·
Ciências Econômicas ·
Macroeconomia 1
Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora
Recomendado para você
34
Teoria Macroeconômica I - Análise das Unidades Quantitativas na Teoria Geral de Keynes
Macroeconomia 1
PUC
61
Teoria Macroeconômica: Análise da Teoria de Keynes e seu Impacto no Investimento
Macroeconomia 1
PUC
19
Teoria Macroeconômica I: Propensão ao Consumo e Função de Demanda Agregada
Macroeconomia 1
PUC
64
Análise da Teoria Macroeconômica de Keynes
Macroeconomia 1
PUC
3
Lista 2 - Macroeconomia 1 - 2023-1
Macroeconomia 1
USP
2
Lista Macroeconomia 1-2022 2
Macroeconomia 1
UFSC
2
Atividade 2-2022 1
Macroeconomia 1
UFRPE
4
Lista 2-2021-2
Macroeconomia 1
UFRPE
1
P2 - Va Curvas Lm e Ad - 2023-2
Macroeconomia 1
UFRPE
17
Modelo Mundell-Fleming: Equilíbrio do Balanço de Pagamentos e Taxas de Câmbio
Macroeconomia 1
FEEVALE
Texto de pré-visualização
TEORIA MACROECONÔMICA I São Paulo 1º semestre de 2023 PROF DR ROGÉRIO CÉSAR DE SOUZA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC SP Uma apresentação da TG de Keynes a partir do artigo UMA INTERPRETAÇÃO DE PONTOS CONTROVERSOS DA TEORIA GERAL DE KEYNES Mario Luiz Possas Brazilian Keynesian Review 1 1 p 7195 1º semestre2015 e do livro MACROECONOMIA SEM EQUILÍBRIO Antonio Carlos Macedo e Silva São Paulo Editora Vozes 1999 4 O curto período O Princípio da Demanda Efetiva PDE Economia mercantil simples divisão social do trabalho e de caráter monetário possui moeda com todas as suas propriedades mercantis meio de troca unidade de conta meio de pagamento o que já pressupõe a presença do crédito e reserva de valor Para tal economia valem os seguintes enunciados do PDE I o PDE não envolve qualquer noção de equilíbrio a causalidade é unilateral do gasto para a renda II o PDE é micro e não macro III o PDE dispensa um conceito de renda ou valor adicionado IV o PDE supõe uma renda instantânea fluxo e não precisa de nenhuma renda prévia pois a renda fluxo não é gasta mas sim o poder de compra estoque 5 O curto período i PDE equilíbrio e causalidade O PDE estabelece o primado de uma relação causal unilateral gasto renda o que afasta o equilíbrio como pretenso requisito metodológico para gerar determinações unívocas como é usualmente suposto sem maior discussão nas teorias econômicas tradicionais não só na neoclássica Além disso aponta claramente na direção da dinâmica sem equilíbrio acarreta uma cadeia sequencial de impactos entre unidades econômicas uma cadeia potencialmente inesgotável de desequilíbrios à la Schumpeter afetando as decisões empresariais de produção emprego e investimento assim como as decisões de consumo 6 O curto período ii O PDE é definido na dimensão microeconômica Isso quer dizer que envolve decisões de gastar tomadas por indivíduos ou empresas em função de suas expectativas individuais de curto e longo prazos A dimensão macro diz respeito especificamente às consequências dessas decisões no âmbito da economia como um todo podendo ou não envolver o uso de agregados podese optar pelo uso de modelos multissetoriais dispensando inteiramente as agregações 7 O curto período iii O PDE dispensa um conceito de renda ou valor adicionado O enunciado do PDE se dá simplesmente em termos de receita e despesa Este afasta falsas questões que podem ser suscitadas pela apresentação agregada e em termos de renda que Keynes e Kalecki utilizaram e que se consagrou na Contabilidade Nacional e na Macroeconomia Keynes justifica essa opção de forma razoável para evitar as ambiguidades associadas ao conceito de valor da produção ou das vendas Tal opção foi feita expressamente por conveniência contábil e não por imposição teórica Quando Keynes iguala no agregado a renda produto com a soma de investimento e consumo está implícito a hipótese de cadeias produtivas verticalmente integradas 8 O curto período iv Pelo PDE a renda é um fluxo instantâneo que independe de renda prévia quem é gasto não é a renda fluxo mas sim o poder de compra estoque A formulação do PDE pode e deve rejeitar os termos habituais da Lei de Say pela qual existe uma renda determinada previamente ao gasto e que portanto admite perguntar se uma renda recebida é ou não totalmente gasta A renda gerada por uma transação individual é por definição um fluxo instantâneo que desaparece no momento em que é criado quem é ou não é gasto não é uma renda mas um estoque de poder de compra monetário mas que deve incluir os créditos disponíveis a curto prazo 9 O curto período A questão de se uma renda é gasta tornase puro nonsense Ela simplesmente não faz sentido razão pela qual não é preciso invocar conceitos como o de entesouramento do tempo de Marx ou da preferência por liquidez de Keynes para refutar a Lei de Say O PDE é suficiente para rejeitar completamente a Lei de Say uma vez que inverte a sua determinação causal tornase uma AntiLei de Say Em tese qualquer agente econômico pode gastar menos ou mais que a renda prévia uma vez que sua decisão de gasto não está restringida por ela mas sim pelo poder de compra contido em suas reservas líquidas e além disso depende essencialmente de expectativas sobre eventos futuros A renda só deixa de ser um fluxo instantâneo quando é agregada ao longo de um intervalo de tempo discreto por exemplo uma renda nacional gerada durante um determinado ano 10 Duas implicações básicas do PDE Implicações para o equilíbrio e para a igualdade entre poupança e investimento 1 Equilíbrio Essa noção não é normalmente empregada por Keynes no sentido usual de um atrator isto é uma posição para a qual tendam as variáveis principais do sistema as variáveis de estado mas sim como uma referência analítica de uso convencional Em sua análise de curto prazo Keynes assume um equilíbrio aproximado sem grande preocupação com rigor apenas sob o argumento de que o curto prazo é curto o bastante para que o presente e o passado recente se superponham implicando que erros de expectativa não se acumulem 11 Duas implicações básicas do PDE Há uma boa dose de pragmatismo escapar da armadilha do desequilíbrio de curto prazo isto é que a possibilidade de desemprego involuntário tão crucial em sua teoria viesse a ser indevidamente relegada a situações de desequilíbrio situações temporárias fadadas a se desfazerem por si mesmas É como se dissesse a seus interlocutores para mim importa pouco se virá a ocorrer ou não um equilíbrio estrito em que as expectativas de curto prazo são confirmadas ex post dado que o nível de emprego a essa altura já terá sido plenamente determinado ex ante Na verdade um eventual equilíbrio é irrelevante para essa conclusão e sua única vantagem para Keynes é puramente expositiva ou até mesmo retórica ao evitar descaracterizar sua tese central como sendo fruto de um mero desequilíbrio 12 Duas implicações básicas do PDE A aplicação adequada do PDE à produção capitalista requer uma delimitação prévia de um período discreto o período curto que se subdivide à la Marshall em período de produção e período de mercado realização das vendas O período de produção se inicia ex ante com a decisão de produção baseada nas expectativas de curto prazo ECP acerca de demanda pelo produto envolvendo a determinação do volume de emprego