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Enfermagem ·
Saúde Coletiva e Hospitalar
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Texto de pré-visualização
MINISTÉRIO DA SAÚDE Brasília DF 2009 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE Série F Comunicação e Educação em Saúde Brasília DF 2009 2009 Ministério da Saúde Todos os direitos reservados É permitida a reprodução parcial ou total desta obra desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde httpwwwsaudegovbrbvs Série F Comunicação e Educação em Saúde Tiragem 1ª edição 2009 235000 exemplares Elaboração distribuição e informações MiniSTÉrio dA SAúdE Secretaria de Atenção à Saúde departamento e Atenção Básica Edifício Premium SAF Sul Quadra 2 Lote 56 Bloco ii Subsolo Brasília dF 70070600 Tel 61330680448090 Fax 6133068028 Home page wwwsaudegovbrdab Email dabsaudegovbr Supervisão Geral Claunara Schilling Mendonça Coordenação Técnica nulvio Lermen Junior Coordenação Geral Aline Azevedo da Silva Lauda Baptista Barbosa Bezerra de Melo Revisão Técnica Ana Lúcia da Costa Maciel Joseane Prestes de Souza Lainerlani Simoura de Almeida Thaís Severino da Silva Elaboração Técnica Aline Azevedo da Silva Lauda Baptista Barbosa Bezerra de Melo Colaboração Coordenação de Gestão da Atenção BásicadAB Antônio Garcia reis Jr Carmem Lucia de Simoni Charleni inês Scherer Cristiano Busato izabeth Cristina Campos da Silva Farias Paulo Morais raimunda nonata Mesquita Formiga Stefanie Kulpa departamento de Saúde indígenaFunasa Edgard Magalhães raimunda nonata Carlos Ferreira departamento de Ações Programáticas e EstratégicasdAPE Erika Pisaneschi Coordenação da Saúde da Pessoa com deficiência Maria Alice Correia Pedotti Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida Projeto gráfico e Diagramação Eward Siqueira Bonasser Junior Ficha Catalográfica impresso no Brasil Printed in Brazil Brasil Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde departamento de Atenção Básica o trabalho do agente comunitário de saúde Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde departamento de Atenção Básica Brasília Ministério da Saúde 2009 84 p il Série F Comunicação e Educação em Saúde iSBn 9788533416284 1 Agente comunitário de saúde ACS 2 Atenção básica 3 Educação em saúde i Título ii Série CdU 616051 Catalogação na fonte CoordenaçãoGeral de documentação e informação Editora MS 20090315 Títulos para indexação Em inglês The work of the community health agent Em espanhol El trabajo del agente comunitario de salud Apresentação5 1 De onde vem o SUS 7 11 Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde SUS 10 2 Atenção Primária à Saúde 15 3 APSSaúde da Família 19 4 Agente comunitário de saúde você é um agente de mudanças 23 41 Detalhando um pouco mais as suas ações 26 5 O processo de trabalho do ACS e o desafio de trabalhar em equipe 31 51 Cadastramento das famílias 39 511 Dando um exemplo 42 52 Mapeamento da área de atuação 43 53 Visita domiciliar 46 54 Trabalhando educação em saúde na comunidade 50 541 Como trabalhar educação em saúde na comunidade 50 542 Recomendações gerais para atividades educativas 51 55 Participação da comunidade 56 56 Atuação intersetorial 56 6 Planejamento das ações 61 61 Etapas do planejamento 63 611 Diagnóstico 63 612 Plano de ação 64 613 Execução 65 614 Acompanhamento e avaliação65 7 Ferramentas de trabalho 67 71 Orientações para preenchimento da ficha de cadastramento Ficha A 68 72 Cadastramento e acompanhamento da Ficha B 75 73 Orientações para preenchimento da Ficha C cópia das informações pertinentes da Caderneta da Criança 78 74 Orientações para preenchimento da Ficha D registro de atividades procedimentos e notificações 79 5 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 5 O agente comunitário de saúde ACS é um personagem muito importante na implementação do Sistema Único de Saúde fortalecendo a integração en tre os serviços de saúde da Atenção Primária à Saúde e a comunidade No Brasil atualmente mais de 200 mil agentes comunitários de saúde estão em atuação contribuin do para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com ações de pro moção e vigilância em saúde O Ministério da Saúde reconhece que o processo de qualificação dos agentes deve ser permanente Nesse sentido apresenta esta publicação com in formações gerais sobre o trabalho do agente que juntamente com o Guia Prático do ACS irá ajudálo no melhor desenvolvimento de suas ações A todos os agentes comuitários de saúde desejamos sucesso na tarefa de acompanhar os milhares de famílias brasileiras 1 De onde vem o SUS 2 Atenção Primária à Saúde 8 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 8 O Sistema Único de Saúde SUS foi criado pela Constitui ção Federal de 1988 para que toda a população brasileira tenha acesso ao atendimento público de saúde Anteriormente a assis tência médica estava a cargo do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social Inamps ficando restrita às pesso as que contribuíssem com a previdência social As demais eram atendidas apenas em serviços filantrópicos A Constituição Federal é a lei maior de um país superior a todas as outras leis Em 1988 o Brasil promulgou a sua 7ª Cons tituição também chamada de Constituição Cidadã pois na sua elaboração houve ampla participação popular e especialmente porque ela é voltada para a plena realização da cidadania É a lei que tem por finalidade máxima construir as condições políticas econômicas sociais e culturais que assegurem a concretização ou efetividade dos direitos humanos num regime de justiça social A Constituição Brasileira de 1988 preocupouse com a cidadania do povo brasileiro e se refere diretamente aos direitos sociais como o direito à educação à saúde ao trabalho ao lazer e à aprendizagem Em relação à saúde a Constituição apresenta cinco artigos os de nº 196 a 200 O artigo 1961 diz que 1 A saúde é direito de todos 2 O direito à saúde deve ser garantido pelo Estado Aqui devese enten der Estado como Poder Público governo federal governos estaduais o governo do Distrito Federal e os governos municipais 3 Esse direito deve ser garantido mediante políticas sociais e econômicas com acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção proteção e recuperação e para reduzir o risco de doença e de outros agravos 1 BRASIL Constituição 1988 Constituição da República Federativa do Brasil Brasília Senado Federal 2005 9 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 9 Políticas sociais e econômicas são aquelas que vão contribuir para que o cidadão possa ter com dignidade moradia alimen tação habitação educação lazer cultura serviços de saúde e meio ambiente saudável Conforme está expresso na Constituição a saúde não está unicamente relacionada à ausência de doença Ela é determi nada pelo modo que vivemos pelo acesso a bens e consumo à informação à educação ao saneamento pelo estilo de vida nossos hábitos a nossa maneira de viver nossas escolhas Isso significa dizer que a saúde é determinada socialmente O artigo 198 da Constituição define que as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquiza da e devem constituir um siste ma único organizado de acor do com as seguintes diretrizes 1 Descentralização com direção única em cada esfera de governo 2 Atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem prejuízo dos serviços assistenciais 3 Participação da comunidade Em dezembro de 1990 o artigo 198 da Constituição Fe deral foi regulamentado pela Lei nº 8080 que é conhecida como Lei Orgânica de Saúde ou Lei do Sistema Único de Saúde SUS Essa lei estabelece como Portanto para se falar em saúde temos que pensar Na moradia Nas condições de trabalho Na educação No modo como nos divertimos Na alimentação Na organização dos serviços de saúde Na preservação dos recursos naturais e do meio ambiente mares rios lagos florestas etc Na valorização das culturas locais Na participação popular No dever do governo de melhorar as condições de vida do povo 10 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 10 deve funcionar o sistema de saúde em todo o território nacional e define quem é o gestor em cada esfera de governo No âmbito nacional o Ministro da Saúde no estadual o Secretário Estadual de Saúde no Distrito FederalDF o Secretário de Saúde do DF e no município o Secretário Municipal de Saúde As competências e res ponsabilidades de cada gestor também foram definidas Outra condição expressa no artigo 198 é a partici pação popular que foi detalhada posteriormente pela Lei nº 8142 de dezembro de 1990 Apesar de ser um sistema de ser viços de saúde em construção com problemas a serem resolvidos e desafios a serem enfrentados para a concretização dos seus princípios e diretrizes o SUS é uma realidade Faz parte do processo de construção a organiza ção e a reorganização do modelo de atenção à saúde isto é a forma de organizar a prestação de serviços e as ações de saúde para atender às necessidades e deman das da população contribuindo assim para a solução dos seus problemas de saúde Ao SUS cabe a tarefa de promover e proteger a saúde como direito de todos e dever do Estado garantindo atenção contínua e com qualidade aos indivíduos e às coletividades de acordo com as diferentes necessidades 11 Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde SUS Para o cumprimento da tarefa de promover e proteger a saúde o SUS precisa se organizar conforme alguns princípios previstos no artigo 198 da Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 80801990 em que destacamos 11 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 11 Universalidade significa que o SUS deve atender a todos sem distinções ou restrições oferecendo toda a atenção neces sária sem qualquer custo Todos os cidadãos têm direito a con sultas exames internações e tratamentos nos serviços de saúde públicos ou privados contratados pelo gestor público A universalidade é princípio fundamental das mudanças previs tas pelo SUS pois garante a todos os brasileiros o direito à saúde Integralidade pelo princípio da integralidade o SUS deve se organizar de forma que garanta a oferta necessária aos indi víduos e à coletividade independentemente das condições eco nômicas da idade do local de moradia e outros com ações e serviços de promoção à saúde prevenção de doenças tratamento e reabilitação A integralidade não ocorre apenas em um único local mas no sistema como um todo e só será alcançada como resultado do trabalho integrado e solidário dos gestores e traba lhadores da saúde com seus múltiplos saberes e práticas assim como da articulação entre os diversos serviços de saúde Equidade o SUS deve disponibilizar serviços que promo vam a justiça social que canalizem maior atenção aos que mais necessitam diferenciando as necessidades de cada um Na organização da atenção à saúde no SUS a equidade tra duzse no tratamento desigual aos desiguais devendo o sistema investir mais onde e para quem as necessidades forem maiores A equidade é portanto um princípio de justiça social cujo obje tivo é diminuir desigualdades Participação da comunidade é o princípio que prevê a organização e a participação da comunidade na gestão do SUS Essa participação ocorre de maneira oficial por meio dos Conselhos e Conferências de Saúde na esfera nacional esta dual e municipal O Conselho de Saúde é um colegiado perma nente e deve estar representado de forma paritária ou seja com 12 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 12 uma maioria dos representantes dos usuários 50 mas também com os trabalhadores 25 gestores e pres tadores de serviços 25 Sua função é formular estratégias para o enfren tamento dos problemas de saúde controlar a execução das políticas de saúde e observar os aspectos financei ros e econômicos do setor possuindo portanto caráter deliberativo A Conferência de Saúde se reúne a cada quatro anos com a representa ção dos vários segmentos sociais para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde É convocada pelo Poder Executivo Ministério da Saúde Secretaria Estadual ou Municipal de Saúde ou extraordinariamente pela própria Conferência ou pelo Conselho de Saúde Descentralização esse princípio define que o sistema de saúde se organize tendo uma única direção com um único ges tor em cada esfera de governo No âmbito nacional o gestor do SUS é o Ministro da Saúde no estadual o Secretário Estadual de Saúde no Distrito FederalDF o Secretário de Saúde do DF e no município o Secretário Municipal de Saúde Cada gestor em cada esfera de governo tem atribuições comuns e compe tências específicas O município tem papel de destaque pois é lá onde as pessoas moram e onde as coisas acontecem Em um primei ro momento a descentralização resultou na responsabilização dos municípios pela organização da oferta de todas as ações e serviços de saúde Com o passar do tempo após experiências de implantação percebeuse que nem todo município dadas A participação da comunidade por meio dos Conselhos e Conferências permite sua intervenção na gestão da saúde Os cidadãos podem discutir e direcionar os serviços públicos para atender aos seus interesses Isso é o controle social 13 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 13 suas características sociais demográficas e geográficas compor tariam assumir a oferta de todas as ações de saúde e que há situações que devem ser tratadas no nível estadual ou nacional como é o caso da política de transplantes Com o fim de atender às necessárias redefinições de papéis e atribuições das três esferas de gestão municípios Estados e União resultantes da implementação do SUS houve um pro cesso evolutivo de adaptação a esses novos papéis traduzidos nas Normas Operacionais de Assistência à Saúde NOAS 0101 e NOAS 0102 Mais recentemente as referidas Normas formam substituídas por uma nova lógica de pactuação onde cada esfera tem seu papel a ser desempenhado definido no chamado Pac to pela Saúde Regionalização orienta a descentralização das ações e serviços de saúde além de favorecer a pactuação entre os gesto res considerando suas responsabilidades Tem como objetivo ga rantir o direito à saúde da população reduzindo desigualdades sociais e territoriais Hierarquização é uma forma de organizar os serviços e ações para atender às diferentes necessidades de saúde da popu lação Dessa forma têmse serviços voltados para o atendimento das necessidades mais comuns e frequentes desenvolvidas nos serviços de Atenção Primária à Saúde com ou sem equipes de Saúde da Família A maioria das necessidades em saúde da po pulação é resolvida nesses serviços Algumas situações porém necessitam de serviços com equipamentos e profissionais com outro potencial de resolução Citamos como exemplo as mater nidades as policlínicas os prontossocorros hospitais além de outros serviços classificados como de média e alta complexidade necessários para situações mais graves 14 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 14 Esses diferentes serviços devem possuir canais de comunica ção e se relacionar de maneira que seja garantido o acesso a to dos conforme a necessidade do caso regulado por um eficiente sistema de regulação Todas as pessoas têm direito à saúde mas é importante lem brar que elas possuem necessidades diferentes Para que se faça justiça social é necessário um olhar diferenciado por meio da organização da oferta e acesso aos serviços e ações de saúde aos mais necessitados para que sejam minimizados os efeitos das desigualdades sociais O SUS determina que a saúde é um direito humano funda mental e é uma conquista do povo brasileiro 16 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica A Atenção Primária à Saúde APS também conhe cida no Brasil como Atenção Básica AB da qual a Estra tégia Saúde da Família é a ex pressão que ganha corpo no Brasil é caracterizada pelo desenvolvimento de um con junto de ações de promoção e proteção da saúde preven ção de agravos diagnóstico tratamento reabilitação e manutenção da saúde Essas ações desenvolvi das por uma equipe de saúde são dirigidas a cada pessoa às famílias e à coletividade ou conjunto de pessoas de um determinado território Bem estruturada e organizada a Atenção Primá ria à Saúde APS resolve os problemas de saúde mais co munsfrequentes da população reduz os danos ou sofri mentos e contribui para uma melhor qualidade de vida das pessoas acompanhadas Além dos princípios e diretrizes do SUS a APS orientase tam bém pelos princípios da acessibilidade vínculo continuidade do cuidado longitudinalidade responsabilização humanização par ticipação social e coordenação do cuidado Possibilita uma relação de longa duração entre a equipe de saúde e os usuários indepen dentemente da presença ou ausência de problemas de saúde o que chamamos de atenção longitudinal O foco da atenção é a pessoa e não a doença Ao longo do tempo os usuários e a equipe passam a se co nhecer melhor fortalecendo a relação de vínculo que depende de movimentos tanto dos usuários quanto da equipe Ações de promoção à saúde são aquelas que vão contribuir para proporcionar autonomia ao indivíduo e à família com informações que os tornem capazes de escolher comportamentos que vão favorecer a sua saúde relacionadas ao modo de viver condições de trabalho educação lazer e cultura Reabilitação ações que contribuem para a redução de incapacidades e deficiências com o objetivo de melhorar a qualidade de vida A base do vínculo é o compromisso do profissional com a saúde daqueles que o procuram Para o usuário existirá vínculo quando ele perceber que a equipe contribui para a melhoria da sua saúde e da sua qualidade de vida Há situações que podem ser facilitadoras ou dificultadoras Um bom exemplo disso pode ser o horário e dias de atendimento da Unidade Básica de Saúde UBS a sua localização ter ou não acesso facilitado para pesso as com deficiência física entre outras coisas As ações e serviços de saúde devem ser pautados pelo prin cípio da humanização o que significa dizer que as questões de gênero feminino e masculino crença cultura preferência po lítica etnia raça orientação sexual populações específicas ín dios quilombolas ribeirinhos etc precisam ser respeitadas e consideradas na organização das práticas de saúde Significa di zer que essas práticas devem estar relacionadas ao compromisso com os direitos do cidadão O acolhimento é uma das formas de concretizar esse princípio e se caracteriza como um modo de agir que dá atenção a todos que procuram os serviços não só ouvindo suas necessidades mas percebendo aquilo que muitas vezes não é dito O acolhimento não está restrito a um espaço ou local É uma postura ética Não pressupõe hora ou um profissional específico para fazêlo impli ca compartilhamento de saberes necessidades O vínculo ocorre quando esses dois movimentos se encontram o usuário na busca do cuidado e o profissional se encarregando por esse cuidado 17 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 17 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 18 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica possibilidades angústias ou formas alternativas para o en frentamento dos problemas O ACS tem um papel im portante no acolhimento pois é um membro da equipe que faz parte da comunidade o que ajuda a criar confiança e víncu lo facilitando o contato direto com a equipe A APS tem a capacidade de resolver grande parte dos pro blemas de saúde da população mas em algumas situações ha verá a necessidade de referenciar seus usuários a outros serviços de saúde Mesmo nesses momentos a APS tem um importante papel ao desempenhar a função de coordenação do cuidado que é entendido como a capacidade de responsabilizarse pelo usuário saber o que está acontecendo com ele e apoiálo mesmo quando este está sendo acompanhado em outros ser viços de saúde É na APS em que acontece o trabalho do agente comunitá rio de saúde ACS Para refletir ACS como você pode tornar seu trabalho mais humanizado Você consegue identificar o que pode estar dificultando ou facilitando o acesso do usuário à unidade de saúde em que você trabalha 20 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica O Ministério da Saúde de finiu a Saúde da Família como estratégia prioritária para a or ganização e fortalecimento da APS no País Por meio dessa estraté gia a atenção à saúde é fei ta por uma equipe composta por profissionais de diferentes categorias multidisciplinar trabalhando de forma articulada in terdisciplinar que considera as pessoas como um todo levando em conta suas condições de trabalho de moradia suas relações com a família e com a comunidade Cada equipe é composta minimamente por um médico um enfermeiro um auxiliar de enfermagem ou técnico de enfer magem e ACS cujo total não deve ultrapassar a 12 Essa equipe pode ser ampliada com a incorporação de profissionais de Odon tologia cirurgiãodentista auxiliar de saúde bucal eou técnico em saúde bucal Cabe ao gestor municipal a decisão de incluir ou não outros profissionais às equipes Além disso com o objetivo de ampliar a abrangência das ações da APS bem como sua capacidade de resolução dos pro blemas de saúde foram criados em 2008 os Núcleos de Apoio à Saúde da Família Nasf Eles podem ser constituídos por equipes compostas por profissionais de diversas áreas do conhecimento nutricionista psicólogo farmacêutico assistente social fisiotera peuta terapeuta ocupacional fonoaudiólogo médico acupuntu rista médico ginecologista médico homeopata médico pediatra e médico psiquiatra que devem atuar em parceria com os profis sionais das eSF Logo é importante que você agente saiba se sua equipe está vinculada a algum Nasf e em caso positivo como se dá a articulação entre a sua eSF e este Nasf A rotina de trabalho das equipes inclui o conhecimento do território e da população da dinâmica familiar e social que são ferramentas valiosas para o planejamento o acompanhamento e a avaliação das ações desenvolvidas É necessário que exista entre a comunidade e os profissionais de saúde relação de confiança atenção e respeito Essa relação é uma das principais características da reorganização do processo de trabalho por meio da Saúde da Família e se dá na medida em que os usuários têm suas necessidades de saúde atendidas A população sob responsabilidade da equipe deve ser ca dastrada e acompanhada entendendose suas necessidades de saúde como resultado também das condições sociais ambientais e econômicas em que vive Equipe e famílias devem compartilhar responsabi lidades pela saúde Isso é particularmente importante na adequação das ações de saúde às necessidades da população e é uma forma de controle social e partici pação popular A participação popular e o controle social devem ser estimulados na ação cotidiana dos profissionais que atuam na APS Muito mais do que apenas o cumprimento da lei a Estratégia Saúde da Família tem uma profunda identidade de propósitos com a defesa da participação popular particularmente na adequação das ações de saúde às necessidades da população 21 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 21 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 21 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 4 Agente comunitário de saúde você é um agente de mudanças 3 APSSaúde da Família 24 24 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Seu trabalho é considerado uma extensão dos serviços de saúde dentro das comunidades já que você é um membro da comunidade e possui com ela um envolvimento pessoal Ser ACS é antes de tudo ser alguém que se identifica em todos os sentidos com a sua própria comunidade principalmente na cultura