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GESTÃO DE RISCOS Professor Me Paulo Pardo GRADUAÇÃO Unicesumar Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F Hey Coordenador de Conteúdo José Manoel da Costa Design Educacional Camila Zaguini Silva Fernando Henrique Mendes Nádila de Almeida Toledo Rossana Costa Giani Iconografia Isabela Soares Silva Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Thayla Daiany Guimarães Cripaldi Qualidade Textual Hellyery Agda Ana Paula da Silva Flaviana Bersan Santos Jaquelina Kutsunugi Keren Pardini Maria Fernanda Canova Vasconcelos Nayara Valenciano Rhaysa Ricci Correa Viviane Favaro Notari Ilustração Robson Yuiti Saito C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância PARDO Paulo Gestão de Riscos Paulo Pardo Reimpressão 2018 MaringáPr UniCesumar 2017 147 p Graduação EaD 1 Administração de riscos 2 Riscos 3 EaD I Título ISBN 9788580843668 CDD 22 ed 658152 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos A busca por tecnologia informação conhecimento de qualidade novas habilidades para liderança e so lução de problemas com eficiência tornouse uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho Cada um de nós tem uma grande responsabilida de as escolhas que fizermos por nós e pelos nos sos farão grande diferença no futuro Com essa visão o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros No cumprimento de sua missão promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária o Centro Universi tário Cesumar busca a integração do ensinopes quisaextensão com as demandas institucionais e sociais a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci ência social e política e por fim a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade Diante disso o Centro Universitário Cesumar al meja ser reconhecido como uma instituição uni versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa con solidação da extensão universitária qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância bemestar e satisfação da comunidade interna qualidade da gestão acadêmica e administrati va compromisso social de inclusão processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho como também pelo compromisso e relaciona mento permanente com os egressos incentivan do a educação continuada Groceries That Build Muscle Eggs Chicken breast Brown rice Oats Tuna Broccoli Peanut Butter Spinach Lean beef Yogurt Salmon Cottage cheese Turkey Sweet potatoes Almonds Quinoa Apples Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quan do investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequente mente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportunidades eou estabelecendo mudanças capa zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa tível com os desafios que surgem no mundo contem porâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó gica e encontramse integrados à proposta pedagó gica contribuindo no processo educacional comple mentando sua formação profissional desenvolvendo competências e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inse rilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproxi mação entre você e o conteúdo desta forma possi bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes soal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cres cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos peda gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi bilita Ou seja acesse regularmente o AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e en quetes assista às aulas ao vivo e participe das discus sões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranqui lidade e segurança sua trajetória acadêmica AUTOR Professor Me Paulo Pardo Doutorando em Engenharia da Produção pela Universidade Metodista de Piracicaba Mestrado em Administração pela Universidade Estadual de Londrina Atualmente é coordenador dos cursos de Gestão Pública e Negócios Imobiliários do Núcleo de Educação a Distância da Unicesumar Trabalhou na coordenação geral de polos de Educação a Distância da Unicesumar celebrando convênios de parceria entre polos e a IES bem como na gestão de relacionamento com os polos próprios e parceiros Trabalha na coordenação do projeto de pós graduação na Unicesumar É professor no CHSA Centro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da Unicesumar Centro Universitário Cesumar SEJA BEMVINDOA Caro acadêmico é com muito prazer que apresento a você o livro que fará parte da dis ciplina Gestão de Riscos Ao preparar este livro procurei analisar as principais preocupa ções e objetivos que um gestor principalmente da área financeira poderia ter na sua rotina diária que poderiam afetar os resultados das empresas em que atuam Reconheço que encontrar respostas não é fácil e exige uma dedicação focada para que aquilo que for decidido possa realmente ser a melhor decisão dentro das variáveis co nhecidas Muitas vezes outro problema apresentado é conhecer estas variáveis Por isso meu caro aluno acredito que este material lhe será muito útil A utilidade não virá apenas por te oferecer o conhecimento acadêmico necessário a sua formação mas também por te oferecer ferramentas que auxiliem nas suas atividades profissionais Mui to já se escreve sobre o assunto e muito do que já foi escrito se revelou imperfeito com o tempo Não tenho a pretensão de que este material esgote o assunto ou que ele não seja superado com o tempo com as diversas pesquisas e teorias que estão em curso mundo afora Porém espero que na nossa atual realidade de fato possa fazer diferença na sua vida profissional Na unidade I começamos por entender o conceito de risco No mundo das finanças alguns termos são importantes e precisamos conhecêlos para que ao estudarmos as ferramentas de análise e decisão saibamos exatamente do que estamos falando Você também conhecerá nesta unidade as principais classificações de risco geralmente utilizadas Na unidade II serão discutido metodologias de quantificação de risco utilizando mode los matemáticos e estatísticos Já na unidade III será apresentado o modelo Value at Risk uma metodologia que tenta analisar o risco máximo de um empreendimento financeiro Em nossa unidade IV apresentaremos a análise dos 5 Cs de crédito uma abordagem utilizada pelas instituições financeiras mas que pode ser implementada por empresas não financeiras E por fim na unidade V abordaremos técnicas de hedge isto é mecanismos de proteção ao risco Dessa forma utilizaremos conhecimentos aprendidos na disciplina mercado de capitais com o intuito de utilizar os derivativos como ferramenta para minimização dos impactos resultantes da incerteza do futuro Esperamos assim contribuir para possibilitar a transformação das ideias geradas duran te a vida acadêmica pessoal e profissional em oportunidades de sucesso e realização como verdadeiros empreendedores que vamos nos tornando a cada dia Bom estudo APRESENTAÇÃO GESTÃO DE RISCOS Pick three favorite gym workout supplements to daily carry with you If you choose just one which 1 2 3 SUMÁRIO 09 UNIDADE I CONHECENDO O RISCO 15 Introdução 15 Entendendo o Conceito de Risco 20 Classificação dos Riscos 27 Consequências da Aversão ou Aceitação de Riscos 32 Considerações Finais UNIDADE II MENSURANDO RISCOS 37 Introdução 37 Quantificando Riscos e Retornos 44 Cálculo de Medidas de Risco Através do DesvioPadrão 48 Riscos da Carteira 52 Mensurando o Risco e o Retorno com a Utilização do Modelo de Precificação de Ativos Financeiros CAPM 53 Risco de Carteira O Índice Beta 59 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE III VALUE AT RISK VAR 65 Introdução 66 Value At Risk VAR Mensurando a Perda Provável com Apenas um Indicador 74 Analisando Projetos Orçamentos sem Risco 79 Vantagens e Desvantagens do Método VPL 80 Taxa Interna e Retorno 82 Vantagens e Desvantagens do Método da TIR 84 Considerações Finais UNIDADE IV RISCO DE CRÉDITO 89 Introdução 90 O Crédito Principais Conceitos 91 Análise de Crédito Conceitos e Objetivos 98 Estrutura para Concessão de Crédito 99 O Estabelecimento de uma Política de Crédito 105 Os 4 CS do Crédito 108 Considerações Finais SUMÁRIO 11 UNIDADE V GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE 113 Introdução 114 Mercados Futuros 115 Derivativos Definições 121 Mecânica de Funcionamento dos Derivativos 127 Ajustes Diários 137 Cuidados com os Derivativos 141 Considerações Finais 145 CONCLUSÃO 147 REFERÊNCIAS There are Questions too What is the best strategy to gain muscle What are some easy ways to lose fat fast What is the safest way to lose weight What are the exercise benefits How to sculpt lean muscle How to build muscle fast How do I get a bigger chest How do I get a sixpack abs How do I gain weight Is breakfast the most important meal How can I improve exercise performance What are the best supplements for strength gains How do I build strength What are the best supplements for muscle What are the best exercise machines What is muscle endurance How do I reduce belly fat How do I stay motivated How long does it take to get in shape What are anabolic steroids Can cannabis affect muscle growth What is natural bodybuilding Can I build muscle and lose fat at the same time How do I start lifting weights How do I eat healthy What are protein bars What is creatine How do I eat healthy on a budget How often should I lift How do I avoid injury Is exercise safe while obese How do I get a home gym What are the best gym exercises What are the best gym clothes How do I stay motivated When can I expect results How do I avoid over training How do I find a gym What are the best vitamins How do I build muscle without weights How important is sleep How do I well UNIDADE I Professor Me Paulo Pardo CONHECENDO O RISCO Objetivos de Aprendizagem Compreender a definição de riscos Entender as diversas classificações de risco Conhecer as consequências da aversão ou aceitação de riscos Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Entendendo o conceito de risco Classificação dos riscos Consequências da aversão ou aceitação de riscos INTRODUÇÃO Caro a alunoa vamos iniciar esta primeira unidade estudando o conceito de risco e aprendendo como ele é classificado Você já deve ter percebido que o assunto risco está sempre sendo comentado entre as pessoas porém o seu conceito pode ser compreendido de várias formas Um dos conceitos aplicáveis ao risco encontrase na existência de situações que possam impedir o alcance dos objetivos corporativos ou a não existência de situações consideradas neces sárias para chegar a tais objetivos Considerase risco toda e qualquer inconformidade que venha a atrapalhar os objetivos anteriormente traçados a serem atingidos pela empresa O risco pode ser visto como a possibilidade de acontecimentos de eventos que nos afetem de forma negativa Essa visão negativa e predominante pois o risco representa um grau de incerteza em relação a possibilidade de ocorrência de um determinado evento o que ao acontecer normalmente incorre em prejuízos Nessa ótica o risco tornase a possibilidade de perda decorrente de um determinado evento Podese dizer que um cenário de risco é um fator existente e você terá que conviver com ele ou dito de outra forma não adianta você não querer correr risco pois ele existe Considerando isso o que você precisa e definir claramente o grau de risco que você está disposto a assumir para realizar um determinado projeto A esse risco que você tolera correr dáse o nome de riscobenefício conceito que expressa qual é o benefício gerado por esse risco Dessa maneira o conhecimento do risco e a sua tolerância a corrêlo é fundamental para o sucesso do projeto que é o conteúdo final da nossa unidade ENTENDENDO O CONCEITO DE RISCO Imagine que você vá fazer a viagem de seus sonhos num cruzeiro de navio que tem como roteiro paisagens magníficas e uma estrutura de lazer a bordo conce bida para proporcionar o maior prazer e satisfação aos passageiros 15 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 shutterstock CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I Essa viagem dos sonhos para aconte cer teve que ser planejada desde os aspectos econômicos até o deslocamento até o porto incluindo também a preparação da bagagem necessária e correta para a ocasião Tudo pla nejado executado o que poderia dar errado Muita coisa Pense que ao embarcar algum funcionário da empresa responsável pelo navio te designe uma cabine que não seja exatamente a que foi comprada por você no pacote de viagem Você protesta mas não há outra cabine disponível e não existe alternativa senão aceitar a cabine errada Quando o navio inicia a viagem você percebe que o roteiro que ele fará também não é o que foi combinado e ele não passará por uma rota tão esperada por você Começa a noite e o mar fica agi tado Você não tem costume com esse movimento e começa a passar mal Para concluir com chave de ouro os equipamentos do navio apresentam problemas e desviam a rota fazendo com que o navio encalhe num banco de areia Ninguém se fere seriamente mas a decepção e o transtorno são totais O que era para ser uma experiência inesquecível será mesmo só que pelos motivos não desejados Consegue perceber os riscos que você incorreu ao embarcar nesse navio Vamos lembrar 1 Risco de erro operacional por falha de alguém sua cabine não foi mar cada como devia 2 Risco de equipamentos o navio apresentou problemas de equipamentos que fez com que encalhasse num banco de areia Poderia ter consequên cias muito mais sérias não concorda 3 Risco de ambiente o movimento do navio fez com que você passasse mal estragando sua convivência no navio Poderíamos elencar outros mas neste exemplo tão pequeno pudemos enxergar situações que podem sim virar realidade Como prever isso E melhor o que pode ria ter sido feito para que estes eventos fossem minimizados ou não acontecessem 17 Entendendo o Conceito de Risco Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Independente de sua resposta nosso objetivo é mostrar que os riscos estão presentes o tempo todo em praticamente toda atividade humana Mas afinal de contas o que é risco A conceituação exata deste termo para nós gestores é muito importante Para fins organizacionais podemos definir risco como o grau de possibili dade de que um determinado evento ocorra e suas consequências Uma pergunta importante posso evitar totalmente o risco A resposta é relativamente simples é você quem decide Isso mesmo Pense no caso da via gem que mencionamos no início você poderia ter decidido não viajar Mas você planejou tanto abriria mão da viagem para não correr os riscos mencionados Provavelmente não Isto porque o risco poderia ou não ocorrer ele era uma pos sibilidade não uma certeza Mas quando você tomou sua decisão de viajar você assumiu o risco aceitou correr este risco Ou seja sua aversão ao risco não foi tão alta a ponto de impedir que você viajasse Estas considerações nos levam a uma conclusão óbvia aceitar ou não o risco é uma decisão a ser tomada e será aceita de acordo com o grau de aversão do decisor ao risco Avançando um pouco mais no conceito é evidente que alguns mecanismos de previsão são utilizados para mensurar a possibilidade de ocorrência de um risco Isto fica evidente no trabalho por exemplo das seguradoras Você acha que as seguradoras assumiriam um risco de terceiros dos seus clientes se não tivessem condições mínimas de prever estatisticamente a possibilidade de ocor rência do evento indesejado Então vamos pensar no conceito de risco que expressamos anteriormente falamos sobre o grau de possibilidade de que um evento ocorra Isto quer dizer basicamente que o evento pode ocorrer ou não Não há certeza lembrase Se não há certeza o contrário é verdade existe uma incerteza quanto ao evento O que é incerteza e o que tem a ver isso com risco Neste ponto há divergên cias entre os diversos autores sobre o assunto Alguns autores como por exemplo Rodrigues 2008 definem incerteza como a possibilidade de ocorrência de um evento sobre o qual o gestor não dispõe de informações suficientes e necessá rias para tomar alguma decisão Já outros como Duarte Júnior 2005 preferem a definição de que incertezas são eventos mensuráveis em determinadas situ ações e que risco neste caso seria apenas a medida numérica desta incerteza CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I Por conta desta indefinição que até hoje nos surpreende talvez possamos retroceder um pouco na história e ver o que um autor chamado Frank Knight disse em 1921 sobre a diferença entre risco e incerteza A incerteza precisa ser considerada com um sentido radicalmente dis tinto da noção comumente aceita de Risco da qual nunca foi adequa damente separada O aspecto essencial está no fato de risco signi ficar em alguns casos uma variável passível de ser medida enquanto em outros o termo não aceita esse atributo além disso há enormes e cruciais diferenças nas consequências desses fenômenos dependendo de qual dos dois esteja realmente presente e operante Está claro que uma incerteza mensurável ou o risco propriamente dito na acepção que utilizaremos é tão diferente de uma incerteza nãomensurável que não se trata de forma alguma de uma incerteza KNIGHT 1921 apud DAMODARAN 2008 p 23 Nessa definição de Knight citada acima percebese que a definição de risco associada à incerteza é bastante clara RISCO É A INCERTEZA QUANTIFICADA Tudo que não se possa quantificar ficará no campo da subjetividade portanto não passível de ser tratado gerencialmente pois o gestor precisa ter DADOS e FATOS para decidir Um exemplo muito simples disso são as apostas que fazíamos quando crian ças de jogar uma moeda e escolher qual seria o resultado provável que neste caso somente poderia ser um ou cara ou coroa Assim em um único lança mento da moeda as chances de nós ganharmos a aposta eram de exatos 50 Podíamos achar uma brincadeira divertida e na ocasião com certeza não tínha mos a menor noção de decisões estratégicas mas analisando a situação vemos que estava envolvido o risco pois é perfeitamente possível medir a possibilidade de ganho 50 São chances ruins porém estão mensuradas No entanto temos que avançar um pouco mais na definição de riscos pois como gestores almejamos maximizar os resultados para nossas empresas não é mesmo Assim modernamente falando não é apenas uma questão de saber mensurar o risco ou seja de conhecer as probabilidades de ocorrência Temos que saber também de forma antecipada as consequências da ocorrência Um exemplo disso seria a possibilidade de ocorrência de um terremoto Para uma seguradora por exemplo que oferece cobertura de perdas patrimoniais uma ocorrência desse tipo teria consequências tão catastróficas que poderia levála à prmiaorg 19 Entendendo o Conceito de Risco Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 insolvência O evento em si dependendo evidentemente da região para onde o seguro foi contratado teria que ser considerado de alto risco Precisamos entender que não é exatamente correto pensarmos sempre em risco associado a algo negativo embora seja esta nossa tendência natural Pense por exemplo no principal motivo que leva as pessoas a apostarem na Mega Sena todas as semanas Não é a possibilidade da ocorrência de um evento negativo muito pelo contrário é a possibilidade calculada matematicamente embora os apostadores não levem isso em consideração de que a pessoa fique rica Qual é a consequência do evento não se concretizar A perda do valor apostado Qual seria a consequência caso o evento ocorra Ah aí sim tudo se justifica pelo menos na mente dos apostadores pois o prêmio pela ocorrência seria altamente positivo ganhar muito dinheiro Então para nós gestores interessa demais essa noção pois no mundo finan ceiro o risco é definido em termos da variabilidade dos retornos observados de um investimento em comparação com o retorno esperado do investimento mesmo quando esses retornos representam resultados positivos DAMODARAN 2008 p 24 É interessante observarmos o ideograma chinês para risco Nesse ideograma duas ideias são expressas está contido nele a ideia de perigo associado à crise e ideia de oportunidade ou seja há uma distribuição tanto pelo lado de perdas como pelo lado das oportunidades Isto nos torna claro que a expo sição ao risco pode trazer em sua bagagem uma possibilidade maior de ganhos ou seja é expondose ao risco que podem surgir as verdadeiras oportunidades O fato é que desejamos não só entender as consequências do risco mas que remos também gerenciálos Isto nos leva à necessidade da Gestão de Riscos que de forma alguma pode ser vista como a função voltada para evitar riscos e sim como a função voltada para a tomada de decisões adequadas por meio do conhe cimento prévio dos riscos envolvidos considerados os retornos esperados É a função que considera a tolerância aos riscos e esses uma vez identificados com parados aos retornos esperados são conscientemente assumidos CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS Usualmente encontramos na literatura sobre o assunto um sistema de classifica ção de riscos que é universalmente utilizado Essa classificação parte de quatro pilares básicos que consideram as origens das incertezas associadas a cada um deles Vamos conhecêlos 1 Riscos de mercado 2 Riscos Operacionais 3 Riscos de Crédito 4 Riscos Legais RISCOS DE MERCADO Basicamente o risco de mercado está associado às possibilidades de ganhos ou perdas em ativos devido às oscilações de fatores de mercado como taxas de juros taxas de câmbio preços de ações e commodities entre outros Para exemplificar esse risco imagine um agricultor que tem sua colheita de soja prevista para março do ano seguinte O preço atual é atrativo e de acordo com o sentimento do agricultor esse preço pode ficar ainda melhor na época da colheita Ele não toma nenhuma providência para garantir o preço na época da colheita e quando esse período chega os preços internacionais caíram sig nificativamente Esta oscilação deveuse unicamente a fatores de mercado que contribuíram para o resultado final 21 Classificação dos Riscos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Algumas subáreas do risco de mercado RISCO DEFINIÇÃO Taxas de juros Perdas potenciais devido a variações inesperadas nas taxas de juros Taxas de câmbio Perdas potenciais devido a variações inesperadas nas taxas de câmbio Ações Perdas potenciais devido a variações inesperadas no preço das ações Commodities Perdas potenciais devido a variações inesperadas no preço das commodities Liquidez Perdas potenciais devido à impossibilidade de realização de posições venda ou financiamento no mercado Derivativos Perdas potenciais devido ao uso de derivativos para hedge ou especulação Hedge Perdas potenciais devido ao mau uso de derivativos para proteção Concentração Perdas potenciais devido a não diversificação de investi mentos Fonte baseado em Duarte Júnior 2008 RISCOS OPERACIONAIS Este tipo de risco está associado a possíveis perdas decorrentes de falhas em sistemas erros humanos falhas em controles que pudessem evitar ocorrências indesejáveis Podemos exemplificar este tipo de risco numa situação em que um cadas tro fosse registrado nos sistemas computacionais da empresa porém o número do CNPJ fosse registrado com erro O transtorno causado por esse erro seria importante O erro originouse de uma falha humana erro de digitação e foi consolidado por uma falha de sistema pois o programa de computador não tinha nenhum mecanismo de checagem da exatidão informação no momento da gravação dos dados CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I Algumas subáreas dos riscos operacionais RISCO DEFINIÇÃO Equipamento Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a falhas nos seus sistemas telefônicos elétricos computacionais etc Obsolescência Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido à obsolescência de seus sistemas de software de hardware telefônicos elétricos etc Confiabilidade e presteza Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido ao fato de as informações não serem recebidas processadas armazenadas e trans mitidas com rapidez e de forma confiável Erro não intencional Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a erros não intencionais negligência falta de concentração no trabalho falta de informação sobre os controles Internos etc Fraudes furtos ou roubos Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a fraudes furtos ou roubos negligência de controles internos divulgação intencio nal de informações erradas aos clientes manipulação de resultados aceitação de incentivos de clientes etc Qualificação Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a funcionários sem qualifica ção apropriada Produtos e serviços Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido ao nãoatendimento por produtos e serviços das expectativas e necessidades de seus clientes seja em produtos seja em serviços Regulamentação Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido ao fato de a regulamenta ção externa ser alterada e não poder ser atendida pela firma Liquidação finan ceira Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a falhas nos procedimentos Internos para liquidar transações shutterstock 23 Classificação dos Riscos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Modelagem Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido ao fato de os modelos matemáticos não serem adequadamente desenvolvidos e utilizados e seus resultados entendidos Imagem Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido à diminuição de reputação no mercado Concentração Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a negócios fundos de investimento clientes e serviços não adequadamente diversificados Sistêmico Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a alterações substanciais no ambiente operacional Catástrofe Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros que não pode operar devido à ocorrência de catástrofes furacões enchentes terremo tos etc Fonte Duarte Júnior 2008 RISCOS DE CRÉDITO Este tipo de risco está associado à possibilidade do não pagamento de um valor previamente acordado Este valor pode ser apenas o capital somente dos juros ou o capital mais juros associados montante Poderia incluir também o não pagamento de qual quer outra obrigação assumida contratualmente Um exemplo claro desse tipo de risco poderia ser o caso de uma instituição financeira que concedeu um empréstimo a um cliente que chegado o dia do pagamento não honra o compromisso assumido No Brasil as elevadas taxas de inadimplên cia verificadas pelas instituições bancárias é uma prova de que este é um risco bem real e frequente CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I Algumas subáreas do risco de crédito RISCO DEFINIÇÃO INADIMPLÊNCIA Perdas potenciais decorrentes de uma contraparte não poder fazer os pagamentos devidos de juros ou princi pal no vencimento destes DEGRADAÇÃO Perdas potenciais devido ao rebaixamento do rating de uma contraparte GARANTIA Perdas potenciais devido à redução do valor de merca do das garantias de um empréstimo SOBERANO Perdas potenciais decorrentes de uma mudança na política nacional de um país que afete sua capacidade de honrar compromissos CONCENTRAÇÃO Perdas potenciais diante da concentração da exposição de crédito em poucas contrapartes Fonte Duarte Júnior 2008 RISCOS LEGAIS Este tipo de risco está associado à possibilidade de que os contratos assumi dos entre partes não se realizem Os motivos podem ser diversos como por exemplo uma situação de insolvência ou de quebra estrutural Outras situa ções que poderiam constituir este tipo de risco seriam por exemplo a violação da legislação vigente ou a redação ambígua de um contrato que poderia ense jar contestações judiciais Numa instituição financeira por exemplo poderia ocorrer uma situação em que os clientes perdessem recursos num fundo de investimentos e entrassem com uma ação na justiça contestando as condições do Termo de Adesão ao fundo 25 Classificação dos Riscos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Algumas subáreas do risco legal seriam RISCO DEFINIÇÃO LEGISLAÇÃO Perdas potenciais devido a penalidades impostas por regulamentação ou processos de clientes contra a em presa de administração de recursos de terceiros TRIBUTÁRIO Perdas potenciais decorrentes da criação de novos tributos ou mudança na interpretação dos tributos existentes CONTRATO Perdas potenciais decorrentes de contratos omissos ou mal redigidos sem o devido amparo legal Fonte Duarte Júnior 2008 O caso Orange County ilustra bem as con sequências de uma gestão de riscos de mercado insatisfatório Robert Citron administrador dos recursos da região do Orange County na Califórnia Estados Unidos alavancou uma carteira de investimento com valor de mercado de US75 bilhões para US20 bilhões por meio de instrumentos conhecidos como repurchase agreements Sua estratégia funcionou bem inicialmente Por esse motivo ele foi fortemente apoiado pelo Conselho de Investimentos Uma ilus tração de tal apoio foi a injeção de mais recursos aprovada em 1994 para buscar ganhos ainda maiores Outra foi o fato de um candidato que concorria à posição de administrador dos recursos da região naquele mesmo ano advertir que a estra tégia de Citron era muito arriscada e acabar não sendo eleito A estratégia de investimento tornouse perdedora quando as taxas de juros ele varamse repentinamente nos Estados Unidos e o fundo não foi mais capaz de honrar seus compromissos O fundo gerido por Citron foi levado ao colapso pela com binação de risco de taxas de juros com risco de liquidez No final após a liquidação da carteira as perdas totais somavam aproxi madamente US17 bilhão O caso Orange County oferece um exemplo interessante da importância de marcara mercado as posições O gestor Citron costumava relatar suas posições a valor de custo em vez de marcáIas a mercado Ele usava o argumento de que suas posi ções seriam levadas até o vencimento Essa foi a razão que levou o Comitê de Investi mentos a tolerar que as perdas atingissem aproximadamente US17 bilhões Também consistiu no motivo pelo qual os investidores declararam que foram enganados pelos res ponsáveis pelo gerenciamento da carteira Fonte DUARTE JÚNIOR 2008 pp 8 9 27 Consequências da Aversão ou Aceitação de Riscos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Agora que sabemos as principais definições de risco e as categorias normalmente utilizadas podemos considerar um pouco mais sobre as consequências da aver são ao risco na vida das pessoas e das organizações CONSEQUÊNCIAS DA AVERSÃO OU ACEITAÇÃO DE RISCOS No passado muitos pesquisadores principalmente do ramo da matemática ten taram explicar os mecanismos que fazem com que uma pessoa mediana comum aceite ou rejeite um determinado risco Muitas teorias foram propostas como a teoria da utilidade de Bernoulli que há mais de 300 anos disse que o valor de um item não pode ser baseado em seu preço mas na utili dade que gera O preço de um item depende apenas do objeto propria mente dito e é igual para todas as pessoas contudo a utilidade de pende das circunstâncias da pessoa em particular que faz a estimativa DAMORADAN 2008 p 30 Apesar de esta teoria ter sofrido críticas e contrapontos no decorrer do tempo é possível identificar que pelo menos a priori de fato as pessoas podem depen dendo de suas circunstâncias avaliar um determinado bem objeto ou qualquer outra coisa pelo princípio do benefício que isto pode gerar a elas A questão é como isso afeta as decisões nos quais as pessoas se envolvem principalmente no nosso caso as que se relacionam com investimentos Damodaran 2008 elenca as implicações desta aversão ao risco nas decisões de investimento de uma pessoa conforme Quadro abaixo CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I PERSPECTIVA IMPACTO Alocação de ativos A alocação de ativos entre diferentes classes de investimento depende basicamente do grau de aversão ao risco do investi dor Investidores menos avessos ao risco colocam uma propor ção maior de suas carteiras em ativos de maior risco Exemplos de algumas classes de investimento são ações títulos de renda fixa e imóveis Isso implicaria em investidores menos avessos ao risco terem mais investimentos em ações do que aqueles com maior aversão e em investidores mais avessos ao risco não se distanciarem demais da classe de ativos mais segura que apresentem menor possibilidade de perdas como é o caso da poupança fundos de renda fixa Tesouro Direto imóveis entre outros Seleção de ativos Dentro de cada classe de ativos temos de escolher em quais investir Uma vez tomada a decisão de distribuir proporções específicas de uma carteira entre ações e títulos de renda fixa o investidor tem de decidir em quais ações e títulos investirá Essa decisão é muitas vezes tornada menos complexa pela existência de fundos de investimentos de diversos tipos desde especializados por setor e fundos diversificados de índices até os fundos de renda fixa Os investidores menos avessos ao risco podem distribuir uma maior parcela de seus investimen tos de participação acionária em ações e fundos de maior risco ainda que paguem o preço do menor grau de diversificação Avaliação do desempenho Os julgamentos sobre a possibilidade de investimentos passa dos em títulos individuais terem proporcionado retornos ra zoáveis e portanto terem sido bons investimentos dependerá de como o investidor mensura o risco e de qual é o balanço em termos de risco e retorno que este investidor exige Fonte baseado em Damoradan 2008 p 45 Vamos transportar a mesma condição para as empresas Estes entes jurídicos para competir e sobreviver no mercado precisam ter a mesma posição de julga mento de investimentos de uma pessoa física comum Seus gestores portanto deverão analisar até que ponto as estratégias empresariais admitem a assunção de um risco qualquer Da mesma forma que fizemos no caso de pessoas físicas vamos analisar algumas decisões empresariais quanto aos riscos envolvidos 29 Consequências da Aversão ou Aceitação de Riscos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 PERSPECTIVA IMPACTO Decisões de investimento Poucos investimentos feitos por uma empresa oferecem garantia de retorno Na verdade quase todo investimento vem acompanhado de uma série de riscos alguns dos quais são específicos à empresa e ao setor enquanto outros são riscos macroeconômicos Temos de decidir se investiremos nesses projetos dados os riscos e nossas expectativas para os fluxos de caixa Decisões de financiamento Quando determinamos o quanto de dívidas e o quanto de capital próprio devemos empregar no financiamento de um negócio temos de confrontar questões fundamentais sobre risco e retorno mais uma vez Em termos mais específicos incorrer em empréstimos para financiar um negócio pode aumentar tanto a probabilidade de lucro para os acionistas quanto aumentar a probabilidade de prejuízos e assim expor a empresa ao risco de quebra A maneira como vemos esse risco e suas consequências definirá o valor das dívidas Decisões de dividendos À medida que o dinheiro passa a retomar dos investi mentos existentes deparamonos com a possibilidade de direcionar uma parte dele aos proprietários do negócio ou de mantêIo no caixa da empresa Um dos motivos para manter saldos de caixa é atender às contingências futuras uma queda nas atividades ou a necessidade de novos in vestimentos A quantia que decidimos manter como saldo de caixa será determinada pela maneira como percebemos o risco associado a essas contingências Fonte baseado em Damoradan 2008 pp 45 46 Diversos estudos foram realizados para tentar provar as diferenças em aceitar os riscos entre homens e mulheres entre jovens e idosos entre novatos e expe rientes entre outros Os resultados são sempre contestados e em decorrência disto não vale a pena gastarmos tempo considerando estes detalhes O fato é que independente da formação gênero experiência ou outra característica qualquer quando o investimento possui um risco acima do que o investidor seja pessoa física ou jurídica está habituado caso este investidor aceite assumir o risco ele certa mente exigirá um prêmio uma compensação por tomar esta decisão Este é um conceito importante pois explica muitas coisas relacionadas às decisões que são tomadas numa empresa aceitar ou não um investimento seja CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I financeiro seja nos processos empresariais depende da recompensa ou seja da compensação ou prêmio que se obterá A história e o desenvolvimento da análise de risco já têm séculos de existência No esquema cronológico abaixo você terá uma visão geral de como ocorreu este desenvolvimento Alguns tópicos serão objeto de nosso estudo ao longo deste livro d 31 Consequências da Aversão ou Aceitação de Riscos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Sharpe e Lintner introduzem o ativo sem risco e demonstram que combinações deste ativo com uma carteira de mercado incluindo todos os ativos negociados são as combinações ideias para todos os investidores Nasceo CAPM Modelos de risco e retorno baseados em alternativas à distribuição normal distribuições da lei de potências assimétricas e de processos com saltos Usando argumentos de não arbitragem Ross desenvolve o modelo de precipitação por arbitragem múltiplos fatores de risco de mercado são obtidos com dados históricos As variáveis macroeconômicas são examinadas como possíveis fatores do risco de mercado levando aos modelos multifatoriais Fama e French examinando a relação entre retornos sobre ações e fatores específicos a uma empresa concluem que a capitalização de mercado e o índice valor patrimonialpreço representam melhor o risco do que a beta ou os betas A Standard Statistics Bureau a Moodys e a Fitch passam a classificar títulos de dívidas de empresas por meio de informações contáveis Markowitz lança as bases para a diversificação e gera carteiras eficientes para diferentes níveis de risco 1909 1915 Classificação do risco de títulos e de ações 1952 1964 A variância é adicionada às carteiras 1960 Beta do mercado 1976 Betas de fatores 1986 Betas macroeconômicos Proxies 1992 Fonte Damodaran 2008 p 99 CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I CONSIDERAÇÕES FINAIS Para concluir esse estudo vamos relembrar os principais aspectos discutidos na unidade I Esta unidade foi muito útil para nos situarmos quanto às definições de risco con forme entendidas pela literatura moderna É muito importante que você saiba que dependendo do aspecto econômico e administrativo que você esteja tra tando as definições podem ser ligeiramente diferentes Por exemplo caso você esteja considerando aspectos de risco relacionados à indústria de seguros certos termos e definições são próprios da área porém a essência basicamente é a mesma Portanto é perfeitamente possível entender as implicações da Gestão de Risco para qualquer organização utilizando os conhe cimentos que você adquiriu até agora Vale ressaltar também o papel de alguns estudos teóricos sobre risco alguns já com centenas de anos Ao tirar das deidades o destino sobre suas decisões e encarálas como fruto do livre arbítrio o ser humano pode lidar melhor com as incertezas sabendo que a possibilidade de ocorrência se deve a fatores naturais mas na maior parte das vezes devese as suas próprias escolhas Esta ideia de escolha é importante demais para nós gestores Só se associa ao risco quem quer Não é uma contingência do destino É evidente que alguns riscos que assumimos em nossas empresas ao exercer nosso papel podem pare cer ter sido assumidos por falta de opção Isto não é inteiramente verdade Se o planejamento estratégico da empresa tivesse sido formulado de outra forma a situação de ter apenas uma opção não teria acontecido Vimos também na unidade I que existem certas classificações de risco que são inerentes a determinadas condições e variáveis Dependendo do nosso ramo de negócio estas classificações têm um peso enorme nas decisões a serem tomadas Agora na unidade II veremos como mensurar riscos Isto será uma impor tante ferramenta para a tomada de decisão por parte dos gestores Bons estudos Professor Paulo Pardo 33 1 Estudamos nesta unidade que o risco é a possibilidade de que um evento pos sa acontecer Isso quer dizer que ele pode ocorrer ou não Como não há uma certeza podemos dizer que existe uma incerteza quanto ao evento Isto posto discorra sobre risco e incerteza 2 Podemos dizer que é o mecanismo que serve para proteger operações financei ras que são expostas a uma alta taxa de volatilidade isto é estão em constante variação de preço Essa proteção é feita a partir de uma estratégia de definição do preço futuro de uma ação ou outro ativo tomando como base os preços e as cotações atuais do mercado Qual é o mecanismo de proteção apresentado acima aCommodities bAções cHedge dConcentração eDerivativos 3 Diariamente as empresas precisam tomar decisões como por exemplo ampliar o negócio trocar o maquinário construção de uma sede própria etc A falta de controles gerenciais podem provocar um desajuste financeiro levando algumas vezes à sua falência As decisões empresariais precisam ser tomadas a partir de um bom planejamento e informações confiáveis a fim de que os problemas se jam minimizados e evitando transtornos futuros A partir do texto acima sobre as decisões empresariais discorra sobre as deci sões de investimento financiamento e dividendos MATERIAL COMPLEMENTAR No link abaixo você encontrará um espaço de discussão sobre gestão de riscos com opinião de interessados e especialistas no assunto httpwwwvirtuecombrblog Gestão de Riscos para fundos de Investimentos DUARTE JUNIOR Antonio Marcos Editora Prentice Hall Gestão Estratégica do risco uma referência para a tomada de riscos empresariais DAMODARAN Aswarth Editora Bookman UNIDADE II Professor Me Paulo Pardo MENSURANDO RISCOS Objetivos de Aprendizagem Identificar as medidas de quantificação de riscos e retornos Conhecer os riscos de carteira Analisar os índices Beta e o CAPM para mensurar riscos e retornos Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Quantificando riscos e retornos Cálculo de medidas de risco através do desviopadrão Riscos da Carteira Mensurando o risco e o retorno com a utilização do modelo de precificação de ativos financeiros CAPM Risco de Carteira o Índice Beta INTRODUÇÃO Conforme vimos na unidade I o conceito de risco está presente em nossas vidas e em particular na vida dos gestores principalmente da área de finanças Não há como negar dependendo das decisões que tomamos podemos ter resulta dos muito positivos para nossas organizações O contrário também é verdade Dentro desta realidade é importante resgatar o conceito de risco que vimos podemos considerar o risco como a INCERTEZA QUANTIFICADA Esta quan tificação nada mais é do que uma métrica uma medida pela qual os gestores avaliam se o grau de risco apresentado por determinada decisão financeira vale mesmo a pena pelos retornos aguardados Então o que precisamos agora é entender estas métricas e verificar como elas podem nos auxiliar a tomar boas decisões em finanças Nesta consideração vamos revisitar alguns conceitos matemáticos e estatísticos que são utilizados para representação do riscoretorno Bons estudos Prof Paulo Pardo QUANTIFICANDO RISCOS E RETORNOS O que consideramos no início se recorrermos a um recurso matemático por exemplo um gráfico a expectativa do gestor poderia ser assim representada Risco Linha de riscoretorno y3 y1 Retornos esperados 0 x1 x2 y2 Fonte GROPPELLI NIKBAKHT 2002 p 60 37 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Ficou claro não é mesmo Apenas por este gráfico comprovamos que assumir riscos maiores necessariamente deve vir acompanhado de maiores retornos espe rados Outra decisão que não seja esta não faz sentido financeiramente falando Então qual é a métrica que mede o risco Basicamente o principal indica dor é a VOLATILIDADE Por volatilidade entenda que se refere ao número de flutuações que podem ocorrer com uma série de números se desviando de uma média representativa do conjunto Não se assuste com este conceito Basta lem brar alguns fundamentos de estatística muito simples Imaginemos uma série de números como 1 2 3 Neste caso a média é 2 Na série 1 3 5 a média é 3 Qual seria a série mais volátil Com certeza é a segunda Por quê Porque os números extremos 1 e 5 estão mais distantes da média que é 3 Ao avaliarmos um risco é essa volatilidade que buscamos Quanto maior a volatilidade o nível de risco será consequentemente maior Vamos pensar em outra variável que impacta o risco significativamente Esta variável é o prazo O dinheiro tem valor no tempo e uma verdade é que o dinheiro hoje vale mais para um investidor do que no futuro Ele pode perfei tamente utilizar este dinheiro para algum propósito agora mesmo O futuro é incerto Tudo pode acontecer Pense no caso de o investidor decidir emprestar esse recurso que ele poderia utilizar agora para alguém que faz a promessa de retornar o recurso no futuro com juros O risco está presente por exemplo na possibilidade de o empréstimo não ser pago E quanto maior o prazo maior a incerteza pois vários percalços podem acometer o devedor Dessa forma é razo ável esperar que os investidores devam ser adequadamente recompensados para aceitarem assumir o risco de aplicar o dinheiro que têm disponível no presente De acordo com Groppelli e Nikbakht 2002 a premissa é que o futuro sempre é mais arriscado do que o presente Assim aumento de aportes num investimento implica em aumento do risco portanto os investidores certamente desejarão uma recompensa maior por assumir esse risco extra Em resumo a taxa de retorno requerida taxa de desconto aumenta com o aumento do risco de aplicar mais fundos em um ativo que promete um retorno futuro GROPPELLI NIKBACHT 2002 p 60 Considerando isso as duas grandezas que sempre serão medidas são o RISCO e o RETORNO 39 Quantificando Riscos e Retornos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Retorno ao buscarmos saber o RETORNO de um projeto o ideal é que tenhamos o máximo de informações possível No entanto na vida real nem sempre isso acontece Então o que fazer Os analistas indicam que no caso de ausência de informações podemos utilizar informações aproximadas de outros projetos semelhantes mesmo que sejam de outra empresa Tome o caso por exemplo de uma empresa que pensa em um projeto visando aumentar seus lucros por consequência distribuir maiores dividendos aos seus acionistas Como fazer este cálculo sem informações Existe especificamente para este caso uma fórmula comumente utilizada que é expressa assim RETORNO ESPERADO dividendovalorização do capital valor da ação no período t1 Ou expresso matematicamente ficaria assim RETORNO ESPERADO P t 1 Dt Pt P t 1 Em que Dt dividendos do ano corrente Pt preço da ação no ano corrente Pt 1 preço da ação no ano anterior t período de tempo Vamos utilizar esta fórmula para conferirmos como ficaria uma situação hipo tética em que o dividendo Dt é igual a 1 o preço da ação no período anterior Pt 1 era 10 e o preço atual Pt é 11 conforme exemplo de Groppelli e Nikbakht 2002 Temos então Taxa deRetorno 10 1 11 10 020 u seja20 o h MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Se você achou o exemplo acima um pouco complicado saiba que se você racio cinar num investimento em ações passo a passo a lógica é bastante simples Veja um exemplo do que quero dizer com isso Considere que o investidor A adquira 1000 ações da empresa DELTA no iní cio do ano a 40 por ação O investimento total deste investidor é Co 40 x 1000 40000 Ao longo do ano a empresa DELTA pagou 200 de dividendo por ação Durante o ano o rendimento teria sido de Div 2 1000 2000 Imaginemos que no final do ano o preço de mercado da ação seja 4300 Com esse preço por ação aumentado o investidor teve um ganho de capital de Ganho 43 40 1000 3000 O ganho de capital é parte do retorno que os acionistas requerem para man ter seu investimento Assim o retorno total sobre o investimento é a soma do dividendo com o ganho de capital Retorno 2000 3000 5000 O volume total de dinheiro ao final do ano seria o investimento inicial mais o retorno total Volume total de dinheiro 40000 5000 45000 Poderíamos representar esta situação num gráfico de fluxo de caixa como o abaixo Investimento inicial 40000 45000 2000 3000 Dividendos ganhos Valor ganho no mercado 41 Quantificando Riscos e Retornos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 É perfeitamente possível transformar estes ganhos em percentuais até para medirmos o retorno sobre o valor investido inicialmente e compararmos com outros investimentos cujos retornos também são informados em percentual Outras considerações podem ser feitas utilizando esta situação como por exemplo o fato de que os retornos históricos poderem sofrer variações relacio nadas com momentos de prosperidade ou recessão econômica mas não vamos considerar estas possibilidades no momento Risco conforme vimos anteriormente o risco pode ser medido em relação a sua volatilidade ou seja seu desvio da média em relação a resultados espera dos As possibilidades de ganhos maiores estão atreladas à exposição maior ao risco lembrase Assim para analisarmos o risco teremos que fazer isso sob duas perspec tivas a do nível de risco e a do risco do prazo Neste ponto é importante que tenhamos claro que o dinheiro tem valor no tempo e que as entradas desses recursos na empresa fluxos de caixa gerados pelo investimento e que se rea lizarão no futuro precisam ser consideradas agora no presente Para se saber o quanto desses recursos entrará na empresa ou seja qual será o fluxo de caixa considerados a valor presente temos que estimar em primeiro lugar o grau de risco desse projeto também chamado nesta situação de taxa de desconto E em segundo lugar uma vez que esses fluxos de caixa são gerados durante um número de anos futuros devemos levar em conta também o valor do dinheiro no tempo Nível de Risco uma forma de estimarmos o nível de risco de um projeto é comparálo com outro Um exemplo seria comparar o risco associado a um investimento em ações numa empresa de grande porte com o de uma empresa iniciante Geralmente as empresas de grande porte têm mais condições de se capitalizar via empréstimos ou em lançamentos de novas ações ou debêntures Já uma empresa iniciante pode ter um excelente potencial no entanto sua pouca atuação no mercado pode dificultar ou encarecer a captação de recursos para sua atividade Dizendo de outra forma a empresa de grande porte apresentaria um risco mais baixo portanto os eventuais recursos que necessitaria tomar tam bém seriam em condições mais favoráveis ao contrário da empresa iniciante Investidores interessados nas duas empresas certamente exigiriam uma taxa de retorno menor na empresa que oferece menos risco em relação à que oferece um MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II risco superior Ao calcular um projeto considerando as duas opções certamente a possibilidade de perdas na empresa de grande porte seria menor o que a torna uma opção atrativa ao mercado Neste cálculo portanto é mais fácil prever os retornos da grande empresa se comparado com a empresa iniciante Daí conclu ímos que a volatilidade da grande empresa ou seja o desvio em relação à média esperada também é menor se comparada a outra empresa ainda desconhecida Risco do prazo aqui novamente resgatamos a ideia de que o tempo pode afetar substancialmente um investimento Quanto mais tempo um recurso fica aplicado num projeto mais tempo ele fica exposto ao risco Costumase dizer que o risco é uma função crescente do prazo Como afirmam Groppelli e Nikbakht 2002 caso o investimento não tenha chance de perda e seja realizado por perí odo muito curto pode ser considerado livre de risco Em contrapartida caso um período mais longo de tempo seja considerado um prêmio ou compensação deve ser pago aos credores por assumirem um prazo mais arriscado Na prática para calcularmos o risco total por somarmos uma parcela do que seria um investimento considerado livre de risco com o prêmio exigido pelo projeto ficaria assim numa fórmula simples entretanto o procedimento usual é dividir o risco total em taxa livre de risco e prêmio pelo risco Risco total Taxa livre de risco Prêmio pelo risco É sempre bom considerarmos essa taxa livre de risco pois ela nos dá uma referência do custo de oportunidade de um projeto Seria a opção em que o inves tidor não correria teoricamente nenhum risco sobre seus investimentos Daí somamos com o prêmio pelo risco que é a diferença a ser obtida evidente mente positiva para o investidor animarse a entrar neste projeto Mesmo em investimentos de risco baixo como os papéis do Tesouro é preciso considerar o fator tempo pois títulos de longo prazo devem pagar um prêmio pelo risco visto que os ativos ficarão sob risco por mais tempo 43 Quantificando Riscos e Retornos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Veja o exemplo abaixo conforme nos traz Groppelli e Nikbakht 2002 Volatididade dos retornos para as companhias A e B Nota As Companhias A e B têm a mesma escala percentual de retornos e VE valor esperado Companhia A VE VE Retornos Retornos Tempo Tempo Companhia B Fonte GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 65 Na figura acima temos dois projetos sendo considerados da Companhia A e o da Companhia B Observe que o gráfico nos demonstra uma média de retornos esperados numa escala de tempo É possível percebermos claramente onde há mais desvios volatilidade em relação à média a Companhia A tem essa carac terística Portanto não que não se possa investir num projeto da Companhia A mas certamente os investidores exigirão um prêmio maior para fazêlo Analise agora a tabela abaixo PAPEL PRAZO DE RESGATE TAXA LIVRE DE RISCO PRÊMIO PELO RISCO RISCO TOTAL LTN 90 dias 5 0 5 NTN 1 ano 5 2 7 Obrigações do tesouro 20 anos 5 4 9 Debêntures de empresas 20 anos 5 5 10 Fonte baseado em GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 66 