o preço também será determinado ex ante na condição predominante de preços rígidos no período de mercado No período de mercado que sucede o de produção os lotes de produtos são postos à venda e fica determinado o volume de vendas a receita e o lucro efetivo bem como a renda 13 O Curto Período e o PDE na TG PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO Decisão de produção ECP acerca de demanda pelo produto Determinação do volume de emprego Determinação do preço preços rígidos EX ANTE Determinação dos lotes de produtos postos à venda Determinação do volume de vendas Determinação da receita Determinação do lucro efetivo Determinação da renda EX POST 14 Duas implicações básicas do PDE Em consequência notese que algumas variáveis são determinadas ex ante quantidade produzida emprego e preço no caso de sua rigidez no período de mercado enquanto outras o são ex post quantidade vendida receita de vendas renda lucros Nada mais distante portanto do esquema tradicional da Microeconomia neoclássica em que oferta e demanda se encontram e determinam simultaneamente todas as variáveis Como seria isso possível se a oferta está situada ex ante e a demanda ex post Paul Davidson production takes time 15 Duas implicações básicas do PDE 2 Igualdade entre poupança e investimento De forma muito resumida podese dizer que Keynes adota duas perspectivas distintas embora não incompatíveis para abordar o problema A primeira é a interpretação mais convencional nem por isso errada apenas muito parcial da posição do autor Keynes rejeitara a então em voga Teoria dos Fundos Emprestáveis loanable funds i a poupança não é função da taxa de juros mas supondo uma função consumo da renda ela se torna por definição e por extensão uma função complementar ao consumo da renda ii o investimento não é função principalmente da taxa de juros mas sim das expectativas de longo prazo como veremos adiante que implicitamente são tratadas nesse modelo como um parâmetro 16 Duas implicações básicas do PDE iii a taxa de juros é um fenômeno puramente monetário e não real além de não ter relação nenhuma com crédito ou financiamento ela é determinada pela oferta e demanda de moeda e não por oferta e demanda de crédito Essa última conclusão tem duas implicações cruciais primeira que o investimento tem que ser contabilmente igual à poupança mas sem que se estabeleça entre ambos uma relação de equilíbrio e segunda que seria preciso desenvolver uma teoria monetária específica da taxa de juros o que Keynes fará no Livro IV da TG 17 Duas implicações básicas do PDE A segunda perspectiva adotada por Keynes mais ou menos simultaneamente é mais geral e de grande impacto teórico consiste em examinar essa igualdade pela ótica estrita do PDE Por essa ótica sendo o INVESTIMENTO UM GASTO e a POUPANÇA UMA RENDA o resíduo da renda total sobre o consumo o investimento não só tem de ser contabilmente igual à poupança já que também ele é por hipótese igual à renda menos o consumo mas determina unilateralmente a poupança Em outras palavras a poupança está sempre e não apenas em supostas situações de equilíbrio condenada a ser igual ao investimento 18 Duas implicações básicas do PDE Sendo a poupança por definição uma parte da renda e não um gasto NÃO PODE SER OBJETO DE DECISÃO DE NINGUÉM da mesma forma de resto que não se pode decidir receber uma renda Em outras palavras se ninguém decide o quanto ganha logicamente não pode decidir a diferença entre o que ganha e o que gasta em consumo ou seja a poupança Não é por outro motivo que Keynes propôs ao final do capítulo 6 da TG que doravante NÃO MAIS FARIA REFERÊNCIA A UMA PROPENSÃO A POUPAR mas somente à propensão a consumir pois ninguém pode ser propenso a realizar algo sobre o qual não tem qualquer controle 19 Duas implicações básicas do PDE A FUNÇÃO CONSUMO é apenas um ACESSÓRIO EMPÍRICO formulado por Keynes embora nesse nível represente uma intuição que se revelou empiricamente sólida e útil para mostrar a diferença crucial entre as duas variáveis agregadas de demanda final privada doméstica consumo atrelado à renda e investimento autônomo em relação à renda O papel da FUNÇÃO CONSUMO juntamente com o multiplicador é quando muito COADJUVANTE NA TG e nada justifica colocálo no centro da análise Haja ou não uma função consumo da renda e seja qual for a sua forma funcional e eventuais defasagens a poupança agregada será sempre igual e determinada pelo investimento agregado a qualquer tempo discreto por mais curto que seja 20 Duas implicações básicas do PDE Ainda assim mesmo sendo sempre involuntária a poupança não teria qualquer função no financiamento do investimento NÃO Quem financia o investimento é o crédito um ESTOQUE que está sempre lá ainda que em níveis variáveis ao longo do tempo ao passo que a poupança como parte da renda é um FLUXO que como dito acima desaparece no momento mesmo em que é criada Tecnicamente a poupança transformase instantaneamente em reserva líquida que pode ou não ser mantida ou transferida para o sistema bancário eou financeiro e acrescer em alguma medida o crédito disponível E poupança como reserva líquida NÃO é nem teórica nem praticamente relevante ao contrário do que parecem supor alguns pós Keynesianos que lhe atribuem uma função de gerar funding maturação de longo prazo para os empréstimos 21 Duas implicações básicas do PDE São os bancos eventualmente respaldados pelo Banco Central que criam crédito do nada como queria J Schumpeter isto é sem qualquer poupança prévia já que se trata de fenômeno puramente monetário criação ex nihilo de poder de compra e é também sua função realizar o funding convertendo as maturidades dos títulos de dívida de curto para longo prazo e administrando o seu eventual descasamento como parte do risco do negócio Poderão ou não fazêlo dependendo de sua preferência por liquidez e aversão maior ou menor ao risco e à incerteza independentemente do volume de poupança que os investimentos tenham gerado em algum momento O que resta então da poupança NADA Ela simplesmente não tem nenhuma função 22 O Curto Período e o PDE na TG Os capítulos 3 a 5 da TG tratam da determinação das variáveis do CURTO PERÍODO Marshalliano período de produção e o período de mercado associadas às DECISÕES DE PRODUÇÃO ex ante quantidade produzida emprego e preços na hipótese mais geral de preços rígidos e às VENDAS ex post quantidade vendida receita lucros renda À diferença de Marshall porém essas determinações nem são simultâneas pois há um intervalo discreto de tempo entre o ex ante e o ex post ou entre produção e vendas nem geram necessariamente algum equilíbrio A determinação da produção e por implicação do EMPREGO se dá por decisão unilateral do produtor ex ante de um PERÍODO CURTO O produtor considera a função de oferta plenamente conhecida ex ante e a demanda esperada para ocorrer no final do período curto ex post sobre a qual formula expectativas de curto prazo ECP 23 O Curto Período e o PDE na TG Apresentação esquemática da determinação das variáveis associadas à oferta ex ante e a das associadas à demanda ex post A função de oferta ex ante Antes cabe perguntar Por que o mercado de trabalho não determina o volume de