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Análise sintáticA do português fAlAdo no BrAsil vol 1 Márcia Santos Duarte de Oliveira editora multifoco Simmer Amorim Edição e Comunicação Ltda Av Mem de Sá 126 Lapa Rio de Janeiro RJ CEP 20230152 capa e diagramação Guilherme Peres Análise sintática do português falado no Brasil vol 1 1ª edição Janeiro 2010 OLIVEIRA Márcia ISBN 9788579610981 CIPBRASIL CATALOGAÇÃONAFONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS RJ O46a v1 Oliveira Márcia Santos Duarte de 1963 Análise sintática do português falado no Brasil v1 Márcia Santos Duarte de Oliveira Rio de Janeiro Multifoco 2010 Apêndice Inclui bibliografia ISBN 9788579610981 1 Língua portuguesa Sintaxe 2 Língua portuguesa Estudo e ensino I Título 100669 CDD 4695 CDU 811134336 120210 120210 017559 Todos os direitos reservados É proibida a reprodução deste livro com fins comerciais sem prévia autorização do autor e da Editora Multifoco Márcia Santos Duarte de Oliveira Análise sintática do português falado no Brasil vol 1 Editora Multifoco Rio de Janeiro 2010 Pra meu pai Carlos Santos minha mãe Evanilde minha tia Áurea e meus filhos Hellena e Jonathan AgrAdecimentos Este livro foi estruturado e escrito em 4 meses em Portugal Neste espaço remeto meus agradecimentos A John Holm Universidade de Coimbra por ter acolhido minha pesquisa de pósdoutoramento e me propiciar todas as condições pra que este projeto de livro pudesse ser realizado A Gabriel Antunes Universidade de São Paulo por sua amizade parceria em vários proje tos e por todo o apoio que me ofereceu durante minha ausência do Brasil A Lurdes Jorge Universidade de Brasília por uma amizade de anos que se solidificou por meio de uma parceria acadêmica que sempre me levou a pensar muito A Maria Aparecida Torres Morais Universidade de São Paulo que sempre acreditou neste trabalho e o apoiou A Ednalvo A Campos e Eduardo F dos Santos pelo apoio na revisão criteriosa da redação do texto e ainda pela parceria na organização e escrituração do volume 2 deste livro À TUDOCECA na pessoa de Janaína Azevedo que publicou Cadernos de Sintaxe e ain da em parceria com a MULTIFOCO Sintaxe do Português este livro é resultado da reformulação e ampliação dessas publicações A Marco Antônio Pontes por seu companheirismo e por sua alegria que me faz lembrar que há vida além das fronteiras da Academia A Dália dos Santos por sua extrema amabilidade e amizade que me fazem antes de ter saído já querer voltar muitas vezes a Portugal A Ana Stella Cunha por sua amizade de anos e por todo o apoio que me ofereceu em Portugal Obrigada meus amigos A Deus meu Senhor que caminha comigo desde a minha meninice Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle e sem Ele nada do que foi feito se fez São João 13 para Ele e por Ele são todas as coisas incluindo esta tentativa de análise de minha língua materna sumário PREFÁCIO CAPÍTULO 1 A LINGUA PORTUGUESA FALADA NO BRASIL 1 A Língua Portuguesa 2 A Questão do Português do Brasil PB 21 A Percepção do Contato de Línguas Africanas LAs com o Português Falado no Brasil 211 O Debate Crioulização versus Deriva 2111 A Crioulização 21111 LAs Introduzidas no Brasil pelo Tráfico Negreiro 2112 A Deriva Secular 212 O Conceito de Reestruturação Parcial de Línguas 2121 O Estudo Linguístico de Comunidades Afrobrasileiras 3 A Gramática Brasileira Falada 4 Considerações Finais CAPÍTULO 2 FORMALISMOS EM LINGUÍSTICA E A ANÁLISE SINTÁTICA FORMAL DO PORTUGUÊS FALADO NO BRASIL 1 Formalismos em Linguística 11 Estudos Formais e Ciência 12 Diversos Formalistas em SintaxeGramática 2 Gramática Gerativa o Estudo da Sintaxe com Estatuto de Disciplina Autônoma 21 As Propriedades da Linguagem Humana Segundo Noam Chomsky 211 A Abordagem Modular da Mente 2111 Competência e Desempenho 2112 Gramaticalidade e Aceitabilidade 22 Clássicos da Literatura Gerativa 15 19 21 23 38 40 41 41 45 3 O Tratamento Formal em Análise Sintática 31 Propostas de Codificação da Relação Gramatical Objeto Direto 32 A Estrutura de Constituinte e a Competência Linguística 33 Introdução ao Formalismo Xbarra Categorias Sintáticas e Árvores Estruturas 331 Categorias Sintáticas Lexicais e Funcionais 3311 Categorias Lexicais 3312 Categorias Funcionais 332 A Projeção XBarra Alguns Fundamentos 4 Considerações Finais CAPÍTULO 3 INTRODUZINDO O SINTAGMA VERBAL E FLEXIONAL 1 A Categoria Lexical Verbo 2 XBarra Construindo o Sintagma Verbal e o Sintagma Flexional 21 O Sintagma Verbal 22 O Sintagma Flexional 221 O Caso Nominativo 2211 A Noção de Sujeito 22111 O Parâmetro do Sujeito Nulo 222 O Caso Acusativo 223 O Caso Oblíquo 23 Traço Nuclear de Princípios e Parâmetros o ModeloT 3 Considerações Finais CAPÍTULO 4 O SINTAGMA VERBAL E FLEXIONAL E O CONCEITO DE PREDICAÇÃO 1 A Classificação do Verbo Centrada no Conceito de Predicação 11 Verbos com mais de um Argumento 111 Verbos Transitivos 112 Verbos Bitransitivos 113 A Noção de Verbo Leve 1131 Diferenças entre Construções Bitransitivas e Construções com Verbos Leves 53 72 73 73 75 97 99 99 114 Estrutura SvSV Aplicada a Verbos com mais de um Argumento 1141 Verbos Transitivos 1142 Verbos Bitransitivos 1143 Verbos do Tipo Psicológicos 12 Verbos Monoargumentais 121 Inergativos 122 Construções CVLs 123 Inacusativos 1231Verbos de Alçamento 12311 Verbos Copulativos 12312 Verbos Auxiliares 1232 Verbos de Alternância Causativa 13 Verbos sem Argumento 2 Considerações Finais CAPÍTULO 5 ANÁLISE DO SINTAGMA NOMINAL E DO SINTAGMA DETERMINANTE AS ORAÇÕES COM FUNÇÃO N 1 A Categoria Nome 11 Caso Morfológico 12 Agreement Concordância verbal 2 XBarra e os Sintagmas Nominal e Determinante 21 O Sintagma Nominal 211 Sintagmas Nominais com Núcleos Pronominais Clíticos 2111 Cliticização Pronominal no Português e nas Línguas Românicas 2112 Sintagmas Nominais Clíticos e XBarra 212 O Sintagma Nominal Maximamente Estendido 22 O Sintagma Determinante 3 Orações N 4 Considerações Finais CAPÍTULO 6 ANÁLISE DO SINTAGMA ADJETIVO CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ORAÇÕES ADJETIVAS 152 153 153 156 176 189 191 1 Introduzindo a Categoria Adjetivo 11 O Sintagma Adjetivo 111 O Sintagma Adjetivo Máximo 112 A Inserção de Adjetivos nas Sentenças 1121 A Projeção Pequena Oração 2 Considerações sobre a Categoria Advérbio 21 A Gramática Tradicional e a Categoria Advérbio 22 A Teoria da Gramática e a Categoria Advérbio 221 Advérbios uma Subclasse de Adjetivos 3 Orações com Função de Adjetivo 31 Análise Sintática das Relativas dentro da Literatura Gerativista 311 A Relação da Relativa com o Pivô 32 Estratégias de Relativização no Português 321 Relativas Restritivas e NãoRestritivas Apositivas 322 Relativas Livres 4 Considerações Finais CAPÍTULO 7 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SINTAGMA PREPOSICIONAL E O SINTAGMA QUANTIFICADOR 1 Introduzindo o Capítulo 2 O Sintagma Preposicional 21 Introduzindo a Categoria Preposição 22 A Categoria Preposição e a Teoria da Gramática 221 Preposições como Núcleos Lexicais 222 Preposições como Núcleos Funcionais 223 Sintagmas Preposicionais Adjuntos e Complementos 224 O SP e a Estrutura XBarra 2241 SPs Selecionados Adjungidos ao Nome 2242 SPs Selecionados Adjungidos ao Verbo 2243 SPs Selecionados por SConc 3 O Sintagma Quantificador 31 O Sintagma Quantificador e a Semântica Formal 32 O Sintagma Quantificador e a Teoria da Gramática 4 Considerações Finais 191 208 214 228 229 229 229 252 258 CAPÍTULO 8 ASPECTOS DO SINTAGMA COMPLEMENTIZADOR CONSIDERAÇÕES SOBRE O SINTAGMA CONJUNTIVO E SOBRE CONECTIVOS 1 A Categoria Complementizador 11 Complementizador versus Conjunção versus Conectivo 111 Conjunções e Estruturas de Coordenação 112 Os Conectivos e as Estruturas Adverbiais 12 A Posição Especificador do Sintagma Complementizador 2 Pronomes Q 21 Pronomes Interrogativos QU 22 Pronomes Relativos 3 Movimentos para a Posição Especificador de Sintagma Complementizador 31 Movimento QU 32 Movimento do Pronome Relativo 321 Estratégias de Relativas no Português do Brasil o Preenchimento da Posição Núcleo de SC 3211 Relativas Construídas com Pronome Resumptivo 3212 Relativas Construídas com Resumptivo Lexical 3213 Relativas Cortadoras 4 A Interface Sintaxe Discurso A Explosão do Sintagma Complementizador 41 A Categoria Foco 42 A Categoria Tópico 43 O SC Explodido 5 Considerações Finais BIBLIOGRAFIA APÊNDICE I LEITURAS COMPLEMENTARES APÊNDICE II EXERCÍCIOS 259 259 266 269 277 285 287 307 317 15 Prefácio A obra Análise sintática do português falado no Brasil Vol 1 e 2 editado pela Multifoco é resultado de um processo de revisão completa e ampliação do livro Sintaxe do português estudando formalmente a gramática de uma língua lançado em 2009 em pareceria com as Editoras Tudoteca e Multifoco Análise sintática do português falado no Brasil é de fato um livro novo com ca pítulos antigos revistos ampliados e reformulados e ainda com inserção de dois novos capítulos A obra é constituída de mais um volume além deste No segundo volume em pareceria com Ednalvo Apóstolo Campos e Eduardo Fer reira dos Santos apresentamse a chave de correção dos exercícios que constam ao final deste Vol 1 além de exercíciosextras Os exercícios inseridos ao final deste Vol 1 e que são gabaritados no Vol 2 fo ram testados em sala de aula entre os anos de 2006 2007 2008 e 2009 São portanto fruto de minha docência em sala de aula no curso de Sintaxe do Português do Depar tamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo DLCVFFLCHUSP Agradeço a muitos dos alunos que integraram o corpo discente destes anos citados por sua colaboração na fei tura destes exercícios e pela enorme contribuição ao solicitarem maiores explicações e até mesmo sugerirem ajustes Importante mencionar que a ementa do curso de Sintaxe do Português da FFLCH e ainda de outros cursos nossos direcionoume ao outline deste livro Ainda o coleguismo dos professores que integram a equipe da Área de Filologia e Língua Portuguesa do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas FFLCHUSP foi muito importante para que me sentisse à vontade para publicar este texto Preciso dizer ainda que o ensino do português me acompanha há cerca de 20 anos quando iniciei no Estado do Rio de Janeiro minha carreira como docente Por nove anos fui professora da Rede Pública de Ensino do Estado do Rio de Janeiro e aquele perí odo marcou profundamente minha carreira Outros momentos da docência me seguem como os meses em que estive na Universidade de Brasília como professora temporária por meio de um concurso e ainda o início na USP também como professora tempo 16 rária por meio de um concurso no ano de 2004 Logo neste livro há ecos de muitos alunos de diversos períodos de diversos locais do Brasil de diversos amigos Há ecos também da África durante meus tempos de incursão na Nigéria Nestes anos mais de 10 em que tenho trabalhado com a pesquisa de uma língua tão distinta da minha a língua ibíbio e ainda muitas vezes feito isto por meio do inglês a percepção das estruturas do português brasileiro se fez ainda mais forte O livro que ora se apresenta Análise sintática do português falado no Brasil volumes 1 e 2 foi construído a partir de um trabalho de escrituração desenvolvido em três etapas i primeiramente elaborei handouts para as aulas do curso de Sintaxe do Português ii os handouts em um segundo momento foram desenvolvidos em forma de texto e impressos como cadernos com o nome Cadernos de Sintaxe do Português 2007 pela Tudoteca iii no ano de 2008 a Tudoteca em pareceria com e Editora Multifoco publicou Sintaxe do português estudando formalmente a gramática de uma língua Neste livro foram revistos e reunidos os nove cadernos que compuseram a edição de Cadernos de Sintaxe do Português acrescidos ainda de um encarte de exercícios Em Análise sintática do português falado no Brasil Vol 1 foram reformuladas todas as estruturas sintáticas que constavam no livro Sintaxe do português estudando formalmente a gramática de uma língua A estrutura do sintagma verbal foi totalmente alterada e para tanto foi necessário a organização de dois capítulos capítulos 3 e 4 em que pude apresentar a evolução em Teoria da Gramática do que se considera atualmen te a projeção de estruturas transitivas a expansão do sintagma verbal nas camadas Sv SV Nesses dois capítulos enfatizo a predicação verbal tratando com mais detalhes sobre a posição de sujeito na gramática do português e olhando para a análise do sintagma verbal a partir do número de seus argumentos A inserção dos capítulos 3 e 4 me fizeram rever e ampliar todos os antigos capítulos que compunham o livro Sintaxe do português estudando formalmente a gramática de uma língua No capítulo 1 deste livro através de partes do antigo capítulo 9 de Sintaxe do por tuguês estudando formalmente a gramática de uma língua introduzo a questão do português falado no Brasil PB Apresento nesse capítulo as grandes discussões acadê micas que têm permitido a proposta de que nós brasileiros estamos a caminho de uma gramática cada vez mais diferenciada da gramática falada pelos portugueses que tem sido referida como português europeu PE É preciso dizer portanto que a variedade da língua contemplada nas páginas que se seguem a esta é o português culto falado no 17 Brasil Sintome à vontade por fazêlo pois no momento já dois volumes da obra Gra mática do português culto falado no Brasil estão publicados e mais três são esperados Logo não é fato novo que a Academia brasileira já considera o PB como uma realidade diferenciada da do PE e nesta obra tentamos de uma forma o mais simples possível apresentar as principais linhas de investigação sobre a sintaxe do PB para um público alvo principalmente da Graduação É óbvio que devido à brevidade destas páginas pecamos com certeza na ausência de citações de trabalhos relevantes afinal nos últimos 10 a 15 anos a investigação do PB foi alvo de numerosas dissertações de mestrado teses de doutorado publicações de papers e de livros tanto no Brasil quanto no exterior Logo as notas de rodapé as indi cações de leituras complementares e as referências bibliográficas são uma tentativa de informar sobre parte desta enorme produção Tentamos ainda indicar textos relevantes sobre a gramática moderna do português europeu PE com o objetivo de mostrar ao leitor as diferenças se comparadas ao PB Não há como não mencionar a enorme contribuição de meus amigos em Portu gal brasileiros e portugueses que me fizeram aguçar a vontade de analisar e comparar o PB com o PE Este livro foi escrito em Portugal durante o segundo semestre de 2009 período de meu pósdoutorado e este fato me beneficiou enormemente pois pude ver in loco que minha gramática a brasileira não é a mesma que a dos lusitanos Aliás um lindo português de 4 anos Francisco Kiko sumarizou isto muito bem quando eu tentava infrutiferamente falar como ele em PE Kiko me respondeu Ah Você já está quase a falar português hein É com esta frase de Kiko que abro o capítulo 1 e ainda este livro Durante o período de pósdoutorado em Portugal na Universidade de Coimbra fui enormemente beneficiada pelo contato direto com o Professor John Holm O vastís simo conhecimento acadêmico do professor John sobretudo em Linguística do Con tato sua generosidade em compartilhar comigo vários trabalhos que não conhecia e sua investigação de anos sobre o PB foram sem dúvida uma contribuição enorme à escrituração deste livro Ao término deste prefácio algumas palavras sobre o caráter deste trabalho Análise sintática do português falado no Brasil não é uma gramática normativa O seu objetivo não é apresentar regras sobre o uso correto da língua Objetivamos apresentar ao pú blico universitário de modo resumido um conjunto de trabalhos que apontam para aspectos do falar dos brasileiros que precisam ser divulgados Penso que precisamos ter 18 a coragem de formar novos professores e profissionais da língua que olhem para o enorme hiato entre a língua escrita que estamos ensinando nas escolas a partir da alfabetização e a língua falada no país Em muitas escolas principalmente do Ensino Médio e ainda em muitas Faculdades e Universidades o que se contempla e se exige é a norma culta do PE sem se levar em conta que anos de estudo e pesquisa apontam para o fato de que nós brasileiros já temos a nossa própria norma Durante as páginas deste livro não desprezamos contudo os compêndios gramati cais clássicos do português brasileiro principalmente aqueles que têm se adequado aos conhecimentos linguísticos buscamos exemplos e verificamos na medida do possível o que tem sido prescrito como norma culta escrita e falada na língua portuguesa Por tanto textos como Bechara 1999 e outros estão à nossa mesa No entanto estamos cientes de que nossas gramáticas em diferentes e diversos aspectos se mostram afasta das da ciência linguística isto porque seus objetivos não são a descrição e explicação da língua em sua complexidade Eu torço para que o leitor que se aproprie deste livro faça bom uso de suas páginas Bem vindos à Análise sintática do português falado no Brasil volumes 1 e 2 Lisboa dezembro de 2009 Márcia Santos Duarte de Oliveira 19 Capítulo 1 A língua portuguesa falada no Brasil Cena em Lisboa novembro de 2009 Márcia uma brasileira encontrase em casa de sua amiga Dália portuguesa Dália está acompanhada de seu neto Francisco Kiko de quatro anos que as ouve atentamen te conversando à mesa do jantar Márcia olha para Kiko e lhe pergunta Kiko queres isto Kiko lhe responde com ar surpreso Ah Já estás quase a falar português hein Vários estudos apontam que i o português brasileiro PB não possui a mesma gramática que o português europeu PE ii a sintaxe pronominal do PB e PE é um dos tópicos linguísticos que apresenta distinções mais visíveis ver entre outros Cyrino S M L 1994 Cyrino Duarte Kato 2000 Duarte 1996 Figueiredo e Silva 1996 Galves 1987 1998 2001 Kato 1999 Kato Negrão 2000 Monteiro 1994 Negrão 1999 Nunes 2003 Tarallo 1983 Torres Moraes Ribeiro 2005 Voltando à cena que introduz este capítulo e livro apresentamos a pergunta de Márcia à Kiko abaixo em duas versões 1 Kiko queres isto português europeu 2 Kiko você quer isto português brasileiro A surpresa de Kiko ao ouvir Márcia pronunciar a sentença 1 é que de fato a sentença 1 não faz parte da gramática de Márcia e a inteligência de Kiko já havia constatado este fato À parte questões fonológicas as sentenças 1 e 2 embora similares exemplificam um distanciamento entre gramáticas 20 i no PB ocorre uma redução do paradigma de flexão veja em 2 a flexão de 3ª pessoa do singular quer concordância com elea sendo usada para a concordância de 2ª pessoa do singular pronome você ii o uso da forma pronominal você em 2 não é o mesmo que a forma você em Portu gal Em Portugal vocêtu são formas alternantes familiares mas que são usadas em situações de menos intimidade você e mais intimidade tu1 No Brasil à parte o norte do país região do Pará vocêtu não são formas alternantes de um paradigma formalinformal Kiko já ha via ouvido várias vezes Márcia falando e na interação com ele e sua avó Dália usando você iii o preenchimento pronominal da posição de sujeito em situações em que o su jeito pode ser nulo como em 1 é outra grande marca de diferenciação entre o PB e o PE Pesquisas atestam que em PB estamos cada vez mais preenchendo fonologicamente a posição de sujeito quando este sujeito é mais referencial como pronomes de 1ª e de 2ª pessoas cf Cyrino Duarte Kato 2000 Kiko já estava ouvindo há cerca de dois meses Márcia preencher a posição de sujeito como em 2 diferentemente do que ele e sua casa fariam veja sujeito nulo em 1 A inserção principalmente no português do Brasil de você e a gente no sistema pronominal criou uma série de repercussões gramaticais em diferentes níveis da língua Por derivar de uma forma nominal que leva o verbo para a terceira pessoa do singular o emprego de você na interlocução acarretou por exemplo um rearranjo no sistema pronominal com a fusão de 2ª pessoa do plural Novas possibilidades combinatórias tornaramse usuais Outra reestruturação ocorreu no paradigma verbal que perde sua riqueza em termos flexionais passando de seis para três formas básicas eu falo tuvocêele a gente fala vocês eles falam Lopes Rumeu 2007 419 É evidente que Kiko não interpretou teoricamente as diferenças entre as sentenças 1 e 2 descritas acima linguisticamente à luz de pesquisas atuais No entanto o que nos chama a atenção é que uma criança de quatro anos bastante inteligente e que já fala com fluência o PE ateste a se guinte conclusão reproduzida em 1 Em Lisboa ouvi o queixar de Fernanda uma portuguesa referindose à amiga Anos de amizade e ela ainda se refere a mim usando você 21 3 Ah Já estás quase a falar português hein Em nossa interpretação aos risos é como se Kiko dissesse Ah Finalmente Márcia já pode ser quase compreendida por nós que falamos português A cena acima entre Kiko e Márcia constituise em uma prova enunciativa de que o PE e o PB caminham para duas variedades cada vez mais distantes As variedades do português faladas em Portugal PE e no Brasil PB apresentam algumas dife renças tanto nos níveis fonético e lexical as diferenças mais facilmente apreensíveis como nos níveis morfológico e sintácticosemântico Mateus 2003b 45 Note que o fato de podermos nos entender brasileiros e portugueses não é a base para ratificarmos que somos apenas duas variantes geográficas Viaje à Portugal e verifique que por todos os lados que você ouvir o português você saberá diferenciar se ele é falado por brasileiros ou por portugueses Nós brasileiros sabemos distinguir entre uma fala portuguesa e uma fala brasileira assim como os portugueses também o sabem E o interessante é que nesta situação as diferenças internas das regiões ou de Portugal ou do Brasil são anuladas Importante ressaltar portanto que as diferenças notadas entre o PB e o PE não se dão apenas na área lexical o vocabulário e na área fonológica a pronúncia mas também na morfossintaxe e na semântica observe o diálogo entre Kiko e Márcia 1 A Língua Portuguesa A língua portuguesa espalhada por todos os continentes é a língua materna de mais de 190 milhões de pessoas ocupando o quinto lugar entre as línguas mais faladas do mundo cf Mateus 2003a 29 O português faz parte de um conjunto linguístico denominado de línguas româ nicas vários falares locais originários do latim vulgar localizados em um território linguístico hoje denominado de România A literatura atesta as seguintes línguas românicas 22 o romeno o italiano o sardo o retoromânico falado na Suíça e em algumas regiões do norte da Itália o occitano o francês o catalão o espanhol o galego e o português Ilari Basso 2006 17 A especificidade da língua portuguesa marcadamente diferenciada de outros fala res românicos se dá por volta do século VI A partir dessa época longínqua a língua falada no noroeste da Península Ibérica atual Galiza e norte de Portugal foise distanciando das variedades do latim vulgar que lhe eram vizinhas e adquiriu as características fonéticas que nos permitem identificála como o estádio primitivo da língua portuguesa Mateus 200325 A história da língua portuguesa está dividida em quatro períodos i o por tuguês antigo ii o português médio iii o português clássico iv o português moderno cf Mateus 2003a 26 Mateus op cit aponta que há transições entre um período e outro Pode dizerse ainda que entre o português antigo e médio se iniciou a separação do português e do galego e entre o português clássico e moderno se iniciou a separação do português europeu do brasileiro Mateus 2003a262 Em qualquer língua principalmente entre aquelas que atestam certa expansão que pode ser de ordem geográfica mas também social falantes nativos são capazes de perceberem variação entre falares e até mesmo mudança Neste livro abordamos o português brasileiro não como um dialeto uma variedade do português europeu mas como língua nacional a caminho de mudança completa falada por cerca de 191480630 brasileiros3 2 O grifo é nosso 3 Cf Estimativas da população para 1º de julho de 2009 23 Em línguas com larga história de expansão mundial e de mobilidade dos seus falantes nativos observase a existência de variedades que se vão progressivamente fixando e autonomizando até ser possível caracterizálas como variedades locais ou mesmo nacionais É nessa perspectiva que distin guimos entre a variedade europeia do português que designamos de português europeu PE e a variedade brasileira do português ou português brasileiro PB Faria 2003 34 2 A Questão do Português do Brasil PB O Brasil abriga o maior número de falantes do português no mundo e estudos linguís ticos descrevem e explicam mudanças sistemáticas no português brasileiro PB que dis tanciam esta língua de outras línguas românicas incluindo o português de Portugal PE Análises e hipóteses sobre o PB têm levado em conta4 i processos importantes que o Brasil atravessou durante três séculos alguns ain da em curso como o crescimento demográfico do país a urbanização e a ocupação do interior do país ii a complexidade linguística brasileira marcada em seus mais de 500 anos de história pela presença das línguas indígenas pelas línguas faladas pelos escravos africanos e as línguas européias e asiáticas faladas pelos imigrantes iii a deriva secular processos de mudança comuns a todas as línguas indoeuropéias No âmbito dessas discussões uma pergunta que pode ser feita é Há no PB características comuns que apontem para uma unidade caracterizadora que a distinga de outras variedades de português como o PE Segundo Pagotto 2007 469 4 Cf Ilari Basso 2006 6080 Pagotto 2007 463 24 Dentre os fatos que mais impressionam no português do Brasil temos que ele se caracteriza de norte a sul por um conjunto de características comuns A tão propalada unidade lingüística no Brasil é assim mais interessante não quando se tomam os falares cultos mas especialmente quando se tomam os diletos populares das mais diversas regiões É claro que há diferenças regionais entre os vários dialetos brasileiros mas chama a atenção que em todo o Brasil os diversos dialetos populares se oponham ao português erudito segundo um mesmo conjunto de traços na morfologia e na sintaxe É aqui que se localiza a unidade do português brasileiro Dado o tamanho de nosso território é claro que se torna irresistível perguntar como esta unidade se teria dado historicamente Algumas dessas características gramaticais apontadas por Pagotto op cit podem ser ressaltadas i o quadro dos pronomes pessoais ii mudanças para uma língua do tipo explicite o sujeito língua de sujeito nãonulo compare os dados 12 acima iii o processo de relativização que aponta para uma reorganização da gramática Outra característica dos falares populares do Brasil PB diz respeito à colocação dos pronomes clíticos e sua interação com outros fenômenos Logo não se tem notí cia de dialetos populares que realizem a ênclise em sentenças simples 5 como se vê em 4 Dême o livro A sentença 4 tipifica uma sentença do PE ou ainda do PB erudito Os brasileiros cultos ou não cultos diriam6 5 Me dá o livro Ainda com relação aos clíticos o PB vernacular perdeu os clíticos de 3ª pessoa Observe os dados abaixo7 PB PE 6 as frases ele tinha lido nos livros as frases tinhaas lido nos livros 7 eu vi ele na rua eu vio na rua deixa ela comigo deixaa comigo quero lhe conhecer quero conhecêlo 5 Pagotto 2007 469 6 Óbvio que a sentença 5 exemplifica uma ordem no PB falado e não no escrito 7 Mateus 2003b 47 dados 1 2 renumerados 25 Observe que em 6 o clítico de 3ª as PE é substituído por um objeto nulo representado por em 7 os clíticos de 3ª oa PE são substituídos pelas formas pronominais elea Ainda percebese que a forma clítica lo PE em 7 é substitu ída por lhe um clítico de 3ª pessoa recategorizado em PB como pronome clítico de 2ª pessoa com traços de formalidade Enfim embora seja possível que os dialetos populares divirjam quanto a determina das partes da estrutura gramatical aliás esse é um campo que precisa ser explorado há um núcleo gramatical comum É a este núcleo comum que tentam chegar trabalhos como o de Galves 1983 1984 dos quais Tarallo 1993 lança mão bem como tantos outros escritos na tradição gerativista Pagotto 2007 469 Para exemplos de fenômenos sintáticos típicos do PB a partir de textos ver Ilari Basso 2006 129133 Portanto se há então uma unidade linguística comum entre os vários diale tos brasileiros unidade esta que se opõe ao português culto concordamos com Pagotto op cit que se torna irresistível perguntar como esta unidade se teria dado historicamente Em Pagotto 2007 462 três momentos de estudos sobre a história do PB são apontados 1 segunda metade do século XIX 2 décadas de 30 e 40 do século XX 3 década de 90 do século XX Os momentos 1 e 2 de estudos sobre a história do PB são segundo o autor op cit marcados por temas nacionalistas de um lado e de outro lado por preocu pações com a manutenção de uma norma lingüística comum entre Brasil e Portugal 8 O período 3 se inscreve em um terceiro momento dos estudos sobre a história do português do Brasil em que o debate ressurge com o desenvolvimento da sociolingüística no Brasil e do próprio renascer 8 Pagotto 2007 462 26 dos estudos diacrônicos e tipológicos em diversas partes do mundo Podese dizer que é um recolocar de problemas aparentemente mais neutro Pagotto 2007 462 Tarallo 1983 1993 são textos importantes deste terceiro momento da história do PB Ta rallo 1993 50 afirma que quanto ao PB e PE estas variedades encontramse na verdade a tal distância sintática que seria muito incomum se seus caminhos tornassem a se cruzar A tradição linguística brasileira até então tem sido a de comparação entre PB e PE No Brasil a maior parte dos estudos sobre a caracterização do PB desenvolvese dentro de uma metodologia contrastiva em que a identidade deste é evidenciada em comparação com o português europeu PE tanto de um ponto de vista sincrônico quanto diacrônico Petter 2008b 8 No entanto a tentativa de explicar os fatos linguísticos que apontam para uma uni dade do PB tem levado os estudiosos além de examinar as diferenças entre o PB e o PE a examinar o vasto fenômeno de contato linguístico que se deu no Brasil Não há como não atestar a participação de línguas indígenas africanas e mais recentemente outras línguas européias e ainda asiáticas na constituição do PB A seguir centrados em Petter 2008a discorremos sobre a percepção do contato das línguas africanas com o português falado no Brasil 21 A Percepção do Contato de Línguas Africanas LAs com o Português Falado no Brasil9 Petter 2008a 12 apresenta marcos da literatura sobre aspectos do contato de línguas afri canas com o português falado no Brasil como se vê abaixo 11 Renato Mendonça 1933 e Jaques Raimundo 1933 propõem que a maior parte das características do PB pode ser explicada pela influência das lín guas africanas sobretudo as línguas kimbundu e yoruba 9 O título desta subseção pautase em Petter 2008a 1 12 Melo 1946 Silva Neto 1963 1950 e Elia 1979 1940 reexamined the African influence and introduce the hypothesis of creolization in the debate Following is the debate on creolization and its main contention through the proposal of secular derivation 211 The Creolization versus Deriva Debate Two hypotheses have marked the body of research on the history of PB They deal with the concepts of creolization and derivation The concept of creolization is within the context of perception of the contact of African languages with Portuguese and the concept of derivation presents a counterproposal to the proposal of creolization 2111 Creolization Guy 1981 1989 Holm 1987 and Baxter 1992 are classic texts about the hypothesis that PB has resulted from the phenomenon of creolization Two proposals relate to the spread of Portuguese in Brazil linked to the question of creolization cf Pagotto 2007 470 i Portuguese in contact with indigenous languages in São Paulo underwent strong dialectal variation and spread throughout Brazil following the trails of the Bandeirantes ii In Brazil various creoles were formed at various points and given the genesis of these creole languages in general would still preserve traces in common Therefore the hypothesis of creolization and pidginization is a widely discussed hypothesis on the agenda of researchers in the historiography of PB Pagotto 2007 refers to the processes of the formation of pidgins and creoles which helps us summarize this intriguing linguistic phenomenon 29 atlântica fula fulfude uolofe manjaco balanta mandê sobretudo o mandinga bambara maninca diúla gur subfamília gurúnsi cuá sugrupo gbe eve fon gen aja designadas pelos termo jeje no Brasil ijóide ijó benuêcongolesa defóide falares iorubás designados no Brasil pelo termo nagôqueto edóide edo nupóide nupe tapa ibóide ibo CrossRiver efique ibíbio afroasiático chádica hauçá nilosaariano saariana canúri As línguas austrais bantas formaram o maior número de falantes cativos no Brasil e são tipologicamente homogêneas Estão limitadas à costa oeste africana atuais repúblicas do Congo República Democrática do Congo e Angola cf Bonvini 2008 3031 H 10 congo quicongo quissolongo quissicongo quissansala quizombo quisuundi falada pelos bacongos numa zona correspodente ao antigo Reino do Congo e quivíli iuoyo fiote quiombe faladas em Cabinda e em Loango H 20 quimbundo falada pelos ambundos na região central de Angola correspon dente ao antigo reino de Ndongo quissama quindongo H 30 iacaholo yaca imbangala chinji K 10 chôkue ichôcue ochinganguela chilucazi luena luvale L 30 luba chilubacassai lulua L 50 lunda chilunda urunda P 30 macua omacua R10 umbundo falada pelos ovimbundos na região de Benguela em Angola um bundo olunianeca R 20 cuaniama indonga ochicuaniama cuambi R 30 herero ochiherero 1 Pidgins and creoles are languages that arise in situations of colonization where the contact is plurilingual speakers of different languages take the colonizers language as a source 2 What differentiates a pidgin from a creole is the fact that the latter is the first speakers mother language The pidgin would be therefore a more emergent language than the creole since it registers in cases where it persists longer as long as the social conditions propitiate its permanence 3 Creoles not always pidgins arise in insular communities The exceptions two or three explain either due to great isolation even on the continent or due to having been the creole transplanted after having been formed on some island 4 In both pidgins and creoles a series of simplifications in verbal and nominal morphology are observed compared to the dominant language 5 In addition to the aforementioned morphological losses pidgins and especially creoles operate processes of regrammaticalization of forms both from the dominant language and the substrate languages to address diverse grammatical processes Both these characteristics and the simplifications mentioned above are attributed to the influence of the languages that formed the substrate or to diverse linguistic processes Pagotto 2007 472 30 O fato do número de línguas aportadas no Brasil parecer reduzido em relação à quanti dade total de LAs pode ser explicado segundo Bonvini op cit pela razão de que até o fim do século XVIII o interior da África permaneceu praticamente desconhecido os europeus só frequentavam até então as costas africanas de onde recrutavam a mão de obra escrava Há que se observar no entanto que das LAs atestadas no Brasil três tiveram um papel de destaque i quimbundo século XVII ii eve fon língua geral da mina século XVIII iii ioruba século XIX Porém essas línguas revelam nos dizeres de Bonvini 2008 59 um jogo de alternâncias e contatos lingüísticos em que as línguas africanas exerceram sucessivamente um papel cada vez menos determinante em face daquele preenchido pela língua portuguesa Elas passaram de um estatuto inicial de língua plena e generalizada quimbun do primeiro ao de língua veicular e pidginizada mina em seguida ao de língua veicular ioruba geograficamente circunscrita e limitada a um contexto plurilíngüe e africano para acabar numa fase de extinção progressiva por falta de renovação suficiente de seus falantes so brevivendo finalmente apenas em lugares confinados sob forma de línguas cultuais ou secretas O confinamento das LAs no Brasil a partir do final do século XIX está relacionado a dois fatos importantes i à abolição da escravatura em 1888 ii à cultura do café que redistribuiu geograficamente os exescravos e seus descendentes cf Bonvini 2008 50 As LAs passaram a ser faladas apenas como uso interno de grupos específicos i grupos religiosos e ii comunidades negras isoladas conhecidas como comunidades quilombolas Sobre línguas cultuais e línguas secretas que sobrevivem em comunidades qui lombolas ver Bonvini 2008 5152 Levandose em conta três séculos de tráfico negreiro no Brasil é mais que legítimo que especialistas linguistas etnolinguistas filólogos e outros lançassem hipóteses sobre a re lação de LAs aportadas no Brasil com o português brasileiro PB Logo desde o início do século XIX vêse na literatura a atenção de estudiosos voltada para as possíveis conexões entre o PB e as LAs As relações PB e LAs são pressupostas afirmadas negadas por meio de um amplo debate que no século XX é ratificado em torno de três expressões largamente emprega das na literatura influência semicrioulização e crioulização 31 Esse debate que já conta com mais de um século está longe de acabar As formulações suces sivamente propostas umas depois das outras modificadas ou rejeitadas fazem transparecer o caráter claramente indeciso do caminho assim como a incerteza quanto aos resultados Tudo não parece ultrapassar o estágio das hipóteses Impõese por conseguinte a necessidade de um prosseguimento da pesquisa desde que ela seja conduzida por novas perspectivas teóricas e sobretudo por dados suplementares devidamente estabelecidos Bonvini 2008 21 A hipótese da crioulização do PB tem estado sobre grande debate Muitos linguistas que a combate defendem que o PB seja resultado de mudanças paulatinas na língua a partir de mudanças em comum em todo o tronco das línguas indoeuropéias 2112 A Deriva Secular Os proponentes da deriva secular afirmam que as línguas se desenvolvem a partir de mudanças internas e paulatinas Veja a citação abaixo que apresenta um aspecto da hipótese da deriva para o PB o português brasileiro seria apenas a continuação natural e gradual do processo de mudan ça que é comum a todas as línguas indoeuropéias e que no caso do português encontra eco nas perdas morfológicas do latim Pagotto 2007 463 Naro Scherre 1993 2007 são os principais defensores de que o PB seja parte da deriva secular do português não tendo sido constituído portanto por um processo de crioulização Sobre deriva versus crioulização ver Quint 2008 No âmbito das investigações sobre a participação de línguas africanas na constitui ção do PB Petter 2008 propõe a existência de um continuum afrobrasileiro de portu guês enfocando as variedades de português formadas na África e no Brasil A língua portuguesa chegou primeiro à África e quando aportou na América já trazia marcas do contato com línguas africanas Por outro lado o português que foi para Angola e Moçam bique no século XIX já estava marcado pela convivência brasileira de três séculos Holm 2004 aponta o português brasileiro que denomina de Brazilian Vernacular Portuguese Português Brasileiro Vernacular como uma língua de reestruturação parcial Além do PB mais quatro variedades linguísticas recebem a denominação de línguas de reestruturação parcial i Nonstandard Caribbean Spanish Espanhol Caribenho Não Padrão ECNP ii African American English Inglês Afroamericano IA iii Afrikaans e Vernacular Lects of Réunionnais French Francês Vernacular de Reuniões FVR Essas línguas reestruturadas a partir do português espanhol holandês e francês respectivamente não são segundo Holm op cit línguas crioulas No entanto não são meras variedades de suas línguas fontes As línguas parcialmente reestruturadas se distinguem das variedades de línguas que são suas línguas fontes e que não são reestruturadas o PB se distingue do PE ECNP se distingue do espanhol IA se distingue do inglês Afrikaans se distingue do holandês FVR se distingue do francês Segundo Holm PB ECNP IA Afrikaans e FVR são ainda variedades distintas de variedades além mar não reestruturadas do português espanhol inglês holandês e francês Exemplo o inglês de Ontário o holandês extinto de Nova Iorque e Nova Jersey o português da Madeira o espanhol do Chile ou o francês de Quebec Holm 2004 135 tradução PB ECNP IA Afrikaans e FVR se diferem ainda de línguas crioulas línguas completamente reestruturadas Exemplo crioulo inglês da Guiana o extinto crioulo holandês das Ilhas Virgem o crioulo português de GuinéBissau o crioulo espanhol Palenquero ou o crioulo francês da Mauritânia Holm 2004 135 tradução 33 Assim embora línguas parcialmente reestruturadas sejam claramente relacio nadas a línguas completamente reestruturadas línguas crioulas há fatores sociais e linguísticos que definem as línguas parcialmente reestruturadas O fator social mais importante segundo a literatura que determinou a estru tura das línguas parcialmente reestruturadas foi o balance demográfico durante o primeiro século de desenvolvimento da nova língua entre falantes nativos versus falantes nãonativos Para Holm 2004 136 traduzido A reestruturação parcial de línguas ocorreu em novas sociedades onde nenhum grupo nem falante nativo nem falante nãonativo que no começo significava nem europeu nem não europeus foi numeroso o suficiente para suplantar o outro grupo culturalmente O modelo de língua reestruturada parcialmente como se vê em Holm op cit pressupõe uma população que possui línguas maternas x y z mudando para uma língua alvo B tipologicamente distinta e essa língua alvo é um amálgama de varie dades em contato incluindo línguas completamente reestruturadas Essa mudança paulatina em direção à língua alvo tem que ter ocorrido ainda sob circunstâncias sociais que restringiram parcialmente o acesso a ela como o que ocorre normalmen te com uma população de falantes nativos minoritários ou falantes nativos majoritá rios mas fracos cf Holm 2004 143 No Brasil a emergência de uma língua parcialmente reestruturada se explicaria então por uma situação linguística bastante heterogênea marcada principalmente nos dois primeiros séculos de nossa colonização i Língua Geral O colonizador português ao alcançar o Brasil encontrou uma situação diferente da de outros lugares onde línguas totalmente reestruturadas línguas crioulas se orga nizaram As ilhas de São Tomé e Príncipe e Cabo Verde por exemplo eram totalmente desabitadas quando os portugueses lá chegaram e logo as povoaram com escravos tra zidos da costa oeste africana No Brasil os portugueses encontraram uma costa habi tada por indígenas falantes de variedades do Tupi À medida que os portugueses iam estabelecendo contato com os diversos grupos indígenas pela vasta costa brasileira eles iam acrescentando novas palavras a uma língua franca que emergia com vocabulário 34 Tupi comum Nascia a Língua Geral uma koine termo que se refere geralmente a uma língua aprendida além de seus falantes nativos para o comércio e outras interações mais extensas que durante os primeiros dois séculos de colonização foi a língua principal de três quartos da população brasileira Há que se notar que mesmo em meio à expansão da Língua Geral expandiase também o bilinguismo em português ii Falantes de Línguas do Oeste da África Possivelmente muitos dos escravos trazidos da África tiveram que aprender ao lado do por tuguês a Língua Geral Logo segundo Holm 2004 48 traduzido durante a primeira geração linguisticamente crucial da Colônia houve pouca oportunidade para uma variedade do português completamente reestruturada estabelecerse entre os escravos africanos a menos que eles já tivessem trazido essa língua com eles da África Sobre as línguas africanas que foram transplantadas para o Brasil ver subseção 21111 iii Variedade Não Reestruturada do Português de Influência Tupi Se os africanos aprenderam primeiro a Língua Geral como segunda língua e seus descendentes a aprenderam como língua materna eles mais tarde mudaram para uma variedade não reestruturada do português uma variedade não crioula de influência Tupi Isto ocorreu com o resto da população durante o século XVIII que estabeleceu esse português como uma segunda língua para ser aprendida por escravos recém chegados da África cf Holm 2004 48 iv Variedade Reestruturada do Português Falado nas Plantações de Açúcar Segundo Lucchesi 2000 42 a expansão da língua portuguesa no Brasil até o século XVIII ocorreu paralelamente à expansão das sociedades de plantação de cana de açúcar Evidências de que uma variedade do português fortemente reestruturada tenha sido a língua da costa brasileira onde se plantava açúcar em vez da Língua Geral pode ser 35 deduzida do fato de que muitos dos primeiros plantadores portugueses e seus escravos vieram para o Brasil via São Tomé Holm 2004 51 traduzido Os portugueses se estabeleceram em São Tomé desde o seu descobrimento em 1470 e lá nasceu junto ao cultivo da cana de açúcar uma variedade crioula do português Na segunda metade do século XVI uma rebelião seguida de ataques destruiu a economia da ilha obrigando os portugueses a abandonála vindo muitos para o Brasil Logo o português transplantado para muitas das sociedades canavieiras já era um português com forte influência da língua crioula são tomeense Para maiores detalhes sobre os fatos linguísticos e sociais presentes em línguas par cialmente reestruturadas como o PB ver Holm 2004 Retomando as palavras de Bonvini 2008 21 sobre o debate crioulização versus não crioulização um trecho nos chama bastante a atenção Tudo não parece ultrapassar o estágio das hipóteses Impõese por conseguinte a necessi dade de um prosseguimento da pesquisa desde que ela seja conduzida por novas perspectivas teóricas e sobretudo por dados suplementares devidamente estabelecidos A hipótese de Reestruturação Parcial de Línguas de Holm 2004 é um novo olhar sobre o PB sem contudo abandonar a hipótese da participação de línguas africanas línguas do substrato na constituição de nossa língua Um maior número possível de informações sociais e linguísticas devem ser levantados a fim de providenciar uma real base teórica que abarque os fatos conhecidos até então sobre línguas parcialmente reestruturadas como o PB Uma importante área de investigação são as comunidades afrobrasileiras 2121 O Estudo Linguístico de Comunidades Afrobrasileiras Segundo Oliveira Fernandes Manuscrito A Constituição Federal de 1988 trouxe os quilombos para a agenda das políticas públi cas ao instituir o direito de posse de terra aos remanescentes de comunidades quilombo 36 las O termo remanescente de quilombos desde o início foi motivo de grande debate atualmente é consensual que Comunidades afrobrasileiras com direito a posse de suas terras não são necessariamente comunidades i que se inserem em sítios arqueológicos comprovadamente ligados a quilombos da época da escravidão ii isoladas ou de população estritamente homogênea iii que têm obrigatoriamente de ter se constituído a partir de movimentos de insurreição Comunidades afrobrasileiras com direito a posse de suas terras são comunidades i que se autoidentificam como um grupo étnico distinto do restante da sociedade Nesse sentido a autoidentificação étnica não se reduz por exemplo a cor de pele há que se levar em conta que a mis cigenação é uma característica importante na constituição étnica das inúmeras sociedades que formam o mosaico cultural brasileiro É notório o conjunto de pesquisas em afrobrasilidade que vêm sendo realizadas no Brasil ligadas i às Ciências Humanas Antropologia Sociologia História Linguística ii à geografia e caracterização cartográfica das comunidades quilombolas no país iii aos órgãos de defesa e promulgação das identidades afrobrasileiras No entanto estudos linguísticos de comunidades quilombolas ainda são escassos O Grupo de Trabalho da Diversidade Linguística no Brasil GTDL órgão ligado ao Ministério da Educação e Cultura ao solicitar informações linguísticas sobre comunidades quilombolas à Fundação Cultural Palmares e ao Instituto Nacio nal de Colonização e Reforma Agrária INCRA constatou a inexistência do quesito linguístico nos laudos antropológicos já realizados Decidese que é necessário um inventário de comunidades afrobrasileiras a fim de que se tenha um real conhe cimento da realidade linguística dessas comunidades que não são poucas No norte do Brasil por exemplo há dezenas de comunidades já reconhecidas pelo Governo no entanto sem nenhum estudo linguístico Em 2009 o GTDL aprova o projetopiloto Inventário Linguístico de Comunidades Afro brasileiras Minas Gerais e Pará que objetiva verificar a permanência de línguas africanas em co munidades afrobrasileiras conhecidas como quilomboscomunidades quilombolas Objetivase 1 ratificar que o português brasileiro PB constitui uma unidade linguística inserida dentro do quadro das línguas românicas cf entre outros Roberts Kato 1996 Castilho et AL 2007 Noll 2008 2 atestar possíveis traços linguísticos da participação de línguas africanas na constituição do PB cf Projeto CAPESCOFECUB nº 51105 A participação das línguas africanas na constituição do português brasileiro Petter Caron 2005 Fiorin Petter 2008 Um dos estudos que precisa ser levado em conta relacionado ao PB tratase do levantamento de toda a complexidade linguística brasileira e nesse quadro a compreensão dos falantes de comunidades afrobrasileiras não pode de forma alguma ser negligenciada Um estudo linguístico bastante divulgado pela comunidade científica é o divulgado em Baxter 1992 sobre Helvécia uma comunidade afrobrasileira de descendentes de escravos no sul da Bahia Baxter op cit aponta traços morfossintáticos no falar de seus habitantes que não são encontrados na maioria de outros dialetos rurais i uso das formas da 3ª pessoa do singular do presente do indicativo para indicar estados e ações pontuais e contínuas que se situam no passado ii uso variável de formas da 3ª pessoa do singular do presente do indicativo em contextos em que normalmente se usam formas do infinitivo iii marcação variável da 1ª pessoa do singular iv dupla negação v variação de concordância de número e gênero do SN vi orações relativas não introduzidas por pronome vii presença variável do artigo definido em SN de referência definida Para Baxter op cit Helvécia corrobora a hipótese de que o PB tenha sido resultado de crioulização prévia No entanto Helvécia é um caso bem específico e isolado O importante é que o maior número de comunidades afrobrasileiras sejam linguisticamente estudadas Sem dúvida elas podem auxiliar a corroborar senão a crioulização prévia hoje bastante negada pelos linguistas brasileiros a hipótese de ser o PB uma língua que sofreu reestruturação parcial Sobre o português afrobrasileiro ver Lucchesi Baxter Ribeiro 2009 Fernando Tarallo 1993ab retoma o debate sobre a crioulização do PB A divulgação de seu texto On the alleged creole origin of Brazilian Portuguese untarget syntactic changes apresentado no workshop Creole Located in Time and Space LSA Institute CUNY Nova York 1986 ver Tarallo 1993a veicula novas e fortes contestações à hipótese da crioulização i se o português brasileiro tivesse de fato se originado de um crioulo de base lexical portuguesa deveria estar agora em fase de descrioulização seguindo na direção da língua alvo o português europeu PE ii as evidências de mudanças sintáticas no PE apontam no sentido de distanciamento do PE iii Tarallo conclui afirmando que a rigidez da língua escrita padrão tem mantido as variedades do PE e PB muito próximas Foram as gramáticas faladas que tomaram rumos diferentes Tarallo embasado em pesquisas dentro da Sociolinguística Variacionista aponta que é na passagem do século XIX para o século XX que ocorrem grandes mudanças quantitativas no Brasil ver Tarallo 1993b Para o autor op cit essas mudanças já vinha ocorrendo há muito no entanto é somente no período acima mencionado que diversas circunstâncias sociais permitem o aforar de uma gramática brasileira diferenciada da gramática do português europeu PE A gramática falada brasileira será o foco de pesquisas em várias capitais do Brasil em fins da década de 80 A partir de 1987 se iniciam os trabalhos relacionados a um projeto auspicioso a Gramática do Português Culto Falado no Brasil Castilho 2002 marca a publicação dos primeiros resultados do Projeto de Gramática do Português Falado Este projeto objetiva que se chegue a uma gramática referencial da variante culta do português falado no Brasil A partir dos anos 60 pesquisadores afiliados a diversas instituições brasileiras iniciaram uma documentação descrição e análise sobre a língua falada levando em con ta as características do acervo do Projeto NURCBrasil Norma Linguística Urbana Culta Os dados para uma futura gramática partem da documentação coleta das seguintes capitais brasileiras Recife Salvador Rio de Janeiro São Paulo Belo Horizonte Porto Alegre Campos Oliveira 2008 chamam a atenção para a representação das regiões sudeste sul e nordeste do país e uma ausência marcante das regiões norte e centrooeste Como forma de organização de trabalho a fim de se chegar a um plano geral da gramática os pesquisadores do projeto foram distribuídos em GTs grupos de trabalho que hoje espelham a organização dos cinco volumes da gramática 1 Fonética e Fonologia 2 Morfologia Derivacional e Flexional 3 Sintaxe das Classes de palavras 4 Sintaxe das Relações Gramaticais 5 Organização TextualInterativa cf Castilho 2006 12 Em 2000 iniciouse a consolidação dos ensaios e teses publicados resultando o 1 volume da Gramática do Português Culto Falado no Brasil daqui em diante GPCFB cf Jubran Kock 2006 Ilari Moura Neves 2008 são o segundo volume publicado da gramática que prevê ainda mais três volumes O públicoalvo da GPCFB é o público universitário professores de português do curso médio alunos e professores dos cursos de Graduação e PósGraduação em Letras e Linguística pesquisadores pósgraduados interessados nos desenvolvimentos da língua portuguesa ocorridos no Brasil na passagem do século XIX para o século XX Sobre origens latinas do português e linguística histórica ver leituras complementares capítulo 1 ao final deste livro Sobre português brasileiro ver leituras complementares capítulo 1 ao final deste livro Sobre o projeto Gramática do Português Culto Falado no Brasil ver leituras complementares capítulo 1 ao final deste livro 40 4 Considerações Finais Neste capítulo foram abordadas breves considerações sobre as propostas e formação do português do Brasil considerando hipóteses como as abordagens de crioulização e deriva Relembrando as palavras do Professor Bonvini Tudo não parece ultrapassar o estágio das hipóteses no entanto fazse ne cessária a necessidade de um prosseguimento da pesquisa desde que ela seja conduzida por novas perspectivas teóricas e sobretudo por dados suplementares devidamente estabelecidos Tratamos sobre a Gramática do Português Falado no Brasil e enfatizamos que neste livro a análise sintática proposta enfoca a gramática do português culto falado no Brasil Consideramos este fato importante pois é a fala dos cultos que pode apontar para uma norma imprescindível a qualquer comunidade linguística que detém a escrita Chamamos a atenção para o fato de que o termo PB neste livro referese principal mente à variedade brasileira mais amplamente descrita a da região sudeste do país abran gendo os estados do Rio de Janeiro e São Paulo e ainda a pesquisas corroboradas por dados do NURC Norma Urbana Culta Nos próximos capítulos desconsideramos abordagens introdutórias sobre sin taxe gramática como i gramática tradicional normativa ii conceitos do tipo certo errado iii definições sobre sintaxe iv história da disciplina etc por en tendermos que nosso públicoalvo já foi introduzido a cursos de Introdução à Lin guística e que portanto esta abordagem seria repetitiva 41 Capítulo 2 Formalismos em linguística e análise sintática formal do português falado no Brasil 1 Formalismos em Linguística Neste livro o estudo da análise sintática do português falado no Brasil está apoiado em um arcabouço formal conhecido como Gramática Gerativa Nesta seção objetiva mos i tornar clara a expressão estudos formais em sintaxe ii ratificar que o modelo teórico gerativo não é o único modelo formal em estudos sintático gramaticais Portan to queremos deixar claro que apesar de estarmos seguindo o modelo teórico gerativo não advogamos que formalismo em sintaxe seja sinônimo de gerativismo Pelo contrário concordamos que fora do arcabouço gerativista há outros formalismos em linguística 11 Estudos Formais e Ciência Sobre o termo formalformalismo nos remetemos às ciências contemporâneas Dessa forma situamos o linguista e sua prática qualquer que seja ela sintaxe morfolo gia fonética fonologia pragmática semântica na prática científica O conceito de ciência e o de método científico têm sido controversos ao longo do tempo Já foi proposto um método científico unificado que hoje não é bem visto pois a metodologia em Ciências Exatas e Humanas por exemplo tem se mostrado diferentes A tendência tem sido a aceitação de uma multiplicidade de métodos de investigação científica Logo perguntamos que características fundamentais atribuem cientificidade ao estudo linguístico Segundo Lobato 1986 25 As características de aceitação geral são exigência de comprovação empírica caráter não preconceituoso caráter explicativo e caráter explícito A seguir definimos de acordo com Lobato op cit essas características i Comprovação empírica a característica científica de comprovação empírica relacionase à exigência de que qualquer hipótese teórica proposta seja comprovada por dados ii Caráter nãopreconceituoso a característica científica de caráter nãopreconceituoso diz respeito à eliminação de conceitos como certoerrado a língua literária é a melhor variedade de uma língua etc iii Caráter explicativo a característica científica de caráter explicativo diz respeito novamente à exigência de veracidade empírica para se propor hipóteses teóricas Não sendo confirmada uma hipótese inicial por esta não ter sido validada por um dado esta é reformulada até que se chegue a uma proposta que cubra todos os fenômenos sob análise iv Caráter explícito a característica científica de caráter explícito é definida por Lobato 1986 27 o caráter explícito da lingüística diz respeito à exigência de definição clara precisa coerente e pormenorizada dos pressupostos teóricos da análise assim como dos termos nela usados e de caracterização detalhada de todas as fases da argumentação inclusive as intermediárias Essa característica também esteve de modo geral ausente dos estudos da gramática tradicional Um bom exemplo de problemas de conceituação ligados à característica científica de caráter explícito é fornecido por Eunice Pontes Pontes 1986 nos Capítulos 5 e 6 O problema dos conceitos em geral e O conceito de sujeito entre falantes apresenta 43 o difícil problema do conceito de sujeito partindo do português coloquial brasileiro tal como é falado no diaadia por pessoas da classe culta O caráter científico da linguística só passou a ser creditado a partir da publicação do Cours de Linguistique Générale Curso de Linguística Geral 1916 de Ferdinand de Saussurre que marca o início dos trabalhos linguísticos conhecidos como Estrutura lismo O texto clássico de Saussure pode ser lido em português ver Saussurre 1985 Sobre Estruturalismo e os Estudos PréSaussurianos ver sugestão de leitura em leituras complementares capítulo 2 ao final deste livro 12 Diversos Formalistas em Sintaxe Gramática Duas grandes correntes de estudos sintáticogramaticais são bem atestadas no mundo acadêmico Gerativismo e Funcionalismo Registramos nesta subseção o que consideramos ser um equívoco que se pronuncia em nossas escolas de nível superior em Universidades e em textos escritos no Brasil Tratase da disputa entre estudos estudiosos gerativistas versus funcionalistas o termo formal é endereçado apenas aos estudos gerativistas Em 11 ao enfatizarmos que todo estudo linguístico é formal concordamos com um grupo de acadêmicos que não corrobora a idéia de que somente os estudos sintático gramaticais dentro do quadro gerativista são formais científicos Segundo Roberta Oliveira A disputa formalismo gerativismo versus funcionalismo não apenas encobriu os consensos que constituem a base do conhecimento como também ofuscou a existência de modos nãogera tivistas de ser formalista e que são certamente compatíveis com as teses do funcionalismo Oliveira 2004 229 Portanto como a disciplina sintaxe tem sido estudada no Brasil por grandes ex poentes dessas duas correntes teóricas queremos logo de início deixar claro que nossa opção pelo enfoque gerativista neste livro não está relacionada ao fato de considerarmos os estudos funcionalistas como estudos não formais Afirmar isto seria demonstrar um desco nhecimento básico dos estudos funcionalistas A chamada Gramática Funcional por exem plo desenvolvida por Simon Dik é um forte exemplo de formalização linguística dentro do arcabouço funcionalista ver Pezatti 2004 199213 44 Sobre Funcionalismo ver sugestão de leitura em leituras complementares capí tulo 2 ao final deste livro É preciso dizer ainda que mesmo assumindo uma opção teórica gerativista nes te texto centrado na sintaxe do português falado no Brasil não podemos descon siderar os significativos estudos que vêm sendo empreendidos sobre o português brasileiro dentro do quadro funcionalista O Projeto da Gramática do Português Culto Falado no Brasil reúne há anos pesquisadores funcionalistas bem como gerativistas Para detalhes so bre o projeto Gramática do Português Culto Falado no Brasil e seu quadro de pesquisadores e pesquisas ver sugestão de leitura em leituras complementares capítulo 1 ao final deste livro Portanto nossa opção pela formalização gerativista na disciplina de sintaxe não está centrada no fato de considerarmos o modelo gerativo como a única maneira formal de se fazer sintaxe Nossa opção por este modelo resumese por i a teoria gerativa ser mentalista ii a embalagem teórica gerativa em sua versão de Princípios e Parâmetros PP ser eficiente e clara para os propósitos a que nos destinamos neste livro Logo ratificamos as palavras de Everett 1992 14 a escolha de uma teoria lingüística física etc é relativamente arbitrária em termos empíricos Essa escolha é mais metafísica Escolhi uma teoria mentalista porque meus objetivos são mais mentalistas A teoria gerativa tem para mim a embalagem mais bonita de todas as teorias mentalistas Ao falar em embalagem não quero dizer que minha escolha seja trivial Pelo contrário acho que a maneira em que uma determinada teoria organiza o universo sua ontologia suas formalizações e sua embalagem estilo e forma de apresentação entre outras coisas são aspectos importantes na escolha desta teoria Após esta introdução sobre a opção pelo enfoque formal gerativista neste texto sobre sintaxe do português passamos a uma breve exposição sobre a Gra mática Gerativa 2 Gramática Gerativa o Estudo da Sintaxe com Estatuto de Disciplina Autônoma Na história recente da linguística verificase uma grande discussão que vem dividindo a comunidade acadêmica Tratase do desacordo sobre a autonomia da sintaxe Gerativistas afirmam que a sintaxe é um sistema autônomo isto é a sintaxe uma máquina que gera sentenças bem formadas independente da semântica e certamente da pragmática e tem um modo de operar característico assim como o figado tem um funcionamento próprio A sintaxe é assim um módulo independente logicamente anterior e mais central que a semântica Funcionalistas acreditam que a sintaxe é resultado dos usos e funções a que a língua serve Só há sintaxe porque há semânticapragmática Logo gerativistas advogam que a sintaxe seja autônoma funcionalistas advogam que a sintaxe só existe porque há semânticapragmática Neste texto assumimos a tese da autonomia da sintaxe sem entrarmos em discussões teóricas sobre o fato Apenas entendemos que esta abordagem nos ajuda a isolar nosso objeto de estudo a sintaxe tratandoo na medida do possível sem interferência de outros aspectos da língua Note que não estamos com isso dizendo que a fonética fonologia morfologia semântica e pragmática não são partes dos