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JOHN THORNTON A ÁFRICA E OS AFRICANOS NA FORMAÇÃO DO MUNDO ATLÂNTICO 1400 1800 EDITORA CAMPUS Associação Brasileira para a Proteção dos Direitos Editoriais e Autorais RESPEITE O AUTOR NÃO FAÇA CÓPIA Preencha a ficha de cadastro no final deste livro e receba gratuitamente informações sobre os lançamentos e promoções da Editora Campus Consulte também nosso catálogo completo e últimos lançamentos em wwwcampuscombr A ÁFRICA E OS AFRICANOS NA FORMAÇÃO DO MUNDO ATLÂNTICO 1400 1800 Coordenação Editorial Mary Del Priore Tradução Marisa Rocha Motta Revisão Técnica Márcio Scalercio Professor Titular da Universidade Candido Mendes Professor do Departamento de Economia da PUC Rio Do original Africa and Africans in the Making of the Atlantic World 14001800 Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por The Press Syndicate of the University of Cambridge Copyright 1992 1998 by John Thornton 2004 Elsevier Editora Ltda Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9610 de 190298 Nenhuma parte deste livro sem autorização prévia por escrito da editora poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados eletrônicos mecânicos fotográficos gravação ou quaisquer outros Copidesque Ivone Teixeira Editoração Eletrônica DTPhoenix Editorial Revisão Gráfica Roberto Mauro Facce Projeto Gráfico Elsevier Editora Ltda A Qualidade da Informação Rua Sete de Setembro 111 16º andar 20050006 Rio de Janeiro RJ Brasil Telefone 21 39709300 Fax 21 25071991 Email infoelseviercombr Escritório São Paulo Rua Elvira Ferraz 198 04552040 Vila Olímpia São Paulo SP Telefone 11 38418555 ISBN 8535212841 Edição original ISBN 0521627249 CIPBrasil Catalogaçãonafonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros RJ T414a Thornton John Kelly 1949 A África e os africanos na formação do mundo Atlântico 14001800 John Thornton tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 il Tradução de Africa and africans in the making of the Atlantic world 14001800 2nd ed ISBN 8535212841 1 Escravidão 2 África Relações Europa 3 Europa Relações África 4 África Relaões América 5 América Relações África 6 Europa História 14921648 I Título CDD 303482 CDU 316421 031728 5 4 3 2 1 Sumário Prefácio à 2ª edição 7 Abreviações 9 Mapas 10 Notas dos mapas 13 15 Introdução 41 Parte I Os africanos na África 51 1 O nascimento do mundo atlântico 53 2 O desenvolvimento do comércio entre europeus e africanos 87 3 A escravidão e a estrutura social na África 122 4 O processo de escravidão e o comércio de escravos 153 Parte II Os africanos no Novo Mundo 187 5 Os africanos nas sociedades coloniais do Atlântico 189 6 Os africanos e os afroamericanos no mundo atlântico vida e trabalho 216 Abreviações ANTT Arquivo Nacional da Torre do Tombo Lisboa ARSI Archivum Romanum Societatis Jesu Roma BIFAN Bulletin Institut fondamental de lAfrique Noire Dakar BM Rouen Bibliothèque Municipale de Rouen BN Colômbia Biblioteca Nacional da Colômbia BSGL Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa MMA Antônio Brásio ed Monumenta missionaria africana series 1 15 vols Lisboa 195288 MMA² Antônio Brásio ed Monumenta missionaria africana series 2 5 vols Lisboa 195879 PRO Public Record Office Londres UBLBPL Universitets Bibliotek Leiden Biblioteca Publica Latina Nota da editora Nesta edição ao transcrever os nomes próprios de origem africana sobretudo topônimos e gentílicos procuramos utilizar a grafia adotada pelo africanista Alberto da Costa e Silva em seu clássico A manilha e o libambo Nova fronteira 2002 consultandose ainda os principais dicionários gerais da língua portuguesa e o Vocabulário onomástico da língua portuguesa ABL 1999 Os nomes próprios não encontrados nessa bibliografia foram mantidos na forma original 7 Grupos culturais africanos no mundo atlântico 253 8 As transformações da cultura africana no mundo atlântico 279 9 Religiões africanas e o cristianismo no mundo atlântico 312 10 Resistência fugas e rebeliões 355 11 Os africanos no mundo atlântico no século XVIII 394 Índice 431 ESTADOS DA ÁFRICA OCIDENTAL 1625 África área no mapa ESTADOS ACÁ Índia no mapa África area no mapa Mapa 2 Ver Notas dos mapas 13 ESTADOS DA ÁFRICA CENTRAL 1625 Mapa 3 Ver Notas dos mapas 13 DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DE ORIGEM AFRICANA NAS AMÉRICAS 1650 Número de escravos africanos ou de afrocrioulos 04999 500014999 superior a 15000 controle efetivo da Europa Mapa 4 GRUPOS CULTURAIS AFRICANOS Alta Guiné GRUPOS CULTURAIS Oeste do oceano Atlântico grupo da região Norte Oeste do oceano Atlântico grupo da região Sul Mande Oeste de Kwa AkanEweGa Leste de Kwa IorubaEdoIgbo Oeste de Bantu fronteira dos grupos culturais Mapa 5 Notas dos mapas 13 Infelizmente muitos africanistas produzem mapas da geografia précolonial sem referências adequadas para se estabelecer com precisão o modo pelo qual as fronteiras das unidades foram documentadas Os mapas apresentados neste livro resultaram de uma vasta pesquisa e portanto requereram uma documentação considerável aqui descrita A tarefa de definir os limites geográficos dos estados da África précolonial é difícil sobretudo em virtude da natureza da fonte documental Em algumas regiões a documentação especifica certos marcos divisórios que separam um estado de outro mas em geral a informação geográfica é bastante vaga Esse fato explica a convenção amplamente difundida de situar nomes em mapas sem tentar precisar as fronteiras convenção que tem algum mérito Por outro lado em muitos casos a tentativa de delimitar as fronteiras dá uma impressão errônea de que a precisão é possível Entretanto a determinação dos limites geográficos mesmo se de forma arbitrária ou inexata pode ajudar a estimar a área ou a população dos estados em questão As fronteiras dos mapas aqui citados são demarcadas simplesmente como uma conveniência para o leitor além de mostrar as áreas utilizadas para estimar a população dados que constam do final do livro Com o objetivo de justificar minhas decisões relacionei um conjunto de nomes de estados nos mapas com registros de entradas de fontes para cada um século XVII para se tornar o império significativo construído no final do século XVII Law Oyo Empire pp 3944 A presença de várias divisões de Lucumis no relato de Sandoval indica mas não prova uma pequena unidade com uma província sulista independente Ede e uma presença remanescente de Borgu isto é os Lucumis Barbas ver nº 53 Pode ter sido um reino de uma certa dimensão porém com pouco poder como sugere o trabalho de Ahmed Baba ao escrever em Tombuctu no início do século XVII argumentando que iorubá tinha legitimidade para escravizar O mapa tenta representar essa situação embora sem muito compromisso com as fronteiras ali desenhadas de acordo com o mapa de Law de Oió préimperial ibid p 35 mas mostrando Ede como independente e dando aos borgu presença nas cidades do norte as quais tradicionalmente eles teriam fundado cf ibid p 42 56 Benim Suas fronteiras na costa são fáceis de determinar Ulsheimer menciona em especial a ilha de Lagos como um posto de Benim e mostra seu exército ativo na região ao redor em 1601 Andreas Ulsheimer Varhaffte Beschreibung ettlicher Raysen in Europa Africa Ostindien und America 1616ed atualizada traduzida para o inglês em Adam Jones Brandenburg Sources for West African History 15591669 fols 3232b Sandoval sugere fronteiras similares ao longo da laguna no leste Instauranda p 78 enquanto assinala que pelo menos uma parte da margem norte da lagoa estava sob o domínio de Ijebu nº 57 A leste Sandoval o situa fronteiriço a Warri Instauranda p 17 mas seus limites geográficos no interior não são descritos exceto em relação a outros reinados cujas fronteiras são igualmente incertas Tracei os limites no interior com base naqueles registrados se bem que em período posterior por R E Bradbury Benin Studies Oxford 1973 pp 4475 57 Ijebu Iabu Gabu Jabboe Sandoval o situa entre Benim e Aladá na laguna de Lagos onde existe uma cidade murada circundada por um fosso Instauranda p 78 segundo outras localizações no século XVI e a de Dapper bem como a cidade moderna com o mesmo nome 58 Warri Oeri Guere Sandoval o situa a leste de Benim ibid p 17 É mostrado aqui de acordo com dados mais específicos da metade do século XVII em Dapper Naukeurige beschrijvinge p 133 e em Bonaventura da Firenze Como entrò la Fede di Giesu Christo nel Regno dOuere per la Prima Volta publicado em Vittorio Salvadorini Le missioni a Benin e Warri nel XVII secolo La relazione inedita di Bonaventura da Firenze Milão 1972 fols 8v10 1515v 59 Zarabu Um Estado que se dizia ocupado por canibais localizado além de Warri segundo Sandoval Instauranda p 17 60 Ijó Jos Este estado não foi mencionado por Sandoval um bom informante nesta área mas em razão de sua presença ter sido citada no século XVI e ao final do século XVII parece seguro continuar a situálo aqui neste período Não é impossível que ele tenha sido subjugado por Benim nessa época e assim ter desaparecido como uma entidade independente 61 Calabar Caravalies puros Uma idéia geral de sua localização é dada por Sandoval Instauranda p 17 que os descreve para além de Zarabu dados mais específicos são encontrados em Dapper Naukeurige beschrijvinge p 133 62 Igbos Caravalies particulares Sandoval descreve um grupo que vive perto dos caravalies puros mas que não o são o qual vivia em 40 a 50 vilarejos independentes aldeas eles não reconheciam um rei porém lutavam constantemente pertenciam a diferentes castas y naciones comercializavam com os caravalies puros vendiam com freqüência suas mulheres e crianças como escravos e eram todos canibais Instauranda p 17 Em outra passagem ele fornece os nomes de 17 desses grupos alguns deles do grupo linguístico igbo abalomo bila cubai coco cola dembe done evo ibo ido mana moco oquema ormapri quereca tebo teguo ibid p 94 Não tentei localizar lugares individuais mesmo nesse grupo de 17 e os agrupei todos juntos no mapa 63 Igala Agare Segundo Sandoval um dos países que circundavam Benim e tido por Nupe e Benim como seu imperador Instauranda p 17 64 Nupe Mosiaco Lycosagou Isago Citado por Sandoval ibid sob o nome de Mosiaco que parece concordar com a denominação de Pacheco Pereira Lycosagou e de Dapper Isago como um dos reinos que circundavam Benim ao norte Suas fronteiras supostamente contatavam Oió nº 55 e Benim nº 56 mas é ainda algo muito aproximado Para mais detalhes ver John Thornton Traditions Documents and the IfeBenin Relationship History in Africa 15 198835162 Região da Nigéria central nºs 6583 65 Songai Remanescente de um grande império sob o domínio de Askia Nuh que lutou contra o Marrocos durante a invasão de 1591 alSadi Tarikh alSudan pp 22480 66 Mossi A análise de Izard sugere que os mossi conhecidos durante o século XVI nas crônicas sudanesas situavamse ao norte da zona de Mossi perto de Songai e tiveram ao menos uma certa presença ao longo do Níger em tempos mais antigos M Izard The Peoples and Kingdoms of the Niger Bend and the Volta Basin from the 12th to the 16th Century General History of Africa 421116 2259 Entretanto sua conclusão é de que o ataque de Songai aproximadamente em 1575 alSadi Tarikh alSudan pp 168 173 179 o destruiu parece não ser confirmada e o mapa mostra um país bem significativo reerguendose depois da queda de Songai 67 Gurma Sua localização é inferida de passagens das Chronicles Tarikh alFettash pp 1345 mas seu tamanho não pode ser definido as fronteiras são meras conjeturas e fixadas com base em estados vizinhos 68 Kabi Cabi Guangara Kabi desfrutou um breve período de superioridade militar na metade do século XVI até mesmo com ataques na maioria dos estados de Hausa e Air Giovanni Lorenzo Anania o descreveu tanto como Guangara quanto Cabi e observou que seu governante era rico e poderoso e comportavase como um imperador La universal fabrica del mondo trecho sobre a África publicado em uma edição crítica a partir de edições de 1573 1576 e 1582 por Dierick Lange e Silvio Berthoud Lintérieur de lAfrique occidentale daprès Giovanni Lorenzo Anania Journal of World History 14 1972336 e 336b ver também Mervyn Hiskett The Development of Islam in West Africa Londres e Nova York 1984 mapa p 90 69 Borgu Barba Bariba Aparentemente um estado militar ativo que devia estar próximo a Songai pois foi atacado em uma invasão a Songai em 1576 alSadi Tarikh alSudan p 179 No sul era agressivo com Oió ver nº 55 e ocupou diversos distritos ao norte no país iorubá onde Sandoval os conheceu como Lucumis Barbas Essas fronteiras mostram que ele se constituía em uma única unidade administrativa ao passo que uma geografia posterior sugere na melhor das hipóteses uma federação desagregada mas seus limites geográficos justificamse por seu poderio militar 70 Gobir Essa localização dos estados de Hausa baseiase para este período amplamente na edição de 1582 de Anania que incorporou as observações detalhadas de Vincent Matteo ver La universal fabrica del mondo p 336 71 Air Agadésnão mostrado em mapa Descrito em Anania como uma cidade ibid p 336 no deserto presumivelmente a capital do sultanato de Air por vezes sob o domínio de Songai e Kabi mas nessa época provavelmente independente 72 Zamfara Anania o situa além de Zaria ibid p 336 cf Hiskett Islam in West Africa mapa p 90 73 Katsina Anania relata que ele estava constantemente em guerra com Kano La universal fabrica del mondo p 336 como confirmado em Kano Chronicle tradução em inglês publicada em HR Palmer Sudanese Memoirs Londres 1967 p 116 Suas fronteiras foram ajustadas para aproximálo de Zamfara e Kano com quem lutara Katsina Chronicle em Sudanese Memoirs p 81 74 Kano Situado com referência à moderna cidade de Kano e descrito com alguns detalhes por Anania La universal fabrica del mundo p 336b37 Nesse período ele não sofria ataques ou pressão de Kabi ou Songai embora ainda fosse importunado por Bornu e Jucum 75 Ningi Nin Anania o situa simplesmente além de Kano ibid p 336b Seus editores modernos sugerem Ningi leste de Kano que Hiskett Islam in West Africa p 109 assinala que possa ser Nunkuro 76 Kurdi Cardi Kanakuma Anania o localiza ao sul de Zaria La universal fabrica del mondo p 336 porém Hiskett reinterpreta o itinerário de Matteo e sugere uma localização no sudoeste de Zaria Islam in West Africa p 90 77 Kalam Calon Anania La universal fabrica del mondo p 337 o situa simplesmente além de Zaria na direção geral de Doma mas ele surge como o lugar chamado Kalam em Kano Chronicle pp 112 117 ver mapa e discussão em Hiskett Islam in West Africa p 90 78 Zaria Zegzeg Situado com referência à moderna cidade mas citado em Anania entre Kano e Cardi La universal fabrica del mondo p 336 79 Yauri Anania o localiza aparentemente entre Zaria e Jucum ibid p 336 80 Jucum Doma Anania considera Doma um estado embora a região fosse só uma parte do que provavelmente era uma grande unidade ibid p 337 Uma vez que a Kano Chronicle cita guerras entre Kwararafa Jucum e Kano nesse período p 116 podemos presumir uma fronteira comum e Doma fazendo parte dela É claro que isso pressupõe uma centralização administrativa forte ou Doma como uma subregião importante o que pode não ser o caso mas delineei as fronteiras de Jucum para incluir a capital tradicional e ambas as margens de Benue no território atual de Jucum 81 Shira Scira Anania o situa simplesmente além de Zamfara La universal fabrica del mondo p 336 e Hiskett o vê como o pequeno Esta do Hausa de Shira localizado entre Kano e Bornu Islam in West Africa p 73 82 Bornu não indicado em mapa Localizado segundo Anania La universal fabrica del mondo pp 34950 mas assinalando a existência de Shira e de uma fronteira comum com Jucum 83 Aboh Gaboe Localizado de acordo com Dapper Naukeurige beschrijvinge p 132 a oito dias de viagem pelo rio em direção a Benim MAPA 3 ÁFRICA CENTRAL C 1625 EM DIREÇÃO APROXIMADA DO NORTE PARA O SUL E DO OESTE PARA O LESTE Costa norte de Gabão para o Congo nºs 116 1 Rio dAngra Este Estado não possui um nome africano nas fontes mas é descrito em Pieter de Marees Beschryvinge ende historische verhael vant Gout koninckvijck van Guinei Amsterdã 1602 p 102a como tendo um rei sem muito poder e em guerra com os estados do estuário de Gabão e portanto compartilhando uma fronteira comum em algum lugar entre os dois Entretanto de Marees acreditava que eles falavam línguas diferentes apesar de partilharem a mesma cultura 2 Kayombo Caiombo Denominado rei do gancho norte da área de Gabão em ibid p 120b 3 Mponge Pongo Reino em uma ilha do estuário de Gabão em ibid p 121a com uma montanha de altura prodigiosa guerreava com freqüência com os governantes de Gabão 4 Gabão Um estado do gancho sul do estuário de Gabão em ibid p 120b Dizia ser amigo dos habitantes de Olibata nº 5 nessa fonte mas Pieter van den Broecke ed atualizada K Ratelband Reizen near WestAfrica van Pieter van den Broecke 160414 The Hague 1950 p 23 assinala que eles estavam em guerra ambas as afirmações indicando uma fronteira comum 5 Olibata Dominava o Cabo de Lopo Gonsalves segundo de Marees Beschryvinge p 120b 120b 121a e van den Broecke Reizen p 23 6 Loango Diferentemente dos estados do norte Loango era uma grande e complexa unidade Suas fronteiras mostradas aqui representam a extensão máxima do domínio efetivo de Loango mas incluem um número de Estados tributários que exerciam um controle interno considerável e que eram ligados a Loango mais em virtude de paga mentos de tributos do que por uma sanção administrativa Essas relações e os estados subordinados são descritos em Dapper Naukeurige beschrijvinge com base em dados colhidos por comerciantes holandeses entre 1620 e 1650 Não é claro o momento em que Loango dominou todas as regiões e só Dapper dá o tipo de detalhe que permite identificar as subunidades A seguir algumas dessas semiindependentes unidades usadas para estabelecer as fronteiras de Loango no mapa Komma ao norte ibid p 147 um país pantanoso logo ao sul de Cabo Lopo Gonsalves Gobby p 147 ao sul de Komma ao longo da costa norte do cabo St Catherine Sette p 147 citado como estando a 15 milhas acima de Mayumba próximo à moderna Sette Cama que ainda tem seu nome e Mayumba Majumba pp 1456 A leste situase Dingy p 148 mencionado como fronteiriço à região central de Loango Kakongo e Vungu A região central de Loango descrita em detalhes em ibid pp 143 15960 pode ser situada entre o rio Chiloango e Mayumba 7 Bukameale Um reino rico em elefantes e marfim localizado em uma área montanhosa descrito vagamente em ibid p 158 como se limitando geograficamente com Loango e Jaga Essa localização segue a lógica de Phyllis Martin defendida em The Trade of Loango in the Seventeenth and Eighteenth Centuries em Richard Gray e David Birmingham eds PreColonial African Trade Essays on Trade in Central and Eastern Africa before 1800 Londres 1970 pp 1445 8 Yaka Jaga O termo jaga nas fontes dos séculos XVI e XVII descreve em termos gerais um grupo usualmente de canibais sem raízes que atacavam em emboscadas Pelo menos três grupos podem ser identificados na África central os habitantes do vale de Niari citados aqui o povo que vivia entre os rios Kwamgo e Wamba atualmente chamado Jaga e os imbangala organizados em muitos bandos que atuavam nos planaltos centrais de Angola e regiões de Dongo ver John Thorton A Resurrection for the Jagas Cahiers détudes africaines 18 nºs 6970 19782245 O grupo do vale Niari provavelmente não se intitulava yakas ou jagas esses termos provêm das fontes de congo Eles foram mencionados pela primeira vez em 1624 como tendo destruído Vungu com o consentimento do rei de Loango Manuel Cardoso para Manuel Rodrigues 1624 MMA 7294 Dapper fornece mais informações sobre eles como fronteiriços a Loango e ao reino de Nziko em uma terra que tinha de ser atravessada para ir de Loango à região produtora de cobre do vale Niari Naukeurige beschrijvinge p 158 Ele acreditava que eles eram organizados em três exércitos separados sob diferentes comandantes chamados Singe Kobak e Kabango embora isso possa ser uma informação em segunda mão referente aos imbangala da região de Dongo 9 Reino de Nziko Suas fronteiras iniciais foram bem descritas em Filippo Pigafetta Relatione del reame di Congo editado por Georgio Cardona Milão 1978seguindo a paginação da edição de 1591 tradução para o francês Willy Bal editor e tradutor Description du royaume de Congo et des contrées environnantes Louvain 1965 também com sua paginação anterior O trabalho de Pigafetta serviu de fonte para muitas descrições posteriores Também chamado de Reino do Grande Makoko ver fontes de jesuítas citadas em Guerreiro Relaçam annual extraído em MMA 52412 e o relato de Garcia Mendes Castelobranco 16 de janeiro de 1620 MMA 6438 como fonte de vestuário junto com o reino vizinho de Ybare que não é mencionado em nenhum outro lugar Dapper Naukeurige beschrijvinge pp 143 182 fornece mais dados do que Pigafetta baseados provavelmente nas notas do viajante Herder em 16412 e nas fontes sobre Loango e ajuda a definir suas fronteiras ocidentais ao norte do rio Zaire 10 Fungeno Fungenas Localizado ao norte de Okango um distrito de Congo situado entre os rios Niquise e Kwango perto de Mpumbu o maior do Zaire chamado anteriormente de Stanley Pool atual Malebo Pool Mateus Cardoso diz que ele se separava de Okango pelo rio Enselle e estendiase até o rio Kwango ARSI Assistencia Lusitania 55 Relação do alevamento fol 116 ver também Dapper Naukeurige beschrijvinge p 182 11 Kakongo Fontes jesuíticas localizam esse reino ao norte do rio Zaire em 16067 e dá como seus vizinhos Nzibo Bungo Vungu Angoi Ngoyo e Biangá Estado desconhecido MMA 52412 ver também Dapper Naukeurige beschrijvinge p 183 12 Ngoyo Localizado na foz do rio Zaire e vizinho de Kakongo nas fontes jesuíticas MMA 52422 13 Nzari Zarry Zerry Sua localização é determinada em notas de Dapper Naukeurige beschrijvinge p 184 e pelo relato de F Capelle 1642 em Louis Jadin Rivalités lusonéerlandaise au Soyo Congo 16001675 Bulletin de lInstitut Historique Belge de Rome 37 1966137359 14 Vungu Bungo Citado como vizinho de Kakongo em Guerreiro ver MMA 52421 em 16067 Mateus Cardoso observa que ele foi destruído pelos exércitos de Jaga em 1627 e deulhe uma localização ao norte do Zaire em 1624 ver Cardoso para Rodrigues 1624 MMA 7294 e História do Reino de Congo fol 14 Dapper também assinala sua proximidade com os estados costeiros e o Jaga Naukeurige beschrijvinge p 158 15 Reino do Congo As fronteiras orientais do Congo são cuidadosamente delineadas por Cardoso ARSI Assistencia Lusitana 55 Relação do alevamento fols 116116v para o ano de 1622 Elas incluem nessa área os reinos vassalos de Ocanga entre os rios Enselle e Wamba ao sul de Fungunas e ao sul de Ocanga os estados de Congo Riamulaça Kongo dia Mulaza e Sonço Nsonso todos bordejando o Kwango incluindo por fim os pequenos estados vassalos de Ncusu Nkusu e Damba Ndamba nas montanhas onde nascem os rios Kwili e Mbrize Seu limite ao norte parece ter seguido o Zaire exceto por Masinga uma província transzairiana localizada onde o Kwilu penetra no Zaire segundo Cardoso Essa província estava sob o domínio da província Nsundi do Congo e assim era um mercado onde comerciantes baseados em Loango compravam cobre nos anos de 1630 e 1640 Dapper Naukeurige beschrijvinge p 158 que estava falando de Sondi Ao sul sua fronteira com Angola foi definida depois da batalha de Mbumbi 1662 no rio Dande Regimento do Governador de Angola 20 de março de 1624 em Heintze Fontes 1149 A leste a soberania precisa do Congo é nebulosa A região de Dembos Ndembu não assinalada em mapa que começa nas montanhas esteve em algumas ocasiões sob o domínio do Congo é mostrada aqui como independente Esses estados Dembos marcam a fronteira do sul do Congo e Wandu a província do sudeste do Congo fronteira de Matamba a última parte remanescente é determinada de forma arbitrária em algum local nas montanhas 16 Reino de Soa Jaga de Kwango Identificado por Mateus Cardoso como situado ao sul da foz do rio Wamba no vale de Kwango em 1622 ARSI Assistencia Lusitana 55 Relação do alevamento fol 116 A extensão desse reino em direção ao sul é desconhecida em 1657 contudo Matamba estava em guerra com Jaga Giagha que fazia fronteira com Matamba através de Kwango este poderia ser o mesmo reino Giovanni Antonio Cavazzi de Montecuccolo Istorica descrizione de tre regni Congo Matamba ed Angola Bolonha 1687 bk 5 nº 33 A região de Dembos Ndembu nºs 1727 A política nessa área era muito instável com muitos pequenos estados situados nos vales superiores dos rios Bengo Dande Loze Mbrize Lucala e Niquise na região montanhosa Grandes estados como Congo Angola portuguesa Dongo e Matamba fizeram reivindicações e campanhas nessa área e a maioria da região era nominalmente uma parte de uma ou de outra ou de várias ao mesmo tempo desses estados Além disso os grandes estados de Dembu estabeleceram confederações com os menores mas esses também eram com frequência não mais estáveis do que os estados maiores As fronteiras delineadas no mapa fazem uma simples suposição da configuração política em algum dado momento 17 Nambu a Ngongo Nambuangongo Citado como uma vítima de ataques portugueses em 161516 Cadornega História 178 e portanto um estado independente Uniuse a uma grande confederação que lutou contra Portugal em 1642 as notas geográficas desse embate ajudaram a determinar sua localização próximo ao lado norte do rio Dande e também dos rios Mutemo e Kavango Pedro Cesar de Meneses para João IV 9 de março de 1643 MMA 9323 Cadornega História 12912 18 Mutemo Motemo Nominalmente um vassalo da Angola portuguesa em 1629 com uma grande comunidade portuguesa um capitão e uma igreja Fernão de Sousa para filhos em Beatrix Heintze Fontes para a história de Angola do século XVII 2 vols Wiesbaden 19858 1327 Mutemo liderava uma poderosa coalizão que lutou contra Portugal durante o período holandês 16418 em Angola Relatos dessa guerra 1642 em fontes portuguesas Pedro Cesar de Meneses para João IV 9 de março de 1643 MMA 932 e António de Oliveira de Cardonega História geral das guerras angolanas 168081 Lisboa 1972 1289 dão detalhes sobre as unidades subordinadas a essa coalizãoEstado incluindo os pequenos estados de Motemo Aquigongo Motemo Quingengo Dapper com base em fontes holandesas descreve a geografia dessa região em detalhes com referência à hidrografia e seus vizinhos Naukeurige beschrijvinge p 185 19 Ngombe a Mukiam Engombe a Muquiama Um estado cujas terras localizavamse a oeste de Mutemo segundo Dapper Naukeurige beschrijvinge p 185 a geografia dessa região provavelmente é resultado da guerra de 1642 porque as fontes portuguesas mencionam sua participação Pedro Cesar de Meneses para João IV 9 de março de 1643 MMA 9301 Talvez tenha se tornado independente em 1625 embora esse fato não seja mencionado em fontes contemporâneas 20 Mbwila Ambuila Boila Um Estado poderoso que formou uma coalizão incluindo os estados vizinhos de Cabonda e Cheque cerca de 1626 que concernia tanto aos portugueses em Angola como ao rei do Congo Fernão de Sousa para filhos nd em Heintze Fontes 12589 Sua localização é mencionada em Dapper Naukeurige beschrijvinge p 158 com referências ao rio Loze e os estados vizinhos Sousa observa que as terras de Mbwila estendiamse do Dande até Angola Relação da costa de Angola e Congo 21 de fevereiro de 1632 MMA 8212 21 Kahenda Caenda Localizado a sudeste de Mutemo e ao sul de Mbwila na geografia de Dapper Naukeurige beschrijvinge p 185 Envolveuse na guerra de 1642 e era provavelmente independente antes disso ver Pedro Cesar de Meneses para João IV 9 de março de 1643 MMA 932 e Cadornega História 1288 em que ele é denominado Caculo ca Caenda 22 Kavanga Cavanga Caoanga Caoganga Um estado nominalmente subordinado aos portugueses em 1629 e que foi atacado por Mbwila ao norte de Dande Formou uma coalizão com os estados vizinhos Cavanga Pequena Capele Caculo Canquy Angola Candala Cabaça para resistir ao ataque Fernão de Sousa para filhos em Heintze Fontes 1327 Em 1632 Sousa descreveu Kavanga junto com outros governantes Dembos como hostis a Portugal e formando uma coalizão liderada por Mbwila Relação MMA 8121 23 Kiluanje Ka Nkangu Quiloange Camcango Um dos estados translukalaenses relacionados por Sousa em um relatório de 16301 Heintze Fontes 1213 Em 1629 era considerado amigo de Jinga quando esta estava preparando o exército de Dongo para lutar contra Portugal junto com Mbwila Sousa para filhos ibid 1252 e então sob o domínio de Mbwila em Relação MMA 8212 24 Kitexi Quitexi Descrito como um poder hostil através do rio Lukala por Sousa em um relatório de 16301 Heintze Fontes 1213 e situado acima de Dande e sob o domínio de Mbwila em 1632 em Relação MMA 8121 Um participante da guerra de 1642 é mencionado como estando na vertente de DandeLumanha Cadornega História 12867 25 Kampangala Cambangala Mencionado como um governante hostil em Lukala por Sousa em um relatório de 16301 Heintze Fontes 1213 e como situado acima de Dande e sob o domínio de Mbwila em 1632 em Relação MMA 8121 Sua localização exata e a de seu vizinho Nsamba a Ngombe são desconhecidas 26 Nsamba a Ngombe Sambamgombe Documentado da mesma forma como no nº 25 Kampangala 27 Ndambi Dambi Angonga é mostrado no mapa em Dapper Naukeurige beschrijvinge como vizinho de Kavanga e é mencionado como um dos participantes da guerra em 1642 na vertente de DandeLumanha por Cadornega História 1286 Ele também observa que esse Estado era vizinho de Kitexi ibid 1294 28 Angola Colônia portuguesa cuja fronteira ao norte com Congo foi demarcada no rio Dande ver nº 15 e pelos estados independentes de Dembos Seu limite geográfico a leste é bem incerto fazia fronteira com Dongo na fortaleza de Embaca Ao sul sua fronteira foi mais ou menos definida pelo rio Cuanza Seus limites geográficos precisos são bem descritos no relato de Sousa de 16301 Heintze Fontes 121213 29 Dongo Em 1624 Dongo sofreu uma grande crise de sucessão que dividiu o reino entre partidários de Angola Aire e rainha Jinga Essa crise resultou em uma guerra civil que deu a Angola Aire o poder de governar Dongo mas transformouo formalmente em um vassalo de Portugal Jinga foi expulsa do país Manteve somente as ilhas de Kindonga no rio Cuanza mas em 1631 conquistou Matamba A resolução final desses eventos só foi alcançada em 1655 quando um tratado dividiu suas terras daquelas de Angola Aire e de seus sucessores no rio Lucala As fronteiras demarcadas aqui mostram que a vassalagem de Angola Aire a Portugal não corresponde à anexação que só aconteceria em 1672 Ver o relatório de Sousa de 16301 em Heintze Fontes 121213 30 Kituxela Quituchila Quituquela Estado situado nas possessões portuguesas em Lukala uma vez sob o domínio de Dongo Cadornega História 1219 Quando os exércitos portugueses o atravessaram em seu caminho para Matamba em 1629 ele era uma região independente que incluía Puto Ahango Sousa para filhos em Heintze Fontes 1324 31 Matamba Este reino foi conquistado por Jinga em aproximadamente 1631 e tornouse seu território principal O mapa de Dapper o situa entre o rio Cuanza e ao norte as províncias orientais do Congo em cerca de 1640 Ver também Cavazzi Istorica descrizione livro 1 nºs 110 fronteiras tradicionais de c 1660 32 Ndala Kisuba Andalla Quesuua Governante de uma província chamada Mbondo mencionada como um vizinho a leste das terras de Kasanje por Cavazzi em aproximadamente 1660 Istorica descrizione livro 1 nº 31 Em 1625 ele fazia fronteira com Dongo cujos subordinados mais a leste eram Dambe Angola Dungo Amoiza Kina e Matamba segundo Sousa Sousa para filhos em Heintze Fontes 1334 Ele dividiuse em três partes pelos três filhos do governante após sua morte em 1629 Ligavase a uma província chamada Bondo à época Heintze Fontes 1328 33 Akikimbo kia Nginje Aquicumbo Quianginge Governante cujas terras faziam fronteira com o rio Kwango a leste de Ndala Kisuba e com Kina Quisumo um governante de Ganguelas Sousa para filhos em Heintze Fontes 1345 34 Kina Quina Grande e Quina Pequeno ou Greater e Lesser Ganguelas Vizinho de Matamba de acordo com Sousa Sousa para filhos ibid 334 Uma certa localização geográfica é indicada em Cavazzi Istorica descrizione livro 7 nº 31 Dapper Naukeurige beschrijvinge p 185 situao a leste da província de Wandu província do Congo embora isso não seja provavelmente correto ao final de um longo itinerário Uma Ganguellas descrita junto com Malemba Songo e Ndala Kisuba por Sousa em 21 de fevereiro de 1632 MMA 8122 pode ser Kina apesar de Sousa usar também o nome Quina com frequência 35 Malemba Segundo Baltasar Rebello de Aragão este era um dos cinco grandes reinos cujos territórios circundavam o Congo e Dongo em 1618 MMA 63401 Ele é mencionado como o maior inimigo a leste no relatório de Sousa datado de 16301 ibid 8122 Pigafetta situou o rio Kwari em sua região central Relazione pp 17 e 24 Ele se estende a oeste de Kina conforme Cavazzi Istorica descrizione livro 7 nº 31 Heintze ao citar numerosos documentos na coleção de Fernão de Sousa situao ao sul de Ndala Kisuba e a leste da curva de Cuanza Fontes 1212 nº 79 36 Songo Massongos Um dos cinco grandes reinos descritos por Rebello de Aragão e um dos inimigos citados por Sousa em 16301 ver nº 33 37 Ndonji Dongi Mencionado só por Cavazzi nos anos 1660 Istorica descrizione livro 7 nº 31 Nenhum documento datado de 1625 o localiza no mapa ou como um estado independente mas ele pode ter existido anteriormente Calculei sua localização com base nas referências de Cavazzi 38 Xinje Massingas Cachinga Um reino poderoso citado entre os vizinhos do Congo e Dongo em 1618 MMA 63401 Não há outra referência sobre ele mas Cadornega menciona Cachinga ao longo do rio Kwango até Kasanje na quarta parte do século XVII História 3218 Sua localização no mapa contempla a identidade de dois locais na área dos modernos Xinjes Sul do rio Cuanza a Benguela nºs 3956 As regiões montanhosas de Angola foram tradicionalmente divididas em grandes províncias Cada província era composta de numerosos pequenos Estados e usualmente um deles dominava os demais Nesse aspecto se parecia com a região de Dembos embora esta região não possuísse uma tradição de províncias Baseandose em referências até 1625 as províncias são representadas aqui como unidades soberanas e os Estados menores como subunidades Isso talvez possa não estar correto falta informação política detalhada sobre este período Ao final dos anos 1650 a descrição detalhada de Cavazzi e as notas de Cadornega fornecem uma exposição minuciosa sobre a geografia local 39 Nsonga Songa Sousa referese a Nsonga como um governante independente da província de Kisama Quissama localizado ao sul da foz do rio Cuanza na costa Sousa para filhos em Heintze Fontes 1290 localizado mais precisamente em Cadornega História 3248 40 Langere a Mbumba Langere Ambumba Segundo Sousa era um governo hostil aos portugueses cujos territórios localizavamse perto de Kafuxi Relação 21 de fevereiro de 1632 MMA 8121 ver também Sousa para filhos em Heintze Fontes 1335 344 41 Kapakasa ka Kixindo Capacaça Caquixindo Este era um território localizado ao longo de Cuanza até o forte de Cambambe Sousa para filhos em Heintze Fontes 1244 285 323 Foi a última província de Quissama em direção ao leste segundo Cadornega História 3249 42 Kikulo kia Kimone Quiculo Quiaquimone Este governante de Quissama é citado por Sousa como senhor das minas de sal de Demba Cadornega assinalou que suas terras estendiamse ao longo do rio Cuanza até o forte português em Muxima História 3248 43 Kafuxe ka Mbare Cafuche Cambare Sousa o menciona entre os vários governantes hostis aos portugueses em Quissama e estreitamente associado ao seu vizinho Langere Relação 21 de fevereiro de 1632 MMA 8121 Cadornega observa que suas terras estendiamse ao sul da região de Quissama e incluía a costa marítima História 32489 44 Katala ka Sala Catala Casala O antigo presídio português de Demba localizavase em suas terras ao sul de Cuanza e na metade do caminho para Longa Cadornega História 3248 45 Malundu a Kambolo Malundo Acambolo Este era um governante de Quissama independente e poderoso hostil a Portugal cujas terras faziam fronteira com Lubolo nº 48 Sousa para filhos em Heintze Fontes 1285 Ele era o governante mais poderoso depois de Catala Casala segundo Cadornega que localizou seu território ao longo do rio Cuanza História 3248 46 Tunda Esta era uma província que se estendia de Cuanza a Dumbo a Pebo nas regiões orientais ocupadas pelos portugueses em Angola Sousa para filhos em Heintze Fontes 13289 47 Haku Aco Haco Esta era uma província ao sul de Cuanza antes de se atingir a curva do rio Tinha uma administração bastante centralizada sob o domínio de Ngunza a Mbande Gunza Ambande Sousa para filhos em Heintze Fontes 1288 289 48 Lubolo Libolo Este era um território no interior de Tunda após o Cuanza Sousa para filhos em Heintze Fontes 13289 Segundo Heintze Lubolo absorveu Tunda durante a metade do século seguinte e sua região central localizavase ao longo do rio Longa 49 Mbolo Kasaxi Ambolo Casague Este governante localizavase logo ao sul da curva do rio Cuanza rio acima da província de Tunda Jinga e seu exército abandonaram esse governante após sua derrota em 1626 Sousa para filhos em Heintze Fontes 12556 50 Zungi a Moke Zungui Amoque Este governante localizavase provavelmente a leste de Mbolo Kasaxi ao longo de Cuanza Ele foi atacado por Jinga em 1626 depois que esta atravessou as terras de Mbolo Kasaxi e antes de alcançar Malemba Sousa para filhos em Heintze Fontes 12556 51 Kilembe Quilembe Este estado incluía o porto de Sumbe a Mbale Sumbe Ambale logo ao norte do rio Kuvo em 1645 Relação da viagem de Sottomaior em socorro de Angola 1645 MMA 9374 Suas terras estendiamse para o interior até a beira do platô onde controlava algumas minas de cobre Relação da viagem do Capitão Mor Antonio Teixeira de Mendonça 11 de junho de 1645 MMA 9334 52 Lulembe Lubembe Este governante do interior leste de Kilembe foi descrito como um grande jaga que governou de Quilembe a Moçambique em 1645 Relação da viagem de Sottomaior MMA 93734 Ele foi contatado e se submeteu nominalmente a Lopo Soares Lasso durante a campanha dele no norte para se apossar das minas de Sumbi Auto de Manuel Pereira 23 de julho de 1629 em Heintze Fontes 2304 53 Kabeso Cabesso Este Estado situado no planalto central foi descrito por Cavazzi provavelmente como resultado de sua descoberta em 16589 Localizavase ao sul de Lubolo a oeste de Tamba e a noroeste de Nsele ao longo da metade do rio Longa Istorica descrizione livro 1 nº 27 Sua localização aqui em 1625 é especulativa porque não é mencionada em fontes anteriores 54 Tamba Assim como Kabeso este Estado foi conhecido primeiro por Cavazzi que o situou na parte superior do rio Ngango em montanhas e planícies ibid nº 24 55 Rimba Como Kabeso e Tamba este estado foi conhecido primeiro por Cavazzi que o localizou a leste de Nsele e nas montanhas atrás de Sumbi ibid nº 21 56 Nsele Selles Chela Este Estado foi descrito pela primeira vez por Cavazzi que relatou que seu povo vivia no topo das montanhas no interior de Sumbi ibid nº 22 57 Alto Bembe Este estado foi descrito por Cavazzi no final dos anos 1650 como situado ao sul de Tamba e Haku e bordeijando o rio Cuanza ibid nº 23 Lopo Soares Lasso situou um Estado ao qual ele chamou Bambe nessa área provavelmente Bembe em 1629 58 Kikombo Mani Quicombo Este Estado costeiro localizavase a nove léguas de Sumbe a Mbale Sumbe Amballa onde Lopo Soares Lasso desembarcou pela primeira vez em 1627 Fernão de Sousa para Governo 1º de junho de 1627 em Heintze Fontes 2181 Fazia fronteira com Lubolo e estava ao norte do rio Kuvo segundo Cadornega no início do século XVII História 3181 59 Sumbi Esta provavelmente não era a região unificada que o mapa mostra Era considerada uma província embora outros Estados mostrados aqui como independentes se incluíssem nela A área foi invadida e subjugada por Lopo Soares Lasso em sua expedição para o norte em direção às minas ao norte de Kuvo em 16289 Alguns governantes da área foram mencionados no relato de Manuel Pereira sobre a campanha como Nhanga Quitemo Cabmombo Conzamba Monadundo Caunguega Cabambe Gumbe e Canguanda além dos governantes de Lubembe Lulembe Catumbela e Songo Auto de Manuel Pereira 29 de julho de 1629 em Heintze Fontes 2304 60 Lukeko Luqueco Em 1629 Cambambe governou este estado ocupado pelo grupo étnico ovimbundu Lukeko enviou comerciantes para Benguela em cerca de 1626 Ele foi atacado pelas forças de Lopo Soares Lasso entre 3 de setembro a 1º de outubro de 1628 Auto de Manuel Pereira 23 de julho de 1629 em Heintze Fontes 2302 304 61 Katumbela Catumbela A jurisdição deste governante começava a nove léguas de Benguela Ele se submeteu a Manuel Cerveira Pereira em 6 de março de 1618 Representação de Manuel Cerveira Pereira 6 de março de 1618 MMA 6299 Ele não era suficientemente leal para ser considerado parte da colônia de Benguela ver Auto de Manuel Pereira 23 de julho de 1629 em Heintze Fontes 2304 62 Benguela português Posições portuguesas em volta do forte de Benguela Suas fronteiras foram definidas por estados africanos vizinhos 63 Songo Este território situavase no interior das posições portuguesas em Benguela em 1627 foi registrado como amigável porém desobediente Auto de Manuel Pereira 23 de julho de 1629 em Heintze Fontes 2303 64 Biasisongo Este território que se situava aproximadamente a 193 km a leste de Benguela foi alcançado pelas forças de Lopo Soares Lasso em sua campanha maiosetembro de 1627 contra as forças imbangala de Nguri ibid 3034 65 Kisango Quissange Território situado aproximadamente a 193 km a leste de Benguela atingido pelas forças de Lopo Soares Lasso em sua campanha contra Nguri ibid pp 3034 66 Baixo Bembe Bambe Esta área encontravase no interior de Biasisango e Kisango a mais de 40 léguas da costa ibid Sua localização foi dada por Cavazzi em relação a regiões do norte com base em informações de aproximadamente 1658 Istorica descrizione livro 1 nºs 110 67 Muzumbu a Kalunga Esta área situavase a leste do rio Kunene e foi alcançada por Lopo Soares Lasso em algum momento antes de sua morte em 1639 Cadornega assinala que seu governante era muito poderoso História 31767 218 Sua localização em 1625 é especulativa 68 Wila Huila Hila Este estado localizavase a leste do rio Kunene e fazia fronteira com Muzumbu a Kalunga ao sul do território ovimbundu Provavelmente contatado pela primeira vez nos anos 1640 Cadornega é o único que o menciona História 3159 172 69 Kulimata Este estado situavase na metade do rio Koporolo e foi atacado pelas forças de Lopo Soares Lasso entre 21 de fevereiro e 22 de março de 1628 Localizavase a 20 léguas a sudeste de Benguela Auto de Manuel Pereira 23 de julho de 1629 em Heintze Fontes 2303 Introdução A HISTÓRIA DO OCEANO ATLÂNTICO VEM SENDO OBJETO de atenção nestes últimos anos Antes os historiadores contentavamse em estudar continentes e países isoladamente mas hoje cada vez mais eles procuram estudar interações em uma escala intercontinental Sobretudo nos primórdios da história do Atlântico em que as intensas navegações européias no século XV subitamente levaram à interação de quatro continentes quando antes havia pouca ou nenhuma comunicação Desse modo o Atlântico tornouse um cenário de grandes migrações intercontinentais Milhares de colonizadores europeus foram para a América e ao lado deles havia ainda um grande grupo de africanos No conjunto a imigração européia e seus efeitos receberam muito mais atenção dos historiadores do que a migração africana apesar de esta ter sido maior pelo menos antes do século XIX Este livro é uma tentativa de resgatar essa pouco conhecida imigração de africanos para as Américas e de situála no campo crescente da história do Atlântico Ao publicar The Mediterranean and the Mediterranean World em 19491 Fernand Braudel foi um pioneiro em especial na França de um modo novo de olhar a história regional A abordagem de Braudel mudou a maneira pela qual as regiões eram definidas introduzindo o conceito de 1 Fernand Braudel La Méditerranée et le monde méditerranéen dans les temps de Philippe II Paris 1949 2a ver ed 1966 trad Sián Reynolds com o título The Mediterranean and the Mediterranean World in the Age of Philip II 2 vols Nova York 19723 história integrada pelo mar Seu enfoque foi notável também ao pôr fatores econômicos e sociais mais no centro dos acontecimentos do que na retaguarda Não é surpreendente portanto que acadêmicos franceses e os que tiveram formação francesa aplicassem seu método e abordagem para outras importantes regiões marítimas Nesse sentido logo o Atlântico tornouse um objeto de estudo nas páginas de Braudel Pierre e Hugette Chaunu realizaram um vasto estudo sobre o Atlântico publicado em 195560 com base nos arquivos de Sevillha A esse trabalho seguiuse o estudo de Frédéric Mauro sobre o Atlântico português publicado em 1960 Vitorino MagalhãesGodinno publicou seu estudo sobre a economia portuguesa entre 1962 e 1968 no qual a economia atlântica teve um papel considerável Embora nenhum desses trabalhos tivesse a profundidade ou a ambição do Mediterranean de Braudel eles devem a ele sem dúvida os métodos e o enfoque Além disso cobriram extensamente o Atlântico ao menos no período anterior ao final do século XVII Uma das razões pelas quais esses estudos não tiveram a profundidade do livro de Braudel foi sua forte concentração nos esforços europeus chegando quase a excluir o papel de outras sociedades atlânticas Apesar de não esquecerem completamente que os habitantes nativos das Américas e da África também participaram da economia do Atlântico eles não deram o tipo de exame social e econômico conferido por Braudel a todas as sociedades e civilizações da bacia mediterrânea Braudel eventualmente tenta reverter esse desequilíbrio dedicando uma seção na edição final de sua pesquisa sobre o mundo Civilization and Capitalism 1979 para várias sociedades atlânticas abrangendo três décadas de seu interesse pessoal e de uma grande quantidade de pesquisa inspirada em seu exemplo original No entanto apesar de todos esses estudos o Atlântico ainda era visto sob uma perspectiva européia Isso não era simplesmente um chauvinismo eurocentrista mas sim um ponto crucial de análise Apa rentemente o Atlântico ao contrário do Mediterrâneo era notado por todos esses pesquisadores como tendo sido dominado em particular pelos europeus Braudel acreditava que as sociedades mediterrâneas estavam aproximadamente no mesmo estágio de desenvolvimento econômico e assim contribuíram em um nível mais ou menos igual quando ele assinalou esse ponto em relação ao mundo mulçumano historiadores turcos se empenharam em refutálo Mas em relação ao Atlântico o enfoque parecia diferente pois a maioria dos historiadores pensava que a África e as sociedades nativas das Américas estava em um nível bem inferior de desenvolvimento Portanto o conceito do papel proeminente dos europeus na formação do mundo atlântico parece especialmente apropriado por razões científicas e não porque os autores estavam comprometidos com o eurocentrismo Pierre Chaunu fez uma defesa enérgica do eurocentrismo na escola acadêmica francesa A Europa possuía uma liderança sobre o resto do mundo argumentou ele liderança originada nas mudanças complexas do final da Idade Média que deu aos europeus uma posição dominante de grande importância no mundo tão dominadora que para melhor ou pior eles se tornaram os únicos atores significativos Chaunu reproduziu um mapa desenhado por Braudel e pelo antropólogo Gordon Hewes para a primeira edição de Capitalism and Material Life em 1967 no qual as sociedades mundiais eram divididas em níveis baseados em tecnologia e densidade populacional As sociedades africanas e as sociedades nativas americanas são ali mostradas em um nível inferior e assim o desequilíbrio da interação atlântica se explicava Claro os escritores franceses iniciaram seus estudos sobre o mundo atlântico em um momento em que o eurocentrismo estava na ordem do dia nos últimos anos da dominação colonial européia na África e quando os modelos europeus de construção de uma nação e desenvolvimento eram normas esperadas pelos novos estados africanos independen tes Os nacionalistas africanos e latinoamericanos mudaram essa ênfase no final dos anos 1960 e 1970 O eurocentrismo deparouse com muitos desafios de historiadores dos novos países emergentes do mundo nãoocidental A escola histórica nacionalista procurou demonstrar que a supremacia mundial européia recente trabalhou com afinco em detrimento de vários povos nãoeuropeus na bacia atlântica e em outros lugares Seus trabalhos enfocaram em especial a exploração européia na tentativa de deflagrar o mito colonial de que a dominação européia levou ao atraso as sociedades no mundo moderno Em resposta a essas críticas Chaunu reiterou sua posição em 1969 asseverando que esses argumentos não invalidavam o eurocentrismo francês e que sua relevância havia sido confirmada por muitos historiadores desse período A dominação européia fora fundada com base em sua superioridade e se foi boa ou má para os povos dominados isso não era necessariamente um ponto importante A história do Atlântico ainda deveria ser a história dos europeus e o resto seria apenas um pano de fundo Segundo Chaunu se a história é o relato de movimento e iniciativa então a única história realmente importante é a européia Em geral a análise de Chaunu não contradiz muito o trabalho dos historiadores nacionalistas e suas mais recentes manifestações a teoria da dependência e os sistemas analíticos mundiais caracterizados pelos estudos de acadêmicos como André Gunder Frank Walter Rodney Immanuel Wallerstein e Eric Wolf Esses escritores se inspiraram no trabalho da Escola dos Anais com um enfoque neomarxista reforçando e reiterando a essência das conclusões de Chaunu Não obstante seu comprometimento com o estudo do mundo nãoocidental ou mesmo apesar de sua simpatia por seus povos eles ainda concordavam que o mundo nãoocidental inclusive a África tiveram um papel passivo no desenvolvimento do Atlântico Apesar de perspectiva radical e da defesa da problemática do Terceiro Mundo o efeito foi simplesmente de reafirmar as conclusões dos pioneiros franceses de que a África foi uma vítima uma vítima passiva pois lhe faltou o poder econômico para impor uma resistência efetiva Aliada a essas diversas linhas de pesquisa que sugerem a passividade da África em suas relações com a economia do Atlântico há uma ênfase igualmente forte em relação à passividade dos africanos que partiram da África no comércio de escravos Os escravos deixaram escassa documentação sobre suas impressões Nesse sentido grande parte da pesquisa sobre escravidão reflete o trabalho dos teóricos da dependência Assim como o surgimento dos partidários do Terceiro Mundo emerge gente que procuraram refutar a imagem colonialista auspiciosa de uma Europa progressiva resgatando o mundo colonial de seu atraso social e econômico os historiadores especialistas em escravidão americana na época da luta pelos direitos civis e pelo movimento pela liberdade e igualdade racial e social dos negros nos