade entre culturas Esse termo seria portanto o mais adequado a um ensinoaprendizagem em artes que se proponha a estabelecer a interrelação entre os códigos culturais de diferentes grupos culturais RICHTER 2003 A idéia de diversidade encontrase compreendida na construção da teoria da multiculturalidade Por sua vez a idéia de multiculturalidade é de certa forma uma resposta à globalização ao efeito homogeneizante excessivo buscase valorizar a diversidade e as identidades locais DEMO in TORRES 2003 As teorias do multiculturalismo predominam no discurso educacional de países democráticos nos últimos vinte anos e nasceram em resposta à constituição do sujeito 206 pedagógico nas escolas à interação deste com o sujeito político e também para enfatizar a relevância da multiciplicidade de identidades na educação e na cultura De tal forma que as teorias do multiculturalismo estão intrinsecamente ligadas às políticas educacionais e culturais e ambas se relacionam com as teorias da cidadania Ambas procuram identificar o sentido e as fontes da identidade e das formas concorrentes de identidade nacional regional étnica ou religiosa TORRES 2003 64 Contudo como adverte Torres 200364 as teorias da cidadania e da democracia refletem os desafios teóricos e práticos nas sociedades contemporâneas além de enfatizar os dilemas da negociação do poder em sociedades capitalistas De tal modo que a reflexão sobre uma não se faz sem a relação com as outras Essa aproximação ocorre quando se deparam com questões referentes à participação representação controle e equilíbrio do poder com os modos de promover a solidariedade para além das formas específicas de identidade TORRES 2003 6465 De modo geral porém é possível estabelecer os objetivos comuns entre as teorias segundo o autor quais sejam identificar um senso de identidade que integre o cidadão e o sujeito políticomulticultural estabelecer os limites e as possibilidades das formas de sociabilidades destinadas a promover a habilidade dos indivíduos para tolerar e trabalhar com pessoas diferentes de si mesmos aumentar a habilidade ou o desejo das pessoas de participar do processo político de promoção do bem público e da responsabilidade social contribuir para aumentar a disposição dos indivíduos de exercitar a autorestrição e responsabilidade pessoal na suas demandas econômicas e escolhas pessoais que afetem a saúde e a prosperidade da sociedade e do meio ambiente assim como o processo de formação de comunidades TORRES 2003 65 Ocorre que na perseguição desses objetivos as teorias convivem ou enfrentam alguns dilemas os conceitos de cidadania foram desenvolvidos em contextos bastante específicos e limitados as mulheres minorias pessoas com deficiências físicas ou mentais foram excluídas da definição de cidadão que identificam uma cidadania homogênea através do processo de exclusão sistemática em vez da inclusão social Os sistemas democráticos foram incapazes de evitar essa exclusão sistêmica e tampouco conseguiram realizar os valores de igualdade e eqüidade pois o capitalismo por definição exige representação diferenciada no poder e na política promovendo a injustiça e a desigualdade os conceitos de multiculturalismo não aceitaram ou relutaram em fazêlo um conceito de democracia e cidadania factível exeqüível e eticamente viável no contexto de uma sociedade capitalista TORRES 2003 6566 207 Evidenciase assim o conflito entre a idéia de uma sociedade democrática multicultural da cidadania plena sem distinção de qualquer tipo e as características e condições exigidas pelo capitalismo Conflito este que repercute nas políticas públicas de modo que a exclusão social compreendida como limitação da cidadania plena portanto bem mais que a simples participação política passa a ser a tônica de nosso tempo Tempo de sociedade fragmentada em dois mundos o dos incluídos e dos excluídos entre o homem racional e o homem sensível No embate entre a idéia de sociedade democrática multicultural de cidadania plena e as exigências capitalistas a educação transita como a mediação necessária como garantia de acesso às melhores condições sociais O ensino da arte como expressão do fazer humano histórico e social embasados em fundamentos teóricos metodológicos e filosóficos inserese nesse contexto não apenas como um processo de individualização mas também de integração que é a reconciliação da singularidade pessoal com a unidade social conforme assinala Read 1958 Na perspectiva da arteeducação portanto reconhecer a diversidade implica práticas educativas que estabeleçam a reciprocidade entre as múltiplas culturas ou como afirma Richter 200319 estabelecer a interrelação entre os diversos códigos culturais existentes A arte e a educação A experiência estética se situa na origem naquele ponto em que o homem confundido inteiramente com as coisas experimenta sua familiaridade com o mundo DUFRENE 1971 Desde os mais remotos tempos os homens registram suas marcas e percepções do mundo Esses registros são formas de comunicação singulares e históricas pois ultrapassam o tempo trazendo referências a respeito de uma multiplicidade cultural O acesso a eles contudo não nos é dado mas pode ser construído Em outras palavras somente é possível compreender a linguagem artística por meio do aprendizado organizado e fundamentado É a arteeducação que reúne os fundamentos teóricos históricos metodológicos filosóficos e epistemológicos que permitem a aproximação dessa específica e singular produção humana Inserida num processo histórico e social a arte se relaciona com o processo educacional de forma dinâmica Assim a história da arteeducação está impregnada 208 por concepções teóricas que revelam modos de compreender o homem e o mundo que ora enfatizam o fazer ora o exprimir ora a forma como elemento definidor da produção artística Sobre esses elementos foram construídos os diferentes paradigmas sobre a arte várias maneiras de conceber a arte e a função que desempenha na educação De tal modo que os pressupostos filosóficos e metodológicos na arte educação passaram por algumas transformações e várias tendências influenciaram o ensino e a aprendizagem da arte acompanhando as variações conhecidas pelo próprio conceito de arte Nesta apresentação porém nos limitaremos a considerar apenas a tendência sociointeracionista reflexiva emergente e crítica que contempla a arte como conhecimento que evidenciou a ruptura com o modelo tecnicista reprodutivista individualista e excludente O paradigma sociointeracionista parte de uma concepção integral do homem compreendido como racional e sensível inacabado um ser social e político que se rela ciona com outros homens e se constrói nessas relações um ser singular e coletivo que interpreta o mundo que emprega sentido ao que vivencia um ser dotado de corpo razão emoção e espiritualidade FREIRE 2004 e CHARLOT 2000 Comprerender a educação como um processo pelo qual o sujeito se constrói e a arte como uma produção que lhe é inerente uma produção social uma linguagem construída pelo ser humano e histórico modo construído de comunicação com o mundo que pode ser aprendido capaz de promover transformações Com Varela 1991 compreendemos que O espaço da arteeducação é essencial à educação numa dimensão muito ampla em todos os seus níveis e formas de ensino Não é um campo de atividades conteúdos e pesquisa de pouco significado Muito menos está voltado apenas para atividades artísticas É um território que pede presença de muitos tem sentido profundo desempenha papel integrador plural e interdisciplinar no processo formal da educação Sob esse ponto de vista a arteeducação poderia exercer um papel de agente transformador na escola e na sociedade A arteeducação é assim um conceito recente no contexto educacional brasileiro E o princípio que o sustenta é ver a arte não apenas como uma das metas da educação mas sim como seu próprio processo que é considerado criador FERRAZ e FUSARI 1993 209 A arteeducação função social e ética implícita no reconhecimento do outro Como presença consciente no mundo não posso escapar à responsabilidade ética no meu moverme no mundo FREIRE 2004 Nesse cenário vislumbrase a potencialidade inclusiva da arteeducação Desvelase no conhecimento artístico na linguagem da arte na experiência do fazer artístico revelase a função social e ética da arte como área do saber sistematicamente organizado em sua relação com a educação entendida como categoria fundamental para a construção do processo que emancipa o sujeito voltada à formação humana crítica implicada no reconhecimento dos direitos sociais dos indivíduos A potencialidade inclusiva da arte portanto sustentase no movimento dialético entre o sensível e o racional como proposta para transformação da existência e para uma prática cotidiana cidadã tendo como base uma filosofia estética e ética que compreende a pluralidade como pressuposto de sua construção Meira 200314 baseada na proposta de Guattari e Deleuze que propõem a ecologia como uma filosofia para pensar as relações contemporâneas afirma a complexidade da proposta de enfatizar a importância da subjetividade do sensível e sua implicação A complexidade diz respeito a questionar o lugar sensível da subjetividade nas relações do sujeito em todas as dimensões no cotidiano de suas práticas A implicação referese ao comprometimento necessário do sujeito como agente ou seja aquele a quem cabe promover a transformação e a formulação de um novo discurso sobre a vida e acerca dos meios formais e informais de aprender a realizar concretamente uma prática estética ligada à existência A transformação implica ainda como pondera Meira 20031415 um salutar estranhamento assim como a aproximação mental exige o tempero das emoções a ousadia de pensar sobre o diferente para reconhecer o outro como verdadeira alteridade pois a natureza e a cultura são múltiplas e o cosmo multidiverso Portanto a transformação que defendemos situase para além da visão homogênea do mundo e do homem A transformação possibilitada pelo acesso ao conhecimento artístico tem no reconhecimento do outro o seu foco Com efeito Ardoino in MORIN 2002553 em sua teoria sobre o pensamento plural e multireferencial tem na heterogeneidade compreendida como a instituição do outro um de seus pilares cuja relevância é defendida em razão de que 210 a experiência mais extrema às vezes a mais cruel mas provavelmente também a mais enriquecedora que podemos ter da heterogeneidade é a que nos é imposta através do encontro com o outro enquanto limite de nosso desejo de nosso poder e de nossa ambição de domínio Ainda sobre a instituição do outro Castoriadis in BARBOSA 199854 questiona Por que é necessária essa dura escolagem da realidade da distinção da diferenciação Por que não se pode suportar um outro que seja verdadeiramente outro e não simplesmente um outro exemplar de si Reconhecimento portanto que está além do conceito de alteridade compreendido apenas como idéia do outro conforme ressalta Ardoino in MORIN 2002553 Uma das significações mais profundas e talvez intoleráveis do plural é o caráter inelutável desse reconhecimento e dessa aceitação do outro alteração fenomenal concebida como jogo dinâmico e dialético do outro inserida numa duração muito mais ainda do que alteridade eidética somente idéia do outro mas todas as duas superando amplamente a simples noção de diferença porque ambas levam em conta a heterogeneidade aqui constituída principalmente de desejos interesses e intencionalidades e mesmo estratégias antagônicas É o mesmo Ardoino 199812 que enfatiza com clareza a distinção entre alteridade idéia freqüentemente presente nos discursos e alteração É muito mais fácil dormir com a idéia do outro se ele não ronca é muito mais difícil conviver com a alteração quer dizer com a ação do outro que tem negatricidade que se opõe a nós e da qual o desejo não responde necessariamente ao nosso Entendo que a função social e ética da arte tem origem na sua concepção como produção social humana que não fragmenta o homem entre ser racional e ser sensível pois transita entre o inteligível e a sensibilidade além de possibilitar o acesso ao outro de reconhecer na produção artística o outro que fala que reage e que se opõe a nós Nessa perspectiva plural a arte é uma forma de produção social dotada de compreensibilidade e autonomia que expressa no todo o seu criador e o seu fruidor Arte é construção de linguagem modo singular de reflexão humana onde interagem o racional e o sensível O processo criativo enquanto materialização do fazer é pura intencionalidade Portanto inserese num processo amplo o que revela o 211 universo de cada ser seu olhar sua visão de mundo num contexto de interação social referindose a um registro geral deacontecimentos e envolve a interioridade e a contemplação desencadeando a atribuição de significados carregando consigo as potencialidades cognitivas Na produção artística revelase o esforço de explicitar a idéia o pensamento e a visão É a representação simbólica da realidade do mundo interior e exterior de vários mundos Sob esse olhar a arte se constitui num sistema de representações construtora de símbolos que envolvem processos psicológicos e intelectuais que propiciam o desvelar da cultura e o acesso a ela a um modo de saber e de construir conhecimento que implica a idéia de alteração que apresentamos São esses fundamentos que permitem reivindicar para o ensino da arte uma função social e ética portanto inclusiva diante das necessidades educacionais contemporâneas A função desempenhada pela arte está implícita na análise crítica da educação tendo em conta o papel social que desempenha na formação sujeito Inserese portanto no contexto da transição paradigmática vivenciada pela educação e pela escola Em outras palavras a arteeducação está comprometida com outra visão de mundo e de homem que não aquela consubstanciada pelo modelo newtoniano cartesiano presa ao realismo materialista para o qual a realidade é constituída de objetos independentes dos sujeitos que os produzem e o conhecem A função social da arte está além da visão racionalista dualista e mecanicista do mundo A proposta educativa do ensino de arte está implicada com o ser humano inacabado inconcluso em construção nas relações com outros seres humanos social político histórico que dá sentido ao mundo e as experiências que vivencia que constrói seu modo de ser pelo aprendizado um ser composto de matéria razão emoção e alma Essa concepção abrangente holística do ser humano contempla a valorização de outras formas de conhecimento como o conhecimento artístico Sobre a função da arte Aragão 200240 pondera com propriedade que é formar o conhecedor fruidor e decodificador da imagem seja arte ou não Assim a função da arte é contribuir também no processo de construção do conhecimento Isto porque a concebemos como expressão por excelência da subjetividade do fazer e da criação Expressão que possibilita múltiplas leituras em que o processo de produção transita entre a sensibilidade e a razão E é justamente esta mobilidade o movimento dialético entre o racional e o sensível a origem de seu potencial transformador e inclusivo Assim no que se refere à arte ao processo de produção à linguagem e à expressão artística não há diferenças mas modos singulares de olhar o mundo É nessa perspectiva que atua a subjetividade que se constitui socialmente 212 pela linguagem que por sua vez representa mais que meio de expressão visto que está envolvida num processo de organização mental que implica a assunção de postura reflexiva diante da realidade e na compreensão de nós mesmos num movimento dialético entre o pessoal e o social A linguagem artística portanto desvela a capacidade de expressão inerente aos homens pois atua em sua dimensão criativa A produção artística é em si um processo de conhecimento no qual os fazeres se relacionam visto que compreende uma série de açõesoperações conectadas ao sujeito que compreende relaciona ordena classifica transforma e cria O sujeito participa ativamente desse processo percebe a realidade sua capacidade de transformar de inovar Enfim percebese como ser criativo e que seus limites podem ser superados A criação portanto implica aprendizagem e a arte como assinala Meira 2003122 tem o desafio de transformar e a pretensão de capturar a vida onde ela se esconde ou se camufla para o olhar mesmo nas coisas banais e simples De tal forma que as propostas de ensinar a arte inseridas numa filosofia estética demandam relacionar arte e vida onde o conhecer o fazer o expressar o comunicar e o interagir instauram práticas inventivas a partir das vivências de cada um A arte se constitui portanto num conhecimento fundamentado que se legitima na dimensão criativa e se apresenta pleno de possibilidade para o ensino inclusivo A concepção da arte como conhecimento como linguagem mediadora do conhecimento tem em conta que a aprendizagem não se resume apenas ao racional mas também à dimensão criativa e sensível do sujeito que observa e vê no mundo e se relaciona com o outro Compreende o sujeito como ser cultural dotado de percepções estéticas A linguagem artística por sua vez compreende várias categorias de expressão nas quais a construção de qualquer uma delas implica conhecimento e leitura de elementos O conhecimento da linguagem visual por exemplo assume fundamental importância quando se reconhece que vivemos na civilização da imagem conforme assinala Durand apud MEIRA 2003 40 e a partir daí necessário para a formação integral das pessoas e sua socialização em forma de inclusão do cidadão Acreditamos que o ensino de arte é resultado da articulação entre o fazer o conhecer o exprimir e o criar Tomando cada sujeito em sua unicidade inserido num pluralismo cultural temos que as histórias de vida são únicas e portanto são diversas as possibilidades de construção das expressões visuais 213 Conclusão A leitura crítica do mundo permite identificar as bases e os fundamentos sobre os quais se assentam a escola o ensino e as políticas públicas assim como as outras dimensões em que a sociedade se organiza A análise crítica é fundamental diante da necessidade de promover mudanças sociais profundas na escola quando se almeja práticas e processos escolares humanizados e inclusivos Nesse sentido é fundamental contemplar as formas de conhecimentos que se assentem sobre a concepção do ser plural e ao mesmo tempo singular A condição humana é plural A arte contempla essa pluralidade Nessa perspectiva entendemos que a arte na educação implica a busca do diferente novo da transformação e transposição de algo já existente e a criação do inexistente Sob este enfoque educação e arte têm muito em comum pois na arte o processo de criação move o fazer o conhecer e o exprimir em direção da transformação A arte então permite ao homem demonstrar como vê e como se vê no mundo Permite que outros conheçam essa relação daí que o ensino da arte implica o reconhecimento do outro ou seja mudanças A arte envolve o sujeito como elemento sensível e atuante que observa o mundo que se vê e vê os outros no mundo que aplica processos mentais racionais na produção e na leitura da produção artística Sujeito racional sensível que se relaciona que reconhece na produção e na linguagem artística a pluralidade de culturas Enfim um ser social cultural dentre tantas e diferentes culturas e dotado de percepções estéticas Em outras palavras o fazer a leitura da produção artística permitem identificar dados culturais símbolos e a significação presente no ato criativo em si em seu criador e no contexto histórico e social Desse modo a experiência artística é um exercício de sensibilidade em queas vivências têm significados e conteúdos e pode ser estimulada por meio de práticas pedagógicas que se constroem com as interações entre o fazer o conhecer e o exprimir o processo de criação e as concepções de linguagem com que o sujeito interage com o mundo apropriase de formas culturalmente organizadas de ação constituindose sujeito de seu próprio desenvolvimento capaz de utilizarse da arte para esse fim A arteeducação portanto rompe com o limite do racional e o estigma da exclusão pois ordena o pensamento revela a expressão convida à criação considera a perspectiva da diversidade de ruptura com a hierarquia com a segregação elitista 214 Referências ARAGÃO MCF Contextualizando a Arte na Escola para Todos Revista Integração n 24 Brasília Secretaria da Educação EspecialMinistério da Educação 2002 BARBOSA JG O Pensamento Plural e a Instituição do Outro Revista Educação Linguagem ano 7 n 9 São Bernardo do Campo Umesp jan jun 2004 ECO U A Definição da Arte São Paulo Martins Fontes 1986 BAKTHIN M Marxismo e Filosofia da Linguagem São Paulo Hucitec 1992 BUENO RPP A Arte na Diferença um estudo da relação arteconhecimento do deficiente mental Tese Doutorado Faculdade de Educação Piracicaba Universidade Metodista de Piracicaba 2002 CASTANHO MELM ArteEducação e Intelectualidade da Arte Dissertação Mestrado Faculdade de Educação Campinas PUC Campinas 1982 DUARTE JUNIOR JF Fundamentos Estéticos da Educação Campinas Papirus 2001 DUFRENE M Estética e Filosofia São Paulo Perspectiva 1971 FRANGIE LBP Por que se esconde a violeta São Paulo Annablume 1995 FREIRE P Pedagogia da Autonomia saberes necessários à prática educativa 29 ed São Paulo Paz e Terra 2004 JOLY M Introdução à Análise da Imagem Campinas Papirus 1996 LOUREIRO J de JP A Estética de uma Ética sem Barreiras Educação Arte Inclusão Caderno de Textos Programa de Arte sem BarreiraFunarte 2003 Ano 2 n 3 2003 MARTINS MC et al Didática do Ensino de Arte a língua do mundo poetizar fruir e conhecer arte São Paulo FTD 1998 MATURANA H Cognição Ciência e Vida Cotidiana Belo Horizonte UFMG 2001 MEIRA M Filosofia da Criação reflexões sobre o sentido do sensível Porto Alegre Mediação 2003 215 OSTROWER F Criatividade e Processos de Criação Petrópolis Vozes 1987 PAREYSON L Os Problemas da Estética São Paulo Martins Fontes 1984 READ H A Arte e Alienação Rio de Janeiro Zahar Editores 1983 A Educação pela Arte Lisboa Portugal Martins Fontes 1958 RICHTER IM Interculturalidade e Estética do Cotidiano no Ensino de Artes Visuais São Paulo Editora 2003 SANTAELLA L Arte e Cultura equívocos do elitismo São Paulo Cortez 1995 TORRES CA Org Teoria Crítica e Sociologia Política da Educação São Paulo Cortez e Instituto Paulo Freire 2003 VARELLA F et al The Embopdied Mind Cognitive Science and Human Experience Cambridge The MIT Press 1991 2 Pertencer e Viver Denise Mendonça Resumo A partir da História da Escola de Arte Tear e focalizando um de seus projetos sociais articulamse reflexões e devaneios acerca da importância da arte como produtora dos sentidos e das dimensões do ser do pertencer do perceber e do estar no mundo Levanta ainda questões sobre a função da arte nos projetos de reconstrução e inserção sociais Palavraschave Arte Inclusão Cidadania Diversidade Projeto Social Diretora Geral da Escola de Arte Tear e do Instituto de Arte Tear wwwinstitutotearorgbr 216 Pensar em elaborar um texto sobre arte diversidade cidadania e inclusão para fazer parte das memórias faebianas é antes de tudo relembrar trajetórias de uma história de arteeducação no Brasil e de muitas gerações de profissionais que a compuseram E desta forma me assombro ao pensar em como me inscrever neste tempo que me escreve1 Volto então aos idos de 1970 quando cursando a faculdade de musicoterapia no CBM conheci Cecília Conde Fernando Lébeis Dona Noêmia Varella Augusto Rodrigues Ana Mae Barbosa e tantos outros grandes educadores e educadoras que me puseram definitivamente diante do que viria a ser um projeto de vida a fundação do Tear em 1980 uma escola de arte na zona norte do Rio de Janeiro entre Vila Isabel Maracanã Mangueira e Tijuca Talvez não por acaso somos frutos de um tempo de silêncios esperas de profundas convicções humanistas e utopias traduzidas por metáforas o Tear por ser assim nomeado passe a existir com a missão de reatar fios e de tecer seu próprio tecido Explico os anos 1980 foram marcados por um sentimento e expressão de amizade cívica tempo de coração civil pulsando com entusiasmo e vivacidade Marcados por laços de filha quando nós brasileiros e brasileiras da Silva pudemos finalmente viver os sonhos antes clandestinamente exilados Uma época de filiações aos movimentos sociais artísticos e culturais emergentes partidos políticos associações sindicatos e federações como a Faeb De lá para cá o Tear vem florescendo Cresce em sua genealogia a partir do MEA Movimento das Escolinhas de Arte sua inspiraçãomatriz Os traços de sua identidade institucional se formam pelas naturalidades geográfica histórica política social e cultural constituindose como um espaço nãoformal de natureza privada com fins públicos de educação pela arte nas suas diversas linguagens e dimensões Pela vocação de atender um público variado todo e qualquer criança adolescentes e adultos incluindo comunidades populares indígenas e quilombolas trabalha através da arte em uma relação dialética de construção de conhecimentos na diversidade 1 Nas palavras de Affonso Romano de SantAnna 217 Também por trabalhar com a formação de educadores de vários segmentos profissionais em via de mão dupla educadoreducando consolida uma práxis que não se separa da experiência cotidiana dos sujeitos A esses fatos credito a sua característica de educação inclusiva com e pela arte A arte como produtora e reveladora de sentidos é o princípio norteador de todas as ações do Tear É o que leva às dimensões de ser pertencer perceber e estar no mundo Portanto a arte é sua poética e a educação sua política É a partir deste ponto e deste lugar que me coloco na vizinhança dos espaços e culturas acadêmicas que gostaria de tecer ou desfiar algumas idéias que possam contribuir para o tema deste colóquio Arte Diversidade Cidadania e Inclusão Puxarei para tanto um dos fios da malha de projetos que o Tear vem tecendo no momento o Projeto Ciranda Brasileira Para melhor compreensão das idéias defendidas e do trabalho desenvolvido fazse necessário enunciar um pouco mais de sua estrutura O Ciranda Brasileira é um projeto com e para adolescentes moradores de várias comunidades de baixa renda localizadas na Grande Tijuca Borel Formiga Salgueiro Casa Branca Chacrinha Turano e Macacos Reúne quatro programas de diferentes linguagens que dialogam entre si O Ciranda se realiza na casasede do Tear Todos os adolescentes estudam em escolas da rede pública e optaram por participar do projeto escolhendo um dos quatro programas oferecidos Catadores de História eixo literatura Artecidade eixo artes visuais Brincantes eixo artes corporaisteatro Menestréis eixo música Freqüentam em média de 9 a 16 horas semanais e quinzenalmente participam da TriboArte vivências fóruns integrando todos os grupos para discussões sobre diversos temas voltados para o universo adolescente É um projeto que instiga a todos nós educadores do Ciranda a pensar durante todo o processo de trabalho sobre as sutilezas delicadezas e contradições contidas num exercício da arte como libertadora e produtora de sentidos ao mesmo tempo 218 reveladora de grandes hiatos nãolugares de um tempo quando a violência nas suas várias dimensões passa a ser o avesso dos direitos É uma proposta de educação cidadã de promoção e de defesa de direitos dos adolescentes Tendo iniciado em 2001 hoje é possível observar a trajetória de alguns dos cerca de 150 adolescentes que estiveram e estão no projeto O que nós podemos constatar é que através da arte se torna possível a elaboração de novas narrativas e representações sobre como percebem e compreendem a si mesmos aos outros e os seus ambientes comunidade família escola tribos etc É possível verificar outras maneiras como enfrentam seus cotidianos como traduzem a condição de existência projetando desejos futuros encorajandose para conquistarem seus espaços de direitos e por direito É possível constatar a partir dos posicionamentos assumidos pelos adolescentes frente às solicitudes do diaadia o apuramento e desenvolvimento da percepção da imaginação do pensamento da crítica da sensibilidade e da criatividade Enfim sabemos que através da arte quando se torna possível um caminho processual com uma intencionalidade que provoque o sentir a expressão o conhecimento e a contextualização o trabalho conduz a possibilidades de encontros identificações e desenvolvimentos pessoais e coletivos No entanto para que esses jovens vivenciem o processo artístico como algo que faça sentido para se desdobrarem no mundo como sujeitos indivíduos e coletivos é preciso uma revelação inesperada e fascinante serem desafiados a reconhecer que se encontraram na mesma arca como se fosse na viagem primordial2 É preciso o exercício rituais e ritos do estar junto com se fazendo ser na relação com o outro que os torne iguais entre si e semelhantes implicados com o grupo e com o que está ao redor São esses pequenos gestos solidários de amizade de amorosidade que se tecem na articulação do privado do próprio do diferente com o público o comum o mesmo3 Surge daí o sentido de pertencimento e de destino do bem comum realimentando nossas identidades 2 Nas palavras de Octavio Ianni 3 Jean Pierre Vernant 219 Não pertencer é como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos e não ter a quem dizer tome é seu abrao Clarice Lispector Tomo emprestado de Clarice esta imagem poética que é como percebo muitos destes meninos e meninas brasileiros que estão repletos de presentes a serem desembrulhados esperando que encontrem destino certo Neste sentido é extraordinária a riqueza de projetos sociais que se alastram pelo Brasil afora acreditando na arte como caminho de reconstrução social Mas sabemos que existem algumas armadilhas sobretudo quando a arte se torna no imaginário de muitos um poderoso instrumento de controle ou de ocupação dos territórios emocionais afetivos e espirituais de crianças e adolescentes com a justificativa de que ao participarem de projetos com a arte meninos e meninas carentes estarão a salvo pelo menos enquanto o projeto durar dos perigos da entrada no mundo do tráfico ou da marginalidade Ocupase então o tempo da meninada como se eles não pudessem fazer escolhas ter discernimentos entretenimentos e o direito do tempo livre E se são carentes há quem deva preenchêlos Como Com que Os caminhos para se combater este estado de violência parecem ser outros Tenho aprendido com a experiência trabalhando com adolescentes em comunidades que somos todos parte deste drama cotidiano Um outro desalinho é acreditar que em alguns meses de trabalho é possível tornar o adolescente um profissionalartista pronto para entrar no mercado de trabalho Ou ainda tal como é comum acontecer artistas de renome utilizandose deste novo marketing social confundindo o verdadeiro sentido de investimento social Dar a voz dar acesso dar a isca e ensinar a pescar para dar a chance aos meninos e meninas de se tornarem cidadãos são hoje palavras esvaziadas de sentido porque ao serem enunciadas não se referem ao que se acredita Querse de fato ouvir estas vozes Desejase realmente compartilhar as chaves que conduzem a certos lugares hoje habitados por não tantos Neste tanto tempo fiandeiro tenho aprendido a divagar sobre as miudezas e delicadezas dos bordados Um tempo paciente da construção sólida do viraser E me pergunto quem se preocupa com a delicadeza de um bordado Como pensar 220 sobre meninos e meninas que precisam bordar seus destinos tendo que a cada gesto desconstruir desfazer refazer transfazer cada ponto sempre como se fosse pela primeira vez Ou como se não houvera nenhuma vez Trafegar nestes limites tão tênues nestas divisas imaginárias nem sempre é tão simples Pois revelam muitas vezes o que não damos conta de ver Inúmeras questões ainda ficaram por ser levantadas sobre os projetos sociais que utilizam a arte como centralidade em seus processos socioeducativos Desde a tirania de alguns investidores da iniciativa privada que valorizam projetos cujos resultados são