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Psicologia ·

Psicologia Social

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princípios básicos DE A N Á L I S E DO COMPORTAMENTO MÁRCIO BORGES MOREIRA Mestre em Psicologia pela Universidade Católica de Goiás UCG Doutorando em Análise do Comportamento pela Universidade de Brasília UnB Professor do Instituto de Educação Superior de Brasília IESB CARLOS AUGUSTO DE MEDEIROS Doutor em Psicologia pela Universidade de Brasília Professor do Instituto de Educação Superior de Brasília IESB e do Centro Universitário de Brasília UniCeub Agradecimentos A todos os nossos alunos que contribuíram direta ou indiretamente com idéias e sugestões para o aprimoramento deste livro Ao curso de psicologia do Instituto de Educação Superior de Brasília IESB wwwiesbcombr e ao Professor João Cláudio Todorov pelo apoio e incentivo na elaboração desta obra Aos Professores Graziela Furtado Scarpelli Ferreira Cristiano Coelho Diogo Seco Ricardo Martone Paula Madsen e Silvia Lordelo pela valiosa ajuda com a revisão do manuscrito que deu origem a este livro Aos Professores Este livro foi escrito enquanto desenvolvíamos e ministrávamos um curso de Princípios Básicos de Análise do Comportamento para alunos de graduação em Psicologia nos moldes do Sistema Personalizado de Ensino PSI Na primeira versão de nosso curso organizamos uma apostila com textos de Catania Ferster Tourinho entre outros Para facilitar a compreensão dos alunos em relação a tais textos começamos a elaborar algumas transparências e alguns resumos explicativos Foi assim que o livro começou a ser escrito Em um curso dado nos moldes do Sistema Personalizado de Ensino não temos aulas nas quais o professor transmite o conteúdo para o aluno O conteúdo da disciplina é cuidadosamente divido em 20 unidades no nosso caso e o aluno seguirá passo a passo mudando de uma unidade para a outra apenas no momento em que demonstrar total domínio do conteúdo de cada unidade Cada aluno segue em seu próprio ritmo ou seja não há datas para as avaliações e cada avaliação pode ser refeita quantas vezes forem necessárias para que o alu no demonstre domínio do assunto abordado Cada aluno só se submete à avalia ção de uma unidade quando se sente preparado para tal Para que a disciplina possa funcionar nesses moldes cada aluno recebe além do material a ser estuda do instruções claras e objetivas do que e de como estudar o material da disciplina Além disso contamos com a ajuda essencial ao método de tutores alunos que concluíram a disciplina em semestres anteriores Professores e tutores da disciplina disponibilizam horários para o atendimento individual a cada aluno tirar dúvidas discutir os tópicos abordados realizar as Verificações de Aprendiza gem etc Eventualmente o professor faz palestras ou demonstrações experi mentais sobre os assuntos tratados nas disciplinas sendo voluntária a participa ção do aluno nestas palestras A terceira turma do curso iniciou seu semestre utilizando uma versão deste livro muito próxima à versão final a qual se encontra neste momento em suas mãos Já nas primeiras semanas de aula percebemos uma sensível diferença no desempenho dos alunos em comparação à primeira turma Essa diferença refletiu se objetivamente no número de reformulações das Verificações de Aprendizagem dos alunos Ao ler o livro é possível perceber que a linguagem utilizada está mais próxima daquela empregada por nós em sala de aula do que daque la encontrada nos textos clássicos Foi dada grande ênfase a exemplos do cotidiano e certo esforço foi empreendido para fornecer ilustrações que facilitassem a leitura Recomendamos aos professores que fizerem uso deste livro em sala de aula que utilizem também da forma como acharem mais conveniente o material de apoio vídeos exercícios e experimentos online empregado em nosso curso e disponibilizado no website wwwwalden4combr Aos alunos Escrevemos um livro sobre Princípios Básicos de Análise do Comportamento para alunos de graduação em Psicologia Nossa principal orientação ao elaborá lo foi tentar colocar no papel aquilo que falamos em sala de aula Muitas vezes o aluno não entende o assunto ao ler um texto mas entende quando o professor traduz o que está escrito Por que não escrever logo da forma mais simples Foi o que fizemos Tivemos um certo trabalho para ilustrar o livro para que o leitor tenha menos trabalho para estudálo Ao ler cada capítulo estude cuidadosamente cada figura cada diagrama e cada gráfico presentes no texto Ainda para facilitar o estudo disponibilizamos no website wwwwalden4combr uma série de vídeos e de exer cícios Recomendamos fortemente que se faça bom uso desse material de apoio Esperamos que por meio deste livro seja possível conhecer adequadamente a Análise do Comportamento uma belíssima área da Psicologia que tem ajudado psicólogos do mundo inteiro a trabalhar de forma efetiva nos mais diversos cam pos de atuação do psicólogo como por exemplo em clínica em organizações em escolas em contexto hospitalar nos esportes em educação especial no trata mento do autismo nas comunidades no planejamento cultural no tratamento das mais diversas psicopatologias nos laboratórios de pesquisa psicológica com animais ou humanos na psicofarmacologia na psicologia jurídica e no auxílio a crianças com déficit de aprendizagem ou atenção entre várias outras Então bom estudo e mãos à obra Prefácio Em 25 de junho de 2006 Amy Sutherland publicou um artigo no New York Times de grande sucesso entre os leitores Assinantes do jornal podem entrar em sua página na internet e enviar cópias de artigos para amigos por email Por semanas depois de publicado o artigo continuava como um dos preferidos dos leitores para enviar pela Internet O título é curioso e o tema inusitado O que Shamu me ensinou sobre um casamento feliz Shamu é um animal e o artigo aborda a experiência da autora ao descobrir que os métodos usados por treinadores para ensinar elefantes a pintar hienas a fazer piruetas macacos a andar de skate etc poderiam ser usados sem estresse para ensinar boas maneiras a seu ma rido O artigo seria um excelente marketing para psicólogos analistas do comporta mento não fosse por um pormenor simplesmente não menciona de onde veio o conhecimento Mais de 70 anos depois da publicação de B F Skinner distinguin do dois tipos de aprendizagem respondente e operante os princípios de análise do comportamento desenvolvidos no livro de 1938 Comportamento dos organismos e no texto de F S Keller e W N Schoenfeld Princípios de psicologia de 1950 parecem estar tão consolidados que até fazem parte do senso comum Em lingua gem acessível sem termos técnicos estão em livros de autoajuda em textos voltados para o comportamento em organizações na especificação de roteiros para o ensino a distância e em outras obras voltadas para o público em geral A abordagem sistemática dos conceitos e princípios da análise do comporta mento é o objetivo maior do texto de Márcio Borges Moreira e Carlos Augusto de Medeiros Preparado para o curso de graduação em Psicologia do Instituto de Educação Superior de Brasília IESB para a utilização do sistema personalizado de ensino ou Método Keller o trabalho foi beneficiado pelo caráter experimental do ensino que permite identificar dificuldades e lacunas do texto por meio das reações dos leitores Temos pois um livro didático de leitura fluida que prepara o aluno para entender e usar os termos e conceitos tão úteis para o desempenho profissional do psicólogo João Cláudio Todorov