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Ciências Econômicas ·

Filosofia

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FILOSOFIA E ÉTICA Professora Me Samanta Elisa Martinelli GRADUAÇÃO Unicesumar Acesse o seu livro também disponível na versão digital C397CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância MARTINELLI Samanta Elisa Filosofia e Ética Samanta Elisa Martinelli MaringáPr Unicesumar 2019 152 p Graduação EaD 1 Filosofia 2 Ética 3 EaD I Título ISBN 9788545919032 CDD 22 ed 101 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Mincof James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pósgraduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo Silvio Cesar Castro Designer Educacional Rossana Costa Giani Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Robson Yuiti Saito Qualidade Textual Monique Boer Ilustração Rodrigo Barbosa da Silva Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não so mente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão in tegral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educa dores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a quali dade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quan do investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequente mente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Crian do oportunidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi ca e encontramse integrados à proposta pedagógica contribuindo no processo educacional complemen tando sua formação profissional desenvolvendo com petências e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe cimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cresci mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fó runs e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das discussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra dis ponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica CURRÍCULO Professora Me Samanta Elisa Martinelli Tem graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá UEM 2014 e mestrado em Sociologia pelo Programa de Pósgraduação da Universidade Federal do Paraná UFPR 2017 Atuou como professora mediadora do curso de Gestão Pública no Centro Universitário de Maringá UniCesumar em 2018 e atualmente participa do curso de Gestão das Organizações do Terceiro Setor na mesma instituição Tem experiência na área de sociologia com ênfase em sociologia do trabalho atuando principalmente nos seguintes temas taylorismo fordismo e toyotismo indústria da costura produção flexível e microempreendedorismo httplattescnpqbr8527275668975719 SEJA BEMVINDOA Caroa alunoa seja bemvindoa ao estudo sobre Filosofia e Ética Este material didático tem como objetivo promover o conhecimento a análise e prin cipalmente a reflexão e a construção crítica do conhecimento promovendo a busca in cessante pela compreensão dos fatos e dos dilemas éticos que vivenciamos no mundo contemporâneo Ao longo das cinco unidades deste livro buscaremos a partir de reflexões filosóficas o sentido da ética em nossas ações Elucidaremos alguns temas a partir do olhar de gran des teóricos que se debruçaram sobre as relações humanas Nesse sentido nossa primeira unidade é dedicada ao pensamento filosófico prático e à importância do ato reflexivo assim como à formação e à transformação dos nossos valores e da moral Destacamos a potencialidade da espécie humana de racionalização de reflexão e de fundamentação de ideias Assim desvendaremos como nossas ações e nossos comportamentos devem estar pautados no esclarecimento e na lucidez da razão Na segunda unidade adentramos as ciências das humanidades para discorrer a respeito das relações humanas decorrentes do processo civilizatório refletindo sobre a ordem social e as relações em sociedade Ao longo do texto os temas tratados buscam pro mover a importância do progresso do espírito humano Induziremos a reflexões sobre o mundo ao nosso redor e os nossos deveres éticos na nova ordem moderna abordando os temas do trabalho e da ética profissional Em nossa terceira unidade versamos a respeito dos legados das construções históricas do Oriente e do Ocidente para a formação do espírito científico A reflexão o senso crítico e a busca do esclarecimento farão parte da composição do conhecimento lega dos visíveis que ajudaram a construir os paradigmas da razão moderna Nosso olhar se debruçará sobre a formação do corpo político e a construção dos primeiros passos da sociedade civil relacionando essa compreensão ao tema da moral A quarta unidade tratará das mudanças atuais no mundo do trabalho e as exigências de novas compreensões da ética profissional Suscitanos a refletir sobre como faremos para realizar as novas leituras sociais desafios tocantes ao tema da ética Estimularemos a reflexão sobre a relação da moral e das regras de comportamento Também pensa remos em como as ciências econômicas e políticas se apresentam nessas reflexões a respeito da ética e do progresso humano E por fim na nossa quinta unidade concluiremos nossas reflexões tratando de diversos temas da contemporaneidade que se relacionam às questões éticas Trataremos da vio lência da corrupção da educação da família do direito à vida e da exclusão Bons estudos APRESENTAÇÃO FILOSOFIA E ÉTICA SUMÁRIO 09 UNIDADE I A FILOSOFIA E A CONSTRUÇÃO DAS NOÇÕES ÉTICAS 15 Introdução 16 A Atitude Filosófica 19 A História da Filosofia e a Construção da Moral 26 Ética 30 Considerações Finais 35 Referências 36 Gabarito UNIDADE II A CIÊNCIA A FILOSOFIA E A UNIVERSIDADE 39 Introdução 40 As Ciências Humanas e a Razão Filosófica 45 As Pressuposições Filosóficas na Racionalidade Científica 49 A Formação Profissional e a Atitude Ética 57 Considerações Finais 63 Referências 64 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III A ÉTICA E A AÇÃO HUMANA 67 Introdução 68 Os Legados do Conhecimento e a Formação do Corpo Político 72 Teorias Éticas e Seus Paradigmas 79 A Diversidade das Teorias 82 Considerações Finais 87 Referências 88 Gabarito UNIDADE IV A ÉTICA PROFISSIONAL 91 Introdução 92 A Ética Profissional e a Responsabilidade no Mercado de Trabalho 99 Imperativos Éticos na Profissão do Economista 106 Ética Cidadania e Política 111 Considerações Finais 117 Referências 118 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V ÉTICA E CONTEMPORANEIDADE 121 Introdução 122 Ética e Violência 128 Ética Conhecimento e Educação 132 Ética e Corrupção 136 Considerações Finais 143 Referências 145 Gabarito 146 Conclusão UNIDADE I Professora Me Samanta Elisa Martinelli A FILOSOFIA E A CONSTRUÇÃO DAS NOÇÕES ÉTICAS Objetivos de Aprendizagem Apresentar o pensamento filosófico prático e a importância do processo reflexivo Compreender o papel da filosofia no mundo moderno apresentando a construção do significado da moral assim como a importância da formação dos valores e das normas Descrever o comprometimento da ação ética e a sua importância para a sociedade Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade A atitude filosófica A História da filosofia e a construção da moral Ética INTRODUÇÃO Caroa alunoa nesta unidade discutiremos sobre o pensamento filosófico e entenderemos o porquê do dever de estarmos constantemente refletindo sobre os fatos presentes em nossa vida Veremos as consequências das atitudes impen sadas para o indivíduo mas principalmente para o coletivo Veremos como nossas convicções simbolizadas por valores orientam nossas ações individuais e fazem com que muitas vezes nossos valores sejam colocados à prova nos mais variados ambientes Abordaremos como as culturas social política econômica e religiosa influenciam a formação de nossos valores e da nossa moral Compreenderemos como o pensamento está sempre em movimento e que necessitamos da filosofia especialmente nos dias atuais pois muito mais do que apenas teoria ela representa o conhecimento prático No mundo moderno ana lisaremos como é importante termos nossas opiniões construídas por meio da reflexão Constataremos que as verdades não são permanentes havendo dúvidas em aperfeiçoamento por meio do pensar e baseadas sempre na razão Viver em sociedade é ter deveres a cumprir Observaremos então que a construção da moral é histórica pois enquanto seres humanos percebemos que para viver em sociedade seria necessário o firmamento de acordos pactos sociais comuns nos quais a nossa liberdade seria colocada em favor da ordem do coletivo Veremos como os conceitos de razão e de liberdade fazem parte dos princípios filosóficos e também como se constrói a formação do corpo moral coletivo Refletiremos a respeito da ética e de como alcançamos a atitude ética Esclareceremos as questões a respeito dos juízos de valor formados Discutiremos sobre a moral e as construções das regras e das normas sociais Justificamos o porquê de a moral precisar ser o ideal desejado pois enquanto isso não ocorrer será difícil formamos uma sociedade coesa que a reconheça e aja eticamente Considerando que a moral tem caráteres histórico temporal e mutável abordaremos sobre o seu progresso e sua dificuldade no que tange à sua aceitação constituída Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 15 A FILOSOFIA E A CONSTRUÇÃO DAS NOÇÕES ÉTICAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 16 A ATITUDE FILOSÓFICA O PENSAMENTO FILOSÓFICO Para entendermos o que é atitude filosófica primeiramente precisamos enten der o que é a Filosofia e o pensamento filosófico Filosofia é a lucidez em meio a toda confusão que nos cerca TIBURI 2006 p 46 online¹ é a expressão mais viva do pensamento do homem sobre si e sobre as coisas que o rodeiam Para que o homem compreenda racionalmente a própria existência ele pensa reflete e busca formas de compreensão da vida social Contudo por que o ser humano em determinados momentos históricos passa a buscar tan tas explicações Justamente por essa natureza humana que carrega o poder e a potencialidade da racionalidade devemos enquanto espécie potencializar tal razão a nosso favor Segundo o filósofo prussiano Immanuel Kant não se ensina filosofia ensi nase a filosofar SOUZA 2011 p 18 Portanto filosofar é a atitude de pensar é o comportamento pensante Apesar da reflexão ser uma habilidade potencial mente natural só o hábito é capaz de desenvolvêla SOUZA 2011 A expressão cunhada pelo filósofo francês René Descartes é de que a razão é a forma que A Atitude Filosófica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 17 assegura nossa existência Então se você pensa existe e essa é uma verdade irre futável Entretanto pensar é também trazer à mente a dúvida constante sobre si e sobre os fatos Por isso a filosofia tem como característica a autocrítica para alcançar a verdade que nada mais é do que sempre colocar o pensamento à prova refutando concepções fundamentalistas desconstruindo préconceitos vigentes que nada mais são do que opiniões não fundamentadas que passam a ter sentido de verdade SOUZA 2011 p 1920 PARA QUE PENSAR Lembrese sempre pensar nos humaniza isto é o ato de filosofar é profunda mente humanizante SOUZA 2011 p 30 Se não pensamos o mundo se torna muito mais perigoso Podemos dominar as novas tecnologias voar para o outro lado do mundo em poucas horas obter conhecimento à distância investigar a possibilidade de vivermos em outro planeta dominar de certa forma a natureza porém nada disso nos servirá se não aprendermos a ter autodomínio Atitudes impensadas são desastrosas para o indivíduo e para o coletivo Muitas vezes nossas atitudes falam tão alto que conseguimos saber o que determinado sujeito pensa apenas observando suas ações Percebemos que o ato de pensar pode ser contemplado com mais atenção em certos meios do que em outros Por exemplo muitas vezes esboçamos comportamentos de refle xão quando estamos em família com nossos filhos e em momentos em quem exaltamos nossas crenças religiosas Todavia deslocados para outro ambiente como por exemplo imersos em local de alta competitividade podemos irrefle tidamente agir destoantes de nossas convicções de pensamento formadas por aquilo que denominaremos valores Imamnuel Kant 17241804 ganhou destaque como pensador da filosofia moderna com a elaboração do Idealismo Transcendental Fonte a autora A FILOSOFIA E A CONSTRUÇÃO DAS NOÇÕES ÉTICAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 18 A prática filosófica está imersa no meio social e sofre influências deste Começamos a pensar observando o meio em que estamos e a vida que almeja mos Muitas concepções do homem surgem a todo o momento e são colocadas em evidência pois a construção de novos conceitos analisa a natureza do ser em movimento Assim o que você pensa hoje não necessariamente será igual ao que você pensará amanhã O que causa tal transformação é a atitude filosófica ou seja a atitude reflexiva O ato de filosofar pode ter como consequência a ação que promove as mudanças de comportamento e de visão do mundo É assim que o indivíduo se reconstrói no decorrer da história da humanidade pelo ato de pensar atribuindo sentido de valor às coisas e às pessoas Nessa perspectiva há grande influência das culturas social política e econômica na construção dos valores pois o homem reflete sobre aquilo que o cerca Pensemos em um exemplo dinâmico a respeito das influências da cultura e do meio em nossas ações Quando vemos o noticiário na TV expondo um ato considerado como atrocidade a atitude mais imediata da maioria das pessoas é resgatar o instinto de humanidade Momentaneamente refletimos e evocamos sentimentos de piedade de benevolência de reciprocidade etc que só são resga tados porque refletimos sobre a reportagem noticiada Porém em um ambiente de trabalho extremamente competitivo aqueles pensamentos outrora estimu lados são reprimidos e podem dar vasão a outras atitudes totalmente opostas às anteriores como a hostilidade a individualidade e a frieza Com a dinâmica da vida moderna muitos de nós não conseguimos parar e pensar sobre o que fazemos com o mundo e com os nossos valores É por meio dessa capacidade de pensar que poderemos criar novos horizontes e um mundo melhor Qual a função da filosofia nos dias de hoje Isto é qual a função prática do que nos acostumamos a ver como apenas teórico Márcia Tiburi A História da Filosofia e a Construção da Moral Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 19 A HISTÓRIA DA FILOSOFIA E A CONSTRUÇÃO DA MORAL A FILOSOFIA HOJE E O INDIVÍDUO MODERNO O homem contemporâneo é um indivíduo pensante Estamos imersos por diver sas formas de saberes pela rotina de vida cheia de afazeres pelos desejos de consumo pela intensa tecnologia que chega em nossas casas trazendo notí cias e informações de todos os lugares sobre todos os assuntos Portanto o indivíduo moderno é o administrador da vida social esta que suscita sonhos projetos e desejos de felicidade A todo tempo queremos alcançar mais Como fazemos isso Primeiramente por meio da atitude filosó fica pensando sobre o que fazemos e sobre o que queremos de fato para o nosso futuroPrecisamos ter lucidez para olhar o mundo com nossas próprias lentes TIBURI 2006 online¹ Pensamos para não seguir apenas opiniões alheias conceitos e definições dados por outros Para que o novo conhecimento nasça muitas vezes o anterior precisa ser negado Para que a sociedade se transforme valores precisam ser muda dos Esse é o maior desafio do homem moderno pois as mudanças podem afetar nossos valores éticos e podemos A FILOSOFIA E A CONSTRUÇÃO DAS NOÇÕES ÉTICAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 20 deixar de ser quem somos Esse antagonismo reflete em conflitos de ideias como Fé versus Ciência Homem versus Natureza Prazer versus Moral É nesse contexto em constante transformação que o homem moderno tenta equilibrarse emocionalmente Algumas das características problemáticas do indivíduo na atualidade são O agravamento e o desnorteamento de valores Complexidade crescente da problemática humana A relação homemnatureza que simboliza o conflito sociedadenatureza Aumento das doenças psicológicas A velocidade de adaptação às mudanças no mundo do trabalho A ética em meio às vivências cotidianas Perda de identidade e de autonomia pessoal Essas são apenas algumas das expressões presentes no modo de vida moderno Então como podemos viver melhor A filosofia acredita que o indivíduo moderno deve sempre fazerse perguntas que variarão de acordo com o tempo histórico O que eu pergunto hoje aqui e agora TIBURI 2006 p 46 online¹ sofre influências da realidade cultural sobre a qual estou imerso Por isso podemos ter repostas e interpretações diferentes sobre a mesma pergunta Por exemplo se perguntarmos sobre noções de fé em países europeus ocidentais é bem possível que as respostas tendam a desconsiderar a justificação da vida pela religião já que pesquisas comprovam que as populações do Ocidente europeu se demons tram menos propensas às crenças religiosas BBC 2018 online² Todavia em muitos países africanos do Oriente Médio e do Leste Europeu possivelmente haverá respostas mais justificadas por esse motivo uma vez que essas regiões apresentam alto índice de adesão às religiões demonstrando convicção íntima de que algo superior exista e pode influenciar vidas A História da Filosofia e a Construção da Moral Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 21 De certa maneira todos alimentamos a fé em algo na religião na política na ciência na família no trabalho no sistema financeiro etc Essas certezas são apenas verdades impermanentes sempre colocadas à prova construídas por meio da atitude filosófica mas estruturadas por aquilo a que chamamos valores éticos e morais que governam as nossas decisões e os nossos comportamentos A HISTÓRIA DA MORAL Devemos ter em mente que toda moral se ampara em construção normativa isso quer dizer que todas as normas e as regras morais que seguimos ou que deverí amos seguir nascem da própria sociedade e são construídas pelos indivíduos Importante destacarmos que as construções de regras sociais variam de acordo com a sociedade influenciadas pela cultura Portanto a moral existe quando os indivíduos que compartilham da mesma comunidade pautam seus comporta mentos por normas vigentes situadas no plano simbólico e institucional Todos nós devemos aceitálas para que tenham legitimidade ou seja sejam reconhe cidas para assim serem praticadas Esse comportamento prático é a ação ética Como essa moral nasce Por que nos pautamos em valores que vieram ante riormente a nós frutos da construção social Determinados valores morais têm validade em demais sociedades Quais são as consequências de não nos funda mentarmos na moral estabelecida Essas são perguntas recorrentes de qualquer pessoa que queira refletir a respeito da moral Primeiramente gostaria de tratar do caráter histórico da moral Devemos compreender que ela tem caráter mutável e se altera com o decorrer do tempo pois as sociedades mudam seus valores e os indivíduos também Vejamos a noção de família na construção histórica brasileira Há anos os arranjos coleti vos familiares se distribuíam seguindo o padrão heteronormativo e sacralizado pela moral cristã Isso quer dizer que a instituição família se protegia e se cons truía nesse parâmetro de moral conservadora quase que absoluto Conforme a sociedade se transformou as relações se tornaram mais fluí das os arranjos que outrora eram inquestionáveis passam a ser contestados por certos grupos O número de filhos com pais separados cresce BERGAMASCO A FILOSOFIA E A CONSTRUÇÃO DAS NOÇÕES ÉTICAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 22 2007 online³ o número de relações homoafetivas também assim como novos núcleos de arranjos familiares com quantidade menor de filhos Todos esses fatores expostos são frutos da cultura da modernização que possibilita altera ções de valores de formas de compreender o mundo e de refletir a respeito das relações sociais por outro viés O que esses arranjos querem dizer Que a moral deixou de existir Não Querem dizer que os valores pelos quais somos guiados são constantemente questionados e se transformam Então é importante lem brarmos que a moral se reconstrói pautada por novos valores incorporados e aceitos socialmente Por isso devemos sempre lembrarnos que quando alguém julga o comportamento como moral ou amoral como certo ou errado precisa identificar em qual moral se pauta e qual é o fundamento de sua construção A CONSTRUÇÃO DA MORAL A moral representa o conjunto de regras de conduta responsável por organizar as relações interpessoais que dão certa configuração ao ordenamento social Na sociedade as normas têm papel simbólico e jurídico Portanto a construção de regras faz parte da elaboração da moral e dos valores que determinada sociedade carrega e que são transformados em normas Se cada um de nós pudéssemos fazer o que quiséssemos possivelmente a moral não existiria Para que ela se estabeleça é preciso que as regras tenham sentido para a sociedade Se esta não reconhece como legítimo seus valores morais terá dificuldades para que seus membros obedeçam às regras de conduta Nesse caso teríamos uma comuni dade guiada pela repressão cotidiana comportamento regulado exteriormente Onde estão fundamentados os seus valores morais Esses valores estão ar raigados na concepção mais conservadora ou liberal de sociedade A História da Filosofia e a Construção da Moral Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 23 chamado de heterônoma De modo geral no pensamento filosófico acredita se que para formarse o sujeito moral é necessário que ele se torne autônomo execute a conduta sem precisar de instrumentos de regulação externa para que obedeça A moral efetiva é aquela em que o sujeito tenha vontade livre de obedecer Diante do olhar sociológico o medo da possível punição também desfavo rece o cumprimento de condutas morais e os laços sociais entre os indivíduos Segundo o sociólogo francês Émile Durkheim é preciso haver solidariedade social para que tenhamos uma sociedade coesa Para o autor a moral é um sistema de regras sancionadas cuja obediência implica em uma punição prées tabelecida e que desperta em nós um respeito incomensurável WEEIS 2011 p 150 Em sua perspectiva o indivíduo precisa desejar cumprir as regras por considerálas a forma correta de agir Se não for dessa maneira os homens não conseguiriam praticála Além do desejo a moral incita dever Portanto repre senta o sistema de regras que nos comandam mas também simboliza o ideal a ser desejado WEISS 2011 p 151 Tanto do ponto de vista filosófico quanto sociológico o indivíduo deve identificarse com a moral construída Esta deve representar o instrumento de humanização não de subjugação e de controle Nos aproximemos dessa ideia por meio de alguns dilemas morais cotidianos pensando na questão tributária brasileira Diante de concepção geral a cobrança de impostos no Brasil é muito mais exercida pela força da lei do que pelo ato consciente e espontâneo por parte dos cidadãos Se não fôssemos obrigados a contribuir certamente boa parte da população não contribuiria porque não reconhece o imposto como dever social coletivo Talvez algumas pessoas até reconheçam a importância da tributação mas por fatores de má administração dos recursos públicos nem sempre nota mos o retorno social em forma de benefício à população e isso torna a tributação uma prática muito mais de subjugação ou seja como sistema de regras não dese jado e ilegítimo simbolicamente Porém institucional e juridicamente continua sendo legítimo por isso a fiscalização e a punição são efetivadas A FILOSOFIA E A CONSTRUÇÃO DAS NOÇÕES ÉTICAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 24 A TRANSFORMAÇÃO DA MORAL Todo conjunto de regras sociais pode ser modificado no percurso da humani dade As construções sociais se diferenciam de sociedade para sociedade de acordo com a cultura e a formação dos valores Valores tradicionais podem ser sucedidos por novos valores modernos e isso acontece pela própria dinâmica social sempre em movimento Em sociedades mais enraizadas culturalmente as mudanças dos valores tradi cionais podem encontrar maiores obstáculos evidenciando o intuito consciente dos indivíduos de proteção daquilo que acreditam e que estão acostumados a seguir Porém em sociedades modernas a dinâmica comunicacional interferiu nas formas de organização social com a ajuda do fenômeno da globalização e com a explo são da internet e das mídias sociais as barreiras culturais se tornam transponíveis Não existe essência moral com princípios absolutos CRIPA 2015 pois não existe a moral verdadeira e sim a moral concebida pelos homens constru ída e transformada pelos agentes sociais e históricos Precisamos ter em mente que a moral só existe no processo de relação social quando nós enquanto indi víduos visualizamos nossas ações coletivas e temos consciência dessas relações Agindo coletivamente criamos a percepção da existência do outro admitindo que as prescrições que regem a vida social são necessárias para a vida harmo niosa em sociedade Se um membro da sociedade tem comportamento que não se ajusta ao interesse coletivo ele não reconhece a moral como legítima ou tal vez não reconheça a importância do seu papel no coletivo Os pactos sem a espada são apenas palavras e não têm a força para defen der ninguém A História da Filosofia e a Construção da Moral Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 25 Em relação à liberdade da moral resgatamos algumas ideias de Kant Considerando a liberdade como condição da moralidade representada na auto nomia os indivíduos segundo o autor têm a capacidade de agir de acordo com a lei que emana da razão Sendo assim as ações guiadas pela razão assumem forma de dever Isso quer dizer que é pela razão que a moral é construída Para Kant 2012 o ser humano tende a produzir ao longo da vida ações guiadas pelos instintos Porém para que o homem adentre na moralidade deve desconside rar a ação instintiva pois não representam bom caminho nem bom indicativo para a construção da moralidade A preocupação se baseia por ser a moralidade condição do aperfeiçoamento humano pois produz o bem geral Certamente a sociedade que aprimora suas relações sociais e políticas demonstra moralidade bem concebida O indivíduo disposto a agir moralmente demonstra sentimento moral certo respeito pela lei da razão A ideia de dever expressa que a natureza humana não é guiada por seus instintos mas pela razão Essa é a concepção de liberdade de Kant Não é meramente poder fazer o que quiser mas agir de acordo com a sua consciên cia O indivíduo formula regras e seus imperativos são executados pelo dever A liberdade a que Kant se refere está na autonomia da razão sendo o homem capaz de originar leis para si mesmo e guiar suas ações de acordo com as nor mas sociais emanadas a partir da racionalidade Dessa forma a moralidade deve ser exercida como fim sendo praticada pela autonomia da vontade Tendo na razão o nascimento das leis do conheci mento há a permissão para que as normas de ações morais sejam instauradas na sociedade Tais normas nos dirão como agir e nós fornecerão valores para dire cionarmos nossas ações práticas Portanto para Kant 2012 concordamos com a moral reguladora porque tivemos a livre vontade de praticála A FILOSOFIA E A CONSTRUÇÃO DAS NOÇÕES ÉTICAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 26 ÉTICA A DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL Muitas vezes confundimos a ética com a moral Em muitos ambientes pode mos presenciar a discussão dessas duas terminologias que nascem por meio do pensamento filosófico e da vida em sociedade A discussão sobre ética e moral só existe devido às relações sociais que estabelecemos na vida coletiva Constantemente julgamos nossas ações e se não a fazemos outros indivíduos fazem por nós Isso se estabelece porque criamos o pacto social para conseguir mos viver em sociedade na qual temos deveres Em termos de análise política alguns grandes pensadores se debruçaram sobre o tema do pacto social e foram denominados os contratualistas representados por Thomas Hobbes John Locke e JeanJacques Rousseau Ética Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 27 Para Thomas Hobbes somos compelidos a obedecer um poder comum HOBBES 2009 p 78 para que consigamos viver coletivamente Para Jean Jacques Rousseau 2011 o homem necessita fazer o comum acordo no qual a essência do corpo político está na concordância entre a obediência e a liberdade ROUSSEAU 2011 As cláusulas desse pacto se baseiam na razão princípio do pensamento filosófico Assim para Rousseau saímos de nosso estado de natureza e passamos para a civilidade coletiva Essa associação produz os corpos moral e coletivo ROUSSEAU 2011 que designamos como a república o corpo polí tico e dessa forma o povo se submete às leis do Estado Portanto para que não vivenciássemos barbáries o homem se limitou a pôr sua liberdade em favor do acordo comum de obediência Reprimiu seus ins tintos naturais e passou a ser guiado por regras de convivência em sociedade Firmamos o pacto para que o caos não se instaurasse Contudo é importante salientar que é preciso haver o estabelecimento do pacto precisamos constituir regras e é nesse ponto que somos conduzidos pela moral comum Portanto desde a Grécia Antiga até a contemporaneidade é necessária a formação de comuni dade política para que se alcance a moral É nesse aspecto que chegamos à ideia fundamental para compreendêla a coletividade social O SER ÉTICO Toda a nossa existência passa pelo crivo da ética Mas convenhamos muitas vezes não sabemos muito bem o