meramente quantitativos e espetaculares até os de iniciativas criativas e inovadoras mas que passam despercebidos pois sobrevivem apenas dos esforços de uns poucos guerreiros apaixonados pela causa sem nenhum apoio Sem falar das desarticulações entre os próprios projetos ou a anemia dos programas e políticas públicas para a Educação e Cultura Os anos 1980 foram tempos que se inscreveram pela força da participação da sociedade civil É momento de revermos este capítulo e agirmos juntos para voltarmos a nos sentir correspondidos e pertencentes 3 Educação Intercultural e Educação para Todosas dois conceitos que se complementam Ivone Mendes Richter Resumo O ensino intercultural da arte tem como objetivo propiciar uma educação inclusiva no seu sentido mais amplo respeitando as individualidades pessoais e as características culturais de todos os grupos presentes em sala de aula e que compõem a nossa sociedade utilizando Professora Pesquisadora da Universidade Federal de Santa Maria Mestre em ArteEducação pela Concordia University Canadá Doutora em Educação pela Unicamp Coordena intercâmbios de pesquisa com Universidades do Canadá Inglaterra e Alemanha Foi Conselheira Mundial da InSEA e Presidente da Faeb Federação dos ArteEducadores do Brasil Possui trabalhos publicados no Canadá Estados Unidos Hungria Inglaterra Lituânia Portugal e Uruguai Endereço eletrônico ivonerichterterracombr 221 para isso a arte contemporânea em suas múltiplas manifestações e suas múltiplas estéticas de forma a propiciar uma educação mais justa e um tratamento mais igualitário para todosas Palavraschave Educação Intercultural Multiculturalismo Ensino Intercultural da Arte Ensino de Arte para Todosas A Federação dos ArteEducadores do Brasil Faeb vem dedicando há bastante tempo uma atenção especial aos diferentes aspectos da multiculturalidade e suas decorrências para o ensino intercultural da arte Este assunto tem sido aprofundado por estudiosasos ligadasos à Faeb buscando discutir qual o papel da arte na educação inclusiva e das culturas não dominantes As questões sobre pluralidade cultural levantadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais e o enfoque de uma Educação para Todosas levaram os professores e as professoras de arte a buscar soluções que contemplem um ensino mais contemporâneo e intercultural para a arte A arte pode construir pontes entre as origens culturais de nossos alunos e sua participação no aprendizado de forma a criar um ambiente escolar enriquecedor para todos os alunos diz Amalia MesaBains artista e arteeducadora nascida nos Estados Unidos filha de pais mexicanos e que descreve a si própria como Chicana CAHAN e KOCUR 1996 p 3132 Esta autora propõe uma equação para o aprendizado baseado nas experiências anteriores doa alunoa que ela descreve como Experiência Texto Significado Neste caso o texto pode ser um texto literário como um livro um poema como pode ser também um filme ou uma obra de arte visual O importante é que este texto precisa estar conectado com a experiência anterior que a criança traz de forma a produzir um significado para ela Segundo a autora citada introduzir atividades que utilizem a experiência anterior doa alunoa antes da introdução de algo novo pode tornálosas conscientes do que elas ou eles já sabem sobre o assunto Iniciando o trabalho a partir de sua própria vida cultura e experiência será possível atingir a compreensão de outros aspectos relevantes Podemos dar como exemplo o trabalho artístico desta artista que parte de sua vida cotidiana do seu passado e da tradição cultural de seus pais e avós para criar sua arte Ela salienta as múltiplas estéticas possíveis na arte contemporânea e como osas artistas buscam sua responsabilidade social buscando salientar suas culturas de origem e o intercâmbio entre culturas Diz ela que quando se fala em percepção estética e valor estético não se está falando sobre categorias 222 superficiais mas sobre categorias que possuem raízes profundamente inseridas na realidade cultural e artística de algum grupo de seres humanos Esta postura é especialmente indicada para o ensino da arte pois dá ênfase às manifestações artísticas de culturas as mais diversas considerando suas visões de mundo e seus próprios conceitos de arte sem descuidar do conhecimento e do domínio dos múltiplos códigos da arte como acervo cultural de toda a humanidade A educação intercultural em arte busca a preservação da cultura e da harmonia através do desenvolvimento de competências em muitos sistemas culturais Estas competências envolvem o conhecimento e a capacidade de lidar com os códigos culturais de outras culturas bem como a compreensão de como ocorrem certos processos culturais básicos e o reconhecimento de contextos macroculturais onde as culturas se inserem como é o caso da arte Sua característica principal reside em considerar a diversidade como um recurso e uma força para a educação ao invés de um problema Ela reconhece similaridades entre grupos ao invés de salientar as diferenças promovendo o cruzamento cultural das fronteiras entre grupos culturais sejam eles quais forem e não a sua permanência Ela busca uma educação para todosas osas estudantes A educação se refere aos processos formais e informais através dos quais a cultura é transmitida aos indivíduos A escola é somente um desses processos A educação no entanto é universal pois é a experiência básica do ser humano de aprender a ser competente na sua cultura MUKHOPADHYAY e MOSES 1994 A educação intercultural vista desta forma longe de significar um complexo de procedimentos na prática educativa significa a existência integral do sujeito que se apropria de si mesmoa ao apropriarse da sua e de outras culturas As crianças na escola são conscientes de suas diferenças mas essa consciência não chega a permitir uma análise da situação que não é criada por elas mas da qual elas são um reflexo pois apresentase presente na vida social na nossa vida cotidiana de brasileirasos Quando Heller 1991 fala da questão da discriminação na vida cotidiana diz que as relações de inferioridadesuperioridade são relações de desigualdade social e como conseqüência são por princípio alienantes As relações interpessoais são necessárias pelo fato antropológico da diferença entre os seres humanos O contato cotidiano é sempre um contato pessoal pois uma ou mais pessoas entram em contato com outras pessoas Todas as relações sociais são relações interpessoais mas enquanto conjunto de relações não são relações de contato pessoal embora estejam baseadas nessas Dessa forma as relações sociais quando estabelecidas no sistema de inferioridadesuperioridade refletemse nas relações pessoais cotidianas sob a forma 223 de alienação Essa alienação de que nos fala Heller está presente na vida cotidiana da escola e pela razão mesma de ser alienante tende a ser negada pelas pessoas mesmo pelas mais discriminadas O processo de alienação faz com que sejam encontradas desculpas para a discriminação que vão desde o insucesso escolar por indisciplina e insubordinação até a rejeição da criança discriminada pelosas própriosas colegas Sobre esse processo é importante a análise feita por Marco Frenette em sua obra Preto e Branco a importância da cor da pele 2001 Outros artistas norteamericanos à semelhança de Amalia também buscaram em suas raízes étnicas expressar o orgulho por suas origens e denunciar o preconceito existente contra as minorias não pertencentes à cultura dominante É o caso de Faith Ringgold que se autodenomina artista mulher africana americana e de Jimmie Durham que se declara Cheroqui e nãoamericano nativo que é a forma como os índios são chamados nos Estados Unidos Faith realiza sua arte na forma de quilts que são colchas de retalhos da tradição africana americana que as mulheres negras executavam com retalhos e nas quais contavam sua história Ela relata que tem um sentimento de orgulho ao utilizar formas africanas em seu trabalho e que foram os obstáculos colocados pelas camadas dominantes da sociedade à sua arte que a inspiraram Da mesma forma podemos imaginar o sentimento de orgulho de alunos da mesma etnia ao estudar na escola a obra desta grande artista Jimmie Durham declara que não pode sentarse em seu atelier em seu mundo privado e cultivar boas idéias artísticas ele precisa criar sua arte socialmente para o uso comum e o bem de todos Diz ele que pelo mesmo motivo é necessário também integrar o mundo da arte das galerias museus revistas de arte ao resto do mundo Pois a arte tem funções importantes na vida humana aprendemos certas coisas através da arte de uma maneira particular que não é possível através da linguagem falada Quero que a minha obra dê energia e alento a todo o ser humano que entre em contato com ela diz ele CAHAN e KOCUR 2001 p 179 No Brasil é incontável o número de artistas que colocam as questões sociais como questionamento e desafio em suas obras Podemos citar entre muitos outros a obra de Siron Franco em especial sua Série Césio em que o artista traz o horror da tragédia de Goiânia e a incapacidade da sociedade em prevenir e lidar com um acontecimento como este e ao mesmo tempo o encantamento estético que gerou a tragédia pois o elemento radioativo foi passando de mão em mão levando deleite estético e morte Francisco Stockinger com sua Série Gabiru em que o artista retrata a sofrida família brasileira das camadas mais pobres da nossa população em que o 224 sofrimento e a resignação se unem de forma constante no diaadia Lia Menna Barreto que com sua obra desafia a nossa compreensão da sociedade e seus absurdos Rachel Mason relata sua experiência de proporcionar nas aulas de arte na escola a presença de artistas britânicos de origens étnicas diferenciadas filhos de imigrantes da África Ásia e do Caribe como uma forma de promover a educação intercultural na GrãBretanha A análise da autora sobre estas experiências pode ser muito enriquecedora para a professora e o professor de arte no Brasil 2001 Outras obras que abordam as questões multiculturais no Brasil podem também ser de utilidade para as abordagens interculturais na escola como as obras de Ana Mae Barbosa 2001 Azoilda Trindade Org 1999 e de Maria do Rosário Porto et al 2002 Muitos artistas latinoamericanos têm questionado o caráter consumista de nossa sociedade criando obras em que aspectos do cotidiano são trazidos à luz de novos olhares buscando o pensamento reflexivo como também obras em que objetos do cotidiano evocam reminiscências culturais Podemos citar desde artistas consagrados como Xul Solar até artistas contemporâneos como Nicola Constantino e Edgardo Vigo da Argentina Juan Domingos Dávila do Chile Carlos Zerpa e Sergio Rangel Penzo da Venezuela e Sammy Cucher do Peru1 Utilizar o sentimento estético como uma forma de lutar contra esse tipo de discriminação presente no cotidiano é um caminho a ser seguido como um canal para a compreensão da estética de outras culturas no sentido de despertar valores estéticos que permitam a valorização de todas as manifestações culturais Mesmo agindo em um espaço micro como o da sala de aula podese perturbar certezas ensinar a crítica e a autocrítica LOURO 1998 p 124 Salientarse em algum processo artístico pode significar para a criança discriminada a diferença entre a inferioridade e a igualdade ou mesmo a superioridade naquele momento específico Da mesma forma ver a sua cultura valorizada estudada em detalhes percebida como parte influente na cultura da humanidade pode significar o crescimento da auto estima na formação da própria individualidade Como diz Heller o campo de ação da individualidade não é somente a vida cotidiana senão a vida enquanto tal da qual a vida cotidiana é fundamento e em parte espelho Os valores são formados através da concepção de mundo do ser individual e este é em grande parte regido pelo ser coletivo No entanto é possível ao ser individual através da arte alcançar a genericidade de concepções do cotidiano como o amor o ódio o respeito e a amizade A concepção de mundo de cada indivíduo 1 Serão apresentadas e analisadas obras dos artistas citados 225 é a forma através da qual ele ou ela ordena de um modo hierárquico sua cotidianidade Cada ser humano possui uma irrepetibilidade e unicidade que o caracterizam como ser único E esta é a razão pela qual o ser humano faz única a sua concepção de mundo adaptandoa à sua individualidade Através da estética é possível despertar uma concepção de mundo em que a multiculturalidade seja vista como um valor e a aceitação do que é diferente como uma demonstração da riqueza cultural que pode ser alcançada por meio da compreensão de diferentes estéticas e de diferentes culturas A inclusão da educação para todosas nos conceitos desenvolvidos pela educação intercultural vem ampliar a compreensão da interculturalidade permitindo também aproveitar os estudos já realizados neste sentido para complementar a compreensão e a ação da prática educativa para todosas Uma prática que resgate o outro que seja revolucionária no sentido de propor a inclusão de todas e de todos que encontre as verdadeiras riquezas de todas as culturas e de todos os seres humanos justamente por sua diversidade Referências BARBOSA AM Cultural Identity in a Dependent Country the Case of Brazil In BOUGHTON D MASON R Ed Beyond Multicultural Art Education International Perspectives München Waxmann 1999 I BIENAL DE ARTES VISUAIS DO MERCOSUL Porto Alegre Catálogo FBAVM 1997 CAHAN S KOCUR Z Ed Contemporary Art and Multicultural Education New York The Museum of Contemporary Art 1996 FRENETTE M Preto e branco a importância da cor da pele São Paulo Publisher Brasil 2001 HELLER A Sociología de la Vida Cotidiana 3 ed Barcelona Península 1991 LOURO GL Gênero Sexualidade e Educação uma perspectiva pós estruturalista 2 ed Petrópolis Vozes 1998 MASON R Por uma ArteEducação Multicultural uma visão pessoal Campinas Mercado de Letras 2001 226 Art Education and Multiculturalism Nova York Croom Helm 1988 MESABAINS A Teaching Students the Way They Learn In CAHAN S KOCUR Z Ed Contemporary Art and Multicultural Education New York The Museum of Contemporary Art 1996 MUKHOPADHYAY CC MOSES YT Multicultural Education Anthropological Perspectives In The International Encyclopedia of Education 2 ed v 7 p 39714 Oxford Pergamon 1994 PORTO M do R et al Negro educação e multiculturalismo São Paulo Panorama 2002 RICHTER IM Interculturalidade e Estética do Cotidiano no Ensino das Artes Visuais Campinas Mercado de Letras 2003 VI Comunicações Grupos de Trabalhos Pôsters e Oficinas 228 Gupos de Trabalho Fundação Oswaldo Cruz 1 Ensino de Arte e Cultura Visual Coordenação Terezinha M Losada Moreira 11 Arte em Lata Adalgiza da Silva Rocha Amanda Nogueira Brum Fontes Diogo dos Santos Netto Harrison Magdinier Gomes e Rodrigo Mexas Este trabalho tem como objetivo levar arte ciência e cidadania aos alunos de comunidades carentes Com essa finalidade foi montada uma oficina de fotografia em lata Pinhole Pinalfinete e holeburaco no Ciep 314 localizado no bairro de Santa Maria Belfort Roxo Aos alunos envolvidos com a oficina foram transmitidas noções de luz cores e história de fotografia Após o preparo das MáquinasLatas 229 os alunos realizavam suas tomadas fotográficas no ambiente escolar ou na comunidade Os negativos foram processados em uma câmara escura improvisada na própria escola A foto foi obtida através da técnica de contato utilizandose a luz da própria câmara As fotografias obtidas nas diversas oficinas foram expostas em alguns eventos como Arte de portas abertas Meu bairro minha comunidade 10 Anos da Universidade Aberta e 2 Simpósio de Ciência Arte e Cidadania Cada foto obtida apresenta uma beleza singular com imprevisíveis curvaturas e incríveis granulosidades Por esta particularidade esperamos atrair o olhar de quem já estava acostumado com as dificuldades do diaadia para uma nova maneira de ver o cotidiano Palavraschave Fotografia Arte Ciência 12 Arte em Qualquer Parte Cecilia Maria Lúcio Pacheco Com a nova LDBEN Lei nº 939496 o ensino de arte ganhou destaque ao ser reconhecido como área de conhecimento O trabalho que pretendemos apresentar descreve um programa institucional UBM ao Alcance de Todos criado no ano de 2001 por iniciativa do Curso de Artes Visuais que se organizou para oferecer à população do município uma oportunidade dialógica com o universo artístico em espaço social Pela natureza do público crianças jovens adultos e idosos que freqüenta o Parque Centenário Jardim das Preguiças em Barra Mansa ou seja uma gama variadíssima de pessoas oriundas dos mais diferentes segmentos da sociedade nos é oferecida a oportunidade intercambiar a arte em todos esses segmentos A educação do olhar na contemporaneidade tem se tornado essencial em virtude da diversidade de estímulos visuais presente em nosso cotidiano Levando oficinas livres de arte e murais de imagens aos domingos pela manhã uma vez por mês acreditamos contribuir para o desenvolvimento da sensibilidade a percepção a reflexão e a imaginação ou seja ampliando o universo e a visão particular de dar sentido às experiências vividas Não nos esquecendo que fazer arte envolve o fazer artístico o apreciar e o refletir sobre este processo contextualizando histórica e culturalmente UBM Centro Universitário Barra Mansa RJ 230 13 Duas Mulheres de Fibra Eudirce Silva Almeida Esta é uma pesquisa em desenvolvimento que pretende apresentar a história de vida de duas mulheres diferentes no contexto social porém interligadas na abordagem poéticovisual de um processo cultural do Planalto Central A primeira mulher é a arteeducadora Laís Fontoura Aderne que desde 1973 desenvolve projetos educativos em Olhos dÁgua Goiás buscando o envolvimento dos artesãos para a retomada do desenvolvimento cultural e econômico da região Segundo a professora Laís Aderne a mudança deveria partir dos valores ainda presentes naquela comunidade mesmo que estivessem adormecidos Criou a Feira de Trocas de Olhos dÁgua e a Casa da Memória e do Fazer A segunda mulher é a artesã Clotilde da Costa Abrante Dutra que resgatou produtos culturais do meio ambiente criando novas tecnologias para o uso de matériasprimas como a bucha confeccionando bonecas e outros objetos Clotilde foi integrante de um grupo de mulheres pioneiras da Feira de Trocas Essa Feira foi a mola mestra do processo de escoamento da produção cultural da região tendo conseguido consolidar o resgate dos fazeres culturais de Olhos dÁgua Além de desenvolver a autosustentabilidade da localidade atingida pela Feira de Trocas incentivando assim as ações voltadas para a educação e para a profissionalização Todas as diversidades de recursos naturais usados de maneira diferenciada fazem parte da cultura de cada povo devendo ser respeitada e compreendida a maneira como cada indivíduo interage com a natureza Não significando que não possa haver interferências na cultura quando se questiona a tradição Porém as culturas e os saberes tradicionais na maioria das vezes contribuem para a preservação do ambiente natural e do uso sustentável de seus produtos Neste trabalho o propósito é ressaltar o poder criador do idoso para o surgimento de novos valores e a consolidação da identidade cultural O reconhecimento dessas potencialidades e dos saberes e fazeres das comunidades culturais devem ser indicadores para a inclusão social Palavraschave Identidade Cultura Diversidade Faculdade de Artes Dulcina de Moraes 231 14 Estudo e Produção de Imagem Cristina Pierre de França Leciono no Colégio Pedro II na unidade Tijuca e algumas de minhas classes são do Ensino Médio Por uma especificidade da escola o programa da disciplina se desenvolve pelo período de um semestre Comecei este ano um projeto que ainda em curso e que tem como base a inserção da arte na contemporaneidade Como professora do Ensino Médio entendo que o aluno deva estabelecer uma conexão entre a arte e o mundo que o cerca Nesse sentido busquei vincular a arte a comunicação e a imagem a partir de dois eixos o primeiro de caráter teórico e o segundo de caráter prático No primeiro eixo introduzi os conceitos pertinentes aos objetos de nosso estudo como os conceitos de signo e imagem que permitiu um olhar para as imagens cotidianas além de um recorte para o estudo de movimentos artísticos decisivos para a arte contemporânea No segundo eixo os alunos deveriam produzir diversos tipos de imagens partindo da imagem fotográfica que variam da produção manual até a manipulação da imagem digital passando pela idéia do múltiplo Infelizmente não foi possível chegar à última etapa de maneira satisfatória por falta de equipamento Palavraschave Signo Imagem Arte 15 As Imagens na Sala de Aula possibilidades de abordagem da cultura e do cotidiano na constituição do sujeito Márcia Maria de Sousa Esta pesquisa de mestrado busca observar como se tece a rede de significados que acontece na leitura da imagem Tem como objetivo investigar práticas e saberes que professores de Artes Visuais constroem em sua interação com os alunos segundo suas características sociais culturais e históricas Considera as referências visuais do Colégio Pedro II Faculdade de Educação Universidade Federal de Uberlândia MG 232 cotidiano do homem contemporâneo e a cultura visual como instâncias que têm afetado a maneira de perceber sentir conhecer e pensar a realidade no contexto escolar e como possibilidades de transmitir e expressar desejos idéias e expectativas Toma como referência a visão históricoculturaldialética de Marx Vygotsky e Rey para esclarecer problemáticas como atribuição de significados do aluno sobre sua realidade cultural saberes produzidos na interação professoralunos e tomada de consciência de professores e alunos sobre si e sobre o mundo Configurase como Pesquisa Qualitativa tendo a Pesquisa Bibliográfica como procedimento inicial e base teóricoconceitual para a investigação de três professores de Artes Visuais do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Uberlândia Através de entrevistas registros e observações de sala de aula a pesquisadora pretende fazer uma reflexão sobre as implicações da leitura da imagem na sala de aula na constituição dos sujeitos e suas subjetividades Palavraschave Ensino de arte Cultura visual Subjetividade 16 Jogos com a Visualidade Ronaldo Auad Este trabalho vem apresentar resultados da proposição Jogos com a visualidade concebida pelo professor Ronaldo Auad a partir de leituras realizadas sobre o zen Tal proposição tem como objetivo dissolver as dicotomias que limitem a expressão Nesse âmbito o contato deste professor com as obras de dois artistas norteamericanos o coreógrafo Merce Cunnigham 1920 e o compositor e músico John Cage 1912 1992 também influenciadas pelo zen configurouse como uma forte referência Aos artistas acima citados interessa o não experimentado as aproximações consideradas impossíveis Enfim interesses sobre procedimentos que possam gerar novas significações O lance de dados prática observada nas obras em questão vem suscitar o inusitado as surpresas reveladoras de novas situações de novos problemas de novos significados Os resultados aqui apresentados referemse a experimentações e novas variações concebidas por Ronaldo Auad junto a alunos de seu ateliê e da graduação em licenciatura em Artes Visuais do UBM Jogos com a visualidade é um sistema Curso de Arte Visuais Licenciatura Centro Universitário de Barra Mansa UBM Barra Mansa RJ 233 estruturado a partir de dois ou mais blocos combinatórios contendo cada um seis opções Em seguida a partir de lances de dados podem ser definidas a questões relacionadas ao espaço a partir de combinações entre formatos e dimensões de suportes no âmbito bidimensional e formas e dimensões de áreas abertas ou fechadas no âmbito tridimensional b relações entre os elementos visuais linha superfície volume luz cor textura a partir de suas inscrições sobre diferentes suportes ou a partir de suas constituições físicas fios relevos volumes instaladas no espaço tridimensional c relações entre totalidades partes e detalhes de desenhos gravuras pinturas e esculturas pertencentes a diversos períodos da História da Arte Enfim os novos contextos visuais surgidos a partir dessas operações irão apresentar conteúdos novos novas significações a serem decifradas Palavraschave Zenbudismo Arte contemporânea Ensino de artes visuais 17 Linguagem Visual Instrumental uma proposta de formação docente Esequiel Rodrigues Oliveira Teresa Maria Moniz de Aragão Sentimos que a atual estruturação do ensino escolar em relação à linguagem visual não atende às necessidades da sociedade contemporânea Em geral não existem diretrizes metodológicas que trabalhem de forma sistematizada a imagem e a linguagem visual relacionada a um todo social cultural e político isto é a imagem e suas implicações na construção do conhecimento e da cultura Existe um analfabetismo visual que se expressa no desconhecimento dos elementos estruturais da linguagem visual das questões plásticas icônicas e semânticas do discurso nelas incluídas as questões ideológicas Acreditamos ser necessário capacitar os educadores possibilitando seu acesso a uma linguagem visual instrumental dinamizando e ampliando a qualidade de sua prática docente É esta formação visando ao entendimento do Universidade do Estado do Rio de Janeiro Colégio Pedro II 234 Faculdade de Artes Visuais Universidade Federal de Goiás funcionamento da linguagem visual a leitura das imagens e a produção de textos visuais assim como sua interação com outras linguagens e suas possibilidades interdisciplinares que propomos aqui Entendemos que a ampliação da formação do professor de arte numa semiologia da imagem voltada para fins didáticos poderá prover a capacitação dos educadores de outras áreas no domínio do sistema de signos visuais Palavraschave Linguagem Visual Formação de Professores Cultura Visual e Transdisciplinaridade 18 Memórias Zipadas visualidades do CentroOeste brasileiro Leda Guimarães Estou chamando de memórias zipadas uma série de miniaturas artesanais documentadas nas feiras da cidade de Goiânia As feiras foram espaços para nossa pesquisa considerando a dinâmica de encontros e hibridações formais e simbólicas ocorridas no espaço urbano Estas miniaturas ocupam zonas fronteiriças de deslocamentos culturais entre oficial e não oficial arte e artesanato brinquedo e decoração útil e lúdico interior e cidade passado e presente Carrinhos de boi tearesinhos casinhas ferramentinhas e muitos outros inhos e inhas propiciam agenciamentos da memória e um religare com um tempo e um espaço transmutados Lembram o passado mas não estão no passado As rememorações reterritorializam os sujeitos produtores e os objetos produzidos na vitalidade do presente Nossa reflexão sobre essas transformações foi baseada na pesquisa histórica na colonização do Centro Oeste nos Estudos Culturais e em narrativas orais depoimentos dos produtores e frequentadores das feiras Na nossa perspectiva os elementos físicogeográficos e socioculturais presentes nestas miniaturas são componentes de uma poética visual do Cerrado brasileiro Palavraschave Miniaturas Rememorança Cultura Visual 235 Mestrado em Cultura Visual FAVUFG Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Belas Artes Programa de PósGraduação em Artes Visuais 19 Modernismo e Expressão Regional na Arte Goiana Enauro de Castro Das várias narrativas que compõem o mosaico do imaginário goiano existe uma fixada na crença de que a construção de uma nova capital Goiânia nos anos 1930 foi um marco na vida cultural de Goiás separando dois tempos um presente de atraso e decadência e um futuro de desenvolvimento e progresso Essa narrativa deriva de uma noção dicotômica polarizando primitivo e civilizado empregada para explicar aspectos culturais da história recente de Goiás filtrada pela assimetria da conquista Em contraposição os crespos do sertão convivem com toda sorte de contradições das quais retiram a matériaprima para moldar outras formas de ver e sentir Isto é os artistas goianos têm uma experiência de modernidade diferente produzem imagens fugidias como objetos prismáticos híbridos de difícil apreensão por parte de um olhar desabituado Suas obras brotam no limite entre o tradicional e o moderno o atraso e o progresso o próximo e o distante expressam o modo pelo qual essas polaridades se reconhecem e se estranham por intermédio de suas projeções de alteridade A partir dessa compreensão pretendo expor essa contraposição e o modo como ela escapa àquela dicotomia abordando transformações da obra do pintor desenhista e gravador D J Oliveira um dos precursores do modernismo na arte goiana Palavraschave Imaginário Goiano Modernismo Expressão Regional 110 A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Turística Alexandre Sá Barretto da Paixão Walter Benjamin já havia apontado as possíveis conseqüências do surgimento da fotografia e do cinema ou daquilo que ele chamou de reprodutibilidade técnica Contudo hoje com o advento das tecnologias digitais e da facilidade de produção reprodução e veiculação da imagem a própria obra parece gradativamente aproximar se da necessidade da constituição imagética para que ela se consolide O que acontece 236 é um absoluto estreitamento prático na relação entre obra e imagem que merece atenção especial dentro de sala de aula para que seja estabelecido um código possível entre professores e alunos A obra de arte na era da reprodutibilidade turística fazse a partir de sua própria imagem seu puro reflexo e não mais unicamente pelo verbo genuíno do acontecer A imagem em obra obrase como imagem E arte termina sendo aquilo que é provocado pelo discurso Armadilha pura para o conceito e fruto dele Esta comunicação tangenciará tais questões e buscará uma aproximação com alguns artistas que fazem da imagem sua obra em trânsito E provocará uma reflexão sobre o deslocamento do eixo original dentro da paisagem contemporânea Palavraschave Imagem Conceito Arte 111 O Olho que se Faz Olhar os sentidos do Espaço Estético do Colégio de Aplicação da UFSC para alunos do ensino fundamental Fabíola Cirimbelli Búrigo Costa Esta comunicação tem como objetivo apresentar os resultados referentes à pesquisa O Olho que se faz olhar os sentidos do Espaço Estético do Colégio de Aplicação da UFSC para alunos do Ensino Fundamental A pesquisa visou a analisar como estes significam o processo de alfabetização estéticoartísticovisual a que foram submetidos Investigar também como e de que maneira este espaço provoca mudanças no olhar estético de quem por ali transita Os aportes teóricos da Psicologia HistóricoCultural de Lev Semenovich Vygotski e interlocutores bem como a proposta Triangular do Ensino de Arte de Ana Mae Barbosa são fundamentações para a realização do presente estudo Constatouse a importância de espaços estéticos artísticos didáticos e pedagógicos em contextos escolares por possibilitarem o acesso ao universo da produção estéticoartísticovisual criando condições para que alunos e comunidade escolar vivenciem experiências significativas através da exposição da produção da fruição dessas formas e das reflexões provenientes da relação artevida expandindo na dialogia com o outro valores e conceitos culturais estéticos artísticos visuais e éticos Palavraschave Educação do Olhar Ensino de Arte Espaço Estético Psicologia HistóricoCultural Colégio de AplicaçãoUFSC 237 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Todos os propositores desta comunicação são artistas e também professores na rede oficial de ensino 2 Cúrriculo e Ensino da Arte Coordenação Donald Hugh Barros Kerr Jr 21 Aspectos Curriculares do Bacharelado em Artes Visuais Richard Perassi Luiz de Sousa O Curso de Artes na Universidade Federal de Mato Grosso está em plena atuação desde 1981 e ao longo desse tempo passou por diversas atualizações curriculares A última atualização aconteceu no ano de 2003 prevendo o processo de implantação que está ocorrendo neste ano de 2004 Esta comunicação apresenta os pressupostos históricocontextuais