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Sociologia do Direito
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As notas deverão ter no máximo duas páginas estruturadas sinteticamente em torno a da ideia ou argumento central do autor b do diálogo crítico com essa ideia ou argumento central concordâncias do aluno discordâncias etc todas devidamente fundamentadas em evidências empíricas ou em outras abordagens teóricas concorrentes e c de temas e dúvidas para aprofundamento em aula Seção I MERCADORIA E DINHEIRO Capítulo 1 A mercadoria 1 Os dois fatores da mercadoria valor de uso e valor substância do valor grandeza do valor A riqueza das sociedades onde reina o modo de produção capitalista aparece como uma enorme coleção de mer cadorias1 e a mercadoria individual como sua forma ele mentar Nossa investigação começa por isso com a análise da mercadoria A mercadoria é antes de tudo um objeto externo uma coisa que por meio de suas propriedades satisfaz ne cessidades humanas de um tipo qualquer A natureza des sas necessidades se por exemplo elas provêm do es tômago ou da imaginação não altera em nada a questão2 Tampouco se trata aqui de como a coisa satisfaz a ne cessidade humana se diretamente como meio de sub sistência Lebensmittel isto é como objeto de fruição ou indiretamente como meio de produção Toda coisa útil como ferro papel etc deve ser consid erada sob um duplo ponto de vista o da qualidade e o da quantidade Cada uma dessas coisas é um conjunto de muitas propriedades e pode por isso ser útil sob diversos aspectos Descobrir esses diversos aspectos e portanto as múltiplas formas de uso das coisas é um ato histórico3 Assim como também é um ato histórico encontrar as medidas sociais para a quantidade das coisas úteis A di versidade das medidas das mercadorias resulta em parte da natureza diversa dos objetos a serem medidos e em parte da convenção A utilidade de uma coisa faz dela um valor de uso4 Mas essa utilidade não flutua no ar Condicionada pelas propriedades do corpo da mercadoria Warenkörper ela não existe sem esse corpo Por isso o próprio corpo da mercadoria como ferro trigo diamante etc é um valor de uso ou um bem Esse seu caráter não depende do fato de a apropriação de suas qualidades úteis custar muito ou pou co trabalho aos homens Na consideração do valor de uso será sempre pressuposta sua determinidade Bestimmtheit quantitativa como uma dúzia de relógios 1 braça de linho 1 tonelada de ferro etc Os valores de uso das mercadorias fornecem o material para uma disciplina específica a mer ceologia5 O valor de uso se efetiva apenas no uso ou no consumo Os valores de uso formam o conteúdo material da riqueza qualquer que seja a forma social desta Na forma de sociedade que iremos analisar eles constituem ao mesmo tempo os suportes materiais stofflische Träger do valor de troca O valor de troca aparece inicialmente como a relação quantitativa a proporção na qual valores de uso de um tipo são trocados por valores de uso de outro tipo6 uma relação que se altera constantemente no tempo e no es paço Por isso o valor de troca parece algo acidental e puramente relativo um valor de troca intrínseco imanente à mercadoria valeur intrinsèque portanto uma contradictio in adjecto contradição nos próprios termos7 Vejamos a coisa mais de perto Certa mercadoria 1 quartera de trigo por exemplo é trocada por x de graxa de sapatos ou por y de seda ou z de 1581493 ouro etc em suma por outras mercadorias nas mais diver sas proporções O trigo tem assim múltiplos valores de troca em vez de um único Mas sendo x de graxa de sapa tos assim como y de seda e z de ouro etc o valor de troca de 1 quarter de trigo então x de graxa de sapatos y de seda e z de ouro etc têm de ser valores de troca permutáveis entre si ou valores de troca de mesma grandeza Disso se segue em primeiro lugar que os valores de troca vigentes da mesma mercadoria expressam algo igual Em segundo lugar porém que o valor de troca não pode ser mais do que o modo de expressão a forma de manifestação Erscheinungsform de um conteúdo que dele pode ser distinguido Tomemos ainda duas mercadorias por exemplo trigo e ferro Qualquer que seja sua relação de troca ela é sempre representável por uma equação em que uma dada quantidade de trigo é igualada a uma quantidade qualquer de ferro por exemplo 1 quarter de trigo a quintaisb de ferro O que mostra essa equação Que algo comum de mesma grandeza existe em duas coisas diferentes em 1 quarter de trigo e em a quintais de ferro Ambas são port anto iguais a uma terceira que em si mesma não é nem uma nem outra Cada uma delas na medida em que é val or de troca tem portanto de ser redutível a essa terceira Um simples exemplo geométrico ilustra isso Para de terminar e comparar as áreas de todas as figuras retilíneas é preciso decompôlas em triângulos O próprio triângulo é reduzido a uma expressão totalmente distinta de sua figura visível a metade do produto de sua base pela sua altura Do mesmo modo os valores de troca das mer cadorias têm de ser reduzidos a algo em comum com re lação ao qual eles representam um mais ou um menos 1591493 Esse algo em comum não pode ser uma propriedade geométrica física química ou qualquer outra propriedade natural das mercadorias Suas propriedades físicas im portam apenas na medida em que conferem utilidade às mercadorias isto é fazem delas valores de uso Por outro lado parece claro que a abstração dos seus valores de uso é justamente o que caracteriza a relação de troca das mer cadorias Nessa relação um valor de uso vale tanto quanto o outro desde que esteja disponível em proporção ad equada Ou como diz o velho Barbon Um tipo de mercadoria é tão bom quanto outro se seu valor de troca for da mesma grandeza Pois não existe nenhuma diferença ou possibilidade de diferenciação entre coisas cujos valores de troca são da mesma grandeza8 Como valores de uso as mercadorias são antes de tudo de diferente qualidade como valores de troca elas podem ser apenas de quantidade diferente sem conter portanto nenhum átomo de valor de uso Prescindindo do valor de uso dos corpos das mer cadorias resta nelas uma única propriedade a de serem produtos do trabalho Mas mesmo o produto do trabalho já se transformou em nossas mãos Se abstraímos seu valor de uso abstraímos também os componentes Bestandteilen e formas corpóreas que fazem dele um valor de uso O produto não é mais uma mesa uma casa um fio ou qualquer outra coisa útil Todas as suas qualidades sensí veis foram apagadas E também já não é mais o produto do carpinteiro do pedreiro do fiandeiro ou de qualquer outro trabalho produtivo determinado Com o caráter útil dos produtos do trabalho desaparece o caráter útil dos trabal hos neles representados e portanto também as diferentes formas concretas desses trabalhos que não mais se 1601493 distinguem uns dos outros sendo todos reduzidos a tra balho humano igual a trabalho humano abstrato Consideremos agora o resíduo dos produtos do tra balho Deles não restou mais do que uma mesma objetivid ade fantasmagórica uma simples geleia Gallerte de tra balho humano indiferenciado ie de dispêndio de força de trabalho humana sem consideração pela forma de seu dis pêndio Essas coisas representam apenas o fato de que em sua produção foi despendida força de trabalho humana foi acumulado trabalho humano Como cristais dessa sub stância social que lhes é comum elas são valores valores de mercadorias Na própria relação de troca das mercadorias seu valor de troca apareceunos como algo completamente inde pendente de seus valores de uso No entanto abstraindo se agora o valor de uso dos produtos do trabalho ob teremos seu valor como ele foi definido anteriormente O elemento comum que se apresenta na relação de troca ou valor de troca das mercadorias é portanto seu valor A continuação da investigação nos levará de volta ao valor de troca como o modo necessário de expressão ou forma de manifestação do valor mas este tem de ser por ora considerado independentemente dessa forma Assim um valor de uso ou bem só possui valor porque nele está objetivado ou materializado trabalho humano ab strato Mas como medir a grandeza de seu valor Por meio da quantidade de substância formadora de valor isto é da quantidade de trabalho nele contida A própria quan tidade de trabalho é medida por seu tempo de duração e o tempo de trabalho possui por sua vez seu padrão de me dida em frações determinadas de tempo como hora dia etc 1611493 Poderia parecer que se o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho despendido dur ante sua produção quanto mais preguiçoso ou inábil for um homem tanto maior o valor de sua mercadoria pois ele necessitará de mais tempo para produzila No entanto o trabalho que constitui a substância dos valores é trabalho humano igual dispêndio da mesma força de trabalho hu mana A força de trabalho conjunta da sociedade que se apresenta nos valores do mundo das mercadorias vale aqui como uma única força de trabalho humana embora consista em inumeráveis forças de trabalho individuais Cada uma dessas forças de trabalho individuais é a mesma força de trabalho humana que a outra na medida em que possui o caráter de uma força de trabalho social média e atua como tal força de trabalho social média portanto na medida em que para a produção de uma mercadoria ela só precisa do tempo de trabalho em média necessário ou tempo de trabalho socialmente necessário Tempo de tra balho socialmente necessário é aquele requerido para produzir um valor de uso qualquer sob as condições nor mais para uma dada sociedade e com o grau social médio de destreza e intensidade do trabalho Após a introdução do tear a vapor na Inglaterra por exemplo passou a ser possível transformar uma dada quantidade de fio em te cido empregando cerca da metade do trabalho de antes Na verdade o tecelão manual inglês continuava a precisar do mesmo tempo de trabalho para essa produção mas agora o produto de sua hora de trabalho individual repres entava apenas metade da hora de trabalho social e por isso seu valor caiu para a metade do anterior Portanto é apenas a quantidade de trabalho social mente necessário ou o tempo de trabalho socialmente ne cessário para a produção de um valor de uso que 1621493 determina a grandeza de seu valor9 A mercadoria indi vidual vale aqui somente como exemplar médio de sua es pécie10 Por essa razão mercadorias em que estão contidas quantidades iguais de trabalho ou que podem ser produzi das no mesmo tempo de trabalho têm a mesma grandeza de valor O valor de uma mercadoria está para o valor de qualquer outra mercadoria assim como o tempo de tra balho necessário para a produção de uma está para o tempo de trabalho necessário para a produção de outra Como valores todas as mercadorias são apenas medidas determinadas de tempo de trabalho cristalizado11 Assim a grandeza de valor de uma mercadoria per manece constante se permanece igualmente constante o tempo de trabalho requerido para sua produção Mas este muda com cada mudança na força produtiva do trabalho Essa força produtiva do trabalho é determinada por múlti plas circunstâncias dentre outras pelo grau médio de destreza dos trabalhadores o grau de desenvolvimento da ciência e de sua aplicabilidade tecnológica a organização social do processo de produção o volume e a eficácia dos meios de produção e as condições naturais Por exemplo a mesma quantidade de trabalho produz numa estação fa vorável 8 alqueiresc de trigo mas apenas 4 alqueires numa estação menos favorável A mesma quantidade de trabalho extrai mais metais em minas ricas do que em pobres etc Os diamantes muito raramente se encontram na superfície da terra e por isso encontrálos exige muito tempo de tra balho Em consequência eles representam muito trabalho em pouco volume Jacob duvida que o ouro tenha alguma vez pago seu pleno valord Isso vale ainda mais para o diamante Segundo Eschwege oitenta anos de exploração das minas de diamante brasileiras não havia atingido em 1823 o preço do produto médio de um ano e meio das 1631493 plantações brasileiras de açúcar ou café embora ela repres entasse muito mais trabalho portanto mais valor Com minas mais ricas a mesma quantidade de trabalho seria representada em mais diamantes e seu valor cairia Se com pouco trabalho fosse possível transformar carvão em diamante seu valor poderia cair abaixo do de tijolos Como regra geral quanto maior é a força produtiva do tra balho menor é o tempo de trabalho requerido para a produção de um artigo menor a massa de trabalho nele cristalizada e menor seu valor Inversamente quanto men or a força produtiva do trabalho maior o tempo de tra balho necessário para a produção de um artigo e maior seu valor Assim a grandeza de valor de uma mercadoria varia na razão direta da quantidade de trabalho que nela é realizado e na razão inversa da força produtiva desse tra balhoe Uma coisa pode ser valor de uso sem ser valor É esse o caso quando sua utilidade para o homem não é mediada pelo trabalho Assim é o ar a terra virgem os campos nat urais a madeira bruta etc Uma coisa pode ser útil e produto do trabalho humano sem ser mercadoria Quem por meio de seu produto satisfaz sua própria necessidade cria certamente valor de uso mas não mercadoria Para produzir mercadoria ele tem de produzir não apenas val or de uso mas valor de uso para outrem valor de uso so cial E não somente para outrem O camponês medieval produzia a talha para o senhor feudal o dízimo para o padre mas nem por isso a talha ou o dízimo se tornavam mercadorias Para se tornar mercadoria é preciso que o produto por meio da troca seja transferido a outrem a quem vai servir como valor de uso11a Por último nen huma coisa pode ser valor sem ser objeto de uso Se ela é 1641493 inútil também o é o trabalho nela contido não conta como trabalho e não cria por isso nenhum valor 2 O duplo caráter do trabalho representado nas mercadorias Inicialmente a mercadoria apareceunos como um duplo Zwieschlächtiges de valor de uso e valor de troca Mais tarde mostrouse que também o trabalho na medida em que se expressa no valor já não possui os mesmos traços que lhe cabem como produtor de valores de uso Essa natureza dupla do trabalho contido na mercadoria foi crit icamente demonstrada pela primeira vez por mim12 Como esse ponto é o centro em torno do qual gira o entendi mento da economia política ele deve ser examinado mais de perto Tomemos duas mercadorias por exemplo um casaco e 10 braças de linho Consideremos que a primeira tenha o dobro do valor da segunda de modo que se 10 braças de linho V o casaco 2V O casaco é um valor de uso que satisfaz uma necessid ade específica Para produzilo é necessário um tipo de terminado de atividade produtiva a qual é determinada por seu escopo modo de operar objeto meios e resultado O trabalho cuja utilidade se representa assim no valor de uso de seu produto ou no fato de que seu produto é um valor de uso chamaremos aqui resumidamente de tra balho útil Sob esse ponto de vista ele será sempre consid erado em relação a seu efeito útil Assim como o casaco e o linho são valores de uso qual itativamente distintos também o são os trabalhos que os produzem alfaiataria e tecelagem Se essas coisas não fossem valores de uso qualitativamente distintos e por 1651493 isso produtos de trabalhos úteis qualitativamente distin tos elas não poderiam de modo algum se confrontar como mercadorias O casaco não é trocado por casaco um valor de uso não se troca pelo mesmo valor de uso No conjunto dos diferentes valores de uso ou corpos de mercadorias Warenkörper aparece um conjunto igual mente diversificado dividido segundo o gênero a espécie a família e a subespécie de diferentes trabalhos úteis uma divisão social do trabalho Tal divisão é condição de existência da produção de mercadorias embora esta úl tima não seja inversamente a condição de existência da divisão social do trabalho Na antiga comunidade indiana o trabalho é socialmente dividido sem que os produtos se tornem mercadorias Ou para citar um exemplo mais próximo em cada fábrica o trabalho é sistematicamente di vidido mas essa divisão não implica que os trabalhadores troquem entre si seus produtos individuais Apenas produtos de trabalhos privados separados e mutuamente independentes uns dos outros confrontamse como mercadorias Viuse portanto que no valor de uso de toda mer cadoria reside uma determinada atividade produtiva ad equada a um fim ou trabalho útil Valores de uso não po dem se confrontar como mercadorias se neles não residem trabalhos úteis qualitativamente diferentes Numa so ciedade cujos produtos assumem genericamente a forma da mercadoria isto é numa sociedade de produtores de mercadorias essa diferença qualitativa dos trabalhos úteis executados separadamente uns dos outros como negócios privados de produtores independentes desenvolvese como um sistema complexo uma divisão social do trabalho 1661493 Para o casaco é indiferente se ele é usado pelo alfaiate ou pelo freguês do alfaiate uma vez que em ambos os casos ele funciona como valor de uso Tampouco a relação entre o casaco e o trabalho que o produziu é alterada pelo fato de a alfaiataria se tornar uma profissão específica um elo independente no interior da divisão social do trabalho Onde a necessidade de vestirse o obrigou o homem cos turou por milênios e desde muito antes que houvesse qualquer alfaiate Mas a existência do casaco do linho e de cada elemento da riqueza material não fornecido pela natureza teve sempre de ser mediada por uma atividade produtiva especial direcionada a um fim que adapta matérias naturais específicas a necessidades humanas es pecíficas Como criador de valores de uso como trabalho útil o trabalho é assim uma condição de existência do homem independente de todas as formas sociais eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e portanto da vida humana Os valores de uso casaco linho etc em suma os corpos das mercadorias são nexos de dois elementos matéria nat ural e trabalho Subtraindose a soma total de todos os diferentes trabalhos úteis contidos no casaco linho etc o que resta é um substrato material que existe na natureza sem a interferência da atividade humana Ao produzir o homem pode apenas proceder como a própria natureza isto é pode apenas alterar a forma das matérias13 Mais ainda nesse próprio trabalho de formação ele é constante mente amparado pelas forças da natureza Portanto o tra balho não é a única fonte dos valores de uso que ele produz a única fonte da riqueza material O trabalho é o pai da riqueza material como diz William Petty e a terra é a mãe 1671493 Passemos então da mercadoria como objeto de uso para o valormercadoria De acordo com nossa suposição o casaco tem o dobro do valor do linho Essa é porém apenas uma diferença quantitativa que por ora ainda não nos interessa Recor demos por isso que se o valor de um casaco é o dobro de 10 braças de linho então 20 braças de linho têm a mesma grandeza de valor de um casaco Como valores o casaco e o linho são coisas de igual substância expressões objetivas do mesmo tipo de trabalho Mas alfaiataria e tecelagem são trabalhos qualitativamente distintos Há no entanto cir cunstâncias sociais em que a mesma pessoa costura e tece alternadamente de modo que esses dois tipos distintos de trabalho são apenas modificações do trabalho do mesmo indivíduo e ainda não constituem funções fixas específicas de indivíduos diferentes assim como o casaco que nosso alfaiate faz hoje e as calças que ele faz amanhã pressupõem somente variações do mesmo trabalho individual A evid ência nos ensina além disso que em nossa sociedade cap italista a depender da direção cambiante assumida pela procura de trabalho uma dada porção de trabalho hu mano será alternadamente oferecida sob a forma da alfai ataria e da tecelagem Essa variação de forma do trabalho mesmo que não possa se dar sem atritos tem necessaria mente de ocorrer Abstraindose da determinidade da atividade produtiva e portanto do caráter útil do tra balho resta o fato de que ela é um dispêndio de força hu mana de trabalho Alfaiataria e tecelagem embora ativid ades produtivas qualitativamente distintas são ambas dis pêndio produtivo de cérebro músculos nervos mãos etc humanos e nesse sentido ambas são trabalho humano Elas não são mais do que duas formas diferentes de se des pender força humana de trabalho No entanto a própria 1681493 força humana de trabalho tem de estar mais ou menos desenvolvida para poder ser despendida desse ou daquele modo Mas o valor da mercadoria representa unicamente trabalho humano dispêndio de trabalho humano Ora as sim como na sociedade burguesa um general ou um ban queiro desempenham um grande papel ao passo que o homem comum desempenha ao contrário um papel muito miserável14 o mesmo ocorre aqui com o trabalho humano Ele é dispêndio da força de trabalho simples que em média toda pessoa comum sem qualquer desenvolvi mento especial possui em seu organismo corpóreo O próprio trabalho simples médio varia decerto seu caráter em diferentes países e épocas culturais porém é sempre dado numa sociedade existente O trabalho mais complexo vale apenas como trabalho simples potenciado ou antes multi plicado de modo que uma quantidade menor de trabalho complexo é igual a uma quantidade maior de trabalho simples Que essa redução ocorre constantemente é algo mostrado pela experiência Mesmo que uma mercadoria seja o produto do trabalho mais complexo seu valor a equipara ao produto do trabalho mais simples e desse modo representa ele próprio uma quantidade determin ada de trabalho simples15 As diferentes proporções em que os diferentes tipos de trabalho são reduzidos ao tra balho simples como sua unidade de medida são determin adas por meio de um processo social que ocorre pelas cost as dos produtores e lhes parecem assim ter sido legadas pela tradição Para fins de simplificação de agora em di ante consideraremos todo tipo de força de trabalho direta mente como força de trabalho simples com o que apenas nos poupamos o esforço de redução Assim como nos valores casaco e linho está abstraída a diferença entre seus valores de uso também nos trabalhos 1691493 representados nesses valores não se leva em conta a difer ença entre suas formas úteis a alfaiataria e a tecelagem Assim como os valores de uso casaco e linho constituem nexos de atividades produtivas orientadas a um fim e real izadas com o tecido e o fio ao passo que os valores casaco e linho são ao contrário simples geleias de trabalho tam bém os trabalhos contidos nesses valores não valem pela relação produtiva que guardam com o tecido e o fio mas tão somente como dispêndio de força humana de trabalho Alfaiataria e tecelagem são elementos formadores dos valores de uso casaco e linho precisamente devido a suas diferentes qualidades constituem substâncias do valor do casaco e do valor do linho apenas na medida em que se ab straem suas qualidades específicas e ambas possuem a mesma qualidade a qualidade do trabalho humano Casaco e linho não são apenas valores em geral mas valores de determinada grandeza e de acordo com nossa suposição o casaco tem o dobro do valor de 10 braças de linho De onde provém essa diferença de suas grandezas de valor Do fato de que o linho contém somente a metade do trabalho contido no casaco pois para a produção do último requerse um dispêndio de força de trabalho dur ante o dobro do tempo necessário à produção do primeiro Portanto se em relação ao valor de uso o trabalho con tido na mercadoria vale apenas qualitativamente em re lação à grandeza de valor ele vale apenas quantitativa mente depois de ter sido reduzido a trabalho humano sem qualquer outra qualidade Lá tratase do como e do quê do trabalho aqui tratase de seu quanto de sua duração Como a grandeza do valor de uma mercadoria expressa apenas a quantidade de trabalho nela contida as mercadorias devem em dadas proporções ser sempre valores de mesma grandeza 1701493 Mantendose inalterada a força produtiva digamos de todos os trabalhos úteis requeridos para a produção de um casaco a grandeza de valor do casaco aumenta com sua própria quantidade Se um casaco contém x dias de tra balho dois casacos contêm 2x e assim por diante Suponha porém que o trabalho necessário à produção de um casaco dobre ou caia pela metade No primeiro caso um casaco tem o mesmo valor que antes tinham dois casa cos no segundo caso dois casacos têm o mesmo valor que antes tinha apenas um casaco embora nos dois casos um casaco continue a prestar os mesmos serviços e o trabalho útil nele contido conserve a mesma qualidade Alterouse porém a quantidade de trabalho despendida em sua produção Uma quantidade maior de trabalho constitui por si mesma uma maior riqueza material dois casacos em vez de um Com dois casacos podemse vestir duas pessoas com um casaco somente uma etc No entanto ao aumento da massa da riqueza material pode corresponder uma queda simultânea de sua grandeza de valor Esse movi mento antitético resulta do duplo caráter do trabalho Nat uralmente a força produtiva é sempre a força produtiva de trabalho útil concreto e determina na verdade apenas o grau de eficácia de uma atividade produtiva adequada a um fim num dado período de tempo O trabalho útil se torna desse modo uma fonte mais rica ou mais pobre de produtos em proporção direta com o aumento ou a queda de sua força produtiva Ao contrário por si mesma uma mudança da força produtiva não afeta em nada o trabalho representado no valor Como a força produtiva diz re speito à forma concreta e útil do trabalho é evidente que ela não pode mais afetar o trabalho tão logo se abstraia dessa sua forma concreta e útil Assim o mesmo trabalho 1711493 produz nos mesmos períodos de tempo sempre a mesma grandeza de valor independentemente da variação da força produtiva Mas ele fornece no mesmo espaço de tempo diferentes quantidades de valores de uso uma quantidade maior quando a produtividade aumenta e menor quando ela diminui A mesma variação da força produtiva que aumenta a fertilidade do trabalho e com isso a massa dos valores de uso por ele produzida di minui a grandeza de valor dessa massa total aumentada ao reduzir a quantidade de tempo de trabalho necessário à sua produção E viceversa Todo trabalho é por um lado dispêndio de força hu mana de trabalho em sentido fisiológico e graças a essa sua propriedade de trabalho humano igual ou abstrato ele gera o valor das mercadorias Por outro lado todo trabalho é dispêndio de força humana de trabalho numa forma es pecífica determinada à realização de um