que essa palavra significa A ética está presente na fala de muitos porém para a entendermos precisamos de atenção pois é antes de tudo uma ação ou seja um exercício Por isso a filósofa Márcia Tiburi 2014 afirma que a ética está para além da fala ela se faz na experiência vivida Segundo a autora a mera análise de uma teoria ética ou o seu ensino podem ser pu ramente moralizantes não garantem que alguém se torne ético isso quer dizer que a ética remete ao grande desafio que a prática nos coloca diariamente a cada momento em que vivemos no mundo da ação par tilhado com outras pessoas TIBURI 2014 p 13 A FILOSOFIA E A CONSTRUÇÃO DAS NOÇÕES ÉTICAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 28 Discorrer sobre a ética não nos torna éticos Se não entendermos a que a ética nos impulsiona jamais conseguiremos praticála O primeiro passo é pensar mos sobre esse conceito e sobre o nosso comportamento perante a sociedade ou seja perante os outros ao nosso redor Por isso é tema do campo filosófico porque exige a reflexão sobre a moral e também a análise da nossa vida prática A ética é o comprometimento firmado em relação ao outro demonstrase na prática quando nos responsabilizamos por nossas falas e ações Portanto remete à responsabilidade ou melhor responsabilizarse pelo que se é no mundo em que se vive com os outros TIBURI 2014 p 15 Pensemos em um exemplo prático ser ético nas relações de trabalho Quando vivenciamos tais relações vemos que fazemos parte do processo coletivo Mesmo que tenhamos nossa existência como indivíduo preservada em nossas particularidades os resultados de nossas ações afetam a todos Principalmente em grandes unidades coorporativas nas quais podemos ver o desenvolvimento de equipes de metas de cooperação e de lide rança Todas essas palavras remetem ao coletivo Não há equipes formadas por apenas um indivíduo pois até podemos cumprir metas individuais mas ao deixar de cumprilas logo vemos sua dimensão coletiva pois o que deixamos de reali zar certamente influenciará no trabalho de outro A cooperação se caracteriza como atividade mutualística e para o exercício da liderança é exigido que já tenha mos liderado Todas essas suscitações sugerem o comprometimento com o outro O comprometimento está intimamente ligado à responsabilidade que como já discorremos compõe a práxis da ética Quando firmamos o compromisso e não o cumprimos dizemos o que somos para os outros ao nosso redor Quando somos incapazes de assumir a responsabilidade por aquilo que desempenhamos demonstramos comportamento antiético Mas a ética não está ligada somente a grandes compromissos existenciais mas a cotidianidades Você pode até cum prir o compromisso com seu chefe mas se descumprir sua palavra para com seu filho com seu amigo e com a sociedade precisará refletir a respeito da natureza de seu comportamento antiético Com nossas ações podemos oprimir alguém ou emancipálo incentiválo diminuílo fazêlo crescer ou simplesmente des truílo Por isso devemos sempre pensar sobre a qualidade das relações que estabelecemos com o que há neste mundo e sobretudo uns com os outros TIBURI 2014 p 17 Ética Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 29 COMO NOS APROXIMAR DA AÇÃO ÉTICA Em termos de definições podemos denominar ética como O modo de pensar e de agir que demonstra sua urgência justamente nesses contextos vazios de reflexão filosófica em que o comodismo de pensamento é uma espécie de lei a qual se submetem todos os corpos Ética em si mesma é a filosofia prática TIBURI 2014 p 23 Refletindo a respeito do trecho acima perceberemos que não encontraremos receita pronta sobre como agir eticamente a ética não está dada ela é o que se busca TIBURI 2014 p 34 Temos que refletir sobre esse tema pois toda a ação coti diana está ligada ao outro e implica em consequências Se tudo passa pelo crivo ético então podemos dizer que a ação ética está sujeita à observação de julgamen tos pautados nas normas socais vigentes Temos que enfatizar que a ética envolve ação prática sendo que por meio dela avaliamos quem somos ou o que nos tor namos por isso somos o que fazemos não o que falamos nem o que pensamos Para saber como nos tornamos quem somos precisamos dispornos a pensar assim podemos conhecernos melhor transformar nossas ações e reinventarnos Quando pensamos podemos ir além de nós podemos visualizar o outro Colocarse no lugar do outro e enxergar o mundo como ele o observa é reali zar o exercício daquilo que denominamos alteridade Reconhecer o diferente é imprescindível para a ação ética Temos a pretensão de pensar que o problema da ética é alheio a nós mas não temos o hábito de analisar nossos comportamentos Isso acontece porque pensamos que o problema da ética é sempre problema de um outro TIBURI 2014 p 31 Por isso para o antiético o outro não existe a própria sociedade enquanto outro não existe para ele TIBURI 2014 p 16 Devemos lembrar então que a ética é o processo que nos leva a pensar nas res ponsabilidades assumidas em relação a outro alguém e ao corpo coletivo Exercitemos por um instante a nossa reflexão E se agora você fosse confrontado a analisar suas próprias ações quais seriam seus dilemas éticos Se um compa nheiro de trabalho dissesse que você foi antiético em alguma situação qual seria a sua primeira reação Irarse por outro alguém e colocar em cheque seus valo res e suas ações ou repensar suas atitudes espontaneamente É nesse sentido que entra em cena aquilo que denominamos juízo de valor que são as avaliações da A FILOSOFIA E A CONSTRUÇÃO DAS NOÇÕES ÉTICAS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 30 sociedade sobre nossas ações nossos sentimentos nossas intenções nossas deci sões nossas experiências etc expressando a moral constituída na sociedade Esse julgamento se baseia na dicotomia bommau ações indesejáveis socialmentedese jáveis socialmente prazíveis ao nosso paladar moralnão prazíveis CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade vimos que a filosofia é a expressão reflexiva mais viva do homem sobre si e sobre as coisas que estão ao seu redor A todo tempo filosofamos ou ao menos deveríamos Pensar é trazer a dúvida e questionar as verdades tornando as refutáveis Devido a isso evoluímos e nos tornamos melhores Sendo assim o pensamento nos humaniza e expõe nossas fraquezas mas também enaltece as nossas capacidades Somos capazes de muito mas precisamos ter autodomínio Percebemos que somos o que fazemos e não o que falamos por isso nos sas ações tendem a estar alinhadas aos nossos valores e às nossas convicções e caso não estejam talvez nossos valores não se demonstrem tão fundamentados em base moral sólida Aprendemos que nossas atitudes éticas são fruto da construção moral que nos convoca ao dever Por meio da ética cumprimos o compromisso firmado perante os demais reconhecendo nossas diferenças Nesse sentido a alteridade é resgatada como conceito imprescindível para a ação ética O indivíduo que age eticamente assume compromisso com o mundo em que vive e com as rela ções sociais que estabelece Também estudamos o tema do progresso moral entendendo que este ocorre quando a sociedade participa da construção de seu projeto que regerá nossas vidas Essas prescrições legítimas darão tom harmonioso às relações em socie dade Por isso é muito importante percebermos como o progresso moral está intimamente ligado ao projeto político que nos diz respeito sim e precisamos interessarnos por ele se quisermos construir a sociedade que desejamos 31 1 A prática filosófica se insere no meio social por isso as construções de novas formas de pensar o mundo não se encontram deslocadas do social muito me nos distantes do indivíduo Assinale a alternativa correta que se relaciona com a prática filosófica a O pensamento está relacionado como algo desumanizante b A atitude filosófica tem pouco valor prático em si c A reflexão dos indivíduos pouco é influenciada pelos contextos cultural e histórico d O ato de pensar cria novos horizontes e nos humaniza e A racionalidade não se apresenta como princípio filosófico fundamental 2 Refletir sobre si e sobre o que nos rodeia não é tarefa fácil Principalmente por que as ações sociais na realidade atual têm caráter muito mais dinâmico Por isso não só pensamos mas somos capazes de transformar a realidade vivida Sendo assim assinale a alternativa que represente a filosofia como instrumen to de transformação a O indivíduo moderno não precisa olhar o mundo por meio da alteridade b A vida moderna jamais tem o poder de modificar os valores morais e éticos c A moral pouco se relaciona com a construção histórica d A transformação da forma de ver o mundo representa perigo ao indivíduo e O indivíduo deve estar sempre atento às reflexões a respeito da transforma ção moral que a sociedade moderna suscita 3 Todos nós vemos nossa existência passar pelo crivo da ética Sobre ela e seu caráter coletivo assinale a alternativa correta a A ética fomenta o pensamento individual pouco importando a natureza da reflexão social comum b Constróise na fala não necessariamente relacionandose à experiência vi venciada c A ética expressa compromisso firmado em relação ao outro d O comportamento antiético pode ser revelado apenas em razão das atitu des e das consequências individuais e A ética já está dada e não há necessidade de o ser humano contribuir para sua transformação por meio de novas reflexões 32 4 Em muitos momentos os indivíduos podem questionar a validade da moral criando assim certa resistência ao seu cumprimento Sobre esse tema analise as afirmações a seguir e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas I A moral deve incentivar o sentimento de dever II A moral representa o conjunto de regras de conduta responsável por orga nizar as relações interpessoais III Normas vigentes geralmente pouco influenciam nas ações e nos compor tamentos humanos IV As normas aceitas pela sociedade têm maior legitimidade em relação às contestadas V A moral tem pouco poder de influência tanto no plano simbólico quanto no plano institucional Assinale a alternativa que representa a sequência correta a F V F V F b V V F F F c V F F V F d V V F V V e V V F V F 5 Sobre as possíveis influências da cultura da política e da economia moderna na formação da moral e da ética assinale a alternativa correta a Todos os valores são frutos da nossa própria criação b Família cultura modo de produção sistema político e religião são capazes de fornecer caráter histórico à moral e à ética c A concentração de valores no individualismo reforça o caráter moral da so ciedade d Os valores modernos não afetam a transformação da estrutura moral e A moral tem caráter estático e absoluto não se modificando em influência das transformações e das novas compreensões de mundo que ocorrem na sociedade 33 Em sua análise Mario Sergio Cortella expõe como do ponto de vista filosófico a ética é prática que deve ser alcançada e exercitada pelos indivíduos Segundo o autor ela se liga à ideia de liberdade remetendo ética à autonomia do indivíduo em decidir qual caminho tomar Portanto somos autônomos para escolhermos se queremos realizar ati tudes saudáveis e harmoniosas para vida em sociedade ou se decidiremos agir malefi camente A seguir o excerto extraído do texto de Cortella 2015 Somos um animal que não nasce pronto temos de ser formados Essa formação pode nos levar à vida como benefício ou à vida como malefício da pessoa que é capaz de produzir benefício ou da que é capaz de produzir malefício Todos e todas somos ca pazes de ambas as coisas Afinal de contas ética está ligada à ideia de liberdade Ética é como eu decido a minha conduta E a palavra decido é marcante porque sinaliza quais são os critérios e valores que eu uso para me conduzir na vida coletiva Os gregos chamam de ethos aquilo que nos dá identidade Como não nascemos prontos seremos formados a partir de um princípio básico que é o da liberdade de es colha que poderá ser benéfica ou maléfica em relação à minha comunidade Se a vida é o lugar onde vivemos juntos o nosso planeta o nosso país a nossa cidade a nossa escola é onde vivemos juntos É a nossa casa Nessa casa o que nós queremos e o que não queremos O que nós consideramos saudável para a vida não se desertificar e o que consideramos doente indecente obsceno portanto não aceitável O grande questionamento é como está a nossa possibilidade de sustentar a nossa in tegridade A integridade da vida individual e coletiva A integridade daquilo que é mais importante porque uma casa ethos é aquela que precisa ficar inteira que precisa ser preservada Eu sou alguém que quer preservar a integridade Logo a minha casa tem de ficar ínte gra tem de ficar inteira Quanto mais claros os princípios mais lucidez eu terei para lidar com os dilemas Não é que deixarei de têlos mas eles ficarão mais fáceis de serem resol vidos se eu tiver como razão central a integridade O que é uma pessoa íntegra É uma pessoa correta que não se desvia do caminho uma pessoa justa honesta É uma pessoa que não tem duas caras Qual a grande virtude que caracteriza uma pessoa íntegra Ela é sincera A palavra sinceridade tem várias acepções Uma das mais recentes tem como fonte não comprovada certa etimologia popular tendo a ver com uma prática da marcenaria No século XIX quando o marceneiro errava no manejo do formão na con fecção de móveis aqueles chamados de coloniais ele pegava cera de abelha e passava naquele lugar para disfarçar a marca deixada na madeira Em vez de fazer de novo ele fingia que estava tudo certo com aquele móvel passando cera de abelha Nesse contex to nasceu a expressão sine cera que significa sem cera Portanto uma pessoa sincera é aquela que não disfarça o erro ela o assume Integridade é um fundamento ético que deve ser internalizado e praticado Concepção e prática Fonte Cortella 2015 p 1518 MATERIAL COMPLEMENTAR Conduta de Risco 2007 Tony Gilroy Sinopse Michael Clayton George Clooney trabalha em uma das maiores empresas de advocacia de Nova York e tem por função limpar os nomes e os erros de seus clientes Tendo trabalhado anteriormente como promotor de justiça e vindo de uma família de policiais Clayton é o responsável por realizar o serviço sujo da empresa Kenner Bach Ledeen que tem Marty Bach Sydney Pollack como um de seus fundadores Apesar de estar cansado e infeliz com o trabalho Clayton não tem como deixar o emprego já que o vício no jogo seu divórcio e o fracasso no negócio arriscado o deixaram repleto de dívidas Quando Arthur Evans Tom Wilkinson o principal advogado da empresa sofre um colapso e tenta sabotar todos os casos da UNorth empresa que é cliente da Kenner Bach Ledeen Clayton é enviado para solucionar o problema É quando ele nota a pessoa que se tornou REFERÊNCIAS 35 REFERÊNCIAS CRIPA I A História da filosofia e da ética Osasco Edifieo 2015 HOBBES T Leviatã São Paulo Martin Claret 2009 KANT I Crítica da razão pura Petrópolis Vozes 2012 ROUSSEAU JJ Do contrato Social São Paulo Companhia das letras 2011 SOUZA A B Filosofia prática e a prática filosófica São Paulo Paulus 2011 TIBURI M Filosofia prática ética vida cotidiana vida virtual Rio de Janeiro Re cord 2014 WEISS MLL Aspectos básicos do diagnostico psicopedagógico In Psicope dagogia clínica uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar 10 ed Rio de Janeiro DP A 2011 REFERÊNCIAS ONLINE ¹ Em httpwwwmarciatiburicombrtextosquadroessataldefilosofiahtm Acesso em 18 mar 2019 ² Em httpwwwbbccomportuguesenoticias201504150414religiaogal lupcc Acesso em 18 mar 2019 ³ Em httpswww1folhauolcombrfspcotidianrevistafamiliarv0710200719 htm Acesso em 18 mar 2019 GABARITO GABARITO 1 Letra D 2 Letra E 3 Letra C 4 Letra E 5 Letra B UNIDADE II Professora Me Samanta Elisa Martinelli A CIÊNCIA A FILOSOFIA E A UNIVERSIDADE Objetivos de Aprendizagem Compreensão da importância das ciências humanas como conhecimento e entendimento da razão como a verdade alcançada por meio da racionalidade Discorremos sobre o otimismo racional a autonomia e a liberdade do indivíduo Apresentamos as relações de mundo no trabalho moderno e as formas de refletir sobre a importância da ética profissional Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade As ciências humanas e a razão filosófica As pressuposições filosóficas na racionalidade científica A formação profissional e a atitude ética Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 39 INTRODUÇÃO Caroa alunoa nesta unidade entenderemos especificamente como as ciências das humanidades podem contribuir para a construção do bemestar do homem e para o desenvolvimento de relações civilizadas na modernidade Mostraremos como a reflexão e o pensamento científico têm há muitos séculos a razão como fundamento Sempre guiados pela contribuição da razão pretendemos que você alunoa reflita a respeito das ciências e do progresso do espírito humano Aprenderemos como as revoluções históricas deixaram base sólida para o pensamento racional sendo essa construção responsável pela possibilidade de hoje podermos fazer ciência nas universidades Em nosso papel filosófico refletiremos a respeito do mundo e de suas con formações Explicaremos como a modernidade se apresenta e como promove desafios à ação ética e à compreensão da moral Estudaremos também os desa fios desta nas novas dinâmicas sociais das relações modernas Abordaremos o tema do trabalho e da ética profissional analisando como o mundo profissional nos convoca ao compromisso ético diário Veremos como os novos processos flexíveis as relações de produção e a multifuncionalidade do trabalho se apresentam como fatores que nos estimulam a pensar a respeito de nossos valores e dos limites éticos de nossas ações na modernidade Conforme reafirmamos ao longo de nossos estudos consolidaremos o papel prático da ética que coloca cada indivíduo a refletir sobre o mundo ao seu redor e também a pensar a respeito de seu próprio comportamento Bons estudos A CIÊNCIA A FILOSOFIA E A UNIVERSIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 40 AS CIÊNCIAS HUMANAS E A RAZÃO FILOSÓFICA As ciências das humanidades têm o papel de compreender o mundo Refletir a respeito das coisas das ações dos fatos e de temas abrangentes de forma crítica para que construamos uma sociedade justa e melhor Nesse sentido as ciên cias humanas ou denominadas humanidades representam a multiplicidade de disciplinas que contribuem para a formação do homem estruturando o ideal civilizatório carregado de reflexões que contempla o estudo da normatividade e dos conceitos de moral e de ética É importante que em todas as áreas do conhecimento tenhamos agentes contes tadores e progressistas que transformem a ordem vigente na ciência na tecnologia na indústria no comércio nas relações indenitárias e multiculturais enfim nas diver sas atividades que envolvem as relações humanas Importante termos em mente que a modernidade nasce dessa maneira impulsionada pelo processo civilizatório construída com a importante ajuda das ciências humanas Portanto o pensamento humanís tico não é apenas útil à prosperidade material mas também para a defesa de uma As Ciências Humanas e a Razão Filosófica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 41 vida minimamente civilizada nas mais diversas sociedades QUELER 2016 p 1 A confluência de áreas como exatas e humanas oferece aparato seguro para a construção social Enquanto a revolução tecnológica propaga seus efeitos sobre contextos socioculturais distintos por meio dos processos civilizatórios impulsio nando a emergência de novas formas socioculturais o oposto também ocorre e as transformações dessas relações impulsionam as novas associações do indivíduo com a tecnologia Quando as transformações tecnológicas mudam o modo de ser da sociedade novas formas de organizações se estabelecem As ciências humanas refletem sobre esses arranjos e seus desdobramentos e consequências Portanto as ciências exatas as ciências biológicas as ciências da terra e ciências humanas caminham juntas na importante transformação social por meio da interdisciplina ridade Todas tendo em comum a razão como a estrutura do pensamento científico Se imaginarmos que diversas empresas de tecnologia e softwares se dedicam a criar novos aplicativos robôs carros elétricos drones naves espaciais etc as ciências humanas se preocupam com os efeitos e com as consequências históricas sociais econômicas culturais e políticas de tais mudanças Apesar desta ciência ao longo do tempo sofrer críticas a respeito de sua utilidade material a interpretação do mundo e das relações revela em seu teor a urgência para que consigamos construir uma sociedade mais igualitária e com envolvimento sadio entre os indivíduos Portanto as ciências humanas nos levam a refletir a respeito da cultura da educação das artes da filosofia da mente do corpo do espírito e de muitas outras áreas sendo tais conhecimentos cada vez mais imprescindíveis em tem pos atuais A reflexão filosófica nos permite realizar críticas à ideia dominante de utilidade material refletindo o porquê de tudo que fazemos dever ter utili dade prática O pensamento racional nos faz indagar útil para quem e para quais fins A cultura não é útil para a formação da sociedade A história não ajuda ria a rever os fatos do passado para almejar melhor desempenho no presente A filosofia não nos tem ajudado a refletir sobre quem somos e onde queremos chegar enquanto espécie humana Todas essas perguntas merecem reflexões A CIÊNCIA A FILOSOFIA E A UNIVERSIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 42 OS SENTIDOS DA RAZÃO Para os filósofos gregos a razão era a ideia que fundamentava o mundo por meio dela seria possível chegar à verdade conhecimento pleno dos fatos Esse pensamento perdurou até que começasse a ser contestado o chamado otimismo racional De certa forma na temporalidade histórica a razão passa a ser com posta de muitos sentidos a depender de sua interpretação Assim podemos dizer que a razão é a verdade portanto só se chega a ela por meio da racionalidade Também podemos entender a razão como a compreensão lúcida das coisas Quando ouvimos alguém dizer agora ele recuperou a razão É como se inter pretássemos que uma pessoa sem a razão não se encontra em seu estado natural estaria distante da lucidez e do esclarecimento próprio da existência humana Por último também poderíamos compreender esse conceito como a conexão de ideias que justifica o pensamento e que nos faz organizar nossa vida social É muito conhecida o célebre pensamento de Blaise Pascal filósofo francês do século XVII O coração tem razões que a razão desconhece CHAUÍ 2000 p 70 Nessa frase devemos prestar a atenção pois a palavra razões se difere da pala vra razão elas indicam significados diversos As razões estariam relacionadas aos pensamentos e aos motivos do coração relacionandose aos sentimentos e às emoções que também impulsionam nossas ações As emoções seriam as causas de muito do que fazemos Se a razão desconhece os motivos do coração é por que não é influenciada pela emoção tendo consciência e discernimento próprios O humanismo é a única resistência que temos contra as práticas desumanas e as injustiças que desconfiguram a história humana As Ciências Humanas e a Razão Filosófica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 43 Segundo a filósofa Marilena Chauí 2000 no começo da filosofia o que se denominou razão é oposto a quatro atitudes mentais o conhecimento ilusório as emoções a crença religiosa e o místico O conhecimento ilusório é aquele que não alcança a verdade que é ape nas aparente O preconceito por exemplo é uma atitude baseada em uma noção prévia da realidade e não da realidade concreta É uma opinião rasa sobre aquilo que não se conhece com profundidade Todas as coisas que são baseadas em achismos e meras opiniões não representam a razão As emoções estão ligadas as grandes paixões relacionadas as ações impulsivas de ordem sentimental Pode ser compreendida como algo caótico desordenado e desequilibrado As emoções são voluptuosas e não se estruturam em uma verdade os sentimentos oscilam e levam os indivíduos a terem uma opinião em um dia enquanto no outro dia já não são capazes de pensar mais da mesma forma A inconstância não é uma característica da razão e sim da emoção Somos guiados por impulsos momentâneos em busca de sabermos o que queremos A razão ao contrá rio se estabelece na racionalidade científica e na ação intelectual positiva A crença religiosa se baseia na fé a verdade é revelada pelo divino não necessitando da compreensão dos fatos por nós humanos e sim a verdade se revela por meio do sobrenatural Não se precisa ver para crer basta acreditar e ter fé Distante dos parâmetros científicos a religião é oposta a razão no sentido da sua busca pela verdade por isso os filósofos cris tãos distinguem a luz natural a razão da luz sobrenatural a revelação O místico é aquilo que exige um estado de abandono do plano existen cial terreno para um estado psíquico que o sujeito se coloca em relação direta com um Deus O misticismo se distancia daquilo que é muito pre zado pela razão o estado de consciência O místico nos chama a vivenciar o infinito do abismo existencial Distante da inconsciência do êxtase a razão firma seus pés na consciência das coisas e da análise da realidade por meio das observações CHAUÍ 2000 p 72 A CIÊNCIA A FILOSOFIA E A UNIVERSIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 44 A RAZÃO E A CRENÇA RELIGIOSA Vemos que na elaboração do conceito de razão a questão da ciência e da fé se encontram em lados opostos Realmente a ciência em muitos momentos his tóricos representou o marco de rompimento com a religião e isso foi necessário para que o estudo científico baseado na razão ganhasse dimensão Porém na contemporaneidade nem tudo é tão simples A psicologia a psicanálise e a antro pologia têm produzido reedições do entendimento da fé e do místico WILDES 1994 p 11 diante de análises científicas baseadas na razão Enquanto a ciência sempre caminha em busca da verdade por meio da observação dos fatos tendo a razão por fundamento na crença religiosa sempre há espaço para a ambigui dade pois a verdade depende da fé para ser revelada No caso de algumas áreas científicas como a psicologia e a antropologia os aspectos da subjetividade e do inconsciente ganham relevância como fundamentos poderosos que permi tem explicar fatos importantes sobre o comportamento individual e coletivo Portanto o que precisamos entender é que apesar do estabelecimento da razão científica basearse na oposição à fé a religião tem papel importante tam bém na explicação do mundo e das relações humanas Antes tida como inimiga da ciência hoje é estudada por muitos cientistas e tem a capacidade de orientar con dutas estando também relacionada ao campo dos estudos da moral O homem moderno apesar da crença na racionalidade e na ciência tecnológica cada vez mais baseia sua fé no sobrenatural O que isso nos demonstra Valida o conjunto de crenças capazes de dar sentido às nossas condutas sociais A religião não aca bou com o mundo moderno dado seu caráter histórico mas inquietou a razão tomou outros formatos na vida moderna que também são legítimos para quem crê É preciso ter sabedoria para entender que a razão nos possibilita chegar ao esclarecimento das coisas mas a experiência com o sagrado pode dizernos muito a respeito dos comportamentos Apesar de muitas pessoas preferirem viver na dessacralização o mundo sacralizado não representa um mundo de ignorância Pelo viés científico as condutas baseadas nas crenças podem ganhar sentido por meio da razão desde que obedeçam a metodologias e à observação empírica dos fatos Nesse sentido a religião e a ciência não se encontram tão afastadas mas suas formas de alcançar à verdade são distintas As Pressuposições Filosóficas na Racionalidade Científica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 45 AS PRESSUPOSIÇÕES FILOSÓFICAS NA RACIONALIDADE CIENTÍFICA O OTIMISMO RACIONAL E AS CIÊNCIAS No século XIX a filosofia afirmava que os seres humanos haviam alcançado a maioridade racional Nesse período os homens buscavam o conhecimento para a compreensão da realidade CHAUÍ 2000 p 63 A filosofia já havia postulado que seria pela razão que deveríamos compreender as ações humanas Apesar do viés otimista de que o ser humano agia plenamente pela perspectiva racional alguns pensadores começaram a colocar em questão tal otimismo um deles res ponsável pela ascensão dessa crítica foi o austríaco Sigmund Freud Segundo ele os indivíduos achavam que teriam total controle dos seus desejos e pensamentos como se conscientemente governassem suas ações por meio da racionalidade Porém para Freud os homens vivem na ilusão pois nossos desejos e pensa mentos são influenciados pelo poder psíquicosocial denominado inconsciente Não somente Freud contestou a perspectiva racional filosófica Karl Marx no final do século XIX também incitou o debate sobre a integridade da racionalidade A CIÊNCIA A FILOSOFIA E A UNIVERSIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 46 em nossas ações Diferente de Freud que analisava as perturbações e os sofrimen tos psíquicos Marx investigava empiricamente as questões voltadas à economia política Para o autor nossa ilusão racional reside em acharmos que pensamos e agimos livremente de acordo com as nossas vontades De maneira ilusória não percebemos a força da ideologia o poder influenciador de ações e pensamentos Marx também inaugurou a tese sobre o capital e seus efeitos na sociedade de classes Essas são apenas algumas das ideias empíricas que fizeram