emprego O ponto crucial da crítica de Keynes à teoria neoclássica é que o equilíbrio no mercado de trabalho entre o volume de emprego e o salário real nem sequer pode ser definido corretamente O pontochave na caracterização diferenciada que Keynes faz da demanda e da oferta de emprego como funções do salário real está no fato de que o SALÁRIO REAL não é definido da mesma forma na demanda e na oferta 24 O Curto Período e o PDE na TG Vamos à DETERMINAÇÃO DA FUNÇÃO DE OFERTA Keynes chama essa função de PREÇO DE OFERTA mas a expressa como receita total e não unitária como na Microeconomia convencional Usando uma terminologia mais atual ela se compõe de custos fixos e variáveis mais lucro desejado já que é EX ANTE Podemos designála como RECEITA DESEJADA em função da quantidade produzida para venda abstraindo para simplificar alguma variação programada de estoques Numa versão adequadamente modificada do original teríamos RD q CT q LD q em que CT é o custo total LD é o lucro desejado e q é a produção 25 O Curto Período e o PDE na TG Por sua vez CT q CF CV q sendo CF o custo fixo e CV o variável Os CUSTOS FIXOS incluem pagamentos de juros alugueis outras rendas salários não ligados à produção e depreciação não relacionada ao uso dos equipamentos para Keynes seguindo Marshall CUSTO SUPLEMENTAR Os CUSTOS VARIÁVEIS incluem salários ligados à produção e gastos com matériasprimas e outros insumos bem como a depreciação devida ao uso dos equipamentos o CUSTO DE USO 26 O Curto Período e o PDE na TG Temse ainda LD q rD KF KC q Sendo rD a taxa de lucro de LONGO PRAZO desejada KF o CAPITAL FIXO máquinas equipamentos edificações terrenos e KC o CAPITAL CIRCULANTE matériasprimas e outros insumos como energia elétrica combustíveis etc bem como a força de trabalho LD q poderá ser ligeiramente crescente com a produção devido ao capital circulante dependendo do peso relativo deste 27 O Curto Período e o PDE na TG Função de oferta como receita RD supondo mais modernamente que em Keynes custos marginais constantes 𝑭 𝑽 𝑻 𝑫 𝑫 𝑻 𝑽 𝑭 𝑫 CT q CF CV q LD q rD KF KC q RD q CT q LD q 28 O Curto Período e o PDE na TG Função de Demanda esperada A rigor o EMPRESÁRIO NÃO CONHECE ESTA FUNÇÃO apenas A ESTIMA na vizinhança de sua atividade normal A projeção dessa estimativa para o FINAL DO PERÍODO CURTO que se inicia é FEITA PELAS ECP que o empresário formula em geral por projeção de períodos passados recentes TG cap 5 A FUNÇÃO DE DEMANDA QUANDO EXPRESSA EM TERMOS DE RECEITA TOTAL ESPERADA que designaremos por RE deverá ser crescente e a taxas decrescentes se a demanda em termos unitários for negativamente inclinada como é usual A propósito não é provável que Keynes estivesse supondo concorrência perfeita 29 O Curto Período e o PDE na TG Em particular se a DEMANDA em termos unitários for aproximadamente linear uma aproximação bastante comum quando expressa em termos de RECEITA TOTAL será aproximadamente quadrática como no gráfico abaixo 𝑬 𝑬 30 O Curto Período e o PDE na TG O Ponto de Operação ou de demanda efetiva Por fim segundo Keynes O PONTO DE OPERAÇÃO da firma em termos de R e q do produtor que o autor chamou de forma paradoxal de PONTO DE DEMANDA EFETIVA apesar de ser ex ante seria dado pela INTERSEÇÃO ENTRE AS CURVAS DE OFERTA E DEMANDA ou seja para RE RD Por que a interseção Este é um dos temas mais controversos na interpretação do capítulo 3 da TG Keynes afirma que tal interseção deve atender à condição de maximização de lucros Mas isso não é possível sob concorrência imperfeita como está sendo assumido aqui em que o ponto de interseção estaria sempre à direita ie para uma quantidade produzida maior do ponto de maximização que obviamente corresponde à distância vertical máxima entre as curvas de receita total esperada demanda e de custo total 31 O Curto Período e o PDE na TG A coincidência entre o ponto de interseção e o de maximização de lucros só é possível em concorrência perfeita caso em que a função de oferta expressa como receita total seria qCmg e a de demanda qp e a interseção seria portanto maximizadora com p CMg O que pode ser entendido é que o ponto de operação RE RD maximiza lucros a LONGO PRAZO ie sujeitos à restrição de lucro normal pela ótica do empresário aquele visto como sustentável a longo prazo vale dizer sem inviabilizar empresas já atuantes e sem atrair novos entrantes É análogo portanto ao conceito de lucro de longo prazo de Marshall só que sem equilíbrio é ex ante O Curto Período e o PDE na TG Ponto de operação de curto prazo em Keynes o ponto A segundo interpretação dada por Possas 𝑬 𝑫 𝑬 𝑫 33 O Curto Período e o PDE na TG A função de demanda ex post Decorrido o período de produção NO PERÍODO DE MERCADO o lote produzido é levado ao mercado para venda De acordo com o PDE a decisão autônoma de gasto dos demandantes determina ex post a RECEITA EFETIVA DE VENDAS R e a RENDA ou VALOR ADICIONADO PELA UNIDADE ECONÔMICA Y assim como os LUCROS L O empresário está em geral muito longe de conhecer sua função de demanda Ele tem no momento da decisão de produzir uma ECP a respeito da demanda pelo produto que se materializará ao final do período curto ex post geralmente limitada às vizinhanças do nível habitual de atividade mas obviamente não conhece EX ANTE a receita apenas o preço ou a quantidade a ser vendida p ex quando os produtos não são estocáveis ou o são a um custo proibitivo 34 O Curto Período e o PDE na TG No primeiro caso o PREÇO É RÍGIDO no período de mercado FIXPRICE na terminologia de J R Hicks que é a hipótese realisticamente assumida por Keynes no segundo caso o PREÇO É FLEXÍVEL no período de mercado FLEXPRICE Notese que no caso FIXPRICE o ajuste da oferta à demanda no período de mercado se dará via estoques enquanto no FLEXPRICE puro ie sem qualquer ajuste de quantidades se dará via preço os casos residuais incomuns de flexprice não puro terão ajuste híbrido em parte de preços e em parte de quantidades Keynes enfatizou o primeiro caso de PREÇOS RÍGIDOS NO PERÍODO CURTO E COM AJUSTAMENTO DE ESTOQUES mas é essencial em benefício do reconhecimento da abrangência de sua teoria constatar que a rigidez de preço NÃO é um requisito necessário da sua validade ao contrário do que supõe o senso comum dos economistas 35 O Curto Período e o PDE na TG É crucial constatar no entanto que EM NENHUM CASO esse ajuste da oferta à demanda implica um EQUILÍBRIO O simples fato de haver ex post um ajuste dentro do período curto significa que já aconteceu um desequilíbrio e é tarde demais sem se poder voltar no tempo ao início do período de produção para alterar a decisão de produção já tomada Em outras palavras tal ajuste é sempre em face de um desequilíbrio que já ocorreu e é irreversível no período em curso Para eventualmente atingirse algum equilíbrio seria necessário tentar novamente nos períodos seguintes o que depende de novas ECP e de forma alguma estará assegurado NUM MUNDO DE INCERTEZA portanto repleto de processos NÃOERGÓDICOS no qual um modelo como o de expectativas racionais estaria fora de questão ponto central no longo prazo 36 O Curto Período e o PDE na TG Oferta e demanda agregadas A versão mais conhecida da análise de curto prazo de Keynes é a