linguagem e costumesPrecisa gostar do trabalho Gostar principalmente de aprender e repassar as informações entender que ninguém nasce com o destino de morrer ainda criança Teresa Ramos ACS Recife Você agente é um persona gem fundamental pois é quem está mais próximo dos problemas que afetam a comunidade é al guém que se destaca pela capa cidade de se comunicar com as pessoas e pela liderança natural que exerce Sua ação favorece a transforma ção de situaçõesproblema que afetam a qualidade de vida das famílias como aquelas associadas ao saneamento básico destinação do lixo condições precárias de moradia situações de exclusão social de semprego violência intrafamiliar dro gas lícitas e ilícitas acidentes etc Seu trabalho tem como principal objetivo contribuir para a qualidade de vida das pessoas e da comunidade Para que isso aconteça você tem que estar alerta Tem que estar sempre vigilante 25 Todas as famílias e pessoas do seu território devem ser acompanhadas por meio da visita domiciliar na qual se desen volvem ações de educação em saúde Entretanto sua atuação não está restrita ao domicílio ocorrendo também nos diversos espaços comunitários Todas essas ações que es tão voltadas para a qualidade de vida das famílias necessi tam de posturas empreende doras por parte da população Pessoas com deficiência por exemplo podem ter dificuldade no convívio familiar na participação na comunidade na inclusão na escola no mercado de trabalho no acesso a serviços de saúde sejam estes voltados à reabilitação ou consultas gerais Conhecer essa realidade envolver a equipe de saúde e a comunidade na busca de recursos e estratégias que possibilitem superar essas situações são atitudes muito importantes que podem ser desencadeadas por você repercutindo na mudança da qualidade de vida e no aumento de oportunidades para essas pessoas na construção de uma comunidade mais solidária e cidadã Para realizar um bom trabalho você precisa Conhecer o território Conhecer não só os problemas da comunidade mas também suas potencialidades de crescer e se desenvolver social e economicamente Ser ativo e ter iniciativa Gostar de aprender coisas novas Observar as pessoas as coisas os ambientes Agir com respeito e ética perante a comunidade e os demais profissionais A atuação do ACS valoriza questões culturais da comunidade integrando o saber popular e o conhecimento técnico O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 25 26 26 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica e na maioria das vezes é você que exerce a função de estimular e organizar as reivindicações da comunidade 41 Detalhando um pouco mais as suas ações Você deve estar sempre atento ao que acontece com as fa mílias de seu território identificando com elas os fatores socioe conômicos culturais e ambientais que interferem na saúde Ao identificar ou tomar conhecimento da situaçãoproblema você precisa conversar com a pessoa eou familiares e depois encami nhálalos à unidade de saúde para uma avaliação mais detalha da Caso a situaçãoproblema seja difícil de ser abordada ou não encontre abertura das pessoas para falar sobre o assunto você deve relatar a situação para a sua equipe Os diferentes aspectos de um problema deverão ser exami nados cuidadosamente com as pessoas para que sejam encon tradas as melhores soluções Você orienta ações de prevenção de doenças promoção à saúde entre outras estabelecidas pelo planejamento da equipe Todas as pessoas de sua comunidade deverão ser acompanhadas principalmente aquelas em situação de risco Veja explicação mais à frente Há situações em que será necessária a atuação de outros pro fissionais da equipe sendo indicado o encaminhamento para a uni dade de saúde Você deverá comunicar à equipe quanto à situação Podemos dizer que o ACS deve Identificar áreas e situações de risco individual e coletivo Encaminhar as pessoas aos serviços de saúde sempre que necessário Orientar as pessoas de acordo com as instruções da equipe de saúde Acompanhar a situação de saúde das pessoas para ajudálas a conseguir bons resultados 27 encontrada pois caso não ocorra o comparecimento à unidade de saúde deverá ser realizada buscaativa ou visita domiciliar Todas as ações são importantes e a soma delas qualifica seu trabalho No en tanto você deve compreender a importân cia da participação popular na construção da saúde estimulando assim as pessoas da comunidade a participarem das discussões sobre sua saúde e o meio ambiente em que vivem ajudando a promover a saúde e a construir ambientes saudáveis Situações de risco são aquelas em que uma pessoa ou grupo de pessoas corre perigo isto é tem maior possibilidade ou chance de adoecer ou até mesmo de morrer Todas as pessoas são responsáveis por sua saúde e de sua comunidade Alguns exemplos de situação de risco Bebês que nascem com menos de dois quilos e meio Crianças que estão desnutridas Filhos de mães que fumam bebem bebidas alcoólicas e usam drogas na gravidez Gestantes que não fazem o prénatal Gestantes que fumam Gestantes com diabetes eou pressão alta Acamados Pessoas que precisam de cuidadores mas não possuem alguém que exerça essa função Pessoas com deficiência que não têm acesso às ações e serviços de saúde sejam estes de promoção proteção diagnóstico tratamento ou reabilitação Pessoas em situação de violência Pessoas que estão com peso acima da média e vida sedentária com ou sem uso do tabaco ou do álcool O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 27 28 28 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Nesses casos as pessoas têm mais chance de adoecer e mor rer se não forem tomadas as providências necessárias É necessário considerar ainda condições que aumentam o risco de as pessoas adoecerem por exemplo Baixa renda Desemprego Acesso precário a bens e serviços água luz elétrica transporte etc Falta de água tratada Lixo armazenado em locais inadequados Uso incorreto de venenos na lavoura Poluição do ar ou da água Esgoto a céu aberto Falta de alimentação ou alimentação inadequada Uso inadequado de medicamentos prescritos Automedicação Descontinuidade de tratamento A situação de risco pode ser agravada por obstáculos ou fa tores que dificultam ou impedem as pessoas de terem acesso às unidades de saúde como Localização do serviço com barreiras geográficas ou distante da comunidade Ausência de condições para acesso das pessoas com deficiência física falta de espaço para cadeira de rodas banheiros não adequados Serviços de transporte urbano insuficientes Horários e dias de atendimento restritos ou em desacordo com a disponibilidade da população Capacidade de atendimento insuficiente Burocratização no atendimento Preconceitos raciais religiosos culturais sociais entre outros 29 Haverá acessibilidade quando esse conjunto de fatores con tribuir para o acesso do usuário aos serviços de saúde Existem situações de risco que afetam a pessoa individu almente e portanto têm soluções individuais Outras atingem um número maior de pessoas em uma mesma comunidade o que irá exigir uma mobilização coletiva por meio da par ticipação da comunidade integrada às autoridades e serviços públicos Os Conselhos de Saúde locais muni cipais estaduais e nacional e as Conferências são espaços que permitem a participação de mocrática e organizada da comunidade na busca de soluções É importante ressaltar que essa partici pação não deve restringir apenas aos Con selhos e Conferências podendo se dar de outras formas reunião das equipes de saúde com a comunidade e associa ção de moradores caixas de suges tões ouvidoria disquedenúncia entre outras Risco é qualquer tipo de perigo para a saúde das pessoas O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 29 5 O processo de trabalho do ACS e o desafio de trabalhar em equipe 32 32 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Trabalhar na área da saúde é atuar em um mundo onde um conjunto de trabalhadores diversos se encontra para pro duzir cuidado à saúde da população Se pensarmos no conjun to de trabalhadores de uma unidade de saúde que pode ser a sua poderemos observar que cada trabalhador atua em um certo lugar tem determinadas responsabilidades e produz um conjunto de ações para que esse objetivo seja alcançado Além disso para cada ação e responsabilidade o trabalhador precisa contar com uma série de conhecimentos saberes e ha bilidades para conseguir executar da melhor forma possível a sua função É muito comum na área da saúde utilizar instrumentos e equipamentos para apoiar a realização das ações de cuidado Exemplo o médico da unidade de saúde tem como uma de suas ações a realização de consultas O que ele precisa ter para rea lizar bem essa ação Para fazer uma boa anamnese entrevista que busca levantar todos os fatos referentes à pessoa e à doen ça que ela apresenta e um bom exame físico ele precisa contar com conhecimentos técnicos que adquiriu durante a sua forma ção e durante a sua vida Nessa atividade ele provavelmente vai utilizar também alguns instrumentos como um roteiroquestio nário um estetoscópio aparelho para escutar o coração pulmões e abdome aparelho para medir a pressão entre outros Além disso ele vai precisar ter outra habi lidade que é a das relações que se mostra no modo como ele consegue interagir com as pessoas atendidas Vamos ver então dois exem plos diferentes de como esse mé dico poderia realizar essa consulta 33 1ª situação mobilizando mais os conhecimentos técnicos e os instrumentos nesta situação o médico cumprimenta o usuário já olhando para a sua fichaprontuário e começa a fazer perguntas seguindo o roteiroquestionário anotando as respos tas e agindo de modo formal e objetivo Realiza o exame físico enquanto termina as perguntas do questionário e faz a prescri ção eou encaminhamento A consulta termina rapidamente 2ª situação mobilizando os conhecimentos os instrumen tos e a habilidade das relações nesta outra situação o médi co cumprimenta o usuário utiliza o roteiroquestionário como guia mas incentiva e abre espaço para a fala e a escuta do usu ário sobre aspectos que não estão no roteiro Nesse caso ocor re uma conversa com o usuário para deixálo mais à vontade a fala não se restringe às perguntas do questionário existe troca de olhares e discussão dos problemas percebidos O exame físi co é realizado e após todos os esclarecimentos de dúvidas que o profissional e o usuário julgaram necessários a prescrição e ou encaminhamento é realizado e a consulta é finalizada O que vimos acima foram dois exemplos de processo de trabalho diferenciados um que privilegia os conhecimentos técnicos e os instrumentos sem dar muita atenção para a re lação de cuidado com o usuário situação 1 e outro em que o profissional utilizou seus conhecimentos técnicos em uma interação que valorizou o aspecto relacional e o cuidado com o usuário situação 2 Verificamos também nessa segunda situação que o instrumento roteiroquestionário serviu como apoio ao processo e não como elemento central Comprovadamente o atendimento realizado de maneira mais humanizada situação 2 traz melhores resultados para a saúde do usuário pois favorece o estabelecimento de uma relação de confiança entre o profissional e usuário aumentando o vínculo e a adesão ao tratamento O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 33 34 34 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Nesta publicação trabalharemos diferentes aspectos rela cionados aos seus conhecimentos técnicos e a partir dessa dis cussão relacionaremos o seu processo de trabalho com alguns instrumentos utilizados em seu dia a dia Mas é de fundamental importância lembrar que o trabalho em saúde tem uma dimen são de cuidado humanizado insubstituível que ocorre no mo mento da interação com o usuário nesse encontro programado para produzir cuidado O trabalho em equipe A equipe de saúde é formada por pessoas com histórias forma ções saberes e práticas diferentes É um conjunto de pessoas que se encontram para produzir o cuidado de uma população Nessa equipe há sempre movimentos permanentes de articula çãodesarticulação ânimodesânimo invençãoresistência à mu dança crençadescrença no seu trabalho pois a equipe é viva está sempre em processo de mudança No entanto somente o fato de as pessoas trabalharem juntas não constitui uma equipe as pessoas precisam aprender a ser equipe Ou seja a equipe precisa ser construída Agora pense no seu processo de trabalho Qual é o seu pa pel na unidade e na equipe de saúde Você agente comunitário de saúde é um membro da equipe e essencial para o desenvol vimento das ações da Atenção Primária à Saúde Você já refletiu sobre como você tem desenvolvido o seu processo de trabalho Em qual das duas situações descritas acima você se vê Como você utiliza seus conhecimentos instrumentos e sua habilidade de se relacionar com o usuário para promover o cuidado Ao preencher a Ficha A você percebe a importância que ela tem no processo de cuidado das pessoas de sua microárea 35 Para essa construção acontecer os trabalhadores precisam apren der um modoequipe de trabalhar reorganizandose em torno de projetos terapêuticos para assistir os usuários em sua integralidade É importante que toda a equipe assuma a tarefa de cuidar do usuário reconhecendo que para abordar a complexidade do trabalho em saú de são necessários diferentes olhares saberes e fazeres O seu lugar na equipe de saúde Para cuidar da saúde da população de um determinado ter ritório a unidade de saúde deve estar organizada de um modo que seus trabalhadores estejam divididos em funções e assumam responsabilidades diferentes e complementares Vamos pensar no caso de uma enfermeira da unidade de saú de Uma de suas atribuições é realizar consultas de enfermagem no entanto ela compartilha com você e com os demais membros da equipe uma série de outras responsabilidades e objetivos Veja a seguir o quadro com algumas ações que são específicas e ou tras que são comuns aos profissionais da equipe da unidade de saúde Observando o quadro você perceberá que há muitas ativida des que são comuns a todos da equipe afinal todos atuam no mesmo campo da saúde Um exercício importante ao olhar para esse quadro é avaliar se aquelas atividades comuns aos diversos trabalhadores estão acontecendo de forma articulada Isso é um bom indicador de trabalho em equipe pois quando realizadas em conjunto trazem benefícios para todos Como podemos observar no quadro as atividades de plane jamento e avaliação são comuns a todos os trabalhadores e se realizadas em conjunto trarão benefícios tanto aos trabalhado res quanto ao trabalho da equipe como um todo Então reflita como essas atividades são desenvolvidas na realidade da sua uni dade de saúde O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 35 36 36 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Agora observe novamente o quadro e concentrese nas ações que são específicas a cada um dos profissionais Lembrese das outras ações que você executa no seu dia a dia e que não estão descritas na tabela e reflita quais são as especificidades do seu trabalho Em que o seu trabalho se relaciona com o da enfermei ra E com o trabalho dos outros profissionais da equipe E em que a especificidade do seu trabalho complementa o trabalho de toda a equipe Enfermeiro pode prescrever observando a legislação vigente Cirurgiãodentista pode prescrever observando a legislação vigente Realizar cadastramento das famílias é uma atribuição do ACS mas pode ser desenvolvida pelos demais membros da equipe de saúde 37 A partir de agora convidaremos você a refletir sobre ações muito presentes no seu cotidiano e que fazem parte importante do processo de trabalho de toda a equipe na luta diária em busca de mais saúde para a população Como citado anteriormente você agente comunitário de saúde é muito importante para o desenvolvimento das ações da comunidade e pode integrar tanto uma equipe de Saúde da Fa mília quanto uma equipe do Programa de Agentes Comunitários de Saúde PACS de acordo com a realidade do município Entre tanto o seu trabalho é o mesmo em qualquer uma das situações Semelhantes aos agentes comunitários de saúde ACS há os agentes indígenas de saúde AIS e os agentes indígenas de saneamento AISAN que atuam nos Distritos Sanitários Espe ciais Indígenas DSEI compondo as equipes multidisciplinares de saúde indígena EMSI cuidando da saúde indígena nas aldeias no âmbito da APS A equipe de saúde precisa conhecer a realidade da comu nidade e para tal deverá reunir informações identificando suas principais necessidades em saúde Com essas informações será realizado o diagnóstico de saúde da comunidade o planejamen to e a execução das ações Há diversos instrumen tos que podem ser utilizados para a coleta dos dados e cada um deles tem um obje tivo A soma de todos ajuda na construção do diagnóstico Cadastro das famílias mapa da comunidade visita domi ciliarentrevista e reuniões são alguns exemplos A coleta de dados é uma das etapas do diagnóstico da comunidade assim como a análise e interpretação dos dados coletados identificação dos problemas necessidades recursos e grupos de risco Com base nas informações coletadas e analisadas o próximo passo é o planejamento e programação das ações priorizadas O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 37 38 38 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica A saúde indígena é regida por um conjunto de normas que têm como objetivo o estabelecimento de mecanismos específicos para a atenção à saúde dessa população conformando um subsistema no interior do Sistema Único de Saúde e está organizado em 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas DSEI A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas aprovada pela Portaria MS nº 2542002 integra a Política Nacional de Saúde compatibilizando as determinações da Lei Orgânica da Saúde Lei nº 80801990 com as da Constituição Federal art 231 que reconhece aos povos indígenas suas especificidades étnicas e culturais bem como estabelece seus direitos sociais Etnias são os tipos de povos indígenas cada povo falando a sua própria língua e vivendo de acordo com as suas crenças e costumes 39 51 Cadastramento das famílias A etapa inicial de seu trabalho é o cadastramento das famí lias de sua microárea o seu terriório de atuação com no má ximo 750 pessoas Para realizar o cadastramento é necessário o preenchimento de fichas específicas Para melhor desenvolver seu trabalho com essa população indígena você pode buscar apoio técnico e articulação junto à sede do Distrito Sanitário Especial Indígena de sua cidade se houver Você também pode verificar se na secretaria de saúde existe alguma equipe ou setor que trate das questões de saúde dessa população e solicitar mais orientações Caso trabalhe numa área rural ou próximo a aldeias indígenas você deve buscar informação sobre a existência de equipe multidisciplinar de saúde indígena incluído o agente indígena de saúde Procurar essas pessoas para uma conversa pode ser muito importante e esclarecedor Conhecer o número de pessoas da comunidade por faixa etária e sexo é importante pois há doenças que acometem mais crianças do que adultos ou mais mulheres que homens o que influenciará no planejamento da equipe O cadastro possibilita o conhecimento das reais condições de vida das famílias residentes na área de atuação da equipe tais como a composição familiar a existência de população in dígena quilombola ou assentada a escolaridade o acesso ao saneamento básico o número de pessoas por sexo e idade as condições da habitação o desemprego as doenças referidas etc É importante identificar os diversos estabelecimentos e institui ções existentes no território como escolas creches comércio praças instituições de longa permanência ILP igrejas templos cemitério depósitos de lixoaterros sanitários etc O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 39 40 40 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica A Portaria GM nº 9712006 cria a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS que inclui atendimento gratuito em serviços de fitoterapia acupuntura plantas medicinais homeopatia Dessa forma é importante saber se existem esses serviços na sua região Acupuntura é uma forma de cuidar das pessoas na Medicina Tradicional Chinesa MTC Pode ser usada isoladamente ou integrada com outros recursos terapêuticos como as práticas corporais As práticas corporais são práticasações que favorecem a promoção e recuperação da saúde e a prevenção de doenças Como exemplos podemos citar o Taichi chuan o Chi gong e o Lian gong Homeopatia é um sistema médico de base vitalista criado pelo médico alemão Samuel Hahnemann que consiste em tratar as doenças por meio de substâncias ministradas em doses diluídas os medicamentos homeopáticos O vitalismo é a posição filosófica caracterizada por postular a existência de uma força ou impulso vital sem a qual a vida não poderia ser explicada 41 Ao identificar a população indígena o ACS deve levar em consideração que mesmo residindo no espaço urbano ou rural longe de sua aldeia de origem ou em aldeamento não reconhe cido oficialmente o indígena possui o direito de ser acompanha do respeitandose as diferenças culturais É necessário considerar que o indígena nem sempre tem do mínio da língua portuguesa podendo entender algumas pala vras em português sem compreender a informação a explicação dada ou mesmo a pergunta realizada É importante observar e tentar perceber se estão entendendo e o que estão entendendo cuidando para não constrangêlos O esforço de comunicação deve ser mútuo de modo a promover o diálogo Ainda como informações importantes para o diagnóstico da comunidade vale destacar a necessidade de identificar outros locais onde os moradores costumam ir para resolver seus proble mas de saúde como casa de benzedeiras ou rezadores raizei ros ou pessoas que são conhecidas por saberem orientar sobre nomes de remédio para algumas doenças bem como saber se procuram serviços prontosocorro hospitais etc situados fora de sua área de moradia ou fora do seu município Também é im portante você saber se as pessoas costumam usar remédios ca seiros chás plantas medicinais fitoterapia eou se utilizam prá ticas complementares como a homeopatia e acupuntura Você deve saber se existe disponível na região algum tipo de serviço de saúde que utilize essas práticas Ao realizar o cadastramento e identificar os principais pro blemas de saúde seu trabalho contribui para que os serviços possam oferecer uma atenção mais voltada para a família de acordo com a realidade e os problemas de cada comunidade Os dados desse cadastramento devem ser de conhecimento de toda a equipe de saúde O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 41 42 42 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 511 DAnDO UM ExEMPlO Em uma comunidade muitos casos de diarreia começaram a acontecer As pessoas procuravam o posto de saúde ou iam dire to ao hospital para se tratar Eram medicadas mas pouco tempo depois estavam doentes de novo Essa situação alertou a equipe de que algo não estava bem O ACS por meio das visitas domiciliares observou a exis tência de esgoto a céu aberto próximo a tubulações de água Além disso as pessoas daquela comunidade costumavam não proteger adequadamente suas caixas dágua A equipe identificou os fatores de risco e constatou que os casos de diarreia estavam relacionados aos hábitos de vida da quelas pessoas Observase que um mesmo problema de saúde pode estar relacionado a diferentes causas e que o olhar dos diversos mem bros da equipe pode contribuir para a resolução do problema O território