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Matemática ·
Pedagogia
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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO PROFESSOR Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL EXPEDIENTE de C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância ALVES Jhonatan Diógenes Oliveira Filosofia da Educação Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves Maringá PR UniCesumar 2020 Reimpresso em 2023 200 p Graduação EaD 1 Filosofia 2 Educação 3 Pedagogia EaD I Título FICHA CATALOGRÁFICA NEAD Núcleo de Educação a Distância Av Guedner 1610 Bloco 4Jd Aclimação Cep 87050900 Maringá Paraná wwwunicesumaredubr 0800 600 6360 Coordenadora de Conteúdo Eder Rodrigo Gimenes Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Matheus Silva de Souza Design Educacional Giovana Vieira Cardoso Jociane Karise Benedett Revisão Textual Nágela Neves da Costa Fotos Shutterstock CDD 22 ed 3701 CIP NBR 12899 AACR2 ISBN 9786556150680 Impresso por Bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB 91679 Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pósgraduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contra tos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel BOASVINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico nós tra balhamos com princípios éticos e profissiona lismo não somente para oferecer educação de qualidade como acima de tudo gerar a con versão integral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profis sional emocional e espiritual Assim iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Londrina Curitiba e Ponta Grossa e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e também no exterior com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Por ano pro duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares Somos reconhe cidos pelo MEC como uma instituição de exce lência com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa cionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos edu cadores soluções inteligentes para as neces sidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromis so com a qualidade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ati vas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis são que é promover a educação de qua lidade nas diferentes áreas do conheci mento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária P R O F I S S I O N A L T R A J E T Ó R I A Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá UEM 2019 Espe cialista em Filosofia Contemporânea pela Faculdade de Administração Ciências Educação e Letras FACEL 2013 Especialista em Tradução e Interpretação de LIBRAS pela Faculdade São Fidelis FSF 2013 e especialista em Docência e Gestão do Ensino Superior pela Universidade Paranaense UNIPAR 2017 Graduado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUCPR 2012 e Pedago gia pela Unicesumar 2019 Atuou como professor de Filosofia pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná SEED de 2013 a 2017 como Intérprete de Libras na Universidade Paranaense UNIPAR na cidade de Cianorte no ano de 2016 e exerceu a mesma função na Unicesumar no ano de 2017 Atuou como professor conteudista EaD nas disciplinas de História das Religiões e História da Arte pela Faculdade Eficaz no ano de 2017 em Maringá e Filosofia da Educação pela Uni versidade de Marília UNIMAR em 2019 Atualmente trabalha como Professor Conteudista professor de Ensino Fundamental e Médio e elaborador de questões para concurso público pela VALESPE na área da educação httplattescnpqbr7875950711559289 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO Olá alunoa Seja bemvindoa à disciplina de Filosofia da Educação Em tempos em que o conhecimento se torna instrumento imprescindível para a realização de um trabalho de qualidade falar de uma formação acadêmica tornouse obrigatório para todo profissional que deseja se atualizar Como parte de nosso trabalho desejo exatamente isso participar do seu processo de crescimento profissional Independentemente da área de sua atuação ou do modo como desenvolverá o conhecimento aqui adquirido a intenção dessa disciplina é lhe fazer críticoa atentoa aos movimentos históricos e contemporâneos a fim de lhe possibilitar as ferramentas necessárias para solucionar os problemas de forma inovadora tendo como base o conhecimento filosófico aplicado à Educação Pode parecer mentira mas quando temos compreensão do significado da reflexão no campo pedagógico da importância do pensamento filosófico clássico do modo como o Brasil acolheu as ideias filosóficas e da maneira pela qual os valores morais são exercidos em nossa cultura e sociedade encon tramos subsídios para refletir e alcançar novos olhares frente aos dilemas corriqueiros que permeiam a realidade educacional É isso que faremos ao longo dessa disciplina passando pelas cinco unidades que compõem nosso material Para adentrarmos a este campo da pesquisa filosófica e pedagógica na Unidade 1 veremos o que é a Filosofia bem como o que é Educação para depois compreendermos como estes dois campos puderam dialogar por meio do pensamento dos autores clássicos e posterior mente na prática de uma Filosofia aplicada Na Unidade 2 discorreremos sobre as principais correntes filosóficas que surgiram ao longo dos anos Pela PatrísticaeEscolástica peloIdealismo e Materialismo perceberemos o papel que a Filosofia desempenhou na construção de valores e ideias a respeito do homem de Deus da vida em sociedade e do conceito de certo e errado bem e mal Por estas leituras será possível compreender que as considerações sobre o que é por exemplo a verdade dependerão do período em questão e do ponto de vista abordado Em outras palavras o saber filosófico não se absolutiza mas se constrói diferentemente em cada época D A D I S C I P L I N A A P R E S E N TA Ç Ã O Na Unidade 3 contaremos com o pensamento dos filósofos clássicos como Thomas Hobbes 15881679 John Locke 16321704 JeanJacques Rousseau 17121778 Augusto Comte 17981857 e Michel Foucault 19261984 sobre suas teorias e a relação que estas tiveram com o cenário educacional de sua época fazendo de suas abordagens e reflexões aponte para uma análise pedagógica sobre o homem e a sociedade Na Unidade 4 adentraremos no pensamento educacional brasileiro como forma de refle tir sobre a saudável pluralidade de ideias presentes nos cenários educacionais políticos e sobretudo históricos da sociedade Falaremos das principais tendências pedagógicas que compuseram o quadro educacional brasileiro para depois voltarmos nosso olhar para o referencial pedagógico apresentado por Paulo Freire a partir de sua proposta daEducação pautada no saber popular Em seguida discutiremos a respeito do projeto de Educação que temos e aquele que queremos em nosso país pautado no princípio da democracia e da qualidade de vida social para todos Por fim em nossa Unidade 5 nos deteremos um pouco mais na reflexão a respeito dos valores sinalizando a necessidade de sua utilização frente às diversas teorias filosóficas e pedagógicas que surgiram em cada época e cenário Isso nos dará suporte para encontrar mos o equilíbrio entre teoria e prática no âmbito educacional queserá o pensamento ético Mais que isso temos a certeza de que não somos uma ilha Ou seja o desejo de socializarmos e lidarmos com o diferente é natural em nós humanos Desse modo somos convidados a nos inserirmos num grupo e nele nos desenvolvermos Chamamos isso de sociedade e as regras da convivência atreladas à cultura local é que evidenciam quem somos de fato quais são nossas escolhas e de que modo elas contribuem para nosso crescimento pessoal e social Para sustentar estes pilares teóricos daquilo que constituímos como sociedade ocidental discutiremos a respeito do significado de moral lei e ética e as suas principais expressões a respeito do homem da sua convivência social e ambiental até chegarmos a umaética que vá para a prática que seja visível e palpável ou seja a ética aplicada Convido você a caminhar comigo nessas leituras a fim de aprofundarmos nossas pesquisas e discussões Tenha um ótimo estudo ÍCONES Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece Este ele mento ajudará você a conceituálao melhor da maneira mais simples conceituando No fim da unidade o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos quadroresumo Neste elemento você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos explorando Ideias Ao longo do livro você será convidadoa a refletir questionar e transformar Aproveite este momento pensando juntos Enquanto estuda você encontrará conteúdos relevantes online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno logia a seu favor conectese Quando identificar o ícone de QRCODE utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online O download do aplicativo está disponível nas plataformas Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO CONCEITUANDO FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 10 AS PRINCIPAIS CORRENTES FILOSÓFICAS 47 78 OS TEÓRICOS CLÁSSICOS DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 118 A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE 161 A REFLEXÃO FILOSÓFICA NA PRÁTICA 192 CONCLUSÃO GERAL 1 CONCEITUANDO FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO PLANO DE ESTUDO A seguir apresentamse as aulas que você estudará nesta unidade O que é Filosofia O que é Edu cação Filosofia da Educação a atuação do filósofo no campo pedagógico OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conceituar o significado de Filosofia ao longo da história desta partindo dos pressupostos filosóficos gregos Conceituar o significado de Educação ao longo da história da pedagogia Apresentar a atuação da Filosofia na área da Educação bem como o papel do filósofo dentro deste saber PROFESSOR Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves INTRODUÇÃO Olá aluno a Seja bemvindoa à Unidade 1 na qual trabalharemos os conceitos de Filosofia Educação e por fim Filosofia da Educação Antes de iniciarmos propriamente a nossa abordagem a respeito das questões filosóficas dadas à Educação vale compreendermos os dois eixos que compõem este saber Devemos conhecer os pressupostos da Filosofia e da Educação como forma de interpretarmos os reais movimentos e objetivos da Filosofia da Educação enquanto ciência autônoma Ao discorrermos sobre a Filosofia compreenderemos que o seu campo de atuação é amplo cabendo em todos os espaços de pesquisa e considerada por muitos pensadores como a mãe de todas as ciências tendo em vista que todo saber surge de um questionamento prévio de um problema a ser solucionado e das possíveis respostas para eles isto é as hipóteses de asserção Trazida pelos pensadores gregos a Filosofia ocupa um lugar de destaque em meio às ciências pois mais que trazer respostas prontas e elaborar discursos ela caminha rumo ao absurdo ao incomum à resposta não esperada No caso da Educação sua expertise se encontra numa prática no ato de educar e na busca pelos melhores caminhos rumo à formação do homem Apesar das suas diversas expressões ao longo da história sua centralidade se encontra na ação refletida bem como no diagnóstico do que seja o homem e o modo como ele deve ser instruído para a vida em sua comunidade Por fim ao reunirmos essas duas ciências temos a Filosofia da Edu cação e o seu desejo de fazer da Filosofia um instrumento para que se possa refletir acerca da qualidade do perfil das intenções e dos interes ses que se encontram no trabalho pedagógico Ou seja como fonte da dúvida a sua função vai além da obviedade da prática e não se limita a uma teoria mas tenta conciliar essas duas na solução dos problemas relacionados à Educação Iniciemos então nossa discussão a respeito deste tema UNIDADE 1 12 1 O QUE É FILOSOFIA Olá alunoa Mais uma vez seja bemvindoa à nossa aula 1 da Unidade 1 em que discutiremos a ideia do que é Filosofia Quando você ouve a palavra Filosofia o que lhe vem à mente Pare para pensar um pouco nisso pois geralmente interpretamona como algo muito vago sem cientificidade sem resultados comprovados e úteis Porém não se desespere pensar assim se tornou algo muito comum tendo em vista que alguns conceitos modernos de Filosofia se sobrepuseram ao verdadeiro significado dessa ciên cia Filosofia de vida por exemplo definese na possibilidade de cada indivíduo identificar quais valores tipos de pessoas locais experiências espirituais hábitos diários e até mesmo quais sentimentos cabem em suas vidas ARANHA MAR TINS 2009 Contudo o conceito clássico de Filosofia vai além do mero achismo e remonta ao berço da Grécia Antiga entre os séculos VI e VII antes de Cristo A palavra Filosofia deriva de duas outras Philo e Sophia Philo pode significar amor amizade irmão enquanto Sophia seria sabedoria conhecimento Desta matriz Filosofia seria a busca eou o amor pelo conhecimento UNICESUMAR 13 Nesta perspectiva a Filosofia é a ciência que tem a intenção de conhecer refletir dialogar com a fonte do conhecimento humano isto é o próprio pensar Isso não significa dizer que as demais ciências não pensam é certo que cada uma delas possuem o seu objeto de estudo a Biologia estuda a vida a Sociologia inves tiga a sociedade a História pesquisa os fatos ocorridos no passado e atualmente E a Filosofia O que ela pesquisa O objeto de pesquisa da Filosofia é o próprio pensar ARANHA MARTINS 2009 De forma organizada a Filosofia observa as proposições que são transmitidas e ditas como verdadeiras e as coloca em dúvida fazendo com que seja possível tecer vários questionamentos acerca daquilo que antes era considerado como verdade absoluta O que é o amor A verdade existe Por que estamos neste mundo Ques tões como estas que por vezes parecemnos tão simples de serem respondidas são levadas às inúmeras possibilidades no pensamento filosófico que não aceita soluções fáceis e aparentemente óbvias É a investigação sobre as coisas porém de forma sistematizada levando em consideração os aspectos naturais físicos e antropológicos para chegar a uma teoria que resolva determinada situação sem se contradizer em seus pressupostos Sobre isso Chauí 2000 p 23afirma Um dos legados mais importantes da Filosofia grega é portanto essa diferença entre o necessário e o contingente pois ela nos permite evi tar o fatalismo tudo é necessário temos que nos conformar e nos resignar mas também evitar a ilusão de que podemos tudo quanto quisermos se alguma força extranatural ou sobrenatural nos ajudar pois a Natureza segue leis necessárias que podemos conhecer e nem tudo é possível por mais que o queiramos Com a Filosofia tornamonos mais críticos porém mais livres pois não será qualquer resposta que satisfará nosso desejo pelo conhecimento A busca pela verdade se torna indispensável para uma vida feliz Foi o que aconteceu com os gregos que não podiam mais conviver com a obviedade dos mitos que lhes eram contados por séculos enquanto o mundo à sua volta exigia novas respostas as navegações traziam novos horizontes e a vida se estendia para além de suas ilhas UNIDADE 1 14 O princípio de tudo o nascimento da Filosofia A Filosofia surgiu entre os séculos VII e VI a C Apesar de existirem as grandes Cida desEstado como as famosas Atenas e Esparta foi no su búrbio na periferia grega que os primeiros movimen tos do pensamento filosófico deram seus indícios As colônias deram origem à crítica ao tradicional sistema religioso grego em que a explicação do mundo se fazia por meio da ação de divindades cada uma com seus talentos próprios e especificidades Os principais deuses da mitologia grega eram os 12 que habitavam o Monte Olimpo Por ser ele o mais alto de todos os montes e o acesso ao seu topo ser de grande dificuldade ali encontravase na crença dos gregos divindades como Zeus Afrodite Hera etc O pensamento filosófico vem para acabar com tais crenças ao explicar a origem dos fenômenos naturais por meio de raciocínios lógicos e organizados NÍCOLA 2005 Alguns nomes merecem destaque pois por suas considerações e o modo como interpretavam os fatos houve o desdobramento das ideias filosóficas Tales de Mileto 620546 a C Pitágoras de Samos séc VI a C Heráclito de Éfeso 535 475 a C são alguns exemplos de pensadores que buscaram interpretar os fatos de maneira diferente do óbvio organizando suas ideias e fazendo com que a prática fosse compreensível ao invés de ser somente aplicável Quer um exemplo A geometria ciência que parte da Matemática e tem como objetivo estudar o espaço e o modo como as figuras o ocupam era conhecida pelos egípcios e hindus muito antes dos gregos que a utilizavam na prática ao fazerem as divisões de terrenos dos espaços para a plantação de arroz ou então para construir os primeiros templos etc CHAUÍ 2000 Figura 1 Teatro de Dionísio Atenas Grécia UNICESUMAR 15 O diferencia grego porém foi a organização dessa prática em uma teoria compreensível em que se quis compreender as etapas que constituíam o saber prático ou seja o que era necessário para que a medição da terra geometria acontecesse quais instrumentos eram utilizados nessa medição o que preenche ria o espaço vago e qual nome daríamos a ele Questões como estas deram origem à ciência geométrica que conhecemos hoje mas que até então só se fazia numa prática desinteressada sem qualquer intenção e estratégia racional Isso nos leva a compreender que o saber filosófico não é aquele que se preocupa diretamente com uma prática Filosofia é teoria esta é sua expertise e aquilo que a diferencia dos demais saberes Por que todavia esses saberes teóricos não eram pensados por outras culturas Falamos há pouco que a geometria era conhecida pelos egípcios e hindus que a praticavam eles porém não sabiam teorizála Por quê Aranha e Martins 2009 apresentam alguns fatores que contribuíram para a mu dança do pensamento grego ou seja da mitologia para a Filosofia Esta alteração de mentalidade é chamada de milagre grego Isso porque em questão de anos as verda des mitológicas foram postas em xeque e deram espaço para a Filosofia Seriam elas 1 Redescoberta da escrita no período micênico já havia na Grécia um sistema de escrita contudo ele desaparece por volta do século XII a C e reaparece posteriormente em uma outra formatação nos séculos IX e VIII a C A escrita é um fator importante para a compreensão do surgi mento do pensamento filosófico pois por ela tornase possível organizar a palavra fixando aquilo que foi dito ao mesmo tempo que exige clareza e coerência no que se produz Em outras palavras a escrita é uma prova do que foi dito ou acordado é um instrumento que valida a palavra eli minando qualquer achismo ou opiniões secundárias 2 Moeda a Grécia vivia um período de pleno desenvolvimento marítimo quando seu território era visitado por compradores e o comércio começa va a se organizar Este contato com outras culturas outros povos e línguas permitiu a criação de novas estruturas mentais e o desejo por ir além do já conhecido sobretudo das verdades oriundas da religião Isso é natural em todo processo de descobrimento em que o novo atrai e o já conhecido fica em desuso O surgimento da moeda local e outros instrumentos que contri buíram para o desenvolvimento são parte dessas novidades sobretudo pela questão do comércio O uso da moeda foi crucial para que o comerciante em diálogo com o comprador encontrasse os meios de atraílo e assim fazer sempre o melhor negócio Tudo isso exigia raciocínio lógico e muita reflexão UNIDADE 1 16 3 Lei escrita Drácon Sólon e Clístenes foram os principais legisladores gregos que implantaram cada um em sua época leis que fortaleceram os pressupostos civilizatórios retirando o peso dos preceitos religiosos para dar espaço aos anseios de igualdade que caminhavam para um sistema de mocrático Para que isso acontecesse foram necessárias ações rígidas e leis severas impossibilitando rebeliões populares e revoltas aristocráticas contra o governo A participação no governo se tornou mais expressiva sendo as decisões partilhadas e debatidas conforme o poder econômico dos cidadãos 4 Cidadão da pólis pólis em grego é o mesmo que cidade Neste espaço surgiu por volta do século VII a C na Grécia dois lugares de destaques a ágora e a acrópole A primeira é a que colaborou com o surgimento da Filosofia pois na ágora a praça pública da pólis as pessoas se encontravam informavamse dos fatos da vida civil faziam negócios socializavam com os demais cidadãos e encontravam o seu espaço Nela todos os cidadãos tinham voz e poder de decisão a partir do voto popular Isso garantia a isonomia social o que colaborava com a abertura para o amplo diálogo e a tomada de decisões em conjunto 5 Consolidação da democracia o processo que se iniciou no século VII a C com os governos de Drácon Sólon e Clístenes concluiuse no século V a C com a consolidação da democracia promovida pelo governo de Péri cles Todos os cidadãos participavam e tinham direito de voto e de voz Esse movimento democrático permitiu que o debate se instaurasse e as pessoas refletissem sobre o que era melhor para suas vidas na pólis opinando e de liberando decisões que atingiam a todos Vale porém lembrar que crianças mulheres escravos e estrangeiros não eram considerados cidadãos portanto não podiam votar Foram estes os principais fatores que contribuíram para o surgimento da Filosofia É interessante perceber que desde o início da história das ideias filosóficas foi pelo processo de liberdade de expressão democrático e de participação popular que a verdade se instaurou É por isso que a Filosofia grega tem muito a contribuir com o modo que se raciocina atualmente Olhando para os clássicos compreendemos o valor da análise da interpretação e sobretudo da dúvida É por esta que se inicia o processo de questionamento em busca de uma possível resposta Um dos maiores exemplos que encontramos neste movimento de perguntas e respostas em busca da verdade é o filósofo Sócrates Vejamos a seguir seus conceitos UNICESUMAR 17 A Filosofia de Sócrates O que sabemos sobre Sócrates nos vem dos escritos de Platão Pelo que se sabe Sócrates não deixou nenhum registro de seus pensa mentos portanto é pe las letras de Platão que conhecemos o modo como esse pensador agia para pôr em prática as suas ideias BORDIN MELO 2012 Sócrates era um homem feio mas quando falava atraía a todos pela sua inteligência fascinante Sempre procurado pelos jovens vivia perambulando pela praça pública ágora fazendo perguntas e dialogando com aqueles que encontrava Seu método se constituía em dois momentos o primeiro chama mos de ironia e o segundo de maiêutica A ironia acontecia no momento em que fazia as perguntas ao interlocutor fingindo não conhecer o assunto ou seja como se de fato ele não entendesse nada daquilo e gostaria que alguém o explicasse A maiêutica por sua vez era o momento de gerar o conhecimento Este nome maiêutica significa parir dar à luz sendo a mãe de Sócrates uma parteira daí o nome de seu método pois enquanto sua mãe dava à luz aos homens ele enquanto filósofo dava à luz às ideias CHAUÍ 2000 Compreender o conhecimento como maiêutica é muito assertivo pois sabemos que o conhecimento é algo que demanda tempo precisa ser gestado e o seu resultado final não é fácil por vezes tornase doloroso pois aban donar certas teorias para assumir outras mais coerentes é um trabalho que exige coragem e disposição É por isso que as perguntas de Sócrates tinham um cunho maiêutico permitindo ao sujeito que se deparasse com a dúvida ao invés da tradicional certeza Isso não ensinava o interlocutor mas o fazia olhar para si e descobrir a partir de suas próprias dúvidas a verdade que habitava em seu interior Figura 2 Sócrates UNIDADE 1 18 Isso traduz a liberdade que a Filosofia é capaz de trazer àqueles que dela utili zam Sem ter o intuito de doutrinar ou apresentar respostas prontas é pela certeza de que o homem pode encontrar em si por meio da autoanálise e da verificação de suas teorias as respostas para seus problemas Por isso a Filosofia o convida a duvidar a questionar e a ter um novo olhar diante dos fatos corriqueiros pre sentes no cotidiano Sempre temos pouco a nos perguntar mas muito a afirmar queiramos ou não Sócrates compreendia isso e por sua Filosofia levava a pessoa a descobrir o que já sabia mas estava escondido Nem sempre era possível chegar a uma conclusão porém sempre aca bava com as opiniões vazias Só sei que nada sei A ilha de Delfos era o principal local de devoção por parte dos gregos Lá encontravase o templo do deus Apolo onde sua sacerdotisa vivia e fazia profecias em nome dele Certa vez um amigo de Sócrates Querofon te visitou o templo e questionou a sacerdotisa se existia alguém mais sábio que o amigo em Atenas Ela o respondeu dizendo não pois Sócrates seria o homem mais sábio Ao retornar para Atenas Querofonte se di rige ao seu amigo e lhe conta a respeito dessa afirmativa porém Sócrates não acredita que isso possa ser verdade e ele mesmo se põe à prova ao conversar com um po lítico o qual sempre teve muita admiração e su punha ser um homem muito sábio Sobre este diálogo Platão escreve UNICESUMAR 19 Fui a um daqueles detentores da sabedoria com a intenção de refutar por meio dele sem dúvida o Oráculo e com tais provas oporlhe a minha resposta Este é mais sábio que eu enquanto tu dizias que eu sou o mais sábio Examinando esse tal não im porta o nome mas era cidadão ateniense um dos políticos este de quem eu experimentava essa impressão e falando com ele afigurouseme que esse homem parecia sábio a muitos outros e principalmente a si mesmo mas não era sábio Procurei demons trarlhe que ele parecia sábio sem o ser Daí me veio o ódio dele e de muitos dos presentes Então pusme a considerar de mim para mim que eu sou mais sábio do que esse homem pois que ao contrário nenhum de nós sabe nada de belo e bom mas aquele homem acredita saber alguma coisa sem sabêla enquanto eu como não sei nada também estou certo de não saber Parece pois que eu seja mais sábio do que ele nisso ainda que seja pouca coisa não acredito saber aquilo que não sei Depois desse fui a outro da queles que possuem ainda mais sabedoria que esse e me pareceu que todos são a mesma coisa Daí veio o ódio também deste e de muitos outros PLATÃO 2003 p 78 O diálogo com esse político e os demais demonstrou a Sócrates que ele era mais sábio que esses exatamente por não supor o ser Parece contraditório e confuso mas entendamos que na perspectiva filosófica a sabedoria não está em supor saber tudo mas em tudo desconfiar e duvidar Quando formulamos com muita certeza não permitimos que novos conhecimentos novas possibi lidades e oportunidades surjam pois para quem sabe tudo qual o sentido de estudar pesquisar conhecer É por isso que a Filosofia socrática é revolucio nária Sócrates despertou uma consciência adormecida dando ao homem a posse do saber por meio da dúvida Ou seja o verdadeiro conhecimento está no caminhar isso se faz a cada nova pergunta que surge Desse modo o pensamento socrático define bem o conceito de Filosofia buscar constantemente por meio da dúvida novas respostas A Filosofia é uma ciência que ao se ocupar dos questionamentos por meio da teoria não detém o conhecimento em si mas oportuniza a sua formulação trazendo caminhos norteadores para que se alcance novos resultados intelectuais UNIDADE 1 20 Em outra perspectiva falamos agora de educação e qual a compreensão que se tem sobre ela Há uma diferença entre o termo educação e aprendizagem No dicionário Aurélio por exemplo a palavra educação se resume basicamente como um proces so de se aprender uma habilidade ou a formação de novas gerações conforme sua cultura ou então a aplicação de métodos pedagógicos em determinado contexto Já a palavra aprendizagem seria o processo a duração o exercício teórico e prático para se adquirir o conhecimento AURÉLIO 2019 online1 Por mais que haja a distinção de um termo para o outro eles se complementam no processo peda gógico Por este motivo por mais que utilizemos o termo educação ao longo do texto você saberá que me refiro a esta junção a habilidade e a formação de novas culturas mais o exercício de adquirir o conhecimento Falar de Educação assim no singular seria limitar a sua abrangência Contudo Brandão 2005 amplia o debate a respeito dessa ciência e a identifica pelas diversas perspectivas possíveis a começar por uma mais remota a Educação indígena A Educação é como outras uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam entre tantas outras invenções de sua cul tura em sua sociedade Formas de Educação que produzem e praticam para que elas reproduzam entre todos os que ensinameaprendem o saber que atravessa as palavras da tribo os códigos sociais de conduta as regras do trabalho BRANDÃO 2005 p 10 2 O QUE É EDUCAÇÃO UNICESUMAR 21 Começamos pela Educação da tribo indígena o autor nos apresenta a primei ra das características da Educação a livre formação da personalidade humana Ou seja numa retomada histórica percebemos que ela não se limitava ao conteúdo programático de uma instituição escolar porque a escola sequer existia nesse período contextualizado pelo autor Avaliações exercícios re gistro de presença reunião com os pais e responsáveis giz e lousa tudo isso não representava a realidade da Educação tendo em vista que no contexto indígena educar tinha outro significado isto é um significado prático Por este motivo podemos compreender que educar é uma tarefa que acompanha a humanidade desde os seus primórdios antes mesmo de a ins tituição escolar existir Na realidade das primeiras tribos educar era fazer das expressões naturais do indivíduo os modelos que fossem vistos e repro duzidos pelo grupo A descoberta do mundo se fazia no improviso em que todos conforme seus dons tornavamse aprendizes uns dos outros para posteriormente reproduzir as ações que deram certo e evitar aquelas que falharam Desse modo os mais velhos transmitiam aos mais novos seus co nhecimentos Estes por sua vez construíam sua personalidade aprendiam as tarefas que lhes cabiam e aos poucos tornavamse participantes ativos daquela comunidade Nesse modelo ser ágil cauteloso disposto às atividades e com consciência de grupo era o que se esperava do jovem membro da tribo BRANDÃO 2005 Mais adiante esta ideia de Educação é confrontada pelos preceitos que trouxeram os colonizadores O homem branco isto é o civilizado trouxe outra perspectiva de Educação fazendo sua cultura predominar sobre a de origem indígena Nesta nova cultura que se apropriou das terras dos bens e do próprio significado de trabalho e serviço daquela comunidade local a Educação servia como instrumento de seleção e desigualdade conforme dirá Paviani1987 p 10 Em nossa sociedade a Educação em geral e a Educação escolar particularmente impõemse como algo necessário para a sobre vivência do grupo e da própria sociedade Ela perde o caráter da espontaneidade e tornase um meio de controle e de reforço da desigualdade social apesar de não ser este o propósito das pessoas e dos educadores UNIDADE 1 22 Assim identificamos dois contextos nos quais a Educação tem o seu significa do alterado Para as tribos indígenas era o aperfeiçoamento e o descobrimento dos dons de cada membro em favor do coletivo Em nossa sociedade movida por forte apelo econômico e busca pelo primeiro senão o melhor lugar aEducação representa a competição constante entre os seus pares Estes são somente dois exemplos do que possa ser Educação porém a his tória nos legou diversos momentos nos quais cada grupo soube responder ao significado do que seria essa ciência Vejamos um pouco mais decada um deles Conceituando Educação na história Paul Monroe 1956 faz uma bela apresentação do sentido de Educação e a caracteriza em dois momentos principais o primeiro referese à Educação primitiva que vimos há pouco encontrada nos selvagens e nos povos bárbaros e tinha como função a transmissão dos aprendizados adquiridos pelos mais velhos a fim de que o jovem adquirisse os valores de seu povo O segundo mo mento por sua vez deuse com o progresso da história o qual gerou diversas teorias Com as inúmeras tendências e os métodos pedagógicos a Educação se burocratizou o que tornou muito mais complicada a compreensão sobre o objetivo a organização e o resultado que devemos esperar dela MONROE 1956 Por este motivo a definição de Educação pode ser realizada pela inter pretação das diversas expressões trazidas pela história e pelos seus intelec tuais Cotrim e Parisi 1984 identificam algumas das definições de Educação mais relevantes para a história elencandoas a partir de seus pensadores Educação se dá pela capacidade que o homem possui de aprender Ou seja sem se limitar aos seus instintos ele se coloca diante dos demais ho mens e do mundo para fazer suas próprias experiências descobrindo aquilo que é importante e válido para si e para sua realidade Tal capacidade tam bém se expressa de outra forma a partir da transferência do conhecimento em que o indivíduo aprende com outro indivíduo por vezes mais velho e experiente e este possa ensinar algo que talvez seja novidade COTRIM PARISI 1984 Houve um período na história da Grécia Antiga quando a etimologia da palavra Educação se relacionava a alimento nutrir Platão se apropria desta ideia de Educação ao priorizar a infância e os efeitos que este estágio trazem à UNICESUMAR 23 vida adulta O cuidado com aquilo que a criança ouvisse e visse seria respon sável pelo alimento de sua alma Permitir que nos primeiros momentos de sua vida a criança ouça mentiras ou relatos diferentes daquilo que se espera que ela possa ser no futuro prejudicará sua Educação KOHAN 2003 Em outras palavras Educação para Platão seria cuidar do corpo e da alma para que alcançassem o grau mais elevado de perfeição E como isso se daria Em sua obra A República Platão elabora um diálogo neste questiona o que seria a justiça e o homem virtuoso Sua conclusão foi a de que nunca na história existiu este homem e consequentemente a sociedade era o reflexo do ser egoísta que a ocupava Era preciso idealizar uma nova estrutura social organizada por classes conforme as condições naturais de cada homem pois os indivíduos não são iguais Dividida conforme a alma de cada indivíduo ele organizaria novamente a sociedade dando a cada um aquilo que lhe coubesse Isso significa que conforme o valor da alma de cada cidadão lhe seria dada uma função específica e um lugar na sociedade Contudo vale perguntar como é possível identificar o tipo de alma que cada pessoa possui para que assim ela seja orientada sobre qual destino seguir É neste momento que entra a Educação A divisão social seria dada em três classes a saber a primeira classe seria composta por lavradores artesãos e comerciantes a segunda classe seria com posta pelos guardas da cidade e a terceira seria composta pelos governantes Pela Educação que seria administrada pelo Estado é que se saberia qual o tipo de alma que cada cidadão possuiria e consequentemente a qual classe ele pertenceria REALE ANTISERI 1990 Em cada uma dessas classes se aplicaria um tipo de Educação conforme nos apresentam Reale e Antise ri1990 p 164165 A primeira classe social porém não necessita de Educação espe cial porque as artes e os ofícios são facilmente aprendidos com a prática Para a classe dos guardas Platão propõe a Educação clássica ginásticomusical com o objetivo de robustecer conve nientemente a parte de nossa alma da qual derivam a coragem e a fortaleza A Educação prevista por Platão para os governantes coincidia com os exercícios necessários para o aprendizado da Filosofia suposta a coincidência entre o verdadeiro filósofo e o verdadeiro político UNIDADE 1 24 Nisso vemos que a Educação platônica consistia na busca pela harmoniza ção social pelo equilíbrio das necessidades comuns e pela realização pessoal conforme os desejos inatos ao homem Platão é um dos representantes do conceito de Educação grega sendo suas ideias um grande modelo teórico juntamente com Sócrates e Aristóteles Damos alguns passos adiante e trazemos as características da Educação no período medieval que apesar de interpretada por muitos anos como o período obscuro da história trouxe suas contribuições para a formulação do homem moderno Nesta estrutura ensinase e se aprende por meio dos contos do ima ginário da arte das pinturas da música e da vestimenta também se educa pelas palavras sobretudo as religiosas que levavam as pessoas a seguirem um mesmo rumo moral em que qualquer um que ousasse desobedecer encontravase em pecado perdição e distante da sociedade CAMBI 1999 Todos esses atributos formavam o homem e eram transmitidos principalmente pelos pregadores que ensinavam valores morais e éticos que deveriam ser assumidos por todos Os pregadores educam com sua palavra profética e como moralistas querendo incidir sobre os costumes através da evocação do pecado e da referência ao arrependimento A palavra dos pregadores tende a tornarse palavra de mestres de vida moral CAMBI 1999 p 148 Isso indica que o imaginário era fortemente trabalhado nas pessoas fazendoas temer e acreditar nas palavras da principal instituição a validar a fé ou seja a Igreja Católica Um período de servidão e crença nas instituições sendo res ponsável por uma ideia de Educação movida pelo autoritarismo e dogmas que compreendiam essa época e se estenderam à Idade Moderna em alguns pontos Como dirá Cambi 1999 teciase uma sociedade moldada pelos interesses dos ricos e poderosos imprimindo no consciente e subconsciente das pessoas uma uniformidade e temeridade frente ao metafísico bem como aos princípios sociais que deveriam ser cumpridos a todo custo Manacorda 2010 por sua vez recorda o rompimento realizado pelo clero em relação ao conhecimento dos clássicos da tradição helenísticoromana Este já não servia mais para aquela cultura em que os preceitos cristãos tomaram conta de todo o saber sendo validados somente os ensinamentos trazidos pela sagrada escritura e a tradição da Igreja ou seja o saber bíblicoevangélico A Igreja assumia o controle da Educação indicando o que deveria ser ensinado e UNICESUMAR 25 aquilo que deveria ser ignorado e não mais transmitido Dentre o clero secular composto pelos padres que viviam nas cidades e o clero regular que era forma do pelos monges é este segundo que mais elabora estratégias para educar na fé acolhendo jovens rapazes oferecidos pelos pais para que nos conventos e casas da Igreja aprendessem a ler e a exercitar a fé sem que o jovem fosse obrigado a se ordenar sacerdote Esta realidade só seria alterada após o pontificado do papa Gregório A cultura clássica era aceita porém somente para usos melhores que aqueles de antigamente MANACORDA 2010 Aos poucos a Igreja se abriu para as ciências e os novos saberes Outro mo mento que merece destaque é a Idade Moderna e o seu perfil de Educação guiado por um forte apelo ao antropocentrismo e à busca pelas liberdades individuais porém ainda dependente da Igreja e do ensino religioso A Educação religiosa na Idade Moderna Oposta ao modelo de Educação medieval a Educação moderna rompe com o poder autoritário estático e conservador de antes Agora a busca por liberdade e autonomia é forte bandeira defendida o que não significa que estes objetivos foram alcançados Essa sociedade estática autoritária tendencialmente imodificável mesmo nas suas profundas e constantes convulsões internas lu tas de classes sociais de grupos religiosos de ideologias de povos entra em crise no fim dos anos quatrocentos quando a Europa se laiciza economicamente com a retomada do comércio e politica mente com o nascimento dos Estados nacionais e sua política de controle sobre toda a sociedade CAMBI 1999 p 196 A nova sociedade guiada pelos valores econômicos capitalistas e a mudança de mentalidade que juntamente com a nova cultura individualizante e egoísta produziram também outro perfil de Educação O saber deveria ser útil levar os indivíduos a uma função social diferentemente do que se vivia no período me dieval quando formava o sujeito para conhecer a Deus e a suas leis O homem se descobre autor de sua história e por este motivo tem a necessidade de trilhar seu caminho e formar sua história sua própria sorte UNIDADE 1 26 Perceba que para conceituarmos a Educação precisamos passar pelos principais períodos históricos nos quais ela se deu para que possamos en contrar um núcleo comum uma ideia central que nos faça entender qual o seu objetivo Adianto a você a Educação em qualquer período que for está preocupada em formar o homem para uma vida social individual rural civil etc Em todos os momentos da história ela cumpriu com esta função é por isso que ao tratarmos dela automaticamente discorremos a respeito da cultura da política e da organização social de cada época No caso da Idade Moderna deparamonos com uma Educação de cunho religioso sobretudo a partir do século XVIII em que apesar do forte apelo de se criar autonomia e encontrar seu próprio caminho a escola seguia o modelo tradicional Você consegue entender este movimento Talvez possa se questionar se a Educação neste momento era para a liberdade como podia a escola seguir o modelo tradicional que certamente resumiase num ensino servil e dogmático Pois bem primeiramente devemos lembrar que Educação não é sinônimo de escola Nossa cultura nos faz acreditar que o único lugar em que havia Educação era na escola mas na primeira fase da Idade Média não era bem assim Ao afirmarmos portanto que havia alteração de valores sociais morais e econômicos a escola ainda não participava dela Sua contribuição para uma nova sociedade só será vista a partir do final do século XVIII quando as revoluções francesa e da América exigiram uma instrução mais demo crática e laica MANACORDA 2010 A Educação Lassalista e Jesuíta Ao falarmos de Educação na primeira fase da Idade Média referimonos aos movimentos sociais que formavam a cultura da população fazendoa agir e pensar conforme os valores que eram transmitidos A escola em si só começou a ganhar espaço e representatividade a partir do século XVI ARIÈS 1986 Contudo mesmo nos séculos XVII e XVIII eram os manuais de Educação publicados por educadores famosos na época que instruíam as pessoas sobre como elas deveriam agir Neste período ganha destaque o trabalho realizado pelo cônego João Batista de La Salle UNICESUMAR 27 Sua obra Règles de la bienséance et de la civilité chrétienne publicada em 1703 foi amplamente conhecida e em seguida se tornou objeto de leitura em suas escolas sendo suas considerações recomendadas a todos especialmente aos Irmãos e alunos ALVES 2012 p 52 Os Irmãos Lassalistas e a Ordem dos Jesuítas se destacavam por seu trabalho com a Educação Em uma sociedade que despertava para mudanças profundas são os ensinamentos religiosos trazidos por tais grupos cristãos que mantinham de pé uma Educação ainda tradicional Havia grande diferença entre um grupo e outro sobretudo pelo tempo de trabalho Os jesuítas datam de 1534 e no século XVII já gozavam de grande fama e visibilidade Os lassalistas surgem a partir de 1694 na França São estas duas instituições porém que modelam o ensino presente por praticamente toda a Europa Um dos grandes diferenciais da Educação dos jesuítas estava na sua capacidade de organização Ao serem fundadas pelo padres Inácio de Loyola e seus compa nheiros as ordens se deparavam com uma sociedade sem qualquer modelo de ensino vigente Ao longo dos anos essa realidade se perpetuava enquanto os je suítas buscavam cumprir o modelo de ensino direcionado pela Ratio Studiorum documento oficial da ordem que explicava o modo correto de se viver e educar os jovens na fé MANACORDA 2010 Apesar de suas escolas não terem custos aos alunos a não ser aqueles que estuda vam para o sacerdócio eram elas as principais responsáveis pela formação intelec tual da elite e de pensadores conhecidos ocupando espaço de relevância e destaque nos locais em que se encontravam A maioria dos seus colégios situavamse em cidades com mais de 10000 habitantes Em 1561 o colégio de Clermont tinha mais de 2000 alunos e em 1675 quase 3000 Neles estudavam predominantemente os filhos de nobres e burgueses ricos Descartes e Corneille entre tantas outras pessoas ilustres foram seus alunos NUNES 2018 p 76 O trabalho da Ordem na França e na Europa como um todo chega até o século XVIII sua supressão portanto ocorrerá no ano de 1764 Com isso seus colégios serão deixados por hora à disposição da congregação dos oratorianos e por último substituídos gradualmente por um ensino estatal de acesso público Mas antes o que se viu no final dos anos seiscentos foi o surgimento daquilo que Ariès 1986 chamou UNIDADE 1 28 de apostolado educacional que apesar de não se limitar ao atendimento dos pobres os toma rão como público alvo de todos os seus esfor ços educacionais Nesta empreitada a França conhecerá o trabalho dos Irmãos das Escolas Cristãs e seu fundador João Batista de La Salle Evidenciamos a importância de La Salle para a história da Educação ao analisarmos sua trajetória beneficiada pelos ares da moderni dade que despontava mas ao mesmo tempo engajada nas ações de seu tempo e espaço sem pre no desejo de responder às urgências de sua sociedade Ele contando apenas com a ajuda de leigos para cuidar da instrução de seus alunos iniciou a formação desses para que atuassem no serviço das escolas como esclarece Manacorda 2010 p 278 são um primeiro esboço de esco las técnicoprofissionais e as primeiras escolas normais para leigos chamados tam bém a participar das atividades da instrução tradicionalmente reservadas ao clero O trabalho pioneiro de La Salle ampliou a prática da atividade docente ao oportunizar que leigos fossem formados para lecionar Num período quando o ensino era dado às particularidades de cada instituição que o administrasse a profissão de professor se via desacreditada isso porque sua prática se resumia numa atividade secundária além disso não havia um programa específico e con tínuo de formação docente Algumas escolas eram gratuitas mantidas por uma paróquia por uma municipalidade ou governo da cidade ou ainda algum benfeitor que garantiam seus custos atendendo alunos pobres outras eram pagas destinadas a famílias que podiam pagar professores Com rela ção à realidade dos mestres da época havia uma grande escassez de pessoas disponíveis para o ofício e aqueles que efetivamente atuavam no magistério não possuíam formação profissional adequada Além disso os mestres da época realizavam outras atividades profissionais e não perseveravam principalmente por ser o magistério uma atividade muito desvalorizada na sociedade LEUBET et al 2016 p 39 Figura 3 JeanBaptiste de La Salle Fonte Wikimedia Commons 2010 online2 UNICESUMAR 29 profissionalização de leigos por parte de La Salle para atuarem no magisté rio rendeu a ele e aos Irmãos ao longo do século XVIII o pejorativo apelido de frères ignorantins assim eram conhecidos por onde passavam e encontra vam desafetos Poderíamos supor que o estado laico de seus mestres fosse o motivo do riso visto que a tarefa de ensinar era tradicionalmente destinada ao clero É mais correto no entanto afirmar que seu trabalho incomodou os mestres das escolas pagas que viram nas escolas gratuitas dos Irmãos uma concorrência desleal além do que tiravam das ruas a mão de obra barata das crianças pobres TAGLIAVINI PIANTKOSKI 2013 p 21 De fato a pobreza era generalizada as condições de trabalho beiravam a escravidão tendo em vista a necessidade de cumprir os altos impostos cobrados pelo governo de Luís XIV A dura realidade social do povo não o permitia qual quer expectativa de melhorias sendo a miséria econômica e cultural parte de seu cotidiano É neste contexto que La Salle atuou Do ponto de vista demográfico a França era o país mais povoa do da Europa com cerca de vinte milhões de habitantes dos quais 80 viviam no meio rural embora já se verificasse um constante aumento demográfico nas cidades A expectativa de vida era muito baixa e a mortalidade infantil altíssima LEUBET et al 2016 p 38 É por este motivo que as Escolas Cristãs faziam dos filhos dos pobres e dos artesãos o seu público alvo Isso não quer dizer que outras classes não ocupassem as salas de aula pois no século XVII o modelo de escola única atendia a todos as classes sociais ARIÈS 1986 Porém numa época em que a escola ainda não havia assu mido a função oficial de educadora La Salle a exemplo de Erasmo no século XVI e Cordier no XVII escreve para a sua sociedade majoritariamente rural e analfabeta O fato de um educador devoto fundador de um instituto educacio nal cheio de responsabilidades e preocupações ter tido o trabalho de redigir um manual que trata como os manuais anteriores das boas maneiras do traje do penteado da conduta à mesa etc é uma prova da importância que se atribuía a assuntos que hoje se tornaram tri viais Sem dúvida esses livros destinavamse a uma população rústica e brutal e a disciplina das boas maneiras era então mais necessária do que em nossas sociedades atuais ARIÈS 1986 p 240250 UNIDADE 1 30 Ao analisarmos sua proposta de ensino deparamonos com outra novidade As lições eram divididas em nove etapas e três estágios de conhecimento a primeira língua ensinada pelos mestres não era o latim mas o francês La Salle enfrentou sérias críticas sobre essa ordem no ensino das línguas inclu sive de Dom Godet de Marais bispo da diocese de Chartres onde os Irmãos haviam assumido a direção da escola em 1699 O bispo insistia para que os mestresirmãos ensinassem conforme o que era costume em todos os lugares LA SALLE 2012 Para explicar o porquê da escolha pelo francês La Salle redigiu um breve roteiro apresentado em Obras Completas 2012 que nos apresenta as suas considerações a respeito deste assunto A diferença de tempo para aprender o latim e o francês a utilidade de saber a língua francesa a estranheza que a nova língua gerava aos alunos das escolas gratuitas o curto tempo de frequên cia dos alunos para que pudessem se dedicar ao latim visto que a necessidade de trabalhar os faziam abandonar os estudos e o conhecimento do francês para que futuramente buscassem por si próprios os textos sagrados e a santi ficação foram os argumentos encontrados pelo padre fundador para defender a estratégia de ensino aplicada pelos Irmãos LA SALLE 2012 O trabalho realizado pelos lassalistas bem como pelos jesuítas e outros grupos religiosos desse mesmo período demonstram que o ideal de Edu cação da época era religioso Esta certeza foi minorada aos poucos sobretu do a partir do trabalho intelectual de pensadores iluministas como Voltaire Rousseau Diderot DAlembert etc O Iluminismo opondose ao poder do Estado e à interferência da Igreja na vida das pessoas defendia uma Educação intelectualizada e laica Desse modo a Educação é interpretada como a transmissão de conhe cimentos e experiências é o próprio pensar sobre as questões que englobam os saberes pedagógicos as possibilidades de assimilação e a ação humana presente na vivência e convivência social frente aos desafios educacionais Podemos afirmar que Educação é a necessidade de modificar desenvolver e despertar habilidades no homem em seu processo de identificação pessoal e social A partir daí todos os detalhes a respeito de seus métodos e demais componentes se tornam estratégias de ação que se modificam conforme os interesses de cada grupo que a exerce UNICESUMAR 31 Após vermos o que é a Filosofia e o que é a Educação temos condições de conciliar estes dois termos e chegarmos a uma conclusão sobre o que seria esta ciência híbrida composta por duas áreas distintas ou seja a Filosofia e a Educação Ghiraldelli Júnior 2007 ao falar deste tema compara o filósofo ao peda gogo para depois definir o papel do filósofo da Educação Pois bem seguin do sua lógica e refazendo a leitura do conceito de Filosofia e de Educação compreendemos que a Filosofia ou o filósofo é aquele que se preocupa com questões aleatórias por vezes incompreensíveis numa primeira observação ou até mesmo banais as quais jamais teríamos interesse ou curiosidade em questionar O pedagogo ou a pedagogia se detém nas práticas da Educação nos métodos de aprendizagem e no modo como estes são aplicados GHI RALDELLI JÚNIOR 2007 Por fim a Filosofia da Educação é uma parte da Filosofia que vem ques tionar a Educação em alguns aspectos nos quais a pedagogia não encontra instrumentos e contextos para agir A Filosofia da Educação geralmente ex pressase na crítica realizada sobre as pedagogias dadas ou seja os resultados que são corriqueiramente aceitos como imutáveis ou difíceis de se alterarem 3 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO A ATUAÇÃO DO FILÓSOFO no campo pedagógico UNIDADE 1 32 Ele é especialista em criar um discurso a respeito da boa pedago gia e esta não raro é a negação da pedagogia vigente de algum local ou tempo O filósofo da Educação é tão aborrecedor para aqueles que se recusam a ver problemas na Educação quanto o filósofo em geral o é para aqueles que odeiam questionar qualquer coisa Mas o filósofo da Educação não é inimigo do pedagogo Ele é um bom amigo ao menos do pedagogo inteligente A pedagogia utilizada corriqueiramente aquela que regra o que é feito na Educação vigente e que se tornou banal por ser consensual é o objeto de questionamento do filósofo da Educação GHI RALDELLI JÚNIOR 2005 p 30 grifo nosso Nem sempre contudo a Filosofia da Educação pode ser compreendida desse modo ou até mesmo definida A Educação é um fenômeno complexo não é possível esta tizála pois as possibilidades de sua contribuição são inúmeras sendo seu alcance desconhecido até mesmo por ela própria MEDEIROS 2011 Apesar de soar estra nha esta afirmativa podemos considerála tendo em vista o caráter filosófico desta disciplina Sem qualquer instrumento que se faça definitivo o seu saber está na inves tigação e nunca na conclusão Desse modo os resultados apresentados pela Filosofia da Educação e pelo filósofo da Educação devem ser sempre num viés especulativo abertos às novas considerações Ou seja este filósofo tem um papel a desempenhar em relação ao conhecimento que ele apresenta no campo da Educação Tal conhecimento prioriza a análise histórica e social entendendo o devir como parte estruturante do homem em sua busca por identidade o que lhe faz querer encontrarse na história Em outras palavras a Filosofia da Educação ca minha orientada pela história e os fatos sociais que a compõem em cada época Nela o homem é produto de sua época e dos ensinamentos que recebeu pois esses eram considerados a melhor das expressões do que significava ser e con sequentemente pertencer a um grupo MEDEIROS 2011 O papel do filósofo da Educação Ao discorrermos sobre o papel do filósofo da Educação percebemos que assim como a Educação ele se constituiu por diversos perfis ao longo da história O que eu quero dizer é que para ele se posicionar a respeito dos movimentos pe dagógicos vigentes em cada período foi preciso que estivesse atento à sua época UNICESUMAR 33 conhecesse a política e o formato social que compunham sua sociedade e apre sentar reflexões originais que fossem úteis aos problemas que aquele momento histórico enfrentava Todas estas características citadas anteriormente formam aquilo que Gérard Leclerc chamará de perfil intelectual O intelectual é um indivíduo intrometido curioso por natureza que vai além devido a seu espírito investigador e crítico de toda implantação profissional Sartre acrescentará que quando um físico especialista do átomo fala de fissão nuclear ele fala enquanto cien tista mas quando se pronuncia sobre o uso militar do átomo ele se exprime enquanto intelectual LECLERC 2004 p 17 Este indivíduo curioso e que se interessa por aquilo que não lhe diz respeito forma a essência do filósofo Isso não significa que o intelectual é alguém fofoqueiro que se diverte com os problemas alheios e sempre quer saber mais para depois comentar a respeito Ele é o tipo de pessoa que não consegue se conformar com a realidade sem questionála pois entende que as coisas ao nosso redor são bem mais do que aparentam Na verdade este sentimento filosófico desejoso por ir além do óbvio é intrínseco em todo homem e em toda mulher Suponho que você em certos momentos da vida já parou para se questionar a respeito de sua existência do valor da vida do significado de amor morte Deus etc A diferença entre nós e o filósofo da Educação é que ele dedica sua vida a observar os fatos e contextos que se relacionam com a Educação buscando o fundamento dos fatos pedagógicos enquanto nos contentamos com as respostas corriqueiras e raramente as questionamos Sem se limitar às respostas óbvias prontas e inalteradas o filósofo da Educação investiga para conhecer o problema a fundo tentando solucionálo com as suas teorias Nem sempre seus aponta mentos são corretos porém o importante é que ele soube se posicionar e dizer o que acreditava ser pertinente GHIRALDELLIJÚNIOR 2005 Para ele não é o suficiente saber que há por exemplo um problema no modo como uma criança se relaciona com a outra no ambiente escolar ou que em certos momentos ou períodos de aula os alunos tendem a ser mais rebeldes Ele radicaliza suas respostas e leva as possibilidades aos extremos no intuito de en contrar uma solução satisfatória para o problema em questão Desse modo não devemos esperar que um filósofo da Educação dê uma resposta qualquer isso porque o modo como ele enxerga o mundo é fora do padrão UNIDADE 1 34 O filósofo da Educação ao problematizar uma situação leva suas conside rações ao extremo sem se preocupar com estruturas ou tradições pois suas ideias buscam por respostas autênticas e satisfatórias Frente às tradicionais respostas consideradas simples e práticas ou então diante dos resultados prontos óbvios e que sempre se repetem o filósofo da Educação procura ter uma postura ousada quando se propõe a refletir de maneira diferente e inova dora Se olharmos do ponto de vista prático por vezes ele pode não conseguir resolver o problema O pensamento filosófico porém não tem o dever de dar respostas acabadas e óbvias mas ele deseja contribuir com a reflexão trazer um novo olhar sobre as circunstâncias e ser capaz de criar gerar ciência e conhecimentos ALVES 2012 Levar as demais pessoas à reflexão sobre questões de cunho educacional e pedagógico é o que torna alguém um filósofo da Educação GHIRALDELLI JÚNIOR 2005 Esta tarefa não é fácil pois para seu efetivo sucesso é necessá rio despojamento é preciso sair do óbvio para enxergálo além das fronteiras do comodismo Nesta escola sempre fazemos assim Esta turma é difícil mesmo Se a família não deu conta de educar quem dirá eu Infelizmente frases desse tipo são frequentes em ambientes educacionais sobretudo na escola Por vezes a justificativa do problema ou do cenário em questão está sempre no outro na tradição naquilo que foi pensado de uma forma num A reflexão filosófica deve contemplar três dimensões fundamentais para sua execução ela deve ser radical rigorosa e de conjunto Radical numa leitura aprofundada procura demonstrar quais os conceitos funda mentais utilizados em todos os campos do agir e pensar Ela não se contenta com respostas superficiais Rigorosa utilizando uma linguagem rigorosa busca definir com clareza cada concei to Isso se dá pela argumentação e pesquisa bem justificada a fim de pelo rigor da investigação encontrar os conceitos adequados De conjunto examina os diversos problemas relacionando os aspectos entre si O objeto da Filosofia é tudo por exemplo da Filosofia surgiu a psicologia que gerou a psicanálise Esses saberes se relacionam e possuem suas familiaridades ao mesmo tempo em que tem suas particularidades que os tornam únicos Fonte Saviani 1985 explorando Ideias UNICESUMAR 35 determinado momento porém continua do mesmo jeito após décadas Para o filósofo da Educação é impossível aceitar o que já está dado pronto inques tionado Ele precisa assumir o seu papel de interventor ora pelo silêncio ora pelas palavras mas sempre levando o outro a perceber que é possível inovar e ir além das soluções já pensadas e dos caminhos já trilhados Por vezes as soluções encontradas pelo intelectual e no nosso caso pelo filósofo da Educação não poderão ser aplicadas Este pensador contudo fará de tudo para expressar suas ideias em textos claros que atinjam o seu alvo e sejam no mínimo diretivos para a construção de um pensamento diferente daquele existente GHIRALDELLI JÚNIOR 2005 Perceba que ao apresentar o trabalho do filósofo da Educação não dize mos que ele mudará a realidade ou solucionará o problema da escola com trabalhos sociais visita às famílias mutirão para mobilizar a sociedade em favor da Educação reformulará o quadro de alunos de uma escola ou montará cestas básicas e distribuirá para as famílias mais carentes daquele bairro Sabe por que ele não solucionará os problemas da Educação com ações práticas Porque esta não é a sua função O intelectual e esta definição se encaixa no papel do filósofo da Educa ção detémse à produção teórica a sua expertise está no conhecimento do seu meio e na formulação de ideias esclarecidas a respeito dele isto é sobre o momento no qual está inserido LECLERC 2004 Filosofia da Educação é a junção do saber filosófico mais o conhecimento educacional próprio do campo pedagógico Isso indica que essa disciplina mais que trazer afirmativas apresenta questionamentos De fato nem sempre as respostas prontas são as melhores pois o que vale para esse saber é a dúvida constante e consequentemente o renovar do conhecimento como meta Fonte o autor explorando Ideias O filósofo da Educação é o sujeito que enfrenta a problemática da Educação por vezes diluída no meio social Ou seja quando isso acontece é sinal de que a questão pedagógica está escondida e ainda não foi identificada o que leva os intelectuais a caminharem em outra direção na busca de uma solução para o problema ALVES 2012 UNIDADE 1 36 Vejamos um exemplo de como o trabalho intelectual age na prática referente a esta questão é muito comum ouvirmos da maioria das pessoas que a redução da idade penal seria uma ótima solução para o problema da criminalidade em nosso país Todos concordamos que nossa sociedade não pode ficar à mercê de criminosos violentos independentemente de qual seja a sua idade Para fugirmos de discursos extremistas justificamos que tal proposta de diminuição não signi ficaria que qualquer crime pequeno levaria o jovem para a prisão pois esse seria interpretado como exceção portanto a punição seria diferente Há aqueles que utilizam do exemplo de outros países e suas leis como as dos Estados Unidos por exemplo As medidas referentes aos menores de 18 anos que descumprem a lei ao cometerem crimes graves são impostas em caráter penal Isso seria um desestímulo à prática da criminalidade Indiferentemente de sermos favoráveis ou não à diminuição da menoridade é evidente em tal justificativa que aqueles que dela utilizam tratam por solucionar o problema da violência pelo ponto de vista mais lógico Ou seja é natural que quei ramos acabar com essa situação aumentando a segurança o policiamento público e aplicando leis mais rígidas etc todavia lembremos que frente às respostas óbvias o filósofo encontra soluções inovadoras Confrontemos as considerações do senso comum e os dados apresentados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA no ano de 2018 em seu documento intitulado Atlas da Violência Podem ainda ser destacados outros objetivos que relaciona dos a áreas de políticas públicas que produzem melhores resultados podem contribuir para a redução da violência no tocante à pobreza à fome à saúde à Educação à igualdade de gênero ao saneamento à energia ao crescimento econômico ao emprego e trabalho decente à desigualdade e a cidades inclusivas Objetivo 1 Acabar com a pobreza em todas as suas formas em todos os lugares Objetivo 2 Acabar com a fome alcançar a segu rança alimentar e a melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável Objetivo 3 Assegurar uma vida saudável e promover o bemestar para todos em todas as idades Objetivo 4 Assegurar a Educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover opor tunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos Objetivo 5 Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas Objetivo 6 Assegurar a disponibilidade e gestão sus UNICESUMAR 37 tentável da água e o saneamento para todos Objetivo 7 Assegurar o acesso confiável sustentável moderno e a preço acessível à ener gia para todos Objetivo 8 Promover o crescimento econômico sustentado inclusivo e sustentável emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todos Objetivo 10 Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles Objetivo 11 Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos seguros resilientes e sustentá veis CERQUEIRA et al 2018 p 8485 grifo nosso Por mais que você saiba e tenha ouvido por diversas vezes que a solução para a violência possa ser o investimento em Educação saúde cultura etc nem sempre temos dados que comprovam como isso pode ser aplicável Além dis so sendo nossa intenção falar a respeito da atuação do filósofo da Educação este exemplo é importante para percebermos que ao diagnosticar o problema da violência como falta de investimento em áreas de políticas públicas o do cumento citado nos convida a abandonarmos o óbvio e encontrarmos outras estratégias para acabar com a violência Isso seria seguir uma lógica contrária às demais o que exige coragem mas também conhecimento É por isso que opiniões que expressam caminhos opos tos àqueles aos quais estamos acostumados precisam de fundamentos teóricos sólidos com justificativas plausíveis e de fácil acesso e compreensão Nisso o filósofo da Educação necessita ser perito Porém para chegar a bons resultados é preciso pensar fora do padrão oporse às respostas dadas e engessadas para encontrar outra explicação outra maneira de entender aquela mesma situação por uma ótica diferente PAVIANI 1987 Se hoje você está saturadoa de saber que a Educação é atualmente o meio mais eficaz para aerradicação da violência e de outros déficits sociais foi porque alguém ousou ir além do problema em si e abriu margens para outras interpretações A estes pensadores damos o nome de intelectuais da Educação ou então filósofos da Educação Esses indivíduos corajosos estiveram presentes por toda a história e ain da estão Em muitos momentos os seus trabalhos foram pioneiros precisaram enfrentar a oposição da época e de toda a sociedade por serem considerados ofensivos descabidos e até mesmo interpretados como obras diabólicas que tinham como intenção acabar com a unidade da sociedade que era instituída pelos valores cristãos Nas aulas seguintes veremos alguns deles e o modo com suas reflexões contribuíram para a expansão do tema da Educação em sua épo UNIDADE 1 38 ca Assim o filósofo da Educação é o que traz as suas observações para o campo educacional Para isso ele precisa ser alguém atento à sua época conhecedor dos movimentos políticos e sociais que emergem de seu tempo Desejo que o conhecimento possa ser um instrumento de aperfeiçoamento profissional e humano em sua caminhada CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegarmos no final de nossa Unidade 1 agora podemos rever os assuntos trabalhados e identificarmos quais pontos foram fundamentais para a soli dificação do tema Nesta unidade vimos que a Filosofia enquanto ciência possui uma longa trajetória e se especializou na busca pelo conhecimento Esta afirmativa nos mostra que ela não detém o saber mas apenas deseja encontrálo ou ao me nos dar os indícios de onde ele possa estar como identificálo e tornálo útil Sócrates é para nós o modelo daquilo que se traduz como Filosofia o ques tionamento saudável e útil que desestabiliza o interlocutor e o faz retornar a si despertando um saber que é próprio do homem porém que se esconde em meio às superficialidades da vida social A Educação por sua vez é a prática por excelência dáse na troca de expe riências ou na busca autônoma por elas Educar se tornou uma tarefa própria do conhecimento pedagógico que se expressou de diversas formas ao longo da história Desde a Grécia Antiga com filósofos como Platão passando em seguida pela Idade Média e pela Idade Moderna O que se pode observar de todos esses momentos é a constância dos sistemas de ensino dos intelectuais e da sociedade em si em preparar o homem para as necessidades de cada época Por fim aprendemos o que é Filosofia da Educação e percebemos que ela apesar de ser composta por duas ciências específicas possui características próprias e instrumentos para lidar com a questão da Educação A Filosofia da Educação e o seu filósofo se dedicam à busca por uma Educação de qualidade que não se limita a respostas óbvias e a estratégias engessadas Seu objetivo é tornar o pensar educacional dinâmico e em constante aperfeiçoamento tendo em vista seu caráter filosófico mas que está atento aos anseios e às necessida des do mundo educacional 39 na prática 1 Ao observarmos as ciências e a sua atuação é possível perceber que cada uma delas possui um objeto a ser estudado Ou seja é por ele que o conhecimento é elaborado sendo o objetivo de cada área do saber solucionar as problemáticas relacionadas a ele Desse modo qual seria o objeto a ser estudado pela Filosofia a Na Filosofia estudase os diversos pensamentos acerca da Educação este é o ob jetivo principal o fundamento de tal ciência para a sociedade b O objeto principal dos estudos da Filosofia é a razão Ou seja todo conhecimento analisado pela Filosofia precisa primeiramente passar pelo campo da racionalidade ele é o principal caminho para a informação c A Filosofia estuda o movimento da sua própriahistória ao longo dos séculos Isso significa que pela Filosofia se compreende o modo como os filósofos pensavam a sua sociedade d O objeto de investigação da Filosofia é pensar o próprio pensar Assim ela organiza as proposições que são transmitidas e ditas como verdadeiras e as coloca em dúvida e A Filosofia se ocupa em buscar parcerias entre as demais ciências porque Filosofia sem outro saber não pode ser considerada um pensamento válido 2 O ambiente escolar ou qualquer outro cenário educacional geralmente é permeado por desafios e perguntas que necessitam de uma resposta por vezes imediata e eficaz Frente a esta afirmativa de que modo o filósofo da Educação atua a O filósofo da Educação é o profissional que ao se deparar com um problema tenta solucionálo da maneira mais racional possível Desse modo verifica os fatos e dá a eles uma resposta adequada b O filósofo da Educação é aquele que por vezes fica perdido em meio aos desafios pedagógicos o que é normal tendo em vista que a Educação é uma arte e nem sempre ele consegue dar uma resposta adequada c A resposta do filósofo da Educação frente às problemáticas educacionais se dá sem pre numa perspectiva norteadora tentando levar a comunidade escolar a refletir sobre suas escolhas e a encontrar por si própria as soluções para seus conflitos d O filósofo da Educação radicaliza suas respostas e leva as possibilidades aos extre mos no intuito de encontrar uma solução satisfatória para o problema em questão Desse modo não devemos esperar que ele dê uma resposta qualquer e óbvia 40 na prática e A resposta dada pelo filósofo da Educação busca sempre conciliar as necessidades particulares do sujeito com as da instituição Desse modo todos se encontram rea lizados e o trabalho educacional não se vê afetado por problemas momentâneos 3 O intelectual é um indivíduo intrometido curioso por natureza que vai além devido a seu espírito investigador e crítico de toda implantação profissional LECLERC 2004 p 17 Frente a esta afirmação de Leclerc podemos dizer que o filósofo da Educação se encaixa no perfil do intelectual tendo em vista que a O filósofo da Educação é por natureza um intelectual isso se justifica pelo seu conhecimento sobre sua época e sociedade bem como o desejo de apresentar uma solução para os problemas que se relacionam com a pedagogia e a Educação b O filósofo da Educação não pode ser considerado um intelectual pois sua atuação se dá na ação pedagógica ou seja no trabalho prático e não no teórico c Para solucionar os conflitos existentes na Educação o filósofo é autorizado a per mear os espaços particulares da vida de qualquer aluno investigar suas condições privadas indiferentemente de sua autorização para assim poder dar uma resposta assertiva ao problema d O problema da Filosofia da Educação pode ser solucionado a partir da investigação sobre questões particulares de cada aluno por isso o filósofo da Educação é con siderado alguém curioso e O filósofo da Educação não é um intelectual ele supera esse perfil tendo em vista que sua atuação se dá na teoria mas também na prática 4 A Educação teve ao longo da história as mais variadas expressões sendo em cada pe ríodo um reflexo dos anseios políticos e sociais Desse modo a partir desta afirmação assinale verdeiro V ou falso F para as assertivas a seguir A Educação é uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam dentre tantas outras invenções de sua cultura em sua sociedade Na Idade Média a Educação foi uma forma de catequizar a população conforme sua religião Os católicos tinham suas escolas religiosas os protestantes ensinavam a partir das escolas dominicais e assim por diante 41 na prática Na Grécia o modelo de Educação que podemos citar é o platônico Platão prioriza a infância e os efeitos que este estágio traz à vida adulta O cuidado com aquilo que a criança ouvisse e visse por exemplo pois eles seriam responsáveis pelo alimento de sua alma A Educação grega se resumia no cuidado com o corpo O primeiro estágio da Edu cação era realizado pelo Estado e só depois dos 20 anos de idade é que o jovem retornava para casa pronto para uma vida pública A ordem correta das alternativas é a V F F V b V F V F c V V V F d V V V V e F V V F 5 Os lassalistas instruídos por La Salle e os Jesuítas foram duas ordens religiosas voltadas à Educação Sobre a atuação dos jesuítas e dos lassalistas na Educação dos séculos XVII e XVIII é correto afirmar que a Os dois grupos religiosos surgiram em meados do século XVI realizando atividades vol tadas à formação dos cidadãos Ambos configuram a modalidade de ensino medieval b O ensino aplicado pelos lassalistas e jesuítas era uma expressão do poder da Igreja que possuía o monopólio dos sistemas de ensino padronizando uma Educação que era obrigatória a todas as pessoas sobretudo aos pobres e filhos de artesãos c Apesar dessas duas congregações religiosas trabalharem com a Educação o público era diferenciado Os jesuítas apesar de não cobrarem para ensinar atendiam a uma parcela da sociedade formada por nobres enquanto que os lassalistas dedicavam seu trabalho à Educação dos pobres e artesãos d O trabalho realizado pelos lassalistas era considerado uma Educação elitista pois formava os filhos de nobres e até mesmo uma parcela da monarquia como os filhos do rei e O trabalho realizado pelos jesuítas ia além das missões dedicavase também ao cuidado com a fé popular As práticas devocionais por exemplo a reza do terço foram instauradas por esta ordem religiosa 42 aprimorese Vejamos a seguir a reflexão de Braga 2017 a respeito do modo como a Filosofia da Educação pode ser compreendida na formação humanaescolar IMPACTOS DA APRENDIZAGEM DA FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO SOBRE A FORMAÇÃO FILOSÓFICA DO PEDAGOGO UM ESTUDO DE CASO NA UFPA O que a Filosofia tem a ver com a Formação HumanaPaideia Ora a forma filosófi ca de conhecimento consiste em algo genuíno enquanto exercício da humanidade no ser humano Deu para compreender sobre a diferença do que é ter ações humanizadas e instintivas ALUNAE falando do Ensino Médio A criatura humana precisa do processo formativo para se perceber como um ser no mundo que busca no processo civilizatório a permanência da espécie ou seja o processo formativo consiste na transformação do ser humano em um ser cultural A gente aprende a ter uma relação com o próximo aprendendo e entendendo o outro ALUNAE FA LANDO DO CURSO SUPERIOR O encontro com o conhecimento no processo de sua construção é um fator singular para a formação da consciência crítica emancipada e cidadã O processo formativo filosófico consiste num fecundo espaço no qual se instala a práxis peda gógica mas orientada por uma ideia de homem uma compreensão de conheci mento e uma conceituação política A formação humana torna o homem humano A formação é constituidora da humanidade no humano Há germes de humanidade que é necessário desenvolver de certa maneira cultivar na direção da realização da humanidade LORIERI et al 2009 p 04 43 aprimorese A formação filosófica ajuda na compreensão do ambiente sociopolítico que o sujeito educando está envolvido em sua realidade cultural Ela consiste num conhecimento privilegiado para a carreira profissional pois proporciona a possi bilidade de outros olhares por estar envolvida diretamente no aperfeiçoamento da prática da humanidade e formação humana no ser inacabado que consiste o homem e no desenvolvimento de suas potencialidades para o aperfeiçoamen to em todos os sentidos da realidade concreta pois no limite toda Pedagogia consiste numa Filosofia A Filosofia da Educação é relevante pela reflexão que proporciona a discussão de outros temas importantes a começar pela carreira do pedagogo ALUNOB falando do Curso Superior Na pesquisa de campo identificouse que a Filosofia enquanto formação hu mana consiste na ação que compreende um esforço epistemológico de eluci dação de elementos da vida concreta Como no exemplo do Ensino Médio A Filosofia sugere uma reflexão intensa da vida Ela a Filosofia fala da construção da humanidade em nós humanos ALUNAA falando do Ensino Médio As falas dos sujeitos alunos e o referencial teórico escolhido para dar susten tação epistemológica para este estudo estão de acordo sobre a importância da Filosofia da humanização do ser humano A cultura abrange a instrução e vários conhecimentos e talvez por essa razão ela envolve um trabalho professoral de direção de governança ou de guia para a vida Tudo isto é formação humana ou Educação para Kant LORIERI et al 2009 p 04 Fonte Braga 2017 UNIDADE 1 44 Perspectivas da Filosofia da Educação Autores Antônio Joaquim Severino Cleide Rita Silvério de Almei dae Marcos Antonio Lorieri org Editora Cortez Sinopse a obra reúne uma série de autores que discutem a te mática da Filosofia da Educação apresentando os desafios atuais para a implementação desta disciplina o papel dela no processo de formação social e os modelos de Educação que permeiam o cenário educacio nal brasileiro livro Sócrates Ano 1971 Sinopse o filme retrata os últimos anos da vida do filósofo grego Sócrates Nele apresentase o contexto da sociedade ateniense e o julgamento que levou Sócrates a ser condenado pelos legis ladores a tomar o veneno cicuta e por conseguinte morrer O diálogo presente na obra é baseado nos textos de Platão que re latam a vida do filósofo em questão Comentário sugiro este filme pois a partir dele é possível perceber os movimen tos filosóficos tanto dos pensadores sofistas aqueles que vendiam o seu saber como pela atuação de Sócrates convivendo com o povo e se defendendo diante das acusações dos legisladores que o culpavam de não acreditar nas divindades e corromper os jovens filme anotações anotações 2 PLANO DE ESTUDO A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade A Patrística e o pensamento de Santo Agostinho A Escolástica e o pensamento de Tomás de Aquino A corrente Idealista A corrente Materialista OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Analisar o contexto da Patrística tendo como referencial a Filosofia de Santo Agostinho Descrever o período da Escolástica tendo como referencial a Filosofia de Tomás de Aquino Apresentar as princi pais características da corrente filosófica Idealista Apresentar as principais características da corrente filosófica Materialista AS PRINCIPAIS CORRENTES FILOSÓFICAS PROFESSOR Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves INTRODUÇÃO Olá alunoa Seja bemvindoa à Unidade 2 Nesta daremos con tinuidade ao estudo da Filosofia da Educação Discutiremos aqui as principais correntes filosóficas que compuseram o cenário da Filosofia ao longo da história da humanidade iniciando pela Patrística enquanto movimento filosóficoteológico próprio da Filosofia clássica Obvia mente as correntes filosóficas que veremos não falam especificamente da Filosofia da Educação devido a fatores históricos e por não corres ponderem ao mesmo período de sua criação Elas contudo expressam as diversas matizes ou seja as possibilidades de se refletir de dialogar acerca de determinado saber Em outras palavras conhecer algumas das correntes filosóficas é perceber que aquilo que se considera como verdadeiro a partir de um ponto de vista pode ter outras explicações em outras leituras outras abordagens Perceberemos que cada uma possui em si uma interpretação pró pria do mundo do homem da sociedade das leis etc Essas correntes filosóficas serviram e ainda servem para apresentar às diversas áreas do saber o fato de que o conhecimento e a verdade são construídos a partir do período histórico que se vive das experiências que cada cultura e cada época permitem que sejam realizadas e dos fatores emocionais sociais políticos e econômicos de cada local Assim mais que apresentar verdades a Filosofia e propriamente a Filosofia da Educação encontram subsídios para pôr em xeque toda ideia fundamentalista incapaz de lidar com a diferença de opiniões sempre limitandose à tradição ao corriqueiro ao cotidiano Por este motivo afirmamos que as diversas perspectivas filosóficas aqui apresen tadas e aquelas que não foram citadas contribuem para uma pluralidade de saberes as quais formam uma rede de informações pertinentes e válidas para a realização pessoal profissional e sobretudo humana A partir destes fatores detemonos a esta reflexão Desejo a você um ótimo período de estudos UNICESUMAR 49 1 A PATRÍSTICA E O PENSAMENTO de Santo Agostinho Conhecer diferentes correntes filosóficas tornase importante para que entendamos que nenhum conhecimento é neutro e todo saber está imbuído de alguma ideologia explícita ou não O termo ideologia se tornou odioso nos últimos anos sobretudo pela onda de protestos noticiários e redes sociais dados num contexto político que a todo momento o utilizam para designar alguma ideia falaciosa que impõem sobre a população A ideologia na Filosofia no entanto nada mais é que um conjunto de ideias que se afirmam mas podem ser debatidas discutidas e reivindicadas Ou seja a ideologia está presente em qualquer lugar ARANHA MARTINS 2016 Nessa perspectiva as correntes filosóficas trazem algumas ideias que com põem variados quadros de verdades ou seja pressupostos que se definem como válidos pelo ponto de vista interpretado Nossa intenção nesta unidade é apre sentar somente quatro deles mas que representam bem as principais expressões do pensar filosófico Começamos com a Patrística O período da Patrística ocorreu entre os séculos I e IV d C Este momento da Filosofia se deu pelo protagonismo dos filósofos teólogos sacerdotes que buscavam resolver problemas teológicos a partir da Filosofia Algumas verdades de fé como o conceito de Trindade e Encarnação a relação entre razão e fé a natureza humana e divina de Cristo etc Todos esses temas precisavam de explicações plausíveis que não se contradissessem tampouco ficassem à mercê das teorias pagãs REALE 1990 UNIDADE 2 50 Dividido didaticamente em três períodos a saber o período Anteni ceno Niceno PósNiceno levou este nome graças ao Concílio de Niceia realizado em 325 d C a Patrística se caracteriza principalmente na defesa da fé e das verdades cristãs que os primeiros teólogos e padres do deserto elaboravam para justificar a fé católica Nesta empreitada alguns nomes se destacaram por exemplo Aristides Justino e Taciano Marcião Aristides é de meados do século II e conforme nos dirá Reale 1990 nele encontramos a primeira apologia ao cristianismo pois para o teólogo a verdadeira Filosofia somente está presente nos cristãos tendo em vista a pureza de seu estado de vida o que reflete a verdade que creem Esta interpretação da verdade como expressão filosófica é própria da Filosofia grega especialmente a de Platão pois para o filósofo o caminho para se conhecer a verdade de todas as coisas é a dialética isto é a reflexão filosófica a partir da razão REALE 1990 Justino Mártir é outro nome de importância para o período passou de discípulo da teoria platônica para convertido cristão Apesar de acreditar na verdade da busca dos filósofos gregos acerca do Logos isto é a força criado ra que deu origem a todas as coisas Mártir afirma que a verdade filosófica é parcial pois somente a crença em Jesus como o Logos criado por Deus é que pode revelar a verdade que neste caso está em posse dos cristãos Contrapondo a teoria platônica à cristã Justino interpretou as afirmativas de Platão como incompletas ou equivocadas como a ideia da imortalidade da alma Segundo ele tudo o que se encontra fora de Deus é corruptível e mortal neste caso a alma é partícipe da vida que está unicamente em Deus REALE 1990 Taciano por sua vez foi discípulo de Justino convertido por ele Suas ideias retomam a tripartição do homem em alma corpo e espírito ao mesmo tempo em que nega as afirmativas gregas sobre a imortalidade da alma e do corpo Em suas considerações a única possibilidade do homem ser imortal se encontra em seu espírito isso porque ele é a imagem e a semelhança de Deus REALE 1990 Tais conclusões refutam a herança helênica isto é a Fi losofia grega e se encaixam num processo moderno e revolucionário acerca da verdade sobre o homem construindo aquilo que foi próprio da Filosofia patrística ou seja a valorização das ideias do homem pautadas na fé cristã UNICESUMAR 51 A contribuição de Agostinho de Hipona Na construção do pensamento que compôs a Filosofia patrística desta couse o filósofo Aurélio Agostinho bispo de Hipona também conhecido como Agostinho de Hipona Nasceu em Tagaste na África no ano de 354 d C Filho de Mônica uma devota cristã e Patrício pagão até ser bati zado no leito de morte tinha dois ir mãos mas era o favorito de sua mãe Encaminhado desde jovem aos es tudos Agostinho se viu fora de casa e com um mundo de oportunidades à sua frente Toda esta liberdade lhe rendeu experiências dentre elas um filho Deodato mas que faleceu aos 18 anos de idade Aos 22 anos Agostinho inicia sua carreira de professor de retórica na cidade de Cartago Adepto de nove anos da teoria maniqueísta uma seita católica que acreditava que tanto o bem quanto o mal tinham sua origem no cosmos e nos afetava diretamente Agostinho se encontrou com Fausto um bispo maniqueísta Este encontro permeado de decepção pelo fato de Fausto não possuir todas as respostas para os questionamentos do jovem discípulo fizeram com que Agosti nho se afastasse dessa fé Em 384 mudase para Roma e depois para Milão como professor Ali conhece Ambrósio bispo de Milão o qual se tornou seu mentor e foi o principal responsável pela sua conversão à fé católica MATTHEWS 2007 Em uma sequência de escritos e experiências pessoais Agostinho tornouse o ícone de uma época traduzindo em suas obras o perfil intelectual que soube conciliar a riqueza da Filosofia helênica e as verdades da fé cristã Considera do como o primeiro filósofo cristão importante Agostinho arquitetou em suas obras sobretudo em A cidade de Deus os pressupostos de uma Filosofia cristã tema este que pouco fora abordado anteriormente pelos demais padres latinos REALE 1990 Agostinho buscou refletir a respeito de questões próprias da re lação entre o homem e o sagrado questões como a ideia de livrearbítrio que por suas letras foi analisada numa perspectiva inovadora Figura 1 Agostinho de Hipona Fonte Wikimedia Commons 2020 online3 UNIDADE 2 52 Fosse pelos sermões de Ambrósio ou por sua própria leitura de Plotino iniciada em Milão Agostinho ouviu que o livrearbítrio da vontade é a razão pela qual praticamos o mal e sofremos a justa punição imposta por Deus VII35 Contudo ele dizia que não conseguia entender essa idéia MATTHEWS 2007 p 24 Para o filósofo cristão o fato de o livrearbítrio da vontade gerar o mal e nos levar ao pecado era incompatível com a crença da bondade divina Em outras palavras se Deus é bom como seria possível que ele criasse algo que não fosse semelhante a ele Isto é como poderia criar o homem e nele permitir que houvesse criado também o mal Dessa forma se Deus criou o homem e este é mal ou possui a capacidade para tal comportamento isso significa que Deus possui algum prin cípio do mal Caso contrário como se explica a afirmativa de que o livrearbítrio proporcionaria ao homem as condições para não agir pelo bem Esta questão se relaciona diretamente com a ideia do Bem agostiniano ou da origem do mal Para ele o bem é Deus o ser supremo acima de tudo e presente em todas as coisas criadas inclusive o homem Deus em sua infinita bondade deu a cada um o poder da escolha conhecida na fé cristã como livrearbítrio Por este o homem tem o poder de decidir aquilo que mais lhe convém seguir sua vida conforme suas escolhas e consequentemente colher em sua caminhada os resultados de todas as suas ações Isso contudo ainda não explica a origem do mal na humanidade Pois bem seguindo este raciocínio Agostinho afirma em sua obra Confis sões que o livrearbítrio da vontade escolhe e decide no homem e a razão é aquela que conhece as coisas O mal é o pecado e ocorre pela má vontade Ou seja apesar de Deus ser o Bem supremo existem pelo mundo diversos outros bens porém todos eles são temporais e finitos Os homens ao longo de sua vida renunciam o Bem para ficar com outros bens Agostinho quer dizer que Deus é substituído pelos homens em função de outros atrativos temporários que lhes chamam atenção Consequentemente a vontade que inicialmente é boa pois é fruto de Deus no homem tornase má no momento que o homem escolhe o mal e se afasta de Deus Assim o que Agostinho conclui é que não existe um mal mas a negação do bem REALE 1990 O problema do mal não reside no ser que assim o é em uma essência má o mal nada mais é que a oposição do bem o vazio e a falta dele O homem é o ser mais próximo da imagem e semelhança de Deus o correto seria que ele se dirigisse ao seu criador dedicasse sua vida a cumprir os seus desejos UNICESUMAR 53 atendendo ao chamado natural que a boa vontade humana recebe fortale cendose pela graça divina O desvio porém dessa ordem é a causa do mal Isso significa que a liberdade recebida é boa mas o que o homem faz com ela é que lhe deturpa e corrompe Esta questão da origem do mal Agostinho ainda distingue em três níveis a O mal metafísicoontológico não existe o mal no mundo apenas níveis de ser que estão abaixo de Deus que é o Bem e que depende das coisas criadas para sua conservação Por exemplo podemos considerar um bicho como mal porém numa visão universal ele cumpre uma missão para um bem maior tornandose alimento de outras espécies e assim gera o equilíbrio ambiental necessário para a manutenção da vida humana REALE 1990 b O mal moral este é o mal das ações refletido anteriormente A busca pelos bens que não são e não levam a Deus geram a má vontade que nos afasta Dele c O mal físico ele tem origem no pecado original que vem do mal moral A doença as dores e os sofrimentos surgem da alma pecadora que corrompe o corpo Quadro 1 Níveis do mal Fonte o autor Todas estas explicações a respeito do pecado do mal da moral foram elabora das em forma de reflexões dadas por Agostinho em suas obras a fim de com bater heresias que surgiam de seitas como a maniqueísta da qual ele fizera parte A obediência aos preceitos cristãos o respeito à fé católica e a entrega sincera a Deus são alguns dos princípios defendidos por ele colocandose como autor de teorias mas também discípulo Dessa forma o princípio do encontro e a verdade objeto tão caro à Filosofia estava segundo ele numa entrega ao agir de Deus experimentado pelo próprio pensador como bem declarou em suas Confissões Estimulado por estas leituras a voltar a mim mesmo entrei guiado por ti no profundo de meu coração e o pude fazer porque te fizeste minha ajuda Entrei e vi com os olhos da alma acima desses mes mos olhos acima de minha inteligência a luz imutável não está vulgar e visível a todos os olhos de carne nem outra do mesmo gênero embora maior Era muito mais clara e enchendo com sua força todo o espaço Não não era essa luz mas uma luz diferente de todas estas