com que a filo sofia repensasse a primazia da razão Até qual ponto iria a nossa consciência e começariam as nossas ilusões Será que temos aparente noção de que estamos sempre no controle das coisas Ao mesmo tempo em que esse movimento refle xivo ocorre a filosofia reabre as discussões sobre os temas da ética e da moral CHAUÍ 2000 p 63 Nesse sentido a filosofia passa a questionar se realmente o homem é livre para construir suas reflexões ou seria condicionado pelas cons truções sociais históricas econômicas e psíquicas de sua época Se sim como então conseguiríamos nossa liberdade Como saber se a construção da moral é a consolidação da reflexão de indivíduos autônomos ou apenas produto dos fenô menos sociais que nos alienam e nos produzem o sentimento de falsa liberdade A RAZÃO KANTIANA Toda essa elucidação do que estaríamos chamando de razão se relaciona ao tema da moral estudado até aqui A razão tem consciência moral remetendo às construções das normas de conduta que nascem da vontade racional livre Tal consciência moralizada e racionalizada pode ser identificada nas expressões de sentimento de dever e de virtude isso ocorre porque a consciência moral orienta nossas vontades para a ação ética O dever nada mais é que a lei moral cumprida pela liberdade e pela vontade que o indivíduo tem em realizálo A autonomia Para você o homem é verdadeiramente livre As Pressuposições Filosóficas na Racionalidade Científica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 47 demonstra que temos a possibilidade de sermos donos de nós mesmos capazes de realizar a tarefa de obedecer às leis morais O importante do pensamento kantiano é a relação estabelecida entre obediên cia e vontade Seguindo essa linha de reflexão o homem não obedecerá à lei que não é fruto de sua vontade Por isso o pensamento de Kant nos revela de maneira primorosa que a autolesgislação é produzida por meio da razão pois só entende mos o que produzimos sob nossa vontade HERRERO 1991 A autonomia da razão prática é a ação do indivíduo em conformidade com a lei moral Todo ato livre é moralmente bom quando se tem a ideia do dever Este nos mostra a concre tização da moral no agir da prática cotidiana Como sabemos a razão está ligada ao esclarecimento e à consciência por isso a consciência da lei moral nos mostra a existência da liberdade que tem caráter positivo porque contém a faculdade da razão Portanto o princípio da moral para Kant está na razão A CIÊNCIA E A UNIVERSIDADE Por meio das grandes revoluções históricas como os movimentos Renascimento Humanismo e Iluminismo e da investigação científica passouse a representar o progresso do espírito humano Vivenciamos o mundo das ideias os movimentos políticos econômicos intelectuais e culturais que deram novos rumos às que conhecemos hoje Tendo a razão como fundamento e a crítica hostil ao pensa mento obscurantista religioso e tradicional da época a racionalidade científica se desenvolveu Foi nesse caldeirão enriquecido de pesquisas e de novas desco bertas que se baseou o pensamento científico racional moderno Grandes filósofos contestavam sobre o mundo querendo entendêlo Antoine Lavoisier cientista francês 1743 1794 considerado o pai da química anali sou a água e o ar estabelecendo assim princípios da conservação da matéria Assim como o naturalista francês JeanBaptiste Lamarck que começou em 1794 a desenvolver a teoria que contemplava a hipótese da evolução das espé cies SOBOUL 1974 p 506 Em comum a esses cientistas o legado primoroso na maneira de fazermos ciências hoje a fundamentação na observação na expe riência e no método Importante lembrar que durante a história da Revolução A CIÊNCIA A FILOSOFIA E A UNIVERSIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 48 Francesa além dos embates em torno da nova ordem também se debatia a cons tituição das ciências morais tentativa já naquela época de conceber base sólida à moral independente da religião algo que na construção histórica não foi tão simples de ser realizado Entendemos que a Revolução Francesa causou ruptura na ordem anterior sendo nas ideias de muitos contestadores as mazelas do mundo fruto dessa nova ordem Lembremos que o movimento de contestação das ciências e das universidades sempre ocorreram Todos os movimentos supracitados também sofreram nesse sentido mas deixaram base sólida para o pensamento racional moderno Portanto a crença na humanidade é fruto de revoluções históricas do pensamento que chegaram até a modernidade nos deixando a forma de fazer ciência que conhecemos hoje Buscamos destacar o importante papel da ciência para o progresso O conhe cimento por meio da educação foi o meio que a humanidade encontrou para desenvolver técnicas ter vida mais confortável entender o mundo e tantas outras formas de conhecimento que nos trouxeram sabedoria nessa longa caminhada humana As pressuposições a respeito da racionalidade científica foram passo a passo fornecendo sustentação para novas descobertas O mesmo ocorre hoje nas universidades por meio de milhares de trabalhos científicos nos quais novos paradigmas são quebrados e novas descobertas são realizadas trabalho minu cioso digno de incentivo A ciência nunca resolve um problema sem criar pelo menos outros dez George Bernard Shaw A Formação Profissional e a Atitude Ética Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 49 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL E A ATITUDE ÉTICA A MODERNIDADE Estamos discutindo o tema da razão e por isso é importante que saibamos o que a modernidade representa hoje nas relações individuais e coletivas e quais são suas implicações para a questão da moral e para o mundo do trabalho A modernidade é a ordem póstradicional que representa as transformações no âmbito institu cional e nas vivências cotidianas dos indivíduos afetando severamente as relações entre os sujeitos em sociedade Como fenômeno ela nos fará refletir sobre muitos assuntos indagandonos sobre como devemos viver comportarnos e até mesmo como devemos vestirnos Contestará continuamente nossa identidade e nos fará sempre reorganizar nossos ações e condutas de comportamento Toda a práxis reflexiva ou seja toda atitude prática de reflexão ajudanos a organizar nossa vida social moderna Essa reflexão constante típica do ensi namento sociológico é denominada reflexividade da modernidade GIDDENS 2002 A CIÊNCIA A FILOSOFIA E A UNIVERSIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 50 Para o sociólogo britânico Anthony Giddens 2002 podemos referirnos à modernidade como As instituições e modos de comportamento estabelecidos pela primeira vez na Europa depois do Feudalismo mas que no século XX se tor naram mundiais em seu impacto A modernidade pode ser entendida como aproximadamente equivalente ao mundo industrializado desde que se reconheça que o industrialismo não é a sua única dimensão ins titucional GIDDENS 2002 p 20 Portanto a modernidade é o modo de comportamento influenciado não só pelo mundo industrial mas pela ascensão capitalista o sistema de produção de merca dorias que envolve mercados competitivos e a mercantilização da força de trabalho GIDDENS 2002 A globalização também aparece como fenômeno moderno que representa interação de toda parte movimentando a formação de espaços trans nacionais e de economias migratórias que destacam cada vez mais a pluralidade de ordens produtivas locais e globais ROULLEAU BERGER 2015 p 122 A grande questão da modernidade é que as instituições que representam a constituição das normas têm dificuldades em acompanhar as dinâmicas da vida moderna que se apresentam muito diferentes das ações realizadas no pas sado prémoderno Na verdade a modernidade demonstra dinamismo é um mundo em disparada GIDDENS 2002 p 22 As mudanças sociais acontecem de maneira muito mais rápida e mais profunda As transformações mais impor tantes da modernidade são o tempo o espaço e o enfraquecimento da noção de lugar Transformações típicas de uma era globalizada As relações entre indivíduos se tornam mais fluidas ao mesmo tempo em que se demonstram mais frágeis e menos coesas A era moderna torna as funções mais especializadas o dinheiro se torna ficha simbólica convertendose em meio de crédito globalizado ou seja cada vez mais indivíduos realizam trocas monetárias de maneira simples e fácil como a realização de transferência realizada para uma conta do outro lado do mundo por meio de aplicativo de celular Diante desse cenário os sentimentos de confiança e de comprometimento são essenciais para que a lógica moderna funcione O sentimento de comprometimento está ligado à ética em nossas ações A responsabilidade assumida se torna pilar importante das relações modernas pois com o dinamismo social os poderes de vigilância das ins tituições tendem a enfraquecer fazendo com o que nossa conduta ética dependa A Formação Profissional e a Atitude Ética Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 51 muito mais da nossa autonomia ou seja ser ético para a finalidade de bem comum independente de sermos observados ou até mesmo punidos No que diz respeito aos temas da ética e das relações de trabalho modernas temos que entender que o mundo do profissionalismo nos convoca ao imprescindível com promisso ético Cada vez menos o trabalhador estará constantemente sendo vigiado pelo seu gerente Por isso as ocupações monótonas ou desagradáveis e mal pagas em que a motivação para desempenhar a tarefa com perfeição é fraca são em geral posi ções de baixa confiança GIDDENS 2002 p 25 enquanto postos de alta confiança são aqueles que supõem o desempenho fora da presença da gerência ou da equipe de supervisão GIDDENS 2002 p 25 Se absorvemos as regras sociais e participamos de sua constituição é bem provável que as instituições e organizações de controle sejam menos acionadas e não necessitemos viver em sociedade de vigilância Em paralelo com as experiências modernas do mundo do trabalho podemos visualizar a ideologia coorporativa que tem como intuito incutir no trabalhador o sentimento de pertenci mento pois assim ela contará com a confiança e com o seu comprometimento ético O que a modernidade nos ensina é que não há como ter sistema de regras morais bemsucedido se os indivíduos não se sentirem confortáveis em relações às situações vivenciadas e às normas estabelecidas ao menos que se vivencie no sistema autoritário em que as regras são seguidas na base da repressão Por isso para falar em moral professada e em comportamento ético autônomo cada vez mais a segurança psicológica dos indivíduos e das organizações é fundamental O TRABALHO E A ATITUDE ÉTICA De acordo com Marilena Chauí a ética é uma ciência das práxis humanas uma teoria que tem por objeto a ação CHAUÍ 2000 p 308 Por isso envolve a res ponsabilidade no agir tendo em vista a finalidade Nesse sentido a ética não pode apenas ser o meio para atingir algo Se um funcionário agir de maneira honesta e correta apenas para conseguir benefício do patrão não estará sendo ético profis sionalmente e sim desempenhando apenas um papel social momentâneo para parecer ético e atingir seus objetivos individuais Relembramos que para Kant a ética se orienta a um fim para alcançar um bem comum A CIÊNCIA A FILOSOFIA E A UNIVERSIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 52 Para pensarmos sobre a ética e as relações de trabalho precisamos refletir a respeito de como no contexto brasileiro o trabalho é concebido Nenhuma sociedade sobreviveria se não fosse capaz de atribuir sentido às atividades que visam garantir sua continuidade No Brasil a história é marcada pela constru ção de uma sociedade com longo período colonial e economia agrícola no qual a base da construção do trabalho nasce no trabalho escravista O trabalho indus trial ganha dimensão apenas no século XX período marcado pelo grande fluxo de migração europeia Portanto os significados culturais dos sentidos do traba lho no Brasil e na América Latina se deram de maneira diferente da construção norteamericana e europeia Como já discorremos a cultura influencia a formação da moral e da ética Temos herança cultural fruto de nossa construção histórica e o valor que o tra balho assume na sociedade brasileira relacionase a um país estruturalmente desigual A formação da sociedade salarial durante a segunda metade do século XX não ocorre de maneira integrada dando vazão àquilo que muitos estudio sos chamam de informalidade Portanto a categoria trabalho é concebida para muitos de forma a almejar a sobrevivência sendo sempre permeada pelas ins tabilidades do mercado de trabalho Desde a década de 90 o trabalho no Brasil sofre influências daquilo que designamos flexibilização das relações produtivas do mercado de trabalho e do consumo Juntamente com as mudanças das relações espaçotempo HARVEY 1992 a globalização e a financeirização do capital transformaram a economia As pessoas passaram a demandar mais tempo em seu trabalho e a relação de consumo nos exige cada vez mais poder aquisitivo se quisermos satisfazer nos sos desejos A relação com a família se mistura ao formato desse novo arranjo produtivo moderno no qual homens e mulheres ocupam lugar no mercado de trabalho O trabalhador ao mesmo tempo que se especializa em certas habilida des também tende a tornarse trabalhador multifuncional assim as mudanças exigem que nos atualizemos mais a cada dia para não ficarmos para trás Muitos livros de autoajuda surgem para nos ensinar a como realizar nossos sonhos e como chegar até eles Em meio a toda essa avalanche de perspectivas algumas realizadas outras frustradas precisamos refletir a respeito de quais são os nossos valores os limites éticos na corrosão do caráter no mundo do trabalho A Formação Profissional e a Atitude Ética Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 53 A ética é fundamental para a dinâmica trabalhista Sem ela não estabele ceríamos relações de confiança e de responsabilidade com nossos colegas de trabalho Todas as atividades são dependentes desse aspecto Sem a ética o convívio social tornase insustentável Sem confiança mútua por exemplo não se realizariam transações econômicas nem haveria contratos Ninguém empregaria ninguém produziria nin guém se associaria ARRUDA et al 2003 p 149 Como poderíamos viver apenas para nós mesmos apenas pensando em nossos objetivos e interesses O critério ético deve orientar nossas ações em todos os ambientes inclusive os organizacionais para que sejamos capazes de compro meternos com os valores da empresa e para avaliarmos se estamos felizes em desempenhar nossa função e nos reconhecemos nela pois conforme discutido é importante que o profissional se identifique com os valores da empresa senão terá dificuldades em agir eticamente A ÉTICA ORGANIZACIONAL A cada dia lemos mais sobre a importância da ciência comportamental nos espa ços de trabalho por isso uma das áreas que aumenta sua influência é a psicologia organizacional No mundo moderno cada vez mais nossas ações começam a ser analisadas e categorizadas como apropriadas ou não apropriadas para o ambiente profissional A ética nesse local funciona como medidor de condutas aceitáveis ou inaceitáveis Cada empresa pode ter sua ética empresarial e as normas esta belecidas representam a moral Essas regras que conduzem o comportamento prático servem como guia ético profissional Não é no silêncio que os homens se fazem mas na palavra no trabalho na ação reflexão Paulo Freire A CIÊNCIA A FILOSOFIA E A UNIVERSIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 54 As normas vigentes nem sempre são interpretadas a priori Por serem códigos sociais nem todos são capazes de decifrálos a princípio Por isso é importante que o profissional conheça a ética da empresa para certificarse de que aquele trabalho não fará com que ele rompa seus próprios valores embasados em sua formação moral A mesma coisa vale para a empresa que deve conhecer quem está contratando pois esta certamente não terá interesse em ter em seu quadro de funcionários um profissional que não represente os seus valores As leitu ras desses códigos de comportamento exigem percepção e informação Vejamos que nós indivíduos carregamos identidade aquilo que nos caracteriza enquanto ser social A empresa também possui marca que a define A ética empresarial é a ética coletiva que pauta o comportamento e a maneira de agir das organiza ções perante outros indivíduos ou outras empresas Segundo o economista Eduardo Giannetti se a nossa capacidade de escolha moral é genuína e existe de fato ninguém sabe GIANNETTI 2007 Com isso o autor quer dizer que apostamos na autonomia de que estamos escolhendo certas ações porque temos a consciência ética da finalidade do bem Infelizmente diante de tantas notícias desastrosas sob o ponto de vista da moral abrimos a possibilidade de pensar que o mundo como é está muito aquém do que poderia e deveria ser GIANNETTI 2007 Vale ressaltarmos que a ética é imprescindível para o bemes tar dos indivíduos em todos os ambientes principalmente nas relações profissionais em organizações Os problemas básicos da sociedade moderna são problemas de valor assim nosso maior valor é a autonomia que se expressa em atividades de busca perene como a ciência a arte e a reflexão moral GIANNETTI 2007 p 244 Coloque a lealdade e a confiança acima de qualquer coisa não te alies aos moralmente inferiores não receies corrigir teus erros Confúcio A Formação Profissional e a Atitude Ética Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 55 AS VÁRIAS FACES DA ÉTICA Nos ambientes de trabalho não podemos agir exatamente como agimos em casa em um bar com os amigos com nosso terapeuta e demais lugares que concen tram laços de sociabilidade próximos ou seja relações íntimas de trocas com o outro Por isso para Erving Goffmam 2014 o indivíduo possui muitas faces muitas interpretações de si mesmo tal qual um ator em cena Longe de adqui rir caráter negativo dessa atuação o autor quer apenas dizer que nos adaptamos aos ambientes que colocamos a máscara social de acordo com o ambiente que estamos e deciframos os códigos de condutas tidos como aceitáveis A afirmação de Goffmam faz sentido pois não temos a essência da ética norma de conduta geral capaz de atingir a todos da mesma forma Por essas dificuldades a ética é ainda assunto tão instigante e intrigante na história da filo sofia Atualmente temos diversas atividades laborativas com códigos de éticas personalizados O código de ética elaborado para o profissional da saúde não é o mesmo para o economista Isso porque o dilema enfrentado na prática levará cada profissional a resgatar seus códigos e regras como guia de ação Como já foi enfatizado a ética acontece na prática no cotidiano e a vida é sempre reve ladora sempre nos desafia com situações diversas por isso a reflexão constante sobre nossas atitudes deve ser realizada Como poderíamos categorizar a conduta como errada com a minha famí lia enquanto a mesma conduta pode ser considerada correta em meu ambiente de trabalho Dilemas como esse são recorrentes Temos que levar em conta que hoje a ética é influenciada por diversos fenômenos como a economia de mer cado e o crescimento econômico Vamos ao exemplo interessante das diferenças entre as éticas chinesa e brasileira no que tange à noção de pirataria e de fluxo de mercadorias produção distribuição e consumo de produtos chineses baratos Em mente temos que pensar que a noção de pirataria sofre alterações devido às singularidades históricas e econômicas de cada Estadonação PINHEIRO MACHADO 2015 p 239 Segundo Rosana PinheiroMachado A CIÊNCIA A FILOSOFIA E A UNIVERSIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 56 Entre os dois países são díspares as concepções morais e legais asso ciadas aos mercados informais assim como são diferentes as noções de propriedade intelectual e os padrões de tolerância relativos à produção de cópias PINHEIRO MACHADO 2015 p 239 Para a China a cópia de produtos é vista como impulsora para o desenvolvi mento econômico e social chinês Para o Brasil é um obstáculo Concepções diferentes do que é aceitável estão ligadas à ideia de regulamentação do mercado que são constituídas culturalmente No contexto brasileiro o combate aberto à noção de informalidade coloca a pirataria como contrabando Isso significa que em nossa construção moral copiar não é eticamente correto Já na China a imi tação de produtos nunca teve cunho negativo ao contrário a cópia tem papel econômico para os chineses pois gera emprego e consumo para os mais pobres Para Confúcio pensador e filósofo chinês imitar é um mecanismo pelo qual se aprendem a tradição e a benevolência PINHEIROMACHADO 2015 p 245 A longo da história os chineses acreditaram que a incorporação das regras se estabelece pelo processo subjetivo resultando em sistema jurídico frágil Para eles as normas são muito mais introspectivas e as leis escritas são pouco eficien tes A cópia é meio de aprendizado Diante de todo o exposto não temos como escriturar um guia geral ético apesar de algumas profissões terem seu código de ética somente a prática e as nossas construções de valores nos ajudarão nessa orientação de conduta A virtude representará a máxima do indivíduo no cumprimento do seu dever HERRERO 1991 Nas situações de trabalho estaremos sempre avaliando os códigos de con duta o que implicará em analisarmos nossos colegas de trabalho atribuindolhes juízo de valor e o inverso também acontecerá seremos constantemente avaliados em relação aos nossos comportamentos sentimentos corporalidades decisões etc A ética está em constante movimento relacionandose com a moral vigente e com a práxis cotidiana É por meio da reflexão que esse movimento de trans formação acontece e novos parâmetros de conduta são estabelecidos Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 57 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim desta unidade na qual abordamos a respeito do papel das ciên cias humanas para a reflexão dos problemas sociais modernos Detivemonos na importância do papel crítico das ciências humanas papel este capaz de trans formar realidades em favor do progresso social Reflexões a respeito da cultura das artes da filosofia da mente e demais temas fazem parte dessa área enrique cedora do conhecimento e do desenvolvimento humano Na sequência entendemos como a razão fundamenta as ciências atribuindo sentido à noção de esclarecimento Também observamos como as contradi ções entre ciência e fé são inerentes ao nascimento da razão porém passamos a entender que a religião se tornou instrumento de análise da ciência para a com preensão legítima das formas de crer no sobrenatural Continuamos nossos estudos e chegamos ao tema do otimismo racional refletindo sobre a primazia da razão e suas teorias contestatórias Abordamos o tema da modernidade como fenômeno que impacta os comportamentos huma nos pois vivenciamos o mundo de relações muito mais dinâmicas Tempo e espaço se transformaram no decorrer do crescente fenômeno de globalização em fatores cruciais para a mudança de nossa rotina e das relações de trabalho Ao finalizarmos portanto esta unidade compreendemos como a atitude ética se torna cada vez mais imprescindível nas relações profissionais atuais Entedemos que vivemos na interdependência coletiva dentro das novas formas de flexibilização produtiva O ser pensante passa a perceber que é necessário estar sempre atento às mudanças refletindo a respeito da sociedade pois não encontraremos fórmulas de como agir eticamente Apesar de muitas profis sões terem seu manual de ética a vida cotidiana nos impõe reflexão contínua em nossa ação em relação ao outro sabendo que vivemos em uma sociedade em constate transformação 58 1 A respeito do papel das ciências humanas na transformação social e no proces so civilizatório analise as afirmações a seguir e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas As ciências humanas contribuem para a reflexão de temas como moral e ética O pensamento humanístico se faz importante tanto para a construção de relações mais civilizadas em sociedade quanto para o desenvolvimento e a prosperidade econômica e material A interdisciplinaridade ou seja a ligação entre os conhecimentos de varia das disciplinas prejudica a reflexão a respeito da transformação social A interpretação do mundo e os efeitos das transformações tecnológicas po dem ser objeto de estudo das ciências humanas O estudo das ciências humanas tem pouca importância para a construção do processo civilizatório e para a transformação e o progresso social já que não revela em si caráter material Agora assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de respostas a V V V F F b V F V V V c V V F V F d V V F V V e F F V V F 2 Sobre alguns sentidos e significados que contemplam a noção de razão assi nale a alternativa correta a Razão é construída pelos sentimentos e emoções b A racionalidade é a capacidade de exercício da razão c A razão é a compreensão alienada dos fatos e das coisas d O conhecimento objetivo é tempo ilusório e A razão é a compreensão desordenada das coisas e dos fatos 59 3 Algumas ideias se revelam contrárias à concepção e à formação do conceito de razão Como exemplo a crença no místico na religiosidade e nas próprias emoções conformam modos de pensamentos opostos àquilo que a ciência de nominou razão Com base na reflexão acima analise as seguintes afirmações I A inconstância é característica da razão II Achismos e meras opiniões infundadas são representantes do pensamento racional III Para a razão o estado de consciência é fundamental para chegar à compre ensão dos fatos IV A razão firma seus pés na consciência das coisas e na análise da realidade por meio das observações É correto o que se afirma em a I e II apenas b II e III apenas c III e IV apenas d I III e IV apenas e I II III e IV 4 Como sabemos no século XIX a filosofia já tinha alcançado sua maioridade o que significa dizer que já havia postulado que seria pela razão que deveríamos compreender as ações humanas Porém todo esse otimismo racional em cer to momento histórico começou a ser contestado Explique duas contestações que se estabeleceram a respeito da perspectiva racional 60 5 Sobre a autonomia do indivíduo presente nas reflexões de Immanuel Kant e consequentemente as perspectivas do filósofo em relação ao tema da moral e da ética assinale a alternativa correta a Para Kant o indivíduo obedecerá à lei pelo seu caráter repressivo b O tema da razão e da moral pouco se relacionam na construção da obra do autor c A consciência moral orienta nossas vontades para a ação ética d A autonomia da razão é simplesmente a obediência às leis impostas e pouco reconhecidas pelos indivíduos e A concretização da moral deve estabelecerse apenas no plano reflexivo não necessariamente na ação prática cotidiana 6 Para o sociólogo Anthony Giddens o mundo moderno seria o mundo em dis parada em constante transformação da ordem social assim como das relações Sobre o fenômeno da modernidade e a sua relação com a ética assinale a al ternativa correta a O sentimento de comprometimento em relação ao outro pouco importa para as relações de confiança na era moderna b O controle da vida social na modernidade tornouse muito mais fácil de ser efetuado já que os poderes de vigilância institucional se fortaleceram com o dinamismo das relações c A modernidade nos ensina que a nossa conduta ética depende muito mais da nossa autonomia nessa nova ordem dinâmica Precisamos participar da constituição das regras morais e nos sentirmos pertencentes para assim desempenharmos comportamento ético autônomo d Na modernidade a sociedade baseada na vigilância é o caminho mais efeti vo para assegurar a obediência à moral e ao comportamento ético e Tempo e espaço são concepções pouco importantes para a reflexão sobre a modernidade 61 A leitura complementar busca ampliar nosso conhecimento a respeito da relação da racionalidade científica e a importância das metodologias além de elucidar como por diversos caminhos metodológicos que seguem o rigor científico se pode chegar ao esclarecimento A seguir o excerto extraído do texto de Santos A racionalidade científica e a filosofia segunda de Penélope Maddy A concepção tradicional de racionalidade científica está intimamente relacionada à ideia de método científico A boa prática científica de acordo com essa concepção é aque la que segue estritamente o método e seguilo garante racionalidade objetividade e imparcialidade características reconhecidas por todos como essenciais para esse fim Essa concepção foi dominante até a primeira metade do século XX cabendo destacar entre seus principais representantes os positivistas lógicos e Karl Popper Foi a partir da publicação de A Estrutura das Revoluções Científicas por Thomas Kuhn em 1962 que a concepção tradicional de ciência em geral e da racionalidade científica em particular começou a ser abalada Como é sabido a filosofia da ciência desenvolvida desde então tem mostrado que a ciência está longe de ser aquela atividade idealizada pela filosofia da ciência tradicional Os filósofos dessa nova filosofia da ciência voltaram sua atenção mais para a ciência tal como ela é praticada de fato pelos cientistas concedendo maior importância à história da ciência e menor para a tentativa de normatizar a atividade científica a partir de con cepções filosóficas préestabelecidas Nesse exame mais detido da prática científica real descobriuse que é problemática a defesa da prevalência de método científico único os métodos empregados pela ciência baseada principalmente em experimentos conduzidos