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Psicologia ·

Psicanálise

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JORNAL de PSICANÁLISE 50 93 111126 2017 Interpretação dos sonhos sem fim1 Elsa Vera Kunze Post Susemihl2 São Paulo Resumo A autora inicia com a retomada do texto fundante da psicanálise A interpretação dos sonhos comentando algo da história de sua escrita e apresentando um resumo das ideias principais de Freud sobre o processo onírico Busca em alguns autores as ideias próprias sobre sonhos sonhar e trabalho clínico com sonhos tentando reconhecer uma invariância com as proposições freudianas bem como extensões e desenvolvimentos O texto é permeado por vinhetas clínicas que visam ilustrar algo do que está sendo apresentado Palavraschave realização de desejo expressividade do sonho espaço onírico função alfa Quem conhece meus outros trabalhos sabe que nunca apresentei coisas ainda não concluídas como se tivessem sido concluídas e sempre me esforcei no sentido de modificar minhas asserções de acordo com o progresso do meu conhecimento Freud Prefácio à 2a edição de A interpretação dos sonhos3 Introdução Inicio este trabalho com o momento fundante da psicanálise a publica ção de A interpretação dos sonhos em 1900 A seguir investigo em alguns autores de minha escolha como essas ideias evoluíram e se transformaram Mais do que destacar as diferenças porém estou interessada em detectar invariân cias Sustento nesse sentido que é imprescindível até hoje um psicanalista ter um bom conhecimento dessa obra considerada por Freud a sua obra magna Jones 19532007 Vou me ater ao sonho somente enquanto experiência durante o sono Permeio minha apresentação com vinhetas clínicas de sonhos 1 Trabalho apresentado em reunião científica na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo sbpsp em 11112017 com comentário de Luiz Tenório Oliveira Lima no qual se referiu ao título aqui parafraseado de um artigo de Goethe sobre Shakespeare de 1813 que se refere ao fato de muito já ter sido dito sobre Shakespeare mas que sempre há algo mais a ser pensado pois é a característica do espírito que ele estimula o espírito 2 Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo sbpsp 3 Os textos extraídos de obras que constam em alemão ou inglês nas referências foram traduzidos livremente pela autora JORNAL de PSICANÁLISE 50 93 111126 2017 O momento fundante É marcante a relação intrínseca entre o sonho e a psicanálise já que o descobrimento deste rico campo de investigação e trabalho se deu por meio de um profundo e detalhado estudo de Freud dos processos oníricos há mais de 100 anos A laboriosa empreitada intelectual e de mergulho pessoal nas mais íntimas experiências de vida feita por Freud nos últimos anos do século xix deu à luz a psicanálise fruto do desvendamento dos processos oníricos por meio de modelos muito elaborados de como estes se dão e do sentido afetivo e emocional que veiculam Foi com a publicação de A interpretação dos sonhos que Freud apresentou consistentemente aquilo que daí para a frente definirá o campo psicanalítico a psicanálise a saber a realidade psíquica nomeada fur tivamente ao final do livro mas descrita em todos os seus pormenores ao longo desse portentoso volume A realidade psíquica atuante e gerando resultados mediatos e imediatos em nossa vida psíquica de vigília e de sono e em nossa vida material Realidade psíquica construída e armazenada nas profundezas de nosso ser desde tempos imemoriáveis e sempre novamente despertada fazendo novas conexões e sendo transformada pelas experiências acumuladas ao longo da vida Freud deixa registrada a importância da obra para ele Prefácio à 3a edição inglesa 1931 ela contém mesmo que de acordo com meu julga mento atual a mais valiosa de todas as descobertas que tive a felicidade de fazer Um discernimento claro como esse só acontece uma vez na vida Desde então sonhos e psicanálise andam de mãos dadas tanto na atua lidade do encontro analítico e no desvendamento contínuo de seus processos subjacentes quanto no imaginário público e cultural Podemos pensar que esta marca da constituição do campo psicanalítico que é a importância dada aos processos oníricos sua investigação levando a esclarecimentos dos processos psíquicos em geral e com base nisso a sua utilização para a investigação da mente singular e dos sentidos psíquicos torna a relação entre psicanálise e sonhar indissociável Mas que sonhos são esses dos quais falamos O que chamamos de sonhos Ainda são os mesmos que Freud analisava Ainda nos mantemos fieis àqueles princípios de interpretação apresentados há cem anos Quais foram as mudanças as transformações Estas são algumas questões que têm me guiado ao longo dos meus estudos e dos seminários que coordeno e que pretendo abordar aqui Naturalmente não será possível um estudo exaustivo das contribuições importantes feitas durante cem anos neste pequeno espaço Antes pretendo fazer algumas considerações a respeito de contribuições feitas por autores escolhidos por mim de acordo com o meu interesse pessoal e a oportunidade Tenho percebido que mesmo entre psicanalistas infelizmente existe um grande desconhecimento a respeito dessa obra magna de Freud fato também já notado por ele quando