PhD em Psicologia pela Arizona State University USA Coordenador do Curso de Psicologia do Instituto de Educação Superior de Brasília IESB e professor da Universidade Católica de Goiás UCG Sumário Prefácioxi 1 O reflexo inato 17 Reflexo estímulo e resposta 18 Intensidade do estímulo e magnitude da resposta 20 Leis ou propriedades do reflexo 22 Lei da intensidademagnitude22 Efeitos de eliciações sucessivas da resposta habituação e potenciação24 Os reflexos e o estudo de emoções 25 Principais conceitos apresentados neste capítulo 28 Bibliografia consultada e sugestão de leitura28 2 O reflexo aprendido Condicionamento Pavloviano 29 A descoberta do reflexo aprendido Ivan Petrovich Pavlov30 Vocabulário do condicionamento pavloviano32 Condicionamento pavloviano e o estudo de emoções 32 Generalização respondente35 Respostas emocionais condicionadas comuns 38 Extinção respondente e recuperação espontânea 38 Contracondicionamento e dessensibilização sistemática39 Uma palavrinha sobre condicionamento pavloviano 42 Condicionamento pavloviano de ordem superior43 Algumas outras aplicações do condicionamento pavloviano44 Fatores que influenciam o condicionamento pavloviano45 Principais conceitos apresentados neste capítulo46 Bibliografia consultada e sugestões de leitura46 3 Aprendizagem pelas conseqüências o reforço 47 O comportamento operante produz conseqüências no ambiente48 O comportamento é afetado é controlado por suas conseqüências49 Exemplos simples de controle do comportamento por suas conseqüências50 O reforço51 Reforçadores naturais versus reforçadores arbitrários 52 Outros efeitos do reforço53 Extinção operante55 Resistência à extinção 56 Fatores queinfluenciam a resistência à extinção57 Outros efeitos da extinção 58 Modelagem aquisição de comportamento 60 Principais conceitos apresentados neste capítulo62 Bibliografia consultada e sugestões de leitura62 Aprendizagem pelas conseqüências o controle aversivo 63 Por que controle aversivo do comportamento63 Contingências de reforço negativo65 Comportamento de fuga e comportamento de esquiva66 Punição69 Dois tipos de punição70 Efeitos colaterais do controle aversivo 75 Por que punimos tanto79 Quais as alternativas ao controle aversivo81 Algumas conclusões importantes 83 Principais conceitos apresentados neste capítulo83 Bibliografia consultada e sugestões de leitura 84 Primeira revisão do conteúdo 85 O reflexo inato Capítulo 1 85 O reflexo aprendido condicionamento pavloviano Capítulo 2 87 Aprendizagem pelas consequências o reforço Capítulo 3 89 Aprendizagem pelas consequências o controle aversivo Capítulo 4 90 Comportamento operante e comportamento respondente Reflexo 91 Principais conceitos revistos94 Controle de estímulos o papel do contexto 97 Discriminação operante e operante discriminado 98 Contingência tríplice ou contingência de três termos98 Treino discriminativo e controle de estímulos100 Generalização de estímulos operante 101 Classes de estímulos 105 O atentar atenção como um comportamento106 Abstração o comportamento de abstrair 109 Moreira Medeiros 15 Encadeamento de respostas e reforço condicionado 111 Principais conceitos apresentados neste capítulo115 Bibliografia consultada e sugestões de leitura115 Esquemas de reforçamento 117 Esquema de reforço contínuo e esquemas de reforçamento intermitente 117 Os principais esquemas de reforçamento intermitente FR VR FI VI 118 Comparação entre esquemas intermitente e contínuo123 Padrões comportamentais de cada esquema125 Esquemas nãocontingentes e o comportamento supersticioso128 Esquemas reguladores da velocidade do responder taxa de respostas 129 Reforçamento diferencial de outros comportamentos DRO131 Esquemas compostos131 Principais conceitos apresentados neste capítulo134 Bibliografia consultada e sugestões de leitura135 Segunda revisão do conteúdo 137 Controle de estímulos o papel do contexto Capítulo 6 137 Esquemas de reforçamento Capítulo 7139 Psicologia e aprendizagem 141 Principais conceitos revistos 142 A análise funcional aplicação dos conceitos 145 Análise funcional do comportamento 146 Análise funcional de um desempenho em laboratório 151 Análise funcional de um caso clínico 155 Uma última nota162 Bibliografia consultada e sugestões de leitura 164 Atividades de laboratório 165 Teoria versus teste empírico um exemplo simples165 Por que estudar o comportamento de animais em um curso de psicologia 166 O laboratório de condicionamento operante 167 Atividade prática 1 modelagem168 Atividade prática 2 reforço contínuo da resposta de pressão à barra CRF 175 Atividade prática 3 extinção e recondicionamento 177 Atividade prática 4 esquema de reforçamento razão fixa e razão variável 178 L Sumário Atividade prática 5 esquema de reforçamento intervalo fixo e intervalo variável 179 Atividade prática 6 treino discriminativo o papel do contexto 181 Atividade prática 7 encadeamento de respostas comportamentos em seqüência182 Algumas normas e dicas para se redigir um relatório científico 191 Noções gerais para confecção do relatório científico 192 Regras gerais para a confecção do relatório científico 193 Capa193 Resumo e palavraschave 194 Sumário 195 Introdução 196 Método200 Resultados202 Discussão203 Referências bibliográficas204 Anexos206 Esboço de como ficará o relatório 207 Checklist o que checar após finalizar o relatório 208 B F Skinner análise do comportamento e o behaviorismo radical 211 Burrhus Frederic Skinner 211 Análise do comportamento213 O behaviorismo radical de Skinner215 Principais conceitos apresentados neste capítulo 220 Bibliografia consultada e sugestões de leitura221 mmÊÈÊÊÊSÊBÊmgÊÊÊmËSiÊÊSMÊmsmm M M i C  P t x ï s i û t O reflexo inato SfeigÃínirv itófiSlS ïx áS 7 Quando o médico bate o martelo no joelho de um paciente o músculo de sua coxa contraise você dá um chute no ar quando a luz incide sobre sua pupila ela se contrai quando você ouve um barulho alto e repentino seu coração dispara taquicardia quando você entra em uma sala muito quente você começa a suar Esses são apenas alguns exemplos de com portamentos reflexos inatos Note que há algo em comum em todos eles há sempre uma alteração no ambiente que produz uma alteração no organismo no corpo do indivíduo Todas as espécies animais apresentam comportamentos reflexos inatos Es ses reflexos são uma preparação mínima que os organismos têm para come çar a interagir com seu ambiente e para ter chances de sobreviver Figura 11 Se você colocar seu dedo na boca de um recémnascido automaticamente ele irá sugar o seu dedo Da mesma forma quando o seio da mãe entra em conta to com a boca do bebê uma resposta semelhante é observada sucção Não é Os reflexos inatos são muito importantes para nossa sobrevivência As figuras A e B exemplificam como alguns reflexos inatos nos auxiliam a sobreviver em nossos primeiros contatos com o mundo necessário que o recémnascido aprenda a mamar Imagine como seria difícil ensinar a um bebê esse comportamento mamar Se você espetar o pé de um bebê ele contrairá sua perna afastando seu pé do objeto que o está ferindo Esses e inúmeros outros reflexos fazem parte do repertório comportamental comportamentos de um organismo de animais humanos e nãohumanos desde o momento de seu nascimento e até mesmo da vida intrauterina por isso são chamados reflexos inatos No diaadia utilizamos o termo reflexo em expressões como aquele goleiro tem um reflexo rápido o reflexo da luz cegou seu olho por alguns instantes ou você tem bons reflexos O termo reflexo também foi empregado por alguns psicólogos