em laboratório como a química são bastante diversos daqueles empregados pela ciência que não pode conduzir experimentos e dispõe apenas da observação como a astronomia e que além dos métodos há muitos outros fatores que interferem na prática científica sendo até essenciais para seu sucesso tais como valores sociais experiência pessoal do cientistas e juízos não metódicos A ciência sustenta a filosofia da ciência pósKuhn sob muitos aspectos não difere das demais atividades humanas estando sujeita às mesmas influências que elas e até mes mo empregando expedientes como a retórica característico da atividade não científi ca por excelência a política Tudo isso à primeira vista e de acordo com a concepção tradicional de ciência ameaçaria a racionalidade a objetividade e a imparcialidade da ciência Se for assim concluem alguns corremos o risco de não conceder à atividade científica nenhum privilégio epistemológico especial situandoa em pé de igualdade com outras atividades humanas que também se propõem a fornecer explicações sobre o mundo tais como religiões astrologia e criacionismo Fonte adaptado de Santos 2011 p 327 351 MATERIAL COMPLEMENTAR A Modernidade Líquida 2001 Zygmunt Bauman Editora Zahar Sinopse A modernidade imediata é leve líquida fluida e infinitamente mais dinâmica do que a modernidade sólida que suplantou A passagem de uma a outra acarretou profundas mudanças em todos os aspectos da vida humana Zygmunt Bauman esclarece como se deu essa transição e nos auxilia a repensar os conceitos e esquemas cognitivos usados para descrever a experiência individual humana e sua história conjunta A Modernidade Líquida complementa e conclui a análise realizada pelo autor em Globalização as consequências humanas e Em Busca da Política Juntos esses três volumes formam a análise brilhante das condições cambiantes da vida social e política O Homem Que Sabe 2001 Viviane Mosé Editora Civilização brasileira Resenha Ao apostar na autonomia da razão da ciência e da técnica o homem moderno acreditou que conseguiria construir um mundo melhor do que aquele que lhe era oferecido pela natureza O Homem Que Sabe apresenta discurso raro entre a filosofia e o poema sobre a atual condição do homem Viviane Mosé reflete sobre a modernidade oferecendo ao leitor a oportunidade de pensar por exemplo sobre como ela pode provocar enormes avanços tecnológicos mas ao mesmo tempo crises sociais ambientais e econômicas REFERÊNCIAS ARRUDA M C C WHITAKER M C RAMOS J M R R Fundamentos de ética em presarial e econômica São Paulo Atlas 2003 CHAUÍ M Convite à Filosofia São Paulo Ática 2000 GIANNETTI E Vícios privados benefícios públicos A ética na riqueza das na ções Companhia de Bolso 2007 GIDDENS A Modernidade e Identidade Rio de Janeiro Jorge Zahar 2002 GOFFMAN E A Representação do eu na vida cotidiana Petrópolis Vozes 2014 HARVEY D A condição pósmoderna São Paulo Loyola 1992 HERRERO F J Religião e História em Kant Coleção Filosofia São Paulo Loyola 1991 PINHEIROMACHADO R Pirataria e informalidade na China e no Brasil aproxima ções e tensões em suas estratégias de desenvolvimento In PERALVA A TELLES V S Orgs Ilegalismo na Globalização migrações trabalho e mercados Rio de Janeiro UFRJ 2015 p 239245 QUELER J J As ciências humanas servem para alguma coisa Cadernos de Pesqui sa São Paulo v 46 n 161 2016 ROULLEAUBERGER L Economias migratórias bifurcações biográficas e fronteiras morais na Europa e na China In PERALVA A TELLES V S Orgs Ilegalismo na Glo balização migrações trabalho e mercados Rio de Janeiro UFRJ 2015 p 121137 SANTOS C F A racionalidade científica e a filosofia segunda de Penélope Maddy Cadernos História Filosofia e Ciência Campinas v 21 n 2 p 327351 juldez 2011 SOBOUL A História da revolução francesa Rio de Janeiro Zahar Editores 1974 WILDES I Cultura Religiosa as religiões no mundo 6 ed Petrópolis Vozes 1994 63 GABARITO 1 Letra C 2 Letra B 3 Letra C 4 Resposta apesar da perspectiva otimista de que o ser humano agia plenamente pela razão alguns pensadores começaram a colocar em questão esse otimis mo racional Quem permitiu a ascensão dessa crítica foi o psicanalista Sigmund Freud Para ele os homens achavam que teriam total controle dos seus desejos e pensamentos como se governassem conscientemente suas ações por meio da racionalidade Porém para Freud os homens vivem na ilusão pois nossos dese jos e pensamentos são influenciados pelo poder psíquicosocial denominado inconsciente Não somente Freud contestou a perspectiva racional filosófica Também pode mos citar Karl Marx no final do século XIX que incitou o debate sobre a inte gridade da racionalidade em nossas ações Diferente de Freud que analisava as perturbações e sofrimentos psíquicos Marx investigava empiricamente as questões voltadas à economia política Para ele nossa ilusão racional reside em acharmos que pensamos e agimos livremente de acordo com nossas vontades De maneira ilusória não percebemos a força da ideologia poder influenciador de ações e de pensamentos Marx também inaugurou a tese sobre o capital e seus efeitos na sociedade de classes 5 Letra C 6 Letra C GABARITO UNIDADE III Professora Me Samanta Elisa Martinelli A ÉTICA E A AÇÃO HUMANA Objetivos de Aprendizagem Abordar o legado dos conhecimentos oriental e ocidental na construção do conhecimento E a natureza da formação do corpo político em Rousseau Apresentaremos a manifestação da postura ética e as abordagens fundamentais de cada teoria ética Estudaremos a questão do poder na concepção de Michel Foucault e a análise teórica de Émile Durkheim em relação aos temas da moral e do Estado Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Os legados do conhecimento e a formação do corpo político Teorias éticas e seus paradigmas A diversidade das teorias INTRODUÇÃO Olá caroa alunoa bemvindoa à nossa terceira unidade Abordaremos como a construção do conhecimento é ampla e o conhecimento oriental trouxe certas colaborações para a construção do pensamento ocidental que conhece mos hoje Analisaremos também algumas curiosidades históricas do processo do nascimento do espírito científico que ocorreu nas sociedades antigas e deixou suas contribuições para as sociedades futuras No caso das reflexões apontadas pelos grandes filósofos gregos um dos maiores legados para a modernidade tem como destaque as concepções sobre política democracia justiça moral e ética Conheceremos algumas das teorias éticas e seus paradigmas e por meio des ses conhecimentos perceberemos que a ética é ação carregada de pensamento por isso devemos pensar a respeito dela e da formação da moral Explanaremos as ambiguidades da moral influenciadas pela razão e também pela religião assim como as contribuições de alguns intelectuais para a construção do que conhecemos hoje como racionalidade da filosofia moderna e como esse tema se liga à moral e à ética na sociedade atual Buscaremos esclarecer a importância da formação do corpo político em Rousseau e como as ideias de liberdade e de obediência se relacionam na concepção teórica do autor Também estudaremos como Rousseau concebe a formação de contrato social Ao final revisitaremos sucintamente a ideia de Estado em dois autores impor tantes Michel Foucault e Émile Durkheim Discutiremos as reflexões sobre a produção do poder em Foucault e a importância da concepção de moral e da formação do pensamento coletivo em Durkheim Essas abordagens nos levarão a entender a importância das concepções desses pensadores em diversos temas da filosofia moderna Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 67 A ÉTICA E A AÇÃO HUMANA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 68 OS LEGADOS DO CONHECIMENTO E A FORMAÇÃO DO CORPO POLÍTICO O LEGADO ORIENTAL O espírito científico não nasce do ponto absoluto Temos que nos afastar desse fantasma da origem absoluta dos fatos Na maioria das literaturas pertencentes à discussão da ciência atribuise aos gregos as grandes reflexões e os questio namentos que orientaram a busca ao entendimento sobre o mundo e as coisas Porém as reflexões e os saberes anteriores aos gregos já existiam sendo regis trados pela história e também por meio da arqueologia Por exemplo sabemos que os agrimensores egípcios hindus e chineses conheciam algumas proprieda des geométricas Também temos o conhecimento histórico de que a astrologia de certa forma existe desde antes de Cristo Os Legados do Conhecimento e a Formação do Corpo Político Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 69 O que queremos destacar é que a maioria dos conhecimentos nas socieda des antigas não estavam separados do mito ao contrário havia sincretismo com mistura de doutrinas fusão de ideias e de elementos diversos que representavam uma ciência Por exemplo a astrologia representava o conhecimento esotérico de ordem sobrenatural desenvolvido na Babilônia Muitas formas de saber já existiam antes do marco da razão filosófica grega Não podemos ignorar que a região da Mesopotâmia deixou o grande legado da escrita para o Ocidente inven tada por volta do ano 3000 aC representa uma revolução do espírito humano BOTTÉRO 2006 p 15 Sem a escrita como chegaríamos aos transcritos filosó ficos Como seriam feitas as transmissões de fatos e de ideias para a posteridade histórica Segundo Jean Bottéro a Mesopotâmia nos deixou como legado a con cepção da ciência e do divino uma herança no domínio da razão como no dos deuses 2006 p 15 Lemos nos livros de História que para o Iluminismo a Grécia foi o berço da civilização opondose não só à hegemonia do modelo bíblico cristão mas tam bém aos conhecimentos do Oriente Porém os filósofos jônicos que constituíram o substrato do pensamento da Grécia clássica buscaram sim na Mesopotâmia muitas influências para compor suas primeiras reflexões A partir disso desen volveuse na Grécia uma dimensão científica e racional que os mesopotâmios apenas tinham esboçado BOTTÉRO 2006 p 19 Portanto muito dos conheci mentos do Oriente foram muito importantes para a construção do saber ocidental Na atualidade alguns cientistas buscam dar mais vazão à real história oriental como Edward Wadie Said Fontes históricas revelam que a mitologia babilônica se transformaria com as novas reflexões gregas em uma filosofia A partir desse momento a discussão da explicação pela verdade toma forma e como já vimos manifestase como uma das marcas do pensamento filosófico que juntamente com o legado da pri mazia da razão ocidental marca a história do pensamento no Ocidente e suas extensões nas grandes reflexões iluministas A ÉTICA E A AÇÃO HUMANA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 70 O LEGADO DA FILOSOFIA OCIDENTAL Podemos dizer que as reflexões dos chamados póssocráticos foram importan tes para a contribuição da formação daquela que seria a razão ocidental Na Atenas do século V aC o filósofo Sócrates se destacou pela colocação da busca da verdade que deveria ser desejada pelo ser humano assim como a sabedoria Deveríamos pôrnos sempre em humildade em relação ao conhecimento pois para ele nunca conseguiremos compreender tudo sobre o saber A reflexão o senso crítico a busca da verdade e o eu consciente são alguns dos legados visí veis que ajudaram a construir o paradigma da razão moderna Continuando o legado de Sócrates o filósofo Platão traria também outras reflexões importantes para a modernidade O autor trabalhou temas como a política o bem comum e a justiça discutíveis em nosso cotidiano muitos séculos depois que o pensador já se debruçava em seus estudos Por exemplo a corrupção na época da polí tica ateniense foi assunto muito debatido por Platão Temas da política como democracia cidadania e moral também eram objeto de reflexão Contudo para todo o objeto de análise há método No caso a metodologia utilizada por Platão foi a dialética a interdependência de conceitos que podem parecer contrários mas que se complementam Facilitemos a compreensão com exemplo claro Liberdade e opressão são dois conceitos aparentemente opostos Consideremos a liberdade como aquilo que o autor chama de tese e a opres são o seu oposto denominada antítese Por mais que liberdade e opressão sejam temas que pareçam negarse e distanciarse são interdependentes e capazes de se complementarem formando uma terceira ideia no caso a lei Podemos obser var que a ciência do direito sempre caminha nessa dialética platônica de ideias opostas e por meio da união da contradição da liberdade e da opressão forma se a lei que seria a formação do equilíbrio social Por mais que sejamos livres colocamos limites para nossa autonomia em prol de regras coletivas de convi vência Essa discussão é importante para nosso debate até aqui pois expõe o que já compreendemos sobre a moral Os Legados do Conhecimento e a Formação do Corpo Político Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 71 ROUSSEAU E O CORPO POLÍTICO JeanJacques Rousseau foi o pensador do século XVIII que tratou sobre temas como a virtude do homem a igualdade entre os homens e a conjugação perfeita entre a liberdade e a obediência WEFFORT 2006 p 196 em sociedade Vejamos que trabalhando por meio da razão a ciência para Rousseau deveria desenvol ver a concepção da moral Ela deveria ajudar o homem racional agora consciente a afastarse de seu estado de natureza que simbolizaria seu lado vil para tornar se um homem capaz de vivenciar aquilo que até hoje designamos de sociedade civil Toda a ideia da autonomia da moral kantiana é exposta em Rousseau a ideia do contrato social Quando os homens colocam sua liberdade natural à disposi ção da obediência às leis que ele mesmo ajudou a construir vivencia o contrato atribuindo a alguns indivíduos o poder para executar leis que regulem a vida em sociedade castigando os transgressores e os infratores preservando os inocentes É neste momento que a ideia de corpo político começa a aparecer nos escri tos dos grandes filósofos Não que a construção da política não tivesse acontecido até o momento pois existia em outras formas de arranjos culturais Entretanto as ideias de liberdade do homem de igualdade e de fraternidade na sociedade política moderna ganham dimensão nas teorias desse momento histórico Elas fundamentam as concepções de moral e de ética que até hoje discutimos isto é são fundadas e apoiadas no paradigma da razão Por isso quando falamos de con cepções morais na sociedade atual temos muitas contraposições se levamos em conta ideias religiosas porque pelo ponto de vista do cristianismo as normas se consolidam na palavra de Deus enquanto do ponto de vista filosófico moderno a razão seria o guia para a construção das regras sociais que devem proporcio nar uma vida em sociedade igualitária justa sensata e fundada pela associação do pacto coletivo em que os homens doam sua liberdade individual em favor do bem social Consequentemente o debate racional político deveria pouco relacionar se às questões sobrenaturais religiosas ou pelo menos seria isso que se esperaria de uma organização política na concepção de Estado laico Todavia a sociedade A ÉTICA E A AÇÃO HUMANA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 72 é complexa e os indivíduos carregam crenças Sendo assim essas esferas acabam fundindose e formando misturas entre política e religião que por sua vez influen ciam a formação da moral e dos nossos comportamentos éticos Lembremos que os fundamentos da política e da religião partem de pontos de vista diferentes razão versus sobrenatural como já abordamos em temas anteriores TEORIAS ÉTICAS E SEUS PARADIGMAS Até aqui sabemos que a sociedade é formada pelo corpo político e que estamos submetidos às leis de funcionamento desse corpo social sendo nossos compor tamentos averiguados constantemente Nessa reflexão ao falarmos da moral e da ética a intenção é que tenhamos consciência de nossos atos ações éticas neces sidades e sentimentos A ética é a ação carregada de pensamento uma ação não esvaziada TIBURI 2014 p 111 Somente quando pensamos em nossos atos e comportamentos é que adentramos ao campo da ética Queremos dizer que devemos pensar de maneira a refletir sobre nosso comportamento ético para confrontálos com a maior sinceridade possível Em nossas ações cotidianas a reflexão não é tarefa fácil pois na maior parte do tempo conduzimos nosso pensamento irrefletidamente A nossa postura nosso modo de portarnos representa um pouco daquilo que carregamos conosco e apresentamos aos outros Portanto aparecemos diante do mundo com determinada postura mas esse aparecer pode ter a dimensão da verdade e da mentira TIBURI 2014 Queremos enfatizar que no século XXI passamos a viver a sociedade do espetáculo pois tudo é o que parece ser Isto mesmo tudo é o que parece ser O que apresentamos ao outro é o queremos que sejamos Se eu quero que as pessoas pensem que sou honesto será tal postura que evidenciarei A liberdade sustentada pela criação do pacto social é realmente capaz de promover o equilíbrio entre a ordem e a justiça Teorias Éticas e Seus Paradigmas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 73 Como não temos tempo para conhecer o íntimo humano e tecer julgamentos aprofundados da conduta individual remetemonos ao que visualizamos ao que o outro nos passa e confiamos nisso como verdade Na modernidade líquida as relações são fluidas vivenciamos relações de liquidez e diante dessas incertezas relacionais tecemos análises superficiais do caráter ético do outro Todo o ser humano participa do corpo coletivo Temos a certeza de que vivenciamos a dimensão social e é nela que nossa postura ética se manifesta A primeira teoria ética que estudamos vem dos gregos Esta denominada ética grega tratava a respeito das leis e dos valores da pólis Dava destaque ao homem e seu controle racional seu autodomínio sua consciência e sua busca em alcan çar o equilíbrio entre não parecer tão bom a ponto de assemelharse ao fraco mas não tão mal que se torne o tirano A virtude o bem a justiça e o saber são elementos de destaque para a busca da ética e dos valores morais Tanto na vida pública quanto na vida privada segundo Platão os homens deviam buscar esse ideal sendo a injustiça a característica daqueles que designamos ignorantes Depois da ética grega temos a ética de transição que sai do mundo grego e se limita até o período que antecede o mundo medieval Engloba vários com portamentos diferentes para alcançar a vida feliz De acordo com algumas de suas abordagens Os epicuristas afirmavam que para atingir a felicidade deveríamos ter comportamento moderado não perturbar o espírito e buscar a tranqui lidade do corpo A ÉTICA E A AÇÃO HUMANA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 74 Os cínicos afirmavam que deveríamos ser menos apegados às normas e aos valores para conseguirmos elevar o nosso compromisso com a verdade Afastandonos de tudo que produz a ilusão e que geralmente demons trase no preconceito nas convenções culturais e na normatividade Os céticos afirmavam que deveríamos buscar a distração do mundo à nossa volta demonstrando indiferença e incredulidade pois nada pode mos afirmar com certeza Segundo os estoicos deveríamos buscar viver em harmonia com a natu reza para encontrar a felicidade evitando grandes paixões e tudo aquilo que possa trazernos sofrimento e desestabilizar o nosso autodomínio O universo é um cosmos um universo harmonioso que possui ordenamento A teoria da ética medieval tem caráter normativo assim como a ética grega mas a normatividade está diretamente relacionada aos dogmas da igreja Apesar de nos livros do ensino médio o catolicismo simbolizar a repressão exercida pela igreja devemos lembrar que a igreja católica influenciou a construção da civilização oci dental Com isso queremos mostrar que o sistema universitário as ciências os hospitais o direito internacional e os princípios fundamentais do sistema jurídico foram formados pela igreja WOODS JUNIOR 2008 Nossa intenção aqui não é calcular as benesses da igreja católica muito menos evidenciar seus legados malé ficos mas evidenciar os muitos ramos da ciência que ganharam dimensão nesse momento histórico e o legado da religião na construção da moral Na era medieval evidenciouse o primeiro sistema legal moderno da Europa o qual foi denominado direito canônico em que havia um documento que declarava o conjunto de normas que regulavam a vida Como havia de imaginar seria o guia cristão de diretos e de deveres Aquilo a que chamamos normativi dade é exatamente o estabelecimento de regras a serem seguidas que passam a direcionar a ética de comportamento Na ética medieval a moral condicionava a ação ética portanto comportamentos pecaminosos passavam a ser reprimi dos pois o ser humano devia naquele momento negar os prazeres do mundo Teorias Éticas e Seus Paradigmas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 75 para que alcançasse a salvação Veja que nesse momento histórico a moral passa a ser construída pela ideia religiosa que até hoje exerce influência nos fundamentos da moral moderna Como exemplo observemos o tema aborto Atualmente vários movimentos sociais em vários países do mundo discutem essa questão considerado tabu Pelo julgamento do próaborto a decisão da liberação é motivo de saúde pública e de classe social não devendo por isso relacionála à moral religiosa mas aos dados empíricos científicos que pro vam que muitas mulheres já abortam no Brasil Em contraposição aqueles que se posicionam contra o aborto geralmente amparam seus discursos funda mentandose na moral religiosa ou seja abortar uma vida é pecado Veja que até hoje na ciência do Direito temos aquilo que se denomina direito natu ral expressa valores morais e éticos que cada ser humano carrega consigo enquanto direito positivo relacionase às normas elaboradas e institucionali zadas pela sociedade Nos âmbitos políticos na conversa com amigos nas discussões em sala de aula na reunião de família entre outros também não estamos livres da influ ência da moral religiosa ou seja em espaços sociais e culturais diferentes a ética comportamental está envolta pela ética grega racional e pela a ética cristã religiosa Na modernidade temos dificuldade em discutir sobre ética porque o fundamento da moral pode ser variável Apesar de historicamente a moral filosófica campo que envolve a ética comportamental basearse na razão e esse movimento ter estruturado a ciência no iluminismo não podemos desconside rar a influência daquilo a que chamamos moral religiosa As rupturas de cada movimento histórico nunca são absolutas sempre deixa seus legados Por isso o multiculturalismo tão falado na modernidade representa exatamente a per sistência desses legados na consciência dos agrupamentos sociais modernos Ressaltamos que a cultura tem grande influência para a construção das regras sociais de convivência pois pode passar a formar regras ou seja institucionali zar comportamentos já existente A ÉTICA E A AÇÃO HUMANA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 76 A BUSCA PELA ÉTICA A ética é um ethos ou seja um hábito ou mesmo uma maneira de agir e de compor tarse Importante sabermos que o pensamento grego de Platão enfatizava o bem as boas ações e que ainda hoje cremos nessa herança filosófica Na sociedade moderna vemos discursos que contemplam o bem e o incentivam mas por quê Para fazer o bem ao próximo para colaborar com o coletivo social ou mesmo para a realização pessoal na qual nos sentiremos melhores e mais felizes Todas as respostas podem contemplar a pergunta realizada mas a dualidade baseada no bem e no mal não se manifesta de maneira tão simples em nosso caráter de forma que possamos pensar que um indivíduo faz o bem porque é uma pessoa boa ou faz o mal porque é uma pessoa totalmente ruim As reflexões vão além pois quem de nós nunca praticou atos medíocres ilegais negativos e insultuosos ao próximo E quem de nós não deixou de realizar muitas ações benéficas e virtuosas a outrem Então por que nem sempre nos comportamos conforme a sociedade espera de nós Por que muitas vezes agi mos de maneira antiética segundo as regras morais estabelecidas Discutimos muito sobre ética mas sabemos pouco sobre o tema tampouco refleti mos sobre o assunto e sequer agimos conforme o esperado O segredo é reconhecermos nossa vil condição humana despojarnos da ignorância e buscar o conhecimento Temos que lembrar que a busca do conhecimento a busca pela verdade tão retra tada na filosofia não é plenamente compatível com a condição humana Queremos dizer que essas ideias criadas como a de felicidade e do bem não se manifestam de maneira plena na prática Ninguém é feliz o tempo todo e nem devemos almejar esse ideal pois é inalcançável O homem é um ser falível e estamos condenados a come ter milhares de erros durante nossa vida mas o homem também é um ser que almeja conhecimento capaz de transformar suas fraquezas em algo valioso e virtuoso Por isso devemos buscar de forma permanente as ciências as artes a cultura e a reflexão moral e nos afastarmos da ignorância e das formulações préconcebidas Mesmo sendo seres falíveis o caráter antiético denuncia fato grave da sociedade que estamos perdidos em nosso ordenamento social Algumas comunidades dos homens não mais possuem uma regra das ações MARCHIONNI 1997 p 29 Teorias Éticas e Seus Paradigmas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 77 A dinâmica social da modernidade tende a fragmentar mais as relações entre os indivíduos o que dificulta o senso de coesão em uma moral unificadora Vejamos que quando determinado grupo se ampara em um paradigma como por exemplo o da razão tende a governar suas ações sempre motivadas por essa fundamentação Todas as orientações de valores desses membros seguirão para o comportamento coerente com a racionalidade ao menos é o que se espera Diferentemente desse caso aqueles que acreditam no místico orientarão os movimentos de suas ações sociais direcionados pelo sobrenatural levando em conta o fator teleológico que se refere ao fim ou propósito da vida Então para agirmos eticamente temos que nos basear em fundamentos algo que nos oriente mas que também nos permita reconhecernos permita a nossa autonomia e que nos faça querer praticar ações impulsionadas pelo sentimento de dever A MODERNIDADE E A ÉTICA As orientações de comportamentos não são tão simples de entender ainda mais manifestadas na sociedade moderna na qual os mecanismos de desconfiança entre os indivíduos se intensificam criando aquilo que alguns estudiosos deno minam sociedade de risco GIDDENS 2002 A sociedade em que o sujeito desconfia do outro tende a ter menores coletividade solidariedade e coesão enquanto o individualismo aumenta Nas sociedades tradicionais a ordem per manecia ao menos no passado menos alterada o nível de coletividade se mantinha com mais equilíbrio pois as regras tinham maior poder de influência Quando as regras não funcionam criase o estado de exceção pois os mem bros não reconhecem as regras sociais como legítimas A tão sonhada democracia pensada desde os tempos de Platão desfalece e a liberdade condição básica da autonomia do indivíduo é violada E nesse momento que se instala o governo tirano e ditatorial A tirania ocorre quando alguns tomam o poder ignorando os mecanismos constitucionais ou seja as leis fundantes que revelam direitos e deveres e passamos a ser governados pela vontade de determinado grupo político A ÉTICA E A AÇÃO HUMANA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 78 autoritário O que isso significa e nos diz sobre a constituição da moral e da ética Revelanos que toda a vez que a sociedade perde a noção de seus ordenamentos entra em colapso A primeira visualização que nós indivíduos temos é que só o poder autoritário e absoluto poderia pôr em ordem aquilo que está desorde nado mas essa é uma saída baseada no medo e no desespero de uma sociedade na qual indivíduos se sentem expostos e vulneráveis Vejamos a construção daquilo que Thomas Hobbes 15881679 um dos filósofos denominados contratualistas como JeanJack Rousseau 17121778 e John Locke 16321778 expõe em seu livro Leviatã Em sua teoria Hobbes expôs que o homem em seu estado natural tende a viver sem ter organização Portanto para o autor o homem precisaria de um pacto social que firmasse o convívio subordinado dos indivíduos mas o homem a que ele se refere não é selvagem e desequilibrado representa apenas que o sujeito em estado de natu reza necessita de entidade maior que organize sua vida A origem da sociedade e do Estado estaria nesse contrato Após adentrálo o homem passa a ser um ser social e político Porém o contrato só é possível quando há noções que nas cem de uma longa experiência de vida em sociedade WEFFORT 2006 p 52 Em nosso estado de natureza ou seja na vivência desordenada os homens não seriam capazes de conviver em sociedade nem pela própria prudência haja vista que a prudência nada mais é do que a parte de tempo de experiência do indivíduo naquilo que ele se dedica a fazer A experiência oferece isso a todos os homens por isso às vezes eles tendem a ter concepção vaidosa da própria sabedoria WEFFORT 2006 Contudo se a natureza supostamente ofereceria isso a todos os homens são mais iguais do que pensam Para Hobbes embora possamos vivenciar experiências estas não são suficientes para podermos decifrar os códigos sociais ou seja não temos a capacidade de saber exatamente o que o outro deseja assim passamos racional mente a fazer suposições Como o outro não sabe o que quero ele também passará a supor racionalmente o que desejo Caminhando nessa conjectura de desconfiança mútua nossas presunções não são capazes de evitar o