afirmou não sem um pouco de amargor que Interpretação dos sonhos sem fim Elsa Vera Kunze Post Susemihl muito se lê e se cita A interpretação dos sonhos mas parece que suas ideias principais ainda assim não são conhecidas e consideradas 193319321969c p 18 Muitas vezes a leitura é tida como exaustiva demais e os recortes na leitura acabam impedindo o acompanhamento da gradual aproximação que Freud engenhosamente vai tecendo para nos levar até o capítulo teórico final o famoso capítulo 7 Penso que a experiência pessoal dessa leitura continua sendo riquíssima para qualquer psicanalista praticante Incluo nessa leitura o primeiro capítulo em que acompanhamos Freud na revisão da literatura científica dispo nível na época e em suas reflexões e argumentações ao longo das quais elabora seu posicionamento Sabemos GubrichSimitis 2000 Jones 19532007 que ao longo das oito edições publicadas durante sua vida Freud fez diversas al terações no texto tanto em termos do formato quanto do conteúdo Foram introduzidas notas com base em experiências clínicas que reiteravam as teorias expostas assim como em outras que as discutiam diante das novas ideias que surgiam por exemplo atualizando pontualmente temas como a sexualidade in fantil a teoria das neuroses as ideias de Totem e tabu o capítulo 7 à luz dos textos metapsicológicos e a discussão em torno dos sonhos traumáticos Alguns capítulos foram recortados e reposicionados e mais tarde novamente realocados em sua ordem inicial Alguns novos sonhos foram incluídos Sem dúvida isso faz o texto apresentar rupturas e ritmo não constante Mas mostra também algo da obra viva retrabalhada ao longo de uma vida que sempre acompanhou o autor e nunca deixou de interessálo Penso ser importante termos em mente que o livro que temos em mãos atualmente não é a obra original publicada em 1900 mas sim a obra que foi reorganizada e editada por Freud até a última edição em 1930 Sabemos ainda que o interesse por sonhos era antigo na vida de Freud que há sinais deste interesse na correspondência com a noiva e com o amigo Fliess Tomou um lugar importante em sua investigação sobre as neuroses quando os pacientes começaram a trazer espontaneamente sonhos durante suas conversas e associações Podemos considerar 1885 um ano decisivo para a germinação do sonho no contexto do que viria a ser a psicanálise quando Freud sonha o sonho de Irma Considera então que descobriu por meio de sua análise o método da interpretação do sonho Quase simultaneamente escreve o Projeto para uma psicologia científica o último esforço em pôr a teoria psicológica numa linguagem neurológica e que logo será descartado Mas ali se encontram presentes já algumas das ideias centrais que serão apresentadas em A interpre tação dos sonhos e que serão retomadas agora descoladas de uma pretensa base neurofisiológica inaugurando assim o campo da psicanálise Nos cinco anos que se seguem ao sonho de Irma acompanhamos através da correspondência com Fliess as idas e vindas no projeto da publicação do livro dos sonhos Anos necessários para o desenrolar da autoanálise conforme testemunha Freud no prefácio à segunda edição ter este livro também uma JORNAL de PSICANÁLISE 50 93 111126 2017 importância subjetiva que só pude reconhecer ao seu término Mostrou ser um pedaço da minha autoanálise como minha reação à morte do meu pai logo ao acontecimento mais importante à perda mais decisiva na vida de um homem Já em 1897 Freud está decidido a publicar um livro sobre sonhos e começa a mandar trechos escritos ao seu amigo que passa a ser seu crítico e conse lheiro preocupado com a exposição pessoal de Freud na obra na medida em que grande parte do material ilustrativo das teorias é composta pelos próprios sonhos pessoais de Freud e de suas associações4 Possivelmente esse conflito em torno da autoexposição contribuiu para uma inibição na escrita e pelo tempo que se passou até que finalmente em maio de 1899 surge um empuxo para a finalização da obra E agora a rapidez é estonteante alguns capítulos já se encontram quase prontos 26 o capítulo 1 é escrito em um mês e o capítulo 7 é escrito em duas semanas quando o resto do livro já se encontra na gráfica A primeira edição teve 600 exemplares que foram vendidos ao longo de dez anos e a crítica recebeu o livro com certa frieza Freud mesmo escreve para seu amigo em 21091899 creio que minha autocrítica não era totalmente injustificada Abrigo também em algum canto em mim certo senso para a forma uma valorização do belo como uma espécie de perfeição e as frases rebuscadas do meu trabalho dos sonhos que se escoram em palavras indiretas e cobiçam pensamentos ofenderam pro fundamente um ideal dentro de mim Não devo estar sendo injusto ao considerar essa falta formal como um sinal de domínio incompleto da matéria tratada Você deve ter percebido assim também e sempre fomos sinceros um com o outro não precisamos nos enganar O consolo reside na necessidade não foi possível fazer melhor Masson 19851999 Últimas palavras de Freud Mais uma vez Freud retorna ao assunto nas Novas conferências de 1933 quando ao final da vida resume pontos importantes e novas reflexões Escritas como conferências a serem proferidas na posteridade e numeradas em continuidade com as Conferências introdutórias