Nessa tabela temos demonstrado o comparativo entre diversos projetos de investimento e o impacto do prazo de resgate sobre o prêmio de risco e por con sequência no risco total do projeto Com esse quadro demonstrativo o investidor poderá tomar sua decisão sopesado a relação custobenefício ou expectativa de retorno que almeja MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II CÁLCULO DE MEDIDAS DE RISCO ATRAVÉS DO DESVIOPADRÃO Você se lembra de suas aulinhas de estatística Vamos aplicar alguns daqueles conhecimentos em situações diferentes de opções de projetos A ideia básica nunca se afastará da regra já conhecida e estudada por nós quanto mais pró ximo o desvio em relação à média melhor Assim considere a seguinte tabela em que apresentamos duas opções de projetos SITUAÇÃO PROVÁVEL RETORNO PROJETADO K PESO OU PROBABILIDADE P RETORNO PROVÁVEL K X P Projeto A Pessimista 100 020 20 Mais provável 333 060 200 Otimista 500 020 100 100 Er 320 Projeto B Pessimista 80 025 20 Mais provável 300 050 150 Otimista 600 025 150 100 Er 320 Fonte GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 66 Na tabela acima temos uma situação hipotética de avaliação entre dois proje tos Considere que o retorno esperado símbolo Er seja idêntico para ambos Por meio de um procedimento subjetivo buscouse saber os cenários futuros com as chances percentuais de realização Assim perceba que na coluna Peso ou Probabilidade p temos atribuídos diferentes percepções de cenário sendo que no projeto A por exemplo a situação mais provável tem peso 060 ou seja 60 de chances de ocorrência Outro detalhe importante lembrase do conceito estatístico de amplitude Nada mais é do que subtrairmos os extremos de uma amostra Assim no projeto A temos uma amplitude de 400 500 100 enquanto no projeto B temos uma amplitude de 520 600 80 Conclusão a volatilidade do projeto A é menor do que no projeto B Então significa dizer que o risco do projeto A quando comparado ao projeto B é menor Neste ponto podemos iniciar a consideração de mais uma maneira de avaliarmos o risco de um projeto que é sua medida do desviopadrão Utilizando a Tabela na qual analisamos dois projetos A e B temos condições de analisar mais alguns aspectos importantes Conforme já vimos uma forma de se medir o risco de um ativo é calcular os desvios dos retornos em relação a um retorno esperado Na Tabela que consideremos acima os retornos esperados são idênticos 320 porém há uma maior dispersão em relação à média no projeto B sendo portanto o que é considerado mais arriscado Na condição de que todos os valores tenham uma distribuição normal ou seja que os retornos distribuamse igualmente quanto ao retorno esperado tornase possível medir a volatilidade dos retornos para cada projeto tornando assim seus riscos comparáveis Tomese em primeiro lugar o projeto A A seguir subtraímos cada retorno projetado 100 333 e 500 de sua média K de 320 Elevamos os valores obtidos ao quadrado para eliminar o problema do sinal negativo Considerando um contexto de incertezas atribuímos probabilidades a cada desvio para se obter um único valor representativo a que chamaremos de variância Ao extrairmos a raiz quadrada da variância encontramos o desviopadrão O desviopadrão é representado pela letra grega SIGMA σ A fórmula é esta Desvio padrão σ t1 a N K KPi Onde N número de observações t períodos de tempo k retornos esperados Pi probabilidade dos retornos K retornos reais MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Veja na Tabela abaixo como ficaria o cálculo do desviopadrão da forma como foi proposto acima i k k k k k k2 Piprobabilidades k k2 Pi 1 100 320 220 48400 020 9680 2 333 320 13 169 060 101 3 500 320 180 32400 020 6480 Variância 16261 Fonte GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 66 Pela regra faremos o seguinte extrairemos a raiz quadrada da variância que no nosso exemplo é 16261 O resultado será 128 que é nada mais do que nosso desviopadrão desse projeto Se fizermos o mesmo com o projeto B verificare mos que o desvio padrão será de 185 Após obtidos esses desviospadrão dos dois projetos basta comparálos entre si Considerando uma distribuição normal as distribuições que ficarem mais próximas da média ou seja do valor esperado terão mais chances de serem verdadeiras Se utilizarmos um gráfico visualmente fica ainda mais fácil de entender essa lógica Veja a mesma situação demonstrada na Tabela representada graficamente Distribuição para o Projeto A Distribuição para o Projeto B Retorno esperado Probabilidades Fonte GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 68 47 Cálculo de Medidas de Risco Através do DesvioPadrão Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Observe neste gráfico que quanto mais estreitas as distribuições mais próximas à média elas ficarão se comparadas a distribuições mais amplas No nosso caso as distribuições do Projeto A são mais estreitas enquanto que as do Projeto B são mais amplas Em finanças é estatisticamente aceitável supor que as distribuições de probabilidade tenham uma forma de sino porque tal hipótese facilita o cálculo dos resultados esperados Por exemplo os estatísticos descobri ram que em casos envolvendo distribuições normais podese esperar que 68 dos resultados ou retornos caiam dentro do intervalo de mais ou menos um desviopadrão No exemplo precedente quando subtra ímos ou adicionamos um desviopadrão 128 do retorno esperado de 320 o resultado será um intervalo entre 192 e 448 Esse intervalo indica que de cada 100 resultados esperados 68 deles cairão no intervalo de 192 a 448 Quando são usados dois desviospadrão 256 praticamen te todos os valores da distribuição ou 95 deverão cair no intervalo de 64 a 576 O procedimento aceito trabalha com um desviopadrão GROPPELLI NIKBAKHT 2002 p 68 Vamos considerar outra situação hipotética o que aconteceria se o retorno espe rado de um projeto fosse diferente do retorno esperado de outro projeto Nesta situação as medidas absolutas fornecidas pelo desviopadrão não seriam suficien tes para comparar os projetos O que fazer então A resolução deste problema está em determinar o risco de um projeto em relação ao seu retorno esperado Essa métrica é conhecida por coeficiente de variação ou índice de balancea mento entre risco e retorno Apresentamos a fórmula de cálculo desse índice Coeficiente de Variação CV Retornos esperados Desvios padrão dos retornos K v Na nossa situação analisada dos projetos A e B podemos comparálos entre si utilizando seus CV respectivos A situação ficaria assim CV do Projeto A 320 128 040 CV do Projeto B 320 185 058 FONTEhttpwwwigfcombraprendeglossariogloRespas pxid574 Acesso em 07 maio 2012 MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II A que conclusão chegamos após essa comparação Que quando os coeficien tes de variação destes projetos são comparados quanto menor o CV melhor o projeto sob o aspecto da compensação entre risco e retorno No nosso exemplo ficou evidente que o Projeto A é o melhor investimento porque mesmo tendo o mesmo retorno esperado tem menor risco que o Projeto B Em resumo o Projeto A é melhor que o Projeto B RISCOS DA CARTEIRA Até agora analisamos o comparativo entre projetos individuais Já pode parecer bastante complicada essa análise mas as análises não param por aí Ainda temos que considerar uma situação bastante comum no mundo das finanças que é a avaliação de carteiras Por carteira entendese o conjunto de investimentos que um gestor admi nistra Ou em outras palavras Muitas vezes usado apenas como carteira este termo descreve um grupo de investimentos que o investidor possui ou que compõe o fun do de investimento Uma carteira de investimentos pode ser composta de vários instrumentos financeiros ex ações títulos de renda fixa etc No caso da indústria de fundos de investimentos quando se usa o ter mo carteira se refere ao conjunto de aplicações financeiras nas quais o gestor aplica os recursos captados pelo fundo É responsabilidade do gestor administrar esta carteira tentando sempre otimizar seu retorno para um dado risco aceito pelos investidores através da compra e ven da de ativos financeiros Conjunto de ativos financeiros pertencentes a uma pessoa ou empresa A carteira de um investidor é o conjunto de todos os tipos de investimentos que ele possui A carteira de um ope rador de bolsas de valores ou de um fundo de investimento é o conjun to de todos os títulos papéis ou valores que são objeto de negociação 49 Riscos da Carteira Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 O desafio para o gestor é equilibrar ou equalizar o risco total da carteira levando em consideração que cada ativo que a compõe tem que ser tomado individual mente Ao compor a carteira o objetivo é buscar dividir o risco entre os vários ativos ou títulos possibilitando a redução do risco total Que estratégias podem ser utilizadas neste caso De acordo com Groppelli e Nikbakht 2002 isso pode ser feito de duas formas A primeira é a diversificação pela adição de mais títulos na carteira e a segunda procurar títulos cujos retornos movimentamse diferentemente dos retornos dos títulos ativos já existentes na carteira Dito de forma simples é temperar a carteira com ativos e títulos que tenham um comportamento de risco com movimento contrário ao da própria carteira Esta estratégia pode redu zir o risco Qual risco O risco diversificável Isto porque o risco total de uma carteira é dado pela somatória de dois componentes o risco diversificável e o risco não diversificável Mas o que é risco diversificável Parcela de risco de um investimento que é inerente ao próprio inves timento No caso de uma ação ou debênture de uma empresa são os riscos inerentes a esta empresa que não afetam o desempenho de ou tras empresas Os investidores procuram eliminar ou reduzir tais riscos por meio da diversificação dos investimentos daí sua denominação Extraído de httpwwwigfcombraprendeglossariogloRespas pxid2669 Acesso em 07 maio 2012 E risco não diversificável Parcela de risco de um investimento que afeta todas as empresas não sendo específico de uma empresa Fatores como guerras infla ção e incidentes internacionais compõem o risco não diversificável que não pode ser reduzido ou eliminado por meio da diversificação Extraído de httpwwwigfcombraprendeglossariogloRespas pxid2671 Acesso em 07 maio 2012 A fórmula fica assim Risco total Risco diversificável Risco não diversificável Representando graficamente esta situação teríamos o seguinte MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Risco total Risco diversifcável Risco nãodiversifcável Número de ativos Fonte GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 71 Esta estratégia de inserir ativos na carteira para calibrar o risco diversificável fica anulada caso sejam inseridos mais ativos com as mesmas características de risco dos ativos que compunham a carteira originalmente Para maximizar os resultados os gestores de fundos de investimento por exemplo buscam apimentar as carteiras de perfil mais moderado com ativos de renda variável de risco mais elevado porém com potencial de retorno maior É claro que essas estratégias devem ser muito bem planejadas e geralmente o são com o auxílio de modelos computacionais para que não tirem as características do conservadorismo da carteira fator que atraiu os investidores originalmente 51 A REVOLUÇÃO DE MARKOWITZ A crença de que a diversificação era bené fica aos investidores já estava em voga bem antes de Harry Markowitz abordála em 1952 De fato a Financial Review of Reviews de 1909 usava correlações entre títulos para defender o argumento de que os investi dores deveriam dividir suas apostas e de que uma carteira diversificada ofereceria menos riscos do que o investimento em um único título sem implicar em retornos diferentes Contudo Markowitz alterou a maneira como pensamos sobre riscos ao vincular o risco presente em uma carteira aos comovimentos entre os ativos indivi duais naquela carteira Como jovem estudante de pósgraduação na Universidade de Chicago na década de 1940 Harry Markowitz foi influenciado pelo trabalho de von Neumann Friedman e Savage sobre a incerteza Ao descrever como teve a idéia que deu início à moderna teoria de carteiras Markowitz explica que ele estava lendo Theory of Investment Value de John Burr William o livro que pela pri meira vez trouxe a noção de que o valor de uma ação é o valor presente de seus divi dendos esperados Ele observou que se o valor de uma ação fosse o valor presente de seus dividendos esperados e se o investidor estivesse concentrado em apenas maximi zar seus retornos ele investiria na ação que tivesse os maiores dividendos esperados Isso ia claramente contra a prática e a teo ria em voga na época que recomendavam investimentos em carteiras diversificadas Markowitz argumentou que os investidores precisam diversificar porque se preocupam com riscos e portanto o risco presente em uma carteira diversificada precisa ser menor do que aquele dos títulos individuais que compõem a carteira A idéiachave que apresentou foi a de que a variância dos retornos de uma carteira poderia ser des crita como função não apenas do quanto foi investido em cada título e das variân cias dos títulos vistos individualmente como também da correlação entre estes Ao relacionar de forma explícita a variân cia em uma carteira às covariâncias entre títulos individuais Markowitz não se limitou a dar forma concreta ao que fora sabedo ria convencional por décadas Ele também formulou um processo pelo qual os inves tidores poderiam otimizar a diversificação de suas carteiras isto é carteiras que maxi mizam retornos dado um nível qualquer de risco ou minimizam riscos dado um nível qualquer de retorno Em sua tese Markowitz encontrou o conjunto de car teiras otimizadas para diferentes níveis de risco e chamouo de fronteira eficiente Ele refinou o processo em livro posterior que escreveu enquanto trabalhava na RAND Corporation Fonte DAMODARAN 2008 p 87 MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II MENSURANDO O RISCO E O RETORNO COM A UTILIZAÇÃO DO MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS FINANCEIROS CAPM Após o trabalho iniciado por Harry Markowitz outros economistas trabalharam no modelo como foi o caso de John Lintner Jack Treynor e Bill Sharpe o que resultou no desenvolvimento de um modelo de precificação de ativos que ficou conhecido como CAPM Modelo de Precificação de Ativos Financeiros sigla em inglês para Capital Asset Pricing Model A estratégia adotada por Sharpe e Lintner foi acrescentar um ativo sem risco ao mix da carteira o que os levou a concluir que havia alternativa melhor para investidores a cada nível de risco provocada pela inserção deste ativo sem risco em uma carteira extremamente diversificada Por meio desta técnica conseguemse maiores retornos espera dos para cada nível de risco se comparados a uma carteira única de vários ativos com risco DAMODARAN 2008 O CAPM começa por dividir o risco em duas partes principais ris co diversificável e risco nãodiversificável A premissa é que existe um relacionamento estreito entre os retornos dos títulos individuais e os retornos do mercado Esses retornos para uma determinada ação ou para o mercado consistem em ganhos de capital mais o retorno dos dividendos A comunidade acadêmica estabeleceu que o mercado de ações é um veículo altamente eficiente devido à rápida assimilação de toda a informação disponível GROPPELLI NIKBAKHT 2002 p 74 Assim como vimos no caso do risco de carteiras o modelo CAPM também divide o risco em duas partes principais risco diversificável e risco não diversi ficável Partese da ideia que existe um relacionamento estreito entre os retornos dos títulos individuais e os retornos do mercado Quando falamos em retorno referimonos aos ganhos de capital mais o retorno dos dividendos considerando uma ação individual ou o mercado Então ao conhecer a volatilidade do mercado temos um denominador comum para a avaliação dos graus de risco dos diversos ativos e títulos individu ais Comparase então o grau de sensibilidade dos retornos de uma determinada ação com os retornos de mercado Conforme Groppelli e Nikbakht 2002 caso shutterstock 53 Risco de Carteira O Índice Beta Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 os retornos de uma ação subam ou desçam mais que os retornos do mercado dizemos que essa ação é mais arriscada que o mercado Quando os retornos de uma ação sobem ou descem menos que o mercado dizse que tal ação é menos arriscada que o mercado A regra é portanto classificar os riscos de diferentes títulos por relacionálos ao índice comum do mercado RISCO DE CARTEIRA O ÍNDICE BETA Ao considerarmos risco de carteiras não podemos esquecernos de mencionar a medida de risco conhecida como beta Todo título contribui na sua devida medida para o risco sistemático de uma carteira Essa medida é calculada pelo índice Beta A fórmula para isso é Beta i M M s s 2 Um investimento qualquer é comparado à chamada carteira de mercado O que é carteira de mercado De acordo com Lamb e Kloeckner 2006 carteira de mercado é uma car teira que contém todos os ativos de mercado nas suas respectivas proporções Por definição a carteira de mercado tem um Beta 1 porque o Beta mede a contribuição do risco de um ativo para o risco de mercado Assim é lógico dizer que a contribuição da carteira de mercado para o risco de mercado é ela mesma no caso o número 1 Nesta lógica o ativo sem risco justa mente por ser sem risco em nada contribui para o risco da carteira de mercado Assim o seu Beta é igual a 0 zero β 0 Considerado isso todos os demais ati vos do mercado por definição têm beta 0 β 0 MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Em resumo as definições são Ativos sem risco β 0 Carteira de mercado β 1 Graficamente representaríamos assim Beta é a medida do risco sistemático de um ativo R βeta β 0 β 1 Fonte Lamb e Kloeckner 2006 p44 O conceito de Beta é o fundamento do modelo CAPM No gráfico acima percebemos que qualquer ativo com risco só pode estar em duas posições ou abaixo do risco de mercado Beta 1 porém acima dos ativos sem risco Beta 0 ou acima do risco de mercado ou seja o ativo com parado terá Beta 1 No Brasil utilizaríamos o Beta comparando com um índice de mercado como o IBOVESPA Imagine uma ação qualquer comparada com o IBOVESPA Se ela tiver um comportamento de preço exatamente igual ao Ibovespa podemos afirmar que ela tem Beta 1 Se o preço desta ação variar abaixo do Ibovespa mantendo porém o mesmo sentido o seu Beta será menor do que Um Beta 1 Por outro lado caso o preço da ação varie mais que o Ibovespa mas no mesmo sentido seu Beta será maior do que Um Beta1 Não é tão difícil não é mesmo Vamos ver mais um exemplo dado por Lamb e Kloeckner 2006 Sendo 0145 a taxa livre de risco 18 o retorno do mercado e 12 o beta da ação calcular pelo modelo CAPM o retorno esperado da ação shutterstock 55 Risco de Carteira O Índice Beta Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Em que R Retorno Esperado Rf Taxa livre de risco Β Beta da ação RM Prêmio pelo risco de mercado Esta mesma lógica pode ser utilizada para calcular o retorno esperado de um projeto numa empresa por exemplo o que muito nos interessa O problema é saber o Beta da empresa para utilizarmos na fórmula As empre sas de capital fechado têm esse problema de forma mais evidente pois não têm ações em bolsa que possam ser comparadas com um índice de mercado como o MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II IBOVESPA desta forma estabelecendo se seu Beta Então o que pode ser feito Uma recomendação é utilizar para comparação um Beta de outra empresa do mesmo ramo de atividade e que tenha ações com cotação em bolsa Isso pode funcionar dando uma ideia do retorno esperado para os investidores da empresa Outra consideração importante a ser feita diz respeito ao ramo de atividade da empresa Alguns ramos de atividade têm variações cíclicas relacionadas a fatores diversos como sazonalidades de seus produtos ou são muito sensíveis a crises econômicas Isso deve ser levado em consideração ao se estabelecer um Beta para este tipo de empresa É evidente também que calcular a viabilidade de um projeto não está apenas relacionado aos retornos esperados É necessário planejar também alguns fatores reais como incentivos governamentais recrutamento e seleção disponibilidade de mão de obra e uma série de outros elementos Todas estas considerações devem ser feitas antes de nos aventurarmos numa nova empreitada 57 CASE CALCULANDO O BETA DE UMA EMPRESA A empresa Teleview de capital fechado deseja apurar seu coeficiente Beta e seu custo de capital próprio Para isso considerando que tratase de uma empresa de capital fe chado buscouse no mercado uma empresa de capital aberto de mesma atividade e com ações negociadas na Bovespa DADOS PARA TAXA DE DESCONTO DA EMPRESA TELEVIEW Taxas de retorno Índice Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Taxa de retorno livre de risco Rf 101 102 103 115 Taxa de retorno da em presa de capital aberto Rs 20 2 30 20 Taxa de retorno da cartei ra de mercado Rm 25 20 15 25 Como fazer Para elaborar os cálculos solicitados acima devem seguirse os passos abaixo 1 Calcular o retorno da empresa ou do ativo 2 Calcular a diferença entre taxa de retorno e o retorno médio determinado da etapa anterior 3 Multiplicar a diferença calculada para o retorno da empresa pela diferença obtida para o retorno do mercado 4 Calcular o quadrado das diferenças obtidas para o retorno de mercado 5 Somar os valores contidos nas colunas anteriores 6 Calcular o coeficiente BETA que é o quociente entre o total da das somatórias entre o item 4 e 5 7 Calcular o custo de capital próprio da TELEVIEW O que concluímos neste caso prático Utilizar o custo de capital de uma empresa de capital aberto para uma empresa de capital fechado apresenta uma proximidade razoável O custo de capital próprio de uma empresa de capital fechado é muito próximo de uma empresa de capital aberto dentro do seu setor considerando a sua necessidade de estrutura de produção e comercialização No entanto é importante observar que em determinados casos o risco pode ser maior por não demonstrar claramente o risco da empresa em questão gerando a necessidade de simular em patamares maiores É mais aconselhável utilizar a mais recente taxa de retorno livre de risco e a taxa de retomo de mercado por ser a que mais se aproxima da realidade atual SOLUÇÃO DO CASO PRÁTICO 1 2 3 4 5 6 7 Ano Taxa de retorno da empresa Diferença en tre o retorno e a média dos retornos da empresa Taxa de retorno de car teira de mercado Diferença entre o retorno e média de re tornos para a Carteira de mercado Produto entre as di ferenças da empresa e a diferença da carteira de mercado Quadra do das diferenças de retorno para carteira de mercado Rs Rs Rs Rm Rm Rm 3 x 5 62 1 020 028 025 024 0067 006 2 002 006 020 019 0011 004 3 030 022 015 016 0036 003 4 020 012 025 026 0032 007 Médias 008 001 Totais 0145 0187 Beta 0145 077592 Fonte Tobias e Cavalcante Considerando a taxa de retorno livre de risco no último ano como a mais provável e pró xima da realidade atual teremos o seguinte custo de capital próprio Rs Fonte Tobias e Cavalcante disponível em wwwexpresstrainingcombr Acesso em 07 maio 2012 Rs Rf Beta Rm Rf Rf 115 077592 25 115 2197 Índice Beta Taxa de retorno do mercado último ano Taxa Livre de Risco ùltimo ano Rs Rf Beta Rm Rf Rf 115 077592 25 115 2197 Índice Beta Taxa de retorno do mercado último ano Taxa Livre de Risco ùltimo ano 0187 59 Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta Unidade tivemos a oportunidade de conhecer muitas ferramentas rela cionadas à gestão de riscos Algumas numa primeira abordagem poderão ter assustado alguns iniciantes pois parecem mais complexas do que realmente são Na verdade meu caro aluno se fosse fácil todos fariam não é verdade No entanto também não são tão difíceis a ponto de nos paralisar e assustados não aproveitarmos de suas potencialidades Evidentemente nesta Unidade não pre tendia esgotar o assunto sobre estas ferramentas Minha intenção foi apresentálas a você que agora para que você possa realmente fazer a diferença precisa bus car mais informações casos práticos de aplicação e tentar implantar um desses modelos no seu dia a dia Ao fazer isso você estará de fato nadando contra a maré pois como disse a maioria não usa Pode ser também que no início você encontre tantas dificuldades que seja tentado a fazer o mais cômodo abandonar a ideia Resista a isso e exercite seus novos conhecimentos Só assim você será um gestor que tem um profundo conhecimento sobre o assunto e poderá ser reconhecido pelas suas habilidades e competências Muito sucesso Professor Paulo Pardo 1 A situação dos empreendedores frente à gestão de riscos não é nada fácil A maioria não tem a menor noção das ferramentas para avaliação de projetos e acaba por cometer uma série de erros que podem comprometer o sucesso da empreitada Pesquise na Internet sobre a qualificação dos nossos empreendedo res em relação às ferramentas de avaliação de risco Qual o panorama geral dos empreendedores brasileiros em relação à Gestão de Riscos 2 A mensuração de riscos deveria fazer parte da rotina dos administradores Po rém fazer este gerenciamento sem as ferramentas necessárias pode ser bem di fícil Pesquise sobre a disponibilidade de ferramentas informatizadas de gestão de riscos principalmente quanto ao cálculo de índices de riscoretorno Quais ferramentas você encontrou É possível conhecer o custo da implantação destas ferramentas Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR A História do Mercado de Capitais o impacto da ciência e da tecnologia nos investimentos BERNSTEIN Peter L Editora Elsevier Fundamentos da Gestão De Risco CROUHY Michel GALAI Dan MARK Robert M Editora Qualitymark Métodos para análise de viabilidade de projetos Ao se deparar com estes e outros tipos de gastos a empresa deve analisar os projetos de forma que os resultados possíveis são realização rejeição ou abandono Para que estas decisões sejam tomadas diversos métodos são muito úteis ao gestor Alguns dos mais utilizados são o VPL Valor Presente Líquido e a TIR Taxa Interna de Retorno Esses métodos são interessantes pois levam em consideração o valor do dinheiro no tempo Vamos analisálos a partir de agora Antes porém gostaria de informálo que esses métodos têm disciplina própria na sua formação pelo EAD que é a disciplina de Análise de Projetos Portanto ao estudar essa disciplina você terá oportunidade de aprofundarse mais sobre o assunto O VPL Valor Presente Líquido Para se calcular o Valor Presente Líquido de um projeto precisamos calcular o valor presente dos Fluxos de Caixa previstos para o futuro Para isso utilizamos uma taxa de desconto e diminuímos do valor do investimento A fórmula é dada a seguir Em que FC Fluxos de Caixa projetados para t períodos no futuro K Taxa de desconto exigida Io Investimento necessário antes do início do projeto Para se determinar se um projeto é ou não viável a regra é bastante simples VPL 0 projeto é viável VPL 0 projeto não é viável Vamos considerar um exemplo Lamb e Kloeckner 2006 p 182 nos trazem o seguinte exemplo uma empresa decide comprar um equipamento que lhe proporcionará economia de serviços terceirizados que hoje é responsável por uma parte do processo produtivo O investimento nesse equipamento é de R1000000 Sabese que a economia com UNIDADE III Professor Me Paulo Pardo VALUE AT RISK VAR Objetivos de Aprendizagem Apresentar os conceitos do Value at Risk VaR Discutir os métodos para análise de projetos Conhecer os métodos para análise de viabilidade de projetos Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Value at Risk Var mensurando a perda provável com apenas um indicador Analisando Projetos orçamentos sem risco Métodos para análise de viabilidade de projetos O VPL Valor Presente Líquido Taxa Interna de Retorno No text detected in image INTRODUÇÃO Quanto eu posso perder neste investimento Esta é a pergunta que não quer calar Na verdade acredito que a pergunta correta a ser feita seja outra quanto eu suporto perder caso ocorra de fato uma perda Essa dúvida cruel passa na mente de 10 entre 10 investidores No entanto ela tira o sono de quem por não ter experiêncianas operações de compra e venda de ativos financeiros inicia no mercado e com certeza passa também na mente dos gestores financeiros pois eles respondem perante uma diretoria sobre os resultados obtidos com os recursos das empresas Então qual é a resposta A tentativa de responder a isso criou ao longo dos anos diversas teorias financeiras que buscam dar ao menos um norte para as decisões de investimento Nos últimos anos ganhou popularidade uma técnica que vamos aqui demonstrar o Valeu at Risk VaR Nesta unidade vamos conhecer um pouco desta ferramenta verificar suas utilidades e contradições É claro que o uso de qualquer modelo de apuração de risco tem suas imperfeições algumas que não podem ser ignorados Então encare assim o VaR apesar de muito utilizado não é de forma alguma uma panaceia para todas as dores de cabeça financeiras que você terá É apenas mais uma fer ramenta que deve ser por sinal utilizada com muito cuidado 65 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III VALUE AT RISK VAR MENSURANDO A PERDA PROVÁVEL COM APENAS UM INDICADOR Dito de forma bastante simplificada podemos definir o VaR como um nível de confiança que o investidor pode ter em relação a uma carteira de ativos Imaginemos uma situação em que o investimento seja de R100 milhões por exemplo Qual é a pergunta a ser feita Lembrase da pergunta proposta no início quanto eu suporto perder caso ocorra de fato uma perda Aqui cabe a mesmíssima pergunta Para respondêla Hull 2006 p 435 afirma que o cálculo de VaR tem o obje tivo de permitir formular uma afirmação com uma estrutura da forma Temos X de certeza de que não perderemos mais do que V nos próximos N dias O que podemos entender desta afirmação De acordo com Lamb e Kloecnker 2006 identificamos o V como o VaR da carteira X como o nível de confiança e N como o horizonte de tempo Seria como se afirmássemos que a nossa estimativa de perda diária máxima de uma carteira num nível de confiança de 95 fosse de R100 milhões Estaríamos afirmando que o VaR a 95 para um dia é de R100 milhões Dito de outra forma teríamos 95 de certeza de que as eventuais perdas nas condições vigen tes de mercado no horizonte de tempo de um dia seriam de no máximo R100 milhões Assim e é importante frisar isso o VaR é um número que expressa nível de confiança e não um limite máximo de perdas Hull opcit ainda diria Temos 95 de certeza de que não perderemos mais do que R100 milhões até amanhã Para melhor compreensão do que isso significa devemos ter claramente dado o fator tempo Sim porque se temos por exemplo o tempo dado em dias dizer que temos 95 de certeza significa que num período de 100 dias ou 100 do tempo em 95 dias temos a certeza de que nossa perda máxima seria de R100 milhões usando o valor do exemplo acima Se tomássemos um período menor por exemplo 20 dias teríamos 19 dias ou seja 95 do tempo em que a perda máxima seria de R100 milhões e apenas 1 dia em que a perda poderia ser maior do que esse valor Essas informações são importantes caso desejássemos com parar a carteira com um nível de confiança diferente ou um período diferente 67 Value At Risk Var Mensurando a Perda Provável com Apenas um Indicador Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Dentro desse raciocínio vamos imaginar por exemplo uma empresa qual quer que tenha o VaR de 100 milhões mas agora com nível de confiança de 99 Essa empresa teria 99 de probabilidades de sofrer uma perda de até 100 milhões mas agora num intervalo de até 100 dias de negócios Para esta empresa em somente 1 de 100 dias de negócios poderá ocorrer uma perda superior a 100 milhões Embora o VaR possa ser utilizado por organizações em geral sua utilização ganhou força entre os bancos justamente para medir sua exposição ao risco uma vez que essas instituições geram recursos de terceiros além de trabalha rem com a alavancagem permitida pelo Banco Central embora este conceito não seja exclusividade dos bancos brasileiros e sim uma tendência do sistema financeiro mundial Mais uma importante informação o VaR analisa o intervalo de confiança de uma carteira específica dentro de um intervalo de tempo determinado Então só faz sentido compararmos o VaR de uma carteira com outro da mesma carteira alterandose por exemplo o nível de confiança ou o próprio intervalo de tempo O VaR não se presta para comparações entre carteiras diferentes shutterstock UMA BREVE HISTÓRIA DO VALUE AT RISK VAR Apesar de o termo valor em risco não ter sido amplamente usado até o início da década de 1990 as origens dessa medida estão em um passado um tanto mais dis tante A matemática por trás do VaR foi em grande parte desenvolvida no contexto de carteiras por Harry Markowitz e outros autores ainda que seus esforços tenham sido direcionados a uma finalidade dife rente a concepção de carteiras ótimas para investidores em ações Particularmente o foco nos riscos de mercado e os efeitos dos comovimentos desses riscos são aspectos cruciais à maneira como o VaR é calculado O VaR portanto é um número associado a um nível de confiança e não um limite máximo de perdas O limite máximo de perda em uma posição será de 100 da carteira ou mais dependendo do compro metimento do detentor da posição com a cobertura de perdas Isto pode ocorrer em mercados de derivativos O incentivo ao uso do VaR surgiu com as diferentes crises que envolveram as instituições financeiras ao longo dos anos e as reações da esfera reguladora a essas crises As primeiras exi gências de capital impostas aos bancos com finalidade reguladora foram promul gadas em seqüência à Grande Depressão e às falências dos bancos na época quando a Lei do Mercado de Capitais de 1934 criou a Comissão de Valores Mobiliários dos Esta dos Unidos SEC e exigiu que os bancos mantivessem seus empréstimos abaixo de 2000 de seu capital próprio Nas décadas 69 que se seguiram os bancos conceberam medidas do risco e mecanismos de con trole para garantir a observância dessas exigências de capital com o aumento no risco decorrente do câmbio flutuante a par tir do início da década de 1970 e com a chegada dos mercados de derivativos as exigências de capital foram redefinidas e expandidas na Uniform Net Capital Rule UNCR da SEC promulgada em 1975 A UNCR classificou os ativos financeiros dos bancos em 12 categorias de risco e impôs diferentes exigências de capital a cada uma com base no seu risco e que variavam de 0 para títulos do Tesouro de curto prazo a 30 para ações Os bancos passaram a ter de relatar seus cálculos de capital em balanços trimestrais os chamados rela tórios FOCUS Financial and Operating Combined Uniform Single Reports Contudo as primeiras medidas regulado ras que lembram o VaR foram iniciadas em 1980 quando a SEC atrelou as exigências de capital de instituições financeiras às per das em que poderiam incorrer com 95 de confiança em um período de 30 dias em diferentes classes de valores mobiliá rios Os retornos históricos eram usados para calcular as perdas prováveis Embora as medidas fossem descritas como provi são para perdas e não como valor ou capital em risco fica claro que na época a SEC já estava exigindo que as instituições finan ceiras adotassem o processo de estimar os VaRs de 95 para um mês e mantivessem capital suficiente para cobrir as prováveis perdas Quase na mesma época as carteiras negociadas por bancos comerciais e de investimento estavam se tornando cada vez maiores e mais voláteis gerando a necessidade por medidas de controle mais sofisticadas e atualizadas Ken Garbade do Bankers Trust em documentos internos de 1986 apresentou medidas sofisticadas para o VaR de carteiras de renda fixa do banco com base na covariância dos rendimentos de títulos com diferentes vencimentos No início da década de 1990 muitas institui ções financeiras já haviam desenvolvido medidas rudimentares para o VaR com ampla variação nas maneiras como era aferido Em sequência aos inúmeros e desastrosos prejuízos associados ao uso de derivativos e de alavancagem entre 1993 e 1995 que culminaram com a falência do Barings o banco de investimentos da Grã Bretanha as empresas estavam prontas para medidas de risco mais abrangentes Em 1995 o J P Morgan disponibilizou o acesso aos dados sobre variâncias e cova riâncias entre várias classes de valores mobiliários e de ativos que vinham sendo usados internamente pelo banco para a gestão de riscos já por quase uma década e permitiu que desenvolvedores de software concebessem um programa de mensura ção desses riscos A empresa o chamou de RiskMetrics e adotou o termo valor em risco para descrever a medida do risco gerada pelos dados A medida encontrou a acei tação imediata de bancos comerciais e de investimentos sob a supervisão de agên cias reguladoras que acolheram o apelo intuitivo do VaR Na última década o VaR ganhou a condição de medida consolidada de exposição ao risco em instituições finan ceiras e inclusive começou a ter aceitação em empresas nãofinanceiras Fonte DAMODARAN 2008 p 206 207 VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III Pela forma de cálculo do VaR é importante trazer para qualquer nível de comparação a mesma grandeza de tempo utilizada A forma de fazer isso não detalharemos neste momento Porém para auxiliálo quando necessitar fazer esta transformação de tempo dias em semanas anos em dias etc a Tabela abaixo lhe será extremamente útil DADO O VAR OBTER O VAR DIÁRIO SEMANAL QUINZENAL ANUAL Diário 1 10 5 223 10 3162 252 1587 Semanal 15 04472 1 10 2 144 52 7211 Quinzenal 1110 00953 12 0707 1 10 26 5099 Anual 1252 0063 152 01386 120 10 1 10 Os dados da tabela consideram 1 semana 5 dias úteis 1 quizena 10 dias utéis 1 ano 252 dias úteis 1 ano 52 semanas 1 ano 26 quinzenas Fonte Lamb e Kloeckner 2006 p 50 Ficou fácil não é mesmo Basta você saber o VaR considerado e verificar na coluna o VaR correspondente ao novo período O QUE É PRECISO SABER SOBRE O VAR No escopo de uma disciplina de Gestão de Risco é importante saber que o VaR é uma medida de confiança aos investidores Todos desejam saber o quanto podem perder e as probabilidades de que isso aconteça O VaR pode dar um norte para essas respostas As formas de apuração do VaR exigem cálculos estatísticos mais aprofunda dos que o espaço e a proposta desta unidade não comportariam O que fazer Neste caso se você achou que as considerações que fizemos até agora são impor tantes recomendo que você faça novas investidas buscando exercitar técnicas estatísticas como desviopadrão variância e covariância entre outras e busque na literatura recomendo algumas ao final desta unidade para que você possa se aprofundar nos meandros desse coeficiente 71 Value At Risk Var Mensurando a Perda Provável com Apenas um Indicador Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 As críticas ao Modelo Value at Risk VaR Embora amplamente utilizadas pelas instituições financeiras que medem suas posições para conhecer sua exposição ao risco várias críticas são feitas à abor dagem do VaR Entre essas estão o foco limitado de sua atuação por considerar apenas pos sibilidades de perdas e não de ganhos Embora isso seja importante é evidente que o enfoque é para proteção e não para aumento de retornos Também é cri ticado o horizonte de tempo em razão de sua maior utilização ser para curto prazo Isto talvez se justifique em decorrência das instituições financeiras maiores usuárias do coeficiente terem que realizar operações de hedge para suas posi ções e isso é feito em base diária Porém horizontes mais longos de tempo são raramente considerados Outro detalhe importante embora consideremos a perda máxima do total investido algumas perdas possíveis não vão tão longe É preciso saber sempre a significância do coeficiente pois é muito diferente saber que a probabilidade pode ser de 5 ou de 50 Os riscos são muito diferentes neste caso É preciso saber então se quando a perda ocorrer qual é de fato o máximo de perda possível Para ilustrar isso veja o seguinte caso envolvendo o cálculo do VaR para a BOVESPA CÁLCULO DO VAR PARA A BOVESPA A Bovespa procurou determinar o VaR de seus ativos observando o comportamento de preços num intervalo de tempo Nesse estudo foi avaliado o período de 2 de janeiro de 1998 a 16 de junho de 2000 com 609 eventos diários os pregões Primeiro foram registradas as variações diárias para cada um dos 609 dias em relação ao dia anterior Numa segunda etapa foram con tadas quantas vezes cada variação positiva e negativa ocorreu no período Em seguida foi feita uma classificação Foram observadas por exemplo no perí odo 4 variações negativas superiores a 10 Nenhuma variação negativa entre 920 e 10 2 variações negativas entre 9 e 920 1 variação negativa entre 880 e 9 e assim por diante O próximo passo consistiu em definir um nível de significância para a partir dele chegar ao VaR desse indicador Vamos supor que se queira fixar o nível de signi ficância em 99 Será calculado quanto é 1 do total de eventos e posteriormente identificado em qual variação negativa esse novo número de eventos é verificado No exemplo o total de eventos é 609 e 1 fica entre 6 e 7 vamos considerar 7 Na clas sificação ver exemplo anterior quando ocorrem os 7 maiores resultados negati vos verificamos que o sétimo se refere à variação diária de 880 Esse é o VaR do Ibovespa para o nível de significância de 99 Neste caso não foi dado peso maior para os dados mais recentes para evitar que o exemplo ficasse muito complexo Um problema que surge nessa avaliação estatística do fundo de investimento é que para níveis de significância alto como 99 a curva gráfica não descreve o risco com tanta precisão quanto se desejaria A precisão é maior para níveis de signifi cância menores Além disso para encontrar o efetivo risco incorrido pelo fundo seria melhor calcular o risco dos ativos que fazem parte da carteira em vez de considerar as cotas pois as variações das cotas passadas podem representar uma carteira sem risco por conta de ausência de alavancagem o que pode divergir bastante da carteira de hoje Outro ponto é que o VaR é calculado com dados do passado para projetar o futuro e quando o futuro tem pouca correla ção com o passado as previsões podem falhar Finalmente convém salientar que o VaR é sensível a bruscas movimentações podendo oscilar bastante de um dia para o outro 73 Por exemplo o cálculo do VaR do Ibovespa para o período de 22 de dezembro de 1999 a 16 de junho de 2000 com nível de significân cia de 95 é de 3 o risco de o Ibovespa cair 3 ou mais estava limitado a 5 dos even tos Caso o Ibovespa tivesse caído 1680 no dia 16 em vez de 083 como ocorreu o VaR subiria para 844 Mesmo uma recupe ração do Ibovespa no dia seguinte não faria o VaR retornar para o nível de 3 Continuando o exemplo se no dia 15 o Ibovespa tivesse caído 1561 e no dia 16 subido 1597 recuperandose o VaR subiria para 926 Portanto concluise que se por um lado o VaR é uma medida de risco bastante inte ressante pois ilustra a perda máxima a ser incorrida por outro lado ele deve ser sem pre bem compreendido para que não seja exigido dele uma segurança uma previ são de perda máxima efetiva que ele não pode propiciar Nesse contexto existem hoje outras ferramentas que complemen tam o VaR tornando a análise de risco mais completa e eficiente Fonte Miguel Russo disponível em httpwwwrisktechcombrPDFsvarpdf Acesso em 08 maio 2012 VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III as medidas do VaR contemplam apenas uma pequena parcela do ris co que um ativo está exposto ao mesmo tempo em que um expressivo volume de informações valiosas presentes na distribuição é ignorado Ainda que a avaliação do VaR esteja correta e que a probabilidade de perder mais de 100 milhões seja menor do que 5 não faria sentido conhecermos o maior prejuízo possível naquela catastrófica faixa com menos de 5 de probabilidade Antes de mais nada faz diferença saber se a nossa maior perda possível seria de 1 bilhão ou de 150 milhões O VaR está mais próximo da estimativa do cenário de pior caso do que das abordagens de identificação e avaliação do risco mais completas e abrangentes DAMODARAN 2008 p 224 ANALISANDO PROJETOS ORÇAMENTOS SEM RISCO As decisões relacionadas a investimentos não se restringem apenas a investimen tos no mercado financeiro ou de capitais Muitos empreendedores precisam tomar decisões de investimento o tempo todo alguns de valores muito expressivos Se você estiver numa situação como essa o que poderia lhe auxiliar a tomar boas decisões Em primeiro lugar vamos analisar brevemente o que motiva os investimentos nas empresas Via de regra podemos dizer que em organizações com fins lucrativos investimentos sempre têm como objetivo final o aumento da satisfação dos proprietários da empresa desta forma sempre têm impacto sobre o nível das despesas de operação eou sobre as receitas geradas pela empresa ABREU p 17 apud LAMB KLOECKNER 2006 p 181 Uma empresa portanto necessita constantemente de investimentos dos mais variados tipos Lamb e Kloeckner 2006 p 182 nos elencam alguns des ses possíveis investimentos shutterstock 75 Analisando Projetos Orçamentos sem Risco Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Substituição para manutenção do negócio este é o tipo de investimento realizado para substituição de equipamentos danificados usados na produção Decisões que são feitas nesta etapa estão geralmente relacionadas com a continuidade ou não de linhas de produto alterações no processo produtivo ou substituição de máquinas e equipamentos Substituição para redução de custo os investimentos neste tipo de decisão têm a ver com substituição de equipamentos que estão operacionais porém já estão com tecnologia defasada Os concorrentes geralmente contam com equi pamentos mais modernos e portanto produzem a custos menores Nesse caso a substituição do equipamento obsoleto pode gerar reduções de custos para a empresa É necessário fazer comparações do tipo custobenefício Expansão quando uma empresa ganha mercado geralmente são necessários investimentos quase sempre em ativos imobilizados para garantir essa expan são que pode darse em decorrência do aumento da capacidade instalada ou do número de pontos de venda Para decisões neste campo as análises são mais complexas pois envolvem variáveis fora do domínio da empresa como situa ções geográficas e de mercado Projetos de segurança e ambientais estes investimentos são quase sempre obrigatórios para atender exigências de legislações específicas ou dissídios cole tivos de trabalho e normalmente não produzem nenhum tipo de receita O tamanho do projeto é impactante no momento da tomada de decisão No text detected in image 77 Analisando Projetos Orçamentos sem Risco Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 os serviços terceirizados livre dos impostos é de R184600 por ano durante um período de 6 anos Para atrair investimentos o projeto deve gerar uma taxa de retorno taxa de atratividade de 2 aa No final dos 6 anos o projeto não terá qualquer resíduo e nem valor de revenda Qual é o VPL deste projeto Primeiro vamos elaborar uma tabela que contenha os fluxos de caixa envol vidos conforme enunciado do problema 0 1 2 3 4 5 6 Io FC1 FC2 FC2 FC4 FC5 FC6 10000 1846 1846 1846 1846 1846 1846 A seguir vamos proceder um somatório dos fluxos de caixa considerando a taxa de 2 de retorno exigidos para este projeto Ficaria assim Ainda não terminou Precisamos agora comparar com as regras do VPL Vamos concluir então o raciocínio VPL VP FC Io VPL 1034025 10000 VPL 34025 Que informação temos aqui A conclusão é que este projeto gera fluxos de caixa suficientes para arcar o custo do projeto a 2 aa e ainda deixa um Valor Presente Líquido VPL de 34025 para os investidores VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III Vamos interpretar o que calculamos Quando calculamos o VPL devemos nos lembrar de que ele sempre repre senta o resultado líquido do projeto no período zero No nosso exemplo o de VPL é de 34025 ou dito de outra forma é o lucro do projeto A conclusão é que o projeto pode encarecer até este valor para continuar viável Na hipótese se o custo do projeto superar os 1034025 o VPL se torna negativo o que torna o projeto inviável Um detalhe importante que serve de guia para tomada de decisão é que o VPL sempre se refere ao momento zero ou seja a data de hoje Este fato permite a comparação de valores financeiros em diferentes instantes no tempo Quando o gestor tiver que decidir entre duas ou mais alternativas muito provavelmente a melhor será aquela cujo VPL seja maior Algumas observações importantes O ponto crítico desse método está na decisão de qual taxa de desconto utilizar no cálculo do VPL Entre dois projetos em geral aquele com maior risco deve ser descontado a uma taxa maior Além do mais as taxas de desconto tendem a subir acompanhando as taxas de juros e de inflação Quando as taxas de juros sobem o financiamento de projetos tornase mais caro portanto os fluxos de caixa dos projetos devem ser descontados a uma taxa maior que a utilizada quando as taxas de ju ros estão caindo As taxas de desconto usadas no VPL são também in fluenciadas pela duração dos projetos Entre dois projetos aquele com vida mais longa geralmente é associado a um maior risco Quanto mais extensa a existência de um investimento no futuro maior a incerteza na conclusão e operação do projeto Portanto mantendose todas as outras variáveis iguais os projetos de longa duração devem ser geral mente descontados a taxas maiores que a dos projetos de curta dura ção GROPPELLI NIKBAKHT 2002 p 109 79 Vantagens e Desvantagens do Método Vpl Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MÉTODO VPL VANTAGENS DESVANTAGENS Utiliza os fluxos de caixa em lugar dos lucros líquidos Fluxos de caixa lucros líquidos depreciação incluem a de preciação como uma fonte de fundos Isso funciona porque a depreciação não é um desembolso de caixa no ano em que o ativo é depreciado Ao con trário da contabilidade no campo das finanças considera se o fluxo de caixa em lugar dos lucros líquidos O método supõe que a administração seja capaz de fazer previsões deta lhadas dos fluxos de caixa dos anos futuros Na realidade quanto maior o período mais difícil a estimativa dos fluxos de caixa futuros Diversos fatores influenciam os fluxos de caixa futuros tais como vendas futuras custos da mãodeobra dos materiais e dos custos indiretos de fabricação pelas taxas de juros pelas preferên cias dos consumidores pelas políticas governamentais pelas mudanças demográficas etc A superestimação ou subestimação dos fluxos de caixa futuros podem levar à aceitação de um projeto que deveria ser rejeitado ou à rejeição de um projeto que deve ria ser aceito Reconhece o valor do dinheiro no tempo Quanto maior o tempo maior o desconto Simplificando se os fluxos de caixa de um projeto com risco médio são descontados a 10 um outro projeto com um maior grau de risco deve ser descontado a uma taxa superior a de 10 Portanto o valor do dinheiro no tempo para um projeto está refletido na taxa de desconto que deve ser selecionada com cuidado pelo analista financeiro Geralmente a taxa de desconto tende a se elevar caso a oferta monetária esteja escassa e haja expectativa de elevação da taxa de juros O método supõe que a taxa de desconto seja a mesma durante toda a duração do projeto A taxa de des conto de um projeto tal como a taxa de juro na realidade muda de um ano para o outro A taxa de desconto pode ser afetada por oportunidades de reinvestimento de fluxos de caixa futuros pelas taxas de juro futuras e pelos custos de levantamento de novos capitais VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III Aceitando somente projetos com VPL positivos a empresa também aumen tará o seu valor Um aumento no valor da empresa é um aumento no preço das ações ou na riqueza dos acionis tas O método do VPL do orçamento de capital deve portanto no final das contas resultar em maior riqueza aos acionistas É do ponto de vista da ad ministração financeira a técnica mais moderna de orçamento de capital Fonte baseado em GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 TAXA INTERNA E RETORNO Uma técnica bastante conhecida e utilizada para avaliar projetos é a Taxa Interna de Retorno TIR A TIR nada mais é do que uma medida da taxa de rentabilidade A Taxa Interna de Retorno TIR é a taxa na qual o Fluxo de Caixa descontado VP de um projeto é igual ao valor de investimento custo projeto I0 Dessa forma o VPL de um projeto descontado a TIR é igual a zero Chamamos taxa de corte a taxa abaixo da qual os projetos são rejeitados a taxa mínima de retorno ou taxa requerida de retorno denominamos taxameta As empresas determi nam suas taxas de corte pelo custo do financiamento e pelo risco do projeto A seguir preveem os fluxos de caixa futuros e calculam a TIR Caso a TIR calculada exceda a taxa de corte o projeto é incluído na lista dos investimentos recomen dados sendo portanto atrativo A representação matemática da fórmula da TIR é FC 1 TIR FC 1 TIR FC 1 TIR FC 0 1 2 2 n n 1 h h h Ou Matematicamente podemos apresentar a fórmula da TIR a partir da fórmula do VPL substituindose a taxa i de atratividade conhecida pela TIR a ser calculada Vamos utilizar o mesmo exemplo que mencionamos ao calcular o VPL da máquina com investimento inicial de R1000000 e 6 fluxos de caixa de R184600 Ficaria assim substituindo na fórmula do VPL Substituindose os valores teríamos Calculandose o resultado chegaríamos a uma TIR de 3 VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MÉTODO DA TIR VANTAGENS DESVANTAGENS Assim como o VPL considera o valor do dinheiro no tempo A TIR não considera valores absolutos se ocorrer um investimento de 200 com retorno de 300 a TIR será de 50 Mesmo a TIR sendo elevada o ganho é de 100 Por outro lado inves tir 2000 para obter 2200 significa um acréscimo de 10 porém