fim e nessa qualidade de trabalho concreto e útil ele produz valores de uso16 3 A forma de valor Wertform ou o valor de troca As mercadorias vêm ao mundo na forma de valores de uso ou corpos de mercadorias como ferro linho trigo etc Essa é sua forma natural originária Porém elas só são mer cadorias porque são algo duplo objetos úteis e ao mesmo tempo suportes de valor Por isso elas só aparecem como mercadorias ou só possuem a forma de mercadorias na medida em que possuem esta dupla forma a forma natural e a forma de valor A objetividade do valor das mercadorias é diferente de Mistress Quicklyf na medida em que não se sabe por onde 1721493 agarrála Exatamente ao contrário da objetividade sensível e crua dos corpos das mercadorias na objetividade de seu valor não está contido um único átomo de matéria natural Por isso podese virar e revirar uma mercadoria como se queira e ela permanece inapreensível como coisa de valor Wertding Lembremonos todavia de que as mercadorias possuem objetividade de valor apenas na medida em que são expressões da mesma unidade social do trabalho hu mano pois sua objetividade de valor é puramente social e por isso é evidente que ela só pode se manifestar numa re lação social entre mercadorias Partimos do valor de troca ou da relação de troca das mercadorias para seguir as pegadas do valor que nelas se esconde Temos agora de retornar a essa forma de manifestação do valor Qualquer um sabe mesmo que não saiba mais nada além disso que as mercadorias possuem uma forma de valor em comum que contrasta do modo mais evidente com as variegadas formas naturais que apresentam seus valores de uso a formadinheiro Cabe aqui realizar o que jamais foi tentado pela economia burguesa a saber provar a gênese dessa formadinheiro portanto seguir de perto o desenvolvimento da expressão do valor contida na relação de valor das mercadorias desde sua forma mais simples e opaca até a ofuscante formadinheiro Com isso desa parece ao mesmo tempo o enigma do dinheiro A relação mais simples de valor é evidentemente a re lação de valor de uma mercadoria com uma única mer cadoria distinta dela não importando qual seja A relação de valor entre duas mercadorias fornece assim a mais simples expressão de valor para uma mercadoria 1731493 A A forma de valor simples individual ou ocasional x mercadorias A y mercadorias B ou x mercadorias A têm o valor de y mercadorias B 20 braças de linho 1 casaco ou 20 braças de linho têm o val or de 1 casaco 1 Os dois polos da expressão do valor forma de valor relativa e forma de equivalente O segredo de toda forma de valor reside em sua forma de valor simples Sua análise oferece por isso a verdadeira dificuldade Aqui duas mercadorias diferentes A e B em nosso exemplo o linho e o casaco desempenham claramente dois papéis distintos O linho expressa seu valor no casaco este serve de material para essa expressão de valor A primeira mercadoria desempenha um papel ativo a se gunda um papel passivo O valor da primeira mercadoria se apresenta como valor relativo ou encontrase na forma de valor relativa A segunda mercadoria funciona como equivalente ou encontrase na forma de equivalente Forma de valor relativa e forma de equivalente são mo mentos inseparáveis interrelacionados e que se determin am reciprocamente mas ao mesmo tempo constituem ex tremos mutuamente excludentes isto é polos da mesma expressão de valor elas se repartem sempre entre mer cadorias diferentes relacionadas entre si pela expressão de valor Não posso por exemplo expressar o valor do linho em linho 20 braças de linho 20 braças de linho não é nen huma expressão de valor A equação diz antes o con trário 20 braças de linho não são mais do que 20 braças de linho uma quantidade determinada do objeto de uso 1741493 linho O valor do linho só pode assim ser expresso re lativamente isto é por meio de outra mercadoria A forma de valor relativa do linho pressupõe portanto que uma outra mercadoria qualquer se confronte com ela na forma de equivalente Por outro lado essa outra mercadoria que figura como equivalente não pode estar simultaneamente contida na forma de valor relativa Ela não expressa seu valor apenas fornece o material para a expressão do valor de outra mercadoria De fato a expressão 20 braças de linho 1 casaco ou 20 braças de linho valem 1 casaco também inclui as relações inversas 1 casaco 20 braças de linho ou 1 casaco vale 20 braças de linho Mas então tenho de inverter a equação para expressar relativamente o valor do casaco e assim o fazendo o linho é que se torna o equivalente em vez do casaco A mesma mercadoria não pode portanto aparecer simultaneamente em ambas as formas na mesma ex pressão do valor Essas formas se excluem antes como po los opostos Se uma mercadoria se encontra na forma de valor re lativa ou na forma contrária a forma de equivalente é algo que depende exclusivamente de sua posição eventual na expressão do valor isto é se num dado momento ela é a mercadoria cujo valor é expresso ou a mercadoria na qual o valor é expresso 2 A forma de valor relativa a Conteúdo da forma de valor relativa Para descobrir como a expressão simples do valor de uma mercadoria está contida na relação de valor entre duas mercadorias é preciso inicialmente considerar essa re lação de modo totalmente independente de seu aspecto 1751493 quantitativo Na maioria das vezes percorrese o caminho contrário e se vislumbra na relação de valor apenas a pro porção em que quantidades determinadas de dois tipos de mercadoria se equiparam Negligenciase que as grandezas de coisas diferentes só podem ser comparadas quantit ativamente depois de reduzidas à mesma unidade So mente como expressões da mesma unidade são elas gran dezas com um denominador comum e portanto gran dezas comensuráveis17 Se 20 braças de linho 1 casaco ou 20 ou x casacos isto é se uma dada quantidade de linho vale muitos ou poucos casacos independentemente de qual seja essa pro porção ela sempre implica que linho e casaco como gran dezas de valor sejam expressões da mesma unidade coisas da mesma natureza A igualdade entre linho e casaco é a base da equação Mas as duas mercadorias qualitativamente igualadas não desempenham o mesmo papel Apenas o valor do linho é expresso E como Por meio de sua relação com o casaco como seu equivalente ou com seu permutável Austauschbar Nessa relação o casaco vale como forma de existência do valor como coisa de valor pois apenas como tal ele é o mesmo que o linho Por outro lado o próprio ser do valor Wertsein do linho se revela ou alcança uma ex pressão independente pois apenas como valor o linho pode se relacionar com o casaco como equivalente ou algo com ele permutável Assim o ácido butanoico é um corpo diferente do formiato de propila Ambos são formados no entanto pelas mesmas substâncias químicas carbono C hidrogênio H e oxigênio O e combinados na mesma porcentagem a saber C4H8O2 Ora se o ácido butanoico fosse equiparado ao formiato de propila este último seria considerado em primeiro lugar como uma mera forma de 1761493 existência de C4H8O2 e em segundo lugar poderseia dizer que o ácido butanoico também é composto de C4H8O2 Desse modo a equação do formiato de propila com o ácido butanoico seria a expressão de sua substância química em contraste com sua forma corpórea Como valores as mercadorias não são mais do que geleias de trabalho humano por isso nossa análise as re duz à abstração de valor mas não lhes confere qualquer forma de valor distinta de suas formas naturais Diferente é o que ocorre na relação de valor de uma mercadoria com outra Seu caráter de valor manifestase aqui por meio de sua própria relação com outras mercadorias Quando o casaco é equiparado ao linho como coisa de valor o trabalho nele contido é equiparado com o trabalho contido no linho Ora a alfaiataria que faz o casaco é um tipo de trabalho concreto diferente da tecelagem que faz o linho Mas a equiparação com a tecelagem reduz a alfai ataria de fato àquilo que é realmente igual nos dois tra balhos a seu caráter comum de trabalho humano Por esse desvio dizse então que também a tecelagem na medida em que tece valor não possui nenhuma característica que a diferencie da alfaiataria e é portanto trabalho humano abstrato Somente a expressão de equivalência de difer entes tipos de mercadoria evidenciao caráter específico do trabalho criador de valor ao reduzir os diversos trabalhos contidos nas diversas mercadorias àquilo que lhes é comum o trabalho humano em geral17a Mas não basta expressar o caráter específico do tra balho que cria o valor do linho A força humana de tra balho em estado fluido ou trabalho humano cria valor mas não é ela própria valor Ela se torna valor em estado cristalizado em forma objetiva Para expressar o valor do linho como geleia de trabalho humano ela tem de ser 1771493 expressa como uma objetividade materialmente dinglichg distinta do próprio linho e simultaneamente comum ao linho e a outras mercadorias Assim a tarefa es tá resolvida Na relação de valor com o casaco o linho vale como seu equivalente qualitativo como coisa da mesma natureza porque ele é um valor Desse modo ele vale como uma coisa na qual se manifesta o valor ou que em sua forma natural palpável representa valor Na verdade o casaco o corpo da mercadoria casaco é um simples valor de uso Um casaco expressa tão pouco valor quanto a mel hor peça de linho Isso prova apenas que ele significa mais quando se encontra no interior da relação de valor com o linho do que fora dela assim como alguns homens signi ficam mais dentro de um casaco agaloado do que fora dele Na produção do casaco houve de fato dispêndio de força humana de trabalho na forma da alfaiataria Port anto trabalho humano foi nele acumulado Por esse lado o casaco é suporte de valor embora essa sua qualidade não se deixe entrever nem mesmo no casaco mais puído E na relação de valor com o linho ele só é considerado se gundo esse aspecto isto é como valor corporificado como corpo de valor Apesar de seu aspecto abotoado o linho re conhece nele a bela alma de valor que lhes é originaria mente comum O casaco em relação ao linho não pode representar valor sem que para o linho o valor assuma simultaneamente a forma de um casaco Assim o indiví duo A não pode se comportar para com o indivíduo B como para com uma majestade sem que para A a majest ade assuma a forma corpórea de B e desse modo seus traços fisionômicos seus cabelos e muitas características se modifiquem de acordo com o soberano em questão 1781493 Portanto na relação de valor em que o casaco constitui o equivalente do linho a forma de casaco vale como forma de valor O valor da mercadoria linho é assim expresso no corpo da mercadoria casaco sendo o valor de uma mer cadoria expresso no valor de uso da outra Como valor de uso o linho é uma coisa fisicamente distinta do casaco como valor ele é casacoidêntico Rockgleiches e apar enta pois ser um casaco Assim o linho recebe uma forma de valor diferente de sua forma natural Seu ser de valor aparece em sua igualdade com o casaco assim como a natureza de carneiro do cristão em sua igualdade com o Cordeiro de Deus Como se vê tudo o que a análise do valor das mer cadorias nos disse anteriormente é dito pelo próprio linho assim que entra em contato com outra mercadoria o casaco A única diferença é que ele revela seus pensamen tos na língua que lhe é própria a língua das mercadorias Para dizer que seu próprio valor foi criado pelo trabalho na qualidade abstrata de trabalho humano ele diz que o casaco na medida em que lhe equivale ou seja na me dida em que é valor consiste do mesmo trabalho que o linho Para dizer que sua sublime objetividade de valor é diferente de seu corpo entretelado ele diz que o valor tem a aparência de um casaco e com isso que ele próprio como coisa de valor é tão igual ao casaco quanto um ovo é ao outro Notese de passagem que a língua das mer cadorias além do hebraico tem também muitos outros dialetos mais ou menos corretos Por exemplo o termo alemão Wertseinser valor expressa de modo menos certeiro do que o verbo românico valere valer valoir o fato de que a equiparação da mercadoria B com a mercadoria A é a própria expressão de valor da mercadoria A Paris vaut bien une messe Paris vale bem uma missah 1791493 Por meio da relação de valor a forma natural da mer cadoria B convertese na forma de valor da mercadoria A ou o corpo da mercadoria B se converte no espelho do val or da mercadoria A18 Ao relacionarse com a mercadoria B como corpo de valor como materialização de trabalho hu mano a mercadoria A transforma o valor de uso de B em material de sua própria expressão de valor O valor da mercadoria A assim expresso no valor de uso da mer cadoria B possui a forma do valor relativo b A determinidade quantitativa da forma de valor relativa Toda mercadoria cujo valor deve ser expresso é um objeto de uso numa dada quantidade 15 alqueires de trigo 100 libras de café etc Essa dada quantidade de mercadoria contém uma quantidade determinada de trabalho hu mano A forma de valor tem portanto de expressar não só valor em geral mas valor quantitativamente determinado ou grandeza de valor Na relação de valor da mercadoria A com a mercadoria B do linho com o casaco não apenas a espécie de mercadoria casaco é qualitativamente equiparada ao linho como corpo de valor em geral mas uma determinada quantidade de linho por exemplo 20 braças é equiparada a uma determinada quantidade do corpo de valor ou equivalente por exemplo a 1 casaco A equação 20 braças de linho 1 casaco ou 20 braças de linho valem 1 casaco pressupõe que 1 casaco contém tanta substância de valor quanto 20 braças de linho que portanto ambas as quantidades de mercadorias custam o mesmo trabalho ou a mesma quantidade de tempo de tra balho Mas o tempo de trabalho necessário para a produção de 20 braças de linho ou 1 casaco muda com cada alteração na força produtiva da tecelagem ou da 1801493 alfaiataria A influência de tais mudanças na expressão re lativa da grandeza de valor tem por isso de ser investi gada mais de perto I O valor do linho varia19 enquanto o valor do casaco permanece constante Se o tempo de trabalho necessário à produção do linho dobra por exemplo em consequência da crescente infertilidade do solo onde o linho é cultivado dobra igualmente seu valor Em vez de 20 braças de linho 1 casaco teríamos 20 braças de linho 2 casacos pois 1 casaco contém agora a metade do tempo de tra balho contido em 20 braças de linho Se ao contrário o tempo de trabalho necessário para a produção do linho cai pela metade graças por exemplo à melhoria dos teares cai também pela metade o valor do linho Temos agora 20 braças de linho ½ casaco Assim o valor relativo da mercadoria A isto é seu valor expresso na mercadoria B aumenta e diminui na proporção direta da variação do val or da mercadoria A em relação ao valor constante da mer cadoria B II O valor do linho permanece constante enquanto varia o valor do casaco Se dobra o tempo de trabalho ne cessário à produção do casaco por exemplo em con sequência de tosquias desfavoráveis temos em vez de 20 braças de linho 1 casaco agora 20 braças de linho ½ casaco Ao contrário se cai pela metade o valor do casaco temos 20 braças de linho 2 casacos Permanecendo con stante o valor da mercadoria A aumenta ou diminui port anto seu valor relativo expresso na mercaria B em pro porção inversa à variação de valor de B Ao compararmos os diferentes casos sob I e II concluí mos que a mesma variação de grandeza do valor relativo pode derivar de causas absolutamente opostas Assim a equação 20 braças de linho 1 casaco se transforma em 1 1811493 a equação 20 braças de linho 2 casacos seja porque o val or do linho dobrou seja porque o valor dos casacos caiu pela metade e 2 a equação 20 braças de linho ½ casaco seja porque o valor do linho caiu pela metade seja porque dobrou o valor do casaco III As quantidades de trabalho necessárias à produção de linho e casaco podem variar ao mesmo tempo na mesma direção e na mesma proporção Nesse caso como antes 20 braças de linho 1 casaco sejam quais forem as mudanças ocorridas em seus valores Sua variação de val or é descoberta tão logo o casaco e o linho sejam compara dos com uma terceira mercadoria cujo valor permaneceu constante Se os valores de todas as mercadorias aumen tassem ou diminuíssem ao mesmo tempo e na mesma pro porção seus valores relativos permaneceriam inalterados Sua variação efetiva de valor seria inferida do fato de que no mesmo tempo de trabalho passaria agora a ser produz ida uma quantidade de mercadorias maior ou menor do que antes Os tempos de trabalho necessários à produção do linho e do casaco respectivamente e com isso seus valores po dem variar simultaneamente na mesma direção porém em graus diferentes ou em direção contrária etc A in fluência de todas as combinações possíveis sobre o valor relativo de uma mercadoria resulta da simples aplicação dos casos I II e III As variações efetivas na grandeza de valor não se re fletem nem inequívoca nem exaustivamente em sua ex pressão relativa ou na grandeza do valor relativo O valor relativo de uma mercadoria pode variar embora seu valor se mantenha constante Seu valor relativo pode permane cer constante embora seu valor varie e finalmente vari ações simultâneas em sua grandeza de valor e na 1821493 expressão relativa dessa grandeza não precisam de modo algum coincidir entre si20 3 A forma de equivalente Vimos quando uma mercadoria A o linho expressa seu valor no valor de uso de uma mercadoria diferente B o casaco ela imprime nesta última uma forma peculiar de valor a forma de equivalente A mercadoria linho expressa seu próprio valor quando o casaco vale o mesmo que ela sem que este último assuma uma forma de valor distinta de sua forma corpórea Portanto o linho expressa sua pró pria qualidade de ter valor na circunstância de que o casaco é diretamente permutável com ele Consequente mente a forma de equivalente de uma mercadoria é a forma de sua permutabilidade direta com outra mercadoria No fato de que um tipo de mercadoria como o casaco vale como equivalente de outro tipo de mercadoria como o linho com o que os casacos expressam sua propriedade característica de se encontrar em forma diretamente per mutável com o linho não está dada de modo algum a proporção em que casacos e linho são permutáveis Tal proporção depende da grandeza de valor dos casacos já que a grandeza de valor do linho é dada Se o casaco é ex presso como equivalente e o linho como valor relativo ou inversamente o linho como equivalente e o casaco como valor relativo sua grandeza de valor permanece tal como antes determinada pelo tempo de trabalho necessário à sua produção e portanto independente de sua forma de valor Mas quando o tipo de mercadoria casaco assume na expressão do valor o lugar de equivalente sua grandeza de valor não obtém nenhuma expressão como grandeza de 1831493 valor Na equação de valor ela figura antes como quan tidade determinada de uma coisa Por exemplo 40 braças de linho valem o quê 2 casacos Como o tipo de mercadoria casaco desempenha aqui o papel do equivalente o valor de uso em face do linho como corpo de valor uma determinada quantidade de casacos é também suficiente para expressar uma de terminada quantidade de valor do linho Portanto dois casacos podem expressar a grandeza de valor de 40 braças de linho porém jamais podem expressar sua própria gran deza de valor a grandeza de valor dos casacos A inter pretação superficial desse fato de que o equivalente sempre possui na equação de valor apenas a forma de uma quantidade simples de uma coisa confundiu Bailey assim como muitos de seus predecessores e sucessores fazendoo ver na expressão do valor uma relação mera mente quantitativa Ao contrário a forma de equivalente de uma mercadoria não contém qualquer determinação quantitativa de valor A primeira peculiaridade que se sobressai na consider ação da forma de equivalente é esta o valor de uso se tor na a forma de manifestação de seu contrário do valor A forma natural da mercadoria tornase forma de valor Porém nota bene esse quiproquó se dá para uma mer cadoria B casaco trigo ou ferro etc apenas no interior da relação de valor em que outra mercadoria A qualquer linho etc a confronta apenas no âmbito dessa relação Como nenhuma mercadoria se relaciona consigo mesma como equivalente e portanto tampouco pode transformar sua própria pele natural em expressão de seu próprio val or ela tem de se reportar a outra mercadoria como equi valente ou fazer da pele natural de outra mercadoria a sua própria forma de valor 1841493 Isso pode ser ilustrado com o exemplo de uma medida que se aplica aos corpos de mercadorias como tais isto é como valores de uso Um pão de açúcari por ser um corpo é pesado e tem portanto um peso mas não se pode ver ou sentir o peso de nenhum pão de açúcar Tomemos então diferentes pedaços de ferro cujo peso foi predeterminado A forma corporal do ferro considerada por si mesma é tão pouco a forma de manifestação do peso quanto o é a forma corporal do pão de açúcar No entanto a fim de expressar o pão de açúcar como peso estabelecemos uma relação de peso entre ele e o ferro Nessa relação o ferro figura como um corpo que não contém nada além de peso Quan tidades de ferro servem desse modo como medida de peso do açúcar e representam diante do corpo do açúcar simples figura do peso forma de manifestação do peso Tal papel é desempenhado pelo ferro somente no interior dessa relação quando é confrontado com o açúcar ou outro corpo qualquer cujo peso deve ser encontrado Se as duas coisas não fossem pesadas elas não poderiam es tabelecer essa relação e por conseguinte uma não poderia servir de expressão do peso da outra Quando colocamos as duas sobre os pratos da balança vemos que como pesos elas são a mesma coisa e por isso têm também o mesmo peso em determinada proporção Como medida de peso o ferro representa quando confrontado com o pão de açúcar apenas peso do mesmo modo como em nossa ex pressão de valor o corpo do casaco representa quando confrontado com o linho apenas valor Mas aqui acaba a analogia Na expressão do peso do pão de açúcar o ferro representa uma propriedade natural comum a ambos os corpos seu peso ao passo que o casaco representa na expressão de valor do linho uma pro priedade supernatural seu valor algo puramente social 1851493 Como a forma de valor relativa de uma mercadoria por exemplo o linho expressa sua qualidade de ter valor como algo totalmente diferente de seu corpo e de suas pro priedades como algo igual a um casaco essa mesma ex pressão esconde em si uma relação social O inverso ocorre com a forma de equivalente que consiste precisamente no fato de que um corpo de mercadoria como o casaco essa coisa imediatamente dada expressa valor e assim possui por natureza forma de valor É verdade que isso vale apenas no interior da relação de valor na qual a mercador ia casaco se confronta como equivalente com a mercadoria linho21 Mas como as propriedades de uma coisa não surgem de sua relação com outras coisas e sim apenas atuam em tal relação também o casaco aparenta possuir sua forma de equivalente sua propriedade de permutabil idade direta como algo tão natural quanto sua propriedade de ser pesado ou de reter calor Daí o caráter enigmático da forma de equivalente a qual só salta aos olhos míopes do economista político quando lhe aparece já pronta no dinheiro Então ele procura escamotear o caráter místico do ouro e da prata substituindoos por mercadorias menos ofuscantes e com prazer sempre renovado põese a salmodiar o catálogo inteiro da populaça de mercadorias que em épocas passadas desempenharam o papel de equivalente de mercadorias Ele nem sequer suspeita que uma expressão de valor tão simples como 20 braças de linho 1 casaco já forneça a solução do enigma da forma de equivalente O corpo da mercadoria que serve de equivalente vale sempre como incorporação de trabalho humano abstrato e é sempre o produto de um determinado trabalho útil con creto Esse trabalho concreto se torna assim expressão do trabalho humano abstrato Se o casaco por exemplo é 1861493 considerado mera efetivação Verwirklichung então a alfai ataria que de fato nele se efetiva é considerada mera forma de efetivação de trabalho humano abstrato Na ex pressão de valor do linho a utilidade da alfaiataria não consiste em fazer roupas logo também pessoasj mas sim em fazer um corpo que reconhecemos como valor e port anto como geleia de trabalho que não se diferencia em nada do trabalho objetivado no valor do linho Para realiz ar tal espelho de valor a própria alfaiataria não tem de es pelhar senão sua qualidade abstrata de ser trabalho humano Tanto na forma da alfaiataria quanto na da tecelagem força humana de trabalho é despendida Ambas possuem portanto a propriedade universal do trabalho humano razão pela qual em determinados casos por exemplo na produção de valor elas só podem ser consideradas sob esse ponto de vista Nada disso é misterioso Mas na ex pressão de valor da mercadoria a coisa é distorcida Por ex emplo para expressar que a tecelagem cria o valor do linho não em sua forma concreta como tecelagem mas em sua qualidade universal como trabalho humano ela é con frontada com a alfaiataria o trabalho concreto que produz o equivalente do linho como a forma palpável de efetivação do trabalho humano abstrato Assim constitui uma segunda propriedade da forma de equivalente que o trabalho concreto tornese forma de manifestação de seu contrário trabalho humano abstrato Mas porque esse trabalho concreto a alfaiataria vale como mera expressão de trabalho humano indiferenciado ele possui a forma da igualdade com outro trabalho aquele contido no linho e por isso embora seja trabalho privado como todos os outros trabalho que produz mer cadorias ele é trabalho em forma imediatamente social 1871493 Justamente por isso ele se apresenta num produto que pode ser diretamente trocado por outra mercadoria Assim uma terceira peculiaridade da forma de equival ente é que o trabalho privado convertase na forma de seu contrário trabalho em forma imediatamente social As duas peculiaridades por último desenvolvidas da forma de equivalente tornamse ainda mais tangíveis se re corremos ao grande estudioso que pela primeira vez anali sou a forma de valor assim como tantas outras formas de pensamento de sociedade e da natureza Este é Aristóteles De início Aristóteles afirma claramente que a forma dinheiro da mercadoria é apenas a figura ulteriormente desenvolvida da forma de valor