AGREGADA que já surge de forma abrupta relativamente no início do capítulo 3 da TG Entretanto o essencial já se encontra no NÍVEL MICROECONÔMICO e a agregação além de pouco ou nada acrescentar de substancioso apresenta inúmeros problemas A seguir algumas críticas Um obstáculo preliminar de agregação é a heterogeneidade de produtos enfrentada por Keynes com o conceito de UNIDADE DE SALÁRIO wage unit que permite reduzir magnitudes de emprego e de renda a volume de emprego nãoqualificado equivalente Consiste resumidamente no salário nominal de um homemhora não qualificado 37 O Curto Período e o PDE na TG A função de oferta agregada oferece de saída um problema insolúvel reconhecido explicitamente pelo autor não existe UMA função de oferta pois há uma infinidade de possíveis participações de cada produtor individual na oferta total A solução é fixar para toda a extensão dessa função a mesma estrutura composição do produto observada no ponto de operação Contornada essa dificuldade a função de demanda é construída diretamente no agregado decomposta em gastos de consumo e de investimento A função consumo da renda e por extensão da produção e do emprego é suposta crescente a taxas decrescentes enquanto o investimento a essa altura da TG é dado exogenamente O resultado é um esquema de OFERTA E DEMANDA AGREGADAS cuja interseção o PONTO DE DEMANDA EFETIVA agregado já estava predeterminada antes das duas curvas 38 O Curto Período e o PDE na TG Oferta e demanda agregadas e ponto de demanda efetiva agregado 𝑵 𝟎 𝟎 39 O Curto Período e o PDE na TG Podese considerar que os resultados agregados da análise de curto prazo de Keynes SÃO MERAS AGREGAÇÕES DAS VARIÁVEIS JÁ DETERMINADAS NO NÍVEL DAS UNIDADES INDIVIDUAIS de produção ex ante empresas e de gasto ex post consumidores e empresas Assim consumo e investimento agregados são simplesmente a agregação das DECISÕES INDIVIDUAIS respectivas ao longo de um período contábil eg um ano determinando a renda agregada no mesmo período e o emprego agregado é a simples agregação das decisões de empregar consequentes das decisões de produzir das unidades produtivas ao longo do mesmo período de referência Não há nem é preciso haver NENHUM EQUILÍBRIO menos ainda agregado nessas determinações 40 Período curto PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO 41 O Curto Período e o PDE na TG PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO Decisão de produção ECP acerca de demanda pelo produto Determinação do volume de emprego Determinação do preço preços rígidos EX ANTE Determinação dos lotes de produtos postos à venda Determinação do volume de vendas Determinação da receita Determinação do lucro efetivo Determinação da renda EX POST 42 Demanda efetiva e desemprego involuntário RD q CT q LD q CT q CF CV q LD q rD KF KC q Ponto de operação de curto prazo em Keynes Ponto A 𝟏 𝑾 𝑷 𝑵 𝑵𝒔 𝑷𝑴𝒈𝑵 𝑵𝟏 𝑾 𝑷 𝟏 𝑺 𝑾 𝑷 𝟏 𝑫 𝑨 𝑵𝑻 𝑩 𝑪 𝒒 𝑹𝑬 𝑹𝑫 𝑹𝑬 𝑹𝑫 𝑨 𝒒 PERÍODO DE PRODUÇÃO 43 PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO t 1 t 2 t 3 t n PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO t 1 t 2 t 3 t n LONGO PRAZO LONGO PRAZO Período curto TEORIA MACROECONÔMICA I São Paulo 1º semestre de 2023 PROF DR ROGÉRIO CÉSAR DE SOUZA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC SP 45 O princípio da demanda efetiva I Keynes apresenta no CAPÍTULO 3 alguns termos que serão definidos com precisão ao longo de seu livro entre eles o importante conceito de DEMANDA EFETIVA 46 O princípio da demanda efetiva Num dado estado da técnica dos recursos e dos custos a utilização de um dado volume de mão de obra impõe ao empresário duas espécies de gastos 1 os montantes que paga aos FATORES DE PRODUÇÃO excluindo os que paga a outros empresários pelos seus serviços habituais e que denominaremos custo de fatores da utilização em causa 2 Em segundo lugar os montantes que paga a outros empresários pelo que lhes compra juntamente com o sacrifício em que incorre ao utilizar o seu equipamento em vez de o deixar ocioso a que chamaremos CUSTO DE USO da UTILIZAÇÃO EM CAUSA O excedente do valor da produção resultante relativamente à soma do custo de fatores e do custo de uso é o lucro ou como passaremos a chamálo o rendimento do empresário 47 O princípio da demanda efetiva O custo dos fatores é o rendimento dos fatores de produção considerado do ponto de vista do empresário O custo dos fatores e o lucro formam o RENDIMENTO TOTAL OU AGREGADO resultante do emprego oferecido pelo empresário O LUCRO DO EMPRESÁRIO assim definido é portanto a quantidade que ele procura maximizar quando decide qual o VOLUME DE EMPREGO QUE DEVE OFERECER Por vezes quando se trata a questão pela ótica do empresário é cômodo chamar ao RENDIMENTO AGREGADO resultante de certo volume de emprego de PROVENTOS DESSE NÍVEL DE EMPREGO 48 O princípio da demanda efetiva Por outro lado o PREÇO DA OFERTA AGREGADA DA PRODUÇÃO resultante de determinado volume de emprego é a EXPECTATIVA de proventos que é exatamente suficiente para que os empresários considerem vantajoso oferecer o emprego em causa Portanto podemos dizer que numa dada situação da técnica dos recursos e do custo dos fatores por unidade de emprego tanto para cada empresa individual como para a indústria no seu conjunto o VOLUME DO EMPREGO DEPENDE do nível dos proventos que os EMPRESÁRIOS ESPERAM RECEBER da correspondente produção Com efeito os empresários procurarão estabelecer o VOLUME DE EMPREGO NO NÍVEL que segundo suas expectativas elevará ao MÁXIMO O EXCEDENTE dos proventos que obterão relativamente ao custo dos fatores 49 O princípio da demanda efetiva Seja Z O PREÇO DA OFERTA AGREGADA do produto resultante de se empregarem N homens e seja a relação entre Z e N expressa da seguinte forma a qual Keynes chamará de FUNÇÃO DA OFERTA AGREGADA D representará os PROVENTOS QUE OS EMPRESÁRIOS ESPERAM receber do emprego de N homens sendo a relação entre D e N expressa por a qual Keynes nomeará FUNÇÃO DA DEMANDA AGREGADA 50 O princípio da demanda efetiva Se para cada valor dado de N os PROVENTOS ESPERADOS forem superiores ao PREÇO DA OFERTA AGREGADA isto é se D for superior a Z haverá um incentivo para os empresários aumentarem o emprego acima de N e se necessário elevarem os custos concorrendo entre si para obterem os fatores de produção até se atingir o valor de N para o qual Z se tornou igual a D o volume do emprego é dado pelo ponto de intersecção entre a função de demanda agregada e a função de oferta agregada efetivamente é neste ponto que as EXPECTATIVAS DE LUCRO DO EMPRESÁRIO SERÃO MAXIMIZADAS Ao valor de D neste ponto da função de demanda agregada ponto em que é interceptada pela função de oferta agregada chamaremos DEMANDA EFETIVA 51 O Curto Período e o PDE na TG Ajuste ex post período de mercado da oferta à demanda firma R q q0 p0 A D B C E G F 0 Apenas na vizinhança do ponto A ie dentro de alguma margem de erro ocorre equilíbrio as ECP foram satisfeitas aproximadamente de modo que R RE Em todos os demais pontos há ajustes com desequilíbrio em B e C por terse verificado R RE respectivamente com ajuste via redução de estoque fixprice e via preço flexprice ou ambos no ponto D e viceversa com R RE nos demais pontos
Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora
Recomendado para você
34
Teoria Macroeconômica I - Análise das Unidades Quantitativas na Teoria Geral de Keynes
Macroeconomia 1
PUC
61
Teoria Macroeconômica: Análise da Teoria de Keynes e seu Impacto no Investimento
Macroeconomia 1
PUC
19
Teoria Macroeconômica I: Propensão ao Consumo e Função de Demanda Agregada
Macroeconomia 1
PUC
64
Análise da Teoria Macroeconômica de Keynes
Macroeconomia 1
PUC
3
Lista 2 - Macroeconomia 1 - 2023-1
Macroeconomia 1
USP
2
Lista Macroeconomia 1-2022 2
Macroeconomia 1
UFSC
2
Atividade 2-2022 1
Macroeconomia 1
UFRPE
4
Lista 2-2021-2
Macroeconomia 1
UFRPE
1
P2 - Va Curvas Lm e Ad - 2023-2
Macroeconomia 1
UFRPE
17
Modelo Mundell-Fleming: Equilíbrio do Balanço de Pagamentos e Taxas de Câmbio
Macroeconomia 1
FEEVALE
Texto de pré-visualização
TEORIA MACROECONÔMICA I São Paulo 1º semestre de 2023 PROF DR ROGÉRIO CÉSAR DE SOUZA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC SP Uma apresentação da TG de Keynes a partir do artigo UMA INTERPRETAÇÃO DE PONTOS CONTROVERSOS DA TEORIA GERAL DE KEYNES Mario Luiz Possas Brazilian Keynesian Review 1 1 p 7195 1º semestre2015 e do livro MACROECONOMIA SEM EQUILÍBRIO Antonio Carlos Macedo e Silva São Paulo Editora Vozes 1999 4 O curto período O Princípio da Demanda Efetiva PDE Economia mercantil simples divisão social do trabalho e de caráter monetário possui moeda com todas as suas propriedades mercantis meio de troca unidade de conta meio de pagamento o que já pressupõe a presença do crédito e reserva de valor Para tal economia valem os seguintes enunciados do PDE I o PDE não envolve qualquer noção de equilíbrio a causalidade é unilateral do gasto para a renda II o PDE é micro e não macro III o PDE dispensa um conceito de renda ou valor adicionado IV o PDE supõe uma renda instantânea fluxo e não precisa de nenhuma renda prévia pois a renda fluxo não é gasta mas sim o poder de compra estoque 5 O curto período i PDE equilíbrio e causalidade O PDE estabelece o primado de uma relação causal unilateral gasto renda o que afasta o equilíbrio como pretenso requisito metodológico para gerar determinações unívocas como é usualmente suposto sem maior discussão nas teorias econômicas tradicionais não só na neoclássica Além disso aponta claramente na direção da dinâmica sem equilíbrio acarreta uma cadeia sequencial de impactos entre unidades econômicas uma cadeia potencialmente inesgotável de desequilíbrios à la Schumpeter afetando as decisões empresariais de produção emprego e investimento assim como as decisões de consumo 6 O curto período ii O PDE é definido na dimensão microeconômica Isso quer dizer que envolve decisões de gastar tomadas por indivíduos ou empresas em função de suas expectativas individuais de curto e longo prazos A dimensão macro diz respeito especificamente às consequências dessas decisões no âmbito da economia como um todo podendo ou não envolver o uso de agregados podese optar pelo uso de modelos multissetoriais dispensando inteiramente as agregações 7 O curto período iii O PDE dispensa um conceito de renda ou valor adicionado O enunciado do PDE se dá simplesmente em termos de receita e despesa Este afasta falsas questões que podem ser suscitadas pela apresentação agregada e em termos de renda que Keynes e Kalecki utilizaram e que se consagrou na Contabilidade Nacional e na Macroeconomia Keynes justifica essa opção de forma razoável para evitar as ambiguidades associadas ao conceito de valor da produção ou das vendas Tal opção foi feita expressamente por conveniência contábil e não por imposição teórica Quando Keynes iguala no agregado a renda produto com a soma de investimento e consumo está implícito a hipótese de cadeias produtivas verticalmente integradas 8 O curto período iv Pelo PDE a renda é um fluxo instantâneo que independe de renda prévia quem é gasto não é a renda fluxo mas sim o poder de compra estoque A formulação do PDE pode e deve rejeitar os termos habituais da Lei de Say pela qual existe uma renda determinada previamente ao gasto e que portanto admite perguntar se uma renda recebida é ou não totalmente gasta A renda gerada por uma transação individual é por definição um fluxo instantâneo que desaparece no momento em que é criado quem é ou não é gasto não é uma renda mas um estoque de poder de compra monetário mas que deve incluir os créditos disponíveis a curto prazo 9 O curto período A questão de se uma renda é gasta tornase puro nonsense Ela simplesmente não faz sentido razão pela qual não é preciso invocar conceitos como o de entesouramento do tempo de Marx ou da preferência por liquidez de Keynes para refutar a Lei de Say O PDE é suficiente para rejeitar completamente a Lei de Say uma vez que inverte a sua determinação causal tornase uma AntiLei de Say Em tese qualquer agente econômico pode gastar menos ou mais que a renda prévia uma vez que sua decisão de gasto não está restringida por ela mas sim pelo poder de compra contido em suas reservas líquidas e além disso depende essencialmente de expectativas sobre eventos futuros A renda só deixa de ser um fluxo instantâneo quando é agregada ao longo de um intervalo de tempo discreto por exemplo uma renda nacional gerada durante um determinado ano 10 Duas implicações básicas do PDE Implicações para o equilíbrio e para a igualdade entre poupança e investimento 1 Equilíbrio Essa noção não é normalmente empregada por Keynes no sentido usual de um atrator isto é uma posição para a qual tendam as variáveis principais do sistema as variáveis de estado mas sim como uma referência analítica de uso convencional Em sua análise de curto prazo Keynes assume um equilíbrio aproximado sem grande preocupação com rigor apenas sob o argumento de que o curto prazo é curto o bastante para que o presente e o passado recente se superponham implicando que erros de expectativa não se acumulem 11 Duas implicações básicas do PDE Há uma boa dose de pragmatismo escapar da armadilha do desequilíbrio de curto prazo isto é que a possibilidade de desemprego involuntário tão crucial em sua teoria viesse a ser indevidamente relegada a situações de desequilíbrio situações temporárias fadadas a se desfazerem por si mesmas É como se dissesse a seus interlocutores para mim importa pouco se virá a ocorrer ou não um equilíbrio estrito em que as expectativas de curto prazo são confirmadas ex post dado que o nível de emprego a essa altura já terá sido plenamente determinado ex ante Na verdade um eventual equilíbrio é irrelevante para essa conclusão e sua única vantagem para Keynes é puramente expositiva ou até mesmo retórica ao evitar descaracterizar sua tese central como sendo fruto de um mero desequilíbrio 12 Duas implicações básicas do PDE A aplicação adequada do PDE à produção capitalista requer uma delimitação prévia de um período discreto o período curto que se subdivide à la Marshall em período de produção e período de mercado realização das vendas O período de produção se inicia ex ante com a decisão de produção baseada nas expectativas de curto prazo ECP acerca de demanda pelo produto envolvendo a determinação do volume de emprego o preço também será determinado ex ante na