com um valor absoluto maior 200 Para as empresas em geral interessa mais o valor ab soluto maior do que a taxa propriamente dita Simplicidade de utilização Pode utilizar a tabela de índices de juros para calcular o valor presente Um outro problema com o método da TIR é que ele pode fornecer diferentes taxas de retorno Suponha que haja duas taxas de desconto duas TIRs que tornem o valor presente igual ao investimento inicial Nesse caso qual taxa deve ser usada na compara ção com a taxa mínima Fonte baseado em GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 e em LAMB e KLOECKNER 2006 83 POR QUE O VPL E A TIR ALGUMAS VEZES SELECIONAM PROJETOS DIFERENTES Ao comparar dois projetos o uso dos métodos do VPL e da TIR pode fornecer resultados diferentes Um projeto sele cionado de acordo com o VPL pode ser rejeitado se for avaliado pelo método da TIR Suponha dois projetos alternativos X e Y O investimento inicial de cada projeto é 2500 X gerará fluxos de caixa anuais de 500 nos próximos dez anos O projeto Y gerará fluxos de caixa anuais de 100 200 300 400 500 600 700 800 900 e 1000 no mesmo período Usando o método de tentativa e erro explicado anteriormente você encontra a TIR do pro jeto X que é 17 e a TIR do projeto Y que é cerca de 13 Se você usa a TIR o pro jeto X deve ser o preferido porque sua TIR é 4 maior do que a TIR do projeto Y Porém o que acontece com a sua decisão se o método do VPL for usado A resposta é que a decisão mudará dependendo da taxa de desconto que você usar Por exem plo a uma taxa de 5 o projeto Y tem um VPL maior que o do X Mas com uma taxa de desconto de 8 o projeto X é o prefe rido devido ao maior VPL O propósito desse exemplo numérico é ilus trar uma diferença importante o uso da TIR sempre conduz à seleção do mesmo pro jeto enquanto a seleção de projeto usando o método do VPL vai depender da taxa de desconto escolhida TAMANHO E DURAÇÃO DO PROJETO Existem razões para a TIR e o VPL estarem algumas vezes em conflito o tamanho e a duração do projeto em estudo são as mais comuns Um projeto de dez anos e com um investimento inicial de 100000 mal pode ser comparado com outro projeto de três anos custando 10000 Realmente o pro jeto maior poderia ser encarado como dez pequenos projetos Assim se você insistir em usar os métodos do VPL e da TIR para comparar um projeto grande e demorado com um pequeno e de duração menor não se surpreenda se obtiver diferentes resul tados FLUXOS DE CAIXA DIFERENTES Adicionalmente mesmo dois projetos de igual duração podem ter diferentes ritmos em seus fluxos de caixa O fluxo de caixa de um projeto pode crescer continuamente no tempo enquanto o fluxo de caixa de outro pode aumentar diminuir parar ou tornar se negativo Esses dois projetos têm fluxos de caixa com formas completamente dife rentes entre si e se a taxa de desconto for alterada ao usar a abordagem do VPL o resultado provavelmente apresentará dife rentes ordens de classificação Por exemplo a uma taxa de 10 o VPL do projeto A pode ser maior que o VPL do projeto B Tão logo você mude a taxa para 15 o projeto B pode tornarse mais atraente Fonte Fonte baseado em GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 115 VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade tivemos a oportunidade de conhecer algumas ferramentas de análise de riscoretorno Algumas dessas ferramentas estão operacionais já faz algum tempo Por que então que não são largamente utilizadas Parece não existir uma resposta fácil a esta pergunta Desconhecimento des preparo são algumas palavras que me vêm à mente Para você meu caro aluno estas desculpas não são mais aceitáveis Se você achou esta unidade difícil espere até ver o que o mercado está fazendo com os que não têm qualificação para os desafios Não há como amenizar essa verdade você terá que se esforçar para conhecer as ferramentas e utilizálas Pode começar talvez montando uma carteira hipo tética de investimentos e acompanhando a performance dos papéis ao longo de algum tempo Vários sites inclusive da Bovespa disponibilizam essas ferramentas gratuitamente Esse aprendizado poderá te mostrar a aplicação de ferramentas como o Beta por exemplo Sintase desafiado a busca e aumentar seu conhecimento Muito sucesso Professor Paulo Pardo 85 1 Os empreendedores brasileiros têm muitos sonhos que acabam virando pesa delos quando não se concretizam Você já deve ter visto várias estatísticas sobre estes fracassos Podemos pensar nesses fracassos como uma oportunidade para um recomeço Pesquise em sites especializados e tente descobrir informações sobre o perfil de formação dos empreendedores brasileiros Como você acha que o Sebrae pode auxiliálos a respeito do gerenciamento de riscos 2 As grandes empresas utilizam ferramentas de análise riscoretorno há bastante tempo Pesquise na Internet e tente descobrir algumas empresas que utilizamse de uma ou mais das ferramentas que vimos nesta unidade Você acha que esta mos no caminho certo para capacitar nossos empreendedores MATERIAL COMPLEMENTAR Value at Risk JORION Philippe Editora BMF Gerenciamento de Riscos em Projetos SALLES JR Carlos Alberto Correa SOLER Alonso Mazini VALLE José Angelo Santos Editora FGV UNIDADE IV Professor Me Paulo Pardo RISCO DE CRÉDITO Objetivos de Aprendizagem Conhecer os principais conceitos sobre crédito Compreender a estrutura necessária para uma análise de crédito eficaz Entender os conceitos sobre os 4Cs do crédito Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade O Crédito Principais Conceitos Análise de Crédito Conceitos e Objetivos Estrutura para Concessão de Crédito Os 4 Cs do Crédito INTRODUÇÃO Meu caro acadêmico até o momento você teve acesso a diversos mecanismos de análise de risco inclusive já considerando algumas informações sobre risco em projetos A partir de agora vamos considerar um assunto muito importante em que a gestão de risco está presente o tempo todo Se pensarmos na economia de uma forma geral veremos que boa parte das transações que ocorrem dependem do crédito Grandes empresas só chegaram ao seu porte atual devido ao crédito que conseguiram no início e algumas utili zam crédito até hoje mesmo sendo grandes empresas e portanto não podemos negar até a função social do crédito Geralmente os empreendedores iniciantes não contam com todo o capital necessário para iniciar seus novos negócios O crédito então se presta a financiar estas iniciativas tão importantes A concessão de crédito então tem sua parcela de contribuição para o desen volvimento nacional pois aquece a economia financia projetos empresariais disponibiliza acesso ao consumo de pessoas e empresas que não teriam condi ções de comprar à vista bens necessários ou apenas desejados Imagine agora que você é responsável pelo setor financeiro de uma empresa ou exerce a função de gerente de relacionamento de um banco Com toda a cer teza você se deparará com situações em que operações de crédito deverão ser analisadas O que deve ser considerado nestas situações Ao considerar esta unidade você se deparará com decisões relacionadas ao crédito Esse assunto é por demais importante pois conheço várias empresas que estão em dificuldades financeiras com falta de caixa enquanto seu capital está emprestado sem perspectivas de retorno a clientes duvidosos Preste atenção nas informações e dicas que esta unidade contém e bons estudos Prof Paulo Pardo Polônio personagem de Shakespeare aconselha seu filho a não to mar nem dar empréstimo o empréstimo frequentemente perde a si e à amizade e tomar dinheiro emprestado esmorece o gume do provedor Citado por Caouette Altman e Narayan 2000 p12 89 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV O CRÉDITO PRINCIPAIS CONCEITOS Pode parecer muito óbvia a definição do que vem a ser crédito porém há mui tas definições conflituosas sobre este assunto Como precisamos desta base teórica para avançarmos neste estudo gosto muito de uma definição de Schrickel 2000 Crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém de destacar ou ceder temporariamente parte do seu patrimônio a um terceiro com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente após decorrido o tempo estipulado SCHRICKEL 2000 p 25 Note que destacamos algumas palavras na frase acima propositalmente para destacar algumas verdades 1 O ato de concessão de crédito seja de dinheiro ou de um bem é sempre um ato voluntário isto é o possuidor tem em última instância a prer rogativa e o poder de conceder ou não este empréstimo 2 Observe também que esta cessão ou empréstimo é realizado a título tem porário ou seja esperase que este recurso volte ao legítimo possuidor que afinal só o cedeu por um tempo determinado 3 O que é emprestado é parte do patrimônio de quem faz o empréstimo Não se admite que alguém empreste algo do qual não é o legítimo possuidor 4 Sempre que um empréstimo é realizado está implícita e explicitamente associado uma expectativa de retorno do valor ou bem emprestado O fato de que essa expectativa é explícita implica que no mundo dos negócios haja um documento um contrato ou termo formalizando a concessão do crédito 5 O tempo estipulado é o prazo acordado entre as partes A expectativa é que o objeto da cessão volte ao seu dono exatamente no prazo combinado Você talvez esteja pensando no ponto 3 no qual salientei que o objeto da con cessão do crédito faz parte do patrimônio de quem emprestou e questionando como os bancos se enquadram nesta descrição Na verdade eles não se enqua dram mesmo pois boa parte do que emprestam não é do seu patrimônio Porém a lógica do sistema bancário é um pouco diferente pois eles são instituições shutterstock 91 Análise de Crédito Conceitos e Objetivos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 intermediadoras de poupança e empréstimo e têm autorização legal para fazer operações de crédito com recursos de terceiros Outra coisa via de regra esperase que ocorra uma compensação a quem se dispôs a entregar parte de seu patrimônio a um terceiro na forma de uma remu neração por conta do risco que assumiu Esta parte compensatória é representada pela taxa de juros a qual poderíamos perfeitamente denominar de taxa de risco ANÁLISE DE CRÉDITO CONCEITOS E OBJETIVOS Lembrase da questão que coloquei no iní cio o caso de você estar na função em que será preciso decidir ou não a cessão de um crédito Pois bem para que isso seja feito com os cuidados necessários entra em cena o que chamamos de análise de crédito O principal objetivo de uma análise de crédito é identifi car possíveis riscos na operação fornecendo subsídios para tomada de decisão por parte dos gestores com alçada para aprovar esta cessão Basicamente a análise visa certificarse de que o tomador terá condições de honrar o crédito no vencimento acordado além é claro de tentar cercar a operação das garantias necessárias para assegurar que o patrimônio cedido seja devolvido ao credor A análise de crédito basicamente se compõem de três etapas principais 1 Análise histórica procurase analisar a vida pregressa do candidato ao crédito verificando por exemplo seu histórico de pagamento em opera ções anteriores sua adimplência atual eventuais dificuldades passadas e como foram contornadas RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV 2 Análise de tendências futuras esta etapa consiste em verificar a ten dência para o futuro do candidato em relação a sua estrutura econômica atual e a sua capacidade de pagamento futura Esta análise é comum em bancos verificando por exemplo o segmento em que o cliente atua sua curva de faturamento e disponibilidade de caixa 3 Capacidade creditícia nesta etapa são fechadas as análises anteriores e concluise pela capacidade de pagamento do pleiteador estabelecendo se geralmente um limite de crédito dentro do qual o emprestador aceita correr o risco da cessão de recursos ao terceiro Interessante isso não é É claro que os bancos têm mecanismos sofisticados para fazer esta análise geralmente trabalhando com sistemas de credit scoring que com base nas informações que alimentaram o sistema roda um limite de crédito para o cliente cujos resultados estão dentro dos parâmetros aceitáveis ao banco operar com aquele determinado cliente Este procedimento é massi ficado para clientes pessoa física e customizado para clientes pessoa jurídica Isto significa dizer que clientes pessoa jurídica geralmente têm um limite de crédito preestabelecido sugerido pelo sistema de credit scoring porém os gerentes de relacionamento têm alguma alçada para ajustar ou remanejar par celas do que foi aprovado pelo sistema para linhas que sejam mais adequadas ao perfil da empresa Quando o gerente de relacionamento de um banco trabalha dentro do que o sistema sugeriu e desde que a documentação apresentada para alimentar o sis tema esteja em ordem o risco neste caso é apelidado de risco banqueiro pois foram os sistemas do banco que aprovaram previamente a concessão de crédito Quando estes cuidados não são seguidos e o gerente por conta própria e no exercício de sua alçada altera algum limite de crédito o risco passa a ser apeli dado de risco bancário pois se algo der errado geralmente é o gerente quem responde pela inadimplência 93 BANCO DO BRASIL REDUZ JUROS PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS 09052012 11h00 DE SÃO PAULO O Banco do Brasil anunciou uma nova redução de juros para micro e pequenas empresas As medidas integram o pro grama Bom para Todos As empresas que aderirem à Assessoria Financeira Pessoa Jurídica que moni tora o uso de cheque especial e cartão de crédito empresarial por meio de mensa gens eletrônicas poderão ter acesso a taxas de 394 ao mês no cheque espe cial A taxa antiga é de 913 Taxas de juros para pessoa física têm menor nível desde 1995 Também foram reduzidos os juros das linhas de capital de giro BNDES Capital de Giro Progeren e BB Capital de Giro Mix Pasep No primeiro caso a taxa mínima passou de 096 ao mês para 089 ao mês Na segunda linha a mínima passou de TR Taxa Referencial mais 214 ao mês para TR mais 099 ao mês Segundo o banco isso equivale a 101 ao mês Outra medida anunciada é uma promoção para antecipação de valores das vendas do Dia das Mães Os recebíveis cheques prédatados dupli catas ou cartões de crédito poderão ser convertidos em capital de giro com juros a partir de 1 ao mês ante uma taxa média de 13 ao mês Com isso os empresários poderão obter recursos para pagar for necedores compromissos e repor seus estoques informou Clientes com operações nas duas principais linhas de capital de giro do banco terão carência no pagamento de até três parcelas nas novas liberações de crédito O objetivo é conceder folga financeira às empresas ali viando as necessidades de giro PORTABILIDADE DE DÍVIDA O banco ainda prorrogou até o final de junho as taxas e prazos para quem contratar empréstimos para liquidar suas operações em outros bancos As taxas disponíveis são a partir de 089 com prazo de pagamento de até cinco anos com carência de até seis meses Fonte httpwww1folhauolcombrmercado1087695bancodobrasilreduzjurospa ramicroepequenasempresasshtml Acesso em 09 maio 2012 RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV A notícia que você leu na Leitura Complementar é uma estratégia do governo federal para forçar o rebaixamento das taxas de juros para o consumidor seja para pessoas físicas ou para empresas A tática de utilizar os bancos públicos como agentes de redução de juros pela sua grandeza e capilaridade de certa forma não deixa opção aos bancos do setor privado senão fazer o mesmo sob pena de perda de clientes Esse é apenas um exemplo dos tipos de crédito mais operados no mercado Vamos rever estes principais tipos de crédito Os bancos geralmente trabalham com três tipos principais de linhas de crédito 1 Crédito ao Consumidor 2 Crédito para Empresas 3 Crédito Rural CRÉDITO AO CONSUMIDOR Você com certeza notou que nos últimos anos nunca se comprou tanto a crédito Milhões de pessoas ao terem sua renda aumentada começaram a experimentar o doce sabor de comprar Esse movimento acentuado vez ou outra provoca um surto inflacionário que tem que ser contido com medidas anticíclicas do governo aumentando juros Muita gente critica esse expansionismo de consumo mas se pensarmos bem quase todo mundo deseja consumir experimentar por bens e serviços que nunca antes tiveram acesso O milagre do consumo é proporcionado pelo aumento do crédito O Brasil historicamente sempre foi conservador na concessão de crédito Para você ter uma ideia no início do governo Lula o crédito representava pouco mais de 26 do PIB Ao final do mesmo governo já havia chegado a mais de 45 As pessoas compram de tudo a crédito desde casas automóveis equipamentos eletrônicos até roupas sapatos e serviços em geral 95 Análise de Crédito Conceitos e Objetivos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Os bancos são os principais agentes de crédito ao consumidor Para se ter uma ideia somente no crédito consignado do INSS no período de 2006 a 2011 foram contratados mais de R28 bilhões em crédito Uma montanha de dinheiro que agora gira as rodas da economia Porém os bancos não estão sozinhos neste mercado Também existem as financeiras ligadas às cadeias de lojas outras independentes que também ofere cem operações de CDC Crédito Direto ao Consumidor O resultado de tanto crédito apesar de extremamente benéfico para a economia em geral também é o aumento da inadimplência que no início de 2012 somente para operações de financiamento de veículos bateram a marca de 5 Alguns economistas estão dizendo que esse crédito guardadas suas devidas proporções assemelhase de alguma forma aos créditos subprime que quase quebraram o sistema financeiro mundial Um exagero é claro mas reconhecidamente as financeiras afrouxa ram as regras para comportar operações de risco mais elevado Recentemente para tentar contornar esse problema as operadoras de cré dito estão exigindo uma contrapartida maior uma entrada do cliente Essa é uma forma de comprometêlo mais com o pagamento da dívida já que nos moldes anteriores 60 vezes sem entrada em alguns casos o cliente não entrava com nenhum centavo e o risco era todo da financeira Lamb e Kloeckner 2006 nos lembram dos críticos das operações de crédito de uma forma geral que contestam até as bases morais do crédito afirmando que ele potencializa o consumismo além de diminuir a iniciativa do trabalho árduo e da poupança pessoal e familiar Muito desse preconceito com relação à dívida vem do tempo dos nossos avós que consideravam o empréstimo como uma obrigação moral de pessoa para pessoa no fio do bigode e que uma dívida não paga pode destruir uma amizade Os bancos a princípio não fazem nada no fio do bigode Têm sistemas e métodos para apurar o risco da operação Então esta discussão se me permite meu caro aluno já é uma questão mais filosófica que não tem espaço nesta nossa disciplina RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV CRÉDITO PARA EMPRESAS Alguns dos maiores beneficiários das operações de crédito sem dúvida são as empresas Há algum tempo atrás o mercado financeiro levou um sobressalto quando a Petrobrás recorreu à Caixa Econômica Federal para tomar um emprés timo emergencial de R3 bilhões para fechar seu caixa Foi surpreendente por dois motivos primeiro é que todos imaginam uma empresa do porte da Petrobrás sem nenhuma dificuldade financeira e o outro é que a CEF não tem tradição de empréstimos desse vulto para empresas Esse caso contudo foi pedagógico pois mostra que qualquer empresa precisa de recursos num momento ou outro Mesmo megacorporações com excelen tes saldos de caixa quando se aventuram por projetos novos preferem tomar recursos emprestados a comprometer seu caixa É uma estratégia interessante pois há várias linhas de crédito para empre sas a juros civilizados que permitem sua expansão como a compra de máquinas construção civil entre outros O FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador é um importante fornecedor de recursos ao sistema de apoio ao crédito para micro e pequenas empresas Para projetos maiores existe o apoio de agentes de fomento como é o caso do BNDES As linhas do Finame são muito atrativas para as empre sas e têm permitido que nossa indústria busque sua modernização para fazer frente à competição internacional A rotina diária da maioria das empresas é marcada por negócios a prazo Compras de matériaprima insumos materiais de expediente e muitos outros são normalmente realizados com prazo Essa realidade obriga um correto geren ciamento do fluxo de caixa pois os prazos entre recebimento das vendas e saídas de recursos para pagamento de compromissos nem sempre são os mesmos Quando vale a pena assumir um compromisso a prazo numa empresa Aí entram os fundamentos de análise de viabilidade conforme vimos na unidade anterior e você terá abordado na disciplina de Análise de Projetos Mas a regra é simples o retorno financeiro na forma de rentabilidade das vendas proporcio nada por aquele investimento deve ser necessariamente maior que os encargos financeiros assumidos Caso contrário não fará sentido do ponto de vista eco nômico pelo menos assumir este compromisso shutterstock 97 Análise de Crédito Conceitos e Objetivos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 CRÉDITO RURAL O Brasil é considerado o celeiro do mundo onde a produção de commodities agrícolas batem sucessivos recordes Além dos grandes produtores nosso agronegócio é marcado pela forte pre sença da agricultura familiar que é responsável por mais da metade do que é consumido pelas famílias brasileiras Os grandes produtores sustentam nossa balança comercial sendo responsáveis pela maior parte das exportações A concretização dessas realizações só é possível por meio do crédito rural Basicamente este tipo de crédito pode ser classificado em três categorias Crédito para custeio são aquelas operações direcionadas para o capital de giro do agricultor 1 Crédito para investimento são as operações de investimento no setor do agronegócio representadas por financiamentos de máquinas trato res instalação de silos compra de matrizes entre outros 2 Crédito para comercialização são linhas destinadas ao armazenamento da safra quando o agricultor espera o melhor momento de vender sua produção São exemplos dessas operações os EGFs e as CPRs RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV ESTRUTURA PARA CONCESSÃO DE CRÉDITO As empresas e são a maioria que operam com concessão de crédito para seus clientes estão diante de vários desafios Um deles de natureza muito prática é quem fará a análise de crédito dos clientes Não é difícil você imaginar que esta função não pode ser delegada a pessoas com pouca experiência na gestão financeira Lembrese que um crédito mal concedido é uma cobrança a mais de resultados duvidosos além de com prometer uma parte do caixa da empresa na forma de inadimplência O que temos visto acontecer na maioria das micro e pequenas empresas é que no ímpeto de conseguir vendas a qualquer custo o departamento de ven das acaba por forçar uma venda mesmo não tendo certeza das condições de adimplência do comprador O departamento de crédito na maior parte das vezes apenas um apêndice incômodo do departamento financeiro fica sem forças para barrar uma operação com grande potencial de perdas o que é ruim para todos Também temos observado que as rotinas de análise e concessão de crédito têm se limitado a fazer pesquisas em órgãos de proteção ao crédito e apenas isso caso o cliente não tenha nenhuma restrição o crédito é aprovado A consulta nos órgãos de proteção ao crédito sem dúvida é muito importante no entanto não pode ser apenas esse quesito determinante na análise Na verdade muitas empresas muito boas vez ou outra estão negativadas por conta de protesto de títulos de compras que nem sequer fizeram Até a solução da situação tem seu crédito comprometido mesmo sabidamente tendo capacidade de pagamento O mesmo acontece com pessoas físicas Por vezes o cliente é tradicional numa loja sempre comprou e pagou seus compromissos com pontualidade mas por qualquer razão teve seu nome incluído nos órgãos de proteção ao crédito O esta belecimento então mesmo conhecendo o histórico de adimplência deste cliente nega o crédito que com boa dose de certeza ele honraria Não estou aqui defendendo nenhum afrouxamento das regras de crédito das instituições Penso que se a política da empresa é não vender para clien tes tradicionais que estejam negativados é uma decisão a ser tomada Há uma regra no mundo das finanças a qual diz que é melhor R100 no estoque do que R200 na mão de um inadimplente Então nada a criticar Porém até os bancos 99 O Estabelecimento de uma Política de Crédito Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 quando o cliente é tradicional dependendo do tipo de restrição têm normativos que permitem certa flexibilização da restrição internamente para poder conti nuar operando com o cliente Como disse são decisões a ser tomadas todas que envolvem risco o risco da concessão do crédito e o risco da perda do cliente Além destas questões manter uma estrutura de análise de crédito tam bém incorre em despesas administrativas que impactam o resultado financeiro da empresa Veja o que normalmente acontece a empresa assume os custos do departamento de crédito que não tem um sistema muito apurado de análise automatizado concede um crédito duvidoso e quando este crédito tornase incobrável repassa para um terceiro uma assessoria de cobrança realizar a difí cil tarefa de tentar negociar a dívida Por quê Porque segundo a empresa são cobradores profissionais Onde estava então o profissionalismo no ato da con cessão de crédito Não teria sido melhor terceirizar para um profissional toda a operação desde a análise e concessão do crédito Bem essa não é uma resposta fácil de fornecer É apenas uma provocação para que você pense nos sistemas que são utilizados atualmente pelas empresas e nas fragilidades dos processos O ESTABELECIMENTO DE UMA POLÍTICA DE CRÉDITO Ao aventurarse pelo difícil caminho da análise e concessão de crédito é necessá rio que a empresa tenha o que se denomina de Política de Crédito Essa política nada mais é do que um conjunto de regras de conduta e procedimentos que deve rão nortear os integrantes da equipe de crédito Essa política contém alguns elementos essenciais e que devem na medida do possível serem reproduzidos quando a empresa decidir por adotálos De acordo com Jurinski 1994 uma política de crédito deve estabelecer Quem decide quem pode receber crédito Quem decide os limites de crédito Que fatores controlam a decisão inicial de crédito RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV Que fatores determinam um limite de crédito Quais devem ser as condições de cada tipo de crédito Como deve ser precificado o crédito Qual a política aplicável para descontos negociais quando aplicáveis Como deve ser tratada a inadimplência JURINSKI 1994 p 17 Uma vez definida a política de crédito devese buscar calibrar sua aplicação pensando pelo lado da rigidez ou liberalidade O que quero dizer com isso é que políticas rígidas demais abrem mão da rentabilidade em favor da segurança No segundo caso buscase ganhar em rentabilidade na carteira de crédito por meio de um risco calculado de possibilidade de inadimplência Os responsáveis pela análise de crédito os analistas de crédito devem ter suas mentes abertas para variáveis quantitativas e qualitativas Qual é a razão para isso Bem imagine que você trabalha numa organização que concede financia mentos um banco de investimento por exemplo Agora pense num projeto que será financiado e que trará resultados positivos para a empresa que está pleite ando o crédito esse resultado pode acontecer somente no longo prazo Há uma dificuldade enorme de analisar esta situação pois a realidade apresentada no projeto é totalmente diferente da realidade atual da empresa Este fato não deve surpreender pois um projeto de expansão por exemplo pode de fato modificar inteiramente a estrutura atual da empresa que receberá o financiamento incluindo sua estrutura de produção volume de vendas gera ção de caixa entre outros Encare o fato então de que apenas os números frios do balanço atual não refletem uma condição futura que está sendo projetada no plano de negócios apresentado A análise meramente quantitativa não daria conta de dar todas as respostas para o analista de crédito numa situação como essa O que fazer Neste caso o campo de visão terá que se ampliar para abarcar fatores qualitativos Por exemplo qual o ramo de negócio que a empresa opera Como estão as condições do mercado para esse ramo Está em expansão São produtos de alto giro ou que não terão um ciclo de vida muito curto E a con corrência A empresa tem a qualificação necessária em termos técnicos e de 101 O Estabelecimento de uma Política de Crédito Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 pessoal para fazer frente a essa expansão Poderíamos elencar um rol enorme de variáveis mas as que listei dão um exemplo modesto de como o analista deve se comportar ao se deparar com pro jetos assim Sempre com o cuidado de não ser liberal nem rígido demais Veja o que aconteceu com projetos modestos como o do Facebook No IPO programado pela empresa para 2012 o mercado prevê uma captação de quase 90 bilhões de dólares E tudo começou com um grupo de nerds numa universidade Esses pro jetos podem soar como uma viagem para um analista conservador Mas quem acreditou na viabilidade agora colherá os frutos pela parceria Não estou dizendo que todo sonhador deve ter seu projeto financiado Os bancos costumam ter fra ses prontas para isso não financiamos sonhos financiamos projetos viáveis No entanto ter certeza da viabilidade é um desafio e tanto para os an listas de crédito Lamb e Kloeckner 2006 salientam que uma preocupação importante dos fornecedores de crédito de curto prazo tem a ver com a possibilidade de a empresa sofrer riscos também no curto prazo A ação a ser tomada pelo analista é bus car compreender a capacidade do tomador de fazer frente a surtos e choques de curto prazo como problemas de liquidez além de sua capacidade em manter a confiança de seus principais fornecedores de crédito Num primeiro momento pode parecer muito subjetiva a análise de cré dito feita por critérios qualitativos Mas na realidade pense bem o tomador do crédito se precisar colocar no papel seus planos futuros com grande grau de certeza somente trará informações e números que o favoreçam obscurecendo ou omitindo números que possam demonstrar qualquer espécie de fragilidade Confiar então cegamente em números apresentados em planos de negócios pode fazer com que decisões equivocadas de concessão de crédito sejam toma das aumentando o risco da operação O fato é que o agente concedente do crédito tem um foco de visão diferente por exemplo de um investidor em ações O investidor em ações olha normal mente a possibilidade de que a empresa da qual ele passa a participar como acionista vá bem e que suas ações se valorizem e ainda que a empresa possa distribuir parte dos lucros obtidos na forma de dividendos Já o agente concedente de crédito olha pela perspectiva por assim dizer negativa ou seja qual a possibilidade de não acontecer a restituição dos valores RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV emprestados Poderíamos chamar isso de trabalhar com foco na inadimplência Basicamente quem concede o crédito não participa dos lucros da empresa pois sua parte no negócio está restrita a obter de volta os recursos remunerados a uma determinada taxa de juros Porém é muito provável que ele participará do pre juízo caso o tomador do crédito tornese insolvente A análise de crédito dessa forma centrase na possibilidade de algo dar errado e que tenha como conse quência o enfraquecimento ou o comprometimento da capacidade de geração de caixa por parte do devedor A análise de crédito deve incluir uma projeção das pressões plausíveis sobre a empresa Análises do tipo Se Então como por exemplo Se houver quedas de atividade então Se ocorrer excesso de capacidade produtiva então Se ocorrerem mudanças gerenciais então Se ocorrerem mudanças na regulação então etc Uma série de cenários possíveis deve ser projetada entre o cenário pes simista e o cenário otimista Resumindo a análise de crédito pode ser caracterizada como uma avaliação cética e prudente das forças fundamentais e riscos de crédito de uma empresa num horizonte temporal abrangido pelo crédito pre tendido ou pelo limite ou linha de crédito em estudo LAMB KLOE CKNER 2006 p 70 103 No texto abaixo você verá alguns princípios da política de crédito de um banco com atuação no Brasil Veja que os princípios se enquadram exatamente no que vimos até agora sobre análise e concessão de crédito para instituições financeiras RISCO DE CRÉDITO A Área de Risco de Crédito do Banco BNP Paribas Brasil BNPP BR observa a política e normas de monitoramento da Matriz do Banco e está em conformidade com as regulamentações locais e da Basiléia II A MISSÃO DA ÁREA DE RISCO DE CRÉDITO DO BNPP BR É Assegurar o respeito às normas e procedi mentos de risco de crédito em colaboração com áreas afins Garantir a manutenção de um nível de risco aceitável da carteira de crédito do BNPP BR Controlar os riscos de crédito segundo as deliberações do Comitê Central em Paris ou local e conforme as normas expedidas pelas autoridades reguladoras brasileiras Contribuir como um segundo olhar para riscos de compliance de compatibilidade às políticas de risco de crédito de conformi dade quanto aos objetivos de classificação de risco e objetivos de retorno sobre ope rações Manter a adequada classificação de ris cos da carteira de crédito do BNPP BR orientando as áreas envolvidas quanto aos critérios a serem utilizados para fins de provisionamento contábil Informar os Comitês Executivos sobre riscos de crédito aos quais o Banco está exposto incluindo os riscos envolvidos em operações transações A ÁREA DE RISCO DE CRÉDITO É RESPON SÁVEL Pela avaliação e validação das solicita ções de crédito formuladas pelas áreas de negócios a serem submetidas ao Comitê de Crédito para discussão e aprovação recomendação dentro dos poderes dele gados pela Matriz Pela gestão e controle dos riscos de crédito aprovados recomendados pelo Comitê de Crédito do BNPP BR decorrentes das opera ções ativas que representem a concessão de linha de crédito ou a liberação de recur sos realizadas com clientes corporativos PRINCÍPIOS GERAIS DE RISCO DE CRÉ DITO As Áreas de Negócios são as responsáveis pela preparação das solicitações de crédito que deverão conter as informações neces sárias para fundamentar uma decisão de crédito Cabe à Área de Risco de Crédito avaliar e validar a proposta apresentada pelas Áreas de Negócios quanto ao cor reto acesso ao risco Todas as decisões de crédito são formali zadas em Atas de Reunião assinadas pelos membros do Comitê de Crédito Em alguns casos a serem definidos pelos Representantes de Risco a proposta poderá ser aprovada por circulação entre os membros do Comitê de Crédito local Nos casos de risco fora dos poderes locais a Ata de Reunião e o Dossiê de Crédito são enviados para o Comitê Responsável em Paris para análise e aprovação A composição do Comitê de Crédito é defi nida pelo Diretor Presidente e a Diretoria de Riscos de maneira a garantir a melhor informação possível sobre as propostas de crédito à Diretoria Executiva do BNP Paribas BR estando esta composição formalizada em Ata de Reunião do Comitê Executivo As alçadas de crédito são concedidas em Paris através das Cartas de Delegação de Crédito No Brasil somente o Diretor Presidente em conjunto com os Represen tantes de Risco de Crédito possuem alçada de delegação de crédito Negócios especiais ou diferenciados devem envolver os especialistas em suas respecti vas áreas que irão prover o apoio técnico necessário ao negócio A decisão final em relação ao rating de crédito e à taxa de recuperação do crédito concedido Global Recovery Rate GRR pertence à Diretoria de Risco de Crédito O processo de crédito não se encerra com a aprovação de uma operação ou limite de crédito Os limites concedidos bem como as operações desembolsadas devem ser monitoradas durante todo o tempo de sua vigência sendo responsabilidade da Área de Credit Risk Control CRC o acompa nhamento das aprovações de crédito bem como a alimentação e monitoramento dos sistemas de crédito vigentes no BNPP BR É de responsabilidade de CRC apontar os excessos e ou irregularidades de crédito que ocorrerem aos Representantes de Crédito e às Áreas de Negócios Fonte httpwwwbnpparibascombrv2InfFinanceirasriscocreditoasp Acesso em 09 maio 2012 105 Os 5 CS do Crédito Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 OS 5 CS DO CRÉDITO Um dos assuntos mais interessantes quando analisamos o risco de crédito é comumente conhecido como os 5 Cs do Crédito Antes de descrevermos cada um dos Cs do crédito convém lembrarmos que a relação de concessão de crédito antes de tudo é uma relação de confiança Por isso a maioria dos autores do tema abordam que são necessários basicamente elementos relacionados à personalidade do devedor ou seja aspectos morais No tocante a isso basicamente dois elementos morais estão presentes 1 A vontade do devedor de pagar suas obrigações dentro dos parâmetros do que foi contratado 2 A habilidade do devedor de efetuar esse pagamento Com habilidade queremos dizer elementos objetivos que demonstrem capa cidade financeira que envolvem diversos fatores da formação do devedor que demonstrarão que ele terá condições de honrar a dívida No entanto a análise feita apenas por estes critérios ficaria rasa demais A vontade é um elemento absolutamente subjetivo impossível de ser mensurado numa planilha ou alocado em alguma rubrica numa proposta de financiamento Você já viu alguma proposta de empréstimo ou financiamento que contivesse uma pergunta a ser respondida pelo tomador do tipo você terá vontade de qui tar a presente dívida que está contraindo É claro que jamais você encontrará algo assim Por isso é necessário que além do elemento puramente técnico tam bém passemos a analisar aspectos mais subjetivos fazendo uma ligação entre a habilidade e a vontade Como diz Schrickel 2000 um renomado e tradicional caloteiro e escroque não precisa ter seus balanços analisados Essa frase traz um elemento importante que é o tradicional Geralmente como nos lembra Schrickel 2000 sempre pensamos nessa palavra em sua cono tação positiva algo como aquela empresa é tradicional no ramo de atividade Inclusive já vi esse tipo de redação em pareceres de gerentes de banco Porém nem sempre é neste aspecto que a palavra se aplica Aliás a raiz dessa palavra simplesmente quer dizer memória recordação ou hábito SCHRICKEL 2000 p 48 Dessa forma temos que ser tradicional também pode querer dizer que o RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV cidadão é historicamente ou reconhecidamente um mau pagador Adquiriu essa tradição por assim dizer Assim começamos a formatar nosso conceito dos 5 Cs do crédito colo cando então a vontade de pagar como um dos Cs Caráter O segundo C também já temos expresso a habilidade de pagar que podere mos designar com o C de Capacidade Alguns autores como Schrickel 2000 distinguem os Cs do crédito em dois grupos colocando esses dois Caráter e Capacidade debaixo do grupo de Aspectos Pessoais pois de certa forma tem a ver com habilidades da própria pessoa O segundo grupo é classificado como Aspectos Financeiros que entrariam mais dois Cs Capital e Condições Se necessário é possível agregar mais um C que é o de Colateral Na tabela abaixo temos uma representação de cada um dos Cs do crédito C DO CRÉDITO DESCRIÇÃO C Caráter Considerado sempre como o mais importante Diz respeito à determinação de pagar do tomador A informação sobre o caráter é obtida através de uma excelente e esmerada ficha cadastral histórico de pagamento de outras dívidas além de subjetividades como sua cultura e hábitos a maneira de vida hobbies e passatempos suas associações no universo cultural e profissional ambições e posturas éticas familiares seu profissio nalismo e honestidade nos negócios e tudo o mais que possa ser usado para formar um juízo de valor por parte do conceden te do crédito Capacidade Referese à habilidade de pagar É composto por um conjunto de elementos que envolvem a formação do devedor e aspectos como experiência consecuções na vida tradição pelo lado positivo no segmento que atua entre outros 107 Os 5 CS do Crédito Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Capital A avaliação do capital é mais utilizada em Pessoas Jurídicas e tem a ver com a estrutura da composição do patrimônio da empresa em elementos como o Capital Social que está expres so no Balanço Patrimonial Também elementos como rentabi lidade das vendas que implica em sobras para gerar caixa são analisados além do parque produtivo imóveis e instalações O fato de a empresa já possuir dívidas deve ser analisado porém com o cuidado de reconhecer que atualmente praticamente todas as empresas têm dívidas em seu portfólio de atuação sem necessariamente indicar uma situação negativa Condições Este C se refere aos cenários micro e macroeconômicos em que o devedor está relacionado Por exemplo uma usina de álcool e açúcar está inserida no contexto do setor produtivo da cana deaçúcar e da economia do país de forma geral Isto dará um norte para informar qual é o momento certo de se contrair um empréstimo por exemplo Tem a ver também com a estrutura financeira da empresa que passará segurança por ter fontes de receitas mais maduras Colateral Este é um quinto C do crédito e pode ser acessado em mo mentos em que a análise dos 4 Cs anteriores não derem conta de fornecer os subsídios necessários à decisão de crédito Tem a ver com garantias reais fornecidas numa operação de crédito Não deve ser usado como fator decisor porém apenas como um complemento das condições já analisadas nos 4 Cs anteriores O colateral serve para contrabalançar e atenuar apenas atenuar é bom frisar eventuais impactos negativos decorrentes do en fraquecimento de um dos três elementos Capacidade Capital e Condições Fonte baseado em SCHRICKEL 2000 pp 4751 Conheça e reflita sobre ferramentas de credit scoring analisando o artigo do link abaixo httpwwwlumeufrgsbrhandle1018318969 RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade tratamos de um assunto importante para nós gestores financeiros Você percebeu que a concessão de crédito não deve ser tratada com super ficialidade Na verdade esse momento pode ser mais importante que a própria venda de produtos eou serviços Afinal de que adianta vender se você não vai receber O problema é que ninguém vem com uma tatuagem escrito que a pessoa pagará uma dívida Então muitas pessoas bem vestidas são na verdade verda deiros malandros caloteiros profissionais à espera de mais uma vítima Não ser esta vítima requer preparo certa medida de frieza para que as aná lises sejam feitas de forma objetiva e a decisão de conceder ou não um crédito seja a melhor possível Setores de análise de crédito bem estruturados também erram Portanto se você já concedeu um crédito e houve a inadimplência por parte do tomador não se desespere Você não foi nem será o único a tomar um calote Mas assegurese de utilizar as sugestões dadas nesta unidade para que você possa executar um bom trabalho com respeito a mais esse desafio do gestor Bom trabalho Prof Paulo Pardo Veja um pouco mais sobre o assunto de análise e concessão de crédito no vídeo a seguir httpyoutubeFJQFEkioPN8 109 1 A análise e concessão de crédito tem sido uma verdadeira pedra no sapato dos empresários e gestores financeiros Pesquise na Internet as estatísticas de ina dimplência do setor em que você atua Quais as causas prováveis desta inadim plência na sua opinião 2 O aumento da inadimplência faz com que os bancos restrinjam o crédito preju dicando a cadeia produtiva Pesquise sobre o spread bancário no Brasil Qual o motivo que faz com que nossos bancos pratiquem um spread tão elevado MATERIAL COMPLEMENTAR Análise de Crédito concessão e gerência de empréstimos SCHRICKEL Wolfgang Kurt Editora Atlas UNIDADE V Professor Me Paulo Pardo GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Objetivos de Aprendizagem Conceituar e contextualizar mercados futuros Conhecer os instrumentos derivativos Compreender o funcionamento do mercado de opções Refletir sobre os cuidados com os derivativos Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Mercados futuros Derivativos definições Derivativos um breve histórico Mecânica de Funcionamento dos derivativos Funcionamento do Mercado de Opções Cuidados com os Derivativos INTRODUÇÃO Muito bem meu caro aluno Chegamos à unidade V em que vamos considerar um assunto um pouco mais denso porém importantíssimo na Gestão de Riscos Tratase dos mecanismos de proteção ou Hedge Você que é uma pessoa bem informada já deve ter lido a respeito ou conhecido alguém que seja ligado ao agronegócio Nosso agronegócio é uma força econô mica fundamental para o país De alguns anos para cá inovações tecnológicas possibilitaram a formação do que ficou conhecido como novas fronteiras agrí colas em regiões onde nada se plantava O cerrado brasileiro é um bom exemplo Porém a realidade com a qual nos deparamos é que somos muito bons por teira adentro e muito ruins porteira afora Isso mesmo Produzimos muito bem mas comercializamos muito mal Talvez por tradição os agricultores brasileiros ficam aguardando que tudo dê certo que na época da colheita os preços estejam favoráveis e eles tenham então uma boa rentabilidade Na prática isso dificilmente acontece Os tempos de colheitas geralmente não coincidem com os tempos de maiores preços dos produtos agrícolas e lá se vai mais um ano de reclamações por parte dos produtores rurais e o ciclo se repete Agora imagine uma grande indústria que faz a importação de uma máquina moderna para seu processo produtivo O empresário fecha um contrato de impor tação dessa máquina que será paga em dólar em algum momento no futuro Conforme o tempo passa o empresário vai acompanhando a cotação do dólar moeda na qual a dívida foi contratada e sua adrenalina vai subindo no mesmo compasso da alta do dólar Afinal o que ele produz é cotado em reais e sua dívida está em dólar O que fazer Nas duas situações a saída seria fazer proteção de preço por meio de con tratos futuros Esses mecanismos são bastante comuns e muito utilizados porém poderiam ter uma aplicação ainda maior se os agricultores e empresários conhecessem bem as ferramentas de hedge ou proteção Ao longo desta unidade vamos conhecer mais sobre esses mecanismos Seja bemvindo ao mundo dos derivativos Bons estudos Prof Paulo Pardo 113 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V MERCADOS FUTUROS A década de 1970 pode ser considerada a década das mudanças no mundo da economia Os efeitos nós sentimos até os dias de hoje Para confirmar essa afirmação foi nessa década que aconteceu a crise do petróleo com o aumento brutal dos preços desta commodity alterando de forma definitiva o equilíbrio de forças entre produtores de petróleo representados pela OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo e a comunidade inter nacional Também foi o ano em que os EUA deixaram de ter o dólar atrelado às reservas em ouro transformando sua moeda também numa moeda escritural como todo o resto do mundo Até então havia mecanismos de proteção de preço para alguns produtos agrícolas mas no mercado financeiro as amarras legais que existiam não pos sibilitavam seu uso de forma mais intensa Com o fim do acordo de Bretton Woods um acordo internacional firmado em 1944 que estabelecia regras para o sistema financeiro internacional e que entre outras coisas estabelecia a conver sibilidade do dólar em ouro de forma automática o sistema financeiro passou a utilizarse de mecanismos da engenharia financeira para oferecer proteção de posições a investidores e mitigar os riscos de certas operações principalmente as que tinham por índice alguma cotação de moeda Estava preparado assim o caminho para a sistematização dos derivativos Como vimos foi uma sucessão de acontecimentos que permitam o desenvol vimento do mercado de derivativos No que poderíamos chamar de primeira fase o mercado organizou operações à vista e a termo Logo em seguida o mercado foi na direção da padronização desses contratos a termo em relação à quanti dade qualidade data de vencimento e local de entrega A integridade financeira e de entrega física foi conseguida por meio do desenvolvimento das câmaras de compensação clearing houses que estabe lecem diversos procedimentos para viabilizar a boa liquidação dos contratos Dessa maneira foram estabelecidos os princípios básicos nos quais assentam os modernos mercados futuros shutterstock 115 Derivativos Definições Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 DERIVATIVOS DEFINIÇÕES Mas o que são derivativos Como o próprio termo sugere são ativos financeiros que derivam seus preços de outros ativos geralmente físicos porém não restritos apenas a estes São basicamente contratos de operações de liquidação futura que permitem uma gestão eficiente do risco de preços de diversos ativos Os derivativos mais comuns abrangem quatro grandes modalidades os mercados a termo os mercados futuros as opções e os swaps Estes instrumentos financeiros têm como principais locais de comercialização as Bolsas de Valores e os chamados mercados de balcão em inglês a expressão é Over the Counter OTC No caso de serem comercializados em mercados de balcão suas regras são mais flexíveis e permitem uma customização dos ati vos de acordo com os interesses entre as partes envolvidas No mercado de balcão os derivativos mais comumente comercializados são a Contratos a termo Forwards tratase de acordos de compra e venda de um ativo qualquer com os preços sendo estabelecidos e acordados entre as partes que definem também a data futura de liquidação Os contra tos a termo são intransferíveis Além do mercado de balcão é possível comercializálos também em bolsa b Swaps esse instrumento é basicamente um acordo firmado entre empre sas ou entre clientes e instituições financeiras que prevê a troca futura de fluxos de caixa de acordo com alguma fórmula preestabelecida Estão presentes pelo menos duas partes contrato bilateral que concordam em liquidar no futuro uma operação que é realizada no presente visando pro teger suas posições em situações de descasamento entre ativos e passivos c Opções Flexíveis tratase de contratos privados firmados entre duas par tes em cujos termos consta um pagamento inicial que garante o exercício de um direito futuro como por exemplo comprar ou vender um deter minado ativo por um preço preestabelecido e no qual uma das partes recebe esse pagamento antecipado prêmio como uma forma de remu neração por sua exposição ao risco da operação GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V Como dissemos acima as operações realizadas no âmbito dos mercados de bal cão são bastante flexíveis essa sendo uma de suas características básicas Já nas operações realizadas em bolsa de valores existem regras mais rígidas uma vez que as bolsas têm que primar pela transparência das operações que ocorrem em seus recintos Uma das exigências é a padronização dos contratos para que seja possível sua regulação e acompanhamento nos sistemas informatizados da bolsa Exclusivamente no ambiente de bolsa são comercializados dois tipos de derivativos a Contratos Futuros estes instrumentos financeiros se constituem de acor dos de compra e venda de um determinado ativo por exemplo o soja em data futura por um preço que foi acordado entre as partes Como são comercializados em bolsa essa exige que algumas cláusulas sigam padrões em relação à quantidade e qualidade desses ativos bem como as formas de liquidação os prazos de entrega dentre outros Não é possível a liqui dação antes do prazo de vencimento do contrato b Contratos de Opções seguem o mesmo princípio dos contratos de opções flexíveis que vimos acima Também nesse caso uma das partes adquire o direito de comprar ou vender um determinado ativo a um preço prees tabelecido até a data acordada em contrapartida a outra parte se obriga a vender ou comprar esse ativo em troca de um único pagamento inicial chamado de prêmio A principal diferença entre essa modalidade e a modalidade negociada em balcão diz respeito às regras da bolsa que bus cam a padronização dos papéis para dar maior transparência às operações DERIVATIVOS UM BREVE HISTÓRICO Os registros sobre derivativos são muito antigos É consenso na área que uma das primeiras experiências com derivativos encontrase na Bíblia Chance 1998 apud KLOECKNER 2007 relata que por volta do ano 1700 aC o filho de Abraão Jacó adquiriu uma opção comercializada em mercado de balcão que lhe conferia o direito de se casar com Raquel filha de Labão Por esta opção Jacó pagou um prêmio sete anos de trabalho Ao final desse prazo Labão não 117 Derivativos Definições Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 cumpriu o acordo o primeiro default em derivativos na história e em troca com Jacó bêbado fez com que ele se casasse com sua filha mais velha Lia Jacó mesmo sentindose traído ainda desejava seu objetivo por isso adquiriu nova opção para se casar com Raquel comprando uma nova opção cujo prêmio foi mais sete anos de trabalho Desta vez seu sogro cumpriu o acordo Relatase que mesmo antes da história de Roma e da Grécia antiga comer ciantes firmavam contratos a termo com os produtores rurais para entrega dos produtos em safras seguintes Também os mercadores fenícios gregos e roma nos costumavam negociar contratos que continham cláusulas de opção sobre as mercadorias transportadas em seus navios LAMOTHE 1993 TEIXEIRA 1992 apud KLOECKNER 2007 Uma história interessante ocorreu na Grécia ao redor de 580 aC Relatase que Tales de Mileto querendo provar que pessoas cultas como ele também podiam ganhar dinheiro só não faziam porque não o desejavam