estudos de uma língua A seguir apresentamos alguns pontos importantes relacionados à teoria da gramática de base gerativista 46 21 As Propriedades da Linguagem Humana Segundo Noam Chomsky Embora tenha tido toda a sua formação linguística dentro do estruturalismo americano sobretudo a linha representada por Leonard Bloomfield Avram Noam Chomsky tornouse um ferrenho adversário da análise linguística behaviorista desta escola de linguística O processo de aquisição de língua é um dos principais pontos de divergência entre a linguística estruturalista e a chomskiana Para os estruturalistas a aquisi ção de língua estava atada a princípios uniformes de aprendizagem de assimila ção de indução característicos da escola da Psicologia chamada Behaviorismo Para Chomsky a aquisição de língua é parte da natureza da mente humana Nessa perspectiva a linguagem não é uma conseqüência da comunicação não é um sistema de comunicação sofisticado antes ela surge de uma mutação genética que permitiu ao indivíduo a possibilidade de organizar melhor sua vida mental tornandoo mais apto Que a linguagem sirva a comunicação é uma conseqüência inesperada de termos linguagem mas não essencial Oliveira 2005 225 226 Daí dizerse que a teoria gerativa é mentalista os comportamentos lingüísticos efetivos enunciados são ao menos parcialmente determi nados por estados da mente cérebro Borges Neto 2005 96 Segundo Chomsky a faculdade da linguagem humana é um subconjunto de um conjunto de órgãos mentais Os sistemas mentais compartilham uma série de características com os siste mas físicos e como estes devem ser vistos como parte do dote genético do homem Podem ser estudados nas mesmas bases em que se estudam os órgãos físicos de maneira modular pois são diferentes entre si não homogêneos e organizados segundo princípios a eles específicos A faculdade da linguagem encontrase nas línguas reais em interação com os de mais órgãos mentais Alguns destes órgãos além do da faculdade da linguagem seriam a compreensão matemática a habilidade de identificar traços da personalidade dos in 47 divíduos a partir de breves contatos a habilidade artística características ligadas à visão como a perspectiva por exemplo etc 211 A Abordagem Modular da Mente A abordagem modular da mente prevê i um estado inicial da mente fixo geneticamente determinado comum à espécie com no máximo pequenas variações à parte casos patológicos denominado Gramática Universal GU ii um estado estável chamado Gramática Nuclear GN que se dá após uma sequ ência de estados sob as condições limitadoras impostas pela experiência Logo a habilidade de falar uma língua pode ser vista através do esquema abaixo GU Experiência Habilidade para falar aquisição de GN que demonstra que para uma criança adquirir a habilidade de falar um idioma GN além de nascer dotada geneticamente de GU precisa ser exposta a este idioma Exposição à Língua Y Ativa a experiência da Língua y O modelo gerativista apresenta à primeira vista um aparente paradoxo i as lín guas do mundo são em essência idênticas porque todas são fruto de um mesmo código genético ii é sabido que as línguas humanas apresentam diferenças No entanto Nosso modelo tem uma solução para este aparente paradoxo articulada a partir de duas noções Princípios e Parâmetros A faculdade da linguagem é composta por princípios que são leis gerais válidas para todas as línguas naturais e por parâmetros que são propriedades que uma língua pode ou não exibir e que são responsáveis pela diferença entre as línguas Uma sentença que viola um princípio não é tolerada em nenhuma língua natural provavelmente porque tem a ver com a forma como o cérebro a mente da espécie funciona uma sentença que não atende a uma propriedade paramétrica pode ser gramatical em uma língua e agramatical em outra Mioto et al 2004 24 Para um exemplo de princípio e de parâmetro ver Mioto et al 20022425 Um dos parâmetros mais discutidos na teoria da gramática é chamado de Parâmetro do Sujeito Nulo o fato de o sujeito poder ou não ser nulo foneticamente não pronunciado em sentenças finitas O português culta falado no Brasil vem apresentando evidências de mudança deste parâmetro sob comparado ao português europeu No capítulo 3 descrevemos o Parâmetro do Sujeito Nulo Com Chomsky e sua teoria da linguagem a linguística toma novos rumos Agora não se trata mais de dizer o que é que os estudos da mente humana podem dizer acerca da faculdade da língua humana mas sim o oposto os estudos da faculdade da língua podem aclarar sobre a própria natureza da mente A noção é a de que o conhecimento que o falante nativo tem da sua língua é um conhecimento inato organizado a partir de um rico sistema de princípios que impõe limites na variação possível entre as línguas sendo por isso mesmo chamado de esquema restritivo Essa matriz biológica que fornece o arcabouço em que o desenvolvimento da língua pode ser feito vem sendo denominada de gramática universal GU Ao argumentar sobre as propriedades da linguagem humana Chomsky substitui a clássica dicotomia línguafala de Saussure por competênciadesempenho como se vê a seguir 2111 Competência e Desempenho Segundo Ferdinand de Saussure a faculdade da línguagem humana apresenta a seguinte dicotomia 1 língua e 2 fala langueparole cf Saussure 1985 2628 Língua língualinguagem referese ao sistema de língua coletivo a uma comunidade de fala fala referese aos enunciados concretos produzidos por um falante individual em situações reais Logo para Saussure sendo a língua um sistema coletivo representado no cérebro dos falantes ela é um fato social ao contrário da fala que é um ato individual Chomsky substituiu a clássica dicotomia saussuriana por competênciadesempenho Define o ato linguístico individual através da terminologia desempenho que é próxima à terminologia saussuriana fala Por competência Chomsky define o conhecimento que o falante tem do sistema linguístico 49 A substituição da dicotomia langueparole pela dicotomia competênciadesempenho pode ser vista como uma mudança na perspectiva filosófica da teoria lingüística na visão saussuriana as línguas são antes de tudo instituições humanas visando à interação social ao passo que na visão chomskiana antes de ter a função comunicativa as línguas têm a função de ser expressão do pensamento função cognitiva Ao considerar que a função primordial das línguas naturais é a comunicação o que ele faz implicitamente Saussure insere a lingüística no contexto mais amplo das ciências sociais Ao considerar que a função mais básica da língua é a expressão do pensamento sendo a função de comunicação um uso posterior Chomsky insere a lingüística no âmbito da psicologia cognitiva Lobato 1976 48 Em gramática gerativa fazse distinção entre gramaticalidade e aceitabilidade como se vê abaixo 2112 Gramaticalidade e Aceitabilidade O conceito de gramaticalidade é baseado no conhecimento gramatical que os falan tes nativos têm da sua língua e está ligado ao modelo de competência Cada falante que por definição possui uma ou mais de uma GNs pode fazer julgamentos de gramati calidade sobre os enunciados emitidos Ele pode dizer se uma frase feita de palavras de sua língua está bem formada com relação a regras de gramática que ele tem em comum com todos os outros indivíduos que falam essa língua essa aptidão pertence à competência dos falantes não depende nem da cultura nem do grupo social do falante Assim em português o menino gosta de chocolate é uma frase gramatical ao contrário Gostar chocolate menino é uma frase agramatical marcada por um asterisco Dubois et al 1973 318 Um termo sinônimo para gramatical em linguística é bemformado Para Dubois et al op cit o conceito de aceitabilidade é um conceito ligado ao mo delo de performance 50 depende portanto não apenas da conformidade às regras da gramática toda frase agra matical é inaceitável mas também das regras definidas pela situação contexto ou pelas propriedades psicológicas Dubois et al 1973 14 Os falantes nativos de uma língua como o português por exemplo muitas vezes discordam quanto ao uso ou mesmo sobre a possibilidade de um enunciado Um enun ciado pode ser normal em um dialeto mas inaceitável em outro como se vê em 1 a Eu vi ele b Eu o vi c Vendemse casas d Vendese casas Nos dados em 1 todos os exemplos são gramaticais mas 1a e 1d podem ser não aceitáveis para determinados grupos de falantes Podese dizer então que há graus de gramaticalidade e de aceitabilidade como se observa em 2 a A criança não deveu ter tido chocolate b As idéias azuis faiscavam na parede Quando um enunciado é considerado inaceitável é marcado por um asterisco se for margi nalmente aceitável é precedido por um ponto de interrogação 3 a As meninas bonitos moram lá b As meninas bonita moram lá Neste livro procedemos a uma análise sintática do português culto falado no Brasil logo o leitor deve estar atento para o fato de que em muitos casos estaremos tratando de uma análise de dados perfeitamente aceitáveis pelos falantes brasileiros mas que não fazem parte da modalidade escrita culta como é o caso do exemplo 1d Vendese casas7 7 Dados como este são analisados no capítulo 3 22 Clássicos da Literatura Gerativa Provar que o ser humano é equipado geneticamente para adquirir língua tem sido o principal objetivo da Gramática Gerativa Este desafio mantémse vivo desde os idos de 1950 descrito formulado e reformulado por Chomsky por meio de publicações tidas como marcos desta Teoria como se vêem abaixo 1957 Syntactic Structures 1965 Aspects of the Theory of Syntax 1968 Sound Pattern of English com Morris Halle 1970 Remarks on Nominalization 1973 Conditions on Transformations 1980 On Binding 1981 Lectures on Government and Binding The Pisa Lectures 1983 Principles and Parameters Theory in Syntax com H Lasnik 1986 Barriers 1988 Language and Problems of Knowledge The Managua Lectures 1995 The Minimalist Programm 2000a Minimalist Inquiries The Framework 2000b Derivation by Phase 2005 Novos Horizontes nos Estudo da Linguagem e da Mente Os textos em negrito Chomsky 1981 Chomsky Lasnik 1983 têm sido a base das disciplinas de sintaxe com ênfase em teoria formal gerativista ministradas em cursos de graduação Letras e Linguística no Brasil Esses cursos são conhecidos como Cursos em GB do nome Government and Binding Regência e Ligação ou Cursos em Princípios e Parâmetros que é como se consagrou o nome da teoria a partir do final da década de 80 daqui em diante PP A razão de não apresentarmos neste livro o que é hoje conhecido como Minimalismo Chomsky 1995 é que o Minimalismo tem sido definido pelos pesquisadores e teóricos como um Programa de Investigação e não como uma Teoria Jairo Nunes em parceria com outros dois autores no livro Understanding Minimalismo Entendendo Minimalismo diz Em particular nós mostramos como considerações minimalistas repensam e substituem as abordagens em GB e seu maquinário técnico Antes de embarcarmos em nossas várias viagens minimalistas nós sumarizaremos as principais abordagens de GB e de seu aparato técnico Esses sumários pretendem ajudar o leitor a relembrar materiais relevantes de fundo teórico em GB e propiciarem indicadores para estudos mais adiante Se o leitor não teve ainda um curso em GB seria muito útil olhar para seus indicadores GB dita como a base para alguém se empreender nos estudos minimalistas e ficar confortável com este relevante material Hornstein Nunes Grohmann 2005 Preface Como dito acima o Minimalismo repensa e substitui as abordagens em GB No entanto em nenhum momento os gerativistas afirmam ou afirmaram que GB deva ser desconsiderada Pelo contrário Enfatizando que lemos na citação acima não se pode repensar ou mesmo substituir algo que não se conhece Logo conhecer o maquinário técnico básico de GB é imprescindível para todos aqueles que querem se empreender na tarefa de estudar sintaxe do ponto de vista formal gerativista A proposta do ensino do modelo GB em cursos de graduação principalmente nos leva a rebater críticas ouvidas pelos corredores advindas de pessoas não conhecedoras dos estudos em sintaxe gerativista Duas delas têm sido muito comuns 1 não se pode estudar uma teoria que vive mudando 2 os professores de sintaxe no Brasil são retrógrados ensinam GB ao invés de Minimalismo À primeira crítica rebateríamos dizendo que os estudos em sintaxe formal são estudos de natureza científica Uma ciência que não postula reformula e se autocritica não é ciência Logo nós gerativistas pensamos que 53 i nunca soubemos tanto sobre língua sobre a sintaxe das línguas como nos úl timos 60 anos por meio de inúmeras pesquisas gerativistas em inúmeras línguas No entanto concluímos que ainda sabemos muito pouco e precisamos continuar com o em preendimento científico de testar e reformular dados ii é possível estudar gramática gerativa e a prova é que estamos ensinando as ba ses teóricas por meio de um modelo o modelobase GB À segunda crítica rebateríamos dizendo que não estamos abordando o Minimalismo neste livro por opção metodológica No entanto na medida do possível atentamos para uma abordagem mais atual à GB como i não introduzir as árvores em estrutura profunda deep structure DS ii não nomearmos categorias vazias como pro PRO vestígio variável iii apresentarmos no sintagma verbal a estrutura vP Essas abordagens são préminimalistas e minimalistas e não abordagens típicas do modelo GB 3 O Tratamento Formal em Análise Sintática Nossos estudos sintáticos estarão centrados na estrutura sintagmática da língua portuguesa e seguiremos as generalizações simbólicas de uma subteoria da gramática gerativa denominada de teoria Xbarra ou módulo Xbarra portanto nosso objetivo nesta seção é apresentar o maquinário Xbarra No entanto antes de lançarmos as bases deste módulo da gramática exemplificamos duas possibilidades de tratamento for mal de um termo sintático conhecido por objeto direto Nosso objetivo é ratificarmos que neste livro fizemos escolhas entre diferentes tipos de formalismos para proce dermos nossa análise sintática do português i gerativismo e não funcionalismo ii teoria mentalista que advoga soluções em termos sintagmáticos como básicas para GU gramática universal 31 Propostas de Codificação da Relação Gramatical Objeto Direto Segundo Payne 1999133 traduzido Uma observação empírica que se faz é que as línguas tendem a ter cerca de três distintas cate gorias nucleares de relações gramaticais comumente sujeito objeto e objeto indireto Isto provavelmente reflete limitações cognitivas Em outras palavras existem duas e possivel mente três categorias necessárias para manter papéis participantes distintos em uma interação humana normal dentro do trabalho da mente Nesta subseção tomemos por enfoque a relação gramatical envolvendo o termo objeto direto A seguir uma definição de objeto direto retirada de uma de nossas gramáticas O predicado complexo acompanhavase de tipos diferentes de argumentos concedidos por complementos verbais O primeiro deles é o complemento direto também chamado de objeto direto representado por um signo léxico de natureza substantiva substantivo ou pronome não introduzido por preposição necessária Os vizinhos não viram o incêndio Bechara 2006 416 o grifo é nosso A literatura aponta várias propostas relacionadas à codificação da relação gramatical objeto direto A maneira mais simples e direta é fazer referência explícita à relação gramatical em si como se vê na abordagem tradicional ver citação acima seguida pela teoria mentalista denominada de Gramática Relacional ArcPair Grammar APG Em 4b verificamos o modelo adotado pela APG Rgraphs gráficos em raios A linha horizontal diagrama 4b divide a rede em extratos No primeiro extrato acima da linha os números indicam a posição de sujeito 1 de objeto indireto 3 de predicado P e de adjunto outros da sentença 1a Isabel gosta muito de mim No segundo extrato abaixo da linha os números indicam uma reavaliação da posição de objeto indireto 3 ascendendo para a posição de objeto direto 2 Isabel me gosta muito A abordagem gerativa em sua versão de Princípios e Parâmetros PP Chomsky 1981 define relações gramaticais como objeto direto em termos estruturais relacionandoos à propriedade de marcação sintagmática Observe o exemplo 4 renumerado abaixo e o tratamento dado por PP 5a Isabel me gosta muito Em 5b vêse o verbo gosta com seus dois argumentos SNs elementos exigidos pelo verbo i o sintagma nominal Isabel o argumento externo na posição de especificador do verbo leve Spec Sv ii o SN pronominal me o argumento interno na posição de complemento do SV objeto direto O chamado advérbio de intensidade muito é tratado como um adjunto e projetado como uma sintagma intensificador É sobre o tratamento sintagmático de categorias gramaticais como o sintagma verbal exemplificado em 5 que trataremos neste livro abordando o modelo de diagrama arbóreo árvores valorizado em PP Detalhes iniciais sobre a estrutura XBarra como visto em 5b acima serão iniciados ainda neste capítulo 57 O termo é especificamente definido para excluir fatores como limitações de memória lapsos verbais interrupções e dificuldades de processamento resultantes de recursividades múltiplas ambi güidade mudança na duração da fala ou uma sentença pragmaticamente não plausível As descrições feitas por gramáticos gerativistas pretendem ser descrições gramaticais da competência lingüística O conhecimento inato que temos de nossa língua foi desenvolvido por meio de um sistema representado em nossa mentecérebro que é rico e poderoso o suficiente para nos proporcionar adquirir línguas mesmo em face às limitações e possíveis inadequações de nossa experiência linguística Seguindo os pressupostos de PP ratificamos que a competência dos falantes nativos de uma língua possibilita que esses falantes percebam que as palavras se estru turam em níveis hierárquicos Por exemplo cada falante do português escolarizado ou não tem uma noção que as palavras em uma dada sentença assumem relações próximas com outras palavras e estas relações são construídas hierarquicamente até que toda a sentença seja projetada Observe a sentença abaixo 6 Os meninos saíram Podemos afirmar que em 6 a palavra os parece estar mais atada ao significa do de meninos que ao significado de saíram como se vê na estrutura em 7 Constituinte V os meninos Portanto as palavras os meninos em os meninos saíram 6 formam um constituinte que por sua vez se tornará em uma unidade maior um outro constituinte ao se atar à palavra saíram 8 Constituinte V os meninos saíram Veja a definição de constituinte em Amanhã o João vai comprar o último livro do Chomsky na Borders Fragments de sentenças só constituintes podem servir como fragmentos de sentenças em respostas Uma outra grande evidência para a análise sintática por meio de estruturas de constituintes está em um fato sintáticosemântico chamado de ambiguidade estrutural Franchi et al 1998 apresentam exemplos de análise sintática envolvendo este tipo de ambiguidade e ratificam a posição de que quando reconhecemos mais de um tipo de significado para uma dada sentença estamos construindo uma hipótese a respeito da estrutura relacional da expressão inteira Atente para a ambiguidade existente na sentença abaixo 18 Márcia conhece um artista de batik africano Interpretação 1 o artista de batik é africano de nacionalidade africana Interpretação 2 o batik é da África Em 18 vêse que o sintagma um artista de batik africano permite uma dupla interpretação ao sentido final da sentença Essas duas interpretações corroboram a hipótese de que os significados que aprendemos de uma dada sentença não advêm além de uma interpretação linear das palavras mas sim de uma construção estrutural que efetuamos para organizar essas palavras e projetálas em uma sentença Observe em 19 e 20 um esboço das duas projeções sintagmáticas de um artista de batik africano que resultam as duas leituras interpretativas de 18 19 Márcia conhece um artista de batik africano Interpretação 1 o artista é africano de nacionalidade africana Projeções do sintagma Projeção Y mais externa Projeção X africano mais interna um artista de batik SN um artista SP de batik SA africano 20 Márcia conhece um artista de batik africano Interpretação 2 o batik é africano Projeções do sintagma Projeção Y mais externa Projeção X um artista mais interna de batik africano SN um artista SP de batik SA africano Logo dependendo de como as palavras um artista de batik africano são combinadas internamente na formação de um artista de batik africano teremos a interpretação 19 ou 20 como vistas acima Sobre Estrutura de Constituinte e a Competência Linguística ver sugestão de leituras em leituras complementares capítulo 2 ao final deste livro Após ratificarmos nossa posição de tratamento sintático por meio da análise de constituintes passaremos a uma introdução do formalismo Xbarra 33 Introdução ao Formalismo Xbarra Categorias Sintáticas e Árvores Estruturas O módulo Xbarra assume um papel importante na teoria da gramática em sua versão de Princípios e Parâmetros PP pois apresenta a organização de uma proposta para a estrutura sintagmática Neste capítulo introduzimos aspectos da Teoria XBarra em outros capítulos que se seguem a este enfatizaremos a construção sintagmática do português falado no Brasil com ênfase no português falado culto 331 Categorias Sintáticas Lexicais e Funcionais A teoria Xbarra arquiveta como as palavras podem ser agrupadas em unidades maiores tais como sintagmas e sentenças Ao olhar para tipos de palavras a teoria XBarra toma emprestado um conjunto de terminologias da gramática tradicional como nome e verbo Essas palavras são denominadas de classes de palavras ou categorias sintáticas Uma tarefa importante nos estudos de gramática é perceber a distinção entre categorias lexicais e funcionais 311 Categorias Lexicais As categorias lexicais são aquelas que correspondem a palavras de conteúdo e a teoria gramatical assume que existem quatro categorias lexicais Nome Verbo Adjetivo e Preposição advérbios são tidos como um tipo de adjetivo As categorias lexicais são definidas pela combinação de apenas dois traços distintivos nominal N e verbal V que fornecem quatro possibilidades como se vêem no quadro abaixo explicitado em Mioto et al 2004 Mioto et al 2004 53 exemplificam os traços acima com o radical am que estabelece o sentido lexical da palavra amor chamando nossa atenção para três classes de palavras derivadas desse radical amar identificada como verbo traços N V Ex a Eu a amo amor identificada como nome traços N V Ex b Ela é o meu amor amado identificada como verbo ou adjetivo N V Exs c Aquela criança é muito amada d Elea ao teria amado para o resto da vida Os autores op cit apontam os traços nominais ou verbais nas palavras lexicais Um dos traços nominais de uma palavra por exemplo é a exigência de concordância de gênero veja amada no exemplo c acima Um exemplo de traço verbal de uma palavra são os sufixos que apontam para categorias como tempo número e pessoa veja amoq em a Nomes verbos e adjetivos têm pelo menos um valor positivo e se caracterizam nas línguas por geralmente possuírem um número indefinido de membros no dicionário mental dos falantes A preposição apresenta seus dois valores marcados como negativo e diferese das outras classes por constituir um número bem reduzido de membros nas línguas As preposições por seu duplo valor negativo já apontam para uma distinção clara se comparadas às outras categorias lexicais elas também valor de classe sintática funcional Nós estudaremos as preposições com mais detalhes no capítulo 7 Em sintaxe uma característica das palavras lexicais que formam núcleos sintagmáticos lexicais é a de selecionar semanticamente seus argumentos os elementos exigidos para sua composição sintática Tomemos como exemplo os sintagmas verbais em 22 a O ladrão pegou a polícia b A polícia foi pega pelo ladrão Em 22ab o verbo pegar seleciona exige semanticamente dois argumentos i um argumento interno preenchido em 22a por a polícia o objeto direto da sentença ii um argumento externo preenchido em 22a por o ladrão e em 22b por a polícia Observe ainda o sintagma verbal abaixo 23 A folha pegou a polícia A composição do sintagma verbal em 23 tornou a sentença gramatical A gramaticalidade expressa em 23 nos ajuda a ratificar que um núcleo lexical impõe sérias restrições sobre seus argumentos e uma dessas restrições é a sseleção seleção semântica O verbo pegar em 2223 por exemplo obriga que seus possíveis argumentos externos tenham a característcia semântica AGENTETEMA Logo a composição sintagmática de pegar em 23 tornou a sentença gramatical porque a folha não tem as especificações semânticas AGENTETEMA exigidas para o argumento externo de pegar ferindo assim a sseleção deste verbo Em teoria da gramática as informações relativas à sseleção foram cunhadas de papel temático e fazem parte de um dos módulos da gramática chamado de Teoria dos Papéis Temáticos Segundo Duarte Brito 2003 187 A lista mínima de papéis temáticos relevantes para a descrição da estrutura argumental dos verbos da língua portuguesa inclui os papéis de Agente Fonte Experienciador Locativo Alvo e Tema As autoras op cit chamam a atenção para o fato de que a lista de papéis temáticos varia em extensão de autor para autor Abaixo descrevese e exemplificase de forma sucinta os papéis temáticos Agente Fonte Experienciador Locativo Alvo e Tema cf Duarte Brito 2003 188190 24 Lista de Papéis Temáticos Relevantes em Português i Agente o argumento que aponta para uma entidade controladora de uma dada situação Este papel temático é atribuído geralmente a SNs humano Ex a A polícia pegou o ladrão ii Fonte designa o argumento que se encontra no ponto de origem de uma dada situação mas não a controla Ex b Ele comprou o livro do João c Terremotos têm atingido impiedosamente regiões da Ásia iii Experienciador papel temático de um argumento que designa a entidade que é a sede psicológica ou física de uma dada propriedade ou relação Ex d Aquele professor sempre tosse durante suas falas e Todos nós ficamos chocados com aquele crime f Eu amo meus dois filhos iv Locativo designa o argumento que exprime o lugar espacial de uma dada entidade Ex g Joana vive em São Paulo h Ester encheu a mala com livros v Alvo é o argumento que designa a entidade para a qual alguém ou algo se transfere Ex i O rapaz foi por ali j Marina ofereceu chocolates para a amiga vi Tema é o argumento que designa a entidade que muda de lugar de posse ou de estado em predicações do tipo dinâmicas O argumento com este papel pode designar uma Ao dizermos que um núcleo lexical sseleciona seus argumentos é preciso ainda dizer que o núcleo semanticamente selecionado também sofre restrições de caráter categorial Veja o exemplo abaixo 25 a polícia pegou pelo ladrão A composição do sintagma verbal em 25 tal como ocorreu em 23 tornou a sentença gramatical Observe que os dois argumentos do verbo pegar em 25 obedecem ao critério semântico de restrição de argumentos do verbo Logo perguntamos O que causa a agramaticalidade da sentença 25 Intuitivamente todo falante nativo percebe que o que ocasiona a agramaticalidade em 25 é o fato do argumento interno do verbo pegar estar sendo preenchido por uma categoria preposicional e não por uma categoria nominal Resumindo um núcleo lexical tem como característica impor uma série de restrições sobre seus argumentos Mioto et al 2004 nos apresentam um exemplo de restrições de seleção por meio do núcleo lexical chutar 26 a O menino chutou a bola b categoria N V nº de argumentos cseleção DP DP sseleção AGENTE TEMAPACIENTE Sobre Classes de Palavras e Teoria dos Papéis Temáticos ver sugestão de leituras em leituras complementares capítulo 2 ao final deste livro 68 3312 Categorias Funcionais Diferentemente das categorias sintáticas lexicais existem categorias que não carre gam consigo um significado lexical logo não selecionam argumentos semanticamente sseleção Vamos observar introdutoriamente neste capítulo e mais especificamente em outros que as categorias funcionais apesar de não sselecionarem argumentos elas os cselecionam Considere por exemplo a palavra grifada na sentença abaixo 27 Antônio perguntou se vocês querem prova de recuperação Nós teremos problemas em descrever o significado da palavra se na sentença acima se tivermos de fazer essa descrição nos mesmos moldes em que descreveríamos uma categoria lexical como amar A melhor maneira de pensar acerca de palavras como se em 27 é preenchêla em uma determinada função na sentença Por exemplo se em 27 ocorre em uma posição oracional que possibilita a união de duas orações É chamada de conjunção pela gramática tradicional Em PP se é chamada de complementizador uma categoria sintática funcional47 Observe que em 27 se encabeça uma sentença Logo nos mesmos termos que fizemos com as categorias lexicais vamos dizer que se 27 seleciona um argumento exi ge certo tipo de complementação No entanto o argumento que o complementizador se exige não é de natureza semântica mas sim de natureza categorial Daí dizermos que classes de palavras funcionais cselecionam seu complemento 28 a se 27 complementizador introduz um sintagma complementizador SC b SC cseleciona seleção de categoria um complemento sentencial Ao dizermos que o sintagma complementizador se 27 cseleciona uma categoria estamos afirmando que o complementizador exige um argumento de um determinado valor categorial e não semântico Veja o exemplo 27 renumerado em 29 Antônio perguntou SC se SF vocês querem prova de recuperação 47 Ver capítulo 8 Ver capítulo 8 Em 29 observamos que o sintagma complementizador exige que uma sentença entre em sua configuração sintática Logo o SC como se em 29 cseleciona uma sentença 30 restrição de seleção da categoria funcional SC cseleção SF O estudo do sintagma flexional SF será pormenorizado a partir do próximo capítulo Quanto ao sintagma complementizador nós o estudaremos com mais detalhes no capítulo 8 Em nossos estudos veremos ainda outras categorias funcionais como determinante e quantificador A Projeção XBarra Alguns Fundamentos Após termos introduzido as categorias lexicais e funcionais estamos prontos para introduzir o esquema XBarra que nos permite projetar sintagmaticamente todos os núcleos lexicais e funcionais que formam uma dada sentença Começamos por dizer que o esquema XBarra será exemplificado apenas com sentenças do português mas lembramos ao leitor que este é um esquema que pretende ser único para qualquer língua do mundo Logo XBarra prevê que a gramática universal possibilite que um ser humano a princípio tenha a possibilidade de falar todas as línguas do mundo pois os humanos são dotados de um único esquema restritivo sintático XBarra é um esquema restritivo que diz que todo sintagma é projeção de seu núcleo Logo um núcleo nominal por exemplo só pode gerar um sintagma nominal A seguir listamos os núcleos lexicais e funcionais que geram seus respectivos sintagmas Apresentamos os nomes dos sintagmas em português e em inglês pois boa parte da literatura gerativista no Brasil utilizase da terminologia sintagmática em língua inglesa considerada como metalinguagem em XBarra 34 XP Spec X X Compl Onde se vê Spec leiase especificador Essa é a posição de elementos como Maria em sintagmas verbais como em 34 Onde se vê Compl leiase complemento Essa é a posição de elementos como pipoca no sintagma verbal em 34 Logo podemos preencher a estrutura XBarra simplificada proposta em 34 com o sintagma verbal 33 renumerado em 35 a Maria comprou pipoca b SV Maria V V Compl comprar pipoca 51 Note que projetamos no SV o verbo comprou em sua forma infinitiva a forma verbal livre de flexãoões A razão disso é que as marcas de flexão do verbo não são dadas no SV mas sim na projeção funcional SF como veremos no capítulo 3 72 Finalizamos ratificando que o esquema XBarra apontado em 34 e exem plificado em 35 é exatamente o mesmo para cada núcleo lexical ou funcional apontado na tabela 31 Por ora fiquemos com estas informações Nos capítulos que se seguem a este preencheremos paulatinamente o esquema XBarra para cada núcleo lexical e funcional em português 4 Considerações Finais Nas seções acima ratificamos que nossos estudos sintáticos do português esta rão centrados nas generalizações simbólicas de uma subteoria da gramática gerativa denominada de teoria Xbarra introduzimos noções básicas deste módulo da gra mática Ratificamos que neste curso fizemos uma escolha por um modelo formalis ta mentalista que advoga soluções em termos sintagmáticos como básicas para GU gramática universal Nos próximos capítulos detalharemos a sintaxe do português por meio de XBarra e apresentaremos na medida do possível aspectos da sintaxe do português culto falado no Brasil PB A sintaxe do PB atesta mudanças significativas em várias áreas se compa rada à sintaxe do português falado na Europa CAPÍTULO 3 Introduzindo o sintagma verbal e flexional 1 A CATEGORIA LEXICAL VERBO A classe de palavra verbo pode ser caracterizada em termos i semânticos ii morfológicos e iii sintáticodistributionais ver Givón 1984 6473 O Verbo assim como o Nome foi concebido na Grécia por Platão e independentemente na Índia por Panini no século V aC2 Um termo gramatical importante é predicado e esse termo tem intrínseca relação com V e seus argumentos Entendese como argumento um sintagma nominal que carrega uma relação gramatical e semântica específica com o verbo e cuja presença explícita ou implícita é requerida por questões de boa formação das estruturas que contêm esses verbos Argumentos podem ser identificados em termos de relações gramaticais sujeito objeto direto etc ou em termos de papéis semânticos agente paciente etc Alguns modelos distinguem argumentos internos e argumentos externos Trask 1993 p 20 tradução 10 a predicados de um lugar Sorrir x Cair x Homem x Grande x b predicados de dois lugares Ver x y Matar x y Pai x y Orgulhoso x y c predicados de três lugares Dar x y z Colocar x y z Doação doação do dinheiro x ao orfanato pela viúva Kato Mioto a sair 1A Logo sintaticamente os verbos podem ser estruturados de acordo com o número de seus argumentos e de acordo com seus papéis temáticos4 Abaixo apresentamse dois esquemas arbóreos que retomam as intuições da gramática tradicional5 1a VP b VP V DP V V V chover trabalhar 75 Em 1a esquematizase um verbo que não possui argumento como em Choveu ontem em 1b um verbo que possui apenas um argumento no caso o externo DP NP como em Dália trabalha sem parar Em sintaxe do português ao se tratar de V tratase também de Flexão No ca pítulo 2 introduzimos aspectos da composição da categoria lexical V e sua formação sintagmática SVVP introduzimos ainda a categoria funcional flexão SFIP É a flexão verbal expressa em português por meio de sufixos que permite a orga nização do sintagma sentencial em que vamos poder abordar conceitos funcionais como sujeito por exemplo 2 XBarra Construindo o Sintagma Verbal e o Sintagma Flexional Como abordado no capítulo 2 as categorias lexicais são definidas pela combinação de apenas dois traços distintivos nominal N e verbal V O verbo é a categoria le xical que carrega o traço V por excelência Dissemos sobre a existência de categorias funcionais e uma delas está diretamente ligada à morfossintaxe do verbo a flexão Embora os gregos estivessem mais interessados em lógica e retórica o vocabulário criado para tratar de juízos de verdade e de falsidade era o da gramática donde sua contribuição enorme para a descoberta das classes de palavras e das primeiras palavras funcionaisgramaticais Compreendese também porque tem po chamou logo a atenção de Aristóteles Quando se lida com verdade e falsidade de juízos notase que é o tempo que lhes confere valor de verdade Uma sentença no infinitivo não é nem verdadeira nem falsa Chomsky e seus seguidores utilizandose de argumentos sintáticos e não lógicos trataram a categoria tempo desde o início como um constituinte central da sentença Como a categoria tempo se manifesta como flexão Flex em muitas línguas ocidentais o núcleo sentencial passou a ser tratado ora como flexão ora como tempo A categoria flexão pode abrigar não apenas a flexão de tempo mas também a flexão de concordância Kato Mioto a sair 151 os negritos são nossos No capítulo 2 introduzimos ainda o esquema XBarra que nos possibilita proje tar todas as categorias gramaticais lexicais e funcionais Neste capítulo iniciaremos o preenchimento do esquema XBarra por meio das categorias lexicais e funcionais do português Para fins didáticos repetimos em 1 o esquema visto no capítulo 2 29 o núcleo da categoria X V e sua projeção máxima o sintagma SVVP ii Os dois itens lexicais comprar pipoca formam agora uma unidade V V entra em composição sintática com o argumento externo da projeção Maria possibilitando a realização da projeção máxima SV Maria comprar pipoca O SV em 3 está parcialmente projetado Antes de finalizarmos essas considerações iniciais sobre a projeção do SV precisamos explicar como podemos estruturalmente prever que um sintagma verbal permita que além de argumentos termos adicionais conhecidos como adjuntos entrem em sua composição sintagmática Logo atentemos para o seguinte SV abaixo e sua numeração Observe que a projeção do sintagma adjunto SP no cinema no SV em 6 foi feita a partir da reduplicação da projeção máxima desse SV Sobre Adjuncão ver sugestão de leitura em leituras complementares capítulo 3 ao final deste livro Um fato importante que se vê nos SVs em 4 e 6 é que o verbo foi projetado no infinitivo comprar Agora estamos no momento de pormenorizar a razão de não termos projetado a flexão comprou nos SVs acima Para tanto introduzimos o sintagma funcional flexão SF IP 22 O Sintagma Flexional Atente que na palavra comprou comprou há dois morfemas específicos i um de natureza lexical V compr expresso pela raiz verbal ii outro de natureza funcional Flex ou expresso pelo sufixo Logo em comprou há uma junção de duas categorias de natureza lexical e funcional respetivamente Villalva 2003 descrevendo sobre a estrutura morfológica básica do português apresenta a seguinte consideração sobre a flexão nessa língua românica 80 Em português a flexão verbal gera as chamadas formas simples13 e opera em duas catego rias morfosintácticas tempomodoaspecto que codifica morfologicamente informação sobre tempo modo e aspecto e pessoanúmero que codifica a concordância com o sujeito frásico Os valores de tempomodoaspecto TMA repartemse por dois grupos o primeiro é constituído por paradigmas que também flexionamse em pessoanúmero cf 10a e no segundo integramse as chamadas formas nominais do verbo cf 10b 10 a Pretérito maisqueperfeito do indicativo Pretérito perfeito do indicativo Pretérito imperfeito do indicativo Presente do indicativo Futuro do indicativo Pretérito perfeito do conjuntivo Presente do conjuntivo Futuro do conjuntivo Condicional Imperativo forma afirmativa Imperativo forma negativa Infinitivo flexionado b Infinitivo Gerúndio Particípio passado Villalva 2003 933 As categorias tempomodoaspecto gramaticalizadas por meio da flexão sufixal em português são referidas na literatura como categorias TMATAM i o tempo presente passado futuro ii o aspecto expresso pelas terminologias perfeitoimperfeitomaisqueperfeito iii o modo conjuntivo ou subjuntivo indicativo e imperativo 13 As formas compostas que integram o auxiliar ter e o particípio passado são construções sintáticas 81 Em termos gerais a categoria Tempo serve para localizar as situações eventos ou estados expres sas nas línguas em diferentes tipos de enunciados O Aspecto por seu turno fornece informações sobre a forma como é perspectivada ou foca lizada a estrutura temporal interna de uma situação descrita pela frase em particular pela sua predicação Oliveira 2003a 129 Ao se falar em modo é necessário abordar o conceito de modalidade a gra maticalização de atitudes e opiniões dos falantes Oliveira 2003b 245 Em português há que se observar que as classes TMA e pessoanúmero PN são amalgamadas em um único morfema Em ou comprou 6 por exemplo vêse que um único traço formal referese às categorias funcionais TEMPO PASSADO AS PECTO PERFEITO MODO INDICATIVO 3ª PESSOA SINGULAR Como já dito acima a categoria tempo é tida como um constituinte central da sen tença e em teoria da sintaxe o núcleo sentencial passou a ser tratado ou como tempo ou como flexão A terminologia flexão amplamente usada em PP GB devese ao fato de que em muitas línguas ocidentais o tempo se manifesta por meio da flexão Sobre Categorias de Flexão no Português ver sugestão de leituras em leituras com plementares capítulo 3 ao final deste livro A fim de explicitarmos o sintagma flexional SFIP vamos continuar de onde paramos da projeção do SV Maria comprou pipoca no cinema em 6 Observe que o SV em 6 está organizado mas não podemos dizer que temos ainda uma sentença A fim de obtermos uma sentença é necessário que o verbo projete um sin tagma no mesmo esquema XBarra de natureza funcional o sintagma flexional SF IP A seguir damos continuidade às etapas IIV iniciadas em 21 v Na construção da sentença Maria comprou pipoca no cinema 6 é necessá rio que haja uma projeção sintagmática funcional flexão do sintagma lexical verbal seguindo o esquema restritivo XBarra Duas coisas precisam ser ressaltadas na projeção do SF i o núcleo do SF é preenchido com a flexão do verbo comprou veja 7b ii a construção do sintagma sentencial exige que alguns movimentos ocorram de SV para 82 SF a fim de que a a ordem da sentença possa ser expressa b o argumento externo do verbo movase de uma categoria lexical para uma categoria funcional organizandose como o sujeito do SF veja 7c 7a SF Maria comprou pipoca no cinema b SF V F V F SV V ou SV SP V 4 SN V no cinema 4 V Maria V SN 4 comprar pipoca c SF V SN F Compare as estruturas em 7bc ao olharmos para 7b podemos justificar a projeção funcional flexão o verbo comprar precisa checar seus traços formais de flexão de tempo e de concordância No entanto 7b não expressa a ordem como a sentença é pronunciada em português Em jargão teórico os níveis de interface fonética PF e semântica LF não interagem com a etapa da computação sintática vista em 7b mas sim com a etapa vista em 7c Logo para que os níveis de interface PF e LF possam ler e interpretar SF Maria comprou pipoca no cinema i o núcleo do verbo compr é movido para o núcleo da flexão ii o argumento externo do verbo SN Maria na posição de especificador Spec do VP movese para a posição Spec SF Nessa posição Maria passa da função lexical de argumento externo do verbo para a função de sujeito da sentença SF Ver 221 Em PP a computação sintática expressa duas estruturas i DS Estrutura Profunda Estrutura que expressa as projeções sintagmáticas como se vê em 7b ii SS Estrutura Superficial Estrutura que expressa todos os movimentos realizados como se vê em 7c Daqui em diante neste livro vamos sempre desenhar a sentença SFIP na estrutura SS Ao falarmos sobre SF que é a projeção sentencial é importante que se diga que a teoria gramatical tem solidificado a proposta de marcação de Caso abstrato Em breves palavras assumese desde Chomsky 1981 que em uma dada sentença SNsSDs só podem ser realizados se recebem marcação de Caso de algum atribuidor A partir de agora vamos nomear na sentença a categoria N por excelência de SDDP Isto porque a categoria funcional determinante SD deve ser pressuposta mesmo que não realizada fonologicamente O português falado no Brasil raramente admite SNs sem introdução de um SD mesmo no caso de SNs nomes próprios como em A Maria foi lá ontem 221 O Caso Nominativo Caso é uma categoria gramatical com longa tradição é sabido que inúmeras línguas marcam caso morfológico como se vê abaixo em quechua Huánuco quechua 8 a Juan aywan Juan vai JuanNom vai b Juan Pedrota maqan Juan machuca Pedro JuanNom PedroAc machuca Em 8ab o SN Juan argumento externo dos verbos aywan vai 8a e maqan machuca 8b recebe marcação de caso nominativo por meio do morfema diferentemente em 8b o SN Pedro argumento interno do verbo maqan machuca tem marcação de caso acusativo objeto direto por meio do sufixo ta A categoria caso é de caráter funcional e tem o papel de estabelecer funções gramaticais como por exemplo sujeito objeto direto e objeto indireto Logo em teoria da gramática prevêse que todas as línguas mesmo as que não expressam o caso morfológico como o que ocorre em quechua tenham a marcação de Caso abstrato que é dado estruturalmente No capítulo 1 foi dito que o modelo de gramática que se está estudando é modular e que neste livro estaríamos centrados no módulo sintagmático Afirmouse ainda que outros módulos ou subteorias só seriam abordados genericamente à medida que apresentassem alguma intersecção com a Teoria XBarra Nesta etapa de nossos estudos após olharmos o sintagma flexional SF em sua projeção SS é preciso dizer que além de efetuar os movimentos que possibilitarão que a sentença pos sa ser lida e interpretada a projeção SF permite que o argumento externo do verbo movase de sua posição de núcleo lexical para uma posição de núcleo funcional Esse movimento for 86 ma uma cadeia como se vê em 7c Mariai ti logo dizemos que o SD Maria recebe Caso abstrato nominativo em sua posição estrutural de especificador do SF 9 SF V SN F 4 V Maria i F SV V comprou j 4 t j t i Maria em sua posição estrutural Spec SF 9 não é mais o argumento exter no do verbo em 7c mas sim o sujeito da sentença em 7c Logo a posição estru tural do SD Maria 9 permite que o núcleo do SF a flexão ou lhe atribua Caso nominativo Em outras palavras a flexão do verbo aponta para um dado SD em cada sentença a função de sujeito 2211 A Noção de Sujeito Abaixo ratificamos a noção de sujeito que assumimos neste livro de acordo com a teoria da gramática 10 Sujeito o SDSN DPNP que ocupa a posição de especificador do SF IP Spec SF exibindo a concordância com o verbo além de marcar o Caso nominativo O Caso nominativo e outros Casos é visível em português quando representado por um pronome como se vê em 11a 11 a Eu morei em Lisboa b Nalvo Edu e Waninha me visitaram em Lisboa c Waninha entregou para mim em Lisboa as encomendas de Paulinha Em 11 a 1ª pessoa do singular é expressa por diferentes formas i eu 11a posição de sujeito me 11b posição de objeto direto mim 11c posição de objeto indireto ou oblíquo Retomando a noção de sujeito observe as palavras de Kato Mioto a sair 16 Os sujeitos e as estruturas verbais apontados por Kato Mioto op cit serão explicados no capítulo 4 Em Berlink Duarte Oliveira a sair vêse que o sujeito em português pode i ter referência definida podendo ser explícito ou nulo ii ter referência indefinida ou arbitrária podendo ser explícito ou nulo iii não ter qualquer referência sujeito nulo Observe exemplos no conjunto IIII a seguir I Sujeito de Referência Definida a Sujeito Explícito 12 a os sindicatos também devem levar DID REC b essas representações eram feitas sempre na parte escura das cavernas EF SP Os elementos em negrito nos dados 12ab de referências definidas e fonologicamente explícitos ocupam a posição Spec SF São denominados de sujeito simples ou composto no caso de possuírem mais de um núcleo pelas gramáticas normativas Esses sujeitos quan do retocados no discurso podem ser representados por um pronome pessoal expresso ou nulo Sendo nulos são representados pelo símbolo ø como se vê em 13 b Sujeito Nulo 13 ø Queres comprar esta manteiga ø É dos Açores Os símbolos ø em 13 representam sujeitos de referências definidas tuela manteiga respectivamente No entanto ao contrário de 12ab os sujeitos não são expressos fonologicamente esses sujeitos nulossão denominados de sujeito oculto em nossas gramáticas II Sujeito de Referência Indefinida Arbitrária a Sujeito Explícito 14 a mas falavase muito sobre o o alto custo de vidaDID SP b a gente observa que as frutas de outros estados são totalmente diferentes DID RJ O pronome se e a expressão pronominal a gente em 14ab representam sujeitos de referências indefinidas Em 14a o argumento externo de falava está indeterminado não se sabe quem falava A estratégia para expressar a indeterminação em 14a é o uso do verbo na terceira pessoa do singular com o pronome se como se vêem nas gramáticas descritivas A sentença 14b apresenta a expressão pronominal a gente que também veicula a noção de indeterminação ver Berlink Duarte Oliveira a sair 33 Ainda segundo Berlink et al Tanto a gente quanto você nós tu e eu além do seu uso com referente definido constituem importantes estratégias para indeterminar o sujeito 91 não apresentam um sujeito do tipo oracional chamado de oração subordinada substantiva subjetiva em nossa tradição gramatical Em outras palavras a sentença en tre colchetes em 18 que o Brasil tem quinze ou dezoito impostos não é o sujeito do verbo parece o sujeito do verbo parece em 18 é um sujeito nulo expletivo øexp O verbo parecer é do tipo inacusativo não projeta um argumento externo mas sim um argumento interno no caso de 18 a sentença encaixada que o Brasil tem quinze ou dezoito impostos é o argumento interno não objeto direto do verbo parecer para detalhes deste tipo de verbo ver capítulo 4 Sentenças como 18 tipificam um dos parâmetros mais citados na literatura o Pa râmetro do Sujeito Nulo muitas línguas diferentemente do português não permitem que o sujeito seja fonologicamente nulo Nessas línguas como o inglês por exemplo o sujeito precisa sempre ser fonologicamente expresso 22111 O Parâmetro do Sujeito Nulo Sujeitos nulos fonologicamente não expressos referenciais ou não ver 13 15 e 16abc são atestados em um conjunto de línguas do mundo diferindose de outro grande conjunto que somente atesta sujeitos explícitos Logo a possibilidade de ocorrência de um sujeito pronominal nulo na sentença como em 18 não é uma característica geral das línguas Pelo contrário há línguas como o francês e o inglês que representam foneticamente o sujeito pronominal utilizando mesmo um pronome sem conteúdo semântico chamado expletivo diante de verbos que não sele cionam um argumento externo como parecer it seems that il semble que e chover it rains il pleut por outro lado há línguas que apresentam o sujeito não argumentalnão referencial categoricamente nulo como é o caso do italiano e do espanhol øexpl piove øexpl llueve e preferem igualmente o sujeito referencial nulo ø parlo ø hablo exceto em casos de ênfase e contraste Podese dizer que o sujeito nulo nessas últimas línguas é a forma não marcada em termos de freqüência para a representação do sujeito pronominal definido O português brasileiro atual apresenta um comportamento híbrido prefere sujeitos referenciais expressos e os não referenciais nulos Berlink Duarte Oliveira a sair 33 Logo enquanto a função sujeito aponta para um Princípio das línguas a possibilidade das línguas apresentarem sujeito nulo ou não aponta para um Parâmetro uma escolha Em 16 apresentamse exemplos de sujeitos nulos em português que diferentemente dos conjuntos III acima não têm qualquer referência semântica nem definida nem indefinida O símbolo θ expl representa o sujeito nulo expletivo sem referência em sentenças com verbos do tipo chover parecer haver e outros Sujeitos nulos não referenciais θ expl como 16 diferemse de sujeitos nulos de referência definidaindefinida θ arb θ arb como 13 e 15 pelo importante fato de não serem projetados na sintaxe como argumentos externos do verbo θ expl não é uma posição argumental Atualmente em teoria da gramática falase em Princípios Rígidos e Princípios Abertos os antigos Parâmetros Logo o sujeito é um Princípio Rígido imposto pela Gramática Universal GU a todas as línguas no entanto a opção de marcação desse sujeito como fonologicamente nulo ou não é um Princípio Aberto uma parametração de um Princípio Rígido 20 seems j V t j 19a que o Brasil tem 20 that Brazil has 94 em inglês um pronome explícito it do tipo expletivo um item funcional e não lexical na posição de sujeito do verbo da matriz 19e Logo o período composto 20 em inglês corrobora o fato de que a sentença encaixada that she has learnt the lesson que ela aprendeu a lição não é o sujeito do verbo da matriz seems parece O sujeito do verbo da matriz é uma categoria pronominal expletiva fonologicamente nula em português øexp 19a e fonologicamente preenchida em inglês it 20 Línguas como o inglês têm sido chamadas de línguas não prodrop línguas que não permitem a queda do pronome sujeito dife rentemente línguas como o português têm sido chamadas de línguas prodrop línguas que permitem a queda do pronome sujeito 222 O Caso Acusativo Na subseção 22 após detalharmos o sintagma verbal e flexional respectivamente discu timos sobre a noção de Caso abstrato em uma dada sentença SDs só podem ser realizados se recebem marcação de Caso de algum atribuidor Observe a sentença 7ac renumerada abaixo em 22 a SF Maria comprou pipoca no cinema b SF V SN F 4 V Maria i F SV V comprou j SV SP V 4 SN V no cinema Na sentença em 22 três SNs são projetados Maria pipoca e cinema isolando por hora o SN pipoca que é encabeçado pelo SP em vemos que o SN Maria teve Caso nominativo atribuído pela flexão sendo portanto o sujeito da sentença Vejamos agora o SN pipoca este SN ao ser projetado e bem aceito na sentença teve também atribuição de Caso 223 O Caso Oblíquo Em 221 dissemos que a Teoria de Caso estabelece que todo SN pronunciado em uma dada sentença deve ser marcado com Caso abstrato Vimos naquela subseção que a flexão atribui Caso nominativo ao SN que estiver na posição Spec SF 97 DS SS PF LF Para exemplo de DSSS ver 7bc na subseção 22 Sobre estudos da gramática vistos por uma perspectiva internalizada visão menta lista ver sugestão de leitura em leituras complementares capítulo 3 ao final deste livro 3 Considerações Finais Nas seções acima vimos que em teoria da gramática priorizase o tratamento predicado argumentos os predicados os verbos por excelência classificamse conforme o número de lugares argumentos que exigem para formar uma proposi ção Iniciamos portanto estudos sobre a classificação dos verbos em língua portu guesa atentando para i o número de argumentos que os verbos requerem ii a natureza dos argumentos requeridos iii a distinção argumento externo interno Esses aspectos serão melhor desenvolvidos no capítulo que se segue a este Descrevemos ainda aspectos da categoria flexão em língua portuguesa atentando para a teoria de Caso abstrato esse fato nos possibilitou explicitar a noção de sujeito que se toma em teoria da gramática e que assumimos neste livro No próximo capítulo apresentamos a classificação do verbo baseada no concei to de predicação 99 Capítulo 4 O sintagma verbal e flexional e o conceito de predicação 1 A Classificação do Verbo Centrada no Conceito de Predicação No capítulo anterior vimos que em teoria da gramática priorizase o tratamento predicado argumentos Neste capítulo abordamos a classificação do verbo o predi cado sentencial por excelência baseandonos no conceito de predicação Predicar é atribuir propriedades a entidades ou estabelecer relações entre entidades Assim tanto predicamos quando atribuímos a propriedade de ser inteligente a um indivíduo de nome João O João é inteligente como quando dizemos O João escreveu um artigo caso em que estabelecemos uma relação entre escrever e um artigo ou entre o João e um artigo através de escrever Isso significa que a predicação abrange não só a relação entre o que tradicionalmente se de signa sujeito e predicado de uma frase ou oração mas também a relação que se estabelece entre um núcleo lexical como um verbo e os seus argumentos Duarte Brito 2003 182 A palavra predicado é utilizada em nossos compêndios gramaticais para referirse aos elementos que em uma dada sentença apontam para uma entidade gramatical que ocupa a função de sujeito Um exemplo de predicado seria o João escreveu o livro em que escreveu o livro declara algo sobre o sujeito o João Neste capítulo e neste livro seguimos a tradição em teoria da sintaxe que utiliza o termo predicado para referir a noção semântica de predicado predicador ou palavra predicativa reabrindo neste caso toda e qualquer palavra que tenha argumentos lugares vazios ou talência própria Duarte Brito 2003 183 No capítulo 2 seção 311 vimos que um núcleo lexical verbal um predicador por excelência tem como característica impor uma série de restrições sobre seus argumentos i o traço categorial N V ii o número de argumentos o tipo de seleção categorial e semântica dos argumentos csseleção reveja o exemplo 23 no capítulo 2 Neste capítulo a fim de descrevermos a predicação em português centramosnos na característica número de argumentos que um predicador requer nossa ênfase recai sobre o verbo o predicador por excelência nos centrando nos seguintes tipos de predicados i verbos com mais de um argumento ii verbos monoargumentais iii verbos sem argumento 11 Verbos com mais de um Argumento 111 Verbos Transitivos No capítulo 3 apresentamos detalhes sobre a projeção do SV e do SF e verificamos que um verbo pode projetar do léxico mais de um argumento como visto na sentença 22 renumerada abaixo 1 a SF Maria comprou pipoca no cinema b SF Verbos como comprar em 1 são típicos verbos transitivos 2 Verbos transitivos verbos de ação usados na voz ativa que projetam um argumento externo Agente como Maria e um argumento interno Tema como pipoca Em português e em outras línguas prodrop2 o argumento externo pode ser um sujeito nulo arbitrário ou referencial como se vê em 3 e 4 respectivamente 3 a arb Dizem que eles não criaram nada sozinhos 102 4 V øarb i F SV V dizem j SN V 4 V t i V CP V t j C V C SF 4 a ø Queres castanhas assadas 4 b SF V SN F 4 V ø i F SV 4 Sentença do português europeu 4 que eles não criaram nada sozinhos 103 V queres j SN V 4 V t i V SN 4 t j castanhas assadas 112 Verbos Bitransitivos Verbos bitransitivos são denominados pela gramática tradicional de transitivos di retos e indiretos 5 Verbos bitransitivos Verbos que exigem i um argumento externo SN Agente e ii dois argumentos internos um SN Tema objeto direto e um SP AlvoMeta ou Fonte objeto indireto Representantes típicos dessa classe são os verbos de transferência de posse e os verbos de posicionamento como ilustrado em 17 17 a aí eu fico trabalhando em casa mas tomando conta toda hora preciso interromper no meio de um negócio paralevar um ao banheiro para dar uma comida para outro D2 SP 360 b há um determinado momento em que eu vou colocar resumo na translação EF POA 278 Cyrino Nunes Pagotto a sair subseção 243 4 que eles não criaram nada sozinhos Em construções bitransitivas se um dos argumentos internos é um SNSD o outro SN SD precisa obrigatoriamente ser introduzido por uma preposição como se vê no exemplo 6b abaixo dar uma comida para o bebê 6 a Vou darlhe comida b Vou dar comida SP para o bebê O SN preposicionado em predições bitransitivas é chamado de objeto indireto OI pela tradição gramatical O único caso em português em que um dos dois complementos internos de um verbo aparece sem preposição é quando o OI realizase como um pronome clítico dativo como se vê em 6a Um dos testes para identificação do OI é justamente substituir o SP que parece ter essa função gramatical na sentença como se vê em SP para o bebê 6b pela forma dativa do pronome pessoal lhe 6a Observe as sentenças abaixo 7 a José deu flores SP para a amiga b José deulhe flores 8 a Eu dei uma espiada SP na TV b Eu deilhe uma espiada A gramaticalidade de 8b aponta para o fato de que embora 8a tenha características de uma construção bitransitiva essa sentença possui estrutura argumental diferenciada da uma construção tipicamente bitransitiva ver subseção 1131 neste capítulo Na Teoria PP em sua versão Regência e Ligação GB Chomsky 1981 propõe que os dois argumentos internos de verbos de três lugares como dar em 7 sejam tratados como projeções intermediárias de V Em outras palavras entre o núcleo V e sua projeção máxima VP haveria mais de um V a fim de acomodar além do objeto direto o objeto indireto 105 9 a AGENTE Jonathan deu TEMA um colar ALVO META para a Beatriz b SF V SN F 4 V Jonathan i F SV V deu j SN V 4 V t i V SP V 4 V SN para Beatriz 4 t j um colar Note que em 9b os dois argumentos internos apresentam uma diferen ciação na Teoria XBarra no modo como a vimos até agora O SP ALVOMETA para a Beatriz não é um adjunto do núcleo V e sim seu complemento logo segundo o esquema arbóreo proposto por Chomsky 1981 este SP não pode ocorrer em adjunção a SV Segundo o esquema XBarra visto até agora a única forma de derivar o ar gumento do verbo SP para a Beatriz é projetálo a partir de uma duplicação da categoria intermediária V No entanto a duplicação de categoria intermediária é problemática pois o que ela informa é que um dos argumentos internos do verbo não é projetado diretamente por ele o verbo mas sim por uma categoria não lexical A informação que a projeção em 9b fornece é a de que o SN SN Tema um colar argumento interno apresenta uma relação mais próxima com o verbo o SP ALVO para Beatriz nesta projeção está mais afastado do núcleo verbal Larson 1988 apresenta uma contraargumentação à proposta de estrutura do SV bitransitivo como vista em 9b O autor op cit propõe que o SP AlvoMeta ou Fonte como SP ALVOMETA para a Beatriz é o que mantém uma relação de proximidade maior com o núcleo verbal diferentemente do que a estrutura em 9b atesta Segundo Larson 1988 os argumentos internos de natureza SP em português objeto indireto como para a Beatriz em 9 passam a ser projetados como sintagmas irmãos do núcleo V Larson op cit consolida a noção de concha SV VP como se vê abaixo na estrutura 10b Como se observa na projeção 10b a partir de Larson op cit sequências bitransitivas começam a ser tratadas como um tipo de constituinte em que SNs Tema como um sapotravesseiro objeto direto são iniciados na projeção como argumentos externos do verbo SPs AlvoMeta ou Fonte como ALVO para o John funcionam como os argumentos internos da projeção inicial do verbo Observando o SV da estrutura em 10b depreendemse as seguintes etapas i o verbo dar projeta o seu argumento interno SP para o John formando o nível Vbarra deu para o John ii o complexo Vbarra projeta o SN um sapotravesseiro formando o SV interno um sapotravesseiro para o John iii o verbo dar 10 precisa ainda projetar mais um SN Binha visto ser este um verbo de três lugares iv o verbo se move da posição de núcleo do SV mais interno para a posição de núcleo do SV externo onde assinala papel temático Agente para o SN Binha gerado em Spec VP alto O movimento do verbo além de possibilitar a marcação de papel temático para o SN Binha também possibilita a linearização pois caso o verbo não sofresse movimento da posição de núcleo mais baixo para a posição de núcleo mais alto a ordem final seria Binha um sapotravesseiro deu para o John Larson 1988 possibilita portanto um tratamento estrutural para verbos de três lugares bitransitivos Mais recentemente a concha SV passou a ser relacionada a qualquer projeção transitiva por meio de uma estrutura que atribuirá à camada mais alta da concha a função de sintagma verbo leve Sv vP vepezinho ver subseção 114 neste capítulo 11 a A Maria deu bofetadas no João b A Maria esbofeteou o João 12 a A Maria deu beijos no João b A Maria beijou o João As predicações em 11a12a apontam para semelhanças com construções bitransitivas vêse um típico verbo bitransitivo dar que aparentemente projeta i dois argumentos internos SNSP ii um NP argumento externo No entanto o verbo dar em 11a12a não é um verbo de transferência de posse nem de posicionamento ainda os argumentos internos do verbo dar em 11a12a não têm marcação de papel temático Tema nem AlvoMeta ou Fonte ver 5 acima Os candidatos a argumentos internos não preposicionados nas predicações em 11a12a são nominalizações bofetadas beijos A nominalização como se vê 11a12a por exemplo forma com núcleo V uma relação semântica organizandose em uma predicação complexa Observe exemplos similares retirados da Gramática do Português Culto Falado no Brasil 13 a e olha quando eu começo a dar risada vou te contar DID SP 234 b e eu aproveito pra fazer minhas comprinhas dar um passeio também DID POA 45 c quer dizer que dá trabalho D2 SP 360 d às vezes a gente dá uma fugidinha até a casa deles bater um papinho assim né DID POA 45 e eu me lembro até que quando nós fomos na viagem era uma caminhonet dava um cheiro de balaca queimada DID POA 278 f então que a gente fazia a gente se agarrava NUM e dava impulso com pés para se agarrar com o outro né DID POA 278 g eu dei uma rápida olhada