sobre psicanálise 1916 19171969a Freud retoma os sonhos na Conferência xxix Dálhe o nome de Revisão da teoria dos sonhos mas ao término da leitura não nos parece que houve alguma revisão importante A esperada revisão à luz das novas teorias 4 Por muito tempo essa crítica o acompanhará e quando anos mais tarde Freud as ouve também de Jung decidese em 1911 na 3a edição edição que tem certa característica de uma edição co letiva pois inclui contribuições de colegas nos capítulos 5 e 6 que esta será a última Escreverá um novo livro com colaboração dos colegas e que não poderá mais sofrer essa crítica Mas em algum momento desiste deste projeto GubrichSimitis 2000 Interpretação dos sonhos sem fim Elsa Vera Kunze Post Susemihl apresentadas na década de 1920 tanto em relação aos instintos de vida e de morte quanto em relação à segunda tópica não foi feita isto é não foi além das notas já introduzidas ao longo das edições do próprio livro dos sonhos Alguma atenção maior foi dispensada à questão dos símbolos Deixanos então um último resumo do que seriam as características básicas de sua concepção sobre os processos oníricos Seguindo seu próprio resumo destaco alguns pontos o sonho é composto de um conteúdo manifesto e um conteúdo latente o sonho tem a função de manutenção do sono Pode posteriormen te ser utilizado para a investigação da vida mental própria ou do analisando o trabalho onírico transforma o conteúdo latente em conteúdo manifesto o trabalho onírico se compõe de condensação deslocamento conside ração à apresentabilidade e elaboração secundária durante o estado do sono há um relaxamento da repressão e da censura assim os impulsos inconscientes profundamente recalcados que clamam por vida e satisfação os filhos da noite se agregam aos pensamentos latentes préconscientes e tendo essa dupla base no amálgama de ambos que se dá no trabalho onírico produzse o sonho apresentandose com a forma de desejos realizados o trabalho onírico em si não cria nem pensa nada de novo5 somente transforma o modo de apresentação dos conteúdos psíquicos incons cientes e préconscientes para outra linguagem aquela dos processos primários Por meio de um processo intenso de compressão que se dá pelos mecanismos de deslocamento e condensação o trabalho onírico apresenta aqueles mesmos conteúdos latentes em outra forma pre dominantemente de imagens visuais na mente durante o sonho 5 O sonho como descobrimos substitui diversos pensamentos que derivam de nossa vida diurna e formam uma sequência completamente lógica Não podemos duvidar portanto de que esses pensamentos se originem de nossa vida mental normal Todos os atributos que tanto valoriza mos em nossas cadeias de pensamento e que as caracterizam como realizações complexas de ordem superior são reencontradas nos pensamentos oníricos Não há porém necessidade de presumir que essa atividade de pensamento seja executada durante o sono possibilidade esta que confundiria gravemente o que até aqui constituiu nosso quadro aceito do estado psíqui co de sono Ao contrário é bem possível que esses pensamentos tenham se originado no dia anterior passado despercebidos por nossa consciência desde o início e talvez já se tenham completado ao iniciarse o sono O máximo que podemos concluir daí é que isso prova que as mais complexas realizações do pensamento são possíveis sem a assistência da consciência um fato de que não poderíamos deixar de nos inteirar Freud 19001969b p 619 JORNAL de PSICANÁLISE 50 93 111126 2017 contribui para esse resultado também o fato de que ao dormir as vias de descarga motora apoiadas nos objetos da realidade externa estão bloqueadas causando um refluxo de energia e uma regressão tópica e levando a um funcionamento na borda da alucinação nunca se termina ou esgota uma interpretação ideia expressa já em 1900 sobre o umbigo do sonho que o liga ao desconhecido inalcançável Como nos situamos hoje diante dessas ideias Somos leitores pouco atentos Ou descobrimos novos caminhos nomes ferramentas que não traíram as ideias originais mas as expandiram dentro de seu espirito inicial Perguntas pertinentes sempre recorrentes inseridas em movimentos psicana líticos e situações de política institucional além de modismos Ou seja nada simples de responder Talvez não devam ser respondidas mas antes nos servir de guias para reflexões Intervalo onírico I Paciente A um sonho de início de análise Estava em uma loja de bolsas uma parte da loja era dentro outra parte fora Todas as bolsas eram iguais só uma bolsa era especial Achava ela inte ressante e diferente Peço o preço que é algo em torno de X Acho caro não compro Depois fico sabendo que ficou mais caro ainda e fico arrependida Associações ao sonho O valor x da bolsa especial coincidia com o valor inicialmente solicitado para a sessão que foi reduzido atendendo o pedido da paciente Ela associa que quando era criança fazia questão de que lhe comprassem as roupas mais caras de moda sendo sempre atendida pela mãe Atualmente acha tudo isso uma bobagem Sabe que foi uma filha não planejada a mãe já tinha filhos bem mais velhos mas também tem certeza de que após ter nascido passou a ser a preferida da mãe Continua lembrandose das constantes brigas a que assistia entre os pais constatando que talvez