aproveitou se de um período de entressafra da azeitona e comprou opções para utilização das prensas as máquinas que eram utilizadas para extrair o azeite pagando por isso um preço muito baixo Quando a safra chegou abundante os agricultores precisavam das prensas para produzir o azeite de oliva Então o preço do alu guel das prensas subiu significativamente Tales possuía o direito de utilização por isso obteve um lucro substancial realizando a sublocação aos produtores LAMOTHE 1993 CHANCE 1998 apud KLOECKNER 2007 Na Idade Média encontramse registros de transações com futuros na Europa Por exemplo no século XII o feudalismo encontravase enfraquecido o que provocou o fortalecimento dos burgos Eram então formalizados contratos para entrega futura da produção agrícola do campo para os burgos Há tam bém registros de que no século XIII os Mosteiros Cistercienses na Inglaterra tinham por costume vender aos comerciantes sua produção de lã com até 20 anos de antecedência A história da primeira bolsa data de 1460 em Antuérpia na Bélgica porém sem comercialização de derivativos Essa bolsa perdeu importância econômica quando a cidade foi saqueada em 1585 pelos espanhóis o que provocou uma saída em massa da cidade de refugiados protestantes e judeus que se instalaram em Amsterdã provocando o seu desenvolvimento Foi então fundada em 1602 GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V A Bolsa de Valores de Amsterdã constituindose no primeiro mercado de deri vativos a possuir uma razoável organização com operações a termo e opções LAMOTHE 1993 CHANCELLOR 2001 apud KLOECKNER 2007 Cedo na história também há registros de bolhas especulativas A primeira registrada foi a dos bulbos de tulipas na Holanda que ocorreu entre 1634 e 1637 O registro histórico mostra que os preços dessas flores oriundas da Turquia atingiram preços muito altos ao ponto de que um único bulbo chegar a valer o equivalente a uma carruagem puxada por quatro cavalos ou a uma casa pequena Nesse ínterim o mercado de opções sobre os bulbos acontecia da seguinte forma comerciantes compravam opções de compra sobre as colheitas e os agricultores negociavam opções de venda que lhes garantiria um preço mínimo para a venda de suas colheitas Com a queda acentuada dos preços das tulipas diversos parti cipantes desse mercado foram levados à falência A especulação sobre os bulbos de tulipa na sua fase de supervalorização chegou a atingir a Royal Exchange de Londres Inglaterra fundada em 1565 que também chegou a negociar contra tos a termo sobre bulbos de tulipa CHANCE 1998 apud KLOECNKER 2007 No Japão os mercados futuros datam do período Edo 1603 a 1867 quando foi fundada a bolsa de arroz em Osaka cidade que era o centro da economia japonesa nesta época As prefeituras mantinham armazéns em Osaka e juntas vendiam a produção de arroz aos comerciantes Registrase que certo comerciante chamado Yodoya juntamente com outros traders fundou a YodoyaKomeichi que é considerada a primeira bolsa do Japão Em 1697 esta bolsa foi transfe rida para Dojima Também no Japão em 1716 iniciaramse as transações com futuros de arroz que foram reconhecidas pelo governo japonês alguns anos mais tarde em 1730 Interessante notar que os contratos negociados na bolsa de Dojima eram muito semelhantes aos contratos futuros negociados nas principais bolsas do mundo com a padronização de qualidade quantidade prazo e valor a pagar Podemos observar também na história vários eventos especulativos Um deles é registrado na Inglaterra no início do século XVIII em que se passou a nego ciar opções sobre ações das principais companhias marítimas No ano de 1720 ocorreu uma forte queda dos preços das ações da South Sea Company atribuída em parte à especulação com opções sobre as ações da empresa Por conta deste 119 Derivativos Definições Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 evento a negociação com opções permaneceu proibida até o início do século XX Apesar da proibição os negócios com opções continuaram a ocorrer infor malmente LAMOTHE 1993 apud KLOECKNER 2007 Em 1878 em Liverpool na Inglaterra os contratos de mercados futuros passam a ser negociados formalmente Esses contratos eram conhecidos como to arrive mercadorias a chegar e podem ser considerados a base dos contratos negociados hoje em dia nas principais bolsas de futuros do mundo TEIXEIRA 1992 apud KLOECKNER 2007 DERIVATIVOS NA AMÉRICA DO NORTE Registramse mercados de commodities em Nova Iorque e em outras cidades americanas já em 1752 Nesses mercados eram negociados produtos locais no mercado à vista Observase que durante a safra os preços dos produtos eram muito baixos enquanto que na entressafra os preços subiam significativamente por conta da escassez da oferta Aconteceu então em 1848 que 83 comerciantes fundaram a Chicago Board of Trade CBoT que passa a negociar contratos de mercadorias para entrega futura na década de 1860 muito provavelmente em 1865 Isso possibilitou que os produtores pudessem armazenar seus grãos na suas propriedades ou em armazéns alugados e entregálos apenas no encerramento do contrato conseguindo dessa forma um preço mais justo Mesmo com essa possibilidade de ganho maior a maior parte das transações eram realizadas no mercado à vista TEIXEIRA 1992 apud KLOECKNER 2007 Um fato marcante ocorreu em 1874 com a fundação da Chicago Produce Exchange que se tornou a Chicago Mercantile Exchange conhecida como Merc em 1919 considerada uma das principais bolsas do mundo As negociações de opções nos Estados Unidos datam do século XIX na modalidade overthecoun ter OTC ou mercado de balcão Em 1973 entretanto foi criada a Chicago Board of Options Exchange CBOE uma bolsa focada na negociação com opções que iniciou suas operações em 26 de abril daquele ano Também neste mesmo ano foi publicado um artigo de autoria de Fischer Black e Myron Scholes no qual se apresentava uma fórmula para a precificação de opções Foram estes dois marcos GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V históricos a criação de uma bolsa especializada em ações e um mecanismo de precificação que deram um impulso extraordinário na indústria financeira pro movendo a criação de um mercado pujante ao redor do mundo CHANCE 1998 apud KLOECKNER 2007 DERIVATIVOS NO BRASIL No Brasil a história dos derivativos data de 26 de outubro de 1917 com a fun dação da primeira bolsa de commodities agrícolas a Bolsa de Mercadorias de São Paulo BMSP Eram comercializados no recinto da BMSP contratos de natureza agrope cuária como café boi gordo e algodão Foi só na década de 1980 que houve a negociação do primeiro contrato futuro de um ativo financeiro referenciado em ouro Em 1979 as bolsas de Valores do Rio de Janeiro e São Paulo iniciaramse no mercado futuro de ações e as operações com opções A década de 1980 marcou a fundação por meio das bolsas de valores do Rio de Janeiro e de São Paulo respectivamente de duas bolsas para negociação nos mercados futuros a Bolsa Brasileira de Futuros BBF fundada em 1983 e a Bolsa Mercantil de Futuros BMF fundada em 04 de julho de 1985 O primeiro pregão ocorreu em 31 de janeiro de 1986 Em maio de 1991 ocorreu a fusão da BMF com a BMSP originando a Bolsa de Mercadorias Futuros mantendo a sigla BMF Esta nova BMF passa então a negociar contratos mais sofisticados do que apenas financeiros e agrícolas São também objeto de comer cialização swaps e opções flexíveis Em 30 de junho de 1997 a BMF incorpora a BBF tornandose o maior centro de negociação de derivativos do Brasil e um dos principais no mundo CORADI 1998 LOZARDO 1998 TEIXEIRA 1992 apud KLOECKNER 2007 Em 29 de agosto de 2002 a BMF cria a Bolsa Brasileira de Mercadorias que passou a ser constituída além da própria BMF também pelas bolsas de mercadorias de Goiás Mato Grosso do Sul Minas Gerais Paraná e Rio Grande do Sul e da cidade de Uberlândia MG que foram transformadas em Centrais Regionais de Operação 121 Mecânica de Funcionamento dos Derivativos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Um dos principais fatos recentes da história das bolsas no Brasil tem a ver com a fusão da BMF com a Bovespa em 2008 formando a maior bolsa da América Latina e a terceira maior bolsa do mundo MECÂNICA DE FUNCIONAMENTO DOS DERIVATIVOS Como dissemos no início desta unidade diversos problemas relacionados à volatilidade de preços podem ser minimizados com a utilização dos derivativos Mas como funcionam esses mecanismos na prática A partir de agora vamos conhecer um pouco desta mecânica Primeiramente vamos conhecer os participantes do mercado nossos players Os principais participantes deste mercado são hedgers os especuladores e os arbitradores No Quadro abaixo você terá uma ideia geral do papel de cada um no mer cado de derivativos PARTICIPANTE CARACTERÍSTICAS Hedgers São agentes econômicos que desenvolvem alguma atividade produti va comercial ou de serviços e que desejam reduzir algum tipo de risco que pode ser por exemplo de variação do preço de um produto com modity de oscilação de taxas de juro ou taxa cambial Os hedgers uti lizam então o mercado para proteção contra variações não desejáveis nos preços Um exemplo clássico de hedge é o fazendeiro que ainda não pode colher sua produção de grãos e receia a queda nos preços Para se proteger ele pode vender no mercado futuro seu produto se o preço lhe convier Seu lucro fica travado ou seja se a commodity subir de preço seu lucro não aumentará Vale lembrar que o hedge evita as perdas mas limita os lucros GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V Especuladores Este grupo de pessoas que opera nos mercados futuros desempenha uma função significativa e vital para o funcionamento dos mercados de derivativos Os Especuladores não estão se protegendo contra variações de preços índices ou taxas Nem ao menos arbitrando entre os ativos e derivativos no mesmo ou em diferentes mercados Eles basicamente apostam na alta ou na baixa do mercado e operam comprando ou vendendo derivativos O seu lucro ou prejuízo virá desta especulação Ao fazerem isso os Especuladores absorvem o risco que os Hedgers estão pretendendo reduzir Sem eles as bolsas e os derivativos não existiriam pois são esses participantes que conferem liquidez ao mercado assumindo os riscos dos hedgers Sua intenção é obter ganhos financeiros com informações e previsões sobre os vários mercados Geralmente não esperam o vencimento de seus contratos saindo da posição que mantém dias antes Dificilmente um especula dor vai entregar uma commodity ou outro ativo se estiver vendido ou receber se estiver comprado Arbitradores Os Arbitradores operam no mercado realizando compra e venda simultânea de ativos e derivativos cujos preços estejam desalinhados O seguinte exemplo procurará esclarecer o que foi dito Suponha que o preço do soja à vista esteja muito barato e o preço do soja para entrega futura esteja muito caro Ao identificar tal situação o Arbitra dor poderá comprar soja no mercado à vista e vender soja no mercado futuro Ele repetirá esta operação fazendo pressão de compra aumen tando a procura no mercado à vista e pressão de venda aumentando a oferta no mercado futuro Com isso o preço à vista tenderá a subir e o preço futuro tenderá a cair Quando os preços voltarem aos patama res normais o arbitrador reverte as operações vendendo o que foi comprado e comprando o que foi vendido realizando seu lucro Agin do desta forma os arbitradores conseguem um lucro estando sujeitos a um grau de risco baixo Em resumo os Arbitradores garantem que os preços futuros no mercado estejam compatíveis com os preços no mercado físico Sempre que há uma discrepância entre esses preços o arbitrador aproveita para realizar seus lucros sem risco Assim os preços estão sempre justos Um exemplo de arbitragem é a compra de ações de uma empresa no Brasil e a venda simultânea de ADRs recibos de ações em Nova Iorque se houver discrepância de preços Outro exemplo seria comprar ouro à vista e vender contratos futuros dessa commodity se o preço no futuro compensar a taxa de juros do mercado Scalpers São os especuladores que operam em curtíssimo horizonte de tempo Em geral fazem previsões sobre o comportamento dos preços de contratos futuros para os próximos segundos ou no máximo para uns poucos minutos à frente Não planejam obter grandes ganhos em cada negócio e sim esperam obter pequenos lucros de cada vez com a movimentação de preços Fonte baseado em Toledo Filho et al 2009 e Kloeckner 2007 123 ENTENDENDO O CASO SADIA E O PREJUÍZO DE R760 MILHÕES Renato comenta Navarro estou um pouco confuso Sou acionista da Sadia recebi um comunicado deles explicando um pouco sobre o prejuízo de R760 milhões mas fiquei curioso para entender melhor o que exatamente aconteceu Entendi que foram operações relacionadas ao dólar ao câm bio mas sua didática se faz essencial para que possamos eu e seus demais leitores compreender a razão real do prejuízo Pelo que li tudo tem a ver com operações no mercado futuro É isso Obrigado Um prejuízo da ordem de R760 milhões é realmente algo que merece muita aten ção A dúvida a respeito do que realmente aconteceu mostra que os nossos investi dores estão cada vez mais engajados em suas decisões o que traz muita alegria ao colega que aqui escreve Fico deveras feliz A Sadia é uma empresa que exporta muito e por isso tem íntima relação com a moeda americana Sim daí surgiu a perda anun ciada na semana passada Hedge e o mercado futuro Muitas empresas e grandes investidores usam o mercado de opções para fazer o chamado hedge uma forma de garantir suas aplicações e protegêlas de eventu ais volatilidades exageradas Apostase na alta ou baixa de determinados ativos e ou moedas A lógica do mercado de opções pode ser conhecida no artigo As opções e o direito de decidir publicado aqui no Dinheirama e também na série de artigos sobre mercado a termo publicados no Ini ciante na Bolsa Ah sim a Sadia A Sadia lançou opções de dólar na BMF Bovespa com prazo de 12 meses na expec tativa de comprar a moeda com preço mais baixo ao final deste período Em outras palavras ela vendeu contratos futuros de câmbio apostando na queda da moeda Quem compra a contraparte espera que o valor suba No vencimento as partes se ajeitam No frigir dos ovos o objetivo era comprar dólares baratos no mercado à vista e revendêlos pelo preço do contrato futuro mais alto O que deu errado A BMF Bovespa exige que os signatários de contratos em aberto aqueles ainda não liquidados como os da Sadia depositem todo dia garantias equivalentes a uma fra ção do contrato O procedimento visa evitar problemas de inadimplência nas negocia ções de futuros Na prática isso significou para a Sadia aportar todos os dias cada vez mais dinheiro afinal o dólar disparou nestas garantias exigidas conhecidas como margens Assim com o dólar subindo e as garantias a serem depositadas também crescendo a influência da operação no caixa da empresa pode ter começado a pesar mais do que o planejado Isto é que se pode deduzir já que não há confirmação da empresa O dólar deve voltar ao patamar de R170 mas diante da volatilidade e do risco no fluxo de caixa da empresa a decisão foi a de liquidar antecipadamente o contrato registrando então o prejuízo Então o prejuízo veio como consequência de uma decisão Exatamente Ao tomar conhecimento da exposição excessiva da empresa no mer cado de derivativos alguns analistas afirmam que ela era o dobro do autori zado pelo conselho de administração a diretoria decidiu recolocar a empresa no rumo acertado com seus acionistas Para isso liquidou suas operações comprando opções na mesma quantidade dos contra tos anteriormente vendidos Isso custou R760 milhões a demissão do diretor finan ceiro e muita desconfiança no mercado as ações chegaram a cair 42 Mas não se assuste hedge é comum Você deve estar pensando Mas o negó cio da Sadia não é produzir e processar alimentos Sim sem dúvida No entanto operações de hedge no mercado de deriva tivos são comuns em empresas com bom fluxo de caixa e capital para aplicações financeiras O problema como sempre são os limites claramente extrapolados no caso Sadia O jornalista econômico Luis Nassif autor do livro Os Cabeças de Planilha escreveu um excelente artigo sobre o prejuízo da Sadia De leitura simples e rápida o texto esclarece muito bem a questão e traz considerações importantes sobre o que pode acontecer com a crise e seus efeitos Imagino que o colega também tenha sido indagado por seus leitores a respeito Excelente Entendido o problema fica o alerta as empresas não podem abrir mão de seus objetivos principais nem especular com aquilo que não está ligado diretamente aos seus fatores de produção e produ tos O mercado pune o acionista sofre e a empresa fica com sua reputação abalada Nós os acionistas temos que investigar compreender e participar Como fez o lei tor que originou este texto Fonte httpdinheiramacomblog20080929entendendoocasosadiaeoprejuizo der760milhoes Acesso em 13 maio 2012 125 Mecânica de Funcionamento dos Derivativos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 MERCADO FUTURO O mercado futuro inclui mecanismos que funcionam com um contrato futuro que nada mais é do que um acordo para comprar ou vender uma commodity ou um instrumento financeiro numa data futura Neste contrato todas as cláusu las e conteúdos são padronizados com exceção do preço Um dos pressupostos mais importantes em contratos futuros é a clareza por isso a Bolsa prima para que todos os termos da transação destes ativos sejam estabelecidos antes da negociação Os participantes podem desta forma reali zar o negócio sem malentendidos Existem muitas semelhanças entre os contratos futuros e os contratos a termo pois os contratos futuros também são utilizados em operações de compra e venda de um ativo para uma data futura por um preço determinado As princi pais diferenças estão relacionadas à padronização exigida nos contratos futuros e no fato de eles serem comercializados por pregão de bolsa em um sistema de leilões múltiplos as ofertas de compra e de venda são realizadas simultanea mente e os preços são divulgados a todos os participantes do mercado com total transparência As duas principais características que marcam a diferença do mercado futuro e o mercado a termo são Padronização dos contratos Conforme destacamos acima todos os termos do contrato são padronizados e determinados pela bolsa antes de começar a negociação A única parte variável e que fica ao cargo das par tes envolvidas é o preço Quando mencionamos padronização queremos dizer que estes contratos possuem uma estrutura prévia definida e regu lamentada pela bolsa quanto aos limites de especificação do produto à qualidade locais e datas de entrega meios de transporte e formalidades de entrega e pagamento Câmaras de compensação clearing houses A Clearing de Derivativos da BMFBOVESPA é responsável pelos serviços de registro compensa ção e liquidação das operações realizadas na Bolsa além das operações realizadas no Mercado de Balcão mas que são registradas na Clearing O trabalho da Clearing é importante para todos os participantes do sistema por garantir a integridade financeira do sistema o que possibilita uma GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V administração do risco de posições destes participantes Uma das principais funções do mercado futuro na economia é a possibilidade de realização de hedging Mas do que se trata 1 Hedging setor financeiro aqui entra a resposta para o problema do empre sário que precisa pagar no futuro uma importação feita em dólar O mercado de câmbio de acordo com a política cambial do governo tem livre flu tuação e é afetado por movimentos econômicos internos e externos Neste caso os compromissos firmados em dólar são afetados por essa flutuação podendo trazer o que se chama de risco cambial Operando nos mercados futuros é possível a utilização de operações de pro teção ou hedge em que todos os que têm interesse numa determinada taxa do dólar podem garantir uma espécie de seguro contra efeitos negativos de queda ou elevação de preços A mecânica funciona assim Um hedge de venda é firmado ao se vender contratos futuros quer dizer assumese uma posição vendida em futuros contra uma posição comprada no mercado físico Neste caso o que se deseja é buscar proteção contra uma queda dos preços do ativo objeto do contrato Um hedge de compra é firmado ao comprar contratos futuros quer dizer assumese uma posição comprada em futuros contra uma posição vendida no mercado físico Ao fazer isso buscase oferecer proteção contra alta dos preços do ativo objeto do contrato Um dos atrativos do mercado futuro é possibilitar uma aproximação de um modelo ideal de formação de preços em razão das negociações que ocorrem no presente evitando distorções significativas de preços futuros e possibilitando a todos os participantes uma grande transparência e facilidade de acesso num sistema em que as informações são recebidas processadas interpretadas e incor poradas com velocidade e dinamismo Quais são os custos para operar no mercado futuro A BMFBOVESPA informa que os principais custos que um participante incorre quando opera no mercado futuro são shutterstock 127 Ajustes Diários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Taxa Operacional Básica TOB é a taxa de corretagem que é estipulada pela BMF e que deve ser paga no dia seguinte à abertura e ao encerra mento da posição Operação normal 030 Day trade 007 Taxa de liquidação TL tratase de uma outra taxa de corretagem cujo pagamento deve ser efetuado no dia seguinte do encerramento da posi ção no vencimento do contrato Seu valor é de 045 do total negociado tendo como preço base o valor da liquidação do contrato no vencimento As taxas são pagas à corretora As taxas cobradas pela BMFBOVESPA incidem sobre a corretora e não sobre o cliente Fonte BMFBOVESPA Para garantia das operações de mercado futuro algumas ferramentas foram ado tadas Vamos conhecêlas AJUSTES DIÁRIOS Para garantir que os preços do mercado futuro acompanhem as oscilações diá rias são feitos ajustes diários a crédito ou a débito numa conta corrente do produtor se for um contrato de produto agrícola por exemplo que são o resul tado da diferença entre o preço de fechamento do pregão do dia e o preço de fechamento do pregão do dia anterior De acordo com a Bovespa caso o pro dutor esteja com contratos de compra na Bolsa e ocorrer um movimento de alta no mercado os ajustes serão positivos e ele é creditado pela diferença entre a cotação de ajuste diário do dia e a de ajuste diário do dia anterior No caso do produtor estar na posição vendida ou seja com contratos de venda os ajustes serão negativos o que fará que ele seja debitado na diferença entre a cotação do dia anterior e a do dia atual Esses ajustes são efetuados automática e diariamente GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V pela Bolsa de forma a liquidar os débitos e os créditos antes do vencimento do contrato o que confere maior segurança ao sistema Muitos iniciantes no mercado futuro estranham esses movimentos de débito e crédito de valores diários Inclusive quando ocorre um crédito alguns sen temse tentados a utilizar o dinheiro Isso não é nada bom Afinal no outro dia pode haver um débito e é obrigatório ter essa margem de garantia na conta Por isso alguns bancos que contratam a operação abrem uma conta à parte justa mente para não confundir o correntista com esse movimento que aconteceria junto com sua movimentação normal Mas como vimos acima não há nada de anormal nesses débitos e créditos Faz parte do mecanismo de ajuste do sistema Além disso esses ajustes diários permitem que qualquer das partes possa desfazer a operação a qualquer momento fazendo um repasse a um terceiro pelo preço do dia Além disso o valor é pequeno em relação ao total da operação o que poderia afugentar aquela parte que aparentemente está se prejudicando Considerase que esses ajustes diários sejam salutares por nivelarem as posições das partes cada qual recebendo ou pagando suas obrigações Na Tabela abaixo você pode ter uma ideia dos tipos de contratos futuros negociados no mundo TIPO CONTATOS Taxa de Juro Treasury Bonds Treasury Bills Treasury Ilotes Eudollar 30 day Federal Funds Libor DI de 1 dia Cupom Cambial Global Bonds Moedas es trangeiras Franco Suiço marco Alemão Dólar Real Euro Iene entre ou tras Índices Ibovespa SP 500 Stock Index SP Mid Cap 400 Stock Index llikkei 225 Stock Average llasdaq 100 Stock Index Goldman Sa chs Commodity Index Municiapl Bond index US Dollar Index Grãos Trigo milho aveia complexo soja soja em grão óleo de soja farelo de soja Carnes Boi gordo boi magro porcos bezerro Metais Platina prata ouro cobre alumínio Alimentos e Fibras Café cacau açúcar suco de laranja algodão 129 Ajustes Diários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Energia Petróleo óleo de aquecimento 112 gasolina sem chumbo gás natural álcool anidro Madeira Madeira compensada madeira em toras Fonte BMFBOVESPA Na próxima tabela você verá os principais contratos negociados no âmbito da BMFBOVESPA PREGÃO VIVA VOZ E ELETRÔNICO Ouro Disponível 250g disponível fracionário 10g e 0255 gramas Opções de compra e de venda sobre disponível Contrato a termo Contrato futuro 250 gramas Índices Futuros de Ibovespa padrão e mini de índice Brasil 50 IBrX50 de índice nacional de Preços ao Consumidor Amplo e de Índice Geral de Preços do Mercado padrão e fracionário Opções de compra e de venda sobre futuro Ibovespa Moedas Dólar pronto Taxas de câmbio Futuro de taxa de câmbio RUS padrão e mini e de taxa de câmbio RSEuro Opções de compra e de venda sobre de câmbio RUS Taxas de Juro Futuros de taxa médio de depósitos interfinanceiros de um dia de cupom cambial de cupom de DI x IGPM de cupom de IPCA e de taxa média de depósito interfinanceiros de lon go prazo Opções de compra e de venda sobre índice de taxa média de depósitos interfinanceiros de um dia Swap cambial com ajuste periódico Títulos da Divida Futuros de global Bonds e de ABonds Externa Agropecuários Futuro de açúcar álcool anidro de algodão de bezerro de café conillon de milho de soja Futuro e mini de boi gordo e de café arábica Opções de compra e de venda sobre futuro de boi gordo bezerro café arábica e conillon açúcar álcool e milho Contrato disponível de café arábica Madeira Madeira compensada madeira em toras GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V MERCADO BALCÃO Swaps Variáveis autorizadas para formação de um swap DÇ taxa pré taxa de Câmbio TR TJLP Selic TBF Taxa Anbid IGPM IGP DI IPC Fipe IPCA IIIPC Ibovespa IBrX50 variação do preço do ouro Opções Flexiveis Opções de compra e de venda de taxa de câmbio R USS de Ibovespa e de indice de taxa de juro spot Fonte BMFBOVESPA Com a entrada em cena das chamadas clearing houses a padronização e todos as outras melhorias propiciadas pelas bolsas foi possível trazer novos atores ao cenário que tinham interesse unicamente nos possíveis ganhos financeiros das operações sem nenhuma intenção de entregar ou receber a commodity objeto do contrato Para se ter uma ideia de como isso se popularizou hoje apenas cerca de 1 dos contratos têm liquidação física Todo o resto funciona apenas por liquida ção financeira FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE OPÇÕES Outro mercado muito importante de derivativos é o mercado de opções Quando você conhecer a lógica deste mercado verá que de fato é um excelente meca nismo para proteção de preços e gerenciamento de riscos Os contratos de opções estão sempre referenciados a um determinado ativoobjetivo como por exemplo uma commodity ou um contrato futuro As negociações acontecem sobre a base de um preço de exercício numa data futura definida entre comprador e vendedor Como o nome já diz tratase de uma opção ou seja de um direito Não se está negociando o ativoobjeto em si porém um direito Um direito de comprar junto com uma obrigação de vender ou o direito de vender com uma obrigação de comprar O comprador que adquire o direito de comprar o ativoobjeto até ou no máximo no vencimento do contrato A outra parte obrigase por contrato a atender o exercício do direito do titular quando e se este resolver exercêlo 131 Ajustes Diários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Porém caso o direito não seja exercido até o vencimento a opção ou seja o direito vira pó no jargão deste mercado Para quem está executando uma operação de hedge essa opção por exer cer o direito faz uma grande diferença Opções de Compra Precisamos conhecer alguns termos que são utilizados neste mercado Por exem plo o comprador é chamado de titular o vendedor recebe o nome de lançador Para exercer o direito pagase um prêmio que é negociado entre as partes com base em preços definidos por quem organiza o mercado Há um prazo para o exercício deste direito que no máximo é a data de vencimento do contrato O direito ou opção de comprar é chamada de call e é importante para quem precisa assegurar um preço máximo para aquisição do ativoobjeto do con trato Imagine por exemplo uma indústria de massas do tipo macarrão Uma matériaprima básica para seu processo produtivo é o trigo Se o preço desta commodity dispara é problema você sabe muito bem disso Para garantir que o preço não ultrapasse uma marca compatível com seus custos as indústrias compram opções de compra uma call que acabam por servir como proteção hedge contra oscilações abruptas de preço A mesma lógica se aplicaria a um importador que precisa pagar um compromisso em dólar no futuro Ele pode ria comprar uma opção de compra garantindo que a moeda seja vendida a ele por um preço máximo determinado Assim ele estaria protegido contra oscila ções da moeda estrangeira Opções de Venda A operação contrária a que vimos no item anterior são as opções de venda Neste caso o comprador paga um prêmio para ter o direito de vender uma determinada commodity a um preço previamente fixado O vendedor desta opção se obriga a comprar o ativoobjeto pelo preço combinado sempre que o titular exercer seu direito Você pode imaginar como as opções de venda são úteis para um pro dutor rural para garantir um preço mínimo de venda de seus produtos Uma vantagem importante das opções sobre os contratos futuros é que não existe a necessidade de uma margem de garantia O custo da transação é o prêmio que se GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V paga para adquirir o direito de comprar ou de vender a um determinado preço Por não ter a exigência da margem de garantia a perda máxima do titular é o prêmio pago para o exercício do direito Uma analogia que se costuma fazer no mercado de derivativos para entender mos melhor a questão do prêmio de exercício é o que acontece com um seguro de automóvel O que nós fazemos na prática quando compramos um seguro de automóvel Na verdade compramos o seguro para não usar não é mesmo Imagine que você tem um carro que vale R50 mil no mercado Digamos que o prêmio do seguro coincidentemente tem a mesma denominação do valor que pagamos pelo direito de exercício de uma opção seja de R2 mil Ao final do ano o que pode ter acontecido Com boa chance nada terá acontecido ninguém roubou nosso carro e nem houve uma colisão que precisássemos acionar a segu radora Qual seria o nosso prejuízo por assim dizer No máximo o valor do prêmio do seguro ou seja os R2 mil Esse valor viraria pó ou seja perdería mos o valor do prêmio por não termos utilizado o seguro O que a seguradora ganharia Esses exatos R2 mil Mas e se houvesse um sinistro Nesse caso exer ceríamos o direito como segurados e exigiríamos o pagamento da indenização Veja que um seguro é uma forma de gerenciar risco o que está também pre sente no mercado de opções COMPRADORES E VENDEDORES O esquema abaixo nos auxilia a entender o papel do titular comprador e do lançador vendedor de opções seus riscos nas operações de call e de put TITULAR TITULAR LANÇADOR Paga Prêmio Recebe Prêmio CALL Direito de Compra Obrigação de venda PUT Direito de venda Obrigação de compra Fonte baseado em informações da BOVESPA No outro esquema da tabela abaixo vemos o papel de cada um dos participan tes do mercado de opções 133 Ajustes Diários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 PARTICIPANTE PAPEL TITULAR DA CALL Denominação dada ao comprador de uma opção de compra que paga um prêmio negociado entre as partes para ter o direito de comprar o ativoob jeto ao preço de exercício da opção LANÇADOR DA CALL Denominação dada ao vendedor de uma opção de compra que recebe o prêmio negociado entre as partes ficando obrigado a vender para o titu lar o ativoobjeto ao preço de exercício da opção TITULAR DA PUTT Denominação dada ao comprador de uma opção de venda que paga um prêmio negociado entre as partes para ter o direito de vender o ativoob jeto ao preço de exercício da opção LANÇADOR DA PUT Denominação dada ao vendedor de uma opção de venda que recebe o prêmio negociado entre as partes ficando obrigado a comprar do titular o ativoobjeto ao preço de exercício da opção Fonte GLOBAL INVESTIMENTOS O LANÇADOR O papel do lançador no mercado de opções é fundamental É ele quem toma um risco em troca de receber uma receita na forma de prêmio Existem outros motivos mais complexos porém justamente por isso não nos aprofundemos nessas razões O fato é que o titular garante um preço máximo de compra ou um preço mínimo de venda ao comprar essas opções e pagar esse prêmio Muito bom isso não é verdade ATIVOOBJETO DA AÇÃO São muitas os contratos que podem ser feitos no âmbito da bolsa GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V Veja a lista abaixo de contratos de opções que cobrem mercados futuros Ibovespa Boi gordo Café arábica Açúcar Álcool Algodão Bezerro Taxa de câmbio de reais por dólar comercial No mercado disponível à vista ou físico são estes os principais contra tos de opções Ouro Índice DI Dólar comercial Fonte BMFBOVESPA VENCIMENTO As opções também são classificadas de acordo com sua validade sendo as seguintes classificações utilizadas americana o direito pode ser exercido a qualquer momento após a com pra da opção e até a data do seu vencimento europeia o direito só pode ser exercido na data de vencimento da opção asiática o direito se refere a uma média de preços durante certo período shutterstock 135 Ajustes Diários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 PREÇO DE EXERCÍCIO Para entendermos a questão dos preços no mercado de opções é preciso lembrar que sempre falamos sobre dois preços o primeiro é o preço de exercício que é predefinido como um valor de referência para o exercício ou não dos direitos do titular O segundo é o prêmio representado por uma quantia paga pelo com prador ao vendedor lançador de uma opção e que é estabelecido por acordo entre as partes O preço de exercício é o que no final das contas vai servir de base para o titular decidir ou não exercer seu direito de compra ou de venda Vamos imaginar por exemplo que alguém comprou uma opção de venda no valor de R2 que lhe daria o direito de vender uma determinada commo dity a R50 até o vencimento O que se quer claramente é uma garantia de preço mínimo um hedge ou proteção deste preço mínimo Vamos imaginar que quando chega essa data o preço da commodity está a R60 no mercado à vista É claro que o titular NÃO EXERCERÁ seu direito O valor pago como prêmio os R2 vira pó e ele vende sua produção a R60 no mercado à vista O lança dor neste caso terá o valor do prêmio como recompensa Agora vamos pensar na mesma situação em que alguém compra o direito de vender uma determi nada commodity a R50 até o vencimento Imagine agora que no vencimento o preço da commodity esteja a R45 no mercado à vista É evidente que o titular EXERCERÁ seu direito de vender a R50 O lançador obrigase a pagar os R50 ficando com um prejuízo de R3 que representa a diferença entre o valor de exercício R50 e o valor do mercado à vista da commodity R45 mais o valor que ele recebeu a título de prêmio R2 R50 R45 R2 Parece complicado mas na verdade a lógica é bastante simples É uma aposta que se faz em relação às oscilações do mercado físico ou financeiro Quem lança a opção o faz na expectativa de não ser exercido e portanto ficar com o valor do prêmio Quem compra o faz para garantir uma proteção contra oscilações e tem consciência de que no máximo perderá o valor do prê mio caso não exerça seu direito Exatamente a mesma lógica da seguradora que mencionamos anteriormente GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V DETALHES CONTRATO A TERMO CONTRATO FUTURO CONTRATO DE OPÇÕES CONTRATO DE SWAPS Natureza do contrato Comprador e vendedor acor dam a compra ou a venda de uma certa quantidade de commodity a um determinado preço e numa determinada data futura Comprador e vendedor se comprometem a comprar e vender respec tivamente certa quantidade de uma commodity a um determi nado preço e numa deter minada data futura Comprador paga para ter o direito de comprar ven der e vende dor fica obri gado a vender comprar se a contraparte exercer seu direito As partes se obrigam a tro car o resultado líquido das di ferenças entre dois fluxos de rendimentos juros fixos x pós fixados etc Tamanho do contrato Negociável Padronizado Geralmente padronizado Negociável Data e local de entrega Negociável Padronizado Geralmente padronizado Negociável Método de negocia ções Preços são determinados privadamente entre comprador e vendedor Preços são de terminados em pregão em um tipo de mercado de leilão em bol sa de futuros Admite negociação em pregão de bolsa ou no mercado de balcão Preços são negociados privadamente em geral por telefone entre comprador e vendedor Depósito de segu rança Dependente das relações de crédito entre o comprador e o vendedor Comprador e vendedor depo sitam margem de garantia na Bolsa As variações diárias de preços são compensadas no dia seguinte Somente o vendedor chamado lançador é obrigado a depositar margem de garantia Mas não há ajustes diários Dependente das relações de crédito entre o com prador e o vendedor Frequência de entrega física Muito alta Muito baixa Muito baixa Muito baixa Regulação Leis Comerciais Banco Central do Brasil e Comissão de Valores Mobili ários Comissão de Va lores Mobiliários e AutoRegula ção das Bolsas Comissão de Valores Mobi liários e Auto Regulação das Bolsas Comissão de Valores Mobili ários e Auto Regulação das Bolsas 137 Cuidados com os Derivativos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Emitente e Garantidor Ninguém Departamento de Clearing da Bolsa Admite garan tia do Departa mento de Cle aring da Bolsa ou pode ser definida entre as partes Admite garantia do Departamento de Clearing da Bolsa ou pode ser defini da entre as partes Fonte GLOBAL INVESTIMENTOS CUIDADOS COM OS DERIVATIVOS Em nenhuma circunstância entre no mercado de negociação de derivativos sem antes obter minha autorização por escrito em algum momento no futuro poderiam deixar o sistema financeiro mundial de joelhos Sir Julian Hodge presidente do Hodge Bank em memorando interno a seus executivos Nós as vemos como bombasrelógio tanto para as partes que lidam com elas como para o sistema econômico Em nossa opinião os derivativos são armas financeiras de destruição em massa trazendo perigos que embora agora latentes são potencialmente letais Warren Buffett reconhecido como um dos homens mais ricos do mundo também um dos maiores operadores no mercado de ações e outros valores mobiliários mas avesso aos derivativos OPÇÕES SOBRE AÇÕES ESTRATÉGIA PARA MOMENTOS DE INCERTEZA 26 de março de 2012 Muitos players de mercado entre eles bancos do porte de um Goldman Sachs de Fundos como o Oppenheimer enxer gam a possibilidade de que o rali de alta nas bolsas mundiais se estenda por dois ou três anos Entretanto a velocidade e magnitude da alta das bolsas desde outu bro2011 levanta algumas dúvidas se vale à pena entrar na bolsa nesse momento É claro essa decisão e a escolha das ações e respectivos setores de atividade é crítica para a possibilidade de sucesso do inves timento seja no curto ou no longo prazo Opções Incerteza Entretanto a possibilidade de uma realiza ção de lucros mais forte e até a mudança da tendência de alta recente não está des cartada Além disso como divulgado por vários analistas técnicos muitas ações estão para testar importantes suportes gráficos em seus preços o que pode deflagrar a inversão da tendência de alta do mercado caso sejam rompidos Uma estratégia viável para se beneficiar da eventual continuidade da alta das bolsas no curto prazo no sentido de que envolve risco limitado de perda pode ser a com pra de opções de compra Dessa forma na hipótese de que a BMFBovespa volte a subir no curtíssimo prazo o investidor estaria posicionado na compra de opções de compra calls Por outro lado caso o mercado mergulhasse em uma realização de lucros mais forte eou invertesse a ten dência a perda estaria limitada ao prêmio pago pelas opções de compra Infelizmente devido à pouca liquidez exis tente no mercado local de opções sobre ações a estratégia estaria limitada a poucas opções sobre ações de alguns setores espe cíficos como o de petróleo OGXP3 PETR4 mineração VALE5 siderurgia USIM5 e financeiro BVMF3 e ITUB4 Assim caso a avaliação sobre esses seto res seja positiva e sobre as ações listadas acima também é possível avaliar mais obje tivamente a compra de opções da série D com vencimento em 160412 ou da série E com vencimento em 210512 Vale lembrar que uma análise sobre os pre ços de suporte e resistência assim como da situação econômicofinanceira resultados no último balanço trimestral dessas ações são importantes na escolha do setorcom panhia a ser objeto da compra de opções de compra Além disso podese optar pela compra de opções fora do dinheiro no dinheiro e dentro do dinheiro Minha sugestão é de que se procurem opções levemente fora do dinheiro Apesar de que seus ganhos possam não ser tão grandes a princípio quanto os de uma opção den tro do dinheiro se o mercado permanecer estável ou em queda até o vencimento da opção sua perda não terá sido tão grande 139 Pode parecer que essa é uma análise sim plista da situação mas a verdade é que a estratégia envolve a compra de tempo e o adiamento da decisão de compra da ação à vista por um ou dois meses quando o cená rio atual estará mais claro e definido Vale ressaltar que ao comprar opções o desen caixe do investidor que também pode ser visto pela ótica do valor em risco do inves timento é de apenas uma fração do valor necessário para a compra de uma ação Assim se for o caso o investidor poderá exercer a compra da ação à vista no venci mento das opções ou simplesmente não fazêlo se não for interessante para ele No caso do pior cenário possível com forte queda no preço da ação ele terá perdido o valor pago desencaixe na compra da opção o qual poderá ser muito inferior à perda que poderia ter ocorrido na com pra da ação Por outro lado na hipótese de uma forte alta para o preço da ação ele terá obtido um resultado satisfatório tendo em vista a relação retornorisco envolvida na decisão de se investir em ações ou em opções Não se pode esquecer que a partir do momento em que a opção de compra for exercida o investidor estará comprado em ações à vista e sujeito ao risco de alta ou de baixa de seu investimento em bolsa Todavia caso o mercado venha a confirmar a tendência e o rali de alta das bolsas venha de fato a perdurar por um longo período essa terá sido com certeza a decisão mais inteligente que poderia ter tomado dado o cenário desse momento Fonte httpvocesaabrilcombrblogopcoessemmisterio Acesso em 10 maio 2012 CONSELHOS PARA OPERAR COM DERIVATIVOS O Global Derivatives Study Group do Grupo dos 30 publicou um documento denomi nado Derivativos Práticas e Princípios Este trabalho é voltado para os agentes econômicos que se utilizam de derivati vos negociados em balcão OTC ou seja aqueles que não são negociados em bolsa mas diretamente entre os interessados Entretanto na prática as conclusões a que chegou o grupo de estudos podem ser váli das também para aqueles que lidam com derivativos negociados em bolsas Ao todo vinte recomendações foram enunciadas para dealers e usuários finais de derivati vos e elas estão resumidas a seguir a política do uso de derivativos deverá ser decidida pelo mais alto nível hierárquico de uma organização os derivativos que fazem parte dos ati vos da organização deverão ser avaliados a valor de mercado o risco de mercado das posições em deri vativos deve ser quantificado realizandose testes como por exemplo de stress e as necessidades de fundos para estas situa ções devem ser projetadas quando forem utilizados derivativos pela organização esta deverá avaliar o seu impacto no seu risco de crédito corrente e futuro a função do gestor de risco tanto de cré dito como de mercado deve ser separada do operador de derivativos somente profissionais qualificados devem operar nas áreas de gestão de risco e ope ração de derivativos a organização deverá possuir um sistema de informações gerenciais que consiga medir de maneira apropriada e comuni car rapidamente a exposição ao risco com derivativos adote práticas de transparência indepen dentemente da inexistência de legislação específica Fonte httpriskinstitutech138250htm Acesso em 31 maio 2012 Traduzido no traba lho de KLOECKENER 2007 141 Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade tivemos a oportunidade de conhecer os principais tipos de deri vativos que podem oferecer excelentes condições de gerenciamento de riscos não só para produtos financeiros mas para a economia real Temos que parar de achar que somente a sorte nos levará a conseguirmos alcançar resultados positivos Os agricultores precisam mudar sua postura com relação aos mecanismos de proteção de preços Apostar em preços maiores no momento de comercialização é puro amado rismo e geralmente os resultados são decepcionantes Pense na frustração de ver o trabalho de um ano inteiro se perder por movimentos de mercado não previs tos Esse procedimento amador tem que acabar Felizmente já vemos movimentos muito significativos na direção de busca de proteção O papel que as cooperativas têm desempenhado no acompanha mento e conscientização dos nossos produtores tem feito a diferença Com isso penso que num futuro breve nosso agronegócio não só será bom porteira para dentro mas também porteira para fora Todos ganharão com isso Os mecanismos de proteção podem auxiliar toda a cadeia produtiva não somente a do agronegócio embora com sua reconhecida importância econômica Hoje dependemos fortemente do mercado internacional e saber movimentar se nesse mercado é essencial para a competitividade das empresas Mas de nada adiantaria ser competitivo na produção de um produto se não soubermos como garantir que esses recursos entrem com valores justos para nossos empresários Também neste caso ferramentas de hedge podem ser utilizadas GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V É claro que apenas numa unidade não seria possível abordar toda a com plexidade dos derivativos Só para se ter uma ideia esse assunto tem dominado uma boa parte da literatura econômica principalmente depois da catástrofe das hipotecas subprime americanas Os cálculos de fluxo de caixa e as fórmu las para apuração de riscos foram emitidos para uma melhor compreensão do tema neste momento Sugiro que você busque mais informações sobre o assunto Não deixe passar essa oportunidade de conhecer alguns dos mais fantásticos produtos financei ros da era moderna os derivativos Dominando este tema você sem dúvida será um profissional diferenciado Mãos à obra então Sucesso Prof Me Paulo Pardo 143 1 Vimos ao longo desta unidade diversos mecanismos de proteção de preços des tinados ao agronegócio e a empresas de uma forma geral Pesquise na Internet sobre a volatilidade de preços das commodities agrícolas mais exportadas pelo Brasil Veja o caso da soja em particular Trace um gráfico com os preços da soja durante os últimos 2 anos Como você acredita que o produtor poderia ter uti lizado mecanismos de hedge para ter melhores resultados no momento da co mercialização 2 Falamos sobre como o mercado de opções se assemelha a um seguro de auto móvel A propósito do gerenciamento de riscos busque cotar um seguro para um automóvel qualquer para uma pessoa do sexo feminino com idade acima de 40 anos e outra cotação agora destinada para um jovem do sexo mascu lino com idade de 22 anos Por que razão você acredita que os preços são tão diferentes Como isso se relaciona com a gestão de risco por parte das próprias seguradoras MATERIAL COMPLEMENTAR Mercado de Derivativos no Brasil LION Octávio Manuel Bessada BARBEDO Claudio ARAÚJO Gustavo Editora Record Investindo em Opções como aumentar seu capital investindo com segurança HISSA Maurício Bastter Editora Elsevier CONCLUSÃO 145 Prezado estudante Fiquei muito feliz pela oportunidade de considerar com você os temas relativos à Gestão de Risco Este assunto deveria ser tema de debate em vários círculos tanto empresariais como no agronegócio sem dúvida as maiores locomotivas da economia brasileira Mas de fato não vemos isso acontecer É verdade que esse panorama tem se altera do nos últimos tempos mas temos ainda um longo caminho a trilhar Espero que você seja um agente promotor dessas mudanças Vamos relembrar os pontos altos do que vimos durante nossa consideração Na unidade I fomos apresentados à Gestão de Riscos Entendemos as principais classificações de riscos e o papel do gestor em aceitar os riscos inerentes ao seu negócio Essa unidade foi produtiva para nos cientificar que não há nenhum tipo de investi mento sem risco Mesmo investimentos tradicionais contêm certa medida de risco e os gestores ao invés de ignorálos devem ter uma visão estratégica de gerencia mento pensando em ferramentas para mitigálos Na unidade II identificamos as principais métricas ou medidas de quantificação de riscos Alguns desses instrumentos já são utilizados eficazmente há alguns anos Outros têm uma história mais recente e temse provado úteis em diversas situações É importante frisar mais uma vez que não há um único mecanismo que dê conta de todas as respostas de que o gestor necessita Por isso uma combinação destas ferramentas pode lhe ser útil na sua rotina de análise de riscos Na unidade III conseguimos discutir mais ferramentas de análise de riscos e tam bém vimos métodos para análise de investimentos A vida de um gestor não é fácil pois suas decisões envolvem recursos que geralmente são escassos para as empre sas Não se pode dar ao luxo de perder recursos importantes por falhas de análise de viabilidade de projetos Este é um risco bastante real Na unidade IV analisamos a questão da análise e concessão de crédito Lembrando que esta é uma função tão importante quanto as vendas Temos que saber vender saber entregar e saber receber O mercado disponibiliza ferramentas bastante in teressantes para análise de crédito mas nenhuma é 100 segura Sempre haverá fraudes ou tentativas de burlar os sistemas Fique atento treinese para não ser víti ma de oportunistas Finalmente na unidade V entramos no fantástico mundo dos mercados de deri vativos Muitas empresas entraram neste mercado puramente para especular mas sem o menor preparo para isso As consequências foram catastróficas Porém quem conhece estes mecanismos e aprende a utilizálos com critério não só protege suas posições como também tem a chance real de ser remunerado por isso Parece bom não é mesmo CONCLUSÃO CONCLUSÃO Percorremos um caminho longo alguns temas mais complexos mas tenho certeza de que todos esses conhecimentos lhe serão úteis para seu sucesso profissional Não há como admitir a atuação de um gestor financeiro que não domine minima mente estes fundamentos Evidentemente que o grau de aplicação dependerá do quanto você se interessará em aprofundarse nessas questões levantadas Mas tenho confiança em que você tem o perfil necessário para vencer estes desa fios Espero que os conhecimentos que abordamos aqui sejam úteis para você como foi para mim Úteis no sentido de contribuir para o seu desenvolvimento pessoal da construção coletiva do conhecimento de apontar novos caminhos e inspirações para que você siga uma carreira de sucesso As fases de nossa vida são marcadas por acontecimentos singulares como a ob tenção de uma educação superior o casamento ou nascimento de filhos e outras ocasiões memoráveis Espero que o conhecimento sobre gestão de riscos lhe seja proveitoso para preservar e aumentar o patrimônio do seu empreendimento seja como profissional contratado seja como empreendedor Faça diferença este é meu desejo para você Sucesso Professor Paulo REFERÊNCIAS 147 Derivativos financeiros Publicação da Gradual Investimentos Disponível em httpwwwgradualinvestimentoscombrpdfsMercado20Financeiropdf Acesso em 10 de maio de 2012 CROUHY Michel Gerenciamento de Riscos abordagem conceitual e prática uma visão integrada dos riscos de crédito operacional e de mercado Rio de Janeiro SE RASA 2004 DAMODARAN Aswarth Gestão Estratégica do risco uma referência para a toma da de riscos empresariais Porto Alegre Bookman 2009 DUARTE JUNIOR Antonio Marcos Gestão de Riscos para fundos de Investimen tos São Paulo Prentice Hall 2005 HULL John C Options Futures Other Derivatives 6th ed PrenticeHall Upper Saddle River 2006 789p JURINSKI J James Credit and Collections Barrons New York 1994 KLOECKNER Gilberto de Oliveira Derivativos UFRGS Porto Alegre 2007 LAMB Roberto KLOECKNER Gilberto de Oliveira Gestão de Riscos Pessoa Física e Jurídica UFRGS Porto Alegre 2006 RODRIGUES José Angelo Gestão de Risco Atuarial 1 ed São Paulo Saraiva 2008 SCHRICKEL Wolfgang Kurt Análise de Crédito Concessão e Gerência de Emprésti mos 5 ed São Paulo Atlas 2000 TOLEDO FILHO Jorge Ribeiro CARDOSO Amilton Fernando SANTOS Célio Corrêa Custo e benefícios dos derivativos agropecuários utilização de butterfly de put no incremento do resultado em contratos de café Revista Custos e gronegócio on line v 5 n 3 SetDez 2009 REFERÊNCIAS