que orientaram a composição dos perfis profissionais do bacharel em artes visuais e o processo de atualização curricular do Curso de Bacharelado Os objetivos do processo foram a ampliação e a organização de áreas de estudos promotoras do desenvolvimento de linguagens artísticas tradicionais e principalmente de linguagens fotográficas videográficas e infográficas aplicadas aos campos da arte e do design Essa perspectiva previu interações entre códigos imagéticos sonoros pedagógicos e artesanais cultivados nos cursos de graduação extensão e pósgraduação do Departamento de Arte e Comunicação que abriga também uma Licenciatura em Música uma pósgraduação em Imagem e Som e um Núcleo de Inovação e Design em Artesanato Palavraschave Bacharelado Currículo de Artes Contexto Local 22 Beuys Alexandre Pereira Alexandre Sá Amélia Sampaio Possidônio Arthur Leandro e Giordani Maia Artistas como Joseph Beuys e Hélio Oiticica já indicavam a proximidade entre o artista e o professor considerando tanto a educação quanto a cultura como campos libertários por excelência A discussão que propomos é fruto de conversas em que 238 Colegiado de Artes Visuais Universidade Federal do Amapá identificamos problemas comuns de relacionamento de artistasprofessores com dirigentes de instituições de ensino professores de arte ou de outras áreas principalmente quando executamos propostas experimentais de ensino de arte bem como trazemos questões de arte contemporânea para a sala de aula Queremos relatar diferentes situações que parecem revelar que o entendimento ontológico do que é arte expresso nos currículos institucionais estancou a possibilidade de processos criativos atualizados nos espaços formais de ensino e que a escola em todos os níveis está longe de ser o local de reflexão e de produção artística tornandose apenas o lugar de sedimentação de entendimentos particulares do que dirigentes de escolas e especialistas em educação que elaboram currículos julgam ser o aprendizado e o fazer artísticos Palavraschave Arte Contemporânea Instituição Ensino 23 A Década da Educação e a Disciplina de Fundamentos da ArteEducação no Curso de Pedagogia em Módulo da Universidade Federal do Amapá Alexandre Pereira Em 20 de dezembro de 1996 foi sancionada a Lei 9394 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que trata amplamente sobre a educação nacional inclusive regulamentando e especificando a formação docente É interessante observar o art 87 que institui o Plano Nacional da Educação e cria a Década da Educação de 1997 a 2007 fazendo com que surja uma série de estratégias e convênios para a capacitação em nível superior dos professores de ensino infantil e ensino fundamental Esta comunicação pretende descrever uma experiência realizada em um curso do tipo modular de pedagogia da Universidade Federal do Amapá com encontros realizados apenas nos períodos de férias acadêmicas Nesse curso ministrei a disciplina de Teoria e Prática da ArteEducação que tem carga horária de 60 horasaula divididas em um curtíssimo espaço de uma semana com encontros realizados todos os dias pela manha e à tarde Foram ao todo três turmas correspondendo a 21 dias corridos de trabalho Pretendo falar dos rompimentos de um mínimo de preconceitos e com o senso comum sobre arte e principalmente 239 Faculdades Integradas de Curitiba PR arteeducação sobre a bibliografia sobre a proposta teórica e metodológica e sobre os trabalhos produzidos pelos alunos Palavraschave ArteEducação Teoria Política Educacional 24 Educação Especial mito ou utopia o desvelar de uma história de vida Marisa Tsubouchi da Silva Numa época em que os progressos científicos e tecnológicos levam a uma transformação das condições de vida tornase impossível captar a realidade em seu movimento rapidíssimo sem uma fantasia poderosa e aberta aos maiores paradoxos A imaginação fantástica pode tornarse um guia lógico no mundo de hoje e sobretudo no amanhã Mário Schenberg Este trabalho desvela a história de vida da professora Ana Lúcia de Albuquerque Schulhan nos anos de 1990 a 2003 com o tema Educação Especial mito ou utopiao desvelar de uma história de vida A mesma encontrase em fase de conclusão e está sendo realizada nas dependências do Colégio Estadual Professora Júlia Wanderley Ensinos Fundamental e Médio no Bairro Batel Curitiba Paraná e para pintar esse imenso universo optouse pela Metodologia de História Oral Redesenhando o caminho partiuse do príncípio que as crianças portadoras de deficiência com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares e as mesmas deverão integrálas no contexto escolar com uma pedagogia flexível centralizada na criança com apoio da família da equipe de professores equipe pedagógica e comunidade em geral Refletir o novo paradigma possível para a inclusão educacional de crianças portadoras de necessidades especiais em um estabelecimento estadual com mais de dois mil alunos com todos os níveis de Ensino Regular foi um desafio e ainda tendo como objetivos integrar as crianças com necessidades especiais no ambiente de uma escola regular e oportunizar às crianças com necessidades especiais que convivam felizes com seus pares no cotidiano 240 Secretaria Municipal de Educação SME Rio de Janeiro RJ da sala de aula As diversas linguagens artísticas foram suportes fundamentais para transformar essas crianças verdadeiramente em cidadãs Palavraschave Educação Especial Escola Regular e Linguagens 25 Por Onde Caminha a Educação Angela Capanema Garcia CostaJurema Regina Holperin Lurimar Rangel de Freitas A presente comunicação está baseada numa experiência em Educação realizada na Escola Municipal Experimental José Bonifácio no bairro da Saúde Rio de Janeiro no período de 1984 a 1988 Trabalhamos procedimentos pedagógicos inerentes ao processo criador em todas as disciplinas do currículo escolar do 2º segmento do Ensino Fundamental construindo assim uma metodologia integradora tendo a arte como fio condutor Embora os procedimentos pesquisados por nós não fossem inéditos a diferença estava no fato de que eram incomuns e aconteceram dentro de um conjunto contínuo e simultâneo tornandoos procedimentos especiais Por serem especiais ainda hoje estão atualizados e resultaram no livro Por onde caminha a Educação base de nossa apresentação neste Congresso Acreditamos que qualquer trabalho através da expressão criadora em qualquer disciplina do currículo pode intervir nos diferentes processos mentais auxiliando na construção do pensamento divergente e no potencial de reflexão crítica de cada indivíduo Acreditamos que fatores como a organização a disciplina e a responsabilidade são conquistas num processo de dentro para fora Numa escola em que se pretenda desenvolver uma pesquisa metodológica é necessário que se tenha uma equipe construída numa convivência democrática respeitandose as contradições É também focalizar o administrativo com olhos de educador Palavraschave ArteEducação Currículo Pesquisa 241 Secretaria de Estado da Educação e do Desporto e LazerSE 26 Proposta Curricular para o Ensino Fundamental da Rede Pública Estadual de Sergipe Manoel Luiz Cerqueira Filho Erinaldo Alves do Nascimento Nadja Nayra Alves Monteiro Ana Gardênia Felizardo de Souza José Carlos Carvalho de Mendonça José Iradilson Bomfim Bispo e Sônia Silva Barreto Considerando os princípios de flexibilidade e autonomia a LDB delega aos estabelecimentos de ensino a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica Lei 939496 art 12 cuja prerrogativa é reafirmada pelas Diretrizes Nacionais para o Ensino Fundamental Resolução nº 298 CNE Neste momento cabe às Secretarias de Educação dos diversos Estados do país investir estimular e provocar a implementação de propostas curriculares que venham ao encontro dos anseios da comunidade das orientações normativas e das novas diretrizes do ensino atual bem como a implantação de iniciativas que garantam a qualidade do ensino e atualização constante dos professores Atendendo a essas incumbências a Secretaria de Estado da Educação e do Desporto e Lazer SEED por intermédio do Departamento de Educação de Sergipe DED vem desenvolvendo há algum tempo ações que contribuíram e serviram de base para o momento atual Os projetos Salas de Cultura e Arte 19971999 e o Ações ArteEducativas 1999 2000 por exemplo fomentaram novas perspectivas para o ensino da arte em Sergipe Constatouse então com base nessa vivência a imperiosa necessidade de elaborar uma proposta curricular com o objetivo de conferir uma direção à prática docente em arte Palavraschave Currículo Ensino Aprendizagem 242 Mestrando Faculdade de EducaçãoUFRJ PósGraduação em EducaçãoUFBA 27 Revista ArteEducação Alexandre Palma da Silva O objetivo da comunicação é apresentar a página da internet wwwrevista arteeducacaoprobr Esta página iniciou sua visualização a partir de 17 de junho de 2004 em palestra realizada na I Jornada em ArteEducação da Universidade Federal do Rio de Janeiro Esta mídia eletrônica é uma alternativa para a divulgação de artigos entrevistas projetos pesquisas links agenda cultural e formação de comunidade virtual congregando docentes artistas estudantes pesquisadores e público interessado nas áreas de arte e educação O site de atualização mensal contém publicação impressa que até o momento teve participações de Adir Botelho Escola de Belas Artes UFRJ Dircéia Machado Faculdade de Educação UFRJ Emílio Gonçalves Faculdade de Educação UFRJ João Vicente Ganzarolli Escola de Belas Artes UFRJ Mario Orlando Colégio de Aplicação UFRJ Murillo Mendes Escola de Belas Artes UFRJ Rossano Antenuzzi Museu Nacional de Belas Artes e Rosza Vel Zoladz Escolinha de Arte do Brasil Pretendemos com este pôster mostrar para o público presente do XV Confaeb possibilidades do uso de novas tecnologias como meio de contato e partilha de conhecimentos entre professores atuantes no ensino de arte Palavraschave ArteEducação Informática na Educação Internet 28 TeatroEducação saberes e transformações de jovens artistas Alexandre Santiago da Costa A presente comunicação tem como objetivo explanar sobre um estudo de caso desenvolvido a partir da pesquisa de dissertação sobre o CRIA Centro de Referência e Integração de Adolescentes que constitui uma ONG organização não governamental que atua na cidade de Salvador com a participação de adolescentes provenientes da periferia desta mesma cidade A pesquisa procura identificar as principais matrizes teóricopráticas dessa instituição e analisar o currículo que é preconizado para o trabalho em teatroeducação com esses jovens O teatroeducação 243 Universidade Federal da Bahia Faculdade de Educação Programa de PósGraduação em Educação aporta como um importante aliado na formação desses jovens que participam de um processo que valoriza seus saberes e experiências sua corporeidade sua cultura e seus desejos A presente pesquisa visa também identificar processos privilegiados no trabalho educacional haja vista que essa ONG trabalha com saberes relativos à construção da cidadania e saúde Portanto aportamos com reflexões acerca dos processos educacionais através do teatro procurando privilegiar uma formação multirreferencial e atentando para os conflitos inerentes à vida desses educandos Palavraschave TeatroEducação Currículo e Juventude 29 TeatroEducação Componente Curricular no Meio Rural o caso da escola comunitária Brilho do Cristal Riomar Lopes da Silva A presente comunicação tem como objetivo apresentar a pesquisa de dissertação que tem como objeto de estudo o teatroeducação enquanto componente curricular da Escola Comunitária Brilho do Cristal ECBC Tendo como objetivo geral sistematizar e analisar a prática pedagógica do teatro educação de terceira e quarta séries do primeiro semestre do ano letivo de 2004 A ECBC situase no Vale do Capão pequeno povoado de cerca de novecentos metros O Vale do Capão pertence ao distrito de CaetéAçú no município de Palmeiras na Chapada Diamantina no Estado da Bahia A população aí residente é historicamente agricultora e garimpeira Para melhor analisar e sistematizar minha pesquisa três perguntas nortearão meu estudo como se deu o processo através do qual o teatro apareceu na ação pedagógica da ECBC Quais as contribuições efetivas e que efeitos a linguagem do teatro enquanto componente curricular trouxeram para o projeto pedagógico da ECBC Quais as propostas que uma análise sistematizada sobre o componente curricular teatroeducação pode oferecer para contribuir com a organização do currículo da ECBC Metodologicamente essa pesquisa tem como base o estudo de caso de caráter qualitativo que implica descrever fundamentar e registrar a pesquisa Palavraschave Currículo TeatroEducação Meio Rural 244 Centro Universitário de BelasArtes de São Paulo 210 Trabalhos Finais de Curso de Arte no Brasil a tendência histórica da obraprima Sérgio Augusto Malacrida Apesar de somente constar como obrigatoriedade o Trabalho Final de Graduação para os cursos de arquitetura conforme PortariaMEC 177094 no campo das artes cada vez mais tal instrumento pedagógico é adotado com diferentes denominações Tratase da busca por articulações de conhecimentos que significam o trânsito do âmbito eminentemente acadêmico para o do exercício profissional em um trabalho que demonstre aquisição de competências mínimas a serem avaliadas O Brasil influenciado pela Missão Francesa a Academia de Belas Artes cujo início se deu em 1816 adotou a título de estímulo o Prêmio de Viagem um concurso para premiar os melhores trabalhos de pintura escultura e arquitetura A adoção no ensino formal de arte brasileiro teve como fonte inspiradora o Grande Prêmio de Roma da Academia de Belas Artes de Paris que anualmente premiava os melhores trabalhos nas diversas áreas de arte tendo a pintura como a mais nobre No Brasil além das premiações havia uma exposição de trabalhos a qual no seu início recebia o prestígio da presença da família real A tendência da valorização das obras seguindo modelos consagrados vem das corporações medievais dos cursos de treinamento dos mestres de ofício que no seu final exigiam a elaboração de uma obraprima Palavraschave TCC Curso de Arte ObraPrima 245 Secretaria Municipal de Educação de Uberlândia MG 211 Uma Trajetória no Ensino de Arte em Uberlândia MG diretrizes básicas de ensino Carneiro de Zumpano França Ana Maria Vilela de Carvalho Márcia Maria Sousa Maria Rosalina Souza Pereira Miguel Marilane Costa Lelis Melo Milene Martins Mendonça Rodrigues Rosane Amado Silva Medeiros Rosângela de Ávila Oliveira Silvana Brito de Resende Teresa Cristina Melo da Silveira Valéria Carrilho da Costa e Waldilena Silva Campos As Diretrizes Básicas de Ensino por Componente Curricular Ensino de Arte Artes Visuais Artes Cênicas e Música são fruto de um processo histórico e representam a materialização do conhecimento acumulado e sistematizado a partir das experiências e reflexões dosas professoresas Estes entendem o currículo como uma estratégia de ação intersubjuntiva dotada de procedimentos metodológicos que se efetiva no interior de um determinado sistema educativo com a finalidade de garantir que o fluxo de informações selecionadas e filtradas filosóficopoliticamente da cultura seja transformado em princípios éticopolíticopedagógicos e em saberes escolares sistematicamente organizados MUNOZ PALAFOX 2001 p 95 As Diretrizes estão assim organizadas Histórico Objetivos Justificativa Fundamentos FilosóficoPedagógicos Educação Conhecimento Cultura Arte Metodologia Avaliação Desenvolvimento Gráfico Conteúdos Específicos Considerações Gerais e Bibliografia Elas têm por objetivo orientar o trabalho dos professores visto que na educação escolar nem sempre a arte é entendida como um campo de conhecimentos organizados que pode ajudarnos a interpretar o passado a realidade presente e a nós mesmos Esse entendimento favorece a construção de uma identidade O Ensino de Artes Visuais propõe trabalhar em sala de aula na relação aluno professor conhecimento na perspectiva da articulação das seguintes referências Proposta Triangular BARBOSA 1998 de Projeto Educativo HERNÁNDEZ 2000 e busca de uma aprendizagem significativa MARTINS 1998 Palavraschave Currículo Ensino de Arte Educação 246 Universidade Federal do Maranhão UFMA 3 Ensino de Arte na Diversidade Coordenação Fernando Antonio Gonçalves de Azevedo 31 ArteEducação e Turismo em Escolas Públicas de São Luís MA Izabel Mota Costa O trabalho enfoca um projeto desenvolvido pela Fundação Municipal de Turismo de São Luís MA entre os anos de 19992001 Objetivava sensibilizar as crianças sobre o valor e importância do patrimônio da cidade escolhida em 1997 como Patrimônio da Humanidade O públicoalvo eram alunos das escolas municipais da 1ª série do Ensino Fundamental ao Ensino Médio Inicialmente a equipe do projeto utilizava palestras como metodologia mas estas não produziam bons resultados em turmas até a 6ª série Ao ser contratada para coordenar o projeto criei oficinas de arte em que eram escolhidos temas relacionados à história e cultura de São Luís incluindose passeios pelos pontos mais importantes da cidade museus prédios De posse destes dados os alunos partiam para o fazer artístico trabalhos que eram expostos na escola em que compareciam as famílias moradores do bairro autoridades municipais Os resultados foram altamente positivos para os alunos tanto para uma melhor compreensão da arte e do processo artístico como para a autoestima individual já que a grande maioria provinha de famílias muito pobres Palavraschave Turismo Metodologia Escola Fundamental 247 32 A Arte na Alfabetização de Jovens e Adultos Cilene Nascimento Canda Tal comunicação tem como objetivo principal analisar a prática da arte e da ludicidade e a sua função social na alfabetização de jovens e adultos O objeto de estudo centrase no processo de alfabetização políticoestética concretizado em ciclos de leitura e escrita de textos partindo da interação grupal proporcionada pelas vivências lúdicas e oficinas de teatro realizadas com alunos jovens e adultos que apresentam dificuldades de aprendizagem no contexto educativo O públicoalvo dessa pesquisa é composto pelas classes sociais desfavorecidas economicamente da cidade de Salvador Bahia A educação desse público requer uma prática voltada para o desenvolvimento políticoestético tendo como base as atividades lúdicas e artísticas A educação de jovens e adultos necessita de uma abordagem teórica técnica e metodológica particularmente diferenciada das práticas aplicadas na educação de crianças e adolescentes Unir o processo de alfabetização com a ludicidade permite nãosomente a apropriação de ferramentas da leitura e da escrita mas também suscitar no sujeito a necessidade da atividade criativa promovendo fontes geradoras de idéias e o estabelecimento de outras formas de relações sociais desenvolvendo a aquisição de conhecimentos de forma significativa e sensibilizando os alunos para as expressões culturais da comunidade Palavraschave Arte Ludicidade e Alfabetização 33 Ensino de Arte e Inclusão do Aluno Deficiente Visual Roberto Sanches Rabello e Eliane de Souza Nascimento Tratase de um projeto de pesquisaação em desenvolvimento que tem como objeto a adequação do ensino de arte ao aluno com deficiência visual implicando simultaneamente a produção de conhecimento e uma ação de impacto coletivo Universidade Federal da Bahia Universidade Federal da Bahia 248 Universidade Federal de Pernambuco O objetivo do trabalho é analisar a situação do ensino de arte oferecido a alunos com deficiência visual na rede pública estadual em Salvador visando a subsidiar estudos e a implementar ações na perspectiva de uma educação inclusiva Identificamos as concepções de arteeducação e as diretrizes do professor na organização do trabalho pedagógico contemplando ações que facilitem o aprendizado da arte a percepção do deficiente visual e o relacionamento entre os alunos A fundamentação do estudo envolve as diretrizes do ensino de arte na atualidade e o paradigma da educação inclusiva na especificidade do deficiente visual Apresentamos um diagnóstico da situação de atendimento ao deficiente visual em oito escolas mostrando também a análise preliminar das entrevistas realizadas com os professores de arte culminando com as conclusões que chegamos até o momento Palavraschave Ensino de Arte Deficiência Visual Inclusão 34 O Ensino de Teatro na EJA uma experiência com jogos teatrais Elaine Rodrigues Este trabalho apresenta o relato de um processo pedagógico em Teatro Educação numa turma do módulo II da EJA Educação de Jovens e Adultos numa escola pública na cidade do Recife PE em 2003 O uso do jogo como processo criativo e emancipatório atesta a aplicação do teatro no contexto escolar contribuindo para que o educando exercite e desenvolva os aspectos físicos intelectuais psíquicos imaginários e cognitivos ajudandoo a construir seu autoconhecimento revelandoo a si próprio Primeiramente por meio do jogo dramático desenvolvemos o manuseio de um objeto aparentemente sem função levando o educando a redescobrilo através de sua exploração atribuindolhe novos significados Percebeuse no primeiro momento uma certa timidez e resistência aos exercícios justificados pela falta de contato anterior com práticas similares Vencido esse obstáculo desenvolvemos o jogo teatral em que o grupo optou por realizálo projetandose em mamulengos Percebemos que com este artifício vencemos as barreiras antes expostas 249 É necessário considerar que no adulto geralmente uma parte do seu ser o sensível o sensorial e o sensual foi suprimida no decurso de sua educação em favor do intelectual do convencional do lógico O ensino do teatro ajuda o educando a descobrir e a trazer ao consciente essa parte relegada Permitindo lhe maior familiaridade com seus próprios sentimentos e emoções despertados pela prática dos jogos ele estará mais subsidiado para compreender e organizar suas ações propiciando o seu desenvolvimento integral Palavraschave Ensino Teatro Jogo Referências BRASIL Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte 3º e 4º ciclos do Ensino FundamentalArte Brasilia MEC 1998 COURTNEY R Jogo Teatro e Pensamento as bases intelectuais na Educação São Paulo Perspectiva1980 FREIRE P Pedagogia do Oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra1975 SPOLIN V Improvisação para o teatro São Paulo Perspectiva 1979 35 A Instalação na Escola Jacqueline MacDowell Entrando pelo caminho da criatividade conseguimos desenvolver as potencialidades dos alunos e assim fazêlos crescer psiquicamente através de trabalhos feitos com a Instalação A entrada do mundo utópico da arte faz as pessoas imaginarem sonharem criarem metas buscarem seus objetivos seguirem uma trilha A Instalação é por si só interativa por haver emissor e receptor objetosujeito num sistema de trocas intercâmbiofeedback se fala da ruptura no campo das artes em questão de categorias Universidade Federal do Rio de Janeiro 250 Secretaria Municipal de Educação Rio de Janeiro RJ Mas o que importará para o aluno é exatamente a troca dele com a experiência do material e o ambiente que se faz que se cria Revendo o histórico da Instalação no Brasil na década de 1950 encontramos artistas experimentando um novo patamar na arte brasileira Como exemplo os experimentos de Hélio Oiticica com materiais e depois em ambientes que propiciará um diálogo do material com o espectador Quando concebe os penetráveis Hélio encontra uma nova ordem de pensamento da qual fluirão novos conceitos A comunicação então se contextualizará nesta diversidade da arte encontrada na Instalação Palavraschave Imaginar Criar Explorar 36 InterRelações entre Teatro e Educação a alfabetização cênica André Luiz Porfiro A comunicação Interrelações entre teatro e educação a alfabetização cênica pretende apresentar o resultado de uma investigação realizada durante o período de agosto a novembro de 2002 e em novembro de 2003 na Escola Municipal Gandhi localizada na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro Estabelece linhas de contato existentes entre o teatro na educação a partir dos jogos dramáticos na formulação desenvolvida por Ryngaert e a educação contemporânea entendida a partir do relatório para Unesco Organização das Nações Unidas para a Educação para a Ciência e para a Cultura da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI o Relatório Jacques Delors somados ao pensamento de Morin sobre a educação do futuro numa prática em sala de aula da rede pública A pesquisa favoreceu a construção de um conhecimento pertinente da nossa época apontando para a importância da prática do teatro na educação preocupado com a cultura da comunidade e a formação do homem Palavraschave Teatro na Educação Jogos Dramáticos Educação Contemporânea 251 37 A Leitura de Imagens Através do Jogo Teatral uma experiência de ensino de arte em espaços nãoescolares Everson Melquiades Araújo Silva O dispositivo da pesquisaação foi mobilizado para se compreender os efeitos da utilização do jogo teatral na aprendizagem da leitura de obras de artes de estilo moderno A experiência de ensino foi desenvolvida com 25 crianças com faixa etária entre sete e oito anos de idade que participam de um grupo de formação em valores humanos da organização nãogovernamental ONG Casa da Criatividade localizada em uma favela de periferia urbana da cidade de Recife O processo formativo desencadeado buscou desenvolver através de um conjunto de ações organizadas atividades que possibilitassem às crianças realizarem a leitura e releitura da obra de arte Guernica de Pablo Picasso através do jogo teatral e do registro da performance realizada no jogo através da imagem visual fixa fotografia A seqüência didática vivenciada possibilitou a articulação do ensino de artes visuais e o ensino de teatro realizada a partir da metodologia triangular do ensino de arte O processo de releitura da obra de arte através do jogo teatral aliado à leitura objetiva e subjetiva da imagem possibilitou às crianças de maneira lúdica criarem um bom nível de conhecimento da obra estudada e uma compreensão global das imagens Palavraschave Leitura de Imagem Jogo Teatral Ensino de Arte em Espaços NãoEscolares 38 O Negro e seus Acessos aos Direitos de Cidadania Ronivaldo Moraes da Silva São visíveis as dificuldades enfrentadas pela comunidade negra em se inserir no contexto da cidadania brasileira e quando falo em comunidade negra falo também dos adeptos das religiões afrobrasileiras inclusive quanto ao respeito às suas diferenças Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal do Amapá 252 1 Parte da Agência Experimental de Comunicação Social Ingomba NAruanda extensão universitária do Colegiado de Artes da Universidade Federal do Amapá e Faculdade SEAMA para a Federação de Cultos AfroBrasileiros do Amapá Professores orientadores Arthur Leandro e Alexandre Alcolumbre Universidade Federal de Pernambuco Na minha experiência como monitor do projeto de extensão Ingomba NAruanda1 fiz dois vídeos sobre esse universo e pude conviver com o universo afroreligioso no Amapá Tanto nos vídeos como na experiência educativa trato de assuntos corriqueiros entre os grupos sociais que Muniz Sodré chama discrimináveis e isso permeia discriminação no trabalho e na escola e também trato das dificuldades de socialização nas quais engendra até o envolvimento amoroso com pessoas de fora do culto Meu trabalho é composto de jovens que levam a vida normalmente como quaisquer outros com dois diferenciais são em sua maioria negros e candomblecistas genericamente chamados de macumbeiros Mesmo que para alguns possa soar esdrúxulo e repugnante ou exótico não devemos esquecer que esse é justamente o discurso excludente professado pelos meios de comunicação pela escola e por outras instituições da oficialidade brasileira É sobre esse universo de exclusão que tratam meus vídeos e minha atuação na arteeducação e uso arte mídia como forma de inserção e possibilidade de convivência pacífica multicultural Palavraschave Arte Vídeo Diferença 39 Um Olhar sobre a Inclusão através do Teatro Arheta Ferreira de Andrade A problemática da inclusão do portador de necessidades especiais nas atividades sociais afeta também o universo teatral Crianças jovens e adultos portadores de alguma necessidade especial leiase deficiências visuais auditivas mentais e doenças mentais não dispõem de oportunidades para apreciar um espetáculo de teatro nem para se expressar através do mesmo Tomando como foco de observação um trabalho de pesquisa realizado por um projeto chamado Pátio da Fantasia da UFPE objetivamos discutir a necessidade de uma acentuada inclusão desse grupo de pessoas acima referido no processo de apreciação artística especialmente na linguagem teatral 253 Os integrantes do projeto durante todo período de dois anos de pesquisa realizaram seminários com temas relativos ao universo infantil ao teatro em geral ao teatro para e com crianças às necessidades dos portadores de deficiência bem como oficinas enfocando técnicas necessárias para as atividades artísticas do projeto mímica mágica percussão etc Após esse período compartilharam com as crianças espetáculos teatrais que possuíam grande flexibilidade em seus enredos Nessas peças o espectador poderia apreciar participando e até interferindo criativamente no processo Estas atividades teatrais deram àqueles que delas participaram a possibilidade de se encontrarem enquanto seres criadores capazes de se verem iguais aos outros sem preconceitos e discriminações Palavraschave Inclusão ArteEducação Educação Especial 310 O Papel da ArteEducação na Realização de um Projeto Social Claudia Carneiro da Cunha Mabel E Botelli e Denise Mendonça O Projeto Ciranda Brasileira é desenvolvido desde 2001 pelo Instituto de Arte TEAR que opera com uma metodologia construída ao longo de 24 anos pela Escola de Arte TEAR O instituto é uma ONG de caráter educativo e sociocultural O Projeto contempla adolescentes de escolas públicas da Grande Tijuca no RJ de 12 a 21 anos em situação de vulnerabilidade O trabalho de formação organizase em três níveis o primeiro oferece os fundamentos das linguagens artísticas o segundo aprofunda as linguagens e o terceiro tem caráter profissionalizante a CIA Cirandeira Os participantes percorrem oficinas integradas onde são desenvolvidas linguagens como artes cênicas criação literária dança expressão corporal música canto construção de instrumentos artes visuais além de fóruns de discussão com temáticas específicas da juventude Trabalhase com os vários sentidos da arte campo específico de conhecimento socializadora meio de autoconhecimento e Instituto de Arte TEAR 254 Universidade Federal Fluminense Rio de Janeiro RJ expressão mobilizadora de subjetividades e coletividade O trabalho permite que os alunos se preencham vivenciando a arte nas suas dimensões ética estética e de conhecimento Há um exercício de construção contínua de saberes entre professores e alunos alicerçado em valores de cooperação solidariedade respeito e cuidado Palavraschave ArteEducação Projeto Social Juventude 311 Pequenos Espetáculos da Memória Beatriz Pinto Venancio Esta comunicação trata de pesquisa realizada há cinco anos com um grupo de idosos nãoatores participantes de um projeto de extensão da UFF Nas oficinas semanais os idosos relatam lembranças do passado criando um acervo para o arquivo que alimenta a produção de pequenos textos dramáticos A pesquisa foi objeto de minha tese de doutorado em teatro defendida em março deste ano na UniRio Circulando pelos campos do teatro comunitário estudos de memória exercícios de escrita dramática e encenação de lembranças relato o registro cênico dramatúrgico de três espetáculos revelando o imaginário teatral do grupo com forte presença de uma estética do teatro popular Procuro mostrar como as concepções do fazer teatral dos participantes saltam para dentro dos espetáculos permeando as escolhas do modo de contar as lembranças e de fazer delas um tipo de espetáculo No entanto este fazer teatral surge carregando os novos códigos