sabe mas vi matérias assim interessantes para ela dentro de outrasah carreiras D2 SP 360 h do aumento do custo de vida então deu quarenta e quarenta e poucos por cento né D2 RJ 355 i a programação havia sido planejada mas não deu certo D2 SP 360 Predicações do tipo transitivas passam portanto a ser associadas em PP em modelos recentes a uma estrutura como em 17 A estrutura em 17 permite que se apreenda o paralelismo sintático e semântico de sentenças como 1516 o argumento externo do verbo leve vezinho é o agente que desencadeia o evento A Maria em 1516 Em português o verbo leve i pode estar associado a um morfema específico como em A Maria esbofeteou o João 15b ii pode ser um item lexical autônomo como beijou em A Maria beijou o João 16b Como se vê na estrutura em 17 o verbo leve é analisado como um afixo Ø ou es O afixo desencadeia o movimento do núcleo de seu complemento para que suas propriedades afixais sejam satisfeitas Cyrino Pagotto Nunes a sair 29 112 Em português brasileiro o verbo leve item lexical autônomo seguido de nomina lização como dar em 15a16a é uma construção cada vez mais atestada ela vem sendo analisada como similar a construções bitransitivas A seguir propomos diferenças na estrutura desses dois tipos de predicação 1131 Diferenças entre Construções Bitransitivas e Construções com Verbos Leves Como já dito construções com verbo leve seguido de nominalização daqui em diante CVLs são bastante comuns em português brasileiro especialmente as que se formam com o verbo dar cf Scher 2004 Observe os exemplos 13ad renumerados em 18 a e olha quando eu começo a dar risada vou te contar b às vezes a gente dá uma fugiDlnha até a casa deles pra bater um papinho assim né O verbo leve dar que forma as CVLs dar risada 18a e dar uma fugiDInha 18b tem conteúdo mais gramatical do que semântico Esse verbo constrói predicações com plexas com seu complemento sendo o responsável pela atribuição de tempo da constru ção A seguir apresentamos uma definição de CVLs 19 Construções com verbos leves CVLs CVLs têm a forma geral dar uma Xada em Y ou seja apresentam a forma V X PP e admitem paráfrases com a forma verbal correspondente à nominalização que se associa a dar Veja os exemplos em 1 e 2 1 O Pedro deu uma incrementada na receita 2 O Pedro incrementou a receita Na sentença em 1 com a forma dar uma Xada em Y X se representa por increment e Y por a receita dar uma incrementada na em a receita Essa sentença pode ser parafra seada por 2 em que o verbo tem a mesma raiz da nominalização em 1 Scher 2004 22 É preciso na análise sintática do português atentar para o fato de que CVLs em muitos casos assimilamse grandemente a construções bitransitivas como se vêm nos pares em Análises convencionais não diferenciam construções bitransitivas daqui em diante CBs de CVLs Em 21 o verbo dar apresenta como em 20 dois argumentos internos um SN e um SP No entanto a literatura atesta que CBs como 20 têm propriedades aspectuais temáticas e de subcategorização diferenciadas dessas propriedades em CVLs como 21 A seguir apresentamos um resumo das principais diferenças entre CBs e CVLs apontadas em Scher 2004 tomando como foco o verbo dar Observe que em 21 não há uma mudança de estado que se realiza em um objeto afetado como se dá em 20 Em 21 é possível identificar uma estrutura interna de um período que consiste de estágios sucessivos que ocorrem em momentos diferentes As diferenças de relação temática que se veem entre paradigmas como 2223 e 2425 indicam que as estruturas que compõem essas predicações com verbo dar não sejam as mesmas Scher 2004 9091 destaca ainda que CBs e CVLs não têm as mesmas propriedades de subcategorização e que este fato pode ser atestado por meio de fenômenos como a passivização e a formação de interrogativas Veja os dados 2021 renumerados em 26a27a 26 a Kiko deu SN uma florzinha SP para a avó Dália b Uma florzinha foi dada por Kiko para a avó Dália c O que i o Kiko deu t para a avó Dália 27 a Kiko deu SN uma espiada no computador da avó Dália b Uma espiada no computador da avó Dália foi dada por Kiko c O que i Kiko deu t no computador da avó Dália Como argumentado por Scher op cit CBs permitem a voz passiva o sujeito da sentença passiva é o complemento interno do verbo o objeto direto na voz ativa ver uma florzinha em 26b CBs também permitem que o complemento direto da predicação seja o foco de uma pergunta ver o quê Kiko deu em 26c Diferentemente não é possível o alçamento do candidato a complemento interno direto de uma CVL para a posição de sujeito por meio da passivização ver uma espiada em 27b Ainda em uma CVL a nominalização não pode ser movida para a periferia da sentença a fim de se tornar o foco de uma pergunta ver o quê Kiko deu 27c O objetivo de Scher op cit demonstrado por testes similares como os que se vêem em 2627 é apontar para o fato de que em CVLs o aparente argumento interno do verbo não apresenta um comportamento típico de complemento do verbo A nominalização que se segue ao verbo em uma CVL tem característica de elemento predicador e não de argumento interno objeto direto 116 Observe as palavras de Scher 2004 92 Não quero dizer que o verbo dar leve seja totalmente desprovido de proprieda des predicativas mas quero ressaltar a participação importante das nominalizações na formação dessas construções Neste livro corroboramos a proposta de Scher 2004 de que em verbos leves se guidos de nominalização a nominalização não é argumento interno do verbo leve Logo tratamos CVLs como uma estrutura do tipo monoargumental e não como uma estrutura transitiva ver 122 114 Estrutura SvSV Aplicada a Verbos com mais de um Argumento Vejamos agora como distintas predicações do tipo transitivas construções com ver bos que projetam mais de um argumento podem ser captadas dentro da estrutura transitiva de verbo leve como vista 17 acima 1141 Verbos Transitivos Verbos transitivos como definidos em 2 são verbos de dois lugares projetam um argumento externo Agente e um argumento interno Tema A projeção de típicos verbos transitivos que assumimos neste livro é vista em 28 a Fernanda dirigiu o carro de Dália b SF V SN F 4 V Fernanda i F Sv c O carro de Dália foi dirigido por Fernanda Observe que a projeção em 28b está uniformizada de acordo com a proposta SvSV vista em 17 Atente para as etapas da derivação apreendidas em 28 i Em 28b o SN o carro de Dália é projetado como um argumento interno do verbo dirigir ii o verbo dirigir sobe para o núcleo de Sv a fim de associarse a um prefixo verbo leve fonologicamente nulo ver estrutura em 17 iii o verbo leve dirigir marca Caso acusativo para o SN o carro de Dália a prova disto é que o SN o carro de Dália pode aparecer em uma estrutura passiva ver 28c iv o verbo dirigir em vezinho projeta o argumento externo da predicação o SN Fernanda 118 v os núcleos em Sv sobem para núcleo de flexão e para Spec SF a fim de possi bilitarem a checagem de traços funcionais que projetam a sentença 1142 Verbos Bitransitivos Verbos bitransitivos como definidos em 5 são verbos de três lugares projetam um argumento externo SN Agente um argumento interno SN Tema um argumento interno SP AlvoMeta ou Fonte A projeção de típicos verbos bitransitivos que assumimos neste livro é vista em 29 a Marquinho deu um relógio lindo para Márcia b SF V SN F 4 V Marquinho i F Sv V deu j SN v 4 V t i v SV V t j SN V 4 V um relógio lindo V SP c Um relógio lindo foi dado para Márcia por Marquinho Observe que a projeção bitransitiva em 29b está uniformizada de acordo com a proposta SvSV vista em 17 Atente para as etapas da derivação apreendidas em 29b i o verbo dar projeta a partir do núcleo SV o seu argumento interno SP para Márcia formando o nível Vbarra deu para Márcia ii o complexo Vbarra projeta o SN um relógio lindo formando o SV interno um relógio lindo para Márcia iii o verbo dar sobe do núcleo de SV para núcleo de Sv a fim de associarse a um prefixo verbo leve fonologicamente nulo ver estrutura em 17 iv o verbo leve dar marca Caso acusativo para o SN um relógio lindo a prova disto é que o SN um relógio lindo pode aparecer em uma estrutura passiva ver 29c v o verbo dar em vezinho projeta o argumento externo da predicação o SN Marquinho vi os núcleos em Sv sobem para núcleo de flexão e para Spec SF a fim de possibilitarem a checagem de traços funcionais que projetam a sentença A estrutura binária SvSV em construções bitransitivas permite que se capte o interessante fato de que o Verno e o argumento interno SP formam um constituinte sintático As expressões idiomáticas envolvendo Verno e seu argumento SP em construções bitransitivas apontadas na literatura são um forte argumento para a projeção do argumento SP como o argumento mais interno e próximo ao verbo nas projeções bitransitivas Abaixo exemplificamse expressões idiomáticas formadas pelo verbo e seu argumento interno preposicionado A João levou a firma ao abismo O João mandou a sogra às favas A Maria mandou o namorado pra PQP Note que a interpretação semântica dos SNs objetos diretos acima a firma a sogra o namorado é estreitamente dependente de V e SP levou ao abismo mandou às favas mandou pra PQP 121 Logo seguindo a literatura descrevemos verbos do tipo psicológicos como preocuparentristecer 31a como verbos que projetam dois argumentos internos mas não projetam argumento externo Atente para o fato de que ver bos psicológicos não se inserem perfeitamente na descrição de típicos verbos transitivos como apontado em 2 ao início deste capítulo pois não projetam argumento externo Agente Observe o dado 31a renumerado abaixo seguido de sua estrutura 33 a O João preocupouentristeceu a Maria b SF V SN F 4 V O João i F SV V preocupou j SN V entristeceu j 4 V t i V SN 4 t j a Maria Em 33b observase que verbos psicológicos não são projetados em uma es trutura SvSV verbos do tipo psicológicos projetam apenas a estrutura interna SV A camada Sv diz respeito apenas à inserção de SNs Agente argumento externo em uma dada predicação e SNs Agente não ocorrem em predicações com verbo psi 122 cológico Pela estrutura em 33b percebese que verbos psicológicos projetam dois argumentos internos de natureza SN Observe que ao dizermos que os verbos preocuparentristecer 31 projetam dois argu mentos internos corroboramos que na camada SV projetamse apenas argumentos internos veja exemplo 29 e sua estrutura Ver lista de verbos psicológicos no capítulo 5 abaixo do exemplo 47 Ao finalizarmos esta seção 11 chamamos a atenção do leitor para as palavras de Cyrino Pagotto Nunes a sair 36 no tocante ao preenchimento das posições de especificador e complemento dentro de SV o preenchimento das posições de especificador e complemento dentro de SV depende fun damentalmente das relações semânticas estabelecidas e é em certa medida independente da presença de Sv na estrutura A seguir passamos à descrição dos verbos chamados monoargumentais verbos que projetam apenas um argumento 12 Verbos Monoargumentais Os estudos gerativistas descrevem diferentes tipos de verbos ditos monoargu mentais verbos que projetam apenas um argumento Alguns desses verbos têm sido chamados pela tradição gramatical de verbos intransitivos Neste livro apresentamos as seguintes subclasses de verbos monoargumentais i verbos inergativos ii verbos leves seguidos de nominalização CVLs iii verbos inacusativos Observe os exemplos a seguir 34 a Verbo Inergativo ele tossiu b CVL ela deu uma chorada para o feirante diminuir o preço da blusa c Verbo Inacusativo a pedra rolou 123 A seguir observamse estas três subclasses de verbos 121 Inergativos Verbos inergativos são verbos com sujeito agentivo e que aparentemente não manifestam nenhum complemento Verbos como correr cantar dançar dormir e sonhar são considerados os clássicos verbos inergativos Observe a sentença abaixo 35 a Ana Maura dormiu b SF V SN F 4 V Ana Maura i F Sv V dormiu j SN v 4 V t i v SV t j V tj O verbo dormir 35 é um verbo inergativo Tratase de um verbo leve analisado como verbo com afixo Ø que desencadeia o movimento do núcleo de seu comple SV para que suas propriedades afixais sejam satisfeitas ver estrutura 17 O movimento do verbo do núcleo de SV para o núcleo da categoria funcional Sv abre ainda espaço para a projeção de um SN do tipo Agente na posição de especificador de Sv no caso de 35 o SN Ana Maura a Eno fala alto muito pouco b SF SN F Eno i F Sv fala j SN v t i v SV a Eno ádọkḳó ńdọkḳó b Eno 3singsujeito falar fala Eno fala a fala Eno é falante Em português o verbo falar é um exemplar de verbo inergativo possui argumento externo AgenteAtor e não manifesta argumento interno 36b Em íbiblio este mesmo verbo falar manifesta dois argumentos um externo Agente e um interno uma nominalização ver 37b A língua íbiblio apresenta vários exemplos de complementos subcategorizados por verbos que seriam intransitivos em português Estes tipos de complementos verbais em línguas africanas como se vê em 37 acima são chamados de boundcomplements por alguns africanistas e geralmente são derivados ou relacionados semanticamente ao verbo Logo a língua íbiblio é um dos exemplos de línguas que corroboram análises como as de Baker op cit e Hale Keyser op cit verbos inergativos são transitivos escondidos resultado da incorporação de um SN complemento em um verbo agente No entanto mesmo em português é possível encontrar estrutura como a vista acima em íbiblio 37b São os ditos verbos inergativos seguidos de objetos cognatos como se vêem em 38 38 a O João tossiu uma tosse esquisita b O João espirrou um espirro escandaloso c O João riu uma risada escandalosa 39 SF Segundo Cyrino Pagotto Nunes a sair 32 o fato de o verbo leve ser o responsável pela atribuição de Caso acusativo a estrutura Sv permite que um verbo inergativo tome um complemento Este fato é exemplificado por meio da estrutura 39 em que o verbo tossir toma o objeto cognato uma tosse esquisita como complemento No entanto em nossa estrutura em 39 e em 37b optamos por denominar o argumento interno do verbo inergativo de sintagma nominal cognato SNcog A razão de denominarmos o argumento interno do verbo inergativo de SNcog devese ao fato de que esses SNs não podem ocorrer em construções passivas Atente para a tentativa de apassivação das sentenças 38 em 40 129 V deu j SN v 4 V t i v SV V t j V V V SNom 4 t j uma ajudada na montagem da c Uma ajudada na montagem da Árvore de Natal foi dada por Kiko Em 42 vêse um caso de verbo leve dar que toma um SN Agente como argu mento externo Kiko No entanto o candidato a argumento interno do verbo leve não é um típico SN mas sim uma nominalização uma ajudada na SNs nominalizados não são atestados em construções passivas ver 42c o que corrobora o fato de que essas nominalizações não sejam analisadas como argumentos internos não preposicionados do verbo leve Logo inserimos as CVLs na classe dos predicados monoargumentais 123 Inacusativos Verbos inacusativos assemelhamse a CVLs e a verbos inergativos por serem do tipo monoargumentais No entanto verbos inacusativos diferemse dessas outras 130 construções com relação ao tipo de argumento que apresentam Enquanto verbos inergativos e CVLs atestam um único argumento externo de natureza semântica Agente verbos inacusativos atestam um complemento sem marcação temática Ob serve as sentenças abaixo 43 a O trem chegou b Chegou o trem c O trem foi chegado Diferentemente dos inergativos e das CVLs verbos inacusativos como chegou em 43ac não projetam argumentos externos Em outras palavras o SN o trem 43 é projetado inicialmente no SV como complemento do verbo chegar a ordem em 43b atesta este fato Observe no entanto que o argumento interno do verbo chegar trem não recebe atribuição de Caso acusativo não podendo portanto ser o sujeito em uma construção do tipo apassivação ver 43c Veja a projeção da sentença 42a renumerada em 44 a O trem chegou b SF V SN F 4 V o trem i F SV V chegou j V V V SN 131 4 t j t i Observe pela estrutura em 44b que verbos inacusativos não preenchem a posi ção Spec VP Em outras palavras verbos inacusativos não projetam argumento exter no do tipo Agente e este fato é evidenciado pela projeção em 44b Já que não projetam argumentos externos verbos inacusativos não são do tipo verbos leves não se movem para uma camada funcional Sv O português é uma língua de ordem Sujeito Verbo A aparente ordem Verbo Sujeito expressa em 43b renumerada abaixo corrobora o fato de que o SN o trem em 43b não é o sujeito da sentença mas o complemento interno do verbo inacusativo chegou 45 a Chegou o trem b SF V SN F 4 V øexpl F SV V chegou j V V V SN 4 t j o trem Observe que o sujeito da sentença em 45 é um sujeito nulo do tipo ø expl logo a ordem sentencial em 45 ainda é Sujeito Verbo revela a noção de sujeito no capítulo 3 subseção 2211 Do exposto acima percebese que SNs ligados à predicações do tipo monoargumentais têm relações distintas com os verbos aos quais se ligam Em verbos inacusativos se um DP sintagma nominal aparece na posição de sujeito de um verbo desta classe este DP não é o argumento externo deste verbo Vamos aqui a necessidade de reforçar a diferença entre ser sujeito da sentença e ser argumento externo do verbo É preciso ainda apontar outra característica importante de verbos inacusativos verbos inacusativos não marcam Caso acusativo a seus SNs complementos internos Este fato é corroborado pelas estruturas inacusativas como se vêem em 44b45b em que o verbo não se projeta em uma camada Sv Note que é o vezinho o atribuidor de Caso acusativo a um dado SN Logo há uma diferença entre ser argumento interno de um verbo e ser argumento interno de um verbo com marcação de Caso acusativo Observe novamente o dado 19a e sua estrutura em 21 capítulo 3 renumerados em 46 a ø expl Parece que o Brasil tem quinze ou dezoito impostos b SF SN F ø expl F SV 134 de um verbo inacusativo da sentença matriz41 A fim de reiterarmos esta afirmação observe as características de sentenças subordinadas substantivas subjetivas dadas por Bechara 2006 p 484 A oração substantiva subjetiva apresenta as seguintes características Estar o verbo da oração principal na 3a pessoa do singular e num destes quatro casos a verbo na voz reflexiva de sentido passivo Sabese que tudo vai bem b verbo na voz passiva ser estar ficar seguidos de particípio Ficou provado que estava inocente c verbos ser estar ficar seguidos de substantivo ou adjetivo É verdade que sairemos cedo Foi bom que fugissem Está claro que consentirei Ficou claro que consentirei Ficou certo que me telefonariam d verbo do tipo parece consta ocorre urge importa convém dói punge acontece Parece que vai chover Urge que estudem Cumpre que façamos com cuidado todos os exercícios Acontece que todos já foram punidos Note que em todos os exemplos da citação acima Bechara op cit os verbos das sentenças matrizes são verbos do tipo inacusativo As sentenças subordinadas a esses verbos não são geradas como seus argumentos externos mas sim como seus argumentos internos Inseremse na subclasse dos verbos monoargumentais inacusativos o verbo haver exprimindo existência ou acontecimento Esse verbo é denominado de verbo impessoal pela tradição gramatical42 Observe o exemplo a seguir 41 Ratifi camos que ao dizermos argumento interno não estamos necessariamente dizendo que este comple Ratificamos que ao dizermos argumento interno não estamos necessariamente dizendo que este comple mento é o objeto direto da sentença 42 Cf Infante 1995 354355 Cf Infante 1995 354355 135 47 a Há bons livros na Editora Multifoco b SF V SN F 4 V øexpl F SV V há k SV SAdv V 4 V na Editora Multifoco V V SN 4 t k bom livros A seguir detalhamos uma grande subclasse de verbos inacusativos os chamados verbos de alçamento 1231 Verbos de Alçamento A grande maioria das construções monoargumentais do tipo inacusativas ocorre dentro da subclasse dos verbos de alçamento i verbos de ligação copulativos e ii verbos auxiliares Os verbos de alçamento vão portanto englobar os chamados verbos de ligação como os exemplificados em 32 e também os verbos auxiliares como os exemplificados 138 4 uma gata 51 a A Lucinda é de ouro b PO V SN SP Lucinda 4 de ouro Observe que os diagramas 49b51b POs representam o fato de que o SADJ bonita 49a o SN uma gata 50a e o SP de ouro 51a são predicações que se fazem sobre o SN Lu cinda sujeito dessas predicações Logo PO é uma noção introduzida na teoria gramatical a fim de expressar uma predicação que se estabelece entre um constituinte que é sujeito e outro que é predicado sem que o núcleo dessa predicação seja um verbo Note no entanto que a presença do verbo copulativo ser nas sentenças 4951 não pode ser ignorada Chamamos a atenção do leitor para o fato de que nos gráficos em 49b51b a projeção sintagmática é PO e não SF sintagma flexional Verbos copulativos de ligação como ser em 49a51a devem ser inseridos na clas sificação de verbos inacusativos que selecionam uma sentença mas não do tipo Sintagma complementizador SC como visto em 46 As sentenças que os verbos inacusativos copu lativos selecionam são sentenças do tipo PO pequenaoração small clause Observe o diagrama simplificado das sentenças 4951 renumeradas 52 a Lucinda é bonita b Lucinda é uma gata c Lucinda é de ouro 139 53 abc SF V SN F 4 V Lucinda i F SV V é j V V V PO V t j SN SADJSNSP 4 4 t i bonita uma gata de ouro Note que o SN sujeito do sintagma sentencial SF Lucinda em 53ac não foi gerado nessas sentenças como argumento externo do verbo ser Como os demais verbos inacusativos verbos copulativos não geram um argumento externo mas sim um argumento interno logo verbos copulativos não são movidos para uma camada Sv O SN Lucinda 53ac é gerado dentro de uma PO que é o complemento do ver bo ser Na posição interna a uma PO Lucinda 53ac não recebe marcação de Caso acusativo pelo verbo ser por este ser inacusativo o SN Lucinda 53ac é movido para a posição Spec IP a fim de receber o Caso nominativo por meio da flexão ver 144 V Part SV V comprado k SV SPrep V 4 V pelo professor V V SN 4 t k tm o livro A sentença 57 exemplifica uma construção de alçamento O verbo auxiliar ser foi esvaziado de significado apresenta um complemento oracional do tipo oração reduzida sem conjunção e com o verbo em uma forma nominal do tipo particípio comprado Note que em 57b o SN o livro é gerado dentro de uma sentença particípio SPart que funciona como argumento interno do verbo ser foi da sentença matriz O verbo encaixado comprar comprado como o auxiliar é do tipo inacusativo logo não assinala Caso acusativo para o SN o livro Como visto no início da subseção 123 o SN interno a um verbo inacusativo pode ou não moverse para a posição de sujeito de uma sentença veja 43 renumerado 58 a O trem chegou b Chegou o trem Em 58a o SN o trem sofreu movimento para a posição de sujeito sentencial Voltemos à estrutura passiva em 57 De acordo com Cyrino Pagotto Nunes a sair 6 145 A distinção semântica mais fundamental entre ativas e passivas na verdade diz respeito ao argumento externo Em construções ativas o papel temático de agente é obriga toriamente atribuído ao argumento externo já em construções passivas o papel temático de agente é opcional e se presente é realizado estruturalmente como um adjunto o agente da passiva na terminologia tradicional Em 57 o SN o livro argumento interno do verbo inacusativo comprar comprado movese para a posição de sujeito do verbo auxiliar movimento conhecido como alça mento Observe ainda que em 57 o professor é o SN com papel teta Agente este SN é inserido na sentença passiva pelo SP pelo professor na posição de adjunto do verbo comprado ver 57b A construção passiva realizada com verbo auxiliar e exemplificada em 57 é cha mada de passiva sintática cf Duarte 2003b 522530 59 Passiva Sintática uma construção passiva sintática é formada por verbo au xiliar mais verbo pleno em sua forma nominal conhecida como particípio O verbo no particípio em uma dada construção passiva sintática tem uma forma alternante transi tiva ou bitransitiva55 A característica de uma construção passiva sintática de atestar formas alternantes transitivasbitransitivas pode ser vista em 60 a Fernanda comprou duas botas na Feira da Ladra por 2 euros b Duas botas foram compradas na Feira da Ladra por Fernanda por 2 euros 61 a A amiga Dália emprestou a mesinha de computador para Márcia b A mesinha de computador foi emprestada para Márcia pela amiga Dália Em 60b 61b os verbos compradasemprestada são formas alternantes das for mas transitivabitransitiva respectivamente compraremprestar em 60a 61a Similar às construções passivas sintáticas estão as passivas adjetivais As cons truções passivas adjetivais tais como as sintáticas são construções de alçamento 55 cf Duarte 2003b 522530 cf Duarte 2003b 522530 146 62 Passiva Adjetivas uma construção passiva adjetival é formada por verbo copula tivo mais verbo pleno em sua forma nominal conhecida como particípio O verbo no par ticípio em uma dada construção passiva sintática tem uma forma alternante inacusativa56 A característica de uma construção passiva adjetiva de atestar uma forma alternante inacusativa pode ser vista em 63 a O neto de Evanilde cresceu bastante b O teu neto está muito crescido57 Em 63b o verbo crescido é uma forma alternante da forma inacusativa crescer cresceu em 63a Neste livro trataremos as estruturas das passivas adjetivais como estruturas simi lares a estruturas com verbos copulativos como se exemplifica abaixo por meio do dado 63b renumerado 64 a O teu neto está muito crescido b SF V SN F 4 V o teu neto k F SV V está j V V V PO 56 cf Duarte 2003b 534 cf Duarte 2003b 534 57 Duarte 2003b 535 dado 57a renumerado Duarte 2003b 535 dado 57a renumerado 149 Do exposto acima apontase a seguinte definição para passivas se no português brasileiro 67 Passivas se uma construção passiva se é formada por uma formal verbal inacusativa alternante de uma forma verbal transitiva como vender O verbo ina cusativo em uma passiva se atesta um amálgama com um pronome clítico se e é seguido por um complemento Na descrição acima observase que na estrutura em 65b o índice j subscrito ao verbo vendese aponta para uma cadeia ou seja para um movimento de um núcleo de verbo para uma posição de núcleo da flexão nesta posição ocorre um tipo de incor poração de núcleo de pronome se há um amálgama de um conjunto morfológico verboflexão na posição I Este pronome se é um equivalente ao SN Agente que pode se manifestarse como adjunto adverbial em construções de passivas sintáticas Ao término desta subseção que trata sobre verbos auxiliares é importante aten tar para o fato de que as passivas sintáticas operam restrições sobre os verbos com que podem ocorrer Nas passivas sintácticas apenas podem ocorrer formas participiais de verbos ditransitivos e transitivos Como a agramaticalidade dos exemplos 33 mostra não podem ocorrer em passivas sintácticas formas participiais de verbos inergativos cf 33a de verbos inacusativos cf 33b e de verbos que selecionam argumentos internos preposicionados cf 33c ou que assumem superficialmente uma forma preposicional cf 33d 33 a O João foi tossido pelo fumo b O telhado foi caído pelo vendaval c O João foi telefonado pelo Pedro d O espetáculo foi gostado pelos críticos Duarte 2003b 529 Logo as passivas sintáticas constituem um importante papel para a checagem de um verbo transitivo ou bitransitivo Verbos inacusativos tratados nesta subseção podem apresentar uma característica interessante exibir uma variante causativa transitiva como se vê a seguir 150 1232 Verbos de Alternância Causativa Verbos de alternância exibem duas variantes uma exibe menos um argumento do que a outra Nesta subseção apontamos os verbos de alternância causativa61 Verbos tipicamente causativos de mudança de estado são os verbos que aceitam al ternância causativa Os verbos abrir afundar aumentar derreter fechar reprovar termi nar exibem uma variante causativa transitiva e uma variante não causativa inacusativa ver Duarte 2003b 306 Abaixo veja um exemplo de alternância causativa 68 a Joana abriu aquela porta variante transitiva b Aquela porta abriu variante inacusativa Em 68a o verbo abrir apresenta a variante transitiva exibindo argumento exter no Agente e argumento interno Tema Diferentemente o verbo abrir em 68b exibe a variante inacusativa atestando apenas um argumento interno Sobre construções inacusativas ver sugestão de leitura em Leituras complementares capítulo 4 ao final deste livro 13 Verbos sem Argumento Nas seções 12 e 13 tratamos sobre os verbos com mais de um argumento e sobre os verbos monoargumentais Nesta seção abordamos sobre os verbos que não selecionam argumentos Verbos sem argumentos são tratados pela gramática normativa dentro da classe dos cha mados verbos impessoais Esses verbos são apontados como62 i verbos que exprimem fenômenos da natureza como anoitecer amanhecer etc63 ii os verbos estar fazer haver e ser quando se relacionam com tempo ou fenômeno natural ex Já é tarde Há anos que estudo Lingüística 61 Em Duarte 2003b 306308 vêse ainda Em Duarte 2003b 306308 vêse ainda verbos de alternância locativa 62 Cf Infante 1995 p 35455 Cf Infante 1995 p 35455 63 Observe as palavras de Infante 1995 354 Quando usados de forma figurada esses verbos podem ter sujeito determinado Choviam papéis sobre a multidão alvoroçada 151 O verbo haver exprimindo existência ou acontecimento também é tratado como verbo impessoal pelos gramáticos no entanto como apontado em 123 este verbo é um verbo monoargumental do tipo inacusativo Observe um exemplo de verbo impessoal com seu respectivo diagrama 69 a Choveu ontem b SF V SN F 4 V øexpl F SV V choveu k SV SAdv 4 V ontem V t k Observe que um verbo sem argumento não abre espaço para projeção nem de ar gumento externo nem de argumento interno Como não projeta argumento externo este verbo não se move para o núcleo de uma camada funcional Sv projetandose apenas na camada SV A posição de sujeito de verbos sem argumento como chover em 69 é preenchida com um sujeito nulo do tipo expletivo 152 Sobre aspectos da predicação em português ver sugestão de leitura em Leituras com plementares capítulo 4 ao final deste livro 2 Considerações Finais Neste capítulo atentamos para a classificação do verbo centrada no conceito de predicação Tomando como critério de análise da predicação a característica número de argumentos que um predicador requer descrevemos os verbos com mais de um ar gumento os verbos monoargumentais e os verbos sem argumentos A análise sintática dos verbos em português centrouse na projeção dos verbos em torno de camadas Dependendo do tipo de argumentos que tomam e ainda da informa ção de papel teta que cada verbo apresenta relacionada a seus argumentos o sintagma verbal poderá ser projetado i por duas camadas uma camada nucleada por um verbo semanticamente pleno SV e uma camada nucleada por um verbo leve Sv ii por uma camada nucleada por um verbo semanticamente pleno SV No próximo capítulo enfatizamos o sintagma nominal SN uma categoria lexical importante na composição do verbo e da sentença apresentamos ainda considerações sobre a projeção funcional do SN o sintagma determinante SD 156 4a ele O falante brasileiro mais escolarizado a fim de evitar a marca de nominativo ele ainda bem estigmatizada como exemplificado em 4a opta por apresentar um objeto nulo representado por O O pronome pessoal objeto com marcação de caso acusa tivo como exemplificado em 4b visiteio é parte da gramática do português europeu PE mas não da do brasileiro Em PB pronomes pessoais com marcação do tipo acusativa são atestados na modalidade da língua escrita na língua falada o caso acusativo é atestado entre falantes em uma enunciação extremamente formal como se exemplifica em 4b No entanto neste caso ainda é preciso atentar para a posição do clítico que em PB é preferen cialmente proclítica compare os dados 4b e 4b Como já apontado nos capítulos 3 e 4 deste livro advogase em teoria da sintaxe que todas as línguas marcam a categoria Caso a NPs inseridos em uma dada predicação Logo tanto línguas com morfologia explícita de caso como línguas com caso morfológico do tipo nulo atestam Caso abstrato7 A seguir tratamos resumidamente de uma relação importante entre nomes argumentos do tipo sujeito com o predicador verbal a relação Agreement Agr concordância verbal 12 Agreement Concordância verbal Chamamos de Agreement Agr uma marca morfológica expressa no verbo mani festando concordância com um dos nomespronomes argumentos da predicação Em português o verbo manifesta o fenômeno Agreement Agr com o argumento que ocu pa a posição de sujeito da sentença esse nome pode ser fonologicamente preenchido ou não Sobre a definição de sujeito que tomamos neste livro e ainda sobre o Parâmetro do Sujeito Nulo ver subseções 2211 e 22111 respectivamente no capítulo 3 Sobre a projeção de Agreement Agr na sentença ver O Sintagma Flexional em 22 no capítulo 3 2 XBarra e os Sintagmas Nominal e Determinante Como vimos no capítulo 2 as categorias lexicais são definidas pela combinação de apenas dois traços distintivos N e V O nome e o pronome é a classe de palavra que carrega o traço N por excelência neste capítulo além do sintagma nominal 7 Ver subseções 221 222 e 223 no capítulo 3 157 projeção máxima de um nome abordamos também uma outra categoria de natureza funcional que tem dominância sobre o SN o sintagma determinante SD 21 O Sintagma Nominal Ao iniciarmos nossas considerações sobre o sintagma nominal SN NP vamos definilo por meio de suas propriedades de ocorrência sintática ou seja por meio de sua distribucionalidade Chamamos de SN um sintagma cujo núcleo é uma categoria nome substantivo ou pronome que ocorre nas seguintes posições sintáticas 5 1 argumento externo do verbo 2 sujeito da sentença 3 argumento interno do verbo 4 objeto da sentença 5 elemento regido por preposição 6 elemento predicador em uma predicação sem verbo Na estrutura abaixo exemplificamse as posições 15 do SN apresentadas acima 6 a Jonathan estuda Economia na Universidade de Brasília b SF V SN F 4 V Jonathan i F Sv V estuda j Sv SPSN 158 V 4 SN v na Universidade de Brasília 4 V t i v SV V t j V V V SN 4 t j Economia  SN Jonathan gerado como argumento externo do verbo leve estudar movido para a posição Spec SF a fim de receber o Caso nominativo da flexão sujeito A cadeia Jonathani t i apresenta as duas posições do SN Jonathan posições 12 apontadas em 5  SN Economia gerado como argumento interno do verbo estudar recebe Caso acusativo do verbo leve assumindo a função de objeto da sentença posições 34 apon tadas em 4  SN Universidade de Brasília gerado como complemento da preposição em po sição 5 apontada em 4 Observe que o esquema 6b demonstra que como o verbo e outras categorias o SN segue o esquema XBarra visto no capítulo 1 subseção 32 7 XP V Spec X 159 V X Compl No entanto em 6b por questões de simplificação por hora apresentamos os SNs por meio de triangulações A seguir exemplificamos o nome como núcleo de uma predicação posição 6 apontada em 5 8 a Amanda é uma gatinha b PO V SN SN 4 4 Amanda uma gatinha No capítulo 4 subseção 12311 vimos que nomes com a função de núcleos de uma predicação PO como gatinha em 7 ocorrem em sentenças com verbos copu lativos intransitivos inacusativos No entanto na PO nomes como uma gatinha 8b são os predicados de uma predicação que se dá sem verbo 211 Sintagmas Nominais com Núcleos Pronominais Clíticos Em 11 apresentamos o caso morfológico em português marcado no sistema de pronomes pessoais da língua Veja abaixo exemplos dos casos nominativo acusativo objetivo e dativo oblíquo por meio do pronome pessoal 1S 9 a Eu fui ao Rio no mês passado b Meu irmão me levou à Rodoviária c Helena entregou as encomendas para mim 162 35 A moça não me cumprimentou A moça não te cumprimentou FUNÇÃO ACUSATIVA A moça não nos cumprimentou A moça não vos cumprimentou 36 Ninguém me emprestou o livro Ninguém te emprestou o livro Ninguém nos emprestou o livro FUNÇÃO DATIVA Ninguém vos emprestou o livro Ninguém lhe emprestou o livro 37 Eu me feri com a ferramenta Tu te feriste com a ferramenta Nós nos ferimos com a ferramenta FUNÇÃO REFLEXIVA Vós vos feristes com a ferramenta Ele se feriu com a ferramenta Freire 2005 19 Na citação acima enfatizase o português padrão escrito o que se vê pela inserção da forma vos já não mais atestada nem mesmo no português europeu Há ainda que se dizer que o português brasileiro vem atestando a não marcação do caso objetivo que se vê no quadro em 10 Observe os exemplos 12ab renumerados abaixo seguidos dos exemplos cc 17 Caso Acusativo Objetivo 3P os a Cecília e Jair enviaram SD os SN livros aos amigos b Cecília e Jair enviramnos aos amigos c Cecília e Jair enviaram O aos amigos c Cecília e Jair enviaram eles aos amigos Em 17b o clítico nos é um exemplo típico da modalidade escrita quando visto na fala é exemplo de uma fala culta ou extremamente policiada ex professores universi tários jornalistas Como já apontado na nota 6 a forma nominativa tem sido a forma 163 default no português falado no Brasil que vem marcando esse caso nas aparições dos pronomes pessoais como se vê em 17c No entanto uma recorrência grande em por tuguês do Brasil é o objeto nulo como se vê em 17c Uma das hipóteses de explicação do atestado número de ocorrências de casos de objeto nulo no português brasileiro é que os falantes que evitam o clítico objetivo evitam também a sua substituição pela forma default nominativa como 17c ainda muito estigmatizada na língua Sobre a forma default nominativa para casos de pronomes em posição de objeto ver 17c Mattoso Câmara 1972 aborda o emprego do pronome ele e suas variantes de feminino e plural como um acusativo do PB Embora o autor op cit afirme que esse uso consiste em um dos traços mais característicos de nossa língua posicionase contrário a esse uso Para Mattoso Câmara tratase de um erro visto na linguagem literária brasileira para a caracterização da língua do povo mas que consiste em um traço que se manifesta na linguagem oral em todos os níveis sociais Convém ressaltar que este texto de Mattoso foi escrito em meados da década de 1950 quando não havia no Brasil muitos estudos linguísticos sobre o PB principalmente sobre a questão do uso Ratificamos que um fato importante atestado em PB no tocante ao marcador obje tivo mesmo na fala dos cultos é a perda dos clíticos acusativos de terceira pessoa Esse processo deu origem a uma extensão dos contextos em que o objeto nulo é aceito em portu guês brasileiro quando comparado ao português europeu cf Raposo 1986 bem como ao apareci mento de pronomes tônicos na posição de objeto direto construção agramatical em português europeu Como os estudos variacionistas têm evidenciado os clíticos acusativos de terceira pessoa não fazem parte do vernáculo do português brasileiro Ao contrário o uso dessas formas está associado a aprendizado escolar revela grau de instrução elevado e é identificado com língua escrita e estilo formal Nunes 2007 207 Sobre Objeto Nulo e Clíticos ver sugestão de leituras em leituras complementares capítulo 5 ao final deste livro Atente a seguir para o dado 13ab renumerado com inserção da sentença 13c 18 Caso Dativo Oblíquo 3P lhes 165 19 Ênclise Ocorre quando o pronome átono está colocado depois do verbo que complementa É no português europeu a colocação mais normal como nos exemplos a Disseramme a verdade b Conhecios há pouco c A rapariga sentouse à mesa 20 Próclise Ocorre quando o pronome átono está colocado antes do verbo que complementa É a tendência do português brasileiro a Não nos disseram a verdade b A moça se penteou c Eu te prometo sinceridade absoluta 21 Mesóclise Ocorre com as formas verbais do futuro do presente e do futuro do pretérito em que o pronome surge no interior do verbo a Dirseia que tal construção é desusada no Brasil b Contarmeão a verdade quando chegar lá Pela definição e exemplos de mesóclise oferecidos em 21 na citação acima chama mos a atenção para os seguintes aspectos i o fenômeno descrito como mesóclise não é previsto linguisticamente Em outras pa lavras as descrições de línguas do mundo não atestam clíticos que aparecem em uma posição que divide a raiz de sua flexão em uma palavra hóspede como apontado em 21ab ii a colocação mesoclítica descrita em nossas gramáticas é clara ao enfatizar que pro nomes clíticos em português só ocorrem atados a formas verbais no futuro do presente e do pretérito o que nos suscita a seguinte pergunta por que a posição mesoclítica só é atestada nestes tempos verbais Embora a mesóclise esteja fora da gramática falada dos brasileiros ela é ainda bem atestada na modalidade da língua escrita dos brasileiros Nosso objetivo portanto é apontar para argumentações linguísticas claras que evidenciam que a posição mesoclíti 166 ca do pronome átono em português não é um caso de colocação de pronome clítico no interior do verbo pois como já apresentado clíticos não têm a característica de se interporem entre a raizradical de uma palavra e seus afixos Observe a seguir a forma 22 Amarteei Em 22 temos claramente três morfemas i amar ii te iii ei O morfema ei é um sufixo baú que carrega as marcas de TEMPO ASPECTO MODO PESSOA e NÚ MERO do verbo amar a raiz da palavra amarei te é o pronome clítico acusativo objetivo ver 10 O pronome clítico em português só ocorre nesta posição medial entre a raiz do verbo e sua flexão quando a flexão do verbo expressa tempo futuro Este fato pode ser explicado por um processo de mudança linguística descrito por Chagas 2002 159 O verbo haver também se gramaticalizou na formação do futuro do indicativo na România ocidental o que abrange a Itália a França e a Península Ibérica Em vez da forma latina amábó do futuro do indicativo amarei gradativamente ganhou espaço nas línguas româ nicas uma locução formada do verbo habeo e do infinitivo do verbo principal Surge então a forma amare habeo Inicialmente tínhamos aí duas palavras mas com o passar do tempo elas se transformaram em uma única palavra Isso é o que ocorreu plenamente no francês no espanhol e no italiano em que os dois elementos se soldaram de forma indissolúvel produzindo respectivamente amerai amare e ameró A partir da informação acima de que o tempo futuro em línguas românicas his toricamente foi marcado por uma perífrase verbal verbo principal haver flexionado no futuro vejamos um possível estágio do processo de marcação do tempo futuro em português por meio da expressão verbal vista em 22 amarteei renumerada em 23 a Amarteei b Amarte haverei b Amarteei O objetivo em 23 é atestar que o que chamaríamos de mesóclise do clítico te em 23a seria historicamente uma forma enclítica atada ao verbo principal amar 170 Por outro lado em certos casos a transposição é possível como em 31 a todos os meus amigos b os meus amigos todos Lemle 1984 cria um exemplo de SN maximamente estendido23 32 Todos aqueles meus outros dez primeiros estranhos poemas O objetivo de Lemle op cit ao criar o SN máximo apontado em 32 é segundo a autora apresentar as sete posições prénominais possíveis de serem preenchidas como se vêem abaixo 33 24 1 todos 2 aqueles 3 meus 4 outros 5 dez 6 primeiros 7 estranhos poemas ambos estes esse o um algum nenhum cada teus seu nosso vosso mesmos um dois vário diverso muito pouco segundos terceiro Lemle 1998 98 chama a atenção para a nomenclatura gramatical tradicional atribuída às categorias em 33 argumentando sobre sua inadequação Segundo a autora op cit a gramática tradicional i reúne sobre uma mesma nomenclatura categorias distribucional mente distintas ii separa em categorias distintas elementos distribucionalmente idênticos Abaixo em 3435 resumimos a argumentação apresentada em Lemle 1984 98 34 Categorias distribucionalmente distintas tratadas pela mesma nomenclatura 23 Lemle 1984 98 exemplo 146 Dado renumerado e adaptado o grifo é nosso Lemle 1984 98 exemplo 146 Dado renumerado e adaptado o grifo é nosso 24 Lemle 1984 98 146 Lemle 1984 98 146 174 V V PO V t j SD SAdj 4 4 t k adoráveis b SD V D V SN V N cães Oberve que cães em 38 é projetado como nome nu bare nouns a ausência de determinante permite a leitura de genericidade do argumento cães No entanto seguin do a literatura em PP mesmo SN nomes nus são projetados pelo núcleo da categoria funcional determinante como desenvolvido em 38b A seguir apresentamos mais um exemplo da projeção SDSN 39 a A necessidade do Marcos é enorme 175 b SF V SD F 4 V a necessidade k F SV V é j V V V PO V t j SD SAdj 4 4 t k enorme b SD V D V D SN V a N V 178 Quese introduzindo orações N são tradicionalmente denominados de con junção integrante Ver Bechara 2006 463 Sentenças N podem ter a função de complemento de verbos transitivos como se vê por meio do esquema XBarra da oração 40 renumerada em 44 a SF Helena disse SC que SF enviou os documentos ontem b SF V SD F 4 V Helena i F Sv V disse j SD v 4 V t i v SV V t j V V V SC 4 t j que enviou 180 4 V eles i F Sv V nos k autorizaram j SD v 4 V t i v SV V t j SD V 4 V t k V SPSCSF 4 t j a que b SP V P V P SC V a C 183 4 t j de que SP V P V P SC V de C V C SF 4 que sejam premiados Observamos em 46 que a a sentença SP de SC que sejam premiados é gerada como argumento interno preposicionado do verbo leve gostar da sentença matriz b a sentença SP de SC que sejam premiados recebe Caso oblíquo da preposição de e funciona como complemento relativo da sentença matriz todos gostam Note que verbos transitivos como gostar 46 e outros regidos por preposição como de é considerado em muitas gramáticas normativas como verbo transitivo indireto logo o complemento de verbos como gostar 46 é dito objeto indireto cf Pasquale Ulisses 2003 407 Neste livro seguimos a proposta que se vê em Be 184 chara 2006 464 de distinguir complemento relativo de objeto indireto Chamamos de objeto indireto ao complemento preposicionado incluindo o complemento ora cional em construções bitransitivas que atestam os traços semânticos AlvoMeta ou Fonte ver capítulo 4 O complemento preposicionado sentencial SP de SC que sejam premiados 46 não atesta nenhum dos dois papéis temáticos previstos para objeto indireto AlvoMeta ou Fonte Sentenças N podem ser complemento de verbos psicológicos como se vê por meio do esquema XBarra da oração em 47 a Eu me admiro SC que SF Mateus não tenha convidado você pra festa b SF V SD F 4 V eu i F SV V me admiro j SD V 4 V t i V SC 4 t j que Mateus não tenha convidado você para a festa 185 Em 47 observamos que a a sentença SC que SF Mateus não tenha convidado você pra festa é gerada como um dos dois argumentos internos do verbo psicológico se admirar um verbo pronomi nal Verbos psicológicos não projetam argumentos externos Agente e por esta razão sua projeção estrutural diferese da projeção estrutural de verbos transitivos b quando dizemos que o verbo se admirar projeta dois argumentos internos di zemos que esses argumentos são projetados em SV logo o argumento SD eu é o outro argumento interno do verbo se admirar Alguns exemplos de verbos psicológicos que podem exibir uma sentença N como com plemento como se vê em 47 são aborrecer agradar admirar afligir alegrar assustar aterrorizar cansar comover contrariar desagradar descontar entristecer espantar incomodar inquietar irritar impressionar interessar ofender perturbar preocupar surpreender cf Duarte 2003c 601 607 Orações N podem funcionar como complemento de um verbo inacusativo como exemplificamos em 48 a Basta SC que SF você comunique seu email pra eles b SF V SD F 4 V Oexpl F SV V basta j V V V SC 186 4 t j que você comunique seu Em 48 observase que a o verbo bastar oração principal é um verbo do tipo monoargumental que seleciona apenas um argumento não Agente esse argumento é interno Portanto bas tar é um verbo inacusativo b o argumento interno do verbo bastar é a sentença N SC que SF você comunique seu email pra eles que não recebe marcação de Caso acusativo desse verbo Logo a sentença N em 48 não pode ser considerada como objeto direto sentencial como se afirma em algumas gramáticas da língua Verbos inacusativos do tipo copulativos podem ainda selecionar orações N Essas orações são organizadas estruturalmente como um dos sintagmas que compõem uma projeção do tipo pequena oração PO A seguir vejamos um exemplo de sentença N projetada em uma PO 49 a É certo SC que SF todos os alunos aplicados serão aprovados b SF V SD F 4 V Oexpl k F SV V é j V 188 b SF V SD F 4 V Eu i F Sv V tenho j SD v 4 V t i v SV V t j V V V SD 4 t j a impressão de que b SD V D V D SN 190 Ainda neste capítulo apresentamos uma rápida descrição das sentenças complexas em português com valor N Propusemos de modo geral que tais sentenças funcio nam como argumentos de verbos de mais de um lugar e de verbos inacusativos de um lugar essas sentenças podem também ser selecionadas por nomes funcionado portan to como seus complementos No próximo capítulo descrevemos com mais detalhes sobre a categoria sintag mática adjetivo 192 b SD V D V D SN V aqueles SN SAdj V N Adj N Adj livros interessantes Em 2b vêse a projeção maximamente estendida do SN livros nessa projeção o adjetivo interessantes é adjunto do nome Observe agora a projeção sintagmática em que se insere o adjetivo interessantes na sentença em 3 a Aqueles livros são interessantes b PO V SD SAdj 193 4 4 aqueles livros interessantes Em 3b se vê que o adjetivo compõe uma projeção sem verbo chamada de peque na oração PO As projeções do SAdj interessantes em 2 e 3 exemplificam a definição dessa ca tegoria apresentada em 1 adjetivos podem ser projetados em uma sentença como ad juntos de um nome ou como integrantes de uma PO Lemle 1984 102 aponta outra característica dos adjetivos todo adjetivo que pode modificar um nome referente a um ser humano pode exercer papel de nome incorporando o conceito de pessoa ao seu próprio sentido que passa a ser uma pessoa com a qualidade expressa pelo adjetivo Abaixo vemos uma exemplificação oferecida por Lemle op cit3 4 os ricos os pobres os bons os maus o morto o sábio o avarento os brasileiros os cariocas o careca Neste livro tomaremos como SAdj não apenas a categoria adjetivo mas também outras categorias que exercem a função de categorias modificadoras do nome 11 O Sintagma Adjetivo No capítulo 5 subseção 212 observamos sete posições prénominais que podem ser preenchidas em um dado SN chamado de SN maximamente estendido Repe timos abaixo a tabela em 28 daquele capítulo renumerada 3 Lemle 1984 102 dado 155 renumerado 194 5 1 todos 2 aqueles 3 meus 4 outros 5 dez 6 primeiros 7 estranhos poemas ambos estes esse o um algum nenhum cada teus seu nosso vosso mesmos um dois vário diverso muito pouco segundos terceiro Como abordado no capítulo 5 as categorias das colunas 3 a 7 em 5 são posicional mente intercambiáveis com os adjetivos colocados antes ou depois do nome Logo catego rias nestas posições devem ser consideradas adjetivos cf Lemle 1984 99 Revendo ainda o capítulo 5 consideramos que apenas três categorias sintagmáticas podem girar em torno do núcleo do sintagma nominal SN em uma dada projeção sintática 6 i Sintagma quantificador SQ ii Sintagma Determinante SD iii Sintagma Adjetivo SAdj As categorias SQ e SD só podem ser preenchidas apenas uma vez dentro de uma dada projeção nominal no entanto a categoria adjetivo SAdj pode ser preenchida mais de uma vez dentro de um dado SN um fato sintático particular da classe dos adjetivos Atente para o SN maximamente estendido com as projeções SQ SD e SAdj em 7 a SQ Todos SD aqueles SAdj interessantes SN livros estavam escritos nas referências bibliográficas do curso de gramática b SD Aqueles SAdj interessantes SN livros teus mesmos dois primeiros 197 O CSA complemento do SAdj é sempre desempenhado por sintagma preposicionado isto é preposição SN Definese posicionalmente por ocupar o terceiro lugar no SAdj máximo Em 10 apresentamos a organização do sintagma adjetivo maximamente estendi do em português 10 SAj máximo SInt núcleo do SAdj complemento do SAdj 112 A Inserção de Adjetivos nas Sentenças Como apontado em 1 e 2 as duas maneiras de se inserir um SAdj em uma sen tença em português são como i adjunto de um nome ii participante de uma predicação do tipo pequena oração PO Observe o comportamento sintático do adjetivo atrasado nas sentenças 11 e 12 abaixo 11 a SD O aluno SAdj atrasado chegou b SF V SD F 4 V O aluno i F SV atrasado V chegou j V V V SN 198 4 t j t i b SD V D V D SN V o SN SAdj V N Adj N Adj aluno atrasado 12 a O aluno i chegou SC ti atrasado b SF V SD F 4 V o aluno k F SV 199 V chegou j V V V PO V t j tk SAdj 4 atrasado Em 11 o adjetivo atrasado é projetado dentro do SN maximamente expan dido como adjunto do núcleo aluno em 12 atrasado não é mais adjunto de um nome mas participante de uma predicação Ele inserese em uma construção do tipo pequena oração projetada por uma categoria funcional Abaixo detalhamos a projeção PO 1121 A Projeção Pequena Oração Apresentaramse no capítulo 4 subseção 12311 sintagmas de natureza N formando uma predicação chamada de pequena oração PO Veja o exemplo a seguir 13 a Martinha é bonita b PO V SN SADJ Martinha bonita 200 Observe que POs em português ver 13a inseremse em uma sentença com verbo inacusativo copulativo como ser em Martinha é bonita O adjetivo bonita não é adjunto do nome Martinha mas constitui em conjunto com Martinha uma predicação Observe ainda que a PO como projetada em 13b não obedece ao esquema res tritivo Xbarra A literatura em PP propõe que POs são sentenças do mesmo tipo que o são sen tenças finitas e infinitivas Vimos no capítulo 3 que verbos finitos projetam um sin tagma flexional de natureza funcional FLEXÃO SF Da mesma forma POs são con sideradas dentro do Modelo Xbarra uma projeção de um núcleo funcional Logo a pergunta que se faz é 14 Que núcleo funcional projeta uma sentença do tipo PO como em 13 A resposta encontrada na literatura para a pergunta que explicitamos em 14 é que POs projetam um núcleo funcional CONCORD CONCORDÂNCIA A proposta de POs serem projetadas por um núcleo CONCORDÂNCIA que segui mos neste livro vem da observação de línguas românicas ver Haegeman 1999 123126 e seus exemplos sobre PO em francês Observe as POs em 15 e suas projeções em 16 15 a SF O aluno i estava PO t i atrasado b SF Os alunos i estavam PO t i atrasados cSF A aluna i estava PO t i atrasada dSF As alunas i estavam PO t i atrasadas 16 SConc V SD 4 Conc oas alunoas V Conc SAdj 201 V GÊNERO Adj NÚMERO Adj atrasadoas O adjetivo atrasadoas 16 manifesta concordância explícita com o nome alunoas em estruturas POs selecionadas por verbos copulativos Logo as sumese que em português e em línguas românicas como se vê em Haege man1999 POs são projeções do núcleo CONCORDÂNCIA que carrega os traços dos morfemas funcionais i GÊNERO e ii NÚMERO Logo passamos a projetar o sintagma concordância SConc como a projeção máxima do núcleo CONCORDÂNCIA O núcleo CONCORDÂNCIA seleciona em predicações PO como em 15 i o adjetivo ou qualquer sintagma que funcione como adjetivo na PO como seu complemento ii um SD como seu argumento externo ver 16 É preciso atentar para o fato de que POs pequenas orações são inseridas em português dentro de uma projeção sentencial com verbo copulativo Os verbos copulativos como ser em Martinha é bonita 13 têm um esvaziamento semântico e são chamados pela Gramática Tradicional de verbos de ligação cf Bechara 2006 426 Por ligarem um nome a uma qualidade chamada de predicativo do sujeito ou do objeto os verbos de ligação cópulas são denominados pela Gramática Tradicional de predicados nominais No entanto Bechara op cit chama a atenção para a inadequação da terminologia predicado nominal para predicados com verbos copulativos de ligação do ponto de vista funcional e formal tais verbos apresentam todas as condições necessárias à classe dos verbos incluindose aí os morfemas de gênero número pessoa tempo e modo daí acompanharmos neste livro os lingüistas e gramáticos que defendem 202 a nãodistinção entre o predicado verbal e o predicado nominal incluindo também a desnecessidade de distinguir o predicado verbonominal Toda relação predicativa que se estabelece na oração tem por núcleo um verbo Bechara 2006 426 A Teoria XBarra capta a argumentação que se vê na citação acima Bechara op cit Observe a projeção da sentença 13 renumerada em 17 a Martinha é bonita b SF V SN F 4 V Martinha k F SV V é j V V V SConc 4 t j tk bonita b SConc V SD Conc 203 4 V Martinha tk Conc SAdj FEMININO Adj SINGULAR Adj bonita A predicação como um todo em 17 não pode ser considerada nominal pois há a presença do verbo ser um verbo do tipo intransitivo inacusativo Este verbo não projeta argumento externo e projeta uma PO como seu complemento o SConc capta a predica ção interna que ocorre entre Martinha bonita Para explicação sobre o movimento do SD Lucinda para Spc SF ver capítulo 4 subseção 12311 Como apontado em Bechara 2006 426 a definição de predicado nominal para sentenças com verbos de ligação ver 17 é inadequada também o é a definição chamada de predicado verbonominal Os chamados predicados verbosnominais são tão verbais quanto os chamados predicados nominais descritos pela projeção em 17 Na sentença 15a renumerada abaixo apresentamos uma oração com um predicado des crito como verbonominal pela Gramática Tradicional 18 a O menino i chegou SC ti atrasado b SF V SN F 204 4 V o menino k F SV V chegou V V V SConc 4 t j tk atrasado b SConc V SD Conc 4 V o menino tk Conc SAdj MASCULINO Adj SINGULAR Adj atrasado 205 Observe que como a sentença em 18 tem um verbo que não é chamado de verbo de ligação chegar mas possui um adjetivo em posição de nãoadjunto de nome atrasado a Gramática Tradicional denomina a predicação em 18 de verbonominal Mas de novo como argumentado por Bechara 2006 sentenças como 17 e 18 não são nominais mas sim verbais Observe que o verbo chegar em 18 é do mesmo tipo que ser em 17 verbos inacusativos Como ser em 17 o verbo chegar em 18 projeta um argumento in terno de natureza PO7 O verbo chegar 18 portador de FLEXÃO projeta o sintagma funcional SF o SD o aluno movese de sua posição Spec Conc para a posição Spec SF a fim de checar o Caso nominativo do núcleo da categoria SF Nesta posição o SD o aluno age como o sujeito da sentença O aluno chegou atrasado Lembrese de que o SD o aluno não pode receber Caso acusativo do verbo chegar pois chegar é do tipo inacusativo Como argumentado acima predicativos não são o núcleo de uma predicação verbal em português mas sim o complemento do núcleo CONCORDÂNCIA de uma pre dicação chamada de PO POs podem funcionar como argumento interno de um verbo intransitivo do tipo inacusativo como exemplificado em 1718 Logo o predicado sentencial das orações em 17 e 18 é verbal e não nominal ou verbonominal respecti vamente como definidos pela Gramática Tradicional Antes de finalizarmos esta subseção sobre POs é preciso ainda apontar que essas predicações de natureza N podem ser projetadas como adjuntos de verbos e não ape nas como seus complementos como exemplificado em 17 e 18 Observe a sentença abaixo 19a SF O auditório i ouviu os conferencistas SC ti atento b SF V SN F 7 Para uma boa argumentação sobre o verbo chegar como intransitivo inacusativo ver Mito et al 2004 158164 206 4 V o auditório i F Sv V ouviu j SN v 4 V t i v SV V t j SV PO V 4 V O atento V V SD 4 t j os conferencistas PO 4 O atento b SConc V SD Conc 207 4 V O Conc SAdj MASCULINO Adj SINGULAR Adj atento Em 19 temse mais um caso denominado pela Gramática Tradicional de pre dicado verbonominal Ratificamos no entanto que como em 17 e 18 a predi cação sentencial em 19 se dá por meio de um verbo o verbo leve ouvir esse verbo além de seus argumentos i externo o auditório e ii interno os conferencistas pro jeta uma PO como seu adjunto O atento Um fato importante precisa ser dito sobre a PO adjunto em 19 Em 19 o adjetivo atento não expressa CONCORDÂNCIA com um SD explícito mas sim com um SD de natureza pronome nulo referencial O Embora O expresse relações semânti cas com o sujeito sentencial o auditório o SD o auditório não foi projetado do léxico na sentença dentro da PO mas sim como argumento externo do verbo leve ouvir ver a projeção em 19b Um outro aspecto que corrobora a análise de que o SD o auditório 19 não foi al çado de dentro da PO é que a PO em 19 encontrase em uma estrutura conhecida na literatura como ilhafronteirabarreira O movimento de qualquer elemento de dentro de estruturas do tipo ilha não pode ser processado ou é processado com dificuldade Em 19 se o SD o auditório tivesse sido projetado inicialmente na sentença na posição Spec PO esse SD não poderia ter sido alçado à posição de Spec SF Sobre o concei to de ilha ver o texto clássico de Ross 1967 Recapitulando o que vimos na subseção 112 SAdjs podem ser inseridos em sentenças em português como adjuntos de um nome ou como complementos do nú 208 cleo Conc em uma PO Sobre a PO esta estrutura pode ser um complemento ou um adjunto do verbo da oração em que é projetada A seguir comentamos sobre uma categoria que tem sido considerada pela literatura como uma classe dos adjetivos a categoria advérbio 2 Considerações sobre a Categoria Advérbio Começamos esta seção dizendo que a razão de introduzirmos a classe de palavra advérbio neste capítulo sobre adjetivo devese ao fato de que ratificamos a posição de um conjunto de pesquisadores em PP que advogam que a categoria advérbio é parte da classe dos adjetivos A seguir introduzimos algumas considerações sobre a categoria advérbio Primei ramente nos concentramos na definição de advérbio pela Gramática Tradicional visando a apontar que muitas palavras que são definidas como integrantes dessa categoria o são apenas por critérios semânticos sintaticamente muitas palavras ditas advérbios apresen tam comportamento muito distinto umas das outras Em segundo lugar argumentamos a favor da divisão da chamada categoria advérbios em distintas categorias gramaticais 21 A Gramática Tradicional e a Categoria Advérbio O advérbio é definido em nossas gramáticas com base em dois critérios i semântico e ii sintático relacionado às categorias sobre as quais o advérbio se refere cf Lobato 1976 99 Bechara 2006 287 define o advérbio como uma palavra modificadora que se re fere geralmente ao verbo ao adjetivo a um advérbio como intensificador ou a uma declaração inteira Ainda segundo este mesmo autor o advérbio é a expressão mo dificadora que por si só denota uma circunstância de lugar de tempo modo intensidade condição etc Bechara 2006 287 Mattoso Câmara 1975 124 após apontar um quadro descritivo e histórico dos advérbios em português afirma O quadro teórico que acabamos de apreciar no âmbito dos advérbios em português é teórico até certo ponto Perturbam em parte as suas linhas gerais a extrema mobilidade semântica e funcional que caracteriza os advérbios Ela é inerente a essas palavras 211 a Palavras ditas adverbiais terminadas em mente em português advérbios ter minados em mente só podem ser derivados de raízes adjetivais qualquer novo adjetivo criado permite a forma dita adverbial em mente ex sutilmente b Palavras com a mesma forma adjetivos e advérbios de modo podem repartir a mesma forma como se vêem abaixo em 21 a Marina chutou a bola alto b Marina é alta 22 a Os alunos estão meio cansados de sintaxe b Agora são meio dia e meia hora ii Relação Sintática entre adjetivos e advérbios Adjetivos e advérbios permitem o mesmo conjunto de modificadores como se vêem em 23 Ele estuda muito bem 24 Ela está muito feliz O SInt muito modifica tanto o advérbio bem em 23 quanto o adjetivo feliz em 24 Adjetivos e advérbios permitem o mesmo tipo de complementos preposicionados como se observa em 25 Ela é independente de mim 26 Ela agiu independentemente de mim Em 25 o SP de mim é complemento do SAdj independente em 26 do SAdv independentemente Mioto et al 2004 55 citando Radford 1988 dizem que advérbios e adjetivos estão em distribuição complementar no sentido de que os últimos modificam nominais enquanto os primeiros modificam constituintes não nominais verbais adjetivais preposicionais etc 214 V Intens SAdj V muito Adj V Adj SP 4 satisfeito com o trabalho Em 28 muito é tratado como a projeção de um sintagma intensificador SInt Ao final desta subseção citamos ainda Brito 2003 417 nota 107 O advérbio é historicamente uma categoria derivada por isso não facilmente caracterizável através de uma combinação dos traços N e V como fizemos para os nomes os verbos os adjeti vos as preposições A generalidade dos advérbios dêiticos de lugar e de tempo do português atu al tem a sua origem em expressões nominais ou preposicionais latinas contendo demonstrativos cf aí cá hoje