simples isto é da ex pressão do valor de uma mercadoria em outra mercadoria qualquer pois ele diz que 5 divãsk 1 casa Klínai pénte Ãntì oÏkíav não se diferencia de 5 divãs certa soma de dinheiro Klínai pénte Ãntì ösou aï pénte klínai Além disso ele vê que a relação de valor que contém essa expressão de valor condiciona por sua vez que a casa seja qualitativamente equiparada ao divã e que sem tal igualdade de essências essas coisas sensivelmente distintas não poderiam ser relacionadas entre si como grandezas comensuráveis A troca diz ele não pode se dar sem a igualdade mas a igualdade não pode se dar sem a comensurabilidade o3tH Ïsótjv mb o3sjv summetríav Aqui porém ele se detém e abandona a análise subsequente da forma de valor No entanto é na verdade impossível to mèn o5n Ãljqeíà Ãdúnaton que coisas tão distintas sejam comensuráveis isto é qualitativamente 1881493 iguais Essa equiparação só pode ser algo estranho à verdadeira natureza das coisas não passando portanto de um artifício para a necessidade prática O próprio Aristóteles nos diz o que impede o desenvol vimento ulterior de sua análise a saber a falta do conceito de valor Em que consiste o igual das Gleiche isto é a sub stância comum que a casa representa para o divã na ex pressão de valor do divã Algo assim não pode na ver dade existir diz Aristóteles Por quê A casa con frontada com o divã representa algo igual na medida em que representa aquilo que há de efetivamente igual em ambas no divã e na casa E esse igual é o trabalho humano O fato de que nas formas dos valores das mercadorias todos os trabalhos são expressos como trabalho humano igual e desse modo como dotados do mesmo valor é algo que Aristóteles não podia deduzir da própria forma de valor posto que a sociedade grega se baseava no trabalho escravo e por conseguinte tinha como base natural a desigualdade entre os homens e suas forças de trabalho O segredo da expressão do valor a igualdade e equivalência de todos os trabalhos porque e na medida em que são tra balho humano em geral só pode ser decifrado quando o conceito de igualdade humana já possui a fixidez de um preconceito popular Mas isso só é possível numa so ciedade em que a formamercadoria Warenform é a forma universal do produto do trabalho e portanto também a re lação entre os homens como possuidores de mercadorias é a relação social dominante O gênio de Aristóteles brilha precisamente em sua descoberta de uma relação de igualdade na expressão de valor das mercadorias Foi apenas a limitação histórica da sociedade em que ele vivia 1891493 que o impediu de descobrir em que na verdade consiste essa relação de igualdade 4 O conjunto da forma de valor simples A forma de valor simples de uma mercadoria está contida em sua relação de valor com uma mercadoria de outro tipo ou na relação de troca com esta última O valor da mer cadoria A é expresso qualitativamente por meio da per mutabilidade direta da mercadoria B com a mercadoria A Ele é expresso quantitativamente por meio da permutabil idade de uma determinada quantidade da mercadoria B por uma dada quantidade da mercadoria A Em outras pa lavras o valor de uma mercadoria é expresso de modo in dependente por sua representação como valor de troca Quando no começo deste capítulo dizíamos como quem expressa um lugarcomum que a mercadoria é valor de uso e valor de troca isso estava para ser exato errado A mercadoria é valor de uso ou objeto de uso e valor Ela se apresenta em seu ser duplo na medida em que seu valor possui uma forma de manifestação própria distinta de sua forma natural a saber a forma do valor de troca e ela jamais possui essa forma quando considerada de modo isolado mas sempre apenas na relação de valor ou de troca com uma segunda mercadoria de outro tipo Uma vez que se sabe isso no entanto aquele modo de expressão não causa dano mas serve como abreviação Nossa análise demonstrou que a forma de valor ou a expressão de valor da mercadoria surge da natureza do valor das mercadorias e não ao contrário que o valor e a grandeza de valor sejam derivados de sua expressão como valor de troca Esse é no entanto o delírio tanto dos mer cantilistas e de seus entusiastas modernos como Ferrier Ganilh22 etc quanto de seus antípodas os modernos 1901493 commisvoyageursl do livrecâmbio como Bastiat e consor tes Os mercantilistas priorizam o aspecto qualitativo da expressão do valor e por conseguinte a forma de equival ente da mercadoria que alcança no dinheiro sua forma acabada já os mascates do livre câmbio que têm de dar saída à sua mercadoria a qualquer preço acentuam ao contrário o aspecto quantitativo da forma de valor re lativa Consequentemente para eles não existem nem valor nem grandeza de valor das mercadorias além de sua ex pressão mediante a relação de troca ou seja além do bole tim diário da lista de preços O escocês Macleod em sua função de aclarar do modo mais erudito possível o emaranhado confuso das noções que povoam a Lombard Streetm opera a síntese bemsucedida entre os mercantilis tas supersticiosos e os mascates esclarecidos do livre câmbio A análise mais detalhada da expressão de valor da mer cadoria A contida em sua relação de valor com a mer cadoria B mostrou que no interior dessa mesma expressão de valor a forma natural da mercadoria A é considerada apenas figura de valor de uso e a forma natural da mer cadoria B apenas como forma de valor ou figura de valor Wertgestalt A oposição interna entre valor de uso e valor contida na mercadoria é representada assim por meio de uma oposição externa isto é pela relação entre duas mer cadorias sendo a primeira cujo valor deve ser expresso considerada imediata e exclusivamente valor de uso e a segunda na qual o valor é expresso imediata e exclu sivamente como valor de troca A forma de valor simples de uma mercadoria é portanto a forma simples de mani festação da oposição nela contida entre valor de uso e valor 1911493 O produto do trabalho é em todas as condições sociais objeto de uso mas o produto do trabalho só é transform ado em mercadoria numa época historicamente determin ada de desenvolvimento uma época em que o trabalho despendido na produção de uma coisa útil se apresenta como sua qualidade objetiva isto é como seu valor Seguese daí que a forma de valor simples da mercadoria é simultaneamente a formamercadoria simples do produto do trabalho e que portanto também o desenvolvimento da formamercadoria coincide com o desenvolvimento da forma de valor O primeiro olhar já mostra a insuficiência da forma de valor simples essa forma embrionária que só atinge a formapreço Preisform através de uma série de metamorfoses A expressão numa mercadoria qualquer B distingue o valor da mercadoria A apenas de seu próprio valor de uso e a coloca assim numa relação de troca com uma mer cadoria qualquer de outro tipo em vez de representar sua relação de igualdade qualitativa e proporcionalidade quantitativa com todas as outras mercadorias A forma de equivalente individual de outra mercadoria corresponde à forma de valor simples e relativa de uma mercadoria Assim o casaco possui na expressão relativa de valor do linho apenas a forma de equivalente ou a forma de per mutabilidade direta no que diz respeito a esse tipo indi vidual de mercadoria o linho Todavia a forma individual de valor se transforma por si mesma numa forma mais completa Mediante essa forma o valor de uma mercadoria A só é expresso numa mercadoria de outro tipo Mas de que tipo é essa segunda mercadoria se ela é casaco ou ferro ou trigo etc é algo totalmente indiferente Conforme ela entre em relação de 1921493 valor com este ou aquele outro tipo de mercadoria surgem diferentes expressões simples de valor de uma mesma mercadoria22a O número de suas expressões possíveis de valor só é limitado pelo número dos tipos de mercadorias que dela se distinguem Sua expressão individualizada de valor se transforma assim numa série sempre ampliável de suas diferentes expressões simples de valor B A forma de valor total ou desdobrada z mercadoria A u mercadoria B ou v mercadoria C ou w mercadoria D ou x mercadoria E ou etc 20 braças de linho 1 casaco ou 10 libras de chá ou 40 libras de café ou 1 quarter de trigo ou 2 onças de ouro ou ½ tonelada de ferro ou etc 1 A forma de valor relativa e desdobrada O valor de uma mercadoria do linho por exemplo é agora expresso em inúmeros outros elementos do mundo das mercadorias Cada um dos outros corpos de mercadorias tornase um espelho do valor do linho23 Pela primeira vez esse mesmo valor aparece verdadeiramente como geleia de trabalho humano indiferenciado Pois o tra balho que o cria é agora expressamente representado como trabalho que equivale a qualquer outro trabalho hu mano indiferentemente da forma natural que ele possua e portanto do objeto no qual ele se incorpora se no casaco ou no trigo ou no ferro ou no ouro etc Por meio de sua forma de valor o linho se encontra agora em relação social não mais com apenas outro tipo de mercadoria individual mas com o mundo das mercadorias Como mercadoria ele é cidadão desse mundo Ao mesmo tempo a série infinita de suas expressões demonstra que para o valor das 1931493 mercadorias é indiferente a forma específica do valor de uso na qual o linho se manifesta Na primeira forma 20 braças de linho 1 casaco pode ser acidental que essas duas mercadorias sejam per mutáveis numa determinada relação quantitativa Na se gunda forma ao contrário evidenciase imediatamente um fundamento essencialmente distinto da manifestação acidental e que a determina O valor do linho permanece da mesma grandeza seja ele representado no casaco ou café ou ferro etc em inúmeras mercadorias diferentes que pertencem aos mais diferentes possuidores A relação acidental entre dois possuidores individuais de mercadori as desaparece Tornase evidente que não é a troca que reg ula a grandeza de valor da mercadoria mas inversamente é a grandeza de valor da mercadoria que regula suas re lações de troca 2 A forma de equivalente particular Na expressão de valor do linho cada mercadoria seja ela casaco chá trigo ferro etc é considerada como equival ente e portanto como corpo de valor A forma natural de terminada de cada uma dessas mercadorias é agora uma forma de equivalente particular ao lado de muitas outras Do mesmo modo os vários tipos de trabalho determina dos concretos e úteis contidos nos diferentes corpos de mercadorias são considerados agora como tantas outras formas de efetivação ou de manifestação particulares de trabalho humano como tal 3 Insuficiências da forma de valor total ou desdobrada Em primeiro lugar a expressão de valor relativa da mer cadoria é incompleta pois sua série de representações 1941493 jamais se conclui A cadeia em que uma equiparação de valor se acrescenta a outra permanece sempre prolongável por meio de cada novo tipo de mercadoria que se ap resenta fornecendo assim o material para uma nova ex pressão de valor Em segundo lugar ela forma um color ido mosaico de expressões de valor desconexas e variega das E finalmente se o valor relativo de cada mercadoria for devidamente expresso nessa forma desdobrada a forma de valor relativa de cada mercadoria será uma série infinita de expressões de valor diferente da forma de valor relativa de qualquer outra mercadoria As insuficiências da forma de valor relativa e desdobrada se refletem na sua correspondente forma de equivalente Como a forma nat ural de todo tipo de mercadoria individual é aqui uma forma de equivalente particular ao lado de inúmeras out ras formas de equivalentes particulares concluise que ex istem apenas formas de equivalentes limitadas que se ex cluem mutuamente Do mesmo modo o tipo de trabalho determinado concreto e útil contido em cada equivalente particular de mercadorias é uma forma apenas particular e portanto não exaustiva de manifestação do trabalho hu mano De fato este possui sua forma completa ou total de manifestação na cadeia plena dessas formas particulares de manifestação Porém assim ele não possui qualquer forma de manifestação unitária A forma de valor relativa e desdobrada consiste no en tanto apenas de uma soma de expressões simples e re lativas de valor ou de equações da primeira forma como 20 braças de linho 1 casaco 20 braças de linho 10 libras de chá etc Mas cada uma dessas equações também contém em contrapartida a equação idêntica 1951493 1 casaco 20 braças de linho 10 libras de chá 20 braças de linho etc De fato se alguém troca seu linho por muitas outras mercadorias e com isso expressa seu valor numa série de outras mercadorias os muitos outros possuidores de mer cadorias também têm necessariamente de trocar suas mer cadorias pelo linho e desse modo expressar os valores de suas diferentes mercadorias na mesma terceira mercadoria o linho Se portanto invertemos a série 20 braças de linho 1 casaco ou 10 libras de chá ou etc isto é se expres samos a relação inversa já contida na própria série obtemos C A forma de valor universal 1 casaco 10 libras de chá 40 libras de café 1 quarter de trigo 2 onças de ouro ½ tonelada de ferro x mercadoria A etc mercadoria 20 braças de linho 1 Caráter modificado da forma de valor Agora as mercadorias expressam seus valores 1 de modo simples porque numa mercadoria singular e 2 de modo unitário porque na mesma mercadoria Sua forma de valor é simples e comum a todas e por conseguinte universal As formas I e II só foram introduzidas para expressar o valor de uma mercadoria como algo distinto de seu próprio valor de uso ou de seu corpo de mercadoria 1961493 A primeira forma resultou em equações de valor como 1 casaco 20 braças de linho 10 libras de chá ½ tonelada de ferro etc O valor casaco é expresso como igual ao linho o valorchá como igual ao ferro etc mas as igualdades com o linho e com o ferro essas expressões de valor do casaco e do chá são tão distintas quanto o linho e o ferro Tal forma só se revela na prática nos primórdios mais re motos quando os produtos do trabalho são transformados em mercadorias por meio da troca contingente e ocasional A segunda forma distingue o valor de uma mercadoria de seu próprio valor de uso mais plenamente do que a primeira pois o valor do casaco por exemplo confrontase com sua forma natural em todas as formas possíveis como igual ao linho igual ao ferro igual ao chá etc mas não como igual ao casaco Por outro lado toda expressão comum do valor das mercadorias está aqui diretamente ex cluída pois na expressão de valor de cada mercadoria to das as outras aparecem agora na forma de equivalentes A forma de valor desdobrada se mostra pela primeira vez apenas quando um produto do trabalho por exemplo o gado passa a ser trocado por outras mercadorias difer entes não mais excepcional mas habitualmente A nova forma obtida expressa os valores do mundo das mercadorias num único tipo de mercadoria separada das outras por exemplo no linho e assim representa os valores de todas as mercadorias mediante sua igualdade com o linho Como algo igual ao linho o valor de cada mercadoria é agora não apenas distinto de seu próprio val or de uso mas de qualquer valor de uso sendo justamente por isso expresso como aquilo que ela tem em comum com todas as outras mercadorias Essa forma é portanto a primeira que relaciona efetivamente as mercadorias entre 1971493 si como valores ou que as deixa aparecer umas para as outras como valores de troca As duas formas anteriores expressam cada uma o val or de uma mercadoria seja numa única mercadoria de tipo diferente seja numa série de muitas mercadorias difer entes dela Nos dois casos dar a si mesma uma forma de valor é algo que por assim dizer pertence ao foro privado da mercadoria individual e ela o realiza sem a ajuda de outras mercadorias Estas representam diante dela o pa pel meramente passivo do equivalente A forma universal do valor só surge ao contrário como obra conjunta do mundo das mercadorias Uma mercadoria só ganha ex pressão universal de valor porque ao mesmo tempo todas as outras expressam seu valor no mesmo equivalente e cada novo tipo de mercadoria que surge tem de fazer o mesmo Com isso revelase que a objetividade do valor das mercadorias por ser a mera existência social dessas coisas também só pode ser expressa por sua relação social universal allseitige e sua forma de valor por isso tem de ser uma forma socialmente válida Na forma de iguais ao linho todas as mercadorias aparecem agora não só como qualitativamente iguais como valores em geral mas também como grandezas de valor quantitativamente comparáveis Por espelharem suas grandezas de valor num mesmo material o linho essas grandezas de valor se espelham mutuamente Por exem plo 10 libras de chá 20 braças de linho e 40 libras de café 20 braças de linho Portanto 10 libras de chá 40 libras de café Ou em 1 libra de café está contida apenas ¼ da substância de valor de trabalho contida em 1 libra de chá A forma de valor relativa e universal do mundo das mercadorias imprime na mercadoria equivalente que dele 1981493 é excluída no linho o caráter de equivalente universal Sua própria forma natural é a figura de valor comum a esse mundo sendo o linho por isso diretamente per mutável por todas as outras mercadorias Sua forma corpórea é considerada a encarnação visível a crisalidação social e universal de todo trabalho humano A tecelagem o trabalho privado que produz o linho encontrase ao mesmo tempo na forma social universal a forma da igualdade com todos os outros trabalhos As inúmeras equações em que consiste a forma de valor universal equiparam sucessivamente o trabalho efetivado no linho com todo trabalho contido em outra mercadoria e desse modo transformam a tecelagem em forma universal de manifestação do trabalho humano como tal Assim o tra balho objetivado no valor das mercadorias não é expresso apenas negativamente como trabalho no qual são abstraí das todas as formas concretas e propriedades úteis dos tra balhos efetivos Sua própria natureza positiva se põe em destaque ela se encontra na redução de todos os trabalhos efetivos à sua característica comum de trabalho humano ao dispêndio de força humana de trabalho A forma de valor universal que apresenta os produtos do trabalho como meras geleias de trabalho humano mostra por meio de sua própria estrutura que ela é a ex pressão social do mundo das mercadorias Desse modo ela revela que no interior desse mundo o caráter humano universal do trabalho constitui seu caráter especificamente social 1991493 2 A relação de desenvolvimento entre a forma de valor relativa e a forma de equivalente Ao grau de desenvolvimento da forma de valor relativa corresponde o grau de desenvolvimento da forma de equi valente Porém devese ressaltar que o desenvolvimento da forma de equivalente é apenas expressão e resultado do desenvolvimento da forma de valor relativa A forma de valor relativa simples ou isolada de uma mercadoria transforma outra mercadoria em equivalente individual A forma desdobrada do valor relativo essa ex pressão do valor de uma mercadoria em todas as outras mercadorias imprime nestas últimas a forma de equival entes particulares de diferentes tipos Por fim um tipo par ticular de mercadoria recebe a forma de equivalente uni versal porque todas as outras mercadorias fazem dela o material de sua forma de valor unitária universal Mas na mesma medida em que se desenvolve a forma de valor em geral desenvolvese também a oposição entre seus dois polos a forma de valor relativa e a forma de equivalente A primeira forma 20 braças de linho 1 casaco já contém essa oposição porém não explicitada Conforme a mesma equação seja lida numa direção ou noutra cada um dos dois extremos de mercadorias como linho e casaco encontrase na mesma medida ora na forma de valor re lativa ora na forma de equivalente Compreender a oposição entre os dois polos demandanos ainda um certo esforço Na forma II cada tipo de mercadoria só pode desdo brar totalmente seu valor relativo ou só possui ela mesma a forma de valor relativa desdobrada porque e na medida em que todas as outras mercadorias se confrontam com ela 2001493 na forma de equivalente Não se pode mais aqui inverter os dois lados da equação de valor como 20 braças de linho 1 casaco ou 10 libras de chá ou 1 quarter de trigo etc sem alterar seu caráter global e transformála de forma de valor total em forma de valor universal Por fim a última forma a forma III dá ao mundo das mercadorias a forma de valor relativa e sociouniversal porque e na medida em que todas as mercadorias que a ela pertencem são com uma única exceção excluídas da forma de equivalente universal Uma mercadoria o linho encontrase portanto na forma da permutabilidade direta por todas as outras mercadorias ou na forma imediata mente social porque e na medida em que todas as demais mercadorias não se encontram nessa forma24 Inversamente a mercadoria que figura como equival ente universal está excluída da forma de valor relativa unitária e portanto universal do mundo das mercadorias Para que o linho isto é uma mercadoria qualquer que se encontre na forma de equivalente universal pudesse to mar parte ao mesmo tempo na forma de valor relativa uni versal ele teria de servir de equivalente a si mesmo Ter íamos então 20 braças de linho 20 braças de linho uma tautologia em que não se expressa valor nem grandeza de valor Para expressar o valor relativo do equivalente uni versal temos antes de inverter a forma III Ele não possui qualquer forma de valor relativa em comum com outras mercadorias mas seu valor é expresso relativamente na série infinita de todos os outros corpos de mercadorias Assim a forma de valor relativa e desdobrada ou forma II aparece agora como a forma de valor relativa específica da mercadoria equivalente 2011493 3 Transição da forma de valor universal para a formadinheiro Geldform A forma de equivalente universal é uma forma do valor em geral e pode portanto expressarse em qualquer mer cadoria Por outro lado uma mercadoria encontrase na forma de equivalente universal forma III apenas porque e na medida em que ela é excluída por todas as demais mercadorias na qualidade de equivalente E é somente no momento em que essa exclusão se limita definitivamente a um tipo específico de mercadoria que a forma de valor re lativa unitária do mundo das mercadorias ganha solidez objetiva e validade social universal Agora o tipo específico de mercadoria em cuja forma natural a forma de equivalente se funde socialmente tornase mercadoriadinheiro Geldware ou funciona como dinheiro Desempenhar o papel do equivalente universal no mundo das mercadorias tornase sua função especifica mente social e assim seu monopólio social Entre as mer cadorias que na forma II figuram como equivalentes par ticulares do linho e que na forma III expressam conjunta mente no linho seu valor relativo uma mercadoria determ inada conquistou historicamente esse lugar privilegiado o ouro Assim se na forma III substituirmos a mercadoria linho pela mercadoria ouro obteremos 2021493 D A formadinheiro 20 braças de linho 1 casaco 10 libras de chá 40 libras de café 1 quarter de trigo ½ tonelada de ferro x mercadoria A 2 onças de ouro Alterações essenciais ocorrem na transição da forma I para a forma II e da forma II para a forma III Em contra partida a forma IV não se diferencia em nada da forma III a não ser pelo fato de que agora em vez do linho é o ouro que possui a forma de equivalente universal O ouro se tor na na forma IV aquilo que o linho era na forma III equi valente universal O progresso consiste apenas em que agora por meio do hábito social a forma da permutabilid ade direta e geral ou a forma de equivalente universal amalgamouse definitivamente à forma natural específica da mercadoria ouro O ouro só se confronta com outras mercadorias como dinheiro porque já se confrontava com elas anteriormente como mercadoria Igual a todas as outras mercadorias ele também funcionou como equivalente seja como equival ente individual em atos isolados de troca seja como equi valente particular ao lado de outros equivalentesmer cadorias Warenäquivalenten Com o tempo ele passou a funcionar em círculos mais estreitos ou mais amplos como equivalente universal Tão logo conquistou o monopólio dessa posição na expressão de valor do mundo das mercadorias ele tornouse mercadoriadinheiro e é apenas a partir do momento em que ele já se tornou mercadoriadinheiro que as formas IV e III passam a se 2031493 diferenciar uma da outra ou que a forma de valor univer sal se torna formadinheiro A expressão de valor relativa simples de uma mer cadoria por exemplo do linho na mercadoria que fun ciona como mercadoriadinheiro por exemplo o ouro é a formapreço Preisform A formapreço do linho é portanto 20 braças de linho 2 onças de ouro ou se 2 for a denominação monetária de 2 onças de ouro 20 braças de linho 2 A dificuldade no conceito da formadinheiro se re stringe à apreensão conceitual da forma de equivalente universal portanto da forma de valor universal como tal a forma III A forma III se decompõe em sentido contrário na forma II a forma de valor desdobrada e seu elemento constitutivo é a forma I 20 braças de linho 1 casaco ou x mercadoria A y mercadoria B A formamercadoria simples é desse modo o germe da formadinheiro 4 O caráter fetichista da mercadoria e seu segredo Uma mercadoria aparenta ser à primeira vista uma coisa óbvia trivial Sua análise resulta em que ela é uma coisa muito intricada plena de sutilezas metafísicas e melindres teológicos Quando é valor de uso nela não há nada de misterioso quer eu a considere do ponto de vista de que satisfaz necessidades humanas por meio de suas pro priedades quer do ponto de vista de que ela só recebe es sas propriedades como produto do trabalho humano É evidente que o homem por meio de sua atividade altera as formas das matérias naturais de um modo que lhe é útil 2041493 Por exemplo a forma da madeira é alterada quando dela se faz uma mesa No entanto a mesa continua sendo madeira uma coisa sensível e banal Mas tão logo aparece como mercadoria ela se transforma numa coisa sensível suprassensíveln Ela não só se mantém com os pés no chão mas põese de cabeça para baixo diante de todas as outras mercadorias e em sua cabeça de madeira nascem min hocas que nos assombram muito mais do que se ela começasse a dançar por vontade própria25 O caráter místico da mercadoria não resulta portanto de seu valor de uso Tampouco resulta do conteúdo das determinações de valor pois em primeiro lugar por mais distintos que possam ser os trabalhos úteis ou as ativid ades produtivas é uma verdade