eles já não formassem mais um casal muito feliz Quando pequena tomava sempre o partido da mãe durante as brigas somente mais tarde pôde perceber as coisas por outro prisma E então conta que sua mãe tinha uma pequena loja onde vendia entre outras coisas também o artesanato que fazia Quando pequena não valorizava as coisas que a mãe fazia ou vendia na sua loja não eram caras nem chiques Comentários A situação transferencial é aquela que mais chama a atenção nesse sonho Nesse início de análise surge a ambivalência que se apresenta no sonho parte dentro e a favor da análise parte fora e contra A análise é uma coisa espe cial diferente mas será que pela redução de preço ela deixou de ser especial Interpretação dos sonhos sem fim Elsa Vera Kunze Post Susemihl Novamente a dúvida se compra ou não compra e depois se arrepende Não é necessário dizer estávamos em dia de pagamento E que ela inicia dizendo que o sonho não tem nada a ver com isso Freud já nos ensinou a ouvir tais negativas Mas o sonho também aponta para situações do passado que surgem com as associações A loja da mãe por muito tempo depreciada pela paciente e da qual sentia vergonha e a idealização ligada a coisas caras a dúvida entre ser rejeitada e abandonada pela mãe e em ser sua preferida agora projetada na analista que pode ou não ser abandonada e como do ponto de vista infantil se via muito aflita em saber com quem ficar na briga entre os pais Podemos notar aqui vários elementos indicados por Freud na produção de um sonho Pensamentos préconscientes latentes que estão ligados também a restos diurnos relacionados com esse momento inicial de um processo de análise Temos um conteúdo manifesto e um conteúdo latente restos diurnos e um afeto de dúvida que expressa a ambivalência A outra base do sonho é acessada pelas associações ao conteúdo manifesto quando a rede associativa remete a eventos e conflitos do passado situações também de ambivalência de dúvida de receio permeadas de fantasias de ser a preferida de fazer o que quer e de desprestigiar e desvalorizar a mãe que é amorosa Enfim aspectos da realidade psíquica dessa paciente que clamam por expressão e que agora puderam vir à tona Seguindo adiante Acompanhamos através de seus escritos a utilização criativa que Klein faz dos sonhos e sua interpretação Já em um dos primeiros casos de criança que atende a pequena Rita Klein 19551993 dá mostras de sua profunda capacidade de compreender a ansiedade da pequena criança quando interpreta o terror noturno seu sintoma no medo que seu encontro com ela desperta va Talvez hoje disséssemos que Klein sonhou o sonho que Rita não conseguia sonhar Ogden 2006 ao dizer a Rita que o medo que ela tinha de Klein teria algo a ver com o medo que ela também tinha à noite quando sozinha tinha uma fantasia de que uma mulher má viria atacála Rita parece ter se sentido compreendida e se acalmou Intervalo onírico II Brincando de sonhar D menino de 5 anos que nasceu com uma fenda no maxilar superior e sofreu duas cirurgias reparadoras no primeiro ano de vida em certo momento de sua análise propõe a construção de uma boneca Passamos a fazêla com panos retalhos cordões e copinhos Ambos nos envolvemos na tarefa e as JORNAL de PSICANÁLISE 50 93 111126 2017 dificuldades são grandes para conseguirmos levar a cabo o projeto Em certo momento D fica muito aflito pois usamos um copinho para ser a cabeça mas ele era aberto e tínhamos que fechálo para o cérebro não cair Como vamos resolver este problema Tentamos algumas coisas e aí D põe um apontador como cérebro dentro do copinhocabeça e juntos conseguimos fechar a cabeça com um pescoço de tal forma que o apontador ficasse na cabeça E continuamos a sessão agora um pouco menos perturbados Penso que esse jogo foi muito importante no processo de D quando pôde dar uma forma simbólica por meio da construção da boneca a experiências muito precoces vividas corporalmente e carregadas de emoção e ansiedade Optei por não falar sobre seu passado ou sobre essa relação penso que poder sonhar brincar e simbolizar ajudouo o su ficiente A boneca nos acompanhou por muito tempo com sua simples presença na sala durante todas as outras aventuras que ali vivemos Em outro texto Klein 19401981 nos conta sob o pseudônimo da sra A um pequeno pedaço de autoanálise quando apresenta seus sonhos ao longo do doloroso trabalho de luto pelo seu filho que falecera Descreve com base na interpretação de seus sonhos como seu mundo interno havia desabado com esta morte e como lentamente reconstrói dentro de si a esperança a saudade e a alegria de viver lidando com ódio inveja e culpa É um trabalho tocante de profunda coragem e sinceridade diante da dor ao longo do qual Klein apresenta a luta travada pelos instintos de vida e de morte na aceitação de realidade tão dolorosa e de como a dor pode devastar o mundo interno e como este pode ser reconstruído no trabalho do luto Klein não parece interessada na questão da realização do desejo ou na função do sonho ainda que possamos reconhecer esses elementos nas entrelinhas e nos sonhos Penso que os sonhos eram antes utilizados para aquilo que mais a importava investigar o mundo interno e assim poder alcançar a relação existente entre os diferentes objetos internos as fanta sias