apreendidos nas oficinas dando origem a um modo próprio do grupo de fazer e pensar o teatro Neste sentido procuro mostrar a experiência em um duplo movimento o processo de criação coletiva de um grupo de idosos nãoatores e um novo canal de expressão de memórias Palavraschave Teatro Comunitário Velhice Memória 255 312 A Práxis do Teatro Didático na Instituição Pública Escolar uma experiência dentro e fora da sala de aula Eneila Almeida dos Santos O trabalho que quero apresentar relata uma vivência uma pesquisaação desenvolvida com um grupo de alunos de uma escola pública estadual de São Paulo da qual sou arteeducadora no decorrer do meu curso de mestrado em 2002 intitulado A práxis do teatro didático na instituição pública escolar uma experiência dentro e fora da sala de aula Essa pesquisa que integra arte cultura e educação escolar num esforço interdisciplinar buscou por meio da arte teatral especificamente de jogos e exercícios improvisacionais orientar professores que queiram trabalhar o teatro na escola dentro ou fora da sala de aula de maneira simples e eficaz O foco principal foram as ações desenvolvidas no decorrer da práxis de 44 jogos desenvolvidos pelos alunos de uma sala de aula do primeiro ano do ensino médio e por um grupo de teatro experimental fora da sala de aula A pesquisa traz uma reflexão sobre a importância da arte teatral no ambiente escolar principalmente na realidade política e sociocultural na qual está inserida Partindo do princípio de que toda ação teatral é uma ação política solidificamos todas as experimentações em fatos reais substituindo magias por verdades vividas pelos próprios participantes nas quais a espontaneidade a criatividade as regras e as avaliações nortearam todo o processo de iniciação da arte teatral naquele ambiente escolar Toda a pesquisa é embasada nas práticas reflexivas nas vivências dos próprios alunos estimulando dessa forma a transformação do ambiente escolar muitas vezes monótono em um grande palco no qual todos os participantes se tornam personagens reais de sua própria história Palavraschave ArteEducação Teatro Jogos Teatrais Escola Estadual João Kopke São Paulo SP 256 Fundação de Apoio à Escola Técnica Faetec Faculdade de Artes Visuais Universidade Federal de Goiás 313 Processo de Criação na Contemporaneidade Marly Silva Rodriguez Diferentemente da arte moderna a arte contemporânea não pode ser estudada pensada e compreendida como aquela em que forma cor e espaço eram objetos de discussão A arte contemporânea está ligada a outras esferas não artísticas como a política o corpo a sexualidade a filosofia a ética determinadas pela produção cultural de nossos dias Refletir sobre questões estéticas e sociais locais ou globais identificar um papel crítico na linguagem artística ultrapassando tradições acadêmicas e formalistas redefinindo processos e conceitos As propostas vão além da simples representação ou de vir a ser um produto de mercado A escola está situada em Quintino Bocaiúva atende a uma clientela heterogênea afastada social e culturalmente quer pela distância ou devido a outros impedimentos A minha oficina pretende minimizar e fazer a inclusão quer seja atendendo aos especiais de pessoas da terceira idade e da comunidade em geral Palavraschave Inclusão Processo de Criação Criatividade 314 Representações Visuais da Identidade Sexual de Adolescentes em Escolas Públicas de Goiânia Adair Marques Filho A partir da minha experiência particular em relação aos estudos gays e lésbicos fundamentados pela Teoria Queer procuro problematizar como as representações da identidade sexual de adolescentes são trabalhadas ou não nas escolas pois ainda há uma resistência quando o assunto é sexualidade e principalmente quando se trata de identidade homossexual As questões que giram em torno da homossexualidade vêm à tona em vários momentos na escola nas ruas na família e se manifestam em espaços informais das escolas como muros banheiros etc Essa é uma questão polêmica e apresentase como ponto inicial da minha pesquisa em que busco elucidar os seguintes questionamentos qual a necessidade de se discutir as 257 identidades homossexuais na escola Qual seria o papel do ensino de arte para a abordagem do tema nas escolas de uma forma natural A escola incluindose os educadores está preparada para enfrentar esse desafio Em um momento que tanto se discute uma educação para a diversidade acredito ser a arte o meio para a conscientização e transformação de um pensamento sobre o diferente colocando em pauta discussões sobre identidade homossexual como forma de desmitificar a idéia da homossexualidade como um desvio ou doença mas encarandoa como um modo diferente de ser Palavraschave Representações Visuais Arte e Diversidade Identidade Sexual 315 Tecendo Lembranças e Vivenciando as Artes no Convívio entre Amigas e Profissionais Maria Célia Fernandes Rosa Vera Lúcia Dias e Lydia Garcia Relatamos a experiência do nosso grupo de professores que ensinou artes no Ensino Fundamental em Brasília entre 1965 e 1995 Iniciamos o trabalho nas escolas de Brasília quase ao mesmo tempo Daí aposentamonos quase juntas Em algum tempo da nossa carreira algumas de nós trabalharam juntas na mesma escola ou num mesmo projeto educacional criamos os filhos que nos chamavam de tias não por sermos professoras mas por sermos muito unidas festas de aniversários doenças nascimentos congressos noitadas etc Tínhamos necessidades de continuarmos nesta convivência mas só as reuniões sociais não nos satisfaziam Era preciso ver o fruto desta ânsia de contato Resolvemos fazer alguma atividade prazerosa que nos instigasse eou nos provocasse a criar e a pesquisar Assistindo ao filme Colcha de retalhos veio a idéia vamos bordar Uma vez por semana nos reunimos na casa de uma de nós mesmas e escolhemos o tema às vezes as cores predominantes e bordamos pedaços de telas de tapeçaria que emendadas viram colchas pedaços de linho que viram toalhas de mesa Depois de prontas são sorteadas e cada uma vai ganhando a sua Algumas nunca tinham experimentado bordar por isto a primeira tarefa foi feita devagar sem acreditar que ia funcionar Foi só a primeira Depois as cabeças encheramse de lembranças de imagens do Fundação Educacional do Distrito Federal 258 Pontifícia Universidade Católica de Campinas SP Universidade Metodista de São Paulo São Bernardo do Campo SP que foi visto sonhado vivido e tudo ia virando bordado Ficamos tão orgulhosas que sentimos a necessidade de mostrar tudo issoVera Lúcia tem um livro no prelo inspirado em nossos fazeres Uma exposição também já está agendada para o início de 2005 Nos encontros discutimos os filmes teatros ou concertos assistidos marcamos visitas às exposições ou ateliês de artistas Estamos encontrando uma maneira de continuarmos a nos envolver com as artes de promovermos a nossa educação continuada e de promovermos também o interesse de outras pessoas pelo fazer artístico e pela discussão de como e para que se faz arte Apresento o grupo Vera Lúcia Dias Vera Cecília Solange Guimaraens MariLéa P de Campos Lydia Garcia e Lourdes Brandão são professoras de música Odete Regina e Myrtes professoras de artes visuais eu Maria Célia sou professora de artes cênicas e Ester sempre estudou canto mas é professora de História Outras mulheres entraram no grupo por muita afinidade com todos Nilda a mãe de Vera Lúcia e Zezé que nem era professora mas cantava desde pequenininha e ainda canta no coro junto com as outras Palavraschave Arte Diversidade Comunidade 316 A Tridimensionalidade e a Formação Roberta Puccetti Carla Carolina Constantino Maria Christina Quilici Guimarães Rafaela Maria Zanatta Raquel Carneiro Amin Raquel Martins e Renata Meirelles Pires Ferreira Célia Regina Gonçalves Marinelli A pesquisa referese ao estudo da produção artística tridimensional na construção do conhecimento enquanto relação entre fazer conhecer exprimir e criar do deficiente mental A hipótese com a qual se trabalha é a de que a complexidade da produção tridimensional que implica esforços intencionais e conscientes de organização visual e mental em razão das diferentes relações espaciais 259 a serem feitas simultaneamente pelo sujeito desvela o desenvolvimento de processos cognitivos ao visualizar mentalmente ao perceber a forma ao explorar intensamente o jogo de profundidades e o fluxo de espaço ao sentir o impacto da massa e a natureza diversa das técnicas e dos materiais O estudo centrase sobre os significados construídos na produção artística tridimensional a partir dos seguintes conceitos teóricos norteadores arte como linguagem construído por Eco 1988 e Pareyson 1984 experiência estética em MerleauPonty 1991 e Meira 2003 concepção percepção e concretude da forma no fazer em Pareyson 1993 e na vertente psicológica Gestalt e Jung os processos cognitivos e deficiência mental em Vygotsky 1988 e 1996 e Maturana 2001 Justificase o estudo pela relevância acadêmica e social num momento em que se buscam possibilidades reais de inclusão de modo a atender às necessidades educacionais contemporâneas A metodologia proposta inserese no contexto de uma pesquisa empírica qualitativa com a coleta de dados ocorrendo em encontros com os sujeitos realizados no Centro Interdisciplinar de Atenção ao Deficiente da PUC Campinas com a aplicação de um roteiro de atividades que exploram a produção artística tridimensional por meio de observação pesquisa bibliográfica e documental Palavraschave Arte Produção Conhecimento 4 A História do Ensino da Arte no Brasil Coordenação Luciana Grupelli Loponte 41 A Contribuição do Professor Ivan Serpa Hélio Márcio Dias Ferreira Em 2004 defendi na Faculdade de Educação UFF a tese de doutorado O Professor Ivan Serpa importância das artes plásticas na educação com parte dos estudos realizados na Université Sorbonne Paris 3 com bolsa sanduíche promovida pela Capes Escola de Teatro UniRio 260 Minha comunicação visa a apresentar um resumo da minha pesquisa e a mostrar a importância do insígne mestre já falecido Ivan Serpa e lembrar a Escolinha de Arte por ele criada no MAM e que hoje já não mais existe Não necessito de nenhum recurso extra para acompanhar a comunicação Palavraschave Ivan Serpa Educação e Arte Escolinha de artes do MAM 42 Ensino de Arte e Educação Profissional Feminina a criação da escola profissional feminina de São Paulo Carolina Marielli Barreto O presente trabalho busca a compreensão do ideário de ensino de arte presente nos pressupostos que fomentaram a criação em 1911 da Escola Profissional Feminina de São Paulo EPFSP A EPFSP foi um projeto e uma experiência pioneiros do ponto de vista das políticas educacionais públicas Organizada e regulamentada pelo governo estadual de São Paulo a instituição foi destinada ao público feminino voltada para o ensino das artes tidas como femininas aplicadas à indústria A finalidade era de preparar mãodeobra qualificada e apta à crescente industrialização que se processava em São Paulo Nesse contexto o ensino da arte mais propriamente o ensino do desenho teve papel relevante como objeto disciplinador ou como forma de aperfeiçoar a mãodeobra e cultivar o espírito do trabalhador O trabalho se caracteriza como uma análise da bibliografia levantada para o entendimento do tema proposto Como fontes de pesquisa foram utilizados pareceres e anuários apresentados pela Secretaria de Instrução Pública e outros documentos oficiais da EPFSP Por meio do discurso de seus relatores tornouse possível investigar a ideologia contida nas concepções de ensino da arte e buscouse também conceituar dentro do período compreendido entre 1910 a 1940 o que significava a profissionalização feminina Palavraschave História do Ensino de Arte Educação para o Trabalho e Educação Feminina Graduada em Educação Artística e Mestranda em Artes no Instituto de Artes da Unesp 261 43 O Ensino de Arte na Educação Feminina no Colégio Nossa Senhora das Dores 18851973 Roberta Maira de Melo Araújo Esta pesquisa tem por objetivo verificar o modelo de ensino de arte na educação feminina no Colégio Nossa Senhora das Dores CNSD em Uberaba no estado de Minas Gerais no período de 1885 a 1973 e contribui para a História do Ensino de Artes Plásticas no Brasil O CNSD era um internato e externato feminino fundado por irmãs dominicanas francesas e ministrava aulas de trabalhos manuais desenho e pintura Como resultado observouse que no Colégio Nossa Senhora das Dores a tendência educacional tradicionalista predominou desde o final do século XIX até grande parte do século XX de par com os princípios do neoclassicismo nas aulas de desenho e pintura Contudo a pintura não era disciplina obrigatória e era paga a parte As aulas de trabalhos manuais compreendiam os bordados a costura e a modelagem O ensino de arte recebeu influências das correntes positivistas e liberalistas e de educadores e pesquisadores como Comenius Pestalozzi Dewey Montessori Anísio Teixeira e Perrelet Um outro aspecto da pesquisa é a análise das imagens fotos das alunas no CNSD e da produção realizada por elas nas aulas de arte que proporcionaram a constatação das influências recebidas e desnudaram as mulheres da época Palavraschave História do Ensino Ensino de Arte Educação Feminina 44 Panorama Histórico das Artes Cênicas no Município do Rio de Janeiro Laureana Conte de Carvalho e Juvêncio Fernandes Carvalho O tema em estudo é uma panorâmica histórica do Ensino das Artes Cênicas AC na Rede Municipal do Rio de Janeiro baseada nas vivências dos professores participantes desta realidade Universidade Federal de Uberlândia MG Secretaria Municipal de EducaçãoRJ 262 Em 1980 um grupo inquieto de professores de artes cênicas reuniuse com a finalidade de discutir e analisar os aspectos regulamentadores da disciplina leis pareceres documentos da SMERJ e do SNT Inacem do Ministério da Cultura As conclusões desses encontros foram a constatação de restrições à disciplina de AC e à Educação Artística a autoavaliação das deficiências na formação do arte educador suas conseqüências gerativas no sistema educacional e as prováveis linhas de ação do grupo culminando em 1982 com a publicação pela SMERJ do Documento Caminhos da Artes Cênicas Neste documento definimos o perfil do professor de AC sua formação e condições de trabalho Acreditamos que o relato proposto irá adicionar elementos para a busca de soluções nas problemáticas comuns do arteeducador Queremos portanto ampliar dentro do contexto nacional a visão do ensino das artes cênicasteatro no segundo segmento do Ensino Fundamental Finalmente verificaremos em nossa comunicação os pontos comuns entre as questões levantadas neste documento e as questões atuais do Componente Curricular Teatro Palavraschave Inícios Teatro Educação 45 Os Primeiros Passos no Ensino da Dança Moderna em Minas Gerais Gabriele Luzia Pires Generoso e Alba Pedreira Vieira Nesta pesquisa historiográfica nosso objetivo foi investigar o desenvolvimento da dança moderna em Minas Gerais a partir da perspectiva de sujeitos que participaram desse processo Realizamos entrevistas semiestruturadas com cinco coreógrafos que participaram desse movimento histórico Nesse período dança e escola tomaram rumos diferenciados pois a primeira tida como essencialmente feminina não era vista como agente contribuidor para os fins propostos pelo Estado autoritário o qual priorizou investir em atividades desportivas que incentivavam a competitividade elemento essencial para o crescimento do país na perspectiva Universidade Federal de Viçosa MG 263 econômica adotada pelos militares o capitalismo Segundo os entrevistados em Minas a dança moderna teve seu período de ascensão na década de 1960 tendo como seus precursores dentre outros Marilene Martins Martins incentivou a dança moderna no estado ao priorizar em sua metodologia de ensino o desenvolvimento da criatividade de seus alunosintérpretes O seu trabalho tem continuidade através daqueles que passaram por sua escola e que atualmente têm suas companhias de dança reconhecidas nacionalmente como a Cia de Dança de Minas Gerais cuja sede é no Palácio das Artes Hoje a dança moderna se mistura a outras tendências dando origem à dança contemporânea cuja perspectiva de abertura a novas propostas condiz com nossa presente dinâmica social Palavraschave História Dança Moderna Movimento Modernista 46 As Quatro Chaves do Imaginário na Poética de Ilo Krugli Márcia Mascarenhas Esta comunicação pretende apresentar parte da pesquisa que venho realizando para o projeto de mestrado em História no Instituto de História da UFU Ilo Krugli nasceu na Argentina em 10 de dezembro de 1930 veio para o Brasil em 1961 para trabalhar na Escolinha de Arte do Brasil fundada por Augusto Rodrigues onde encontrou artistas e pesquisadores como Noêmia Varela Nize da Silveira e Cecília Conde desenvolvendo pesquisas pelas quais buscavam educar através da arte Krugli entrelaçou a essa nova filosofia educacional uma poética própria trazendo a cultura popular a festa e o jogo valorizando a composição cênica através de cenas despojadas em que o ator e o público brincavam com objetos sugestivos que iam se transformando física ou imaginariamente Palavraschave Teatro Didático Coletivo Imaginário Universidade Federal de Uberlândia MG 264 5 Arte Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental Coordenação Itamar Alves Leal dos Santos 51 O Ensino de Arte nas Séries Iniciais do Ciclo I implantação do ensino de arte ministrado por especialistas nas séries iniciais Roseli Cassar Ventrella e Maria Terezinha Telles Guerra Este trabalho tem como objetivo apresentar em linhas gerais os caminhos iniciais trilhados por membros da equipe técnica da CenpSEESP assessores das diferentes linguagens representantes das Diretorias de Ensino e das escolas de Educação Básica da rede pública estadual durante o processo de discussão e reflexão que teve como foco a implantação do ensino de arte ministrado por especialistas nas séries iniciais do Ciclo I em 2003 através da Resolução SE nº 184 de 27122002 Coube a nós coordenadoras do projeto deflagrar uma série de encontros para que o êxito da implantação bem como as ações empreendidas coletivamente em tais encontros alcançassem na sala de aula das séries iniciais o sucesso e a competência da aprendizagem desejada em arte Foram realizados então em 2002 dois grandes Fóruns de Ensino de Arte dos quais participaram todas as Diretorias de Ensino do Estado de São Paulo representadas pelo Assistente TécnicoPedagógico de arte um Supervisor de Ensino e três professores de arte de cada uma das regiões Unidos em torno de um mesmo ideal discutir e refletir sobre a importância da inclusão do ensino de Arte no Ciclo I diferentes propostas foram apresentadas visando ao compromisso com os objetivos e conteúdos específicos da área E foram tantas as perguntas tantos os questionamentos e tanta a vontade de acertar que as dúvidas e ansiedades acabaram por contribuir para que o conjunto de professores inicialmente heterogêneo se transformasse em um grupo sólido e unido em busca de soluções que representariam o norte das ações que seriam colocadas em prática por especialistas que atuariam nesse segmento Energias e idéias foram reunidas e em janeiro de 2003 junto aos ATPs de Arte e logo em seguida estes com seus professores e estes com seus alunos o projeto diagnóstico No País das Maravilhas foi discutido Secretaria de Estado de Educação de São Paulo Cenp 265 experimentado alterado reduzido ampliado copiado amputado enxertado apropriado modificado ressignificado Nesse sentido a escolha de situaçãoproblema repertório cultural e histórico tornouse o início do diálogo com os alunos das séries iniciais do Ciclo I através do projetodiagnóstico No País das Maravilhas Com o objetivo de contemplar as linguagens da Dança Teatro Música e Artes Visuais mais quatro projetos foram criados e aplicados em 2003 Elaborados por especialistas em cada uma dessas linguagens e com foco no desenvolvimento da competência leitora e escritora nos códigos não verbais os projetos possibilitaram às crianças manipular organizar compor significar decodificar interpretar produzir conhecer imagens visuais sonoras e gestuaiscorporais requisitos indispensáveis para formação do cidadão contemporâneo Adentramos 2004 num clima de confiança respeito e cooperação entre todos os envolvidos no processo e avançamos ao contemplar música e dança no projeto desenvolvido no primeiro semestre deste ano Corpos Sonoros Neste semestre estamos trabalhando com a integração entre teatro e artes visuais por meio do projeto O Tempo no Espaço e o Espaço no Tempo Pensar projetos de arte para a escola de Ciclo I especialmente projetos que contemplam ensinaraprender arte de maneira significativa e competente está entre nossos objetivos Portanto os objetivos e conteúdos de cada um deles permeiam um processo de pensar construirfazer lúdico e estético que inclui atos técnicos e inventivos de transformar de produzir formas novas a partir da matéria oferecida pelo mundo da natureza e da cultura onde vivem nossos alunos Palavraschave Resolução 184 Ciclo I Arte 52 Projeto ArteEducação para a Cidadania Joana Sanches Justo e Carmem Sílvia Sanches Criar ambientes educativos utilizando recursos como fotografia esquetes teatrais dança instalações artísticas entre outros para que alunos da rede pública de ensino possam ampliar sua consciência cidadã e propor soluções aos problemas de nossa realidade pautadas no pluralismo de idéias e respeito à diversidade cultural são os principais objetivos deste projeto que existe há três anos junto ao Núcleo de Universidade Estadual de Londrina Universidade Estadual Paulista 266 Ensino da Universidade Estadual Paulista campus de MaríliaSP O Projeto faz parceria com escolas da cidade e região e desenvolvese aos finais de semana procurando atender aos interesses de expressão artística dos alunos Oficinas de dança flamenca e hip hop além de contribuírem para a educação rítmica das crianças foram importantes para conhecerem culturas distintas e minimizarem seus preconceitos diante do que é diferente Ainda na perspectiva de valorizar a solidariedade entre os povos trabalhamos na confecção de um símbolo de paz utilizando origami técnica milenar japonesa conjugada à pomba de Picasso A leitura crítica de fotos permitiu aos alunos perceberem a violência simbólica presente nas grades e muros altos da escola Enfim os resultados das ações empreendidas têm apontado melhora na convivência escolar e maior tolerância ao diverso Palavraschave Protagonismo Infantil Diversidade Cultural 53 Projeto Dante no PIJ uma experiência pedagógica em arteeducação infantil José Mauro Barbosa Ribeiro Elza Gabriela Godinho Miranda Patrícia Lúcia Mércio da Silveira Sá Paola Talita de Oliveira Barbosa Sara Luciana Martins Cíntia de C Lobo e Larissa Vargas Brandão O Projeto InfantoJuvenil direcionado a crianças de dois anos e seis meses a dez anos de idade atendia inicialmente somente filhos de professores e servidores da Universidade de Brasília UnB Atualmente recebe também a comunidade próxima e filhos de alunos da universidade Uma parceria com o Departamento de Artes Cênicas criou o Projeto Dante no PIJ pensado inicialmente como uma proposta de dança e teatro para as crianças alunas do PIJ ministrada por alunos bolsistas do Departamento de Artes Cênicas Os alunosprofessores desenvolvem atividades artísticopedagógicas utilizando jogos dramáticos infantis jogos teatrais oficinas de ações cênicas e movimentos corporais envolvendo música histórias e Projeto InfantoJuvenil PIJ Departamento de Artes Cênicas CEN Universidade de Brasília UnB 267 livros infantis visando através do exercício teatral a despertar na criança desenvolvimento sensóriomotor sociabilidade desinibição criatividade e principalmente atitude crítica e estética frente ao mundo e à sociedade dos quais fazem parte Desta forma os futuros professores de arteeducação têm a possibilidade de experimentar e se aperfeiçoar através da prática do ensino cotidiano e da reflexão sobre os caminhos apontados pela arteeducação como filosofia pedagógica e para a aplicabilidade do ensinamento das disciplinas do currículo do curso de licenciatura em Artes Cênicas No final do ano letivo são realizadas atividades de interação com os pais professores e comunidade com demonstração do processo para que através de críticas e sugestões possamos reorientar e aprimorar o projeto Palavraschave Experiência Licenciatura ArteEducação 54 Vídeo produção visual de crianças Valéria Fabiane Ferreira Este trabalho relata um projeto realizado com duas turmas de crianças em uma escola da rede privada de ensino de artes de Goiânia A Turma A incluía nove crianças entre sete e oito anos e a Turma B incluía dez crianças mais novas entre cinco e seis anos de idade Projetei três encontros semanais de sessenta minutos com cada turma visando a estimular a percepção audiovisual através de uma proposta com vídeo que surgiu da vontade de proporcionar às crianças uma experiência que fosse sensorial que integrasse o visual linguagem falada musical e escrita A referência visual selecionada para iniciar o projeto foi a obra poética Nome 1993 de Arnaldo Antunes Célia Catunda Kiko Mistrorigo e Zaba Moreou Nome possibilitou aproximar as crianças de um tipo de discurso do vídeo que vai além da função de registro enfatizando o discurso poético que o vídeo pode construir Utilizado com a intenção de criar uma narrativa poética o vídeo estimulou a percepção audiovisual e fortaleceu o processo de alfabetização visual preparando as crianças para construir sentidos e significados através de experiências audiovisuais Palavraschave Ensino Arte Alfabetização Visual Vídeo Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás UFG 268 6 Formação de Professores de Arte Coordenação Richard Perassi Luis de Sousa 61 A Arte como Princípio de Todas as Aulas Sônia Regina Fernandes Todo professor de arte deve por princípio ser criador de aulas inesquecíveis e transformadoras O maior sentido de qualquer aula é ser situação de encontro que coloca a vida em curso tornandose momento de revelação de construções de significação de interações fecundas Portanto cada aula em sua autonomia pedagógica deve ser arte em ação ou seja conhecimento das transformações na experiência do dinamismo que faz viver intensamente nas realidades relacionais a existência humana em suas diversas facetas Nela devese reconhecer o jogo do continuum da semiose do mundo Toda aula em sua existência individualizada para se garantir educação ativa deve ser arte em curso arte em obra A quaseeternidade da arte confundese com a quaseeternidade da existência encarnada escreve MarleauPonty ao analisar a obra de Cézanne Segundo sua visão a arte representa pulsação vitalidade respiração enfim sensação de se estar vivo Assim como celebração do potencial humano a arte tem nas limitações humanas sua matériaprima Ela pode significar como nos indica Eduardo Portella a manifestação da plenitude do vigor humano e viver no ser que pulsa e se expor no pulsar que perturba deixando à mostra o coração trêmulo conforme as palavras de Clarice Lispector Palavraschave Aula Arte Educação Centro Universitário de BelasArtes de São Paulo 269 62 A Crítica Genética e o Ensino Artístico um diálogo possível Edna de Jesus Goya Este texto A Crítica Genética e o Ensino Artístico um diálogo possível tem como preocupação central discutir sobre o processo de criação não do ponto de vista das teorias mas chamar à atenção os professores para as discussões que estão sendo levantadas pela Crítica Genética que embora seja uma disciplina recente 1990 tem suscitado discussões interessantes sobre o assunto A Crítica Genética discute criação a partir de uma teoria geral tanto na arte quanto na ciência Tem nos feito refletir sobre o fazer artístico não apenas como ação isolada ou algo fruto do talento mas como gestoação que acontece imbuído de preliminares e de complexidade que se movimenta interligado a uma cadeia de relações tempo espaço cultura materiais e técnicas Tem nos levado a pensar sobre o que acontece no percurso da elaboração da obra o que conseqüentemente vem contribuir para a crítica de arte ajudandonos na compreensão da obra Mas ao discutir os processos de produção criadora também temos pensado nas implicações positivas que estes estudos poderão trazer para a formação do artista para a educação em arte uma vez que por meio da crítica genética tornase possível conhecer uma teoria geral da criação ver procedimentos criativos de outros artistas bem como favorecer o futuro artista para a compreensão do seu próprio processo criativo Palavraschave Processo Criação Ensino 63 Cultura e Arte nas Séries Iniciais Sandra Helena Escouto de Carvalho Arte enquanto linguagem e educação como processo em se fazendo são intrínsecas à natureza humana sendo produtos na expressão e na comunicação Fundem o sentir e o pensar na construção e sistematização de culturas de cada comunidade e seu interfaceamento Neste trabalho configurado como qualitativo Faculdade de Artes Visuais Universidade Federal de Goiás Departamento de Didática Unesp Campus Marília SP 270 crítico e etnográfico baseado no conceito adorniano de formação cultural propomos práticas educativas críticas e emancipatórias articulando a arte na educação informal formal e nãoformal de professoras de séries iniciais e estudantes de Pedagogia de 13 municípios da região nordeste do Rio Grande do Sul No decorrer da pesquisa identificamos como vigoram na familiarização com as linguagens da arte na escola além da problemática educativa e pedagógica sobretudo a semiformação cultural das professoras impedindoas de entrelaçar criticamente no cotidiano docente os produtos da arte erudita da arte popular tradicional e da indústria cultural Deste modo verificamos que para uma profícua prática educativa em arte professoras de séries iniciais precisam ter resignificada sua formação cultural por meio do resgate problematização e compreensão das manifestações das linguagens artísticas na totalidade de suas trajetórias de vida Desejamos uma sala de aula com ritmos permeados pela crítica porém respeitando e buscando sempre a poética neles contida sendo este um caminho de arte possível para o fortalecimento da luta contra a barbárie e a desumanização Palavraschave Ensino de Arte Formação de Professores Séries iniciais 64 Da Professora Criativa à Docência Artista tensões na produção da docência em arte Luciana Gruppelli Loponte De que é feita a formação docente em arte Como professora formadora de professoras há alguns anos tenho vivido situações desafiantes que me desanimam ao mesmo tempo que me impulsionam a pesquisar mais As professoras e são mulheres a maioria esperam de nós que ocupamos esse lugar de especialistas uma receita salvadora para suas aulas E enquanto nos esforçamos para encontrar algum tipo de saída há um mercado editorial crescente de manuais pedagógicos de autoajuda direcionados aos docentes que os consomem avidamente Estes livros têm títulos sugestivos como A Professora Criativa contraditoriamente repleto de modelos de atividades e de desenhos para colorir para todas as datas comemorativas Mas que formação docente para o ensino de arte é necessária O discurso acadêmico deve renderse à linguagem de receituário e vender soluções Universidade de Santa Cruz do Sul Unisc 271 mágicas como às vezes tanto as professoras querem Para fugir das análises circulares e das constatações óbvias e pessimistas podemos então começar a fazer outras perguntas e de um certo modo provocadas por Foucault tentar pensar de outro modo Se estas professoras e aqui saliento o grande número de professoras leigas que atuam na área têm uma formação tão precária o que elas ensinam nas suas aulas de arte E ainda de que forma o fato de serem mulheres as principais responsáveis por este ensino afeta este trabalho A partir dessas questões afetadas principalmente pelas produções teóricas de Foucault e de estudos feministas ligados à arte problematizo o que chamo de docência