fisiológica que eles con stituem funções do organismo humano e que cada uma dessas funções seja qual for seu conteúdo e sua forma é essencialmente dispêndio de cérebro nervos músculos e órgãos sensoriais humanos etc Em segundo lugar no que diz respeito àquilo que se encontra na base da determin ação da grandeza de valor a duração desse dispêndio ou a quantidade do trabalho a quantidade é claramente diferenciável da qualidade do trabalho Sob quaisquer con dições sociais o tempo de trabalho requerido para a produção dos meios de subsistência havia de interessar aos homens embora não na mesma medida em diferentes está gios de desenvolvimento26 Por fim tão logo os homens trabalham uns para os outros de algum modo seu trabalho também assume uma forma social De onde surge portanto o caráter enigmático do produto do trabalho assim que ele assume a formamer cadoria Evidentemente ele surge dessa própria forma A igualdade dos trabalhos humanos assume a forma material da igual objetividade de valor dos produtos do trabalho a 2051493 medida do dispêndio de força humana de trabalho por meio de sua duração assume a forma da grandeza de valor dos produtos do trabalho finalmente as relações entre os produtores nas quais se efetivam aquelas determinações sociais de seu trabalho assumem a forma de uma relação social entre os produtos do trabalho O caráter misterioso da formamercadoria consiste portanto simplesmente no fato de que ela reflete aos ho mens os caracteres sociais de seu próprio trabalho como caracteres objetivos dos próprios produtos do trabalho como propriedades sociais que são naturais a essas coisas e por isso reflete também a relação social dos produtores com o trabalho total como uma relação social entre os obje tos existente à margem dos produtores É por meio desse quiproquó que os produtos do trabalho se tornam mer cadorias coisas sensíveissuprassensíveis ou sociais A im pressão luminosa de uma coisa sobre o nervo óptico não se apresenta pois como um estímulo subjetivo do próprio nervo óptico mas como forma objetiva de uma coisa que está fora do olho No ato de ver porém a luz de uma coisa de um objeto externo é efetivamente lançada sobre outra coisa o olho Tratase de uma relação física entre coisas físicas Já a formamercadoria e a relação de valor dos produtos do trabalho em que ela se representa não tem ao contrário absolutamente nada a ver com sua natureza física e com as relações materiais dinglichen que dela resultam É apenas uma relação social determinada entre os próprios homens que aqui assume para eles a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas Desse modo para encontrarmos uma analogia temos de nos refugiar na região nebulosa do mundo religioso Aqui os produtos do cérebro humano parecem dotados de vida própria como figuras independentes que travam relação 2061493 umas com as outras e com os homens Assim se ap resentam no mundo das mercadorias os produtos da mão humana A isso eu chamo de fetichismo que se cola aos produtos do trabalho tão logo eles são produzidos como mercadorias e que por isso é inseparável da produção de mercadorias Esse caráter fetichista do mundo das mercadorias surge como a análise anterior já mostrou do caráter social peculiar do trabalho que produz mercadorias Os objetos de uso só se tornam mercadorias porque são produtos de trabalhos privados realizados independente mente uns dos outros O conjunto desses trabalhos priva dos constitui o trabalho social total Como os produtores só travam contato social mediante a troca de seus produtos do trabalho os caracteres especificamente sociais de seus trabalhos privados aparecem apenas no âmbito dessa troca Ou dito de outro modo os trabalhos privados só atuam efetivamente como elos do trabalho social total por meio das relações que a troca estabelece entre os produtos do trabalho e por meio destes também entre os produtores A estes últimos as relações sociais entre seus trabalhos privados aparecem como aquilo que elas são isto é não como relações diretamente sociais entre pessoas em seus próprios trabalhos mas como relações reificadaso entre pessoas e relações sociais entre coisas Somente no interior de sua troca os produtos do tra balho adquirem uma objetividade de valor socialmente igual separada de sua objetividade de uso sensivelmente distinta Essa cisão do produto do trabalho em coisa útil e coisa de valor só se realiza na prática quando a troca já conquistou um alcance e uma importância suficientes para que se produzam coisas úteis destinadas à troca e port anto o caráter de valor das coisas passou a ser considerado 2071493 no próprio ato de sua produção A partir desse momento os trabalhos privados dos produtores assumem de fato um duplo caráter social Por um lado como trabalhos úteis determinados eles têm de satisfazer uma determinada ne cessidade social e desse modo conservar a si mesmos como elos do trabalho total do sistema naturales pontâneop da divisão social do trabalho Por outro lado eles só satisfazem as múltiplas necessidades de seus próprios produtores na medida em que cada trabalho privado e útil particular é permutável por qualquer outro tipo útil de trabalho privado portanto na medida em que lhe é equivalente A igualdade toto coelo plena dos difer entes trabalhos só pode consistir numa abstração de sua desigualdade real na redução desses trabalhos ao seu caráter comum como dispêndio de força humana de tra balho como trabalho humano abstrato O cérebro dos produtores privados reflete esse duplo caráter social de seus trabalhos privados apenas nas formas em que se manifestam no intercâmbio prático na troca dos produtos o caráter socialmente útil de seus trabalhos privados na forma de que o produto do trabalho tem de ser útil e pre cisamente para outrem o caráter social da igualdade dos trabalhos de diferentes tipos na forma do caráter de valor comum a essas coisas materialmente distintas os produtos do trabalho Portanto os homens não relacionam entre si seus produtos do trabalho como valores por considerarem essas coisas meros invólucros materiais de trabalho humano de mesmo tipo Ao contrário Porque equiparam entre si seus produtos de diferentes tipos na troca como valores eles equiparam entre si seus diferentes trabalhos como trabalho humano Eles não sabem disso mas o fazem27 Por isso na testa do valor não está escrito o que ele éq O valor 2081493 converte antes todo produto do trabalho num hieróglifo social Mais tarde os homens tentam decifrar o sentido desse hieróglifo desvelar o segredo de seu próprio produto social pois a determinação dos objetos de uso como valores é seu produto social tanto quanto a lin guagem A descoberta científica tardia de que os produtos do trabalho como valores são meras expressões materiais do trabalho humano despendido em sua produção fez épo ca na história do desenvolvimento da humanidade mas de modo algum elimina a aparência objetiva do caráter social do trabalho O que é válido apenas para essa forma partic ular de produção a produção de mercadorias isto é o fato de que o caráter especificamente social dos trabalhos privados independentes entre si consiste em sua igualdade como trabalho humano e assume a forma do caráter de valor dos produtos do trabalho continua a aparecer para aqueles que se encontram no interior das re lações de produção das mercadorias como algo definitivo mesmo depois daquela descoberta do mesmo modo como a decomposição científica do ar em seus elementos deixou intacta a forma do ar como forma física corpórea O que na prática interessa imediatamente aos agentes da troca de produtos é a questão de quantos produtos al heios eles obtêm em troca por seu próprio produto ou seja em que proporções os produtos são trocados Assim que essas proporções alcançam uma certa solidez habitual elas aparentam derivar da natureza dos produtos do trabalho como se por exemplo 1 tonelada de ferro e 2 onças de ouro tivessem o mesmo valor do mesmo modo como 1 libra de ouro e 1 libra de ferro têm o mesmo peso apesar de suas diferentes propriedades físicas e químicas Na ver dade o caráter de valor dos produtos do trabalho se fixa apenas por meio de sua atuação como grandezas de valor 2091493 Estas variam constantemente independentemente da vont ade da previsão e da ação daqueles que realizam a troca Seu próprio movimento social possui para eles a forma de um movimento de coisas sob cujo controle se encontram em vez de eles as controlarem É preciso que a produção de mercadorias esteja plenamente desenvolvida antes que da própria experiência emerja a noção científica de que os trabalhos privados executados independentemente uns dos outros porém universalmente interdependentes como elos naturaisespontâneos da divisão social do trabalho são constantemente reduzidos à sua medida socialmente proporcional porque nas relações de troca contingentes e sempre oscilantes de seus produtos o tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção se impõe com a força de uma lei natural reguladora assim como a lei da gravidade se impõe quando uma casa desaba sobre a cabeça de alguém28 A determinação da grandeza de valor por meio do tempo de trabalho é portanto um segredo que se esconde sob os movimentos manifestos dos valores relativos das mercadorias Sua descoberta elimina dos produtos do trabalho a aparência da determinação mera mente contingente das grandezas de valor mas não elim ina em absoluto sua forma reificada sachlich A reflexão sobre as formas da vida humana e assim também sua análise científica percorre um caminho con trário ao do desenvolvimento real Ela começa post festum muito tarde após a festa e por conseguinte com os res ultados prontos do processo de desenvolvimento As formas que rotulam os produtos do trabalho como mer cadorias e portanto são pressupostas à circulação das mercadorias já possuem a solidez de formas naturais da vida social antes que os homens procurem esclarecerse não sobre o caráter histórico dessas formas que eles 2101493 antes já consideram imutáveis mas sobre seu conteúdo Assim somente a análise dos preços das mercadorias con duziu à determinação da grandeza do valor e somente a expressão monetária comum das mercadorias conduziu à fixação de seu caráter de valor Porém é justamente essa forma acabada a formadinheiro do mundo das mer cadorias que vela materialmente sachlich em vez de rev elar o caráter social dos trabalhos privados e com isso as relações sociais entre os trabalhadores privados Quando digo que o casaco a bota etc se relacionam com o linho sob a forma da incorporação geral de trabalho humano ab strato salta aos olhos a sandice dessa expressão Mas quando os produtores de casaco bota etc relacionam essas mercadorias ao linho ou com o ouro e a prata o que não altera em nada a questão como equivalente universal a relação de seus trabalhos privados com seu trabalho social total lhes aparece exatamente nessa forma insana Ora são justamente essas formas que constituem as cat egorias da economia burguesa Tratase de formas de pensamento socialmente válidas e portanto dotadas de objetividade para as relações de produção desse modo so cial de produção historicamente determinado a produção de mercadorias Por isso todo o misticismo do mundo das mercadorias toda a mágica e a assombração que anuviam os produtos do trabalho na base da produção de mer cadorias desaparecem imediatamente tão logo nos refu giemos em outras formas de produção Como a economia política ama robinsonadas29 lancemos um olhar sobre Robinson em sua ilha Apesar de seu caráter modesto ele tem diferentes necessidades a sat isfazer e por isso tem de realizar trabalhos úteis de difer entes tipos fazer ferramentas fabricar móveis domesticar lhamas pescar caçar etc Não mencionamos orar e outras 2111493 coisas do tipo pois nosso Robinson encontra grande prazer nessas atividades e as considera uma recreação Apesar da variedade de suas funções produtivas ele tem consciência de que elas são apenas diferentes formas de atividade do mesmo Robinson e portanto apenas difer entes formas de trabalho humano A própria necessidade o obriga a distribuir seu tempo com exatidão entre suas diferentes funções Se uma ocupa mais espaço e outra menos em sua atividade total depende da maior ou menor dificuldade que se tem de superar para a obtenção do efeito útil visado A experiência lhe ensina isso e eis que nosso Robinson que entre os destroços do navio salvou relógio livro comercial tinta e pena põese logo como bom inglês a fazer a contabilidade de si mesmo Seu in ventário contém uma relação dos objetos de uso que ele possui das diversas operações requeridas para sua produção e por fim do tempo de trabalho que lhe custa em média a obtenção de determinadas quantidades desses diferentes produtos Aqui todas as relações entre Robin son e as coisas que formam sua riqueza por ele mesmo cri ada são tão simples que até mesmo o sr M Wirthr poderia compreendêlas sem maior esforço intelectual E no ent anto nelas já estão contidas todas as determinações essen ciais do valor Saltemos então da iluminada ilha de Robinson para a sombria Idade Média europeias Em vez do homem inde pendente aqui só encontramos homens dependentes ser vos e senhores feudais vassalos e suseranos leigos e cléri gos A dependência pessoal caracteriza tanto as relações sociais da produção material quanto as esferas da vida er guidas sobre elas Mas é justamente porque as relações pessoais de dependência constituem a base social dada que os trabalhos e seus produtos não precisam assumir uma 2121493 forma fantástica distinta de sua realidade Eles entram na engrenagem social como serviços e prestações in natura A forma natural do trabalho sua particularidade e não como na base da produção de mercadorias sua universal idade é aqui sua forma imediatamente social A corveia é medida pelo tempo tanto quanto o é o trabalho que produz mercadorias mas cada servo sabe que o que ele despende a serviço de seu senhor é uma quantidade determinada de sua força pessoal de trabalho O dízimo a ser pago ao padre é mais claro do que a bênção do padre Julguemse como se queiram as máscarast atrás das quais os homens aqui se confrontam o fato é que as relações sociais das pessoas em seus trabalhos aparecem como suas próprias relações pessoais e não se encontram travestidas em re lações sociais entre coisas entre produtos de trabalho Para a consideração do trabalho coletivo isto é imedi atamente socializado não precisamos remontar à sua forma naturalespontânea que encontramos no limiar histórico de todos os povos civilizados30 Um exemplo mais próximo é o da indústria rural e patriarcal de uma família camponesa que para seu próprio sustento produz cereais gado fio linho peças de roupa etc Essas coisas di versas se defrontam com a família como diferentes produtos de seu trabalho familiar mas não umas com as outras como mercadorias Os diferentes trabalhos que cri am esses produtos a lavoura a pecuária a fiação a tecel agem a alfaiataria etc são em sua forma natural funções sociais por serem funções da família que do mesmo modo como a produção de mercadorias possui sua pró pria divisão naturalespontânea do trabalho As diferenças de sexo e idade assim como das condições naturais do tra balho variáveis de acordo com as estações do ano regu lam a distribuição do trabalho na família e do tempo de 2131493 trabalho entre seus membros individuais Aqui no ent anto o dispêndio das forças individuais de trabalho me dido por sua duração aparece desde o início como determ inação social dos próprios trabalhos uma vez que as forças de trabalho individuais atuam desde o início apenas como órgãos da força comum de trabalho da família Por fim imaginemos uma associação de homens livres que trabalham com meios de produção coletivos e que con scientemente despendem suas forças de trabalho indi viduais como uma única força social de trabalho Todas as determinações do trabalho de Robinson reaparecem aqui mas agora social e não individualmente Todos os produtos de Robinson eram seus produtos pessoais exclus ivos e por isso imediatamente objetos de uso para ele O produto total da associação é um produto social e parte desse produto serve por sua vez como meio de produção Ela permanece social mas outra parte é consumida como meios de subsistência pelos membros da associação o que faz com que tenha de ser distribuída entre eles O modo dessa distribuição será diferente de acordo com o tipo pe culiar do próprio organismo social de produção e o corres pondente grau histórico de desenvolvimento dos produtores Apenas para traçar um paralelo com a produção de mercadoria suponha que a cota de cada produtor nos meios de subsistência seja determinada por seu tempo de trabalho o qual desempenharia portanto um duplo papel Sua distribuição socialmente planejada regula a correta proporção das diversas funções de tra balho de acordo com as diferentes necessidades Por outro lado o tempo de trabalho serve simultaneamente de me dida da cota individual dos produtores no trabalho comum e desse modo também na parte a ser individual mente consumida do produto coletivo As relações sociais 2141493 dos homens com seus trabalhos e seus produtos de tra balho permanecem aqui transparentemente simples tanto na produção quanto na distribuição Para uma sociedade de produtores de mercadorias cuja relação social geral de produção consiste em se rela cionar com seus produtos como mercadorias ou seja como valores e nessa forma reificada sachlich confrontar mutuamente seus trabalhos privados como trabalho hu mano igual o cristianismo com seu culto do homem ab strato é a forma de religião mais apropriada especial mente em seu desenvolvimento burguês como protestant ismo deísmo etc Nos modos de produção asiáticos anti gos etc a transformação do produto em mercadoria e com isso a existência dos homens como produtores de mer cadorias desempenha um papel subordinado que no entanto tornase progressivamente mais significativo à medida que as comunidades avançam em seu processo de declínio Povos propriamente comerciantes existem apenas nos intermúndios do mundo antigo como os deuses de Epicurou ou nos poros da sociedade polonesa como os judeus Esses antigos organismos sociais de produção são extraordinariamente mais simples e transparentes do que o organismo burguês mas baseiamse ou na imaturidade do homem individual que ainda não rompeu o cordão umbil ical que o prende a outrem por um vínculo natural de gênero Gattungszusammenhangs ou em relações diretas de dominação e servidão Eles são condicionados por um baixo grau de desenvolvimento das forças produtivas do trabalho e pelas relações correspondentemente limitadas dos homens no interior de seu processo material de produção da vida ou seja pelas relações limitadas dos ho mens entre si e com a natureza 2151493 Essa limitação real se reflete idealmente nas antigas re ligiões naturais e populares O reflexo religioso do mundo real só pode desaparecer quando as relações cotidianas da vida prática se apresentam diariamente para os próprios homens como relações transparentes e racionais que eles estabelecem entre si e com a natureza A figura do pro cesso social de vida isto é do processo material de produção só se livra de seu místico véu de névoa quando como produto de homens livremente socializados encontrase sob seu controle consciente e planejado Para isso requerse uma base material da sociedade ou uma série de condições materiais de existência que por sua vez são elas próprias o produto naturalespontâneo de uma longa e excruciante história de desenvolvimento É verdade que a economia política analisou mesmo que incompletamente31 o valor e a grandeza de valor e revelou o conteúdo que se esconde nessas formas Mas ela jamais sequer colocou a seguinte questão por que esse conteúdo assume aquela forma e por que portanto o tra balho se representa no valor e a medida do trabalho por meio de sua duração temporal na grandeza de valor do produto do trabalho32 Tais formas em cuja testa está es crito que elas pertencem a uma formação social em que o processo de produção domina os homens e não os homens o processo de produção são consideradas por sua con sciência burguesa como uma necessidade natural tão evid ente quanto o próprio trabalho produtivo Por essa razão as formas préburguesas do organismo social de produção são tratadas por ela mais ou menos do modo como as religiões précristãs foram tratadas pelos Padres da Igrejav 33 O quanto uma parte dos economistas é enganada pelo fetichismo que se cola ao mundo das mercadorias ou pela 2161493 aparência objetiva das determinações sociais do trabalho é demonstrado entre outros pela fastidiosa e absurda dis puta sobre o papel da natureza na formação do valor de troca Como este último é uma maneira social determinada de expressar o trabalho realizado numa coisa ele não pode conter mais matéria natural do que por exemplo a taxa de câmbio Como a formamercadoria é a forma mais geral e menos desenvolvida da produção burguesa razão pela qual ela já aparece desde cedo ainda que não com a pre dominância que lhe é característica em nossos dias seu caráter fetichista parece ser relativamente fácil de se analis ar Em formas mais concretas desaparece até mesmo essa aparência de simplicidade De onde vêm as ilusões do sis tema monetário Para ele o ouro e a prata ao servir como dinheiro não expressam uma relação social de produção mas atuam na forma de coisas naturais dotadas de estran has propriedades sociais E quanto à teoria econômica moderna que arrogantemente desdenha do sistema mon etário não se torna palpável seu fetichismo quando ela trata do capital Há quanto tempo desapareceu a ilusão fisiocrata de que a renda fundiária nasce da terra e não da sociedade Para não nos anteciparmos basta que apresentemos aqui apenas mais um exemplo relativo à própria forma mercadoria Se as mercadorias pudessem falar diriam é possível que nosso valor de uso tenha algum interesse para os homens A nós como coisas ele não nos diz respeito O que nos diz respeito materialmente dinglich é nosso valor Nossa própria circulação como coisasmercadorias Warendinge é a prova disso Relacionamonos umas com as outras apenas como valores de troca Escutemos então 2171493 como o economista fala expressando a alma das mercadorias Valor valor de troca é qualidade das coisas riqueza valor de uso é qualidade do homem Valor nesse sentido implica necessariamente troca riqueza não34 Riqueza valor de uso é um atributo do homem valor um atributo das mercadorias Um homem ou uma comunidade é rico uma pérola ou um diamante é valiosa Uma pérola ou um diamante tem valor como pérola ou diamante35 Até hoje nenhum químico descobriu o valor de troca na pérola ou no diamante Mas os descobridores econômicos dessa substância química que se jactam de grande pro fundidade crítica creem que o valor de uso das coisas ex iste independentemente de suas propriedades materiais sachlichen ao contrário de seu valor que lhes seria iner ente como coisasx Para eles a confirmação disso está na insólita circunstância de que o valor de uso das coisas se realiza para os homens sem a troca ou seja na relação ime diata entre a coisa e o homem ao passo que seu valor ao contrário só se realiza na troca isto é num processo social Quem não se lembra aqui do bom e velho Dogberry a doutrinar o vigia noturno Seacoal Uma boa aparência é dádiva da sorte mas saber ler e escrever é dom da naturezaw 36 2181493 Capítulo 2 O processo de troca As mercadorias não podem ir por si mesmas ao mercado e trocarse umas pelas outras Temos portanto de nos voltar para seus guardiões os possuidores de mercadorias Elas são coisas e por isso não podem impor resistência ao homem Se não se mostram solícitas ele pode recorrer à vi olência em outras palavras pode tomálas à força37 Para relacionar essas coisas umas com as outras como mer cadorias seus guardiões têm de estabelecer relações uns com os outros como pessoas cuja vontade reside nessas coisas e que agir de modo tal que um só pode se apropriar da mercadoria alheia e alienar a sua própria mercadoria em concordância com a vontade do outro portanto por meio de um ato de vontade comum a ambos Eles têm portanto de se reconhecer mutuamente como proprietári os privados Essa relação jurídica cuja forma é o contrato seja ela legalmente desenvolvida ou não é uma relação volitiva na qual se reflete a relação econômica O conteúdo dessa relação jurídica ou volitiva é dado pela própria re lação econômica38 Aqui as pessoas existem umas para as outras apenas como representantes da mercadoria e por conseguinte como possuidoras de mercadorias Na se quência de nosso desenvolvimento veremos que as más caras econômicas das pessoas não passam de personi ficações das relações econômicas como suporte Träger das quais elas se defrontam umas com as outras O possuidor de mercadorias se distingue de sua pró pria mercadoria pela circunstância de que para ela o corpo de qualquer outra mercadoria conta apenas como forma de manifestação de seu próprio valor Leveller nive ladoraa e cínica de nascença ela se encontra por isso sempre pronta a trocar não apenas sua alma mas também seu corpo com qualquer outra mercadoria mesmo que esta seja munida de mais inconveniências do que Maritornesb Se à mercadoria falta esse sentido para a percepção da con cretude dos corpos de mercadorias o possuidor de mer cadorias preenche essa lacuna com seus cinco ou mais sen tidos Sua mercadoria não tem para ele nenhum valor de uso imediato Do contrário ele não a levaria ao mercado Ela tem valor de uso para outrem Para ele o único valor de uso que ela possui diretamente é o de ser suporte de valor de troca e portanto meio de troca39 Por essa razão ele quer alienála por uma mercadoria cujo valor de uso o satisfaça Todas as mercadorias são nãovalores de uso para seus possuidores e valores de uso para seus nãopos suidores Portanto elas precisam universalmente mudar de mãos Mas essa mudança de mãos constitui sua troca e essa troca as relaciona umas com as outras como valores e as realiza como valores Por isso as mercadorias têm de se realizar como valores antes que possam se realizar como valores de uso Por outro lado elas têm de se conservar como valores de uso antes que possam se realizar como valores pois o trabalho humano que nelas é despendido só conta na me dida em que seja despendido numa forma útil para outr em Se o trabalho é útil para outrem ou seja se seu produto satisfaz necessidades alheias é algo que somente a troca pode demonstrar 2201493