AGOSTINHO 2007 VII X UNIDADE 2 54 Numa clara refutação ao conhecimento e à inteligência tão admirados e deseja dos pelos filósofos gregos Agostinho prioriza o amor como fonte do bem Por meio dele quando destinado aos desejos de Deus e não aos interesses da carne e do desejo lascivo dos homens o indivíduo encontra a virtude e dela poderá aproveitar É pelo princípio do amor que o homem encontra a base da fé cristã Dele se originou a salvação dos homens isto é a paixão de Cristo que se entre gou por amor Da mesma forma o amor quando bem empregado e destinado corretamente aos interesses de Deus gera redenção e se torna fonte de graça Utilizandose da lógica platônica Agostinho substitui alguns preceitos pelos indícios do cristianismo desse modo retira da Filosofia aquilo que co locará no agir cristão Nele será o amor que ocupará o espaço que antes Platão designara à dialética e à reflexão isto é agora para se alcançar a salvação o que valerá será o peso do amor empregado nas ações terrenas e não o quanto se utilizou da Filosofia Nesta nova leitura quanto mais o homem for capaz de amar mais próximo da salvação ele se encontrará Desta e de outras afirmativas é que se considera até hoje o cristianismo como a religião do amor pois enquanto em outros contextos afirmamse a severidade das leis e a certeza da punição frente aos erros cometidos em vida na fé cristã a salvação conta com a misericórdia de Deus tendo em vista a imperfeição humana e o pecado original da criação As bases da fé cristã foram elaboradas nestes moldes sua aplicação e seu convencimento popular realizaramse por meio de outra estratégia a qual nos trouxe uma série de intelectuais e aconte cimentos que marcaram o período conhecido por nós como Idade Média É neste cenário que encontraremos a corrente filosófica da Escolástica Agostinho de Hipona é considerado santo pela Igreja Católica Sua canonização se deu por aclamação popular e confirmada pelo Papa No ano de 1292 é considerado doutor da Igreja devido à sua notável capacidade intelectual e aos benefícios de seus escritos para a fé cristã O fato de Agostinho ser considerado um santo pela religião católica e ao mesmo tempo trazer suas reflexões ao campo da Filosofia gera uma saudável e neces sária relação entre razão e fé Isso demonstra que o diálogo entre esses dois campos do conhecimento é possível encorajando o debate científico de produzir bons resultados e desmistificar o vulgo antagonismo presente na relação entre ciência e fé Fonte o autor explorando Ideias UNICESUMAR 55 Outra expressão filosófica que remonta ao período medieval é a Escolástica No vamente na intenção de conhecer a origem do mundo e do homem essa teoria buscou pôr em prática os ensinamentos formulados pelos padres teólogosfilósofos do período da Patrística Como o nome evidencia a fé era transmitida no modelo escolar de maneira didática ensinada aos futuros sacerdotes e promovida ao povo pelas ordens religiosas que se incumbiam da missão de tornar os preceitos evangé licos uma realidade na vida do povo Temos vários nomes que se destacam contudo daremos ênfase às reflexões trazidas por Tomás de Aquino no século XIII tendo em vista que suas ideias representam bem este período que perdurou até o século XVI Tomás de Aquino nasceu em Roccasecca no ano de 1221 Seu pai se chamava Landolfo sua mãe Teodora e ambos depositavam no filho a esperança de que ele levasse adiante a nobreza do sobrenome da família Sua Educação primária foi na abadia de Montecassino e em seguida encaminhado a Nápoles para estudar na universidade onde conheceu a Ordem dos Dominicanos REALE 1990 Em contato com tal grupo religioso Tomás de Aquino foi discípulo do bispo Alberto Magno grande teólogo e escritor De personalidade reservada e quieta fora apeli dado de boimudo Certa vez ao ser interrogado pelo bispo sobre uma questão discutida Tomás de Aquino apresentou seu ponto de vista de forma minuciosa e inteligente surpreendendo a todos inclusive seu mestre que exclamou Este moço que nós chamamos de boimudo mugirá tão forte que se fará ouvir no mundo inteiro REALE 1990 p 553 2 A ESCOLÁSTICA E O PENSAMENTO de Tomás de Aquino UNIDADE 2 56 Foi professor na Universidade de Paris onde recebeu o título de mestre em Teologia lecionando de 1252 a 1259 Autor de diversas obras considerada a de maior relevância a Suma teológica a qual não conseguiu concluir Nela Tomás de Aquino refletiu sobre diversos temas relacionados à fé dentre eles a conciliação entre a fé e a razão apresentando de forma lógica e organizada o caminho para se provar a existência de Deus Suas ideias tiveram como princípio e referência a Filosofia aristotélica mas Tomás compreende porém a fé como a guia da razão De modo geral a reflexão nesse período acerca do homem davase pela edu cação universitária A universidade era o local do debate e da presença dos filóso fosteólogos que utilizavam do cargo como professores para trabalhar a identidade do homem medieval e o modo como eles se explicavam OLIVEIRA 2013 O que demarcou as posições de tais pensadores foi o trabalho que cumpriam de utilizar o pensamento filosófico grego e darlhe um sentido transcendental cristão Ou seja do mesmo modo que a Filosofia grega interpretou por séculos a vida terrena como superficial ou banal quando não vivida em função da experiência filosófica os filósofosteólogos complementavam tal afirmativa com o discurso cristão cuja busca pela verdade deveria ter o seu fim na pessoa de Cristo Ao depararse com os ensinamentos de Jesus o indivíduo encontraria a libertação da ignorância não somente a intelectual mas também a espiritual NUNES 2006 Tomás de Aquino não fugiu a esta regra trouxe porém complementos à época inéditos para o período e para a Filosofia em questão Segundo ele a busca pela elevação espiritual e intelectual era própria do homem tendo em vista que o que lhe dava sua forma enquanto pessoa humana era a relação de sua alma com o corpo Ou seja o intelecto não seria fruto somente do corpo mas da relação entre este e a alma fundidos um ao outro Do mesmo modo o ser vegetativo das plantas não está em seu físico mas na alma que estas possuem assim como o ser sensitivo dos animais está presente em sua alma Daí a importância dela para que o corpo pudesse desempenhar o intelecto de forma proveitosa e o corpo para a alma a fim de que esta tivesse um local para existir Isso quer também dizer que a alma não existe como uma espécie de conceito universal antes da união com o corpo na verdade ela não existe de forma alguma antes de sua união com o corpo Por outro lado porém estritamente falando a alma humana não depende do corpo para existir à medida que o Aquinata a concebe como tendo sido criada por Deus ALMEIDA 2012 p 46 UNICESUMAR 57 A sabedoria é algo próprio das almas mais evoluídas e a alma humana é a mais frágil dentre aquelas que a possuem comparada com a dos anjos por exem plo No caso dos seres humanos estes necessitam do corpo para adquirir o conhecimento O corpo é segundo Tomás o instrumento que permite que a alma sinta e aprenda A relação que estes dois seres corpo e alma possuem é de complementaridade formando a pessoa humana porém sem perder a sua particularidade isto é a alma mantém sua essência da mesma forma que o corpo também mantém a sua Assim o conhecimento em Tomás seria muito mais que entender algo racionalmente seria também necessário sentir Perceba que o caminho percorrido por Tomás de Aquino vai na contra mão tanto da Filosofia antiga quanto da Filosofia patrística Isso não significa que suas ideias contradiziam os ensinamentos das reflexões cristãs vigentes em sua época Sua retomada às ideias aristotélicas contudo trouxe respostas mais significativas aos problemas enfrentados pela Igreja no século XIII A vida religiosa se expandiu e o surgimento das ordens mendicantes que não viviam na clausura mas tinham uma vida itinerante em meio ao povo trou xeram questionamentos a respeito do valor do corpo Nesta perspectiva analisando o pensamento de Platão e da Filosofia pa trística o que identificamos é um certo tipo de desmerecimento ou menospre zo pelo corpo sendo ele algo secundário no processo de busca pela sabedoria no caso da Filosofia antiga e da salvação no caso da Patrística A alma era interpretada como superior e o fato de ela se encontrar presa no corpo se dava como uma espécie de castigo Tomás questiona esta sentença ao afirmar que não haveria nenhuma forma de conhecimento se alma e corpo não se unis sem e formassem o homem permeado de suas particularidades e perspectivas próprias sobre o mundo a vida as coisas ALMEIDA 2012 As diversas correntes filosóficas construídas ao longo da história servem como exemplo concreto de que a verdade não é uma só e que as diversas explicações e teorias pos suem sua beleza e importância Aquilo que consideramos como inadequado ou fora dos padrões hoje pode futuramente tornarse a maneira mais assertiva de se viver Reflita pensando juntos UNIDADE 2 58 Essas questões são debatidas em seus escritos Tomás para que seus alunos estudassem a base do cristianismo e a interpretação católica na universidade elaborou um resumo dos preceitos da fé cristã Questões de cunho moral são apresentadas em suas reflexões como uma forma de traduzir a necessidade da dignidade das re lações o que se refletiria no diálogo do homem com Deus Por exemplo na Suma Teológica ao debater a Questão sobre o Respeito Tomás de Aquino inseriu seus alunos na compreensão social do modo como deveriam se relacionar com os demais sobretudo os que eram dados como seus superiores tendo em vista a distinção que tal cargo possuía Tal análise trazia forte relação com a experiência cristã de amor a Deus pois ao aprender a conviver com a hierarquia o indivíduo simultaneamente compreenderia a teologia cristã e seu ensinamento sobre o serviço e a devoção Isso demons tra mais uma vez o quanto sua obra valorizou a com preensão do conhecimento enquanto experiência teó rica porém atrelada a uma prática OLIVEIRA 2013 Com isso podemos entender que a Filosofia esco lástica especialmente a de Tomás de Aquino represen tou um momento de forte influência cristã sobre a vida social e por ela a investigação a respeito do homem Ou seja apesar de identificar o homem como ser detentor de duas realidades distintas corpo e alma a dimensão da fé cristã não teria sentido se não fosse demonstra da nas relações com as demais pessoas Isso revela que nessa perspectiva o homem deveria estar em sintonia com a sua alma para que suas relações sociais tivessem significado e fossem construtivas Caso contrário o que estaria em jogo era a organização da vida social e a sua própria construção antropológica OLIVEIRA 2013 Com isso o que se viu no período escolástico foi a con ciliação do pensamento bíblico com o aristotélico na definição sobre a origem do homem UNICESUMAR 59 O idealismo tem sua origem na Filosofia de René Descartes 15961650 Diferen temente daquilo que por vezes apresentase compreendemos que o idealismo não é de origem platônica e o porquê entenderemos agora Platão acreditava na existência de dois mundos sendo o nosso o lugar das cópias da reprodução de um conhecimento primeiro que não habitava a nossa realidade mas pertencia a uma outra dimensão a um outro mundo REALE 1990 Este segundo mundo era o das ideias Nele a verdade sobre o homem e as coisas se expressava visi velmente e continha a essência de tudo o que existe aqui Ou seja o que Platão defendia compõe a corrente filosófica do realismo não do idealismo O conceito de idealismo está amparado na definição de ideia Ele é a interpre tação que cada indivíduo faz a respeito de algo tomando para si o que é verdadeiro ou falso conforme sua vontade Descartes utilizou como princípio de seu método a sua famosa máxima penso logo existo que indicava a sua escolha pela razão como aquela que conduziria todo o processo de descobrimento da verdade das coisas A partir dessa certeza primeira ele constrói toda a sua Filosofia to mando por regra geral que somente as coisas que concebemos clara e distintamente são verdadeiras e com isso buscou eliminar do universo a qualidade deixando apenas a quantidade ie extrair do eu um mun do de pontos e figuras geométricas MENEGHETTI 2004 p 374375 3 A CORRENTE IDEALISTA UNIDADE 2 60 Levando em consideração a forma das coisas sem se deixar guiar pela aparência que elas possuem o idealismo cartesiano se propunha a simplificar ao máximo todo o conhecimento e as possíveis verdades que ele hipoteticamente possuísse Retirando os excessos ficaria somente o que poderia ser racionalmente validado para o sujeito que o analisava fazendo da verdade uma certeza oriunda do próprio homem Com isso ele retirava a crença em qualquer outra coisa que não fosse o pró prio indivíduo e sua razão Seria o mesmo que dizer se temos cérebro ele nos é suficiente para pensarmos por nós mesmos sem qualquer crença em deuses energias cósmicas ou qualquer coisa que fuja à racionalidade humana Ou seja assim como tantos outros filósofos Descartes não se limitou a somente uma ex pressão filosófica Nele é nítido a relação profunda entre racionalismo e idealismo bem como a base do pensamento idealista Há outros autores que ganharam destaque por suas ideias se relacionarem com a corrente idealista Immanuel Kant 17241804 e Georg Wilhelm Hegel 1770 1831 estes são os mais famosos Suas filosofias dão continuidade a esta reflexão em que o conhecimento das coisas ocorre pela interpretação do sujeito ora pela experiência como é o caso de Kant ora pela razão pura como afirmava Descartes Em Hegel a consciência as ideias e aquilo que consideramos como verdade ou não estão em constante mudança sendo esse próprio movimento o que expressa a realidade e constrói a história isto é pela expressão e pelo posicionamento humano sobre os fatos que estão em eterna mudança A isso Hegel denominou dialética Este termo não é novo na Filosofia mas com ele ganhava um outro caráter Até o século XVI foi o realismo que ocupou o espaço filosófico e também político influenciando fortemente a condução social e religiosa do povo A certe za da existência de um mundo superior a este em que todos receberiam conforme seus atos movia o imaginário popular e tornava as pessoas temerosas porém obedientes às regras sobretudo as determinadas pela religião Foi a partir das ideias de pensadores como Descartes que o homem iniciou o seu processo de abandono da fé e do misticismo para se colocar no centro das decisões Talvez você possa se perguntar como isso pode ser verdade pois ainda hoje a fé é uma das expressões de devoção do homem Ou seja ela existe Desse modo ao afirmar que o homem abandonava a fé quero dizer que ela e a Igreja deixavam de ser as principais fontes de influência nas tomadas de decisão dele e do modo como deveria conduzir a sua vida A partir do momento em que a religião deixou de ocupar o centro da vida do homem e da sociedade ele a substi tuiu por um outro deus outro ser ao qual deveria ser devoto Este ser era o próprio UNICESUMAR 61 homem É claro que tal mudança não ocorreu imediatamente mas alguns fatores contribuíram para o distanciamento da fé e a aproximação da verdade individual A descoberta do cálculo infinitesimal por Leibniz 1676 e Newton 1665 e da decomposição da luz em cores por este último 1666 somadas às conquistas científicotecnológicas legadas por Galileu décadas antes abriram as portas de um novo mundo de precisão no tempo e espaço no qual a longitude foi uma das aplicações mais sensacionais alterando realidades geográficas e políticas em distin tas partes do globo COSTA 2011 p 379 O idealismo portanto é a corrente filosófica responsável pela liberdade intelectual dos homens e que os colocou como principais ou os únicos responsáveis por suas convicções verdades e decisões Ao longo da história eles se expressaram de diver sas maneiras uma delas foi a partir da Filosofia alemã Esta discutiremos a seguir Idealismo alemão O idealismo alemão teve como grande representante o filósofo Immanuel Kant 17241804 Ao conhecer as correntes filosóficas anteriores a ele por exemplo o racionalismo e o empirismo Kant fez a sua crítica a respeito daquilo que verda deiramente podemos conhecer A explicação que ele encontra para essa questão é que num primeiro momento para que possamos conhecer algo de fato é neces sário que haja relação entre o sujeito e o objeto Ou seja não é possível que você saiba o que é um carro por exemplo sem nunca ter visto ou então tocado em um Ao mesmo tempo não será pela mera experiência de ver ou tocar um carro que será possível afirmar que o conhece pois as coisas quando nos são apresen tadas somente a teremos compreendido e saberemos o que são pela forma que possuem porém não nos é possível conhecêla em sua essência Isso torna o processo de aprendizagem extremamente individual não se re produzindo de maneira igual pois o modo como se aprende depende do sujeito e do objeto Dessa forma para que haja o conhecimento tudo dependerá da forma que o sujeito dará para a matéria do conhecimento Consegue entender isso Imagine que você e um amigo estão passando pela rua e de repente se de param com uma árvore repleta de flores bem carregada no auge da estação UNIDADE 2 62 Nesta ocasião digamos que você achou aquela cena bonita enquanto seu amigo detestou A pergunta é como é possível que um mesmo objeto possa gerar dois sentimentos tão opostos O que fez você compreender aquele fenômeno como bom e seu amigo ruim Aqui temos dois momentos que devem ser esclarecidos O primeiro é o fato de que vocês dois tiveram uma experiência ou seja viram a árvore as flores identifi caram sua cor seu tamanho etc Isso ocorre pois o homem possui em si a priori um intelecto capaz de organizar todas as suas experiências sensíveis Esta é a estru tura para o conhecimento denominada forma Isso todavia não indica que houve conhecimento pois este surge após o intelecto relacionar as informações obtidas A matéria é a posteriori A forma é a priori A matéria do conheci mento é variável de um objeto a outro visto depender dele do objeto Por sua vez a forma sendo imposta ao objeto pelo sujeito será reen contrada invariavelmente em todos os objetos por todos os sujeitos Existem pois conhecimentos a priori e conhecimentos a posteriori Todo objeto a ser conhecido a priori o será conforme as formas que o espírito lhe impõe no ato de conhecer LEITE 2016 p 22 O segundo momento está no juízo que vocês deram para o fenômeno O porquê da diferença das conclusões apresentadas por vocês dois está no modo como cada um enxergou aquela matéria E isso não ocorre por uma simples questão de gosto mas pela capacidade de juízo que cada um possui individualmente Ou seja perceba que a preocupação aqui não é dizer quem está certo ou errado nas considerações trazidas por você e seu amigo sobre o fenômeno da árvore e suas flores mas o que se deseja entender é o motivo de vocês pensarem diferente A isso denominouse teoria do conhecimento Essa foi a grande novidade de Kant pois diferentemente daquilo que fazia a tra dição filosófica ao colocar o objeto no centro das investigações para compreender como se dava o conhecimento sobre ele Kant colocou o homem no centro do de bate e investigou os modos possíveis de ele conhecer as coisas Em outras palavras Kant compreendia que a verdade das coisas não estava nelas em si mas naquele que as observava O modo como isso se dá e as demais etapas da teoria kantiana não convêm trazermos para este debate pois o que nos interessa é demonstrar que nessa interpretação Kant se associou à corrente idealista ao descobrir que o conhecer não é externo é interno e está em cada homem de um modo único UNICESUMAR 63 Sua Filosofia é um referencial do idealismo alemão tendo em vista que este período se inicia a partir de sua obra Crítica da razão pura e se estende até a morte do filósofo Hegel Nesta abordagem os filósofos idealistas alemães colocavam o homem no centro de toda forma de conhecimento sendo possí vel assimilar e se apropriar do saber a partir da experiência subjetiva Ou seja o objeto que se apresenta ao homem pode ser interpretado de diversas formas analisado por vários ângulos tudo dependerá de quem seja o observador O idealismo considera que a nossa mente intervém ativamente na elaboração do conhecimento e que o real para nós é resultado de uma construção O objeto tal como o conhecemos é em parte obra nossa e portanto podemos conhecer a priori em relação a todo objeto as características que ele recebe da nossa própria faculdade cognitiva LEITE 2016 p 24 A centralidade no homem e a marginalização do objeto resumidamente é deste modo que se deu a ideologia alemã Este processo foi elaborado por Kant inspirado na teoria de Copérnico quando este fez a passagem do geo centrismo para o heliocentrismo ou seja na teoria de que o sol estava no centro de tudo e não a Terra Vale a pena reforçarmos a seguinte ideia existe uma diferença entre o idea lismo clássico e o idealismo alemão Exatamente Tendo Descartes como re ferencial do idealismo clássico encontramos em sua Filosofia a busca pela verdade e a existência das coisas a partir da autoanálise realizada pelo sujeito Ou seja em Descartes para que haja certeza da existência de algo ou alguém é necessário que o indivíduo faça os questionamentos que achar válidos e neces sários partindo dele para chegar nele mesmo como conclusão de suas teorias No idealismo alemão apesar da dúvida o caminho é a certeza de si É preciso ter certeza de quem é para que seja possível saber aquilo que não é É pelo autoconhecimento que o homem compreenderá as coisas ao seu redor compreendendose como o centro das investigações o proprietário de toda fonte de conhecimento mas que nada poderá saber se não dialogar com o objeto investigado e dele tirar conclusões Diversas ciências humanas utilizam de tal teoria para justificar suas considerações a respeito do homem espe cialmente aquelas que enfatizam o sujeito o inconsciente e a subjetividade UNIDADE 2 64 A dialética de Hegel se tornou a base para o surgimento do materialismo Na Fi losofia de Karl Marx é compreendido como materialismo histórico dialético Esta reflexão contudo apresentada por Marx data muito antes dele A dialética que ele empregou para dar corpo ao seu materialismo já estava presente no pensamento grego Filósofos como Sócrates e Platão sempre a utilizaram especialmente em seus diálogos buscando por meio dela encontrar a síntese de determinada conjuntura É em Heráclito de Éfeso 535475 a C contudo que encontramos a definição de que a dialética só acontece entre os desiguais Para entendermos o que Heráclito quis dizer com esta afirmativa precisamos retomar brevemente a base de sua Filosofia Heráclito pertenceu ao grupo que consideramos como os primeiros filósofos A preocupação desses era entender a origem de tudo Semelhante à fé judaica e cristã que vê na história da criação presente no livro do Gênesis a explicação de como surgiu o mundo e a humanidade os primeiros filósofos desejavam en tender qual era o princípio de todas as coisas da natureza ou seja qual era a Arché ou Arkhé Os filósofos originários da região da Jônia hoje na Turquia acreditavam que a origem de tudo se dava por um único elemento Um dizia ser a água o outro dizia ser o ar Heráclito por sua vez acreditava que a origem se encontrava no movimento das coisas Nesse sentido o fogo era o elemento que melhor representava tal mover 4 A CORRENTE MATERIALISTA UNICESUMAR 65 Desse modo para Heráclito todas as coisas fluem estão em constante mo vimento na oposição e luta entre forças entre diferentes Nesta luta temos a dialética pois o movimento das forças opostas gera a estabilidade Um exemplo é a guerra entre as espécies a luta entre elas é que gera o equilíbrio do ecos sistema ou então o tempero do clima seco com o clima úmido que permite o florescer o nascer das plantas etc Toda harmonia é fruto do diálogo dos opos tos dos diferentes que colocam suas ideias em conflito para delas colherem um único resultado Esta afirmativa seria o oposto da lógica formal tendo em vista que para esta última a verdade do mundo e dos fatos não necessitava de diálogos e pontos de vistas diferentes para existir Aquilo que é ainda é e o que não é nunca será A essa lógica temos como referencial e idealizador o filósofo Aristóteles PIRES 1997 Observe que temos duas lógicas duas correntes filosóficas aqui A primeira que é a dialética acredita na possibilidade da reflexão e da análise dos fatos para encon trar uma resposta acerca da verdade A segunda por sua vez é a lógica formal trazida por Aristóteles que entende a verdade como uma só cabendo ao homem apenas a tarefa de decifrála compreendêla Utilizandose da primeira interpretação ou seja a lógica dialética temos a Filosofia de Hegel e a de Karl Marx que se destacam em suas reflexões Neles o movimento dialético se dava num ciclo composto por afir mações versus negações isto é os opostos que resultavam em negações das próprias negações ou seja tese antítese e síntese CUNHA CUNHA 1999 De modo especial foram as ideias de Hegel que refutaram a lógica formal ao afirmar que uma coisa é e ao mesmo tempo não é Ou seja o que hoje pode ser compreendido como bom e correto por exemplo amanhã pode deixar de ser valendo essa teoria tanto para as coisas como para o próprio conceito de homem e humanidade PIRES 1997 Em outras palavras a dialética em Hegel era a compreensão que o filósofo tinha acerca da essência em si Diferentemente do pensamento clássico dos filósofos gregos que acreditavam que o homem possuía uma essência imutável Hegel defendia a tese de que a verdade as coisas a natu reza e o próprio homem estavam em constante transformação Dessa dialética utilizouse Marx para criar o seu materialismo Desse modo daremos destaque ao pensamento de Marx pois suas ideias fizeram contraste com todo posicionamento da Filosofia tradicional ao inter pretar a dialética hegeliana e toda a história da humanidade de outro ponto de vista O desafio era observar o homem e o mundo a sua volta trazendoos novamente a um diálogo uma relação que tornava um o produto do outro UNIDADE 2 66 Nesta concepção a compreensão sobre o mundo dependeria da relação entre sujeito e objeto que seriam frutos dos esforços empregados pelo homem sobre as coisas Marx utilizou a seguinte tese com o passar dos anos a matéria que provinha da natureza modificouse devido à ação do homem sobre ela Nesse sentido a inteligência e a capacidade racional do homem o levaram a empre gar sobre as coisas a sua força e a modificálas Da madeira ele fez a casa da pedra uniforme inventou a roda da rocha afiou e criou suas armas Todas as coisas que ele pôde alterar para o seu proveito assim o fez Essa mudança não se limitou todavia aos objetos estendeuse ao seu semelhante O método dialético que desenvolveu Marx o método materialista histórico dialético é método de interpretação da realidade visão de mundo e práxis A reinterpretação da dialética de Hegel coloca da por Marx de cabeça para baixo diz respeito principalmente à materialidade e à concreticidade Para Marx Hegel trata a dialética idealmente no plano do espírito das idéias enquanto o mundo dos homens exige sua materialização PIRES 1997 p 86 O que era lido idealmente por Hegel foi posto concretamente por Marx Olhando para a sociedade e o modo como os homens se organizavam nela Marx percebeu que o movimento dialético ocorria por atos que se relaciona vam e se repetiam por mais que isso não fosse compreendido ou mapeado an teriormente Aquele que tivesse mais força teria a possibilidade de se sobrepor aos demais e a relação que antes era de igualdade encontrou uma hierarquia Assim cada um era definido conforme o seu trabalho sua capacidade e seu poder sobre os objetos e os demais homens Nessa perspectiva constituiuse a sociedade e as classes sociais como fruto da criação humana em que cada membro possuía um lugar conforme suas habilidades e importância adquirida A partir desta divisão formavase segundo Marx a consciência humana e a ideia de quem o homem era no mundo SOUZA DOMINGUES 2009 Perceba que em Karl Marx a ideia de classes sociais e a sua hierarquia não são naturais mas foram fabricadas pelas relações que se constituíam com o passar do tempo Quanto mais aprimorado o trabalho realizado pelo sujeito mais minuciosa se torna as relações sociais ao seu redor Esta distinção das funções e consequentemente a distinção dos comportamentos sociais é evi dente em nosso cotidiano UNICESUMAR 67 Você mesmo a pode identificar o quanto o trabalho interfere na ação das pessoas Tomemos como exemplo a atenção que é destinada ao diretor da empresa não é a mesma atenção que se dá aos seus funcionários O respeito ao empregado que presta serviços manuais é diferente daquele dado ao coor denador de operações e assim por diante Essa distinção ocorre também no salário no prestígio social e na valorização do homem enquanto pessoa Ou seja na leitura marxista o trabalho nos define socialmente dizendo que nós somos aquilo que fazemos e por ele seremos amados ou odiados respeitados ou ignorados invejados ou desprezados e assim por diante Vale dizer que o materialismo histórico dialético é apenas mais uma das diversas interpretações filosóficas que existem acerca do mundo do homem e da sociedade Por ela algumas afirmativas como conseguiu porque se es forçou somos todos iguais a lei e a justiça é para todos se tenho sucesso foi porque mereci são postas em xeque tendo em vista que as definições de sucesso progresso igualdade etc partem dos níveis de relações estruturadas historicamente Assim como na dialética aqui as coisas as relações humanas e as relações de trabalho estão em constante mudança Mais que acreditar na capacidade individual que cada sujeito possa ter são os fatores externos e coletivos que determinam a realidade de cada época Isso fica claro para você Sei que estamos acostumados com a ideia que nos é transmitida desde crianças a saber para conseguirmos alcançar nossos sonhos ter sucesso prestígio e sermos felizes é necessário que nos esforce mos e dediquemos nosso tempo a estudar trabalhar e produzir Pela leitura materialista histórica dialética contudo existe outra interpretação a respeito da ideia de progresso e sobre como nossos sonhos podem ser realizados qual é a causa do operário de 1930 pensar de maneira diversa do operário de 1830 Por que o capitalista tem sobre as greves e os sindicatos um ponto de vista diferente do operário Assim que levantamos essas questões saímos imediatamente do campo das ideias e nos vemos forçados a investigar as causas pelas quais há algumas centenas ou alguns milhares de anos os homens tinham ideias distintas das de hoje e por que são diferentes os pontos de vista do capitalista e do operário THALHEIMER 2014 p 66 UNIDADE 2 68 Quando olhamos para a realidade histórica percebemos por exemplo que o sucesso majoritário de homens brancos comparados aos homens negros não se deu pelo es forço que o primeiro grupo teve a mais que o segundo mas foram as diversas políticas segregacionistas como foi o caso dos EUA ou as escravagistas que proibiram o aces so de pessoas ao mundo dos negócios do trabalho e da própria dignidade humana a partir da cor de sua pele O mesmo fator limitante desde o século XVI no Brasil isto é a cor das pessoas é o que ocupa as periferias as ruas as prisões etc e tornam a aplicação de políticas públicas indispensáveis para uma sociedade mais igualitária Faça uma retrospectiva lembrese quantosas professoresas negrosas você teve quantosas médicosas negrosas você conheceu ou então quan tosas diretoresas em sua escola eram negrosas Isso pode lhe parecer banal ou indiferente mas a ausência de negros em cargos de importância em nosso país representa o quanto esse grupo não pôde alcançar no mesmo período de tempo as oportunidades que foram ofertadas às demais etnias Isso seria mate rialismo histórico Não Mas é parte dele pois ao identificarmos as injustiças e percebermos que num outro contexto poderia ser você na condição de excluído criamos aquilo que o materialismo histórico chama de consciência de classe Esta consciência é o instrumento capaz de fazer os homens entenderem que o seu estado atual de vida em meio a sua sociedade nem sempre existiu e não existirá para sempre A origem das classes se deu no mesmo momento em que surgiu a propriedade privada Com ela aqueles que tivessem em suas mãos os meios de pro dução e a matériaprima deixavam de trabalhar e empregavam os que não tinham tais meios de produção e matériaprima Com isso formase o empregador e o empregado separados pelas condições materiais e dependências distintas um pre cisa do trabalho para sobreviver o outro se utiliza desse trabalho para obter lucros A exploração econômica de uma parte da sociedade por outra é a base da formação das classes A base da constituição das castas e Estados é igualmente a divisão de classes mais aí intervêm outras causas como herança o matrimônio no seio de cada grupo etc A formação de clas ses é aí a base geral o que não impede contudo a existência de castas e Estados A divisão em classes fortalece e por sua vez assegura a ex ploração Toda formação de classes se cristaliza em torno de dois pólos dos que produzem o excedente de produção e a mais valia e dos que se apropriam do excedente sem trabalhar THALHEIMER 2014 p 72 UNICESUMAR 69 A partir desta leitura o materialismo histórico dialético afirma constante mente que há entre esses dois polos ou seja os que produzem e os que se apropriam da produção uma luta constante responsável pela vida em socie dade Nessa luta as duas forças apesar de dependentes uma da outra unem se para alcançar sua soberania e autonomia eliminando as interferências causadas pela classe oposta a fim de se tornar única cada uma conforme seus interesses e desejo de organização social e política Seria isso possível CONSIDERAÇÕES FINAIS Na Unidade 2 discutimos as correntes filosóficas elaboradas ao longo dos séculos Por conta do grande número de correntes existentes detemonos em algumas considerando seu tempo e relevância para a história da Filosofia Começamos pela Patrística e pela Escolástica Estas Filosofias cristãs trou xeram os pressupostos da fé a partir da leitura dos filósofos clássicos como Platão e Aristóteles Ambas corroboraram para a validação da fé e tiveram como referenciais os padres Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino ambos considerados santos pela Igreja Católica Na sequência analisamos a corrente idealista Vimos a contribuição de René Descartes e Immanuel Kant para o surgimento e aprofundamento de tal pensamento Suas leituras fizeram do idealismo uma reflexão do homem acer ca das coisas e de si mesmo dando a entender que a verdade não se encontra nos objetos mas em cada indivíduo que os concebe e interpreta conforme suas condições Por fim abordamos a corrente materialista Observamos que o pensa mento marxista colaborou para sua edificação Nela desconsiderar a história seria o mesmo que negar a possibilidade de entender como a sociedade e as relações nela presentes se constituíram 70 na prática 1 Nos períodos Patrístico e Escolástico os ensinamentos cristãos eram transmitidos a partir da lógica filosófica grega de autores como Platão e Aristóteles com a diferença de que a ideia de verdade e necessidade era substituída pela ideia de necessidade de Deus Desse modo alguns filósofosteólogos se destacam nesta abordagem São eles a Tomás de Aquino Sócrates e Homero b Agostinho Tomás de Aquino Gregório Magno Ambrósio c Antão Hobbes e Locke d Rousseau Descartes e Foucault e Platão Tomás de Aquino Hobbes 2 Ao compararmos a corrente filosófica do idealismo e a corrente filosófica do mate rialismo histórico dialético encontramos várias diferenças Contudo uma em es pecial pode ser considerada aquela mais evidente Conforme trabalhado em nossa disciplina a diferença principal delas está a No idealismo o pensamento platônico é responsável por identificar a verdade a partir daquilo que se visualizou no mundo das ideias No materialismo por sua vez a verdade não se visualiza mas se vivencia por meio do trabalho b O materialismo histórico dialético busca explicar a história por meio dos sujeitos enquanto que o idealismo não consegue restringir suas reflexões a nomes tendo em vista seu caráter utópico e ideal c No idealismo o pensamento é comprovado por meio dos sentimentos de cada autor O mesmo ocorre com o materialismo porém ele não se dá nos homens mas na história conforme o período que é analisado d No idealismo a ideia de quem sou fica somente com aquilo que pode ser verifi cado conforme o entendimento pessoal de cada indivíduo Já no materialismo essa mesma ideia de quem sou se explica pela relação que se produziu entre as pessoas ao longo da história e No materialismo a ideia de homem limitase a uma interpretação política sendo o homem fruto de uma época e umacultura Já no idealismo a ideia de homem se respalda na garantia que todo homem tem de sua origem a partir dos fatos históricos narrados em cada sociedade 71 na prática 3 Sobre o conceito de idealismo vimos que ele não possui sua origem nas ideias platônicas pois a filosofia de Platão se enquadra no que chamamos de realismo O idealismo apresenta conceituações e propostas diferentes as quais podemos dizer que se definem pelos seguintes aspectos I Representa a incapacidade de compreender os fenômenos reais a ponto de criar verdades para si II Amparase na definição de ideia mesmo III É a interpretação que cada indivíduo faz a respeito de algo e sua definição de verdadeiro ou falso IV É a crença numa verdade única que está pronta porém deve ser descoberta pela razão É correto o que se afirma em a I e III b I e IV c II e III d IV apenas e I apenas 4 A corrente materialista a partir da interpretação realizada por Karl Marx trouxe como instrumento de interpretação da história a ideia de que há uma constante e interminável luta de classes em que aqueles que são proprietários das terras e dos meios de produção compram o tempo e o trabalho dos que não possuem tais bens Nesta perspectiva este cenário de relações de trocas de trabalhos segundo Marx deveria continuar ou nãoAssinale a alternativa correta a Segundo Marx essa relação entre donos dos meios de produção e empregados é satisfatória e benéfica para ambas as partes Desse modo seria indispensável a manutenção desse meio de trabalho e vida b Em Marx a ideia de materialismo se faz a partir da certeza de que não exis tem proprietários fixos da terra A terra é um bem coletivo portanto deve ser partilhada 72 na prática c Marx apostava na força do trabalho coletivo Para ele quando se trabalha em conjunto o resultado para o patrão seria mais rápido e geraria riqueza para todos d O modelo de trabalho definido por patrões e trabalhadores desagradava a Marx Para ele era necessário o fim das classes sociais e a desigualdade que se fortaleceu a partir do momento em que surgiu a propriedade privada e Em Marx as máquinas chegaram para amenizar os gastos do patrão com fun cionários porém não houve ganho para o trabalhador Desse modo seria ne cessário encerrar com o trabalho da maquinaria e retornar o trabalho manual a fim de retornar o lucro para o funcionário 5 Ao estudarmos as correntes filosóficas iniciamos nossas leituras a partir do perío do da Patrística Nele foi possível compreender a ação da Igreja Católica sobre a fundamentação de suas verdades de fé tendo como base a Filosofia grega Acerca do período da Patrística assinale V para verdadeiro e F para falso nas afirmativas a seguir Período quando a Filosofia cristã construiu os pressupostos da fé a partir das ideias de pensadores como Agostinho de Hipona Marcião Aristides Justino Mártin e Taciano Agostinho de Hipona foi um importante bispo da Igreja ortodoxa represen tante da fé cristã nos primeiros anos daquilo que consideramos como Filosofia cristã O período da Patrística se definiu pela aplicação dos conhecimentos da fé em universidades pela formação de novos padres e do povo em geral Tomás de Aquino é considerado o principal expoente do período da Patrística tendo como grande amigo e discípulo o filósofo Agostinho de Hipona A sequência correta das questões é a V F V V b F V F V c V F F F d V F V F e V V F F 73 aprimorese Trago alguns trechos do artigo do professor doutor Ronaldo Marcos de Lima Araú jo que nos leva a refletir a respeito do perfil educacional que se exige atualmente bem como os modelos de sucesso que nos são apresentados Vale ressaltar que tal leitura de Educação e sociedade se enquadra na corrente filosófica materialista histórica dialética conforme apresentada nesta unidade O MARXISMO E A PESQUISA QUALITATIVA COMO REFERÊNCIAS PARA INVESTIGAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL O discurso da formação do cidadão produtivo da Educação para a empregabilida de e da referência fundamental no mercado se coloca enquanto elemento discur sivo sob a perspectiva pragmática enquanto o homem amplamente desenvolvido serve como principal referência para uma pedagogia fundada na idéia de práxis Nesta direção cabe destacar a diferenciação que faz Manfredi 2006 dos processos formativos focados no trabalho na profissão e na ocupação distinguindo estes conceitos em função do alargamento do foco e na consideração de que eles reme tem a estratégias formativas que interessam mais ou menos aos trabalhadores E com as estratégias de formação dos trabalhadores não podem ser dissocia das de projetos de desenvolvimento social é necessário reconhecer que qualquer leitura que se faça acerca da Educação profissional inclusive de suas práticas pe dagógicas pressupõe uma opção política pautada no projeto de sociedade que se toma como referência Os projetos educacionais em disputa no fundamental remetem ou à conformação da Educação ao status quo ou seja procuram se ajus tar à realidade instituída ou se contrapõem ao estabelecido e se comprometem com outro modelo societário no qual o ser humano seja o elemento balizador das decisões 74 aprimorese Em sentido estrito as práticas formativas constituem um processo de formação que se dá vinculado a essa dimensão de forma intencional em instituições específicas por meio de ações deliberadas organizadas e planejadas com finalidades explíci tas Referese à busca de conhecimentos e habilidades para compreensão da reali dade considerando a capacidade de fazer valer os interesses econômicos políticos e culturais da sociedade FRIGOTTO 1995 MACHADO 2000 LIBÂNEO 2006 Assim podemos afirmar que a prática pedagógica não é neutra refletindo inte resses sociais políticos econômicos e culturais das classes que compõem a estru tura da sociedade O homem ao interferir em tais práticas por meio das atividades de ensino através dos conteúdos objetivos e métodos e na própria atuação do docente caracteriza a prática formativa das escolas pois a forma de ensinar as atividades planejadas os procedimentos e recursos específicos e as atividades de sempenhadas pelos alunos expressam segundo Veiga 1996 a especificidade de uma prática formativa A prática formativa constitui um elemento que caracteriza a identidade de uma instituição educativa e fazse presente também no currículo oculto ou seja na for ma de ensinar no invólucro do conteúdo nas formas de constituição da subjetivida de do professor na linguagem dos coordenadores dos cursos enfim nos elemen tos da prática pedagógica ou vinculados a ela GUIMARÃES 2004 Neste sentido afirmamos que toda prática pedagógica é prática formativa mas nem toda prática formativa é prática pedagógica Fonte Araújo 2012 75 eu recomendo Confissões Autor Santo Agostinho Editora Paulus Sinopse a obra revela o caráter filosófico e teológico presentes na figura de Agostinho de Hipona A obra escrita alguns anos após a sua conversão traz o autor como a figura central de todo o texto interpretando sua trajetória como uma constante busca de Deus Nela sua vida é apresentada nos detalhes e lida a partir da ótica da fé na qual sua conversão é o ápice de todas as reflexões e saberes adquiridos ao longo dos anos livro O jovem Karl Marx Ano 2017 Sinopse aos 26 anos Karl Marx embarca para o exílio junto com sua esposa Jenny Na Paris de 1844 ele conhece Friedrich Engels filho de um industrialista que investigou o nascimento da classe trabalhadora britânica Engels oferece ao jovem Marx a peça que faltava para completar a sua nova visão de mundo Entre a cen sura e a repressão os tumultos e as dificuldades políticas eles lideram o movimento operário em meio a era moderna filme Santo Agostinho é lido no mundo acadêmico e devotado pelos cristãos católicos devido à sua conversão ao cristianismo e à experiência que ele fez de Deus Um desses momentos que fora escrito pelo santofilósofo foi traduzido em forma de música Deixo o link para que você possa apreciar letra e melodia httpswwwyoutubecomwatchvWlqxCrWGFM conectese anotações anotações 3 OS TEÓRICOS CLÁSSICOS DA FILOSOFIA da Educação PLANO DE ESTUDO A seguir apresentamse as aulas que você estudará nesta unidade Educação na Filosofia de Thomas Hobbes Educação na Filosofia de John Locke Educação na Filosofia de JeanJacques Rousseau Educação na Filosofia de Augusto Comte Educação na Filosofia de Michel Foucault OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Apresentar o caráter pedagógico da Filosofia de Thomas Hobbes Discutir o caráter pedagógico da Filosofia de John Locke Abordar o caráter pedagógico da Filosofia de JeanJacques Rousseau Expor o caráter pedagógico da Filosofia de Augusto Comte Descrever o caráter pedagógico da Filosofia de Michel Foucault PROFESSOR Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves INTRODUÇÃO Olá alunoa seja bemvindoa à Unidade 3 Nesta discutiremos a Filosofia da Educação na prática Observaremos o pensamento de autores como Hobbes Rousseau e Comte caminharemos no intuito de compreender como cada um destes pensadores incorporaram às suas teorias filosóficas os traços educacionais percebendo nelas o norte para a edificação das estruturas teóricas que construíram Por eles compreenderemos como a Filosofia da Educação se constitui na prática ou seja como concilia o saber filosófico aos movimentos próprios da pedagogia Cada um dos pensadores abordados nesta unidade mostrará como a Educação se tornou indispensável para que novos ares polí ticos e sociais pudessem surgir O homem que cada teoria elucida e idealiza só encontrará o sentido de sua jornada e o modo de tornála real a partir de uma Educação assertiva de qualidade e que priorize o cuidado com o ser Veremos que cada um desses autores atua num período específico buscando respostas para os problemas sociais que afligiam sua época Olhar para eles e compreender suas teorias não significa que queremos copiálas ou então reproduzilas nos dias de hoje Isso seria loucura pois cada época apresenta os seus próprios problemas e as possíveis soluções para eles Desse modo nosso intuito é investigar conhecer aprimorar a nossa reflexão sobre o fazer da Filosofia da Educação a partir da prática dos clássicos ou seja de filósofos que olharam para sua sociedade e não se contentaram com as respostas óbvias O desejo de inovar os fizeram ir além do trivial e enxergar o homem e sua cul tura de um jeito único Por este motivo eternizaramse na história da Filosofia e da Educação Por fim cada leitura apresentada por eles deve nos servir de modelo mas nunca de regra A Filosofia da Educação se faz no cotidiano e pelo enfrentamento dos problemas que assolam o ambiente escolar Que ao lermos os clássicos tenhamos vontade de melhorar nosso modo de interpretar o mundo da Educação Bons estudos UNIDADE 3 80 1 EDUCAÇÃO NA FILOSOFIA DE THOMAS HOBBES Daremos agora alguns passos em direção ao nosso estudo da Filosofia da Edu cação Aqui conheceremos alguns filósofos clássicos e o modo como suas teorias contribuíram para uma reflexão pedagógica Iniciemos então com a Filosofia do pensador Thomas Hobbes Thomas Hobbes nasceu no ano de 1588 na cidade de Westport na Inglaterra Filho de um sacerdote anglicano criado no período do reinado da rainha Eli sabete I 15331603 Hobbes recebeu Educação formal a partir dos seus quatro anos de idade e no ano de 1608 formouse pela universidade de Oxford Ele era teórico político filósofo e matemático atuou como preceptor do jovem William Cavendish posteriormente o Duque de Devonshire Nesta época tinha somente 20 anos de idade Na história da Filosofia Hobbes é identificado popularmente como o pen sador pessimista quando o assunto é natureza humana LIMONGI 2012 Hob bes John Locke e Rousseau são os três principais filósofos contratualistas isto é pensadores que defenderam a ideia de que a sociedade civil era organizada a partir de um contrato Por exemplo quando fazemos uma compra matricu lamonos em um curso entramos em um relacionamento ou emprego novo assumimos uma responsabilidade Alguns destes itens listados não precisam de um contrato formal com reconhecimento de firma ou burocracias do tipo mas ao fazer a promessa de que pagará a compra frequentará o curso será fiel aoà UNICESUMAR 81 companheiroa ou às regras do novo trabalho você automaticamente assume um compromisso semelhante a um contrato fictício feito verbalmente mas que lhe torna moralmente responsável por honrálo Pois bem para defender esta ideia cada um dos três pensadores trouxe a sua contribuição e o seu entendimento sobre como ele deveria funcionar Regra geral para os três o estado de natureza deveria ser retomado para que o homem pudesse se adequar à vida num contrato social Ao tratarmos de suas Filosofias certamente elasevidenciamse ao longo do texto porém vale a pena frisálas Para JeanJacques Rousseau o homem selvagem abandonaria sua liberdade natural para viver num acordo Ele faria isso porque o progresso o impulsionou As necessidades de produzir roupas para se proteger do frio dearmas para caçar e deabrigos para se proteger o fizeram dependente de outros homens Desse modo a vida em sociedade precisou ser criada mas para que o homem tenha uma vida em comum sem perder sua felicidade era necessário que sua liberdade não fosse retirada Por isso as leis civis deveriam ser formuladas por todos em conjunto para que todos aceitassem e se sentissem livres mesmo vivendo em um contrato social Rousseau valorizava a liberdade John Locke por sua vez entende que o contrato social já existia porém deveria ser reformulado Nesta reformulação ninguém teria o direito de retirar de um cidadão aquilo que ele conquistou com o seu trabalho Por este motivo educar o homem seria necessário para que ele aprendesse a respeitar a sua na tureza originariamente egoísta Ou seja quando o homem lutasse por seus di reitos e competisse com outros para alcançar o melhor lugar ou então pensasse primeiramente em si isso não seria ruim pois ele permitiria que sua natureza se expressasse Desse modo os bens que ele adquirisse seriam frutos de seu esforço pois na ordem social ele soube ser o melhor Por isso o dono da terra não deveria ser o senhor feudal tampouco o rei mas aquele que a tivesse cultivado Locke valorizava a propriedade privada Após identificarmos o pensamento de Rousseau e Locke devemos compreen der a contribuição de Hobbes Como Rousseau e Locke Hobbes compreendia que o estado de natureza era importante e deveria ser cultivado sobretudo em uma de suas principais características o egoísmo O homem é mau por natureza É isso que Pierre Bayle considera ao falar de Hobbes afirmando que o autor assim interpretou o homem natural BAYLE 1982 Ficaremos porém com algumas interpretações mais modernas como a da professora Maria Isabel Limongi que entende o pen samento de Hobbes sobre a natureza humana como egoísta LIMONGI 2012 UNIDADE 3 82 Em seu livro Leviatã Hobbes fez uma descrição da espécie humana e afirmou que desde o princípio da vida o homem procurou realizar seus de sejos colocandose acima de tudo e de todos Para conquistar seu território ele assassinava aos demais destruía as espécies e a natureza acreditando ser superior e gerando um estado permanente de guerra HOBBES s d Nada poderia parar o homem pois sua sede pelo poder era algo constante e sem limites Desta ideia é que o autor retira sua certeza de que o homem não é naturalmente bom De modo geral os homens são basicamente iguais as di ferenças entre eles são mínimas Apesar disso a disputa do homem estaria no desejo de provar aos demais que sua inteligência é maior sua força é superior até que todos obedeçam e aceitem sua autoridade Dessa forma o mais esperto sempre vence pois antecipa o golpe que sofreria do inimigo O interessante de estudarmos Hobbes é que sua leitura sobre o homem e a sociedade são muito atuais Percebemos essas atitudes de arrogância pre potência e orgulho em nós não é mesmo Hobbes ao olhar para o gênero humano e identificar a corrupção que havia em seu comportamento enten deu o porquê da existência da sociedade Ou seja o fato de a vida social ser ainda hoje uma realidade seria porque sem ela nós não estaríamos vivos Entende isso Se no estado de natureza o homem seria movido por seus desejos egoístas de sempre ser o melhor ter maior vantagem sobre os demais ter o poder em suas mãos etc ele faria de tudo para alcançar seus objetivos nem que para isso fosse preciso agredir violentar torturar e matar os seus inimigos Com isso o resultado seria a sobrevivência do mais forte e o assassinato dos mais fracos Semelhante a uma selva o que determinaria o tempo de vida de alguém seria a sua agilidade para fugir do predador isto é outro homem um bicho da sua própria espécie Para fugir desta sina que o egoísmo humano proporcionaria ao mundo a sociedade e suas leis seriam aquelas que protegeriam o homem do próprio homem pois caso não houvesse interferência os seres humanos atacariam aos seus próprios semelhantes Daí que vem a famosa frase de Hobbes que diz O homem é o lobo do homem Cercado por leis que regram o seu com portamento o ser humano aprendeu a viver com o outro porém caso ele seja deixado à mercê de suas próprias vontades o resultado seria o retorno a um estado contínuo de guerra LIMONGI 2012 Neste ponto vale perguntar qual seria a ideia de Educação para Hobbes UNICESUMAR 83 O filósofo não tratou especificamente da Educação ou seja o modo como educar o indivíduo para a sociedade que ele idealizava Sua Filosofia porém posicionouse a favor de um governo soberano e forte o qual deveria conduzir o homem à paz e à sociabilidade harmônica Seria portanto esta condução o fator pedagógico de seu pensamento visto que ele tinha um fim a ser alcançado com suas ideias e que não poderia ser realizado caso deixássemos o homem agir por conta própria pois ele não é naturalmente sociável Em outras palavras as leis e os mandos sociais são pedagógicos eles nos educam e nos tornam conscientes daquilo que nos é permitido ou não certo ou errado bom ou ruim nos fazem aprender a conviver a partilhar nossos talentos e a lidar com as diferenças Parece um pouco utópico Hobbes depositar tanta confiança nas leis pois ao olharmos para a sociedade percebemos que os casos de violência agressões roubos e mortes são constantes mesmo vivendo em sociedade Estaria Hobbes enganado ao dizer que as leis seriam o elemento responsável pela Educação para a convivência em sociedade Na verdade não Lembremos que Hobbes acredita que alguns aspectos do estado de natureza devem ser preservados na vida em sociedade Neste caso o egoísmo humano tem um propósito principal conservar a própria vida O homem ao assumir o contrato social garante a sua sobrevivência em troca de não mais agir pelo seu impulso ao obedecer às leis Desse modo pensando primeiramente em si o homem estaria contribuindo para a aplicabilidade do bem comum Parece con traditório porém não é Sabe quando você leva uma fechada de outro carro no trânsito Ou então quando você é mal atendido por uma vendedora numa loja Ou ainda quando você precisa utilizar o banheiro público e o encontra sem nenhum sinal de higiene Em todas estas situações você provavelmente pensaria que coisa horrível Como pode alguém agir dessa maneira Ao se deparar com uma situação que não lhe agrada automaticamente você entende que aquilo poderia não ser confortável para outra pessoa e portanto você evita reproduzir tal comportamento As experiências negativas nos fazem entender como é ruim não ter o mínimo de consideração por parte de terceiros isso lhe faz repensar seu comportamento Por mais que isso possa aparentar uma atitude altruísta na verdade não passa de uma reflexão egoísta pois não seria pensar no outro mas pensar em você Não faço igual porque não quero que façam comigo Não roubo porque não quero ser roubadoa quero segurança Não quero sofrer Não quero ser humilhadoa esquecidoa traídoa julgadoa etc UNIDADE 3 84 Segundo Hobbes se o homem pensasse e agisse colocandose em primei ro lugar o bemestar social seria uma consequência de atitudes e pensamentos egoístas que por querer viver numa sociedade melhor num bairro melhor numa casa melhor educouse para cumprir aquilo que a lei estipulasse Ou seja em Hobbes percebemos que o problema está no cuidado que temos em apontar como os outros devem agir pensar ser É como se o filósofo nos dissesse quer mudanças então comece por você Se tem sofrido com a violência acabe com ela primeiramente na sua casa no trânsito nas opiniões preconceituosas etc Atitudes assim poderiam ajudar a mudar o contexto social Não sejamos no entanto românticos a ponto de acreditar que o compor tamento individual sanaria todos os males da sociedade Lembremos que em Hobbes o homem é egoísta por natureza e precisa ser controlado Se vivendo em uma sociedade com leis a vida humana ainda encontrase em risco a culpa não seria das pessoas mas do próprio governo Hobbes acreditava em um governo absolutista em que sua força deveria ser maior que a do povo pois caso o go verno abrisse brechas o caos e a guerra se instalariam novamente na sociedade HOBBES s d Quando o governo é fraco a sociedade se perde e a natureza humana fica descontrolada O direcionamento das forças do cidadão portanto deve ser sub metido aos interesses e às vontades de quem está no poder pois este saberá o que é melhor para o povo tendo em vista que ele confia em seu líder uma vez que depositou em suas mãos a confiança de suas vidas Concluímos assim nossa aula sobre Thomas Hobbes e sua contribuição para o campo da Educação Vejamos na próxima aula o pensamento de outro teórico da Educação e sua contribuição para nossa discussão filosófica pedagógica Uma das mais famosas frases de Hobbes foi o Homem é o lobo do Homem Neste confronto eterno que a raça humana vive conforme nos ensina a Filosofia hobbesiana tudo seria guerra e morte caso o homem não fosse domado pela força da vida em sociedade que se respalda na lei para poder agir As leis entretanto são suficientes para que os homens deixem de se atacar Ouça a música Lobo interpretada pela can tora Pitty Inspirada nas ideias de Thomas Hobbes a música expressa o centro de seu posicionamento político Vale a pena conferir httpswwwyoutubecomwatchv9GTDyhnVp54 conectese UNICESUMAR 85 Após conhecermos a Educação em Thomas Hobbes passaremos a discutir o pen samento do filósofo inglês John Locke Ele nasceu no dia 29 de agosto de 1632 na aldeia de Somerset na cidade de Wrington Inglaterra Locke era filho de um fun cionário do tribunal e capitão do exército parlamentar Ele recebeu uma Educação formal ou seja desde os seus 14 anos de idade frequentou escolas Na realidade a formação de Locke foi extensa e além do curso de Filosofia que em sua época recebia o nome de Artes ele estudou Medicina e Ciências Naturais Seu pensamento ganhou destaque na Inglaterra pois semelhante a Rousseau Locke foi alguém que não se contentou com a ideia de Educação sociedade e política que eram vigentes em seu contexto Apesar de não ser muito conhecido o seu discur so voltado à Educaçãoapresentou algumas notas a respeito do que considerava válido a ser transmitido ao homem visto que segundo ele a grande responsável pelas habi lidades que uma pessoa possa terseria a Educação que ela recebeu LOCKE 2000 A obra a qual dedicou à pedagogia chamase Alguns pensamentos sobre a Educação publicada em 1693 Cambi 1999 p 316 ao falar sobre John Locke afirma foi de maneira geral o representante de um pensamento crítico que pretende submeter toda afirmação à prova da ex periência e portanto colocar no centro do próprio trabalho os princípios da verificação experimental e da inferência empiri camente provada 2 EDUCAÇÃO NA FILOSOFIA DE JOHN LOCKE UNIDADE 3 86 Entenderemos agora o seu contexto para assim chegarmos aos fundamentos de sua teoria O período no qual ele viveu era governado pela monarquia por isso passou pelo reinado de Carlos I 16251649 acompanhou a sua execução e posteriormente o período do Protetorado o momento em que dois lordes assumiram temporariamente o lugar do rei visto que o seu posto estava vacante Durante esses governos sobretudo no de Carlos I os ingleses viviam sob a imposição das abusivas ordens reais Carlos I acreditava que o poder real era divino portanto todos deveriam obedecêlo e servilo com extrema devoção Suas decisões se impunham sobre as diretrizes da igreja da Inglaterra sobre os impostos que se tornavam cada vez mais elevados sem porém consultar o par lamento pois seu desejo era o de governar sozinho SILVEIRA 2017 Por estes e outros motivos Carlos I é considerado pela história como um dos primeiros monarcas a promover o governo chamado de absolutista Passar por todas essas experiências de governos malsucedidos fizeram de Locke um intelectual descrente naquele tipo de ordenamento social Tentaremos pensar como Locke e refletir sobre seu posicionamento imaginese viver em um governo em que mesmo com a mudança do líder os problemas continua ram os mesmos e todas as tentativas de melhoria não deram certo Além destes fatos novos ares chegavam e com eles os desejos de progresso que permeavam a mente das pessoas esperançosas por liberdade para planejarem suas vidas e alcançar sucesso Diante porém de um governo que limitava as possibilidades de ascensão toda tentativa de desenvolvimento seria infrutífera Por este motivo Locke acreditava na autonomia na independência Diferentemente de um poder real que viesse de Deus sua máxima se con centrou na ideia de uma verificação isto é só seria possível acreditar naquilo que fosse provado que a experiência demonstrasse possível de acontecer e real tanto na política quanto na Educação Esta teoria inaugurada por Locke é conhecida como empirismo CAMBI 1999 O pensamento lockeano foi o responsável por mudanças significativas não somente na Inglaterra mas também na França do século XVIII Assim como Rousseau e tantos outros autores Locke acreditou que as mudanças sociais se tornariam efetivas caso contasse com o trabalho da Educação Crente disso o autor considerou a natureza humana como o princípio da organização social sendo necessário educar o homem para que fosse ele mesmo enquanto se de senvolvia dentro de seu grupo A compreensão de Locke sobre o significado de natureza no entanto diferiase daquela elencada por Rousseau conforme vimos UNICESUMAR 87 anteriormente Nele contrário às ideias do filósofo de Genebra no estado de natureza o homem seria regido pela razão Mais que isso no estado de natureza a desigualdade não é algo produzido mas fruto desse estado e o egoísmo é uma das características próprias do homem LEONEL 1994 Discutir estes aspectos se faz necessário para que posteriormente possamos compreender o conceito de Educação na perspectiva desse pensador Percebamos que contrariamente àquilo que entendemos por Educação nos dias de hoje para pensadores clássicos como John Locke a Educação que se recebia de seus iguais e a instrução adquirida formalmente eram uma só Isso porque o aprendizado não se dava somente pela instituição escolar não era uma tarefa exclusiva da escola ensinar preceitos básicos de sociabilidade e valores morais Isso se percebia no próprio con texto social cobravase em casa e os conhecimentos acumulados eram transmitidos de geração em geração Ou seja ser homem e cidadão eram propostas complemen tares ambas movidas pelo raciocínio lógico e pelas ciências LEONEL 1994 Ao olhar para a sua sociedade e realizar suas críticas a respeito de sua estrutu ra Locke não desejava revolucionála de modo a exterminar seus ensinamentos e lhe dar outros princípios Pelo contrário seu projeto se configurava na poten cialização do saber adquirido pela experiência humana Desse modo aquele que o possuísse se destacaria em seu grupo Você consegue entender isso Consegue perceber a grande reflexão teórica que Locke produziu em sua época Detalharemos esse conceito para que a essência do pensamento político e pedagógico de John Locke não passe despercebido A sociedade na qual ele vi via estava pautada numa política absolutista na qual os indivíduos não tinham liberdade para serem o que desejassem aí se encontrava a crítica de Locke Havendo sido tomados os cuidados adequados para manter o corpo forte e vigoroso de tal forma que possa ser capaz de obedecer e executar as ordens da mente a tarefa seguinte e mais importante é dispor a men te corretamente de modo que em todas as ocasiões ela seja inclinada a não consentir senão com o que seja adequado à dignidade e excelência de uma criatura racional LOCKE 31 2000 grifos do autor Enquanto criatura racional por natureza o homem não deveria se submeter aos mandos de um governo que se dizia superior a todos por ordem divina diminuindoo e fazendoo sofrer Desse modo caberia ao homem assumir a sua essência racional e pôr em prática a sua origem egoísta a fim de que seu intuito UNIDADE 3 88 fosse de ser sempre o melhor dentre os seus LEONEL 1994 Para alcançar tal empreitada o caminho seria a Educação Desse modo edu cando o homem da sociedade com base na sua natureza o resultado seria um indivíduo incapaz de se subordinar a um preceito que considerasse vazio pois saberia que sua capacidade racional o convidava sempre a buscar o melhor para si e consequentemente para a sua sociedade Vemos assim que na Educação lockeana o educando não se contentaria com a submissão mas o seu desejo de liberdade tomaria à frente de sua conduta social fazendoo um homem corajoso capaz de construir a sua própria história e ser merecedor de todos os méritos alcançados Em outras palavras esse ser educado a estes moldes prefigurava o homem burguês do século XVIII Vale porém lembrar que tal liberdade garantida ao educando não se da ria em todo o processo de aprendizado Inicialmente seria necessário que o aluno renunciasse aos seus desejos pois o grande princípio e fundamento de toda a virtude e valor está colocado nisto que um homem seja capaz de negar a si mesmo seus próprios desejos LOCKE 33 2000 sp A renúncia de si no momento certo faria o educando se concentrar em suas capacidades intelectuais para posteriormente gozar de toda felicidade que o seu esforço e conhecimento lhe renderam Como se daria na prática a proposta pedagógica de Locke Vejamos Sua teoria valorizava o cuidado com o corpo e com a mente isso porque são elas os instrumentos pelos quais o homem demonstra as suas potencialidades Em Locke a Educação a partir da experiência é o que conduziria o homem ao conheci mento pois todos nascem rasos intelectualmente Ao afirmar isso o filósofo ia mais uma vez de encontro com os valores de sua época pois ignorava a crença nos conhecimentos inatos que cada homem trazia consigo desde sempre Se o conhecimento é algo que se adquire por meio do intelecto então não seria correto dizer que alguém canta escreve cozinha ou exerce qualquer atividade porque possui um dom CAMBI 1999 Dessa forma o que se tem é um tripé responsável pela formação do ser a sa ber o físico o moral e o intelectual Seguindo estes três princípios seria possível alcançar futuramente o homem ideal para a nova ordem social que despontava contrária aos movimentos do regime monárquico A partir de um ensino refor mado o que se encontraria era um homem também reformado O grande mal da sociedade estaria na condução da formação do homem dirá Locke Por vezes os pais que devem ser os grandes guardiões dos cuidados de seus filhos permitem UNICESUMAR 89 desde cedo que estes se deixem corromper pelos maus costumes acreditando que nada lhes acontecerá tendo em vista sua pouca idade Locke alertaos acerca desse engano que por vezes inocentemente cometem Assim ele escreveu Eles amam seus pequenos e isto é sua obrigação mas seguidamente regozijamse junto com a pessoa deles também com suas faltas Eles não podem ser obstruídos dizem Deveselhes permitir que façam suas vontades em todas as coisas e não sendo capazes de grandes vícios na infância os pais pensam que podem com suficiente segu rança condescender com suas pequenas irregularidades e fazerem eles próprios gracejos com esta bela perversidade a qual lhes parece conveniente a esta idade inocente Mas a um pai carinhoso que não teria corrigido o filho por uma travessura perversa mas o desculpa do dizendo É coisa pequena Solon muito bem respondeuSim mas o costume é uma grande coisa LOCKE 34 2000 s p O amor não pode limitar os filhos tampouco fazêlos dependentes dos cui dados paternais Desse modo todo carinho em excesso deve ser evitado pois se não houver este cuidado o risco de se perder todo o trabalho de formação do homem se torna eminente A Educação nestes moldes não é leve tal rigidez pedagógica é perceptível nos detalhes Locke pretendia permitir que o educando experimentasse a dor e aprendesse a conviver com ela Isso faria de seu aluno um homem conhe cedor de si de seus limites e potenciais A renúncia dos prazeres na infância serviria para lhe fazer forte semelhante a um soldado que ao enfrentar as dificuldades da batalha esforçase em superálas até chegar ao ponto de não mais sofrer com as condições que lhes são expostas pois aprendeu a lidar com o sofrimento Por fim o resultado da Educação lockeana seria o Lorde Inglês isto é homem culto capaz de interagir com os demais negociar e se posicionar livremente fren te aos problemas de seu tempo de forma decidida e influente prezando sempre pela propriedade privada símbolo da sua independência Esse sujeito não é mais o súdito subjugado aos mandos de um rei tirano mas é o burguês independente criador de sua história Ele adquiriu com todos os esforços desprendidos a in dependência de sua vida e o sucesso pessoal profissional e social Prossigamos nossos estudos do pensamento clássico como uma expressão teórica dos fundamentos que compõem a Filosofia da Educação UNIDADE 3 90 Ao falarmos dos filósofos da Educação encontramos diversos nomes nas mais variadas épocas históricas Alguns grupos contudo obtiveram destaque e se tornaram referenciais de ideias inovadoras e por vezes polêmicas a respeito dos fundamentos que regiam o conceito de pedagogia Educação ensino etc Continuaremos a discussão desses pensadores agora será a vez de conhecer mos JeanJacques Rousseau Rousseau nasceu no ano de 1712 na cidade de Genebra na Suíça Filho de um relojoeiro foi criado pelo pai até seus dez anos de idade tendo em vista que sua mãe faleceu devido às complicações que tivera em seu parto Quando tinha 16 anos de idade Rousseau foge de sua cidade natal e parte em busca de novas experiências pelo mundo Viajou bastante morou na Itália teve aulas de latim e italiano passou por uma experiência religiosa e quase estudou para ser padre após sua conversão ao catolicismo SIMPSON 2009 Não contente porém com a vida que levava voltou para a estrada em busca de um lugar que o acolhesse Seu paradeiro foi a cidade de Paris na França onde passou a maior parte de seus anos Sua experiência pelo mundo o fez observar o homem em suas mais diversas expressões ricos pobres camponeses homens felizes outros amargurados com a vida que levavam pessoas que eram exploradas e tentavam a todo custo serem livres Por fim após observar todos esses cenários conclui o homem nasce livre e por toda a parte encontrase a ferros ROUSSEAU 1999 p 53 Isso significa 3 EDUCAÇÃO NA FILOSOFIA DE JEANJACQUES ROUSSEAU UNICESUMAR 91 na perspectiva do autor que a sociedade do século XVIII sobretudo naqueles lugares pelos quais ele havia passado era permeada por indivíduos aprisionados que viviam subjugados aos mandos daqueles que detinham o poder e como consequência dessa realidade viviam infelizes Vale ressaltar que esse aprisionamento ultrapassou as grades de ferro que pode riam prender um homem Os ferros aos quais Rousseau se referia não eram físicos mas ideológicos O cidadão estava preso aos preceitos sociais que lhes foram im postos ao longo dos anos era cativo dos costumes e dos valores que a sua sociedade lhe impunha sem poder se libertar deles pelo menos até aquele momento BOTO 2017 Rousseau havia enxergado o problema de sua época além de ter que conviver com uma realidade totalmente desigual e injusta ele ainda precisava cumprir com os hábitos e costumes típicos daquele contexto A polidez nas relações as boas maneiras e as regras de etiqueta o seguir à moda e o trato com as pessoas conforme o seu grau de importância o modo como alguém deveria se portar à mesa etc Tudo isso fazia parte do cenário do século XVIII sobretudo na França que contava com famosos manuais de civilidade extremamente populares na época em especial aquele que havia sido escrito por João Batista de La Salle intitulado Règles de la bienséance et de la civilité chrétienne ARIÈS1986 Esse manual continha ensinamentos sobre como uma pessoa deveria agir nas mais diversas ocasiões Vejamos um exemplo Apenas deitado é preciso cobrir todo o corpo fora o resto que sem pre deve ficar descoberto Tampouco se deve tomar postura alguma inconveniente com a desculpa de maior comodidade nem permitir que o pretexto de dormir melhor se sobreponha ao decoro Não é cortês dobrar as pernas mas devese estendêlas e convém deitarse ora de um ora de outro lado pois não é apropriado dormir deitado de bruços LA SALLE 2012b p 360 Talvez você possa se perguntar qual o problema em seguir regras de etiqueta ser bemeducadoa e cumprir com determinada postura quando se está na frente de alguém importante Na verdade quem é que não gosta de encontrar pessoas simpá ticas por onde passa e ser bem tratadoa Pois bem para responder a esta questão devemos primeiramente lembrar que a resposta óbvia não cabe aqui uma vez que tratamos da Filosofia da Educação Por isso nossa primeira tarefa é compreender a UNIDADE 3 92 crítica realizada por Rousseau e a sua relação com a Educação Para Rousseau ao seguir todos esses preceitos sociais reproduzir os com portamentos aceitos por aquela sociedade o homem abandonava a sua essência sua origem Ou seja o filósofo entendia que o motivo das grades ideológicas e consequentemente da infelicidade humana encontravase no distanciamento de nossa natureza cumprindo sempre os mandos sociais esqueciase porém de buscar aquilo que lhe era próprio e lhe fazia feliz Aqui encontraremos a relação que Rousseau faz do problema social com a Educação Todos os males que afetam o homem em sociedade são frutos das relações sociais por este motivo não se deveria culpabilizar o homem pelos ex cessos que ele cometia no convívio com os demais Ao invés de dizimar a espécie humana ou acabar com a sociedade era preciso direcionála a um outro caminho em uma nova perspectiva de vida Isso só seria possível se o instrumento utilizado para salvar a humanidade fosse a Educação ROUSSEAU 1973 Pode soar estranho os termos grades ideológicas salvação dizimar a espé cie etc Devemos porém entender que a infelicidade humana era um problema levado a sério pelo filósofo e se ocupar da Educação como o remédio capaz de acabar com tal conflito fazia suas reflexões tornaremse propostas inovadoras típicas de um intelectual da Educação Ao educar o homem para aprender a ser ele mesmo a conviver com seus sentimentos seus desejos e obedecer primeiramente à mestra natureza a fe licidade e a liberdade voltariam a ser suas principais características conforme acreditava Rousseau1973 p 15 Que se destine meu aluno à carreira militar à eclesiástica ou à ad vocacia pouco me importa Antes da vocação dos pais a natureza chamao para a vida humana Viver é o ofício que lhe quero ensinar Saindo de minhas mãos ele não será concordo nem magistrado nem soldado nem padre será primeiramente um homem Para isso os exageros de uma Educação cheia de vícios deveriam ser retirados da formação desse novo homem Como construir porém esse novo homem se todos os que estavam inseridos naquela sociedade eram corrompidos pela cultura No intuito de não errar em seu projeto político pedagógico Rousseau criou para si um personagem uma criança fictícia que se chamaria Emílio SIMPSON 2009 UNICESUMAR 93 Emílio era uma criança órfã seu único referencial familiar seria Rous seau que cumpriria com o papel de preceptor do menino e o acompanharia até o dia em que chegasse à vida adulta Emílio teria uma infância diferente das crianças daquela sociedade não viveria na cidade não teria a companhia de outras crianças não tomaria banhos quentes não seria socorrido quando caísse ou chorasse sem motivo não se cobriria com inúmeras peças de roupas para se agasalhar não ficaria preso ao berço mas andaria livremente pela casa não comeria alimentos sofisticados mas comeria frutas e pães e beberia água Enfim sua Educação inicial seria oposta àquela praticada na época por este motivo Rousseau a chamava de Educação negativa ROUSSEAU 1973 O nosso olhar contemporâneo inicialmente identifica a proposta de Rousseau como total loucura Como seria possível uma criança não rece ber os cuidados básicos necessários em sua tenra idade O filósofo porém questiona esta certeza da necessidade dos cuidados que consideramos bási cos Para ele toda a atenção que se dava às crianças em seus primeiros anos de vida referiase às práticas que levavam o homem aos maus hábitos Por exemplo o fato de pegar a criança todas as vezes que ela chorava levaria a pequena a entender que para ter suas vontades satisfeitas bastaria chorar mesmo que não tivesse nenhum motivo para isso pois o que lhe importaria era seu desejo atendido por um adulto Desse modo não estaria ele formando mais uma vez o homem de seu tempo que espera ser atendido conforme suas vontades sem pensar nos demais e nas necessidades alheias Tente analisar as ideias de Rousseau de um ponto de vista filosófico e você perceberá que elas possuem coerência Educando a criança nestes moldes Rousseau acreditava que conseguiria sanar os problemas de sua época pois uma sociedade melhor só seria possível com um homem melhor Aqui porém surge uma dúvida como seria possível educar o homem para a sociedade se ele estava afastado dela vivendo no campo e aprendendo a ser o oposto do homem social Quando falamos de vida em sociedade precisamos entender que as leis regem a sua organização Estas julgam quais dos nossos comportamentos são aceitáveis ou não ou seja a sociedade indica os valores morais cabíveis ou não em sua estruturação Cassirer 1999 nos auxilia nessa questão e a responde expondo os valores morais que devem conduzir a vida em sociedade da seguinte maneira UNIDADE 3 94 Os verdadeiros princípios da moral não se fundam em qualquer auto ridade seja humana seja divina nem no poder da prova silogística São verdades que só se deixam apreender intuitivamente mas justamente essa intuição não é negada a ninguém pois constitui a força funda mental e a essência do próprio homem CASSIRER 1999 p 103 Com essas palavras Cassirer expressa uma das grandes novidades do pensamento rousseauniano para a época O homem aprenderá os valores morais que devem conduzir sua vida em sociedade a partir do momento em que ele olhar para dentro de si mesmo Ao ouvir os apelos da natureza o homem não ficaria abandonado e sem rumo Sua natureza conduzida por uma Educação natural lhe daria a resposta de como agir quais valores lhes fariam bem e quais ações lhes seriam prejudiciais Isso significava que Rousseau depositava tamanha confiança no homem e na Educação que este deveria receber a ponto de lhe dizer que para ser feliz novamente era preciso ouvirse cuidarse assumir quem de fato ele era sem ter medo de sofrer represálias pois a felicidade e a justiça aconteceriam quando cada indivíduo se descobrisse como único ao mesmo tempo em que entendesse que isso não o faria melhor ou superior aos demais mas os colocaria em pé de igualdade pois a essência humana seria a mesma O fato é ser único significava que cada indivíduo era responsável por si sem precisar agradar a ninguém Quando esta autor responsabilidade era compreen dida por todos o resultado era uma rede de pessoas que tinham interesses em comum ideais coletivos e objetivos que não gerariam discórdia mas união Esta resposta parece um tanto utópica não é Pois de fato ela é mesmo Ser utópico para Rousseau contudo não significava que suas ideias não poderiam existir apenas que ainda não havia nenhum outro homem que tivesse tentado colo cálas em prática ULHÔA 1996 Rousseau portanto é um referencial daquilo que consideramos um filósofo da Educação Que vossas respostas sejam sempre graves curtas decididas e sempre sem hesi tação Não preciso acrescentar que devem ser verdadeiras Não se pode ensinar às crianças o perigo de mentir aos homens sem sentir da parte dos homens o perigo maior de mentir às crianças Uma só mentira averiguada do mestre ao aluno arruina ria para sempre todo o fruto da Educação JeanJacques Rousseau pensando juntos UNICESUMAR 95 Prossigamos com nosso conteúdo Falaremos agora a respeito do pensamento do filósofo Augusto Comte IsidoreAugusteMarieFrançoisXavier Comte nasceu no ano de 1798 na cidade de Montpellier na França Seu pai era funcionário público e sua vida sempre muito simples desde a infância Comte estudou na escola politéc nica uma novidade para a sua época pois além de ser inaugurada quatro anos antes de seu nascimento representava a conquista pelo direito de uma Educação que todos poderiam ter acesso Isso não significava que essas escolas seriam totalmente gratuitas porém não se destinavam a uma única classe pois todos tinham acesso a elas tornando o conhecimento científico acessível ao público CAMBI 1999 Desde jovem Comte tinha uma visão diferenciada de sua época Certamen te porque viveu no período da Revolução Francesa viu de perto as barbáries do conflito de classes e as lutas entre burguesia e revolucionários desse modo acreditou que seria possível constituir uma ordem social diferente daquela vigente Ele porém era pobre e sem qualquer reconhecimento público por isso encontrar espaço para divulgar seus pensamentos não seria tarefa fácil Somente quando conseguiu trabalho como secretário do Conde Henri de SaintSimon pôde apresentar para a alta sociedade francesa suas ideias sobre o funcionamento da política daquele período Em 1826 cria o seu curso de Filosofia positiva que dará início a sua teoria sobre o significado das ciências da política da sociedade e da Educação 4 EDUCAÇÃO NA FILOSOFIA DE AUGUSTE COMTE UNIDADE 3 96 Tudo começa com a seguinte reflexão a sociedade atual é decadente e está cada dia mais a caminho da ruína Ou seja o movimento revolucionário havia desper tado em Comte o sentimento de que os valores morais que sustentavam a pirâmide da estrutura social francesa eram derrubados Não que os costumes da monarquia fossem os mais assertivos na condução do povo pois havia reivindicações popu lares que tinham seu grau de razão e verdade quando se diziam descontentes com o velho regime Para acabar porém com aquela contenda era necessário um novo regime uma nova lei em suma uma nova sociedade COMTE 1983 Ao olhar para o modo como o homem sobretudo o revolucionário com portavase em sociedade Comte não acreditava ser resultado da corrupção hu mana como supunham outros pensadores por exemplo Rousseau Para ele tais comportamentos de guerra e críticas intensas representavam que a caminhada percorrida pela humanidade em direção à evolução da espécie acontecia natu ralmente sendo portanto um comportamento transitório Graças a um contraste que em nossos dias deve parecer de início inexplicável mas que no fundo está em plena harmonia com a verdadeira situação inicial de nossa inteligência num tempo em que o espírito humano está ainda aquém dos mais simples pro blemas científicos COMTE 1983 p 44 A humanidade deveria passar por três estágios teológico metafísico e positivo Segundo Comte o período contemporâneo a ele passava pelo segundo estágio maslogo caminharia para o terceiro e último graças à novidade trazida por sua Filosofia Vejamos o que significava cada um desses estágios Teológico vivido pelos homens préhistóricos Período em que a crença huma na supunha que o mundo era governado por seres celestes e divindades A fé cen travase em um único Deus este é o momento mais avançado do estágio teológico Metafísico é o estágio intermediário no qual a crença nos deuses se encerra e surgem as revoluções populares questionando o poder estabelecido A incerteza sobre o que é a vida em sociedade qual a origem do homem e se Deus existe são traços fortes deste estágio Positivo é o último estágio quando a humanidade acaba com as dúvidas sobre sua origem pois não mais se questiona sobre ela isso porque não importa mais o antes o que vale é o agora Acaba a fé monoteísta substituída pela fé na humanidade ou seja o centro do universo é o próprio homem e aquilo que ele UNICESUMAR 97 vive e faz Sem adorar qualquer Deus o homem descobre que ele é o responsável pela criação pela morte pelas alegrias e tristezas que o circundam Ao acreditar que a humanidade deveria se concentrar apenas no tempo presen te sem se preocupar com questões históricas e seu passado Comte preocupavase em solucionar o conflito de classes que existia em sua época Por mais que ele tenha escrito após o período revolucionário e não mais presenciasse os conflitos sociais sua intenção foi organizar o pensamento desestruturado que ainda perdurava Os resquícios do conflito habitavam a mente das pessoas que se sentiam perdidas nesse contexto de mudanças políticas e sociais BERGO 1983 É por isso que o estágio positivista não parou por aí sua intenção primeira era alterar o modo como o homem pensava começando por uma nova interpretação de afirmativas básicas construídas com o passar do tempo Vejamos a A explicação sobre a origem do homem não deveria ser religiosa mas cien tífica isto é ao falar da espécie humana o instrumento utilizado deveria ser os dados os números e tudo aquilo que pudesse ser demonstrado b A natureza humana é relativa Isso significava que não havia uma de terminação doo porquê o homem existir tampouco a necessidade de se pesquisar a nossa origem qual o lugar em que estamos e para onde iremos Estas perguntas que são clássicas da Filosofia tornamse irrele vantes no pensamento comtiano visto que tanto o homem quanto o seu conhecimento são relativos e temporais c Sem se preocupar com o movimento dos tempos o positivismo de Comte afirma que as leis naturais são invariáveis ou seja não se alteram Por este motivo ao conhecer o homem hoje o conhecerei amanhã O mesmo se daria com as ciências ao estudar a Biologia humana a Sociologia a Mate mática a Astronomia a Física a Antropologia e a Química as leis seriam as mesmas em qualquer espaço e tempo Com isso o positivismo tratava de um conhecimento universal e que caminharia unido a outro sendo uma ciência complemento da seguinte O resultado seria uma Filosofia sã sem deuses e sem conflitos ideológicos Todos esses conceitos formavam basicamente a ideia que Comte elucidava para a organização social e a espécie humana Semelhante aos demais pensadores tra tados anteriormente o que valida o seu pensamento numa reflexão pedagógica é o fato de ele compreender que a Educação seria o caminho mais assertivo para alcançar o desenvolvimento de seu projeto filosófico UNIDADE 3 98 A Educação positivista Comte ao falar de Educação criou um passo a passo sobre como esta deveria acontecer Vejamos de que forma o autor formulou o seu raciocínio Todos nós nascemos dentro de uma sociedade certo O papel dessa sociedade para Comte era o de retirar o indivíduo de seu egoísmo ou seja mostrar para ele que a huma nidade é formada por muitos e que estes devem se ajudar mutuamente Este é o papel da sociedade educar o homem para se dispor ao outro gerando uma per sonalidade altruísta isto é que se solidariza com o próximo MESQUIDA 2012 Ao tratar da solidariedade Comte se referia ao aprendizado do amor que deveria ser ensinado pela mãe Ela seria a principal responsável pela formação humana da criança instruindolhe desde os primeiros anos de idade a amar a sua espécie respeitar a hierarquia daqueles que lhe são mais velhos e superiores e se desenvolver conforme os bons exemplos que adquirir ao longo de sua vida A Educação começa com a vida e se divide em três fases ascendente estacionária e descendente A fase na qual toda a Educação positivista se desenvolveria seria a ascendente sendo as demais a fase da idade adulta e da velhice Vejamos a seguir um pouco mais sobre o estágio ascendente Este estágio se estenderia até os 28 anos de idade Nele ocorreriam os perío dos mais importantes da identificação da criança com o seu grupo Guiada pela mãe a criança desenvolveria os seus sentidos e bons hábitos Aqui ela deveria aprender a Educação estética ou seja o gosto pela dança arte música etc ao mes mo tempo em que conheceria sua língua materna e todas as outras que pudesse aprender Seus sentidos deveriam ser treinados pela mãe esta lhe ensinaria a ser afetuosa carinhosa e bondosa COMTE 1983 Como é possível perceber o sucesso deste estágio dependeria majoritariamente do cuidado que a mãe reservasse para acompanhar o crescimento da criança tendo a missão de deixar em sua memória boas lembranças e recordações marcantes de sua infância O que acompanharia este estágio seriam os valores morais que se re sumiriam no respeito às tradições e aos costumes de sua família e pátria Isso levaria a criança para uma vida harmoniosa em sociedade pois a veneração o apego e a bondade seriam motores que a impulsionariam à vida social UNICESUMAR 99 A Educação começaria em casa mas seria concluída na escola e esta seria pública Desse modo conduzida pelo governo a escola receberia a criança com os ensinamentos básicos vindos de casa sua tarefa seria potencializar todos os preparos familiares com conhecimento científico que se daria pelas ciências positivas em três níveis de estudos 1 Estudo da existência universal e do mundo pelas disciplinas de Matemática Astronomia Física e Química o aluno compreenderia a formação do universo aquilo que o compõe e qual a ordem estrutural das coisas 2 Estudos acerca da vida nesta fase ele aprenderia os conteúdos de BiologiaSociologia Geografia História Economia Direito Partindo de uma leitura biológica sobre o que é a vida o aluno seria encaminha do para uma reflexão acerca do desdobramento desta na sociedade sua organização política o modo como vive e se organiza politica mentecada cultura 3 Base da conduta futura aqui entraria a base moral ou seja o ensi namento dos comportamentos válidos em sua sociedade o que deve ser respeitado ou não repetido ou ignorado incentivado ou reprimido para que a vida em sociedade possa funcionar em plenitude Essa proposta demonstra uma preocupação latente de Comte com a existência de uma ordem universal que dominasse o homem e as ciências ao seu redor Com isso a sociedade teria pleno controle sobre a vida de cada homem da quilo que ele pensasse sentisse e a forma como ele enxergaria o mundo pois todos os seus passos estariam determinados e prontos para serem postos em prática por uma Educação concluída e préelaborada UNIDADE 3 100 Nesta aula analisaremos o pensamento contemporâneo do pensador Michel Foucault Iniciaremos nossa aula pela apresentação de sua biografia e em seguida discutiremos os principais pontos de sua Filosofia Estes se enquadram no debate acerca das ideias relacionadas à Educação Foucault nasceu em Poitiers na França no ano de 1926 Pertencia a uma família de médicos isso lhe garantiu uma infância estável e confortável Aos 20 anos de idade estudou Psicologia e Filosofia na Escola Normal Superior em 1952 diplomouse na área de Psicopatologia A partir deste momento iniciou sua carreira como docente na Universidade de Lille Seu trabalho ultrapassou as fronteiras de uma reflexão histórica dedicouse à compreensão dos mecanismos que levavam as pessoas em sociedade a seguirem determinados padrões com portamentais afetivos sexuais etc Após algum tempo como professor publicou a obra