condição predominante de preços rígidos no período de mercado No período de mercado que sucede o de produção os lotes de produtos são postos à venda e fica determinado o volume de vendas a receita e o lucro efetivo bem como a renda 13 O Curto Período e o PDE na TG PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO Decisão de produção ECP acerca de demanda pelo produto Determinação do volume de emprego Determinação do preço preços rígidos EX ANTE Determinação dos lotes de produtos postos à venda Determinação do volume de vendas Determinação da receita Determinação do lucro efetivo Determinação da renda EX POST 14 Duas implicações básicas do PDE Em consequência notese que algumas variáveis são determinadas ex ante quantidade produzida emprego e preço no caso de sua rigidez no período de mercado enquanto outras o são ex post quantidade vendida receita de vendas renda lucros Nada mais distante portanto do esquema tradicional da Microeconomia neoclássica em que oferta e demanda se encontram e determinam simultaneamente todas as variáveis Como seria isso possível se a oferta está situada ex ante e a demanda ex post Paul Davidson production takes time 15 Duas implicações básicas do PDE 2 Igualdade entre poupança e investimento De forma muito resumida podese dizer que Keynes adota duas perspectivas distintas embora não incompatíveis para abordar o problema A primeira é a interpretação mais convencional nem por isso errada apenas muito parcial da posição do autor Keynes rejeitara a então em voga Teoria dos Fundos Emprestáveis loanable funds i a poupança não é função da taxa de juros mas supondo uma função consumo da renda ela se torna por definição e por extensão uma função complementar ao consumo da renda ii o investimento não é função principalmente da taxa de juros mas sim das expectativas de longo prazo como veremos adiante que implicitamente são tratadas nesse modelo como um parâmetro 16 Duas implicações básicas do PDE iii a taxa de juros é um fenômeno puramente monetário e não real além de não ter relação nenhuma com crédito ou financiamento ela é determinada pela oferta e demanda de moeda e não por oferta e demanda de crédito Essa última conclusão tem duas implicações cruciais primeira que o investimento tem que ser contabilmente igual à poupança mas sem que se estabeleça entre ambos uma relação de equilíbrio e segunda que seria preciso desenvolver uma teoria monetária específica da taxa de juros o que Keynes fará no Livro IV da TG 17 Duas implicações básicas do PDE A segunda perspectiva adotada por Keynes mais ou menos simultaneamente é mais geral e de grande impacto teórico consiste em examinar essa igualdade pela ótica estrita do PDE Por essa ótica sendo o INVESTIMENTO UM GASTO e a POUPANÇA UMA RENDA o resíduo da renda total sobre o consumo o investimento não só tem de ser contabilmente igual à poupança já que também ele é por hipótese igual à renda menos o consumo mas determina unilateralmente a poupança Em outras palavras a poupança está sempre e não apenas em supostas situações de equilíbrio condenada a ser igual ao investimento 18 Duas implicações básicas do PDE Sendo a poupança por definição uma parte da renda e não um gasto NÃO PODE SER OBJETO DE DECISÃO DE NINGUÉM da mesma forma de resto que não se pode decidir receber uma renda Em outras palavras se ninguém decide o quanto ganha logicamente não pode decidir a diferença entre o que ganha e o que gasta em consumo ou seja a poupança Não é por outro motivo que Keynes propôs ao final do capítulo 6 da TG que doravante NÃO MAIS FARIA REFERÊNCIA A UMA PROPENSÃO A POUPAR mas somente à propensão a consumir pois ninguém pode ser propenso a realizar algo sobre o qual não tem qualquer controle 19 Duas implicações básicas do PDE A FUNÇÃO CONSUMO é apenas um ACESSÓRIO EMPÍRICO formulado por Keynes embora nesse nível represente uma intuição que se revelou empiricamente sólida e útil para mostrar a diferença crucial entre as duas variáveis agregadas de demanda final privada doméstica consumo atrelado à renda e investimento autônomo em relação à renda O papel da FUNÇÃO CONSUMO juntamente com o multiplicador é quando muito COADJUVANTE NA TG e nada justifica colocálo no centro da análise Haja ou não uma função consumo da renda e seja qual for a sua forma funcional e eventuais defasagens a poupança agregada será sempre igual e determinada pelo investimento agregado a qualquer tempo discreto por mais curto que seja 20 Duas implicações básicas do PDE Ainda assim mesmo sendo sempre involuntária a poupança não teria qualquer função no financiamento do investimento NÃO Quem financia o investimento é o crédito um ESTOQUE que está sempre lá ainda que em níveis variáveis ao longo do tempo ao passo que a poupança como parte da renda é um FLUXO que como dito acima desaparece no momento mesmo em que é criada Tecnicamente a poupança transformase instantaneamente em reserva líquida que pode ou não ser mantida ou transferida para o sistema bancário eou financeiro e acrescer em alguma medida o crédito disponível E poupança como reserva líquida NÃO é nem teórica nem praticamente relevante ao contrário do que parecem supor alguns pós Keynesianos que lhe atribuem uma função de gerar funding maturação de longo prazo para os empréstimos 21 Duas implicações básicas do PDE São os bancos eventualmente respaldados pelo Banco Central que criam crédito do nada como queria J Schumpeter isto é sem qualquer poupança prévia já que se trata de fenômeno puramente monetário criação ex nihilo de poder de compra e é também sua função realizar o funding convertendo as maturidades dos títulos de dívida de curto para longo prazo e administrando o seu eventual descasamento como parte do risco do negócio Poderão ou não fazêlo dependendo de sua preferência por liquidez e aversão maior ou menor ao risco e à incerteza independentemente do volume de poupança que os investimentos tenham gerado em algum momento O que resta então da poupança NADA Ela simplesmente não tem nenhuma função 22 O Curto Período e o PDE na TG Os capítulos 3 a 5 da TG tratam da determinação das variáveis do CURTO PERÍODO Marshalliano período de produção e o período de mercado associadas às DECISÕES DE PRODUÇÃO ex ante quantidade produzida emprego e preços na hipótese mais geral de preços rígidos e às VENDAS ex post quantidade vendida receita lucros renda À diferença de Marshall porém essas determinações nem são simultâneas pois há um intervalo discreto de tempo entre o ex ante e o ex post ou entre produção e vendas nem geram necessariamente algum equilíbrio A determinação da produção e por implicação do EMPREGO se dá por decisão unilateral do produtor ex ante de um PERÍODO CURTO O produtor considera a função de oferta plenamente conhecida ex ante e a demanda esperada para ocorrer no final do período curto ex post sobre a qual formula expectativas de curto prazo ECP 23 O Curto Período e o PDE na TG Apresentação esquemática da determinação das variáveis associadas à oferta ex ante e a das associadas à demanda ex post A função de oferta ex ante Antes cabe perguntar Por que o mercado de trabalho não determina o volume de emprego O ponto crucial da crítica de Keynes à