Estados Unidos procuraram demolir o retrato tradicional do escravo contente Ao sublinhar a severidade da escravidão americana eles argumentaram que o sistema privava o escravo de cultura iniciativa e até mesmo de personalidade Mas a despeito da simpatia generalizada pela difícil situação dos escravos e de seus descendentes no Novo Mundo eles reforçam a imagem dos escravos como indefesos e passivos Historiadores radicais buscaram explicar a cultura e a religião dos escravos em termos da instituição da escravidão reduzindo desse modo a identidade africana do escravo É irônico que o desenvolvimento da historiografia nacionalista sobre a África e a história afroamericana tenha produzido esses resultados Alguns dos historiadores nacionalistas precursores no estudo da África como Basil Davidson do qual tanto o entusiasmo da historiografia africanista mais recente deriva procuram refutar a noção na ideologia colonialista de que os africanos nunca tiveram uma história real própria ao contrário eles mostraram as importantes realizações das culturas africanas e as evidenciaram antes da ocupação colonial os africanos tinham um firme controle sobre o destino de seu continente Mas mesmo que a iniciativa a habilidade e o progresso da África tenham sido pesquisados os teóricos da dependência se aferraram a essa imagem de passividade e desenvolveram os conceitos da debilidade definitiva dos africanos ao passo que fazem concessões à pesquisa da reinterpretação do passado africano Alguns especialistas em história afroamericana procuraram avaliar os afroamericanos como os provedores de uma única variante da cultura africana no Novo Mundo Na verdade a AfroAmérica não deixou de ter seus historiadores nacionalistas que como seus colegas em história da África viram os afroamericanos com espírito de iniciativa preservando e criando apesar da escravidão e do racismo Alguns desses historiadores chegaram a considerar o escravo como um africano e cada vez mais buscaram os antecedentes africanos como um modo de entender as excepcionais contribuições dos afroamericanos à cultura dos Estados Unidos Embora seus trabalhos freqüentemente enfoquem o período do século xix eles têm tentado resgatar a dimensão positiva da experiência afroamericana um programa enfatizado pelo historiador nacionalista Sterling Stuckey Assim por exemplo Sydney Mintz e Richard Price procuraram conectar os antecedentes africanos dos afroamericanos com o desenvolvimento da cultura afroamericana enquanto Albert Raboteau e Mechal Sobel e mais recentemente Margaret Washington Creel focalizaram a religião Sobel estendeu sua pesquisa para uma visão do mundo mais ampla e tentou mostrar a influência africana não somente na cultura afroamericana mas também na dos euroamericanos Eles basearamse na historiografia africanista em voga para imprimir um dinâmico e criativo pano de fundo para o povo africano na América enquanto enfatizaram o papel da África na cultura e na vida americana Esse interesse pelos antecedentes africanos na cultura americana levou muitos historiadores estudiosos das Américas a se voltarem para a África Infelizmente com muita freqüência esses especialistas não compreenderam com profundidade a dinâmica das sociedades africanas précoloniais Reiteradamente eles estudaram mais a cultura africana por meio da antropologia moderna do que pelo estudo minucioso de documentos contemporâneos Como o conhecimento dos antropólogos baseiase no trabalho de campo na África contemporânea em geral a metade do século XX até bem recentemente suas afirmações sobre épocas antigas fundamentavamse em suposição teórica ou no pressuposto de que a sociedade e a cultura africanas não haviam mudado A leitura de documentos contemporâneos ajuda a contrabalançar este viés moderno Essa última abordagem está começando a produzir resultados nos estudos africanos sobretudo no campo da história cultural e social Mesmo entre esses historiadores com sua aceitação da importância da história da África na história da América existe ainda um grande debate referente ao modo exato pelo qual os africanos influíram nas sociedades do Novo Mundo como atores culturais em oposição ao seu indiscutível papel como trabalhadores Mintz e Price por exemplo argumentam que as condições da escravidão nas Américas e a diversidade cultural dos africanos importados dificultara a transmissão direta da cultura africana para a América ao passo que Sobel foi mais além sublinhando que esses fatores são menos importantes e que uma visão do mundo africano prevalece entre os afroamericanos De certa forma esse debate continua a se ater à questão do grau em que a exploração da escravatura e o aviltamento do racismo prejudicou a habilidade dos escravos de manterem e transmitirem a cultura africana no Novo Mundo Este livro procura deslindar diversas posições contraditórias É correto ver a África em um estágio de desenvolvimento inferior do que a Europa e esse desequilíbrio como causa do comércio de escravos Os africanos participaram do comércio no Atlântico como parceiros em condições iguais ou eles foram vítimas do poder e da ambição da Europa Os escravos africanos foram tão brutalizados na América a ponto de não poderem se expressar cultural e socialmente e assim em que grau seus antecedentes específicos foram importantes na formação da cultura afroamericana Em geral a conclusão da pesquisa na qual este livro se baseou apoia a idéia de que os africanos foram participantes ativos no mundo atlântico tanto no comércio africano inclusive no comércio de escravos quanto como escravos no Novo Mundo O presente livro dividese em duas partes A primeira examina detalhadamente a natureza da interação entre a África e a Europa A segunda aborda o papel dos africanos que foram viver em outros locais do Atlântico em suas novas sociedades Analisa alguns antecedentes institucionais que configuraram sua participação do ponto de vista dos poderes dominantes do Atlântico nãoafricano mas enfoca em especial a vida econômica política e cultural dos africanos recémtransplantados Nesse sentido após um capítulo delineando as origens geográficas e históricas do mundo atlântico o livro prossegue com uma análise do comércio euroafricano e a economia produtiva africana Concluí que o comércio no Atlântico não era economicamente essencial para o bemestar ou o desenvolvimento da África visto que era em grande parte de mercadorias luxuosas que nem mesmo substituíam a indústria de produtos de luxo africana como por exemplo no caso da indústria têxtil ou para um segmento relativamente menor de indústrias existentes como as indústrias de mineração e metalurgia Por fim a análise da economia enfatiza o aspecto cada vez mais observado em pesquisas recentes sobre a produção africana que a África possuía uma economia muito mais variada e produtiva do que antigamente se pensava Além disso meu exame das relações militares e políticas entre os africanos e europeus leva à conclusão de que os africanos controlavam o caráter de suas interações com a Europa Os europeus não possuíam o poderio militar para forçar os africanos a participarem de nenhum tipo de comércio no qual seus líderes não desejassem se engajar Portanto todo o comércio da África com o Atlântico inclusive o comércio de escravos tinha de ser voluntário Finalmente uma observação acurada sobre o comércio de escravos e do processo de compra deles assinala que os escravos eram utilizados há muito tempo nas sociedades africanas que os sistemas políticos africanos davam muita importância à relação legal da escravidão para propósitos políticos e que um número relativamente grande de pessoas havia sido escravizado em algum momento Como o processo de compra transferência e venda de escravos estava sob o controle de estados e elites africanos eles eram capazes de se proteger do impacto demográfico e da transferência de deslocamentos sociais consideráveis de camadas mais pobres de suas próprias sociedades Na segunda parte do livro a ênfase muda para o Novo Mundo e as contribuições dos escravos africanos nas Américas Após examinar as condições que tornaram os escravos africanos tão atraentes para os colonizadores europeus no Novo Mundo e assim ironicamente os colocaram em uma boa posição como atores centrais no novo meio cultural do mundo atlântico a análise se detém na natureza da escravidão com o objetivo de mostrar os escravos africanos com um papel muito maior do que o usualmente destinado a eles no mundo cultural e social de seus escravizadores Em geral a evidência mostra o fato de que pelo menos alguns e provavelmente um número significativo deles em todas as partes do mundo atlântico possuíam suficiente liberdade de movimento e interação social para participarem ativamente na vida cultural da região Em seguida enfocase a questão da cultura e examinamse as zonas culturais da África suas interrelações e a interação com os europeus e o desenvolvimento de uma cultura afroatlântica Examinase então o papel que os africanos a cultura e as instituições africanas exerceram em muitos aspectos tais como rebeliões de escravos comunidades de fugitivos e a vida cultural e religiosa no Novo Mundo A segunda parte deste livro apoiouse em pesquisa que demonstra que as influências européias na vida africana como o cristianismo o dialeto crioulo e a moda com frequência já existiam antes na África e só mais tarde transferiramse para as Américas Nesse sentido onde os africanos se submeteram à influência dos europeus eles o fizeram de bom grado segundo seus termos e em seus territórios de origem e não obrigatoriamente sob o jugo da escravidão Analisase como a cultura africana mudou a seu modo e como ela incorporou as influências estrangeiras para mostrar um funcionamento muito dinâmico na África que seria desencadeado nas Américas A pesquisa que reforça essas conclusões tanto para a África como para o Novo Mundo precisa necessariamente envolver uma reavaliação que vai de encontro à análise de grande parte da literatura secundária Isso se deve em geral à preocupação primária de muitos pesquisadores em estudos mais locais do que internacionais Assim os africanistas nem sempre se direcionaram a questões sobre a sociedade e história da África que esclarecessem as interações africanas com o mundo atlântico em especial de como os antecedentes africanos dos escravos nas Américas afetaram sua reação ao novo ambiente Assim sendo os americanistas cujo principal interesse sobre os africanos recai no momento em que eles chegam nas Américas não têm uma literatura secundária referente à África escrita de acordo com suas preocupações Daqueles que se interessaram pelas interrelações comerciais e econômicas poucos na verdade conheceram o suficiente além do âmbito de sua especialidade para tentar realizar uma análise e sínteses independentes Por conseguinte consultei o mais possível fontes primárias É óbvio que essa estratégia é essencial caso se queira fazer um revisão significativa na historiografia existente e é particularmente importante visto que os especialistas em história do Atlântico e da África e da história dos africanos no Novo Mundo não questionaram temas que incluíssem o mundo atlântico como um todo Essa tarefa é praticamente impossível de se realizar da forma almejada mesmo que o sucesso eventual dessa análise dependa de um exame minucioso de todo o material primário O resultado da pesquisa deve ser capaz de convencer o africanista de que não se cometeu nenhuma violência contra a evidência primária sobre a história e a sociedade africanas o europeanista de que a essência dos antecedentes econômicos e políticos são respeitados e os americanistas de que uma ampla gama de sociedades de escravos foi contemplada Nenhum acadêmico pode pretender abarcar sozinho esse universo da literatura primária em sua inteireza mesmo com a ajuda de uma literatura secundária e os leitores devem estar conscientes desse fato A documentação consultada é bem completa no que se refere às sociedades africanas e às sociedades das ilhas do Atlântico e examinei uma grande amostra de material publicado e não publicado Nas Américas o material sobre os escravos é muito mais disperso e cada item da documentação é menos completo do que em relação à África e ademais consultei uma pequena porém representativa e confiável amostra De qualquer modo a documentação é incompleta e assim a análise deve ser considerada mais sugestiva do que conclusiva Só posso esperar que essa minha nova análise indique direções que outros possam achar proveitosas e que eles venham a examinar com mais detalhe e realizar estudos de caso para refutar ou apoiar os resultados alcançados aqui Parte I Os africanos na África Capítulo 1 O nascimento do mundo atlântico A CONFIGURAÇÃO DA REGIÃO DO ATLÂNTICO As navegações européias no Atlântico durante o século XV iniciaram um novo e inaudito capítulo na história da humanidade Além de os marinheiros europeus fornecerem rotas oceânicas diretas para áreas que estavam em contato com a Europa através de caminhos por terra muito mais custosos e de difícil acesso como a África ocidental e a Ásia oriental os navios alcançaram locais que não haviam anteriormente mantido contato recíproco com o mundo externo Esse fato é óbvio no caso dos continentes americanos e os historiadores focaram diretamente sua atenção para esse imenso mundo novo em suas discussões sobre o período Porém não foram só os americanos que fizeram contatos externos pois quase toda a região centrooeste da África no sul da atual República dos Camarões também não tinha comunicação com o mundo externo apesar de fazer parte geograficamente do território cujas regiões orientais e ocidentais tinham conexões de longa data com o Mediterrâneo e o oceano Índico1 Nesse sentido além de facilitar e intensifi 1 O paradoxo da região centrooeste da África é que seu isolamento nas relações comerciais e intersociais não era acompanhado por uma cultura diferente e singular Na verdade o centrooeste da África era de muitas maneiras culturalmente similar a partes da África ocidental e ainda mais da África oriental sobretudo na linguagem e na visão básica do mundo externo A explicação mais comum para a situação linguística é a hipótese da migração banto que conecta todas as línguas africanas do norte da região sul da África e ao sul do equador a uma única família Mas a divisão entre a parte ocidental e a oriental do banto é antiga refletindo talvez um isolamento de longa data Ver a discussão geral em F van Noten com Pierre de Maret e D Cohen LAfrique centrale em UNESCO histoire générale de lAfrique Paris 1980 267393 car as relações entre diversas regiões do Velho Mundo que neste caso também incluía a África ocidental a navegação européia iniciou conexões entre o Velho Mundo e os dois novos mundos as duas seções do continente americano e a região centrooeste da África O historiador francês Pierre Chaunu argumentou que a mais importante consequência da navegação européia tenha sido talvez o que ele chama de desencrave o fim do isolamento em algumas áreas e o aumento de contatos intersociais em muitos locais Isso levou a um crescente fluxo de idéias bem como de comércio em todo o mundo e por fim conduziu a uma economia mundial unificada e com níveis mais altos de desenvolvimento econômico2 Desse modo a abertura do Atlântico foi crucial nesse processo sobretudo porque só nele o verdadeiro isolamento foi rompido Entretanto O nascimento do mundo atlântico também envolveu uma gigantesca migração internacional de pessoas certamente sem precedentes no Velho Mundo e realizada em nenhum outro lugar no campo da expansão européia Não somente milhares de europeus mudaramse para ilhas no Atlântico e para as Américas como milhões de africanos atravessaram as ilhas do Atlântico e do Caribe e as Américas tornandose uma população dominante em algumas áreas Essa questão demográfica não foi despercebida em residentes e visitantes nesse período Gonzalo Fernández Oviedo y Valdez descreveu a Hispaniola como a Nova Guiné3 em meados do século XVI quando a importação de escravos para trabalhar na indústria açucareira recéminiciada mudou sua demografia Ambrósio Fernandes Brandão usou exatamente o mesmo termo para descrever a rica região açucareira do nordeste do Brasil em 16184 No Atlântico o desencrave teve um significado muito mais profundo do que em qualquer outro lugar do mundo não só fomentou a comunicação como reconfigurou um conjunto de sociedades propiciando a criação de um Novo Mundo Além disso essa nova configuração envolveu a África por completo pois em 1650 os africanos representavam a maioria dos novos colonos no mundo atlântico contemporâneo A compreensão da origem e do direcionamento desse admirável episódio nas relações intersociais requer um conhecimento da geografia básica das áreas envolvidas áreas onde o transporte através da água definia em muitos aspectos a totalidade da região É preciso sempre lembrar que na época anterior às viagens ferroviárias ou aéreas as viagens fluviais ou marítimas eram muitíssimo mais baratas e práticas a despeito dos riscos de tempestades e naufrágios do que as viagens terrestres Não somente os barcos e navios conseguiam fazer travessias em um tempo médio razoável como também eram eficazes em uma época de recursos escassos e podiam além disso carregar mercadorias pesadas e volumosas com facilidade Assim a criação da geografia do Atlântico deveria priorizar áreas acessíveis de transporte por água pois isso alteraria outras considerações sobre espaço e distância ligando regiões distantes com mais facilidade do que regiões situadas próximas umas das outras A primeira dessas rotas marítimas foi o Atlântico aberta para fins práticos no século XV e início do século XVI Mas o Atlântico também se conectava a rotas fluviais tanto na África como nas Américas que constituíam um complemento vital para o oceano reunindo sociedades e estados que com freqüência situavamse a quilômetros da costa em contato com o mar e por conseguinte com outras sociedades e estados Mesmo os rios que não permitiam a navegação de barcos oceânicos para regiões no interior em razão de quedas dágua passagens estreitas ou bancos de areia serviam de conexões para grandes redes de viagem e comércio no interior A combinação de rotas marítimas e fluviais definiu a configuração da zona atlântica Porém não se pode olhar o mapa do Atlântico e imaginar que todos os locais eram igualmente acessíveis nem que os navegadores tiveram o mesmo acesso a todas as regiões Em geral nessa época de navios feitos de madeira a travessia do oceano era canalizada como se fosse um rio cuja direção do fluxo era claramente definida Nenhum navegador poderia ignorar os padrões dos ventos e correntes no oceano Isso foi crucial para o desenvolvimento da navegação no Atlântico pois os ventos e correntes criaram barreiras para o tráfego durante milhões de anos Esse fato limitou o contato entre o Mediterrâneo e a África por muito tempo e impediu que os africanos realizassem uma navegação eficaz no Atlântico além de suas águas costeiras assim como conteve expedições americanas para a África e a Europa Raymond Mauny mostrou que o constante fluxo nortesul da corrente das Canárias ao longo da costa do Saara possibilitou aos navios do Mediterrâneo navegar em direção ao sul até a África Ocidental mas impediu uma viagem de retorno5 Para os navegantes mediterrâneos o cabo Bojador logo ao sul das ilhas Canárias representou um ponto do qual não havia possibilidade de retorno e mesmo se viagens intencionais ou não foram mais além elas não abriram nenhuma rota prática significativa Relatos árabes citam diversas viagens realizadas acidentalmente além desse ponto alIdrisi 1154 menciona uma que partiu de Lisboa6 ibn Said soube por um viajante marroquino chamado Ibn Fatima de uma viagem similar feita antes de 12707 e alUmari tomou conhecimento por intermédio de Almeira na Espanha de outra realizada por Muhammad b Raghanuh no início do século XIV todos os navegantes foram forçados a retornar ao Mediterrâneo por vias terrestres8 Só no século XV utilizando rotas que atravessavam as Canárias Madeira e os Açores e arriscando uma viagem no altomar é que os europeus puderam finalmente superar as dificuldades de Bojador Se os problemas com ventos e correntes da costa do Saara impediram os mediterrâneos de penetrar na região atlântica da África um problema similar ocorreu com navegadores africanos É claro que os interesses dos africanos de alcançar o norte da África e a península Ibérica por mar eram os mesmos dos povos do Mediterrâneo de chegar à África dado o conhecimento recíproco por meio do comércio feito por terra9 mas a corrente constante que impossibilitou as viagens de retorno para o Mediterrâneo também logo de início frustrrou os esforços dos africanos de atingir o Mediterrâneo A extensão da navegação para o norte de navios africanos parece ter sido até as usinas de sal de Ijil na costa mauritânia ao menos de acordo com o relato do século XII de alIdrisi10 Por outro lado os africanos enfrentaram o forte fluxo da corrente equatorial em direção ao oeste da região de Senegâmbia à bacia do Caribe Embora essa corrente possa ter possibilitado as viagens da África para as Américas isso requereu técnicas especializadas para iniciar a navegação em altomar e os africanos não podiam desenvolver essa tecnologia em viagens curtas em mares calmos Nesse sentido Ivan van Sertima que defendeu a idéia de que os africanos fizeram viagens frequentes para as Américas desde cerca de 800 dC teve de reconhecer que essas viagens caso realmente tenham ocorrido foram acidentais e não iniciaram um comércio transatlântico Embora esses navegadores africanos possam ter realizado longas travessias em embarcações nãoplanejadas para navegar em altomar eles enfrentaram barreiras insuperáveis para fazer viagens de retorno a qualquer ponto familiar da costa africana11 Alguns povos caribenhos construíram embarcações suficientemente grandes para navegar no Caribe e esses navios podem ter viajado para o Velho Mundo O historiador Aurelio Tió mostrou a importância dos povos nativos do Caribe em guiar as primeiras viagens européias da Flórida para o Orinoco e como eles conheciam bem o regime dos ventos e das correntes em toda a bacia Ele sugere que eles também conheciam muito bem a geografia oceânica do Atlântico ocidental12 Mas também para eles o problema do retorno era similar aos que os europeus se depararam em navegações iniciais no Atlântico Na verdade só no final do século XV quando todo o sistema dos ventos e correntes no Atlântico foi compreendido e os navegantes europeus passaram a conhecer todos os possíveis pontos de escala na terra de cada lado do Atlântico é que uma real circunavegação foi alcançada Porém mesmo quando o sistema foi controlado e os navios europeus puderam navegar pelo menos em teoria para cada ponto do Atlântico eles foram não obstante obrigados a respeitar o vento e as correntes Pierre e Hugette Chaunu ao examinarem as viagens usuais dos navios espanhóis de Sevilha para o Atlântico e Fréderic Mauro ao considerar a navegação portuguesa nessa mesma área mostraram que as rotas habituaise de comércio os pontos de escala e até mesmo os desenvolvimentos comerciais eram muito condicionados pelos ventos13 O regime de ventos e correntes explica alguns empreendimentos que os viajantes modernos não perceberam de imediato Um dos motivos mais fortes para o estabelecimento de uma colônia inglesa em Barbados em 1624 foi que sua posição de face para o vento em relação à navegação caribenha tornavao de difícil acesso para as frotas espanholas frotas que antes haviam derrotado ataques britânicos na área Ao mesmo tempo as colônias britânicas na América do Norte eram mais ligadas às colônias correlatas do Caribe pois a viagem de retorno do Caribe pelo Gulf Stream trouxe naturalmente colonos e comerciantes caribenhos à costa norteamericana Nesse sentido as questões sobre navegações relacionamse a aspectos econômicos que reúnem as duas regiões14 Se as rotas por água foram a forma mais antiga de se viajar assim os cursos do oceano devem unirse aos percursos terrestres para se compreender a plena dimensão do mundo atlântico Isso é fartamente demonstrado pelas conexões da região ocidental do Sudão com o Atlântico Rotas fluviais penetrando no interior da África ocidental conectaram pontos bem distantes da costa do Atlântico Embora as passagens estreitas e os bancos de areia que bloqueavam os estuários tenham impedido com freqüência viagens de grandes navios marítimos nos rios africanos embarcações menores projetadas para a navegação fluvial os atravessavam com facilidade e o transporte por terra das embarcações em locais de difícil travessia diminuíram as dificuldades Michal Tymowski mostrou convincentemente como o rio Níger foi importante para a economia das áreas centrais do Sudão ocidental onde grandes embarcações eram construídas e carregavam cargas volumosas ao longo do rio Embora houvesse cachoeiras em alguns trechos que interrompiam a navegação cada segmento do Níger dividido pelas quedas dágua era uma verdadeira via de comunicação e os caminhos por terra relativamente curtos ao redor permitiam transpor a barreira para a navegação de longa distância15 Podese fazer também um paralelo com o rio Senegal apesar de as quedas dágua em FELU dificultarem as viagens do interior para o oceano Com certeza havia um tráfego importante no Senegal acima e abaixo das cachoeiras da época medieval adiante pois era provavelmente nesse rio que os barcos de construção pesada do povo de Gana viajavam nos relatos de alIdrisi sobre o Sudão no século XII16 Além disso mercadorias eram transportadas por terra do Senegal para o Níger ou desses dois rios para o rio Gâmbia que era o terceiro membro na tríade dos rios muito utilizados da África ocidental Um caminho por terra que levava cerca de 25 dias para ser percorrido conectava os rios Senegal e Gâmbia e uma via de transporte terrestre para barcos de cerca de 250 quilômetros ligava os dois rios17 O império de Mali permaneceu como centro do poder político na parte ocidental do Sudão do século XIII ao século XVII em grande parte devido à sua posição central na cabeceira dos afluentes desses sistemas fluviais Philip Curtin demonstrou como os comerciantes baseados nas regiões localizadas acima desses rios podiam transferir mercadorias para o Atlântico através de um sistema para outro a fim de obter melhores oportunidades de mercado nos séculos XVII e XVIII18 Alguns relatos antigos da Senegâmbia mencionam Jaga talvez a cidade de Diakha no Senegal ou Dia no Níger ambas próximas aos afluentes dos sistemas fluviais como a capital de Mali o que talvez possa nunca ter sido e uma fonte de todo o ouro da Senegâmbia e da Costa do Ouro indicando a posição crucial que tal localização central representava na troca comercial de ouro19 Mesmo no início do século XVI comerciantes localizados a essa distância eram capazes de desviar o comércio de Gâmbia para a Costa do Ouro ou o inverso segundo seus interesses20 cação da importância do sistema fluvial para a geografia do Sudão ocidental é revelada pelo fato de muitos escritores islâmicos considerarem os rios um único sistema complexo o Nilo do Sudão uma visão que era compartilhada pelos habitantes do norte da África que não exerciam atividades comerciais como também por comerciantes da África ocidental Além de o complexo NígerSenegalGâmbia unir uma grande parte da África ocidental o Níger era uma via que agregava os reinos de Hausa os estados iorubá e os reinos de Nupe Igala e Benim a um sistema hidrográfico que por fim se conectava ao Atlântico Ao considerar o rio Benue como um prolongamento podese então perceber quão profundamente o sistema fluvial penetrava no interior da África ocidental A concepção geográfica partilhada por africanos e estrangeiros no século XVI funde todos esses rios Senegal Gâmbia Níger e Benue em um único Nilo dos negros que ao final se ligava ao Nilo do Egito Embora isso seja um erro na geografia local reflete as possibilidades de transporte dos percursos fluviais A região central da África occidental também se orientava por seus rios em especial pelo Zaire e o Cuanza Do mesmo modo António de Oliveira de Cadornaga usou os rios para orientar sua geografia da África central seu conhecimento estendeuse bem longe no interior e combinou isso com uma extensa rota para o rio Cuanza Esses rios proporcionaram um comércio significativo Não somente o Cuanza foi utilizado pelos portugueses em sua conquista de Angola como também ele era a maior artéria de comércio para os africanos como afirmou Paulo Dias de Novais o primeiro português a descrever a região na metade do século XVI O comércio fluvial conectavase com o comércio costeiro e embarcações africanas percorriam com regularidade as águas litorâneas entre o Zaire e o Cuanza Para muitos africanos em outros locais a costa também era um sistema fluvial que ligava pontos longínquos fomentando um comércio que antecedeu e com frequência complementou o dos europeus em altomar JeanPierre Chauveau examinou o papel das sociedades costeiras e a navegação na África ocidental demonstrando que a navegação marítima proveu uma comunicação costeira entre regiões importantes fato frequentemente inobservado em declarações anteriores Em Loango Senegâmbia Serra Leoa e Libéria estuários costeiros enseadas e lagoas formavam um sistema protegido e interconectado de percursos por água que facilitavam o movimento de mercadorias em larga escala Esses caminhos costeiros também permitiam uma fácil comunicação com os estuários de Senegal e de Gâmbia Analogamente a costa da atual Costa do Marfim possuía um sistema de lagoas e lagos costeiros no entanto era menos ativa no comércio atlântico e assim menos conhecida nos meios acadêmicos modernos Por fim é claro havia a rede de percursos por água que se estendia da foz do rio Volta através do delta do Níger até a atual República dos Camarões que começava a ser visto como um eixo político e econômico Nesse caso assim como em Senegâmbia a extensão da costa ligavase a rios que fluíam para o interior O Níger certamente é um desses rios mas ainda existem outros Padres capuchinhos que visitaram Aladá na África ocidental em 166062 observaram que diversos rios que fluíam para a lagoa costeira eram navegados por grandes canoas construídas no local que permitiam às pessoas viajar para o interior Os rios americanos também se estendiam ao longo da região atlântica Assim os geógrafos que estudaram a colonização norteamericana observaram que os grandes rios como Saint Lawrence a bacia hidrográfica da baía de Chesapeake o Connecticut e o Hudson constituíam rotas importantes para o interior em grande parte por serem facilmente navegáveis por pequenos navios marítimos e foram amplamente utilizados pelos europeus como eixo para a colonização O rio Amazonas navegável do Atlântico até os Andes e o Orinoco que também fluía para o interior conectavamse com o comércio no Atlântico O controle dos sistemas fluviais de ambos os rios era exercido pelas sociedades americanas nativas cuja sofisticação cultural só há pouco tempo foi reconhecida Desde os primórdios do contato europeu os visitantes do Amazonas e do Orinoco observaram um tráfego local intenso e comerciantes nas desembocaduras dos rios eram os pontos finais de um comércio fluvial equivalente ao corredor do SenegalNíger na África ocidental onde mercadorias de metal européias eram comercializadas por ouro escravos e redes de algodão exportadas aos milhares Visto que os nativos dessas regiões como os habitantes do vale do Mississipi na América do Norte controlavam o comércio e mantinham os europeus acuados conhecemos muito menos sobre essas áreas do que daquelas que se constituíam em artérias de comunicação entre os colonizadores do Velho Mundo Nesse sentido os caminhos por água definiram a região atlântica e os rios a estenderam muito além do litoral O domínio sobre o mar no entanto possibilitou a comunicação entre todas essas rotas continentais Houve problemas consideráveis a superar antes que essas conexões fossem feitas apesar das viagens transatlânticas ocasionais que possam ter precedido as viagens de Cristóvão Colombo e as viagens portuguesas ao longo do litoral africano Esses problemas foram praticamente intransponíveis para os africanos os americanos e o povo mediterrâneo até 1400 Portanto vale explorar as circunstâncias que permitiram aos europeus realizar viagens transatlânticas ORIGENS DA NAVEGAÇÃO ATLÂNTICA A experiência européia de viagens por água foi provavelmente o fator mais importante em sua conquista do Atlântico As dificuldades de lidar com a navegação ao sul do oceano explica por que os africanos por sua vez focalizaram seus talentos para a construção naval em embarcações de navegação costeira e fluvial e como resultado fizeram pouca navegação oceânica deixando até mesmo ilhas relativamente próximas como Cabo Verde e São Tomé descolonizadas e inabitadas Na verdade eles se abstiveram de navegar longas distâncias no Golfo da Guiné além da colonização da ilha de Bioko visível da terra por ser economicamente factível embora dificultada pelos mesmos problemas de correntes que impediram a navegação transatlântica O povo das Américas era um pouco mais afortunado do que os africanos porque o Caribe havia sido completamente explorado pelos nativos muito antes da chegada dos europeus Assim os barcos dos caribenhos e dos índios arawaks eram vistos com frequência no mar e ao contrário das embarcações africanas podiam realizar longas viagens marítimas Mas assim como a previsibilidade das monções na Ásia iniciou certos avanços na tecnologia de construção naval por apresentar poucos desafios talvez também a navegação no Caribe com sua longa cadeia de ilhas fosse muito fácil Entretanto os europeus tinham dois grandes mares internos o Mediterrâneo ao sul e o mar do Norte e o mar Báltico ao norte com um pedaço de costa de acesso difícil mas acessível entre eles Nesse sentido tradições isoladas de navegação podem ter se desenvolvido para solucionar problemas específicos em cada área e então fundilas por meio da intercomunicação para apresentar soluções para problemas futuros Aproximadamente nos séculos XIV e XV esses grandes mares eram regularmente navegados e os navios eram itens correntes em cada inventário europeu Assim como Pierre Chaunu argumentou isso foi a abertura ou a reabertura pois essas conexões eram frequentes na época clássica de um comércio regular entre o Mediterrâneo e os mares do norte ao final do século XIII o que por fim levou a navegação européia ao Atlântico Esse comércio indicado pelo registro da primeira viagem de um navio genovês ao norte da Europa em 1277 foi em grande escala conectado com o comércio de grãos e o movimento de outras mercadorias volumosas que não podiam arcar com os custos de uma viagem por terra Essas viagens iniciais não somente deram impulso como veremos à conquista européia do Atlântico como também uniram os diversos mares da Europa e em última instância auxiliaram a estabelecer as fronteiras européias no mundo atlântico Fernand Braudel defendeu com veemência a importância da conexão entre os mares do norte e o Mediterrâneo e de seus navegantes familiares com cada uma dessas grandes regiões marítimas e com as áreas fluviais anexas como na Alemanha ao longo do Reno e mesmo na Polônia ao longo do Vístula que participaram da grande economia oceânica do Atlântico Embora os europeus do norte tenham entrado mais tarde no comércio ao sul do Atlântico que unia a África às Américas os vikings foram os desbravadores das rotas do norte em direção ao oeste colonizaram pelo menos a Groelândia e proveram as primeiras conexões importantes entre os mares do norte e o Mediterrâneo Os ingleses e os holandeses começaram a explorar o Atlântico razoavelmente cedo os suecos estabeleceramse na América do Norte no início do século XVII e também possuíam postos na costa da África e aí foram acompanhados pelos dinamarqueses e bálticos como Kurland e Brandenburg Não apenas as necessidades desse comércio marítimo entre o Mediterrâneo e a Europa do norte serviram como estímulo para a construção naval ibérica e o interesse no comércio interregional mas o número relativo de grandes navios envolvidos aumentou o potencial de viagens de descobertas acidentais A carreira de Lanzaroto Malocello é um exemplo desse fato Malocello era um mercador genovês que tinha relações comerciais com Cherbourg no norte da França e com Ceuta no Marrocos e assim fazia frequentes viagens pelo Atlântico tanto ao norte como ao sul de Gibraltar Em uma dessas viagens ele descobriu ou redescobriu pois já eram conhecidas na época clássica provavelmente por acidente as ilhas Canárias em cerca de 1312 As Canárias foram as primeiras ilhas do Atlântico redescobertas pelos europeus e sua colonização realizada por Malocello em torno de 1335 representou um passo precoce e importante na exploração do Atlântico Além de multiplicar as oportunidades de viagens acidentais de descoberta a navegação marítima entre o Mediterrâneo e o norte do Atlântico em especial porque envolvia navios de grande porte propiciou a difusão de técnicas de construção naval Assim os navios robustos e de formas arredondadas do mar do Norte e do Báltico mesclaramse com as longas embarcações de fácil manejo do Mediterrâneo Isso resultou na criação de navios capazes de carregar mais carga e de navegar sob as mais variadas condições que podiam ser encontradas tanto no Mediterrâneo como no norte do Atlântico A essas descobertas foram acrescidas técnicas de velejar e navegar dos muçulmanos com os quais os genoveses e os povos ibéricos mantinham constante comércio Entretanto o fato de possuir os meios para fazer viagens oceânicas e descobrir novas terras não significava necessariamente que essas viagens ou explorações extensas se realizariam Precisaria também existir um conjunto razoável de motivos e os financiadores tinham de estar razoavelmente confiantes de que essas viagens valeriam a pena considerando os grandes riscos que sua realização implicava AS MOTIVAÇÕES DOS EUROPEUS OS OBJETIVOS GEOPOLÍTICOS E ECONÔMICOS A LONGO PRAZO Diversos fatores técnicos e geográficos fizeram com que os europeus fossem os mais apropriados para explorar o Atlântico e desenvolver seu comércio Mas a tarefa requeria também fortes justificativas polí ticas e econômicas antes de ser realizada Uma escola antiga e romântica de historiadores afirma que os europeus fizeram essa exploração pela mera alegria da descoberta ou para quebrar o monopólio comercial dos muçulmanos no oriente Essas razões eram suficientes em sua interpretação para permitir que visionários como o infante D Henrique príncipe Henrique o Navegador de Portugal ou a rainha Isabel da Espanha financiassem as viagens36 Essa visão romântica foi reduzida a dimensões mais mundanas pelos trabalhos de historiadores portugueses sobretudo Duarte Leite e Vitorino MagalhãesGodinho Eles enfatizaram que a exploração e as viagens realizaramse gradualmente durante um longo período de tempo e foram estimuladas pela perspectiva de lucros imediatos que podiam ser facilmente obtidos usando a existente ou só ligeiramente modificada tecnologia37 Sob essas condições os custos básicos eram baixos os lucros e retornos garantidos e a possibilidade de grandes descobertas limitada Mesmo as maiores expedições a viagem transatlântica de Colombo em 1492 e a circunavegação de Vasco da Gama em 1498 foram alicerçadas em muitos anos de profícua exploração do Atlântico e em excelentes informações sobre os retornos financeiros no caso de Vasco da Gama ou a esperança de encontrar novas ilhas no Atlântico potencialmente rentáveis como no caso de Colombo Nesse cenário é possível perceber os avanços tecnológicos nos métodos de navegação mais como consequência do que um elemento condutor das descobertas A tecnologia era desenvolvida quando havia certeza de que se poderia lucrar com o aperfeiçoamento das técnicas No entanto existem evidências para apoiar ambos os argumentos e é arriscado aceitar com precipitação a pesquisa de acadêmicos recentes com suas interpretações menos românticas Afinal muitos daqueles que descreveram as viagens escreviam com sua visão romântica Por exemplo o cronista do século XV Gomes Eannes de Zurara destaca sobretudo motivos geopolíticos ao mencionar uma lista de razões que impeliram o infante D Henrique a enviar navios precursores em viagens diretas entre a África ocidental e a Europa Esses motivos resultavam da luta secular entre cristãos e muçulmanos para controlar o mundo mediterrâneo O desejo principal de D Henrique de acordo com Zurara era de 36 Resumido em ibid pp 23340 37 Resumido em ibid pp 2435 derrotar os muçulmanos do norte da África e as considerações econômicas ficavam em segundo plano Ele esperava que seus marinheiros pudessem contatar uma potência cristã ao sul do Marrocos para formar uma aliança antiislâmica ou estabelecer comércio com vizinhos não muçulmanos que poderiam ser convertidos ao cristianismo e que concordassem com essa aliança ou que ao menos poderiam ser persuadidos a cessar o comércio com o Marrocos38 Zurara expressava uma esperança longamente acalentada pelos cristãos ibéricos Escritores e visionários que viveram no período anterior às viagens patrocinadas pelo infante D Henrique propuseram diversos planos para afastar os muçulmanos de uma forma ou de outra Em 1285 por exemplo um teólogo de Maiorca chamado Ramon Llull sonhava em converter o rei de Gana ao cristianismo e assim criar um estado cristão na hinterlândia islâmica do norte da África39 Desde 1306 quando uma delegação da Etiópia chegou à Europa em busca de uma aliança cristã com o rei dos espanhóis para oferecerlhe ajuda contra os infiéis 40 a idéia de uma conexão entre a Península Ibérica e a Etiópia foi considerada Na verdade o rei Anfós IV de Aragão quase conseguiu um duplo casamento com o Negus da Etiópia em 1428 41 e a Coroa portuguesa enviou Pedro de Corvilhão à Etiópia em 1487 para preparar alianças similares42 38 Gomes Eannes de Zurara Crônica dos feitos de Guiné cap 8 Existem muitas edições mas a melhor é a de Torquado de Sousa Soares 2 vols Lisboa 1978 A tradução francesa Leon Bourdon Chronique de Guinée Dakar 1960 contém uma importante introdução sobre a história e discussão de problemas textuais Uma tradução inglesa feita com base em uma edição menos meticulosa e com notas datadas é a de C R Beazley e E Prestage 2 vols Londres 18969 39 Ramon Llull Libre dEvast e dAloma e de Blanquerna c 12835 cap 84 ed Joan Pons i Marquès em Ramon Llull Obres essencials 2 vols Barcelona 1957 12412 Sobre a filosofia geopolítica de Llul ver Armand Llinares Raymond Lulle philosophe de laction Paris 1963 40 Registrado em Jacopo Filippo Foresti da Bergamo Supplementum Chronicarum 1483 com base em notas de Giovanni da Carignano na época que a missão passou por Genôva Publicado a partir da edição de 1492 em Youssouf Kamal Monumenta Cartographica Africae et Egypti Leiden 192653 vol 4 fol 1139 Uma tradução com base na edição de 1483 e uma discussão de R A Skelton foram publicadas em O G S Crawford Ethiopian Itineraries circa 14001524 Cambridge 1958 pp 21215 Como resultado dessa visita o geógrafo Giovanni da Carignano concluiu que a Etiópia era o lar do lendário Preste João afastando quase permanentemente a hipótese de que ele vivia na Ásia Ver Enrico Cerulli Giovanni da Carignano e la cartografia dei paesi a Sud dellEgitto agli inizi del secolo XIV Atti del XIV Congresso geografico italiano Bolonha 1949 p 507 41 Ver a discussão à luz da atividade catalã e dos planos no Mediterrâneo oriental em Lluís Nicolau dOlwer Lexpansió de Catalunya em la Mediterrània oriental 3a ed Barcelona 1974 pp 1715 42 Mordechai Abir Ethiopia and the Red Sea The Rise and Decline of the Solomonic Dynasty and MuslimEuropean Rivalry in the Region Londres 1980 pp 1940 Acadêmicos modernos estão mais convictos da relevância dos objetivos econômicos do que dos grandes planos geopolíticos de natureza religiosa e militar e por conseguinte alguns enfatizam a fabulosa fortuna que circularia através do comércio oceânico com as ilhas ricas em especiarias da Índia e do sudeste da Ásia ou com a África ocidental sobretudo pelo seu ouro Essa interpretação se apóia na correlação entre a exploração do Atlântico e o declínio de Acra o último posto avançado das relações comerciais diretas com o leste do Mediterrâneo que passou para o domínio islâmico em 1291 No mesmo ano da queda de Acra os irmãos Vivaldi iniciaram uma viagem de Veneza para achar uma rota para as Índias através do Atlântico mas nunca retornaram43 A cartografia dessa época na verdade muito especulativa encorajava essas tentativas por representar a África de tal modo que sugeria uma fácil circunavegação44 Um frade franciscano de Castela registrou sua viagem de circunavegação na África em 1360 porém seu livro era uma ficção baseada em especulação e no tipo de conhecimento que os franciscanos beminformados poderiam inferir dos mapas contemporâneos cosmografias e comentários sobre o Mediterrâneo ocidental45 No entanto de todas as possibilidades econômicas que poderiam ter motivado a navegação no Atlântico a expectativa de um caminho mais curto para as minas de ouro da África ocidental é a mais provável As Índias estavam muito distantes da concepção geográfica da época ao passo que a África ocidental conhecida por sua riqueza em ouro estava muito mais perto e mais acessível por mar A África ocidental fora uma fonte de ouro para os países mediterrâneos durante séculos talvez mesmo desde o império bizantino46 Escritores muçulmanos pelo menos desde o século IX mencionavam as áreas produtoras de ouro e um fluxo constante de descrições em árabe sobre a África ocidental incluindo uma realizada pelo famoso norteafricano alIdrisi para o rei cristão Rogério II da Sicília em 115447 Esses relatos reuniamse aos do mundo cristão sobretudo àqueles das comunidades de comerciantes catalães e italianos do norte da África os quais comercializavam ouro chamado ouro de Palolus nessas fontes desde o século XII48 Uma rota marítima para as minas de ouro parecia factível pois não envolvia a circunavegação da África Muitos mapas dessa época mostraram o Rio do Ouro provavelmente o rio Senegal e de acordo com a legenda do mapa de Mecia de Villadestes 1413 onde se podia obter o ouro de Palolus Embora a área atual localizese mais acima a foz do rio é larga e profunda o suficiente para o maior navio no rio49 Os cristãos pensavam que os muçulmanos navegavam com regularidade nesse rio o anônimo frade franciscano até mesmo afirmou falsamente têlo navegado em aproximadamente 1360 em um navio islâmico 50 e antes em 1346 Jacme Ferrer um comerciante catalão tentou alcançálo51 AS MOTIVAÇÕES DOS EUROPEUS A PREVALÊNCIA DAS METAS A CURTO PRAZO Se os planos a longo prazo eram sonhos ou fantasias ou se tinham como objetivo circundar e isolar os muçulmanos obter as especiarias da Ásia ou o ouro da África ocidental eles se limitavam aos reis e intelectuais e nenhum desses grupos demonstrou especial empenho em financiar essas viagens e os empreendimentos privados ou de pequeno porte como os dos Vivaldi e Ferrer não tiveram êxito Nesse sentido apesar dos comentários de autores contemporâneos sobre os motivos ou expectativas dos governantes dos resultados desses projetos o progresso da exploração do Atlântico em última instância dependeu de conside 43 De la Roncière Découverte 1501 44 Ver Jaime Cortesão Os descobrimentos portugueses 2 vols Lisboa 1960 13045 45 Libro del consçimiento de todos las tierras y señórios que son por el mundo y de las señales y armas que han cada tierra y señorío em Kamal Monumenta 4 fol 12599v notese que as páginas eram numeradas consecutivamente de volume a volume Isso inclui uma tradução para o inglês 46 Timothy Garrad Myth and Metrology Trans Saharan Gold Trade Journal of African History 23 1982 44361 47 Ver como exemplo as descrições antigas de Abu alQasim ibn Hawqal Kitab Surat alard em Levtzion e Hopkins Corpus p 49 Abu Ubayd Abd Allah b Abd alAziz alBakri Kitab almasalik wa1mamalik em ibid pp 7785 e alIdrisi Nuzhat ibid pp 1101 48 Essas fontes refletiamse com frequência nos mapas da época ver a discussão em de la Roncière Découverte 112141 A maioria desses mapas foi reproduzida em Kamal Monumenta Para uma discussão detalhada das fontes do grupo de Maiorca ver Yoro K Fall LAfrique a la naissance de la cartographie moderne Les cartes majorquines XIVeXVe siècles Paris 1982 pp 55120 A questão sobre Palolus foi discutida em detalhes por Susan K Macintosh em A Reconstruction of Wangara Palolus Island of gold Journal of African History 22 1981 14558 Esse ouro era tão conhecido em Barcelona a ponto de uma portaria daquela cidade baixada em 1271 referirse a ele como o ouro de Palolus de la Roncière Découverte 1114 49 Kamal Monumenta 4 fol 1370 50 Libro del consçimiento ibid fol 1258v 51 Monumenta 4 fol 1235 rações econômicas Essas considerações nos levam por fim a concordar com os historiadores portugueses sobre a prevalência da exploração de curto prazo nãoromântica gradual como o principal método expansionista europeu É importante também observar que outra fantasia romântica de que os povos ibéricos eram os únicos líderes dessa exploração é incorreta A exploração do Atlântico era um verdadeiro exercício internacional mesmo que as maiores descobertas tivessem sido feitas com o patrocínio dos monarcas ibéricos As pessoas que realizaram as viagens reuniam recursos humanos e materiais onde estivessem disponíveis Ingleses franceses poloneses italianos navios e capital uniramse aos ibéricos em seu esforço Seu eventual pioneirismo deveuse à rapidez dos monarcas dos países da Península Ibérica em reivindicar soberania ou oferecer proteção aos primeiros colonizadores e a fazer o esforço necessário para reforçar esses pleitos em geral depois que os benefícios econômicos eram claramente revelados por um grupo internacional de desbravadores Podese dividir a expansão em duas asas ou duas direções A primeira foi a asa da África que explorava seus principais produtos como escravos e depois o ouro como uma forma de financiar viagens curtas ao longo da costa e cujos líderes esperavam encontrar habitantes para atacar ou comercializar nos locais percorridos A segunda direção foi o Atlântico que buscava terras exploráveis mas não necessariamente habitadas onde se poderiam encontrar produtos naturais valiosos ou começar a produção agrícola de produtos cultivados com alta demanda na Europa A colonização dessas terras iniciouse com o corte de madeira ou a colheita de mel silvestre porém sua verdadeira rentabilidade decorreu por fim da produção de trigo açúcar ou vinho em ricos solos tropicais e vulcânicos Sob muitos aspectos as ilhas Canárias redescobertas por Malocello no início do século XIV foram o ponto de partida comum para ambas as asas e propiciaram fontes de lucros As ilhas eram povoadas e assim foram invadidas e se anteviram possibilidades comerciais pois tinham produtos naturais de interesse e ao final tornaramse um centro