artista Nessa direção investigo as possibilidades éticoestéticas ou uma etopoética de um grupo de formação docente em arte Penso na constituição de uma docência artística que se efetivaria através da escrita de si e das relações de amizade no seu sentido mais político como formas possíveis de resistência de subversão aos poderes subjetivantes principalmente os que envolvem relações de podersaber e gênero O desafio é pensar fazer aparecer outras formas de subjetividade docente uma éticoestética uma etopoética docente Por que afinal a docência não pode ser uma obra de arte Palavraschave Ensino de Arte Formação Docente Michel Foucault 65 Educador Artista Pesquisador utopia ou realidade Renata Bittencourt Meira A elaboração do Projeto Político Pedagógico do curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Uberlândia discute a formação de professor de teatro e a relação entre licenciatura e bacharelado bem como a relação do contexto local com a pesquisa acadêmica na área Uberlândia é uma cidade de porte médio pólo regional do Triângulo Mineiro A produção cultural vem crescendo mas ainda é incipiente quando comparada ao potencial local O curso de Artes Cênicas vem contribuindo para o crescimento da atuação cênica e do ensino do teatro O curso de Artes Cênicas modalidade licenciatura sempre manteve estreita a relação entre fazer teatro e ensinar teatro Com base na análise dos dados sobre as atividades dos egressos concluise que é necessária a abertura do bacharelado o desafio é oferecer um curso de graduação que forme o educador o artista e o pesquisador Acreditamos Universidade Federal de Uberlândia MG 272 na formação do artistaeducadorpesquisador como profissional adequado ao contexto de Uberlândia considerando a universidade um pólo cultural regional e como contribuição deste profissional na produção do conhecimento em Artes Cênicas O desafio é a construção de um projeto pedagógico que dê conta dos aspectos artístico pedagógico e científico da formação do professor de teatro de maneira crítica e criativa Palavraschave Educador Artista Pesquisador 66 Em Busca e à espreita de uma Pedagogia para o Ator Tatiana Motta Lima No seu livro Les Gestes Vilém Flusser analisa entre outros o gesto de plantar Próprio a esse gesto seria o basearse em um projeto inicial que aplicado à terra e seguido de um momento de espera geraria a colheita Segundo Flusser no gesto de plantar acreditase tão firmemente que a realidade se curvará ao projeto inicial que uma má colheita é vista como uma catástrofe Seguindo esse pressuposto podese inferir que se a realidade porventura vier a desmentir o plano inicial o agricultor passará a acreditar ou que o projeto perfeito ainda não foi encontrado ou que a terra é definitivamente imprópria Acredito que muitas vezes temos como modelo do gesto de ensinaraprender e consequentemente do ensino aprendizagem do teatro o gesto de plantar Pretendo no primeiro momento da minha comunicação trabalhar sobre esta comparação a partir de alguns pontos a ênfase no planejamento a dificuldade de lidar com a alteridade o apego a métodos e técnicas a maneira de relacionarse com o tempo na aprendizagem etc Aqui estarei dialogando entre outros com Jorge Larossa no seu livro Pedagogia Profana Embora Flusser não tenha um capítulo sobre o gesto de caçar acredito que este possa ser um contraponto interessante para a discussão que vou apresentar Numa entrevista que me concedeu Thomas Richards trabalha sobre as imagens do engenheiro e do caçador como imagens que dialeticamente devem dialogar no trabalho daqueles que conduzem outros pelo caminho da criação Na segunda parte da comunicação estarei inferindo um certo modo de pensar o ensinaraprender a partir do gesto de caçar Este gesto que se apresenta como intrinsecamente ligado Escola de Teatro da UniRio 273 à selvageria à instabilidade ao nomadismo e que onde não se espera como um agricultor espera a colheita mas se espreita assim como se faz quando há necessidade de caçar Palavraschave Pedagogia Teatro Formação de Artistas 67 O Ensino de Arte na Formação Inicial dos Professores das Séries Iniciais da Escolarização uma análise das matrizes curriculares das instituições formadoras da região metropolitana do Recife Clarissa Martins de Araújo e Everson Melquiades Araújo Silva A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 939496 estabeleceu a obrigatoriedade do ensino da arte em todos os níveis da Educação Básica Desta forma todos os professores das séries iniciais da escolarização têm obrigação de ensinar artes aos seus alunos No Estado de Pernambuco esses professores têm se formado basicamente nas instituições de ensino superior no curso de Pedagogia e em escolas secundárias no curso normal médio Neste sentido esta pesquisa buscou compreender qual o espaço do ensino de arte na formação inicial de professores das séries iniciais da escolarização das instituições formadoras da Região Metropolitana do Recife Para tanto foi realizada a análise documental das matrizes curriculares de sete instituições formadoras Para uma maior compreensão dos processos em torno das matrizes curriculares analisadas foi realizada também uma entrevista semi estruturada com os coordenadores dos cursos O estudo apontou que a partir das reformas realizadas nos cursos com exceção do curso normal médio todas as instituições de ensino superior criaram disciplinas relacionadas ao ensino de arte nas suas matrizes curriculares ou os que ainda se encontram em reforma apontam para a criação dessas disciplinas Percebese então que o ensino de arte ainda vem se constituindo objeto de reflexão dos cursos de formação de professores da Região Metropolitana do Recife Palavraschave Formação Inicial Ensino de Artes e Professores das Séries Inicias da Escolarização Universidade Federal de Pernambuco 274 68 Exercício de Cena Berenice Raulino A proposta inicial do experimento foi a criação de uma cena por cada aluno do grupo tendo como princípio uma idéia a ser trabalhada O aluno autor da idéiatema a transformaria em ação por meio de dois personagens com vontades conflitantes e respectivas contravontades de modo a explicitar o tema escolhido A proposta seguia a linha realista e as cenas contavam sempre com a participação de dois alunosatores O autor da cena redigia seu texto a partir de improvisações e o reescrevia pelo menos mais uma vez depois de novas improvisações em que o texto esboçado tivesse sido utilizado como roteiro As improvisações eram discutidas pelo grupo que fazia sugestões para seu criador Nesses exercícios era sempre solicitado aos alunos que deixassem evidenciada a contravontade do personagem O criador da cena em um sistema de alternância de funções atuava em cenas de seus colegas A proposta possibilitou que o aluno se exercitasse em diferentes funções uma vez que era dramaturgo diretor cenógrafo iluminador sonoplasta e figurinista de uma cena e ator de outras Esta proposta foi se modificando em suas versões posteriores em que o estilo e o número de participantes de cada cena foram sendo liberados Palavraschave Ensino de Teatro Experimentação Teatral Prática da Escritura Cênica 69 Formação de Professores em Arte representações visuais e suas mediações Henrique Lima Assis O objetivo deste estudo é discutir a realidade do ensino e do professorado de arte em Goiânia apontando as políticas de formação continuada e ainda discutir a práxis de dois grupos de professores um que freqüenta grupos de estudos outro não Instituto de Artes Departamento de Didática Unesp Campus Marília SP Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte e Faculdade de Artes VisuaisUniversidade Federal de Goiás 275 Subsiste uma realidade nas escolas goianas que enfraquece muito a aprendizagem em arte A maioria dos docentes que ministra essa disciplina é habilitada em outras áreas do conhecimento Tais professores conhecem pouco ou equivocadamente o universo da arteeducação com suas técnicas vocabulários conceitos e história Os currículos seus processos metodológicos avaliativos e outras atitudes que estão presentes no ato de ensinar e aprender arte ficam prejudicados com tal fato Em 2003 a Secretaria de Educação cria o Centro de Estudos e Pesquisa Ciranda da Arte objetivando reunir professores habilitados ou não em grupos de estudos para discutir aspectos atuais do ensino de arte como a presença de visualidades nas escolas as possibilidades de mediação imagética reflexões sobre a multiculturalidade diálogos sobre a proposta triangular e outros O projeto de pesquisa em questão propõe analisar as representações visuais adotadas pelos dois grupos de professores supra citados em suas práticas pedagógicas e os modos como os alunos as interpreta Palavraschave Formação de Professores Visualidades Mediações 610 TeatroEducação um coadjuvante do autoconhecimento na adolescência Lêda Aristides Esta comunicação pretende contribuir com reflexões e estudos para profissionais que queiram utilizar o fazer teatral em sua trajetória de trabalho Decorre de pesquisas baseadas na observação e em estudos realizados através da leitura de especialistas no assunto que tem por base o fato de que o período adolescente possui intensos conflitos em que as transformações físicas psíquicas biológicas e sociais se dão em grande velocidade Dissertamos sobre a adolescência os estágios de desenvolvimento e suas características Refletimos sobre o caminho da construção de um eu que a partir do autoconhecimento se constrói mais reflexivo e crítico capaz de fazer escolhas superando esta fase de intensos conflitos através do fazer teatral O TeatroEducação através de seus objetivos e da UcamRJ 276 especificidade de seus conteúdos tem se mostrado como um caminho facilitador para se trabalhar no jovem o conhecimento de si próprio a formação da auto imagem e a consciência na construção de um autoconceito que possibilite o surgimento de um adulto proativo e mais feliz Um protagonista de sua própria história quer sendo platéia ativa e consciente quer sendo o construtor de diferentes personagens ao atuar de forma verdadeira e eficaz no grande palco da vida Palavraschave TeatroEducação Adolescência Autoconhecimento 611 Tons e Semitons na Formação do Professor Ana Valéria de Figueiredo da Costa e Stella Maria Peixoto de Azevedo Pedrosa As autoras apresentam uma proposta para a inclusão de uma Educação Musical orientada para a experiência de estágio dentro do currículo do Curso de Formação de Professores para a Educação Infantil Discorrem sobre a importância do estágio curricular na formação do professor como elemento que propõe a vivência da relação teoriaprática Neste projeto o futuro professor é autor ele próprio de uma Educação Musical cuja prática no ambiente do estágio trará subsídios para sua formação teórica Essa proposta sugere experiências que podem contribuir para o futuro docente conscientizarse da importância da Educação Musical no diaadia de sua prática pedagógica O estudo aqui apresentado completase com a análise qualitativa de respostas colhidas em questionários respondidos por professores em formação e em pleno estágio curricular podendo indicar nos aspectos relevantes da intenção sugerida por este trabalho Palavraschave Formação de professores Música Educação infantil Unig Unesa PUCRio 277 612 Vygotsky Educação e Arte Pressupostos e Práticas da Psicologia Sociohistórica na Educação Estética Adilson Florentino Este estudo pretende estabelecer uma interlocuçãoreflexão com a matriz epistemológica vygotskyana e as questões que ela suscita no campo das tensões e contradições tematizadas em torno da formação do professor do ensino de arte propondo uma perspectiva críticoanalítica que aprofunde a compreensão das relações entre os universos estéticos e educativos A partir da perspectiva transcultural dos estudos de Vygotsky farseá uma análise que circunscreva a educação estética como uma prática histórica fundamental cujas implicações científicosociais paradigmáticas incidam nos múltiplos contextos formativos dos professores de arte no Brasil Palavraschave Educação Estética Sociointeracionismo Perspectiva Transcultural 7 Ensino de Arte e Interdisciplinaridade Coordenação Maria Célia F Rosa 71 A Arte Possibilita ao Ser Humano Repensar suas Certezas e Reinventar seu Cotidiano Fernando Antônio Gonçalves de Azevedo Ler é atribuir significados é interpretar o mundo produzindo sentidos traduzindoo para sua própria codificação fatos e imagens tentativa de recontar a aventura humana por meio das linguagens Ler é tomar de empréstimo fragmentos de saberes com a perspectiva de coordenar articular juntar partes tecer uma trama Inventar um texto é recriação processo de reinvenção em constante transformação potencializando afetos trabalhos e lutas Em sentido freiriano ler o mundo nos Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UniRio Mestre Seduc Pernambuco e Faitvisa Pernambuco 278 humaniza nos religa ao outro e ao universo Ler possibilita inventividade por exigir a criação da trama textual como expressão histórica e social que muda a face do mundo desfazendo certezas e instaurando novos modos de perceber o real Por isso ler a imagem segundo Analice Dutra Pillar é a leitura de um texto de uma trama de algo tecido com formas cores texturas volumes 200112 Convém ainda acrescentar que assim como no texto escrito a reinvenção de um texto imagético implica uma relação dialogal entre os contextos culturais do leitor com os do autor e isso requer um intenso e rico processo de negociações seleção associação classificação recortes conexões comparações entre diferentes saberes culturais A concepção de arte e arteeducação que fundamenta esta comunicação parte do seguinte princiípio a arte é uma das formas de produção cultural assim como a ciência e a filosofia que deve ser estudada na contemporaneidade situada em seu contexto histórico social político e cultural considerando os saberes instituídos e os saberes instituintes A arte pois ao possibilitar o ser humano repensar suas certezas e instaurar novos modos de ser colocanos em um território que nos religa à vida Palavraschave Arte Linguagem Leitura 72 Cem Anos de Dali projeto pedagógico de uma escola de periferia de Nova Friburgo Rose Mary Aguiar Borges Tendo em vista a comemoração do centenário do grande mestre do surrealismo Salvador Dali optamos pela escolha do estudo de sua vida obra como Projeto Pedagógico deste ano de 2004 cujo objetivo principal seria levar o aluno a ter acesso a um conhecimento cultural mais abrangente tomando como referencial este ícone da pintura mundial Todos se envolveram porém somente os professores de arte português história e geografia deram prosseguimento Cada um dentro de suas especificidades programou e realizou trabalhos interessantes com o apoio total da direção do colégio Os alunos tiveram acesso às imagens das obras de Dali e a um pequeno texto sobre sua vida que foi distribuído a todos os alunos da escola A partir daí tudo fluiu organizamos trabalho sobre a Espanha e textos de criação com narrativa de sonhos além dos trabalhos plásticos como colagens surrealistas desenhos SEEColégio Estadual Prof Galdino do Vale Filho NF 279 e pinturas A culminância deste trabalho deuse no dia 14 de maio com grande exposição na escola com divulgação na mídia local É importante destacar o retorno do processo apresentado pelos alunos quando identificaram no mesmo período toda a mídia nacional abordando o tema e sentindose conhecedores de tamanho vulto mundial E daí surgiu Viaje como Dali sem drogas Palavraschave Surrealismo Sonhos Interdisciplinaridade 73 Experimentos na Disciplina Seminário Interdisciplinar no Curso de Educação ArtísticaHabilitação Artes Cênicas da UFU Ana Maria Pacheco Carneiro Ana Carneiro Esta comunicação pretende apresentar algumas discussões que venho desenvolvendo na disciplina Seminário Interdisciplinar do Curso de Educação ArtísticaHabilitação Artes Cênicas da UFU pautadas tanto nas recentes discussões sobre interdisciplinaridade no contexto da educação formal como nas experiências atualmente vivenciadas na prática dessa disciplina e nos referenciais teóricos utilizados Palavraschave Interdisciplinaridade Teatro Lúdico 74 História da Estética como estudála e como traçar meios de viabilizar a apreensão do mundo contemporâneo através da arte Merinéia Ribeiro O conceito de estética é o ponto principal para a compreensão da linha sobre a qual a pesquisa se realizará Uma análise do conceito em sua história realizando comparações entre as possíveis mudanças conceituais ocorridas O trabalho se desenvolve no estudo da estética em si num primeiro momento para então Universidade Federal de Uberlândia UFU Universidade Estadual Paulista Faculdade de Filosofia e Ciências Campus de Marília SP 280 compreender as artes do ponto de vista filosófico O estudo das mudanças conceituais ocorridas possibilita verificar o que de fato altera a visão do belo e do bem ao longo da história Posterior a isso compreender os trabalhos artísticos e seu conteúdo histórico a fim de traçar meios para a construção de um método de aprendizado através da arte As etapas anteriores seriam uma preparação para trabalhar uma interdisciplinaridade que seria fazer com que o aluno percebesse que os conhecimentos adquiridos são constantemente retomados pois o objetivo é desenvolver a percepção e trabalhar as relações dos conhecimentos no aprendiz com maior acuidade Palavraschave Estética Arte Interdisciplinaridade 75 Jogos Tradicionais na Educação Ingrid Dormien Koudela e Itamar Alves Leal dos Santos A pesquisa Jogos Tradicionais na Educação procura respostas para a questão como onde e do que brincam as crianças da periferia Está fundamentada em Bakhtin Benjamin Bruner Koudela Richter entre outros Nela narro reflito e procuro fundamentar as minhas experiências nas quais os jogos e as brincadeiras tradicionais fizeram a diferença entre o trabalho forçado e o fazdeconta entre o assédio sexual e o brincar de boneca entre a realidade e o sonho Uso diversos instrumentos virtuais e presenciais entrevista observação questionário e enquete virtual comunidade virtual e oficinas para profissionais da educação formal e informal e para o público leigo Criei a comunidade virtual JogoEduc jogos e brincadeiras tradicionais que conta com 63 participantes na sua grande maioria professores da educação formal ou informal distribuídos por várias cidades do Brasil que promovem e participam de eventos para divulgar a importância do resgate das brincadeiras no aumento da auto estima de nossa população Analiso desenhos e relatos de 1572 respostas do questionário impresso dos alunos do Ensino Fundamental e EJA Educação de Jovens e Adultos da periferia de São Paulo com a questão do que você gosta de brincar A pesquisa conta com fotos e documentação que fundamentam ilustram e exemplificam a forma como os jogos e brincadeiras ainda estão presentes no cotidiano Escola de Comunicação e Artes Universidade de São Paulo 281 da nossa população Trago em linguagem simples o que eles procuram valorizando os seus saberes e dando a fundamentação necessária para a utilização dos jogos tradicionais Palavraschave Jogos Tradicionais Ludicidade Memória 76 OficinaEscola de Arte de Nova Friburgo uma experiência bemsucedida em arteeducação por políticas públicas da Secretaria de Cultura de Nova Friburgo Sonia Guaraldi Maria Vidal Eliane Jordy Adriana Xaviero Aitom Pacheco Rodrigo Guadagnini Márcia Caetano Merian Fontes Marlene Louback Joffre Evandro Paulo N e Osmar Carpi A OEANF é uma instituição pública criada pelo governo municipal e mantida pela Secretaria de Cultura de Nova Friburgo Oferece cursos e oficinas de forma gratuita nas variadas linguagens artísticas como teatro dança música literatura desenho criativo artesanato canto construção de instrumentos coral Tem como objetivos oferecer arte com qualidade permitindo acesso à cultura e proporcionar vivências em arte que partem da comunidade onde vivem os alunos respeitando a diversidade cultural A maior preocupação é orientar o indivíduo para o seu direito à cidadania diminuindo as desigualdades sociais Os projetos desenvolvidos nessa escola têm como base a arteeducação possibilitando uma leitura reflexiva e crítica com uma metodologia que procura atender os interesses de seu públicoalvo alunos provindos da zona urbana e periferia além de alunos da zona rural e cidades vizinhas recebendo diversificadas leituras de vida A metodologia é a de projetos que nasçam do interesse do aluno e possibilitem a interdisciplinaridade entre as linguagens Ex alunos do teatro com alunos de desenho organizando cenário O públicoalvo é de estudantes de 8 aos 17 anos os quais podem se matricular em duas oficinas e Coordenadora Professores 282 mudar caso não se identifiquem com elas Os portadores de necessidades especiais também participam deste projeto Esta instituição de arte está vivendo uma grande experiência em arteeducação e sua metodologia está em processo Esta comunicação mostrará como os projetos acontecem Palavraschave Cultura Comunidade Responsabilidade social 77 Sabores e Saberes das Minas Gerais recortes e trajetórias interdisciplinares Déborah de Oliveira Lins Fernanda Vianna e Fernanda Viola Trinta O projeto consiste em uma proposta de trabalho com alunos da 7a série do Ensino Fundamental envolvendo os ensinos de arte matemática e tecnologias de comunicação e informação desenvolvidos durante um semestre Todas as propostas e processos visaram à aproximação do aluno com a cultura mineira objeto de investigação que teria como um de seus objetivos visitar as cidades de Congonhas do Campo Ouro Preto e Mariana As etapas do processo são exploração da temática a partir do samba enredo da Mangueira 2004 produção de um café colonial releitura da obra cozinha mineira de um artesão local início do processo de ampliações malha quadriculada homotetia e projeções e estudo de semelhanças viagem registro fotográfico visita Museu das Reduções observação tipos urbanos e patrimônio histórico No retorno foram produzidas animações cenas do cotidiano mineiro estudo da obra de Scliar produção em Natureza morta pintura por semelhança movimento e 360º e extração de pigmentos a partir de materiais coletados na região Finalização organização de mostra cultural na escola painéis pinturas vídeo de animação esculturas em argila vitral estandartes com os profetas de Aleijadinho diário de bordo em vídeo Palavraschave Estudo de Campo Processos de Recriação Imagem em Movimento Centro Educacional Espaço Integrado 283 78 O Teatro e o Adolescente em Conflito com a Lei Marly Alonso Araújo De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente um jovem que comete um ato infracional poderá a critério do Juiz e ainda de acordo com a gravidade do seu ato ficar em internação provisória por até 45 dias aguardando a medida socioeducativa definitiva O seu direito à escolarização é assegurado A dificuldade de escolarização em tão curto tempo levou o conjunto de professoresas a propo um formato de oficinas para as aulas com temas geradores escolhidos a cada bimestre A oficina em que se realiza esta atividade é a de vivência que tem como objetivo discutir a ética e os valores morais de nossa sociedade com estes adolescentes A oficina de teatro escolheu como tema a Escravidão e a Liberdade Os seus objetivos são resgatar a autoestima dos jovens dando valor às suas emoções através do estímulo a expressão de sentimentos discutir o valor ético da liberdade A metodologia utilizada foi desenho das letras do nome e criação de uma história desenho dos sentimentos em figuras geométricas montagem de jogral Escravidão e a Liberdade a partir das falas dos adolescentes e suas formas de expressão cultural como a capoeira e o rap Palavraschave Jovens Infratores Teatro Liberdade Coordenadora Colégio Estadual Padre Carlos Leôncio Degase 284 79 Artes Visuais e Teatro experimento de interação da obra Desvio para o Vermelho de Cildo Meireles com Dois Perdidos Numa Noite Suja de Plínio Marcos Fred Nascimento São inesgotáveis as possibilidades interdisciplinares entre as artes visuais e o teatro como também com a história a língua portuguesa e a música As reflexões que desenvolveremos comportam a encenação de Dois Perdidos Numa Noite Suja texto de Plínio Marcos em diálogo com a obrainstalação Desvio para o Vermelho de Cildo Meireles de 1968 Trabalho desenvolvido em montagem teatral realizada na Escola Municipal de Arte João Pernambuco em Recife PE Na busca de criar uma atmosfera que pudesse traduzir a decadência humana o círculo vicioso da tortura mútua do beco sem saída da miséria e da violência da morte como horizonte permanente lançamos mão da obra Desvio e a partir de sua releitura foram criados todos os elementos visuais da encenação figurino acessórios cenário maquiagem A monocromia do vermelho remete ao universo violento em que os personagens vivem mergulhados interna e externamente Trabalhamos com dois alunosatores interpretando cada personagem que se revesam durante o decorrer do espetáculo A troca de signos por eles manipulados foi decisiva para dar forma ao nosso pensamento Cildo Meireles e Plínio Marcos permanecem atuais nestes tempos obtusos que estamos vivendo Escola Municipal de Arte João Pernambuco 285 8 Ensino de Artes nos Espaços Culturais Coordenação Alice Bemvenutti 81 Alfabetização Cultural o acesso às instituições culturais no processo de aprendizagem Renata SantAnna de Godoy Pereira e Anacláudia Di Lorenzo Paciullo Apresenta o programa Alfabetização cultural iniciado em 2003 no grupo de alfabetização de jovens e adultos da Ação Educativa propondo uma reflexão sobre a importância das instituições públicas no processo de aprendizagem Esse programa tem como proposta o desenvolvimento de uma série de visitas a diferentes instituições culturais apresentando as várias atividades oferecidas a esse público com a finalidade de tornálos cidadãos participativos no contexto cultural da cidade Baseado nas diversas metodologias de alfabetização e em pesquisas atuais que apontam para a importância de trabalhos voltados para a inclusão cultural de jovens e adultos iletrados pensamos ser indispensável um programa que favoreça o contato com as manifestações artísticas tais como música artes visuais teatro dança literatura e cinema Ao aproximar os jovens e adultos em processo de letramento das instituições culturais acreditase que esses educandos terão maior capacidade em progredir dentro de uma cultura letrada que portanto sentirseão desafiados a continuar com uma aprendizagem permanente de forma responsável crítica e consciente Palavraschave Alfabetização Cultural Jovens Ação Educativa Assessoria Pesquisa e Informação Centro Universitário Maria AntôniaUSP 286 82 Ateliê de Sonhos uma experiência em arte na educação de jovens e adultos da Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Profª Terezinha Souza Nélia Lúcia Fonseca As escolas da rede municipal de Belém através do Projeto Político Pedagógico Escola Cabana possui em seu desenho curricular aulas de Arte para Educação de Jovens e Adultos O projeto de trabalho Ateliê de Sonhos foi elaborado com a intenção de fazer com que os alunos do noturno do EJA cursando a I e II totalidade da Escola Terezinha Souza pudessem ter um contato mais direto com as artes visuais tendo acesso a obras de artes através de recursos tecnológicos como a TV o vídeo e retroprojetor ou de visitas a museus de arte igrejas e praças em nossa cidade percebendo dessa forma como a arte está inserida em nossa vida cotidiana e a sua importância enquanto forma de conhecimento pois compreendi que devido a nossos alunos serem oriundos de classe social operária não tinham acesso aos espaços culturais de nossa cidade e nem tinham a possibilidade de exercer a criatividade através de um fazer artístico devido ao fato de terem uma baixa estima fazendo com que não se sentissem capazes de produzir trabalhos artísticos visuais Palavraschave Arte Acesso Conhecimento 83 A Biblioteca como Espaço Cultural Estimulador da Ação Cultural e da Arte Raphael Figueiredo Xavier Opondose a uma idéia obsoleta da biblioteca como depósito de livros procura se ampliar o escopo de sua atuação com ações e preocupações especificamente relacionadas à cultura e à arte como fomentadoras de questionamentos e superação de desafios na frágil política cultural do nosso país Tratase a biblioteca como um Espaço Cultural capaz não somente de disseminar informação nos suportes já tradicionais mas de dialogar com as artes dinamizando sua atuação com a população Secretaria Municipal de Educação de Belém PA Unesp Faculdade de Filosofia e Ciências Marília SP 287 objeto da unidade informacional tentando alcançar o esquema informar discutir criar representado por Milanesi para a ação cultural criando um processo de contribuição para o desenvolvimento individual em nível inventivo Colocase como coordenador da ação cultural o profissional da informação uma função diferenciada capaz de revelar à comunidade suas verdadeiras necessidades culturais além dos sonhos e utopias caracterizandoa como uma população participante da cultura isto é sujeitos consumidores de arte Palavraschave Ação Cultural Espaços Culturais Disseminação da Informação 84 Da Escola à Galeria e de Volta para a Vida Luisa Günther As considerações a serem apresentadas nesta comunicação resultam de minha experiência como oficineira do projeto pedagógico Criança Arteira sob a coordenação do arteeducador José Mauro Barbosa Desenvolvido pelo Centro Cultural da Caixa o Criança Arteira tem por intenção promover a inclusão sociocultural do corpo discente de escolas públicas das cidadessatélites e do entorno de Brasília através de oficinas infantojuvenis de artes plásticas teatro e música além de monitoria às exposições em cartaz nas galerias e visita aos espaços do teatro Minhas impressões serão organizadas de forma a relacionar reflexivamente memórias relativas às oficinas de colagem que ministro Agora por que a colagem O que começou como uma forma de aproveitar materiais impressos de divulgação que sobram após o fim de cada exposição ou espetáculo transformouse em uma atividade lúdica que estimula o desenvolvimento da consciência crítica ecológica e das potencialidades do olhar Palavraschave Transinstitucionalização Cultura Visual Colagem Conjunto Cultural da Caixa Brasília DF 288 85 Estratégia de Mediação para a Exposição Morte das Casas Nuno Ramos Alberto Duvivie Camila Lia Christiane Coutinho Erick Orloski e Fábio Tremonte O ArteEducação Produções é uma equipe formada por artistas e arte educadores que têm desenvolvido trabalhos em programas educativos de instituições culturais tendo como eixo a arteeducação como mediação e como principal fundamentação teórica a proposta triangular Nesta perspectiva os trabalhos desenvolvidos pela equipe têm se pautado num processo de mediação que envolve as três dimensões leitura da obra de arte a sua contextualização e as conexões com a produção No Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo a equipe foi responsável pela ação educativa de diversas exposições dentre elas a exposição Morte das Casas Nuno Ramos ocorrida em 2004 Foi concebida uma proposta de visita e uma oficina em forma de jogo cuja dinâmica se dava em quatro fases que ocorriam nos quatro andares de exposição Em cada um desses andares foi colocada uma caixa projetada especialmente para a oficina contendo diversos materiais que visavam a ampliar as informações contextuais aguçar a percepção formal da obra e estimular a reflexão acerca dos trabalhos que estavam sendo vistos O jogo não possuía um caráter competitivo e pretendia possibilitar a reflexão a partir das várias linguagens artísticas utilizando materiais imagens e textos diversos para atingir esse objetivo onde os diversos conceitos presentes na exposição foram refletidos durante o percurso da visita Arte Educação Produções SP 289 86 Estudo de Espaços Escolares Reais e Imaginados em Escolas Públicas de Goiânia Lílian Ucker Os impactos da globalização