teoria neoclássica é que o equilíbrio no mercado de trabalho entre o volume de emprego e o salário real nem sequer pode ser definido corretamente O pontochave na caracterização diferenciada que Keynes faz da demanda e da oferta de emprego como funções do salário real está no fato de que o SALÁRIO REAL não é definido da mesma forma na demanda e na oferta 24 O Curto Período e o PDE na TG Vamos à DETERMINAÇÃO DA FUNÇÃO DE OFERTA Keynes chama essa função de PREÇO DE OFERTA mas a expressa como receita total e não unitária como na Microeconomia convencional Usando uma terminologia mais atual ela se compõe de custos fixos e variáveis mais lucro desejado já que é EX ANTE Podemos designála como RECEITA DESEJADA em função da quantidade produzida para venda abstraindo para simplificar alguma variação programada de estoques Numa versão adequadamente modificada do original teríamos RD q CT q LD q em que CT é o custo total LD é o lucro desejado e q é a produção 25 O Curto Período e o PDE na TG Por sua vez CT q CF CV q sendo CF o custo fixo e CV o variável Os CUSTOS FIXOS incluem pagamentos de juros alugueis outras rendas salários não ligados à produção e depreciação não relacionada ao uso dos equipamentos para Keynes seguindo Marshall CUSTO SUPLEMENTAR Os CUSTOS VARIÁVEIS incluem salários ligados à produção e gastos com matériasprimas e outros insumos bem como a depreciação devida ao uso dos equipamentos o CUSTO DE USO 26 O Curto Período e o PDE na TG Temse ainda LD q rD KF KC q Sendo rD a taxa de lucro de LONGO PRAZO desejada KF o CAPITAL FIXO máquinas equipamentos edificações terrenos e KC o CAPITAL CIRCULANTE matériasprimas e outros insumos como energia elétrica combustíveis etc bem como a força de trabalho LD q poderá ser ligeiramente crescente com a produção devido ao capital circulante dependendo do peso relativo deste 27 O Curto Período e o PDE na TG Função de oferta como receita RD supondo mais modernamente que em Keynes custos marginais constantes 𝑭 𝑽 𝑻 𝑫 𝑫 𝑻 𝑽 𝑭 𝑫 CT q CF CV q LD q rD KF KC q RD q CT q LD q 28 O Curto Período e o PDE na TG Função de Demanda esperada A rigor o EMPRESÁRIO NÃO CONHECE ESTA FUNÇÃO apenas A ESTIMA na vizinhança de sua atividade normal A projeção dessa estimativa para o FINAL DO PERÍODO CURTO que se inicia é FEITA PELAS ECP que o empresário formula em geral por projeção de períodos passados recentes TG cap 5 A FUNÇÃO DE DEMANDA QUANDO EXPRESSA EM TERMOS DE RECEITA TOTAL ESPERADA que designaremos por RE deverá ser crescente e a taxas decrescentes se a demanda em termos unitários for negativamente inclinada como é usual A propósito não é provável que Keynes estivesse supondo concorrência perfeita 29 O Curto Período e o PDE na TG Em particular se a DEMANDA em termos unitários for aproximadamente linear uma aproximação bastante comum quando expressa em termos de RECEITA TOTAL será aproximadamente quadrática como no gráfico abaixo 𝑬 𝑬 30 O Curto Período e o PDE na TG O Ponto de Operação ou de demanda efetiva Por fim segundo Keynes O PONTO DE OPERAÇÃO da firma em termos de R e q do produtor que o autor chamou de forma paradoxal de PONTO DE DEMANDA EFETIVA apesar de ser ex ante seria dado pela INTERSEÇÃO ENTRE AS CURVAS DE OFERTA E DEMANDA ou seja para RE RD Por que a interseção Este é um dos temas mais controversos na interpretação do capítulo 3 da TG Keynes afirma que tal interseção deve atender à condição de maximização de lucros Mas isso não é possível sob concorrência imperfeita como está sendo assumido aqui em que o ponto de interseção estaria sempre à direita ie para uma quantidade produzida maior do ponto de maximização que obviamente corresponde à distância vertical máxima entre as curvas de receita total esperada demanda e de custo total 31 O Curto Período e o PDE na TG A coincidência entre o ponto de interseção e o de maximização de lucros só é possível em concorrência perfeita caso em que a função de oferta expressa como receita total seria qCmg e a de demanda qp e a interseção seria portanto maximizadora com p CMg O que pode ser entendido é que o ponto de operação RE RD maximiza lucros a LONGO PRAZO ie sujeitos à restrição de lucro normal pela ótica do empresário aquele visto como sustentável a longo prazo vale dizer sem inviabilizar empresas já atuantes e sem atrair novos entrantes É análogo portanto ao conceito de lucro de longo prazo de Marshall só que sem equilíbrio é ex ante O Curto Período e o PDE na TG Ponto de operação de curto prazo em Keynes o ponto A segundo interpretação dada por Possas 𝑬 𝑫 𝑬 𝑫 33 O Curto Período e o PDE na TG A função de demanda ex post Decorrido o período de produção NO PERÍODO DE MERCADO o lote produzido é levado ao mercado para venda De acordo com o PDE a decisão autônoma de gasto dos demandantes determina ex post a RECEITA EFETIVA DE VENDAS R e a RENDA ou VALOR ADICIONADO PELA UNIDADE ECONÔMICA Y assim como os LUCROS L O empresário está em geral muito longe de conhecer sua função de demanda Ele tem no momento da decisão de produzir uma ECP a respeito da demanda pelo produto que se materializará ao final do período curto ex post geralmente limitada às vizinhanças do nível habitual de atividade mas obviamente não conhece EX ANTE a receita apenas o preço ou a quantidade a ser vendida p ex quando os produtos não são estocáveis ou o são a um custo proibitivo 34 O Curto Período e o PDE na TG No primeiro caso o PREÇO É RÍGIDO no período de mercado FIXPRICE na terminologia de J R Hicks que é a hipótese realisticamente assumida por Keynes no segundo caso o PREÇO É FLEXÍVEL no período de mercado FLEXPRICE Notese que no caso FIXPRICE o ajuste da oferta à demanda no período de mercado se dará via estoques enquanto no FLEXPRICE puro ie sem qualquer ajuste de quantidades se dará via preço os casos residuais incomuns de flexprice não puro terão ajuste híbrido em parte de preços e em parte de quantidades Keynes enfatizou o primeiro caso de PREÇOS RÍGIDOS NO PERÍODO CURTO E COM AJUSTAMENTO DE ESTOQUES mas é essencial em benefício do reconhecimento da abrangência de sua teoria constatar que a rigidez de preço NÃO é um requisito necessário da sua validade ao contrário do que supõe o senso comum dos economistas 35 O Curto Período e o PDE na TG É crucial constatar no entanto que EM NENHUM CASO esse ajuste da oferta à demanda implica um EQUILÍBRIO O simples fato de haver ex post um ajuste dentro do período curto significa que já aconteceu um desequilíbrio e é tarde demais sem se poder voltar no tempo ao início do período de produção para alterar a decisão de produção já tomada Em outras palavras tal ajuste é sempre em face de um desequilíbrio que já ocorreu e é irreversível no período em curso Para eventualmente atingirse algum equilíbrio seria necessário tentar novamente nos períodos seguintes o que depende de novas ECP e de forma alguma estará assegurado NUM MUNDO DE INCERTEZA portanto repleto de processos NÃOERGÓDICOS no qual um modelo como o de expectativas racionais estaria fora de questão ponto central no longo prazo 36 O Curto Período e o PDE na TG Oferta e demanda agregadas A versão mais conhecida da análise de curto prazo de Keynes é a AGREGADA que já surge de forma abrupta relativamente