A história da loucura um trabalho que surgiu a partir de sua tese defendida em 1961 Por essa obra Foucault começou a ganhar visibilidade externa foi convidado a participar de debates en trevistas e palestras a fim de transmitir ao público suas ideias Ele faleceu no ano de 1984 por complicações em decorrência do vírus da AIDS do qual era portador 5 EDUCAÇÃO NA FILOSOFIA DE MICHEL FOUCAULT UNICESUMAR 101 Semelhante a Thomas Hobbes Foucault não foi um pensador que dedicou o seu trabalho a refletir diretamente sobre o contexto educacional Suas obras discutiam a ideia de homem e como ela havia sido instrumentalizada pelas instituições Moldando os indivíduos conforme suas pretensões as diversas instituições engessam o processo de desenvolvimento humano limitando o seu trabalho a fazer os homens apenas responderem aos seus anseios validando com esta atitude o seu poder sobre todos eles Suas análises levaram em consideração a ideia de que o perfil de homem consti tuído em cada contexto histórico foi moldado pelas instituições sociais LEBRUM 1985 Isso caracterizou aquilo que consideramos em Foucault uma abordagem ao discurso ou seja as ideias que levaram as pessoas a serem aquilo que elas são a agir da maneira que agem frente ao outro frente às coisas frente aos valores morais e frente a elas mesmas MUCHAIL 1985 Nesta perspectiva encontramos o viés educacional de Foucault pois a escola enquanto instituição social cumpre o papel de formar cidadãos e disseminar em seu interior um tipo de disciplina de ideias e reflexões que complementam o perfil de homem que ela entrega para a sociedade Por tal reflexão falaremos a respeito de Foucault enquanto filósofo da Educação O autor em questão se encaixa inicialmente na abordagem fenomenológica Trabalhando em uma perspectiva antropológica leva seus leitores a compreender a seguinte afirmativa não há uma definição do que seja o homem Vamos enten der um pouco melhor essa questão Quando ouvimos dizer que cada pessoa tem um dom que nascemos destinados à alguma coisa ou então que há pessoas que nascem boas e outras quenascem ruins para a fenomenologia isso não é verdade Cada indivíduo se constitui e se descobre conforme as experiências os movimen tos históricos sociais e políticos que vivencia que formam a sua existência e lhe trazem significado enquanto pessoa NÍCOLA 2005 Foi por esta linha que caminhou a reflexão de Foucault Inspirado nos pensado res gregos que nunca chegaram a uma definição do que fosse o sujeito dedicou seu trabalho a oporse à ideia de uniformizar o comportamento humano FOUCAULT 1994 Para ele as instituições sociais possuem mecanismos próprios que cumprem com a função de gerar homens e mulheres iguais O sentido aqui não é de igual dade em que todos têm as mesmas oportunidades Não As instituições são aquelas que segundo Foucault mecanizam o ser humano e o fazem agir conforme lhe for solicitado pelo sistema A escola e seus agentes se enquadram nessa interpretação ela é também uma das instituições responsáveis atualmente por moldar o homem conforme os interesses daqueles que governam CARVALHO 2014 UNIDADE 3 102 Quando falamos em agir conforme o sistema a crítica foucaultiana vai mais a fundo identificase àquilo que as instituições sociais promoveram ao longo dos anos para construir o desejado perfil do homem civil Por uma arqueologia do saber ou seja numa escavação história sobre como se deu os diálogos e as relações de poder nas principais civilizações ocidentais Foucault contextualizou o seu século e consta tou que as instituições que o compunham produziam cada uma em sua especificida de um saber que levava o homem a um posicionamento uniforme e dominado por ensinamentos padronizados isto é que levavam os indivíduos a pensarem e aagirem de maneira igual reproduzindo comportamentos semelhantes MUCHAIL 1985 A questão para Foucault não se reduzia a ideologias que eram ensinadas nas instituições Ele percebeu que essas instituições disciplinares além de transmitirem ideologias trabalhavam para conduzir o homem em todos os seus aspectos Isso acon tece quando o sujeito é retirado de sua privacidade e levado para determinado local onde passará horas por vezes dias seguindo prescrições de como deve se portar como agir o que comer como falar por que deve sentir ou não amar ou não etc Foucault traz vários exemplos de instituições que possuem esta função a prisão o hospital o exército a sessão de terapia o trabalho e por fim a escola Todos estes cumprem conforme sua expertise a função de formar o homem nos moldes da sociedade na qual ele está inserido Apesar da diversidade cultural e das mudanças de uma sociedade para a outra todas praticamente caminham no mesmo intuito fazer o indivíduo obediente submisso cuidadoso pacífico etc Até o final da Idade Média o método utilizado por tais instituições era o da força física ou seja por meio de castigos corporais ensinavase o indivíduo como ele deveria agir na prisão era a solitária nos hospitais psiquiátricos eram os tratamentos de choque na escola a palmatória a humilhação verbal etc Após esse período a estratégia mudou para aquilo que Foucault chamou de docilização do corpo FOUCAULT 1994 Semelhante aos demais filósofos da Educação Foucault foi um pensador que identificou em sua sociedade um sistema de formação do homem que tinha um ordenamento muito claro em todas as suas ações intencionais A docilização do corpo se deu a partir do momento em que as instituições sociais deixaram de ser locais de suplício para administrarem o seu atendimento por meio do ensi namento Ao invés de obrigar o homem pela força física a cumprir aquilo que se exigia a disseminação da ideia de aprendizado formação reeducação e outras palavras clichês levaram o homem a aceitar o status de aprendiz ou seja alguém que precisava estar disponível para se desenvolver modificando seu comporta mento em prol do seu bemestar no cenário social CARVALHO 2014 UNICESUMAR 103 Com isso o sujeito se desenvolveria para atender aos interesses gover namentais sem levar em consideração o que de fato é seu enquanto pessoa perdendo a oportunidade de vivenciar a experiência de ser homem pelos seus próprios interesses sua própria vontade e aquilo que lhe chamasse a atenção Podemos porém supor que ninguém em sã consciência renunciaria a sua liberdade em prol de uma causa que não lhe fosse justa ou que não lhe dissesse nada Por este motivo os ensinamentos transmitidos ao homem pelas insti tuições são verdades prontas inquestionáveis e que devem ser assimiladas por aqueles que delas se aproximam é preciso indagar até que ponto o que se cogita para a Educa ção como processo de socialização da cultura da vida no qual se constroem se mantêm e se transformam saberes conheci mentos e valores não passa de redundância das condicionantes matrizes de saberes e comportamentos aos quais os sujeitos estão submetidos ao longo de suas experiências com a instituição es colar CARVALHO 2014 p 110 Em disciplina constante em relação ao corpo e aos comportamentos Foucault afirmou que o indivíduo é instruído diariamente para que se torne um ser normalizado O que se pretende é introduzilo em um modelo existencial considerado como bom e correto que deverá ser posto em prática em de terminadas cultura e sociedade a fim de avaliar o comportamento de cada indivíduo Isso significa que o homem em sociedade é submetido a um exame moral constante se é bom e normalizado quando se cumpre tudo o que se pede se é ruim e anormal quando não consegue se adequar a todas as regras estipuladas FOUCAULT 1994 O homem moderno carrega em si este valor moral e por vezes o desejo por ser aceito isso porém não é uma regra Para validar sua necessidade de participação e associação no grupo a escola se torna o local privilegiado para que a adequação ao padrão esperado seja alcançada Vejamos como isso acon tece a criança é retirada de sua casa levada para um estabelecimento onde passará por volta de cinco horas ou mais distante de sua família lá ela deverá cantar quando lhe pedirem formar fila sentarse escrever o que mandarem ler ou fazer silêncio sempre atenta às ordens que lhe forem dadas Caso ela consiga cumprir o que lhe for pedido ao longo daquele período ela será UNIDADE 3 104 considerada apta isto é normal Se o resultado for diferente do esperado o que teremos é uma criança fora dos padrões tida como desajustada anormal MOREIRA 2018 Todas estas práticas a organização o formato a cor e os materiais utilizados na escola servem como entes normalizadores da criança A escola é somente um exemplo desse sistema que permeia todo o cenário social Foucault trouxe em suas ideias a compreensão de uma sociedade que se move por interesses bem articulados isto é todas as suas ações são intencionais CARVALHO 2014 O problema disso é que o homem vive sob cautela sem ter a oportunidade de se conhecer e crescer enquanto indivíduo consciente É como se ele vivesse numa espécie de prisão constantemente vigiado Nesta perspectiva Foucault utilizou em sua teoria o pensamento de Bentham Figura 1 Panóptico Jeremy Bentham Fonte Wikimedia Commons 2013 online4 UNICESUMAR 105 Em 1785 o filósofo e jurista Jeremy Bentham idealizou a prisão perfeita chamada de panóptico Figura 1 Em uma estrutura circular as celas estariam no entorno da obra o que faria do centro um espaço vazio preen chido somente por uma guarita ou seja uma construção também circular porém de vidros ou grades que não permitissem ao prisioneiro saber se era observado ou não Sabendo que ali haveria um guarda porém sem nunca saber em qual momento será visto por ele as chances de tentar fugir ou gerar uma rebelião seriam reduzidas drasticamente Foucault utilizou esta ideia para descrever o homem moderno e a sua realidade social Segundo ele vivemos em uma sociedade panóptica na qual somos vigiados a todo tempo por diversos meios e lugares Nas es colas nas ruas nas igrejas nos presídios etc o indivíduo é cercado por agentes que observam o seu comportamento e estão prontos para lhe apli car uma punição Ambiguamente cumprimos com o papel de observados mas também de observadores ou seja os que atacam aqueles que ousarem fugir do padrão e se comportarem de maneira anormal Nossa punição não é física como já dizia Foucault mas moral pois julgamos e excluímos os que não se enquadram nos ensinamentos transmitidos pelas instituições e que ferem a obediência e a servidão culturalmente aceitas no ambiente social FOUCAULT 1994 A reflexão de Foucault e aquelas trazidas pelos demais pensadores dis cutidos anteriormente auxiliaramnos na compreensão de como se ex pressou e ainda expressase a crítica filosófica dada à Educação É pelo conhecimento de seu período e pela intenção de promover um debate a respeito dos fatores que influenciam e delineiam a Educação e suas expres sões que esses intelectuais contribuíram para a promoção de sua época e de um conhecimento que levasse o seu período e os momentos posteriores a uma análise de suas certezas e expressões do saber pedagógico Espero que até aqui você tenha me acompanhado e compreendido todo o esquema de reflexão proposto Continuaremos a nossa reflexão na unidade seguinte UNIDADE 3 106 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade discutimos as ideias de alguns dos pensadores que tratam da Filosofia da Educação Todos eles se encaixam nesse perfil de filósofos pois em algum momento apresentaram em suas teorias a necessidade da Educação para a realização de suas ideias Quando falamos de Thomas Hobbes identificamos que apesar do filó sofo não se dedicar diretamente à Educação é possível compreender que ao se deixar conduzir pelas leis do Estado abandonando a insegurança da sobrevivência pelas vias naturais o homem seria educado Ou seja ao ana lisar a sua realidade enquanto indivíduo e perceber que sua sobrevivência seria garantida caso aderisse às regras e aos preceitos civis o homem se reconheceria como parte do todo valorizaria seu espaço e faria ao outro somente aquilo que gostaria que fizessema ele Em seguida foi a vez de discutirmos a respeito de John Locke e de sua Educação que pretendia formar o lorde sem itálico inglês Esse homem por meio da Educação acertada conseguiria por seus próprios esforços alcançar uma formação que o fizesse mais preparado para que assim en contrasse seu espaço na sociedade que necessitaria de seus serviços e co nhecimentos Rousseau por sua vez foi enfático ao trazer a Educação como o centro de seu pensamento afirmando que por ela o homem encontraria nova mente sua liberdade nem que para isso fosse necessário romper com a sociedade vigente Comte seguiu um princípio semelhante porém a revolução de suas ideias se deu na compreensão do homem e da sua formação como proces suais Era necessário que os estágios de desenvolvimento acontecessem para que assim ele alcançasse o auge de sua maturação humana que seria a positiva Por fim vimos Foucault e sua reflexão social porém pelo viés peda gógico Ao educar a sociedade atual dociliza os sujeitos para que estes a sirvam e cumpram com seus mandos sem qualquer questionamento As instituições são especializadas nisso cada uma em sua área o que torna o homem refém das decisões externas e alheias à sua real vontade 107 na prática 1 Ao discorrermos sobre os diversos intelectuais da Educação encontramos autores como Thomas Hobbes que apresentam suas perspectivas em relação à Educação e ao homem Sobre Hobbes podemos afirmar que a compreensão dele sobre a humanidade é a Pessimista quando o assunto é a natureza humana b Altamente racionalista entendendo o homem somente enquanto sujeito dotado de intelecto c Em Hobbes o homem é bom por natureza porém a sociedade o corrompe d O homem em Hobbes é dotado de emoção e instinto A racionalidade é um privilégio para aqueles que têm o dom de governar e Hobbes não faz nenhuma observação sobre o homem apenas sobre a cultura 2 Apesar de encontrarmos as ideias dos filósofos clássicos em suas bibliografias a pesquisa a respeito de suas obras e reflexões são atualizadas com novas interpre tações e apresentadas pelos seus pesquisadores Conforme vêse qual a interpre tação trazida pela comentadora Limongi 2012 sobre Hobbes a Hobbes pode ser interpretado como um pensador que via no trabalho a maior expressão da força do homem Pelo trabalho o sujeito se atualiza e se descobre como membro da sociedade b Hobbes é mais que um autor pessimista com relação à natureza humana Para ela Hobbes identifica a natureza humana como egoísta c A Filosofia de Hobbes é interpretada por Limongi 2012 como desumana pois não percebe a capacidade de solidariedade que o homem pode ter frente ao sofrimento alheio d Em Limongi 2012 Hobbes é o autor que define o homem como mau por na tureza e Limongi 2012 interpreta Hobbes como o filósofo altruísta pois sempre busca o bem em comum para a realização da vida em sociedade 108 na prática 3 John Locke é considerado o autor da corrente empirista pois valoriza a experiência como forma de aprendizado dos valores dos conteúdos das ideias de determinado grupo Para ele a Educação desempenha um papel crucial na formação humana Assinale a alternativa que aponte qual seria esse valor trazido pela Educação a É pela Educação que o sujeito descobre o seu lugar na sociedade e trabalha para construir um mundo melhor e mais igualitário b A Educação tem a função de tornar todos os homens iguais visto que a natureza divide os homens entre bons e ruins honestos e desonestos etc c Pela Educação o sujeito aprende tudo o que ele sabe Ou seja se alguém é talentoso foi graças à Educação que recebeu Sabemos quem é um homem pela Educação que ele tem d A Educação é um dever do Estado por isso deve ser imposta a todos de ma neira igual Assim independentemente da classe social o indivíduo deve ser formado pelo poder político a partir dos cinco anos de idade e A Educação é uma tarefa crucial para a felicidade do homem Ou seja quando não é bemeducado o homem se corrompe e busca encontrar sua felicidade por meios que fogem aos anseios sociais e coletivos 4 A Filosofia de Locke localizase numa crítica ao governo absolutista tendo em vista seu fator histórico Por este motivo de que modo Locke interpreta a possibilidade de se alcançar a verdade a A verdade está pronta Cabe a cada um de nós encontrála ao longo de nossas experiências e jornadas Para isso o melhor caminho é a Filosofia b A verdade é uma função própria da religião Ao nos depararmos com o trans cendente encontramos a verdade que é o próprio Deus c Para encontrar a verdade é preciso primeiramente autoconhecerse Nenhum conhecimento pode vir se não partir da afirmação de que somos seres com necessidade de se autoafirmar d A verdade está na vivência de cada sujeito ou seja a partir daquilo que eu vivo é que descubro o que é a verdade e A verdade se encontra a partir da experiência Isso significa que antes de qual quer afirmação ser validada ela precisa passar pela experimentação Esta seria a prova empírica de que suas conclusões são reais 109 na prática 5 Ao discorrermos sobre a vida de JeanJacques Rousseau podemos encontrar diver sas afirmativas A primeira é que ele foi um pensador do diálogo tendo em vista que apesar de suas opiniões soube dialogar com diversos grupos Outra afirmativa que podemos fazer a respeito de sua vida é que a Rousseau foi um filósofo preocupado com os sentimentos dos homens de acordo com a classe social Ou seja conforme a hierarquia a qual o homem pertencia seria o tipo de sentimento que ele necessitaria trabalhar e aperfeiçoar b Apesar de Rousseau ter tido poucos anos de Educação formal o seu conheci mento a respeito do homem se deu pelas experiências e viagens realizadas ao longo de sua vida Por elas ele pôde identificar as dores humanas c O grande diferencial de Rousseau está na sua defesa à monarquia e ao poder real como soberano O homem era infeliz pois não sabia identificar no rei a figura de seu superior natural d Rousseau valorizou a natureza e a considerou como mestra da formação hu mana do começo ao fim da vida Ou seja mais que formar um cidadão sua Filosofia se atentou a formar o homem natural para depois conduzilo à vida em sociedade e O homem é bom por natureza porém a sociedade o transforma Esta é a gran de contribuição de Rousseau identificou que para o homem se transformar é necessária a modificação da sociedade sobre sua natureza falha 6 Rousseau disse que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe Mas essa ideia precisa de reparos para mim o homem nasce neutro e o sistema social educa ou realça seus instintos liberta seu psiquismo ou aprisiona E normalmente o apri siona CURY 2019 online5 Toda sociedade necessita de valores morais para se constituir e fundamentar suas regras e avaliações acerca delas Cassirer 1999 ao discorrer sobre essa temática em Rousseau apresenta o modo como tais normas morais são instituídas Frente a isso é correto afirmar que para Cassirer 1999 a moral em Rousseau se faz a A partir da vida em sociedade ou seja olhando para os demais homens é que o indivíduo aprenderá como deve ser e agir 110 na prática b A moral não deve existir tendo em vista que o homem só é bom em seu estado de natureza Portanto para conservar sua bondade é preciso negar as regras morais e permitir que o homem seja livre c Em Rousseau o homem aprenderá os valores morais que devem conduzir sua vida em sociedade a partir do momento em que ele olhar para dentro de si mesmo d O homem deve olhar para o outro homem mas não deve imitálo Ou seja ao olhar para o outro homem ele deve se tornar modelo guia para aquele que está perdido frente às regras sociais e As regras sociais devem ser negadas pelo homem natural Ele não tem obriga ção de cumprilas tendo em vista que sua essência é superior aos preceitos criados pelos indivíduos de grupos 7 Ao analisar a biografia de Comte podemos trazer alguns detalhes de sua vida que são importantes para identificarmos o porquê de suas críticas ao modelo de socie dade vigente em sua época Um destes fatores a serem considerados é a Sua pobreza O fato de ter sido muito pobre fez Comte se irritar com as regras sociais e desejar formar uma nova cultura em que todos teriam as mesmas condições econômicas b Comte teve a oportunidade de estudar numa escola politécnica Isso era uma novidade tendo em vista o caráter formativo de tais instituições e o resulta do das lutas enfrentadas pelos revolucionários franceses que desejavam uma Educação acessível a todos c Comte pertencia a uma família aristocrática o que lhe permitiu analisar os mo vimentos revolucionários de sua época de uma forma apartidária e equilibrada d O valor dado por Comte à Educação está no modo como ele foi educado seus pais foram seus professores e a sua Educação formal se limitou aos ensina mentos dados por seu pai que era professor e Comte conquistou o governo de Napoleão Bonaparte com suas teorias sendo convidado pelo Imperador a compor o quadro de formadores de opinião de sua corte 111 na prática 8 Em Comte o progresso é algo natural e faz parte da vida humana sendo neces sário ao homem enquanto espécie passar por três estágios o último é o ápice de sua evolução No entanto ao olhar para a época qual seria o estágio no qual a humanidade se encontrava a Estágio metafísico Nele a crença nos deuses se encerra e surgem as revolu ções populares e se questiona o poder estabelecido A incerteza sobre o que é a vida em sociedade a origem do homem e se Deus existe são traços fortes deste estágio b Estágio metafísico Neste estágio a humanidade estaria preocupada com o seu futuro sendo normal a certeza sobre algumas verdades porém estas estariam equivocadas Mesmo o homem descobrindo a tecnologia e as ciências ela só teria sentido se fosse aplicada no terceiro e último estágio c Comte dizia que sua época estava no período teológico Isso porque a Igreja ainda detinha o poder temporal e atemporal e as pessoas temiam as possíveis represálias divinas caso não cumprissem suas ordens d O estágio em que a sociedade de Comte se encontrava era a positiva Ali se iniciava a nova e última etapa de formação da humanidade representada pela ordem e pelo progresso natural que a sociedade as ciências a religião e o homem faziam e O estágio vivido pela humanidade no período de Comte era o positivo Ele porém possuía fortes traços do estágio teológico sendo necessária a aplicação da Filosofia positivista para purificálo e leválo ao seu ápice estrutural 9 O trabalho realizado pela Filosofia de Foucault se expandiu a partir da publicação de sua obra A História da Loucura Deste momento em diante podemos considerar que suas reflexões se dedicaram especificamente a quê a Foucault foi um autor que se preocupou em falar das relações sociais a partir do trabalho Por meio deste instrumento organizacional o homem se identificava como membro ou não de determinado grupo social b A Filosofia de Foucault está mais próxima de uma reflexão da literatura que da Filosofia Isso porque ao fazer suas observações ele se baseia em suas obras na quilo que escreveram e no modo como foram interpretadas ao longo dos anos 112 na prática c Semelhante a Thomas Hobbes Foucault não foi um pensador que dedicou o seu trabalho a refletir diretamente sobre o contexto educacional Suas obras tratavam da ideia de homem e de como ele havia sido instrumentalizado pelas instituições d Foucault foi um filósofo itinerante andou pelos diversos campos da Filosofia e nunca se deteve numa única questão O seu destaque se deu porém nas leituras pedagógicas realizadas ao longo de sua trajetória acadêmica e Foucault foi discípulo de Comte portanto sua crença no processo de evolução do homem estava na certeza de que a humanidade precisaria encontrar a Filosofia para superar suas limitações e alcançar o progresso 10 Podemos interpretar a Filosofia de Foucault como uma expressão fenomenológica ou seja aquela que compreende o homem como um ser único Dessa forma de que modo o indivíduo expressa sua dimensão única e exclusiva próprio do pensamento fenomenológico a Em Foucault o homem é um ser que partilha sua essência com os demais in divíduos pelas relações pelos valores e pelos ideais sociais que são vividos em conjunto b Foucault inaugura a fenomenologia no pensamento filosófico trazendo um olhar psicocomportamental acerca de sua organização e de seu posicionamento po lítico e social c Toda a vida em sociedade se justifica em Foucault pela essência humana que se faz única Nessa unicidade encontrase a dimensão fenomenológica sendo a es pécie humana como um todo a expressão mais evoluída da criação da natureza d A fenomenologia em Foucault se dá pela observação atenta de cada indivíduo sobre si mesmo Ao olhar para si o homem descobre um ser que partilha de valores ancestrais sentimentos e expressões que são reflexo da gênese humana que se renova em cada homem e Para a fenomenologia cada indivíduo se constitui e se descobre conforme as experiências os movimentos históricos sociais e políticos que vivencia que for mam a sua existência e lhe trazem significado enquanto pessoa 113 aprimorese Leia o excerto do artigo a seguir no qual se apresenta uma importante definição do que seja a Educação para o filósofo John Locke ALGUNS PENSAMENTOS ACERCA DA EDUCAÇÃO Quanto à Educação o autor propõe uma formação do homem para o exercício e de senvolvimento da razão Ao novo tipo de conhecimento ou às novas posturas episte mológicas políticas e de relacionamento entre Estado e Religião concebe uma propos ta pedagógica que considera que a formação do homem deve leválo a aceitar a ideia de que tudo está por ser construído e que a experiência deve ser a baliza indicadora de sua produção O homem deve disciplinar corpo e mente a fim de poder construir os referenciais necessários à sua atuação prática Esta última questão a disciplina é temática importante em seus escritos Seus trabalhos a este respeito revelam um projeto de formação de jovens pertencentes à aristocracia inglesa Sua preocupação assim voltase para a formação de boas maneiras no sentido de enquanto perdurar o período de transição da sociedade feudal para a burguesa inculcar nos jovens não a subordinação ao que ainda restava da cultura feudal mas antes fazer da Educação um sustentáculo da nova ordem social institucionalizada a partir de 1688 Entretanto convém lembrar que no momento em que se estabiliza a nova ordem este ímpeto de insubordinação já não deve mais ser estimulado mas ao contrário refreado O alvo principal de seus escritos pedagógicos é o indivíduo na sociedade não descuidando das críticas que a Educação deve possibilitar às opiniões costumes e superstições próprias do ambiente a que o homem pertence Desta forma a tarefa fundamental da Educação é preparar o indivíduo para fazer prevalecer as exigências da razão e isto só se consegue preparando o homem para exercêla sobre e a partir dos conteúdos particulares que a experiência oferece Uma Educação para o exercício da razão além disso só é compreensível com a supressão e a condenação às puni ções culturais A criança submetese a determinados comportamentos por meio da repressão física mas logo que o medo cessa mais se acentua a má tendência Ele propõe que se troque o sentimento de punição pelo de honra ou seja o desejo de obter dos outros a aprovação e evitar a desaprovação 114 aprimorese O pensamento de Locke vai se apresentando através de seus escritos sobre epistemologia política religião liberdade e Educação Há no conjunto de sua obra algumas preocupações centrais como a de refletir sobre os dogmatismos e os ab solutismos vigentes a partir de questões que o seu tempo apresentava e de uma concepção burguesa de homem e de sociedade As questões da Educação e da disci plina então tornamse importantes pois têm a tarefa de formar o homem para as sumir os novos tempos políticoculturais que são de desestruturação absolutismos e dogmatismos e de construção sociedade burguesa liberal Fonte Oliveira Ghiggi 1999 115 eu recomendo Emílio ou da Educação Autor JeanJacques Rousseau Editora Difel Sinopse nesta obra o filósofo JeanJacques Rousseau traz a his tória da França no século XVIII ao mesmo tempo em que apre senta como seria a formação de seu aluno fictício Emílio Esta é uma das suas principais obras além de ser considerada um referencial pedagógico também é lida pela perspectiva filosófica o que tornou a sua crítica sobre a França e a estruturação social conhecida Comentário recomendase esta obra tendo em vista a temática de nossa discipli na Apesar de ela trazer somente a crítica rousseauniana referente ao século XVIII nela tornase evidente o cenário social da época e os instrumentos utilizados pelo autor para desfigurar aquele cenário tendo em vista a busca pela liberdade e feli cidade humana Por ele é possível identificar o lado utópico da Filosofia crente na possibilidade de ascensão do homem diante das imposições materiais políticas e sociais que compõem a época mas que fazem parte de todo e qualquer cenário em que se encontre o homem em relações sociais livro A caça Ano 2013 Sinopse Lucas acaba de dar entrada em seu divórcio Ele tem um novo emprego na creche local uma nova namorada e está ansioso pela visita de seu filho Marcus no Natal Mas o espírito natalino desaparece quando Klara uma aluna de cinco anos de idade faz uma acusação de abuso sexual contra Lucas o que de sencadeia o ódio de toda a comunidade em que ele vive Comentário este filme nos lembra a reflexão feita por Foucault que diz que a todo tempo somos vigiados semelhante a uma prisão Neste caso mesmo não tendo cometido nenhum crime o personagem principal sofre com as conclusões precipitadas tiradas pela sociedade em geral que o enquadram como pedófilo e com isso estimulam julgamentos públicos precipitados Ele nos mostra a necessi dade de uma rede de informações saudáveis filme 116 eu recomendo O pensamento comtiano é muito organizado Ele estruturou a humanidade em um período e fez o mesmo com as ciências dandolhes um começo um meio e um fim no sentido de finalidade Desse modo Comte acreditava que se as ciên cias fossem positivadas haveria um momento em que seria possível ter controle total sobre as ciências a sociedade e até mesmo o homem Parece algo muito futurístico não é Mas isso já existe Alguns cientistas defendem a possibilidade de se produzir e utilizar pílulas para acabar com o sofrimento gerado pelo fim de um relacionamento pois quem nunca sofreu por amor que atire a primeira pedra Segue o link httpsistoecombr356120OAMORPODETERCURA conectese anotações 4 A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO NA formação docente PLANO DE ESTUDO A seguir apresentamse as aulas que você estudará nesta unidade A experiência da Filosofia da Educação no cenário brasileiro Tendências pedagógicas da Educação brasileira O lugar atual da Filosofia da Educação nos cursos de licenciatura no Brasil Paulo Freire educador e teórico político Educação e atuação política OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Identificar o modo como a Filosofia da Educação foi introduzida no Brasil Apresentar as principais tendências pedagógicas da Educação no Brasil Identificar a presença da Filosofia da Educação atual mente nas licenciaturas Apresentar o pensamento de Paulo Freire enquanto educador político Definir os movimentos educacionais e seu reflexo na política PROFESSOR Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves INTRODUÇÃO Na Unidade 4 discutiremos a reflexão filosófica na prática Para ini ciar nossa unidade veremos a experiência da Filosofia da Educação no Brasil o que certamente diz respeito às contribuições que tal dis ciplina possui para ser validada no cenário acadêmico brasileiro como conhecimento útil e científico Traremos a reflexão para o presente identificando no cenário educacional brasileiro as principais tendên cias pedagógicas que foram desenvolvidas e utilizadas em sala de aula Por elas poderemos perceber o teor filosófico da Educação conforme os interesses políticos e sociais buscam responder aos anseios de cada época Nelas a Filosofia da Educação atuou como aquela pergunta insis tente porém necessária para onde essa educação levará o nosso aluno Ela corresponde aos interesses dele enquanto sujeito ou aos preceitos sociais estipulados Em seguida veremos como a disciplina de Filosofia da Educação é utilizada nos últimos anos suas contribuições para a educação e o seu papel na formação docente Será possível perceber que mais que cum prir com uma leitura histórica tal disciplina é moderna e se atualiza a cada expressão pedagógica que encontra visto que o objeto de estudo da Filosofia da Educação é todo conhecimento eou ação que se relacione com o saber pedagógico Como modelo de uma educação politizada discutiremos acerca da contribuição de um dos maiores pedagogos brasileiros Paulo Freire Ve remos que o trabalho e a teoria de Freire alinhados à Filosofia marxista contribuiu para a construção de uma pedagogia que fosse crítica par tindo da realidade do aluno para por ela gerar o saber Por fim discutiremos a respeito da Educação enquanto instrumento de formação humana e política Por ela preparamos os discentes para o seu papel enquanto cidadãos ao mesmo tempo em que possibilitamos a eles as ferramentas necessárias para serem sujeitos autônomos donos de suas escolhas a partir da leitura que fazem de mundo Iniciemos então nossos estudos UNIDADE 4 120 1 A EXPERIÊNCIA DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO no cenário brasileiro Olá alunoa mais uma vez seja bemvindoa à Unidade 4 Nesta discutire mos a experiência da disciplina de Filosofia da Educação no cenário brasileiro a partir de sua história e processo de edificação enquanto saber científico A Filosofia da Educação enquanto disciplina curricular sempre esteve atrelada à disciplina de História da Educação isso porque tal conteúdo não possuía autonomia para se desvincular e criar um campo de saber próprio Isso aconteceu até o ano de 1970 quando se inaugurou no Brasil os primeiros cursos de pósgraduação em Educação AGUIAR WELLER 2016 O que se via a partir desse momento era bem mais que o surgimento de uma nova área do saber educacional e filosófico mas principalmente a autoanálise que a Filosofia fazia sobre sua atuação frente ao campo pedagógico Semelhante a esta ideia Pagni 2014 também afirma que o caminho uti lizado para se autoafirmar enquanto campo do saber autônomo deuse pela leitura que se fazia do pensamento educacional dos autores das escolas filo sóficas Ou seja semelhante ao que fizemos aqui em nosso curso a Filosofia da educação se constituía pelo conhecimento de autores que discorriam a respeito da educação em suas Filosofias tratandoa numa perspectiva analí tica e crítica PAGNI 2014 UNICESUMAR 121 Alguns passos porém estavam por ser dados e a autocrítica da importância dessa disciplina tomava o debate acadêmico com a seguinte questão estudar Filosofia da educação se resume em conhecer o pensamento dos filósofos que tratam a respeito da educação ou ela deve ser interpretada por outras vertentes de reflexão Alguns trabalhos se tornaram pioneiros nessa tarefa de compreender qual era a verdadeira identidade da Filosofia da Educação a começar pela obra de Paulo Ghiraldelli Júnior 2000 Pagni 2014 afirma que Ghiraldelli Júnior2000 demonstra em sua obra O que é Filosofia da Educação a busca por responder a problemática levantada há alguns anos por Saviani 1983 e Dumerval Trigueira Mendes 1987 sobre a identidade dessa disciplina e como esta poderia estar me nos desvinculada de uma crítica à política PAGNI 2014 Este trabalho definia um norte para a área compreendendo que até aquele momento ela estava mais próxima à Filosofia que da Educação em si Outro autor que merece destaque é o professor Antônio Joaquim Severino sobre ele Pagni dirá Alguns trabalhos de Severino 1990 2000 parecem se situar num momento de transição em que sem abandonar por com pleto a tradição O resultado desse movimento do campo foi senão a manutenção de uma saudável indefinição enquanto tal ao menos certa pluralização do debate e a multiplicação de perspectivas teóricas PAGNI 2014 p 777 Por Pagni 2014 podemos compreender que Severino leva em consideração a validade em se discutir o pensamento dos filósofos a respeito da Educação po rém não seria somente essa a identidade dessa área de conhecimento é possível ao pensamento filosófico educacional ir além desta perspectiva Compreender o movimento de identificação da Filosofia da Educação enquanto fato histórico é perceber que semelhante à Filosofia e à Educação em si este campo do saber não seguiu uma trajetória linear tampouco se de finiu de modo exato e objetivo O seu saber passou pelo processo de aceitação por parte da academia e de seus teóricos sobretudo no campo filosófico em que tal disciplina precisou conquistar seu espaço e respeito no cenário uni versitário brasileiro Albuquerque demonstra em seu trabalho oriundo de pesquisas de campo a percepção que os cursos de Filosofia tinham a respeito da disciplina de Filosofia da Educação Assim a autora afirma UNIDADE 4 122 a disciplina Filosofia da Educação é concebida como coisa de educadores ou seja é relativa às Faculdades de Educação e não às Fa culdades de Filosofia as quais por sua vez estariam mais preocupadas com aqueles saberes que têm mais tradição no campo acadêmico ou com os saberes de natureza mais teórica e portanto menos aplicada como parece ser o caso da educação ALBUQUERQUE 1998 p 50 A verificação deste cenário no qual a relação entre Filosofia e educação era vista como útil somente para um dos lados enfraquece a ideia de uma aliança equi librada Quem está para quem a Filosofia está para a educação ou é esta que necessita do pensar filosófico De modo geral a década de 90 retratou que a segunda afirmativa era a mais correta tendo em vista que a percepção do saber filosófico dado à Educação de veria passar pela leitura dos pensadores clássicos privilegiando a ação da Filosofia e não a da Educação Albuquerque apresenta esta realidade em sua pesquisa de campo a partir de 30 programas que possuíam a disciplina constatando a se guinte realidade no cenário educacional brasileiro da década de 90 A evidência empírica da existência de uma certa ênfase na Filosofia em relação aos aspectos mais pedagógicos pôde ser observada tanto na literatura que se propõe a explicitar essa problemática quanto na análise dos trinta programas da disciplina Filosofia da Educação Alguns desses programas atribuem um certo privilégio a temas da Filosofia ou de maneira sutil eles arrolam como conteúdo temas de Filosofia da educação mas muitas vezes terminam enfatizando primeiro a Filosofia para depois chegarem à educação se é que de fato chegam até ela ALBUQUERQUE 1998 p 50 Além desta reflexão levantada por Albuquerque sobre o modo como a Filo sofia da Educação era compreendida nos programas de educação e nas licen ciaturas nos anos 90 Paviani 1987faz um trabalho muito próximo porém com foco nos perfis das disciplinas em si Para o autor há várias realidades de programas de Filosofia da Educação utilizados pelos cursos de pedagogia e outras licenciaturas O primeiro e mais comum é aquele no qual se trabalha o pensamento dos filósofos apresentando os seus textos e o modo como eles questionaram sua sociedade O segundo perfil é aquele que introduz o aluno em leituras sobre a educação numa perspectiva UNICESUMAR 123 filosófica seja do ponto de vista da lógica da política da estética ou da ética A terceira e mais adequada segundo Paviani é trazer o aluno à reflexão sobre o que é e o porquê da Filosofia e do filosofar Mesmo que se utilize de textos clássicos a leitura deles em cada época chamará a atenção do aluno conforme os problemas vigentes Partindo desse processo de aprender a filosofar a produção do conhe cimento será consequência de todo trabalho PAVIANI 1987 De nada valeria levar o aluno ao conhecimento histórico sem com este tra zêlo para uma reflexão atual ou seja sobre a educação vigente e os seus desafios de modo crítico e organizado PAVIANI 1987 Analisando contudo os perfis elencados por Paviani poderíamos nos perguntar onde está o conteúdo peda gógico nestes modelos de programa A resposta do autor é a seguinte O exercício da consciência crítica diante das ciências das ideologias dos costumes e dos comportamentos permite a integração do pen samento e da ação favorece o espírito democrático forma o senso de tolerância e de respeito e atendimento dos interesses e necessidades dos mais diversos segmentos sociais A Filosofia da educação neste sentido tem a função de questionar o homem situado concretamente no tempo e no espaço a partir de uma reflexão radical e global tarefa que as ciências não têm condições de efetivar PAVIANI 1987 p 17 Partindo deste princípio analítico adentramos no pensamento de Mazotti 1992 que amplia a definição de Filosofia da Educação considerandoa como uma área científica do saber Ou seja deixando de interpretar o pensamento educacional de cada filósofo como meros discursos de opinião se concentra ria todo este conhecimento em afirmativas que seguissem uma lógica alinha dos sistematicamente de modo que pudessem ser justificáveis na teoria e na prática conforme nos apresenta Mazotti1992 p 17 É no âmbito da Filosofia racional seja ela qual for que a Filosofia da educação pode ser posta como uma disciplina que tem por objetivo a elucidação dos conhecimentos educacionais e das teo rias pedagógicas Nesse caso o objeto da Filosofia da educação é constituído pelos conhecimentos e instrumentos necessários ao esclarecimento determinado pelas características daqueles conhecimentos UNIDADE 4 124 Em outras palavras seria dizer que o papel da Filosofia da Educação era fazer todos os esclarecimentos necessários para que a pedagogia funcione bem Por fim Pucci 1998 trazia à discussão outra característica da Filosofia da Educação considerando como sua identidade a problematização em si Ou seja a partir do momento em que a Filosofia deixasse de fazer questionamentos ela perderia sua identidade Guiado pelo pensamento de Adorno Pucci afirmava que a positivi dade da Filosofia isto é a utilização dela para um agir prático seria descaracteri zála tendo em vista que o seu grande diferencial é a inutilidade que essa possui para o mercado pois ao mesmo tempo em que ela se autoafirma em seguida é possível que se negue e contradiga tudo o que havia afirmado anteriormente Seu produto gera prejuízo não vende porque a propaganda opositora é feita por ela mesma PUCCI 1998 A liberdade que tal ciência possui em si ao mesmo tempo em que permi te àqueles que dela se utilizam expressarem suas críticas e refutarem o óbvio demonstra o grau de responsabilidade que ela detém Ao se autoafirmar como saber desconstruído a Filosofia se isenta de todo formalismo político bajulador e de meias palavras Ela se sustenta na verdade que nunca está inteira mas se constrói a todo instante sempre em uma roupagem inédita pois quando um filósofo se põe a discursar esperase tudo dele menos o comodismo e o medo de dizer aquilo que deve ser dito Em outras palavras isso resulta em um saber indeterminado e lhe garante autonomia mas ao mesmo tempo exigelhe que não se acomode com os fa tos tampouco se conforme com as declarações impostas pois seu compromisso histórico é com a verdade e não com os valores das sociedades O mesmo é pos sível dizer sobre a Filosofia da Educação pois ao se deparar com os problemas pedagógicos sua tarefa é a de não se abster tampouco permitir que o medo da crítica a proíba de atuar A certeza da verdade não é uma garantia do processo de aprendizagem e de educação mas é a busca por ela e por seus referenciais que torna viva e atual a sua missão Outra questão importante é que a Filosofia da Educação e o seu profissional não possuem o dever de solucionar os problemas mas a reflexão sobre o modo como eles são vistos e também o modo como ela própria os encara fazem desse saber um conhecimento puramente teórico sem nenhum compromisso com a práxis PUCCI 1998 UNICESUMAR 125 Após olhar todos esses pensamentos podemos afirmar que eles retiram o peso que a Filosofia da Educação carregava consigo ou que ainda possa carregar Isso porque o seu saber segundo Pagni 2014 concentrase na interpretação e na leitura dos diversos caminhos que tal conhecimento pode percorrer sem se limitar a uma padronização de conteúdo a ser transmitido PAGNI 2014 Desse modo concluímos que não há uma definição específica para o papel da Filosofia da Educação A leitura dos filósofos clássicos a definição que eles trazem sobre o que é educação a interpretação da educação por um viés lógico estético ético ou político a crítica filosófica sobre ela mesma e os caminhos pedagógicos existentes o pensar filosófico como caminho para se gerar um educador crítico etc todos foram e ainda são instrumentos válidos para se fazer Filosofia da Educação Esta disciplina está arquitetada nos mais variados programas de pedagogia e licenciaturas inclusive no nosso Perceba que muitas das definições atribuídas a ela permeiam a nossa ementa Isso nos põe no movimento histórico protagonista de um saber que se constrói e se valida conforme as necessidades do tempo e de cada espaço social Assim podemos afirmar que todo o saber filosófico se estruturou e ainda estruturase nos diversos percursos traçados pela Filosofia e que influencia ram o saber pedagógico Por este motivo encontramos as mais variadas correntes filosóficas cada uma com sua verdade mas todas podem ser lidas no intuito de nos mostrar que o conhecimento é sempre produto de uma construção UNIDADE 4 126 Olá alunoa Seja muito bemvindoa à aula 2 Nesta discutiremos a respeito da Filosofia da Educação na formação docente iniciando pelas principais tendências pedagógicas e a Filosofia da Educação no Brasil Daremos atenção aos movimentos que compuseram e ainda compõem a estrutura escolar predominante em nosso país que são basicamente dois as tendências liberais e as tendências progressistas Estas duas grandes linhas de pensamento pedagógico se dividem em outras que se organizam com o passar do tempo Começaremos pela tendência liberal de educação e as suas expressões TENDÊNCIAS LIBERAIS Você já ouviu falar desse termo aqui em nosso material Recordemos a Uni dade 3 na qual falamos a respeito do pensamento do filósofo John Locke O liberalismo é uma teoria na qual se emprega os princípios da individualidade da liberdade da segurança da igualdade e da propriedade privada para o bom andamento da vida social ARANHA 1996 Esses valores foram defendidos pela burguesia que do século XVII até o XIX fortaleceuse economicamente e superou o antigo regime feudal predominante em toda Europa Nessa perspectiva liberal caminharam as primeiras expressões pedagógicas 2 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA UNICESUMAR 127 que surgiram no Brasil no final do século XVIII e início do XIX O começo se deu com a escola tradicional Nela o professor é o centro de todo o apren dizado e o detentor do saber o aluno por sua vez é aquele que deve estar ali passivamente para assimilar o que o professortem para oferecer O conteúdo transmitido pelo mestre é o saber pertencente àquela cultura e o esforço racio nal o principal instrumento para se obter sucesso sem qualquer tipo de ino vação ou questionamento trazido pelo aluno ARANHA 1996 Dessa forma garantiase a continuidade do aprendizado de forma linear e acrítica No Brasil a escola tradi cional foi promovida no pe ríodo do Brasil Colônia sob o comando dos padres jesuítas Como representantes da fé católica seus ensinamentos se baseavam nos dogmas da Igre ja e a sua transmissão enquan to alfabetizavam OLIVEIRA 2017 No Brasil e em todos os lugares essa escola se adaptava com a realidade do tempo e da cultura Ou seja os elementos trazidos em seu interior esta vam de acordo com o comportamento exercido pela sociedade na qual ela estava inserida Por este motivo a escola tradicional existiu em vários períodos e contextos representando variados grupos e cenários históricos do século XVI até o XX ARANHA 1996 Outra tendência que surgiu no século XIX foi a tendência Renovada tam bém conhecida como RenovadaProgressista Tendo como modelo a Escola Nova a sua bandeira se resumia na defesa de uma escola que fosse para todos ou seja que trouxesse um conteúdo de acesso universal com o qual o aluno não fosse mais dependente do professor para aprender mas descobrisse em si os dons e atributos que lhe fizessem sentido Nesta proposta de educação o professor deixava de ser o centro do processo de ensinoaprendizagem para dar espaço ao aluno OLIVEIRA 2017 A tendência RenovadaProgressista foi uma das expressões da Escola Nova que tinha por objetivo dar destaque ao desenvolvimento de uma educação que se pau Fonte Wikimedia Commons online UNIDADE 4 128 tasse no aluno Foi o que fez a tendência Renovadora nãoDiretiva levando em consideração muito mais do que aspectos comportamentais mas o nível de satisfação e realização por parte do aluno com aquilo que lhe era proposto desenvolver Na escola renovada o aluno é o centro do processo existindo uma preo cupação muito grande com a natureza psicológica da criança Como a escolha dos conteúdos gira em torno dos interesses infantis o professor se esforça por despertar a atenção e a curiosidade da criança sem lhe cercear a espontaneidade Dependendo da escola existe maior ou me nor nãodiretividade tornandose o professor apenas um facilitador da aprendizagem ARANHA 1996 p 167 Perceba que o espaço da criança é visto como o motivo principal de se existir a escola sendo ela o seu fundamento e o porquê de todo trabalho docente Nesta modalidade surge a reflexão sobre o ambiente escolar como local de desenvolvimento integral da criança trazendo a formação de seus sentimentos de seu corpo e de suas vonta des para o centro do debate O conhecimento decorado não era bem aceito nestes ambientes sendo privilegiada a prática da descoberta enquanto conteúdo escolar Isso também se refletia na diminuição da rigidez e da disciplina que eram comuns na escola tradicional ARANHA 1996 Outra vertente liberal que surgiu no século XX a partir da década de 60 foi a tendência tecnicista de educação Por ela a escola se tornou um espaço de prepara ção para o mercado de trabalho Formando mão de obra para as indústrias e fábricas sua atuação se deu na formação de alunos que tivessem conhecimentos práticos e úteis para a vida em sociedade o cumprimento das regras dos horários o respeito pela hierarquia dando a entender que cada um alcançaria o seu lugar conforme o esforço que desprendesse para superar aos demais e se superar independentemente de suas origens sociais e econômicas LIBÂNEO 1992 Como afirma Aranha 1996 a escola tecnicista era reducionista pois levava em consideração apenas o conhecimento técnico na formação do aluno Sem se ater às necessidades humanas tal ensino acreditava que o progresso social surgiria por meio de preceitos bem estruturados por conhecimentos científicos e pelo aprendizado mecânico Ou seja apesar de todos estes fatores possuírem sua importância o que tal escola não compreendia era a possibilidade de se conhecer o mundo por outras vertentes que não as científicas além de negligenciar a vontade humana frente a preceitos que lhe são impostos ARANHA 1996 UNICESUMAR 129 É possível identificar o norte liberal em todas essas escolas aqui apresen tadas Seja pelo viés da liberdade do sujeito na sua formação da individua lidade na construção de homens que alcançam o seu espaço em meio aos demais seja na segurança que um ensino tradicional possa ofertar para que não se erre no modo de agir em busca do domínio intelectual Temos assim a primeira expressão pedagógica de ensino que marcou o cenário brasileiro de Educação Façamos o reconhecimento agora das tendências progressistas e as suas principais características TENDÊNCIAS PROGRESSISTAS Em uma oposição clara à proposta da pedagogia liberal temos a tendência progressista e suas expressões ao longo da história da pedagogia Sua estrutu ração se deu pelas ideias marxistas traçando para o ambiente social e escolar um cenário de conflito de classes haja vista que esta teoria subentendia que a educação havia sido utilizada por séculos pela burguesia como uma forma de dominação do capital da população e dos meios de produção Dessa forma sua intenção era gerar um ensino libertador Analisando as tendências liberais sobretudo a tradicional o que os teóricos da Educação percebiam era uma escolaquartel em que a excessiva severidade das disciplinas e do conteúdo bem como a rigidez nas relações entre professor e aluno interferiam no processo de desenvolvimento e aprendizado do sujeito ARANHA 1996 Para fugir desta proposta mecânica e engessada que figurava tal educação a tendência progressista ganhava espaço no ambiente escolar a começar pela escola libertadora Tendo Paulo Freire como principal teórico a escola libertadora se colocava ao lado do aluno entendendo que sua educação deveria leválo à liberdade intelectual e política Formando o aluno para ter um posicionamento intelectual politizado a preocupação não se concentrava no conteúdo que seria transmitido mas nas possibilidades que este traria para a reestruturação social e intelectual do in divíduo levandoo a enxergar uma sociedade além da sua realidade imediata SILVA 2000 Em outras palavras essa educação insistia numa transformação do sujeito sobretudo do mais pobre e marginalizado que por conta dos ditames e desigualdades sociais não conseguiria se ver preso das amarras da Educação liberal que reforçava em seu método uma sociedade dividida e hierarquizada UNIDADE 4 130 Um passo adiante na Educação libertadora foi a sua expressão a partir do ensino libertário O que se considerava como instrumento para educar o sujeito era a relação que deveria existir entre o vivido e o aprendido Em sala de aula a relação estabelecida entre professor e aluno era de liberdade para o ensino em que não havia obrigação por parte do mestre em saber tudo tampouco ao aluno cabia cumprir horários tarefas e outras exigências corri queiras OLIVEIRA 2017 Sobre o conteúdo não haveria sentido para essa tendência transmitir um conhecimento que não fosse pautado na vivência do aluno correndo o risco de tornálo vazio e desnecessário O aprendiza do deveria se constituir na relação dos grupos nas experiências informais porém vivenciais e repletas de sentido pelo educando em seu processo de construção enquanto sujeito humano e político Sobre a ideia do que seria um aprendizado válido Libâneo afirma1992 p 11 Conhecimento aqui não é a investigação cognitiva do real para extrair dele um sistema de representações mentais mas a descoberta de respostas às necessidades e às exigências da vida social Assim os conteúdos propriamente ditos são os que resultam de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são necessária nem indispensavelmente as matérias de estudo Esta tendência apesar de soar como radical permitiu que a teoria Crítico Social dos Conteúdos ou então a Históricocrítica encontrasse espaço para atuar na educação Nela a escola se tornava um local de referência imprescindível para acabar com as desigualdades sociais uma vez que na escola se aprende a con viver de maneira igual sem qualquer distinção seja pelo uniforme pelas regras peloshorários e pelasexigências que são feitas a todos Aranha 1996 afirma que Saviani em sua obra Estrutura e Sistema anali sou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1948 e a conclusão que chegou sobre ela era que lhe faltavam planos que demonstrassem qual era o ideal de educação brasileira Isso indica que a falta de objetivos claros fazia da escola naquele período um local de mera reprodução de um sistema social e econô mico pronto e sem qualquer possibilidade de modificação É como se o aluno se perguntasse estudar para quê Minha vida sem o conhecimento escolar não será pior pois as opções que a educação traz não são capazes de me retirar da condição social na qual estou inserido UNICESUMAR 131 Por fim a tendência históricocrítica ofertou uma educação analítica a res peito da sociedade refletiu acerca de suas contradições e deu ao aluno uma vi são inovadora frente aos assuntos de seu cotidiano e das suas experiências O conteúdo aqui é valorizado pois por meio dele fazemse novas leituras de teor crítico sobre a cultura dominante refletindo a partir da prática mas indo além dela LIBÂNEO 1992 O resultado deste ensino é o sujeito engajado consciente de si e preocupado com o todo 3 O LUGAR ATUAL DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO nos cursos de licenciatura Após discorrermos sobre as principais tendências pedagógicas que nortearam a educação brasileira nas últimas décadas faremos uma leitura acerca da atuação da Filosofia da Educação na formação docente Trilhamos este caminho no intui to de primeiramente mapear os movimentos da Educação em nosso país para agora tendo como base a história e as diretrizes que regem a nossa educação apresentarmos o perfil do conhecimento ofertado em tal disciplina pelos cursos de licenciatura presentes nas instituições de ensino UNIDADE 4 132 Desse modo mais que aprender o que foi e o que ainda é a disciplina de Filosofia da Educação nos cursos de formação docente você terá acesso a um conhecimento que pode ser construído conforme sua leitura de mundo em conjunto com as ideias aqui apresentadas Este tipo de educação é pró prio da Filosofia visto que nenhum saber deve ser dogmatizado tampouco imposto Isso nos leva ao nosso tema em questão em que a Filosofia e a Educação são interrogadas a respeito de seu valor e de sua atuação Nos últimos anos um dos principais temas abordados na formação docente é a compreensão do lugar que a Filosofia tem ocupado nela Ques tionando a Filosofia da Educação ensinada nas universidades o que se discute é qual o modo de aliar a sua teoria a uma prática eficaz Para esta investigação os PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais possuem o modelo que deve ser alcançado pelos cursos de licenciatura no Brasil uma vez que suas considerações trazem como proposta de formação um conteúdo que seja capaz de levar o futuro professor a um aprendizado reflexivo Sem se limitar à reprodução de conteúdo todo o conhecimen to apresentado na disciplina de Filosofia da Educação deve permitir ao aluno que as abordagens trazidas em sala de aula o levem a buscar novas possibilidades para os dilemas que são próprios da escola e da Educação como um todo TREVISAN 2011 Tal experiência sanaria as limitações existentes na elaboração das ementas desta disciplina permitindo que o seu saber possa encontrar instrumentos para se tornar parte da prática diária do profissional da Educação Digo isso pois dentre as ciências as humanas são as que melhor con seguem dialogar com a Filosofia da Educação Essa relação é histórica e data desde os gregos antigos sempre no desejo de solucionar os conflitos humanos partindo de uma profunda interpretação de quem era o homem quais as suas características e como elas poderiam colaborar ou não no en contro dele com o outro e consigo mesmo SANTOS 2017 Desse modo detalharemos melhor esta primeira parte no intuito de fixar nossa temática O que se avalia neste primeiro momento acerca da disciplina de Filoso fia da Educação é a maneira como ela é desenvolvida nos cursos de licen ciatura de nosso país Fazendo uma comparação o que se evidenciava em meados dos anos 90 era que sua matriz curricular possuía um forte apelo histórico movido por reflexões que levavam o aluno a uma compreensão técnica sobre tendências pedagógicas metodologias autores e contextos UNICESUMAR 133 didáticos O resultado todavia dessa formação ao longo dos anos foi a de professores que recebiam somente pressupostos normativos conforme apontou uma pesquisa realizada por Rocha 2009 referente à disciplina de Filosofia da Educação na formação dos professores primários paranaenses no período de 19461971 Assim ela descreve em sua conclusão Portanto podese afirmar que no período de 1946 a 1971 a disci plina Filosofia da Educação ministrada no processo de formação dos professores primários paranaenses tinha um caráter mais normativo que um caráter de reflexão e crítica de teorias e práticas educacionais ROCHA 2009 p 20 grifo nosso Esta conclusão somase à afirmativa trazida por Severino sobre a ausência de referenciais sobre a Filosofia da Educação nos primeiros anos em que a disci plina era ministrada nos cursos de pósgraduação em Educação do país Esta realidade apenas se alteraria a partir da criação do grupo de nível nacional de pesquisadores sobre Filosofia da Educação SEVERINO 2000 Formando o seu conhecimento próprio a Filosofia da Educação começava a se configurar como um saber válido e independente De que valeria entretanto um saber que não fosse útil Qual a função de um conhecimento que não é visualizado expresso numa prática Este é o questionamento contemporâneo sobre a necessidade da educação sobretudo a importância dos conhecimentos humanísticos Permeada por valores po sitivistas que entendem a ciência apenas do ponto de vista prático encontra mos na sociedade atual a cobrança feita sobre a escola para que a educação justifique o porquê de sua existência Consequentemente essa pergunta se estende ao docente que se vê forçado a dizer e a convencer a sociedade sobre a importância de sua profissão Para o professor em formação tais perguntas podem leválo a dúvidas ainda maiores Por exemplo você já se perguntou por que precisa aprender sobre a história da Educação Qual o sentido de estudar o que pessoas disse ram séculos atrás se as necessidades atuais são tão diferentes daquelas Até mesmo esta disciplina pode lhe trazer esse tipo de questionamento sobre a validade dela para sua formação e isso é normal pois uma vez questionado o aluno também questionará aqueles que em sua concepção poderiam lhe trazer uma resposta neste caso algum professor de seu curso UNIDADE 4 134 Sobre essa questão é importante dizer não temos compromisso com a práti ca É isso mesmo Nós professores sobretudo os da área de humanas nos quais a Filosofia da Educação se enquadra não nos relacionamos diretamente com a prática e não temos o dever de resolver seus questionamentos Sei que tal afirmativa pode não soar bem uma vez que enquanto filhos de nosso tempo reproduzimos os questionamentos que nos são feitos por nossa cultura e sociedade sendo um deles a eficiência do trabalho docente Vamos porém entender o significado desta desobrigação do docente com a prática ao olhar para a formação do pedagogo O LUGAR DA FILOSOFIA NOS CURSOS DE PEDAGOGIA Sabemos que a pedagogia é um saber que se dá historicamente por sua aplica bilidade Na realidade é isso que se observa na educação dos tempos atuais a prática tem dominado todos os cenários validando os conhecimentos por meio de uma ação Voltamos contudo novamente uma questão de identidade que no nosso caso enquanto professores constróise pelo ser docente o qual pertence à categoria dos intelectuais LECLERC 2004 É claro que isso não nos torna inúteis para a atualidade sobretudo o docente que trabalha com conteúdos teóricos Apesar da moderna valorização da ação do fazer em si e o esquecimento da teoria o trabalho docente se faz pela compreensão de que sua prática deve existir na elaboração de uma teoria que possa ser vivencial A virada da prática no campo do conhecimento moderno não sig nifica entretanto um esquecimento da teoria esvaziada dos seus fundamentos em benefício de metodologias e técnicas Antes dis so significa que há uma nova interdependência entre o teórico e o prático e não a simples diluição de um dos polos contrastantes no outro Em síntese de certo ponto de vista se a teoria não for prática isto é se ela não impelir à ação tornase inócua vazia e sem sentido para o mundo em que vivemos TREVISAN 2011 p 205 A vivência porém em si não nos compete Enquanto professor não posso me responsabilizar pelas escolhas que você alunoa fez frente ao saber adquirido Desde o aceite pelo conhecimento até o modo como ele será utilizado tudo isso UNICESUMAR 135 compromete o sujeito que dele fez uso e não quem o oportunizou Isso responde ao questionamento moderno da função da educação pois se desvincula de um fazer para se inserir em um ser Trevisan ainda tratando a respeito das inter pretações que se faz sobre a teoria e a prática e qual delas deve ser considerada como a mais assertiva na formação docente bem como na atuação desta profissão traznos a seguinte reflexão digna de ser lida conforme foi escrita pelo autor A ideia de partir deste tipo de prática para pensar a formação es quece que ela própria já está informada por uma teoria a sa ber uma teoria que rejeita o contexto de descoberta operando apenas no âmbito do contexto de validação do conhecimento TREVISAN 2011 p 206 grifo nosso Ao olhar para o trabalho do pedagogo contudo esta afirmativa se torna distante da realidade de tal profissional Ele no campo da educação é quem mais se de dica a aplicar seu conhecimento a partir da experiência e da vivência educativa Faz parte de sua essência levar a teoria para uma prática efetiva conforme dirão Mühl e Mainardi2017 ao afirmar que o pedagogo é o profissional que se faz por meio da ação Lembremos porém que nossa temática se refere à Filosofia da Educação este saber híbrido que é composto pelo alinhamento da pedagogia com a Filosofia Por isso a afirmativa de que o professor é mais responsável por uma teoria que pela prática se encaixa perfeitamente no campo da pedagogia e no modo como a Filosofia da Educação nele se insere Mesmo não tendo local de destaque a Filosofia esteve presente ao longo da história do curso e na formação do pedagogo abordando os fundamentos do conhecimento pedagógico a partir de filósofos e demais intelectuais Mühl e Mainardi 2017 fazem um alerta sobre o desaparecimento dessa disciplina da matriz curricular dos cursos de pedagogia o que confirma mais uma vez o quanto a prática tem se sobreposto à teoria sem levar em consideração os efeitos que isso acarretará na formação do professor e no futuro da educação escolar O que alega sua pesquisa é o distanciamento que a Filosofia sempre teve das ciências visto que a postura desta foi a de se sentir superior aos demais conhecimentos por ser interpretada como a responsável pela crítica e oposição às ideias trazidas por cada saber bem como a nova tendência do conhecimento de ser mais prático que teórico MÜHL MAINARDI 2017 Aqui há uma crítica ao modo como o saber filosófico foi apresentado UNIDADE 4 136 Por outro lado os autores avançam em suas considerações e chegam à con clusão de que historicamente a pedagogia se limitou a ser um saber do senso comum com pouca objetividade devido ao seu caráter humano Sob a alegação de ser uma ação prática muitos pedagogos têm insisti do na ideia de que a aprendizagem ocorre pela prática e que a teorização não traz de modo geral uma contribuição efetiva para o desen volvimento da prática Em nome da experiência prática e da eficiência didática a reflexão tem sido dispensada e a pedagogia reduzida ao ensino de métodos e técnicas de ensino MÜHL MAINARDI 2017 p 14 Frente a este equívoco as perdas são diversas o papel do conteúdo pedagógico na formação docente tem se dizimado e a pura pedagogia é insuficiente para lidar com tais problemas Neste contexto temos novamente a percepção da importância do saber filosófico para a formação docente enquanto conteúdo teórico e prático permeado por reflexões dos diversos pensadores elencados ao longo da história da Filosofia e da Educação Ao discutirmos a respeito do perfil dos cursos de pedagogia e demais licenciaturas no tocante à matriz curricular isto é a listagem das disciplinas que compõem o itinerário formativo de determinado curso talvez você identifique que as disciplinas ofertadas em determinados cursos não contemplam áreas como Filosofia Educação Metodologias etc mesmo sendo tais ciências próprias da área em questão Caso surja essa dúvida vale a pena conferir se o curso está cadastrado no Ministério da Educação e Cultura Basta acessar o site httpemecmecgovbr e fazer a sua pesquisa por instituição cursos etc conectese UNICESUMAR 137 O caminho percorrido pelos autores clássicos pode ser instrumento guia para a trajetória de formação docente na atualidade Ou seja numa junção entre Filosofia e pedagogia é possível retomar as possibilidades do conheci mento desconstruindo a obviedade dos saberes para lançálos a uma crítica construtiva capaz de trazer novas respostas frente aos problemas corriquei ros Pansarelli2014 na introdução de sua dissertação de mestrado recorda nos a importância e a necessidade dos clássicos Olhar para as considerações trazidas por eles dirá não traduz uma pretensa necessidade de reproduzilos nos dias de hoje Ocorre que frente aos ruídos das inúmeras teorias contem porâneas e o desejo por saber qual é a menos incorreta o trabalho pedagó gico se perde em considerações vagas Por isso vale retomar aos clássicos e ouvir a sinfonia de suas ideias a fim de que se descubra o que ainda não foi dito em nossos dias PANSARELLI 2014 Para concluir podemos afirmar que frente ao desejo de se formar o edu cador fazse indispensável o trabalho filosófico aliado ao pedagógico Desse modo a educação encontraria a solução para as principais questões que a constituem Primeiramente a formulação e a assertividade na identidade do professor profissional intelectual capaz de gerir sua prática a partir da valida ção de suas teorias sua expertise é a elaboração a explanação e a verificação do conhecimento que propõe ao seu aluno Em segundo lugar a transfor mação do saber pedagógico que apesar de historicamente se dar a partir de uma prática amplia seus horizontes na junção de seu saber com a teoria apreendida pela Filosofia e pelos seus pensadores Com essas duas questões pontuadas a formação docente encontrará respaldo para se tornar eficaz e in dispensável na construção de novos saberes para a sociedade como um todo UNIDADE 4 138 Paulo Reglus Neves Freire este era o nome do famoso pedagogo brasileiro Paulo Frei re Nascido em Recife Pernambuco no ano de 1921 Freire era formado em direito pela Faculdade de Direito de Recife porém nunca exerceu a profissão Seu trabalho nas políticas públicas iniciouse como diretor do setor de educação e cultura do Sesi em 1947 seguido pelo cargo de superintendente de 1954 até 1957 Foi professor efe tivo de Filosofia e História da Educação na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da antiga Universidade do Recife hoje a atual Universidade Federal de Pernambuco Em sua trajetória ganhou destaque nacional devido à sua experiência na alfabetização Foi chamado para assumir a coordenação nacional do Plano Na cional de Alfabetização e para presidir a Comissão Nacional de Cultura Popular porém devido ao golpe militar de 1964 Freire foi exilado no Chile e impedido de assumir tais cargos tendo em vista a interrupção do governo democrático Trazemos para adiscussão o pensamento de Paulo Freire porque o que en contramos em suas considerações para a educação nacional misturase em uma proposta pedagógica porém política conforme entendemos o significado de educação política Não nos referimos à Freire como modelo político mas peda gógico e filosófico para a realidade nacional isso porque frente à desigualdade econômica e à difícil condição social e política da população ele inaugura uma educação que ao alfabetizar por meio de questões do cotidiano faz o sujeito enxergar as possibilidades de sair de sua condição precária e encontrar novos mecanismos para se recolocar socialmente PILETTI PILETTI 2018 4 PAULO FREIRE educador e teórico UNICESUMAR 139 Nesta caminhada a educação se faz o instrumento motor levando para a educação de jovens e adultos a libertação de suas limitações intelectuais e sociais com temas críticos porém a partir da linguagem do seu cotidiano Desse modo o ato do professor não é desinteressado apenas cumpre com uma função exter na Ao contrário o professor para Freire é alguém engajado e intencionado em sua tarefa de educar Para isso ele foge do método corriqueiro de adaptar o seu aluno aos conhecimentos e aomundo já estipulados e divididos FREIRE 1975 Certamente esta postura exigirá do mestre muito mais empenho e coragem pois a intenção dessa educação é desestabilizar Nesta proposta retomamos a ideia do diálogo para sair do conhecimento e chegar ao sujeito O caminho por isto mesmo para um trabalho de libertação a ser realizado pela liderança revolucionária não é a propagan da libertadora Não está no mero ato de depositar a crença da liberdade nos oprimidos pensando conquistar a sua confiança mas no dialogar com eles FREIRE 1975 p 58 Perceba que a linguagem utilizada pelo autor nos remete a um diálogo político isso porque em sua compreensão a educação não teria sentido se não levasse o indivíduo a uma ação social por si e por todos Quando Freire fala em outros momentos de uma educação domesticadora ele se refere ao modelo vigente em sua época quando a escola cumpria somente a função de transferir conhe cimentos sem qualquer preocupação política e social com aquilo que estava ensinando Quando propõe uma educação para a libertação acreditava que o ato de conhecimento deveria se fundar numa ação transformadora do sujeito e da realidade na qual ele se encontrava FREIRE 1975 O mais interessante na proposta de Freire é a percepção que ele tinha a res peito do modo como ela deveria acontecer O que tornava sua pedagogia mais desafiadora era o fato de exigir que todo o trabalho realizado com o aluno não fosse convincente mas realista A tarefa da educação não era resgatar os seus sujeitos a ponto de lhes convencer sobre a verdade daquilo que ensinava mas mostrar a eles os rumos da história aprender com ela ao mesmo tempo em que construíam a sua própria Para isso era necessário acabar com o analfabetismo político que seria uma percepção ingênua dos fatos e do mundo Como nos afirma Freire o analfabeto político experimentando um sentimento de impo tência em face da irracionalidade de uma realidade alienante e todopoderosa procura refugiarse na falsa segurança do subjetivismo FREIRE 2011 p 25 UNIDADE 4 140 Este era o reflexo de uma educação individualizada em que o educando não con seguia se enxergar como parte do todo Cuidando somente de seu próprio interesse o sujeito sem conhecimentos políticos claros enxerga o futuro pronto sem esperanças e perspectivas de mudanças Isso porque não consegue perceber que a mudança do amanhã se encontra naquilo que é feito agora Desse modo a educação política seria aquela que quer transformar a realidade social por meio da ajuda mútua entre educadores e educandos desmistificando a realidade pela ação e pelo conhecimento O modo pelo qual essa educação se organizaria seria pelo comprometimento que o educador e o educando teriam em conhecer a realidade dos fatos para assim poder alterálos Por isso que a ciência não é neutra tampouco a educação Ao entrar em contato com uma realidade elas sempre escolhem um lado mesmo quando se silencia diante de um fato pois o silêncio também é um posicionamento Ela deve partir para a reflexão mas também levar à ação sem se tornar passiva visto que a mudança social só ocorrerá na prática e não apenas na consciência A isso Freire chama de Consciênciamundo uma consciência que vem da prática FREIRE 2011 Aparentemente esta proposta soa como utópica e impossível de acontecer pois já existe uma educação estruturada e uma proposta política que permeia os espaços educacionais e econômicos do país Freire contudo explica que haveria uma mudan ça de paradigmas e valores a começar pelos sujeitos que seriam educados Por meio desta proposta a educação dominadora seria substituída pela humani zadora sendo o ato de conhecer que interfere na relação entre consciência e mundo assim conhecer o novo seria possível A esta conclusão se chega porque o que se tem hoje veio de uma busca frente a um conhecimento anterior velho que se tinha o que indica que a mudança é possível FREIRE 2011 A ação cultural e educacional portanto é conhecer e reconhecer o conhecimento existente fato que não ocorre com quem recebe a educação dominadora que é apolítica A ação política mais que uma imposição tendenciosa sobre o ato de educar é na realidade a base para qualquer afirmativa pedagógica Quando se identifica a política vigente de um país a educação dele poderá caminhar para dois rumos aceitar e validar os ideais políticos e culturais por meio de ações pedagógicas ou então refutálos e tornálos mais democráticos e participativos nos diversos segmentos em que a educa ção possa encontrar espaço para atuar No caso de Paulo Freire seu modelo de educa ção seguia a segunda vertente tornandose objeto de transformação dos sujeitos que necessitavam ser mais que observadores sociais mas indivíduos ativos e politizados Essa leitura de mundo se torna moderna diante das imposições de educação que eram vigentes na época de Freire A rigidez da relação professoraluno e o vazio das UNICESUMAR 141 intenções dão espaço para uma pedagogia da comunicação Paulo Freire defendia um saber fundadonuma consciência coletiva e que se opunha ao isolamento moderno para afirmar que a educação é oportunidade de encontro em Freire é no e pelo encontro que se dá a passagem do ele ao tu lugar fundamental da construção da identidade de educadores e edu candos espaço privilegiado de afirmação da educação como processo contínuo de comunicação e libertação ESCOLA 2011 p 204 grifo do autor Negando a concepção bancária de escola na qual se entende o aluno como um recipiente em que se deposita um saber pronto e acabado Freire se utiliza da con cepção humanista da educação acabando com a tradicional hierarquia e oposi ção entre educador e educando Desse modo o primeiro é o detentor de todo saber e tem a função de despejálo sobre seu aluno que assume o papel de receptor passivo obrigado a absorver todas as informações dos conteúdos que lhe são da dos Educar para Freire é fazerse entender pelo outro para isso é necessário que a comunicação seja de respeito e afeto Isso significa que o educador é aquele que sente e entende a realidade de seu aluno percebendo os enfrentamentos diários que ele realiza para sobreviver e conhecer portanto o professor quer contribuir na formação de sua identidade não como verdade pronta mas como ponto de partida para novos rumos novas perspectivas e abordagens A pedagogia da comunicação ao assegurar o respeito pela individualida de o reconhecimento do outro como interlocutor válido independen temente do seu estatuto fazendo orbitar toda a educação em torno da dimensão relacional e dialógica abre as portas ao que possibilita o pró prio diálogo amor e esperança ESCOLA 2011 p 205 grifo do autor Uma educação que como disse Freire 1975 não comunica mas apenas faz comu nicados No intuito de romper com tal modelo valorizase o saber trazido pelo aluno Por meio dele e de sua realidade é que se alfabetiza e humaniza Como sabemos Freire se dedicou a discutir acerca da alfabetização voltada aos jovens e adultos Entretanto mais que nos limitarmos ao objeto em questão o que nos importa é a reflexão trazida por ele a humanização no processo de ensino e o seu indispensável teor político Ao educar é preciso fazer uma escolha decidir por um lado e agir conforme se pensa UNIDADE 4 142 Para Paulo Freire a educação surgia como um instrumento de crucial importância para promover a passagem da consciência popular do nível transitivoingênuo para o nível transitivocrítico evitandose a sua queda na consciência fanática É em vista desse objetivo que foi criado um método de alfabetização ativo dialogal crítico e criticiza dorSAVIANI 2011 p 335 Este ideal pedagógico não caminha sozinho mas vai ao encontro de outras tendên cias e ideologias como nos apresenta Saviani Freire ao propor o diálogo a criticidade e a alfabetização ativa caminhava na mesma direção da tradição do existencialismo cristão com algumas contribuições do marxismo SAVIANI 2011 Seu pensamento pedagógico humaniza ao enxergar o homem diante da necessidade do aprendizado não somente para lhe adequar aos padrões industriais e mercadológicos mas para que ele faça a sua leitura de mundo que tenha a possibilidade da escolha e da reflexão O diálogo em sua teoria se dá entre dois humanos dois sujeitos em que o professor interpreta o ato de educar como o fortalecimento do diferente Desse modo quando se educa supõese que aquele que aprende necessita de complemento para sua vida A educação se torna efetivamente instrumento de for mação e potencialização do ser O sentido da educação em Freire decorre da incompletude dos seres humanos Em vista disso modificarse é uma necessidade da natureza dos seres humanos na busca de complementaremse como pessoas concretizando sua vocação de SerMais numa espécie de atualização constante ECCO NOGARO 2013 p 3526 Enquanto educação formal as instituições de ensino e seus profissionais pos suem as condições necessárias para garantir a liberdade de expressão de cada aluno No intuito de lhe dar autonomia para que se conheça e descubra o mundo ao seu redor a educação neste molde se pauta no diálogo a fim de permitir que cada educando perceba as semelhanças entre si e os seus pares dentre os demais homens da história seus ideias e sonhos garantindo a utopia e a crença de que o melhor sempre nos aguarda Para isso é necessário que a educação seja prática e atrelada ao conhecimento Isso significa que toda ação exercida na escola deve ser refletida para que não haja novamente um depósito de verdades no homem mas que o permita perceber o que é necessário fazer e pensar para transformar o mundo FREIRE 1975 UNICESUMAR 143 Isso nos leva a uma crítica moderna que se refere ao significado do conhe cimento em nossos tempos O quanto o conhecimento está presente em nossa formação acadêmica Ou então em nossas aulas nesta aqui por exemplo Será que cada semana pedagógica cada licenciatura especialização e capacitação que fazemos nos trazem assuntos inéditos temas até então inexplorados e nos tornam profissionais e pessoas melhores Nos momentos de formação passamos de educadores a alunos e raramente temos a clareza do porquê de estarmos ali Isso revela novamente o quanto nosso projeto e nosso ideal de educação ainda configuramse na reprodução e no depósito de informações decoradas pouco utilizadas por serem apenas narrativas vazias Não pode haver conhecimento pois os educandos não são chama dos a conhecer mas a memorizar o conteúdo narrado pelo educa dor Não realizam nenhum ato cognoscitivo uma vez que o objeto que deveria ser posto como incidência de seu ato cognoscente é posse do educador e não mediatizador da reflexão crítica de ambos FREIRE 1975 p 79 Ao insistirmos neste modelo de educação os resultados que evidenciamos é primeiramente a nãoconstituição de uma autoconsciência Ao distanciarse da prática cognoscente o sujeito perde a sua capacidade de identificarse ao mesmo tempo em que permanece reproduzindo um saber vazio a partir de um discurso oco Por fim esse modelo de educação convida educador e educando a liberta remse das tradicionais ideias que instrumentalizam um e outro A partir de uma educação humanizadora o resultado do trabalho será a emancipação dos sujeitos e o fim da educação bancária rompendo com o vínculo utilitarista das relações e adotando a comunicação como ferramenta de autodescoberta e identificação com a cultura e asociedade Mais doque cumprir com preceitos e obedecer a padrões o indivíduo terá a possibilidade da escolha A educação autêntica repitamos não se faz de A para B ou de A sobre B mas de A com B mediatizados pelo mundo Paulo Freire pensando juntos UNIDADE 4 144 No século XVIII a imperatriz da Áustria Maria Teresa ao assinar o decreto para a constituição da Comissão da Corte disse que A instrução é e sempre foi em cada época um fato político MANACORDA 2010 p 301 Esta frase ilustra perfeitamente o sentido que queremos dar a esta aula trazendo a relevância que todo trabalho pedagógico traz para o contexto político no qual esteja inserido Em outras palavras isso significa que toda ação pedagógica é intencional Aristóteles afirmou que o homem é um ser político o que significa que o ser humano foi feito para viver com os demais de sua espécie A convivência com os outros homens além de permitir o autoconhecimento garante a cada um o aprendizado de que o pensar e o opinar são condições intrínsecas a todo homem o que pela lei se tornou um direito a ser exercido e respeitado por todos Dessa forma Aristóteles nos ensina e a lei nos garante a principal exigência para viver em sociedade a capacidade de aceitar o diferente VELASCO 2018 Nisso entra o trabalho das instituições de ensino pois toda ação pedagógica possui um fim social em sua execução e em seu planejamento A partir deste pla nejamento é que se desdobrarão as ideias de ética moral cidadania liberdade etc Os pressupostos que fundamentam a ação pedagógica se encontram no modelo de sociedade vigente isso explica o porquê de a educação se alterar conforme os valores políticos e culturais vistos que em cada realidade esses são dados numa perspectiva própria Esta alteração ocorre por exemplo quando há mudanças de 5 EDUCAÇÃO E ATUAÇÃO POLÍTICA UNICESUMAR 145 governo Perceba que de uma gestão para a outra um dos setores que mais sofre interferências em suas políticas é a educação Isso confirma o papel central que ela possui na construção de uma sociedade e de seus indivíduos bem como os diversos perfis e exigências que sobre ela se põem Vejamos um exemplo dessa reflexão acerca dos modelos de educação Em 2014 uma pesquisa realizada pela Universidade de Stanford nos EUA identificou que a educação oriental e a ocidental possuíam o mesmo valor e a mesma eficácia Enquanto a educação dada pelas famílias europeias e ame ricanas permitem que seus filhos tenham autonomia para realizarem grande parte de suas escolhas as famílias de asiáticos querem mantêlos mais pró ximos sem muitas interferências externas Quem fala melhor sobre isso é o trabalho da pesquisadora Zoe Sumei Os pais ocidentais acham que desde o dia do nascimento os seus filhos são indivíduos independentes têm os seus próprios desejos e perso nalidade independentes Na cultura tradicional chinesa os pais devem cuidar dos seus filhos e o seu relacionamento com eles é desi gual Muitos pais querem que os seus filhos sejam obedientes Devido às condições sociais específicas de filhos únicos os pais atribuemlhes uma grande importância Muitas vezes podemos ver que as crianças crescem mas ainda dormem com os pais SUMEI 2018 p 1415 Diferentemente do que se pensa os dois perfis de educação são bons isso por que cada um deles atende a um ideal de sociedade Em outras palavras não é adequado fazer comparações de uma realidade com a outra e atribuir caráter qualitativo sem levar em consideração a sua função para a cultura e a sociedade local Uma educação deve ser considerada boa quando o seu conteúdo atende aos anseios daquele grupo A importância de refletir sobre essa questão está na possibilidade de anali sarmos os discursos que atualmente permeiam o cenário educacional de nosso país O senso comum tende a interpretar obediência subserviência silêncio dis ciplina etc como valores que devem ser exigidos sobretudo pela escola Por vezes nós educadores caímos neste engodo e queremos que nossos alunos somente cumpram o que impomos sem criticar ou se opor aos nossos planos Apesar de parecer mais fácil e aparentemente ser o correto esta interpretação não corres ponde a uma educação democrática e capaz de formar bons cidadãos UNIDADE 4 146 O que seria entretanto formar bons cidadãos em nossa realidade social Lem bremonos que uma das funções da nossa educação é formar o indivíduo para a sociedade certo Pois bem quando se fala de sociedade o discurso atual acerca das políticas públicas sobretudo as educacionais encontra como forte referencial o ideal de democracia O século XX foi marcado por este fenômeno que saíra do século XIX como uma revolução encabeçada por aqueles que não suportavam mais viver em função das guerras dos interesses monárquicos e aristocráticos O que restou na prática porém foi a implementação de tal política de governo com restrições ao seu acesso SANTOS AVRITZER2002 Tal restrição se deu pela leitura da democracia como um modelo governamental regido por burocracias que o sustentassem e não mais a possibilidade da participação livre de todos Com o crescimento das funções do Estado ligadas ao bemestar social a discussão sobre o interesse no crescimento da burocracia foi mudando de tom e adquirindo uma conotação positiva a exce ção aqui é a obra de Michel Foucault No campo da teoria demo crática Norberto Bobbio foi mais uma vez o autor que sintetizou a mudança de perspectiva em relação a desconfiança weberiana com o aumento da capacidade de controle da burocracia sobre o indivíduo moderno SANTOS AVRITZER 2002 p 56 Guiados para uma hegemonia ou seja a supremacia de um grupo que se impõe sobre o outro a nossa concepção histórica de democracia caminhou em direção a um nivelamento A padronização do ser democrático nos fez acreditar que somos cidadãos quando por exemplo votamos cumprimos com as leis que nos foram impostas etc Este ideal se reproduz na escola na sala de aula e reforça nos alunos valores herdados como sentar copiar em seu caderno o que está na lousa decorar as funções matemáticas e as regras linguísticas Acreditase que esses valores o farão um bom aluno e merecedor de crédito no caso aprovação para a próxima série Tal interpretação não se distancia da universidade O modelo por vezes vigente é o do aluno que reproduz a fala do professor ou do orientador apresentando como resul tado o mais do mesmo A mera reprodução de condutas ideias valores pensamentos e tantas outras coisas que nos fazem indivíduos intelectualizados e civilizados por sabermos repetir com perfeição o que nos foi ensinado preenche o caráter burocrático da democracia que nos retira o impulso político a ponto de não mais duvidarmos ou então contentarmos com as verdades docemente impostas que não nos exigem pensar UNICESUMAR 147 O fato de assim agirmos nem sempre parte de uma responsabilidade in dividual mas é coletiva visto que não questionar eou não se enxergar nos processos políticos e educacionais vigentes apenas aceitálos faz parte da política de grupos que lidam com o investimento e a atuação na educação e demais áreas sociais À proporção que se tornou meramente formal perdeu sua for ça revolucionária adequandose às demandas da sociedade ca pitalista e assumindo funções profundamente conservadoras Como já foi observado organismos multilaterais entre os quais o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional contri buem para esse esvaziamento pelo fato de que também fazem uso desse conceito de modo acrítico MARCON 2015 p 384 Com este argumento não quero dizer aqui que é preciso acabar com a obe diência ou então que as eleições e os processos e grupos de organização social não cumprem com o seu papel O que deve ser retomado é o modelo de educação pensante sobretudo na formação docente A qualidade deve ser entendida como resultado dos diferentes daquilo que em um primeiro momento é divergente tem mais de uma interpretação mas no final leva a um resultado favorável para ambos os lados É algo muito semelhante à dialé tica platônica em que dois argumentos e pontos de vistas são apresentados e defendidos para no final chegarmos a somente uma resposta criada por ambas as leituras É também muito semelhante ao modelo que eu enquanto professor utilizo em sala de aula enquanto estou utilizando a lousa para registrar os conteúdos daquele dia meus alunos ficam à vontade para ouvirem música usarem seus aparelhos celulares conversarem entre si ao mesmo tempo em que copiam aquilo que escrevo Isso não interfere no meu trabalho tampouco no aprendi zado deles pois o momento no qual eu preciso da sua atenção é quando vou explicar tudo aquilo que foi apresentado na lousa Aliás devo me corrigir Há interferência sim A sala de aula se torna um local agradável para todos e o nível de concentração destinada às explicações aumenta tendo em vista que puderam se desligar por alguns instantes enquanto eu escrevia no quadro Assim pode ser o trabalho da educação em que a política tem como premis sa os valores democráticos entendidos não como a padronização daquilo que é UNIDADE 4 148 permitido fazer mas como a acolhida de tudo e todos Tal postura é própria da Filosofia atuando na educação pois o