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FLUXO DE CAIXA COMO INSTRUMENTO DE CONTROLE GERENCIAL PARA TOMADA DE DECISÃO UM ESTUDO REALIZADO EM MICROEMPRESAS CASH FLOW AS INSTRUMENT OF MANAGERIAL CONTROL FOR DECISION MAKING A STUDY CONDUCTED IN SMALL BUSINESS Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 75 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 RESUMO Este artigo aborda a utilização do fluxo de caixa como importante instrumento de acompanhamento na gestão das microempresas Tem como objetivo evidenciar as técnicas administrativas de acompanhamento avaliação e controle do fluxo de caixa que as microempresas adotam como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão Para isso utilizouse da pesquisa descritiva com abordagem quantitativa por meio de questionário estruturado respondido por 135 gestores de microempresas Os resultados obtidos demonstram a realidade dos microempresários com relação à utilização do fluxo de caixa evidenciando que embora conhecido pela maioria há um grande número de administradores que não têm o instrumento implantado na empresa desconhecendo o processo de administração e manutenção dos recursos financeiros Apesar de sua importância para a gestão muitos administradores não valorizam essa ferramenta gerencial Palavraschave Fluxo de caixa Controle gerencial Tomada de decisão Jorge Ribeiro de Toledo Filho Mestre e Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo FEAUSP Professor do Programa de Pósgraduação em Ciências Contábeis da Universidade Regional de Blumenau Av Jesuíno Marcondes Machado 2201 apto 103 Chácara da Barra CampinasSP CEP 1309232 Email jtoledofurbbr Everaldo Leonel de Oliveira Mestre pela Universidade Regional de Blumenau Rua Antonio da Veiga 140 Blumenau SC CEP 89010971 Email everaldoleonelhotmailcom Giseli Spessatto Mestre pela Universidade Regional de Blumenau Rua Antonio da Veiga 140 Blumenau SC CEP 89010971 Email giselispshotmailcom Recebido 30092009 2ª versão 15072010 Aprovado 30072010 Publicado 18082010 Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 76 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 ABSTRACT This article discusses the use of cash flow as an important instrument for monitoring the management of small business It aims to show the administrative techniques of monitoring evaluation and control of cash flow that small business adopt as an instrument of managerial control for decision making For that it was used the descriptive research with quantitative approach by a structured questionnaire answered by 135 small business managers The results demonstrate the reality of small business managers on using the cash flow showing that although known by most of them there are a significant number of administrators that do not have the cash flow deployed in the company unknowing the process of administration and maintenance of financial resources Despite of its importance to administration many managers do not valorize this management tool Keywords Cash flow Management control Decision making 1 INTRODUÇÃO No contexto geral do mercado a competitividade está se tornando cada vez mais um fator limitante à sobrevivência das microempresas principalmente no que diz respeito aos aspectos financeiros Nesse cenário encontramse gestores que desconhecem técnicas e processos de gestão financeira comprometendo a continuidade do empreendimento Em relação ao fluxo de caixa objeto deste artigo Matias 2007 o define como um instrumento que apura o resultado entre o fluxo de entradas e o de saídas de moeda corrente em determinado período de tempo Vários autores já abordaram a importância do fluxo de caixa Barbieri 1995 p 17 aponta que o fluxo de caixa financeiro tem como objetivo principal fornecer informações relevantes sobre os recebimentos e pagamentos de caixa da empresa durante certo período propiciando informações relevantes sobre as movimentações de entradas e saídas de caixa neste período Segundo Ross Westerfield e Jaffe 2002 o item mais importante que pode ser extraído das demonstrações financeiras é o fluxo de caixa efetivo da empresa já que em finanças o valor da empresa é dado por sua capacidade de gerar fluxo de caixa financeiro Já Assaf Neto 2005 mostra a utilidade dessa ferramenta na projeção das necessidades de caixa em regime de inflação Por outro lado alguns trabalhos abordam a demonstração do fluxo de caixa como ferramenta de análise financeira e seus aspectos contábeis como ALVES e MARQUES 2006 Beuren et al2003 abordando a gestão do fluxo de caixa apresentou uma sistemática de implantação dessa ferramenta em empresa de pequeno porte do setor varejista Em relação às condições atuais do mercado muito mais competitivo para que uma empresa possa sobreviver e garantir sua continuidade fazse necessário avaliar sempre a melhor alternativa dos custos e investimentos aliandoos às condições do seu fluxo de caixa tanto no presente como no futuro para que a mesma não venha a ter como resultado de suas operações apenas prejuízos e dívidas impagáveis Este estudo está focado na administração do fluxo de caixa e nos administradores financeiros das microempresas quanto à implantação manutenção e controle desse instrumento de apoio a decisões no processo de gestão Assim a questãoproblema que norteia este trabalho é como os gestores das microempresas utilizam o fluxo de caixa como instrumento de acompanhamento avaliação e controle gerencial no processo de tomada de decisão Procurando responder à essa pergunta o objetivo desta pesquisa é evidenciar as técnicas administrativas de acompanhamento avaliação e controle do fluxo de caixa que as microempresas adotam Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão um estudo realizado em microempresas Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 77 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão O estudo justificase pelo fato do segmento das microempresas ser extremamente significativo no processo de redução das disparidades sociais existentes no Brasil A classificação desta pesquisa está baseada em seus objetivos gerais e procedimentos técnicos utilizados Assim quanto aos objetivos é classificada como descritiva e quanto aos procedimentos como levantamento com abordagem quantitativa tendo como instrumento questionário estruturado que foi direcionado aos administradores financeiros de microempresas da região central da cidade de Curitiba no Estado do Paraná Este artigo está estruturado a partir dessa introdução pelo referencial teórico procedimentos metodológicos e análise dos dados obtidos na pesquisa Por fim são apresentadas as conclusões e recomendações para novos estudos 2 REFERENCIAL TEÓRICO A atividade financeira de uma empresa requer acompanhamento permanente de seus resultados de maneira a avaliar seu desempenho bem como proceder aos ajustes e correções necessários Na administração financeira o fluxo de caixa é um dos principais instrumentos de controle gerencial sendo considerado por Matarazzo 2003 como imprescindível na atividade empresarial e mesmo para pessoas físicas que se dedicam a algum negócio Por meio desse instrumento de controle gerencial é possível avaliar se a empresa é autosuficiente no financiamento do seu giro bem como prever sua capacidade de expansão com recursos próprios O controle gerencial é um dos elementos do processo de estratégia das empresas mais especificamente representa um dos mecanismos administrativos que contribuem para a implementação de estratégias MINTZBERG et al 2006 Assim pode ser entendido como o processo de guiar as empresas em direção a padrões viáveis de atividade em um ambiente caracterizado por mudanças A partir dessa concepção o controle gerencial cumpre um papel empresarial de possibilitar que gestores influenciem o comportamento de outros membros da empresa na direção de estratégias adotadas BERRY BROADBENT e OTLEY 2005 ANTHONY e GOVINDARAJAN 2002 Dessa forma o fluxo de caixa apresentase como um dos instrumentos mais eficazes na gestão financeira das empresas permitindoao administrador planejar organizar coordenar dirigir e controlar os recursos financeiros para um determinado período influenciando o processo de tomada de decisão Nesse contexto o fluxo de caixa possibilita ao gestor programar e acompanhar as entradas e as saídas de recursos financeiros de forma que a empresa possa operar de acordo com os objetivos e as metas determinadas a curto e a longo prazos A curto prazo para gerenciar o capital de giro e a longo prazo para fins de investimentos Em outras palavras segundo Gitman 2003 o fluxo de caixa é a espinha dorsal da empresa Sem ele não se saberá quando haverá necessidade de financiamentos bancários Empresas que necessitem continuamente de empréstimos de última hora poderão se deparar com dificuldades de encontrar bancos que a financiem Segundo Kassai et al2005 em relação à capacidade aquisitiva da moeda o fluxo de caixa pode se apresentar sob as seguintes formas Fluxo de Caixa Nominal Fluxo de Caixa Constante e Fluxo de Caixa descontado De acordo com Yoshitake e Hoji 1997 não é muito importante saber se uma empresa teve lucro ou prejuízo em determinado exercício pois o resultado pode ter sido maquiado por algum artifício contábil permitido pela lei e portanto sem conhecer o fluxo de caixa não se pode saber que capacidade a empresa tem em gerar receita Por outro lado MAYO 2006 explica que muitos fatores alteram o lucro líquido Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 78 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 sem alterar o fluxo de caixa operacional da empresa como por exemplo utilizar a depreciação normal ou acelerada dos ativos Para Braga e Marques 2001 o fluxo de caixa possui como uma de suas finalidades servir de instrumento para avaliação da liquidez da organização ou seja sua capacidade e garantia de pagamento das dívidas nas datas de vencimento através das medidas de desempenho As medidas de desempenho podem ser classificadas como avaliadoras do grau de suficiência ou eficiência do negócio ou ainda medidoras