no início do capítulo 3 da TG Entretanto o essencial já se encontra no NÍVEL MICROECONÔMICO e a agregação além de pouco ou nada acrescentar de substancioso apresenta inúmeros problemas A seguir algumas críticas Um obstáculo preliminar de agregação é a heterogeneidade de produtos enfrentada por Keynes com o conceito de UNIDADE DE SALÁRIO wage unit que permite reduzir magnitudes de emprego e de renda a volume de emprego nãoqualificado equivalente Consiste resumidamente no salário nominal de um homemhora não qualificado 37 O Curto Período e o PDE na TG A função de oferta agregada oferece de saída um problema insolúvel reconhecido explicitamente pelo autor não existe UMA função de oferta pois há uma infinidade de possíveis participações de cada produtor individual na oferta total A solução é fixar para toda a extensão dessa função a mesma estrutura composição do produto observada no ponto de operação Contornada essa dificuldade a função de demanda é construída diretamente no agregado decomposta em gastos de consumo e de investimento A função consumo da renda e por extensão da produção e do emprego é suposta crescente a taxas decrescentes enquanto o investimento a essa altura da TG é dado exogenamente O resultado é um esquema de OFERTA E DEMANDA AGREGADAS cuja interseção o PONTO DE DEMANDA EFETIVA agregado já estava predeterminada antes das duas curvas 38 O Curto Período e o PDE na TG Oferta e demanda agregadas e ponto de demanda efetiva agregado 𝑵 𝟎 𝟎 39 O Curto Período e o PDE na TG Podese considerar que os resultados agregados da análise de curto prazo de Keynes SÃO MERAS AGREGAÇÕES DAS VARIÁVEIS JÁ DETERMINADAS NO NÍVEL DAS UNIDADES INDIVIDUAIS de produção ex ante empresas e de gasto ex post consumidores e empresas Assim consumo e investimento agregados são simplesmente a agregação das DECISÕES INDIVIDUAIS respectivas ao longo de um período contábil eg um ano determinando a renda agregada no mesmo período e o emprego agregado é a simples agregação das decisões de empregar consequentes das decisões de produzir das unidades produtivas ao longo do mesmo período de referência Não há nem é preciso haver NENHUM EQUILÍBRIO menos ainda agregado nessas determinações 40 Período curto PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO 41 O Curto Período e o PDE na TG PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO Decisão de produção ECP acerca de demanda pelo produto Determinação do volume de emprego Determinação do preço preços rígidos EX ANTE Determinação dos lotes de produtos postos à venda Determinação do volume de vendas Determinação da receita Determinação do lucro efetivo Determinação da renda EX POST 42 Demanda efetiva e desemprego involuntário RD q CT q LD q CT q CF CV q LD q rD KF KC q Ponto de operação de curto prazo em Keynes Ponto A 𝟏 𝑾 𝑷 𝑵 𝑵𝒔 𝑷𝑴𝒈𝑵 𝑵𝟏 𝑾 𝑷 𝟏 𝑺 𝑾 𝑷 𝟏 𝑫 𝑨 𝑵𝑻 𝑩 𝑪 𝒒 𝑹𝑬 𝑹𝑫 𝑹𝑬 𝑹𝑫 𝑨 𝒒 PERÍODO DE PRODUÇÃO 43 PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO t 1 t 2 t 3 t n PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO PERÍODO CURTO PERÍODO DE MERCADO PERÍODO DE PRODUÇÃO t 1 t 2 t 3 t n LONGO PRAZO LONGO PRAZO Período curto TEORIA MACROECONÔMICA I São Paulo 1º semestre de 2023 PROF DR ROGÉRIO CÉSAR DE SOUZA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC SP 45 O princípio da demanda efetiva I Keynes apresenta no CAPÍTULO 3 alguns termos que serão definidos com precisão ao longo de seu livro entre eles o importante conceito de DEMANDA EFETIVA 46 O princípio da demanda efetiva Num dado estado da técnica dos recursos e dos custos a utilização de um dado volume de mão de obra impõe ao empresário duas espécies de gastos 1 os montantes que paga aos FATORES DE PRODUÇÃO excluindo os que paga a outros empresários pelos seus serviços habituais e que denominaremos custo de fatores da utilização em causa 2 Em segundo lugar os montantes que paga a outros empresários pelo que lhes compra juntamente com o sacrifício em que incorre ao utilizar o seu equipamento em vez de o deixar ocioso a que chamaremos CUSTO DE USO da UTILIZAÇÃO EM CAUSA O excedente do valor da produção resultante relativamente à soma do custo de fatores e do custo de uso é o lucro ou como passaremos a chamálo o rendimento do empresário 47 O princípio da demanda efetiva O custo dos fatores é o rendimento dos fatores de produção considerado do ponto de vista do empresário O custo dos fatores e o lucro formam o RENDIMENTO TOTAL OU AGREGADO resultante do emprego oferecido pelo empresário O LUCRO DO EMPRESÁRIO assim definido é portanto a quantidade que ele procura maximizar quando decide qual o VOLUME DE EMPREGO QUE DEVE OFERECER Por vezes quando se trata a questão pela ótica do empresário é cômodo chamar ao RENDIMENTO AGREGADO resultante de certo volume de emprego de PROVENTOS DESSE NÍVEL DE EMPREGO 48 O princípio da demanda efetiva Por outro lado o PREÇO DA OFERTA AGREGADA DA PRODUÇÃO resultante de determinado volume de emprego é a EXPECTATIVA de proventos que é exatamente suficiente para que os empresários considerem vantajoso oferecer o emprego em causa Portanto podemos dizer que numa dada situação da técnica dos recursos e do custo dos fatores por unidade de emprego tanto para cada empresa individual como para a indústria no seu conjunto o VOLUME DO EMPREGO DEPENDE do nível dos proventos que os EMPRESÁRIOS ESPERAM RECEBER da correspondente produção Com efeito os empresários procurarão estabelecer o VOLUME DE EMPREGO NO NÍVEL que segundo suas expectativas elevará ao MÁXIMO O EXCEDENTE dos proventos que obterão relativamente ao custo dos fatores 49 O princípio da demanda efetiva Seja Z O PREÇO DA OFERTA AGREGADA do produto resultante de se empregarem N homens e seja a relação entre Z e N expressa da seguinte forma a qual Keynes chamará de FUNÇÃO DA OFERTA AGREGADA D representará os PROVENTOS QUE OS EMPRESÁRIOS ESPERAM receber do emprego de N homens sendo a relação entre D e N expressa por a qual Keynes nomeará FUNÇÃO DA DEMANDA AGREGADA 50 O princípio da demanda efetiva Se para cada valor dado de N os PROVENTOS ESPERADOS forem superiores ao PREÇO DA OFERTA AGREGADA isto é se D for superior a Z haverá um incentivo para os empresários aumentarem o emprego acima de N e se necessário elevarem os custos concorrendo entre si para obterem os fatores de produção até se atingir o valor de N para o qual Z se tornou igual a D o volume do emprego é dado pelo ponto de intersecção entre a função de demanda agregada e a função de oferta agregada efetivamente é neste ponto que as EXPECTATIVAS DE LUCRO DO EMPRESÁRIO SERÃO MAXIMIZADAS Ao valor de D neste ponto da função de demanda agregada ponto em que é interceptada pela função de oferta agregada chamaremos DEMANDA EFETIVA 51 O Curto Período e o PDE na TG Ajuste ex post período de mercado da oferta à demanda firma R q q0 p0 A D B C E G F 0 Apenas na vizinhança do ponto A ie dentro de alguma margem de erro ocorre equilíbrio as ECP foram satisfeitas aproximadamente de modo que R RE Em todos os demais pontos há ajustes com desequilíbrio em B e C por terse verificado R RE respectivamente com ajuste via redução de estoque fixprice e via preço flexprice ou ambos no ponto D e viceversa com R RE nos demais pontos