subjacentes as ansiedades em andamento e as defesas utilizadas O sonho é considerado em um continuum com a vida desperta em ambos passado e pre sente atuam enlaçados e de forma dinâmica resultam em pensamentos emoções e ações O passado é um afeto ou uma marca que clama por ser simbolizada e atua sempre mas é antes de tudo um modelo de relação objetal que será apre sentado no sonho assim como na relação transferencial Notamos assim como todas as novas descobertas de Klein que foram gradativamente se afastando de Freud e construindo um corpo teórico consis tente e próprio são integradas na maneira com que ela se utiliza dos sonhos e os interpreta Como é seu estilo Klein não apresenta modelos metapsicológicos complexos e abstratos mas antes concepções que apanham e acompanham suas experiências emocionais pessoais e clínicas Apreende o mundo emocio nal através das fantasias inconscientes por meio da linguagem simbólica pela qual elas se expressam Assim como se apoiou na concepção do sonho para se Interpretação dos sonhos sem fim Elsa Vera Kunze Post Susemihl aproximar do brincar e de seu sentido tomando este como um sonho também enriqueceu sua interpretação do sonho com as aquisições e descobertas que fez em seu trabalho com as pequenas crianças brincando e trabalhando psicana liticamente com elas É assim que se aproxima do conteúdo latente do sonho com base nos símbolos que se referem às angústias inconscientes e que estão relacionadas com o que está posto na vida atual Descolandose da fórmula da realização de desejo e mirando diretamente a angústia subjacente Klein nos mostra como o sonho pode ser utilizado em sua qualidade expressiva como comunicação pessoal e interpessoal quando existe alguém para apreender seu sentido Essa forma de apreender o sentido do sonho deu ênfase maior na ex pressão do mundo interno no sonho Desde então foram muitos os autores que trouxeram desenvolvimentos a partir desse vértice entre os quais cito Meltzer 1984 que enfatizou o pensamento onírico no sonho o qual apresenta à mente problemas a serem considerados expressando questões do mundo interno Entre nós Barros 2004 que estuda a maneira pela qual a mente dá representação pictórica expressiva às emoções durante o trabalho onírico possibilitando por meio da criação de pictogramas o pensar e Meyer 2015 que também traba lha com o sonho como modo expressivo através do qual o aparelho psíquico delineia constrói e comunica uma questão com a qual se confronta Intervalo onírico III Paciente B sonhos de reparação Não me lembro bem foi um sonho não sei exatamente mas é como se eu tivesse encontrado A um amigo de adolescência outro dia lembrei dele aqui ele era muito bacana tudo de bom já não tenho mais contato com ele só sei que continuou sua vida estudou casou tem filhos No sonho a gente se encontra e é como se a gente conversasse sobre o passado e era como se fosse possível a gente mudar o passado e viver ainda aquela situação mas sem que isso fosse mudar o nosso presente Isso é possível Comentários Acho que sim penso que a paciente sonha com a análise e com o para doxo que se vive na análise em viver o passado e mudar o passado sem que de fato não se mude nada nem no passado nem necessariamente na vida presente ainda que tudo possa mudar e tudo possa ficar diferente Penso que eu a analis ta sou esse amigo idealizado do passado com quem algumas coisas podem ser revividas mesmo que a roupagem dada no sonho ao encontro com esse amigo seja de um encontro amoroso e talvez não corresponda àquilo que vivemos aqui na análise em que as conversas e os momentos pelos quais passamos são árduos e difíceis Podemos pensar que houve uma transformação em realização de desejo em romance para a apresentação das ideias latentes e inconscientes a respeito da dúvida sobre a possibilidade de reparação JORNAL de PSICANÁLISE 50 93 111126 2017 A associação oferecida ao sonho é outro sonho Era como se estivesse num lugar consertando uma porta de entrada acho que era de vidro não entendo uma parte e à medida que tento con sertar uma parte que está perto da maçaneta parece que começa a trincar a outra parte e levo um susto como vou dar conta de consertar tudo isto Surge agora a angústia de reparação mais clara e explícita não mais travestida de romance Como vou entrar por essa porta de vidro Transmite toda uma situação psíquica de muita fragilidade diante de uma situação interna nova e uma ansiedade quanto à possibilidade de que tudo possa fragmentarse A angústia expressa no sonho agora é se será possível dar conta de consertar o passado de reparar dentro de si a destrutividade e levar a cabo uma integração O espaço onírico Encontro em um texto clássico Kahn 1993 um aproveitamento inte ressante de algumas ideias de Winnicott 19711975 quando este distingue um tipo de fantasiar que é um fenômeno isolado uma produção da mente que permanece dissociada e não contribui para sonhar nem para viver e também de sua ideia do uso do objeto quando o objeto é vivido fora da área da identificação projetiva e pode ser reconhecido como entidade própria e assim pode ser utilizado e usufruído Kahn chama a atenção para a experiência do sonhar em si como algo tão importante quanto a procura do sentido no sonho Referese à incapacidade