eminente estado de guerra natural entre os homens o de atacar ou de defenderse quando se sente ameaçado Por isso Hobbes afirma que a guerra se generaliza entre os homens e precisamos de um estado forte que nos diga o que fazer e como comportarnos WEFFORT 2006 A Diversidade das Teorias Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 79 É nesse momento que estabelecemos o pacto social O Estado emerge para repri mir e controlar nasce estabelecendo o princípio de conservação humana Em várias concepções teóricas ele tende a ser caracterizado como organizador da vida em socie dade nasce para mediar as relações entre os homens relações estas políticas Teremos diversas outras teorias que também tratam da fundamentação política e social do Estado aliadas à repreensão à indução dos comportamentos e ao excesso de poder A DIVERSIDADE DAS TEORIAS MICHEL FOUCAULT A QUESTÃO DO PODER Caroa alunoa trabalhamos a questão do Estado como corpo político e suas manifestações de repre ensão para o controle e o ordenamento social e é importante discutirmos um pouco da questão do poder nas concepções do filósofo francês Michel Foucault Para ele uma das mais antigas funções do filósofo era a de colocar limites ao excesso de poder em todos os momentos e casos em que essa situa ção manifestarse perigosamente para a sociedade FOUCAULT 2012 Portanto o filósofo tinha em suas reflexões o perigo que o despotismo representava Segundo Thomas Hobbes o homem é o lobo do homem Você concorda com esse pensamento A ÉTICA E A AÇÃO HUMANA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 80 De acordo com Foucault os mecanismos de poder estão estruturados nos sis temas sociais e políticos do Ocidente Quando visualizamos governos despóticos como o nazismo o fascismo e o stalinismo estes apenas prolongaram uma série de mecanismos de poder que já existiam como por exemplo a formação dos partidos e dos aparelhos repressivos Portanto a superprodução de poder é algo perigoso É mais seguro à sociedade ter um poder moderador Dentro da concepção política o reflete que o pensamento e a ação dos indivíduos estão ligados à ética produzindo resultados políticos Dessa maneira a ética envolve a interação entre a teoria e a prá tica Foucault buscou relacionar as análises históricas e as teorias da relação de poder das instituições Nesse sentido a atitude ética deve gerar atitude política quanto mais consciente possível para que aqueles que governem sejam obrigados a levar o cida dão em consideração Devemos passo a passo a cada instante confrontar o que se pensa e o que se diz com o que se faz e o que se é FOUCAULT 2012 p 213 ÉMILE DURKHEIM O ESTADO E A MORAL Na visão do sociólogo Émile Durkheim 18581917 o Estado é o conjunto de corpos sociais instituídos para falar e agir em nome da sociedade OLIVEIRA 2011 p 96 De fato damos competência a ele e nos encontramos envolvidos O despotismo impressiona pela estupidez do estilo Stendhal A Diversidade das Teorias Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 81 nisso Então as sociedades só agem coletivamente por meio da instituição gover namental pois é instrumento que produz a moral como conjunto de modos de agir e de pensar coletivo É o Estado o responsável por reforçar essa moral para que não vivenciemos a desordem Coletivamente as pessoas se encontram mais facilmente ligadas ao ordenamento em que as regras estejam no plano da cons ciência coletiva Esta é a própria moral para que as ações sociais se direcionem ao único pólo eis aí o papel do Estado É como se este reforçasse a consciência coletiva nos indivíduos para que nos lembremos de que a realidade é coletiva e a nossa socialização se estabelece por meio de normas e de regras comuns Para Durkheim há duas maneiras de ação do Estado manifestar ações vio lentas para reprimir aquilo que foge às suas regras e controlar nossa consciência coletiva de maneira pacífica por meio da moral estabelecida No primeiro caso tem a função militar é o órgão da justiça social impositiva e coercitiva Por meio dele que se organiza a vida moral OLIVEIRA 2001 Então diferentemente de outras concepções teóricas como a kantiana que delibera o indivíduo autô nomo capaz de doar suas liberdades para obedecer a leis que ele mesmo criou e deseja obedecêlas a moral durkheimiana afirma que na medida que existem direitos escritos o direito só existe a partir do momento em que é deliberado pelo Estado Por isso diante dessa concepção vemos a tendência da situação jurídica permanecer e estenderse enquanto a situação de guerra tende a tor narse diminuta Isso ao menos é o que deveríamos esperar de sociedade em que temos moral coletiva forte e bem estruturada Esta influencia o comporta mento coagindo ações que levem à desordem incentivando o ethos coletivo Lembremos que toda a vez que falamos de ética e de moral abrangemos a con cepção de coletivo o comportamento em relação ao outro e as regras que regem a sociedade e nos conduzem ao Estado normativo harmonioso A ÉTICA E A AÇÃO HUMANA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 82 CONSIDERAÇÕES FINAIS Aprendemos que o desenvolvimento da razão é o marco fundamental para o pensamento das primeiras reflexões a respeito de temas no tocante à política à moral à ética e à justiça Assim entendemos que a sociedade regida por regras como vemos hoje é o construto de grandes reflexões que deram corpo àquilo que designamos como normatividade Por isso a reflexão é ato primordial e muito valioso para que consigamos orientar nossas ações eticamente Discutimos a importância da moral e da ética para o ordenamento social e para a formação da vida harmoniosa em sociedade Vimos como esses temas estão sempre ligados a concepções coletivas como a solidariedade e a ação em relação ao outro Assim percebemos que para agir eticamente precisamos da moral bem estruturada a fim de que consigamos reconhecer o conjunto de regras que devemos orientarnos Nesta unidade também aprendemos como é importante construirmos a sociedade baseada na confiança das relações entre seus membros A nossa pos tura perante os outros revela nosso caráter ético assim como nos diz a respeito da validade e da institucionalização da moral Por fim destacamos como a razão e a religião se embrincam na formação da moral sob o aparato do Estado moderno Expomos a concepção de contrato social em Hobbes assim como sua impor tância para a organização da vida em sociedade Nesse sentido retomamos a abordagem sobre como a concepção do Estado se fortalece por meio de grandes teóricos que refletiam a respeito do social Vimos que não é de hoje que o Estado é o responsável por grandes decisões que regulamentam a vida em sociedade sendo fomentador da moral e influenciador do ethos coletivo Finalizando nossa unidade trouxemos as análises teóricas de Michel Foucault e Émile Durkheim 83 1 A construção do saber e o nascimento do espírito científico se desenvolveram no decorrer dos séculos em diversas regiões do mundo A respeito do tema assinale a alternativa correta a A construção do saber grego é absoluta antes o conhecimento não existia b O conhecimento grego foi importante para o iluminismo porém apoiouse estruturalmente no conhecimento esotérico c Na região da Mesopotâmia assim como em outras regiões do Oriente já ha via formas de pensamento que se debruçaram para compreender o mundo d A região da Mesopotâmia não influenciou o pensamento dos gregos jôni cos sendo esse conhecimento irrelevante para as primeiras reflexões gregas a respeito da razão e Umas das marcas do pensamento grego se baseia no mito tendo a razão um papel secundário 2 Sobre os primeiros passos da razão e a construção da reflexão grega assinale a alternativa correta a Para os gregos a razão é a verdadeira fonte do conhecimento por ela conhe cemos o mundo b O tema da razão se tornou importante na reflexão filosófica dos gregos po rém não exerceu papel central na formação do pensamento científico c No milagre grego o desenvolvimento filosófico apesar de sua importância não representou ação libertadora para as novas formas de pensar o mundo d Questionar a origem das coisas as vivências e o nosso papel enquanto seres humanos levanos sempre a conhecimentos absolutos e seguros e Compreender os acontecimentos por meio da razão pouco nos ajuda a compreender o mundo social a ciência a moral e a ética 3 Baseado nos conteúdos abordados a respeito da capacidade reflexiva e da im portância da reflexão filosófica assinale a alternativa correta a Apenas os intelectuais têm a capacidade de refletir sobre a vida pois só eles possuem o conhecimento verdadeiro b Ciência é conhecimento em construção prova disso foi a influência do co nhecimento mesopotâmico na reflexão do saber racional ocidental 84 c As reflexões filosóficas pouco se relacionam com a prática não exercendo papel relevante na vida social e na formação do pensamento sobre temas como política moral e ética d Podemos divagar em relação a muitos pensamentos como as reflexões fundamentadas pelo misticismo no qual a construção da racionalidade se baseou e Na modernidade a reflexão sempre é segura e nunca pode ser contestada 4 Sobre o legado da filosofia ocidental e algumas reflexões a respeito do conhe cimento assinale a alternativa correta a O senso crítico é empecilho ao conhecimento científico e à construção de novos paradigmas racionais b Política democracia ética moral e justiça são temas que começaram a ser discutidos apenas recentemente em sociedade c A filosofia passou a discutir apenas há pouco tempo temas que abordam a corrupção e a política d As reflexões dos chamados póssocráticos foram importantes para a contri buição da formação daquela que seria a razão ocidental e O conhecimento deve ser pouco desejado pois dificilmente nos ajudará a fomentar a construção da razão moderna 5 Sabemos que alguns filósofos se debruçaram sobre o tema do contrato social Eles foram chamados de contratualistas Sobre os conhecimentos que abor dam essa temática na concepção rousseauniana assinale a resposta correta a A ciência para Rousseau deveria debruçarse em temas que não se relacio nassem com a moral b Para Rousseau o melhor estado do homem é o estado de natureza no qual ele formaria seu pacto civil com a sociedade c A ideia de liberdade do homem de igualdade e de fraternidade ganhou di mensão nas teorias de Rousseau d As análises sobre política começaram a ser discutidas no período histórico dos contratualistas não existindo anteriormente e Segundo Rousseau o contrato social é o embasamento de obediência fir mado na irracionalidade e na falta de liberdade do homem 85 No livro Do Contrato Social JeanJacques Rousseau relata como seria a formação do pacto social enfatizando como a formação do pacto coletivo entre os homens foi fundamental para a vida coletiva e para a manutenção e a preservação dos direitos dos homens Segun do o autor o homem saiu do seu estado primitivo aquele estado instintivo passando para a convivência em sociedade civil Para tanto segundo o autor o homem em sua liberdade de conservação doase a todos formando uma associação capaz de garantir a vida co letiva conservando a espécie Vejamos o excerto extraído do pensamento de Rousseau Eu imagino os homens chegados ao ponto em que os obstáculos prejudiciais à sua conservação no estado natural os arrastam por sua resistência sobre as forças que po dem ser empregadas por cada indivíduo a fim de manterse em tal estado Então esse estado primitivo não mais tem condições de subsistir e o gênero humano pereceria se não mudasse sua maneira de ser Ora como é impossível aos homens engendrar novas forças mas apenas unir e dirigir as existentes não lhes resta outro meio para se conservarem senão formando por agrega ção uma soma de forças que possa arrastálos sobre a resistência pôlos em movimento por um único móbil e fazêlos agir de comum acordo Essa soma de forças só pode nascer do concurso de diversos contudo sendo a força e a liberdade de cada homem os primeiros instrumentos de sua conservação como as empregará ele sem se prejudicar sem negligenciar os cuidados que se deve Esta difi culdade reconduzida ao meu assunto pode ser enunciada nos seguintes termos Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja de toda a força comum a pessoa e os bens de cada associado e pela qual cada um unindose a todos não obe deça portanto senão a si mesmo e permaneça tão livre como anteriormente Tal é o problema fundamental cuja solução é dada pelo contrato social As cláusulas deste contrato são de tal modo determinadas pela natureza do ato que a menor modificação as tornaria vãs e de nenhum efeito de sorte que conquanto jamais tenham sido formalmente enunciadas são as mesmas em todas as partes em todas as partes tacitamente admitidas e reconhecidas até que violado o pacto social reentra cada qual em seus primeiros direitos e retoma a liberdade natural perdendo a liberdade convencional pela qual ele aqui renunciou Todas essas cláusulas bem entendido reduzemse a uma única a saber a alienação to tal de cada associado com todos os seus direitos em favor de toda a comunidade por que primeiramente cada qual se entregando por completo e sendo a condição igual para todos a ninguém interessa tornála onerosa para os outros Além disso feita a alienação sem reserva a união é tão perfeita quanto o pode ser e nenhum associado tem mais nada a reclamar porque se aos particulares restassem alguns direitos como não haveria nenhum superior comum que pudesse decidir entre eles e o público cada qual tornado nalgum ponto o seu próprio juiz pretenderia em breve sêlo em tudo o esta do natural subsistiria e a associação se tornaria necessariamente tirânica ou inútil Fonte Rousseau 2011 p 23 MATERIAL COMPLEMENTAR A Vila 2004 M Night Shymamalan Sinopse Em 1897 uma vila parece ser o local ideal para viver tranquila isolada e com os moradores vivendo em harmonia Porém esse local perfeito passa por mudanças quando os habitantes descobrem que o bosque ao redor esconde a raça de misteriosas e perigosas criaturas por eles chamados de Aquelas de Quem Não Falamos O medo de ser a próxima vítima dessas criaturas faz com que nenhum habitante da vila se arrisque a entrar no bosque Apesar dos constantes avisos de Edward Walker William Hurt o líder local e de sua mãe Sigourney Weaver o jovem Lucius Hunt Joaquin Phoenix tem grande desejo de ultrapassar os limites da vida rumo ao desconhecido Lucius é apaixonado por Ivy Walker Bryce Dallas Howard uma jovem cega que também atrai a atenção do desequilibrado Noah Percy Adrien Brody O amor de Noah termina por colocar a vida de Ivy em perigo fazendo com que verdades sejam reveladas e o caos tome conta da vila Orientalismo O Oriente como invenção do Ocidente Edward Said Editora Companhia de Bolso Resumo Orientalismo é um ensaio erudito sobre um tema fascinante como uma civilização fabrica ficções para entender as diversas culturas ao seu redor entender e dominar Neste livro de 1978 um clássico dos estudos culturais Edward W Said mostra que o Oriente não é apenas um nome geográfico entre outros mas a invenção cultural e política do Ocidente que reúne as várias civilizações a leste da Europa sob o mesmo signo do exotismo e da inferioridade Recorrendo a fontes e a textos diversos descrições de viagens tratados filológicos poemas e peças teses e gramáticas Said mostra os vínculos estreitos que uniram a construção dos impérios e a acumulação do fantástico e problemático acervo de saberes e de certezas europeias REFERÊNCIAS BOTTÉRO J No começo eram os deuses São Paulo Civilização Brasileira 2006 FOUCAULT M Ética sexualidade política Rio de Janeiro Forense Universitária 2012 GIDDENS A Modernidade e Identidade Rio de Janeiro Jorge Zahar 2002 HOBBES T Leviatã São Paulo Martin Claret 2009 MARCHIONNI A Ética na virada do século São Paulo LTd 1997 OLIVEIRA M O Estado Émile Durkheim In OLIVEIRA M WEISS R Orgs David Émile Durkheim e a atualidade de um clássico Curitiba UFPR 2011 ROUSSEAU JJ Do contrato Social São Paulo Companhia das Letras 2011 TIBURI M Filosofia prática ética vida cotidiana e vida virtual Rio de Janeiro Re cord 2014 WEFFORT F C Os clássicos da política São Paulo Ática 2006 WOODS JUNIOR T E Como a igreja católica construiu a civilização ocidental São Paulo Quadrante 2008 87 GABARITO GABARITO 1 Letra C 2 Letra A 3 Letra B 4 Letra D 5 Letra C UNIDADE IV Professora Me Samanta Elisa Martinelli A ÉTICA PROFISSIONAL Objetivos de Aprendizagem Apresentar os valores da sociedade do trabalho e os comportamentos no ambiente de trabalho na nova dinâmica flexível Expor a natureza do pensamento econômico utilitarista discorrendo sobre os objetivos a serem alcançados pela economia para a promoção do bem social Apresentar a importância do conceito de democracia ampliada ressaltando a relevância da participação política e da consolidação da cidadania Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade A ética profissional e a responsabilidade no mercado de trabalho Imperativos éticos na profissão do economista Ética cidadania e política INTRODUÇÃO Caroa alunoa seja bemvindoa à quarta unidade do nosso livro de Filosofia e Ética Nesta unidade aprenderemos a respeito da ética profissional e como as mudanças atuais no mundo do trabalho remetem à transformação e à releitura de nossas posturas como profissionais Veremos a ampla necessidade do profis sional moderno de adaptarse aos valores éticos e morais do mundo do trabalho e como as novas posturas se tornam fundamentais na sociedade dinâmica Também aprenderemos como as regras morais norteiam nossos comporta mentos e formam estereótipos nas mais diversas profissões Daremos destaque às importâncias do caráter da moral e da ética em nossos confrontos diários como futuros profissionais Trataremos do tema da flexibilização do trabalho e das novas dinâmicas da acumulação flexível como também abordaremos o novo ethos flexível Estudaremos como na vida profissional e nos espaços de trabalho precisa mos prezar pelo bem comum partilhando do princípio da alteridade Falaremos sobre a finalidade da economia no que tange à ética refletiremos sobre o pen samento utilitarista e sobre a economia positiva destacando suas diferenças e seus propósitos Ambas as correntes utilizadas em favor do compromisso polí tico do profissional da economia No tocante ao tema da cidadania e da democracia aprenderemos sobre a natureza da participação social democrática Veremos como a política será englobada como instrumento de bemestar social Abordaremos o conceito de cidadania ampliada direcionada à agência política assim como o conceito de democracia estará relacionado à participação social e à construção de direitos Também estudaremos sobre a economia política e as noções da vida pública e privada O processo histórico de elaboração dessas duas esferas da vida social as distinções entre elas e como na modernidade essas esferas se encontram mais próximas e diluídas Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 91 A ÉTICA PROFISSIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 92 A ÉTICA PROFISSIONAL E A RESPONSABILIDADE NO MERCADO DE TRABALHO Para entendermos sobre ética no mercado de trabalho e na vida profissional preci samos entender que as relações de trabalho mudam conforme o momento histórico Digamos que a construção de sociabilidades se altera quando o mercado de trabalho também se modifica nesse sentido as construções políticas e econômicas se desen volvem e demandam a compreensão de novos significados no que tange aos valores da sociedade do trabalho Por isso os valores éticos se atualizam pois os desafios cotidianos a que somos impelidos na vida profissional nos fazem agir de maneira distinta portanto o que tínhamos como valores éticos profissionais há trinta anos não são essencialmente o que temos hoje como valores éticos profissionais Sabemos que a economia brasileira se insere no mercado internacional e é afetada pelas transformações das relações de trabalho em todo o mundo O novo fenômeno que se coloca com grande destaque nas relações produtivas é o que chamamos de acumulação flexível HARVEY 1992 O mundo caminha nessa recente dinâmica haja vista que a acumulação flexível representa as flexibiliza ções do mercado da produção dos contratos e do consumo que começaram a ganhar espaço no Brasil nos anos 1990 Portanto o primeiro ponto importante é analisarmos que as relações de trabalho tendem à maior dinamização na era da flexibilização isso significa que as relações de trabalho e a flexibilidade de adaptar se a situações diferentes exigem novas ações éticas ou seja estipulam os limites de comportamentos aceitáveis para as novas dinâmicas enfrentadas em cada profissão A Ética Profissional e a Responsabilidade no Mercado de Trabalho Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 93 Vivemos muitas experiências coletivas relacionadas às mudanças culturais e às novas dinâmicas da economia HARVEY 1992 As interações sociais aumen tam em níveis nunca antes alcançados Os espaços de trabalho se tornam lugares adequados à formação do ethos da cultura organizacional Em alguns ambientes o ethos está em transformação absorvendo mudanças em outros impera o ethos ainda conservador de alguns princípios Cabe ao profissional fazer a leitura desses espaços e de seu comportamento perante a empresa Cada ação realizada desempe nha poder simbólico nossos corpos falam por nós nossas roupas nossa fala nossa leitura de vida nossas posições políticas nosso status de classe nossas ideias etc São essas interpretações sociopsicológicas que fazem parte da construção do nosso eu e que se ligam às interpretações da moral e à ética nos ambientes de trabalho Não podemos manifestar tudo o que pensamos no ambiente de trabalho Em certa medida nossos temperamento e personalidade tendem ao controle nesses espaços profissionais Com o passar dos anos interpretamos tão bem o ethos que representamos na empresa e na profissão que já o naturalizamos passamos a ser aquilo que construímos na vida laboral como se as formações das con dutas adequadas ao ambiente de trabalho fossem totalmente nossas e não fruto da construção adequada de comportamentos ditos eticamente desejáveis Essas construções esperadas pela sociedade se estabelecem pela moral sendo por esta que certos comportamentos são respaldados A ética no trabalho nada mais é do que a formação do comportamento que atenda às regras morais As composições de comportamentos laborais não fazem parte apenas da nossa vida dentro da empresa pois comportamentos exteriores a esse ambiente também os compõem O exemplo claro do que argumentamos se encontra nas redes sociais que significa a ação desempenhada por cada individuo mas que é avaliada virtual mente Se temos nosso chefe em nossas redes sociais não publicaremos exatamente tudo o que queremos pois ali continuamos a representar o ethos ligado à empresa Nosso papel laboral precisa ser mantido uma vez que estamos sendo avaliados Por isso precisamos ser sinceros em relação a quem somos quando entramos em determinada empresa se só quisermos vender a imagem pessoal isso não fun cionará por muito tempo Temos que ter a virtude de nos comprometermos com princípios que realmente vivenciamos É preciso também nos atentarmos ao nosso perfil analisarmos se são realmente compatíveis com a moral da empresa A ÉTICA PROFISSIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 94 se temos opiniões e valores parecidos ou totalmente diversos Não significa que você precisa pensar como todos os trabalhadores da empresa que trabalha até porque somos indivíduos portadores de direitos e precisamos expressarnos respeitando nossa existência multifacetada Uma equipe totalmente homogênea de perfis totalmente acríticos não parece ser o caminho da moderni dade das relações de trabalho e de demais esferas sociais Grandes ideias nascem de pessoas despojadas corajosas inteligentes ousadas e dispostas a romper com o que geralmente está posto sem esses indivíduos o mundo jamais se transfor maria Importante entendermos que algo que deve delinear nossas relações e se torna crucial na sociedade heterogênea em que estamos inseridos é o princípio do respeito ao próximo não podemos ferir a existência de ninguém respeitando o ambiente multicultural de pessoas com ideias e crenças diferentes O espaço de trabalho é o local propício para fazer valer o princípio da alteridade São nesses espaços que somos desafiados haja vista que escolhemos nossas amizades nossas famílias tendem a compartilhar valores mais parecidos com os nossos devido à construção de valores comuns nos cultos religiosos há pessoas que compartilham das mesmas crenças enfim por isso é no ambiente de trabalho que o respeito mútuo se torna fundamental para que as relações fluam de maneira agregadora Evidente que poderemos depararnos com pessoas completamente dis tantes do comportamento que vemos como adequado e desejado ou até mesmo podemos ser a pessoa que mais parece uma intrusoa social na empresa Veremos como essas interpretações em relação ao outro são realizadas e como devemos refle tir sobre elas Compreenderemos o que ocorre quando alguém não se adapta à ética da empresa e como esse indivíduo tende a ser interpretado por seus colegas O ETHOS EXTERIORIZADO NA VIDA PROFISSIONAL Temos a noção de que para cada profissão a autoimagem normativa é constru ída assegurando relações de poder superiores e inferiores de acordo com a maneira que cada indivíduo se comporta Os grupos mais poderosos tendem a verse como pessoas melhores ELIAS SCOTSON 2000 amparados pela moral compartilhada e estabelecem regras de comportamento O ethos profissional A Ética Profissional e a Responsabilidade no Mercado de Trabalho Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 95 nasce dessas regras morais construídas historicamente em todas as profissões São aparentemente estigmas valores enraizados que nos levam a elaborar em nossa mente a construção daquilo que queremos ver ou que imaginamos ver nos profissionais Por exemplo no caso do médico criamos o estereótipo dessa profissão em nossa mente e ainda ajudamos a reiterar essa construção Criamos porque fomos induzidos a isso desde a infância vendo figuras anúncios brin quedos programas de TV etc uma padronização da nossa mente Reiteramos estereótipos quando nossa expectativa mental não corresponde ao que visualizamos e assim duvidamos da competência do profissional pela sua postura porque o lemos por meio da comparação entre o que nossa mente imagi nou e o comportamento real do profissional Quando vamos ao médico reparamos em sua idade em sua cor em sua roupa em sua fala na decoração de seu consultó rio e nos tipos de pessoas que frequentam aquele lugar e certos observadores até para o diploma pendurado na parede Essas rápidas análises nos trazem a sensação de segurança A vida ética profissional é exatamente isso a sensação de confiança que damos ao outro por meio da construção da figura profissional que demons tra agir em relação aos valores da empresa ou das organizações Estabelecemos graus de confiabilidade por meio de nossas análises pessoais Quanto mais distante o profissional está daquilo que esperamos dele da iden tidade criada em nossa mente tendemos a confiar menos Se aquilo que vemos está distante da nossa expectativa criada momentaneamente há o questiona mento interno sobre sua capacidade efetiva de exercer aquele trabalho mesmo se o profissional não tenha nos desapontado em nenhuma ação concreta Por isso o comportamento ético profissional também está ligado à construção de expec tativas diretamente relacionada aos princípios e à imagem da empresa ou do profissional que tenho em mente Por exemplo se você chega a uma loja de grife e visualiza um funcionário desarrumado talvez questione como uma empresa de roupas poderá ajudarme com o meu visual se o próprio funcionário não consegue realizar para si esse objetivo É por isso que vamos ao shopping e geral mente vemos os funcionários muito bem arrumados Da mesma maneira são os comissários de bordo que representam a elegância e o bom trato das compa nhias aéreas para com o cliente Diante do exposto precisamos entender que a ética está para além da ação concreta ela também se encontra no plano simbólico A ÉTICA PROFISSIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 96 Por que essas expectativas de comportamentos e de representações de imagem existem e exercem tanta influência sobre nós Por que nós indivíduos reproduzi mos essas expectativas historicamente construídas quando não aceitamos postura diferente e quando reafirmamos o normativo isto é o convencionado pela prática histórica Dependendo dos valores esperados e dos lisonjeiros que a profissão carrega a construção do ethos é mais forte O status concedido a algumas profissões também age com maior ou menor grau de normatividade Estaremos mais acostumados a ver um advogado de terno do que um publicitário Estereótipos que construímos ao longo dos anos e que continuamos a reproduzir mas eles não bastam pois podem pouco dizer a respeito dos princípios morais e da competência profissional Podemos contratar um péssimo advogado de terno e um ótimo publicitário vestindo uma cami seta dos Beatles O incômodo estará apenas na construção visual que nos causará desconfiança devido à moral e à ética exteriorizada e muito arraigada em valores poucos contemplativos da pluralidade da sociedade moderna Portanto o ethos exterior sempre passará pelo crivo da aprovação por ser mais visível e por estar ligado à construção mental do esperado Mas devemos levar em