para a produção de vinho e açúcar Além disso em virtude de as viagens serem razoavelmente fáceis e lucrativas elas forneceram segurança financeira para aqueles que procuravam mais lucros na costa adjacente do Saara ou em ilhas habitadas do Atlântico mais distantes interessado mais pelos corantes ambos eram oriundos de áreas de produção têxtil utilizando os nativos para recolhêlos Eles também trouxeram colonos normandos e fizeram uma divisão territorial apesar de a exportação rentável das colheitas ter demorado um século para se efetuar Uma colonização posterior de Castela e da Espanha prosseguiu com a expansão da agricultura e em aproximadamente 1520 as ilhas produziam açúcar vinhos e produtos à base de carneiro e gado Mas se as ilhas eram visitadas para serem conquistadas atacadas ou para comercializar elas eram vistas ainda como uma fonte rentável e as viagens foram intensas durante o século XIV Essa atividade trouxe mais navios na área ao sul do Estreito de Gibraltar estendendo os ataques e o comércio dos cristãos para o sul e os familiarizando com a área e as regiões vizinhas da costa africana Desse modo as Canárias tanto como colônias quanto pontos de escala convenientes serviram como bases para operações posteriores ao longo da costa da África ou a ilhas desabitadas mais distantes no Atlântico como Madeira e Açores as quais eram provavelmente conhecidas dos europeus desde as viagens de Recco em 1341 A EXPANSÃO EM DIREÇÃO À ÁFRICA As ações ofensivas e o comércio das Canárias serviram de base e motivaram os europeus a expandir suas atividades mais abaixo da costa da África Em consequência Jacme Ferrer iniciou sua malsucedida viagem para Rio do Ouro em 1346 com uma parada nas Canárias Analogamente Jean de Bethencourt conquistador do grupo de ilhas a leste tentou atingir a costa atlântica da África embora não tenha feito viagens além dos limites habituais de navegação Quando Bethencourt prestou homenagem ao rei de Castela em 1405 Portugal reivindicou seus direitos às ilhas solicitados com firmeza pelo menos desde 1341 e suas conexões comerciais diminuíram no local Nesse contexto o infante D Henrique esforçouse para conquistar as ilhas remanescentes e enviou uma expedição para dominálas em 37 1415 Em 1424 ele lançou uma expedição muito maior envolvendo cerca de 2500 soldados de infantaria e 120 de cavalaria Esse aumento da atividade dos portugueses nas Canárias resultou na bula papal Romanus Pontifex de 1436 renovando os pleitos de Portugal sobre as ilhas ainda nãoconquistadas e uma correspondente ampliação da atividade ao longo da costa do Saara Esses ataques redobrados contra as ilhas Canárias remanescentes e a costa do Saara tiveram como consequência a descoberta do cabo Bojador embora ele tenha continuado um pouco mais adiante pelo navegador português Gil Eanes em 1434 Um ano antes Eanes conduzia uma expedição de captura de escravos na ilha de GrãCanária e a expedição a Bojador foi uma excursão natural do mesmo teor Na verdade as embarcações da época poderiam evitar algumas das dificuldades advindas das correntes navegando pelas Canárias atenuando dessa forma o antigo problema do retorno além de Bojador No entanto apesar do potencial dessa rota alternativa os portugueses não alcançaram logo o Senegal embora expedições para o Rio do Ouro tivessem sido enviadas quase imediatamente elas não chegaram tão longe Algumas delas trouxeram de volta mercadorias como azeite e peles tal como uma realizada em 1436 mas a maioria era só de captura de escravos e raramente se aventuravam mais além do litoral do que era necessário para assegurar uma carga lucrativa Os portugueses só alcançaram o Senegal em 1444 embora tenham atacado e interceptado caravanas que faziam trajetos em direção ao norte em anos anteriores Por conseguinte a real motivação da expansão européia e de abertura de novas rotas marítimas não era simplesmente explorar a oportunidade de lucros imediatos por meio de emboscadas e da apreensão ou compra de mercadorias comercializáveis Foram esses objetivos mais limitados que por fim propiciaram a viagem para o Senegal com a qual 38 geógrafos e pensadores que almejavam planos comerciais e geopolíticos a longo prazo haviam sonhado desde o século XIV Outros motivos semelhantes permitiram aos portugueses atingir posteriormente esse objetivo de longo prazo importante tanto para o cenário comercial quanto para o geopolítico de circundar a África e descobrir uma rota marítima para a Índia e a Etiópia A predominância de alvos limitados nas viagens de reconhecimento e expansão explica por que a necessária exploração demorou tanto tempo a se concretizar de 1434 quando o maior obstáculo à navegação foi superado até 1488 quando Dias mostrou que o cabo da Boa Esperança situavase no extremo sul do continente africano Na região do Senegal os lucros foram obtidos do ouro e de escravos capturados inicialmente em emboscadas depois comprados Encontravase ouro em muitos pontos do litoral e os navegantes logo estenderam suas viagens em direção ao sul até alcançarem a costa da atual Serra Leoa em torno de 1460 Entretanto muito do entusiasmo desses empreendimentos mesmo durante esses anos visava à consolidação e exploração dos recursos de áreas já conhecidas ou para estabelecer bases O desabitado arquipélago de Cabo Verde era crucial para ampliar a expansão e foi colonizado nos anos 1460 Porém havia outras possibilidades mais além e talvez a perspectiva de descobrimento de uma nova extensão costeira para produzir a pimenta conhecida como pimentamalagueta fosse conhecida por Fernão Gomes quando ele fez uma petição à Coroa por direitos exclusivos de comércio na África ocidental menos das áreas anteriormente concedidas aos colonizadores de Cabo Verde em 1469 De qualquer modo sua concessão incluía uma cláusula de exploração de outras partes da costa e suas expedições começaram rapidamente a exportar pimenta Logo depois talvez em torno de 1471 para sua extrema sorte os marinheiros de Gomes atingiram a região produtora de ouro da Costa do Ouro atual Gana uma descoberta inesperada que recompensou largamente Gomes e a Coroa Seus marinheiros localizaram uma nova região produtora de pimenta em Benim no ano seguinte embora o comércio regular só tenha começado nesse local em 14856 Eles também descobriram na ilha de São Tomé outra base potencial para operações na região Desse modo por um longo período de tempo entre 1340 e 1470 a expansão européia procedeu com vagar ao longo da costa africana Os grupos privados que haviam apoiado a maioria dessas iniciativas foram generosamente recompensados e em 1482 pela primeira vez a Coroa de Portugal decidiu custear sua primeira expedição no Atlântico em vez de conceder esse privilégio a outras pessoas que levantavam seu próprio capital Ao contrário das viagens iniciais a viagem real de Diogo Cão tinha um objetivo geopolítico claro Segundo João de Barros informações recebidas de Benim sugeriram à Corte que os navegantes portugueses estavam perto das terras de Preste João e que uma circunavegação da África era agora possível Assim Cão fez a primeira tentativa de expansão imbuída do espírito romântico mas ele só descobriu que o continente africano voltavase para o sul estendendose por milhares de quilômetros mais Mas para sorte da Coroa Cão chegou ao reino de Congo cujos produtos de exportação ajudaram a ressarcir os custos das viagens além de contribuírem para o sucesso da colônia em São Tomé Sem se 39 intimidar com a extensão territorial da África a Coroa portuguesa continuou a custear a exploração primeiro com Bartolomeu Dias e por fim com Vasco da Gama cujas viagens substituíram em geral os relatos prosaicos das primeiras viagens nos livros didáticos e a história romântica da busca pelas Índias O LADO DO ATLÂNTICO E A DESCOBERTA DA AMÉRICA Assim como o lado africano a exploração em direção ao Atlântico começou nas Canárias mas foi estimulada pela esperança de encontrar produtos naturais valiosos e colonizar terras inabitadas Mas como os resultados ficaram aquém das expectativas o processo foi lento Madeira por exemplo provavelmente era conhecida devido à exploração das ilhas Canárias sem dúvida já em 1339 mas sua colonização só foi iniciada em torno de 1425 No entanto seu povoamento foi um precedente importante pois os Açores alcançados por Diogo de Silves só em 1427 estavam sendo colonizados em 1440 Em virtude de serem inabitadas ilhas como Madeira e Açores não ofereciam atrativos comerciais mas podiam ser exploradas por seus produtos naturais Com toda certeza seus primeiros colonizadores João Gonçalves Zarco Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrello investiram muito na exportação de produtos naturais disponíveis tais como cera mel madeira e corantes ou criaram gado que podia ser mantido com facilidade nas ilhas não arborizadas de Porto Santo e Deserta Os primórdios da colonização dos Açores foi similar A ordem para iniciar o povoamento datada de 1439 já mencionava esses produtos e Zurara referindose a 1446 indicava que alguns já haviam sido exportados Por outro lado os Açores nunca foram particularmente ricos e serviram mais como uma base de operações no Atlântico do que um grande centro de produção O processo repetiuse em outras ilhas desabitadas do Atlântico A carta régia outorgando as ilhas de Cabo Verde ao infante D Henrique em 1462 indicava com clareza que ele esperava obter lucros rápidos na exploração dos produtos naturais ou daqueles que requeriam pouco investimento Do mesmo modo os primeiros colonizadores de São Tomé em 1485 tinham uma carta em que também se especificavam taxas de exportação de produtos naturais que deveriam ser encontrados nessas ilhas tropicais Em cada caso o rei ao conceder a carta especificava termos simples para a exportação de uma variedade de produtos tanto cultivados como naturais que deveriam florescer nos trópicos À colheita de produtos naturais o primeiro incentivo para visitar essas ilhas seguiuse o cultivo de produtos agrícolas de fácil exportação quando o solo e as condições climáticas fossem razoavelmente conhecidos Na ilha da Madeira o desflorestamento e o plantio de trigo o primeiro produto cultivado a ser exportado requereu trabalho extra alguns trabalhadores foram trazidos como empregados da Europa e outros foram provavelmente conseguidos em ataques às Canárias Na verdade os colonizadores da Madeira participaram do ataque de 1424 bem no início da colonização e então as duas operações foram realizadas em conjunto Madeira e as ilhas Canárias começaram rapidamente a exportar trigo em grande quantidade e o solo virgem produziu segundo o testemunho entusiasta de Zurara em 1446 na proporção de 50 para 1 Mosto mais comedido mencionou que a produção de 6070 para 1 declinou para 3040 para 1 em 1455 mesmo assim um proveito ex Malocello e aqueles que o seguiram no início da metade do século XIV rapidamente descobriram que as Canárias produziam muitos produtos úteis Talvez o mais proveitoso tenha sido a urzela matéria corante originada dos liquens que cresciam nas rochas das ilhas e o sanguededragão uma resina também utilizada como corante As ilhas ainda podiam ser ocupadas lucrativamente para gado e pessoas havia uma demanda constante de escravos no mundo mediterrâneo52 Em 1341 uma viagem às Canárias realizada sob os auspícios de Portugal mas com uma tripulação de diversas procedências e um capitão italiano teve como objetivo tanto comercializar como invadir comprando peles de animais corantes e produtos de madeira Essa expedição também carregava armas para ações ofensivas e o rei Afonso IV de Portugal relatou que emboscadas para capturar escravos já se realizavam antes de 134653 Mercadores catalães uniramse aos portugueses nos primórdios da exploração atacando e comercializando com os nativos das ilhas54 As tentativas de colonização emergiram dessas iniciativas A primeira colonização de diversas partes das ilhas feita por Malocello em torno de 1339 depois por um grupo de aragoneses em 1342 e outra sob os auspícios dos franceses em 1344 provavelmente foram simples tentativas para estabelecer um entreposto comercial e edificar um forte para emboscadas a escravos e nenhuma delas resultou em povoamentos produtivos e de longa duração O povo de Castela parece ter sempre fomentado simples ações ofensivas e comércio para a Espanha55 Castela no entanto apoiou a primeira colonização permanente embora tenham sido os nobres normandos Gadifer de la Salle e Jean de Bethencourt que na realidade organizaram e levaram a termo a empreitada em 14025 Assim como seus predecessores eles parecem ter se 52 Uma excelente pesquisa recente sobre a escravidão nessa época encontrase em Jacques Heers Esclaves et domestiques dans le monde méditerranéen Paris 1981 em especial as pp 2364 nas quais se relata o longo contexto de ações ofensivas a escravos e seus prolongamentos no Atlântico 53 Crônica atribuída a Giovanni Boccacio De Canaria et insulla reliquis ultra Ispanian in oceano nouiter repetis Monumenta Henricina 14 vols Lisboa 196074 12026 sobre a expedição de 1341 Afonso IV para Clemente VI 12 de fevereiro de 1345 Monumenta Henricina 1230 54 Charles Verlinden Lesclavage dans lEurope médiéval I Péninsule ibériqueFrance Burgos 1955 pp 628 55 Sobre Malocello e os aragoneses ver Charles Verlinden Lanzarotto Malocello et la découverte portugaise des Canaries Revue belge de philologie et dhistoire 1958 117390 sobre a tentativa francesa ver Clemente VI Tue deuotions sinceritas 15 de novembro de 1344 Monumenta Henricina 120714 e sobre as táticas de Castilha B Bonnet Reverón Las expediciones a las Canarias em el siglo XIV Revista de Indias 6 1945 21518 pressivo para os padrões da época O trigo era exportado para Portugal e para os destacamentos militares portugueses no Marrocos na costa do Saara e na África ocidental a maior parte já transformada em pão Mas os lucros reais vieram do vinho descrito como excelente por Mosto já em 1455 e sobretudo pela produção de açúcar na qual era utilizada mãodeobra escrava em especial de nativos das Canárias As exportações de açúcar eram significativas em 1455 e cresceram rapidamente até tornar a Madeira um dos principais produtores de açúcar na economia européia O sucesso do empreendimento na Madeira encorajou outros e demonstrou que até mesmo ilhas inabitadas em particular as situadas em zonas tropicais ou subtropicais poderiam ser rentáveis economicamente e ressarcir com razoável rapidez os custos para povoalas Nem todas as ilhas foram tão bem exploradas como a Madeira embora algumas à exemplo de São Tomé tenham se tornado muito lucrativas Mas elas serviram de base para explorações ao longo da costa da África como Cabo Verde e São Tomé ou para navegações mais distantes no Atlântico como Açores para o Brasil e a Índia Mais ainda contudo a expectativa de encontrar ilhas desconhecidas e inabitadas aparentemente numerosas no Atlântico encorajou os navegantes a olharem para o ocidente do oceano e para o sul da África em busca de fortuna Na realidade poucos anos antes da jornada de Colombo em 1486 a Coroa concedeu a Fernão Dulmo capitão da ilha de Terceira no arquipélago de Açores o direito a todas as terras que ele porventura descobrisse no Atlântico inclusive uma grande ilha ou ilhas ou zonas costeiras de um continente Foi a combinação da possibilidade de encontrar novas ilhas e do sonho de alcançar à Índia que inspirou a viagem de Cristóvão Colombo em 1492 embora ele possa ter pensado que essa viagem o levaria às terras de Gengis Khan sua carta especificava também ilhas Colombo é claro descobriu muitas ilhas e logo depois um grande continente o qual mesmo que Colombo tenha morrido pensando que estava na Ásia foi logo reconhecido como uma nova e inesperada extensão de terra Por conseguinte a navegação européia no sul do Atlântico não foi resultado de planos visionários de longo prazo de deflagração de uma atividade comercial reprimida ou mesmo a resposta a uma nova tecnologia Foi em vez disso um avanço cauteloso em direção a uma nova fronteira utilizando ou modificando um pouco a tecnologia existente e apoiandose em recursos financeiros relativamente pequenos de capital privado Só nas últimas grandes viagens ao redor da África ou na travessia do Atlântico o patrocínio dos reis um capital vultoso e a visão geopolítica dominaram a atividade Por exemplo somente depois que os navegantes portugueses que visitaram Benim relataram a possibilidade de contatos com Preste João na Etiópia a Coroa portuguesa decidiu financiar sua própria viagem a tentativa de Diogo Cão de circunavegar a África Durante todo o século precedente a expansão foi custeada com capital privado embora apoiada pela realeza Analogamente só a conquista das ilhas remanescentes das Canárias e as viagens de Colombo tiveram apoio financeiro da Espanha Esse modelo continuaria a dominar a atividade dos europeus Os comerciantes mais ricos os funcionários do governo e os grandes projetos seriam preservados até que as pessoas politicamente mais fracas demonstrassem a certeza do sucesso e então os ricos e poderosos as seguiriam absorvendo as atividades e lucros dos pioneiros invertendo a exploração das novas descobertas para aqueles que dominavam toda a sociedade Assim ao final do século XV os desbravadores haviam testado todo o sistema de ventos e correntes que controlava a navegação no Atlântico Ao descobrir essa chave os europeus puderam descerrar o comércio do Atlântico e porque eles o haviam desenvolvido sozinhos seu domínio do altomar no Atlântico era total fato que não ocorreria em nenhuma outra área de navegação européia Nem em técnicas ou expe riência eles dominaram o oceano Índico e o mar da China meridional como fizeram com o Atlântico A NAVEGAÇÃO OCEÂNICA E A DOMINAÇÃO POLÍTICA Os acadêmicos têm argumentado que essa dominação marítima conferiu aos europeus vantagens políticas e comerciais insuperáveis sobre os povos locais da África e das Américas Essa asserção embora possua algum mérito não investiga a complexidade da situação em especial nas zonas costeiras dos continentes e ao ser examinada em detalhes não é tão convincente como parece à primeira vista Apesar de os europeus terem feito algumas conquistas na África e nas Américas não foi o poder naval que assegurou essas conquistas O fracasso em dominar o comércio local costeiro ou subjugar as sociedades do litoral mais acentuado na África mas que também ocorreu em algumas partes das Américas significa que devemos ampliar nossa estimativa do papel exercido por essas sociedades na formação do mundo atlântico O controle sobre o comércio em altomar era significativo porém talvez não tão determinante como o domínio territorial Combates navais e o comércio afroeuropeu Os europeus confiavam que suas habilidades marítimas lhes dariam vantagens militares resultando em grandes lucros e talvez conquistas Eles estavam preparados para se apossar de territórios e escravizar pessoas e suas ações nas ilhas Canárias foram relatadas por testemunhos Embora alguns visitantes das Canárias tenham desejado encetar um comércio pacífico em última instância foram as emboscadas para capturar escravos e os conquistadores que prevaleceram O controle marítimo permitiu aos europeus desembarcar com liberdade nas ilhas repondo o contingente de suas forças sempre que necessário e concentrando grandes tropas para suas batalhas finais e desse modo a superioridade marítima foi sem dúvida a causa de seu sucesso Os primeiros navegantes que alcançaram a costa da África no século XV esperavam continuar essa tradição como aparentemente fizeram os navegantes espanhóis ao conquistar as grandes ilhas do Caribe no final do século XV e início do século XVI Mas pelo menos na África sua abordagem confiante foi repelida Ao contrário dos nativos das Canárias que não possuíam barcos os povos da África ocidental tinham uma cultura marítima muito bem desenvolvida e especializada capaz de proteger suas águas Uma das expedições ao rio Senegal liderada por Lançarote de Lagos em 1444 atacou brutalmente os moradores de diversas ilhas ao largo Os habitantes embora tenham conseguido infligir algumas baixas em seus agressores não tiveram outro recurso do que tentar fugir para áreas de difícil acesso Outras expedições subsequentes comportaramse mais ou menos da mesma forma mas logo as forças navais africanas foram alertadas desses novos perigos e os navios portugueses começaram a enfrentar uma forte e efetiva resistência Por exemplo em 1446 um navio sob o comando de Nuno Tristão tentou desembarcar uma tropa armada na região de Senegâmbia mas foi atacado por navios africanos e os africanos conseguiram matar quase todos os invasores Do mesmo modo em 1447 Valarte um navegador dinamarquês a serviço de Portugal foi assassinado junto com a maioria de sua tripulação quando embarcações locais o atacou perto da ilha de Gorée Embora os navios africanos não fossem projetados para navegar em altomar eles eram capazes de repelir ataques nas costa Eram embarcações especialmente projetadas para enfrentar os problemas da navegação costeira dos sistemas fluviais adjacentes Da costa da Angola até o Senegal as embarcações militares e comerciais tendiam a ser construídas de modo similar Em geral elas eram feitas de um só tronco de árvores tropicais e só ocasionalmente tinham partes laterais Por conseguinte eram longas e baixas Quase sempre eram movidas por remos ou pás e portanto suas manobras independiam dos ventos Deslocavam pouca água e podiam operar na costa rios enseadas e em estuários e lagoas no interior As embarcações projetadas para carregar soldados podiam segundo testemunhas da época carregar de 50 a cem homens Esses barcos especiais constituíam alvos pequenos rápidos e difíceis para as armas européias e carregavam forte carga de material de ataque em seus arqueiros e em suas azagaias No entanto eles não podiam se aventurar em altomar e os navios portugueses grandes e de costado alto eram difíceis de tomar de assalto Alvise da Mosto um mercador veneziano que comercializava na África com uma licença portuguesa registrou um embate seu com uma flotilha africana em Gâmbia em 1456 Mosto foi confundido com justiça como um novo invasor de Portugal e foi imediatamente atacado por 17 grandes barcos que carregavam cerca de 150 homens armados Eles exibiram os navios armados com arcos e flechas ao se aproximarem e Mosto disparou sua artilharia contra eles sem contudo atingilos Embora os atacantes tenham ficado temporariamente surpresos com esse bombardeio inesperado não obstante intensificaram o ataque e nesse momento a tripulação no cordame superior do navio veneziano abriu fogo causando algumas mortes De novo apesar de impressionados com essas armas os africanos continuaram a lutar até que Mosto conseguiu por fim comunicarlhes que não tinha intenção de atacálos e aí houve um cessarfogo Os africanos eram incapazes na maioria das circunstâncias de tomar de assalto um navio europeu e os europeus por sua vez tinham pouco sucesso em seus ataques por mar no continente Por conseguinte os europeus abandonaram a longa tradição de comercializar e atacar e a substituiram por uma relação quase pacífica no comércio regular Mosto tentou isso em sua viagem e a Coroa portuguesa por fim enviou Diogo Gomes em 1456 para negociar tratados de paz e comércio com os governantes da costa Como resultado Portugal estabeleceu e manteve relações diplomáticas com estados africanos Já em 1494 Hieronymous Münzer um visitante alemão em Lisboa observou que o rei enviava com frequência presentes aos governantes de estados africanos para obter favores e assim os portugueses podiam viajar com liberdade na África sob a proteção desses governantes Essas relações diplomáticas e comerciais substituiram com facilidade as atividades de ataque e comércio ou de ataque e conquista em outras partes do Atlântico sobretudo porque os portugueses descobriram com prazer que também havia uma economia comercial bem desenvolvida na África a qual o comércio marítimo poderia explorar sem hostilidades A presença da frota africana em quase toda a costa parece ter inibido a recorrência das ações regulares de ataque e comércio de muitas viagens subsequentes dos portugueses embora é claro a política de reprimir agressões aos africanos nem sempre fosse seguida Recémchegados ou poderes menos estruturados ainda pensavam nas vantagens a curto prazo das invasões como assim fez uma expedição de Castela enviada em 1475 para comercializar ouro na Costa do Ouro mas que também realizou muitas emboscadas Do mesmo modo as primeiras viagens inglesas no final do século XVI em especial a áreas pouco estáveis como Serra Leoa com seus diversos estados também fizeram ações ofensivas ou pelo menos deixaram a violência e a captura de pessoas predominar sobre o comércio pacífico Mas essa violência prejudicou o comércio na área e muitos países que tinham uma participação comercial constante tomaram medidas para prevenir hostilidades Uma das primeiras viagens norteamericanas vindas de Boston em 1645 envolveuse em uma emboscada e os encarregados dessa missão devolveram os escravos aprisionados no navio com um bilhete de desculpas provavelmente para manter ou retomar boas relações com seus sócios comerciais em potencial Mesmo a Coroa portuguesa algumas vezes precisou reaprender essas lições Em 1535 a tentativa de Portugal de conquistar as ilhas Bissagos sede de alguns dos mais renomados navegadores e invasores da costa da Guiné teve resultados desastrosos Mas em geral essas exceções eram esporádicas e o comércio pacífico tornouse uma norma em toda a costa da África Porém em virtude do grande número de participantes e da incerta natureza da factibilidade desse comércio em distâncias tão lon104 Mosto Mondo Novo ed GasparriniLeporace pp 824 105 Gomes realizou sua missão em De prima inuentione Gujnee em Fernandes Descriça fols 27283 esta é a numeração do texto original 106 Hieronymous Münzer Itinerarium 23 de novembro de 1494 MMA2 12478 Muitos desses diplomatas eram conhecidos existem registros de missões ao Congo Benim Labida e Jalofo todas de Lisboa 107 Alonso Fernández de Palencia Cronica de Enrique IV 5 vols Madri 19049 4127 108 Como exemplo o ataque de Cavendish em agosto de 1586 e de Cumberland em outubro de 1586 com base em vários relatos reunidos e editados em P E H Hair Early European Sources for Sierra Leone Africana Research Bulletin 13 1974 712 767 109 Richard Saltonstall para o general Court de Massachusetts 7 de outubro de 1645 em Robert Moody ed The Saltonstall Papers 16071815 2 vols Boston 19724 11389 minutas das reuniões do Boston Council sessões de 1 a 14 de outubro de 1645 e de 4 de setembro 1 de outubro e 4 de novembro de 1646 em Nathaniel B Shurtleff ed Records of the Governor and Company of the Massachusetts Bay in New England 5 vols Boston 18534 reeditado Nova York 1968 284 129 136 e 168 110 Ver o relato retrospectivo de André Alvares de Almada Tratado breve dos Rios da Guiné 1594 MMA2 3319 e a documentação contemporânea Donation to Infante Luis 27 de março de 1532 e 5 de setembro de 1534 MMA2 22269 e 2635 gas no período préindustrial não é surpreendente que tais transgressões tenham ocorrido Além do poderio naval africano ter dificultado os ataques ele também permitiu que os africanos comercializassem com os europeus segundo seus próprios termos coletando direitos aduaneiros e taxas como queriam Por exemplo Afonso I rei do Congo capturou um navio francês e sua tripulação em 1525 porque estava fazendo comércio ilegal em sua costa11 Talvaz em razão de incidentes como esse João Afonso um navegador português a serviço da França ao escrever na época aconselhava potenciais viajantes da França para o Congo de gerir o comércio corretamente explicando que quando um navio entrava no Zaíre ele tinha de esperar até que os funcionários na costa enviassem um dos seus barcos e que não fizessem nada sem a real permissão do rei do Congo112 Uma excursão militar portuguesa na África atlântica a conquista de Angola foi mais o resultado de uma controvérsia econômica do que de aspirações territoriais A colônia foi originalmente planejada para abrigar uma feitoria comercial a fim de regular o comércio de Dongo e durante quatro anos funcionou como tal113 Quando uma disputa comercial provocou uma guerra em 1579 a posição portuguesa foi salva pela intervenção de um exército do Congo e apesar de o Congo terse unido a uma coalizão contra Portugal em 1571 Portugal havia conseguido uma base sólida e aliados locais para se manter114 Conflitos navais e a conquista das Américas Embora nosso objetivo principal seja mostrar o papel da África na formação do mundo atlântico vale observar mesmo superficialmente que em algumas partes das Américas a superioridade naval dos europeus não era tão significativa A maioria das conquistas espetaculares dos europeus na América envolveu impérios no interior do continente onde o poderio naval era relativamente 111 Alvará de Afonso I para oficiais de São Tomé 27 de dezembro de 1525 MMA 14556 112 Jean Alfonse de Saintogne Les voyages aduentureux Paris 1559 fol 55 Apesar de publicado em 1559 esse texto provavelmente foi escrito em torno de 1530 Afonso morreu de todo modo aproximadamente em 1544 113 Ver o contrato de 1571 firmado entre Paulo Dias de Novais e a Coroa que estipulava relações comerciais embora não permitisse a Dias de Novais conquistar uma parte ácida da costa meridional nessa época fora da jurisdição de Ndongo Carta de Doação a Paulo Dias de Novais 19 de setembro de 1571 MMA 33651 114 Detalhado em Beatrix Heintze Die portugiesische Besiedlungs und Wirtschaftpolitik in Angola 15701607 Aufsätze zur portugisischen Kulturgeschichte 17 19812 20019 insignificante com exceção do conhecido papel das fragatas hispânicas no cerco de Tenochtitlán por Cortez115 Entretanto o mais dramático foi o fracasso da Espanha no Caribe A Espanha sem dúvida conquistou com uma ajuda considerável dos povos locais as maiores ilhas Porém muitas vezes suas conquistas foram rechaçadas pelos habitantes militaristas do sul e do leste do Caribe O povo kulinago das Pequenas Antilhas os carib e os arawak que habitavam a Venezuela e as Guianas com frequência mas nem sempre de modo acurado designados caribs em documentos espanhóis116 não só resistiram às tentativas de ataque dos espanhóis como conseguiram atacar as posses espanholas durante os séculos XVI e XVII O povo da bacia oriental do Caribe possuía uma boa tecnologia naval nos moldes da africana com embarcações relativamente pequenas e de fácil manobra117 para derrotar os navios espanhóis pois eles navegavam em altomar118 A ocupação posterior dos franceses ingleses e holandeses nas Índias Ocidentais resultou na primeira codominação e depois em um longo embate militar que só foi decidido pela força numérica superior dos colonizadores Mesmo em terras continentais a conquista européia das Américas ficou muito aquém da plenitude Fora das áreas centrais do México e do Peru houve muitos nativos americanos que resistiram a incursões dos europeus ou se renderam gradualmente após uma longa pressão militar Entre eles podese citar os indígenas da Flórida que não só venceram o célebre ataque de Ponce de Leon como perseguiram seus homens em suas canoas capturando diversos dos seus navios119 Mesmo em terra firme os europeus não conseguiram derrotar com facilidade nem os 115 Existem várias pesquisas sobre esse período a melhor talvez sendo a de Carl Sauer The Early Spanish Main Berkeley e Los Angeles 1996 e Troy Floyd The Columbus Dynasty in the Caribbean 14921526 Albuquerque 1973 116 Sobre a complexidade das situações etnológicas históricas e arqueológicas na bacia meridional do Caribe incluindo as Guianas e a bacia do Orinoco ver Marc de Civrieux Los Caribes y la conquista de la Guayana espanhola Montalbán 5 1976 8751201 117 Para um relato sobre a batalha naval entre as canoas caribenhas e os navios europeus parecido de algum modo com o relato de Mosto na África ver o testemunho de Jean Baptiste du Terte Histoire générale des Antilles habitées par les Français 4 vols Paris 1667 150812 118 Para uma boa pesquisa sobre as relações da Espanha com os habitantes da atual República Dominicana e as proezas militares dos caribenhos em geral ver Joseph Baromé Spain and Dominica 14931647 Caribbean Quaterly 12 1966 3047 119 Antonio Herrera y Tordesillas Historia general de los hechos de los castellanos 1724 diversas edições modernas década 7 livro 7 caps 5 810 araucanos do Chile120 ou os chichimecas do México121 os quais resistiram aos colonizadores europeus e conquistadores com tanto sucesso que a colonização foi lenta e realizada sem sua colaboração ou assistência e só depois de uma longa luta Os tupinambás e os tupis no Brasil aceitaram a colonização portuguesa com muito vagar e em 1680 muitas regiões da América do Sul estavam ou inteiramente nas mãos dos nativos ou eram governadas em conjunto com os nativos americanos e os colonizadores europeus em uma incômoda codominação122 Portanto não se pode conceber as Américas sob a soberania total dos europeus Em muitos lugares ocorreu uma longa luta pelo controle em outros locais as fronteiras permaneceram sem o domínio firme dos europeus por muito tempo Quando os africanos foram trazidos para as Américas como escravos essa situação com frequência os favoreceu e para eles a natureza instável das Américas propiciou oportunidades para escapar mediar partidos rivais ou usar o potencial de deserção ou fuga para melhorar sua situação Assim na metade do século XVI o mundo atlântico começou a tomar forma Os navegadores europeus que haviam começado a compreender os ventos e as correntes do Atlântico estabeleceram um sistema de navegação que uniu a Europa a África e as Américas em um sistema único de comércio Os governantes europeus e seus súditos mais poderosos perceberam que esse sistema era muito importante e que possuía um grande potencial de riqueza e estavam determinados a retirar o controle político e econômico das mãos dos pioneiros Mas se os poderosos da Europa controlavam o comércio marítimo na África foram incapazes de dominar a costa e a navegação costeira e nas Américas as regiões conquistadas eram circundadas por povos não conquistados hostis e algumas vezes agressivos Na África eram eles que determinavam seu papel comercial e na América com frequência constituíam o grupo mais importante entre os primeiros colonizadores Mesmo quando não exerciam um papel político especial eles constantemente conseguiam tirar partido da dominação incompleta da Europa 120 Louis de Armond Frontier Warfare in Colonial Chile Pacific Historical Review 23 1954 12532 Robert C Padden Cultural Change and Military Resistance in Araucanian Chile 15501730 Southwestern Journal of Anthropology 1957 10321 121 Ver a admirável discussão em Philip Powell Soldiers Indians and Silver The Northward Advance of New Spain 15501600 Berkeley 1952 122 O livro de John Hemming Red Gold The Conquest of the Brazilian Indians 15001760 Cambridge Mass 1978é a melhor pesquisa para outras regiões como o Paraguai ver James Lockhart e Stuart Schwartz Early Latin America A History of Colonial Spanish America and Brazil Cambridge 1983 pp 253304 Em resumo o comércio não se desenvolveu para atender às carências da África ou mesmo para suprir uma produção deficiente ou problemas de qualidade dos produtos africanos manufaturados Mais exatamente o comércio da África com a Europa foi em grande parte motivado pelo prestígio modismo gostos diferentes e um desejo de variar e essas motivações extravagantes apoiavamse em uma economia produtiva razoavelmente bem desenvolvida e um poder de compra considerável O comércio atlântico da África não foi um simples anseio para preencher necessidades básicas e da parte dos africanos o interesse em importar mercadorias não representou um critério de valor de suas carências ou ineficiência mas em vez disso foi uma medida da extensão de seu mercado doméstico Começase a perceber as complexidades comerciais ao observar o comércio de metais sobretudo ferro pois este era o melhor exemplo de uma mercadoria que era importada e poderia ser utilizada em ferramentas e em que a técnica era essencial para produzir artefatos de qualidade Os portugueses exportavam pouco ferro para a África talvez porque se sentissem obrigados a honrar as injunções do papa contra a venda de materiais com potencial militar para os infiéis No entanto o Congo cristão também recebeu pouco ferro de Portugal o que faz crer que sua produção era pequena e o lucro de exportálo seria medíocre Os holandeses que tinham acesso a boas fontes alemãs e escandinavas e os ingleses que possuíam seu próprio ferro foram os pioneiros na venda de ferro na África e as barras de ferro já predominavam nos presentes ofertados por van den Broecke em 1605 O ferro surgiu nas listas de produtos comercializáveis holandeses no século XVII como útil em toda a África e grande quantidade era levada para lá todos os anos Com base em estatísticas de companhias comerciais francesas e inglesas Curtin estimou que a Senegâmbia importou cerca de 150 toneladas de ferro da Europa por ano na segunda metade do século XVII embora esse montante seja provavelmente mais elevado do que as quantidades importadas anteriormente Mas a África era uma produtora de ferro e a Senegâmbia já era suprida por produtores em Futa Jalom e talvez também por uma produção local de má qualidade à época da chegada dos portugueses Na verdade os portugueses compraram ferro em Serra Leoa para vendêlo em Senegâmbia e em outros locais como mostram claramente os livros de registro do navio Santiago que fez a travessia dessa rota em 1526 Porém o comércio europeu posterior de ferro com a Senegâmbia não foi simplesmente uma tentativa de competir com outros produtores da África ocidental para suprir as necessidades de uma região pobre desse metal Na realidade o comércio de ferro foi algo mais complexo As peculiaridades da produção africana desse metal que levaram o ferro da Europa a ser atrativo vêm é provável de longa data Segundo trabalho recente sobre a produção antiga de ferro na África a tecnologia foi desenvolvida em torno de 600 aC ou mesmo antes na orla do Sudão no início do deserto do Saara talvez como resultado de descobertas realizadas em áreas produtoras de cobre no deserto ao norte da atual Nigéria Em virtude de haver recursos escassos de combustível desse local os trabalhadores africanos desenvolveram métodos para conserválo dos quais o mais importante foi o projeto de um sistema para préaquecer o jato de ar que entrava na fornalha o qual prefigura técnicas usadas na Europa só no século XIX Esse método não só economizava combustível como também propiciou a fabricação de aço de excelente qualidade talvez o melhor aço do mundo na época e com certeza igual ou mesmo melhor do que o aço produzido nos primórdios da Europa moderna De fato a pesquisa sobre a qualidade do metal produzido nas fundições da África ocidental e os estudos arqueológicos recentes indicam que o aço africano equivalia a qualquer um produzido em outros lugares no século XV Mas a fabricação do aço ainda requeria grande quantidade de madeira o que nem sempre estava disponível e assim a melhor produção de aço era feita na margem norte da floresta tropical onde havia uma associação de suprimentos de madeira e minério de ferro bem como abundante transporte por água Isso encareceu algumas vezes o ferro em regiões distantes dos centros de produção como a Senegâmbia Em decorrência o ferro europeu mesmo de qualidade in 4 Pieter van den Broecke Reizen naar WestAfrika van Pieter van de Broecke 160414 editado por K Ratelband Haia 1950 p 5 5 Curtin Economic Change p 210 6 Pacheco Pereira Esmeraldo livro 1 cap 33 ed Silva Dias p 96 ferior era competitivo no preço e podia ser utilizado em artefatos que não necessitavam da qualidade do aço Mas apesar de seu preço ser competitivo a importação de ferro não conseguiu suprir as necessidades da Senegâmbia antes de 1680 De acordo com as estimativas de Curtin suas importações anuais de ferro em 1680 chegavam a 150 toneladas e provavelmente eram inferiores na metade do século anterior Esse ferro atenderia às carências de uma população restrita situada ao longo da costa norte de Gâmbia e do interior do Senegal até aproximadamente Futa Tooro onde uma indústria local reduzía a necessidade de importações Curtin observa que os comerciantes encontraram um mercado muito limitado para a importação de ferro nas regiões acima de ambos os rios antes da metade do século XVIIICaso se presuma que cada família tivesse um conjunto mínimo de utensílios composto de uma enxada um machado uma grande faca machete ou foice para desmatar os campos pequenas facas para cortar e alguns arcos e flechas e lanças para caçar excluindo artefatos para usos militares podemos estimar que cada família possuía dois quilos de ferro em um dado momento o qual necessitava de reposição a cada dois anos para o ferro produzido no local o ferro de baixa qualidade ou importado necessitava de reposição duas ou três vezes por ano e por conseguinte cada família tinha um consumo anual de um quilo de ferro por ano Se em 1650 essa região costeira limitara possuísse uma população total de cerca de 15 milhão de pessoas organizadas talvez em 300 mil unidades familiares então essas famílias necessitavam de 300 toneladas de ferro local por ano Mas se elas usassem ferro importado com uma taxa de reposição mais alta seria preciso no mínimo 1200 toneladas para suprir suas carências Assim as importações provavelmente só atendiam a cerca de 10 a 15 de suas necessidades 10 Ver Candice Goucher Iron Is Iron Til It Rust Trade and Ecology in the decline of West African IronSmeltin Journal of African History 22 1981 17989 L M Poole Decline or Survival Iron Production in West Africa from the Seventeenth to the Twentieth Centuries ibid 23 1982 50313 11 Curtin Economic Change pp 21011 12 Sobre a taxa de reposição ver Poole Decline or Survival p 507 13 Cheguei a esta cifra recalculando as densidades demográficas da região citadas em Thornton Demographic Effect pp 71014 por uma área aproximada dessa parte da região 14 Com base no cálculo de cinco pessoas em cada família Com esse objetivo o número total de famílias equivale aproximadamente ao número de homens na faixa etária de 16 a 50 anos ou 20 do total Essa estimativa de consumo é baixa presumindo um consumo mínimo de uma família e exclui usos militares uma das mais importantes utilizações do ferro Por exemplo em geral os cavaleiros na Senegâmbia segundo descrições do final do século XVI carregavam uma espada uma lança com uma lâmina larga e sete ou oito lanças de arremesso menores e seu cavalo e sela também utilizavam uma pequena quantidade de ferro15 tudo isso somando talvez dois quilos Sendo assim uma unidade de 500 cavalos usava uma tonelada de ferro com uma taxa de reposição alta pois alguns artefatos eram consumidos antes de se desgastarem como as lanças de arremesso as quais por essa razão podiam ser feitas de um ferro importado de qualidade inferior e mesmo de acordo com uma estimativa moderada das tropas de cavalaria é provável que os 15 mil cavaleiros do litoral e os da região mais abaixo dos rios necessitassem de 30 toneladas de ferro sem mencionar a infantaria numerosa em que algumas de suas armas consumiriam a estimativa mencionada de consumo famíliar mas que provavelmente demandariam no total 10 ou 20 toneladas a mais Se o ferro da Europa não supria as necessidades de uma região carente desse metal e com certeza não substituía o ferro de má qualidade por um melhor pois como vimos o relacionamento era inverso então o ferro importado dos países europeus tinha um papel muito mais complexo Os africanos da Senegâmbia e de outros locais compravam o ferro barato europeu em barras talvez a forma mais comum de compra mas eles também compravam espadas de aço de ótima qualidade as quais eram com certeza utilizadas já com seu acabamento final Os africanos podiam é claro fazer suas próprias espadas pois possuíam habilidades e metal de qualidade porém sem dúvida a espada importada era também um item prestigioso cujo valor não era estimado só por sua utilidade como arma Isso explica por que os arqueólogos encontraram uma espada européia em um cemitério em Rao que deve ter sido comprada através do comércio transaariano nos séculos XII ou XIII16 A distância que essa espada deve ter percorrido não é só um mero indício de sua utilidade 15 De Almada Tratado breve MMA2 3241 Donelha Descrição da Serra Leoa fols 18v19 16 J Joire Découvertes archéologiques dans la région de Rao BasSénégal BIFAN 17 1955 262 Por conseguinte os mercadores europeus que pretendiam negociar com os mercados africanos tinham de fazer diversas negociações complexas antes de iniciar a troca comercial Mosto ao chegar no rio Senegal em 1455 e um dos primeiros a registrar essas transações nos dá um exemplo interessante Podese designar esse mercador veneziano como um comerciante privado e sua primeira ação foi de negociar com Portugal para obter a licença para navegar na Guiné Esse requerimento fezse necessário porque o rei de Portugal reivindicou soberania sobre as rotas comerciais do oceano Atlântico e por meio desse pleito que os papas mas nem todas as potências da Europa reconheciam também reivindicou o direito de limitar o acesso fixar itinerários e impor tributos aos que comercializavam nessa área Ao obter sua licença do Estado que controlava o término do ponto comercial europeu Mosto partiu para o local onde teria de se submeter a outras séries de negociações com o governante de Kayor chefe do Estado que controlava o ponto final do lado africano Embora ele não revele todas as complexidades em um cenário que estava começando a se delinear é bem claro que suas discussões com o governante e sua longa estadia com um nobre local fizeram parte da transação pela qual ele conseguiu por fim obter um carregamento Os comerciantes particulares com quem Mosto negociou tiveram sem dúvida de fazer seus próprios arranjos em Kayor porém ele não revela quais foram Visitantes posteriores mostraram a natureza imprecisa desses relacionamentos Quando Pieter van den Broecke um mercador holandês que agia sem muita interferência estatal da Europa realizou uma viagem a essa mesma área em 1605 ele não pediu permissão de Portugal embora soubesse que os navios portugueses poderiam atacálo por violar suas reivindicações de soberania que já vinham sendo violadas impunemente por navios ingleses e franceses Mas os comerciantes holandeses assim como os de outros países europeus que visitaram a África em sua época logo perceberam que eles sofriam restrições em seus países de origem pois em 1621 a Dutch West Company ou Companhia Holandesa das Índias Ocidentais licenciouse e fez os mesmos pleitos que os de Portugal em relação aos comerciantes holandeses desejosos de negociar com a África Essa companhia serviu de modelo para muitas outras companhias licenciadas que atuavam fora da França e da Inglaterra e funcionou como hospedeira para outros países do norte da Europa como Dinamarca Brandenburgo Suécia e Curlândia Entretanto para van den Broecke bem como para todos os outros que se seguiram os Estados africanos ainda exerciam vários mecanismos de controle estatal Embora ele não tenha feito visitas demoradas aos governantes de Kayor foi obrigado a fazer uma visita de cortesia a um alcaide do governante a quem pagou um tributo provavelmente em troca do direito de comércio privado Por outro lado quando van den Broecke visitou outras partes da África sua experiência assemelhouse à de Mosto Em Loango aonde ele foi três vezes entre 1606 e 1612 visitava com regularidade o governante pagava impostos e negociava condições comerciais tal como em Ngoyo e Nsoyo outros Estados africanos na região central da África Apesar do fato de que esses Estados atuassem no comércio atlântico há cerca de um século quando van den Broecke os visitou a necessidade de controle estatal ainda requeria negociações havia impostos em forma de presentes e visitas de cortesia aos governantes Esses dois visitantes revelaram algumas das complexidades do comércio africano Por sua vez havia uma série de pleitos das potências européias referentes à navegação ou reivindicações das companhias licenciadas como mais tarde comerciantes holandeses franceses e ingleses mostrariam que incluíam tributação controle sobre rotas e itinerários ou especificações relativas a produtos a serem vendidos ou comprados Por outro lado existiam outros procedimentos solicitados pelos africanos quanto aos produtos a serem comprados impostos ou tarifas aduaneiras preços diferenciados para pessoas de status diverso e assim por diante que se originavam das necessidades e solicitações dos vários Estados africanos 52 MONOPÓLIO E COMPETIÇÃO NO COMÉRCIO DO ATLÂNTICO Embora o controle estrito sobre as atividades dos europeus fosse em grande parte uma questão de assegurar que o comércio se conduzira segundo as regras do Estado e em benefício do governante e do erário existia também uma tentativa subjacente de obter monopólio em face dos parceiros comerciais africanos Assim pelo menos uma parte do sistema de controle de garantia de retornos financeiros tinha também como objetivo conseguir melhores preços por meio do controle sobre o suprimento de mercadorias Em resumo o comércio europeu na África tentou distorcer o mercado a seu favor e contra seus parceiros africanos O grau de sucesso dessa política pode indicar se os europeus foram os parceiros mais desenvolvidos ou dinâmicos nessa relação comercial A esse respeito Pacheco Pereira em sua pesquisa sobre o comércio de Portugal no início do século XVII reclamava com frequência que em virtude de o comércio não ser bem administrado as condições comerciais para a venda de cavalos em troca de escravos pendiam em favor dos africanos É evidente que isso significava que enquanto a Coroa controlasse os estoques e a oferta de preços para os africanos estes teriam de aceitar esse preço cujo valor máximo seria atribuído pelo preço mais elevado do comércio transaariano de cavalos ou por outras fontes de suprimento Como Pacheco Pereira percebeu muito bem e sem dúvida também a Coroa portuguesa a criação de um monopólio de suprimento de produtos europeus nas mãos da Coroa ou das pessoas designadas por ela asseguraria rendimentos mais elevados e um aumento da receita da Coroa Porém na verdade a Coroa portuguesa e todos os agentes que tentaram isso falharam Com esse fracasso adveio o insucesso da exploração da comunidade comercial africana Existiram dois fatores contrários à política européia e devemos admitir a hostilidade da África a esse respeito Primeiro havia a possibilidade de que as potências estrangeiras cientes da recompensa dos ganhos a serem obtidos no comércio local procurassem comercializar na costa da África e suplantar os preços fixados pelos portugueses por meio da competição Segundo havia o perigo de que agentes portugueses fossem funcionários do governo ou comerciantes particulares agindo com ou sem licença reduzissem o controle estatal ou competissem entre eles Para