agora Outros advérbios formaramse a partir do antigo ablativo instrumental de adjectivos latinos cf bem mal longe tarde 3 Orações com Função de Adjetivo Em português como em muitas línguas vêse a ocorrência de orações com função adjetival Tradicionalmente essas orações são chamadas de orações relativas ver Brito Duarte 2003 Observe o exemplo em 30 a SF O livro SC que estava na mesa desapareceu b SF O livro SAdj azul desapareceu 217 mente como um vestígio do sintagmaQ movido e semanticamente como uma variável lógica cujo valor é interpretado pelo elemento movido um operador lógico nessa posição Segundo a Teoria XBarra o SC sintagma complementizador é uma categoria funcional que como as categorias lexicais também projeta uma posição de núcleo de complemento e de especificador como visto no capítulo 4 seção 3 Ao contrário das categorias lexicais a posição de especificador Spec de SC não é uma posição temática posição de SDs argumentos constituindo um lugar aberto para elementos que se movem de dentro da sentença Logo o SC é uma categoria funcional que pode abrigar elementos movidos como se vê em 35 a Eu vou comprar o que i ele quer v i b SC V SD C 4 V o que i C SF 4 ele quer v i O especificador do SC é o lugar destinado a receber o pivô que se origina dentro do SF relativo cf Mioto Negrão 2007161 Observe que o diagrama em 35b de monstra o movimento do constituinteQ de uma posição argumental posiçãoA para uma posição não argumental posição Abarra Veja a posição da variável lógica v i definindo que o constituinteQ é interpretado na posição de onde foi movido 311 A Relação da Relativa com o Pivô Quanto à forma como o SC relativo se relaciona com o pivô realizado na sentença matriz existem duas concepções opostas dentro da literatura i uma delas encara o SC 219 38 D V D SC 4 V SN C 4 V C SF 4 que t NP Neste livro assumimos a opção de tratar o SC relativo em português em estrutura de adjunção ao pivô externo como visto em 36 Entendemos que as orações relativas têm comportamento de adjetivos logo são adjuntos sentencias de um dado SDSN de uma oração matriz A seguir apresentamos as estratégias de relativização em Português 32 Estratégias de Relativização no Português Assumimos a análise que se vê na literatura que as orações relativas em português envolvem o movimento de morfema Q 39 a A pessoa que admiro saiu da cidade b Aquele livro cujas folhas estão amareladas é uma raridade c A moça com quem José falou mora em Brasília d A casa onde em que Helena mora custou muito caro Nas orações 39ab não é tão claro advogar se ocorreu movimento de dentro da oração relativizada no entanto em 39cd o movimento do constituinteQ para o iní 220 cio da subordinada é visível O argumento principal para a análise por movimento de orações como em 39 é de natureza lexical Observe a sentença em 40 a A moça com quem Jonathan falou é competente b SF A moça SC com quem i SF Jonathan falou vi é competente O verbo falar 40 seleciona categorialmente um argumento interno SP com quem atribuin dolhe o papel temático de TEMA Logo o sintagma com quem não pode ser basicamente pro jetado numa posição inicial de SC pois semanticamente e argumentalmente projetase como argumento interno do Sv Logo o sintagma com quem deve estar contido no Sv por movimento esse sintagma deslocase para a periferia esquerda da sentença deixando um vestígio na posição subjacente Nas orações relativas é estabelecida uma relação formal entre o constituinte deslocado por Movimento Q para a posição inicial da relativa e o seu vestígio Em português ocorrem três tipos de subordinadas relativas i relativas restritivas ii relativas nãorestritivas ou apositivas iii relativas livres Observe os exemplos das relativas a seguir Relativas Restritivas 41 A estudante com quem Pedro falou estuda Linguística Relativas Não Restritiva Apositiva 42 A estudante com quem Pedro falou estuda Linguística Relativa Livre 43 João procura quem estuda Linguística 321 Relativas Restritivas e NãoRestritivas Apositivas Negrão 1992 retomando Cooper 1983 caracteriza a diferença entre as re lativas restritivas e as relativas nãorestritivas apositivas no português brasileiro 221 Observe as sentenças a seguir 44a A moça com quem Juan falou estuda Teatro 45a A moça com quem Juan falou estuda Teatro Segundo Negrão op cit sentenças relativas restritivas como 44 têm uma contribuição semântica e estruturação sintática distintas de sentenças relativas nãorestritivas como 45 Semanticamente a sentença 44 tem a ela associada a interpretação de que existe uma moça no universo do discurso com a propriedade de ser a pessoa com quem Juan falou e essa moça estuda Teatro Diferentemente a sentença 45 nãorestritiva aposi tiva desencadeia a interpretação de que há uma única moça no universo do discurso e essa estudante foi a pessoa com quem Juan falou e ela estuda Teatro Em 44 há uma moça com quem Juan falou mas podem existir outras moças no universo do discurso Em 45 não Só há uma moça no universo do discurso na apositiva exemplificada em 45 e essa interpretação é captada pela fonologia por meio de pausa ao se expressar a relativa apositiva A pausa é expressa na ortografia por meio de vírgulas As diferenças de interpretação observadas em relativas restritivas e nãorestritivas aposi tivas levam Negrão 1992 a propor que as sentenças relativas restritivas são adjuntas a SN ao passo que as apositivas são adjuntas a SD Neste livro seguimos a análise de Negrão op cit Observe os exemplos abaixo e suas estruturas Oração relativa restritiva adjunção a um dado SN da sentença matriz 46 a A moça com quem Juan falou estuda Teatro b SF V SDSNSPSCSF F 4 4 a moça estuda teatro com quem Juan falou 222 b SD V D V D SN V a SN SP V N P V N P SC V moça com SD C 4 V quem i SF 4 Juan falou t i Oração relativa apositiva adjunção a um dado SD da sentença matriz 47a A moça com quem Juan falou estuda Teatro 223 b SF V SDSNSPSCSF F 4 4 a moça estuda teatro com quem Juan falou b SD V SD SP V V D P V V D SN P SC V a N P SD C 4 V N P quem i C SF 4 moça com Juan falou t i 224 322 Relativas Livres Quando o núcleo da relativa é um nome superordenado pessoa coisa lugar etc este núcleo pode ser explícito aparecendo como pivô externo da relativa relativa com antecedente RA ou pode ocorrer a construção que a literatura convencionou chamar de relativa livre RL 48 a Não conheço a pessoa que a Maria admira RA b Não conheço quem a Maria admira RL 49 a Mariana viu a coisa que eu comprei RA b Mariana viu o que eu comprei RL 50 a Ele não conhece o lugar onde você estuda RA b Ele não conhece onde você estuda RL As RLs atestam três grandes propriedades i restrição de morfemas Q ii natureza argumental iii efeito de conformidade categorial i Restrição de Morfemas Q As RLs comportam apenas alguns dos morfemas Q que são empregues nas relati vas com antecedentes São eles quem o que precedidos ou não de preposição e onde exemplificados em 48b 49b e 50b respectivamente Nessas orações as RLs não exi bem seu núcleo a não ser i na morfologia ou ii no determinante do morfema intro dutor da relativa a Introdutores da relativa livre exibindo o pivô externo por meio da morfologia quem pessoa ver 48b onde lugar ver 50b 225 b Introdutor da relativa livre exibindo o pivô externo por meio do determinante o que pessoa ver 49b ii Natureza Argumental As RLs têm em seu todo uma natureza argumental com uma relação temática e uma fun ção sintática própria Elas podem ocupar a posição de sujeito da oração superior como em 51 Quem quer falar com você telefonou RLs podem ocupar a posição de objeto direto da oração matriz como em 52 Eu admiro quem mantém o bom humor 53 Eu fiz o que era melhor para todos Podem também ocupar a posição de objeto preposicionado da oração principal como se vê em 54 Eu ajudei a quem estava precisando mais RLs podem ainda ocupar a posição de adjunto da sentença matriz 55 Ela colocou as roupas sem passar onde eu coloco os livros A propriedade de ter uma natureza argumental aproxima as RLs de outro tipo de subordinadas as completivas interrogativas Observe as sentenças 56 e 57 abaixo Relativa Livre 56 Eu fiz o que todos esperavam Completiva Interrogativa 57 Ela não perguntou quanto custou a encomenda Em 56 e 57 as sentenças encaixadas ocupam posições argumentais das senten ças matriz objeto direto 227 62 a o que é que b o que elemento movido cópula elemento que Em geral elementos clivados como o que em 60 apresentam leitura de foco sobre foco veja capítulo 8 Voltando aos testes que distinguem construções RLs de construções completivas RLs não permitem que um dado elemento de sua sentença seja alçado para a periferia por meio de uma estrutura clivada como se vê pela agramaticalidade de 61 As comprovações empíricas em favor da distinção entre completivas interroga tivas e relativas livres têm um objetivo Para Bresnan Grimshaw 1978 as relati vas têm uma propriedade sintática que as caracteriza de maneira única o efeito de conformidade categorial iii Efeito de Conformidade Categorial Bresnan Grimshaw 1978 337338 apontam uma propriedade sintática das RLs que as distinguem de forma única de outras subordinadas o efeito de conformidade categorial Tratase de uma postulação que diz que os morfemas Q que iniciam uma RL têm de estar em conformidade com a estrutura argumental dos dois verbos envolvidos na construção Observe a sentença abaixo 63 a Eu admiro quem sempre mantém a esperança quem objeto do verbo da matriz a Eu admiro quem sempre mantém a esperança quem sujeito do verbo da RL Em 63 observamos que o pivô quem semanticamente partilhado pela matriz e pela relativa tem seu papel temático e função sintática determinados pelo verbo da sentença matriz admirar No entanto na oração relativa há um papel semântico e uma função sintática independentes associados ao pivô e determinados pelo verbo manter Sobre Orações Relativas e Teoria da Gramática ver sugestão de leitura em leitura complementar capítulo 6 ao final deste livro 228 4 Considerações Finais Nas seções acima detalhamos o SAdj apresentando i as maneiras como ele pode ser inserido em sentenças do português ii a sua projeção sintagmática máxima De talhamos ainda a sua estrutura quando inserido como núcleo de uma predicação deno minada de pequena oração Tecemos considerações sobre a categoria chamada advérbio propondo de acordo com alguns linguistas que esta categoria não é marcada no léxico das línguas e que deve ser dividida em categorias distintas Na seção quatro apresentamos a projeção oracional que funciona como adjetivo na língua portuguesa a oração relativa apresentando um resumo das estratégias de rela tivização no português que inclui as relativas restritivas nãorestritivas e livres No próximo capítulo descrevemos sobre as categorias preposição e quantificador 236 14 a Eles saíram SP de manhã a SP Tempo o SP de manhã indica um sintagma com valor semântico Tempo Logo existem bons argumentos para enquadrarmos as preposições no quadro dos núcleos lexicais Mesmo as preposições ditas funcionais como de parecem apontar para algum papel semântico mantendo então seu caráter lexical Nesta seção não podemos deixar de lado um aspecto da literatura que aponta os traços N V das preposições Esta classe de palavras atesta ainda características de núcleos funcionais Sobre o papel funcional das preposições há que se levar em conta o papel das preposições na marcação casual de SDs nomes em uma dada sentença Observe os exemplos abaixo em português europeu PE e em português brasileiro PB 15 a Dei um livro SP à Inês PE b SP a Meta Alvo c Deilhe um livro 16 a Dei um livro para Inês PB b SP para Meta Alvo c Dei um livro para ela Observe que nos exemplos 15 e 16 o verbo dar é o item lexical crucial e não necessariamente a preposição apara para a marcação do papel temático associado ao SD Inês Este fato é corroborado principalmente em PE pela possibilidade de omissão da preposição sendo o SD que a preposição liga ao verbo substituído pelo clítico dativo lhe ver 15c Exemplos com a preposição a como 15a são casos clássicos de prepo sição do tipo funcional em português Observe que preposições consideradas tipicamente lexicais não podem ser omitidas da sentença nem o SD que elas introduzem pode ser substituído por um pronome clítico com marcação de caso Como exemplo veja a preposição sobre em 9a renumerado 17 a Maria desmaiou sobre a mesa b Maria desmaiou a mesa c Maria desmaioulhe 242 b SF V SN F 4 V Kiko i F Sv V deu j SN v 4 V t i v SV V t j V V V SDNom 4 t j uma ajudada na montagem da b SD V D 243 V D SNom V uma Nom V Nom NPDP 4 ajudada na montagem da árvore de Natal Em 20b o SP na montagem da árvore de Natal é complemento do nome ajudada elemento que é parte da predicação em 20 dar uma ajudada SP complemento de nome periodização composta Em 45 capítulo 4 renumerado abaixo seguido de sua estrutura exemplifica mos um complemento nominal do tipo oracional 21a Eu tenho a impressão SP de SC que SF vou voltar àquele lugar b SF V SD F 4 V Eu i F Sv 244 V tenho j SD v 4 V t i v SV V t j V V V SDSNSPSCSF 4 t j a impressão de que b SD V D V D SN V a N V N SPSCSF 4 impressão de que vou voltar àquele lugar 245 Em 21b o SP de que vou voltar àquele lugar insere em conjunto com um SC uma sentença N complemento do nome impressão SP adjunto de nome SPs podem ser ainda adjungidos a nome funcionando portanto como adjetivos como se vê por meio do SP daquela província em 22 a A necessidade SP de ajuda SP aos chineses SP daquela província impres siona o mundo b SF V SD F 4 V a necessidade de F SV ajuda aos i V impressiona j SD V 4 V t i V SD 4 t j o mundo b SD A necessidade SP de ajuda SP aos chineses SP daquela província 247 SP aos chineses complemento b SP aos chineses daquela província SP V P V P SD V a D V D SN V os SN SP V 4 N daquela província N chineses SP daquela província adjunto 250 4 V t i v SV V t j V V V SPSCSF 4 t j de que Como apontado no capítulo 5 a sentença 24 acima é um complemento oblíquo preposicional do verbo da sentença principal Um complemento sentencial com tempo finito como exemplificado acima em 24 sempre ocorre com um complementizador No entanto Os complementos sentenciais infinitivos por outro lado nunca são iniciados por um comple mentizador como exemplificado em 50 50 a então vamos tentar reconstruir a maneira de vida desse Povo EF SP 405 b pretendia ir pela Varig D2 RJ 355 Cyrino Nunes Pagotto a sair p 17 SP adjunto de verbo SPs podem ser adjungidos a SVs funcionado portanto como adjuntos de verbos Abaixo apresentamos um SP como adjunto de verbo 25 a O trem chegou PP na estação de Miguel Pereira 251 b SF V SD F 4 V o trem i F SV V chegou k SV SP V 4 V na estação de M Pereira V V SD 4 t k t i Em 25 o verbo chegar é inacusativo logo é gerado apenas com um argumento interno o trem O SP na estação de Miguel Pereira não tem lugar estrutural na argumen tação do verbo sendo portanto na estrutura em 25 um típico caso de adjunção verbal 2243 SPs Selecionados por SConc Em capítulos anteriores discorremos sobre a chamada pequena oração PO projetada pelo Sintagma Concordância SConc O núcleo do SConc projeta um sintag ma de natureza adjetival como seu complemento O SP pode ocorrer como um com plemento na estrutura SConc em português como se vê abaixo por meio do SP de uma beleza ímpar que funciona como um adjetivo na PO 26a Cássia i é PO ti SP de uma beleza ímpar 252 b SF V SN F 4 V Cássia k F SV V é j V V V SConc V t j tk Conc V Conc SP 4 FEMIN de uma beleza SING única Sobre Preposições no Português Brasileiro e Europeu ver sugestão de leituras em leituras complementares capítulo 7 ao final deste livro 3 O Sintagma Quantificador Nesta seção abordaremos brevemente sobre o conceito de quantificação emprega do pela semântica formal e ainda na Teoria da Gramática 255 32 O Sintagma Quantificador e a Teoria da Gramática Em Semântica Formal os quantificadores estão unificados na classe dos determi nantes cf Chierchia 2003 87102 Em Teoria da Gramática quantificadores e de terminantes são dois sintagmas distintos inseridos na projeção do sintagma nominal maximamente estendido como visto no quadro em 33 capítulo 5 renumerado em 30 1 todos 2 aqueles 3 meus 4 outros 5 dez 6 primeiros 7 estranhos poemas ambos estes esse o um algum nenhum cada teus seu nosso vosso mesmos um dois vário diverso muito pouco segundos terceiro No quadro em 30 observamse as posições 1 e 2 de quantificador e determinante respectivamente Logo em uma sentença com a expressão todos os homens tal expressão é projetada dentro da Teoria da Gramática em um SN maximamente estendido com um quantificador e um determinante como exemplificado em 31 a SQ Todos SD aqueles SN homens gostam de lutas marciais b SF V SN F 4 V Todos i F Sv 256 V gostam j SN v 4 V t i v SV V t j V V V SP 4 t j de lutas marciais b SQ i V Q V Q SD V todos D V D SN 258 Neste caso projetamse dois sintagmas distintos SQ e SD como demonstrado em 31b Logo quando um SQ puder ocorrer juntamente com um SD como visto em 31 os dois sintagmas serão projetados distintamente SQ e SD Diferentemente quando um SQ não ocorrer em conjunto com um SD projetaremos este SQ como um SD como exemplificado em 32 4 Considerações Finais Acima introduzimos as preposições e o sintagma preposicional dentro do qua dro da Teoria da Gramática verificando que os SPs podem ser projetados como complementos de nomes de verbos e do sintagma funcional SConc SPs podem ain da ser projetados como adjuntos de nomes e de verbos Abordamos também neste capítulo os quantificadores e sua projeção verificando que a categoria gramatical quantificador é uma subclasse dos determinantes podendo em alguns casos ocorrer em conjunto com um determinante e em outros casos com portarse como o único determinante da sentença Este comportamento dos quantifica dores levou pesquisadores em Teoria da Gramática a concebêlos como uma projeção distinta do SD Diferentemente pesquisadores em Semântica Formal consideramnos como parte do conjunto de itens que formam o chamado sintagma determinante 259 Capítulo 8 Aspectos do sintagma complementizador Considerações sobre o sintagma conjuntivo e sobre conectivos Neste capítulo abordamos com mais detalhes o sintagma complementizador SC 1 A Categoria Complementizador Na seção 3 do capítulo 5 introduzimos brevemente o sintagma complementizador SC definindoo como uma projeção do núcleo Complementizador de natureza funcional O SC como os demais sintagmas segue o esquema XBarra 1 SC V C V C SF 4 que se interrogativo Em 1 vêse que o Complementizador núcleo da projeção SC projeta uma posição de complemento estrutural que por sua vez em conjunto com o nú cleo projeta uma posição de especificador Spec O complemento estrutural de um C é sempre uma oração SF a posição Spec SC é o local de pouso de sintagmas movidos de dentro de uma SF 260 O núcleo do SC 1 é preenchido em português pelas conjunções integrantes que e se Abaixo exemplificamos núcleos do SC em português 2 a Eles têm necessidade de que suas metas sejam alcançadas b Ele perguntou se Mariana chegará para a reunião em tempo 11 Complementizador versus Conjunção versus Conectivo Neste livro corroboramos a proposta linguística de que complementizadores se di ferem de conjunções e de conectores Atente para os exemplos em 3 Ela perguntou se nós fomos bem tratados naquele lugar complementizador 4 Jonathan comprou o carro porque precisava conectivo complementizador 5 Mariana chegou e as clientes ficaram satisfeitas conjunção Segundo a tradição gramatical a periodização em 3 corresponde ao tipo subor dinada substantiva interrogativa indireta em 4 ao tipo subordinada adverbial em 5 a orações coordenadas Cada um dos três elementos em 35 são classificados como conjunção No entanto corroboramos análises que definem os itens lexicais acima em negrito como pertencentes a categorias sintáticas diferentes Ratificamos que complementizadores ligam orações com dependência sintática uma da outra reveja as sentenças N na seção 3 do capítulo 5 Em português que se compõem a classe dos complementizadores da língua No entanto complementizado res se distinguem de conjunções não só pelos valores que veiculam mas também pelo facto de com eles poderem ocorrer quando os membros coordenados são frases subordinadas como acontece em 2ab Se tivermos em conta que duas conjunções ou dois complementadores não podem concorrer para uma mesma posição sintáctica cf 2cd a boa formação de 2ab mostra que conjunções e complementa dores são duas subclasses lexicais distintas 2 a Acho que ele tem trabalhado demais e que devia fazer férias o mais brevemente possível b Porque já acabei o trabalho e porque está bom tempo vamos passear mais tarde 261 c Ele vai ao cinema e ou ao teatro d Ela não sabe porque quando a convidaram para passar férias na montanha Matos 2003 5581 Logo definimos as diferenças entre os itens lexicais se 3 e e 5 renumerados como categorias distintas complementizador e conjunção respectivamente 6 Ela perguntou se nós fomos bem tratados naquele lugar complementizador 7 Mariana chegou e as clientes ficaram satisfeitas conjunção Orações como as do tipo em 7 apontam para um conjunto de sentenças que se ligam por meio de coordenação A seguir abordamos brevemente sobre a análise que adotamos neste livro para a coordenação sentencial 111 Conjunções e Estruturas de Coordenação Como a subordinação a coordenação sentencial tem a propriedade de formar uni dades sintáticas complexas No entanto diferentemente da subordinação sentenças N a coordenação opera combinando constituintes que se equivalem sintática e se manticamente Observe o exemplo em 8 seguido de sua estrutura 8 a O carro chegou mas ninguém saiu b SConj V SF Conj 4 V o carro chegou Conj SF 1 Os grifos nos exemplos são nossos 262 4 mas ninguém saiu Em 8b seguimos a proposta de estrutura de coordenação que se vê em Matos 2003 560 em que uma estrutura coordenada pode ser concebida como um constituin te que tem por núcleo a conjunção A estrutura em 8b capta o fato de que a conjunção estabelece uma relação de nexo entre as sentenças e que embora essas sentenças sejam relativamente livres umas das outras têm interdependência discursiva A análise sintática evidencia ainda que há diferenças entre conjunções como exemplificamos acima e conectores A distinção entre conjunções e conectores nem sempre é estabelecida nos estudos gramaticais que se baseiam fundamentalmente na função semântica desempenhada por ambos a de estabelecer o nexo entre os membros coordenados Contudo há diferenças formais importantes entre eles que nos permitem concluir que embora as conjunções coordenativas possam ser consideradas como uma subclasse específica de conecto res nem todos os conectores que surgem em estruturas de coordenação são conjunções Os conectores são expressões que têm um âmbito mais geral do que as conjunções Ocorrem tanto em domínios de coordenação como de subordinação mantendo seu papel de explicitar a ligação entre os constituintes envolvidos Matos 2003 559 Observe novamente as sentenças 45 renumeradas 9 Jonathan comprou o carro porque precisava conectivo complementizador 10 Mariana chegou e as clientes ficaram satisfeitas conjunção 263 Ao elemento de ligadura sentencial porque em 9 chamamos de conectivo e não de conjunção como denominamos e em 10 Em 9 porque se insere em um conjunto de elementos denominados de locuções conjuntivas pela gramática e como veremos sucin tamente a seguir introduzem as orações chamadas subordinadas adverbiais 112 Os Conectivos e as Estruturas Adverbiais Os elementos que introduzem um conjunto de sentenças ditas adverbiais são con siderados em nossos compêndios gramaticais como locuções conjuntivas ou locuções adverbiais ver Bechara 2006 493 Neste livro seguimos a análise que considera as locuções conjuntivas ou locuções adverbiais como conectores Os conectores são muitas vezes combinados com um complementizador Observe a sentença em 11 e sua proposta de estrutura 11 a Suzana comprou o livro para que Leo estudasse b SF V SN F 4 V Suzana i F Sv V comprou j Sv SPSCSF V 4 SN SV para que Leo estudasse 4 V t i V 264 V V SD 4 t j o livro Observe que o elemento de juntura entre as duas orações em 11 é a pre posição para de base semântica finalidade e um complementizador que Logo para que não pode ser analisada como uma locução conjuntiva Observe ainda que o que distingue a sentença para que Leo estudasse de uma sentença N introduzida por complementizador é que a sentença encaixada em 11 está em uma estrutura de adjunção Segundo Brito 2003b 704 705 os conectores são sintagmas preposicionais SP ou sintagmas adverbiais Sadv que contêm uma oração finita iniciada pelo complementador que ou infinitiva sem o que 39 SP P V P SCOMP V COMP SFLEX COMP 267 b SF V SD F 4 V vocês i F Sv V compraram j SD v 4 V t i v SV V t j V V V SQU 4 t j o quê Os pronomesQU são uma subclasse dos SNs em 14 o SQU o quê é gerado na posição de argumento interno do verbo leve comprar O exemplo 14 aponta para uma característica importante de perguntasQU em português essas perguntas são analisadas como perguntasQU insitu ou seja as per guntasQU em português são projetadas na sintaxe no local onde são geradas Isto se deve ao fato de que diferentemente do português línguas como o inglês exigem que perguntasQU se movam sempre para a posição Spec SC como se vê em 269 3 Movimentos para a Posição Especificador de Sintagma Complementizador Nesta seção enfatizamos a posição especificador do sintagma complementiza dor Spec SC que é preenchida por SQUs e pronomesQ relativos que sofrem movimento de dentro de uma sentença SF para esta posição no SC 31 Movimento QU Como visto na subseção 12 exemplo 12 a língua portuguesa permite o movimento de perguntas QU para a posição Spec SC embora este movimento não seja obrigatório como o é em línguas como o inglês português é uma língua do tipo WH in situ Observe o exemplo 14 renumerado seguido de outros dois exemplos com per gunta QU movida 16 a Vocês SV compraram SQU o quê b SF V SD F 4 V vocês i F Sv V compraram j SD v 4 V t i v SV 270 V t j V V V SQU 4 t j o quê 17 a O que i vocês compraram ti b SC V C 4 o quê k V C SF V SD F 4 V vocês i F Sv V compraram j SD v 4 V t i v SV 271 4 t j t j t k SV V V V V SQU 4 t j t k 18 a O que i que vocês compraram ti b SC V C 4 o quê k V C SF V que SD F 4 V vocês i F Sv 273 32 Movimento do Pronome Relativo Como já abordado no capítulo 6 o pronome relativo ou expressão relativa assume uma posição na periferia esquerda da sentença na posição de especificador do SC Observe a sentença abaixo 19 a A secretária com quem Pedro Paulo trabalha comprou um apartamento b SF V SDSNSPSCSF F 4 4 a secretária comprou um apartamento com quem Pedro Paulo trabalha b SD V SD SP V V D P V V D SN P SC V a N P SD C 275 O dado 20a é um típico exemplo de relativa restritiva Nesta oração a relativa é cons truída com pronome relativo quem que ocupa a posição Spec SC No entanto os exemplos 20bd têm comportamento distinto da oração 20a como se vê a seguir 3211 Relativas Construídas com Pronome Resumptivo Observe a sentença 20b renumerada seguida de sua estrutura 21 a O funcionário que você entregou as pastas para ele veio hoje b SF V SDSNSCSF F 4 4 o funcionário veio hoje que você entregou as pastas para ele b SD V D V D SN V o SN SC 276 V N C V N C SF 4 funcionário que você entregou as pastas para ele As sentenças relativas exemplificadas em 20bd apresentam o elemen to que introdutor da relativa Um grupo de linguistas considera esse elemento como pronome relativo Logo para esses linguistas o elemento que em 20bd é projetado na posição Spec SC No entanto seguimos neste livro a análise de outro grupo de pesquisadores que considera que o elemento conectivo que em 20bd é um complementizador e não um pronome relativo Logo em sentenças como 20bd atestase no português brasileiro uma reavaliação do elemento introdutor de relativas Em 21ab o elemento que introdutor da relativa que analisamos como um complementizador encontrase no núcleo da categoria SC o que demonstra que não houve movimento de um pronome de dentro da sentença para SC A estratégia de oração relativa exemplificada em 21 aponta para o preen chimento da posição relativizada por um pronome pessoal Logo o preenchi mento da posição relativizada ratifica a análise que tomamos acima em 21bb para relativas com pronome resumptivo não há movimento de dentro da oração relativa para a posição Spec SC Sentenças como 21 são conhecidas como copiadora ou resumptiva Segun do Kato Raposo 1996 307 280 as variações de altura do tom laríngeo que não incidem sobre um fonema ou uma sílaba mais sobre uma seqüência mais longa palavra seqüência de palavras e formam a curva melódica da frase Dubois et al 1998 O foco é a parte não pressuposta da sentença que afirma sobre algo Zubizarreta 1998 usa testes de pergunta resposta para determinar o que chama de estrutura de foco assertivo como se vê em 27 a O que João estuda b João estuda FOCO ASSERTIVO linguística Ao falarmos sobre marcação de foco é necessário ainda dizer que o foco pode ser marcado por meio de uma estrutura chamada de clivagem Veja a sentença abaixo 28 FOCO É um vestido que Marta fez Em 28 temos um exemplo de uma estrutura dita clivada em que ocorre o movi mento do SD um vestido para a periferia da sentença ensanduichado por é que para efeitos de marcação de foco 42 A Categoria Tópico O tópico segundo os funcionalistas e gerativistas é uma categoria que representa um conhecimento comum pressuposto entre falantes em uma dada enunciação cf Raposo 1996 Zubizarreta 1997 Observe um exemplo de tópico em 29 A Profa Simone Caputo ela é especialista em literatura africana caboverdiana Em 29 vêse um sintagma na periferia esquerda da sentença A Profa Simone Caputo retomado por um elemento interno na sentença ela A Profa Simone Caputo representa um conhecimento comum entre os interlocutores da sentença onde ela se insere A Profa Simone Caputo é o tópico Ela é especialista em literatura africana caboverdiana é o comentário 281 O estudo do tópico em linguística envolve uma tipologia que divide as línguas em i línguas de proeminência de tópico ou línguas orientadas para o discurso ii línguas de proeminência de sujeito ou orientadas para a sentença O português brasileiro apresenta os dois tipos de relação de predicação cf Ber link Duarte Oliveira A sair subseção 34 Observe as seguintes construções em Exemplo de predicação do tipo línguas de proeminência de tópico 30 Teatro eu prefiro mais comédia Exemplo de predicação do tipo línguas de proeminência de sujeito 31 No tocante a teatro eu prefiro mais comédia A sentença em 30 apresenta um elemento na posição de tópico teatro Este ele mento conectase semanticamente com a sentença comentário eu prefiro mais comédia no entanto não há uma conexão sintática do SD teatro com nenhum elemento interno à sentença comentário Nossas GTs costumam apresentar sentenças semelhantes a essas que exibem o que eles denominam quebra na sintaxe nas seções dedicadas às figuras de linguagem chamandoas anacolutos Estudos lin güísticos recentes as tratam como construções de tópico pendente cf Brito Duarte Matos 2003 Berlink Duarte Oliveira A sair subseção 341 A sentença 31 semanticamente similar a 30 expressa o tópico projetado em uma construção introduzida por conectivo preposicionado O tópico pode ainda ser expresso dentro de uma típica construção de sujeitopredicado O importante a ser ressaltado é que principalmente no português brasileiro falado estru turas de tópico como 30 chamadas de tópico marcado vêm sendo cada vez mais atestadas Dados como 29 e 30 exemplificam construções chamadas de tópico marcado também conhecidas como de duplo sujeito sendo o sujeito externo o tópico ou o sujeito do discurso e o interno o sujeito sintático um argumento selecionado pelo predicador 282 externo e às vezes interno que entra em relação de concordância com o verbo As chamadas construções de tópico marcado não constituem entretanto um conjunto homogêneo diferenciandose conforme a conectividade entre o tópico e a sentençacomentário Berlink Duarte Oliveira A sair subseção 34 Duarte 1987 e Brito Duarte Matos 2003 apontam cinco tipos de construções de tópico no português europeu moderno i Tópico Pendente este tópico é regido geralmente por uma expressão do tipo quanto a acerca de no que diz respeito a como em 32 Acerca de ontem é óbvio que existem pessoas aproveitadoras Observe que a relação sintática do tópico em 32 com o comentário é mínima ii Deslocamento à Esquerda do Tópico Pendente este tipo de tópico possui uma relação sintática mais forte com o comentário pois é retomado por um elemento pronominal na oração 33 A Helena ela adora moda iii Topicalização o elemento topicalizado pode ser qualquer categoria sintagmá tica sua retomada na oração é sempre uma categoria vazia e não apenas um sintagma determinante SD 34 A essa pessoa não dou valor algum iv Deslocação à Esquerda Clítica CLLD o tópico na periferia esquerda da sen tença é sempre retomado por um pronome clítico que manifesta concordância de caso número e gênero com o tópico 35 Aos de casa dálhes tudo de melhor v Topicalização Selvagem diferenciase da Topicalização porque o constituinte deslocado no caso um PP ocorre sem a preposição como em 283 36 Essa pessoa não dou crédito algum Galves 1998 Pontes 1987 Kato 1989 1993 1999 Kato Negrão 2000 Kato Raposo 2006 Araújo 2006 são alguns exemplares da literatura dedicada ao estudo do tópico em PB Em Galves 1998 apontamse duas construções de tópico que ocorrem no PB e que não são atestadas em PE i Tópico Sujeito é uma construção parecida com topicalização selvagem ver v acima por se tratar de um PP sem preposição na posição de tópico No entanto este tópico comportase como sujeito da sentença pois manifesta concordância com o verbo 37 Estas casas batem sol Compare a sentença 37 com a sentença Bate sol nestas casas ii Tópico com Pronome Lembrete pode ser do tipo a sujeito deslocado O sujeito é deslocado para a periferia da sentença mas um pronome em posição préverbal o retoma e este pronome concorda com o verbo 38 Essa casa ela é de madeira ii SP ou locativo deslocado O SP é deslocado sem a preposição como em tópico sujeito mas não manifesta concordância com o verbo um pronome lembrete preposicionado é retomado na posi ção do SP na oração 39 Esta parede bate sol nela 286 Na seção 3 enfatizouse que a posição de especificador do SC é uma posição de pouso de elementos movidos de dentro de uma sentença logo pronomes relativos e conectivos relativos posicionamse em Spec SC No entanto no português brasileiro alguns tipos de sentenças relativas são introduzidas por complementizadores Na seção 4 introduziramse as categorias foco e tópico ligadas à interface sintaxe discurso e ainda o SC cindido em categorias que permitem a projeção do foco e tópico 289 CARNIE A 2002 Syntax a generative introduction Malden USA Blackwell CASTILHO A T 1968 Introdução ao Estudo do Aspecto Verbal na Língua Portuguesa ALFA 12 11133 CASTILHO A T de 2006 Apresentação In Gramática do português culto falado no Brasil construção do texto falado orgs C C A S Jubran I G V Koch p 726 Cam pinas Editora da UNICAMP Vol 1 org 2002 Gramática do Português Falado 4 ed Campinas Editora da UNICAMPFAPESP Vol 1 2006 Apresentação In Gramática do português culto falado no Brasil cons trução do texto falado orgs C C A S Jubran I G V 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n d Aspectos etnolinguísticos da fala em uma comunidade quilombola do Pará Jursussaca São Paulo Manuscrito OLIVEIRA R P 2001 Semântica formal uma breve introdução Campinas SP Mercado das Letras Coleção Idéias sobre Linguagem 2004 Formalismos na lingüística uma reflexão crítica In Introdução à lin güística fundamentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 219250 São Paulo Cortez Vol 3 PAGOTTO E G 2007 Crioulo sim crioulo não uma agenda de problemas In Descri ção história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 461482 Campinas SP Pontes FAPESP PAYNE T E 1999 Describing morphosyntax a guide for field linguistcs Cambridge Cambridge University Press PASQUALE C N ULISSES I 2003 Gramática da língua portuguesa São Paulo Scipione PERINI M A 1989 Sintaxe do português metodologia e funções São Paulo Ática PERLMUTTER D 1978 Impersonal passive and the unaccusative hypothesis BLS 4 157189 PETTER M M T 2008a Langues africaines au Brsil contact des langues et chan gement linguistique Séminanaire dHistoire dÉpistemologie des Sciences du Langage Université de São Paulo avec Université Paris 7 302 2008b Variedades lingüísticas em contato português angolano português brasileiro e português moçambicano Tese de Livre Docência São Paulo Universidade de São Paulo PETTER M M T CARON B coordenadores 2005 Projeto a participação das lín 2005 Projeto a participação das lín guas africanas na constituição do português brasileiro PEZZATI E G 2004 O funcionalismo em lingüística In Introdução à lingüística funda mentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 165218 São Paulo Cortez Vol 3 POLLI T C 2002 Advérbios em mente Dissertação de mestrado Universidade de São Paulo 2008 A periferia esquerda no português brasileiro Tese de Doutorado Uni versidade de São Paulo PONTES E S L 1987 Sujeito da sintaxe ao discurso São Paulo Ática PróMemória Brasília Instituto Nacional do Livro Ensaios 125 O tópico no português do Brasil 1987 Campinas SP Pontes POSTAL P 1974 On Raising One Rule of English Grammar and Its Theoretical Implica tions Cambridge MA MIT Press PRETI J 2003 Apresentação In Análise de textos orais org J Pretti 6 ed São Paulo Humanitas FFLCHUSP Série Projetos Paralelos Vol 1 QUAREZEMIN S 2005 A focalização do sujeito no português brasileiro Dissertação de Mestrado Universidade Federal de Santa Catarina QUINT N 2008 A realização do sujeito em português do Brasil deriva vesrus Criouli zação In África no Brasil a formação da língua portuguesa org J L Fiorin M M T Petter p 101144 São Paulo Contexto RADFORD A 1988 Transformational grammar a first course Cambridge Cambridge University Press 304 SCHER A 2004 As construções com o verbo leve dar e nominalizações em ada no Português do Brasil Tese de doutorado Universidade de Campinas SELKIRK E 1995 Sentence prosody intonation stress and phrasing In Phonological theory ed J A Goldsmith p 550569 Oxford Blackwell SHACHTER P 1985 Partsofspeech systems In Language typology and syntactic descrip tion 1 clause structure ed T Shopen p 361Cambridge Cambridge University Press SHOPEN T 1985 Language typology and syntactic description 1 clause structure Cam bridge Cambridge University Press SILVA M C F 2004 Os anos 1990 na Gramática Gerativa In Introdução à lingüística funda mentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 131165 São Paulo Cortez Vol 3 SILVA NETO S 1963 Introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil Rio de Janei ro Instituto Nacional do LivroMEC SILVA R V M 2006 O nome e o sintagma nominal morfologia e estrutura In O portu guês arcaico fonologia morfologia e sintaxe p 99116 São Paulo Contexto SOUZA E R F 2004 Os advérbios focalizadores no português falado do Brasil uma abordagem funcionalista Dissertação de Mestrado UNESPSão José do Rio Preto TARALLO F 1983 Relativization stratgies in Brazilian Portuguese Ph D Dissertation University of Pensnsylvania 1993a Sobre a alegada origem crioula do português brasileiro mudanças sintáticas aleatórias Fernando Tarallo 19511992 In O Português Brasileiro uma via gem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo orgs I Roberts M A Kato p 3568 Campinas SP Editora da UNICAMP 1993b Diagnosticando uma gramática brasileira o português daquém e dalémmar ao final do século XIX Fernando Tarallo 19511992 In O Português Bra 305 sileiro uma viagem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo orgs I Roberts M A Kato p 69106 Campinas SP Editora da UNICAMP TORRES MORAIS M A C R BERLINCK R de A 2007 Eu disse pra ele ou disse lhe a ele a expressão do dativo nas variedades brasileira e européia do português In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 159184 Campinas SP Pontes FAPESP TRASK R L 1993 A Dictionary of grammatical terms in linguistics London Routledge VIARO M E 2007 Considerações acerca de mudanças semânticas de até no portu guês do século XIX In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 499512 Campinas SP Pontes FAPESP VILLAÇAKOCH I G 2007 Estratégias de tematização e rematização In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 299312 Campinas SP Pontes FAPESP VILLALVA A 2003 Estrutura morfológica básica In Gramática da língua portuguesa eds M H Mira Mateus A M Brito I Duarte I H Faria et al p 917938 7 ed Lisboa Editorial Caminho Parte V Aspectos morfológicos da gramática do português Cap 22 ZUBIZARRETA M L 1998 Prosody focus and word order University of Southern California Departamento of Linguistics Los Angeles CA 307 APÊNDICE I Leituras Complementares CAPÍTULO 1 As origens latinas do português ILARI R BASSO R 2006 Um pouco de história origens e expansão do português In O português da gente a língua que estudamos a língua que falamos p 1348 São Paulo Contexto Linguística histórica GABAS JR N 2003 Lingüística histórica In Introdução à lingüística domínios e frontei ras orgs F Mussalim A C Bentes p 77104 3 ed São Paulo Cortez TEYSSIER P 2001 História da língua portuguesa Trad Celso Cunha 2 ed São Paulo Martins Fontes Português Brasileiro FIORIN J L PETTER M M T orgs 2008 África no Brasil a formação da língua portuguesa São Paulo Contexto ILARI R BASSO R 2006 O português da gente a língua que estudamos a língua que falamos São Paulo Contexto LUCCHESI D BAXTER A RIBEIRO I orgs 2009 O Português AfroBrasileiro Salvador EDUFBA NOLL V 2008 O português brasileiro formação e contrastes Trad Mário Viaro Rio de Janeiro Globo ROBERTS I KATO M A orgs 1996 O Português Brasileiro uma viagem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo Campinas São Paulo Editora da UNICAMP 308 Projeto Gramática do Português Culto Falado no Brasil CASTILHO A T de 2006 Apresentação In Gramática do português culto falado no Brasil construção do texto falado orgs C C A S Jubran I G V KOCH p 726 Cam pinas Editora da UNICAMP Vol 1 ILARI R MOURA NEVES M H orgs 2008 Gramática do Português Culto Falado no Brasil Classes de palavras e processos de construção Campinas Editora da UNICAMP Vol II JUBRAN C C A S KOCH I G V orgs 2006 Gramática do português culto falado no Brasil construção do texto falado Campinas Editora da UNICAMP Vol 1 CAPÍTULO 2 Classes de Palavras SHACHTER P 1985 Partsofspeech systems In Language typology and syntactic descrip tion 1 clause structure ed T Shopen p 361Cambridge Cambridge University Press Estudos PréSaussurianos FARACO C A 2004 Estudos PréSaussurianos In Introdução à lingüística fundamen tos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 2752 São Paulo Cortez Vol 3 Estruturalismo ILARI R 2004 O estruturalismo lingüístico alguns caminhos In Introdução à lingüís tica fundamentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 5392 São Paulo Cortez Vol 3 Estrutura de Constituinte e a Competência Linguística NEGRÃO E V SCHER A VIOTTI E 2002 A competência lingüística In Introdução à lingüística I objetos teóricos org J L Fiorin p 95120 São Paulo Contexto NEGRÃO E V SCHER A VIOTTI E 2003 Sintaxe explorando a estrutura da sen tença In Introdução à Lingüística II Princípios de Análise org J L Fiorin p 81111 São Paulo Contexto 309 FRANCHI C NEGRÃO E V MÜLLER A L de P 1998 Um exemplo de argumenta ção em sintaxe Revista da ANPOLL 5 3763 Funcionalismo GONÇALVES S C L LIMAHERNANDES M C CASSEBGALVÃO V C 2007 In trodução à gramaticalização em homenagem a Maria Luiza Braga São Paulo Parábola Editorial PEZZATI E G 2004 O funcionalismo em lingüística In Introdução à lingüística funda mentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 165218 São Paulo Cortez Vol 3 Programas de Investigação Linguística Mentalista BORGES NETO J A 2004 O empreendimento gerativo In Introdução à lingüística fundamentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes São Paulo Cortez Vol 3 EVERETT D L 1992 A teoria chomskyana e uma discussão epistemológica In A lín gua pirahã e a teoria da sintaxe descrição perspectivas e teoria p 225272 Campinas SP Editora da UNICAMP Segunda parte perspectivas e investigações Sintaxe Gerativa BERLINK R A AUGUSTO M R A SCHER A P 2001 Sintaxe In Introdução à lingüística domínios e fronteiras orgs F Mussalim A C Bentes p 207244 São Paulo Cortez Vol 1 FRANCHI C NEGRÃO E V MÜLLER A L de P 1998 Um exemplo de argumenta ção em sintaxe Revista da ANPOLL 5 3763 MIOTO C FIGUEIREDO SILVA M C VASCONCELOS R E 2004 O estudo da gramática In Novo manual de sintaxe p 1138 Florianópolis Insular Cap 1 NEGRÃO E V SCHER A VIOTTI E 2002 A competência lingüística In Introdução à lingüística I objetos teóricos org J L Fiorin p 95120 São Paulo Contexto NETO J B 2008 O empreendimento gerativo In Introdução à lingüística fundamentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 93130 São Paulo Cortez Vol 3 310 SILVA M C F 2004 Os anos 1990 na Gramática Gerativa In Introdução à lingüística funda mentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 131165 São Paulo Cortez Vol 3 Teoria dos Papéis Temáticos MIOTO C FIGUEIREDO SILVA M C VASCONCELOS R E 2004 Teoria temática In Novo manual de sintaxe p 119164 Florianópolis Insular Cap 3 CAPÍTULO 3 Adjunção ROCHA M A F LOPES R E V A sair Adjunção In Gramática do português culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nascimento Campi nas Editora da UNICAMP Cap 4 A Teoria do Caso MIOTO C FIGUEIREDO SILVA M C VASCONCELOS R E 2004 A teoria do Caso In p 171211 Florianópolis Insular Categorias de Flexão no Português CASTILHO A T 1968 Introdução ao estudo do aspecto verbal na língua portuguesa ALFA 1211133 OLIVEIRA F 2003a Tempo e aspecto In Gramática da língua portuguesa eds M H Mira Mateus A M Brito I Duarte I H Faria et al p 127173 7 ed Lisboa Editorial Caminho Parte III Aspectos semânticos da gramática do português Cap 6 OLIVEIRA F 2003b Modalidade e modo In Gramática da língua portuguesa eds M H Mira Mateus A M Brito I Duarte I H Faria et al p 243254 7 ed Lisboa Editorial Caminho Parte III Aspectos semânticos da gramática do português Cap 9 VILLALVA A 2003 Estrutura morfológica básica In Gramática da língua portuguesa eds M H Mira Mateus A M Brito I Duarte I H Faria et al p 917938 7 ed Lisboa Editorial Caminho Parte V Aspectos morfológicos da gramática do português Cap 22 311 Estudos da Gramática Vistos por uma Perspectiva Internalizada CHOMSKY N 2002 Novos horizontes no estudo da linguagem e da mente Trad Marco A SantAnna São Paulo Editora da UNESP CAPÍTULO 4 Construções Inacusativas DUARTE I 2003b A família das construções inacusativas In Gramática da língua portugue sa eds M H Mira Mateus A M Brito I Duarte I H Faria et al p 507548 7 ed Lisboa Editorial Caminho Parte IV Aspectos sintáticos da gramática do português Cap 13 Aspectos da Predicação em Português BERLINK R de A DUARTE M E L OLIVEIRA M de A sair Predicação In Gramá tica do português culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nascimento Campinas Editora da UNICAMP Cap 3 CYRINO S NUNES J PAGOTTO E A sair Complementação In Gramática do por tuguês culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nasci mento Campinas Editora da UNICAMP Cap 2 CAPÍTULO 5 Gramaticalização GONÇALVES S C L LIMAHERNANDES M C CASSEBGALVÃO V C 2007 Introdução à gramaticalização em homenagem a Maria Luiza Braga São Paulo Parábola Editorial Teoria do Movimento MIOTO C FIGUEIREDO SILVA M C VASCONCELOS R E 2004 Mova A In Novo manual de sintaxe p 249274 Florianópolis Insular O nome pronome ILARI et al 1996 Os pronomes pessoais do português falado roteiro para a análise In Gramática do português falado orgs A T Castilho M Basílio p 72159 Campinas 312 Editora da Unicamp São Paulo FAPESP Volume IV estudos descritivos NEVES M H de M 2000 O pronome pessoal In Gramática de usos do português p 449470 São Paulo Editora da UNESP SILVA R V M 2006 O nome e o sintagma nominal morfologia e estrutura In O portu guês arcaico fonologia morfologia e sintaxe p 99116 São Paulo Contexto Objeto Nulo e Clíticos CYRINO S M L 1996 Observações sobre a mudança diacrônica no português do Bra sil objeto nulo e clíticos In ROBERTS I KATO M A Org O Português Brasileiro uma viagem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo Campinas São Paulo Editora da UNICAMP p 163184 GALVES Ch ABAURRE M B 1996 Os clíticos no português brasileiro elementos para uma abordagem sintáticofonológica In Gramática do português falado orgs A T Castilho M Basílio p 273319 Campinas UNICAMP São Paulo FAPESP Estudos Descritivos 4 CAPÍTULO 6 Orações Relativas e Teoria da Gramática MIOTO C NEGRÃO E V 2007 As sentenças clivadas não contêm uma relativa In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 159184 Campinas SP Pontes FAPESP KATO M A 1993 Recontando a história das relativas em uma perspectiva paramétrica In O Português Brasileiro uma viagem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo orgs I Roberts MA Kato p 223262 Campinas São Paulo Editora da UNICAMP TARALLO F 1993a Sobre a alegada origem crioula do português brasileiro mudanças sintáticas aleatórias Fernando Tarallo 19511992 In O Português Brasileiro uma via gem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo orgs I Roberts M A Kato p 3568 Campinas SP Editora da UNICAMP TARALLO F 1993b Diagnosticando uma gramática brasileira o português daquém e dalémmar ao final do século XIX Fernando Tarallo 19511992 In O Português 313 Brasileiro uma viagem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo orgs I Roberts M A Kato p 69106 Campinas SP Editora da UNICAMP CAPÍTULO 7 Preposições no Português Brasileiro e Europeu CASTILHO A T de 2009b Para uma análise multissistêmica das preposições In His tória do português paulista org A T Castilho p 279332 Campinas SP UNICAMP Publicações IEL Série Estudos Vol 1 KEWITZ V 2009 Gramaticalização semanticização e discursivização das preposi ções a e para no Português Brasileiro séculos XIX e XX In História do português paulista org A T Castilho p 603636 Campinas SP UNICAMP Publicações IEL Série Estudos Vol 1 TORRES MORAIS M A C R BERLINCK R de A 2007 Eu disse pra ele ou disselhe a ele a expressão do dativo nas variedades brasileira e européia do por tuguês In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 159184 Campinas SP Pontes FAPESP VIARO M E 2007 Considerações acerca de mudanças semânticas de até no portu guês do século XIX In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 499512 Campinas SP Pontes FAPESP Sintagmas Preposicionais Adjuntos e Complementos CYRINO S NUNES J PAGOTTO E A sair Complementação In Gramática do por tuguês culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nasci mento Campinas Editora da UNICAMP Cap 2 ILARI R CASTILHO A T ALMEIDA M L L de KLEPPA L BASSO R M 2008 A preposição In Gramática do Português Culto Falado no Brasil Classes de palavras e processos de construção orgs R Ilari M H Moura Neves p 623804 Campinas Edito ra da UNICAMP Vol II 314 ROCHA M A F LOPES R E V A sair Adjunção In Gramática do português culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nascimento Campi nas Editora da UNICAMP Cap 4 Semântica e Quantificação CHIERCHIA G 2003a Semântica Trad L A Paggani L Negri R Ilari Campinas SP Editora da UNICAMP Londrina Pr EDUEL CHIERCHIA G 2003b Um universal lingüístico In Semântica p 75113 Trad L A Paggani L Negri R Ilari Campinas SP Editora da UNICAMP Londrina Pr EDUEL Capítulo 2 OLIVEIRA R P 2001 Semântica formal uma breve introdução Campinas SP Mercado das Letras Coleção Idéias sobre Linguagem CAPÍTULO 8 PronomesQ interrogativos BRAGA M L KATO M A MIOTO C A sair As sentenças interrogativasQ In Gra mática do português culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nascimento Campinas Editora da UNICAMP Cap 5 seção 54 As construções Q no português brasileiro falado relativas clivadas e interrogativas Tópico e Foco ILARI R 1991 Perspectiva funcional da frase portuguesa 2 ed Campinas SP UNICAMP KLEIN S Foco no português brasileiro 2003 In Semântica formal orgs A L de P Muller E V Negrão M J Foltran p125153 São Paulo Contexto PONTES E 1987 O tópico no português do Brasil Campinas SP Pontes POLLI T 2008 A periferia esquerda no português brasileiro Tese de Doutorado Uni versidade de São Paulo QUAREZEMIN S 2005 A focalização do sujeito no português brasileiro Dissertação de Mestrado Universidade Federal de Santa Catarina 315 SOUZA E R F 2004 Os advérbios focalizadores no português falado do Brasil uma abordagem funcionalista Dissertação de Mestrado UNESPSão José do Rio Preto Clivagem BRAGA M L KATO M A MIOTO C A sair As sentenças interrogativasQ In Gra mática do português culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nascimento Campinas Editora da UNICAMP Cap 5 seção 54 As construções Q no português brasileiro falado relativas clivadas e interrogativas MIOTO C NEGRÃO E V 2007 As sentenças clivadas não contêm uma relativa In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 159184 Campinas SP Pontes FAPESP MODESTO M 2003 A interpretação das sentenças clivadas In Semântica formal orgs A L de P Muller E V Negrão M J Foltran p 189204 São Paulo Contexto 318 3 Ver gabarito em Vol 2 Levando em conta a hipótese de autonomia da sintaxe discorra sobre o termo gra mática em seu sentido mais amplo e convencional e sobre gramática gerativa 4 Ver gabarito em Vol 2 Comente sobre críticas que os linguistas frequentemente fazem à gramática tradicional levando em conta as três características científicas apontadas em 21 no Capítulo 1 319 Exercícios II 1 Ver gabarito em Vol 2 Dado o seguinte conjunto de palavras em a José viu a moça com óculos escuros que formam a sequência linear a José viu a moça com óculos escuros represente em forma de árvore ou colchetes as possibilidades de organização do sintagma verbal VP a VP viu a moça com óculos escuros que apontam para duas leituras diferentes da sentença Obs suas representações devem garantir que a ordem linear do VP a seja mantida 2 Ver gabarito em Vol 2 Dadas as sentenças abaixo separe e etiquete cada um dos constituintes que as compõem a O menino viu a menina na sala b José disse que viu aquele menino ontem c Ela tem olhos verdes grandes 3 Ver gabarito em Vol 2 A partir do radical cant derive palavras em português a aponte os traços lexicais destas palavras NV b apresente exemplos sentenciais apontando características N ou V dessas palavras 4 Indique os papéis temáticos dos sintagmas grifados abaixo a João entregou o documento para o proprietário b A bola rolou do quintal para o mato 321 Coluna I Agente Fonte Experienciador Locativo Alvo Tema Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª atentando para os sintagmas em itálico Coluna II4 Os meus melhores amigos vivem no Porto O João guarda o passaporte no cofre O público escutou o conferencista A Maria guiou o jipe O vento partiu o vidro da janela O telhado assenta em seis barrotes Nós vamos para Lisboa O rapaz gaguejou Dália adora cozinhar e encher a casa de amigos O lavrador carregou o caminhão com feno A vendedora vendeu o livro à minha amiga O fumo amareleceu os cortinados Todos nós sentimos o perfume A água borbulha na chaleira Os presentes votaram a proposta A Vanessa recebeu uma carta da Fundação Gulbenkian As aulas decorrem na Faculdade O João guarda o passaporte no cofre O Paulo sabe Japonês Os meninos temem a tempestade 4 Exemplos de Duarte Brito 2003 188190 322 Exercícios III 1 Ver gabarito em Vol 2 Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª Coluna 1 1 øexpl sujeito nulo expletivo nãoreferencial 2 øarb sujeito nulo de referência indefinida arbitrária 3 ø sujeito nulo de referência definida 4 sujeito explícito de referência definida 5 sujeito explícito de referência não definida Coluna 2 atente apenas para a sentenças entre colchetes Parece que eu já vivi esta situação antes João trabalhou exaustivamente mas não parece cansado Marcos Simone e eu saímos mas a gente desistiu da noite e voltou pra casa Há muitas flores no jardim Maria disse que estava muito agitada pra conseguir parar e escrever Tinha umas roupas baratinhas naquele shopping Eu não sei como fazer mas daí você sair fazendo de qualquer maneira não dá Choveu sem parar no último mês E aí Copiaram Posso apagar o quadro Naquele curso da Faculdade falavase de pesquisa toda hora Existem inúmeras chácaras naquela região Dizem que o uso do cachimbo faz a boca torta Antes tocava muito rock bom no rádio mas agora a gente quase não ouve Eu passei por aquela cidade quando faziam lá uma certa festa muito engraçada Ele parece muito cansado e abatido depois de todo aquele esforço 2 Ver gabarito em Vol 2 Observe os sintagmas a seguir e faça o que se pede nos comandos imediatamente abaixo 323 a João sentiu fortes dores no peito ontem b Luísa vive em New York c Ela veio de Brasília ontem 1 Apresente o esquema de restrições argumentais de cada verbo 2 Dê a representação do SV 3 Dê a representação do SF 326 122 Sv V argumento externo v V v SV V argumento interno V V V argumento interno Cyrino Pagotto Nunes a sair 3637 Sentenças 1 José deu flores para a amiga 2 Jonathan e Hellena visitaram a mãe em Lisboa 3 Carlos orgulhase de sua filha 4 Eu dei uma verificada nos papeis tá tudo bem 5 Aquela pequena chora bastante 6 Rogério comprou o lap do feirante 7 Eu dei uma olhada na TV 8 A Jô chegou ontem 9 Patrícia deu uma lambidinha na colher de pau cheia de rapa de doce 10 Eu vou caminhar amanhã cedo no parque 11 Ana Maura pegou sua cadeirinha para Marco Antonio no quintal de sua casa 12 A porta fechou 13 Eu acabo fazendo a vontade da Lê 14 Iris endereçou a carta à amiga 15 Martinha toca piano 16 Ela adora feijão preto 327 17 A plantinha está crescida 18 Francisco riu um risinho amarelo 19 Pedro Henrique escreveu um conto para a professora de redação 20 Olha Chegou o camburão da polícia 21 A Luisinha irritou sua mãe 22 João Vítor devolveu o pote de balinhas para a mãe 23 Acontece que os exercícios já foram todos gabaritados 24 Eles têm uma capacidade de irritar os outros 25 Comprase jóias de ouro e prata 26 Carioca gosta de feijão preto 27 Há biblioteca naquela Faculdade 28 Você quer este livro 29 Joaquim assobiou um assobio estridente 30 Celina dá risada à toa Comando Projete as sentenças acima SFs atentando para as predicações inseri das em estruturas Sv eou SV 3 Ver gabarito em Vol 2 Classifique os verbos grifados abaixo em 1 verbo com mais de um argumento 2 verbo monoargumental 3 verbo sem argumento Ela espirrava o tempo todo no jardim Mari Ângela parece feliz Há ladrões em qualquer lugar do mundo Nevou forte ontem Entendese isto tudo muito bem Existem ladrões em toda parte José Eduardo vende frutas para os feirantes João Vítor adormeceu depois que contou inúmeros caminhões na estrada Márcia escreveu a apostila 09 Marta afiou a faca Elton ofereceu sua composição para um amigo É verdade que Pedro Henrique já é um préadolescente 328 José pigarreou durante a entrevista Parece que a maioria se sairá bem no curso Chove sem parar A faca caiu no chão Os professores andam cansados de greve 329 Exercícios V 1 Ver gabarito em Vol 2 I Represente os DPs abaixo 1 SF SD as primeiras provas do vestido de Andressa serão feitas amanhã 2 SF SD todos os três infelizes casamentos de Carla foram com homens ingleses 3 SF SD aquele apartamento velho em que o Marcos mora será reformado 2 Ver gabarito em Vol 2 Projete os períodos abaixo atentado para as sentenças N 21 Agradaria a todos que as férias já começassem amanhã 22 Eles nos autorizaram pra que entrássemos na área do acervo raro daquela biblioteca 23 Entristece Maria que o filho não ligue para os estudos 24 A verdade é que eles não querem ceder nunca 25 Convém que todos fiquem alertas durante as chuvas fortes 330 Exercícios VI 1 Ver gabarito em Vol 2 Observe os advérbios inseridos nas sentenças a seguir 1 Consequentemente depois da confusão todos foram para a delegacia 2 Ela interpretou a peça lindamente Comando i Descreva as características sintáticas dos advérbios acima verificando seu esco po área de abrangência semântica ii semanticamente como a gramática tradicional descreve esses advérbios iii a descrição sintática desses advérbios corrobora a análise de pertencimento desses itens lexicais a uma única categoria 2 Ver gabarito em Vol 2 Observe os itens lexicais nas sentenças a seguir 1 Ela sempre chega no mesmo horário 2 Ela chegou ontem Comando Os itens lexicais em 1 e 2 são considerados advérbios de tempo pela tradição gramatical Observando atentamente sempre e ontem em 1 e 2 você diria que eles expressam uma mesma e única noção de tempo 3 Ver gabarito em Vol 2 Observe o excerto abaixo seguido de uma listagem de itens lexicais e proceda ao comando da sentença Excerto Alguns advérbios são graduáveis admitindo por isso flexão de grau Quando são graduáveis têm superlativo absoluto sintético podendo então ser modificados por advérbios de quantidade Brito 2003 419 331 Lista de Itens Lexicais tarde não longe amanhã possivelmente logo Comando i Quais dos itens lexicais exemplificam a informação do excerto ii A tradição gramatical classifica todos os itens lexicais acima como advérbios Com base em sua resposta i você concorda com a tradição gramatical 4 Ver gabarito em Vol 2 Observe o excerto abaixo seguido de uma listagem de itens lexicais e proceda ao comando da sentença Excerto Há um pequeno número de advérbios que são transitivos isto é seleccionam argumentos o que os aproxima das preposições Brito 2003 420 Lista de Itens Lexicais longe muito acaso também depois hoje abaixo antes Comando i Quais dos itens lexicais exemplificam a informação do excerto Dê exemplos dos itens inseridos em sentenças ii A tradição gramatical classifica todos os itens lexicais acima como advérbios Com base em sua resposta i você concorda com a tradição gramatical 5 Ver gabarito em Vol 2 Tradicionalmente advérbios ou advérbios preposicionados quando ligados a verbos são considerados adjuntos do verbo Observe as sentenças abaixo 1 a O Jair vai b O Jair vai pra Bragança 2 a Xandinho mora b Xandinho mora na Zona Sul 332 3 a O Jair vai pra Bragança amanhã Faça a projeção arbórea das sentenças 1b 2b Pela projeção arbórea você ratifica a posição da tradição gramatical de que advér bios são adjuntos sempre 6 Ver gabarito em Vol 2 No capítulo 4 vêse que muitos particípios verbais funcionam sintaticamente como adjetivos ver definição em 62 naquele capítulo Observe as sentenças abaixo 1 a Fernanda está preocupada com a neta b Fernanda está preocupadíssima com a neta 2 a José é um homem ocupado b Ele é um homem ocupadíssimo Comando faça a projeção arbórea das sentenças 1a 1b faça a projeção arbórea das sentenças 2a 2b a partir das projeções arbóreas aponte a característica sintática que aproxima parti cípios verbais de adjetivos a partir de características morfossintáticas ratifique a razão de se considerar parti cípios verbais como formas similares a adjetivos 7 Ver gabarito em Vol 2 Faça a projeção arbórea de 1 Uma moça que você conhece bem deixou este recado pra você 2 Aquela aluna que pediu novo prazo para a entrega do teste está atrasada 334 Exercícios VIII 1 Ver gabarito em Vol 2 I Projete as sentenças entre colchetes a Ela perguntou por que Mariana voltou b Mariane não compra um carro porque não tem dinheiro c O medo de que os piratas atacassem o navio contagiava todo mundo d Os alunos que são bem sucedidos gostam de estudar para os exames e Heloísa queria sair de lá mas sua mãe a impedia 2 Ver gabarito em Vol 2 I Nas sentenças abaixo ag defina a categoria do item lexical que de acordo com a sequência abaixo 1 2 3 4 1 pronome interrogativo 2 complementizador 3 pronome relativo 4 conectivo a Ele não fez a prova por que razão b Eu quero que este livro seja lido c Ele não sabe porque Joana saiu d Kiko observava o que 3 eu falava e Ele fez aquela compra por quê f O que que ele fez g Olhe Lá estão as pessoas de que falamos 3 Ver gabarito em Vol 2 I Desenhe as projeções do sintagma em que o item lexical que se insere no exercício 2 Este livro foi composto em Minion Pro e Myriad Pro pela Editora Multifoco e impresso em papel offset 75gm²
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Estudo sobre Formas Convergentes e Divergentes no Português Diacrônico
Português
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Estudo de Complementos do Tipo Small Clause em Orações Copulares