da capacidade de pagamento e do nível de retorno associado a um determinado elemento patrimonial Matarazzo 2003 destaca como principais objetivos do fluxo de caixa avaliar alternativas de investimento avaliar e controlar ao longo do tempo as decisões importantes que são tomadas na empresa com reflexos monetários avaliar as situações presente e futura do caixa na empresa posicionandoa para que não chegue a situações de iliquidez e certificar que os excessos momentâneos de caixa estão sendo devidamente aplicados O fluxo de caixa que é o processo que evidencia a geração de caixa da empresa poderá trazer ao administrador algumas preocupações principalmente quando a empresa vem apresentando lucro contábil cuja realização financeira não acontece ao mesmo tempo ou quando o tempo de realização apresentase longo Assim para Frezatti 1997 p 17 a grande questão no gerenciamento dos negócios está na seguinte indagação a geração de caixa e a de lucro a longo prazo serão iguais E aqui está um problema pois o mesmo autor afirma que nem sempre ou dificilmente serão Dentre as possíveis diferenças entre lucro contábil e fluxo de caixa o autor destaca a capital de giro relacionado a prazos de pagamentos e recebimentos fazendo com que caixa e lucro sejam diferentes por questão temporária A existência de estoques também é um fator que poderá ocasionar diferenças b nãopontualidade de recebimento e nãoreconhecimento como perda gera diferenças que podem ser temporárias ou permanentes c valores ativados permanentes ou não reconhecidos na demonstração do resultado por meio de apropriação periódica Como exemplo a depreciação que é considerado no resultado mas não afeta o caixa e d provisões de quaisquer tipos que também afetam o resultado sem causar impacto no caixa Dessa forma ao confrontar o resultado contábil com o financeiro as diferenças devem ser evidenciadas com base nos apontamentos acima buscando identificar dentre as vendas o valor que efetivamente foi recebido no mesmo exercício e se necessário realizar o cálculo dos prazos médios de estocagem clientes e fornecedores para auxiliar no desenvolvimento de estratégias para administrar o fluxo de caixa A geração de caixa é algo fundamental na organização em seu estágio inicial em seu desenvolvimento e mesmo no momento de sua extinção e toda a teoria de finanças leva isso em conta FREZATTI 1997 p 27 Analisando o fluxo de caixa como instrumento estratégico e tático na gestão é muito comum em uma situação crítica de falta de liquidez de uma empresa a priorização do caixa Empresas em dificuldades nos negócios concordatárias que estejam tentando evitar a falência colocamse desesperadamente nas mãos do fluxo de caixa para perseguir a saída de sua dificuldade Isto é válido mas parece a estratégia do doente que evitava hábitos saudáveis até ser realmente confrontado com a perspectiva da morte quando pode ser tarde demais Pensar no fluxo de caixa da empresa é sempre muito saudável quer a empresa Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão um estudo realizado em microempresas Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 79 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 esteja atravessando bons ou maus momentos Na verdade pensar é pouco pois o correto seria utilizar gerencialmente o instrumento FREZATTI 1997 Nesse sentido algumas empresas em situações de normalidade e grande perspectiva de viver o princípio contábil da continuidade se preocupam fundamentalmente com o enfoque contábil dos resultados Resultado nesse caso significa gerar lucros dentro dos melhores e mais adequados conceitos que a contabilidade dispõe Entretanto nas crises na fase terminal o resultado importante é o financeiro ou seja o ativo disponível ou a ser disponível em dado horizonte de tempo Ainda de acordo com Frezatti 1997 em algumas organizações o fluxo de caixa é visto como um instrumento tático a ser utilizado no diaadia apenas Em outras ele na verdade tem alcance maior com utilização mais estratégica nos negócios da empresa Esta utilização estratégica do fluxo de caixa acaba restringindose às empresas de médio e grande porte pois o processo de implantação e manutenção do fluxo de caixa projetado é uma das principais dificuldades dos administradores financeiros de pequenas empresas que geralmente são leigos em contabilidade o que dificulta até mesmo a compreensão e diferenciação de resultado contábil e financeiro ou fluxo de caixa projetado com planejamento financeiro Conforme Sá 2006 o fluxo de caixa projetado é o produto final da integração das contas a receber com as contas a pagar Seu objetivo é identificar as faltas e os excessos de caixa as datas em que ocorrerão por quantos dias e em que montantes E é a partir do fluxo de caixa projetado que se faz o planejamento financeiro que é um conjunto de operações de resgate de aplicações financeiras de captação e de aplicação de recursos selecionado entre várias opções possíveis para conduzir aos melhores resultados Observase que o planejamento financeiro proporciona meios da empresa alcançar os seus objetivos tanto a curto como a longo prazo e além disso indica mecanismos de controle que envolvem todas as suas atividades operacionais e nãooperacionais Em relação à utilização dos sistemas de fluxo de caixa na administração financeira das micro e pequenas empresas Kaspezak e Scandelari 2006 demonstram em seu trabalho focado em empresas de Ponta GrossaPR que apesar de estarem informatizadas essas empresas apresentam falta de planejamento econômicofinanceiro As microempresas objeto de estudo desta pesquisa de acordo com a Lei nº 9841 em seu segundo artigo são definidas como a pessoa jurídica incluindo firma individual que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R 24400000 duzentos e quarenta e quatro mil reais 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Gil 1999 propõe a classificação das investigações quanto aos objetivos gerais e a partir dos procedimentos técnicos aplicados Assim de acordo com Raupp e Beuren 2006 quanto aos objetivos esta pesquisa é classificada como descritiva quanto aos procedimentos como levantamento ou survey com abordagem quantitativa Para o mesmo autor a pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou o estabelecimento de relações entre as variáveis Para o autor no levantamento ou survey as informações são solicitadas a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para em seguida mediante análise quantitativa obter as conclusões correspondentes aos dados analisados O levantamento dos dados desta pesquisa deuse por meio de questionário estruturado contendo 20 questões direcionado às microempresas da região central de Curitiba no Estado do Paraná cujos respondentes quase que em sua totalidade foram os gestores e proprietários Vale destacar que uma dessas questões permitia resposta discursiva caso o método adotado pela empresa fosse diferente das respostas propostas sendo que apenas uma empresa fez comentários Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 80 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 Quanto ao instrumento de pesquisa utilizado procurouse levantar dados sobre o perfil dos administradores dessas microempresas e da utilização do fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial cuja coleta deuse no ano de 2008 A escolha das empresas pesquisadas deuse de forma intencional contemplando a região central de Curitiba pela facilidade de aplicação do instrumento de pesquisa porém obedecendo ao critério de classificação como microempresa A partir desse universo fezse a distribuição dos questionários cujo retorno considerados como válidos para os efeitos deste estudo corresponde a 135 microempresas definidas então como amostra da pesquisa A análise dos dados foi realizada em três etapas Primeiramente buscouse identificar o ramo de atividade da empresa e há quanto tempo está operando no mercado Em seguida levantouse o perfil dos respondentes como faixa etária gênero e formação E num terceiro momento a análise voltouse para o fluxo de caixa objeto da pesquisa Como em toda pesquisa esta apresenta limitações pela amostra utilizada restrita à uma área geográfica no caso o centro de CuritibaPR Assim os resultados apresentados não podem ser extrapolados para todo o Brasil embora outras pesquisas apresentem resultados semelhantes 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA A pesquisa apresenta aspectos relacionados ao perfil do administrador financeiro e da empresa como também das técnicas utilizadas na administração do fluxo de caixa Assim o resultado será apresentado em duas etapas para em seguida ser comparado com o referencial teórico 41 Perfil das empresas e dos administradores financeiros A pesquisa foi direcionada a diferentes ramos de atividade conforme demonstra a Tabela 1 Tabela 1 Ramos de Atividade das empresas pesquisadas Empresas Ramo de Atividade Nº Beleza e Estética Salão de beleza Cabeleireiro 22 16 Comércio de Roupas 37 27 Comércio de Bebidas 8 6 Locação Equipamento de Informática 8 6 Gêneros Alimentícios 13 10 Papelaria e Suprimentos de Informática 8 6 Material de Construção 8 6 Assistência Técnica de Equipamentos Eletrônicos 8 6 Não respondentes 23 17 Total 135 100 Fonte dados da pesquisa Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão um estudo realizado em microempresas Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 81 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 A maior parte das empresas pesquisadas 33 atua no mercado entre 4 e 6 anos sendo que nenhuma delas possui um administrador com idade acima de 50 anos conforme Tabelas 2 e 3 Tabela 2 Tempo de existência das empresas pesquisadas Empresas Tempo anos Nº De 0 a 2 15 11 De 2 a 4 30 22 De 4 a 6 44 33 De 6 a 8 15 11 De 8 a 10 23 17 De 10 a 12 0 0 De 12 a 14 8 6 Acima de 14 0 0 Total 135 100 Fonte dados da pesquisa Dentre os administradores financeiros entrevistados 44 são do sexo masculino e 56 do sexo feminino cuja faixa etária concentrase em sua maioria entre 21 e 40 anos conforme Tabela 3 Tabela 3 