enfrentar a primeira eventualidade a Coroa de Portugal procurou obter o reconhecimento de outras potências européias sobre suas reivindicações de comércio na Guiné Ela conseguiu o apoio papal e buscou ganhar a aceitação dessa soberania por parte de outros países europeus Apesar do reconhecimento desses pleitos pelos papas essa legitimidade não era totalmente segura ou amplamente respeitada Desde o início das navegações portuguesas existiram os competidores de Castela Só em 1479 como parte do acordo geral entre Portugal e Castela este reino aceitou com relutância a soberania de Portugal sobre as rotas marítimas ao largo das Canárias embora os registros portugueses revelem que os navios particulares continuassem a comercializar na área e até mesmo a pagar impostos pelo dinheiro apurado em suas transações Os castelhanos não estavam sós pois nesse mesmo ano Eustace de la Fosse realizou uma viagem de Flandres para a Costa do Ouro mas acabo sendo capturado pelos navios portugueses Os projetos de viagens da Inglaterra se seguiram logo após e no início do século XVI navios franceses cruzavam regularmente o sul do Atlântico violando as reivindicações portuguesas e os ditames papais Como era típico da natureza desses pleitos da Coroa de Portugal o governo português tentou cessar essas viagens capturando os navios e suas cargas uma ameaça ainda mais atemorizante porque os portugueses anunciaram que jogariam a tripulação no mar bem como encaminhando petições diplomáticas formais aos países de origem dos comerciantes europeus rivais Os embaixadores portugueses enviados à Espanha França e Inglaterra tentaram com regularidade que os governantes desses países ordenassem a seus súditos de desistirem de seus planos de navegar pelo Atlântico eles alcançaram diversos níveis de sucesso O apelo aos governantes para controlar o comércio revela a 53 postura generalizada dos europeus em relação ao papel do Estado em promover o comércio obtendo concessões para exercêlo ou algo semelhante mesmo que todas as partes reconhecessem que haveria algumas viagens ilegais particulares a despeito da desaprovação real Ao mesmo tempo que procurava encerrar a participação estrangeira a Coroa também tentava controlar a participação de seus próprios cidadãos Nesse caso os custos de supervisionar o comércio tinham de ser ponderados contra os benefícios do monopólio e a dinâmica desses dois fatores configurou a política de Portugal nos primeiros anos Em geral a Coroa algumas vezes buscou participar do comércio diretamente e em outros evitou a sua participação pois o comércio de longas distâncias era sempre arriscado Portanto à época das primeiras viagens o rei de Portugal decidiu permitir que comerciantes particulares portugueses ou estrangeiros como Mosto obtivessem licenças em troca de uma remuneração Dessa forma a Coroa conseguia algum rendimento do comércio mas não corria riscos pois as viagens malsucedidas pagavam a remuneração do mesmo modo que as bemsucedidas No entanto como a utilidade e o valor de alguns produtos foram demonstrados os governantes ficaram descontentes com um simples pagamento do mercadores e começaram a insistir em um monopólio real para negociar uma extensa lista de produtos começando com ouro e escravos mas logo se estendendo a diversos tipos de tecidos moedas e outras mercadorias que eram utilizadas na troca comercial do Atlântico Em breve navios reais foram preparados para navegar no Atlântico em 1504 havia 14 navios a serviço da Coroa no comércio com a África Por outro lado os monopólios reais e a participação comercial direta não significavam que a Coroa se assenhoreara do comércio Em geral a Coroa ainda preferia negociar trocando a receita garantida paga adiantada pelas incertezas que sempre acompanhavam um comércio que envolvia longas viagens marítimas enfrentando piratas e comerciantes particulares de toda sorte carregando mercadorias que poderiam perecer ou estragar antes de chegar ao mercado Nesse sentido a Coroa decidiu agenciar seu poder de monopólio a particulares dando a cada um deles uma parte do monopólio real em troca de uma renda fixa O monopólio assegurava ao detentor da concessão mais certeza de lucro e um volume maior se outros fatores nãoeconômicos permitissem embora na prática a Coroa não se empenhasse muito no cumprimento dos acordos e com frequência violava o monopólio do concessionário Por fim a Coroa negociava praticamente todos os seus direitos exceto aqueles que incidiavam sobre o comércio do ouro Um grande problema que a Coroa de Portugal enfrentou em relação aos seus pleitos de monopólio sobre o comércio europeu foi o custo do cumprimento da lei Com o objetivo de garantir que o sistema se guiaria segundo seus interesses a Coroa começou a enviar agentes para a África para Arguim em 1469 para supervisionar o comércio de ouro e escravos da costa do deserto para Cabo Verde para inspecionar os interesses reais para Mina para supervisionar o comércio real de ouro para São Tomé e depois para pontos ao longo do litoral africano para Cacheu nos Rios da Guiné uma passagem rápida para verificar o comércio na área de Benim para Mpinda e Mbanza Kongo no Congo e posteriormente para a colônia de Angola Esses agentes e os funcionários do governo associados a eles tinham a responsabilidade de inspecionar se o comércio real das mercadorias consideradas como monopólio estava sendo gerido de acordo com um conjunto de regras incluindo uma série de salvaguardas bem elaboradas contra a máfé de seus funcionários e que comerciantes particulares estrangeiros e outros estavam seguindo as regras de Portugal referentes ao licenciamento e ao controle de mercadorias Ao final entretanto tanto os cidadãos como os funcionários do governo os quais eram em geral ricos mercadores que haviam comprado suas posições que participavam do comércio colaboraram para indeterminar a eficácia de qualquer monopólio comercial Para um fun cionamento adequado o comércio precisava ser realizado totalmente sob a supervisão governamental porém isso era impossívelna costa da África sobretudo porque os comerciantes particulares europeus e alguns funcionários logo descobriram que os governantes africanos dispunhamse a ceder suas próprias concessões privadas permitindolhes lucrar com o comércio em vez de serem simples agentes Comerciantes particulares e funcionários de segundo escalão a serviço de Portugal agastados com os regulamentos portugueses perceberam também que sua posição no sistema de remuneração do comércio controlado faria com que seus rendimentos permanecessem sempre baixos e então passaram para o lado dos africanos ou ao menos ofereceram seus serviços para eles em troca de uma posição mais elevada no sistema do que Portugal poderia oferecer Nos anos 1520 havia alguns colonizadores independentes chamados com frequência de lançados distribuídos em diversos lugares na África aliados às autoridades africanas O navio real Santiago comprava mercadorias deles em Serra Leoa em 1526 e viajantes ao longo de toda a costa notaram sua presença Ao final do século XVI alguns ocuparam postos importantes em estados da Senegâmbia e a maioria que habitava na região dos rios da Guiné casouse com mulheres locais e lhes foi permitido criar seus próprios núcleos de povoamento Muitos desses colonizadores eram provenientes das ilhas de Cabo Verde e suas conexões com o comércio privado proviam essa área não é surpreendente que alguns fossem cristãosnovos judeus portugueses convertidos cujas chances de prosperar a serviço de Portugal eram limitadas59 Embora a presença da feitoria real e de uma supervisão escrupulosa limitasse o crescimento desse tipo de comunidade na Costa do Ouro60 grupos de portugueses de São Tomé e Príncipe estabeleceramse na maioria dos Estados do Golfo da Guiné Portugueses de São Tomé estavam bem em evidência em lugares como Aladá na metade do século XVII e ocupavam uma posição de honra no sistema de governo o guia comercial holandês de 1655 até mesmo anotou os presentes que deveriam ser dados ao português61 Do mesmo modo Villault ao navegar pela cos ta em direção ao sul em 1667 observou que os mulatos portugueses que viviam ao longo do litoral de Serra Leoa a cabo Mount dominavam totalmente o comércio os quais supostamente haviam ido para o interior sob pressão real em 160462 Apesar de essa data ser questionável é claro que esses trânsfugas tinham também conexões políticas caso contrário não teriam dominado o comércio Na África central onde a inexistência do comércio de ouro não atraía diretamente os interesses da Coroa essa tendência era ainda mais evidenciada Colonizadores portugueses de São Tomé logo se tornaram uma comunidade favorecida no Congo e depois também em Dongo cujos governantes os apoiavam contra as reivindicações do governo de Portugal63 Os navios portugueses que visitaram o Congo entre 1525 e 1535 registraram a compra de escravos de colonos portugueses locais alguns como Manuel Varela eram funcionários do governo no Congo e desfrutavam do favor real64 Como os desertores da África ocidental muitos dos desertores da África central eram cristãosnovos Uma investigação realizada em Luanda em 15967 pelo tribunal da Inquisição de Lisboa revelou uma cadeia de povoamentos estabelecida em toda a área pelos cristãosnovos que ocupavam postos no Congo e com frequência postos na Igreja e na administração do Congo e em seus vizinhos a leste bem como em Estados da região de Dembos e Dongo65 Para refrear o potencial desses trânsfugas de expandiremse a expensas do Estado português a Coroa tentou agrupar todos os portugueses em povoamentos supervisionados sob controle de um agente 59 Ibid p 687 60 Ibid pp 68991 61 UBLBPL MS 927 Aenwijsingse van diversesche Beschrijvingen van de NoortCust van Africa fol 12v 62 Nicholas Villault Sieur de Bellefond Relation des costes dAfrique apellée Guinée Paris 1669 a tradução inglesa A Relation of the Coasts of Africa called Guinea Londres 1670 p 84 é citada 63 John Thornton Early KongoPortuguese Relations A New Interpretation History in Africa 8 1981 1934 64 Os livros dos quatro navios que visitaram o Congo nesse período encontramse em ANTT CC sec II Todos registram a compra de escravos de moradores do Congo ver 1283 Livro do Conceição 28 de agosto de 1535 com a data errônea de 1525 na folha da capa do arquivo 192727 Livro do Santo Espírito 30 de janeiro de 1535 MMA 1598102 20316 Livro do Urbano 11 de agosto de 1535 MMA 1511518 e 20439 Livro do Conceição 6 de outubro de 1535 MMA 1512430 Manuel Varela é mencionado como vendedor de escravos em ambas as visitas do Conceição em 1535 ANTT CC II1283 II20439 MMA 15125 Outras fontes o citam como portador de uma carta para Afonso I de Portugal Afonso para João III 25 de julho de 1526 MMA 1480 Ele também é citado como tendo perdido mais de 70 cruzados correspondentes ao valor do dinheiro nzimbu porque os navios não foram apanhar seus escravos no porto de Mpinda inquérito conduzido por Diogo L 12 de outubro de 1458 MMA 22001 65 ANTT Inquisição de Lisboa 1597877 Visita a Angola 15967 fols 2323v 54v55v 58 63 6488v designado pelo rei embora a maioria dessas tentativas não tenha dado o resultado esperado mesmo para a Coroa O fato de que elas não prosseguiram revela que a Coroa decidiu encarar o projeto como um fracasso Isso parece ter ocorrido quando o governo de Portugal tentou basear todas as operações da costa da Alta Guiné em um único ponto justificando que poderia proteger melhor seus cidadãos contra a agressão da população local e rechaçar piratas estrangeiros Um forte foi edificado em 1591 e logo depois foi atacado pelo povo local e embora Almada que relatou todo o episódio fosse claramente a favor do movimento esse fato foi danoso para o comércio do governo e talvez para os lançados que se haviam reinstalados no local66 Analogamente os planos feitos em 1606 para uma conquista de Serra Leoa semelhantes aos realizados antes em Angola também incluíam um grupo de mercadores e moradores portugueses em um mesmo local sob o controle de um capitão67 Essas idéias também estavam subjacentes a numerosas tentativas de governantes portugueses de indicar um capitão para a comunidade portuguesa no Congo apoiadas algumas vezes pelos governantes do Congo desde que isso não interferisse com seus clientes entre a comunidade portuguesa68 Por exemplo em 1574 o rei Sebastião de Portugal procurou reagrupar novamente a comunidade portuguesa no Congo depois de ter ajudado o rei do Congo a expulsar os jagas do país69 Por fim a Coroa esperou que o estabelecimento de uma colônia em Angola realizaria o que a diplomacia no Congo falhara Embora a colônia tenha com certeza ajudado a manter o controle ao redor da foz do rio Cuanza os portugueses instalados mais além continuaram a fazer alianças locais e assim não sofriam supervisão Para reprimir isso a política adotada pelo governantes no século XVII foi uma variante das iniciais Eles forçaram a realização do comércio em feiras mercados dirigidos por um funcionário português nos locais mais importantes dos maiores parceiros comerciais de Angola Mercados do governo similares parecem ter sido organizados ao final do século XVI70 mas o sistema só foi formalizado no início do século XVII71 Esse sistema provavelmente também falhou em controlar os sertanejos os portugueses que continuavam a fazer seus próprios acordos com as autoridades africanas Essas políticas implementadas para assegurar o controle e a participação da Corte no comércio africano segundo suas normas resultaram na conquista de Angola nos anos 1570 e motivaram projetos de outras conquistas sobretudo as dos rios da Guiné e de Serra Leoa Na verdade essas tentativas eram em última instância conseqüências do plano da Coroa portuguesa de centralizar e monopolizar o comércio provavelmente para obter um preço monopolista contra os africanos e para garantir seu próprio rendimento ou o de seus licenciados Mas ao final enquanto os Estados africanos preservaram sua soberania a Coroa portuguesa nunca conseguiu dominar completamente o comércio Ao longo do século XVI os portugueses fizeram sérias e freqüentes tentativas temporariamente bemsucedidas de manter potências estrangeiras fora do comércio africano embora a longo prazo eles tenham fracassado até mesmo na Costa do Ouro onde se encontrava sua posição mais sólida Em parte esse fracasso deveuse à impossibilidade de manter um poderio marítimo capaz de afastar os navios estrangeiros mas principalmente porque os africanos não estavam submetidos a Portugal e não podiam ser impedidos de negociar com estrangeiros ou com agentes e funcionários subalternos da Coroa portuguesa72 Esses comerciantes estrangeiros do século XVI eram em geral mercadores particulares e os governos de seus países de origem nem sempre os apoiavam contra os pleitos dos portugueses embora eles raramente tenham aceitado as demandas de Portugal de cessar sua atividade Mas no século XVII os holandeses fizeram uma importante investida contra as reivindicações monopolistas de Portugal Eles argumentaram que isso era uma extensão da guerra espanhola nos Países Baixos e como a Espanha absorvera a Coroa portuguesa em 1580 os holandeses também estavam em guerra com Portugal Os holandeses não fizeram essa investida simplesmente enviando comerciantes particulares apesar de os mercadores holandeses freqüentarem a costa da África desde 1590 66 Almada Tratado breve MMA2 32856 3004 67 Doação da capitania de Serra Leoa para Pedro Alvares Pereira 4 de março de 1606 MMA2 412939 68 Thornton Early KongoPortuguese Relations pp 1957 69 Sebastião I para Francisco de Gouveia 19 de março de 1574 MMA 31201 70 Como indicado nas declarações a respeito de resgates e feiras em ANTT Inquisição de Lisboa 1597877 Visita a Angola por exemplo fol 23 Cabonda terra de Angola em ǭ os portugueses residẽ e passim 71 Beatrix Heintze Das Ende des Unabhängigen Staates Ndongo Angola Neue Chronologie und Reinterpretation 161730 Paideuma 27 1981 2001 72 Para uma discussão racional e atualizada da política de Portugal na Costa do Ouro e o sucesso dos ingleses em frustrála ver Avelino Teixeira da Mota e PEH Hair East of Mina AfroEuropean Relations on the Gold Coast in the 1550s and 1560s Madison 1988 mas em vez disso eles licenciaram uma companhia a primeira Companhia Holandesa das Índias Ocidentais em 1621 Essa companhia um reflexo do sistema de governo discrepante e descoordenado da república holandesa combinava capital de cada cidade que constituía o Estado e em troca do pagamento de dividendos para os conselhos das cidades participantes das rendas advindas de seu comércio ou seja uma espécie de imposto lhe foram concedidos os poderes de um Estado Em resumo era em si uma espécie de Estado e logo começou a operar no comércio nessa qualidade73 No início de sua carreira a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais tentou retirar o controle do sul do Atlântico de Portugal conquistando partes do Brasil e depois atacando sistematicamente as posses portuguesas na África o posto de Mina caiu em 1637 os de Príncipe e Angola em 1641 e o de São Tomé em 164774 Embora os holandeses tenham justificado a investida contra os pleitos monopolistas portugueses pela defesa dos direitos de liberdade marítima eles rápidamente reivindicaram a soberania quase da mesma forma Assim quando companhias inglesas dinamarquesas suecas e alemãs organizadas segundo os moldes da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais tentaram comercializar com a Costa do Ouro os holandeses afirmaram sua hegemonia e procuraram capturar navios e carregamentos75 Por conseguinte nos anos 1660 os ingleses e holandeses guerrearam pela supremacia da Costa do Ouro76 Mas essas reivindicações não atingiam os habitantes da costa Na melhor das hipóteses como os pleitos dos portugueses de que eles agora haviam se apropriado a companhia holandesa esperava dominar as importações marítimas na África de modo a conseguir um monopólio comercial Assim como seus predecessores portugueses os diretores da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais confiavam que poderiam usar sua capacidade militar para limitar a competição a fim de aumentar seu lucro Entretanto os holandeses foram menos bemsucedidos do que os portugueses como é claramente demonstrado em um relatório retrospectivo escrito por Heerman Abramsz para os diretores da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais após seu retorno para a Holanda depois de um longo serviço como diretor de operações da companhia na África ocidental em 1679 O relatório mostra o quanto os holandeses foram incapazes de manter o monopólio que eles haviam usurpado dos portugueses e como as companhias inglesas suecas e dinamarquesas tinham penetrado no comércio estabelecendo edificações e postos e fazendo seus próprios acordos com os governantes africanos rejeitando com firmeza as reivindicações dos holandeses até mesmo em áreas nas quais eles tinham postos77 Mesmo nos locais nos quais elas haviam desistido de seus planos grandiosos de controlar todo o comércio marítimo essas companhias ainda esperavam formar uma relação exclusiva em geral por um tratado formal com um único Estado africano na esperança de estabilizar os preços e eliminar a competição As reclamações constantes nos relatórios das companhias sobre as tentativas de suplantar os preços pagos pelos rivais europeus e a inconstância dos africanos que se recusavam a firmar tratados comerciais revelam claramente tanto as tentativas quanto os resultados78 Os aspectos da fixação de preços desses tratados não tiveram êxito mas eles garantiram que os suprimentos de mercadorias encontrariam um mercado Por conseguinte mesmo que não tivessem conseguido impor um preço monopolista a seus compradores africanos os europeus poderiam pelo menos ter certeza de que seus navios teriam a permissão de vender suas cargas antes de outras nações ou companhias em troca de produtos africanos Isso diminuiu os riscos do comércio nenhum comerciante queria fazer uma longa e perigosa viagem para se deparar com a inexistência de mercadorias à venda A expectativa de que o risco comercial se reduziria levou os europeus a persistirem nos tratados comerciais com os africanos e talvez a mesma razão motivou os 73 Charles Ralph Boxer The Dutch Seaborne Empire 16001800 Nova York 1965 pp 219 74 Ibid pp 267 75 Statement by Joost van Colster on the Attitude of the Dutch West India Company toward Interlopers and Foreign Ships 111 agosto de 1682 em Adam Jones ed e trad Brandenburg Sources for West African History 16801700 Wiesbaden 1985 pp 223 76 Ver Captain Holmes his Journalls of two voyages into Guynea in his Majestys Ship the Henrietta and the Jersey in the year 16601 and 16634 Universidade de Cambridge Magdalen College Pepysian Library MS 2698 africanos a continuar concordando com eles Mas esses acordos claramente não superaram as distorções monopolistas do comércio Se os problemas para manter suas prováveis reivindicações retóricas de supremacia não fossem suficientes as companhias licenciadas como acontecera antes com Portugal não podiam sempre impedir seus empregados os agentes da costa de servirem aos africanos ou de serem coniventes com eles As instruções enfatizavam com regularidade a necessidade de evitar que os agentes das companhias negociassem diretamente com os africanos ou desertassem para o lado deles Do mesmo modo embora os holandeses e outras potências estrangeiras tenham achado conveniente negociar com o antigo grupo de desertores as já bem estabelecidas comunidades de portugueses ou de seus muitos descendentes africanos eles também não esperavam confiar neles essas comunidades exemplificavam o fracasso de suas tentativas para controlar o comércio Os empregados das companhias podiam ser facilmente assimilados em comunidades comerciais sob o domínio africano Os empregados desertores em algumas ocasiões faziam seus próprios negócios às vezes por meio de um casamento afortunado com uma mulher nativa Assim quando o funcionário prussiano Otto Friedrich von der Gröben visitou o posto inglês na ilha Bence Serra Leoa em 1682 ele observou que muitos funcionários inclusive o governador tinham concubinas que lhes haviam dado filhos79 Essas concubinas forneciam as conexões locais Um relatório sobre a situação para a Royal African Company para a qual todos os funcionários tinham de se reportar mencionou que cada homem tem sua prostituta para quem eles roubam c80 Dessas comunidades surgiu um grupo de raças miscigenadas de comerciantes simpatizante dos ingleses que agia em toda a Serra Leoa com conexões com as companhias e os governantes africanos81 No século XVIII esses grupos foram especialmente benéficos para o comércio britânico 79 Otto Friedrich von der Gröben Guineische Reisebeschreibung nebst einem Anhang der Expedition in Morea Marienwerder 1964 facsímile atualizado 1913 pp 289 Adam Jones fez uma nova edição em inglês com base em fontes manuscritas com a numeração de páginas original em Brandenburg Sources 80 Clarke para a Companhia 1º de março de 16844 PRO T7011 p 134 citado em Jones Brandenburg Sources p 27 nota 10 81 Rodney Upper Guinea Coast pp 21622 das por presentes regulares ofertados por Portugal a todos os potentados locais Documentos do início do século XVI são repletos de notas desses presentes que se relacionavam só indiretamente ao comércio84 Ao realizar o comércio os portugueses tinham ainda de negociar e pagar o xarife85 assim chamado por analogia ao seu próprio sistema um funcionário encarregado de negócios comerciais tão importante em Efuto que poderia até mesmo se tornar rei86 Em algumas ocasiões os acordos variaram segundo a época Em Benim por exemplo os primeiros livros de navios portugueses dos anos 1520 descrevem uma extensa série de presentes dados a funcionários do governo e uma visita ao governante que então abriu o mercado para cada uma das mercadorias a serem comercializadas inclusive mercados separados para escravos masculinos e femininos Visitantes ingleses meio século depois por sua vez só negociavam com o governante talvez porque seu maior interesse era a pimenta da qual o rei era o único produtor ou talvez em virtude de o sistema político em Benim ter mudado Visitantes subseqüentes no século XVII encontraram de novo funcionários encarregados do comércio e além disso os comerciantes não eram mais levados à capital para negociar e faziam seus negócios no porto de Ughoton87 Do mesmo modo na Costa do Ouro os presentes ofertados pelos portugueses aos governantes locais tornaramse gradualmente uma taxa anual de aluguel embora sempre com conotação de presente88 Por outro lado qualquer comerciante atuando na região ainda precisava negociar com os funcionários mesmo que esses funcionários ocasionalmente se aproveitassem das complexidades da política local para se estabelecerem como governantes de estados aparentemente independentes Até o que parecia comércio privado tal como caravanas de mercadores a exemplo dos comerciantes akani era sancionado pelo Estado e portanto cuidadosamente controlado89 84 Vogt Portuguese Rule pp 827 231 notas 6379 85 Ibid p 87 essas transações são abundantes nos registros que restaram cf Elbl Portuguese Trade p 640 nota 48 para uma lista de documentos importantes 86 ANTT CC sec I 3119 Nuno Vas de Castello Branco para o rei 2 de outubro de 1502 87 Descrito em Ryder Benin and the Europeans pp 4379 88 Kwame Daaku Trade and Politics on the Gold Coast 16001720 Londres 1970 89 Cf Kea Settlements pp 22636 24887 verdade os portugueses compraram ferro em Serra Leoa para vendêlo em Senegâmbia e em outros locais como mostram claramente os livros de registro do navio Santiago que fez a travessia dessa rota em 1526 Porém o comércio europeu posterior de ferro com a Senegâmbia não foi simplesmente uma tentativa de competir com outros produtores da África ocidental para suprir as necessidades de uma região pobre desse metal Na realidade o comércio de ferro foi algo mais complexo As peculiaridades da produção africana desse metal que levaram o ferro da Europa a ser atrativo vêm é provável de longa data Segundo trabalho recente sobre a produção antiga de ferro na África a tecnologia foi desenvolvida em torno de 600 aC ou mesmo antes na orla do Sudão no início do deserto do Saara talvez como resultado de descobertas realizadas em áreas produtoras de cobre no deserto ao norte da atual Nigéria Em virtude de haver recursos escassos de combustível desse local os trabalhadores africanos desenvolveram métodos para conserválo dos quais o mais importante foi o projeto de um sistema para préaquecer o jato de ar que entrava na fornalha o qual prefigura técnicas usadas na Europa só no século XIX Esse método não só economizava combustível como também propiciou a fabricação de aço de excelente qualidade talvez o melhor aço do mundo na época e com certeza igual ou mesmo melhor do que o aço produzido nos primórdios da Europa moderna De fato a pesquisa sobre a qualidade do metal produzido nas fundições da África ocidental e os estudos arqueológicos recentes indicam que o aço africano equivalia a qualquer um produzido em outros lugares no século XV Mas a fabricação do aço ainda requeria grande quantidade de madeira o que nem sempre estava disponível e assim a melhor produção de aço era feita na margem norte da floresta tropical onde havia uma associação de suprimentos de madeira e minério de ferro bem como abundante transporte por água Isso encareceu algumas vezes o ferro em regiões distantes dos centros de produção como a Senegâmbia Em decorrência o ferro europeu mesmo de qualidade in 7 Avelino Teixeira da Mota A viagem do navio Santiago à Serra Leoa e Rio S Domingus em 1526 Boletim Cultural da Guiné Portuguesa 24 1969 567 572 8 Ver Peter Schmidt e S Terry Childs Innovation and Industry during the Early Iron Age in East Africa The KM2 e KM5 Sites of Northwest Tanzania African Archaeological Review 3 1985 5394 9 Curtin Economic Change pp 20711 O mesmo ponto pode ser ainda mais detalhado na questão da importação de tecidos pois ao contrário do ferro cuja distribuição e condições de trabalho o predispunham a comércios de longa distância o tecido poderia ser fabricado em qualquer lugar Com certeza os africanos não compravam tecido europeu porque não possuíam material próprio nem se deve pensar que o tecido europeu era necessariamente melhor em um sentido funcional de proteção contra agentes externos ou mais baratos do que os seus correspondentes africanos Os primeiros viajantes europeus elogiavam os tecidos da África ocidental por exemplo Fernandes e Pacheco Pereira falaram muito do tecido de Mandinga que eles e seus informantes encontraram17 Esse tecido foi amplamente comercializado na África ocidental e os portugueses até mesmo levaram tecelões de Mandinga para as ilhas de Cabo Verdeonde eles criaram um comércio característico de tecidos que se tornou o principal produto comercial da África ocidental durante muitos séculos18 A vitalidade das indústrias têxteis africanas pode ser medida no caso da África central onde ao contrário do tecido europeu ou asiático e até mesmo do tecido da África ocidental a indústria local utilizava casca de árvore para fazer uma grande variedade de tipos de tecidos Esses tecidos podiam ser de ótima qualidade pois Pacheco Pereira escreveu no início do século XVI No reino do Congo eles fazem tecidos de palmeiras com a superfície como veludo e os desenhados como cetim aveludado são tão bonitos que não existe trabalho mais bem feito na Itália19 Esse tecido era também abundante visto que os produtores africanos foram muito eficientes além de habilidosos Os portugueses compraram muito tecido do Congo oriental para exportálo para as terras a leste de Angola e um memorando sobre esse comércio datado de 1611 indica que a região do Congo oriental exportava só para Angola cerca de 100 mil metros de tecido por ano20 Esse nível de exportações sugere ao se considerar o consumo doméstico e as exportações para outros locais da África que a produção total talvez fosse duas vezes maior Esse mon 17 Fernandes Descrição fol 110v 115 Pacheco Pereira Esmeraldo livro 1 cap 29 ed Silva Dias pp 868 18 Antônio Carreira Panaria caboverdianoguineense Aspectos históricos e sócioeconomicos Lisboa 1960 Sobre o tecido de Senegâmbia em geral ver Curtin Economic Change pp 21113 19 Pacheco Pereira Esmeraldo livro 3 cap 2 ed Silva Dias p 134 20 Alvitre de Pero Sardinha c 1611 MMA 6523 não excedia a 150 mil pessoas situa o Congo oriental no mesmo nível dos grandes centros têxteis da Holanda na mesma época como Leiden cuja produção total por ano chegava a 100 mil metros e cuja população total urbana e rural era talvez equivalente21 Constatase ainda que as importações européias não se destinavam simplesmente ao vestuário pessoal quando se considera o consumo da Costa do Ouro um grande importador de tecido europeu que absorvia uma quantidade de cerca de 20 mil metros de tecido da Europa e da Ásia por ano no início da metade do século XVII22 Esse comércio fornecia tecido para uma população composta em um cálculo estimativo por 1500000 pessoas das quais cerca de 750 mil adultos e um número aproximadamente igual de homens e mulheres23 Podese calcular com base em descrições do vestuário do povo comum de Acã feitas em relatos de viajantes tais como o de Marees 1601 e de Müller 1688 que cada homem adulto vestia de três a quatro metros de tecido e cada mulher talvez de quatro a cinco metros incluindo o pano para carregar crianças a maior parte um único pedaço de tecido enrolado em volta do corpo24 Se fizermos uma suposição mínima contemplando os es 21 Ver estatísticas em Braudel Wheels of Commerce p 347 22 Minha estimativa baseiase em grande parte nos registros feitos por navios nos anos 1640 citados em Ray Kea Settlements Trade and Politics on the Seventeenth Century Gold Coast Baltimore 1982 pp 20810 e 405 notas 1016 Kea avaliou que cada um dos 200 navios que visitaram a Costa do Ouro entre 1593 e 1607 carregavam 137 mil metros de tecido de um total de 2736 milhões de metros de tecido importado ou acima de 2286000 metros por ano p 208 fontes citadas na página 405 nota 10 Mas nem os documentos que ele cita nem os da nota seguinte p 405 nº 11 não comprovam as cifras tão elevadas de cada navio Em vez disso parecem sugerir que 137 mil metros eram o total considerando um nível de importação anual na faixa de 1012 mil metros que aumentou ao longo do século 23 Minha estimativa baseiase no método de densidade demográfica média usado no Senegal citado em Thornton Demographic Effect pp 71014 para a metade da região sul da Costa do Ouro Kea Settlements p 139 calcula a população total dessa área em 656 mil pessoas uma população adulta de 325 mil valendose de uma projeção do tamanho do exército mencionado na literatura Em uma nota todavia ele assinala que o multiplicador 4 usado para converter exércitos em população é muito baixo na verdade presumese que todo homem adulto servisse ao exército e cita uma opinião de Marion Johnson de que para o século XIX um número próximo a 8 que daria uma população de cerca de 1312000 pessoas quase o mesmo de minha estimativa poderia ser mais preciso p 380 nota 64 A opinião de Johnson é reforçada pelo fato de que ao contrário dos exércitos do século XIX com Kea motrou pp 14967 os do século XVII eram pequenas forças de elite e não exércitos de massa significando que um multiplicador mais elevado deveria ser utilizado 24 Pieter de Marees Beschryvinge ende historische verhael vant Govt koninckrijck van Guinea Amsterdam 1602 edição atualizada com a numeração de páginas original assinalada S P LHonoré Naber Haia 1912 tradução para o inglês com a numeração de páginas original assinalada Albert van Dantzig e Adam Jones Description and Historical Account of the Gold Kingdom of Guinea 1602 Londres 1987 pp 17a 19b 26ab Wilhelm Johann Müller Die Afrikansche THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122 185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada Relatório do Software Antiplágio CopySpider Para mais detalhes sobre o CopySpider acesse httpscopyspidercombr Instruções Este relatório apresenta na próxima página uma tabela na qual cada linha associa o conteúdo do arquivo de entrada com um documento encontrado na internet para Busca em arquivos da internet ou do arquivo de entrada com outro arquivo em seu computador para Pesquisa em arquivos locais A quantidade de termos comuns representa um fator utilizado no cálculo de Similaridade dos arquivos sendo comparados Quanto maior a quantidade de termos comuns maior a similaridade entre os arquivos É importante destacar que o limite de 3 representa uma estatística de semelhança e não um índice de plágio Por exemplo documentos que citam de forma direta transcrição outros documentos podem ter uma similaridade maior do que 3 e ainda assim não podem ser caracterizados como plágio Há sempre a necessidade do avaliador fazer uma análise para decidir se as semelhanças encontradas caracterizam ou não o problema de plágio ou mesmo de erro de formatação ou adequação às normas de referências bibliográficas Para cada par de arquivos apresentase uma comparação dos termos semelhantes os quais aparecem em vermelho Veja também Analisando o resultado do CopySpider Qual o percentual aceitável para ser considerado plágio CopySpider httpscopyspidercombr Page 1 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 Versão do CopySpider 211 Relatório gerado por jenyfercarolinedossantosgmailcom Modo web normal Arquivos Termos comuns Similaridade RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpwwwarteafricanauspbrcodigostextosdidaticos002afri caculturasesociedadeshtml 36 043 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpsmundoeducacaouolcombrhistoriadobrasildiretas jahtm 16 031 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpsbrasilescolauolcombrguerras 14 030 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpsbrasilescolauolcombrguerrasprimeiraguerra mundialhtm 14 029 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpsrevistagalileuglobocomSociedadeHistorianoticia2019 11comoeramsociedadesdaafricasubsaarianaantesda chegadadoseuropeushtml 7 024 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpswwwtodamateriacombrculturaafricana 7 020 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpsfunaggovbrlojadownloadHistoriadaAfricapdf 267 019 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpswwwbbccomportuguesebrasil57575496 9 015 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpswwwtodamateriacombrafricaprecolonial 5 015 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpsbrainlycombrtarefa35582453 4 013 CopySpider httpscopyspidercombr Page 2 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpwwwarteafricanauspbrcodigostextosdidaticos002africaculturasesociedadeshtml 6066 termos Termos comuns 36 Similaridade 043 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpwwwarteafricanauspbrcodigostextosdidaticos002africaculturasesociedadeshtml 6066 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse CopySpider httpscopyspidercombr Page 3 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou CopySpider httpscopyspidercombr Page 4 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de CopySpider httpscopyspidercombr Page 5 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se CopySpider httpscopyspidercombr Page 6 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que CopySpider httpscopyspidercombr Page 7 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 8 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpsmundoeducacaouolcombrhistoriadobrasildiretasjahtm 2820 termos Termos comuns 16 Similaridade 031 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpsmundoeducacaouolcombrhistoriadobrasildiretasjahtm 2820 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 9 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 10 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 11 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 12 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 13 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 14 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpsbrasilescolauolcombrguerras 2327 termos Termos comuns 14 Similaridade 030 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpsbrasilescolauolcombrguerras 2327 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 15 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 16 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 17 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 18 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 19 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 20 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpsbrasilescolauolcombrguerrasprimeiraguerramundialhtm 2555 termos Termos comuns 14 Similaridade 029 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpsbrasilescolauolcombrguerrasprimeiraguerramundialhtm 2555 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 21 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 22 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 23 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 24 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 25 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 26 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpsrevistagalileuglobocomSociedadeHistorianoticia201911comoeramsociedadesda africasubsaarianaantesdachegadadoseuropeushtml 663 termos Termos comuns 7 Similaridade 024 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpsrevistagalileuglobocomSociedadeHistorianoticia201911comoeramsociedadesdaafrica subsaarianaantesdachegadadoseuropeushtml 663 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do CopySpider httpscopyspidercombr Page 27 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares CopySpider httpscopyspidercombr Page 28 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de CopySpider httpscopyspidercombr Page 29 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou CopySpider httpscopyspidercombr Page 30 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 CopySpider httpscopyspidercombr Page 31 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 32 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpswwwtodamateriacombrculturaafricana 1250 termos Termos comuns 7 Similaridade 020 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpswwwtodamateriacombrcultura africana 1250 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 33 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 34 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 35 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 36 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 37 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 38 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpsfunaggovbrlojadownloadHistoriadaAfricapdf 133129 termos Termos comuns 267 Similaridade 019 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpsfunaggovbrlojadownloadHistoriadaAfricapdf 133129 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 39 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 40 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 41 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 42 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 43 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 44 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpswwwbbccomportuguesebrasil57575496 3730 termos Termos comuns 9 Similaridade 015 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpswwwbbccomportuguesebrasil 57575496 3730 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 45 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 46 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 47 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 48 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 49 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 50 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpswwwtodamateriacombrafricaprecolonial 925 termos Termos comuns 5 Similaridade 015 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpswwwtodamateriacombrafricapre colonial 925 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 51 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 52 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 53 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 54 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 55 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 56 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpsbrainlycombrtarefa35582453 745 termos Termos comuns 4 Similaridade 013 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpsbrainlycombrtarefa35582453 745 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 57 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 58 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 59 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 60 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 61 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 62 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050
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JOHN THORNTON A ÁFRICA E OS AFRICANOS NA FORMAÇÃO DO MUNDO ATLÂNTICO 1400 1800 EDITORA CAMPUS Associação Brasileira para a Proteção dos Direitos Editoriais e Autorais RESPEITE O AUTOR NÃO FAÇA CÓPIA Preencha a ficha de cadastro no final deste livro e receba gratuitamente informações sobre os lançamentos e promoções da Editora Campus Consulte também nosso catálogo completo e últimos lançamentos em wwwcampuscombr A ÁFRICA E OS AFRICANOS NA FORMAÇÃO DO MUNDO ATLÂNTICO 1400 1800 Coordenação Editorial Mary Del Priore Tradução Marisa Rocha Motta Revisão Técnica Márcio Scalercio Professor Titular da Universidade Candido Mendes Professor do Departamento de Economia da PUC Rio Do original Africa and Africans in the Making of the Atlantic World 14001800 Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por The Press Syndicate of the University of Cambridge Copyright 1992 1998 by John Thornton 2004 Elsevier Editora Ltda Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9610 de 190298 Nenhuma parte deste livro sem autorização prévia por escrito da editora poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados eletrônicos mecânicos fotográficos gravação ou quaisquer outros Copidesque Ivone Teixeira Editoração Eletrônica DTPhoenix Editorial Revisão Gráfica Roberto Mauro Facce Projeto Gráfico Elsevier Editora Ltda A Qualidade da Informação Rua Sete de Setembro 111 16º andar 20050006 Rio de Janeiro RJ Brasil Telefone 21 39709300 Fax 21 25071991 Email infoelseviercombr Escritório São Paulo Rua Elvira Ferraz 198 04552040 Vila Olímpia São Paulo SP Telefone 11 38418555 ISBN 8535212841 Edição original ISBN 0521627249 CIPBrasil Catalogaçãonafonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros RJ T414a Thornton John Kelly 1949 A África e os africanos na formação do mundo Atlântico 14001800 John Thornton tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 il Tradução de Africa and africans in the making of the Atlantic world 14001800 2nd ed ISBN 8535212841 1 Escravidão 2 África Relações Europa 3 Europa Relações África 4 África Relaões América 5 América Relações África 6 Europa História 14921648 I Título CDD 303482 CDU 316421 031728 5 4 3 2 1 Sumário Prefácio à 2ª edição 7 Abreviações 9 Mapas 10 Notas dos mapas 13 15 Introdução 41 Parte I Os africanos na África 51 1 O nascimento do mundo atlântico 53 2 O desenvolvimento do comércio entre europeus e africanos 87 3 A escravidão e a estrutura social na África 122 4 O processo de escravidão e o comércio de escravos 153 Parte II Os africanos no Novo Mundo 187 5 Os africanos nas sociedades coloniais do Atlântico 189 6 Os africanos e os afroamericanos no mundo atlântico vida e trabalho 216 Abreviações ANTT Arquivo Nacional da Torre do Tombo Lisboa ARSI Archivum Romanum Societatis Jesu Roma BIFAN Bulletin Institut fondamental de lAfrique Noire Dakar BM Rouen Bibliothèque Municipale de Rouen BN Colômbia Biblioteca Nacional da Colômbia BSGL Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa MMA Antônio Brásio ed Monumenta missionaria africana series 1 15 vols Lisboa 195288 MMA² Antônio Brásio ed Monumenta missionaria africana series 2 5 vols Lisboa 195879 PRO Public Record Office Londres UBLBPL Universitets Bibliotek Leiden Biblioteca Publica Latina Nota da editora Nesta edição ao transcrever os nomes próprios de origem africana sobretudo topônimos e gentílicos procuramos utilizar a grafia adotada pelo africanista Alberto da Costa e Silva em seu clássico A manilha e o libambo Nova fronteira 2002 consultandose ainda os principais dicionários gerais da língua portuguesa e o Vocabulário onomástico da língua portuguesa ABL 1999 Os nomes próprios não encontrados nessa bibliografia foram mantidos na forma original 7 Grupos culturais africanos no mundo atlântico 253 8 As transformações da cultura africana no mundo atlântico 279 9 Religiões africanas e o cristianismo no mundo atlântico 312 10 Resistência fugas e rebeliões 355 11 Os africanos no mundo atlântico no século XVIII 394 Índice 431 ESTADOS DA ÁFRICA OCIDENTAL 1625 África área no mapa ESTADOS ACÁ Índia no mapa África area no mapa Mapa 2 Ver Notas dos mapas 13 ESTADOS DA ÁFRICA CENTRAL 1625 Mapa 3 Ver Notas dos mapas 13 DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DE ORIGEM AFRICANA NAS AMÉRICAS 1650 Número de escravos africanos ou de afrocrioulos 04999 500014999 superior a 15000 controle efetivo da Europa Mapa 4 GRUPOS CULTURAIS AFRICANOS Alta Guiné GRUPOS CULTURAIS Oeste do oceano Atlântico grupo da região Norte Oeste do oceano Atlântico grupo da região Sul Mande Oeste de Kwa AkanEweGa Leste de Kwa IorubaEdoIgbo Oeste de Bantu fronteira dos grupos culturais Mapa 5 Notas dos mapas 13 Infelizmente muitos africanistas produzem mapas da geografia précolonial sem referências adequadas para se estabelecer com precisão o modo pelo qual as fronteiras das unidades foram documentadas Os mapas apresentados neste livro resultaram de uma vasta pesquisa e portanto requereram uma documentação considerável aqui descrita A tarefa de definir os limites geográficos dos estados da África précolonial é difícil sobretudo em virtude da natureza da fonte documental Em algumas regiões a documentação especifica certos marcos divisórios que separam um estado de outro mas em geral a informação geográfica é bastante vaga Esse fato explica a convenção amplamente difundida de situar nomes em mapas sem tentar precisar as fronteiras convenção que tem algum mérito Por outro lado em muitos casos a tentativa de delimitar as fronteiras dá uma impressão errônea de que a precisão é possível Entretanto a determinação dos limites geográficos mesmo se de forma arbitrária ou inexata pode ajudar a estimar a área ou a população dos estados em questão As fronteiras dos mapas aqui citados são demarcadas simplesmente como uma conveniência para o leitor além de mostrar as áreas utilizadas para estimar a população dados que constam do final do livro Com o objetivo de justificar minhas decisões relacionei um conjunto de nomes de estados nos mapas com registros de entradas de fontes para cada um século XVII para se tornar o império significativo construído no final do século XVII Law Oyo Empire pp 3944 A presença de várias divisões de Lucumis no relato de Sandoval indica mas não prova uma pequena unidade com uma província sulista independente Ede e uma presença remanescente de Borgu isto é os Lucumis Barbas ver nº 53 Pode ter sido um reino de uma certa dimensão porém com pouco poder como sugere o trabalho de Ahmed Baba ao escrever em Tombuctu no início do século XVII argumentando que iorubá tinha legitimidade para escravizar O mapa tenta representar essa situação embora sem muito compromisso com as fronteiras ali desenhadas de acordo com o mapa de Law de Oió préimperial ibid p 35 mas mostrando Ede como independente e dando aos borgu presença nas cidades do norte as quais tradicionalmente eles teriam fundado cf ibid p 42 56 Benim Suas fronteiras na costa são fáceis de determinar Ulsheimer menciona em especial a ilha de Lagos como um posto de Benim e mostra seu exército ativo na região ao redor em 1601 Andreas Ulsheimer Varhaffte Beschreibung ettlicher Raysen in Europa Africa Ostindien und America 1616ed atualizada traduzida para o inglês em Adam Jones Brandenburg Sources for West African History 15591669 fols 3232b Sandoval sugere fronteiras similares ao longo da laguna no leste Instauranda p 78 enquanto assinala que pelo menos uma parte da margem norte da lagoa estava sob o domínio de Ijebu nº 57 A leste Sandoval o situa fronteiriço a Warri Instauranda p 17 mas seus limites geográficos no interior não são descritos exceto em relação a outros reinados cujas fronteiras são igualmente incertas Tracei os limites no interior com base naqueles registrados se bem que em período posterior por R E Bradbury Benin Studies Oxford 1973 pp 4475 57 Ijebu Iabu Gabu Jabboe Sandoval o situa entre Benim e Aladá na laguna de Lagos onde