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A Política da OCDE para a Educação e a Formação Docente
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Português Diacrônico - Metaplasmos por Substituição - Aula 11
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Análise sintáticA do português fAlAdo no BrAsil vol 1 Márcia Santos Duarte de Oliveira editora multifoco Simmer Amorim Edição e Comunicação Ltda Av Mem de Sá 126 Lapa Rio de Janeiro RJ CEP 20230152 capa e diagramação Guilherme Peres Análise sintática do português falado no Brasil vol 1 1ª edição Janeiro 2010 OLIVEIRA Márcia ISBN 9788579610981 CIPBRASIL CATALOGAÇÃONAFONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS RJ O46a v1 Oliveira Márcia Santos Duarte de 1963 Análise sintática do português falado no Brasil v1 Márcia Santos Duarte de Oliveira Rio de Janeiro Multifoco 2010 Apêndice Inclui bibliografia ISBN 9788579610981 1 Língua portuguesa Sintaxe 2 Língua portuguesa Estudo e ensino I Título 100669 CDD 4695 CDU 811134336 120210 120210 017559 Todos os direitos reservados É proibida a reprodução deste livro com fins comerciais sem prévia autorização do autor e da Editora Multifoco Márcia Santos Duarte de Oliveira Análise sintática do português falado no Brasil vol 1 Editora Multifoco Rio de Janeiro 2010 Pra meu pai Carlos Santos minha mãe Evanilde minha tia Áurea e meus filhos Hellena e Jonathan AgrAdecimentos Este livro foi estruturado e escrito em 4 meses em Portugal Neste espaço remeto meus agradecimentos A John Holm Universidade de Coimbra por ter acolhido minha pesquisa de pósdoutoramento e me propiciar todas as condições pra que este projeto de livro pudesse ser realizado A Gabriel Antunes Universidade de São Paulo por sua amizade parceria em vários proje tos e por todo o apoio que me ofereceu durante minha ausência do Brasil A Lurdes Jorge Universidade de Brasília por uma amizade de anos que se solidificou por meio de uma parceria acadêmica que sempre me levou a pensar muito A Maria Aparecida Torres Morais Universidade de São Paulo que sempre acreditou neste trabalho e o apoiou A Ednalvo A Campos e Eduardo F dos Santos pelo apoio na revisão criteriosa da redação do texto e ainda pela parceria na organização e escrituração do volume 2 deste livro À TUDOCECA na pessoa de Janaína Azevedo que publicou Cadernos de Sintaxe e ain da em parceria com a MULTIFOCO Sintaxe do Português este livro é resultado da reformulação e ampliação dessas publicações A Marco Antônio Pontes por seu companheirismo e por sua alegria que me faz lembrar que há vida além das fronteiras da Academia A Dália dos Santos por sua extrema amabilidade e amizade que me fazem antes de ter saído já querer voltar muitas vezes a Portugal A Ana Stella Cunha por sua amizade de anos e por todo o apoio que me ofereceu em Portugal Obrigada meus amigos A Deus meu Senhor que caminha comigo desde a minha meninice Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle e sem Ele nada do que foi feito se fez São João 13 para Ele e por Ele são todas as coisas incluindo esta tentativa de análise de minha língua materna sumário PREFÁCIO CAPÍTULO 1 A LINGUA PORTUGUESA FALADA NO BRASIL 1 A Língua Portuguesa 2 A Questão do Português do Brasil PB 21 A Percepção do Contato de Línguas Africanas LAs com o Português Falado no Brasil 211 O Debate Crioulização versus Deriva 2111 A Crioulização 21111 LAs Introduzidas no Brasil pelo Tráfico Negreiro 2112 A Deriva Secular 212 O Conceito de Reestruturação Parcial de Línguas 2121 O Estudo Linguístico de Comunidades Afrobrasileiras 3 A Gramática Brasileira Falada 4 Considerações Finais CAPÍTULO 2 FORMALISMOS EM LINGUÍSTICA E A ANÁLISE SINTÁTICA FORMAL DO PORTUGUÊS FALADO NO BRASIL 1 Formalismos em Linguística 11 Estudos Formais e Ciência 12 Diversos Formalistas em SintaxeGramática 2 Gramática Gerativa o Estudo da Sintaxe com Estatuto de Disciplina Autônoma 21 As Propriedades da Linguagem Humana Segundo Noam Chomsky 211 A Abordagem Modular da Mente 2111 Competência e Desempenho 2112 Gramaticalidade e Aceitabilidade 22 Clássicos da Literatura Gerativa 15 19 21 23 38 40 41 41 45 3 O Tratamento Formal em Análise Sintática 31 Propostas de Codificação da Relação Gramatical Objeto Direto 32 A Estrutura de Constituinte e a Competência Linguística 33 Introdução ao Formalismo Xbarra Categorias Sintáticas e Árvores Estruturas 331 Categorias Sintáticas Lexicais e Funcionais 3311 Categorias Lexicais 3312 Categorias Funcionais 332 A Projeção XBarra Alguns Fundamentos 4 Considerações Finais CAPÍTULO 3 INTRODUZINDO O SINTAGMA VERBAL E FLEXIONAL 1 A Categoria Lexical Verbo 2 XBarra Construindo o Sintagma Verbal e o Sintagma Flexional 21 O Sintagma Verbal 22 O Sintagma Flexional 221 O Caso Nominativo 2211 A Noção de Sujeito 22111 O Parâmetro do Sujeito Nulo 222 O Caso Acusativo 223 O Caso Oblíquo 23 Traço Nuclear de Princípios e Parâmetros o ModeloT 3 Considerações Finais CAPÍTULO 4 O SINTAGMA VERBAL E FLEXIONAL E O CONCEITO DE PREDICAÇÃO 1 A Classificação do Verbo Centrada no Conceito de Predicação 11 Verbos com mais de um Argumento 111 Verbos Transitivos 112 Verbos Bitransitivos 113 A Noção de Verbo Leve 1131 Diferenças entre Construções Bitransitivas e Construções com Verbos Leves 53 72 73 73 75 97 99 99 114 Estrutura SvSV Aplicada a Verbos com mais de um Argumento 1141 Verbos Transitivos 1142 Verbos Bitransitivos 1143 Verbos do Tipo Psicológicos 12 Verbos Monoargumentais 121 Inergativos 122 Construções CVLs 123 Inacusativos 1231Verbos de Alçamento 12311 Verbos Copulativos 12312 Verbos Auxiliares 1232 Verbos de Alternância Causativa 13 Verbos sem Argumento 2 Considerações Finais CAPÍTULO 5 ANÁLISE DO SINTAGMA NOMINAL E DO SINTAGMA DETERMINANTE AS ORAÇÕES COM FUNÇÃO N 1 A Categoria Nome 11 Caso Morfológico 12 Agreement Concordância verbal 2 XBarra e os Sintagmas Nominal e Determinante 21 O Sintagma Nominal 211 Sintagmas Nominais com Núcleos Pronominais Clíticos 2111 Cliticização Pronominal no Português e nas Línguas Românicas 2112 Sintagmas Nominais Clíticos e XBarra 212 O Sintagma Nominal Maximamente Estendido 22 O Sintagma Determinante 3 Orações N 4 Considerações Finais CAPÍTULO 6 ANÁLISE DO SINTAGMA ADJETIVO CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ORAÇÕES ADJETIVAS 152 153 153 156 176 189 191 1 Introduzindo a Categoria Adjetivo 11 O Sintagma Adjetivo 111 O Sintagma Adjetivo Máximo 112 A Inserção de Adjetivos nas Sentenças 1121 A Projeção Pequena Oração 2 Considerações sobre a Categoria Advérbio 21 A Gramática Tradicional e a Categoria Advérbio 22 A Teoria da Gramática e a Categoria Advérbio 221 Advérbios uma Subclasse de Adjetivos 3 Orações com Função de Adjetivo 31 Análise Sintática das Relativas dentro da Literatura Gerativista 311 A Relação da Relativa com o Pivô 32 Estratégias de Relativização no Português 321 Relativas Restritivas e NãoRestritivas Apositivas 322 Relativas Livres 4 Considerações Finais CAPÍTULO 7 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SINTAGMA PREPOSICIONAL E O SINTAGMA QUANTIFICADOR 1 Introduzindo o Capítulo 2 O Sintagma Preposicional 21 Introduzindo a Categoria Preposição 22 A Categoria Preposição e a Teoria da Gramática 221 Preposições como Núcleos Lexicais 222 Preposições como Núcleos Funcionais 223 Sintagmas Preposicionais Adjuntos e Complementos 224 O SP e a Estrutura XBarra 2241 SPs Selecionados Adjungidos ao Nome 2242 SPs Selecionados Adjungidos ao Verbo 2243 SPs Selecionados por SConc 3 O Sintagma Quantificador 31 O Sintagma Quantificador e a Semântica Formal 32 O Sintagma Quantificador e a Teoria da Gramática 4 Considerações Finais 191 208 214 228 229 229 229 252 258 CAPÍTULO 8 ASPECTOS DO SINTAGMA COMPLEMENTIZADOR CONSIDERAÇÕES SOBRE O SINTAGMA CONJUNTIVO E SOBRE CONECTIVOS 1 A Categoria Complementizador 11 Complementizador versus Conjunção versus Conectivo 111 Conjunções e Estruturas de Coordenação 112 Os Conectivos e as Estruturas Adverbiais 12 A Posição Especificador do Sintagma Complementizador 2 Pronomes Q 21 Pronomes Interrogativos QU 22 Pronomes Relativos 3 Movimentos para a Posição Especificador de Sintagma Complementizador 31 Movimento QU 32 Movimento do Pronome Relativo 321 Estratégias de Relativas no Português do Brasil o Preenchimento da Posição Núcleo de SC 3211 Relativas Construídas com Pronome Resumptivo 3212 Relativas Construídas com Resumptivo Lexical 3213 Relativas Cortadoras 4 A Interface Sintaxe Discurso A Explosão do Sintagma Complementizador 41 A Categoria Foco 42 A Categoria Tópico 43 O SC Explodido 5 Considerações Finais BIBLIOGRAFIA APÊNDICE I LEITURAS COMPLEMENTARES APÊNDICE II EXERCÍCIOS 259 259 266 269 277 285 287 307 317 15 Prefácio A obra Análise sintática do português falado no Brasil Vol 1 e 2 editado pela Multifoco é resultado de um processo de revisão completa e ampliação do livro Sintaxe do português estudando formalmente a gramática de uma língua lançado em 2009 em pareceria com as Editoras Tudoteca e Multifoco Análise sintática do português falado no Brasil é de fato um livro novo com ca pítulos antigos revistos ampliados e reformulados e ainda com inserção de dois novos capítulos A obra é constituída de mais um volume além deste No segundo volume em pareceria com Ednalvo Apóstolo Campos e Eduardo Fer reira dos Santos apresentamse a chave de correção dos exercícios que constam ao final deste Vol 1 além de exercíciosextras Os exercícios inseridos ao final deste Vol 1 e que são gabaritados no Vol 2 fo ram testados em sala de aula entre os anos de 2006 2007 2008 e 2009 São portanto fruto de minha docência em sala de aula no curso de Sintaxe do Português do Depar tamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo DLCVFFLCHUSP Agradeço a muitos dos alunos que integraram o corpo discente destes anos citados por sua colaboração na fei tura destes exercícios e pela enorme contribuição ao solicitarem maiores explicações e até mesmo sugerirem ajustes Importante mencionar que a ementa do curso de Sintaxe do Português da FFLCH e ainda de outros cursos nossos direcionoume ao outline deste livro Ainda o coleguismo dos professores que integram a equipe da Área de Filologia e Língua Portuguesa do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas FFLCHUSP foi muito importante para que me sentisse à vontade para publicar este texto Preciso dizer ainda que o ensino do português me acompanha há cerca de 20 anos quando iniciei no Estado do Rio de Janeiro minha carreira como docente Por nove anos fui professora da Rede Pública de Ensino do Estado do Rio de Janeiro e aquele perí odo marcou profundamente minha carreira Outros momentos da docência me seguem como os meses em que estive na Universidade de Brasília como professora temporária por meio de um concurso e ainda o início na USP também como professora tempo 16 rária por meio de um concurso no ano de 2004 Logo neste livro há ecos de muitos alunos de diversos períodos de diversos locais do Brasil de diversos amigos Há ecos também da África durante meus tempos de incursão na Nigéria Nestes anos mais de 10 em que tenho trabalhado com a pesquisa de uma língua tão distinta da minha a língua ibíbio e ainda muitas vezes feito isto por meio do inglês a percepção das estruturas do português brasileiro se fez ainda mais forte O livro que ora se apresenta Análise sintática do português falado no Brasil volumes 1 e 2 foi construído a partir de um trabalho de escrituração desenvolvido em três etapas i primeiramente elaborei handouts para as aulas do curso de Sintaxe do Português ii os handouts em um segundo momento foram desenvolvidos em forma de texto e impressos como cadernos com o nome Cadernos de Sintaxe do Português 2007 pela Tudoteca iii no ano de 2008 a Tudoteca em pareceria com e Editora Multifoco publicou Sintaxe do português estudando formalmente a gramática de uma língua Neste livro foram revistos e reunidos os nove cadernos que compuseram a edição de Cadernos de Sintaxe do Português acrescidos ainda de um encarte de exercícios Em Análise sintática do português falado no Brasil Vol 1 foram reformuladas todas as estruturas sintáticas que constavam no livro Sintaxe do português estudando formalmente a gramática de uma língua A estrutura do sintagma verbal foi totalmente alterada e para tanto foi necessário a organização de dois capítulos capítulos 3 e 4 em que pude apresentar a evolução em Teoria da Gramática do que se considera atualmen te a projeção de estruturas transitivas a expansão do sintagma verbal nas camadas Sv SV Nesses dois capítulos enfatizo a predicação verbal tratando com mais detalhes sobre a posição de sujeito na gramática do português e olhando para a análise do sintagma verbal a partir do número de seus argumentos A inserção dos capítulos 3 e 4 me fizeram rever e ampliar todos os antigos capítulos que compunham o livro Sintaxe do português estudando formalmente a gramática de uma língua No capítulo 1 deste livro através de partes do antigo capítulo 9 de Sintaxe do por tuguês estudando formalmente a gramática de uma língua introduzo a questão do português falado no Brasil PB Apresento nesse capítulo as grandes discussões acadê micas que têm permitido a proposta de que nós brasileiros estamos a caminho de uma gramática cada vez mais diferenciada da gramática falada pelos portugueses que tem sido referida como português europeu PE É preciso dizer portanto que a variedade da língua contemplada nas páginas que se seguem a esta é o português culto falado no 17 Brasil Sintome à vontade por fazêlo pois no momento já dois volumes da obra Gra mática do português culto falado no Brasil estão publicados e mais três são esperados Logo não é fato novo que a Academia brasileira já considera o PB como uma realidade diferenciada da do PE e nesta obra tentamos de uma forma o mais simples possível apresentar as principais linhas de investigação sobre a sintaxe do PB para um público alvo principalmente da Graduação É óbvio que devido à brevidade destas páginas pecamos com certeza na ausência de citações de trabalhos relevantes afinal nos últimos 10 a 15 anos a investigação do PB foi alvo de numerosas dissertações de mestrado teses de doutorado publicações de papers e de livros tanto no Brasil quanto no exterior Logo as notas de rodapé as indi cações de leituras complementares e as referências bibliográficas são uma tentativa de informar sobre parte desta enorme produção Tentamos ainda indicar textos relevantes sobre a gramática moderna do português europeu PE com o objetivo de mostrar ao leitor as diferenças se comparadas ao PB Não há como não mencionar a enorme contribuição de meus amigos em Portu gal brasileiros e portugueses que me fizeram aguçar a vontade de analisar e comparar o PB com o PE Este livro foi escrito em Portugal durante o segundo semestre de 2009 período de meu pósdoutorado e este fato me beneficiou enormemente pois pude ver in loco que minha gramática a brasileira não é a mesma que a dos lusitanos Aliás um lindo português de 4 anos Francisco Kiko sumarizou isto muito bem quando eu tentava infrutiferamente falar como ele em PE Kiko me respondeu Ah Você já está quase a falar português hein É com esta frase de Kiko que abro o capítulo 1 e ainda este livro Durante o período de pósdoutorado em Portugal na Universidade de Coimbra fui enormemente beneficiada pelo contato direto com o Professor John Holm O vastís simo conhecimento acadêmico do professor John sobretudo em Linguística do Con tato sua generosidade em compartilhar comigo vários trabalhos que não conhecia e sua investigação de anos sobre o PB foram sem dúvida uma contribuição enorme à escrituração deste livro Ao término deste prefácio algumas palavras sobre o caráter deste trabalho Análise sintática do português falado no Brasil não é uma gramática normativa O seu objetivo não é apresentar regras sobre o uso correto da língua Objetivamos apresentar ao pú blico universitário de modo resumido um conjunto de trabalhos que apontam para aspectos do falar dos brasileiros que precisam ser divulgados Penso que precisamos ter 18 a coragem de formar novos professores e profissionais da língua que olhem para o enorme hiato entre a língua escrita que estamos ensinando nas escolas a partir da alfabetização e a língua falada no país Em muitas escolas principalmente do Ensino Médio e ainda em muitas Faculdades e Universidades o que se contempla e se exige é a norma culta do PE sem se levar em conta que anos de estudo e pesquisa apontam para o fato de que nós brasileiros já temos a nossa própria norma Durante as páginas deste livro não desprezamos contudo os compêndios gramati cais clássicos do português brasileiro principalmente aqueles que têm se adequado aos conhecimentos linguísticos buscamos exemplos e verificamos na medida do possível o que tem sido prescrito como norma culta escrita e falada na língua portuguesa Por tanto textos como Bechara 1999 e outros estão à nossa mesa No entanto estamos cientes de que nossas gramáticas em diferentes e diversos aspectos se mostram afasta das da ciência linguística isto porque seus objetivos não são a descrição e explicação da língua em sua complexidade Eu torço para que o leitor que se aproprie deste livro faça bom uso de suas páginas Bem vindos à Análise sintática do português falado no Brasil volumes 1 e 2 Lisboa dezembro de 2009 Márcia Santos Duarte de Oliveira 19 Capítulo 1 A língua portuguesa falada no Brasil Cena em Lisboa novembro de 2009 Márcia uma brasileira encontrase em casa de sua amiga Dália portuguesa Dália está acompanhada de seu neto Francisco Kiko de quatro anos que as ouve atentamen te conversando à mesa do jantar Márcia olha para Kiko e lhe pergunta Kiko queres isto Kiko lhe responde com ar surpreso Ah Já estás quase a falar português hein Vários estudos apontam que i o português brasileiro PB não possui a mesma gramática que o português europeu PE ii a sintaxe pronominal do PB e PE é um dos tópicos linguísticos que apresenta distinções mais visíveis ver entre outros Cyrino S M L 1994 Cyrino Duarte Kato 2000 Duarte 1996 Figueiredo e Silva 1996 Galves 1987 1998 2001 Kato 1999 Kato Negrão 2000 Monteiro 1994 Negrão 1999 Nunes 2003 Tarallo 1983 Torres Moraes Ribeiro 2005 Voltando à cena que introduz este capítulo e livro apresentamos a pergunta de Márcia à Kiko abaixo em duas versões 1 Kiko queres isto português europeu 2 Kiko você quer isto português brasileiro A surpresa de Kiko ao ouvir Márcia pronunciar a sentença 1 é que de fato a sentença 1 não faz parte da gramática de Márcia e a inteligência de Kiko já havia constatado este fato À parte questões fonológicas as sentenças 1 e 2 embora similares exemplificam um distanciamento entre gramáticas 20 i no PB ocorre uma redução do paradigma de flexão veja em 2 a flexão de 3ª pessoa do singular quer concordância com elea sendo usada para a concordância de 2ª pessoa do singular pronome você ii o uso da forma pronominal você em 2 não é o mesmo que a forma você em Portu gal Em Portugal vocêtu são formas alternantes familiares mas que são usadas em situações de menos intimidade você e mais intimidade tu1 No Brasil à parte o norte do país região do Pará vocêtu não são formas alternantes de um paradigma formalinformal Kiko já ha via ouvido várias vezes Márcia falando e na interação com ele e sua avó Dália usando você iii o preenchimento pronominal da posição de sujeito em situações em que o su jeito pode ser nulo como em 1 é outra grande marca de diferenciação entre o PB e o PE Pesquisas atestam que em PB estamos cada vez mais preenchendo fonologicamente a posição de sujeito quando este sujeito é mais referencial como pronomes de 1ª e de 2ª pessoas cf Cyrino Duarte Kato 2000 Kiko já estava ouvindo há cerca de dois meses Márcia preencher a posição de sujeito como em 2 diferentemente do que ele e sua casa fariam veja sujeito nulo em 1 A inserção principalmente no português do Brasil de você e a gente no sistema pronominal criou uma série de repercussões gramaticais em diferentes níveis da língua Por derivar de uma forma nominal que leva o verbo para a terceira pessoa do singular o emprego de você na interlocução acarretou por exemplo um rearranjo no sistema pronominal com a fusão de 2ª pessoa do plural Novas possibilidades combinatórias tornaramse usuais Outra reestruturação ocorreu no paradigma verbal que perde sua riqueza em termos flexionais passando de seis para três formas básicas eu falo tuvocêele a gente fala vocês eles falam Lopes Rumeu 2007 419 É evidente que Kiko não interpretou teoricamente as diferenças entre as sentenças 1 e 2 descritas acima linguisticamente à luz de pesquisas atuais No entanto o que nos chama a atenção é que uma criança de quatro anos bastante inteligente e que já fala com fluência o PE ateste a se guinte conclusão reproduzida em 1 Em Lisboa ouvi o queixar de Fernanda uma portuguesa referindose à amiga Anos de amizade e ela ainda se refere a mim usando você 21 3 Ah Já estás quase a falar português hein Em nossa interpretação aos risos é como se Kiko dissesse Ah Finalmente Márcia já pode ser quase compreendida por nós que falamos português A cena acima entre Kiko e Márcia constituise em uma prova enunciativa de que o PE e o PB caminham para duas variedades cada vez mais distantes As variedades do português faladas em Portugal PE e no Brasil PB apresentam algumas dife renças tanto nos níveis fonético e lexical as diferenças mais facilmente apreensíveis como nos níveis morfológico e sintácticosemântico Mateus 2003b 45 Note que o fato de podermos nos entender brasileiros e portugueses não é a base para ratificarmos que somos apenas duas variantes geográficas Viaje à Portugal e verifique que por todos os lados que você ouvir o português você saberá diferenciar se ele é falado por brasileiros ou por portugueses Nós brasileiros sabemos distinguir entre uma fala portuguesa e uma fala brasileira assim como os portugueses também o sabem E o interessante é que nesta situação as diferenças internas das regiões ou de Portugal ou do Brasil são anuladas Importante ressaltar portanto que as diferenças notadas entre o PB e o PE não se dão apenas na área lexical o vocabulário e na área fonológica a pronúncia mas também na morfossintaxe e na semântica observe o diálogo entre Kiko e Márcia 1 A Língua Portuguesa A língua portuguesa espalhada por todos os continentes é a língua materna de mais de 190 milhões de pessoas ocupando o quinto lugar entre as línguas mais faladas do mundo cf Mateus 2003a 29 O português faz parte de um conjunto linguístico denominado de línguas româ nicas vários falares locais originários do latim vulgar localizados em um território linguístico hoje denominado de România A literatura atesta as seguintes línguas românicas 22 o romeno o italiano o sardo o retoromânico falado na Suíça e em algumas regiões do norte da Itália o occitano o francês o catalão o espanhol o galego e o português Ilari Basso 2006 17 A especificidade da língua portuguesa marcadamente diferenciada de outros fala res românicos se dá por volta do século VI A partir dessa época longínqua a língua falada no noroeste da Península Ibérica atual Galiza e norte de Portugal foise distanciando das variedades do latim vulgar que lhe eram vizinhas e adquiriu as características fonéticas que nos permitem identificála como o estádio primitivo da língua portuguesa Mateus 200325 A história da língua portuguesa está dividida em quatro períodos i o por tuguês antigo ii o português médio iii o português clássico iv o português moderno cf Mateus 2003a 26 Mateus op cit aponta que há transições entre um período e outro Pode dizerse ainda que entre o português antigo e médio se iniciou a separação do português e do galego e entre o português clássico e moderno se iniciou a separação do português europeu do brasileiro Mateus 2003a262 Em qualquer língua principalmente entre aquelas que atestam certa expansão que pode ser de ordem geográfica mas também social falantes nativos são capazes de perceberem variação entre falares e até mesmo mudança Neste livro abordamos o português brasileiro não como um dialeto uma variedade do português europeu mas como língua nacional a caminho de mudança completa falada por cerca de 191480630 brasileiros3 2 O grifo é nosso 3 Cf Estimativas da população para 1º de julho de 2009 23 Em línguas com larga história de expansão mundial e de mobilidade dos seus falantes nativos observase a existência de variedades que se vão progressivamente fixando e autonomizando até ser possível caracterizálas como variedades locais ou mesmo nacionais É nessa perspectiva que distin guimos entre a variedade europeia do português que designamos de português europeu PE e a variedade brasileira do português ou português brasileiro PB Faria 2003 34 2 A Questão do Português do Brasil PB O Brasil abriga o maior número de falantes do português no mundo e estudos linguís ticos descrevem e explicam mudanças sistemáticas no português brasileiro PB que dis tanciam esta língua de outras línguas românicas incluindo o português de Portugal PE Análises e hipóteses sobre o PB têm levado em conta4 i processos importantes que o Brasil atravessou durante três séculos alguns ain da em curso como o crescimento demográfico do país a urbanização e a ocupação do interior do país ii a complexidade linguística brasileira marcada em seus mais de 500 anos de história pela presença das línguas indígenas pelas línguas faladas pelos escravos africanos e as línguas européias e asiáticas faladas pelos imigrantes iii a deriva secular processos de mudança comuns a todas as línguas indoeuropéias No âmbito dessas discussões uma pergunta que pode ser feita é Há no PB características comuns que apontem para uma unidade caracterizadora que a distinga de outras variedades de português como o PE Segundo Pagotto 2007 469 4 Cf Ilari Basso 2006 6080 Pagotto 2007 463 24 Dentre os fatos que mais impressionam no português do Brasil temos que ele se caracteriza de norte a sul por um conjunto de características comuns A tão propalada unidade lingüística no Brasil é assim mais interessante não quando se tomam os falares cultos mas especialmente quando se tomam os diletos populares das mais diversas regiões É claro que há diferenças regionais entre os vários dialetos brasileiros mas chama a atenção que em todo o Brasil os diversos dialetos populares se oponham ao português erudito segundo um mesmo conjunto de traços na morfologia e na sintaxe É aqui que se localiza a unidade do português brasileiro Dado o tamanho de nosso território é claro que se torna irresistível perguntar como esta unidade se teria dado historicamente Algumas dessas características gramaticais apontadas por Pagotto op cit podem ser ressaltadas i o quadro dos pronomes pessoais ii mudanças para uma língua do tipo explicite o sujeito língua de sujeito nãonulo compare os dados 12 acima iii o processo de relativização que aponta para uma reorganização da gramática Outra característica dos falares populares do Brasil PB diz respeito à colocação dos pronomes clíticos e sua interação com outros fenômenos Logo não se tem notí cia de dialetos populares que realizem a ênclise em sentenças simples 5 como se vê em 4 Dême o livro A sentença 4 tipifica uma sentença do PE ou ainda do PB erudito Os brasileiros cultos ou não cultos diriam6 5 Me dá o livro Ainda com relação aos clíticos o PB vernacular perdeu os clíticos de 3ª pessoa Observe os dados abaixo7 PB PE 6 as frases ele tinha lido nos livros as frases tinhaas lido nos livros 7 eu vi ele na rua eu vio na rua deixa ela comigo deixaa comigo quero lhe conhecer quero conhecêlo 5 Pagotto 2007 469 6 Óbvio que a sentença 5 exemplifica uma ordem no PB falado e não no escrito 7 Mateus 2003b 47 dados 1 2 renumerados 25 Observe que em 6 o clítico de 3ª as PE é substituído por um objeto nulo representado por em 7 os clíticos de 3ª oa PE são substituídos pelas formas pronominais elea Ainda percebese que a forma clítica lo PE em 7 é substitu ída por lhe um clítico de 3ª pessoa recategorizado em PB como pronome clítico de 2ª pessoa com traços de formalidade Enfim embora seja possível que os dialetos populares divirjam quanto a determina das partes da estrutura gramatical aliás esse é um campo que precisa ser explorado há um núcleo gramatical comum É a este núcleo comum que tentam chegar trabalhos como o de Galves 1983 1984 dos quais Tarallo 1993 lança mão bem como tantos outros escritos na tradição gerativista Pagotto 2007 469 Para exemplos de fenômenos sintáticos típicos do PB a partir de textos ver Ilari Basso 2006 129133 Portanto se há então uma unidade linguística comum entre os vários diale tos brasileiros unidade esta que se opõe ao português culto concordamos com Pagotto op cit que se torna irresistível perguntar como esta unidade se teria dado historicamente Em Pagotto 2007 462 três momentos de estudos sobre a história do PB são apontados 1 segunda metade do século XIX 2 décadas de 30 e 40 do século XX 3 década de 90 do século XX Os momentos 1 e 2 de estudos sobre a história do PB são segundo o autor op cit marcados por temas nacionalistas de um lado e de outro lado por preocu pações com a manutenção de uma norma lingüística comum entre Brasil e Portugal 8 O período 3 se inscreve em um terceiro momento dos estudos sobre a história do português do Brasil em que o debate ressurge com o desenvolvimento da sociolingüística no Brasil e do próprio renascer 8 Pagotto 2007 462 26 dos estudos diacrônicos e tipológicos em diversas partes do mundo Podese dizer que é um recolocar de problemas aparentemente mais neutro Pagotto 2007 462 Tarallo 1983 1993 são textos importantes deste terceiro momento da história do PB Ta rallo 1993 50 afirma que quanto ao PB e PE estas variedades encontramse na verdade a tal distância sintática que seria muito incomum se seus caminhos tornassem a se cruzar A tradição linguística brasileira até então tem sido a de comparação entre PB e PE No Brasil a maior parte dos estudos sobre a caracterização do PB desenvolvese dentro de uma metodologia contrastiva em que a identidade deste é evidenciada em comparação com o português europeu PE tanto de um ponto de vista sincrônico quanto diacrônico Petter 2008b 8 No entanto a tentativa de explicar os fatos linguísticos que apontam para uma uni dade do PB tem levado os estudiosos além de examinar as diferenças entre o PB e o PE a examinar o vasto fenômeno de contato linguístico que se deu no Brasil Não há como não atestar a participação de línguas indígenas africanas e mais recentemente outras línguas européias e ainda asiáticas na constituição do PB A seguir centrados em Petter 2008a discorremos sobre a percepção do contato das línguas africanas com o português falado no Brasil 21 A Percepção do Contato de Línguas Africanas LAs com o Português Falado no Brasil9 Petter 2008a 12 apresenta marcos da literatura sobre aspectos do contato de línguas afri canas com o português falado no Brasil como se vê abaixo 11 Renato Mendonça 1933 e Jaques Raimundo 1933 propõem que a maior parte das características do PB pode ser explicada pela influência das lín guas africanas sobretudo as línguas kimbundu e yoruba 9 O título desta subseção pautase em Petter 2008a 1 12 Melo 1946 Silva Neto 1963 1950 e Elia 1979 1940 reexamined the African influence and introduce the hypothesis of creolization in the debate Following is the debate on creolization and its main contention through the proposal of secular derivation 211 The Creolization versus Deriva Debate Two hypotheses have marked the body of research on the history of PB They deal with the concepts of creolization and derivation The concept of creolization is within the context of perception of the contact of African languages with Portuguese and the concept of derivation presents a counterproposal to the proposal of creolization 2111 Creolization Guy 1981 1989 Holm 1987 and Baxter 1992 are classic texts about the hypothesis that PB has resulted from the phenomenon of creolization Two proposals relate to the spread of Portuguese in Brazil linked to the question of creolization cf Pagotto 2007 470 i Portuguese in contact with indigenous languages in São Paulo underwent strong dialectal variation and spread throughout Brazil following the trails of the Bandeirantes ii In Brazil various creoles were formed at various points and given the genesis of these creole languages in general would still preserve traces in common Therefore the hypothesis of creolization and pidginization is a widely discussed hypothesis on the agenda of researchers in the historiography of PB Pagotto 2007 refers to the processes of the formation of pidgins and creoles which helps us summarize this intriguing linguistic phenomenon 29 atlântica fula fulfude uolofe manjaco balanta mandê sobretudo o mandinga bambara maninca diúla gur subfamília gurúnsi cuá sugrupo gbe eve fon gen aja designadas pelos termo jeje no Brasil ijóide ijó benuêcongolesa defóide falares iorubás designados no Brasil pelo termo nagôqueto edóide edo nupóide nupe tapa ibóide ibo CrossRiver efique ibíbio afroasiático chádica hauçá nilosaariano saariana canúri As línguas austrais bantas formaram o maior número de falantes cativos no Brasil e são tipologicamente homogêneas Estão limitadas à costa oeste africana atuais repúblicas do Congo República Democrática do Congo e Angola cf Bonvini 2008 3031 H 10 congo quicongo quissolongo quissicongo quissansala quizombo quisuundi falada pelos bacongos numa zona correspodente ao antigo Reino do Congo e quivíli iuoyo fiote quiombe faladas em Cabinda e em Loango H 20 quimbundo falada pelos ambundos na região central de Angola correspon dente ao antigo reino de Ndongo quissama quindongo H 30 iacaholo yaca imbangala chinji K 10 chôkue ichôcue ochinganguela chilucazi luena luvale L 30 luba chilubacassai lulua L 50 lunda chilunda urunda P 30 macua omacua R10 umbundo falada pelos ovimbundos na região de Benguela em Angola um bundo olunianeca R 20 cuaniama indonga ochicuaniama cuambi R 30 herero ochiherero 1 Pidgins and creoles are languages that arise in situations of colonization where the contact is plurilingual speakers of different languages take the colonizers language as a source 2 What differentiates a pidgin from a creole is the fact that the latter is the first speakers mother language The pidgin would be therefore a more emergent language than the creole since it registers in cases where it persists longer as long as the social conditions propitiate its permanence 3 Creoles not always pidgins arise in insular communities The exceptions two or three explain either due to great isolation even on the continent or due to having been the creole transplanted after having been formed on some island 4 In both pidgins and creoles a series of simplifications in verbal and nominal morphology are observed compared to the dominant language 5 In addition to the aforementioned morphological losses pidgins and especially creoles operate processes of regrammaticalization of forms both from the dominant language and the substrate languages to address diverse grammatical processes Both these characteristics and the simplifications mentioned above are attributed to the influence of the languages that formed the substrate or to diverse linguistic processes Pagotto 2007 472 30 O fato do número de línguas aportadas no Brasil parecer reduzido em relação à quanti dade total de LAs pode ser explicado segundo Bonvini op cit pela razão de que até o fim do século XVIII o interior da África permaneceu praticamente desconhecido os europeus só frequentavam até então as costas africanas de onde recrutavam a mão de obra escrava Há que se observar no entanto que das LAs atestadas no Brasil três tiveram um papel de destaque i quimbundo século XVII ii eve fon língua geral da mina século XVIII iii ioruba século XIX Porém essas línguas revelam nos dizeres de Bonvini 2008 59 um jogo de alternâncias e contatos lingüísticos em que as línguas africanas exerceram sucessivamente um papel cada vez menos determinante em face daquele preenchido pela língua portuguesa Elas passaram de um estatuto inicial de língua plena e generalizada quimbun do primeiro ao de língua veicular e pidginizada mina em seguida ao de língua veicular ioruba geograficamente circunscrita e limitada a um contexto plurilíngüe e africano para acabar numa fase de extinção progressiva por falta de renovação suficiente de seus falantes so brevivendo finalmente apenas em lugares confinados sob forma de línguas cultuais ou secretas O confinamento das LAs no Brasil a partir do final do século XIX está relacionado a dois fatos importantes i à abolição da escravatura em 1888 ii à cultura do café que redistribuiu geograficamente os exescravos e seus descendentes cf Bonvini 2008 50 As LAs passaram a ser faladas apenas como uso interno de grupos específicos i grupos religiosos e ii comunidades negras isoladas conhecidas como comunidades quilombolas Sobre línguas cultuais e línguas secretas que sobrevivem em comunidades qui lombolas ver Bonvini 2008 5152 Levandose em conta três séculos de tráfico negreiro no Brasil é mais que legítimo que especialistas linguistas etnolinguistas filólogos e outros lançassem hipóteses sobre a re lação de LAs aportadas no Brasil com o português brasileiro PB Logo desde o início do século XIX vêse na literatura a atenção de estudiosos voltada para as possíveis conexões entre o PB e as LAs As relações PB e LAs são pressupostas afirmadas negadas por meio de um amplo debate que no século XX é ratificado em torno de três expressões largamente emprega das na literatura influência semicrioulização e crioulização 31 Esse debate que já conta com mais de um século está longe de acabar As formulações suces sivamente propostas umas depois das outras modificadas ou rejeitadas fazem transparecer o caráter claramente indeciso do caminho assim como a incerteza quanto aos resultados Tudo não parece ultrapassar o estágio das hipóteses Impõese por conseguinte a necessidade de um prosseguimento da pesquisa desde que ela seja conduzida por novas perspectivas teóricas e sobretudo por dados suplementares devidamente estabelecidos Bonvini 2008 21 A hipótese da crioulização do PB tem estado sobre grande debate Muitos linguistas que a combate defendem que o PB seja resultado de mudanças paulatinas na língua a partir de mudanças em comum em todo o tronco das línguas indoeuropéias 2112 A Deriva Secular Os proponentes da deriva secular afirmam que as línguas se desenvolvem a partir de mudanças internas e paulatinas Veja a citação abaixo que apresenta um aspecto da hipótese da deriva para o PB o português brasileiro seria apenas a continuação natural e gradual do processo de mudan ça que é comum a todas as línguas indoeuropéias e que no caso do português encontra eco nas perdas morfológicas do latim Pagotto 2007 463 Naro Scherre 1993 2007 são os principais defensores de que o PB seja parte da deriva secular do português não tendo sido constituído portanto por um processo de crioulização Sobre deriva versus crioulização ver Quint 2008 No âmbito das investigações sobre a participação de línguas africanas na constitui ção do PB Petter 2008 propõe a existência de um continuum afrobrasileiro de portu guês enfocando as variedades de português formadas na África e no Brasil A língua portuguesa chegou primeiro à África e quando aportou na América já trazia marcas do contato com línguas africanas Por outro lado o português que foi para Angola e Moçam bique no século XIX já estava marcado pela convivência brasileira de três séculos Holm 2004 aponta o português brasileiro que denomina de Brazilian Vernacular Portuguese Português Brasileiro Vernacular como uma língua de reestruturação parcial Além do PB mais quatro variedades linguísticas recebem a denominação de línguas de reestruturação parcial i Nonstandard Caribbean Spanish Espanhol Caribenho Não Padrão ECNP ii African American English Inglês Afroamericano IA iii Afrikaans e Vernacular Lects of Réunionnais French Francês Vernacular de Reuniões FVR Essas línguas reestruturadas a partir do português espanhol holandês e francês respectivamente não são segundo Holm op cit línguas crioulas No entanto não são meras variedades de suas línguas fontes As línguas parcialmente reestruturadas se distinguem das variedades de línguas que são suas línguas fontes e que não são reestruturadas o PB se distingue do PE ECNP se distingue do espanhol IA se distingue do inglês Afrikaans se distingue do holandês FVR se distingue do francês Segundo Holm PB ECNP IA Afrikaans e FVR são ainda variedades distintas de variedades além mar não reestruturadas do português espanhol inglês holandês e francês Exemplo o inglês de Ontário o holandês extinto de Nova Iorque e Nova Jersey o português da Madeira o espanhol do Chile ou o francês de Quebec Holm 2004 135 tradução PB ECNP IA Afrikaans e FVR se diferem ainda de línguas crioulas línguas completamente reestruturadas Exemplo crioulo inglês da Guiana o extinto crioulo holandês das Ilhas Virgem o crioulo português de GuinéBissau o crioulo espanhol Palenquero ou o crioulo francês da Mauritânia Holm 2004 135 tradução 33 Assim embora línguas parcialmente reestruturadas sejam claramente relacio nadas a línguas completamente reestruturadas línguas crioulas há fatores sociais e linguísticos que definem as línguas parcialmente reestruturadas O fator social mais importante segundo a literatura que determinou a estru tura das línguas parcialmente reestruturadas foi o balance demográfico durante o primeiro século de desenvolvimento da nova língua entre falantes nativos versus falantes nãonativos Para Holm 2004 136 traduzido A reestruturação parcial de línguas ocorreu em novas sociedades onde nenhum grupo nem falante nativo nem falante nãonativo que no começo significava nem europeu nem não europeus foi numeroso o suficiente para suplantar o outro grupo culturalmente O modelo de língua reestruturada parcialmente como se vê em Holm op cit pressupõe uma população que possui línguas maternas x y z mudando para uma língua alvo B tipologicamente distinta e essa língua alvo é um amálgama de varie dades em contato incluindo línguas completamente reestruturadas Essa mudança paulatina em direção à língua alvo tem que ter ocorrido ainda sob circunstâncias sociais que restringiram parcialmente o acesso a ela como o que ocorre normalmen te com uma população de falantes nativos minoritários ou falantes nativos majoritá rios mas fracos cf Holm 2004 143 No Brasil a emergência de uma língua parcialmente reestruturada se explicaria então por uma situação linguística bastante heterogênea marcada principalmente nos dois primeiros séculos de nossa colonização i Língua Geral O colonizador português ao alcançar o Brasil encontrou uma situação diferente da de outros lugares onde línguas totalmente reestruturadas línguas crioulas se orga nizaram As ilhas de São Tomé e Príncipe e Cabo Verde por exemplo eram totalmente desabitadas quando os portugueses lá chegaram e logo as povoaram com escravos tra zidos da costa oeste africana No Brasil os portugueses encontraram uma costa habi tada por indígenas falantes de variedades do Tupi À medida que os portugueses iam estabelecendo contato com os diversos grupos indígenas pela vasta costa brasileira eles iam acrescentando novas palavras a uma língua franca que emergia com vocabulário 34 Tupi comum Nascia a Língua Geral uma koine termo que se refere geralmente a uma língua aprendida além de seus falantes nativos para o comércio e outras interações mais extensas que durante os primeiros dois séculos de colonização foi a língua principal de três quartos da população brasileira Há que se notar que mesmo em meio à expansão da Língua Geral expandiase também o bilinguismo em português ii Falantes de Línguas do Oeste da África Possivelmente muitos dos escravos trazidos da África tiveram que aprender ao lado do por tuguês a Língua Geral Logo segundo Holm 2004 48 traduzido durante a primeira geração linguisticamente crucial da Colônia houve pouca oportunidade para uma variedade do português completamente reestruturada estabelecerse entre os escravos africanos a menos que eles já tivessem trazido essa língua com eles da África Sobre as línguas africanas que foram transplantadas para o Brasil ver subseção 21111 iii Variedade Não Reestruturada do Português de Influência Tupi Se os africanos aprenderam primeiro a Língua Geral como segunda língua e seus descendentes a aprenderam como língua materna eles mais tarde mudaram para uma variedade não reestruturada do português uma variedade não crioula de influência Tupi Isto ocorreu com o resto da população durante o século XVIII que estabeleceu esse português como uma segunda língua para ser aprendida por escravos recém chegados da África cf Holm 2004 48 iv Variedade Reestruturada do Português Falado nas Plantações de Açúcar Segundo Lucchesi 2000 42 a expansão da língua portuguesa no Brasil até o século XVIII ocorreu paralelamente à expansão das sociedades de plantação de cana de açúcar Evidências de que uma variedade do português fortemente reestruturada tenha sido a língua da costa brasileira onde se plantava açúcar em vez da Língua Geral pode ser 35 deduzida do fato de que muitos dos primeiros plantadores portugueses e seus escravos vieram para o Brasil via São Tomé Holm 2004 51 traduzido Os portugueses se estabeleceram em São Tomé desde o seu descobrimento em 1470 e lá nasceu junto ao cultivo da cana de açúcar uma variedade crioula do português Na segunda metade do século XVI uma rebelião seguida de ataques destruiu a economia da ilha obrigando os portugueses a abandonála vindo muitos para o Brasil Logo o português transplantado para muitas das sociedades canavieiras já era um português com forte influência da língua crioula são tomeense Para maiores detalhes sobre os fatos linguísticos e sociais presentes em línguas par cialmente reestruturadas como o PB ver Holm 2004 Retomando as palavras de Bonvini 2008 21 sobre o debate crioulização versus não crioulização um trecho nos chama bastante a atenção Tudo não parece ultrapassar o estágio das hipóteses Impõese por conseguinte a necessi dade de um prosseguimento da pesquisa desde que ela seja conduzida por novas perspectivas teóricas e sobretudo por dados suplementares devidamente estabelecidos A hipótese de Reestruturação Parcial de Línguas de Holm 2004 é um novo olhar sobre o PB sem contudo abandonar a hipótese da participação de línguas africanas línguas do substrato na constituição de nossa língua Um maior número possível de informações sociais e linguísticas devem ser levantados a fim de providenciar uma real base teórica que abarque os fatos conhecidos até então sobre línguas parcialmente reestruturadas como o PB Uma importante área de investigação são as comunidades afrobrasileiras 2121 O Estudo Linguístico de Comunidades Afrobrasileiras Segundo Oliveira Fernandes Manuscrito A Constituição Federal de 1988 trouxe os quilombos para a agenda das políticas públi cas ao instituir o direito de posse de terra aos remanescentes de comunidades quilombo 36 las O termo remanescente de quilombos desde o início foi motivo de grande debate atualmente é consensual que Comunidades afrobrasileiras com direito a posse de suas terras não são necessariamente comunidades i que se inserem em sítios arqueológicos comprovadamente ligados a quilombos da época da escravidão ii isoladas ou de população estritamente homogênea iii que têm obrigatoriamente de ter se constituído a partir de movimentos de insurreição Comunidades afrobrasileiras com direito a posse de suas terras são comunidades i que se autoidentificam como um grupo étnico distinto do restante da sociedade Nesse sentido a autoidentificação étnica não se reduz por exemplo a cor de pele há que se levar em conta que a mis cigenação é uma característica importante na constituição étnica das inúmeras sociedades que formam o mosaico cultural brasileiro É notório o conjunto de pesquisas em afrobrasilidade que vêm sendo realizadas no Brasil ligadas i às Ciências Humanas Antropologia Sociologia História Linguística ii à geografia e caracterização cartográfica das comunidades quilombolas no país iii aos órgãos de defesa e promulgação das identidades afrobrasileiras No entanto estudos linguísticos de comunidades quilombolas ainda são escassos O Grupo de Trabalho da Diversidade Linguística no Brasil GTDL órgão ligado ao Ministério da Educação e Cultura ao solicitar informações linguísticas sobre comunidades quilombolas à Fundação Cultural Palmares e ao Instituto Nacio nal de Colonização e Reforma Agrária INCRA constatou a inexistência do quesito linguístico nos laudos antropológicos já realizados Decidese que é necessário um inventário de comunidades afrobrasileiras a fim de que se tenha um real conhe cimento da realidade linguística dessas comunidades que não são poucas No norte do Brasil por exemplo há dezenas de comunidades já reconhecidas pelo Governo no entanto sem nenhum estudo linguístico Em 2009 o GTDL aprova o projetopiloto Inventário Linguístico de Comunidades Afro brasileiras Minas Gerais e Pará que objetiva verificar a permanência de línguas africanas em co munidades afrobrasileiras conhecidas como quilomboscomunidades quilombolas Objetivase 1 ratificar que o português brasileiro PB constitui uma unidade linguística inserida dentro do quadro das línguas românicas cf entre outros Roberts Kato 1996 Castilho et AL 2007 Noll 2008 2 atestar possíveis traços linguísticos da participação de línguas africanas na constituição do PB cf Projeto CAPESCOFECUB nº 51105 A participação das línguas africanas na constituição do português brasileiro Petter Caron 2005 Fiorin Petter 2008 Um dos estudos que precisa ser levado em conta relacionado ao PB tratase do levantamento de toda a complexidade linguística brasileira e nesse quadro a compreensão dos falantes de comunidades afrobrasileiras não pode de forma alguma ser negligenciada Um estudo linguístico bastante divulgado pela comunidade científica é o divulgado em Baxter 1992 sobre Helvécia uma comunidade afrobrasileira de descendentes de escravos no sul da Bahia Baxter op cit aponta traços morfossintáticos no falar de seus habitantes que não são encontrados na maioria de outros dialetos rurais i uso das formas da 3ª pessoa do singular do presente do indicativo para indicar estados e ações pontuais e contínuas que se situam no passado ii uso variável de formas da 3ª pessoa do singular do presente do indicativo em contextos em que normalmente se usam formas do infinitivo iii marcação variável da 1ª pessoa do singular iv dupla negação v variação de concordância de número e gênero do SN vi orações relativas não introduzidas por pronome vii presença variável do artigo definido em SN de referência definida Para Baxter op cit Helvécia corrobora a hipótese de que o PB tenha sido resultado de crioulização prévia No entanto Helvécia é um caso bem específico e isolado O importante é que o maior número de comunidades afrobrasileiras sejam linguisticamente estudadas Sem dúvida elas podem auxiliar a corroborar senão a crioulização prévia hoje bastante negada pelos linguistas brasileiros a hipótese de ser o PB uma língua que sofreu reestruturação parcial Sobre o português afrobrasileiro ver Lucchesi Baxter Ribeiro 2009 Fernando Tarallo 1993ab retoma o debate sobre a crioulização do PB A divulgação de seu texto On the alleged creole origin of Brazilian Portuguese untarget syntactic changes apresentado no workshop Creole Located in Time and Space LSA Institute CUNY Nova York 1986 ver Tarallo 1993a veicula novas e fortes contestações à hipótese da crioulização i se o português brasileiro tivesse de fato se originado de um crioulo de base lexical portuguesa deveria estar agora em fase de descrioulização seguindo na direção da língua alvo o português europeu PE ii as evidências de mudanças sintáticas no PE apontam no sentido de distanciamento do PE iii Tarallo conclui afirmando que a rigidez da língua escrita padrão tem mantido as variedades do PE e PB muito próximas Foram as gramáticas faladas que tomaram rumos diferentes Tarallo embasado em pesquisas dentro da Sociolinguística Variacionista aponta que é na passagem do século XIX para o século XX que ocorrem grandes mudanças quantitativas no Brasil ver Tarallo 1993b Para o autor op cit essas mudanças já vinha ocorrendo há muito no entanto é somente no período acima mencionado que diversas circunstâncias sociais permitem o aforar de uma gramática brasileira diferenciada da gramática do português europeu PE A gramática falada brasileira será o foco de pesquisas em várias capitais do Brasil em fins da década de 80 A partir de 1987 se iniciam os trabalhos relacionados a um projeto auspicioso a Gramática do Português Culto Falado no Brasil Castilho 2002 marca a publicação dos primeiros resultados do Projeto de Gramática do Português Falado Este projeto objetiva que se chegue a uma gramática referencial da variante culta do português falado no Brasil A partir dos anos 60 pesquisadores afiliados a diversas instituições brasileiras iniciaram uma documentação descrição e análise sobre a língua falada levando em con ta as características do acervo do Projeto NURCBrasil Norma Linguística Urbana Culta Os dados para uma futura gramática partem da documentação coleta das seguintes capitais brasileiras Recife Salvador Rio de Janeiro São Paulo Belo Horizonte Porto Alegre Campos Oliveira 2008 chamam a atenção para a representação das regiões sudeste sul e nordeste do país e uma ausência marcante das regiões norte e centrooeste Como forma de organização de trabalho a fim de se chegar a um plano geral da gramática os pesquisadores do projeto foram distribuídos em GTs grupos de trabalho que hoje espelham a organização dos cinco volumes da gramática 1 Fonética e Fonologia 2 Morfologia Derivacional e Flexional 3 Sintaxe das Classes de palavras 4 Sintaxe das Relações Gramaticais 5 Organização TextualInterativa cf Castilho 2006 12 Em 2000 iniciouse a consolidação dos ensaios e teses publicados resultando o 1 volume da Gramática do Português Culto Falado no Brasil daqui em diante GPCFB cf Jubran Kock 2006 Ilari Moura Neves 2008 são o segundo volume publicado da gramática que prevê ainda mais três volumes O públicoalvo da GPCFB é o público universitário professores de português do curso médio alunos e professores dos cursos de Graduação e PósGraduação em Letras e Linguística pesquisadores pósgraduados interessados nos desenvolvimentos da língua portuguesa ocorridos no Brasil na passagem do século XIX para o século XX Sobre origens latinas do português e linguística histórica ver leituras complementares capítulo 1 ao final deste livro Sobre português brasileiro ver leituras complementares capítulo 1 ao final deste livro Sobre o projeto Gramática do Português Culto Falado no Brasil ver leituras complementares capítulo 1 ao final deste livro 40 4 Considerações Finais Neste capítulo foram abordadas breves considerações sobre as propostas e formação do português do Brasil considerando hipóteses como as abordagens de crioulização e deriva Relembrando as palavras do Professor Bonvini Tudo não parece ultrapassar o estágio das hipóteses no entanto fazse ne cessária a necessidade de um prosseguimento da pesquisa desde que ela seja conduzida por novas perspectivas teóricas e sobretudo por dados suplementares devidamente estabelecidos Tratamos sobre a Gramática do Português Falado no Brasil e enfatizamos que neste livro a análise sintática proposta enfoca a gramática do português culto falado no Brasil Consideramos este fato importante pois é a fala dos cultos que pode apontar para uma norma imprescindível a qualquer comunidade linguística que detém a escrita Chamamos a atenção para o fato de que o termo PB neste livro referese principal mente à variedade brasileira mais amplamente descrita a da região sudeste do país abran gendo os estados do Rio de Janeiro e São Paulo e ainda a pesquisas corroboradas por dados do NURC Norma Urbana Culta Nos próximos capítulos desconsideramos abordagens introdutórias sobre sin taxe gramática como i gramática tradicional normativa ii conceitos do tipo certo errado iii definições sobre sintaxe iv história da disciplina etc por en tendermos que nosso públicoalvo já foi introduzido a cursos de Introdução à Lin guística e que portanto esta abordagem seria repetitiva 41 Capítulo 2 Formalismos em linguística e análise sintática formal do português falado no Brasil 1 Formalismos em Linguística Neste livro o estudo da análise sintática do português falado no Brasil está apoiado em um arcabouço formal conhecido como Gramática Gerativa Nesta seção objetiva mos i tornar clara a expressão estudos formais em sintaxe ii ratificar que o modelo teórico gerativo não é o único modelo formal em estudos sintático gramaticais Portan to queremos deixar claro que apesar de estarmos seguindo o modelo teórico gerativo não advogamos que formalismo em sintaxe seja sinônimo de gerativismo Pelo contrário concordamos que fora do arcabouço gerativista há outros formalismos em linguística 11 Estudos Formais e Ciência Sobre o termo formalformalismo nos remetemos às ciências contemporâneas Dessa forma situamos o linguista e sua prática qualquer que seja ela sintaxe morfolo gia fonética fonologia pragmática semântica na prática científica O conceito de ciência e o de método científico têm sido controversos ao longo do tempo Já foi proposto um método científico unificado que hoje não é bem visto pois a metodologia em Ciências Exatas e Humanas por exemplo tem se mostrado diferentes A tendência tem sido a aceitação de uma multiplicidade de métodos de investigação científica Logo perguntamos que características fundamentais atribuem cientificidade ao estudo linguístico Segundo Lobato 1986 25 As características de aceitação geral são exigência de comprovação empírica caráter não preconceituoso caráter explicativo e caráter explícito A seguir definimos de acordo com Lobato op cit essas características i Comprovação empírica a característica científica de comprovação empírica relacionase à exigência de que qualquer hipótese teórica proposta seja comprovada por dados ii Caráter nãopreconceituoso a característica científica de caráter nãopreconceituoso diz respeito à eliminação de conceitos como certoerrado a língua literária é a melhor variedade de uma língua etc iii Caráter explicativo a característica científica de caráter explicativo diz respeito novamente à exigência de veracidade empírica para se propor hipóteses teóricas Não sendo confirmada uma hipótese inicial por esta não ter sido validada por um dado esta é reformulada até que se chegue a uma proposta que cubra todos os fenômenos sob análise iv Caráter explícito a característica científica de caráter explícito é definida por Lobato 1986 27 o caráter explícito da lingüística diz respeito à exigência de definição clara precisa coerente e pormenorizada dos pressupostos teóricos da análise assim como dos termos nela usados e de caracterização detalhada de todas as fases da argumentação inclusive as intermediárias Essa característica também esteve de modo geral ausente dos estudos da gramática tradicional Um bom exemplo de problemas de conceituação ligados à característica científica de caráter explícito é fornecido por Eunice Pontes Pontes 1986 nos Capítulos 5 e 6 O problema dos conceitos em geral e O conceito de sujeito entre falantes apresenta 43 o difícil problema do conceito de sujeito partindo do português coloquial brasileiro tal como é falado no diaadia por pessoas da classe culta O caráter científico da linguística só passou a ser creditado a partir da publicação do Cours de Linguistique Générale Curso de Linguística Geral 1916 de Ferdinand de Saussurre que marca o início dos trabalhos linguísticos conhecidos como Estrutura lismo O texto clássico de Saussure pode ser lido em português ver Saussurre 1985 Sobre Estruturalismo e os Estudos PréSaussurianos ver sugestão de leitura em leituras complementares capítulo 2 ao final deste livro 12 Diversos Formalistas em Sintaxe Gramática Duas grandes correntes de estudos sintáticogramaticais são bem atestadas no mundo acadêmico Gerativismo e Funcionalismo Registramos nesta subseção o que consideramos ser um equívoco que se pronuncia em nossas escolas de nível superior em Universidades e em textos escritos no Brasil Tratase da disputa entre estudos estudiosos gerativistas versus funcionalistas o termo formal é endereçado apenas aos estudos gerativistas Em 11 ao enfatizarmos que todo estudo linguístico é formal concordamos com um grupo de acadêmicos que não corrobora a idéia de que somente os estudos sintático gramaticais dentro do quadro gerativista são formais científicos Segundo Roberta Oliveira A disputa formalismo gerativismo versus funcionalismo não apenas encobriu os consensos que constituem a base do conhecimento como também ofuscou a existência de modos nãogera tivistas de ser formalista e que são certamente compatíveis com as teses do funcionalismo Oliveira 2004 229 Portanto como a disciplina sintaxe tem sido estudada no Brasil por grandes ex poentes dessas duas correntes teóricas queremos logo de início deixar claro que nossa opção pelo enfoque gerativista neste livro não está relacionada ao fato de considerarmos os estudos funcionalistas como estudos não formais Afirmar isto seria demonstrar um desco nhecimento básico dos estudos funcionalistas A chamada Gramática Funcional por exem plo desenvolvida por Simon Dik é um forte exemplo de formalização linguística dentro do arcabouço funcionalista ver Pezatti 2004 199213 44 Sobre Funcionalismo ver sugestão de leitura em leituras complementares capí tulo 2 ao final deste livro É preciso dizer ainda que mesmo assumindo uma opção teórica gerativista nes te texto centrado na sintaxe do português falado no Brasil não podemos descon siderar os significativos estudos que vêm sendo empreendidos sobre o português brasileiro dentro do quadro funcionalista O Projeto da Gramática do Português Culto Falado no Brasil reúne há anos pesquisadores funcionalistas bem como gerativistas Para detalhes so bre o projeto Gramática do Português Culto Falado no Brasil e seu quadro de pesquisadores e pesquisas ver sugestão de leitura em leituras complementares capítulo 1 ao final deste livro Portanto nossa opção pela formalização gerativista na disciplina de sintaxe não está centrada no fato de considerarmos o modelo gerativo como a única maneira formal de se fazer sintaxe Nossa opção por este modelo resumese por i a teoria gerativa ser mentalista ii a embalagem teórica gerativa em sua versão de Princípios e Parâmetros PP ser eficiente e clara para os propósitos a que nos destinamos neste livro Logo ratificamos as palavras de Everett 1992 14 a escolha de uma teoria lingüística física etc é relativamente arbitrária em termos empíricos Essa escolha é mais metafísica Escolhi uma teoria mentalista porque meus objetivos são mais mentalistas A teoria gerativa tem para mim a embalagem mais bonita de todas as teorias mentalistas Ao falar em embalagem não quero dizer que minha escolha seja trivial Pelo contrário acho que a maneira em que uma determinada teoria organiza o universo sua ontologia suas formalizações e sua embalagem estilo e forma de apresentação entre outras coisas são aspectos importantes na escolha desta teoria Após esta introdução sobre a opção pelo enfoque formal gerativista neste texto sobre sintaxe do português passamos a uma breve exposição sobre a Gra mática Gerativa 2 Gramática Gerativa o Estudo da Sintaxe com Estatuto de Disciplina Autônoma Na história recente da linguística verificase uma grande discussão que vem dividindo a comunidade acadêmica Tratase do desacordo sobre a autonomia da sintaxe Gerativistas afirmam que a sintaxe é um sistema autônomo isto é a sintaxe uma máquina que gera sentenças bem formadas independente da semântica e certamente da pragmática e tem um modo de operar característico assim como o figado tem um funcionamento próprio A sintaxe é assim um módulo independente logicamente anterior e mais central que a semântica Funcionalistas acreditam que a sintaxe é resultado dos usos e funções a que a língua serve Só há sintaxe porque há semânticapragmática Logo gerativistas advogam que a sintaxe seja autônoma funcionalistas advogam que a sintaxe só existe porque há semânticapragmática Neste texto assumimos a tese da autonomia da sintaxe sem entrarmos em discussões teóricas sobre o fato Apenas entendemos que esta abordagem nos ajuda a isolar nosso objeto de