·

Cursos Gerais ·

Antropologia Social

Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora

Fazer Pergunta

Texto de pré-visualização

Segundo este autor nos processos de saúde doença e cuidado as desigualdades socioeconômicas e de poder não eram incluídas Há diferenças entre os diferentes grupos em termos de religião gênero adesão política escolaridade poder ou grupos de idade e os grupos étnicos funcionam simultaneamente em relações de solidariedade e cooperação assim como de conflito e violência Assim é preciso reconhecer as limitações de tratar os atores sociais como homogêneos e monolíticos Chamounos a atenção o fato de que alguns estudos priorizam uma associação com doença mental e outros buscam relativizar o sofrimento sem tratálo exclusivamente no contexto de categorias diagnósticas ocidentais Dois estudos tratam criticamente a utilização destas categorias em contextos socioculturais muito diferentes1333 É importante aprofundar a questão sobre a patologização dos sofrimentos no contexto de refúgio e o processo de legitimação desta condição O sofrimento da situação de refúgio e suas necessidades específicas no contexto dos locais de exílio pode levar a uma interpretação destas pessoas de maneira estereotipada reduzindoas à condição de vítima44 O refugiado passa a ser visto como um sujeito vulnerável vitimizado e passivo45 à mercê do apoio psicológico e psiquiátrico oferecido pela sociedade de acolhimento Há países como é o caso da França em que além dos documentos de identificação certificados médicos psiquiátricos e clínicos podem ser inseridos como forma de atestar sequelas físicas e emocionais que se esperam das pessoas que migram de maneira forçada como é o caso dos refugiados Desse modo como aponta Fassin46 o corpo do indivíduo que solicita refúgio passa a ser instituído como o lugar final da verdade sobre ele Esta observação é fundamental quando se trata de saúde e mais especificamente de saúde mental das pessoas em situação de refúgio No movimento de legitimação do sofrimento da pessoa em situação de refúgio pela via patológica ao corpo enfermo se junta a mente enferma47 A presença do trauma como fator tão relevante no processo de reconhecimento de refúgio mostrase dessa forma como fundamental para o entendimento da vitimização desse grupo de migrantes a qual passa a ser vinculada à ideia do sujeito patológico Esta visão não significa ignorar que acontecimentos dolorosos pelos quais passaram os indivíduos em situação de refúgio possam se refletir de maneira violenta no corpo e na mente destes Buscase refletir a respeito da naturalização e generalização desse processo bem como sobre o significado social que essa tendência pode ter uma vez que é instrumentalizada48 Assim a leitura dos textos nos convida a ir além da associação com saúde mental mostrando as relações sociais presentes Conclusão A produção científica desta revisão mostrou parte da complexidade da saúde mental de pessoas em situação de refúgio Falar sobre saúde mental dos refugiados além do sofrimento evidente é falar de suas necessidades específicas das diferenças culturais das desigualdades socioeconômicas e de poder das políticas públicas dos países de exílio e sobretudo da possibilidade destes atores sociais como agentes de sua própria história Consideramos uma lacuna importante nesta área o aprofundamento dos estudos sobre gênero e sobre populações específicas como lésbicas gays homossexuais masculinos bissexuais transgêneros travestis e intersexuais LGBTI Ficou evidente a ausência de estudos desenvolvidos na América Latina e a ausência de publicações desta região Tendo em vista a realidade do refúgio no Brasil com o crescente número de refugiados reconhecidos e a escassez de publicações nacionais relacionadas ao tema o próprio estado da arte é um convite aos pesquisadores brasileiros Limitações do estudo As categorias escolhidas revelam uma possibilidade de análise que certamente não aborda toda a diversidade presente nos estudos descritos assim como o enfoque nos estudos qualitativos dando menor ênfase aos estudos multimétodos Agradecimento Agradecemos a Dra Patrícia Gorisch por ter alertado sobre a ausência de debate das questões relacionadas à população LGBTI entre os refugiados Colaboradores Todos os autores participaram ativamente de todas as etapas de produção do manuscrito Referências 1 United Nations High Commissioner for Refugees UNHCR Global trends 2015 Internet Geneva UNHCR 2015 citado 21 Ago 2016 68 Disponível em httpss3amazonawscomunhcrsharedmedia201620160620globaltrends20160614GlobalTrends2015pdf 2 Conselho Nacional de Refugiados CONARE Dados sobre refúgio no Brasil Internet Brasília CONARE 2016 citado 15 Nov 2016 Disponível em httpwwwacnurorg portuguesrecursosestatisticasdadossobrerefugionobrasil