existe uma cidade murada circundada por um fosso Instauranda p 78 segundo outras localizações no século XVI e a de Dapper bem como a cidade moderna com o mesmo nome 58 Warri Oeri Guere Sandoval o situa a leste de Benim ibid p 17 É mostrado aqui de acordo com dados mais específicos da metade do século XVII em Dapper Naukeurige beschrijvinge p 133 e em Bonaventura da Firenze Como entrò la Fede di Giesu Christo nel Regno dOuere per la Prima Volta publicado em Vittorio Salvadorini Le missioni a Benin e Warri nel XVII secolo La relazione inedita di Bonaventura da Firenze Milão 1972 fols 8v10 1515v 59 Zarabu Um Estado que se dizia ocupado por canibais localizado além de Warri segundo Sandoval Instauranda p 17 60 Ijó Jos Este estado não foi mencionado por Sandoval um bom informante nesta área mas em razão de sua presença ter sido citada no século XVI e ao final do século XVII parece seguro continuar a situálo aqui neste período Não é impossível que ele tenha sido subjugado por Benim nessa época e assim ter desaparecido como uma entidade independente 61 Calabar Caravalies puros Uma idéia geral de sua localização é dada por Sandoval Instauranda p 17 que os descreve para além de Zarabu dados mais específicos são encontrados em Dapper Naukeurige beschrijvinge p 133 62 Igbos Caravalies particulares Sandoval descreve um grupo que vive perto dos caravalies puros mas que não o são o qual vivia em 40 a 50 vilarejos independentes aldeas eles não reconheciam um rei porém lutavam constantemente pertenciam a diferentes castas y naciones comercializavam com os caravalies puros vendiam com freqüência suas mulheres e crianças como escravos e eram todos canibais Instauranda p 17 Em outra passagem ele fornece os nomes de 17 desses grupos alguns deles do grupo linguístico igbo abalomo bila cubai coco cola dembe done evo ibo ido mana moco oquema ormapri quereca tebo teguo ibid p 94 Não tentei localizar lugares individuais mesmo nesse grupo de 17 e os agrupei todos juntos no mapa 63 Igala Agare Segundo Sandoval um dos países que circundavam Benim e tido por Nupe e Benim como seu imperador Instauranda p 17 64 Nupe Mosiaco Lycosagou Isago Citado por Sandoval ibid sob o nome de Mosiaco que parece concordar com a denominação de Pacheco Pereira Lycosagou e de Dapper Isago como um dos reinos que circundavam Benim ao norte Suas fronteiras supostamente contatavam Oió nº 55 e Benim nº 56 mas é ainda algo muito aproximado Para mais detalhes ver John Thornton Traditions Documents and the IfeBenin Relationship History in Africa 15 198835162 Região da Nigéria central nºs 6583 65 Songai Remanescente de um grande império sob o domínio de Askia Nuh que lutou contra o Marrocos durante a invasão de 1591 alSadi Tarikh alSudan pp 22480 66 Mossi A análise de Izard sugere que os mossi conhecidos durante o século XVI nas crônicas sudanesas situavamse ao norte da zona de Mossi perto de Songai e tiveram ao menos uma certa presença ao longo do Níger em tempos mais antigos M Izard The Peoples and Kingdoms of the Niger Bend and the Volta Basin from the 12th to the 16th Century General History of Africa 421116 2259 Entretanto sua conclusão é de que o ataque de Songai aproximadamente em 1575 alSadi Tarikh alSudan pp 168 173 179 o destruiu parece não ser confirmada e o mapa mostra um país bem significativo reerguendose depois da queda de Songai 67 Gurma Sua localização é inferida de passagens das Chronicles Tarikh alFettash pp 1345 mas seu tamanho não pode ser definido as fronteiras são meras conjeturas e fixadas com base em estados vizinhos 68 Kabi Cabi Guangara Kabi desfrutou um breve período de superioridade militar na metade do século XVI até mesmo com ataques na maioria dos estados de Hausa e Air Giovanni Lorenzo Anania o descreveu tanto como Guangara quanto Cabi e observou que seu governante era rico e poderoso e comportavase como um imperador La universal fabrica del mondo trecho sobre a África publicado em uma edição crítica a partir de edições de 1573 1576 e 1582 por Dierick Lange e Silvio Berthoud Lintérieur de lAfrique occidentale daprès Giovanni Lorenzo Anania Journal of World History 14 1972336 e 336b ver também Mervyn Hiskett The Development of Islam in West Africa Londres e Nova York 1984 mapa p 90 69 Borgu Barba Bariba Aparentemente um estado militar ativo que devia estar próximo a Songai pois foi atacado em uma invasão a Songai em 1576 alSadi Tarikh alSudan p 179 No sul era agressivo com Oió ver nº 55 e ocupou diversos distritos ao norte no país iorubá onde Sandoval os conheceu como Lucumis Barbas Essas fronteiras mostram que ele se constituía em uma única unidade administrativa ao passo que uma geografia posterior sugere na melhor das hipóteses uma federação desagregada mas seus limites geográficos justificamse por seu poderio militar 70 Gobir Essa localização dos estados de Hausa baseiase para este período amplamente na edição de 1582 de Anania que incorporou as observações detalhadas de Vincent Matteo ver La universal fabrica del mondo p 336 71 Air Agadésnão mostrado em mapa Descrito em Anania como uma cidade ibid p 336 no deserto presumivelmente a capital do sultanato de Air por vezes sob o domínio de Songai e Kabi mas nessa época provavelmente independente 72 Zamfara Anania o situa além de Zaria ibid p 336 cf Hiskett Islam in West Africa mapa p 90 73 Katsina Anania relata que ele estava constantemente em guerra com Kano La universal fabrica del mondo p 336 como confirmado em Kano Chronicle tradução em inglês publicada em HR Palmer Sudanese Memoirs Londres 1967 p 116 Suas fronteiras foram ajustadas para aproximálo de Zamfara e Kano com quem lutara Katsina Chronicle em Sudanese Memoirs p 81 74 Kano Situado com referência à moderna cidade de Kano e descrito com alguns detalhes por Anania La universal fabrica del mundo p 336b37 Nesse período ele não sofria ataques ou pressão de Kabi ou Songai embora ainda fosse importunado por Bornu e Jucum 75 Ningi Nin Anania o situa simplesmente além de Kano ibid p 336b Seus editores modernos sugerem Ningi leste de Kano que Hiskett Islam in West Africa p 109 assinala que possa ser Nunkuro 76 Kurdi Cardi Kanakuma Anania o localiza ao sul de Zaria La universal fabrica del mondo p 336 porém Hiskett reinterpreta o itinerário de Matteo e sugere uma localização no sudoeste de Zaria Islam in West Africa p 90 77 Kalam Calon Anania La universal fabrica del mondo p 337 o situa simplesmente além de Zaria na direção geral de Doma mas ele surge como o lugar chamado Kalam em Kano Chronicle pp 112 117 ver mapa e discussão em Hiskett Islam in West Africa p 90 78 Zaria Zegzeg Situado com referência à moderna cidade mas citado em Anania entre Kano e Cardi La universal fabrica del mondo p 336 79 Yauri Anania o localiza aparentemente entre Zaria e Jucum ibid p 336 80 Jucum Doma Anania considera Doma um estado embora a região fosse só uma parte do que provavelmente era uma grande unidade ibid p 337 Uma vez que a Kano Chronicle cita guerras entre Kwararafa Jucum e Kano nesse período p 116 podemos presumir uma fronteira comum e Doma fazendo parte dela É claro que isso pressupõe uma centralização administrativa forte ou Doma como uma subregião importante o que pode não ser o caso mas delineei as fronteiras de Jucum para incluir a capital tradicional e ambas as margens de Benue no território atual de Jucum 81 Shira Scira Anania o situa simplesmente além de Zamfara La universal fabrica del mondo p 336 e Hiskett o vê como o pequeno Esta do Hausa de Shira localizado entre Kano e Bornu Islam in West Africa p 73 82 Bornu não indicado em mapa Localizado segundo Anania La universal fabrica del mondo pp 34950 mas assinalando a existência de Shira e de uma fronteira comum com Jucum 83 Aboh Gaboe Localizado de acordo com Dapper Naukeurige beschrijvinge p 132 a oito dias de viagem pelo rio em direção a Benim MAPA 3 ÁFRICA CENTRAL C 1625 EM DIREÇÃO APROXIMADA DO NORTE PARA O SUL E DO OESTE PARA O LESTE Costa norte de Gabão para o Congo nºs 116 1 Rio dAngra Este Estado não possui um nome africano nas fontes mas é descrito em Pieter de Marees Beschryvinge ende historische verhael vant Gout koninckvijck van Guinei Amsterdã 1602 p 102a como tendo um rei sem muito poder e em guerra com os estados do estuário de Gabão e portanto compartilhando uma fronteira comum em algum lugar entre os dois Entretanto de Marees acreditava que eles falavam línguas diferentes apesar de partilharem a mesma cultura 2 Kayombo Caiombo Denominado rei do gancho norte da área de Gabão em ibid p 120b 3 Mponge Pongo Reino em uma ilha do estuário de Gabão em ibid p 121a com uma montanha de altura prodigiosa guerreava com freqüência com os governantes de Gabão 4 Gabão Um estado do gancho sul do estuário de Gabão em ibid p 120b Dizia ser amigo dos habitantes de Olibata nº 5 nessa fonte mas Pieter van den Broecke ed atualizada K Ratelband Reizen near WestAfrica van Pieter van den Broecke 160414 The Hague 1950 p 23 assinala que eles estavam em guerra ambas as afirmações indicando uma fronteira comum 5 Olibata Dominava o Cabo de Lopo Gonsalves segundo de Marees Beschryvinge p 120b 120b 121a e van den Broecke Reizen p 23 6 Loango Diferentemente dos estados do norte Loango era uma grande e complexa unidade Suas fronteiras mostradas aqui representam a extensão máxima do domínio efetivo de Loango mas incluem um número de Estados tributários que exerciam um controle interno considerável e que eram ligados a Loango mais em virtude de paga mentos de tributos do que por uma sanção administrativa Essas relações e os estados subordinados são descritos em Dapper Naukeurige beschrijvinge com base em dados colhidos por comerciantes holandeses entre 1620 e 1650 Não é claro o momento em que Loango dominou todas as regiões e só Dapper dá o tipo de detalhe que permite identificar as subunidades A seguir algumas dessas semiindependentes unidades usadas para estabelecer as fronteiras de Loango no mapa Komma ao norte ibid p 147 um país pantanoso logo ao sul de Cabo Lopo Gonsalves Gobby p 147 ao sul de Komma ao longo da costa norte do cabo St Catherine Sette p 147 citado como estando a 15 milhas acima de Mayumba próximo à moderna Sette Cama que ainda tem seu nome e Mayumba Majumba pp 1456 A leste situase Dingy p 148 mencionado como fronteiriço à região central de Loango Kakongo e Vungu A região central de Loango descrita em detalhes em ibid pp 143 15960 pode ser situada entre o rio Chiloango e Mayumba 7 Bukameale Um reino rico em elefantes e marfim localizado em uma área montanhosa descrito vagamente em ibid p 158 como se limitando geograficamente com Loango e Jaga Essa localização segue a lógica de Phyllis Martin defendida em The Trade of Loango in the Seventeenth and Eighteenth Centuries em Richard Gray e David Birmingham eds PreColonial African Trade Essays on Trade in Central and Eastern Africa before 1800 Londres 1970 pp 1445 8 Yaka Jaga O termo jaga nas fontes dos séculos XVI e XVII descreve em termos gerais um grupo usualmente de canibais sem raízes que atacavam em emboscadas Pelo menos três grupos podem ser identificados na África central os habitantes do vale de Niari citados aqui o povo que vivia entre os rios Kwamgo e Wamba atualmente chamado Jaga e os imbangala organizados em muitos bandos que atuavam nos planaltos centrais de Angola e regiões de Dongo ver John Thorton A Resurrection for the Jagas Cahiers détudes africaines 18 nºs 6970 19782245 O grupo do vale Niari provavelmente não se intitulava yakas ou jagas esses termos provêm das fontes de congo Eles foram mencionados pela primeira vez em 1624 como tendo destruído Vungu com o consentimento do rei de Loango Manuel Cardoso para Manuel Rodrigues 1624 MMA 7294 Dapper fornece mais informações sobre eles como fronteiriços a Loango e ao reino de Nziko em uma terra que tinha de ser atravessada para ir de Loango à região produtora de cobre do vale Niari Naukeurige beschrijvinge p 158 Ele acreditava que eles eram organizados em três exércitos separados sob diferentes comandantes chamados Singe Kobak e Kabango embora isso possa ser uma informação em segunda mão referente aos imbangala da região de Dongo 9 Reino de Nziko Suas fronteiras iniciais foram bem descritas em Filippo Pigafetta Relatione del reame di Congo editado por Georgio Cardona Milão 1978seguindo a paginação da edição de 1591 tradução para o francês Willy Bal editor e tradutor Description du royaume de Congo et des contrées environnantes Louvain 1965 também com sua paginação anterior O trabalho de Pigafetta serviu de fonte para muitas descrições posteriores Também chamado de Reino do Grande Makoko ver fontes de jesuítas citadas em Guerreiro Relaçam annual extraído em MMA 52412 e o relato de Garcia Mendes Castelobranco 16 de janeiro de 1620 MMA 6438 como fonte de vestuário junto com o reino vizinho de Ybare que não é mencionado em nenhum outro lugar Dapper Naukeurige beschrijvinge pp 143 182 fornece mais dados do que Pigafetta baseados provavelmente nas notas do viajante Herder em 16412 e nas fontes sobre Loango e ajuda a definir suas fronteiras ocidentais ao norte do rio Zaire 10 Fungeno Fungenas Localizado ao norte de Okango um distrito de Congo situado entre os rios Niquise e Kwango perto de Mpumbu o maior do Zaire chamado anteriormente de Stanley Pool atual Malebo Pool Mateus Cardoso diz que ele se separava de Okango pelo rio Enselle e estendiase até o rio Kwango ARSI Assistencia Lusitania 55 Relação do alevamento fol 116 ver também Dapper Naukeurige beschrijvinge p 182 11 Kakongo Fontes jesuíticas localizam esse reino ao norte do rio Zaire em 16067 e dá como seus vizinhos Nzibo Bungo Vungu Angoi Ngoyo e Biangá Estado desconhecido MMA 52412 ver também Dapper Naukeurige beschrijvinge p 183 12 Ngoyo Localizado na foz do rio Zaire e vizinho de Kakongo nas fontes jesuíticas MMA 52422 13 Nzari Zarry Zerry Sua localização é determinada em notas de Dapper Naukeurige beschrijvinge p 184 e pelo relato de F Capelle 1642 em Louis Jadin Rivalités lusonéerlandaise au Soyo Congo 16001675 Bulletin de lInstitut Historique Belge de Rome 37 1966137359 14 Vungu Bungo Citado como vizinho de Kakongo em Guerreiro ver MMA 52421 em 16067 Mateus Cardoso observa que ele foi destruído pelos exércitos de Jaga em 1627 e deulhe uma localização ao norte do Zaire em 1624 ver Cardoso para Rodrigues 1624 MMA 7294 e História do Reino de Congo fol 14 Dapper também assinala sua proximidade com os estados costeiros e o Jaga Naukeurige beschrijvinge p 158 15 Reino do Congo As fronteiras orientais do Congo são cuidadosamente delineadas por Cardoso ARSI Assistencia Lusitana 55 Relação do alevamento fols 116116v para o ano de 1622 Elas incluem nessa área os reinos vassalos de Ocanga entre os rios Enselle e Wamba ao sul de Fungunas e ao sul de Ocanga os estados de Congo Riamulaça Kongo dia Mulaza e Sonço Nsonso todos bordejando o Kwango incluindo por fim os pequenos estados vassalos de Ncusu Nkusu e Damba Ndamba nas montanhas onde nascem os rios Kwili e Mbrize Seu limite ao norte parece ter seguido o Zaire exceto por Masinga uma província transzairiana localizada onde o Kwilu penetra no Zaire segundo Cardoso Essa província estava sob o domínio da província Nsundi do Congo e assim era um mercado onde comerciantes baseados em Loango compravam cobre nos anos de 1630 e 1640 Dapper Naukeurige beschrijvinge p 158 que estava falando de Sondi Ao sul sua fronteira com Angola foi definida depois da batalha de Mbumbi 1662 no rio Dande Regimento do Governador de Angola 20 de março de 1624 em Heintze Fontes 1149 A leste a soberania precisa do Congo é nebulosa A região de Dembos Ndembu não assinalada em mapa que começa nas montanhas esteve em algumas ocasiões sob o domínio do Congo é mostrada aqui como independente Esses estados Dembos marcam a fronteira do sul do Congo e Wandu a província do sudeste do Congo fronteira de Matamba a última parte remanescente é determinada de forma arbitrária em algum local nas montanhas 16 Reino de Soa Jaga de Kwango Identificado por Mateus Cardoso como situado ao sul da foz do rio Wamba no vale de Kwango em 1622 ARSI Assistencia Lusitana 55 Relação do alevamento fol 116 A extensão desse reino em direção ao sul é desconhecida em 1657 contudo Matamba estava em guerra com Jaga Giagha que fazia fronteira com Matamba através de Kwango este poderia ser o mesmo reino Giovanni Antonio Cavazzi de Montecuccolo Istorica descrizione de tre regni Congo Matamba ed Angola Bolonha 1687 bk 5 nº 33 A região de Dembos Ndembu nºs 1727 A política nessa área era muito instável com muitos pequenos estados situados nos vales superiores dos rios Bengo Dande Loze Mbrize Lucala e Niquise na região montanhosa Grandes estados como Congo Angola portuguesa Dongo e Matamba fizeram reivindicações e campanhas nessa área e a maioria da região era nominalmente uma parte de uma ou de outra ou de várias ao mesmo tempo desses estados Além disso os grandes estados de Dembu estabeleceram confederações com os menores mas esses também eram com frequência não mais estáveis do que os estados maiores As fronteiras delineadas no mapa fazem uma simples suposição da configuração política em algum dado momento 17 Nambu a Ngongo Nambuangongo Citado como uma vítima de ataques portugueses em 161516 Cadornega História 178 e portanto um estado independente Uniuse a uma grande confederação que lutou contra Portugal em 1642 as notas geográficas desse embate ajudaram a determinar sua localização próximo ao lado norte do rio Dande e também dos rios Mutemo e Kavango Pedro Cesar de Meneses para João IV 9 de março de 1643 MMA 9323 Cadornega História 12912 18 Mutemo Motemo Nominalmente um vassalo da Angola portuguesa em 1629 com uma grande comunidade portuguesa um capitão e uma igreja Fernão de Sousa para filhos em Beatrix Heintze Fontes para a história de Angola do século XVII 2 vols Wiesbaden 19858 1327 Mutemo liderava uma poderosa coalizão que lutou contra Portugal durante o período holandês 16418 em Angola Relatos dessa guerra 1642 em fontes portuguesas Pedro Cesar de Meneses para João IV 9 de março de 1643 MMA 932 e António de Oliveira de Cardonega História geral das guerras angolanas 168081 Lisboa 1972 1289 dão detalhes sobre as unidades subordinadas a essa coalizãoEstado incluindo os pequenos estados de Motemo Aquigongo Motemo Quingengo Dapper com base em fontes holandesas descreve a geografia dessa região em detalhes com referência à hidrografia e seus vizinhos Naukeurige beschrijvinge p 185 19 Ngombe a Mukiam Engombe a Muquiama Um estado cujas terras localizavamse a oeste de Mutemo segundo Dapper Naukeurige beschrijvinge p 185 a geografia dessa região provavelmente é resultado da guerra de 1642 porque as fontes portuguesas mencionam sua participação Pedro Cesar de Meneses para João IV 9 de março de 1643 MMA 9301 Talvez tenha se tornado independente em 1625 embora esse fato não seja mencionado em fontes contemporâneas 20 Mbwila Ambuila Boila Um Estado poderoso que formou uma coalizão incluindo os estados vizinhos de Cabonda e Cheque cerca de 1626 que concernia tanto aos portugueses em Angola como ao rei do Congo Fernão de Sousa para filhos nd em Heintze Fontes 12589 Sua localização é mencionada em Dapper Naukeurige beschrijvinge p 158 com referências ao rio Loze e os estados vizinhos Sousa observa que as terras de Mbwila estendiamse do Dande até Angola Relação da costa de Angola e Congo 21 de fevereiro de 1632 MMA 8212 21 Kahenda Caenda Localizado a sudeste de Mutemo e ao sul de Mbwila na geografia de Dapper Naukeurige beschrijvinge p 185 Envolveuse na guerra de 1642 e era provavelmente independente antes disso ver Pedro Cesar de Meneses para João IV 9 de março de 1643 MMA 932 e Cadornega História 1288 em que ele é denominado Caculo ca Caenda 22 Kavanga Cavanga Caoanga Caoganga Um estado nominalmente subordinado aos portugueses em 1629 e que foi atacado por Mbwila ao norte de Dande Formou uma coalizão com os estados vizinhos Cavanga Pequena Capele Caculo Canquy Angola Candala Cabaça para resistir ao ataque Fernão de Sousa para filhos em Heintze Fontes 1327 Em 1632 Sousa descreveu Kavanga junto com outros governantes Dembos como hostis a Portugal e formando uma coalizão liderada por Mbwila Relação MMA 8121 23 Kiluanje Ka Nkangu Quiloange Camcango Um dos estados translukalaenses relacionados por Sousa em um relatório de 16301 Heintze Fontes 1213 Em 1629 era considerado amigo de Jinga quando esta estava preparando o exército de Dongo para lutar contra Portugal junto com Mbwila Sousa para filhos ibid 1252 e então sob o domínio de Mbwila em Relação MMA 8212 24 Kitexi Quitexi Descrito como um poder hostil através do rio Lukala por Sousa em um relatório de 16301 Heintze Fontes 1213 e situado acima de Dande e sob o domínio de Mbwila em 1632 em Relação MMA 8121 Um participante da guerra de 1642 é mencionado como estando na vertente de DandeLumanha Cadornega História 12867 25 Kampangala Cambangala Mencionado como um governante hostil em Lukala por Sousa em um relatório de 16301 Heintze Fontes 1213 e como situado acima de Dande e sob o domínio de Mbwila em 1632 em Relação MMA 8121 Sua localização exata e a de seu vizinho Nsamba a Ngombe são desconhecidas 26 Nsamba a Ngombe Sambamgombe Documentado da mesma forma como no nº 25 Kampangala 27 Ndambi Dambi Angonga é mostrado no mapa em Dapper Naukeurige beschrijvinge como vizinho de Kavanga e é mencionado como um dos participantes da guerra em 1642 na vertente de DandeLumanha por Cadornega História 1286 Ele também observa que esse Estado era vizinho de Kitexi ibid 1294 28 Angola Colônia portuguesa cuja fronteira ao norte com Congo foi demarcada no rio Dande ver nº 15 e pelos estados independentes de Dembos Seu limite geográfico a leste é bem incerto fazia fronteira com Dongo na fortaleza de Embaca Ao sul sua fronteira foi mais ou menos definida pelo rio Cuanza Seus limites geográficos precisos são bem descritos no relato de Sousa de 16301 Heintze Fontes 121213 29 Dongo Em 1624 Dongo sofreu uma grande crise de sucessão que dividiu o reino entre partidários de Angola Aire e rainha Jinga Essa crise resultou em uma guerra civil que deu a Angola Aire o poder de governar Dongo mas transformouo formalmente em um vassalo de Portugal Jinga foi expulsa do país Manteve somente as ilhas de Kindonga no rio Cuanza mas em 1631 conquistou Matamba A resolução final desses eventos só foi alcançada em 1655 quando um tratado dividiu suas terras daquelas de Angola Aire e de seus sucessores no rio Lucala As fronteiras demarcadas aqui mostram que a vassalagem de Angola Aire a Portugal não corresponde à anexação que só aconteceria em 1672 Ver o relatório de Sousa de 16301 em Heintze Fontes 121213 30 Kituxela Quituchila Quituquela Estado situado nas possessões portuguesas em Lukala uma vez sob o domínio de Dongo Cadornega História 1219 Quando os exércitos portugueses o atravessaram em seu caminho para Matamba em 1629 ele era uma região independente que incluía Puto Ahango Sousa para filhos em Heintze Fontes 1324 31 Matamba Este reino foi conquistado por Jinga em aproximadamente 1631 e tornouse seu território principal O mapa de Dapper o situa entre o rio Cuanza e ao norte as províncias orientais do Congo em cerca de 1640 Ver também Cavazzi Istorica descrizione livro 1 nºs 110 fronteiras tradicionais de c 1660 32 Ndala Kisuba Andalla Quesuua Governante de uma província chamada Mbondo mencionada como um vizinho a leste das terras de Kasanje por Cavazzi em aproximadamente 1660 Istorica descrizione livro 1 nº 31 Em 1625 ele fazia fronteira com Dongo cujos subordinados mais a leste eram Dambe Angola Dungo Amoiza Kina e Matamba segundo Sousa Sousa para filhos em Heintze Fontes 1334 Ele dividiuse em três partes pelos três filhos do governante após sua morte em 1629 Ligavase a uma província chamada Bondo à época Heintze Fontes 1328 33 Akikimbo kia Nginje Aquicumbo Quianginge Governante cujas terras faziam fronteira com o rio Kwango a leste de Ndala Kisuba e com Kina Quisumo um governante de Ganguelas Sousa para filhos em Heintze Fontes 1345 34 Kina Quina Grande e Quina Pequeno ou Greater e Lesser Ganguelas Vizinho de Matamba de acordo com Sousa Sousa para filhos ibid 334 Uma certa localização geográfica é indicada em Cavazzi Istorica descrizione livro 7 nº 31 Dapper Naukeurige beschrijvinge p 185 situao a leste da província de Wandu província do Congo embora isso não seja provavelmente correto ao final de um longo itinerário Uma Ganguellas descrita junto com Malemba Songo e Ndala Kisuba por Sousa em 21 de fevereiro de 1632 MMA 8122 pode ser Kina apesar de Sousa usar também o nome Quina com frequência 35 Malemba Segundo Baltasar Rebello de Aragão este era um dos cinco grandes reinos cujos territórios circundavam o Congo e Dongo em 1618 MMA 63401 Ele é mencionado como o maior inimigo a leste no relatório de Sousa datado de 16301 ibid 8122 Pigafetta situou o rio Kwari em sua região central Relazione pp 17 e 24 Ele se estende a oeste de Kina conforme Cavazzi Istorica descrizione livro 7 nº 31 Heintze ao citar numerosos documentos na coleção de Fernão de Sousa situao ao sul de Ndala Kisuba e a leste da curva de Cuanza Fontes 1212 nº 79 36 Songo Massongos Um dos cinco grandes reinos descritos por Rebello de Aragão e um dos inimigos citados por Sousa em 16301 ver nº 33 37 Ndonji Dongi Mencionado só por Cavazzi nos anos 1660 Istorica descrizione livro 7 nº 31 Nenhum documento datado de 1625 o localiza no mapa ou como um estado independente mas ele pode ter existido anteriormente Calculei sua localização com base nas referências de Cavazzi 38 Xinje Massingas Cachinga Um reino poderoso citado entre os vizinhos do Congo e Dongo em 1618 MMA 63401 Não há outra referência sobre ele mas Cadornega menciona Cachinga ao longo do rio Kwango até Kasanje na quarta parte do século XVII História 3218 Sua localização no mapa contempla a identidade de dois locais na área dos modernos Xinjes Sul do rio Cuanza a Benguela nºs 3956 As regiões montanhosas de Angola foram tradicionalmente divididas em grandes províncias Cada província era composta de numerosos pequenos Estados e usualmente um deles dominava os demais Nesse aspecto se parecia com a região de Dembos embora esta região não possuísse uma tradição de províncias Baseandose em referências até 1625 as províncias são representadas aqui como unidades soberanas e os Estados menores como subunidades Isso talvez possa não estar correto falta informação política detalhada sobre este período Ao final dos anos 1650 a descrição detalhada de Cavazzi e as notas de Cadornega fornecem uma exposição minuciosa sobre a geografia local 39 Nsonga Songa Sousa referese a Nsonga como um governante independente da província de Kisama Quissama localizado ao sul da foz do rio Cuanza na costa Sousa para filhos em Heintze Fontes 1290 localizado mais precisamente em Cadornega História 3248 40 Langere a Mbumba Langere Ambumba Segundo Sousa era um governo hostil aos portugueses cujos territórios localizavamse perto de Kafuxi Relação 21 de fevereiro de 1632 MMA 8121 ver também Sousa para filhos em Heintze Fontes 1335 344 41 Kapakasa ka Kixindo Capacaça Caquixindo Este era um território localizado ao longo de Cuanza até o forte de Cambambe Sousa para filhos em Heintze Fontes 1244 285 323 Foi a última província de Quissama em direção ao leste segundo Cadornega História 3249 42 Kikulo kia Kimone Quiculo Quiaquimone Este governante de Quissama é citado por Sousa como senhor das minas de sal de Demba Cadornega assinalou que suas terras estendiamse ao longo do rio Cuanza até o forte português em Muxima História 3248 43 Kafuxe ka Mbare Cafuche Cambare Sousa o menciona entre os vários governantes hostis aos portugueses em Quissama e estreitamente associado ao seu vizinho Langere Relação 21 de fevereiro de 1632 MMA 8121 Cadornega observa que suas terras estendiamse ao sul da região de Quissama e incluía a costa marítima História 32489 44 Katala ka Sala Catala Casala O antigo presídio português de Demba localizavase em suas terras ao sul de Cuanza e na metade do caminho para Longa Cadornega História 3248 45 Malundu a Kambolo Malundo Acambolo Este era um governante de Quissama independente e poderoso hostil a Portugal cujas terras faziam fronteira com Lubolo nº 48 Sousa para filhos em Heintze Fontes 1285 Ele era o governante mais poderoso depois de Catala Casala segundo Cadornega que localizou seu território ao longo do rio Cuanza História 3248 46 Tunda Esta era uma província que se estendia de Cuanza a Dumbo a Pebo nas regiões orientais ocupadas pelos portugueses em Angola Sousa para filhos em Heintze Fontes 13289 47 Haku Aco Haco Esta era uma província ao sul de Cuanza antes de se atingir a curva do rio Tinha uma administração bastante centralizada sob o domínio de Ngunza a Mbande Gunza Ambande Sousa para filhos em Heintze Fontes 1288 289 48 Lubolo Libolo Este era um território no interior de Tunda após o Cuanza Sousa para filhos em Heintze Fontes 13289 Segundo Heintze Lubolo absorveu Tunda durante a metade do século seguinte e sua região central localizavase ao longo do rio Longa 49 Mbolo Kasaxi Ambolo Casague Este governante localizavase logo ao sul da curva do rio Cuanza rio acima da província de Tunda Jinga e seu exército abandonaram esse governante após sua derrota em 1626 Sousa para filhos em Heintze Fontes 12556 50 Zungi a Moke Zungui Amoque Este governante localizavase provavelmente a leste de Mbolo Kasaxi ao longo de Cuanza Ele foi atacado por Jinga em 1626 depois que esta atravessou as terras de Mbolo Kasaxi e antes de alcançar Malemba Sousa para filhos em Heintze Fontes 12556 51 Kilembe Quilembe Este estado incluía o porto de Sumbe a Mbale Sumbe Ambale logo ao norte do rio Kuvo em 1645 Relação da viagem de Sottomaior em socorro de Angola 1645 MMA 9374 Suas terras estendiamse para o interior até a beira do platô onde controlava algumas minas de cobre Relação da viagem do Capitão Mor Antonio Teixeira de Mendonça 11 de junho de 1645 MMA 9334 52 Lulembe Lubembe Este governante do interior leste de Kilembe foi descrito como um grande jaga que governou de Quilembe a Moçambique em 1645 Relação da viagem de Sottomaior MMA 93734 Ele foi contatado e se submeteu nominalmente a Lopo Soares Lasso durante a campanha dele no norte para se apossar das minas de Sumbi Auto de Manuel Pereira 23 de julho de 1629 em Heintze Fontes 2304 53 Kabeso Cabesso Este Estado situado no planalto central foi descrito por Cavazzi provavelmente como resultado de sua descoberta em 16589 Localizavase ao sul de Lubolo a oeste de Tamba e a noroeste de Nsele ao longo da metade do rio Longa Istorica descrizione livro 1 nº 27 Sua localização aqui em 1625 é especulativa porque não é mencionada em fontes anteriores 54 Tamba Assim como Kabeso este Estado foi conhecido primeiro por Cavazzi que o situou na parte superior do rio Ngango em montanhas e planícies ibid nº 24 55 Rimba Como Kabeso e Tamba este estado foi conhecido primeiro por Cavazzi que o localizou a leste de Nsele e nas montanhas atrás de Sumbi ibid nº 21 56 Nsele Selles Chela Este Estado foi descrito pela primeira vez por Cavazzi que relatou que seu povo vivia no topo das montanhas no interior de Sumbi ibid nº 22 57 Alto Bembe Este estado foi descrito por Cavazzi no final dos anos 1650 como situado ao sul de Tamba e Haku e bordeijando o rio Cuanza ibid nº 23 Lopo Soares Lasso situou um Estado ao qual ele chamou Bambe nessa área provavelmente Bembe em 1629 58 Kikombo Mani Quicombo Este Estado costeiro localizavase a nove léguas de Sumbe a Mbale Sumbe Amballa onde Lopo Soares Lasso desembarcou pela primeira vez em 1627 Fernão de Sousa para Governo 1º de junho de 1627 em Heintze Fontes 2181 Fazia fronteira com Lubolo e estava ao norte do rio Kuvo segundo Cadornega no início do século XVII História 3181 59 Sumbi Esta provavelmente não era a região unificada que o mapa mostra Era considerada uma província embora outros Estados mostrados aqui como independentes se incluíssem nela A área foi invadida e subjugada por Lopo Soares Lasso em sua expedição para o norte em direção às minas ao norte de Kuvo em 16289 Alguns governantes da área foram mencionados no relato de Manuel Pereira sobre a campanha como Nhanga Quitemo Cabmombo Conzamba Monadundo Caunguega Cabambe Gumbe e Canguanda além dos governantes de Lubembe Lulembe Catumbela e Songo Auto de Manuel Pereira 29 de julho de 1629 em Heintze Fontes 2304 60 Lukeko Luqueco Em 1629 Cambambe governou este estado ocupado pelo grupo étnico ovimbundu Lukeko enviou comerciantes para Benguela em cerca de 1626 Ele foi atacado pelas forças de Lopo Soares Lasso entre 3 de setembro a 1º de outubro de 1628 Auto de Manuel Pereira 23 de julho de 1629 em Heintze Fontes 2302 304 61 Katumbela Catumbela A jurisdição deste governante começava a nove léguas de Benguela Ele se submeteu a Manuel Cerveira Pereira em 6 de março de 1618 Representação de Manuel Cerveira Pereira 6 de março de 1618 MMA 6299 Ele não era suficientemente leal para ser considerado parte da colônia de Benguela ver Auto de Manuel Pereira 23 de julho de 1629 em Heintze Fontes 2304 62 Benguela português Posições portuguesas em volta do forte de Benguela Suas fronteiras foram definidas por estados africanos vizinhos 63 Songo Este território situavase no interior das posições portuguesas em Benguela em 1627 foi registrado como amigável porém desobediente Auto de Manuel Pereira 23 de julho de 1629 em Heintze Fontes 2303 64 Biasisongo Este território que se situava aproximadamente a 193 km a leste de Benguela foi alcançado pelas forças de Lopo Soares Lasso em sua campanha maiosetembro de 1627 contra as forças imbangala de Nguri ibid 3034 65 Kisango Quissange Território situado aproximadamente a 193 km a leste de Benguela atingido pelas forças de Lopo Soares Lasso em sua campanha contra Nguri ibid pp 3034 66 Baixo Bembe Bambe Esta área encontravase no interior de Biasisango e Kisango a mais de 40 léguas da costa ibid Sua localização foi dada por Cavazzi em relação a regiões do norte com base em informações de aproximadamente 1658 Istorica descrizione livro 1 nºs 110 67 Muzumbu a Kalunga Esta área situavase a leste do rio Kunene e foi alcançada por Lopo Soares Lasso em algum momento antes de sua morte em 1639 Cadornega assinala que seu governante era muito poderoso História 31767 218 Sua localização em 1625 é especulativa 68 Wila Huila Hila Este estado localizavase a leste do rio Kunene e fazia fronteira com Muzumbu a Kalunga ao sul do território ovimbundu Provavelmente contatado pela primeira vez nos anos 1640 Cadornega é o único que o menciona História 3159 172 69 Kulimata Este estado situavase na metade do rio Koporolo e foi atacado pelas forças de Lopo Soares Lasso entre 21 de fevereiro e 22 de março de 1628 Localizavase a 20 léguas a sudeste de Benguela Auto de Manuel Pereira 23 de julho de 1629 em Heintze Fontes 2303 Introdução A HISTÓRIA DO OCEANO ATLÂNTICO VEM SENDO OBJETO de atenção nestes últimos anos Antes os historiadores contentavamse em estudar continentes e países isoladamente mas hoje cada vez mais eles procuram estudar interações em uma escala intercontinental Sobretudo nos primórdios da história do Atlântico em que as intensas navegações européias no século XV subitamente levaram à interação de quatro continentes quando antes havia pouca ou nenhuma comunicação Desse modo o Atlântico tornouse um cenário de grandes migrações intercontinentais Milhares de colonizadores europeus foram para a América e ao lado deles havia ainda um grande grupo de africanos No conjunto a imigração européia e seus efeitos receberam muito mais atenção dos historiadores do que a migração africana apesar de esta ter sido maior pelo menos antes do século XIX Este livro é uma tentativa de resgatar essa pouco conhecida imigração de africanos para as Américas e de situála no campo crescente da história do Atlântico Ao publicar The Mediterranean and the Mediterranean World em 19491 Fernand Braudel foi um pioneiro em especial na França de um modo novo de olhar a história regional A abordagem de Braudel mudou a maneira pela qual as regiões eram definidas introduzindo o conceito de 1 Fernand Braudel La Méditerranée et le monde méditerranéen dans les temps de Philippe II Paris 1949 2a ver ed 1966 trad Sián Reynolds com o título The Mediterranean and the Mediterranean World in the Age of Philip II 2 vols Nova York 19723 história integrada pelo mar Seu enfoque foi notável também ao pôr fatores econômicos e sociais mais no centro dos acontecimentos do que na retaguarda Não é surpreendente portanto que acadêmicos franceses e os que tiveram formação francesa aplicassem seu método e abordagem para outras importantes regiões marítimas Nesse sentido logo o Atlântico tornouse um objeto de estudo nas páginas de Braudel Pierre e Hugette Chaunu realizaram um vasto estudo sobre o Atlântico publicado em 195560 com base nos arquivos de Sevillha A esse trabalho seguiuse o estudo de Frédéric Mauro sobre o Atlântico português publicado em 1960 Vitorino MagalhãesGodinno publicou seu estudo sobre a economia portuguesa entre 1962 e 1968 no qual a economia atlântica teve um papel considerável Embora nenhum desses trabalhos tivesse a profundidade ou a ambição do Mediterranean de Braudel eles devem a ele sem dúvida os métodos e o enfoque Além disso cobriram extensamente o Atlântico ao menos no período anterior ao final do século XVII Uma das razões pelas quais esses estudos não tiveram a profundidade do livro de Braudel foi sua forte concentração nos esforços europeus chegando quase a excluir o papel de outras sociedades atlânticas Apesar de não esquecerem completamente que os habitantes nativos das Américas e da África também participaram da economia do Atlântico eles não deram o tipo de exame social e econômico conferido por Braudel a todas as sociedades e civilizações da bacia mediterrânea Braudel eventualmente tenta reverter esse desequilíbrio dedicando uma seção na edição final de sua pesquisa sobre o mundo Civilization and Capitalism 1979 para várias sociedades atlânticas abrangendo três décadas de seu interesse pessoal e de uma grande quantidade de pesquisa inspirada em seu exemplo original No entanto apesar de todos esses estudos o Atlântico ainda era visto sob uma perspectiva européia Isso não era simplesmente um chauvinismo eurocentrista mas sim um ponto crucial de análise Apa rentemente o Atlântico ao contrário do Mediterrâneo era notado por todos esses pesquisadores como tendo sido dominado em particular pelos europeus Braudel acreditava que as sociedades mediterrâneas estavam aproximadamente no mesmo estágio de desenvolvimento econômico e assim contribuíram em um nível mais ou menos igual quando ele assinalou esse ponto em relação ao mundo mulçumano historiadores turcos se empenharam em refutálo Mas em relação ao Atlântico o enfoque parecia diferente pois a maioria dos historiadores pensava que a África e as sociedades nativas das Américas estava em um nível bem inferior de desenvolvimento Portanto o conceito do papel proeminente dos europeus na formação do mundo atlântico parece especialmente apropriado por razões científicas e não porque os autores estavam comprometidos com o eurocentrismo Pierre Chaunu fez uma defesa enérgica do eurocentrismo na escola acadêmica francesa A Europa possuía uma liderança sobre o resto do mundo argumentou ele liderança originada nas mudanças complexas do final da Idade Média que deu aos europeus uma posição dominante de grande importância no mundo tão dominadora que para melhor ou pior eles se tornaram os únicos atores significativos Chaunu reproduziu um mapa desenhado por Braudel e pelo antropólogo Gordon Hewes para a primeira edição de Capitalism and Material Life em 1967 no qual as sociedades mundiais eram divididas em níveis baseados em tecnologia e densidade populacional As sociedades africanas e as sociedades nativas americanas são ali mostradas em um nível inferior e assim o desequilíbrio da interação atlântica se explicava Claro os escritores franceses iniciaram seus estudos sobre o mundo atlântico em um momento em que o eurocentrismo estava na ordem do dia nos últimos anos da dominação colonial européia na África e quando os modelos europeus de construção de uma nação e desenvolvimento eram normas esperadas pelos novos estados africanos independen tes Os nacionalistas africanos e latinoamericanos mudaram essa ênfase no final dos anos 1960 e 1970 O eurocentrismo deparouse com muitos desafios de historiadores dos novos países emergentes do mundo nãoocidental A escola histórica nacionalista procurou demonstrar que a supremacia mundial européia recente trabalhou com afinco em detrimento de vários povos nãoeuropeus na bacia atlântica e em outros lugares Seus trabalhos enfocaram em especial a exploração européia na tentativa de deflagrar o mito colonial de que a dominação européia levou ao atraso as sociedades no mundo moderno Em resposta a essas críticas Chaunu reiterou sua posição em 1969 asseverando que esses argumentos não invalidavam o eurocentrismo francês e que sua relevância havia sido confirmada por muitos historiadores desse período A dominação européia fora fundada com base em sua superioridade e se foi boa ou má para os povos dominados isso não era necessariamente um ponto importante A história do Atlântico ainda deveria ser a história dos europeus e o resto seria apenas um pano de fundo Segundo Chaunu se a história é o relato de movimento e iniciativa então a única história realmente importante é a européia Em geral a análise de Chaunu não contradiz muito o trabalho dos historiadores nacionalistas e suas mais recentes manifestações a teoria da dependência e os sistemas analíticos mundiais caracterizados pelos estudos de acadêmicos como André Gunder Frank Walter Rodney Immanuel Wallerstein e Eric Wolf Esses escritores se inspiraram no trabalho da Escola dos Anais com um enfoque neomarxista reforçando e reiterando a essência das conclusões de Chaunu Não obstante seu comprometimento com o estudo do mundo nãoocidental ou mesmo apesar de sua simpatia por seus povos eles ainda concordavam que o mundo nãoocidental inclusive a África tiveram um papel passivo no desenvolvimento do Atlântico Apesar de perspectiva radical e da defesa da problemática do Terceiro Mundo o efeito foi simplesmente de reafirmar as conclusões dos pioneiros franceses de que a África foi uma vítima uma vítima passiva pois lhe faltou o poder econômico para impor uma resistência efetiva Aliada a essas diversas linhas de pesquisa que sugerem a passividade da África em suas relações com a economia do Atlântico há uma ênfase igualmente forte em relação à passividade dos africanos que partiram da África no comércio de escravos Os escravos deixaram escassa documentação sobre suas impressões Nesse sentido grande parte da pesquisa sobre escravidão reflete o trabalho dos teóricos da dependência Assim como o surgimento dos partidários do Terceiro Mundo emerge gente que procuraram refutar a imagem colonialista auspiciosa de uma Europa progressiva resgatando o mundo colonial de seu atraso social e econômico os historiadores especialistas em escravidão americana na época da luta pelos direitos civis e pelo movimento pela liberdade e igualdade racial e social dos negros nos Estados Unidos procuraram demolir o retrato tradicional do escravo contente Ao sublinhar a severidade da escravidão americana eles argumentaram que o sistema privava o escravo de cultura iniciativa e até mesmo de personalidade Mas a despeito da simpatia generalizada pela difícil situação dos escravos e de seus descendentes no Novo Mundo eles reforçam a imagem dos escravos como indefesos e passivos Historiadores radicais buscaram explicar a cultura e a religião dos escravos em termos da instituição da escravidão reduzindo desse modo a identidade africana do escravo É irônico que o desenvolvimento da historiografia nacionalista sobre a África e a história afroamericana tenha produzido esses resultados Alguns dos historiadores nacionalistas precursores no estudo da África como Basil Davidson do qual tanto o entusiasmo da historiografia africanista mais recente deriva procuram refutar a noção na ideologia colonialista de que os africanos nunca tiveram uma história real própria ao contrário eles mostraram as importantes realizações das culturas africanas e as evidenciaram antes da ocupação colonial os africanos tinham um firme controle sobre o destino de seu continente Mas mesmo que a iniciativa a habilidade e o progresso da África tenham sido pesquisados os teóricos da dependência se aferraram a essa imagem de passividade e desenvolveram os conceitos da debilidade definitiva dos africanos ao passo que fazem concessões à pesquisa da reinterpretação do passado africano Alguns especialistas em história afroamericana procuraram avaliar os afroamericanos como os provedores de uma única variante da cultura africana no Novo Mundo Na verdade a AfroAmérica não deixou de ter seus historiadores nacionalistas que como seus colegas em história da África viram os afroamericanos com espírito de iniciativa preservando e criando apesar da escravidão e do racismo Alguns desses historiadores chegaram a considerar o escravo como um africano e cada vez mais buscaram os antecedentes africanos como um modo de entender as excepcionais contribuições dos afroamericanos à cultura dos Estados Unidos Embora seus trabalhos freqüentemente enfoquem o período do século xix eles têm tentado resgatar a dimensão positiva da experiência afroamericana um programa enfatizado pelo historiador nacionalista Sterling Stuckey Assim por exemplo Sydney Mintz e Richard Price procuraram conectar os antecedentes africanos dos afroamericanos com o desenvolvimento da cultura afroamericana enquanto Albert Raboteau e Mechal Sobel e mais recentemente Margaret Washington Creel focalizaram a religião Sobel estendeu sua pesquisa para uma visão do mundo mais ampla e tentou mostrar a influência africana não somente na cultura afroamericana mas também na dos euroamericanos Eles basearamse na historiografia africanista em voga para imprimir um dinâmico e criativo pano de fundo para o povo africano na América enquanto enfatizaram o papel da África na cultura e na vida americana Esse interesse pelos antecedentes africanos na cultura americana levou muitos historiadores estudiosos das Américas a se voltarem para a África Infelizmente com muita freqüência esses especialistas não compreenderam com profundidade a dinâmica das sociedades africanas précoloniais Reiteradamente eles estudaram mais a cultura africana por meio da antropologia moderna do que pelo estudo minucioso de documentos contemporâneos Como o conhecimento dos antropólogos baseiase no trabalho de campo na África contemporânea em geral a metade do século XX até bem recentemente suas afirmações sobre épocas antigas fundamentavamse em suposição teórica ou no pressuposto de que a sociedade e a cultura africanas não haviam mudado A leitura de documentos contemporâneos ajuda a contrabalançar este viés moderno Essa última abordagem está começando a produzir resultados nos estudos africanos sobretudo no campo da história cultural e social Mesmo entre esses historiadores com sua aceitação da importância da história da África na história da América existe ainda um grande debate referente ao modo exato pelo qual os africanos influíram nas sociedades do Novo Mundo como atores culturais em oposição ao seu indiscutível papel como trabalhadores Mintz e Price por exemplo argumentam que as condições da escravidão nas Américas e a diversidade cultural dos africanos importados dificultara a transmissão direta da cultura africana para a América ao passo que Sobel foi mais além sublinhando que esses fatores são menos importantes e que uma visão do mundo africano prevalece entre os afroamericanos De certa forma esse debate continua a se ater à questão do grau em que a exploração da escravatura e o aviltamento do racismo prejudicou a habilidade dos escravos de manterem e transmitirem a cultura africana no Novo Mundo Este livro procura deslindar diversas posições contraditórias É correto ver a África em um estágio de desenvolvimento inferior do que a Europa e esse desequilíbrio como causa do comércio de escravos Os africanos participaram do comércio no Atlântico como parceiros em condições iguais ou eles foram vítimas do poder e da ambição da Europa Os escravos africanos foram tão brutalizados na América a ponto de não poderem se expressar cultural e socialmente e assim em que grau seus antecedentes específicos foram importantes na formação da cultura afroamericana Em geral a conclusão da pesquisa na qual este livro se baseou apoia a idéia de que os africanos foram participantes ativos no mundo atlântico tanto no comércio africano inclusive no comércio de escravos quanto como escravos no Novo Mundo O presente livro dividese em duas partes A primeira examina detalhadamente a natureza da interação entre a África e a Europa A segunda aborda o papel dos africanos que foram viver em outros locais do Atlântico em suas novas sociedades Analisa alguns antecedentes institucionais que configuraram sua participação do ponto de vista dos poderes dominantes do Atlântico nãoafricano mas enfoca em especial a vida econômica política e cultural dos africanos recémtransplantados Nesse sentido após um capítulo delineando as origens geográficas e históricas do mundo atlântico o livro prossegue com uma análise do comércio euroafricano e a economia produtiva africana Concluí que o comércio no Atlântico não era economicamente essencial para o bemestar ou o desenvolvimento da África visto que era em grande parte de mercadorias luxuosas que nem mesmo substituíam a indústria de produtos de luxo africana como por exemplo no caso da indústria têxtil ou para um segmento relativamente menor de indústrias existentes como as indústrias de mineração e metalurgia Por fim a análise da economia enfatiza o aspecto cada vez mais observado em pesquisas recentes sobre a produção africana que a África possuía uma economia muito mais variada e produtiva do que antigamente se pensava Além disso meu exame das relações militares e políticas entre os africanos e europeus leva à conclusão de que os africanos controlavam o caráter de suas interações com a Europa Os europeus não possuíam o poderio militar para forçar os africanos a participarem de nenhum tipo de comércio no qual seus líderes não desejassem se engajar Portanto todo o comércio da África com o Atlântico inclusive o comércio de escravos tinha de ser voluntário Finalmente uma observação acurada sobre o comércio de escravos e do processo de compra deles assinala que os escravos eram utilizados há muito tempo nas sociedades africanas que os sistemas políticos africanos davam muita importância à relação legal da escravidão para propósitos políticos e que um número relativamente grande de pessoas havia sido escravizado em algum momento Como o processo de compra transferência e venda de escravos estava sob o controle de estados e elites africanos eles eram capazes de se proteger do impacto demográfico e da transferência de deslocamentos sociais consideráveis de camadas mais pobres de suas próprias sociedades Na segunda parte do livro a