e fisiologistas para falar sobre comportamento Neste capítulo discutiremos os comportamentos chamados reflexos especialmente dos reflexos inatos Para tan to é necessário que antes de falarmos sobre os comportamentos reflexos especi fiquemos o que é para nós psicólogos um reflexo Na linguagem cotidiana por exemplo aquelegoleiro tem um reflexo rápido utilizamos o termo reflexo como um sinônimo de resposta ou seja aquilo que o organismo fez Em psicologia quando falamos sobre comportamento reflexo o termo reflexo não se refere àquilo que o indivíduo fez mas sim a uma relação entre o que ele fez e o que aconteceu antes de ele fazer Reflexo portanto é uma relação entre estímulo e resposta é um tipo de interação entre um organismo e seu ambiente Reflexo estímulo e resposta Para compreendermos o que é reflexo ou seja uma relação entre estímulo e resposta é necessário que antes saibamos claramente o que é um estímulo e o que é uma resposta Os termos estímulo e resposta são amplamente usados por nós na linguagem cotidiana O significados desses dois termos ao se referir a comportamento são no entanto diferentes do uso cotidiano Quando falamos sobre comportamento reflexo esses termos adquirem significados diferentes estímulo é uma parte ou mudança em uma parte do ambiente resposta é uma mudança no organismo Figura 12 Analise os exemplos de reflexos da Tabela 11 tentando relacionálos aos conceitos de estímulo e resposta apresentados anteriormente Note que na Tabela 11 temos a descrição de quatro reflexos ou seja a descrição de cinco relações entre o ambiente estímulo e o organismo resposta No re flexo fogo próximo à mão contração do braço fogo próximo à mão é uma mu dança no ambiente não havia fogo agora há e contração do braço é uma mudança no organismo o braço não estava contraí do agora está produzida pela mudança no ambiente Portanto quando mencionamos reflexo estamos nos referindo às relações entre estímulo e resposta que especificam que determinada mudança no ambiente Estímulo Resposta fogo próximo à mão contração do braço martelada no joelho flexão da perna alimento na boca salivação barulho estridente sobressalto Estímulos S Respostas R Booü Mudança no Ambiente Mudança no Organismo produz Reflexos são relações entre estímulos e respostas Respostas são mudanças em nosso orga nismo produzidas por mudanças no ambiente A reiação entre estímulo e resposta é chamada reflexo produz determinada mudança no organismo Dito em termos técnicos o refle xo é uma relação entre um estímulo e uma resposta na qual o estímulo elida a resposta E comum em ciência termos símbolos para representar tipos diferentes de fenômenos objetos e coisas Em uma ciência do comportamento não seria diferente Ao longo deste livro você aprenderá diversos símbolos que representam os aspectos comportamentais e ambientais envolvidos nas interações organis moambiente Para falar de comportamento reflexo utilizaremos a letra S para representar estímulos e a letra R para representar respostas A relação entre estímulo e resposta é representada por uma seta Quando a análise compor tamental envolve dois ou mais reflexos é comum haver índices nos estímulos Sj S2 S3 e nas respostas Rt R2 R3 O reflexo patelar por exemplo pode ria ser representado assim ou seja S é o estímulo batida de um martelo no joelho e R é a resposta flexão da perna A seta significa que o estímulo produz elicia a resposta Dizemos S R nesse caso que S elicia R ou que a batida de um martelo no joelho elicia a resposta de flexão da perna A Tabela 12 apresenta vários exemplos de estímulos e respostas Quando há um X na coluna S tratase de um estímulo Quando o X está na coluna em R tratase do exemplo de uma resposta Quando houver apenas um traço nas colunas S e R significa que é necessário completar a tabela marcando um X na coluna S para estímulos e um X na coluna R para respostas Intensidade do estímulo e magnitude da resposta Antes de estudarmos um pouco mais as relações entre os estímulos e as repostas é necessário conhecermos os conceitos de intensidade do estímulo e magnitu de da resposta Tanto intensidade como magnitude referemse ao quanto de estímulo intensidade e ao quanto de resposta ou à força do estímulo e à força da resposta como falamos na linguagem cotidiana Tomemos como exemplo o reflexo patelar Figura 13a Nele o estímulo é a martelada no joelho e a distensão da perna é a resposta Nesse caso a força com que a martelada é dada é a intensidade do estímulo e o tamanho da distensão da perna é a magnitude da resposta Quando entramos em uma sala muito quente começamos a suar Nesse exemplo de comportamento reflexo o estímu lo é o calor temperatura e a resposta é o ato de suar A intensidade do estímulo nesse caso é medi da em graus Celsius 25 40 30 etc e a magnitu de da resposta é medida pela quantidade de suor produzido 10 mililitros 15 mililitros A Tabela 13 apresenta alguns exemplos de estí mulos e respostas e informa como poderíamos medi los A primeira coluna da Tabela 13 S ou R indica se o exemplo é um estímulo S ou uma res posta R A terceira coluna apresenta uma forma de medir esses estímulos e essas respostas Note que as formas de medir colocadas na Tabela 13 repre sentam apenas algumas possibilidades de men suração de estímulos e respostas Aprender a observar e medir o comportamento é extremamente importante para o psicólogo Inde pendentemente da nossa vontade sempre estamos fazendo referência mesmo que implicitamente a alguma medida de comportamento Até mesmo o leigo faz isso quando por exemplo pergunta Você ficou com muito medo naquele momento O que mais excita você palavras ou cheiros Muito pou co mais menos estas não são medidas muito boas mas fazem referência direta a elas Por isso devemos ser hábeis em mensurar o comportamento Eventos S R Cisco no olho X Sineta do jantar Ruborização ficar vermelho Choque efétrico X Luz no olho Lacrimejo X Arrepio Som da broca do dentista Aumento na freqüência cardíaca X Contração pupilar X Suor Situação embaraçosa Cebola sob otho X Comida na boca MoelaMfoeÍs S ouR Estímuloresposta Como medir S Som barulho Altura em decibéis R Salivar Gotas de saliva em mililitros R Contração pupilar Diâmetro da pupila em milímetros S Choque elétrico Volts S Calor Graus Celsius R Taquicardia Número Je batimentos por minuto R Suor sudorese Mililitros de suor produzido R Contração muscular força da contração em Newtons S Alimento Quantidade em gramas a Antes do estím ulo Estímulo martelada Resposta movimento Antes do estímulo Estímulo luz Resposta contração pupilar Mudanças no ambiente produzem mudanças no organismo a reflexo patelar b reflexo pupilar 22 O reflexo inato Leis ou propriedades do reflexo Ao longo dos três últimos séculos vários pesquisadores entre eles alguns psicólo gos estudaram os reflexos inatos de humanos e nãohumanos buscando com preender melhor esses comportamentos e identificar suas características princi pais e seus padrões de ocorrência Estudaremos a seguir algumas das descobertas desses pesquisadores O objetivo de uma ciência é buscar relações uniformes constantes entre eventos e foi exatamente isso que os cientistas que estudaram e estudam o comportamento reflexo fizeram eles buscaram identificar relações constantes entre os estímulos e as respostas por eles eliciadas que ocorressem da mesma forma nos mais diversos reflexos e nas mais diversas espécies Uroewftoéquatauefmu rtnnfitVn1 naifánomundo Essas constancias nas relações entre estímulos e respostas sao chamadas leis ou propriedades do reflexo Examinaremos a seguir tais leis Lei da intensidademagnitude A lei da intensidademagnitude estabelece que a intensidade do estímulo é uma medida diretamente proporcional à magnitude da resposta ou seja em um refle xo quanto maior a intensidade do estímulo maior será a magnitude da resposta ver Figura 14 Tomando novamente como exemplo o reflexo que compreende um barulho alto estímulo e um susto resposta teríamos o seguinte quanto Antes do estímulo Estímulo S Intensidade Resposta R magnitude i t it ÍIL aáwatf liüBIt Quanto mais intenso um estímulo mais intensa será a resposta eliciada por ele Quanto maior é a intensidade do estímulo calor maior é a magnitude da resposta suor Moreira Medeiros 23 mais alto o barulho maior o susto Quando você abre a janela do seu quarto pela manhã após acordar a luz estímulo que incide sobre seus olhos elicia a contra ção de suas pupilas resposta Segundo a lei da intensidademagnitude quanto mais claro estiver o dia mais suas pupilas irão se contrair Lei do limiar Esta lei estabelece que para todo reflexo existe uma intensidade mínima do estímulo necessária para que a resposta seja eliciada Um choque elétrico é um estímulo que elicia a resposta de contração muscular Segundo a lei do limiar existe uma intensidade mínima do choque de 5 a 10 volts apenas como exemplo esses valores são fictícios e o valor do limiar é individual que é necessária para que a resposta de contração muscular ocorra Essa faixa de valores no exemplo que varia de 5 a 10 volts é chamada limiar Portanto valores abaixo do limiar não eliciam respostas enquanto valores acima do limiar eliciam respostas Há ainda outra característica importante sobre o limiar do reflexo Percebeuse que o limiar não é um valor definido Nesse exemplo o limiar compreende valores entre 5 e 10 volts sendo assim choques aplicados com intensidades variando entre 5 e 10 volts limiar às vezes eliciarão a resposta de contração muscular às vezes não O gráfico apresentado na Figura 15 mostra essa relação entre a inten sidade do estímulo e a eliciação da resposta Lei do limiar Existe uma intensidade mínima do estímulo necessária para eliciar uma resposta Só a partir do terceiro quadro o suor é produzido Lei da latência Latência é o nome dado a um intervalo entre dois eventos No caso dos reflexos latência é o tempo decorrido entre apresentação do estímulo e a ocorrência da resposta A lei da latência estabelece que quanto maior a intensidade do estí mulo menor a latência entre a apresentação desse estímulo e a ocorrência da resposta ver Figura 16 Barulhos altos e estridentes estímulos geralmente nos eliciam um susto resposta Segundo a lei da latência quanto mais alto for Sem suor Sem suor Suor resposta Ffewaf5 Antes do estimulo Estímulo S Resposta R Lei da latência Quanto mais fraco é o estímulo menor intensidade mais tempo se passará entre a apresentação do estímulo e a ocorrência da resposta ou seja maior será a latência da resposta o barulho mais rapidamente haverá contrações musculares que caracterizam o susto Além da latência entre apresentação estímulo e ocorrência da resposta a intensidade do estímulo também possui uma relação diretamente proporcional à duração da resposta quanto maior a intensidade do estímulo maior a duração da resposta Quando um vento frio passa por nossa pele estímulo nós nos arrepiamos resposta Você já deve ter tido alguns arrepios mais demorados que outros O tempo pelo qual você ficou arrepiado é diretamente proporcional à intensidade do frio ou seja quanto mais frio mais tempo dura o arrepio Efeitos de eliciações sucessivas da resposta habituação e potenciação Outra característica importante dos reflexos são os efeitos que as eliciações suces sivas exercem sobre eles Quando um determinado estímulo que elicia uma determinada resposta é apresentado ao organismo várias vezes seguidas em curtos intervalos de tempo observamos algumas mudanças nas relações entre o estímulo e a resposta Quando um mesmo estímulo é apresentado várias vezes em curtos intervalos de tempo na mesma intensidade podemos observar um decréscimo na magnitu de da resposta Chamamos esse efeito na resposta de habituação ver Figura 17 É possível notar facilmente tal fenômeno se alguém tivesse que preparar uma refeição para um número grande de pessoas e para isso fosse necessário cortar várias cebolas Ao cortar as primeiras cebolas o olho lacrimejaria bastante Habituação do reflexo Quando somos expostos a um determinado estímulo por um tempo prolongado a magnitu de da resposta tende a diminuir Na figura a a cada cebola cortada uma após a outra diminui a quantidade de lacrimejação Quando estamos em um local barulhento figura b após alguns minutos temos a impressão de que o barulho diminuiu Após algumas cebolas estarem descascadas seria perceptível que as lágrimas nos olhos teriam diminuído ou cessado Para alguns reflexos o efeito de eliciações sucessivas é exatamente oposto da habituação À medida que novas eliciações ocorrem a magnitude da resposta aumenta ver Figura 18 Os reflexos e o estudo de emoções Um aspecto extremamente relevante do comportamento humano são as emoções medo alegria raiva tristeza excitação sexual etc Você já deve ter dito ou 26 O reflexo inato ouvido falar a seguinte frase Na hora nâo consegui controlar minhas emoções Já deve ter achado estranho e até certo ponto incompreensível por que algumas pessoas têm algu mas emoções como ter medo de pena de aves ou de baratas ou ficar sexualmente excitadas em algumas situações no mínimo estranhas como coprofilia e necrofilia Muitas dessas emoções que sentimos são respostas reflexas a estí mulos ambientais Por esse motivo é difícil controlar uma emoção é tão difícil quanto não querer chutar quando o médico dá uma martelada em nosso joelho Os organismos de acordo com suas espécies nascem de alguma forma preparada para interagir com seu ambiente Assim como nascemos preparados para contrair um múscu lo quando uma superfície pontiaguda é pressionada contra nosso braço nascemos também preparados para ter algu mas respostas emocionais quando determinados estímu los surgem em nosso ambiente Inicialmente é necessário saber que emoções não surgem do nada As emoções surgem em função de determinadas situações de determinados con textos Não sentimos medo alegria ou raiva sem motivo sentimos essas emoções quando algo acontece Mesmo que a situação que causa uma emoção não seja aparente isso não quer dizer que ela não exista podendo ser até mesmo um pensamento uma lembrança uma mú sica uma palavra etc isto ficará mais fácil de entender no Capítulo 2 quando trataremos da aprendizagem de novos reflexos Outro ponto importante a ser considerado é que boa parte não tudo daquilo que entendemos como emoções diz respeito à fisiologia do organismo Quando sentimos medo por exemplo uma série de reações fisiológicas estão acontecendo em nosso corpo as glândulas suprarenais secretam adrenalina os vasos san güíneos periféricos contraemse e o sangue concentrase nos mús culos ficar branco de medo entre outras reações fisiológicas Fi Excitarse na presença de fezes gUra g y o a mesma forma quando sentimos raiva alegria ansie morfâseSSeXUaSCOm3eSSOaS ace ou trsteza outras mudanças em nossa fisiologia podem ser detectadas utilizandose aparelhos próprios Esse aspecto fisiológico das emoções fica claro quando falamos sobre o uso de medicamentos ansiolíticos antidepressivos etc Os remédios que os psiquiatras preescrevem não afetam a mente humana mas sim o organismo a sua fisiologia Quando nos referimos às