consideração as ações efetivas como a responsabilidade no trabalho a honesti dade o comprometimento o equilíbrio emocional etc A política brasileira nos ensina muito a respeito do tema pois vemos candidatos fazerem milhares de pro messas vestindose com roupas caras e se utilizando de propaganda publicitária emotiva Muitas vezes a competência e o programa político ficam como pano de fundo A tragédia eminente da política brasileira se revela na falta de princípios morais de ações éticas de competência de vocação política e demais atributos Tal falta de comprometimento influencia a vida de milhões de brasileiros A mesma coisa ocorre na empresaorganização quando o profissional não é ético suas ações ganham dimensão que não sabemos exatamente o que poderá gerar Chamamos de ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de caráter Oscar Wilde A Ética Profissional e a Responsabilidade no Mercado de Trabalho Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 97 OS PRINCÍPIOS ÉTICOS NA ERA DA FLEXIBILIZAÇÃO Diante da reflexão filosófica devemos nos revaliar analisar nossas intenções e comportamentos para com o próximo Podemos nos perguntar se nossas preo cupações são apenas de cunho econômico se estamos comprometidos com os valores da empresa se a empresa também está sendo honesta conosco se somos feliz realizando tal trabalho se nos sentimentos devidamente recompensado por ele etc O processo de flexibilização no trabalho pede aos trabalhadores que eles sejam mais ágeis estejam abertos a mudanças em curto prazo assumam ris cos continuamente dependam cada vez menos de leis e procedimentos formais SENNETT 2007 p 9 sendo assim esses questionamentos se fazem importan tes A flexibilidade muda o próprio significado do trabalho e da vida profissional por isso precisamos refletir sobre quem somos o que queremos e como agimos para não nos perdermos no meio do caminho Como curiosidade histórica a palavra carreira originalmente significava na língua inglesa uma estrada para carruagens sendo aplicada ao trabalho como as atividades econômicas a que os homens e as mulheres deveriam exercer ao longo de suas vidas Sabemos que a carreira não é mais realidade de trabalho do presente e há pesquisas que já revelam que será menos ainda para o futuro do trabalho glo bal Tendemos a exercer no decorrer da vida funções diversas adaptabilidade vinda dos novos formatos do mundo do trabalho que requer o desenvolvimento de novas habilidades A reflexão nos ajuda exatamente a manter os nossos princípios e valores em ambientes de trabalho tão diversos que podemos ocupar Lembremos que os princípios basilares éticos não podem ser volúveis mas adaptados às nossas funcionalidades e habilidades profissionais Esse é o grande desafio da ética pro fissional do século XXI Lembremos também que as leis jurídicas servem para que o trabalhador também possa cobrar das empresas atitude ética para com seus funcionários e que cumpram seus compromissos Como as mudanças são contínuas e as empresasorganizações se adaptam cada vez mais às relações de mercado não temos a pretensão de estabelecer manual de comportamentos éticos Os profissionais da atualidade precisarão interpretar as rela ções de trabalho a cada espaço ocupado estar sempre atento à política da empresa analisando os significados de suas ações perante o que se espera do profissional A ÉTICA PROFISSIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 98 e principalmente perante os princípios basilares de sua educação em nível fami liar escolar e de cidadania Podemos verificar que cada profissão tem seu código de ética e os debates são constantes Por que isso ocorre Porque como dissemos a moral também é questionável Ela também pode modificarse transformando as regras e os juízos de valores ao qual estamos pautados hoje induzindo novos comportamentos futuros Isso não quer dizer que a sociedade se tornará amoral apenas que os indivíduos repensam os fundamentos da moral por meio da ética reflexiva As regras apenas se transformam nunca são abolidas e são fundamen tais para a convivência e para o norteamento dos comportamentos em sociedade Dissemos que a flexibilidade do trabalho promove a liberdade para que as pessoas moldem suas vidas Talvez na relação espaço e tempo essas concepções de acordo com cada profissão possam trazer certos aspectos de liberdade aos profissionais Porém a flexibilidade também impõe nova ordem de controle ou seja enganase quem pensa que as regras sejam abolidas Nossa sociedade é estruturada em regras que são um pouco mais complexas e difíceis de serem compreendidas do que aparentam A flexibilidade do trabalho causa impacto sobre o caráter das pessoas este definido como o valor ético que atribuímos aos nossos próprios desejos e às nossas relações com os outros SENNETT 2007 p 10 Esse tema permeia as reflexões filosóficas desde a antiguidade O caráter se concentra no aspecto a longo prazo de nossa experiência emo cional expressandose pelo compromisso mútuo Quando entramos em uma empresa e realizamos um trabalho profissional temos compromisso mútuo Como então demonstraremos caráter ético Primeiramente façamos o julgamento moral analisando quais são os nossos valores e os da empresa pois normalmente são diferentes Nós temos determinada construção enquanto indivíduos e não pode mos nos esquecer disso senão cairemos no caso já exposto de encarnarmos a ética da empresa achando que são nossos valores Quando tivermos de enfrentar situa ção decisória no trabalho devemos ter em mente os desafios para sabermos que os fatos não são tão fáceis e que não necessariamente as noções de certo e de errado estarão claras em nossas mentes pois às vezes não há fronteiras nítidas NASH 2001 O código de ética profissional nem sempre dará conta de ler as situações de Imperativos Éticos na Profissão do Economista Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 99 enfrentamento moral e da vida cotidiana O que devemos fazer é refletir e resga tar a base de padrões morais da nossa construção social como sujeito realizando julgamentos de valores e a partir daí começarmos a medir as opções mais justas como profissionais que somos em nosso meio de trabalho Portanto o cotidiano das relações de trabalho nos trará desafios éticos em que não poderemos nos abastecer Por exemplo o administrador ou gerente deverá em algum momento da profissão decidir por demitir algum funcionário por cortes de gastos Será uma decisão dolorosa mas deverá ser feita da forma mais honesta e justa Boas intenções não bastam na vida profissional ética o que importa são as ações No espaço trabalhista nossos valores são colocados à prova e em meio ao ambiente competitivo podemos nos deparar com nossa faceta mais egoísta Serão nossas ações concretas que dirão quem somos e como agimos eticamente em situações difíceis do cotidiano profissional IMPERATIVOS ÉTICOS NA PROFISSÃO DO ECONOMISTA As questões da economia sempre estiveram ligadas à ética que sempre esteve associada à natureza de pensar a economia pois esta nasce como ramificação dos estudos da ética filosófica Curiosamente Adam Smith o pai da economia moderna foi professor de filosofia moral da Universidade de Glasgow na Escócia Estudando a história da filosofia compreendemos que a economia teve duas ori gens ambas advindas da política a ética e a engenharia Origens parecidas mas naturezas diversas no qual falaremos à frente No que tange à ética econômica o filósofo Aristóteles já demonstrava sua preocupação em refletir qual seria a finalidade da economia para realizar o bem para o homem Nesse sentido ela não deve almejar de imediato a busca pela riqueza pois esta não deve ser ape nas um bem em si mesmo mas útil em outros interesses SEM 1999 A ÉTICA PROFISSIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 100 Portanto a filosofia a política e a ética estão relacionadas aos estudos da econo mia Dentro dessas abordagens que relacionam elucubrações a respeito da vida e de sua finalidade levantamos algumas importantes questões para reflexão A primeira pergunta como devemos viver SEM 1999 p 20 direcionanos para as questões da importância da ética nas relações sociais nos comportamen tos humanos e na busca da felicidade A segunda como alcançaremos o bem para a humanidade remetenos diretamente à avaliação social da vida e dire ciona a atitude ética para o bem coletivo mais do que para o bem individual Conforme dissemos anteriormente são duas as origens da economia a ética e a engenharia Dentro da visão ética muito mais presente até o século XIX temos a corrente de pensamento do utilitarismo como instrumento social dentro das ciências econômicas O utilitarismo se baseia no sistema ético que contem pla e valoriza a qualidade ética da ação O pensamento caminha para a reflexão a respeito das perspectivas de felicidade das pessoas estabelecendo preocupa ção maior com as ações sociais Nessa perspectiva a felicidade ganha dimensão Direito e justiça por exemplo são tomados como fenômenos éticos GUERRA 1997 assim como a política Por isso por meio dessa corrente de pensamento refletimos se dentro de nossa sociedade a política econômica tem servido como mecanismo de bemestar social ou apenas de acumulação de riquezas Assim a corrente utilitarista levantaria alguns questionamentos como o que seria o bem para a sociedade Se somos seres pensantes podemos cada um refletir e criar Imperativos Éticos na Profissão do Economista Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 101 uma concepção particular de bem para a nação Com mais profundidade podemos refletir o que seria o bem na economia moderna Na perspectiva de Amartya Sem a natureza da economia moderna foi substancialmente empobrecida pelo distan ciamento crescente entre economia e ética SEM 1999 p 23 Porém lembremos que muito antes da modernidade a questão concernente ao papel da economia já era levantada por Aristóteles com fins de proporcionar visão ampla das éticas eco nômica e política Portanto esse legado histórico de pensar sobre a relação entre economia ética e política tende a contribuir para refletirmos a respeito da profissão do economista e avaliar sua contribuição social para o mundo ao seu redor Se as questões econômicas e éticas estão relacionadas podemos refletir sobre como devemos viver ou como devemos agir em sociedade Embasados pelo pensamento racional em que a sociedade moderna se organizou cremos que os indivíduos ajam racionalmente Nesse sentido a corrente de pensamento da economia positiva se apodera da racionalidade para enfatizar a consciência interna de escolha dos indivíduos SEM 1999 a consciência de investir de ana lisar oportunidade nos mercados de organizarse financeiramente de maneira geral de escolher economicamente Porém as nossas escolhas racionais nem sempre significam condução ao bem da humanidade às vezes nem mesmo à felicidade dos homens A raciona lidade nos aprimora a refletir sobre como viver melhor mas não é garantia desse alcance Na sociedade de consumo o valor a que damos aos objetos de apropria ção ganha abrangência em nossas vidas Conquistas passam a ser medidas por aquisição de bens materiais e de riquezas como se isso se tornasse sinônimo de felicidade Por isso no que tange à ética e ao bemestar precisamos refletir sobre as valorações que damos a princípios como lealdade respeito dignidade huma nidade compaixão como também ao dinheiro a bens materiais a conquistas a metas etc A ética na economia tem a ver com essas reflexões ela nos incita a refletir sobre qual é o limite ético na conquista de nossos objetivos Envoltos por uma sociedade desigual e expostos às leis do mercado nós pre cisamos medir nossas ações e analisarmos se somos capazes de manternos éticos Mas o economista é ou deveria ser o mediador entre o mercado e seus efeitos na sociedade Por isso a ética desse profissional é tão importante pois sempre esteve na origem dos fundamentos da economia A ética se importa com o nosso A ÉTICA PROFISSIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 102 compromisso com os outros não somente com nossos colegas de trabalho e fami liares mas com os indivíduos que partilham da vida econômica em sociedade Ela nos pergunta a respeito de quais as coisas que nós realmente nos importamos Sua valoração está ligada mais às pessoas ou à riqueza De quais ações você se utili zaria para alcançar seus objetivos Seria capaz de ser desleal por dinheiro Suas ações têm cunho social ou apenas individual contemplando apenas o bem próprio Essas são perguntas que devem permear nosso imaginário a cada ação cotidiana que pensamos em realizar Apesar de sermos seres coletivos às vezes nos esque cemos disso e passamos a mensurar tudo pelo nosso individualismo Em suma de maneira clara temos hoje o homem econômico moderno par ticipante da economia flexível que preza pela liberdade de mercado contratual de consumo e competitiva mas que precisa ser ético em suas relações Qual seria a dimensão moral desse grande sistema Para a ciência econômica positiva o mercado teria superioridade alocativa ou seja seria capaz de alocar recursos de forma justa e moralmente correta por meio da ciência econômica positiva Na contramão dessa perspectiva otimista da regulação as questões éticas e morais ganham maior valor no utilitarismo e a natureza humana não se demonstra tão reduzida quanto nas análises positivas Isso porque o homem não se reduz às escolhas econômicas pois as esferas sociais contemplam demais áreas da vida social para além da economia Não estamos a todo tempo propensos a tomar decisões acertadas Por mais que lembremos a importância da racionalidade do desenvolvimento da ciência e da própria construção da moral o homem não é o construto absoluto de ações humanas calculadas por logaritmos Temos consciência que o homem moderno está inserido no mercado con templado pela financeirização do capital e essa natureza econômica do mercado global pouco a pouco é capaz de moldar a natureza do homem e criar sistemas e normas éticas que contemplem a dinâmica da acumulação acelerada do capital Portanto o objetivo dessa reflexão se dá a respeito dos limites éticos dessas rela ções cotidianas modernas econômicas Pelo lado crítico podemos argumentar que essa contemplação do mercado como grande regulador caminha quase para a utopia Devem ser muitos os agentes contemplados por essa regulação pois há muitas categorias a serem analisadas dentro do panorama global Esse caráter con templativo do mercado ideal deve ser problematizado por meio das análises éticas Imperativos Éticos na Profissão do Economista Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 103 que buscam refletir a real capacidade da economia em trazer benefícios a todos na sociedade A história nos apresenta as grandes crises econômicas que muitas vezes necessitaram da intervenção do Estado para correção de erros e de exces sos A história também nos apresenta os altos índices de desigualdade mundial de níveis altos de desemprego e inflações em muitos momentos da história política econômica brasileira e mundial Portanto atualmente o mercado é uma institui ção políticamoral que influencia padrões de comportamento assim devemos nos ater a que sociedade ele está nos conduzindo Essa economia serve a quem Com quem ela está comprometida Esse é o grande desafio ético profissional do economista pensar suas ações com responsabilidade e comprometimento social EM BUSCA DO BEMESTAR SOCIAL Precisamos refletir sobre o nosso bemestar real Muitas alusões são feitas à vida moderna o quão bom é o quanto nosso avanço científico nos contemplou em descobertas que aprimoram nossa vida o quanto o dinheiro nos possibilita comprar o que desejamos mas nunca falamos tanto em doenças como ansie dade depressão e síndrome do pânico e nunca tocamos tão fundo no tema do suicídio relacionado às pressões no trabalho à vida econômica às necessidades diárias para manter a vida digna ou seja nunca fomos tão longe e ao mesmo tempo perdemos tanto Para que nós nos encontremos uma das propostas está em fomentar o resgate aos valores a si mesmo a utilização da sabedoria humana em prol do desenvolvimento humano benéfico As temáticas econômicas e financeiras nunca como hoje atraem a nossa aten ção pelo motivo da crescente influência exercitada pelo mercado em relação ao bemestar material de boa parte da humanidade Isto requer de uma parte uma adequada regulação de suas dinâmicas e de outra uma clara fundamentação ética que assegure ao bemestar conseguindo uma qualidade humana das rela ções que os mecanismos econômicos sozinhos não podem produzir Santa Sé A ÉTICA PROFISSIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 104 Pensar e refletir sobre nossas ações é filosofar e esse é o passo para enxergar mos o caminho que traçamos para nós e para o nosso futuro Nesse trajeto em que almejamos um mundo melhor as relações econômicas e políticas devem ter orientação ética Geração de riqueza que contemple o bemestar social ou seja gerar qualidade de vida e oportunidades de maneira mais igualitária Lembramos que a ética é justamente a capacidade de pensar no outro comportamento que leva o próximo em conta que por meio da alteridade reconhece as diferenças mas que busca o respeito a justiça e o bem comum Em dia atuais esse conceito tem se empobrecido e devemos ter o compromisso de enriquecêlo O papel ético está relacionado à crítica social econômica Como já vimos anteriormente as teorias sociológicas prezam pela existência do homem social e da formação da moral para a harmonia da sociedade coletiva autônoma e refle xiva A economia também faz parte desse comprometimento ético social Não é apenas do ponto de vista da economia política que temos compromisso ético mas também naquilo que se designa hoje como a análise econômica As análi ses econômicas não devem esquecer do bem coletivo mas realizar prognósticos que levem em conta as esferas social política moral e ética A economia é produtora de sociabilidades valores de ações recíprocas no sentido da atribuição que tem na formação das relações sociais modernas A economia não pode ser tomada apenas como análise econômica matemática dos prognósticos do mercado Por meio das mercadorias do consumo do des carte da aquisição e das trocas formamos a identidade social O status social da pessoa em uma era de acumulação flexível global é significativa nas construções objetivas e subjetivas da vida social A prova disso é que na amplitude daquilo que designamos como classe média no Brasil os medidores sociais passaram a con siderar muitos indicadores para medir realmente em que classe cada indivíduo se encaixa Não é apenas pela renda que se mede a classe os resultados econô micos vão além adentram a vida social criam sociabilidades e são capazes de demarcar o indivíduo afirmando o que ele é na sociedade e o lugar que ocupa Imperativos Éticos na Profissão do Economista Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 105 A PRODUÇÃO DO ETHOS DE CONSUMO A relação dos indivíduos com as mercadorias tem se ampliado A produção cada vez mais acessível e o crédito fornecido à população facilita a implementação do consumo A globalização também aparece como fenômeno facilitador des sas relações de aquisição tal qual a internet e os vários sites de compras Nada despropositado a relação de consumo é cada vez mais incentivada fruto da eco nomia ativa e da necessidade de ampliação dos mercados Se refletirmos a respeito dessa forma de despesa moderna podemos analisar o novo ethos o compor tamento baseado no consumo que tem o poder de modificar a valoração das coisas que consideramos prioritárias Caminhando na tendência da materiali dade cada vez mais precisamos de itens e esse tipo de conduta também se liga à discussão das éticas produtiva e ambiental Se quisermos experienciar a auto nomia é preciso pensarmos a respeito da liberdade de compra que devemos ter acesso a liberdade econômica que nos possibilite e não nos aprisione Moldar esse comportamento para o bem da humanidade é o grande desafio já que tam bém é necessário consumir com responsabilidade Algumas teorias relatam que somos livres para essa troca de objetos de con sumo outras dizem o contrário que estamos sujeitos e alienados a esse processo A formação do indivíduo moderno deve buscar alcançar o equilíbrio nas formas das relações econômicas e no consumo de mercadorias A expressão autêntica da liberdade individual não é apenas termos independência de agir e de comprar mas não estarmos presos à concepção consumista da vida moderna A ética é a demonstração desse cuidado com o bemestar da humanidade e de suas relações com o meio e até mesmo com os objetos de aquisição Essa reflexão está ligada àquilo que a administração denomina empreendedorismo sustentável que tem como pilar estrutural a responsabilidade social Consumir de maneira sadia na sociedade em que a economia promove o acesso e o bemestar A ÉTICA PROFISSIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 106 ÉTICA CIDADANIA E POLÍTICA A DEMOCRACIA E A CIDADANIA Na década de 80 vivenciamos a transição democrática no Brasil construção esta que se reergue passo a passo rumo à sociedade em que todos tenham representa tividade A democracia tem como natureza a participação social as construções de identidades coletivas da noção de direito e de cidadania Ela ajuda a construir o regime em que haja possibilidades de novas práticas e formas de sociabilidade fundadas em bases mais igualitárias Em meio a essa prática política como exercí cio das relações sociais devemos nos constituir de relações que nos humanizam minimizando dominações e opressões de uns sobre outros Condiz à cidadania a garantia da participação na sociedade para que todos possam exercer com ple nitude o direito de escolha podendo decidir sobre seu destino social Simplicidade não é sinônimo de carência Simplicidade é sinônimo de sufici ência comida afeto de saúde e de felicidade Mario Sérgio Cortella Ética Cidadania e Política Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 107 Sabemos que os agentes sociais não se justapõem um ao lado do outro em socie dade Convivemos com a existência de classes sociais desigualdades de poder das diferentes relações entre dominados e dominadores Essas relações de poder devem ser contestadas pois a cidadania é a arma para que haja maior equidade de direitos e de participação Não devemos ser humanamente similares mas socialmente livres e iguais Construir o caminho no qual a democracia seja solidificada e a cidadania seja ampliada deve ser o nosso objetivo enquanto agentes éticos Entendemos que a construção da cidadania está fundamentalmente ligada às experiências de movi mentos sociais Quando construída no contexto urbano a cidadania se revela no acesso à cidade englobando nesses ricos espaços culturais as lutas das minorias negros gays e mulheres O direito à igualdade e o direito à diferença fazem parte da sociedade democrática Qualquer ideia autoritária é obstáculo tanto à constru ção da democracia quanto à cidadania pois não zela pela ampliação do espaço de debate político mas concentra autoridade nas mãos de poucos A DEMOCRACIA AMPLIADA Nossa visão de como se faz política deve ser transformada em pleno século XXI É de grande valor que as definições e as teorias políticas ampliem seus alcances para a concepção plena e ética da cidadania política Bemvindas são as forma ções de espaços políticos ampliados extrapolando os limites da velha política tradicional efetuada apenas pela atuação do Estado e dos partidos Para termos ética em torno da política é preciso que os cidadãos participem estejam enga jados informados adequadamente por veículos de comunicação seguros e exponham suas opiniões O que chamamos de democracia ampliada é essa con cepção de que todos nós somos agentes políticos e assim como as instituições nós também realizamos política sobre o terreno da política quem a faz onde como e sobre o quê ou em outros termos seus agentes seu espaço modo de operação e agenda constituem elemento fundamental na emergência de uma cultura democrática DAGNINO FERLIM SILVA TEIXEIRA 1998 p 20 A ÉTICA PROFISSIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 108 Realizamos quando saímos às ruas em movimentos sociais pacíficos e organizados não só quando votamos mas também quando cobramos de nossos governantes cla reza e honestidade quando ampliamos as diversas formas de participação no poder como a participação em audiências na câmara conselhos gestores etc quando denunciamos abusos de poder quando desestruturamos a visão oligárquica de polí tica que tentou nos induzir ao pensamento de que a política deveria ser feita apenas por poucos A política é para o povo e pode ser elitista autoritária excludente cor ruptiva e clientelista da troca de favores Desde os tempos de Aristóteles a política é a arte mestra SEM 1999 p 105 Isso significa que se utilizou das diversas áreas das ciências como as econô micas para legislar sobre o que devemos ou não fazer em sociedade Nesse sentido podemos dizer que a economia política tem seus efeitos práticos mas também se relaciona com seus deveres éticos Há princípios de normas e de condutas que devem não somente orientar mas inspirar e motivar aqueles que exercem essa profissão As ações profissionais devem ser pautadas no ponto de vista ético tanto das relações que permeiam essa categoria profissional tanto dos clientes do poder público e dos órgãos governamentais e da sociedade Vamos a alguns princípios norteadores dos valores estabelecidos como éticos na pro fissão de economista e que se ligam à ação política A política não se resume à eleição É preciso açãosocial para que possamos sair do papel de eleitor e alcançar o papel de cidadão Viviane Mosé Ética Cidadania e Política Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 109 Honestidade relacionada à moralidade ao compromisso com os valores que carregamos e à retidão com o próximo Trabalho relacionase à construção da nossa identidade sendo imprescindível para a sociabilidade e a criação de nossas virtudes Justiça social relacionada à igualdade de direitos à que bra de preconceitos à inclusão e atitudes que nos fazem caminhar para a sociedade mais coletiva e menos indivi dual Liberdade se relaciona ao ato de poder decidir de agir segundo seu livre arbítrio de acordo com sua própria vontade e sua autonomia Fraternidade relacionada à ideia de liberdade e de igual dade Associada à dignidade de direitos Humanidade relacionada à natureza humana à clemên cia à compaixão à afabilidade e à benevolência em rela ção aos acontecimentos e ao sofrimento humano Compromisso relacionase ao seu comprometimento com os demais assumir postura que leve aos desenvol vimentos social intelectual e profissional aplicados sem pre em favor do progresso A ÉTICA PROFISSIONAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 110 A ECONOMIA POLÍTICA O PÚBLICO E O PRIVADO Desde a Grécia antiga e do surgimento da cidadeestado definiuse a separação da vida privada e da vida pública A esfera privada representava o ambiente doméstico e familiar enquanto a pública seria ligada à política à liberdade e à igualdade Naquele momento o que se considerava economia estaria relacionado à vida do indivíduo e à sua manu tenção suas necessidades de sobrevivência portanto pertencia às esferas doméstica e privada ARENDT 2014 Nesse sentido o termo economia política era contraditó rio já que os vocábulos significavam assuntos de esferas completamente diferentes A vida pública também era considerada espaço entre iguais A pólis era distinta do lar pois permitia ao homem espaço para igualdade É verdade que tal igual dade no domínio político nada se relaciona com a compreensão de igualdade da sociedade moderna No político significava ter que lidar somente com a classe que tinha acesso dispensando naquele momento histórico os escravos Essa igualdade não estava ligada à justiça mas no mundo moderno está cujos os domínios do social do econômico e do político se aproximam Com a ascendência da sociedade e das atividades econômicas ao domínio público na contemporaneidade a admi nistração domiciliar e todas as questões que envolviam o âmbito do lar passam a ser assuntos coletivos Isso quer dizer que a economia política e o direito passam a ter maior amplitude e adentrar espaços da vida social seja privada ou pública É por isso que hoje vivemos a discussão interminável em termos de quais assuntos devem pertencer ao âmbito público e quais devem ser restritos à vida particular O que existe hoje é a proximidade entre essas esferas até mesmo uma agregação É importante entendermos que a liberdade é princípio democrático essencial valor fundamental para o Estado Democrático de Direito Sabemos que existe relação entre a ação humana privada e a vida pública por isso vivemos o dilema da regulação entre esses âmbitos Hoje são mais condensados e nem mesmos nós conseguimos separar nossas questões familiares de outras esferas de nossa vida pública como o trabalho Esta remete à noção de acessibilidade daquilo que é comum a todos do compartilhamento da realidade dos acontecimentos do mundo que enriquece as relações sociais dános cidadania e nos traz consciência coletiva Já a esfera privada fortalece os interesses pessoais Hoje não mais se define como pertencente ao lar e à família mas como parte do mundo que cabe ao indivíduo Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 111 que está sob seu controle sob seu domínio diz sobre sua riqueza privada proprie dade e também sobre sua liberdade de ação Ambas as