ênfase muda para o Novo Mundo e as contribuições dos escravos africanos nas Américas Após examinar as condições que tornaram os escravos africanos tão atraentes para os colonizadores europeus no Novo Mundo e assim ironicamente os colocaram em uma boa posição como atores centrais no novo meio cultural do mundo atlântico a análise se detém na natureza da escravidão com o objetivo de mostrar os escravos africanos com um papel muito maior do que o usualmente destinado a eles no mundo cultural e social de seus escravizadores Em geral a evidência mostra o fato de que pelo menos alguns e provavelmente um número significativo deles em todas as partes do mundo atlântico possuíam suficiente liberdade de movimento e interação social para participarem ativamente na vida cultural da região Em seguida enfocase a questão da cultura e examinamse as zonas culturais da África suas interrelações e a interação com os europeus e o desenvolvimento de uma cultura afroatlântica Examinase então o papel que os africanos a cultura e as instituições africanas exerceram em muitos aspectos tais como rebeliões de escravos comunidades de fugitivos e a vida cultural e religiosa no Novo Mundo A segunda parte deste livro apoiouse em pesquisa que demonstra que as influências européias na vida africana como o cristianismo o dialeto crioulo e a moda com frequência já existiam antes na África e só mais tarde transferiramse para as Américas Nesse sentido onde os africanos se submeteram à influência dos europeus eles o fizeram de bom grado segundo seus termos e em seus territórios de origem e não obrigatoriamente sob o jugo da escravidão Analisase como a cultura africana mudou a seu modo e como ela incorporou as influências estrangeiras para mostrar um funcionamento muito dinâmico na África que seria desencadeado nas Américas A pesquisa que reforça essas conclusões tanto para a África como para o Novo Mundo precisa necessariamente envolver uma reavaliação que vai de encontro à análise de grande parte da literatura secundária Isso se deve em geral à preocupação primária de muitos pesquisadores em estudos mais locais do que internacionais Assim os africanistas nem sempre se direcionaram a questões sobre a sociedade e história da África que esclarecessem as interações africanas com o mundo atlântico em especial de como os antecedentes africanos dos escravos nas Américas afetaram sua reação ao novo ambiente Assim sendo os americanistas cujo principal interesse sobre os africanos recai no momento em que eles chegam nas Américas não têm uma literatura secundária referente à África escrita de acordo com suas preocupações Daqueles que se interessaram pelas interrelações comerciais e econômicas poucos na verdade conheceram o suficiente além do âmbito de sua especialidade para tentar realizar uma análise e sínteses independentes Por conseguinte consultei o mais possível fontes primárias É óbvio que essa estratégia é essencial caso se queira fazer um revisão significativa na historiografia existente e é particularmente importante visto que os especialistas em história do Atlântico e da África e da história dos africanos no Novo Mundo não questionaram temas que incluíssem o mundo atlântico como um todo Essa tarefa é praticamente impossível de se realizar da forma almejada mesmo que o sucesso eventual dessa análise dependa de um exame minucioso de todo o material primário O resultado da pesquisa deve ser capaz de convencer o africanista de que não se cometeu nenhuma violência contra a evidência primária sobre a história e a sociedade africanas o europeanista de que a essência dos antecedentes econômicos e políticos são respeitados e os americanistas de que uma ampla gama de sociedades de escravos foi contemplada Nenhum acadêmico pode pretender abarcar sozinho esse universo da literatura primária em sua inteireza mesmo com a ajuda de uma literatura secundária e os leitores devem estar conscientes desse fato A documentação consultada é bem completa no que se refere às sociedades africanas e às sociedades das ilhas do Atlântico e examinei uma grande amostra de material publicado e não publicado Nas Américas o material sobre os escravos é muito mais disperso e cada item da documentação é menos completo do que em relação à África e ademais consultei uma pequena porém representativa e confiável amostra De qualquer modo a documentação é incompleta e assim a análise deve ser considerada mais sugestiva do que conclusiva Só posso esperar que essa minha nova análise indique direções que outros possam achar proveitosas e que eles venham a examinar com mais detalhe e realizar estudos de caso para refutar ou apoiar os resultados alcançados aqui Parte I Os africanos na África Capítulo 1 O nascimento do mundo atlântico A CONFIGURAÇÃO DA REGIÃO DO ATLÂNTICO As navegações européias no Atlântico durante o século XV iniciaram um novo e inaudito capítulo na história da humanidade Além de os marinheiros europeus fornecerem rotas oceânicas diretas para áreas que estavam em contato com a Europa através de caminhos por terra muito mais custosos e de difícil acesso como a África ocidental e a Ásia oriental os navios alcançaram locais que não haviam anteriormente mantido contato recíproco com o mundo externo Esse fato é óbvio no caso dos continentes americanos e os historiadores focaram diretamente sua atenção para esse imenso mundo novo em suas discussões sobre o período Porém não foram só os americanos que fizeram contatos externos pois quase toda a região centrooeste da África no sul da atual República dos Camarões também não tinha comunicação com o mundo externo apesar de fazer parte geograficamente do território cujas regiões orientais e ocidentais tinham conexões de longa data com o Mediterrâneo e o oceano Índico1 Nesse sentido além de facilitar e intensifi 1 O paradoxo da região centrooeste da África é que seu isolamento nas relações comerciais e intersociais não era acompanhado por uma cultura diferente e singular Na verdade o centrooeste da África era de muitas maneiras culturalmente similar a partes da África ocidental e ainda mais da África oriental sobretudo na linguagem e na visão básica do mundo externo A explicação mais comum para a situação linguística é a hipótese da migração banto que conecta todas as línguas africanas do norte da região sul da África e ao sul do equador a uma única família Mas a divisão entre a parte ocidental e a oriental do banto é antiga refletindo talvez um isolamento de longa data Ver a discussão geral em F van Noten com Pierre de Maret e D Cohen LAfrique centrale em UNESCO histoire générale de lAfrique Paris 1980 267393 car as relações entre diversas regiões do Velho Mundo que neste caso também incluía a África ocidental a navegação européia iniciou conexões entre o Velho Mundo e os dois novos mundos as duas seções do continente americano e a região centrooeste da África O historiador francês Pierre Chaunu argumentou que a mais importante consequência da navegação européia tenha sido talvez o que ele chama de desencrave o fim do isolamento em algumas áreas e o aumento de contatos intersociais em muitos locais Isso levou a um crescente fluxo de idéias bem como de comércio em todo o mundo e por fim conduziu a uma economia mundial unificada e com níveis mais altos de desenvolvimento econômico2 Desse modo a abertura do Atlântico foi crucial nesse processo sobretudo porque só nele o verdadeiro isolamento foi rompido Entretanto O nascimento do mundo atlântico também envolveu uma gigantesca migração internacional de pessoas certamente sem precedentes no Velho Mundo e realizada em nenhum outro lugar no campo da expansão européia Não somente milhares de europeus mudaramse para ilhas no Atlântico e para as Américas como milhões de africanos atravessaram as ilhas do Atlântico e do Caribe e as Américas tornandose uma população dominante em algumas áreas Essa questão demográfica não foi despercebida em residentes e visitantes nesse período Gonzalo Fernández Oviedo y Valdez descreveu a Hispaniola como a Nova Guiné3 em meados do século XVI quando a importação de escravos para trabalhar na indústria açucareira recéminiciada mudou sua demografia Ambrósio Fernandes Brandão usou exatamente o mesmo termo para descrever a rica região açucareira do nordeste do Brasil em 16184 No Atlântico o desencrave teve um significado muito mais profundo do que em qualquer outro lugar do mundo não só fomentou a comunicação como reconfigurou um conjunto de sociedades propiciando a criação de um Novo Mundo Além disso essa nova configuração envolveu a África por completo pois em 1650 os africanos representavam a maioria dos novos colonos no mundo atlântico contemporâneo A compreensão da origem e do direcionamento desse admirável episódio nas relações intersociais requer um conhecimento da geografia básica das áreas envolvidas áreas onde o transporte através da água definia em muitos aspectos a totalidade da região É preciso sempre lembrar que na época anterior às viagens ferroviárias ou aéreas as viagens fluviais ou marítimas eram muitíssimo mais baratas e práticas a despeito dos riscos de tempestades e naufrágios do que as viagens terrestres Não somente os barcos e navios conseguiam fazer travessias em um tempo médio razoável como também eram eficazes em uma época de recursos escassos e podiam além disso carregar mercadorias pesadas e volumosas com facilidade Assim a criação da geografia do Atlântico deveria priorizar áreas acessíveis de transporte por água pois isso alteraria outras considerações sobre espaço e distância ligando regiões distantes com mais facilidade do que regiões situadas próximas umas das outras A primeira dessas rotas marítimas foi o Atlântico aberta para fins práticos no século XV e início do século XVI Mas o Atlântico também se conectava a rotas fluviais tanto na África como nas Américas que constituíam um complemento vital para o oceano reunindo sociedades e estados que com freqüência situavamse a quilômetros da costa em contato com o mar e por conseguinte com outras sociedades e estados Mesmo os rios que não permitiam a navegação de barcos oceânicos para regiões no interior em razão de quedas dágua passagens estreitas ou bancos de areia serviam de conexões para grandes redes de viagem e comércio no interior A combinação de rotas marítimas e fluviais definiu a configuração da zona atlântica Porém não se pode olhar o mapa do Atlântico e imaginar que todos os locais eram igualmente acessíveis nem que os navegadores tiveram o mesmo acesso a todas as regiões Em geral nessa época de navios feitos de madeira a travessia do oceano era canalizada como se fosse um rio cuja direção do fluxo era claramente definida Nenhum navegador poderia ignorar os padrões dos ventos e correntes no oceano Isso foi crucial para o desenvolvimento da navegação no Atlântico pois os ventos e correntes criaram barreiras para o tráfego durante milhões de anos Esse fato limitou o contato entre o Mediterrâneo e a África por muito tempo e impediu que os africanos realizassem uma navegação eficaz no Atlântico além de suas águas costeiras assim como conteve expedições americanas para a África e a Europa Raymond Mauny mostrou que o constante fluxo nortesul da corrente das Canárias ao longo da costa do Saara possibilitou aos navios do Mediterrâneo navegar em direção ao sul até a África Ocidental mas impediu uma viagem de retorno5 Para os navegantes mediterrâneos o cabo Bojador logo ao sul das ilhas Canárias representou um ponto do qual não havia possibilidade de retorno e mesmo se viagens intencionais ou não foram mais além elas não abriram nenhuma rota prática significativa Relatos árabes citam diversas viagens realizadas acidentalmente além desse ponto alIdrisi 1154 menciona uma que partiu de Lisboa6 ibn Said soube por um viajante marroquino chamado Ibn Fatima de uma viagem similar feita antes de 12707 e alUmari tomou conhecimento por intermédio de Almeira na Espanha de outra realizada por Muhammad b Raghanuh no início do século XIV todos os navegantes foram forçados a retornar ao Mediterrâneo por vias terrestres8 Só no século XV utilizando rotas que atravessavam as Canárias Madeira e os Açores e arriscando uma viagem no altomar é que os europeus puderam finalmente superar as dificuldades de Bojador Se os problemas com ventos e correntes da costa do Saara impediram os mediterrâneos de penetrar na região atlântica da África um problema similar ocorreu com navegadores africanos É claro que os interesses dos africanos de alcançar o norte da África e a península Ibérica por mar eram os mesmos dos povos do Mediterrâneo de chegar à África dado o conhecimento recíproco por meio do comércio feito por terra9 mas a corrente constante que impossibilitou as viagens de retorno para o Mediterrâneo também logo de início frustrrou os esforços dos africanos de atingir o Mediterrâneo A extensão da navegação para o norte de navios africanos parece ter sido até as usinas de sal de Ijil na costa mauritânia ao menos de acordo com o relato do século XII de alIdrisi10 Por outro lado os africanos enfrentaram o forte fluxo da corrente equatorial em direção ao oeste da região de Senegâmbia à bacia do Caribe Embora essa corrente possa ter possibilitado as viagens da África para as Américas isso requereu técnicas especializadas para iniciar a navegação em altomar e os africanos não podiam desenvolver essa tecnologia em viagens curtas em mares calmos Nesse sentido Ivan van Sertima que defendeu a idéia de que os africanos fizeram viagens frequentes para as Américas desde cerca de 800 dC teve de reconhecer que essas viagens caso realmente tenham ocorrido foram acidentais e não iniciaram um comércio transatlântico Embora esses navegadores africanos possam ter realizado longas travessias em embarcações nãoplanejadas para navegar em altomar eles enfrentaram barreiras insuperáveis para fazer viagens de retorno a qualquer ponto familiar da costa africana11 Alguns povos caribenhos construíram embarcações suficientemente grandes para navegar no Caribe e esses navios podem ter viajado para o Velho Mundo O historiador Aurelio Tió mostrou a importância dos povos nativos do Caribe em guiar as primeiras viagens européias da Flórida para o Orinoco e como eles conheciam bem o regime dos ventos e das correntes em toda a bacia Ele sugere que eles também conheciam muito bem a geografia oceânica do Atlântico ocidental12 Mas também para eles o problema do retorno era similar aos que os europeus se depararam em navegações iniciais no Atlântico Na verdade só no final do século XV quando todo o sistema dos ventos e correntes no Atlântico foi compreendido e os navegantes europeus passaram a conhecer todos os possíveis pontos de escala na terra de cada lado do Atlântico é que uma real circunavegação foi alcançada Porém mesmo quando o sistema foi controlado e os navios europeus puderam navegar pelo menos em teoria para cada ponto do Atlântico eles foram não obstante obrigados a respeitar o vento e as correntes Pierre e Hugette Chaunu ao examinarem as viagens usuais dos navios espanhóis de Sevilha para o Atlântico e Fréderic Mauro ao considerar a navegação portuguesa nessa mesma área mostraram que as rotas habituaise de comércio os pontos de escala e até mesmo os desenvolvimentos comerciais eram muito condicionados pelos ventos13 O regime de ventos e correntes explica alguns empreendimentos que os viajantes modernos não perceberam de imediato Um dos motivos mais fortes para o estabelecimento de uma colônia inglesa em Barbados em 1624 foi que sua posição de face para o vento em relação à navegação caribenha tornavao de difícil acesso para as frotas espanholas frotas que antes haviam derrotado ataques britânicos na área Ao mesmo tempo as colônias britânicas na América do Norte eram mais ligadas às colônias correlatas do Caribe pois a viagem de retorno do Caribe pelo Gulf Stream trouxe naturalmente colonos e comerciantes caribenhos à costa norteamericana Nesse sentido as questões sobre navegações relacionamse a aspectos econômicos que reúnem as duas regiões14 Se as rotas por água foram a forma mais antiga de se viajar assim os cursos do oceano devem unirse aos percursos terrestres para se compreender a plena dimensão do mundo atlântico Isso é fartamente demonstrado pelas conexões da região ocidental do Sudão com o Atlântico Rotas fluviais penetrando no interior da África ocidental conectaram pontos bem distantes da costa do Atlântico Embora as passagens estreitas e os bancos de areia que bloqueavam os estuários tenham impedido com freqüência viagens de grandes navios marítimos nos rios africanos embarcações menores projetadas para a navegação fluvial os atravessavam com facilidade e o transporte por terra das embarcações em locais de difícil travessia diminuíram as dificuldades Michal Tymowski mostrou convincentemente como o rio Níger foi importante para a economia das áreas centrais do Sudão ocidental onde grandes embarcações eram construídas e carregavam cargas volumosas ao longo do rio Embora houvesse cachoeiras em alguns trechos que interrompiam a navegação cada segmento do Níger dividido pelas quedas dágua era uma verdadeira via de comunicação e os caminhos por terra relativamente curtos ao redor permitiam transpor a barreira para a navegação de longa distância15 Podese fazer também um paralelo com o rio Senegal apesar de as quedas dágua em FELU dificultarem as viagens do interior para o oceano Com certeza havia um tráfego importante no Senegal acima e abaixo das cachoeiras da época medieval adiante pois era provavelmente nesse rio que os barcos de construção pesada do povo de Gana viajavam nos relatos de alIdrisi sobre o Sudão no século XII16 Além disso mercadorias eram transportadas por terra do Senegal para o Níger ou desses dois rios para o rio Gâmbia que era o terceiro membro na tríade dos rios muito utilizados da África ocidental Um caminho por terra que levava cerca de 25 dias para ser percorrido conectava os rios Senegal e Gâmbia e uma via de transporte terrestre para barcos de cerca de 250 quilômetros ligava os dois rios17 O império de Mali permaneceu como centro do poder político na parte ocidental do Sudão do século XIII ao século XVII em grande parte devido à sua posição central na cabeceira dos afluentes desses sistemas fluviais Philip Curtin demonstrou como os comerciantes baseados nas regiões localizadas acima desses rios podiam transferir mercadorias para o Atlântico através de um sistema para outro a fim de obter melhores oportunidades de mercado nos séculos XVII e XVIII18 Alguns relatos antigos da Senegâmbia mencionam Jaga talvez a cidade de Diakha no Senegal ou Dia no Níger ambas próximas aos afluentes dos sistemas fluviais como a capital de Mali o que talvez possa nunca ter sido e uma fonte de todo o ouro da Senegâmbia e da Costa do Ouro indicando a posição crucial que tal localização central representava na troca comercial de ouro19 Mesmo no início do século XVI comerciantes localizados a essa distância eram capazes de desviar o comércio de Gâmbia para a Costa do Ouro ou o inverso segundo seus interesses20 cação da importância do sistema fluvial para a geografia do Sudão ocidental é revelada pelo fato de muitos escritores islâmicos considerarem os rios um único sistema complexo o Nilo do Sudão uma visão que era compartilhada pelos habitantes do norte da África que não exerciam atividades comerciais como também por comerciantes da África ocidental Além de o complexo NígerSenegalGâmbia unir uma grande parte da África ocidental o Níger era uma via que agregava os reinos de Hausa os estados iorubá e os reinos de Nupe Igala e Benim a um sistema hidrográfico que por fim se conectava ao Atlântico Ao considerar o rio Benue como um prolongamento podese então perceber quão profundamente o sistema fluvial penetrava no interior da África ocidental A concepção geográfica partilhada por africanos e estrangeiros no século XVI funde todos esses rios Senegal Gâmbia Níger e Benue em um único Nilo dos negros que ao final se ligava ao Nilo do Egito Embora isso seja um erro na geografia local reflete as possibilidades de transporte dos percursos fluviais A região central da África occidental também se orientava por seus rios em especial pelo Zaire e o Cuanza Do mesmo modo António de Oliveira de Cadornaga usou os rios para orientar sua geografia da África central seu conhecimento estendeuse bem longe no interior e combinou isso com uma extensa rota para o rio Cuanza Esses rios proporcionaram um comércio significativo Não somente o Cuanza foi utilizado pelos portugueses em sua conquista de Angola como também ele era a maior artéria de comércio para os africanos como afirmou Paulo Dias de Novais o primeiro português a descrever a região na metade do século XVI O comércio fluvial conectavase com o comércio costeiro e embarcações africanas percorriam com regularidade as águas litorâneas entre o Zaire e o Cuanza Para muitos africanos em outros locais a costa também era um sistema fluvial que ligava pontos longínquos fomentando um comércio que antecedeu e com frequência complementou o dos europeus em altomar JeanPierre Chauveau examinou o papel das sociedades costeiras e a navegação na África ocidental demonstrando que a navegação marítima proveu uma comunicação costeira entre regiões importantes fato frequentemente inobservado em declarações anteriores Em Loango Senegâmbia Serra Leoa e Libéria estuários costeiros enseadas e lagoas formavam um sistema protegido e interconectado de percursos por água que facilitavam o movimento de mercadorias em larga escala Esses caminhos costeiros também permitiam uma fácil comunicação com os estuários de Senegal e de Gâmbia Analogamente a costa da atual Costa do Marfim possuía um sistema de lagoas e lagos costeiros no entanto era menos ativa no comércio atlântico e assim menos conhecida nos meios acadêmicos modernos Por fim é claro havia a rede de percursos por água que se estendia da foz do rio Volta através do delta do Níger até a atual República dos Camarões que começava a ser visto como um eixo político e econômico Nesse caso assim como em Senegâmbia a extensão da costa ligavase a rios que fluíam para o interior O Níger certamente é um desses rios mas ainda existem outros Padres capuchinhos que visitaram Aladá na África ocidental em 166062 observaram que diversos rios que fluíam para a lagoa costeira eram navegados por grandes canoas construídas no local que permitiam às pessoas viajar para o interior Os rios americanos também se estendiam ao longo da região atlântica Assim os geógrafos que estudaram a colonização norteamericana observaram que os grandes rios como Saint Lawrence a bacia hidrográfica da baía de Chesapeake o Connecticut e o Hudson constituíam rotas importantes para o interior em grande parte por serem facilmente navegáveis por pequenos navios marítimos e foram amplamente utilizados pelos europeus como eixo para a colonização O rio Amazonas navegável do Atlântico até os Andes e o Orinoco que também fluía para o interior conectavamse com o comércio no Atlântico O controle dos sistemas fluviais de ambos os rios era exercido pelas sociedades americanas nativas cuja sofisticação cultural só há pouco tempo foi reconhecida Desde os primórdios do contato europeu os visitantes do Amazonas e do Orinoco observaram um tráfego local intenso e comerciantes nas desembocaduras dos rios eram os pontos finais de um comércio fluvial equivalente ao corredor do SenegalNíger na África ocidental onde mercadorias de metal européias eram comercializadas por ouro escravos e redes de algodão exportadas aos milhares Visto que os nativos dessas regiões como os habitantes do vale do Mississipi na América do Norte controlavam o comércio e mantinham os europeus acuados conhecemos muito menos sobre essas áreas do que daquelas que se constituíam em artérias de comunicação entre os colonizadores do Velho Mundo Nesse sentido os caminhos por água definiram a região atlântica e os rios a estenderam muito além do litoral O domínio sobre o mar no entanto possibilitou a comunicação entre todas essas rotas continentais Houve problemas consideráveis a superar antes que essas conexões fossem feitas apesar das viagens transatlânticas ocasionais que possam ter precedido as viagens de Cristóvão Colombo e as viagens portuguesas ao longo do litoral africano Esses problemas foram praticamente intransponíveis para os africanos os americanos e o povo mediterrâneo até 1400 Portanto vale explorar as circunstâncias que permitiram aos europeus realizar viagens transatlânticas ORIGENS DA NAVEGAÇÃO ATLÂNTICA A experiência européia de viagens por água foi provavelmente o fator mais importante em sua conquista do Atlântico As dificuldades de lidar com a navegação ao sul do oceano explica por que os africanos por sua vez focalizaram seus talentos para a construção naval em embarcações de navegação costeira e fluvial e como resultado fizeram pouca navegação oceânica deixando até mesmo ilhas relativamente próximas como Cabo Verde e São Tomé descolonizadas e inabitadas Na verdade eles se abstiveram de navegar longas distâncias no Golfo da Guiné além da colonização da ilha de Bioko visível da terra por ser economicamente factível embora dificultada pelos mesmos problemas de correntes que impediram a navegação transatlântica O povo das Américas era um pouco mais afortunado do que os africanos porque o Caribe havia sido completamente explorado pelos nativos muito antes da chegada dos europeus Assim os barcos dos caribenhos e dos índios arawaks eram vistos com frequência no mar e ao contrário das embarcações africanas podiam realizar longas viagens marítimas Mas assim como a previsibilidade das monções na Ásia iniciou certos avanços na tecnologia de construção naval por apresentar poucos desafios talvez também a navegação no Caribe com sua longa cadeia de ilhas fosse muito fácil Entretanto os europeus tinham dois grandes mares internos o Mediterrâneo ao sul e o mar do Norte e o mar Báltico ao norte com um pedaço de costa de acesso difícil mas acessível entre eles Nesse sentido tradições isoladas de navegação podem ter se desenvolvido para solucionar problemas específicos em cada área e então fundilas por meio da intercomunicação para apresentar soluções para problemas futuros Aproximadamente nos séculos XIV e XV esses grandes mares eram regularmente navegados e os navios eram itens correntes em cada inventário europeu Assim como Pierre Chaunu argumentou isso foi a abertura ou a reabertura pois essas conexões eram frequentes na época clássica de um comércio regular entre o Mediterrâneo e os mares do norte ao final do século XIII o que por fim levou a navegação européia ao Atlântico Esse comércio indicado pelo registro da primeira viagem de um navio genovês ao norte da Europa em 1277 foi em grande escala conectado com o comércio de grãos e o movimento de outras mercadorias volumosas que não podiam arcar com os custos de uma viagem por terra Essas viagens iniciais não somente deram impulso como veremos à conquista européia do Atlântico como também uniram os diversos mares da Europa e em última instância auxiliaram a estabelecer as fronteiras européias no mundo atlântico Fernand Braudel defendeu com veemência a importância da conexão entre os mares do norte e o Mediterrâneo e de seus navegantes familiares com cada uma dessas grandes regiões marítimas e com as áreas fluviais anexas como na Alemanha ao longo do Reno e mesmo na Polônia ao longo do Vístula que participaram da grande economia oceânica do Atlântico Embora os europeus do norte tenham entrado mais tarde no comércio ao sul do Atlântico que unia a África às Américas os vikings foram os desbravadores das rotas do norte em direção ao oeste colonizaram pelo menos a Groelândia e proveram as primeiras conexões importantes entre os mares do norte e o Mediterrâneo Os ingleses e os holandeses começaram a explorar o Atlântico razoavelmente cedo os suecos estabeleceramse na América do Norte no início do século XVII e também possuíam postos na costa da África e aí foram acompanhados pelos dinamarqueses e bálticos como Kurland e Brandenburg Não apenas as necessidades desse comércio marítimo entre o Mediterrâneo e a Europa do norte serviram como estímulo para a construção naval ibérica e o interesse no comércio interregional mas o número relativo de grandes navios envolvidos aumentou o potencial de viagens de descobertas acidentais A carreira de Lanzaroto Malocello é um exemplo desse fato Malocello era um mercador genovês que tinha relações comerciais com Cherbourg no norte da França e com Ceuta no Marrocos e assim fazia frequentes viagens pelo Atlântico tanto ao norte como ao sul de Gibraltar Em uma dessas viagens ele descobriu ou redescobriu pois já eram conhecidas na época clássica provavelmente por acidente as ilhas Canárias em cerca de 1312 As Canárias foram as primeiras ilhas do Atlântico redescobertas pelos europeus e sua colonização realizada por Malocello em torno de 1335 representou um passo precoce e importante na exploração do Atlântico Além de multiplicar as oportunidades de viagens acidentais de descoberta a navegação marítima entre o Mediterrâneo e o norte do Atlântico em especial porque envolvia navios de grande porte propiciou a difusão de técnicas de construção naval Assim os navios robustos e de formas arredondadas do mar do Norte e do Báltico mesclaramse com as longas embarcações de fácil manejo do Mediterrâneo Isso resultou na criação de navios capazes de carregar mais carga e de navegar sob as mais variadas condições que podiam ser encontradas tanto no Mediterrâneo como no norte do Atlântico A essas descobertas foram acrescidas técnicas de velejar e navegar dos muçulmanos com os quais os genoveses e os povos ibéricos mantinham constante comércio Entretanto o fato de possuir os meios para fazer viagens oceânicas e descobrir novas terras não significava necessariamente que essas viagens ou explorações extensas se realizariam Precisaria também existir um conjunto razoável de motivos e os financiadores tinham de estar razoavelmente confiantes de que essas viagens valeriam a pena considerando os grandes riscos que sua realização implicava AS MOTIVAÇÕES DOS EUROPEUS OS OBJETIVOS GEOPOLÍTICOS E ECONÔMICOS A LONGO PRAZO Diversos fatores técnicos e geográficos fizeram com que os europeus fossem os mais apropriados para explorar o Atlântico e desenvolver seu comércio Mas a tarefa requeria também fortes justificativas polí ticas e econômicas antes de ser realizada Uma escola antiga e romântica de historiadores afirma que os europeus fizeram essa exploração pela mera alegria da descoberta ou para quebrar o monopólio comercial dos muçulmanos no oriente Essas razões eram suficientes em sua interpretação para permitir que visionários como o infante D Henrique príncipe Henrique o Navegador de Portugal ou a rainha Isabel da Espanha financiassem as viagens36 Essa visão romântica foi reduzida a dimensões mais mundanas pelos trabalhos de historiadores portugueses sobretudo Duarte Leite e Vitorino MagalhãesGodinho Eles enfatizaram que a exploração e as viagens realizaramse gradualmente durante um longo período de tempo e foram estimuladas pela perspectiva de lucros imediatos que podiam ser facilmente obtidos usando a existente ou só ligeiramente modificada tecnologia37 Sob essas condições os custos básicos eram baixos os lucros e retornos garantidos e a possibilidade de grandes descobertas limitada Mesmo as maiores expedições a viagem transatlântica de Colombo em 1492 e a circunavegação de Vasco da Gama em 1498 foram alicerçadas em muitos anos de profícua exploração do Atlântico e em excelentes informações sobre os retornos financeiros no caso de Vasco da Gama ou a esperança de encontrar novas ilhas no Atlântico potencialmente rentáveis como no caso de Colombo Nesse cenário é possível perceber os avanços tecnológicos nos métodos de navegação mais como consequência do que um elemento condutor das descobertas A tecnologia era desenvolvida quando havia certeza de que se poderia lucrar com o aperfeiçoamento das técnicas No entanto existem evidências para apoiar ambos os argumentos e é arriscado aceitar com precipitação a pesquisa de acadêmicos recentes com suas interpretações menos românticas Afinal muitos daqueles que descreveram as viagens escreviam com sua visão romântica Por exemplo o cronista do século XV Gomes Eannes de Zurara destaca sobretudo motivos geopolíticos ao mencionar uma lista de razões que impeliram o infante D Henrique a enviar navios precursores em viagens diretas entre a África ocidental e a Europa Esses motivos resultavam da luta secular entre cristãos e muçulmanos para controlar o mundo mediterrâneo O desejo principal de D Henrique de acordo com Zurara era de 36 Resumido em ibid pp 23340 37 Resumido em ibid pp 2435 derrotar os muçulmanos do norte da África e as considerações econômicas ficavam em segundo plano Ele esperava que seus marinheiros pudessem contatar uma potência cristã ao sul do Marrocos para formar uma aliança antiislâmica ou estabelecer comércio com vizinhos não muçulmanos que poderiam ser convertidos ao cristianismo e que concordassem com essa aliança ou que ao menos poderiam ser persuadidos a cessar o comércio com o Marrocos38 Zurara expressava uma esperança longamente acalentada pelos cristãos ibéricos Escritores e visionários que viveram no período anterior às viagens patrocinadas pelo infante D Henrique propuseram diversos planos para afastar os muçulmanos de uma forma ou de outra Em 1285 por exemplo um teólogo de Maiorca chamado Ramon Llull sonhava em converter o rei de Gana ao cristianismo e assim criar um estado cristão na hinterlândia islâmica do norte da África39 Desde 1306 quando uma delegação da Etiópia chegou à Europa em busca de uma aliança cristã com o rei dos espanhóis para oferecerlhe ajuda contra os infiéis 40 a idéia de uma conexão entre a Península Ibérica e a Etiópia foi considerada Na verdade o rei Anfós IV de Aragão quase conseguiu um duplo casamento com o Negus da Etiópia em 1428 41 e a Coroa portuguesa enviou Pedro de Corvilhão à Etiópia em 1487 para preparar alianças similares42 38 Gomes Eannes de Zurara Crônica dos feitos de Guiné cap 8 Existem muitas edições mas a melhor é a de Torquado de Sousa Soares 2 vols Lisboa 1978 A tradução francesa Leon Bourdon Chronique de Guinée Dakar 1960 contém uma importante introdução sobre a história e discussão de problemas textuais Uma tradução inglesa feita com base em uma edição menos meticulosa e com notas datadas é a de C R Beazley e E Prestage 2 vols Londres 18969 39 Ramon Llull Libre dEvast e dAloma e de Blanquerna c 12835 cap 84 ed Joan Pons i Marquès em Ramon Llull Obres essencials 2 vols Barcelona 1957 12412 Sobre a filosofia geopolítica de Llul ver Armand Llinares Raymond Lulle philosophe de laction Paris 1963 40 Registrado em Jacopo Filippo Foresti da Bergamo Supplementum Chronicarum 1483 com base em notas de Giovanni da Carignano na época que a missão passou por Genôva Publicado a partir da edição de 1492 em Youssouf Kamal Monumenta Cartographica Africae et Egypti Leiden 192653 vol 4 fol 1139 Uma tradução com base na edição de 1483 e uma discussão de R A Skelton foram publicadas em O G S Crawford Ethiopian Itineraries circa 14001524 Cambridge 1958 pp 21215 Como resultado dessa visita o geógrafo Giovanni da Carignano concluiu que a Etiópia era o lar do lendário Preste João afastando quase permanentemente a hipótese de que ele vivia na Ásia Ver Enrico Cerulli Giovanni da Carignano e la cartografia dei paesi a Sud dellEgitto agli inizi del secolo XIV Atti del XIV Congresso geografico italiano Bolonha 1949 p 507 41 Ver a discussão à luz da atividade catalã e dos planos no Mediterrâneo oriental em Lluís Nicolau dOlwer Lexpansió de Catalunya em la Mediterrània oriental 3a ed Barcelona 1974 pp 1715 42 Mordechai Abir Ethiopia and the Red Sea The Rise and Decline of the Solomonic Dynasty and MuslimEuropean Rivalry in the Region Londres 1980 pp 1940 Acadêmicos modernos estão mais convictos da relevância dos objetivos econômicos do que dos grandes planos geopolíticos de natureza religiosa e militar e por conseguinte alguns enfatizam a fabulosa fortuna que circularia através do comércio oceânico com as ilhas ricas em especiarias da Índia e do sudeste da Ásia ou com a África ocidental sobretudo pelo seu ouro Essa interpretação se apóia na correlação entre a exploração do Atlântico e o declínio de Acra o último posto avançado das relações comerciais diretas com o leste do Mediterrâneo que passou para o domínio islâmico em 1291 No mesmo ano da queda de Acra os irmãos Vivaldi iniciaram uma viagem de Veneza para achar uma rota para as Índias através do Atlântico mas nunca retornaram43 A cartografia dessa época na verdade muito especulativa encorajava essas tentativas por representar a África de tal modo que sugeria uma fácil circunavegação44 Um frade franciscano de Castela registrou sua viagem de circunavegação na África em 1360 porém seu livro era uma ficção baseada em especulação e no tipo de conhecimento que os franciscanos beminformados poderiam inferir dos mapas contemporâneos cosmografias e comentários sobre o Mediterrâneo ocidental45 No entanto de todas as possibilidades econômicas que poderiam ter motivado a navegação no Atlântico a expectativa de um caminho mais curto para as minas de ouro da África ocidental é a mais provável As Índias estavam muito distantes da concepção geográfica da época ao passo que a África ocidental conhecida por sua riqueza em ouro estava muito mais perto e mais acessível por mar A África ocidental fora uma fonte de ouro para os países mediterrâneos durante séculos talvez mesmo desde o império bizantino46 Escritores muçulmanos pelo menos desde o século IX mencionavam as áreas produtoras de ouro e um fluxo constante de descrições em árabe sobre a África ocidental incluindo uma realizada pelo famoso norteafricano alIdrisi para o rei cristão Rogério II da Sicília em 115447 Esses relatos reuniamse aos do mundo cristão sobretudo àqueles das comunidades de comerciantes catalães e italianos do norte da África os quais comercializavam ouro chamado ouro de Palolus nessas fontes desde o século XII48 Uma rota marítima para as minas de ouro parecia factível pois não envolvia a circunavegação da África Muitos mapas dessa época mostraram o Rio do Ouro provavelmente o rio Senegal e de acordo com a legenda do mapa de Mecia de Villadestes 1413 onde se podia obter o ouro de Palolus Embora a área atual localizese mais acima a foz do rio é larga e profunda o suficiente para o maior navio no rio49 Os cristãos pensavam que os muçulmanos navegavam com regularidade nesse rio o anônimo frade franciscano até mesmo afirmou falsamente têlo navegado em aproximadamente 1360 em um navio islâmico 50 e antes em 1346 Jacme Ferrer um comerciante catalão tentou alcançálo51 AS MOTIVAÇÕES DOS EUROPEUS A PREVALÊNCIA DAS METAS A CURTO PRAZO Se os planos a longo prazo eram sonhos ou fantasias ou se tinham como objetivo circundar e isolar os muçulmanos obter as especiarias da Ásia ou o ouro da África ocidental eles se limitavam aos reis e intelectuais e nenhum desses grupos demonstrou especial empenho em financiar essas viagens e os empreendimentos privados ou de pequeno porte como os dos Vivaldi e Ferrer não tiveram êxito Nesse sentido apesar dos comentários de autores contemporâneos sobre os motivos ou expectativas dos governantes dos resultados desses projetos o progresso da exploração do Atlântico em última instância dependeu de conside 43 De la Roncière Découverte 1501 44 Ver Jaime Cortesão Os descobrimentos portugueses 2 vols Lisboa 1960 13045 45 Libro del consçimiento de todos las tierras y señórios que son por el mundo y de las señales y armas que han cada tierra y señorío em Kamal Monumenta 4 fol 12599v notese que as páginas eram numeradas consecutivamente de volume a volume Isso inclui uma tradução para o inglês 46 Timothy Garrad Myth and Metrology Trans Saharan Gold Trade Journal of African History 23 1982 44361 47 Ver como exemplo as descrições antigas de Abu alQasim ibn Hawqal Kitab Surat alard em Levtzion e Hopkins Corpus p 49 Abu Ubayd Abd Allah b Abd alAziz alBakri Kitab almasalik wa1mamalik em ibid pp 7785 e alIdrisi Nuzhat ibid pp 1101 48 Essas fontes refletiamse com frequência nos mapas da época ver a discussão em de la Roncière Découverte 112141 A maioria desses mapas foi reproduzida em Kamal Monumenta Para uma discussão detalhada das fontes do grupo de Maiorca ver Yoro K Fall LAfrique a la naissance de la cartographie moderne Les cartes majorquines XIVeXVe siècles Paris 1982 pp 55120 A questão sobre Palolus foi discutida em detalhes por Susan K Macintosh em A Reconstruction of Wangara Palolus Island of gold Journal of African History 22 1981 14558 Esse ouro era tão conhecido em Barcelona a ponto de uma portaria daquela cidade baixada em 1271 referirse a ele como o ouro de Palolus de la Roncière Découverte 1114 49 Kamal Monumenta 4 fol 1370 50 Libro del consçimiento ibid fol 1258v 51 Monumenta 4 fol 1235 rações econômicas Essas considerações nos levam por fim a concordar com os historiadores portugueses sobre a prevalência da exploração de curto prazo nãoromântica gradual como o principal método expansionista europeu É importante também observar que outra fantasia romântica de que os povos ibéricos eram os únicos líderes dessa exploração é incorreta A exploração do Atlântico era um verdadeiro exercício internacional mesmo que as maiores descobertas tivessem sido feitas com o patrocínio dos monarcas ibéricos As pessoas que realizaram as viagens reuniam recursos humanos e materiais onde estivessem disponíveis Ingleses franceses poloneses italianos navios e capital uniramse aos ibéricos em seu esforço Seu eventual pioneirismo deveuse à rapidez dos monarcas dos países da Península Ibérica em reivindicar soberania ou oferecer proteção aos primeiros colonizadores e a fazer o esforço necessário para reforçar esses pleitos em geral depois que os benefícios econômicos eram claramente revelados por um grupo internacional de desbravadores Podese dividir a expansão em duas asas ou duas direções A primeira foi a asa da África que explorava seus principais produtos como escravos e depois o ouro como uma forma de financiar viagens curtas ao longo da costa e cujos líderes esperavam encontrar habitantes para atacar ou comercializar nos locais percorridos A segunda direção foi o Atlântico que buscava terras exploráveis mas não necessariamente habitadas onde se poderiam encontrar produtos naturais valiosos ou começar a produção agrícola de produtos cultivados com alta demanda na Europa A colonização dessas terras iniciouse com o corte de madeira ou a colheita de mel silvestre porém sua verdadeira rentabilidade decorreu por fim da produção de trigo açúcar ou vinho em ricos solos tropicais e vulcânicos Sob muitos aspectos as ilhas Canárias redescobertas por Malocello no início do século XIV foram o ponto de partida comum para ambas as asas e propiciaram fontes de lucros As ilhas eram povoadas e assim foram invadidas e se anteviram possibilidades comerciais pois tinham produtos naturais de interesse e ao final tornaramse um centro para a produção de vinho e açúcar Além disso em virtude de as viagens serem razoavelmente fáceis e lucrativas elas forneceram segurança financeira para aqueles que procuravam mais lucros na costa adjacente do Saara ou em ilhas habitadas do Atlântico mais distantes interessado mais pelos corantes ambos eram oriundos de áreas de produção têxtil utilizando os nativos para recolhêlos Eles também trouxeram colonos normandos e fizeram uma divisão territorial apesar de a exportação rentável das colheitas ter demorado um século para se efetuar Uma colonização posterior de Castela e da Espanha prosseguiu com a expansão da agricultura e em aproximadamente 1520 as ilhas produziam açúcar vinhos e produtos à base de carneiro e gado Mas se as ilhas eram visitadas para serem conquistadas atacadas ou para comercializar elas eram vistas ainda como uma fonte rentável e as viagens foram intensas durante o século XIV Essa atividade trouxe mais navios na área ao sul do Estreito de Gibraltar estendendo os ataques e o comércio dos cristãos para o sul e os familiarizando com a área e as regiões vizinhas da costa africana Desse modo as Canárias tanto como colônias quanto pontos de escala convenientes serviram como bases para operações posteriores ao longo da costa da África ou a ilhas desabitadas mais distantes no Atlântico como Madeira e Açores as quais eram provavelmente conhecidas dos europeus desde as viagens de Recco em 1341 A EXPANSÃO EM DIREÇÃO À ÁFRICA As ações ofensivas e o comércio das Canárias serviram de base e motivaram os europeus a expandir suas atividades mais abaixo da costa da África Em consequência Jacme Ferrer iniciou sua malsucedida viagem para Rio do Ouro em 1346 com uma parada nas Canárias Analogamente Jean de Bethencourt conquistador do grupo de ilhas a leste tentou atingir a costa atlântica da África embora não tenha feito viagens além dos limites habituais de navegação Quando Bethencourt prestou homenagem ao rei de Castela em 1405 Portugal reivindicou seus direitos às ilhas solicitados com firmeza pelo menos desde 1341 e suas conexões comerciais diminuíram no local Nesse contexto o infante D Henrique esforçouse para conquistar as ilhas remanescentes e enviou uma expedição para dominálas em 37 1415 Em 1424 ele lançou uma expedição muito maior envolvendo cerca de 2500 soldados de infantaria e 120 de cavalaria Esse aumento da atividade dos portugueses nas Canárias resultou na bula papal Romanus Pontifex de 1436 renovando os pleitos de Portugal sobre as ilhas ainda nãoconquistadas e uma correspondente ampliação da atividade ao longo da costa do Saara Esses ataques redobrados contra as ilhas Canárias remanescentes e a costa do Saara tiveram como consequência a descoberta do cabo Bojador embora ele tenha continuado um pouco mais adiante pelo navegador português Gil Eanes em 1434 Um ano antes Eanes conduzia uma expedição de captura de escravos na ilha de GrãCanária e a expedição a Bojador foi uma excursão natural do mesmo teor Na verdade as embarcações da época poderiam evitar algumas das dificuldades advindas das correntes navegando pelas Canárias atenuando dessa forma o antigo problema do retorno além de Bojador No entanto apesar do potencial dessa rota alternativa os portugueses não alcançaram logo o Senegal embora expedições para o Rio do Ouro tivessem sido enviadas quase imediatamente elas não chegaram tão longe Algumas delas trouxeram de volta mercadorias como azeite e peles tal como uma realizada em 1436 mas a maioria era só de captura de escravos e raramente se aventuravam mais além do litoral do que era necessário para assegurar uma carga lucrativa Os portugueses só alcançaram o Senegal em 1444 embora tenham atacado e interceptado caravanas que faziam trajetos em direção ao norte em anos anteriores Por conseguinte a real motivação da expansão européia e de abertura de novas rotas marítimas não era simplesmente explorar a oportunidade de lucros imediatos por meio de emboscadas e da apreensão ou compra de mercadorias comercializáveis Foram esses objetivos mais limitados que por fim propiciaram a viagem para o Senegal com a qual 38 geógrafos e pensadores que almejavam planos comerciais e geopolíticos a longo prazo haviam sonhado desde o século XIV Outros motivos semelhantes permitiram aos portugueses atingir posteriormente esse objetivo de longo prazo importante tanto para o cenário comercial quanto para o geopolítico de circundar a África e descobrir uma rota marítima para a Índia e a Etiópia A predominância de alvos limitados nas viagens de reconhecimento e expansão explica por que a necessária exploração demorou tanto tempo a se concretizar de 1434 quando o maior obstáculo à navegação foi superado até 1488 quando Dias mostrou que o cabo da Boa Esperança situavase no extremo sul do continente africano Na região do Senegal os lucros foram obtidos do ouro e de escravos capturados inicialmente em emboscadas depois comprados Encontravase ouro em muitos pontos do litoral e os navegantes logo estenderam suas viagens em direção ao sul até alcançarem a costa da atual Serra Leoa em torno de 1460 Entretanto muito do entusiasmo desses empreendimentos mesmo durante esses anos visava à consolidação e exploração dos recursos de áreas já conhecidas ou para estabelecer bases O desabitado arquipélago de Cabo Verde era crucial para ampliar a expansão e foi colonizado nos anos 1460 Porém havia outras possibilidades mais além e talvez a perspectiva de descobrimento de uma nova extensão costeira para produzir a pimenta conhecida como pimentamalagueta fosse conhecida por Fernão Gomes quando ele fez uma petição à Coroa por direitos exclusivos de comércio na África ocidental menos das áreas anteriormente concedidas aos colonizadores de Cabo Verde em 1469 De qualquer modo sua concessão incluía uma cláusula de exploração de outras partes da costa e suas expedições começaram rapidamente a exportar pimenta Logo depois talvez em torno de 1471 para sua extrema sorte os marinheiros de Gomes atingiram a região produtora de ouro da Costa do Ouro atual Gana uma descoberta inesperada que recompensou largamente Gomes e a Coroa Seus marinheiros localizaram uma nova região produtora de pimenta em Benim no ano seguinte embora o comércio regular só tenha começado nesse local em 14856 Eles também descobriram na ilha de São Tomé outra base potencial para operações na região Desse modo por um longo período de tempo entre 1340 e 1470 a expansão européia procedeu com vagar ao longo da costa africana Os grupos privados que haviam apoiado a maioria dessas iniciativas foram generosamente recompensados e em 1482 pela primeira vez a Coroa de Portugal decidiu custear sua primeira expedição no Atlântico em vez de conceder esse privilégio a outras pessoas que levantavam seu próprio capital Ao contrário das viagens iniciais a viagem real de Diogo Cão tinha um objetivo geopolítico claro Segundo João de Barros informações recebidas de Benim sugeriram à Corte que os navegantes portugueses estavam perto das terras de Preste João e que uma circunavegação da África era agora possível Assim Cão fez a primeira tentativa de expansão imbuída do espírito romântico mas ele só descobriu que o continente africano voltavase para o sul estendendose por milhares de quilômetros mais Mas para sorte da Coroa Cão chegou ao reino de Congo cujos produtos de exportação ajudaram a ressarcir os custos das viagens além de contribuírem para o sucesso da colônia em São Tomé Sem se 39 intimidar com a extensão territorial da África a Coroa portuguesa continuou a custear a exploração primeiro com Bartolomeu Dias e por fim com Vasco da Gama cujas viagens substituíram em geral os relatos prosaicos das primeiras viagens nos livros didáticos e a história romântica da busca pelas Índias O LADO DO ATLÂNTICO E A DESCOBERTA DA AMÉRICA Assim como o lado africano a exploração em direção ao Atlântico começou nas Canárias mas foi estimulada pela esperança de encontrar produtos naturais valiosos e colonizar