princípio da aceitação dos variados pon tos de vistas reflexões ideias sobre certo e errado bom e ruim garantem que todos sejam ouvidos interpretados e vistos Em seguida o caminho encontrado para viver em sociedade e alcançar o objetivo coletivo deverá ser confortável para todos os envolvidos no processo Novamente afirmo que este caminho não é o mais fácil Ouvir relevar interpretar dar razão ao outro etc são exercícios exigentes mas que têm o poder de transformar o perfil da educação sobretudo a do futuro educador Em outras palavras por que forçar um modelo de ensino acreditando que ele pertence a um ideal de democracia quando na verdade a descoberta em conjunto do conhecimento é o que torna a participação de todos efetiva Com isso você enquanto futuro educador pode se perguntar e como devo realizar tal ação de gerar uma educação participativa e democrática Por onde começar o trabalho de compreender o diferente as ideias diver gentes das minhas O material aqui apresentado pode ser um referencial para as primeiras abordagens tendo em vista que para tratarmos de Filoso fia da Educação passamos por diversas etapas caminhamos pela Filosofia e pela Educação distintamente em suas especificidades e utilizamos como nossos primeiros referenciais o pensamento dos filósofos clássicos como nos sugere Marcon2015 p 389390 grifo nosso Como existem muitas concepções de democracia é fundamental que as instituições discutam e teorizem a respeito Nessa direção é importante fundamentar uma crítica à concepção de democra cia hegemônica que ao primar por regras e procedimentos me ramente formais esvaziou a dimensão política da participação A contribuição dos clássicos na fundamentação do debate é fundamental embora seja necessário ir além visto que existem inúmeras realidades emergentes que os clássicos não trataram Disso surge a necessidade de ler e interpretar os clássicos de forma crítica e criativa É essencial aprofundar as diferentes tradições desde Platão e Aristóteles passando por autores modernos e contemporâneos e ver como a democracia foi pensada nos diferentes contextos e de distintos pontos de vista e perspectivas UNICESUMAR 149 A leitura e a interpretação dos pensadores clássicos são oportunidades de crescimento intelectual frente às adversidades modernas Por eles compreen demos fatores históricos e traduzimos as ações e os pensamentos humanos como instrumentos moldáveis que podem ser aprimorados e reestruturados conforme as necessidades temporais Em outras palavras isso significa dar voz às vozes conhecer os estilos filosóficos e no nosso caso como eles com preendiam a educação cada um no seu tempo na sua leitura de mundo Isso é difícil ao mesmo tempo em que é um exercício rico pois o discurso se altera e não se elege uma verdade como absoluta Semelhante um jogo de cartas o professor apresenta ao aluno diversas possibilidades de escolha cabe ao educando decidir por uma por duas por quantas mais ele quiser Por fim entendese dessa aula que o senso crítico precisa ocupar o es paço da sala de aula da educação básica ao ensino superior sendo todas as considerações trazidas pelo aluno dignas de serem ouvidas e refletidas uma vez que o espaço escolar é privilegiado por possuir as tendências pedagógicas necessárias para a instrução dos sujeitos Mais que isso educar vai além do ensino em si e deve encaminhar o educando para a compreensão e a atuação no contexto social feitas na liberdade VELASCO 2018 Esta é a caracterís tica principal do ensino brasileiro diferentemente de outras realidades pois a nossa educação corresponde às nossas necessidades sociais Conforme nos diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 939496 a necessidade da instrução formal em nosso país e o modo como ela se desenvolve estão pautados na liberdade para o trabalho e para a vida social BRASIL 1996 Finalizamos aqui a nossa unidade mais uma vez foi um prazer caminhar com você ao longo destas aulas Desejo sinceramente que assim como eu você possa ter crescido e se aprimorado humana e profissionalmente Até a próxima UNIDADE 4 150 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em nossa Unidade 5 tratamos a respeito da Filosofia da Educação na for mação docente passando por cinco momentos principais na construção de nosso conhecimento acerca deste assunto No primeiro momento adentramos no estudo da experiência filosófica no cenário brasileiro apontando o modo como a Filosofia da Educação foi inserida nos currículos dos cursos superiores começando como uma disci plina nos programas de pósgraduação em Educação até chegar aos cursos de pedagogia e demais licenciaturas No segundo momento falamos das tendências pedagógicas que compuse ram historicamente o movimento pela educação em nosso país As tendên cias liberais e progressistas bem como as suas extensões contribuíram para a formação de um quadro teórico mas que adveio de uma prática elaborada no cotidiano da vida escolar No terceiro momento retomamos nossa discussão acerca da Filosofia da Educação e o espaço que ela ocupa nas instituições de ensino sobretudo nos cursos de formação docente Vimos a sua história e o modo como esta disci plina encontrou o seu espaço em meio às disciplinas tradicionais criando um conteúdo próprio para ser debatido e investigado Em seguida adentramos no pensamento de Paulo Freire e na sua proposta pedagógica Em Freire evidenciamos o papel determinante do educador na relação com o educando Com uma pedagogia própria ele nos apresenta que a verdadeira educação se faz pela humanização e libertação intelectual Por fim discorremos a respeito da educação enquanto expressão política Por meio do saber ofertado na escola preparase os sujeitos para a vida em sociedade Essa realidade exige conhecimento e posicionamentos claros acer ca de qual sujeito queremos ofertar para a nossa contemporaneidade Desse modo além da reprodução de saberes nossa intenção deve ser a de formar cidadãos conscientes formadores de opinião e capazes de conduzir suas vidas na liberdade e certeza de si 151 na prática 1 Na escola renovada o aluno é o centro do processo existindo uma preocupação muito grande com a natureza psicológica da criança Como a escolha dos conteú dos gira em torno dos interesses infantis o professor se esforça por despertar a atenção e a curiosidade da criança sem lhe cercear a espontaneidade Dependendo da escola existe maior ou menor nãodiretividade tornandose o professor apenas um facilitador da aprendizagem ARANHA 1996 p 167 As diversas expressões educacionais que compõem o cenário pedagógico brasileiro permitem que façamos comparações entre uma e outra Portanto identifique nas afirmativas a seguir quais delas são próprias da tendência RenovadaProgressista I Um ensino onde o professor é o centro de todo trabalho II Defesa de uma escola que fosse para todos ou seja que trouxesse um conteúdo de acesso universal III A relação entre professor e aluno é diferenciada o professor não sabe tudo e o aluno também não tem obrigação de saber IV O aluno descobre em si os dons e atributos que lhe fazem sentido São próprias da tendência RenovadaProgressista as seguintes afirmativas a II e IV b I e IV c II e III d I e III e III e IV 2 Conhecimento aqui não é a investigação cognitiva do real para extrair dele um sistema de representações mentais mas a descoberta de respostas às necessida des e às exigências da vida social Assim os conteúdos propriamente ditos são os que resultam de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são necessárias nem indispensavelmente as matérias de estudo LIBÂNEO 1992 p 11 Sobre a tendência progressista é correto afirmar que a Surge da experiência popular e do sofrimento do pobre que vê a necessidade de aprender na escola aquilo que é útil para a sua vida Todo o conteúdo dessa escola surge daquilo que a comunidade traz como conhecimento Nela a verdade não é científica mas é popular 152 na prática b O nome já diz progressista significa progresso Para levar a criança ele era neces sário lhe tornar crítica Por isso uma das principais características desta tendên cia são aulas de política e sociologia e as demais disciplinas mero complemento para o aprendizado real c Alguns teóricos progressistas foram David Hume e John Locke Locke por exem plo afirmava que a liberdade era indispensável para a realização de uma socie dade mais justa Por meio de suas ideias progressistas fizeram afirmativas nas escolas pertencentes a esta práxis pedagógica d A comunidade escolar deveria se responsabilizar pelos gastos de cada aluno sendo obrigação de cada família contribuir para o desenvolvimento de seu filho uma vez que a escola não era financiada pelo governo mas possuía disciplinas e estrutura própria de cada bairro e Nela a escola se tornava um local de referência imprescindível para se acabar com as desigualdades sociais uma vez que na escola aprendese a conviver de maneira igual sem qualquer distinção seja pelo uniforme pelas regras pelos horários e pelas exigências que são feitas a todos 3 Entretanto de que valeria um saber que não fosse útil Ou seja qual a função de um conhecimento que não é visualizado expresso numa prática Esse é o questiona mento contemporâneo sobre a necessidade da educação sobretudo a importância dos conhecimentos humanísticos Permeada por valores positivistas que entende a ciência apenas do ponto de vista prático encontramos na sociedade atual a cobran ça feita sobre a escola para que a educação justifique o porquê de sua existência ALVES 2019 Observe o comentário e reflita sobre o cenário educacional contem porâneo depois veja as alternativas corretas que respondam qual seria a função ou em quais perspectivas a disciplina de Filosofia da Educação e o profissional da educação se comprometem com o currículo acadêmico I Nós professores sobretudo os da área de humanas nos quais a Filosofia da Educação se enquadra não nos relacionamos diretamente com a prática e não temos o dever de resolver seus questionamentos II Apesar da moderna valorização da ação do fazer em si e do esquecimento da teoria o trabalho docente se faz pela compreensão de que sua prática deve existir na elaboração de uma teoria que possa ser vivencial 153 na prática III O conhecimento acadêmico elaborado pelo docente cumpre a tarefa de preen cher a carga horária universitária e a educação por meio de saberes científicos e práticos IV A universidade produz o conhecimento acadêmico sendo apenas dever do docente executálo Isso denominamos de ementa e matriz curricular Estão corretas as afirmativas a II e IV b II III e IV c I e II d I e IV e I III e IV 4 Sob a alegação de ser uma ação prática muitos pedagogos têm insistido na ideia de que a aprendizagem ocorre pela prática e que a teorização não traz de modo geral uma contribuição efetiva para o desenvolvimento da prática Em nome da experiência prática e da eficiência didática a reflexão tem sido dispensada e a pe dagogia reduzida a ao ensino de métodos e técnicas de ensino MÜHL MAINARDI 2017 p 14 Diante desta afirmativa podemos nos indagar sobre a origem de tal pensamento Ou seja por que a pedagogia é considerada um saber prático e de pouco teor intelectual a Isso se dá porque a pedagogia em si não está preocupada com um conhecimento em si ela apenas se dedica a práticas formativas b A pedagogia é um saber prático por natureza Autores como Pestalozzi e Rous seau demonstram isso em suas teorias Nela não cabe teorias c A teoria não encontra espaço no saber pedagógico porque a sala de aula não permite tempo nem condições suficientes para refletir sobre conceitos teóricos mais sólidos d Toda teoria pedagógica é descartada nos cursos de formação isso porque as leis de educação atual exigem do professor um número elevado de alunos em sala o que torna as escolas centros de cuidados físicos emocionais e quando possível teóricos 154 na prática e A pouca teoria na pedagogia se dá por um caráter histórico A pedagogia se limitou a ser um saber do senso comum com pouca objetividade devido ao seu caráter humano 5 O saber pedagógico aliado ao conhecimento filosófico traz para as ciências a Filo sofia da Educação Este campo do saber constrói uma identidade do educador e da própria ciência que inaugura um novo jeito de ser da educação Diante desta afirma tiva quais são as características e os benefícios trazidos pela Filosofia da Educação I I Na junção entre Filosofia e pedagogia é possível retomar as possibilidades do conhecimento desconstruindo a obviedade dos saberes para lançálos a uma crítica construtiva II II A Filosofia da Educação e a pedagogia formam um novo campo do saber e uma nova ciência de conhecimento próprio totalmente independente Assim como a Matemática a Filosofia da Educação consegue caminhar sem auxílio de nenhum outro saber III III O saber pedagógico é superior ao filosófico na Filosofia da Educação Isso significa que tal conhecimento é mais voltado para a pedagogia do que para a Filosofia IV IV Filosofia da Educação é uma área de formação de origem lógica e racional no campo da História da Filosofia Estão corretas as afirmativas a I II e IV b I c III e IV d IV e II e III 155 na prática 6 Aristóteles afirmou que O homem é um ser político o que significava que este havia sido feito para viver com os demais de sua espécie A convivência com os outros homens além de permitir que nos conheçamos garante a cada um o apren dizado de que o pensar e o opinar são condições intrínsecas a qualquer homem e que pela lei se tornou direito a ser exercido e respeitado por todos ALVES 2019 p 44 Frente a esta afirmativa é correto dizer que toda pedagogia possui uma intenção política a Todo conhecimento não possui somente uma intenção política mas uma ori gem política Temos como exemplo as tendências pedagógicas e a formação política de educadores como Paulo Freire e Saviani b Toda ação pedagógica possui um fim social em sua execução e em seu planeja mento E a partir desse planejamento é que se desdobrarão as ideias de ética moral cidadania liberdade etc c Os perfis de educação podem ser bons isso porque cada um deles atende a um ideal de sociedade não sendo possível fazer comparações de uma realidade com a outra d A educação se altera conforme os valores políticos e culturais vistos que em cada realidade esses valores são dados numa perspectiva própria e A educação se altera conforme os valores políticos e culturais vistos que em cada realidade esses valores são dados numa perspectiva exclusiva do edu cador 156 aprimorese FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE ENTRE A CRISE E A ESPERANÇA Num mundo em crise profunda de referências sociais de paradigmas culturais de identidades particulares e universais de ideais de ideologias de representa ções históricas e até de padrões econômicos e políticos eis que a escola e a edu cação em geral não podem ficar indiferentes ou então atuarem de forma pura e simplesmente reativa Mas a verdade é que a escola e a educação atravessam elas mesmas um período crítico de questionamento externo e interno Do exterior vêm as reservas quanto à sua dinâmica inovadora em termos da evolução dos conheci mentos e dos paradigmas científicos a par de uma grande desconfiança quanto à sua capacidade de resposta aos anseios e necessidades prementes dos seus desti natários No seu interior vão explodindo bolhas de revolta diante da tão propalada violência simbólica que Bourdieu oportunamente identificou caracterizou e deu a conhecer um pouco direta ou indiretamente junto de todos os protagonismos Curiosamente a educação foi se tornando a placa giratória da esperança na edificação de uma sociedade melhor e por todos participada em contraponto com o reducionismo antihumano dos modelos economicistas ou estritamente ideoló gicos Os próprios mentores da política e da economia apercebendose do papel nevrálgico daquela procuraram assumila como tarefa sua evitando simultanea mente os riscos da sua autonomização estatutária e social A educação por contágio e manipulação tornouse política sem chegar a ser em si mesma político é preciso não esquecer que desde Comenius atra vessandose o Renascimento e passandose pela Revolução Francesa e pelos so cialistas utópicos a educação foi sempre invocada por aqueles que nela viam um dos motores da transformação das sociedades Já contemporaneamente podemos recordar entre tantos os nomes de Maria Montessori Freinet a par do português Faria de Vasconcelos e claro do brasileiro Paulo Freire Todos eles acreditaram na força mobilizadora e até revolucionária da educação 157 aprimorese Contemporaneamente rejeitamos as ilusões da modernidade e do huma nismo ilusão da revolução ilusão do progresso ilusão da perfectibilidade Na verdade o balanço não é convincente e hoje mais do que dos fracassos temos medo dos êxitos do Homem como ironicamente exclama JJ Salomon Le destin technologique Neste contexto será possível ainda educar com esperança e para a esperança Mais do que nunca a pósmodernidade é possível Para isso tanto aí estão as armas de destruição massiva como as novas pestes Todavia teremos de considerar igualmente a um tal propósito as capacidades das tecnociências no terreno designadamente da chamada inteligência artificial e os desafios que nos colocam quanto às suas eventuais possi bilidades de desenvolvimento autônomo Como conclui Janicaud Lhom me vatil dépasser lhumain p55 a humanidade é a insondável supe ração dos limites Mas éo pela primeira vez Mas para haver ética poderá haver moral Que repercussões poderá ter este dilema na educação e na formulação dos seus princípios No auge da sociedade da comunicação que é também a sociedade do conhecimento e a sociedade da aprendizagem para evitar que haja uma comprometedora hegemonização que faça da comunicação do conhe cimento e da aprendizagem apenas três faces de uma verdade que o é porque se a comunicou e depois se aprendeu porque ela foi comunica da importa evitar que o pensar não redunde num esquecimento origi nado no conhecer ou pelo conhecer Numa sociedade em que se chega a reconhecer que o déficit de informação coexiste com o seu excesso que papel deverá assumir a escola relativamente à dialética informarco municaraprenderpensar E que conexões deverá ela aqui manter com a escola informal 158 aprimorese Ora a Filosofia da Educação pelo uso da função utópica enquanto exercício criativo crítico e contínuo do esforço de descentração relativamente ao real científico e prá tico detém um enorme potencial de sustentação e renovação da própria atividade utópica da Educação enquanto esta não é meramente prescritiva de normas e de valores mas também enunciativa de ideais que desafiem o conformismo A Filosofia importa realçálo é a atividade que nos permite o distanciamento crí tico não nos deixando enclausurar inclusive dentro da nossa própria cultura Con dição para identificarmos e transformarmos os problemas enunciados ou outros emergentes da Educação em problemáticas para a educaçao Condição de uma Educação que aberta à política com ela não se confunda ou a ela não se subordine Condição de uma Educação que poderá delinear uma via autônoma capaz de reno var a esperança libertando e responsabilizando Fonte adaptado de Carvalho 2011 159 eu recomendo Pedagogia do Oprimido Autor Paulo Freire Editora Paz e terra Sinopse nesta obra Paulo Freire apresenta o seu ideal de Edu cação opondose ao modelo de ensino vigente em sua época considerado por ele como uma educação bancária na qual o in divíduo recebe passivamente todo conhecimento sem qualquer participação no processo de ensino Uma das obras mais famosas do autor a Pe dagogia do Oprimido revela a dimensão humanística da educação trazendo como elementos para a formação do indivíduo o amor pela educação o engajamento do educador e a relação entre educador e educando por meio do diálogo e da comunicação franca livro A onda Ano 2008 Sinopse Reiner é um professor do Ensino Médio designado a lecionar a disciplina de Autocracia para seus alunos No intuito de fazêlos vivenciar tal experiência e o modo como ela é con tagiante quando não refletida o professor induz seus alunos a seguirem as regras do grupo em sala de aula criando traços per sonalizados como uma saudação deveres e responsabilidades em conjunto Com o passar do tempo tal ordem foge do controle do mestre e se torna uma facção além dos muros da escola ficando a cargo do professor dissua dir o grupo a fazerem autocríticas sobre seu comportamento filme O trabalho em sala de aula não é nada fácil Há no entanto mecanismos que favorecem o trabalho docente e dão a ele visibilidade Conheça o prêmio Profes sores do Brasil cujas melhores estratégias de ensino são premiadas e ganham destaque nacional httppremioprofessoresdobrasilmecgovbr conectese anotações 5 A REFLEXÃO FILOSÓFICA NA PRÁTICA PLANO DE ESTUDO A seguir apresentamse as aulas que você estudará nesta unidade Valores morais Definindo moral Ética e a relação com a moral e a lei Ética aplicada bioética ética empresarial ética ambiental OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Identificar o conceito de valores morais Apresentar a definição de moral Definir o conceito de ética Apresentar a ética aplicada à biologia às empresas e ao meio ambiente PROFESSORES Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves INTRODUÇÃO Olá alunoa Chegamos à nossa Unidade 5 Nesta trabalharemos a reflexão filosófica na prática discutindo o tema da ética pois apesar de ouvirmos a todo momento alguém falar de ética não conseguimos identificar os seus reais atributos e o que a diferencia de conceitos como moral e lei Ética é agir bem É ser respeitoso É cumprir as leis Ou então qual a sua origem Quando nos comportamos conforme as regras da socie dade ou da empresa estamos de fato sendo éticos Qual a relação que esta ciência tem com o conceito de moral O que é moral Etc Todos estes questionamentos serão abordados nesta unidade com o intuito de lhe fazer compreender que o saber deve ser refletido investigado e questionado se necessário e conforme nossas impressões ser aceito ou refutado O grande desafio atual para qualquer profissional é saber agir conforme os valores da empresa porém sem ferir os seus Além do campo profissional na vida cotidiana necessitamos da ética para nos auxiliar em nosso processo de construção enquanto comunidade humana que precisa ser movida por valores maiores e melhores que o interesse capital o lucro desmedido e o sucesso inconsequente O resultado de uma vida sem a possibilidade da dúvida e do au toquestionamento limitanos a viver dentro dos padrões mesmo que não nos encaixemos neles rendendo comportamentos vazios e sem perspectivas Isso não significa que devemos a todo momento posi cionarnos contra o sistema e os princípios que regem nossa sociedade Como saberemos porém a importância que tais valores possuem sem jamais colocálos a prova Desejo que nesta unidade você possa refletir sobre o modo como lidamos conosco com os outros e com o ambiente que nos cerca Bons estudos UNICESUMAR 163 1 VALORES MORAIS Mesmo falando sobre Filosofia da Educação não seria correto criar dogmas sobre o que seria verdadeiro ou falso no campo pedagógico ou na compreen são do pensamento educacional O papel da ciência pedagógica não é criar receituários de qual seria a maneira mais correta de se educar como evitar a dispersão do aluno ou como alcançar os melhores resultados em sala de aula Diferentemente disso as ideias elencadas as metodologias e as experiências adquiridas pelos intelectuais da Educação devem servir como reflexões apon tamentos e possíveis caminhos que norteiam a ação pedagógica mas que deve ser decidida e executada pelo profissional da Educação Desse modo mais do que ensinar aquilo que é certo ou errado devemos aprender enquanto educadores a nos posicionarmos de modo ético frente às adversidades filosóficas e educacionais de nosso tempo Por exemplo pro vavelmente ao longo de sua caminhada profissional você encontrará ou já encontrou pessoas que interpretam o mundo de um modo totalmente di ferente do seu Por vezes as diferenças de ideias se tornam empecilhos para que vocês consigam realizar um trabalho de qualidade tendo em vista que no mercado de trabalho atual o desempenhar das atividades em equipe é fundamental para o sucesso do grupo da empresa da escola UNIDADE 5 164 Para lidarmos com as diferentes visões de mundo sucesso família religião sexualidade etc é necessário entendermos que não somos obrigados a concordar ou a aceitar o posicionamento das pessoas nem elas o nosso A aceitação implica em uma leitura forçosa da liberdade que cada indivíduo carrega consigo Desse modo o princípio da vida em sociedade não está na aceitação mas no respeito acerca das escolhas de cada pessoa compreendendo que a convivência harmô nica só será possível quando os diferentes aprenderem a se tolerarem conforme os princípios da democracia e da lei que regem a vida em sociedade Tal exercício não é fácil uma vez que ao lidarmos com o diferente o que entra em jogo é a nossa interpretação daquilo que é certo ou errado bom ou ruim aceitável ou inaceitável Aqui entra em questão aquilo que chamaremos de valores Desse modo a partir da compreensão do significado do termo valores fa laremos do princípio da reflexão ética e a que se destina Quando dizemos que algo tem valor podemos interpretar esta afirmativa de diversas formas pode ser o valor econômico isto é o preço que tal objeto custou no ato da compra ou então pode ser o significado afetivo que algo ou alguém tem para nós etc Não trataremos porém aqui da ideia de valor econômico ou afetivo mas ao utilizar o termo valor referimonos aos valores morais Atribuímos constantemente valor às coisas isto é damoslhes um signi ficado um juízo de valor conforme o nosso juízo de realidade nos permite compreender o que é real Por exemplo quando vejo uma obra de arte e penso que ela é bonita ou então ao contrá rio quando as cores não me agradam ou não é o tipo de arte que admiro etc nestes dois casos estou designando um valor ao objeto Veja a Figura 1 o quadro de Edvard Munch intitulado O Grito A obra foi produzida no ano de 1893 e apresenta a figura de uma pessoa aparentemente espantada assustada Sem possuir uma identidade definida e com a mistura das cores e da ordem da paisagem os gos tos sobre ela são variados ou seja pode agradar uns e desagradar outros Figura 1 O Grito de Edvard Munch Fonte Wikiart 2017 online6 UNICESUMAR 165 Nesse caso o juízo de realidade se aplica sobre o fato existente ou seja a pre sença de um quadro uma obra de arte A partir do momento que eu o observo e digo a mim mesmo o que acho dele estou atribuindo um juízo de valor Em outras palavras aplicamos o juízo de valores conforme o ser vivo ou o objeto mobiliza a nossa afetividade sem nos deixar indiferentes frente à sua presença ARANHA MARTINS 2009 Podemos nos perguntar de que modo esses valores são constituídos ou seja de que maneira eles são formados Por mais que vivamos numa mesma cultura o choque de valores é uma realidade que compõe nossa sociedade Você já parou para se perguntar sobre isso Por que alguns gostam de verde e outros preferem o azul Por que tem gente que prefere o frio e outros o calor Como pode existir em uma mesma família pessoas com comportamentos e opiniões tão diferentes se a criação foi a mesma o local de nascimento e cultura são os mesmos O que podemos afirmar em uma reflexão sociológica e filosófica é que todo homem inserido em sociedade passa por três fases de adaptação social o que consequentemente influenciará a sua identificação ou não de certos valores as sumidos por aquele grupo Vejamos 1 Herança cultural primeiramente os valores são herdados Ao nascer mos somos inseridos numa cultura e independentemente de nossa ade são ou não a ela suas características nos precedem são seguidas pela maioria das pessoas e os valores que ela propõe permeiam praticamente todos os espaços sociais Por exemplo quando você nasceu já havia um governo estabelecido haviam questões econômicas e sociais que preci savam ser solucionadas as pessoas já se casavam e as teorias sobre Deus céu inferno já eram debatidas aceitas ou refutadas por um grupo Você herdou essa sociedade essa cultura sem ao menos ter a possibilidade de opinar sobre ela 2 Avaliação conforme crescemos tais valores são ensinados nos diversos segmentos sociais primeiramente em casa depois nos demais espaços como a escola a igreja o parque as ruas etc De acordo com os valores culturais e o modo como agimos diante deles nossos atos são avaliados como bons ou ruins certo ou errado Seguindo o exemplo anterior pode mos dizer que ao aceitar a religião professada em sua comunidade você será avaliadoa positivamente o mesmo se você se demonstrar favorável ao governo atual caso o seu círculo social pensar do mesmo modo UNIDADE 5 166 3 Resposta social frente à avaliação que recebemos pelo comportamento que temos diante dos valores estabelecidos por nosso grupo estamos sujeitos a sanções ou a bônus Por exemplo se cumprimos com nossos compromissos financeiros adquirimos crédito mas se somos negligentes com ele recebemos alguma punição seja uma multa seja a proibição de comprarmos novamente por determinado tempo Outro exemplo se seu comportamento religioso for compatível com o de seu círculo social você será aceito nos grupos nas festinhas particulares nos passeios da galera caso contrário provavelmente será excluído eou ignorado O mesmo acontece quando descumprimos qualquer outra regra social É claro que apesar da influência desses valores sociais e culturais a ciência nos demonstrou que cada indivíduo possui sua reflexão e percepção subje tiva a respeito do seu grupo sendo capaz de se distanciar dos ensinamentos adquiridos a partir de sua autonomia intelectual A origem contudo dessa subjetividade comportamental e reflexiva não compete à nossa disciplina ficando a encargo da psicologia tratar desses assuntos O que podemos afir mar é que a caminhada por esses três estágios de formação do homem em sociedade pertence ao processo de descoberta tanto subjetiva quanto coletiva Isso significa que cumprir a tarefa de ser cidadão não é imediata tampouco próprio da natureza humana Como escreveu Rousseau o homem nasceu livre de todas as prisões e grades sociais ou seja regras morais cordialidades decoro etc porém atualmente encontrase cercado de grades por toda parte ROUSSEAU 1999 Ou seja a formação moral a partir dos valores sociais é um exercício no qual o homem precisa se adequar constantemente Imagino que ao ler sobre as três fases de adaptação social você tenha se identificado com pelo menos um deles visto que enquanto indivíduos pertencentes a uma sociedade e cultura forçosamente passamos por seus estágios Por inúmeras vezes passamos por este processo de julgamento Às vezes estamos do lado que é julgado mas há momentos em somos nós que emitimos os julgamentos aprovando e desaprovando o comportamento alheio as deci sões e as opiniões das pessoas Neste ciclo vicioso formamos nossos valores nossa cultura ora sendo o motivo dos apontamentos alheios ora apontando junto aos demais UNICESUMAR 167 Perceba que nesse processo de formação e adaptação cultural há o bônus de se viver em grupo mas também o ônus Pertencer a um grupo gera em nós identidade e cultura traduzindo os nossos atos como bons e ruins conforme os valores assumidos por aquela sociedade na qual estamos inseridos Nem sempre contudo adaptamonos àquilo que nos é ensinado como correto virtuoso ver dadeiro etc e de um momento para o outro tornamonos o lado que é julgado pela multidão Apesar disso os valores morais ainda são imprescindíveis para nossa vida enquanto membros de um grupo Por eles somos identificados enquanto pessoa assumimos aquilo que mais se aproxima de nossos ideais e nos leva ao compro misso com os demais Em outras palavras os valores são o caminho para a for mação do sujeito moral Devemos porém ainda perguntarnos o que é moral Nesse processo de formação e autoidentificação como membro de uma sociedade e cul tura você se considera alguém que emite muitos apontamentos acerca do comportamen to dos seus pares ou é aquelea que recebe muitas críticas sobre sua visão e atitudes frente às regras impostas pelo grupo pensando juntos UNIDADE 5 168 Aquilo que definimos como bom ou ruim certo ou errado diz muito sobre nossa personalidade nossos valores e o modo como enxergamos a vida em sociedade Este entendimento como já dissemos não nasce conosco adquirimos ao longo da nossa vida pelas experiências marcantes Por isso entendemos que nenhum de nós nasce moral ou seja não nascemos sabendo o que é correto ou não Mui tos pedagogistas dentre eles Rousseau afirmava isso no século XVIII quando escreveu que a criança não possui maldade em suas ações pois não sendo um ser moral o que a motiva a agir são os seus sentimentos ROUSSEAU 1973 Esta definição é interessante pois ela retoma na criança a sua pureza e ino cência Imagine a seguinte cena uma criança de um ou dois anos de idade resolve pegar um passarinho na mão e ao invés de acariciálo ela resolve esmagálo ou jogálo na parede sem qualquer receio Ao nos depararmos com tal situação logo podemos supor que aquilo representa que a pequena está enfurecida zan gada Segundo Rousseau contudo isso nada quer dizer a não ser que a criança precisa ser educada ou seja é necessário lhe ensinar valores sobre como deve se comportar é necessário lhe transmitir preceitos morais Essa Educação moral entretanto tem sua hora e lugar Segundo Rousseau a infância não é o momento de raciocinar mas de obedecer Portanto ao invés de fazer a criança refletir sobre o ato que ela cometeu devese apenas mostrarlhe que não está certo A reflexão é própria do adulto portanto é ele quem deve ser inteligente ao lidar com o comportamento e as atitudes irracionais da criança 2 DEFININDO MORAL UNICESUMAR 169 Raciocinar com as crianças era a grande máxima de Locke é a que está mais em voga hoje seu êxito não me parece entretanto muito de molde a justificarlhe o crédito Quanto a mim nada vejo mais tolo do que essas crianças com as quais tanto se raciocinou De to das as faculdades do homem a razão que não é por assim dizer senão um composto de todas as outras é a que se desenvolve mais dificilmente e mais tarde se a criança entendesse razão não teria necessidade de ser educada ROUSSEAU 1973 p 74 Immanuel Kant também reflete sobre a ideia de moral a partir da sua univer salização Para ele podemos considerar algo como um valor moral a partir do momento em que ele é universalizado isto é aquilo que para o sujeito é uma má xima pessoal pode também servir do mesmo modo para todos universalmente Utilizemos aqui um exemplo Imagine Paulo acredita que ficar com o troco dado a ele por engano é uma atitude correta Ele supõe que ao invés de devolver o valor excedido é justo e correto que ele fique com o total do dinheiro pois não tem culpa do equívoco da outra pes soa Em outras palavras o problema não é dele Na verdade nem é um problema é sorte que alguém distraído não verificou o troco antes de lhe entregar Moralmente falando será que podemos concordar com o comportamento de Paulo Segundo Kant para sabermos se Paulo está certo devemos pegar esta máxima afirmada por ele a de que é correto ficar com o dinheiro a mais que lhe foi entregue no troco e passar pelo teste do Imperativo Categórico Este Imperativo Categórico criado por Kant diz Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tem po querer que ela se torne lei universal KANT 1973 p 223 Essa máxima deve ser aplicada em uma questão universal isto é que possa ser defendida utilizada e aceita por todos CANDIOTTO 2010 Portanto poderíamos questionar seria correto se todas as pessoas que recebessem dinheiro a mais no seu troco ficassem com ele Se isso fosse aplicado universalmente Paulo aceitaria naturalmente o fato de ser preju dicado economicamente caso fosse ele quem tivesse entregue um valor maior que o da conta Aceitaria receber os descontos em seu salário para compensar o seu erro Ao analisar a situação por esta perspectiva ou seja daquele que sofre a perda do troco equivocado talvez entendamos que via de regra o comportamento moral assumido pelos integrantes de determinado grupo interfere diretamente na qualidade da vida de todos os envolvidos UNIDADE 5 170 Não demos porém ainda uma definição do que é moral Resumida mente podemos dizer em um primeiro momento que moral é um conjunto de normas e regras criadas por um grupo social e que determinam o nosso comportamento em sociedade Os ensinamentos sobre o que é família amor sexo religião política sociedade e todos os outros campos que permeiam a realidade de um grupo são constituídos por regras padrões de ideias e ações O sujeito moral é aquele que age bem ou mal de acordo com essas regras e ações de determinado grupo e período Entretanto o conceito de moral não termina aqui Lembremonos que os valores morais são herdados conforme o grupo no qual somos introduzidos e que possui suas regras próprias Conforme as rela ções sociais se alteram as regras morais também redefinemse e se adequam às necessidades de cada época e cultura Ou seja elas não são eternas pois suas transformações acontecem conforme as necessidades de cada contexto Imagine uma partida de futebol as regras para o jogo acontecer são claras Quem entra em campo para jogar sabe que não deve fazer gol contra nem pegar a bola com as mãos durante a partida Quem não cumpre as regras é advertido ou em casos extremos expulso do jogo pelo juiz Na vida em so ciedade é a mesma coisa pois enquanto membros de um grupo tornamonos responsável pelo funcionamento das regras uma vez que as aceitamos Talvez você diga eu não aceitei essa sociedade esses comportamentos atuais esses impostos esse estilo de vida Simplesmente aconteceu e eu me vejo aqui Damos continuidade à definição de moral Por mais que nem sempre sejamos consultados sobre os rumos da vida em sociedade os valores e os códigos de conduta presentes em seus mem bros possui uma parcela de nossa aceitação Entenda que quando aderimos a uma certa cultura compactuamos com as suas regras e seus valores O ato moral apesar de ser uma regra só pode existir na liberdade isto é quando o aceitamos e decidimos exercêlo Por mais que você não goste de Filosofia da Educação por exemplo você aceitou cumprir a carga horária desta disciplina para se graduar Apesar de achar absurdo o quanto as pessoas se ocupam com fofocas vida dos famosos programas de reality show etc você reproduz essa ideia quando julga o comportamento dos seus vizinhos de um desconhecido ou quando torna pública a vida particular de algum de seus desafetos UNICESUMAR 171 Percebe o quanto somos responsáveis pelos valores morais que nos represen tam O ser moral é um ato solidário pois envolve outras pessoas e afeta a vida daqueles que partilham da sociedade conosco Lembrese que os valores que lhe são caros podem desagradar a outras pessoas aquilo que os demais com preendem como importante e correto pode não o ser para você Neste aspecto a tolerância e o respeito são imprescindíveis para que saibamos conciliar nossa moral pessoal com a coletiva isto é social Isso ocorre porque criamos um compromisso com os demais membros de nosso grupo ao iniciarmos a nossa vida social Quando prometo pagar uma com pra quando faço minha matrícula em um curso ou até mesmo quando inicio um novo emprego ou um novo relacionamento afetivo etc Em todos esses casos existe uma relação de confiança e compromisso que deve ser honrada Por meio destes vínculos que criamos com os demais deixamos a infância e adentramos a vida adulta repleta de responsabilidades exigências e comprometimento com os outros ARANHA MARTINS 2009 Ser adulto não é fazer o que bem de seja mas é honrar os compromissos que foram aceitos tanto individual quanto coletivamente O mais interessante disso é que essa obrigação não ocorre de modo externo mas internamente somos acusados por nossa consciência daquilo que deve mos fazer ou do modo que devemos agir Por exemplo imagine que você esteja caminhando por uma rua e logo à sua frente se encontra uma senhora que descuidadamente deixou cair uma nota de 100 reais no chão Diante de uma situação como essa qual seria a sua primeira atitude Se o seu primeiro pensamento foi o de avisála sobre o dinheiro que aca bara de cair e lhe devolver a nota meus parabéns Sua consciência moral está bem treinada pois tal atitude está em conformidade com os valores que nossa sociedade prega como corretos Sem utilizar do pretexto de que quem perdeu foi descuidado ou de qualquer outra justificativa para se apossar do dinheiro a sua consciência foi a primeira a lhe cobrar daquilo que deveria ser feito sem que ninguém precisasse lembráloa Isso ocorre porque ao assumir o compromisso de cumprir com as regras sociais o próprio sujeito se impõe o cumprimento das normas que aprendeu desde pequeno demonstrando que a prática da moral não deve necessariamente ser sinônimo de coerção mas de liberdade das ações ARANHA MARTINS 2009 UNIDADE 5 172 Toda essa questão soa muito bem quando a observamos na teoria Sabe mos contudo que a prática da moral não é uma tarefa fácil tendo em vista que vivemos num mundo de muitas desigualdades Por diversas vezes vemos e ouvimos relatos de pessoas que justificam o seu descumprimento das regras morais porque passavam fome ou tinham qualquer outra necessidade que precisava ser sanada imediatamente Isso a fez roubar furtar ou agir contra aquilo que fora combinado entre todos num acordo coletivo Vários filósofos escreveram em especial os contratualistas Hobbes Locke e Rousseau sobre a necessidade da vida em sociedade mas que esta somente sobreviveria caso houvesse um pacto social que fosse capaz de unir todos os cidadãos em um único acordo Isso nos leva a pensar em qual seria o melhor caminho para continuarmos nossa vida em sociedade cumprindo com as regras morais mas de um modo que fosse acessível e confortável a todos Isso seria possível Como conciliar as necessidades particulares e as ques tões de cunho social que exigem padrões bem elaborados de regras que sir vam a todas as realidades As regras morais são sempre justas com aqueles que por vezes não conseguem se adequar aos seus padrões Quem precisa ser reavaliado os costumes morais ou o homem que neles não consegue se posi cionar Questões como estas são importantes para a sociedade geral para a escola e para a Filosofia que se aplica nela pois é neste espaço em que se valida o que se considera correto ou não nas relações sociais as quais se desenvolve rão no futuro Como forma de combate às práticas imorais isto é aquelas que ferem a sociedade como um todo mais que aplicar severas punições aos de sajustados que não se enquadram nos padrões morais o que se propõe aqui é um trabalho filosófico Após entendermos os meandros do contexto moral queremos pela ética identificar quais os caminhos que se fazem necessários para um ajuste da moral Devemos contudo perguntarnos o que é ética UNICESUMAR 173 Entendemos a ética não como uma resposta pronta mas como um olhar refle xivo sobre aquilo que tradicional e culturalmente fundamenta as ações morais Desse modo convém aprofundarmos nossa análise sobre esse conteúdo para compreendermos o papel da ética na relação com os pressupostos morais que compõem uma sociedade e posteriormente comparála com o conceito de lei Conforme dirá Candiotto 2010 existem algumas regras morais que são consideradas imprescindíveis para que a vida dos indivíduos e da sociedade possa fluir bem Por isso elas deixam o caráter moral para assumirem os traços de lei A diferença se encontra no tipo de julgamento que cada uma delas exercerá sobre o indivíduo CANDIOTTO 2010 O comentador continua a apresentar algumas diferenças entre estes dois conceitos Desse modo a fim de se tornar mais visível e didático os organizaremos em tópicos a Moral é um julgamento pautado naquilo que o indivíduo é ou aparenta ser O que a moral leva em consideração são os comportamentos pessoais do grupo ou da cultura que podem revelar os sujeitos em sua essência Muitas vezes o que está em jogo pode ser o modo como a pessoa se veste por exem plo de onde ela veio com quem ela anda os lugares que ela frequenta e as suas atitudes estas revelam quem ela é A lei por sua vez não se preocupa com a aparência de uma pessoa mas com aquilo que ela fez Nesse caso os indivíduos são julgados não tanto pelo que são mas em função daqueles atos considerados proibidos CANDIOTTO 2010 p 67 3 A ÉTICA E A RELAÇÃO COM A MORAL E A LEI UNIDADE 5 174 b Tanto a lei quanto a moral são prescritivas ou seja determinam verbal e textualmente o que é certo ou errado Por exemplo o código de conduta de uma empresa se encaixa num termo moral que é estabelecido tex tualmente entre ela e o colaborador A lei porém baseiase no exterior do sujeito e não em suas particularidades Diferentemente ocorre com a moral que por vezes fundamentase em questões subjetivas para se afirmar como o fato de alguém se vestir semelhante aos demais mem bros do grupo para encontrar aceitação neste c Outra questão importante é que a lei possui um prazo Após o cum primento da sentença estipulada ela se encerra Com a moral não funciona assim o seu julgamento é indeterminado Por exemplo al guém que já foi preso porém cumpriu com a sentença e se encontra em liberdade não possui mais nenhuma dívida com a sociedade pois a lei lhe foi aplicada O julgamento moral porém sobre seu passado poderá interferir em oportunidades futuras de emprego de relaciona mento e até mesmo de convivência social Mais que tratar a lei como uma forma de diferenciála da moral vale dizer que ela também é instrumentalizada pela ética no intuito de averiguar se o que ela determina é coerente com o princípio da dignidade e dos direitos hu manos Isso significa que ela também é questionada pela reflexão ética pois por vezes a lei pode se distanciar daquilo que é fundamental à vida humana privilegiando alguns grupos e negando o direito de outros Um exemplo muito marcante que podemos utilizar é o do Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos entre 1955 e 1968 que buscava o fim da segregação racial que cultural e legalmente era adotada em todo país Banheiros para brancos e para pessoas de cor escolas assentos em transportes públicos vagas em empresas comércios bares restaurantes e tantos outros lugares que de maneira legal adotavam tratamento dife renciado conforme a cor da pessoa AMARAL PINHO NASCIMENTO 2014 O sistema racista era autenticado na década de 80 pela Suprema Corte NorteAmericana com leis aplicáveis em todos os estados MOEH LECKE 2000 Foram necessários muitos embates políticos e a luta de ho mens e mulheres para que essas leis fossem revogadas o que não aconteceu de uma hora para outra mas levou anos UNICESUMAR 175 Depois do início do processo de dessegregação foi aprovada em 1957 uma Lei de Direitos Civis criando uma comissão cuja função seria investigar infrações aos direitos civis e também vio lações aos direitos de voto e em 1960 foi elaborada outra Lei de Direitos Civis visando garantir o voto negro mas ambas ainda enfrentaram a oposição sulista MOEHLECKE 2000 p 26 Martin Luther King Malcolm X e tantos outros negros que perderam a vida na luta por seus direitos mostramnos que por vezes as leis incorrem num erro ético e não conseguem atingir o ideal de preservação e manutenção da segurança e da vida de seus cidadãos Discutimos a moral e discorremos sobre a lei mas ainda não tratamos do significado de ética Passemos agora para a compreensão do que ela é e qual o seu papel em meio ao contexto social O que é ética A definição de ética é muito ampla podendo ser encontrada em diversos filósofos De modo geral ética é a reflexão filosófica sobre as noções e os princípios morais que fundamentam a vida social Estes princípios e noções dependem da concepção de ser humano tomada como ponto de partida por cada cultura e sociedade ARANHA MARTINS 2009 Numa retomada his tórica o primeiro a definir a ética como um saber filosófico foi Aristóteles 384 a C 322 a C Classificada por ele como um conhecimento prático a ética serve para nos auxiliar a compreender a melhor maneira para vivermos bem sem ferir os princípios da justiça Para isso é necessário que haja uma definição de bem para que a ética possa atuar CANDIOTTO 2010 Tal definição do que seja o bem ou então daquilo que é o correto nos é dado pela moral e pela lei Portanto a ética em Aristóteles é a investi gação do melhor modo de agir diante de uma moral eou lei estabelecida por determinado grupo Por isso para que ela exista fazemse necessárias a norma a regra moral e a legalidade que são características próprias da vida em sociedade UNIDADE 5 176 Para além da caracterização aristotélica convém sublinhar que a Ética é ainda uma reflexão propriamente filosófica no sentido de que não prescreve imediatamente o que é correto ou incorreto o que deve ou não deve ser feito aqui e agora Pelo contrário ela procura investigar por que devemos agir ou não desse ou daquele modo Sua função é esclarecer a respeito da melhor ação mas quem decide agir é o indivíduo À ética cabe argumentar por que do ponto de vista racional determinados princípios são mais va liosos que outros CANDIOTTO 2010 p 14 Cumprindo com a missão de ser um alerta para as nossas ações pessoais políticas e sociais a ética se enquadra no pensamento filosófico como a consciência racional que não se contenta em cumprir com aquilo que lhe é prescrito É por isso que o termo código de ética presente em alguns códigos de condutas de algumas empresas não é adequado Se a ética é componente da investigação filosófica a respeito das afirmativas morais e legais que temos em sociedade como poderia se constituir num código Para exemplificar de que modo a ética atua nas relações sociais utili zemos de um conto árabe que remete à figura do profeta Maomé em uma situação delicada A história conta que um homem inocente fugia de um grupo de criminosos que lhe perseguiam quando encontrou pelo seu ca minho o profeta Maomé sentado meditando Ao ver o profeta o homem correu em sua direção e suplicou para que lhe ajudasse a escapar daquele bando Calmamente o profeta olhou para o homem e lhe disse que o ajuda ria indicando que fugisse para o outro lado a fim de despistar aqueles que o perseguiam enquanto se levantava para se sentar em outro lugar diferente daquele onde estava Dado alguns instantes os bandidos apareceram e semelhante ao homem depararamse com o profeta que meditava Eles respeitosamente pedem li cença para lhe perguntar se havia passado por ali o homem que procuravam Neste momento o profeta parou para pensar um pouco e então respon deulhes pela verdade que possui minhas palavras afirmolhes que desde o momento que estou sentado aqui não vi ninguém passar Os bandidos se conformam com as palavras de Maomé e seguem o seu caminho adiante UNICESUMAR 177 Esta história já foi utilizada em diversas bancas de concursos para prefigurar o significado de ética e moral Você conseguiu perceber em que consiste o com portamento ético do profeta O profeta por sua posição de guru e modelo espiritual para a sua cultura tinha a obrigação moral de não mentir Diante de uma situação que colocava em risco uma vida inocente essa regra moral foi desafiada sendo necessário encon trar uma resposta adequada para ela Eis o dilema mentir para salvar uma vida ou falar a verdade para manter minha honra A resposta do profeta não fugiu da regra moral ao mesmo tempo em que não a afirmou de modo sentencioso Ele usou da ética pôsse a refletir para encontrar a melhor maneira de se posicionar No momento em que é questionado pelo bando sobre o paradeiro daquele que estava sendo procurado ele racionalmente encontrou o equilíbrio entre seu compromisso moral e a importância de se zelar por uma vida Ao explicar para aqueles indivíduos que desde o momento em que estava sentado ali ape sar de mudar a posição não havia visto ninguém com aquelas características descritas passar por ele Maomé soube ser ético sem ferir os princípios morais tampouco ficar cego diante dele Uma moral que desumaniza não pode ser considerada boa A tarefa da vida em sociedade e de seus preceitos deve ser a de defender o homem garantindo sua inclusão e acesso aos seus direitos Nestes casos a ética se torna essencial para que o homem não se torne prepotente desejando dominar o mundo com suas ideias sem levar em consideração o fato de que não somos os únicos a ocupar este planeta O papel da ética é o de pôr em xeque as verdades absolutas que permeiam as relações sociais fazendo do homem o protagonista de sua participação em seu grupo Sem se contentar com as respostas dadas a pessoa e oa profissional éticoa é aquelea que compreende quem é e aquilo que lhe é próprio em sua posição porém se atenta em dar respostas novas priorizando sempre a vida e o bemestar social Essa reflexão é tão importante que a ética deixou de ser um assunto somente da Filosofia e passou a ser discutida em diversas outras áreas criando parcerias com outras ciências e áreas de atuação É a chamada ética aplicada Vejamos na aula a seguir a ética aplicada em três ramos distintos Ela demonstra o quanto o papel que a ética desempenha é importante para tornar a vida em sociedade mais justa e equilibrada UNIDADE 5 178 Ao discorrermos sobre o conceito de ética vimos que ela atua como a consciên cia crítica do conhecimento sem deixar que os preceitos morais e as leis sejam criados sem qualquer tipo de reflexão sobre suas máximas Apesar da moral e da lei exercerem o papel de vigilantes dos princípios que resguardam a ordem social a ética serve para interrogálos acerca de suas verdades no intuito de en contrar um equilíbrio entre aquilo que posso e o que devo fazer Com o passar do tempo a atuação da reflexão ética se ampliou e passou a compreender não apenas os atos individuais isto é as opiniões particulares a interpretação dos valores morais enquanto pessoa e a visão subjetiva de mundo O mercado de trabalho e o processo de globalização tornaram o mundo um só e as decisões tomadas por um governo por exemplo tinham o poder de influenciar a vida humana e animal de todo o planeta Por este motivo faziase necessário o acesso de todos acerca das decisões que impactavam as relações humanas e a vida como um todo Muito mais que leis e imposições rígidas sobre o que é certo ou errado o de senvolvimento científicotecnológico comportamental e político exigiam refle xões mais detalhadas sobre as decisões a serem tomadas por aqueles que tinham o poder nas mãos Em outras palavras a raça humana não poderia mais ser refém dos interesses particulares presentes nas guerras nas pesquisas nas relações de trabalho e ambientais Neste momento temse a ideia de uma ética aplicada 4 ÉTICA APLICADA BIOÉTICA ÉTICA EMPRESARIAL ÉTICA AMBIENTAL UNICESUMAR 179 A ética aplicada é um ramo contemporâneo da Filosofia e sua função é gerar um diálogo referente às questões práticas que exigem uma argumentação racio nal Seu início se deu a partir dos acontecimentos do século XX como as guerras mundiais o uso de armas nucleares em combates e consequentemente a morte em massa de grupos e nações Tais situações exigiam uma reflexão a respeito do valor da vida humana e o modo como o próprio homem se tornou o seu maior inimigo Com isso a ética aplicada questiona por exemplo o risco da manipu lação genética os cuidados que devem ser tomados com o meio ambiente as causas da pobreza em determinadas regiões do planeta e o excesso de riquezas em outras a injustiça e a desigualdade social ARANHA MARTINS 2009 Constatouse a partir de 1960 a necessidade de uma nova consciência global O homem não era o dono do planeta apesar de ter acreditado nisso por séculos Seus atos haviam devastados diversas populações de outras espécies alterado o clima do planeta contaminado as águas de rios com suas armas químicas tudo isso sem qualquer reflexão e preocupação coletiva O homem precisava se tornar responsável por seus atos sendo a ética aplicada o campo de conhecimento filosófico capaz de ajudálo nesta tarefa A partir deste momento a ética saía da reflexão subjetiva ou seja de uma consciência particular para permear as relações coletivas o pensamento de empresas de grupos de go vernos etc ARANHA MARTINS 2009 A ética aplicada se estende às diversas áreas do conhecimento Vejamos algumas delas a seguir A bioética A bioética é uma ciência híbrida a qual reúne o pensamento hu manístico com o científico Seu surgimento se deu na década de 70 pelos trabalhos publicados por um professor norteameri cano chamado Van Rensselaer Potter O objetivo dessa ciência é identificar até que ponto a in tervenção humana sobre a vida e ou a formulação dessa é aceitável Figura 2 Reprodução Assistida Fonte Wikimedia Commons 2013 online7 UNIDADE 5 180 JUNQUEIRA 2007 Nela discutese questões como a manipulação do ge noma humano a escolha do sexo do bebê antes mesmo de seu nascimento a clonagem humana a produção de vegetais híbridos e de outros alimentos que tenham alterações em seu genoma a fecundação in vitro e a comercialização e exportação de espécies de animais para regiões que não são de sua origem ou seja a biopirataria Todas estas questões são abordadas pela bioética no intuito de diminuir os impactos que ações de transformações tão profundas poderiam causar na vida em sociedade e até mesmo no nosso planeta Imagine você tendo a possibilidade de escolher qual seria a cor dos olhos de seu filho o tom da sua pele ou o nível de sua capacidade de raciocínio tudo isso antes de ele nascer Ou então poder ter acesso a uma fruta que contenha reunida em seu DNA todos os nutrientes de uma refeição completa Aparentemente tudo isso seria incrível não é Mas seria bom Todos teriam acesso a estas novidades No caso da fruta híbrida por exemplo o que aconteceria com os demais agricultores e produtores de alimentos Parariam de produzir O mercado alimentício se desequilibraria Ou então no caso de uma criança modificada geneticamente conforme o desejo dos pais você já imaginou como seria concorrer a uma vaga de emprego ou da faculdade com uma pessoa que tenha nascido com vantagens intelectuais produzidas por intervenção da ciência Não estaríamos criando uma raça melhorada que ao ser considerada superior encontraria privilégios sobre as provas da vida Pode parecer exagero mas se não fosse pela intervenção de pesquisadores como Potter que se ocupassem em refletir sobre os benefícios e malefícios do uso desenfreado das possibilidades ou dos ideais científicos nossa sociedade sofreria ainda mais com as desigualdades que a permeiam Certamente a ciência não se resume em previsões trágicas como as que foram elencadas anteriormente Ao mesmo tempo em que há riscos a serem considerados os benefícios também são empolgantes Por exemplo a possi bilidade de alterar o genoma humano para que doenças hereditárias sejam erradicadas seria uma conquista histórica e que beneficiaria a todos A cautela contudo por parte da ética aplicada não é em vão Ao agir desse modo essa ciência cumpre com o seu papel e permite que a ciência e a humanidade reflitam sobre seu posicionamento antes de qualquer sentença UNICESUMAR 181 Ética ambiental Outro ramo da ética aplicada é a ética ambiental Sua temática é muito moderna e tem encontrado sucesso na adesão tanto das empresas quanto das pessoas É comum nos depararmos com propagandas comerciais e banners de empresas que ressaltam que o seu diferencial está no cuidado com o meio ambiente e na preservação da natureza Tudo isso teve início com a reflexão ética A ética ambiental trata dos meios de se preservar e racionalizar os recursos naturais que são finitos e portanto não devem ser desperdiçados no intuito de atenderem aos meros interesses econômicos que movem a sociedade atual Sem se limitar a uma reflexão sobre os ecossistemas o que se avalia é o modo como o homem tem interagido com o meio ambiente COUTINHO 2009 A cultura do consumo em excesso o uso constante de agrotóxicos para produ ção de alimentos o desmatamento e a poluição de rios transformandoos em esgotos a céu aberto a diminuição de espécies importantes para o equilíbrio do planeta etc Todos estes fatores devem ser repensados e questionados pela ética ambiental Por mais distante que possa aparentar os agravos cometidos contra a na tureza incidem diretamente na vida humana inclusive na sociedade Infe lizmente uma das últimas notícias que nosso país presenciou referente aos descuidos ambientais foi no início do ano de 2019 o desmoronamento da barragem da empresa Vale na cidade de BrumadinhoMG Outro triste exem plo foram os incêndios criminosos por toda a extensão da floresta amazônica a fumaça das queimadas pôde ser vista até no sul do país tapando a luz solar e deixando os dias nublados Estes fatos evidenciam o quanto os interesses privados de lucro e enriquecimento ilícito podem ser fatais quando sobre postos à vida humana e animal A manutenção inadequada e a fraude nos laudos técnicos das barragens por exemplo teriam causado a tragédia que acometeu a cidade de Brumadinho por isso os profissionais responsáveis pela averiguação foram presos mas depois soltos como nos mostra a reportagem realizada na época UNIDADE 5 182 Os laudos são assinados por profissionais da Vale e Tüv Süd Entre os responsáveis por parte da companhia alemã estão os engenhei ros Makoto Namba e André Yassuda Eles foram presos na semana passada suspeitos de crimes ambientais falsidade ideológica e ho micídio O advogado dos dois engenheiros anexou os relatórios no pedido de liberdade feito à Justiça mineira para tentar mostrar que Namba e Yassuda cumpriram com suas responsabilidades profis sionais e apontaram a situação da barragem A defesa recorreu ao Superior Tribunal de Justiça STJ GAZETAWEB 2019 online8 Por esta razão o desenvolvimento sustentável se faz imprescindível Isso significa que o progresso das tecnologias deve estar alinhado às necessidades do planeta sem ferir os seus recursos mas sim harmonizar a fragilidade e as necessidades da existência humana com o ambiente no qual estamos inseridos COUTINHO 2009 Este trabalho pode ser desenvolvido na parceria entre governos e empresas privadas o que nos leva à terceira expressão da ética aplicada a ética dos negócios Ética dos negócios A ética dos negócios levanta questões sobre a responsabilidade social das empre sas Ou seja por mais que uma empresa não seja pública ela possui o dever de contribuir com a sociedade que a sustenta garantindo que seus negócios tenham preocupações e responsabilidades além do lucro Na década de 60 o norteamericano Baumhart fez uma pesquisa com 200 em presas e descobriu que faltava nelas a capacidade de humanização A técnica e a ânsia por resultados melhores em relação às concorrentes não permitiam que enxergas sem as pessoas que compunham os seus quadros de funcionários20 anos depois Touche Ross fez outra pesquisa com 8180 executivos e percebeu que quanto maior a desvalorização das culturas e da sociedade como a família os valores da vida em grupo os momentos de aprendizado e entretenimento mais frequente se tornava o desaparecimento das relações éticas no trabalho ARRUDA 1989 UNICESUMAR 183 Isso se dava pelo fato da pressão pela competição e o alcance das melhores metas e maiores lucros impedirem que os princípios éticos humanos e solidá rios fossem levados em consideração num acordo de negócios Os resultados foram o aumento do número de funcionários doentes a queda na produti vidade e o baixo desempenho geral por parte dos grupos mais competitivos ARRUDA 1989 A partir desta constatação a ética nos negócios começou a ganhar espaço valorizando não somente os tipos de negociação que a em presa assume para si como também o cuidado com os funcionários e o seu bemestar como estratégia para manter bons profissionais alto desempenho e pessoas saudáveis em seu quadro de funcionários Estes são os efeitos da reflexão ética quando aplicada na realidade de tra balho na cultura e na busca por respostas sobre a vida humana Utilizando deste princípio garantese a liberdade do homem enquanto ser pensante ao mesmo tempo em que une as ciências humanas com as demais entendendo que o papel desempenhado por cada uma delas é o bemestar do homem e a sua integridade Tais fatores contribuem para uma vida mais equilibrada entre nós seres humanos e o restante da natureza Em uma democracia como a nossa a lei é algo estabelecido pelos representantes eleitos pelo povo Sua função é tornar a vida social mais harmônica capaz de gerar resultados de ordem e equilíbrio em que todos são assistidos de maneira igualitária A diferença entre moral e lei está sobretudo no prazo e no modo de execução Ninguém vai preso por se relacionar afeti vamente com mais de uma pessoa mas será julgadoa pela moral do grupo como alguém de comportamento inapropriado Este é um dos exemplos do modo como a moral se expressa No caso de um crime a lei é aplicada porém tem um prazo de início e de término Para a moral o julgamento pode durar eternamente principalmente se o caso for divulgado pelas mídias sociais e se tornar o assunto do dia Enquanto os holofotes da memória popular não forem apagados o culpado será assim considerado por vários anos Fonte o autor explorando Ideias UNIDADE 5 184 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade vimos o conceito de valores morais e os princípios de sua identidade Nesta análise estudamos que todos nós ao nascermos somos inseridos dentro de uma comunidade uma cultura na qual se exercem deter minados comportamentos e códigos de conduta cabendo a cada indivíduo o dever de assimilálos ao longo da vida Este processo de assimilação ocorre geralmente em três grandes etapas Na primeira recebemos os valores que herdamos culturalmente sem sermos questionados da nossa concordância em relação a eles No segundo momento somos avaliados sobre nosso comportamento frente a tais regras e no terceiro recebemos bônus ou punições conforme o nosso comportamento Em seguida definimos o significado de moral e aprendemos que ela é um conjunto de normas e regras criadas por um grupo social A moral não é imutável e sua aplicação é o que regula a vida em sociedade cabendo a cada um a tarefa de cumprila no intuito de pertencer ao grupo Vimos também a relação que existe entre a moral a ética e a lei Esta referese aos preceitos morais indispensáveis à vida plena em sociedade elas se tornam instrumentos de moralidade elevadas ao extremo devido à sua importância para o bemestar social A diferença entre a lei e a moral reside no fato de que a moral não tem prazo de validade julga a aparência o superfi cial enquanto a lei é objetiva visa ao ato No intuito de não chegarmos diante das leis e das regras morais surge a reflexão ética isto é a busca constante da reflexão a fim de tornar o homem responsável por seus atos e escolhas não apenas uma peça no jogo das relações sociais Por fim aprendemos a ética aplicada e o modo como ela atua nos diversos segmentos sociais em especial na biologia nas empresas e no meio ambiente Em cada uma dessas realidades a ética busca a reflexão mais adequada frente às necessidades do homem e a relação que este estabelece com o meio de maneira harmoniosa e sustentável 185 na prática 1 Depois do início do processo de dessegregação foi aprovada em 1957 uma Lei de Direitos Civis criando uma comissão cuja função seria investigar infrações aos direitos civis e também violações aos direitos de voto e em 1960 foi elaborada outra Lei de Direitos Civis visando garantir o voto negro mas ambas ainda enfrentaram a oposição sulista MOEHLECKE 2009 p 26 O Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos representa bem o quanto o processo de reflexão a respeito de comportamentos afirmativas e instituição de leis necessita ser pensado com cautela tendo em vista que o direito positivo busca melhorar a vida de toda a sociedade e não somente de uma parcela dela Frente a essa reflexão por que a ética se torna importante no questionamento das leis a A ética é de suma importância para a instauração das leis Olhando para as ideias gregas de filósofos como Aristóteles o legislativo compreenderá que toda lei precisa passar por um processo filosófico para depois ser aprovada b A ética cumpre com o papel histórico de sempre nos fazer lembrar das civili zações antigas Gregos e romanos são bons exemplos de como as leis devem equilibrar a vida do indivíduo e lhe dar as condições necessárias para ser virtuoso e cumprir com aquilo que a sociedade espera dele c A ética cumpre com o papel de nos fazer refletir que por vezes as leis incorrem num erro ético e não conseguem atingir o ideal de preservação e manutenção da segurança e da vida de seus cidadãos d Nenhuma ética pode existir se não for por uma lei assim como nenhuma lei é capaz de ser justa se não cumprir com princípios éticos Portanto uma depende da outra para se fazerem efetivas e A lei se utiliza da ética no momento em que se depara com algum fato que lhe faça ter dúvidas A função da ética portanto para a lei é permitir a tomada da decisão mais assertiva sendo a ética um guia que indica o comportamento mais correto ou não 2 Para além da caracterização aristotélica convém sublinhar que a Ética é ainda uma reflexão propriamente filosófica no sentido de que não prescreve imediatamente o que é correto ou incorreto o que deve ou não deve ser feito aqui e agora Pelo contrário ela procura investigar por que devemos agir ou não desse ou daquele modo CANDIOTTO 2010 p 14 A ética é constantemente confundida com a moral por isso a necessidade de esclarecer qual o seu papel e de que modo ela 186 na prática deve ser interpretada e considerada Apesar de não existir somente uma definição de ética podemos afirmar que ela se expressa da seguinte maneira I A ética esclarece a respeito da melhor ação mas quem decide agir é o indivíduo II Ela possui em sua essência a verdade filosófica e sua resposta inquestionável III Toda ética é conduzida como resposta final conclusão mas nunca como dúvida pois sua principal característica é a certeza de suas afirmativas IV À ética cabe argumentar do ponto de vista racional por que determinados princípios são mais valiosos que outros Estão corretas as afirmativas a I e IV b I III e IV c II e IV d II III e IV e IV 3 Ao analisar os fatos sobre a tragédia de BrumadinhoCMG percebese o mau uso dos recursos naturais o descaso com a manutenção periódica dos instrumentos das barragens e de outros materiais de suporte para o desenvolvimento industrial bem como a preservação ambiental Diante desse fato seria verdadeiramente possível uma relação saudável entre natureza e desenvolvimento científico e tecnológico I O desenvolvimento sustentável do meio ambiente é uma realidade possível tratase da principal motivação da ética ambiental II Tecnologia e natureza podem não ter proximidade porém utilizando dos re cursos certos é possível extrair muitas riquezas da natureza e até mesmo encontrar por meio de escavações minérios ainda desconhecidos que bem manuseados gerarão lucro para mais pesquisas III A possibilidade de um trabalho com a natureza de modo sustentável pode ser desenvolvida em parceria com governos e empresas privadas IV Nem sempre a falta de manutenção pode ser considerada irresponsabilidade da empresa É preciso lembrar que os fatores naturais também interferem na qualida de e no consumo dos instrumentos de trabalho causando acidentes e imprevistos 187 na prática Estão corretas as seguintes afirmativas a I e IV b I e III c I e II d II e IV e II e III 4 A ética é um saber prático e sua aplicação se dá em situações do cotidiano Por sua necessidade e urgência nas relações sociais vimos que ela se relaciona com outros saberes formando um conhecimento híbrido e possível de ser aplicado Com base nessa premissa assinale V para verdadeiro e F para falso ao que cor responde à ética dos negócios Na década de 60 o norteamericano Baumhart fez uma pesquisa com 200 em presas e descobriu que faltava nelas a capacidade de humanização A ética dos negócios surge como uma maneira de diminuir a competição das empresas levando os funcionários a terem maiores condições de escolha pelas empresas mais humanizadas Todas as empresas são obrigadas a ter em seu corpo de trabalho um profissio nal de ética geralmente um filósofo responsável por averiguar os documentos institucionais e a qualidade das relações internas A ética dos negócios se preocupa em manter o cuidado com os funcionários e o seu bemestar como estratégia para manter bons profissionais alto desem penho e pessoas saudáveis em seu quadro de funcionários A ética dos negócios levanta questões sobre a responsabilidade social das em presas Por mais que uma empresa não seja pública ela possui o dever de con tribuir com a sociedade que a sustenta garantindo que seus negócios tenham preocupações que vão além do lucro 188 na prática A sequência correta das afirmativas está em a V F F F e V b F F V V e F c F V F V e V d V V V F e F e V F F V e V 5 A reflexão ética aplicada à bioética é um avanço em termos de valorização e digni dade humana Caminhando em conjunto com os direitos humanos e a priorização da vida tal ciência possui um objetivo específico Qual seria este objetivo a Garantir que as ciências biológicas não superem a autoridade humana sobre a vida Para que o homem garanta sua soberania sobre o conhecimento é impres cindível que haja um controle ético sobre aquilo que se descobre a fim de que tal pesquisa não supere a capacidade humana e a domine b A bioética possui o intuito de diminuir os impactos que as ações de transforma ções tão profundas a nível biológico poderiam causar na vida em sociedade e até mesmo no nosso planeta c A bioética foi inaugurada no ano de 1984 e desde este momento sua intenção foi promover a igualdade das espécies e o respeito da raça humana com os demais animais d Bioética é a ciência que trabalha em conjunto com as teorias filosóficas Suas pesquisas ocorrem conforme os indícios deixados por filósofos cientistas por exemplo Tales de Mileto Arquimedes e Hipócrates de Cós e A bioética é uma das especializações das ciências médicas e biológicas com o intuito de extrair da natureza as melhores possibilidades de evolução celular microcelular e embrionária porém sem agredir os valores que priorizam a vida humana animal e vegetal 189 aprimorese UM GESTOR TEMPERAMENTAL Imagine que uma empresa contrate um novo gestor na área comercial com a expec tativa de que as vendas aumentem No início do trabalho até parece que isso vai acontecer mas com o passar do tempo os resultados alcançados ficam cada dia mais distantes das metas Mesmo o gestor sendo um profissional com um excelente currículo comprometido trabalhador e responsável infelizmente tudo isso não é suficiente é preciso atingir as metas Mas por que será que o gestor ainda que bem qualificado não conseguiu atingir as metas Ele não sabe E quando é demitido tem uma sensação terrível mas mes mo assim tenta não se sentir um fracassado Acredita que bons profissionais não ficam desempregados e é consciente de seu valor e de seu potencial Por isso pre parase para procurar um novo emprego Atualiza seu currículo envia para diversas empresas e se cadastra em alguns sites Quando é chamado para alguma entrevista busca conhecer a empresa para se sentir mais preparado Pensa que não ter conseguido bons resultados não é mo tivo para desanimar Porém está consciente que se não der certo dessa vez sua carreira correrá sérios riscos Consegue uma vaga na área comercial e após alguns meses aumenta as vendas significativamente Procura defender os interesses da Empresa onde trabalha para que tenha lucratividade mas também consegue defender os interesses dos clientes junto a Empresa É muito bom negociador e tem a empatia como ponto forte de suas características Depois de um tempo na empresa recebe uma reclamação de seu principal cliente Verifica o que aconteceu e descobre que a reclamação procede o setor de produção co meteu um erro Resolve ir até a produção para informar o que havia ocorrido e preparar o pessoal para que corrijam o problema Chama algumas pessoas da equipe de produ ção para discutirem a melhor solução e à medida que explica o que aconteceu aumenta seu nervosismo Não consegue entender como cometeram aquele erro e justamente com seu principal cliente Sem conseguir dominar seus sentimentos quando menos se espera grita com o funcionário que ele acredita ter cometido o erro Depois de dizer tudo 190 aprimorese que acha ser importante acalmase um pouco e volta para suas atividades Quando explode o gestor temperamental acredita que está com a razão e não per cebe que sua forma de falar magoa as pessoas Em alguns casos ele briga com pessoas que são peçachave na Empresa funcionários daqueles que são difíceis encontrar outro com tamanha competência Um daqueles que é preciso fazer de tudo para não o perder O pior da atitude do gestor é que quando o funcionário comete algum erro ele chama a atenção do profissional na frente de seus colegas e de uma forma que nem lhe permite se justificar Aí por medo de errar e ser chamado a atenção novamente o profissional deixa também de tomar novas atitudes tentar inovar Isso porque sabe que se cometer qualquer erro acabará vendo uma explosão do gestor e se recebe uma repreensão sentese arrasado A alta direção toma conhecimento do acontecido e como acreditam que é possível conseguir resultados positivos sem impor nada mostra ao gestor que ele não está agin do de acordo com os valores da organização Avisam que mesmo vendendo muito isso não é suficiente para o gestor permanecer na empresa Resolvem então darlhe uma última oportunidade O gestor pensa o que fazer Sem resultados é demitido Com resultados também corre o risco de ser demitido mais uma vez Ao analisar bem o problema descobre que atualmente a liderança na base do co mando e controle não obtém o mesmo resultado de há alguns anos Seus pensamentos se articulam e se refletem nas seguintes questões 1 Quando o líder comete um erro deve ou não pedir perdão O reconhecimento do erro ajuda na recuperação da dignidade e na mudança de atitude 2 Quem pretende ser um vencedor na vida como deve encarar seus erros 3 Os erros dos subordinados justificam o erro do líder 4 Como evitar a reação por impulso e refletir sobre a solução mais adequada com a cabeça fria 5 Como motivar os subordinados Como prestigiálos e desafiálos 6 Como corrigir os erros dos subordinados Fonte Jordão 2010 online9 191 eu recomendo Ética abordagens e perspectivas Autor Cesar Candiotto org Editora Champagnat Sinopse as contribuições apresentadas são de significativa pro fundidade teórica seriedade intelectual e preocupação com o leitor Alunos e professores de Ensino Médio estudantes e pes quisadores universitários bem como leitores ainda pouco fami liarizados com as abordagens e perspectivas da Ética encontram pistas para uma promissora análise conceitual um diagnóstico da situação atual e um crescimen to pessoal O caráter didático é explicitado não somente na linguagem utilizada mas também na estrutura dos textos os quais após detalhado desenvolvimento oferecem fragmentos questões para a reflexão e debate sugestões de leitura e quando for o caso sugestão de filmes livro Laranja Mecânica Ano 1971 Sinopse Alex é um jovem rebelde extremamente violento e alheio a regras sociais Porém após matar uma senhora é preso e recebe um tratamento inovador ele passaria a ser condiciona do a não fazer o mal Sempre que pensasse em praticar um ato que afronte o status quo ele sofreria espasmos de dor que o forçariam a não fazer Assim Laranja Mecânica entra para a his tória do cinema ao trabalhar uma das questões morais mais importantes o que é o ser humano sem o livre arbítrio Se não podemos escolher como agir como podemos nos considerar seres livres na acepção mais profunda da palavra Uma ótima ferramenta para se pensar este tema filme Trago para você um episódio do programa Café Filosófico Nele temos uma aula sobre ética a sua diferenciação e a sua relação com o cotidiano apresentada pelos professores Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho Confira httpswwwyoutubecomwatchv9YnlPXKlLU conectese 192 conclusão geral conclusão geral 192 conclusão geral conclusão geral Caroa alunoa na disciplina de Filosofia da Educação discutimos os conceitos centrais que regem tal conteúdo dando ênfase em algumas áreas no intuito de apresentar o modo como as ideias filosóficas dadas à educação consolidaram se ao longo da história Vimos na Unidade 1 o conceito geral de Filosofia de Educação e por fim o signi ficado de Filosofia da Educação Observamos que a atuação do filósofo no campo pe dagógico fazse por meio da problematização da realidade educacional porém numa perspectiva inovadora Mais que lidar com as questões que regem o cotidiano escolar o filósofo da Educação para trabalhar busca novas maneiras de realizar o trabalho de formação sempre de forma crítica e atenta aos movimentos de sua época Na Unidade 2 analisamos algumas correntes filosóficas no intuito de apresentar a multiplicidade de tais ideias porém todas destinadas a darem respostas que tives sem como fundamento o teor crítico do ser filosófico Na sequência na Unidade 3 ocupamonos em demonstrar como a Filosofia utilizou do campo pedagógico para justificar suas considerações Por meio de alguns filósofos clássicos estudamos o pa pel transformador que o pensar sobre a Educação promove nas ideias filosóficas e viceversa Na Unidade 4 nosso foco foi a Filosofia da Educação no Brasil e o modo como tal disciplina se instaurou nos cursos de pedagogia e licenciatura em nosso país Em se guida debatemos a respeito da Filosofia da Educação na formação docente e a forma como ela se reproduz em sala de aula Tendo como referencial o modelo pedagógico de Paulo Freire identificamos os movimentos da Educação e como eles contribuem na formação de cidadãos libertos e humanizados Isso quando a nossa ação pedagó gica se expressa a partir de valores condizentes com o ideal democrático de Educação Por fim na Unidade 5 detemonos na investigação dos pressupostos éticos de finindo conceitos como moral ética e lei a fim de diferenciálos e perceber o modo como cada um atua em nossa vida e profissão acompanhados de um saber ético prático ou seja a apresentação da ética aplicada referências 193 AGOSTINHO S Confissões S l s n 2007 AGUIAR T B P de WELLER W Filosofia da Educação no Brasil a trajetória de uma disciplina e sua constituição como campo de pesquisa In ENCONTRO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO CENTRO OESTE REUNIÃO CIENTÍFICA REGIONAL DA ANPED 13 2016 Brasília Anais Brasília Universidade de Brasília Anped 2016 ALBUQUERQUE M B B Filosofia da Educação uma disciplina entre a dispersão de conteúdo e a ausência de identidade Perspectiva Florianópolis v 16 n 29 p 4561 janjul 1998 ALMEIDA R M de Tomás de Aquino o homem como um composto de corpo e alma In SGANZERLA A VALVERDE A J R FALABRETTI E org Natureza humana em movimento ensaios de antropologia filosófica São Paulo Paulus 2012 p 4150 ALVES J D O Educação e política em JeanJacques Rousseau 17121778 2019 143 f Dis sertação Mestrado em Educação Centro de Ciências Humanas Letras e Artes Universidade Estadual de Maringá Maringá 2019 ALVES R Filosofia da Ciência introdução ao jogo e a suas regras São Paulo Loyola 2012 AMARAL S C de S PINHO L G NASCIMENTO G do Os anos 60 e o movimento negro nor teamericano uma década de elevação de consciência eclosão de sentimentos e mobilização social Revista Científica Internacional v 1 n 30 p 182197 julset 2014 ARANHA M L de A Filosofia da Educação 2 ed São Paulo Moderna 1996 ARANHA M L de A MARTINS M H P Filosofando introdução à Filosofia 4 ed São Paulo Moderna 2009 ARANHA M L de A MARTINS M H P Filosofando introdução à Filosofia Volume único 6 ed São Paulo Moderna 2016 ARAÚJO R M L O Marxismo e a Pesquisa Qualitativa como Referências para Investigação so bre Educação Profissional In ARAUJO R M de L RODRIGUES D do S org A Pesquisa em Trabalho Educação e Políticas Educacionais v 1 1 ed Campinas Alínea 2012 p 156186 ARIÈS P História social da criança e da família 2 ed Rio de Janeiro Guanabara 1986 ARRUDA M C C de A ética nos negócios Revista de Administração de Empresas São Pau lo v 29 n 3 p 7380 julset 1989 BAYLE P Hobbes In BAYLE P Dictionnaire Historique et Critique 4 ed Paris Flammarion 1982 BERGO A C O positivismo Caracteres e Influência no Brasil Reflexão n 25 p 4697 jan abr 1983 referências 194 BORDIN R A MELO J J P A Filosofia de Sócrates enquanto ação pedagógica In JORNADA DE ESTUDOS ANTIGOS E MEDIEVAIS 11 2012 Maringá Anais Maringá UEM 2012 BOTO C Instrução pública e projeto civilizador o século XVIII como intérprete da ciência da infância e da escola São Paulo Unesp 2017 BRAGA L F Impactos da aprendizagem da Filosofia no ensino médio sobre a formação filosófica do pedagogo um estudo de caso na UFPA 2017 153 f Tese Doutorado em Educa ção Universidade Nove de Julho São Paulo 2017 BRANDÃO C R O que é Educação São Paulo Brasiliense 2005 BRASIL Lei n 9394 de 20 de dezembro de 1996 Estabelece as diretrizes e bases da edu cação nacional Disponível em httpswww2camaralegbrleginfedlei1996lei939420de zembro1996362578publicacaooriginal1plhtml Acesso em 27 jan 2020 CAMBI F História da pedagogia São Paulo Unesp 1999 CANDIOTTO C Ética Abordagens e perspectivas Curitiba Champagnat 2010 CARVALHO A D de Filosofia da Educação e contemporaneidade entre a crise a esperança In SEVERINO A J ALMEIDA C R S de LORIERI M A Perspectivas da Filosofia da Educa ção São Paulo Cortez 2011 p 4660 CARVALHO A F de Foucault e a crítica à institucionalização da Educação implicações para as artes de governo Proposições São Paulo v 25 n 2 p 103120 maioago 2014 CASSIRER E A questão JeanJacques Rousseau São Paulo Unesp 1999 CERQUEIRA D C et al Atlas da violência 2018 Rio de Janeiro Ipea FBSP 2018 Disponível em http repositorioipeagovbrbitstream1105883981Atlas20da20violc3aan cia2018pdf Acesso em 27 jan 2020 CHAUÍ M Convite à Filosofia São Paulo Ática 2000 COMTE A Discurso sobre o Espírito Positivo 2 ed São Paulo Abril Cultural 1983 COSTA S P M Idealismo e materialismo na história Revista de Ciências Humanas Florianó polis v 45 n 2 p 355391 out 2011 COTRIM G PARISI M Fundamentos da Educação história e Filosofia da Educação São Pau lo Saraiva 1984 COUTINHO G A A ética ambiental na sociedade contemporânea Revista Eletrônica Direito e Política Itajaí v 4 n 1 2009 CUNHA M P CUNHA J V da Tese síntese antítese contributos para uma teoria dialéctica das organizações Revista de Administração Contemporânea v 3 n 3 p 736 dez 1999 Disponível em httpdxdoiorg101590s141565551999000300002 Acesso em 2 dez 2019 referências 195 ECCO I NOGARO A A Educação em Paulo Freire como processo de humanização In CON GRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 11 2013 Curitiba Anais Curitiba Educere 2013 ESCOLA J J J Paulo Freire e Gabriel Marcel pedagogia da comunicação como prática de emancipação In SEVERINO A J ALMEIDA C R S de LORIERI M A org Perspectivas da Filosofia da Educação São Paulo Cortez 2011 p 200207 FOUCAULT M Dits et Écrits v 4 Paris Gallimard 1994 FREIRE P Ação cultural para a liberdade e outros escritos Rio de Janeiro Paz e Terra 2011 FREIRE P Pedagogia do Oprimido 3 ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1975 GHIRALDELLI JUNIOR P Filosofia da Educação São Paulo Ática 2007 HOBBES T O Leviatã Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva S l s n s d Disponível em httpwwwdhnetorgbrdireitosanthistmarcoshdhtho mashobbesleviatanpdf Acesso em 2 dez 2019 JUNQUEIRA C R Bioética conceito contexto cultural fundamento e princípios In RAMOS D L P Bioética e ética profissional Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2007 p 2234 KOHAN W O Infância e Educação em Platão Educação e Pesquisa São Paulo v 29 n 1 p1126 janjun 2003 LA SALLE J B de Obras Completas v 1 Canoas Unilasalle 2012a LA SALLE J B de Obras Completas v 3 Canoas Unilasalle 2012b LEBRUM G Transgredir a finitude In RIBEIRO R J org Recordar Foucault São Paulo Brasiliense 1985 p 923 LECLERC G Sociologia dos intelectuais São Leopoldo Unisinos 2004 LEITE F Kant e o Idealismo Alemão Revista Ágora Filosófica Pernambuco v 1 n 2 p 1627 2016 Disponível em httpdxdoiorg1020399p1982999x2016v1n2pp1627 Acesso em 2 dez 2019 LEONEL Z Contribuição à história da escola pública elementos para a crítica da teoria liberal da educação 1994 258 f Tese Doutorado em Educação Universidade Estadual de Campinas Campinas 1994 LEUBET Â E et al Contribuições de João Batista de La Salle para a constituição da escola mo derna Revista Brasileira de História da Educação Maringá v 16 n 4 p 3263 out 2016 LIBÂNEO J C Tendências pedagógicas na prática escolar In LIBÂNEO J C Democratização da Escola Pública a pedagogia críticosocial dos conteúdos São Paulo Loyola 1992 referências 196 LIMONGI M I Hobbes o homem lobo do homem o homem Deus do homem In SGANZERLA A VALVERDE A J R FALABRETTI E org Natureza humana em movimento ensaios de antropologia filosófica São Paulo Paulus 2012 p 6271 LOCKE J Alguns pensamentos acerca da Educação Cadernos de Educação Pelotas v 14 n 2 p 165172 janjun 2000 MANACORDA M A História da Educação da antiguidade aos nossos dias 13 ed São Paulo Cortez 2010 MARCON T Educação e democracia formação política para a convivência em uma sociedade plural Roteiro v 40 n 2 p 377394 26 out 2015 MATTHEWS G B Santo Agostinho a vida e as ideias de um filósofo adiante de seu tempo Rio de Janeiro Zahar 2007 MAZOTTI T B Filosofia da Educação uma outra Filosofia Perspectiva Florianópolis v17 n 32 p 532 juldez 1992 MEDEIROS E O A Educação como projeto de desenvolvimento integral ser pessoa em for mação e participação na comunidade In SEVERINO A J ALMEIDA C R S de LORIERI M A org Perspectivas da Filosofia da Educação São Paulo Cortez 2011 p 99117 MENEGHETTI R C G O realismo e o idealismo focalizando o conhecimento matemático In FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA NO CONE SUL 3 Campinas Anais Campinas AFHIC 2004 p 371377 MESQUIDA P Comte a humanidade como religião In SGANZERLA A VALVERDE A J R FALABRETTI E org Natureza humana em movimento ensaios de antropologia filosófica São Paulo Paulus 2012 p 153163 MOEHLECKE S Propostas de ações afirmativas no Brasil o acesso da população negra ao ensino superior 2000 179 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade de São Paulo São Paulo 2000 MONROE P História da Educação 18 ed São Paulo Nacional 1956 MOREIRA M M Foucault e o corpo na Educação infantil 2018 96 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2018 MUCHAIL S T O lugar das instituições na sociedade disciplinar In RIBEIRO R J org Recor dar Foucault São Paulo Brasiliense 1985 p 196208 MÜHL E H MAINARDI E A Filosofia da Educação nos cursos de Pedagogia do Brasil da obri gatoriedade à dispensa progressiva Filosofia e Educação v 9 n 2 p 722 jul 2017 referências 197 NÍCOLA U Antologia ilustrada de Filosofia das origens à idade moderna São Paulo Globo 2005 NUNES R A da C História da Educação na Idade Média São Paulo Edusp 1979 NUNES R A da C História da Educação no século XVII Campinas Cedet 2018 OLIVEIRA A da R GHIGGI G Apresentação Alguns pensamentos acerca da Educação Ca dernos de Educação Universidade Federal de Pelotas Pelotas v 8 n13 p147172 ago dez 1999 OLIVEIRA F M de Tendências Pedagógicas Progressistas Brasileiras Concepções e Práti cas 2017 224 f Dissertação Mestrado em Estudos Profissionais Especializados em Educação Politécnico do Porto Porto 2017 OLIVEIRA T A Escolástica como Filosofia e Método de Ensino na Universidade Medieval uma reflexão sobre o Mestre Tomás de Aquino Notandum Maringá v 16 n 32 p 3750 2013 PAGNI P A Filosofia da Educação no Brasil concepções impasses e desafios para a sua cons tituição como campo de pesquisa e o seu ensino nas duas últimas décadas Revista Educação e Filosofia Uberlândia v 28 n 56 p 773808 juldez 2014 PANSARELLI M L G Natureza e Educação uma leitura do Segundo Discurso e do Emílio de JeanJacques Rousseau 2014 154 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade de São Paulo São Paulo 2014 PAVIANI J Problemas de Filosofia da Educação o cultural o político o ético na escola o pedagógico o epistemológico no ensino 6 ed Rio de Janeiro Vozes 1987 PILETTI C PILETTI N História da Educação de Confúcio a Paulo Freire São Paulo Contexto 2018 PIRES M F de C O Materialismo históricodialético e a Educação Interface Comunicação Saúde Educação v1 n 1 1997 p 8394 PLATÃO Apologia de Sócrates Belo Horizonte Virtual Books Online 2003 Disponível em httpwwwrevistaliterariacombrplataoapologiapdf Acesso em 28 nov 2019 PUCCI B Filosofia da Educação para quê Perspectiva Florianópolis v 16 n 29 p 2344 janjul 1998 REALE G História da Filosofia antiguidade e Idade Média São Paulo Paulus 1990 REALE G ANTISERI D História da Filosofia antiguidade e Idade Média v 1 3 ed São Paulo Paulus 1990 referências 198 ROCHA D A Filosofia da Educação na formação dos professores primários paranaenses Ro teiro Joaçaba v 34 n 1 p 3562 janjun 2009 ROUSSEAU JJ Do contrato social São Paulo Nova Cultural 1999 ROUSSEAU JJ Emílio ou da Educação 2 ed São Paulo Difusão Europeia do Livro 1973 SANTOS B de S AVRITZER L Para ampliar o cânone democrático In SANTOS B de S org Democratizar a democracia os caminhos da democracia participativa Rio de Janeiro Civili zação Brasileira 2002 SANTOS I org Filosofia e ciências humanas teorias e problemas Porto Alegre Fi 2017 SAVIANI D Educação do senso comum à consciência filosófica 6 ed São Paulo Cortez Au tores Associados 1985 SAVIANI D História das ideias pedagógicas no Brasil Campinas Autores Associados 2011 SEVERINO A J A Filosofia da Educação no Brasil esboço de uma trajetória In GHIRALDELLI JÚNIOR P org O que é Filosofia da Educação 2 ed Rio de Janeiro DPA 2000 p 265365 SILVA D B da As principais tendências pedagógicas na prática escolar brasileira e seus pres supostos de aprendizagem Revista Linguagem e Cidadania Porto Alegre v 3 n 2 2000 SILVEIRA J R F da Guerra civil inglesa uma análise da tragédia política de Carlos I In PERS PECTIVAS SOBRE O PODER EM UM MUNDO EM REDEFINIÇÃO ENCONTRO ABRI 6 2017 Belo Horizonte Anais Belo Horizonte ABRI 2017 SIMPSON M Compreender Rousseau Petrópolis Vozes 2009 SOUZA O M de DOMINGUES A O Materialismohistórico uma nova leitura da forma de ser dos homens In ENCONTRO DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA 4 2009 Campo Mourão Anais Campo Mourão Fecilcam Numpem 2009 SUMEI Z Análise de diferenças culturais entre a Educação chinesa e a ocidental 2018 65 f Dissertação Mestrado em Português como Língua Segunda ou Estrangeira Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa Lisboa 2018 TAGLIAVINI J V PIANTKOSKI M A João Batista de La Salle 16511719 um silêncio eloquente em torno do educador católico que modelou a escola moderna Revista Histedbr Online Campinas v 13 n 53 p1640 out 2013 THALHEIMER A Introdução ao materialismo dialético fundamentos da teoria marxista Rio de Janeiro Cultura Brasileira 2014 TREVISAN A L Filosofia da Educação e formação de professores no velho dilema entre teoria e prática Educar em Revista n 42 p 195212 outdez 2011 referências 199 ULHÔA J P Rousseau e a utopia da soberania popular Goiânia UFG 1996 VELASCO S R B Política e Educação dois conceitos da mesma realidade In SILVA O H F da S org Educação para a democracia projetos inspiradores das professoras e dos profes sores do Brasil São Paulo LiberArns 2018 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em httpswwwdiciocombraurelio2 Acesso em 20 jan 2020 2 Em httpscommonswikimediaorgwikiFileDeLasalleLegerjpg Acesso em 20 jan 2020 3 Em httpscommonswikimediaorgwikiFileAntonioRodrC3ADguezSaintAugusti neGoogleArtProjectjpg Acesso em 20 jan 2020 4 Em httpscommonswikimediaorgwikiFilePanopticonjpg Acesso em 23 jan 2020 5 Em httpswwwpensadorcomrousseaufrases Acesso em 23 jan 2020 6 Em httpswwwwikiartorgptedvardmunchogrito1893 Acesso em 28 jan 2020 7 Em httpscommonswikimediaorgwikiFileBlausen0060AssistedReproductiveTechno logypng Acesso em 29 jan 2020 8 Em httpsgazetawebglobocomportalnoticia201902laudoapontaproblemasnabar ragemdavaleembrumadinho69635php Acesso em 29 jan 2020 9 Em httpwwweticaempresarialcombrsitepgasppaginadetalheartigocodigo381 titpaginaESTUDO20DE20CASOnomeartsnomecatn Acesso em 28 jan 2020 gabarito 200 UNIDADE 1 1 D 2 D 3 A 4 B 5 C UNIDADE 2 1 B 2 D 3 C 4 E 5 C UNIDADE 3 1 A 2 B 3 C 4 E 5 B 6 C 7 B 8 A 9 C 10 E UNIDADE 4 1 A 2 E 3 C 4 E 5 B 6 A UNIDADE 5 1 C 2 A 3 B 4 E 5 B