é a base do trabalho do ACS Território se gundo a lógica da saúde não é apenas um espaço delimitado geograficamente mas sim um espaço onde as pessoas vivem estabelecem relações sociais trabalham cultivam suas cren ças e cultura Trabalhar com território implica processo de coleta e siste matização de dados demográficos socioeconômicos político culturais epidemiológicos e sanitários identificados por meio do cadastramento que devem ser interpretados e atualizados periodicamente pela equipe Os profissionais devem atuar de forma integrada discutindo e analisando em conjunto as situações identificadas Tão importante quanto fazer o cadastramento da população é mantêlo atualizado 43 É importante a elaboração de mapa que retrate esse terri tório com a identificação de seus limites população número de famílias e outras características 52 Mapeamento da área de atuação Trabalhar com mapas é uma forma de retratar e aumentar conhecimentos sobre a sua comunidade O mapa é um dese nho que representa no papel o que existe naquela localidade ruas casas escolas serviços de saúde pontes córregos e outras coisas importantes O mapa deve ser uma ferramenta indispen sável para seu trabalho É o desenho de toda sua áreaterritório de atuação Você não precisa ser bom desenhista Você pode representar o que existe com símbolos bem fáceis de desenhar utilizando sua criatividade É interessante que toda a equipe de preferência o ajude nesse processo Isso estimula que a equipe se conheça melhor e troque informações para o planejamento das ações de saúde A comunidade também pode ajudálo contribuindo com sugestões para corrigir e acrescentar de modo que no final se tenha uma boa ideia de como é aquela comunidade O mapa vai ajudar você a organizar melhor o seu trabalho Agora pense na sua comunidade e faça uma lista de coisas que são importantes para a vida comunitária baseada em seu contato com ela Por exemplo postos de saúde centros de saú O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 43 44 44 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica de hospitais escolas igrejas centros religiosos postos policiais quadras de esporte campo de futebol identificando espaços que possibilitamdificultam o acesso de pessoas com deficiências Es creva também outros lugares com seus respectivos nomes ruas córregos rios cartório correio parada de ônibus casa da par teira da benzedeira e outras coisas que você se lembrar O conjunto dos mapas feito pelos ACS formará um grande mapa da área de atuação da equipe de Saúde da Família eSF Esse mapa mais abrangente feito com todas as informa ções sobre sua área pode dar origem a outros mais específicos Como exemplos Podemos ter mapas de territórios feitos manualmente com auxílio da comunidade e fotos de territórios utilizando recursos de informática ou internet Podemse destacar as informações das ruas caminhos e as linhas de ônibus de uma comunidade desenhando um mapa específico Em uma região que chove muito é importante co nhecer bem os rios açudes lagos lagoas da região e locais pro pensos à inundação É necessário que você identifique no território de sua equipe quais os riscos de sua microárea Como já foi dito anterior mente o mapa retrata o territó rio onde acontecem mudanças portanto ele é dinâmico e deve ser constantemente atualizado Você deve sempre ter a cópia do seu mapa para facilitar o acom panhamento das mudanças na sua comunidade Figura 1 Foto ilustrativa de um mapa construído com o auxílio da comunidade 45 Com o mapa você pode Conhecer os caminhos mais fáceis para chegar a todos os locais Marcar as barreiras geográficas que dificultam o caminho das pessoas até os serviços de saúde rios morros mata cerrada etc Conhecer a realidade da comunidade e planejar como resolver os problemas de saúde com mais eficácia Planejar as visitas de cada dia sem perder tempo Marcar as microáreas de risco Identificar com símbolos situação de risco Identificar com símbolos os grupos prioritários gestantes idosos hipertensos diabéticos pessoas acamadas crianças menores de cinco anos pessoas com deficiência usuário de drogas pessoas com hanseníase pessoas com tuberculose etc O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 45 46 46 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica O seu mapa juntamente com as informações coletadas no cadastramento das famílias vai ajudar toda a equipe no diagnós tico de saúde da área 53 Visita domiciliar A visita domiciliar é a atividade mais importante do proces so de trabalho do agente comunitário de saúde Ao entrar na casa de uma família você entra não somente no espaço físico mas em tudo o que esse espaço representa Nessa casa vive uma família com seus códigos de sobrevivência suas crenças sua cultura e sua própria história A sensibilidadecapacidade de compreender o momento certo e a maneira adequada de se aproximar e estabelecer uma relação de confiança é uma das habilidades mais importantes do ACS Isso lhe ajudará a construir o vínculo necessário ao desenvolvimento das ações de promoção prevenção controle cura e recuperação Muitas vezes o ACS pode ser a melhor companhia de um ido so ou de uma pessoa deprimida sem extrapolar os limites de suas atribuições O ACS pode orientar como trocar a fralda de um bebê e pode ser o amigo e conselheiro A permissão de entrada em uma casa representa algo muito significativo que envolve confiança no ACS e merece todo o respeito É o que poderia ser chamado de procedimento de alta complexidade ou pelo menos de alta delicadeza Entendese por microáreas de risco aqueles espaços dentro de um território que apresentam condições mais favoráveis ao aparecimento de doenças e acidentes Por exemplo área mais propensa à inundação áreas próximas de barreiras ou encostas áreas com esgoto a céu aberto e sem água tratada áreas com maior incidência de crimes e acidentes 47 da pessoa ou da família Nem sempre é fácil separar o lado pes soal do profissional e os limites da relação ACSfamília Isso pode determinar ou reorganizar seu processo de trabalho e a forma como se vincula à família Recomendase que o ACS estabeleça um bom vínculo com a família mas saiba dissociar a sua relação pessoal do seu papel como agente comunitário de saúde Cada família tem uma dinâmica de vida própria e com as modificações na estrutura familiar que vêm ocorrendo nos úl timos tempos fica cada vez mais difícil classificála num mo delo único Essas particularidades ou características próprias fazem com que determinada conduta ou ação por parte dos agentes e equipe de saúde tenha efeitos diferentes ou atinjam de modo distinto com maior ou menor intensidade as diversas famílias assistidas Você na sua função de orientar monitorar esclarecer e ouvir passa a exercer também o papel de educador Assim é fundamental que sejam compreendidas as implicações que isso representa Para ser bem feita a visita domiciliar deve ser planejada Ao planejar utilizase melhor o tempo e respeitase também o tem po das pessoas visitadas Para auxiliar no dia a dia do seu trabalho é importante que você tenha um roteiro de visita domiciliar o que vai ajudar mui to no acompanhamento das famílias da sua área de trabalho Também é recomendável definir o tempo de duração da visita devendo ser adaptada à realidade do momento A pessoa a ser visitada deve ser informada do motivo e da importância da visita Chamálas sempre pelo nome demonstra respeito e interesse por elas Visando um maior vínculo é interessante combinar com a família o melhor horário para realização da visita para não atrapalhar os afazeres da casa O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 47 48 48 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Na primeira visita é indispensável que você diga seu nome fale do seu trabalho o motivo da visita e sempre pergunte se pode ser recebido naquele momento Para o desenvolvimento de um bom trabalho em equipe é fundamental que tanto o ACS quanto os demais profissionais aprendam a interagir com a comunidade sem fazer julgamentos quanto à cultura crenças religiosas situação socioeconômica etnia orientação sexual deficiência física etc Todos os membros da equipe devem respeitar as diferenças entre as pessoas adotando uma postura de escuta tolerância aos princípios e às distintas crenças e valores que não sejam os seus próprios além de atitudes imparciais Após a realização da visita você deve verificar se o objetivo dela foi alcançado e se foram dadas e colhidas as informações ne cessárias Enfim você deve avaliar e corrigir possíveis falhas Esse é um passo muito importante que possibilitará planejar as próxi mas visitas Da mesma forma você deve partilhar com o restante da equipe essa avaliação ex pondo as eventuais dúvidas os anseios as dificuldades sentidas e os êxitos Toda visita deve ser re alizada tendo como base o planejamento da equipe pautado na identificação das necessidades de cada família Pode ser que seja identificada uma situação de risco e isso demandará a rea lização de outras visitas com maior frequência É por meio da visita domiciliar e da sua inserção na comunidade que o agente vai compreendendo a forma de viver os códigos as crenças enfim a dinâmica de vida das famílias por ele acompanhadas A visita domiciliar requer contudo um saberfazer que se aprende no cotidiano mas pode e deve se basear em algumas condutas que demonstrem respeito atenção valorização compromisso e ética 49 Por meio da visita domiciliar é possível Identificar os moradores por faixa etária sexo e raça ressaltando situações como gravidez desnutrição pessoas com deficiência etc Conhecer as condições de moradia e de seu entorno de trabalho os hábitos as crenças e os costumes Conhecer os principais problemas de saúde dos moradores da comunidade Perceber quais as orientações que as pessoas mais precisam ter para cuidar melhor da sua saúde e melhorar sua qualidade de vida Ajudar as pessoas a refletir sobre os hábitos prejudiciais à saúde Identificar as famílias que necessitam de acompanhamento mais frequente ou especial Divulgar e explicar o funcionamento do serviço de saúde e quais as atividades disponíveis Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a população do território de abrangência da unidade de saúde Ensinar medidas de prevenção de doenças e promoção à saúde como os cuidados de higiene com o corpo no preparo dos alimentos com a água de beber e com a casa incluindo o seu entorno Orientar a população quanto ao uso correto dos medicamentos e a verificação da validade deles Alertar quanto aos cuidados especiais com puérperas recémnascidos idosos acamados e pessoas portadoras de deficiências ACS quando você não souber responder a alguma pergunta não se preocupe pois ninguém sabe tudo Diga que vai procurar a resposta e trazêla na próxima visita O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 49 50 50 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Registrar adequadamente as atividades realizadas assim como outros dados relevantes para os sistemas nacionais de informação disponíveis para o âmbito da Atenção Primária à Saúde 54 Trabalhando educação em saúde na comunidade 541 COMO TRABAlhAR EDUCAçãO EM SAÚDE nA COMUniDADE As ações educativas fazem parte do seu dia a dia e têm como objetivo final contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população O desenvolvimento de ações educativas em saúde pode abranger muitos temas em atividades amplas e complexas o que não significa que são ações difíceis de serem desenvolvidas Ocorre por meio do exercício do diálogo e do saber escutar Segundo o educador Paulo Freire 19961 ensinar não é transferir conhecimento mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção O enfoque educativo é um dos elementos fundamentais na qualidade da atenção prestada em saúde Educar é um processo de construção permanente As ações educativas têm início nas visitas domiciliares mas podem ser realizadas em grupo sendo desenvolvidas nos ser viços de saúde e nos diversos espaços sociais existentes na co munidade O trabalho em grupo reforça a ação educativa aos indivíduos A ação educativa é de responsabilidade de toda a equipe Existem diferentes metodologias para se trabalhar com grupos Você e sua equipe devem avaliar a que melhor se adapte às suas disponibilidades e dos demais membros da equipe de tempo e de espaço assim como as características e as necessidades do grupo em questão A linguagem deve ser sempre acessível simples e precisa 1 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa São Paulo Paz e Terra 1996 165 p 51 É importante considerar o conhecimento e experiência dos participantes permitindo a troca de ideias Isso estimula a pes soa a construir um processo decisório autônomo e centrado em seus interesses As ações educativas devem estimular o conhecimento e o cuidado de si mesmo fortalecendo a autoestima a autonomia e também os vínculos de solidariedade comunitária contribuindo para o pleno exercício de poder decidir o melhor para a sua saúde 542 RECOMEnDAçõES gERAiS PARA ATiViDADES EDUCATiVAS Não há fórmula pronta mas há passos que podem facili tar o seu trabalho com grupos Inicialmente devese planejar a reunião definindo objetivos local dia e horário que facilitem a acomodação e a presença de todos É importante garantir as condições de acessibilidade no caso de existir pessoas com defi ciência física na comunidade e pensar estratégias que facilitem a Saber ouvir e acolher o discurso do outro interagindo sem colocar juízo de valor e reconhecer as características pessoais emocionais e culturais das pessoas ou grupo é fundamental para o êxito do trabalho Atividades educativas são momentos de encontro e nesses encontros não há ignorantes absolutos nem sábios absolutos há homens que em comunhão buscam saber mais Paulo Freire O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 51 52 52 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica comunicação no caso de deficiente visual ou auditivo Não se es quecer de providenciar o material que será utilizado durante a ati vidade e se necessário convidar com antecedência alguém para falar sobre algum assunto específico de interesse da comunidade No grupo ao compartilhar dúvidas sentimentos e conhe cimentos as pessoas têm a oportunidade de ter um olhar dife rente das suas dificuldades A forma de trabalhar com o grupo também conhecida como dinâmica de grupo contribui para o indivíduo perceber suas necessidades reconhecer o que sabe e sente estimulando sua participação ativa nos atendimentos in dividuais subsequentes Desenvolver atividades educativas faz parte do processo de trabalho de todos os membros da equipe Para o desenvolvimento de atividades educativas recomendase Divulgar uma etapa que não deve ser esquecida Espalhar a notícia para o maior número de pessoas elaborar cartazes com letras grandes de forma criativa e divulgar a reunião nos lugares mais frequentados da comunidade fazem parte desse processo Realizar dinâmicas que possibilitem a apresentação dos participantes e integração do grupo quebrando a formalidade inicial Apresentar o tema que será discutido permitindo a exposição das necessidades e expectativas de todos A pauta da discussão deve ser flexível podendo ser adaptada às necessidades do momento Estimular a participação de todos Identificar os conhecimentos crenças e valores do grupo bem como os mitos tabus e preconceitos estimulando a reflexão sobre eles A discussão não deve ser influenciada por convicções culturais religiosas ou pessoais 53 Discutir a importância do autoconhecimento e autocuidado que contribuirão para uma melhor qualidade de vida Abordar outros temas segundo o interesse manifestado pelo grupo Facilitar a expressão de sentimentos e dúvidas com naturalidade durante os questionamentos favorecendo o vínculo a confiança e a satisfação das pessoas Neutralizar delicada e firmemente as pessoas que eventualmente queiram monopolizar a reunião pedindo a palavra o tempo todo e a utilizando de forma abusiva além daqueles que só comparecem às reuniões para discutir seus problemas pessoais Utilizar recursos didáticos disponíveis como cartazes recursos audiovisuais bonecos balões etc Ao final da reunião apresentar uma síntese dos assuntos discutidos e os pontoschave abrindo a possibilidade de esclarecimento de dúvidas Entre as habilidades que todo trabalhador de saúde deve buscar desenvolver estão Ter boa capacidade de comunicação Usar linguagem acessível simples e precisa Ser gentil favorecendo o vínculo e uma relação de confiança Acolher o saber e o sentir de todos Ter tolerância aos princípios e às distintas crenças e valores que não sejam os seus próprios A ação ou atividade educativa pode e deve ser realizada por qualquer membro da equipe de saúde Para isso é necessário além dos conhecimentos técnicos habilidade de comunicação e conhecimento das características do grupo ou da população O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 53 54 54 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Sentirse confortável para falar sobre o assunto a ser debatido Ter conhecimentos técnicos Buscar apoio junto a outros profissionais quando não souber responder a alguma pergunta Durante o desenvolvimento da atividade devem ser ofe recidos se possível materiais impressos e explicar a impor tância do acompanhamento contínuo na UBS assim como o funcionamento dos serviços disponíveis Sempre que possível envolver os participantes do grupo no planejamento execução e avaliação dessa atividade edu cativa Isso estimula a participação e o interesse das pessoas na medida em que se sentem capazes envolvidos e responsá veis pelo sucesso do trabalho Nas atividades em grupo é possível que As pessoas que compõem o grupo se conheçam troquem experiências e informações As pessoas sejam estimuladas a participar mais ativamente expondo suas experiências e proporcionando a discussão sobre temas que geralmente são comuns a todos O coordenador do grupo trabalhe as informações ajudando cada um dos participantes a expor suas ideias estimulando o respeito entre os participantes As pessoas reflitam e tomem consciência de seu papel na resolução dos problemas comuns e da necessidade de buscar apoio 55 Quem fica parado esperando que as coisas aconteçam que os problemas sejam resolvidos não muda a situação em que vive não está mobilizado Não está organizado O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 55 56 56 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 55 Participação da comunidade Participação quer dizer tomar parte partilhar trocar ter influência nas decisões e ações Isso significa que você não tra balha sozinho nem a equipe de saúde é a única responsável pelas ações de saúde Você pode participar e auxiliar na organização dos Conse lhos Locais de Saúde e estimular as pessoas da comunidade a participarem de todos os Conselhos de Saúde Você pode tam bém recomendar aos representantes da comunidade a conversa rem com os conselheiros sobre as ações de saúde que já estão sendo desenvolvidas e estratégias para enfretamento dos proble mas que ainda existem Cada pessoa da comunidade sabe alguma coisa sabe fazer alguma coisa e sabe dizer alguma coisa diferente São os saberes os fazeres e os dizeres da comunidade A comunidade funciona quando existe troca de conhecimentos entre todos Cada um tem um jeito de contribuir e toda contribuição deve ser consi derada e valorizada Você tem de estar muito atento a tudo isso A troca de conhecimentos entre as pessoas de uma comunidade faz parte de um processo de educação para a participação em saúde 56 Atuação intersetorial Muitas vezes a resolução de problemas de saúde requer não só empenho por parte de profissionais e gestores de saúde mas também o empenho e contribuição de outros setores Quando se trabalha articuladamente com outros setores da sociedade aumentase a capacidade de oferecer uma resposta mais ade quada às necessidades de saúde da comunidade Por exemplo você pode suspeitar de um caso de maustra tos com uma criança após verificar que há marcas e hematomas Quanto maior a identidade entre o grupo e o educador maior a eficácia do trabalho 57 na pele dela Partilhando esse caso com sua equipe um dos profissionais de saúde verifica no prontuário que a criança é agressiva quando comparece às consultas na unidade e há relato de problemas com o de senvolvimento dela Sentese a necessidade de uma visita à casa daquela família e o auxílio de outros profissionais psicó logo serviço social etc Se constatado algum indício de maus tratos será necessária uma abordagem que extrapole o campo de atuação da saúde com o envolvimento de órgãos de outras áreas como o Conselho Tutelar eou Juizado da Infância A intersetorialidade possibilita que ações de outros setores da sociedade colaborem com o setor saúde para alcançar resultados mais duradouros e sustentáveis E tudo isso pode começar com o seu trabalho ou ser mediado por você Outro exemplo você observa que há crianças da sua comunidade que estão fora da escola Nesse caso é necessária uma articulação com representantes da área da Educação para resolver o problema ação por vezes imprescindível no caso de crianças com necessidades especiais e com deficiência No caso de dúvidas ou desrespeito aos direitos das pesso as com deficiência situações de discriminação exclusão escolar maustratos falta de transporte podem ser contatados os Con selhos de Direitos das Pessoas com Deficiência do município ou do Estado entre outros órgãos Nos casos de desnutrição infantil podese estabelecer con tato com outras instituições e órgãos do governo municipal es tadual e federal como o Centro Regional de Assistência Social Cras ou a Secretaria de Assistência Social do município Ao identificar pessoas que sofrem de alcoolismo entre as famílias que você acompanha além das ações que deverão ser O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 57 58 58 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica desenvolvidas por você e pela equipe é importante que essa pessoa e sua família sejam orientadas a procurar um Grupo de Alcoólicos Anônimos ou outro grupo de apoio que exista em sua comunidade Você com o apoio da sua equi pe de saúde deve estimular ações conjuntas com outros órgãos pú blicos e instituições de preferên cia em acordo com as prioridades elencadas nas reuniões comuni tárias Em determinada comuni dade a prioridade pode ser a im plantação de infraestrutura básica água luz esgoto destino do lixo rampas para cadeiras de rodas sinais sonoros em semáforos para as pes soas com deficiência visual já em outra pode ser a construção de uma unidade de saúde de uma creche co munitária de uma escola a recupe ração de poços pequenas estradas e muitas outras necessidades O Ministério do Desenvolvimento Social coordena o Programa BolsaFamília que visa combater a fome a pobreza as desigualdades promovendo a inclusão social das famílias beneficiárias Por meio do BolsaFamília o governo federal concede mensalmente benefícios em dinheiro para famílias mais necessitadas 59 Faz parte do seu trabalho o acompanhamento de todas as gestantes e crianças menores de sete anos de idade contempladas com o benefício do programa Os compromissos dos beneficiários são Gestante Fazer inscrição do prénatal e comparecer às consultas conforme o preconizado pelo Ministério da Saúde Participar de atividades educativas sobre aleitamento materno orientação para uma alimentação saudável da gestante e preparo para o parto Mãe ou responsável pelas crianças menores de sete anos Levar a criança à unidade de saúde para a realização