terras inabitadas Mas como os resultados ficaram aquém das expectativas o processo foi lento Madeira por exemplo provavelmente era conhecida devido à exploração das ilhas Canárias sem dúvida já em 1339 mas sua colonização só foi iniciada em torno de 1425 No entanto seu povoamento foi um precedente importante pois os Açores alcançados por Diogo de Silves só em 1427 estavam sendo colonizados em 1440 Em virtude de serem inabitadas ilhas como Madeira e Açores não ofereciam atrativos comerciais mas podiam ser exploradas por seus produtos naturais Com toda certeza seus primeiros colonizadores João Gonçalves Zarco Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrello investiram muito na exportação de produtos naturais disponíveis tais como cera mel madeira e corantes ou criaram gado que podia ser mantido com facilidade nas ilhas não arborizadas de Porto Santo e Deserta Os primórdios da colonização dos Açores foi similar A ordem para iniciar o povoamento datada de 1439 já mencionava esses produtos e Zurara referindose a 1446 indicava que alguns já haviam sido exportados Por outro lado os Açores nunca foram particularmente ricos e serviram mais como uma base de operações no Atlântico do que um grande centro de produção O processo repetiuse em outras ilhas desabitadas do Atlântico A carta régia outorgando as ilhas de Cabo Verde ao infante D Henrique em 1462 indicava com clareza que ele esperava obter lucros rápidos na exploração dos produtos naturais ou daqueles que requeriam pouco investimento Do mesmo modo os primeiros colonizadores de São Tomé em 1485 tinham uma carta em que também se especificavam taxas de exportação de produtos naturais que deveriam ser encontrados nessas ilhas tropicais Em cada caso o rei ao conceder a carta especificava termos simples para a exportação de uma variedade de produtos tanto cultivados como naturais que deveriam florescer nos trópicos À colheita de produtos naturais o primeiro incentivo para visitar essas ilhas seguiuse o cultivo de produtos agrícolas de fácil exportação quando o solo e as condições climáticas fossem razoavelmente conhecidos Na ilha da Madeira o desflorestamento e o plantio de trigo o primeiro produto cultivado a ser exportado requereu trabalho extra alguns trabalhadores foram trazidos como empregados da Europa e outros foram provavelmente conseguidos em ataques às Canárias Na verdade os colonizadores da Madeira participaram do ataque de 1424 bem no início da colonização e então as duas operações foram realizadas em conjunto Madeira e as ilhas Canárias começaram rapidamente a exportar trigo em grande quantidade e o solo virgem produziu segundo o testemunho entusiasta de Zurara em 1446 na proporção de 50 para 1 Mosto mais comedido mencionou que a produção de 6070 para 1 declinou para 3040 para 1 em 1455 mesmo assim um proveito ex Malocello e aqueles que o seguiram no início da metade do século XIV rapidamente descobriram que as Canárias produziam muitos produtos úteis Talvez o mais proveitoso tenha sido a urzela matéria corante originada dos liquens que cresciam nas rochas das ilhas e o sanguededragão uma resina também utilizada como corante As ilhas ainda podiam ser ocupadas lucrativamente para gado e pessoas havia uma demanda constante de escravos no mundo mediterrâneo52 Em 1341 uma viagem às Canárias realizada sob os auspícios de Portugal mas com uma tripulação de diversas procedências e um capitão italiano teve como objetivo tanto comercializar como invadir comprando peles de animais corantes e produtos de madeira Essa expedição também carregava armas para ações ofensivas e o rei Afonso IV de Portugal relatou que emboscadas para capturar escravos já se realizavam antes de 134653 Mercadores catalães uniramse aos portugueses nos primórdios da exploração atacando e comercializando com os nativos das ilhas54 As tentativas de colonização emergiram dessas iniciativas A primeira colonização de diversas partes das ilhas feita por Malocello em torno de 1339 depois por um grupo de aragoneses em 1342 e outra sob os auspícios dos franceses em 1344 provavelmente foram simples tentativas para estabelecer um entreposto comercial e edificar um forte para emboscadas a escravos e nenhuma delas resultou em povoamentos produtivos e de longa duração O povo de Castela parece ter sempre fomentado simples ações ofensivas e comércio para a Espanha55 Castela no entanto apoiou a primeira colonização permanente embora tenham sido os nobres normandos Gadifer de la Salle e Jean de Bethencourt que na realidade organizaram e levaram a termo a empreitada em 14025 Assim como seus predecessores eles parecem ter se 52 Uma excelente pesquisa recente sobre a escravidão nessa época encontrase em Jacques Heers Esclaves et domestiques dans le monde méditerranéen Paris 1981 em especial as pp 2364 nas quais se relata o longo contexto de ações ofensivas a escravos e seus prolongamentos no Atlântico 53 Crônica atribuída a Giovanni Boccacio De Canaria et insulla reliquis ultra Ispanian in oceano nouiter repetis Monumenta Henricina 14 vols Lisboa 196074 12026 sobre a expedição de 1341 Afonso IV para Clemente VI 12 de fevereiro de 1345 Monumenta Henricina 1230 54 Charles Verlinden Lesclavage dans lEurope médiéval I Péninsule ibériqueFrance Burgos 1955 pp 628 55 Sobre Malocello e os aragoneses ver Charles Verlinden Lanzarotto Malocello et la découverte portugaise des Canaries Revue belge de philologie et dhistoire 1958 117390 sobre a tentativa francesa ver Clemente VI Tue deuotions sinceritas 15 de novembro de 1344 Monumenta Henricina 120714 e sobre as táticas de Castilha B Bonnet Reverón Las expediciones a las Canarias em el siglo XIV Revista de Indias 6 1945 21518 pressivo para os padrões da época O trigo era exportado para Portugal e para os destacamentos militares portugueses no Marrocos na costa do Saara e na África ocidental a maior parte já transformada em pão Mas os lucros reais vieram do vinho descrito como excelente por Mosto já em 1455 e sobretudo pela produção de açúcar na qual era utilizada mãodeobra escrava em especial de nativos das Canárias As exportações de açúcar eram significativas em 1455 e cresceram rapidamente até tornar a Madeira um dos principais produtores de açúcar na economia européia O sucesso do empreendimento na Madeira encorajou outros e demonstrou que até mesmo ilhas inabitadas em particular as situadas em zonas tropicais ou subtropicais poderiam ser rentáveis economicamente e ressarcir com razoável rapidez os custos para povoalas Nem todas as ilhas foram tão bem exploradas como a Madeira embora algumas à exemplo de São Tomé tenham se tornado muito lucrativas Mas elas serviram de base para explorações ao longo da costa da África como Cabo Verde e São Tomé ou para navegações mais distantes no Atlântico como Açores para o Brasil e a Índia Mais ainda contudo a expectativa de encontrar ilhas desconhecidas e inabitadas aparentemente numerosas no Atlântico encorajou os navegantes a olharem para o ocidente do oceano e para o sul da África em busca de fortuna Na realidade poucos anos antes da jornada de Colombo em 1486 a Coroa concedeu a Fernão Dulmo capitão da ilha de Terceira no arquipélago de Açores o direito a todas as terras que ele porventura descobrisse no Atlântico inclusive uma grande ilha ou ilhas ou zonas costeiras de um continente Foi a combinação da possibilidade de encontrar novas ilhas e do sonho de alcançar à Índia que inspirou a viagem de Cristóvão Colombo em 1492 embora ele possa ter pensado que essa viagem o levaria às terras de Gengis Khan sua carta especificava também ilhas Colombo é claro descobriu muitas ilhas e logo depois um grande continente o qual mesmo que Colombo tenha morrido pensando que estava na Ásia foi logo reconhecido como uma nova e inesperada extensão de terra Por conseguinte a navegação européia no sul do Atlântico não foi resultado de planos visionários de longo prazo de deflagração de uma atividade comercial reprimida ou mesmo a resposta a uma nova tecnologia Foi em vez disso um avanço cauteloso em direção a uma nova fronteira utilizando ou modificando um pouco a tecnologia existente e apoiandose em recursos financeiros relativamente pequenos de capital privado Só nas últimas grandes viagens ao redor da África ou na travessia do Atlântico o patrocínio dos reis um capital vultoso e a visão geopolítica dominaram a atividade Por exemplo somente depois que os navegantes portugueses que visitaram Benim relataram a possibilidade de contatos com Preste João na Etiópia a Coroa portuguesa decidiu financiar sua própria viagem a tentativa de Diogo Cão de circunavegar a África Durante todo o século precedente a expansão foi custeada com capital privado embora apoiada pela realeza Analogamente só a conquista das ilhas remanescentes das Canárias e as viagens de Colombo tiveram apoio financeiro da Espanha Esse modelo continuaria a dominar a atividade dos europeus Os comerciantes mais ricos os funcionários do governo e os grandes projetos seriam preservados até que as pessoas politicamente mais fracas demonstrassem a certeza do sucesso e então os ricos e poderosos as seguiriam absorvendo as atividades e lucros dos pioneiros invertendo a exploração das novas descobertas para aqueles que dominavam toda a sociedade Assim ao final do século XV os desbravadores haviam testado todo o sistema de ventos e correntes que controlava a navegação no Atlântico Ao descobrir essa chave os europeus puderam descerrar o comércio do Atlântico e porque eles o haviam desenvolvido sozinhos seu domínio do altomar no Atlântico era total fato que não ocorreria em nenhuma outra área de navegação européia Nem em técnicas ou expe riência eles dominaram o oceano Índico e o mar da China meridional como fizeram com o Atlântico A NAVEGAÇÃO OCEÂNICA E A DOMINAÇÃO POLÍTICA Os acadêmicos têm argumentado que essa dominação marítima conferiu aos europeus vantagens políticas e comerciais insuperáveis sobre os povos locais da África e das Américas Essa asserção embora possua algum mérito não investiga a complexidade da situação em especial nas zonas costeiras dos continentes e ao ser examinada em detalhes não é tão convincente como parece à primeira vista Apesar de os europeus terem feito algumas conquistas na África e nas Américas não foi o poder naval que assegurou essas conquistas O fracasso em dominar o comércio local costeiro ou subjugar as sociedades do litoral mais acentuado na África mas que também ocorreu em algumas partes das Américas significa que devemos ampliar nossa estimativa do papel exercido por essas sociedades na formação do mundo atlântico O controle sobre o comércio em altomar era significativo porém talvez não tão determinante como o domínio territorial Combates navais e o comércio afroeuropeu Os europeus confiavam que suas habilidades marítimas lhes dariam vantagens militares resultando em grandes lucros e talvez conquistas Eles estavam preparados para se apossar de territórios e escravizar pessoas e suas ações nas ilhas Canárias foram relatadas por testemunhos Embora alguns visitantes das Canárias tenham desejado encetar um comércio pacífico em última instância foram as emboscadas para capturar escravos e os conquistadores que prevaleceram O controle marítimo permitiu aos europeus desembarcar com liberdade nas ilhas repondo o contingente de suas forças sempre que necessário e concentrando grandes tropas para suas batalhas finais e desse modo a superioridade marítima foi sem dúvida a causa de seu sucesso Os primeiros navegantes que alcançaram a costa da África no século XV esperavam continuar essa tradição como aparentemente fizeram os navegantes espanhóis ao conquistar as grandes ilhas do Caribe no final do século XV e início do século XVI Mas pelo menos na África sua abordagem confiante foi repelida Ao contrário dos nativos das Canárias que não possuíam barcos os povos da África ocidental tinham uma cultura marítima muito bem desenvolvida e especializada capaz de proteger suas águas Uma das expedições ao rio Senegal liderada por Lançarote de Lagos em 1444 atacou brutalmente os moradores de diversas ilhas ao largo Os habitantes embora tenham conseguido infligir algumas baixas em seus agressores não tiveram outro recurso do que tentar fugir para áreas de difícil acesso Outras expedições subsequentes comportaramse mais ou menos da mesma forma mas logo as forças navais africanas foram alertadas desses novos perigos e os navios portugueses começaram a enfrentar uma forte e efetiva resistência Por exemplo em 1446 um navio sob o comando de Nuno Tristão tentou desembarcar uma tropa armada na região de Senegâmbia mas foi atacado por navios africanos e os africanos conseguiram matar quase todos os invasores Do mesmo modo em 1447 Valarte um navegador dinamarquês a serviço de Portugal foi assassinado junto com a maioria de sua tripulação quando embarcações locais o atacou perto da ilha de Gorée Embora os navios africanos não fossem projetados para navegar em altomar eles eram capazes de repelir ataques nas costa Eram embarcações especialmente projetadas para enfrentar os problemas da navegação costeira dos sistemas fluviais adjacentes Da costa da Angola até o Senegal as embarcações militares e comerciais tendiam a ser construídas de modo similar Em geral elas eram feitas de um só tronco de árvores tropicais e só ocasionalmente tinham partes laterais Por conseguinte eram longas e baixas Quase sempre eram movidas por remos ou pás e portanto suas manobras independiam dos ventos Deslocavam pouca água e podiam operar na costa rios enseadas e em estuários e lagoas no interior As embarcações projetadas para carregar soldados podiam segundo testemunhas da época carregar de 50 a cem homens Esses barcos especiais constituíam alvos pequenos rápidos e difíceis para as armas européias e carregavam forte carga de material de ataque em seus arqueiros e em suas azagaias No entanto eles não podiam se aventurar em altomar e os navios portugueses grandes e de costado alto eram difíceis de tomar de assalto Alvise da Mosto um mercador veneziano que comercializava na África com uma licença portuguesa registrou um embate seu com uma flotilha africana em Gâmbia em 1456 Mosto foi confundido com justiça como um novo invasor de Portugal e foi imediatamente atacado por 17 grandes barcos que carregavam cerca de 150 homens armados Eles exibiram os navios armados com arcos e flechas ao se aproximarem e Mosto disparou sua artilharia contra eles sem contudo atingilos Embora os atacantes tenham ficado temporariamente surpresos com esse bombardeio inesperado não obstante intensificaram o ataque e nesse momento a tripulação no cordame superior do navio veneziano abriu fogo causando algumas mortes De novo apesar de impressionados com essas armas os africanos continuaram a lutar até que Mosto conseguiu por fim comunicarlhes que não tinha intenção de atacálos e aí houve um cessarfogo Os africanos eram incapazes na maioria das circunstâncias de tomar de assalto um navio europeu e os europeus por sua vez tinham pouco sucesso em seus ataques por mar no continente Por conseguinte os europeus abandonaram a longa tradição de comercializar e atacar e a substituiram por uma relação quase pacífica no comércio regular Mosto tentou isso em sua viagem e a Coroa portuguesa por fim enviou Diogo Gomes em 1456 para negociar tratados de paz e comércio com os governantes da costa Como resultado Portugal estabeleceu e manteve relações diplomáticas com estados africanos Já em 1494 Hieronymous Münzer um visitante alemão em Lisboa observou que o rei enviava com frequência presentes aos governantes de estados africanos para obter favores e assim os portugueses podiam viajar com liberdade na África sob a proteção desses governantes Essas relações diplomáticas e comerciais substituiram com facilidade as atividades de ataque e comércio ou de ataque e conquista em outras partes do Atlântico sobretudo porque os portugueses descobriram com prazer que também havia uma economia comercial bem desenvolvida na África a qual o comércio marítimo poderia explorar sem hostilidades A presença da frota africana em quase toda a costa parece ter inibido a recorrência das ações regulares de ataque e comércio de muitas viagens subsequentes dos portugueses embora é claro a política de reprimir agressões aos africanos nem sempre fosse seguida Recémchegados ou poderes menos estruturados ainda pensavam nas vantagens a curto prazo das invasões como assim fez uma expedição de Castela enviada em 1475 para comercializar ouro na Costa do Ouro mas que também realizou muitas emboscadas Do mesmo modo as primeiras viagens inglesas no final do século XVI em especial a áreas pouco estáveis como Serra Leoa com seus diversos estados também fizeram ações ofensivas ou pelo menos deixaram a violência e a captura de pessoas predominar sobre o comércio pacífico Mas essa violência prejudicou o comércio na área e muitos países que tinham uma participação comercial constante tomaram medidas para prevenir hostilidades Uma das primeiras viagens norteamericanas vindas de Boston em 1645 envolveuse em uma emboscada e os encarregados dessa missão devolveram os escravos aprisionados no navio com um bilhete de desculpas provavelmente para manter ou retomar boas relações com seus sócios comerciais em potencial Mesmo a Coroa portuguesa algumas vezes precisou reaprender essas lições Em 1535 a tentativa de Portugal de conquistar as ilhas Bissagos sede de alguns dos mais renomados navegadores e invasores da costa da Guiné teve resultados desastrosos Mas em geral essas exceções eram esporádicas e o comércio pacífico tornouse uma norma em toda a costa da África Porém em virtude do grande número de participantes e da incerta natureza da factibilidade desse comércio em distâncias tão lon104 Mosto Mondo Novo ed GasparriniLeporace pp 824 105 Gomes realizou sua missão em De prima inuentione Gujnee em Fernandes Descriça fols 27283 esta é a numeração do texto original 106 Hieronymous Münzer Itinerarium 23 de novembro de 1494 MMA2 12478 Muitos desses diplomatas eram conhecidos existem registros de missões ao Congo Benim Labida e Jalofo todas de Lisboa 107 Alonso Fernández de Palencia Cronica de Enrique IV 5 vols Madri 19049 4127 108 Como exemplo o ataque de Cavendish em agosto de 1586 e de Cumberland em outubro de 1586 com base em vários relatos reunidos e editados em P E H Hair Early European Sources for Sierra Leone Africana Research Bulletin 13 1974 712 767 109 Richard Saltonstall para o general Court de Massachusetts 7 de outubro de 1645 em Robert Moody ed The Saltonstall Papers 16071815 2 vols Boston 19724 11389 minutas das reuniões do Boston Council sessões de 1 a 14 de outubro de 1645 e de 4 de setembro 1 de outubro e 4 de novembro de 1646 em Nathaniel B Shurtleff ed Records of the Governor and Company of the Massachusetts Bay in New England 5 vols Boston 18534 reeditado Nova York 1968 284 129 136 e 168 110 Ver o relato retrospectivo de André Alvares de Almada Tratado breve dos Rios da Guiné 1594 MMA2 3319 e a documentação contemporânea Donation to Infante Luis 27 de março de 1532 e 5 de setembro de 1534 MMA2 22269 e 2635 gas no período préindustrial não é surpreendente que tais transgressões tenham ocorrido Além do poderio naval africano ter dificultado os ataques ele também permitiu que os africanos comercializassem com os europeus segundo seus próprios termos coletando direitos aduaneiros e taxas como queriam Por exemplo Afonso I rei do Congo capturou um navio francês e sua tripulação em 1525 porque estava fazendo comércio ilegal em sua costa11 Talvaz em razão de incidentes como esse João Afonso um navegador português a serviço da França ao escrever na época aconselhava potenciais viajantes da França para o Congo de gerir o comércio corretamente explicando que quando um navio entrava no Zaíre ele tinha de esperar até que os funcionários na costa enviassem um dos seus barcos e que não fizessem nada sem a real permissão do rei do Congo112 Uma excursão militar portuguesa na África atlântica a conquista de Angola foi mais o resultado de uma controvérsia econômica do que de aspirações territoriais A colônia foi originalmente planejada para abrigar uma feitoria comercial a fim de regular o comércio de Dongo e durante quatro anos funcionou como tal113 Quando uma disputa comercial provocou uma guerra em 1579 a posição portuguesa foi salva pela intervenção de um exército do Congo e apesar de o Congo terse unido a uma coalizão contra Portugal em 1571 Portugal havia conseguido uma base sólida e aliados locais para se manter114 Conflitos navais e a conquista das Américas Embora nosso objetivo principal seja mostrar o papel da África na formação do mundo atlântico vale observar mesmo superficialmente que em algumas partes das Américas a superioridade naval dos europeus não era tão significativa A maioria das conquistas espetaculares dos europeus na América envolveu impérios no interior do continente onde o poderio naval era relativamente 111 Alvará de Afonso I para oficiais de São Tomé 27 de dezembro de 1525 MMA 14556 112 Jean Alfonse de Saintogne Les voyages aduentureux Paris 1559 fol 55 Apesar de publicado em 1559 esse texto provavelmente foi escrito em torno de 1530 Afonso morreu de todo modo aproximadamente em 1544 113 Ver o contrato de 1571 firmado entre Paulo Dias de Novais e a Coroa que estipulava relações comerciais embora não permitisse a Dias de Novais conquistar uma parte ácida da costa meridional nessa época fora da jurisdição de Ndongo Carta de Doação a Paulo Dias de Novais 19 de setembro de 1571 MMA 33651 114 Detalhado em Beatrix Heintze Die portugiesische Besiedlungs und Wirtschaftpolitik in Angola 15701607 Aufsätze zur portugisischen Kulturgeschichte 17 19812 20019 insignificante com exceção do conhecido papel das fragatas hispânicas no cerco de Tenochtitlán por Cortez115 Entretanto o mais dramático foi o fracasso da Espanha no Caribe A Espanha sem dúvida conquistou com uma ajuda considerável dos povos locais as maiores ilhas Porém muitas vezes suas conquistas foram rechaçadas pelos habitantes militaristas do sul e do leste do Caribe O povo kulinago das Pequenas Antilhas os carib e os arawak que habitavam a Venezuela e as Guianas com frequência mas nem sempre de modo acurado designados caribs em documentos espanhóis116 não só resistiram às tentativas de ataque dos espanhóis como conseguiram atacar as posses espanholas durante os séculos XVI e XVII O povo da bacia oriental do Caribe possuía uma boa tecnologia naval nos moldes da africana com embarcações relativamente pequenas e de fácil manobra117 para derrotar os navios espanhóis pois eles navegavam em altomar118 A ocupação posterior dos franceses ingleses e holandeses nas Índias Ocidentais resultou na primeira codominação e depois em um longo embate militar que só foi decidido pela força numérica superior dos colonizadores Mesmo em terras continentais a conquista européia das Américas ficou muito aquém da plenitude Fora das áreas centrais do México e do Peru houve muitos nativos americanos que resistiram a incursões dos europeus ou se renderam gradualmente após uma longa pressão militar Entre eles podese citar os indígenas da Flórida que não só venceram o célebre ataque de Ponce de Leon como perseguiram seus homens em suas canoas capturando diversos dos seus navios119 Mesmo em terra firme os europeus não conseguiram derrotar com facilidade nem os 115 Existem várias pesquisas sobre esse período a melhor talvez sendo a de Carl Sauer The Early Spanish Main Berkeley e Los Angeles 1996 e Troy Floyd The Columbus Dynasty in the Caribbean 14921526 Albuquerque 1973 116 Sobre a complexidade das situações etnológicas históricas e arqueológicas na bacia meridional do Caribe incluindo as Guianas e a bacia do Orinoco ver Marc de Civrieux Los Caribes y la conquista de la Guayana espanhola Montalbán 5 1976 8751201 117 Para um relato sobre a batalha naval entre as canoas caribenhas e os navios europeus parecido de algum modo com o relato de Mosto na África ver o testemunho de Jean Baptiste du Terte Histoire générale des Antilles habitées par les Français 4 vols Paris 1667 150812 118 Para uma boa pesquisa sobre as relações da Espanha com os habitantes da atual República Dominicana e as proezas militares dos caribenhos em geral ver Joseph Baromé Spain and Dominica 14931647 Caribbean Quaterly 12 1966 3047 119 Antonio Herrera y Tordesillas Historia general de los hechos de los castellanos 1724 diversas edições modernas década 7 livro 7 caps 5 810 araucanos do Chile120 ou os chichimecas do México121 os quais resistiram aos colonizadores europeus e conquistadores com tanto sucesso que a colonização foi lenta e realizada sem sua colaboração ou assistência e só depois de uma longa luta Os tupinambás e os tupis no Brasil aceitaram a colonização portuguesa com muito vagar e em 1680 muitas regiões da América do Sul estavam ou inteiramente nas mãos dos nativos ou eram governadas em conjunto com os nativos americanos e os colonizadores europeus em uma incômoda codominação122 Portanto não se pode conceber as Américas sob a soberania total dos europeus Em muitos lugares ocorreu uma longa luta pelo controle em outros locais as fronteiras permaneceram sem o domínio firme dos europeus por muito tempo Quando os africanos foram trazidos para as Américas como escravos essa situação com frequência os favoreceu e para eles a natureza instável das Américas propiciou oportunidades para escapar mediar partidos rivais ou usar o potencial de deserção ou fuga para melhorar sua situação Assim na metade do século XVI o mundo atlântico começou a tomar forma Os navegadores europeus que haviam começado a compreender os ventos e as correntes do Atlântico estabeleceram um sistema de navegação que uniu a Europa a África e as Américas em um sistema único de comércio Os governantes europeus e seus súditos mais poderosos perceberam que esse sistema era muito importante e que possuía um grande potencial de riqueza e estavam determinados a retirar o controle político e econômico das mãos dos pioneiros Mas se os poderosos da Europa controlavam o comércio marítimo na África foram incapazes de dominar a costa e a navegação costeira e nas Américas as regiões conquistadas eram circundadas por povos não conquistados hostis e algumas vezes agressivos Na África eram eles que determinavam seu papel comercial e na América com frequência constituíam o grupo mais importante entre os primeiros colonizadores Mesmo quando não exerciam um papel político especial eles constantemente conseguiam tirar partido da dominação incompleta da Europa 120 Louis de Armond Frontier Warfare in Colonial Chile Pacific Historical Review 23 1954 12532 Robert C Padden Cultural Change and Military Resistance in Araucanian Chile 15501730 Southwestern Journal of Anthropology 1957 10321 121 Ver a admirável discussão em Philip Powell Soldiers Indians and Silver The Northward Advance of New Spain 15501600 Berkeley 1952 122 O livro de John Hemming Red Gold The Conquest of the Brazilian Indians 15001760 Cambridge Mass 1978é a melhor pesquisa para outras regiões como o Paraguai ver James Lockhart e Stuart Schwartz Early Latin America A History of Colonial Spanish America and Brazil Cambridge 1983 pp 253304 Em resumo o comércio não se desenvolveu para atender às carências da África ou mesmo para suprir uma produção deficiente ou problemas de qualidade dos produtos africanos manufaturados Mais exatamente o comércio da África com a Europa foi em grande parte motivado pelo prestígio modismo gostos diferentes e um desejo de variar e essas motivações extravagantes apoiavamse em uma economia produtiva razoavelmente bem desenvolvida e um poder de compra considerável O comércio atlântico da África não foi um simples anseio para preencher necessidades básicas e da parte dos africanos o interesse em importar mercadorias não representou um critério de valor de suas carências ou ineficiência mas em vez disso foi uma medida da extensão de seu mercado doméstico Começase a perceber as complexidades comerciais ao observar o comércio de metais sobretudo ferro pois este era o melhor exemplo de uma mercadoria que era importada e poderia ser utilizada em ferramentas e em que a técnica era essencial para produzir artefatos de qualidade Os portugueses exportavam pouco ferro para a África talvez porque se sentissem obrigados a honrar as injunções do papa contra a venda de materiais com potencial militar para os infiéis No entanto o Congo cristão também recebeu pouco ferro de Portugal o que faz crer que sua produção era pequena e o lucro de exportálo seria medíocre Os holandeses que tinham acesso a boas fontes alemãs e escandinavas e os ingleses que possuíam seu próprio ferro foram os pioneiros na venda de ferro na África e as barras de ferro já predominavam nos presentes ofertados por van den Broecke em 1605 O ferro surgiu nas listas de produtos comercializáveis holandeses no século XVII como útil em toda a África e grande quantidade era levada para lá todos os anos Com base em estatísticas de companhias comerciais francesas e inglesas Curtin estimou que a Senegâmbia importou cerca de 150 toneladas de ferro da Europa por ano na segunda metade do século XVII embora esse montante seja provavelmente mais elevado do que as quantidades importadas anteriormente Mas a África era uma produtora de ferro e a Senegâmbia já era suprida por produtores em Futa Jalom e talvez também por uma produção local de má qualidade à época da chegada dos portugueses Na verdade os portugueses compraram ferro em Serra Leoa para vendêlo em Senegâmbia e em outros locais como mostram claramente os livros de registro do navio Santiago que fez a travessia dessa rota em 1526 Porém o comércio europeu posterior de ferro com a Senegâmbia não foi simplesmente uma tentativa de competir com outros produtores da África ocidental para suprir as necessidades de uma região pobre desse metal Na realidade o comércio de ferro foi algo mais complexo As peculiaridades da produção africana desse metal que levaram o ferro da Europa a ser atrativo vêm é provável de longa data Segundo trabalho recente sobre a produção antiga de ferro na África a tecnologia foi desenvolvida em torno de 600 aC ou mesmo antes na orla do Sudão no início do deserto do Saara talvez como resultado de descobertas realizadas em áreas produtoras de cobre no deserto ao norte da atual Nigéria Em virtude de haver recursos escassos de combustível desse local os trabalhadores africanos desenvolveram métodos para conserválo dos quais o mais importante foi o projeto de um sistema para préaquecer o jato de ar que entrava na fornalha o qual prefigura técnicas usadas na Europa só no século XIX Esse método não só economizava combustível como também propiciou a fabricação de aço de excelente qualidade talvez o melhor aço do mundo na época e com certeza igual ou mesmo melhor do que o aço produzido nos primórdios da Europa moderna De fato a pesquisa sobre a qualidade do metal produzido nas fundições da África ocidental e os estudos arqueológicos recentes indicam que o aço africano equivalia a qualquer um produzido em outros lugares no século XV Mas a fabricação do aço ainda requeria grande quantidade de madeira o que nem sempre estava disponível e assim a melhor produção de aço era feita na margem norte da floresta tropical onde havia uma associação de suprimentos de madeira e minério de ferro bem como abundante transporte por água Isso encareceu algumas vezes o ferro em regiões distantes dos centros de produção como a Senegâmbia Em decorrência o ferro europeu mesmo de qualidade in 4 Pieter van den Broecke Reizen naar WestAfrika van Pieter van de Broecke 160414 editado por K Ratelband Haia 1950 p 5 5 Curtin Economic Change p 210 6 Pacheco Pereira Esmeraldo livro 1 cap 33 ed Silva Dias p 96 ferior era competitivo no preço e podia ser utilizado em artefatos que não necessitavam da qualidade do aço Mas apesar de seu preço ser competitivo a importação de ferro não conseguiu suprir as necessidades da Senegâmbia antes de 1680 De acordo com as estimativas de Curtin suas importações anuais de ferro em 1680 chegavam a 150 toneladas e provavelmente eram inferiores na metade do século anterior Esse ferro atenderia às carências de uma população restrita situada ao longo da costa norte de Gâmbia e do interior do Senegal até aproximadamente Futa Tooro onde uma indústria local reduzía a necessidade de importações Curtin observa que os comerciantes encontraram um mercado muito limitado para a importação de ferro nas regiões acima de ambos os rios antes da metade do século XVIIICaso se presuma que cada família tivesse um conjunto mínimo de utensílios composto de uma enxada um machado uma grande faca machete ou foice para desmatar os campos pequenas facas para cortar e alguns arcos e flechas e lanças para caçar excluindo artefatos para usos militares podemos estimar que cada família possuía dois quilos de ferro em um dado momento o qual necessitava de reposição a cada dois anos para o ferro produzido no local o ferro de baixa qualidade ou importado necessitava de reposição duas ou três vezes por ano e por conseguinte cada família tinha um consumo anual de um quilo de ferro por ano Se em 1650 essa região costeira limitara possuísse uma população total de cerca de 15 milhão de pessoas organizadas talvez em 300 mil unidades familiares então essas famílias necessitavam de 300 toneladas de ferro local por ano Mas se elas usassem ferro importado com uma taxa de reposição mais alta seria preciso no mínimo 1200 toneladas para suprir suas carências Assim as importações provavelmente só atendiam a cerca de 10 a 15 de suas necessidades 10 Ver Candice Goucher Iron Is Iron Til It Rust Trade and Ecology in the decline of West African IronSmeltin Journal of African History 22 1981 17989 L M Poole Decline or Survival Iron Production in West Africa from the Seventeenth to the Twentieth Centuries ibid 23 1982 50313 11 Curtin Economic Change pp 21011 12 Sobre a taxa de reposição ver Poole Decline or Survival p 507 13 Cheguei a esta cifra recalculando as densidades demográficas da região citadas em Thornton Demographic Effect pp 71014 por uma área aproximada dessa parte da região 14 Com base no cálculo de cinco pessoas em cada família Com esse objetivo o número total de famílias equivale aproximadamente ao número de homens na faixa etária de 16 a 50 anos ou 20 do total Essa estimativa de consumo é baixa presumindo um consumo mínimo de uma família e exclui usos militares uma das mais importantes utilizações do ferro Por exemplo em geral os cavaleiros na Senegâmbia segundo descrições do final do século XVI carregavam uma espada uma lança com uma lâmina larga e sete ou oito lanças de arremesso menores e seu cavalo e sela também utilizavam uma pequena quantidade de ferro15 tudo isso somando talvez dois quilos Sendo assim uma unidade de 500 cavalos usava uma tonelada de ferro com uma taxa de reposição alta pois alguns artefatos eram consumidos antes de se desgastarem como as lanças de arremesso as quais por essa razão podiam ser feitas de um ferro importado de qualidade inferior e mesmo de acordo com uma estimativa moderada das tropas de cavalaria é provável que os 15 mil cavaleiros do litoral e os da região mais abaixo dos rios necessitassem de 30 toneladas de ferro sem mencionar a infantaria numerosa em que algumas de suas armas consumiriam a estimativa mencionada de consumo famíliar mas que provavelmente demandariam no total 10 ou 20 toneladas a mais Se o ferro da Europa não supria as necessidades de uma região carente desse metal e com certeza não substituía o ferro de má qualidade por um melhor pois como vimos o relacionamento era inverso então o ferro importado dos países europeus tinha um papel muito mais complexo Os africanos da Senegâmbia e de outros locais compravam o ferro barato europeu em barras talvez a forma mais comum de compra mas eles também compravam espadas de aço de ótima qualidade as quais eram com certeza utilizadas já com seu acabamento final Os africanos podiam é claro fazer suas próprias espadas pois possuíam habilidades e metal de qualidade porém sem dúvida a espada importada era também um item prestigioso cujo valor não era estimado só por sua utilidade como arma Isso explica por que os arqueólogos encontraram uma espada européia em um cemitério em Rao que deve ter sido comprada através do comércio transaariano nos séculos XII ou XIII16 A distância que essa espada deve ter percorrido não é só um mero indício de sua utilidade 15 De Almada Tratado breve MMA2 3241 Donelha Descrição da Serra Leoa fols 18v19 16 J Joire Découvertes archéologiques dans la région de Rao BasSénégal BIFAN 17 1955 262 Por conseguinte os mercadores europeus que pretendiam negociar com os mercados africanos tinham de fazer diversas negociações complexas antes de iniciar a troca comercial Mosto ao chegar no rio Senegal em 1455 e um dos primeiros a registrar essas transações nos dá um exemplo interessante Podese designar esse mercador veneziano como um comerciante privado e sua primeira ação foi de negociar com Portugal para obter a licença para navegar na Guiné Esse requerimento fezse necessário porque o rei de Portugal reivindicou soberania sobre as rotas comerciais do oceano Atlântico e por meio desse pleito que os papas mas nem todas as potências da Europa reconheciam também reivindicou o direito de limitar o acesso fixar itinerários e impor tributos aos que comercializavam nessa área Ao obter sua licença do Estado que controlava o término do ponto comercial europeu Mosto partiu para o local onde teria de se submeter a outras séries de negociações com o governante de Kayor chefe do Estado que controlava o ponto final do lado africano Embora ele não revele todas as complexidades em um cenário que estava começando a se delinear é bem claro que suas discussões com o governante e sua longa estadia com um nobre local fizeram parte da transação pela qual ele conseguiu por fim obter um carregamento Os comerciantes particulares com quem Mosto negociou tiveram sem dúvida de fazer seus próprios arranjos em Kayor porém ele não revela quais foram Visitantes posteriores mostraram a natureza imprecisa desses relacionamentos Quando Pieter van den Broecke um mercador holandês que agia sem muita interferência estatal da Europa realizou uma viagem a essa mesma área em 1605 ele não pediu permissão de Portugal embora soubesse que os navios portugueses poderiam atacálo por violar suas reivindicações de soberania que já vinham sendo violadas impunemente por navios ingleses e franceses Mas os comerciantes holandeses assim como os de outros países europeus que visitaram a África em sua época logo perceberam que eles sofriam restrições em seus países de origem pois em 1621 a Dutch West Company ou Companhia Holandesa das Índias Ocidentais licenciouse e fez os mesmos pleitos que os de Portugal em relação aos comerciantes holandeses desejosos de negociar com a África Essa companhia serviu de modelo para muitas outras companhias licenciadas que atuavam fora da França e da Inglaterra e funcionou como hospedeira para outros países do norte da Europa como Dinamarca Brandenburgo Suécia e Curlândia Entretanto para van den Broecke bem como para todos os outros que se seguiram os Estados africanos ainda exerciam vários mecanismos de controle estatal Embora ele não tenha feito visitas demoradas aos governantes de Kayor foi obrigado a fazer uma visita de cortesia a um alcaide do governante a quem pagou um tributo provavelmente em troca do direito de comércio privado Por outro lado quando van den Broecke visitou outras partes da África sua experiência assemelhouse à de Mosto Em Loango aonde ele foi três vezes entre 1606 e 1612 visitava com regularidade o governante pagava impostos e negociava condições comerciais tal como em Ngoyo e Nsoyo outros Estados africanos na região central da África Apesar do fato de que esses Estados atuassem no comércio atlântico há cerca de um século quando van den Broecke os visitou a necessidade de controle estatal ainda requeria negociações havia impostos em forma de presentes e visitas de cortesia aos governantes Esses dois visitantes revelaram algumas das complexidades do comércio africano Por sua vez havia uma série de pleitos das potências européias referentes à navegação ou reivindicações das companhias licenciadas como mais tarde comerciantes holandeses franceses e ingleses mostrariam que incluíam tributação controle sobre rotas e itinerários ou especificações relativas a produtos a serem vendidos ou comprados Por outro lado existiam outros procedimentos solicitados pelos africanos quanto aos produtos a serem comprados impostos ou tarifas aduaneiras preços diferenciados para pessoas de status diverso e assim por diante que se originavam das necessidades e solicitações dos vários Estados africanos 52 MONOPÓLIO E COMPETIÇÃO NO COMÉRCIO DO ATLÂNTICO Embora o controle estrito sobre as atividades dos europeus fosse em grande parte uma questão de assegurar que o comércio se conduzira segundo as regras do Estado e em benefício do governante e do erário existia também uma tentativa subjacente de obter monopólio em face dos parceiros comerciais africanos Assim pelo menos uma parte do sistema de controle de garantia de retornos financeiros tinha também como objetivo conseguir melhores preços por meio do controle sobre o suprimento de mercadorias Em resumo o comércio europeu na África tentou distorcer o mercado a seu favor e contra seus parceiros africanos O grau de sucesso dessa política pode indicar se os europeus foram os parceiros mais desenvolvidos ou dinâmicos nessa relação comercial A esse respeito Pacheco Pereira em sua pesquisa sobre o comércio de Portugal no início do século XVII reclamava com frequência que em virtude de o comércio não ser bem administrado as condições comerciais para a venda de cavalos em troca de escravos pendiam em favor dos africanos É evidente que isso significava que enquanto a Coroa controlasse os estoques e a oferta de preços para os africanos estes teriam de aceitar esse preço cujo valor máximo seria atribuído pelo preço mais elevado do comércio transaariano de cavalos ou por outras fontes de suprimento Como Pacheco Pereira percebeu muito bem e sem dúvida também a Coroa portuguesa a criação de um monopólio de suprimento de produtos europeus nas mãos da Coroa ou das pessoas designadas por ela asseguraria rendimentos mais elevados e um aumento da receita da Coroa Porém na verdade a Coroa portuguesa e todos os agentes que tentaram isso falharam Com esse fracasso adveio o insucesso da exploração da comunidade comercial africana Existiram dois fatores contrários à política européia e devemos admitir a hostilidade da África a esse respeito Primeiro havia a possibilidade de que as potências estrangeiras cientes da recompensa dos ganhos a serem obtidos no comércio local procurassem comercializar na costa da África e suplantar os preços fixados pelos portugueses por meio da competição Segundo havia o perigo de que agentes portugueses fossem funcionários do governo ou comerciantes particulares agindo com ou sem licença reduzissem o controle estatal ou competissem entre eles Para enfrentar a primeira eventualidade a Coroa de Portugal procurou obter o reconhecimento de outras potências européias sobre suas reivindicações de comércio na Guiné Ela conseguiu o apoio papal e buscou ganhar a aceitação dessa soberania por parte de outros países europeus Apesar do reconhecimento desses pleitos pelos papas essa legitimidade não era totalmente segura ou amplamente respeitada Desde o início das navegações portuguesas existiram os competidores de Castela Só em 1479 como parte do acordo geral entre Portugal e Castela este reino aceitou com relutância a soberania de Portugal sobre as rotas marítimas ao largo das Canárias embora os registros portugueses revelem que os navios particulares continuassem a comercializar na área e até mesmo a pagar impostos pelo dinheiro apurado em suas transações Os castelhanos não estavam sós pois nesse mesmo ano Eustace de la Fosse realizou uma viagem de Flandres para a Costa do Ouro mas acabo sendo capturado pelos navios portugueses Os projetos de viagens da Inglaterra se seguiram logo após e no início do século XVI navios franceses cruzavam regularmente o sul do Atlântico violando as reivindicações portuguesas e os ditames papais Como era típico da natureza desses pleitos da Coroa de Portugal o governo português tentou cessar essas viagens capturando os navios e suas cargas uma ameaça ainda mais atemorizante porque os portugueses anunciaram que jogariam a tripulação no mar bem como encaminhando petições diplomáticas formais aos países de origem dos comerciantes europeus rivais Os embaixadores portugueses enviados à Espanha França e Inglaterra tentaram com regularidade que os governantes desses países ordenassem a seus súditos de desistirem de seus planos de navegar pelo Atlântico eles alcançaram diversos níveis de sucesso O apelo aos governantes para controlar o comércio revela a 53 postura generalizada dos europeus em relação ao papel do Estado em promover o comércio obtendo concessões para exercêlo ou algo semelhante mesmo que todas as partes reconhecessem que haveria algumas viagens ilegais particulares a despeito da desaprovação real Ao mesmo tempo que procurava encerrar a participação estrangeira a Coroa também tentava controlar a participação de seus próprios cidadãos Nesse caso os custos de supervisionar o comércio tinham de ser ponderados contra os benefícios do monopólio e a dinâmica desses dois fatores configurou a política de Portugal nos primeiros anos Em geral a Coroa algumas vezes buscou participar do comércio diretamente e em outros evitou a sua participação pois o comércio de longas distâncias era sempre arriscado Portanto à época das primeiras viagens o rei de Portugal decidiu permitir que comerciantes particulares portugueses ou estrangeiros como Mosto obtivessem licenças em troca de uma remuneração Dessa forma a Coroa conseguia algum rendimento do comércio mas não corria riscos pois as viagens malsucedidas pagavam a remuneração do mesmo modo que as bemsucedidas No entanto como a utilidade e o valor de alguns produtos foram demonstrados os governantes ficaram descontentes com um simples pagamento do mercadores e começaram a insistir em um monopólio real para negociar uma extensa lista de produtos começando com ouro e escravos mas logo se estendendo a diversos tipos de tecidos moedas e outras mercadorias que eram utilizadas na troca comercial do Atlântico Em breve navios reais foram preparados para navegar no Atlântico em 1504 havia 14 navios a serviço da Coroa no comércio com a África Por outro lado os monopólios reais e a participação comercial direta não significavam que a Coroa se assenhoreara do comércio Em geral a Coroa ainda preferia negociar trocando a receita garantida paga adiantada pelas incertezas que sempre acompanhavam um comércio que envolvia longas viagens marítimas enfrentando piratas e comerciantes particulares de toda sorte carregando mercadorias que poderiam perecer ou estragar antes de chegar ao mercado Nesse sentido a Coroa decidiu agenciar seu poder de monopólio a particulares dando a cada um deles uma parte do monopólio real em troca de uma renda fixa O monopólio assegurava ao detentor da concessão mais certeza de lucro e um volume maior se outros fatores nãoeconômicos permitissem embora na prática a Coroa não se empenhasse muito no cumprimento dos acordos e com frequência violava o monopólio do concessionário Por fim a Coroa negociava praticamente todos os seus direitos exceto aqueles que incidiavam sobre o comércio do ouro Um grande problema que a Coroa de Portugal enfrentou em relação aos seus pleitos de monopólio sobre o comércio europeu foi o custo do cumprimento da lei Com o objetivo de garantir que o sistema se guiaria segundo seus interesses a Coroa começou a enviar agentes para a África para Arguim em 1469 para supervisionar o comércio de ouro e escravos da costa do deserto para Cabo Verde para inspecionar os interesses reais para Mina para supervisionar o comércio real de ouro para São Tomé e depois para pontos ao longo do litoral africano para Cacheu nos Rios da Guiné uma passagem rápida para verificar o comércio na área de Benim para Mpinda e Mbanza Kongo no Congo e posteriormente para a colônia de Angola Esses agentes e os funcionários do governo associados a eles tinham a responsabilidade de inspecionar se o comércio real das mercadorias consideradas como monopólio estava sendo gerido de acordo com um conjunto de regras incluindo uma série de salvaguardas bem elaboradas contra a máfé de seus funcionários e que comerciantes particulares estrangeiros e outros estavam seguindo as regras de Portugal referentes ao licenciamento e ao controle de mercadorias Ao final entretanto tanto os cidadãos como os funcionários do governo os quais eram em geral ricos mercadores que haviam comprado suas posições que participavam do comércio colaboraram para indeterminar a eficácia de qualquer monopólio comercial Para um fun cionamento adequado o comércio precisava ser realizado totalmente sob a supervisão governamental porém isso era impossívelna costa da África sobretudo porque os comerciantes particulares europeus e alguns funcionários logo descobriram que os governantes africanos dispunhamse a ceder suas próprias concessões privadas permitindolhes lucrar com o comércio em vez de serem simples agentes Comerciantes particulares e funcionários de segundo escalão a serviço de Portugal agastados com os regulamentos portugueses perceberam também que sua posição no sistema de remuneração do comércio controlado faria com que seus rendimentos permanecessem sempre baixos e então passaram para o lado dos africanos ou ao menos ofereceram seus serviços para eles em troca de uma posição mais elevada no sistema do que Portugal poderia oferecer Nos anos 1520 havia alguns colonizadores independentes chamados com frequência de lançados distribuídos em diversos lugares na África aliados às autoridades africanas O navio real Santiago comprava mercadorias deles em Serra Leoa em 1526 e viajantes ao longo de toda a costa notaram sua presença Ao final do século XVI alguns ocuparam postos importantes em estados da Senegâmbia e a maioria que habitava na região dos rios da Guiné casouse com mulheres locais e lhes foi permitido criar seus próprios núcleos de povoamento Muitos desses colonizadores eram provenientes das ilhas de Cabo Verde e suas conexões com o comércio privado proviam essa área não é surpreendente que alguns fossem cristãosnovos judeus portugueses convertidos cujas chances de prosperar a serviço de Portugal eram limitadas59 Embora a presença da feitoria real e de uma supervisão escrupulosa limitasse o crescimento desse tipo de comunidade na Costa do Ouro60 grupos de portugueses de São Tomé e Príncipe estabeleceramse na maioria dos Estados do Golfo da Guiné Portugueses de São Tomé estavam bem em evidência em lugares como Aladá na metade do século XVII e ocupavam uma posição de honra no sistema de governo o guia comercial holandês de 1655 até mesmo