esferas devem coexistir e são importantes para a liberdade na sociedade democrática CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa finalizamos mais esta unidade e para que você não se esqueça dos diversos conteúdos abordados relembraremos brevemente os principais pon tos do nosso ensinamento Neste encontro nosso foco foi a ética profissional e discutimos a finalidade da profissão do economista no que tange ao comporta mento ético Lembramos que o compromisso coletivo e o bem social são muito importantes para a construção da sociedade harmoniosa e que almeja o progresso Vimos a importância das nossas reflexões a respeito das ações humanas e qual futuro desejamos para a humanidade As noções de responsabilidade social de felicidade de valores e de escolhas estiveram presentes em nossas discussões Estudamos também como construímos o ethos profissional e como nossa vida laboral se edifica nesse papel e na criação de expectativas de comportamentos desejáveis Esses comportamentos geram confiança e melhoram a expectativa dos indivíduos em relação ao coletivo Nosso estudo situou o profissional da economia como mediador entre as vozes do mercado e as demandas da sociedade Como nosso objetivo foi abordar a ética enquanto sinônimo de compromisso com o outro conduzimos o tema da economia para a política para as construções morais e para o bemestar coletivo O conceito de democracia ampliada também foi trabalhado para que entendês semos que a participação política é ampla e todos nós somos agentes políticos Como tratamos de temas relacionados à coletividade aprendemos sobre a economia política e a construção da ideia de vida pública e privada desde a Grécia Antiga até suas modificações na modernidade Vimos como antes a eco nomia pertencia à esfera privada e como hoje faz parte tanto desta quanto da vida pública Assim entendemos que ambas coexistem na dinâmica social que favorece a consolidação da democracia 112 1 Sobre as transformações do mundo do trabalho e da ética analise as afirma ções a seguir e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas I Os valores éticos na vida profissional tendem a permanecer estáticos haja vista que o mercado de trabalho no mundo atual pouco se altera II A flexibilização do trabalho é processo de mudança muito antigo nas rela ções de trabalho no Brasil por isso os trabalhadores já estão completamen te adaptados à sua dinâmica III A mudanças no mundo do trabalho fazem com que os profissionais se depa rem com um mundo do trabalho muito mais dinâmico flexível e globaliza do Essas transformações exigem que o profissional seja capaz de adaptarse a situações diferentes que exigem novas ações éticas IV Fazer leitura da vida profissional é entender os limites de comportamentos aceitáveis para as novas dinâmicas enfrentadas em cada profissão V O processo de acumulação flexível é o novo fenômeno que se coloca como o grande destaque das relações produtivas e do trabalho atual Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta a F F V V V b F V V V V c V F V F V d F V V V F e V F F V V 2 Sabemos que os espaços de trabalho se tornam lugares adequados ao com portamento do ethos desejado Explique como nossas ações nos ambientes de trabalho devem ser cuidadosas pois expressam a construção do nosso eu 3 Sobre moral e ética na vida profissional assinale a alternativa correta a Nossa personalidade e nosso comportamento tendem a ser mais controla dos nos espaços de trabalho de maneira que nossas condutas se tornem mais adequadas e eticamente desejáveis b Nossa vida virtual não pode ser considerada extensão da formação de nosso comportamento profissional pois pouco relata a respeito da construção de nossa imagem pessoal 113 c Para sermos profissionais éticos em uma empresa pouco importará se nos sos valores e princípios são compatíveis com os valores da organização d O espaço de trabalho é pouco propício para fazer valer o princípio da alte ridade e Os ambientes de trabalho são locais heterogêneos formados por pessoas de culturas diversas Mesmo que pensemos diferente de nosso colega de trabalho eticamente não somos obrigados a respeitar as diferenças 4 Sobre as mudanças no mundo de trabalho e o desenvolvimento de novas ha bilidades assinale a alternativa correta a As mudanças são inerentes ao mundo profissional por isso nossa ética pro fissional também pode ser volúvel e displicente b Interpretar as relações de trabalho em cada espaço ocupado estar atento à política da empresa e analisar os significados das nossas ações perante o que a empresa espera do profissional são fatores importantes no que diz respeito à construção da ética no ambiente de trabalho c A flexibilidade do trabalho não tem influência sobre a construção dos valo res éticos que procuramos refletir d O código de ética de cada profissão nos fornecerá em todas as situações o caminho absoluto do que é o certo a realizar pouco importando as situ ações cotidianas de enfrentamentos e desafios particulares que podemos vivenciar e As relações de trabalho não nos trarão muitos desafios éticos sendo pou cos os nossos valores colocados à prova 5 Sobre economia e ética assinale a alternativa correta a O tema da ética recentemente foi relacionado aos estudos econômicos b O pensamento utilitarista pouco se preocupou com o tema da ética focan do mais em assuntos de outra natureza c As éticas econômica e política pouco nos ajudariam a refletir sobre como devemos viver sermos felizes e conduzirmos a humanidade ao bem cole tivo d A ética econômica pode nos ajudar a refletir a respeito da valoração que damos a princípios como lealdade respeito dignidade humanidade com paixão e claro ao dinheiro às conquistas aos bens materiais e às metas e A ética econômica pouco se importa com a dimensão moral da ética do mercado financeiro 114 Os estudos da área da ciência política nos demonstram a importância das análises so bre a efetividade da democracia brasileira Desde a metade dos anos 1980 período de redemocratização no país a participação política deveria ter se ampliado haja vista os ganhos da constituição de 1988 principalmente na formação dos conselhos gestores e outros mecanismos que facilitariam a participação da população nas decisões políticas Porém o Estado em sua estrutura demonstrou resistência à participação popular assim como os partidos políticos que deveriam ser os mediadores entre Estado e sociedade ci vil não demonstraram seu interesse em cumprir sua função em estender a participação popular para além do período eleitoral para além dos votos nas urnas No debate da segunda metade dos 1980 no qual se enfrentavam as distintas con cepções e projetos sobre o caráter da democracia que se queria para o Brasil a ideia da participação da sociedade na discussão e decisão sobre os rumos do país ganhou espaço na disputa com projetos marcados por concepções elitistas de democracia Sob forte influência dos movimentos sociais daqueles anos a necessidade da constituição de espaços públicos tantos os destinados a promover o debate amplo no interior da sociedade civil sobre temasinteresses excluídos da agenda pública como aqueles que se constituem como espaços de democratização da gestão estatal se tornou o eixo fundamental da discussão sobre a participação A constituição de 1988 por meio de seu artigo primeiro e da criação dos conselhos gestores para a formulação de políticas públicas além da inclusão de mecanismos como o plebiscito referendum audiência pública e tribuna popular consagrou o princípio da participação estendendoa para além do direito de voto O retrato da participação da sociedade civil brasileira nos espaços públicos que emerge dos resultados da pesquisa mostra como esperado que o processo de constru ção democrática não é linear mas contraditório e fragmentado Além disso demonstra que esse processo se vincula à multiplicidade de fatores eliminando qualquer possibi lidade de conceber a sociedade civil como demiurgo do aprofundamento democrático 115 Essa multiplicidade inclui desde logo evidentemente o Estado não apenas considera do como conjunto de forças que ocupam o poder nos vários níveis municipal estadual e federal mas especialmente a estrutura estatal cujo desenho autoritário permanece largamente intocado e resistente aos impulsos participativos Incluem também os parti dos políticos mediadores tradicionais entre a sociedade civil e o Estado Nessa vocação pendular que é sua característica inerente os partidos políticos no Brasil historicamente se inclinaram sempre na direção do Estado com exceções por isso mesmo notórias limitando sua busca de representatividade na sociedade civil aos momentos eleitorais e aos mecanismos vistos como os mais eficazes nesses instantes o clientelismo as re lações de favor o personalismo etc A distância entre a sociedade civil e os partidos a insatisfação generalizada com a política partidária assinalada também pelos estudos realizados em outros países da América Latina indicam a precariedade dessa função mediadora A busca por parte de organizações da sociedade civil de relações mais dire tas com o Estado certamente se vincula também a essa precariedade Assim a comple xidade inerente à novidade dos espaços públicos no Brasil inclui também os possíveis embates entre organizações da sociedade civil e partidos ao lado dos conflitos entre a representatividade advinda das urnas e aquela que se articula nos espaços de participa ção da sociedade civil Fonte adaptado de Dagnino 2002 p 141142 MATERIAL COMPLEMENTAR Ruptura 2018 Manuel Castells Editora Zahar Sinopse Sopram ventos malignos no planeta azul sentencia o sociólogo Manuel Castells enquanto o mundo é pelo turbilhão de múltiplas crises A crise econômica que se prolonga em precariedade de trabalho e desigualdade social o terrorismo fanático que impossibilita a convivência humana e alimenta o medo a permanente ameaça de guerras atrozes como forma de lidar com conflitos as inúmeras violações dos direitos humanos e à vida Existe porém a crise ainda mais profunda mãe de todas as outras a ruptura da relação entre governantes e governados a desconfiança nas instituições e a não legitimidade da representação política Tratase do colapso gradual do modelo político de representação a democracia liberal Nesse livro urgente fruto de ampla pesquisa Castells analisa as causas e as consequências desse rompimento à luz dos mais recentes acontecimentos políticos mundiais a vitória de Trump nos Estados Unidos o resultado do Brexit no Reino Unido a desconfiguração partidária na França e a ideia de democracia real em oposição à democracia liberal moribunda que nasceu dos movimentos sociais originários das redes sociais na Espanha que levou ao fim do bipartidarismo no país Mas aonde nos levará essa ruptura Qual a nova ordem que substituirá a que morre Se o futuro é ainda incerto Castells nos faz refletir e enxergar com clareza o panorama atual na publicação mais que oportuna para o momento de incerteza em que vivemos Minimalismo O documentário foi inspirado na história de Joshua e Ryan autores do blog Minimalists e de ebooks como Minimalism Everything that remains e Essential Minimalismo faz resgate àquilo que realmente importa Não se trata de ter menos coisas de levar uma vida nômade viajando pelo mundo ou de ser egoísta e deixar pessoas e coisas importantes para trás Tratase de saber identificar o que realmente importa e tentar manter sua vida em torno delas Podem ser coisas sentimentos relações entre outros web httpswwwtheminimalistscom web httpsvidaorganizadacom20170606documentariominimalism web httpswwwyoutubecomwatchvY8TvKOVeWQ REFERÊNCIAS ARENDT H A condição humana Rio de janeiro Forense Universitária 2014 DAGNINO E FERLIM U SILVA D R TEIXEIRA A C C Cultura democrática e cidada nia Revista Opinião Pública Campinas v 5 n 1 p 2071 novembro 1998 DAGNINO E Democracia teoria prática a participação da sociedade civil In PERIS SINOTO R M FUKS M Orgs Democracia teoria e prática Rio de Janeiro Relume Dumara2002 ELIAS N SCOTSON J L Os estabelecidos e os Outsiders Rio de Janeiro Zahar 2000 GUERRA A C Ética e Economia Ministério da Economia Janeiro 1997 HARVEY D Condição pósmoderna São Paulo Edições Loyola 1992 NASH L L Ética nas empresas guia prático para soluções de problemas éticos nas empresas São Paulo Makron Books 2001 SEM A Sobre Ética e economia São Paulo Companhia das letras 1999 SENNETT R A corrosão do caráter consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo Rio de Janeiro Record 2007 REFERÊNCIA ONLINE ¹ Em httpwwwvaticanvaromancuriacongregationscfaithdocuments rcconcfaithdoc20180106oeconomicaeetpecuniariaepohtml Acesso em 22 mar 2019 117 GABARITO 1 Letra A 2 Resposta cada ação que temos desempenhamos poder simbólico Nossos cor pos falam por nós nossas roupas nossa fala nossa leitura de vida nossas posi ções políticas nosso status de classe nossas ideias etc São essas interpretações sociopsicológicas que fazem parte da construção do nosso eu e que devemos tomar cuidado nos ambientes de trabalho 3 Letra A 4 Letra B 5 Letra D GABARITO UNIDADE V Professora Me Samanta Elisa Martinelli ÉTICA E CONTEMPORANEIDADE Objetivos de Aprendizagem Compreender o fenômeno da violência e a questão do ordenamento social Analisar a relação do Estado com a violência e a formação da sociabilidade violenta Analisar a crime moral e a ética da humanidade ligada à corrupção à exclusão social e ao acesso à cidade Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Ética e violência Ética conhecimento e educação Ética e corrupção Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 121 INTRODUÇÃO Caroa alunoa nesta última unidade de estudo analisaremos o fenômeno da violência procurando entender como este se tornou problema social que coloca em risco o corpo coletivo Dessa maneira veremos como a ética nos faz repensar de que forma encararemos as resoluções desse conflito Também compreende remos como na teoria sociológica a violência pode ser encarada como doença social e como a violência modifica nossa sociabilidade Seguimos nossa análise sobre a noção de Estado como detentor do uso legítimo da violência Refletiremos a respeito da banalização do ato violento estudando também as funcionalidades de cada instituição em seu combate chegando à compreensão do papel da educação para essa contribuição ana lisando o problema dos pontos de vista antropológico filosófico científico e claro pedagógico A seguir refletiremos se a violência está presente na própria construção humana ou se é fruto de construção social Também poderemos entender os papéis da razão e da ética na compreensão desse fenômeno e nas possíveis solu ções As manifestações de ódio e as intolerâncias também serão analisadas para refletirmos sobre as suas fundamentações Por último trataremos dos dilemas da ação política refletindo a respeito da corrupção analisandoa sobre os aspectos da moral e da ética No tocante às políticas públicas visualizaremos a discussão breve do direito à cidade Expondo a exclusão como forma de violência veremos como a dinâmica dos espaços se estrutura diante das relações econômicas e políticas ÉTICA E CONTEMPORANEIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 122 ÉTICA E VIOLÊNCIA A VIOLÊNCIA E A ORDEM SOCIAL Até este momento estudamos a importância da filosofia política para a cons trução da moral e da ética Esses temas estão associados às relações entre os homens assim como o tema da construção social da violência Dentro da aná lise teórica a violência é a forma de ação que rompe com os códigos de ordem estabelecidos na sociedade civil Sabemos que o ordenamento social é produ zido pela própria sociedade sendo esta capaz de produzir a violência bem como reprimila É em meio às relações humanas que a violência se processa e tem se estruturado na realidade brasileira Conforme já discutimos a construção da moral visa edificar o ordenamento social para que os indivíduos possam harmoniosamente vivenciar a vida coletiva A violência simboliza esse rompimento com a ordem coletiva pois é a agressão direcionada não só ao indivíduo mas a todos os que compõem o grupo Como exemplo imaginemos que um cidadão é roubado e agredido a violência não se constitui apenas sobre o sujeito acometido mas também como alerta social transmitindo a mensagem de que há alguém que não se enquadra nas normas vigentes Logo respeitando os processos constitucionais esse indivíduo deve ser Ética e Violência Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 123 penalizado por romper com o ordenamento que representa o código moral e ético Esse é o modelo de embate social contra a violência criminal que vemos hoje na sociedade brasileira Entendemos a violência como fenômeno social que abrange temáticas como a civilidade e a incivilidade ou seja a relação de respeito entre os indivíduos A violência é um dos maiores problemas sociais do Brasil atualmente mas tem se solidificado e se estruturado há muito tempo presente em nossa construção histórica A própria descoberta e o desenvolvimento do Brasil desde o período colonial demonstravam violência O que esta adquiriu ao longo dos anos é a forma de manifestação adaptável às novas relações e aos comportamentos da modernidade Prova de que a sociedade brasileira enfrenta as dificuldades de combate a esse ímpeto humano transgressor é o sentimento de insegurança e da cultura do medo que vivenciamos no país e em diversos lugares do mundo A confusão ética em relação a esse tema se apresenta quando os indiví duos tendem a admirar os transgressores aqueles que rompem com os códigos de ética Isso não quer dizer que questionar a ordem vigente seja violência Lembremos que a moral também se transforma e que a reflexão permanente a respeito do que vivenciamos e o que desejamos é fator de desenvolvimento e progresso social Devemos estimular a ética no comportamento social e reprimir as atitudes violentas respaldar a nossa concepção social por meio da educação ética que envolva pensamento pautado na alteridade e reprima essa inversão de valores vivenciada que banaliza a violência tornandoa cotidiana e muitas vezes aceitável Segundo o historiador social Leandro Karnal os seres humanos possuem a tendência a cometer transgressões Em analogia à criação do mundo e à mensagem bíblica cristã do homem e da mulher no jardim do Éden segundo o historia dor Deus estabeleceu apenas uma regra não comer do fruto proibido Mesmo assim a melhor natureza humana criada por Deus perfeita à sua imagem e à sua semelhança transgrediu a ordenança primordial isto é desobedeceu a ordem Essa natureza conflituosa entre bem e mal certo e errado moral e imoral ético e antiético no fundo só nos revela a natureza humana corruptível ou seja capaz de corromperse Isso quer dizer que diante da análise do autor precisamos sempre condicionarnos a sermos melhores a buscar o comportamento ético ÉTICA E CONTEMPORANEIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 124 Percebemos que em nosso meio precisamos recriminar os atos de infra ção para que a sociedade não entre em colapso Apesar de entendermos que o ato de errar nos humaniza precisamos crescer com nossos erros Eticamente erramos com a sociedade quando tomamos atitudes que prejudicam o coletivo Não somos perfeitos mas não podemos amar o erro e sim aprender com eles Portanto eticamente devemos ter em mente que a violência não é a forma ética de resolver os conflitos e as situações de enfrentamento A sociedade harmoniosa é aquela que consegue pensar em maneiras de analisar o porquê de a violência ser instaurada e prevenir suas manifestações Precisamos lembrar que a violência não se traduz exclusivamente na agres são apenas física ao próximo Agressões verbais psicológicas discriminatórias sexual sexista infantil patrimonial e moral fazem parte do ato de violar que significa ofender infringir transgredir invadir estuprar violentar poluir e vio lar a lei A violência é exatamente esse ato de violentar um indivíduo pelo uso da força e da coação Pode ser manifestada em violência direta ou indireta física ou mental objetiva ou subjetiva Vamos ao exemplo cotidiano de violência pra ticada segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA os acidentes de trânsito no Brasil matam cerca de 45 mil pessoas por ano Datasus e deixam mais de 160 mil pessoas com lesões graves IPEA 2015 p 29 Portanto a violência no trânsito é a violência praticada por grande parte da população o que demonstra cla ramente a dificuldade dos indivíduos em seguir regras estabelecidas e tam bém postura antiética já que a vida de outra pessoa é colocada em risco As campanhas de prevenção de aci dentes realizadas por órgãos públicos são muitas e são evidentes os danos causados ao outro com o comporta mento violento no trânsito Figura 1 Diga não à violência Ética e Violência Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 125 Realmente não temos como saber o momento exato que um indivíduo pra ticará um ato violento mas por meio da educação precisamos refletir sobre a violência e expôla para que seja visualizado o problema que causamos não só a nós mas ao coletivo Lembremos que a ética é a atitude de comprometimento e respeito com o outro Efetuar a tentativa de controle social para que a violên cia não se distribua como característica dos aspectos comportamentais humanos é praticamente impossível mas os mecanismos de prevenção e conscientização são importantes para nos lembrarmos dos limites moral e eticamente ultra passados no que diz respeito ao tema da violência Devemos avaliar os nossos valores e rever nosso comportamento com os outros nesse sentido adentra mos o campo da ética A VIOLÊNCIA ESTRUTURAL E O DESRESPEITO À VIDA Atualmente há muito debate sobre como devemos tratar os transgressores isto é os indivíduos que rompem com as normas estabelecidas Vamos com calma a esse assunto polêmico pois é um tema delicado e aborda divergências de opini ões É certo que esse assunto está no centro da questão da ética e da violência já que o Brasil tem um grande número de homicídios Para termos uma ideia em nosso país os números de homicídios passam dos 60 mil por ano de acordo com dados de pesquisa do IPEA 2017 online¹ juntamente com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública FBSP Essas informações nos mostram que o Brasil tem taxa de homicídios 30 vezes maior do que a Europa e que as relações de distribui ção geográfica classe raça e gênero indicam que a desigualdade entre as regiões e os indivíduos faz com que a violência seja mais presente na vida de uns do que de outros A violência seja qual for a maneira como se manifesta é sempre uma derrota JeanPaul Sartre ÉTICA E CONTEMPORANEIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 126 Diante das teorias sociológicas de Émile Durkheim 18581917 os problemas sociais são considerados anomia como se fossem doenças sociais DURKHEIM 2010 Em sua teoria o autor faz a comparação da sociedade com o corpo humano assim cada órgão do Estado deveria cumprir uma função social para preser var a sociedade de vários fatores que a ameaçam como a violência Portanto segundo ele fazem parte desse corpo social as instituições que deveriam agir protegendo o coletivo de possíveis doenças sociais Se caso alguma instituição não cumpra seu papel social a falha afetaria toda a organização do corpo cole tivo Forma semelhante ocorre em nosso organismo se algum órgão estiver com falência em suas funções possivelmente todo o corpo estará em perigo Por isso a violência dentro dessa concepção teórica é uma doença pois possui sintomas perceptíveis como o problema social O fenômeno da violência nos ameaça e nos coloca em sinal de alerta Mudamos nosso comportamento e nossas ações sem que percebamos prova disso são as populações que moram em locais com maior taxa de violência e que a todo o momento se veem recalculando seus trajetos seus movimentos e modificando os espaços destinados aos objetos de valor que carregam a fim de minimizarem o risco de a violência aproximarse Geograficamente essa tenta tiva de fugir da violência afeta a organização das cidades como os condomínios que ganham cada dia mais adeptos Assim é possível notar a mudança da socia bilidade gerada pela violência e sobre como esta se tornou estrutural no Brasil O que vemos na sociedade em tom alarmante sobre a violência social é fruto da incapacidade das instituições em resolver o problema que só cresce Exemplos claros desse colapso podem ser visualizados nos estados do Rio de Janeiro e do Ceará SOUZA 2019 online² que vivenciam a guerra contra facções criminosas estruturadas Um dos problemas notáveis é que o Estado demonstra seu incômodo com a violência apenas quando ela está nos limites da ordem ou seja perto do caos O caso das facções é exemplo desse retardamento de atuação haja vista que as facções atuam há muitos anos organizadas dentro dos presídios ou seja sob o olhar das instituições responsáveis pelo combate e pela prevenção à violência Eticamente a violência é um fenômeno geral capaz de afetar a todos Porém eticamente a violência tem impactos diferentes dependendo dos indivíduos A morte de um morador de favela por bala perdida parece importar menos Ética e Violência Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 127 do que a morte de uma figura pública importante Ao menos é o que pesqui sas demonstram há anos por relacionarem variáveis como desigualdade de renda e violência assim como pesquisas mostram que a própria dinâmica da construção jornalística tem o poder de posicionar nossos olhares para influen ciarnos sobre o que importa ou não importa no mundo PEREIRA 2014 Diferenças nas relações de poder entre os indivíduos faz com que criemos a ideia seletiva de violência pensamento antiético que nos leva a pensar que a vida de alguns vale mais do que a de outros conformações econômicas que geram desigualdades sociais e formam a massa de excludentes que vivenciam a violência com muito mais frequência O mesmo fenômeno de distorção ética ocorre na morte de mulheres no Brasil O feminicídio por exemplo é fruto da cultura estruturalmente machista e violenta e que faz do Brasil o 5 país em assassinatos de mulheres por condições de gênero no mundo AGÊNCIA BRASIL 2017 online³ A taxa de feminicídios é de 48 para 100 mil mulheres a quinta maior do mundo segundo dados da Organização Mundial da Saúde OMS ONUBR 2016 online4 A definição de feminicídio adotada pela Lei nº 131042015 inclui crimes per petrados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino ou seja aqueles que envolvem violência doméstica e familiar eou menosprezo ou discriminação à condição de mulher BRASIL 2015 Englobam a violência específica sobre a condição feminina As violências domésticas e familiares são cometidas geralmente por par ceiros e exparceiros das vítimas A lei do feminicídio é uma grande con quista ética pois dá visibilidade à violência que sempre ocorreu na sociedade brasileira mas que hoje com a mobilização de movimentos sociais deu visibilidade às vítimas A efetiva ção de uma lei específica tem o intuito de fazer com que a mulher seja respeitada e também expressar que a vida das mulheres importa Figura 2 Violência contra a mulher ÉTICA E CONTEMPORANEIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 128 ÉTICA CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO ESTADO VIOLÊNCIA E EDUCAÇÃO Em termos de ética o Estado deveria ter o papel de conciliar a multiplicidade de interesses dos cidadãos e gerar educação de qualidade que fosse capaz de atuar no combate à violência Porém a própria organização estatal possui em sua natureza duplicidade de funcionalidade e acabar por ser o nosso protetor em relação aos atos violentos dos indivíduos mas também repressor das liberdades individuais Compreendemos que o Estado detém o uso exclusivo da violência WEBER 2015 mas é preciso atenção para que não seja percebida como fata lidade cotidiana Nesse sentido as instituições devem deter diferentes olhares e funcionalidades sobre esse fenômeno Por exemplo o ordenamento jurídico atua como órgão sancionador do princípio da autoridade tendo duplo cará ter ao mesmo tempo em que institucionaliza as leis de punição também dá ao cidadão a legítima defesa Já a escola enquanto instituição formadora deve ter Ética Conhecimento e Educação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 129 outro olhar sobre a análise do tema Sabemos que a violência está voltada para a escola e justamente por isso devemos tratála como problema de natureza antro pológica filosófica científica e claro pedagógica CARVALHO 2010 p 253 Pela visão social a violência se apresenta como fenômeno que pode ser supe rado essencialmente pela educação Porém constitui fenômeno complexo e de multiplicidade de expressões Muitas vezes a violência se apresenta como fenô meno tão intolerável quanto banal e por isso contraditoriamente tolerado CARVALHO 2010 p 280 Sempre constatada na história da humanidade levantase a dúvida se a violência representa vestígio de animalidade manifestada como construção social estruturada ao longo de muitas gerações ou ao contrário se representa característica própria do homem Como vimos em nossos estudos a sociedade civil nasce do pacto firmado entre os indivíduos explorando o dis curso de natureza instintiva desordenada própria da espécie humana assim as regras vieram para salvarnos de nós mesmos Se diante da racionalidade temos a razão como fundamento para nossas ações a violência emergiria no cume do ser humano precisamente quando há ausência do pensamento ARENDT 2006 Essa reflexão