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MACKENZIE
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As notas deverão ter no máximo duas páginas estruturadas sinteticamente em torno a da ideia ou argumento central do autor b do diálogo crítico com essa ideia ou argumento central concordâncias do aluno discordâncias etc todas devidamente fundamentadas em evidências empíricas ou em outras abordagens teóricas concorrentes e c de temas e dúvidas para aprofundamento em aula Seção I MERCADORIA E DINHEIRO Capítulo 1 A mercadoria 1 Os dois fatores da mercadoria valor de uso e valor substância do valor grandeza do valor A riqueza das sociedades onde reina o modo de produção capitalista aparece como uma enorme coleção de mer cadorias1 e a mercadoria individual como sua forma ele mentar Nossa investigação começa por isso com a análise da mercadoria A mercadoria é antes de tudo um objeto externo uma coisa que por meio de suas propriedades satisfaz ne cessidades humanas de um tipo qualquer A natureza des sas necessidades se por exemplo elas provêm do es tômago ou da imaginação não altera em nada a questão2 Tampouco se trata aqui de como a coisa satisfaz a ne cessidade humana se diretamente como meio de sub sistência Lebensmittel isto é como objeto de fruição ou indiretamente como meio de produção Toda coisa útil como ferro papel etc deve ser consid erada sob um duplo ponto de vista o da qualidade e o da quantidade Cada uma dessas coisas é um conjunto de muitas propriedades e pode por isso ser útil sob diversos aspectos Descobrir esses diversos aspectos e portanto as múltiplas formas de uso das coisas é um ato histórico3 Assim como também é um ato histórico encontrar as medidas sociais para a quantidade das coisas úteis A di versidade das medidas das mercadorias resulta em parte da natureza diversa dos objetos a serem medidos e em parte da convenção A utilidade de uma coisa faz dela um valor de uso4 Mas essa utilidade não flutua no ar Condicionada pelas propriedades do corpo da mercadoria Warenkörper ela não existe sem esse corpo Por isso o próprio corpo da mercadoria como ferro trigo diamante etc é um valor de uso ou um bem Esse seu caráter não depende do fato de a apropriação de suas qualidades úteis custar muito ou pou co trabalho aos homens Na consideração do valor de uso será sempre pressuposta sua determinidade Bestimmtheit quantitativa como uma dúzia de relógios 1 braça de linho 1 tonelada de ferro etc Os valores de uso das mercadorias fornecem o material para uma disciplina específica a mer ceologia5 O valor de uso se efetiva apenas no uso ou no consumo Os valores de uso formam o conteúdo material da riqueza qualquer que seja a forma social desta Na forma de sociedade que iremos analisar eles constituem ao mesmo tempo os suportes materiais stofflische Träger do valor de troca O valor de troca aparece inicialmente como a relação quantitativa a proporção na qual valores de uso de um tipo são trocados por valores de uso de outro tipo6 uma relação que se altera constantemente no tempo e no es paço Por isso o valor de troca parece algo acidental e puramente relativo um valor de troca intrínseco imanente à mercadoria valeur intrinsèque portanto uma contradictio in adjecto contradição nos próprios termos7 Vejamos a coisa mais de perto Certa mercadoria 1 quartera de trigo por exemplo é trocada por x de graxa de sapatos ou por y de seda ou z de 1581493 ouro etc em suma por outras mercadorias nas mais diver sas proporções O trigo tem assim múltiplos valores de troca em vez de um único Mas sendo x de graxa de sapa tos assim como y de seda e z de ouro etc o valor de troca de 1 quarter de trigo então x de graxa de sapatos y de seda e z de ouro etc têm de ser valores de troca permutáveis entre si ou valores de troca de mesma grandeza Disso se segue em primeiro lugar que os valores de troca vigentes da mesma mercadoria expressam algo igual Em segundo lugar porém que o valor de troca não pode ser mais do que o modo de expressão a forma de manifestação Erscheinungsform de um conteúdo que dele pode ser distinguido Tomemos ainda duas mercadorias por exemplo trigo e ferro Qualquer que seja sua relação de troca ela é sempre representável por uma equação em que uma dada quantidade de trigo é igualada a uma quantidade qualquer de ferro por exemplo 1 quarter de trigo a quintaisb de ferro O que mostra essa equação Que algo comum de mesma grandeza existe em duas coisas diferentes em 1 quarter de trigo e em a quintais de ferro Ambas são port anto iguais a uma terceira que em si mesma não é nem uma nem outra Cada uma delas na medida em que é val or de troca tem portanto de ser redutível a essa terceira Um simples exemplo geométrico ilustra isso Para de terminar e comparar as áreas de todas as figuras retilíneas é preciso decompôlas em triângulos O próprio triângulo é reduzido a uma expressão totalmente distinta de sua figura visível a metade do produto de sua base pela sua altura Do mesmo modo os valores de troca das mer cadorias têm de ser reduzidos a algo em comum com re lação ao qual eles representam um mais ou um menos 1591493 Esse algo em comum não pode ser uma propriedade geométrica física química ou qualquer outra propriedade natural das mercadorias Suas propriedades físicas im portam apenas na medida em que conferem utilidade às mercadorias isto é fazem delas valores de uso Por outro lado parece claro que a abstração dos seus valores de uso é justamente o que caracteriza a relação de troca das mer cadorias Nessa relação um valor de uso vale tanto quanto o outro desde que esteja disponível em proporção ad equada Ou como diz o velho Barbon Um tipo de mercadoria é tão bom quanto outro se seu valor de troca for da mesma grandeza Pois não existe nenhuma diferença ou possibilidade de diferenciação entre coisas cujos valores de troca são da mesma grandeza8 Como valores de uso as mercadorias são antes de tudo de diferente qualidade como valores de troca elas podem ser apenas de quantidade diferente sem conter portanto nenhum átomo de valor de uso Prescindindo do valor de uso dos corpos das mer cadorias resta nelas uma única propriedade a de serem produtos do trabalho Mas mesmo o produto do trabalho já se transformou em nossas mãos Se abstraímos seu valor de uso abstraímos também os componentes Bestandteilen e formas corpóreas que fazem dele um valor de uso O produto não é mais uma mesa uma casa um fio ou qualquer outra coisa útil Todas as suas qualidades sensí veis foram apagadas E também já não é mais o produto do carpinteiro do pedreiro do fiandeiro ou de qualquer outro trabalho produtivo determinado Com o caráter útil dos produtos do trabalho desaparece o caráter útil dos trabal hos neles representados e portanto também as diferentes formas concretas desses trabalhos que não mais se 1601493 distinguem uns dos outros sendo todos reduzidos a tra balho humano igual a trabalho humano abstrato Consideremos agora o resíduo dos produtos do tra balho Deles não restou mais do que uma mesma objetivid ade fantasmagórica uma simples geleia Gallerte de tra balho humano indiferenciado ie de dispêndio de força de trabalho humana sem consideração pela forma de seu dis pêndio Essas coisas representam apenas o fato de que em sua produção foi despendida força de trabalho humana foi acumulado trabalho humano Como cristais dessa sub stância social que lhes é comum elas são valores valores de mercadorias Na própria relação de troca das mercadorias seu valor de troca apareceunos como algo completamente inde pendente de seus valores de uso No entanto abstraindo se agora o valor de uso dos produtos do trabalho ob teremos seu valor como ele foi definido anteriormente O elemento comum que se apresenta na relação de troca ou valor de troca das mercadorias é portanto seu valor A continuação da investigação nos levará de volta ao valor de troca como o modo necessário de expressão ou forma de manifestação do valor mas este tem de ser por ora considerado independentemente dessa forma Assim um valor de uso ou bem só possui valor porque nele está objetivado ou materializado trabalho humano ab strato Mas como medir a grandeza de seu valor Por meio da quantidade de substância formadora de valor isto é da quantidade de trabalho nele contida A própria quan tidade de trabalho é medida por seu tempo de duração e o tempo de trabalho possui por sua vez seu padrão de me dida em frações determinadas de tempo como hora dia etc 1611493 Poderia parecer que se o valor de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho despendido dur ante sua produção quanto mais preguiçoso ou inábil for um homem tanto maior o valor de sua mercadoria pois ele necessitará de mais tempo para produzila No entanto o trabalho que constitui a substância dos valores é trabalho humano igual dispêndio da mesma força de trabalho hu mana A força de trabalho conjunta da sociedade que se apresenta nos valores do mundo das mercadorias vale aqui como uma única força de trabalho humana embora consista em inumeráveis forças de trabalho individuais Cada uma dessas forças de trabalho individuais é a mesma força de trabalho humana que a outra na medida em que possui o caráter de uma força de trabalho social média e atua como tal força de trabalho social média portanto na medida em que para a produção de uma mercadoria ela só precisa do tempo de trabalho em média necessário ou tempo de trabalho socialmente necessário Tempo de tra balho socialmente necessário é aquele requerido para produzir um valor de uso qualquer sob as condições nor mais para uma dada sociedade e com o grau social médio de destreza e intensidade do trabalho Após a introdução do tear a vapor na Inglaterra por exemplo passou a ser possível transformar uma dada quantidade de fio em te cido empregando cerca da metade do trabalho de antes Na verdade o tecelão manual inglês continuava a precisar do mesmo tempo de trabalho para essa produção mas agora o produto de sua hora de trabalho individual repres entava apenas metade da hora de trabalho social e por isso seu valor caiu para a metade do anterior Portanto é apenas a quantidade de trabalho social mente necessário ou o tempo de trabalho socialmente ne cessário para a produção de um valor de uso que 1621493 determina a grandeza de seu valor9 A mercadoria indi vidual vale aqui somente como exemplar médio de sua es pécie10 Por essa razão mercadorias em que estão contidas quantidades iguais de trabalho ou que podem ser produzi das no mesmo tempo de trabalho têm a mesma grandeza de valor O valor de uma mercadoria está para o valor de qualquer outra mercadoria assim como o tempo de tra balho necessário para a produção de uma está para o tempo de trabalho necessário para a produção de outra Como valores todas as mercadorias são apenas medidas determinadas de tempo de trabalho cristalizado11 Assim a grandeza de valor de uma mercadoria per manece constante se permanece igualmente constante o tempo de trabalho requerido para sua produção Mas este muda com cada mudança na força produtiva do trabalho Essa força produtiva do trabalho é determinada por múlti plas circunstâncias dentre outras pelo grau médio de destreza dos trabalhadores o grau de desenvolvimento da ciência e de sua aplicabilidade tecnológica a organização social do processo de produção o volume e a eficácia dos meios de produção e as condições naturais Por exemplo a mesma quantidade de trabalho produz numa estação fa vorável 8 alqueiresc de trigo mas apenas 4 alqueires numa estação menos favorável A mesma quantidade de trabalho extrai mais metais em minas ricas do que em pobres etc Os diamantes muito raramente se encontram na superfície da terra e por isso encontrálos exige muito tempo de tra balho Em consequência eles representam muito trabalho em pouco volume Jacob duvida que o ouro tenha alguma vez pago seu pleno valord Isso vale ainda mais para o diamante Segundo Eschwege oitenta anos de exploração das minas de diamante brasileiras não havia atingido em 1823 o preço do produto médio de um ano e meio das 1631493 plantações brasileiras de açúcar ou café embora ela repres entasse muito mais trabalho portanto mais valor Com minas mais ricas a mesma quantidade de trabalho seria representada em mais diamantes e seu valor cairia Se com pouco trabalho fosse possível transformar carvão em diamante seu valor poderia cair abaixo do de tijolos Como regra geral quanto maior é a força produtiva do tra balho menor é o tempo de trabalho requerido para a produção de um artigo menor a massa de trabalho nele cristalizada e menor seu valor Inversamente quanto men or a força produtiva do trabalho maior o tempo de tra balho necessário para a produção de um artigo e maior seu valor Assim a grandeza de valor de uma mercadoria varia na razão direta da quantidade de trabalho que nela é realizado e na razão inversa da força produtiva desse tra balhoe Uma coisa pode ser valor de uso sem ser valor É esse o caso quando sua utilidade para o homem não é mediada pelo trabalho Assim é o ar a terra virgem os campos nat urais a madeira bruta etc Uma coisa pode ser útil e produto do trabalho humano sem ser mercadoria Quem por meio de seu produto satisfaz sua própria necessidade cria certamente valor de uso mas não mercadoria Para produzir mercadoria ele tem de produzir não apenas val or de uso mas valor de uso para outrem valor de uso so cial E não somente para outrem O camponês medieval produzia a talha para o senhor feudal o dízimo para o padre mas nem por isso a talha ou o dízimo se tornavam mercadorias Para se tornar mercadoria é preciso que o produto por meio da troca seja transferido a outrem a quem vai servir como valor de uso11a Por último nen huma coisa pode ser valor sem ser objeto de uso Se ela é 1641493 inútil também o é o trabalho nela contido não conta como trabalho e não cria por isso nenhum valor 2 O duplo caráter do trabalho representado nas mercadorias Inicialmente a mercadoria apareceunos como um duplo Zwieschlächtiges de valor de uso e valor de troca Mais tarde mostrouse que também o trabalho na medida em que se expressa no valor já não possui os mesmos traços que lhe cabem como produtor de valores de uso Essa natureza dupla do trabalho contido na mercadoria foi crit icamente demonstrada pela primeira vez por mim12 Como esse ponto é o centro em torno do qual gira o entendi mento da economia política ele deve ser examinado mais de perto Tomemos duas mercadorias por exemplo um casaco e 10 braças de linho Consideremos que a primeira tenha o dobro do valor da segunda de modo que se 10 braças de linho V o casaco 2V O casaco é um valor de uso que satisfaz uma necessid ade específica Para produzilo é necessário um tipo de terminado de atividade produtiva a qual é determinada por seu escopo modo de operar objeto meios e resultado O trabalho cuja utilidade se representa assim no valor de uso de seu produto ou no fato de que seu produto é um valor de uso chamaremos aqui resumidamente de tra balho útil Sob esse ponto de vista ele será sempre consid erado em relação a seu efeito útil Assim como o casaco e o linho são valores de uso qual itativamente distintos também o são os trabalhos que os produzem alfaiataria e tecelagem Se essas coisas não fossem valores de uso qualitativamente distintos e por 1651493 isso produtos de trabalhos úteis qualitativamente distin tos elas não poderiam de modo algum se confrontar como mercadorias O casaco não é trocado por casaco um valor de uso não se troca pelo mesmo valor de uso No conjunto dos diferentes valores de uso ou corpos de mercadorias Warenkörper aparece um conjunto igual mente diversificado dividido segundo o gênero a espécie a família e a subespécie de diferentes trabalhos úteis uma divisão social do trabalho Tal divisão é condição de existência da produção de mercadorias embora esta úl tima não seja inversamente a condição de existência da divisão social do trabalho Na antiga comunidade indiana o trabalho é socialmente dividido sem que os produtos se tornem mercadorias Ou para citar um exemplo mais próximo em cada fábrica o trabalho é sistematicamente di vidido mas essa divisão não implica que os trabalhadores troquem entre si seus produtos individuais Apenas produtos de trabalhos privados separados e mutuamente independentes uns dos outros confrontamse como mercadorias Viuse portanto que no valor de uso de toda mer cadoria reside uma determinada atividade produtiva ad equada a um fim ou trabalho útil Valores de uso não po dem se confrontar como mercadorias se neles não residem trabalhos úteis qualitativamente diferentes Numa so ciedade cujos produtos assumem genericamente a forma da mercadoria isto é numa sociedade de produtores de mercadorias essa diferença qualitativa dos trabalhos úteis executados separadamente uns dos outros como negócios privados de produtores independentes desenvolvese como um sistema complexo uma divisão social do trabalho 1661493 Para o casaco é indiferente se ele é usado pelo alfaiate ou pelo freguês do alfaiate uma vez que em ambos os casos ele funciona como valor de uso Tampouco a relação entre o casaco e o trabalho que o produziu é alterada pelo fato de a alfaiataria se tornar uma profissão específica um elo independente no interior da divisão social do trabalho Onde a necessidade de vestirse o obrigou o homem cos turou por milênios e desde muito antes que houvesse qualquer alfaiate Mas a existência do casaco do linho e de cada elemento da riqueza material não fornecido pela natureza teve sempre de ser mediada por uma atividade produtiva especial direcionada a um fim que adapta matérias naturais específicas a necessidades humanas es pecíficas Como criador de valores de uso como trabalho útil o trabalho é assim uma condição de existência do homem independente de todas as formas sociais eterna necessidade natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e portanto da vida humana Os valores de uso casaco linho etc em suma os corpos das mercadorias são nexos de dois elementos matéria nat ural e trabalho Subtraindose a soma total de todos os diferentes trabalhos úteis contidos no casaco linho etc o que resta é um substrato material que existe na natureza sem a interferência da atividade humana Ao produzir o homem pode apenas proceder como a própria natureza isto é pode apenas alterar a forma das matérias13 Mais ainda nesse próprio trabalho de formação ele é constante mente amparado pelas forças da natureza Portanto o tra balho não é a única fonte dos valores de uso que ele produz a única fonte da riqueza material O trabalho é o pai da riqueza material como diz William Petty e a terra é a mãe 1671493 Passemos então da mercadoria como objeto de uso para o valormercadoria De acordo com nossa suposição o casaco tem o dobro do valor do linho Essa é porém apenas uma diferença quantitativa que por ora ainda não nos interessa Recor demos por isso que se o valor de um casaco é o dobro de 10 braças de linho então 20 braças de linho têm a mesma grandeza de valor de um casaco Como valores o casaco e o linho são coisas de igual substância expressões objetivas do mesmo tipo de trabalho Mas alfaiataria e tecelagem são trabalhos qualitativamente distintos Há no entanto cir cunstâncias sociais em que a mesma pessoa costura e tece alternadamente de modo que esses dois tipos distintos de trabalho são apenas modificações do trabalho do mesmo indivíduo e ainda não constituem funções fixas específicas de indivíduos diferentes assim como o casaco que nosso alfaiate faz hoje e as calças que ele faz amanhã pressupõem somente variações do mesmo trabalho individual A evid ência nos ensina além disso que em nossa sociedade cap italista a depender da direção cambiante assumida pela procura de trabalho uma dada porção de trabalho hu mano será alternadamente oferecida sob a forma da alfai ataria e da tecelagem Essa variação de forma do trabalho mesmo que não possa se dar sem atritos tem necessaria mente de ocorrer Abstraindose da determinidade da atividade produtiva e portanto do caráter útil do tra balho resta o fato de que ela é um dispêndio de força hu mana de trabalho Alfaiataria e tecelagem embora ativid ades produtivas qualitativamente distintas são ambas dis pêndio produtivo de cérebro músculos nervos mãos etc humanos e nesse sentido ambas são trabalho humano Elas não são mais do que duas formas diferentes de se des pender força humana de trabalho No entanto a própria 1681493 força humana de trabalho tem de estar mais ou menos desenvolvida para poder ser despendida desse ou daquele modo Mas o valor da mercadoria representa unicamente trabalho humano dispêndio de trabalho humano Ora as sim como na sociedade burguesa um general ou um ban queiro desempenham um grande papel ao passo que o homem comum desempenha ao contrário um papel muito miserável14 o mesmo ocorre aqui com o trabalho humano Ele é dispêndio da força de trabalho simples que em média toda pessoa comum sem qualquer desenvolvi mento especial possui em seu organismo corpóreo O próprio trabalho simples médio varia decerto seu caráter em diferentes países e épocas culturais porém é sempre dado numa sociedade existente O trabalho mais complexo vale apenas como trabalho simples potenciado ou antes multi plicado de modo que uma quantidade menor de trabalho complexo é igual a uma quantidade maior de trabalho simples Que essa redução ocorre constantemente é algo mostrado pela experiência Mesmo que uma mercadoria seja o produto do trabalho mais complexo seu valor a equipara ao produto do trabalho mais simples e desse modo representa ele próprio uma quantidade determin ada de trabalho simples15 As diferentes proporções em que os diferentes tipos de trabalho são reduzidos ao tra balho simples como sua unidade de medida são determin adas por meio de um processo social que ocorre pelas cost as dos produtores e lhes parecem assim ter sido legadas pela tradição Para fins de simplificação de agora em di ante consideraremos todo tipo de força de trabalho direta mente como força de trabalho simples com o que apenas nos poupamos o esforço de redução Assim como nos valores casaco e linho está abstraída a diferença entre seus valores de uso também nos trabalhos 1691493 representados nesses valores não se leva em conta a difer ença entre suas formas úteis a alfaiataria e a tecelagem Assim como os valores de uso casaco e linho constituem nexos de atividades produtivas orientadas a um fim e real izadas com o tecido e o fio ao passo que os valores casaco e linho são ao contrário simples geleias de trabalho tam bém os trabalhos contidos nesses valores não valem pela relação produtiva que guardam com o tecido e o fio mas tão somente como dispêndio de força humana de trabalho Alfaiataria e tecelagem são elementos formadores dos valores de uso casaco e linho precisamente devido a suas diferentes qualidades constituem substâncias do valor do casaco e do valor do linho apenas na medida em que se ab straem suas qualidades específicas e ambas possuem a mesma qualidade a qualidade do trabalho humano Casaco e linho não são apenas valores em geral mas valores de determinada grandeza e de acordo com nossa suposição o casaco tem o dobro do valor de 10 braças de linho De onde provém essa diferença de suas grandezas de valor Do fato de que o linho contém somente a metade do trabalho contido no casaco pois para a produção do último requerse um dispêndio de força de trabalho dur ante o dobro do tempo necessário à produção do primeiro Portanto se em relação ao valor de uso o trabalho con tido na mercadoria vale apenas qualitativamente em re lação à grandeza de valor ele vale apenas quantitativa mente depois de ter sido reduzido a trabalho humano sem qualquer outra qualidade Lá tratase do como e do quê do trabalho aqui tratase de seu quanto de sua duração Como a grandeza do valor de uma mercadoria expressa apenas a quantidade de trabalho nela contida as mercadorias devem em dadas proporções ser sempre valores de mesma grandeza 1701493 Mantendose inalterada a força produtiva digamos de todos os trabalhos úteis requeridos para a produção de um casaco a grandeza de valor do casaco aumenta com sua própria quantidade Se um casaco contém x dias de tra balho dois casacos contêm 2x e assim por diante Suponha porém que o trabalho necessário à produção de um casaco dobre ou caia pela metade No primeiro caso um casaco tem o mesmo valor que antes tinham dois casa cos no segundo caso dois casacos têm o mesmo valor que antes tinha apenas um casaco embora nos dois casos um casaco continue a prestar os mesmos serviços e o trabalho útil nele contido conserve a mesma qualidade Alterouse porém a quantidade de trabalho despendida em sua produção Uma quantidade maior de trabalho constitui por si mesma uma maior riqueza material dois casacos em vez de um Com dois casacos podemse vestir duas pessoas com um casaco somente uma etc No entanto ao aumento da massa da riqueza material pode corresponder uma queda simultânea de sua grandeza de valor Esse movi mento antitético resulta do duplo caráter do trabalho Nat uralmente a força produtiva é sempre a força produtiva de trabalho útil concreto e determina na verdade apenas o grau de eficácia de uma atividade produtiva adequada a um fim num dado período de tempo O trabalho útil se torna desse modo uma fonte mais rica ou mais pobre de produtos em proporção direta com o aumento ou a queda de sua força produtiva Ao contrário por si mesma uma mudança da força produtiva não afeta em nada o trabalho representado no valor Como a força produtiva diz re speito à forma concreta e útil do trabalho é evidente que ela não pode mais afetar o trabalho tão logo se abstraia dessa sua forma concreta e útil Assim o mesmo trabalho 1711493 produz nos mesmos períodos de tempo sempre a mesma grandeza de valor independentemente da variação da força produtiva Mas ele fornece no mesmo espaço de tempo diferentes quantidades de valores de uso uma quantidade maior quando a produtividade aumenta e menor quando ela diminui A mesma variação da força produtiva que aumenta a fertilidade do trabalho e com isso a massa dos valores de uso por ele produzida di minui a grandeza de valor dessa massa total aumentada ao reduzir a quantidade de tempo de trabalho necessário à sua produção E viceversa Todo trabalho é por um lado dispêndio de força hu mana de trabalho em sentido fisiológico e graças a essa sua propriedade de trabalho humano igual ou abstrato ele gera o valor das mercadorias Por outro lado todo trabalho é dispêndio de força humana de trabalho numa forma es pecífica determinada à realização