estudo a sintaxe tratandoo na medida do possível sem interferência de outros aspectos da língua Note que não estamos com isso dizendo que a fonética fonologia morfologia semântica e pragmática não são partes dos estudos de uma língua A seguir apresentamos alguns pontos importantes relacionados à teoria da gramática de base gerativista 46 21 As Propriedades da Linguagem Humana Segundo Noam Chomsky Embora tenha tido toda a sua formação linguística dentro do estruturalismo americano sobretudo a linha representada por Leonard Bloomfield Avram Noam Chomsky tornouse um ferrenho adversário da análise linguística behaviorista desta escola de linguística O processo de aquisição de língua é um dos principais pontos de divergência entre a linguística estruturalista e a chomskiana Para os estruturalistas a aquisi ção de língua estava atada a princípios uniformes de aprendizagem de assimila ção de indução característicos da escola da Psicologia chamada Behaviorismo Para Chomsky a aquisição de língua é parte da natureza da mente humana Nessa perspectiva a linguagem não é uma conseqüência da comunicação não é um sistema de comunicação sofisticado antes ela surge de uma mutação genética que permitiu ao indivíduo a possibilidade de organizar melhor sua vida mental tornandoo mais apto Que a linguagem sirva a comunicação é uma conseqüência inesperada de termos linguagem mas não essencial Oliveira 2005 225 226 Daí dizerse que a teoria gerativa é mentalista os comportamentos lingüísticos efetivos enunciados são ao menos parcialmente determi nados por estados da mente cérebro Borges Neto 2005 96 Segundo Chomsky a faculdade da linguagem humana é um subconjunto de um conjunto de órgãos mentais Os sistemas mentais compartilham uma série de características com os siste mas físicos e como estes devem ser vistos como parte do dote genético do homem Podem ser estudados nas mesmas bases em que se estudam os órgãos físicos de maneira modular pois são diferentes entre si não homogêneos e organizados segundo princípios a eles específicos A faculdade da linguagem encontrase nas línguas reais em interação com os de mais órgãos mentais Alguns destes órgãos além do da faculdade da linguagem seriam a compreensão matemática a habilidade de identificar traços da personalidade dos in 47 divíduos a partir de breves contatos a habilidade artística características ligadas à visão como a perspectiva por exemplo etc 211 A Abordagem Modular da Mente A abordagem modular da mente prevê i um estado inicial da mente fixo geneticamente determinado comum à espécie com no máximo pequenas variações à parte casos patológicos denominado Gramática Universal GU ii um estado estável chamado Gramática Nuclear GN que se dá após uma sequ ência de estados sob as condições limitadoras impostas pela experiência Logo a habilidade de falar uma língua pode ser vista através do esquema abaixo GU Experiência Habilidade para falar aquisição de GN que demonstra que para uma criança adquirir a habilidade de falar um idioma GN além de nascer dotada geneticamente de GU precisa ser exposta a este idioma Exposição à Língua Y Ativa a experiência da Língua y O modelo gerativista apresenta à primeira vista um aparente paradoxo i as lín guas do mundo são em essência idênticas porque todas são fruto de um mesmo código genético ii é sabido que as línguas humanas apresentam diferenças No entanto Nosso modelo tem uma solução para este aparente paradoxo articulada a partir de duas noções Princípios e Parâmetros A faculdade da linguagem é composta por princípios que são leis gerais válidas para todas as línguas naturais e por parâmetros que são propriedades que uma língua pode ou não exibir e que são responsáveis pela diferença entre as línguas Uma sentença que viola um princípio não é tolerada em nenhuma língua natural provavelmente porque tem a ver com a forma como o cérebro a mente da espécie funciona uma sentença que não atende a uma propriedade paramétrica pode ser gramatical em uma língua e agramatical em outra Mioto et al 2004 24 Para um exemplo de princípio e de parâmetro ver Mioto et al 20022425 Um dos parâmetros mais discutidos na teoria da gramática é chamado de Parâmetro do Sujeito Nulo o fato de o sujeito poder ou não ser nulo foneticamente não pronunciado em sentenças finitas O português culta falado no Brasil vem apresentando evidências de mudança deste parâmetro sob comparado ao português europeu No capítulo 3 descrevemos o Parâmetro do Sujeito Nulo Com Chomsky e sua teoria da linguagem a linguística toma novos rumos Agora não se trata mais de dizer o que é que os estudos da mente humana podem dizer acerca da faculdade da língua humana mas sim o oposto os estudos da faculdade da língua podem aclarar sobre a própria natureza da mente A noção é a de que o conhecimento que o falante nativo tem da sua língua é um conhecimento inato organizado a partir de um rico sistema de princípios que impõe limites na variação possível entre as línguas sendo por isso mesmo chamado de esquema restritivo Essa matriz biológica que fornece o arcabouço em que o desenvolvimento da língua pode ser feito vem sendo denominada de gramática universal GU Ao argumentar sobre as propriedades da linguagem humana Chomsky substitui a clássica dicotomia línguafala de Saussure por competênciadesempenho como se vê a seguir 2111 Competência e Desempenho Segundo Ferdinand de Saussure a faculdade da línguagem humana apresenta a seguinte dicotomia 1 língua e 2 fala langueparole cf Saussure 1985 2628 Língua língualinguagem referese ao sistema de língua coletivo a uma comunidade de fala fala referese aos enunciados concretos produzidos por um falante individual em situações reais Logo para Saussure sendo a língua um sistema coletivo representado no cérebro dos falantes ela é um fato social ao contrário da fala que é um ato individual Chomsky substituiu a clássica dicotomia saussuriana por competênciadesempenho Define o ato linguístico individual através da terminologia desempenho que é próxima à terminologia saussuriana fala Por competência Chomsky define o conhecimento que o falante tem do sistema linguístico 49 A substituição da dicotomia langueparole pela dicotomia competênciadesempenho pode ser vista como uma mudança na perspectiva filosófica da teoria lingüística na visão saussuriana as línguas são antes de tudo instituições humanas visando à interação social ao passo que na visão chomskiana antes de ter a função comunicativa as línguas têm a função de ser expressão do pensamento função cognitiva Ao considerar que a função primordial das línguas naturais é a comunicação o que ele faz implicitamente Saussure insere a lingüística no contexto mais amplo das ciências sociais Ao considerar que a função mais básica da língua é a expressão do pensamento sendo a função de comunicação um uso posterior Chomsky insere a lingüística no âmbito da psicologia cognitiva Lobato 1976 48 Em gramática gerativa fazse distinção entre gramaticalidade e aceitabilidade como se vê abaixo 2112 Gramaticalidade e Aceitabilidade O conceito de gramaticalidade é baseado no conhecimento gramatical que os falan tes nativos têm da sua língua e está ligado ao modelo de competência Cada falante que por definição possui uma ou mais de uma GNs pode fazer julgamentos de gramati calidade sobre os enunciados emitidos Ele pode dizer se uma frase feita de palavras de sua língua está bem formada com relação a regras de gramática que ele tem em comum com todos os outros indivíduos que falam essa língua essa aptidão pertence à competência dos falantes não depende nem da cultura nem do grupo social do falante Assim em português o menino gosta de chocolate é uma frase gramatical ao contrário Gostar chocolate menino é uma frase agramatical marcada por um asterisco Dubois et al 1973 318 Um termo sinônimo para gramatical em linguística é bemformado Para Dubois et al op cit o conceito de aceitabilidade é um conceito ligado ao mo delo de performance 50 depende portanto não apenas da conformidade às regras da gramática toda frase agra matical é inaceitável mas também das regras definidas pela situação contexto ou pelas propriedades psicológicas Dubois et al 1973 14 Os falantes nativos de uma língua como o português por exemplo muitas vezes discordam quanto ao uso ou mesmo sobre a possibilidade de um enunciado Um enun ciado pode ser normal em um dialeto mas inaceitável em outro como se vê em 1 a Eu vi ele b Eu o vi c Vendemse casas d Vendese casas Nos dados em 1 todos os exemplos são gramaticais mas 1a e 1d podem ser não aceitáveis para determinados grupos de falantes Podese dizer então que há graus de gramaticalidade e de aceitabilidade como se observa em 2 a A criança não deveu ter tido chocolate b As idéias azuis faiscavam na parede Quando um enunciado é considerado inaceitável é marcado por um asterisco se for margi nalmente aceitável é precedido por um ponto de interrogação 3 a As meninas bonitos moram lá b As meninas bonita moram lá Neste livro procedemos a uma análise sintática do português culto falado no Brasil logo o leitor deve estar atento para o fato de que em muitos casos estaremos tratando de uma análise de dados perfeitamente aceitáveis pelos falantes brasileiros mas que não fazem parte da modalidade escrita culta como é o caso do exemplo 1d Vendese casas7 7 Dados como este são analisados no capítulo 3 22 Clássicos da Literatura Gerativa Provar que o ser humano é equipado geneticamente para adquirir língua tem sido o principal objetivo da Gramática Gerativa Este desafio mantémse vivo desde os idos de 1950 descrito formulado e reformulado por Chomsky por meio de publicações tidas como marcos desta Teoria como se vêem abaixo 1957 Syntactic Structures 1965 Aspects of the Theory of Syntax 1968 Sound Pattern of English com Morris Halle 1970 Remarks on Nominalization 1973 Conditions on Transformations 1980 On Binding 1981 Lectures on Government and Binding The Pisa Lectures 1983 Principles and Parameters Theory in Syntax com H Lasnik 1986 Barriers 1988 Language and Problems of Knowledge The Managua Lectures 1995 The Minimalist Programm 2000a Minimalist Inquiries The Framework 2000b Derivation by Phase 2005 Novos Horizontes nos Estudo da Linguagem e da Mente Os textos em negrito Chomsky 1981 Chomsky Lasnik 1983 têm sido a base das disciplinas de sintaxe com ênfase em teoria formal gerativista ministradas em cursos de graduação Letras e Linguística no Brasil Esses cursos são conhecidos como Cursos em GB do nome Government and Binding Regência e Ligação ou Cursos em Princípios e Parâmetros que é como se consagrou o nome da teoria a partir do final da década de 80 daqui em diante PP A razão de não apresentarmos neste livro o que é hoje conhecido como Minimalismo Chomsky 1995 é que o Minimalismo tem sido definido pelos pesquisadores e teóricos como um Programa de Investigação e não como uma Teoria Jairo Nunes em parceria com outros dois autores no livro Understanding Minimalismo Entendendo Minimalismo diz Em particular nós mostramos como considerações minimalistas repensam e substituem as abordagens em GB e seu maquinário técnico Antes de embarcarmos em nossas várias viagens minimalistas nós sumarizaremos as principais abordagens de GB e de seu aparato técnico Esses sumários pretendem ajudar o leitor a relembrar materiais relevantes de fundo teórico em GB e propiciarem indicadores para estudos mais adiante Se o leitor não teve ainda um curso em GB seria muito útil olhar para seus indicadores GB dita como a base para alguém se empreender nos estudos minimalistas e ficar confortável com este relevante material Hornstein Nunes Grohmann 2005 Preface Como dito acima o Minimalismo repensa e substitui as abordagens em GB No entanto em nenhum momento os gerativistas afirmam ou afirmaram que GB deva ser desconsiderada Pelo contrário Enfatizando que lemos na citação acima não se pode repensar ou mesmo substituir algo que não se conhece Logo conhecer o maquinário técnico básico de GB é imprescindível para todos aqueles que querem se empreender na tarefa de estudar sintaxe do ponto de vista formal gerativista A proposta do ensino do modelo GB em cursos de graduação principalmente nos leva a rebater críticas ouvidas pelos corredores advindas de pessoas não conhecedoras dos estudos em sintaxe gerativista Duas delas têm sido muito comuns 1 não se pode estudar uma teoria que vive mudando 2 os professores de sintaxe no Brasil são retrógrados ensinam GB ao invés de Minimalismo À primeira crítica rebateríamos dizendo que os estudos em sintaxe formal são estudos de natureza científica Uma ciência que não postula reformula e se autocritica não é ciência Logo nós gerativistas pensamos que 53 i nunca soubemos tanto sobre língua sobre a sintaxe das línguas como nos úl timos 60 anos por meio de inúmeras pesquisas gerativistas em inúmeras línguas No entanto concluímos que ainda sabemos muito pouco e precisamos continuar com o em preendimento científico de testar e reformular dados ii é possível estudar gramática gerativa e a prova é que estamos ensinando as ba ses teóricas por meio de um modelo o modelobase GB À segunda crítica rebateríamos dizendo que não estamos abordando o Minimalismo neste livro por opção metodológica No entanto na medida do possível atentamos para uma abordagem mais atual à GB como i não introduzir as árvores em estrutura profunda deep structure DS ii não nomearmos categorias vazias como pro PRO vestígio variável iii apresentarmos no sintagma verbal a estrutura vP Essas abordagens são préminimalistas e minimalistas e não abordagens típicas do modelo GB 3 O Tratamento Formal em Análise Sintática Nossos estudos sintáticos estarão centrados na estrutura sintagmática da língua portuguesa e seguiremos as generalizações simbólicas de uma subteoria da gramática gerativa denominada de teoria Xbarra ou módulo Xbarra portanto nosso objetivo nesta seção é apresentar o maquinário Xbarra No entanto antes de lançarmos as bases deste módulo da gramática exemplificamos duas possibilidades de tratamento for mal de um termo sintático conhecido por objeto direto Nosso objetivo é ratificarmos que neste livro fizemos escolhas entre diferentes tipos de formalismos para proce dermos nossa análise sintática do português i gerativismo e não funcionalismo ii teoria mentalista que advoga soluções em termos sintagmáticos como básicas para GU gramática universal 31 Propostas de Codificação da Relação Gramatical Objeto Direto Segundo Payne 1999133 traduzido Uma observação empírica que se faz é que as línguas tendem a ter cerca de três distintas cate gorias nucleares de relações gramaticais comumente sujeito objeto e objeto indireto Isto provavelmente reflete limitações cognitivas Em outras palavras existem duas e possivel mente três categorias necessárias para manter papéis participantes distintos em uma interação humana normal dentro do trabalho da mente Nesta subseção tomemos por enfoque a relação gramatical envolvendo o termo objeto direto A seguir uma definição de objeto direto retirada de uma de nossas gramáticas O predicado complexo acompanhavase de tipos diferentes de argumentos concedidos por complementos verbais O primeiro deles é o complemento direto também chamado de objeto direto representado por um signo léxico de natureza substantiva substantivo ou pronome não introduzido por preposição necessária Os vizinhos não viram o incêndio Bechara 2006 416 o grifo é nosso A literatura aponta várias propostas relacionadas à codificação da relação gramatical objeto direto A maneira mais simples e direta é fazer referência explícita à relação gramatical em si como se vê na abordagem tradicional ver citação acima seguida pela teoria mentalista denominada de Gramática Relacional ArcPair Grammar APG Em 4b verificamos o modelo adotado pela APG Rgraphs gráficos em raios A linha horizontal diagrama 4b divide a rede em extratos No primeiro extrato acima da linha os números indicam a posição de sujeito 1 de objeto indireto 3 de predicado P e de adjunto outros da sentença 1a Isabel gosta muito de mim No segundo extrato abaixo da linha os números indicam uma reavaliação da posição de objeto indireto 3 ascendendo para a posição de objeto direto 2 Isabel me gosta muito A abordagem gerativa em sua versão de Princípios e Parâmetros PP Chomsky 1981 define relações gramaticais como objeto direto em termos estruturais relacionandoos à propriedade de marcação sintagmática Observe o exemplo 4 renumerado abaixo e o tratamento dado por PP 5a Isabel me gosta muito Em 5b vêse o verbo gosta com seus dois argumentos SNs elementos exigidos pelo verbo i o sintagma nominal Isabel o argumento externo na posição de especificador do verbo leve Spec Sv ii o SN pronominal me o argumento interno na posição de complemento do SV objeto direto O chamado advérbio de intensidade muito é tratado como um adjunto e projetado como uma sintagma intensificador É sobre o tratamento sintagmático de categorias gramaticais como o sintagma verbal exemplificado em 5 que trataremos neste livro abordando o modelo de diagrama arbóreo árvores valorizado em PP Detalhes iniciais sobre a estrutura XBarra como visto em 5b acima serão iniciados ainda neste capítulo 57 O termo é especificamente definido para excluir fatores como limitações de memória lapsos verbais interrupções e dificuldades de processamento resultantes de recursividades múltiplas ambi güidade mudança na duração da fala ou uma sentença pragmaticamente não plausível As descrições feitas por gramáticos gerativistas pretendem ser descrições gramaticais da competência lingüística O conhecimento inato que temos de nossa língua foi desenvolvido por meio de um sistema representado em nossa mentecérebro que é rico e poderoso o suficiente para nos proporcionar adquirir línguas mesmo em face às limitações e possíveis inadequações de nossa experiência linguística Seguindo os pressupostos de PP ratificamos que a competência dos falantes nativos de uma língua possibilita que esses falantes percebam que as palavras se estru turam em níveis hierárquicos Por exemplo cada falante do português escolarizado ou não tem uma noção que as palavras em uma dada sentença assumem relações próximas com outras palavras e estas relações são construídas hierarquicamente até que toda a sentença seja projetada Observe a sentença abaixo 6 Os meninos saíram Podemos afirmar que em 6 a palavra os parece estar mais atada ao significa do de meninos que ao significado de saíram como se vê na estrutura em 7 Constituinte V os meninos Portanto as palavras os meninos em os meninos saíram 6 formam um constituinte que por sua vez se tornará em uma unidade maior um outro constituinte ao se atar à palavra saíram 8 Constituinte V os meninos saíram Veja a definição de constituinte em Amanhã o João vai comprar o último livro do Chomsky na Borders Fragments de sentenças só constituintes podem servir como fragmentos de sentenças em respostas Uma outra grande evidência para a análise sintática por meio de estruturas de constituintes está em um fato sintáticosemântico chamado de ambiguidade estrutural Franchi et al 1998 apresentam exemplos de análise sintática envolvendo este tipo de ambiguidade e ratificam a posição de que quando reconhecemos mais de um tipo de significado para uma dada sentença estamos construindo uma hipótese a respeito da estrutura relacional da expressão inteira Atente para a ambiguidade existente na sentença abaixo 18 Márcia conhece um artista de batik africano Interpretação 1 o artista de batik é africano de nacionalidade africana Interpretação 2 o batik é da África Em 18 vêse que o sintagma um artista de batik africano permite uma dupla interpretação ao sentido final da sentença Essas duas interpretações corroboram a hipótese de que os significados que aprendemos de uma dada sentença não advêm além de uma interpretação linear das palavras mas sim de uma construção estrutural que efetuamos para organizar essas palavras e projetálas em uma sentença Observe em 19 e 20 um esboço das duas projeções sintagmáticas de um artista de batik africano que resultam as duas leituras interpretativas de 18 19 Márcia conhece um artista de batik africano Interpretação 1 o artista é africano de nacionalidade africana Projeções do sintagma Projeção Y mais externa Projeção X africano mais interna um artista de batik SN um artista SP de batik SA africano 20 Márcia conhece um artista de batik africano Interpretação 2 o batik é africano Projeções do sintagma Projeção Y mais externa Projeção X um artista mais interna de batik africano SN um artista SP de batik SA africano Logo dependendo de como as palavras um artista de batik africano são combinadas internamente na formação de um artista de batik africano teremos a interpretação 19 ou 20 como vistas acima Sobre Estrutura de Constituinte e a Competência Linguística ver sugestão de leituras em leituras complementares capítulo 2 ao final deste livro Após ratificarmos nossa posição de tratamento sintático por meio da análise de constituintes passaremos a uma introdução do formalismo Xbarra 33 Introdução ao Formalismo Xbarra Categorias Sintáticas e Árvores Estruturas O módulo Xbarra assume um papel importante na teoria da gramática em sua versão de Princípios e Parâmetros PP pois apresenta a organização de uma proposta para a estrutura sintagmática Neste capítulo introduzimos aspectos da Teoria XBarra em outros capítulos que se seguem a este enfatizaremos a construção sintagmática do português falado no Brasil com ênfase no português falado culto 331 Categorias Sintáticas Lexicais e Funcionais A teoria Xbarra arquiveta como as palavras podem ser agrupadas em unidades maiores tais como sintagmas e sentenças Ao olhar para tipos de palavras a teoria XBarra toma emprestado um conjunto de terminologias da gramática tradicional como nome e verbo Essas palavras são denominadas de classes de palavras ou categorias sintáticas Uma tarefa importante nos estudos de gramática é perceber a distinção entre categorias lexicais e funcionais 311 Categorias Lexicais As categorias lexicais são aquelas que correspondem a palavras de conteúdo e a teoria gramatical assume que existem quatro categorias lexicais Nome Verbo Adjetivo e Preposição advérbios são tidos como um tipo de adjetivo As categorias lexicais são definidas pela combinação de apenas dois traços distintivos nominal N e verbal V que fornecem quatro possibilidades como se vêem no quadro abaixo explicitado em Mioto et al 2004 Mioto et al 2004 53 exemplificam os traços acima com o radical am que estabelece o sentido lexical da palavra amor chamando nossa atenção para três classes de palavras derivadas desse radical amar identificada como verbo traços N V Ex a Eu a amo amor identificada como nome traços N V Ex b Ela é o meu amor amado identificada como verbo ou adjetivo N V Exs c Aquela criança é muito amada d Elea ao teria amado para o resto da vida Os autores op cit apontam os traços nominais ou verbais nas palavras lexicais Um dos traços nominais de uma palavra por exemplo é a exigência de concordância de gênero veja amada no exemplo c acima Um exemplo de traço verbal de uma palavra são os sufixos que apontam para categorias como tempo número e pessoa veja amoq em a Nomes verbos e adjetivos têm pelo menos um valor positivo e se caracterizam nas línguas por geralmente possuírem um número indefinido de membros no dicionário mental dos falantes A preposição apresenta seus dois valores marcados como negativo e diferese das outras classes por constituir um número bem reduzido de membros nas línguas As preposições por seu duplo valor negativo já apontam para uma distinção clara se comparadas às outras categorias lexicais elas também valor de classe sintática funcional Nós estudaremos as preposições com mais detalhes no capítulo 7 Em sintaxe uma característica das palavras lexicais que formam núcleos sintagmáticos lexicais é a de selecionar semanticamente seus argumentos os elementos exigidos para sua composição sintática Tomemos como exemplo os sintagmas verbais em 22 a O ladrão pegou a polícia b A polícia foi pega pelo ladrão Em 22ab o verbo pegar seleciona exige semanticamente dois argumentos i um argumento interno preenchido em 22a por a polícia o objeto direto da sentença ii um argumento externo preenchido em 22a por o ladrão e em 22b por a polícia Observe ainda o sintagma verbal abaixo 23 A folha pegou a polícia A composição do sintagma verbal em 23 tornou a sentença gramatical A gramaticalidade expressa em 23 nos ajuda a ratificar que um núcleo lexical impõe sérias restrições sobre seus argumentos e uma dessas restrições é a sseleção seleção semântica O verbo pegar em 2223 por exemplo obriga que seus possíveis argumentos externos tenham a característcia semântica AGENTETEMA Logo a composição sintagmática de pegar em 23 tornou a sentença gramatical porque a folha não tem as especificações semânticas AGENTETEMA exigidas para o argumento externo de pegar ferindo assim a sseleção deste verbo Em teoria da gramática as informações relativas à sseleção foram cunhadas de papel temático e fazem parte de um dos módulos da gramática chamado de Teoria dos Papéis Temáticos Segundo Duarte Brito 2003 187 A lista mínima de papéis temáticos relevantes para a descrição da estrutura argumental dos verbos da língua portuguesa inclui os papéis de Agente Fonte Experienciador Locativo Alvo e Tema As autoras op cit chamam a atenção para o fato de que a lista de papéis temáticos varia em extensão de autor para autor Abaixo descrevese e exemplificase de forma sucinta os papéis temáticos Agente Fonte Experienciador Locativo Alvo e Tema cf Duarte Brito 2003 188190 24 Lista de Papéis Temáticos Relevantes em Português i Agente o argumento que aponta para uma entidade controladora de uma dada situação Este papel temático é atribuído geralmente a SNs humano Ex a A polícia pegou o ladrão ii Fonte designa o argumento que se encontra no ponto de origem de uma dada situação mas não a controla Ex b Ele comprou o livro do João c Terremotos têm atingido impiedosamente regiões da Ásia iii Experienciador papel temático de um argumento que designa a entidade que é a sede psicológica ou física de uma dada propriedade ou relação Ex d Aquele professor sempre tosse durante suas falas e Todos nós ficamos chocados com aquele crime f Eu amo meus dois filhos iv Locativo designa o argumento que exprime o lugar espacial de uma dada entidade Ex g Joana vive em São Paulo h Ester encheu a mala com livros v Alvo é o argumento que designa a entidade para a qual alguém ou algo se transfere Ex i O rapaz foi por ali j Marina ofereceu chocolates para a amiga vi Tema é o argumento que designa a entidade que muda de lugar de posse ou de estado em predicações do tipo dinâmicas O argumento com este papel pode designar uma Ao dizermos que um núcleo lexical sseleciona seus argumentos é preciso ainda dizer que o núcleo semanticamente selecionado também sofre restrições de caráter categorial Veja o exemplo abaixo 25 a polícia pegou pelo ladrão A composição do sintagma verbal em 25 tal como ocorreu em 23 tornou a sentença gramatical Observe que os dois argumentos do verbo pegar em 25 obedecem ao critério semântico de restrição de argumentos do verbo Logo perguntamos O que causa a agramaticalidade da sentença 25 Intuitivamente todo falante nativo percebe que o que ocasiona a agramaticalidade em 25 é o fato do argumento interno do verbo pegar estar sendo preenchido por uma categoria preposicional e não por uma categoria nominal Resumindo um núcleo lexical tem como característica impor uma série de restrições sobre seus argumentos Mioto et al 2004 nos apresentam um exemplo de restrições de seleção por meio do núcleo lexical chutar 26 a O menino chutou a bola b categoria N V nº de argumentos cseleção DP DP sseleção AGENTE TEMAPACIENTE Sobre Classes de Palavras e Teoria dos Papéis Temáticos ver sugestão de leituras em leituras complementares capítulo 2 ao final deste livro 68 3312 Categorias Funcionais Diferentemente das categorias sintáticas lexicais existem categorias que não carre gam consigo um significado lexical logo não selecionam argumentos semanticamente sseleção Vamos observar introdutoriamente neste capítulo e mais especificamente em outros que as categorias funcionais apesar de não sselecionarem argumentos elas os cselecionam Considere por exemplo a palavra grifada na sentença abaixo 27 Antônio perguntou se vocês querem prova de recuperação Nós teremos problemas em descrever o significado da palavra se na sentença acima se tivermos de fazer essa descrição nos mesmos moldes em que descreveríamos uma categoria lexical como amar A melhor maneira de pensar acerca de palavras como se em 27 é preenchêla em uma determinada função na sentença Por exemplo se em 27 ocorre em uma posição oracional que possibilita a união de duas orações É chamada de conjunção pela gramática tradicional Em PP se é chamada de complementizador uma categoria sintática funcional47 Observe que em 27 se encabeça uma sentença Logo nos mesmos termos que fizemos com as categorias lexicais vamos dizer que se 27 seleciona um argumento exi ge certo tipo de complementação No entanto o argumento que o complementizador se exige não é de natureza semântica mas sim de natureza categorial Daí dizermos que classes de palavras funcionais cselecionam seu complemento 28 a se 27 complementizador introduz um sintagma complementizador SC b SC cseleciona seleção de categoria um complemento sentencial Ao dizermos que o sintagma complementizador se 27 cseleciona uma categoria estamos afirmando que o complementizador exige um argumento de um determinado valor categorial e não semântico Veja o exemplo 27 renumerado em 29 Antônio perguntou SC se SF vocês querem prova de recuperação 47 Ver capítulo 8 Ver capítulo 8 Em 29 observamos que o sintagma complementizador exige que uma sentença entre em sua configuração sintática Logo o SC como se em 29 cseleciona uma sentença 30 restrição de seleção da categoria funcional SC cseleção SF O estudo do sintagma flexional SF será pormenorizado a partir do próximo capítulo Quanto ao sintagma complementizador nós o estudaremos com mais detalhes no capítulo 8 Em nossos estudos veremos ainda outras categorias funcionais como determinante e quantificador A Projeção XBarra Alguns Fundamentos Após termos introduzido as categorias lexicais e funcionais estamos prontos para introduzir o esquema XBarra que nos permite projetar sintagmaticamente todos os núcleos lexicais e funcionais que formam uma dada sentença Começamos por dizer que o esquema XBarra será exemplificado apenas com sentenças do português mas lembramos ao leitor que este é um esquema que pretende ser único para qualquer língua do mundo Logo XBarra prevê que a gramática universal possibilite que um ser humano a princípio tenha a possibilidade de falar todas as línguas do mundo pois os humanos são dotados de um único esquema restritivo sintático XBarra é um esquema restritivo que diz que todo sintagma é projeção de seu núcleo Logo um núcleo nominal por exemplo só pode gerar um sintagma nominal A seguir listamos os núcleos lexicais e funcionais que geram seus respectivos sintagmas Apresentamos os nomes dos sintagmas em português e em inglês pois boa parte da literatura gerativista no Brasil utilizase da terminologia sintagmática em língua inglesa considerada como metalinguagem em XBarra 34 XP Spec X X Compl Onde se vê Spec leiase especificador Essa é a posição de elementos como Maria em sintagmas verbais como em 34 Onde se vê Compl leiase complemento Essa é a posição de elementos como pipoca no sintagma verbal em 34 Logo podemos preencher a estrutura XBarra simplificada proposta em 34 com o sintagma verbal 33 renumerado em 35 a Maria comprou pipoca b SV Maria V V Compl comprar pipoca 51 Note que projetamos no SV o verbo comprou em sua forma infinitiva a forma verbal livre de flexãoões A razão disso é que as marcas de flexão do verbo não são dadas no SV mas sim na projeção funcional SF como veremos no capítulo 3 72 Finalizamos ratificando que o esquema XBarra apontado em 34 e exem plificado em 35 é exatamente o mesmo para cada núcleo lexical ou funcional apontado na tabela 31 Por ora fiquemos com estas informações Nos capítulos que se seguem a este preencheremos paulatinamente o esquema XBarra para cada núcleo lexical e funcional em português 4 Considerações Finais Nas seções acima ratificamos que nossos estudos sintáticos do português esta rão centrados nas generalizações simbólicas de uma subteoria da gramática gerativa denominada de teoria Xbarra introduzimos noções básicas deste módulo da gra mática Ratificamos que neste curso fizemos uma escolha por um modelo formalis ta mentalista que advoga soluções em termos sintagmáticos como básicas para GU gramática universal Nos próximos capítulos detalharemos a sintaxe do português por meio de XBarra e apresentaremos na medida do possível aspectos da sintaxe do português culto falado no Brasil PB A sintaxe do PB atesta mudanças significativas em várias áreas se compa rada à sintaxe do português falado na Europa CAPÍTULO 3 Introduzindo o sintagma verbal e flexional 1 A CATEGORIA LEXICAL VERBO A classe de palavra verbo pode ser caracterizada em termos i semânticos ii morfológicos e iii sintáticodistributionais ver Givón 1984 6473 O Verbo assim como o Nome foi concebido na Grécia por Platão e independentemente na Índia por Panini no século V aC2 Um termo gramatical importante é predicado e esse termo tem intrínseca relação com V e seus argumentos Entendese como argumento um sintagma nominal que carrega uma relação gramatical e semântica específica com o verbo e cuja presença explícita ou implícita é requerida por questões de boa formação das estruturas que contêm esses verbos Argumentos podem ser identificados em termos de relações gramaticais sujeito objeto direto etc ou em termos de papéis semânticos agente paciente etc Alguns modelos distinguem argumentos internos e argumentos externos Trask 1993 p 20 tradução 10 a predicados de um lugar Sorrir x Cair x Homem x Grande x b predicados de dois lugares Ver x y Matar x y Pai x y Orgulhoso x y c predicados de três lugares Dar x y z Colocar x y z Doação doação do dinheiro x ao orfanato pela viúva Kato Mioto a sair 1A Logo sintaticamente os verbos podem ser estruturados de acordo com o número de seus argumentos e de acordo com seus papéis temáticos4 Abaixo apresentamse dois esquemas arbóreos que retomam as intuições da gramática tradicional5 1a VP b VP V DP V V V chover trabalhar 75 Em 1a esquematizase um verbo que não possui argumento como em Choveu ontem em 1b um verbo que possui apenas um argumento no caso o externo DP NP como em Dália trabalha sem parar Em sintaxe do português ao se tratar de V tratase também de Flexão No ca pítulo 2 introduzimos aspectos da composição da categoria lexical V e sua formação sintagmática SVVP introduzimos ainda a categoria funcional flexão SFIP É a flexão verbal expressa em português por meio de sufixos que permite a orga nização do sintagma sentencial em que vamos poder abordar conceitos funcionais como sujeito por exemplo 2 XBarra Construindo o Sintagma Verbal e o Sintagma Flexional Como abordado no capítulo 2 as categorias lexicais são definidas pela combinação de apenas dois traços distintivos nominal N e verbal V O verbo é a categoria le xical que carrega o traço V por excelência Dissemos sobre a existência de categorias funcionais e uma delas está diretamente ligada à morfossintaxe do verbo a flexão Embora os gregos estivessem mais interessados em lógica e retórica o vocabulário criado para tratar de juízos de verdade e de falsidade era o da gramática donde sua contribuição enorme para a descoberta das classes de palavras e das primeiras palavras funcionaisgramaticais Compreendese também porque tem po chamou logo a atenção de Aristóteles Quando se lida com verdade e falsidade de juízos notase que é o tempo que lhes confere valor de verdade Uma sentença no infinitivo não é nem verdadeira nem falsa Chomsky e seus seguidores utilizandose de argumentos sintáticos e não lógicos trataram a categoria tempo desde o início como um constituinte central da sentença Como a categoria tempo se manifesta como flexão Flex em muitas línguas ocidentais o núcleo sentencial passou a ser tratado ora como flexão ora como tempo A categoria flexão pode abrigar não apenas a flexão de tempo mas também a flexão de concordância Kato Mioto a sair 151 os negritos são nossos No capítulo 2 introduzimos ainda o esquema XBarra que nos possibilita proje tar todas as categorias gramaticais lexicais e funcionais Neste capítulo iniciaremos o preenchimento do esquema XBarra por meio das categorias lexicais e funcionais do português Para fins didáticos repetimos em 1 o esquema visto no capítulo 2 29 o núcleo da categoria X V e sua projeção máxima o sintagma SVVP ii Os dois itens lexicais comprar pipoca formam agora uma unidade V V entra em composição sintática com o argumento externo da projeção Maria possibilitando a realização da projeção máxima SV Maria comprar pipoca O SV em 3 está parcialmente projetado Antes de finalizarmos essas considerações iniciais sobre a projeção do SV precisamos explicar como podemos estruturalmente prever que um sintagma verbal permita que além de argumentos termos adicionais conhecidos como adjuntos entrem em sua composição sintagmática Logo atentemos para o seguinte SV abaixo e sua numeração Observe que a projeção do sintagma adjunto SP no cinema no SV em 6 foi feita a partir da reduplicação da projeção máxima desse SV Sobre Adjuncão ver sugestão de leitura em leituras complementares capítulo 3 ao final deste livro Um fato importante que se vê nos SVs em 4 e 6 é que o verbo foi projetado no infinitivo comprar Agora estamos no momento de pormenorizar a razão de não termos projetado a flexão comprou nos SVs acima Para tanto introduzimos o sintagma funcional flexão SF IP 22 O Sintagma Flexional Atente que na palavra comprou comprou há dois morfemas específicos i um de natureza lexical V compr expresso pela raiz verbal ii outro de natureza funcional Flex ou expresso pelo sufixo Logo em comprou há uma junção de duas categorias de natureza lexical e funcional respetivamente Villalva 2003 descrevendo sobre a estrutura morfológica básica do português apresenta a seguinte consideração sobre a flexão nessa língua românica 80 Em português a flexão verbal gera as chamadas formas simples13 e opera em duas catego rias morfosintácticas tempomodoaspecto que codifica morfologicamente informação sobre tempo modo e aspecto e pessoanúmero que codifica a concordância com o sujeito frásico Os valores de tempomodoaspecto TMA repartemse por dois grupos o primeiro é constituído por paradigmas que também flexionamse em pessoanúmero cf 10a e no segundo integramse as chamadas formas nominais do verbo cf 10b 10 a Pretérito maisqueperfeito do indicativo Pretérito perfeito do indicativo Pretérito imperfeito do indicativo Presente do indicativo Futuro do indicativo Pretérito perfeito do conjuntivo Presente do conjuntivo Futuro do conjuntivo Condicional Imperativo forma afirmativa Imperativo forma negativa Infinitivo flexionado b Infinitivo Gerúndio Particípio passado Villalva 2003 933 As categorias tempomodoaspecto gramaticalizadas por meio da flexão sufixal em português são referidas na literatura como categorias TMATAM i o tempo presente passado futuro ii o aspecto expresso pelas terminologias perfeitoimperfeitomaisqueperfeito iii o modo conjuntivo ou subjuntivo indicativo e imperativo 13 As formas compostas que integram o auxiliar ter e o particípio passado são construções sintáticas 81 Em termos gerais a categoria Tempo serve para localizar as situações eventos ou estados expres sas nas línguas em diferentes tipos de enunciados O Aspecto por seu turno fornece informações sobre a forma como é perspectivada ou foca lizada a estrutura temporal interna de uma situação descrita pela frase em particular pela sua predicação Oliveira 2003a 129 Ao se falar em modo é necessário abordar o conceito de modalidade a gra maticalização de atitudes e opiniões dos falantes Oliveira 2003b 245 Em português há que se observar que as classes TMA e pessoanúmero PN são amalgamadas em um único morfema Em ou comprou 6 por exemplo vêse que um único traço formal referese às categorias funcionais TEMPO PASSADO AS PECTO PERFEITO MODO INDICATIVO 3ª PESSOA SINGULAR Como já dito acima a categoria tempo é tida como um constituinte central da sen tença e em teoria da sintaxe o núcleo sentencial passou a ser tratado ou como tempo ou como flexão A terminologia flexão amplamente usada em PP GB devese ao fato de que em muitas línguas ocidentais o tempo se manifesta por meio da flexão Sobre Categorias de Flexão no Português ver sugestão de leituras em leituras com plementares capítulo 3 ao final deste livro A fim de explicitarmos o sintagma flexional SFIP vamos continuar de onde paramos da projeção do SV Maria comprou pipoca no cinema em 6 Observe que o SV em 6 está organizado mas não podemos dizer que temos ainda uma sentença A fim de obtermos uma sentença é necessário que o verbo projete um sin tagma no mesmo esquema XBarra de natureza funcional o sintagma flexional SF IP A seguir damos continuidade às etapas IIV iniciadas em 21 v Na construção da sentença Maria comprou pipoca no cinema 6 é necessá rio que haja uma projeção sintagmática funcional flexão do sintagma lexical verbal seguindo o esquema restritivo XBarra Duas coisas precisam ser ressaltadas na projeção do SF i o núcleo do SF é preenchido com a flexão do verbo comprou veja 7b ii a construção do sintagma sentencial exige que alguns movimentos ocorram de SV para 82 SF a fim de que a a ordem da sentença possa ser expressa b o argumento externo do verbo movase de uma categoria lexical para uma categoria funcional organizandose como o sujeito do SF veja 7c 7a SF Maria comprou pipoca no cinema b SF V F V F SV V ou SV SP V 4 SN V no cinema 4 V Maria V SN 4 comprar pipoca c SF V SN F Compare as estruturas em 7bc ao olharmos para 7b podemos justificar a projeção funcional flexão o verbo comprar precisa checar seus traços formais de flexão de tempo e de concordância No entanto 7b não expressa a ordem como a sentença é pronunciada em português Em jargão teórico os níveis de interface fonética PF e semântica LF não interagem com a etapa da computação sintática vista em 7b mas sim com a etapa vista em 7c Logo para que os níveis de interface PF e LF possam ler e interpretar SF Maria comprou pipoca no cinema i o núcleo do verbo compr é movido para o núcleo da flexão ii o argumento externo do verbo SN Maria na posição de especificador Spec do VP movese para a posição Spec SF Nessa posição Maria passa da função lexical de argumento externo do verbo para a função de sujeito da sentença SF Ver 221 Em PP a computação sintática expressa duas estruturas i DS Estrutura Profunda Estrutura que expressa as projeções sintagmáticas como se vê em 7b ii SS Estrutura Superficial Estrutura que expressa todos os movimentos realizados como se vê em 7c Daqui em diante neste livro vamos sempre desenhar a sentença SFIP na estrutura SS Ao falarmos sobre SF que é a projeção sentencial é importante que se diga que a teoria gramatical tem solidificado a proposta de marcação de Caso abstrato Em breves palavras assumese desde Chomsky 1981 que em uma dada sentença SNsSDs só podem ser realizados se recebem marcação de Caso de algum atribuidor A partir de agora vamos nomear na sentença a categoria N por excelência de SDDP Isto porque a categoria funcional determinante SD deve ser pressuposta mesmo que não realizada fonologicamente O português falado no Brasil raramente admite SNs sem introdução de um SD mesmo no caso de SNs nomes próprios como em A Maria foi lá ontem 221 O Caso Nominativo Caso é uma categoria gramatical com longa tradição é sabido que inúmeras línguas marcam caso morfológico como se vê abaixo em quechua Huánuco quechua 8 a Juan aywan Juan vai JuanNom vai b Juan Pedrota maqan Juan machuca Pedro JuanNom PedroAc machuca Em 8ab o SN Juan argumento externo dos verbos aywan vai 8a e maqan machuca 8b recebe marcação de caso nominativo por meio do morfema diferentemente em 8b o SN Pedro argumento interno do verbo maqan machuca tem marcação de caso acusativo objeto direto por meio do sufixo ta A categoria caso é de caráter funcional e tem o papel de estabelecer funções gramaticais como por exemplo sujeito objeto direto e objeto indireto Logo em teoria da gramática prevêse que todas as línguas mesmo as que não expressam o caso morfológico como o que ocorre em quechua tenham a marcação de Caso abstrato que é dado estruturalmente No capítulo 1 foi dito que o modelo de gramática que se está estudando é modular e que neste livro estaríamos centrados no módulo sintagmático Afirmouse ainda que outros módulos ou subteorias só seriam abordados genericamente à medida que apresentassem alguma intersecção com a Teoria XBarra Nesta etapa de nossos estudos após olharmos o sintagma flexional SF em sua projeção SS é preciso dizer que além de efetuar os movimentos que possibilitarão que a sentença pos sa ser lida e interpretada a projeção SF permite que o argumento externo do verbo movase de sua posição de núcleo lexical para uma posição de núcleo funcional Esse movimento for 86 ma uma cadeia como se vê em 7c Mariai ti logo dizemos que o SD Maria recebe Caso abstrato nominativo em sua posição estrutural de especificador do SF 9 SF V SN F 4 V Maria i F SV V comprou j 4 t j t i Maria em sua posição estrutural Spec SF 9 não é mais o argumento exter no do verbo em 7c mas sim o sujeito da sentença em 7c Logo a posição estru tural do SD Maria 9 permite que o núcleo do SF a flexão ou lhe atribua Caso nominativo Em outras palavras a flexão do verbo aponta para um dado SD em cada sentença a função de sujeito 2211 A Noção de Sujeito Abaixo ratificamos a noção de sujeito que assumimos neste livro de acordo com a teoria da gramática 10 Sujeito o SDSN DPNP que ocupa a posição de especificador do SF IP Spec SF exibindo a concordância com o verbo além de marcar o Caso nominativo O Caso nominativo e outros Casos é visível em português quando representado por um pronome como se vê em 11a 11 a Eu morei em Lisboa b Nalvo Edu e Waninha me visitaram em Lisboa c Waninha entregou para mim em Lisboa as encomendas de Paulinha Em 11 a 1ª pessoa do singular é expressa por diferentes formas i eu 11a posição de sujeito me 11b posição de objeto direto mim 11c posição de objeto indireto ou oblíquo Retomando a noção de sujeito observe as palavras de Kato Mioto a sair 16 Os sujeitos e as estruturas verbais apontados por Kato Mioto op cit serão explicados no capítulo 4 Em Berlink Duarte Oliveira a sair vêse que o sujeito em português pode i ter referência definida podendo ser explícito ou nulo ii ter referência indefinida ou arbitrária podendo ser explícito ou nulo iii não ter qualquer referência sujeito nulo Observe exemplos no conjunto IIII a seguir I Sujeito de Referência Definida a Sujeito Explícito 12 a os sindicatos também devem levar DID REC b essas representações eram feitas sempre na parte escura das cavernas EF SP Os elementos em negrito nos dados 12ab de referências definidas e fonologicamente explícitos ocupam a posição Spec SF São denominados de sujeito simples ou composto no caso de possuírem mais de um núcleo pelas gramáticas normativas Esses sujeitos quan do retocados no discurso podem ser representados por um pronome pessoal expresso ou nulo Sendo nulos são representados pelo símbolo ø como se vê em 13 b Sujeito Nulo 13 ø Queres comprar esta manteiga ø É dos Açores Os símbolos ø em 13 representam sujeitos de referências definidas tuela manteiga respectivamente No entanto ao contrário de 12ab os sujeitos não são expressos fonologicamente esses sujeitos nulossão denominados de sujeito oculto em nossas gramáticas II Sujeito de Referência Indefinida Arbitrária a Sujeito Explícito 14 a mas falavase muito sobre o o alto custo de vidaDID SP b a gente observa que as frutas de outros estados são totalmente diferentes DID RJ O pronome se e a expressão pronominal a gente em 14ab representam sujeitos de referências indefinidas Em 14a o argumento externo de falava está indeterminado não se sabe quem falava A estratégia para expressar a indeterminação em 14a é o uso do verbo na terceira pessoa do singular com o pronome se como se vêem nas gramáticas descritivas A sentença 14b apresenta a expressão pronominal a gente que também veicula a noção de indeterminação ver Berlink Duarte Oliveira a sair 33 Ainda segundo Berlink et al Tanto a gente quanto você nós tu e eu além do seu uso com referente definido constituem importantes estratégias para indeterminar o sujeito 91 não apresentam um sujeito do tipo oracional chamado de oração subordinada substantiva subjetiva em nossa tradição gramatical Em outras palavras a sentença en tre colchetes em 18 que o Brasil tem quinze ou dezoito impostos não é o sujeito do verbo parece o sujeito do verbo parece em 18 é um sujeito nulo expletivo øexp O verbo parecer é do tipo inacusativo não projeta um argumento externo mas sim um argumento interno no caso de 18 a sentença encaixada que o Brasil tem quinze ou dezoito impostos é o argumento interno não objeto direto do verbo parecer para detalhes deste tipo de verbo ver capítulo 4 Sentenças como 18 tipificam um dos parâmetros mais citados na literatura o Pa râmetro do Sujeito Nulo muitas línguas diferentemente do português não permitem que o sujeito seja fonologicamente nulo Nessas línguas como o inglês por exemplo o sujeito precisa sempre ser fonologicamente expresso 22111 O Parâmetro do Sujeito Nulo Sujeitos nulos fonologicamente não expressos referenciais ou não ver 13 15 e 16abc são atestados em um conjunto de línguas do mundo diferindose de outro grande conjunto que somente atesta sujeitos explícitos Logo a possibilidade de ocorrência de um sujeito pronominal nulo na sentença como em 18 não é uma característica geral das línguas Pelo contrário há línguas como o francês e o inglês que representam foneticamente o sujeito pronominal utilizando mesmo um pronome sem conteúdo semântico chamado expletivo diante de verbos que não sele cionam um argumento externo como parecer it seems that il semble que e chover it rains il pleut por outro lado há línguas que apresentam o sujeito não argumentalnão referencial categoricamente nulo como é o caso do italiano e do espanhol øexpl piove øexpl llueve e preferem igualmente o sujeito referencial nulo ø parlo ø hablo exceto em casos de ênfase e contraste Podese dizer que o sujeito nulo nessas últimas línguas é a forma não marcada em termos de freqüência para a representação do sujeito pronominal definido O português brasileiro atual apresenta um comportamento híbrido prefere sujeitos referenciais expressos e os não referenciais nulos Berlink Duarte Oliveira a sair 33 Logo enquanto a função sujeito aponta para um Princípio das línguas a possibilidade das línguas apresentarem sujeito nulo ou não aponta para um Parâmetro uma escolha Em 16 apresentamse exemplos de sujeitos nulos em português que diferentemente dos conjuntos III acima não têm qualquer referência semântica nem definida nem indefinida O símbolo θ expl representa o sujeito nulo expletivo sem referência em sentenças com verbos do tipo chover parecer haver e outros Sujeitos nulos não referenciais θ expl como 16 diferemse de sujeitos nulos de referência definidaindefinida θ arb θ arb como 13 e 15 pelo importante fato de não serem projetados na sintaxe como argumentos externos do verbo θ expl não é uma posição argumental Atualmente em teoria da gramática falase em Princípios Rígidos e Princípios Abertos os antigos Parâmetros Logo o sujeito é um Princípio Rígido imposto pela Gramática Universal GU a todas as línguas no entanto a opção de marcação desse sujeito como fonologicamente nulo ou não é um Princípio Aberto uma parametração de um Princípio Rígido 20 seems j V t j 19a que o Brasil tem 20 that Brazil has 94 em inglês um pronome explícito it do tipo expletivo um item funcional e não lexical na posição de sujeito do verbo da matriz 19e Logo o período composto 20 em inglês corrobora o fato de que a sentença encaixada that she has learnt the lesson que ela aprendeu a lição não é o sujeito do verbo da matriz seems parece O sujeito do verbo da matriz é uma categoria pronominal expletiva fonologicamente nula em português øexp 19a e fonologicamente preenchida em inglês it 20 Línguas como o inglês têm sido chamadas de línguas não prodrop línguas que não permitem a queda do pronome sujeito dife rentemente línguas como o português têm sido chamadas de línguas prodrop línguas que permitem a queda do pronome sujeito 222 O Caso Acusativo Na subseção 22 após detalharmos o sintagma verbal e flexional respectivamente discu timos sobre a noção de Caso abstrato em uma dada sentença SDs só podem ser realizados se recebem marcação de Caso de algum atribuidor Observe a sentença 7ac renumerada abaixo em 22 a SF Maria comprou pipoca no cinema b SF V SN F 4 V Maria i F SV V comprou j SV SP V 4 SN V no cinema Na sentença em 22 três SNs são projetados Maria pipoca e cinema isolando por hora o SN pipoca que é encabeçado pelo SP em vemos que o SN Maria teve Caso nominativo atribuído pela flexão sendo portanto o sujeito da sentença Vejamos agora o SN pipoca este SN ao ser projetado e bem aceito na sentença teve também atribuição de Caso 223 O Caso Oblíquo Em 221 dissemos que a Teoria de Caso estabelece que todo SN pronunciado em uma dada sentença deve ser marcado com Caso abstrato Vimos naquela subseção que a flexão atribui Caso nominativo ao SN que estiver na posição Spec SF 97 DS SS PF LF Para exemplo de DSSS ver 7bc na subseção 22 Sobre estudos da gramática vistos por uma perspectiva internalizada visão menta lista ver sugestão de leitura em leituras complementares capítulo 3 ao final deste livro 3 Considerações Finais Nas seções acima vimos que em teoria da gramática priorizase o tratamento predicado argumentos os predicados os verbos por excelência classificamse conforme o número de lugares argumentos que exigem para formar uma proposi ção Iniciamos portanto estudos sobre a classificação dos verbos em língua portu guesa atentando para i o número de argumentos que os verbos requerem ii a natureza dos argumentos requeridos iii a distinção argumento externo interno Esses aspectos serão melhor desenvolvidos no capítulo que se segue a este Descrevemos ainda aspectos da categoria flexão em língua portuguesa atentando para a teoria de Caso abstrato esse fato nos possibilitou explicitar a noção de sujeito que se toma em teoria da gramática e que assumimos neste livro No próximo capítulo apresentamos a classificação do verbo baseada no concei to de predicação 99 Capítulo 4 O sintagma verbal e flexional e o conceito de predicação 1 A Classificação do Verbo Centrada no Conceito de Predicação No capítulo anterior vimos que em teoria da gramática priorizase o tratamento predicado argumentos Neste capítulo abordamos a classificação do verbo o predi cado sentencial por excelência baseandonos no conceito de predicação Predicar é atribuir propriedades a entidades ou estabelecer relações entre entidades Assim tanto predicamos quando atribuímos a propriedade de ser inteligente a um indivíduo de nome João O João é inteligente como quando dizemos O João escreveu um artigo caso em que estabelecemos uma relação entre escrever e um artigo ou entre o João e um artigo através de escrever Isso significa que a predicação abrange não só a relação entre o que tradicionalmente se de signa sujeito e predicado de uma frase ou oração mas também a relação que se estabelece entre um núcleo lexical como um verbo e os seus argumentos Duarte Brito 2003 182 A palavra predicado é utilizada em nossos compêndios gramaticais para referirse aos elementos que em uma dada sentença apontam para uma entidade gramatical que ocupa a função de sujeito Um exemplo de predicado seria o João escreveu o livro em que escreveu o livro declara algo sobre o sujeito o João Neste capítulo e neste livro seguimos a tradição em teoria da sintaxe que utiliza o termo predicado para referir a noção semântica de predicado predicador ou palavra predicativa reabrindo neste caso toda e qualquer palavra que tenha argumentos lugares vazios ou talência própria Duarte Brito 2003 183 No capítulo 2 seção 311 vimos que um núcleo lexical verbal um predicador por excelência tem como característica impor uma série de restrições sobre seus argumentos i o traço categorial N V ii o número de argumentos o tipo de seleção categorial e semântica dos argumentos csseleção reveja o exemplo 23 no capítulo 2 Neste capítulo a fim de descrevermos a predicação em português centramosnos na característica número de argumentos que um predicador requer nossa ênfase recai sobre o verbo o predicador por excelência nos centrando nos seguintes tipos de predicados i verbos com mais de um argumento ii verbos monoargumentais iii verbos sem argumento 11 Verbos com mais de um Argumento 111 Verbos Transitivos No capítulo 3 apresentamos detalhes sobre a projeção do SV e do SF e verificamos que um verbo pode projetar do léxico mais de um argumento como visto na sentença 22 renumerada abaixo 1 a SF Maria comprou pipoca no cinema b SF Verbos como comprar em 1 são típicos verbos transitivos 2 Verbos transitivos verbos de ação usados na voz ativa que projetam um argumento externo Agente como Maria e um argumento interno Tema como pipoca Em português e em outras línguas prodrop2 o argumento externo pode ser um sujeito nulo arbitrário ou referencial como se vê em 3 e 4 respectivamente 3 a arb Dizem que eles não criaram nada sozinhos 102 4 V øarb i F SV V dizem j SN V 4 V t i V CP V t j C V C SF 4 a ø Queres castanhas assadas 4 b SF V SN F 4 V ø i F SV 4 Sentença do português europeu 4 que eles não criaram nada sozinhos 103 V queres j SN V 4 V t i V SN 4 t j castanhas assadas 112 Verbos Bitransitivos Verbos bitransitivos são denominados pela gramática tradicional de transitivos di retos e indiretos 5 Verbos bitransitivos Verbos que exigem i um argumento externo SN Agente e ii dois argumentos internos um SN Tema objeto direto e um SP AlvoMeta ou Fonte objeto indireto Representantes típicos dessa classe são os verbos de transferência de posse e os verbos de posicionamento como ilustrado em 17 17 a aí eu fico trabalhando em casa mas tomando conta toda hora preciso interromper no meio de um negócio paralevar um ao banheiro para dar uma comida para outro D2 SP 360 b há um determinado momento em que eu vou colocar resumo na translação EF POA 278 Cyrino Nunes Pagotto a sair subseção 243 4 que eles não criaram nada sozinhos Em construções bitransitivas se um dos argumentos internos é um SNSD o outro SN SD precisa obrigatoriamente ser introduzido por uma preposição como se vê no exemplo 6b abaixo dar uma comida para o bebê 6 a Vou darlhe comida b Vou dar comida SP para o bebê O SN preposicionado em predições bitransitivas é chamado de objeto indireto OI pela tradição gramatical O único caso em português em que um dos dois complementos internos de um verbo aparece sem preposição é quando o OI realizase como um pronome clítico dativo como se vê em 6a Um dos testes para identificação do OI é justamente substituir o SP que parece ter essa função gramatical na sentença como se vê em SP para o bebê 6b pela forma dativa do pronome pessoal lhe 6a Observe as sentenças abaixo 7 a José deu flores SP para a amiga b José deulhe flores 8 a Eu dei uma espiada SP na TV b Eu deilhe uma espiada A gramaticalidade de 8b aponta para o fato de que embora 8a tenha características de uma construção bitransitiva essa sentença possui estrutura argumental diferenciada da uma construção tipicamente bitransitiva ver subseção 1131 neste capítulo Na Teoria PP em sua versão Regência e Ligação GB Chomsky 1981 propõe que os dois argumentos internos de verbos de três lugares como dar em 7 sejam tratados como projeções intermediárias de V Em outras palavras entre o núcleo V e sua projeção máxima VP haveria mais de um V a fim de acomodar além do objeto direto o objeto indireto 105 9 a AGENTE Jonathan deu TEMA um colar ALVO META para a Beatriz b SF V SN F 4 V Jonathan i F SV V deu j SN V 4 V t i V SP V 4 V SN para Beatriz 4 t j um colar Note que em 9b os dois argumentos internos apresentam uma diferen ciação na Teoria XBarra no modo como a vimos até agora O SP ALVOMETA para a Beatriz não é um adjunto do núcleo V e sim seu complemento logo segundo o esquema arbóreo proposto por Chomsky 1981 este SP não pode ocorrer em adjunção a SV Segundo o esquema XBarra visto até agora a única forma de derivar o ar gumento do verbo SP para a Beatriz é projetálo a partir de uma duplicação da categoria intermediária V No entanto a duplicação de categoria intermediária é problemática pois o que ela informa é que um dos argumentos internos do verbo não é projetado diretamente por ele o verbo mas sim por uma categoria não lexical A informação que a projeção em 9b fornece é a de que o SN SN Tema um colar argumento interno apresenta uma relação mais próxima com o verbo o SP ALVO para Beatriz nesta projeção está mais afastado do núcleo verbal Larson 1988 apresenta uma contraargumentação à proposta de estrutura do SV bitransitivo como vista em 9b O autor op cit propõe que o SP AlvoMeta ou Fonte como SP ALVOMETA para a Beatriz é o que mantém uma relação de proximidade maior com o núcleo verbal diferentemente do que a estrutura em 9b atesta Segundo Larson 1988 os argumentos internos de natureza SP em português objeto indireto como para a Beatriz em 9 passam a ser projetados como sintagmas irmãos do núcleo V Larson op cit consolida a noção de concha SV VP como se vê abaixo na estrutura 10b Como se observa na projeção 10b a partir de Larson op cit sequências bitransitivas começam a ser tratadas como um tipo de constituinte em que SNs Tema como um sapotravesseiro objeto direto são iniciados na projeção como argumentos externos do verbo SPs AlvoMeta ou Fonte como ALVO para o John funcionam como os argumentos internos da projeção inicial do verbo Observando o SV da estrutura em 10b depreendemse as seguintes etapas i o verbo dar projeta o seu argumento interno SP para o John formando o nível Vbarra deu para o John ii o complexo Vbarra projeta o SN um sapotravesseiro formando o SV interno um sapotravesseiro para o John iii o verbo dar 10 precisa ainda projetar mais um SN Binha visto ser este um verbo de três lugares iv o verbo se move da posição de núcleo do SV mais interno para a posição de núcleo do SV externo onde assinala papel temático Agente para o SN Binha gerado em Spec VP alto O movimento do verbo além de possibilitar a marcação de papel temático para o SN Binha também possibilita a linearização pois caso o verbo não sofresse movimento da posição de núcleo mais baixo para a posição de núcleo mais alto a ordem final seria Binha um sapotravesseiro deu para o John Larson 1988 possibilita portanto um tratamento estrutural para verbos de três lugares bitransitivos Mais recentemente a concha SV passou a ser relacionada a qualquer projeção transitiva por meio de uma estrutura que atribuirá à camada mais alta da concha a função de sintagma verbo leve Sv vP vepezinho ver subseção 114 neste capítulo 11 a A Maria deu bofetadas no João b A Maria esbofeteou o João 12 a A Maria deu beijos no João b A Maria beijou o João As predicações em 11a12a apontam para semelhanças com construções bitransitivas vêse um típico verbo bitransitivo dar que aparentemente projeta i dois argumentos internos SNSP ii um NP argumento externo No entanto o verbo dar em 11a12a não é um verbo de transferência de posse nem de posicionamento ainda os argumentos internos do verbo dar em 11a12a não têm marcação de papel temático Tema nem AlvoMeta ou Fonte ver 5 acima Os candidatos a argumentos internos não preposicionados nas predicações em 11a12a são nominalizações bofetadas beijos A nominalização como se vê 11a12a por exemplo forma com núcleo V uma relação semântica organizandose em uma predicação complexa Observe exemplos similares retirados da Gramática do Português Culto Falado no Brasil 13 a e olha quando eu começo a dar risada vou te contar DID SP 234 b e eu aproveito pra fazer minhas comprinhas dar um passeio também DID POA 45 c quer dizer que dá trabalho D2 SP 360 d às vezes a gente dá uma fugidinha até a casa deles bater um papinho assim né DID POA 45 e eu me lembro até que quando nós fomos na viagem