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GESTÃO DE RISCOS Professor Me Paulo Pardo GRADUAÇÃO Unicesumar Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F Hey Coordenador de Conteúdo José Manoel da Costa Design Educacional Camila Zaguini Silva Fernando Henrique Mendes Nádila de Almeida Toledo Rossana Costa Giani Iconografia Isabela Soares Silva Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Thayla Daiany Guimarães Cripaldi Qualidade Textual Hellyery Agda Ana Paula da Silva Flaviana Bersan Santos Jaquelina Kutsunugi Keren Pardini Maria Fernanda Canova Vasconcelos Nayara Valenciano Rhaysa Ricci Correa Viviane Favaro Notari Ilustração Robson Yuiti Saito C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância PARDO Paulo Gestão de Riscos Paulo Pardo Reimpressão 2018 MaringáPr UniCesumar 2017 147 p Graduação EaD 1 Administração de riscos 2 Riscos 3 EaD I Título ISBN 9788580843668 CDD 22 ed 658152 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos A busca por tecnologia informação conhecimento de qualidade novas habilidades para liderança e so lução de problemas com eficiência tornouse uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho Cada um de nós tem uma grande responsabilida de as escolhas que fizermos por nós e pelos nos sos farão grande diferença no futuro Com essa visão o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros No cumprimento de sua missão promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária o Centro Universi tário Cesumar busca a integração do ensinopes quisaextensão com as demandas institucionais e sociais a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci ência social e política e por fim a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade Diante disso o Centro Universitário Cesumar al meja ser reconhecido como uma instituição uni versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa con solidação da extensão universitária qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância bemestar e satisfação da comunidade interna qualidade da gestão acadêmica e administrati va compromisso social de inclusão processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho como também pelo compromisso e relaciona mento permanente com os egressos incentivan do a educação continuada Groceries That Build Muscle Eggs Chicken breast Brown rice Oats Tuna Broccoli Peanut Butter Spinach Lean beef Yogurt Salmon Cottage cheese Turkey Sweet potatoes Almonds Quinoa Apples Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quan do investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequente mente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportunidades eou estabelecendo mudanças capa zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa tível com os desafios que surgem no mundo contem porâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó gica e encontramse integrados à proposta pedagó gica contribuindo no processo educacional comple mentando sua formação profissional desenvolvendo competências e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inse rilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproxi mação entre você e o conteúdo desta forma possi bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes soal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cres cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos peda gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi bilita Ou seja acesse regularmente o AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e en quetes assista às aulas ao vivo e participe das discus sões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranqui lidade e segurança sua trajetória acadêmica AUTOR Professor Me Paulo Pardo Doutorando em Engenharia da Produção pela Universidade Metodista de Piracicaba Mestrado em Administração pela Universidade Estadual de Londrina Atualmente é coordenador dos cursos de Gestão Pública e Negócios Imobiliários do Núcleo de Educação a Distância da Unicesumar Trabalhou na coordenação geral de polos de Educação a Distância da Unicesumar celebrando convênios de parceria entre polos e a IES bem como na gestão de relacionamento com os polos próprios e parceiros Trabalha na coordenação do projeto de pós graduação na Unicesumar É professor no CHSA Centro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da Unicesumar Centro Universitário Cesumar SEJA BEMVINDOA Caro acadêmico é com muito prazer que apresento a você o livro que fará parte da dis ciplina Gestão de Riscos Ao preparar este livro procurei analisar as principais preocupa ções e objetivos que um gestor principalmente da área financeira poderia ter na sua rotina diária que poderiam afetar os resultados das empresas em que atuam Reconheço que encontrar respostas não é fácil e exige uma dedicação focada para que aquilo que for decidido possa realmente ser a melhor decisão dentro das variáveis co nhecidas Muitas vezes outro problema apresentado é conhecer estas variáveis Por isso meu caro aluno acredito que este material lhe será muito útil A utilidade não virá apenas por te oferecer o conhecimento acadêmico necessário a sua formação mas também por te oferecer ferramentas que auxiliem nas suas atividades profissionais Mui to já se escreve sobre o assunto e muito do que já foi escrito se revelou imperfeito com o tempo Não tenho a pretensão de que este material esgote o assunto ou que ele não seja superado com o tempo com as diversas pesquisas e teorias que estão em curso mundo afora Porém espero que na nossa atual realidade de fato possa fazer diferença na sua vida profissional Na unidade I começamos por entender o conceito de risco No mundo das finanças alguns termos são importantes e precisamos conhecêlos para que ao estudarmos as ferramentas de análise e decisão saibamos exatamente do que estamos falando Você também conhecerá nesta unidade as principais classificações de risco geralmente utilizadas Na unidade II serão discutido metodologias de quantificação de risco utilizando mode los matemáticos e estatísticos Já na unidade III será apresentado o modelo Value at Risk uma metodologia que tenta analisar o risco máximo de um empreendimento financeiro Em nossa unidade IV apresentaremos a análise dos 5 Cs de crédito uma abordagem utilizada pelas instituições financeiras mas que pode ser implementada por empresas não financeiras E por fim na unidade V abordaremos técnicas de hedge isto é mecanismos de proteção ao risco Dessa forma utilizaremos conhecimentos aprendidos na disciplina mercado de capitais com o intuito de utilizar os derivativos como ferramenta para minimização dos impactos resultantes da incerteza do futuro Esperamos assim contribuir para possibilitar a transformação das ideias geradas duran te a vida acadêmica pessoal e profissional em oportunidades de sucesso e realização como verdadeiros empreendedores que vamos nos tornando a cada dia Bom estudo APRESENTAÇÃO GESTÃO DE RISCOS Pick three favorite gym workout supplements to daily carry with you If you choose just one which 1 2 3 SUMÁRIO 09 UNIDADE I CONHECENDO O RISCO 15 Introdução 15 Entendendo o Conceito de Risco 20 Classificação dos Riscos 27 Consequências da Aversão ou Aceitação de Riscos 32 Considerações Finais UNIDADE II MENSURANDO RISCOS 37 Introdução 37 Quantificando Riscos e Retornos 44 Cálculo de Medidas de Risco Através do DesvioPadrão 48 Riscos da Carteira 52 Mensurando o Risco e o Retorno com a Utilização do Modelo de Precificação de Ativos Financeiros CAPM 53 Risco de Carteira O Índice Beta 59 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE III VALUE AT RISK VAR 65 Introdução 66 Value At Risk VAR Mensurando a Perda Provável com Apenas um Indicador 74 Analisando Projetos Orçamentos sem Risco 79 Vantagens e Desvantagens do Método VPL 80 Taxa Interna e Retorno 82 Vantagens e Desvantagens do Método da TIR 84 Considerações Finais UNIDADE IV RISCO DE CRÉDITO 89 Introdução 90 O Crédito Principais Conceitos 91 Análise de Crédito Conceitos e Objetivos 98 Estrutura para Concessão de Crédito 99 O Estabelecimento de uma Política de Crédito 105 Os 4 CS do Crédito 108 Considerações Finais SUMÁRIO 11 UNIDADE V GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE 113 Introdução 114 Mercados Futuros 115 Derivativos Definições 121 Mecânica de Funcionamento dos Derivativos 127 Ajustes Diários 137 Cuidados com os Derivativos 141 Considerações Finais 145 CONCLUSÃO 147 REFERÊNCIAS There are Questions too What is the best strategy to gain muscle What are some easy ways to lose fat fast What is the safest way to lose weight What are the exercise benefits How to sculpt lean muscle How to build muscle fast How do I get a bigger chest How do I get a sixpack abs How do I gain weight Is breakfast the most important meal How can I improve exercise performance What are the best supplements for strength gains How do I build strength What are the best supplements for muscle What are the best exercise machines What is muscle endurance How do I reduce belly fat How do I stay motivated How long does it take to get in shape What are anabolic steroids Can cannabis affect muscle growth What is natural bodybuilding Can I build muscle and lose fat at the same time How do I start lifting weights How do I eat healthy What are protein bars What is creatine How do I eat healthy on a budget How often should I lift How do I avoid injury Is exercise safe while obese How do I get a home gym What are the best gym exercises What are the best gym clothes How do I stay motivated When can I expect results How do I avoid over training How do I find a gym What are the best vitamins How do I build muscle without weights How important is sleep How do I well UNIDADE I Professor Me Paulo Pardo CONHECENDO O RISCO Objetivos de Aprendizagem Compreender a definição de riscos Entender as diversas classificações de risco Conhecer as consequências da aversão ou aceitação de riscos Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Entendendo o conceito de risco Classificação dos riscos Consequências da aversão ou aceitação de riscos INTRODUÇÃO Caro a alunoa vamos iniciar esta primeira unidade estudando o conceito de risco e aprendendo como ele é classificado Você já deve ter percebido que o assunto risco está sempre sendo comentado entre as pessoas porém o seu conceito pode ser compreendido de várias formas Um dos conceitos aplicáveis ao risco encontrase na existência de situações que possam impedir o alcance dos objetivos corporativos ou a não existência de situações consideradas neces sárias para chegar a tais objetivos Considerase risco toda e qualquer inconformidade que venha a atrapalhar os objetivos anteriormente traçados a serem atingidos pela empresa O risco pode ser visto como a possibilidade de acontecimentos de eventos que nos afetem de forma negativa Essa visão negativa e predominante pois o risco representa um grau de incerteza em relação a possibilidade de ocorrência de um determinado evento o que ao acontecer normalmente incorre em prejuízos Nessa ótica o risco tornase a possibilidade de perda decorrente de um determinado evento Podese dizer que um cenário de risco é um fator existente e você terá que conviver com ele ou dito de outra forma não adianta você não querer correr risco pois ele existe Considerando isso o que você precisa e definir claramente o grau de risco que você está disposto a assumir para realizar um determinado projeto A esse risco que você tolera correr dáse o nome de riscobenefício conceito que expressa qual é o benefício gerado por esse risco Dessa maneira o conhecimento do risco e a sua tolerância a corrêlo é fundamental para o sucesso do projeto que é o conteúdo final da nossa unidade ENTENDENDO O CONCEITO DE RISCO Imagine que você vá fazer a viagem de seus sonhos num cruzeiro de navio que tem como roteiro paisagens magníficas e uma estrutura de lazer a bordo conce bida para proporcionar o maior prazer e satisfação aos passageiros 15 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 shutterstock CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I Essa viagem dos sonhos para aconte cer teve que ser planejada desde os aspectos econômicos até o deslocamento até o porto incluindo também a preparação da bagagem necessária e correta para a ocasião Tudo pla nejado executado o que poderia dar errado Muita coisa Pense que ao embarcar algum funcionário da empresa responsável pelo navio te designe uma cabine que não seja exatamente a que foi comprada por você no pacote de viagem Você protesta mas não há outra cabine disponível e não existe alternativa senão aceitar a cabine errada Quando o navio inicia a viagem você percebe que o roteiro que ele fará também não é o que foi combinado e ele não passará por uma rota tão esperada por você Começa a noite e o mar fica agi tado Você não tem costume com esse movimento e começa a passar mal Para concluir com chave de ouro os equipamentos do navio apresentam problemas e desviam a rota fazendo com que o navio encalhe num banco de areia Ninguém se fere seriamente mas a decepção e o transtorno são totais O que era para ser uma experiência inesquecível será mesmo só que pelos motivos não desejados Consegue perceber os riscos que você incorreu ao embarcar nesse navio Vamos lembrar 1 Risco de erro operacional por falha de alguém sua cabine não foi mar cada como devia 2 Risco de equipamentos o navio apresentou problemas de equipamentos que fez com que encalhasse num banco de areia Poderia ter consequên cias muito mais sérias não concorda 3 Risco de ambiente o movimento do navio fez com que você passasse mal estragando sua convivência no navio Poderíamos elencar outros mas neste exemplo tão pequeno pudemos enxergar situações que podem sim virar realidade Como prever isso E melhor o que pode ria ter sido feito para que estes eventos fossem minimizados ou não acontecessem 17 Entendendo o Conceito de Risco Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Independente de sua resposta nosso objetivo é mostrar que os riscos estão presentes o tempo todo em praticamente toda atividade humana Mas afinal de contas o que é risco A conceituação exata deste termo para nós gestores é muito importante Para fins organizacionais podemos definir risco como o grau de possibili dade de que um determinado evento ocorra e suas consequências Uma pergunta importante posso evitar totalmente o risco A resposta é relativamente simples é você quem decide Isso mesmo Pense no caso da via gem que mencionamos no início você poderia ter decidido não viajar Mas você planejou tanto abriria mão da viagem para não correr os riscos mencionados Provavelmente não Isto porque o risco poderia ou não ocorrer ele era uma pos sibilidade não uma certeza Mas quando você tomou sua decisão de viajar você assumiu o risco aceitou correr este risco Ou seja sua aversão ao risco não foi tão alta a ponto de impedir que você viajasse Estas considerações nos levam a uma conclusão óbvia aceitar ou não o risco é uma decisão a ser tomada e será aceita de acordo com o grau de aversão do decisor ao risco Avançando um pouco mais no conceito é evidente que alguns mecanismos de previsão são utilizados para mensurar a possibilidade de ocorrência de um risco Isto fica evidente no trabalho por exemplo das seguradoras Você acha que as seguradoras assumiriam um risco de terceiros dos seus clientes se não tivessem condições mínimas de prever estatisticamente a possibilidade de ocor rência do evento indesejado Então vamos pensar no conceito de risco que expressamos anteriormente falamos sobre o grau de possibilidade de que um evento ocorra Isto quer dizer basicamente que o evento pode ocorrer ou não Não há certeza lembrase Se não há certeza o contrário é verdade existe uma incerteza quanto ao evento O que é incerteza e o que tem a ver isso com risco Neste ponto há divergên cias entre os diversos autores sobre o assunto Alguns autores como por exemplo Rodrigues 2008 definem incerteza como a possibilidade de ocorrência de um evento sobre o qual o gestor não dispõe de informações suficientes e necessá rias para tomar alguma decisão Já outros como Duarte Júnior 2005 preferem a definição de que incertezas são eventos mensuráveis em determinadas situ ações e que risco neste caso seria apenas a medida numérica desta incerteza CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I Por conta desta indefinição que até hoje nos surpreende talvez possamos retroceder um pouco na história e ver o que um autor chamado Frank Knight disse em 1921 sobre a diferença entre risco e incerteza A incerteza precisa ser considerada com um sentido radicalmente dis tinto da noção comumente aceita de Risco da qual nunca foi adequa damente separada O aspecto essencial está no fato de risco signi ficar em alguns casos uma variável passível de ser medida enquanto em outros o termo não aceita esse atributo além disso há enormes e cruciais diferenças nas consequências desses fenômenos dependendo de qual dos dois esteja realmente presente e operante Está claro que uma incerteza mensurável ou o risco propriamente dito na acepção que utilizaremos é tão diferente de uma incerteza nãomensurável que não se trata de forma alguma de uma incerteza KNIGHT 1921 apud DAMODARAN 2008 p 23 Nessa definição de Knight citada acima percebese que a definição de risco associada à incerteza é bastante clara RISCO É A INCERTEZA QUANTIFICADA Tudo que não se possa quantificar ficará no campo da subjetividade portanto não passível de ser tratado gerencialmente pois o gestor precisa ter DADOS e FATOS para decidir Um exemplo muito simples disso são as apostas que fazíamos quando crian ças de jogar uma moeda e escolher qual seria o resultado provável que neste caso somente poderia ser um ou cara ou coroa Assim em um único lança mento da moeda as chances de nós ganharmos a aposta eram de exatos 50 Podíamos achar uma brincadeira divertida e na ocasião com certeza não tínha mos a menor noção de decisões estratégicas mas analisando a situação vemos que estava envolvido o risco pois é perfeitamente possível medir a possibilidade de ganho 50 São chances ruins porém estão mensuradas No entanto temos que avançar um pouco mais na definição de riscos pois como gestores almejamos maximizar os resultados para nossas empresas não é mesmo Assim modernamente falando não é apenas uma questão de saber mensurar o risco ou seja de conhecer as probabilidades de ocorrência Temos que saber também de forma antecipada as consequências da ocorrência Um exemplo disso seria a possibilidade de ocorrência de um terremoto Para uma seguradora por exemplo que oferece cobertura de perdas patrimoniais uma ocorrência desse tipo teria consequências tão catastróficas que poderia levála à prmiaorg 19 Entendendo o Conceito de Risco Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 insolvência O evento em si dependendo evidentemente da região para onde o seguro foi contratado teria que ser considerado de alto risco Precisamos entender que não é exatamente correto pensarmos sempre em risco associado a algo negativo embora seja esta nossa tendência natural Pense por exemplo no principal motivo que leva as pessoas a apostarem na Mega Sena todas as semanas Não é a possibilidade da ocorrência de um evento negativo muito pelo contrário é a possibilidade calculada matematicamente embora os apostadores não levem isso em consideração de que a pessoa fique rica Qual é a consequência do evento não se concretizar A perda do valor apostado Qual seria a consequência caso o evento ocorra Ah aí sim tudo se justifica pelo menos na mente dos apostadores pois o prêmio pela ocorrência seria altamente positivo ganhar muito dinheiro Então para nós gestores interessa demais essa noção pois no mundo finan ceiro o risco é definido em termos da variabilidade dos retornos observados de um investimento em comparação com o retorno esperado do investimento mesmo quando esses retornos representam resultados positivos DAMODARAN 2008 p 24 É interessante observarmos o ideograma chinês para risco Nesse ideograma duas ideias são expressas está contido nele a ideia de perigo associado à crise e ideia de oportunidade ou seja há uma distribuição tanto pelo lado de perdas como pelo lado das oportunidades Isto nos torna claro que a expo sição ao risco pode trazer em sua bagagem uma possibilidade maior de ganhos ou seja é expondose ao risco que podem surgir as verdadeiras oportunidades O fato é que desejamos não só entender as consequências do risco mas que remos também gerenciálos Isto nos leva à necessidade da Gestão de Riscos que de forma alguma pode ser vista como a função voltada para evitar riscos e sim como a função voltada para a tomada de decisões adequadas por meio do conhe cimento prévio dos riscos envolvidos considerados os retornos esperados É a função que considera a tolerância aos riscos e esses uma vez identificados com parados aos retornos esperados são conscientemente assumidos CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS Usualmente encontramos na literatura sobre o assunto um sistema de classifica ção de riscos que é universalmente utilizado Essa classificação parte de quatro pilares básicos que consideram as origens das incertezas associadas a cada um deles Vamos conhecêlos 1 Riscos de mercado 2 Riscos Operacionais 3 Riscos de Crédito 4 Riscos Legais RISCOS DE MERCADO Basicamente o risco de mercado está associado às possibilidades de ganhos ou perdas em ativos devido às oscilações de fatores de mercado como taxas de juros taxas de câmbio preços de ações e commodities entre outros Para exemplificar esse risco imagine um agricultor que tem sua colheita de soja prevista para março do ano seguinte O preço atual é atrativo e de acordo com o sentimento do agricultor esse preço pode ficar ainda melhor na época da colheita Ele não toma nenhuma providência para garantir o preço na época da colheita e quando esse período chega os preços internacionais caíram sig nificativamente Esta oscilação deveuse unicamente a fatores de mercado que contribuíram para o resultado final 21 Classificação dos Riscos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Algumas subáreas do risco de mercado RISCO DEFINIÇÃO Taxas de juros Perdas potenciais devido a variações inesperadas nas taxas de juros Taxas de câmbio Perdas potenciais devido a variações inesperadas nas taxas de câmbio Ações Perdas potenciais devido a variações inesperadas no preço das ações Commodities Perdas potenciais devido a variações inesperadas no preço das commodities Liquidez Perdas potenciais devido à impossibilidade de realização de posições venda ou financiamento no mercado Derivativos Perdas potenciais devido ao uso de derivativos para hedge ou especulação Hedge Perdas potenciais devido ao mau uso de derivativos para proteção Concentração Perdas potenciais devido a não diversificação de investi mentos Fonte baseado em Duarte Júnior 2008 RISCOS OPERACIONAIS Este tipo de risco está associado a possíveis perdas decorrentes de falhas em sistemas erros humanos falhas em controles que pudessem evitar ocorrências indesejáveis Podemos exemplificar este tipo de risco numa situação em que um cadas tro fosse registrado nos sistemas computacionais da empresa porém o número do CNPJ fosse registrado com erro O transtorno causado por esse erro seria importante O erro originouse de uma falha humana erro de digitação e foi consolidado por uma falha de sistema pois o programa de computador não tinha nenhum mecanismo de checagem da exatidão informação no momento da gravação dos dados CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I Algumas subáreas dos riscos operacionais RISCO DEFINIÇÃO Equipamento Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a falhas nos seus sistemas telefônicos elétricos computacionais etc Obsolescência Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido à obsolescência de seus sistemas de software de hardware telefônicos elétricos etc Confiabilidade e presteza Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido ao fato de as informações não serem recebidas processadas armazenadas e trans mitidas com rapidez e de forma confiável Erro não intencional Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a erros não intencionais negligência falta de concentração no trabalho falta de informação sobre os controles Internos etc Fraudes furtos ou roubos Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a fraudes furtos ou roubos negligência de controles internos divulgação intencio nal de informações erradas aos clientes manipulação de resultados aceitação de incentivos de clientes etc Qualificação Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a funcionários sem qualifica ção apropriada Produtos e serviços Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido ao nãoatendimento por produtos e serviços das expectativas e necessidades de seus clientes seja em produtos seja em serviços Regulamentação Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido ao fato de a regulamenta ção externa ser alterada e não poder ser atendida pela firma Liquidação finan ceira Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a falhas nos procedimentos Internos para liquidar transações shutterstock 23 Classificação dos Riscos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Modelagem Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido ao fato de os modelos matemáticos não serem adequadamente desenvolvidos e utilizados e seus resultados entendidos Imagem Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido à diminuição de reputação no mercado Concentração Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a negócios fundos de investimento clientes e serviços não adequadamente diversificados Sistêmico Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros devido a alterações substanciais no ambiente operacional Catástrofe Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de terceiros que não pode operar devido à ocorrência de catástrofes furacões enchentes terremo tos etc Fonte Duarte Júnior 2008 RISCOS DE CRÉDITO Este tipo de risco está associado à possibilidade do não pagamento de um valor previamente acordado Este valor pode ser apenas o capital somente dos juros ou o capital mais juros associados montante Poderia incluir também o não pagamento de qual quer outra obrigação assumida contratualmente Um exemplo claro desse tipo de risco poderia ser o caso de uma instituição financeira que concedeu um empréstimo a um cliente que chegado o dia do pagamento não honra o compromisso assumido No Brasil as elevadas taxas de inadimplên cia verificadas pelas instituições bancárias é uma prova de que este é um risco bem real e frequente CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I Algumas subáreas do risco de crédito RISCO DEFINIÇÃO INADIMPLÊNCIA Perdas potenciais decorrentes de uma contraparte não poder fazer os pagamentos devidos de juros ou princi pal no vencimento destes DEGRADAÇÃO Perdas potenciais devido ao rebaixamento do rating de uma contraparte GARANTIA Perdas potenciais devido à redução do valor de merca do das garantias de um empréstimo SOBERANO Perdas potenciais decorrentes de uma mudança na política nacional de um país que afete sua capacidade de honrar compromissos CONCENTRAÇÃO Perdas potenciais diante da concentração da exposição de crédito em poucas contrapartes Fonte Duarte Júnior 2008 RISCOS LEGAIS Este tipo de risco está associado à possibilidade de que os contratos assumi dos entre partes não se realizem Os motivos podem ser diversos como por exemplo uma situação de insolvência ou de quebra estrutural Outras situa ções que poderiam constituir este tipo de risco seriam por exemplo a violação da legislação vigente ou a redação ambígua de um contrato que poderia ense jar contestações judiciais Numa instituição financeira por exemplo poderia ocorrer uma situação em que os clientes perdessem recursos num fundo de investimentos e entrassem com uma ação na justiça contestando as condições do Termo de Adesão ao fundo 25 Classificação dos Riscos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Algumas subáreas do risco legal seriam RISCO DEFINIÇÃO LEGISLAÇÃO Perdas potenciais devido a penalidades impostas por regulamentação ou processos de clientes contra a em presa de administração de recursos de terceiros TRIBUTÁRIO Perdas potenciais decorrentes da criação de novos tributos ou mudança na interpretação dos tributos existentes CONTRATO Perdas potenciais decorrentes de contratos omissos ou mal redigidos sem o devido amparo legal Fonte Duarte Júnior 2008 O caso Orange County ilustra bem as con sequências de uma gestão de riscos de mercado insatisfatório Robert Citron administrador dos recursos da região do Orange County na Califórnia Estados Unidos alavancou uma carteira de investimento com valor de mercado de US75 bilhões para US20 bilhões por meio de instrumentos conhecidos como repurchase agreements Sua estratégia funcionou bem inicialmente Por esse motivo ele foi fortemente apoiado pelo Conselho de Investimentos Uma ilus tração de tal apoio foi a injeção de mais recursos aprovada em 1994 para buscar ganhos ainda maiores Outra foi o fato de um candidato que concorria à posição de administrador dos recursos da região naquele mesmo ano advertir que a estra tégia de Citron era muito arriscada e acabar não sendo eleito A estratégia de investimento tornouse perdedora quando as taxas de juros ele varamse repentinamente nos Estados Unidos e o fundo não foi mais capaz de honrar seus compromissos O fundo gerido por Citron foi levado ao colapso pela com binação de risco de taxas de juros com risco de liquidez No final após a liquidação da carteira as perdas totais somavam aproxi madamente US17 bilhão O caso Orange County oferece um exemplo interessante da importância de marcara mercado as posições O gestor Citron costumava relatar suas posições a valor de custo em vez de marcáIas a mercado Ele usava o argumento de que suas posi ções seriam levadas até o vencimento Essa foi a razão que levou o Comitê de Investi mentos a tolerar que as perdas atingissem aproximadamente US17 bilhões Também consistiu no motivo pelo qual os investidores declararam que foram enganados pelos res ponsáveis pelo gerenciamento da carteira Fonte DUARTE JÚNIOR 2008 pp 8 9 27 Consequências da Aversão ou Aceitação de Riscos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Agora que sabemos as principais definições de risco e as categorias normalmente utilizadas podemos considerar um pouco mais sobre as consequências da aver são ao risco na vida das pessoas e das organizações CONSEQUÊNCIAS DA AVERSÃO OU ACEITAÇÃO DE RISCOS No passado muitos pesquisadores principalmente do ramo da matemática ten taram explicar os mecanismos que fazem com que uma pessoa mediana comum aceite ou rejeite um determinado risco Muitas teorias foram propostas como a teoria da utilidade de Bernoulli que há mais de 300 anos disse que o valor de um item não pode ser baseado em seu preço mas na utili dade que gera O preço de um item depende apenas do objeto propria mente dito e é igual para todas as pessoas contudo a utilidade de pende das circunstâncias da pessoa em particular que faz a estimativa DAMORADAN 2008 p 30 Apesar de esta teoria ter sofrido críticas e contrapontos no decorrer do tempo é possível identificar que pelo menos a priori de fato as pessoas podem depen dendo de suas circunstâncias avaliar um determinado bem objeto ou qualquer outra coisa pelo princípio do benefício que isto pode gerar a elas A questão é como isso afeta as decisões nos quais as pessoas se envolvem principalmente no nosso caso as que se relacionam com investimentos Damodaran 2008 elenca as implicações desta aversão ao risco nas decisões de investimento de uma pessoa conforme Quadro abaixo CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I PERSPECTIVA IMPACTO Alocação de ativos A alocação de ativos entre diferentes classes de investimento depende basicamente do grau de aversão ao risco do investi dor Investidores menos avessos ao risco colocam uma propor ção maior de suas carteiras em ativos de maior risco Exemplos de algumas classes de investimento são ações títulos de renda fixa e imóveis Isso implicaria em investidores menos avessos ao risco terem mais investimentos em ações do que aqueles com maior aversão e em investidores mais avessos ao risco não se distanciarem demais da classe de ativos mais segura que apresentem menor possibilidade de perdas como é o caso da poupança fundos de renda fixa Tesouro Direto imóveis entre outros Seleção de ativos Dentro de cada classe de ativos temos de escolher em quais investir Uma vez tomada a decisão de distribuir proporções específicas de uma carteira entre ações e títulos de renda fixa o investidor tem de decidir em quais ações e títulos investirá Essa decisão é muitas vezes tornada menos complexa pela existência de fundos de investimentos de diversos tipos desde especializados por setor e fundos diversificados de índices até os fundos de renda fixa Os investidores menos avessos ao risco podem distribuir uma maior parcela de seus investimen tos de participação acionária em ações e fundos de maior risco ainda que paguem o preço do menor grau de diversificação Avaliação do desempenho Os julgamentos sobre a possibilidade de investimentos passa dos em títulos individuais terem proporcionado retornos ra zoáveis e portanto terem sido bons investimentos dependerá de como o investidor mensura o risco e de qual é o balanço em termos de risco e retorno que este investidor exige Fonte baseado em Damoradan 2008 p 45 Vamos transportar a mesma condição para as empresas Estes entes jurídicos para competir e sobreviver no mercado precisam ter a mesma posição de julga mento de investimentos de uma pessoa física comum Seus gestores portanto deverão analisar até que ponto as estratégias empresariais admitem a assunção de um risco qualquer Da mesma forma que fizemos no caso de pessoas físicas vamos analisar algumas decisões empresariais quanto aos riscos envolvidos 29 Consequências da Aversão ou Aceitação de Riscos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 PERSPECTIVA IMPACTO Decisões de investimento Poucos investimentos feitos por uma empresa oferecem garantia de retorno Na verdade quase todo investimento vem acompanhado de uma série de riscos alguns dos quais são específicos à empresa e ao setor enquanto outros são riscos macroeconômicos Temos de decidir se investiremos nesses projetos dados os riscos e nossas expectativas para os fluxos de caixa Decisões de financiamento Quando determinamos o quanto de dívidas e o quanto de capital próprio devemos empregar no financiamento de um negócio temos de confrontar questões fundamentais sobre risco e retorno mais uma vez Em termos mais específicos incorrer em empréstimos para financiar um negócio pode aumentar tanto a probabilidade de lucro para os acionistas quanto aumentar a probabilidade de prejuízos e assim expor a empresa ao risco de quebra A maneira como vemos esse risco e suas consequências definirá o valor das dívidas Decisões de dividendos À medida que o dinheiro passa a retomar dos investi mentos existentes deparamonos com a possibilidade de direcionar uma parte dele aos proprietários do negócio ou de mantêIo no caixa da empresa Um dos motivos para manter saldos de caixa é atender às contingências futuras uma queda nas atividades ou a necessidade de novos in vestimentos A quantia que decidimos manter como saldo de caixa será determinada pela maneira como percebemos o risco associado a essas contingências Fonte baseado em Damoradan 2008 pp 45 46 Diversos estudos foram realizados para tentar provar as diferenças em aceitar os riscos entre homens e mulheres entre jovens e idosos entre novatos e expe rientes entre outros Os resultados são sempre contestados e em decorrência disto não vale a pena gastarmos tempo considerando estes detalhes O fato é que independente da formação gênero experiência ou outra característica qualquer quando o investimento possui um risco acima do que o investidor seja pessoa física ou jurídica está habituado caso este investidor aceite assumir o risco ele certa mente exigirá um prêmio uma compensação por tomar esta decisão Este é um conceito importante pois explica muitas coisas relacionadas às decisões que são tomadas numa empresa aceitar ou não um investimento seja CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I financeiro seja nos processos empresariais depende da recompensa ou seja da compensação ou prêmio que se obterá A história e o desenvolvimento da análise de risco já têm séculos de existência No esquema cronológico abaixo você terá uma visão geral de como ocorreu este desenvolvimento Alguns tópicos serão objeto de nosso estudo ao longo deste livro d 31 Consequências da Aversão ou Aceitação de Riscos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Sharpe e Lintner introduzem o ativo sem risco e demonstram que combinações deste ativo com uma carteira de mercado incluindo todos os ativos negociados são as combinações ideias para todos os investidores Nasceo CAPM Modelos de risco e retorno baseados em alternativas à distribuição normal distribuições da lei de potências assimétricas e de processos com saltos Usando argumentos de não arbitragem Ross desenvolve o modelo de precipitação por arbitragem múltiplos fatores de risco de mercado são obtidos com dados históricos As variáveis macroeconômicas são examinadas como possíveis fatores do risco de mercado levando aos modelos multifatoriais Fama e French examinando a relação entre retornos sobre ações e fatores específicos a uma empresa concluem que a capitalização de mercado e o índice valor patrimonialpreço representam melhor o risco do que a beta ou os betas A Standard Statistics Bureau a Moodys e a Fitch passam a classificar títulos de dívidas de empresas por meio de informações contáveis Markowitz lança as bases para a diversificação e gera carteiras eficientes para diferentes níveis de risco 1909 1915 Classificação do risco de títulos e de ações 1952 1964 A variância é adicionada às carteiras 1960 Beta do mercado 1976 Betas de fatores 1986 Betas macroeconômicos Proxies 1992 Fonte Damodaran 2008 p 99 CONHECENDO O RISCO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I CONSIDERAÇÕES FINAIS Para concluir esse estudo vamos relembrar os principais aspectos discutidos na unidade I Esta unidade foi muito útil para nos situarmos quanto às definições de risco con forme entendidas pela literatura moderna É muito importante que você saiba que dependendo do aspecto econômico e administrativo que você esteja tra tando as definições podem ser ligeiramente diferentes Por exemplo caso você esteja considerando aspectos de risco relacionados à indústria de seguros certos termos e definições são próprios da área porém a essência basicamente é a mesma Portanto é perfeitamente possível entender as implicações da Gestão de Risco para qualquer organização utilizando os conhe cimentos que você adquiriu até agora Vale ressaltar também o papel de alguns estudos teóricos sobre risco alguns já com centenas de anos Ao tirar das deidades o destino sobre suas decisões e encarálas como fruto do livre arbítrio o ser humano pode lidar melhor com as incertezas sabendo que a possibilidade de ocorrência se deve a fatores naturais mas na maior parte das vezes devese as suas próprias escolhas Esta ideia de escolha é importante demais para nós gestores Só se associa ao risco quem quer Não é uma contingência do destino É evidente que alguns riscos que assumimos em nossas empresas ao exercer nosso papel podem pare cer ter sido assumidos por falta de opção Isto não é inteiramente verdade Se o planejamento estratégico da empresa tivesse sido formulado de outra forma a situação de ter apenas uma opção não teria acontecido Vimos também na unidade I que existem certas classificações de risco que são inerentes a determinadas condições e variáveis Dependendo do nosso ramo de negócio estas classificações têm um peso enorme nas decisões a serem tomadas Agora na unidade II veremos como mensurar riscos Isto será uma impor tante ferramenta para a tomada de decisão por parte dos gestores Bons estudos Professor Paulo Pardo 33 1 Estudamos nesta unidade que o risco é a possibilidade de que um evento pos sa acontecer Isso quer dizer que ele pode ocorrer ou não Como não há uma certeza podemos dizer que existe uma incerteza quanto ao evento Isto posto discorra sobre risco e incerteza 2 Podemos dizer que é o mecanismo que serve para proteger operações financei ras que são expostas a uma alta taxa de volatilidade isto é estão em constante variação de preço Essa proteção é feita a partir de uma estratégia de definição do preço futuro de uma ação ou outro ativo tomando como base os preços e as cotações atuais do mercado Qual é o mecanismo de proteção apresentado acima aCommodities bAções cHedge dConcentração eDerivativos 3 Diariamente as empresas precisam tomar decisões como por exemplo ampliar o negócio trocar o maquinário construção de uma sede própria etc A falta de controles gerenciais podem provocar um desajuste financeiro levando algumas vezes à sua falência As decisões empresariais precisam ser tomadas a partir de um bom planejamento e informações confiáveis a fim de que os problemas se jam minimizados e evitando transtornos futuros A partir do texto acima sobre as decisões empresariais discorra sobre as deci sões de investimento financiamento e dividendos MATERIAL COMPLEMENTAR No link abaixo você encontrará um espaço de discussão sobre gestão de riscos com opinião de interessados e especialistas no assunto httpwwwvirtuecombrblog Gestão de Riscos para fundos de Investimentos DUARTE JUNIOR Antonio Marcos Editora Prentice Hall Gestão Estratégica do risco uma referência para a tomada de riscos empresariais DAMODARAN Aswarth Editora Bookman UNIDADE II Professor Me Paulo Pardo MENSURANDO RISCOS Objetivos de Aprendizagem Identificar as medidas de quantificação de riscos e retornos Conhecer os riscos de carteira Analisar os índices Beta e o CAPM para mensurar riscos e retornos Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Quantificando riscos e retornos Cálculo de medidas de risco através do desviopadrão Riscos da Carteira Mensurando o risco e o retorno com a utilização do modelo de precificação de ativos financeiros CAPM Risco de Carteira o Índice Beta INTRODUÇÃO Conforme vimos na unidade I o conceito de risco está presente em nossas vidas e em particular na vida dos gestores principalmente da área de finanças Não há como negar dependendo das decisões que tomamos podemos ter resulta dos muito positivos para nossas organizações O contrário também é verdade Dentro desta realidade é importante resgatar o conceito de risco que vimos podemos considerar o risco como a INCERTEZA QUANTIFICADA Esta quan tificação nada mais é do que uma métrica uma medida pela qual os gestores avaliam se o grau de risco apresentado por determinada decisão financeira vale mesmo a pena pelos retornos aguardados Então o que precisamos agora é entender estas métricas e verificar como elas podem nos auxiliar a tomar boas decisões em finanças Nesta consideração vamos revisitar alguns conceitos matemáticos e estatísticos que são utilizados para representação do riscoretorno Bons estudos Prof Paulo Pardo QUANTIFICANDO RISCOS E RETORNOS O que consideramos no início se recorrermos a um recurso matemático por exemplo um gráfico a expectativa do gestor poderia ser assim representada Risco Linha de riscoretorno y3 y1 Retornos esperados 0 x1 x2 y2 Fonte GROPPELLI NIKBAKHT 2002 p 60 37 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Ficou claro não é mesmo Apenas por este gráfico comprovamos que assumir riscos maiores necessariamente deve vir acompanhado de maiores retornos espe rados Outra decisão que não seja esta não faz sentido financeiramente falando Então qual é a métrica que mede o risco Basicamente o principal indica dor é a VOLATILIDADE Por volatilidade entenda que se refere ao número de flutuações que podem ocorrer com uma série de números se desviando de uma média representativa do conjunto Não se assuste com este conceito Basta lem brar alguns fundamentos de estatística muito simples Imaginemos uma série de números como 1 2 3 Neste caso a média é 2 Na série 1 3 5 a média é 3 Qual seria a série mais volátil Com certeza é a segunda Por quê Porque os números extremos 1 e 5 estão mais distantes da média que é 3 Ao avaliarmos um risco é essa volatilidade que buscamos Quanto maior a volatilidade o nível de risco será consequentemente maior Vamos pensar em outra variável que impacta o risco significativamente Esta variável é o prazo O dinheiro tem valor no tempo e uma verdade é que o dinheiro hoje vale mais para um investidor do que no futuro Ele pode perfei tamente utilizar este dinheiro para algum propósito agora mesmo O futuro é incerto Tudo pode acontecer Pense no caso de o investidor decidir emprestar esse recurso que ele poderia utilizar agora para alguém que faz a promessa de retornar o recurso no futuro com juros O risco está presente por exemplo na possibilidade de o empréstimo não ser pago E quanto maior o prazo maior a incerteza pois vários percalços podem acometer o devedor Dessa forma é razo ável esperar que os investidores devam ser adequadamente recompensados para aceitarem assumir o risco de aplicar o dinheiro que têm disponível no presente De acordo com Groppelli e Nikbakht 2002 a premissa é que o futuro sempre é mais arriscado do que o presente Assim aumento de aportes num investimento implica em aumento do risco portanto os investidores certamente desejarão uma recompensa maior por assumir esse risco extra Em resumo a taxa de retorno requerida taxa de desconto aumenta com o aumento do risco de aplicar mais fundos em um ativo que promete um retorno futuro GROPPELLI NIKBACHT 2002 p 60 Considerando isso as duas grandezas que sempre serão medidas são o RISCO e o RETORNO 39 Quantificando Riscos e Retornos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Retorno ao buscarmos saber o RETORNO de um projeto o ideal é que tenhamos o máximo de informações possível No entanto na vida real nem sempre isso acontece Então o que fazer Os analistas indicam que no caso de ausência de informações podemos utilizar informações aproximadas de outros projetos semelhantes mesmo que sejam de outra empresa Tome o caso por exemplo de uma empresa que pensa em um projeto visando aumentar seus lucros por consequência distribuir maiores dividendos aos seus acionistas Como fazer este cálculo sem informações Existe especificamente para este caso uma fórmula comumente utilizada que é expressa assim RETORNO ESPERADO dividendovalorização do capital valor da ação no período t1 Ou expresso matematicamente ficaria assim RETORNO ESPERADO P t 1 Dt Pt P t 1 Em que Dt dividendos do ano corrente Pt preço da ação no ano corrente Pt 1 preço da ação no ano anterior t período de tempo Vamos utilizar esta fórmula para conferirmos como ficaria uma situação hipo tética em que o dividendo Dt é igual a 1 o preço da ação no período anterior Pt 1 era 10 e o preço atual Pt é 11 conforme exemplo de Groppelli e Nikbakht 2002 Temos então Taxa deRetorno 10 1 11 10 020 u seja20 o h MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Se você achou o exemplo acima um pouco complicado saiba que se você racio cinar num investimento em ações passo a passo a lógica é bastante simples Veja um exemplo do que quero dizer com isso Considere que o investidor A adquira 1000 ações da empresa DELTA no iní cio do ano a 40 por ação O investimento total deste investidor é Co 40 x 1000 40000 Ao longo do ano a empresa DELTA pagou 200 de dividendo por ação Durante o ano o rendimento teria sido de Div 2 1000 2000 Imaginemos que no final do ano o preço de mercado da ação seja 4300 Com esse preço por ação aumentado o investidor teve um ganho de capital de Ganho 43 40 1000 3000 O ganho de capital é parte do retorno que os acionistas requerem para man ter seu investimento Assim o retorno total sobre o investimento é a soma do dividendo com o ganho de capital Retorno 2000 3000 5000 O volume total de dinheiro ao final do ano seria o investimento inicial mais o retorno total Volume total de dinheiro 40000 5000 45000 Poderíamos representar esta situação num gráfico de fluxo de caixa como o abaixo Investimento inicial 40000 45000 2000 3000 Dividendos ganhos Valor ganho no mercado 41 Quantificando Riscos e Retornos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 É perfeitamente possível transformar estes ganhos em percentuais até para medirmos o retorno sobre o valor investido inicialmente e compararmos com outros investimentos cujos retornos também são informados em percentual Outras considerações podem ser feitas utilizando esta situação como por exemplo o fato de que os retornos históricos poderem sofrer variações relacio nadas com momentos de prosperidade ou recessão econômica mas não vamos considerar estas possibilidades no momento Risco conforme vimos anteriormente o risco pode ser medido em relação a sua volatilidade ou seja seu desvio da média em relação a resultados espera dos As possibilidades de ganhos maiores estão atreladas à exposição maior ao risco lembrase Assim para analisarmos o risco teremos que fazer isso sob duas perspec tivas a do nível de risco e a do risco do prazo Neste ponto é importante que tenhamos claro que o dinheiro tem valor no tempo e que as entradas desses recursos na empresa fluxos de caixa gerados pelo investimento e que se rea lizarão no futuro precisam ser consideradas agora no presente Para se saber o quanto desses recursos entrará na empresa ou seja qual será o fluxo de caixa considerados a valor presente temos que estimar em primeiro lugar o grau de risco desse projeto também chamado nesta situação de taxa de desconto E em segundo lugar uma vez que esses fluxos de caixa são gerados durante um número de anos futuros devemos levar em conta também o valor do dinheiro no tempo Nível de Risco uma forma de estimarmos o nível de risco de um projeto é comparálo com outro Um exemplo seria comparar o risco associado a um investimento em ações numa empresa de grande porte com o de uma empresa iniciante Geralmente as empresas de grande porte têm mais condições de se capitalizar via empréstimos ou em lançamentos de novas ações ou debêntures Já uma empresa iniciante pode ter um excelente potencial no entanto sua pouca atuação no mercado pode dificultar ou encarecer a captação de recursos para sua atividade Dizendo de outra forma a empresa de grande porte apresentaria um risco mais baixo portanto os eventuais recursos que necessitaria tomar tam bém seriam em condições mais favoráveis ao contrário da empresa iniciante Investidores interessados nas duas empresas certamente exigiriam uma taxa de retorno menor na empresa que oferece menos risco em relação à que oferece um MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II risco superior Ao calcular um projeto considerando as duas opções certamente a possibilidade de perdas na empresa de grande porte seria menor o que a torna uma opção atrativa ao mercado Neste cálculo portanto é mais fácil prever os retornos da grande empresa se comparado com a empresa iniciante Daí conclu ímos que a volatilidade da grande empresa ou seja o desvio em relação à média esperada também é menor se comparada a outra empresa ainda desconhecida Risco do prazo aqui novamente resgatamos a ideia de que o tempo pode afetar substancialmente um investimento Quanto mais tempo um recurso fica aplicado num projeto mais tempo ele fica exposto ao risco Costumase dizer que o risco é uma função crescente do prazo Como afirmam Groppelli e Nikbakht 2002 caso o investimento não tenha chance de perda e seja realizado por perí odo muito curto pode ser considerado livre de risco Em contrapartida caso um período mais longo de tempo seja considerado um prêmio ou compensação deve ser pago aos credores por assumirem um prazo mais arriscado Na prática para calcularmos o risco total por somarmos uma parcela do que seria um investimento considerado livre de risco com o prêmio exigido pelo projeto ficaria assim numa fórmula simples entretanto o procedimento usual é dividir o risco total em taxa livre de risco e prêmio pelo risco Risco total Taxa livre de risco Prêmio pelo risco É sempre bom considerarmos essa taxa livre de risco pois ela nos dá uma referência do custo de oportunidade de um projeto Seria a opção em que o inves tidor não correria teoricamente nenhum risco sobre seus investimentos Daí somamos com o prêmio pelo risco que é a diferença a ser obtida evidente mente positiva para o investidor animarse a entrar neste projeto Mesmo em investimentos de risco baixo como os papéis do Tesouro é preciso considerar o fator tempo pois títulos de longo prazo devem pagar um prêmio pelo risco visto que os ativos ficarão sob risco por mais tempo 43 Quantificando Riscos e Retornos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Veja o exemplo abaixo conforme nos traz Groppelli e Nikbakht 2002 Volatididade dos retornos para as companhias A e B Nota As Companhias A e B têm a mesma escala percentual de retornos e VE valor esperado Companhia A VE VE Retornos Retornos Tempo Tempo Companhia B Fonte GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 65 Na figura acima temos dois projetos sendo considerados da Companhia A e o da Companhia B Observe que o gráfico nos demonstra uma média de retornos esperados numa escala de tempo É possível percebermos claramente onde há mais desvios volatilidade em relação à média a Companhia A tem essa carac terística Portanto não que não se possa investir num projeto da Companhia A mas certamente os investidores exigirão um prêmio maior para fazêlo Analise agora a tabela abaixo PAPEL PRAZO DE RESGATE TAXA LIVRE DE RISCO PRÊMIO PELO RISCO RISCO TOTAL LTN 90 dias 5 0 5 NTN 1 ano 5 2 7 Obrigações do tesouro 20 anos 5 4 9 Debêntures de empresas 20 anos 5 5 10 Fonte baseado em GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 66 Nessa tabela temos demonstrado o