de um fim e nessa qualidade de trabalho concreto e útil ele produz valores de uso16 3 A forma de valor Wertform ou o valor de troca As mercadorias vêm ao mundo na forma de valores de uso ou corpos de mercadorias como ferro linho trigo etc Essa é sua forma natural originária Porém elas só são mer cadorias porque são algo duplo objetos úteis e ao mesmo tempo suportes de valor Por isso elas só aparecem como mercadorias ou só possuem a forma de mercadorias na medida em que possuem esta dupla forma a forma natural e a forma de valor A objetividade do valor das mercadorias é diferente de Mistress Quicklyf na medida em que não se sabe por onde 1721493 agarrála Exatamente ao contrário da objetividade sensível e crua dos corpos das mercadorias na objetividade de seu valor não está contido um único átomo de matéria natural Por isso podese virar e revirar uma mercadoria como se queira e ela permanece inapreensível como coisa de valor Wertding Lembremonos todavia de que as mercadorias possuem objetividade de valor apenas na medida em que são expressões da mesma unidade social do trabalho hu mano pois sua objetividade de valor é puramente social e por isso é evidente que ela só pode se manifestar numa re lação social entre mercadorias Partimos do valor de troca ou da relação de troca das mercadorias para seguir as pegadas do valor que nelas se esconde Temos agora de retornar a essa forma de manifestação do valor Qualquer um sabe mesmo que não saiba mais nada além disso que as mercadorias possuem uma forma de valor em comum que contrasta do modo mais evidente com as variegadas formas naturais que apresentam seus valores de uso a formadinheiro Cabe aqui realizar o que jamais foi tentado pela economia burguesa a saber provar a gênese dessa formadinheiro portanto seguir de perto o desenvolvimento da expressão do valor contida na relação de valor das mercadorias desde sua forma mais simples e opaca até a ofuscante formadinheiro Com isso desa parece ao mesmo tempo o enigma do dinheiro A relação mais simples de valor é evidentemente a re lação de valor de uma mercadoria com uma única mer cadoria distinta dela não importando qual seja A relação de valor entre duas mercadorias fornece assim a mais simples expressão de valor para uma mercadoria 1731493 A A forma de valor simples individual ou ocasional x mercadorias A y mercadorias B ou x mercadorias A têm o valor de y mercadorias B 20 braças de linho 1 casaco ou 20 braças de linho têm o val or de 1 casaco 1 Os dois polos da expressão do valor forma de valor relativa e forma de equivalente O segredo de toda forma de valor reside em sua forma de valor simples Sua análise oferece por isso a verdadeira dificuldade Aqui duas mercadorias diferentes A e B em nosso exemplo o linho e o casaco desempenham claramente dois papéis distintos O linho expressa seu valor no casaco este serve de material para essa expressão de valor A primeira mercadoria desempenha um papel ativo a se gunda um papel passivo O valor da primeira mercadoria se apresenta como valor relativo ou encontrase na forma de valor relativa A segunda mercadoria funciona como equivalente ou encontrase na forma de equivalente Forma de valor relativa e forma de equivalente são mo mentos inseparáveis interrelacionados e que se determin am reciprocamente mas ao mesmo tempo constituem ex tremos mutuamente excludentes isto é polos da mesma expressão de valor elas se repartem sempre entre mer cadorias diferentes relacionadas entre si pela expressão de valor Não posso por exemplo expressar o valor do linho em linho 20 braças de linho 20 braças de linho não é nen huma expressão de valor A equação diz antes o con trário 20 braças de linho não são mais do que 20 braças de linho uma quantidade determinada do objeto de uso 1741493 linho O valor do linho só pode assim ser expresso re lativamente isto é por meio de outra mercadoria A forma de valor relativa do linho pressupõe portanto que uma outra mercadoria qualquer se confronte com ela na forma de equivalente Por outro lado essa outra mercadoria que figura como equivalente não pode estar simultaneamente contida na forma de valor relativa Ela não expressa seu valor apenas fornece o material para a expressão do valor de outra mercadoria De fato a expressão 20 braças de linho 1 casaco ou 20 braças de linho valem 1 casaco também inclui as relações inversas 1 casaco 20 braças de linho ou 1 casaco vale 20 braças de linho Mas então tenho de inverter a equação para expressar relativamente o valor do casaco e assim o fazendo o linho é que se torna o equivalente em vez do casaco A mesma mercadoria não pode portanto aparecer simultaneamente em ambas as formas na mesma ex pressão do valor Essas formas se excluem antes como po los opostos Se uma mercadoria se encontra na forma de valor re lativa ou na forma contrária a forma de equivalente é algo que depende exclusivamente de sua posição eventual na expressão do valor isto é se num dado momento ela é a mercadoria cujo valor é expresso ou a mercadoria na qual o valor é expresso 2 A forma de valor relativa a Conteúdo da forma de valor relativa Para descobrir como a expressão simples do valor de uma mercadoria está contida na relação de valor entre duas mercadorias é preciso inicialmente considerar essa re lação de modo totalmente independente de seu aspecto 1751493 quantitativo Na maioria das vezes percorrese o caminho contrário e se vislumbra na relação de valor apenas a pro porção em que quantidades determinadas de dois tipos de mercadoria se equiparam Negligenciase que as grandezas de coisas diferentes só podem ser comparadas quantit ativamente depois de reduzidas à mesma unidade So mente como expressões da mesma unidade são elas gran dezas com um denominador comum e portanto gran dezas comensuráveis17 Se 20 braças de linho 1 casaco ou 20 ou x casacos isto é se uma dada quantidade de linho vale muitos ou poucos casacos independentemente de qual seja essa pro porção ela sempre implica que linho e casaco como gran dezas de valor sejam expressões da mesma unidade coisas da mesma natureza A igualdade entre linho e casaco é a base da equação Mas as duas mercadorias qualitativamente igualadas não desempenham o mesmo papel Apenas o valor do linho é expresso E como Por meio de sua relação com o casaco como seu equivalente ou com seu permutável Austauschbar Nessa relação o casaco vale como forma de existência do valor como coisa de valor pois apenas como tal ele é o mesmo que o linho Por outro lado o próprio ser do valor Wertsein do linho se revela ou alcança uma ex pressão independente pois apenas como valor o linho pode se relacionar com o casaco como equivalente ou algo com ele permutável Assim o ácido butanoico é um corpo diferente do formiato de propila Ambos são formados no entanto pelas mesmas substâncias químicas carbono C hidrogênio H e oxigênio O e combinados na mesma porcentagem a saber C4H8O2 Ora se o ácido butanoico fosse equiparado ao formiato de propila este último seria considerado em primeiro lugar como uma mera forma de 1761493 existência de C4H8O2 e em segundo lugar poderseia dizer que o ácido butanoico também é composto de C4H8O2 Desse modo a equação do formiato de propila com o ácido butanoico seria a expressão de sua substância química em contraste com sua forma corpórea Como valores as mercadorias não são mais do que geleias de trabalho humano por isso nossa análise as re duz à abstração de valor mas não lhes confere qualquer forma de valor distinta de suas formas naturais Diferente é o que ocorre na relação de valor de uma mercadoria com outra Seu caráter de valor manifestase aqui por meio de sua própria relação com outras mercadorias Quando o casaco é equiparado ao linho como coisa de valor o trabalho nele contido é equiparado com o trabalho contido no linho Ora a alfaiataria que faz o casaco é um tipo de trabalho concreto diferente da tecelagem que faz o linho Mas a equiparação com a tecelagem reduz a alfai ataria de fato àquilo que é realmente igual nos dois tra balhos a seu caráter comum de trabalho humano Por esse desvio dizse então que também a tecelagem na medida em que tece valor não possui nenhuma característica que a diferencie da alfaiataria e é portanto trabalho humano abstrato Somente a expressão de equivalência de difer entes tipos de mercadoria evidenciao caráter específico do trabalho criador de valor ao reduzir os diversos trabalhos contidos nas diversas mercadorias àquilo que lhes é comum o trabalho humano em geral17a Mas não basta expressar o caráter específico do tra balho que cria o valor do linho A força humana de tra balho em estado fluido ou trabalho humano cria valor mas não é ela própria valor Ela se torna valor em estado cristalizado em forma objetiva Para expressar o valor do linho como geleia de trabalho humano ela tem de ser 1771493 expressa como uma objetividade materialmente dinglichg distinta do próprio linho e simultaneamente comum ao linho e a outras mercadorias Assim a tarefa es tá resolvida Na relação de valor com o casaco o linho vale como seu equivalente qualitativo como coisa da mesma natureza porque ele é um valor Desse modo ele vale como uma coisa na qual se manifesta o valor ou que em sua forma natural palpável representa valor Na verdade o casaco o corpo da mercadoria casaco é um simples valor de uso Um casaco expressa tão pouco valor quanto a mel hor peça de linho Isso prova apenas que ele significa mais quando se encontra no interior da relação de valor com o linho do que fora dela assim como alguns homens signi ficam mais dentro de um casaco agaloado do que fora dele Na produção do casaco houve de fato dispêndio de força humana de trabalho na forma da alfaiataria Port anto trabalho humano foi nele acumulado Por esse lado o casaco é suporte de valor embora essa sua qualidade não se deixe entrever nem mesmo no casaco mais puído E na relação de valor com o linho ele só é considerado se gundo esse aspecto isto é como valor corporificado como corpo de valor Apesar de seu aspecto abotoado o linho re conhece nele a bela alma de valor que lhes é originaria mente comum O casaco em relação ao linho não pode representar valor sem que para o linho o valor assuma simultaneamente a forma de um casaco Assim o indiví duo A não pode se comportar para com o indivíduo B como para com uma majestade sem que para A a majest ade assuma a forma corpórea de B e desse modo seus traços fisionômicos seus cabelos e muitas características se modifiquem de acordo com o soberano em questão 1781493 Portanto na relação de valor em que o casaco constitui o equivalente do linho a forma de casaco vale como forma de valor O valor da mercadoria linho é assim expresso no corpo da mercadoria casaco sendo o valor de uma mer cadoria expresso no valor de uso da outra Como valor de uso o linho é uma coisa fisicamente distinta do casaco como valor ele é casacoidêntico Rockgleiches e apar enta pois ser um casaco Assim o linho recebe uma forma de valor diferente de sua forma natural Seu ser de valor aparece em sua igualdade com o casaco assim como a natureza de carneiro do cristão em sua igualdade com o Cordeiro de Deus Como se vê tudo o que a análise do valor das mer cadorias nos disse anteriormente é dito pelo próprio linho assim que entra em contato com outra mercadoria o casaco A única diferença é que ele revela seus pensamen tos na língua que lhe é própria a língua das mercadorias Para dizer que seu próprio valor foi criado pelo trabalho na qualidade abstrata de trabalho humano ele diz que o casaco na medida em que lhe equivale ou seja na me dida em que é valor consiste do mesmo trabalho que o linho Para dizer que sua sublime objetividade de valor é diferente de seu corpo entretelado ele diz que o valor tem a aparência de um casaco e com isso que ele próprio como coisa de valor é tão igual ao casaco quanto um ovo é ao outro Notese de passagem que a língua das mer cadorias além do hebraico tem também muitos outros dialetos mais ou menos corretos Por exemplo o termo alemão Wertseinser valor expressa de modo menos certeiro do que o verbo românico valere valer valoir o fato de que a equiparação da mercadoria B com a mercadoria A é a própria expressão de valor da mercadoria A Paris vaut bien une messe Paris vale bem uma missah 1791493 Por meio da relação de valor a forma natural da mer cadoria B convertese na forma de valor da mercadoria A ou o corpo da mercadoria B se converte no espelho do val or da mercadoria A18 Ao relacionarse com a mercadoria B como corpo de valor como materialização de trabalho hu mano a mercadoria A transforma o valor de uso de B em material de sua própria expressão de valor O valor da mercadoria A assim expresso no valor de uso da mer cadoria B possui a forma do valor relativo b A determinidade quantitativa da forma de valor relativa Toda mercadoria cujo valor deve ser expresso é um objeto de uso numa dada quantidade 15 alqueires de trigo 100 libras de café etc Essa dada quantidade de mercadoria contém uma quantidade determinada de trabalho hu mano A forma de valor tem portanto de expressar não só valor em geral mas valor quantitativamente determinado ou grandeza de valor Na relação de valor da mercadoria A com a mercadoria B do linho com o casaco não apenas a espécie de mercadoria casaco é qualitativamente equiparada ao linho como corpo de valor em geral mas uma determinada quantidade de linho por exemplo 20 braças é equiparada a uma determinada quantidade do corpo de valor ou equivalente por exemplo a 1 casaco A equação 20 braças de linho 1 casaco ou 20 braças de linho valem 1 casaco pressupõe que 1 casaco contém tanta substância de valor quanto 20 braças de linho que portanto ambas as quantidades de mercadorias custam o mesmo trabalho ou a mesma quantidade de tempo de tra balho Mas o tempo de trabalho necessário para a produção de 20 braças de linho ou 1 casaco muda com cada alteração na força produtiva da tecelagem ou da 1801493 alfaiataria A influência de tais mudanças na expressão re lativa da grandeza de valor tem por isso de ser investi gada mais de perto I O valor do linho varia19 enquanto o valor do casaco permanece constante Se o tempo de trabalho necessário à produção do linho dobra por exemplo em consequência da crescente infertilidade do solo onde o linho é cultivado dobra igualmente seu valor Em vez de 20 braças de linho 1 casaco teríamos 20 braças de linho 2 casacos pois 1 casaco contém agora a metade do tempo de tra balho contido em 20 braças de linho Se ao contrário o tempo de trabalho necessário para a produção do linho cai pela metade graças por exemplo à melhoria dos teares cai também pela metade o valor do linho Temos agora 20 braças de linho ½ casaco Assim o valor relativo da mercadoria A isto é seu valor expresso na mercadoria B aumenta e diminui na proporção direta da variação do val or da mercadoria A em relação ao valor constante da mer cadoria B II O valor do linho permanece constante enquanto varia o valor do casaco Se dobra o tempo de trabalho ne cessário à produção do casaco por exemplo em con sequência de tosquias desfavoráveis temos em vez de 20 braças de linho 1 casaco agora 20 braças de linho ½ casaco Ao contrário se cai pela metade o valor do casaco temos 20 braças de linho 2 casacos Permanecendo con stante o valor da mercadoria A aumenta ou diminui port anto seu valor relativo expresso na mercaria B em pro porção inversa à variação de valor de B Ao compararmos os diferentes casos sob I e II concluí mos que a mesma variação de grandeza do valor relativo pode derivar de causas absolutamente opostas Assim a equação 20 braças de linho 1 casaco se transforma em 1 1811493 a equação 20 braças de linho 2 casacos seja porque o val or do linho dobrou seja porque o valor dos casacos caiu pela metade e 2 a equação 20 braças de linho ½ casaco seja porque o valor do linho caiu pela metade seja porque dobrou o valor do casaco III As quantidades de trabalho necessárias à produção de linho e casaco podem variar ao mesmo tempo na mesma direção e na mesma proporção Nesse caso como antes 20 braças de linho 1 casaco sejam quais forem as mudanças ocorridas em seus valores Sua variação de val or é descoberta tão logo o casaco e o linho sejam compara dos com uma terceira mercadoria cujo valor permaneceu constante Se os valores de todas as mercadorias aumen tassem ou diminuíssem ao mesmo tempo e na mesma pro porção seus valores relativos permaneceriam inalterados Sua variação efetiva de valor seria inferida do fato de que no mesmo tempo de trabalho passaria agora a ser produz ida uma quantidade de mercadorias maior ou menor do que antes Os tempos de trabalho necessários à produção do linho e do casaco respectivamente e com isso seus valores po dem variar simultaneamente na mesma direção porém em graus diferentes ou em direção contrária etc A in fluência de todas as combinações possíveis sobre o valor relativo de uma mercadoria resulta da simples aplicação dos casos I II e III As variações efetivas na grandeza de valor não se re fletem nem inequívoca nem exaustivamente em sua ex pressão relativa ou na grandeza do valor relativo O valor relativo de uma mercadoria pode variar embora seu valor se mantenha constante Seu valor relativo pode permane cer constante embora seu valor varie e finalmente vari ações simultâneas em sua grandeza de valor e na 1821493 expressão relativa dessa grandeza não precisam de modo algum coincidir entre si20 3 A forma de equivalente Vimos quando uma mercadoria A o linho expressa seu valor no valor de uso de uma mercadoria diferente B o casaco ela imprime nesta última uma forma peculiar de valor a forma de equivalente A mercadoria linho expressa seu próprio valor quando o casaco vale o mesmo que ela sem que este último assuma uma forma de valor distinta de sua forma corpórea Portanto o linho expressa sua pró pria qualidade de ter valor na circunstância de que o casaco é diretamente permutável com ele Consequente mente a forma de equivalente de uma mercadoria é a forma de sua permutabilidade direta com outra mercadoria No fato de que um tipo de mercadoria como o casaco vale como equivalente de outro tipo de mercadoria como o linho com o que os casacos expressam sua propriedade característica de se encontrar em forma diretamente per mutável com o linho não está dada de modo algum a proporção em que casacos e linho são permutáveis Tal proporção depende da grandeza de valor dos casacos já que a grandeza de valor do linho é dada Se o casaco é ex presso como equivalente e o linho como valor relativo ou inversamente o linho como equivalente e o casaco como valor relativo sua grandeza de valor permanece tal como antes determinada pelo tempo de trabalho necessário à sua produção e portanto independente de sua forma de valor Mas quando o tipo de mercadoria casaco assume na expressão do valor o lugar de equivalente sua grandeza de valor não obtém nenhuma expressão como grandeza de 1831493 valor Na equação de valor ela figura antes como quan tidade determinada de uma coisa Por exemplo 40 braças de linho valem o quê 2 casacos Como o tipo de mercadoria casaco desempenha aqui o papel do equivalente o valor de uso em face do linho como corpo de valor uma determinada quantidade de casacos é também suficiente para expressar uma de terminada quantidade de valor do linho Portanto dois casacos podem expressar a grandeza de valor de 40 braças de linho porém jamais podem expressar sua própria gran deza de valor a grandeza de valor dos casacos A inter pretação superficial desse fato de que o equivalente sempre possui na equação de valor apenas a forma de uma quantidade simples de uma coisa confundiu Bailey assim como muitos de seus predecessores e sucessores fazendoo ver na expressão do valor uma relação mera mente quantitativa Ao contrário a forma de equivalente de uma mercadoria não contém qualquer determinação quantitativa de valor A primeira peculiaridade que se sobressai na consider ação da forma de equivalente é esta o valor de uso se tor na a forma de manifestação de seu contrário do valor A forma natural da mercadoria tornase forma de valor Porém nota bene esse quiproquó se dá para uma mer cadoria B casaco trigo ou ferro etc apenas no interior da relação de valor em que outra mercadoria A qualquer linho etc a confronta apenas no âmbito dessa relação Como nenhuma mercadoria se relaciona consigo mesma como equivalente e portanto tampouco pode transformar sua própria pele natural em expressão de seu próprio val or ela tem de se reportar a outra mercadoria como equi valente ou fazer da pele natural de outra mercadoria a sua própria forma de valor 1841493 Isso pode ser ilustrado com o exemplo de uma medida que se aplica aos corpos de mercadorias como tais isto é como valores de uso Um pão de açúcari por ser um corpo é pesado e tem portanto um peso mas não se pode ver ou sentir o peso de nenhum pão de açúcar Tomemos então diferentes pedaços de ferro cujo peso foi predeterminado A forma corporal do ferro considerada por si mesma é tão pouco a forma de manifestação do peso quanto o é a forma corporal do pão de açúcar No entanto a fim de expressar o pão de açúcar como peso estabelecemos uma relação de peso entre ele e o ferro Nessa relação o ferro figura como um corpo que não contém nada além de peso Quan tidades de ferro servem desse modo como medida de peso do açúcar e representam diante do corpo do açúcar simples figura do peso forma de manifestação do peso Tal papel é desempenhado pelo ferro somente no interior dessa relação quando é confrontado com o açúcar ou outro corpo qualquer cujo peso deve ser encontrado Se as duas coisas não fossem pesadas elas não poderiam es tabelecer essa relação e por conseguinte uma não poderia servir de expressão do peso da outra Quando colocamos as duas sobre os pratos da balança vemos que como pesos elas são a mesma coisa e por isso têm também o mesmo peso em determinada proporção Como medida de peso o ferro representa quando confrontado com o pão de açúcar apenas peso do mesmo modo como em nossa ex pressão de valor o corpo do casaco representa quando confrontado com o linho apenas valor Mas aqui acaba a analogia Na expressão do peso do pão de açúcar o ferro representa uma propriedade natural comum a ambos os corpos seu peso ao passo que o casaco representa na expressão de valor do linho uma pro priedade supernatural seu valor algo puramente social 1851493 Como a forma de valor relativa de uma mercadoria por exemplo o linho expressa sua qualidade de ter valor como algo totalmente diferente de seu corpo e de suas pro priedades como algo igual a um casaco essa mesma ex pressão esconde em si uma relação social O inverso ocorre com a forma de equivalente que consiste precisamente no fato de que um corpo de mercadoria como o casaco essa coisa imediatamente dada expressa valor e assim possui por natureza forma de valor É verdade que isso vale apenas no interior da relação de valor na qual a mercador ia casaco se confronta como equivalente com a mercadoria linho21 Mas como as propriedades de uma coisa não surgem de sua relação com outras coisas e sim apenas atuam em tal relação também o casaco aparenta possuir sua forma de equivalente sua propriedade de permutabil idade direta como algo tão natural quanto sua propriedade de ser pesado ou de reter calor Daí o caráter enigmático da forma de equivalente a qual só salta aos olhos míopes do economista político quando lhe aparece já pronta no dinheiro Então ele procura escamotear o caráter místico do ouro e da prata substituindoos por mercadorias menos ofuscantes e com prazer sempre renovado põese a salmodiar o catálogo inteiro da populaça de mercadorias que em épocas passadas desempenharam o papel de equivalente de mercadorias Ele nem sequer suspeita que uma expressão de valor tão simples como 20 braças de linho 1 casaco já forneça a solução do enigma da forma de equivalente O corpo da mercadoria que serve de equivalente vale sempre como incorporação de trabalho humano abstrato e é sempre o produto de um determinado trabalho útil con creto Esse trabalho concreto se torna assim expressão do trabalho humano abstrato Se o casaco por exemplo é 1861493 considerado mera efetivação Verwirklichung então a alfai ataria que de fato nele se efetiva é considerada mera forma de efetivação de trabalho humano abstrato Na ex pressão de valor do linho a utilidade da alfaiataria não consiste em fazer roupas logo também pessoasj mas sim em fazer um corpo que reconhecemos como valor e port anto como geleia de trabalho que não se diferencia em nada do trabalho objetivado no valor do linho Para realiz ar tal espelho de valor a própria alfaiataria não tem de es pelhar senão sua qualidade abstrata de ser trabalho humano Tanto na forma da alfaiataria quanto na da tecelagem força humana de trabalho é despendida Ambas possuem portanto a propriedade universal do trabalho humano razão pela qual em determinados casos por exemplo na produção de valor elas só podem ser consideradas sob esse ponto de vista Nada disso é misterioso Mas na ex pressão de valor da mercadoria a coisa é distorcida Por ex emplo para expressar que a tecelagem cria o valor do linho não em sua forma concreta como tecelagem mas em sua qualidade universal como trabalho humano ela é con frontada com a alfaiataria o trabalho concreto que produz o equivalente do linho como a forma palpável de efetivação do trabalho humano abstrato Assim constitui uma segunda propriedade da forma de equivalente que o trabalho concreto tornese forma de manifestação de seu contrário trabalho humano abstrato Mas porque esse trabalho concreto a alfaiataria vale como mera expressão de trabalho humano indiferenciado ele possui a forma da igualdade com outro trabalho aquele contido no linho e por isso embora seja trabalho privado como todos os outros trabalho que produz mer cadorias ele é trabalho em forma imediatamente social 1871493 Justamente por isso ele se apresenta num produto que pode ser diretamente trocado por outra mercadoria Assim uma terceira peculiaridade da forma de equival ente é que o trabalho privado convertase na forma de seu contrário trabalho em forma imediatamente social As duas peculiaridades por último desenvolvidas da forma de equivalente tornamse ainda mais tangíveis se re corremos ao grande estudioso que pela primeira vez anali sou a forma de valor assim como tantas outras formas de pensamento de sociedade e da natureza Este é Aristóteles De início Aristóteles afirma claramente que a forma dinheiro da mercadoria é apenas a figura ulteriormente desenvolvida da forma de