Faixa etária dos administradores financeiros das empresas pesquisadas Administradores Faixa etária anos Nº Até 20 8 6 21 25 23 17 26 30 30 22 31 35 15 11 36 40 29 22 41 45 15 11 46 50 15 11 Mais de 50 0 0 Total 135 100 Fonte dados da pesquisa Quanto ao grau de escolaridade o resultado da pesquisa apontou que a maior parte dos administradores entrevistados não possui curso de graduação completo Esse número que representa 32 dos pesquisados é o maior percentual para este item ou seja 43 dentre os 135 administradores por algum motivo não concluíram a graduação e 28 se graduaram conforme mostra a Tabela 4 Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 82 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 Tabela 4 Nível de escolaridade dos administradores financeiros das empresas pesquisadas Administradores Escolaridade Nº 1º grau completo 8 6 1º grau incompleto 8 6 2º grau completo 38 28 2º grau incompleto 0 0 3º grau completo 38 28 3º grau incompleto 43 32 Total 135 100 Fonte dados da pesquisa Em relação aos cursos iniciados e ou concluídos a pesquisa foi orientada para evidenciar se os administradores possuíam curso superior na área de Ciências Sociais Aplicadas por isso estão sendo enfatizados os cursos de Ciências Contábeis Administração e Economia Outros cursos de outras áreas do conhecimento foram considerados como Outros Cursos dentre eles Turismo Letras História e Geografia Os resultados apurados estão na tabela 5 Tabela 5 Cursos de graduação iniciados e ou concluídos pelos administradores Administradores Curso de Graduação Nº Contábeis 22 27 Economia 7 9 Administração 7 9 Outros 38 46 Não respondentes 7 9 Total 81 100 Fonte dados da pesquisa Dos 135 entrevistados 54 não possuem diploma de curso superior Observase pela tabela 5 que o curso de ciências contábeis responde por apenas 27 dos freqüentados pelos administradores sendo pequena também a participação dos cursos de economia e administração Os administradores também foram interrogados quanto ao seu cargo na empresa e sua participação na composição do capital social Declararam ocupar uma posição de gestor da empresa ou seja são responsáveis legais perante a mesma como também para fins de tomada de decisão na gestão operacional e financeira Quanto à participação na empresa dentre os entrevistados 112 deles são proprietários ou sócios o que representa 83 e apenas 23 entrevistados 17 são administradores contratados da empresa não configurando como sócios no contrato social 42 Resultado da pesquisa em relação ao fluxo de caixa Para fundamentar a pesquisa os administradores foram questionados a respeito da administração do fluxo de caixa da empresa e para que esse resultado pudesse ser obtido várias questões ligadas a fluxo Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão um estudo realizado em microempresas Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 83 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 de caixa foram direcionadas O resultado evidencia o grau de conhecimento e capacidade dos administradores de administrar a liquidez da empresa Quando foram questionados se tinham domínio sobre os conceitos básicos de elaboração acompanhamento controle e finalidade do fluxo de caixa 105 dos participantes afirmaram ter domínio pleno ou seja 78 deles estariam aptos a administrarem as disponibilidades da empresa Por outro lado 30 administradores 22 afimam que não possuem domínio ou seja desconhecem as técnicas processos e importância da gestão do fluxo de caixa Ao serem questionados se a empresa possui controle do fluxo de caixa 97 dos administradores afirmaram que de alguma forma a empresa adota critérios de controle das disponibilidades e que há certo acompanhamento e controle então podese afirmar que com base nesta pesquisa 72 das empresas analisadas possuem controle do fluxo de caixa Por outro lado 23 dentre os entrevistados afirmou que a empresa não possui controle de fluxo de caixa o que representa 17 dos pesquisados Aos administradores que afirmaram que a empresa possui controle efetivo do fluxo de caixa a pergunta foi então reelaborada no intuito de se conhecer a periodicidade de atualização dos dados Consideraramse como válidas apenas as respostas de 97 participantes que haviam respondido anteriormente que a empresa possui controle do fluxo de caixa Na tabela 6 é apresentada a periodicidade de atualização do fluxo de caixa conforme informações dos respondentes da pesquisa Tabela 6 Periodicidade de atualização do fluxo de caixa Administradores Atualização do fluxo de caixa Nº Diariamente 62 64 Semanalmente 0 0 Quinzenalmente 0 0 Mensalmente 28 29 Não respondentes 7 7 Total 97 100 Fonte dados da pesquisa Dos 135 entrevistados 38 desconhecem o fluxo de caixa Dentre os administradores que afirmaram conhecer os conceitos básicos de fluxo de caixa e que efetivamente utilizam o instrumento na empresa 7 não responderam a questão da periodicidade Podese inferir que esses sete administradores efetivamente não conhecem satisfatoriamente o processo de administração do fluxo de caixa pois uma vez que o instrumento existe na empresa deveria ser atualizado para que tenha algum valor para a gestão Os administradores foram questionados quanto à projeção do fluxo de caixa ou seja para quantos dias ele é projetado contemplando todos os recebimentos e pagamentos programados para o período Novamente só foi possível considerar como válidas a participação dos 97 administradores pelos mesmos motivos da questão anterior Desses 14 responderam que o fluxo é projetado para no máximo 15 dias a partir da data da sua elaboração Prevaleceram os administradores que projetam o fluxo de caixa para 30 dias representando 58 Para as opções de 45 60 ou mais dias não houve manifestação dos respondentes Complementando 14 dos entrevistados afirmaram que mesmo sendo adeptos a prática de elaborar o fluxo de caixa não o projetam ou seja ele é elaborado apenas para demonstrar a situação Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 84 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 passada da empresa Em outras palavras fechase um exercício fiscal e em seguida além de elaborar as demonstrações contábeis exigídas pelo fisco elaborase o fluxo de caixa cujo instrumento nessas condições permite apenas evidenciar com clareza os recebimentos os pagamentos de despesas investimentos impostos etc não podendo ser considerado como um instrumento totalmente eficaz e de apoio na gestão financeira para o processo de tomada de decisão Dos entrevistados 14 não responderam esta questão o que evidencia mais uma vez que alguns administradores por mais que tenham afirmado conhecer o processo de administração do fluxo de caixa efetivamente não o conhecem satisfatoriamente ou não fazem uso adequado do mesmo Ainda na tentativa de evidenciar e testar o verdadeiro conhecimento sobre a administração eficiente do fluxo de caixa foi perguntado aos mesmos administradores a respeito de outros controles paralelos ao fluxo de caixa que tanto podem auxiliar na elaboração do fluxo de caixa como também servir como instrumento de apoio no processo de gestão Dentre eles foram elencados o controle das contas a pagar e a receber e o planejamento e orçamento das atividades cujo resultado é apresentado na Tabela 7 Tabela 7 Controles utilizados pelas empresas pesquisadas Empresas Controles utilizados Nº Contas a Pagar 23 17 Contas a Receber 0 0 Planejamento e Orçamento 0 0 Contas a Pagar e a Receber 67 50 Contas a Pagar e Planejamento e Orçamento 15 11 Contas a Receber e Planejamento e Orçamento 0 0 Contas a Pagar e a Receber e Planejamento e Orçamento 23 17 Não respondentes 7 6 Total 135 100 Fonte dados da pesquisa Metade dos entrevistados50 usam os controles de contas a pagar e a receber como outros instrumentos de controle e apoio na gestão evidenciando que possuem conhecimentos básicos sobre administração eficiente do fluxo de caixa Quando perguntados sobre como avaliam a liquidez da empresa ou seja a capacidade de saldar suas dívidas nos vencimentos foram limitadas as respostas ao resultado contábil da empresa ao fluxo de caixa ou nenhuma dessas duas alternativas No caso de escolha desta última alternativa foi solicitado que descrevessem como a empresa faz a avaliação da liquidez Dos entrevistados 61 utilizamse do fluxo de caixa 6 fazem uso do resultado contábil e ainda 22 afirmaram não usar nenhum deles Como foi solicitado que fosse dada resposta discursiva nesse caso destacamse as principais se pode pagar pagase Se não pode prorrogase agendamentos nas datas de vencimento ou controle diário do caixa nunca gastase mais do que se arrecada e mantendo reserva para alguma eventualidade No entando 11 optaram por não responder à questão discursiva assim a evidência anterior de que nem todos os administradores encontramse plenamente preparados para administrar o fluxo de caixa persiste Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão um estudo realizado em microempresas Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 85 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 No intuito de buscar evidências sobre o uso apropriado do fluxo de caixa lhes foi perguntado como eles avaliam sua importância As alterantivas de resposta eram fundamental não faz diferença pode agregar não sei Dos entrevistados 61 responderam que é fundamental 6 que pode ajudar e 17 não sabem avaliar a importância do fluxo de caixa para a empresa Deixaram de responder a questão 17 evidenciando mais uma vez que nem todos os administradores que afirmaram conhecer o processo e conceitos básicos de fluxo de caixa têm domínio pleno para assim fazer Nenhum dos participantes responderam que o fluxo de caixa não faz diferença para a empresa ou seja que não tem importância para o processo de gestão Seguindo a mesma linha da pesquisa também foram questionados a respeito da importância do fluxo de caixa desta vez aliado à avaliação da liquidez da empresa ou seja buscouse evidências do uso do fluxo de caixa para avaliar a liquidez E para a questão também foi limitada a resposta