era uma caminhonet dava um cheiro de balaca queimada DID POA 278 f então que a gente fazia a gente se agarrava NUM e dava impulso com pés para se agarrar com o outro né DID POA 278 g eu dei uma rápida olhada sabe mas vi matérias assim interessantes para ela dentro de outrasah carreiras D2 SP 360 h do aumento do custo de vida então deu quarenta e quarenta e poucos por cento né D2 RJ 355 i a programação havia sido planejada mas não deu certo D2 SP 360 Predicações do tipo transitivas passam portanto a ser associadas em PP em modelos recentes a uma estrutura como em 17 A estrutura em 17 permite que se apreenda o paralelismo sintático e semântico de sentenças como 1516 o argumento externo do verbo leve vezinho é o agente que desencadeia o evento A Maria em 1516 Em português o verbo leve i pode estar associado a um morfema específico como em A Maria esbofeteou o João 15b ii pode ser um item lexical autônomo como beijou em A Maria beijou o João 16b Como se vê na estrutura em 17 o verbo leve é analisado como um afixo Ø ou es O afixo desencadeia o movimento do núcleo de seu complemento para que suas propriedades afixais sejam satisfeitas Cyrino Pagotto Nunes a sair 29 112 Em português brasileiro o verbo leve item lexical autônomo seguido de nomina lização como dar em 15a16a é uma construção cada vez mais atestada ela vem sendo analisada como similar a construções bitransitivas A seguir propomos diferenças na estrutura desses dois tipos de predicação 1131 Diferenças entre Construções Bitransitivas e Construções com Verbos Leves Como já dito construções com verbo leve seguido de nominalização daqui em diante CVLs são bastante comuns em português brasileiro especialmente as que se formam com o verbo dar cf Scher 2004 Observe os exemplos 13ad renumerados em 18 a e olha quando eu começo a dar risada vou te contar b às vezes a gente dá uma fugiDlnha até a casa deles pra bater um papinho assim né O verbo leve dar que forma as CVLs dar risada 18a e dar uma fugiDInha 18b tem conteúdo mais gramatical do que semântico Esse verbo constrói predicações com plexas com seu complemento sendo o responsável pela atribuição de tempo da constru ção A seguir apresentamos uma definição de CVLs 19 Construções com verbos leves CVLs CVLs têm a forma geral dar uma Xada em Y ou seja apresentam a forma V X PP e admitem paráfrases com a forma verbal correspondente à nominalização que se associa a dar Veja os exemplos em 1 e 2 1 O Pedro deu uma incrementada na receita 2 O Pedro incrementou a receita Na sentença em 1 com a forma dar uma Xada em Y X se representa por increment e Y por a receita dar uma incrementada na em a receita Essa sentença pode ser parafra seada por 2 em que o verbo tem a mesma raiz da nominalização em 1 Scher 2004 22 É preciso na análise sintática do português atentar para o fato de que CVLs em muitos casos assimilamse grandemente a construções bitransitivas como se vêm nos pares em Análises convencionais não diferenciam construções bitransitivas daqui em diante CBs de CVLs Em 21 o verbo dar apresenta como em 20 dois argumentos internos um SN e um SP No entanto a literatura atesta que CBs como 20 têm propriedades aspectuais temáticas e de subcategorização diferenciadas dessas propriedades em CVLs como 21 A seguir apresentamos um resumo das principais diferenças entre CBs e CVLs apontadas em Scher 2004 tomando como foco o verbo dar Observe que em 21 não há uma mudança de estado que se realiza em um objeto afetado como se dá em 20 Em 21 é possível identificar uma estrutura interna de um período que consiste de estágios sucessivos que ocorrem em momentos diferentes As diferenças de relação temática que se veem entre paradigmas como 2223 e 2425 indicam que as estruturas que compõem essas predicações com verbo dar não sejam as mesmas Scher 2004 9091 destaca ainda que CBs e CVLs não têm as mesmas propriedades de subcategorização e que este fato pode ser atestado por meio de fenômenos como a passivização e a formação de interrogativas Veja os dados 2021 renumerados em 26a27a 26 a Kiko deu SN uma florzinha SP para a avó Dália b Uma florzinha foi dada por Kiko para a avó Dália c O que i o Kiko deu t para a avó Dália 27 a Kiko deu SN uma espiada no computador da avó Dália b Uma espiada no computador da avó Dália foi dada por Kiko c O que i Kiko deu t no computador da avó Dália Como argumentado por Scher op cit CBs permitem a voz passiva o sujeito da sentença passiva é o complemento interno do verbo o objeto direto na voz ativa ver uma florzinha em 26b CBs também permitem que o complemento direto da predicação seja o foco de uma pergunta ver o quê Kiko deu em 26c Diferentemente não é possível o alçamento do candidato a complemento interno direto de uma CVL para a posição de sujeito por meio da passivização ver uma espiada em 27b Ainda em uma CVL a nominalização não pode ser movida para a periferia da sentença a fim de se tornar o foco de uma pergunta ver o quê Kiko deu 27c O objetivo de Scher op cit demonstrado por testes similares como os que se vêem em 2627 é apontar para o fato de que em CVLs o aparente argumento interno do verbo não apresenta um comportamento típico de complemento do verbo A nominalização que se segue ao verbo em uma CVL tem característica de elemento predicador e não de argumento interno objeto direto 116 Observe as palavras de Scher 2004 92 Não quero dizer que o verbo dar leve seja totalmente desprovido de proprieda des predicativas mas quero ressaltar a participação importante das nominalizações na formação dessas construções Neste livro corroboramos a proposta de Scher 2004 de que em verbos leves se guidos de nominalização a nominalização não é argumento interno do verbo leve Logo tratamos CVLs como uma estrutura do tipo monoargumental e não como uma estrutura transitiva ver 122 114 Estrutura SvSV Aplicada a Verbos com mais de um Argumento Vejamos agora como distintas predicações do tipo transitivas construções com ver bos que projetam mais de um argumento podem ser captadas dentro da estrutura transitiva de verbo leve como vista 17 acima 1141 Verbos Transitivos Verbos transitivos como definidos em 2 são verbos de dois lugares projetam um argumento externo Agente e um argumento interno Tema A projeção de típicos verbos transitivos que assumimos neste livro é vista em 28 a Fernanda dirigiu o carro de Dália b SF V SN F 4 V Fernanda i F Sv c O carro de Dália foi dirigido por Fernanda Observe que a projeção em 28b está uniformizada de acordo com a proposta SvSV vista em 17 Atente para as etapas da derivação apreendidas em 28 i Em 28b o SN o carro de Dália é projetado como um argumento interno do verbo dirigir ii o verbo dirigir sobe para o núcleo de Sv a fim de associarse a um prefixo verbo leve fonologicamente nulo ver estrutura em 17 iii o verbo leve dirigir marca Caso acusativo para o SN o carro de Dália a prova disto é que o SN o carro de Dália pode aparecer em uma estrutura passiva ver 28c iv o verbo dirigir em vezinho projeta o argumento externo da predicação o SN Fernanda 118 v os núcleos em Sv sobem para núcleo de flexão e para Spec SF a fim de possi bilitarem a checagem de traços funcionais que projetam a sentença 1142 Verbos Bitransitivos Verbos bitransitivos como definidos em 5 são verbos de três lugares projetam um argumento externo SN Agente um argumento interno SN Tema um argumento interno SP AlvoMeta ou Fonte A projeção de típicos verbos bitransitivos que assumimos neste livro é vista em 29 a Marquinho deu um relógio lindo para Márcia b SF V SN F 4 V Marquinho i F Sv V deu j SN v 4 V t i v SV V t j SN V 4 V um relógio lindo V SP c Um relógio lindo foi dado para Márcia por Marquinho Observe que a projeção bitransitiva em 29b está uniformizada de acordo com a proposta SvSV vista em 17 Atente para as etapas da derivação apreendidas em 29b i o verbo dar projeta a partir do núcleo SV o seu argumento interno SP para Márcia formando o nível Vbarra deu para Márcia ii o complexo Vbarra projeta o SN um relógio lindo formando o SV interno um relógio lindo para Márcia iii o verbo dar sobe do núcleo de SV para núcleo de Sv a fim de associarse a um prefixo verbo leve fonologicamente nulo ver estrutura em 17 iv o verbo leve dar marca Caso acusativo para o SN um relógio lindo a prova disto é que o SN um relógio lindo pode aparecer em uma estrutura passiva ver 29c v o verbo dar em vezinho projeta o argumento externo da predicação o SN Marquinho vi os núcleos em Sv sobem para núcleo de flexão e para Spec SF a fim de possibilitarem a checagem de traços funcionais que projetam a sentença A estrutura binária SvSV em construções bitransitivas permite que se capte o interessante fato de que o Verno e o argumento interno SP formam um constituinte sintático As expressões idiomáticas envolvendo Verno e seu argumento SP em construções bitransitivas apontadas na literatura são um forte argumento para a projeção do argumento SP como o argumento mais interno e próximo ao verbo nas projeções bitransitivas Abaixo exemplificamse expressões idiomáticas formadas pelo verbo e seu argumento interno preposicionado A João levou a firma ao abismo O João mandou a sogra às favas A Maria mandou o namorado pra PQP Note que a interpretação semântica dos SNs objetos diretos acima a firma a sogra o namorado é estreitamente dependente de V e SP levou ao abismo mandou às favas mandou pra PQP 121 Logo seguindo a literatura descrevemos verbos do tipo psicológicos como preocuparentristecer 31a como verbos que projetam dois argumentos internos mas não projetam argumento externo Atente para o fato de que ver bos psicológicos não se inserem perfeitamente na descrição de típicos verbos transitivos como apontado em 2 ao início deste capítulo pois não projetam argumento externo Agente Observe o dado 31a renumerado abaixo seguido de sua estrutura 33 a O João preocupouentristeceu a Maria b SF V SN F 4 V O João i F SV V preocupou j SN V entristeceu j 4 V t i V SN 4 t j a Maria Em 33b observase que verbos psicológicos não são projetados em uma es trutura SvSV verbos do tipo psicológicos projetam apenas a estrutura interna SV A camada Sv diz respeito apenas à inserção de SNs Agente argumento externo em uma dada predicação e SNs Agente não ocorrem em predicações com verbo psi 122 cológico Pela estrutura em 33b percebese que verbos psicológicos projetam dois argumentos internos de natureza SN Observe que ao dizermos que os verbos preocuparentristecer 31 projetam dois argu mentos internos corroboramos que na camada SV projetamse apenas argumentos internos veja exemplo 29 e sua estrutura Ver lista de verbos psicológicos no capítulo 5 abaixo do exemplo 47 Ao finalizarmos esta seção 11 chamamos a atenção do leitor para as palavras de Cyrino Pagotto Nunes a sair 36 no tocante ao preenchimento das posições de especificador e complemento dentro de SV o preenchimento das posições de especificador e complemento dentro de SV depende fun damentalmente das relações semânticas estabelecidas e é em certa medida independente da presença de Sv na estrutura A seguir passamos à descrição dos verbos chamados monoargumentais verbos que projetam apenas um argumento 12 Verbos Monoargumentais Os estudos gerativistas descrevem diferentes tipos de verbos ditos monoargu mentais verbos que projetam apenas um argumento Alguns desses verbos têm sido chamados pela tradição gramatical de verbos intransitivos Neste livro apresentamos as seguintes subclasses de verbos monoargumentais i verbos inergativos ii verbos leves seguidos de nominalização CVLs iii verbos inacusativos Observe os exemplos a seguir 34 a Verbo Inergativo ele tossiu b CVL ela deu uma chorada para o feirante diminuir o preço da blusa c Verbo Inacusativo a pedra rolou 123 A seguir observamse estas três subclasses de verbos 121 Inergativos Verbos inergativos são verbos com sujeito agentivo e que aparentemente não manifestam nenhum complemento Verbos como correr cantar dançar dormir e sonhar são considerados os clássicos verbos inergativos Observe a sentença abaixo 35 a Ana Maura dormiu b SF V SN F 4 V Ana Maura i F Sv V dormiu j SN v 4 V t i v SV t j V tj O verbo dormir 35 é um verbo inergativo Tratase de um verbo leve analisado como verbo com afixo Ø que desencadeia o movimento do núcleo de seu comple SV para que suas propriedades afixais sejam satisfeitas ver estrutura 17 O movimento do verbo do núcleo de SV para o núcleo da categoria funcional Sv abre ainda espaço para a projeção de um SN do tipo Agente na posição de especificador de Sv no caso de 35 o SN Ana Maura a Eno fala alto muito pouco b SF SN F Eno i F Sv fala j SN v t i v SV a Eno ádọkḳó ńdọkḳó b Eno 3singsujeito falar fala Eno fala a fala Eno é falante Em português o verbo falar é um exemplar de verbo inergativo possui argumento externo AgenteAtor e não manifesta argumento interno 36b Em íbiblio este mesmo verbo falar manifesta dois argumentos um externo Agente e um interno uma nominalização ver 37b A língua íbiblio apresenta vários exemplos de complementos subcategorizados por verbos que seriam intransitivos em português Estes tipos de complementos verbais em línguas africanas como se vê em 37 acima são chamados de boundcomplements por alguns africanistas e geralmente são derivados ou relacionados semanticamente ao verbo Logo a língua íbiblio é um dos exemplos de línguas que corroboram análises como as de Baker op cit e Hale Keyser op cit verbos inergativos são transitivos escondidos resultado da incorporação de um SN complemento em um verbo agente No entanto mesmo em português é possível encontrar estrutura como a vista acima em íbiblio 37b São os ditos verbos inergativos seguidos de objetos cognatos como se vêem em 38 38 a O João tossiu uma tosse esquisita b O João espirrou um espirro escandaloso c O João riu uma risada escandalosa 39 SF Segundo Cyrino Pagotto Nunes a sair 32 o fato de o verbo leve ser o responsável pela atribuição de Caso acusativo a estrutura Sv permite que um verbo inergativo tome um complemento Este fato é exemplificado por meio da estrutura 39 em que o verbo tossir toma o objeto cognato uma tosse esquisita como complemento No entanto em nossa estrutura em 39 e em 37b optamos por denominar o argumento interno do verbo inergativo de sintagma nominal cognato SNcog A razão de denominarmos o argumento interno do verbo inergativo de SNcog devese ao fato de que esses SNs não podem ocorrer em construções passivas Atente para a tentativa de apassivação das sentenças 38 em 40 129 V deu j SN v 4 V t i v SV V t j V V V SNom 4 t j uma ajudada na montagem da c Uma ajudada na montagem da Árvore de Natal foi dada por Kiko Em 42 vêse um caso de verbo leve dar que toma um SN Agente como argu mento externo Kiko No entanto o candidato a argumento interno do verbo leve não é um típico SN mas sim uma nominalização uma ajudada na SNs nominalizados não são atestados em construções passivas ver 42c o que corrobora o fato de que essas nominalizações não sejam analisadas como argumentos internos não preposicionados do verbo leve Logo inserimos as CVLs na classe dos predicados monoargumentais 123 Inacusativos Verbos inacusativos assemelhamse a CVLs e a verbos inergativos por serem do tipo monoargumentais No entanto verbos inacusativos diferemse dessas outras 130 construções com relação ao tipo de argumento que apresentam Enquanto verbos inergativos e CVLs atestam um único argumento externo de natureza semântica Agente verbos inacusativos atestam um complemento sem marcação temática Ob serve as sentenças abaixo 43 a O trem chegou b Chegou o trem c O trem foi chegado Diferentemente dos inergativos e das CVLs verbos inacusativos como chegou em 43ac não projetam argumentos externos Em outras palavras o SN o trem 43 é projetado inicialmente no SV como complemento do verbo chegar a ordem em 43b atesta este fato Observe no entanto que o argumento interno do verbo chegar trem não recebe atribuição de Caso acusativo não podendo portanto ser o sujeito em uma construção do tipo apassivação ver 43c Veja a projeção da sentença 42a renumerada em 44 a O trem chegou b SF V SN F 4 V o trem i F SV V chegou j V V V SN 131 4 t j t i Observe pela estrutura em 44b que verbos inacusativos não preenchem a posi ção Spec VP Em outras palavras verbos inacusativos não projetam argumento exter no do tipo Agente e este fato é evidenciado pela projeção em 44b Já que não projetam argumentos externos verbos inacusativos não são do tipo verbos leves não se movem para uma camada funcional Sv O português é uma língua de ordem Sujeito Verbo A aparente ordem Verbo Sujeito expressa em 43b renumerada abaixo corrobora o fato de que o SN o trem em 43b não é o sujeito da sentença mas o complemento interno do verbo inacusativo chegou 45 a Chegou o trem b SF V SN F 4 V øexpl F SV V chegou j V V V SN 4 t j o trem Observe que o sujeito da sentença em 45 é um sujeito nulo do tipo ø expl logo a ordem sentencial em 45 ainda é Sujeito Verbo revela a noção de sujeito no capítulo 3 subseção 2211 Do exposto acima percebese que SNs ligados à predicações do tipo monoargumentais têm relações distintas com os verbos aos quais se ligam Em verbos inacusativos se um DP sintagma nominal aparece na posição de sujeito de um verbo desta classe este DP não é o argumento externo deste verbo Vamos aqui a necessidade de reforçar a diferença entre ser sujeito da sentença e ser argumento externo do verbo É preciso ainda apontar outra característica importante de verbos inacusativos verbos inacusativos não marcam Caso acusativo a seus SNs complementos internos Este fato é corroborado pelas estruturas inacusativas como se vêem em 44b45b em que o verbo não se projeta em uma camada Sv Note que é o vezinho o atribuidor de Caso acusativo a um dado SN Logo há uma diferença entre ser argumento interno de um verbo e ser argumento interno de um verbo com marcação de Caso acusativo Observe novamente o dado 19a e sua estrutura em 21 capítulo 3 renumerados em 46 a ø expl Parece que o Brasil tem quinze ou dezoito impostos b SF SN F ø expl F SV 134 de um verbo inacusativo da sentença matriz41 A fim de reiterarmos esta afirmação observe as características de sentenças subordinadas substantivas subjetivas dadas por Bechara 2006 p 484 A oração substantiva subjetiva apresenta as seguintes características Estar o verbo da oração principal na 3a pessoa do singular e num destes quatro casos a verbo na voz reflexiva de sentido passivo Sabese que tudo vai bem b verbo na voz passiva ser estar ficar seguidos de particípio Ficou provado que estava inocente c verbos ser estar ficar seguidos de substantivo ou adjetivo É verdade que sairemos cedo Foi bom que fugissem Está claro que consentirei Ficou claro que consentirei Ficou certo que me telefonariam d verbo do tipo parece consta ocorre urge importa convém dói punge acontece Parece que vai chover Urge que estudem Cumpre que façamos com cuidado todos os exercícios Acontece que todos já foram punidos Note que em todos os exemplos da citação acima Bechara op cit os verbos das sentenças matrizes são verbos do tipo inacusativo As sentenças subordinadas a esses verbos não são geradas como seus argumentos externos mas sim como seus argumentos internos Inseremse na subclasse dos verbos monoargumentais inacusativos o verbo haver exprimindo existência ou acontecimento Esse verbo é denominado de verbo impessoal pela tradição gramatical42 Observe o exemplo a seguir 41 Ratifi camos que ao dizermos argumento interno não estamos necessariamente dizendo que este comple Ratificamos que ao dizermos argumento interno não estamos necessariamente dizendo que este comple mento é o objeto direto da sentença 42 Cf Infante 1995 354355 Cf Infante 1995 354355 135 47 a Há bons livros na Editora Multifoco b SF V SN F 4 V øexpl F SV V há k SV SAdv V 4 V na Editora Multifoco V V SN 4 t k bom livros A seguir detalhamos uma grande subclasse de verbos inacusativos os chamados verbos de alçamento 1231 Verbos de Alçamento A grande maioria das construções monoargumentais do tipo inacusativas ocorre dentro da subclasse dos verbos de alçamento i verbos de ligação copulativos e ii verbos auxiliares Os verbos de alçamento vão portanto englobar os chamados verbos de ligação como os exemplificados em 32 e também os verbos auxiliares como os exemplificados 138 4 uma gata 51 a A Lucinda é de ouro b PO V SN SP Lucinda 4 de ouro Observe que os diagramas 49b51b POs representam o fato de que o SADJ bonita 49a o SN uma gata 50a e o SP de ouro 51a são predicações que se fazem sobre o SN Lu cinda sujeito dessas predicações Logo PO é uma noção introduzida na teoria gramatical a fim de expressar uma predicação que se estabelece entre um constituinte que é sujeito e outro que é predicado sem que o núcleo dessa predicação seja um verbo Note no entanto que a presença do verbo copulativo ser nas sentenças 4951 não pode ser ignorada Chamamos a atenção do leitor para o fato de que nos gráficos em 49b51b a projeção sintagmática é PO e não SF sintagma flexional Verbos copulativos de ligação como ser em 49a51a devem ser inseridos na clas sificação de verbos inacusativos que selecionam uma sentença mas não do tipo Sintagma complementizador SC como visto em 46 As sentenças que os verbos inacusativos copu lativos selecionam são sentenças do tipo PO pequenaoração small clause Observe o diagrama simplificado das sentenças 4951 renumeradas 52 a Lucinda é bonita b Lucinda é uma gata c Lucinda é de ouro 139 53 abc SF V SN F 4 V Lucinda i F SV V é j V V V PO V t j SN SADJSNSP 4 4 t i bonita uma gata de ouro Note que o SN sujeito do sintagma sentencial SF Lucinda em 53ac não foi gerado nessas sentenças como argumento externo do verbo ser Como os demais verbos inacusativos verbos copulativos não geram um argumento externo mas sim um argumento interno logo verbos copulativos não são movidos para uma camada Sv O SN Lucinda 53ac é gerado dentro de uma PO que é o complemento do ver bo ser Na posição interna a uma PO Lucinda 53ac não recebe marcação de Caso acusativo pelo verbo ser por este ser inacusativo o SN Lucinda 53ac é movido para a posição Spec IP a fim de receber o Caso nominativo por meio da flexão ver 144 V Part SV V comprado k SV SPrep V 4 V pelo professor V V SN 4 t k tm o livro A sentença 57 exemplifica uma construção de alçamento O verbo auxiliar ser foi esvaziado de significado apresenta um complemento oracional do tipo oração reduzida sem conjunção e com o verbo em uma forma nominal do tipo particípio comprado Note que em 57b o SN o livro é gerado dentro de uma sentença particípio SPart que funciona como argumento interno do verbo ser foi da sentença matriz O verbo encaixado comprar comprado como o auxiliar é do tipo inacusativo logo não assinala Caso acusativo para o SN o livro Como visto no início da subseção 123 o SN interno a um verbo inacusativo pode ou não moverse para a posição de sujeito de uma sentença veja 43 renumerado 58 a O trem chegou b Chegou o trem Em 58a o SN o trem sofreu movimento para a posição de sujeito sentencial Voltemos à estrutura passiva em 57 De acordo com Cyrino Pagotto Nunes a sair 6 145 A distinção semântica mais fundamental entre ativas e passivas na verdade diz respeito ao argumento externo Em construções ativas o papel temático de agente é obriga toriamente atribuído ao argumento externo já em construções passivas o papel temático de agente é opcional e se presente é realizado estruturalmente como um adjunto o agente da passiva na terminologia tradicional Em 57 o SN o livro argumento interno do verbo inacusativo comprar comprado movese para a posição de sujeito do verbo auxiliar movimento conhecido como alça mento Observe ainda que em 57 o professor é o SN com papel teta Agente este SN é inserido na sentença passiva pelo SP pelo professor na posição de adjunto do verbo comprado ver 57b A construção passiva realizada com verbo auxiliar e exemplificada em 57 é cha mada de passiva sintática cf Duarte 2003b 522530 59 Passiva Sintática uma construção passiva sintática é formada por verbo au xiliar mais verbo pleno em sua forma nominal conhecida como particípio O verbo no particípio em uma dada construção passiva sintática tem uma forma alternante transi tiva ou bitransitiva55 A característica de uma construção passiva sintática de atestar formas alternantes transitivasbitransitivas pode ser vista em 60 a Fernanda comprou duas botas na Feira da Ladra por 2 euros b Duas botas foram compradas na Feira da Ladra por Fernanda por 2 euros 61 a A amiga Dália emprestou a mesinha de computador para Márcia b A mesinha de computador foi emprestada para Márcia pela amiga Dália Em 60b 61b os verbos compradasemprestada são formas alternantes das for mas transitivabitransitiva respectivamente compraremprestar em 60a 61a Similar às construções passivas sintáticas estão as passivas adjetivais As cons truções passivas adjetivais tais como as sintáticas são construções de alçamento 55 cf Duarte 2003b 522530 cf Duarte 2003b 522530 146 62 Passiva Adjetivas uma construção passiva adjetival é formada por verbo copula tivo mais verbo pleno em sua forma nominal conhecida como particípio O verbo no par ticípio em uma dada construção passiva sintática tem uma forma alternante inacusativa56 A característica de uma construção passiva adjetiva de atestar uma forma alternante inacusativa pode ser vista em 63 a O neto de Evanilde cresceu bastante b O teu neto está muito crescido57 Em 63b o verbo crescido é uma forma alternante da forma inacusativa crescer cresceu em 63a Neste livro trataremos as estruturas das passivas adjetivais como estruturas simi lares a estruturas com verbos copulativos como se exemplifica abaixo por meio do dado 63b renumerado 64 a O teu neto está muito crescido b SF V SN F 4 V o teu neto k F SV V está j V V V PO 56 cf Duarte 2003b 534 cf Duarte 2003b 534 57 Duarte 2003b 535 dado 57a renumerado Duarte 2003b 535 dado 57a renumerado 149 Do exposto acima apontase a seguinte definição para passivas se no português brasileiro 67 Passivas se uma construção passiva se é formada por uma formal verbal inacusativa alternante de uma forma verbal transitiva como vender O verbo ina cusativo em uma passiva se atesta um amálgama com um pronome clítico se e é seguido por um complemento Na descrição acima observase que na estrutura em 65b o índice j subscrito ao verbo vendese aponta para uma cadeia ou seja para um movimento de um núcleo de verbo para uma posição de núcleo da flexão nesta posição ocorre um tipo de incor poração de núcleo de pronome se há um amálgama de um conjunto morfológico verboflexão na posição I Este pronome se é um equivalente ao SN Agente que pode se manifestarse como adjunto adverbial em construções de passivas sintáticas Ao término desta subseção que trata sobre verbos auxiliares é importante aten tar para o fato de que as passivas sintáticas operam restrições sobre os verbos com que podem ocorrer Nas passivas sintácticas apenas podem ocorrer formas participiais de verbos ditransitivos e transitivos Como a agramaticalidade dos exemplos 33 mostra não podem ocorrer em passivas sintácticas formas participiais de verbos inergativos cf 33a de verbos inacusativos cf 33b e de verbos que selecionam argumentos internos preposicionados cf 33c ou que assumem superficialmente uma forma preposicional cf 33d 33 a O João foi tossido pelo fumo b O telhado foi caído pelo vendaval c O João foi telefonado pelo Pedro d O espetáculo foi gostado pelos críticos Duarte 2003b 529 Logo as passivas sintáticas constituem um importante papel para a checagem de um verbo transitivo ou bitransitivo Verbos inacusativos tratados nesta subseção podem apresentar uma característica interessante exibir uma variante causativa transitiva como se vê a seguir 150 1232 Verbos de Alternância Causativa Verbos de alternância exibem duas variantes uma exibe menos um argumento do que a outra Nesta subseção apontamos os verbos de alternância causativa61 Verbos tipicamente causativos de mudança de estado são os verbos que aceitam al ternância causativa Os verbos abrir afundar aumentar derreter fechar reprovar termi nar exibem uma variante causativa transitiva e uma variante não causativa inacusativa ver Duarte 2003b 306 Abaixo veja um exemplo de alternância causativa 68 a Joana abriu aquela porta variante transitiva b Aquela porta abriu variante inacusativa Em 68a o verbo abrir apresenta a variante transitiva exibindo argumento exter no Agente e argumento interno Tema Diferentemente o verbo abrir em 68b exibe a variante inacusativa atestando apenas um argumento interno Sobre construções inacusativas ver sugestão de leitura em Leituras complementares capítulo 4 ao final deste livro 13 Verbos sem Argumento Nas seções 12 e 13 tratamos sobre os verbos com mais de um argumento e sobre os verbos monoargumentais Nesta seção abordamos sobre os verbos que não selecionam argumentos Verbos sem argumentos são tratados pela gramática normativa dentro da classe dos cha mados verbos impessoais Esses verbos são apontados como62 i verbos que exprimem fenômenos da natureza como anoitecer amanhecer etc63 ii os verbos estar fazer haver e ser quando se relacionam com tempo ou fenômeno natural ex Já é tarde Há anos que estudo Lingüística 61 Em Duarte 2003b 306308 vêse ainda Em Duarte 2003b 306308 vêse ainda verbos de alternância locativa 62 Cf Infante 1995 p 35455 Cf Infante 1995 p 35455 63 Observe as palavras de Infante 1995 354 Quando usados de forma figurada esses verbos podem ter sujeito determinado Choviam papéis sobre a multidão alvoroçada 151 O verbo haver exprimindo existência ou acontecimento também é tratado como verbo impessoal pelos gramáticos no entanto como apontado em 123 este verbo é um verbo monoargumental do tipo inacusativo Observe um exemplo de verbo impessoal com seu respectivo diagrama 69 a Choveu ontem b SF V SN F 4 V øexpl F SV V choveu k SV SAdv 4 V ontem V t k Observe que um verbo sem argumento não abre espaço para projeção nem de ar gumento externo nem de argumento interno Como não projeta argumento externo este verbo não se move para o núcleo de uma camada funcional Sv projetandose apenas na camada SV A posição de sujeito de verbos sem argumento como chover em 69 é preenchida com um sujeito nulo do tipo expletivo 152 Sobre aspectos da predicação em português ver sugestão de leitura em Leituras com plementares capítulo 4 ao final deste livro 2 Considerações Finais Neste capítulo atentamos para a classificação do verbo centrada no conceito de predicação Tomando como critério de análise da predicação a característica número de argumentos que um predicador requer descrevemos os verbos com mais de um ar gumento os verbos monoargumentais e os verbos sem argumentos A análise sintática dos verbos em português centrouse na projeção dos verbos em torno de camadas Dependendo do tipo de argumentos que tomam e ainda da informa ção de papel teta que cada verbo apresenta relacionada a seus argumentos o sintagma verbal poderá ser projetado i por duas camadas uma camada nucleada por um verbo semanticamente pleno SV e uma camada nucleada por um verbo leve Sv ii por uma camada nucleada por um verbo semanticamente pleno SV No próximo capítulo enfatizamos o sintagma nominal SN uma categoria lexical importante na composição do verbo e da sentença apresentamos ainda considerações sobre a projeção funcional do SN o sintagma determinante SD 156 4a ele O falante brasileiro mais escolarizado a fim de evitar a marca de nominativo ele ainda bem estigmatizada como exemplificado em 4a opta por apresentar um objeto nulo representado por O O pronome pessoal objeto com marcação de caso acusa tivo como exemplificado em 4b visiteio é parte da gramática do português europeu PE mas não da do brasileiro Em PB pronomes pessoais com marcação do tipo acusativa são atestados na modalidade da língua escrita na língua falada o caso acusativo é atestado entre falantes em uma enunciação extremamente formal como se exemplifica em 4b No entanto neste caso ainda é preciso atentar para a posição do clítico que em PB é preferen cialmente proclítica compare os dados 4b e 4b Como já apontado nos capítulos 3 e 4 deste livro advogase em teoria da sintaxe que todas as línguas marcam a categoria Caso a NPs inseridos em uma dada predicação Logo tanto línguas com morfologia explícita de caso como línguas com caso morfológico do tipo nulo atestam Caso abstrato7 A seguir tratamos resumidamente de uma relação importante entre nomes argumentos do tipo sujeito com o predicador verbal a relação Agreement Agr concordância verbal 12 Agreement Concordância verbal Chamamos de Agreement Agr uma marca morfológica expressa no verbo mani festando concordância com um dos nomespronomes argumentos da predicação Em português o verbo manifesta o fenômeno Agreement Agr com o argumento que ocu pa a posição de sujeito da sentença esse nome pode ser fonologicamente preenchido ou não Sobre a definição de sujeito que tomamos neste livro e ainda sobre o Parâmetro do Sujeito Nulo ver subseções 2211 e 22111 respectivamente no capítulo 3 Sobre a projeção de Agreement Agr na sentença ver O Sintagma Flexional em 22 no capítulo 3 2 XBarra e os Sintagmas Nominal e Determinante Como vimos no capítulo 2 as categorias lexicais são definidas pela combinação de apenas dois traços distintivos N e V O nome e o pronome é a classe de palavra que carrega o traço N por excelência neste capítulo além do sintagma nominal 7 Ver subseções 221 222 e 223 no capítulo 3 157 projeção máxima de um nome abordamos também uma outra categoria de natureza funcional que tem dominância sobre o SN o sintagma determinante SD 21 O Sintagma Nominal Ao iniciarmos nossas considerações sobre o sintagma nominal SN NP vamos definilo por meio de suas propriedades de ocorrência sintática ou seja por meio de sua distribucionalidade Chamamos de SN um sintagma cujo núcleo é uma categoria nome substantivo ou pronome que ocorre nas seguintes posições sintáticas 5 1 argumento externo do verbo 2 sujeito da sentença 3 argumento interno do verbo 4 objeto da sentença 5 elemento regido por preposição 6 elemento predicador em uma predicação sem verbo Na estrutura abaixo exemplificamse as posições 15 do SN apresentadas acima 6 a Jonathan estuda Economia na Universidade de Brasília b SF V SN F 4 V Jonathan i F Sv V estuda j Sv SPSN 158 V 4 SN v na Universidade de Brasília 4 V t i v SV V t j V V V SN 4 t j Economia  SN Jonathan gerado como argumento externo do verbo leve estudar movido para a posição Spec SF a fim de receber o Caso nominativo da flexão sujeito A cadeia Jonathani t i apresenta as duas posições do SN Jonathan posições 12 apontadas em 5  SN Economia gerado como argumento interno do verbo estudar recebe Caso acusativo do verbo leve assumindo a função de objeto da sentença posições 34 apon tadas em 4  SN Universidade de Brasília gerado como complemento da preposição em po sição 5 apontada em 4 Observe que o esquema 6b demonstra que como o verbo e outras categorias o SN segue o esquema XBarra visto no capítulo 1 subseção 32 7 XP V Spec X 159 V X Compl No entanto em 6b por questões de simplificação por hora apresentamos os SNs por meio de triangulações A seguir exemplificamos o nome como núcleo de uma predicação posição 6 apontada em 5 8 a Amanda é uma gatinha b PO V SN SN 4 4 Amanda uma gatinha No capítulo 4 subseção 12311 vimos que nomes com a função de núcleos de uma predicação PO como gatinha em 7 ocorrem em sentenças com verbos copu lativos intransitivos inacusativos No entanto na PO nomes como uma gatinha 8b são os predicados de uma predicação que se dá sem verbo 211 Sintagmas Nominais com Núcleos Pronominais Clíticos Em 11 apresentamos o caso morfológico em português marcado no sistema de pronomes pessoais da língua Veja abaixo exemplos dos casos nominativo acusativo objetivo e dativo oblíquo por meio do pronome pessoal 1S 9 a Eu fui ao Rio no mês passado b Meu irmão me levou à Rodoviária c Helena entregou as encomendas para mim 162 35 A moça não me cumprimentou A moça não te cumprimentou FUNÇÃO ACUSATIVA A moça não nos cumprimentou A moça não vos cumprimentou 36 Ninguém me emprestou o livro Ninguém te emprestou o livro Ninguém nos emprestou o livro FUNÇÃO DATIVA Ninguém vos emprestou o livro Ninguém lhe emprestou o livro 37 Eu me feri com a ferramenta Tu te feriste com a ferramenta Nós nos ferimos com a ferramenta FUNÇÃO REFLEXIVA Vós vos feristes com a ferramenta Ele se feriu com a ferramenta Freire 2005 19 Na citação acima enfatizase o português padrão escrito o que se vê pela inserção da forma vos já não mais atestada nem mesmo no português europeu Há ainda que se dizer que o português brasileiro vem atestando a não marcação do caso objetivo que se vê no quadro em 10 Observe os exemplos 12ab renumerados abaixo seguidos dos exemplos cc 17 Caso Acusativo Objetivo 3P os a Cecília e Jair enviaram SD os SN livros aos amigos b Cecília e Jair enviramnos aos amigos c Cecília e Jair enviaram O aos amigos c Cecília e Jair enviaram eles aos amigos Em 17b o clítico nos é um exemplo típico da modalidade escrita quando visto na fala é exemplo de uma fala culta ou extremamente policiada ex professores universi tários jornalistas Como já apontado na nota 6 a forma nominativa tem sido a forma 163 default no português falado no Brasil que vem marcando esse caso nas aparições dos pronomes pessoais como se vê em 17c No entanto uma recorrência grande em por tuguês do Brasil é o objeto nulo como se vê em 17c Uma das hipóteses de explicação do atestado número de ocorrências de casos de objeto nulo no português brasileiro é que os falantes que evitam o clítico objetivo evitam também a sua substituição pela forma default nominativa como 17c ainda muito estigmatizada na língua Sobre a forma default nominativa para casos de pronomes em posição de objeto ver 17c Mattoso Câmara 1972 aborda o emprego do pronome ele e suas variantes de feminino e plural como um acusativo do PB Embora o autor op cit afirme que esse uso consiste em um dos traços mais característicos de nossa língua posicionase contrário a esse uso Para Mattoso Câmara tratase de um erro visto na linguagem literária brasileira para a caracterização da língua do povo mas que consiste em um traço que se manifesta na linguagem oral em todos os níveis sociais Convém ressaltar que este texto de Mattoso foi escrito em meados da década de 1950 quando não havia no Brasil muitos estudos linguísticos sobre o PB principalmente sobre a questão do uso Ratificamos que um fato importante atestado em PB no tocante ao marcador obje tivo mesmo na fala dos cultos é a perda dos clíticos acusativos de terceira pessoa Esse processo deu origem a uma extensão dos contextos em que o objeto nulo é aceito em portu guês brasileiro quando comparado ao português europeu cf Raposo 1986 bem como ao apareci mento de pronomes tônicos na posição de objeto direto construção agramatical em português europeu Como os estudos variacionistas têm evidenciado os clíticos acusativos de terceira pessoa não fazem parte do vernáculo do português brasileiro Ao contrário o uso dessas formas está associado a aprendizado escolar revela grau de instrução elevado e é identificado com língua escrita e estilo formal Nunes 2007 207 Sobre Objeto Nulo e Clíticos ver sugestão de leituras em leituras complementares capítulo 5 ao final deste livro Atente a seguir para o dado 13ab renumerado com inserção da sentença 13c 18 Caso Dativo Oblíquo 3P lhes 165 19 Ênclise Ocorre quando o pronome átono está colocado depois do verbo que complementa É no português europeu a colocação mais normal como nos exemplos a Disseramme a verdade b Conhecios há pouco c A rapariga sentouse à mesa 20 Próclise Ocorre quando o pronome átono está colocado antes do verbo que complementa É a tendência do português brasileiro a Não nos disseram a verdade b A moça se penteou c Eu te prometo sinceridade absoluta 21 Mesóclise Ocorre com as formas verbais do futuro do presente e do futuro do pretérito em que o pronome surge no interior do verbo a Dirseia que tal construção é desusada no Brasil b Contarmeão a verdade quando chegar lá Pela definição e exemplos de mesóclise oferecidos em 21 na citação acima chama mos a atenção para os seguintes aspectos i o fenômeno descrito como mesóclise não é previsto linguisticamente Em outras pa lavras as descrições de línguas do mundo não atestam clíticos que aparecem em uma posição que divide a raiz de sua flexão em uma palavra hóspede como apontado em 21ab ii a colocação mesoclítica descrita em nossas gramáticas é clara ao enfatizar que pro nomes clíticos em português só ocorrem atados a formas verbais no futuro do presente e do pretérito o que nos suscita a seguinte pergunta por que a posição mesoclítica só é atestada nestes tempos verbais Embora a mesóclise esteja fora da gramática falada dos brasileiros ela é ainda bem atestada na modalidade da língua escrita dos brasileiros Nosso objetivo portanto é apontar para argumentações linguísticas claras que evidenciam que a posição mesoclíti 166 ca do pronome átono em português não é um caso de colocação de pronome clítico no interior do verbo pois como já apresentado clíticos não têm a característica de se interporem entre a raizradical de uma palavra e seus afixos Observe a seguir a forma 22 Amarteei Em 22 temos claramente três morfemas i amar ii te iii ei O morfema ei é um sufixo baú que carrega as marcas de TEMPO ASPECTO MODO PESSOA e NÚ MERO do verbo amar a raiz da palavra amarei te é o pronome clítico acusativo objetivo ver 10 O pronome clítico em português só ocorre nesta posição medial entre a raiz do verbo e sua flexão quando a flexão do verbo expressa tempo futuro Este fato pode ser explicado por um processo de mudança linguística descrito por Chagas 2002 159 O verbo haver também se gramaticalizou na formação do futuro do indicativo na România ocidental o que abrange a Itália a França e a Península Ibérica Em vez da forma latina amábó do futuro do indicativo amarei gradativamente ganhou espaço nas línguas româ nicas uma locução formada do verbo habeo e do infinitivo do verbo principal Surge então a forma amare habeo Inicialmente tínhamos aí duas palavras mas com o passar do tempo elas se transformaram em uma única palavra Isso é o que ocorreu plenamente no francês no espanhol e no italiano em que os dois elementos se soldaram de forma indissolúvel produzindo respectivamente amerai amare e ameró A partir da informação acima de que o tempo futuro em línguas românicas his toricamente foi marcado por uma perífrase verbal verbo principal haver flexionado no futuro vejamos um possível estágio do processo de marcação do tempo futuro em português por meio da expressão verbal vista em 22 amarteei renumerada em 23 a Amarteei b Amarte haverei b Amarteei O objetivo em 23 é atestar que o que chamaríamos de mesóclise do clítico te em 23a seria historicamente uma forma enclítica atada ao verbo principal amar 170 Por outro lado em certos casos a transposição é possível como em 31 a todos os meus amigos b os meus amigos todos Lemle 1984 cria um exemplo de SN maximamente estendido23 32 Todos aqueles meus outros dez primeiros estranhos poemas O objetivo de Lemle op cit ao criar o SN máximo apontado em 32 é segundo a autora apresentar as sete posições prénominais possíveis de serem preenchidas como se vêem abaixo 33 24 1 todos 2 aqueles 3 meus 4 outros 5 dez 6 primeiros 7 estranhos poemas ambos estes esse o um algum nenhum cada teus seu nosso vosso mesmos um dois vário diverso muito pouco segundos terceiro Lemle 1998 98 chama a atenção para a nomenclatura gramatical tradicional atribuída às categorias em 33 argumentando sobre sua inadequação Segundo a autora op cit a gramática tradicional i reúne sobre uma mesma nomenclatura categorias distribucional mente distintas ii separa em categorias distintas elementos distribucionalmente idênticos Abaixo em 3435 resumimos a argumentação apresentada em Lemle 1984 98 34 Categorias distribucionalmente distintas tratadas pela mesma nomenclatura 23 Lemle 1984 98 exemplo 146 Dado renumerado e adaptado o grifo é nosso Lemle 1984 98 exemplo 146 Dado renumerado e adaptado o grifo é nosso 24 Lemle 1984 98 146 Lemle 1984 98 146 174 V V PO V t j SD SAdj 4 4 t k adoráveis b SD V D V SN V N cães Oberve que cães em 38 é projetado como nome nu bare nouns a ausência de determinante permite a leitura de genericidade do argumento cães No entanto seguin do a literatura em PP mesmo SN nomes nus são projetados pelo núcleo da categoria funcional determinante como desenvolvido em 38b A seguir apresentamos mais um exemplo da projeção SDSN 39 a A necessidade do Marcos é enorme 175 b SF V SD F 4 V a necessidade k F SV V é j V V V PO V t j SD SAdj 4 4 t k enorme b SD V D V D SN V a N V 178 Quese introduzindo orações N são tradicionalmente denominados de con junção integrante Ver Bechara 2006 463 Sentenças N podem ter a função de complemento de verbos transitivos como se vê por meio do esquema XBarra da oração 40 renumerada em 44 a SF Helena disse SC que SF enviou os documentos ontem b SF V SD F 4 V Helena i F Sv V disse j SD v 4 V t i v SV V t j V V V SC 4 t j que enviou 180 4 V eles i F Sv V nos k autorizaram j SD v 4 V t i v SV V t j SD V 4 V t k V SPSCSF 4 t j a que b SP V P V P SC V a C 183 4 t j de que SP V P V P SC V de C V C SF 4 que sejam premiados Observamos em 46 que a a sentença SP de SC que sejam premiados é gerada como argumento interno preposicionado do verbo leve gostar da sentença matriz b a sentença SP de SC que sejam premiados recebe Caso oblíquo da preposição de e funciona como complemento relativo da sentença matriz todos gostam Note que verbos transitivos como gostar 46 e outros regidos por preposição como de é considerado em muitas gramáticas normativas como verbo transitivo indireto logo o complemento de verbos como gostar 46 é dito objeto indireto cf Pasquale Ulisses 2003 407 Neste livro seguimos a proposta que se vê em Be 184 chara 2006 464 de distinguir complemento relativo de objeto indireto Chamamos de objeto indireto ao complemento preposicionado incluindo o complemento ora cional em construções bitransitivas que atestam os traços semânticos AlvoMeta ou Fonte ver capítulo 4 O complemento preposicionado sentencial SP de SC que sejam premiados 46 não atesta nenhum dos dois papéis temáticos previstos para objeto indireto AlvoMeta ou Fonte Sentenças N podem ser complemento de verbos psicológicos como se vê por meio do esquema XBarra da oração em 47 a Eu me admiro SC que SF Mateus não tenha convidado você pra festa b SF V SD F 4 V eu i F SV V me admiro j SD V 4 V t i V SC 4 t j que Mateus não tenha convidado você para a festa 185 Em 47 observamos que a a sentença SC que SF Mateus não tenha convidado você pra festa é gerada como um dos dois argumentos internos do verbo psicológico se admirar um verbo pronomi nal Verbos psicológicos não projetam argumentos externos Agente e por esta razão sua projeção estrutural diferese da projeção estrutural de verbos transitivos b quando dizemos que o verbo se admirar projeta dois argumentos internos di zemos que esses argumentos são projetados em SV logo o argumento SD eu é o outro argumento interno do verbo se admirar Alguns exemplos de verbos psicológicos que podem exibir uma sentença N como com plemento como se vê em 47 são aborrecer agradar admirar afligir alegrar assustar aterrorizar cansar comover contrariar desagradar descontar entristecer espantar incomodar inquietar irritar impressionar interessar ofender perturbar preocupar surpreender cf Duarte 2003c 601 607 Orações N podem funcionar como complemento de um verbo inacusativo como exemplificamos em 48 a Basta SC que SF você comunique seu email pra eles b SF V SD F 4 V Oexpl F SV V basta j V V V SC 186 4 t j que você comunique seu Em 48 observase que a o verbo bastar oração principal é um verbo do tipo monoargumental que seleciona apenas um argumento não Agente esse argumento é interno Portanto bas tar é um verbo inacusativo b o argumento interno do verbo bastar é a sentença N SC que SF você comunique seu email pra eles que não recebe marcação de Caso acusativo desse verbo Logo a sentença N em 48 não pode ser considerada como objeto direto sentencial como se afirma em algumas gramáticas da língua Verbos inacusativos do tipo copulativos podem ainda selecionar orações N Essas orações são organizadas estruturalmente como um dos sintagmas que compõem uma projeção do tipo pequena oração PO A seguir vejamos um exemplo de sentença N projetada em uma PO 49 a É certo SC que SF todos os alunos aplicados serão aprovados b SF V SD F 4 V Oexpl k F SV V é j V 188 b SF V SD F 4 V Eu i F Sv V tenho j SD v 4 V t i v SV V t j V V V SD 4 t j a impressão de que b SD V D V D SN 190 Ainda neste capítulo apresentamos uma rápida descrição das sentenças complexas em português com valor N Propusemos de modo geral que tais sentenças funcio nam como argumentos de verbos de mais de um lugar e de verbos inacusativos de um lugar essas sentenças podem também ser selecionadas por nomes funcionado portan to como seus complementos No próximo capítulo descrevemos com mais detalhes sobre a categoria sintag mática adjetivo 192 b SD V D V D SN V aqueles SN SAdj V N Adj N Adj livros interessantes Em 2b vêse a projeção maximamente estendida do SN livros nessa projeção o adjetivo interessantes é adjunto do nome Observe agora a projeção sintagmática em que se insere o adjetivo interessantes na sentença em 3 a Aqueles livros são interessantes b PO V SD SAdj 193 4 4 aqueles livros interessantes Em 3b se vê que o adjetivo compõe uma projeção sem verbo chamada de peque na oração PO As projeções do SAdj interessantes em 2 e 3 exemplificam a definição dessa ca tegoria apresentada em 1 adjetivos podem ser projetados em uma sentença como ad juntos de um nome ou como integrantes de uma PO Lemle 1984 102 aponta outra característica dos adjetivos todo adjetivo que pode modificar um nome referente a um ser humano pode exercer papel de nome incorporando o conceito de pessoa ao seu próprio sentido que passa a ser uma pessoa com a qualidade expressa pelo adjetivo Abaixo vemos uma exemplificação oferecida por Lemle op cit3 4 os ricos os pobres os bons os maus o morto o sábio o avarento os brasileiros os cariocas o careca Neste livro tomaremos como SAdj não apenas a categoria adjetivo mas também outras categorias que exercem a função de categorias modificadoras do nome 11 O Sintagma Adjetivo No capítulo 5 subseção 212 observamos sete posições prénominais que podem ser preenchidas em um dado SN chamado de SN maximamente estendido Repe timos abaixo a tabela em 28 daquele capítulo renumerada 3 Lemle 1984 102 dado 155 renumerado 194 5 1 todos 2 aqueles 3 meus 4 outros 5 dez 6 primeiros 7 estranhos poemas ambos estes esse o um algum nenhum cada teus seu nosso vosso mesmos um dois vário diverso muito pouco segundos terceiro Como abordado no capítulo 5 as categorias das colunas 3 a 7 em 5 são posicional mente intercambiáveis com os adjetivos colocados antes ou depois do nome Logo catego rias nestas posições devem ser consideradas adjetivos cf Lemle 1984 99 Revendo ainda o capítulo 5 consideramos que apenas três categorias sintagmáticas podem girar em torno do núcleo do sintagma nominal SN em uma dada projeção sintática 6 i Sintagma quantificador SQ ii Sintagma Determinante SD iii Sintagma Adjetivo SAdj As categorias SQ e SD só podem ser preenchidas apenas uma vez dentro de uma dada projeção nominal no entanto a categoria adjetivo SAdj pode ser preenchida mais de uma vez dentro de um dado SN um fato sintático particular da classe dos adjetivos Atente para o SN maximamente estendido com as projeções SQ SD e SAdj em 7 a SQ Todos SD aqueles SAdj interessantes SN livros estavam escritos nas referências bibliográficas do curso de gramática b SD Aqueles SAdj interessantes SN livros teus mesmos dois primeiros 197 O CSA complemento do SAdj é sempre desempenhado por sintagma preposicionado isto é preposição SN Definese posicionalmente por ocupar o terceiro lugar no SAdj máximo Em 10 apresentamos a organização do sintagma adjetivo maximamente estendi do em português 10 SAj máximo SInt núcleo do SAdj complemento do SAdj 112 A Inserção de Adjetivos nas Sentenças Como apontado em 1 e 2 as duas maneiras de se inserir um SAdj em uma sen tença em português são como i adjunto de um nome ii participante de uma predicação do tipo pequena oração PO Observe o comportamento sintático do adjetivo atrasado nas sentenças 11 e 12 abaixo 11 a SD O aluno SAdj atrasado chegou b SF V SD F 4 V O aluno i F SV atrasado V chegou j V V V SN 198 4 t j t i b SD V D V D SN V o SN SAdj V N Adj N Adj aluno atrasado 12 a O aluno i chegou SC ti atrasado b SF V SD F 4 V o aluno k F SV 199 V chegou j V V V PO V t j tk SAdj 4 atrasado Em 11 o adjetivo atrasado é projetado dentro do SN maximamente expan dido como adjunto do núcleo aluno em 12 atrasado não é mais adjunto de um nome mas participante de uma predicação Ele inserese em uma construção do tipo pequena oração projetada por uma categoria funcional Abaixo detalhamos a projeção PO 1121 A Projeção Pequena Oração Apresentaramse no capítulo 4 subseção 12311 sintagmas de natureza N formando uma predicação chamada de pequena oração PO Veja o exemplo a seguir 13 a Martinha é bonita b PO V SN SADJ Martinha bonita 200 Observe que POs em português ver 13a inseremse em uma sentença com verbo inacusativo copulativo como ser em Martinha é bonita O adjetivo bonita não é adjunto do nome Martinha mas constitui em conjunto com Martinha uma predicação Observe ainda que a PO como projetada em 13b não obedece ao esquema res tritivo Xbarra A literatura em PP propõe que POs são sentenças do mesmo tipo que o são sen tenças finitas e infinitivas Vimos no capítulo 3 que verbos finitos projetam um sin tagma flexional de natureza funcional FLEXÃO SF Da mesma forma POs são con sideradas dentro do Modelo Xbarra uma projeção de um núcleo funcional Logo a pergunta que se faz é 14 Que núcleo funcional projeta uma sentença do tipo PO como em 13 A resposta encontrada na literatura para a pergunta que explicitamos em 14 é que POs projetam um núcleo funcional CONCORD CONCORDÂNCIA A proposta de POs serem projetadas por um núcleo CONCORDÂNCIA que segui mos neste livro vem da observação de línguas românicas ver Haegeman 1999 123126 e seus exemplos sobre PO em francês Observe as POs em 15 e suas projeções em 16 15 a SF O aluno i estava PO t i atrasado b SF Os alunos i estavam PO t i atrasados cSF A aluna i estava PO t i atrasada dSF As alunas i estavam PO t i atrasadas 16 SConc V SD 4 Conc oas alunoas V Conc SAdj 201 V GÊNERO Adj NÚMERO Adj atrasadoas O adjetivo atrasadoas 16 manifesta concordância explícita com o nome alunoas em estruturas POs selecionadas por verbos copulativos Logo as sumese que em português e em línguas românicas como se vê em Haege man1999 POs são projeções do núcleo CONCORDÂNCIA que carrega os traços dos morfemas funcionais i GÊNERO e ii NÚMERO Logo passamos a projetar o sintagma concordância SConc como a projeção máxima do núcleo CONCORDÂNCIA O núcleo CONCORDÂNCIA seleciona em predicações PO como em 15 i o adjetivo ou qualquer sintagma que funcione como adjetivo na PO como seu complemento ii um SD como seu argumento externo ver 16 É preciso atentar para o fato de que POs pequenas orações são inseridas em português dentro de uma projeção sentencial com verbo copulativo Os verbos copulativos como ser em Martinha é bonita 13 têm um esvaziamento semântico e são chamados pela Gramática Tradicional de verbos de ligação cf Bechara 2006 426 Por ligarem um nome a uma qualidade chamada de predicativo do sujeito ou do objeto os verbos de ligação cópulas são denominados pela Gramática Tradicional de predicados nominais No entanto Bechara op cit chama a atenção para a inadequação da terminologia predicado nominal para predicados com verbos copulativos de ligação do ponto de vista funcional e formal tais verbos apresentam todas as condições necessárias à classe dos verbos incluindose aí os morfemas de gênero número pessoa tempo e modo daí acompanharmos neste livro os lingüistas e gramáticos que defendem 202 a nãodistinção entre o predicado verbal e o predicado nominal incluindo também a desnecessidade de distinguir o predicado verbonominal Toda relação predicativa que se estabelece na oração tem por núcleo um verbo Bechara 2006 426 A Teoria XBarra capta a argumentação que se vê na citação acima Bechara op cit Observe a projeção da sentença 13 renumerada em 17 a Martinha é bonita b SF V SN F 4 V Martinha k F SV V é j V V V SConc 4 t j tk bonita b SConc V SD Conc 203 4 V Martinha tk Conc SAdj FEMININO Adj SINGULAR Adj bonita A predicação como um todo em 17 não pode ser considerada nominal pois há a presença do verbo ser um verbo do tipo intransitivo inacusativo Este verbo não projeta argumento externo e projeta uma PO como seu complemento o SConc capta a predica ção interna que ocorre entre Martinha bonita Para explicação sobre o movimento do SD Lucinda para Spc SF ver capítulo 4 subseção 12311 Como apontado em Bechara 2006 426 a definição de predicado nominal para sentenças com verbos de ligação ver 17 é inadequada também o é a definição chamada de predicado verbonominal Os chamados predicados verbosnominais são tão verbais quanto os chamados predicados nominais descritos pela projeção em 17 Na sentença 15a renumerada abaixo apresentamos uma oração com um predicado des crito como verbonominal pela Gramática Tradicional 18 a O menino i chegou SC ti atrasado b SF V SN F 204 4 V o menino k F SV V chegou V V V SConc 4 t j tk atrasado b SConc V SD Conc 4 V o menino tk Conc SAdj MASCULINO Adj SINGULAR Adj atrasado 205 Observe que como a sentença em 18 tem um verbo que não é chamado de verbo de ligação chegar mas possui um adjetivo em posição de nãoadjunto de nome atrasado a Gramática Tradicional denomina a predicação em 18 de verbonominal Mas de novo como argumentado por Bechara 2006 sentenças como 17 e 18 não são nominais mas sim verbais Observe que o verbo chegar em 18 é do mesmo tipo que ser em 17 verbos inacusativos Como ser em 17 o verbo chegar em 18 projeta um argumento in terno de natureza PO7 O verbo chegar 18 portador de FLEXÃO projeta o sintagma funcional SF o SD o aluno movese de sua posição Spec Conc para a posição Spec SF a fim de checar o Caso nominativo do núcleo da categoria SF Nesta posição o SD o aluno age como o sujeito da sentença O aluno chegou atrasado Lembrese de que o SD o aluno não pode receber Caso acusativo do verbo chegar pois chegar é do tipo inacusativo Como argumentado acima predicativos não são o núcleo de uma predicação verbal em português mas sim o complemento do núcleo CONCORDÂNCIA de uma pre dicação chamada de PO POs podem funcionar como argumento interno de um verbo intransitivo do tipo inacusativo como exemplificado em 1718 Logo o predicado sentencial das orações em 17 e 18 é verbal e não nominal ou verbonominal respecti vamente como definidos pela Gramática Tradicional Antes de finalizarmos esta subseção sobre POs é preciso ainda apontar que essas predicações de natureza N podem ser projetadas como adjuntos de verbos e não ape nas como seus complementos como exemplificado em 17 e 18 Observe a sentença abaixo 19a SF O auditório i ouviu os conferencistas SC ti atento b SF V SN F 7 Para uma boa argumentação sobre o verbo chegar como intransitivo inacusativo ver Mito et al 2004 158164 206 4 V o auditório i F Sv V ouviu j SN v 4 V t i v SV V t j SV PO V 4 V O atento V V SD 4 t j os conferencistas PO 4 O atento b SConc V SD Conc 207 4 V O Conc SAdj MASCULINO Adj SINGULAR Adj atento Em 19 temse mais um caso denominado pela Gramática Tradicional de pre dicado verbonominal Ratificamos no entanto que como em 17 e 18 a predi cação sentencial em 19 se dá por meio de um verbo o verbo leve ouvir esse verbo além de seus argumentos i externo o auditório e ii interno os conferencistas pro jeta uma PO como seu adjunto O atento Um fato importante precisa ser dito sobre a PO adjunto em 19 Em 19 o adjetivo atento não expressa CONCORDÂNCIA com um SD explícito mas sim com um SD de natureza pronome nulo referencial O Embora O expresse relações semânti cas com o sujeito sentencial o auditório o SD o auditório não foi projetado do léxico na sentença dentro da PO mas sim como argumento externo do verbo leve ouvir ver a projeção em 19b Um outro aspecto que corrobora a análise de que o SD o auditório 19 não foi al çado de dentro da PO é que a PO em 19 encontrase em uma estrutura conhecida na literatura como ilhafronteirabarreira O movimento de qualquer elemento de dentro de estruturas do tipo ilha não pode ser processado ou é processado com dificuldade Em 19 se o SD o auditório tivesse sido projetado inicialmente na sentença na posição Spec PO esse SD não poderia ter sido alçado à posição de Spec SF Sobre o concei to de ilha ver o texto clássico de Ross 1967 Recapitulando o que vimos na subseção 112 SAdjs podem ser inseridos em sentenças em português como adjuntos de um nome ou como complementos do nú 208 cleo Conc em uma PO Sobre a PO esta estrutura pode ser um complemento ou um adjunto do verbo da oração em que é projetada A seguir comentamos sobre uma categoria que tem sido considerada pela literatura como uma classe dos adjetivos a categoria advérbio 2 Considerações sobre a Categoria Advérbio Começamos esta seção dizendo que a razão de introduzirmos a classe de palavra advérbio neste capítulo sobre adjetivo devese ao fato de que ratificamos a posição de um conjunto de pesquisadores em PP que advogam que a categoria advérbio é parte da classe dos adjetivos A seguir introduzimos algumas considerações sobre a categoria advérbio Primei ramente nos concentramos na definição de advérbio pela Gramática Tradicional visando a apontar que muitas palavras que são definidas como integrantes dessa categoria o são apenas por critérios semânticos sintaticamente muitas palavras ditas advérbios apresen tam comportamento muito distinto umas das outras Em segundo lugar argumentamos a favor da divisão da chamada categoria advérbios em distintas categorias gramaticais 21 A Gramática Tradicional e a Categoria Advérbio O advérbio é definido em nossas gramáticas com base em dois critérios i semântico e ii sintático relacionado às categorias sobre as quais o advérbio se refere cf Lobato 1976 99 Bechara 2006 287 define o advérbio como uma palavra modificadora que se re fere geralmente ao verbo ao adjetivo a um advérbio como intensificador ou a uma declaração inteira Ainda segundo este mesmo autor o advérbio é a expressão mo dificadora que por si só denota uma circunstância de lugar de tempo modo intensidade condição etc Bechara 2006 287 Mattoso Câmara 1975 124 após apontar um quadro descritivo e histórico dos advérbios em português afirma O quadro teórico que acabamos de apreciar no âmbito dos advérbios em português é teórico até certo ponto Perturbam em parte as suas linhas gerais a extrema mobilidade semântica e funcional que caracteriza os advérbios Ela é inerente a essas palavras 211 a Palavras ditas adverbiais terminadas em mente em português advérbios ter minados em mente só podem ser derivados de raízes adjetivais qualquer novo adjetivo criado permite a forma dita adverbial em mente ex sutilmente b Palavras com a mesma forma adjetivos e advérbios de modo podem repartir a mesma forma como se vêem abaixo em 21 a Marina chutou a bola alto b Marina é alta 22 a Os alunos estão meio cansados de sintaxe b Agora são meio dia e meia hora ii Relação Sintática entre adjetivos e advérbios Adjetivos e advérbios permitem o mesmo conjunto de modificadores como se vêem em 23 Ele estuda muito bem 24 Ela está muito feliz O SInt muito modifica tanto o advérbio bem em 23 quanto o adjetivo feliz em 24 Adjetivos e advérbios permitem o mesmo tipo de complementos preposicionados como se observa em 25 Ela é independente de mim 26 Ela agiu independentemente de mim Em 25 o SP de mim é complemento do SAdj independente em 26 do SAdv independentemente Mioto et al 2004 55 citando Radford 1988 dizem que advérbios e adjetivos estão em distribuição complementar no sentido de que os últimos modificam nominais enquanto os primeiros modificam constituintes não nominais verbais adjetivais preposicionais etc 214 V Intens SAdj V muito Adj V Adj SP 4 satisfeito com o trabalho Em 28 muito é tratado como a projeção de um sintagma intensificador SInt Ao final desta subseção citamos ainda Brito 2003 417 nota 107 O advérbio é historicamente uma categoria derivada por isso não facilmente caracterizável através de uma combinação dos traços N e V como fizemos para os nomes os verbos