anotou os presentes que deveriam ser dados ao português61 Do mesmo modo Villault ao navegar pela cos ta em direção ao sul em 1667 observou que os mulatos portugueses que viviam ao longo do litoral de Serra Leoa a cabo Mount dominavam totalmente o comércio os quais supostamente haviam ido para o interior sob pressão real em 160462 Apesar de essa data ser questionável é claro que esses trânsfugas tinham também conexões políticas caso contrário não teriam dominado o comércio Na África central onde a inexistência do comércio de ouro não atraía diretamente os interesses da Coroa essa tendência era ainda mais evidenciada Colonizadores portugueses de São Tomé logo se tornaram uma comunidade favorecida no Congo e depois também em Dongo cujos governantes os apoiavam contra as reivindicações do governo de Portugal63 Os navios portugueses que visitaram o Congo entre 1525 e 1535 registraram a compra de escravos de colonos portugueses locais alguns como Manuel Varela eram funcionários do governo no Congo e desfrutavam do favor real64 Como os desertores da África ocidental muitos dos desertores da África central eram cristãosnovos Uma investigação realizada em Luanda em 15967 pelo tribunal da Inquisição de Lisboa revelou uma cadeia de povoamentos estabelecida em toda a área pelos cristãosnovos que ocupavam postos no Congo e com frequência postos na Igreja e na administração do Congo e em seus vizinhos a leste bem como em Estados da região de Dembos e Dongo65 Para refrear o potencial desses trânsfugas de expandiremse a expensas do Estado português a Coroa tentou agrupar todos os portugueses em povoamentos supervisionados sob controle de um agente 59 Ibid p 687 60 Ibid pp 68991 61 UBLBPL MS 927 Aenwijsingse van diversesche Beschrijvingen van de NoortCust van Africa fol 12v 62 Nicholas Villault Sieur de Bellefond Relation des costes dAfrique apellée Guinée Paris 1669 a tradução inglesa A Relation of the Coasts of Africa called Guinea Londres 1670 p 84 é citada 63 John Thornton Early KongoPortuguese Relations A New Interpretation History in Africa 8 1981 1934 64 Os livros dos quatro navios que visitaram o Congo nesse período encontramse em ANTT CC sec II Todos registram a compra de escravos de moradores do Congo ver 1283 Livro do Conceição 28 de agosto de 1535 com a data errônea de 1525 na folha da capa do arquivo 192727 Livro do Santo Espírito 30 de janeiro de 1535 MMA 1598102 20316 Livro do Urbano 11 de agosto de 1535 MMA 1511518 e 20439 Livro do Conceição 6 de outubro de 1535 MMA 1512430 Manuel Varela é mencionado como vendedor de escravos em ambas as visitas do Conceição em 1535 ANTT CC II1283 II20439 MMA 15125 Outras fontes o citam como portador de uma carta para Afonso I de Portugal Afonso para João III 25 de julho de 1526 MMA 1480 Ele também é citado como tendo perdido mais de 70 cruzados correspondentes ao valor do dinheiro nzimbu porque os navios não foram apanhar seus escravos no porto de Mpinda inquérito conduzido por Diogo L 12 de outubro de 1458 MMA 22001 65 ANTT Inquisição de Lisboa 1597877 Visita a Angola 15967 fols 2323v 54v55v 58 63 6488v designado pelo rei embora a maioria dessas tentativas não tenha dado o resultado esperado mesmo para a Coroa O fato de que elas não prosseguiram revela que a Coroa decidiu encarar o projeto como um fracasso Isso parece ter ocorrido quando o governo de Portugal tentou basear todas as operações da costa da Alta Guiné em um único ponto justificando que poderia proteger melhor seus cidadãos contra a agressão da população local e rechaçar piratas estrangeiros Um forte foi edificado em 1591 e logo depois foi atacado pelo povo local e embora Almada que relatou todo o episódio fosse claramente a favor do movimento esse fato foi danoso para o comércio do governo e talvez para os lançados que se haviam reinstalados no local66 Analogamente os planos feitos em 1606 para uma conquista de Serra Leoa semelhantes aos realizados antes em Angola também incluíam um grupo de mercadores e moradores portugueses em um mesmo local sob o controle de um capitão67 Essas idéias também estavam subjacentes a numerosas tentativas de governantes portugueses de indicar um capitão para a comunidade portuguesa no Congo apoiadas algumas vezes pelos governantes do Congo desde que isso não interferisse com seus clientes entre a comunidade portuguesa68 Por exemplo em 1574 o rei Sebastião de Portugal procurou reagrupar novamente a comunidade portuguesa no Congo depois de ter ajudado o rei do Congo a expulsar os jagas do país69 Por fim a Coroa esperou que o estabelecimento de uma colônia em Angola realizaria o que a diplomacia no Congo falhara Embora a colônia tenha com certeza ajudado a manter o controle ao redor da foz do rio Cuanza os portugueses instalados mais além continuaram a fazer alianças locais e assim não sofriam supervisão Para reprimir isso a política adotada pelo governantes no século XVII foi uma variante das iniciais Eles forçaram a realização do comércio em feiras mercados dirigidos por um funcionário português nos locais mais importantes dos maiores parceiros comerciais de Angola Mercados do governo similares parecem ter sido organizados ao final do século XVI70 mas o sistema só foi formalizado no início do século XVII71 Esse sistema provavelmente também falhou em controlar os sertanejos os portugueses que continuavam a fazer seus próprios acordos com as autoridades africanas Essas políticas implementadas para assegurar o controle e a participação da Corte no comércio africano segundo suas normas resultaram na conquista de Angola nos anos 1570 e motivaram projetos de outras conquistas sobretudo as dos rios da Guiné e de Serra Leoa Na verdade essas tentativas eram em última instância conseqüências do plano da Coroa portuguesa de centralizar e monopolizar o comércio provavelmente para obter um preço monopolista contra os africanos e para garantir seu próprio rendimento ou o de seus licenciados Mas ao final enquanto os Estados africanos preservaram sua soberania a Coroa portuguesa nunca conseguiu dominar completamente o comércio Ao longo do século XVI os portugueses fizeram sérias e freqüentes tentativas temporariamente bemsucedidas de manter potências estrangeiras fora do comércio africano embora a longo prazo eles tenham fracassado até mesmo na Costa do Ouro onde se encontrava sua posição mais sólida Em parte esse fracasso deveuse à impossibilidade de manter um poderio marítimo capaz de afastar os navios estrangeiros mas principalmente porque os africanos não estavam submetidos a Portugal e não podiam ser impedidos de negociar com estrangeiros ou com agentes e funcionários subalternos da Coroa portuguesa72 Esses comerciantes estrangeiros do século XVI eram em geral mercadores particulares e os governos de seus países de origem nem sempre os apoiavam contra os pleitos dos portugueses embora eles raramente tenham aceitado as demandas de Portugal de cessar sua atividade Mas no século XVII os holandeses fizeram uma importante investida contra as reivindicações monopolistas de Portugal Eles argumentaram que isso era uma extensão da guerra espanhola nos Países Baixos e como a Espanha absorvera a Coroa portuguesa em 1580 os holandeses também estavam em guerra com Portugal Os holandeses não fizeram essa investida simplesmente enviando comerciantes particulares apesar de os mercadores holandeses freqüentarem a costa da África desde 1590 66 Almada Tratado breve MMA2 32856 3004 67 Doação da capitania de Serra Leoa para Pedro Alvares Pereira 4 de março de 1606 MMA2 412939 68 Thornton Early KongoPortuguese Relations pp 1957 69 Sebastião I para Francisco de Gouveia 19 de março de 1574 MMA 31201 70 Como indicado nas declarações a respeito de resgates e feiras em ANTT Inquisição de Lisboa 1597877 Visita a Angola por exemplo fol 23 Cabonda terra de Angola em ǭ os portugueses residẽ e passim 71 Beatrix Heintze Das Ende des Unabhängigen Staates Ndongo Angola Neue Chronologie und Reinterpretation 161730 Paideuma 27 1981 2001 72 Para uma discussão racional e atualizada da política de Portugal na Costa do Ouro e o sucesso dos ingleses em frustrála ver Avelino Teixeira da Mota e PEH Hair East of Mina AfroEuropean Relations on the Gold Coast in the 1550s and 1560s Madison 1988 mas em vez disso eles licenciaram uma companhia a primeira Companhia Holandesa das Índias Ocidentais em 1621 Essa companhia um reflexo do sistema de governo discrepante e descoordenado da república holandesa combinava capital de cada cidade que constituía o Estado e em troca do pagamento de dividendos para os conselhos das cidades participantes das rendas advindas de seu comércio ou seja uma espécie de imposto lhe foram concedidos os poderes de um Estado Em resumo era em si uma espécie de Estado e logo começou a operar no comércio nessa qualidade73 No início de sua carreira a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais tentou retirar o controle do sul do Atlântico de Portugal conquistando partes do Brasil e depois atacando sistematicamente as posses portuguesas na África o posto de Mina caiu em 1637 os de Príncipe e Angola em 1641 e o de São Tomé em 164774 Embora os holandeses tenham justificado a investida contra os pleitos monopolistas portugueses pela defesa dos direitos de liberdade marítima eles rápidamente reivindicaram a soberania quase da mesma forma Assim quando companhias inglesas dinamarquesas suecas e alemãs organizadas segundo os moldes da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais tentaram comercializar com a Costa do Ouro os holandeses afirmaram sua hegemonia e procuraram capturar navios e carregamentos75 Por conseguinte nos anos 1660 os ingleses e holandeses guerrearam pela supremacia da Costa do Ouro76 Mas essas reivindicações não atingiam os habitantes da costa Na melhor das hipóteses como os pleitos dos portugueses de que eles agora haviam se apropriado a companhia holandesa esperava dominar as importações marítimas na África de modo a conseguir um monopólio comercial Assim como seus predecessores portugueses os diretores da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais confiavam que poderiam usar sua capacidade militar para limitar a competição a fim de aumentar seu lucro Entretanto os holandeses foram menos bemsucedidos do que os portugueses como é claramente demonstrado em um relatório retrospectivo escrito por Heerman Abramsz para os diretores da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais após seu retorno para a Holanda depois de um longo serviço como diretor de operações da companhia na África ocidental em 1679 O relatório mostra o quanto os holandeses foram incapazes de manter o monopólio que eles haviam usurpado dos portugueses e como as companhias inglesas suecas e dinamarquesas tinham penetrado no comércio estabelecendo edificações e postos e fazendo seus próprios acordos com os governantes africanos rejeitando com firmeza as reivindicações dos holandeses até mesmo em áreas nas quais eles tinham postos77 Mesmo nos locais nos quais elas haviam desistido de seus planos grandiosos de controlar todo o comércio marítimo essas companhias ainda esperavam formar uma relação exclusiva em geral por um tratado formal com um único Estado africano na esperança de estabilizar os preços e eliminar a competição As reclamações constantes nos relatórios das companhias sobre as tentativas de suplantar os preços pagos pelos rivais europeus e a inconstância dos africanos que se recusavam a firmar tratados comerciais revelam claramente tanto as tentativas quanto os resultados78 Os aspectos da fixação de preços desses tratados não tiveram êxito mas eles garantiram que os suprimentos de mercadorias encontrariam um mercado Por conseguinte mesmo que não tivessem conseguido impor um preço monopolista a seus compradores africanos os europeus poderiam pelo menos ter certeza de que seus navios teriam a permissão de vender suas cargas antes de outras nações ou companhias em troca de produtos africanos Isso diminuiu os riscos do comércio nenhum comerciante queria fazer uma longa e perigosa viagem para se deparar com a inexistência de mercadorias à venda A expectativa de que o risco comercial se reduziria levou os europeus a persistirem nos tratados comerciais com os africanos e talvez a mesma razão motivou os 73 Charles Ralph Boxer The Dutch Seaborne Empire 16001800 Nova York 1965 pp 219 74 Ibid pp 267 75 Statement by Joost van Colster on the Attitude of the Dutch West India Company toward Interlopers and Foreign Ships 111 agosto de 1682 em Adam Jones ed e trad Brandenburg Sources for West African History 16801700 Wiesbaden 1985 pp 223 76 Ver Captain Holmes his Journalls of two voyages into Guynea in his Majestys Ship the Henrietta and the Jersey in the year 16601 and 16634 Universidade de Cambridge Magdalen College Pepysian Library MS 2698 africanos a continuar concordando com eles Mas esses acordos claramente não superaram as distorções monopolistas do comércio Se os problemas para manter suas prováveis reivindicações retóricas de supremacia não fossem suficientes as companhias licenciadas como acontecera antes com Portugal não podiam sempre impedir seus empregados os agentes da costa de servirem aos africanos ou de serem coniventes com eles As instruções enfatizavam com regularidade a necessidade de evitar que os agentes das companhias negociassem diretamente com os africanos ou desertassem para o lado deles Do mesmo modo embora os holandeses e outras potências estrangeiras tenham achado conveniente negociar com o antigo grupo de desertores as já bem estabelecidas comunidades de portugueses ou de seus muitos descendentes africanos eles também não esperavam confiar neles essas comunidades exemplificavam o fracasso de suas tentativas para controlar o comércio Os empregados das companhias podiam ser facilmente assimilados em comunidades comerciais sob o domínio africano Os empregados desertores em algumas ocasiões faziam seus próprios negócios às vezes por meio de um casamento afortunado com uma mulher nativa Assim quando o funcionário prussiano Otto Friedrich von der Gröben visitou o posto inglês na ilha Bence Serra Leoa em 1682 ele observou que muitos funcionários inclusive o governador tinham concubinas que lhes haviam dado filhos79 Essas concubinas forneciam as conexões locais Um relatório sobre a situação para a Royal African Company para a qual todos os funcionários tinham de se reportar mencionou que cada homem tem sua prostituta para quem eles roubam c80 Dessas comunidades surgiu um grupo de raças miscigenadas de comerciantes simpatizante dos ingleses que agia em toda a Serra Leoa com conexões com as companhias e os governantes africanos81 No século XVIII esses grupos foram especialmente benéficos para o comércio britânico 79 Otto Friedrich von der Gröben Guineische Reisebeschreibung nebst einem Anhang der Expedition in Morea Marienwerder 1964 facsímile atualizado 1913 pp 289 Adam Jones fez uma nova edição em inglês com base em fontes manuscritas com a numeração de páginas original em Brandenburg Sources 80 Clarke para a Companhia 1º de março de 16844 PRO T7011 p 134 citado em Jones Brandenburg Sources p 27 nota 10 81 Rodney Upper Guinea Coast pp 21622 das por presentes regulares ofertados por Portugal a todos os potentados locais Documentos do início do século XVI são repletos de notas desses presentes que se relacionavam só indiretamente ao comércio84 Ao realizar o comércio os portugueses tinham ainda de negociar e pagar o xarife85 assim chamado por analogia ao seu próprio sistema um funcionário encarregado de negócios comerciais tão importante em Efuto que poderia até mesmo se tornar rei86 Em algumas ocasiões os acordos variaram segundo a época Em Benim por exemplo os primeiros livros de navios portugueses dos anos 1520 descrevem uma extensa série de presentes dados a funcionários do governo e uma visita ao governante que então abriu o mercado para cada uma das mercadorias a serem comercializadas inclusive mercados separados para escravos masculinos e femininos Visitantes ingleses meio século depois por sua vez só negociavam com o governante talvez porque seu maior interesse era a pimenta da qual o rei era o único produtor ou talvez em virtude de o sistema político em Benim ter mudado Visitantes subseqüentes no século XVII encontraram de novo funcionários encarregados do comércio e além disso os comerciantes não eram mais levados à capital para negociar e faziam seus negócios no porto de Ughoton87 Do mesmo modo na Costa do Ouro os presentes ofertados pelos portugueses aos governantes locais tornaramse gradualmente uma taxa anual de aluguel embora sempre com conotação de presente88 Por outro lado qualquer comerciante atuando na região ainda precisava negociar com os funcionários mesmo que esses funcionários ocasionalmente se aproveitassem das complexidades da política local para se estabelecerem como governantes de estados aparentemente independentes Até o que parecia comércio privado tal como caravanas de mercadores a exemplo dos comerciantes akani era sancionado pelo Estado e portanto cuidadosamente controlado89 84 Vogt Portuguese Rule pp 827 231 notas 6379 85 Ibid p 87 essas transações são abundantes nos registros que restaram cf Elbl Portuguese Trade p 640 nota 48 para uma lista de documentos importantes 86 ANTT CC sec I 3119 Nuno Vas de Castello Branco para o rei 2 de outubro de 1502 87 Descrito em Ryder Benin and the Europeans pp 4379 88 Kwame Daaku Trade and Politics on the Gold Coast 16001720 Londres 1970 89 Cf Kea Settlements pp 22636 24887 verdade os portugueses compraram ferro em Serra Leoa para vendêlo em Senegâmbia e em outros locais como mostram claramente os livros de registro do navio Santiago que fez a travessia dessa rota em 1526 Porém o comércio europeu posterior de ferro com a Senegâmbia não foi simplesmente uma tentativa de competir com outros produtores da África ocidental para suprir as necessidades de uma região pobre desse metal Na realidade o comércio de ferro foi algo mais complexo As peculiaridades da produção africana desse metal que levaram o ferro da Europa a ser atrativo vêm é provável de longa data Segundo trabalho recente sobre a produção antiga de ferro na África a tecnologia foi desenvolvida em torno de 600 aC ou mesmo antes na orla do Sudão no início do deserto do Saara talvez como resultado de descobertas realizadas em áreas produtoras de cobre no deserto ao norte da atual Nigéria Em virtude de haver recursos escassos de combustível desse local os trabalhadores africanos desenvolveram métodos para conserválo dos quais o mais importante foi o projeto de um sistema para préaquecer o jato de ar que entrava na fornalha o qual prefigura técnicas usadas na Europa só no século XIX Esse método não só economizava combustível como também propiciou a fabricação de aço de excelente qualidade talvez o melhor aço do mundo na época e com certeza igual ou mesmo melhor do que o aço produzido nos primórdios da Europa moderna De fato a pesquisa sobre a qualidade do metal produzido nas fundições da África ocidental e os estudos arqueológicos recentes indicam que o aço africano equivalia a qualquer um produzido em outros lugares no século XV Mas a fabricação do aço ainda requeria grande quantidade de madeira o que nem sempre estava disponível e assim a melhor produção de aço era feita na margem norte da floresta tropical onde havia uma associação de suprimentos de madeira e minério de ferro bem como abundante transporte por água Isso encareceu algumas vezes o ferro em regiões distantes dos centros de produção como a Senegâmbia Em decorrência o ferro europeu mesmo de qualidade in 7 Avelino Teixeira da Mota A viagem do navio Santiago à Serra Leoa e Rio S Domingus em 1526 Boletim Cultural da Guiné Portuguesa 24 1969 567 572 8 Ver Peter Schmidt e S Terry Childs Innovation and Industry during the Early Iron Age in East Africa The KM2 e KM5 Sites of Northwest Tanzania African Archaeological Review 3 1985 5394 9 Curtin Economic Change pp 20711 O mesmo ponto pode ser ainda mais detalhado na questão da importação de tecidos pois ao contrário do ferro cuja distribuição e condições de trabalho o predispunham a comércios de longa distância o tecido poderia ser fabricado em qualquer lugar Com certeza os africanos não compravam tecido europeu porque não possuíam material próprio nem se deve pensar que o tecido europeu era necessariamente melhor em um sentido funcional de proteção contra agentes externos ou mais baratos do que os seus correspondentes africanos Os primeiros viajantes europeus elogiavam os tecidos da África ocidental por exemplo Fernandes e Pacheco Pereira falaram muito do tecido de Mandinga que eles e seus informantes encontraram17 Esse tecido foi amplamente comercializado na África ocidental e os portugueses até mesmo levaram tecelões de Mandinga para as ilhas de Cabo Verdeonde eles criaram um comércio característico de tecidos que se tornou o principal produto comercial da África ocidental durante muitos séculos18 A vitalidade das indústrias têxteis africanas pode ser medida no caso da África central onde ao contrário do tecido europeu ou asiático e até mesmo do tecido da África ocidental a indústria local utilizava casca de árvore para fazer uma grande variedade de tipos de tecidos Esses tecidos podiam ser de ótima qualidade pois Pacheco Pereira escreveu no início do século XVI No reino do Congo eles fazem tecidos de palmeiras com a superfície como veludo e os desenhados como cetim aveludado são tão bonitos que não existe trabalho mais bem feito na Itália19 Esse tecido era também abundante visto que os produtores africanos foram muito eficientes além de habilidosos Os portugueses compraram muito tecido do Congo oriental para exportálo para as terras a leste de Angola e um memorando sobre esse comércio datado de 1611 indica que a região do Congo oriental exportava só para Angola cerca de 100 mil metros de tecido por ano20 Esse nível de exportações sugere ao se considerar o consumo doméstico e as exportações para outros locais da África que a produção total talvez fosse duas vezes maior Esse mon 17 Fernandes Descrição fol 110v 115 Pacheco Pereira Esmeraldo livro 1 cap 29 ed Silva Dias pp 868 18 Antônio Carreira Panaria caboverdianoguineense Aspectos históricos e sócioeconomicos Lisboa 1960 Sobre o tecido de Senegâmbia em geral ver Curtin Economic Change pp 21113 19 Pacheco Pereira Esmeraldo livro 3 cap 2 ed Silva Dias p 134 20 Alvitre de Pero Sardinha c 1611 MMA 6523 não excedia a 150 mil pessoas situa o Congo oriental no mesmo nível dos grandes centros têxteis da Holanda na mesma época como Leiden cuja produção total por ano chegava a 100 mil metros e cuja população total urbana e rural era talvez equivalente21 Constatase ainda que as importações européias não se destinavam simplesmente ao vestuário pessoal quando se considera o consumo da Costa do Ouro um grande importador de tecido europeu que absorvia uma quantidade de cerca de 20 mil metros de tecido da Europa e da Ásia por ano no início da metade do século XVII22 Esse comércio fornecia tecido para uma população composta em um cálculo estimativo por 1500000 pessoas das quais cerca de 750 mil adultos e um número aproximadamente igual de homens e mulheres23 Podese calcular com base em descrições do vestuário do povo comum de Acã feitas em relatos de viajantes tais como o de Marees 1601 e de Müller 1688 que cada homem adulto vestia de três a quatro metros de tecido e cada mulher talvez de quatro a cinco metros incluindo o pano para carregar crianças a maior parte um único pedaço de tecido enrolado em volta do corpo24 Se fizermos uma suposição mínima contemplando os es 21 Ver estatísticas em Braudel Wheels of Commerce p 347 22 Minha estimativa baseiase em grande parte nos registros feitos por navios nos anos 1640 citados em Ray Kea Settlements Trade and Politics on the Seventeenth Century Gold Coast Baltimore 1982 pp 20810 e 405 notas 1016 Kea avaliou que cada um dos 200 navios que visitaram a Costa do Ouro entre 1593 e 1607 carregavam 137 mil metros de tecido de um total de 2736 milhões de metros de tecido importado ou acima de 2286000 metros por ano p 208 fontes citadas na página 405 nota 10 Mas nem os documentos que ele cita nem os da nota seguinte p 405 nº 11 não comprovam as cifras tão elevadas de cada navio Em vez disso parecem sugerir que 137 mil metros eram o total considerando um nível de importação anual na faixa de 1012 mil metros que aumentou ao longo do século 23 Minha estimativa baseiase no método de densidade demográfica média usado no Senegal citado em Thornton Demographic Effect pp 71014 para a metade da região sul da Costa do Ouro Kea Settlements p 139 calcula a população total dessa área em 656 mil pessoas uma população adulta de 325 mil valendose de uma projeção do tamanho do exército mencionado na literatura Em uma nota todavia ele assinala que o multiplicador 4 usado para converter exércitos em população é muito baixo na verdade presumese que todo homem adulto servisse ao exército e cita uma opinião de Marion Johnson de que para o século XIX um número próximo a 8 que daria uma população de cerca de 1312000 pessoas quase o mesmo de minha estimativa poderia ser mais preciso p 380 nota 64 A opinião de Johnson é reforçada pelo fato de que ao contrário dos exércitos do século XIX com Kea motrou pp 14967 os do século XVII eram pequenas forças de elite e não exércitos de massa significando que um multiplicador mais elevado deveria ser utilizado 24 Pieter de Marees Beschryvinge ende historische verhael vant Govt koninckrijck van Guinea Amsterdam 1602 edição atualizada com a numeração de páginas original assinalada S P LHonoré Naber Haia 1912 tradução para o inglês com a numeração de páginas original assinalada Albert van Dantzig e Adam Jones Description and Historical Account of the Gold Kingdom of Guinea 1602 Londres 1987 pp 17a 19b 26ab Wilhelm Johann Müller Die Afrikansche THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122 185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada Relatório do Software Antiplágio CopySpider Para mais detalhes sobre o CopySpider acesse httpscopyspidercombr Instruções Este relatório apresenta na próxima página uma tabela na qual cada linha associa o conteúdo do arquivo de entrada com um documento encontrado na internet para Busca em arquivos da internet ou do arquivo de entrada com outro arquivo em seu computador para Pesquisa em arquivos locais A quantidade de termos comuns representa um fator utilizado no cálculo de Similaridade dos arquivos sendo comparados Quanto maior a quantidade de termos comuns maior a similaridade entre os arquivos É importante destacar que o limite de 3 representa uma estatística de semelhança e não um índice de plágio Por exemplo documentos que citam de forma direta transcrição outros documentos podem ter uma similaridade maior do que 3 e ainda assim não podem ser caracterizados como plágio Há sempre a necessidade do avaliador fazer uma análise para decidir se as semelhanças encontradas caracterizam ou não o problema de plágio ou mesmo de erro de formatação ou adequação às normas de referências bibliográficas Para cada par de arquivos apresentase uma comparação dos termos semelhantes os quais aparecem em vermelho Veja também Analisando o resultado do CopySpider Qual o percentual aceitável para ser considerado plágio CopySpider httpscopyspidercombr Page 1 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 Versão do CopySpider 211 Relatório gerado por jenyfercarolinedossantosgmailcom Modo web normal Arquivos Termos comuns Similaridade RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpwwwarteafricanauspbrcodigostextosdidaticos002afri caculturasesociedadeshtml 36 043 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpsmundoeducacaouolcombrhistoriadobrasildiretas jahtm 16 031 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpsbrasilescolauolcombrguerras 14 030 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpsbrasilescolauolcombrguerrasprimeiraguerra mundialhtm 14 029 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpsrevistagalileuglobocomSociedadeHistorianoticia2019 11comoeramsociedadesdaafricasubsaarianaantesda chegadadoseuropeushtml 7 024 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpswwwtodamateriacombrculturaafricana 7 020 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpsfunaggovbrlojadownloadHistoriadaAfricapdf 267 019 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpswwwbbccomportuguesebrasil57575496 9 015 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpswwwtodamateriacombrafricaprecolonial 5 015 RESENHA THORNTON Jhonpdf X httpsbrainlycombrtarefa35582453 4 013 CopySpider httpscopyspidercombr Page 2 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpwwwarteafricanauspbrcodigostextosdidaticos002africaculturasesociedadeshtml 6066 termos Termos comuns 36 Similaridade 043 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpwwwarteafricanauspbrcodigostextosdidaticos002africaculturasesociedadeshtml 6066 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse CopySpider httpscopyspidercombr Page 3 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou CopySpider httpscopyspidercombr Page 4 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de CopySpider httpscopyspidercombr Page 5 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se CopySpider httpscopyspidercombr Page 6 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que CopySpider httpscopyspidercombr Page 7 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 8 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpsmundoeducacaouolcombrhistoriadobrasildiretasjahtm 2820 termos Termos comuns 16 Similaridade 031 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpsmundoeducacaouolcombrhistoriadobrasildiretasjahtm 2820 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 9 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 10 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 11 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 12 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 13 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 14 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpsbrasilescolauolcombrguerras 2327 termos Termos comuns 14 Similaridade 030 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpsbrasilescolauolcombrguerras 2327 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 15 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 16 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 17 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 18 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 19 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 20 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpsbrasilescolauolcombrguerrasprimeiraguerramundialhtm 2555 termos Termos comuns 14 Similaridade 029 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpsbrasilescolauolcombrguerrasprimeiraguerramundialhtm 2555 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 21 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 22 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 23 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084049 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 24 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 25 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 26 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpsrevistagalileuglobocomSociedadeHistorianoticia201911comoeramsociedadesda africasubsaarianaantesdachegadadoseuropeushtml 663 termos Termos comuns 7 Similaridade 024 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpsrevistagalileuglobocomSociedadeHistorianoticia201911comoeramsociedadesdaafrica subsaarianaantesdachegadadoseuropeushtml 663 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do CopySpider httpscopyspidercombr Page 27 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares CopySpider httpscopyspidercombr Page 28 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de CopySpider httpscopyspidercombr Page 29 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou CopySpider httpscopyspidercombr Page 30 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 CopySpider httpscopyspidercombr Page 31 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 32 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpswwwtodamateriacombrculturaafricana 1250 termos Termos comuns 7 Similaridade 020 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpswwwtodamateriacombrcultura africana 1250 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 33 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 34 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 35 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 36 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 37 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 38 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpsfunaggovbrlojadownloadHistoriadaAfricapdf 133129 termos Termos comuns 267 Similaridade 019 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpsfunaggovbrlojadownloadHistoriadaAfricapdf 133129 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 39 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 40 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 41 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 42 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 43 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 44 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpswwwbbccomportuguesebrasil57575496 3730 termos Termos comuns 9 Similaridade 015 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpswwwbbccomportuguesebrasil 57575496 3730 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 45 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 46 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 47 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 48 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 49 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 50 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpswwwtodamateriacombrafricaprecolonial 925 termos Termos comuns 5 Similaridade 015 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpswwwtodamateriacombrafricapre colonial 925 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 51 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 52 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 53 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 54 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 55 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 56 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 Arquivo 1 RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Arquivo 2 httpsbrainlycombrtarefa35582453 745 termos Termos comuns 4 Similaridade 013 O texto abaixo é o conteúdo do documento RESENHA THORNTON Jhonpdf 2210 termos Os termos em vermelho foram encontrados no documento httpsbrainlycombrtarefa35582453 745 termos THORNTON Jhon A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 Tradução de Marisa Rocha Mota Rio de Janeiro Elsevier 2004 P 122185 A obra analisada possui o título de A África e os africanos na formação do mundo atlântico 14001800 a qual é produção do autor Jhon Thornton possuindo duas partes e pouco mais de quatrocentas páginas Em que pese a obra em sua totalidade ter relevância impar para a compreensão dos aspectos históricos dos anos de 1400 a 1800 o presente fichamento terá foco apenas nos tópicos abordados por Thornton entre as páginas 122 e 185 A análise da obra em comento se inicia a partir do capítulo 3 da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de A escravidão e a estrutura social na África momento da exposição que o autor se propõe a análise das questões socioculturais e econômicas no continente africano durante os anos de 1400 e 1800 Inicialmente Thornton dispõe que as relações comerciais entre os continentes africano e europeu não possuíam características comuns àquelas ligadas ao comércio internacional do período isto porque além da venda de escravos representar uma troca comercial também significava a perda de mão de obra em território africano Nesse cenário os historiadores em sua maioria concluíram em seus estudos que o comércio de escravos se mostrou como maléfico em relação às questões demográficas da África já que segundo eles a perda de homens adultos pode ter contribuído potencialmente para os índices sexuais as taxas de dependência e a divisão sexual do trabalho em território africano Além dos impactos demográficos segundo o autor os historiadores também apontam que o comércio de escravos africanos também contribuiu para o aumento da desigualdade e uma alteração significativa nos sistemas judiciais na África Todavia esses impactos não impactaram os mercadores ou lideres políticos diretamente Isto porque consoante aponta Thornton a escravidão na África durante esse período era difundida e o seu desenvolvimento não ocorreu em decorrência do comércio atlântico apesar deste ter estimulado o aumento dos índices de escravidão e comercio interno nos países africanos Assim segundo o autor o CopySpider httpscopyspidercombr Page 57 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio internacional de escravos se mostrou como um desmembramento de uma comércio interno já existente na África Sob esse aspecto Thornton adverte que a contrário senso a disseminação da cultura escravocrata na África não ocorreu em decorrência da região ser subdesenvolvida mas sim por conta da escravidão ser uma prática cultural enraizada nas estruturas institucionais e legais das sociedades africanas de modo geral O autor salienta que alguns historiadores tentam justificar o sistema escravocrata africano afirmando que ao contrário do continente europeu a África não possuía uma cultura ligada a propriedade privada de terras razão pela qual os escravos se apresentavam como a única forma de propriedade privada que era reconhecida pelos institutos legais africanos e trazia rendimentos para quem os possuía Assim para esses estudiosos a baixa densidade demográfica e a abundância de terras fazia com que as sociedades africanas não desenvolvessem uma cultura voltada para a posse pessoal das terras o que necessitou de uma mudança tecnológica para ocorrer Entretanto segundo Thornton as evidências angariadas pelos historiadores demonstram que muitas áreas do território africano eram densamente povoadas Nesse cenário o autor adverte que alguns historiadores indicavam um atraso nas questões socioculturais africanas por estarem baseando a análise das sociedades do território africano sob um olhar que tinha como base a estrutura cultural europeia Assim o correto não é dizer que o sistema social africano era retrogrado se comparado ao europeu mas sim legalmente divergente A divergência cultural entre os sistemas europeu e africano também são observados através da sucessão do poder visto que na época o rei europeu era a representação de uma divindade na terra sendo a sua sucessão ocorrida por meio sanguíneo Na África em que pese na maioria das sociedades a sucessão também ocorrer de pai para filho o povo tinha uma importância na escolha do seu líder sendo inclusive o detentor da palavra final como por exemplo no Congo Voltando para a análise do sistema escravocrata Thornton dispõe que tanto a Europa quanto a África possuíam uma cultura escravista contudo o que as diferenciava não era as tecnologias legais mas sim o uso que davam para o trabalho escravo Isto porque ao passo que para os europeus o trabalho escravo era voltada para a construção do Novo Mundo sendo essa mão de obra submetida a trabalhos degradantes os escravos na sociedade africana eram comparados aos camponeses agrícolas Nesse contexto Thornton comenta que a mão de obra escrava na África era utilizada basicamente como investimento e manifestação de riqueza e para a produção de renda para o Estado desempenhando serviços administrativos ou militares Diante do exposto no capítulo em comento o autor concluiu sua exposição reafirmando que o comércio de escravos era uma prática comum na África sendo a CopySpider httpscopyspidercombr Page 58 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 organização social existente no continente a principal responsável para o desenvolvimento do comércio atlântico de escravos se comparada a outras forças externas aplicadas no território africano a fim de disseminar o comércio internacional de mão de obra escrava O capítulo 4 também da primeira parte da obra de Thornton que possui o título de O processo de escravidão e o comércio de escravos é voltado para a análise da relação entre a guerra e a escravidão no continente africano Desse modo o autor divide o título em quatro seções a fim de abordar o tema com maior objetividade O primeiro subtitulo é Guerra e escravidão momento do texto em que Thornton inicia a sua exposição relatando que naquele momento histórico a África não sofria com pressões econômicas ou comerciais para comercializar mão de obra escrava Todavia com o passar do tempo a participação europeia que se dava apenas no comércio de escravos já existentes ampliouse para uma coação de âmbito militar Isto porque os europeus passaram a impelir os africanos a negociarem mão de obra escrava sob o argumento de que sem esse comércio os povos africanos não conseguiriam obter a tecnologia militar necessária para se defender de inimigos nem poderiam garantir grandes suprimentos advindos do sucesso de batalhas Nesse contexto o autor leciona que alguns historiadores afirmam que os europeus tiveram uma influência indireta na ampliação do comércio de escravos no continente africano levando ao aumento de conflitos entre as sociedades africanas e consequentemente a despovoação do país contra a sua vontade Em que pese essa conclusão disseminada por muitos segundo Thornton o continente europeu não possuía antes de 1680 tecnologias militares essenciais para os conflitos militares que chamassem a atenção dos africanos Sob esse contexto o autor adverte que evidencias históricas mais recentes demonstram que a escravidão africana tem uma ligação direta com as guerras tanto no cenário doméstico como para a exportação dessa mão de obra Assim Thornton salienta que a escravidão militar é a principal categoria de arrecadação de mão de obra escrava pois se constatou que os governantes de forma majoritária vendiam aqueles que consideravam estranho e não pessoas as quais eram subordinadas a eles Ademais o autor parafrasia Mosto para afirmar que esses escravos eram provenientes de guerras com Estados vizinhos ou de guerras civis sendo uma parcela dos capturados utilizados como mão de obra escrava doméstica e outra parte vendida para os europeus Diante desse relato Thornton ressalta que as sociedades africanas utilizavam os escravos como fonte de renda para os Estados centralizados e para o uso na economia doméstica Ainda acerca das guerras o autor assevera que a compreensão dos motivos por trás desses conflitos militares é crucial para a compreensão do comercio de escravos na África Isto porque essas guerras tinham como resultado a captura de mão de obra escrava Assim para o modelo econômico africano da época as guerras eram CopySpider httpscopyspidercombr Page 59 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 realizadas com o intuito de adquirir escravos e às vezes para suprir as demandas mercadológicas europeias Já para o modelo político as guerras objetivavam a reafirmação de razões políticas sendo a mão de obra escrava um subproduto dos conflitos Sob esse viés Thornton leciona não haver como afirmar qual era o modelo mais difundido nas sociedades africanas visto que cada uma possuía características individuais que levavam os entraves armados entre os estados Isto porque ao passo que a Angola possuía razões manifestamente econômicas para a sociedade do Jalofo as motivações eram principalmente políticas Outrossim segundo o autor não se pode ignorar o fato de que a expansão de riqueza através da guerra e a aquisição de escravos advindos desses conflitos também se mostrava como uma alternativa barata para o aumento do poder dos governantes razão pela qual era uma prática fomentada pelas sociedades africanas da época Nesse contexto Thornton ressalta que a junção dos fatores descritos levaram a uma grande população escravizada no continente africano e consequentemente possibilitaram que o comércio internacional de escravos com os europeus se ampliasse No subtópico denominado de O uso doméstico versus a exportação de escravos Thornton disserta que o contexto político africano da época reforça a importância da escravidão doméstica no continente Cenário este que era refletido na exportação de mão de obra escrava Isto porque segundo o autor a exportação de escravos tendia a ocorrer no que se refere aqueles recentemente capturados e não em relação aos escravos que já tinham encontrado um lugar na sociedade africana onde estavam subjugados Realidade que levava diversos países africanos a entrarem e saírem constantemente do comércio atlântico de mão de obra escrava Thornton apresenta o Congo como um exemplo dessa transitoriedade comercial de escravos relatando que o país foi o que mais se estendeu na comercialização internacional de mão de obra escrava Todavia até esse país ao longo do tempo mudou as suas políticas e deixou no final do século XVII de comercializar os seus escravos com os europeus Segundo o autor os motivos que levavam aos estados africanos a entrarem e saírem desse comércio não se dava como se imagina por conta da pressão da Europa mas sim por decisões dos próprios Estados africanos que se ligavam provavelmente ao preço atribuído a mão de obra escrava em comparação ao das demais mercadorias assim como as demandas competitivas de trabalho e o preço relativo às importações europeias em comparação com a exportação dos escravos O terceiro subtítulo do capítulo 4 referese A guerra na África e a tecnologia militar da Europa momento da exposição de Thornton onde o autor salienta que em que pese a sua afirmação de que a escravização de larga escala na África se deu por conta de políticas internas a tecnologia militar europeia também se mostrou como um fator a ser explorado no texto Isto poque para Thornton a hipótese de influência europeia no CopySpider httpscopyspidercombr Page 60 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comportamento militar africano através do controle de recursos militares não é totalmente descartável uma vez que os europeus sempre buscaram participar das políticas africanas ora com especiarias militares ora como conselheiros ora como mercenários Assim negar a influência europeia nas decisões africanas é segundo o autor ignorar parte da história Contudo o autor volta a afirmar ao longo do subtítulo em comento que as armas europeias não foram decisivas para os combates africanos na maioria das vezes Isto ocorre porque em que pese as especiarias militares europeias terem auxiliado certos governantes africanos em determinadas batalhas não há embasamento histórico para asseverar que a tecnologia militar da Europa se mostrou como de grande relevância para o sucesso militar das sociedades africanas auxiliadas pelos europeus Assim não se tem como afirmar segundo Thornton que a tecnologia ou a assistência dos europeus nas questões militares das sociedades africanas se mostrou como decisiva para o aumento das chances dos povos africanos serem bemsucedidos em suas empreitadas militares de modo que o autor conclui que os europeus não provocaram nenhuma revolução militar no continente africano O quarto e último subtitulo do capítulo em análise é denominado de O rápido crescimento das exportações de escravos e as inovações da tecnologia militar e na guerra onde Thornton disserta sobre a influência europeia no comércio de escravos africanos A priori o autor volta a enfatizar que a influência supracitada não foi significativa no primeiro século já que as sociedades africanas já possuíam um modelo escravista consolidado Do mesmo modo as tecnologias europeias também não se apresentavam como fontes criticas para o sucesso dos empreendimentos militares africanos Ocorre que com o passar do tempo a pressão europeia para a expansão do comércio atlântico de escravos foi sentido pelas sociedades africanas Essa pressão é evidenciada pelos registros históricos inerentes ao aumento expressivo de exportação de mão de obra escrava a partir de 1650 A expansão do comércio internacional de escravos foi tão grande que na metade do século XVII o continente africano já sofria com um impacto significativo em sua demografia Realidade que levou a um exaurimento demográfico da Africa ao final do século XVIII Thornton comenta que os impactos demográficos podem ser observados por meio de uma análise acerca do crescimento das exportações de escravos no continente africano que passa de uma taxa de 06 de exportações de mão de obra escrava no século XVI para mais de 15 na segunda metade do século XVII As taxas supracitadas foram praticamente duplicadas entre os anos de 1650 e 1700 sendo as regiões que mais exportavam nesse período o Golfo da Guiné que chegou a exportar 19400 em 1700 e o CentroOeste que exportou 11000 escravos no mesmo ano O autor salienta que os motivos que fizeram as regiões que se destacaram no CopySpider httpscopyspidercombr Page 61 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050 comércio atlântico de escravos são políticos e culturais mas que não há registros tão precisos sobre essa temática já que muitas das informações citadas são de procedência de registros realizados nos primórdios do comércio de escravos nessas regiões Em um cenário geral Thornton salienta que a participação do continente africano no comércio internacional de mão de obra escrava foi voluntária e proveniente das decisões daqueles que eram detentores do poder nas sociedades africanas não tendo os europeus meios militares ou econômicos suficientes para impelir os líderes africanos a comercializar a mão de obra escrava Em suma podese afirmar que o texto em análise traz uma visão importante sobre a história do comércio internacional de escravos durante o período de 1440 a 1800 isto porque o autor permite que o leitor desfaça as impressões sobre essa temática já que é ensinado nas escolas que os europeus foram aqueles que dominaram o comércio atlântico de escravos usando de sua expertise Todavia com a leitura da obra em comento é perceptível que as sociedades africanas da época não eram inferiores intelectual ou culturalmente tendo cedido as influências europeias mas ao contrário possuíam sociedades organizadas e um poder centralizado em suas comunidades realizando o comércio externo de mão de obra por questões econômicas e políticas inerentes as suas culturas Isto posto concluise que o livro desmistifica a ideia antropocentrística europeia de que os africanos foram manipulados pelos povos europeus e traz uma ampliação da visão do leitor sobre a temática abordada CopySpider httpscopyspidercombr Page 62 of 62 Relatório gerado por CopySpider Software 20230427 084050