têm alcançado grande parte da população mundial em escala e velocidade espantosas transformando e reorganizando sistemas práticas e espaços culturais Neste cenário pósmoderno o espaço escolar continua sendo vivido com grande intensidade apresentando mais do que marcas de regras gerais de organização social e curricular mostrando marcas de experiências e saberes cotidianos que são construídos e compartilhados nas realidades desses espaços Considerando o espaço escolar como socializador de significados cotidianos este projeto visa a investigar como jovens da rede pública de Goiânia fantasiam e imaginam suas escolas Através de desenhos feitos por alunos serão analisados escolas ou espaços por eles representados e as visualidades que compõem a construção da escola imaginada O estudo tem como objetivos levantar discussões sobre a relação escola real x escola imaginada e organizar evidências de visualidades que configuram estas escolas A pesquisa tem como eixo as seguintes questões que elementos visuais aparecem nessas representações De que maneira esses elementos recriam espaços Como é representada a escola imaginada desses adolescentes Como esse espaço incorpora vivências Duas turmas do 1º ano do Ensino Médio de duas escolas localizadas na região central de Goiânia participam do projeto1 Palavraschave Espaço Escolar Visualidades Imaginação Universidade Federal de Goiás Mestrado em Cultura Visual 1 Projeto orientado pelo prof dr Raimundo Martins Agência financiadora CNPq 290 87 Instalação Casa Robson Francisco Martins Maria das Graças M Martins Maria Ignez de Almeida Cacholas Jorge Roberto Silva de Moraes Jorge Pinto da Silveira Projeto do artista plástico e professor Martins com a participação de 600 alunos professores e funcionários do Colégio Estadual Dom Antônio M Júnior localizado no bairro de Santa Luzia município de São Gonçalo RJ A exposição é a culminância do Projeto Pedagógico Interdisciplinar Casa que vem sendo desenvolvido desde março de 2004 e consiste em unir as disciplinas em torno de um mesmo tema A instalação é composta por 310 tijolos na medida de 20cm x 20cm com pinturas de casas em suas faces painel com colagens construído com imagens de casas retiradas de jornais e revistas forrando uma parede de 15m2 painel de contato de 2m x 2m com a técnica do flanelógrafo para o público interagir e oito almofadas nas cores primárias medindo 100cm x 50 cm e a inscrição Seja Bem Vindo No dia 04102004 durante cinco horas de trabalho oito alunos um pedreiro cinco professores 20 sacos de aréola 2 sacos de cimento 6 baldes 60 litros de água 4 metros quadradros de plástico 2 pás 2 enxadas 4 colheres de pedreiro 1 prumo 2 bacias e 1 nível construíram 9 paredes com no máximo 120cm x 80cm que se espalhavam pelos 72m2 da Casa das Artes principal galeria de arte da cidade sugerindo a construção de uma casa com suas divisões medidas e ângulos Os objetivos da Instalação são de reconhecer as CiênciasDisciplinas como ferramentas indissociáveis de nosso cotidiano trazer intimidade entre trabalhoarteconhecimento e levar para a Galeria de Arte ou Espaço Público o resultado dos conhecimentos desenvolvidos no Espaço Escolar Palavraschave Ciência Construção Arte Colégio Estadual Dom Antonio de Almeida M Júnior Educação Artística Coordenadora Educação Artística Coordenadora Educação Física Educação Física Geografia 291 88 Mediação ArtePúblico encontros provocativos de um grupo de pesquisa Mirian Celeste Martins Ana Maria Schultze Olga Egas Solange Utuari Claudio Moreno Domingues Maria Celina Barros Mercúrio Maristela Sanches Rodrigues Rita de Cássia Demarchi Maria Lúcia Fioravanti et al A preocupação em investigar a mediação entre arte e público nas suas múltiplas relações produção artística curadoria mediação fruidores ensino e aprendizagem de arte estrutura este grupo de pesquisa do Instituto de Artes da Unesp nascido após a disciplina ministrada pela coordenadora no Curso de PósGraduação Os diálogos as trocas e as reflexões geradas pela disciplina e pelo grupo têm alimentado pesquisas coletivas e individuais tendo sido concluídas as dissertações Encontros sensíveis experiências de mediação da obra pública Estação Sumaré no Metrô de São Paulo de Rita de Cássia Demarchi 2003 Mapas sensíveis percursos de leituras do mundo através de imagens fotográficas de Ana Maria Schultze 2003 Cultura Visual fios e desafios no ensino da arte de Olga Egas 2004 O papel do museu e da experiência estética na formação do professor de arte de Solange Utuari 2004 além do texto coletivo Mediação artepúblico compartilhando um exercício de pesquisa divulgado em 2003 Neste momento o grupo investiga a curadoria educativa isto é a escolha os fios condutores e as imagens e objetos apresentados em sala de aula entre professores de arte e de história As justificativas os tipos e suportes das imagens e objetos apresentados assim como de onde vêm as imagens utilizadas têm sido objeto de análise através de entrevistas e das reflexões de cada participante Em andamento a presente pesquisa do grupo considerada como uma pesquisa em ação ainda não tem resultados sistematizados a apresentar A análise inicial entretanto já revela que a própria linguagem da arte precisa alimentar ainda mais o ensino de arte construindo olhares curiosos e experiências estéticas impulsionando a formação continuada de professores em diálogo com a complexidade e as rizomáticas conexões entre arte cultura e vida Palavraschave Arte Público Mediação Instituto de Artes da Unesp 292 89 Museus e Educação em Museus História Metodologias e Projetos com Análises de Caso Museus de Arte Contemporânea de São Paulo Niterói e Rio Grande do Sul Alice Bemvenuti A história das ações educativas nos museus brasileiros percorre desde a realização de ações experimentais isoladas até as intenções políticas inicialmente desenvolvida em museus de história A história não nos apresenta uma linearidade de fatos e ações que nos conduzem a uma conseqüência ou resultado previsível mas aponta as inúmeras possibilidades e desencadeamentos que foram realizados considerando o encontro com a obra de arte original eou com o objeto museológico Não é novidade que o conhecimento dos fatos históricos amplia nosso campo de atuação e a conscientização de nossa própria condição de serem fazedores de história Diante do panorama dos MAMs e MACs brasileiros é possível perceber que as ações educativas contemplam desde ações isoladas como a monitoria informativa ou um programa de ação educativa que não instigam o espectador a refletir sobre o registro realizado pelo artista por outro lado existem setores organizados e desenvolvendo pesquisas e atividades relacionadas à leitura de obra onde é possível pressupor o desenvolvimento de ações educativas sistematizadas Os museus de arte contemporânea selecionados para essa pesquisa foram MACUSP MACNiterói e MACRS que apresentaram diferentes características desde a história e constituição dos mesmos como a pesquisa desenvolvida no setor educativo em especial ao trabalho em relação ao acervo de arte contemporânea Palavraschave Educação em Museus Ensino de Arte Museus de Arte Contemporânea Universidade Federal do Rio Grande do Sul 293 810 Oficina do Olhar estendendo os limites do museu até a escola Bárbara Harduim Mariana Furlon Ana Paula Pereira e Morgana Maselli O presente trabalho busca trazer à tona questões e debates sobre a importância do museu como patrimônio material e instrumento de memória socialmente construída bem como a divulgação dos projetos educativos desenvolvidos no Museu Antônio Parreiras em Niterói RJ mais especificamente a Oficina do Olhar Compreendemos a instituição cultural como instigante promotora da memória de uma região e que imbuída desse papel sua relação com as escolas e seus profissionais deve ser cada vez mais estreita e produtiva Nesse intuito o projeto referido acima visa a intensificar o diálogo e a troca de experiências entre os arteeducadores do museu e os professores atuantes em sala de aula sensibilizando os segundos não apenas para os históricos e obras artísticas da instituição mas também para os questionamentos suscitados durante as visitas das escolas Nosso objetivo último é derrubar os limites do museu a fim de que o conhecimento construído de forma coletiva durante as visitas ecoem até as escolas e além das mesmas Palavraschave Patrimônio Material Memória Social Interação MuseuEscola 811 Oficina do Patrimônio Cultural Rossano Antenuzzi de Almeida Esta comunicação discute a ação educativa que vem sendo desenvolvida desde maio de 2004 com professores e demais profissionais da área de educação das redes pública e privada à galeria de arte brasileira do século XIX do Museu Nacional de BelasArtes e objetiva face ao mundo globalizado dialogar a respeito da função social do museu na salvaguarda da nossa memória consubstanciada nos bens culturais Museu Antônio Parreiras Museu Nacional de BelasArtes 294 do patrimônio cultural brasileiro e no papel do cidadão na defesa desse patrimônio afirmando assim a nossa identidade cultural A metodologia adotada consiste em a caracterizar a instituição escola enquanto um espaço formal de educação e a instituição museu enquanto um espaço nãoformal de educação b caracterizar a função social do Museu Nacional de BelasArtes na salvaguarda do seu acervo e a globalização c contextualizar historicamente a sociedade brasileira do século XIX e os reflexos na produção cultural d visitar o espaço expositivo e discutir com os professores as possibilidades pedagógicas interdisciplinares de leituras de imagens do acervo em exposição permanente na construção do conhecimento dos alunos Palavraschave Museu Educação Cidadania 812 Práticas Pedagógicas Teatrais um olhar etnográfico Narciso Telles O uso da abordagem etnográfica na pesquisa educacional dáse no início da década de 1970 ampliando as possibilidades de entendimento dos processos de ensinoaprendizagem em contextos escolares e de educação nãoformal Esta abordagem proporciona ao pesquisador investigar com maior acuidade o processo suas atividades e interações cotidianas abarcando o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida Cremos que no Brasil a abordagem etnográfica ainda incipiente na área da pesquisa teatral pode trazer uma contribuição fundamental na revisão e ampliação de concepções e procedimentos dos processos de ensinoaprendizagem teatral A presente comunicação busca apresentar o trabalho etnográfico na pesquisa em pedagogia teatral realizado junto ao Grupo Tá na Rua Palavraschave Pedagogia Teatral Pesquisa Etnográfica Grupo Tá na Rua Núcleo de Criação e Pesquisa TeatralTribo Universidade Federal de Uberlândia MG 295 813 Prefiro Ver com meus Próprios Olhos Rejane Galvão Coutinho Prefiro ver com meus próprios olhos Foi esta a resposta espontânea dada a um monitor há quatro anos quando a questão da mediação não fazia parte de meu repertório enquanto arteeducadora De lá pra cá muita coisa mudou na minha maneira de encarar a questão mas a afirmação continua orientando o trabalho que venho desenvolvendo e que gostaria de relatar nesta comunicação São experiências de mediação tendo como fundamentação a abordagem triangular e como campo de ação várias exposições no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo Durante este percurso meus olhos continuam cada vez mais exigentes e autônomos mas aprendi também a ver em conjunto a trocar olhares experimentando outras formas de ver a arte O monitor deixou de ser um guia que indicava o que se deveria olhar para se tornar um educador em processo de busca de conhecimentos sobre mediação sobre arte e principalmente sobre seu papel como mediador Na dinâmica deste trabalho a possibilidade de mergulhos nos diferentes universos da arte alimenta e desafia a construção de estratégias de mediação que se tornam significativas porque são construídas e negociadas num coletivo complexo Formar equipes de educadores para exercer a mediação tem sido um desafio constante Palavraschave Mediação Abordagem Triangular Formação de Educadores 814 Projeto de Extensão arteeducação e cidadania Caminhos de Barro Mônica Scarpat Zandonadi José Ricardo Viana Silvia Alicia Martinez e Marcelo Carlos Gantos O projeto Caminhos de Barro foi concebido no ano de 2000 com a expectativa de criar um espaço alternativo e privilegiado para a formação artística cultural e técnica da comunidade apontando a educação e a capacitação na arte da cerâmica e sobretudo Instituto de Artes da Unesp Universidade Estadual do Norte Fluminense RJ 296 para a construção de um espaço educativo para o desenvolvimento de um pólo de cerâmica artística local A oficina localizada no Colégio Estadual Leôncio Pereira Gomes parceiro inestimável está voltada para estudantes e comunidade local do distrito de São Sebastião locus privilegiado de produção artesanal e industrial de telhas e tijolos do município de Campos dos Goytacazes No decorrer do projeto os alunos vêm desenvolvendo as técnicas básicas de modelagem em argila e escultura partindo para uma cerâmica regional pesquisando o folclore resgatando as festividades lendas e tradições locais A metodologia utilizada para o desenvolvimento do projeto foi a triangular que integra a História da Arte o Fazer Artístico Cerâmico e a Leitura da Obra de Arte Os objetivos do projeto vêm sendo atingidos com o desenvolvimento de uma cerâmica artística local geração de renda através da comercialização das peças e participação em exposições assim como a formação de um grupo coeso constituído de aproximadamente setenta pessoas envolvidas com a arteeducação através de pesquisas práticas e teóricas direcionadas à arte cerâmica Palavraschave Cerâmica ArteEducação Desenvolvimento Humano 815 Relações entre a Codificação Freireana e o Distanciamento Brechtiano na Prática de Teatro para o Desenvolvimento Maria Amélia Gimmler Netto Paula Karina Kornatzki e Márcia Pompeo Nogueira A finalidade desta pesquisa é a busca de instrumentos metodológicos para a prática de um Teatro Dialógico que vise ao fortalecimento da comunidade e que contribua enquanto um meio de comunicação e uma forma de identificação e solução de problemas A pesquisa envolveu revisão bibliográfica dos conceitos de codificação segundo Paulo Freire e de distanciamento brechtiano Envolveu também pesquisa de campo através da prática teatral com jovens da comunidade de Nova Esperança na grande Florianópolis Vimos que a codificação funciona como uma apresentação de situações de vida familiar ao grupo que passam a ser reconhecidas discutidas e desenvolvidas ampliando o entendimento da realidade Já o distanciamento torna especial um acontecimento Centro de Artes da Udesc 297 cotidiano lançando um olhar de espanto que instiga a curiosidade Ambos os conceitos permitem uma percepção distanciada da realidade através do entendimento crítico das situações de vida apresentadas Nas reuniões semanais realizadas com um grupo de 16 adolescentes partimos de uma música trazida pelo grupo e através dela investigamos o tema da relação entre pais e filhos Das imagens e improvisações surgiram três histórias As Drogas sobre um menino que se envolveu no mundo das drogas O Susto sobre o abuso sexual na família e A Fuga sobre gravidez adolescente Para desenvolver estas histórias não partimos de depoimentos pessoais da vida dos alunos mas das imagens que eles criam em relação à vida dos personagens Palavraschave Codificação Distanciamento Teatro para o Desenvolvimento 816 Teatro e Imaginário a sala de aula como espaço cênico Sueli Barbosa Thomaz Este trabalho é parte de uma pesquisa mais ampla cujo objetivo foi a apreensão do imaginário de alunos de uma escola fundamental através dos jogos dramáticos nas aulas de teatro Partindo do pressuposto de que o imaginário é um sistema organizador de imagens e que ele permite mediar a relação do homem com outro a pesquisa buscou compreender o imaginário de alunos através da apreensão dos regimes de imagens de modo a perceber se os jogos podem contribuir para a resignificação do social criando outros sistemas simbólicos e redes de relações Partindo das lembranças afetivas dos sujeitos da pesquisa ligadas ao nome da comunidade onde vivem e através de práticas teatrais pensadas por Ryngaert que considera o espaço da sala de aula um local onde menos nos movimentamos onde o corpo é negado e proibido em nome do intelecto foi possível a compreensão do imaginário de grupos de alunos O espaço cênico transformouse num espaço de ações consigo mesmo e com o Outro um espaço possível para a compreensão do imaginário Indo além de uma temporalidade linear e racional os jogadores deixaram emergir imagens próprias das lembrançasafetivas e que nos dias de hoje estão presentes na vida cotidiana do grupo Palavraschave Teatro Educação Imaginário Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UniRio 298 817 O Teatro na Relação EscolaComunidade Josanne Pinheiro Tavares e Márcia Pompeo Nogueira Desde a década de 1930 a relação entre escola e comunidade vem sendo alvo de discussões entre educadores Entretanto a gestão democrática das escolas públicas carrega ainda hoje tensões que dificultam tanto a aproximação da família com a escola quanto a aceitação do conhecimento advindo da cultura popular em relação ao ensino formal Por outro lado o teatro tem em seu percurso marcas de muitas tentativas de democratização que também têm enfrentado muitos problemas mas que caminham no sentido que vai da apresentação de espetáculos para um público mais amplo para a realização de trabalhos que envolvem comunidades no próprio fazer teatral A tensão aqui estaria na perspectiva estética que tem o teatro formal como modelo e que leva a uma marginalização da prática teatral com comunidades Neste cenário perguntamos o teatro poderia contribuir para o aprimoramento da relação entre escola e comunidade Será que ele não poderia servir como ponte no diálogo entre a cultura popular e o conhecimento escolar Para responder a essas perguntas estamos investigando experiências teatrais desenvolvidas na Escola Integrada Municipal Francisco Cortez na comunidade do Canto da Lagoa Lagoa da Conceição em Florianópolis Palavraschave Teatro Escola Comunidade Centro de Artes da Udesc 299 9 Ensino de Artes e Novas Tecnologias Coordenação Alberto Coelho 91 Arte Interativa por Computador Alberto Coelho A repercussão do computador no campo das artes visual cinematográfica teatral musical multimídia como uma ferramenta de criação leva gradativamente alguns artistas a incorporarem tais recursos em suas pesquisas e ações Como instrumento que possibilita uma nova linguagem expressiva na arte contemporânea aos poucos a digitalização se estabelece fazendo com que os novos meios tecnológicos se tornem suporte de expressão artística permitindo diferentes aprofundamentos Acredito que com estes meios a movimentação dos artistas encaminhe uma nova condição às experiências estéticas em que a arte interativa e a interatividade se destacam como uma nova possibilidade de provocação sensorial e motora O que proponho nesta comunicação é analisar aspectos da arte interativa provocando no leitor professor de arte a necessidade de realizar projetos que priorizem discussões pertinentes às novas tecnologias digitais a relação interativa com a arte a coautoria o jogo as experiências corporais Tratase de uma abordagem sobre conhecimento específico em arte e que pode apontar conteúdos a serem selecionado para grupos de alunos do Ensino Fundamental Médio e Superior Resultou de uma preocupação que no meu entendimento merece maior atenção e investimento a atualização dos conteúdos de arte em sala de aula Palavraschave Interatividade Corpo Instalações Interativas Mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS Professor do Centro Federal de Educa ção Tecnológica CefetPelotas RS 300 92 Artes Visuais e o Laboratório de Informática parceria de sucesso Claudia Maria Mauad de Sousa Andrade Sandra Maria Vasconcelos e Wilma Maria Costa Ana Cristina Barreto Leite Maria Beatriz de Moraes Rocha e Sônia Regina Natal de Freitas O Colégio Pedro II é uma instituição federal de ensino e a Unidade Humaitá I atende cerca de 500 alunos ao ano Desde 1997 as equipes de artes e de informática educativa iniciaram uma parceria viabilizando o uso das novas tecnologias da comunicação e da informação como ferramenta de mudança no processo de pesquisa produção e leitura de imagens pelos alunos Percebemos a necessidade de uma educação que integre o estudo das visualidades nos projetos educacionais democratizando o acesso à produção intelectual e às pesquisas em novas tecnologias Dessa parceria foram criados vários projetos desde a classe de alfabetização até a 4a série do Ensino Fundamental nas quais os alunos tiveram oportunidade de dialogar com as linguagens contemporâneas e com todas as possibilidades da era da representação O objetivo desta comunicação é partilhar com outros educadores e instituições de ensino as novas possibilidades do fazer artístico e da leitura de imagens partindo de uma utilização crítica e consciente das novas mídias Apresentaremos trabalhos desenvolvidos com crianças de 6 a 12 anos que trabalharam conteúdos como cultura popular história da arte propaganda fotografia animação história em quadrinhos etc utilizando como recursos da informática internet câmera digital editores de imagens linguagem de programação editores de textos entre outros Palavraschave Artes Visuais Novas Tecnologias Ensino Fundamental Equipe de Artes Visuais do Colégio Pedro II Unidade Humaitá I Equipe de Informática Educativa do Colégio Pedro II Unidade Humaitá I 301 93 Clube de Quadrinhos unindo arte e tecnologia Anderson Leitão Relato de experiência pedagógica baseada no uso da linguagem das histórias em quadrinhos como forma de desenvolvimento do potencial artístico e lingüístico de alunos dos ensinos Fundamental e Médio Partimos do interesse que esse tipo de literatura desperta em boa parte dos alunos e idealizamos um conjunto de atividades que permitissem o desenvolvimento dos múltiplos aspectos relacionados aos modos de criação e produção de narrativas em quadrinhos No processo de trabalho estabelecemos o computador como ferramenta de edição do material produzido pelos alunos para publicação impressa e digital através da criação de um sítio na internet Palavraschave Histórias em Quadrinhos Mídia Internet 94 Ensino de Dança e Novas Tecnologias existe uma fronteira Mirza Ferreira As transformações ocorridas em nossa sociedade contemporânea desenca deadas pelas novas tecnologias de comunicação e informação vêm transformando nossos conceitos de dança e educação o que nos faz pensar em novas formas de educar As experiências virtuais vividas principalmente pelas gerações mais jovens influenciam suas formas de pensar agir e até de se movimentar E esta nova cultura deve ser valorizada dentro do ensino de dança Este trabalho reflete sobre esta necessidade de considerarmos tais transformações enquanto professores de dança que lidam com jovens contemporâneos Em seu decorrer apresento alguns autores que discutem a contemporaneidade procurando traçar as possíveis relações destas transformações com o mundo da prática e do ensino de dança Para tanto parto dos relatos de um grupo de jovens dançarinos universitários que participaram de CIEP 441 Mané Garrincha Centro Universitário de Belo Horizonte MG 302 minha pesquisa de mestrado Com o grupo pude discutir os conceitos principais desse trabalho assim como refletir sobre suas posições enquanto dançarinos e professores contemporâneos Palavraschave Ensino de Dança Novas Tecnologias de Comunicação e Informação Contemporaneidade 95 Experiência do Teatro de Animação em Audiovisual Letícia Braga Santoro Quando se fala em teatro de animação pensamos na criança menor O teatro de animação inserese dentro do teatro como uma modalidade a ser valorizada com os alunos Uma arte milenar que consegue integrar quase todas as artes cênicas visuais musical literatura e atualmente integra as novas tecnologias a exemplo dos recursos audiovisuais e da informática Com a arte e a tecnologia dividimos a aula em duas partes Na primeira trabalhamos o teatro de animação com sua confecção manipulação e criação de história Na segunda o teatro de animação será transformado em linguagem audiovisual Algumas situações básicas são percebidas no processo do trabalho como manuseio da câmara centralização dos personagens e tomadas de cena Não podemos esquecer que aliado a este trabalho temos a preocupação de analisar criticamente as mensagens debatendo o que nos é passado pela mídia do consumo Precisamos do saber técnico para responder aos desafios de hoje mas não podemos esquecer dos saberes de ética política capacidade criadora curiosidade liberdade e expressão artística Os recursos tecnológicos também podem principiar uma ação didática de modificar e transformar O teatro de animação como uma via tecnológica deve cumprir um papel artístico e social Palavraschave Teatro de Animação Ensino Vídeo Centro Federal de Educação TecnológicaRJ 303 96 Jogando Aprendendo proposta para o uso de um jogo eletrônico sobre história da arte Débora da Rocha Gaspar Atualmente a amplitude da influência dos computadores na vida social contemporânea vem alterando as concepções culturais e educacionais As crianças estão sendo socializadas em ambientes enriquecidos com tecnologia eletrônica entre eles os softwares de jogos interativos que interferem em suas maneiras de olhar o mundo Influenciado por este contexto o professor doutor Antônio Vargas SantAnna da Universidade do Estado de Santa Catarina e sua equipe estão elaborando um jogo eletrônico e educativo denominado Conhecendo a História da Arte com os Croquets em A Mansão de Quelícera no que por meio de uma trama de suspense explorase o potencial lúdico dos meios eletrônicos com o intuito de ampliar o repertório do público infantojuvenil acerca de conteúdos artísticos Este estudo desenvolve encaminhamentos educativos com estudantes da 6a série do Ensino Fundamental do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina tendo este game como mediação educativa Assim o percurso teórico percorrido mapeará a história do jogo chegando aos jogos atuais que influenciaram a criação do game o contexto da cibercultura e suas intervenções no campo pedagógico o percurso metodológico deste trabalho bem como a vivência educativa com o jogo A Mansão de Quelícera na escola Chegase então às reflexões acerca da prática pedagógica Palavraschave Jogo Eletrônico e Educativo Ensino de Arte Novas Tecnologias da Informação e Comunicação Universidade do Estado de Santa Catarina Udesc 304 97 Revista Digital Art uma experiência de uso da internet como veículo de atualização profissional e divulgação científica em arte Anna Rita Ferreira de Araújo Ester Marçal Fér Gisa Picosque Gisele Torres Martini Itamar Alves Leal dos Santos José Afonso Medeiros Sousa Jurema Luzia de Freitas SampaioRalha Márcia Moreira Neves Martha Maria Prata Linhares e Siomar Kohler Zigler Este trabalho apresenta ao público diretamente interessado a publicação Revista Digital Art ISSN 18062962 Existindo desde 20112002 com endereço próprio desde 20012003 é a primeira revista acadêmica brasileira digital na internet independente voltada para a divulgação de artigos científicos e trabalhos de pesquisa em arte e ensino de arte sendo a única em língua portuguesa indexada Tem como característica principal ter sido criada desenvolvida e ser administrada totalmente via internet por trabalho colaborativo e conta com diretoria composta por membros distribuídos por diversos estados brasileiros que trabalham quase exclusivamente de forma virtual e desenvolvem este trabalho voluntariamente não há remuneração A publicação apresenta periodicidade semestral e conselho acadêmico constituído em 31122003 formado por professores doutores membros de equipes de pesquisa e docência das mais renomadas instituições de ensino e pesquisa do Brasil representando todas as regiões geográficas Isso faz com que a publicação mantenha um caráter multicultural de visões sobre o ensino de arte em nosso país Conta ainda com variadas ferramentas de apoio aos professores que promovem a atualização profissional dos mesmos e lista de discussão atualmente com 45 membros O número mais recente da Art acaba de ser lançado em outubro de 2004 e o próximo com chamada de trabalhos já aberta está previsto para abril de 2005 Infraestrutura datashow e computador com kit multimídia e CDROM de minimamente 4X Palavraschave Revista de Divulgação Científica Indexada e Semestral Ensino de Arte Fundação Educacional do Distrito Federal 305 98 O Vídeo como Modelo de Educação Cognitiva e Estética Fábio Ferreira de Lima Na produção de modelos artísticos que envolvem arte e novas tecnologias há uma forte inclinação da reinvenção continuada em projetos de livre experimentação produzindo um sistema de comunicação complexo e amplo O suporte passa a ser o mais variado possível no caso do vídeo ele tende a perder a sua superfície plana para ser trabalhado em instalações onde as pessoas possam interagir De qualquer modo o vídeo deve ser entendido como um instrumento de livre expressão assim como o lápis a argila ou a aquarela Ele é apenas uma ferramenta entre outras de um artista que possibilita colocar em prática suas idéias Por se tratar de uma linguagem bastante fluida o vídeo não possui a obrigatoriedade de ser todo inteligível e as cenas fundemse na mente criando uma mescla Nesse sentido há uma complexa e variável instauração de valores simbólicos flutuantes Muitos vídeos são reconhecidamente produtos de grande apelo poético facilitadores da educação visual mediada pela atração que a imagem em movimento exerce e desperta contribuindo para a apreciação estética Palavraschave Vídeo Educação Estética 99 A VídeoInstalação como Material Educativo no Ensino da Arte Greice Cohn Anita Leandro Esta comunicação apresenta uma vídeoinstalação como resultado de uma investigação teóricoprática sobre novas abordagens do audiovisual para o vídeo Faculdade de Artes Visuais Goiânia GO Professora de Artes Visuais do Colégio Pedro II Rio de Janeiro RJ Professora NUTESUFRJ Rio de Janeiro RJ e Universidade de Bourdeaux França 306 educativo a serem utilizadas no ensino da arte Esse campo se ressente da escassez de materiais educativos em vídeo e a qualidade dos materiais existentes deixa a desejar Com o objetivo de obter uma recepção participativa por parte dos alunos propomos aqui uma abordagem construtivista do vídeo inspirandonos em experiências desenvolvidas atualmente no campo do cinema e da vídeoinstalação Analisamos a série Histórias do cinema de JeanLuc Godard e três vídeoinstalações contemporâneos obras que trazem em seus métodos de montagem uma abordagem construtivista das imagens em movimento A partir de um diálogo com estas obras e de estudos de recepção realizados mediante a apresentação de vídeoinstalações para alunos da primeira série do ensino médio do Colégio Pedro II desenvolvemos propostas de renovação da linguagem audiovisual no campo da arteeducação A vídeoinstalação que aqui apresentamos está sendo utilizada em sala de aula como um material experimental para o futuro desenvolvimento de uma série de materiais educativos nesse campo Palavraschave Ensino da Arte Vídeo Educativo VídeoInstalação 307 10 Ensino de Arte Corpo e Som Coordenação Rosimerie Gonçalves 101 Angel Vianna a pedagogia do corpo Maria Enamar Ramos Neherer Bento Esta pesquisa busca um paralelo entre a Conscientização do Movimento e Jogos Corporais trabalho desenvolvido por Angel Vianna desde os anos 1970 e o trabalho do ator Iniciando por uma sistematização dos princípios fundamentais que regem o trabalho corporal de Angel Vianna a pesquisa analisa seus cursos livres técnicos e os da Faculdade Angel Vianna com a finalidade de mostrar como esse tipo de trabalho corporal contribui para um trabalho de ator mais de acordo com as demandas do teatro contemporâneo Com base em depoimentos