do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde Participar de atividades educativas sobre aleitamento materno e cuidados gerais com a alimentação e saúde da criança Cumprir o calendário de vacinação da criança de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde As ações de saúde que fazem parte das condicionalidades do Programa BolsaFamília descritas acima são universais ou seja devem ser ofertadas a todas as pessoas que procuram o Sistema Único de Saúde SUS O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 59 6 Planejamento das ações 62 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Já falamos muito sobre planejamento e o que é isso Planejar não é improvisar É preparar e organizar bem o que se irá fazer acompanhar sua execução reformular as decisões já tomadas redirecionar sua execução se necessário e avaliar o resultado ao seu término No acompanhamento da execução das ações verificase se os objetivos pretendidos estão sendo alcançados ou não para poder intervir a tempo de modificar o resultado final alcançando assim seu objetivo Quanto mais complexo for o problema maior é a necessida de de planejar as ações para garantir melhores resultados Existem várias formas de fazer planejamento O centralizado é aquele que não garante a participação social e normalmente não reflete as reais necessidades da população Já no planejamen to participativo garantese a participação da população junto à equipe de saúde discutindo seus problemas e encontrando solu ções A população participa na tomada de decisão assumindo as responsabilidades que lhe cabem As respostas aos problemas identificados devem ser explicitadas a partir da análise e reflexão entre técnicos e população sobre a realidade concreta seus pro blemas suas necessidades e interesses na área de saúde De modo geral o planejamento é um instrumento de gestão que visa promover o desenvolvimento institucional objetivando melhorar a qualidade e efetividade do trabalho desenvolvido No que se refere às ações de saúde o planejamento par ticipativo é o mais adequado na medida em que envolve di versos atoresparticipantes permitindo realizar um diagnóstico mais fidedigno da realidade local A partir daí tornase mais fácil uma atuação mais adequada voltada para a melhoria das condições de saúde com o com prometimento de todos com o trabalho Planejar deve ser uma atitude permanente Planejar bem portanto é condição necessária porém não é suficiente para que as ações de saúde sejam implementadas de forma qualificada gerando benefícios efetivos para a população em geral Você poderá de forma sintonizada com a equipe planejar o seu trabalho dando prioridade para aquelas famílias que neces sitam ser acompanhadas com maior frequência Portanto as famílias em risco e as que pertencem aos grupos prioritá rios precisam ser acompanhadas mais de perto Esse diagnóstico é um pon to de partida para você e sua equipe organizarem o calendário de visitas domiciliares e demais atividades 61 Etapas do planejamento O planejamento pressupõe passos momentos ou etapas bá sicas estabelecidos em uma ordem lógica De forma geral se guemse as seguintes etapas 611 DiAgnóSTiCO É a primeira etapa do plane jamento para quem busca conhe cer as características socioeconô micas culturais e epidemiológicas entre outras As fontes de dados podem ser fichas bem como anotações próprias relatórios livros de atas aplicação de questionário en trevistas dramatização e outras fontes à disposição O diagnóstico se compõe de três momentos específicos levantamento análise e reflexão dos dados e priorização das necessidades Um dos princípios do planejamento participativo é a flexibilidade que permite a reformulação das ações planejadas durante sua execução Planejar executar acompanharmonitorar e avaliar são igualitariamente etapas essenciais para um bom resultado 63 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 63 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 64 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica O diagnóstico da comunida de nada mais é do que uma leitura da realidade local É o momento da identificação dos problemas suas causas e consequências e principais características da co munidade É o momento em que também se buscam explicações para os problemas identificados 612 PlAnO DE AçãO Nesse momento a equipe de saúde grupos e população in teressada definem entre outros problemas identificados aque les que são passíveis de intervenção e que contribuem para a melhoria da saúde da comunidade Devese sempre conhecer a capacidade de realização do trabalho pela equipe e as condições da unidade de saúde Assim evitamse definir objetivos que não têm a execução viável O plano de ação que viermos a estabelecer deve ser bem claro e preciso pois é ele que irá apontar a direção do nosso trabalho 6121 Meta A meta tem como foco o alcance do trabalho A meta esta belece concretamente o que se pretende atingir 6122 Estratégia Na estratégia são definidos os passos a serem seguidos os métodos e as técnicas a serem utilizadas nas atividades e as res ponsabilidades de cada um O diagnóstico vai mostrar também a importância e o valor do seu trabalho porque ele vai descrever como estava a situação de saúde antes e como ficou depois de algum tempo que você iniciou sua atuação o que você conseguiu o que está difícil de melhorar etc 6123 Recursos É o levantamento de tudo que é necessário para realizar a atividade Recursos humanos recursos físicos recursos materiais e recursos financeiros 6124 Cronograma Cronograma e estratégia estão intimamente ligados O cro nograma organiza a estratégia no tempo 613 ExECUçãO Implica operacionalização do plano de ação ou seja colocar em prática o que foi planejado 614 ACOMPAnhAMEnTO E AVAliAçãO A avaliação deve acompanhar todas as fases do planejamen to Quando realizada após a execução identifica os resultados alcançados e fornece auxílio para a reprogramação das ações além de indicar a necessidade de novo diagnóstico ou reformu lação do já existente 65 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 65 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 7 Ferramentas de trabalho 68 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Todas as informações que você ACS conseguir sobre a co munidade ajudará na organização do seu trabalho Algumas dessas informações você vai anotar em fichas próprias para com por o Sistema de Informação da Atenção Básica Siab Você vai utilizar quatro fichas Ficha A cadastramento das famílias que em seguida será discutida e orientado quanto ao seu preenchimento Ficha B acompanhamento de gestantes Ficha C Cartão da Criança e Ficha D registro das atividades diárias do ACS 71 Orientações para preenchimento da ficha de cadastramento Ficha A As anotações na ficha devem ser feitas de preferência a lá pis pois se você errar ou necessitar atualizar é só apagar Agora repare bem na parte de cima da ficha de cadastro Algumas coisas que você não pode se esquecer Quando você for fazer o cadastramento das famílias é importante ler novamente as instruções da visita domiciliar Cada família deve ter um só formulário preenchido Não importa o número de pessoas na casa As informações que você conseguir serão úteis para planejar o seu trabalho na organização das visitas domiciliares das atividades de educação em saúde reuniões comunitárias e de outras atividades A ficha de cadastramento deve ficar com você que a levará a cada mês à unidade de saúde para junto com sua equipe organizar as informações e planejar o seu trabalho Anote em seu caderno qualquer outra informação sobre a família que você considerar importante para discutir com sua equipe 68 No alto à esquerda está identificada a Ficha A Depois vem a referência à Secretaria Municipal de Saúde e ao Siab siste ma de informação nacional que constitui ferramenta importante para monitoramento da Estratégia Saúde da Família para juntar todas as informações de saúde das microáreas dos municípios brasileiros onde atuam os agentes comunitários de saúde Assim as informações registradas na Ficha A vão para a Secretaria de Saúde do município desta para a Secretaria de Saúde do Estado e posteriormente para o Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde É uma forma de o governo federal saber a realidade da saúde das pessoas nos municípios brasileiros e ter mais subsídios para fortalecer a Política Nacional de Atenção Bá sica E tudo isso começa com o seu trabalho No canto direito da ficha ao lado das letras UF Unidade da Federação há dois quadrinhos que devem ser preenchidos com as duas letras referentes à sigla do Estado Por exemplo PB para Paraíba MG para Minas Gerais PE para Pernambuco GO para Goiás RS para Rio Grande do Sul BA para Bahia e assim por diante Logo abaixo você encontra espaço para escrever o en dereço da família com o nome da rua ou avenida praça beco estrada fazenda ou qualquer que seja a denominação o número da casa o bairro e o CEP que é a sigla para Código de Endereçamento Postal Na linha de baixo estão os espaços que devem ser preenchi dos com números fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geogra fia e Estatística IBGE o código do município pela Secretaria Municipal de Saúde segmento e área ou pela equipe de saúde microárea A equipe de saúde vai lhe ajudar a encontrar esses números e explicar o que eles significam Depois estão os três quadrinhos para o próprio agente comunitário de saúde registrar o número da família na ficha 69 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 70 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica A primeira família será a de número 001 a décima será 010 a décima terceira será 013 a centésima será 100 e assim por diante Por fim o espaço para a data onde o ACS deve colo car o dia o mês e o ano em que está sendo feito o cadastra mento daquela família Vamos agora continuar a orientação para preencher o ca dastro da família Abaixo da palavra nome há uma linha reservada para cada pessoa da casa inclusive os empregados que moram ali que tenha 15 anos ou mais À direita na continuação de cada linha estão os espaços campos para dizer o dia mês e ano do nascimento a idade e o sexo de cada pessoa M para mas culino F para feminino Caso não tenha informação sobre a data do nascimento anotar a idade que a pessoa diz ter O quadro alfabetizado é para informar se a pessoa sabe ler e escrever ou não Não é alfabetizada a pessoa que só sabe escrever o nome Se é alfabetizada um X na coluna sim Se não é alfabetizada um X na coluna não Para ser conside rada alfabetizada ela deve saber escrever um bilhete simples Depois vem o espaço para informar a ocupação de cada um É muito importante que se registre com cuidado essa informa ção Ocupação é o tipo de trabalho que a pessoa faz Se a pes soa estiver de férias licença ou afastada temporariamente do trabalho você deve anotar a ocupação mesmo assim O trabalho doméstico é uma ocupação mesmo que não seja remunerado Se a pessoa tiver mais de uma ocupação registre aquela a que ela dedica mais horas de trabalho Será considerada desempregada a pessoa que foi desligada do emprego e não está fazendo qualquer atividade como pres tação de serviços a terceiros bicos etc 70 70 Por fim vem o quadro para registrar o tipo de doença ou condições em que se encontra a pessoa Você não deve solicitar comprovação de diagnóstico e não deve registrar os casos que foram tratados e já alcançaram cura ATENÇÃO a família além de referir doenças pode e deve referir condições em que as pessoas se encontram como alcoolismo deficiência física ou mental dependência física idosos acamados dependência de drogas etc Nesses casos é muito importante que você anote com cuidado a condição referida É interessante que você saiba o que se considera deficiência para saber melhor como anotar essa condição das pessoas Deficiência é o defeito ou condição física ou mental de duração longa ou permanente que de alguma forma dificulta ou impede uma pessoa de realizar determinadas atividades cotidianas escolares de trabalho ou de lazer Isso inclui desde situações em que o indivíduo consegue realizar sozinho todas as atividades de que necessita porém com dificuldade ou por meio de adaptações até aquelas em que o indivíduo sempre precisa de ajuda nos cuidados pessoais e outras atividades A segunda parte do cadastro é para a identificação de pes soas de 0 a 14 anos 11 meses e 29 dias isto é pessoas com menos de 15 anos Os campos para nome data de nascimento idade e sexo devem ser preenchidos como no primeiro quadro de pessoas com 15 anos e mais No campo destinado a informar se frequen ta a escola marcar com um X se ela está indo ou não à escola Se ela estiver de férias mas for continuar os estudos no período seguinte marcar o X para sim Anotar a ocupação de crianças e adolescentes é importante no cadastramento pois irá ajudar a equipe de saúde a procurar 71 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 72 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica as autoridades competentes sobre os direitos da criança e do adolescente para medidas que possam protegêlos contra vio lência e exploração Veja a situação descrita que serve de exemplo A família cadastrada na Ficha A é a família do sr Nelson que é composta de sete pessoas ele a esposa três filhos D Um belina sua mãe e Ana Rosa empregada doméstica que mora com eles O ACS registrou na ficha os dados de idade sexo escolari dade ocupação e ocorrência de doenças ou condições referidas de todas as pessoas da família A data de nascimento de D Umbelina não foi anotada porque ela não sabia informar Mas sabia que tinha mais ou menos 63 anos Então o ACS anotou no campo idade o número 63 Cristina tem sete meses menos de um ano de idade Assim o ACS registrou 0 zero Agora que você já sabe como preencher a frente da ficha va mos aprender a parte de trás o verso da ficha Os campos do verso da Ficha A servem para caracterizar a situação de moradia e saneamento e outras informações importantes acerca da família 72 Repare que há um quadrado para o tipo de casa com qua drinhos para assinalar com X o material usado na construção Se o material não é nenhum dos referidos você tem um es paço para explicar o que foi usado na construção da moradia É ali onde está escrito outro especificar Logo abaixo você tem onde informar o número de cô modos Uma casa com quarto sala banheiro e cozinha tem quatro cômodos Se só há um quarto e uma cozinha são dois cômodos Atenção para o que não é considerado cô modo corredor alpendre varanda aberta e outros espaços que pertencem a casa mas que são utilizados mais como área de circulação Abaixo deve ser informado se a casa tem energia elétrica mesmo que a instalação não seja regularizada Em seguida o destino do lixo No lado direito da ficha estão os quadros para informar sobre o tratamento da água na casa a origem do abasteci mento da água utilizada e qual o destino das fezes e urina 73 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 74 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Na metade de baixo da ficha estão os quadros para outras informações Primeiro há um quadrinho sim ou não para dizer se alguém da família possui plano de saúde e outro para infor mar quantas pessoas são cobertas pelo plano Logo abaixo exis tem quadrinhos para cada letra do nome do plano Depois você deve anotar que tipo de socorro aquela famí lia está acostumada a procurar em caso de doença e quais os meios de comunicação mais utilizados na casa À direita estão os quadros para anotar se aquela família participa de grupos comunitários e para informar que meios de transporte mais utiliza Para completar vem o espaço para você escrever as ob servações que considerar importantes a respeito da saúde da quela família 74 72 Cadastramento e acompanhamento da Ficha B Na Ficha BGES o ACS cadastra e acompanha mensalmen te o estado de saúde das gestantes A cada visita os dados da gestante devem ser atualizados nessa ficha que deve ficar de posse do ACS sendo discutida mensalmente com o enfermeiro instrutorsupervisor A Ficha BHA serve para o cadastramento e acompanha mento mensal dos hipertensos Atenção só devem ser cadastradas as pessoas com diag nóstico médico estabelecido Os casos suspeitos referência de hipertensão ou pressão arterial acima dos padrões de normalidade devem ser enca minhados imediatamente à Unidade Básica de Saúde para re alização de consulta médica Só após esse procedimento com 75 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 76 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica o diagnóstico médico estabelecido é que o ACS cadastra e acompanha o hipertenso A Ficha BDIA serve para o cadastramento e acompanha mento mensal dos diabéticos Atenção só devem ser cadastradas as pessoas com diag nóstico médico estabelecido Os casos suspeitos referência de diabetes devem ser en caminhados à Unidade Básica de Saúde para realização de consulta médica Só após esse procedimento é que o ACS ca dastra e acompanha o diabético Os casos de diabetes gesta cional não devem ser cadastrados nessa ficha A Ficha BTB serve para o cadastramento e acompanhamen to mensal de pessoas com tuberculose A cada visita os dados dessa ficha devem ser atualizados Ela fica de posse do ACS e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro instrutorsupervisor A Ficha BHAN serve para o cadastramento e acompanha mento mensal de pessoas com hanseníase Assim como na ficha B da gestante o ACS deve atualizar os dados específicos de cada ficha a cada visita realizada por ele Esta ficha permanece com o ACS pois é de sua responsabilidade e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro instrutorsupervisor Devese lembrar que sempre ao se cadastrar um caso novo seja de gestante hipertenso diabético seja de pacientes com tuberculose ou hanseníase o agente comunitário de saúde deve discutir com o enfermeiro instrutorsupervisor solicitando auxílio para o preenchimento e acompanhamento deles 77 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 78 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 73 Orientações para preenchimento da Ficha C cópia das informações pertinentes da Caderneta da Criança Ficha C é o instrumento utilizado para o acompanha mento da criança A Ficha C é uma cópia das informações per tinentes da Caderneta da Criança padronizada pelo Ministé rio da Saúde e utilizada pelos diversos serviços de saúde Essa Caderneta é produzida em dois modelos distintos um para a criança de sexo masculino e outro para a criança de sexo fe minino Toda família que tenha uma criança menor de cinco anos deve possuir essa caderneta que servirá como fonte de dados que serão coletados pelos ACS O ACS deverá transcrever para o seu cartão sombracartão espelho os dados registrados na Caderneta da Criança Caso a família não a tenha o ACS deverá preencher o car tão sombra com base nas informações referidas e orientar a família a procurar a unidade de saúde em que realizou as vacinas para providenciar a 2ª via No Guia Prático do ACS você encontra as informações so bre esquema vacinal da criança e sobre o correto preenchimento das curvas de crescimento 74 Orientações para preenchimento da Ficha D registro de atividades procedimentos e notificações A Ficha D é utilizada por todos os profissionais da equipe de saúde Cada profissional entrega uma Ficha D preenchida ao final do mês O preenchimento desse instrumento deve ser diá rio considerandose os dias efetivos de trabalho em cada mês O primeiro quadro da ficha onde estão os espaços para município segmento unidade etc será preenchido pelo ACS com a ajuda do enfermeiro de sua unidade de saúde que é o reponsável pelo seu trabalho e que realizará a orientação e a supervisão 79 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 80 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Como a ficha é única para todos os profissionais o ACS só irá anotar o que é específico do seu trabalho que está no verso da Ficha D No quadro destinado a informar sobre os Procedimen tos você vai registrar nas duas últimas linhas Reuniões e Visita Domiciliar Reuniões você vai registrar o número de reuniões re alizadas por você que contaram com a participação de 10 ou mais pessoas com duração mínima de 30 minutos e com o objetivo de disseminar informações discutir estratégias de superação de problemas de saúde ou de contribuir para a organização comunitária Visita domiciliar você vai registrar todas as visitas domici liares que você realizou qualquer que seja a finalidade Logo no início do quadro Notificações há três linhas onde você deve anotar as notificações feitas por você sobre as crianças menores de dois anos que tiveram diarreia e infecções respiratórias agudas 80 2a Menores de dois anos que tiveram diarreia regis trar o número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram um ou mais episódios de diarreia nos 15 dias anteriores à visita domiciliar 2a Menores de dois anos que tiveram diarreia e usa ram terapia de reidratação oral TRO registrar o número de crianças com idade de até 23 meses e 29 dias que tiveram diarreia nos 15 dias anteriores à visita domiciliar e usaram so lução de reidratação oral soro caseiro ou soro de reidratação oral SRO distribuído pela Unidade de Saúde ou comprados na farmácia Não anotar as crianças que utilizaram somente chás sucos ou outros líquidos 2a Menores de dois anos que tiveram infecção respi ratória aguda registrar o número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram infecção respiratória aguda nos 15 dias anteriores à visita domiciliar Hospitalizações você deve preencher esse quadro cada vez que tomar conhecimento de qualquer caso de hospitali zação de pessoas da comunidade onde você atua no mês de referência ou no mês anterior Data registre dia e mês da hospitalização 81 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 82 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Nome anote o nome completo da pessoa que foi hos pitalizada Endereço anote o endereço completo da pessoa que foi hospitalizada Sexo marque F para feminino e M para masculino Idade anote a idade em anos completos Se a pessoa for menor de um ano registrar a idade em meses Causa registre a causa da hospitalização informada pela família ou obtida por meio de laudos médicos Nome do hospital anote o nome do hospital onde a pessoa foi internada Veja uma situação que serve de exemplo Valéria agente comunitária de saúde ao realizar as visitas do miciliares no mês de outubro soube da ocorrência de três inter nações na sua microárea A primeira de dona Marta Pereira de Alencar ocorreu no mês de setembro em data posterior à visita que a ACS realizou à família de dona Marta devendo ser então registrada na ficha de outubro Os outros dois casos ocorreram ainda no mês de outubro Observe como o exemplo foi registra do na ficha Óbitos você deve anotar todo óbito ocorrido no mês de refe rência e no anterior Data registrar dia e mês da ocorrência do óbito 82 Nome anote o nome completo da pessoa que faleceu Endereço anote o endereço completo da pessoa que faleceu Sexo marque F para feminino e marque M para masculino Idade anote a idade em anos completos Se a pessoa for me nor de um ano registre a sua idade em meses Causa registre a causa do óbito segundo as informações da família ou obtida por meio de atestado de óbito Acreditamos que com esta publicação e com o Guia Prático do Agente Comunitário de Saúde você ACS terá mais facilidade em realizar o seu trabalho 83 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE Disque Saúde 0800 61 1997 Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde wwwsaudegovbrbvs