aos mesmos items da questão anterior Dentre os administradores 50 afirmaram ser fundamental o instrumento do fluxo de caixa para avaliar a liquidez da empresa e 17 responderam que pode apenas ajudar 17 não souberam avaliar a importância e outros 17 não responderam à questão Dentre os entrevistados nenhum deles optou pela alternativa não faz a diferença 43 Comparação entre o referencial teórico e a pesquisa de campo O embasamento teórico desta pesquisa em síntese mostra a importância do fluxo de caixa no processo de administração e gestão do caixa numa empresa Dentre as afirmações dos vários autores pesquisados destacase a de Gitman 1987 que é extremamente favorável ao uso deste instrumento valendose da metáfora de que o fluxo de caixa é a espinha dorsal da empresa O resultado da pesquisa de campo mostrou que mesmo sendo o fluxo de caixa um instrumento imprescindível para a administração e gestão da empresa ainda existem muitos administradores financeiros que não o utiliza para controlar as finanças empresariais Há um grande número de gestores que não têm esse instrumento implantado na empresa e desconhecem o seu processo de administração e manutenção Alguns deixaram de responder quando lhes foi perguntado se possuíam ou não o fluxo de caixa na empresa o que leva a crer que esses administradores não conhecem este instrumento de controle gerencial A pesquisa mostrou que o fluxo de caixa não é amplamente utilizado pelas pequenas empresas Sá 2006 deixa claro que é através do fluxo de caixa que se pode compreender e avaliar a liquidez de uma empresa Comparando a afirmação de diversos autores que constam do referencial teórico com o resultado da pesquisa indagase como alguns administradores financeiros estão avaliando sua liquidez tomando decisões fazendo planejamento financeiro da empresa se desconhecem o processo de fluxo de caixa desprezando essa importante ferramenta de gestão Para muitos desses administradores financeiros o processo de gerar lucro e gerar caixa é totalmente desconhecido e desconsiderado sendo este fator importantíssimo pois de acordo com Sá 2006 uma empresa pode sobreviver sem gerar lucro desde que gere caixa Novamente Sá 2006 exalta a importância do fluxo de caixa projetado e o planejamento financeiro para que a empresa tenha êxito nas suas atividades e a pesquisa mostra que grande parte dos administradores financeiros não projeta seu fluxo de caixa e mais assustador há um grande número de administradores que desconhecem o processo de administração do fluxo de caixa Diante dessa situação surgem várias perguntas dentre elas como Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 86 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 esses administradores tomam decisões se suas empresas não possuem uma projeção da gestão do caixa orientada para o futuro Como essas empresas fazem planejamento financeiro O fluxo de caixa conforme afirma Frezatti 1997 é um instrumento estratégico e tático na gestão da empresa Assim sendo como os respondentes da pesquisa que não conhecem ou não dominam os conceitos de fluxo de caixa elaboração e monitoramento do mesmo assumem sua posição e função de administrador da empresa tomando as decisões estratégicas Talvez isso explique o motivo de muitas empresas passarem por dificuldades financeiras recorrerem a empréstimos e cada vez mais se distanciarem de uma situação financeira de liquidez e solvência levandoas a fechar as portas 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Esta pesquisa teve por objetivo evidenciar as técnicas administrativas de acompanhamento avaliação e controle do fluxo de caixa que as microempresas adotam como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão Foi apresentada a seguinte questãoproblema como os gestores das microempresas utilizam o fluxo de caixa como instrumento de acompanhamento avaliação e controle gerencial no processo de tomada de decisão Para responder a esse questionamento utilizouse pesquisa descritiva por meio de levantamento com abordagem quantitativa Em relação aos resultados quanto à elaboração acompanhamento e controle do fluxo de caixa evidenciouse que 78 dos pesquisados afirmaram ter domínio pleno por outro lado 22 não o possuem Quanto à adoção do fluxo de caixa 72 afirmaram que utilizam 17 não utilizam e 11 não responderam Quanto à periodicidade de atualização dos dados 62 atualizam diariamente 28 mensalmente e 7 não responderam Em se tratando de projeção do fluxo de caixa 14 projetam para 15 dias 58 para 30 dias 14 não projetam e 14 não responderam Para testar o real conhecimento sobre a administração do fluxo de caixa foi perguntado a respeito de outros controles paralelos sendo constatado que 17 controlam as contas a pagar 50 as contas a pagar e a receber 11 as contas a pagar planejamento e orçamento 17 as contas a pagar a receber planejamento e orçamento Para a avaliação da liquidez da empresa a pesquisa mostrou que 61 dos entrevistados utilizamse do fluxo de caixa 6 responderam que fazem uso do resultado econômico e ainda 22 afirmaram não usar o resultado econômico e o fluxo de caixa e 11 não responderam Quanto à importância do fluxo de caixa evidenciouse que 61 o consideram fundamental Para 6 o fluxo de caixa pode apenas ajudar 17 não souberam avaliar e 17 não responderam Assim concluiuse que a realidade dos administradores financeiros com relação ao uso deste instrumento indispensável ao desenvolvimento das empresas ainda não encontra simetria com o preconizado na literatura A pesquisa evidenciou que há um grande número de administradores que não tem o fluxo de caixa implantado na empresa também desconhecem seu processo de administração e manutenção Identificou muitos administradores que mesmo tendo afirmado conhecer o processo de administração do fluxo de caixa não souberam ou deixaram de responder outras questões relacionadas negando a afirmação anterior permitindo inferir que os mesmos não tinham conhecimento sobre o processo de administração dessa ferramenta A pesquisa corroborou os estudos de Kaspezak e Scandelari 2006 que concluíram pela falta de planejamento econômicofinanceiro das micro e pequenas empresas Concluise que o fluxo de caixa como instrumento de gestão está sendo pouco utilizado entre os gestores das microempresas analisadas Alguns administradores utilizamse de técnicas para administrar o Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão um estudo realizado em microempresas Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 87 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 caixa da empresa porém não as conhecem satisfatoriamente para fazêlo de forma eficaz Por outro lado foram identificados administradores que desconhecem o processo de gestão do fluxo de caixa principalmente aqueles com formação escolar incompleta na área de ciências sociais e humanas Por fim dada a importância do tema e o resultado desta pesquisa que aponta o despreparo dos gestores das microempresas sugerese replicar este estudo em outras áreas geográficas ou outros tipos de empresas como forma de contribuir para o crescimento e aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão financeira das organizações 6 REFERÊNCIAS ALVES L C MARQUES J A V A demonstração dos fluxos de caixa como ferramenta de análise financeira Aspectos contábeis associados a Demonstração os Fluxos de Caixa DFC Revista Pensar Contábil v VIII n 32 p1823 abrjun 2006 ASSAF NETO A Finanças corporativas e valor São Paulo Atlas 2005 BARBIERI Geraldo Fluxo de caixa modelo para bancos múltiplos Tese de doutorado São Paulo FEAUSP 1995 BEUREN I M et al Proposta de uma sistemática de fluxo de caixa para uma empresa de pequeno porte do setor varejista Contabilidade Vista e Revista v 4 n 2 p 1120 fevmar 2003 BRAGA Robert MARQUES José Augusto Veiga da Costa Avaliação da liquidez das empresas através da análise da demonstração de fluxos de caixa Revista de Contabilidade e Finanças FEAUSP São Paulo v 14 dez 2001 BRASIL Lei nº 9841 de 5 de outubro de 1999 Disponível em httpwwwplanaltogovbrCcivil03LeisL9841htm Acesso em 05 set 2008 MATARAZZO Dante C Análise financeira de balanços abordagem básica e gerencial 6 ed São Paulo Atlas 2003 FREZATTI Fábio Gestão do fluxo de caixa diário como dispor de um instrumento fundamenta para gerenciamento do negócio São Paulo Atlas 1997 GIL Antônio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 3 ed São Paulo Atlas 1999 GITMAN Lawrence J Princípios de administração financeira Tradução de Jacob Ancelevicz e Francisco José dos Santos Braga 3 ed São Paulo Harbra 1987 KASPEZAK MCM SCANDELARI L Grau de utilização dos sistemas de fluxo de caixa na administração financeira das micros e pequenas empresas da cidade de Ponta Grossa in XXVI ENEGEP 10 2006 Fortaleza Anais Fortaleza 2006 KASSAI J R CASANOVA S P C SANTOS A ASSAF NETO A Retorno de investimento abordagem matemática e contábil do lucro empresarial 3 ed São Paulo Atlas 2005 MATIAS A B Finanças Corporativas de Curto Prazo São Paulo Atlas 2007 MAYO H B Investments an introduction 18 ed Thomson Corporation New Jersey 2006 RAUPP Fabiano Maury BEUREN Ilse Maria Metodologia da Pesquisa Aplicável às Ciências Sociais In BEUREN Ilse Maria orgComo elaborar trabalhos monográficos em contabilidade teoria e prática 3 ed São Paulo Atlas 2006 RICHARDSON Roberto Jarry Pesquisa social métodos e técnicas 3 ed São Paulo Atlas 1999 Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 88 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 ROSS SA WESTERFIELDW W JAFFE J F Administração financeira corporate finance São Paulo Atlas 2002 SÁ Carlos Alexandre Fluxo de caixa a visão da tesouraria e da controladoria São Paulo Atlas 2006 WELSCH Glenn Albert Orçamento empresarial 4ed São Paulo Atlas 1996 YOSHITAKE Mariano HOJI Masakazu Gestão de tesouraria controle e análise de transações financeiras em moeda forte São Paulo Atlas 1997 ZDANOWICZ José Eduardo Fluxo de caixa uma decisão de planejamento e controle financeiro 7 ed Porto Alegre Sagra Luzzatto 1998