de sonhar ou de sonhos que não cumprem a experiência de sonhar quando os processos simbólicos que fazem parte da formação dos sonhos não são utilizados no sentido de criar um espaço onírico onde o sonho se atualiza Kahn mostra que sonhos podem ser utilizados pelos adultos exatamente como o espaço transicional é utilizado pelas crianças Neste sentido ele afirma que além do processo do sonhar que articula os impulsos inconscientes com os conflitos é também importante a construção de um espaço onírico no qual o sonho pode atualizar uma experiência Quando este espaço não existe pouca satisfação é extraída do sonhar e pouca noção da realidade da experiência do sonho sonhado se desenvolve Kahn ainda aponta para uma consequência muito interessante dessa situação de incapacidade do sonhar pois mostra que quando não existe a capacidade de construção do espaço onírico na realidade interna do paciente este tende a explorar o espaço social atuando suas relações objetais na realidade o que leva a acting out Kahn indica que a realização de desejo durante o sonhar conforme descreveu Freud cuja função é a preservação do sono depende do clima psíquico interno de funções do ego e da capacidade de usar o discurso simbólico que é a essência da formação do sonho Já o espaço onírico é construído com base na capacidade de se utilizar do sonho como uma experiência para se descobrir o self e a realidade e é onde a experiência do sonhar se atualiza Interpretação dos sonhos sem fim Elsa Vera Kunze Post Susemihl Intervalo onírico IV Paciente C Tive um sonho estranho assustador Estava no carro à noite em uma rua poderia ser no Morumbi de repente o carro na minha frente para e aí um monte de policiais começa a atirar no casal da frente com armas acho que metralhadoras Eu me abaixo para não ser atingido Aí recebo um sinal para me afastar e vejo na parte de trás dois casais de adolescentes poderiam estar indo para a balada olhando horrorizados para mim com o que estava acontecendo Comentários Fico impactada com a violência do sonho a violência contra o casal A única associação do paciente é com o trânsito excessivo que ele pegou na volta da viagem no fim de semana e como se aborreceu e se sentiu desamparado diante das dificuldades de trânsito fazendoo pensar em se mudar de cidade A sensação de impotência desamparo e de certa claustrofobia possivelmente estava na raiz de alguns temas que havíamos começado a bordejar durante a análise Não contava internamente com um casal parental unido que pudesse amparálo e protegêlo internamente algo que começava a se evidenciar nas sessões Existia sim um ataque interno ao casal parental que dessa forma não podia ser apre endido e que de acordo com as lembranças e associações que o paciente vinha tendo nos últimos tempos nunca pode ser vivido e introjetado harmonicamen te Por situações externas relativas a uma dinâmica familiar e de casal bastante conflituosa o paciente costumava se refugiar em fantasias nas quais fazia uma aliança com a mãe e ignorava o pai matava o pai Não pudemos até aquele momento acessar uma presença interna do pai No sonho essa situação infantil de extrema violência e onipotência se apresenta sendo ele um expectador impotente e presa dessa composição interna terrível do seu mundo emocional Mas vale ressaltar que há um espaço na sessão e um espaço onírico em que esses elementos psíquicos podem ser apresentados e se transformam em uma experiência útil para investigação e conhecimento a respeito do seu mundo interno Abertura Bion a meu ver é o autor que traz maiores contribuições para a teoria dos sonhos de Freud que expandem o campo de investigação e a compreensão dos processos oníricos com consequências também para a sala de análise O início desse desenvolvimento pode ser acompanhado em suas Cogitações Considerando observações de Freud sobre um pensamento inconsciente de vigília Bion vai ex pandir também para a vida de vigília o trabalho onírico com base na observação de seu colapso nos pacientes psicóticos6 No final dos anos 1950 e início dos 6 O uso psicanalítico do sonho como um método de tornar o inconsciente consciente é um emprego em reverso do processo machinery que é empregado na transformação do consciente JORNAL de PSICANÁLISE 50 93 111126 2017 1960 Bion debruçase sobre as questões teóricas e clínicas relativas ao sonhar e alucinar ao trabalho onírico no sono e na vida de vigília sobre a consciência como órgão de percepção das qualidades psíquicas Freud 19001973 sobre como apreendemos a realidade externa e a interna psiquicamente e como estas questões estão relacionadas também às formulações de Freud 1911 2004 sobre os dois princípios do funcionamento psíquico bem como às contribuições de Klein 19461978 a respeito das posições esquizoparanoide e depressiva É assim que ele supõe ao longo desse caminho um trabalhooníricoalfa que se daria continuamente durante o dia e à noite operando sobre os estímulos recebidos de dentro e de fora da psique Nota o trabalho de alfa quando considera a gama de associações diferentes para cada pessoa diante de uma percepção ou palavra mesa o exemplo por ele oferecido Já para certas pessoas mesa é mesa não traz nada nem desperta nada Não houve trabalho de alfa a mesa somente se tornou uma palavra