de alunos e diretores atores e atrizes que com ela trabalharam ou trabalham mostram toda a ação pedagógica exercida por Angel Vianna no decorrer desses 23 anos dedicados a tornar corpos mais ativos e expressivos Palavraschave Teatroeducação Pedagogia do Teatro Formação Corporal do Ator 102 O Circo na Escola o prazer da aprendizagem Carlos Cartaxo O pensamento moderno do que seja ensino de arte tem tratado o circo como uma linguagem cênica que possibilita procedimentos pedagógicos que propiciam uma releitura do que vem a ser artes cênicas Essa concepção tem evoluído a partir dos espetáculos mais marcantes dos últimos cinco anos realizados por companhias como o Cirque du Soleil Intrépida Trupe Circo Mínino Escola Piolin Grupo Galpão entre outros Esses trabalhos deram uma nova configuração do que de fato são as artes cênicas ou seja a concomitância artística das linguagens do teatro Tese Doutorado em Teatro Programa de PósGraduação em Teatro Centro de Letras e Artes Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 2004 UFPB 308 do circo da dança e da ópera Esse pensamento da obra cênica está sendo pesquisado em algumas instituições de ensino como a Unicamp através do Grupo Lume a Universidade Federal da Bahia através da pósgraduação em teatro e dança e a Universidade Federal da Paraíba através do trabalho do professor Carlos Cartaxo que pesquisa o ensino das artes cênicas na escola de Ensino Fundamental e Médio A influência do trabalho desenvolvido na UFPB tem descoberto alunos do curso de Educação Artística cujos perfis técnicos se enquadram na linguagem circense de maneira que o projeto O Circo na Escola é uma forma de levar o trabalho desenvolvido academicamente às escolas públicas e de baixa renda foco desse projeto O Circo é uma das linguagens que conjuntamente com o teatro a dança e a ópera compõe as artes cênicas Não obstante pedagogicamente nem sempre se dá tratamento equânime as quatro linguagens citadas O circo por exemplo na maioria das vezes nem é citado enquanto linguagem artística Como esta é uma linguagem que faz parte do inconsciente coletivo dos pequenos vilarejos às grandes cidades e metrópoles inclusive ultrapassando as fronteiras de vários continentes defendemos o universo imaginário do circo como conteúdo do ensino de arte de tal forma que esta expressão artística não fique fora da escola A LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei nº 939496 de 20 de dezembro de 1996 cita no seu art 26 parág 2o que o ensino de arte constituirá componente obrigatório nos diversos níveis da educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos A mesma lei tira o ensino das artes cênicas e torna obrigatório apenas o teatro eou a dança Esse procedimento marginaliza o circo como se fosse uma manifestação de periferia de arte menor e elitiza a ópera como se toda ópera fosse erudita Na verdade o circo é uma manifestação artística alegre que simboliza perfeição harmonia desafio e que está presente no nosso imaginário da mesma forma que a ópera popular muito bem representada pela Nau Catarineta BumbameuBoi Lapinha Coco de Roda etc Partindo dessa concepção propomos a linguagem do circo como sendo um conteúdo programático que pode e deve ser trabalhado na escola através de um projeto lúdico que propicie autoestima e motivação à aprendizagem 309 103 Escultura Viva Laiz Vilarinho Mônica França Vera Resende e Robson Martins Para conceituar Escultura unidade prevista no Projeto Pedagógico História da Arte Brasileiradesenvolvido desde março de 2004 a equipe docente criou uma aula partindo da Escultura Viva praticada por artistas de rua para trabalhar com alunos do Ensino Fundamental mesclados com alunos portadores de necessidades especiais Com auxílio de instrutor paramentado com traje épico sendo Escultura Viva cinco pedestais tijolos embrulhados máscaras de papel filmadora e um baú contendo bonés echarpes calças vestidos e tecidos o trabalho desenvolveuse da seguinte maneira cinco pares de alunos por vez para vivenciar os personagens Escultura e Escultor O alunoescultura sobe no pedestal submetendose ao olhar estético do alunoescultor isto é escolha de vestimentas independente até do sexo fator resistência e manterse imóvel na posição escolhida pelo artista aguardando todos completarem a tarefa submetendose aos olhares e aplausos da platéia Em seguida trocase de lugar dando continuidade ao processo escolhendo outros grupos privilegiando a todos Palavraschave Inclusão Arte Movimento 104 Eu Danço me Pergunte Como Luciana Gomes Ribeiro Esta simples pergunta desencadeia todo o trabalho realizado na Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Goiânia Eseffego com um grupo experimental de dança Este tem como eixo norteador a apropriação da dança como forma de conhecimento em uma perspectiva críticosocial Um dos objetivos principais buscados no grupo é o prazer de se mover e ser no tempo e no espaço O gozo em dançar Mostrarse neste contexto preenchendoo até tornarse ele em uma relação de deleite e concretude entre o sujeito e a gravidade Os trabalhos são construções coletivas Escola Arte Vida Fundação de Apoio às Escolas TécnicasFaetec Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Goiânia Eseffego 310 resultantes do diálogo entre os contextos da dança existente na cidade de Goiânia e o contexto dos alunosdançarinos São traduções de questionamentos criação e transgressão são convergências de culturas e idéias Os trabalhos necessitam fundamentalmente da história corporalsocial de cada um e se tornam o ponto de fusão um autoretrato do grupo Assim nos aproximamos da dançateatro que como coloca Fernandes 2000 é um trabalho retroativo em sua própria linguagem transformando sua história e identidade Desta forma a dança do grupo é a recriação da dança a partir das danças existentes na realidade de cada alunodançarino em uma dinâmica de redançarreescrever o passado sendo presente e tornandose futuro Palavraschave Conhecimento Dança Processo de Criação 105 Música e Teatro uma proposta artísticoestética Martha Lemos de Moraes e Betsy Emery Keppel Esta comunicação pretende discutir a prática pedagógica a partir de uma experiência na Creche e Jardim de Infância Fundação Cabo Frio no Rio de Janeiro com o objetivo de desenvolver competências artísticas e estéticas em crianças de 2 a 6 anos O trabalho que vem sendo proposto consiste em jogos infantis e dramáticos em oficinas de teatro e jogos e vivências musicais e corporais em oficinas de musicalização A cada semana há um dia da apreciação ponto culminante do processo desenvolvido no qual uma história é contada Nela são retomadas as experiências vivenciadas nas oficinas bem como este se torna o momento de ponto de partida para o trabalho da semana seguinte Assim garante se o fazer artístico a sua contextualização e a fruição Autores como Viola Spolin e Augusto Boal na área de teatro e Murray Schafer e Teca de Alencar Brito na área de música sustentam a prática pedagógica As duas autoras fundamentamse na idéia de que a criança deverá entrar em contato com diferentes gêneros e estilos das diversas linguagens artísticas ampliando assim suas experiências estéticas Um diálogo freqüente entre as docentes proporciona um trabalho interdisciplinar no qual corpo som e movimento são elementos que contribuem para o desenvolvimento sensívelcognitivo como propõem os Referenciais Curriculares para a Educação Infantil Palavraschave Educação Estética Histórias Jogos Fundação Cabo Frio RJ 311 106 O Trabalho Corpóreo e o Estudo do Movimento na Disciplina Dança Educacional no Curso de Licenciatura em TeatroUFAL Nara Salles Estabelecemos a pesquisa corpórea como seqüência de movimentos corporais não padronizados e nem associados a determinado ritmo musical sendo os movimentos organizados a partir de experimentações corpóreas criativas como respostas corporais a uma motivação ou memória do corpo podendo ter um fim expressivo e comunicativo Este processo permite desenvolver sobremaneira os fatores do desenvolvimento mental aliado a vivência e ao meio ambiente A pesquisa corpórea permite coordenar a atividade intelectual a percepção corporal a expressão de emoções sentimentos e afetividade dentro de uma estética própria na busca de inovações e nas compreensões humanas internas Para professores de teatro é fundamental o trabalho corpóreo incentivado em forma de encenações que pode ser realizado na disciplina Dança Educacional pois assim eles têm oportunidade de perceber a possibilidade de refazer e reelaborar o trabalho corporal a pesquisa do movimento e seus elementos espaço tempo peso e fluxo atrelandoos a outras expressões artísticas pintura escultura instaurações cênicas teatro texto imagens sons cruzandose numa experiência dinâmica e vital tanto para o processo de estudo do movimento quanto para a criação da encenação assim como para a vida desses futuros profissionais do ensino do teatro que irão atuar no cenário educativo Palavraschave Corpo Artes Cênicas Educação Universidade Federal de Alagoas UFAL 312 Pôsters Partindo da intertextualidade entre os textos nãoverbal e verbal foram abordadas as relações entre a arte a mídia e a educação Através do imaginário contido na música de Vinícius de Moraes A Casa surge este trabalho com o objetivo de ensinar a partir do lúdico um CDRom intitulado Leo na Renascença Enfocando o período artístico renascentista 13001500 idealizouse um personagem baseado no gênio Leonardo Da Vinci Para a sua concretização foram projetados diversos esboços fundamentados no cotidiano renascentista por meio de pesquisas na internet em livros sobre História da Arte e da Estética da Recepção A criança através do percurso de Leo protagonista e de suas escolhas opções do jogo proporcionadas pelo estilo Adventure tomará conhecimento da história e da estética a que pertencem os elementos componentes deste jogo interativo Palavraschave Interatividade Renascimento Da Vinci Fundação Dracenense de Educação e Cultura Fundec 1 A ArteEducação por Meio do Lúdico Leo no Renascimento Tatiana Dantas Oliveira 313 2 Ciranda de Tarituba Elis Regina Silveira Vasconcelos de Lima A ciranda é uma grande expressão do Folclore de Paraty e especialmente em Tarituba 3º distrito do município Vila de pescadores Tarituba fica a 35 km do centro histórico de Paraty e possui menos de oitocentos moradores É uma importante manifestação cultural e possui muitos significados para essa comunidade que luta para preservar não só a sua cultura como também as suas terras É uma série de danças também conhecidas como baile popular A cirandabaile obedece ao seguinte esquema abertura miudezas e encerramento As músicas são tiradas pelo mestre cirandeiro em quadras tradicionais ou criadas na hora pelo mesmo O acompanhamento é feito por viola violão cavaquinho pandeiro e mancado As coreografias variam desde pares enlaçados como pares soltos em círculos ou em filas com sapateados e rodopios É uma influência portuguesa espanhola francesa ameríndia e africana Constituise um elemento de integração pois dela participam pessoas de diferentes camadas sociais sem distinção de cor raça sexo ou idade Pode ser dançada ao ar livre ou em interiores É uma dança de comemoração e tem o sentido de partilha O Grupo de Danças Folclóricas de Tarituba existe como organização desde 1975 Palavraschave Danças Folclóricas Paraty Folclore Brasileiro 3 Comunidade Virtual Faeb Federação de ArteEducadores do Brasil Arthur Leandro e Itamar Alves Leal dos Santos No Conselho dos Representantes do XIV Confaeb2003 a Comunidade Virtual ArteEducar esteve presente em condições de igualdade com as outras Centro Universitário de Barra Mansa Escola de Comunicação e Artes USP 314 Núcleo de Estudos e Pesquisa da Educação de Crianças de 0 a 6 anos NEE0a6 Universidade Federal de Santa Catarina Grupo de Pesquisa Ensino e Extensão em Educação Gedest Universi dade do Extremo Sul Catarinense associações e já naquela época contava com um número muito maior do que os filiados nas associações estaduais Dessa experiência Yta criou a lista de discussão da Faeb httpbrgroups yahoocomgroupfaebem abril03 para agilizar a comunicação com filiados e diretores da entidade canal de informações sobre a Faeb pretendia ser um jornal virtual quadro de recados ou uma ferramenta de contato entre os arteeducadores brasileiros É um ambiente que congrega artistas arteeducadores doutores mestres professores estudantes e curiosos Convivem ali diariamente divulgam comentam criticam denunciam congregam festejam brigam relatam participam Comunidade virtual atualmente com 220 participantes discute desde o Estatuto da Faeb eventos legislação o papel do profissional que trabalha com arte e com o Ensino de Arte divulgações de concursos e cursos entre outros O Fórum criado dessa diversidade se transformou numa espécie de assembléia permanente da Faeb em que o participante de qualquer parte do Brasil tem voz ativa sendo ouvido e respondido lugar onde pode cobrar da diretoria dar sugestões tirar dúvidas e ao mesmo tempo ajudar a traçar novas metas movimentando as próprias ações da Faeb Palavraschave Comunidade Virtual Faeb ArteEducação 4 Do labirinto dos Dinossauros ao Labirinto das Crianças Alessandra Mara Rotta de Oliveira Este trabalho tem como perspectiva contribuir com a discussão e com a consolidação de uma Pedagogia da Educação Infantil que tenha como eixo do trabalho pedagógico as crianças pequenas suas singularidades e as linguagens artístico culturais incentivando os projetos das crianças de 0 a 6 anos de idade A partir da documentação das relações e interações que um grupo de crianças estabeleceu com um produto cultural criado especificamente para as crianças pequenas revista de passatempo cuja temática principal eram os dinossauros buscamos a discussão dos limites e das possibilidades desta produção cultural na vida das crianças a partir dos indícios delas próprias Desta forma procuramos construir um olhar crítico e sensível 315 sobre as ações falas e interesses das crianças para elaborar uma proposta pedagógica de ampliação das possibilidades de sua expressão na linguagem do desenho incentivando processos de imaginação e criação curiosidade e exploração de técnicas e equipamentos presentes em nossa cultura de maneira que permitam construir novas formas de expressar seus desejos e saberes entre outros Tratase de um trabalho que busca não a reprodução de imagens linhas e temáticas mas a criação infantil impulsionada por uma dada referência da produção cultural a qual as crianças têm acesso hoje Palavraschave Desenho Educação Infantil Produção Cultural 5 Ensino da Dança arte corpo e socialização Valeska Ribeiro Alvim Kátia Imaculada Moreira e Maristela Moura Silva Lima O presente projeto de extensão e pesquisa referese a um estudo em andamento que pretende analisar intervenções comunitárias através da dançateatro que venham promover uma ação efetiva na melhoria do processo de educação das comunidades carentes na intenção de contribuir com o processo de inclusão social por meio de experiências problematizadoras em que a dança o teatro a música enfim a cultura tentam resgatar a preservação dos valores éticos morais e sociais como a cooperação a solidariedade a igualdade e a justiça oferecendo a estes a noção de cidadania Para tanto dois grandes eixos norteiam o programa a ludicidade e a pedagogia de direitos O referido projeto nasceu da parceria do Banco do Brasil com a Prefeitura Municipal e a Universidade Federal de Viçosa que desde então desenvolvem um programa de extensão denominado AABB Comunidade que ao longo de dois anos vem trabalhando com oitenta crianças do ensino fundamental das escolas públicas dos bairros da periferia da cidade Podemos partir de uma afirmação provisória de que os objetivos propostos para o projeto estão sendo alcançados como o interesse manifestado pelos alunos durante a aula e a própria Universidade Federal de Viçosa MG 316 Universidade Federal do Amapá freqüência no decorrer do processo fatos que têm sido percebidos pela observação da equipe nas conversas semanais Palavraschave Arte Educação e Sociedade 6 O Enigma do Prazer Natasha Parlagreco Por um momento fiquei imóvel tremendo o sangue subindo à cabeça enquanto ela olhava meu pau se erguer na calça Meu trabalho acontece nessa mesma inocência com que Georges Bataille na História do Olho trata as perversões sexuais de dois adolescentes que experimentam seus corpos e as situações sexuais como brincadeiras infantis Brinco com corpos lambuzando com tinta vermelha e fazendo carícias num ritual sedutor que nos proporciona a mesma liberdade que Simone uma das personagens da história tem em mergulhar sua bunda no prato de leite branco No Evento RésquiNóscio promovido pelo GPAVUnifap proposta de um encontro para ebulição de processos poéticos mais do que um ciclo formal de debates ali no meio de vários outros trabalhos eu e Ângela Freiberger entramos numa das salas sem sermos anunciadas nem apresentadas tiramos a roupa e começamos a pintar Nesta como nas demais situações que fiz experiências dessa natureza instalouse um silêncio ensurdecedor Um grito surdo que me leva a pensar que sexo sensualidade erotismo e corpo são ainda tabus e pensar em meus trabalhos como mecanismos que possam despertar no outro reflexões sobre o seu próprio corpo e sobre questões alheias à arte mas inerentes à vida como prazer e sexualidade Palavraschave Arte Contemporânea Performance Corpo 317 7 O Fluxo da Imagem Domina Tudo o Fluxo da Mulher Domina o Homem Silvana Fonseca Imagem é uma das principais preocupações femininas e a autoimagem tem como modelo e inspiração os perfis impostos pelos meios de comunicação como descritos por Debord na Sociedade do Espetáculo A imagem da mulher perfeita é financiada pelas indústrias da moda e cosméticos que lançam diariamente produtos diferentes e ditam o novo com o nome de tendências Utilizome de produtos e resíduos dessa indústria da estética feminina para fazer minhas experimentações performáticas Na ação engarrafados quebro uma garrafa e com os cacos de vidro corto meus cabelos observo o choque e o silêncio que poderá causar nos espectadores quando vêem uma ação comum sendo realizada com material não convencionado para tal Já em para onde vou utilizo produtos que são utilizados nos rituais diários das produções femininas mostradas pelas diversas mídias como maquiagem gel lingerie outros acessórios e um vestido confeccionado com saco plástico representando a exigência social da embalagem do produto mulher um feminino imposto para cada tipo de lugar e evento Como no dito popular lugar de mulher é na cozinha criando o paradoxo com este outro estereótipo fiz esta performance na cozinha do Centro de Referência de Desenvolvimento Sustentável do Amapá Palavraschave Arte Contemporânea Imagem Corpo 8 Língua de Barro e Fogo Ana Maria Giffoni Soares Atividade das mais antigas a produção de peças cerâmicas nasce com os pré históricos no momento em que estes descobrem o fogo e passam a cozinhar seus alimentos Surgida como objeto utilitário a cerâmica percorreu um longo caminho Universidade Federal do Amapá Escola Estadual Gabriel Prestes Lorena SP Centro Universitário de Barra Mansa UBM RJ 318 até ser adotada como meio de expressão por muitos artistas que aprimoraram os seus recursos técnicos e desenvolveram a sua dimensão simbólica O presente projeto visa a incentivar junto aos alunos do Ensino Médio o conhecimento da cerâmica como linguagem expressiva aproximandoos desse fazer ancestral por meio da criação e modelagem em argila e resgatando a primitiva técnica da queima artesanal com serragem na experiência direta do contato com o fogo que transforma a argila em cerâmica Propõe o relacionamento do jovem com esta vertente das artes visuais não só por meio de suas produções artísticas mas pela compreensão da cerâmica em seus contextos estético sociocultural e histórico Envolve ações realizadas no 2º semestre de 2004 durante as aulas de arte com alunos de 1º ano da E E Gabriel Prestes em Lorena SP As etapas constam de momentos de sensibilização pesquisa teórica e de materiais apreciação de vídeos apreciação estética elaboração de instrumentos oficinas de modelagem construção de forno artesanal e queima cerâmica Palavraschave Ensino Médio Cerâmica Queima Artesanal 9 As Linguagens Artísticas e a Pesquisa em Artes Rose Mary Aguiar Borges e João Henrique Verly Serrão A pesquisa assim como a leitura da obra de arte assume papel preponderante na formação do cidadão uma vez que representa o questionamento a busca a redescoberta o despertar da capacidade críticoanalítica do pensar artístico e da percepção estética e nunca a redução dos alunos a receptáculos das informações do professor O presente estudo é resultado de uma pesquisa participante em que alunos e professores trabalharam em conjunto procurando uma nova leitura e análise dos códigos e linguagens artísticoculturais através da pesquisa em arte procurando analisar criticamente os códigos existentes considerando o conhecimento préexistente do aluno em formação e as novas interpretações diante da visão crítica possibilitada pela pesquisa Palavraschave Cultura Pesquisa Arte Instituto de Educação de Nova FriburgoSEERJ Programa de PósGraduação em Odontologia Social UFF Niterói RJ 319 10 Macapá Amapá extremo Norte do Brasil bem no meio do mundo1 Jonas Borges e Anderson Rirley Nossos olhos brilham de tanta empolgação Mal se contêm nas órbitas O que fazemos O que todos fazem participamos olhamos flertamos Não tão à vista nem tão escondidos Somos os olhos de quem viveu ou não viveu o résqui nóscio Presença necessária Como disse Eneida de Moraes em Aruanda eu nada tenho de meu a vida é um bem coletivo e nossas experiências artísticas não são nossas mas pertencentes a uma multidão que conhecemos e jamais vimos É um emaranhado disso daquilo daquilo outro Fazemos arte Estamos fazendo agora Se a imaginação é a faculdade de criar imagens podemos estar criando imagemtexto e o ato de observar e narrar como fazemos exige os predicados da criatividade visual dos rezadores benzedeiros daqueles que de tão pobres nem sabem escrever e de todos os cegos cantadores que recontam e recriam diariamente a nossa história de fato presente entre nós em sua atualidade viva Palavraschave Arte Contemporânea Memória Relatos 11 Obra de Arte Cédula Dione Souza Lins e Luís Ricardo Pereira de Azevedo Sendo o tema do 3º bimestre do projeto políticopedagógico da escola Trabalho e Dignidade a equipe decidiu trabalhar com o eixo Os 10 anos de real Tendo por base as teorias como a metodologia triangular onde os alunos passam por um conjunto 1 Projeto integrante do Grupo de Pesquisa em Artes Visuais do Colegiado de Artes da Universidade Federal do Amapá Linha de pesquisa em poéticas políticas Professor orientador Arthur Leandro Professores colaboradores Alexandre Adalberto Pereira Fátima Garcia dos Santos Joaquim César da Veiga Netto e Marco Antônio Scutti da Costa Brava Universidade Federal do Amapá Escola Estadual Leitão da Cunha 320 amplo de experiências nas quais articulamos percepção imaginação sensibilidade conhecimento e produção iniciamos sensibilizando as turmas de 7ª série através da música A novidade de H Vianna e Gil seguido das atividades 1 Visita ao CCBB Exposição Onde está você geração 80 Observação e debate sobre o trabalho da arte contemporânea e novas técnicas artísticas Observação da obra Zero Cruzeiro de Cildo Meirelles 2 Apresentação do vídeo Ilha das Flores de Jorge Furtado seguido de discussão sobre valorlucrosociedade e a inserção de cada aluno no contexto social tentando conscientizálos de seus direitos e deveres 3 Criação plástica a partir do tema cédulas Como seria sua cédula Que imagens usar Expressão escrita e debate da experiência de cada aluno Através desse trabalho os alunos podem observar e discutir o cotidiano descobrir as diferentes formas de expressar plasticamente idéias e críticas Nossos projetos desenvolvem a sensibilidade de todos elevando a autoestima e levandoos a exercer sua cidadania de uma forma mais justa Palavraschave Trabalho Cidadania Contemporaneidade 12 As ONGs e a Ludicidade na Formação de Arte Educadores uma possibilidade de inclusão social Ana Paula Trindade de Albuquerque O texto aqui apresentado é fruto do projeto de pesquisa de mestrado que tem o objetivo de investigar até que ponto o trabalho através da arteludicidade assumindo que a ludicidade é contemplada também pela arteeducação desenvolvida em organizações nãogovernamentais contribui para uma inclusão social crítica e transformadora Para o desenvolvimento desse trabalho é necessário trazer para este espaço alguns questionamentos que inclusão é essa a qual algumas ONGs se referem Como e onde se dá a ludicidade na formação desse arteeducador De que forma é feito o trabalho de arteludicidade para que este seja um veículo importante para a construção da cidadania Tentando responder essas questões é que se escolheu como um dos caminhos a formação dos educadores que trabalham com ludicidadearte UFBAFacedPrograma de PósGraduação em Educação 321 educação A proposta é entender até que ponto essa formação dá conta da demanda de indivíduos denominados excluídos da sociedade Cabendo ressaltar a fragilidade desse público tendo em vista que a maioria não tem garantidos seus direitos e deveres não sendo portanto contemplados pelo modelo econômico vigente Assim pretende se investigar a formação profissional desse arteeducador na graduação ou não bem como sua formação continuada ou seja o desdobramento da sua formação no trabalho de ludicidadearteeducação desenvolvido em ONGs Palavraschave Arte Ludicidade Inclusão Social 13 O que é o Lugar Por Que e Quando se dá o nosso Lugar Kátia Meireles O processo eternocontínuo observado na área de ressaca no bairro Jesus de Nazaré Macapá por efeitos múltiplos de interferências e interações no ambiente espaço psicossocial habitável no lugar ou não A interatividade do lugar com outros e a interferência destes proporcionando uma paisagem mutável única criada por seres que vivem ali que passam por ali os autores e o público será Quem é o que na verdade Realizo passeios levando turistas para ver artedesinteressada produzida na ressaca no alagado um amontoado de tábuas sobrepostas encaixadas colocadas tão despropositadamente que sem obrigatoriedade vai se deixando ser Diante da visão estética préestabelecida que a condiciona que a faz ser o que é ou o que deixa parecer Exótico Sendo esta sua principal determinante então é visão desagradável odores insalubres personas feias animais asquerosos arquitetura aleatória cenário desconcertante esculturas sem direito à cultura cor com sobrenome vermelhoputa pretoquente verdelimo e brancopó Performances enigmáticas típicas e somos nós os personagens estranhos interventores desde o observar ao tropeçar em armadilhas esquecidas ou colocadas cuidadosamente para provocar acidentes propósito da obra Na estiva a paisagem é flutuante Palavraschave Arte Contemporânea Espaço Cidade Universidade Federal do Amapá 322 14 Por Que se Esconde a Árvore Barbara Harduim Na maioria das vezes adultos e crianças pegam num lápis para desenhar uma árvore fazem duas retas verticais ligadas na parte superior por um risco ondulado circular O resultado é um desenho que traduz um esquema muito distante da riqueza de detalhes presente na árvore Muitas podem ser as causas desse fato porém para uma nova forma de desenhar o importante é fornecer elementos motivadores Não me refiro a nenhum manual de ensino de desenho e sim a um exercício de traduzir o que se pensa o que se usa da memória e principalmente o que se observa para posteriormente fazer o registro É o resgate do olhar curioso da pesquisa cuidadosa e da apreciação estética A partir destas questões o Setor Educativo elaborou uma oficina que visa a estimular as pessoas em especial as crianças a perceberem as formas na natureza e os elementos da composição visual na representação da árvore O exercício da observação e da percepção representa a pauta metodológica desta oficina na qual o processo inicia muito antes de se pegar no lápis Palavraschave Arte Natureza Educação Patrimonial 15 Projeto de Artes Maria do Carmo Ferreira Magela O Projeto do Ensino de Artes do 1º Segmento do Curso Fundamental Noturno do Colégio Santo Inácio situado na cidade do Rio de Janeiro visa a oferecer ao aluno jovem e adulto instrumentos que o façam conhecer e trocar experiências de artes plásticas constituintes do patrimônio da humanidade entendendoas como linguagem particular e coletiva necessária à formação integral do cidadão A Museu Antônio Parreiras Colégio Santo Inácio Curso noturno 323 metodologia que orienta a prática deste ensino atende à contextualização histórico espacial ao exercício da arte e ao processo criativo O conteúdo trabalhado corresponde à História da Arte com realce para a arte brasileira artistas e obras de diversos períodos Nas aulas são utilizadas diversas técnicas e recursos multimídia Os alunos são incentivados a participar de exposições internas às bienais dos colégios jesuítas e a tomarem contato com obras e expositores em museus e centros culturais em visitas guiadas organizadas pela escola Palavraschave Fundamentos Metodologia e Estratégias 16 Revista ArteEducação Alexandre Palma da Silva O objetivo do pôster é apresentar a página da internet wwwrevista arteeducacaoprobr A visualização da página iniciou em 17 de junho de 2004 em palestra realizada na I Jornada em ArteEducação da Universidade Federal do Rio de Janeiro Esta mídia eletrônica é uma alternativa para a divulgação de artigos entrevistas projetos pesquisas links agenda cultural e formação de comunidade virtual congregando docentes artistas estudantes pesquisadores e público interessado nas áreas de arte e educação O site de atualização mensal organizou publicação impressa e até o momento teve participações de Adir Botelho Escola de Belas Artes UFRJ Dircéia Machado Faculdade de Educação UFRJ Emílio Gonçalves Faculdade de Educação UFRJ João Vicente Ganzarolli Escola de Belas Artes UFRJ Mario Orlando Colégio de Aplicação UFRJ Murillo Mendes Escola de Belas Artes UFRJ Rossano Antenuzzi Museu Nacional de Belas Artes e Rosza Vel Zoladz Escolinha de Arte do Brasil Pretendemos com este pôster mostrar para o público presente do XV Confaeb as possibilidades do uso de novas tecnologias como meio de contato e partilha de conhecimentos entre professores atuantes no ensino de arte Palavraschave ArteEducação Informática na Educação Internet Mestrando Faculdade de Educação Universidade Federal Fluminense RJ 324 17 2º Encontro de ArteEducadores da Região do Médio Paraíba III Resende RJ Múltiplas Linguagens da Arte no Mundo da Escola Alice Brandão Maria Estela de Oliveira e Nadia Teresinha Moraes Nelson O 2º Encontro de ArteEducadores da Região do Médio Paraíba III Múltiplas Linguagens da Arte no Mundo da Escola foi um evento realizado nos dias 10 e 11 de setembro de 2004 que deu continuidade ao 1º Encontro de Arte Educadores da Região do Médio Paraíba III e contou com a participação de aproximadamente cem profissionais da educação da região oriundos dos municípios de Resende Itatiaia Quatis Porto Real Barra Mansa Volta Redonda Barra do Piraí e Piraí evento que foi uma iniciativa dos arteeducadores da rede estadual de ensino com apoio da equipe pedagógica da Coordenadoria Regional da Região do Médio Paraíba III Essa iniciativa surgiu da necessidade em comum que todos arteeducadores sentem em relação ao olhar sobre o ensino de arte Questões como a desvalorização da disciplina arte no contexto escolar a ocupação de vagas por profissionais não qualificados em arteeducação a busca por espaços apropriados para o desenvolvimento efetivo da prática pedagógica a escassez de recursos e materiais para execução do trabalho e a necessidade de promover formação continuada para que possamos entrar em contato com novas técnicas novas teorias trocarmos experiências a respeito do ensino de arte foram discutidas e analisadas pelos