os adjeti vos as preposições A generalidade dos advérbios dêiticos de lugar e de tempo do português atu al tem a sua origem em expressões nominais ou preposicionais latinas contendo demonstrativos cf aí cá hoje agora Outros advérbios formaramse a partir do antigo ablativo instrumental de adjectivos latinos cf bem mal longe tarde 3 Orações com Função de Adjetivo Em português como em muitas línguas vêse a ocorrência de orações com função adjetival Tradicionalmente essas orações são chamadas de orações relativas ver Brito Duarte 2003 Observe o exemplo em 30 a SF O livro SC que estava na mesa desapareceu b SF O livro SAdj azul desapareceu 217 mente como um vestígio do sintagmaQ movido e semanticamente como uma variável lógica cujo valor é interpretado pelo elemento movido um operador lógico nessa posição Segundo a Teoria XBarra o SC sintagma complementizador é uma categoria funcional que como as categorias lexicais também projeta uma posição de núcleo de complemento e de especificador como visto no capítulo 4 seção 3 Ao contrário das categorias lexicais a posição de especificador Spec de SC não é uma posição temática posição de SDs argumentos constituindo um lugar aberto para elementos que se movem de dentro da sentença Logo o SC é uma categoria funcional que pode abrigar elementos movidos como se vê em 35 a Eu vou comprar o que i ele quer v i b SC V SD C 4 V o que i C SF 4 ele quer v i O especificador do SC é o lugar destinado a receber o pivô que se origina dentro do SF relativo cf Mioto Negrão 2007161 Observe que o diagrama em 35b de monstra o movimento do constituinteQ de uma posição argumental posiçãoA para uma posição não argumental posição Abarra Veja a posição da variável lógica v i definindo que o constituinteQ é interpretado na posição de onde foi movido 311 A Relação da Relativa com o Pivô Quanto à forma como o SC relativo se relaciona com o pivô realizado na sentença matriz existem duas concepções opostas dentro da literatura i uma delas encara o SC 219 38 D V D SC 4 V SN C 4 V C SF 4 que t NP Neste livro assumimos a opção de tratar o SC relativo em português em estrutura de adjunção ao pivô externo como visto em 36 Entendemos que as orações relativas têm comportamento de adjetivos logo são adjuntos sentencias de um dado SDSN de uma oração matriz A seguir apresentamos as estratégias de relativização em Português 32 Estratégias de Relativização no Português Assumimos a análise que se vê na literatura que as orações relativas em português envolvem o movimento de morfema Q 39 a A pessoa que admiro saiu da cidade b Aquele livro cujas folhas estão amareladas é uma raridade c A moça com quem José falou mora em Brasília d A casa onde em que Helena mora custou muito caro Nas orações 39ab não é tão claro advogar se ocorreu movimento de dentro da oração relativizada no entanto em 39cd o movimento do constituinteQ para o iní 220 cio da subordinada é visível O argumento principal para a análise por movimento de orações como em 39 é de natureza lexical Observe a sentença em 40 a A moça com quem Jonathan falou é competente b SF A moça SC com quem i SF Jonathan falou vi é competente O verbo falar 40 seleciona categorialmente um argumento interno SP com quem atribuin dolhe o papel temático de TEMA Logo o sintagma com quem não pode ser basicamente pro jetado numa posição inicial de SC pois semanticamente e argumentalmente projetase como argumento interno do Sv Logo o sintagma com quem deve estar contido no Sv por movimento esse sintagma deslocase para a periferia esquerda da sentença deixando um vestígio na posição subjacente Nas orações relativas é estabelecida uma relação formal entre o constituinte deslocado por Movimento Q para a posição inicial da relativa e o seu vestígio Em português ocorrem três tipos de subordinadas relativas i relativas restritivas ii relativas nãorestritivas ou apositivas iii relativas livres Observe os exemplos das relativas a seguir Relativas Restritivas 41 A estudante com quem Pedro falou estuda Linguística Relativas Não Restritiva Apositiva 42 A estudante com quem Pedro falou estuda Linguística Relativa Livre 43 João procura quem estuda Linguística 321 Relativas Restritivas e NãoRestritivas Apositivas Negrão 1992 retomando Cooper 1983 caracteriza a diferença entre as re lativas restritivas e as relativas nãorestritivas apositivas no português brasileiro 221 Observe as sentenças a seguir 44a A moça com quem Juan falou estuda Teatro 45a A moça com quem Juan falou estuda Teatro Segundo Negrão op cit sentenças relativas restritivas como 44 têm uma contribuição semântica e estruturação sintática distintas de sentenças relativas nãorestritivas como 45 Semanticamente a sentença 44 tem a ela associada a interpretação de que existe uma moça no universo do discurso com a propriedade de ser a pessoa com quem Juan falou e essa moça estuda Teatro Diferentemente a sentença 45 nãorestritiva aposi tiva desencadeia a interpretação de que há uma única moça no universo do discurso e essa estudante foi a pessoa com quem Juan falou e ela estuda Teatro Em 44 há uma moça com quem Juan falou mas podem existir outras moças no universo do discurso Em 45 não Só há uma moça no universo do discurso na apositiva exemplificada em 45 e essa interpretação é captada pela fonologia por meio de pausa ao se expressar a relativa apositiva A pausa é expressa na ortografia por meio de vírgulas As diferenças de interpretação observadas em relativas restritivas e nãorestritivas aposi tivas levam Negrão 1992 a propor que as sentenças relativas restritivas são adjuntas a SN ao passo que as apositivas são adjuntas a SD Neste livro seguimos a análise de Negrão op cit Observe os exemplos abaixo e suas estruturas Oração relativa restritiva adjunção a um dado SN da sentença matriz 46 a A moça com quem Juan falou estuda Teatro b SF V SDSNSPSCSF F 4 4 a moça estuda teatro com quem Juan falou 222 b SD V D V D SN V a SN SP V N P V N P SC V moça com SD C 4 V quem i SF 4 Juan falou t i Oração relativa apositiva adjunção a um dado SD da sentença matriz 47a A moça com quem Juan falou estuda Teatro 223 b SF V SDSNSPSCSF F 4 4 a moça estuda teatro com quem Juan falou b SD V SD SP V V D P V V D SN P SC V a N P SD C 4 V N P quem i C SF 4 moça com Juan falou t i 224 322 Relativas Livres Quando o núcleo da relativa é um nome superordenado pessoa coisa lugar etc este núcleo pode ser explícito aparecendo como pivô externo da relativa relativa com antecedente RA ou pode ocorrer a construção que a literatura convencionou chamar de relativa livre RL 48 a Não conheço a pessoa que a Maria admira RA b Não conheço quem a Maria admira RL 49 a Mariana viu a coisa que eu comprei RA b Mariana viu o que eu comprei RL 50 a Ele não conhece o lugar onde você estuda RA b Ele não conhece onde você estuda RL As RLs atestam três grandes propriedades i restrição de morfemas Q ii natureza argumental iii efeito de conformidade categorial i Restrição de Morfemas Q As RLs comportam apenas alguns dos morfemas Q que são empregues nas relati vas com antecedentes São eles quem o que precedidos ou não de preposição e onde exemplificados em 48b 49b e 50b respectivamente Nessas orações as RLs não exi bem seu núcleo a não ser i na morfologia ou ii no determinante do morfema intro dutor da relativa a Introdutores da relativa livre exibindo o pivô externo por meio da morfologia quem pessoa ver 48b onde lugar ver 50b 225 b Introdutor da relativa livre exibindo o pivô externo por meio do determinante o que pessoa ver 49b ii Natureza Argumental As RLs têm em seu todo uma natureza argumental com uma relação temática e uma fun ção sintática própria Elas podem ocupar a posição de sujeito da oração superior como em 51 Quem quer falar com você telefonou RLs podem ocupar a posição de objeto direto da oração matriz como em 52 Eu admiro quem mantém o bom humor 53 Eu fiz o que era melhor para todos Podem também ocupar a posição de objeto preposicionado da oração principal como se vê em 54 Eu ajudei a quem estava precisando mais RLs podem ainda ocupar a posição de adjunto da sentença matriz 55 Ela colocou as roupas sem passar onde eu coloco os livros A propriedade de ter uma natureza argumental aproxima as RLs de outro tipo de subordinadas as completivas interrogativas Observe as sentenças 56 e 57 abaixo Relativa Livre 56 Eu fiz o que todos esperavam Completiva Interrogativa 57 Ela não perguntou quanto custou a encomenda Em 56 e 57 as sentenças encaixadas ocupam posições argumentais das senten ças matriz objeto direto 227 62 a o que é que b o que elemento movido cópula elemento que Em geral elementos clivados como o que em 60 apresentam leitura de foco sobre foco veja capítulo 8 Voltando aos testes que distinguem construções RLs de construções completivas RLs não permitem que um dado elemento de sua sentença seja alçado para a periferia por meio de uma estrutura clivada como se vê pela agramaticalidade de 61 As comprovações empíricas em favor da distinção entre completivas interroga tivas e relativas livres têm um objetivo Para Bresnan Grimshaw 1978 as relati vas têm uma propriedade sintática que as caracteriza de maneira única o efeito de conformidade categorial iii Efeito de Conformidade Categorial Bresnan Grimshaw 1978 337338 apontam uma propriedade sintática das RLs que as distinguem de forma única de outras subordinadas o efeito de conformidade categorial Tratase de uma postulação que diz que os morfemas Q que iniciam uma RL têm de estar em conformidade com a estrutura argumental dos dois verbos envolvidos na construção Observe a sentença abaixo 63 a Eu admiro quem sempre mantém a esperança quem objeto do verbo da matriz a Eu admiro quem sempre mantém a esperança quem sujeito do verbo da RL Em 63 observamos que o pivô quem semanticamente partilhado pela matriz e pela relativa tem seu papel temático e função sintática determinados pelo verbo da sentença matriz admirar No entanto na oração relativa há um papel semântico e uma função sintática independentes associados ao pivô e determinados pelo verbo manter Sobre Orações Relativas e Teoria da Gramática ver sugestão de leitura em leitura complementar capítulo 6 ao final deste livro 228 4 Considerações Finais Nas seções acima detalhamos o SAdj apresentando i as maneiras como ele pode ser inserido em sentenças do português ii a sua projeção sintagmática máxima De talhamos ainda a sua estrutura quando inserido como núcleo de uma predicação deno minada de pequena oração Tecemos considerações sobre a categoria chamada advérbio propondo de acordo com alguns linguistas que esta categoria não é marcada no léxico das línguas e que deve ser dividida em categorias distintas Na seção quatro apresentamos a projeção oracional que funciona como adjetivo na língua portuguesa a oração relativa apresentando um resumo das estratégias de rela tivização no português que inclui as relativas restritivas nãorestritivas e livres No próximo capítulo descrevemos sobre as categorias preposição e quantificador 236 14 a Eles saíram SP de manhã a SP Tempo o SP de manhã indica um sintagma com valor semântico Tempo Logo existem bons argumentos para enquadrarmos as preposições no quadro dos núcleos lexicais Mesmo as preposições ditas funcionais como de parecem apontar para algum papel semântico mantendo então seu caráter lexical Nesta seção não podemos deixar de lado um aspecto da literatura que aponta os traços N V das preposições Esta classe de palavras atesta ainda características de núcleos funcionais Sobre o papel funcional das preposições há que se levar em conta o papel das preposições na marcação casual de SDs nomes em uma dada sentença Observe os exemplos abaixo em português europeu PE e em português brasileiro PB 15 a Dei um livro SP à Inês PE b SP a Meta Alvo c Deilhe um livro 16 a Dei um livro para Inês PB b SP para Meta Alvo c Dei um livro para ela Observe que nos exemplos 15 e 16 o verbo dar é o item lexical crucial e não necessariamente a preposição apara para a marcação do papel temático associado ao SD Inês Este fato é corroborado principalmente em PE pela possibilidade de omissão da preposição sendo o SD que a preposição liga ao verbo substituído pelo clítico dativo lhe ver 15c Exemplos com a preposição a como 15a são casos clássicos de prepo sição do tipo funcional em português Observe que preposições consideradas tipicamente lexicais não podem ser omitidas da sentença nem o SD que elas introduzem pode ser substituído por um pronome clítico com marcação de caso Como exemplo veja a preposição sobre em 9a renumerado 17 a Maria desmaiou sobre a mesa b Maria desmaiou a mesa c Maria desmaioulhe 242 b SF V SN F 4 V Kiko i F Sv V deu j SN v 4 V t i v SV V t j V V V SDNom 4 t j uma ajudada na montagem da b SD V D 243 V D SNom V uma Nom V Nom NPDP 4 ajudada na montagem da árvore de Natal Em 20b o SP na montagem da árvore de Natal é complemento do nome ajudada elemento que é parte da predicação em 20 dar uma ajudada SP complemento de nome periodização composta Em 45 capítulo 4 renumerado abaixo seguido de sua estrutura exemplifica mos um complemento nominal do tipo oracional 21a Eu tenho a impressão SP de SC que SF vou voltar àquele lugar b SF V SD F 4 V Eu i F Sv 244 V tenho j SD v 4 V t i v SV V t j V V V SDSNSPSCSF 4 t j a impressão de que b SD V D V D SN V a N V N SPSCSF 4 impressão de que vou voltar àquele lugar 245 Em 21b o SP de que vou voltar àquele lugar insere em conjunto com um SC uma sentença N complemento do nome impressão SP adjunto de nome SPs podem ser ainda adjungidos a nome funcionando portanto como adjetivos como se vê por meio do SP daquela província em 22 a A necessidade SP de ajuda SP aos chineses SP daquela província impres siona o mundo b SF V SD F 4 V a necessidade de F SV ajuda aos i V impressiona j SD V 4 V t i V SD 4 t j o mundo b SD A necessidade SP de ajuda SP aos chineses SP daquela província 247 SP aos chineses complemento b SP aos chineses daquela província SP V P V P SD V a D V D SN V os SN SP V 4 N daquela província N chineses SP daquela província adjunto 250 4 V t i v SV V t j V V V SPSCSF 4 t j de que Como apontado no capítulo 5 a sentença 24 acima é um complemento oblíquo preposicional do verbo da sentença principal Um complemento sentencial com tempo finito como exemplificado acima em 24 sempre ocorre com um complementizador No entanto Os complementos sentenciais infinitivos por outro lado nunca são iniciados por um comple mentizador como exemplificado em 50 50 a então vamos tentar reconstruir a maneira de vida desse Povo EF SP 405 b pretendia ir pela Varig D2 RJ 355 Cyrino Nunes Pagotto a sair p 17 SP adjunto de verbo SPs podem ser adjungidos a SVs funcionado portanto como adjuntos de verbos Abaixo apresentamos um SP como adjunto de verbo 25 a O trem chegou PP na estação de Miguel Pereira 251 b SF V SD F 4 V o trem i F SV V chegou k SV SP V 4 V na estação de M Pereira V V SD 4 t k t i Em 25 o verbo chegar é inacusativo logo é gerado apenas com um argumento interno o trem O SP na estação de Miguel Pereira não tem lugar estrutural na argumen tação do verbo sendo portanto na estrutura em 25 um típico caso de adjunção verbal 2243 SPs Selecionados por SConc Em capítulos anteriores discorremos sobre a chamada pequena oração PO projetada pelo Sintagma Concordância SConc O núcleo do SConc projeta um sintag ma de natureza adjetival como seu complemento O SP pode ocorrer como um com plemento na estrutura SConc em português como se vê abaixo por meio do SP de uma beleza ímpar que funciona como um adjetivo na PO 26a Cássia i é PO ti SP de uma beleza ímpar 252 b SF V SN F 4 V Cássia k F SV V é j V V V SConc V t j tk Conc V Conc SP 4 FEMIN de uma beleza SING única Sobre Preposições no Português Brasileiro e Europeu ver sugestão de leituras em leituras complementares capítulo 7 ao final deste livro 3 O Sintagma Quantificador Nesta seção abordaremos brevemente sobre o conceito de quantificação emprega do pela semântica formal e ainda na Teoria da Gramática 255 32 O Sintagma Quantificador e a Teoria da Gramática Em Semântica Formal os quantificadores estão unificados na classe dos determi nantes cf Chierchia 2003 87102 Em Teoria da Gramática quantificadores e de terminantes são dois sintagmas distintos inseridos na projeção do sintagma nominal maximamente estendido como visto no quadro em 33 capítulo 5 renumerado em 30 1 todos 2 aqueles 3 meus 4 outros 5 dez 6 primeiros 7 estranhos poemas ambos estes esse o um algum nenhum cada teus seu nosso vosso mesmos um dois vário diverso muito pouco segundos terceiro No quadro em 30 observamse as posições 1 e 2 de quantificador e determinante respectivamente Logo em uma sentença com a expressão todos os homens tal expressão é projetada dentro da Teoria da Gramática em um SN maximamente estendido com um quantificador e um determinante como exemplificado em 31 a SQ Todos SD aqueles SN homens gostam de lutas marciais b SF V SN F 4 V Todos i F Sv 256 V gostam j SN v 4 V t i v SV V t j V V V SP 4 t j de lutas marciais b SQ i V Q V Q SD V todos D V D SN 258 Neste caso projetamse dois sintagmas distintos SQ e SD como demonstrado em 31b Logo quando um SQ puder ocorrer juntamente com um SD como visto em 31 os dois sintagmas serão projetados distintamente SQ e SD Diferentemente quando um SQ não ocorrer em conjunto com um SD projetaremos este SQ como um SD como exemplificado em 32 4 Considerações Finais Acima introduzimos as preposições e o sintagma preposicional dentro do qua dro da Teoria da Gramática verificando que os SPs podem ser projetados como complementos de nomes de verbos e do sintagma funcional SConc SPs podem ain da ser projetados como adjuntos de nomes e de verbos Abordamos também neste capítulo os quantificadores e sua projeção verificando que a categoria gramatical quantificador é uma subclasse dos determinantes podendo em alguns casos ocorrer em conjunto com um determinante e em outros casos com portarse como o único determinante da sentença Este comportamento dos quantifica dores levou pesquisadores em Teoria da Gramática a concebêlos como uma projeção distinta do SD Diferentemente pesquisadores em Semântica Formal consideramnos como parte do conjunto de itens que formam o chamado sintagma determinante 259 Capítulo 8 Aspectos do sintagma complementizador Considerações sobre o sintagma conjuntivo e sobre conectivos Neste capítulo abordamos com mais detalhes o sintagma complementizador SC 1 A Categoria Complementizador Na seção 3 do capítulo 5 introduzimos brevemente o sintagma complementizador SC definindoo como uma projeção do núcleo Complementizador de natureza funcional O SC como os demais sintagmas segue o esquema XBarra 1 SC V C V C SF 4 que se interrogativo Em 1 vêse que o Complementizador núcleo da projeção SC projeta uma posição de complemento estrutural que por sua vez em conjunto com o nú cleo projeta uma posição de especificador Spec O complemento estrutural de um C é sempre uma oração SF a posição Spec SC é o local de pouso de sintagmas movidos de dentro de uma SF 260 O núcleo do SC 1 é preenchido em português pelas conjunções integrantes que e se Abaixo exemplificamos núcleos do SC em português 2 a Eles têm necessidade de que suas metas sejam alcançadas b Ele perguntou se Mariana chegará para a reunião em tempo 11 Complementizador versus Conjunção versus Conectivo Neste livro corroboramos a proposta linguística de que complementizadores se di ferem de conjunções e de conectores Atente para os exemplos em 3 Ela perguntou se nós fomos bem tratados naquele lugar complementizador 4 Jonathan comprou o carro porque precisava conectivo complementizador 5 Mariana chegou e as clientes ficaram satisfeitas conjunção Segundo a tradição gramatical a periodização em 3 corresponde ao tipo subor dinada substantiva interrogativa indireta em 4 ao tipo subordinada adverbial em 5 a orações coordenadas Cada um dos três elementos em 35 são classificados como conjunção No entanto corroboramos análises que definem os itens lexicais acima em negrito como pertencentes a categorias sintáticas diferentes Ratificamos que complementizadores ligam orações com dependência sintática uma da outra reveja as sentenças N na seção 3 do capítulo 5 Em português que se compõem a classe dos complementizadores da língua No entanto complementizado res se distinguem de conjunções não só pelos valores que veiculam mas também pelo facto de com eles poderem ocorrer quando os membros coordenados são frases subordinadas como acontece em 2ab Se tivermos em conta que duas conjunções ou dois complementadores não podem concorrer para uma mesma posição sintáctica cf 2cd a boa formação de 2ab mostra que conjunções e complementa dores são duas subclasses lexicais distintas 2 a Acho que ele tem trabalhado demais e que devia fazer férias o mais brevemente possível b Porque já acabei o trabalho e porque está bom tempo vamos passear mais tarde 261 c Ele vai ao cinema e ou ao teatro d Ela não sabe porque quando a convidaram para passar férias na montanha Matos 2003 5581 Logo definimos as diferenças entre os itens lexicais se 3 e e 5 renumerados como categorias distintas complementizador e conjunção respectivamente 6 Ela perguntou se nós fomos bem tratados naquele lugar complementizador 7 Mariana chegou e as clientes ficaram satisfeitas conjunção Orações como as do tipo em 7 apontam para um conjunto de sentenças que se ligam por meio de coordenação A seguir abordamos brevemente sobre a análise que adotamos neste livro para a coordenação sentencial 111 Conjunções e Estruturas de Coordenação Como a subordinação a coordenação sentencial tem a propriedade de formar uni dades sintáticas complexas No entanto diferentemente da subordinação sentenças N a coordenação opera combinando constituintes que se equivalem sintática e se manticamente Observe o exemplo em 8 seguido de sua estrutura 8 a O carro chegou mas ninguém saiu b SConj V SF Conj 4 V o carro chegou Conj SF 1 Os grifos nos exemplos são nossos 262 4 mas ninguém saiu Em 8b seguimos a proposta de estrutura de coordenação que se vê em Matos 2003 560 em que uma estrutura coordenada pode ser concebida como um constituin te que tem por núcleo a conjunção A estrutura em 8b capta o fato de que a conjunção estabelece uma relação de nexo entre as sentenças e que embora essas sentenças sejam relativamente livres umas das outras têm interdependência discursiva A análise sintática evidencia ainda que há diferenças entre conjunções como exemplificamos acima e conectores A distinção entre conjunções e conectores nem sempre é estabelecida nos estudos gramaticais que se baseiam fundamentalmente na função semântica desempenhada por ambos a de estabelecer o nexo entre os membros coordenados Contudo há diferenças formais importantes entre eles que nos permitem concluir que embora as conjunções coordenativas possam ser consideradas como uma subclasse específica de conecto res nem todos os conectores que surgem em estruturas de coordenação são conjunções Os conectores são expressões que têm um âmbito mais geral do que as conjunções Ocorrem tanto em domínios de coordenação como de subordinação mantendo seu papel de explicitar a ligação entre os constituintes envolvidos Matos 2003 559 Observe novamente as sentenças 45 renumeradas 9 Jonathan comprou o carro porque precisava conectivo complementizador 10 Mariana chegou e as clientes ficaram satisfeitas conjunção 263 Ao elemento de ligadura sentencial porque em 9 chamamos de conectivo e não de conjunção como denominamos e em 10 Em 9 porque se insere em um conjunto de elementos denominados de locuções conjuntivas pela gramática e como veremos sucin tamente a seguir introduzem as orações chamadas subordinadas adverbiais 112 Os Conectivos e as Estruturas Adverbiais Os elementos que introduzem um conjunto de sentenças ditas adverbiais são con siderados em nossos compêndios gramaticais como locuções conjuntivas ou locuções adverbiais ver Bechara 2006 493 Neste livro seguimos a análise que considera as locuções conjuntivas ou locuções adverbiais como conectores Os conectores são muitas vezes combinados com um complementizador Observe a sentença em 11 e sua proposta de estrutura 11 a Suzana comprou o livro para que Leo estudasse b SF V SN F 4 V Suzana i F Sv V comprou j Sv SPSCSF V 4 SN SV para que Leo estudasse 4 V t i V 264 V V SD 4 t j o livro Observe que o elemento de juntura entre as duas orações em 11 é a pre posição para de base semântica finalidade e um complementizador que Logo para que não pode ser analisada como uma locução conjuntiva Observe ainda que o que distingue a sentença para que Leo estudasse de uma sentença N introduzida por complementizador é que a sentença encaixada em 11 está em uma estrutura de adjunção Segundo Brito 2003b 704 705 os conectores são sintagmas preposicionais SP ou sintagmas adverbiais Sadv que contêm uma oração finita iniciada pelo complementador que ou infinitiva sem o que 39 SP P V P SCOMP V COMP SFLEX COMP 267 b SF V SD F 4 V vocês i F Sv V compraram j SD v 4 V t i v SV V t j V V V SQU 4 t j o quê Os pronomesQU são uma subclasse dos SNs em 14 o SQU o quê é gerado na posição de argumento interno do verbo leve comprar O exemplo 14 aponta para uma característica importante de perguntasQU em português essas perguntas são analisadas como perguntasQU insitu ou seja as per guntasQU em português são projetadas na sintaxe no local onde são geradas Isto se deve ao fato de que diferentemente do português línguas como o inglês exigem que perguntasQU se movam sempre para a posição Spec SC como se vê em 269 3 Movimentos para a Posição Especificador de Sintagma Complementizador Nesta seção enfatizamos a posição especificador do sintagma complementiza dor Spec SC que é preenchida por SQUs e pronomesQ relativos que sofrem movimento de dentro de uma sentença SF para esta posição no SC 31 Movimento QU Como visto na subseção 12 exemplo 12 a língua portuguesa permite o movimento de perguntas QU para a posição Spec SC embora este movimento não seja obrigatório como o é em línguas como o inglês português é uma língua do tipo WH in situ Observe o exemplo 14 renumerado seguido de outros dois exemplos com per gunta QU movida 16 a Vocês SV compraram SQU o quê b SF V SD F 4 V vocês i F Sv V compraram j SD v 4 V t i v SV 270 V t j V V V SQU 4 t j o quê 17 a O que i vocês compraram ti b SC V C 4 o quê k V C SF V SD F 4 V vocês i F Sv V compraram j SD v 4 V t i v SV 271 4 t j t j t k SV V V V V SQU 4 t j t k 18 a O que i que vocês compraram ti b SC V C 4 o quê k V C SF V que SD F 4 V vocês i F Sv 273 32 Movimento do Pronome Relativo Como já abordado no capítulo 6 o pronome relativo ou expressão relativa assume uma posição na periferia esquerda da sentença na posição de especificador do SC Observe a sentença abaixo 19 a A secretária com quem Pedro Paulo trabalha comprou um apartamento b SF V SDSNSPSCSF F 4 4 a secretária comprou um apartamento com quem Pedro Paulo trabalha b SD V SD SP V V D P V V D SN P SC V a N P SD C 275 O dado 20a é um típico exemplo de relativa restritiva Nesta oração a relativa é cons truída com pronome relativo quem que ocupa a posição Spec SC No entanto os exemplos 20bd têm comportamento distinto da oração 20a como se vê a seguir 3211 Relativas Construídas com Pronome Resumptivo Observe a sentença 20b renumerada seguida de sua estrutura 21 a O funcionário que você entregou as pastas para ele veio hoje b SF V SDSNSCSF F 4 4 o funcionário veio hoje que você entregou as pastas para ele b SD V D V D SN V o SN SC 276 V N C V N C SF 4 funcionário que você entregou as pastas para ele As sentenças relativas exemplificadas em 20bd apresentam o elemen to que introdutor da relativa Um grupo de linguistas considera esse elemento como pronome relativo Logo para esses linguistas o elemento que em 20bd é projetado na posição Spec SC No entanto seguimos neste livro a análise de outro grupo de pesquisadores que considera que o elemento conectivo que em 20bd é um complementizador e não um pronome relativo Logo em sentenças como 20bd atestase no português brasileiro uma reavaliação do elemento introdutor de relativas Em 21ab o elemento que introdutor da relativa que analisamos como um complementizador encontrase no núcleo da categoria SC o que demonstra que não houve movimento de um pronome de dentro da sentença para SC A estratégia de oração relativa exemplificada em 21 aponta para o preen chimento da posição relativizada por um pronome pessoal Logo o preenchi mento da posição relativizada ratifica a análise que tomamos acima em 21bb para relativas com pronome resumptivo não há movimento de dentro da oração relativa para a posição Spec SC Sentenças como 21 são conhecidas como copiadora ou resumptiva Segun do Kato Raposo 1996 307 280 as variações de altura do tom laríngeo que não incidem sobre um fonema ou uma sílaba mais sobre uma seqüência mais longa palavra seqüência de palavras e formam a curva melódica da frase Dubois et al 1998 O foco é a parte não pressuposta da sentença que afirma sobre algo Zubizarreta 1998 usa testes de pergunta resposta para determinar o que chama de estrutura de foco assertivo como se vê em 27 a O que João estuda b João estuda FOCO ASSERTIVO linguística Ao falarmos sobre marcação de foco é necessário ainda dizer que o foco pode ser marcado por meio de uma estrutura chamada de clivagem Veja a sentença abaixo 28 FOCO É um vestido que Marta fez Em 28 temos um exemplo de uma estrutura dita clivada em que ocorre o movi mento do SD um vestido para a periferia da sentença ensanduichado por é que para efeitos de marcação de foco 42 A Categoria Tópico O tópico segundo os funcionalistas e gerativistas é uma categoria que representa um conhecimento comum pressuposto entre falantes em uma dada enunciação cf Raposo 1996 Zubizarreta 1997 Observe um exemplo de tópico em 29 A Profa Simone Caputo ela é especialista em literatura africana caboverdiana Em 29 vêse um sintagma na periferia esquerda da sentença A Profa Simone Caputo retomado por um elemento interno na sentença ela A Profa Simone Caputo representa um conhecimento comum entre os interlocutores da sentença onde ela se insere A Profa Simone Caputo é o tópico Ela é especialista em literatura africana caboverdiana é o comentário 281 O estudo do tópico em linguística envolve uma tipologia que divide as línguas em i línguas de proeminência de tópico ou línguas orientadas para o discurso ii línguas de proeminência de sujeito ou orientadas para a sentença O português brasileiro apresenta os dois tipos de relação de predicação cf Ber link Duarte Oliveira A sair subseção 34 Observe as seguintes construções em Exemplo de predicação do tipo línguas de proeminência de tópico 30 Teatro eu prefiro mais comédia Exemplo de predicação do tipo línguas de proeminência de sujeito 31 No tocante a teatro eu prefiro mais comédia A sentença em 30 apresenta um elemento na posição de tópico teatro Este ele mento conectase semanticamente com a sentença comentário eu prefiro mais comédia no entanto não há uma conexão sintática do SD teatro com nenhum elemento interno à sentença comentário Nossas GTs costumam apresentar sentenças semelhantes a essas que exibem o que eles denominam quebra na sintaxe nas seções dedicadas às figuras de linguagem chamandoas anacolutos Estudos lin güísticos recentes as tratam como construções de tópico pendente cf Brito Duarte Matos 2003 Berlink Duarte Oliveira A sair subseção 341 A sentença 31 semanticamente similar a 30 expressa o tópico projetado em uma construção introduzida por conectivo preposicionado O tópico pode ainda ser expresso dentro de uma típica construção de sujeitopredicado O importante a ser ressaltado é que principalmente no português brasileiro falado estru turas de tópico como 30 chamadas de tópico marcado vêm sendo cada vez mais atestadas Dados como 29 e 30 exemplificam construções chamadas de tópico marcado também conhecidas como de duplo sujeito sendo o sujeito externo o tópico ou o sujeito do discurso e o interno o sujeito sintático um argumento selecionado pelo predicador 282 externo e às vezes interno que entra em relação de concordância com o verbo As chamadas construções de tópico marcado não constituem entretanto um conjunto homogêneo diferenciandose conforme a conectividade entre o tópico e a sentençacomentário Berlink Duarte Oliveira A sair subseção 34 Duarte 1987 e Brito Duarte Matos 2003 apontam cinco tipos de construções de tópico no português europeu moderno i Tópico Pendente este tópico é regido geralmente por uma expressão do tipo quanto a acerca de no que diz respeito a como em 32 Acerca de ontem é óbvio que existem pessoas aproveitadoras Observe que a relação sintática do tópico em 32 com o comentário é mínima ii Deslocamento à Esquerda do Tópico Pendente este tipo de tópico possui uma relação sintática mais forte com o comentário pois é retomado por um elemento pronominal na oração 33 A Helena ela adora moda iii Topicalização o elemento topicalizado pode ser qualquer categoria sintagmá tica sua retomada na oração é sempre uma categoria vazia e não apenas um sintagma determinante SD 34 A essa pessoa não dou valor algum iv Deslocação à Esquerda Clítica CLLD o tópico na periferia esquerda da sen tença é sempre retomado por um pronome clítico que manifesta concordância de caso número e gênero com o tópico 35 Aos de casa dálhes tudo de melhor v Topicalização Selvagem diferenciase da Topicalização porque o constituinte deslocado no caso um PP ocorre sem a preposição como em 283 36 Essa pessoa não dou crédito algum Galves 1998 Pontes 1987 Kato 1989 1993 1999 Kato Negrão 2000 Kato Raposo 2006 Araújo 2006 são alguns exemplares da literatura dedicada ao estudo do tópico em PB Em Galves 1998 apontamse duas construções de tópico que ocorrem no PB e que não são atestadas em PE i Tópico Sujeito é uma construção parecida com topicalização selvagem ver v acima por se tratar de um PP sem preposição na posição de tópico No entanto este tópico comportase como sujeito da sentença pois manifesta concordância com o verbo 37 Estas casas batem sol Compare a sentença 37 com a sentença Bate sol nestas casas ii Tópico com Pronome Lembrete pode ser do tipo a sujeito deslocado O sujeito é deslocado para a periferia da sentença mas um pronome em posição préverbal o retoma e este pronome concorda com o verbo 38 Essa casa ela é de madeira ii SP ou locativo deslocado O SP é deslocado sem a preposição como em tópico sujeito mas não manifesta concordância com o verbo um pronome lembrete preposicionado é retomado na posi ção do SP na oração 39 Esta parede bate sol nela 286 Na seção 3 enfatizouse que a posição de especificador do SC é uma posição de pouso de elementos movidos de dentro de uma sentença logo pronomes relativos e conectivos relativos posicionamse em Spec SC No entanto no português brasileiro alguns tipos de sentenças relativas são introduzidas por complementizadores Na seção 4 introduziramse as categorias foco e tópico ligadas à interface sintaxe discurso e ainda o SC cindido em categorias que permitem a projeção do foco e tópico 289 CARNIE A 2002 Syntax a generative introduction Malden USA Blackwell CASTILHO A T 1968 Introdução ao Estudo do Aspecto Verbal na Língua Portuguesa ALFA 12 11133 CASTILHO A T de 2006 Apresentação In Gramática do português culto falado no Brasil construção do texto falado orgs C C A S Jubran I G V Koch p 726 Cam pinas Editora da UNICAMP Vol 1 org 2002 Gramática do Português Falado 4 ed Campinas Editora da UNICAMPFAPESP Vol 1 2006 Apresentação In Gramática do português culto falado no Brasil cons trução do texto falado orgs C C A S Jubran I G V 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n d Aspectos etnolinguísticos da fala em uma comunidade quilombola do Pará Jursussaca São Paulo Manuscrito OLIVEIRA R P 2001 Semântica formal uma breve introdução Campinas SP Mercado das Letras Coleção Idéias sobre Linguagem 2004 Formalismos na lingüística uma reflexão crítica In Introdução à lin güística fundamentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 219250 São Paulo Cortez Vol 3 PAGOTTO E G 2007 Crioulo sim crioulo não uma agenda de problemas In Descri ção história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 461482 Campinas SP Pontes FAPESP PAYNE T E 1999 Describing morphosyntax a guide for field linguistcs Cambridge Cambridge University Press PASQUALE C N ULISSES I 2003 Gramática da língua portuguesa São Paulo Scipione PERINI M A 1989 Sintaxe do português metodologia e funções São Paulo Ática PERLMUTTER D 1978 Impersonal passive and the unaccusative hypothesis BLS 4 157189 PETTER M M T 2008a Langues africaines au Brsil contact des langues et chan gement linguistique Séminanaire dHistoire dÉpistemologie des Sciences du Langage Université de São Paulo avec Université Paris 7 302 2008b Variedades lingüísticas em contato português angolano português brasileiro e português moçambicano Tese de Livre Docência São Paulo Universidade de São Paulo PETTER M M T CARON B coordenadores 2005 Projeto a participação das lín 2005 Projeto a participação das lín guas africanas na constituição do português brasileiro PEZZATI E G 2004 O funcionalismo em lingüística In Introdução à lingüística funda mentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 165218 São Paulo Cortez Vol 3 POLLI T C 2002 Advérbios em mente Dissertação de mestrado Universidade de São Paulo 2008 A periferia esquerda no português brasileiro Tese de Doutorado Uni versidade de São Paulo PONTES E S L 1987 Sujeito da sintaxe ao discurso São Paulo Ática PróMemória Brasília Instituto Nacional do Livro Ensaios 125 O tópico no português do Brasil 1987 Campinas SP Pontes POSTAL P 1974 On Raising One Rule of English Grammar and Its Theoretical Implica tions Cambridge MA MIT Press PRETI J 2003 Apresentação In Análise de textos orais org J Pretti 6 ed São Paulo Humanitas FFLCHUSP Série Projetos Paralelos Vol 1 QUAREZEMIN S 2005 A focalização do sujeito no português brasileiro Dissertação de Mestrado Universidade Federal de Santa Catarina QUINT N 2008 A realização do sujeito em português do Brasil deriva vesrus Criouli zação In África no Brasil a formação da língua portuguesa org J L Fiorin M M T Petter p 101144 São Paulo Contexto RADFORD A 1988 Transformational grammar a first course Cambridge Cambridge University Press 304 SCHER A 2004 As construções com o verbo leve dar e nominalizações em ada no Português do Brasil Tese de doutorado Universidade de Campinas SELKIRK E 1995 Sentence prosody intonation stress and phrasing In Phonological theory ed J A Goldsmith p 550569 Oxford Blackwell SHACHTER P 1985 Partsofspeech systems In Language typology and syntactic descrip tion 1 clause structure ed T Shopen p 361Cambridge Cambridge University Press SHOPEN T 1985 Language typology and syntactic description 1 clause structure Cam bridge Cambridge University Press SILVA M C F 2004 Os anos 1990 na Gramática Gerativa In Introdução à lingüística funda mentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 131165 São Paulo Cortez Vol 3 SILVA NETO S 1963 Introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil Rio de Janei ro Instituto Nacional do LivroMEC SILVA R V M 2006 O nome e o sintagma nominal morfologia e estrutura In O portu guês arcaico fonologia morfologia e sintaxe p 99116 São Paulo Contexto SOUZA E R F 2004 Os advérbios focalizadores no português falado do Brasil uma abordagem funcionalista Dissertação de Mestrado UNESPSão José do Rio Preto TARALLO F 1983 Relativization stratgies in Brazilian Portuguese Ph D Dissertation University of Pensnsylvania 1993a Sobre a alegada origem crioula do português brasileiro mudanças sintáticas aleatórias Fernando Tarallo 19511992 In O Português Brasileiro uma via gem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo orgs I Roberts M A Kato p 3568 Campinas SP Editora da UNICAMP 1993b Diagnosticando uma gramática brasileira o português daquém e dalémmar ao final do século XIX Fernando Tarallo 19511992 In O Português Bra 305 sileiro uma viagem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo orgs I Roberts M A Kato p 69106 Campinas SP Editora da UNICAMP TORRES MORAIS M A C R BERLINCK R de A 2007 Eu disse pra ele ou disse lhe a ele a expressão do dativo nas variedades brasileira e européia do português In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 159184 Campinas SP Pontes FAPESP TRASK R L 1993 A Dictionary of grammatical terms in linguistics London Routledge VIARO M E 2007 Considerações acerca de mudanças semânticas de até no portu guês do século XIX In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 499512 Campinas SP Pontes FAPESP VILLAÇAKOCH I G 2007 Estratégias de tematização e rematização In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 299312 Campinas SP Pontes FAPESP VILLALVA A 2003 Estrutura morfológica básica In Gramática da língua portuguesa eds M H Mira Mateus A M Brito I Duarte I H Faria et al p 917938 7 ed Lisboa Editorial Caminho Parte V Aspectos morfológicos da gramática do português Cap 22 ZUBIZARRETA M L 1998 Prosody focus and word order University of Southern California Departamento of Linguistics Los Angeles CA 307 APÊNDICE I Leituras Complementares CAPÍTULO 1 As origens latinas do português ILARI R BASSO R 2006 Um pouco de história origens e expansão do português In O português da gente a língua que estudamos a língua que falamos p 1348 São Paulo Contexto Linguística histórica GABAS JR N 2003 Lingüística histórica In Introdução à lingüística domínios e frontei ras orgs F Mussalim A C Bentes p 77104 3 ed São Paulo Cortez TEYSSIER P 2001 História da língua portuguesa Trad Celso Cunha 2 ed São Paulo Martins Fontes Português Brasileiro FIORIN J L PETTER M M T orgs 2008 África no Brasil a formação da língua portuguesa São Paulo Contexto ILARI R BASSO R 2006 O português da gente a língua que estudamos a língua que falamos São Paulo Contexto LUCCHESI D BAXTER A RIBEIRO I orgs 2009 O Português AfroBrasileiro Salvador EDUFBA NOLL V 2008 O português brasileiro formação e contrastes Trad Mário Viaro Rio de Janeiro Globo ROBERTS I KATO M A orgs 1996 O Português Brasileiro uma viagem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo Campinas São Paulo Editora da UNICAMP 308 Projeto Gramática do Português Culto Falado no Brasil CASTILHO A T de 2006 Apresentação In Gramática do português culto falado no Brasil construção do texto falado orgs C C A S Jubran I G V KOCH p 726 Cam pinas Editora da UNICAMP Vol 1 ILARI R MOURA NEVES M H orgs 2008 Gramática do Português Culto Falado no Brasil Classes de palavras e processos de construção Campinas Editora da UNICAMP Vol II JUBRAN C C A S KOCH I G V orgs 2006 Gramática do português culto falado no Brasil construção do texto falado Campinas Editora da UNICAMP Vol 1 CAPÍTULO 2 Classes de Palavras SHACHTER P 1985 Partsofspeech systems In Language typology and syntactic descrip tion 1 clause structure ed T Shopen p 361Cambridge Cambridge University Press Estudos PréSaussurianos FARACO C A 2004 Estudos PréSaussurianos In Introdução à lingüística fundamen tos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 2752 São Paulo Cortez Vol 3 Estruturalismo ILARI R 2004 O estruturalismo lingüístico alguns caminhos In Introdução à lingüís tica fundamentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 5392 São Paulo Cortez Vol 3 Estrutura de Constituinte e a Competência Linguística NEGRÃO E V SCHER A VIOTTI E 2002 A competência lingüística In Introdução à lingüística I objetos teóricos org J L Fiorin p 95120 São Paulo Contexto NEGRÃO E V SCHER A VIOTTI E 2003 Sintaxe explorando a estrutura da sen tença In Introdução à Lingüística II Princípios de Análise org J L Fiorin p 81111 São Paulo Contexto 309 FRANCHI C NEGRÃO E V MÜLLER A L de P 1998 Um exemplo de argumenta ção em sintaxe Revista da ANPOLL 5 3763 Funcionalismo GONÇALVES S C L LIMAHERNANDES M C CASSEBGALVÃO V C 2007 In trodução à gramaticalização em homenagem a Maria Luiza Braga São Paulo Parábola Editorial PEZZATI E G 2004 O funcionalismo em lingüística In Introdução à lingüística funda mentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 165218 São Paulo Cortez Vol 3 Programas de Investigação Linguística Mentalista BORGES NETO J A 2004 O empreendimento gerativo In Introdução à lingüística fundamentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes São Paulo Cortez Vol 3 EVERETT D L 1992 A teoria chomskyana e uma discussão epistemológica In A lín gua pirahã e a teoria da sintaxe descrição perspectivas e teoria p 225272 Campinas SP Editora da UNICAMP Segunda parte perspectivas e investigações Sintaxe Gerativa BERLINK R A AUGUSTO M R A SCHER A P 2001 Sintaxe In Introdução à lingüística domínios e fronteiras orgs F Mussalim A C Bentes p 207244 São Paulo Cortez Vol 1 FRANCHI C NEGRÃO E V MÜLLER A L de P 1998 Um exemplo de argumenta ção em sintaxe Revista da ANPOLL 5 3763 MIOTO C FIGUEIREDO SILVA M C VASCONCELOS R E 2004 O estudo da gramática In Novo manual de sintaxe p 1138 Florianópolis Insular Cap 1 NEGRÃO E V SCHER A VIOTTI E 2002 A competência lingüística In Introdução à lingüística I objetos teóricos org J L Fiorin p 95120 São Paulo Contexto NETO J B 2008 O empreendimento gerativo In Introdução à lingüística fundamentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 93130 São Paulo Cortez Vol 3 310 SILVA M C F 2004 Os anos 1990 na Gramática Gerativa In Introdução à lingüística funda mentos epistemológicos orgs F Mussalim A C Bentes p 131165 São Paulo Cortez Vol 3 Teoria dos Papéis Temáticos MIOTO C FIGUEIREDO SILVA M C VASCONCELOS R E 2004 Teoria temática In Novo manual de sintaxe p 119164 Florianópolis Insular Cap 3 CAPÍTULO 3 Adjunção ROCHA M A F LOPES R E V A sair Adjunção In Gramática do português culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nascimento Campi nas Editora da UNICAMP Cap 4 A Teoria do Caso MIOTO C FIGUEIREDO SILVA M C VASCONCELOS R E 2004 A teoria do Caso In p 171211 Florianópolis Insular Categorias de Flexão no Português CASTILHO A T 1968 Introdução ao estudo do aspecto verbal na língua portuguesa ALFA 1211133 OLIVEIRA F 2003a Tempo e aspecto In Gramática da língua portuguesa eds M H Mira Mateus A M Brito I Duarte I H Faria et al p 127173 7 ed Lisboa Editorial Caminho Parte III Aspectos semânticos da gramática do português Cap 6 OLIVEIRA F 2003b Modalidade e modo In Gramática da língua portuguesa eds M H Mira Mateus A M Brito I Duarte I H Faria et al p 243254 7 ed Lisboa Editorial Caminho Parte III Aspectos semânticos da gramática do português Cap 9 VILLALVA A 2003 Estrutura morfológica básica In Gramática da língua portuguesa eds M H Mira Mateus A M Brito I Duarte I H Faria et al p 917938 7 ed Lisboa Editorial Caminho Parte V Aspectos morfológicos da gramática do português Cap 22 311 Estudos da Gramática Vistos por uma Perspectiva Internalizada CHOMSKY N 2002 Novos horizontes no estudo da linguagem e da mente Trad Marco A SantAnna São Paulo Editora da UNESP CAPÍTULO 4 Construções Inacusativas DUARTE I 2003b A família das construções inacusativas In Gramática da língua portugue sa eds M H Mira Mateus A M Brito I Duarte I H Faria et al p 507548 7 ed Lisboa Editorial Caminho Parte IV Aspectos sintáticos da gramática do português Cap 13 Aspectos da Predicação em Português BERLINK R de A DUARTE M E L OLIVEIRA M de A sair Predicação In Gramá tica do português culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nascimento Campinas Editora da UNICAMP Cap 3 CYRINO S NUNES J PAGOTTO E A sair Complementação In Gramática do por tuguês culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nasci mento Campinas Editora da UNICAMP Cap 2 CAPÍTULO 5 Gramaticalização GONÇALVES S C L LIMAHERNANDES M C CASSEBGALVÃO V C 2007 Introdução à gramaticalização em homenagem a Maria Luiza Braga São Paulo Parábola Editorial Teoria do Movimento MIOTO C FIGUEIREDO SILVA M C VASCONCELOS R E 2004 Mova A In Novo manual de sintaxe p 249274 Florianópolis Insular O nome pronome ILARI et al 1996 Os pronomes pessoais do português falado roteiro para a análise In Gramática do português falado orgs A T Castilho M Basílio p 72159 Campinas 312 Editora da Unicamp São Paulo FAPESP Volume IV estudos descritivos NEVES M H de M 2000 O pronome pessoal In Gramática de usos do português p 449470 São Paulo Editora da UNESP SILVA R V M 2006 O nome e o sintagma nominal morfologia e estrutura In O portu guês arcaico fonologia morfologia e sintaxe p 99116 São Paulo Contexto Objeto Nulo e Clíticos CYRINO S M L 1996 Observações sobre a mudança diacrônica no português do Bra sil objeto nulo e clíticos In ROBERTS I KATO M A Org O Português Brasileiro uma viagem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo Campinas São Paulo Editora da UNICAMP p 163184 GALVES Ch ABAURRE M B 1996 Os clíticos no português brasileiro elementos para uma abordagem sintáticofonológica In Gramática do português falado orgs A T Castilho M Basílio p 273319 Campinas UNICAMP São Paulo FAPESP Estudos Descritivos 4 CAPÍTULO 6 Orações Relativas e Teoria da Gramática MIOTO C NEGRÃO E V 2007 As sentenças clivadas não contêm uma relativa In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 159184 Campinas SP Pontes FAPESP KATO M A 1993 Recontando a história das relativas em uma perspectiva paramétrica In O Português Brasileiro uma viagem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo orgs I Roberts MA Kato p 223262 Campinas São Paulo Editora da UNICAMP TARALLO F 1993a Sobre a alegada origem crioula do português brasileiro mudanças sintáticas aleatórias Fernando Tarallo 19511992 In O Português Brasileiro uma via gem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo orgs I Roberts M A Kato p 3568 Campinas SP Editora da UNICAMP TARALLO F 1993b Diagnosticando uma gramática brasileira o português daquém e dalémmar ao final do século XIX Fernando Tarallo 19511992 In O Português 313 Brasileiro uma viagem diacrônica homenagem a Fernando Tarallo orgs I Roberts M A Kato p 69106 Campinas SP Editora da UNICAMP CAPÍTULO 7 Preposições no Português Brasileiro e Europeu CASTILHO A T de 2009b Para uma análise multissistêmica das preposições In His tória do português paulista org A T Castilho p 279332 Campinas SP UNICAMP Publicações IEL Série Estudos Vol 1 KEWITZ V 2009 Gramaticalização semanticização e discursivização das preposi ções a e para no Português Brasileiro séculos XIX e XX In História do português paulista org A T Castilho p 603636 Campinas SP UNICAMP Publicações IEL Série Estudos Vol 1 TORRES MORAIS M A C R BERLINCK R de A 2007 Eu disse pra ele ou disselhe a ele a expressão do dativo nas variedades brasileira e européia do por tuguês In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 159184 Campinas SP Pontes FAPESP VIARO M E 2007 Considerações acerca de mudanças semânticas de até no portu guês do século XIX In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 499512 Campinas SP Pontes FAPESP Sintagmas Preposicionais Adjuntos e Complementos CYRINO S NUNES J PAGOTTO E A sair Complementação In Gramática do por tuguês culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nasci mento Campinas Editora da UNICAMP Cap 2 ILARI R CASTILHO A T ALMEIDA M L L de KLEPPA L BASSO R M 2008 A preposição In Gramática do Português Culto Falado no Brasil Classes de palavras e processos de construção orgs R Ilari M H Moura Neves p 623804 Campinas Edito ra da UNICAMP Vol II 314 ROCHA M A F LOPES R E V A sair Adjunção In Gramática do português culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nascimento Campi nas Editora da UNICAMP Cap 4 Semântica e Quantificação CHIERCHIA G 2003a Semântica Trad L A Paggani L Negri R Ilari Campinas SP Editora da UNICAMP Londrina Pr EDUEL CHIERCHIA G 2003b Um universal lingüístico In Semântica p 75113 Trad L A Paggani L Negri R Ilari Campinas SP Editora da UNICAMP Londrina Pr EDUEL Capítulo 2 OLIVEIRA R P 2001 Semântica formal uma breve introdução Campinas SP Mercado das Letras Coleção Idéias sobre Linguagem CAPÍTULO 8 PronomesQ interrogativos BRAGA M L KATO M A MIOTO C A sair As sentenças interrogativasQ In Gra mática do português culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nascimento Campinas Editora da UNICAMP Cap 5 seção 54 As construções Q no português brasileiro falado relativas clivadas e interrogativas Tópico e Foco ILARI R 1991 Perspectiva funcional da frase portuguesa 2 ed Campinas SP UNICAMP KLEIN S Foco no português brasileiro 2003 In Semântica formal orgs A L de P Muller E V Negrão M J Foltran p125153 São Paulo Contexto PONTES E 1987 O tópico no português do Brasil Campinas SP Pontes POLLI T 2008 A periferia esquerda no português brasileiro Tese de Doutorado Uni versidade de São Paulo QUAREZEMIN S 2005 A focalização do sujeito no português brasileiro Dissertação de Mestrado Universidade Federal de Santa Catarina 315 SOUZA E R F 2004 Os advérbios focalizadores no português falado do Brasil uma abordagem funcionalista Dissertação de Mestrado UNESPSão José do Rio Preto Clivagem BRAGA M L KATO M A MIOTO C A sair As sentenças interrogativasQ In Gra mática do português culto falado no Brasil A construção da sentença orgs M A Kato M do Nascimento Campinas Editora da UNICAMP Cap 5 seção 54 As construções Q no português brasileiro falado relativas clivadas e interrogativas MIOTO C NEGRÃO E V 2007 As sentenças clivadas não contêm uma relativa In Descrição história e aquisição do português brasileiro orgs A T Castilho M A Torres Morais S M L Cyrino R E V Lopes p 159184 Campinas SP Pontes FAPESP MODESTO M 2003 A interpretação das sentenças clivadas In Semântica formal orgs A L de P Muller E V Negrão M J Foltran p 189204 São Paulo Contexto 318 3 Ver gabarito em Vol 2 Levando em conta a hipótese de autonomia da sintaxe discorra sobre o termo gra mática em seu sentido mais amplo e convencional e sobre gramática gerativa 4 Ver gabarito em Vol 2 Comente sobre críticas que os linguistas frequentemente fazem à gramática tradicional levando em conta as três características científicas apontadas em 21 no Capítulo 1 319 Exercícios II 1 Ver gabarito em Vol 2 Dado o seguinte conjunto de palavras em a José viu a moça com óculos escuros que formam a sequência linear a José viu a moça com óculos escuros represente em forma de árvore ou colchetes as possibilidades de organização do sintagma verbal VP a VP viu a moça com óculos escuros que apontam para duas leituras diferentes da sentença Obs suas representações devem garantir que a ordem linear do VP a seja mantida 2 Ver gabarito em Vol 2 Dadas as sentenças abaixo separe e etiquete cada um dos constituintes que as compõem a O menino viu a menina na sala b José disse que viu aquele menino ontem c Ela tem olhos verdes grandes 3 Ver gabarito em Vol 2 A partir do radical cant derive palavras em português a aponte os traços lexicais destas palavras NV b apresente exemplos sentenciais apontando características N ou V dessas palavras 4 Indique os papéis temáticos dos sintagmas grifados abaixo a João entregou o documento para o proprietário b A bola rolou do quintal para o mato 321 Coluna I Agente Fonte Experienciador Locativo Alvo Tema Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª atentando para os sintagmas em itálico Coluna II4 Os meus melhores amigos vivem no Porto O João guarda o passaporte no cofre O público escutou o conferencista A Maria guiou o jipe O vento partiu o vidro da janela O telhado assenta em seis barrotes Nós vamos para Lisboa O rapaz gaguejou Dália adora cozinhar e encher a casa de amigos O lavrador carregou o caminhão com feno A vendedora vendeu o livro à minha amiga O fumo amareleceu os cortinados Todos nós sentimos o perfume A água borbulha na chaleira Os presentes votaram a proposta A Vanessa recebeu uma carta da Fundação Gulbenkian As aulas decorrem na Faculdade O João guarda o passaporte no cofre O Paulo sabe Japonês Os meninos temem a tempestade 4 Exemplos de Duarte Brito 2003 188190 322 Exercícios III 1 Ver gabarito em Vol 2 Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª Coluna 1 1 øexpl sujeito nulo expletivo nãoreferencial 2 øarb sujeito nulo de referência indefinida arbitrária 3 ø sujeito nulo de referência definida 4 sujeito explícito de referência definida 5 sujeito explícito de referência não definida Coluna 2 atente apenas para a sentenças entre colchetes Parece que eu já vivi esta situação antes João trabalhou exaustivamente mas não parece cansado Marcos Simone e eu saímos mas a gente desistiu da noite e voltou pra casa Há muitas flores no jardim Maria disse que estava muito agitada pra conseguir parar e escrever Tinha umas roupas baratinhas naquele shopping Eu não sei como fazer mas daí você sair fazendo de qualquer maneira não dá Choveu sem parar no último mês E aí Copiaram Posso apagar o quadro Naquele curso da Faculdade falavase de pesquisa toda hora Existem inúmeras chácaras naquela região Dizem que o uso do cachimbo faz a boca torta Antes tocava muito rock bom no rádio mas agora a gente quase não ouve Eu passei por aquela cidade quando faziam lá uma certa festa muito engraçada Ele parece muito cansado e abatido depois de todo aquele esforço 2 Ver gabarito em Vol 2 Observe os sintagmas a seguir e faça o que se pede nos comandos imediatamente abaixo 323 a João sentiu fortes dores no peito ontem b Luísa vive em New York c Ela veio de Brasília ontem 1 Apresente o esquema de restrições argumentais de cada verbo 2 Dê a representação do SV 3 Dê a representação do SF 326 122 Sv V argumento externo v V v SV V argumento interno V V V argumento interno Cyrino Pagotto Nunes a sair 3637 Sentenças 1 José deu flores para a amiga 2 Jonathan e Hellena visitaram a mãe em Lisboa 3 Carlos orgulhase de sua filha 4 Eu dei uma verificada nos papeis tá tudo bem 5 Aquela pequena chora bastante 6 Rogério comprou o lap do feirante 7 Eu dei uma olhada na TV 8 A Jô chegou ontem 9 Patrícia deu uma lambidinha na colher de pau cheia de rapa de doce 10 Eu vou caminhar amanhã cedo no parque 11 Ana Maura pegou sua cadeirinha para Marco Antonio no quintal de sua casa 12 A porta fechou 13 Eu acabo fazendo a vontade da Lê 14 Iris endereçou a carta à amiga 15 Martinha toca piano 16 Ela adora feijão preto 327 17 A plantinha está crescida 18 Francisco riu um risinho amarelo 19 Pedro Henrique escreveu um conto para a professora de redação 20 Olha Chegou o camburão da polícia 21 A Luisinha irritou sua mãe 22 João Vítor devolveu o pote de balinhas para a mãe 23 Acontece que os exercícios já foram todos gabaritados 24 Eles têm uma capacidade de irritar os outros 25 Comprase jóias de ouro e prata 26 Carioca gosta de feijão preto 27 Há biblioteca naquela Faculdade 28 Você quer este livro 29 Joaquim assobiou um assobio estridente 30 Celina dá risada à toa Comando Projete as sentenças acima SFs atentando para as predicações inseri das em estruturas Sv eou SV 3 Ver gabarito em Vol 2 Classifique os verbos grifados abaixo em 1 verbo com mais de um argumento 2 verbo monoargumental 3 verbo sem argumento Ela espirrava o tempo todo no jardim Mari Ângela parece feliz Há ladrões em qualquer lugar do mundo Nevou forte ontem Entendese isto tudo muito bem Existem ladrões em toda parte José Eduardo vende frutas para os feirantes João Vítor adormeceu depois que contou inúmeros caminhões na estrada Márcia escreveu a apostila 09 Marta afiou a faca Elton ofereceu sua composição para um amigo É verdade que Pedro Henrique já é um préadolescente 328 José pigarreou durante a entrevista Parece que a maioria se sairá bem no curso Chove sem parar A faca caiu no chão Os professores andam cansados de greve 329 Exercícios V 1 Ver gabarito em Vol 2 I Represente os DPs abaixo 1 SF SD as primeiras provas do vestido de Andressa serão feitas amanhã 2 SF SD todos os três infelizes casamentos de Carla foram com homens ingleses 3 SF SD aquele apartamento velho em que o Marcos mora será reformado 2 Ver gabarito em Vol 2 Projete os períodos abaixo atentado para as sentenças N 21 Agradaria a todos que as férias já começassem amanhã 22 Eles nos autorizaram pra que entrássemos na área do acervo raro daquela biblioteca 23 Entristece Maria que o filho não ligue para os estudos 24 A verdade é que eles não querem ceder nunca 25 Convém que todos fiquem alertas durante as chuvas fortes 330 Exercícios VI 1 Ver gabarito em Vol 2 Observe os advérbios inseridos nas sentenças a seguir 1 Consequentemente depois da confusão todos foram para a delegacia 2 Ela interpretou a peça lindamente Comando i Descreva as características sintáticas dos advérbios acima verificando seu esco po área de abrangência semântica ii semanticamente como a gramática tradicional descreve esses advérbios iii a descrição sintática desses advérbios corrobora a análise de pertencimento desses itens lexicais a uma única categoria 2 Ver gabarito em Vol 2 Observe os itens lexicais nas sentenças a seguir 1 Ela sempre chega no mesmo horário 2 Ela chegou ontem Comando Os itens lexicais em 1 e 2 são considerados advérbios de tempo pela tradição gramatical Observando atentamente sempre e ontem em 1 e 2 você diria que eles expressam uma mesma e única noção de tempo 3 Ver gabarito em Vol 2 Observe o excerto abaixo seguido de uma listagem de itens lexicais e proceda ao comando da sentença Excerto Alguns advérbios são graduáveis admitindo por isso flexão de grau Quando são graduáveis têm superlativo absoluto sintético podendo então ser modificados por advérbios de quantidade Brito 2003 419 331 Lista de Itens Lexicais tarde não longe amanhã possivelmente logo Comando i Quais dos itens lexicais exemplificam a informação do excerto ii A tradição gramatical classifica todos os itens lexicais acima como advérbios Com base em sua resposta i você concorda com a tradição gramatical 4 Ver gabarito em Vol 2 Observe o excerto abaixo seguido de uma listagem de itens lexicais e proceda ao comando da sentença Excerto Há um pequeno número de advérbios que são transitivos isto é seleccionam argumentos o que os aproxima das preposições Brito 2003 420 Lista de Itens Lexicais longe muito acaso também depois hoje abaixo antes Comando i Quais dos itens lexicais exemplificam a informação do excerto Dê exemplos dos itens inseridos em sentenças ii A tradição gramatical classifica todos os itens lexicais acima como advérbios Com base em sua resposta i você concorda com a tradição gramatical 5 Ver gabarito em Vol 2 Tradicionalmente advérbios ou advérbios preposicionados quando ligados a verbos são considerados adjuntos do verbo Observe as sentenças abaixo 1 a O Jair vai b O Jair vai pra Bragança 2 a Xandinho mora b Xandinho mora na Zona Sul 332 3 a O Jair vai pra Bragança amanhã Faça a projeção arbórea das sentenças 1b 2b Pela projeção arbórea você ratifica a posição da tradição gramatical de que advér bios são adjuntos sempre 6 Ver gabarito em Vol 2 No capítulo 4 vêse que muitos particípios verbais funcionam sintaticamente como adjetivos ver definição em 62 naquele capítulo Observe as sentenças abaixo 1 a Fernanda está preocupada com a neta b Fernanda está preocupadíssima com a neta 2 a José é um homem ocupado b Ele é um homem ocupadíssimo Comando faça a projeção arbórea das sentenças 1a 1b faça a projeção arbórea das sentenças 2a 2b a partir das projeções arbóreas aponte a característica sintática que aproxima parti cípios verbais de adjetivos a partir de características morfossintáticas ratifique a razão de se considerar parti cípios verbais como formas similares a adjetivos 7 Ver gabarito em Vol 2 Faça a projeção arbórea de 1 Uma moça que você conhece bem deixou este recado pra você 2 Aquela aluna que pediu novo prazo para a entrega do teste está atrasada 334 Exercícios VIII 1 Ver gabarito em Vol 2 I Projete as sentenças entre colchetes a Ela perguntou por que Mariana voltou b Mariane não compra um carro porque não tem dinheiro c O medo de que os piratas atacassem o navio contagiava todo mundo d Os alunos que são bem sucedidos gostam de estudar para os exames e Heloísa queria sair de lá mas sua mãe a impedia 2 Ver gabarito em Vol 2 I Nas sentenças abaixo ag defina a categoria do item lexical que de acordo com a sequência abaixo 1 2 3 4 1 pronome interrogativo 2 complementizador 3 pronome relativo 4 conectivo a Ele não fez a prova por que razão b Eu quero que este livro seja lido c Ele não sabe porque Joana saiu d Kiko observava o que 3 eu falava e Ele fez aquela compra por quê f O que que ele fez g Olhe Lá estão as pessoas de que falamos 3 Ver gabarito em Vol 2 I Desenhe as projeções do sintagma em que o item lexical que se insere no exercício 2 Este livro foi composto em Minion Pro e Myriad Pro pela Editora Multifoco e impresso em papel offset 75gm²