comparativo entre diversos projetos de investimento e o impacto do prazo de resgate sobre o prêmio de risco e por con sequência no risco total do projeto Com esse quadro demonstrativo o investidor poderá tomar sua decisão sopesado a relação custobenefício ou expectativa de retorno que almeja MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II CÁLCULO DE MEDIDAS DE RISCO ATRAVÉS DO DESVIOPADRÃO Você se lembra de suas aulinhas de estatística Vamos aplicar alguns daqueles conhecimentos em situações diferentes de opções de projetos A ideia básica nunca se afastará da regra já conhecida e estudada por nós quanto mais pró ximo o desvio em relação à média melhor Assim considere a seguinte tabela em que apresentamos duas opções de projetos SITUAÇÃO PROVÁVEL RETORNO PROJETADO K PESO OU PROBABILIDADE P RETORNO PROVÁVEL K X P Projeto A Pessimista 100 020 20 Mais provável 333 060 200 Otimista 500 020 100 100 Er 320 Projeto B Pessimista 80 025 20 Mais provável 300 050 150 Otimista 600 025 150 100 Er 320 Fonte GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 66 Na tabela acima temos uma situação hipotética de avaliação entre dois proje tos Considere que o retorno esperado símbolo Er seja idêntico para ambos Por meio de um procedimento subjetivo buscouse saber os cenários futuros com as chances percentuais de realização Assim perceba que na coluna Peso ou Probabilidade p temos atribuídos diferentes percepções de cenário sendo que no projeto A por exemplo a situação mais provável tem peso 060 ou seja 60 de chances de ocorrência Outro detalhe importante lembrase do conceito estatístico de amplitude Nada mais é do que subtrairmos os extremos de uma amostra Assim no projeto A temos uma amplitude de 400 500 100 enquanto no projeto B temos uma amplitude de 520 600 80 Conclusão a volatilidade do projeto A é menor do que no projeto B Então significa dizer que o risco do projeto A quando comparado ao projeto B é menor Neste ponto podemos iniciar a consideração de mais uma maneira de avaliarmos o risco de um projeto que é sua medida do desviopadrão Utilizando a Tabela na qual analisamos dois projetos A e B temos condições de analisar mais alguns aspectos importantes Conforme já vimos uma forma de se medir o risco de um ativo é calcular os desvios dos retornos em relação a um retorno esperado Na Tabela que consideremos acima os retornos esperados são idênticos 320 porém há uma maior dispersão em relação à média no projeto B sendo portanto o que é considerado mais arriscado Na condição de que todos os valores tenham uma distribuição normal ou seja que os retornos distribuamse igualmente quanto ao retorno esperado tornase possível medir a volatilidade dos retornos para cada projeto tornando assim seus riscos comparáveis Tomese em primeiro lugar o projeto A A seguir subtraímos cada retorno projetado 100 333 e 500 de sua média K de 320 Elevamos os valores obtidos ao quadrado para eliminar o problema do sinal negativo Considerando um contexto de incertezas atribuímos probabilidades a cada desvio para se obter um único valor representativo a que chamaremos de variância Ao extrairmos a raiz quadrada da variância encontramos o desviopadrão O desviopadrão é representado pela letra grega SIGMA σ A fórmula é esta Desvio padrão σ t1 a N K KPi Onde N número de observações t períodos de tempo k retornos esperados Pi probabilidade dos retornos K retornos reais MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Veja na Tabela abaixo como ficaria o cálculo do desviopadrão da forma como foi proposto acima i k k k k k k2 Piprobabilidades k k2 Pi 1 100 320 220 48400 020 9680 2 333 320 13 169 060 101 3 500 320 180 32400 020 6480 Variância 16261 Fonte GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 66 Pela regra faremos o seguinte extrairemos a raiz quadrada da variância que no nosso exemplo é 16261 O resultado será 128 que é nada mais do que nosso desviopadrão desse projeto Se fizermos o mesmo com o projeto B verificare mos que o desvio padrão será de 185 Após obtidos esses desviospadrão dos dois projetos basta comparálos entre si Considerando uma distribuição normal as distribuições que ficarem mais próximas da média ou seja do valor esperado terão mais chances de serem verdadeiras Se utilizarmos um gráfico visualmente fica ainda mais fácil de entender essa lógica Veja a mesma situação demonstrada na Tabela representada graficamente Distribuição para o Projeto A Distribuição para o Projeto B Retorno esperado Probabilidades Fonte GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 68 47 Cálculo de Medidas de Risco Através do DesvioPadrão Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Observe neste gráfico que quanto mais estreitas as distribuições mais próximas à média elas ficarão se comparadas a distribuições mais amplas No nosso caso as distribuições do Projeto A são mais estreitas enquanto que as do Projeto B são mais amplas Em finanças é estatisticamente aceitável supor que as distribuições de probabilidade tenham uma forma de sino porque tal hipótese facilita o cálculo dos resultados esperados Por exemplo os estatísticos descobri ram que em casos envolvendo distribuições normais podese esperar que 68 dos resultados ou retornos caiam dentro do intervalo de mais ou menos um desviopadrão No exemplo precedente quando subtra ímos ou adicionamos um desviopadrão 128 do retorno esperado de 320 o resultado será um intervalo entre 192 e 448 Esse intervalo indica que de cada 100 resultados esperados 68 deles cairão no intervalo de 192 a 448 Quando são usados dois desviospadrão 256 praticamen te todos os valores da distribuição ou 95 deverão cair no intervalo de 64 a 576 O procedimento aceito trabalha com um desviopadrão GROPPELLI NIKBAKHT 2002 p 68 Vamos considerar outra situação hipotética o que aconteceria se o retorno espe rado de um projeto fosse diferente do retorno esperado de outro projeto Nesta situação as medidas absolutas fornecidas pelo desviopadrão não seriam suficien tes para comparar os projetos O que fazer então A resolução deste problema está em determinar o risco de um projeto em relação ao seu retorno esperado Essa métrica é conhecida por coeficiente de variação ou índice de balancea mento entre risco e retorno Apresentamos a fórmula de cálculo desse índice Coeficiente de Variação CV Retornos esperados Desvios padrão dos retornos K v Na nossa situação analisada dos projetos A e B podemos comparálos entre si utilizando seus CV respectivos A situação ficaria assim CV do Projeto A 320 128 040 CV do Projeto B 320 185 058 FONTEhttpwwwigfcombraprendeglossariogloRespas pxid574 Acesso em 07 maio 2012 MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II A que conclusão chegamos após essa comparação Que quando os coeficien tes de variação destes projetos são comparados quanto menor o CV melhor o projeto sob o aspecto da compensação entre risco e retorno No nosso exemplo ficou evidente que o Projeto A é o melhor investimento porque mesmo tendo o mesmo retorno esperado tem menor risco que o Projeto B Em resumo o Projeto A é melhor que o Projeto B RISCOS DA CARTEIRA Até agora analisamos o comparativo entre projetos individuais Já pode parecer bastante complicada essa análise mas as análises não param por aí Ainda temos que considerar uma situação bastante comum no mundo das finanças que é a avaliação de carteiras Por carteira entendese o conjunto de investimentos que um gestor admi nistra Ou em outras palavras Muitas vezes usado apenas como carteira este termo descreve um grupo de investimentos que o investidor possui ou que compõe o fun do de investimento Uma carteira de investimentos pode ser composta de vários instrumentos financeiros ex ações títulos de renda fixa etc No caso da indústria de fundos de investimentos quando se usa o ter mo carteira se refere ao conjunto de aplicações financeiras nas quais o gestor aplica os recursos captados pelo fundo É responsabilidade do gestor administrar esta carteira tentando sempre otimizar seu retorno para um dado risco aceito pelos investidores através da compra e ven da de ativos financeiros Conjunto de ativos financeiros pertencentes a uma pessoa ou empresa A carteira de um investidor é o conjunto de todos os tipos de investimentos que ele possui A carteira de um ope rador de bolsas de valores ou de um fundo de investimento é o conjun to de todos os títulos papéis ou valores que são objeto de negociação 49 Riscos da Carteira Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 O desafio para o gestor é equilibrar ou equalizar o risco total da carteira levando em consideração que cada ativo que a compõe tem que ser tomado individual mente Ao compor a carteira o objetivo é buscar dividir o risco entre os vários ativos ou títulos possibilitando a redução do risco total Que estratégias podem ser utilizadas neste caso De acordo com Groppelli e Nikbakht 2002 isso pode ser feito de duas formas A primeira é a diversificação pela adição de mais títulos na carteira e a segunda procurar títulos cujos retornos movimentamse diferentemente dos retornos dos títulos ativos já existentes na carteira Dito de forma simples é temperar a carteira com ativos e títulos que tenham um comportamento de risco com movimento contrário ao da própria carteira Esta estratégia pode redu zir o risco Qual risco O risco diversificável Isto porque o risco total de uma carteira é dado pela somatória de dois componentes o risco diversificável e o risco não diversificável Mas o que é risco diversificável Parcela de risco de um investimento que é inerente ao próprio inves timento No caso de uma ação ou debênture de uma empresa são os riscos inerentes a esta empresa que não afetam o desempenho de ou tras empresas Os investidores procuram eliminar ou reduzir tais riscos por meio da diversificação dos investimentos daí sua denominação Extraído de httpwwwigfcombraprendeglossariogloRespas pxid2669 Acesso em 07 maio 2012 E risco não diversificável Parcela de risco de um investimento que afeta todas as empresas não sendo específico de uma empresa Fatores como guerras infla ção e incidentes internacionais compõem o risco não diversificável que não pode ser reduzido ou eliminado por meio da diversificação Extraído de httpwwwigfcombraprendeglossariogloRespas pxid2671 Acesso em 07 maio 2012 A fórmula fica assim Risco total Risco diversificável Risco não diversificável Representando graficamente esta situação teríamos o seguinte MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Risco total Risco diversifcável Risco nãodiversifcável Número de ativos Fonte GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 71 Esta estratégia de inserir ativos na carteira para calibrar o risco diversificável fica anulada caso sejam inseridos mais ativos com as mesmas características de risco dos ativos que compunham a carteira originalmente Para maximizar os resultados os gestores de fundos de investimento por exemplo buscam apimentar as carteiras de perfil mais moderado com ativos de renda variável de risco mais elevado porém com potencial de retorno maior É claro que essas estratégias devem ser muito bem planejadas e geralmente o são com o auxílio de modelos computacionais para que não tirem as características do conservadorismo da carteira fator que atraiu os investidores originalmente 51 A REVOLUÇÃO DE MARKOWITZ A crença de que a diversificação era bené fica aos investidores já estava em voga bem antes de Harry Markowitz abordála em 1952 De fato a Financial Review of Reviews de 1909 usava correlações entre títulos para defender o argumento de que os investi dores deveriam dividir suas apostas e de que uma carteira diversificada ofereceria menos riscos do que o investimento em um único título sem implicar em retornos diferentes Contudo Markowitz alterou a maneira como pensamos sobre riscos ao vincular o risco presente em uma carteira aos comovimentos entre os ativos indivi duais naquela carteira Como jovem estudante de pósgraduação na Universidade de Chicago na década de 1940 Harry Markowitz foi influenciado pelo trabalho de von Neumann Friedman e Savage sobre a incerteza Ao descrever como teve a idéia que deu início à moderna teoria de carteiras Markowitz explica que ele estava lendo Theory of Investment Value de John Burr William o livro que pela pri meira vez trouxe a noção de que o valor de uma ação é o valor presente de seus divi dendos esperados Ele observou que se o valor de uma ação fosse o valor presente de seus dividendos esperados e se o investidor estivesse concentrado em apenas maximi zar seus retornos ele investiria na ação que tivesse os maiores dividendos esperados Isso ia claramente contra a prática e a teo ria em voga na época que recomendavam investimentos em carteiras diversificadas Markowitz argumentou que os investidores precisam diversificar porque se preocupam com riscos e portanto o risco presente em uma carteira diversificada precisa ser menor do que aquele dos títulos individuais que compõem a carteira A idéiachave que apresentou foi a de que a variância dos retornos de uma carteira poderia ser des crita como função não apenas do quanto foi investido em cada título e das variân cias dos títulos vistos individualmente como também da correlação entre estes Ao relacionar de forma explícita a variân cia em uma carteira às covariâncias entre títulos individuais Markowitz não se limitou a dar forma concreta ao que fora sabedo ria convencional por décadas Ele também formulou um processo pelo qual os inves tidores poderiam otimizar a diversificação de suas carteiras isto é carteiras que maxi mizam retornos dado um nível qualquer de risco ou minimizam riscos dado um nível qualquer de retorno Em sua tese Markowitz encontrou o conjunto de car teiras otimizadas para diferentes níveis de risco e chamouo de fronteira eficiente Ele refinou o processo em livro posterior que escreveu enquanto trabalhava na RAND Corporation Fonte DAMODARAN 2008 p 87 MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II MENSURANDO O RISCO E O RETORNO COM A UTILIZAÇÃO DO MODELO DE PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS FINANCEIROS CAPM Após o trabalho iniciado por Harry Markowitz outros economistas trabalharam no modelo como foi o caso de John Lintner Jack Treynor e Bill Sharpe o que resultou no desenvolvimento de um modelo de precificação de ativos que ficou conhecido como CAPM Modelo de Precificação de Ativos Financeiros sigla em inglês para Capital Asset Pricing Model A estratégia adotada por Sharpe e Lintner foi acrescentar um ativo sem risco ao mix da carteira o que os levou a concluir que havia alternativa melhor para investidores a cada nível de risco provocada pela inserção deste ativo sem risco em uma carteira extremamente diversificada Por meio desta técnica conseguemse maiores retornos espera dos para cada nível de risco se comparados a uma carteira única de vários ativos com risco DAMODARAN 2008 O CAPM começa por dividir o risco em duas partes principais ris co diversificável e risco nãodiversificável A premissa é que existe um relacionamento estreito entre os retornos dos títulos individuais e os retornos do mercado Esses retornos para uma determinada ação ou para o mercado consistem em ganhos de capital mais o retorno dos dividendos A comunidade acadêmica estabeleceu que o mercado de ações é um veículo altamente eficiente devido à rápida assimilação de toda a informação disponível GROPPELLI NIKBAKHT 2002 p 74 Assim como vimos no caso do risco de carteiras o modelo CAPM também divide o risco em duas partes principais risco diversificável e risco não diversi ficável Partese da ideia que existe um relacionamento estreito entre os retornos dos títulos individuais e os retornos do mercado Quando falamos em retorno referimonos aos ganhos de capital mais o retorno dos dividendos considerando uma ação individual ou o mercado Então ao conhecer a volatilidade do mercado temos um denominador comum para a avaliação dos graus de risco dos diversos ativos e títulos individu ais Comparase então o grau de sensibilidade dos retornos de uma determinada ação com os retornos de mercado Conforme Groppelli e Nikbakht 2002 caso shutterstock 53 Risco de Carteira O Índice Beta Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 os retornos de uma ação subam ou desçam mais que os retornos do mercado dizemos que essa ação é mais arriscada que o mercado Quando os retornos de uma ação sobem ou descem menos que o mercado dizse que tal ação é menos arriscada que o mercado A regra é portanto classificar os riscos de diferentes títulos por relacionálos ao índice comum do mercado RISCO DE CARTEIRA O ÍNDICE BETA Ao considerarmos risco de carteiras não podemos esquecernos de mencionar a medida de risco conhecida como beta Todo título contribui na sua devida medida para o risco sistemático de uma carteira Essa medida é calculada pelo índice Beta A fórmula para isso é Beta i M M s s 2 Um investimento qualquer é comparado à chamada carteira de mercado O que é carteira de mercado De acordo com Lamb e Kloeckner 2006 carteira de mercado é uma car teira que contém todos os ativos de mercado nas suas respectivas proporções Por definição a carteira de mercado tem um Beta 1 porque o Beta mede a contribuição do risco de um ativo para o risco de mercado Assim é lógico dizer que a contribuição da carteira de mercado para o risco de mercado é ela mesma no caso o número 1 Nesta lógica o ativo sem risco justa mente por ser sem risco em nada contribui para o risco da carteira de mercado Assim o seu Beta é igual a 0 zero β 0 Considerado isso todos os demais ati vos do mercado por definição têm beta 0 β 0 MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II Em resumo as definições são Ativos sem risco β 0 Carteira de mercado β 1 Graficamente representaríamos assim Beta é a medida do risco sistemático de um ativo R βeta β 0 β 1 Fonte Lamb e Kloeckner 2006 p44 O conceito de Beta é o fundamento do modelo CAPM No gráfico acima percebemos que qualquer ativo com risco só pode estar em duas posições ou abaixo do risco de mercado Beta 1 porém acima dos ativos sem risco Beta 0 ou acima do risco de mercado ou seja o ativo com parado terá Beta 1 No Brasil utilizaríamos o Beta comparando com um índice de mercado como o IBOVESPA Imagine uma ação qualquer comparada com o IBOVESPA Se ela tiver um comportamento de preço exatamente igual ao Ibovespa podemos afirmar que ela tem Beta 1 Se o preço desta ação variar abaixo do Ibovespa mantendo porém o mesmo sentido o seu Beta será menor do que Um Beta 1 Por outro lado caso o preço da ação varie mais que o Ibovespa mas no mesmo sentido seu Beta será maior do que Um Beta1 Não é tão difícil não é mesmo Vamos ver mais um exemplo dado por Lamb e Kloeckner 2006 Sendo 0145 a taxa livre de risco 18 o retorno do mercado e 12 o beta da ação calcular pelo modelo CAPM o retorno esperado da ação shutterstock 55 Risco de Carteira O Índice Beta Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Em que R Retorno Esperado Rf Taxa livre de risco Β Beta da ação RM Prêmio pelo risco de mercado Esta mesma lógica pode ser utilizada para calcular o retorno esperado de um projeto numa empresa por exemplo o que muito nos interessa O problema é saber o Beta da empresa para utilizarmos na fórmula As empre sas de capital fechado têm esse problema de forma mais evidente pois não têm ações em bolsa que possam ser comparadas com um índice de mercado como o MENSURANDO RISCOS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II IBOVESPA desta forma estabelecendo se seu Beta Então o que pode ser feito Uma recomendação é utilizar para comparação um Beta de outra empresa do mesmo ramo de atividade e que tenha ações com cotação em bolsa Isso pode funcionar dando uma ideia do retorno esperado para os investidores da empresa Outra consideração importante a ser feita diz respeito ao ramo de atividade da empresa Alguns ramos de atividade têm variações cíclicas relacionadas a fatores diversos como sazonalidades de seus produtos ou são muito sensíveis a crises econômicas Isso deve ser levado em consideração ao se estabelecer um Beta para este tipo de empresa É evidente também que calcular a viabilidade de um projeto não está apenas relacionado aos retornos esperados É necessário planejar também alguns fatores reais como incentivos governamentais recrutamento e seleção disponibilidade de mão de obra e uma série de outros elementos Todas estas considerações devem ser feitas antes de nos aventurarmos numa nova empreitada 57 CASE CALCULANDO O BETA DE UMA EMPRESA A empresa Teleview de capital fechado deseja apurar seu coeficiente Beta e seu custo de capital próprio Para isso considerando que tratase de uma empresa de capital fe chado buscouse no mercado uma empresa de capital aberto de mesma atividade e com ações negociadas na Bovespa DADOS PARA TAXA DE DESCONTO DA EMPRESA TELEVIEW Taxas de retorno Índice Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Taxa de retorno livre de risco Rf 101 102 103 115 Taxa de retorno da em presa de capital aberto Rs 20 2 30 20 Taxa de retorno da cartei ra de mercado Rm 25 20 15 25 Como fazer Para elaborar os cálculos solicitados acima devem seguirse os passos abaixo 1 Calcular o retorno da empresa ou do ativo 2 Calcular a diferença entre taxa de retorno e o retorno médio determinado da etapa anterior 3 Multiplicar a diferença calculada para o retorno da empresa pela diferença obtida para o retorno do mercado 4 Calcular o quadrado das diferenças obtidas para o retorno de mercado 5 Somar os valores contidos nas colunas anteriores 6 Calcular o coeficiente BETA que é o quociente entre o total da das somatórias entre o item 4 e 5 7 Calcular o custo de capital próprio da TELEVIEW O que concluímos neste caso prático Utilizar o custo de capital de uma empresa de capital aberto para uma empresa de capital fechado apresenta uma proximidade razoável O custo de capital próprio de uma empresa de capital fechado é muito próximo de uma empresa de capital aberto dentro do seu setor considerando a sua necessidade de estrutura de produção e comercialização No entanto é importante observar que em determinados casos o risco pode ser maior por não demonstrar claramente o risco da empresa em questão gerando a necessidade de simular em patamares maiores É mais aconselhável utilizar a mais recente taxa de retorno livre de risco e a taxa de retomo de mercado por ser a que mais se aproxima da realidade atual SOLUÇÃO DO CASO PRÁTICO 1 2 3 4 5 6 7 Ano Taxa de retorno da empresa Diferença en tre o retorno e a média dos retornos da empresa Taxa de retorno de car teira de mercado Diferença entre o retorno e média de re tornos para a Carteira de mercado Produto entre as di ferenças da empresa e a diferença da carteira de mercado Quadra do das diferenças de retorno para carteira de mercado Rs Rs Rs Rm Rm Rm 3 x 5 62 1 020 028 025 024 0067 006 2 002 006 020 019 0011 004 3 030 022 015 016 0036 003 4 020 012 025 026 0032 007 Médias 008 001 Totais 0145 0187 Beta 0145 077592 Fonte Tobias e Cavalcante Considerando a taxa de retorno livre de risco no último ano como a mais provável e pró xima da realidade atual teremos o seguinte custo de capital próprio Rs Fonte Tobias e Cavalcante disponível em wwwexpresstrainingcombr Acesso em 07 maio 2012 Rs Rf Beta Rm Rf Rf 115 077592 25 115 2197 Índice Beta Taxa de retorno do mercado último ano Taxa Livre de Risco ùltimo ano Rs Rf Beta Rm Rf Rf 115 077592 25 115 2197 Índice Beta Taxa de retorno do mercado último ano Taxa Livre de Risco ùltimo ano 0187 59 Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta Unidade tivemos a oportunidade de conhecer muitas ferramentas rela cionadas à gestão de riscos Algumas numa primeira abordagem poderão ter assustado alguns iniciantes pois parecem mais complexas do que realmente são Na verdade meu caro aluno se fosse fácil todos fariam não é verdade No entanto também não são tão difíceis a ponto de nos paralisar e assustados não aproveitarmos de suas potencialidades Evidentemente nesta Unidade não pre tendia esgotar o assunto sobre estas ferramentas Minha intenção foi apresentálas a você que agora para que você possa realmente fazer a diferença precisa bus car mais informações casos práticos de aplicação e tentar implantar um desses modelos no seu dia a dia Ao fazer isso você estará de fato nadando contra a maré pois como disse a maioria não usa Pode ser também que no início você encontre tantas dificuldades que seja tentado a fazer o mais cômodo abandonar a ideia Resista a isso e exercite seus novos conhecimentos Só assim você será um gestor que tem um profundo conhecimento sobre o assunto e poderá ser reconhecido pelas suas habilidades e competências Muito sucesso Professor Paulo Pardo 1 A situação dos empreendedores frente à gestão de riscos não é nada fácil A maioria não tem a menor noção das ferramentas para avaliação de projetos e acaba por cometer uma série de erros que podem comprometer o sucesso da empreitada Pesquise na Internet sobre a qualificação dos nossos empreendedo res em relação às ferramentas de avaliação de risco Qual o panorama geral dos empreendedores brasileiros em relação à Gestão de Riscos 2 A mensuração de riscos deveria fazer parte da rotina dos administradores Po rém fazer este gerenciamento sem as ferramentas necessárias pode ser bem di fícil Pesquise sobre a disponibilidade de ferramentas informatizadas de gestão de riscos principalmente quanto ao cálculo de índices de riscoretorno Quais ferramentas você encontrou É possível conhecer o custo da implantação destas ferramentas Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR A História do Mercado de Capitais o impacto da ciência e da tecnologia nos investimentos BERNSTEIN Peter L Editora Elsevier Fundamentos da Gestão De Risco CROUHY Michel GALAI Dan MARK Robert M Editora Qualitymark Métodos para análise de viabilidade de projetos Ao se deparar com estes e outros tipos de gastos a empresa deve analisar os projetos de forma que os resultados possíveis são realização rejeição ou abandono Para que estas decisões sejam tomadas diversos métodos são muito úteis ao gestor Alguns dos mais utilizados são o VPL Valor Presente Líquido e a TIR Taxa Interna de Retorno Esses métodos são interessantes pois levam em consideração o valor do dinheiro no tempo Vamos analisálos a partir de agora Antes porém gostaria de informálo que esses métodos têm disciplina própria na sua formação pelo EAD que é a disciplina de Análise de Projetos Portanto ao estudar essa disciplina você terá oportunidade de aprofundarse mais sobre o assunto O VPL Valor Presente Líquido Para se calcular o Valor Presente Líquido de um projeto precisamos calcular o valor presente dos Fluxos de Caixa previstos para o futuro Para isso utilizamos uma taxa de desconto e diminuímos do valor do investimento A fórmula é dada a seguir Em que FC Fluxos de Caixa projetados para t períodos no futuro K Taxa de desconto exigida Io Investimento necessário antes do início do projeto Para se determinar se um projeto é ou não viável a regra é bastante simples VPL 0 projeto é viável VPL 0 projeto não é viável Vamos considerar um exemplo Lamb e Kloeckner 2006 p 182 nos trazem o seguinte exemplo uma empresa decide comprar um equipamento que lhe proporcionará economia de serviços terceirizados que hoje é responsável por uma parte do processo produtivo O investimento nesse equipamento é de R1000000 Sabese que a economia com UNIDADE III Professor Me Paulo Pardo VALUE AT RISK VAR Objetivos de Aprendizagem Apresentar os conceitos do Value at Risk VaR Discutir os métodos para análise de projetos Conhecer os métodos para análise de viabilidade de projetos Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Value at Risk Var mensurando a perda provável com apenas um indicador Analisando Projetos orçamentos sem risco Métodos para análise de viabilidade de projetos O VPL Valor Presente Líquido Taxa Interna de Retorno No text detected in image INTRODUÇÃO Quanto eu posso perder neste investimento Esta é a pergunta que não quer calar Na verdade acredito que a pergunta correta a ser feita seja outra quanto eu suporto perder caso ocorra de fato uma perda Essa dúvida cruel passa na mente de 10 entre 10 investidores No entanto ela tira o sono de quem por não ter experiêncianas operações de compra e venda de ativos financeiros inicia no mercado e com certeza passa também na mente dos gestores financeiros pois eles respondem perante uma diretoria sobre os resultados obtidos com os recursos das empresas Então qual é a resposta A tentativa de responder a isso criou ao longo dos anos diversas teorias financeiras que buscam dar ao menos um norte para as decisões de investimento Nos últimos anos ganhou popularidade uma técnica que vamos aqui demonstrar o Valeu at Risk VaR Nesta unidade vamos conhecer um pouco desta ferramenta verificar suas utilidades e contradições É claro que o uso de qualquer modelo de apuração de risco tem suas imperfeições algumas que não podem ser ignorados Então encare assim o VaR apesar de muito utilizado não é de forma alguma uma panaceia para todas as dores de cabeça financeiras que você terá É apenas mais uma fer ramenta que deve ser por sinal utilizada com muito cuidado 65 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III VALUE AT RISK VAR MENSURANDO A PERDA PROVÁVEL COM APENAS UM INDICADOR Dito de forma bastante simplificada podemos definir o VaR como um nível de confiança que o investidor pode ter em relação a uma carteira de ativos Imaginemos uma situação em que o investimento seja de R100 milhões por exemplo Qual é a pergunta a ser feita Lembrase da pergunta proposta no início quanto eu suporto perder caso ocorra de fato uma perda Aqui cabe a mesmíssima pergunta Para respondêla Hull 2006 p 435 afirma que o cálculo de VaR tem o obje tivo de permitir formular uma afirmação com uma estrutura da forma Temos X de certeza de que não perderemos mais do que V nos próximos N dias O que podemos entender desta afirmação De acordo com Lamb e Kloecnker 2006 identificamos o V como o VaR da carteira X como o nível de confiança e N como o horizonte de tempo Seria como se afirmássemos que a nossa estimativa de perda diária máxima de uma carteira num nível de confiança de 95 fosse de R100 milhões Estaríamos afirmando que o VaR a 95 para um dia é de R100 milhões Dito de outra forma teríamos 95 de certeza de que as eventuais perdas nas condições vigen tes de mercado no horizonte de tempo de um dia seriam de no máximo R100 milhões Assim e é importante frisar isso o VaR é um número que expressa nível de confiança e não um limite máximo de perdas Hull opcit ainda diria Temos 95 de certeza de que não perderemos mais do que R100 milhões até amanhã Para melhor compreensão do que isso significa devemos ter claramente dado o fator tempo Sim porque se temos por exemplo o tempo dado em dias dizer que temos 95 de certeza significa que num período de 100 dias ou 100 do tempo em 95 dias temos a certeza de que nossa perda máxima seria de R100 milhões usando o valor do exemplo acima Se tomássemos um período menor por exemplo 20 dias teríamos 19 dias ou seja 95 do tempo em que a perda máxima seria de R100 milhões e apenas 1 dia em que a perda poderia ser maior do que esse valor Essas informações são importantes caso desejássemos com parar a carteira com um nível de confiança diferente ou um período diferente 67 Value At Risk Var Mensurando a Perda Provável com Apenas um Indicador Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Dentro desse raciocínio vamos imaginar por exemplo uma empresa qual quer que tenha o VaR de 100 milhões mas agora com nível de confiança de 99 Essa empresa teria 99 de probabilidades de sofrer uma perda de até 100 milhões mas agora num intervalo de até 100 dias de negócios Para esta empresa em somente 1 de 100 dias de negócios poderá ocorrer uma perda superior a 100 milhões Embora o VaR possa ser utilizado por organizações em geral sua utilização ganhou força entre os bancos justamente para medir sua exposição ao risco uma vez que essas instituições geram recursos de terceiros além de trabalha rem com a alavancagem permitida pelo Banco Central embora este conceito não seja exclusividade dos bancos brasileiros e sim uma tendência do sistema financeiro mundial Mais uma importante informação o VaR analisa o intervalo de confiança de uma carteira específica dentro de um intervalo de tempo determinado Então só faz sentido compararmos o VaR de uma carteira com outro da mesma carteira alterandose por exemplo o nível de confiança ou o próprio intervalo de tempo O VaR não se presta para comparações entre carteiras diferentes shutterstock UMA BREVE HISTÓRIA DO VALUE AT RISK VAR Apesar de o termo valor em risco não ter sido amplamente usado até o início da década de 1990 as origens dessa medida estão em um passado um tanto mais dis tante A matemática por trás do VaR foi em grande parte desenvolvida no contexto de carteiras por Harry Markowitz e outros autores ainda que seus esforços tenham sido direcionados a uma finalidade dife rente a concepção de carteiras ótimas para investidores em ações Particularmente o foco nos riscos de mercado e os efeitos dos comovimentos desses riscos são aspectos cruciais à maneira como o VaR é calculado O VaR portanto é um número associado a um nível de confiança e não um limite máximo de perdas O limite máximo de perda em uma posição será de 100 da carteira ou mais dependendo do compro metimento do detentor da posição com a cobertura de perdas Isto pode ocorrer em mercados de derivativos O incentivo ao uso do VaR surgiu com as diferentes crises que envolveram as instituições financeiras ao longo dos anos e as reações da esfera reguladora a essas crises As primeiras exi gências de capital impostas aos bancos com finalidade reguladora foram promul gadas em seqüência à Grande Depressão e às falências dos bancos na época quando a Lei do Mercado de Capitais de 1934 criou a Comissão de Valores Mobiliários dos Esta dos Unidos SEC e exigiu que os bancos mantivessem seus empréstimos abaixo de 2000 de seu capital próprio Nas décadas 69 que se seguiram os bancos conceberam medidas do risco e mecanismos de con trole para garantir a observância dessas exigências de capital com o aumento no risco decorrente do câmbio flutuante a par tir do início da década de 1970 e com a chegada dos mercados de derivativos as exigências de capital foram redefinidas e expandidas na Uniform Net Capital Rule UNCR da SEC promulgada em 1975 A UNCR classificou os ativos financeiros dos bancos em 12 categorias de risco e impôs diferentes exigências de capital a cada uma com base no seu risco e que variavam de 0 para títulos do Tesouro de curto prazo a 30 para ações Os bancos passaram a ter de relatar seus cálculos de capital em balanços trimestrais os chamados rela tórios FOCUS Financial and Operating Combined Uniform Single Reports Contudo as primeiras medidas regulado ras que lembram o VaR foram iniciadas em 1980 quando a SEC atrelou as exigências de capital de instituições financeiras às per das em que poderiam incorrer com 95 de confiança em um período de 30 dias em diferentes classes de valores mobiliá rios Os retornos históricos eram usados para calcular as perdas prováveis Embora as medidas fossem descritas como provi são para perdas e não como valor ou capital em risco fica claro que na época a SEC já estava exigindo que as instituições finan ceiras adotassem o processo de estimar os VaRs de 95 para um mês e mantivessem capital suficiente para cobrir as prováveis perdas Quase na mesma época as carteiras negociadas por bancos comerciais e de investimento estavam se tornando cada vez maiores e mais voláteis gerando a necessidade por medidas de controle mais sofisticadas e atualizadas Ken Garbade do Bankers Trust em documentos internos de 1986 apresentou medidas sofisticadas para o VaR de carteiras de renda fixa do banco com base na covariância dos rendimentos de títulos com diferentes vencimentos No início da década de 1990 muitas institui ções financeiras já haviam desenvolvido medidas rudimentares para o VaR com ampla variação nas maneiras como era aferido Em sequência aos inúmeros e desastrosos prejuízos associados ao uso de derivativos e de alavancagem entre 1993 e 1995 que culminaram com a falência do Barings o banco de investimentos da Grã Bretanha as empresas estavam prontas para medidas de risco mais abrangentes Em 1995 o J P Morgan disponibilizou o acesso aos dados sobre variâncias e cova riâncias entre várias classes de valores mobiliários e de ativos que vinham sendo usados internamente pelo banco para a gestão de riscos já por quase uma década e permitiu que desenvolvedores de software concebessem um programa de mensura ção desses riscos A empresa o chamou de RiskMetrics e adotou o termo valor em risco para descrever a medida do risco gerada pelos dados A medida encontrou a acei tação imediata de bancos comerciais e de investimentos sob a supervisão de agên cias reguladoras que acolheram o apelo intuitivo do VaR Na última década o VaR ganhou a condição de medida consolidada de exposição ao risco em instituições finan ceiras e inclusive começou a ter aceitação em empresas nãofinanceiras Fonte DAMODARAN 2008 p 206 207 VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III Pela forma de cálculo do VaR é importante trazer para qualquer nível de comparação a mesma grandeza de tempo utilizada A forma de fazer isso não detalharemos neste momento Porém para auxiliálo quando necessitar fazer esta transformação de tempo dias em semanas anos em dias etc a Tabela abaixo lhe será extremamente útil DADO O VAR OBTER O VAR DIÁRIO SEMANAL QUINZENAL ANUAL Diário 1 10 5 223 10 3162 252 1587 Semanal 15 04472 1 10 2 144 52 7211 Quinzenal 1110 00953 12 0707 1 10 26 5099 Anual 1252 0063 152 01386 120 10 1 10 Os dados da tabela consideram 1 semana 5 dias úteis 1 quizena 10 dias utéis 1 ano 252 dias úteis 1 ano 52 semanas 1 ano 26 quinzenas Fonte Lamb e Kloeckner 2006 p 50 Ficou fácil não é mesmo Basta você saber o VaR considerado e verificar na coluna o VaR correspondente ao novo período O QUE É PRECISO SABER SOBRE O VAR No escopo de uma disciplina de Gestão de Risco é importante saber que o VaR é uma medida de confiança aos investidores Todos desejam saber o quanto podem perder e as probabilidades de que isso aconteça O VaR pode dar um norte para essas respostas As formas de apuração do VaR exigem cálculos estatísticos mais aprofunda dos que o espaço e a proposta desta unidade não comportariam O que fazer Neste caso se você achou que as considerações que fizemos até agora são impor tantes recomendo que você faça novas investidas buscando exercitar técnicas estatísticas como desviopadrão variância e covariância entre outras e busque na literatura recomendo algumas ao final desta unidade para que você possa se aprofundar nos meandros desse coeficiente 71 Value At Risk Var Mensurando a Perda Provável com Apenas um Indicador Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 As críticas ao Modelo Value at Risk VaR Embora amplamente utilizadas pelas instituições financeiras que medem suas posições para conhecer sua exposição ao risco várias críticas são feitas à abor dagem do VaR Entre essas estão o foco limitado de sua atuação por considerar apenas pos sibilidades de perdas e não de ganhos Embora isso seja importante é evidente que o enfoque é para proteção e não para aumento de retornos Também é cri ticado o horizonte de tempo em razão de sua maior utilização ser para curto prazo Isto talvez se justifique em decorrência das instituições financeiras maiores usuárias do coeficiente terem que realizar operações de hedge para suas posi ções e isso é feito em base diária Porém horizontes mais longos de tempo são raramente considerados Outro detalhe importante embora consideremos a perda máxima do total investido algumas perdas possíveis não vão tão longe É preciso saber sempre a significância do coeficiente pois é muito diferente saber que a probabilidade pode ser de 5 ou de 50 Os riscos são muito diferentes neste caso É preciso saber então se quando a perda ocorrer qual é de fato o máximo de perda possível Para ilustrar isso veja o seguinte caso envolvendo o cálculo do VaR para a BOVESPA CÁLCULO DO VAR PARA A BOVESPA A Bovespa procurou determinar o VaR de seus ativos observando o comportamento de preços num intervalo de tempo Nesse estudo foi avaliado o período de 2 de janeiro de 1998 a 16 de junho de 2000 com 609 eventos diários os pregões Primeiro foram registradas as variações diárias para cada um dos 609 dias em relação ao dia anterior Numa segunda etapa foram con tadas quantas vezes cada variação positiva e negativa ocorreu no período Em seguida foi feita uma classificação Foram observadas por exemplo no perí odo 4 variações negativas superiores a 10 Nenhuma variação negativa entre 920 e 10 2 variações negativas entre 9 e 920 1 variação negativa entre 880 e 9 e assim por diante O próximo passo consistiu em definir um nível de significância para a partir dele chegar ao VaR desse indicador Vamos supor que se queira fixar o nível de signi ficância em 99 Será calculado quanto é 1 do total de eventos e posteriormente identificado em qual variação negativa esse novo número de eventos é verificado No exemplo o total de eventos é 609 e 1 fica entre 6 e 7 vamos considerar 7 Na clas sificação ver exemplo anterior quando ocorrem os 7 maiores resultados negati vos verificamos que o sétimo se refere à variação diária de 880 Esse é o VaR do Ibovespa para o nível de significância de 99 Neste caso não foi dado peso maior para os dados mais recentes para evitar que o exemplo ficasse muito complexo Um problema que surge nessa avaliação estatística do fundo de investimento é que para níveis de significância alto como 99 a curva gráfica não descreve o risco com tanta precisão quanto se desejaria A precisão é maior para níveis de signifi cância menores Além disso para encontrar o efetivo risco incorrido pelo fundo seria melhor calcular o risco dos ativos que fazem parte da carteira em vez de considerar as cotas pois as variações das cotas passadas podem representar uma carteira sem risco por conta de ausência de alavancagem o que pode divergir bastante da carteira de hoje Outro ponto é que o VaR é calculado com dados do passado para projetar o futuro e quando o futuro tem pouca correla ção com o passado as previsões podem falhar Finalmente convém salientar que o VaR é sensível a bruscas movimentações podendo oscilar bastante de um dia para o outro 73 Por exemplo o cálculo do VaR do Ibovespa para o período de 22 de dezembro de 1999 a 16 de junho de 2000 com nível de significân cia de 95 é de 3 o risco de o Ibovespa cair 3 ou mais estava limitado a 5 dos even tos Caso o Ibovespa tivesse caído 1680 no dia 16 em vez de 083 como ocorreu o VaR subiria para 844 Mesmo uma recupe ração do Ibovespa no dia seguinte não faria o VaR retornar para o nível de 3 Continuando o exemplo se no dia 15 o Ibovespa tivesse caído 1561 e no dia 16 subido 1597 recuperandose o VaR subiria para 926 Portanto concluise que se por um lado o VaR é uma medida de risco bastante inte ressante pois ilustra a perda máxima a ser incorrida por outro lado ele deve ser sem pre bem compreendido para que não seja exigido dele uma segurança uma previ são de perda máxima efetiva que ele não pode propiciar Nesse contexto existem hoje outras ferramentas que complemen tam o VaR tornando a análise de risco mais completa e eficiente Fonte Miguel Russo disponível em httpwwwrisktechcombrPDFsvarpdf Acesso em 08 maio 2012 VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III as medidas do VaR contemplam apenas uma pequena parcela do ris co que um ativo está exposto ao mesmo tempo em que um expressivo volume de informações valiosas presentes na distribuição é ignorado Ainda que a avaliação do VaR esteja correta e que a probabilidade de perder mais de 100 milhões seja menor do que 5 não faria sentido conhecermos o maior prejuízo possível naquela catastrófica faixa com menos de 5 de probabilidade Antes de mais nada faz diferença saber se a nossa maior perda possível seria de 1 bilhão ou de 150 milhões O VaR está mais próximo da estimativa do cenário de pior caso do que das abordagens de identificação e avaliação do risco mais completas e abrangentes DAMODARAN 2008 p 224 ANALISANDO PROJETOS ORÇAMENTOS SEM RISCO As decisões relacionadas a investimentos não se restringem apenas a investimen tos no mercado financeiro ou de capitais Muitos empreendedores precisam tomar decisões de investimento o tempo todo alguns de valores muito expressivos Se você estiver numa situação como essa o que poderia lhe auxiliar a tomar boas decisões Em primeiro lugar vamos analisar brevemente o que motiva os investimentos nas empresas Via de regra podemos dizer que em organizações com fins lucrativos investimentos sempre têm como objetivo final o aumento da satisfação dos proprietários da empresa desta forma sempre têm impacto sobre o nível das despesas de operação eou sobre as receitas geradas pela empresa ABREU p 17 apud LAMB KLOECKNER 2006 p 181 Uma empresa portanto necessita constantemente de investimentos dos mais variados tipos Lamb e Kloeckner 2006 p 182 nos elencam alguns des ses possíveis investimentos shutterstock 75 Analisando Projetos Orçamentos sem Risco Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Substituição para manutenção do negócio este é o tipo de investimento realizado para substituição de equipamentos danificados usados na produção Decisões que são feitas nesta etapa estão geralmente relacionadas com a continuidade ou não de linhas de produto alterações no processo produtivo ou substituição de máquinas e equipamentos Substituição para redução de custo os investimentos neste tipo de decisão têm a ver com substituição de equipamentos que estão operacionais porém já estão com tecnologia defasada Os concorrentes geralmente contam com equi pamentos mais modernos e portanto produzem a custos menores Nesse caso a substituição do equipamento obsoleto pode gerar reduções de custos para a empresa É necessário fazer comparações do tipo custobenefício Expansão quando uma empresa ganha mercado geralmente são necessários investimentos quase sempre em ativos imobilizados para garantir essa expan são que pode darse em decorrência do aumento da capacidade instalada ou do número de pontos de venda Para decisões neste campo as análises são mais complexas pois envolvem variáveis fora do domínio da empresa como situa ções geográficas e de mercado Projetos de segurança e ambientais estes investimentos são quase sempre obrigatórios para atender exigências de legislações específicas ou dissídios cole tivos de trabalho e normalmente não produzem nenhum tipo de receita O tamanho do projeto é impactante no momento da tomada de decisão No text detected in image 77 Analisando Projetos Orçamentos sem Risco Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 os serviços terceirizados livre dos impostos é de R184600 por ano durante um período de 6 anos Para atrair investimentos o projeto deve gerar uma taxa de retorno taxa de atratividade de 2 aa No final dos 6 anos o projeto não terá qualquer resíduo e nem valor de revenda Qual é o VPL deste projeto Primeiro vamos elaborar uma tabela que contenha os fluxos de caixa envol vidos conforme enunciado do problema 0 1 2 3 4 5 6 Io FC1 FC2 FC2 FC4 FC5 FC6 10000 1846 1846 1846 1846 1846 1846 A seguir vamos proceder um somatório dos fluxos de caixa considerando a taxa de 2 de retorno exigidos para este projeto Ficaria assim Ainda não terminou Precisamos agora comparar com as regras do VPL Vamos concluir então o raciocínio VPL VP FC Io VPL 1034025 10000 VPL 34025 Que informação temos aqui A conclusão é que este projeto gera fluxos de caixa suficientes para arcar o custo do projeto a 2 aa e ainda deixa um Valor Presente Líquido VPL de 34025 para os investidores VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III Vamos interpretar o que calculamos Quando calculamos o VPL devemos nos lembrar de que ele sempre repre senta o resultado líquido do projeto no período zero No nosso exemplo o de VPL é de 34025 ou dito de outra forma é o lucro do projeto A conclusão é que o projeto pode encarecer até este valor para continuar viável Na hipótese se o custo do projeto superar os 1034025 o VPL se torna negativo o que torna o projeto inviável Um detalhe importante que serve de guia para tomada de decisão é que o VPL sempre se refere ao momento zero ou seja a data de hoje Este fato permite a comparação de valores financeiros em diferentes instantes no tempo Quando o gestor tiver que decidir entre duas ou mais alternativas muito provavelmente a melhor será aquela cujo VPL seja maior Algumas observações importantes O ponto crítico desse método está na decisão de qual taxa de desconto utilizar no cálculo do VPL Entre dois projetos em geral aquele com maior risco deve ser descontado a uma taxa maior Além do mais as taxas de desconto tendem a subir acompanhando as taxas de juros e de inflação Quando as taxas de juros sobem o financiamento de projetos tornase mais caro portanto os fluxos de caixa dos projetos devem ser descontados a uma taxa maior que a utilizada quando as taxas de ju ros estão caindo As taxas de desconto usadas no VPL são também in fluenciadas pela duração dos projetos Entre dois projetos aquele com vida mais longa geralmente é associado a um maior risco Quanto mais extensa a existência de um investimento no futuro maior a incerteza na conclusão e operação do projeto Portanto mantendose todas as outras variáveis iguais os projetos de longa duração devem ser geral mente descontados a taxas maiores que a dos projetos de curta dura ção GROPPELLI NIKBAKHT 2002 p 109 79 Vantagens e Desvantagens do Método Vpl Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MÉTODO VPL VANTAGENS DESVANTAGENS Utiliza os fluxos de caixa em lugar dos lucros líquidos Fluxos de caixa lucros líquidos depreciação incluem a de preciação como uma fonte de fundos Isso funciona porque a depreciação não é um desembolso de caixa no ano em que o ativo é depreciado Ao con trário da contabilidade no campo das finanças considera se o fluxo de caixa em lugar dos lucros líquidos O método supõe que a administração seja capaz de fazer previsões deta lhadas dos fluxos de caixa dos anos futuros Na realidade quanto maior o período mais difícil a estimativa dos fluxos de caixa futuros Diversos fatores influenciam os fluxos de caixa futuros tais como vendas futuras custos da mãodeobra dos materiais e dos custos indiretos de fabricação pelas taxas de juros pelas preferên cias dos consumidores pelas políticas governamentais pelas mudanças demográficas etc A superestimação ou subestimação dos fluxos de caixa futuros podem levar à aceitação de um projeto que deveria ser rejeitado ou à rejeição de um projeto que deve ria ser aceito Reconhece o valor do dinheiro no tempo Quanto maior o tempo maior o desconto Simplificando se os fluxos de caixa de um projeto com risco médio são descontados a 10 um outro projeto com um maior grau de risco deve ser descontado a uma taxa superior a de 10 Portanto o valor do dinheiro no tempo para um projeto está refletido na taxa de desconto que deve ser selecionada com cuidado pelo analista financeiro Geralmente a taxa de desconto tende a se elevar caso a oferta monetária esteja escassa e haja expectativa de elevação da taxa de juros O método supõe que a taxa de desconto seja a mesma durante toda a duração do projeto A taxa de des conto de um projeto tal como a taxa de juro na realidade muda de um ano para o outro A taxa de desconto pode ser afetada por oportunidades de reinvestimento de fluxos de caixa futuros pelas taxas de juro futuras e pelos custos de levantamento de novos capitais VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III Aceitando somente projetos com VPL positivos a empresa também aumen tará o seu valor Um aumento no valor da empresa é um aumento no preço das ações ou na riqueza dos acionis tas O método do VPL do orçamento de capital deve portanto no final das contas resultar em maior riqueza aos acionistas É do ponto de vista da ad ministração financeira a técnica mais moderna de orçamento de capital Fonte baseado em GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 TAXA INTERNA E RETORNO Uma técnica bastante conhecida e utilizada para avaliar projetos é a Taxa Interna de Retorno TIR A TIR nada mais é do que uma medida da taxa de rentabilidade A Taxa Interna de Retorno TIR é a taxa na qual o Fluxo de Caixa descontado VP de um projeto é igual ao valor de investimento custo projeto I0 Dessa forma o VPL de um projeto descontado a TIR é igual a zero Chamamos taxa de corte a taxa abaixo da qual os projetos são rejeitados a taxa mínima de retorno ou taxa requerida de retorno denominamos taxameta As empresas determi nam suas taxas de corte pelo custo do financiamento e pelo risco do projeto A seguir preveem os fluxos de caixa futuros e calculam a TIR Caso a TIR calculada exceda a taxa de corte o projeto é incluído na lista dos investimentos recomen dados sendo portanto atrativo A representação matemática da fórmula da TIR é FC 1 TIR FC 1 TIR FC 1 TIR FC 0 1 2 2 n n 1 h h h Ou Matematicamente podemos apresentar a fórmula da TIR a partir da fórmula do VPL substituindose a taxa i de atratividade conhecida pela TIR a ser calculada Vamos utilizar o mesmo exemplo que mencionamos ao calcular o VPL da máquina com investimento inicial de R1000000 e 6 fluxos de caixa de R184600 Ficaria assim substituindo na fórmula do VPL Substituindose os valores teríamos Calculandose o resultado chegaríamos a uma TIR de 3 VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III VANTAGENS E DESVANTAGENS DO MÉTODO DA TIR VANTAGENS DESVANTAGENS Assim como o VPL considera o valor do dinheiro no tempo A TIR não considera valores absolutos se ocorrer um investimento de 200 com retorno de 300 a TIR será de 50 Mesmo a TIR sendo elevada o ganho é de 100 Por outro lado inves tir 2000 para obter 2200 significa