profissionais presentes nos grupos de trabalho e cujo resultado foi acordado em plenária o que originou um documento de reivindicações dos arteeducadores da região Participaram 170 profissionais da educação entre professores e alunos de arte estudantes de pedagogia e pedagogos além de professores interessados no ensino da Arte em dois dias com palestras nove oficinas de múltiplas linguagens exposição de trabalhos desenvolvidos por alunos das escolas estaduais com o tema Reaproveitando e Reciclando exposição Professor Artista e apresentações de performances dos alunos das escolas estaduais Palavraschave Arte Múltiplas linguagens e ArteEducadores Coordenadoria Regional da Região do Médio Paraíba III 325 18 Um Triângulo Imoral Reflexões Acerca da Relação SexualidadeFamíliaEscola Rejane Galeno e Tissiana Carvalhêdo O trabalho propõe discutir a problemática da educação sexual abordando fatores sociais relevantes como a família e a escola visando atentar para a importância da sexualidade na formação da cidadania dos educandos A introdução do tema apresentará uma cena da peça O Despertar da Primavera de Frank Wedekind fragmento cena II 2º ato que consiste em um diálogo entre mãe e filha e trata da questão da educação sexual em família A partir desse gancho propõese a revisão dos papéis sociais exercidos habitualmente pela família e pela escola instâncias onde geralmente firmase acordo tácito de silêncio dissimulação e negação da sexualidade provocando uma visão deturpada da educação cujos sentimentos naturais da vida são crivados numa ótica moral sob códigos previstos e arranjados gerando graves problemas sociais como gravidez e aborto na adolescência Após a apresentação seguese uma discussão acerca dessa problemática questionandose o importante papel da educação na formação desses jovens criando as condições para desenvolver o pensamento crítico e para que possam com responsabilidade decidir sobre seus destinos darlhes perspectivas para fazer seu sonho brilhar e conviver com o outro A escola realiza mudanças nas concepções de vida daqueles que passam por ela A escola tem que negar a desordem pessoal da vida cotidiana O que ela precisa fazer ou pode fazer para acolher esses problemas e ajudálos a achar a saída Como capacitar a escola para ampliar sua ação sobre a sociedade Neste sentido a comunicação resulta do trabalho de uma investigação sobre alguns fatores da sexualidade na adolescência desenvolvida inicialmente junto à disciplina Interpretação I do Curso de Educação Artística e depois continuada através do fazer teatral do grupo Cena Aberta prova de que esse fazer teatral é além de uma prática artísticocultural uma possibilidade de diálogo com a realidade contextualizando os aspectos da vida Palavraschave Sexualidade Família Escola Universidade Federal do Maranhão 326 19 Uso de VRML para Educação a Distância em Arte Jurema Luzia de Freitas SampaioRalha Este trabalho é o resumo do resultado da pesquisa de mestrado desenvolvida no IAUnesp apresentada para defesa em 28032003 tendo sido aprovada com indicação para publicação Tratase de uma proposta de estudo da viabilidade de uso de realidade virtual nãoimersiva por linguagem VRML para estudo de arte por Educação a Distância EaD mediada por computadores ligados em rede com base na construção de ambientes virtuais educacionais de apreciação artística A proposta é trabalhada com base na metodologia triangular de Ana Mae Barbosa e visa promover a apreciação artística a distância por simulação de ambientes com uso da realidade virtual e reprodução digital de imagens O trabalho reúne as conclusões da pesquisa que após levantamentos e estudos de campo com pesquisa quantitativa e qualitativa detecta e documenta um total despreparo dos professores de arte para lidar com as Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação Este fato isolado desencadeia diversos questionamentos porém para a pesquisa em questão tornou se fator decisivo para as considerações finais propostas A percepção da atual impossibilidade de concluir efetivamente se o uso da realidade virtual por VRML é ou não viável para EaD em arte pelo desconhecimento da maioria dos profissionais da área das possibilidades tecnológicas disponíveis atualmente Palavraschave Realidade Virtual EaD Ensino de Arte e Tecnologia Universidade Paulista Unip e Faculdades Integradas Ipep 327 Oficinas Instituto de Educação Nova Friburgo SEERJ 1 ArteEducare arteeducação integrada ao programa de educação em valores humanos educare Marcelle de Lima Lyra A proposta desta oficina é levar o participante a vivenciar os valores humanos através das cinco técnicas harmonização citação história canto grupal e atividade grupal que compõem o Programa Educare elaborado em 1963 na Índia por um grupo de educadores e psicólogos sob a orientação de Sri Sathya Sai atualmente reitor da Universidade Autônoma de Puttaparthi Em vários países do mundo inclusive no Brasil este Programa vem sendo adotado com êxito Enfatizaremos a quinta técnica atividade grupal cujo objetivo é despertar o nível espiritual do indivíduo através de atividades de expressão artística como instrumento capaz de resgatar os valores básicos do homem tão minimizados pela realidade da civilização moderna Sendo assim descobrir o sentido da vida e o que valorizar irá depender da compreensão que temos do mundo Portanto a escola atual deve deixar florescer no aluno sua capacidade de sentir e criar para que ele possa ver o mundo com um olhar sensível à realidade que o rodeia e agir de forma em que haja equilíbrio entre o pensamento a palavra e a ação O Programa Educare integrado à arte age no sentido de aumentar a conscientização do educando possibilitandoo transformar o próprio meio de forma criativa Palavraschave Valores Humanos Arte Vivência 328 2 A Arte na Escrita Maria Beatriz Albernaz O namoro entre a literatura e as artes plásticas não está apenas na admiração mútua entre artistas ou na inspiração que uma das artes possa provocar na outra Algumas experiências artísticas tiveram traduções nas artes plásticas e na poesia ou romance simbolismo cubismo surrealismo etc Porém independente das escolas é interessante perceber as possibilidades que se abrem para a escrita ao se amparar no olhar agudo de um artista plástico Essa oficina tem como propósito praticar esse relacionamento através da leitura interpretativa de obras mas principalmente através de exercícios Para professores de arte essa experiência ajuda a derrubar uma das fronteiras erguidas pela divisão do saber em disciplinas isoladas aquela que separou a linguagem visual da oral e escrita Essa possibilidade revisita os tempos em que as artes integravamse numa só manifestação Afinal o desenho está na raiz da escrita Durante a oficina elementos tradicionalmente gráficos serão trabalhados em textos criativos Os exercícios tomarão determinados elementos como ponto de partida para o estabelecimento da ponte entre as duas artes como o grafismo o mosaico a colagem o desenho a cor o equilíbrio e a perspectiva Palavraschave Escrita Grafismo Plástica 3 Brincando de Brincadeira reciclando o encontro Antonio Ataíde Cunha Filho A oficina Brincando de Brincadeiras abre janelas para a livre criação de desenhos e jogos utilizando recicláveis possibilitando transformações no encontro consigo mesmo e com o outro através dos elementos básicos das artes visuais Materiais descartados são manipulados de maneira lúdica e criativa com propostas de jogos ou como simples incentivo à exploração e à criação de novas atividades É possível criar e recriar jogos formar desenhos além de levar a reflexão de temas relacionados à Doutoranda em Ciências da Literatura Poética na Universidade Federal do Rio de Janeiro RJ Secretaria de Estado do Distrito Federal Escola Parque 303304 Norte 329 Universidade Federal da Bahia reciclagem formação de valores interligandose a outras disciplinas Na verdade a oficina é um espaço onde tudo é possível Cada participante a seu tempo e forma de expressão manipula o material fazendo descobertas envolvendose e aos poucos construindo uma consciência ampla de desenvolver novas maneiras de aprender brincando abrindo espaços para o resgate do processo criativo provocando ações em defesa do meio ambiente e ampliando a capacidade de ser e perceber a vida Tem como objetivo geral transformar recicláveis em desenhos jogos e brinquedos A sua dinâmica é uma só liberdade de expressão Palavraschave Brincadeiras Reciclar Encontro 4 Expressão Criativa com o Corpo no Teatro Educação Ariadne Cardoso Carvalho e Cilene Nascimento Canda Esta oficina tem como principal objetivo oferecer um conjunto de atividades práticas que têm como fundamentação a metodologia de ensino de teatro voltada para o desenvolvimento da expressão corporal dos participantes O trabalho de teatro desenvolvido com atividades lúdicas possibilita que o sujeito se expresse a partir do corpo de forma expressiva e criativa tendo como referência a cultura brasileira Com a utilização de cenas cotidianas de textos poéticos músicas populares ritmos e sons corporais o sujeito tem a oportunidade de expor idéias pensamentos e valores através do corpo sem a utilização da voz A oficina possibilita a interação corporal entre os participantes contribuindo para a expressão da sensibilidade e da afetividade Através de diversos tipos de ritmos e sons o sujeito poderá compartilhar experiências lúdicas que trabalhem a consciência corporal dramática A experiência vivenciada nesta oficina permite aos arteeducadores a reflexão sobre a importância da atividade corporal no processo educativo Serão utilizados jogos teatrais e dramáticos músicas e textos poéticos brasileiros e dinâmicas de grupo a fim de estimular o desenvolvimento do processo criativo corporal Palavraschave Teatro Corpo Educação 330 5 Expressão Musical recriação e som Sidney Mattos Tema Recriação e Som Objetivos Geral Vivenciar possibilidades de uma prática pedagógica interdisciplinar criativa e lúdica utilizando a expressão musical Específicos Entrar em contato com os parâmetros do som Vivenciar ritmo e melodia Pesquisar e identificar objetos sonoros utilizando instrumentos de percussão Atividades Contato com os parâmetros do som altura timbre intensidade e duração Vivência do ritmo Eu e minha música Vivência da melodia Eu e o outro Vivência da harmonia Eu e o mundo Material Espaço físico sala vazia com duas cadeiras para o especialista Recursos necessários 1 folha branca por participante Roupa confortável para o desenvolvimento de atividades corporais Produto Criação e composição em grupo de um esquete musical Tema livre Palavraschave Música Som Lúdico Núcleo Experimental de ArteEducação Neae wwwneaecombr 331 6 A Importância da Dança como Propulsora do Movimento Criativo na Formação de Professores de Arte Carla Ávila e Mirza Ferreira A criatividade é uma constante na vida do ser humano porém nem sempre conseguimos encontrála em nossas rotinas Mesmo em meio a um bombardeio de informações do mundo globalizado televisão internet outdoors publicidades entre outros muitas vezes o processo criativo fica estagnado dentro do ser artista O movimento criativo expresso no gesto no fazer diário na comunicação nos rituais subjetivos nas relações interpessoais nas imagens nos corpos estão presentes em nosso diaadia Entretanto quando somos chamados a criar algo novo nos deparamos com um vazio de idéias Desta forma esta oficina propõe construir espaços e criar situações reflexivas sobre a importância do movimento criativo para o professor de arte Para tanto utilizará a dança enquanto linguagem artística que tem como essência o movimento humano Buscará estabelecer diálogos entre os diversos corpos e as multiplicidades dos saberes pretendendo possibilitar a descoberta de seus próprios movimentos como propulsores de sua criatividade Palavraschave Criatividade Dança Educação 7 Grafismo Indígena Brasileiro os Asurini do Xingu Vera Pletitsch Esta oficina fez parte da monografia do curso de pósgraduação em arte educação apresentada em 2002 na Fafic na qual foram utilizadas pesquisas bibliográficas sobre Antropologia Estética principalmente as obras de Lux Vidal 2000 e de Berta Ribeiro 1987 Como resultado dessas pesquisas tenho apresentado a exposição Kwatsiarapara constando de pinturas confeccionadas com argila em pó Universidade Federal de Viçosa e Centro Universitário de Belo Horizonte MG Casa de Cultura Villa Maria Mestranda em Cognição e Linguagem UENF 332 inspiradas nos grafismos dos povos Karajá Waiãpi Kayabí KayapóXikrin e Asurini Ao apresentar a linguagem visual simbólica do grafismo indígena brasileiro particularmente dos Asurini do Xingu demonstrarei que esses desenhos formam um sistema de comunicação que reflete o sistema social religiosocosmológico e estético do povo que o produz identificando o indivíduo e o grupo sendo também registro de suas vivências e exercício da memória social compartilhada Trabalhando a partir da imagem com apreciação história e fazer artístico segundo a Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa 1991 serão apresentadas ilustrações da produção gráfica desse povo e realizada explanação sobre materiais técnicas e relações formais para a confecção seus usos e significados Em seguida os participantes confeccionarão um trabalho utilizando papelão cola e argila em pó inspirados no padrão Taingawa considerando os princípios estéticos dos Asurini Palavraschave Grafismo Indígena Brasileiro 8 Oficina de Circo Merinéia Ribeiro A arte circense visa trabalhar com um aspecto lúdico Os movimentos não repetitivos que são realizados durante a oficina pelos participantes incentivam a quebra dos medos possibilitando que eles venham a adquirir uma estima mais elevada por si mesmos no momento em que se percebem realizando ações das quais num primeiro momento pareciamlhes assustadoras Serão aplicadas técnicas de acrobacias que têm como foco mostrar uma oportunidade que o arteeducador tem de trabalhar no aluno a autoestima a confiança em si mesmo e a confiança no outro para a realização de trabalhos em equipe com qualidade Acima de tudo o circo é um elemento cultural que deve ser resgatado Palavraschave Disciplina AutoEstima Trabalho em Equipe Universidade Estadual Paulista Faculdade de Filosofia e Ciências Campus de Marília SP 333 Universidade Federal de Alagoas UFAL Instituto de Educação Nova Friburgo SEE UniRio RJ 9 Percepção Corpóreo Vocal para Dançar na Escola Nara Salles Ao ser oferecida a oportunidade ao ser humano de explorar os aspectos criativos corpóreovocais ele pode descobrir a capacidade para criar novos meios de expressão e comunicação com os movimentos corporais pois sua imaginação é estimulada na inter relação de criações corporais individuais e em grupo provocando uma incitação no intelecto da pessoa para que ela amplie sua própria percepção e criatividade corpóreo vocal Partindo dessa idéia proponho desenvolver uma oficina com a seguinte estrutura metodológica exercícios de percepção e sensibilização do próprio corpo formas de mover partes do corpo no espaço locomoção com ritmo reconhecendo o fator tempo espaço utilização de formas corporais para expressar pensamentos idéias e percepções e a interação do movimento corporal com objetos O objetivo da oficina é principalmente incentivar uma proposta de percepção corpóreovocal e experimentações na organização de movimentos corporais alicerçadas no estudo dos movimentos cotidianos e sensações internas visando à percepção corpóreovocal intelectiva considerando os aspectos culturais do meio ambiente sóciocultural que os indivíduos trazem em seus corpos Dessa forma poderão ter a oportunidade de compreender que as movimentações básicas do diaadia no meio social onde vivem e as percepções internas podem transgredir o cotidiano e em um processo criativo transformase em arte Palavraschave Corpo Artes Cênicas Educação 10 Zumbi e a Estética Africana através de Máscaras de Argila Rose Mary Aguiar Borges e Vitória Levy Sztejnman Pretendemos demonstrar através da manipulação da argila a estética das máscaras africanas Segundo Araújo é reconhecido na arte e na estética africanas o valor das máscaras das bonecas de fertilidade e instalação do fetiche No relato de 334 Viota o africano que molda uma máscara o faz no sentido de escultura para uso ritual não considera que esteja realizando uma obra de arte As máscaras africanas influenciaram artistas europeus no início do século XX Modigliani que encontrou nas máscaras alargadas das etnias Baulè IBO e Fang uma excepcional fonte de inspiração e Picasso que soube aproveitar melhor que ninguém a carga emocional que a arte africana oferecia representando a figura humana de forma geométrica em atrevidos planos e ângulos dando a mesma sensação de força e potência que emanam das máscaras africanas A aplicação da técnica da argila será aqui elaborada após didaticamente expormos a significação e os passos para que cada um possa elaborar sua própria criação Lembrando que no próximo dia 20 de novembro festejaremos o dia de Zumbi ressaltamos a grande influência da África na nossa cultura nos cultos na arte nas danças nos costumes ao longo dos anos fazendo a introdução de hábitos na nossa vida cotidiana Palavraschave Máscara Estética África 335 ADERNE Laís pág 64 AGUIAR Ritamaria pág 48 ALBERNAZ Maria Beatriz pág 330 ALBUQUERQUE Ana Paula Trindade de pág 322 ALMEIDA Eudirce Silva pág 230 ALMEIDA Rossano Antenuzzi de pág 293 ALVIM Valeska Ribeiro pág 316 AMIN Raquel Carneiro pág 258 ANDRADE Arheta Ferreira de pág 252 51 ANDRADE Claudia Maria Mauad de Sousa pág 300 ARAGÃO Teresa Maria Moniz de pág 233 ARAÚJO Anna Rita Ferreira de pág 304 ARAÚJO Clarissa Martins de pág 273 ARAÚJO Marly Alonso pág 283 ARAÚJO Roberta Maira de Melo pág 261 ARISTIDES Lêda pág 275 ASSIS Henrique Lima pág 274 AUAD Ronaldo pág 232 ÁVILA Carla pág 333 AZEVEDO Fernando Antônio Gonçalves de pág 277 AZEVEDO Luís Ricardo Pereira de pág 321 BARBOSA Ana Mae pág 55 BARBOSA Paola Talita de Oliveira pág 266 BARRETO Carolina Marielli pág 260 BARRETO Sônia Silva pág 241 Índice Autoral BEMVENUTI Alice pág 292 BENTO Maria Enamar Ramos Neherer pág 307 BISPO José Iradilson Bomfim pág 241 BORGES Jonas pág 320 BORGES Rose Mary Aguiar pág 278 320 336 BOTELLI Mabel Emilce pág 173 253 BOTKAY Caique pág 37 BRANDÃO Alice pág 326 BRANDÃO Larissa Vargas pág 266 BRUM Míriam pág 19 85 CACHOLAS Maria Ignez de Almeida pág 290 CAETANO Márcia pág 281 CAMPOS Waldilena Silva pág 245 CANDA Cilene Nascimento pág 247 331 CARNEIRO Ana Maria Pacheco pág 279 CARPI Osmar pág 281 CARTAXO Carlos pág 307 CARVALHÊDO Tissiana pág 327 CARVALHO Ana Maria Vilela de pág 245 CARVALHO Ariadne Cardoso pág 331 CARVALHO Juvêncio Fernandes pág 261 CARVALHO Laureana Conte de pág 261 CARVALHO Sandra Helena Escouto de pág 269 CASTRO Enauro de pág 235 CAVALCANTE JÚNIOR Francisco Potiguara pág 107 336 CERQUEIRA FILHO Manoel Luiz pág 241 CHANDA Jacqueline pág 113 COELHO Alberto pág 299 COHN Greice pág 305 CONSTANTINO Carla Carolina pág 258 COSTA Valéria Carrilho da pág 245 COSTA Alexandre Santiago da pág 242 COSTA Ana Valéria de Figueiredo da pág 276 COSTA Angela Capanema Garcia pág 240 COSTA Fabíola Cirimbelli Búrigo pág 236 COSTA Izabel Mota pág 246 COSTA Wilma Maria pág 300 COUTINHO Christiane pág 288 COUTINHO Rejane Galvão pág 295 CUNHA FILHO Antonio Ataíde pág 330 CUNHA Claudia Carneiro da pág 253 CUNHA Maria de Fátima Gonçalves da pág 35 DANIEL Vesta pág 122 DE XAVIER Carlos Alberto pág 92 DEMARCHI Rita de Cássia pág 291 DIAS Vera Lúcia pág 257 DOMINGUES Claudio Moreno pág 291 DUVIVIE Alberto pág 288 EGAS Olga pág 291 EVANDRO Joffre pág 281 FÉR Ester Marçal pág 304 FERNANDES Sonia Regina pág 268 FERREIRA Hélio Márcio Dias pág 259 FERREIRA Mirza pág 301 333 FERREIRA Renata Meirelles Pires pág 258 FERREIRA Valéria Fabiane pág 267 FIORAVANTI Maria Lúcia pág 291 FLORENTINO Adilson pág 277 FONSECA Nélia Lúcia pág 286 FONSECA Silvana pág 318 FONTES Amanda Nogueira Brum pág 228 FONTES Merian pág 281 FRANÇA Carneiro de Zumpano pág 245 FRANÇA Cristina Pierre de pág 331 FRANÇA Mônica pág 309 FRANGE Lucimar Bello P pág 148 FREITAS Lurimar Rangel de pág 240 FREITAS Sônia Regina Natal de pág 300 FURLON Mariana pág 293 GALENO Rejane pág 327 GANTOS Marcelo Carlos pág 295 GARCIA Lydia pág 257 GASPAR Débora da Rocha pág 303 GENEROSO Gabriele Luzia Pires pág 262 GIMMLER NETTO Maria Amélia pág 296 GOMES Harrison Magdinier pág 228 GOMES Antonio Cláudio pág 33 GOYA Edna de Jesus pág 269 GRASSI Antonio pág 15 GUADAGNINI Rodrigo pág 281 GUARALDI Sonia pág 281 GUERRA Maria Terezinha Telles pág 264 GUIMARAES Leda pág 113 234 GUIMARÃES Maria Christina Quilici pág 258 GÜNTHER Luisa pág 287 HARDUIM Bárbara pág 293 HARDUIM Bárbara pág 323 HOLPERIN Jurema Regina pág 240 HENRIQUES Ricardo pág 21 JORDY Eliane pág 281 JUSTO Joana Sanches pág 265 337 KEPPEL Betsy Emery pág 310 KORNATZKI Paula Karina pág 296 KOUDELA Ingrid Dormien pág 161 193 280 LEANDRO Anita pág 305 LEANDRO Arthur pág 237 314 LEITÃO Anderson pág 301 LEITE Ana Cristina Barreto pág 300 LEWIN Myriam pág 31 LIA Camila pág 288 LIMA Elis Regina Silveira Vasconcelos de pág 313 LIMA Fábio Ferreira de pág 305 LIMA Maristela Moura Silva pág 316 LIMA Tatiana Motta pág 272 LINHARES Martha Maria Prata pág 304 LINS Déborah de Oliveira pág 282 LINS Dione Souza pág 323 LOBO Cíntia de C pág 266 LOPONTE Luciana Gruppelli pág 270 LOUBACK Marlene pág 281 LYRA Marcelle de Lima pág 329 MACDOWELL Jacqueline pág 249 MAGELA Maria do Carmo Ferreira pág 324 MAIA Giordani pág 237 MALACRIDA Sérgio Augusto pág 244 MARINELLI Célia Regina Gonçalves pág 258 MARQUES FILHO Adair pág 256 MARQUÊS Lívia pág 134 MARTINEZ Silvia Alicia pág 295 MARTINI Gisele Torres pág 304 MARTINS Maria das Graças M pág 290 MARTINS Míriam Celeste pág 144 291 MARTINS Raquel pág 258 MARTINS Robson Francisco pág 290 309 MARTINS Sara Luciana pág 266 MASCARENHAS Márcia pág 263 MASELLI Morgana pág 293 MATTOS Sidney pág 332 MEDEIROS Rosane Amado Silva pág 245 MEIRA Renata Bittencourt pág 271 MEIRELES Kátia pág 323 MELO Marilane Costa Lelis pág 245 MENDONÇA Denise pág 215 MENDONÇA Denise pág 253 MENDONÇA José Carlos Carvalho de pág 241 MERCÚRIO Maria Celina Barros pág 291 MEXAS Rodrigo pág 228 MIGUEL Maria Rosalina Souza Pereira pág 245 MIRANDA Elza Gabriela Godinho pág 266 MONTEIRO Nadja Nayra Alves pág 241 MORAES Jorge Roberto Silva de pág 290 MORAES Martha Lemos de pág 310 MOREIRA Kátia Imacula pág 316 N Paulo pág 281 NASCIMENTO Eliane de Souza pág 247 NASCIMENTO Erinaldo Alves do pág 241 NASCIMENTO Fred pág 284 NELSON Nadia Teresinha Moraes pág 326 NEVES Márcia Moreira pág 304 NOGUEIRA Márcia Pompeo pág 296 298 OLIVEIRA Alessandra Mara Rotta de pág 315 OLIVEIRA Esequiel Rodrigues pág 233 OLIVEIRA Maria Estela de pág 326 OLIVEIRA Rosângela de Ávila pág 245 OLIVEIRA Tatiana Dantas pág 312 ORLOSKI Erick pág 288 338 PACHECO Aitom pág 281 PACHECO Cecília Maria Lúcio pág 229 PACIULLO Anacláudia Di Lorenzo pág 285 PAIXÃO Alexandre Sá Barreto da pág 235 PALAGRECO Natasha pág 317 PEDROSA Stella Maria Peixoto de Azevedo pág 276 PEREIRA Alexandre pág 237 238 PEREIRA Ana Paula pág 293 PEREIRA Renata SantAnna de Godoy pág 285 PICOSQUE Gisa pág 304 PIMENTEL Lúcia Gouvêia pág 164 PLETITSCH Vera pág 333 PORFIRO André Luiz pág 250 POSSIDÔNIO Amélia Sampaio pág 237 PUCCETTI Roberta pág 204 258 RABELLO Roberto Sanches pág 247 RAULINO Berenice pág 274 RESENDE Silvana Brito de pág 245 RESENDE Vera pág 309 RIBEIRO José Mauro Barbosa pág 17 79 266 RIBEIRO Luciana Gomes pág 309 RIBEIRO Merinéia pág 279 334 RICHTER Ivone pág 220 RIRLEY Anderson pág 320 ROCHA Adalgiza da Silva pág 228 ROCHA Maria Beatriz de Moraes pág 300 RODRIGUES Elaine pág 248 RODRIGUES Maristela Sanches 291 RODRIGUES Milene Martins Mendonça pág 245 RODRIGUEZ Marly Silva pág 256 ROSA Maria Célia Fernandes pág 257 SÁ Patrícia Lúcia Mércio da Silveira pág 266 SÁ Alexandre pág 237 SALLES Nara pág 311 355 SAMPAIORALHA Jurema Luzia de Freitas pág 304 328 SANCHES Carmem Sílvia pág 265 SANTANA Arão Paranaguá de pág 193 SANTORO Letícia Braga pág 302 SANTOS NETTO Diogo dos pág 228 SANTOS Eneila Almeida dos pág 255 SANTOS Itamar Alves Leal dos pág 280 304 314 SANTOS Regina Márcia Simão pág 182 SCHULTZE Ana Maria pág 291 SERRÃO João Henrique Verly pág 320 SILVA Alexandre Palma da pág 242 325 SILVA Everson Melquiades Araújo pág 253 273 SILVA Marisa Tsubouchi da pág 239 SILVA Riomar Lopes da pág 243 SILVA Ronivaldo Moraes da pág 251 SILVEIRA Jorge Pinto da pág 290 SILVEIRA Teresa Cristina Melo da pág 245 SOARES Ana Maria Giffoni pág 319 SOUSA Márcia Maria de pág 231 245 SOUSA Richard Perassi Luiz de pág 79 237 SOUZA Ana Gardênia Felizardo de pág 241 SOUZA José Afonso Medeiros pág 304 SZTEJNMAN Vitória Levy pág 336 TAVARES Josanne Pinheiro pág 298 TAVARES Renan pág 45 TELLES Narciso pág 294 THOMAZ Sueli Barbosa pág 297 TREMONTE Fábio pág 288 339 TRINTA Fernanda Viola pág 282 UCKER Lílian pág 289 UTUARI Solange pág 291 VASCONCELOS Sandra Maria pág 300 VENANCIO Beatriz Pinto pág 254 VENTRELLA Roseli Cassar pág 264 VIANA José Ricardo pág 295 VIANNA Fernanda pág 282 VIDAL Maria pág 281 VIEIRA Alba Pedreira pág 262 VILARINHO Laiz pág 309 XAVIER Raphael Figueiredo pág 286 XAVIERO Adriana pág 281 ZANATTA Rafaela Maria pág 258 ZANDONADI Mônica Scarpat pág 295 ZIGLER Siomar Kohler pág 304 Organizadores do XV Confaeb Coordenador Geral do Congresso Prof Ms José Mauro Barbosa Ribeiro Presidente da FAEB Coordenadora Geral do Evento Miriam Brum Diretora do Centro de Programas Integradas Funarte Coordenação de Execução do Evento Beatriz Gross Funarte Profª Camila Portes AndrewsRJ Profª Ms Dilma Nascimento Funarte Profº Dr José Alberto Tostes UNIFAP Profª Liliane Mundim Secretaria Municipal de EducaçãoUNIRIO Profª Ms Marisa Egrejas TearRJ Profº Ms Narciso Telles Universidade Federal de Uberlândia Profª Rose Mary Aguiar Borges Secretaria de Estado de Educação Coordenação Serrana IIRJ Profª Ms Vanda B M Viola Unibennett Profª Maria Célia Fernandes Barbosa ASAEDF Comissão Científica Presidente Prof Dr Arão Nogueira Paranaguá de Santana UFMA Profª Dra Isabel Montandon UNB Profª Ms Maria Beatriz Lemos UNB Profª Dra Marly Meira GEARTE UFRGS Profª Dra Irene Tourinho UFG Profª Dra Maria Heloísa de Toledo Ferraz USP Profª Izabel Mota Costa UFMA Comissão Editoral Profª Dra Roberta Puccetti PUC Campinas Profª Ms Maria José de Oliveira Nascimento PUC Campinas Profª Célia Regina Marinelli SENAC Campinhas Profª Ms Dilma Nascimento Funarte Profª Maristela Rangel Funarte Profª Maria Ângela Villela Funarte Profº João Carlos Guimarães Funarte Coordenação das Oficinas Profª Itamar Alves dos Santos Leal Profª Rose Mary Aguiar Borges Carlos Alberto Xavier João Moreira Coelho Tradutor Apoio Luiza Granda Anagilsa Franco Cláudia Amorim Roseana Agra Pedro do Amaral Local FUNARTE Palácio Gustavo Capanema Rua da Imprensa 16 20030120 RJ Tel 21 22798078 UNIBENNETT Rua Marquês de Abrantes 55 Flamengo Coleção Educação para Todos Volume 01 Educação de Jovens e Adultos uma memória contemporânea 19962004 Volume 02 Educação Antiracista caminhos abertos pela Lei Federal nº 1063903 Volume 03 Construção Coletiva contribuições à educação de jovens e adultos Volume 04 Educação Popular na América Latina diálogos e perspectivas Volume 05 Ações Afirmativas e Combate ao Racismo nas Américas Volume 06 História da Educação do Negro e Outras Histórias Volume 07 Educação como Exercício de Diversidade Volume 08 Formação de Professores Indígenas repensando trajetórias Volume 09 Dimensões da Inclusão no Ensino Médio mercado de trabalho religiosidade e educação quilombola Volume 10 Olhares Feministas Título Trajetória e Políticas para o Ensino das Artes no Brasil anais do XV Confaeb Formato 17cm x 24cm Tipologias utilizadas Adobe Caslon Pro e Helvetica Papel AP 75 gm2 miolo e Cartão Supremo 240 gm2 capa SCLRN 709 Bloco D Loja 53 W3 Norte CEP 70750543 Asa Norte BrasíliaDF Telefax 61 30333704 wwweditorialabarecombr terezaintertextonet Produção Editorial Ministério da Educação 9 788598 171562 ISBN 8598171565 Linha do Tempo Cronológica Foto 01 Fundo Tempo Infinidade Pixabay Disponível httpspixabaycomptimagessearchlinha20do20tempo Acesso em 08032024 Como elaborar uma Linha do Tempo Cronológica Uma linha do tempo exibe uma ordem cronológica de datas importantes e eventos ocorridos contando histórias sobre a evolução e os obstáculos que ocorreram durante um determinado período estabelecido A linha do tempo cronológica bem construída permite uma visualização rápida sobre os anos e seus principais marcos durante o período determinado A linha do tempo mostra as datas hora local etc Você pode inserir detalhes adicionais Selecione uma data de início e fim e liste os eventos no meio em ordem cronológica Escolha um layout para a sua linha do tempo conforme os modelos abaixo 1 Figura 02 Como desenhar o diagrama de linha do tempo perfeito com o Creately Diagrama da Linha do Tempo do Layout Vertical Disponível httpscreatelycomblogptcreatelyptcomodesenharumalinhadotempo Acesso em 05032024 Figura 03 Como desenhar o diagrama de linha do tempo perfeito com o Creately Diagrama da Linha do Tempo do Layout horizontal Disponível httpscreatelycomblogptcreatelyptcomodesenharumalinhadotempo Acesso em 05032024 Para maiores informações como elaborar uma Linha do Tempo com os programas no PowerPoint Excel Canva Prezi e Word acesso o seguinte endereço eletrônico httpstecnologiaumcomocombrartigocomofazeruma linhadotempo29743htmlanchor1 Como fazer uma linha do tempo Por Ketlyn Araujo 13 março 2021 2 1 2 3 5 6 7 8 9 4 O conceito de arte como tragetória foi criado por Jonh Dewy Gerando grandes impactos no ensino Essa ideia circula entre pragmatistas e fenomenologistas mas não é amplamente aceita durante o modernismo Ocorreu o primeiro curso de análise de televisão para arteeducadores antecedido por cursos de TV em estúdio vídeo e cinema Além de promoção da valoziação de diferentes manifestações culturais Preocupação com a multiculturalidade durante a redemocratização No período de ditadura o Ensino da Arte só ocorria democraticamente em festivais como o de Ouro Preto onde alunos professores e artesãos podiam intercambiar Inclusão da internet televisão dentre outros meios O conceito representa a influência no desenvolvimento da mente humana No Brasil esse conceito passou a ser utilizado através dos ensinamentos de Kerry Freedman 1934 1983 1980 1990 John Dewey e o conceito de arte Festival de Campos do Jordão Processo de redemocratização Expressão da Cultura Visual ARTEEDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA OU CULTURALISTA UMA LINHA DO TEMPO HISTÓRICA O Congresso serviu como um reforço para que o internacionalismo da Arte Educação no Brasil fosse real Durante o Congresso os trabalhos apresentados eram voltados especialmente para pesquisas e difíceis de serem apropriados pelos professores em sala de aula no Brasil Brent Wilson e David Thistlewood trouxeram conceitos referentes a ArteEducação como mediação cultural e poder da culrura visual 1996 2019 O Congresso de 10 anos da Anpad Simpósio sobre o Ensino da Arte e sua História Com base em ideias de Rudolf Arnheim a arte passou a ser vista como um mecanismo para desenvolvimento da cognição a partir do equilibrio entre equivalência configuracional entre percepção e cognição Autores como Michael Parsons e Arthur Efland trouxeram ideias como cognição e interdisciplinaridade assim a arte passou a ser uma fonte de construção de conhecimento necessária para a educação 2000 2003 Desenvolvimento da cognição interdisciplinaridade na arte Heloísa Margarido Sales trouxe concepções sobre a necessidade de valorização das culturas a partir da a Exposição arte da Áfricaque ocorreu no Centro Cultural do Banco do Brasil na cidade de São Paulo Congresso Nacional da Federação de Arte Educadores do Brasil 15 2004 Rio de Janeiro RJ XV CONFAEB 2004 trajetória e políticas do ensino de artes no Brasil Barbosa Ana Mae org ArteEducação Contemporânea ou Culturalista Rio de Janeiro FUNARTE Brasília FAEB 2005 2004 Interculturalidade REFERÊNCIAS 1998