indigesta um fato indigesto Uma descrição do que este alfa faz é dar atenção às impressões sensoriais mas para fazerem elas se tornarem duradouras Para tanto precisam se transformar para possível armazenamento e lembrança precisam se submeter à atividadealfa a impressão deve ser ideo gramatizada transformada em uma imagem visual Sob o domínio do princípio da realidade este ideograma vai então ser capaz de armazenamento e lembran ça já sob o domínio do princípio do prazerdesprazer ele será utilizável para evacuação Bion 1992 pp 6364 Podemos notar nesse pequeno extrato aqui somente uma ilustração das suas preocupações e reflexões como ele tenta integrar os conhecimentos psi canalíticos de Freud e Klein com sua experiência com pacientes psicóticos em análise fazendo um grande esforço em integrar esses elementos à sua experiên cia e refletir como isso poderia se dar7 8 Ao cabo de alguns anos Bion 1962 chega a sua formulação mais conhe cida da função alfa como uma função mental que transforma as impressões sensoriais brutas relacionadas com a experiência emocional denominadas de elementos beta em elementos alfa Os elementos beta as impressões sensoriais em material apropriado para armazenagem no inconsciente Em outras palavras o trabalho onírico que conhecemos é somente uma pequena parcela do sonhar propriamente sendo o sonhar propriamente um processo contínuo que pertence à vida de vigília e atuante por todas as horas de vigília mas usualmente não possível de ser observado salvo em pacientes psicóticos Bion 1992 pp 3738 7 Remeto o leitor interessado a uma descrição detalhada desse processo em The language of Bion a dictionary of concepts Sandler 2005 8 Ainda O domínio do sonho é o lugar de armazenamento no qual as impressões transformadas são armazenadas depois de transformadas O trabalho onírico é responsável por oferecer ma terial précomunicável e armazenável e comunicável o mesmo para estímulos e impressões derivadas do contato da personalidade com o mundo externo O contato com a realidade não depende do trabalho onírico o acesso da personalidade ao material derivado desse contato é que é dependente do trabalho onírico A falha no trabalho onírico e a consequente falha na dis ponibilidade da experiência da realidade externa ou interna psíquica resultam em um particular estado psicótico Bion 1992 p 45 Interpretação dos sonhos sem fim Elsa Vera Kunze Post Susemihl não processadas não podem se vincular ou se associar a outros elementos e assim não podem ser utilizados para pensar sonhar ou lembrar O fracasso da função alfa significa que o paciente não pode sonhar e portanto não pode dormir À medida que a função alfa põe as impressões sensoriais da experiência emocional à disposição para o pensamento consciente e do pen samento onírico o paciente que não é capaz de sonhar também não é capaz de adormecer nem portanto de acordar Daí a condição peculiar observada na clínica quando o paciente psicótico se comporta como se estivesse exatamente nesse estado Bion 1962 pp 67 Intervalo onírico V Paciente F Essa paciente não sonha também tem dificuldade para adormecer e dormir e durante o dia preocupase obsessivamente com o que ingere contando as calorias e se pesando Cumpre também seus deveres como estudar e tirar as melhores notas o que consegue dada sua capacidade intelectual e de abstração ainda que em sua atual condição física isto também lhe custe muito esforço Está muito abaixo de seu peso e sentese culpada e mal por qualquer coisa que coma Ao se olhar no espelho vê uma pessoa gorda E se odeia por isso Comentários Temos aqui uma pessoa que tem dificuldade para dormir e para sonhar e podemos pensar que não discrimina um estado de vigília de um estado de sono sonho ambos são equacionados em um estado de sonovigília ou vigíliasono no qual vive de forma alucinatória um sonho não sonhado Qual seria este sonho Penso que seria um sonho de triunfo e controle onipotente sobre todas as limitações e dependências E de negação onipotente do mundo psíquico e da realidade psíquica banindo amor e ódio e qualquer consciência de uma relação objetal A realização do desejo seria se ver livre das vicissitudes da vida psíquica com todas as dores e prazeres envolvidos O sonho alucinado e atuado na vida material e no espaço social no entanto se torna um pesadelo alucinado quando a exterminação da realidade psíquica ameaça também a vida física quan do surge ainda um sinal de ansiedade como resto de uma vida psíquica agoni zante Quando não há paz ao se ver presa do próprio controle autoimposto Quando a imagem no espelho não acalma pois a alucinação se sobrepõe a ela por menos que coma e por mais magra que fique Seguindo ainda as contribuições de Bion é necessário sublinhar também a consideração teórica e clínica que este autor deixou no que tange ao trabalho conjunto da dupla analítica com base na investigação da identificação projeti va como comunicação e do processo de reverie acentuando a importância da atenção ao trabalho da dupla analista e analisando empenhados em conjunto JORNAL de PSICANÁLISE 50 93 111126 2017 na análise do analisando Nesse sentido as contribuições de Bion fertilizaram o campo analítico e instrumentaram o analista no sentido de observar a relação analítica com