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Texto de pré-visualização
MINISTÉRIO DA SAÚDE Brasília DF 2009 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE Série F Comunicação e Educação em Saúde Brasília DF 2009 2009 Ministério da Saúde Todos os direitos reservados É permitida a reprodução parcial ou total desta obra desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde httpwwwsaudegovbrbvs Série F Comunicação e Educação em Saúde Tiragem 1ª edição 2009 235000 exemplares Elaboração distribuição e informações MiniSTÉrio dA SAúdE Secretaria de Atenção à Saúde departamento e Atenção Básica Edifício Premium SAF Sul Quadra 2 Lote 56 Bloco ii Subsolo Brasília dF 70070600 Tel 61330680448090 Fax 6133068028 Home page wwwsaudegovbrdab Email dabsaudegovbr Supervisão Geral Claunara Schilling Mendonça Coordenação Técnica nulvio Lermen Junior Coordenação Geral Aline Azevedo da Silva Lauda Baptista Barbosa Bezerra de Melo Revisão Técnica Ana Lúcia da Costa Maciel Joseane Prestes de Souza Lainerlani Simoura de Almeida Thaís Severino da Silva Elaboração Técnica Aline Azevedo da Silva Lauda Baptista Barbosa Bezerra de Melo Colaboração Coordenação de Gestão da Atenção BásicadAB Antônio Garcia reis Jr Carmem Lucia de Simoni Charleni inês Scherer Cristiano Busato izabeth Cristina Campos da Silva Farias Paulo Morais raimunda nonata Mesquita Formiga Stefanie Kulpa departamento de Saúde indígenaFunasa Edgard Magalhães raimunda nonata Carlos Ferreira departamento de Ações Programáticas e EstratégicasdAPE Erika Pisaneschi Coordenação da Saúde da Pessoa com deficiência Maria Alice Correia Pedotti Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida Projeto gráfico e Diagramação Eward Siqueira Bonasser Junior Ficha Catalográfica impresso no Brasil Printed in Brazil Brasil Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde departamento de Atenção Básica o trabalho do agente comunitário de saúde Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde departamento de Atenção Básica Brasília Ministério da Saúde 2009 84 p il Série F Comunicação e Educação em Saúde iSBn 9788533416284 1 Agente comunitário de saúde ACS 2 Atenção básica 3 Educação em saúde i Título ii Série CdU 616051 Catalogação na fonte CoordenaçãoGeral de documentação e informação Editora MS 20090315 Títulos para indexação Em inglês The work of the community health agent Em espanhol El trabajo del agente comunitario de salud Apresentação5 1 De onde vem o SUS 7 11 Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde SUS 10 2 Atenção Primária à Saúde 15 3 APSSaúde da Família 19 4 Agente comunitário de saúde você é um agente de mudanças 23 41 Detalhando um pouco mais as suas ações 26 5 O processo de trabalho do ACS e o desafio de trabalhar em equipe 31 51 Cadastramento das famílias 39 511 Dando um exemplo 42 52 Mapeamento da área de atuação 43 53 Visita domiciliar 46 54 Trabalhando educação em saúde na comunidade 50 541 Como trabalhar educação em saúde na comunidade 50 542 Recomendações gerais para atividades educativas 51 55 Participação da comunidade 56 56 Atuação intersetorial 56 6 Planejamento das ações 61 61 Etapas do planejamento 63 611 Diagnóstico 63 612 Plano de ação 64 613 Execução 65 614 Acompanhamento e avaliação65 7 Ferramentas de trabalho 67 71 Orientações para preenchimento da ficha de cadastramento Ficha A 68 72 Cadastramento e acompanhamento da Ficha B 75 73 Orientações para preenchimento da Ficha C cópia das informações pertinentes da Caderneta da Criança 78 74 Orientações para preenchimento da Ficha D registro de atividades procedimentos e notificações 79 5 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 5 O agente comunitário de saúde ACS é um personagem muito importante na implementação do Sistema Único de Saúde fortalecendo a integração en tre os serviços de saúde da Atenção Primária à Saúde e a comunidade No Brasil atualmente mais de 200 mil agentes comunitários de saúde estão em atuação contribuin do para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com ações de pro moção e vigilância em saúde O Ministério da Saúde reconhece que o processo de qualificação dos agentes deve ser permanente Nesse sentido apresenta esta publicação com in formações gerais sobre o trabalho do agente que juntamente com o Guia Prático do ACS irá ajudálo no melhor desenvolvimento de suas ações A todos os agentes comuitários de saúde desejamos sucesso na tarefa de acompanhar os milhares de famílias brasileiras 1 De onde vem o SUS 2 Atenção Primária à Saúde 8 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 8 O Sistema Único de Saúde SUS foi criado pela Constitui ção Federal de 1988 para que toda a população brasileira tenha acesso ao atendimento público de saúde Anteriormente a assis tência médica estava a cargo do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social Inamps ficando restrita às pesso as que contribuíssem com a previdência social As demais eram atendidas apenas em serviços filantrópicos A Constituição Federal é a lei maior de um país superior a todas as outras leis Em 1988 o Brasil promulgou a sua 7ª Cons tituição também chamada de Constituição Cidadã pois na sua elaboração houve ampla participação popular e especialmente porque ela é voltada para a plena realização da cidadania É a lei que tem por finalidade máxima construir as condições políticas econômicas sociais e culturais que assegurem a concretização ou efetividade dos direitos humanos num regime de justiça social A Constituição Brasileira de 1988 preocupouse com a cidadania do povo brasileiro e se refere diretamente aos direitos sociais como o direito à educação à saúde ao trabalho ao lazer e à aprendizagem Em relação à saúde a Constituição apresenta cinco artigos os de nº 196 a 200 O artigo 1961 diz que 1 A saúde é direito de todos 2 O direito à saúde deve ser garantido pelo Estado Aqui devese enten der Estado como Poder Público governo federal governos estaduais o governo do Distrito Federal e os governos municipais 3 Esse direito deve ser garantido mediante políticas sociais e econômicas com acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção proteção e recuperação e para reduzir o risco de doença e de outros agravos 1 BRASIL Constituição 1988 Constituição da República Federativa do Brasil Brasília Senado Federal 2005 9 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 9 Políticas sociais e econômicas são aquelas que vão contribuir para que o cidadão possa ter com dignidade moradia alimen tação habitação educação lazer cultura serviços de saúde e meio ambiente saudável Conforme está expresso na Constituição a saúde não está unicamente relacionada à ausência de doença Ela é determi nada pelo modo que vivemos pelo acesso a bens e consumo à informação à educação ao saneamento pelo estilo de vida nossos hábitos a nossa maneira de viver nossas escolhas Isso significa dizer que a saúde é determinada socialmente O artigo 198 da Constituição define que as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquiza da e devem constituir um siste ma único organizado de acor do com as seguintes diretrizes 1 Descentralização com direção única em cada esfera de governo 2 Atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas sem prejuízo dos serviços assistenciais 3 Participação da comunidade Em dezembro de 1990 o artigo 198 da Constituição Fe deral foi regulamentado pela Lei nº 8080 que é conhecida como Lei Orgânica de Saúde ou Lei do Sistema Único de Saúde SUS Essa lei estabelece como Portanto para se falar em saúde temos que pensar Na moradia Nas condições de trabalho Na educação No modo como nos divertimos Na alimentação Na organização dos serviços de saúde Na preservação dos recursos naturais e do meio ambiente mares rios lagos florestas etc Na valorização das culturas locais Na participação popular No dever do governo de melhorar as condições de vida do povo 10 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 10 deve funcionar o sistema de saúde em todo o território nacional e define quem é o gestor em cada esfera de governo No âmbito nacional o Ministro da Saúde no estadual o Secretário Estadual de Saúde no Distrito FederalDF o Secretário de Saúde do DF e no município o Secretário Municipal de Saúde As competências e res ponsabilidades de cada gestor também foram definidas Outra condição expressa no artigo 198 é a partici pação popular que foi detalhada posteriormente pela Lei nº 8142 de dezembro de 1990 Apesar de ser um sistema de ser viços de saúde em construção com problemas a serem resolvidos e desafios a serem enfrentados para a concretização dos seus princípios e diretrizes o SUS é uma realidade Faz parte do processo de construção a organiza ção e a reorganização do modelo de atenção à saúde isto é a forma de organizar a prestação de serviços e as ações de saúde para atender às necessidades e deman das da população contribuindo assim para a solução dos seus problemas de saúde Ao SUS cabe a tarefa de promover e proteger a saúde como direito de todos e dever do Estado garantindo atenção contínua e com qualidade aos indivíduos e às coletividades de acordo com as diferentes necessidades 11 Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde SUS Para o cumprimento da tarefa de promover e proteger a saúde o SUS precisa se organizar conforme alguns princípios previstos no artigo 198 da Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 80801990 em que destacamos 11 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 11 Universalidade significa que o SUS deve atender a todos sem distinções ou restrições oferecendo toda a atenção neces sária sem qualquer custo Todos os cidadãos têm direito a con sultas exames internações e tratamentos nos serviços de saúde públicos ou privados contratados pelo gestor público A universalidade é princípio fundamental das mudanças previs tas pelo SUS pois garante a todos os brasileiros o direito à saúde Integralidade pelo princípio da integralidade o SUS deve se organizar de forma que garanta a oferta necessária aos indi víduos e à coletividade independentemente das condições eco nômicas da idade do local de moradia e outros com ações e serviços de promoção à saúde prevenção de doenças tratamento e reabilitação A integralidade não ocorre apenas em um único local mas no sistema como um todo e só será alcançada como resultado do trabalho integrado e solidário dos gestores e traba lhadores da saúde com seus múltiplos saberes e práticas assim como da articulação entre os diversos serviços de saúde Equidade o SUS deve disponibilizar serviços que promo vam a justiça social que canalizem maior atenção aos que mais necessitam diferenciando as necessidades de cada um Na organização da atenção à saúde no SUS a equidade tra duzse no tratamento desigual aos desiguais devendo o sistema investir mais onde e para quem as necessidades forem maiores A equidade é portanto um princípio de justiça social cujo obje tivo é diminuir desigualdades Participação da comunidade é o princípio que prevê a organização e a participação da comunidade na gestão do SUS Essa participação ocorre de maneira oficial por meio dos Conselhos e Conferências de Saúde na esfera nacional esta dual e municipal O Conselho de Saúde é um colegiado perma nente e deve estar representado de forma paritária ou seja com 12 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 12 uma maioria dos representantes dos usuários 50 mas também com os trabalhadores 25 gestores e pres tadores de serviços 25 Sua função é formular estratégias para o enfren tamento dos problemas de saúde controlar a execução das políticas de saúde e observar os aspectos financei ros e econômicos do setor possuindo portanto caráter deliberativo A Conferência de Saúde se reúne a cada quatro anos com a representa ção dos vários segmentos sociais para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde É convocada pelo Poder Executivo Ministério da Saúde Secretaria Estadual ou Municipal de Saúde ou extraordinariamente pela própria Conferência ou pelo Conselho de Saúde Descentralização esse princípio define que o sistema de saúde se organize tendo uma única direção com um único ges tor em cada esfera de governo No âmbito nacional o gestor do SUS é o Ministro da Saúde no estadual o Secretário Estadual de Saúde no Distrito FederalDF o Secretário de Saúde do DF e no município o Secretário Municipal de Saúde Cada gestor em cada esfera de governo tem atribuições comuns e compe tências específicas O município tem papel de destaque pois é lá onde as pessoas moram e onde as coisas acontecem Em um primei ro momento a descentralização resultou na responsabilização dos municípios pela organização da oferta de todas as ações e serviços de saúde Com o passar do tempo após experiências de implantação percebeuse que nem todo município dadas A participação da comunidade por meio dos Conselhos e Conferências permite sua intervenção na gestão da saúde Os cidadãos podem discutir e direcionar os serviços públicos para atender aos seus interesses Isso é o controle social 13 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 13 suas características sociais demográficas e geográficas compor tariam assumir a oferta de todas as ações de saúde e que há situações que devem ser tratadas no nível estadual ou nacional como é o caso da política de transplantes Com o fim de atender às necessárias redefinições de papéis e atribuições das três esferas de gestão municípios Estados e União resultantes da implementação do SUS houve um pro cesso evolutivo de adaptação a esses novos papéis traduzidos nas Normas Operacionais de Assistência à Saúde NOAS 0101 e NOAS 0102 Mais recentemente as referidas Normas formam substituídas por uma nova lógica de pactuação onde cada esfera tem seu papel a ser desempenhado definido no chamado Pac to pela Saúde Regionalização orienta a descentralização das ações e serviços de saúde além de favorecer a pactuação entre os gesto res considerando suas responsabilidades Tem como objetivo ga rantir o direito à saúde da população reduzindo desigualdades sociais e territoriais Hierarquização é uma forma de organizar os serviços e ações para atender às diferentes necessidades de saúde da popu lação Dessa forma têmse serviços voltados para o atendimento das necessidades mais comuns e frequentes desenvolvidas nos serviços de Atenção Primária à Saúde com ou sem equipes de Saúde da Família A maioria das necessidades em saúde da po pulação é resolvida nesses serviços Algumas situações porém necessitam de serviços com equipamentos e profissionais com outro potencial de resolução Citamos como exemplo as mater nidades as policlínicas os prontossocorros hospitais além de outros serviços classificados como de média e alta complexidade necessários para situações mais graves 14 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 14 Esses diferentes serviços devem possuir canais de comunica ção e se relacionar de maneira que seja garantido o acesso a to dos conforme a necessidade do caso regulado por um eficiente sistema de regulação Todas as pessoas têm direito à saúde mas é importante lem brar que elas possuem necessidades diferentes Para que se faça justiça social é necessário um olhar diferenciado por meio da organização da oferta e acesso aos serviços e ações de saúde aos mais necessitados para que sejam minimizados os efeitos das desigualdades sociais O SUS determina que a saúde é um direito humano funda mental e é uma conquista do povo brasileiro 16 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica A Atenção Primária à Saúde APS também conhe cida no Brasil como Atenção Básica AB da qual a Estra tégia Saúde da Família é a ex pressão que ganha corpo no Brasil é caracterizada pelo desenvolvimento de um con junto de ações de promoção e proteção da saúde preven ção de agravos diagnóstico tratamento reabilitação e manutenção da saúde Essas ações desenvolvi das por uma equipe de saúde são dirigidas a cada pessoa às famílias e à coletividade ou conjunto de pessoas de um determinado território Bem estruturada e organizada a Atenção Primá ria à Saúde APS resolve os problemas de saúde mais co munsfrequentes da população reduz os danos ou sofri mentos e contribui para uma melhor qualidade de vida das pessoas acompanhadas Além dos princípios e diretrizes do SUS a APS orientase tam bém pelos princípios da acessibilidade vínculo continuidade do cuidado longitudinalidade responsabilização humanização par ticipação social e coordenação do cuidado Possibilita uma relação de longa duração entre a equipe de saúde e os usuários indepen dentemente da presença ou ausência de problemas de saúde o que chamamos de atenção longitudinal O foco da atenção é a pessoa e não a doença Ao longo do tempo os usuários e a equipe passam a se co nhecer melhor fortalecendo a relação de vínculo que depende de movimentos tanto dos usuários quanto da equipe Ações de promoção à saúde são aquelas que vão contribuir para proporcionar autonomia ao indivíduo e à família com informações que os tornem capazes de escolher comportamentos que vão favorecer a sua saúde relacionadas ao modo de viver condições de trabalho educação lazer e cultura Reabilitação ações que contribuem para a redução de incapacidades e deficiências com o objetivo de melhorar a qualidade de vida A base do vínculo é o compromisso do profissional com a saúde daqueles que o procuram Para o usuário existirá vínculo quando ele perceber que a equipe contribui para a melhoria da sua saúde e da sua qualidade de vida Há situações que podem ser facilitadoras ou dificultadoras Um bom exemplo disso pode ser o horário e dias de atendimento da Unidade Básica de Saúde UBS a sua localização ter ou não acesso facilitado para pesso as com deficiência física entre outras coisas As ações e serviços de saúde devem ser pautados pelo prin cípio da humanização o que significa dizer que as questões de gênero feminino e masculino crença cultura preferência po lítica etnia raça orientação sexual populações específicas ín dios quilombolas ribeirinhos etc precisam ser respeitadas e consideradas na organização das práticas de saúde Significa di zer que essas práticas devem estar relacionadas ao compromisso com os direitos do cidadão O acolhimento é uma das formas de concretizar esse princípio e se caracteriza como um modo de agir que dá atenção a todos que procuram os serviços não só ouvindo suas necessidades mas percebendo aquilo que muitas vezes não é dito O acolhimento não está restrito a um espaço ou local É uma postura ética Não pressupõe hora ou um profissional específico para fazêlo impli ca compartilhamento de saberes necessidades O vínculo ocorre quando esses dois movimentos se encontram o usuário na busca do cuidado e o profissional se encarregando por esse cuidado 17 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 17 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 18 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica possibilidades angústias ou formas alternativas para o en frentamento dos problemas O ACS tem um papel im portante no acolhimento pois é um membro da equipe que faz parte da comunidade o que ajuda a criar confiança e víncu lo facilitando o contato direto com a equipe A APS tem a capacidade de resolver grande parte dos pro blemas de saúde da população mas em algumas situações ha verá a necessidade de referenciar seus usuários a outros serviços de saúde Mesmo nesses momentos a APS tem um importante papel ao desempenhar a função de coordenação do cuidado que é entendido como a capacidade de responsabilizarse pelo usuário saber o que está acontecendo com ele e apoiálo mesmo quando este está sendo acompanhado em outros ser viços de saúde É na APS em que acontece o trabalho do agente comunitá rio de saúde ACS Para refletir ACS como você pode tornar seu trabalho mais humanizado Você consegue identificar o que pode estar dificultando ou facilitando o acesso do usuário à unidade de saúde em que você trabalha 20 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica O Ministério da Saúde de finiu a Saúde da Família como estratégia prioritária para a or ganização e fortalecimento da APS no País Por meio dessa estraté gia a atenção à saúde é fei ta por uma equipe composta por profissionais de diferentes categorias multidisciplinar trabalhando de forma articulada in terdisciplinar que considera as pessoas como um todo levando em conta suas condições de trabalho de moradia suas relações com a família e com a comunidade Cada equipe é composta minimamente por um médico um enfermeiro um auxiliar de enfermagem ou técnico de enfer magem e ACS cujo total não deve ultrapassar a 12 Essa equipe pode ser ampliada com a incorporação de profissionais de Odon tologia cirurgiãodentista auxiliar de saúde bucal eou técnico em saúde bucal Cabe ao gestor municipal a decisão de incluir ou não outros profissionais às equipes Além disso com o objetivo de ampliar a abrangência das ações da APS bem como sua capacidade de resolução dos pro blemas de saúde foram criados em 2008 os Núcleos de Apoio à Saúde da Família Nasf Eles podem ser constituídos por equipes compostas por profissionais de diversas áreas do conhecimento nutricionista psicólogo farmacêutico assistente social fisiotera peuta terapeuta ocupacional fonoaudiólogo médico acupuntu rista médico ginecologista médico homeopata médico pediatra e médico psiquiatra que devem atuar em parceria com os profis sionais das eSF Logo é importante que você agente saiba se sua equipe está vinculada a algum Nasf e em caso positivo como se dá a articulação entre a sua eSF e este Nasf A rotina de trabalho das equipes inclui o conhecimento do território e da população da dinâmica familiar e social que são ferramentas valiosas para o planejamento o acompanhamento e a avaliação das ações desenvolvidas É necessário que exista entre a comunidade e os profissionais de saúde relação de confiança atenção e respeito Essa relação é uma das principais características da reorganização do processo de trabalho por meio da Saúde da Família e se dá na medida em que os usuários têm suas necessidades de saúde atendidas A população sob responsabilidade da equipe deve ser ca dastrada e acompanhada entendendose suas necessidades de saúde como resultado também das condições sociais ambientais e econômicas em que vive Equipe e famílias devem compartilhar responsabi lidades pela saúde Isso é particularmente importante na adequação das ações de saúde às necessidades da população e é uma forma de controle social e partici pação popular A participação popular e o controle social devem ser estimulados na ação cotidiana dos profissionais que atuam na APS Muito mais do que apenas o cumprimento da lei a Estratégia Saúde da Família tem uma profunda identidade de propósitos com a defesa da participação popular particularmente na adequação das ações de saúde às necessidades da população 21 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 21 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 21 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 4 Agente comunitário de saúde você é um agente de mudanças 3 APSSaúde da Família 24 24 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Seu trabalho é considerado uma extensão dos serviços de saúde dentro das comunidades já que você é um membro da comunidade e possui com ela um envolvimento pessoal Ser ACS é antes de tudo ser alguém que se identifica em todos os sentidos com a sua própria comunidade principalmente na cultura linguagem e costumesPrecisa gostar do trabalho Gostar