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FLUXO DE CAIXA COMO INSTRUMENTO DE CONTROLE GERENCIAL PARA TOMADA DE DECISÃO UM ESTUDO REALIZADO EM MICROEMPRESAS CASH FLOW AS INSTRUMENT OF MANAGERIAL CONTROL FOR DECISION MAKING A STUDY CONDUCTED IN SMALL BUSINESS Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 75 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 RESUMO Este artigo aborda a utilização do fluxo de caixa como importante instrumento de acompanhamento na gestão das microempresas Tem como objetivo evidenciar as técnicas administrativas de acompanhamento avaliação e controle do fluxo de caixa que as microempresas adotam como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão Para isso utilizouse da pesquisa descritiva com abordagem quantitativa por meio de questionário estruturado respondido por 135 gestores de microempresas Os resultados obtidos demonstram a realidade dos microempresários com relação à utilização do fluxo de caixa evidenciando que embora conhecido pela maioria há um grande número de administradores que não têm o instrumento implantado na empresa desconhecendo o processo de administração e manutenção dos recursos financeiros Apesar de sua importância para a gestão muitos administradores não valorizam essa ferramenta gerencial Palavraschave Fluxo de caixa Controle gerencial Tomada de decisão Jorge Ribeiro de Toledo Filho Mestre e Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo FEAUSP Professor do Programa de Pósgraduação em Ciências Contábeis da Universidade Regional de Blumenau Av Jesuíno Marcondes Machado 2201 apto 103 Chácara da Barra CampinasSP CEP 1309232 Email jtoledofurbbr Everaldo Leonel de Oliveira Mestre pela Universidade Regional de Blumenau Rua Antonio da Veiga 140 Blumenau SC CEP 89010971 Email everaldoleonelhotmailcom Giseli Spessatto Mestre pela Universidade Regional de Blumenau Rua Antonio da Veiga 140 Blumenau SC CEP 89010971 Email giselispshotmailcom Recebido 30092009 2ª versão 15072010 Aprovado 30072010 Publicado 18082010 Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 76 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 ABSTRACT This article discusses the use of cash flow as an important instrument for monitoring the management of small business It aims to show the administrative techniques of monitoring evaluation and control of cash flow that small business adopt as an instrument of managerial control for decision making For that it was used the descriptive research with quantitative approach by a structured questionnaire answered by 135 small business managers The results demonstrate the reality of small business managers on using the cash flow showing that although known by most of them there are a significant number of administrators that do not have the cash flow deployed in the company unknowing the process of administration and maintenance of financial resources Despite of its importance to administration many managers do not valorize this management tool Keywords Cash flow Management control Decision making 1 INTRODUÇÃO No contexto geral do mercado a competitividade está se tornando cada vez mais um fator limitante à sobrevivência das microempresas principalmente no que diz respeito aos aspectos financeiros Nesse cenário encontramse gestores que desconhecem técnicas e processos de gestão financeira comprometendo a continuidade do empreendimento Em relação ao fluxo de caixa objeto deste artigo Matias 2007 o define como um instrumento que apura o resultado entre o fluxo de entradas e o de saídas de moeda corrente em determinado período de tempo Vários autores já abordaram a importância do fluxo de caixa Barbieri 1995 p 17 aponta que o fluxo de caixa financeiro tem como objetivo principal fornecer informações relevantes sobre os recebimentos e pagamentos de caixa da empresa durante certo período propiciando informações relevantes sobre as movimentações de entradas e saídas de caixa neste período Segundo Ross Westerfield e Jaffe 2002 o item mais importante que pode ser extraído das demonstrações financeiras é o fluxo de caixa efetivo da empresa já que em finanças o valor da empresa é dado por sua capacidade de gerar fluxo de caixa financeiro Já Assaf Neto 2005 mostra a utilidade dessa ferramenta na projeção das necessidades de caixa em regime de inflação Por outro lado alguns trabalhos abordam a demonstração do fluxo de caixa como ferramenta de análise financeira e seus aspectos contábeis como ALVES e MARQUES 2006 Beuren et al2003 abordando a gestão do fluxo de caixa apresentou uma sistemática de implantação dessa ferramenta em empresa de pequeno porte do setor varejista Em relação às condições atuais do mercado muito mais competitivo para que uma empresa possa sobreviver e garantir sua continuidade fazse necessário avaliar sempre a melhor alternativa dos custos e investimentos aliandoos às condições do seu fluxo de caixa tanto no presente como no futuro para que a mesma não venha a ter como resultado de suas operações apenas prejuízos e dívidas impagáveis Este estudo está focado na administração do fluxo de caixa e nos administradores financeiros das microempresas quanto à implantação manutenção e controle desse instrumento de apoio a decisões no processo de gestão Assim a questãoproblema que norteia este trabalho é como os gestores das microempresas utilizam o fluxo de caixa como instrumento de acompanhamento avaliação e controle gerencial no processo de tomada de decisão Procurando responder à essa pergunta o objetivo desta pesquisa é evidenciar as técnicas administrativas de acompanhamento avaliação e controle do fluxo de caixa que as microempresas adotam Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão um estudo realizado em microempresas Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 77 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão O estudo justificase pelo fato do segmento das microempresas ser extremamente significativo no processo de redução das disparidades sociais existentes no Brasil A classificação desta pesquisa está baseada em seus objetivos gerais e procedimentos técnicos utilizados Assim quanto aos objetivos é classificada como descritiva e quanto aos procedimentos como levantamento com abordagem quantitativa tendo como instrumento questionário estruturado que foi direcionado aos administradores financeiros de microempresas da região central da cidade de Curitiba no Estado do Paraná Este artigo está estruturado a partir dessa introdução pelo referencial teórico procedimentos metodológicos e análise dos dados obtidos na pesquisa Por fim são apresentadas as conclusões e recomendações para novos estudos 2 REFERENCIAL TEÓRICO A atividade financeira de uma empresa requer acompanhamento permanente de seus resultados de maneira a avaliar seu desempenho bem como proceder aos ajustes e correções necessários Na administração financeira o fluxo de caixa é um dos principais instrumentos de controle gerencial sendo considerado por Matarazzo 2003 como imprescindível na atividade empresarial e mesmo para pessoas físicas que se dedicam a algum negócio Por meio desse instrumento de controle gerencial é possível avaliar se a empresa é autosuficiente no financiamento do seu giro bem como prever sua capacidade de expansão com recursos próprios O controle gerencial é um dos elementos do processo de estratégia das empresas mais especificamente representa um dos mecanismos administrativos que contribuem para a implementação de estratégias MINTZBERG et al 2006 Assim pode ser entendido como o processo de guiar as empresas em direção a padrões viáveis de atividade em um ambiente caracterizado por mudanças A partir dessa concepção o controle gerencial cumpre um papel empresarial de possibilitar que gestores influenciem o comportamento de outros membros da empresa na direção de estratégias adotadas BERRY BROADBENT e OTLEY 2005 ANTHONY e GOVINDARAJAN 2002 Dessa forma o fluxo de caixa apresentase como um dos instrumentos mais eficazes na gestão financeira das empresas permitindoao administrador planejar organizar coordenar dirigir e controlar os recursos financeiros para um determinado período influenciando o processo de tomada de decisão Nesse contexto o fluxo de caixa possibilita ao gestor programar e acompanhar as entradas e as saídas de recursos financeiros de forma que a empresa possa operar de acordo com os objetivos e as metas determinadas a curto e a longo prazos A curto prazo para gerenciar o capital de giro e a longo prazo para fins de investimentos Em outras palavras segundo Gitman 2003 o fluxo de caixa é a espinha dorsal da empresa Sem ele não se saberá quando haverá necessidade de financiamentos bancários Empresas que necessitem continuamente de empréstimos de última hora poderão se deparar com dificuldades de encontrar bancos que a financiem Segundo Kassai et al2005 em relação à capacidade aquisitiva da moeda o fluxo de caixa pode se apresentar sob as seguintes formas Fluxo de Caixa Nominal Fluxo de Caixa Constante e Fluxo de Caixa descontado De acordo com Yoshitake e Hoji 1997 não é muito importante saber se uma empresa teve lucro ou prejuízo em determinado exercício pois o resultado pode ter sido maquiado por algum artifício contábil permitido pela lei e portanto sem conhecer o fluxo de caixa não se pode saber que capacidade a empresa tem em gerar receita Por outro lado MAYO 2006 explica que muitos fatores alteram o lucro líquido Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 78 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 sem alterar o fluxo de caixa operacional da empresa como por exemplo utilizar a depreciação normal ou acelerada dos ativos Para Braga e Marques 2001 o fluxo de caixa possui como uma de suas finalidades servir de instrumento para avaliação da liquidez da organização ou seja sua capacidade e garantia de pagamento das dívidas nas datas de vencimento através das medidas de desempenho As medidas de desempenho podem ser classificadas como avaliadoras do grau de suficiência ou eficiência do negócio ou ainda medidoras da capacidade de pagamento e do nível de retorno