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Texto de pré-visualização
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO PROFESSOR Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL EXPEDIENTE de C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância ALVES Jhonatan Diógenes Oliveira Filosofia da Educação Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves Maringá PR UniCesumar 2020 Reimpresso em 2023 200 p Graduação EaD 1 Filosofia 2 Educação 3 Pedagogia EaD I Título FICHA CATALOGRÁFICA NEAD Núcleo de Educação a Distância Av Guedner 1610 Bloco 4Jd Aclimação Cep 87050900 Maringá Paraná wwwunicesumaredubr 0800 600 6360 Coordenadora de Conteúdo Eder Rodrigo Gimenes Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Matheus Silva de Souza Design Educacional Giovana Vieira Cardoso Jociane Karise Benedett Revisão Textual Nágela Neves da Costa Fotos Shutterstock CDD 22 ed 3701 CIP NBR 12899 AACR2 ISBN 9786556150680 Impresso por Bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB 91679 Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pósgraduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contra tos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel BOASVINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico nós tra balhamos com princípios éticos e profissiona lismo não somente para oferecer educação de qualidade como acima de tudo gerar a con versão integral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profis sional emocional e espiritual Assim iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Londrina Curitiba e Ponta Grossa e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e também no exterior com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Por ano pro duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares Somos reconhe cidos pelo MEC como uma instituição de exce lência com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa cionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos edu cadores soluções inteligentes para as neces sidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromis so com a qualidade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ati vas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis são que é promover a educação de qua lidade nas diferentes áreas do conheci mento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária P R O F I S S I O N A L T R A J E T Ó R I A Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá UEM 2019 Espe cialista em Filosofia Contemporânea pela Faculdade de Administração Ciências Educação e Letras FACEL 2013 Especialista em Tradução e Interpretação de LIBRAS pela Faculdade São Fidelis FSF 2013 e especialista em Docência e Gestão do Ensino Superior pela Universidade Paranaense UNIPAR 2017 Graduado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná PUCPR 2012 e Pedago gia pela Unicesumar 2019 Atuou como professor de Filosofia pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná SEED de 2013 a 2017 como Intérprete de Libras na Universidade Paranaense UNIPAR na cidade de Cianorte no ano de 2016 e exerceu a mesma função na Unicesumar no ano de 2017 Atuou como professor conteudista EaD nas disciplinas de História das Religiões e História da Arte pela Faculdade Eficaz no ano de 2017 em Maringá e Filosofia da Educação pela Uni versidade de Marília UNIMAR em 2019 Atualmente trabalha como Professor Conteudista professor de Ensino Fundamental e Médio e elaborador de questões para concurso público pela VALESPE na área da educação httplattescnpqbr7875950711559289 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO Olá alunoa Seja bemvindoa à disciplina de Filosofia da Educação Em tempos em que o conhecimento se torna instrumento imprescindível para a realização de um trabalho de qualidade falar de uma formação acadêmica tornouse obrigatório para todo profissional que deseja se atualizar Como parte de nosso trabalho desejo exatamente isso participar do seu processo de crescimento profissional Independentemente da área de sua atuação ou do modo como desenvolverá o conhecimento aqui adquirido a intenção dessa disciplina é lhe fazer críticoa atentoa aos movimentos históricos e contemporâneos a fim de lhe possibilitar as ferramentas necessárias para solucionar os problemas de forma inovadora tendo como base o conhecimento filosófico aplicado à Educação Pode parecer mentira mas quando temos compreensão do significado da reflexão no campo pedagógico da importância do pensamento filosófico clássico do modo como o Brasil acolheu as ideias filosóficas e da maneira pela qual os valores morais são exercidos em nossa cultura e sociedade encon tramos subsídios para refletir e alcançar novos olhares frente aos dilemas corriqueiros que permeiam a realidade educacional É isso que faremos ao longo dessa disciplina passando pelas cinco unidades que compõem nosso material Para adentrarmos a este campo da pesquisa filosófica e pedagógica na Unidade 1 veremos o que é a Filosofia bem como o que é Educação para depois compreendermos como estes dois campos puderam dialogar por meio do pensamento dos autores clássicos e posterior mente na prática de uma Filosofia aplicada Na Unidade 2 discorreremos sobre as principais correntes filosóficas que surgiram ao longo dos anos Pela PatrísticaeEscolástica peloIdealismo e Materialismo perceberemos o papel que a Filosofia desempenhou na construção de valores e ideias a respeito do homem de Deus da vida em sociedade e do conceito de certo e errado bem e mal Por estas leituras será possível compreender que as considerações sobre o que é por exemplo a verdade dependerão do período em questão e do ponto de vista abordado Em outras palavras o saber filosófico não se absolutiza mas se constrói diferentemente em cada época D A D I S C I P L I N A A P R E S E N TA Ç Ã O Na Unidade 3 contaremos com o pensamento dos filósofos clássicos como Thomas Hobbes 15881679 John Locke 16321704 JeanJacques Rousseau 17121778 Augusto Comte 17981857 e Michel Foucault 19261984 sobre suas teorias e a relação que estas tiveram com o cenário educacional de sua época fazendo de suas abordagens e reflexões aponte para uma análise pedagógica sobre o homem e a sociedade Na Unidade 4 adentraremos no pensamento educacional brasileiro como forma de refle tir sobre a saudável pluralidade de ideias presentes nos cenários educacionais políticos e sobretudo históricos da sociedade Falaremos das principais tendências pedagógicas que compuseram o quadro educacional brasileiro para depois voltarmos nosso olhar para o referencial pedagógico apresentado por Paulo Freire a partir de sua proposta daEducação pautada no saber popular Em seguida discutiremos a respeito do projeto de Educação que temos e aquele que queremos em nosso país pautado no princípio da democracia e da qualidade de vida social para todos Por fim em nossa Unidade 5 nos deteremos um pouco mais na reflexão a respeito dos valores sinalizando a necessidade de sua utilização frente às diversas teorias filosóficas e pedagógicas que surgiram em cada época e cenário Isso nos dará suporte para encontrar mos o equilíbrio entre teoria e prática no âmbito educacional queserá o pensamento ético Mais que isso temos a certeza de que não somos uma ilha Ou seja o desejo de socializarmos e lidarmos com o diferente é natural em nós humanos Desse modo somos convidados a nos inserirmos num grupo e nele nos desenvolvermos Chamamos isso de sociedade e as regras da convivência atreladas à cultura local é que evidenciam quem somos de fato quais são nossas escolhas e de que modo elas contribuem para nosso crescimento pessoal e social Para sustentar estes pilares teóricos daquilo que constituímos como sociedade ocidental discutiremos a respeito do significado de moral lei e ética e as suas principais expressões a respeito do homem da sua convivência social e ambiental até chegarmos a umaética que vá para a prática que seja visível e palpável ou seja a ética aplicada Convido você a caminhar comigo nessas leituras a fim de aprofundarmos nossas pesquisas e discussões Tenha um ótimo estudo ÍCONES Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece Este ele mento ajudará você a conceituálao melhor da maneira mais simples conceituando No fim da unidade o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos quadroresumo Neste elemento você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos explorando Ideias Ao longo do livro você será convidadoa a refletir questionar e transformar Aproveite este momento pensando juntos Enquanto estuda você encontrará conteúdos relevantes online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno logia a seu favor conectese Quando identificar o ícone de QRCODE utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online O download do aplicativo está disponível nas plataformas Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO CONCEITUANDO FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 10 AS PRINCIPAIS CORRENTES FILOSÓFICAS 47 78 OS TEÓRICOS CLÁSSICOS DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 118 A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE 161 A REFLEXÃO FILOSÓFICA NA PRÁTICA 192 CONCLUSÃO GERAL 1 CONCEITUANDO FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO PLANO DE ESTUDO A seguir apresentamse as aulas que você estudará nesta unidade O que é Filosofia O que é Edu cação Filosofia da Educação a atuação do filósofo no campo pedagógico OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conceituar o significado de Filosofia ao longo da história desta partindo dos pressupostos filosóficos gregos Conceituar o significado de Educação ao longo da história da pedagogia Apresentar a atuação da Filosofia na área da Educação bem como o papel do filósofo dentro deste saber PROFESSOR Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves INTRODUÇÃO Olá aluno a Seja bemvindoa à Unidade 1 na qual trabalharemos os conceitos de Filosofia Educação e por fim Filosofia da Educação Antes de iniciarmos propriamente a nossa abordagem a respeito das questões filosóficas dadas à Educação vale compreendermos os dois eixos que compõem este saber Devemos conhecer os pressupostos da Filosofia e da Educação como forma de interpretarmos os reais movimentos e objetivos da Filosofia da Educação enquanto ciência autônoma Ao discorrermos sobre a Filosofia compreenderemos que o seu campo de atuação é amplo cabendo em todos os espaços de pesquisa e considerada por muitos pensadores como a mãe de todas as ciências tendo em vista que todo saber surge de um questionamento prévio de um problema a ser solucionado e das possíveis respostas para eles isto é as hipóteses de asserção Trazida pelos pensadores gregos a Filosofia ocupa um lugar de destaque em meio às ciências pois mais que trazer respostas prontas e elaborar discursos ela caminha rumo ao absurdo ao incomum à resposta não esperada No caso da Educação sua expertise se encontra numa prática no ato de educar e na busca pelos melhores caminhos rumo à formação do homem Apesar das suas diversas expressões ao longo da história sua centralidade se encontra na ação refletida bem como no diagnóstico do que seja o homem e o modo como ele deve ser instruído para a vida em sua comunidade Por fim ao reunirmos essas duas ciências temos a Filosofia da Edu cação e o seu desejo de fazer da Filosofia um instrumento para que se possa refletir acerca da qualidade do perfil das intenções e dos interes ses que se encontram no trabalho pedagógico Ou seja como fonte da dúvida a sua função vai além da obviedade da prática e não se limita a uma teoria mas tenta conciliar essas duas na solução dos problemas relacionados à Educação Iniciemos então nossa discussão a respeito deste tema UNIDADE 1 12 1 O QUE É FILOSOFIA Olá alunoa Mais uma vez seja bemvindoa à nossa aula 1 da Unidade 1 em que discutiremos a ideia do que é Filosofia Quando você ouve a palavra Filosofia o que lhe vem à mente Pare para pensar um pouco nisso pois geralmente interpretamona como algo muito vago sem cientificidade sem resultados comprovados e úteis Porém não se desespere pensar assim se tornou algo muito comum tendo em vista que alguns conceitos modernos de Filosofia se sobrepuseram ao verdadeiro significado dessa ciên cia Filosofia de vida por exemplo definese na possibilidade de cada indivíduo identificar quais valores tipos de pessoas locais experiências espirituais hábitos diários e até mesmo quais sentimentos cabem em suas vidas ARANHA MAR TINS 2009 Contudo o conceito clássico de Filosofia vai além do mero achismo e remonta ao berço da Grécia Antiga entre os séculos VI e VII antes de Cristo A palavra Filosofia deriva de duas outras Philo e Sophia Philo pode significar amor amizade irmão enquanto Sophia seria sabedoria conhecimento Desta matriz Filosofia seria a busca eou o amor pelo conhecimento UNICESUMAR 13 Nesta perspectiva a Filosofia é a ciência que tem a intenção de conhecer refletir dialogar com a fonte do conhecimento humano isto é o próprio pensar Isso não significa dizer que as demais ciências não pensam é certo que cada uma delas possuem o seu objeto de estudo a Biologia estuda a vida a Sociologia inves tiga a sociedade a História pesquisa os fatos ocorridos no passado e atualmente E a Filosofia O que ela pesquisa O objeto de pesquisa da Filosofia é o próprio pensar ARANHA MARTINS 2009 De forma organizada a Filosofia observa as proposições que são transmitidas e ditas como verdadeiras e as coloca em dúvida fazendo com que seja possível tecer vários questionamentos acerca daquilo que antes era considerado como verdade absoluta O que é o amor A verdade existe Por que estamos neste mundo Ques tões como estas que por vezes parecemnos tão simples de serem respondidas são levadas às inúmeras possibilidades no pensamento filosófico que não aceita soluções fáceis e aparentemente óbvias É a investigação sobre as coisas porém de forma sistematizada levando em consideração os aspectos naturais físicos e antropológicos para chegar a uma teoria que resolva determinada situação sem se contradizer em seus pressupostos Sobre isso Chauí 2000 p 23afirma Um dos legados mais importantes da Filosofia grega é portanto essa diferença entre o necessário e o contingente pois ela nos permite evi tar o fatalismo tudo é necessário temos que nos conformar e nos resignar mas também evitar a ilusão de que podemos tudo quanto quisermos se alguma força extranatural ou sobrenatural nos ajudar pois a Natureza segue leis necessárias que podemos conhecer e nem tudo é possível por mais que o queiramos Com a Filosofia tornamonos mais críticos porém mais livres pois não será qualquer resposta que satisfará nosso desejo pelo conhecimento A busca pela verdade se torna indispensável para uma vida feliz Foi o que aconteceu com os gregos que não podiam mais conviver com a obviedade dos mitos que lhes eram contados por séculos enquanto o mundo à sua volta exigia novas respostas as navegações traziam novos horizontes e a vida se estendia para além de suas ilhas UNIDADE 1 14 O princípio de tudo o nascimento da Filosofia A Filosofia surgiu entre os séculos VII e VI a C Apesar de existirem as grandes Cida desEstado como as famosas Atenas e Esparta foi no su búrbio na periferia grega que os primeiros movimen tos do pensamento filosófico deram seus indícios As colônias deram origem à crítica ao tradicional sistema religioso grego em que a explicação do mundo se fazia por meio da ação de divindades cada uma com seus talentos próprios e especificidades Os principais deuses da mitologia grega eram os 12 que habitavam o Monte Olimpo Por ser ele o mais alto de todos os montes e o acesso ao seu topo ser de grande dificuldade ali encontravase na crença dos gregos divindades como Zeus Afrodite Hera etc O pensamento filosófico vem para acabar com tais crenças ao explicar a origem dos fenômenos naturais por meio de raciocínios lógicos e organizados NÍCOLA 2005 Alguns nomes merecem destaque pois por suas considerações e o modo como interpretavam os fatos houve o desdobramento das ideias filosóficas Tales de Mileto 620546 a C Pitágoras de Samos séc VI a C Heráclito de Éfeso 535 475 a C são alguns exemplos de pensadores que buscaram interpretar os fatos de maneira diferente do óbvio organizando suas ideias e fazendo com que a prática fosse compreensível ao invés de ser somente aplicável Quer um exemplo A geometria ciência que parte da Matemática e tem como objetivo estudar o espaço e o modo como as figuras o ocupam era conhecida pelos egípcios e hindus muito antes dos gregos que a utilizavam na prática ao fazerem as divisões de terrenos dos espaços para a plantação de arroz ou então para construir os primeiros templos etc CHAUÍ 2000 Figura 1 Teatro de Dionísio Atenas Grécia UNICESUMAR 15 O diferencia grego porém foi a organização dessa prática em uma teoria compreensível em que se quis compreender as etapas que constituíam o saber prático ou seja o que era necessário para que a medição da terra geometria acontecesse quais instrumentos eram utilizados nessa medição o que preenche ria o espaço vago e qual nome daríamos a ele Questões como estas deram origem à ciência geométrica que conhecemos hoje mas que até então só se fazia numa prática desinteressada sem qualquer intenção e estratégia racional Isso nos leva a compreender que o saber filosófico não é aquele que se preocupa diretamente com uma prática Filosofia é teoria esta é sua expertise e aquilo que a diferencia dos demais saberes Por que todavia esses saberes teóricos não eram pensados por outras culturas Falamos há pouco que a geometria era conhecida pelos egípcios e hindus que a praticavam eles porém não sabiam teorizála Por quê Aranha e Martins 2009 apresentam alguns fatores que contribuíram para a mu dança do pensamento grego ou seja da mitologia para a Filosofia Esta alteração de mentalidade é chamada de milagre grego Isso porque em questão de anos as verda des mitológicas foram postas em xeque e deram espaço para a Filosofia Seriam elas 1 Redescoberta da escrita no período micênico já havia na Grécia um sistema de escrita contudo ele desaparece por volta do século XII a C e reaparece posteriormente em uma outra formatação nos séculos IX e VIII a C A escrita é um fator importante para a compreensão do surgi mento do pensamento filosófico pois por ela tornase possível organizar a palavra fixando aquilo que foi dito ao mesmo tempo que exige clareza e coerência no que se produz Em outras palavras a escrita é uma prova do que foi dito ou acordado é um instrumento que valida a palavra eli minando qualquer achismo ou opiniões secundárias 2 Moeda a Grécia vivia um período de pleno desenvolvimento marítimo quando seu território era visitado por compradores e o comércio começa va a se organizar Este contato com outras culturas outros povos e línguas permitiu a criação de novas estruturas mentais e o desejo por ir além do já conhecido sobretudo das verdades oriundas da religião Isso é natural em todo processo de descobrimento em que o novo atrai e o já conhecido fica em desuso O surgimento da moeda local e outros instrumentos que contri buíram para o desenvolvimento são parte dessas novidades sobretudo pela questão do comércio O uso da moeda foi crucial para que o comerciante em diálogo com o comprador encontrasse os meios de atraílo e assim fazer sempre o melhor negócio Tudo isso exigia raciocínio lógico e muita reflexão UNIDADE 1 16 3 Lei escrita Drácon Sólon e Clístenes foram os principais legisladores gregos que implantaram cada um em sua época leis que fortaleceram os pressupostos civilizatórios retirando o peso dos preceitos religiosos para dar espaço aos anseios de igualdade que caminhavam para um sistema de mocrático Para que isso acontecesse foram necessárias ações rígidas e leis severas impossibilitando rebeliões populares e revoltas aristocráticas contra o governo A participação no governo se tornou mais expressiva sendo as decisões partilhadas e debatidas conforme o poder econômico dos cidadãos 4 Cidadão da pólis pólis em grego é o mesmo que cidade Neste espaço surgiu por volta do século VII a C na Grécia dois lugares de destaques a ágora e a acrópole A primeira é a que colaborou com o surgimento da Filosofia pois na ágora a praça pública da pólis as pessoas se encontravam informavamse dos fatos da vida civil faziam negócios socializavam com os demais cidadãos e encontravam o seu espaço Nela todos os cidadãos tinham voz e poder de decisão a partir do voto popular Isso garantia a isonomia social o que colaborava com a abertura para o amplo diálogo e a tomada de decisões em conjunto 5 Consolidação da democracia o processo que se iniciou no século VII a C com os governos de Drácon Sólon e Clístenes concluiuse no século V a C com a consolidação da democracia promovida pelo governo de Péri cles Todos os cidadãos participavam e tinham direito de voto e de voz Esse movimento democrático permitiu que o debate se instaurasse e as pessoas refletissem sobre o que era melhor para suas vidas na pólis opinando e de liberando decisões que atingiam a todos Vale porém lembrar que crianças mulheres escravos e estrangeiros não eram considerados cidadãos portanto não podiam votar Foram estes os principais fatores que contribuíram para o surgimento da Filosofia É interessante perceber que desde o início da história das ideias filosóficas foi pelo processo de liberdade de expressão democrático e de participação popular que a verdade se instaurou É por isso que a Filosofia grega tem muito a contribuir com o modo que se raciocina atualmente Olhando para os clássicos compreendemos o valor da análise da interpretação e sobretudo da dúvida É por esta que se inicia o processo de questionamento em busca de uma possível resposta Um dos maiores exemplos que encontramos neste movimento de perguntas e respostas em busca da verdade é o filósofo Sócrates Vejamos a seguir seus conceitos UNICESUMAR 17 A Filosofia de Sócrates O que sabemos sobre Sócrates nos vem dos escritos de Platão Pelo que se sabe Sócrates não deixou nenhum registro de seus pensa mentos portanto é pe las letras de Platão que conhecemos o modo como esse pensador agia para pôr em prática as suas ideias BORDIN MELO 2012 Sócrates era um homem feio mas quando falava atraía a todos pela sua inteligência fascinante Sempre procurado pelos jovens vivia perambulando pela praça pública ágora fazendo perguntas e dialogando com aqueles que encontrava Seu método se constituía em dois momentos o primeiro chama mos de ironia e o segundo de maiêutica A ironia acontecia no momento em que fazia as perguntas ao interlocutor fingindo não conhecer o assunto ou seja como se de fato ele não entendesse nada daquilo e gostaria que alguém o explicasse A maiêutica por sua vez era o momento de gerar o conhecimento Este nome maiêutica significa parir dar à luz sendo a mãe de Sócrates uma parteira daí o nome de seu método pois enquanto sua mãe dava à luz aos homens ele enquanto filósofo dava à luz às ideias CHAUÍ 2000 Compreender o conhecimento como maiêutica é muito assertivo pois sabemos que o conhecimento é algo que demanda tempo precisa ser gestado e o seu resultado final não é fácil por vezes tornase doloroso pois aban donar certas teorias para assumir outras mais coerentes é um trabalho que exige coragem e disposição É por isso que as perguntas de Sócrates tinham um cunho maiêutico permitindo ao sujeito que se deparasse com a dúvida ao invés da tradicional certeza Isso não ensinava o interlocutor mas o fazia olhar para si e descobrir a partir de suas próprias dúvidas a verdade que habitava em seu interior Figura 2 Sócrates UNIDADE 1 18 Isso traduz a liberdade que a Filosofia é capaz de trazer àqueles que dela utili zam Sem ter o intuito de doutrinar ou apresentar respostas prontas é pela certeza de que o homem pode encontrar em si por meio da autoanálise e da verificação de suas teorias as respostas para seus problemas Por isso a Filosofia o convida a duvidar a questionar e a ter um novo olhar diante dos fatos corriqueiros pre sentes no cotidiano Sempre temos pouco a nos perguntar mas muito a afirmar queiramos ou não Sócrates compreendia isso e por sua Filosofia levava a pessoa a descobrir o que já sabia mas estava escondido Nem sempre era possível chegar a uma conclusão porém sempre aca bava com as opiniões vazias Só sei que nada sei A ilha de Delfos era o principal local de devoção por parte dos gregos Lá encontravase o templo do deus Apolo onde sua sacerdotisa vivia e fazia profecias em nome dele Certa vez um amigo de Sócrates Querofon te visitou o templo e questionou a sacerdotisa se existia alguém mais sábio que o amigo em Atenas Ela o respondeu dizendo não pois Sócrates seria o homem mais sábio Ao retornar para Atenas Querofonte se di rige ao seu amigo e lhe conta a respeito dessa afirmativa porém Sócrates não acredita que isso possa ser verdade e ele mesmo se põe à prova ao conversar com um po lítico o qual sempre teve muita admiração e su punha ser um homem muito sábio Sobre este diálogo Platão escreve UNICESUMAR 19 Fui a um daqueles detentores da sabedoria com a intenção de refutar por meio dele sem dúvida o Oráculo e com tais provas oporlhe a minha resposta Este é mais sábio que eu enquanto tu dizias que eu sou o mais sábio Examinando esse tal não im porta o nome mas era cidadão ateniense um dos políticos este de quem eu experimentava essa impressão e falando com ele afigurouseme que esse homem parecia sábio a muitos outros e principalmente a si mesmo mas não era sábio Procurei demons trarlhe que ele parecia sábio sem o ser Daí me veio o ódio dele e de muitos dos presentes Então pusme a considerar de mim para mim que eu sou mais sábio do que esse homem pois que ao contrário nenhum de nós sabe nada de belo e bom mas aquele homem acredita saber alguma coisa sem sabêla enquanto eu como não sei nada também estou certo de não saber Parece pois que eu seja mais sábio do que ele nisso ainda que seja pouca coisa não acredito saber aquilo que não sei Depois desse fui a outro da queles que possuem ainda mais sabedoria que esse e me pareceu que todos são a mesma coisa Daí veio o ódio também deste e de muitos outros PLATÃO 2003 p 78 O diálogo com esse político e os demais demonstrou a Sócrates que ele era mais sábio que esses exatamente por não supor o ser Parece contraditório e confuso mas entendamos que na perspectiva filosófica a sabedoria não está em supor saber tudo mas em tudo desconfiar e duvidar Quando formulamos com muita certeza não permitimos que novos conhecimentos novas possibi lidades e oportunidades surjam pois para quem sabe tudo qual o sentido de estudar pesquisar conhecer É por isso que a Filosofia socrática é revolucio nária Sócrates despertou uma consciência adormecida dando ao homem a posse do saber por meio da dúvida Ou seja o verdadeiro conhecimento está no caminhar isso se faz a cada nova pergunta que surge Desse modo o pensamento socrático define bem o conceito de Filosofia buscar constantemente por meio da dúvida novas respostas A Filosofia é uma ciência que ao se ocupar dos questionamentos por meio da teoria não detém o conhecimento em si mas oportuniza a sua formulação trazendo caminhos norteadores para que se alcance novos resultados intelectuais UNIDADE 1 20 Em outra perspectiva falamos agora de educação e qual a compreensão que se tem sobre ela Há uma diferença entre o termo educação e aprendizagem No dicionário Aurélio por exemplo a palavra educação se resume basicamente como um proces so de se aprender uma habilidade ou a formação de novas gerações conforme sua cultura ou então a aplicação de métodos pedagógicos em determinado contexto Já a palavra aprendizagem seria o processo a duração o exercício teórico e prático para se adquirir o conhecimento AURÉLIO 2019 online1 Por mais que haja a distinção de um termo para o outro eles se complementam no processo peda gógico Por este motivo por mais que utilizemos o termo educação ao longo do texto você saberá que me refiro a esta junção a habilidade e a formação de novas culturas mais o exercício de adquirir o conhecimento Falar de Educação assim no singular seria limitar a sua abrangência Contudo Brandão 2005 amplia o debate a respeito dessa ciência e a identifica pelas diversas perspectivas possíveis a começar por uma mais remota a Educação indígena A Educação é como outras uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam entre tantas outras invenções de sua cul tura em sua sociedade Formas de Educação que produzem e praticam para que elas reproduzam entre todos os que ensinameaprendem o saber que atravessa as palavras da tribo os códigos sociais de conduta as regras do trabalho BRANDÃO 2005 p 10 2 O QUE É EDUCAÇÃO UNICESUMAR 21 Começamos pela Educação da tribo indígena o autor nos apresenta a primei ra das características da Educação a livre formação da personalidade humana Ou seja numa retomada histórica percebemos que ela não se limitava ao conteúdo programático de uma instituição escolar porque a escola sequer existia nesse período contextualizado pelo autor Avaliações exercícios re gistro de presença reunião com os pais e responsáveis giz e lousa tudo isso não representava a realidade da Educação tendo em vista que no contexto indígena educar tinha outro significado isto é um significado prático Por este motivo podemos compreender que educar é uma tarefa que acompanha a humanidade desde os seus primórdios antes mesmo de a ins tituição escolar existir Na realidade das primeiras tribos educar era fazer das expressões naturais do indivíduo os modelos que fossem vistos e repro duzidos pelo grupo A descoberta do mundo se fazia no improviso em que todos conforme seus dons tornavamse aprendizes uns dos outros para posteriormente reproduzir as ações que deram certo e evitar aquelas que falharam Desse modo os mais velhos transmitiam aos mais novos seus co nhecimentos Estes por sua vez construíam sua personalidade aprendiam as tarefas que lhes cabiam e aos poucos tornavamse participantes ativos daquela comunidade Nesse modelo ser ágil cauteloso disposto às atividades e com consciência de grupo era o que se esperava do jovem membro da tribo BRANDÃO 2005 Mais adiante esta ideia de Educação é confrontada pelos preceitos que trouxeram os colonizadores O homem branco isto é o civilizado trouxe outra perspectiva de Educação fazendo sua cultura predominar sobre a de origem indígena Nesta nova cultura que se apropriou das terras dos bens e do próprio significado de trabalho e serviço daquela comunidade local a Educação servia como instrumento de seleção e desigualdade conforme dirá Paviani1987 p 10 Em nossa sociedade a Educação em geral e a Educação escolar particularmente impõemse como algo necessário para a sobre vivência do grupo e da própria sociedade Ela perde o caráter da espontaneidade e tornase um meio de controle e de reforço da desigualdade social apesar de não ser este o propósito das pessoas e dos educadores UNIDADE 1 22 Assim identificamos dois contextos nos quais a Educação tem o seu significa do alterado Para as tribos indígenas era o aperfeiçoamento e o descobrimento dos dons de cada membro em favor do coletivo Em nossa sociedade movida por forte apelo econômico e busca pelo primeiro senão o melhor lugar aEducação representa a competição constante entre os seus pares Estes são somente dois exemplos do que possa ser Educação porém a his tória nos legou diversos momentos nos quais cada grupo soube responder ao significado do que seria essa ciência Vejamos um pouco mais decada um deles Conceituando Educação na história Paul Monroe 1956 faz uma bela apresentação do sentido de Educação e a caracteriza em dois momentos principais o primeiro referese à Educação primitiva que vimos há pouco encontrada nos selvagens e nos povos bárbaros e tinha como função a transmissão dos aprendizados adquiridos pelos mais velhos a fim de que o jovem adquirisse os valores de seu povo O segundo mo mento por sua vez deuse com o progresso da história o qual gerou diversas teorias Com as inúmeras tendências e os métodos pedagógicos a Educação se burocratizou o que tornou muito mais complicada a compreensão sobre o objetivo a organização e o resultado que devemos esperar dela MONROE 1956 Por este motivo a definição de Educação pode ser realizada pela inter pretação das diversas expressões trazidas pela história e pelos seus intelec tuais Cotrim e Parisi 1984 identificam algumas das definições de Educação mais relevantes para a história elencandoas a partir de seus pensadores Educação se dá pela capacidade que o homem possui de aprender Ou seja sem se limitar aos seus instintos ele se coloca diante dos demais ho mens e do mundo para fazer suas próprias experiências descobrindo aquilo que é importante e válido para si e para sua realidade Tal capacidade tam bém se expressa de outra forma a partir da transferência do conhecimento em que o indivíduo aprende com outro indivíduo por vezes mais velho e experiente e este possa ensinar algo que talvez seja novidade COTRIM PARISI 1984 Houve um período na história da Grécia Antiga quando a etimologia da palavra Educação se relacionava a alimento nutrir Platão se apropria desta ideia de Educação ao priorizar a infância e os efeitos que este estágio trazem à UNICESUMAR 23 vida adulta O cuidado com aquilo que a criança ouvisse e visse seria respon sável pelo alimento de sua alma Permitir que nos primeiros momentos de sua vida a criança ouça mentiras ou relatos diferentes daquilo que se espera que ela possa ser no futuro prejudicará sua Educação KOHAN 2003 Em outras palavras Educação para Platão seria cuidar do corpo e da alma para que alcançassem o grau mais elevado de perfeição E como isso se daria Em sua obra A República Platão elabora um diálogo neste questiona o que seria a justiça e o homem virtuoso Sua conclusão foi a de que nunca na história existiu este homem e consequentemente a sociedade era o reflexo do ser egoísta que a ocupava Era preciso idealizar uma nova estrutura social organizada por classes conforme as condições naturais de cada homem pois os indivíduos não são iguais Dividida conforme a alma de cada indivíduo ele organizaria novamente a sociedade dando a cada um aquilo que lhe coubesse Isso significa que conforme o valor da alma de cada cidadão lhe seria dada uma função específica e um lugar na sociedade Contudo vale perguntar como é possível identificar o tipo de alma que cada pessoa possui para que assim ela seja orientada sobre qual destino seguir É neste momento que entra a Educação A divisão social seria dada em três classes a saber a primeira classe seria composta por lavradores artesãos e comerciantes a segunda classe seria com posta pelos guardas da cidade e a terceira seria composta pelos governantes Pela Educação que seria administrada pelo Estado é que se saberia qual o tipo de alma que cada cidadão possuiria e consequentemente a qual classe ele pertenceria REALE ANTISERI 1990 Em cada uma dessas classes se aplicaria um tipo de Educação conforme nos apresentam Reale e Antise ri1990 p 164165 A primeira classe social porém não necessita de Educação espe cial porque as artes e os ofícios são facilmente aprendidos com a prática Para a classe dos guardas Platão propõe a Educação clássica ginásticomusical com o objetivo de robustecer conve nientemente a parte de nossa alma da qual derivam a coragem e a fortaleza A Educação prevista por Platão para os governantes coincidia com os exercícios necessários para o aprendizado da Filosofia suposta a coincidência entre o verdadeiro filósofo e o verdadeiro político UNIDADE 1 24 Nisso vemos que a Educação platônica consistia na busca pela harmoniza ção social pelo equilíbrio das necessidades comuns e pela realização pessoal conforme os desejos inatos ao homem Platão é um dos representantes do conceito de Educação grega sendo suas ideias um grande modelo teórico juntamente com Sócrates e Aristóteles Damos alguns passos adiante e trazemos as características da Educação no período medieval que apesar de interpretada por muitos anos como o período obscuro da história trouxe suas contribuições para a formulação do homem moderno Nesta estrutura ensinase e se aprende por meio dos contos do ima ginário da arte das pinturas da música e da vestimenta também se educa pelas palavras sobretudo as religiosas que levavam as pessoas a seguirem um mesmo rumo moral em que qualquer um que ousasse desobedecer encontravase em pecado perdição e distante da sociedade CAMBI 1999 Todos esses atributos formavam o homem e eram transmitidos principalmente pelos pregadores que ensinavam valores morais e éticos que deveriam ser assumidos por todos Os pregadores educam com sua palavra profética e como moralistas querendo incidir sobre os costumes através da evocação do pecado e da referência ao arrependimento A palavra dos pregadores tende a tornarse palavra de mestres de vida moral CAMBI 1999 p 148 Isso indica que o imaginário era fortemente trabalhado nas pessoas fazendoas temer e acreditar nas palavras da principal instituição a validar a fé ou seja a Igreja Católica Um período de servidão e crença nas instituições sendo res ponsável por uma ideia de Educação movida pelo autoritarismo e dogmas que compreendiam essa época e se estenderam à Idade Moderna em alguns pontos Como dirá Cambi 1999 teciase uma sociedade moldada pelos interesses dos ricos e poderosos imprimindo no consciente e subconsciente das pessoas uma uniformidade e temeridade frente ao metafísico bem como aos princípios sociais que deveriam ser cumpridos a todo custo Manacorda 2010 por sua vez recorda o rompimento realizado pelo clero em relação ao conhecimento dos clássicos da tradição helenísticoromana Este já não servia mais para aquela cultura em que os preceitos cristãos tomaram conta de todo o saber sendo validados somente os ensinamentos trazidos pela sagrada escritura e a tradição da Igreja ou seja o saber bíblicoevangélico A Igreja assumia o controle da Educação indicando o que deveria ser ensinado e UNICESUMAR 25 aquilo que deveria ser ignorado e não mais transmitido Dentre o clero secular composto pelos padres que viviam nas cidades e o clero regular que era forma do pelos monges é este segundo que mais elabora estratégias para educar na fé acolhendo jovens rapazes oferecidos pelos pais para que nos conventos e casas da Igreja aprendessem a ler e a exercitar a fé sem que o jovem fosse obrigado a se ordenar sacerdote Esta realidade só seria alterada após o pontificado do papa Gregório A cultura clássica era aceita porém somente para usos melhores que aqueles de antigamente MANACORDA 2010 Aos poucos a Igreja se abriu para as ciências e os novos saberes Outro mo mento que merece destaque é a Idade Moderna e o seu perfil de Educação guiado por um forte apelo ao antropocentrismo e à busca pelas liberdades individuais porém ainda dependente da Igreja e do ensino religioso A Educação religiosa na Idade Moderna Oposta ao modelo de Educação medieval a Educação moderna rompe com o poder autoritário estático e conservador de antes Agora a busca por liberdade e autonomia é forte bandeira defendida o que não significa que estes objetivos foram alcançados Essa sociedade estática autoritária tendencialmente imodificável mesmo nas suas profundas e constantes convulsões internas lu tas de classes sociais de grupos religiosos de ideologias de povos entra em crise no fim dos anos quatrocentos quando a Europa se laiciza economicamente com a retomada do comércio e politica mente com o nascimento dos Estados nacionais e sua política de controle sobre toda a sociedade CAMBI 1999 p 196 A nova sociedade guiada pelos valores econômicos capitalistas e a mudança de mentalidade que juntamente com a nova cultura individualizante e egoísta produziram também outro perfil de Educação O saber deveria ser útil levar os indivíduos a uma função social diferentemente do que se vivia no período me dieval quando formava o sujeito para conhecer a Deus e a suas leis O homem se descobre autor de sua história e por este motivo tem a necessidade de trilhar seu caminho e formar sua história sua própria sorte UNIDADE 1 26 Perceba que para conceituarmos a Educação precisamos passar pelos principais períodos históricos nos quais ela se deu para que possamos en contrar um núcleo comum uma ideia central que nos faça entender qual o seu objetivo Adianto a você a Educação em qualquer período que for está preocupada em formar o homem para uma vida social individual rural civil etc Em todos os momentos da história ela cumpriu com esta função é por isso que ao tratarmos dela automaticamente discorremos a respeito da cultura da política e da organização social de cada época No caso da Idade Moderna deparamonos com uma Educação de cunho religioso sobretudo a partir do século XVIII em que apesar do forte apelo de se criar autonomia e encontrar seu próprio caminho a escola seguia o modelo tradicional Você consegue entender este movimento Talvez possa se questionar se a Educação neste momento era para a liberdade como podia a escola seguir o modelo tradicional que certamente resumiase num ensino servil e dogmático Pois bem primeiramente devemos lembrar que Educação não é sinônimo de escola Nossa cultura nos faz acreditar que o único lugar em que havia Educação era na escola mas na primeira fase da Idade Média não era bem assim Ao afirmarmos portanto que havia alteração de valores sociais morais e econômicos a escola ainda não participava dela Sua contribuição para uma nova sociedade só será vista a partir do final do século XVIII quando as revoluções francesa e da América exigiram uma instrução mais demo crática e laica MANACORDA 2010 A Educação Lassalista e Jesuíta Ao falarmos de Educação na primeira fase da Idade Média referimonos aos movimentos sociais que formavam a cultura da população fazendoa agir e pensar conforme os valores que eram transmitidos A escola em si só começou a ganhar espaço e representatividade a partir do século XVI ARIÈS 1986 Contudo mesmo nos séculos XVII e XVIII eram os manuais de Educação publicados por educadores famosos na época que instruíam as pessoas sobre como elas deveriam agir Neste período ganha destaque o trabalho realizado pelo cônego João Batista de La Salle UNICESUMAR 27 Sua obra Règles de la bienséance et de la civilité chrétienne publicada em 1703 foi amplamente conhecida e em seguida se tornou objeto de leitura em suas escolas sendo suas considerações recomendadas a todos especialmente aos Irmãos e alunos ALVES 2012 p 52 Os Irmãos Lassalistas e a Ordem dos Jesuítas se destacavam por seu trabalho com a Educação Em uma sociedade que despertava para mudanças profundas são os ensinamentos religiosos trazidos por tais grupos cristãos que mantinham de pé uma Educação ainda tradicional Havia grande diferença entre um grupo e outro sobretudo pelo tempo de trabalho Os jesuítas datam de 1534 e no século XVII já gozavam de grande fama e visibilidade Os lassalistas surgem a partir de 1694 na França São estas duas instituições porém que modelam o ensino presente por praticamente toda a Europa Um dos grandes diferenciais da Educação dos jesuítas estava na sua capacidade de organização Ao serem fundadas pelo padres Inácio de Loyola e seus compa nheiros as ordens se deparavam com uma sociedade sem qualquer modelo de ensino vigente Ao longo dos anos essa realidade se perpetuava enquanto os je suítas buscavam cumprir o modelo de ensino direcionado pela Ratio Studiorum documento oficial da ordem que explicava o modo correto de se viver e educar os jovens na fé MANACORDA 2010 Apesar de suas escolas não terem custos aos alunos a não ser aqueles que estuda vam para o sacerdócio eram elas as principais responsáveis pela formação intelec tual da elite e de pensadores conhecidos ocupando espaço de relevância e destaque nos locais em que se encontravam A maioria dos seus colégios situavamse em cidades com mais de 10000 habitantes Em 1561 o colégio de Clermont tinha mais de 2000 alunos e em 1675 quase 3000 Neles estudavam predominantemente os filhos de nobres e burgueses ricos Descartes e Corneille entre tantas outras pessoas ilustres foram seus alunos NUNES 2018 p 76 O trabalho da Ordem na França e na Europa como um todo chega até o século XVIII sua supressão portanto ocorrerá no ano de 1764 Com isso seus colégios serão deixados por hora à disposição da congregação dos oratorianos e por último substituídos gradualmente por um ensino estatal de acesso público Mas antes o que se viu no final dos anos seiscentos foi o surgimento daquilo que Ariès 1986 chamou UNIDADE 1 28 de apostolado educacional que apesar de não se limitar ao atendimento dos pobres os toma rão como público alvo de todos os seus esfor ços educacionais Nesta empreitada a França conhecerá o trabalho dos Irmãos das Escolas Cristãs e seu fundador João Batista de La Salle Evidenciamos a importância de La Salle para a história da Educação ao analisarmos sua trajetória beneficiada pelos ares da moderni dade que despontava mas ao mesmo tempo engajada nas ações de seu tempo e espaço sem pre no desejo de responder às urgências de sua sociedade Ele contando apenas com a ajuda de leigos para cuidar da instrução de seus alunos iniciou a formação desses para que atuassem no serviço das escolas como esclarece Manacorda 2010 p 278 são um primeiro esboço de esco las técnicoprofissionais e as primeiras escolas normais para leigos chamados tam bém a participar das atividades da instrução tradicionalmente reservadas ao clero O trabalho pioneiro de La Salle ampliou a prática da atividade docente ao oportunizar que leigos fossem formados para lecionar Num período quando o ensino era dado às particularidades de cada instituição que o administrasse a profissão de professor se via desacreditada isso porque sua prática se resumia numa atividade secundária além disso não havia um programa específico e con tínuo de formação docente Algumas escolas eram gratuitas mantidas por uma paróquia por uma municipalidade ou governo da cidade ou ainda algum benfeitor que garantiam seus custos atendendo alunos pobres outras eram pagas destinadas a famílias que podiam pagar professores Com rela ção à realidade dos mestres da época havia uma grande escassez de pessoas disponíveis para o ofício e aqueles que efetivamente atuavam no magistério não possuíam formação profissional adequada Além disso os mestres da época realizavam outras atividades profissionais e não perseveravam principalmente por ser o magistério uma atividade muito desvalorizada na sociedade LEUBET et al 2016 p 39 Figura 3 JeanBaptiste de La Salle Fonte Wikimedia Commons 2010 online2 UNICESUMAR 29 profissionalização de leigos por parte de La Salle para atuarem no magisté rio rendeu a ele e aos Irmãos ao longo do século XVIII o pejorativo apelido de frères ignorantins assim eram conhecidos por onde passavam e encontra vam desafetos Poderíamos supor que o estado laico de seus mestres fosse o motivo do riso visto que a tarefa de ensinar era tradicionalmente destinada ao clero É mais correto no entanto afirmar que seu trabalho incomodou os mestres das escolas pagas que viram nas escolas gratuitas dos Irmãos uma concorrência desleal além do que tiravam das ruas a mão de obra barata das crianças pobres TAGLIAVINI PIANTKOSKI 2013 p 21 De fato a pobreza era generalizada as condições de trabalho beiravam a escravidão tendo em vista a necessidade de cumprir os altos impostos cobrados pelo governo de Luís XIV A dura realidade social do povo não o permitia qual quer expectativa de melhorias sendo a miséria econômica e cultural parte de seu cotidiano É neste contexto que La Salle atuou Do ponto de vista demográfico a França era o país mais povoa do da Europa com cerca de vinte milhões de habitantes dos quais 80 viviam no meio rural embora já se verificasse um constante aumento demográfico nas cidades A expectativa de vida era muito baixa e a mortalidade infantil altíssima LEUBET et al 2016 p 38 É por este motivo que as Escolas Cristãs faziam dos filhos dos pobres e dos artesãos o seu público alvo Isso não quer dizer que outras classes não ocupassem as salas de aula pois no século XVII o modelo de escola única atendia a todos as classes sociais ARIÈS 1986 Porém numa época em que a escola ainda não havia assu mido a função oficial de educadora La Salle a exemplo de Erasmo no século XVI e Cordier no XVII escreve para a sua sociedade majoritariamente rural e analfabeta O fato de um educador devoto fundador de um instituto educacio nal cheio de responsabilidades e preocupações ter tido o trabalho de redigir um manual que trata como os manuais anteriores das boas maneiras do traje do penteado da conduta à mesa etc é uma prova da importância que se atribuía a assuntos que hoje se tornaram tri viais Sem dúvida esses livros destinavamse a uma população rústica e brutal e a disciplina das boas maneiras era então mais necessária do que em nossas sociedades atuais ARIÈS 1986 p 240250 UNIDADE 1 30 Ao analisarmos sua proposta de ensino deparamonos com outra novidade As lições eram divididas em nove etapas e três estágios de conhecimento a primeira língua ensinada pelos mestres não era o latim mas o francês La Salle enfrentou sérias críticas sobre essa ordem no ensino das línguas inclu sive de Dom Godet de Marais bispo da diocese de Chartres onde os Irmãos haviam assumido a direção da escola em 1699 O bispo insistia para que os mestresirmãos ensinassem conforme o que era costume em todos os lugares LA SALLE 2012 Para explicar o porquê da escolha pelo francês La Salle redigiu um breve roteiro apresentado em Obras Completas 2012 que nos apresenta as suas considerações a respeito deste assunto A diferença de tempo para aprender o latim e o francês a utilidade de saber a língua francesa a estranheza que a nova língua gerava aos alunos das escolas gratuitas o curto tempo de frequên cia dos alunos para que pudessem se dedicar ao latim visto que a necessidade de trabalhar os faziam abandonar os estudos e o conhecimento do francês para que futuramente buscassem por si próprios os textos sagrados e a santi ficação foram os argumentos encontrados pelo padre fundador para defender a estratégia de ensino aplicada pelos Irmãos LA SALLE 2012 O trabalho realizado pelos lassalistas bem como pelos jesuítas e outros grupos religiosos desse mesmo período demonstram que o ideal de Edu cação da época era religioso Esta certeza foi minorada aos poucos sobretu do a partir do trabalho intelectual de pensadores iluministas como Voltaire Rousseau Diderot DAlembert etc O Iluminismo opondose ao poder do Estado e à interferência da Igreja na vida das pessoas defendia uma Educação intelectualizada e laica Desse modo a Educação é interpretada como a transmissão de conhe cimentos e experiências é o próprio pensar sobre as questões que englobam os saberes pedagógicos as possibilidades de assimilação e a ação humana presente na vivência e convivência social frente aos desafios educacionais Podemos afirmar que Educação é a necessidade de modificar desenvolver e despertar habilidades no homem em seu processo de identificação pessoal e social A partir daí todos os detalhes a respeito de seus métodos e demais componentes se tornam estratégias de ação que se modificam conforme os interesses de cada grupo que a exerce UNICESUMAR 31 Após vermos o que é a Filosofia e o que é a Educação temos condições de conciliar estes dois termos e chegarmos a uma conclusão sobre o que seria esta ciência híbrida composta por duas áreas distintas ou seja a Filosofia e a Educação Ghiraldelli Júnior 2007 ao falar deste tema compara o filósofo ao peda gogo para depois definir o papel do filósofo da Educação Pois bem seguin do sua lógica e refazendo a leitura do conceito de Filosofia e de Educação compreendemos que a Filosofia ou o filósofo é aquele que se preocupa com questões aleatórias por vezes incompreensíveis numa primeira observação ou até mesmo banais as quais jamais teríamos interesse ou curiosidade em questionar O pedagogo ou a pedagogia se detém nas práticas da Educação nos métodos de aprendizagem e no modo como estes são aplicados GHI RALDELLI JÚNIOR 2007 Por fim a Filosofia da Educação é uma parte da Filosofia que vem ques tionar a Educação em alguns aspectos nos quais a pedagogia não encontra instrumentos e contextos para agir A Filosofia da Educação geralmente ex pressase na crítica realizada sobre as pedagogias dadas ou seja os resultados que são corriqueiramente aceitos como imutáveis ou difíceis de se alterarem 3 FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO A ATUAÇÃO DO FILÓSOFO no campo pedagógico UNIDADE 1 32 Ele é especialista em criar um discurso a respeito da boa pedago gia e esta não raro é a negação da pedagogia vigente de algum local ou tempo O filósofo da Educação é tão aborrecedor para aqueles que se recusam a ver problemas na Educação quanto o filósofo em geral o é para aqueles que odeiam questionar qualquer coisa Mas o filósofo da Educação não é inimigo do pedagogo Ele é um bom amigo ao menos do pedagogo inteligente A pedagogia utilizada corriqueiramente aquela que regra o que é feito na Educação vigente e que se tornou banal por ser consensual é o objeto de questionamento do filósofo da Educação GHI RALDELLI JÚNIOR 2005 p 30 grifo nosso Nem sempre contudo a Filosofia da Educação pode ser compreendida desse modo ou até mesmo definida A Educação é um fenômeno complexo não é possível esta tizála pois as possibilidades de sua contribuição são inúmeras sendo seu alcance desconhecido até mesmo por ela própria MEDEIROS 2011 Apesar de soar estra nha esta afirmativa podemos considerála tendo em vista o caráter filosófico desta disciplina Sem qualquer instrumento que se faça definitivo o seu saber está na inves tigação e nunca na conclusão Desse modo os resultados apresentados pela Filosofia da Educação e pelo filósofo da Educação devem ser sempre num viés especulativo abertos às novas considerações Ou seja este filósofo tem um papel a desempenhar em relação ao conhecimento que ele apresenta no campo da Educação Tal conhecimento prioriza a análise histórica e social entendendo o devir como parte estruturante do homem em sua busca por identidade o que lhe faz querer encontrarse na história Em outras palavras a Filosofia da Educação ca minha orientada pela história e os fatos sociais que a compõem em cada época Nela o homem é produto de sua época e dos ensinamentos que recebeu pois esses eram considerados a melhor das expressões do que significava ser e con sequentemente pertencer a um grupo MEDEIROS 2011 O papel do filósofo da Educação Ao discorrermos sobre o papel do filósofo da Educação percebemos que assim como a Educação ele se constituiu por diversos perfis ao longo da história O que eu quero dizer é que para ele se posicionar a respeito dos movimentos pe dagógicos vigentes em cada período foi preciso que estivesse atento à sua época UNICESUMAR 33 conhecesse a política e o formato social que compunham sua sociedade e apre sentar reflexões originais que fossem úteis aos problemas que aquele momento histórico enfrentava Todas estas características citadas anteriormente formam aquilo que Gérard Leclerc chamará de perfil intelectual O intelectual é um indivíduo intrometido curioso por natureza que vai além devido a seu espírito investigador e crítico de toda implantação profissional Sartre acrescentará que quando um físico especialista do átomo fala de fissão nuclear ele fala enquanto cien tista mas quando se pronuncia sobre o uso militar do átomo ele se exprime enquanto intelectual LECLERC 2004 p 17 Este indivíduo curioso e que se interessa por aquilo que não lhe diz respeito forma a essência do filósofo Isso não significa que o intelectual é alguém fofoqueiro que se diverte com os problemas alheios e sempre quer saber mais para depois comentar a respeito Ele é o tipo de pessoa que não consegue se conformar com a realidade sem questionála pois entende que as coisas ao nosso redor são bem mais do que aparentam Na verdade este sentimento filosófico desejoso por ir além do óbvio é intrínseco em todo homem e em toda mulher Suponho que você em certos momentos da vida já parou para se questionar a respeito de sua existência do valor da vida do significado de amor morte Deus etc A diferença entre nós e o filósofo da Educação é que ele dedica sua vida a observar os fatos e contextos que se relacionam com a Educação buscando o fundamento dos fatos pedagógicos enquanto nos contentamos com as respostas corriqueiras e raramente as questionamos Sem se limitar às respostas óbvias prontas e inalteradas o filósofo da Educação investiga para conhecer o problema a fundo tentando solucionálo com as suas teorias Nem sempre seus aponta mentos são corretos porém o importante é que ele soube se posicionar e dizer o que acreditava ser pertinente GHIRALDELLIJÚNIOR 2005 Para ele não é o suficiente saber que há por exemplo um problema no modo como uma criança se relaciona com a outra no ambiente escolar ou que em certos momentos ou períodos de aula os alunos tendem a ser mais rebeldes Ele radicaliza suas respostas e leva as possibilidades aos extremos no intuito de en contrar uma solução satisfatória para o problema em questão Desse modo não devemos esperar que um filósofo da Educação dê uma resposta qualquer isso porque o modo como ele enxerga o mundo é fora do padrão UNIDADE 1 34 O filósofo da Educação ao problematizar uma situação leva suas conside rações ao extremo sem se preocupar com estruturas ou tradições pois suas ideias buscam por respostas autênticas e satisfatórias Frente às tradicionais respostas consideradas simples e práticas ou então diante dos resultados prontos óbvios e que sempre se repetem o filósofo da Educação procura ter uma postura ousada quando se propõe a refletir de maneira diferente e inova dora Se olharmos do ponto de vista prático por vezes ele pode não conseguir resolver o problema O pensamento filosófico porém não tem o dever de dar respostas acabadas e óbvias mas ele deseja contribuir com a reflexão trazer um novo olhar sobre as circunstâncias e ser capaz de criar gerar ciência e conhecimentos ALVES 2012 Levar as demais pessoas à reflexão sobre questões de cunho educacional e pedagógico é o que torna alguém um filósofo da Educação GHIRALDELLI JÚNIOR 2005 Esta tarefa não é fácil pois para seu efetivo sucesso é necessá rio despojamento é preciso sair do óbvio para enxergálo além das fronteiras do comodismo Nesta escola sempre fazemos assim Esta turma é difícil mesmo Se a família não deu conta de educar quem dirá eu Infelizmente frases desse tipo são frequentes em ambientes educacionais sobretudo na escola Por vezes a justificativa do problema ou do cenário em questão está sempre no outro na tradição naquilo que foi pensado de uma forma num A reflexão filosófica deve contemplar três dimensões fundamentais para sua execução ela deve ser radical rigorosa e de conjunto Radical numa leitura aprofundada procura demonstrar quais os conceitos funda mentais utilizados em todos os campos do agir e pensar Ela não se contenta com respostas superficiais Rigorosa utilizando uma linguagem rigorosa busca definir com clareza cada concei to Isso se dá pela argumentação e pesquisa bem justificada a fim de pelo rigor da investigação encontrar os conceitos adequados De conjunto examina os diversos problemas relacionando os aspectos entre si O objeto da Filosofia é tudo por exemplo da Filosofia surgiu a psicologia que gerou a psicanálise Esses saberes se relacionam e possuem suas familiaridades ao mesmo tempo em que tem suas particularidades que os tornam únicos Fonte Saviani 1985 explorando Ideias UNICESUMAR 35 determinado momento porém continua do mesmo jeito após décadas Para o filósofo da Educação é impossível aceitar o que já está dado pronto inques tionado Ele precisa assumir o seu papel de interventor ora pelo silêncio ora pelas palavras mas sempre levando o outro a perceber que é possível inovar e ir além das soluções já pensadas e dos caminhos já trilhados Por vezes as soluções encontradas pelo intelectual e no nosso caso pelo filósofo da Educação não poderão ser aplicadas Este pensador contudo fará de tudo para expressar suas ideias em textos claros que atinjam o seu alvo e sejam no mínimo diretivos para a construção de um pensamento diferente daquele existente GHIRALDELLI JÚNIOR 2005 Perceba que ao apresentar o trabalho do filósofo da Educação não dize mos que ele mudará a realidade ou solucionará o problema da escola com trabalhos sociais visita às famílias mutirão para mobilizar a sociedade em favor da Educação reformulará o quadro de alunos de uma escola ou montará cestas básicas e distribuirá para as famílias mais carentes daquele bairro Sabe por que ele não solucionará os problemas da Educação com ações práticas Porque esta não é a sua função O intelectual e esta definição se encaixa no papel do filósofo da Educa ção detémse à produção teórica a sua expertise está no conhecimento do seu meio e na formulação de ideias esclarecidas a respeito dele isto é sobre o momento no qual está inserido LECLERC 2004 Filosofia da Educação é a junção do saber filosófico mais o conhecimento educacional próprio do campo pedagógico Isso indica que essa disciplina mais que trazer afirmativas apresenta questionamentos De fato nem sempre as respostas prontas são as melhores pois o que vale para esse saber é a dúvida constante e consequentemente o renovar do conhecimento como meta Fonte o autor explorando Ideias O filósofo da Educação é o sujeito que enfrenta a problemática da Educação por vezes diluída no meio social Ou seja quando isso acontece é sinal de que a questão pedagógica está escondida e ainda não foi identificada o que leva os intelectuais a caminharem em outra direção na busca de uma solução para o problema ALVES 2012 UNIDADE 1 36 Vejamos um exemplo de como o trabalho intelectual age na prática referente a esta questão é muito comum ouvirmos da maioria das pessoas que a redução da idade penal seria uma ótima solução para o problema da criminalidade em nosso país Todos concordamos que nossa sociedade não pode ficar à mercê de criminosos violentos independentemente de qual seja a sua idade Para fugirmos de discursos extremistas justificamos que tal proposta de diminuição não signi ficaria que qualquer crime pequeno levaria o jovem para a prisão pois esse seria interpretado como exceção portanto a punição seria diferente Há aqueles que utilizam do exemplo de outros países e suas leis como as dos Estados Unidos por exemplo As medidas referentes aos menores de 18 anos que descumprem a lei ao cometerem crimes graves são impostas em caráter penal Isso seria um desestímulo à prática da criminalidade Indiferentemente de sermos favoráveis ou não à diminuição da menoridade é evidente em tal justificativa que aqueles que dela utilizam tratam por solucionar o problema da violência pelo ponto de vista mais lógico Ou seja é natural que quei ramos acabar com essa situação aumentando a segurança o policiamento público e aplicando leis mais rígidas etc todavia lembremos que frente às respostas óbvias o filósofo encontra soluções inovadoras Confrontemos as considerações do senso comum e os dados apresentados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA no ano de 2018 em seu documento intitulado Atlas da Violência Podem ainda ser destacados outros objetivos que relaciona dos a áreas de políticas públicas que produzem melhores resultados podem contribuir para a redução da violência no tocante à pobreza à fome à saúde à Educação à igualdade de gênero ao saneamento à energia ao crescimento econômico ao emprego e trabalho decente à desigualdade e a cidades inclusivas Objetivo 1 Acabar com a pobreza em todas as suas formas em todos os lugares Objetivo 2 Acabar com a fome alcançar a segu rança alimentar e a melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável Objetivo 3 Assegurar uma vida saudável e promover o bemestar para todos em todas as idades Objetivo 4 Assegurar a Educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover opor tunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos Objetivo 5 Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas Objetivo 6 Assegurar a disponibilidade e gestão sus UNICESUMAR 37 tentável da água e o saneamento para todos Objetivo 7 Assegurar o acesso confiável sustentável moderno e a preço acessível à ener gia para todos Objetivo 8 Promover o crescimento econômico sustentado inclusivo e sustentável emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todos Objetivo 10 Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles Objetivo 11 Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos seguros resilientes e sustentá veis CERQUEIRA et al 2018 p 8485 grifo nosso Por mais que você saiba e tenha ouvido por diversas vezes que a solução para a violência possa ser o investimento em Educação saúde cultura etc nem sempre temos dados que comprovam como isso pode ser aplicável Além dis so sendo nossa intenção falar a respeito da atuação do filósofo da Educação este exemplo é importante para percebermos que ao diagnosticar o problema da violência como falta de investimento em áreas de políticas públicas o do cumento citado nos convida a abandonarmos o óbvio e encontrarmos outras estratégias para acabar com a violência Isso seria seguir uma lógica contrária às demais o que exige coragem mas também conhecimento É por isso que opiniões que expressam caminhos opos tos àqueles aos quais estamos acostumados precisam de fundamentos teóricos sólidos com justificativas plausíveis e de fácil acesso e compreensão Nisso o filósofo da Educação necessita ser perito Porém para chegar a bons resultados é preciso pensar fora do padrão oporse às respostas dadas e engessadas para encontrar outra explicação outra maneira de entender aquela mesma situação por uma ótica diferente PAVIANI 1987 Se hoje você está saturadoa de saber que a Educação é atualmente o meio mais eficaz para aerradicação da violência e de outros déficits sociais foi porque alguém ousou ir além do problema em si e abriu margens para outras interpretações A estes pensadores damos o nome de intelectuais da Educação ou então filósofos da Educação Esses indivíduos corajosos estiveram presentes por toda a história e ain da estão Em muitos momentos os seus trabalhos foram pioneiros precisaram enfrentar a oposição da época e de toda a sociedade por serem considerados ofensivos descabidos e até mesmo interpretados como obras diabólicas que tinham como intenção acabar com a unidade da sociedade que era instituída pelos valores cristãos Nas aulas seguintes veremos alguns deles e o modo com suas reflexões contribuíram para a expansão do tema da Educação em sua épo UNIDADE 1 38 ca Assim o filósofo da Educação é o que traz as suas observações para o campo educacional Para isso ele precisa ser alguém atento à sua época conhecedor dos movimentos políticos e sociais que emergem de seu tempo Desejo que o conhecimento possa ser um instrumento de aperfeiçoamento profissional e humano em sua caminhada CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegarmos no final de nossa Unidade 1 agora podemos rever os assuntos trabalhados e identificarmos quais pontos foram fundamentais para a soli dificação do tema Nesta unidade vimos que a Filosofia enquanto ciência possui uma longa trajetória e se especializou na busca pelo conhecimento Esta afirmativa nos mostra que ela não detém o saber mas apenas deseja encontrálo ou ao me nos dar os indícios de onde ele possa estar como identificálo e tornálo útil Sócrates é para nós o modelo daquilo que se traduz como Filosofia o ques tionamento saudável e útil que desestabiliza o interlocutor e o faz retornar a si despertando um saber que é próprio do homem porém que se esconde em meio às superficialidades da vida social A Educação por sua vez é a prática por excelência dáse na troca de expe riências ou na busca autônoma por elas Educar se tornou uma tarefa própria do conhecimento pedagógico que se expressou de diversas formas ao longo da história Desde a Grécia Antiga com filósofos como Platão passando em seguida pela Idade Média e pela Idade Moderna O que se pode observar de todos esses momentos é a constância dos sistemas de ensino dos intelectuais e da sociedade em si em preparar o homem para as necessidades de cada época Por fim aprendemos o que é Filosofia da Educação e percebemos que ela apesar de ser composta por duas ciências específicas possui características próprias e instrumentos para lidar com a questão da Educação A Filosofia da Educação e o seu filósofo se dedicam à busca por uma Educação de qualidade que não se limita a respostas óbvias e a estratégias engessadas Seu objetivo é tornar o pensar educacional dinâmico e em constante aperfeiçoamento tendo em vista seu caráter filosófico mas que está atento aos anseios e às necessida des do mundo educacional 39 na prática 1 Ao observarmos as ciências e a sua atuação é possível perceber que cada uma delas possui um objeto a ser estudado Ou seja é por ele que o conhecimento é elaborado sendo o objetivo de cada área do saber solucionar as problemáticas relacionadas a ele Desse modo qual seria o objeto a ser estudado pela Filosofia a Na Filosofia estudase os diversos pensamentos acerca da Educação este é o ob jetivo principal o fundamento de tal ciência para a sociedade b O objeto principal dos estudos da Filosofia é a razão Ou seja todo conhecimento analisado pela Filosofia precisa primeiramente passar pelo campo da racionalidade ele é o principal caminho para a informação c A Filosofia estuda o movimento da sua própriahistória ao longo dos séculos Isso significa que pela Filosofia se compreende o modo como os filósofos pensavam a sua sociedade d O objeto de investigação da Filosofia é pensar o próprio pensar Assim ela organiza as proposições que são transmitidas e ditas como verdadeiras e as coloca em dúvida e A Filosofia se ocupa em buscar parcerias entre as demais ciências porque Filosofia sem outro saber não pode ser considerada um pensamento válido 2 O ambiente escolar ou qualquer outro cenário educacional geralmente é permeado por desafios e perguntas que necessitam de uma resposta por vezes imediata e eficaz Frente a esta afirmativa de que modo o filósofo da Educação atua a O filósofo da Educação é o profissional que ao se deparar com um problema tenta solucionálo da maneira mais racional possível Desse modo verifica os fatos e dá a eles uma resposta adequada b O filósofo da Educação é aquele que por vezes fica perdido em meio aos desafios pedagógicos o que é normal tendo em vista que a Educação é uma arte e nem sempre ele consegue dar uma resposta adequada c A resposta do filósofo da Educação frente às problemáticas educacionais se dá sem pre numa perspectiva norteadora tentando levar a comunidade escolar a refletir sobre suas escolhas e a encontrar por si própria as soluções para seus conflitos d O filósofo da Educação radicaliza suas respostas e leva as possibilidades aos extre mos no intuito de encontrar uma solução satisfatória para o problema em questão Desse modo não devemos esperar que ele dê uma resposta qualquer e óbvia 40 na prática e A resposta dada pelo filósofo da Educação busca sempre conciliar as necessidades particulares do sujeito com as da instituição Desse modo todos se encontram rea lizados e o trabalho educacional não se vê afetado por problemas momentâneos 3 O intelectual é um indivíduo intrometido curioso por natureza que vai além devido a seu espírito investigador e crítico de toda implantação profissional LECLERC 2004 p 17 Frente a esta afirmação de Leclerc podemos dizer que o filósofo da Educação se encaixa no perfil do intelectual tendo em vista que a O filósofo da Educação é por natureza um intelectual isso se justifica pelo seu conhecimento sobre sua época e sociedade bem como o desejo de apresentar uma solução para os problemas que se relacionam com a pedagogia e a Educação b O filósofo da Educação não pode ser considerado um intelectual pois sua atuação se dá na ação pedagógica ou seja no trabalho prático e não no teórico c Para solucionar os conflitos existentes na Educação o filósofo é autorizado a per mear os espaços particulares da vida de qualquer aluno investigar suas condições privadas indiferentemente de sua autorização para assim poder dar uma resposta assertiva ao problema d O problema da Filosofia da Educação pode ser solucionado a partir da investigação sobre questões particulares de cada aluno por isso o filósofo da Educação é con siderado alguém curioso e O filósofo da Educação não é um intelectual ele supera esse perfil tendo em vista que sua atuação se dá na teoria mas também na prática 4 A Educação teve ao longo da história as mais variadas expressões sendo em cada pe ríodo um reflexo dos anseios políticos e sociais Desse modo a partir desta afirmação assinale verdeiro V ou falso F para as assertivas a seguir A Educação é uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam dentre tantas outras invenções de sua cultura em sua sociedade Na Idade Média a Educação foi uma forma de catequizar a população conforme sua religião Os católicos tinham suas escolas religiosas os protestantes ensinavam a partir das escolas dominicais e assim por diante 41 na prática Na Grécia o modelo de Educação que podemos citar é o platônico Platão prioriza a infância e os efeitos que este estágio traz à vida adulta O cuidado com aquilo que a criança ouvisse e visse por exemplo pois eles seriam responsáveis pelo alimento de sua alma A Educação grega se resumia no cuidado com o corpo O primeiro estágio da Edu cação era realizado pelo Estado e só depois dos 20 anos de idade é que o jovem retornava para casa pronto para uma vida pública A ordem correta das alternativas é a V F F V b V F V F c V V V F d V V V V e F V V F 5 Os lassalistas instruídos por La Salle e os Jesuítas foram duas ordens religiosas voltadas à Educação Sobre a atuação dos jesuítas e dos lassalistas na Educação dos séculos XVII e XVIII é correto afirmar que a Os dois grupos religiosos surgiram em meados do século XVI realizando atividades vol tadas à formação dos cidadãos Ambos configuram a modalidade de ensino medieval b O ensino aplicado pelos lassalistas e jesuítas era uma expressão do poder da Igreja que possuía o monopólio dos sistemas de ensino padronizando uma Educação que era obrigatória a todas as pessoas sobretudo aos pobres e filhos de artesãos c Apesar dessas duas congregações religiosas trabalharem com a Educação o público era diferenciado Os jesuítas apesar de não cobrarem para ensinar atendiam a uma parcela da sociedade formada por nobres enquanto que os lassalistas dedicavam seu trabalho à Educação dos pobres e artesãos d O trabalho realizado pelos lassalistas era considerado uma Educação elitista pois formava os filhos de nobres e até mesmo uma parcela da monarquia como os filhos do rei e O trabalho realizado pelos jesuítas ia além das missões dedicavase também ao cuidado com a fé popular As práticas devocionais por exemplo a reza do terço foram instauradas por esta ordem religiosa 42 aprimorese Vejamos a seguir a reflexão de Braga 2017 a respeito do modo como a Filosofia da Educação pode ser compreendida na formação humanaescolar IMPACTOS DA APRENDIZAGEM DA FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO SOBRE A FORMAÇÃO FILOSÓFICA DO PEDAGOGO UM ESTUDO DE CASO NA UFPA O que a Filosofia tem a ver com a Formação HumanaPaideia Ora a forma filosófi ca de conhecimento consiste em algo genuíno enquanto exercício da humanidade no ser humano Deu para compreender sobre a diferença do que é ter ações humanizadas e instintivas ALUNAE falando do Ensino Médio A criatura humana precisa do processo formativo para se perceber como um ser no mundo que busca no processo civilizatório a permanência da espécie ou seja o processo formativo consiste na transformação do ser humano em um ser cultural A gente aprende a ter uma relação com o próximo aprendendo e entendendo o outro ALUNAE FA LANDO DO CURSO SUPERIOR O encontro com o conhecimento no processo de sua construção é um fator singular para a formação da consciência crítica emancipada e cidadã O processo formativo filosófico consiste num fecundo espaço no qual se instala a práxis peda gógica mas orientada por uma ideia de homem uma compreensão de conheci mento e uma conceituação política A formação humana torna o homem humano A formação é constituidora da humanidade no humano Há germes de humanidade que é necessário desenvolver de certa maneira cultivar na direção da realização da humanidade LORIERI et al 2009 p 04 43 aprimorese A formação filosófica ajuda na compreensão do ambiente sociopolítico que o sujeito educando está envolvido em sua realidade cultural Ela consiste num conhecimento privilegiado para a carreira profissional pois proporciona a possi bilidade de outros olhares por estar envolvida diretamente no aperfeiçoamento da prática da humanidade e formação humana no ser inacabado que consiste o homem e no desenvolvimento de suas potencialidades para o aperfeiçoamen to em todos os sentidos da realidade concreta pois no limite toda Pedagogia consiste numa Filosofia A Filosofia da Educação é relevante pela reflexão que proporciona a discussão de outros temas importantes a começar pela carreira do pedagogo ALUNOB falando do Curso Superior Na pesquisa de campo identificouse que a Filosofia enquanto formação hu mana consiste na ação que compreende um esforço epistemológico de eluci dação de elementos da vida concreta Como no exemplo do Ensino Médio A Filosofia sugere uma reflexão intensa da vida Ela a Filosofia fala da construção da humanidade em nós humanos ALUNAA falando do Ensino Médio As falas dos sujeitos alunos e o referencial teórico escolhido para dar susten tação epistemológica para este estudo estão de acordo sobre a importância da Filosofia da humanização do ser humano A cultura abrange a instrução e vários conhecimentos e talvez por essa razão ela envolve um trabalho professoral de direção de governança ou de guia para a vida Tudo isto é formação humana ou Educação para Kant LORIERI et al 2009 p 04 Fonte Braga 2017 UNIDADE 1 44 Perspectivas da Filosofia da Educação Autores Antônio Joaquim Severino Cleide Rita Silvério de Almei dae Marcos Antonio Lorieri org Editora Cortez Sinopse a obra reúne uma série de autores que discutem a te mática da Filosofia da Educação apresentando os desafios atuais para a implementação desta disciplina o papel dela no processo de formação social e os modelos de Educação que permeiam o cenário educacio nal brasileiro livro Sócrates Ano 1971 Sinopse o filme retrata os últimos anos da vida do filósofo grego Sócrates Nele apresentase o contexto da sociedade ateniense e o julgamento que levou Sócrates a ser condenado pelos legis ladores a tomar o veneno cicuta e por conseguinte morrer O diálogo presente na obra é baseado nos textos de Platão que re latam a vida do filósofo em questão Comentário sugiro este filme pois a partir dele é possível perceber os movimen tos filosóficos tanto dos pensadores sofistas aqueles que vendiam o seu saber como pela atuação de Sócrates convivendo com o povo e se defendendo diante das acusações dos legisladores que o culpavam de não acreditar nas divindades e corromper os jovens filme anotações anotações 2 PLANO DE ESTUDO A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade A Patrística e o pensamento de Santo Agostinho A Escolástica e o pensamento de Tomás de Aquino A corrente Idealista A corrente Materialista OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Analisar o contexto da Patrística tendo como referencial a Filosofia de Santo Agostinho Descrever o período da Escolástica tendo como referencial a Filosofia de Tomás de Aquino Apresentar as princi pais características da corrente filosófica Idealista Apresentar as principais características da corrente filosófica Materialista AS PRINCIPAIS CORRENTES FILOSÓFICAS PROFESSOR Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves INTRODUÇÃO Olá alunoa Seja bemvindoa à Unidade 2 Nesta daremos con tinuidade ao estudo da Filosofia da Educação Discutiremos aqui as principais correntes filosóficas que compuseram o cenário da Filosofia ao longo da história da humanidade iniciando pela Patrística enquanto movimento filosóficoteológico próprio da Filosofia clássica Obvia mente as correntes filosóficas que veremos não falam especificamente da Filosofia da Educação devido a fatores históricos e por não corres ponderem ao mesmo período de sua criação Elas contudo expressam as diversas matizes ou seja as possibilidades de se refletir de dialogar acerca de determinado saber Em outras palavras conhecer algumas das correntes filosóficas é perceber que aquilo que se considera como verdadeiro a partir de um ponto de vista pode ter outras explicações em outras leituras outras abordagens Perceberemos que cada uma possui em si uma interpretação pró pria do mundo do homem da sociedade das leis etc Essas correntes filosóficas serviram e ainda servem para apresentar às diversas áreas do saber o fato de que o conhecimento e a verdade são construídos a partir do período histórico que se vive das experiências que cada cultura e cada época permitem que sejam realizadas e dos fatores emocionais sociais políticos e econômicos de cada local Assim mais que apresentar verdades a Filosofia e propriamente a Filosofia da Educação encontram subsídios para pôr em xeque toda ideia fundamentalista incapaz de lidar com a diferença de opiniões sempre limitandose à tradição ao corriqueiro ao cotidiano Por este motivo afirmamos que as diversas perspectivas filosóficas aqui apresen tadas e aquelas que não foram citadas contribuem para uma pluralidade de saberes as quais formam uma rede de informações pertinentes e válidas para a realização pessoal profissional e sobretudo humana A partir destes fatores detemonos a esta reflexão Desejo a você um ótimo período de estudos UNICESUMAR 49 1 A PATRÍSTICA E O PENSAMENTO de Santo Agostinho Conhecer diferentes correntes filosóficas tornase importante para que entendamos que nenhum conhecimento é neutro e todo saber está imbuído de alguma ideologia explícita ou não O termo ideologia se tornou odioso nos últimos anos sobretudo pela onda de protestos noticiários e redes sociais dados num contexto político que a todo momento o utilizam para designar alguma ideia falaciosa que impõem sobre a população A ideologia na Filosofia no entanto nada mais é que um conjunto de ideias que se afirmam mas podem ser debatidas discutidas e reivindicadas Ou seja a ideologia está presente em qualquer lugar ARANHA MARTINS 2016 Nessa perspectiva as correntes filosóficas trazem algumas ideias que com põem variados quadros de verdades ou seja pressupostos que se definem como válidos pelo ponto de vista interpretado Nossa intenção nesta unidade é apre sentar somente quatro deles mas que representam bem as principais expressões do pensar filosófico Começamos com a Patrística O período da Patrística ocorreu entre os séculos I e IV d C Este momento da Filosofia se deu pelo protagonismo dos filósofos teólogos sacerdotes que buscavam resolver problemas teológicos a partir da Filosofia Algumas verdades de fé como o conceito de Trindade e Encarnação a relação entre razão e fé a natureza humana e divina de Cristo etc Todos esses temas precisavam de explicações plausíveis que não se contradissessem tampouco ficassem à mercê das teorias pagãs REALE 1990 UNIDADE 2 50 Dividido didaticamente em três períodos a saber o período Anteni ceno Niceno PósNiceno levou este nome graças ao Concílio de Niceia realizado em 325 d C a Patrística se caracteriza principalmente na defesa da fé e das verdades cristãs que os primeiros teólogos e padres do deserto elaboravam para justificar a fé católica Nesta empreitada alguns nomes se destacaram por exemplo Aristides Justino e Taciano Marcião Aristides é de meados do século II e conforme nos dirá Reale 1990 nele encontramos a primeira apologia ao cristianismo pois para o teólogo a verdadeira Filosofia somente está presente nos cristãos tendo em vista a pureza de seu estado de vida o que reflete a verdade que creem Esta interpretação da verdade como expressão filosófica é própria da Filosofia grega especialmente a de Platão pois para o filósofo o caminho para se conhecer a verdade de todas as coisas é a dialética isto é a reflexão filosófica a partir da razão REALE 1990 Justino Mártir é outro nome de importância para o período passou de discípulo da teoria platônica para convertido cristão Apesar de acreditar na verdade da busca dos filósofos gregos acerca do Logos isto é a força criado ra que deu origem a todas as coisas Mártir afirma que a verdade filosófica é parcial pois somente a crença em Jesus como o Logos criado por Deus é que pode revelar a verdade que neste caso está em posse dos cristãos Contrapondo a teoria platônica à cristã Justino interpretou as afirmativas de Platão como incompletas ou equivocadas como a ideia da imortalidade da alma Segundo ele tudo o que se encontra fora de Deus é corruptível e mortal neste caso a alma é partícipe da vida que está unicamente em Deus REALE 1990 Taciano por sua vez foi discípulo de Justino convertido por ele Suas ideias retomam a tripartição do homem em alma corpo e espírito ao mesmo tempo em que nega as afirmativas gregas sobre a imortalidade da alma e do corpo Em suas considerações a única possibilidade do homem ser imortal se encontra em seu espírito isso porque ele é a imagem e a semelhança de Deus REALE 1990 Tais conclusões refutam a herança helênica isto é a Fi losofia grega e se encaixam num processo moderno e revolucionário acerca da verdade sobre o homem construindo aquilo que foi próprio da Filosofia patrística ou seja a valorização das ideias do homem pautadas na fé cristã UNICESUMAR 51 A contribuição de Agostinho de Hipona Na construção do pensamento que compôs a Filosofia patrística desta couse o filósofo Aurélio Agostinho bispo de Hipona também conhecido como Agostinho de Hipona Nasceu em Tagaste na África no ano de 354 d C Filho de Mônica uma devota cristã e Patrício pagão até ser bati zado no leito de morte tinha dois ir mãos mas era o favorito de sua mãe Encaminhado desde jovem aos es tudos Agostinho se viu fora de casa e com um mundo de oportunidades à sua frente Toda esta liberdade lhe rendeu experiências dentre elas um filho Deodato mas que faleceu aos 18 anos de idade Aos 22 anos Agostinho inicia sua carreira de professor de retórica na cidade de Cartago Adepto de nove anos da teoria maniqueísta uma seita católica que acreditava que tanto o bem quanto o mal tinham sua origem no cosmos e nos afetava diretamente Agostinho se encontrou com Fausto um bispo maniqueísta Este encontro permeado de decepção pelo fato de Fausto não possuir todas as respostas para os questionamentos do jovem discípulo fizeram com que Agosti nho se afastasse dessa fé Em 384 mudase para Roma e depois para Milão como professor Ali conhece Ambrósio bispo de Milão o qual se tornou seu mentor e foi o principal responsável pela sua conversão à fé católica MATTHEWS 2007 Em uma sequência de escritos e experiências pessoais Agostinho tornouse o ícone de uma época traduzindo em suas obras o perfil intelectual que soube conciliar a riqueza da Filosofia helênica e as verdades da fé cristã Considera do como o primeiro filósofo cristão importante Agostinho arquitetou em suas obras sobretudo em A cidade de Deus os pressupostos de uma Filosofia cristã tema este que pouco fora abordado anteriormente pelos demais padres latinos REALE 1990 Agostinho buscou refletir a respeito de questões próprias da re lação entre o homem e o sagrado questões como a ideia de livrearbítrio que por suas letras foi analisada numa perspectiva inovadora Figura 1 Agostinho de Hipona Fonte Wikimedia Commons 2020 online3 UNIDADE 2 52 Fosse pelos sermões de Ambrósio ou por sua própria leitura de Plotino iniciada em Milão Agostinho ouviu que o livrearbítrio da vontade é a razão pela qual praticamos o mal e sofremos a justa punição imposta por Deus VII35 Contudo ele dizia que não conseguia entender essa idéia MATTHEWS 2007 p 24 Para o filósofo cristão o fato de o livrearbítrio da vontade gerar o mal e nos levar ao pecado era incompatível com a crença da bondade divina Em outras palavras se Deus é bom como seria possível que ele criasse algo que não fosse semelhante a ele Isto é como poderia criar o homem e nele permitir que houvesse criado também o mal Dessa forma se Deus criou o homem e este é mal ou possui a capacidade para tal comportamento isso significa que Deus possui algum