base na função alfa em andamento Interrompo meu texto aqui quando se abre todo um amplo campo de investigação e utilização dos aportes mencionados para a clínica e a investi gação da relação analítica A título de referência lembro a contribuição de Ogden 1994 iniciando com a concepção de terceiro analítico e os trabalhos posteriores mostrando como a capacidade ou não de sonhar incide na relação analítica 2006 de Ferro 1997 com inúmeras contribuições sobre como ob servar na relação analítica o andamento ou não da função alfa operando na dupla de Sandler 2009 que apresenta as contribuições de Bion para o sonhar transformação continência e de Cassorla 2014 enfatizando as perturbações desse funcionamento na dupla com reflexões entre outras sobre o enactment A título de conclusão Mudou o mundo mudou o tempo mudaramse as concepções os jargões os modismos e algumas ideias novas e importantes foram acrescentadas Quão distantes estamos de A interpretação dos sonhos O suficiente para prescindir de sua leitura e de seus conceitos e modelos E se não do que nos vale ainda rememorála Só porque foi Freud quem a escreveu Penso que não e espero que ao longo deste texto pude mostrar a impor tância de não nos descolarmos daquelas ideias matrizes ainda que elas tenham se transformado em novas teorias e acréscimos Espero também que tenha ficado evidente como cada um dos autores citados desenvolve suas ideias com base na rica matriz que Freud nos deixou Ou seja acredito que a invariância existe ne cessariamente e é a sua apreensão que dará profundidade à compreensão teórica dos novos desenvolvimentos e que contribui para nossa prática clínica diária Interpretación de los sueños sin fin Resumen La autora comienza retomando el texto fundamental del psicoanálisis La interpretación de los sueños Hace algunos comentarios sobre la historia de este texto y presenta un resumen de las ideas principales de Freud sobre el proceso onírico Busca en otros autores sus propias ideas sobre sueños el soñar y el trabajo clínico con sueños tratando de reconocer una invariancia con relación a las proposiciones freudianas como también extensiones y desarrollos En este texto la autora presenta varias viñetas clínicas que ilustran el tema que está siendo presentando Palabras clave realización de deseo expresividad del sueño espacio onírico función alfa Interpretação dos sonhos sem fim Elsa Vera Kunze Post Susemihl Neverending interpretation of dreams Abstract The author starts her paper by revisiting the fundamental text of Psychoanalysis The interpretation of dreams She comments on the history of its writing and she summarizes Freuds main ideas about the oneiric process She searches for other authors own ideas about dreams dreaming and the work with dreams in the clinical practice The authors purpose is to recognize an invariance when she compares these ideas and Freudian propositions as well as extensions and developments She uses clinical vignettes in order to illustrate some of the ideas presented herein Keywords fulfillment of desire expressivity of dream oneiric space alpha function Linterprétation des rêves sans fin Résumé Lauteur commence par la reprise du texte fondateur de la psychanalyse Linterprétation des rêves en faisant des commentaires sur lhistoire de son écriture et en présentant un résumé des principales idées de Freud sur le processus onirique Il cherche les idées concernant lacte de rêver les rêves et le travail clinique des rêves chez certains auteurs en essayant de reconnaître une invariance des propositions freudiennes ainsi que leurs extensions et leurs développements Le texte est parsemé de vignettes cliniques qui visent à illustrer un peu de ce qui est présenté Motsclés la réalisation du désir lexpressivité du rêve lespace onirique la fonction alpha Referências Barros E M R 2004 Ensaio sobre o sonhar elaboração psíquica e perlaboração Livro Anual de Psicanálise 18 131138 São Paulo Escuta Bion W R 1962 Learning from experience Londres Karnac Bion W R 1992 Cogitations Londres Karnac Cassorla R 2014 Em busca da simbolização sonhando objetos bizarros e traumas iniciais Revista Brasileira de Psicanálise 481 141153 Ferro A 1998 Na sala de análise Rio de Janeiro Imago Trabalho original publicado em 1997 Freud S 1969a Conferências introdutórias sobre psicanálise In Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud J L Meurer Trad Vol 16 Rio de Janeiro Imago Trabalho original publicado em 1916191719151916 Freud S 1969b A interpretação dos sonhos In Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud W I de Oliveira Trad Vol 5 Rio de Janeiro Imago Trabalho original publicado em 1900 Freud S 1969c Novas conferências introdutórias sobre psicanálise In S Freud Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud J L Meurer Trad Vol 22 Rio de Janeiro Imago Trabalho original publicado em 19331932 Freud S 1973 Die Traumdeutung In Sigmund Freud Gesammelte Werke Band 2 und 3 Frankfurt am Main Fischer Verlag Trabalho original publicado em 1900 Freud S 2004 Formulações sobre os dois princípios do acontecer psíquico In S Freud Obras psicológicas de Sigmund Freud escritos sobre a psicologia do inconsciente L A Hanns Coord da trad Vol 1 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