um acréscimo de 10 porém com um valor absoluto maior 200 Para as empresas em geral interessa mais o valor ab soluto maior do que a taxa propriamente dita Simplicidade de utilização Pode utilizar a tabela de índices de juros para calcular o valor presente Um outro problema com o método da TIR é que ele pode fornecer diferentes taxas de retorno Suponha que haja duas taxas de desconto duas TIRs que tornem o valor presente igual ao investimento inicial Nesse caso qual taxa deve ser usada na compara ção com a taxa mínima Fonte baseado em GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 e em LAMB e KLOECKNER 2006 83 POR QUE O VPL E A TIR ALGUMAS VEZES SELECIONAM PROJETOS DIFERENTES Ao comparar dois projetos o uso dos métodos do VPL e da TIR pode fornecer resultados diferentes Um projeto sele cionado de acordo com o VPL pode ser rejeitado se for avaliado pelo método da TIR Suponha dois projetos alternativos X e Y O investimento inicial de cada projeto é 2500 X gerará fluxos de caixa anuais de 500 nos próximos dez anos O projeto Y gerará fluxos de caixa anuais de 100 200 300 400 500 600 700 800 900 e 1000 no mesmo período Usando o método de tentativa e erro explicado anteriormente você encontra a TIR do pro jeto X que é 17 e a TIR do projeto Y que é cerca de 13 Se você usa a TIR o pro jeto X deve ser o preferido porque sua TIR é 4 maior do que a TIR do projeto Y Porém o que acontece com a sua decisão se o método do VPL for usado A resposta é que a decisão mudará dependendo da taxa de desconto que você usar Por exem plo a uma taxa de 5 o projeto Y tem um VPL maior que o do X Mas com uma taxa de desconto de 8 o projeto X é o prefe rido devido ao maior VPL O propósito desse exemplo numérico é ilus trar uma diferença importante o uso da TIR sempre conduz à seleção do mesmo pro jeto enquanto a seleção de projeto usando o método do VPL vai depender da taxa de desconto escolhida TAMANHO E DURAÇÃO DO PROJETO Existem razões para a TIR e o VPL estarem algumas vezes em conflito o tamanho e a duração do projeto em estudo são as mais comuns Um projeto de dez anos e com um investimento inicial de 100000 mal pode ser comparado com outro projeto de três anos custando 10000 Realmente o pro jeto maior poderia ser encarado como dez pequenos projetos Assim se você insistir em usar os métodos do VPL e da TIR para comparar um projeto grande e demorado com um pequeno e de duração menor não se surpreenda se obtiver diferentes resul tados FLUXOS DE CAIXA DIFERENTES Adicionalmente mesmo dois projetos de igual duração podem ter diferentes ritmos em seus fluxos de caixa O fluxo de caixa de um projeto pode crescer continuamente no tempo enquanto o fluxo de caixa de outro pode aumentar diminuir parar ou tornar se negativo Esses dois projetos têm fluxos de caixa com formas completamente dife rentes entre si e se a taxa de desconto for alterada ao usar a abordagem do VPL o resultado provavelmente apresentará dife rentes ordens de classificação Por exemplo a uma taxa de 10 o VPL do projeto A pode ser maior que o VPL do projeto B Tão logo você mude a taxa para 15 o projeto B pode tornarse mais atraente Fonte Fonte baseado em GROPPELLI e NIKBAKHT 2002 p 115 VALUE AT RISK VAR Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade tivemos a oportunidade de conhecer algumas ferramentas de análise de riscoretorno Algumas dessas ferramentas estão operacionais já faz algum tempo Por que então que não são largamente utilizadas Parece não existir uma resposta fácil a esta pergunta Desconhecimento des preparo são algumas palavras que me vêm à mente Para você meu caro aluno estas desculpas não são mais aceitáveis Se você achou esta unidade difícil espere até ver o que o mercado está fazendo com os que não têm qualificação para os desafios Não há como amenizar essa verdade você terá que se esforçar para conhecer as ferramentas e utilizálas Pode começar talvez montando uma carteira hipo tética de investimentos e acompanhando a performance dos papéis ao longo de algum tempo Vários sites inclusive da Bovespa disponibilizam essas ferramentas gratuitamente Esse aprendizado poderá te mostrar a aplicação de ferramentas como o Beta por exemplo Sintase desafiado a busca e aumentar seu conhecimento Muito sucesso Professor Paulo Pardo 85 1 Os empreendedores brasileiros têm muitos sonhos que acabam virando pesa delos quando não se concretizam Você já deve ter visto várias estatísticas sobre estes fracassos Podemos pensar nesses fracassos como uma oportunidade para um recomeço Pesquise em sites especializados e tente descobrir informações sobre o perfil de formação dos empreendedores brasileiros Como você acha que o Sebrae pode auxiliálos a respeito do gerenciamento de riscos 2 As grandes empresas utilizam ferramentas de análise riscoretorno há bastante tempo Pesquise na Internet e tente descobrir algumas empresas que utilizamse de uma ou mais das ferramentas que vimos nesta unidade Você acha que esta mos no caminho certo para capacitar nossos empreendedores MATERIAL COMPLEMENTAR Value at Risk JORION Philippe Editora BMF Gerenciamento de Riscos em Projetos SALLES JR Carlos Alberto Correa SOLER Alonso Mazini VALLE José Angelo Santos Editora FGV UNIDADE IV Professor Me Paulo Pardo RISCO DE CRÉDITO Objetivos de Aprendizagem Conhecer os principais conceitos sobre crédito Compreender a estrutura necessária para uma análise de crédito eficaz Entender os conceitos sobre os 4Cs do crédito Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade O Crédito Principais Conceitos Análise de Crédito Conceitos e Objetivos Estrutura para Concessão de Crédito Os 4 Cs do Crédito INTRODUÇÃO Meu caro acadêmico até o momento você teve acesso a diversos mecanismos de análise de risco inclusive já considerando algumas informações sobre risco em projetos A partir de agora vamos considerar um assunto muito importante em que a gestão de risco está presente o tempo todo Se pensarmos na economia de uma forma geral veremos que boa parte das transações que ocorrem dependem do crédito Grandes empresas só chegaram ao seu porte atual devido ao crédito que conseguiram no início e algumas utili zam crédito até hoje mesmo sendo grandes empresas e portanto não podemos negar até a função social do crédito Geralmente os empreendedores iniciantes não contam com todo o capital necessário para iniciar seus novos negócios O crédito então se presta a financiar estas iniciativas tão importantes A concessão de crédito então tem sua parcela de contribuição para o desen volvimento nacional pois aquece a economia financia projetos empresariais disponibiliza acesso ao consumo de pessoas e empresas que não teriam condi ções de comprar à vista bens necessários ou apenas desejados Imagine agora que você é responsável pelo setor financeiro de uma empresa ou exerce a função de gerente de relacionamento de um banco Com toda a cer teza você se deparará com situações em que operações de crédito deverão ser analisadas O que deve ser considerado nestas situações Ao considerar esta unidade você se deparará com decisões relacionadas ao crédito Esse assunto é por demais importante pois conheço várias empresas que estão em dificuldades financeiras com falta de caixa enquanto seu capital está emprestado sem perspectivas de retorno a clientes duvidosos Preste atenção nas informações e dicas que esta unidade contém e bons estudos Prof Paulo Pardo Polônio personagem de Shakespeare aconselha seu filho a não to mar nem dar empréstimo o empréstimo frequentemente perde a si e à amizade e tomar dinheiro emprestado esmorece o gume do provedor Citado por Caouette Altman e Narayan 2000 p12 89 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV O CRÉDITO PRINCIPAIS CONCEITOS Pode parecer muito óbvia a definição do que vem a ser crédito porém há mui tas definições conflituosas sobre este assunto Como precisamos desta base teórica para avançarmos neste estudo gosto muito de uma definição de Schrickel 2000 Crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém de destacar ou ceder temporariamente parte do seu patrimônio a um terceiro com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente após decorrido o tempo estipulado SCHRICKEL 2000 p 25 Note que destacamos algumas palavras na frase acima propositalmente para destacar algumas verdades 1 O ato de concessão de crédito seja de dinheiro ou de um bem é sempre um ato voluntário isto é o possuidor tem em última instância a prer rogativa e o poder de conceder ou não este empréstimo 2 Observe também que esta cessão ou empréstimo é realizado a título tem porário ou seja esperase que este recurso volte ao legítimo possuidor que afinal só o cedeu por um tempo determinado 3 O que é emprestado é parte do patrimônio de quem faz o empréstimo Não se admite que alguém empreste algo do qual não é o legítimo possuidor 4 Sempre que um empréstimo é realizado está implícita e explicitamente associado uma expectativa de retorno do valor ou bem emprestado O fato de que essa expectativa é explícita implica que no mundo dos negócios haja um documento um contrato ou termo formalizando a concessão do crédito 5 O tempo estipulado é o prazo acordado entre as partes A expectativa é que o objeto da cessão volte ao seu dono exatamente no prazo combinado Você talvez esteja pensando no ponto 3 no qual salientei que o objeto da con cessão do crédito faz parte do patrimônio de quem emprestou e questionando como os bancos se enquadram nesta descrição Na verdade eles não se enqua dram mesmo pois boa parte do que emprestam não é do seu patrimônio Porém a lógica do sistema bancário é um pouco diferente pois eles são instituições shutterstock 91 Análise de Crédito Conceitos e Objetivos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 intermediadoras de poupança e empréstimo e têm autorização legal para fazer operações de crédito com recursos de terceiros Outra coisa via de regra esperase que ocorra uma compensação a quem se dispôs a entregar parte de seu patrimônio a um terceiro na forma de uma remu neração por conta do risco que assumiu Esta parte compensatória é representada pela taxa de juros a qual poderíamos perfeitamente denominar de taxa de risco ANÁLISE DE CRÉDITO CONCEITOS E OBJETIVOS Lembrase da questão que coloquei no iní cio o caso de você estar na função em que será preciso decidir ou não a cessão de um crédito Pois bem para que isso seja feito com os cuidados necessários entra em cena o que chamamos de análise de crédito O principal objetivo de uma análise de crédito é identifi car possíveis riscos na operação fornecendo subsídios para tomada de decisão por parte dos gestores com alçada para aprovar esta cessão Basicamente a análise visa certificarse de que o tomador terá condições de honrar o crédito no vencimento acordado além é claro de tentar cercar a operação das garantias necessárias para assegurar que o patrimônio cedido seja devolvido ao credor A análise de crédito basicamente se compõem de três etapas principais 1 Análise histórica procurase analisar a vida pregressa do candidato ao crédito verificando por exemplo seu histórico de pagamento em opera ções anteriores sua adimplência atual eventuais dificuldades passadas e como foram contornadas RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV 2 Análise de tendências futuras esta etapa consiste em verificar a ten dência para o futuro do candidato em relação a sua estrutura econômica atual e a sua capacidade de pagamento futura Esta análise é comum em bancos verificando por exemplo o segmento em que o cliente atua sua curva de faturamento e disponibilidade de caixa 3 Capacidade creditícia nesta etapa são fechadas as análises anteriores e concluise pela capacidade de pagamento do pleiteador estabelecendo se geralmente um limite de crédito dentro do qual o emprestador aceita correr o risco da cessão de recursos ao terceiro Interessante isso não é É claro que os bancos têm mecanismos sofisticados para fazer esta análise geralmente trabalhando com sistemas de credit scoring que com base nas informações que alimentaram o sistema roda um limite de crédito para o cliente cujos resultados estão dentro dos parâmetros aceitáveis ao banco operar com aquele determinado cliente Este procedimento é massi ficado para clientes pessoa física e customizado para clientes pessoa jurídica Isto significa dizer que clientes pessoa jurídica geralmente têm um limite de crédito preestabelecido sugerido pelo sistema de credit scoring porém os gerentes de relacionamento têm alguma alçada para ajustar ou remanejar par celas do que foi aprovado pelo sistema para linhas que sejam mais adequadas ao perfil da empresa Quando o gerente de relacionamento de um banco trabalha dentro do que o sistema sugeriu e desde que a documentação apresentada para alimentar o sis tema esteja em ordem o risco neste caso é apelidado de risco banqueiro pois foram os sistemas do banco que aprovaram previamente a concessão de crédito Quando estes cuidados não são seguidos e o gerente por conta própria e no exercício de sua alçada altera algum limite de crédito o risco passa a ser apeli dado de risco bancário pois se algo der errado geralmente é o gerente quem responde pela inadimplência 93 BANCO DO BRASIL REDUZ JUROS PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS 09052012 11h00 DE SÃO PAULO O Banco do Brasil anunciou uma nova redução de juros para micro e pequenas empresas As medidas integram o pro grama Bom para Todos As empresas que aderirem à Assessoria Financeira Pessoa Jurídica que moni tora o uso de cheque especial e cartão de crédito empresarial por meio de mensa gens eletrônicas poderão ter acesso a taxas de 394 ao mês no cheque espe cial A taxa antiga é de 913 Taxas de juros para pessoa física têm menor nível desde 1995 Também foram reduzidos os juros das linhas de capital de giro BNDES Capital de Giro Progeren e BB Capital de Giro Mix Pasep No primeiro caso a taxa mínima passou de 096 ao mês para 089 ao mês Na segunda linha a mínima passou de TR Taxa Referencial mais 214 ao mês para TR mais 099 ao mês Segundo o banco isso equivale a 101 ao mês Outra medida anunciada é uma promoção para antecipação de valores das vendas do Dia das Mães Os recebíveis cheques prédatados dupli catas ou cartões de crédito poderão ser convertidos em capital de giro com juros a partir de 1 ao mês ante uma taxa média de 13 ao mês Com isso os empresários poderão obter recursos para pagar for necedores compromissos e repor seus estoques informou Clientes com operações nas duas principais linhas de capital de giro do banco terão carência no pagamento de até três parcelas nas novas liberações de crédito O objetivo é conceder folga financeira às empresas ali viando as necessidades de giro PORTABILIDADE DE DÍVIDA O banco ainda prorrogou até o final de junho as taxas e prazos para quem contratar empréstimos para liquidar suas operações em outros bancos As taxas disponíveis são a partir de 089 com prazo de pagamento de até cinco anos com carência de até seis meses Fonte httpwww1folhauolcombrmercado1087695bancodobrasilreduzjurospa ramicroepequenasempresasshtml Acesso em 09 maio 2012 RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV A notícia que você leu na Leitura Complementar é uma estratégia do governo federal para forçar o rebaixamento das taxas de juros para o consumidor seja para pessoas físicas ou para empresas A tática de utilizar os bancos públicos como agentes de redução de juros pela sua grandeza e capilaridade de certa forma não deixa opção aos bancos do setor privado senão fazer o mesmo sob pena de perda de clientes Esse é apenas um exemplo dos tipos de crédito mais operados no mercado Vamos rever estes principais tipos de crédito Os bancos geralmente trabalham com três tipos principais de linhas de crédito 1 Crédito ao Consumidor 2 Crédito para Empresas 3 Crédito Rural CRÉDITO AO CONSUMIDOR Você com certeza notou que nos últimos anos nunca se comprou tanto a crédito Milhões de pessoas ao terem sua renda aumentada começaram a experimentar o doce sabor de comprar Esse movimento acentuado vez ou outra provoca um surto inflacionário que tem que ser contido com medidas anticíclicas do governo aumentando juros Muita gente critica esse expansionismo de consumo mas se pensarmos bem quase todo mundo deseja consumir experimentar por bens e serviços que nunca antes tiveram acesso O milagre do consumo é proporcionado pelo aumento do crédito O Brasil historicamente sempre foi conservador na concessão de crédito Para você ter uma ideia no início do governo Lula o crédito representava pouco mais de 26 do PIB Ao final do mesmo governo já havia chegado a mais de 45 As pessoas compram de tudo a crédito desde casas automóveis equipamentos eletrônicos até roupas sapatos e serviços em geral 95 Análise de Crédito Conceitos e Objetivos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Os bancos são os principais agentes de crédito ao consumidor Para se ter uma ideia somente no crédito consignado do INSS no período de 2006 a 2011 foram contratados mais de R28 bilhões em crédito Uma montanha de dinheiro que agora gira as rodas da economia Porém os bancos não estão sozinhos neste mercado Também existem as financeiras ligadas às cadeias de lojas outras independentes que também ofere cem operações de CDC Crédito Direto ao Consumidor O resultado de tanto crédito apesar de extremamente benéfico para a economia em geral também é o aumento da inadimplência que no início de 2012 somente para operações de financiamento de veículos bateram a marca de 5 Alguns economistas estão dizendo que esse crédito guardadas suas devidas proporções assemelhase de alguma forma aos créditos subprime que quase quebraram o sistema financeiro mundial Um exagero é claro mas reconhecidamente as financeiras afrouxa ram as regras para comportar operações de risco mais elevado Recentemente para tentar contornar esse problema as operadoras de cré dito estão exigindo uma contrapartida maior uma entrada do cliente Essa é uma forma de comprometêlo mais com o pagamento da dívida já que nos moldes anteriores 60 vezes sem entrada em alguns casos o cliente não entrava com nenhum centavo e o risco era todo da financeira Lamb e Kloeckner 2006 nos lembram dos críticos das operações de crédito de uma forma geral que contestam até as bases morais do crédito afirmando que ele potencializa o consumismo além de diminuir a iniciativa do trabalho árduo e da poupança pessoal e familiar Muito desse preconceito com relação à dívida vem do tempo dos nossos avós que consideravam o empréstimo como uma obrigação moral de pessoa para pessoa no fio do bigode e que uma dívida não paga pode destruir uma amizade Os bancos a princípio não fazem nada no fio do bigode Têm sistemas e métodos para apurar o risco da operação Então esta discussão se me permite meu caro aluno já é uma questão mais filosófica que não tem espaço nesta nossa disciplina RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV CRÉDITO PARA EMPRESAS Alguns dos maiores beneficiários das operações de crédito sem dúvida são as empresas Há algum tempo atrás o mercado financeiro levou um sobressalto quando a Petrobrás recorreu à Caixa Econômica Federal para tomar um emprés timo emergencial de R3 bilhões para fechar seu caixa Foi surpreendente por dois motivos primeiro é que todos imaginam uma empresa do porte da Petrobrás sem nenhuma dificuldade financeira e o outro é que a CEF não tem tradição de empréstimos desse vulto para empresas Esse caso contudo foi pedagógico pois mostra que qualquer empresa precisa de recursos num momento ou outro Mesmo megacorporações com excelen tes saldos de caixa quando se aventuram por projetos novos preferem tomar recursos emprestados a comprometer seu caixa É uma estratégia interessante pois há várias linhas de crédito para empre sas a juros civilizados que permitem sua expansão como a compra de máquinas construção civil entre outros O FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador é um importante fornecedor de recursos ao sistema de apoio ao crédito para micro e pequenas empresas Para projetos maiores existe o apoio de agentes de fomento como é o caso do BNDES As linhas do Finame são muito atrativas para as empre sas e têm permitido que nossa indústria busque sua modernização para fazer frente à competição internacional A rotina diária da maioria das empresas é marcada por negócios a prazo Compras de matériaprima insumos materiais de expediente e muitos outros são normalmente realizados com prazo Essa realidade obriga um correto geren ciamento do fluxo de caixa pois os prazos entre recebimento das vendas e saídas de recursos para pagamento de compromissos nem sempre são os mesmos Quando vale a pena assumir um compromisso a prazo numa empresa Aí entram os fundamentos de análise de viabilidade conforme vimos na unidade anterior e você terá abordado na disciplina de Análise de Projetos Mas a regra é simples o retorno financeiro na forma de rentabilidade das vendas proporcio nada por aquele investimento deve ser necessariamente maior que os encargos financeiros assumidos Caso contrário não fará sentido do ponto de vista eco nômico pelo menos assumir este compromisso shutterstock 97 Análise de Crédito Conceitos e Objetivos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 CRÉDITO RURAL O Brasil é considerado o celeiro do mundo onde a produção de commodities agrícolas batem sucessivos recordes Além dos grandes produtores nosso agronegócio é marcado pela forte pre sença da agricultura familiar que é responsável por mais da metade do que é consumido pelas famílias brasileiras Os grandes produtores sustentam nossa balança comercial sendo responsáveis pela maior parte das exportações A concretização dessas realizações só é possível por meio do crédito rural Basicamente este tipo de crédito pode ser classificado em três categorias Crédito para custeio são aquelas operações direcionadas para o capital de giro do agricultor 1 Crédito para investimento são as operações de investimento no setor do agronegócio representadas por financiamentos de máquinas trato res instalação de silos compra de matrizes entre outros 2 Crédito para comercialização são linhas destinadas ao armazenamento da safra quando o agricultor espera o melhor momento de vender sua produção São exemplos dessas operações os EGFs e as CPRs RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV ESTRUTURA PARA CONCESSÃO DE CRÉDITO As empresas e são a maioria que operam com concessão de crédito para seus clientes estão diante de vários desafios Um deles de natureza muito prática é quem fará a análise de crédito dos clientes Não é difícil você imaginar que esta função não pode ser delegada a pessoas com pouca experiência na gestão financeira Lembrese que um crédito mal concedido é uma cobrança a mais de resultados duvidosos além de com prometer uma parte do caixa da empresa na forma de inadimplência O que temos visto acontecer na maioria das micro e pequenas empresas é que no ímpeto de conseguir vendas a qualquer custo o departamento de ven das acaba por forçar uma venda mesmo não tendo certeza das condições de adimplência do comprador O departamento de crédito na maior parte das vezes apenas um apêndice incômodo do departamento financeiro fica sem forças para barrar uma operação com grande potencial de perdas o que é ruim para todos Também temos observado que as rotinas de análise e concessão de crédito têm se limitado a fazer pesquisas em órgãos de proteção ao crédito e apenas isso caso o cliente não tenha nenhuma restrição o crédito é aprovado A consulta nos órgãos de proteção ao crédito sem dúvida é muito importante no entanto não pode ser apenas esse quesito determinante na análise Na verdade muitas empresas muito boas vez ou outra estão negativadas por conta de protesto de títulos de compras que nem sequer fizeram Até a solução da situação tem seu crédito comprometido mesmo sabidamente tendo capacidade de pagamento O mesmo acontece com pessoas físicas Por vezes o cliente é tradicional numa loja sempre comprou e pagou seus compromissos com pontualidade mas por qualquer razão teve seu nome incluído nos órgãos de proteção ao crédito O esta belecimento então mesmo conhecendo o histórico de adimplência deste cliente nega o crédito que com boa dose de certeza ele honraria Não estou aqui defendendo nenhum afrouxamento das regras de crédito das instituições Penso que se a política da empresa é não vender para clien tes tradicionais que estejam negativados é uma decisão a ser tomada Há uma regra no mundo das finanças a qual diz que é melhor R100 no estoque do que R200 na mão de um inadimplente Então nada a criticar Porém até os bancos 99 O Estabelecimento de uma Política de Crédito Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 quando o cliente é tradicional dependendo do tipo de restrição têm normativos que permitem certa flexibilização da restrição internamente para poder conti nuar operando com o cliente Como disse são decisões a ser tomadas todas que envolvem risco o risco da concessão do crédito e o risco da perda do cliente Além destas questões manter uma estrutura de análise de crédito tam bém incorre em despesas administrativas que impactam o resultado financeiro da empresa Veja o que normalmente acontece a empresa assume os custos do departamento de crédito que não tem um sistema muito apurado de análise automatizado concede um crédito duvidoso e quando este crédito tornase incobrável repassa para um terceiro uma assessoria de cobrança realizar a difí cil tarefa de tentar negociar a dívida Por quê Porque segundo a empresa são cobradores profissionais Onde estava então o profissionalismo no ato da con cessão de crédito Não teria sido melhor terceirizar para um profissional toda a operação desde a análise e concessão do crédito Bem essa não é uma resposta fácil de fornecer É apenas uma provocação para que você pense nos sistemas que são utilizados atualmente pelas empresas e nas fragilidades dos processos O ESTABELECIMENTO DE UMA POLÍTICA DE CRÉDITO Ao aventurarse pelo difícil caminho da análise e concessão de crédito é necessá rio que a empresa tenha o que se denomina de Política de Crédito Essa política nada mais é do que um conjunto de regras de conduta e procedimentos que deve rão nortear os integrantes da equipe de crédito Essa política contém alguns elementos essenciais e que devem na medida do possível serem reproduzidos quando a empresa decidir por adotálos De acordo com Jurinski 1994 uma política de crédito deve estabelecer Quem decide quem pode receber crédito Quem decide os limites de crédito Que fatores controlam a decisão inicial de crédito RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV Que fatores determinam um limite de crédito Quais devem ser as condições de cada tipo de crédito Como deve ser precificado o crédito Qual a política aplicável para descontos negociais quando aplicáveis Como deve ser tratada a inadimplência JURINSKI 1994 p 17 Uma vez definida a política de crédito devese buscar calibrar sua aplicação pensando pelo lado da rigidez ou liberalidade O que quero dizer com isso é que políticas rígidas demais abrem mão da rentabilidade em favor da segurança No segundo caso buscase ganhar em rentabilidade na carteira de crédito por meio de um risco calculado de possibilidade de inadimplência Os responsáveis pela análise de crédito os analistas de crédito devem ter suas mentes abertas para variáveis quantitativas e qualitativas Qual é a razão para isso Bem imagine que você trabalha numa organização que concede financia mentos um banco de investimento por exemplo Agora pense num projeto que será financiado e que trará resultados positivos para a empresa que está pleite ando o crédito esse resultado pode acontecer somente no longo prazo Há uma dificuldade enorme de analisar esta situação pois a realidade apresentada no projeto é totalmente diferente da realidade atual da empresa Este fato não deve surpreender pois um projeto de expansão por exemplo pode de fato modificar inteiramente a estrutura atual da empresa que receberá o financiamento incluindo sua estrutura de produção volume de vendas gera ção de caixa entre outros Encare o fato então de que apenas os números frios do balanço atual não refletem uma condição futura que está sendo projetada no plano de negócios apresentado A análise meramente quantitativa não daria conta de dar todas as respostas para o analista de crédito numa situação como essa O que fazer Neste caso o campo de visão terá que se ampliar para abarcar fatores qualitativos Por exemplo qual o ramo de negócio que a empresa opera Como estão as condições do mercado para esse ramo Está em expansão São produtos de alto giro ou que não terão um ciclo de vida muito curto E a con corrência A empresa tem a qualificação necessária em termos técnicos e de 101 O Estabelecimento de uma Política de Crédito Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 pessoal para fazer frente a essa expansão Poderíamos elencar um rol enorme de variáveis mas as que listei dão um exemplo modesto de como o analista deve se comportar ao se deparar com pro jetos assim Sempre com o cuidado de não ser liberal nem rígido demais Veja o que aconteceu com projetos modestos como o do Facebook No IPO programado pela empresa para 2012 o mercado prevê uma captação de quase 90 bilhões de dólares E tudo começou com um grupo de nerds numa universidade Esses pro jetos podem soar como uma viagem para um analista conservador Mas quem acreditou na viabilidade agora colherá os frutos pela parceria Não estou dizendo que todo sonhador deve ter seu projeto financiado Os bancos costumam ter fra ses prontas para isso não financiamos sonhos financiamos projetos viáveis No entanto ter certeza da viabilidade é um desafio e tanto para os an listas de crédito Lamb e Kloeckner 2006 salientam que uma preocupação importante dos fornecedores de crédito de curto prazo tem a ver com a possibilidade de a empresa sofrer riscos também no curto prazo A ação a ser tomada pelo analista é bus car compreender a capacidade do tomador de fazer frente a surtos e choques de curto prazo como problemas de liquidez além de sua capacidade em manter a confiança de seus principais fornecedores de crédito Num primeiro momento pode parecer muito subjetiva a análise de cré dito feita por critérios qualitativos Mas na realidade pense bem o tomador do crédito se precisar colocar no papel seus planos futuros com grande grau de certeza somente trará informações e números que o favoreçam obscurecendo ou omitindo números que possam demonstrar qualquer espécie de fragilidade Confiar então cegamente em números apresentados em planos de negócios pode fazer com que decisões equivocadas de concessão de crédito sejam toma das aumentando o risco da operação O fato é que o agente concedente do crédito tem um foco de visão diferente por exemplo de um investidor em ações O investidor em ações olha normal mente a possibilidade de que a empresa da qual ele passa a participar como acionista vá bem e que suas ações se valorizem e ainda que a empresa possa distribuir parte dos lucros obtidos na forma de dividendos Já o agente concedente de crédito olha pela perspectiva por assim dizer negativa ou seja qual a possibilidade de não acontecer a restituição dos valores RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV emprestados Poderíamos chamar isso de trabalhar com foco na inadimplência Basicamente quem concede o crédito não participa dos lucros da empresa pois sua parte no negócio está restrita a obter de volta os recursos remunerados a uma determinada taxa de juros Porém é muito provável que ele participará do pre juízo caso o tomador do crédito tornese insolvente A análise de crédito dessa forma centrase na possibilidade de algo dar errado e que tenha como conse quência o enfraquecimento ou o comprometimento da capacidade de geração de caixa por parte do devedor A análise de crédito deve incluir uma projeção das pressões plausíveis sobre a empresa Análises do tipo Se Então como por exemplo Se houver quedas de atividade então Se ocorrer excesso de capacidade produtiva então Se ocorrerem mudanças gerenciais então Se ocorrerem mudanças na regulação então etc Uma série de cenários possíveis deve ser projetada entre o cenário pes simista e o cenário otimista Resumindo a análise de crédito pode ser caracterizada como uma avaliação cética e prudente das forças fundamentais e riscos de crédito de uma empresa num horizonte temporal abrangido pelo crédito pre tendido ou pelo limite ou linha de crédito em estudo LAMB KLOE CKNER 2006 p 70 103 No texto abaixo você verá alguns princípios da política de crédito de um banco com atuação no Brasil Veja que os princípios se enquadram exatamente no que vimos até agora sobre análise e concessão de crédito para instituições financeiras RISCO DE CRÉDITO A Área de Risco de Crédito do Banco BNP Paribas Brasil BNPP BR observa a política e normas de monitoramento da Matriz do Banco e está em conformidade com as regulamentações locais e da Basiléia II A MISSÃO DA ÁREA DE RISCO DE CRÉDITO DO BNPP BR É Assegurar o respeito às normas e procedi mentos de risco de crédito em colaboração com áreas afins Garantir a manutenção de um nível de risco aceitável da carteira de crédito do BNPP BR Controlar os riscos de crédito segundo as deliberações do Comitê Central em Paris ou local e conforme as normas expedidas pelas autoridades reguladoras brasileiras Contribuir como um segundo olhar para riscos de compliance de compatibilidade às políticas de risco de crédito de conformi dade quanto aos objetivos de classificação de risco e objetivos de retorno sobre ope rações Manter a adequada classificação de ris cos da carteira de crédito do BNPP BR orientando as áreas envolvidas quanto aos critérios a serem utilizados para fins de provisionamento contábil Informar os Comitês Executivos sobre riscos de crédito aos quais o Banco está exposto incluindo os riscos envolvidos em operações transações A ÁREA DE RISCO DE CRÉDITO É RESPON SÁVEL Pela avaliação e validação das solicita ções de crédito formuladas pelas áreas de negócios a serem submetidas ao Comitê de Crédito para discussão e aprovação recomendação dentro dos poderes dele gados pela Matriz Pela gestão e controle dos riscos de crédito aprovados recomendados pelo Comitê de Crédito do BNPP BR decorrentes das opera ções ativas que representem a concessão de linha de crédito ou a liberação de recur sos realizadas com clientes corporativos PRINCÍPIOS GERAIS DE RISCO DE CRÉ DITO As Áreas de Negócios são as responsáveis pela preparação das solicitações de crédito que deverão conter as informações neces sárias para fundamentar uma decisão de crédito Cabe à Área de Risco de Crédito avaliar e validar a proposta apresentada pelas Áreas de Negócios quanto ao cor reto acesso ao risco Todas as decisões de crédito são formali zadas em Atas de Reunião assinadas pelos membros do Comitê de Crédito Em alguns casos a serem definidos pelos Representantes de Risco a proposta poderá ser aprovada por circulação entre os membros do Comitê de Crédito local Nos casos de risco fora dos poderes locais a Ata de Reunião e o Dossiê de Crédito são enviados para o Comitê Responsável em Paris para análise e aprovação A composição do Comitê de Crédito é defi nida pelo Diretor Presidente e a Diretoria de Riscos de maneira a garantir a melhor informação possível sobre as propostas de crédito à Diretoria Executiva do BNP Paribas BR estando esta composição formalizada em Ata de Reunião do Comitê Executivo As alçadas de crédito são concedidas em Paris através das Cartas de Delegação de Crédito No Brasil somente o Diretor Presidente em conjunto com os Represen tantes de Risco de Crédito possuem alçada de delegação de crédito Negócios especiais ou diferenciados devem envolver os especialistas em suas respecti vas áreas que irão prover o apoio técnico necessário ao negócio A decisão final em relação ao rating de crédito e à taxa de recuperação do crédito concedido Global Recovery Rate GRR pertence à Diretoria de Risco de Crédito O processo de crédito não se encerra com a aprovação de uma operação ou limite de crédito Os limites concedidos bem como as operações desembolsadas devem ser monitoradas durante todo o tempo de sua vigência sendo responsabilidade da Área de Credit Risk Control CRC o acompa nhamento das aprovações de crédito bem como a alimentação e monitoramento dos sistemas de crédito vigentes no BNPP BR É de responsabilidade de CRC apontar os excessos e ou irregularidades de crédito que ocorrerem aos Representantes de Crédito e às Áreas de Negócios Fonte httpwwwbnpparibascombrv2InfFinanceirasriscocreditoasp Acesso em 09 maio 2012 105 Os 5 CS do Crédito Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 OS 5 CS DO CRÉDITO Um dos assuntos mais interessantes quando analisamos o risco de crédito é comumente conhecido como os 5 Cs do Crédito Antes de descrevermos cada um dos Cs do crédito convém lembrarmos que a relação de concessão de crédito antes de tudo é uma relação de confiança Por isso a maioria dos autores do tema abordam que são necessários basicamente elementos relacionados à personalidade do devedor ou seja aspectos morais No tocante a isso basicamente dois elementos morais estão presentes 1 A vontade do devedor de pagar suas obrigações dentro dos parâmetros do que foi contratado 2 A habilidade do devedor de efetuar esse pagamento Com habilidade queremos dizer elementos objetivos que demonstrem capa cidade financeira que envolvem diversos fatores da formação do devedor que demonstrarão que ele terá condições de honrar a dívida No entanto a análise feita apenas por estes critérios ficaria rasa demais A vontade é um elemento absolutamente subjetivo impossível de ser mensurado numa planilha ou alocado em alguma rubrica numa proposta de financiamento Você já viu alguma proposta de empréstimo ou financiamento que contivesse uma pergunta a ser respondida pelo tomador do tipo você terá vontade de qui tar a presente dívida que está contraindo É claro que jamais você encontrará algo assim Por isso é necessário que além do elemento puramente técnico tam bém passemos a analisar aspectos mais subjetivos fazendo uma ligação entre a habilidade e a vontade Como diz Schrickel 2000 um renomado e tradicional caloteiro e escroque não precisa ter seus balanços analisados Essa frase traz um elemento importante que é o tradicional Geralmente como nos lembra Schrickel 2000 sempre pensamos nessa palavra em sua cono tação positiva algo como aquela empresa é tradicional no ramo de atividade Inclusive já vi esse tipo de redação em pareceres de gerentes de banco Porém nem sempre é neste aspecto que a palavra se aplica Aliás a raiz dessa palavra simplesmente quer dizer memória recordação ou hábito SCHRICKEL 2000 p 48 Dessa forma temos que ser tradicional também pode querer dizer que o RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV cidadão é historicamente ou reconhecidamente um mau pagador Adquiriu essa tradição por assim dizer Assim começamos a formatar nosso conceito dos 5 Cs do crédito colo cando então a vontade de pagar como um dos Cs Caráter O segundo C também já temos expresso a habilidade de pagar que podere mos designar com o C de Capacidade Alguns autores como Schrickel 2000 distinguem os Cs do crédito em dois grupos colocando esses dois Caráter e Capacidade debaixo do grupo de Aspectos Pessoais pois de certa forma tem a ver com habilidades da própria pessoa O segundo grupo é classificado como Aspectos Financeiros que entrariam mais dois Cs Capital e Condições Se necessário é possível agregar mais um C que é o de Colateral Na tabela abaixo temos uma representação de cada um dos Cs do crédito C DO CRÉDITO DESCRIÇÃO C Caráter Considerado sempre como o mais importante Diz respeito à determinação de pagar do tomador A informação sobre o caráter é obtida através de uma excelente e esmerada ficha cadastral histórico de pagamento de outras dívidas além de subjetividades como sua cultura e hábitos a maneira de vida hobbies e passatempos suas associações no universo cultural e profissional ambições e posturas éticas familiares seu profissio nalismo e honestidade nos negócios e tudo o mais que possa ser usado para formar um juízo de valor por parte do conceden te do crédito Capacidade Referese à habilidade de pagar É composto por um conjunto de elementos que envolvem a formação do devedor e aspectos como experiência consecuções na vida tradição pelo lado positivo no segmento que atua entre outros 107 Os 5 CS do Crédito Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Capital A avaliação do capital é mais utilizada em Pessoas Jurídicas e tem a ver com a estrutura da composição do patrimônio da empresa em elementos como o Capital Social que está expres so no Balanço Patrimonial Também elementos como rentabi lidade das vendas que implica em sobras para gerar caixa são analisados além do parque produtivo imóveis e instalações O fato de a empresa já possuir dívidas deve ser analisado porém com o cuidado de reconhecer que atualmente praticamente todas as empresas têm dívidas em seu portfólio de atuação sem necessariamente indicar uma situação negativa Condições Este C se refere aos cenários micro e macroeconômicos em que o devedor está relacionado Por exemplo uma usina de álcool e açúcar está inserida no contexto do setor produtivo da cana deaçúcar e da economia do país de forma geral Isto dará um norte para informar qual é o momento certo de se contrair um empréstimo por exemplo Tem a ver também com a estrutura financeira da empresa que passará segurança por ter fontes de receitas mais maduras Colateral Este é um quinto C do crédito e pode ser acessado em mo mentos em que a análise dos 4 Cs anteriores não derem conta de fornecer os subsídios necessários à decisão de crédito Tem a ver com garantias reais fornecidas numa operação de crédito Não deve ser usado como fator decisor porém apenas como um complemento das condições já analisadas nos 4 Cs anteriores O colateral serve para contrabalançar e atenuar apenas atenuar é bom frisar eventuais impactos negativos decorrentes do en fraquecimento de um dos três elementos Capacidade Capital e Condições Fonte baseado em SCHRICKEL 2000 pp 4751 Conheça e reflita sobre ferramentas de credit scoring analisando o artigo do link abaixo httpwwwlumeufrgsbrhandle1018318969 RISCO DE CRÉDITO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade tratamos de um assunto importante para nós gestores financeiros Você percebeu que a concessão de crédito não deve ser tratada com super ficialidade Na verdade esse momento pode ser mais importante que a própria venda de produtos eou serviços Afinal de que adianta vender se você não vai receber O problema é que ninguém vem com uma tatuagem escrito que a pessoa pagará uma dívida Então muitas pessoas bem vestidas são na verdade verda deiros malandros caloteiros profissionais à espera de mais uma vítima Não ser esta vítima requer preparo certa medida de frieza para que as aná lises sejam feitas de forma objetiva e a decisão de conceder ou não um crédito seja a melhor possível Setores de análise de crédito bem estruturados também erram Portanto se você já concedeu um crédito e houve a inadimplência por parte do tomador não se desespere Você não foi nem será o único a tomar um calote Mas assegurese de utilizar as sugestões dadas nesta unidade para que você possa executar um bom trabalho com respeito a mais esse desafio do gestor Bom trabalho Prof Paulo Pardo Veja um pouco mais sobre o assunto de análise e concessão de crédito no vídeo a seguir httpyoutubeFJQFEkioPN8 109 1 A análise e concessão de crédito tem sido uma verdadeira pedra no sapato dos empresários e gestores financeiros Pesquise na Internet as estatísticas de ina dimplência do setor em que você atua Quais as causas prováveis desta inadim plência na sua opinião 2 O aumento da inadimplência faz com que os bancos restrinjam o crédito preju dicando a cadeia produtiva Pesquise sobre o spread bancário no Brasil Qual o motivo que faz com que nossos bancos pratiquem um spread tão elevado MATERIAL COMPLEMENTAR Análise de Crédito concessão e gerência de empréstimos SCHRICKEL Wolfgang Kurt Editora Atlas UNIDADE V Professor Me Paulo Pardo GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Objetivos de Aprendizagem Conceituar e contextualizar mercados futuros Conhecer os instrumentos derivativos Compreender o funcionamento do mercado de opções Refletir sobre os cuidados com os derivativos Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Mercados futuros Derivativos definições Derivativos um breve histórico Mecânica de Funcionamento dos derivativos Funcionamento do Mercado de Opções Cuidados com os Derivativos INTRODUÇÃO Muito bem meu caro aluno Chegamos à unidade V em que vamos considerar um assunto um pouco mais denso porém importantíssimo na Gestão de Riscos Tratase dos mecanismos de proteção ou Hedge Você que é uma pessoa bem informada já deve ter lido a respeito ou conhecido alguém que seja ligado ao agronegócio Nosso agronegócio é uma força econô mica fundamental para o país De alguns anos para cá inovações tecnológicas possibilitaram a formação do que ficou conhecido como novas fronteiras agrí colas em regiões onde nada se plantava O cerrado brasileiro é um bom exemplo Porém a realidade com a qual nos deparamos é que somos muito bons por teira adentro e muito ruins porteira afora Isso mesmo Produzimos muito bem mas comercializamos muito mal Talvez por tradição os agricultores brasileiros ficam aguardando que tudo dê certo que na época da colheita os preços estejam favoráveis e eles tenham então uma boa rentabilidade Na prática isso dificilmente acontece Os tempos de colheitas geralmente não coincidem com os tempos de maiores preços dos produtos agrícolas e lá se vai mais um ano de reclamações por parte dos produtores rurais e o ciclo se repete Agora imagine uma grande indústria que faz a importação de uma máquina moderna para seu processo produtivo O empresário fecha um contrato de impor tação dessa máquina que será paga em dólar em algum momento no futuro Conforme o tempo passa o empresário vai acompanhando a cotação do dólar moeda na qual a dívida foi contratada e sua adrenalina vai subindo no mesmo compasso da alta do dólar Afinal o que ele produz é cotado em reais e sua dívida está em dólar O que fazer Nas duas situações a saída seria fazer proteção de preço por meio de con tratos futuros Esses mecanismos são bastante comuns e muito utilizados porém poderiam ter uma aplicação ainda maior se os agricultores e empresários conhecessem bem as ferramentas de hedge ou proteção Ao longo desta unidade vamos conhecer mais sobre esses mecanismos Seja bemvindo ao mundo dos derivativos Bons estudos Prof Paulo Pardo 113 Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V MERCADOS FUTUROS A década de 1970 pode ser considerada a década das mudanças no mundo da economia Os efeitos nós sentimos até os dias de hoje Para confirmar essa afirmação foi nessa década que aconteceu a crise do petróleo com o aumento brutal dos preços desta commodity alterando de forma definitiva o equilíbrio de forças entre produtores de petróleo representados pela OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo e a comunidade inter nacional Também foi o ano em que os EUA deixaram de ter o dólar atrelado às reservas em ouro transformando sua moeda também numa moeda escritural como todo o resto do mundo Até então havia mecanismos de proteção de preço para alguns produtos agrícolas mas no mercado financeiro as amarras legais que existiam não pos sibilitavam seu uso de forma mais intensa Com o fim do acordo de Bretton Woods um acordo internacional firmado em 1944 que estabelecia regras para o sistema financeiro internacional e que entre outras coisas estabelecia a conver sibilidade do dólar em ouro de forma automática o sistema financeiro passou a utilizarse de mecanismos da engenharia financeira para oferecer proteção de posições a investidores e mitigar os riscos de certas operações principalmente as que tinham por índice alguma cotação de moeda Estava preparado assim o caminho para a sistematização dos derivativos Como vimos foi uma sucessão de acontecimentos que permitam o desenvol vimento do mercado de derivativos No que poderíamos chamar de primeira fase o mercado organizou operações à vista e a termo Logo em seguida o mercado foi na direção da padronização desses contratos a termo em relação à quanti dade qualidade data de vencimento e local de entrega A integridade financeira e de entrega física foi conseguida por meio do desenvolvimento das câmaras de compensação clearing houses que estabe lecem diversos procedimentos para viabilizar a boa liquidação dos contratos Dessa maneira foram estabelecidos os princípios básicos nos quais assentam os modernos mercados futuros shutterstock 115 Derivativos Definições Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 DERIVATIVOS DEFINIÇÕES Mas o que são derivativos Como o próprio termo sugere são ativos financeiros que derivam seus preços de outros ativos geralmente físicos porém não restritos apenas a estes São basicamente contratos de operações de liquidação futura que permitem uma gestão eficiente do risco de preços de diversos ativos Os derivativos mais comuns abrangem quatro grandes modalidades os mercados a termo os mercados futuros as opções e os swaps Estes instrumentos financeiros têm como principais locais de comercialização as Bolsas de Valores e os chamados mercados de balcão em inglês a expressão é Over the Counter OTC No caso de serem comercializados em mercados de balcão suas regras são mais flexíveis e permitem uma customização dos ati vos de acordo com os interesses entre as partes envolvidas No mercado de balcão os derivativos mais comumente comercializados são a Contratos a termo Forwards tratase de acordos de compra e venda de um ativo qualquer com os preços sendo estabelecidos e acordados entre as partes que definem também a data futura de liquidação Os contra tos a termo são intransferíveis Além do mercado de balcão é possível comercializálos também em bolsa b Swaps esse instrumento é basicamente um acordo firmado entre empre sas ou entre clientes e instituições financeiras que prevê a troca futura de fluxos de caixa de acordo com alguma fórmula preestabelecida Estão presentes pelo menos duas partes contrato bilateral que concordam em liquidar no futuro uma operação que é realizada no presente visando pro teger suas posições em situações de descasamento entre ativos e passivos c Opções Flexíveis tratase de contratos privados firmados entre duas par tes em cujos termos consta um pagamento inicial que garante o exercício de um direito futuro como por exemplo comprar ou vender um deter minado ativo por um preço preestabelecido e no qual uma das partes recebe esse pagamento antecipado prêmio como uma forma de remu neração por sua exposição ao risco da operação GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V Como dissemos acima as operações realizadas no âmbito dos mercados de bal cão são bastante flexíveis essa sendo uma de suas características básicas Já nas operações realizadas em bolsa de valores existem regras mais rígidas uma vez que as bolsas têm que primar pela transparência das operações que ocorrem em seus recintos Uma das exigências é a padronização dos contratos para que seja possível sua regulação e acompanhamento nos sistemas informatizados da bolsa Exclusivamente no ambiente de bolsa são comercializados dois tipos de derivativos a Contratos Futuros estes instrumentos financeiros se constituem de acor dos de compra e venda de um determinado ativo por exemplo o soja em data futura por um preço que foi acordado entre as partes Como são comercializados em bolsa essa exige que algumas cláusulas sigam padrões em relação à quantidade e qualidade desses ativos bem como as formas de liquidação os prazos de entrega dentre outros Não é possível a liqui dação antes do prazo de vencimento do contrato b Contratos de Opções seguem o mesmo princípio dos contratos de opções flexíveis que vimos acima Também nesse caso uma das partes adquire o direito de comprar ou vender um determinado ativo a um preço prees tabelecido até a data acordada em contrapartida a outra parte se obriga a vender ou comprar esse ativo em troca de um único pagamento inicial chamado de prêmio A principal diferença entre essa modalidade e a modalidade negociada em balcão diz respeito às regras da bolsa que bus cam a padronização dos papéis para dar maior transparência às operações DERIVATIVOS UM BREVE HISTÓRICO Os registros sobre derivativos são muito antigos É consenso na área que uma das primeiras experiências com derivativos encontrase na Bíblia Chance 1998 apud KLOECKNER 2007 relata que por volta do ano 1700 aC o filho de Abraão Jacó adquiriu uma opção comercializada em mercado de balcão que lhe conferia o direito de se casar com Raquel filha de Labão Por esta opção Jacó pagou um prêmio sete anos de trabalho Ao final desse prazo Labão não 117 Derivativos Definições Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 cumpriu o acordo o primeiro default em derivativos na história e em troca com Jacó bêbado fez com que ele se casasse com sua filha mais velha Lia Jacó mesmo sentindose traído ainda desejava seu objetivo por isso adquiriu nova opção para se casar com Raquel comprando uma nova opção cujo prêmio foi mais sete anos de trabalho Desta vez seu sogro cumpriu o acordo Relatase que mesmo antes da história de Roma e da Grécia antiga comer ciantes firmavam contratos a termo com os produtores rurais para entrega dos produtos em safras seguintes Também os mercadores fenícios gregos e roma nos costumavam negociar contratos que continham cláusulas de opção sobre as mercadorias transportadas em seus navios LAMOTHE 1993 TEIXEIRA 1992 apud KLOECKNER 2007 Uma história interessante ocorreu na Grécia ao redor de 580 aC Relatase que Tales de Mileto querendo provar que pessoas cultas como ele também podiam ganhar dinheiro só