prin cípio do mal Caso contrário como se explica a afirmativa de que o livrearbítrio proporcionaria ao homem as condições para não agir pelo bem Esta questão se relaciona diretamente com a ideia do Bem agostiniano ou da origem do mal Para ele o bem é Deus o ser supremo acima de tudo e presente em todas as coisas criadas inclusive o homem Deus em sua infinita bondade deu a cada um o poder da escolha conhecida na fé cristã como livrearbítrio Por este o homem tem o poder de decidir aquilo que mais lhe convém seguir sua vida conforme suas escolhas e consequentemente colher em sua caminhada os resultados de todas as suas ações Isso contudo ainda não explica a origem do mal na humanidade Pois bem seguindo este raciocínio Agostinho afirma em sua obra Confis sões que o livrearbítrio da vontade escolhe e decide no homem e a razão é aquela que conhece as coisas O mal é o pecado e ocorre pela má vontade Ou seja apesar de Deus ser o Bem supremo existem pelo mundo diversos outros bens porém todos eles são temporais e finitos Os homens ao longo de sua vida renunciam o Bem para ficar com outros bens Agostinho quer dizer que Deus é substituído pelos homens em função de outros atrativos temporários que lhes chamam atenção Consequentemente a vontade que inicialmente é boa pois é fruto de Deus no homem tornase má no momento que o homem escolhe o mal e se afasta de Deus Assim o que Agostinho conclui é que não existe um mal mas a negação do bem REALE 1990 O problema do mal não reside no ser que assim o é em uma essência má o mal nada mais é que a oposição do bem o vazio e a falta dele O homem é o ser mais próximo da imagem e semelhança de Deus o correto seria que ele se dirigisse ao seu criador dedicasse sua vida a cumprir os seus desejos UNICESUMAR 53 atendendo ao chamado natural que a boa vontade humana recebe fortale cendose pela graça divina O desvio porém dessa ordem é a causa do mal Isso significa que a liberdade recebida é boa mas o que o homem faz com ela é que lhe deturpa e corrompe Esta questão da origem do mal Agostinho ainda distingue em três níveis a O mal metafísicoontológico não existe o mal no mundo apenas níveis de ser que estão abaixo de Deus que é o Bem e que depende das coisas criadas para sua conservação Por exemplo podemos considerar um bicho como mal porém numa visão universal ele cumpre uma missão para um bem maior tornandose alimento de outras espécies e assim gera o equilíbrio ambiental necessário para a manutenção da vida humana REALE 1990 b O mal moral este é o mal das ações refletido anteriormente A busca pelos bens que não são e não levam a Deus geram a má vontade que nos afasta Dele c O mal físico ele tem origem no pecado original que vem do mal moral A doença as dores e os sofrimentos surgem da alma pecadora que corrompe o corpo Quadro 1 Níveis do mal Fonte o autor Todas estas explicações a respeito do pecado do mal da moral foram elabora das em forma de reflexões dadas por Agostinho em suas obras a fim de com bater heresias que surgiam de seitas como a maniqueísta da qual ele fizera parte A obediência aos preceitos cristãos o respeito à fé católica e a entrega sincera a Deus são alguns dos princípios defendidos por ele colocandose como autor de teorias mas também discípulo Dessa forma o princípio do encontro e a verdade objeto tão caro à Filosofia estava segundo ele numa entrega ao agir de Deus experimentado pelo próprio pensador como bem declarou em suas Confissões Estimulado por estas leituras a voltar a mim mesmo entrei guiado por ti no profundo de meu coração e o pude fazer porque te fizeste minha ajuda Entrei e vi com os olhos da alma acima desses mes mos olhos acima de minha inteligência a luz imutável não está vulgar e visível a todos os olhos de carne nem outra do mesmo gênero embora maior Era muito mais clara e enchendo com sua força todo o espaço Não não era essa luz mas uma luz diferente de todas estas AGOSTINHO 2007 VII X UNIDADE 2 54 Numa clara refutação ao conhecimento e à inteligência tão admirados e deseja dos pelos filósofos gregos Agostinho prioriza o amor como fonte do bem Por meio dele quando destinado aos desejos de Deus e não aos interesses da carne e do desejo lascivo dos homens o indivíduo encontra a virtude e dela poderá aproveitar É pelo princípio do amor que o homem encontra a base da fé cristã Dele se originou a salvação dos homens isto é a paixão de Cristo que se entre gou por amor Da mesma forma o amor quando bem empregado e destinado corretamente aos interesses de Deus gera redenção e se torna fonte de graça Utilizandose da lógica platônica Agostinho substitui alguns preceitos pelos indícios do cristianismo desse modo retira da Filosofia aquilo que co locará no agir cristão Nele será o amor que ocupará o espaço que antes Platão designara à dialética e à reflexão isto é agora para se alcançar a salvação o que valerá será o peso do amor empregado nas ações terrenas e não o quanto se utilizou da Filosofia Nesta nova leitura quanto mais o homem for capaz de amar mais próximo da salvação ele se encontrará Desta e de outras afirmativas é que se considera até hoje o cristianismo como a religião do amor pois enquanto em outros contextos afirmamse a severidade das leis e a certeza da punição frente aos erros cometidos em vida na fé cristã a salvação conta com a misericórdia de Deus tendo em vista a imperfeição humana e o pecado original da criação As bases da fé cristã foram elaboradas nestes moldes sua aplicação e seu convencimento popular realizaramse por meio de outra estratégia a qual nos trouxe uma série de intelectuais e aconte cimentos que marcaram o período conhecido por nós como Idade Média É neste cenário que encontraremos a corrente filosófica da Escolástica Agostinho de Hipona é considerado santo pela Igreja Católica Sua canonização se deu por aclamação popular e confirmada pelo Papa No ano de 1292 é considerado doutor da Igreja devido à sua notável capacidade intelectual e aos benefícios de seus escritos para a fé cristã O fato de Agostinho ser considerado um santo pela religião católica e ao mesmo tempo trazer suas reflexões ao campo da Filosofia gera uma saudável e neces sária relação entre razão e fé Isso demonstra que o diálogo entre esses dois campos do conhecimento é possível encorajando o debate científico de produzir bons resultados e desmistificar o vulgo antagonismo presente na relação entre ciência e fé Fonte o autor explorando Ideias UNICESUMAR 55 Outra expressão filosófica que remonta ao período medieval é a Escolástica No vamente na intenção de conhecer a origem do mundo e do homem essa teoria buscou pôr em prática os ensinamentos formulados pelos padres teólogosfilósofos do período da Patrística Como o nome evidencia a fé era transmitida no modelo escolar de maneira didática ensinada aos futuros sacerdotes e promovida ao povo pelas ordens religiosas que se incumbiam da missão de tornar os preceitos evangé licos uma realidade na vida do povo Temos vários nomes que se destacam contudo daremos ênfase às reflexões trazidas por Tomás de Aquino no século XIII tendo em vista que suas ideias representam bem este período que perdurou até o século XVI Tomás de Aquino nasceu em Roccasecca no ano de 1221 Seu pai se chamava Landolfo sua mãe Teodora e ambos depositavam no filho a esperança de que ele levasse adiante a nobreza do sobrenome da família Sua Educação primária foi na abadia de Montecassino e em seguida encaminhado a Nápoles para estudar na universidade onde conheceu a Ordem dos Dominicanos REALE 1990 Em contato com tal grupo religioso Tomás de Aquino foi discípulo do bispo Alberto Magno grande teólogo e escritor De personalidade reservada e quieta fora apeli dado de boimudo Certa vez ao ser interrogado pelo bispo sobre uma questão discutida Tomás de Aquino apresentou seu ponto de vista de forma minuciosa e inteligente surpreendendo a todos inclusive seu mestre que exclamou Este moço que nós chamamos de boimudo mugirá tão forte que se fará ouvir no mundo inteiro REALE 1990 p 553 2 A ESCOLÁSTICA E O PENSAMENTO de Tomás de Aquino UNIDADE 2 56 Foi professor na Universidade de Paris onde recebeu o título de mestre em Teologia lecionando de 1252 a 1259 Autor de diversas obras considerada a de maior relevância a Suma teológica a qual não conseguiu concluir Nela Tomás de Aquino refletiu sobre diversos temas relacionados à fé dentre eles a conciliação entre a fé e a razão apresentando de forma lógica e organizada o caminho para se provar a existência de Deus Suas ideias tiveram como princípio e referência a Filosofia aristotélica mas Tomás compreende porém a fé como a guia da razão De modo geral a reflexão nesse período acerca do homem davase pela edu cação universitária A universidade era o local do debate e da presença dos filóso fosteólogos que utilizavam do cargo como professores para trabalhar a identidade do homem medieval e o modo como eles se explicavam OLIVEIRA 2013 O que demarcou as posições de tais pensadores foi o trabalho que cumpriam de utilizar o pensamento filosófico grego e darlhe um sentido transcendental cristão Ou seja do mesmo modo que a Filosofia grega interpretou por séculos a vida terrena como superficial ou banal quando não vivida em função da experiência filosófica os filósofosteólogos complementavam tal afirmativa com o discurso cristão cuja busca pela verdade deveria ter o seu fim na pessoa de Cristo Ao depararse com os ensinamentos de Jesus o indivíduo encontraria a libertação da ignorância não somente a intelectual mas também a espiritual NUNES 2006 Tomás de Aquino não fugiu a esta regra trouxe porém complementos à época inéditos para o período e para a Filosofia em questão Segundo ele a busca pela elevação espiritual e intelectual era própria do homem tendo em vista que o que lhe dava sua forma enquanto pessoa humana era a relação de sua alma com o corpo Ou seja o intelecto não seria fruto somente do corpo mas da relação entre este e a alma fundidos um ao outro Do mesmo modo o ser vegetativo das plantas não está em seu físico mas na alma que estas possuem assim como o ser sensitivo dos animais está presente em sua alma Daí a importância dela para que o corpo pudesse desempenhar o intelecto de forma proveitosa e o corpo para a alma a fim de que esta tivesse um local para existir Isso quer também dizer que a alma não existe como uma espécie de conceito universal antes da união com o corpo na verdade ela não existe de forma alguma antes de sua união com o corpo Por outro lado porém estritamente falando a alma humana não depende do corpo para existir à medida que o Aquinata a concebe como tendo sido criada por Deus ALMEIDA 2012 p 46 UNICESUMAR 57 A sabedoria é algo próprio das almas mais evoluídas e a alma humana é a mais frágil dentre aquelas que a possuem comparada com a dos anjos por exem plo No caso dos seres humanos estes necessitam do corpo para adquirir o conhecimento O corpo é segundo Tomás o instrumento que permite que a alma sinta e aprenda A relação que estes dois seres corpo e alma possuem é de complementaridade formando a pessoa humana porém sem perder a sua particularidade isto é a alma mantém sua essência da mesma forma que o corpo também mantém a sua Assim o conhecimento em Tomás seria muito mais que entender algo racionalmente seria também necessário sentir Perceba que o caminho percorrido por Tomás de Aquino vai na contra mão tanto da Filosofia antiga quanto da Filosofia patrística Isso não significa que suas ideias contradiziam os ensinamentos das reflexões cristãs vigentes em sua época Sua retomada às ideias aristotélicas contudo trouxe respostas mais significativas aos problemas enfrentados pela Igreja no século XIII A vida religiosa se expandiu e o surgimento das ordens mendicantes que não viviam na clausura mas tinham uma vida itinerante em meio ao povo trou xeram questionamentos a respeito do valor do corpo Nesta perspectiva analisando o pensamento de Platão e da Filosofia pa trística o que identificamos é um certo tipo de desmerecimento ou menospre zo pelo corpo sendo ele algo secundário no processo de busca pela sabedoria no caso da Filosofia antiga e da salvação no caso da Patrística A alma era interpretada como superior e o fato de ela se encontrar presa no corpo se dava como uma espécie de castigo Tomás questiona esta sentença ao afirmar que não haveria nenhuma forma de conhecimento se alma e corpo não se unis sem e formassem o homem permeado de suas particularidades e perspectivas próprias sobre o mundo a vida as coisas ALMEIDA 2012 As diversas correntes filosóficas construídas ao longo da história servem como exemplo concreto de que a verdade não é uma só e que as diversas explicações e teorias pos suem sua beleza e importância Aquilo que consideramos como inadequado ou fora dos padrões hoje pode futuramente tornarse a maneira mais assertiva de se viver Reflita pensando juntos UNIDADE 2 58 Essas questões são debatidas em seus escritos Tomás para que seus alunos estudassem a base do cristianismo e a interpretação católica na universidade elaborou um resumo dos preceitos da fé cristã Questões de cunho moral são apresentadas em suas reflexões como uma forma de traduzir a necessidade da dignidade das re lações o que se refletiria no diálogo do homem com Deus Por exemplo na Suma Teológica ao debater a Questão sobre o Respeito Tomás de Aquino inseriu seus alunos na compreensão social do modo como deveriam se relacionar com os demais sobretudo os que eram dados como seus superiores tendo em vista a distinção que tal cargo possuía Tal análise trazia forte relação com a experiência cristã de amor a Deus pois ao aprender a conviver com a hierarquia o indivíduo simultaneamente compreenderia a teologia cristã e seu ensinamento sobre o serviço e a devoção Isso demons tra mais uma vez o quanto sua obra valorizou a com preensão do conhecimento enquanto experiência teó rica porém atrelada a uma prática OLIVEIRA 2013 Com isso podemos entender que a Filosofia esco lástica especialmente a de Tomás de Aquino represen tou um momento de forte influência cristã sobre a vida social e por ela a investigação a respeito do homem Ou seja apesar de identificar o homem como ser detentor de duas realidades distintas corpo e alma a dimensão da fé cristã não teria sentido se não fosse demonstra da nas relações com as demais pessoas Isso revela que nessa perspectiva o homem deveria estar em sintonia com a sua alma para que suas relações sociais tivessem significado e fossem construtivas Caso contrário o que estaria em jogo era a organização da vida social e a sua própria construção antropológica OLIVEIRA 2013 Com isso o que se viu no período escolástico foi a con ciliação do pensamento bíblico com o aristotélico na definição sobre a origem do homem UNICESUMAR 59 O idealismo tem sua origem na Filosofia de René Descartes 15961650 Diferen temente daquilo que por vezes apresentase compreendemos que o idealismo não é de origem platônica e o porquê entenderemos agora Platão acreditava na existência de dois mundos sendo o nosso o lugar das cópias da reprodução de um conhecimento primeiro que não habitava a nossa realidade mas pertencia a uma outra dimensão a um outro mundo REALE 1990 Este segundo mundo era o das ideias Nele a verdade sobre o homem e as coisas se expressava visi velmente e continha a essência de tudo o que existe aqui Ou seja o que Platão defendia compõe a corrente filosófica do realismo não do idealismo O conceito de idealismo está amparado na definição de ideia Ele é a interpre tação que cada indivíduo faz a respeito de algo tomando para si o que é verdadeiro ou falso conforme sua vontade Descartes utilizou como princípio de seu método a sua famosa máxima penso logo existo que indicava a sua escolha pela razão como aquela que conduziria todo o processo de descobrimento da verdade das coisas A partir dessa certeza primeira ele constrói toda a sua Filosofia to mando por regra geral que somente as coisas que concebemos clara e distintamente são verdadeiras e com isso buscou eliminar do universo a qualidade deixando apenas a quantidade ie extrair do eu um mun do de pontos e figuras geométricas MENEGHETTI 2004 p 374375 3 A CORRENTE IDEALISTA UNIDADE 2 60 Levando em consideração a forma das coisas sem se deixar guiar pela aparência que elas possuem o idealismo cartesiano se propunha a simplificar ao máximo todo o conhecimento e as possíveis verdades que ele hipoteticamente possuísse Retirando os excessos ficaria somente o que poderia ser racionalmente validado para o sujeito que o analisava fazendo da verdade uma certeza oriunda do próprio homem Com isso ele retirava a crença em qualquer outra coisa que não fosse o pró prio indivíduo e sua razão Seria o mesmo que dizer se temos cérebro ele nos é suficiente para pensarmos por nós mesmos sem qualquer crença em deuses energias cósmicas ou qualquer coisa que fuja à racionalidade humana Ou seja assim como tantos outros filósofos Descartes não se limitou a somente uma ex pressão filosófica Nele é nítido a relação profunda entre racionalismo e idealismo bem como a base do pensamento idealista Há outros autores que ganharam destaque por suas ideias se relacionarem com a corrente idealista Immanuel Kant 17241804 e Georg Wilhelm Hegel 1770 1831 estes são os mais famosos Suas filosofias dão continuidade a esta reflexão em que o conhecimento das coisas ocorre pela interpretação do sujeito ora pela experiência como é o caso de Kant ora pela razão pura como afirmava Descartes Em Hegel a consciência as ideias e aquilo que consideramos como verdade ou não estão em constante mudança sendo esse próprio movimento o que expressa a realidade e constrói a história isto é pela expressão e pelo posicionamento humano sobre os fatos que estão em eterna mudança A isso Hegel denominou dialética Este termo não é novo na Filosofia mas com ele ganhava um outro caráter Até o século XVI foi o realismo que ocupou o espaço filosófico e também político influenciando fortemente a condução social e religiosa do povo A certe za da existência de um mundo superior a este em que todos receberiam conforme seus atos movia o imaginário popular e tornava as pessoas temerosas porém obedientes às regras sobretudo as determinadas pela religião Foi a partir das ideias de pensadores como Descartes que o homem iniciou o seu processo de abandono da fé e do misticismo para se colocar no centro das decisões Talvez você possa se perguntar como isso pode ser verdade pois ainda hoje a fé é uma das expressões de devoção do homem Ou seja ela existe Desse modo ao afirmar que o homem abandonava a fé quero dizer que ela e a Igreja deixavam de ser as principais fontes de influência nas tomadas de decisão dele e do modo como deveria conduzir a sua vida A partir do momento em que a religião deixou de ocupar o centro da vida do homem e da sociedade ele a substi tuiu por um outro deus outro ser ao qual deveria ser devoto Este ser era o próprio UNICESUMAR 61 homem É claro que tal mudança não ocorreu imediatamente mas alguns fatores contribuíram para o distanciamento da fé e a aproximação da verdade individual A descoberta do cálculo infinitesimal por Leibniz 1676 e Newton 1665 e da decomposição da luz em cores por este último 1666 somadas às conquistas científicotecnológicas legadas por Galileu décadas antes abriram as portas de um novo mundo de precisão no tempo e espaço no qual a longitude foi uma das aplicações mais sensacionais alterando realidades geográficas e políticas em distin tas partes do globo COSTA 2011 p 379 O idealismo portanto é a corrente filosófica responsável pela liberdade intelectual dos homens e que os colocou como principais ou os únicos responsáveis por suas convicções verdades e decisões Ao longo da história eles se expressaram de diver sas maneiras uma delas foi a partir da Filosofia alemã Esta discutiremos a seguir Idealismo alemão O idealismo alemão teve como grande representante o filósofo Immanuel Kant 17241804 Ao conhecer as correntes filosóficas anteriores a ele por exemplo o racionalismo e o empirismo Kant fez a sua crítica a respeito daquilo que verda deiramente podemos conhecer A explicação que ele encontra para essa questão é que num primeiro momento para que possamos conhecer algo de fato é neces sário que haja relação entre o sujeito e o objeto Ou seja não é possível que você saiba o que é um carro por exemplo sem nunca ter visto ou então tocado em um Ao mesmo tempo não será pela mera experiência de ver ou tocar um carro que será possível afirmar que o conhece pois as coisas quando nos são apresen tadas somente a teremos compreendido e saberemos o que são pela forma que possuem porém não nos é possível conhecêla em sua essência Isso torna o processo de aprendizagem extremamente individual não se re produzindo de maneira igual pois o modo como se aprende depende do sujeito e do objeto Dessa forma para que haja o conhecimento tudo dependerá da forma que o sujeito dará para a matéria do conhecimento Consegue entender isso Imagine que você e um amigo estão passando pela rua e de repente se de param com uma árvore repleta de flores bem carregada no auge da estação UNIDADE 2 62 Nesta ocasião digamos que você achou aquela cena bonita enquanto seu amigo detestou A pergunta é como é possível que um mesmo objeto possa gerar dois sentimentos tão opostos O que fez você compreender aquele fenômeno como bom e seu amigo ruim Aqui temos dois momentos que devem ser esclarecidos O primeiro é o fato de que vocês dois tiveram uma experiência ou seja viram a árvore as flores identifi caram sua cor seu tamanho etc Isso ocorre pois o homem possui em si a priori um intelecto capaz de organizar todas as suas experiências sensíveis Esta é a estru tura para o conhecimento denominada forma Isso todavia não indica que houve conhecimento pois este surge após o intelecto relacionar as informações obtidas A matéria é a posteriori A forma é a priori A matéria do conheci mento é variável de um objeto a outro visto depender dele do objeto Por sua vez a forma sendo imposta ao objeto pelo sujeito será reen contrada invariavelmente em todos os objetos por todos os sujeitos Existem pois conhecimentos a priori e conhecimentos a posteriori Todo objeto a ser conhecido a priori o será conforme as formas que o espírito lhe impõe no ato de conhecer LEITE 2016 p 22 O segundo momento está no juízo que vocês deram para o fenômeno O porquê da diferença das conclusões apresentadas por vocês dois está no modo como cada um enxergou aquela matéria E isso não ocorre por uma simples questão de gosto mas pela capacidade de juízo que cada um possui individualmente Ou seja perceba que a preocupação aqui não é dizer quem está certo ou errado nas considerações trazidas por você e seu amigo sobre o fenômeno da árvore e suas flores mas o que se deseja entender é o motivo de vocês pensarem diferente A isso denominouse teoria do conhecimento Essa foi a grande novidade de Kant pois diferentemente daquilo que fazia a tra dição filosófica ao colocar o objeto no centro das investigações para compreender como se dava o conhecimento sobre ele Kant colocou o homem no centro do de bate e investigou os modos possíveis de ele conhecer as coisas Em outras palavras Kant compreendia que a verdade das coisas não estava nelas em si mas naquele que as observava O modo como isso se dá e as demais etapas da teoria kantiana não convêm trazermos para este debate pois o que nos interessa é demonstrar que nessa interpretação Kant se associou à corrente idealista ao descobrir que o conhecer não é externo é interno e está em cada homem de um modo único UNICESUMAR 63 Sua Filosofia é um referencial do idealismo alemão tendo em vista que este período se inicia a partir de sua obra Crítica da razão pura e se estende até a morte do filósofo Hegel Nesta abordagem os filósofos idealistas alemães colocavam o homem no centro de toda forma de conhecimento sendo possí vel assimilar e se apropriar do saber a partir da experiência subjetiva Ou seja o objeto que se apresenta ao homem pode ser interpretado de diversas formas analisado por vários ângulos tudo dependerá de quem seja o observador O idealismo considera que a nossa mente intervém ativamente na elaboração do conhecimento e que o real para nós é resultado de uma construção O objeto tal como o conhecemos é em parte obra nossa e portanto podemos conhecer a priori em relação a todo objeto as características que ele recebe da nossa própria faculdade cognitiva LEITE 2016 p 24 A centralidade no homem e a marginalização do objeto resumidamente é deste modo que se deu a ideologia alemã Este processo foi elaborado por Kant inspirado na teoria de Copérnico quando este fez a passagem do geo centrismo para o heliocentrismo ou seja na teoria de que o sol estava no centro de tudo e não a Terra Vale a pena reforçarmos a seguinte ideia existe uma diferença entre o idea lismo clássico e o idealismo alemão Exatamente Tendo Descartes como re ferencial do idealismo clássico encontramos em sua Filosofia a busca pela verdade e a existência das coisas a partir da autoanálise realizada pelo sujeito Ou seja em Descartes para que haja certeza da existência de algo ou alguém é necessário que o indivíduo faça os questionamentos que achar válidos e neces sários partindo dele para chegar nele mesmo como conclusão de suas teorias No idealismo alemão apesar da dúvida o caminho é a certeza de si É preciso ter certeza de quem é para que seja possível saber aquilo que não é É pelo autoconhecimento que o homem compreenderá as coisas ao seu redor compreendendose como o centro das investigações o proprietário de toda fonte de conhecimento mas que nada poderá saber se não dialogar com o objeto investigado e dele tirar conclusões Diversas ciências humanas utilizam de tal teoria para justificar suas considerações a respeito do homem espe cialmente aquelas que enfatizam o sujeito o inconsciente e a subjetividade UNIDADE 2 64 A dialética de Hegel se tornou a base para o surgimento do materialismo Na Fi losofia de Karl Marx é compreendido como materialismo histórico dialético Esta reflexão contudo apresentada por Marx data muito antes dele A dialética que ele empregou para dar corpo ao seu materialismo já estava presente no pensamento grego Filósofos como Sócrates e Platão sempre a utilizaram especialmente em seus diálogos buscando por meio dela encontrar a síntese de determinada conjuntura É em Heráclito de Éfeso 535475 a C contudo que encontramos a definição de que a dialética só acontece entre os desiguais Para entendermos o que Heráclito quis dizer com esta afirmativa precisamos retomar brevemente a base de sua Filosofia Heráclito pertenceu ao grupo que consideramos como os primeiros filósofos A preocupação desses era entender a origem de tudo Semelhante à fé judaica e cristã que vê na história da criação presente no livro do Gênesis a explicação de como surgiu o mundo e a humanidade os primeiros filósofos desejavam en tender qual era o princípio de todas as coisas da natureza ou seja qual era a Arché ou Arkhé Os filósofos originários da região da Jônia hoje na Turquia acreditavam que a origem de tudo se dava por um único elemento Um dizia ser a água o outro dizia ser o ar Heráclito por sua vez acreditava que a origem se encontrava no movimento das coisas Nesse sentido o fogo era o elemento que melhor representava tal mover 4 A CORRENTE MATERIALISTA UNICESUMAR 65 Desse modo para Heráclito todas as coisas fluem estão em constante mo vimento na oposição e luta entre forças entre diferentes Nesta luta temos a dialética pois o movimento das forças opostas gera a estabilidade Um exemplo é a guerra entre as espécies a luta entre elas é que gera o equilíbrio do ecos sistema ou então o tempero do clima seco com o clima úmido que permite o florescer o nascer das plantas etc Toda harmonia é fruto do diálogo dos opos tos dos diferentes que colocam suas ideias em conflito para delas colherem um único resultado Esta afirmativa seria o oposto da lógica formal tendo em vista que para esta última a verdade do mundo e dos fatos não necessitava de diálogos e pontos de vistas diferentes para existir Aquilo que é ainda é e o que não é nunca será A essa lógica temos como referencial e idealizador o filósofo Aristóteles PIRES 1997 Observe que temos duas lógicas duas correntes filosóficas aqui A primeira que é a dialética acredita na possibilidade da reflexão e da análise dos fatos para encon trar uma resposta acerca da verdade A segunda por sua vez é a lógica formal trazida por Aristóteles que entende a verdade como uma só cabendo ao homem apenas a tarefa de decifrála compreendêla Utilizandose da primeira interpretação ou seja a lógica dialética temos a Filosofia de Hegel e a de Karl Marx que se destacam em suas reflexões Neles o movimento dialético se dava num ciclo composto por afir mações versus negações isto é os opostos que resultavam em negações das próprias negações ou seja tese antítese e síntese CUNHA CUNHA 1999 De modo especial foram as ideias de Hegel que refutaram a lógica formal ao afirmar que uma coisa é e ao mesmo tempo não é Ou seja o que hoje pode ser compreendido como bom e correto por exemplo amanhã pode deixar de ser valendo essa teoria tanto para as coisas como para o próprio conceito de homem e humanidade PIRES 1997 Em outras palavras a dialética em Hegel era a compreensão que o filósofo tinha acerca da essência em si Diferentemente do pensamento clássico dos filósofos gregos que acreditavam que o homem possuía uma essência imutável Hegel defendia a tese de que a verdade as coisas a natu reza e o próprio homem estavam em constante transformação Dessa dialética utilizouse Marx para criar o seu materialismo Desse modo daremos destaque ao pensamento de Marx pois suas ideias fizeram contraste com todo posicionamento da Filosofia tradicional ao inter pretar a dialética hegeliana e toda a história da humanidade de outro ponto de vista O desafio era observar o homem e o mundo a sua volta trazendoos novamente a um diálogo uma relação que tornava um o produto do outro UNIDADE 2 66 Nesta concepção a compreensão sobre o mundo dependeria da relação entre sujeito e objeto que seriam frutos dos esforços empregados pelo homem sobre as coisas Marx utilizou a seguinte tese com o passar dos anos a matéria que provinha da natureza modificouse devido à ação do homem sobre ela Nesse sentido a inteligência e a capacidade racional do homem o levaram a empre gar sobre as coisas a sua força e a modificálas Da madeira ele fez a casa da pedra uniforme inventou a roda da rocha afiou e criou suas armas Todas as coisas que ele pôde alterar para o seu proveito assim o fez Essa mudança não se limitou todavia aos objetos estendeuse ao seu semelhante O método dialético que desenvolveu Marx o método materialista histórico dialético é método de interpretação da realidade visão de mundo e práxis A reinterpretação da dialética de Hegel coloca da por Marx de cabeça para baixo diz respeito principalmente à materialidade e à concreticidade Para Marx Hegel trata a dialética idealmente no plano do espírito das idéias enquanto o mundo dos homens exige sua materialização PIRES 1997 p 86 O que era lido idealmente por Hegel foi posto concretamente por Marx Olhando para a sociedade e o modo como os homens se organizavam nela Marx percebeu que o movimento dialético ocorria por atos que se relaciona vam e se repetiam por mais que isso não fosse compreendido ou mapeado an teriormente Aquele que tivesse mais força teria a possibilidade de se sobrepor aos demais e a relação que antes era de igualdade encontrou uma hierarquia Assim cada um era definido conforme o seu trabalho sua capacidade e seu poder sobre os objetos e os demais homens Nessa perspectiva constituiuse a sociedade e as classes sociais como fruto da criação humana em que cada membro possuía um lugar conforme suas habilidades e importância adquirida A partir desta divisão formavase segundo Marx a consciência humana e a ideia de quem o homem era no mundo SOUZA DOMINGUES 2009 Perceba que em Karl Marx a ideia de classes sociais e a sua hierarquia não são naturais mas foram fabricadas pelas relações que se constituíam com o passar do tempo Quanto mais aprimorado o trabalho realizado pelo sujeito mais minuciosa se torna as relações sociais ao seu redor Esta distinção das funções e consequentemente a distinção dos comportamentos sociais é evi dente em nosso cotidiano UNICESUMAR 67 Você mesmo a pode identificar o quanto o trabalho interfere na ação das pessoas Tomemos como exemplo a atenção que é destinada ao diretor da empresa não é a mesma atenção que se dá aos seus funcionários O respeito ao empregado que presta serviços manuais é diferente daquele dado ao coor denador de operações e assim por diante Essa distinção ocorre também no salário no prestígio social e na valorização do homem enquanto pessoa Ou seja na leitura marxista o trabalho nos define socialmente dizendo que nós somos aquilo que fazemos e por ele seremos amados ou odiados respeitados ou ignorados invejados ou desprezados e assim por diante Vale dizer que o materialismo histórico dialético é apenas mais uma das diversas interpretações filosóficas que existem acerca do mundo do homem e da sociedade Por ela algumas afirmativas como conseguiu porque se es forçou somos todos iguais a lei e a justiça é para todos se tenho sucesso foi porque mereci são postas em xeque tendo em vista que as definições de sucesso progresso igualdade etc partem dos níveis de relações estruturadas historicamente Assim como na dialética aqui as coisas as relações humanas e as relações de trabalho estão em constante mudança Mais que acreditar na capacidade individual que cada sujeito possa ter são os fatores externos e coletivos que determinam a realidade de cada época Isso fica claro para você Sei que estamos acostumados com a ideia que nos é transmitida desde crianças a saber para conseguirmos alcançar nossos sonhos ter sucesso prestígio e sermos felizes é necessário que nos esforce mos e dediquemos nosso tempo a estudar trabalhar e produzir Pela leitura materialista histórica dialética contudo existe outra interpretação a respeito da ideia de progresso e sobre como nossos sonhos podem ser realizados qual é a causa do operário de 1930 pensar de maneira diversa do operário de 1830 Por que o capitalista tem sobre as greves e os sindicatos um ponto de vista diferente do operário Assim que levantamos essas questões saímos imediatamente do campo das ideias e nos vemos forçados a investigar as causas pelas quais há algumas centenas ou alguns milhares de anos os homens tinham ideias distintas das de hoje e por que são diferentes os pontos de vista do capitalista e do operário THALHEIMER 2014 p 66 UNIDADE 2 68 Quando olhamos para a realidade histórica percebemos por exemplo que o sucesso majoritário de homens brancos comparados aos homens negros não se deu pelo es forço que o primeiro grupo teve a mais que o segundo mas foram as diversas políticas segregacionistas como foi o caso dos EUA ou as escravagistas que proibiram o aces so de pessoas ao mundo dos negócios do trabalho e da própria dignidade humana a partir da cor de sua pele O mesmo fator limitante desde o século XVI no Brasil isto é a cor das pessoas é o que ocupa as periferias as ruas as prisões etc e tornam a aplicação de políticas públicas indispensáveis para uma sociedade mais igualitária Faça uma retrospectiva lembrese quantosas professoresas negrosas você teve quantosas médicosas negrosas você conheceu ou então quan tosas diretoresas em sua escola eram negrosas Isso pode lhe parecer banal ou indiferente mas a ausência de negros em cargos de importância em nosso país representa o quanto esse grupo não pôde alcançar no mesmo período de tempo as oportunidades que foram ofertadas às demais etnias Isso seria mate rialismo histórico Não Mas é parte dele pois ao identificarmos as injustiças e percebermos que num outro contexto poderia ser você na condição de excluído criamos aquilo que o materialismo histórico chama de consciência de classe Esta consciência é o instrumento capaz de fazer os homens entenderem que o seu estado atual de vida em meio a sua sociedade nem sempre existiu e não existirá para sempre A origem das classes se deu no mesmo momento em que surgiu a propriedade privada Com ela aqueles que tivessem em suas mãos os meios de pro dução e a matériaprima deixavam de trabalhar e empregavam os que não tinham tais meios de produção e matériaprima Com isso formase o empregador e o empregado separados pelas condições materiais e dependências distintas um pre cisa do trabalho para sobreviver o outro se utiliza desse trabalho para obter lucros A exploração econômica de uma parte da sociedade por outra é a base da formação das classes A base da constituição das castas e Estados é igualmente a divisão de classes mais aí intervêm outras causas como herança o matrimônio no seio de cada grupo etc A formação de clas ses é aí a base geral o que não impede contudo a existência de castas e Estados A divisão em classes fortalece e por sua vez assegura a ex ploração Toda formação de classes se cristaliza em torno de dois pólos dos que produzem o excedente de produção e a mais valia e dos que se apropriam do excedente sem trabalhar THALHEIMER 2014 p 72 UNICESUMAR 69 A partir desta leitura o materialismo histórico dialético afirma constante mente que há entre esses dois polos ou seja os que produzem e os que se apropriam da produção uma luta constante responsável pela vida em socie dade Nessa luta as duas forças apesar de dependentes uma da outra unem se para alcançar sua soberania e autonomia eliminando as interferências causadas pela classe oposta a fim de se tornar única cada uma conforme seus interesses e desejo de organização social e política Seria isso possível CONSIDERAÇÕES FINAIS Na Unidade 2 discutimos as correntes filosóficas elaboradas ao longo dos séculos Por conta do grande número de correntes existentes detemonos em algumas considerando seu tempo e relevância para a história da Filosofia Começamos pela Patrística e pela Escolástica Estas Filosofias cristãs trou xeram os pressupostos da fé a partir da leitura dos filósofos clássicos como Platão e Aristóteles Ambas corroboraram para a validação da fé e tiveram como referenciais os padres Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino ambos considerados santos pela Igreja Católica Na sequência analisamos a corrente idealista Vimos a contribuição de René Descartes e Immanuel Kant para o surgimento e aprofundamento de tal pensamento Suas leituras fizeram do idealismo uma reflexão do homem acer ca das coisas e de si mesmo dando a entender que a verdade não se encontra nos objetos mas em cada indivíduo que os concebe e interpreta conforme suas condições Por fim abordamos a corrente materialista Observamos que o pensa mento marxista colaborou para sua edificação Nela desconsiderar a história seria o mesmo que negar a possibilidade de entender como a sociedade e as relações nela presentes se constituíram 70 na prática 1 Nos períodos Patrístico e Escolástico os ensinamentos cristãos eram transmitidos a partir da lógica filosófica grega de autores como Platão e Aristóteles com a diferença de que a ideia de verdade e necessidade era substituída pela ideia de necessidade de Deus Desse modo alguns filósofosteólogos se destacam nesta abordagem São eles a Tomás de Aquino Sócrates e Homero b Agostinho Tomás de Aquino Gregório Magno Ambrósio c Antão Hobbes e Locke d Rousseau Descartes e Foucault e Platão Tomás de Aquino Hobbes 2 Ao compararmos a corrente filosófica do idealismo e a corrente filosófica do mate rialismo histórico dialético encontramos várias diferenças Contudo uma em es pecial pode ser considerada aquela mais evidente Conforme trabalhado em nossa disciplina a diferença principal delas está a No idealismo o pensamento platônico é responsável por identificar a verdade a partir daquilo que se visualizou no mundo das ideias No materialismo por sua vez a verdade não se visualiza mas se vivencia por meio do trabalho b O materialismo histórico dialético busca explicar a história por meio dos sujeitos enquanto que o idealismo não consegue restringir suas reflexões a nomes tendo em vista seu caráter utópico e ideal c No idealismo o pensamento é comprovado por meio dos sentimentos de cada autor O mesmo ocorre com o materialismo porém ele não se dá nos homens mas na história conforme o período que é analisado d No idealismo a ideia de quem sou fica somente com aquilo que pode ser verifi cado conforme o entendimento pessoal de cada indivíduo Já no materialismo essa mesma ideia de quem sou se explica pela relação que se produziu entre as pessoas ao longo da história e No materialismo a ideia de homem limitase a uma interpretação política sendo o homem fruto de uma época e umacultura Já no idealismo a ideia de homem se respalda na garantia que todo homem tem de sua origem a partir dos fatos históricos narrados em cada sociedade 71 na prática 3 Sobre o conceito de idealismo vimos que ele não possui sua origem nas ideias platônicas pois a filosofia de Platão se enquadra no que chamamos de realismo O idealismo apresenta conceituações e propostas diferentes as quais podemos dizer que se definem pelos seguintes aspectos I Representa a incapacidade de compreender os fenômenos reais a ponto de criar verdades para si II Amparase na definição de ideia mesmo III É a interpretação que cada indivíduo faz a respeito de algo e sua definição de verdadeiro ou falso IV É a crença numa verdade única que está pronta porém deve ser descoberta pela razão É correto o que se afirma em a I e III b I e IV c II e III d IV apenas e I apenas 4 A corrente materialista a partir da interpretação realizada por Karl Marx trouxe como instrumento de interpretação da história a ideia de que há uma constante e interminável luta de classes em que aqueles que são proprietários das terras e dos meios de produção compram o tempo e o trabalho dos que não possuem tais bens Nesta perspectiva este cenário de relações de trocas de trabalhos segundo Marx deveria continuar ou nãoAssinale a alternativa correta a Segundo Marx essa relação entre donos dos meios de produção e empregados é satisfatória e benéfica para ambas as partes Desse modo seria indispensável a manutenção desse meio de trabalho e vida b Em Marx a ideia de materialismo se faz a partir da certeza de que não exis tem proprietários fixos da terra A terra é um bem coletivo portanto deve ser partilhada 72 na prática c Marx apostava na força do trabalho coletivo Para ele quando se trabalha em conjunto o resultado para o patrão seria mais rápido e geraria riqueza para todos d O modelo de trabalho definido por patrões e trabalhadores desagradava a Marx Para ele era necessário o fim das classes sociais e a desigualdade que se fortaleceu a partir do momento em que surgiu a propriedade privada e Em Marx as máquinas chegaram para amenizar os gastos do patrão com fun cionários porém não houve ganho para o trabalhador Desse modo seria ne cessário encerrar com o trabalho da maquinaria e retornar o trabalho manual a fim de retornar o lucro para o funcionário 5 Ao estudarmos as correntes filosóficas iniciamos nossas leituras a partir do perío do da Patrística Nele foi possível compreender a ação da Igreja Católica sobre a fundamentação de suas verdades de fé tendo como base a Filosofia grega Acerca do período da Patrística assinale V para verdadeiro e F para falso nas afirmativas a seguir Período quando a Filosofia cristã construiu os pressupostos da fé a partir das ideias de pensadores como Agostinho de Hipona Marcião Aristides Justino Mártin e Taciano Agostinho de Hipona foi um importante bispo da Igreja ortodoxa represen tante da fé cristã nos primeiros anos daquilo que consideramos como Filosofia cristã O período da Patrística se definiu pela aplicação dos conhecimentos da fé em universidades pela formação de novos padres e do povo em geral Tomás de Aquino é considerado o principal expoente do período da Patrística tendo como grande amigo e discípulo o filósofo Agostinho de Hipona A sequência correta das questões é a V F V V b F V F V c V F F F d V F V F e V V F F 73 aprimorese Trago alguns trechos do artigo do professor doutor Ronaldo Marcos de Lima Araú jo que nos leva a refletir a respeito do perfil educacional que se exige atualmente bem como os modelos de sucesso que nos são apresentados Vale ressaltar que tal leitura de Educação e sociedade se enquadra na corrente filosófica materialista histórica dialética conforme apresentada nesta unidade O MARXISMO E A PESQUISA QUALITATIVA COMO REFERÊNCIAS PARA INVESTIGAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL O discurso da formação do cidadão produtivo da Educação para a empregabilida de e da referência fundamental no mercado se coloca enquanto elemento discur sivo sob a perspectiva pragmática enquanto o homem amplamente desenvolvido serve como principal referência para uma pedagogia fundada na idéia de práxis Nesta direção cabe destacar a diferenciação que faz Manfredi 2006 dos processos formativos focados no trabalho na profissão e na ocupação distinguindo estes conceitos em função do alargamento do foco e na consideração de que eles reme tem a estratégias formativas que interessam mais ou menos aos trabalhadores E com as estratégias de formação dos trabalhadores não podem ser dissocia das de projetos de desenvolvimento social é necessário reconhecer que qualquer leitura que se faça acerca da Educação profissional inclusive de suas práticas pe dagógicas pressupõe uma opção política pautada no projeto de sociedade que se toma como referência Os projetos educacionais em disputa no fundamental remetem ou à conformação da Educação ao status quo ou seja procuram se ajus tar à realidade instituída ou se contrapõem ao estabelecido e se comprometem com outro modelo societário no qual o ser humano seja o elemento balizador das decisões 74 aprimorese Em sentido estrito as práticas formativas constituem um processo de formação que se dá vinculado a essa dimensão de forma intencional em instituições específicas por meio de ações deliberadas organizadas e planejadas com finalidades explíci tas Referese à busca de conhecimentos e habilidades para compreensão da reali dade considerando a capacidade de fazer valer os interesses econômicos políticos e culturais da sociedade FRIGOTTO 1995 MACHADO 2000 LIBÂNEO 2006 Assim podemos afirmar que a prática pedagógica não é neutra refletindo inte resses sociais políticos econômicos e culturais das classes que compõem a estru tura da sociedade O homem ao interferir em tais práticas por meio das atividades de ensino através dos conteúdos objetivos e métodos e na própria atuação do docente caracteriza a prática formativa das escolas pois a forma de ensinar as atividades planejadas os procedimentos e recursos específicos e as atividades de sempenhadas pelos alunos expressam segundo Veiga 1996 a especificidade de uma prática formativa A prática formativa constitui um elemento que caracteriza a identidade de uma instituição educativa e fazse presente também no currículo oculto ou seja na for ma de ensinar no invólucro do conteúdo nas formas de constituição da subjetivida de do professor na linguagem dos coordenadores dos cursos enfim nos elemen tos da prática pedagógica ou vinculados a ela GUIMARÃES 2004 Neste sentido afirmamos que toda prática pedagógica é prática formativa mas nem toda prática formativa é prática pedagógica Fonte Araújo 2012 75 eu recomendo Confissões Autor Santo Agostinho Editora Paulus Sinopse a obra revela o caráter filosófico e teológico presentes na figura de Agostinho de Hipona A obra escrita alguns anos após a sua conversão traz o autor como a figura central de todo o texto interpretando sua trajetória como uma constante busca de Deus Nela sua vida é apresentada nos detalhes e lida a partir da ótica da fé na qual sua conversão é o ápice de todas as reflexões e saberes adquiridos ao longo dos anos livro O jovem Karl Marx Ano 2017 Sinopse aos 26 anos Karl Marx embarca para o exílio junto com sua esposa Jenny Na Paris de 1844 ele conhece Friedrich Engels filho de um industrialista que investigou o nascimento da classe trabalhadora britânica Engels oferece ao jovem Marx a peça que faltava para completar a sua nova visão de mundo Entre a cen sura e a repressão os tumultos e as dificuldades políticas eles lideram o movimento operário em meio a era moderna filme Santo Agostinho é lido no mundo acadêmico e devotado pelos cristãos católicos devido à sua conversão ao cristianismo e à experiência que ele fez de Deus Um desses momentos que fora escrito pelo santofilósofo foi traduzido em forma de música Deixo o link para que você possa apreciar letra e melodia httpswwwyoutubecomwatchvWlqxCrWGFM conectese anotações anotações 3 OS TEÓRICOS CLÁSSICOS DA FILOSOFIA da Educação PLANO DE ESTUDO A seguir apresentamse as aulas que você estudará nesta unidade Educação na Filosofia de Thomas Hobbes Educação na Filosofia de John Locke Educação na Filosofia de JeanJacques Rousseau Educação na Filosofia de Augusto Comte Educação na Filosofia de Michel Foucault OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Apresentar o caráter pedagógico da Filosofia de Thomas Hobbes Discutir o caráter pedagógico da Filosofia de John Locke Abordar o caráter pedagógico da Filosofia de JeanJacques Rousseau Expor o caráter pedagógico da Filosofia de Augusto Comte Descrever o caráter pedagógico da Filosofia de Michel Foucault PROFESSOR Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves INTRODUÇÃO Olá alunoa seja bemvindoa à Unidade 3 Nesta discutiremos a Filosofia da Educação na prática Observaremos o pensamento de autores como Hobbes Rousseau e Comte caminharemos no intuito de compreender como cada um destes pensadores incorporaram às suas teorias filosóficas os traços educacionais percebendo nelas o norte para a edificação das estruturas teóricas que construíram Por eles compreenderemos como a Filosofia da Educação se constitui na prática ou seja como concilia o saber filosófico aos movimentos próprios da pedagogia Cada um dos pensadores abordados nesta unidade mostrará como a Educação se tornou indispensável para que novos ares polí ticos e sociais pudessem surgir O homem que cada teoria elucida e idealiza só encontrará o sentido de sua jornada e o modo de tornála real a partir de uma Educação assertiva de qualidade e que priorize o cuidado com o ser Veremos que cada um desses autores atua num período específico buscando respostas para os problemas sociais que afligiam sua época Olhar para eles e compreender suas teorias não significa que queremos copiálas ou então reproduzilas nos dias de hoje Isso seria loucura pois cada época apresenta os seus próprios problemas e as possíveis soluções para eles Desse modo nosso intuito é investigar conhecer aprimorar a nossa reflexão sobre o fazer da Filosofia da Educação a partir da prática dos clássicos ou seja de filósofos que olharam para sua sociedade e não se contentaram com as respostas óbvias O desejo de inovar os fizeram ir além do trivial e enxergar o homem e sua cul tura de um jeito único Por este motivo eternizaramse na história da Filosofia e da Educação Por fim cada leitura apresentada por eles deve nos servir de modelo mas nunca de regra A Filosofia da Educação se faz no cotidiano e pelo enfrentamento dos problemas que assolam o ambiente escolar Que ao lermos os clássicos tenhamos vontade de melhorar nosso modo de interpretar o mundo da Educação Bons estudos UNIDADE 3 80 1 EDUCAÇÃO NA FILOSOFIA DE THOMAS HOBBES Daremos agora alguns passos em direção ao nosso estudo da Filosofia da Edu cação Aqui conheceremos alguns filósofos clássicos e o modo como suas teorias contribuíram para uma reflexão pedagógica Iniciemos então com a Filosofia do pensador Thomas Hobbes Thomas Hobbes nasceu no ano de 1588 na cidade de Westport na Inglaterra Filho de um sacerdote anglicano criado no período do reinado da rainha Eli sabete I 15331603 Hobbes recebeu Educação formal a partir dos seus quatro anos de idade e no ano de 1608 formouse pela universidade de Oxford Ele era teórico político filósofo e matemático atuou como preceptor do jovem William Cavendish posteriormente o Duque de Devonshire Nesta época tinha somente 20 anos de idade Na história da Filosofia Hobbes é identificado popularmente como o pen sador pessimista quando o assunto é natureza humana LIMONGI 2012 Hob bes John Locke e Rousseau são os três principais filósofos contratualistas isto é pensadores que defenderam a ideia de que a sociedade civil era organizada a partir de um contrato Por exemplo quando fazemos uma compra matricu lamonos em um curso entramos em um relacionamento ou emprego novo assumimos uma responsabilidade Alguns destes itens listados não precisam de um contrato formal com reconhecimento de firma ou burocracias do tipo mas ao fazer a promessa de que pagará a compra frequentará o curso será fiel aoà UNICESUMAR 81 companheiroa ou às regras do novo trabalho você automaticamente assume um compromisso semelhante a um contrato fictício feito verbalmente mas que lhe torna moralmente responsável por honrálo Pois bem para defender esta ideia cada um dos três pensadores trouxe a sua contribuição e o seu entendimento sobre como ele deveria funcionar Regra geral para os três o estado de natureza deveria ser retomado para que o homem pudesse se adequar à vida num contrato social Ao tratarmos de suas Filosofias certamente elasevidenciamse ao longo do texto porém vale a pena frisálas Para JeanJacques Rousseau o homem selvagem abandonaria sua liberdade natural para viver num acordo Ele faria isso porque o progresso o impulsionou As necessidades de produzir roupas para se proteger do frio dearmas para caçar e deabrigos para se proteger o fizeram dependente de outros homens Desse modo a vida em sociedade precisou ser criada mas para que o homem tenha uma vida em comum sem perder sua felicidade era necessário que sua liberdade não fosse retirada Por isso as leis civis deveriam ser formuladas por todos em conjunto para que todos aceitassem e se sentissem livres mesmo vivendo em um contrato social Rousseau valorizava a liberdade John Locke por sua vez entende que o contrato social já existia porém deveria ser reformulado Nesta reformulação ninguém teria o direito de retirar de um cidadão aquilo que ele conquistou com o seu trabalho Por este motivo educar o homem seria necessário para que ele aprendesse a respeitar a sua na tureza originariamente egoísta Ou seja quando o homem lutasse por seus di reitos e competisse com outros para alcançar o melhor lugar ou então pensasse primeiramente em si isso não seria ruim pois ele permitiria que sua natureza se expressasse Desse modo os bens que ele adquirisse seriam frutos de seu esforço pois na ordem social ele soube ser o melhor Por isso o dono da terra não deveria ser o senhor feudal tampouco o rei mas aquele que a tivesse cultivado Locke valorizava a propriedade privada Após identificarmos o pensamento de Rousseau e Locke devemos compreen der a contribuição de Hobbes Como Rousseau e Locke Hobbes compreendia que o estado de natureza era importante e deveria ser cultivado sobretudo em uma de suas principais características o egoísmo O homem é mau por natureza É isso que Pierre Bayle considera ao falar de Hobbes afirmando que o autor assim interpretou o homem natural BAYLE 1982 Ficaremos porém com algumas interpretações mais modernas como a da professora Maria Isabel Limongi que entende o pen samento de Hobbes sobre a natureza humana como egoísta LIMONGI 2012 UNIDADE 3 82 Em seu livro Leviatã Hobbes fez uma descrição da espécie humana e afirmou que desde o princípio da vida o homem procurou realizar seus de sejos colocandose acima de tudo e de todos Para conquistar seu território ele assassinava aos demais destruía as espécies e a natureza acreditando ser superior e gerando um estado permanente de guerra HOBBES s d Nada poderia parar o homem pois sua sede pelo poder era algo constante e sem limites Desta ideia é que o autor retira sua certeza de que o homem não é naturalmente bom De modo geral os homens são basicamente iguais as di ferenças entre eles são mínimas Apesar disso a disputa do homem estaria no desejo de provar aos demais que sua inteligência é maior sua força é superior até que todos obedeçam e aceitem sua autoridade Dessa forma o mais esperto sempre vence pois antecipa o golpe que sofreria do inimigo O interessante de estudarmos Hobbes é que sua leitura sobre o homem e a sociedade são muito atuais Percebemos essas atitudes de arrogância pre potência e orgulho em nós não é mesmo Hobbes ao olhar para o gênero humano e identificar a corrupção que havia em seu comportamento enten deu o porquê da existência da sociedade Ou seja o fato de a vida social ser ainda hoje uma realidade seria porque sem ela nós não estaríamos vivos Entende isso Se no estado de natureza o homem seria movido por seus desejos egoístas de sempre ser o melhor ter maior vantagem sobre os demais ter o poder em suas mãos etc ele faria de tudo para alcançar seus objetivos nem que para isso fosse preciso agredir violentar torturar e matar os seus inimigos Com isso o resultado seria a sobrevivência do mais forte e o assassinato dos mais fracos Semelhante a uma selva o que determinaria o tempo de vida de alguém seria a sua agilidade para fugir do predador isto é outro homem um bicho da sua própria espécie Para fugir desta sina que o egoísmo humano proporcionaria ao mundo a sociedade e suas leis seriam aquelas que protegeriam o homem do próprio homem pois caso não houvesse interferência os seres humanos atacariam aos seus próprios semelhantes Daí que vem a famosa frase de Hobbes que diz O homem é o lobo do homem Cercado por leis que regram o seu com portamento o ser humano aprendeu a viver com o outro porém caso ele seja deixado à mercê de suas próprias vontades o resultado seria o retorno a um estado contínuo de guerra LIMONGI 2012 Neste ponto vale perguntar qual seria a ideia de Educação para Hobbes UNICESUMAR 83 O filósofo não tratou especificamente da Educação ou seja o modo como educar o indivíduo para a sociedade que ele idealizava Sua Filosofia porém posicionouse a favor de um governo soberano e forte o qual deveria conduzir o homem à paz e à sociabilidade harmônica Seria portanto esta condução o fator pedagógico de seu pensamento visto que ele tinha um fim a ser alcançado com suas ideias e que não poderia ser realizado caso deixássemos o homem agir por conta própria pois ele não é naturalmente sociável Em outras palavras as leis e os mandos sociais são pedagógicos eles nos educam e nos tornam conscientes daquilo que nos é permitido ou não certo ou errado bom ou ruim nos fazem aprender a conviver a partilhar nossos talentos e a lidar com as diferenças Parece um pouco utópico Hobbes depositar tanta confiança nas leis pois ao olharmos para a sociedade percebemos que os casos de violência agressões roubos e mortes são constantes mesmo vivendo em sociedade Estaria Hobbes enganado ao dizer que as leis seriam o elemento responsável pela Educação para a convivência em sociedade Na verdade não Lembremos que Hobbes acredita que alguns aspectos do estado de natureza devem ser preservados na vida em sociedade Neste caso o egoísmo humano tem um propósito principal conservar a própria vida O homem ao assumir o contrato social garante a sua sobrevivência em troca de não mais agir pelo seu impulso ao obedecer às leis Desse modo pensando primeiramente em si o homem estaria contribuindo para a aplicabilidade do bem comum Parece con traditório porém não é Sabe quando você leva uma fechada de outro carro no trânsito Ou então quando você é mal atendido por uma vendedora numa loja Ou ainda quando você precisa utilizar o banheiro público e o encontra sem nenhum sinal de higiene Em todas estas situações você provavelmente pensaria que coisa horrível Como pode alguém agir dessa maneira Ao se deparar com uma situação que não lhe agrada automaticamente você entende que aquilo poderia não ser confortável para outra pessoa e portanto você evita reproduzir tal comportamento As experiências negativas nos fazem entender como é ruim não ter o mínimo de consideração por parte de terceiros isso lhe faz repensar seu comportamento Por mais que isso possa aparentar uma atitude altruísta na verdade não passa de uma reflexão egoísta pois não seria pensar no outro mas pensar em você Não faço igual porque não quero que façam comigo Não roubo porque não quero ser roubadoa quero segurança Não quero sofrer Não quero ser humilhadoa esquecidoa traídoa julgadoa etc UNIDADE 3 84 Segundo Hobbes se o homem pensasse e agisse colocandose em primei ro lugar o bemestar social seria uma consequência de atitudes e pensamentos egoístas que por querer viver numa sociedade melhor num bairro melhor numa casa melhor educouse para cumprir aquilo que a lei estipulasse Ou seja em Hobbes percebemos que o problema está no cuidado que temos em apontar como os outros devem agir pensar ser É como se o filósofo nos dissesse quer mudanças então comece por você Se tem sofrido com a violência acabe com ela primeiramente na sua casa no trânsito nas opiniões preconceituosas etc Atitudes assim poderiam ajudar a mudar o contexto social Não sejamos no entanto românticos a ponto de acreditar que o compor tamento individual sanaria todos os males da sociedade Lembremos que em Hobbes o homem é egoísta por natureza e precisa ser controlado Se vivendo em uma sociedade com leis a vida humana ainda encontrase em risco a culpa não seria das pessoas mas do próprio governo Hobbes acreditava em um governo absolutista em que sua força deveria ser maior que a do povo pois caso o go verno abrisse brechas o caos e a guerra se instalariam novamente na sociedade HOBBES s d Quando o governo é fraco a sociedade se perde e a natureza humana fica descontrolada O direcionamento das forças do cidadão portanto deve ser sub metido aos interesses e às vontades de quem está no poder pois este saberá o que é melhor para o povo tendo em vista que ele confia em seu líder uma vez que depositou em suas mãos a confiança de suas vidas Concluímos assim nossa aula sobre Thomas Hobbes e sua contribuição para o campo da Educação Vejamos na próxima aula o pensamento de outro teórico da Educação e sua contribuição para nossa discussão filosófica pedagógica Uma das mais famosas frases de Hobbes foi o Homem é o lobo do Homem Neste confronto eterno que a raça humana vive conforme nos ensina a Filosofia hobbesiana tudo seria guerra e morte caso o homem não fosse domado pela força da vida em sociedade que se respalda na lei para poder agir As leis entretanto são suficientes para que os homens deixem de se atacar Ouça a música Lobo interpretada pela can tora Pitty Inspirada nas ideias de Thomas Hobbes a música expressa o centro de seu posicionamento político Vale a pena conferir httpswwwyoutubecomwatchv9GTDyhnVp54 conectese UNICESUMAR 85 Após conhecermos a Educação em Thomas Hobbes passaremos a discutir o pen samento do filósofo inglês John Locke Ele nasceu no dia 29 de agosto de 1632 na aldeia de Somerset na cidade de Wrington Inglaterra Locke era filho de um fun cionário do tribunal e capitão do exército parlamentar Ele recebeu uma Educação formal ou seja desde os seus 14 anos de idade frequentou escolas Na realidade a formação de Locke foi extensa e além do curso de Filosofia que em sua época recebia o nome de Artes ele estudou Medicina e Ciências Naturais Seu pensamento ganhou destaque na Inglaterra pois semelhante a Rousseau Locke foi alguém que não se contentou com a ideia de Educação sociedade e política que eram vigentes em seu contexto Apesar de não ser muito conhecido o seu discur so voltado à Educaçãoapresentou algumas notas a respeito do que considerava válido a ser transmitido ao homem visto que segundo ele a grande responsável pelas habi lidades que uma pessoa possa terseria a Educação que ela recebeu LOCKE 2000 A obra a qual dedicou à pedagogia chamase Alguns pensamentos sobre a Educação publicada em 1693 Cambi 1999 p 316 ao falar sobre John Locke afirma foi de maneira geral o representante de um pensamento crítico que pretende submeter toda afirmação à prova da ex periência e portanto colocar no centro do próprio trabalho os princípios da verificação experimental e da inferência empiri camente provada 2 EDUCAÇÃO NA FILOSOFIA DE JOHN LOCKE UNIDADE 3 86 Entenderemos agora o seu contexto para assim chegarmos aos fundamentos de sua teoria O período no qual ele viveu era governado pela monarquia por isso passou pelo reinado de Carlos I 16251649 acompanhou a sua execução e posteriormente o período do Protetorado o momento em que dois lordes assumiram temporariamente o lugar do rei visto que o seu posto estava vacante Durante esses governos sobretudo no de Carlos I os ingleses viviam sob a imposição das abusivas ordens reais Carlos I acreditava que o poder real era divino portanto todos deveriam obedecêlo e servilo com extrema devoção Suas decisões se impunham sobre as diretrizes da igreja da Inglaterra sobre os impostos que se tornavam cada vez mais elevados sem porém consultar o par lamento pois seu desejo era o de governar sozinho SILVEIRA 2017 Por estes e outros motivos Carlos I é considerado pela história como um dos primeiros monarcas a promover o governo chamado de absolutista Passar por todas essas experiências de governos malsucedidos fizeram de Locke um intelectual descrente naquele tipo de ordenamento social Tentaremos pensar como Locke e refletir sobre seu posicionamento imaginese viver em um governo em que mesmo com a mudança do líder os problemas continua ram os mesmos e todas as tentativas de melhoria não deram certo Além destes fatos novos ares chegavam e com eles os desejos de progresso que permeavam a mente das pessoas esperançosas por liberdade para planejarem suas vidas e alcançar sucesso Diante porém de um governo que limitava as possibilidades de ascensão toda tentativa de desenvolvimento seria infrutífera Por este motivo Locke acreditava na autonomia na independência Diferentemente de um poder real que viesse de Deus sua máxima se con centrou na ideia de uma verificação isto é só seria possível acreditar naquilo que fosse provado que a experiência demonstrasse possível de acontecer e real tanto na política quanto na Educação Esta teoria inaugurada por Locke é conhecida como empirismo CAMBI 1999 O pensamento lockeano foi o responsável por mudanças significativas não somente na Inglaterra mas também na França do século XVIII Assim como Rousseau e tantos outros autores Locke acreditou que as mudanças sociais se tornariam efetivas caso contasse com o trabalho da Educação Crente disso o autor considerou a natureza humana como o princípio da organização social sendo necessário educar o homem para que fosse ele mesmo enquanto se de senvolvia dentro de seu grupo A compreensão de Locke sobre o significado de natureza no entanto diferiase daquela elencada por Rousseau conforme vimos UNICESUMAR 87 anteriormente Nele contrário às ideias do filósofo de Genebra no estado de natureza o homem seria regido pela razão Mais que isso no estado de natureza a desigualdade não é algo produzido mas fruto desse estado e o egoísmo é uma das características próprias do homem LEONEL 1994 Discutir estes aspectos se faz necessário para que posteriormente possamos compreender o conceito de Educação na perspectiva desse pensador Percebamos que contrariamente àquilo que entendemos por Educação nos dias de hoje para pensadores clássicos como John Locke a Educação que se recebia de seus iguais e a instrução adquirida formalmente eram uma só Isso porque o aprendizado não se dava somente pela instituição escolar não era uma tarefa exclusiva da escola ensinar preceitos básicos de sociabilidade e valores morais Isso se percebia no próprio con texto social cobravase em casa e os conhecimentos acumulados eram transmitidos de geração em geração Ou seja ser homem e cidadão eram propostas complemen tares ambas movidas pelo raciocínio lógico e pelas ciências LEONEL 1994 Ao olhar para a sua sociedade e realizar suas críticas a respeito de sua estrutu ra Locke não desejava revolucionála de modo a exterminar seus ensinamentos e lhe dar outros princípios Pelo contrário seu projeto se configurava na poten cialização do saber adquirido pela experiência humana Desse modo aquele que o possuísse se destacaria em seu grupo Você consegue entender isso Consegue perceber a grande reflexão teórica que Locke produziu em sua época Detalharemos esse conceito para que a essência do pensamento político e pedagógico de John Locke não passe despercebido A sociedade na qual ele vi via estava pautada numa política absolutista na qual os indivíduos não tinham liberdade para serem o que desejassem aí se encontrava a crítica de Locke Havendo sido tomados os cuidados adequados para manter o corpo forte e vigoroso de tal forma que possa ser capaz de obedecer e executar as ordens da mente a tarefa seguinte e mais importante é dispor a men te corretamente de modo que em todas as ocasiões ela seja inclinada a não consentir senão com o que seja adequado à dignidade e excelência de uma criatura racional LOCKE 31 2000 grifos do autor Enquanto criatura racional por natureza o homem não deveria se submeter aos mandos de um governo que se dizia superior a todos por ordem divina diminuindoo e fazendoo sofrer Desse modo caberia ao homem assumir a sua essência racional e pôr em prática a sua origem egoísta a fim de que seu intuito UNIDADE 3 88 fosse de ser sempre o melhor dentre os seus LEONEL 1994 Para alcançar tal empreitada o caminho seria a Educação Desse modo edu cando o homem da sociedade com base na sua natureza o resultado seria um indivíduo incapaz de se subordinar a um preceito que considerasse vazio pois saberia que sua capacidade racional o convidava sempre a buscar o melhor para si e consequentemente para a sua sociedade Vemos assim que na Educação lockeana o educando não se contentaria com a submissão mas o seu desejo de liberdade tomaria à frente de sua conduta social fazendoo um homem corajoso capaz de construir a sua própria história e ser merecedor de todos os méritos alcançados Em outras palavras esse ser educado a estes moldes prefigurava o homem burguês do século XVIII Vale porém lembrar que tal liberdade garantida ao educando não se da ria em todo o processo de aprendizado Inicialmente seria necessário que o aluno renunciasse aos seus desejos pois o grande princípio e fundamento de toda a virtude e valor está colocado nisto que um homem seja capaz de negar a si mesmo seus próprios desejos LOCKE 33 2000 sp A renúncia de si no momento certo faria o educando se concentrar em suas capacidades intelectuais para posteriormente gozar de toda felicidade que o seu esforço e conhecimento lhe renderam Como se daria na prática a proposta pedagógica de Locke Vejamos Sua teoria valorizava o cuidado com o corpo e com a mente isso porque são elas os instrumentos pelos quais o homem demonstra as suas potencialidades Em Locke a Educação a partir da experiência é o que conduziria o homem ao conheci mento pois todos nascem rasos intelectualmente Ao afirmar isso o filósofo ia mais uma vez de encontro com os valores de sua época pois ignorava a crença nos conhecimentos inatos que cada homem trazia consigo desde sempre Se o conhecimento é algo que se adquire por meio do intelecto então não seria correto dizer que alguém canta escreve cozinha ou exerce qualquer atividade porque possui um dom CAMBI 1999 Dessa forma o que se tem é um tripé responsável pela formação do ser a sa ber o físico o moral e o intelectual Seguindo estes três princípios seria possível alcançar futuramente o homem ideal para a nova ordem social que despontava contrária aos movimentos do regime monárquico A partir de um ensino refor mado o que se encontraria era um homem também reformado O grande mal da sociedade estaria na condução da formação do homem dirá Locke Por vezes os pais que devem ser os grandes guardiões dos cuidados de seus filhos permitem UNICESUMAR 89 desde cedo que estes se deixem corromper pelos maus costumes acreditando que nada lhes acontecerá tendo em vista sua pouca idade Locke alertaos acerca desse engano que por vezes inocentemente cometem Assim ele escreveu Eles amam seus pequenos e isto é sua obrigação mas seguidamente regozijamse junto com a pessoa deles também com suas faltas Eles não podem ser obstruídos dizem Deveselhes permitir que façam suas vontades em todas as coisas e não sendo capazes de grandes vícios na infância os pais pensam que podem com suficiente segu rança condescender com suas pequenas irregularidades e fazerem eles próprios gracejos com esta bela perversidade a qual lhes parece conveniente a esta idade inocente Mas a um pai carinhoso que não teria corrigido o filho por uma travessura perversa mas o desculpa do dizendo É coisa pequena Solon muito bem respondeuSim mas o costume é uma grande coisa LOCKE 34 2000 s p O amor não pode limitar os filhos tampouco fazêlos dependentes dos cui dados paternais Desse modo todo carinho em excesso deve ser evitado pois se não houver este cuidado o risco de se perder todo o trabalho de formação do homem se torna eminente A Educação nestes moldes não é leve tal rigidez pedagógica é perceptível nos detalhes Locke pretendia permitir que o educando experimentasse a dor e aprendesse a conviver com ela Isso faria de seu aluno um homem conhe cedor de si de seus limites e potenciais A renúncia dos prazeres na infância serviria para lhe fazer forte semelhante a um soldado que ao enfrentar as dificuldades da batalha esforçase em superálas até chegar ao ponto de não mais sofrer com as condições que lhes são expostas pois aprendeu a lidar com o sofrimento Por fim o resultado da Educação lockeana seria o Lorde Inglês isto é homem culto capaz de interagir com os demais negociar e se posicionar livremente fren te aos problemas de seu tempo de forma decidida e influente prezando sempre pela propriedade privada símbolo da sua independência Esse sujeito não é mais o súdito subjugado aos mandos de um rei tirano mas é o burguês independente criador de sua história Ele adquiriu com todos os esforços desprendidos a in dependência de sua vida e o sucesso pessoal profissional e social Prossigamos nossos estudos do pensamento clássico como uma expressão teórica dos fundamentos que compõem a Filosofia da Educação UNIDADE 3 90 Ao falarmos dos filósofos da Educação encontramos diversos nomes nas mais variadas épocas históricas Alguns grupos contudo obtiveram destaque e se tornaram referenciais de ideias inovadoras e por vezes polêmicas a respeito dos fundamentos que regiam o conceito de pedagogia Educação ensino etc Continuaremos a discussão desses pensadores agora será a vez de conhecer mos JeanJacques Rousseau Rousseau nasceu no ano de 1712 na cidade de Genebra na Suíça Filho de um relojoeiro foi criado pelo pai até seus dez anos de idade tendo em vista que sua mãe faleceu devido às complicações que tivera em seu parto Quando tinha 16 anos de idade Rousseau foge de sua cidade natal e parte em busca de novas experiências pelo mundo Viajou bastante morou na Itália teve aulas de latim e italiano passou por uma experiência religiosa e quase estudou para ser padre após sua conversão ao catolicismo SIMPSON 2009 Não contente porém com a vida que levava voltou para a estrada em busca de um lugar que o acolhesse Seu paradeiro foi a cidade de Paris na França onde passou a maior parte de seus anos Sua experiência pelo mundo o fez observar o homem em suas mais diversas expressões ricos pobres camponeses homens felizes outros amargurados com a vida que levavam pessoas que eram exploradas e tentavam a todo custo serem livres Por fim após observar todos esses cenários conclui o homem nasce livre e por toda a parte encontrase a ferros ROUSSEAU 1999 p 53 Isso significa 3 EDUCAÇÃO NA FILOSOFIA DE JEANJACQUES ROUSSEAU UNICESUMAR 91 na perspectiva do autor que a sociedade do século XVIII sobretudo naqueles lugares pelos quais ele havia passado era permeada por indivíduos aprisionados que viviam subjugados aos mandos daqueles que detinham o poder e como consequência dessa realidade viviam infelizes Vale ressaltar que esse aprisionamento ultrapassou as grades de ferro que pode riam prender um homem Os ferros aos quais Rousseau se referia não eram físicos mas ideológicos O cidadão estava preso aos preceitos sociais que lhes foram im postos ao longo dos anos era cativo dos costumes e dos valores que a sua sociedade lhe impunha sem poder se libertar deles pelo menos até aquele momento BOTO 2017 Rousseau havia enxergado o problema de sua época além de ter que conviver com uma realidade totalmente desigual e injusta ele ainda precisava cumprir com os hábitos e costumes típicos daquele contexto A polidez nas relações as boas maneiras e as regras de etiqueta o seguir à moda e o trato com as pessoas conforme o seu grau de importância o modo como alguém deveria se portar à mesa etc Tudo isso fazia parte do cenário do século XVIII sobretudo na França que contava com famosos manuais de civilidade extremamente populares na época em especial aquele que havia sido escrito por João Batista de La Salle intitulado Règles de la bienséance et de la civilité chrétienne ARIÈS1986 Esse manual continha ensinamentos sobre como uma pessoa deveria agir nas mais diversas ocasiões Vejamos um exemplo Apenas deitado é preciso cobrir todo o corpo fora o resto que sem pre deve ficar descoberto Tampouco se deve tomar postura alguma inconveniente com a desculpa de maior comodidade nem permitir que o pretexto de dormir melhor se sobreponha ao decoro Não é cortês dobrar as pernas mas devese estendêlas e convém deitarse ora de um ora de outro lado pois não é apropriado dormir deitado de bruços LA SALLE 2012b p 360 Talvez você possa se perguntar qual o problema em seguir regras de etiqueta ser bemeducadoa e cumprir com determinada postura quando se está na frente de alguém importante Na verdade quem é que não gosta de encontrar pessoas simpá ticas por onde passa e ser bem tratadoa Pois bem para responder a esta questão devemos primeiramente lembrar que a resposta óbvia não cabe aqui uma vez que tratamos da Filosofia da Educação Por isso nossa primeira tarefa é compreender a UNIDADE 3 92 crítica realizada por Rousseau e a sua relação com a Educação Para Rousseau ao seguir todos esses preceitos sociais reproduzir os com portamentos aceitos por aquela sociedade o homem abandonava a sua essência sua origem Ou seja o filósofo entendia que o motivo das grades ideológicas e consequentemente da infelicidade humana encontravase no distanciamento de nossa natureza cumprindo sempre os mandos sociais esqueciase porém de buscar aquilo que lhe era próprio e lhe fazia feliz Aqui encontraremos a relação que Rousseau faz do problema social com a Educação Todos os males que afetam o homem em sociedade são frutos das relações sociais por este motivo não se deveria culpabilizar o homem pelos ex cessos que ele cometia no convívio com os demais Ao invés de dizimar a espécie humana ou acabar com a sociedade era preciso direcionála a um outro caminho em uma nova perspectiva de vida Isso só seria possível se o instrumento utilizado para salvar a humanidade fosse a Educação ROUSSEAU 1973 Pode soar estranho os termos grades ideológicas salvação dizimar a espé cie etc Devemos porém entender que a infelicidade humana era um problema levado a sério pelo filósofo e se ocupar da Educação como o remédio capaz de acabar com tal conflito fazia suas reflexões tornaremse propostas inovadoras típicas de um intelectual da Educação Ao educar o homem para aprender a ser ele mesmo a conviver com seus sentimentos seus desejos e obedecer primeiramente à mestra natureza a fe licidade e a liberdade voltariam a ser suas principais características conforme acreditava Rousseau1973 p 15 Que se destine meu aluno à carreira militar à eclesiástica ou à ad vocacia pouco me importa Antes da vocação dos pais a natureza chamao para a vida humana Viver é o ofício que lhe quero ensinar Saindo de minhas mãos ele não será concordo nem magistrado nem soldado nem padre será primeiramente um homem Para isso os exageros de uma Educação cheia de vícios deveriam ser retirados da formação desse novo homem Como construir porém esse novo homem se todos os que estavam inseridos naquela sociedade eram corrompidos pela cultura No intuito de não errar em seu projeto político pedagógico Rousseau criou para si um personagem uma criança fictícia que se chamaria Emílio SIMPSON 2009 UNICESUMAR 93 Emílio era uma criança órfã seu único referencial familiar seria Rous seau que cumpriria com o papel de preceptor do menino e o acompanharia até o dia em que chegasse à vida adulta Emílio teria uma infância diferente das crianças daquela sociedade não viveria na cidade não teria a companhia de outras crianças não tomaria banhos quentes não seria socorrido quando caísse ou chorasse sem motivo não se cobriria com inúmeras peças de roupas para se agasalhar não ficaria preso ao berço mas andaria livremente pela casa não comeria alimentos sofisticados mas comeria frutas e pães e beberia água Enfim sua Educação inicial seria oposta àquela praticada na época por este motivo Rousseau a chamava de Educação negativa ROUSSEAU 1973 O nosso olhar contemporâneo inicialmente identifica a proposta de Rousseau como total loucura Como seria possível uma criança não rece ber os cuidados básicos necessários em sua tenra idade O filósofo porém questiona esta certeza da necessidade dos cuidados que consideramos bási cos Para ele toda a atenção que se dava às crianças em seus primeiros anos de vida referiase às práticas que levavam o homem aos maus hábitos Por exemplo o fato de pegar a criança todas as vezes que ela chorava levaria a pequena a entender que para ter suas vontades satisfeitas bastaria chorar mesmo que não tivesse nenhum motivo para isso pois o que lhe importaria era seu desejo atendido por um adulto Desse modo não estaria ele formando mais uma vez o homem de seu tempo que espera ser atendido conforme suas vontades sem pensar nos demais e nas necessidades alheias Tente analisar as ideias de Rousseau de um ponto de vista filosófico e você perceberá que elas possuem coerência Educando a criança nestes moldes Rousseau acreditava que conseguiria sanar os problemas de sua época pois uma sociedade melhor só seria possível com um homem melhor Aqui porém surge uma dúvida como seria possível educar o homem para a sociedade se ele estava afastado dela vivendo no campo e aprendendo a ser o oposto do homem social Quando falamos de vida em sociedade precisamos entender que as leis regem a sua organização Estas julgam quais dos nossos comportamentos são aceitáveis ou não ou seja a sociedade indica os valores morais cabíveis ou não em sua estruturação Cassirer 1999 nos auxilia nessa questão e a responde expondo os valores morais que devem conduzir a vida em sociedade da seguinte maneira UNIDADE 3 94 Os verdadeiros princípios da moral não se fundam em qualquer auto ridade seja humana seja divina nem no poder da prova silogística São verdades que só se deixam apreender intuitivamente mas justamente essa intuição não é negada a ninguém pois constitui a força funda mental e a essência do próprio homem CASSIRER 1999 p 103 Com essas palavras Cassirer expressa uma das grandes novidades do pensamento rousseauniano para a época O homem aprenderá os valores morais que devem conduzir sua vida em sociedade a partir do momento em que ele olhar para dentro de si mesmo Ao ouvir os apelos da natureza o homem não ficaria abandonado e sem rumo Sua natureza conduzida por uma Educação natural lhe daria a resposta de como agir quais valores lhes fariam bem e quais ações lhes seriam prejudiciais Isso significava que Rousseau depositava tamanha confiança no homem e na Educação que este deveria receber a ponto de lhe dizer que para ser feliz novamente era preciso ouvirse cuidarse assumir quem de fato ele era sem ter medo de sofrer represálias pois a felicidade e a justiça aconteceriam quando cada indivíduo se descobrisse como único ao mesmo tempo em que entendesse que isso não o faria melhor ou superior aos demais mas os colocaria em pé de igualdade pois a essência humana seria a mesma O fato é ser único significava que cada indivíduo era responsável por si sem precisar agradar a ninguém Quando esta autor responsabilidade era compreen dida por todos o resultado era uma rede de pessoas que tinham interesses em comum ideais coletivos e objetivos que não gerariam discórdia mas união Esta resposta parece um tanto utópica não é Pois de fato ela é mesmo Ser utópico para Rousseau contudo não significava que suas ideias não poderiam existir apenas que ainda não havia nenhum outro homem que tivesse tentado colo cálas em prática ULHÔA 1996 Rousseau portanto é um referencial daquilo que consideramos um filósofo da Educação Que vossas respostas sejam sempre graves curtas decididas e sempre sem hesi tação Não preciso acrescentar que devem ser verdadeiras Não se pode ensinar às crianças o perigo de mentir aos homens sem sentir da parte dos homens o perigo maior de mentir às crianças Uma só mentira averiguada do mestre ao aluno arruina ria para sempre todo o fruto da Educação JeanJacques Rousseau pensando juntos UNICESUMAR 95 Prossigamos com nosso conteúdo Falaremos agora a respeito do pensamento do filósofo Augusto Comte IsidoreAugusteMarieFrançoisXavier Comte nasceu no ano de 1798 na cidade de Montpellier na França Seu pai era funcionário público e sua vida sempre muito simples desde a infância Comte estudou na escola politéc nica uma novidade para a sua época pois além de ser inaugurada quatro anos antes de seu nascimento representava a conquista pelo direito de uma Educação que todos poderiam ter acesso Isso não significava que essas escolas seriam totalmente gratuitas porém não se destinavam a uma única classe pois todos tinham acesso a elas tornando o conhecimento científico acessível ao público CAMBI 1999 Desde jovem Comte tinha uma visão diferenciada de sua época Certamen te porque viveu no período da Revolução Francesa viu de perto as barbáries do conflito de classes e as lutas entre burguesia e revolucionários desse modo acreditou que seria possível constituir uma ordem social diferente daquela vigente Ele porém era pobre e sem qualquer reconhecimento público por isso encontrar espaço para divulgar seus pensamentos não seria tarefa fácil Somente quando conseguiu trabalho como secretário do Conde Henri de SaintSimon pôde apresentar para a alta sociedade francesa suas ideias sobre o funcionamento da política daquele período Em 1826 cria o seu curso de Filosofia positiva que dará início a sua teoria sobre o significado das ciências da política da sociedade e da Educação 4 EDUCAÇÃO NA FILOSOFIA DE AUGUSTE COMTE UNIDADE 3 96 Tudo começa com a seguinte reflexão a sociedade atual é decadente e está cada dia mais a caminho da ruína Ou seja o movimento revolucionário havia desper tado em Comte o sentimento de que os valores morais que sustentavam a pirâmide da estrutura social francesa eram derrubados Não que os costumes da monarquia fossem os mais assertivos na condução do povo pois havia reivindicações popu lares que tinham seu grau de razão e verdade quando se diziam descontentes com o velho regime Para acabar porém com aquela contenda era necessário um novo regime uma nova lei em suma uma nova sociedade COMTE 1983 Ao olhar para o modo como o homem sobretudo o revolucionário com portavase em sociedade Comte não acreditava ser resultado da corrupção hu mana como supunham outros pensadores por exemplo Rousseau Para ele tais comportamentos de guerra e críticas intensas representavam que a caminhada percorrida pela humanidade em direção à evolução da espécie acontecia natu ralmente sendo portanto um comportamento transitório Graças a um contraste que em nossos dias deve parecer de início inexplicável mas que no fundo está em plena harmonia com a verdadeira situação inicial de nossa inteligência num tempo em que o espírito humano está ainda aquém dos mais simples pro blemas científicos COMTE 1983 p 44 A humanidade deveria passar por três estágios teológico metafísico e positivo Segundo Comte o período contemporâneo a ele passava pelo segundo estágio maslogo caminharia para o terceiro e último graças à novidade trazida por sua Filosofia Vejamos o que significava cada um desses estágios Teológico vivido pelos homens préhistóricos Período em que a crença huma na supunha que o mundo era governado por seres celestes e divindades A fé cen travase em um único Deus este é o momento mais avançado do estágio teológico Metafísico é o estágio intermediário no qual a crença nos deuses se encerra e surgem as revoluções populares questionando o poder estabelecido A incerteza sobre o que é a vida em sociedade qual a origem do homem e se Deus existe são traços fortes deste estágio Positivo é o último estágio quando a humanidade acaba com as dúvidas sobre sua origem pois não mais se questiona sobre ela isso porque não importa mais o antes o que vale é o agora Acaba a fé monoteísta substituída pela fé na humanidade ou seja o centro do universo é o próprio homem e aquilo que ele UNICESUMAR 97 vive e faz Sem adorar qualquer Deus o homem descobre que ele é o responsável pela criação pela morte pelas alegrias e tristezas que o circundam Ao acreditar que a humanidade deveria se concentrar apenas no tempo presen te sem se preocupar com questões históricas e seu passado Comte preocupavase em solucionar o conflito de classes que existia em sua época Por mais que ele tenha escrito após o período revolucionário e não mais presenciasse os conflitos sociais sua intenção foi organizar o pensamento desestruturado que ainda perdurava Os resquícios do conflito habitavam a mente das pessoas que se sentiam perdidas nesse contexto de mudanças políticas e sociais BERGO 1983 É por isso que o estágio positivista não parou por aí sua intenção primeira era alterar o modo como o homem pensava começando por uma nova interpretação de afirmativas básicas construídas com o passar do tempo Vejamos a A explicação sobre a origem do homem não deveria ser religiosa mas cien tífica isto é ao falar da espécie humana o instrumento utilizado deveria ser os dados os números e tudo aquilo que pudesse ser demonstrado b A natureza humana é relativa Isso significava que não havia uma de terminação doo porquê o homem existir tampouco a necessidade de se pesquisar a nossa origem qual o lugar em que estamos e para onde iremos Estas perguntas que são clássicas da Filosofia tornamse irrele vantes no pensamento comtiano visto que tanto o homem quanto o seu conhecimento são relativos e temporais c Sem se preocupar com o movimento dos tempos o positivismo de Comte afirma que as leis naturais são invariáveis ou seja não se alteram Por este motivo ao conhecer o homem hoje o conhecerei amanhã O mesmo se daria com as ciências ao estudar a Biologia humana a Sociologia a Mate mática a Astronomia a Física a Antropologia e a Química as leis seriam as mesmas em qualquer espaço e tempo Com isso o positivismo tratava de um conhecimento universal e que caminharia unido a outro sendo uma ciência complemento da seguinte O resultado seria uma Filosofia sã sem deuses e sem conflitos ideológicos Todos esses conceitos formavam basicamente a ideia que Comte elucidava para a organização social e a espécie humana Semelhante aos demais pensadores tra tados anteriormente o que valida o seu pensamento numa reflexão pedagógica é o fato de ele compreender que a Educação seria o caminho mais assertivo para alcançar o desenvolvimento de seu projeto filosófico UNIDADE 3 98 A Educação positivista Comte ao falar de Educação criou um passo a passo sobre como esta deveria acontecer Vejamos de que forma o autor formulou o seu raciocínio Todos nós nascemos dentro de uma sociedade certo O papel dessa sociedade para Comte era o de retirar o indivíduo de seu egoísmo ou seja mostrar para ele que a huma nidade é formada por muitos e que estes devem se ajudar mutuamente Este é o papel da sociedade educar o homem para se dispor ao outro gerando uma per sonalidade altruísta isto é que se solidariza com o próximo MESQUIDA 2012 Ao tratar da solidariedade Comte se referia ao aprendizado do amor que deveria ser ensinado pela mãe Ela seria a principal responsável pela formação humana da criança instruindolhe desde os primeiros anos de idade a amar a sua espécie respeitar a hierarquia daqueles