principalmente de aprender e repassar as informações entender que ninguém nasce com o destino de morrer ainda criança Teresa Ramos ACS Recife Você agente é um persona gem fundamental pois é quem está mais próximo dos problemas que afetam a comunidade é al guém que se destaca pela capa cidade de se comunicar com as pessoas e pela liderança natural que exerce Sua ação favorece a transforma ção de situaçõesproblema que afetam a qualidade de vida das famílias como aquelas associadas ao saneamento básico destinação do lixo condições precárias de moradia situações de exclusão social de semprego violência intrafamiliar dro gas lícitas e ilícitas acidentes etc Seu trabalho tem como principal objetivo contribuir para a qualidade de vida das pessoas e da comunidade Para que isso aconteça você tem que estar alerta Tem que estar sempre vigilante 25 Todas as famílias e pessoas do seu território devem ser acompanhadas por meio da visita domiciliar na qual se desen volvem ações de educação em saúde Entretanto sua atuação não está restrita ao domicílio ocorrendo também nos diversos espaços comunitários Todas essas ações que es tão voltadas para a qualidade de vida das famílias necessi tam de posturas empreende doras por parte da população Pessoas com deficiência por exemplo podem ter dificuldade no convívio familiar na participação na comunidade na inclusão na escola no mercado de trabalho no acesso a serviços de saúde sejam estes voltados à reabilitação ou consultas gerais Conhecer essa realidade envolver a equipe de saúde e a comunidade na busca de recursos e estratégias que possibilitem superar essas situações são atitudes muito importantes que podem ser desencadeadas por você repercutindo na mudança da qualidade de vida e no aumento de oportunidades para essas pessoas na construção de uma comunidade mais solidária e cidadã Para realizar um bom trabalho você precisa Conhecer o território Conhecer não só os problemas da comunidade mas também suas potencialidades de crescer e se desenvolver social e economicamente Ser ativo e ter iniciativa Gostar de aprender coisas novas Observar as pessoas as coisas os ambientes Agir com respeito e ética perante a comunidade e os demais profissionais A atuação do ACS valoriza questões culturais da comunidade integrando o saber popular e o conhecimento técnico O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 25 26 26 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica e na maioria das vezes é você que exerce a função de estimular e organizar as reivindicações da comunidade 41 Detalhando um pouco mais as suas ações Você deve estar sempre atento ao que acontece com as fa mílias de seu território identificando com elas os fatores socioe conômicos culturais e ambientais que interferem na saúde Ao identificar ou tomar conhecimento da situaçãoproblema você precisa conversar com a pessoa eou familiares e depois encami nhálalos à unidade de saúde para uma avaliação mais detalha da Caso a situaçãoproblema seja difícil de ser abordada ou não encontre abertura das pessoas para falar sobre o assunto você deve relatar a situação para a sua equipe Os diferentes aspectos de um problema deverão ser exami nados cuidadosamente com as pessoas para que sejam encon tradas as melhores soluções Você orienta ações de prevenção de doenças promoção à saúde entre outras estabelecidas pelo planejamento da equipe Todas as pessoas de sua comunidade deverão ser acompanhadas principalmente aquelas em situação de risco Veja explicação mais à frente Há situações em que será necessária a atuação de outros pro fissionais da equipe sendo indicado o encaminhamento para a uni dade de saúde Você deverá comunicar à equipe quanto à situação Podemos dizer que o ACS deve Identificar áreas e situações de risco individual e coletivo Encaminhar as pessoas aos serviços de saúde sempre que necessário Orientar as pessoas de acordo com as instruções da equipe de saúde Acompanhar a situação de saúde das pessoas para ajudálas a conseguir bons resultados 27 encontrada pois caso não ocorra o comparecimento à unidade de saúde deverá ser realizada buscaativa ou visita domiciliar Todas as ações são importantes e a soma delas qualifica seu trabalho No en tanto você deve compreender a importân cia da participação popular na construção da saúde estimulando assim as pessoas da comunidade a participarem das discussões sobre sua saúde e o meio ambiente em que vivem ajudando a promover a saúde e a construir ambientes saudáveis Situações de risco são aquelas em que uma pessoa ou grupo de pessoas corre perigo isto é tem maior possibilidade ou chance de adoecer ou até mesmo de morrer Todas as pessoas são responsáveis por sua saúde e de sua comunidade Alguns exemplos de situação de risco Bebês que nascem com menos de dois quilos e meio Crianças que estão desnutridas Filhos de mães que fumam bebem bebidas alcoólicas e usam drogas na gravidez Gestantes que não fazem o prénatal Gestantes que fumam Gestantes com diabetes eou pressão alta Acamados Pessoas que precisam de cuidadores mas não possuem alguém que exerça essa função Pessoas com deficiência que não têm acesso às ações e serviços de saúde sejam estes de promoção proteção diagnóstico tratamento ou reabilitação Pessoas em situação de violência Pessoas que estão com peso acima da média e vida sedentária com ou sem uso do tabaco ou do álcool O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 27 28 28 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Nesses casos as pessoas têm mais chance de adoecer e mor rer se não forem tomadas as providências necessárias É necessário considerar ainda condições que aumentam o risco de as pessoas adoecerem por exemplo Baixa renda Desemprego Acesso precário a bens e serviços água luz elétrica transporte etc Falta de água tratada Lixo armazenado em locais inadequados Uso incorreto de venenos na lavoura Poluição do ar ou da água Esgoto a céu aberto Falta de alimentação ou alimentação inadequada Uso inadequado de medicamentos prescritos Automedicação Descontinuidade de tratamento A situação de risco pode ser agravada por obstáculos ou fa tores que dificultam ou impedem as pessoas de terem acesso às unidades de saúde como Localização do serviço com barreiras geográficas ou distante da comunidade Ausência de condições para acesso das pessoas com deficiência física falta de espaço para cadeira de rodas banheiros não adequados Serviços de transporte urbano insuficientes Horários e dias de atendimento restritos ou em desacordo com a disponibilidade da população Capacidade de atendimento insuficiente Burocratização no atendimento Preconceitos raciais religiosos culturais sociais entre outros 29 Haverá acessibilidade quando esse conjunto de fatores con tribuir para o acesso do usuário aos serviços de saúde Existem situações de risco que afetam a pessoa individu almente e portanto têm soluções individuais Outras atingem um número maior de pessoas em uma mesma comunidade o que irá exigir uma mobilização coletiva por meio da par ticipação da comunidade integrada às autoridades e serviços públicos Os Conselhos de Saúde locais muni cipais estaduais e nacional e as Conferências são espaços que permitem a participação de mocrática e organizada da comunidade na busca de soluções É importante ressaltar que essa partici pação não deve restringir apenas aos Con selhos e Conferências podendo se dar de outras formas reunião das equipes de saúde com a comunidade e associa ção de moradores caixas de suges tões ouvidoria disquedenúncia entre outras Risco é qualquer tipo de perigo para a saúde das pessoas O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 29 5 O processo de trabalho do ACS e o desafio de trabalhar em equipe 32 32 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Trabalhar na área da saúde é atuar em um mundo onde um conjunto de trabalhadores diversos se encontra para pro duzir cuidado à saúde da população Se pensarmos no conjun to de trabalhadores de uma unidade de saúde que pode ser a sua poderemos observar que cada trabalhador atua em um certo lugar tem determinadas responsabilidades e produz um conjunto de ações para que esse objetivo seja alcançado Além disso para cada ação e responsabilidade o trabalhador precisa contar com uma série de conhecimentos saberes e ha bilidades para conseguir executar da melhor forma possível a sua função É muito comum na área da saúde utilizar instrumentos e equipamentos para apoiar a realização das ações de cuidado Exemplo o médico da unidade de saúde tem como uma de suas ações a realização de consultas O que ele precisa ter para rea lizar bem essa ação Para fazer uma boa anamnese entrevista que busca levantar todos os fatos referentes à pessoa e à doen ça que ela apresenta e um bom exame físico ele precisa contar com conhecimentos técnicos que adquiriu durante a sua forma ção e durante a sua vida Nessa atividade ele provavelmente vai utilizar também alguns instrumentos como um roteiroquestio nário um estetoscópio aparelho para escutar o coração pulmões e abdome aparelho para medir a pressão entre outros Além disso ele vai precisar ter outra habi lidade que é a das relações que se mostra no modo como ele consegue interagir com as pessoas atendidas Vamos ver então dois exem plos diferentes de como esse mé dico poderia realizar essa consulta 33 1ª situação mobilizando mais os conhecimentos técnicos e os instrumentos nesta situação o médico cumprimenta o usuário já olhando para a sua fichaprontuário e começa a fazer perguntas seguindo o roteiroquestionário anotando as respos tas e agindo de modo formal e objetivo Realiza o exame físico enquanto termina as perguntas do questionário e faz a prescri ção eou encaminhamento A consulta termina rapidamente 2ª situação mobilizando os conhecimentos os instrumen tos e a habilidade das relações nesta outra situação o médi co cumprimenta o usuário utiliza o roteiroquestionário como guia mas incentiva e abre espaço para a fala e a escuta do usu ário sobre aspectos que não estão no roteiro Nesse caso ocor re uma conversa com o usuário para deixálo mais à vontade a fala não se restringe às perguntas do questionário existe troca de olhares e discussão dos problemas percebidos O exame físi co é realizado e após todos os esclarecimentos de dúvidas que o profissional e o usuário julgaram necessários a prescrição e ou encaminhamento é realizado e a consulta é finalizada O que vimos acima foram dois exemplos de processo de trabalho diferenciados um que privilegia os conhecimentos técnicos e os instrumentos sem dar muita atenção para a re lação de cuidado com o usuário situação 1 e outro em que o profissional utilizou seus conhecimentos técnicos em uma interação que valorizou o aspecto relacional e o cuidado com o usuário situação 2 Verificamos também nessa segunda situação que o instrumento roteiroquestionário serviu como apoio ao processo e não como elemento central Comprovadamente o atendimento realizado de maneira mais humanizada situação 2 traz melhores resultados para a saúde do usuário pois favorece o estabelecimento de uma relação de confiança entre o profissional e usuário aumentando o vínculo e a adesão ao tratamento O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 33 34 34 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Nesta publicação trabalharemos diferentes aspectos rela cionados aos seus conhecimentos técnicos e a partir dessa dis cussão relacionaremos o seu processo de trabalho com alguns instrumentos utilizados em seu dia a dia Mas é de fundamental importância lembrar que o trabalho em saúde tem uma dimen são de cuidado humanizado insubstituível que ocorre no mo mento da interação com o usuário nesse encontro programado para produzir cuidado O trabalho em equipe A equipe de saúde é formada por pessoas com histórias forma ções saberes e práticas diferentes É um conjunto de pessoas que se encontram para produzir o cuidado de uma população Nessa equipe há sempre movimentos permanentes de articula çãodesarticulação ânimodesânimo invençãoresistência à mu dança crençadescrença no seu trabalho pois a equipe é viva está sempre em processo de mudança No entanto somente o fato de as pessoas trabalharem juntas não constitui uma equipe as pessoas precisam aprender a ser equipe Ou seja a equipe precisa ser construída Agora pense no seu processo de trabalho Qual é o seu pa pel na unidade e na equipe de saúde Você agente comunitário de saúde é um membro da equipe e essencial para o desenvol vimento das ações da Atenção Primária à Saúde Você já refletiu sobre como você tem desenvolvido o seu processo de trabalho Em qual das duas situações descritas acima você se vê Como você utiliza seus conhecimentos instrumentos e sua habilidade de se relacionar com o usuário para promover o cuidado Ao preencher a Ficha A você percebe a importância que ela tem no processo de cuidado das pessoas de sua microárea 35 Para essa construção acontecer os trabalhadores precisam apren der um modoequipe de trabalhar reorganizandose em torno de projetos terapêuticos para assistir os usuários em sua integralidade É importante que toda a equipe assuma a tarefa de cuidar do usuário reconhecendo que para abordar a complexidade do trabalho em saú de são necessários diferentes olhares saberes e fazeres O seu lugar na equipe de saúde Para cuidar da saúde da população de um determinado ter ritório a unidade de saúde deve estar organizada de um modo que seus trabalhadores estejam divididos em funções e assumam responsabilidades diferentes e complementares Vamos pensar no caso de uma enfermeira da unidade de saú de Uma de suas atribuições é realizar consultas de enfermagem no entanto ela compartilha com você e com os demais membros da equipe uma série de outras responsabilidades e objetivos Veja a seguir o quadro com algumas ações que são específicas e ou tras que são comuns aos profissionais da equipe da unidade de saúde Observando o quadro você perceberá que há muitas ativida des que são comuns a todos da equipe afinal todos atuam no mesmo campo da saúde Um exercício importante ao olhar para esse quadro é avaliar se aquelas atividades comuns aos diversos trabalhadores estão acontecendo de forma articulada Isso é um bom indicador de trabalho em equipe pois quando realizadas em conjunto trazem benefícios para todos Como podemos observar no quadro as atividades de plane jamento e avaliação são comuns a todos os trabalhadores e se realizadas em conjunto trarão benefícios tanto aos trabalhado res quanto ao trabalho da equipe como um todo Então reflita como essas atividades são desenvolvidas na realidade da sua uni dade de saúde O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 35 36 36 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Agora observe novamente o quadro e concentrese nas ações que são específicas a cada um dos profissionais Lembrese das outras ações que você executa no seu dia a dia e que não estão descritas na tabela e reflita quais são as especificidades do seu trabalho Em que o seu trabalho se relaciona com o da enfermei ra E com o trabalho dos outros profissionais da equipe E em que a especificidade do seu trabalho complementa o trabalho de toda a equipe Enfermeiro pode prescrever observando a legislação vigente Cirurgiãodentista pode prescrever observando a legislação vigente Realizar cadastramento das famílias é uma atribuição do ACS mas pode ser desenvolvida pelos demais membros da equipe de saúde 37 A partir de agora convidaremos você a refletir sobre ações muito presentes no seu cotidiano e que fazem parte importante do processo de trabalho de toda a equipe na luta diária em busca de mais saúde para a população Como citado anteriormente você agente comunitário de saúde é muito importante para o desenvolvimento das ações da comunidade e pode integrar tanto uma equipe de Saúde da Fa mília quanto uma equipe do Programa de Agentes Comunitários de Saúde PACS de acordo com a realidade do município Entre tanto o seu trabalho é o mesmo em qualquer uma das situações Semelhantes aos agentes comunitários de saúde ACS há os agentes indígenas de saúde AIS e os agentes indígenas de saneamento AISAN que atuam nos Distritos Sanitários Espe ciais Indígenas DSEI compondo as equipes multidisciplinares de saúde indígena EMSI cuidando da saúde indígena nas aldeias no âmbito da APS A equipe de saúde precisa conhecer a realidade da comu nidade e para tal deverá reunir informações identificando suas principais necessidades em saúde Com essas informações será realizado o diagnóstico de saúde da comunidade o planejamen to e a execução das ações Há diversos instrumen tos que podem ser utilizados para a coleta dos dados e cada um deles tem um obje tivo A soma de todos ajuda na construção do diagnóstico Cadastro das famílias mapa da comunidade visita domi ciliarentrevista e reuniões são alguns exemplos A coleta de dados é uma das etapas do diagnóstico da comunidade assim como a análise e interpretação dos dados coletados identificação dos problemas necessidades recursos e grupos de risco Com base nas informações coletadas e analisadas o próximo passo é o planejamento e programação das ações priorizadas O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 37 38 38 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica A saúde indígena é regida por um conjunto de normas que têm como objetivo o estabelecimento de mecanismos específicos para a atenção à saúde dessa população conformando um subsistema no interior do Sistema Único de Saúde e está organizado em 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas DSEI A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas aprovada pela Portaria MS nº 2542002 integra a Política Nacional de Saúde compatibilizando as determinações da Lei Orgânica da Saúde Lei nº 80801990 com as da Constituição Federal art 231 que reconhece aos povos indígenas suas especificidades étnicas e culturais bem como estabelece seus direitos sociais Etnias são os tipos de povos indígenas cada povo falando a sua própria língua e vivendo de acordo com as suas crenças e costumes 39 51 Cadastramento das famílias A etapa inicial de seu trabalho é o cadastramento das famí lias de sua microárea o seu terriório de atuação com no má ximo 750 pessoas Para realizar o cadastramento é necessário o preenchimento de fichas específicas Para melhor desenvolver seu trabalho com essa população indígena você pode buscar apoio técnico e articulação junto à sede do Distrito Sanitário Especial Indígena de sua cidade se houver Você também pode verificar se na secretaria de saúde existe alguma equipe ou setor que trate das questões de saúde dessa população e solicitar mais orientações Caso trabalhe numa área rural ou próximo a aldeias indígenas você deve buscar informação sobre a existência de equipe multidisciplinar de saúde indígena incluído o agente indígena de saúde Procurar essas pessoas para uma conversa pode ser muito importante e esclarecedor Conhecer o número de pessoas da comunidade por faixa etária e sexo é importante pois há doenças que acometem mais crianças do que adultos ou mais mulheres que homens o que influenciará no planejamento da equipe O cadastro possibilita o conhecimento das reais condições de vida das famílias residentes na área de atuação da equipe tais como a composição familiar a existência de população in dígena quilombola ou assentada a escolaridade o acesso ao saneamento básico o número de pessoas por sexo e idade as condições da habitação o desemprego as doenças referidas etc É importante identificar os diversos estabelecimentos e institui ções existentes no território como escolas creches comércio praças instituições de longa permanência ILP igrejas templos cemitério depósitos de lixoaterros sanitários etc O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 39 40 40 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica A Portaria GM nº 9712006 cria a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS que inclui atendimento gratuito em serviços de fitoterapia acupuntura plantas medicinais homeopatia Dessa forma é importante saber se existem esses serviços na sua região Acupuntura é uma forma de cuidar das pessoas na Medicina Tradicional Chinesa MTC Pode ser usada isoladamente ou integrada com outros recursos terapêuticos como as práticas corporais As práticas corporais são práticasações que favorecem a promoção e recuperação da saúde e a prevenção de doenças Como exemplos podemos citar o Taichi chuan o Chi gong e o Lian gong Homeopatia é um sistema médico de base vitalista criado pelo médico alemão Samuel Hahnemann que consiste em tratar as doenças por meio de substâncias ministradas em doses diluídas os medicamentos homeopáticos O vitalismo é a posição filosófica caracterizada por postular a existência de uma força ou impulso vital sem a qual a vida não poderia ser explicada 41 Ao identificar a população indígena o ACS deve levar em consideração que mesmo residindo no espaço urbano ou rural longe de sua aldeia de origem ou em aldeamento não reconhe cido oficialmente o indígena possui o direito de ser acompanha do respeitandose as diferenças culturais É necessário considerar que o indígena nem sempre tem do mínio da língua portuguesa podendo entender algumas pala vras em português sem compreender a informação a explicação dada ou mesmo a pergunta realizada É importante observar e tentar perceber se estão entendendo e o que estão entendendo cuidando para não constrangêlos O esforço de comunicação deve ser mútuo de modo a promover o diálogo Ainda como informações importantes para o diagnóstico da comunidade vale destacar a necessidade de identificar outros locais onde os moradores costumam ir para resolver seus proble mas de saúde como casa de benzedeiras ou rezadores raizei ros ou pessoas que são conhecidas por saberem orientar sobre nomes de remédio para algumas doenças bem como saber se procuram serviços prontosocorro hospitais etc situados fora de sua área de moradia ou fora do seu município Também é im portante você saber se as pessoas costumam usar remédios ca seiros chás plantas medicinais fitoterapia eou se utilizam prá ticas complementares como a homeopatia e acupuntura Você deve saber se existe disponível na região algum tipo de serviço de saúde que utilize essas práticas Ao realizar o cadastramento e identificar os principais pro blemas de saúde seu trabalho contribui para que os serviços possam oferecer uma atenção mais voltada para a família de acordo com a realidade e os problemas de cada comunidade Os dados desse cadastramento devem ser de conhecimento de toda a equipe de saúde O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 41 42 42 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 511 DAnDO UM ExEMPlO Em uma comunidade muitos casos de diarreia começaram a acontecer As pessoas procuravam o posto de saúde ou iam dire to ao hospital para se tratar Eram medicadas mas pouco tempo depois estavam doentes de novo Essa situação alertou a equipe de que algo não estava bem O ACS por meio das visitas domiciliares observou a exis tência de esgoto a céu aberto próximo a tubulações de água Além disso as pessoas daquela comunidade costumavam não proteger adequadamente suas caixas dágua A equipe identificou os fatores de risco e constatou que os casos de diarreia estavam relacionados aos hábitos de vida da quelas pessoas Observase que um mesmo problema de saúde pode estar relacionado a diferentes causas e que o olhar dos diversos mem bros da equipe pode contribuir para a resolução do problema O território é a base do trabalho do ACS Território se