valor simples isto é da ex pressão do valor de uma mercadoria em outra mercadoria qualquer pois ele diz que 5 divãsk 1 casa Klínai pénte Ãntì oÏkíav não se diferencia de 5 divãs certa soma de dinheiro Klínai pénte Ãntì ösou aï pénte klínai Além disso ele vê que a relação de valor que contém essa expressão de valor condiciona por sua vez que a casa seja qualitativamente equiparada ao divã e que sem tal igualdade de essências essas coisas sensivelmente distintas não poderiam ser relacionadas entre si como grandezas comensuráveis A troca diz ele não pode se dar sem a igualdade mas a igualdade não pode se dar sem a comensurabilidade o3tH Ïsótjv mb o3sjv summetríav Aqui porém ele se detém e abandona a análise subsequente da forma de valor No entanto é na verdade impossível to mèn o5n Ãljqeíà Ãdúnaton que coisas tão distintas sejam comensuráveis isto é qualitativamente 1881493 iguais Essa equiparação só pode ser algo estranho à verdadeira natureza das coisas não passando portanto de um artifício para a necessidade prática O próprio Aristóteles nos diz o que impede o desenvol vimento ulterior de sua análise a saber a falta do conceito de valor Em que consiste o igual das Gleiche isto é a sub stância comum que a casa representa para o divã na ex pressão de valor do divã Algo assim não pode na ver dade existir diz Aristóteles Por quê A casa con frontada com o divã representa algo igual na medida em que representa aquilo que há de efetivamente igual em ambas no divã e na casa E esse igual é o trabalho humano O fato de que nas formas dos valores das mercadorias todos os trabalhos são expressos como trabalho humano igual e desse modo como dotados do mesmo valor é algo que Aristóteles não podia deduzir da própria forma de valor posto que a sociedade grega se baseava no trabalho escravo e por conseguinte tinha como base natural a desigualdade entre os homens e suas forças de trabalho O segredo da expressão do valor a igualdade e equivalência de todos os trabalhos porque e na medida em que são tra balho humano em geral só pode ser decifrado quando o conceito de igualdade humana já possui a fixidez de um preconceito popular Mas isso só é possível numa so ciedade em que a formamercadoria Warenform é a forma universal do produto do trabalho e portanto também a re lação entre os homens como possuidores de mercadorias é a relação social dominante O gênio de Aristóteles brilha precisamente em sua descoberta de uma relação de igualdade na expressão de valor das mercadorias Foi apenas a limitação histórica da sociedade em que ele vivia 1891493 que o impediu de descobrir em que na verdade consiste essa relação de igualdade 4 O conjunto da forma de valor simples A forma de valor simples de uma mercadoria está contida em sua relação de valor com uma mercadoria de outro tipo ou na relação de troca com esta última O valor da mer cadoria A é expresso qualitativamente por meio da per mutabilidade direta da mercadoria B com a mercadoria A Ele é expresso quantitativamente por meio da permutabil idade de uma determinada quantidade da mercadoria B por uma dada quantidade da mercadoria A Em outras pa lavras o valor de uma mercadoria é expresso de modo in dependente por sua representação como valor de troca Quando no começo deste capítulo dizíamos como quem expressa um lugarcomum que a mercadoria é valor de uso e valor de troca isso estava para ser exato errado A mercadoria é valor de uso ou objeto de uso e valor Ela se apresenta em seu ser duplo na medida em que seu valor possui uma forma de manifestação própria distinta de sua forma natural a saber a forma do valor de troca e ela jamais possui essa forma quando considerada de modo isolado mas sempre apenas na relação de valor ou de troca com uma segunda mercadoria de outro tipo Uma vez que se sabe isso no entanto aquele modo de expressão não causa dano mas serve como abreviação Nossa análise demonstrou que a forma de valor ou a expressão de valor da mercadoria surge da natureza do valor das mercadorias e não ao contrário que o valor e a grandeza de valor sejam derivados de sua expressão como valor de troca Esse é no entanto o delírio tanto dos mer cantilistas e de seus entusiastas modernos como Ferrier Ganilh22 etc quanto de seus antípodas os modernos 1901493 commisvoyageursl do livrecâmbio como Bastiat e consor tes Os mercantilistas priorizam o aspecto qualitativo da expressão do valor e por conseguinte a forma de equival ente da mercadoria que alcança no dinheiro sua forma acabada já os mascates do livre câmbio que têm de dar saída à sua mercadoria a qualquer preço acentuam ao contrário o aspecto quantitativo da forma de valor re lativa Consequentemente para eles não existem nem valor nem grandeza de valor das mercadorias além de sua ex pressão mediante a relação de troca ou seja além do bole tim diário da lista de preços O escocês Macleod em sua função de aclarar do modo mais erudito possível o emaranhado confuso das noções que povoam a Lombard Streetm opera a síntese bemsucedida entre os mercantilis tas supersticiosos e os mascates esclarecidos do livre câmbio A análise mais detalhada da expressão de valor da mer cadoria A contida em sua relação de valor com a mer cadoria B mostrou que no interior dessa mesma expressão de valor a forma natural da mercadoria A é considerada apenas figura de valor de uso e a forma natural da mer cadoria B apenas como forma de valor ou figura de valor Wertgestalt A oposição interna entre valor de uso e valor contida na mercadoria é representada assim por meio de uma oposição externa isto é pela relação entre duas mer cadorias sendo a primeira cujo valor deve ser expresso considerada imediata e exclusivamente valor de uso e a segunda na qual o valor é expresso imediata e exclu sivamente como valor de troca A forma de valor simples de uma mercadoria é portanto a forma simples de mani festação da oposição nela contida entre valor de uso e valor 1911493 O produto do trabalho é em todas as condições sociais objeto de uso mas o produto do trabalho só é transform ado em mercadoria numa época historicamente determin ada de desenvolvimento uma época em que o trabalho despendido na produção de uma coisa útil se apresenta como sua qualidade objetiva isto é como seu valor Seguese daí que a forma de valor simples da mercadoria é simultaneamente a formamercadoria simples do produto do trabalho e que portanto também o desenvolvimento da formamercadoria coincide com o desenvolvimento da forma de valor O primeiro olhar já mostra a insuficiência da forma de valor simples essa forma embrionária que só atinge a formapreço Preisform através de uma série de metamorfoses A expressão numa mercadoria qualquer B distingue o valor da mercadoria A apenas de seu próprio valor de uso e a coloca assim numa relação de troca com uma mer cadoria qualquer de outro tipo em vez de representar sua relação de igualdade qualitativa e proporcionalidade quantitativa com todas as outras mercadorias A forma de equivalente individual de outra mercadoria corresponde à forma de valor simples e relativa de uma mercadoria Assim o casaco possui na expressão relativa de valor do linho apenas a forma de equivalente ou a forma de per mutabilidade direta no que diz respeito a esse tipo indi vidual de mercadoria o linho Todavia a forma individual de valor se transforma por si mesma numa forma mais completa Mediante essa forma o valor de uma mercadoria A só é expresso numa mercadoria de outro tipo Mas de que tipo é essa segunda mercadoria se ela é casaco ou ferro ou trigo etc é algo totalmente indiferente Conforme ela entre em relação de 1921493 valor com este ou aquele outro tipo de mercadoria surgem diferentes expressões simples de valor de uma mesma mercadoria22a O número de suas expressões possíveis de valor só é limitado pelo número dos tipos de mercadorias que dela se distinguem Sua expressão individualizada de valor se transforma assim numa série sempre ampliável de suas diferentes expressões simples de valor B A forma de valor total ou desdobrada z mercadoria A u mercadoria B ou v mercadoria C ou w mercadoria D ou x mercadoria E ou etc 20 braças de linho 1 casaco ou 10 libras de chá ou 40 libras de café ou 1 quarter de trigo ou 2 onças de ouro ou ½ tonelada de ferro ou etc 1 A forma de valor relativa e desdobrada O valor de uma mercadoria do linho por exemplo é agora expresso em inúmeros outros elementos do mundo das mercadorias Cada um dos outros corpos de mercadorias tornase um espelho do valor do linho23 Pela primeira vez esse mesmo valor aparece verdadeiramente como geleia de trabalho humano indiferenciado Pois o tra balho que o cria é agora expressamente representado como trabalho que equivale a qualquer outro trabalho hu mano indiferentemente da forma natural que ele possua e portanto do objeto no qual ele se incorpora se no casaco ou no trigo ou no ferro ou no ouro etc Por meio de sua forma de valor o linho se encontra agora em relação social não mais com apenas outro tipo de mercadoria individual mas com o mundo das mercadorias Como mercadoria ele é cidadão desse mundo Ao mesmo tempo a série infinita de suas expressões demonstra que para o valor das 1931493 mercadorias é indiferente a forma específica do valor de uso na qual o linho se manifesta Na primeira forma 20 braças de linho 1 casaco pode ser acidental que essas duas mercadorias sejam per mutáveis numa determinada relação quantitativa Na se gunda forma ao contrário evidenciase imediatamente um fundamento essencialmente distinto da manifestação acidental e que a determina O valor do linho permanece da mesma grandeza seja ele representado no casaco ou café ou ferro etc em inúmeras mercadorias diferentes que pertencem aos mais diferentes possuidores A relação acidental entre dois possuidores individuais de mercadori as desaparece Tornase evidente que não é a troca que reg ula a grandeza de valor da mercadoria mas inversamente é a grandeza de valor da mercadoria que regula suas re lações de troca 2 A forma de equivalente particular Na expressão de valor do linho cada mercadoria seja ela casaco chá trigo ferro etc é considerada como equival ente e portanto como corpo de valor A forma natural de terminada de cada uma dessas mercadorias é agora uma forma de equivalente particular ao lado de muitas outras Do mesmo modo os vários tipos de trabalho determina dos concretos e úteis contidos nos diferentes corpos de mercadorias são considerados agora como tantas outras formas de efetivação ou de manifestação particulares de trabalho humano como tal 3 Insuficiências da forma de valor total ou desdobrada Em primeiro lugar a expressão de valor relativa da mer cadoria é incompleta pois sua série de representações 1941493 jamais se conclui A cadeia em que uma equiparação de valor se acrescenta a outra permanece sempre prolongável por meio de cada novo tipo de mercadoria que se ap resenta fornecendo assim o material para uma nova ex pressão de valor Em segundo lugar ela forma um color ido mosaico de expressões de valor desconexas e variega das E finalmente se o valor relativo de cada mercadoria for devidamente expresso nessa forma desdobrada a forma de valor relativa de cada mercadoria será uma série infinita de expressões de valor diferente da forma de valor relativa de qualquer outra mercadoria As insuficiências da forma de valor relativa e desdobrada se refletem na sua correspondente forma de equivalente Como a forma nat ural de todo tipo de mercadoria individual é aqui uma forma de equivalente particular ao lado de inúmeras out ras formas de equivalentes particulares concluise que ex istem apenas formas de equivalentes limitadas que se ex cluem mutuamente Do mesmo modo o tipo de trabalho determinado concreto e útil contido em cada equivalente particular de mercadorias é uma forma apenas particular e portanto não exaustiva de manifestação do trabalho hu mano De fato este possui sua forma completa ou total de manifestação na cadeia plena dessas formas particulares de manifestação Porém assim ele não possui qualquer forma de manifestação unitária A forma de valor relativa e desdobrada consiste no en tanto apenas de uma soma de expressões simples e re lativas de valor ou de equações da primeira forma como 20 braças de linho 1 casaco 20 braças de linho 10 libras de chá etc Mas cada uma dessas equações também contém em contrapartida a equação idêntica 1951493 1 casaco 20 braças de linho 10 libras de chá 20 braças de linho etc De fato se alguém troca seu linho por muitas outras mercadorias e com isso expressa seu valor numa série de outras mercadorias os muitos outros possuidores de mer cadorias também têm necessariamente de trocar suas mer cadorias pelo linho e desse modo expressar os valores de suas diferentes mercadorias na mesma terceira mercadoria o linho Se portanto invertemos a série 20 braças de linho 1 casaco ou 10 libras de chá ou etc isto é se expres samos a relação inversa já contida na própria série obtemos C A forma de valor universal 1 casaco 10 libras de chá 40 libras de café 1 quarter de trigo 2 onças de ouro ½ tonelada de ferro x mercadoria A etc mercadoria 20 braças de linho 1 Caráter modificado da forma de valor Agora as mercadorias expressam seus valores 1 de modo simples porque numa mercadoria singular e 2 de modo unitário porque na mesma mercadoria Sua forma de valor é simples e comum a todas e por conseguinte universal As formas I e II só foram introduzidas para expressar o valor de uma mercadoria como algo distinto de seu próprio valor de uso ou de seu corpo de mercadoria 1961493 A primeira forma resultou em equações de valor como 1 casaco 20 braças de linho 10 libras de chá ½ tonelada de ferro etc O valor casaco é expresso como igual ao linho o valorchá como igual ao ferro etc mas as igualdades com o linho e com o ferro essas expressões de valor do casaco e do chá são tão distintas quanto o linho e o ferro Tal forma só se revela na prática nos primórdios mais re motos quando os produtos do trabalho são transformados em mercadorias por meio da troca contingente e ocasional A segunda forma distingue o valor de uma mercadoria de seu próprio valor de uso mais plenamente do que a primeira pois o valor do casaco por exemplo confrontase com sua forma natural em todas as formas possíveis como igual ao linho igual ao ferro igual ao chá etc mas não como igual ao casaco Por outro lado toda expressão comum do valor das mercadorias está aqui diretamente ex cluída pois na expressão de valor de cada mercadoria to das as outras aparecem agora na forma de equivalentes A forma de valor desdobrada se mostra pela primeira vez apenas quando um produto do trabalho por exemplo o gado passa a ser trocado por outras mercadorias difer entes não mais excepcional mas habitualmente A nova forma obtida expressa os valores do mundo das mercadorias num único tipo de mercadoria separada das outras por exemplo no linho e assim representa os valores de todas as mercadorias mediante sua igualdade com o linho Como algo igual ao linho o valor de cada mercadoria é agora não apenas distinto de seu próprio val or de uso mas de qualquer valor de uso sendo justamente por isso expresso como aquilo que ela tem em comum com todas as outras mercadorias Essa forma é portanto a primeira que relaciona efetivamente as mercadorias entre 1971493 si como valores ou que as deixa aparecer umas para as outras como valores de troca As duas formas anteriores expressam cada uma o val or de uma mercadoria seja numa única mercadoria de tipo diferente seja numa série de muitas mercadorias difer entes dela Nos dois casos dar a si mesma uma forma de valor é algo que por assim dizer pertence ao foro privado da mercadoria individual e ela o realiza sem a ajuda de outras mercadorias Estas representam diante dela o pa pel meramente passivo do equivalente A forma universal do valor só surge ao contrário como obra conjunta do mundo das mercadorias Uma mercadoria só ganha ex pressão universal de valor porque ao mesmo tempo todas as outras expressam seu valor no mesmo equivalente e cada novo tipo de mercadoria que surge tem de fazer o mesmo Com isso revelase que a objetividade do valor das mercadorias por ser a mera existência social dessas coisas também só pode ser expressa por sua relação social universal allseitige e sua forma de valor por isso tem de ser uma forma socialmente válida Na forma de iguais ao linho todas as mercadorias aparecem agora não só como qualitativamente iguais como valores em geral mas também como grandezas de valor quantitativamente comparáveis Por espelharem suas grandezas de valor num mesmo material o linho essas grandezas de valor se espelham mutuamente Por exem plo 10 libras de chá 20 braças de linho e 40 libras de café 20 braças de linho Portanto 10 libras de chá 40 libras de café Ou em 1 libra de café está contida apenas ¼ da substância de valor de trabalho contida em 1 libra de chá A forma de valor relativa e universal do mundo das mercadorias imprime na mercadoria equivalente que dele 1981493 é excluída no linho o caráter de equivalente universal Sua própria forma natural é a figura de valor comum a esse mundo sendo o linho por isso diretamente per mutável por todas as outras mercadorias Sua forma corpórea é considerada a encarnação visível a crisalidação social e universal de todo trabalho humano A tecelagem o trabalho privado que produz o linho encontrase ao mesmo tempo na forma social universal a forma da igualdade com todos os outros trabalhos As inúmeras equações em que consiste a forma de valor universal equiparam sucessivamente o trabalho efetivado no linho com todo trabalho contido em outra mercadoria e desse modo transformam a tecelagem em forma universal de manifestação do trabalho humano como tal Assim o tra balho objetivado no valor das mercadorias não é expresso apenas negativamente como trabalho no qual são abstraí das todas as formas concretas e propriedades úteis dos tra balhos efetivos Sua própria natureza positiva se põe em destaque ela se encontra na redução de todos os trabalhos efetivos à sua característica comum de trabalho humano ao dispêndio de força humana de trabalho A forma de valor universal que apresenta os produtos do trabalho como meras geleias de trabalho humano mostra por meio de sua própria estrutura que ela é a ex pressão social do mundo das mercadorias Desse modo ela revela que no interior desse mundo o caráter humano universal do trabalho constitui seu caráter especificamente social 1991493 2 A relação de desenvolvimento entre a forma de valor relativa e a forma de equivalente Ao grau de desenvolvimento da forma de valor relativa corresponde o grau de desenvolvimento da forma de equi valente Porém devese ressaltar que o desenvolvimento da forma de equivalente é apenas expressão e resultado do desenvolvimento da forma de valor relativa A forma de valor relativa simples ou isolada de uma mercadoria transforma outra mercadoria em equivalente individual A forma desdobrada do valor relativo essa ex pressão do valor de uma mercadoria em todas as outras mercadorias imprime nestas últimas a forma de equival entes particulares de diferentes tipos Por fim um tipo par ticular de mercadoria recebe a forma de equivalente uni versal porque todas as outras mercadorias fazem dela o material de sua forma de valor unitária universal Mas na mesma medida em que se desenvolve a forma de valor em geral desenvolvese também a oposição entre seus dois polos a forma de valor relativa e a forma de equivalente A primeira forma 20 braças de linho 1 casaco já contém essa oposição porém não explicitada Conforme a mesma equação seja lida numa direção ou noutra cada um dos dois extremos de mercadorias como linho e casaco encontrase na mesma medida ora na forma de valor re lativa ora na forma de equivalente Compreender a oposição entre os dois polos demandanos ainda um certo esforço Na forma II cada tipo de mercadoria só pode desdo brar totalmente seu valor relativo ou só possui ela mesma a forma de valor relativa desdobrada porque e na medida em que todas as outras mercadorias se confrontam com ela 2001493 na forma de equivalente Não se pode mais aqui inverter os dois lados da equação de valor como 20 braças de linho 1 casaco ou 10 libras de chá ou 1 quarter de trigo etc sem alterar seu caráter global e transformála de forma de valor total em forma de valor universal Por fim a última forma a forma III dá ao mundo das mercadorias a forma de valor relativa e sociouniversal porque e na medida em que todas as mercadorias que a ela pertencem são com uma única exceção excluídas da forma de equivalente universal Uma mercadoria o linho encontrase portanto na forma da permutabilidade direta por todas as outras mercadorias ou na forma imediata mente social porque e na medida em que todas as demais mercadorias não se encontram nessa forma24 Inversamente a mercadoria que figura como equival ente universal está excluída da forma de valor relativa unitária e portanto universal do mundo das mercadorias Para que o linho isto é uma mercadoria qualquer que se encontre na forma de equivalente universal pudesse to mar parte ao mesmo tempo na forma de valor relativa uni versal ele teria de servir de equivalente a si mesmo Ter íamos então 20 braças de linho 20 braças de linho uma tautologia em que não se expressa valor nem grandeza de valor Para expressar o valor relativo do equivalente uni versal temos antes de inverter a forma III Ele não possui qualquer forma de valor relativa em comum com outras mercadorias mas seu valor é expresso relativamente na série infinita de todos os outros corpos de mercadorias Assim a forma de valor relativa e desdobrada ou forma II aparece agora como a forma de valor relativa específica da mercadoria equivalente 2011493 3 Transição da forma de valor universal para a formadinheiro Geldform A forma de equivalente universal é uma forma do valor em geral e pode portanto expressarse em qualquer mer cadoria Por outro lado uma mercadoria encontrase na forma de equivalente universal forma III apenas porque e na medida em que ela é excluída por todas as demais mercadorias na qualidade de equivalente E é somente no momento em que essa exclusão se limita definitivamente a um tipo específico de mercadoria que a forma de valor re lativa unitária do mundo das mercadorias ganha solidez objetiva e validade social universal Agora o tipo específico de mercadoria em cuja forma natural a forma de equivalente se funde socialmente tornase mercadoriadinheiro Geldware ou funciona como dinheiro Desempenhar o papel do equivalente universal no mundo das mercadorias tornase sua função especifica mente social e assim seu monopólio social Entre as mer cadorias que na forma II figuram como equivalentes par ticulares do linho e que na forma III expressam conjunta mente no linho seu valor relativo uma mercadoria determ inada conquistou historicamente esse lugar privilegiado o ouro Assim se na forma III substituirmos a mercadoria linho pela mercadoria ouro obteremos 2021493 D A formadinheiro 20 braças de linho 1 casaco 10 libras de chá 40 libras de café 1 quarter de trigo ½ tonelada de ferro x mercadoria A 2 onças de ouro Alterações essenciais ocorrem na transição da forma I para a forma II e da forma II para a forma III Em contra partida a forma IV não se diferencia em nada da forma III a não ser pelo fato de que agora em vez do linho é o ouro que possui a forma de equivalente universal O ouro se tor na na forma IV aquilo que o linho era na forma III equi valente universal O progresso consiste apenas em que agora por meio do hábito social a forma da permutabilid ade direta e geral ou a forma de equivalente universal amalgamouse definitivamente à forma natural específica da mercadoria ouro O ouro só se confronta com outras mercadorias como dinheiro porque já se confrontava com elas anteriormente como mercadoria Igual a todas as outras mercadorias ele também funcionou como equivalente seja como equival ente individual em atos isolados de troca seja como equi valente particular ao lado de outros equivalentesmer cadorias Warenäquivalenten Com o tempo ele passou a funcionar em círculos mais estreitos ou mais amplos como equivalente universal Tão logo conquistou o monopólio dessa posição na expressão de valor do mundo das mercadorias ele tornouse mercadoriadinheiro e é apenas a partir do momento em que ele já se tornou mercadoriadinheiro que as formas IV e III passam a se 2031493 diferenciar uma da outra ou que a forma de valor univer sal se torna formadinheiro A expressão de valor relativa simples de uma mer cadoria por exemplo do linho na mercadoria que fun ciona como mercadoriadinheiro por exemplo o ouro é a formapreço Preisform A formapreço do linho é portanto 20 braças de linho 2 onças de ouro ou se 2 for a denominação monetária de 2 onças de ouro 20 braças de linho 2 A dificuldade no conceito da formadinheiro se re stringe à apreensão conceitual da forma de equivalente universal portanto da forma de valor universal como tal a forma III A forma III se decompõe em sentido contrário na forma II a forma de valor desdobrada e seu elemento constitutivo é a forma I 20 braças de linho 1 casaco ou x mercadoria A y mercadoria B A formamercadoria simples é desse modo o germe da formadinheiro 4 O caráter fetichista da mercadoria e seu segredo Uma mercadoria aparenta ser à primeira vista uma coisa óbvia trivial Sua análise resulta em que ela é uma coisa muito intricada plena de sutilezas metafísicas e melindres teológicos Quando é valor de uso nela não há nada de misterioso quer eu a considere do ponto de vista de que satisfaz necessidades humanas por meio de suas pro priedades quer do ponto de vista de que ela só recebe es sas propriedades como produto do trabalho humano É evidente que o homem por meio de sua atividade altera as formas das matérias naturais de um modo que lhe é útil 2041493 Por exemplo a forma da madeira é alterada quando dela se faz uma mesa No entanto a mesa continua sendo madeira uma coisa sensível e banal Mas tão logo aparece como mercadoria ela se transforma numa coisa sensível suprassensíveln Ela não só se mantém com os pés no chão mas põese de cabeça para baixo diante de todas as outras mercadorias e em sua cabeça de madeira nascem min hocas que nos assombram muito mais do que se ela começasse a dançar por vontade própria25 O caráter místico da mercadoria não resulta portanto de seu valor de uso Tampouco resulta do conteúdo das determinações de valor pois em primeiro lugar por mais distintos que possam ser os trabalhos úteis ou as ativid ades produtivas é uma