nos traz a noção de que a violência estando em nós ameaçarnosia constantemente Portanto nossas ações reflexivas nossa capacidade de julgamento moral e a própria autonomia da razão podem ser um caminho para superarmos a violência social instau rada Em relação à escola apesar de ser demonstrada em espaço de inflamação acaba sendo um dos territórios menos violentos se comparado ao espetáculo da violência do cotidiano brasileiro Basta olharmos para a comunicação social e a proliferação de imagens em vários programas da televisão Acontecimentos desportivos também nos remetem a cenas de agressão e hostilidade assim como os comportamentos típicos do ambiente urbano que nos mostram cenas terrí veis sobre a sociabilidade violenta que temos vivenciado Além disso o próprio ambiente familiar tem causado preocupação por suscitar polêmicas em torno de comportamentos violentos em um ambiente que deveria demonstrar segu rança para a formação do ser social ÉTICA E CONTEMPORANEIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 130 ÉTICA E A SOCIABILIDADE VIOLENTA Como dissemos anteriormente algumas linhas de pesquisas argumentam que o Brasil tem violência estrutural ou seja é cotidianamente construída e a sua repressão que deveria ter caráter de exceção tornase ato cotidiano e banal Moralmente interpretamos os atos desviantes como passíveis de punição pois as regras foram quebradas e para a proteção do coletivo precisamos da ordem Entretanto não conseguimos visualizar como a construção da violência concebe comportamentos agressivos O debate de opiniões políticas contrárias é exemplo claro que tem demonstrado o ódio como manifestação social no Brasil Portanto a odiosidade expressa manifestação violenta por isso ressaltamos novamente que a ela tem multiplicidade de expressões Poderíamos nos perguntar do que o ódio se alimenta Seria da intolerância em relação às diversidades de opiniões Seria das manifestações de preconceito a certos grupos sociais Seria pela into lerância a certos modos de pensar de agir de crer e de comportarse Eticamente o respeito é direito de todos em sociedade Por isso refletir sobre nossos comportamentos é fundamental para analisarmos a relação que temos com a ética a violência e a educação Podemos praticar um ato violento mas não reali zarmos análise de nossas ações dos percursos dessa ideia de violência da trajetória individual de cada indivíduo e constatarmos que a isso simboliza problema moral e ético do outro não nosso De imediato temos a tendência a recorrer às instâncias superiores em que a penalização é luta objetiva contra o ser violento mas não contra o fenômeno e as condições que conduzem à sociabilidade violenta Gastos com a educação tendem sempre a diminuir por parte dos orçamentos da União e dos estados enquanto a federação cria arsenais para o combate a novas formas de violência evidenciadas Enquanto isso a reprodução dessa manifestação cresce e transforma o fenômeno em guerra interminável Esse debate é levantado para que possamos refletir a respeito de nossas responsabilidades éticas Ética Conhecimento e Educação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 131 Não podemos olhar para a escola como ilha uma instituição à parte que irá resolver todos os problemas da formação do ser social Destacamos o principal a educação não é um exclusivo da instituição escolar sendo tal incumbência tam bém apanágio por exemplo da família CARVALHO 2010 p 22 Isso quer dizer que a família é instituição poderosa para promover a educação porém ao mesmo tempo que pode representar laços de relações afetivas também pode se apresentar como instrumento de incentivo a comportamentos violentos e desrespeitosos É fundamental ainda repensarmos a construção da educação escolar Alguns críti cos do pensamento utópico a consideram arbitrária na qual indivíduos estariam subordinados a ideias dogmáticas em torno da realização do ideal de humanidade São reflexões diversas que buscam soluções para o problema comum Portanto a ética é tema importante para a construção das relações em sociedade na contemporaneidade para o cumprimento dos deveres e para cons cientização da reponsabilidade social de cada um O conhecimento a cultura a educação o respeito a dignidade a solidariedade o trabalho a possibilidade da educação familiar saudável o amparo das instituições na formação do indivíduo a civilidade e outros fatores também são eficazes na prevenção de comportamen tos violentos e na elaboração do processo educativo Devemos lembrar que nem sempre a violência é explícita na ação violenta manifestada por um indivíduo ela pode revelarse em problemas estruturais como o preconceito a miséria a tortura o desemprego a fome a desigualdade a violação de direitos a falta de liberdade de expressão e o desrespeito aos direitos humanos A violência destrói o que pretende defender a dignidade da vida a liberda de do ser humano João Paulo II ÉTICA E CONTEMPORANEIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 132 ÉTICA E CORRUPÇÃO ÉTICA CIÊNCIA E CORRUPÇÃO Quando assistimos a uma notícia na televisão relatando um terremoto que destruiu muitas casas e tirou vidas em determinada região do mundo temos o sentimento de incapacidade perante as intempéries naturais GIANNETTI 1993 Sentimentos de dor e até mesmo de revolta mas que não nos apontam para a condenação moral porque são acontecimentos da natureza O mesmo ocorre quando presenciamos uma pessoa acometida por doença como câncer e que recebeu seu tratamento de maneira humanizada e adequada luta com dignidade para viver Podemos rezar compadecernos entristecernos e prestar ajuda mas moral e eticamente não há o que ou quem condenar nessas situações Muito diferente das situações expostas anteriormente são as ocasiões que poderíamos evitar mas por falta de ética e de moral não fomos capazes de rea lizar O atropelamento de uma criança na porta da escola casos de estupro e de pedofilia a morte de uma mãe que esperava por tratamento digno em um hos pital e é negligenciada tirandolhe o direito de viver a vida de crianças mortas nas praias da Turquia tentando chegar a outro país para fugir da fome e das per seguições geradas pela guerra política interminável em seu país de origem são circunstâncias que nos corroem a alma pois sentimos que não somos impotentes diante delas mas o contrário que demostram as crises moral e ética da humani dade Esses casos envolvem desaprovação moral o juízo ético e a atribuição de responsabilidade dolosa ou culposa aos causadores do mal GIANNETTI 1993 Ética e Corrupção Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 133 São essas ocorrências que envolvem a política institucional a moral a ética as políticas públicas e a corrupção A falta de ética e de moral na política cons truiu um mundo aquém de como poderia e deveria ser e pela crise de nossos representantes a população padece diariamente Atos de incompetência são tam bém violências contra os cidadãos e contra os direitos adquiridos São violências porque matam porque destroem Problemas que poderiam ser solucionados são aprofundados sendo que essa fissura ética diz respeito ao abismo que separa as fragilidades humanas do verdadeiro potencial de transformar o mundo A ética e os valores são transformadores e revolucionam o mundo A antiética é destrutiva para a humanidade Nossa compreensão ética deve estar ligada à ciên cia ao conhecimento e à razão Parafraseando Immanuel Kant podemos dizer que a ética quando desligada da ciência tornase vazia e a ciência desligada da ética tornase cega GIANNETTI 1993 Então consideramos a ciência como fator importante para a ética porque o comprometimento ético se estabelece a partir da realidade observada apreciação objetiva da realidade como é demonstrada ou seja como é Com o uso da razão pressupostos teóricos orientam a observação da realidade e as mudanças que devem ser realizadas Por isso opiniões políticas desligadas da compreensão da realidade são perigosas assim como os achismos pessoais que muitas vezes governam discursos políticos A ciência existe para trazer luz para compreendermos o mundo à nossa volta e a ética existe para que o homem a conquiste O comportamento humano não é prédeterminado mas exige que o homem conquiste a si mesmo e o mundo ao seu redor com base em experiências A ética não está dada ela é o que se busca TIBURI 2014 O limite ético se encontra no exequível naquilo que é possível executar naquilo que é real Lembramos que a ética é um comprometimento com a sociedade De maneira geral a corrupção tem conduzido ao enfraquecimento dos valores morais e dos compromissos éticos podendo nos levar à convicção de que nossa ação ética não fará a menor diferença diante da estrutura política corrupta ÉTICA E CONTEMPORANEIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 134 A EXCLUSÃO COMO FORMA DE VIOLÊNCIA E O DIREITO À CIDADE A exclusão social não é tema que afeta somente os países pobres ou apenas a América Latina Em muitos lugares do globo há grupos excluídos da digna par ticipação social Dependendo do compromisso da política econômica a taxa de desigualdade entre os indivíduos pode ser aumentada ou diminuída levando à maior ou à menor exclusão social Os excluídos se tornam indivíduos estigmati zados aqueles que possuem história de exclusão e de invisibilidade social Nesse sentido as questões de ordem ética possuem ligações com o tema da exclusão como forma de violência A exclusão simboliza a segregação tratamento desigual de certos grupos do convívio social As questões de desemprego de processo de urbanização de desigualdade de renda e de acessos a serviços restritos apenas a algumas parcelas da população são exemplos da desigualdade de tratamento entre os indivíduos Portanto não se estabelece como fenômeno limitado aos marginalizados ape sar de atingir com mais frequência as camadas baixas pode também chegar às outras camadas sociais No campo da exclusão as várias categorias se juntam ao debate que aborda questões raciais etárias geracionais mercado de traba lho financeiras culturais escolares universalidade e acesso à educação etc Você deve estar se questionando o porquê de refletirmos a respeito disso e o que o tema da exclusão tem a ver com o debate ético A violência é comum a todas as categorias e isso quer dizer que qualquer forma de exclusão é violência Estamos acostumados a relacionála apenas à agressão física porém ela também representa formas de exclusão social como a desigualdade de direitos e de justiça social Assim abordamos a violência nesse caso como política de desrespeito social Observemos uma manifestação importante a violação do direito às cidades Primeiramente é importante sabermos que a cidade é capaz de mudar os indi víduos ela age sobre nós transformanos ensinanos a sermos mais cruéis ou mais generosos mais individualistas ou mais altruístas Na visão ética é preciso compreender o espaço urbano como direito coletivo Milhares de famílias de Ética e Corrupção Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 135 diferentes classes sociais envolvemse na luta pelo direito ao espaço mas para você o processo de urbanização tem contribuído para o bemestar humano De todos ou de alguns O geógrafo David Harvey se utiliza do pensamento do urbanista Robert Park que afirma que a cidade é a tentativa mais bemsuce dida do homem de refazer o mundo em que vive PARK apud HARVEY 2013 online5 Ao fazer a cidade o homem faz a si mesmo toda sua existência se pas sará ali assim como a sua construção de sociabilidade e de civilidade Contudo o direito à cidade é mais do que ter acesso a ela aos serviços e aos recursos diz respeito aos indivíduos têla como sua que envolve a sensação de pertencimento e de existência digna nesses espaços Mas as cidades se tornaram espaços de exclusão e os marginalizados se alo cam em espaços inapropriados compatíveis à ideia de desenvolvimento antiética que não preza pela dignidade humana A propriedade privada não é acessí vel a todos assim como os espaços financeirizados resultam na multiplicação de lojas padronizadas shoppings e cinemas multiplex acessíveis a quem tem dinheiro Essas são questões ligadas ao projeto político Poucos espaços públi cos e menos acesso à cidade mais condomínios fechados e maior ampliação da violência Portanto se realmente queremos resolver com ética tais problemas sociais necessitamos da democratização dos espaços bem como da educação da cultura e também do acesso a essas instâncias Enquanto houver no Brasil e no mundo a massa de excluídos o problema da violência permanecerá além dos problemas de ordem moral e ética da política habitacional do processo de financeirização do capital e da produção dos espaços urbanos É preciso entender a moradia como direito Raquel Rolnik ÉTICA E CONTEMPORANEIDADE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 136 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa ao final desta unidade conseguimos compreender a violên cia enquanto fenômeno social Analisando as suas relações com o tema da ética e da moral percebemos que não poderemos viver em uma sociedade saudável convivendo com ações violentas Refletimos sobre a atuação do Estado com sua fundamentação pautada no monopólio da violência e vimos como o combate se manifesta nas ações das instituições jurídicas e educacionais Destacamos a importância da educação como forma de rever a reprodução da sociabilidade violenta mas não deixamos de ressaltar que educar não é ato exclusivo da instituição escolar pois a família também tem o papel importante de construir laços de sociabilidade afetuosos e harmoniosos estimulando a ética comportamental e reprimindo atitudes de violência na formação educacional Observamos que a violência é tema que merece atenção pois suas mani festações podem ser expressas das mais diversas formas com multiplicidade de expressões Sendo assim compreendemos que a exclusão social se apresenta como forma de violência assim como a agressão contra a mulher o desrespeito à vida no trânsito e o direito à moradia Compreendemos que a ação violenta não é apenas aquela que ocasiona a agressão física direta entre indivíduos mas é também política e econômica e pode funcionar como mecanismo de repressão aos direitos Com toda a nossa explanação podemos entender que não importa a maneira que a violência se revela ela não é a forma mais ética de resolver os conflitos e as situações de enfrentamento assim como os dilemas sociais 137 1 Diante da busca pela sociedade ordenada e pacífica o fenômeno da violência se apresenta como empecilho ao cumprimento dos códigos morais estabeleci dos Em relação ao fenômeno da violência assinale a alternativa correta a Apesar do fenômeno da violência ter aumentado nos últimos anos na so ciedade brasileira sua ocorrência é recente em nossa construção histórica b A cultura do medo não é algo presente na sociedade brasileira c Questionar a ordem vigente constitui violência d Importante estimularmos o comportamento ético reprimindo ações violentas e Banalização da violência é fator positivo para o desenvolvimento social 2 Devemos lembrar que a violência não se traduz exclusivamente na agressão apenas física ao próximo Agressões verbais psicológicas discriminatórias sexuais sexistas infantis patrimoniais e morais fazem parte do ato de violar Sobre os aspectos da violência assinale a alternativa correta a Erramos eticamente com a sociedade quando tomamos atitudes que pre judicam o coletivo b A violência no trânsito é considerada a forma mais amena de violência se comparada ao feminicídio c A violência não pode ser considerada ameaça ao ordenamento social d A violência faz parte da construção humana por isso nunca conseguiremos agir eticamente e A violência se apresenta da mesma maneira na vida de diferentes indivídu os pois tem expressão única 3 A respeito da teoria sociológica de Émile Durkheim e suas análises no que diz respeito ao tema da violência leia as afirmativas a seguir e assinale a alterna tiva correta a A violência é fruto da natureza humana debilitada b As instituições não têm papel social importante c A violência não é problema social haja vista que tem pouco impacto cole tivo d A violência não representa perigo ao funcionamento da organização social e A violência pode ser considerada anomia social 138 4 Sobre a exclusão como forma de manifestação da violência assinale a alterna tiva correta a A exclusão social é problema apenas dos países mais pobres b Os excluídos geralmente não sofrem com a invisibilidade social c Dificuldades de acesso aos serviços e aos espaços não podem ser considera das formas de segregação d Qualquer forma de exclusão é violência e A segregação só afeta as camadas de classes mais baixas 5 Diante das reflexões apresentadas sobre a ética a ciência e a política assinale a alternativa correta a A ética deve dissociarse da ciência b As opiniões políticas desligadas da compreensão da realidade se demons tram perigosas para a sociedade c A corrupção pouco influencia no enfraquecimento dos valores morais e éti cos da sociedade d A atitude antiética pode ter seu lado benéfico e A ética é conquista da natureza humana por isso os indivíduos não preci sam de esforço para alcançála 139 A arquiteta e urbanista Raquel Rolnik foi relatora do conselho de Direitos da Organiza ção das Nações Unidas ONU para o Direito à Moradia e diretora de planejamento da cidade de São Paulo Na entrevista a seguir Raquel aborda sobre a pesquisa que realizou como relatora do conselho e descreve como a elaboração dessa experiência tratou de temáticas pertinentes ao que estudamos nesta quinta unidade O direito à moradia no Brasil e no mundo Entrevista com Raquel Rolnik por Manoel Lemes da Silva Neto A motivação para essa entrevista foi o fato de Raquel Rolnik ter assumido recente mente o posto de Relatora Especial da Organização das Nações Unidas para o Direito à Moradia wwwdireitoamoradiaorg Considerando sua nova função e toda sua experi ência profissional e acadêmica Manoel Lemes propôs três temáticas importantes a se rem tratadas a primeira com relação às ações junto ao Conselho dos Direitos Humanos e à Relatoria Especial para acompanhar a implementação dos direitos econômicos e sociais entre os quais o da moradia a reflexão sobre a questão habitacional e a política urbana no Brasil e finalmente a reflexão teórica e as inquietações intelectuais da entre vistada a respeito dos problemas da cidade MANOEL LEMES você menciona que entre as suas preocupações ou que a sua tônica nesta relatoria estaria em ações propositivas e políticas Quer dizer você prossegue o trabalho do seu antecessor mas também traz ações propositivas e políticas Também há a possibilidade de apresentar uma plataforma para resolver conflitos tanto aqueles relacionados às denúncias de violação dos direitos da moradia mas também quanto ao equacionamento de problemas que impedem implementar os direitos econômicos e sociais de forma completa Raquel você pode antecipar estratégias ou pistas de como conciliar essas particularidades as situações de contextos locais à universalidade dos problemas mais diretamente relacionados à moradia Ou dito de outra maneira como colocar em curso propostas práticas de natureza conjuntural localizada mas num ce nário estrutural do modelo econômico atual 140 RAQUEL ROLNIK bom primeiro entendendo o que é essa Relatoria do Direito à Moradia e o que significa ela foi criada como mecanismo do Conselho de Direitos Humanos para poder monitorar a implementação dos direitos humanos Então ela começa com os di reitos civis e políticos que eram os mais tradicionais e depois os direitos econômicos e sociais e entre eles o direito à moradia Estes mecanismos denominados special proce dures são mecanismos para mobilizar o que eles chamam independent experts pessoas independentes que de alguma forma conhecem esse campo e que têm uma possibilida de de porque a questão da independência é fundamental independentemente de países qualquer país na sua origem independentemente da própria estrutura da ONU da própria estrutura do Conselho de Direitos Humanos apreciar as distintas situações tendo como diretriz fundamental os tratados e as convenções que foram firmadas pelos países Então a questão da universalidade já está colocada na natureza desse cargo Quer dizer esse cargo se aplica sobre países que foram signatários de convenções e de tratados que formulam uma espécie de guia de princípios básicos em relação aos direi tos fundamentais do homem Fonte Rolnik 2008 p 147 online⁶ Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR As Origens do Totalitarismo 2013 Hannah Arendt Editora Companhia de bolso Sinopse As Origens do totalitarismo se tornou um clássico logo depois de sua publicação e até hoje a obra é considerada a história definitiva dos movimentos políticos totalitários Hannah Arendt elucida o crescimento do antissemitismo na Europa Central e Ocidental nos anos 1800 e prossegue com a análise do imperialismo colonial europeu desde 1884 até a deflagração da Primeira Guerra Mundial A última seção discute as instituições e operações desses movimentos centrandose nos dois principais regimes totalitários da nossa era a Alemanha nazista e a Rússia stalinista Arendt considera a transformação de classes em massas o papel da propaganda para lidar com o mundo não totalitário e o uso do terror como fatores essenciais para o funcionamento desse tipo de regime E no brilhante capítulo de conclusão ela avalia a natureza de isolamento e de solidão como precondições da dominação total Para Paulo Sérgio Pinheiro é Um formidável instrumento de análise aqui e agora para desvendar os elementos de autoritarismo de opressão que sobrevivem no liberalismo dos regimes democráticos ou no socialismo que se liberaliza e para Celso Lafer A incisiva e inesgotável sugestividade do abrangente pensamento de Hannah Arendt torna este livro ponto de referência indispensável para a reflexão políticofilosófica no mundo contemporâneo Vícios Privados benefícios públicos A ética nas riquezas das nações 2007 Eduardo Giannetti Editora Companhia de Bolso Sinopse ganância inveja egoísmo esperteza o que tudo isso tem a ver com a riqueza das nações Qual a relação entre ética e racionalidade Até que ponto a mão invisível do mercado é suficiente para levar uma sociedade da pobreza ao máximo de prosperidade Ou será que o próprio progresso científico tecnológico e material do mundo moderno é a causa da decadência moral do homem Examinando a evolução do pensamento filosófico e econômico da Antiguidade clássica aos nossos dias esse livro busca a resposta para essas e outras questões que envolvem as relações entre ética e economia Sem cair no moralismo fácil nem na pura engenharia econômica Eduardo Gianetti da Fonseca recupera o papel das virtudes privadas para a vida comunitária organizada e o progresso das nações Prêmio Jabuti 1994 de Melhor Ensaio e Biografia MATERIAL COMPLEMENTAR Guerra dos Lugares 2017 Raquel Rolnik Editora Boitempo Sinopse fruto das reflexões que a urbanista Raquel Rolnik elaborou durante e imediatamente após o término de seu mandato como relatora para o Direito à Moradia Adequada da ONU Guerra dos Lugares aborda o processo global de financeirização das cidades e seu impacto sobre os direitos à terra e à moradia dos mais pobres e vulneráveis Nas duas primeiras partes Rolnik descreve e analisa as transformações recentes nas políticas habitacionais e fundiárias em vários países do mundo no marco da expansão de uma economia neoliberal globalizada controlada pelo sistema financeiro que provocaram o processo global de insegurança da posse Na terceira a urbanista explora a mesma questão com foco no Brasil A originalidade da obra reside no enfoque global do fenômeno investigado a partir da vivência direta de uma autora brasileira observando as condições de moradia no mundo A leitura da evolução recente das políticas habitacionais e urbanas no Brasil inclusive na era Lula à luz desses processos globais ajuda a pensar as especificidades e as diferenças da crise urbana no país Também é original o entrelaçamento entre as políticas habitacionais e a política urbana articuladas pela autora através da construção da hegemonia da propriedade individual e da transmutação dos imóveis ativos REFERÊNCIAS 143 ARENDT H Origens do totalitarismo antissemitismo imperialismo totalitarismo Portugal Dom Quixote 2006 BRASIL Lei n 13104 de 9 de março de 2015 Altera o art 121 do DecretoLei no 2848 de 7 de dezembro de 1940 Código Penal para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio e o art 1o da Lei no 8072 de 25 de julho de 1990 para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03Ato201520182015LeiL13104htm Acesso em 25 mar 2019 DURKHEIM E Da divisão do trabalho social São Paulo Martins Fontes 2010 CARVALHO A D Da violência como anátema à educação como projeto antro pológico algumas questões e perplexidades In HENNING L M P ABBUD M L M Orgs Violência indisciplina e educação São Paulo Eduel 2010 GIANNETTI E Vícios Privados benefícios públicos A ética nas riquezas das na ções São Paulo Companhia de Bolso 1993 IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Acidentes de trânsito nas rodovias federais brasileiras caracterização tendências e custos para a sociedade Brasília IPEA Relatório de Pesquisa 2015 42p Disponível em httpwwwipeagovbr portalimagesstoriesPDFsrelatoriopesquisa150922relatorioacidentestransi topdf Acesso em 25 mar 2019 PEREIRA P P G De corpos e travessias uma antropologia de corpos e afetos São Paulo Annablume 2014 TIBURI M Filosofia prática ética vida cotidiana vida virtual Rio de Janeiro Re cord 2014 WEBER M Ciência e Política duas vocações São Paulo Cultrix 2015 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS ONLINE ¹ Em httpwwwipeagovbrportalindexphpoptioncomcontentviewarti cleid30253 Acesso em 25 mar 2019 ² Em httpswwwbbccomportuguesebrasil46789403 Acesso em 25 mar 2019 ³ Em httpsexameabrilcombrbrasiltaxadefeminicidiosnobrasileaquinta maiordomundo Acesso em 25 mar 2019 4 Em httpsnacoesunidasorgonufeminicidiobrasilquintomaiormundodire trizesnacionaisbuscamsolucao Acesso em 25 mar 2019 5 Em httpspiauifolhauolcombrmateriaodireitoacidade Acesso em 25 mar 2019 ⁶Em httpperiodicos puccampinasedubrseerindexphpoculumarticleview File368348 GABARITO 145 1 Letra D 2 Letra A 3 Letra E 4 Letra D 5 Letra B GABARITO CONCLUSÃO Caroa alunoa ao longo deste estudo discutimos sobre o pensamento filosófico prá tico isto é o ato reflexivo voltado às ações práticas e às elucidações de dilemas da vida cotidiana por meio da razão Resgatamos a história da filosofia para esclarecermos a formação e as conformações das regras morais abordando a moral em seu caráter his tórico assim como as transformações de valores Portanto vimos que a construção de regras faz parte da elaboração da moral e dos valores que a sociedade carrega Percebemos que toda a nossa existência passa pelo crivo da ética Por isso vimos que ela está para além da fala representa a experiência vivida Sendo a ética um comprometimento firmado em relação ao outro podemos entender sua importân cia para o coletivo Por isso compreendemos a seriedade de ser ético Entendemos a razão como a busca da verdade mas também visualizamos as contes tações a respeito do otimismo racional Perguntamonos se somos realmente livres ou se somos condicionados Nesse sentido abordamos a noção referente à autonomia do indivíduo da liberdade da obediência e da vontade sempre permeando esses assuntos com os temas da moral e da ética fundamentados na construção racional Vimos que para chegar à concepção de conhecimento da vida moderna recebe mos muitos legados principalmente a herança da construção da razão ocidental mas também as influências discretas dos estudos sobre a contribuição do Oriente A reflexão o senso crítico a busca da verdade e o eu consciente são alguns legados visíveis que auxiliaram a construção do paradigma da razão moderna Abordamos a construção do corpo político por alguns dos teóricos denominados contratualistas assim como a relação da importância da moral no estabelecimen to da sociedade civil Entendemos que quando os homens colocam sua liberdade natural à disposição da obediência às leis que eles mesmos ajudaram a construir vivenciam o contrato social designando a alguns indivíduos o poder para executar leis que regulem a vida em sociedade Vimos que as orientações de comportamentos não são tão simples de entender por isso precisamos realizar constantemente a leitura do mundo ao nosso redor bem como das relações entre os indivíduos Incentivando o comportamento ético construiremos uma sociedade solidária e comprometida com o próximo praticando o princípio da alteridade Adentramos o tema do trabalho moderno e das flexibilizações Vimos a necessidade de novas interpretações do papel do profissional em meio às organizações demandando a compreensão de novos significados no que tange aos valores da sociedade do trabalho Entendemos que precisamos realizar a leitura social para compreendermos os limites de comportamentos aceitáveis às novas dinâmicas enfrentadas em cada profissão Por último abordamos como a violência estabelece o conflito em relação ao orde namento moral e ético Como esse fenômeno se apresenta enquanto construção histórica e quais são suas relações com instituições como a escola e a família Dessa maneira percebemos que a violência se apresenta por meio da multiplicidade de expressões que envolvem dilemas da ética contemporânea CONCLUSÃO ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES