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Psicologia ·
Psicologia Social
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Psicologia Cognitiva Psicologia Cognitiva Tradução da 5ª Edição NorteAmericana Robert J Sternberg Linguagem Natureza e Aquisição aspecto inclui o controle físico como aperto de mãos acenos e abraços Estas são apenas algumas das maneiras pelas quais podemos nos comunicar Psicologia linguística é a psicologia da nossa linguagem vista a partir da interação com a mente humana Ela leva em consideração a produção e o entendimento da linguagem Gernsbacher Kaschak 2003a 2003b Indefrey Levelt 2000 Wheeldon Meyer Smith 2003 Quatro áreas de estudo contribuíram substancialmente para um entendimento da psicolinguística Uma é a linguística o estudo da estrutura e da variação da linguagem Uma segunda área de estudo é a neurolinguística o estudo do relacionamento entre o cérebro a cognição e a linguagem Uma terceira é a sociolinguística o estudo do relacionamento entre o comportamento social e a linguagem Carroll 1986 E a quarta área é a linguística computacional e a psicolinguística que englobam o estudo da linguagem por intermédio de métodos computarizados Coleman 2003 Gasser 2003 Lewis 2003 O capítulo descreve inicialmente de modo sucinto algumas propriedades gerais da linguagem As próximas seções discutem os processos da língua Estes processos incluem a maneira como compreendemos o significado de determinadas palavras e como estruturamos as palavras em sentenças com significado Em seguida a seção final elabora de modo mais abrangente a abordagem linguística da língua Conforme você esperaria esta discussão coloca em tela o debate natureza criação que surge com tanta frequência em relação aos temas psicológicos concentrandose entretanto no modo como as capacidades adquiridas interagem com a experiência O Capítulo 10 descreve o contexto mais amplo no âmbito do qual usamos a língua Este contexto inclui os contextos psicológico e social da linguagem Que propriedades caracterizam a linguagem A resposta a esta pergunta depende a quem você pergunta Os linguistas podem propor respostas tão diferentes do que propõem os psicólogos cognitivos Parece existir no entanto consenso a respeito das seis propriedades que distinguem a linguagem Brown 1965 Clark Clark 1977 Glucksberg Danks 1975 A linguagem é especificamente 1 Comunicativa A linguagem permite que nos comuniquemos com uma ou mais pessoas que a compartilham 2 Arbitrariamente simbólica A linguagem cria uma relação arbitrária entre um símbolo e seu referente uma ideia um objeto um processo ou uma descrição 3 Estruturada regularmente A linguagem possui uma estrutura somente arranjos de símbolos configurados especificamente possuem significado e arranjos diferentes resultam em significados distintos 4 Estruturada em níveis múltiplos A estrutura da linguagem pode ser analisada em mais de um nível por exemplo em sons em unidades de significado em palavras em frases 5 Gerativa e produtiva A linguagem dentro dos limites da estrutura linguística pode gerar novas formas de expressão As possibilidades para a criação destas novas formas são virtualmente ilimitadas 6 Dinâmica As línguas evoluem constantemente A propriedade comunicativa da linguagem aparece em primeiro lugar na lista Apesar de ser a sua característica mais óbvia também é a mais notável Como exemplo posso escrever o que estou pensando e sentindo para que você possa ler e compreender meus pensamentos e sentimentos Isto não significa afirmar que não existam falhas ocasionais na propriedade comunicativa da linguagem Inúmeros psicólogos cognitivos e outras pessoas dedicam suas vidas ao estudo de como falhamos em nossa comunicação por intermédio da linguagem No entanto apesar das frustrações originadas pela má comunicação causa impressão o fato de uma pessoa ser capaz de usar a linguagem para comunicarse com outra A segunda propriedade da linguagem é a que pode surpreender mais Nós comunicamos por meio de nosso sistema compartilhado de referência simbólica arbitrária para objetos ideias processos relações e descrições Steedman 2003 A natureza arbitrária do sistema alude à falta de qualquer razão para a escolha de determinado símbolo Realmente todos as palavras são símbolos Um símbolo neste contexto é algo que representa indica ou propõe alguma outra coisa Referese aponta para ou alude a um processo uma coisa ou uma descrição específicos como professor divertir ou brilhante A combinação dos sons é arbitrária Esta arbitrariedade pode ser vista a partir do fato de que línguas diferentes usam sons muito diferentes para referirse à mesma coisa por exemplo baum árbol árvore Uma característica conveniente dos símbolos é que podemos usálos para nos referir a objetos ideias relações e descrições que não se encontram atualmente presentes como por exemplo o rio Amazonas Podemos até mesmo usar símbolos para nos referir a coisas que nunca existiram como dragões ou elfos E podemos usar símbolos para nos referir a coisas que existem de uma forma que não são fisicamente tangíveis tais como o cálculo integral a verdade ou a justiça Sem referência simbólica arbitrária estaríamos limitados a símbolos que de algum modo fossem parecidos com as coisas que deveriam simbolizar Por exemplo precisaríamos de um símbolo parecido com uma árvore para representar uma árvore O princípio de convenção e o princípio do contraste são dois princípios que se encontraram na base do significado das palavras Clark 1993 1995 Diesendruck 2005 O primeiro princípio afirma simplesmente que os significados das palavras são determinados por convenções ou seja as palavras significam aquilo que as convenções fazem significar A finalidade da existência de palavras diferentes é precisamente fazerlas simbolizar coisas que são pelo menos ligeiramente diferentes A terceira propriedade é a estrutura regular da linguagem Posteriormente neste capítulo descrevemos de modo mais específico esta estrutura Por enquanto entretanto é suficiente que você já conheça duas coisas A primeira é que determinadas configurações de sons e letras formam palavras com significado No entanto sons e letras aleatórios geralmente não as formam A segunda é que certas configurações de palavras formam sentenças parágrafos e discurso com significado A maioria das demais configurações não faz sentido Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 307 que falamos hoje evoluiu a partir da língua falada na Idade Média Esta língua por sua vez evoluiu do inglês arcaico Embora possamos delinear várias propriedades da linguagem é fundamental sempre ter em mente a sua principal finalidade A linguagem nos facilita ter capacidade para elaborar uma representação mental de uma situação que nos permite compreendêla e realizar comunicações a respeito dela Budwig 1995 Zwaan Radvansky 1998 Em outras palavras no final a linguagem referese principalmente ao uso e não somente à codificação linguística na memória Você é capaz de lembrar melhor das coisas porque pode usar a linguagem para ajudálo a lembrálas ou a reconhecêlas Para concluir existem muitas diferenças entre línguas Apesar disso há muitas propriedades comuns Entre elas existem comunicação referência simbólica arbitrária regularidade da estrutura multiplicidade da estrutura produtividade e mudança Examinamos em seguida mais detalhadamente como a linguagem é usada Observamos a seguir alguns aspectos universais de como nós humanos adquirimos nossa principal língua Aspectos Fundamentais da Linguagem Existem essencialmente dois aspectos fundamentais da linguagem O primeiro é a compreensão receptiva e a decodificação dos elementos da língua O segundo é a codificação expressiva e a elaboração dos produtos da língua Decodificação referese à obtenção do significado com base em qualquer sistema de referência simbólico sendo usado por exemplo enquanto a pessoa escuta ou lê Nos Capítulos 5 e 6 usamos o termo codificação para nos referir à codificação semântica e não semântica da informação em uma forma que possa ser armazenada na memória de trabalho e na memória de longo prazo Waters Caplan 2003 A codificação quando aplicada à linguagem envolve transformar nossos pensamentos em uma forma que pode ser expressa como produção linguística por exemplo fala sinalização ou escrita Usamos neste capítulo os termos codificação e decodificação para descrever somente a codificação e a decodificação semânticas QUADRO 91 Símbolos Fonéticos do Inglês Norteamericano Os fonemas de uma língua constituem o conjunto das menores unidades de som que podem ser usadas para distinguir uma expressão oral com significado de outra em determinada língua Clark Clark 1977 CONSONANTES VOGAIS DITONGOS p pill pílula B bill conta M milt moinho T till até D dill dil N nil zero K kill matar G gill guelra ŋ sing cantar F fill preencher v vat cuba S sip sorver Z zip silvo ɪ thigh coxa ə teu e shallow e raso measure medida chip Æ apara gyp U furar lip U lábio rip fender yet ainda wet úmido wʌt testemunhar hat h chapéu ə sofa sofá marry casar Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 309 e paper Porém não sentiu sopros de ar quando pronunciou p em cup ou lip Se você conseguiu de alguma forma impedir o sopro de ar quando disse put ou paper ou acrescentar um sopro de ar quando disse cup ou lip você produziu alofones Porém não está fazendo uma distinção significativa dos fonemas na língua inglesa Não existe uma diferença significativa entre pʰ e pʌt em inglês Em contraste a diferença entre kut e kut é potencialmente significativa No entanto em algumas línguas como o tailandês uma distinção considerada irrelevante em inglês é significativa Nessas línguas a diferença entre p e pʰ é fonêmica ao invés de ser somente alofônica Fromkin Rodman 1988 Fonêmica é o estudo do fonemas específicos de uma língua Fonética é o estudo do modo de produção ou de combinação de sons da fala ou de sua representação por símbolos escritos Roca 2003a Lingüistas podem viajar a vilarejos remotos para observar gravar e analisar línguas diferentes O estudo do patrimônio fonético de diversas línguas é uma das maneiras pelas quais os lingüistas obtêm conhecimento sobre a natureza da língua Ladefoged Maddieson 1996 A extinção da língua ou morte da língua constitui um obstáculo para seu estudo por esses meios A morte da língua ocorre por diversas razões incluindo os membros de áreas tribais que se trocam por áreas mais urbanas genocídio globalização e a introdução de uma nova língua em uma área Mufwene 2004 A morte de línguas está ocorrendo em um ritmo alarmante algumas estimativas indicam que 90 das línguas do mundo estarão extintas durante a próxima geração Abrams Strogatz 2003 Esta tendência representa claramente um problema para aquelas pessoas que desejam estudar línguas No próximo nível da hierarquia existe o morfema a menor unidade que denote significado no âmbito de uma determinada língua Os cursos de inglês podem telo apresentado a duas formas de fonemas Uma é a raiz da palavra Raiz é a porção da palavra que contém a maior parte do significado As raízes não podem ser desmembradas em unidades menores de significado São os itens que possuem inclusões no dicionário Motter et al 2002 Agregam uma segunda forma de morfema o afixo a essa raiz Afixos incluem sufixos que seguem a raiz prefixos que precedem a raiz e infixos que aparecem no interior das palavras A própria palavra afixos contém a raiz fixo um prefixo e um sufixo O prefixo a uma variação de prefixo ad significando na direção de para ou perto O sufixo s que indica a forma plural de um substantivo A palavra recarga contém três morfemas re car e ga Os lingüistas analisam a estrutura dos morfemas e das palavras de um modo que vai além da análise de raízes e afixos Morfemas de conteúdo são palavras que transmitem a maior parte do significado de uma língua Morfemas de função agregam detalhes e nuances ao significado dos morfemas de conteúdo que auxiliam estes morfemas e se enquadram no contexto gramatical Exemplos são o sufixo ito o prefixo de a conjunção e ou o artigo o As inflexões constituem um subconjunto dos morfemas sendo os sufixos usuais que acrescentamos às palavras para se enquadrarem no contexto gramatical Por exemplo a maioria das crianças americanas que frequentam jardinsdeinfância sabem como agregar sufixos especiais para indicar o seguinte Tempo do verbo Você estuda com frequência Você estudou ontem Você está estudando agora Número do verbo e do substantivo O professor passa trabalho escolar Os assistentes do professor passam trabalho escolar Caso possessivo O livro do estudante é maravilhoso Comparação entre adjetivos O mais preparado entre os dois professores ensinou aos alunos mais inteligentes O léxico é o conjunto completo de morfemas em uma determinada língua ou do repertório linguístico de uma pessoa O adulto médio que fala o inglês possui um léxico de aproximadamente 80 mil morfemas Miller Gildea 1987 As crianças na primeira série nos Estados Unidos possuem médias de 10 mil palavras em seu vocabulário Ao cursarem a 3ª série possuem cerca de 20 mil Na 5ª série atingiram o marco de aproximadamente 40 mil ou metade de seu nível final quando adultos Anglin 1993 A maior parte das pessoas adultas que falam inglês ao combinar morfemas possui um vocabulário de centenas de milhares de palavras Por exemplo ao acrescentar apenas alguns poucos morfemas ao morfema de conteúdo da raiz estudo obtemos estudante estudioso estudou estudando e estudos O vocabulário é formado lentamente Desenvolvese por meio de diversas exposições a palavras e indicações pelo menos duas partes A primeira é uma frase nominal que contém ao menos um substântivo muitas vezes o sujeito da sentença e inclui todos os termos relevantes que descrevem o sujeito A segunda é uma frase verbal que contém pelo menos um verbo e os termos sobre os quais o verbo age mais precisamente A frase verbal também possui a designação predicado porque afirma ou declara algo sobre o sujeito Tratase normalmente de uma ação ou uma propriedade do sujeito Os linguistas consideram o estudo da sintaxe fundamental para a compreensão da estrutura da língua A estrutura sintática da língua especificamente é estudada mais adiante neste capítulo IDENTIFICANDO QUAIS DOS TERMOS A SEGUIR FORMAM FRASES NOMINAIS FN 1 a bola redonda vermelha no canto 2 o 3 redonda e vermelha 4 a bola 5 água 6 corre rapidamente Sugestão Sujeitos podem incluir o sujeito ou o objeto de uma sentença por exemplo FN joga FN IDENTIFICANDO QUAIS DOS TERMOS A SEGUIR SÃO FRASES VERBAIS FV 1 o menino joga a bola 2 e a bola em movimento 3 rolou 4 corre pela 5 deulhe a bola 6 corre rapidamente Sugestão frases verbais contêm verbos bem como todos os termos sobre o qual o verbo age porém não o sujeito da açaí Por exemplo O estudante de Psicologia FV PROCESSOS DA COMPREENSÃO LINGUÍSTICA De que modo compreendemos a linguagem tendo em vista sua codificação multifacetada Uma abordagem a esta pergunta tem como foco os processos psicológicos envolvidos na percepção da fala Hickok Poeppel 2000 O método também considera a maneira como os ouvintes lidam com as peculiaridades resultantes da transmissão acústica relacionado ao som da língua Uma segunda abordagem mais orientada linguisticamente tem como foco as descrições da estrutura gramatical das línguas Finalmente um terceiro método examina os processos psicoguiísticos envolvidos na compreensão da linguagem no plano da análise macro do discurso Todas as três abordagens sobressaemse em certo grau e propiciam informações interessantes sobre a natureza da linguagem e seu uso Uma teoria desse tipo é a teoria do refinamento fonético Pisoni et al 1985 Ela afirma que iniciamos com uma análise das sensações auditivas e passamos por um processamento de nível mais elevado Identificamos palavras com base na eliminação sucessiva das possibilidades de combinação entre cada um dos fonemas e das palavras que temos na memória Nessa teoria o som inicial que estabelece o conjunto de palavras possíveis que ouvimos não precisa ser o primeiro fonema sozinho Você mesmo pode ter observado este fenômeno em seu nível consciente Você alguma vez estava assistindo a um filme ou escutando uma preleção quando ouviu somente um som truncado Você precisa de alguns momentos para entender o que o conferencista deve ter falado Para decidir sobre aquilo que ouviu você pode ter passado por um processo de refinamento fonético consciente disse ontem difere do ba que você diz hoje Porém não é percebido de modo diferente Esta forma categórica de percepção não se aplica a um som que não seja da fala como um tom Neste caso diferenças contínuas de altura o quanto o som é alto ou baixo são ouvidas como contínuas e distintas Em um estudo clássico os pesquisadores usaram um sintetizador de voz para imitar essa variação natural das configurações acústicas das sílabas Também foram capazes usando esse meio de controlar a diferença acústica entre as sílabas Liberman et al 1957 Eles criaram uma série de sons formados por consoantes e vogais que variavam em incrementos iguais de ba para ga No entanto as pessoas que escutavam as sílabas notaram uma mudança repentina Foi da categoria de som de ba para a categoria de som de da e análoga na categoria de da para a de ga Além disso essa diferença na designação das sílabas resultou em diferenciação inferior no âmbito de uma categoria de fonemas Também ressaltou na diferenciação dos limites de fonemas Desse modo embora os sinais fossem fisicamente iguais em distância acústica entre eles as pessoas somente ouviam os sinais que também diferiam em termos de designação fonética A língua é muito difícil para ser expressa em palavras Na realidade uma das maiores alegrias de ser pai ou uma mãe consiste em observar a descoberta surpreendente de seus filhos de que as palavras possuem significado Na semântica denotação é a definição estrita de uma palavra conforme consta no dicionário Conotação são as implicações emocionais as pressuposições e outros significados não explícitos Denotação e conotação consideradas juntas formam o significado de uma palavra Em virtude de as conotações poderem variar entre as pessoas pode existir variação no significado formado Imagine a palavra cobra Para muitas pessoas a conotação de cobra é negativa ou perigosa Outras afirmam um biólogo especializado em cobras denominado um herpetologista teriam uma conotação muito diferente e provavelmente muito mais positiva para a palavra cobra Como entendemos inicialmente o significado das palavras Recordese de capítulos anteriores que codificamos significados na memória por meio de conceitos Estes incluem ideias às quais podemos atribuir várias características e com as quais podemos conectar várias outras ideias por meio de proposições Rey 2003 Também incluem imagens e talvez configurações motoras para a implementação de procedimentos específicos Neste capítulo estamos preocupados somente com conceitos particularmente em termos de palavras como símbolos arbitrários para os conceitos Na realidade quando pensamos em palavras como representação de conceitos as palavras constituem uma maneira econômica para manipular as informações relacionadas Por exemplo quando você pensa na palavra mesa isoladamente você também evoca todos os seguintes aspectos Todos os casos de existência de mesas em qualquer lugar Casos de mesas que existem somente em sua imaginação Todas as características das mesas e Todos os demais conceitos que você pode relacionar a mesas por exemplo objetos que você coloca sobre as mesas ou em mesas ou locais onde você pode encontrar mesas Possuir uma palavra para algo nos ajuda a agregar novas informações às nossas informações existentes sobre aquele conceito Por exemplo você tem acesso à palavra mesa Quando você passa por novas experiências relacionadas a mesas ou aprende fatos novos a respeito de mesas você possui uma palavra em torno da qual pode organizar todas essas informações relacionadas Recordese também da natureza construtiva da memória Ter qualificações para a palavra por exemplo lavando roupa marcha para a paz possui diversos efeitos Primeiro torna fácil o entendimento e a lembrança de uma passagem do texto Segundo aumenta a lembrança que a pessoa tem sob a forma de um esboço Terceiro afeta a precisão do testemunho ocular Possuir palavras como conceitos para coisas nos ajuda em nossa interação não verbal diária Por exemplo nossos conceitos de gamba e de cachorro nos permitem reconhecer mais facilmente a diferença entre os dois mesmo se vemos o animal somente por um momento Ross Spalding 1994 Esse reconhecimento rápido nos permite responder apropriadamente dependendo do que vimos Não há dúvida de que é importante ser capaz de compreender os significados conceituais No entanto de que modo as palavras se combinam para transmitir significado Sintaxe A análise da estrutura linguística constitui uma parte igualmente importante da Psicologia da língua Sintaxe é a maneira sistemática pela qual as palavras podem ser combinadas para formar frases e sentenças com significado Carroll 1986 Enquanto a percepção da fala estuda principalmente a estrutura fonética da língua a sintaxe focaliza o estudo da gramática de frases e sentenças Em outras palavras considere a regularidade da estrutura Embora você tenha indubitavelmente ouvido a palavra gramática em ocasiões anteriores com relação ao modo como as pessoas devem estruturar suas sentenças os psicólogos empregam a palavra gramática de uma maneira ligeiramente diferente Gramática especificamente é o estudo da língua em termos de percepção de configurações regulares Estas configurações relacionamse às funções e relações das palavras em uma sentença Elas se estendem amplamente até atingir o nível do discurso e limitadamente afetam a pronúncia e o significado das palavras individuais Você pode ter sido introduzido à gramática normativa em seus cursos de inglês Este tipo de gramática indica o modo correto pelo qual se estrutura o uso da língua escrita e falada A gramática descritiva possui maior interesse para os psicólogos nesta gramática é feita uma tentativa para descrever as estruturas as funções e as relações das palavras na língua Considere o exemplo de uma sentença que ilustra o contraste entre as abordagens normativa e descritiva da gramática Quando Júnior observa seu pai levando pra o andar de cima um livro sem atrativo para leitura antes de dormir Júnior responde Papai o que você trouxe este livro que não desejo para mim seja lido Pinker 1994 p 97 A elocução de Júnior não poderia provocar arrepiros em todo gramático normativo Porém a capacidade de Júnior para produzir uma sentença tão complexa com tais interdependências internas intrincadas agradaria aos gramáticos descritivos Por que a sintaxe permite tal satisfação Primeiro o estudo da sintaxe permite a análise da língua em unidades administráveis e portanto podem ser estudadas com relativa facilidade Segundo oferece infinitas possibilidades de exploração Praticamente não existem limites para as combinações possíveis de palavras que podem ser usadas para formar sentenças Nós não nos referimos anteriormente a essa propriedade como produtividade da língua Em inglês como em qualquer língua podemos considerar um conjunto específico de palavras ou morfemas para ser mais preciso e um determinado conjunto de regras para combinar os itens e produzir uma vasta gama empolgante de expressões verbais com significado Suponha que você fosse à Biblioteca do Congresso dos EUA e selecionasse aleatoriamente qualquer sentença de um livro Você procuraria em seguida uma sentença idêntica na vasta gama de sentenças nos livros que se encontravam lá Com exceção de citações propositais seria improvável que você encontrasse uma sentença idêntica Pinker 1994 A tendência da sintaxe As pessoas demonstram possuir um talento notável para compreender a estrutura sintática Conforme a demonstração precedente você eu e outras pessoas fluentes em uma língua podem reconhecer imediatamente a estrutura sintática Podemos reconhecêla se determinadas sentenças e ordens específicas de palavras estiverem ou não gramaticalmente corretas Bock 1990 Pinker 1994 Também podemos agir dessa forma mesmo quando as sentenças não tiveram significado Por exemplo podemos avaliar a sentença de Chomsky Ideias imaturas e obtusas repousam furiosamente Ou podemos avaliar uma sentença composta por palavras sem significado como no poema Jabberwock de Lewis Carroll Twas brilling and the slithy toves did gyre and gimble in the wabe verso intraduzível Além disso da mesma maneira que demonstramos indução semântica do significado de palavras na memória possuímos indução sintática das estruturas de sentenças Tendemos a usar espontaneamente estruturas sintáticas que se posicionam paralelamente às estruturas das sentenças que acabamos de ouvir Bock 1990 Bock Loebell Morey 1992 Por exemplo uma pessoa apresenta maior possibilidade de usar uma construção na voz passiva por exemplo O aluno foi elogiado pelo professor após ouvir uma construção na voz passiva A pessoa procederá desse modo mesmo quando os tópicos das sentenças differem Mesmo crianças com apenas 4 anos descobriram uma série de novos itens com a mesma estrutura da sentença que um pesquisador usou Huttenlocher Vasilyeva Shimpi 2004 Outro exemplo de indução sintática pode ser observado pelo uso da indução de sentenças Neste tipo de experiência os participantes tomam conhecimento de uma sentença Os participantes conhecem a seguir novas sentenças e são solicitados a avaliar o grau em que estão gramaticalmente corretas Se uma sentença possui a mesma estrutura que a apresentada anteriormente é avaliada como quase gramaticalmente correta Luka Barsalou 2005 independentemente de seu grau real de correção gramatical Outra prova de nossa aptidão para a sintaxe aparece nos erros que produzimos na fala Bock 1990 Mesmo quando trocamos acidentalmente a colocação de duas palavras em uma sentença ainda formamos sentenças de acordo com a gramática mesmo que não tenham significado ou sejam desprovidas de sentido Trocamos quase invariavelmente substantivos por outros substantivos verbos por outros verbos preposições por outras preposições e assim por diante Podemos dizer por exemplo Coloco o forno no bolo Porém provavelmente não diríamos Coloco o bolo forno no Usualmente chegamos a acrescentar e retirar morfemas com função apropriada para fazer com que as palavras trocadas se adequem em sua nova posição Por exemplo ao querer expressar As facas de manteiga estão na gaveta podemos dizer As gavetas de manteiga estão na faca Neste caso alteramos gaveta para o plural e facas para o singular a fim de preservar a correção gramatical da sentença Considere aqueles que são identificados como afásicos gramaticais os quais possuem grandes dificuldades para compreender e produzir a língua Seus erros de substituição na fala parecem preservar as categorias sintáticas Butterworth Howard 1987 Garrett 1992 Os exemplos precedentes parecem indicar que nós humanos possuímos algum mecanismo de classificação distinto dos significados das palavras Bock 1990 Quando compostos sentenças percebese que formamos por grupos sintáticos Atributos categorias sintáticas apropriadas denominadas muitas vezes partes da sentença por exemplo substantivo verbo artigo e cada componente da sentença Usamos em seguida as regras da sintaxe elaboradas à língua para construir sequências gramaticais dos grupos sintáticos Minhas pesquisas tentam esclarecer a linguagem examinando um único fenômeno com toda técnica imaginável Verbos regulares como walkedwalked formam seu passado simples de um modo previsível adicionando ed e as pessoas criam livremente novos verbos Quando verbos novos como to spam e to diss entraram para a língua ninguém apertouse em consultar o dicionário para ver suas formas do passado simples todos conheciam que eram spammed e dissed Em contraste verbos irregulares como sing e bring brought são peculiares e precisam ser aprendidos individualmente Uma teoria simples é que as pessoas produzem formas regulares aplicando inconsistentemente uma regra mas produzem formas irregulares recuperandoas da memória Em virtude de as formas regular e irregular serem iguais em termos de significado passado e dimensão uma palavra comparálas nos permite separar as funções dos papéis de computação e consultar a memória no processamento da linguagem Existem alternativas a essa teoria simples Alguns psicólogos conexionistas acreditam que as formas regular e irregular encontramse ameaçadas em uma memória associativa que opera por analogia e alguns linguistas acreditam que ambas são formadas por regras Porém uma combinação de metodologias indica que a teoria de regra mais memória está correta Verbos irregulares também são os verbos usados com mais frequência como be have do say e makelist ser ter fazer dizer criarapanhar conforme se esperaria se verbos irregulares tivessem de ser memorizados porque itens frequentes são mais fáceis de lembrar Usando as 10 palavras a seguir crie cinco séries de palavras que formam sentenças gramaticais Crie também cinco sequências de palavras que violam as regras de sintaxe da gramática inglesa ball bola basket cesto bounced pulou into em put pôr red vermelho rolled rolou tall alto the a woman mulher Para executar esta tarefa você classificou mentalmente as palavras em categorias sintáticas mesmo desconhecendo as designações corretas das categorias Em seguida você colocou as palavras em sequências gramaticais de acordo com as categorias sintáticas das palavras e de seu conhecimento implícito das regras sintáticas do inglês Nesta obra mencionamos que a maioria das crianças com 4 anos pode exibir a mesma capacidade para agrupar palavras em categorias e arranjálas em sentenças gramaticais Evidentemente a maioria dessas crianças provavelmente não consegue designar as categorias sintáticas de qualquer palavra S A menina olhou o menino com a camisa vermelha AD A menina FV olhou o menino com a camisa vermelha Det N V PP A menina olhou o menino com a camisa vermelha Det N V P Det NP A menina olhou o menino com a camisa vermelha Det N V P Det N PP A menina olhou o menino com a camisa vermelha Det N V P Det Adj N A menina olhou o menino com a camisa vermelha Considere outro par de sentenças parafraseadas S3 O crocodilo comeu Susie gostosamente S4 Susie foi comida gostosamente pelo crocodilo De modo similar a gramática de estruturas frasais não mostraria uma relação entre S3 e S4 Adicionalmente essa gramática indicaria algumas similaridades de estrutura superficial entre as sentenças correspondent es no primeiro e no segundo par S1 e S3 S2 e S4 Elas possuem nitidamente significados bem diferentes particularmente para Susie e o crocodilo Uma gramática adequada abordaria claramente o fato de que sentenças com estruturas superficiais similares podem ter significados muito diferentes Essa observação e outras observações das interrelações entre as várias estruturas frasais levou os linguistas a avançarem além da mera descrição das diversas estruturas frasais individuais Eles começaram a focalizar sua atenção nas relações entre diferentes estruturas de frases Os linguistas conseguem obter uma compreensão mais profunda da sintaxe estudando os relacionamentos entre estruturas frasais que envolvem transformações dos elementos no interior das sentenças Chomsky 1957 Chomsky sugeriu especificamente um modo para ampliar o estudo das estruturas frasais Ele propôs o estudo da gramática transformacional que envolve o estudo de regras transformacionais que determinam o modo pelo qual as proposições sujeitas podem ser dispostas para formar as diversas estruturas frasais Uma maneira simples de abordar a gramática transformacional de Chomsky consiste em dizer Transformações são regras que mapeiam estruturas em forma de árvore em outras estruturas em forma de árvore Wasow 1989 p 170 Por exemplo a gramática transformacional considera como os diagramas de estrutura de árvore na Figura 92 estão interrelacionados Com a aplicação das regras transformacionais a estrutura em forma de árvore de S1 pode ser mapeada para se obter a estrutura em forma de árvore de S2 De modo similar a estrutura de S3 pode ser mapeada para se obter a estrutura em forma de árvore de S4 Estrutura profunda referese na gramática transformacional a uma estrutura sintática subjacente que vê várias estruturas frasais por meio da aplicação de várias regras de transformação Estrutura superficial referese em contraste a qualquer das estruturas frasais que podem resultar de tais transformações Muitos leitores ocasionais de Chomsky conceberam erroneamente os seus termos Eles inferiram incorretamente que estruturas profundas apre sentam significados profundos subjacentes para as sentenças ao passo que estruturas superficiais referemse somente às interpretações superficiais de sentenças Chomsky quis demonstrar somente que estruturas frasais diferenciadas podem ter uma relação que não se torna imedi ata sem um estudo apenas a gramática de estruturas frasais Esta noção só aplicaria ao exemplo Susie comeu gostosamente o crocodilo e O crocodilo foi comido gostosamente por Susie As regras transformacionais precisam ser aplicadas para se detectar o relacionamento subjacente entre essas estruturas frasais FIGURA 92 As gramáticas de estrutura frasal indicam diferenças surpreendentes entre S1 e S3 ou entre S2 e S4 Noam Chomsky sugeriu que para compreender a sintaxe também precisamos considerar uma maneira para abordar as interrelações entre as diversas estruturas frasais FN frase nominal FV frase verbal s substantivo S sentença v verbo AD artigo definido adv advérbio O tratamento diferenciado de verbos irregulares por exemplo spread ou fall cair em nosso léxico mental não precisamos dispor de regras sintáticas diferentes para cada verbo Ao torn ar nosso léxico mais complexo permitimos que nossa sintaxe seja mais simples Desse modo as transformações apropriadas podem ser simples e relativamente sem contexto Ao conhecermos a sintaxe básica da língua podemos aplicar facilmente as regras a todos os itens de nosso léxico Conseguimos então ampliar gradualmente nosso léxico para oferecer complexidade e sofisticação crescentes Nem todos os psicólogos cognitivos concordam com todos os aspectos das teorias de Chomsky por exemplo Bock Loebell Morey 1992 Garrett 1992 Jackendoff 1991 Muitos discordam particularmente com essa ênfase na sintaxe forma em detrimento da semântica significado Apesar disso diversos psicólogos cognitivos propuseram modelos de compreensão e produção da língua que incluem ideias importantes da sintaxe Como relacionamos os elementos em nosso léxico mental aos elementos de nossas estruturas sintáticas Foram propostos vários modelos para esses elos Bock Loebell Morey 1992 De acordo com alguns desses modelos quando dividimos as sentenças em categorias sintáticas criamos espaços para levar meta na sentença Considere por exemplo a sentença João deu a Maria o livro da es tante Existe um espaço para um substantivo usado como 1 um sujeito João 2 um objeto direto o livro 3 um objeto indireto Maria e 4 como objetos de preposição da estante Também existem espaços para o verbo a preposição e os artigos Em itens lexicais pois sua vez contêm informações a respeito dos tipos de espaços em que os itens podem ser colocados As informações são baseadas nos tipos de papéis temáticos que os itens podem exercer Papéis temáticos são maneiras pelas quais os itens podem ser usados no contexto da comunicação Foram identificados vários papéis Um primeiro papel é o do agente o que pratica qualquer ação Um segundo é o do paciente o receptor direto da ação Um terceiro é o do beneficiário o receptor indireto da ação Um quarto é o do instrumento o meu pelo qual a ação é implementada Um quinto papel é o do local onde ocorre a ação Um sexto é o da fonte onde a ação se originou E um sétimo papel é a meta onde a ação se desenrola Bock 1990 Fromkin Rodman 1988 De acordo com essa visão de como a síntaxe e a semântica encontramse unidas os vários espaços sintáticos podem ser preenchidos por verbetes lexicais com papéis temáticos correspondentes Por exemplo o espaço de um su jeito pode ser preenchido pelo papel temático do agente Como exemplo adicional os benefícios correspondem a objetos indiretos e assim por diante Substantivos que são objetos de preposições podem ser preenchidos por vários papéis temáticos Estes incluem localização como a praia fonte como a origem na cozinha e meta como a sala de aula Até agora nos concentramos na descrição da estrutura e dos processos da língua em seu estado mais desenvolvido Como adquirimos essa capacidade notável Aquisição da Linguagem No passado os debates sobre a aquisição da linguagem concentraramse no mesmo tema dos debates relativos à aquisição de qualquer aptidão o tema inato versus adquirido No entanto o pensamento atual sobre a aquisição da linguagem incorporou o entendimento de que adquirir uma língua realmente envolve um dom natural modificado pelo ambiente Bates Goodman 1999 DehaeneLambertz HertzPannier Dubois 2006 Lightfoot 2003 MacWhinney 1999 Maratsos 2003 Wexler 1996 Por exemplo o ambiente social no qual as crianças usam suas habilidades sociais para interagir com outras pessoas proporciona uma fonte de informação para aquisição da linguagem Carpenter Nagell Tomasello 1998 Snow 1999 Tomasello 1999 Portanto o método de estudo da aquisição da linguagem gira atualmente em torno da descoberta de que aptidões são inatas e de como o ambiente da criança modera essas aptidões Este processo é denominado apropriadamente aprendizado orientado de modo inato veja Elman et al 1996 Jusczyk 1997 Antes de analisar o debate inatoadquirido vamos examinar uma série de estágios que parecem ser universais na aquisição da linguagem Estágios da Aquisição da Linguagem Parece que ao redor do mundo as pessoas adquirem sua primeira língua em uma sequência praticamente idêntica e quase do mesmo modo Pesquisas sobre a percepção da fala realizada em anos recentes identificaram o mesmo padrão geral de progresso Este padrão é baseado na capacidade mais geral evoluindo para uma mais específica isto é quando somos mais jovens temos capacidade de distinguir inicialmente entre todos os contrastes fonéticos possíveis Porém ao longo do tempo perdemos a capacidade de distinguir contrastes não nativos em favor apenas usados no ambiente de nossa língua nativa veja Jusczyk 1997 Portanto alguns aspectos da percepção e da capacidade de produção da fala pelas crianças atuam como imagens especulares entre si As crianças desenvolvem capacidades específicas mais gerais e posteriormente as mais específicas As crianças parecem estar programadas a partir do primeiro dia a sintonizar seu ambiente linguístico como a meta específica de adquirir a língua Um debate atual gira em torno de essa capacidade ser usada especialmente nos conceitos de aprendizado e seus significados nas conexões entre conceitos e seus significados ou em ambos Fodor 1977 Marcus 1998 Pinker 1998 Plunkett 1998 Seja qual for o caso as crianças possuem obviamente capacidades consideravelmente aguçadas para aprendizagem da linguagem Elas demonstram essa capacidade mesmo em tenra idade Marcus et al 1999 Pinker 1997a 1999 Por exemplo recémnascidos parecem responder preferencialmente às vozes de suas mães em sincronia com o discurso de quem lhes está dispensando atenção e que interage diretamente com elas Field 1978 Martin 1981 Schaffer 1977 Snow 1977 Stern 1977 As crianças também preferem ouvir alguém falando naquela que se tornará sua língua nativa a uma língua não nativa futura Talvez estejam se concentrando na estrutura rítmica da língua Bertoncini 1993 Mehler et al 1996 Suponha que você fosse rehtar um videoteipe das respostas motoras das crianças enquanto prestavam atenção a alguém que estivesse falando com elas Seus movimentos pareceriam estar variando no tempo acompanhando o ritmo do discurso A resposta emocional das crianças também parece ser igual à de quem lhes dedica atenção Fogel 1991 Elas têm muita capacidade para interpretar e responder a informações emocionais mesmo quando foram expressas por um estranho Repacholi Meltzoff 2007 Além disso parecem ser capazes de obter informações emocionais não somente das expressões faciais mas também do tom de voz Em um estudo os experimentadores examinaram a compreensão emocional de crianças com 7 meses de idade Grossmann Striano Friederici 2006 As crianças viram rostos felizes ou bravos combinados com uma voz feliz ou brava Algumas vezes a face e a voz combinavam outras vezes não Quando a expressão e o tom não combinavam as crianças demonstravam confusão olhando durante mais tempo nas faces Grossmann Striano Friederici 2006 Estas descobertas indicam que elas são capazes de compreender expressões faciais emocionais o tom de voz emocional e se apresentam ou não correspondência Nos primeiros anos de vida nós humanos parecemos progredir pelos seguintes estágios de produção da língua 1 Arrulhamento que inclui principalmente sons vocálicos 2 Balbucio que inclui sons de consoantes bem como de vogais para a maior parte das pessoas o balbuciar de crianças crescendo entre pessoas que falam uma língua diferente parece muito similar Oller Eilers 1998 3 Elocução de uma única palavra estas expressões são limitadas tanto nas vogais quanto nas consoantes que utilizam Ingram 1999 4 Elocuções contendo duas palavras e fala telegráfica 5 Estrutura básica de sentenças de um adulto presente com a idade aproximada de 4 anos com aquisição contínua de vocabulário veja Bloom 2000 para uma discussão dos mecanismos desta aquisição Examinemos esses estágios com maior detalhe Sabese que crianças mais novas produzem seus próprios sons De modo mais óbvio o aspecto comunicativo do choro seja ele intencional ou não funciona muito bem No entanto em termos de aquisição da linguagem o arrulhar das crianças mais jovens que mais desperta o interesse dos linguistas Arrulhamento é a expressão oral dos bebês que explora a produção dos sons vocálicos Os crianças ao redor do mundo incluindo crianças surdas e indiferencialmente nos bebês e nas línguas Os bebês são realmente melhores que os adultos no que diz respeito à capacidade para diferenciar sons que não apresentam significado para eles Werker 1989 Conseguem fazer distinções fonéticas que os adultos perderam Portanto existem funções que crianças em idade muito tênue fazem melhor que os adultos Durante o estágio de arrulhamento as crianças que ouvem também conseguem discriminar entre todos os fonemas e não apenas os fonemas característicos de sua própria língua Por exemplo durante este estágio crianças pequenas japonesas e americanas conseguem diferenciar os fonemas l e r No entanto à medida que as crianças japonesas passam para o próximo estágio perdem gradualmente essa capacidade Ao completarem 1 ano as crianças japonesas para as quais a distinção não faz uma diferença fonêmica deixam de fazer essa diferenciação Eimas 1985 Tsushima et al 1994 telegráfica incluem quero suco e senta mamãe Estas combinações simples de palavras transmitem muitas informações sobre as intenções e as necessidades de uma criança O vocabulário se amplia rapidamente Ele mais do que triplica variando de aproximadamente 300 palavras aos 2 anos de idade para cerca de 1000 palavras aos 3 anos Quase incrivelmente com a idade de 4 anos as crianças adquirem os fundamentos da sintaxe e da estrutura da língua de um adulto Quadro 93 A maioria das crianças aos 5 anos de idade também consegue gerar e produzir construções de sentenças bem complexas e incomuns Aos 10 anos a linguagem das crianças é fundamentalmente a mesma dos adultos QUADRO 93 Alterações em Função do Desenvolvimento Associadas à Aquisição da Linguagem Independentemente da língua que elas adquirem crianças ao redor do mundo parecem seguir o mesmo padrão de desenvolvimento quando têm aproximadamente a mesma idade IDADE APROXIMADA CARACTERISTICAS DA IDADE INTERAÇÃO COM O PROCESSO DE INFORMAÇÃO Prénatal Primeiros meses Reação a vozes humanas Arrulhamento que inclui principalmente sons de vogais Balbucio que inclui fonemas distintos vogais e consoantes que caracterizam a primeira linguagem da criança À medida que os sons adquirem mais significado a percepção dos sons pela criança tornase mais seletiva e aumenta sua capacidade para lembrarse de sons Aproximadamente no segundo período de 6 meses após o nascimento Aproximadamente entre 1 e 3 anos Elocução de uma palavra Elocução de duas palavras Fala telegráfica À medida que a fluência e a compreensão aumentam elevase a capacidade mental para manipular símbolos lingüísticos como ocorre com o desenvolvimento conceitual ocorrem erros de superextensão quando as crianças tentam aplicar seu vocabulário limitado a uma variedade de situações porém à medida que o vocabulário das crianças se torna mais especializado esses erros ocorrem com menos frequência Aproximadamente entre 3 e 4 anos Sentenças simples que refletem uma enorme ampliação do vocabulário bem como uma compreensão da sintaxe notavelmente versada apesar dos erros causados pelo uso excessivo da forma regular Vocabulário e conceitos continuam a ampliarse em termos de compreensão e fluência e a criança internaliza regras de sintaxe erros causados pelo uso excessivo da forma regular oferecem insights sobre o modo como as crianças formam regras relativas à estrutura da língua Aproximadamente aos 4 anos Estrutura básica de sentenças igual à de um adulto alguns arcos excêntricos de complexidade da estrutura continuam durante a adolescência o vocabulário continua a aumentar embora em um ritmo declinante Inato e adquirido Nem o inato por si mesmo nem o adquirido per se explicam adequadamente todos os aspectos da aquisição da linguagem Como o inato poderia então facilitar a criação no processo Talvez os seres humanos possuam um dispositivo de aquisição de linguagem DAL um mecanismo biologicamente inato que facilita a aquisição da linguagem Chomsky 1965 1972 Em outras palavras nós humanos parecemos ser préconfigurados biologicamente para estar prontos à aquisição da linguagem Diversas observações de seres humanos apoiam a noção de que possuímos predisposição para adquirir a linguagem Para citar um exemplo a percepção da fala humana é bastante extraordinária tendo em vista a natureza da capacidade de processamento auditivo para outros sons Além disso todas as crianças em uma ampla faixa de habilidades e ambientes parecem adquirir a linguagem em um ritmo incrivelmente rápido Na realidade crianças surdas adquirem uma linguagem de sinais do modo mais parecido e aproximadamente no mesmo ritmo em que as crianças com audição adquirem a língua falada Se você já se esforçou para adquirir uma segunda língua pode perceber a relativa facilidade e rapidez com que as crianças com pouca idade parecem adquirir a primeira língua Esta realização é muito notável Considere que é oferecida às crianças uma quantidade e variedade relativamente modesta de dados lingüísticos seja discurso ou sinais em relação à estrutura da língua internalizada e sofisticação na qual as crianças criam Crianças parecem ter um talento especial para adquirir uma compreensão implícita das diversas regras da estrutura da língua Também possuem um talento especial para aplicar essas regras a um novo vocabulário e novos contextos No entanto muitos adultos ainda conseguem aprender novas línguas bem satisfatoriamente se posicionados no contexto certo como um programa de imersão Seu aprendizado pode ser bom embora tendam a conservar sua estagnação que reflete os fonemas da sua primeira língua quando falam a nova língua Por exemplo um espanhol aprendendo inglês pode falar inglês como sotaque americano Provas adicionais da capacidade linguística inata podem ser constatadas em nossa capacidade para segmentar sentenças faladas em palavras Esta capacidade se encontra presente não apenas na língua que falamos mas também no caso de línguas estrangeiras e de língua artificial Em um experimento os participantes ouviram uma língua artificial Os participantes não receberam qualquer informação sobre a natureza das palavras No entanto após ouvirem uma fala contínua na língua artificial foram capazes em muitas situações de detectar quando as palavras iniciavam e terminavam Os participantes também conseguiram reconhecer posteriormente as palavras que foram apresentadas muito embora fossem palavras artificiais Saffran Newport Aslin 1996 A capacidade para segmentar palavras também é observada em crianças com apenas 6 meses Bortfeld et al 2005 Johnson Jusczyk 2001 Saffran 2001 Essas capacidades têm possibilidade de envolver familiaridade com as palavras e probabilidades estatísticas Esse segundo fator é o resultado da frequência com que fonemas específicos aparecem em sequência na fala normal Essas probabilidades resultam em configurações semelhantes de palavras em uma nova série de fonemas Metacognição é a compreensão e controle de nossa cognição Scheck Nelson 2003 Ela nos proporciona um de nossos melhores auxílios para o aprendizado de uma língua Como adultos possuímos uma grande vantagem em aprender línguas Temos maior familiaridade com a estrutura da língua do que quando éramos jovens No entanto a extensão que em metacognição ajuda depende de quanto a nova língua é similar à língua ou às línguas já conhecidas Por exemplo a maioria dos adultos que falam línguas considera o espanhol mais fácil de aprender que o russo A razão é que a estrutura do espanhol é muito mais parecida com a do inglês do que a estrutura do russo O chinês é ainda mais difícil de aprender em termos médios por ser ainda mais diferente do inglês do que o russo Talvez seja até mais surpreendente que quase todas as crianças pareçam adquirir esses aspectos da linguagem na mesma progressão e mais ou menos na mesma época Parece que existem períodos críticos intervalos de desenvolvimento rápido durante os quais uma determinada capacidade precisa ser desenvolvida caso venha a evoluir adequadamente no futuro para adquirir essa competência da língua Newport 2003 Scovel 2000 Stromswold 2001 Ninguém conhece exatamente por que ocorrem os períodos críticos Talvez as crianças mais novas possuam uma vantagem no aprendizado da língua porque as limitações de suas capacidades perceptivas e de memória as tornam mais propensas a processar partes menores de informação de discurso Newport 1991 Estas partes menores podem tornar mais fácil para elas a percepção da estrutura da língua Esta visão entretanto não foi de maneira alguma aceita de modo unânime Rohde Plaut 1999 Qualquer outra explicação para a existência de períodos críticos também não é aceita universalmente O ambiente desempenha papel importante durante tais períodos Por exemplo os estágios de arrulhamento e balbucio parecem ser um período crítico para a aquisição da diferenciação e da produção de fonemas distintos por um usuário nativo de uma determinada língua Durante esse período crítico o contexto lingüístico da criança precisa disponibilizar aqueles fonemas distintos Também parece existir um período crítico para a aquisição da compreensão da sintaxe de uma língua Talvez o maior apoio a essa visão originese dos estudos envolvendo adultos usuários da ASL Considere os adultos que utilizaram a ASL durante 30 anos ou mais Os pesquisadores conseguiram determinar de modo discernível entre aqueles que adquiriram a ASL antes dos 4 anos entre 6 e 6 anos e após os 12 anos Apesar de utilizarem a ASL durante 30 anos aqueles que adquiriram essa linguagem posteriormente na infância tiveram uma compreensão menos profunda da sintaxe diferenciada da ASL Meier 1991 Newport 1990 Os estudos de crianças isoladas linguisticamente parecem oferecer apoio adicional para a noção da interação entre a maturidade fisiológica e o apoio ambiental Considere as raças crianças que estiveram isoladas linguisticamente Aqueles que são resgatados em tenra idade parecem adquirir mais estruturas de linguagem sofisticadas do que as crianças resgatadas quando têm mais idade Por exemplo a criança Genie descrita no Capítulo 1 não teve uma interação verbal significativa durante os primeiros 13 anos de vida Outro exemplo é Victor o menino selvagem de Aveyron que foi encontrado após viver mais de 3 anos na selva Victor não foi capaz de aprender a língua apesar de muitas iniciativas de instrução Newton 2004 As pesquisas sobre períodos críticos para a aquisição da linguagem são muito mais ambíguas para a aquisição de línguas adicionais após a aquisição de um primeiro idioma Bahrick et al 1994 veja também Capítulo 10 Duas observações adicionais que se aplicam a todos os seres humanos de qualquer idade também apoiam a noção de que o inato contribui para a aquisição da linguagem Em primeiro lugar os seres humanos possuem diversas estruturas fisiológicas cuja única finalidade é produzir a fala G S Dell comunicação pessoal em novembro de 1994 Em segundo um grande número de características universais foi documentado para a ampla gama de línguas humanas Em 1963 um linguista solitário documentou 45 características universais de 30 línguas por exemplo finlandês hindi suaíli quíchua e sérvio Desde aquela época centena das configurações universais foram documentadas para línguas ao redor do globo veja Pinker 1994 O inato ou o adquirido não parecem determinar isoladamente a aquisição da linguagem De acordo com a visão do teste de hipótese as crianças adquirem a língua formando mentalmente hipóteses provisórias relativas à língua com base em sua facilidade herdada para a aquisição da língua e em seguida testam essas hipóteses no ambiente Portanto inato e adquirido operam juntos A implementação deste processo caracterizase por seguir diversos princípios operacionalizados Slobin 1971 1985 As crianças mais novas ao formarem hipóteses buscam e dedicamse aos seguintes aspectos 1 Configuração das alterações na forma das palavras 2 Influências dos morfemas que sinalizam mudança de significado especialmente sufixos 3 Sequências de morfemas incluindo as sequências de afixos e raízes e as sequências de palavras na sentença Além disso as crianças aprendem a evitar exceções Elas também elaboram várias outras configurações características de sua língua nativa Embora nem todos os linguistas apoiem a visão do teste de hipótese dois fenômenos o justificam O primeiro é o uso excessivo da forma regular ou o uso e algumas vezes a aplicação excessiva de regras O segundo é a produtividade da língua criando novas expressões verbais baseadas em algum tipo de compreensão a respeito do como fazer Uma variante da visão do teste de hipótese relacionase ao fato de que quando as crianças estão adquirindo a língua não prestam atenção em todos os seus aspectos Em vez disso as crianças concentramse nos aspectos da linguagem mais perceptivelmente destacados Estes aspectos são os mais significativos na maioria dos casos Newport 1990 Embora os estudos de Newport tenham focalizado a aquisição da ASL por crianças surdas esse fenômeno pode aplicarse também à língua falada Realmente um estudo constatou que as crianças com audição atentam efetivamente para as indicações acústicas nas sentenças que marcam gramaticamente atributos importantes das sentenças HirshPasek et al 1987 Embora poucos psicólogos ou nenhum tenham afirmado que a linguagem seja um produto integral inato muitos pesquisadores enfatizaram o componente genético por exemplo Gilger 1996 Pinker 1994 Stromswold 2000 Alguns se concentram nos mecanismos ambientais que as crianças usam para adquirir a linguagem Três destes mecanismos são a imitação a modelagem e o condicionamento Imit ação Na imitação as crianças fazem exatamente o que veem os outros fazerem Algumas vezes as crianças realmente imitam os padrões de linguagem de outras pessoas especialmente de seus pais A ocorrência da imitação nas crianças está relacionada ao comportamento perceptivo do vocabulário e do meio social McEwen et al 2007 Está claro que a imitação desempenha um papel importante no aprendizado da linguagem A imitação entretanto não seria suficiente per se para aquisição da língua As crianças precisam fazer algo mais Elas mais frequentemente seguem vagamente aquilo que ouvem Este fenômeno é denominado modelagem Mesmo observadores amadores de crianças percebem que as configurações da fala e do vocabulário infantil seguem o modelo das configurações e do vocabulário das pessoas em seu ambiente Desde a infância as crianças escutam e tentam imitar os sons da fala que ouvem Kuhl Meltzoff 1997 De fato pais de crianças muito jovens parecem fazer de tudo para facilitar que as crianças prestem atenção e compreendam o que estão dizendo País e outros adultos tendem a usar quase sem pensar um tom de voz mais alto que o usual Desta modo eles exageram a inflexão vocal de seu discurso Por exemplo elas aumentam e diminuem o tom e o volume mais exageradamente que o normal Também adotam a fala infantil construções de sentenças mais simples quando falam com crianças pequenas Rice 1989 Esta forma diferenciada de fala adulta também foi denominada maternsês ou maternalês Por exemplo uma mãe poderia dizer a seu bebê Bebê vem para mamãe Desta modo ela tenta falar com a criança de uma maneira que ela entenderá Os adultos por meio da fala infantil parecem fazer de tudo para tornar a língua interessante e compreensível para crianças mais novas e mais velhas A fala infantil auxilia na tarefa de segmentação das palavras fundamental para o aprendizado de novas palavras Thiesen Hill Saffran 2005 Este benefício é grátis em parte ao uso de diminutivos como cachorrinho e passarinho na linguagem infantil Kemple Brooks Gills 2005 A meta dos adultos é comunicarse de modo bemsucedido com suas crianças Acredolo Goodwyn 1998 Desta modo eles também tornam possível às crianças modelar aspectos do comportamento dos adultos Na verdade as crianças realmente parecem preferir escutar a fala infantil mais do que outras formas de fala adulta Fernald 1985 Estes exageros atendem pelo menos a duas finalidades Primeiro parecem captar e manter a atenção das crianças Segundo sinalizam às crianças quando reazemse na emissão de sons e comunicar predileção informação relacionada à emoção Os pais parecem usar essa forma especializada de fala em todas as culturas Eles fazem uma adaptação adicional dessa fala para circunstâncias específicas Empregam entonações crescentes para tranquilizar as crianças e entonações breves descontinuadas e abruptas da fala para alertar contra o comportamento proibido Fernald et al 1989 Os pais parecem eticamente modelar a forma correta para interações verbais As primeiras interações entre quem cuida da criança e a própria criança são caracterizadas por alternância Esta pessoa diz algo em seguida usa inflexão verbal para incitar a criança a responder A criança balbucia espirra arrota ou então produz alguma resposta audível À medida que cuida dela aceita então quaisquer ruídos que a criança faça como expressões comunicativas e respostas válidas A seguir a criança responde adicionalmente à indução O processo tende em continuidade enquanto ambas exibem interesse em continuar Eles também parecem se empenhar para compreender as primeiras elocuções das crianças Nessas expressões uma ou duas palavras podem ser usadas para transmitir toda uma gama de conceitos À medida que a criança passa a ter mais idade fica mais sofisticada e adquire mais linguagem os pais proporcionam gradualmente menos apoio linguístico Eles exigem dos filhos expressões verbais cada vez mais complexas Parecem oferecer inicialmente um andaimbe para auxiliála a construir um edifício da língua e removem gradualmente o andaimbe à medida que a linguagem da criança se desenvolve do que se desenvolve não é somente capacidade verbal Também é a capacidade para gerar estratégias úteis para a compreensão e fluência verbais Estas estratégias existem na interseção entre aquisição da língua e metacognição São aspectos importantes da inteligência humana Sternberg 1985a Um aspecto interessante das pesquisas sobre estratégias de compreensão verbal tem sido a pesquisa relacionada ao monitoramento da compreensão Markman 1977 1979 Esta pesquisa se baseia na hipótese de que uma das maneiras pela qual aumentamos nossa compreensão da informação verbal é pelo monitoramento daquilo que ouvimos e lemos Desse modo a verificamos por sua precisão lógica e coesão Para estudar a fluência do monitoramento da compreensão os pesquisadores observaram crianças e adultos e tentaram correlacionar as aptidões de monitoramento da compreensão com avaliações de compreensão geral Considere um experimento típico Crianças com idade entre 8 e 11 anos ouviram trechos contendo informações contraditórias A descrição de como preparar a sobremesa Alasca ao Forno é um exemplo Markman 1979 p 656 Para preparála coloque o sorvete em um forno muito quente O sorvete no Alasca ao Forno derrete quando fica quente com esta temperatura Em seguida tire o sorvete do forno e sirvao imediatamente Quando o Alasca ao Forno é preparado o sorvete permanece firme e não derrete Observe que o trecho contém uma contradição interna flagrante Afirma ao mesmo tempo que o sorvete derrete e que não derrete Quase metade das crianças com menos idade que viram esse trecho simplesmente não perceberam a contradição Mesmo quando foram notificadas antecipadamente sobre problemas na história muitas das crianças mais novas ainda assim não detectaram a incoerência Portanto as crianças com menos idade não tiveram muito sucesso no monitoramento da compreensão Deixam muito a desejar mesmo quando avisadas para permanecer alertas para as inconsistências no texto que leem Um aspecto importante do desenvolvimento de todas as aptidões cognitivas incluindo o monitoramento da compreensão é o progresso que as pessoas demonstram no uso dessas aptidões A Linguagem dos Animais Alguns psicólogos cognitivos especializamse no estudo dos animais Por que estudam os animais apesar de os seres humanos estarem tão prontamente disponíveis Existem diversas razões Primeira supõese que os animais possuem muitas vezes sistemas cognitivos mais simples Estes modelos podem ser então aproveitados para o estudo de seres humanos conforme ocorreu mais acentuadamente no estudo da aprendizagem Por exemplo um modelo de condicionamento que foi proposto originalmente para animais como ratos brancos pode ser extremamente útil para a compreensão do aprendizado humano Rescorla Wagner 1972 O modelo ao ser apresentado inicialmente era único ao propor que a cognição dos animais é mais complexa do que havia sido considerada previamente O chimpanzé podia eventuais problemas em um determinado contexto Contudo não é a única pesquisa que utilizou chimpanzés A segunda razão é que experimentos em seres humanos são extremamente difíceis de serem realizados Não podemos manipular variáveis independentes e dependentes com a mesma facilidade que podemos em relação aos seres humanos Por esta razão a pesquisa envolvendo chimpanzés proporciona aos pesquisadores uma vantagem na busca de esclarecer questões sobre a cognição e a inteligência Por exemplo várias pesquisas demonstraram que chimpanzés podem utilizar as palavras e produzir descrições contextuais Estudos que realizaram a pesquisa sobre comportamentos sociais em grupos de chimpanzés normalmente estabeleceram um paralelo com o que sabemos sobre a solidão e o envolvimento dos seres humanos Não se pode esquecer de que a companhia e a formação de relações sociais entre os animais são vitais para o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas Em terceiro lugar animais que não vivem no meio selvagem podem atuar como participantes em todas as horas ou pelo menos estar disponíveis regularmente Encontramse normalmente presentes quando o experimentador precisa deles Em contraste alunos de faculdade e outras pessoas possuem muitas outras obrigações como aulas trabalhos escolares empregos e compromissos pessoais Além disso algumas vezes mesmo quando se inscrevem para participar de pesquisas não comparecem Quarta uma compreensão da base comparativa e evolutiva bem como das bases de desenvolvimento do comportamento humano exige estudos de animais de várias espécies Rumbaugh Beran 2003 Se os psicólogos cognitivos desejam compreender as origens da cognição humana no passado distante precisam estudar outros tipos de animais além dos seres humanos Quinta e última razão o estudo de seres humanos permite aos psicólogos cognitivos analisarem que aptidões cognitivas são exclusivamente humanas e quais são partilhadas com animais O filósofo René Descartes propôs que a língua é o que distingue qualitativamente os seres humanos das espécies animais Estava certo Antes de analisarmos os detalhes da linguajem animal devemos enfatizar a distinção entre comunicação e língua Poucos duvidariam que os animais se comunicam de alguma maneira O que se discute é se eles o fazem por meio daquilo que poderia ser denominado razoavelmente uma língua Como língua é um meio organizado de combinação de palavras para se comunicar comunicação global mais amplamente não apenas o intercâmbio de pensamentos e sensações por meio da língua mas também a expressão não verbal Exemplos incluem gestos olhares de relance distanciamentos e outras indicações contextuais Primatas especialmente chimpanzés permitemnos obter as percepções mais promissoras da linguagem animal Jane Goodall a famosa pesquisadora de chimpanzés na selva estudou diversos aspectos do comportamento desses animais Um dos aspectos relacionase às vocalizações Goodall considera que muitas delas são claramente comunicativas embora não necessariamente indicativas de linguagem Por exemplo chimpanzés emitem um grito específico indicando que estão para ser atacados Usam outro grito para reunir seus companheiros em grupo Apesar disso seu repertório de vocalizações comunicativas parece ser pouco improdutivo não são produzidas novas expressões orais limitado em estrutura sem complexidade estrutural e relativamente não arbitrário Também não é adquirido de modo espontâneo As comunicações dos chimpanzés não satisfazem portanto nosso critério para uma língua Este capítulo examina alguns dos principais temas analisados no Capítulo 1 Em primeiro lugar existe o tema natureza versus criação Em que grau a língua é o resultado de algum dispositivo inato de aquisição e em que extensão é o resultado da experiência As primeiras pesquisas durante a época do Behaviorismo enfatizaram com grande relevância o papel da criação Muitas pesquisas modernas desde os trabalhos de Noam Chomsky na década de 1960 enfatizaram o papel de fatores inatos natureza Porém está claro que a natureza interage com a criação Crianças que possuem experiências verbais mínimas em seus primeiros anos de vida terão desvantagens no desenvolvimento de aptidões linguísticas Um segundo tema é o Racionalismo versus Empirismo A maioria dos psicólogos enfatiza técnicas empíricas em suas pesquisas Porém linguistas como Chomsky enfatizaram técnicas mais racionalistas Elas analisaram a língua normalmente sem coletar de modo formal qualquer dado empírico pelo menos no sentido que os psicólogos cognitivos consideram a composição de tais dados Os insights notáveis de Chomsky mostram que os dois métodos se complementam Muitos insights podem surgir do Racionalismo Também podem ser testados por métodos empíricos Um terceiro tema é o da generalidade do domínio versus especificidade do domínio Em particular em que grau a língua é especial Tratase de um domínio à parte de outros domínios ou simplesmente de mais um domínio cognitivo como qualquer outro Muitos psicólogos acreditam nos dias atuais que realmente existe algo especial em relação à língua Os processos cognitivos operam simultaneamente sobre a língua para que as pessoas a utilizem em praticamente todos os demais domínios em que atuam Por exemplo muitos problemas de Matemática e de Física são apresentados por palavras Diga a qualquer número de pessoas Na lama as enguias estão no barro nenhuma está Perguntemlhes o que você acabou de dizer Nossa experiência é que quase ninguém consegue compreender esta sentença A razão é que as pessoas não estão aplicando o esquema apropriado para compreender sua expressão verbal Se você fosse lhes solicitar que se considerassem como peixes que não querem ser comidos por enguias e se fosse repetir em seguida essa sentença muitas pessoas serão capazes de compreender aquilo que você diz Nossa experiência é que ainda existem pessoas que não serão capazes de compreender esta expressão verbal e portanto você terá de darlhes indicações mais precisas Bloom P How children learn the meanings of words Cambridge MIT Press 2000 Um estudo abrangente e com provas empíricas da aquisição de vocabulário por crianças com pouca idade Givens D G The nonverbal dictionary of gestures signs body language cues Spokane Center for Nonverbal Studies Press 2002 Este livro proporciona uma explicação abrangente dos comportamentos e das indicações não verbais incluindo sinais idiomas e linguagem corporal Hillix W A Rumbaugh D M Animal bodies human minds Ape dolphin and parrot language skills Nova York Kluwer AcademicPlenum 2004 Este livro oferece uma visão de conjunto da linguagem dos animais Contém descrições detalhadas de pesquisas realizadas em muitas espécies diferentes de animais
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Psicologia Cognitiva Psicologia Cognitiva Tradução da 5ª Edição NorteAmericana Robert J Sternberg Linguagem Natureza e Aquisição aspecto inclui o controle físico como aperto de mãos acenos e abraços Estas são apenas algumas das maneiras pelas quais podemos nos comunicar Psicologia linguística é a psicologia da nossa linguagem vista a partir da interação com a mente humana Ela leva em consideração a produção e o entendimento da linguagem Gernsbacher Kaschak 2003a 2003b Indefrey Levelt 2000 Wheeldon Meyer Smith 2003 Quatro áreas de estudo contribuíram substancialmente para um entendimento da psicolinguística Uma é a linguística o estudo da estrutura e da variação da linguagem Uma segunda área de estudo é a neurolinguística o estudo do relacionamento entre o cérebro a cognição e a linguagem Uma terceira é a sociolinguística o estudo do relacionamento entre o comportamento social e a linguagem Carroll 1986 E a quarta área é a linguística computacional e a psicolinguística que englobam o estudo da linguagem por intermédio de métodos computarizados Coleman 2003 Gasser 2003 Lewis 2003 O capítulo descreve inicialmente de modo sucinto algumas propriedades gerais da linguagem As próximas seções discutem os processos da língua Estes processos incluem a maneira como compreendemos o significado de determinadas palavras e como estruturamos as palavras em sentenças com significado Em seguida a seção final elabora de modo mais abrangente a abordagem linguística da língua Conforme você esperaria esta discussão coloca em tela o debate natureza criação que surge com tanta frequência em relação aos temas psicológicos concentrandose entretanto no modo como as capacidades adquiridas interagem com a experiência O Capítulo 10 descreve o contexto mais amplo no âmbito do qual usamos a língua Este contexto inclui os contextos psicológico e social da linguagem Que propriedades caracterizam a linguagem A resposta a esta pergunta depende a quem você pergunta Os linguistas podem propor respostas tão diferentes do que propõem os psicólogos cognitivos Parece existir no entanto consenso a respeito das seis propriedades que distinguem a linguagem Brown 1965 Clark Clark 1977 Glucksberg Danks 1975 A linguagem é especificamente 1 Comunicativa A linguagem permite que nos comuniquemos com uma ou mais pessoas que a compartilham 2 Arbitrariamente simbólica A linguagem cria uma relação arbitrária entre um símbolo e seu referente uma ideia um objeto um processo ou uma descrição 3 Estruturada regularmente A linguagem possui uma estrutura somente arranjos de símbolos configurados especificamente possuem significado e arranjos diferentes resultam em significados distintos 4 Estruturada em níveis múltiplos A estrutura da linguagem pode ser analisada em mais de um nível por exemplo em sons em unidades de significado em palavras em frases 5 Gerativa e produtiva A linguagem dentro dos limites da estrutura linguística pode gerar novas formas de expressão As possibilidades para a criação destas novas formas são virtualmente ilimitadas 6 Dinâmica As línguas evoluem constantemente A propriedade comunicativa da linguagem aparece em primeiro lugar na lista Apesar de ser a sua característica mais óbvia também é a mais notável Como exemplo posso escrever o que estou pensando e sentindo para que você possa ler e compreender meus pensamentos e sentimentos Isto não significa afirmar que não existam falhas ocasionais na propriedade comunicativa da linguagem Inúmeros psicólogos cognitivos e outras pessoas dedicam suas vidas ao estudo de como falhamos em nossa comunicação por intermédio da linguagem No entanto apesar das frustrações originadas pela má comunicação causa impressão o fato de uma pessoa ser capaz de usar a linguagem para comunicarse com outra A segunda propriedade da linguagem é a que pode surpreender mais Nós comunicamos por meio de nosso sistema compartilhado de referência simbólica arbitrária para objetos ideias processos relações e descrições Steedman 2003 A natureza arbitrária do sistema alude à falta de qualquer razão para a escolha de determinado símbolo Realmente todos as palavras são símbolos Um símbolo neste contexto é algo que representa indica ou propõe alguma outra coisa Referese aponta para ou alude a um processo uma coisa ou uma descrição específicos como professor divertir ou brilhante A combinação dos sons é arbitrária Esta arbitrariedade pode ser vista a partir do fato de que línguas diferentes usam sons muito diferentes para referirse à mesma coisa por exemplo baum árbol árvore Uma característica conveniente dos símbolos é que podemos usálos para nos referir a objetos ideias relações e descrições que não se encontram atualmente presentes como por exemplo o rio Amazonas Podemos até mesmo usar símbolos para nos referir a coisas que nunca existiram como dragões ou elfos E podemos usar símbolos para nos referir a coisas que existem de uma forma que não são fisicamente tangíveis tais como o cálculo integral a verdade ou a justiça Sem referência simbólica arbitrária estaríamos limitados a símbolos que de algum modo fossem parecidos com as coisas que deveriam simbolizar Por exemplo precisaríamos de um símbolo parecido com uma árvore para representar uma árvore O princípio de convenção e o princípio do contraste são dois princípios que se encontraram na base do significado das palavras Clark 1993 1995 Diesendruck 2005 O primeiro princípio afirma simplesmente que os significados das palavras são determinados por convenções ou seja as palavras significam aquilo que as convenções fazem significar A finalidade da existência de palavras diferentes é precisamente fazerlas simbolizar coisas que são pelo menos ligeiramente diferentes A terceira propriedade é a estrutura regular da linguagem Posteriormente neste capítulo descrevemos de modo mais específico esta estrutura Por enquanto entretanto é suficiente que você já conheça duas coisas A primeira é que determinadas configurações de sons e letras formam palavras com significado No entanto sons e letras aleatórios geralmente não as formam A segunda é que certas configurações de palavras formam sentenças parágrafos e discurso com significado A maioria das demais configurações não faz sentido Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 307 que falamos hoje evoluiu a partir da língua falada na Idade Média Esta língua por sua vez evoluiu do inglês arcaico Embora possamos delinear várias propriedades da linguagem é fundamental sempre ter em mente a sua principal finalidade A linguagem nos facilita ter capacidade para elaborar uma representação mental de uma situação que nos permite compreendêla e realizar comunicações a respeito dela Budwig 1995 Zwaan Radvansky 1998 Em outras palavras no final a linguagem referese principalmente ao uso e não somente à codificação linguística na memória Você é capaz de lembrar melhor das coisas porque pode usar a linguagem para ajudálo a lembrálas ou a reconhecêlas Para concluir existem muitas diferenças entre línguas Apesar disso há muitas propriedades comuns Entre elas existem comunicação referência simbólica arbitrária regularidade da estrutura multiplicidade da estrutura produtividade e mudança Examinamos em seguida mais detalhadamente como a linguagem é usada Observamos a seguir alguns aspectos universais de como nós humanos adquirimos nossa principal língua Aspectos Fundamentais da Linguagem Existem essencialmente dois aspectos fundamentais da linguagem O primeiro é a compreensão receptiva e a decodificação dos elementos da língua O segundo é a codificação expressiva e a elaboração dos produtos da língua Decodificação referese à obtenção do significado com base em qualquer sistema de referência simbólico sendo usado por exemplo enquanto a pessoa escuta ou lê Nos Capítulos 5 e 6 usamos o termo codificação para nos referir à codificação semântica e não semântica da informação em uma forma que possa ser armazenada na memória de trabalho e na memória de longo prazo Waters Caplan 2003 A codificação quando aplicada à linguagem envolve transformar nossos pensamentos em uma forma que pode ser expressa como produção linguística por exemplo fala sinalização ou escrita Usamos neste capítulo os termos codificação e decodificação para descrever somente a codificação e a decodificação semânticas QUADRO 91 Símbolos Fonéticos do Inglês Norteamericano Os fonemas de uma língua constituem o conjunto das menores unidades de som que podem ser usadas para distinguir uma expressão oral com significado de outra em determinada língua Clark Clark 1977 CONSONANTES VOGAIS DITONGOS p pill pílula B bill conta M milt moinho T till até D dill dil N nil zero K kill matar G gill guelra ŋ sing cantar F fill preencher v vat cuba S sip sorver Z zip silvo ɪ thigh coxa ə teu e shallow e raso measure medida chip Æ apara gyp U furar lip U lábio rip fender yet ainda wet úmido wʌt testemunhar hat h chapéu ə sofa sofá marry casar Capítulo 9 Linguagem Natureza e Aquisição 309 e paper Porém não sentiu sopros de ar quando pronunciou p em cup ou lip Se você conseguiu de alguma forma impedir o sopro de ar quando disse put ou paper ou acrescentar um sopro de ar quando disse cup ou lip você produziu alofones Porém não está fazendo uma distinção significativa dos fonemas na língua inglesa Não existe uma diferença significativa entre pʰ e pʌt em inglês Em contraste a diferença entre kut e kut é potencialmente significativa No entanto em algumas línguas como o tailandês uma distinção considerada irrelevante em inglês é significativa Nessas línguas a diferença entre p e pʰ é fonêmica ao invés de ser somente alofônica Fromkin Rodman 1988 Fonêmica é o estudo do fonemas específicos de uma língua Fonética é o estudo do modo de produção ou de combinação de sons da fala ou de sua representação por símbolos escritos Roca 2003a Lingüistas podem viajar a vilarejos remotos para observar gravar e analisar línguas diferentes O estudo do patrimônio fonético de diversas línguas é uma das maneiras pelas quais os lingüistas obtêm conhecimento sobre a natureza da língua Ladefoged Maddieson 1996 A extinção da língua ou morte da língua constitui um obstáculo para seu estudo por esses meios A morte da língua ocorre por diversas razões incluindo os membros de áreas tribais que se trocam por áreas mais urbanas genocídio globalização e a introdução de uma nova língua em uma área Mufwene 2004 A morte de línguas está ocorrendo em um ritmo alarmante algumas estimativas indicam que 90 das línguas do mundo estarão extintas durante a próxima geração Abrams Strogatz 2003 Esta tendência representa claramente um problema para aquelas pessoas que desejam estudar línguas No próximo nível da hierarquia existe o morfema a menor unidade que denote significado no âmbito de uma determinada língua Os cursos de inglês podem telo apresentado a duas formas de fonemas Uma é a raiz da palavra Raiz é a porção da palavra que contém a maior parte do significado As raízes não podem ser desmembradas em unidades menores de significado São os itens que possuem inclusões no dicionário Motter et al 2002 Agregam uma segunda forma de morfema o afixo a essa raiz Afixos incluem sufixos que seguem a raiz prefixos que precedem a raiz e infixos que aparecem no interior das palavras A própria palavra afixos contém a raiz fixo um prefixo e um sufixo O prefixo a uma variação de prefixo ad significando na direção de para ou perto O sufixo s que indica a forma plural de um substantivo A palavra recarga contém três morfemas re car e ga Os lingüistas analisam a estrutura dos morfemas e das palavras de um modo que vai além da análise de raízes e afixos Morfemas de conteúdo são palavras que transmitem a maior parte do significado de uma língua Morfemas de função agregam detalhes e nuances ao significado dos morfemas de conteúdo que auxiliam estes morfemas e se enquadram no contexto gramatical Exemplos são o sufixo ito o prefixo de a conjunção e ou o artigo o As inflexões constituem um subconjunto dos morfemas sendo os sufixos usuais que acrescentamos às palavras para se enquadrarem no contexto gramatical Por exemplo a maioria das crianças americanas que frequentam jardinsdeinfância sabem como agregar sufixos especiais para indicar o seguinte Tempo do verbo Você estuda com frequência Você estudou ontem Você está estudando agora Número do verbo e do substantivo O professor passa trabalho escolar Os assistentes do professor passam trabalho escolar Caso possessivo O livro do estudante é maravilhoso Comparação entre adjetivos O mais preparado entre os dois professores ensinou aos alunos mais inteligentes O léxico é o conjunto completo de morfemas em uma determinada língua ou do repertório linguístico de uma pessoa O adulto médio que fala o inglês possui um léxico de aproximadamente 80 mil morfemas Miller Gildea 1987 As crianças na primeira série nos Estados Unidos possuem médias de 10 mil palavras em seu vocabulário Ao cursarem a 3ª série possuem cerca de 20 mil Na 5ª série atingiram o marco de aproximadamente 40 mil ou metade de seu nível final quando adultos Anglin 1993 A maior parte das pessoas adultas que falam inglês ao combinar morfemas possui um vocabulário de centenas de milhares de palavras Por exemplo ao acrescentar apenas alguns poucos morfemas ao morfema de conteúdo da raiz estudo obtemos estudante estudioso estudou estudando e estudos O vocabulário é formado lentamente Desenvolvese por meio de diversas exposições a palavras e indicações pelo menos duas partes A primeira é uma frase nominal que contém ao menos um substântivo muitas vezes o sujeito da sentença e inclui todos os termos relevantes que descrevem o sujeito A segunda é uma frase verbal que contém pelo menos um verbo e os termos sobre os quais o verbo age mais precisamente A frase verbal também possui a designação predicado porque afirma ou declara algo sobre o sujeito Tratase normalmente de uma ação ou uma propriedade do sujeito Os linguistas consideram o estudo da sintaxe fundamental para a compreensão da estrutura da língua A estrutura sintática da língua especificamente é estudada mais adiante neste capítulo IDENTIFICANDO QUAIS DOS TERMOS A SEGUIR FORMAM FRASES NOMINAIS FN 1 a bola redonda vermelha no canto 2 o 3 redonda e vermelha 4 a bola 5 água 6 corre rapidamente Sugestão Sujeitos podem incluir o sujeito ou o objeto de uma sentença por exemplo FN joga FN IDENTIFICANDO QUAIS DOS TERMOS A SEGUIR SÃO FRASES VERBAIS FV 1 o menino joga a bola 2 e a bola em movimento 3 rolou 4 corre pela 5 deulhe a bola 6 corre rapidamente Sugestão frases verbais contêm verbos bem como todos os termos sobre o qual o verbo age porém não o sujeito da açaí Por exemplo O estudante de Psicologia FV PROCESSOS DA COMPREENSÃO LINGUÍSTICA De que modo compreendemos a linguagem tendo em vista sua codificação multifacetada Uma abordagem a esta pergunta tem como foco os processos psicológicos envolvidos na percepção da fala Hickok Poeppel 2000 O método também considera a maneira como os ouvintes lidam com as peculiaridades resultantes da transmissão acústica relacionado ao som da língua Uma segunda abordagem mais orientada linguisticamente tem como foco as descrições da estrutura gramatical das línguas Finalmente um terceiro método examina os processos psicoguiísticos envolvidos na compreensão da linguagem no plano da análise macro do discurso Todas as três abordagens sobressaemse em certo grau e propiciam informações interessantes sobre a natureza da linguagem e seu uso Uma teoria desse tipo é a teoria do refinamento fonético Pisoni et al 1985 Ela afirma que iniciamos com uma análise das sensações auditivas e passamos por um processamento de nível mais elevado Identificamos palavras com base na eliminação sucessiva das possibilidades de combinação entre cada um dos fonemas e das palavras que temos na memória Nessa teoria o som inicial que estabelece o conjunto de palavras possíveis que ouvimos não precisa ser o primeiro fonema sozinho Você mesmo pode ter observado este fenômeno em seu nível consciente Você alguma vez estava assistindo a um filme ou escutando uma preleção quando ouviu somente um som truncado Você precisa de alguns momentos para entender o que o conferencista deve ter falado Para decidir sobre aquilo que ouviu você pode ter passado por um processo de refinamento fonético consciente disse ontem difere do ba que você diz hoje Porém não é percebido de modo diferente Esta forma categórica de percepção não se aplica a um som que não seja da fala como um tom Neste caso diferenças contínuas de altura o quanto o som é alto ou baixo são ouvidas como contínuas e distintas Em um estudo clássico os pesquisadores usaram um sintetizador de voz para imitar essa variação natural das configurações acústicas das sílabas Também foram capazes usando esse meio de controlar a diferença acústica entre as sílabas Liberman et al 1957 Eles criaram uma série de sons formados por consoantes e vogais que variavam em incrementos iguais de ba para ga No entanto as pessoas que escutavam as sílabas notaram uma mudança repentina Foi da categoria de som de ba para a categoria de som de da e análoga na categoria de da para a de ga Além disso essa diferença na designação das sílabas resultou em diferenciação inferior no âmbito de uma categoria de fonemas Também ressaltou na diferenciação dos limites de fonemas Desse modo embora os sinais fossem fisicamente iguais em distância acústica entre eles as pessoas somente ouviam os sinais que também diferiam em termos de designação fonética A língua é muito difícil para ser expressa em palavras Na realidade uma das maiores alegrias de ser pai ou uma mãe consiste em observar a descoberta surpreendente de seus filhos de que as palavras possuem significado Na semântica denotação é a definição estrita de uma palavra conforme consta no dicionário Conotação são as implicações emocionais as pressuposições e outros significados não explícitos Denotação e conotação consideradas juntas formam o significado de uma palavra Em virtude de as conotações poderem variar entre as pessoas pode existir variação no significado formado Imagine a palavra cobra Para muitas pessoas a conotação de cobra é negativa ou perigosa Outras afirmam um biólogo especializado em cobras denominado um herpetologista teriam uma conotação muito diferente e provavelmente muito mais positiva para a palavra cobra Como entendemos inicialmente o significado das palavras Recordese de capítulos anteriores que codificamos significados na memória por meio de conceitos Estes incluem ideias às quais podemos atribuir várias características e com as quais podemos conectar várias outras ideias por meio de proposições Rey 2003 Também incluem imagens e talvez configurações motoras para a implementação de procedimentos específicos Neste capítulo estamos preocupados somente com conceitos particularmente em termos de palavras como símbolos arbitrários para os conceitos Na realidade quando pensamos em palavras como representação de conceitos as palavras constituem uma maneira econômica para manipular as informações relacionadas Por exemplo quando você pensa na palavra mesa isoladamente você também evoca todos os seguintes aspectos Todos os casos de existência de mesas em qualquer lugar Casos de mesas que existem somente em sua imaginação Todas as características das mesas e Todos os demais conceitos que você pode relacionar a mesas por exemplo objetos que você coloca sobre as mesas ou em mesas ou locais onde você pode encontrar mesas Possuir uma palavra para algo nos ajuda a agregar novas informações às nossas informações existentes sobre aquele conceito Por exemplo você tem acesso à palavra mesa Quando você passa por novas experiências relacionadas a mesas ou aprende fatos novos a respeito de mesas você possui uma palavra em torno da qual pode organizar todas essas informações relacionadas Recordese também da natureza construtiva da memória Ter qualificações para a palavra por exemplo lavando roupa marcha para a paz possui diversos efeitos Primeiro torna fácil o entendimento e a lembrança de uma passagem do texto Segundo aumenta a lembrança que a pessoa tem sob a forma de um esboço Terceiro afeta a precisão do testemunho ocular Possuir palavras como conceitos para coisas nos ajuda em nossa interação não verbal diária Por exemplo nossos conceitos de gamba e de cachorro nos permitem reconhecer mais facilmente a diferença entre os dois mesmo se vemos o animal somente por um momento Ross Spalding 1994 Esse reconhecimento rápido nos permite responder apropriadamente dependendo do que vimos Não há dúvida de que é importante ser capaz de compreender os significados conceituais No entanto de que modo as palavras se combinam para transmitir significado Sintaxe A análise da estrutura linguística constitui uma parte igualmente importante da Psicologia da língua Sintaxe é a maneira sistemática pela qual as palavras podem ser combinadas para formar frases e sentenças com significado Carroll 1986 Enquanto a percepção da fala estuda principalmente a estrutura fonética da língua a sintaxe focaliza o estudo da gramática de frases e sentenças Em outras palavras considere a regularidade da estrutura Embora você tenha indubitavelmente ouvido a palavra gramática em ocasiões anteriores com relação ao modo como as pessoas devem estruturar suas sentenças os psicólogos empregam a palavra gramática de uma maneira ligeiramente diferente Gramática especificamente é o estudo da língua em termos de percepção de configurações regulares Estas configurações relacionamse às funções e relações das palavras em uma sentença Elas se estendem amplamente até atingir o nível do discurso e limitadamente afetam a pronúncia e o significado das palavras individuais Você pode ter sido introduzido à gramática normativa em seus cursos de inglês Este tipo de gramática indica o modo correto pelo qual se estrutura o uso da língua escrita e falada A gramática descritiva possui maior interesse para os psicólogos nesta gramática é feita uma tentativa para descrever as estruturas as funções e as relações das palavras na língua Considere o exemplo de uma sentença que ilustra o contraste entre as abordagens normativa e descritiva da gramática Quando Júnior observa seu pai levando pra o andar de cima um livro sem atrativo para leitura antes de dormir Júnior responde Papai o que você trouxe este livro que não desejo para mim seja lido Pinker 1994 p 97 A elocução de Júnior não poderia provocar arrepiros em todo gramático normativo Porém a capacidade de Júnior para produzir uma sentença tão complexa com tais interdependências internas intrincadas agradaria aos gramáticos descritivos Por que a sintaxe permite tal satisfação Primeiro o estudo da sintaxe permite a análise da língua em unidades administráveis e portanto podem ser estudadas com relativa facilidade Segundo oferece infinitas possibilidades de exploração Praticamente não existem limites para as combinações possíveis de palavras que podem ser usadas para formar sentenças Nós não nos referimos anteriormente a essa propriedade como produtividade da língua Em inglês como em qualquer língua podemos considerar um conjunto específico de palavras ou morfemas para ser mais preciso e um determinado conjunto de regras para combinar os itens e produzir uma vasta gama empolgante de expressões verbais com significado Suponha que você fosse à Biblioteca do Congresso dos EUA e selecionasse aleatoriamente qualquer sentença de um livro Você procuraria em seguida uma sentença idêntica na vasta gama de sentenças nos livros que se encontravam lá Com exceção de citações propositais seria improvável que você encontrasse uma sentença idêntica Pinker 1994 A tendência da sintaxe As pessoas demonstram possuir um talento notável para compreender a estrutura sintática Conforme a demonstração precedente você eu e outras pessoas fluentes em uma língua podem reconhecer imediatamente a estrutura sintática Podemos reconhecêla se determinadas sentenças e ordens específicas de palavras estiverem ou não gramaticalmente corretas Bock 1990 Pinker 1994 Também podemos agir dessa forma mesmo quando as sentenças não tiveram significado Por exemplo podemos avaliar a sentença de Chomsky Ideias imaturas e obtusas repousam furiosamente Ou podemos avaliar uma sentença composta por palavras sem significado como no poema Jabberwock de Lewis Carroll Twas brilling and the slithy toves did gyre and gimble in the wabe verso intraduzível Além disso da mesma maneira que demonstramos indução semântica do significado de palavras na memória possuímos indução sintática das estruturas de sentenças Tendemos a usar espontaneamente estruturas sintáticas que se posicionam paralelamente às estruturas das sentenças que acabamos de ouvir Bock 1990 Bock Loebell Morey 1992 Por exemplo uma pessoa apresenta maior possibilidade de usar uma construção na voz passiva por exemplo O aluno foi elogiado pelo professor após ouvir uma construção na voz passiva A pessoa procederá desse modo mesmo quando os tópicos das sentenças differem Mesmo crianças com apenas 4 anos descobriram uma série de novos itens com a mesma estrutura da sentença que um pesquisador usou Huttenlocher Vasilyeva Shimpi 2004 Outro exemplo de indução sintática pode ser observado pelo uso da indução de sentenças Neste tipo de experiência os participantes tomam conhecimento de uma sentença Os participantes conhecem a seguir novas sentenças e são solicitados a avaliar o grau em que estão gramaticalmente corretas Se uma sentença possui a mesma estrutura que a apresentada anteriormente é avaliada como quase gramaticalmente correta Luka Barsalou 2005 independentemente de seu grau real de correção gramatical Outra prova de nossa aptidão para a sintaxe aparece nos erros que produzimos na fala Bock 1990 Mesmo quando trocamos acidentalmente a colocação de duas palavras em uma sentença ainda formamos sentenças de acordo com a gramática mesmo que não tenham significado ou sejam desprovidas de sentido Trocamos quase invariavelmente substantivos por outros substantivos verbos por outros verbos preposições por outras preposições e assim por diante Podemos dizer por exemplo Coloco o forno no bolo Porém provavelmente não diríamos Coloco o bolo forno no Usualmente chegamos a acrescentar e retirar morfemas com função apropriada para fazer com que as palavras trocadas se adequem em sua nova posição Por exemplo ao querer expressar As facas de manteiga estão na gaveta podemos dizer As gavetas de manteiga estão na faca Neste caso alteramos gaveta para o plural e facas para o singular a fim de preservar a correção gramatical da sentença Considere aqueles que são identificados como afásicos gramaticais os quais possuem grandes dificuldades para compreender e produzir a língua Seus erros de substituição na fala parecem preservar as categorias sintáticas Butterworth Howard 1987 Garrett 1992 Os exemplos precedentes parecem indicar que nós humanos possuímos algum mecanismo de classificação distinto dos significados das palavras Bock 1990 Quando compostos sentenças percebese que formamos por grupos sintáticos Atributos categorias sintáticas apropriadas denominadas muitas vezes partes da sentença por exemplo substantivo verbo artigo e cada componente da sentença Usamos em seguida as regras da sintaxe elaboradas à língua para construir sequências gramaticais dos grupos sintáticos Minhas pesquisas tentam esclarecer a linguagem examinando um único fenômeno com toda técnica imaginável Verbos regulares como walkedwalked formam seu passado simples de um modo previsível adicionando ed e as pessoas criam livremente novos verbos Quando verbos novos como to spam e to diss entraram para a língua ninguém apertouse em consultar o dicionário para ver suas formas do passado simples todos conheciam que eram spammed e dissed Em contraste verbos irregulares como sing e bring brought são peculiares e precisam ser aprendidos individualmente Uma teoria simples é que as pessoas produzem formas regulares aplicando inconsistentemente uma regra mas produzem formas irregulares recuperandoas da memória Em virtude de as formas regular e irregular serem iguais em termos de significado passado e dimensão uma palavra comparálas nos permite separar as funções dos papéis de computação e consultar a memória no processamento da linguagem Existem alternativas a essa teoria simples Alguns psicólogos conexionistas acreditam que as formas regular e irregular encontramse ameaçadas em uma memória associativa que opera por analogia e alguns linguistas acreditam que ambas são formadas por regras Porém uma combinação de metodologias indica que a teoria de regra mais memória está correta Verbos irregulares também são os verbos usados com mais frequência como be have do say e makelist ser ter fazer dizer criarapanhar conforme se esperaria se verbos irregulares tivessem de ser memorizados porque itens frequentes são mais fáceis de lembrar Usando as 10 palavras a seguir crie cinco séries de palavras que formam sentenças gramaticais Crie também cinco sequências de palavras que violam as regras de sintaxe da gramática inglesa ball bola basket cesto bounced pulou into em put pôr red vermelho rolled rolou tall alto the a woman mulher Para executar esta tarefa você classificou mentalmente as palavras em categorias sintáticas mesmo desconhecendo as designações corretas das categorias Em seguida você colocou as palavras em sequências gramaticais de acordo com as categorias sintáticas das palavras e de seu conhecimento implícito das regras sintáticas do inglês Nesta obra mencionamos que a maioria das crianças com 4 anos pode exibir a mesma capacidade para agrupar palavras em categorias e arranjálas em sentenças gramaticais Evidentemente a maioria dessas crianças provavelmente não consegue designar as categorias sintáticas de qualquer palavra S A menina olhou o menino com a camisa vermelha AD A menina FV olhou o menino com a camisa vermelha Det N V PP A menina olhou o menino com a camisa vermelha Det N V P Det NP A menina olhou o menino com a camisa vermelha Det N V P Det N PP A menina olhou o menino com a camisa vermelha Det N V P Det Adj N A menina olhou o menino com a camisa vermelha Considere outro par de sentenças parafraseadas S3 O crocodilo comeu Susie gostosamente S4 Susie foi comida gostosamente pelo crocodilo De modo similar a gramática de estruturas frasais não mostraria uma relação entre S3 e S4 Adicionalmente essa gramática indicaria algumas similaridades de estrutura superficial entre as sentenças correspondent es no primeiro e no segundo par S1 e S3 S2 e S4 Elas possuem nitidamente significados bem diferentes particularmente para Susie e o crocodilo Uma gramática adequada abordaria claramente o fato de que sentenças com estruturas superficiais similares podem ter significados muito diferentes Essa observação e outras observações das interrelações entre as várias estruturas frasais levou os linguistas a avançarem além da mera descrição das diversas estruturas frasais individuais Eles começaram a focalizar sua atenção nas relações entre diferentes estruturas de frases Os linguistas conseguem obter uma compreensão mais profunda da sintaxe estudando os relacionamentos entre estruturas frasais que envolvem transformações dos elementos no interior das sentenças Chomsky 1957 Chomsky sugeriu especificamente um modo para ampliar o estudo das estruturas frasais Ele propôs o estudo da gramática transformacional que envolve o estudo de regras transformacionais que determinam o modo pelo qual as proposições sujeitas podem ser dispostas para formar as diversas estruturas frasais Uma maneira simples de abordar a gramática transformacional de Chomsky consiste em dizer Transformações são regras que mapeiam estruturas em forma de árvore em outras estruturas em forma de árvore Wasow 1989 p 170 Por exemplo a gramática transformacional considera como os diagramas de estrutura de árvore na Figura 92 estão interrelacionados Com a aplicação das regras transformacionais a estrutura em forma de árvore de S1 pode ser mapeada para se obter a estrutura em forma de árvore de S2 De modo similar a estrutura de S3 pode ser mapeada para se obter a estrutura em forma de árvore de S4 Estrutura profunda referese na gramática transformacional a uma estrutura sintática subjacente que vê várias estruturas frasais por meio da aplicação de várias regras de transformação Estrutura superficial referese em contraste a qualquer das estruturas frasais que podem resultar de tais transformações Muitos leitores ocasionais de Chomsky conceberam erroneamente os seus termos Eles inferiram incorretamente que estruturas profundas apre sentam significados profundos subjacentes para as sentenças ao passo que estruturas superficiais referemse somente às interpretações superficiais de sentenças Chomsky quis demonstrar somente que estruturas frasais diferenciadas podem ter uma relação que não se torna imedi ata sem um estudo apenas a gramática de estruturas frasais Esta noção só aplicaria ao exemplo Susie comeu gostosamente o crocodilo e O crocodilo foi comido gostosamente por Susie As regras transformacionais precisam ser aplicadas para se detectar o relacionamento subjacente entre essas estruturas frasais FIGURA 92 As gramáticas de estrutura frasal indicam diferenças surpreendentes entre S1 e S3 ou entre S2 e S4 Noam Chomsky sugeriu que para compreender a sintaxe também precisamos considerar uma maneira para abordar as interrelações entre as diversas estruturas frasais FN frase nominal FV frase verbal s substantivo S sentença v verbo AD artigo definido adv advérbio O tratamento diferenciado de verbos irregulares por exemplo spread ou fall cair em nosso léxico mental não precisamos dispor de regras sintáticas diferentes para cada verbo Ao torn ar nosso léxico mais complexo permitimos que nossa sintaxe seja mais simples Desse modo as transformações apropriadas podem ser simples e relativamente sem contexto Ao conhecermos a sintaxe básica da língua podemos aplicar facilmente as regras a todos os itens de nosso léxico Conseguimos então ampliar gradualmente nosso léxico para oferecer complexidade e sofisticação crescentes Nem todos os psicólogos cognitivos concordam com todos os aspectos das teorias de Chomsky por exemplo Bock Loebell Morey 1992 Garrett 1992 Jackendoff 1991 Muitos discordam particularmente com essa ênfase na sintaxe forma em detrimento da semântica significado Apesar disso diversos psicólogos cognitivos propuseram modelos de compreensão e produção da língua que incluem ideias importantes da sintaxe Como relacionamos os elementos em nosso léxico mental aos elementos de nossas estruturas sintáticas Foram propostos vários modelos para esses elos Bock Loebell Morey 1992 De acordo com alguns desses modelos quando dividimos as sentenças em categorias sintáticas criamos espaços para levar meta na sentença Considere por exemplo a sentença João deu a Maria o livro da es tante Existe um espaço para um substantivo usado como 1 um sujeito João 2 um objeto direto o livro 3 um objeto indireto Maria e 4 como objetos de preposição da estante Também existem espaços para o verbo a preposição e os artigos Em itens lexicais pois sua vez contêm informações a respeito dos tipos de espaços em que os itens podem ser colocados As informações são baseadas nos tipos de papéis temáticos que os itens podem exercer Papéis temáticos são maneiras pelas quais os itens podem ser usados no contexto da comunicação Foram identificados vários papéis Um primeiro papel é o do agente o que pratica qualquer ação Um segundo é o do paciente o receptor direto da ação Um terceiro é o do beneficiário o receptor indireto da ação Um quarto é o do instrumento o meu pelo qual a ação é implementada Um quinto papel é o do local onde ocorre a ação Um sexto é o da fonte onde a ação se originou E um sétimo papel é a meta onde a ação se desenrola Bock 1990 Fromkin Rodman 1988 De acordo com essa visão de como a síntaxe e a semântica encontramse unidas os vários espaços sintáticos podem ser preenchidos por verbetes lexicais com papéis temáticos correspondentes Por exemplo o espaço de um su jeito pode ser preenchido pelo papel temático do agente Como exemplo adicional os benefícios correspondem a objetos indiretos e assim por diante Substantivos que são objetos de preposições podem ser preenchidos por vários papéis temáticos Estes incluem localização como a praia fonte como a origem na cozinha e meta como a sala de aula Até agora nos concentramos na descrição da estrutura e dos processos da língua em seu estado mais desenvolvido Como adquirimos essa capacidade notável Aquisição da Linguagem No passado os debates sobre a aquisição da linguagem concentraramse no mesmo tema dos debates relativos à aquisição de qualquer aptidão o tema inato versus adquirido No entanto o pensamento atual sobre a aquisição da linguagem incorporou o entendimento de que adquirir uma língua realmente envolve um dom natural modificado pelo ambiente Bates Goodman 1999 DehaeneLambertz HertzPannier Dubois 2006 Lightfoot 2003 MacWhinney 1999 Maratsos 2003 Wexler 1996 Por exemplo o ambiente social no qual as crianças usam suas habilidades sociais para interagir com outras pessoas proporciona uma fonte de informação para aquisição da linguagem Carpenter Nagell Tomasello 1998 Snow 1999 Tomasello 1999 Portanto o método de estudo da aquisição da linguagem gira atualmente em torno da descoberta de que aptidões são inatas e de como o ambiente da criança modera essas aptidões Este processo é denominado apropriadamente aprendizado orientado de modo inato veja Elman et al 1996 Jusczyk 1997 Antes de analisar o debate inatoadquirido vamos examinar uma série de estágios que parecem ser universais na aquisição da linguagem Estágios da Aquisição da Linguagem Parece que ao redor do mundo as pessoas adquirem sua primeira língua em uma sequência praticamente idêntica e quase do mesmo modo Pesquisas sobre a percepção da fala realizada em anos recentes identificaram o mesmo padrão geral de progresso Este padrão é baseado na capacidade mais geral evoluindo para uma mais específica isto é quando somos mais jovens temos capacidade de distinguir inicialmente entre todos os contrastes fonéticos possíveis Porém ao longo do tempo perdemos a capacidade de distinguir contrastes não nativos em favor apenas usados no ambiente de nossa língua nativa veja Jusczyk 1997 Portanto alguns aspectos da percepção e da capacidade de produção da fala pelas crianças atuam como imagens especulares entre si As crianças desenvolvem capacidades específicas mais gerais e posteriormente as mais específicas As crianças parecem estar programadas a partir do primeiro dia a sintonizar seu ambiente linguístico como a meta específica de adquirir a língua Um debate atual gira em torno de essa capacidade ser usada especialmente nos conceitos de aprendizado e seus significados nas conexões entre conceitos e seus significados ou em ambos Fodor 1977 Marcus 1998 Pinker 1998 Plunkett 1998 Seja qual for o caso as crianças possuem obviamente capacidades consideravelmente aguçadas para aprendizagem da linguagem Elas demonstram essa capacidade mesmo em tenra idade Marcus et al 1999 Pinker 1997a 1999 Por exemplo recémnascidos parecem responder preferencialmente às vozes de suas mães em sincronia com o discurso de quem lhes está dispensando atenção e que interage diretamente com elas Field 1978 Martin 1981 Schaffer 1977 Snow 1977 Stern 1977 As crianças também preferem ouvir alguém falando naquela que se tornará sua língua nativa a uma língua não nativa futura Talvez estejam se concentrando na estrutura rítmica da língua Bertoncini 1993 Mehler et al 1996 Suponha que você fosse rehtar um videoteipe das respostas motoras das crianças enquanto prestavam atenção a alguém que estivesse falando com elas Seus movimentos pareceriam estar variando no tempo acompanhando o ritmo do discurso A resposta emocional das crianças também parece ser igual à de quem lhes dedica atenção Fogel 1991 Elas têm muita capacidade para interpretar e responder a informações emocionais mesmo quando foram expressas por um estranho Repacholi Meltzoff 2007 Além disso parecem ser capazes de obter informações emocionais não somente das expressões faciais mas também do tom de voz Em um estudo os experimentadores examinaram a compreensão emocional de crianças com 7 meses de idade Grossmann Striano Friederici 2006 As crianças viram rostos felizes ou bravos combinados com uma voz feliz ou brava Algumas vezes a face e a voz combinavam outras vezes não Quando a expressão e o tom não combinavam as crianças demonstravam confusão olhando durante mais tempo nas faces Grossmann Striano Friederici 2006 Estas descobertas indicam que elas são capazes de compreender expressões faciais emocionais o tom de voz emocional e se apresentam ou não correspondência Nos primeiros anos de vida nós humanos parecemos progredir pelos seguintes estágios de produção da língua 1 Arrulhamento que inclui principalmente sons vocálicos 2 Balbucio que inclui sons de consoantes bem como de vogais para a maior parte das pessoas o balbuciar de crianças crescendo entre pessoas que falam uma língua diferente parece muito similar Oller Eilers 1998 3 Elocução de uma única palavra estas expressões são limitadas tanto nas vogais quanto nas consoantes que utilizam Ingram 1999 4 Elocuções contendo duas palavras e fala telegráfica 5 Estrutura básica de sentenças de um adulto presente com a idade aproximada de 4 anos com aquisição contínua de vocabulário veja Bloom 2000 para uma discussão dos mecanismos desta aquisição Examinemos esses estágios com maior detalhe Sabese que crianças mais novas produzem seus próprios sons De modo mais óbvio o aspecto comunicativo do choro seja ele intencional ou não funciona muito bem No entanto em termos de aquisição da linguagem o arrulhar das crianças mais jovens que mais desperta o interesse dos linguistas Arrulhamento é a expressão oral dos bebês que explora a produção dos sons vocálicos Os crianças ao redor do mundo incluindo crianças surdas e indiferencialmente nos bebês e nas línguas Os bebês são realmente melhores que os adultos no que diz respeito à capacidade para diferenciar sons que não apresentam significado para eles Werker 1989 Conseguem fazer distinções fonéticas que os adultos perderam Portanto existem funções que crianças em idade muito tênue fazem melhor que os adultos Durante o estágio de arrulhamento as crianças que ouvem também conseguem discriminar entre todos os fonemas e não apenas os fonemas característicos de sua própria língua Por exemplo durante este estágio crianças pequenas japonesas e americanas conseguem diferenciar os fonemas l e r No entanto à medida que as crianças japonesas passam para o próximo estágio perdem gradualmente essa capacidade Ao completarem 1 ano as crianças japonesas para as quais a distinção não faz uma diferença fonêmica deixam de fazer essa diferenciação Eimas 1985 Tsushima et al 1994 telegráfica incluem quero suco e senta mamãe Estas combinações simples de palavras transmitem muitas informações sobre as intenções e as necessidades de uma criança O vocabulário se amplia rapidamente Ele mais do que triplica variando de aproximadamente 300 palavras aos 2 anos de idade para cerca de 1000 palavras aos 3 anos Quase incrivelmente com a idade de 4 anos as crianças adquirem os fundamentos da sintaxe e da estrutura da língua de um adulto Quadro 93 A maioria das crianças aos 5 anos de idade também consegue gerar e produzir construções de sentenças bem complexas e incomuns Aos 10 anos a linguagem das crianças é fundamentalmente a mesma dos adultos QUADRO 93 Alterações em Função do Desenvolvimento Associadas à Aquisição da Linguagem Independentemente da língua que elas adquirem crianças ao redor do mundo parecem seguir o mesmo padrão de desenvolvimento quando têm aproximadamente a mesma idade IDADE APROXIMADA CARACTERISTICAS DA IDADE INTERAÇÃO COM O PROCESSO DE INFORMAÇÃO Prénatal Primeiros meses Reação a vozes humanas Arrulhamento que inclui principalmente sons de vogais Balbucio que inclui fonemas distintos vogais e consoantes que caracterizam a primeira linguagem da criança À medida que os sons adquirem mais significado a percepção dos sons pela criança tornase mais seletiva e aumenta sua capacidade para lembrarse de sons Aproximadamente no segundo período de 6 meses após o nascimento Aproximadamente entre 1 e 3 anos Elocução de uma palavra Elocução de duas palavras Fala telegráfica À medida que a fluência e a compreensão aumentam elevase a capacidade mental para manipular símbolos lingüísticos como ocorre com o desenvolvimento conceitual ocorrem erros de superextensão quando as crianças tentam aplicar seu vocabulário limitado a uma variedade de situações porém à medida que o vocabulário das crianças se torna mais especializado esses erros ocorrem com menos frequência Aproximadamente entre 3 e 4 anos Sentenças simples que refletem uma enorme ampliação do vocabulário bem como uma compreensão da sintaxe notavelmente versada apesar dos erros causados pelo uso excessivo da forma regular Vocabulário e conceitos continuam a ampliarse em termos de compreensão e fluência e a criança internaliza regras de sintaxe erros causados pelo uso excessivo da forma regular oferecem insights sobre o modo como as crianças formam regras relativas à estrutura da língua Aproximadamente aos 4 anos Estrutura básica de sentenças igual à de um adulto alguns arcos excêntricos de complexidade da estrutura continuam durante a adolescência o vocabulário continua a aumentar embora em um ritmo declinante Inato e adquirido Nem o inato por si mesmo nem o adquirido per se explicam adequadamente todos os aspectos da aquisição da linguagem Como o inato poderia então facilitar a criação no processo Talvez os seres humanos possuam um dispositivo de aquisição de linguagem DAL um mecanismo biologicamente inato que facilita a aquisição da linguagem Chomsky 1965 1972 Em outras palavras nós humanos parecemos ser préconfigurados biologicamente para estar prontos à aquisição da linguagem Diversas observações de seres humanos apoiam a noção de que possuímos predisposição para adquirir a linguagem Para citar um exemplo a percepção da fala humana é bastante extraordinária tendo em vista a natureza da capacidade de processamento auditivo para outros sons Além disso todas as crianças em uma ampla faixa de habilidades e ambientes parecem adquirir a linguagem em um ritmo incrivelmente rápido Na realidade crianças surdas adquirem uma linguagem de sinais do modo mais parecido e aproximadamente no mesmo ritmo em que as crianças com audição adquirem a língua falada Se você já se esforçou para adquirir uma segunda língua pode perceber a relativa facilidade e rapidez com que as crianças com pouca idade parecem adquirir a primeira língua Esta realização é muito notável Considere que é oferecida às crianças uma quantidade e variedade relativamente modesta de dados lingüísticos seja discurso ou sinais em relação à estrutura da língua internalizada e sofisticação na qual as crianças criam Crianças parecem ter um talento especial para adquirir uma compreensão implícita das diversas regras da estrutura da língua Também possuem um talento especial para aplicar essas regras a um novo vocabulário e novos contextos No entanto muitos adultos ainda conseguem aprender novas línguas bem satisfatoriamente se posicionados no contexto certo como um programa de imersão Seu aprendizado pode ser bom embora tendam a conservar sua estagnação que reflete os fonemas da sua primeira língua quando falam a nova língua Por exemplo um espanhol aprendendo inglês pode falar inglês como sotaque americano Provas adicionais da capacidade linguística inata podem ser constatadas em nossa capacidade para segmentar sentenças faladas em palavras Esta capacidade se encontra presente não apenas na língua que falamos mas também no caso de línguas estrangeiras e de língua artificial Em um experimento os participantes ouviram uma língua artificial Os participantes não receberam qualquer informação sobre a natureza das palavras No entanto após ouvirem uma fala contínua na língua artificial foram capazes em muitas situações de detectar quando as palavras iniciavam e terminavam Os participantes também conseguiram reconhecer posteriormente as palavras que foram apresentadas muito embora fossem palavras artificiais Saffran Newport Aslin 1996 A capacidade para segmentar palavras também é observada em crianças com apenas 6 meses Bortfeld et al 2005 Johnson Jusczyk 2001 Saffran 2001 Essas capacidades têm possibilidade de envolver familiaridade com as palavras e probabilidades estatísticas Esse segundo fator é o resultado da frequência com que fonemas específicos aparecem em sequência na fala normal Essas probabilidades resultam em configurações semelhantes de palavras em uma nova série de fonemas Metacognição é a compreensão e controle de nossa cognição Scheck Nelson 2003 Ela nos proporciona um de nossos melhores auxílios para o aprendizado de uma língua Como adultos possuímos uma grande vantagem em aprender línguas Temos maior familiaridade com a estrutura da língua do que quando éramos jovens No entanto a extensão que em metacognição ajuda depende de quanto a nova língua é similar à língua ou às línguas já conhecidas Por exemplo a maioria dos adultos que falam línguas considera o espanhol mais fácil de aprender que o russo A razão é que a estrutura do espanhol é muito mais parecida com a do inglês do que a estrutura do russo O chinês é ainda mais difícil de aprender em termos médios por ser ainda mais diferente do inglês do que o russo Talvez seja até mais surpreendente que quase todas as crianças pareçam adquirir esses aspectos da linguagem na mesma progressão e mais ou menos na mesma época Parece que existem períodos críticos intervalos de desenvolvimento rápido durante os quais uma determinada capacidade precisa ser desenvolvida caso venha a evoluir adequadamente no futuro para adquirir essa competência da língua Newport 2003 Scovel 2000 Stromswold 2001 Ninguém conhece exatamente por que ocorrem os períodos críticos Talvez as crianças mais novas possuam uma vantagem no aprendizado da língua porque as limitações de suas capacidades perceptivas e de memória as tornam mais propensas a processar partes menores de informação de discurso Newport 1991 Estas partes menores podem tornar mais fácil para elas a percepção da estrutura da língua Esta visão entretanto não foi de maneira alguma aceita de modo unânime Rohde Plaut 1999 Qualquer outra explicação para a existência de períodos críticos também não é aceita universalmente O ambiente desempenha papel importante durante tais períodos Por exemplo os estágios de arrulhamento e balbucio parecem ser um período crítico para a aquisição da diferenciação e da produção de fonemas distintos por um usuário nativo de uma determinada língua Durante esse período crítico o contexto lingüístico da criança precisa disponibilizar aqueles fonemas distintos Também parece existir um período crítico para a aquisição da compreensão da sintaxe de uma língua Talvez o maior apoio a essa visão originese dos estudos envolvendo adultos usuários da ASL Considere os adultos que utilizaram a ASL durante 30 anos ou mais Os pesquisadores conseguiram determinar de modo discernível entre aqueles que adquiriram a ASL antes dos 4 anos entre 6 e 6 anos e após os 12 anos Apesar de utilizarem a ASL durante 30 anos aqueles que adquiriram essa linguagem posteriormente na infância tiveram uma compreensão menos profunda da sintaxe diferenciada da ASL Meier 1991 Newport 1990 Os estudos de crianças isoladas linguisticamente parecem oferecer apoio adicional para a noção da interação entre a maturidade fisiológica e o apoio ambiental Considere as raças crianças que estiveram isoladas linguisticamente Aqueles que são resgatados em tenra idade parecem adquirir mais estruturas de linguagem sofisticadas do que as crianças resgatadas quando têm mais idade Por exemplo a criança Genie descrita no Capítulo 1 não teve uma interação verbal significativa durante os primeiros 13 anos de vida Outro exemplo é Victor o menino selvagem de Aveyron que foi encontrado após viver mais de 3 anos na selva Victor não foi capaz de aprender a língua apesar de muitas iniciativas de instrução Newton 2004 As pesquisas sobre períodos críticos para a aquisição da linguagem são muito mais ambíguas para a aquisição de línguas adicionais após a aquisição de um primeiro idioma Bahrick et al 1994 veja também Capítulo 10 Duas observações adicionais que se aplicam a todos os seres humanos de qualquer idade também apoiam a noção de que o inato contribui para a aquisição da linguagem Em primeiro lugar os seres humanos possuem diversas estruturas fisiológicas cuja única finalidade é produzir a fala G S Dell comunicação pessoal em novembro de 1994 Em segundo um grande número de características universais foi documentado para a ampla gama de línguas humanas Em 1963 um linguista solitário documentou 45 características universais de 30 línguas por exemplo finlandês hindi suaíli quíchua e sérvio Desde aquela época centena das configurações universais foram documentadas para línguas ao redor do globo veja Pinker 1994 O inato ou o adquirido não parecem determinar isoladamente a aquisição da linguagem De acordo com a visão do teste de hipótese as crianças adquirem a língua formando mentalmente hipóteses provisórias relativas à língua com base em sua facilidade herdada para a aquisição da língua e em seguida testam essas hipóteses no ambiente Portanto inato e adquirido operam juntos A implementação deste processo caracterizase por seguir diversos princípios operacionalizados Slobin 1971 1985 As crianças mais novas ao formarem hipóteses buscam e dedicamse aos seguintes aspectos 1 Configuração das alterações na forma das palavras 2 Influências dos morfemas que sinalizam mudança de significado especialmente sufixos 3 Sequências de morfemas incluindo as sequências de afixos e raízes e as sequências de palavras na sentença Além disso as crianças aprendem a evitar exceções Elas também elaboram várias outras configurações características de sua língua nativa Embora nem todos os linguistas apoiem a visão do teste de hipótese dois fenômenos o justificam O primeiro é o uso excessivo da forma regular ou o uso e algumas vezes a aplicação excessiva de regras O segundo é a produtividade da língua criando novas expressões verbais baseadas em algum tipo de compreensão a respeito do como fazer Uma variante da visão do teste de hipótese relacionase ao fato de que quando as crianças estão adquirindo a língua não prestam atenção em todos os seus aspectos Em vez disso as crianças concentramse nos aspectos da linguagem mais perceptivelmente destacados Estes aspectos são os mais significativos na maioria dos casos Newport 1990 Embora os estudos de Newport tenham focalizado a aquisição da ASL por crianças surdas esse fenômeno pode aplicarse também à língua falada Realmente um estudo constatou que as crianças com audição atentam efetivamente para as indicações acústicas nas sentenças que marcam gramaticamente atributos importantes das sentenças HirshPasek et al 1987 Embora poucos psicólogos ou nenhum tenham afirmado que a linguagem seja um produto integral inato muitos pesquisadores enfatizaram o componente genético por exemplo Gilger 1996 Pinker 1994 Stromswold 2000 Alguns se concentram nos mecanismos ambientais que as crianças usam para adquirir a linguagem Três destes mecanismos são a imitação a modelagem e o condicionamento Imit ação Na imitação as crianças fazem exatamente o que veem os outros fazerem Algumas vezes as crianças realmente imitam os padrões de linguagem de outras pessoas especialmente de seus pais A ocorrência da imitação nas crianças está relacionada ao comportamento perceptivo do vocabulário e do meio social McEwen et al 2007 Está claro que a imitação desempenha um papel importante no aprendizado da linguagem A imitação entretanto não seria suficiente per se para aquisição da língua As crianças precisam fazer algo mais Elas mais frequentemente seguem vagamente aquilo que ouvem Este fenômeno é denominado modelagem Mesmo observadores amadores de crianças percebem que as configurações da fala e do vocabulário infantil seguem o modelo das configurações e do vocabulário das pessoas em seu ambiente Desde a infância as crianças escutam e tentam imitar os sons da fala que ouvem Kuhl Meltzoff 1997 De fato pais de crianças muito jovens parecem fazer de tudo para facilitar que as crianças prestem atenção e compreendam o que estão dizendo País e outros adultos tendem a usar quase sem pensar um tom de voz mais alto que o usual Desta modo eles exageram a inflexão vocal de seu discurso Por exemplo elas aumentam e diminuem o tom e o volume mais exageradamente que o normal Também adotam a fala infantil construções de sentenças mais simples quando falam com crianças pequenas Rice 1989 Esta forma diferenciada de fala adulta também foi denominada maternsês ou maternalês Por exemplo uma mãe poderia dizer a seu bebê Bebê vem para mamãe Desta modo ela tenta falar com a criança de uma maneira que ela entenderá Os adultos por meio da fala infantil parecem fazer de tudo para tornar a língua interessante e compreensível para crianças mais novas e mais velhas A fala infantil auxilia na tarefa de segmentação das palavras fundamental para o aprendizado de novas palavras Thiesen Hill Saffran 2005 Este benefício é grátis em parte ao uso de diminutivos como cachorrinho e passarinho na linguagem infantil Kemple Brooks Gills 2005 A meta dos adultos é comunicarse de modo bemsucedido com suas crianças Acredolo Goodwyn 1998 Desta modo eles também tornam possível às crianças modelar aspectos do comportamento dos adultos Na verdade as crianças realmente parecem preferir escutar a fala infantil mais do que outras formas de fala adulta Fernald 1985 Estes exageros atendem pelo menos a duas finalidades Primeiro parecem captar e manter a atenção das crianças Segundo sinalizam às crianças quando reazemse na emissão de sons e comunicar predileção informação relacionada à emoção Os pais parecem usar essa forma especializada de fala em todas as culturas Eles fazem uma adaptação adicional dessa fala para circunstâncias específicas Empregam entonações crescentes para tranquilizar as crianças e entonações breves descontinuadas e abruptas da fala para alertar contra o comportamento proibido Fernald et al 1989 Os pais parecem eticamente modelar a forma correta para interações verbais As primeiras interações entre quem cuida da criança e a própria criança são caracterizadas por alternância Esta pessoa diz algo em seguida usa inflexão verbal para incitar a criança a responder A criança balbucia espirra arrota ou então produz alguma resposta audível À medida que cuida dela aceita então quaisquer ruídos que a criança faça como expressões comunicativas e respostas válidas A seguir a criança responde adicionalmente à indução O processo tende em continuidade enquanto ambas exibem interesse em continuar Eles também parecem se empenhar para compreender as primeiras elocuções das crianças Nessas expressões uma ou duas palavras podem ser usadas para transmitir toda uma gama de conceitos À medida que a criança passa a ter mais idade fica mais sofisticada e adquire mais linguagem os pais proporcionam gradualmente menos apoio linguístico Eles exigem dos filhos expressões verbais cada vez mais complexas Parecem oferecer inicialmente um andaimbe para auxiliála a construir um edifício da língua e removem gradualmente o andaimbe à medida que a linguagem da criança se desenvolve do que se desenvolve não é somente capacidade verbal Também é a capacidade para gerar estratégias úteis para a compreensão e fluência verbais Estas estratégias existem na interseção entre aquisição da língua e metacognição São aspectos importantes da inteligência humana Sternberg 1985a Um aspecto interessante das pesquisas sobre estratégias de compreensão verbal tem sido a pesquisa relacionada ao monitoramento da compreensão Markman 1977 1979 Esta pesquisa se baseia na hipótese de que uma das maneiras pela qual aumentamos nossa compreensão da informação verbal é pelo monitoramento daquilo que ouvimos e lemos Desse modo a verificamos por sua precisão lógica e coesão Para estudar a fluência do monitoramento da compreensão os pesquisadores observaram crianças e adultos e tentaram correlacionar as aptidões de monitoramento da compreensão com avaliações de compreensão geral Considere um experimento típico Crianças com idade entre 8 e 11 anos ouviram trechos contendo informações contraditórias A descrição de como preparar a sobremesa Alasca ao Forno é um exemplo Markman 1979 p 656 Para preparála coloque o sorvete em um forno muito quente O sorvete no Alasca ao Forno derrete quando fica quente com esta temperatura Em seguida tire o sorvete do forno e sirvao imediatamente Quando o Alasca ao Forno é preparado o sorvete permanece firme e não derrete Observe que o trecho contém uma contradição interna flagrante Afirma ao mesmo tempo que o sorvete derrete e que não derrete Quase metade das crianças com menos idade que viram esse trecho simplesmente não perceberam a contradição Mesmo quando foram notificadas antecipadamente sobre problemas na história muitas das crianças mais novas ainda assim não detectaram a incoerência Portanto as crianças com menos idade não tiveram muito sucesso no monitoramento da compreensão Deixam muito a desejar mesmo quando avisadas para permanecer alertas para as inconsistências no texto que leem Um aspecto importante do desenvolvimento de todas as aptidões cognitivas incluindo o monitoramento da compreensão é o progresso que as pessoas demonstram no uso dessas aptidões A Linguagem dos Animais Alguns psicólogos cognitivos especializamse no estudo dos animais Por que estudam os animais apesar de os seres humanos estarem tão prontamente disponíveis Existem diversas razões Primeira supõese que os animais possuem muitas vezes sistemas cognitivos mais simples Estes modelos podem ser então aproveitados para o estudo de seres humanos conforme ocorreu mais acentuadamente no estudo da aprendizagem Por exemplo um modelo de condicionamento que foi proposto originalmente para animais como ratos brancos pode ser extremamente útil para a compreensão do aprendizado humano Rescorla Wagner 1972 O modelo ao ser apresentado inicialmente era único ao propor que a cognição dos animais é mais complexa do que havia sido considerada previamente O chimpanzé podia eventuais problemas em um determinado contexto Contudo não é a única pesquisa que utilizou chimpanzés A segunda razão é que experimentos em seres humanos são extremamente difíceis de serem realizados Não podemos manipular variáveis independentes e dependentes com a mesma facilidade que podemos em relação aos seres humanos Por esta razão a pesquisa envolvendo chimpanzés proporciona aos pesquisadores uma vantagem na busca de esclarecer questões sobre a cognição e a inteligência Por exemplo várias pesquisas demonstraram que chimpanzés podem utilizar as palavras e produzir descrições contextuais Estudos que realizaram a pesquisa sobre comportamentos sociais em grupos de chimpanzés normalmente estabeleceram um paralelo com o que sabemos sobre a solidão e o envolvimento dos seres humanos Não se pode esquecer de que a companhia e a formação de relações sociais entre os animais são vitais para o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas Em terceiro lugar animais que não vivem no meio selvagem podem atuar como participantes em todas as horas ou pelo menos estar disponíveis regularmente Encontramse normalmente presentes quando o experimentador precisa deles Em contraste alunos de faculdade e outras pessoas possuem muitas outras obrigações como aulas trabalhos escolares empregos e compromissos pessoais Além disso algumas vezes mesmo quando se inscrevem para participar de pesquisas não comparecem Quarta uma compreensão da base comparativa e evolutiva bem como das bases de desenvolvimento do comportamento humano exige estudos de animais de várias espécies Rumbaugh Beran 2003 Se os psicólogos cognitivos desejam compreender as origens da cognição humana no passado distante precisam estudar outros tipos de animais além dos seres humanos Quinta e última razão o estudo de seres humanos permite aos psicólogos cognitivos analisarem que aptidões cognitivas são exclusivamente humanas e quais são partilhadas com animais O filósofo René Descartes propôs que a língua é o que distingue qualitativamente os seres humanos das espécies animais Estava certo Antes de analisarmos os detalhes da linguajem animal devemos enfatizar a distinção entre comunicação e língua Poucos duvidariam que os animais se comunicam de alguma maneira O que se discute é se eles o fazem por meio daquilo que poderia ser denominado razoavelmente uma língua Como língua é um meio organizado de combinação de palavras para se comunicar comunicação global mais amplamente não apenas o intercâmbio de pensamentos e sensações por meio da língua mas também a expressão não verbal Exemplos incluem gestos olhares de relance distanciamentos e outras indicações contextuais Primatas especialmente chimpanzés permitemnos obter as percepções mais promissoras da linguagem animal Jane Goodall a famosa pesquisadora de chimpanzés na selva estudou diversos aspectos do comportamento desses animais Um dos aspectos relacionase às vocalizações Goodall considera que muitas delas são claramente comunicativas embora não necessariamente indicativas de linguagem Por exemplo chimpanzés emitem um grito específico indicando que estão para ser atacados Usam outro grito para reunir seus companheiros em grupo Apesar disso seu repertório de vocalizações comunicativas parece ser pouco improdutivo não são produzidas novas expressões orais limitado em estrutura sem complexidade estrutural e relativamente não arbitrário Também não é adquirido de modo espontâneo As comunicações dos chimpanzés não satisfazem portanto nosso critério para uma língua Este capítulo examina alguns dos principais temas analisados no Capítulo 1 Em primeiro lugar existe o tema natureza versus criação Em que grau a língua é o resultado de algum dispositivo inato de aquisição e em que extensão é o resultado da experiência As primeiras pesquisas durante a época do Behaviorismo enfatizaram com grande relevância o papel da criação Muitas pesquisas modernas desde os trabalhos de Noam Chomsky na década de 1960 enfatizaram o papel de fatores inatos natureza Porém está claro que a natureza interage com a criação Crianças que possuem experiências verbais mínimas em seus primeiros anos de vida terão desvantagens no desenvolvimento de aptidões linguísticas Um segundo tema é o Racionalismo versus Empirismo A maioria dos psicólogos enfatiza técnicas empíricas em suas pesquisas Porém linguistas como Chomsky enfatizaram técnicas mais racionalistas Elas analisaram a língua normalmente sem coletar de modo formal qualquer dado empírico pelo menos no sentido que os psicólogos cognitivos consideram a composição de tais dados Os insights notáveis de Chomsky mostram que os dois métodos se complementam Muitos insights podem surgir do Racionalismo Também podem ser testados por métodos empíricos Um terceiro tema é o da generalidade do domínio versus especificidade do domínio Em particular em que grau a língua é especial Tratase de um domínio à parte de outros domínios ou simplesmente de mais um domínio cognitivo como qualquer outro Muitos psicólogos acreditam nos dias atuais que realmente existe algo especial em relação à língua Os processos cognitivos operam simultaneamente sobre a língua para que as pessoas a utilizem em praticamente todos os demais domínios em que atuam Por exemplo muitos problemas de Matemática e de Física são apresentados por palavras Diga a qualquer número de pessoas Na lama as enguias estão no barro nenhuma está Perguntemlhes o que você acabou de dizer Nossa experiência é que quase ninguém consegue compreender esta sentença A razão é que as pessoas não estão aplicando o esquema apropriado para compreender sua expressão verbal Se você fosse lhes solicitar que se considerassem como peixes que não querem ser comidos por enguias e se fosse repetir em seguida essa sentença muitas pessoas serão capazes de compreender aquilo que você diz Nossa experiência é que ainda existem pessoas que não serão capazes de compreender esta expressão verbal e portanto você terá de darlhes indicações mais precisas Bloom P How children learn the meanings of words Cambridge MIT Press 2000 Um estudo abrangente e com provas empíricas da aquisição de vocabulário por crianças com pouca idade Givens D G The nonverbal dictionary of gestures signs body language cues Spokane Center for Nonverbal Studies Press 2002 Este livro proporciona uma explicação abrangente dos comportamentos e das indicações não verbais incluindo sinais idiomas e linguagem corporal Hillix W A Rumbaugh D M Animal bodies human minds Ape dolphin and parrot language skills Nova York Kluwer AcademicPlenum 2004 Este livro oferece uma visão de conjunto da linguagem dos animais Contém descrições detalhadas de pesquisas realizadas em muitas espécies diferentes de animais