que lhe são mais velhos e superiores e se desenvolver conforme os bons exemplos que adquirir ao longo de sua vida A Educação começa com a vida e se divide em três fases ascendente estacionária e descendente A fase na qual toda a Educação positivista se desenvolveria seria a ascendente sendo as demais a fase da idade adulta e da velhice Vejamos a seguir um pouco mais sobre o estágio ascendente Este estágio se estenderia até os 28 anos de idade Nele ocorreriam os perío dos mais importantes da identificação da criança com o seu grupo Guiada pela mãe a criança desenvolveria os seus sentidos e bons hábitos Aqui ela deveria aprender a Educação estética ou seja o gosto pela dança arte música etc ao mes mo tempo em que conheceria sua língua materna e todas as outras que pudesse aprender Seus sentidos deveriam ser treinados pela mãe esta lhe ensinaria a ser afetuosa carinhosa e bondosa COMTE 1983 Como é possível perceber o sucesso deste estágio dependeria majoritariamente do cuidado que a mãe reservasse para acompanhar o crescimento da criança tendo a missão de deixar em sua memória boas lembranças e recordações marcantes de sua infância O que acompanharia este estágio seriam os valores morais que se re sumiriam no respeito às tradições e aos costumes de sua família e pátria Isso levaria a criança para uma vida harmoniosa em sociedade pois a veneração o apego e a bondade seriam motores que a impulsionariam à vida social UNICESUMAR 99 A Educação começaria em casa mas seria concluída na escola e esta seria pública Desse modo conduzida pelo governo a escola receberia a criança com os ensinamentos básicos vindos de casa sua tarefa seria potencializar todos os preparos familiares com conhecimento científico que se daria pelas ciências positivas em três níveis de estudos 1 Estudo da existência universal e do mundo pelas disciplinas de Matemática Astronomia Física e Química o aluno compreenderia a formação do universo aquilo que o compõe e qual a ordem estrutural das coisas 2 Estudos acerca da vida nesta fase ele aprenderia os conteúdos de BiologiaSociologia Geografia História Economia Direito Partindo de uma leitura biológica sobre o que é a vida o aluno seria encaminha do para uma reflexão acerca do desdobramento desta na sociedade sua organização política o modo como vive e se organiza politica mentecada cultura 3 Base da conduta futura aqui entraria a base moral ou seja o ensi namento dos comportamentos válidos em sua sociedade o que deve ser respeitado ou não repetido ou ignorado incentivado ou reprimido para que a vida em sociedade possa funcionar em plenitude Essa proposta demonstra uma preocupação latente de Comte com a existência de uma ordem universal que dominasse o homem e as ciências ao seu redor Com isso a sociedade teria pleno controle sobre a vida de cada homem da quilo que ele pensasse sentisse e a forma como ele enxergaria o mundo pois todos os seus passos estariam determinados e prontos para serem postos em prática por uma Educação concluída e préelaborada UNIDADE 3 100 Nesta aula analisaremos o pensamento contemporâneo do pensador Michel Foucault Iniciaremos nossa aula pela apresentação de sua biografia e em seguida discutiremos os principais pontos de sua Filosofia Estes se enquadram no debate acerca das ideias relacionadas à Educação Foucault nasceu em Poitiers na França no ano de 1926 Pertencia a uma família de médicos isso lhe garantiu uma infância estável e confortável Aos 20 anos de idade estudou Psicologia e Filosofia na Escola Normal Superior em 1952 diplomouse na área de Psicopatologia A partir deste momento iniciou sua carreira como docente na Universidade de Lille Seu trabalho ultrapassou as fronteiras de uma reflexão histórica dedicouse à compreensão dos mecanismos que levavam as pessoas em sociedade a seguirem determinados padrões com portamentais afetivos sexuais etc Após algum tempo como professor publicou a obra A história da loucura um trabalho que surgiu a partir de sua tese defendida em 1961 Por essa obra Foucault começou a ganhar visibilidade externa foi convidado a participar de debates en trevistas e palestras a fim de transmitir ao público suas ideias Ele faleceu no ano de 1984 por complicações em decorrência do vírus da AIDS do qual era portador 5 EDUCAÇÃO NA FILOSOFIA DE MICHEL FOUCAULT UNICESUMAR 101 Semelhante a Thomas Hobbes Foucault não foi um pensador que dedicou o seu trabalho a refletir diretamente sobre o contexto educacional Suas obras discutiam a ideia de homem e como ela havia sido instrumentalizada pelas instituições Moldando os indivíduos conforme suas pretensões as diversas instituições engessam o processo de desenvolvimento humano limitando o seu trabalho a fazer os homens apenas responderem aos seus anseios validando com esta atitude o seu poder sobre todos eles Suas análises levaram em consideração a ideia de que o perfil de homem consti tuído em cada contexto histórico foi moldado pelas instituições sociais LEBRUM 1985 Isso caracterizou aquilo que consideramos em Foucault uma abordagem ao discurso ou seja as ideias que levaram as pessoas a serem aquilo que elas são a agir da maneira que agem frente ao outro frente às coisas frente aos valores morais e frente a elas mesmas MUCHAIL 1985 Nesta perspectiva encontramos o viés educacional de Foucault pois a escola enquanto instituição social cumpre o papel de formar cidadãos e disseminar em seu interior um tipo de disciplina de ideias e reflexões que complementam o perfil de homem que ela entrega para a sociedade Por tal reflexão falaremos a respeito de Foucault enquanto filósofo da Educação O autor em questão se encaixa inicialmente na abordagem fenomenológica Trabalhando em uma perspectiva antropológica leva seus leitores a compreender a seguinte afirmativa não há uma definição do que seja o homem Vamos enten der um pouco melhor essa questão Quando ouvimos dizer que cada pessoa tem um dom que nascemos destinados à alguma coisa ou então que há pessoas que nascem boas e outras quenascem ruins para a fenomenologia isso não é verdade Cada indivíduo se constitui e se descobre conforme as experiências os movimen tos históricos sociais e políticos que vivencia que formam a sua existência e lhe trazem significado enquanto pessoa NÍCOLA 2005 Foi por esta linha que caminhou a reflexão de Foucault Inspirado nos pensado res gregos que nunca chegaram a uma definição do que fosse o sujeito dedicou seu trabalho a oporse à ideia de uniformizar o comportamento humano FOUCAULT 1994 Para ele as instituições sociais possuem mecanismos próprios que cumprem com a função de gerar homens e mulheres iguais O sentido aqui não é de igual dade em que todos têm as mesmas oportunidades Não As instituições são aquelas que segundo Foucault mecanizam o ser humano e o fazem agir conforme lhe for solicitado pelo sistema A escola e seus agentes se enquadram nessa interpretação ela é também uma das instituições responsáveis atualmente por moldar o homem conforme os interesses daqueles que governam CARVALHO 2014 UNIDADE 3 102 Quando falamos em agir conforme o sistema a crítica foucaultiana vai mais a fundo identificase àquilo que as instituições sociais promoveram ao longo dos anos para construir o desejado perfil do homem civil Por uma arqueologia do saber ou seja numa escavação história sobre como se deu os diálogos e as relações de poder nas principais civilizações ocidentais Foucault contextualizou o seu século e consta tou que as instituições que o compunham produziam cada uma em sua especificida de um saber que levava o homem a um posicionamento uniforme e dominado por ensinamentos padronizados isto é que levavam os indivíduos a pensarem e aagirem de maneira igual reproduzindo comportamentos semelhantes MUCHAIL 1985 A questão para Foucault não se reduzia a ideologias que eram ensinadas nas instituições Ele percebeu que essas instituições disciplinares além de transmitirem ideologias trabalhavam para conduzir o homem em todos os seus aspectos Isso acon tece quando o sujeito é retirado de sua privacidade e levado para determinado local onde passará horas por vezes dias seguindo prescrições de como deve se portar como agir o que comer como falar por que deve sentir ou não amar ou não etc Foucault traz vários exemplos de instituições que possuem esta função a prisão o hospital o exército a sessão de terapia o trabalho e por fim a escola Todos estes cumprem conforme sua expertise a função de formar o homem nos moldes da sociedade na qual ele está inserido Apesar da diversidade cultural e das mudanças de uma sociedade para a outra todas praticamente caminham no mesmo intuito fazer o indivíduo obediente submisso cuidadoso pacífico etc Até o final da Idade Média o método utilizado por tais instituições era o da força física ou seja por meio de castigos corporais ensinavase o indivíduo como ele deveria agir na prisão era a solitária nos hospitais psiquiátricos eram os tratamentos de choque na escola a palmatória a humilhação verbal etc Após esse período a estratégia mudou para aquilo que Foucault chamou de docilização do corpo FOUCAULT 1994 Semelhante aos demais filósofos da Educação Foucault foi um pensador que identificou em sua sociedade um sistema de formação do homem que tinha um ordenamento muito claro em todas as suas ações intencionais A docilização do corpo se deu a partir do momento em que as instituições sociais deixaram de ser locais de suplício para administrarem o seu atendimento por meio do ensi namento Ao invés de obrigar o homem pela força física a cumprir aquilo que se exigia a disseminação da ideia de aprendizado formação reeducação e outras palavras clichês levaram o homem a aceitar o status de aprendiz ou seja alguém que precisava estar disponível para se desenvolver modificando seu comporta mento em prol do seu bemestar no cenário social CARVALHO 2014 UNICESUMAR 103 Com isso o sujeito se desenvolveria para atender aos interesses gover namentais sem levar em consideração o que de fato é seu enquanto pessoa perdendo a oportunidade de vivenciar a experiência de ser homem pelos seus próprios interesses sua própria vontade e aquilo que lhe chamasse a atenção Podemos porém supor que ninguém em sã consciência renunciaria a sua liberdade em prol de uma causa que não lhe fosse justa ou que não lhe dissesse nada Por este motivo os ensinamentos transmitidos ao homem pelas insti tuições são verdades prontas inquestionáveis e que devem ser assimiladas por aqueles que delas se aproximam é preciso indagar até que ponto o que se cogita para a Educa ção como processo de socialização da cultura da vida no qual se constroem se mantêm e se transformam saberes conheci mentos e valores não passa de redundância das condicionantes matrizes de saberes e comportamentos aos quais os sujeitos estão submetidos ao longo de suas experiências com a instituição es colar CARVALHO 2014 p 110 Em disciplina constante em relação ao corpo e aos comportamentos Foucault afirmou que o indivíduo é instruído diariamente para que se torne um ser normalizado O que se pretende é introduzilo em um modelo existencial considerado como bom e correto que deverá ser posto em prática em de terminadas cultura e sociedade a fim de avaliar o comportamento de cada indivíduo Isso significa que o homem em sociedade é submetido a um exame moral constante se é bom e normalizado quando se cumpre tudo o que se pede se é ruim e anormal quando não consegue se adequar a todas as regras estipuladas FOUCAULT 1994 O homem moderno carrega em si este valor moral e por vezes o desejo por ser aceito isso porém não é uma regra Para validar sua necessidade de participação e associação no grupo a escola se torna o local privilegiado para que a adequação ao padrão esperado seja alcançada Vejamos como isso acon tece a criança é retirada de sua casa levada para um estabelecimento onde passará por volta de cinco horas ou mais distante de sua família lá ela deverá cantar quando lhe pedirem formar fila sentarse escrever o que mandarem ler ou fazer silêncio sempre atenta às ordens que lhe forem dadas Caso ela consiga cumprir o que lhe for pedido ao longo daquele período ela será UNIDADE 3 104 considerada apta isto é normal Se o resultado for diferente do esperado o que teremos é uma criança fora dos padrões tida como desajustada anormal MOREIRA 2018 Todas estas práticas a organização o formato a cor e os materiais utilizados na escola servem como entes normalizadores da criança A escola é somente um exemplo desse sistema que permeia todo o cenário social Foucault trouxe em suas ideias a compreensão de uma sociedade que se move por interesses bem articulados isto é todas as suas ações são intencionais CARVALHO 2014 O problema disso é que o homem vive sob cautela sem ter a oportunidade de se conhecer e crescer enquanto indivíduo consciente É como se ele vivesse numa espécie de prisão constantemente vigiado Nesta perspectiva Foucault utilizou em sua teoria o pensamento de Bentham Figura 1 Panóptico Jeremy Bentham Fonte Wikimedia Commons 2013 online4 UNICESUMAR 105 Em 1785 o filósofo e jurista Jeremy Bentham idealizou a prisão perfeita chamada de panóptico Figura 1 Em uma estrutura circular as celas estariam no entorno da obra o que faria do centro um espaço vazio preen chido somente por uma guarita ou seja uma construção também circular porém de vidros ou grades que não permitissem ao prisioneiro saber se era observado ou não Sabendo que ali haveria um guarda porém sem nunca saber em qual momento será visto por ele as chances de tentar fugir ou gerar uma rebelião seriam reduzidas drasticamente Foucault utilizou esta ideia para descrever o homem moderno e a sua realidade social Segundo ele vivemos em uma sociedade panóptica na qual somos vigiados a todo tempo por diversos meios e lugares Nas es colas nas ruas nas igrejas nos presídios etc o indivíduo é cercado por agentes que observam o seu comportamento e estão prontos para lhe apli car uma punição Ambiguamente cumprimos com o papel de observados mas também de observadores ou seja os que atacam aqueles que ousarem fugir do padrão e se comportarem de maneira anormal Nossa punição não é física como já dizia Foucault mas moral pois julgamos e excluímos os que não se enquadram nos ensinamentos transmitidos pelas instituições e que ferem a obediência e a servidão culturalmente aceitas no ambiente social FOUCAULT 1994 A reflexão de Foucault e aquelas trazidas pelos demais pensadores dis cutidos anteriormente auxiliaramnos na compreensão de como se ex pressou e ainda expressase a crítica filosófica dada à Educação É pelo conhecimento de seu período e pela intenção de promover um debate a respeito dos fatores que influenciam e delineiam a Educação e suas expres sões que esses intelectuais contribuíram para a promoção de sua época e de um conhecimento que levasse o seu período e os momentos posteriores a uma análise de suas certezas e expressões do saber pedagógico Espero que até aqui você tenha me acompanhado e compreendido todo o esquema de reflexão proposto Continuaremos a nossa reflexão na unidade seguinte UNIDADE 3 106 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade discutimos as ideias de alguns dos pensadores que tratam da Filosofia da Educação Todos eles se encaixam nesse perfil de filósofos pois em algum momento apresentaram em suas teorias a necessidade da Educação para a realização de suas ideias Quando falamos de Thomas Hobbes identificamos que apesar do filó sofo não se dedicar diretamente à Educação é possível compreender que ao se deixar conduzir pelas leis do Estado abandonando a insegurança da sobrevivência pelas vias naturais o homem seria educado Ou seja ao ana lisar a sua realidade enquanto indivíduo e perceber que sua sobrevivência seria garantida caso aderisse às regras e aos preceitos civis o homem se reconheceria como parte do todo valorizaria seu espaço e faria ao outro somente aquilo que gostaria que fizessema ele Em seguida foi a vez de discutirmos a respeito de John Locke e de sua Educação que pretendia formar o lorde sem itálico inglês Esse homem por meio da Educação acertada conseguiria por seus próprios esforços alcançar uma formação que o fizesse mais preparado para que assim en contrasse seu espaço na sociedade que necessitaria de seus serviços e co nhecimentos Rousseau por sua vez foi enfático ao trazer a Educação como o centro de seu pensamento afirmando que por ela o homem encontraria nova mente sua liberdade nem que para isso fosse necessário romper com a sociedade vigente Comte seguiu um princípio semelhante porém a revolução de suas ideias se deu na compreensão do homem e da sua formação como proces suais Era necessário que os estágios de desenvolvimento acontecessem para que assim ele alcançasse o auge de sua maturação humana que seria a positiva Por fim vimos Foucault e sua reflexão social porém pelo viés peda gógico Ao educar a sociedade atual dociliza os sujeitos para que estes a sirvam e cumpram com seus mandos sem qualquer questionamento As instituições são especializadas nisso cada uma em sua área o que torna o homem refém das decisões externas e alheias à sua real vontade 107 na prática 1 Ao discorrermos sobre os diversos intelectuais da Educação encontramos autores como Thomas Hobbes que apresentam suas perspectivas em relação à Educação e ao homem Sobre Hobbes podemos afirmar que a compreensão dele sobre a humanidade é a Pessimista quando o assunto é a natureza humana b Altamente racionalista entendendo o homem somente enquanto sujeito dotado de intelecto c Em Hobbes o homem é bom por natureza porém a sociedade o corrompe d O homem em Hobbes é dotado de emoção e instinto A racionalidade é um privilégio para aqueles que têm o dom de governar e Hobbes não faz nenhuma observação sobre o homem apenas sobre a cultura 2 Apesar de encontrarmos as ideias dos filósofos clássicos em suas bibliografias a pesquisa a respeito de suas obras e reflexões são atualizadas com novas interpre tações e apresentadas pelos seus pesquisadores Conforme vêse qual a interpre tação trazida pela comentadora Limongi 2012 sobre Hobbes a Hobbes pode ser interpretado como um pensador que via no trabalho a maior expressão da força do homem Pelo trabalho o sujeito se atualiza e se descobre como membro da sociedade b Hobbes é mais que um autor pessimista com relação à natureza humana Para ela Hobbes identifica a natureza humana como egoísta c A Filosofia de Hobbes é interpretada por Limongi 2012 como desumana pois não percebe a capacidade de solidariedade que o homem pode ter frente ao sofrimento alheio d Em Limongi 2012 Hobbes é o autor que define o homem como mau por na tureza e Limongi 2012 interpreta Hobbes como o filósofo altruísta pois sempre busca o bem em comum para a realização da vida em sociedade 108 na prática 3 John Locke é considerado o autor da corrente empirista pois valoriza a experiência como forma de aprendizado dos valores dos conteúdos das ideias de determinado grupo Para ele a Educação desempenha um papel crucial na formação humana Assinale a alternativa que aponte qual seria esse valor trazido pela Educação a É pela Educação que o sujeito descobre o seu lugar na sociedade e trabalha para construir um mundo melhor e mais igualitário b A Educação tem a função de tornar todos os homens iguais visto que a natureza divide os homens entre bons e ruins honestos e desonestos etc c Pela Educação o sujeito aprende tudo o que ele sabe Ou seja se alguém é talentoso foi graças à Educação que recebeu Sabemos quem é um homem pela Educação que ele tem d A Educação é um dever do Estado por isso deve ser imposta a todos de ma neira igual Assim independentemente da classe social o indivíduo deve ser formado pelo poder político a partir dos cinco anos de idade e A Educação é uma tarefa crucial para a felicidade do homem Ou seja quando não é bemeducado o homem se corrompe e busca encontrar sua felicidade por meios que fogem aos anseios sociais e coletivos 4 A Filosofia de Locke localizase numa crítica ao governo absolutista tendo em vista seu fator histórico Por este motivo de que modo Locke interpreta a possibilidade de se alcançar a verdade a A verdade está pronta Cabe a cada um de nós encontrála ao longo de nossas experiências e jornadas Para isso o melhor caminho é a Filosofia b A verdade é uma função própria da religião Ao nos depararmos com o trans cendente encontramos a verdade que é o próprio Deus c Para encontrar a verdade é preciso primeiramente autoconhecerse Nenhum conhecimento pode vir se não partir da afirmação de que somos seres com necessidade de se autoafirmar d A verdade está na vivência de cada sujeito ou seja a partir daquilo que eu vivo é que descubro o que é a verdade e A verdade se encontra a partir da experiência Isso significa que antes de qual quer afirmação ser validada ela precisa passar pela experimentação Esta seria a prova empírica de que suas conclusões são reais 109 na prática 5 Ao discorrermos sobre a vida de JeanJacques Rousseau podemos encontrar diver sas afirmativas A primeira é que ele foi um pensador do diálogo tendo em vista que apesar de suas opiniões soube dialogar com diversos grupos Outra afirmativa que podemos fazer a respeito de sua vida é que a Rousseau foi um filósofo preocupado com os sentimentos dos homens de acordo com a classe social Ou seja conforme a hierarquia a qual o homem pertencia seria o tipo de sentimento que ele necessitaria trabalhar e aperfeiçoar b Apesar de Rousseau ter tido poucos anos de Educação formal o seu conheci mento a respeito do homem se deu pelas experiências e viagens realizadas ao longo de sua vida Por elas ele pôde identificar as dores humanas c O grande diferencial de Rousseau está na sua defesa à monarquia e ao poder real como soberano O homem era infeliz pois não sabia identificar no rei a figura de seu superior natural d Rousseau valorizou a natureza e a considerou como mestra da formação hu mana do começo ao fim da vida Ou seja mais que formar um cidadão sua Filosofia se atentou a formar o homem natural para depois conduzilo à vida em sociedade e O homem é bom por natureza porém a sociedade o transforma Esta é a gran de contribuição de Rousseau identificou que para o homem se transformar é necessária a modificação da sociedade sobre sua natureza falha 6 Rousseau disse que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe Mas essa ideia precisa de reparos para mim o homem nasce neutro e o sistema social educa ou realça seus instintos liberta seu psiquismo ou aprisiona E normalmente o apri siona CURY 2019 online5 Toda sociedade necessita de valores morais para se constituir e fundamentar suas regras e avaliações acerca delas Cassirer 1999 ao discorrer sobre essa temática em Rousseau apresenta o modo como tais normas morais são instituídas Frente a isso é correto afirmar que para Cassirer 1999 a moral em Rousseau se faz a A partir da vida em sociedade ou seja olhando para os demais homens é que o indivíduo aprenderá como deve ser e agir 110 na prática b A moral não deve existir tendo em vista que o homem só é bom em seu estado de natureza Portanto para conservar sua bondade é preciso negar as regras morais e permitir que o homem seja livre c Em Rousseau o homem aprenderá os valores morais que devem conduzir sua vida em sociedade a partir do momento em que ele olhar para dentro de si mesmo d O homem deve olhar para o outro homem mas não deve imitálo Ou seja ao olhar para o outro homem ele deve se tornar modelo guia para aquele que está perdido frente às regras sociais e As regras sociais devem ser negadas pelo homem natural Ele não tem obriga ção de cumprilas tendo em vista que sua essência é superior aos preceitos criados pelos indivíduos de grupos 7 Ao analisar a biografia de Comte podemos trazer alguns detalhes de sua vida que são importantes para identificarmos o porquê de suas críticas ao modelo de socie dade vigente em sua época Um destes fatores a serem considerados é a Sua pobreza O fato de ter sido muito pobre fez Comte se irritar com as regras sociais e desejar formar uma nova cultura em que todos teriam as mesmas condições econômicas b Comte teve a oportunidade de estudar numa escola politécnica Isso era uma novidade tendo em vista o caráter formativo de tais instituições e o resulta do das lutas enfrentadas pelos revolucionários franceses que desejavam uma Educação acessível a todos c Comte pertencia a uma família aristocrática o que lhe permitiu analisar os mo vimentos revolucionários de sua época de uma forma apartidária e equilibrada d O valor dado por Comte à Educação está no modo como ele foi educado seus pais foram seus professores e a sua Educação formal se limitou aos ensina mentos dados por seu pai que era professor e Comte conquistou o governo de Napoleão Bonaparte com suas teorias sendo convidado pelo Imperador a compor o quadro de formadores de opinião de sua corte 111 na prática 8 Em Comte o progresso é algo natural e faz parte da vida humana sendo neces sário ao homem enquanto espécie passar por três estágios o último é o ápice de sua evolução No entanto ao olhar para a época qual seria o estágio no qual a humanidade se encontrava a Estágio metafísico Nele a crença nos deuses se encerra e surgem as revolu ções populares e se questiona o poder estabelecido A incerteza sobre o que é a vida em sociedade a origem do homem e se Deus existe são traços fortes deste estágio b Estágio metafísico Neste estágio a humanidade estaria preocupada com o seu futuro sendo normal a certeza sobre algumas verdades porém estas estariam equivocadas Mesmo o homem descobrindo a tecnologia e as ciências ela só teria sentido se fosse aplicada no terceiro e último estágio c Comte dizia que sua época estava no período teológico Isso porque a Igreja ainda detinha o poder temporal e atemporal e as pessoas temiam as possíveis represálias divinas caso não cumprissem suas ordens d O estágio em que a sociedade de Comte se encontrava era a positiva Ali se iniciava a nova e última etapa de formação da humanidade representada pela ordem e pelo progresso natural que a sociedade as ciências a religião e o homem faziam e O estágio vivido pela humanidade no período de Comte era o positivo Ele porém possuía fortes traços do estágio teológico sendo necessária a aplicação da Filosofia positivista para purificálo e leválo ao seu ápice estrutural 9 O trabalho realizado pela Filosofia de Foucault se expandiu a partir da publicação de sua obra A História da Loucura Deste momento em diante podemos considerar que suas reflexões se dedicaram especificamente a quê a Foucault foi um autor que se preocupou em falar das relações sociais a partir do trabalho Por meio deste instrumento organizacional o homem se identificava como membro ou não de determinado grupo social b A Filosofia de Foucault está mais próxima de uma reflexão da literatura que da Filosofia Isso porque ao fazer suas observações ele se baseia em suas obras na quilo que escreveram e no modo como foram interpretadas ao longo dos anos 112 na prática c Semelhante a Thomas Hobbes Foucault não foi um pensador que dedicou o seu trabalho a refletir diretamente sobre o contexto educacional Suas obras tratavam da ideia de homem e de como ele havia sido instrumentalizado pelas instituições d Foucault foi um filósofo itinerante andou pelos diversos campos da Filosofia e nunca se deteve numa única questão O seu destaque se deu porém nas leituras pedagógicas realizadas ao longo de sua trajetória acadêmica e Foucault foi discípulo de Comte portanto sua crença no processo de evolução do homem estava na certeza de que a humanidade precisaria encontrar a Filosofia para superar suas limitações e alcançar o progresso 10 Podemos interpretar a Filosofia de Foucault como uma expressão fenomenológica ou seja aquela que compreende o homem como um ser único Dessa forma de que modo o indivíduo expressa sua dimensão única e exclusiva próprio do pensamento fenomenológico a Em Foucault o homem é um ser que partilha sua essência com os demais in divíduos pelas relações pelos valores e pelos ideais sociais que são vividos em conjunto b Foucault inaugura a fenomenologia no pensamento filosófico trazendo um olhar psicocomportamental acerca de sua organização e de seu posicionamento po lítico e social c Toda a vida em sociedade se justifica em Foucault pela essência humana que se faz única Nessa unicidade encontrase a dimensão fenomenológica sendo a es pécie humana como um todo a expressão mais evoluída da criação da natureza d A fenomenologia em Foucault se dá pela observação atenta de cada indivíduo sobre si mesmo Ao olhar para si o homem descobre um ser que partilha de valores ancestrais sentimentos e expressões que são reflexo da gênese humana que se renova em cada homem e Para a fenomenologia cada indivíduo se constitui e se descobre conforme as experiências os movimentos históricos sociais e políticos que vivencia que for mam a sua existência e lhe trazem significado enquanto pessoa 113 aprimorese Leia o excerto do artigo a seguir no qual se apresenta uma importante definição do que seja a Educação para o filósofo John Locke ALGUNS PENSAMENTOS ACERCA DA EDUCAÇÃO Quanto à Educação o autor propõe uma formação do homem para o exercício e de senvolvimento da razão Ao novo tipo de conhecimento ou às novas posturas episte mológicas políticas e de relacionamento entre Estado e Religião concebe uma propos ta pedagógica que considera que a formação do homem deve leválo a aceitar a ideia de que tudo está por ser construído e que a experiência deve ser a baliza indicadora de sua produção O homem deve disciplinar corpo e mente a fim de poder construir os referenciais necessários à sua atuação prática Esta última questão a disciplina é temática importante em seus escritos Seus trabalhos a este respeito revelam um projeto de formação de jovens pertencentes à aristocracia inglesa Sua preocupação assim voltase para a formação de boas maneiras no sentido de enquanto perdurar o período de transição da sociedade feudal para a burguesa inculcar nos jovens não a subordinação ao que ainda restava da cultura feudal mas antes fazer da Educação um sustentáculo da nova ordem social institucionalizada a partir de 1688 Entretanto convém lembrar que no momento em que se estabiliza a nova ordem este ímpeto de insubordinação já não deve mais ser estimulado mas ao contrário refreado O alvo principal de seus escritos pedagógicos é o indivíduo na sociedade não descuidando das críticas que a Educação deve possibilitar às opiniões costumes e superstições próprias do ambiente a que o homem pertence Desta forma a tarefa fundamental da Educação é preparar o indivíduo para fazer prevalecer as exigências da razão e isto só se consegue preparando o homem para exercêla sobre e a partir dos conteúdos particulares que a experiência oferece Uma Educação para o exercício da razão além disso só é compreensível com a supressão e a condenação às puni ções culturais A criança submetese a determinados comportamentos por meio da repressão física mas logo que o medo cessa mais se acentua a má tendência Ele propõe que se troque o sentimento de punição pelo de honra ou seja o desejo de obter dos outros a aprovação e evitar a desaprovação 114 aprimorese O pensamento de Locke vai se apresentando através de seus escritos sobre epistemologia política religião liberdade e Educação Há no conjunto de sua obra algumas preocupações centrais como a de refletir sobre os dogmatismos e os ab solutismos vigentes a partir de questões que o seu tempo apresentava e de uma concepção burguesa de homem e de sociedade As questões da Educação e da disci plina então tornamse importantes pois têm a tarefa de formar o homem para as sumir os novos tempos políticoculturais que são de desestruturação absolutismos e dogmatismos e de construção sociedade burguesa liberal Fonte Oliveira Ghiggi 1999 115 eu recomendo Emílio ou da Educação Autor JeanJacques Rousseau Editora Difel Sinopse nesta obra o filósofo JeanJacques Rousseau traz a his tória da França no século XVIII ao mesmo tempo em que apre senta como seria a formação de seu aluno fictício Emílio Esta é uma das suas principais obras além de ser considerada um referencial pedagógico também é lida pela perspectiva filosófica o que tornou a sua crítica sobre a França e a estruturação social conhecida Comentário recomendase esta obra tendo em vista a temática de nossa discipli na Apesar de ela trazer somente a crítica rousseauniana referente ao século XVIII nela tornase evidente o cenário social da época e os instrumentos utilizados pelo autor para desfigurar aquele cenário tendo em vista a busca pela liberdade e feli cidade humana Por ele é possível identificar o lado utópico da Filosofia crente na possibilidade de ascensão do homem diante das imposições materiais políticas e sociais que compõem a época mas que fazem parte de todo e qualquer cenário em que se encontre o homem em relações sociais livro A caça Ano 2013 Sinopse Lucas acaba de dar entrada em seu divórcio Ele tem um novo emprego na creche local uma nova namorada e está ansioso pela visita de seu filho Marcus no Natal Mas o espírito natalino desaparece quando Klara uma aluna de cinco anos de idade faz uma acusação de abuso sexual contra Lucas o que de sencadeia o ódio de toda a comunidade em que ele vive Comentário este filme nos lembra a reflexão feita por Foucault que diz que a todo tempo somos vigiados semelhante a uma prisão Neste caso mesmo não tendo cometido nenhum crime o personagem principal sofre com as conclusões precipitadas tiradas pela sociedade em geral que o enquadram como pedófilo e com isso estimulam julgamentos públicos precipitados Ele nos mostra a necessi dade de uma rede de informações saudáveis filme 116 eu recomendo O pensamento comtiano é muito organizado Ele estruturou a humanidade em um período e fez o mesmo com as ciências dandolhes um começo um meio e um fim no sentido de finalidade Desse modo Comte acreditava que se as ciên cias fossem positivadas haveria um momento em que seria possível ter controle total sobre as ciências a sociedade e até mesmo o homem Parece algo muito futurístico não é Mas isso já existe Alguns cientistas defendem a possibilidade de se produzir e utilizar pílulas para acabar com o sofrimento gerado pelo fim de um relacionamento pois quem nunca sofreu por amor que atire a primeira pedra Segue o link httpsistoecombr356120OAMORPODETERCURA conectese anotações 4 A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO NA formação docente PLANO DE ESTUDO A seguir apresentamse as aulas que você estudará nesta unidade A experiência da Filosofia da Educação no cenário brasileiro Tendências pedagógicas da Educação brasileira O lugar atual da Filosofia da Educação nos cursos de licenciatura no Brasil Paulo Freire educador e teórico político Educação e atuação política OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Identificar o modo como a Filosofia da Educação foi introduzida no Brasil Apresentar as principais tendências pedagógicas da Educação no Brasil Identificar a presença da Filosofia da Educação atual mente nas licenciaturas Apresentar o pensamento de Paulo Freire enquanto educador político Definir os movimentos educacionais e seu reflexo na política PROFESSOR Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves INTRODUÇÃO Na Unidade 4 discutiremos a reflexão filosófica na prática Para ini ciar nossa unidade veremos a experiência da Filosofia da Educação no Brasil o que certamente diz respeito às contribuições que tal dis ciplina possui para ser validada no cenário acadêmico brasileiro como conhecimento útil e científico Traremos a reflexão para o presente identificando no cenário educacional brasileiro as principais tendên cias pedagógicas que foram desenvolvidas e utilizadas em sala de aula Por elas poderemos perceber o teor filosófico da Educação conforme os interesses políticos e sociais buscam responder aos anseios de cada época Nelas a Filosofia da Educação atuou como aquela pergunta insis tente porém necessária para onde essa educação levará o nosso aluno Ela corresponde aos interesses dele enquanto sujeito ou aos preceitos sociais estipulados Em seguida veremos como a disciplina de Filosofia da Educação é utilizada nos últimos anos suas contribuições para a educação e o seu papel na formação docente Será possível perceber que mais que cum prir com uma leitura histórica tal disciplina é moderna e se atualiza a cada expressão pedagógica que encontra visto que o objeto de estudo da Filosofia da Educação é todo conhecimento eou ação que se relacione com o saber pedagógico Como modelo de uma educação politizada discutiremos acerca da contribuição de um dos maiores pedagogos brasileiros Paulo Freire Ve remos que o trabalho e a teoria de Freire alinhados à Filosofia marxista contribuiu para a construção de uma pedagogia que fosse crítica par tindo da realidade do aluno para por ela gerar o saber Por fim discutiremos a respeito da Educação enquanto instrumento de formação humana e política Por ela preparamos os discentes para o seu papel enquanto cidadãos ao mesmo tempo em que possibilitamos a eles as ferramentas necessárias para serem sujeitos autônomos donos de suas escolhas a partir da leitura que fazem de mundo Iniciemos então nossos estudos UNIDADE 4 120 1 A EXPERIÊNCIA DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO no cenário brasileiro Olá alunoa mais uma vez seja bemvindoa à Unidade 4 Nesta discutire mos a experiência da disciplina de Filosofia da Educação no cenário brasileiro a partir de sua história e processo de edificação enquanto saber científico A Filosofia da Educação enquanto disciplina curricular sempre esteve atrelada à disciplina de História da Educação isso porque tal conteúdo não possuía autonomia para se desvincular e criar um campo de saber próprio Isso aconteceu até o ano de 1970 quando se inaugurou no Brasil os primeiros cursos de pósgraduação em Educação AGUIAR WELLER 2016 O que se via a partir desse momento era bem mais que o surgimento de uma nova área do saber educacional e filosófico mas principalmente a autoanálise que a Filosofia fazia sobre sua atuação frente ao campo pedagógico Semelhante a esta ideia Pagni 2014 também afirma que o caminho uti lizado para se autoafirmar enquanto campo do saber autônomo deuse pela leitura que se fazia do pensamento educacional dos autores das escolas filo sóficas Ou seja semelhante ao que fizemos aqui em nosso curso a Filosofia da educação se constituía pelo conhecimento de autores que discorriam a respeito da educação em suas Filosofias tratandoa numa perspectiva analí tica e crítica PAGNI 2014 UNICESUMAR 121 Alguns passos porém estavam por ser dados e a autocrítica da importância dessa disciplina tomava o debate acadêmico com a seguinte questão estudar Filosofia da educação se resume em conhecer o pensamento dos filósofos que tratam a respeito da educação ou ela deve ser interpretada por outras vertentes de reflexão Alguns trabalhos se tornaram pioneiros nessa tarefa de compreender qual era a verdadeira identidade da Filosofia da Educação a começar pela obra de Paulo Ghiraldelli Júnior 2000 Pagni 2014 afirma que Ghiraldelli Júnior2000 demonstra em sua obra O que é Filosofia da Educação a busca por responder a problemática levantada há alguns anos por Saviani 1983 e Dumerval Trigueira Mendes 1987 sobre a identidade dessa disciplina e como esta poderia estar me nos desvinculada de uma crítica à política PAGNI 2014 Este trabalho definia um norte para a área compreendendo que até aquele momento ela estava mais próxima à Filosofia que da Educação em si Outro autor que merece destaque é o professor Antônio Joaquim Severino sobre ele Pagni dirá Alguns trabalhos de Severino 1990 2000 parecem se situar num momento de transição em que sem abandonar por com pleto a tradição O resultado desse movimento do campo foi senão a manutenção de uma saudável indefinição enquanto tal ao menos certa pluralização do debate e a multiplicação de perspectivas teóricas PAGNI 2014 p 777 Por Pagni 2014 podemos compreender que Severino leva em consideração a validade em se discutir o pensamento dos filósofos a respeito da Educação po rém não seria somente essa a identidade dessa área de conhecimento é possível ao pensamento filosófico educacional ir além desta perspectiva Compreender o movimento de identificação da Filosofia da Educação enquanto fato histórico é perceber que semelhante à Filosofia e à Educação em si este campo do saber não seguiu uma trajetória linear tampouco se de finiu de modo exato e objetivo O seu saber passou pelo processo de aceitação por parte da academia e de seus teóricos sobretudo no campo filosófico em que tal disciplina precisou conquistar seu espaço e respeito no cenário uni versitário brasileiro Albuquerque demonstra em seu trabalho oriundo de pesquisas de campo a percepção que os cursos de Filosofia tinham a respeito da disciplina de Filosofia da Educação Assim a autora afirma UNIDADE 4 122 a disciplina Filosofia da Educação é concebida como coisa de educadores ou seja é relativa às Faculdades de Educação e não às Fa culdades de Filosofia as quais por sua vez estariam mais preocupadas com aqueles saberes que têm mais tradição no campo acadêmico ou com os saberes de natureza mais teórica e portanto menos aplicada como parece ser o caso da educação ALBUQUERQUE 1998 p 50 A verificação deste cenário no qual a relação entre Filosofia e educação era vista como útil somente para um dos lados enfraquece a ideia de uma aliança equi librada Quem está para quem a Filosofia está para a educação ou é esta que necessita do pensar filosófico De modo geral a década de 90 retratou que a segunda afirmativa era a mais correta tendo em vista que a percepção do saber filosófico dado à Educação de veria passar pela leitura dos pensadores clássicos privilegiando a ação da Filosofia e não a da Educação Albuquerque apresenta esta realidade em sua pesquisa de campo a partir de 30 programas que possuíam a disciplina constatando a se guinte realidade no cenário educacional brasileiro da década de 90 A evidência empírica da existência de uma certa ênfase na Filosofia em relação aos aspectos mais pedagógicos pôde ser observada tanto na literatura que se propõe a explicitar essa problemática quanto na análise dos trinta programas da disciplina Filosofia da Educação Alguns desses programas atribuem um certo privilégio a temas da Filosofia ou de maneira sutil eles arrolam como conteúdo temas de Filosofia da educação mas muitas vezes terminam enfatizando primeiro a Filosofia para depois chegarem à educação se é que de fato chegam até ela ALBUQUERQUE 1998 p 50 Além desta reflexão levantada por Albuquerque sobre o modo como a Filo sofia da Educação era compreendida nos programas de educação e nas licen ciaturas nos anos 90 Paviani 1987faz um trabalho muito próximo porém com foco nos perfis das disciplinas em si Para o autor há várias realidades de programas de Filosofia da Educação utilizados pelos cursos de pedagogia e outras licenciaturas O primeiro e mais comum é aquele no qual se trabalha o pensamento dos filósofos apresentando os seus textos e o modo como eles questionaram sua sociedade O segundo perfil é aquele que introduz o aluno em leituras sobre a educação numa perspectiva UNICESUMAR 123 filosófica seja do ponto de vista da lógica da política da estética ou da ética A terceira e mais adequada segundo Paviani é trazer o aluno à reflexão sobre o que é e o porquê da Filosofia e do filosofar Mesmo que se utilize de textos clássicos a leitura deles em cada época chamará a atenção do aluno conforme os problemas vigentes Partindo desse processo de aprender a filosofar a produção do conhe cimento será consequência de todo trabalho PAVIANI 1987 De nada valeria levar o aluno ao conhecimento histórico sem com este tra zêlo para uma reflexão atual ou seja sobre a educação vigente e os seus desafios de modo crítico e organizado PAVIANI 1987 Analisando contudo os perfis elencados por Paviani poderíamos nos perguntar onde está o conteúdo peda gógico nestes modelos de programa A resposta do autor é a seguinte O exercício da consciência crítica diante das ciências das ideologias dos costumes e dos comportamentos permite a integração do pen samento e da ação favorece o espírito democrático forma o senso de tolerância e de respeito e atendimento dos interesses e necessidades dos mais diversos segmentos sociais A Filosofia da educação neste sentido tem a função de questionar o homem situado concretamente no tempo e no espaço a partir de uma reflexão radical e global tarefa que as ciências não têm condições de efetivar PAVIANI 1987 p 17 Partindo deste princípio analítico adentramos no pensamento de Mazotti 1992 que amplia a definição de Filosofia da Educação considerandoa como uma área científica do saber Ou seja deixando de interpretar o pensamento educacional de cada filósofo como meros discursos de opinião se concentra ria todo este conhecimento em afirmativas que seguissem uma lógica alinha dos sistematicamente de modo que pudessem ser justificáveis na teoria e na prática conforme nos apresenta Mazotti1992 p 17 É no âmbito da Filosofia racional seja ela qual for que a Filosofia da educação pode ser posta como uma disciplina que tem por objetivo a elucidação dos conhecimentos educacionais e das teo rias pedagógicas Nesse caso o objeto da Filosofia da educação é constituído pelos conhecimentos e instrumentos necessários ao esclarecimento determinado pelas características daqueles conhecimentos UNIDADE 4 124 Em outras palavras seria dizer que o papel da Filosofia da Educação era fazer todos os esclarecimentos necessários para que a pedagogia funcione bem Por fim Pucci 1998 trazia à discussão outra característica da Filosofia da Educação considerando como sua identidade a problematização em si Ou seja a partir do momento em que a Filosofia deixasse de fazer questionamentos ela perderia sua identidade Guiado pelo pensamento de Adorno Pucci afirmava que a positivi dade da Filosofia isto é a utilização dela para um agir prático seria descaracteri zála tendo em vista que o seu grande diferencial é a inutilidade que essa possui para o mercado pois ao mesmo tempo em que ela se autoafirma em seguida é possível que se negue e contradiga tudo o que havia afirmado anteriormente Seu produto gera prejuízo não vende porque a propaganda opositora é feita por ela mesma PUCCI 1998 A liberdade que tal ciência possui em si ao mesmo tempo em que permi te àqueles que dela se utilizam expressarem suas críticas e refutarem o óbvio demonstra o grau de responsabilidade que ela detém Ao se autoafirmar como saber desconstruído a Filosofia se isenta de todo formalismo político bajulador e de meias palavras Ela se sustenta na verdade que nunca está inteira mas se constrói a todo instante sempre em uma roupagem inédita pois quando um filósofo se põe a discursar esperase tudo dele menos o comodismo e o medo de dizer aquilo que deve ser dito Em outras palavras isso resulta em um saber indeterminado e lhe garante autonomia mas ao mesmo tempo exigelhe que não se acomode com os fa tos tampouco se conforme com as declarações impostas pois seu compromisso histórico é com a verdade e não com os valores das sociedades O mesmo é pos sível dizer sobre a Filosofia da Educação pois ao se deparar com os problemas pedagógicos sua tarefa é a de não se abster tampouco permitir que o medo da crítica a proíba de atuar A certeza da verdade não é uma garantia do processo de aprendizagem e de educação mas é a busca por ela e por seus referenciais que torna viva e atual a sua missão Outra questão importante é que a Filosofia da Educação e o seu profissional não possuem o dever de solucionar os problemas mas a reflexão sobre o modo como eles são vistos e também o modo como ela própria os encara fazem desse saber um conhecimento puramente teórico sem nenhum compromisso com a práxis PUCCI 1998 UNICESUMAR 125 Após olhar todos esses pensamentos podemos afirmar que eles retiram o peso que a Filosofia da Educação carregava consigo ou que ainda possa carregar Isso porque o seu saber segundo Pagni 2014 concentrase na interpretação e na leitura dos diversos caminhos que tal conhecimento pode percorrer sem se limitar a uma padronização de conteúdo a ser transmitido PAGNI 2014 Desse modo concluímos que não há uma definição específica para o papel da Filosofia da Educação A leitura dos filósofos clássicos a definição que eles trazem sobre o que é educação a interpretação da educação por um viés lógico estético ético ou político a crítica filosófica sobre ela mesma e os caminhos pedagógicos existentes o pensar filosófico como caminho para se gerar um educador crítico etc todos foram e ainda são instrumentos válidos para se fazer Filosofia da Educação Esta disciplina está arquitetada nos mais variados programas de pedagogia e licenciaturas inclusive no nosso Perceba que muitas das definições atribuídas a ela permeiam a nossa ementa Isso nos põe no movimento histórico protagonista de um saber que se constrói e se valida conforme as necessidades do tempo e de cada espaço social Assim podemos afirmar que todo o saber filosófico se estruturou e ainda estruturase nos diversos percursos traçados pela Filosofia e que influencia ram o saber pedagógico Por este motivo encontramos as mais variadas correntes filosóficas cada uma com sua verdade mas todas podem ser lidas no intuito de nos mostrar que o conhecimento é sempre produto de uma construção UNIDADE 4 126 Olá alunoa Seja muito bemvindoa à aula 2 Nesta discutiremos a respeito da Filosofia da Educação na formação docente iniciando pelas principais tendências pedagógicas e a Filosofia da Educação no Brasil Daremos atenção aos movimentos que compuseram e ainda compõem a estrutura escolar predominante em nosso país que são basicamente dois as tendências liberais e as tendências progressistas Estas duas grandes linhas de pensamento pedagógico se dividem em outras que se organizam com o passar do tempo Começaremos pela tendência liberal de educação e as suas expressões TENDÊNCIAS LIBERAIS Você já ouviu falar desse termo aqui em nosso material Recordemos a Uni dade 3 na qual falamos a respeito do pensamento do filósofo John Locke O liberalismo é uma teoria na qual se emprega os princípios da individualidade da liberdade da segurança da igualdade e da propriedade privada para o bom andamento da vida social ARANHA 1996 Esses valores foram defendidos pela burguesia que do século XVII até o XIX fortaleceuse economicamente e superou o antigo regime feudal predominante em toda Europa Nessa perspectiva liberal caminharam as primeiras expressões pedagógicas 2 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA UNICESUMAR 127 que surgiram no Brasil no final do século XVIII e início do XIX O começo se deu com a escola tradicional Nela o professor é o centro de todo o apren dizado e o detentor do saber o aluno por sua vez é aquele que deve estar ali passivamente para assimilar o que o professortem para oferecer O conteúdo transmitido pelo mestre é o saber pertencente àquela cultura e o esforço racio nal o principal instrumento para se obter sucesso sem qualquer tipo de ino vação ou questionamento trazido pelo aluno ARANHA 1996 Dessa forma garantiase a continuidade do aprendizado de forma linear e acrítica No Brasil a escola tradi cional foi promovida no pe ríodo do Brasil Colônia sob o comando dos padres jesuítas Como representantes da fé católica seus ensinamentos se baseavam nos dogmas da Igre ja e a sua transmissão enquan to alfabetizavam OLIVEIRA 2017 No Brasil e em todos os lugares essa escola se adaptava com a realidade do tempo e da cultura Ou seja os elementos trazidos em seu interior esta vam de acordo com o comportamento exercido pela sociedade na qual ela estava inserida Por este motivo a escola tradicional existiu em vários períodos e contextos representando variados grupos e cenários históricos do século XVI até o XX ARANHA 1996 Outra tendência que surgiu no século XIX foi a tendência Renovada tam bém conhecida como RenovadaProgressista Tendo como modelo a Escola Nova a sua bandeira se resumia na defesa de uma escola que fosse para todos ou seja que trouxesse um conteúdo de acesso universal com o qual o aluno não fosse mais dependente do professor para aprender mas descobrisse em si os dons e atributos que lhe fizessem sentido Nesta proposta de educação o professor deixava de ser o centro do processo de ensinoaprendizagem para dar espaço ao aluno OLIVEIRA 2017 A tendência RenovadaProgressista foi uma das expressões da Escola Nova que tinha por objetivo dar destaque ao desenvolvimento de uma educação que se pau Fonte Wikimedia Commons online UNIDADE 4 128 tasse no aluno Foi o que fez a tendência Renovadora nãoDiretiva levando em consideração muito mais do que aspectos comportamentais mas o nível de satisfação e realização por parte do aluno com aquilo que lhe era proposto desenvolver Na escola renovada o aluno é o centro do processo existindo uma preo cupação muito grande com a natureza psicológica da criança Como a escolha dos conteúdos gira em torno dos interesses infantis o professor se esforça por despertar a atenção e a curiosidade da criança sem lhe cercear a espontaneidade Dependendo da escola existe maior ou me nor nãodiretividade tornandose o professor apenas um facilitador da aprendizagem ARANHA 1996 p 167 Perceba que o espaço da criança é visto como o motivo principal de se existir a escola sendo ela o seu fundamento e o porquê de todo trabalho docente Nesta modalidade surge a reflexão sobre o ambiente escolar como local de desenvolvimento integral da criança trazendo a formação de seus sentimentos de seu corpo e de suas vonta des para o centro do debate O conhecimento decorado não era bem aceito nestes ambientes sendo privilegiada a prática da descoberta enquanto conteúdo escolar Isso também se refletia na diminuição da rigidez e da disciplina que eram comuns na escola tradicional ARANHA 1996 Outra vertente liberal que surgiu no século XX a partir da década de 60 foi a tendência tecnicista de educação Por ela a escola se tornou um espaço de prepara ção para o mercado de trabalho Formando mão de obra para as indústrias e fábricas sua atuação se deu na formação de alunos que tivessem conhecimentos práticos e úteis para a vida em sociedade o cumprimento das regras dos horários o respeito pela hierarquia dando a entender que cada um alcançaria o seu lugar conforme o esforço que desprendesse para superar aos demais e se superar independentemente de suas origens sociais e econômicas LIBÂNEO 1992 Como afirma Aranha 1996 a escola tecnicista era reducionista pois levava em consideração apenas o conhecimento técnico na formação do aluno Sem se ater às necessidades humanas tal ensino acreditava que o progresso social surgiria por meio de preceitos bem estruturados por conhecimentos científicos e pelo aprendizado mecânico Ou seja apesar de todos estes fatores possuírem sua importância o que tal escola não compreendia era a possibilidade de se conhecer o mundo por outras vertentes que não as científicas além de negligenciar a vontade humana frente a preceitos que lhe são impostos ARANHA 1996 UNICESUMAR 129 É possível identificar o norte liberal em todas essas escolas aqui apresen tadas Seja pelo viés da liberdade do sujeito na sua formação da individua lidade na construção de homens que alcançam o seu espaço em meio aos demais seja na segurança que um ensino tradicional possa ofertar para que não se erre no modo de agir em busca do domínio intelectual Temos assim a primeira expressão pedagógica de ensino que marcou o cenário brasileiro de Educação Façamos o reconhecimento agora das tendências progressistas e as suas principais características TENDÊNCIAS PROGRESSISTAS Em uma oposição clara à proposta da pedagogia liberal temos a tendência progressista e suas expressões ao longo da história da pedagogia Sua estrutu ração se deu pelas ideias marxistas traçando para o ambiente social e escolar um cenário de conflito de classes haja vista que esta teoria subentendia que a educação havia sido utilizada por séculos pela burguesia como uma forma de dominação do capital da população e dos meios de produção Dessa forma sua intenção era gerar um ensino libertador Analisando as tendências liberais sobretudo a tradicional o que os teóricos da Educação percebiam era uma escolaquartel em que a excessiva severidade das disciplinas e do conteúdo bem como a rigidez nas relações entre professor e aluno interferiam no processo de desenvolvimento e aprendizado do sujeito ARANHA 1996 Para fugir desta proposta mecânica e engessada que figurava tal educação a tendência progressista ganhava espaço no ambiente escolar a começar pela escola libertadora Tendo Paulo Freire como principal teórico a escola libertadora se colocava ao lado do aluno entendendo que sua educação deveria leválo à liberdade intelectual e política Formando o aluno para ter um posicionamento intelectual politizado a preocupação não se concentrava no conteúdo que seria transmitido mas nas possibilidades que este traria para a reestruturação social e intelectual do in divíduo levandoo a enxergar uma sociedade além da sua realidade imediata SILVA 2000 Em outras palavras essa educação insistia numa transformação do sujeito sobretudo do mais pobre e marginalizado que por conta dos ditames e desigualdades sociais não conseguiria se ver preso das amarras da Educação liberal que reforçava em seu método uma sociedade dividida e hierarquizada UNIDADE 4 130 Um passo adiante na Educação libertadora foi a sua expressão a partir do ensino libertário O que se considerava como instrumento para educar o sujeito era a relação que deveria existir entre o vivido e o aprendido Em sala de aula a relação estabelecida entre professor e aluno era de liberdade para o ensino em que não havia obrigação por parte do mestre em saber tudo tampouco ao aluno cabia cumprir horários tarefas e outras exigências corri queiras OLIVEIRA 2017 Sobre o conteúdo não haveria sentido para essa tendência transmitir um conhecimento que não fosse pautado na vivência do aluno correndo o risco de tornálo vazio e desnecessário O aprendiza do deveria se constituir na relação dos grupos nas experiências informais porém vivenciais e repletas de sentido pelo educando em seu processo de construção enquanto sujeito humano e político Sobre a ideia do que seria um aprendizado válido Libâneo afirma1992 p 11 Conhecimento aqui não é a investigação cognitiva do real para extrair dele um sistema de representações mentais mas a descoberta de respostas às necessidades e às exigências da vida social Assim os conteúdos propriamente ditos são os que resultam de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são necessária nem indispensavelmente as matérias de estudo Esta tendência apesar de soar como radical permitiu que a teoria Crítico Social dos Conteúdos ou então a Históricocrítica encontrasse espaço para atuar na educação Nela a escola se tornava um local de referência imprescindível para acabar com as desigualdades sociais uma vez que na escola se aprende a con viver de maneira igual sem qualquer distinção seja pelo uniforme pelas regras peloshorários e pelasexigências que são feitas a todos Aranha 1996 afirma que Saviani em sua obra Estrutura e Sistema anali sou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1948 e a conclusão que chegou sobre ela era que lhe faltavam planos que demonstrassem qual era o ideal de educação brasileira Isso indica que a falta de objetivos claros fazia da escola naquele período um local de mera reprodução de um sistema social e econô mico pronto e sem qualquer possibilidade de modificação É como se o aluno se perguntasse estudar para quê Minha vida sem o conhecimento escolar não será pior pois as opções que a educação traz não são capazes de me retirar da condição social na qual estou inserido UNICESUMAR 131 Por fim a tendência históricocrítica ofertou uma educação analítica a res peito da sociedade refletiu acerca de suas contradições e deu ao aluno uma vi são inovadora frente aos assuntos de seu cotidiano e das suas experiências O conteúdo aqui é valorizado pois por meio dele fazemse novas leituras de teor crítico sobre a cultura dominante refletindo a partir da prática mas indo além dela LIBÂNEO 1992 O resultado deste ensino é o sujeito engajado consciente de si e preocupado com o todo 3 O LUGAR ATUAL DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO nos cursos de licenciatura Após discorrermos sobre as principais tendências pedagógicas que nortearam a educação brasileira nas últimas décadas faremos uma leitura acerca da atuação da Filosofia da Educação na formação docente Trilhamos este caminho no intui to de primeiramente mapear os movimentos da Educação em nosso país para agora tendo como base a história e as diretrizes que regem a nossa educação apresentarmos o perfil do conhecimento ofertado em tal disciplina pelos cursos de licenciatura presentes nas instituições de ensino UNIDADE 4 132 Desse modo mais que aprender o que foi e o que ainda é a disciplina de Filosofia da Educação nos cursos de formação docente você terá acesso a um conhecimento que pode ser construído conforme sua leitura de mundo em conjunto com as ideias aqui apresentadas Este tipo de educação é pró prio da Filosofia visto que nenhum saber deve ser dogmatizado tampouco imposto Isso nos leva ao nosso tema em questão em que a Filosofia e a Educação são interrogadas a respeito de seu valor e de sua atuação Nos últimos anos um dos principais temas abordados na formação docente é a compreensão do lugar que a Filosofia tem ocupado nela Ques tionando a Filosofia da Educação ensinada nas universidades o que se discute é qual o modo de aliar a sua teoria a uma prática eficaz Para esta investigação os PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais possuem o modelo que deve ser alcançado pelos cursos de licenciatura no Brasil uma vez que suas considerações trazem como proposta de formação um conteúdo que seja capaz de levar o futuro professor a um aprendizado reflexivo Sem se limitar à reprodução de conteúdo todo o conhecimen to apresentado na disciplina de Filosofia da Educação deve permitir ao aluno que as abordagens trazidas em sala de aula o levem a buscar novas possibilidades para os dilemas que são próprios da escola e da Educação como um todo TREVISAN 2011 Tal experiência sanaria as limitações existentes na elaboração das ementas desta disciplina permitindo que o seu saber possa encontrar instrumentos para se tornar parte da prática diária do profissional da Educação Digo isso pois dentre as ciências as humanas são as que melhor con seguem dialogar com a Filosofia da Educação Essa relação é histórica e data desde os gregos antigos sempre no desejo de solucionar os conflitos humanos partindo de uma profunda interpretação de quem era o homem quais as suas características e como elas poderiam colaborar ou não no en contro dele com o outro e consigo mesmo SANTOS 2017 Desse modo detalharemos melhor esta primeira parte no intuito de fixar nossa temática O que se avalia neste primeiro momento acerca da disciplina de Filoso fia da Educação é a maneira como ela é desenvolvida nos cursos de licen ciatura de nosso país Fazendo uma comparação o que se evidenciava em meados dos anos 90 era que sua matriz curricular possuía um forte apelo histórico movido por reflexões que levavam o aluno a uma compreensão técnica sobre tendências pedagógicas metodologias autores e contextos UNICESUMAR 133 didáticos O resultado todavia dessa formação ao longo dos anos foi a de professores que recebiam somente pressupostos normativos conforme apontou uma pesquisa realizada por Rocha 2009 referente à disciplina de Filosofia da Educação na formação dos professores primários paranaenses no período de 19461971 Assim ela descreve em sua conclusão Portanto podese afirmar que no período de 1946 a 1971 a disci plina Filosofia da Educação ministrada no processo de formação dos professores primários paranaenses tinha um caráter mais normativo que um caráter de reflexão e crítica de teorias e práticas educacionais ROCHA 2009 p 20 grifo nosso Esta conclusão somase à afirmativa trazida por Severino sobre a ausência de referenciais sobre a Filosofia da Educação nos primeiros anos em que a disci plina era ministrada nos cursos de pósgraduação em Educação do país Esta realidade apenas se alteraria a partir da criação do grupo de nível nacional de pesquisadores sobre Filosofia da Educação SEVERINO 2000 Formando o seu conhecimento próprio a Filosofia da Educação começava a se configurar como um saber válido e independente De que valeria entretanto um saber que não fosse útil Qual a função de um conhecimento que não é visualizado expresso numa prática Este é o questionamento contemporâneo sobre a necessidade da educação sobretudo a importância dos conhecimentos humanísticos Permeada por valores po sitivistas que entendem a ciência apenas do ponto de vista prático encontra mos na sociedade atual a cobrança feita sobre a escola para que a educação justifique o porquê de sua existência Consequentemente essa pergunta se estende ao docente que se vê forçado a dizer e a convencer a sociedade sobre a importância de sua profissão Para o professor em formação tais perguntas podem leválo a dúvidas ainda maiores Por exemplo você já se perguntou por que precisa aprender sobre a história da Educação Qual o sentido de estudar o que pessoas disse ram séculos atrás se as necessidades atuais são tão diferentes daquelas Até mesmo esta disciplina pode lhe trazer esse tipo de questionamento sobre a validade dela para sua formação e isso é normal pois uma vez questionado o aluno também questionará aqueles que em sua concepção poderiam lhe trazer uma resposta neste caso algum professor de seu curso UNIDADE 4 134 Sobre essa questão é importante dizer não temos compromisso com a práti ca É isso mesmo Nós professores sobretudo os da área de humanas nos quais a Filosofia da Educação se enquadra não nos relacionamos diretamente com a prática e não temos o dever de resolver seus questionamentos Sei que tal afirmativa pode não soar bem uma vez que enquanto filhos de nosso tempo reproduzimos os questionamentos que nos são feitos por nossa cultura e sociedade sendo um deles a eficiência do trabalho docente Vamos porém entender o significado desta desobrigação do docente com a prática ao olhar para a formação do pedagogo O LUGAR DA FILOSOFIA NOS CURSOS DE PEDAGOGIA Sabemos que a pedagogia é um saber que se dá historicamente por sua aplica bilidade Na realidade é isso que se observa na educação dos tempos atuais a prática tem dominado todos os cenários validando os conhecimentos por meio de uma ação Voltamos contudo novamente uma questão de identidade que no nosso caso enquanto professores constróise pelo ser docente o qual pertence à categoria dos intelectuais LECLERC 2004 É claro que isso não nos torna inúteis para a atualidade sobretudo o docente que trabalha com conteúdos teóricos Apesar da moderna valorização da ação do fazer em si e o esquecimento da teoria o trabalho docente se faz pela compreensão de que sua prática deve existir na elaboração de uma teoria que possa ser vivencial A virada da prática no campo do conhecimento moderno não sig nifica entretanto um esquecimento da teoria esvaziada dos seus fundamentos em benefício de metodologias e técnicas Antes dis so significa que há uma nova interdependência entre o teórico e o prático e não a simples diluição de um dos polos contrastantes no outro Em síntese de certo ponto de vista se a teoria não for prática isto é se ela não impelir à ação tornase inócua vazia e sem sentido para o mundo em que vivemos TREVISAN 2011 p 205 A vivência porém em si não nos compete Enquanto professor não posso me responsabilizar pelas escolhas que você alunoa fez frente ao saber adquirido Desde o aceite pelo conhecimento até o modo como ele será utilizado tudo isso UNICESUMAR 135 compromete o sujeito que dele fez uso e não quem o oportunizou Isso responde ao questionamento moderno da função da educação pois se desvincula de um fazer para se inserir em um ser Trevisan ainda tratando a respeito das inter pretações que se faz sobre a teoria e a prática e qual delas deve ser considerada como a mais assertiva na formação docente bem como na atuação desta profissão traznos a seguinte reflexão digna de ser lida conforme foi escrita pelo autor A ideia de partir deste tipo de prática para pensar a formação es quece que ela própria já está informada por uma teoria a sa ber uma teoria que rejeita o contexto de descoberta operando apenas no âmbito do contexto de validação do conhecimento TREVISAN 2011 p 206 grifo nosso Ao olhar para o trabalho do pedagogo contudo esta afirmativa se torna distante da realidade de tal profissional Ele no campo da educação é quem mais se de dica a aplicar seu conhecimento a partir da experiência e da vivência educativa Faz parte de sua essência levar a teoria para uma prática efetiva conforme dirão Mühl e Mainardi2017 ao afirmar que o pedagogo é o profissional que se faz por meio da ação Lembremos porém que nossa temática se refere à Filosofia da Educação este saber híbrido que é composto pelo alinhamento da pedagogia com a Filosofia Por isso a afirmativa de que o professor é mais responsável por uma teoria que pela prática se encaixa perfeitamente no campo da pedagogia e no modo como a Filosofia da Educação nele se insere Mesmo não tendo local de destaque a Filosofia esteve presente ao longo da história do curso e na formação do pedagogo abordando os fundamentos do conhecimento pedagógico a partir de filósofos e demais intelectuais Mühl e Mainardi 2017 fazem um alerta sobre o desaparecimento dessa disciplina da matriz curricular dos cursos de pedagogia o que confirma mais uma vez o quanto a prática tem se sobreposto à teoria sem levar em consideração os efeitos que isso acarretará na formação do professor e no futuro da educação escolar O que alega sua pesquisa é o distanciamento que a Filosofia sempre teve das ciências visto que a postura desta foi a de se sentir superior aos demais conhecimentos por ser interpretada como a responsável pela crítica e oposição às ideias trazidas por cada saber bem como a nova tendência do conhecimento de ser mais prático que teórico MÜHL MAINARDI 2017 Aqui há uma crítica ao modo como o saber filosófico foi apresentado UNIDADE 4 136 Por outro lado os autores avançam em suas considerações e chegam à con clusão de que historicamente a pedagogia se limitou a ser um saber do senso comum com pouca objetividade devido ao seu caráter humano Sob a alegação de ser uma ação prática muitos pedagogos têm insisti do na ideia de que a aprendizagem ocorre pela prática e que a teorização não traz de modo geral uma contribuição efetiva para o desen volvimento da prática Em nome da experiência prática e da eficiência didática a reflexão tem sido dispensada e a pedagogia reduzida ao ensino de métodos e técnicas de ensino MÜHL MAINARDI 2017 p 14 Frente a este equívoco as perdas são diversas o papel do conteúdo pedagógico na formação docente tem se dizimado e a pura pedagogia é insuficiente para lidar com tais problemas Neste contexto temos novamente a percepção da importância do saber filosófico para a formação docente enquanto conteúdo teórico e prático permeado por reflexões dos diversos pensadores elencados ao longo da história da Filosofia e da Educação Ao discutirmos a respeito do perfil dos cursos de pedagogia e demais licenciaturas no tocante à matriz curricular isto é a listagem das disciplinas que compõem o itinerário formativo de determinado curso talvez você identifique que as disciplinas ofertadas em determinados cursos não contemplam áreas como Filosofia Educação Metodologias etc mesmo sendo tais ciências próprias da área em questão Caso surja essa dúvida vale a pena conferir se o curso está cadastrado no Ministério da Educação e Cultura Basta acessar o site httpemecmecgovbr e fazer a sua pesquisa por instituição cursos etc conectese UNICESUMAR 137 O caminho percorrido pelos autores clássicos pode ser instrumento guia para a trajetória de formação docente na atualidade Ou seja numa junção entre Filosofia e pedagogia é possível retomar as possibilidades do conheci mento desconstruindo a obviedade dos saberes para lançálos a uma crítica construtiva capaz de trazer novas respostas frente aos problemas corriquei ros Pansarelli2014 na introdução de sua dissertação de mestrado recorda nos a importância e a necessidade dos clássicos Olhar para as considerações trazidas por eles dirá não traduz uma pretensa necessidade de reproduzilos nos dias de hoje Ocorre que frente aos ruídos das inúmeras teorias contem porâneas e o desejo por saber qual é a menos incorreta o trabalho pedagó gico se perde em considerações vagas Por isso vale retomar aos clássicos e ouvir a sinfonia de suas ideias a fim de que se descubra o que ainda não foi dito em nossos dias PANSARELLI 2014 Para concluir podemos afirmar que frente ao desejo de se formar o edu cador fazse indispensável o trabalho filosófico aliado ao pedagógico Desse modo a educação encontraria a solução para as principais questões que a constituem Primeiramente a formulação e a assertividade na identidade do professor profissional intelectual capaz de gerir sua prática a partir da valida ção de suas teorias sua expertise é a elaboração a explanação e a verificação do conhecimento que propõe ao seu aluno Em segundo lugar a transfor mação do saber pedagógico que apesar de historicamente se dar a partir de uma prática amplia seus horizontes na junção de seu saber com a teoria apreendida pela Filosofia e pelos seus pensadores Com essas duas questões pontuadas a formação docente encontrará respaldo para se tornar eficaz e in dispensável na construção de novos saberes para a sociedade como um todo UNIDADE 4 138 Paulo Reglus Neves Freire este era o nome do famoso pedagogo brasileiro Paulo Frei re Nascido em Recife Pernambuco no ano de 1921 Freire era formado em direito pela Faculdade de Direito de Recife porém nunca exerceu a profissão Seu trabalho nas políticas públicas iniciouse como diretor do setor de educação e cultura do Sesi em 1947 seguido pelo cargo de superintendente de 1954 até 1957 Foi professor efe tivo de Filosofia e História da Educação na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da antiga Universidade do Recife hoje a atual Universidade Federal de Pernambuco Em sua trajetória ganhou destaque nacional devido à sua experiência na alfabetização Foi chamado para assumir a coordenação nacional do Plano Na cional de Alfabetização e para presidir a Comissão Nacional de Cultura Popular porém devido ao golpe militar de 1964 Freire foi exilado no Chile e impedido de assumir tais cargos tendo em vista a interrupção do governo democrático Trazemos para adiscussão o pensamento de Paulo Freire porque o que en contramos em suas considerações para a educação nacional misturase em uma proposta pedagógica porém política conforme entendemos o significado de educação política Não nos referimos à Freire como modelo político mas peda gógico e filosófico para a realidade nacional isso porque frente à desigualdade econômica e à difícil condição social e política da população ele inaugura uma educação que ao alfabetizar por meio de questões do cotidiano faz o sujeito enxergar as possibilidades de sair de sua condição precária e encontrar novos mecanismos para se recolocar socialmente PILETTI PILETTI 2018 4 PAULO FREIRE educador e teórico UNICESUMAR 139 Nesta caminhada a educação se faz o instrumento motor levando para a educação de jovens e adultos a libertação de suas limitações intelectuais e sociais com temas críticos porém a partir da linguagem do seu cotidiano Desse modo o ato do professor não é desinteressado apenas cumpre com uma função exter na Ao contrário o professor para Freire é alguém engajado e intencionado em sua tarefa de educar Para isso ele foge do método corriqueiro de adaptar o seu aluno aos conhecimentos e aomundo já estipulados e divididos FREIRE 1975 Certamente esta postura exigirá do mestre muito mais empenho e coragem pois a intenção dessa educação é desestabilizar Nesta proposta retomamos a ideia do diálogo para sair do conhecimento e chegar ao sujeito O caminho por isto mesmo para um trabalho de libertação a ser realizado pela liderança revolucionária não é a propagan da libertadora Não está no mero ato de depositar a crença da liberdade nos oprimidos pensando conquistar a sua confiança mas no dialogar com eles FREIRE 1975 p 58 Perceba que a linguagem utilizada pelo autor nos remete a um diálogo político isso porque em sua compreensão a educação não teria sentido se não levasse o indivíduo a uma ação social por si e por todos Quando Freire fala em outros momentos de uma educação domesticadora ele se refere ao modelo vigente em sua época quando a escola cumpria somente a função de transferir conhe cimentos sem qualquer preocupação política e social com aquilo que estava ensinando Quando propõe uma educação para a libertação acreditava que o ato de conhecimento deveria se fundar numa ação transformadora do sujeito e da realidade na qual ele se encontrava FREIRE 1975 O mais interessante na proposta de Freire é a percepção que ele tinha a res peito do modo como ela deveria acontecer O que tornava sua pedagogia mais desafiadora era o fato de exigir que todo o trabalho realizado com o aluno não fosse convincente mas realista A tarefa da educação não era resgatar os seus sujeitos a ponto de lhes convencer sobre a verdade daquilo que ensinava mas mostrar a eles os rumos da história aprender com ela ao mesmo tempo em que construíam a sua própria Para isso era necessário acabar com o analfabetismo político que seria uma percepção ingênua dos fatos e do mundo Como nos afirma Freire o analfabeto político experimentando um sentimento de impo tência em face da irracionalidade de uma realidade alienante e todopoderosa procura refugiarse na falsa segurança do subjetivismo FREIRE 2011 p 25 UNIDADE 4 140 Este era o reflexo de uma educação individualizada em que o educando não con seguia se enxergar como parte do todo Cuidando somente de seu próprio interesse o sujeito sem conhecimentos políticos claros enxerga o futuro pronto sem esperanças e perspectivas de mudanças Isso porque não consegue perceber que a mudança do amanhã se encontra naquilo que é feito agora Desse modo a educação política seria aquela que quer transformar a realidade social por meio da ajuda mútua entre educadores e educandos desmistificando a realidade pela ação e pelo conhecimento O modo pelo qual essa educação se organizaria seria pelo comprometimento que o educador e o educando teriam em conhecer a realidade dos fatos para assim poder alterálos Por isso que a ciência não é neutra tampouco a educação Ao entrar em contato com uma realidade elas sempre escolhem um lado mesmo quando se silencia diante de um fato pois o silêncio também é um posicionamento Ela deve partir para a reflexão mas também levar à ação sem se tornar passiva visto que a mudança social só ocorrerá na prática e não apenas na consciência A isso Freire chama de Consciênciamundo uma consciência que vem da prática FREIRE 2011 Aparentemente esta proposta soa como utópica e impossível de acontecer pois já existe uma educação estruturada e uma proposta política que permeia os espaços educacionais e econômicos do país Freire contudo explica que haveria uma mudan ça de paradigmas e valores a começar pelos sujeitos que seriam educados Por meio desta proposta a educação dominadora seria substituída pela humani zadora sendo o ato de conhecer que interfere na relação entre consciência e mundo assim conhecer o novo seria possível A esta conclusão se chega porque o que se tem hoje veio de uma busca frente a um conhecimento anterior velho que se tinha o que indica que a mudança é possível FREIRE 2011 A ação cultural e educacional portanto é conhecer e reconhecer o conhecimento existente fato que não ocorre com quem recebe a educação dominadora que é apolítica A ação política mais que uma imposição tendenciosa sobre o ato de educar é na realidade a base para qualquer afirmativa pedagógica Quando se identifica a política vigente de um país a educação dele poderá caminhar para dois rumos aceitar e validar os ideais políticos e culturais por meio de ações pedagógicas ou então refutálos e tornálos mais democráticos e participativos nos diversos segmentos em que a educa ção possa encontrar espaço para atuar No caso de Paulo Freire seu modelo de educa ção seguia a segunda vertente tornandose objeto de transformação dos sujeitos que necessitavam ser mais que observadores sociais mas indivíduos ativos e politizados Essa leitura de mundo se torna moderna diante das imposições de educação que eram vigentes na época de Freire A rigidez da relação professoraluno e o vazio das UNICESUMAR 141 intenções dão espaço para uma pedagogia da comunicação Paulo Freire defendia um saber fundadonuma consciência coletiva e que se opunha ao isolamento moderno para afirmar que a educação é oportunidade de encontro em Freire é no e pelo encontro que se dá a passagem do ele ao tu lugar fundamental da construção da identidade de educadores e edu candos espaço privilegiado de afirmação da educação como processo contínuo de comunicação e libertação ESCOLA 2011 p 204 grifo do autor Negando a concepção bancária de escola na qual se entende o aluno como um recipiente em que se deposita um saber pronto e acabado Freire se utiliza da con cepção humanista da educação acabando com a tradicional hierarquia e oposi ção entre educador e educando Desse modo o primeiro é o detentor de todo saber e tem a função de despejálo sobre seu aluno que assume o papel de receptor passivo obrigado a absorver todas as informações dos conteúdos que lhe são da dos Educar para Freire é fazerse entender pelo outro para isso é necessário que a comunicação seja de respeito e afeto Isso significa que o educador é aquele que sente e entende a realidade de seu aluno percebendo os enfrentamentos diários que ele realiza para sobreviver e conhecer portanto o professor quer contribuir na formação de sua identidade não como verdade pronta mas como ponto de partida para novos rumos novas perspectivas e abordagens A pedagogia da comunicação ao assegurar o respeito pela individualida de o reconhecimento do outro como interlocutor válido independen temente do seu estatuto fazendo orbitar toda a educação em torno da dimensão relacional e dialógica abre as portas ao que possibilita o pró prio diálogo amor e esperança ESCOLA 2011 p 205 grifo do autor Uma educação que como disse Freire 1975 não comunica mas apenas faz comu nicados No intuito de romper com tal modelo valorizase o saber trazido pelo aluno Por meio dele e de sua realidade é que se alfabetiza e humaniza Como sabemos Freire se dedicou a discutir acerca da alfabetização voltada aos jovens e adultos Entretanto mais que nos limitarmos ao objeto em questão o que nos importa é a reflexão trazida por ele a humanização no processo de ensino e o seu indispensável teor político Ao educar é preciso fazer uma escolha decidir por um lado e agir conforme se pensa UNIDADE 4 142 Para Paulo Freire a educação surgia como um instrumento de crucial importância para promover a passagem da consciência popular do nível transitivoingênuo para o nível transitivocrítico evitandose a sua queda na consciência fanática É em vista desse objetivo que foi criado um método de alfabetização ativo dialogal crítico e criticiza dorSAVIANI 2011 p 335 Este ideal pedagógico não caminha sozinho mas vai ao encontro de outras tendên cias e ideologias como nos apresenta Saviani Freire ao propor o diálogo a criticidade e a alfabetização ativa caminhava na mesma direção da tradição do existencialismo cristão com algumas contribuições do marxismo SAVIANI 2011 Seu pensamento pedagógico humaniza ao enxergar o homem diante da necessidade do aprendizado não somente para lhe adequar aos padrões industriais e mercadológicos mas para que ele faça a sua leitura de mundo que tenha a possibilidade da escolha e da reflexão O diálogo em sua teoria se dá entre dois humanos dois sujeitos em que o professor interpreta o ato de educar como o fortalecimento do diferente Desse modo quando se educa supõese que aquele que aprende necessita de complemento para sua vida A educação se torna efetivamente instrumento de for mação e potencialização do ser O sentido da educação em Freire decorre da incompletude dos seres humanos Em vista disso modificarse é uma necessidade da natureza dos seres humanos na busca de complementaremse como pessoas concretizando sua vocação de SerMais numa espécie de atualização constante ECCO NOGARO 2013 p 3526 Enquanto educação formal as instituições de ensino e seus profissionais pos suem as condições necessárias para garantir a liberdade de expressão de cada aluno No intuito de lhe dar autonomia para que se conheça e descubra o mundo ao seu redor a educação neste molde se pauta no diálogo a fim de permitir que cada educando perceba as semelhanças entre si e os seus pares dentre os demais homens da história seus ideias e sonhos garantindo a utopia e a crença de que o melhor sempre nos aguarda Para isso é necessário que a educação seja prática e atrelada ao conhecimento Isso significa que toda ação exercida na escola deve ser refletida para que não haja novamente um depósito de verdades no homem mas que o permita perceber o que é necessário fazer e pensar para transformar o mundo FREIRE 1975 UNICESUMAR 143 Isso nos leva a uma crítica moderna que se refere ao significado do conhe cimento em nossos tempos O quanto o conhecimento está presente em nossa formação acadêmica Ou então em nossas aulas nesta aqui por exemplo Será que cada semana pedagógica cada licenciatura especialização e capacitação que fazemos nos trazem assuntos inéditos temas até então inexplorados e nos tornam profissionais e pessoas melhores Nos momentos de formação passamos de educadores a alunos e raramente temos a clareza do porquê de estarmos ali Isso revela novamente o quanto nosso projeto e nosso ideal de educação ainda configuramse na reprodução e no depósito de informações decoradas pouco utilizadas por serem apenas narrativas vazias Não pode haver conhecimento pois os educandos não são chama dos a conhecer mas a memorizar o conteúdo narrado pelo educa dor Não realizam nenhum ato cognoscitivo uma vez que o objeto que deveria ser posto como incidência de seu ato cognoscente é posse do educador e não mediatizador da reflexão crítica de ambos FREIRE 1975 p 79 Ao insistirmos neste modelo de educação os resultados que evidenciamos é primeiramente a nãoconstituição de uma autoconsciência Ao distanciarse da prática cognoscente o sujeito perde a sua capacidade de identificarse ao mesmo tempo em que permanece reproduzindo um saber vazio a partir de um discurso oco Por fim esse modelo de educação convida educador e educando a liberta remse das tradicionais ideias que instrumentalizam um e outro A partir de uma educação humanizadora o resultado do trabalho será a emancipação dos sujeitos e o fim da educação bancária rompendo com o vínculo utilitarista das relações e adotando a comunicação como ferramenta de autodescoberta e identificação com a cultura e asociedade Mais doque cumprir com preceitos e obedecer a padrões o indivíduo terá a possibilidade da escolha A educação autêntica repitamos não se faz de A para B ou de A sobre B mas de A com B mediatizados pelo mundo Paulo Freire pensando juntos UNIDADE 4 144 No século XVIII a imperatriz da Áustria Maria Teresa ao assinar o decreto para a constituição da Comissão da Corte disse que A instrução é e sempre foi em cada época um fato político MANACORDA 2010 p 301 Esta frase ilustra perfeitamente o sentido que queremos dar a esta aula trazendo a relevância que todo trabalho pedagógico traz para o contexto político no qual esteja inserido Em outras palavras isso significa que toda ação pedagógica é intencional Aristóteles afirmou que o homem é um ser político o que significa que o ser humano foi feito para viver com os demais de sua espécie A convivência com os outros homens além de permitir o autoconhecimento garante a cada um o aprendizado de que o pensar e o opinar são condições intrínsecas a todo homem o que pela lei se tornou um direito a ser exercido e respeitado por todos Dessa forma Aristóteles nos ensina e a lei nos garante a principal exigência para viver em sociedade a capacidade de aceitar o diferente VELASCO 2018 Nisso entra o trabalho das instituições de ensino pois toda ação pedagógica possui um fim social em sua execução e em seu planejamento A partir deste pla nejamento é que se desdobrarão as ideias de ética moral cidadania liberdade etc Os pressupostos que fundamentam a ação pedagógica se encontram no modelo de sociedade vigente isso explica o porquê de a educação se alterar conforme os valores políticos e culturais vistos que em cada realidade esses são dados numa perspectiva própria Esta alteração ocorre por exemplo quando há mudanças de 5 EDUCAÇÃO E ATUAÇÃO POLÍTICA UNICESUMAR 145 governo Perceba que de uma gestão para a outra um dos setores que mais sofre interferências em suas políticas é a educação Isso confirma o papel central que ela possui na construção de uma sociedade e de seus indivíduos bem como os diversos perfis e exigências que sobre ela se põem Vejamos um exemplo dessa reflexão acerca dos modelos de educação Em 2014 uma pesquisa realizada pela Universidade de Stanford nos EUA identificou que a educação oriental e a ocidental possuíam o mesmo valor e a mesma eficácia Enquanto a educação dada pelas famílias europeias e ame ricanas permitem que seus filhos tenham autonomia para realizarem grande parte de suas escolhas as famílias de asiáticos querem mantêlos mais pró ximos sem muitas interferências externas Quem fala melhor sobre isso é o trabalho da pesquisadora Zoe Sumei Os pais ocidentais acham que desde o dia do nascimento os seus filhos são indivíduos independentes têm os seus próprios desejos e perso nalidade independentes Na cultura tradicional chinesa os pais devem cuidar dos seus filhos e o seu relacionamento com eles é desi gual Muitos pais querem que os seus filhos sejam obedientes Devido às condições sociais específicas de filhos únicos os pais atribuemlhes uma grande importância Muitas vezes podemos ver que as crianças crescem mas ainda dormem com os pais SUMEI 2018 p 1415 Diferentemente do que se pensa os dois perfis de educação são bons isso por que cada um deles atende a um ideal de sociedade Em outras palavras não é adequado fazer comparações de uma realidade com a outra e atribuir caráter qualitativo sem levar em consideração a sua função para a cultura e a sociedade local Uma educação deve ser considerada boa quando o seu conteúdo atende aos anseios daquele grupo A importância de refletir sobre essa questão está na possibilidade de anali sarmos os discursos que atualmente permeiam o cenário educacional de nosso país O senso comum tende a interpretar obediência subserviência silêncio dis ciplina etc como valores que devem ser exigidos sobretudo pela escola Por vezes nós educadores caímos neste engodo e queremos que nossos alunos somente cumpram o que impomos sem criticar ou se opor aos nossos planos Apesar de parecer mais fácil e aparentemente ser o correto esta interpretação não corres ponde a uma educação democrática e capaz de formar bons cidadãos UNIDADE 4 146 O que seria entretanto formar bons cidadãos em nossa realidade social Lem bremonos que uma das funções da nossa educação é formar o indivíduo para a sociedade certo Pois bem quando se fala de sociedade o discurso atual acerca das políticas públicas sobretudo as educacionais encontra como forte referencial o ideal de democracia O século XX foi marcado por este fenômeno que saíra do século XIX como uma revolução encabeçada por aqueles que não suportavam mais viver em função das guerras dos interesses monárquicos e aristocráticos O que restou na prática porém foi a implementação de tal política de governo com restrições ao seu acesso SANTOS AVRITZER2002 Tal restrição se deu pela leitura da democracia como um modelo governamental regido por burocracias que o sustentassem e não mais a possibilidade da participação livre de todos Com o crescimento das funções do Estado ligadas ao bemestar social a discussão sobre o interesse no crescimento da burocracia foi mudando de tom e adquirindo uma conotação positiva a exce ção