emoções sobretudo às sensações estamos falando portanto sobre respostas dos organismos que ocorrem em função de algum estímulo situação Os organismos nascem preparados para ter algumas modificações em sua fisiologia em função de alguns estímulos Por exemplo se um barulho alto e estridente é produzido próximo a um bebê recémnascido poderemos observar em seu organismo as respostas fisiológicas que descrevemos anteriormente como constituintes do que chamamos medo Em algum momento da evolução das espécies teoria de Charles Darwin ter determinadas respostas emocionais em função da apresentação de alguns Potenciação do reflexo Você está assistindo a uma aula chata e o profes sor fala OK o tempo todo Pouco a pouco os OKs vão ficando mais e mais irritantes Isso é um exemplo de po tenciação ou sensibilização do reflexo Tfif rnuíi í JL Mfl4iHBrtrr ifnnBU ql sywBBwtfe 27 REFLEXO RESPOSTAS FISIOLÓGICAS Aum ento na freqüência cardíaca Constrição capilar ficar branco de medo Secreção de adrenalina Estímulo Resposta MEDO emoção Como o reflexo está relacionado com as emoções que sentimos Quando sentimos uma emoção como o medo várias alterações estão ocorrendo em nosso corpo estímulos mostrou ter valor de sobrevivência O mundo na época em que o primeiro ser humano apareceu provavelmente era mais parecido com o da Figura 110 do que com o mundo que conhecemos hoje O valor de sobrevivência das emoções para as espécies pode ser ilustrado na Fi gura 110 Provavelmente o animal que está sendo atacado pelo tigre estímulo está sentindo algo semelhante ao que cha mamos de medo resposta emocional seu coração está batendo mais rapidamente seus vasos sangüíneos periféricos contraí ramse retirando o sangue da superfície de sua pele e concentrandoo nos múscu los Essas respostas fisiológicas em relação à situação mostrada o ataque do tigre tor nam mais provável que o animal escape com vida do ataque se o sangue saiu da Emoções para quê Ilustração de como emoções medo por superfície de sua pele arranhões produzi exemplo têm valor de sobrevivência para as espécies 28 O reflexo inato rão menos sangramento se o sangue concentrase nos músculos o animal será capaz de correr mais velozmente e de dar coices mais fortes Utilizamos como exemplo o medo por acharmos mais ilustrativo mas o mesmo raciocínio aplica se a outras emoções sejam ou não consideradas prazerosas para nós Não há dúvidas hoje de que boa parte daquilo que conhecemos como emoções envolve relações comportamentos reflexas ou seja relações entre estímulos do ambiente e respostas comportamento dos organismos Principais conceitos apresentados neste capítulo Estimulo Qualquer alteração ou parte do ambiente que produza uma mudança no organismo Resposta Qualquer alteração no organismo produzida por uma alteração no ambiente estímulo Reflexo é uma relação entre um estímulo específico e uma resposta específica Intensidade É a força ou quantidade de um do estimulo determinado estimulo Magnitude É a força de uma determinada da resposta resposta Contida colocada na boca faz o organismo sativar Saliva produzida pela colocação de comida na boca Comida elicia produz salivação Quantidade de comida colocada na boca 3 gramas 7 gramas Quantidade de saliva produzida 2 gotas 3 gotas 2 mililitros 4 mililitros Bibliografia consultada e sugestões de leitura Catania A C 1999 Aprendizagem comportamento linguagem e cognição Porto Alegre Artmed Capítulo 4 Comportamento eliciado e comportamento reflexo Millenson J R 1975 Princípios de análise do comportamento Brasília Coordenada Capítulo 2 Comportamento reflexo eliciado Wood E G Wood S E e Boyd D 2005 Learning Online Disponível httpwwwablongmancomsamplechapter0205361374pdf Recuperado em 12 de maio de 2005 O reflexo aprendido Condicionamento Pavloviano Você começa a suar e a tremer ao ouvir o barulho feito pelos aparelhos utilizados pelo dentista Seu coração dispara ao ver um cão Você sente náuseas ao sentir o cheiro de determi nadas comidas Você tem algum tipo de fobia Muitas pessoas responderiam sim a essas perguntas Mas para todas essas pessoas até um determinado momento de sua vida responde riam não a essas perguntas portanto estamos falando sobre aprendizagem e sobre um tipo de aprendizagem chamado Condicionamento Pavloviano No capítulo anterior sobre os reflexos inatos vimos que eles são comportamen tos característicos das espécies desenvolvidos ao longo de sua história filoge nética O surgimento desses reflexos no repertório comportamental das espécies preparamnas para um primeiro contato com o ambiente aumentando as chances de sobrevivência Uma outra característica das espécies animais também desen volvida ao longo de sua história filogenética de grande valor para sua sobrevivên cia é a capacidade de aprender novos reflexos ou seja a capacidade de reagir de formas diferentes a novos estímulos Durante a evolução das espécies elas aprenderam a responder de determinadas maneiras a estímulos específicos de seu ambiente Por exemplo alguns animais já nascem sabendo que não podem comer uma fruta de cor amarela a qual é venenosa Os reflexos inatos compreendem determinadas respostas dos organismos a determinados estímulos do ambiente Esse ambiente no entanto muda constan temente Em nosso exemplo a fruta amarela possui uma toxina venenosa que pode levar um organismo à morte Se animais de OAlteraçoesfisiológicaseana uma determinada especie ja nascem sabendo que nao podem aQ comer tal fruta essa espécie tem mais chances de se perpetuar do suaexistêncMvef Teoria da Evo que outras que não possuem essa característica Mas como disse lução de Charles Darwm O reftafO prendido Condicionamento Pavloviano mos o ambiente muda constantemente Essa fruta ao longo de alguns milhares de anos pode mudar de cor e os animais não mais a rejeita riam ou migrariam para outro local onde essas frutas têm cores diferentes Sua preparação para não comer frutas amarelas tornase inútil É nes se momento que a capacidade de aprender novos reflexos tornase importante Suponha que o ani mal em questão mudese para um ambiente on de há frutas vermelhas que possuem a mesma toxina que a fruta amarela A toxina inatamente produz no animal vômitos e náusea Ao comer a fruta vermelha o animal terá vômito e náusea respostas eliciados pela toxina estímulo Após tal evento o animal poderá passar a sentir náuseas ao ver a fruta vermelha e não mais a comerá diminuindo as chances de morrer envenenado Discutiremos a partir de então um reflexo aprendido ver a fruta vermelha sentir náuseas É sobre essa aprendizagem de novos reflexos chamada Condicionamento Pavloviano que trataremos neste capítulo Ivan Pavlov em seu laboratório Esta fotografia mostra Pavlov trabalhando em seu laboratório A descoberta do reflexo aprendido Ivan Petrovich Pavlov Ivan Petrovich Pavlov um fisiologista russo ao estudar reflexos biologicamente estabelecidos inatos observou que seus sujeitos experimentais cães haviam aprendido novos reflexos ou seja estímulos que não elicia vam determ inadas respostas passaram a eliciálas Em sua homenagem deuse a esse fenô meno aprendizagem um novo reflexo o nome de Condiciona m ento Pavloviano Pavlov em seu laboratório ver Figura 21 estudava as leis do reflexo que vimos no Capítulo 1 Ele estudava especificamente o reflexo salivar alimento na boca salivação Em uma fís tula um pequeno corte próxi ma às glândulas salivares de um cão Pavlov introduziu uma pe quena mangueira o que permi tia medir a quantidade de saliva produzida pelo cão magnitude da resposta em função da quan 0 