gundo a lógica da saúde não é apenas um espaço delimitado geograficamente mas sim um espaço onde as pessoas vivem estabelecem relações sociais trabalham cultivam suas cren ças e cultura Trabalhar com território implica processo de coleta e siste matização de dados demográficos socioeconômicos político culturais epidemiológicos e sanitários identificados por meio do cadastramento que devem ser interpretados e atualizados periodicamente pela equipe Os profissionais devem atuar de forma integrada discutindo e analisando em conjunto as situações identificadas Tão importante quanto fazer o cadastramento da população é mantêlo atualizado 43 É importante a elaboração de mapa que retrate esse terri tório com a identificação de seus limites população número de famílias e outras características 52 Mapeamento da área de atuação Trabalhar com mapas é uma forma de retratar e aumentar conhecimentos sobre a sua comunidade O mapa é um dese nho que representa no papel o que existe naquela localidade ruas casas escolas serviços de saúde pontes córregos e outras coisas importantes O mapa deve ser uma ferramenta indispen sável para seu trabalho É o desenho de toda sua áreaterritório de atuação Você não precisa ser bom desenhista Você pode representar o que existe com símbolos bem fáceis de desenhar utilizando sua criatividade É interessante que toda a equipe de preferência o ajude nesse processo Isso estimula que a equipe se conheça melhor e troque informações para o planejamento das ações de saúde A comunidade também pode ajudálo contribuindo com sugestões para corrigir e acrescentar de modo que no final se tenha uma boa ideia de como é aquela comunidade O mapa vai ajudar você a organizar melhor o seu trabalho Agora pense na sua comunidade e faça uma lista de coisas que são importantes para a vida comunitária baseada em seu contato com ela Por exemplo postos de saúde centros de saú O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 43 44 44 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica de hospitais escolas igrejas centros religiosos postos policiais quadras de esporte campo de futebol identificando espaços que possibilitamdificultam o acesso de pessoas com deficiências Es creva também outros lugares com seus respectivos nomes ruas córregos rios cartório correio parada de ônibus casa da par teira da benzedeira e outras coisas que você se lembrar O conjunto dos mapas feito pelos ACS formará um grande mapa da área de atuação da equipe de Saúde da Família eSF Esse mapa mais abrangente feito com todas as informa ções sobre sua área pode dar origem a outros mais específicos Como exemplos Podemos ter mapas de territórios feitos manualmente com auxílio da comunidade e fotos de territórios utilizando recursos de informática ou internet Podemse destacar as informações das ruas caminhos e as linhas de ônibus de uma comunidade desenhando um mapa específico Em uma região que chove muito é importante co nhecer bem os rios açudes lagos lagoas da região e locais pro pensos à inundação É necessário que você identifique no território de sua equipe quais os riscos de sua microárea Como já foi dito anterior mente o mapa retrata o territó rio onde acontecem mudanças portanto ele é dinâmico e deve ser constantemente atualizado Você deve sempre ter a cópia do seu mapa para facilitar o acom panhamento das mudanças na sua comunidade Figura 1 Foto ilustrativa de um mapa construído com o auxílio da comunidade 45 Com o mapa você pode Conhecer os caminhos mais fáceis para chegar a todos os locais Marcar as barreiras geográficas que dificultam o caminho das pessoas até os serviços de saúde rios morros mata cerrada etc Conhecer a realidade da comunidade e planejar como resolver os problemas de saúde com mais eficácia Planejar as visitas de cada dia sem perder tempo Marcar as microáreas de risco Identificar com símbolos situação de risco Identificar com símbolos os grupos prioritários gestantes idosos hipertensos diabéticos pessoas acamadas crianças menores de cinco anos pessoas com deficiência usuário de drogas pessoas com hanseníase pessoas com tuberculose etc O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 45 46 46 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica O seu mapa juntamente com as informações coletadas no cadastramento das famílias vai ajudar toda a equipe no diagnós tico de saúde da área 53 Visita domiciliar A visita domiciliar é a atividade mais importante do proces so de trabalho do agente comunitário de saúde Ao entrar na casa de uma família você entra não somente no espaço físico mas em tudo o que esse espaço representa Nessa casa vive uma família com seus códigos de sobrevivência suas crenças sua cultura e sua própria história A sensibilidadecapacidade de compreender o momento certo e a maneira adequada de se aproximar e estabelecer uma relação de confiança é uma das habilidades mais importantes do ACS Isso lhe ajudará a construir o vínculo necessário ao desenvolvimento das ações de promoção prevenção controle cura e recuperação Muitas vezes o ACS pode ser a melhor companhia de um ido so ou de uma pessoa deprimida sem extrapolar os limites de suas atribuições O ACS pode orientar como trocar a fralda de um bebê e pode ser o amigo e conselheiro A permissão de entrada em uma casa representa algo muito significativo que envolve confiança no ACS e merece todo o respeito É o que poderia ser chamado de procedimento de alta complexidade ou pelo menos de alta delicadeza Entendese por microáreas de risco aqueles espaços dentro de um território que apresentam condições mais favoráveis ao aparecimento de doenças e acidentes Por exemplo área mais propensa à inundação áreas próximas de barreiras ou encostas áreas com esgoto a céu aberto e sem água tratada áreas com maior incidência de crimes e acidentes 47 da pessoa ou da família Nem sempre é fácil separar o lado pes soal do profissional e os limites da relação ACSfamília Isso pode determinar ou reorganizar seu processo de trabalho e a forma como se vincula à família Recomendase que o ACS estabeleça um bom vínculo com a família mas saiba dissociar a sua relação pessoal do seu papel como agente comunitário de saúde Cada família tem uma dinâmica de vida própria e com as modificações na estrutura familiar que vêm ocorrendo nos úl timos tempos fica cada vez mais difícil classificála num mo delo único Essas particularidades ou características próprias fazem com que determinada conduta ou ação por parte dos agentes e equipe de saúde tenha efeitos diferentes ou atinjam de modo distinto com maior ou menor intensidade as diversas famílias assistidas Você na sua função de orientar monitorar esclarecer e ouvir passa a exercer também o papel de educador Assim é fundamental que sejam compreendidas as implicações que isso representa Para ser bem feita a visita domiciliar deve ser planejada Ao planejar utilizase melhor o tempo e respeitase também o tem po das pessoas visitadas Para auxiliar no dia a dia do seu trabalho é importante que você tenha um roteiro de visita domiciliar o que vai ajudar mui to no acompanhamento das famílias da sua área de trabalho Também é recomendável definir o tempo de duração da visita devendo ser adaptada à realidade do momento A pessoa a ser visitada deve ser informada do motivo e da importância da visita Chamálas sempre pelo nome demonstra respeito e interesse por elas Visando um maior vínculo é interessante combinar com a família o melhor horário para realização da visita para não atrapalhar os afazeres da casa O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 47 48 48 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Na primeira visita é indispensável que você diga seu nome fale do seu trabalho o motivo da visita e sempre pergunte se pode ser recebido naquele momento Para o desenvolvimento de um bom trabalho em equipe é fundamental que tanto o ACS quanto os demais profissionais aprendam a interagir com a comunidade sem fazer julgamentos quanto à cultura crenças religiosas situação socioeconômica etnia orientação sexual deficiência física etc Todos os membros da equipe devem respeitar as diferenças entre as pessoas adotando uma postura de escuta tolerância aos princípios e às distintas crenças e valores que não sejam os seus próprios além de atitudes imparciais Após a realização da visita você deve verificar se o objetivo dela foi alcançado e se foram dadas e colhidas as informações ne cessárias Enfim você deve avaliar e corrigir possíveis falhas Esse é um passo muito importante que possibilitará planejar as próxi mas visitas Da mesma forma você deve partilhar com o restante da equipe essa avaliação ex pondo as eventuais dúvidas os anseios as dificuldades sentidas e os êxitos Toda visita deve ser re alizada tendo como base o planejamento da equipe pautado na identificação das necessidades de cada família Pode ser que seja identificada uma situação de risco e isso demandará a rea lização de outras visitas com maior frequência É por meio da visita domiciliar e da sua inserção na comunidade que o agente vai compreendendo a forma de viver os códigos as crenças enfim a dinâmica de vida das famílias por ele acompanhadas A visita domiciliar requer contudo um saberfazer que se aprende no cotidiano mas pode e deve se basear em algumas condutas que demonstrem respeito atenção valorização compromisso e ética 49 Por meio da visita domiciliar é possível Identificar os moradores por faixa etária sexo e raça ressaltando situações como gravidez desnutrição pessoas com deficiência etc Conhecer as condições de moradia e de seu entorno de trabalho os hábitos as crenças e os costumes Conhecer os principais problemas de saúde dos moradores da comunidade Perceber quais as orientações que as pessoas mais precisam ter para cuidar melhor da sua saúde e melhorar sua qualidade de vida Ajudar as pessoas a refletir sobre os hábitos prejudiciais à saúde Identificar as famílias que necessitam de acompanhamento mais frequente ou especial Divulgar e explicar o funcionamento do serviço de saúde e quais as atividades disponíveis Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe de saúde e a população do território de abrangência da unidade de saúde Ensinar medidas de prevenção de doenças e promoção à saúde como os cuidados de higiene com o corpo no preparo dos alimentos com a água de beber e com a casa incluindo o seu entorno Orientar a população quanto ao uso correto dos medicamentos e a verificação da validade deles Alertar quanto aos cuidados especiais com puérperas recémnascidos idosos acamados e pessoas portadoras de deficiências ACS quando você não souber responder a alguma pergunta não se preocupe pois ninguém sabe tudo Diga que vai procurar a resposta e trazêla na próxima visita O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 49 50 50 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Registrar adequadamente as atividades realizadas assim como outros dados relevantes para os sistemas nacionais de informação disponíveis para o âmbito da Atenção Primária à Saúde 54 Trabalhando educação em saúde na comunidade 541 COMO TRABAlhAR EDUCAçãO EM SAÚDE nA COMUniDADE As ações educativas fazem parte do seu dia a dia e têm como objetivo final contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população O desenvolvimento de ações educativas em saúde pode abranger muitos temas em atividades amplas e complexas o que não significa que são ações difíceis de serem desenvolvidas Ocorre por meio do exercício do diálogo e do saber escutar Segundo o educador Paulo Freire 19961 ensinar não é transferir conhecimento mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção O enfoque educativo é um dos elementos fundamentais na qualidade da atenção prestada em saúde Educar é um processo de construção permanente As ações educativas têm início nas visitas domiciliares mas podem ser realizadas em grupo sendo desenvolvidas nos ser viços de saúde e nos diversos espaços sociais existentes na co munidade O trabalho em grupo reforça a ação educativa aos indivíduos A ação educativa é de responsabilidade de toda a equipe Existem diferentes metodologias para se trabalhar com grupos Você e sua equipe devem avaliar a que melhor se adapte às suas disponibilidades e dos demais membros da equipe de tempo e de espaço assim como as características e as necessidades do grupo em questão A linguagem deve ser sempre acessível simples e precisa 1 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa São Paulo Paz e Terra 1996 165 p 51 É importante considerar o conhecimento e experiência dos participantes permitindo a troca de ideias Isso estimula a pes soa a construir um processo decisório autônomo e centrado em seus interesses As ações educativas devem estimular o conhecimento e o cuidado de si mesmo fortalecendo a autoestima a autonomia e também os vínculos de solidariedade comunitária contribuindo para o pleno exercício de poder decidir o melhor para a sua saúde 542 RECOMEnDAçõES gERAiS PARA ATiViDADES EDUCATiVAS Não há fórmula pronta mas há passos que podem facili tar o seu trabalho com grupos Inicialmente devese planejar a reunião definindo objetivos local dia e horário que facilitem a acomodação e a presença de todos É importante garantir as condições de acessibilidade no caso de existir pessoas com defi ciência física na comunidade e pensar estratégias que facilitem a Saber ouvir e acolher o discurso do outro interagindo sem colocar juízo de valor e reconhecer as características pessoais emocionais e culturais das pessoas ou grupo é fundamental para o êxito do trabalho Atividades educativas são momentos de encontro e nesses encontros não há ignorantes absolutos nem sábios absolutos há homens que em comunhão buscam saber mais Paulo Freire O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 51 52 52 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica comunicação no caso de deficiente visual ou auditivo Não se es quecer de providenciar o material que será utilizado durante a ati vidade e se necessário convidar com antecedência alguém para falar sobre algum assunto específico de interesse da comunidade No grupo ao compartilhar dúvidas sentimentos e conhe cimentos as pessoas têm a oportunidade de ter um olhar dife rente das suas dificuldades A forma de trabalhar com o grupo também conhecida como dinâmica de grupo contribui para o indivíduo perceber suas necessidades reconhecer o que sabe e sente estimulando sua participação ativa nos atendimentos in dividuais subsequentes Desenvolver atividades educativas faz parte do processo de trabalho de todos os membros da equipe Para o desenvolvimento de atividades educativas recomendase Divulgar uma etapa que não deve ser esquecida Espalhar a notícia para o maior número de pessoas elaborar cartazes com letras grandes de forma criativa e divulgar a reunião nos lugares mais frequentados da comunidade fazem parte desse processo Realizar dinâmicas que possibilitem a apresentação dos participantes e integração do grupo quebrando a formalidade inicial Apresentar o tema que será discutido permitindo a exposição das necessidades e expectativas de todos A pauta da discussão deve ser flexível podendo ser adaptada às necessidades do momento Estimular a participação de todos Identificar os conhecimentos crenças e valores do grupo bem como os mitos tabus e preconceitos estimulando a reflexão sobre eles A discussão não deve ser influenciada por convicções culturais religiosas ou pessoais 53 Discutir a importância do autoconhecimento e autocuidado que contribuirão para uma melhor qualidade de vida Abordar outros temas segundo o interesse manifestado pelo grupo Facilitar a expressão de sentimentos e dúvidas com naturalidade durante os questionamentos favorecendo o vínculo a confiança e a satisfação das pessoas Neutralizar delicada e firmemente as pessoas que eventualmente queiram monopolizar a reunião pedindo a palavra o tempo todo e a utilizando de forma abusiva além daqueles que só comparecem às reuniões para discutir seus problemas pessoais Utilizar recursos didáticos disponíveis como cartazes recursos audiovisuais bonecos balões etc Ao final da reunião apresentar uma síntese dos assuntos discutidos e os pontoschave abrindo a possibilidade de esclarecimento de dúvidas Entre as habilidades que todo trabalhador de saúde deve buscar desenvolver estão Ter boa capacidade de comunicação Usar linguagem acessível simples e precisa Ser gentil favorecendo o vínculo e uma relação de confiança Acolher o saber e o sentir de todos Ter tolerância aos princípios e às distintas crenças e valores que não sejam os seus próprios A ação ou atividade educativa pode e deve ser realizada por qualquer membro da equipe de saúde Para isso é necessário além dos conhecimentos técnicos habilidade de comunicação e conhecimento das características do grupo ou da população O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 53 54 54 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Sentirse confortável para falar sobre o assunto a ser debatido Ter conhecimentos técnicos Buscar apoio junto a outros profissionais quando não souber responder a alguma pergunta Durante o desenvolvimento da atividade devem ser ofe recidos se possível materiais impressos e explicar a impor tância do acompanhamento contínuo na UBS assim como o funcionamento dos serviços disponíveis Sempre que possível envolver os participantes do grupo no planejamento execução e avaliação dessa atividade edu cativa Isso estimula a participação e o interesse das pessoas na medida em que se sentem capazes envolvidos e responsá veis pelo sucesso do trabalho Nas atividades em grupo é possível que As pessoas que compõem o grupo se conheçam troquem experiências e informações As pessoas sejam estimuladas a participar mais ativamente expondo suas experiências e proporcionando a discussão sobre temas que geralmente são comuns a todos O coordenador do grupo trabalhe as informações ajudando cada um dos participantes a expor suas ideias estimulando o respeito entre os participantes As pessoas reflitam e tomem consciência de seu papel na resolução dos problemas comuns e da necessidade de buscar apoio 55 Quem fica parado esperando que as coisas aconteçam que os problemas sejam resolvidos não muda a situação em que vive não está mobilizado Não está organizado O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 55 56 56 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 55 Participação da comunidade Participação quer dizer tomar parte partilhar trocar ter influência nas decisões e ações Isso significa que você não tra balha sozinho nem a equipe de saúde é a única responsável pelas ações de saúde Você pode participar e auxiliar na organização dos Conse lhos Locais de Saúde e estimular as pessoas da comunidade a participarem de todos os Conselhos de Saúde Você pode tam bém recomendar aos representantes da comunidade a conversa rem com os conselheiros sobre as ações de saúde que já estão sendo desenvolvidas e estratégias para enfretamento dos proble mas que ainda existem Cada pessoa da comunidade sabe alguma coisa sabe fazer alguma coisa e sabe dizer alguma coisa diferente São os saberes os fazeres e os dizeres da comunidade A comunidade funciona quando existe troca de conhecimentos entre todos Cada um tem um jeito de contribuir e toda contribuição deve ser consi derada e valorizada Você tem de estar muito atento a tudo isso A troca de conhecimentos entre as pessoas de uma comunidade faz parte de um processo de educação para a participação em saúde 56 Atuação intersetorial Muitas vezes a resolução de problemas de saúde requer não só empenho por parte de profissionais e gestores de saúde mas também o empenho e contribuição de outros setores Quando se trabalha articuladamente com outros setores da sociedade aumentase a capacidade de oferecer uma resposta mais ade quada às necessidades de saúde da comunidade Por exemplo você pode suspeitar de um caso de maustra tos com uma criança após verificar que há marcas e hematomas Quanto maior a identidade entre o grupo e o educador maior a eficácia do trabalho 57 na pele dela Partilhando esse caso com sua equipe um dos profissionais de saúde verifica no prontuário que a criança é agressiva quando comparece às consultas na unidade e há relato de problemas com o de senvolvimento dela Sentese a necessidade de uma visita à casa daquela família e o auxílio de outros profissionais psicó logo serviço social etc Se constatado algum indício de maus tratos será necessária uma abordagem que extrapole o campo de atuação da saúde com o envolvimento de órgãos de outras áreas como o Conselho Tutelar eou Juizado da Infância A intersetorialidade possibilita que ações de outros setores da sociedade colaborem com o setor saúde para alcançar resultados mais duradouros e sustentáveis E tudo isso pode começar com o seu trabalho ou ser mediado por você Outro exemplo você observa que há crianças da sua comunidade que estão fora da escola Nesse caso é necessária uma articulação com representantes da área da Educação para resolver o problema ação por vezes imprescindível no caso de crianças com necessidades especiais e com deficiência No caso de dúvidas ou desrespeito aos direitos das pesso as com deficiência situações de discriminação exclusão escolar maustratos falta de transporte podem ser contatados os Con selhos de Direitos das Pessoas com Deficiência do município ou do Estado entre outros órgãos Nos casos de desnutrição infantil podese estabelecer con tato com outras instituições e órgãos do governo municipal es tadual e federal como o Centro Regional de Assistência Social Cras ou a Secretaria de Assistência Social do município Ao identificar pessoas que sofrem de alcoolismo entre as famílias que você acompanha além das ações que deverão ser O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 57 58 58 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica desenvolvidas por você e pela equipe é importante que essa pessoa e sua família sejam orientadas a procurar um Grupo de Alcoólicos Anônimos ou outro grupo de apoio que exista em sua comunidade Você com o apoio da sua equi pe de saúde deve estimular ações conjuntas com outros órgãos pú blicos e instituições de preferên cia em acordo com as prioridades elencadas nas reuniões comuni tárias Em determinada comuni dade a prioridade pode ser a im plantação de infraestrutura básica água luz esgoto destino do lixo rampas para cadeiras de rodas sinais sonoros em semáforos para as pes soas com deficiência visual já em outra pode ser a construção de uma unidade de saúde de uma creche co munitária de uma escola a recupe ração de poços pequenas estradas e muitas outras necessidades O Ministério do Desenvolvimento Social coordena o Programa BolsaFamília que visa combater a fome a pobreza as desigualdades promovendo a inclusão social das famílias beneficiárias Por meio do BolsaFamília o governo federal concede mensalmente benefícios em dinheiro para famílias mais necessitadas 59 Faz parte do seu trabalho o acompanhamento de todas as gestantes e crianças menores de sete anos de idade contempladas com o benefício do programa Os compromissos dos beneficiários são Gestante Fazer inscrição do prénatal e comparecer às consultas conforme o preconizado pelo Ministério da Saúde Participar de atividades educativas sobre aleitamento materno orientação para uma alimentação saudável da gestante e preparo para o parto Mãe ou responsável pelas crianças menores de sete anos Levar a criança à unidade de saúde para a realização do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde Participar de atividades educativas sobre aleitamento materno e cuidados gerais com a alimentação e saúde da criança Cumprir o calendário de vacinação da criança de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde As ações de saúde que fazem parte das condicionalidades do Programa BolsaFamília descritas acima são universais ou seja devem ser ofertadas a todas as pessoas que procuram o Sistema Único de Saúde SUS O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 59 6 Planejamento das ações 62 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Já falamos muito sobre planejamento e o que é isso Planejar não é improvisar É preparar e organizar bem o que se irá fazer acompanhar sua execução reformular as decisões já tomadas redirecionar sua execução se necessário e avaliar o resultado ao seu término No acompanhamento da execução das ações verificase se os objetivos pretendidos estão sendo alcançados ou não para poder intervir a tempo de modificar o resultado final alcançando assim seu objetivo Quanto mais complexo for o problema maior é a necessida de de planejar as ações para garantir melhores resultados Existem várias formas de fazer planejamento O centralizado é aquele que não garante a participação social e normalmente não reflete as reais necessidades da população Já no planejamen to participativo garantese a participação da população junto à equipe de saúde discutindo seus problemas e encontrando solu ções A população participa na tomada de decisão assumindo as responsabilidades que lhe cabem As respostas aos problemas identificados devem ser explicitadas a partir da análise e reflexão entre técnicos e população sobre a realidade concreta seus pro blemas suas necessidades e interesses na área de saúde De modo geral o planejamento é um instrumento de gestão que visa promover o desenvolvimento institucional objetivando melhorar a qualidade e efetividade do trabalho desenvolvido No que se refere às ações de saúde o planejamento par ticipativo é o mais adequado na medida em que envolve di versos atoresparticipantes permitindo realizar um diagnóstico mais fidedigno da realidade local A partir daí tornase mais fácil uma atuação mais adequada voltada para a melhoria das condições de saúde com o com prometimento de todos com o trabalho Planejar deve ser uma atitude permanente Planejar bem portanto é condição necessária porém não é suficiente para que as ações de saúde sejam implementadas de forma qualificada gerando benefícios efetivos para a população em geral Você poderá de forma sintonizada com a equipe planejar o seu trabalho dando prioridade para aquelas famílias que neces sitam ser acompanhadas com maior frequência Portanto as famílias em risco e as que pertencem aos grupos prioritá rios precisam ser acompanhadas mais de perto Esse diagnóstico é um pon to de partida para você e sua equipe organizarem o calendário de visitas domiciliares e demais atividades 61 Etapas do planejamento O planejamento pressupõe passos momentos ou etapas bá sicas estabelecidos em uma ordem lógica De forma geral se guemse as seguintes etapas 611 DiAgnóSTiCO É a primeira etapa do plane jamento para quem busca conhe cer as características socioeconô micas culturais e epidemiológicas entre outras As fontes de dados podem ser fichas bem como anotações próprias relatórios livros de atas aplicação de questionário en trevistas dramatização e outras fontes à disposição O diagnóstico se compõe de três momentos específicos levantamento análise e reflexão dos dados e priorização das necessidades Um dos princípios do planejamento participativo é a flexibilidade que permite a reformulação das ações planejadas durante sua execução Planejar executar acompanharmonitorar e avaliar são igualitariamente etapas essenciais para um bom resultado 63 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 63 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 64 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica O diagnóstico da comunida de nada mais é do que uma leitura da realidade local É o momento da identificação dos problemas suas causas e consequências e principais características da co munidade É o momento em que também se buscam explicações para os problemas identificados 612 PlAnO DE AçãO Nesse momento a equipe de saúde grupos e população in teressada definem entre outros problemas identificados aque les que são passíveis de intervenção e que contribuem para a melhoria da saúde da comunidade Devese sempre conhecer a capacidade de realização do trabalho pela equipe e as condições da unidade de saúde Assim evitamse definir objetivos que não têm a execução viável O plano de ação que viermos a estabelecer deve ser bem claro e preciso pois é ele que irá apontar a direção do nosso trabalho 6121 Meta A meta tem como foco o alcance do trabalho A meta esta belece concretamente o que se pretende atingir 6122 Estratégia Na estratégia são definidos os passos a serem seguidos os métodos e as técnicas a serem utilizadas nas atividades e as res ponsabilidades de cada um O diagnóstico vai mostrar também a importância e o valor do seu trabalho porque ele vai descrever como estava a situação de saúde antes e como ficou depois de algum tempo que você iniciou sua atuação o que você conseguiu o que está difícil de melhorar etc 6123 Recursos É o levantamento de tudo que é necessário para realizar a atividade Recursos humanos recursos físicos recursos materiais e recursos financeiros 6124 Cronograma Cronograma e estratégia estão intimamente ligados O cro nograma organiza a estratégia no tempo 613 ExECUçãO Implica operacionalização do plano de ação ou seja colocar em prática o que foi planejado 614 ACOMPAnhAMEnTO E AVAliAçãO A avaliação deve acompanhar todas as fases do planejamen to Quando realizada após a execução identifica os resultados alcançados e fornece auxílio para a reprogramação das ações além de indicar a necessidade de novo diagnóstico ou reformu lação do já existente 65 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 65 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 7 Ferramentas de trabalho 68 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Todas as informações que você ACS conseguir sobre a co munidade ajudará na organização do seu trabalho Algumas dessas informações você vai anotar em fichas próprias para com por o Sistema de Informação da Atenção Básica Siab Você vai utilizar quatro fichas Ficha A cadastramento das famílias que em seguida será discutida e orientado quanto ao seu preenchimento Ficha B acompanhamento de gestantes Ficha C Cartão da Criança e Ficha D registro das atividades diárias do ACS 71 Orientações para preenchimento da ficha de cadastramento Ficha A As anotações na ficha devem ser feitas de preferência a lá pis pois se você errar ou necessitar atualizar é só apagar Agora repare bem na parte de cima da ficha de cadastro Algumas coisas que você não pode se esquecer Quando você for fazer o cadastramento das famílias é importante ler novamente as instruções da visita domiciliar Cada família deve ter um só formulário preenchido Não importa o número de pessoas na casa As informações que você conseguir serão úteis para planejar o seu trabalho na organização das visitas domiciliares das atividades de educação em saúde reuniões comunitárias e de outras atividades A ficha de cadastramento deve ficar com você que a levará a cada mês à unidade de saúde para junto com sua equipe organizar as informações e planejar o seu trabalho Anote em seu caderno qualquer outra informação sobre a família que você considerar importante para discutir com sua equipe 68 No alto à esquerda está identificada a Ficha A Depois vem a referência à Secretaria Municipal de Saúde e ao Siab siste ma de informação nacional que constitui ferramenta importante para monitoramento da Estratégia Saúde da Família para juntar todas as informações de saúde das microáreas dos municípios brasileiros onde atuam os agentes comunitários de saúde Assim as informações registradas na Ficha A vão para a Secretaria de Saúde do município desta para a Secretaria de Saúde do Estado e posteriormente para o Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde É uma forma de o governo federal saber a realidade da saúde das pessoas nos municípios brasileiros e ter mais subsídios para fortalecer a Política Nacional de Atenção Bá sica E tudo isso começa com o seu trabalho No canto direito da ficha ao lado das letras UF Unidade da Federação há dois quadrinhos que devem ser preenchidos com as duas letras referentes à sigla do Estado Por exemplo PB para Paraíba MG para Minas Gerais PE para Pernambuco GO para Goiás RS para Rio Grande do Sul BA para Bahia e assim por diante Logo abaixo você encontra espaço para escrever o en dereço da família com o nome da rua ou avenida praça beco estrada fazenda ou qualquer que seja a denominação o número da casa o bairro e o CEP que é a sigla para Código de Endereçamento Postal Na linha de baixo estão os espaços que devem ser preenchi dos com números fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geogra fia e Estatística IBGE o código do município pela Secretaria Municipal de Saúde segmento e área ou pela equipe de saúde microárea A equipe de saúde vai lhe ajudar a encontrar esses números e explicar o que eles significam Depois estão os três quadrinhos para o próprio agente comunitário de saúde registrar o número da família na ficha 69 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 70 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica A primeira família será a de número 001 a décima será 010 a décima terceira será 013 a centésima será 100 e assim por diante Por fim o espaço para a data onde o ACS deve colo car o dia o mês e o ano em que está sendo feito o cadastra mento daquela família Vamos agora continuar a orientação para preencher o ca dastro da família Abaixo da palavra nome há uma linha reservada para cada pessoa da casa inclusive os empregados que moram ali que tenha 15 anos ou mais À direita na continuação de cada linha estão os espaços campos para dizer o dia mês e ano do nascimento a idade e o sexo de cada pessoa M para mas culino F para feminino Caso não tenha informação sobre a data do nascimento anotar a idade que a pessoa diz ter O quadro alfabetizado é para informar se a pessoa sabe ler e escrever ou não Não é alfabetizada a pessoa que só sabe escrever o nome Se é alfabetizada um X na coluna sim Se não é alfabetizada um X na coluna não Para ser conside rada alfabetizada ela deve saber escrever um bilhete simples Depois vem o espaço para informar a ocupação de cada um É muito importante que se registre com cuidado essa informa ção Ocupação é o tipo de trabalho que a pessoa faz Se a pes soa estiver de férias licença ou afastada temporariamente do trabalho você deve anotar a ocupação mesmo assim O trabalho doméstico é uma ocupação mesmo que não seja remunerado Se a pessoa tiver mais de uma ocupação registre aquela a que ela dedica mais horas de trabalho Será considerada desempregada a pessoa que foi desligada do emprego e não está fazendo qualquer atividade como pres tação de serviços a terceiros bicos etc 70 70 Por fim vem o quadro para registrar o tipo de doença ou condições em que se encontra a pessoa Você não deve solicitar comprovação de diagnóstico e não deve registrar os casos que foram tratados e já alcançaram cura ATENÇÃO a família além de referir doenças pode e deve referir condições em que as pessoas se encontram como alcoolismo deficiência física ou mental dependência física idosos acamados dependência de drogas etc Nesses casos é muito importante que você anote com cuidado a condição referida É interessante que você saiba o que se considera deficiência para saber melhor como anotar essa condição das pessoas Deficiência é o defeito ou condição física ou mental de duração longa ou permanente que de alguma forma dificulta ou impede uma pessoa de realizar determinadas atividades cotidianas escolares de trabalho ou de lazer Isso inclui desde situações em que o indivíduo consegue realizar sozinho todas as atividades de que necessita porém com dificuldade ou por meio de adaptações até aquelas em que o indivíduo sempre precisa de ajuda nos cuidados pessoais e outras atividades A segunda parte do cadastro é para a identificação de pes soas de 0 a 14 anos 11 meses e 29 dias isto é pessoas com menos de 15 anos Os campos para nome data de nascimento idade e sexo devem ser preenchidos como no primeiro quadro de pessoas com 15 anos e mais No campo destinado a informar se frequen ta a escola marcar com um X se ela está indo ou não à escola Se ela estiver de férias mas for continuar os estudos no período seguinte marcar o X para sim Anotar a ocupação de crianças e adolescentes é importante no cadastramento pois irá ajudar a equipe de saúde a procurar 71 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 72 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica as autoridades competentes sobre os direitos da criança e do adolescente para medidas que possam protegêlos contra vio lência e exploração Veja a situação descrita que serve de exemplo A família cadastrada na Ficha A é a família do sr Nelson que é composta de sete pessoas ele a esposa três filhos D Um belina sua mãe e Ana Rosa empregada doméstica que mora com eles O ACS registrou na ficha os dados de idade sexo escolari dade ocupação e ocorrência de doenças ou condições referidas de todas as pessoas da família A data de nascimento de D Umbelina não foi anotada porque ela não sabia informar Mas sabia que tinha mais ou menos 63 anos Então o ACS anotou no campo idade o número 63 Cristina tem sete meses menos de um ano de idade Assim o ACS registrou 0 zero Agora que você já sabe como preencher a frente da ficha va mos aprender a parte de trás o verso da ficha Os campos do verso da Ficha A servem para caracterizar a situação de moradia e saneamento e outras informações importantes acerca da família 72 Repare que há um quadrado para o tipo de casa com qua drinhos para assinalar com X o material usado na construção Se o material não é nenhum dos referidos você tem um es paço para explicar o que foi usado na construção da moradia É ali onde está escrito outro especificar Logo abaixo você tem onde informar o número de cô modos Uma casa com quarto sala banheiro e cozinha tem quatro cômodos Se só há um quarto e uma cozinha são dois cômodos Atenção para o que não é considerado cô modo corredor alpendre varanda aberta e outros espaços que pertencem a casa mas que são utilizados mais como área de circulação Abaixo deve ser informado se a casa tem energia elétrica mesmo que a instalação não seja regularizada Em seguida o destino do lixo No lado direito da ficha estão os quadros para informar sobre o tratamento da água na casa a origem do abasteci mento da água utilizada e qual o destino das fezes e urina 73 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 74 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Na metade de baixo da ficha estão os quadros para outras informações Primeiro há um quadrinho sim ou não para dizer se alguém da família possui plano de saúde e outro para infor mar quantas pessoas são cobertas pelo plano Logo abaixo exis tem quadrinhos para cada letra do nome do plano Depois você deve anotar que tipo de socorro aquela famí lia está acostumada a procurar em caso de doença e quais os meios de comunicação mais utilizados na casa À direita estão os quadros para anotar se aquela família participa de grupos comunitários e para informar que meios de transporte mais utiliza Para completar vem o espaço para você escrever as ob servações que considerar importantes a respeito da saúde da quela família 74 72 Cadastramento e acompanhamento da Ficha B Na Ficha BGES o ACS cadastra e acompanha mensalmen te o estado de saúde das gestantes A cada visita os dados da gestante devem ser atualizados nessa ficha que deve ficar de posse do ACS sendo discutida mensalmente com o enfermeiro instrutorsupervisor A Ficha BHA serve para o cadastramento e acompanha mento mensal dos hipertensos Atenção só devem ser cadastradas as pessoas com diag nóstico médico estabelecido Os casos suspeitos referência de hipertensão ou pressão arterial acima dos padrões de normalidade devem ser enca minhados imediatamente à Unidade Básica de Saúde para re alização de consulta médica Só após esse procedimento com 75 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 76 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica o diagnóstico médico estabelecido é que o ACS cadastra e acompanha o hipertenso A Ficha BDIA serve para o cadastramento e acompanha mento mensal dos diabéticos Atenção só devem ser cadastradas as pessoas com diag nóstico médico estabelecido Os casos suspeitos referência de diabetes devem ser en caminhados à Unidade Básica de Saúde para realização de consulta médica Só após esse procedimento é que o ACS ca dastra e acompanha o diabético Os casos de diabetes gesta cional não devem ser cadastrados nessa ficha A Ficha BTB serve para o cadastramento e acompanhamen to mensal de pessoas com tuberculose A cada visita os dados dessa ficha devem ser atualizados Ela fica de posse do ACS e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro instrutorsupervisor A Ficha BHAN serve para o cadastramento e acompanha mento mensal de pessoas com hanseníase Assim como na ficha B da gestante o ACS deve atualizar os dados específicos de cada ficha a cada visita realizada por ele Esta ficha permanece com o ACS pois é de sua responsabilidade e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro instrutorsupervisor Devese lembrar que sempre ao se cadastrar um caso novo seja de gestante hipertenso diabético seja de pacientes com tuberculose ou hanseníase o agente comunitário de saúde deve discutir com o enfermeiro instrutorsupervisor solicitando auxílio para o preenchimento e acompanhamento deles 77 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 78 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica 73 Orientações para preenchimento da Ficha C cópia das informações pertinentes da Caderneta da Criança Ficha C é o instrumento utilizado para o acompanha mento da criança A Ficha C é uma cópia das informações per tinentes da Caderneta da Criança padronizada pelo Ministé rio da Saúde e utilizada pelos diversos serviços de saúde Essa Caderneta é produzida em dois modelos distintos um para a criança de sexo masculino e outro para a criança de sexo fe minino Toda família que tenha uma criança menor de cinco anos deve possuir essa caderneta que servirá como fonte de dados que serão coletados pelos ACS O ACS deverá transcrever para o seu cartão sombracartão espelho os dados registrados na Caderneta da Criança Caso a família não a tenha o ACS deverá preencher o car tão sombra com base nas informações referidas e orientar a família a procurar a unidade de saúde em que realizou as vacinas para providenciar a 2ª via No Guia Prático do ACS você encontra as informações so bre esquema vacinal da criança e sobre o correto preenchimento das curvas de crescimento 74 Orientações para preenchimento da Ficha D registro de atividades procedimentos e notificações A Ficha D é utilizada por todos os profissionais da equipe de saúde Cada profissional entrega uma Ficha D preenchida ao final do mês O preenchimento desse instrumento deve ser diá rio considerandose os dias efetivos de trabalho em cada mês O primeiro quadro da ficha onde estão os espaços para município segmento unidade etc será preenchido pelo ACS com a ajuda do enfermeiro de sua unidade de saúde que é o reponsável pelo seu trabalho e que realizará a orientação e a supervisão 79 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 80 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Como a ficha é única para todos os profissionais o ACS só irá anotar o que é específico do seu trabalho que está no verso da Ficha D No quadro destinado a informar sobre os Procedimen tos você vai registrar nas duas últimas linhas Reuniões e Visita Domiciliar Reuniões você vai registrar o número de reuniões re alizadas por você que contaram com a participação de 10 ou mais pessoas com duração mínima de 30 minutos e com o objetivo de disseminar informações discutir estratégias de superação de problemas de saúde ou de contribuir para a organização comunitária Visita domiciliar você vai registrar todas as visitas domici liares que você realizou qualquer que seja a finalidade Logo no início do quadro Notificações há três linhas onde você deve anotar as notificações feitas por você sobre as crianças menores de dois anos que tiveram diarreia e infecções respiratórias agudas 80 2a Menores de dois anos que tiveram diarreia regis trar o número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram um ou mais episódios de diarreia nos 15 dias anteriores à visita domiciliar 2a Menores de dois anos que tiveram diarreia e usa ram terapia de reidratação oral TRO registrar o número de crianças com idade de até 23 meses e 29 dias que tiveram diarreia nos 15 dias anteriores à visita domiciliar e usaram so lução de reidratação oral soro caseiro ou soro de reidratação oral SRO distribuído pela Unidade de Saúde ou comprados na farmácia Não anotar as crianças que utilizaram somente chás sucos ou outros líquidos 2a Menores de dois anos que tiveram infecção respi ratória aguda registrar o número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram infecção respiratória aguda nos 15 dias anteriores à visita domiciliar Hospitalizações você deve preencher esse quadro cada vez que tomar conhecimento de qualquer caso de hospitali zação de pessoas da comunidade onde você atua no mês de referência ou no mês anterior Data registre dia e mês da hospitalização 81 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE 82 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Nome anote o nome completo da pessoa que foi hos pitalizada Endereço anote o endereço completo da pessoa que foi hospitalizada Sexo marque F para feminino e M para masculino Idade anote a idade em anos completos Se a pessoa for menor de um ano registrar a idade em meses Causa registre a causa da hospitalização informada pela família ou obtida por meio de laudos médicos Nome do hospital anote o nome do hospital onde a pessoa foi internada Veja uma situação que serve de exemplo Valéria agente comunitária de saúde ao realizar as visitas do miciliares no mês de outubro soube da ocorrência de três inter nações na sua microárea A primeira de dona Marta Pereira de Alencar ocorreu no mês de setembro em data posterior à visita que a ACS realizou à família de dona Marta devendo ser então registrada na ficha de outubro Os outros dois casos ocorreram ainda no mês de outubro Observe como o exemplo foi registra do na ficha Óbitos você deve anotar todo óbito ocorrido no mês de refe rência e no anterior Data registrar dia e mês da ocorrência do óbito 82 Nome anote o nome completo da pessoa que faleceu Endereço anote o endereço completo da pessoa que faleceu Sexo marque F para feminino e marque M para masculino Idade anote a idade em anos completos Se a pessoa for me nor de um ano registre a sua idade em meses Causa registre a causa do óbito segundo as informações da família ou obtida por meio de atestado de óbito Acreditamos que com esta publicação e com o Guia Prático do Agente Comunitário de Saúde você ACS terá mais facilidade em realizar o seu trabalho 83 O TRABALHO do AGENTE COMUNITÁRIO de SAÚDE Disque Saúde 0800 61 1997 Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde wwwsaudegovbrbvs