associado a um determinado elemento patrimonial Matarazzo 2003 destaca como principais objetivos do fluxo de caixa avaliar alternativas de investimento avaliar e controlar ao longo do tempo as decisões importantes que são tomadas na empresa com reflexos monetários avaliar as situações presente e futura do caixa na empresa posicionandoa para que não chegue a situações de iliquidez e certificar que os excessos momentâneos de caixa estão sendo devidamente aplicados O fluxo de caixa que é o processo que evidencia a geração de caixa da empresa poderá trazer ao administrador algumas preocupações principalmente quando a empresa vem apresentando lucro contábil cuja realização financeira não acontece ao mesmo tempo ou quando o tempo de realização apresentase longo Assim para Frezatti 1997 p 17 a grande questão no gerenciamento dos negócios está na seguinte indagação a geração de caixa e a de lucro a longo prazo serão iguais E aqui está um problema pois o mesmo autor afirma que nem sempre ou dificilmente serão Dentre as possíveis diferenças entre lucro contábil e fluxo de caixa o autor destaca a capital de giro relacionado a prazos de pagamentos e recebimentos fazendo com que caixa e lucro sejam diferentes por questão temporária A existência de estoques também é um fator que poderá ocasionar diferenças b nãopontualidade de recebimento e nãoreconhecimento como perda gera diferenças que podem ser temporárias ou permanentes c valores ativados permanentes ou não reconhecidos na demonstração do resultado por meio de apropriação periódica Como exemplo a depreciação que é considerado no resultado mas não afeta o caixa e d provisões de quaisquer tipos que também afetam o resultado sem causar impacto no caixa Dessa forma ao confrontar o resultado contábil com o financeiro as diferenças devem ser evidenciadas com base nos apontamentos acima buscando identificar dentre as vendas o valor que efetivamente foi recebido no mesmo exercício e se necessário realizar o cálculo dos prazos médios de estocagem clientes e fornecedores para auxiliar no desenvolvimento de estratégias para administrar o fluxo de caixa A geração de caixa é algo fundamental na organização em seu estágio inicial em seu desenvolvimento e mesmo no momento de sua extinção e toda a teoria de finanças leva isso em conta FREZATTI 1997 p 27 Analisando o fluxo de caixa como instrumento estratégico e tático na gestão é muito comum em uma situação crítica de falta de liquidez de uma empresa a priorização do caixa Empresas em dificuldades nos negócios concordatárias que estejam tentando evitar a falência colocamse desesperadamente nas mãos do fluxo de caixa para perseguir a saída de sua dificuldade Isto é válido mas parece a estratégia do doente que evitava hábitos saudáveis até ser realmente confrontado com a perspectiva da morte quando pode ser tarde demais Pensar no fluxo de caixa da empresa é sempre muito saudável quer a empresa Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão um estudo realizado em microempresas Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 79 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 esteja atravessando bons ou maus momentos Na verdade pensar é pouco pois o correto seria utilizar gerencialmente o instrumento FREZATTI 1997 Nesse sentido algumas empresas em situações de normalidade e grande perspectiva de viver o princípio contábil da continuidade se preocupam fundamentalmente com o enfoque contábil dos resultados Resultado nesse caso significa gerar lucros dentro dos melhores e mais adequados conceitos que a contabilidade dispõe Entretanto nas crises na fase terminal o resultado importante é o financeiro ou seja o ativo disponível ou a ser disponível em dado horizonte de tempo Ainda de acordo com Frezatti 1997 em algumas organizações o fluxo de caixa é visto como um instrumento tático a ser utilizado no diaadia apenas Em outras ele na verdade tem alcance maior com utilização mais estratégica nos negócios da empresa Esta utilização estratégica do fluxo de caixa acaba restringindose às empresas de médio e grande porte pois o processo de implantação e manutenção do fluxo de caixa projetado é uma das principais dificuldades dos administradores financeiros de pequenas empresas que geralmente são leigos em contabilidade o que dificulta até mesmo a compreensão e diferenciação de resultado contábil e financeiro ou fluxo de caixa projetado com planejamento financeiro Conforme Sá 2006 o fluxo de caixa projetado é o produto final da integração das contas a receber com as contas a pagar Seu objetivo é identificar as faltas e os excessos de caixa as datas em que ocorrerão por quantos dias e em que montantes E é a partir do fluxo de caixa projetado que se faz o planejamento financeiro que é um conjunto de operações de resgate de aplicações financeiras de captação e de aplicação de recursos selecionado entre várias opções possíveis para conduzir aos melhores resultados Observase que o planejamento financeiro proporciona meios da empresa alcançar os seus objetivos tanto a curto como a longo prazo e além disso indica mecanismos de controle que envolvem todas as suas atividades operacionais e nãooperacionais Em relação à utilização dos sistemas de fluxo de caixa na administração financeira das micro e pequenas empresas Kaspezak e Scandelari 2006 demonstram em seu trabalho focado em empresas de Ponta GrossaPR que apesar de estarem informatizadas essas empresas apresentam falta de planejamento econômicofinanceiro As microempresas objeto de estudo desta pesquisa de acordo com a Lei nº 9841 em seu segundo artigo são definidas como a pessoa jurídica incluindo firma individual que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R 24400000 duzentos e quarenta e quatro mil reais 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Gil 1999 propõe a classificação das investigações quanto aos objetivos gerais e a partir dos procedimentos técnicos aplicados Assim de acordo com Raupp e Beuren 2006 quanto aos objetivos esta pesquisa é classificada como descritiva quanto aos procedimentos como levantamento ou survey com abordagem quantitativa Para o mesmo autor a pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou o estabelecimento de relações entre as variáveis Para o autor no levantamento ou survey as informações são solicitadas a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para em seguida mediante análise quantitativa obter as conclusões correspondentes aos dados analisados O levantamento dos dados desta pesquisa deuse por meio de questionário estruturado contendo 20 questões direcionado às microempresas da região central de Curitiba no Estado do Paraná cujos respondentes quase que em sua totalidade foram os gestores e proprietários Vale destacar que uma dessas questões permitia resposta discursiva caso o método adotado pela empresa fosse diferente das respostas propostas sendo que apenas uma empresa fez comentários Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 80 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 Quanto ao instrumento de pesquisa utilizado procurouse levantar dados sobre o perfil dos administradores dessas microempresas e da utilização do fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial cuja coleta deuse no ano de 2008 A escolha das empresas pesquisadas deuse de forma intencional contemplando a região central de Curitiba pela facilidade de aplicação do instrumento de pesquisa porém obedecendo ao critério de classificação como microempresa A partir desse universo fezse a distribuição dos questionários cujo retorno considerados como válidos para os efeitos deste estudo corresponde a 135 microempresas definidas então como amostra da pesquisa A análise dos dados foi realizada em três etapas Primeiramente buscouse identificar o ramo de atividade da empresa e há quanto tempo está operando no mercado Em seguida levantouse o perfil dos respondentes como faixa etária gênero e formação E num terceiro momento a análise voltouse para o fluxo de caixa objeto da pesquisa Como em toda pesquisa esta apresenta limitações pela amostra utilizada restrita à uma área geográfica no caso o centro de CuritibaPR Assim os resultados apresentados não podem ser extrapolados para todo o Brasil embora outras pesquisas apresentem resultados semelhantes 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA A pesquisa apresenta aspectos relacionados ao perfil do administrador financeiro e da empresa como também das técnicas utilizadas na administração do fluxo de caixa Assim o resultado será apresentado em duas etapas para em seguida ser comparado com o referencial teórico 41 Perfil das empresas e dos administradores financeiros A pesquisa foi direcionada a diferentes ramos de atividade conforme demonstra a Tabela 1 Tabela 1 Ramos de Atividade das empresas pesquisadas Empresas Ramo de Atividade Nº Beleza e Estética Salão de beleza Cabeleireiro 22 16 Comércio de Roupas 37 27 Comércio de Bebidas 8 6 Locação Equipamento de Informática 8 6 Gêneros Alimentícios 13 10 Papelaria e Suprimentos de Informática 8 6 Material de Construção 8 6 Assistência Técnica de Equipamentos Eletrônicos 8 6 Não respondentes 23 17 Total 135 100 Fonte dados da pesquisa Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão um estudo realizado em microempresas Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 81 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 A maior parte das empresas pesquisadas 33 atua no mercado entre 4 e 6 anos sendo que nenhuma delas possui um administrador com idade acima de 50 anos conforme Tabelas 2 e 3 Tabela 2 Tempo de existência das empresas pesquisadas Empresas Tempo anos Nº De 0 a 2 15 11 De 2 a 4 30 22 De 4 a 6 44 33 De 6 a 8 15 11 De 8 a 10 23 17 De 10 a 12 0 0 De 12 a 14 8 6 Acima de 14 0 0 Total 135 100 Fonte dados da pesquisa Dentre os administradores financeiros entrevistados 44 são do sexo masculino e 56 do sexo feminino cuja faixa etária concentrase em sua maioria entre 21 e 40 anos conforme Tabela 3 Tabela 3 Faixa etária dos administradores financeiros das empresas