não faziam porque não o desejavam aproveitou se de um período de entressafra da azeitona e comprou opções para utilização das prensas as máquinas que eram utilizadas para extrair o azeite pagando por isso um preço muito baixo Quando a safra chegou abundante os agricultores precisavam das prensas para produzir o azeite de oliva Então o preço do alu guel das prensas subiu significativamente Tales possuía o direito de utilização por isso obteve um lucro substancial realizando a sublocação aos produtores LAMOTHE 1993 CHANCE 1998 apud KLOECKNER 2007 Na Idade Média encontramse registros de transações com futuros na Europa Por exemplo no século XII o feudalismo encontravase enfraquecido o que provocou o fortalecimento dos burgos Eram então formalizados contratos para entrega futura da produção agrícola do campo para os burgos Há tam bém registros de que no século XIII os Mosteiros Cistercienses na Inglaterra tinham por costume vender aos comerciantes sua produção de lã com até 20 anos de antecedência A história da primeira bolsa data de 1460 em Antuérpia na Bélgica porém sem comercialização de derivativos Essa bolsa perdeu importância econômica quando a cidade foi saqueada em 1585 pelos espanhóis o que provocou uma saída em massa da cidade de refugiados protestantes e judeus que se instalaram em Amsterdã provocando o seu desenvolvimento Foi então fundada em 1602 GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V A Bolsa de Valores de Amsterdã constituindose no primeiro mercado de deri vativos a possuir uma razoável organização com operações a termo e opções LAMOTHE 1993 CHANCELLOR 2001 apud KLOECKNER 2007 Cedo na história também há registros de bolhas especulativas A primeira registrada foi a dos bulbos de tulipas na Holanda que ocorreu entre 1634 e 1637 O registro histórico mostra que os preços dessas flores oriundas da Turquia atingiram preços muito altos ao ponto de que um único bulbo chegar a valer o equivalente a uma carruagem puxada por quatro cavalos ou a uma casa pequena Nesse ínterim o mercado de opções sobre os bulbos acontecia da seguinte forma comerciantes compravam opções de compra sobre as colheitas e os agricultores negociavam opções de venda que lhes garantiria um preço mínimo para a venda de suas colheitas Com a queda acentuada dos preços das tulipas diversos parti cipantes desse mercado foram levados à falência A especulação sobre os bulbos de tulipa na sua fase de supervalorização chegou a atingir a Royal Exchange de Londres Inglaterra fundada em 1565 que também chegou a negociar contra tos a termo sobre bulbos de tulipa CHANCE 1998 apud KLOECNKER 2007 No Japão os mercados futuros datam do período Edo 1603 a 1867 quando foi fundada a bolsa de arroz em Osaka cidade que era o centro da economia japonesa nesta época As prefeituras mantinham armazéns em Osaka e juntas vendiam a produção de arroz aos comerciantes Registrase que certo comerciante chamado Yodoya juntamente com outros traders fundou a YodoyaKomeichi que é considerada a primeira bolsa do Japão Em 1697 esta bolsa foi transfe rida para Dojima Também no Japão em 1716 iniciaramse as transações com futuros de arroz que foram reconhecidas pelo governo japonês alguns anos mais tarde em 1730 Interessante notar que os contratos negociados na bolsa de Dojima eram muito semelhantes aos contratos futuros negociados nas principais bolsas do mundo com a padronização de qualidade quantidade prazo e valor a pagar Podemos observar também na história vários eventos especulativos Um deles é registrado na Inglaterra no início do século XVIII em que se passou a nego ciar opções sobre ações das principais companhias marítimas No ano de 1720 ocorreu uma forte queda dos preços das ações da South Sea Company atribuída em parte à especulação com opções sobre as ações da empresa Por conta deste 119 Derivativos Definições Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 evento a negociação com opções permaneceu proibida até o início do século XX Apesar da proibição os negócios com opções continuaram a ocorrer infor malmente LAMOTHE 1993 apud KLOECKNER 2007 Em 1878 em Liverpool na Inglaterra os contratos de mercados futuros passam a ser negociados formalmente Esses contratos eram conhecidos como to arrive mercadorias a chegar e podem ser considerados a base dos contratos negociados hoje em dia nas principais bolsas de futuros do mundo TEIXEIRA 1992 apud KLOECKNER 2007 DERIVATIVOS NA AMÉRICA DO NORTE Registramse mercados de commodities em Nova Iorque e em outras cidades americanas já em 1752 Nesses mercados eram negociados produtos locais no mercado à vista Observase que durante a safra os preços dos produtos eram muito baixos enquanto que na entressafra os preços subiam significativamente por conta da escassez da oferta Aconteceu então em 1848 que 83 comerciantes fundaram a Chicago Board of Trade CBoT que passa a negociar contratos de mercadorias para entrega futura na década de 1860 muito provavelmente em 1865 Isso possibilitou que os produtores pudessem armazenar seus grãos na suas propriedades ou em armazéns alugados e entregálos apenas no encerramento do contrato conseguindo dessa forma um preço mais justo Mesmo com essa possibilidade de ganho maior a maior parte das transações eram realizadas no mercado à vista TEIXEIRA 1992 apud KLOECKNER 2007 Um fato marcante ocorreu em 1874 com a fundação da Chicago Produce Exchange que se tornou a Chicago Mercantile Exchange conhecida como Merc em 1919 considerada uma das principais bolsas do mundo As negociações de opções nos Estados Unidos datam do século XIX na modalidade overthecoun ter OTC ou mercado de balcão Em 1973 entretanto foi criada a Chicago Board of Options Exchange CBOE uma bolsa focada na negociação com opções que iniciou suas operações em 26 de abril daquele ano Também neste mesmo ano foi publicado um artigo de autoria de Fischer Black e Myron Scholes no qual se apresentava uma fórmula para a precificação de opções Foram estes dois marcos GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V históricos a criação de uma bolsa especializada em ações e um mecanismo de precificação que deram um impulso extraordinário na indústria financeira pro movendo a criação de um mercado pujante ao redor do mundo CHANCE 1998 apud KLOECKNER 2007 DERIVATIVOS NO BRASIL No Brasil a história dos derivativos data de 26 de outubro de 1917 com a fun dação da primeira bolsa de commodities agrícolas a Bolsa de Mercadorias de São Paulo BMSP Eram comercializados no recinto da BMSP contratos de natureza agrope cuária como café boi gordo e algodão Foi só na década de 1980 que houve a negociação do primeiro contrato futuro de um ativo financeiro referenciado em ouro Em 1979 as bolsas de Valores do Rio de Janeiro e São Paulo iniciaramse no mercado futuro de ações e as operações com opções A década de 1980 marcou a fundação por meio das bolsas de valores do Rio de Janeiro e de São Paulo respectivamente de duas bolsas para negociação nos mercados futuros a Bolsa Brasileira de Futuros BBF fundada em 1983 e a Bolsa Mercantil de Futuros BMF fundada em 04 de julho de 1985 O primeiro pregão ocorreu em 31 de janeiro de 1986 Em maio de 1991 ocorreu a fusão da BMF com a BMSP originando a Bolsa de Mercadorias Futuros mantendo a sigla BMF Esta nova BMF passa então a negociar contratos mais sofisticados do que apenas financeiros e agrícolas São também objeto de comer cialização swaps e opções flexíveis Em 30 de junho de 1997 a BMF incorpora a BBF tornandose o maior centro de negociação de derivativos do Brasil e um dos principais no mundo CORADI 1998 LOZARDO 1998 TEIXEIRA 1992 apud KLOECKNER 2007 Em 29 de agosto de 2002 a BMF cria a Bolsa Brasileira de Mercadorias que passou a ser constituída além da própria BMF também pelas bolsas de mercadorias de Goiás Mato Grosso do Sul Minas Gerais Paraná e Rio Grande do Sul e da cidade de Uberlândia MG que foram transformadas em Centrais Regionais de Operação 121 Mecânica de Funcionamento dos Derivativos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Um dos principais fatos recentes da história das bolsas no Brasil tem a ver com a fusão da BMF com a Bovespa em 2008 formando a maior bolsa da América Latina e a terceira maior bolsa do mundo MECÂNICA DE FUNCIONAMENTO DOS DERIVATIVOS Como dissemos no início desta unidade diversos problemas relacionados à volatilidade de preços podem ser minimizados com a utilização dos derivativos Mas como funcionam esses mecanismos na prática A partir de agora vamos conhecer um pouco desta mecânica Primeiramente vamos conhecer os participantes do mercado nossos players Os principais participantes deste mercado são hedgers os especuladores e os arbitradores No Quadro abaixo você terá uma ideia geral do papel de cada um no mer cado de derivativos PARTICIPANTE CARACTERÍSTICAS Hedgers São agentes econômicos que desenvolvem alguma atividade produti va comercial ou de serviços e que desejam reduzir algum tipo de risco que pode ser por exemplo de variação do preço de um produto com modity de oscilação de taxas de juro ou taxa cambial Os hedgers uti lizam então o mercado para proteção contra variações não desejáveis nos preços Um exemplo clássico de hedge é o fazendeiro que ainda não pode colher sua produção de grãos e receia a queda nos preços Para se proteger ele pode vender no mercado futuro seu produto se o preço lhe convier Seu lucro fica travado ou seja se a commodity subir de preço seu lucro não aumentará Vale lembrar que o hedge evita as perdas mas limita os lucros GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V Especuladores Este grupo de pessoas que opera nos mercados futuros desempenha uma função significativa e vital para o funcionamento dos mercados de derivativos Os Especuladores não estão se protegendo contra variações de preços índices ou taxas Nem ao menos arbitrando entre os ativos e derivativos no mesmo ou em diferentes mercados Eles basicamente apostam na alta ou na baixa do mercado e operam comprando ou vendendo derivativos O seu lucro ou prejuízo virá desta especulação Ao fazerem isso os Especuladores absorvem o risco que os Hedgers estão pretendendo reduzir Sem eles as bolsas e os derivativos não existiriam pois são esses participantes que conferem liquidez ao mercado assumindo os riscos dos hedgers Sua intenção é obter ganhos financeiros com informações e previsões sobre os vários mercados Geralmente não esperam o vencimento de seus contratos saindo da posição que mantém dias antes Dificilmente um especula dor vai entregar uma commodity ou outro ativo se estiver vendido ou receber se estiver comprado Arbitradores Os Arbitradores operam no mercado realizando compra e venda simultânea de ativos e derivativos cujos preços estejam desalinhados O seguinte exemplo procurará esclarecer o que foi dito Suponha que o preço do soja à vista esteja muito barato e o preço do soja para entrega futura esteja muito caro Ao identificar tal situação o Arbitra dor poderá comprar soja no mercado à vista e vender soja no mercado futuro Ele repetirá esta operação fazendo pressão de compra aumen tando a procura no mercado à vista e pressão de venda aumentando a oferta no mercado futuro Com isso o preço à vista tenderá a subir e o preço futuro tenderá a cair Quando os preços voltarem aos patama res normais o arbitrador reverte as operações vendendo o que foi comprado e comprando o que foi vendido realizando seu lucro Agin do desta forma os arbitradores conseguem um lucro estando sujeitos a um grau de risco baixo Em resumo os Arbitradores garantem que os preços futuros no mercado estejam compatíveis com os preços no mercado físico Sempre que há uma discrepância entre esses preços o arbitrador aproveita para realizar seus lucros sem risco Assim os preços estão sempre justos Um exemplo de arbitragem é a compra de ações de uma empresa no Brasil e a venda simultânea de ADRs recibos de ações em Nova Iorque se houver discrepância de preços Outro exemplo seria comprar ouro à vista e vender contratos futuros dessa commodity se o preço no futuro compensar a taxa de juros do mercado Scalpers São os especuladores que operam em curtíssimo horizonte de tempo Em geral fazem previsões sobre o comportamento dos preços de contratos futuros para os próximos segundos ou no máximo para uns poucos minutos à frente Não planejam obter grandes ganhos em cada negócio e sim esperam obter pequenos lucros de cada vez com a movimentação de preços Fonte baseado em Toledo Filho et al 2009 e Kloeckner 2007 123 ENTENDENDO O CASO SADIA E O PREJUÍZO DE R760 MILHÕES Renato comenta Navarro estou um pouco confuso Sou acionista da Sadia recebi um comunicado deles explicando um pouco sobre o prejuízo de R760 milhões mas fiquei curioso para entender melhor o que exatamente aconteceu Entendi que foram operações relacionadas ao dólar ao câm bio mas sua didática se faz essencial para que possamos eu e seus demais leitores compreender a razão real do prejuízo Pelo que li tudo tem a ver com operações no mercado futuro É isso Obrigado Um prejuízo da ordem de R760 milhões é realmente algo que merece muita aten ção A dúvida a respeito do que realmente aconteceu mostra que os nossos investi dores estão cada vez mais engajados em suas decisões o que traz muita alegria ao colega que aqui escreve Fico deveras feliz A Sadia é uma empresa que exporta muito e por isso tem íntima relação com a moeda americana Sim daí surgiu a perda anun ciada na semana passada Hedge e o mercado futuro Muitas empresas e grandes investidores usam o mercado de opções para fazer o chamado hedge uma forma de garantir suas aplicações e protegêlas de eventu ais volatilidades exageradas Apostase na alta ou baixa de determinados ativos e ou moedas A lógica do mercado de opções pode ser conhecida no artigo As opções e o direito de decidir publicado aqui no Dinheirama e também na série de artigos sobre mercado a termo publicados no Ini ciante na Bolsa Ah sim a Sadia A Sadia lançou opções de dólar na BMF Bovespa com prazo de 12 meses na expec tativa de comprar a moeda com preço mais baixo ao final deste período Em outras palavras ela vendeu contratos futuros de câmbio apostando na queda da moeda Quem compra a contraparte espera que o valor suba No vencimento as partes se ajeitam No frigir dos ovos o objetivo era comprar dólares baratos no mercado à vista e revendêlos pelo preço do contrato futuro mais alto O que deu errado A BMF Bovespa exige que os signatários de contratos em aberto aqueles ainda não liquidados como os da Sadia depositem todo dia garantias equivalentes a uma fra ção do contrato O procedimento visa evitar problemas de inadimplência nas negocia ções de futuros Na prática isso significou para a Sadia aportar todos os dias cada vez mais dinheiro afinal o dólar disparou nestas garantias exigidas conhecidas como margens Assim com o dólar subindo e as garantias a serem depositadas também crescendo a influência da operação no caixa da empresa pode ter começado a pesar mais do que o planejado Isto é que se pode deduzir já que não há confirmação da empresa O dólar deve voltar ao patamar de R170 mas diante da volatilidade e do risco no fluxo de caixa da empresa a decisão foi a de liquidar antecipadamente o contrato registrando então o prejuízo Então o prejuízo veio como consequência de uma decisão Exatamente Ao tomar conhecimento da exposição excessiva da empresa no mer cado de derivativos alguns analistas afirmam que ela era o dobro do autori zado pelo conselho de administração a diretoria decidiu recolocar a empresa no rumo acertado com seus acionistas Para isso liquidou suas operações comprando opções na mesma quantidade dos contra tos anteriormente vendidos Isso custou R760 milhões a demissão do diretor finan ceiro e muita desconfiança no mercado as ações chegaram a cair 42 Mas não se assuste hedge é comum Você deve estar pensando Mas o negó cio da Sadia não é produzir e processar alimentos Sim sem dúvida No entanto operações de hedge no mercado de deriva tivos são comuns em empresas com bom fluxo de caixa e capital para aplicações financeiras O problema como sempre são os limites claramente extrapolados no caso Sadia O jornalista econômico Luis Nassif autor do livro Os Cabeças de Planilha escreveu um excelente artigo sobre o prejuízo da Sadia De leitura simples e rápida o texto esclarece muito bem a questão e traz considerações importantes sobre o que pode acontecer com a crise e seus efeitos Imagino que o colega também tenha sido indagado por seus leitores a respeito Excelente Entendido o problema fica o alerta as empresas não podem abrir mão de seus objetivos principais nem especular com aquilo que não está ligado diretamente aos seus fatores de produção e produ tos O mercado pune o acionista sofre e a empresa fica com sua reputação abalada Nós os acionistas temos que investigar compreender e participar Como fez o lei tor que originou este texto Fonte httpdinheiramacomblog20080929entendendoocasosadiaeoprejuizo der760milhoes Acesso em 13 maio 2012 125 Mecânica de Funcionamento dos Derivativos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 MERCADO FUTURO O mercado futuro inclui mecanismos que funcionam com um contrato futuro que nada mais é do que um acordo para comprar ou vender uma commodity ou um instrumento financeiro numa data futura Neste contrato todas as cláusu las e conteúdos são padronizados com exceção do preço Um dos pressupostos mais importantes em contratos futuros é a clareza por isso a Bolsa prima para que todos os termos da transação destes ativos sejam estabelecidos antes da negociação Os participantes podem desta forma reali zar o negócio sem malentendidos Existem muitas semelhanças entre os contratos futuros e os contratos a termo pois os contratos futuros também são utilizados em operações de compra e venda de um ativo para uma data futura por um preço determinado As princi pais diferenças estão relacionadas à padronização exigida nos contratos futuros e no fato de eles serem comercializados por pregão de bolsa em um sistema de leilões múltiplos as ofertas de compra e de venda são realizadas simultanea mente e os preços são divulgados a todos os participantes do mercado com total transparência As duas principais características que marcam a diferença do mercado futuro e o mercado a termo são Padronização dos contratos Conforme destacamos acima todos os termos do contrato são padronizados e determinados pela bolsa antes de começar a negociação A única parte variável e que fica ao cargo das par tes envolvidas é o preço Quando mencionamos padronização queremos dizer que estes contratos possuem uma estrutura prévia definida e regu lamentada pela bolsa quanto aos limites de especificação do produto à qualidade locais e datas de entrega meios de transporte e formalidades de entrega e pagamento Câmaras de compensação clearing houses A Clearing de Derivativos da BMFBOVESPA é responsável pelos serviços de registro compensa ção e liquidação das operações realizadas na Bolsa além das operações realizadas no Mercado de Balcão mas que são registradas na Clearing O trabalho da Clearing é importante para todos os participantes do sistema por garantir a integridade financeira do sistema o que possibilita uma GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V administração do risco de posições destes participantes Uma das principais funções do mercado futuro na economia é a possibilidade de realização de hedging Mas do que se trata 1 Hedging setor financeiro aqui entra a resposta para o problema do empre sário que precisa pagar no futuro uma importação feita em dólar O mercado de câmbio de acordo com a política cambial do governo tem livre flu tuação e é afetado por movimentos econômicos internos e externos Neste caso os compromissos firmados em dólar são afetados por essa flutuação podendo trazer o que se chama de risco cambial Operando nos mercados futuros é possível a utilização de operações de pro teção ou hedge em que todos os que têm interesse numa determinada taxa do dólar podem garantir uma espécie de seguro contra efeitos negativos de queda ou elevação de preços A mecânica funciona assim Um hedge de venda é firmado ao se vender contratos futuros quer dizer assumese uma posição vendida em futuros contra uma posição comprada no mercado físico Neste caso o que se deseja é buscar proteção contra uma queda dos preços do ativo objeto do contrato Um hedge de compra é firmado ao comprar contratos futuros quer dizer assumese uma posição comprada em futuros contra uma posição vendida no mercado físico Ao fazer isso buscase oferecer proteção contra alta dos preços do ativo objeto do contrato Um dos atrativos do mercado futuro é possibilitar uma aproximação de um modelo ideal de formação de preços em razão das negociações que ocorrem no presente evitando distorções significativas de preços futuros e possibilitando a todos os participantes uma grande transparência e facilidade de acesso num sistema em que as informações são recebidas processadas interpretadas e incor poradas com velocidade e dinamismo Quais são os custos para operar no mercado futuro A BMFBOVESPA informa que os principais custos que um participante incorre quando opera no mercado futuro são shutterstock 127 Ajustes Diários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Taxa Operacional Básica TOB é a taxa de corretagem que é estipulada pela BMF e que deve ser paga no dia seguinte à abertura e ao encerra mento da posição Operação normal 030 Day trade 007 Taxa de liquidação TL tratase de uma outra taxa de corretagem cujo pagamento deve ser efetuado no dia seguinte do encerramento da posi ção no vencimento do contrato Seu valor é de 045 do total negociado tendo como preço base o valor da liquidação do contrato no vencimento As taxas são pagas à corretora As taxas cobradas pela BMFBOVESPA incidem sobre a corretora e não sobre o cliente Fonte BMFBOVESPA Para garantia das operações de mercado futuro algumas ferramentas foram ado tadas Vamos conhecêlas AJUSTES DIÁRIOS Para garantir que os preços do mercado futuro acompanhem as oscilações diá rias são feitos ajustes diários a crédito ou a débito numa conta corrente do produtor se for um contrato de produto agrícola por exemplo que são o resul tado da diferença entre o preço de fechamento do pregão do dia e o preço de fechamento do pregão do dia anterior De acordo com a Bovespa caso o pro dutor esteja com contratos de compra na Bolsa e ocorrer um movimento de alta no mercado os ajustes serão positivos e ele é creditado pela diferença entre a cotação de ajuste diário do dia e a de ajuste diário do dia anterior No caso do produtor estar na posição vendida ou seja com contratos de venda os ajustes serão negativos o que fará que ele seja debitado na diferença entre a cotação do dia anterior e a do dia atual Esses ajustes são efetuados automática e diariamente GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V pela Bolsa de forma a liquidar os débitos e os créditos antes do vencimento do contrato o que confere maior segurança ao sistema Muitos iniciantes no mercado futuro estranham esses movimentos de débito e crédito de valores diários Inclusive quando ocorre um crédito alguns sen temse tentados a utilizar o dinheiro Isso não é nada bom Afinal no outro dia pode haver um débito e é obrigatório ter essa margem de garantia na conta Por isso alguns bancos que contratam a operação abrem uma conta à parte justa mente para não confundir o correntista com esse movimento que aconteceria junto com sua movimentação normal Mas como vimos acima não há nada de anormal nesses débitos e créditos Faz parte do mecanismo de ajuste do sistema Além disso esses ajustes diários permitem que qualquer das partes possa desfazer a operação a qualquer momento fazendo um repasse a um terceiro pelo preço do dia Além disso o valor é pequeno em relação ao total da operação o que poderia afugentar aquela parte que aparentemente está se prejudicando Considerase que esses ajustes diários sejam salutares por nivelarem as posições das partes cada qual recebendo ou pagando suas obrigações Na Tabela abaixo você pode ter uma ideia dos tipos de contratos futuros negociados no mundo TIPO CONTATOS Taxa de Juro Treasury Bonds Treasury Bills Treasury Ilotes Eudollar 30 day Federal Funds Libor DI de 1 dia Cupom Cambial Global Bonds Moedas es trangeiras Franco Suiço marco Alemão Dólar Real Euro Iene entre ou tras Índices Ibovespa SP 500 Stock Index SP Mid Cap 400 Stock Index llikkei 225 Stock Average llasdaq 100 Stock Index Goldman Sa chs Commodity Index Municiapl Bond index US Dollar Index Grãos Trigo milho aveia complexo soja soja em grão óleo de soja farelo de soja Carnes Boi gordo boi magro porcos bezerro Metais Platina prata ouro cobre alumínio Alimentos e Fibras Café cacau açúcar suco de laranja algodão 129 Ajustes Diários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Energia Petróleo óleo de aquecimento 112 gasolina sem chumbo gás natural álcool anidro Madeira Madeira compensada madeira em toras Fonte BMFBOVESPA Na próxima tabela você verá os principais contratos negociados no âmbito da BMFBOVESPA PREGÃO VIVA VOZ E ELETRÔNICO Ouro Disponível 250g disponível fracionário 10g e 0255 gramas Opções de compra e de venda sobre disponível Contrato a termo Contrato futuro 250 gramas Índices Futuros de Ibovespa padrão e mini de índice Brasil 50 IBrX50 de índice nacional de Preços ao Consumidor Amplo e de Índice Geral de Preços do Mercado padrão e fracionário Opções de compra e de venda sobre futuro Ibovespa Moedas Dólar pronto Taxas de câmbio Futuro de taxa de câmbio RUS padrão e mini e de taxa de câmbio RSEuro Opções de compra e de venda sobre de câmbio RUS Taxas de Juro Futuros de taxa médio de depósitos interfinanceiros de um dia de cupom cambial de cupom de DI x IGPM de cupom de IPCA e de taxa média de depósito interfinanceiros de lon go prazo Opções de compra e de venda sobre índice de taxa média de depósitos interfinanceiros de um dia Swap cambial com ajuste periódico Títulos da Divida Futuros de global Bonds e de ABonds Externa Agropecuários Futuro de açúcar álcool anidro de algodão de bezerro de café conillon de milho de soja Futuro e mini de boi gordo e de café arábica Opções de compra e de venda sobre futuro de boi gordo bezerro café arábica e conillon açúcar álcool e milho Contrato disponível de café arábica Madeira Madeira compensada madeira em toras GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V MERCADO BALCÃO Swaps Variáveis autorizadas para formação de um swap DÇ taxa pré taxa de Câmbio TR TJLP Selic TBF Taxa Anbid IGPM IGP DI IPC Fipe IPCA IIIPC Ibovespa IBrX50 variação do preço do ouro Opções Flexiveis Opções de compra e de venda de taxa de câmbio R USS de Ibovespa e de indice de taxa de juro spot Fonte BMFBOVESPA Com a entrada em cena das chamadas clearing houses a padronização e todos as outras melhorias propiciadas pelas bolsas foi possível trazer novos atores ao cenário que tinham interesse unicamente nos possíveis ganhos financeiros das operações sem nenhuma intenção de entregar ou receber a commodity objeto do contrato Para se ter uma ideia de como isso se popularizou hoje apenas cerca de 1 dos contratos têm liquidação física Todo o resto funciona apenas por liquida ção financeira FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE OPÇÕES Outro mercado muito importante de derivativos é o mercado de opções Quando você conhecer a lógica deste mercado verá que de fato é um excelente meca nismo para proteção de preços e gerenciamento de riscos Os contratos de opções estão sempre referenciados a um determinado ativoobjetivo como por exemplo uma commodity ou um contrato futuro As negociações acontecem sobre a base de um preço de exercício numa data futura definida entre comprador e vendedor Como o nome já diz tratase de uma opção ou seja de um direito Não se está negociando o ativoobjeto em si porém um direito Um direito de comprar junto com uma obrigação de vender ou o direito de vender com uma obrigação de comprar O comprador que adquire o direito de comprar o ativoobjeto até ou no máximo no vencimento do contrato A outra parte obrigase por contrato a atender o exercício do direito do titular quando e se este resolver exercêlo 131 Ajustes Diários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Porém caso o direito não seja exercido até o vencimento a opção ou seja o direito vira pó no jargão deste mercado Para quem está executando uma operação de hedge essa opção por exer cer o direito faz uma grande diferença Opções de Compra Precisamos conhecer alguns termos que são utilizados neste mercado Por exem plo o comprador é chamado de titular o vendedor recebe o nome de lançador Para exercer o direito pagase um prêmio que é negociado entre as partes com base em preços definidos por quem organiza o mercado Há um prazo para o exercício deste direito que no máximo é a data de vencimento do contrato O direito ou opção de comprar é chamada de call e é importante para quem precisa assegurar um preço máximo para aquisição do ativoobjeto do con trato Imagine por exemplo uma indústria de massas do tipo macarrão Uma matériaprima básica para seu processo produtivo é o trigo Se o preço desta commodity dispara é problema você sabe muito bem disso Para garantir que o preço não ultrapasse uma marca compatível com seus custos as indústrias compram opções de compra uma call que acabam por servir como proteção hedge contra oscilações abruptas de preço A mesma lógica se aplicaria a um importador que precisa pagar um compromisso em dólar no futuro Ele pode ria comprar uma opção de compra garantindo que a moeda seja vendida a ele por um preço máximo determinado Assim ele estaria protegido contra oscila ções da moeda estrangeira Opções de Venda A operação contrária a que vimos no item anterior são as opções de venda Neste caso o comprador paga um prêmio para ter o direito de vender uma determinada commodity a um preço previamente fixado O vendedor desta opção se obriga a comprar o ativoobjeto pelo preço combinado sempre que o titular exercer seu direito Você pode imaginar como as opções de venda são úteis para um pro dutor rural para garantir um preço mínimo de venda de seus produtos Uma vantagem importante das opções sobre os contratos futuros é que não existe a necessidade de uma margem de garantia O custo da transação é o prêmio que se GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V paga para adquirir o direito de comprar ou de vender a um determinado preço Por não ter a exigência da margem de garantia a perda máxima do titular é o prêmio pago para o exercício do direito Uma analogia que se costuma fazer no mercado de derivativos para entender mos melhor a questão do prêmio de exercício é o que acontece com um seguro de automóvel O que nós fazemos na prática quando compramos um seguro de automóvel Na verdade compramos o seguro para não usar não é mesmo Imagine que você tem um carro que vale R50 mil no mercado Digamos que o prêmio do seguro coincidentemente tem a mesma denominação do valor que pagamos pelo direito de exercício de uma opção seja de R2 mil Ao final do ano o que pode ter acontecido Com boa chance nada terá acontecido ninguém roubou nosso carro e nem houve uma colisão que precisássemos acionar a segu radora Qual seria o nosso prejuízo por assim dizer No máximo o valor do prêmio do seguro ou seja os R2 mil Esse valor viraria pó ou seja perdería mos o valor do prêmio por não termos utilizado o seguro O que a seguradora ganharia Esses exatos R2 mil Mas e se houvesse um sinistro Nesse caso exer ceríamos o direito como segurados e exigiríamos o pagamento da indenização Veja que um seguro é uma forma de gerenciar risco o que está também pre sente no mercado de opções COMPRADORES E VENDEDORES O esquema abaixo nos auxilia a entender o papel do titular comprador e do lançador vendedor de opções seus riscos nas operações de call e de put TITULAR TITULAR LANÇADOR Paga Prêmio Recebe Prêmio CALL Direito de Compra Obrigação de venda PUT Direito de venda Obrigação de compra Fonte baseado em informações da BOVESPA No outro esquema da tabela abaixo vemos o papel de cada um dos participan tes do mercado de opções 133 Ajustes Diários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 PARTICIPANTE PAPEL TITULAR DA CALL Denominação dada ao comprador de uma opção de compra que paga um prêmio negociado entre as partes para ter o direito de comprar o ativoob jeto ao preço de exercício da opção LANÇADOR DA CALL Denominação dada ao vendedor de uma opção de compra que recebe o prêmio negociado entre as partes ficando obrigado a vender para o titu lar o ativoobjeto ao preço de exercício da opção TITULAR DA PUTT Denominação dada ao comprador de uma opção de venda que paga um prêmio negociado entre as partes para ter o direito de vender o ativoob jeto ao preço de exercício da opção LANÇADOR DA PUT Denominação dada ao vendedor de uma opção de venda que recebe o prêmio negociado entre as partes ficando obrigado a comprar do titular o ativoobjeto ao preço de exercício da opção Fonte GLOBAL INVESTIMENTOS O LANÇADOR O papel do lançador no mercado de opções é fundamental É ele quem toma um risco em troca de receber uma receita na forma de prêmio Existem outros motivos mais complexos porém justamente por isso não nos aprofundemos nessas razões O fato é que o titular garante um preço máximo de compra ou um preço mínimo de venda ao comprar essas opções e pagar esse prêmio Muito bom isso não é verdade ATIVOOBJETO DA AÇÃO São muitas os contratos que podem ser feitos no âmbito da bolsa GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V Veja a lista abaixo de contratos de opções que cobrem mercados futuros Ibovespa Boi gordo Café arábica Açúcar Álcool Algodão Bezerro Taxa de câmbio de reais por dólar comercial No mercado disponível à vista ou físico são estes os principais contra tos de opções Ouro Índice DI Dólar comercial Fonte BMFBOVESPA VENCIMENTO As opções também são classificadas de acordo com sua validade sendo as seguintes classificações utilizadas americana o direito pode ser exercido a qualquer momento após a com pra da opção e até a data do seu vencimento europeia o direito só pode ser exercido na data de vencimento da opção asiática o direito se refere a uma média de preços durante certo período shutterstock 135 Ajustes Diários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 PREÇO DE EXERCÍCIO Para entendermos a questão dos preços no mercado de opções é preciso lembrar que sempre falamos sobre dois preços o primeiro é o preço de exercício que é predefinido como um valor de referência para o exercício ou não dos direitos do titular O segundo é o prêmio representado por uma quantia paga pelo com prador ao vendedor lançador de uma opção e que é estabelecido por acordo entre as partes O preço de exercício é o que no final das contas vai servir de base para o titular decidir ou não exercer seu direito de compra ou de venda Vamos imaginar por exemplo que alguém comprou uma opção de venda no valor de R2 que lhe daria o direito de vender uma determinada commo dity a R50 até o vencimento O que se quer claramente é uma garantia de preço mínimo um hedge ou proteção deste preço mínimo Vamos imaginar que quando chega essa data o preço da commodity está a R60 no mercado à vista É claro que o titular NÃO EXERCERÁ seu direito O valor pago como prêmio os R2 vira pó e ele vende sua produção a R60 no mercado à vista O lança dor neste caso terá o valor do prêmio como recompensa Agora vamos pensar na mesma situação em que alguém compra o direito de vender uma determi nada commodity a R50 até o vencimento Imagine agora que no vencimento o preço da commodity esteja a R45 no mercado à vista É evidente que o titular EXERCERÁ seu direito de vender a R50 O lançador obrigase a pagar os R50 ficando com um prejuízo de R3 que representa a diferença entre o valor de exercício R50 e o valor do mercado à vista da commodity R45 mais o valor que ele recebeu a título de prêmio R2 R50 R45 R2 Parece complicado mas na verdade a lógica é bastante simples É uma aposta que se faz em relação às oscilações do mercado físico ou financeiro Quem lança a opção o faz na expectativa de não ser exercido e portanto ficar com o valor do prêmio Quem compra o faz para garantir uma proteção contra oscilações e tem consciência de que no máximo perderá o valor do prê mio caso não exerça seu direito Exatamente a mesma lógica da seguradora que mencionamos anteriormente GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V DETALHES CONTRATO A TERMO CONTRATO FUTURO CONTRATO DE OPÇÕES CONTRATO DE SWAPS Natureza do contrato Comprador e vendedor acor dam a compra ou a venda de uma certa quantidade de commodity a um determinado preço e numa determinada data futura Comprador e vendedor se comprometem a comprar e vender respec tivamente certa quantidade de uma commodity a um determi nado preço e numa deter minada data futura Comprador paga para ter o direito de comprar ven der e vende dor fica obri gado a vender comprar se a contraparte exercer seu direito As partes se obrigam a tro car o resultado líquido das di ferenças entre dois fluxos de rendimentos juros fixos x pós fixados etc Tamanho do contrato Negociável Padronizado Geralmente padronizado Negociável Data e local de entrega Negociável Padronizado Geralmente padronizado Negociável Método de negocia ções Preços são determinados privadamente entre comprador e vendedor Preços são de terminados em pregão em um tipo de mercado de leilão em bol sa de futuros Admite negociação em pregão de bolsa ou no mercado de balcão Preços são negociados privadamente em geral por telefone entre comprador e vendedor Depósito de segu rança Dependente das relações de crédito entre o comprador e o vendedor Comprador e vendedor depo sitam margem de garantia na Bolsa As variações diárias de preços são compensadas no dia seguinte Somente o vendedor chamado lançador é obrigado a depositar margem de garantia Mas não há ajustes diários Dependente das relações de crédito entre o com prador e o vendedor Frequência de entrega física Muito alta Muito baixa Muito baixa Muito baixa Regulação Leis Comerciais Banco Central do Brasil e Comissão de Valores Mobili ários Comissão de Va lores Mobiliários e AutoRegula ção das Bolsas Comissão de Valores Mobi liários e Auto Regulação das Bolsas Comissão de Valores Mobili ários e Auto Regulação das Bolsas 137 Cuidados com os Derivativos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 Emitente e Garantidor Ninguém Departamento de Clearing da Bolsa Admite garan tia do Departa mento de Cle aring da Bolsa ou pode ser definida entre as partes Admite garantia do Departamento de Clearing da Bolsa ou pode ser defini da entre as partes Fonte GLOBAL INVESTIMENTOS CUIDADOS COM OS DERIVATIVOS Em nenhuma circunstância entre no mercado de negociação de derivativos sem antes obter minha autorização por escrito em algum momento no futuro poderiam deixar o sistema financeiro mundial de joelhos Sir Julian Hodge presidente do Hodge Bank em memorando interno a seus executivos Nós as vemos como bombasrelógio tanto para as partes que lidam com elas como para o sistema econômico Em nossa opinião os derivativos são armas financeiras de destruição em massa trazendo perigos que embora agora latentes são potencialmente letais Warren Buffett reconhecido como um dos homens mais ricos do mundo também um dos maiores operadores no mercado de ações e outros valores mobiliários mas avesso aos derivativos OPÇÕES SOBRE AÇÕES ESTRATÉGIA PARA MOMENTOS DE INCERTEZA 26 de março de 2012 Muitos players de mercado entre eles bancos do porte de um Goldman Sachs de Fundos como o Oppenheimer enxer gam a possibilidade de que o rali de alta nas bolsas mundiais se estenda por dois ou três anos Entretanto a velocidade e magnitude da alta das bolsas desde outu bro2011 levanta algumas dúvidas se vale à pena entrar na bolsa nesse momento É claro essa decisão e a escolha das ações e respectivos setores de atividade é crítica para a possibilidade de sucesso do inves timento seja no curto ou no longo prazo Opções Incerteza Entretanto a possibilidade de uma realiza ção de lucros mais forte e até a mudança da tendência de alta recente não está des cartada Além disso como divulgado por vários analistas técnicos muitas ações estão para testar importantes suportes gráficos em seus preços o que pode deflagrar a inversão da tendência de alta do mercado caso sejam rompidos Uma estratégia viável para se beneficiar da eventual continuidade da alta das bolsas no curto prazo no sentido de que envolve risco limitado de perda pode ser a com pra de opções de compra Dessa forma na hipótese de que a BMFBovespa volte a subir no curtíssimo prazo o investidor estaria posicionado na compra de opções de compra calls Por outro lado caso o mercado mergulhasse em uma realização de lucros mais forte eou invertesse a ten dência a perda estaria limitada ao prêmio pago pelas opções de compra Infelizmente devido à pouca liquidez exis tente no mercado local de opções sobre ações a estratégia estaria limitada a poucas opções sobre ações de alguns setores espe cíficos como o de petróleo OGXP3 PETR4 mineração VALE5 siderurgia USIM5 e financeiro BVMF3 e ITUB4 Assim caso a avaliação sobre esses seto res seja positiva e sobre as ações listadas acima também é possível avaliar mais obje tivamente a compra de opções da série D com vencimento em 160412 ou da série E com vencimento em 210512 Vale lembrar que uma análise sobre os pre ços de suporte e resistência assim como da situação econômicofinanceira resultados no último balanço trimestral dessas ações são importantes na escolha do setorcom panhia a ser objeto da compra de opções de compra Além disso podese optar pela compra de opções fora do dinheiro no dinheiro e dentro do dinheiro Minha sugestão é de que se procurem opções levemente fora do dinheiro Apesar de que seus ganhos possam não ser tão grandes a princípio quanto os de uma opção den tro do dinheiro se o mercado permanecer estável ou em queda até o vencimento da opção sua perda não terá sido tão grande 139 Pode parecer que essa é uma análise sim plista da situação mas a verdade é que a estratégia envolve a compra de tempo e o adiamento da decisão de compra da ação à vista por um ou dois meses quando o cená rio atual estará mais claro e definido Vale ressaltar que ao comprar opções o desen caixe do investidor que também pode ser visto pela ótica do valor em risco do inves timento é de apenas uma fração do valor necessário para a compra de uma ação Assim se for o caso o investidor poderá exercer a compra da ação à vista no venci mento das opções ou simplesmente não fazêlo se não for interessante para ele No caso do pior cenário possível com forte queda no preço da ação ele terá perdido o valor pago desencaixe na compra da opção o qual poderá ser muito inferior à perda que poderia ter ocorrido na com pra da ação Por outro lado na hipótese de uma forte alta para o preço da ação ele terá obtido um resultado satisfatório tendo em vista a relação retornorisco envolvida na decisão de se investir em ações ou em opções Não se pode esquecer que a partir do momento em que a opção de compra for exercida o investidor estará comprado em ações à vista e sujeito ao risco de alta ou de baixa de seu investimento em bolsa Todavia caso o mercado venha a confirmar a tendência e o rali de alta das bolsas venha de fato a perdurar por um longo período essa terá sido com certeza a decisão mais inteligente que poderia ter tomado dado o cenário desse momento Fonte httpvocesaabrilcombrblogopcoessemmisterio Acesso em 10 maio 2012 CONSELHOS PARA OPERAR COM DERIVATIVOS O Global Derivatives Study Group do Grupo dos 30 publicou um documento denomi nado Derivativos Práticas e Princípios Este trabalho é voltado para os agentes econômicos que se utilizam de derivati vos negociados em balcão OTC ou seja aqueles que não são negociados em bolsa mas diretamente entre os interessados Entretanto na prática as conclusões a que chegou o grupo de estudos podem ser váli das também para aqueles que lidam com derivativos negociados em bolsas Ao todo vinte recomendações foram enunciadas para dealers e usuários finais de derivati vos e elas estão resumidas a seguir a política do uso de derivativos deverá ser decidida pelo mais alto nível hierárquico de uma organização os derivativos que fazem parte dos ati vos da organização deverão ser avaliados a valor de mercado o risco de mercado das posições em deri vativos deve ser quantificado realizandose testes como por exemplo de stress e as necessidades de fundos para estas situa ções devem ser projetadas quando forem utilizados derivativos pela organização esta deverá avaliar o seu impacto no seu risco de crédito corrente e futuro a função do gestor de risco tanto de cré dito como de mercado deve ser separada do operador de derivativos somente profissionais qualificados devem operar nas áreas de gestão de risco e ope ração de derivativos a organização deverá possuir um sistema de informações gerenciais que consiga medir de maneira apropriada e comuni car rapidamente a exposição ao risco com derivativos adote práticas de transparência indepen dentemente da inexistência de legislação específica Fonte httpriskinstitutech138250htm Acesso em 31 maio 2012 Traduzido no traba lho de KLOECKENER 2007 141 Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade tivemos a oportunidade de conhecer os principais tipos de deri vativos que podem oferecer excelentes condições de gerenciamento de riscos não só para produtos financeiros mas para a economia real Temos que parar de achar que somente a sorte nos levará a conseguirmos alcançar resultados positivos Os agricultores precisam mudar sua postura com relação aos mecanismos de proteção de preços Apostar em preços maiores no momento de comercialização é puro amado rismo e geralmente os resultados são decepcionantes Pense na frustração de ver o trabalho de um ano inteiro se perder por movimentos de mercado não previs tos Esse procedimento amador tem que acabar Felizmente já vemos movimentos muito significativos na direção de busca de proteção O papel que as cooperativas têm desempenhado no acompanha mento e conscientização dos nossos produtores tem feito a diferença Com isso penso que num futuro breve nosso agronegócio não só será bom porteira para dentro mas também porteira para fora Todos ganharão com isso Os mecanismos de proteção podem auxiliar toda a cadeia produtiva não somente a do agronegócio embora com sua reconhecida importância econômica Hoje dependemos fortemente do mercado internacional e saber movimentar se nesse mercado é essencial para a competitividade das empresas Mas de nada adiantaria ser competitivo na produção de um produto se não soubermos como garantir que esses recursos entrem com valores justos para nossos empresários Também neste caso ferramentas de hedge podem ser utilizadas GESTÃO DE RISCOS POR MECANISMOS DE HEDGE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V É claro que apenas numa unidade não seria possível abordar toda a com plexidade dos derivativos Só para se ter uma ideia esse assunto tem dominado uma boa parte da literatura econômica principalmente depois da catástrofe das hipotecas subprime americanas Os cálculos de fluxo de caixa e as fórmu las para apuração de riscos foram emitidos para uma melhor compreensão do tema neste momento Sugiro que você busque mais informações sobre o assunto Não deixe passar essa oportunidade de conhecer alguns dos mais fantásticos produtos financei ros da era moderna os derivativos Dominando este tema você sem dúvida será um profissional diferenciado Mãos à obra então Sucesso Prof Me Paulo Pardo 143 1 Vimos ao longo desta unidade diversos mecanismos de proteção de preços des tinados ao agronegócio e a empresas de uma forma geral Pesquise na Internet sobre a volatilidade de preços das commodities agrícolas mais exportadas pelo Brasil Veja o caso da soja em particular Trace um gráfico com os preços da soja durante os últimos 2 anos Como você acredita que o produtor poderia ter uti lizado mecanismos de hedge para ter melhores resultados no momento da co mercialização 2 Falamos sobre como o mercado de opções se assemelha a um seguro de auto móvel A propósito do gerenciamento de riscos busque cotar um seguro para um automóvel qualquer para uma pessoa do sexo feminino com idade acima de 40 anos e outra cotação agora destinada para um jovem do sexo mascu lino com idade de 22 anos Por que razão você acredita que os preços são tão diferentes Como isso se relaciona com a gestão de risco por parte das próprias seguradoras MATERIAL COMPLEMENTAR Mercado de Derivativos no Brasil LION Octávio Manuel Bessada BARBEDO Claudio ARAÚJO Gustavo Editora Record Investindo em Opções como aumentar seu capital investindo com segurança HISSA Maurício Bastter Editora Elsevier CONCLUSÃO 145 Prezado estudante Fiquei muito feliz pela oportunidade de considerar com você os temas relativos à Gestão de Risco Este assunto deveria ser tema de debate em vários círculos tanto empresariais como no agronegócio sem dúvida as maiores locomotivas da economia brasileira Mas de fato não vemos isso acontecer É verdade que esse panorama tem se altera do nos últimos tempos mas temos ainda um longo caminho a trilhar Espero que você seja um agente promotor dessas mudanças Vamos relembrar os pontos altos do que vimos durante nossa consideração Na unidade I fomos apresentados à Gestão de Riscos Entendemos as principais classificações de riscos e o papel do gestor em aceitar os riscos inerentes ao seu negócio Essa unidade foi produtiva para nos cientificar que não há nenhum tipo de investi mento sem risco Mesmo investimentos tradicionais contêm certa medida de risco e os gestores ao invés de ignorálos devem ter uma visão estratégica de gerencia mento pensando em ferramentas para mitigálos Na unidade II identificamos as principais métricas ou medidas de quantificação de riscos Alguns desses instrumentos já são utilizados eficazmente há alguns anos Outros têm uma história mais recente e temse provado úteis em diversas situações É importante frisar mais uma vez que não há um único mecanismo que dê conta de todas as respostas de que o gestor necessita Por isso uma combinação destas ferramentas pode lhe ser útil na sua rotina de análise de riscos Na unidade III conseguimos discutir mais ferramentas de análise de riscos e tam bém vimos métodos para análise de investimentos A vida de um gestor não é fácil pois suas decisões envolvem recursos que geralmente são escassos para as empre sas Não se pode dar ao luxo de perder recursos importantes por falhas de análise de viabilidade de projetos Este é um risco bastante real Na unidade IV analisamos a questão da análise e concessão de crédito Lembrando que esta é uma função tão importante quanto as vendas Temos que saber vender saber entregar e saber receber O mercado disponibiliza ferramentas bastante in teressantes para análise de crédito mas nenhuma é 100 segura Sempre haverá fraudes ou tentativas de burlar os sistemas Fique atento treinese para não ser víti ma de oportunistas Finalmente na unidade V entramos no fantástico mundo dos mercados de deri vativos Muitas empresas entraram neste mercado puramente para especular mas sem o menor preparo para isso As consequências foram catastróficas Porém quem conhece estes mecanismos e aprende a utilizálos com critério não só protege suas posições como também tem a chance real de ser remunerado por isso Parece bom não é mesmo CONCLUSÃO CONCLUSÃO Percorremos um caminho longo alguns temas mais complexos mas tenho certeza de que todos esses conhecimentos lhe serão úteis para seu sucesso profissional Não há como admitir a atuação de um gestor financeiro que não domine minima mente estes fundamentos Evidentemente que o grau de aplicação dependerá do quanto você se interessará em aprofundarse nessas questões levantadas Mas tenho confiança em que você tem o perfil necessário para vencer estes desa fios Espero que os conhecimentos que abordamos aqui sejam úteis para você como foi para mim Úteis no sentido de contribuir para o seu desenvolvimento pessoal da construção coletiva do conhecimento de apontar novos caminhos e inspirações para que você siga uma carreira de sucesso As fases de nossa vida são marcadas por acontecimentos singulares como a ob tenção de uma educação superior o casamento ou nascimento de filhos e outras ocasiões memoráveis Espero que o conhecimento sobre gestão de riscos lhe seja proveitoso para preservar e aumentar o patrimônio do seu empreendimento seja como profissional contratado seja como empreendedor Faça diferença este é meu desejo para você Sucesso Professor Paulo REFERÊNCIAS 147 Derivativos financeiros Publicação da Gradual Investimentos Disponível em httpwwwgradualinvestimentoscombrpdfsMercado20Financeiropdf Acesso em 10 de maio de 2012 CROUHY Michel Gerenciamento de Riscos abordagem conceitual e prática uma visão integrada dos riscos de crédito operacional e de mercado Rio de Janeiro SE RASA 2004 DAMODARAN Aswarth Gestão Estratégica do risco uma referência para a toma da de riscos empresariais Porto Alegre Bookman 2009 DUARTE JUNIOR Antonio Marcos Gestão de Riscos para fundos de Investimen tos São Paulo Prentice Hall 2005 HULL John C Options Futures Other Derivatives 6th ed PrenticeHall Upper Saddle River 2006 789p JURINSKI J James Credit and Collections Barrons New York 1994 KLOECKNER Gilberto de Oliveira Derivativos UFRGS Porto Alegre 2007 LAMB Roberto KLOECKNER Gilberto de Oliveira Gestão de Riscos Pessoa Física e Jurídica UFRGS Porto Alegre 2006 RODRIGUES José Angelo Gestão de Risco Atuarial 1 ed São Paulo Saraiva 2008 SCHRICKEL Wolfgang Kurt Análise de Crédito Concessão e Gerência de Emprésti mos 5 ed São Paulo Atlas 2000 TOLEDO FILHO Jorge Ribeiro CARDOSO Amilton Fernando SANTOS Célio Corrêa Custo e benefícios dos derivativos agropecuários utilização de butterfly de put no incremento do resultado em contratos de café Revista Custos e gronegócio on line v 5 n 3 SetDez 2009 REFERÊNCIAS