aparato experimental usado por Pavlov A figura ilustra a situação experimental montada por Pavlov para estudar a aprendizagem de novos reflexos A mangueira colocada próxima à boca do cão permitia medir a quantidade de saliva produzida mediante a apresentação dos estímulos incondicionados comida e condicionados som de uma sineta Moreha Medeiros tidade e da qualidade de comida que era apresentada a ele ver Figura 22 Pavlov descobriu acidentalmente que outros estímulos além da comida também estavam eliciando salivação no cão Pavlov percebeu que a simples visão da co mida onde o alimento era apresentado eliciava a resposta de salivação no cão assim como o som de suas pegadas ao chegar ao laboratório ou simplesmente a aproximação da hora em que os experimentos eram freqüentemente realizados também o provocavam Pavlov então decidiu estudar com mais cuidado esses acontecimentos O experimento clássico de Pavlov sobre a aprendizagem de novos reflexos foi feito utilizandose um cão como sujeito experimental sua cobaia carne e o som de uma sineta como estímulos e a resposta observada foi a de salivação ver Figuras 22 e 23 Basicamente o que Pavlov fez foi emparelhar apresentar um e logo em seguida o outro para o cão a carne estímulo que naturalmente eliciava a respos ta de salivação e o som da sineta estímulo que não eliciava a resposta de salivação medindo a quantidade de gotas de saliva produzidas resposta quan do os estímulos eram apresentados Após cerca de 60 emparelhamentos dos estímulos carne e som da sineta Pavlov apresentou para o cão apenas o som da sineta e mediu a quantidade de saliva produzida Ele observou que o som da Procedimento para produzir Condicionamento Pavloviano Para que haja a aprendizagem de um novo reflexo ou seja para que haja condicionamento pavloviano um estímulo que não elicia uma determinada resposta neutro deve ser emparelhado a um estímulo que a elicia O rsem aprendido Coodfòevuunento Pavloviano S n V r r sineta havia eliciado no cão a resposta de salivação 0 cão havia aprendido um novo reflexo salivar ao ouvir o som da sineta Vocabulário do condicionamento pavloviano Quando se fala de condicionamento pavloviano é necessário conhecer e empregar corretamente os termos técnicos que a ele se referem Vamos examinar melhor a Figura 23 e identificar nela tais termos A Figura 23 apresenta três situações 1 antes do condicionamento 2 durante o condicionamento 3 após o condicionamento Na situação 1 a sineta na realidade o seu som representa um estímulo neutro cuja sigla é NS para a resposta de salivação o som da sineta na situação 1 não elicia a resposta de salivação A situação 2 mostra o emparelha Assias vêm do inglês uncon mento do estímulo neutro ao estímulo incondicionado cuja cfttkmed stimulift U5 rcamfi sigla é US Dizemos que a relação entre a carne e a resposta tiorted fwponseUR neutral sti incondicionada UR de salivação é um reflexo incondicio muius NS coEXftned stimulus nado pois não depende de aprendizagem Após várias repetições CSk condftiofted response CR da situaçao 2 chegamos a situaçao 3 na qual o condicionamento foi estabelecido ou melhor houve a aprendizagem de um novo reflexo chamado de reflexo condicionado O reflexo condicionado é uma relação entre um estímulo condicionado C S e uma resposta condicionada CR Note que o estímulo neutro e o estímulo condicionado são o mesmo estímulo som da sineta Nomeamos de formas diferentes esse estímulo na situação 1 e na situação 3 para indicar que sua função com relação à resposta de salivar foi modificada na situação 1 o som não eliciava a salivação estímulo neutro e na situação 3 o som elicia a salivação estímulo condicionado Um aspecto importante em relação aos termos neutro incondicionado e con dicionado é que o uso deles é relativo Quando falamos sobre comportamentos reflexos ou comportamentos respondentes outro nome dado aos reflexos na psicologia estamos sempre nos remetendo a uma relação entre um estímulo e uma resposta Portanto quando dizemos que um determinado estímulo é neu tro como no caso do som da sineta na situação 1 da Figura 23 estamos dizendo que ele é neutro para a resposta de salivar Quando dizemos que a carne é um estímulo incondicionado estamos afirmando que ela é um estímulo incondicio nado para a resposta de salivar Se a resposta fosse por exemplo arrepiar a carne seria um estímulo neutro para tal resposta A Figura 24 UmparacSp m raodeto representa o diagrama do paradigma do condicionamento respondente de forma genérica Condicionamento pavloviano e o estudo de emoções No início deste capítulo vimos que o condicionamento pavloviano referese ao processo e ao procedimento pelos quais os organismos aprendem novos reflexos Vimos também no Capítulo 1 que emoções são em grande parte relações entre Estímulo Neutro Emparelhamento de estímulos Rj S R Estímulo Resposta incondicionado incondicionada Estímulo Resposta condicionado condicionada Reflexo incondicionado Inato Reflexo condicionado Aprendido Novo n p H U Diagrama que representa o condicionamento pavloviano Esta figura é uma diagrama de como é feito ou como ocorre o condicionamento pavloviano Note que estímulo neutro e estímulo condicionado são o mesmo estímulo ele S2 apenas muda de função estímulos e respostas são portanto comportamentos respondentes Se os or ganismos podem aprender novos reflexos podem também aprender a sentir emoções respostas emocionais que não estão presentes em seu repertório comportamental quando nascem Exemplifiquemos melhor esse fenômeno apresentando um experimento clássico sobre condicionamento pav loviano e emoções feito por John Watson em 1920 o qual ficou conhecido como o caso do pequeno Albert e o rato O objetivo de Watson ao realizar tal experimento foi verificar se o Condiciona mento Pavloviano teria utilidade para o estudo das emoções o que se provou verdadeiro Basicamente a intenção de Watson foi verificar se por meio do Condi cionamento Pavloviano um ser humano um bebê de aproximadamente 10 me ses poderia aprender a ter medo de algo que não tinha Para sanar sua dúvida Watson partiu para a experimentação controlada ou seja buscou na prática suas respostas em ambiente controlado no qual é possível ter domínio sobre as variáveis relevantes para o experimento Como já afirmado um reflexo é condicionado a partir de outro existente O primeiro passo de Watson portanto foi identificar no repertório comportamental do bebê um reflexo inato Apenas para efeito de teste Watson verificou um conhecido reflexo som estridente estímulo susto ou medo resposta Watson posicionou próximo à cabeça do bebê ver Figura 25 uma haste de metal Ele bateu nessa haste com um martelo produzindo um barulho alto e estridente Após a martelada Watson observou e registrou as reações respostas do bebê 34 O reflexo aprendido Condicionamento Pavloviano Antes do condicionamento Estímulo incondicionado Estímulo neutro rato Sem medo Estímulo incondicionado som estridente Resposta incondícionada medo T Durante o condicionamento Após o condicionamento Estímulo incondicionado rato Resposta incondícionada medo Watson o condicionamento de uma resposta de medo 0 psicólogo americano John Watson mostrou a rele vância do condicionamento pavloviano para a compreensão das emoções como podemos aprender a sentir determi nadas emoções em relação a estímulos que antes do condicionamento não sentíamos tanto os seus movimentos como algumas respostas fisiológicas Após ouvir o som da martelada o bebê contraiu os músculos do corpo e da face e começou a chorar Watson repetiu