pesquisadas Administradores Faixa etária anos Nº Até 20 8 6 21 25 23 17 26 30 30 22 31 35 15 11 36 40 29 22 41 45 15 11 46 50 15 11 Mais de 50 0 0 Total 135 100 Fonte dados da pesquisa Quanto ao grau de escolaridade o resultado da pesquisa apontou que a maior parte dos administradores entrevistados não possui curso de graduação completo Esse número que representa 32 dos pesquisados é o maior percentual para este item ou seja 43 dentre os 135 administradores por algum motivo não concluíram a graduação e 28 se graduaram conforme mostra a Tabela 4 Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 82 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 Tabela 4 Nível de escolaridade dos administradores financeiros das empresas pesquisadas Administradores Escolaridade Nº 1º grau completo 8 6 1º grau incompleto 8 6 2º grau completo 38 28 2º grau incompleto 0 0 3º grau completo 38 28 3º grau incompleto 43 32 Total 135 100 Fonte dados da pesquisa Em relação aos cursos iniciados e ou concluídos a pesquisa foi orientada para evidenciar se os administradores possuíam curso superior na área de Ciências Sociais Aplicadas por isso estão sendo enfatizados os cursos de Ciências Contábeis Administração e Economia Outros cursos de outras áreas do conhecimento foram considerados como Outros Cursos dentre eles Turismo Letras História e Geografia Os resultados apurados estão na tabela 5 Tabela 5 Cursos de graduação iniciados e ou concluídos pelos administradores Administradores Curso de Graduação Nº Contábeis 22 27 Economia 7 9 Administração 7 9 Outros 38 46 Não respondentes 7 9 Total 81 100 Fonte dados da pesquisa Dos 135 entrevistados 54 não possuem diploma de curso superior Observase pela tabela 5 que o curso de ciências contábeis responde por apenas 27 dos freqüentados pelos administradores sendo pequena também a participação dos cursos de economia e administração Os administradores também foram interrogados quanto ao seu cargo na empresa e sua participação na composição do capital social Declararam ocupar uma posição de gestor da empresa ou seja são responsáveis legais perante a mesma como também para fins de tomada de decisão na gestão operacional e financeira Quanto à participação na empresa dentre os entrevistados 112 deles são proprietários ou sócios o que representa 83 e apenas 23 entrevistados 17 são administradores contratados da empresa não configurando como sócios no contrato social 42 Resultado da pesquisa em relação ao fluxo de caixa Para fundamentar a pesquisa os administradores foram questionados a respeito da administração do fluxo de caixa da empresa e para que esse resultado pudesse ser obtido várias questões ligadas a fluxo Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão um estudo realizado em microempresas Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 83 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 de caixa foram direcionadas O resultado evidencia o grau de conhecimento e capacidade dos administradores de administrar a liquidez da empresa Quando foram questionados se tinham domínio sobre os conceitos básicos de elaboração acompanhamento controle e finalidade do fluxo de caixa 105 dos participantes afirmaram ter domínio pleno ou seja 78 deles estariam aptos a administrarem as disponibilidades da empresa Por outro lado 30 administradores 22 afimam que não possuem domínio ou seja desconhecem as técnicas processos e importância da gestão do fluxo de caixa Ao serem questionados se a empresa possui controle do fluxo de caixa 97 dos administradores afirmaram que de alguma forma a empresa adota critérios de controle das disponibilidades e que há certo acompanhamento e controle então podese afirmar que com base nesta pesquisa 72 das empresas analisadas possuem controle do fluxo de caixa Por outro lado 23 dentre os entrevistados afirmou que a empresa não possui controle de fluxo de caixa o que representa 17 dos pesquisados Aos administradores que afirmaram que a empresa possui controle efetivo do fluxo de caixa a pergunta foi então reelaborada no intuito de se conhecer a periodicidade de atualização dos dados Consideraramse como válidas apenas as respostas de 97 participantes que haviam respondido anteriormente que a empresa possui controle do fluxo de caixa Na tabela 6 é apresentada a periodicidade de atualização do fluxo de caixa conforme informações dos respondentes da pesquisa Tabela 6 Periodicidade de atualização do fluxo de caixa Administradores Atualização do fluxo de caixa Nº Diariamente 62 64 Semanalmente 0 0 Quinzenalmente 0 0 Mensalmente 28 29 Não respondentes 7 7 Total 97 100 Fonte dados da pesquisa Dos 135 entrevistados 38 desconhecem o fluxo de caixa Dentre os administradores que afirmaram conhecer os conceitos básicos de fluxo de caixa e que efetivamente utilizam o instrumento na empresa 7 não responderam a questão da periodicidade Podese inferir que esses sete administradores efetivamente não conhecem satisfatoriamente o processo de administração do fluxo de caixa pois uma vez que o instrumento existe na empresa deveria ser atualizado para que tenha algum valor para a gestão Os administradores foram questionados quanto à projeção do fluxo de caixa ou seja para quantos dias ele é projetado contemplando todos os recebimentos e pagamentos programados para o período Novamente só foi possível considerar como válidas a participação dos 97 administradores pelos mesmos motivos da questão anterior Desses 14 responderam que o fluxo é projetado para no máximo 15 dias a partir da data da sua elaboração Prevaleceram os administradores que projetam o fluxo de caixa para 30 dias representando 58 Para as opções de 45 60 ou mais dias não houve manifestação dos respondentes Complementando 14 dos entrevistados afirmaram que mesmo sendo adeptos a prática de elaborar o fluxo de caixa não o projetam ou seja ele é elaborado apenas para demonstrar a situação Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 84 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 passada da empresa Em outras palavras fechase um exercício fiscal e em seguida além de elaborar as demonstrações contábeis exigídas pelo fisco elaborase o fluxo de caixa cujo instrumento nessas condições permite apenas evidenciar com clareza os recebimentos os pagamentos de despesas investimentos impostos etc não podendo ser considerado como um instrumento totalmente eficaz e de apoio na gestão financeira para o processo de tomada de decisão Dos entrevistados 14 não responderam esta questão o que evidencia mais uma vez que alguns administradores por mais que tenham afirmado conhecer o processo de administração do fluxo de caixa efetivamente não o conhecem satisfatoriamente ou não fazem uso adequado do mesmo Ainda na tentativa de evidenciar e testar o verdadeiro conhecimento sobre a administração eficiente do fluxo de caixa foi perguntado aos mesmos administradores a respeito de outros controles paralelos ao fluxo de caixa que tanto podem auxiliar na elaboração do fluxo de caixa como também servir como instrumento de apoio no processo de gestão Dentre eles foram elencados o controle das contas a pagar e a receber e o planejamento e orçamento das atividades cujo resultado é apresentado na Tabela 7 Tabela 7 Controles utilizados pelas empresas pesquisadas Empresas Controles utilizados Nº Contas a Pagar 23 17 Contas a Receber 0 0 Planejamento e Orçamento 0 0 Contas a Pagar e a Receber 67 50 Contas a Pagar e Planejamento e Orçamento 15 11 Contas a Receber e Planejamento e Orçamento 0 0 Contas a Pagar e a Receber e Planejamento e Orçamento 23 17 Não respondentes 7 6 Total 135 100 Fonte dados da pesquisa Metade dos entrevistados50 usam os controles de contas a pagar e a receber como outros instrumentos de controle e apoio na gestão evidenciando que possuem conhecimentos básicos sobre administração eficiente do fluxo de caixa Quando perguntados sobre como avaliam a liquidez da empresa ou seja a capacidade de saldar suas dívidas nos vencimentos foram limitadas as respostas ao resultado contábil da empresa ao fluxo de caixa ou nenhuma dessas duas alternativas No caso de escolha desta última alternativa foi solicitado que descrevessem como a empresa faz a avaliação da liquidez Dos entrevistados 61 utilizamse do fluxo de caixa 6 fazem uso do resultado contábil e ainda 22 afirmaram não usar nenhum deles Como foi solicitado que fosse dada resposta discursiva nesse caso destacamse as principais se pode pagar pagase Se não pode prorrogase agendamentos nas datas de vencimento ou controle diário do caixa nunca gastase mais do que se arrecada e mantendo reserva para alguma eventualidade No entando 11 optaram por não responder à questão discursiva assim a evidência anterior de que nem todos os administradores encontramse plenamente preparados para administrar o fluxo de caixa persiste Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão um estudo realizado em microempresas Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 85 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 No intuito de buscar evidências sobre o uso apropriado do fluxo de caixa lhes foi perguntado como eles avaliam sua importância As alterantivas de resposta eram fundamental não faz diferença pode agregar não sei Dos entrevistados 61 responderam que é fundamental 6 que pode ajudar e 17 não sabem avaliar a importância do fluxo de caixa para a empresa Deixaram de responder a questão 17 evidenciando mais uma vez que nem todos os administradores que afirmaram conhecer o processo e conceitos básicos de fluxo de caixa têm domínio pleno para assim fazer Nenhum dos participantes responderam que o fluxo de caixa não faz diferença para a empresa ou seja que não tem importância para o processo de gestão Seguindo a mesma linha da pesquisa também foram questionados a respeito da importância do fluxo de caixa desta vez aliado à avaliação da liquidez da empresa ou seja buscouse evidências do uso do fluxo de caixa para avaliar a liquidez E para a questão também foi limitada a resposta aos mesmos items da questão anterior Dentre os