verdade fisiológica que eles con stituem funções do organismo humano e que cada uma dessas funções seja qual for seu conteúdo e sua forma é essencialmente dispêndio de cérebro nervos músculos e órgãos sensoriais humanos etc Em segundo lugar no que diz respeito àquilo que se encontra na base da determin ação da grandeza de valor a duração desse dispêndio ou a quantidade do trabalho a quantidade é claramente diferenciável da qualidade do trabalho Sob quaisquer con dições sociais o tempo de trabalho requerido para a produção dos meios de subsistência havia de interessar aos homens embora não na mesma medida em diferentes está gios de desenvolvimento26 Por fim tão logo os homens trabalham uns para os outros de algum modo seu trabalho também assume uma forma social De onde surge portanto o caráter enigmático do produto do trabalho assim que ele assume a formamer cadoria Evidentemente ele surge dessa própria forma A igualdade dos trabalhos humanos assume a forma material da igual objetividade de valor dos produtos do trabalho a 2051493 medida do dispêndio de força humana de trabalho por meio de sua duração assume a forma da grandeza de valor dos produtos do trabalho finalmente as relações entre os produtores nas quais se efetivam aquelas determinações sociais de seu trabalho assumem a forma de uma relação social entre os produtos do trabalho O caráter misterioso da formamercadoria consiste portanto simplesmente no fato de que ela reflete aos ho mens os caracteres sociais de seu próprio trabalho como caracteres objetivos dos próprios produtos do trabalho como propriedades sociais que são naturais a essas coisas e por isso reflete também a relação social dos produtores com o trabalho total como uma relação social entre os obje tos existente à margem dos produtores É por meio desse quiproquó que os produtos do trabalho se tornam mer cadorias coisas sensíveissuprassensíveis ou sociais A im pressão luminosa de uma coisa sobre o nervo óptico não se apresenta pois como um estímulo subjetivo do próprio nervo óptico mas como forma objetiva de uma coisa que está fora do olho No ato de ver porém a luz de uma coisa de um objeto externo é efetivamente lançada sobre outra coisa o olho Tratase de uma relação física entre coisas físicas Já a formamercadoria e a relação de valor dos produtos do trabalho em que ela se representa não tem ao contrário absolutamente nada a ver com sua natureza física e com as relações materiais dinglichen que dela resultam É apenas uma relação social determinada entre os próprios homens que aqui assume para eles a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas Desse modo para encontrarmos uma analogia temos de nos refugiar na região nebulosa do mundo religioso Aqui os produtos do cérebro humano parecem dotados de vida própria como figuras independentes que travam relação 2061493 umas com as outras e com os homens Assim se ap resentam no mundo das mercadorias os produtos da mão humana A isso eu chamo de fetichismo que se cola aos produtos do trabalho tão logo eles são produzidos como mercadorias e que por isso é inseparável da produção de mercadorias Esse caráter fetichista do mundo das mercadorias surge como a análise anterior já mostrou do caráter social peculiar do trabalho que produz mercadorias Os objetos de uso só se tornam mercadorias porque são produtos de trabalhos privados realizados independente mente uns dos outros O conjunto desses trabalhos priva dos constitui o trabalho social total Como os produtores só travam contato social mediante a troca de seus produtos do trabalho os caracteres especificamente sociais de seus trabalhos privados aparecem apenas no âmbito dessa troca Ou dito de outro modo os trabalhos privados só atuam efetivamente como elos do trabalho social total por meio das relações que a troca estabelece entre os produtos do trabalho e por meio destes também entre os produtores A estes últimos as relações sociais entre seus trabalhos privados aparecem como aquilo que elas são isto é não como relações diretamente sociais entre pessoas em seus próprios trabalhos mas como relações reificadaso entre pessoas e relações sociais entre coisas Somente no interior de sua troca os produtos do tra balho adquirem uma objetividade de valor socialmente igual separada de sua objetividade de uso sensivelmente distinta Essa cisão do produto do trabalho em coisa útil e coisa de valor só se realiza na prática quando a troca já conquistou um alcance e uma importância suficientes para que se produzam coisas úteis destinadas à troca e port anto o caráter de valor das coisas passou a ser considerado 2071493 no próprio ato de sua produção A partir desse momento os trabalhos privados dos produtores assumem de fato um duplo caráter social Por um lado como trabalhos úteis determinados eles têm de satisfazer uma determinada ne cessidade social e desse modo conservar a si mesmos como elos do trabalho total do sistema naturales pontâneop da divisão social do trabalho Por outro lado eles só satisfazem as múltiplas necessidades de seus próprios produtores na medida em que cada trabalho privado e útil particular é permutável por qualquer outro tipo útil de trabalho privado portanto na medida em que lhe é equivalente A igualdade toto coelo plena dos difer entes trabalhos só pode consistir numa abstração de sua desigualdade real na redução desses trabalhos ao seu caráter comum como dispêndio de força humana de tra balho como trabalho humano abstrato O cérebro dos produtores privados reflete esse duplo caráter social de seus trabalhos privados apenas nas formas em que se manifestam no intercâmbio prático na troca dos produtos o caráter socialmente útil de seus trabalhos privados na forma de que o produto do trabalho tem de ser útil e pre cisamente para outrem o caráter social da igualdade dos trabalhos de diferentes tipos na forma do caráter de valor comum a essas coisas materialmente distintas os produtos do trabalho Portanto os homens não relacionam entre si seus produtos do trabalho como valores por considerarem essas coisas meros invólucros materiais de trabalho humano de mesmo tipo Ao contrário Porque equiparam entre si seus produtos de diferentes tipos na troca como valores eles equiparam entre si seus diferentes trabalhos como trabalho humano Eles não sabem disso mas o fazem27 Por isso na testa do valor não está escrito o que ele éq O valor 2081493 converte antes todo produto do trabalho num hieróglifo social Mais tarde os homens tentam decifrar o sentido desse hieróglifo desvelar o segredo de seu próprio produto social pois a determinação dos objetos de uso como valores é seu produto social tanto quanto a lin guagem A descoberta científica tardia de que os produtos do trabalho como valores são meras expressões materiais do trabalho humano despendido em sua produção fez épo ca na história do desenvolvimento da humanidade mas de modo algum elimina a aparência objetiva do caráter social do trabalho O que é válido apenas para essa forma partic ular de produção a produção de mercadorias isto é o fato de que o caráter especificamente social dos trabalhos privados independentes entre si consiste em sua igualdade como trabalho humano e assume a forma do caráter de valor dos produtos do trabalho continua a aparecer para aqueles que se encontram no interior das re lações de produção das mercadorias como algo definitivo mesmo depois daquela descoberta do mesmo modo como a decomposição científica do ar em seus elementos deixou intacta a forma do ar como forma física corpórea O que na prática interessa imediatamente aos agentes da troca de produtos é a questão de quantos produtos al heios eles obtêm em troca por seu próprio produto ou seja em que proporções os produtos são trocados Assim que essas proporções alcançam uma certa solidez habitual elas aparentam derivar da natureza dos produtos do trabalho como se por exemplo 1 tonelada de ferro e 2 onças de ouro tivessem o mesmo valor do mesmo modo como 1 libra de ouro e 1 libra de ferro têm o mesmo peso apesar de suas diferentes propriedades físicas e químicas Na ver dade o caráter de valor dos produtos do trabalho se fixa apenas por meio de sua atuação como grandezas de valor 2091493 Estas variam constantemente independentemente da vont ade da previsão e da ação daqueles que realizam a troca Seu próprio movimento social possui para eles a forma de um movimento de coisas sob cujo controle se encontram em vez de eles as controlarem É preciso que a produção de mercadorias esteja plenamente desenvolvida antes que da própria experiência emerja a noção científica de que os trabalhos privados executados independentemente uns dos outros porém universalmente interdependentes como elos naturaisespontâneos da divisão social do trabalho são constantemente reduzidos à sua medida socialmente proporcional porque nas relações de troca contingentes e sempre oscilantes de seus produtos o tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção se impõe com a força de uma lei natural reguladora assim como a lei da gravidade se impõe quando uma casa desaba sobre a cabeça de alguém28 A determinação da grandeza de valor por meio do tempo de trabalho é portanto um segredo que se esconde sob os movimentos manifestos dos valores relativos das mercadorias Sua descoberta elimina dos produtos do trabalho a aparência da determinação mera mente contingente das grandezas de valor mas não elim ina em absoluto sua forma reificada sachlich A reflexão sobre as formas da vida humana e assim também sua análise científica percorre um caminho con trário ao do desenvolvimento real Ela começa post festum muito tarde após a festa e por conseguinte com os res ultados prontos do processo de desenvolvimento As formas que rotulam os produtos do trabalho como mer cadorias e portanto são pressupostas à circulação das mercadorias já possuem a solidez de formas naturais da vida social antes que os homens procurem esclarecerse não sobre o caráter histórico dessas formas que eles 2101493 antes já consideram imutáveis mas sobre seu conteúdo Assim somente a análise dos preços das mercadorias con duziu à determinação da grandeza do valor e somente a expressão monetária comum das mercadorias conduziu à fixação de seu caráter de valor Porém é justamente essa forma acabada a formadinheiro do mundo das mer cadorias que vela materialmente sachlich em vez de rev elar o caráter social dos trabalhos privados e com isso as relações sociais entre os trabalhadores privados Quando digo que o casaco a bota etc se relacionam com o linho sob a forma da incorporação geral de trabalho humano ab strato salta aos olhos a sandice dessa expressão Mas quando os produtores de casaco bota etc relacionam essas mercadorias ao linho ou com o ouro e a prata o que não altera em nada a questão como equivalente universal a relação de seus trabalhos privados com seu trabalho social total lhes aparece exatamente nessa forma insana Ora são justamente essas formas que constituem as cat egorias da economia burguesa Tratase de formas de pensamento socialmente válidas e portanto dotadas de objetividade para as relações de produção desse modo so cial de produção historicamente determinado a produção de mercadorias Por isso todo o misticismo do mundo das mercadorias toda a mágica e a assombração que anuviam os produtos do trabalho na base da produção de mer cadorias desaparecem imediatamente tão logo nos refu giemos em outras formas de produção Como a economia política ama robinsonadas29 lancemos um olhar sobre Robinson em sua ilha Apesar de seu caráter modesto ele tem diferentes necessidades a sat isfazer e por isso tem de realizar trabalhos úteis de difer entes tipos fazer ferramentas fabricar móveis domesticar lhamas pescar caçar etc Não mencionamos orar e outras 2111493 coisas do tipo pois nosso Robinson encontra grande prazer nessas atividades e as considera uma recreação Apesar da variedade de suas funções produtivas ele tem consciência de que elas são apenas diferentes formas de atividade do mesmo Robinson e portanto apenas difer entes formas de trabalho humano A própria necessidade o obriga a distribuir seu tempo com exatidão entre suas diferentes funções Se uma ocupa mais espaço e outra menos em sua atividade total depende da maior ou menor dificuldade que se tem de superar para a obtenção do efeito útil visado A experiência lhe ensina isso e eis que nosso Robinson que entre os destroços do navio salvou relógio livro comercial tinta e pena põese logo como bom inglês a fazer a contabilidade de si mesmo Seu in ventário contém uma relação dos objetos de uso que ele possui das diversas operações requeridas para sua produção e por fim do tempo de trabalho que lhe custa em média a obtenção de determinadas quantidades desses diferentes produtos Aqui todas as relações entre Robin son e as coisas que formam sua riqueza por ele mesmo cri ada são tão simples que até mesmo o sr M Wirthr poderia compreendêlas sem maior esforço intelectual E no ent anto nelas já estão contidas todas as determinações essen ciais do valor Saltemos então da iluminada ilha de Robinson para a sombria Idade Média europeias Em vez do homem inde pendente aqui só encontramos homens dependentes ser vos e senhores feudais vassalos e suseranos leigos e cléri gos A dependência pessoal caracteriza tanto as relações sociais da produção material quanto as esferas da vida er guidas sobre elas Mas é justamente porque as relações pessoais de dependência constituem a base social dada que os trabalhos e seus produtos não precisam assumir uma 2121493 forma fantástica distinta de sua realidade Eles entram na engrenagem social como serviços e prestações in natura A forma natural do trabalho sua particularidade e não como na base da produção de mercadorias sua universal idade é aqui sua forma imediatamente social A corveia é medida pelo tempo tanto quanto o é o trabalho que produz mercadorias mas cada servo sabe que o que ele despende a serviço de seu senhor é uma quantidade determinada de sua força pessoal de trabalho O dízimo a ser pago ao padre é mais claro do que a bênção do padre Julguemse como se queiram as máscarast atrás das quais os homens aqui se confrontam o fato é que as relações sociais das pessoas em seus trabalhos aparecem como suas próprias relações pessoais e não se encontram travestidas em re lações sociais entre coisas entre produtos de trabalho Para a consideração do trabalho coletivo isto é imedi atamente socializado não precisamos remontar à sua forma naturalespontânea que encontramos no limiar histórico de todos os povos civilizados30 Um exemplo mais próximo é o da indústria rural e patriarcal de uma família camponesa que para seu próprio sustento produz cereais gado fio linho peças de roupa etc Essas coisas di versas se defrontam com a família como diferentes produtos de seu trabalho familiar mas não umas com as outras como mercadorias Os diferentes trabalhos que cri am esses produtos a lavoura a pecuária a fiação a tecel agem a alfaiataria etc são em sua forma natural funções sociais por serem funções da família que do mesmo modo como a produção de mercadorias possui sua pró pria divisão naturalespontânea do trabalho As diferenças de sexo e idade assim como das condições naturais do tra balho variáveis de acordo com as estações do ano regu lam a distribuição do trabalho na família e do tempo de 2131493 trabalho entre seus membros individuais Aqui no ent anto o dispêndio das forças individuais de trabalho me dido por sua duração aparece desde o início como determ inação social dos próprios trabalhos uma vez que as forças de trabalho individuais atuam desde o início apenas como órgãos da força comum de trabalho da família Por fim imaginemos uma associação de homens livres que trabalham com meios de produção coletivos e que con scientemente despendem suas forças de trabalho indi viduais como uma única força social de trabalho Todas as determinações do trabalho de Robinson reaparecem aqui mas agora social e não individualmente Todos os produtos de Robinson eram seus produtos pessoais exclus ivos e por isso imediatamente objetos de uso para ele O produto total da associação é um produto social e parte desse produto serve por sua vez como meio de produção Ela permanece social mas outra parte é consumida como meios de subsistência pelos membros da associação o que faz com que tenha de ser distribuída entre eles O modo dessa distribuição será diferente de acordo com o tipo pe culiar do próprio organismo social de produção e o corres pondente grau histórico de desenvolvimento dos produtores Apenas para traçar um paralelo com a produção de mercadoria suponha que a cota de cada produtor nos meios de subsistência seja determinada por seu tempo de trabalho o qual desempenharia portanto um duplo papel Sua distribuição socialmente planejada regula a correta proporção das diversas funções de tra balho de acordo com as diferentes necessidades Por outro lado o tempo de trabalho serve simultaneamente de me dida da cota individual dos produtores no trabalho comum e desse modo também na parte a ser individual mente consumida do produto coletivo As relações sociais 2141493 dos homens com seus trabalhos e seus produtos de tra balho permanecem aqui transparentemente simples tanto na produção quanto na distribuição Para uma sociedade de produtores de mercadorias cuja relação social geral de produção consiste em se rela cionar com seus produtos como mercadorias ou seja como valores e nessa forma reificada sachlich confrontar mutuamente seus trabalhos privados como trabalho hu mano igual o cristianismo com seu culto do homem ab strato é a forma de religião mais apropriada especial mente em seu desenvolvimento burguês como protestant ismo deísmo etc Nos modos de produção asiáticos anti gos etc a transformação do produto em mercadoria e com isso a existência dos homens como produtores de mer cadorias desempenha um papel subordinado que no entanto tornase progressivamente mais significativo à medida que as comunidades avançam em seu processo de declínio Povos propriamente comerciantes existem apenas nos intermúndios do mundo antigo como os deuses de Epicurou ou nos poros da sociedade polonesa como os judeus Esses antigos organismos sociais de produção são extraordinariamente mais simples e transparentes do que o organismo burguês mas baseiamse ou na imaturidade do homem individual que ainda não rompeu o cordão umbil ical que o prende a outrem por um vínculo natural de gênero Gattungszusammenhangs ou em relações diretas de dominação e servidão Eles são condicionados por um baixo grau de desenvolvimento das forças produtivas do trabalho e pelas relações correspondentemente limitadas dos homens no interior de seu processo material de produção da vida ou seja pelas relações limitadas dos ho mens entre si e com a natureza 2151493 Essa limitação real se reflete idealmente nas antigas re ligiões naturais e populares O reflexo religioso do mundo real só pode desaparecer quando as relações cotidianas da vida prática se apresentam diariamente para os próprios homens como relações transparentes e racionais que eles estabelecem entre si e com a natureza A figura do pro cesso social de vida isto é do processo material de produção só se livra de seu místico véu de névoa quando como produto de homens livremente socializados encontrase sob seu controle consciente e planejado Para isso requerse uma base material da sociedade ou uma série de condições materiais de existência que por sua vez são elas próprias o produto naturalespontâneo de uma longa e excruciante história de desenvolvimento É verdade que a economia política analisou mesmo que incompletamente31 o valor e a grandeza de valor e revelou o conteúdo que se esconde nessas formas Mas ela jamais sequer colocou a seguinte questão por que esse conteúdo assume aquela forma e por que portanto o tra balho se representa no valor e a medida do trabalho por meio de sua duração temporal na grandeza de valor do produto do trabalho32 Tais formas em cuja testa está es crito que elas pertencem a uma formação social em que o processo de produção domina os homens e não os homens o processo de produção são consideradas por sua con sciência burguesa como uma necessidade natural tão evid ente quanto o próprio trabalho produtivo Por essa razão as formas préburguesas do organismo social de produção são tratadas por ela mais ou menos do modo como as religiões précristãs foram tratadas pelos Padres da Igrejav 33 O quanto uma parte dos economistas é enganada pelo fetichismo que se cola ao mundo das mercadorias ou pela 2161493 aparência objetiva das determinações sociais do trabalho é demonstrado entre outros pela fastidiosa e absurda dis puta sobre o papel da natureza na formação do valor de troca Como este último é uma maneira social determinada de expressar o trabalho realizado numa coisa ele não pode conter mais matéria natural do que por exemplo a taxa de câmbio Como a formamercadoria é a forma mais geral e menos desenvolvida da produção burguesa razão pela qual ela já aparece desde cedo ainda que não com a pre dominância que lhe é característica em nossos dias seu caráter fetichista parece ser relativamente fácil de se analis ar Em formas mais concretas desaparece até mesmo essa aparência de simplicidade De onde vêm as ilusões do sis tema monetário Para ele o ouro e a prata ao servir como dinheiro não expressam uma relação social de produção mas atuam na forma de coisas naturais dotadas de estran has propriedades sociais E quanto à teoria econômica moderna que arrogantemente desdenha do sistema mon etário não se torna palpável seu fetichismo quando ela trata do capital Há quanto tempo desapareceu a ilusão fisiocrata de que a renda fundiária nasce da terra e não da sociedade Para não nos anteciparmos basta que apresentemos aqui apenas mais um exemplo relativo à própria forma mercadoria Se as mercadorias pudessem falar diriam é possível que nosso valor de uso tenha algum interesse para os homens A nós como coisas ele não nos diz respeito O que nos diz respeito materialmente dinglich é nosso valor Nossa própria circulação como coisasmercadorias Warendinge é a prova disso Relacionamonos umas com as outras apenas como valores de troca Escutemos então 2171493 como o economista fala expressando a alma das mercadorias Valor valor de troca é qualidade das coisas riqueza valor de uso é qualidade do homem Valor nesse sentido implica necessariamente troca riqueza não34 Riqueza valor de uso é um atributo do homem valor um atributo das mercadorias Um homem ou uma comunidade é rico uma pérola ou um diamante é valiosa Uma pérola ou um diamante tem valor como pérola ou diamante35 Até hoje nenhum químico descobriu o valor de troca na pérola ou no diamante Mas os descobridores econômicos dessa substância química que se jactam de grande pro fundidade crítica creem que o valor de uso das coisas ex iste independentemente de suas propriedades materiais sachlichen ao contrário de seu valor que lhes seria iner ente como coisasx Para eles a confirmação disso está na insólita circunstância de que o valor de uso das coisas se realiza para os homens sem a troca ou seja na relação ime diata entre a coisa e o homem ao passo que seu valor ao contrário só se realiza na troca isto é num processo social Quem não se lembra aqui do bom e velho Dogberry a doutrinar o vigia noturno Seacoal Uma boa aparência é dádiva da sorte mas saber ler e escrever é dom da naturezaw 36 2181493 Capítulo 2 O processo de troca As mercadorias não podem ir por si mesmas ao mercado e trocarse umas pelas outras Temos portanto de nos voltar para seus guardiões os possuidores de mercadorias Elas são coisas e por isso não podem impor resistência ao homem Se não se mostram solícitas ele pode recorrer à vi olência em outras palavras pode tomálas à força37 Para relacionar essas coisas umas com as outras como mer cadorias seus guardiões têm de estabelecer relações uns com os outros como pessoas cuja vontade reside nessas coisas e que agir de modo tal que um só pode se apropriar da mercadoria alheia e alienar a sua própria mercadoria em concordância com a vontade do outro portanto por meio de um ato de vontade comum a ambos Eles têm portanto de se reconhecer mutuamente como proprietári os privados Essa relação jurídica cuja forma é o contrato seja ela legalmente desenvolvida ou não é uma relação volitiva na qual se reflete a relação econômica O conteúdo dessa relação jurídica ou volitiva é dado pela própria re lação econômica38 Aqui as pessoas existem umas para as outras apenas como representantes da mercadoria e por conseguinte como possuidoras de mercadorias Na se quência de nosso desenvolvimento veremos que as más caras econômicas das pessoas não passam de personi ficações das relações econômicas como suporte Träger das quais elas se defrontam umas com as outras O possuidor de mercadorias se distingue de sua pró pria mercadoria pela circunstância de que para ela o corpo de qualquer outra mercadoria conta apenas como forma de manifestação de seu próprio valor Leveller nive ladoraa e cínica de nascença ela se encontra por isso sempre pronta a trocar não apenas sua alma mas também seu corpo com qualquer outra mercadoria mesmo que esta seja munida de mais inconveniências do que Maritornesb Se à mercadoria falta esse sentido para a percepção da con cretude dos corpos de mercadorias o possuidor de mer cadorias preenche essa lacuna com seus cinco ou mais sen tidos Sua mercadoria não tem para ele nenhum valor de uso imediato Do contrário ele não a levaria ao mercado Ela tem valor de uso para outrem Para ele o único valor de uso que ela possui diretamente é o de ser suporte de valor de troca e portanto meio de troca39 Por essa razão ele quer alienála por uma mercadoria cujo valor de uso o satisfaça Todas as mercadorias são nãovalores de uso para seus possuidores e valores de uso para seus nãopos suidores Portanto elas precisam universalmente mudar de mãos Mas essa mudança de mãos constitui sua troca e essa troca as relaciona umas com as outras como valores e as realiza como valores Por isso as mercadorias têm de se realizar como valores antes que possam se realizar como valores de uso Por outro lado elas têm de se conservar como valores de uso antes que possam se realizar como valores pois o trabalho humano que nelas é despendido só conta na me dida em que seja despendido numa forma útil para outr em Se o trabalho é útil para outrem ou seja se seu produto satisfaz necessidades alheias é algo que somente a troca pode demonstrar 2201493