a martelada e observou comportamentos parecidos con cluindo que o estímulo barulho estridente é incondicionado para a resposta incon dicionada de medo Feita essa verificação Watson fez uma outra Em uma outra sessão o pesquisador colocou próximo ao pequeno Albert um rato albino estí mulo e observou as respostas dele Observouse que o bebê demonstrou inte resse pelo animal olhou para ele por alguns instantes e em seguida tentou tocálo Watson concluiu que o bebê não tinha medo do pequeno ratinho Feita essa segunda verificação o experimentador fez o emparelhamento do estímulo incondicionado som estridente com o estímulo neutro rato para a resposta de medo Watson posicionou a haste de metal próximo ao bebê e colocou o rato a seu alcance No momento em que Albert tocou o rato Watson bateu o martelo contra a haste produzindo o som que havia eliciado respostas de medo no bebê Após alguns emparelhamentos somrato Watson colocou próximo ao bebê apenas o rato e observou suas respostas Ao fazer isso Watson pôde observar que ao ver o rato Albert apresentou respostas parecidas com aquelas produzidas pelo som estridente Watson observou então a aprendizagem de um novo reflexo envolvendo respostas emocionais Albert aprendeu a ter medo do rato Estamos agora em condições de compreender como algumas pessoas passam a ter algumas emoções ou sensações como ter medo de pena de aves ou de Moreira Medeiros 35 baratas ou ficar sexualmente excitadas com estímulos bastante estranhos copro filia e necrofilía por exemplo Também podemos agora compreender por que emoções são difíceis de controlar É difícil controlar emoções pois elas são respostas reflexas respondentes Quando um médico bate o martelo no joelho de um paciente ele não decide se a perna irá ou não se distender ela simplesmente se distende Da mesma forma uma pessoa que tem fobia de penas de aves não decide ter medo ou não quando está na presença desse estímulo ela tem o medo Pouco ou nada adianta explicar a essa pessoa que seu medo é irracional que não há motivos para ela temer uma simples pena de ave O mesmo raciocínio vale para pessoas que se sentem bem ou tristes ao ouvir uma determinada música ou para pessoas que se excitam tendo relações sexuais na presença de fezes coprofilia Não precisa mos de explicações mirabolantes e cheias de palavras bonitas para falar de emo ções sejam boas sejam ruins Todos nós temos sensações de prazer ou de desprazer em maior ou menor grau diferentes das de outras pessoas da mesma forma que podemos sentir emoções diferentes em relação a estímulos iguais Algumas pessoas excitamse ao ouvir certas palavras de amor outras não Algumas se excitam ao serem chicoteadas outras não Algumas pessoas têm medo de ratos outras de voar de avião outras de lugares fechados e pequenos e outras ainda têm medos diferentes desses Algumas pessoas se sentem tristes ao ouvir uma determinada música outras não têm nenhuma sensação especial em relação àquela mesma música A razão de respondermos emocionalmente de formas dife rentes aos mesmos estímulos está na história de condicionamento de cada um de nós existem outras formas de aprendermos respostas emocionais como a observação mas elas não serão estudadas neste g watson capítulo 18781958 Todos nós passamos por diferentes emparelhamentos de estímu los em nossa vida Esses diferentes emparelhamentos produzem o nosso jeito característico de sentir emoções hoje Alguém que por exemplo ao dirigir quando está chovendo sofre um acidente pode passar a ter medo de dirigir quando estiver chovendo Durante o acidente houve o emparelhamento de alguns estímulos incondicionados para a resposta de medo barulho dor impacto súbito etc com um estímulo neutro para a resposta de medo dirigir na chuva Alguém que tem o hábito de ter relações sexuais à luz de velas pode depois de alguns emparelhamentos sentir certa excitação apenas por estar na presença de velas Alguém que tenha comido uma deliciosa costela de porco com um molho estragado e passado mal pode sentir náuseas ao sentir nova mente o cheiro da carne de porco Generalização respondente Vimos anteriormente neste capítulo que não podemos falar de um estímulo in condicionado ou condicionado sem fazermos referência a uma resposta incon 36 O reflexo aprendido CbndidGnarnento Pavloviano Generalização respondente Estímulos parecidos fisicamente com o es tímulo previamente condicionado podem passar a eliciar a resposta condi cionada Veja que todas as aves apesar de diferentes possuem várias se melhanças físicas dicionada ou condicionada es pecífica Isto não significa no jJtm ÊmIÊS entanto que após ocondiciona J m mento de um reflexo com um t t áL estímulo específico somente aquele estímulo específico elicia rá aquela resposta Após um condicionamento estímulos que se assemelham fisicamente ao estímulo condicionado podem passar a eliciar a resposta condicionada em questão Esse fenômeno é chamado ge neralização respondente Na Figura 26 vemos um exemplo desse fenômeno Uma pessoa que por ventura tenha passado por uma situação aversiva envol vendo uma galinha como aquela no centro da Figura 26 pode passar a ter medo de galinha Muito provavelmente essa pes soa passará também a ter medo de outras galinhas da mesma raça e de outras aves Isso acontece em função das semelhanças físicas cor tamanho textura forma etc dos demais estímulos com o estímulo condicionado presente na situação de aprendizagem no caso a galinha do centro da Figura 26 Em alguns casos como o do exemplo anterior a resposta condicionada de medo pode ocorrer na presença de partes do estímulo condicionado como por exemplo bico da ave penas suas pernas Note que essas partes do estímulo condicionado são fisicamente semelhantes para todas as aves apresentadas na Figura 26 Um interessante aspecto da generalização respondente reside no fato de que a magnitude da resposta eliciada dependerá do grau de seme lhança entre os estímulos em questão Quanto mais parecido com o estímulo condicionado pre sente no momento do condicionamento um ou tro estímulo for maior será a magnitude da res posta eliciada Em outras palavras no exemplo se uma pessoa passa a ter medo de galinhas por um determinado emparelhamento desse animal com estímulos aversivos quanto mais parecida com uma galinha uma ave for mais medo essa ave eliciará na pessoa caso ela entre em contato com a ave A variação na magnitude da resposta em função das semelhanças físicas entre os estímulos é denominada gradiente de generalização A Figura 27 mostra o exemplo de gradiente de generalização respondente Uma pessoa que tenha sido atacada por um pastor alemão poderá aprender a ter Moreira Sc Medeiros medo de tanto desse cão como de outros cães em geral Caso isso aconteça quanto mais parecido um cão for com um pastor ale mão maior será a magnitude da resposta de medo eliciada por ele Veja no exemplo da Figura 27 como o medo eliciado diminui à medida que o cão estímulo apresentado vai diferenciandose do estímulo condicionado origi nal o pastor alemão É interes sante notar que até mesmo um cão de pelúcia pode passar a eliciar uma resposta de medo Essa resposta esse medo no entanto será bem mais fraca que o medo eliciado na presença de um pastor alemão de verdade No experimento de Watson com o pequeno Albert ver Figura 28 foi verificada a generalização respondente Após o condicionamento da resposta de medo eliciada pelo rato ele mostrou ao bebê alguns estímulos que compartilhavam algumas características físicas forma cor textura etc com o estímulo condicionado o rato