administradores 50 afirmaram ser fundamental o instrumento do fluxo de caixa para avaliar a liquidez da empresa e 17 responderam que pode apenas ajudar 17 não souberam avaliar a importância e outros 17 não responderam à questão Dentre os entrevistados nenhum deles optou pela alternativa não faz a diferença 43 Comparação entre o referencial teórico e a pesquisa de campo O embasamento teórico desta pesquisa em síntese mostra a importância do fluxo de caixa no processo de administração e gestão do caixa numa empresa Dentre as afirmações dos vários autores pesquisados destacase a de Gitman 1987 que é extremamente favorável ao uso deste instrumento valendose da metáfora de que o fluxo de caixa é a espinha dorsal da empresa O resultado da pesquisa de campo mostrou que mesmo sendo o fluxo de caixa um instrumento imprescindível para a administração e gestão da empresa ainda existem muitos administradores financeiros que não o utiliza para controlar as finanças empresariais Há um grande número de gestores que não têm esse instrumento implantado na empresa e desconhecem o seu processo de administração e manutenção Alguns deixaram de responder quando lhes foi perguntado se possuíam ou não o fluxo de caixa na empresa o que leva a crer que esses administradores não conhecem este instrumento de controle gerencial A pesquisa mostrou que o fluxo de caixa não é amplamente utilizado pelas pequenas empresas Sá 2006 deixa claro que é através do fluxo de caixa que se pode compreender e avaliar a liquidez de uma empresa Comparando a afirmação de diversos autores que constam do referencial teórico com o resultado da pesquisa indagase como alguns administradores financeiros estão avaliando sua liquidez tomando decisões fazendo planejamento financeiro da empresa se desconhecem o processo de fluxo de caixa desprezando essa importante ferramenta de gestão Para muitos desses administradores financeiros o processo de gerar lucro e gerar caixa é totalmente desconhecido e desconsiderado sendo este fator importantíssimo pois de acordo com Sá 2006 uma empresa pode sobreviver sem gerar lucro desde que gere caixa Novamente Sá 2006 exalta a importância do fluxo de caixa projetado e o planejamento financeiro para que a empresa tenha êxito nas suas atividades e a pesquisa mostra que grande parte dos administradores financeiros não projeta seu fluxo de caixa e mais assustador há um grande número de administradores que desconhecem o processo de administração do fluxo de caixa Diante dessa situação surgem várias perguntas dentre elas como Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 86 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 esses administradores tomam decisões se suas empresas não possuem uma projeção da gestão do caixa orientada para o futuro Como essas empresas fazem planejamento financeiro O fluxo de caixa conforme afirma Frezatti 1997 é um instrumento estratégico e tático na gestão da empresa Assim sendo como os respondentes da pesquisa que não conhecem ou não dominam os conceitos de fluxo de caixa elaboração e monitoramento do mesmo assumem sua posição e função de administrador da empresa tomando as decisões estratégicas Talvez isso explique o motivo de muitas empresas passarem por dificuldades financeiras recorrerem a empréstimos e cada vez mais se distanciarem de uma situação financeira de liquidez e solvência levandoas a fechar as portas 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Esta pesquisa teve por objetivo evidenciar as técnicas administrativas de acompanhamento avaliação e controle do fluxo de caixa que as microempresas adotam como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão Foi apresentada a seguinte questãoproblema como os gestores das microempresas utilizam o fluxo de caixa como instrumento de acompanhamento avaliação e controle gerencial no processo de tomada de decisão Para responder a esse questionamento utilizouse pesquisa descritiva por meio de levantamento com abordagem quantitativa Em relação aos resultados quanto à elaboração acompanhamento e controle do fluxo de caixa evidenciouse que 78 dos pesquisados afirmaram ter domínio pleno por outro lado 22 não o possuem Quanto à adoção do fluxo de caixa 72 afirmaram que utilizam 17 não utilizam e 11 não responderam Quanto à periodicidade de atualização dos dados 62 atualizam diariamente 28 mensalmente e 7 não responderam Em se tratando de projeção do fluxo de caixa 14 projetam para 15 dias 58 para 30 dias 14 não projetam e 14 não responderam Para testar o real conhecimento sobre a administração do fluxo de caixa foi perguntado a respeito de outros controles paralelos sendo constatado que 17 controlam as contas a pagar 50 as contas a pagar e a receber 11 as contas a pagar planejamento e orçamento 17 as contas a pagar a receber planejamento e orçamento Para a avaliação da liquidez da empresa a pesquisa mostrou que 61 dos entrevistados utilizamse do fluxo de caixa 6 responderam que fazem uso do resultado econômico e ainda 22 afirmaram não usar o resultado econômico e o fluxo de caixa e 11 não responderam Quanto à importância do fluxo de caixa evidenciouse que 61 o consideram fundamental Para 6 o fluxo de caixa pode apenas ajudar 17 não souberam avaliar e 17 não responderam Assim concluiuse que a realidade dos administradores financeiros com relação ao uso deste instrumento indispensável ao desenvolvimento das empresas ainda não encontra simetria com o preconizado na literatura A pesquisa evidenciou que há um grande número de administradores que não tem o fluxo de caixa implantado na empresa também desconhecem seu processo de administração e manutenção Identificou muitos administradores que mesmo tendo afirmado conhecer o processo de administração do fluxo de caixa não souberam ou deixaram de responder outras questões relacionadas negando a afirmação anterior permitindo inferir que os mesmos não tinham conhecimento sobre o processo de administração dessa ferramenta A pesquisa corroborou os estudos de Kaspezak e Scandelari 2006 que concluíram pela falta de planejamento econômicofinanceiro das micro e pequenas empresas Concluise que o fluxo de caixa como instrumento de gestão está sendo pouco utilizado entre os gestores das microempresas analisadas Alguns administradores utilizamse de técnicas para administrar o Fluxo de caixa como instrumento de controle gerencial para tomada de decisão um estudo realizado em microempresas Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 87 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 caixa da empresa porém não as conhecem satisfatoriamente para fazêlo de forma eficaz Por outro lado foram identificados administradores que desconhecem o processo de gestão do fluxo de caixa principalmente aqueles com formação escolar incompleta na área de ciências sociais e humanas Por fim dada a importância do tema e o resultado desta pesquisa que aponta o despreparo dos gestores das microempresas sugerese replicar este estudo em outras áreas geográficas ou outros tipos de empresas como forma de contribuir para o crescimento e aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão financeira das organizações 6 REFERÊNCIAS ALVES L C MARQUES J A V A demonstração dos fluxos de caixa como ferramenta de análise financeira Aspectos contábeis associados a Demonstração os Fluxos de Caixa DFC Revista Pensar Contábil v VIII n 32 p1823 abrjun 2006 ASSAF NETO A Finanças corporativas e valor São Paulo Atlas 2005 BARBIERI Geraldo Fluxo de caixa modelo para bancos múltiplos Tese de doutorado São Paulo FEAUSP 1995 BEUREN I M et al Proposta de uma sistemática de fluxo de caixa para uma empresa de pequeno porte do setor varejista Contabilidade Vista e Revista v 4 n 2 p 1120 fevmar 2003 BRAGA Robert MARQUES José Augusto Veiga da Costa Avaliação da liquidez das empresas através da análise da demonstração de fluxos de caixa Revista de Contabilidade e Finanças FEAUSP São Paulo v 14 dez 2001 BRASIL Lei nº 9841 de 5 de outubro de 1999 Disponível em httpwwwplanaltogovbrCcivil03LeisL9841htm Acesso em 05 set 2008 MATARAZZO Dante C Análise financeira de balanços abordagem básica e gerencial 6 ed São Paulo Atlas 2003 FREZATTI Fábio Gestão do fluxo de caixa diário como dispor de um instrumento fundamenta para gerenciamento do negócio São Paulo Atlas 1997 GIL Antônio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 3 ed São Paulo Atlas 1999 GITMAN Lawrence J Princípios de administração financeira Tradução de Jacob Ancelevicz e Francisco José dos Santos Braga 3 ed São Paulo Harbra 1987 KASPEZAK MCM SCANDELARI L Grau de utilização dos sistemas de fluxo de caixa na administração financeira das micros e pequenas empresas da cidade de Ponta Grossa in XXVI ENEGEP 10 2006 Fortaleza Anais Fortaleza 2006 KASSAI J R CASANOVA S P C SANTOS A ASSAF NETO A Retorno de investimento abordagem matemática e contábil do lucro empresarial 3 ed São Paulo Atlas 2005 MATIAS A B Finanças Corporativas de Curto Prazo São Paulo Atlas 2007 MAYO H B Investments an introduction 18 ed Thomson Corporation New Jersey 2006 RAUPP Fabiano Maury BEUREN Ilse Maria Metodologia da Pesquisa Aplicável às Ciências Sociais In BEUREN Ilse Maria orgComo elaborar trabalhos monográficos em contabilidade teoria e prática 3 ed São Paulo Atlas 2006 RICHARDSON Roberto Jarry Pesquisa social métodos e técnicas 3 ed São Paulo Atlas 1999 Jorge Ribeiro de Toledo Filho Everaldo Leonel de Oliveira e Giseli Spessatto Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ online Rio de Janeiro v 15 n 2 p 88 p 88 maioago 2010 ISSN 19843291 ROSS SA WESTERFIELDW W JAFFE J F Administração financeira corporate finance São Paulo Atlas 2002 SÁ Carlos Alexandre Fluxo de caixa a visão da tesouraria e da controladoria São Paulo Atlas 2006 WELSCH Glenn Albert Orçamento empresarial 4ed São Paulo Atlas 1996 YOSHITAKE Mariano HOJI Masakazu Gestão de tesouraria controle e análise de transações financeiras em moeda forte São Paulo Atlas 1997 ZDANOWICZ José Eduardo Fluxo de caixa uma decisão de planejamento e controle financeiro 7 ed Porto Alegre Sagra Luzzatto 1998