aqui é a obra de Michel Foucault No campo da teoria demo crática Norberto Bobbio foi mais uma vez o autor que sintetizou a mudança de perspectiva em relação a desconfiança weberiana com o aumento da capacidade de controle da burocracia sobre o indivíduo moderno SANTOS AVRITZER 2002 p 56 Guiados para uma hegemonia ou seja a supremacia de um grupo que se impõe sobre o outro a nossa concepção histórica de democracia caminhou em direção a um nivelamento A padronização do ser democrático nos fez acreditar que somos cidadãos quando por exemplo votamos cumprimos com as leis que nos foram impostas etc Este ideal se reproduz na escola na sala de aula e reforça nos alunos valores herdados como sentar copiar em seu caderno o que está na lousa decorar as funções matemáticas e as regras linguísticas Acreditase que esses valores o farão um bom aluno e merecedor de crédito no caso aprovação para a próxima série Tal interpretação não se distancia da universidade O modelo por vezes vigente é o do aluno que reproduz a fala do professor ou do orientador apresentando como resul tado o mais do mesmo A mera reprodução de condutas ideias valores pensamentos e tantas outras coisas que nos fazem indivíduos intelectualizados e civilizados por sabermos repetir com perfeição o que nos foi ensinado preenche o caráter burocrático da democracia que nos retira o impulso político a ponto de não mais duvidarmos ou então contentarmos com as verdades docemente impostas que não nos exigem pensar UNICESUMAR 147 O fato de assim agirmos nem sempre parte de uma responsabilidade in dividual mas é coletiva visto que não questionar eou não se enxergar nos processos políticos e educacionais vigentes apenas aceitálos faz parte da política de grupos que lidam com o investimento e a atuação na educação e demais áreas sociais À proporção que se tornou meramente formal perdeu sua for ça revolucionária adequandose às demandas da sociedade ca pitalista e assumindo funções profundamente conservadoras Como já foi observado organismos multilaterais entre os quais o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional contri buem para esse esvaziamento pelo fato de que também fazem uso desse conceito de modo acrítico MARCON 2015 p 384 Com este argumento não quero dizer aqui que é preciso acabar com a obe diência ou então que as eleições e os processos e grupos de organização social não cumprem com o seu papel O que deve ser retomado é o modelo de educação pensante sobretudo na formação docente A qualidade deve ser entendida como resultado dos diferentes daquilo que em um primeiro momento é divergente tem mais de uma interpretação mas no final leva a um resultado favorável para ambos os lados É algo muito semelhante à dialé tica platônica em que dois argumentos e pontos de vistas são apresentados e defendidos para no final chegarmos a somente uma resposta criada por ambas as leituras É também muito semelhante ao modelo que eu enquanto professor utilizo em sala de aula enquanto estou utilizando a lousa para registrar os conteúdos daquele dia meus alunos ficam à vontade para ouvirem música usarem seus aparelhos celulares conversarem entre si ao mesmo tempo em que copiam aquilo que escrevo Isso não interfere no meu trabalho tampouco no aprendi zado deles pois o momento no qual eu preciso da sua atenção é quando vou explicar tudo aquilo que foi apresentado na lousa Aliás devo me corrigir Há interferência sim A sala de aula se torna um local agradável para todos e o nível de concentração destinada às explicações aumenta tendo em vista que puderam se desligar por alguns instantes enquanto eu escrevia no quadro Assim pode ser o trabalho da educação em que a política tem como premis sa os valores democráticos entendidos não como a padronização daquilo que é UNIDADE 4 148 permitido fazer mas como a acolhida de tudo e todos Tal postura é própria da Filosofia atuando na educação pois o princípio da aceitação dos variados pon tos de vistas reflexões ideias sobre certo e errado bom e ruim garantem que todos sejam ouvidos interpretados e vistos Em seguida o caminho encontrado para viver em sociedade e alcançar o objetivo coletivo deverá ser confortável para todos os envolvidos no processo Novamente afirmo que este caminho não é o mais fácil Ouvir relevar interpretar dar razão ao outro etc são exercícios exigentes mas que têm o poder de transformar o perfil da educação sobretudo a do futuro educador Em outras palavras por que forçar um modelo de ensino acreditando que ele pertence a um ideal de democracia quando na verdade a descoberta em conjunto do conhecimento é o que torna a participação de todos efetiva Com isso você enquanto futuro educador pode se perguntar e como devo realizar tal ação de gerar uma educação participativa e democrática Por onde começar o trabalho de compreender o diferente as ideias diver gentes das minhas O material aqui apresentado pode ser um referencial para as primeiras abordagens tendo em vista que para tratarmos de Filoso fia da Educação passamos por diversas etapas caminhamos pela Filosofia e pela Educação distintamente em suas especificidades e utilizamos como nossos primeiros referenciais o pensamento dos filósofos clássicos como nos sugere Marcon2015 p 389390 grifo nosso Como existem muitas concepções de democracia é fundamental que as instituições discutam e teorizem a respeito Nessa direção é importante fundamentar uma crítica à concepção de democra cia hegemônica que ao primar por regras e procedimentos me ramente formais esvaziou a dimensão política da participação A contribuição dos clássicos na fundamentação do debate é fundamental embora seja necessário ir além visto que existem inúmeras realidades emergentes que os clássicos não trataram Disso surge a necessidade de ler e interpretar os clássicos de forma crítica e criativa É essencial aprofundar as diferentes tradições desde Platão e Aristóteles passando por autores modernos e contemporâneos e ver como a democracia foi pensada nos diferentes contextos e de distintos pontos de vista e perspectivas UNICESUMAR 149 A leitura e a interpretação dos pensadores clássicos são oportunidades de crescimento intelectual frente às adversidades modernas Por eles compreen demos fatores históricos e traduzimos as ações e os pensamentos humanos como instrumentos moldáveis que podem ser aprimorados e reestruturados conforme as necessidades temporais Em outras palavras isso significa dar voz às vozes conhecer os estilos filosóficos e no nosso caso como eles com preendiam a educação cada um no seu tempo na sua leitura de mundo Isso é difícil ao mesmo tempo em que é um exercício rico pois o discurso se altera e não se elege uma verdade como absoluta Semelhante um jogo de cartas o professor apresenta ao aluno diversas possibilidades de escolha cabe ao educando decidir por uma por duas por quantas mais ele quiser Por fim entendese dessa aula que o senso crítico precisa ocupar o es paço da sala de aula da educação básica ao ensino superior sendo todas as considerações trazidas pelo aluno dignas de serem ouvidas e refletidas uma vez que o espaço escolar é privilegiado por possuir as tendências pedagógicas necessárias para a instrução dos sujeitos Mais que isso educar vai além do ensino em si e deve encaminhar o educando para a compreensão e a atuação no contexto social feitas na liberdade VELASCO 2018 Esta é a caracterís tica principal do ensino brasileiro diferentemente de outras realidades pois a nossa educação corresponde às nossas necessidades sociais Conforme nos diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 939496 a necessidade da instrução formal em nosso país e o modo como ela se desenvolve estão pautados na liberdade para o trabalho e para a vida social BRASIL 1996 Finalizamos aqui a nossa unidade mais uma vez foi um prazer caminhar com você ao longo destas aulas Desejo sinceramente que assim como eu você possa ter crescido e se aprimorado humana e profissionalmente Até a próxima UNIDADE 4 150 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em nossa Unidade 5 tratamos a respeito da Filosofia da Educação na for mação docente passando por cinco momentos principais na construção de nosso conhecimento acerca deste assunto No primeiro momento adentramos no estudo da experiência filosófica no cenário brasileiro apontando o modo como a Filosofia da Educação foi inserida nos currículos dos cursos superiores começando como uma disci plina nos programas de pósgraduação em Educação até chegar aos cursos de pedagogia e demais licenciaturas No segundo momento falamos das tendências pedagógicas que compuse ram historicamente o movimento pela educação em nosso país As tendên cias liberais e progressistas bem como as suas extensões contribuíram para a formação de um quadro teórico mas que adveio de uma prática elaborada no cotidiano da vida escolar No terceiro momento retomamos nossa discussão acerca da Filosofia da Educação e o espaço que ela ocupa nas instituições de ensino sobretudo nos cursos de formação docente Vimos a sua história e o modo como esta disci plina encontrou o seu espaço em meio às disciplinas tradicionais criando um conteúdo próprio para ser debatido e investigado Em seguida adentramos no pensamento de Paulo Freire e na sua proposta pedagógica Em Freire evidenciamos o papel determinante do educador na relação com o educando Com uma pedagogia própria ele nos apresenta que a verdadeira educação se faz pela humanização e libertação intelectual Por fim discorremos a respeito da educação enquanto expressão política Por meio do saber ofertado na escola preparase os sujeitos para a vida em sociedade Essa realidade exige conhecimento e posicionamentos claros acer ca de qual sujeito queremos ofertar para a nossa contemporaneidade Desse modo além da reprodução de saberes nossa intenção deve ser a de formar cidadãos conscientes formadores de opinião e capazes de conduzir suas vidas na liberdade e certeza de si 151 na prática 1 Na escola renovada o aluno é o centro do processo existindo uma preocupação muito grande com a natureza psicológica da criança Como a escolha dos conteú dos gira em torno dos interesses infantis o professor se esforça por despertar a atenção e a curiosidade da criança sem lhe cercear a espontaneidade Dependendo da escola existe maior ou menor nãodiretividade tornandose o professor apenas um facilitador da aprendizagem ARANHA 1996 p 167 As diversas expressões educacionais que compõem o cenário pedagógico brasileiro permitem que façamos comparações entre uma e outra Portanto identifique nas afirmativas a seguir quais delas são próprias da tendência RenovadaProgressista I Um ensino onde o professor é o centro de todo trabalho II Defesa de uma escola que fosse para todos ou seja que trouxesse um conteúdo de acesso universal III A relação entre professor e aluno é diferenciada o professor não sabe tudo e o aluno também não tem obrigação de saber IV O aluno descobre em si os dons e atributos que lhe fazem sentido São próprias da tendência RenovadaProgressista as seguintes afirmativas a II e IV b I e IV c II e III d I e III e III e IV 2 Conhecimento aqui não é a investigação cognitiva do real para extrair dele um sistema de representações mentais mas a descoberta de respostas às necessida des e às exigências da vida social Assim os conteúdos propriamente ditos são os que resultam de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são necessárias nem indispensavelmente as matérias de estudo LIBÂNEO 1992 p 11 Sobre a tendência progressista é correto afirmar que a Surge da experiência popular e do sofrimento do pobre que vê a necessidade de aprender na escola aquilo que é útil para a sua vida Todo o conteúdo dessa escola surge daquilo que a comunidade traz como conhecimento Nela a verdade não é científica mas é popular 152 na prática b O nome já diz progressista significa progresso Para levar a criança ele era neces sário lhe tornar crítica Por isso uma das principais características desta tendên cia são aulas de política e sociologia e as demais disciplinas mero complemento para o aprendizado real c Alguns teóricos progressistas foram David Hume e John Locke Locke por exem plo afirmava que a liberdade era indispensável para a realização de uma socie dade mais justa Por meio de suas ideias progressistas fizeram afirmativas nas escolas pertencentes a esta práxis pedagógica d A comunidade escolar deveria se responsabilizar pelos gastos de cada aluno sendo obrigação de cada família contribuir para o desenvolvimento de seu filho uma vez que a escola não era financiada pelo governo mas possuía disciplinas e estrutura própria de cada bairro e Nela a escola se tornava um local de referência imprescindível para se acabar com as desigualdades sociais uma vez que na escola aprendese a conviver de maneira igual sem qualquer distinção seja pelo uniforme pelas regras pelos horários e pelas exigências que são feitas a todos 3 Entretanto de que valeria um saber que não fosse útil Ou seja qual a função de um conhecimento que não é visualizado expresso numa prática Esse é o questiona mento contemporâneo sobre a necessidade da educação sobretudo a importância dos conhecimentos humanísticos Permeada por valores positivistas que entende a ciência apenas do ponto de vista prático encontramos na sociedade atual a cobran ça feita sobre a escola para que a educação justifique o porquê de sua existência ALVES 2019 Observe o comentário e reflita sobre o cenário educacional contem porâneo depois veja as alternativas corretas que respondam qual seria a função ou em quais perspectivas a disciplina de Filosofia da Educação e o profissional da educação se comprometem com o currículo acadêmico I Nós professores sobretudo os da área de humanas nos quais a Filosofia da Educação se enquadra não nos relacionamos diretamente com a prática e não temos o dever de resolver seus questionamentos II Apesar da moderna valorização da ação do fazer em si e do esquecimento da teoria o trabalho docente se faz pela compreensão de que sua prática deve existir na elaboração de uma teoria que possa ser vivencial 153 na prática III O conhecimento acadêmico elaborado pelo docente cumpre a tarefa de preen cher a carga horária universitária e a educação por meio de saberes científicos e práticos IV A universidade produz o conhecimento acadêmico sendo apenas dever do docente executálo Isso denominamos de ementa e matriz curricular Estão corretas as afirmativas a II e IV b II III e IV c I e II d I e IV e I III e IV 4 Sob a alegação de ser uma ação prática muitos pedagogos têm insistido na ideia de que a aprendizagem ocorre pela prática e que a teorização não traz de modo geral uma contribuição efetiva para o desenvolvimento da prática Em nome da experiência prática e da eficiência didática a reflexão tem sido dispensada e a pe dagogia reduzida a ao ensino de métodos e técnicas de ensino MÜHL MAINARDI 2017 p 14 Diante desta afirmativa podemos nos indagar sobre a origem de tal pensamento Ou seja por que a pedagogia é considerada um saber prático e de pouco teor intelectual a Isso se dá porque a pedagogia em si não está preocupada com um conhecimento em si ela apenas se dedica a práticas formativas b A pedagogia é um saber prático por natureza Autores como Pestalozzi e Rous seau demonstram isso em suas teorias Nela não cabe teorias c A teoria não encontra espaço no saber pedagógico porque a sala de aula não permite tempo nem condições suficientes para refletir sobre conceitos teóricos mais sólidos d Toda teoria pedagógica é descartada nos cursos de formação isso porque as leis de educação atual exigem do professor um número elevado de alunos em sala o que torna as escolas centros de cuidados físicos emocionais e quando possível teóricos 154 na prática e A pouca teoria na pedagogia se dá por um caráter histórico A pedagogia se limitou a ser um saber do senso comum com pouca objetividade devido ao seu caráter humano 5 O saber pedagógico aliado ao conhecimento filosófico traz para as ciências a Filo sofia da Educação Este campo do saber constrói uma identidade do educador e da própria ciência que inaugura um novo jeito de ser da educação Diante desta afirma tiva quais são as características e os benefícios trazidos pela Filosofia da Educação I I Na junção entre Filosofia e pedagogia é possível retomar as possibilidades do conhecimento desconstruindo a obviedade dos saberes para lançálos a uma crítica construtiva II II A Filosofia da Educação e a pedagogia formam um novo campo do saber e uma nova ciência de conhecimento próprio totalmente independente Assim como a Matemática a Filosofia da Educação consegue caminhar sem auxílio de nenhum outro saber III III O saber pedagógico é superior ao filosófico na Filosofia da Educação Isso significa que tal conhecimento é mais voltado para a pedagogia do que para a Filosofia IV IV Filosofia da Educação é uma área de formação de origem lógica e racional no campo da História da Filosofia Estão corretas as afirmativas a I II e IV b I c III e IV d IV e II e III 155 na prática 6 Aristóteles afirmou que O homem é um ser político o que significava que este havia sido feito para viver com os demais de sua espécie A convivência com os outros homens além de permitir que nos conheçamos garante a cada um o apren dizado de que o pensar e o opinar são condições intrínsecas a qualquer homem e que pela lei se tornou direito a ser exercido e respeitado por todos ALVES 2019 p 44 Frente a esta afirmativa é correto dizer que toda pedagogia possui uma intenção política a Todo conhecimento não possui somente uma intenção política mas uma ori gem política Temos como exemplo as tendências pedagógicas e a formação política de educadores como Paulo Freire e Saviani b Toda ação pedagógica possui um fim social em sua execução e em seu planeja mento E a partir desse planejamento é que se desdobrarão as ideias de ética moral cidadania liberdade etc c Os perfis de educação podem ser bons isso porque cada um deles atende a um ideal de sociedade não sendo possível fazer comparações de uma realidade com a outra d A educação se altera conforme os valores políticos e culturais vistos que em cada realidade esses valores são dados numa perspectiva própria e A educação se altera conforme os valores políticos e culturais vistos que em cada realidade esses valores são dados numa perspectiva exclusiva do edu cador 156 aprimorese FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE ENTRE A CRISE E A ESPERANÇA Num mundo em crise profunda de referências sociais de paradigmas culturais de identidades particulares e universais de ideais de ideologias de representa ções históricas e até de padrões econômicos e políticos eis que a escola e a edu cação em geral não podem ficar indiferentes ou então atuarem de forma pura e simplesmente reativa Mas a verdade é que a escola e a educação atravessam elas mesmas um período crítico de questionamento externo e interno Do exterior vêm as reservas quanto à sua dinâmica inovadora em termos da evolução dos conheci mentos e dos paradigmas científicos a par de uma grande desconfiança quanto à sua capacidade de resposta aos anseios e necessidades prementes dos seus desti natários No seu interior vão explodindo bolhas de revolta diante da tão propalada violência simbólica que Bourdieu oportunamente identificou caracterizou e deu a conhecer um pouco direta ou indiretamente junto de todos os protagonismos Curiosamente a educação foi se tornando a placa giratória da esperança na edificação de uma sociedade melhor e por todos participada em contraponto com o reducionismo antihumano dos modelos economicistas ou estritamente ideoló gicos Os próprios mentores da política e da economia apercebendose do papel nevrálgico daquela procuraram assumila como tarefa sua evitando simultanea mente os riscos da sua autonomização estatutária e social A educação por contágio e manipulação tornouse política sem chegar a ser em si mesma político é preciso não esquecer que desde Comenius atra vessandose o Renascimento e passandose pela Revolução Francesa e pelos so cialistas utópicos a educação foi sempre invocada por aqueles que nela viam um dos motores da transformação das sociedades Já contemporaneamente podemos recordar entre tantos os nomes de Maria Montessori Freinet a par do português Faria de Vasconcelos e claro do brasileiro Paulo Freire Todos eles acreditaram na força mobilizadora e até revolucionária da educação 157 aprimorese Contemporaneamente rejeitamos as ilusões da modernidade e do huma nismo ilusão da revolução ilusão do progresso ilusão da perfectibilidade Na verdade o balanço não é convincente e hoje mais do que dos fracassos temos medo dos êxitos do Homem como ironicamente exclama JJ Salomon Le destin technologique Neste contexto será possível ainda educar com esperança e para a esperança Mais do que nunca a pósmodernidade é possível Para isso tanto aí estão as armas de destruição massiva como as novas pestes Todavia teremos de considerar igualmente a um tal propósito as capacidades das tecnociências no terreno designadamente da chamada inteligência artificial e os desafios que nos colocam quanto às suas eventuais possi bilidades de desenvolvimento autônomo Como conclui Janicaud Lhom me vatil dépasser lhumain p55 a humanidade é a insondável supe ração dos limites Mas éo pela primeira vez Mas para haver ética poderá haver moral Que repercussões poderá ter este dilema na educação e na formulação dos seus princípios No auge da sociedade da comunicação que é também a sociedade do conhecimento e a sociedade da aprendizagem para evitar que haja uma comprometedora hegemonização que faça da comunicação do conhe cimento e da aprendizagem apenas três faces de uma verdade que o é porque se a comunicou e depois se aprendeu porque ela foi comunica da importa evitar que o pensar não redunde num esquecimento origi nado no conhecer ou pelo conhecer Numa sociedade em que se chega a reconhecer que o déficit de informação coexiste com o seu excesso que papel deverá assumir a escola relativamente à dialética informarco municaraprenderpensar E que conexões deverá ela aqui manter com a escola informal 158 aprimorese Ora a Filosofia da Educação pelo uso da função utópica enquanto exercício criativo crítico e contínuo do esforço de descentração relativamente ao real científico e prá tico detém um enorme potencial de sustentação e renovação da própria atividade utópica da Educação enquanto esta não é meramente prescritiva de normas e de valores mas também enunciativa de ideais que desafiem o conformismo A Filosofia importa realçálo é a atividade que nos permite o distanciamento crí tico não nos deixando enclausurar inclusive dentro da nossa própria cultura Con dição para identificarmos e transformarmos os problemas enunciados ou outros emergentes da Educação em problemáticas para a educaçao Condição de uma Educação que aberta à política com ela não se confunda ou a ela não se subordine Condição de uma Educação que poderá delinear uma via autônoma capaz de reno var a esperança libertando e responsabilizando Fonte adaptado de Carvalho 2011 159 eu recomendo Pedagogia do Oprimido Autor Paulo Freire Editora Paz e terra Sinopse nesta obra Paulo Freire apresenta o seu ideal de Edu cação opondose ao modelo de ensino vigente em sua época considerado por ele como uma educação bancária na qual o in divíduo recebe passivamente todo conhecimento sem qualquer participação no processo de ensino Uma das obras mais famosas do autor a Pe dagogia do Oprimido revela a dimensão humanística da educação trazendo como elementos para a formação do indivíduo o amor pela educação o engajamento do educador e a relação entre educador e educando por meio do diálogo e da comunicação franca livro A onda Ano 2008 Sinopse Reiner é um professor do Ensino Médio designado a lecionar a disciplina de Autocracia para seus alunos No intuito de fazêlos vivenciar tal experiência e o modo como ela é con tagiante quando não refletida o professor induz seus alunos a seguirem as regras do grupo em sala de aula criando traços per sonalizados como uma saudação deveres e responsabilidades em conjunto Com o passar do tempo tal ordem foge do controle do mestre e se torna uma facção além dos muros da escola ficando a cargo do professor dissua dir o grupo a fazerem autocríticas sobre seu comportamento filme O trabalho em sala de aula não é nada fácil Há no entanto mecanismos que favorecem o trabalho docente e dão a ele visibilidade Conheça o prêmio Profes sores do Brasil cujas melhores estratégias de ensino são premiadas e ganham destaque nacional httppremioprofessoresdobrasilmecgovbr conectese anotações 5 A REFLEXÃO FILOSÓFICA NA PRÁTICA PLANO DE ESTUDO A seguir apresentamse as aulas que você estudará nesta unidade Valores morais Definindo moral Ética e a relação com a moral e a lei Ética aplicada bioética ética empresarial ética ambiental OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Identificar o conceito de valores morais Apresentar a definição de moral Definir o conceito de ética Apresentar a ética aplicada à biologia às empresas e ao meio ambiente PROFESSORES Me Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves INTRODUÇÃO Olá alunoa Chegamos à nossa Unidade 5 Nesta trabalharemos a reflexão filosófica na prática discutindo o tema da ética pois apesar de ouvirmos a todo momento alguém falar de ética não conseguimos identificar os seus reais atributos e o que a diferencia de conceitos como moral e lei Ética é agir bem É ser respeitoso É cumprir as leis Ou então qual a sua origem Quando nos comportamos conforme as regras da socie dade ou da empresa estamos de fato sendo éticos Qual a relação que esta ciência tem com o conceito de moral O que é moral Etc Todos estes questionamentos serão abordados nesta unidade com o intuito de lhe fazer compreender que o saber deve ser refletido investigado e questionado se necessário e conforme nossas impressões ser aceito ou refutado O grande desafio atual para qualquer profissional é saber agir conforme os valores da empresa porém sem ferir os seus Além do campo profissional na vida cotidiana necessitamos da ética para nos auxiliar em nosso processo de construção enquanto comunidade humana que precisa ser movida por valores maiores e melhores que o interesse capital o lucro desmedido e o sucesso inconsequente O resultado de uma vida sem a possibilidade da dúvida e do au toquestionamento limitanos a viver dentro dos padrões mesmo que não nos encaixemos neles rendendo comportamentos vazios e sem perspectivas Isso não significa que devemos a todo momento posi cionarnos contra o sistema e os princípios que regem nossa sociedade Como saberemos porém a importância que tais valores possuem sem jamais colocálos a prova Desejo que nesta unidade você possa refletir sobre o modo como lidamos conosco com os outros e com o ambiente que nos cerca Bons estudos UNICESUMAR 163 1 VALORES MORAIS Mesmo falando sobre Filosofia da Educação não seria correto criar dogmas sobre o que seria verdadeiro ou falso no campo pedagógico ou na compreen são do pensamento educacional O papel da ciência pedagógica não é criar receituários de qual seria a maneira mais correta de se educar como evitar a dispersão do aluno ou como alcançar os melhores resultados em sala de aula Diferentemente disso as ideias elencadas as metodologias e as experiências adquiridas pelos intelectuais da Educação devem servir como reflexões apon tamentos e possíveis caminhos que norteiam a ação pedagógica mas que deve ser decidida e executada pelo profissional da Educação Desse modo mais do que ensinar aquilo que é certo ou errado devemos aprender enquanto educadores a nos posicionarmos de modo ético frente às adversidades filosóficas e educacionais de nosso tempo Por exemplo pro vavelmente ao longo de sua caminhada profissional você encontrará ou já encontrou pessoas que interpretam o mundo de um modo totalmente di ferente do seu Por vezes as diferenças de ideias se tornam empecilhos para que vocês consigam realizar um trabalho de qualidade tendo em vista que no mercado de trabalho atual o desempenhar das atividades em equipe é fundamental para o sucesso do grupo da empresa da escola UNIDADE 5 164 Para lidarmos com as diferentes visões de mundo sucesso família religião sexualidade etc é necessário entendermos que não somos obrigados a concordar ou a aceitar o posicionamento das pessoas nem elas o nosso A aceitação implica em uma leitura forçosa da liberdade que cada indivíduo carrega consigo Desse modo o princípio da vida em sociedade não está na aceitação mas no respeito acerca das escolhas de cada pessoa compreendendo que a convivência harmô nica só será possível quando os diferentes aprenderem a se tolerarem conforme os princípios da democracia e da lei que regem a vida em sociedade Tal exercício não é fácil uma vez que ao lidarmos com o diferente o que entra em jogo é a nossa interpretação daquilo que é certo ou errado bom ou ruim aceitável ou inaceitável Aqui entra em questão aquilo que chamaremos de valores Desse modo a partir da compreensão do significado do termo valores fa laremos do princípio da reflexão ética e a que se destina Quando dizemos que algo tem valor podemos interpretar esta afirmativa de diversas formas pode ser o valor econômico isto é o preço que tal objeto custou no ato da compra ou então pode ser o significado afetivo que algo ou alguém tem para nós etc Não trataremos porém aqui da ideia de valor econômico ou afetivo mas ao utilizar o termo valor referimonos aos valores morais Atribuímos constantemente valor às coisas isto é damoslhes um signi ficado um juízo de valor conforme o nosso juízo de realidade nos permite compreender o que é real Por exemplo quando vejo uma obra de arte e penso que ela é bonita ou então ao contrá rio quando as cores não me agradam ou não é o tipo de arte que admiro etc nestes dois casos estou designando um valor ao objeto Veja a Figura 1 o quadro de Edvard Munch intitulado O Grito A obra foi produzida no ano de 1893 e apresenta a figura de uma pessoa aparentemente espantada assustada Sem possuir uma identidade definida e com a mistura das cores e da ordem da paisagem os gos tos sobre ela são variados ou seja pode agradar uns e desagradar outros Figura 1 O Grito de Edvard Munch Fonte Wikiart 2017 online6 UNICESUMAR 165 Nesse caso o juízo de realidade se aplica sobre o fato existente ou seja a pre sença de um quadro uma obra de arte A partir do momento que eu o observo e digo a mim mesmo o que acho dele estou atribuindo um juízo de valor Em outras palavras aplicamos o juízo de valores conforme o ser vivo ou o objeto mobiliza a nossa afetividade sem nos deixar indiferentes frente à sua presença ARANHA MARTINS 2009 Podemos nos perguntar de que modo esses valores são constituídos ou seja de que maneira eles são formados Por mais que vivamos numa mesma cultura o choque de valores é uma realidade que compõe nossa sociedade Você já parou para se perguntar sobre isso Por que alguns gostam de verde e outros preferem o azul Por que tem gente que prefere o frio e outros o calor Como pode existir em uma mesma família pessoas com comportamentos e opiniões tão diferentes se a criação foi a mesma o local de nascimento e cultura são os mesmos O que podemos afirmar em uma reflexão sociológica e filosófica é que todo homem inserido em sociedade passa por três fases de adaptação social o que consequentemente influenciará a sua identificação ou não de certos valores as sumidos por aquele grupo Vejamos 1 Herança cultural primeiramente os valores são herdados Ao nascer mos somos inseridos numa cultura e independentemente de nossa ade são ou não a ela suas características nos precedem são seguidas pela maioria das pessoas e os valores que ela propõe permeiam praticamente todos os espaços sociais Por exemplo quando você nasceu já havia um governo estabelecido haviam questões econômicas e sociais que preci savam ser solucionadas as pessoas já se casavam e as teorias sobre Deus céu inferno já eram debatidas aceitas ou refutadas por um grupo Você herdou essa sociedade essa cultura sem ao menos ter a possibilidade de opinar sobre ela 2 Avaliação conforme crescemos tais valores são ensinados nos diversos segmentos sociais primeiramente em casa depois nos demais espaços como a escola a igreja o parque as ruas etc De acordo com os valores culturais e o modo como agimos diante deles nossos atos são avaliados como bons ou ruins certo ou errado Seguindo o exemplo anterior pode mos dizer que ao aceitar a religião professada em sua comunidade você será avaliadoa positivamente o mesmo se você se demonstrar favorável ao governo atual caso o seu círculo social pensar do mesmo modo UNIDADE 5 166 3 Resposta social frente à avaliação que recebemos pelo comportamento que temos diante dos valores estabelecidos por nosso grupo estamos sujeitos a sanções ou a bônus Por exemplo se cumprimos com nossos compromissos financeiros adquirimos crédito mas se somos negligentes com ele recebemos alguma punição seja uma multa seja a proibição de comprarmos novamente por determinado tempo Outro exemplo se seu comportamento religioso for compatível com o de seu círculo social você será aceito nos grupos nas festinhas particulares nos passeios da galera caso contrário provavelmente será excluído eou ignorado O mesmo acontece quando descumprimos qualquer outra regra social É claro que apesar da influência desses valores sociais e culturais a ciência nos demonstrou que cada indivíduo possui sua reflexão e percepção subje tiva a respeito do seu grupo sendo capaz de se distanciar dos ensinamentos adquiridos a partir de sua autonomia intelectual A origem contudo dessa subjetividade comportamental e reflexiva não compete à nossa disciplina ficando a encargo da psicologia tratar desses assuntos O que podemos afir mar é que a caminhada por esses três estágios de formação do homem em sociedade pertence ao processo de descoberta tanto subjetiva quanto coletiva Isso significa que cumprir a tarefa de ser cidadão não é imediata tampouco próprio da natureza humana Como escreveu Rousseau o homem nasceu livre de todas as prisões e grades sociais ou seja regras morais cordialidades decoro etc porém atualmente encontrase cercado de grades por toda parte ROUSSEAU 1999 Ou seja a formação moral a partir dos valores sociais é um exercício no qual o homem precisa se adequar constantemente Imagino que ao ler sobre as três fases de adaptação social você tenha se identificado com pelo menos um deles visto que enquanto indivíduos pertencentes a uma sociedade e cultura forçosamente passamos por seus estágios Por inúmeras vezes passamos por este processo de julgamento Às vezes estamos do lado que é julgado mas há momentos em somos nós que emitimos os julgamentos aprovando e desaprovando o comportamento alheio as deci sões e as opiniões das pessoas Neste ciclo vicioso formamos nossos valores nossa cultura ora sendo o motivo dos apontamentos alheios ora apontando junto aos demais UNICESUMAR 167 Perceba que nesse processo de formação e adaptação cultural há o bônus de se viver em grupo mas também o ônus Pertencer a um grupo gera em nós identidade e cultura traduzindo os nossos atos como bons e ruins conforme os valores assumidos por aquela sociedade na qual estamos inseridos Nem sempre contudo adaptamonos àquilo que nos é ensinado como correto virtuoso ver dadeiro etc e de um momento para o outro tornamonos o lado que é julgado pela multidão Apesar disso os valores morais ainda são imprescindíveis para nossa vida enquanto membros de um grupo Por eles somos identificados enquanto pessoa assumimos aquilo que mais se aproxima de nossos ideais e nos leva ao compro misso com os demais Em outras palavras os valores são o caminho para a for mação do sujeito moral Devemos porém ainda perguntarnos o que é moral Nesse processo de formação e autoidentificação como membro de uma sociedade e cul tura você se considera alguém que emite muitos apontamentos acerca do comportamen to dos seus pares ou é aquelea que recebe muitas críticas sobre sua visão e atitudes frente às regras impostas pelo grupo pensando juntos UNIDADE 5 168 Aquilo que definimos como bom ou ruim certo ou errado diz muito sobre nossa personalidade nossos valores e o modo como enxergamos a vida em sociedade Este entendimento como já dissemos não nasce conosco adquirimos ao longo da nossa vida pelas experiências marcantes Por isso entendemos que nenhum de nós nasce moral ou seja não nascemos sabendo o que é correto ou não Mui tos pedagogistas dentre eles Rousseau afirmava isso no século XVIII quando escreveu que a criança não possui maldade em suas ações pois não sendo um ser moral o que a motiva a agir são os seus sentimentos ROUSSEAU 1973 Esta definição é interessante pois ela retoma na criança a sua pureza e ino cência Imagine a seguinte cena uma criança de um ou dois anos de idade resolve pegar um passarinho na mão e ao invés de acariciálo ela resolve esmagálo ou jogálo na parede sem qualquer receio Ao nos depararmos com tal situação logo podemos supor que aquilo representa que a pequena está enfurecida zan gada Segundo Rousseau contudo isso nada quer dizer a não ser que a criança precisa ser educada ou seja é necessário lhe ensinar valores sobre como deve se comportar é necessário lhe transmitir preceitos morais Essa Educação moral entretanto tem sua hora e lugar Segundo Rousseau a infância não é o momento de raciocinar mas de obedecer Portanto ao invés de fazer a criança refletir sobre o ato que ela cometeu devese apenas mostrarlhe que não está certo A reflexão é própria do adulto portanto é ele quem deve ser inteligente ao lidar com o comportamento e as atitudes irracionais da criança 2 DEFININDO MORAL UNICESUMAR 169 Raciocinar com as crianças era a grande máxima de Locke é a que está mais em voga hoje seu êxito não me parece entretanto muito de molde a justificarlhe o crédito Quanto a mim nada vejo mais tolo do que essas crianças com as quais tanto se raciocinou De to das as faculdades do homem a razão que não é por assim dizer senão um composto de todas as outras é a que se desenvolve mais dificilmente e mais tarde se a criança entendesse razão não teria necessidade de ser educada ROUSSEAU 1973 p 74 Immanuel Kant também reflete sobre a ideia de moral a partir da sua univer salização Para ele podemos considerar algo como um valor moral a partir do momento em que ele é universalizado isto é aquilo que para o sujeito é uma má xima pessoal pode também servir do mesmo modo para todos universalmente Utilizemos aqui um exemplo Imagine Paulo acredita que ficar com o troco dado a ele por engano é uma atitude correta Ele supõe que ao invés de devolver o valor excedido é justo e correto que ele fique com o total do dinheiro pois não tem culpa do equívoco da outra pes soa Em outras palavras o problema não é dele Na verdade nem é um problema é sorte que alguém distraído não verificou o troco antes de lhe entregar Moralmente falando será que podemos concordar com o comportamento de Paulo Segundo Kant para sabermos se Paulo está certo devemos pegar esta máxima afirmada por ele a de que é correto ficar com o dinheiro a mais que lhe foi entregue no troco e passar pelo teste do Imperativo Categórico Este Imperativo Categórico criado por Kant diz Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tem po querer que ela se torne lei universal KANT 1973 p 223 Essa máxima deve ser aplicada em uma questão universal isto é que possa ser defendida utilizada e aceita por todos CANDIOTTO 2010 Portanto poderíamos questionar seria correto se todas as pessoas que recebessem dinheiro a mais no seu troco ficassem com ele Se isso fosse aplicado universalmente Paulo aceitaria naturalmente o fato de ser preju dicado economicamente caso fosse ele quem tivesse entregue um valor maior que o da conta Aceitaria receber os descontos em seu salário para compensar o seu erro Ao analisar a situação por esta perspectiva ou seja daquele que sofre a perda do troco equivocado talvez entendamos que via de regra o comportamento moral assumido pelos integrantes de determinado grupo interfere diretamente na qualidade da vida de todos os envolvidos UNIDADE 5 170 Não demos porém ainda uma definição do que é moral Resumida mente podemos dizer em um primeiro momento que moral é um conjunto de normas e regras criadas por um grupo social e que determinam o nosso comportamento em sociedade Os ensinamentos sobre o que é família amor sexo religião política sociedade e todos os outros campos que permeiam a realidade de um grupo são constituídos por regras padrões de ideias e ações O sujeito moral é aquele que age bem ou mal de acordo com essas regras e ações de determinado grupo e período Entretanto o conceito de moral não termina aqui Lembremonos que os valores morais são herdados conforme o grupo no qual somos introduzidos e que possui suas regras próprias Conforme as rela ções sociais se alteram as regras morais também redefinemse e se adequam às necessidades de cada época e cultura Ou seja elas não são eternas pois suas transformações acontecem conforme as necessidades de cada contexto Imagine uma partida de futebol as regras para o jogo acontecer são claras Quem entra em campo para jogar sabe que não deve fazer gol contra nem pegar a bola com as mãos durante a partida Quem não cumpre as regras é advertido ou em casos extremos expulso do jogo pelo juiz Na vida em so ciedade é a mesma coisa pois enquanto membros de um grupo tornamonos responsável pelo funcionamento das regras uma vez que as aceitamos Talvez você diga eu não aceitei essa sociedade esses comportamentos atuais esses impostos esse estilo de vida Simplesmente aconteceu e eu me vejo aqui Damos continuidade à definição de moral Por mais que nem sempre sejamos consultados sobre os rumos da vida em sociedade os valores e os códigos de conduta presentes em seus mem bros possui uma parcela de nossa aceitação Entenda que quando aderimos a uma certa cultura compactuamos com as suas regras e seus valores O ato moral apesar de ser uma regra só pode existir na liberdade isto é quando o aceitamos e decidimos exercêlo Por mais que você não goste de Filosofia da Educação por exemplo você aceitou cumprir a carga horária desta disciplina para se graduar Apesar de achar absurdo o quanto as pessoas se ocupam com fofocas vida dos famosos programas de reality show etc você reproduz essa ideia quando julga o comportamento dos seus vizinhos de um desconhecido ou quando torna pública a vida particular de algum de seus desafetos UNICESUMAR 171 Percebe o quanto somos responsáveis pelos valores morais que nos represen tam O ser moral é um ato solidário pois envolve outras pessoas e afeta a vida daqueles que partilham da sociedade conosco Lembrese que os valores que lhe são caros podem desagradar a outras pessoas aquilo que os demais com preendem como importante e correto pode não o ser para você Neste aspecto a tolerância e o respeito são imprescindíveis para que saibamos conciliar nossa moral pessoal com a coletiva isto é social Isso ocorre porque criamos um compromisso com os demais membros de nosso grupo ao iniciarmos a nossa vida social Quando prometo pagar uma com pra quando faço minha matrícula em um curso ou até mesmo quando inicio um novo emprego ou um novo relacionamento afetivo etc Em todos esses casos existe uma relação de confiança e compromisso que deve ser honrada Por meio destes vínculos que criamos com os demais deixamos a infância e adentramos a vida adulta repleta de responsabilidades exigências e comprometimento com os outros ARANHA MARTINS 2009 Ser adulto não é fazer o que bem de seja mas é honrar os compromissos que foram aceitos tanto individual quanto coletivamente O mais interessante disso é que essa obrigação não ocorre de modo externo mas internamente somos acusados por nossa consciência daquilo que deve mos fazer ou do modo que devemos agir Por exemplo imagine que você esteja caminhando por uma rua e logo à sua frente se encontra uma senhora que descuidadamente deixou cair uma nota de 100 reais no chão Diante de uma situação como essa qual seria a sua primeira atitude Se o seu primeiro pensamento foi o de avisála sobre o dinheiro que aca bara de cair e lhe devolver a nota meus parabéns Sua consciência moral está bem treinada pois tal atitude está em conformidade com os valores que nossa sociedade prega como corretos Sem utilizar do pretexto de que quem perdeu foi descuidado ou de qualquer outra justificativa para se apossar do dinheiro a sua consciência foi a primeira a lhe cobrar daquilo que deveria ser feito sem que ninguém precisasse lembráloa Isso ocorre porque ao assumir o compromisso de cumprir com as regras sociais o próprio sujeito se impõe o cumprimento das normas que aprendeu desde pequeno demonstrando que a prática da moral não deve necessariamente ser sinônimo de coerção mas de liberdade das ações ARANHA MARTINS 2009 UNIDADE 5 172 Toda essa questão soa muito bem quando a observamos na teoria Sabe mos contudo que a prática da moral não é uma tarefa fácil tendo em vista que vivemos num mundo de muitas desigualdades Por diversas vezes vemos e ouvimos relatos de pessoas que justificam o seu descumprimento das regras morais porque passavam fome ou tinham qualquer outra necessidade que precisava ser sanada imediatamente Isso a fez roubar furtar ou agir contra aquilo que fora combinado entre todos num acordo coletivo Vários filósofos escreveram em especial os contratualistas Hobbes Locke e Rousseau sobre a necessidade da vida em sociedade mas que esta somente sobreviveria caso houvesse um pacto social que fosse capaz de unir todos os cidadãos em um único acordo Isso nos leva a pensar em qual seria o melhor caminho para continuarmos nossa vida em sociedade cumprindo com as regras morais mas de um modo que fosse acessível e confortável a todos Isso seria possível Como conciliar as necessidades particulares e as ques tões de cunho social que exigem padrões bem elaborados de regras que sir vam a todas as realidades As regras morais são sempre justas com aqueles que por vezes não conseguem se adequar aos seus padrões Quem precisa ser reavaliado os costumes morais ou o homem que neles não consegue se posi cionar Questões como estas são importantes para a sociedade geral para a escola e para a Filosofia que se aplica nela pois é neste espaço em que se valida o que se considera correto ou não nas relações sociais as quais se desenvolve rão no futuro Como forma de combate às práticas imorais isto é aquelas que ferem a sociedade como um todo mais que aplicar severas punições aos de sajustados que não se enquadram nos padrões morais o que se propõe aqui é um trabalho filosófico Após entendermos os meandros do contexto moral queremos pela ética identificar quais os caminhos que se fazem necessários para um ajuste da moral Devemos contudo perguntarnos o que é ética UNICESUMAR 173 Entendemos a ética não como uma resposta pronta mas como um olhar refle xivo sobre aquilo que tradicional e culturalmente fundamenta as ações morais Desse modo convém aprofundarmos nossa análise sobre esse conteúdo para compreendermos o papel da ética na relação com os pressupostos morais que compõem uma sociedade e posteriormente comparála com o conceito de lei Conforme dirá Candiotto 2010 existem algumas regras morais que são consideradas imprescindíveis para que a vida dos indivíduos e da sociedade possa fluir bem Por isso elas deixam o caráter moral para assumirem os traços de lei A diferença se encontra no tipo de julgamento que cada uma delas exercerá sobre o indivíduo CANDIOTTO 2010 O comentador continua a apresentar algumas diferenças entre estes dois conceitos Desse modo a fim de se tornar mais visível e didático os organizaremos em tópicos a Moral é um julgamento pautado naquilo que o indivíduo é ou aparenta ser O que a moral leva em consideração são os comportamentos pessoais do grupo ou da cultura que podem revelar os sujeitos em sua essência Muitas vezes o que está em jogo pode ser o modo como a pessoa se veste por exem plo de onde ela veio com quem ela anda os lugares que ela frequenta e as suas atitudes estas revelam quem ela é A lei por sua vez não se preocupa com a aparência de uma pessoa mas com aquilo que ela fez Nesse caso os indivíduos são julgados não tanto pelo que são mas em função daqueles atos considerados proibidos CANDIOTTO 2010 p 67 3 A ÉTICA E A RELAÇÃO COM A MORAL E A LEI UNIDADE 5 174 b Tanto a lei quanto a moral são prescritivas ou seja determinam verbal e textualmente o que é certo ou errado Por exemplo o código de conduta de uma empresa se encaixa num termo moral que é estabelecido tex tualmente entre ela e o colaborador A lei porém baseiase no exterior do sujeito e não em suas particularidades Diferentemente ocorre com a moral que por vezes fundamentase em questões subjetivas para se afirmar como o fato de alguém se vestir semelhante aos demais mem bros do grupo para encontrar aceitação neste c Outra questão importante é que a lei possui um prazo Após o cum primento da sentença estipulada ela se encerra Com a moral não funciona assim o seu julgamento é indeterminado Por exemplo al guém que já foi preso porém cumpriu com a sentença e se encontra em liberdade não possui mais nenhuma dívida com a sociedade pois a lei lhe foi aplicada O julgamento moral porém sobre seu passado poderá interferir em oportunidades futuras de emprego de relaciona mento e até mesmo de convivência social Mais que tratar a lei como uma forma de diferenciála da moral vale dizer que ela também é instrumentalizada pela ética no intuito de averiguar se o que ela determina é coerente com o princípio da dignidade e dos direitos hu manos Isso significa que ela também é questionada pela reflexão ética pois por vezes a lei pode se distanciar daquilo que é fundamental à vida humana privilegiando alguns grupos e negando o direito de outros Um exemplo muito marcante que podemos utilizar é o do Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos entre 1955 e 1968 que buscava o fim da segregação racial que cultural e legalmente era adotada em todo país Banheiros para brancos e para pessoas de cor escolas assentos em transportes públicos vagas em empresas comércios bares restaurantes e tantos outros lugares que de maneira legal adotavam tratamento dife renciado conforme a cor da pessoa AMARAL PINHO NASCIMENTO 2014 O sistema racista era autenticado na década de 80 pela Suprema Corte NorteAmericana com leis aplicáveis em todos os estados MOEH LECKE 2000 Foram necessários muitos embates políticos e a luta de ho mens e mulheres para que essas leis fossem revogadas o que não aconteceu de uma hora para outra mas levou anos UNICESUMAR 175 Depois do início do processo de dessegregação foi aprovada em 1957 uma Lei de Direitos Civis criando uma comissão cuja função seria investigar infrações aos direitos civis e também vio lações aos direitos de voto e em 1960 foi elaborada outra Lei de Direitos Civis visando garantir o voto negro mas ambas ainda enfrentaram a oposição sulista MOEHLECKE 2000 p 26 Martin Luther King Malcolm X e tantos outros negros que perderam a vida na luta por seus direitos mostramnos que por vezes as leis incorrem num erro ético e não conseguem atingir o ideal de preservação e manutenção da segurança e da vida de seus cidadãos Discutimos a moral e discorremos sobre a lei mas ainda não tratamos do significado de ética Passemos agora para a compreensão do que ela é e qual o seu papel em meio ao contexto social O que é ética A definição de ética é muito ampla podendo ser encontrada em diversos filósofos De modo geral ética é a reflexão filosófica sobre as noções e os princípios morais que fundamentam a vida social Estes princípios e noções dependem da concepção de ser humano tomada como ponto de partida por cada cultura e sociedade ARANHA MARTINS 2009 Numa retomada his tórica o primeiro a definir a ética como um saber filosófico foi Aristóteles 384 a C 322 a C Classificada por ele como um conhecimento prático a ética serve para nos auxiliar a compreender a melhor maneira para vivermos bem sem ferir os princípios da justiça Para isso é necessário que haja uma definição de bem para que a ética possa atuar CANDIOTTO 2010 Tal definição do que seja o bem ou então daquilo que é o correto nos é dado pela moral e pela lei Portanto a ética em Aristóteles é a investi gação do melhor modo de agir diante de uma moral eou lei estabelecida por determinado grupo Por isso para que ela exista fazemse necessárias a norma a regra moral e a legalidade que são características próprias da vida em sociedade UNIDADE 5 176 Para além da caracterização aristotélica convém sublinhar que a Ética é ainda uma reflexão propriamente filosófica no sentido de que não prescreve imediatamente o que é correto ou incorreto o que deve ou não deve ser feito aqui e agora Pelo contrário ela procura investigar por que devemos agir ou não desse ou daquele modo Sua função é esclarecer a respeito da melhor ação mas quem decide agir é o indivíduo À ética cabe argumentar por que do ponto de vista racional determinados princípios são mais va liosos que outros CANDIOTTO 2010 p 14 Cumprindo com a missão de ser um alerta para as nossas ações pessoais políticas e sociais a ética se enquadra no pensamento filosófico como a consciência racional que não se contenta em cumprir com aquilo que lhe é prescrito É por isso que o termo código de ética presente em alguns códigos de condutas de algumas empresas não é adequado Se a ética é componente da investigação filosófica a respeito das afirmativas morais e legais que temos em sociedade como poderia se constituir num código Para exemplificar de que modo a ética atua nas relações sociais utili zemos de um conto árabe que remete à figura do profeta Maomé em uma situação delicada A história conta que um homem inocente fugia de um grupo de criminosos que lhe perseguiam quando encontrou pelo seu ca minho o profeta Maomé sentado meditando Ao ver o profeta o homem correu em sua direção e suplicou para que lhe ajudasse a escapar daquele bando Calmamente o profeta olhou para o homem e lhe disse que o ajuda ria indicando que fugisse para o outro lado a fim de despistar aqueles que o perseguiam enquanto se levantava para se sentar em outro lugar diferente daquele onde estava Dado alguns instantes os bandidos apareceram e semelhante ao homem depararamse com o profeta que meditava Eles respeitosamente pedem li cença para lhe perguntar se havia passado por ali o homem que procuravam Neste momento o profeta parou para pensar um pouco e então respon deulhes pela verdade que possui minhas palavras afirmolhes que desde o momento que estou sentado aqui não vi ninguém passar Os bandidos se conformam com as palavras de Maomé e seguem o seu caminho adiante UNICESUMAR 177 Esta história já foi utilizada em diversas bancas de concursos para prefigurar o significado de ética e moral Você conseguiu perceber em que consiste o com portamento ético do profeta O profeta por sua posição de guru e modelo espiritual para a sua cultura tinha a obrigação moral de não mentir Diante de uma situação que colocava em risco uma vida inocente essa regra moral foi desafiada sendo necessário encon trar uma resposta adequada para ela Eis o dilema mentir para salvar uma vida ou falar a verdade para manter minha honra A resposta do profeta não fugiu da regra moral ao mesmo tempo em que não a afirmou de modo sentencioso Ele usou da ética pôsse a refletir para encontrar a melhor maneira de se posicionar No momento em que é questionado pelo bando sobre o paradeiro daquele que estava sendo procurado ele racionalmente encontrou o equilíbrio entre seu compromisso moral e a importância de se zelar por uma vida Ao explicar para aqueles indivíduos que desde o momento em que estava sentado ali ape sar de mudar a posição não havia visto ninguém com aquelas características descritas passar por ele Maomé soube ser ético sem ferir os princípios morais tampouco ficar cego diante dele Uma moral que desumaniza não pode ser considerada boa A tarefa da vida em sociedade e de seus preceitos deve ser a de defender o homem garantindo sua inclusão e acesso aos seus direitos Nestes casos a ética se torna essencial para que o homem não se torne prepotente desejando dominar o mundo com suas ideias sem levar em consideração o fato de que não somos os únicos a ocupar este planeta O papel da ética é o de pôr em xeque as verdades absolutas que permeiam as relações sociais fazendo do homem o protagonista de sua participação em seu grupo Sem se contentar com as respostas dadas a pessoa e oa profissional éticoa é aquelea que compreende quem é e aquilo que lhe é próprio em sua posição porém se atenta em dar respostas novas priorizando sempre a vida e o bemestar social Essa reflexão é tão importante que a ética deixou de ser um assunto somente da Filosofia e passou a ser discutida em diversas outras áreas criando parcerias com outras ciências e áreas de atuação É a chamada ética aplicada Vejamos na aula a seguir a ética aplicada em três ramos distintos Ela demonstra o quanto o papel que a ética desempenha é importante para tornar a vida em sociedade mais justa e equilibrada UNIDADE 5 178 Ao discorrermos sobre o conceito de ética vimos que ela atua como a consciên cia crítica do conhecimento sem deixar que os preceitos morais e as leis sejam criados sem qualquer tipo de reflexão sobre suas máximas Apesar da moral e da lei exercerem o papel de vigilantes dos princípios que resguardam a ordem social a ética serve para interrogálos acerca de suas verdades no intuito de en contrar um equilíbrio entre aquilo que posso e o que devo fazer Com o passar do tempo a atuação da reflexão ética se ampliou e passou a compreender não apenas os atos individuais isto é as opiniões particulares a interpretação dos valores morais enquanto pessoa e a visão subjetiva de mundo O mercado de trabalho e o processo de globalização tornaram o mundo um só e as decisões tomadas por um governo por exemplo tinham o poder de influenciar a vida humana e animal de todo o planeta Por este motivo faziase necessário o acesso de todos acerca das decisões que impactavam as relações humanas e a vida como um todo Muito mais que leis e imposições rígidas sobre o que é certo ou errado o de senvolvimento científicotecnológico comportamental e político exigiam refle xões mais detalhadas sobre as decisões a serem tomadas por aqueles que tinham o poder nas mãos Em outras palavras a raça humana não poderia mais ser refém dos interesses particulares presentes nas guerras nas pesquisas nas relações de trabalho e ambientais Neste momento temse a ideia de uma ética aplicada 4 ÉTICA APLICADA BIOÉTICA ÉTICA EMPRESARIAL ÉTICA AMBIENTAL UNICESUMAR 179 A ética aplicada é um ramo contemporâneo da Filosofia e sua função é gerar um diálogo referente às questões práticas que exigem uma argumentação racio nal Seu início se deu a partir dos acontecimentos do século XX como as guerras mundiais o uso de armas nucleares em combates e consequentemente a morte em massa de grupos e nações Tais situações exigiam uma reflexão a respeito do valor da vida humana e o modo como o próprio homem se tornou o seu maior inimigo Com isso a ética aplicada questiona por exemplo o risco da manipu lação genética os cuidados que devem ser tomados com o meio ambiente as causas da pobreza em determinadas regiões do planeta e o excesso de riquezas em outras a injustiça e a desigualdade social ARANHA MARTINS 2009 Constatouse a partir de 1960 a necessidade de uma nova consciência global O homem não era o dono do planeta apesar de ter acreditado nisso por séculos Seus atos haviam devastados diversas populações de outras espécies alterado o clima do planeta contaminado as águas de rios com suas armas químicas tudo isso sem qualquer reflexão e preocupação coletiva O homem precisava se tornar responsável por seus atos sendo a ética aplicada o campo de conhecimento filosófico capaz de ajudálo nesta tarefa A partir deste momento a ética saía da reflexão subjetiva ou seja de uma consciência particular para permear as relações coletivas o pensamento de empresas de grupos de go vernos etc ARANHA MARTINS 2009 A ética aplicada se estende às diversas áreas do conhecimento Vejamos algumas delas a seguir A bioética A bioética é uma ciência híbrida a qual reúne o pensamento hu manístico com o científico Seu surgimento se deu na década de 70 pelos trabalhos publicados por um professor norteameri cano chamado Van Rensselaer Potter O objetivo dessa ciência é identificar até que ponto a in tervenção humana sobre a vida e ou a formulação dessa é aceitável Figura 2 Reprodução Assistida Fonte Wikimedia Commons 2013 online7 UNIDADE 5 180 JUNQUEIRA 2007 Nela discutese questões como a manipulação do ge noma humano a escolha do sexo do bebê antes mesmo de seu nascimento a clonagem humana a produção de vegetais híbridos e de outros alimentos que tenham alterações em seu genoma a fecundação in vitro e a comercialização e exportação de espécies de animais para regiões que não são de sua origem ou seja a biopirataria Todas estas questões são abordadas pela bioética no intuito de diminuir os impactos que ações de transformações tão profundas poderiam causar na vida em sociedade e até mesmo no nosso planeta Imagine você tendo a possibilidade de escolher qual seria a cor dos olhos de seu filho o tom da sua pele ou o nível de sua capacidade de raciocínio tudo isso antes de ele nascer Ou então poder ter acesso a uma fruta que contenha reunida em seu DNA todos os nutrientes de uma refeição completa Aparentemente tudo isso seria incrível não é Mas seria bom Todos teriam acesso a estas novidades No caso da fruta híbrida por exemplo o que aconteceria com os demais agricultores e produtores de alimentos Parariam de produzir O mercado alimentício se desequilibraria Ou então no caso de uma criança modificada geneticamente conforme o desejo dos pais você já imaginou como seria concorrer a uma vaga de emprego ou da faculdade com uma pessoa que tenha nascido com vantagens intelectuais produzidas por intervenção da ciência Não estaríamos criando uma raça melhorada que ao ser considerada superior encontraria privilégios sobre as provas da vida Pode parecer exagero mas se não fosse pela intervenção de pesquisadores como Potter que se ocupassem em refletir sobre os benefícios e malefícios do uso desenfreado das possibilidades ou dos ideais científicos nossa sociedade sofreria ainda mais com as desigualdades que a permeiam Certamente a ciência não se resume em previsões trágicas como as que foram elencadas anteriormente Ao mesmo tempo em que há riscos a serem considerados os benefícios também são empolgantes Por exemplo a possi bilidade de alterar o genoma humano para que doenças hereditárias sejam erradicadas seria uma conquista histórica e que beneficiaria a todos A cautela contudo por parte da ética aplicada não é em vão Ao agir desse modo essa ciência cumpre com o seu papel e permite que a ciência e a humanidade reflitam sobre seu posicionamento antes de qualquer sentença UNICESUMAR 181 Ética ambiental Outro ramo da ética aplicada é a ética ambiental Sua temática é muito moderna e tem encontrado sucesso na adesão tanto das empresas quanto das pessoas É comum nos depararmos com propagandas comerciais e banners de empresas que ressaltam que o seu diferencial está no cuidado com o meio ambiente e na preservação da natureza Tudo isso teve início com a reflexão ética A ética ambiental trata dos meios de se preservar e racionalizar os recursos naturais que são finitos e portanto não devem ser desperdiçados no intuito de atenderem aos meros interesses econômicos que movem a sociedade atual Sem se limitar a uma reflexão sobre os ecossistemas o que se avalia é o modo como o homem tem interagido com o meio ambiente COUTINHO 2009 A cultura do consumo em excesso o uso constante de agrotóxicos para produ ção de alimentos o desmatamento e a poluição de rios transformandoos em esgotos a céu aberto a diminuição de espécies importantes para o equilíbrio do planeta etc Todos estes fatores devem ser repensados e questionados pela ética ambiental Por mais distante que possa aparentar os agravos cometidos contra a na tureza incidem diretamente na vida humana inclusive na sociedade Infe lizmente uma das últimas notícias que nosso país presenciou referente aos descuidos ambientais foi no início do ano de 2019 o desmoronamento da barragem da empresa Vale na cidade de BrumadinhoMG Outro triste exem plo foram os incêndios criminosos por toda a extensão da floresta amazônica a fumaça das queimadas pôde ser vista até no sul do país tapando a luz solar e deixando os dias nublados Estes fatos evidenciam o quanto os interesses privados de lucro e enriquecimento ilícito podem ser fatais quando sobre postos à vida humana e animal A manutenção inadequada e a fraude nos laudos técnicos das barragens por exemplo teriam causado a tragédia que acometeu a cidade de Brumadinho por isso os profissionais responsáveis pela averiguação foram presos mas depois soltos como nos mostra a reportagem realizada na época UNIDADE 5 182 Os laudos são assinados por profissionais da Vale e Tüv Süd Entre os responsáveis por parte da companhia alemã estão os engenhei ros Makoto Namba e André Yassuda Eles foram presos na semana passada suspeitos de crimes ambientais falsidade ideológica e ho micídio O advogado dos dois engenheiros anexou os relatórios no pedido de liberdade feito à Justiça mineira para tentar mostrar que Namba e Yassuda cumpriram com suas responsabilidades profis sionais e apontaram a situação da barragem A defesa recorreu ao Superior Tribunal de Justiça STJ GAZETAWEB 2019 online8 Por esta razão o desenvolvimento sustentável se faz imprescindível Isso significa que o progresso das tecnologias deve estar alinhado às necessidades do planeta sem ferir os seus recursos mas sim harmonizar a fragilidade e as necessidades da existência humana com o ambiente no qual estamos inseridos COUTINHO 2009 Este trabalho pode ser desenvolvido na parceria entre governos e empresas privadas o que nos leva à terceira expressão da ética aplicada a ética dos negócios Ética dos negócios A ética dos negócios levanta questões sobre a responsabilidade social das empre sas Ou seja por mais que uma empresa não seja pública ela possui o dever de contribuir com a sociedade que a sustenta garantindo que seus negócios tenham preocupações e responsabilidades além do lucro Na década de 60 o norteamericano Baumhart fez uma pesquisa com 200 em presas e descobriu que faltava nelas a capacidade de humanização A técnica e a ânsia por resultados melhores em relação às concorrentes não permitiam que enxergas sem as pessoas que compunham os seus quadros de funcionários20 anos depois Touche Ross fez outra pesquisa com 8180 executivos e percebeu que quanto maior a desvalorização das culturas e da sociedade como a família os valores da vida em grupo os momentos de aprendizado e entretenimento mais frequente se tornava o desaparecimento das relações éticas no trabalho ARRUDA 1989 UNICESUMAR 183 Isso se dava pelo fato da pressão pela competição e o alcance das melhores metas e maiores lucros impedirem que os princípios éticos humanos e solidá rios fossem levados em consideração num acordo de negócios Os resultados foram o aumento do número de funcionários doentes a queda na produti vidade e o baixo desempenho geral por parte dos grupos mais competitivos ARRUDA 1989 A partir desta constatação a ética nos negócios começou a ganhar espaço valorizando não somente os tipos de negociação que a em presa assume para si como também o cuidado com os funcionários e o seu bemestar como estratégia para manter bons profissionais alto desempenho e pessoas saudáveis em seu quadro de funcionários Estes são os efeitos da reflexão ética quando aplicada na realidade de tra balho na cultura e na busca por respostas sobre a vida humana Utilizando deste princípio garantese a liberdade do homem enquanto ser pensante ao mesmo tempo em que une as ciências humanas com as demais entendendo que o papel desempenhado por cada uma delas é o bemestar do homem e a sua integridade Tais fatores contribuem para uma vida mais equilibrada entre nós seres humanos e o restante da natureza Em uma democracia como a nossa a lei é algo estabelecido pelos representantes eleitos pelo povo Sua função é tornar a vida social mais harmônica capaz de gerar resultados de ordem e equilíbrio em que todos são assistidos de maneira igualitária A diferença entre moral e lei está sobretudo no prazo e no modo de execução Ninguém vai preso por se relacionar afeti vamente com mais de uma pessoa mas será julgadoa pela moral do grupo como alguém de comportamento inapropriado Este é um dos exemplos do modo como a moral se expressa No caso de um crime a lei é aplicada porém tem um prazo de início e de término Para a moral o julgamento pode durar eternamente principalmente se o caso for divulgado pelas mídias sociais e se tornar o assunto do dia Enquanto os holofotes da memória popular não forem apagados o culpado será assim considerado por vários anos Fonte o autor explorando Ideias UNIDADE 5 184 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade vimos o conceito de valores morais e os princípios de sua identidade Nesta análise estudamos que todos nós ao nascermos somos inseridos dentro de uma comunidade uma cultura na qual se exercem deter minados comportamentos e códigos de conduta cabendo a cada indivíduo o dever de assimilálos ao longo da vida Este processo de assimilação ocorre geralmente em três grandes etapas Na primeira recebemos os valores que herdamos culturalmente sem sermos questionados da nossa concordância em relação a eles No segundo momento somos avaliados sobre nosso comportamento frente a tais regras e no terceiro recebemos bônus ou punições conforme o nosso comportamento Em seguida definimos o significado de moral e aprendemos que ela é um conjunto de normas e regras criadas por um grupo social A moral não é imutável e sua aplicação é o que regula a vida em sociedade cabendo a cada um a tarefa de cumprila no intuito de pertencer ao grupo Vimos também a relação que existe entre a moral a ética e a lei Esta referese aos preceitos morais indispensáveis à vida plena em sociedade elas se tornam instrumentos de moralidade elevadas ao extremo devido à sua importância para o bemestar social A diferença entre a lei e a moral reside no fato de que a moral não tem prazo de validade julga a aparência o superfi cial enquanto a lei é objetiva visa ao ato No intuito de não chegarmos diante das leis e das regras morais surge a reflexão ética isto é a busca constante da reflexão a fim de tornar o homem responsável por seus atos e escolhas não apenas uma peça no jogo das relações sociais Por fim aprendemos a ética aplicada e o modo como ela atua nos diversos segmentos sociais em especial na biologia nas empresas e no meio ambiente Em cada uma dessas realidades a ética busca a reflexão mais adequada frente às necessidades do homem e a relação que este estabelece com o meio de maneira harmoniosa e sustentável 185 na prática 1 Depois do início do processo de dessegregação foi aprovada em 1957 uma Lei de Direitos Civis criando uma comissão cuja função seria investigar infrações aos direitos civis e também violações aos direitos de voto e em 1960 foi elaborada outra Lei de Direitos Civis visando garantir o voto negro mas ambas ainda enfrentaram a oposição sulista MOEHLECKE 2009 p 26 O Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos representa bem o quanto o processo de reflexão a respeito de comportamentos afirmativas e instituição de leis necessita ser pensado com cautela tendo em vista que o direito positivo busca melhorar a vida de toda a sociedade e não somente de uma parcela dela Frente a essa reflexão por que a ética se torna importante no questionamento das leis a A ética é de suma importância para a instauração das leis Olhando para as ideias gregas de filósofos como Aristóteles o legislativo compreenderá que toda lei precisa passar por um processo filosófico para depois ser aprovada b A ética cumpre com o papel histórico de sempre nos fazer lembrar das civili zações antigas Gregos e romanos são bons exemplos de como as leis devem equilibrar a vida do indivíduo e lhe dar as condições necessárias para ser virtuoso e cumprir com aquilo que a sociedade espera dele c A ética cumpre com o papel de nos fazer refletir que por vezes as leis incorrem num erro ético e não conseguem atingir o ideal de preservação e manutenção da segurança e da vida de seus cidadãos d Nenhuma ética pode existir se não for por uma lei assim como nenhuma lei é capaz de ser justa se não cumprir com princípios éticos Portanto uma depende da outra para se fazerem efetivas e A lei se utiliza da ética no momento em que se depara com algum fato que lhe faça ter dúvidas A função da ética portanto para a lei é permitir a tomada da decisão mais assertiva sendo a ética um guia que indica o comportamento mais correto ou não 2 Para além da caracterização aristotélica convém sublinhar que a Ética é ainda uma reflexão propriamente filosófica no sentido de que não prescreve imediatamente o que é correto ou incorreto o que deve ou não deve ser feito aqui e agora Pelo contrário ela procura investigar por que devemos agir ou não desse ou daquele modo CANDIOTTO 2010 p 14 A ética é constantemente confundida com a moral por isso a necessidade de esclarecer qual o seu papel e de que modo ela 186 na prática deve ser interpretada e considerada Apesar de não existir somente uma definição de ética podemos afirmar que ela se expressa da seguinte maneira I A ética esclarece a respeito da melhor ação mas quem decide agir é o indivíduo II Ela possui em sua essência a verdade filosófica e sua resposta inquestionável III Toda ética é conduzida como resposta final conclusão mas nunca como dúvida pois sua principal característica é a certeza de suas afirmativas IV À ética cabe argumentar do ponto de vista racional por que determinados princípios são mais valiosos que outros Estão corretas as afirmativas a I e IV b I III e IV c II e IV d II III e IV e IV 3 Ao analisar os fatos sobre a tragédia de BrumadinhoCMG percebese o mau uso dos recursos naturais o descaso com a manutenção periódica dos instrumentos das barragens e de outros materiais de suporte para o desenvolvimento industrial bem como a preservação ambiental Diante desse fato seria verdadeiramente possível uma relação saudável entre natureza e desenvolvimento científico e tecnológico I O desenvolvimento sustentável do meio ambiente é uma realidade possível tratase da principal motivação da ética ambiental II Tecnologia e natureza podem não ter proximidade porém utilizando dos re cursos certos é possível extrair muitas riquezas da natureza e até mesmo encontrar por meio de escavações minérios ainda desconhecidos que bem manuseados gerarão lucro para mais pesquisas III A possibilidade de um trabalho com a natureza de modo sustentável pode ser desenvolvida em parceria com governos e empresas privadas IV Nem sempre a falta de manutenção pode ser considerada irresponsabilidade da empresa É preciso lembrar que os fatores naturais também interferem na qualida de e no consumo dos instrumentos de trabalho causando acidentes e imprevistos 187 na prática Estão corretas as seguintes afirmativas a I e IV b I e III c I e II d II e IV e II e III 4 A ética é um saber prático e sua aplicação se dá em situações do cotidiano Por sua necessidade e urgência nas relações sociais vimos que ela se relaciona com outros saberes formando um conhecimento híbrido e possível de ser aplicado Com base nessa premissa assinale V para verdadeiro e F para falso ao que cor responde à ética dos negócios Na década de 60 o norteamericano Baumhart fez uma pesquisa com 200 em presas e descobriu que faltava nelas a capacidade de humanização A ética dos negócios surge como uma maneira de diminuir a competição das empresas levando os funcionários a terem maiores condições de escolha pelas empresas mais humanizadas Todas as empresas são obrigadas a ter em seu corpo de trabalho um profissio nal de ética geralmente um filósofo responsável por averiguar os documentos institucionais e a qualidade das relações internas A ética dos negócios se preocupa em manter o cuidado com os funcionários e o seu bemestar como estratégia para manter bons profissionais alto desem penho e pessoas saudáveis em seu quadro de funcionários A ética dos negócios levanta questões sobre a responsabilidade social das em presas Por mais que uma empresa não seja pública ela possui o dever de con tribuir com a sociedade que a sustenta garantindo que seus negócios tenham preocupações que vão além do lucro 188 na prática A sequência correta das afirmativas está em a V F F F e V b F F V V e F c F V F V e V d V V V F e F e V F F V e V 5 A reflexão ética aplicada à bioética é um avanço em termos de valorização e digni dade humana Caminhando em conjunto com os direitos humanos e a priorização da vida tal ciência possui um objetivo específico Qual seria este objetivo a Garantir que as ciências biológicas não superem a autoridade humana sobre a vida Para que o homem garanta sua soberania sobre o conhecimento é impres cindível que haja um controle ético sobre aquilo que se descobre a fim de que tal pesquisa não supere a capacidade humana e a domine b A bioética possui o intuito de diminuir os impactos que as ações de transforma ções tão profundas a nível biológico poderiam causar na vida em sociedade e até mesmo no nosso planeta c A bioética foi inaugurada no ano de 1984 e desde este momento sua intenção foi promover a igualdade das espécies e o respeito da raça humana com os demais animais d Bioética é a ciência que trabalha em conjunto com as teorias filosóficas Suas pesquisas ocorrem conforme os indícios deixados por filósofos cientistas por exemplo Tales de Mileto Arquimedes e Hipócrates de Cós e A bioética é uma das especializações das ciências médicas e biológicas com o intuito de extrair da natureza as melhores possibilidades de evolução celular microcelular e embrionária porém sem agredir os valores que priorizam a vida humana animal e vegetal 189 aprimorese UM GESTOR TEMPERAMENTAL Imagine que uma empresa contrate um novo gestor na área comercial com a expec tativa de que as vendas aumentem No início do trabalho até parece que isso vai acontecer mas com o passar do tempo os resultados alcançados ficam cada dia mais distantes das metas Mesmo o gestor sendo um profissional com um excelente currículo comprometido trabalhador e responsável infelizmente tudo isso não é suficiente é preciso atingir as metas Mas por que será que o gestor ainda que bem qualificado não conseguiu atingir as metas Ele não sabe E quando é demitido tem uma sensação terrível mas mes mo assim tenta não se sentir um fracassado Acredita que bons profissionais não ficam desempregados e é consciente de seu valor e de seu potencial Por isso pre parase para procurar um novo emprego Atualiza seu currículo envia para diversas empresas e se cadastra em alguns sites Quando é chamado para alguma entrevista busca conhecer a empresa para se sentir mais preparado Pensa que não ter conseguido bons resultados não é mo tivo para desanimar Porém está consciente que se não der certo dessa vez sua carreira correrá sérios riscos Consegue uma vaga na área comercial e após alguns meses aumenta as vendas significativamente Procura defender os interesses da Empresa onde trabalha para que tenha lucratividade mas também consegue defender os interesses dos clientes junto a Empresa É muito bom negociador e tem a empatia como ponto forte de suas características Depois de um tempo na empresa recebe uma reclamação de seu principal cliente Verifica o que aconteceu e descobre que a reclamação procede o setor de produção co meteu um erro Resolve ir até a produção para informar o que havia ocorrido e preparar o pessoal para que corrijam o problema Chama algumas pessoas da equipe de produ ção para discutirem a melhor solução e à medida que explica o que aconteceu aumenta seu nervosismo Não consegue entender como cometeram aquele erro e justamente com seu principal cliente Sem conseguir dominar seus sentimentos quando menos se espera grita com o funcionário que ele acredita ter cometido o erro Depois de dizer tudo 190 aprimorese que acha ser importante acalmase um pouco e volta para suas atividades Quando explode o gestor temperamental acredita que está com a razão e não per cebe que sua forma de falar magoa as pessoas Em alguns casos ele briga com pessoas que são peçachave na Empresa funcionários daqueles que são difíceis encontrar outro com tamanha competência Um daqueles que é preciso fazer de tudo para não o perder O pior da atitude do gestor é que quando o funcionário comete algum erro ele chama a atenção do profissional na frente de seus colegas e de uma forma que nem lhe permite se justificar Aí por medo de errar e ser chamado a atenção novamente o profissional deixa também de tomar novas atitudes tentar inovar Isso porque sabe que se cometer qualquer erro acabará vendo uma explosão do gestor e se recebe uma repreensão sentese arrasado A alta direção toma conhecimento do acontecido e como acreditam que é possível conseguir resultados positivos sem impor nada mostra ao gestor que ele não está agin do de acordo com os valores da organização Avisam que mesmo vendendo muito isso não é suficiente para o gestor permanecer na empresa Resolvem então darlhe uma última oportunidade O gestor pensa o que fazer Sem resultados é demitido Com resultados também corre o risco de ser demitido mais uma vez Ao analisar bem o problema descobre que atualmente a liderança na base do co mando e controle não obtém o mesmo resultado de há alguns anos Seus pensamentos se articulam e se refletem nas seguintes questões 1 Quando o líder comete um erro deve ou não pedir perdão O reconhecimento do erro ajuda na recuperação da dignidade e na mudança de atitude 2 Quem pretende ser um vencedor na vida como deve encarar seus erros 3 Os erros dos subordinados justificam o erro do líder 4 Como evitar a reação por impulso e refletir sobre a solução mais adequada com a cabeça fria 5 Como motivar os subordinados Como prestigiálos e desafiálos 6 Como corrigir os erros dos subordinados Fonte Jordão 2010 online9 191 eu recomendo Ética abordagens e perspectivas Autor Cesar Candiotto org Editora Champagnat Sinopse as contribuições apresentadas são de significativa pro fundidade teórica seriedade intelectual e preocupação com o leitor Alunos e professores de Ensino Médio estudantes e pes quisadores universitários bem como leitores ainda pouco fami liarizados com as abordagens e perspectivas da Ética encontram pistas para uma promissora análise conceitual um diagnóstico da situação atual e um crescimen to pessoal O caráter didático é explicitado não somente na linguagem utilizada mas também na estrutura dos textos os quais após detalhado desenvolvimento oferecem fragmentos questões para a reflexão e debate sugestões de leitura e quando for o caso sugestão de filmes livro Laranja Mecânica Ano 1971 Sinopse Alex é um jovem rebelde extremamente violento e alheio a regras sociais Porém após matar uma senhora é preso e recebe um tratamento inovador ele passaria a ser condiciona do a não fazer o mal Sempre que pensasse em praticar um ato que afronte o status quo ele sofreria espasmos de dor que o forçariam a não fazer Assim Laranja Mecânica entra para a his tória do cinema ao trabalhar uma das questões morais mais importantes o que é o ser humano sem o livre arbítrio Se não podemos escolher como agir como podemos nos considerar seres livres na acepção mais profunda da palavra Uma ótima ferramenta para se pensar este tema filme Trago para você um episódio do programa Café Filosófico Nele temos uma aula sobre ética a sua diferenciação e a sua relação com o cotidiano apresentada pelos professores Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho Confira httpswwwyoutubecomwatchv9YnlPXKlLU conectese 192 conclusão geral conclusão geral 192 conclusão geral conclusão geral Caroa alunoa na disciplina de Filosofia da Educação discutimos os conceitos centrais que regem tal conteúdo dando ênfase em algumas áreas no intuito de apresentar o modo como as ideias filosóficas dadas à educação consolidaram se ao longo da história Vimos na Unidade 1 o conceito geral de Filosofia de Educação e por fim o signi ficado de Filosofia da Educação Observamos que a atuação do filósofo no campo pe dagógico fazse por meio da problematização da realidade educacional porém numa perspectiva inovadora Mais que lidar com as questões que regem o cotidiano escolar o filósofo da Educação para trabalhar busca novas maneiras de realizar o trabalho de formação sempre de forma crítica e atenta aos movimentos de sua época Na Unidade 2 analisamos algumas correntes filosóficas no intuito de apresentar a multiplicidade de tais ideias porém todas destinadas a darem respostas que tives sem como fundamento o teor crítico do ser filosófico Na sequência na Unidade 3 ocupamonos em demonstrar como a Filosofia utilizou do campo pedagógico para justificar suas considerações Por meio de alguns filósofos clássicos estudamos o pa pel transformador que o pensar sobre a Educação promove nas ideias filosóficas e viceversa Na Unidade 4 nosso foco foi a Filosofia da Educação no Brasil e o modo como tal disciplina se instaurou nos cursos de pedagogia e licenciatura em nosso país Em se guida debatemos a respeito da Filosofia da Educação na formação docente e a forma como ela se reproduz em sala de aula Tendo como referencial o modelo pedagógico de Paulo Freire identificamos os movimentos da Educação e como eles contribuem na formação de cidadãos libertos e humanizados Isso quando a nossa ação pedagó gica se expressa a partir de valores condizentes com o ideal democrático de Educação Por fim na Unidade 5 detemonos na investigação dos pressupostos éticos de finindo conceitos como moral ética e lei a fim de diferenciálos e perceber o modo como cada um atua em nossa vida e profissão acompanhados de um saber ético prático ou seja a apresentação da ética aplicada referências 193 AGOSTINHO S Confissões S l s n 2007 AGUIAR T B P de WELLER W Filosofia da Educação no Brasil a trajetória de uma disciplina e sua constituição como campo de pesquisa In ENCONTRO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO CENTRO OESTE REUNIÃO CIENTÍFICA REGIONAL DA ANPED 13 2016 Brasília Anais Brasília Universidade de Brasília Anped 2016 ALBUQUERQUE M B B Filosofia da Educação uma disciplina entre a dispersão de conteúdo e a ausência de identidade Perspectiva Florianópolis v 16 n 29 p 4561 janjul 1998 ALMEIDA R M de Tomás de Aquino o homem como um composto de corpo e alma In SGANZERLA A VALVERDE A J R FALABRETTI E org Natureza humana em movimento ensaios de antropologia filosófica São Paulo Paulus 2012 p 4150 ALVES J D O Educação e política em JeanJacques Rousseau 17121778 2019 143 f Dis sertação Mestrado em Educação Centro de Ciências Humanas Letras e Artes Universidade Estadual de Maringá Maringá 2019 ALVES R Filosofia da Ciência introdução ao jogo e a suas regras São Paulo Loyola 2012 AMARAL S C de S PINHO L G NASCIMENTO G do Os anos 60 e o movimento negro nor teamericano uma década de elevação de consciência eclosão de sentimentos e mobilização social Revista Científica Internacional v 1 n 30 p 182197 julset 2014 ARANHA M L de A Filosofia da Educação 2 ed São Paulo Moderna 1996 ARANHA M L de A MARTINS M H P Filosofando introdução à Filosofia 4 ed São Paulo Moderna 2009 ARANHA M L de A MARTINS M H P Filosofando introdução à Filosofia Volume único 6 ed São Paulo Moderna 2016 ARAÚJO R M L O Marxismo e a Pesquisa Qualitativa como Referências para Investigação so bre Educação Profissional In ARAUJO R M de L RODRIGUES D do S org A Pesquisa em Trabalho Educação e Políticas Educacionais v 1 1 ed Campinas Alínea 2012 p 156186 ARIÈS P História social da criança e da família 2 ed Rio de Janeiro Guanabara 1986 ARRUDA M C C de A ética nos negócios Revista de Administração de Empresas São Pau lo v 29 n 3 p 7380 julset 1989 BAYLE P 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sociedade plural Roteiro v 40 n 2 p 377394 26 out 2015 MATTHEWS G B Santo Agostinho a vida e as ideias de um filósofo adiante de seu tempo Rio de Janeiro Zahar 2007 MAZOTTI T B Filosofia da Educação uma outra Filosofia Perspectiva Florianópolis v17 n 32 p 532 juldez 1992 MEDEIROS E O A Educação como projeto de desenvolvimento integral ser pessoa em for mação e participação na comunidade In SEVERINO A J ALMEIDA C R S de LORIERI M A org Perspectivas da Filosofia da Educação São Paulo Cortez 2011 p 99117 MENEGHETTI R C G O realismo e o idealismo focalizando o conhecimento matemático In FILOSOFIA E HISTÓRIA DA CIÊNCIA NO CONE SUL 3 Campinas Anais Campinas AFHIC 2004 p 371377 MESQUIDA P Comte a humanidade como religião In SGANZERLA A VALVERDE A J R FALABRETTI E org Natureza humana em movimento ensaios de antropologia filosófica São Paulo Paulus 2012 p 153163 MOEHLECKE S Propostas de ações afirmativas no Brasil o acesso da população negra ao ensino superior 2000 179 f Dissertação Mestrado em 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F M de Tendências Pedagógicas Progressistas Brasileiras Concepções e Práti cas 2017 224 f Dissertação Mestrado em Estudos Profissionais Especializados em Educação Politécnico do Porto Porto 2017 OLIVEIRA T A Escolástica como Filosofia e Método de Ensino na Universidade Medieval uma reflexão sobre o Mestre Tomás de Aquino Notandum Maringá v 16 n 32 p 3750 2013 PAGNI P A Filosofia da Educação no Brasil concepções impasses e desafios para a sua cons tituição como campo de pesquisa e o seu ensino nas duas últimas décadas Revista Educação e Filosofia Uberlândia v 28 n 56 p 773808 juldez 2014 PANSARELLI M L G Natureza e Educação uma leitura do Segundo Discurso e do Emílio de JeanJacques Rousseau 2014 154 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade de São Paulo São Paulo 2014 PAVIANI J Problemas de Filosofia da Educação o cultural o político o ético na escola o pedagógico o epistemológico no ensino 6 ed Rio de Janeiro Vozes 1987 PILETTI C PILETTI N História da Educação de Confúcio a Paulo Freire São Paulo Contexto 2018 PIRES M F de C O Materialismo históricodialético e a Educação Interface Comunicação Saúde Educação v1 n 1 1997 p 8394 PLATÃO Apologia de Sócrates Belo Horizonte Virtual Books Online 2003 Disponível em httpwwwrevistaliterariacombrplataoapologiapdf Acesso em 28 nov 2019 PUCCI B Filosofia da Educação para quê Perspectiva Florianópolis v 16 n 29 p 2344 janjul 1998 REALE G História da Filosofia antiguidade e Idade Média São Paulo Paulus 1990 REALE G ANTISERI D História da Filosofia antiguidade e Idade Média v 1 3 ed São Paulo Paulus 1990 referências 198 ROCHA D A Filosofia da Educação na formação dos professores primários paranaenses Ro teiro Joaçaba v 34 n 1 p 3562 janjun 2009 ROUSSEAU JJ Do contrato social São Paulo Nova Cultural 1999 ROUSSEAU JJ Emílio ou da Educação 2 ed São Paulo Difusão Europeia do Livro 1973 SANTOS B de S AVRITZER L Para ampliar o cânone democrático In SANTOS B de S org Democratizar a democracia os caminhos da democracia participativa 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ser dos homens In ENCONTRO DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA 4 2009 Campo Mourão Anais Campo Mourão Fecilcam Numpem 2009 SUMEI Z Análise de diferenças culturais entre a Educação chinesa e a ocidental 2018 65 f Dissertação Mestrado em Português como Língua Segunda ou Estrangeira Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa Lisboa 2018 TAGLIAVINI J V PIANTKOSKI M A João Batista de La Salle 16511719 um silêncio eloquente em torno do educador católico que modelou a escola moderna Revista Histedbr Online Campinas v 13 n 53 p1640 out 2013 THALHEIMER A Introdução ao materialismo dialético fundamentos da teoria marxista Rio de Janeiro Cultura Brasileira 2014 TREVISAN A L Filosofia da Educação e formação de professores no velho dilema entre teoria e prática Educar em Revista n 42 p 195212 outdez 2011 referências 199 ULHÔA J P Rousseau e a utopia da soberania popular Goiânia UFG 1996 VELASCO S R B Política e Educação dois conceitos da mesma realidade In SILVA O H F da S 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UNIDADE 2 1 B 2 D 3 C 4 E 5 C UNIDADE 3 1 A 2 B 3 C 4 E 5 B 6 C 7 B 8 A 9 C 10 E UNIDADE 4 1 A 2 E 3 C 4 E 5 B 6 A UNIDADE 5 1 C 2 A 3 B 4 E 5 B