albino estímulos que se Gradiente de generalização A magnitude de uma resposta condicio nada diminui à medida que diminuem as semelhanças entre o estímulo presente no condicionamento o primeiro cão à esquerda e os demais estímulos semelhantes ao estímulo original Generalização respondente no experimento de Watson com o pequeno Albert Após condicionada a resposta de medo outros estímulos fisicamente semelhantes ao rato passaram a eliciar no pequeno Albert respostas de medo O reflexo aprendido Condicionamento Pavloviano pareciam com ele e registrou seus comportamentos O que Watson percebeu foi que estímulos que se pareciam com o estímulo condicionado barba branca um animal de pelúcia um cachorro branco etc utilizado na situação de aprendiza gem do novo reflexo passaram também a eliciar a resposta de medo Na Figura 28 podemos ver uma pessoa usando uma barba branca e o pequeno Albert inclinandose na direção oposta a essa pessoa demonstrando medo da pessoa de barba branca Respostas emocionais condicionadas comuns Da mesma forma que os indivíduos têm emoções diferentes em função de diferen tes histórias de condicionamento eles compartilham algumas emoções semelhan tes a estímulos semelhantes em função de condicionamentos que são comuns em sua vida Às vezes conhecemos tantas pessoas que têm por exemplo medo de altura que acreditamos que medo de altura é uma característica inata do ser humano No entanto se olharmos para a história de vida de cada pessoa será difícil encontrar uma que não tenha caído de algum lugar relativamente alto mesa cadeira etc Nesse caso temos um estímulo neutro perspectiva visão da altura que é emparelhado com um estímulo incondicionado o impacto e a dor da queda Após o emparelhamento a simples visão da altura pode eliciar a resposta de medo É muito comum também encontrarmos pessoas que têm medo de falar em público como também é comum encontrarmos pessoas que durante sua vida tenham passado por alguma situação constrangedora ao falar em público É importante saber como os seres humanos aprendem novos reflexos e por tanto novas emoções Em contrapartida para sua prática ajudarensinar pes soas talvez seja mais importante ainda saber como fazer com que os indivíduos não sintam mais algumas emoções em função de alguns estímulos que podem estar atrapalhando sua vida o que veremos adiante Extinção respondente e recuperação espontânea No experimento de Pavlov antes citado após o condicionamento produzido pelo emparelhamento do som ao alimento o som de uma sineta passou a eliciar no cão a resposta de salivação Essa resposta reflexa condicionada salivar na presença do som pode desaparecer se o estímulo condicionado som for apresentado repetidas vezes sem a presença do estímulo incondicionado alimento ou seja quando um CS é apresentado várias vezes sem o US ao qual foi emparelhado seu efeito eliciador se extingue gradualmente ou seja o estímulo condicionado começa a perder a função de eliciar a resposta condicionada até não mais eliciar tal res posta Denominamos tal procedimento e o processo dele decorrente de extin ção respondente Assim como um organismo em função de um emparelhamento de estímulos pode aprender a ter por exemplo medo de aves esse alguém pode aprender a não ter mais medo Moreira Medeiros 39 I I 11 Número de exposições ao estímulo condicionado som da sineta Extinção respondente e recuperação espontânea Um reflexo após extinto pode ganhar força novamente sem novos emparelha mentos esse fenômeno é conhecido como recuperação espontânea Para que um reflexo condicionado per ca sua força o estímulo condicionado deve ser apresentado sem novos em parelhamentos com o estímulo incon dicionado Por exemplo se um indi víduo passou a ter medo de andar de carro após um acidente automobilísti co esse medo só irá deixar de ocorrer se a pessoa se expuser ao estímulo condicionado carro sem a presença dos estímulos incondicionados que es tavam presentes no momento do aci dente A necessidade de se expor ao estímulo condicionado sem a presença do estímulo incondicionado é a razão pela qual carre gamos ao longo da vida uma série de me dos e outras emoções que de algum modo nos atrapalham Por exemplo devido a emparelhamentos ocorridos em nossa infância podemos passar a ter medo de altura Conseqüentemente sempre que pudermos evitaremos lugares altos mesmo que estejamos em absoluta seguran ça Desse modo não entramos em contato com o estímulo condicionado altura e o medo pode nos acompanhar pelo resto da vida Se tal pessoa no entanto por alguma razão precisar trabalhar na construção de prédios ao exporse a lugares altos em segurança provavelmente seu medo deixará de ocorrer Uma característica interessante da extinção respondente é que às vezes após a extinção ter ocorrido ou seja após um determinado CS não eliciar mais uma determinada CR a força de reflexo pode voltar espontaneamente Por exemplo alguém com medo de altura é forçado a ficar à beira de um lugar alto por um longo período de tempo No início a pessoa sentirá todas as respostas condiciona das que caracterizam seu medo de altura Após passado algum tempo ela não mais sentirá medo extinção da resposta de medo Essa pessoa passa alguns dias sem subir em lugares altos e novamente é forçada a ficar no mesmo lugar alto a que foi anteriormente É possível que ocorra o fenômeno conhecido como recupe ração espontânea ou seja o reflexo altura medo ganha força outra vez após ter sido extinto Sua força será menor nesse momento ou seja o medo que a pessoa sente é menor que o medo que sentiu antes da extinção Porém sendo exposta novamente ao CS sem novos emparelhamentos com o US o medo tornará a desaparecer e as chances de uma nova recuperação espontânea ocorrer diminuem Contracondicionamento e dessensibilização sistemática Esperamos ter conseguido mostrar a relevância para o psicólogo de se conhecer aspetos biológicos dos organismos bem como a importância de se dominar os O reflexo aprendido Qmáciansunento Pavioviano conhecimentos referentes ao condicionamento pavioviano Mostramos como no vos reflexos são aprendidos qual a relação entre emoções e condicionamento pavioviano e que novos reflexos podem perder sua força por meio de um procedi mento chamado extinção respondente Provavelmente na sua atuação profissio nal como psicólogo você irá se deparar com vários pacientes que desejam con trolar suas emoções como por exemplo tratar algumas fobias Você já sabe como fazer as pessoas perderem seus medos extinção respondente Não obstante alguns es tímulos produzem respostas emocionais tão fortes que não será possível expor a pessoa diretamente a um estímulo condicionado que elicie medo sem a presença do estímulo incondicionado para que ocorra o processo de extinção respondente enfraquecimento do reflexo Algumas pessoas têm medos tão intensos que a exposição direta ao estímulo condicionado poderia agravar mais ainda a situação Imagine alguém que tenha uma fobia muito intensa a aves Já sabemos que para que se perca o medo de aves o indivíduo deve ser exposto a esses animais estímulo condicionado sem a presença do estímulo incondicionado para a res posta de medo que foi emparelhado a aves em algum momento da sua vida Não podemos no entanto simplesmente trancálo em um quarto cheio de aves e esperar pelo enfraquecimento do reflexo Isso ocorre porque em primeiro lugar dificilmente conseguiríamos convencer alguém a fazer isso Em segundo lugar o medo pode ser tão intenso que a pessoa desmaiaria ou seja não estaria mais em contato com o estímulo condicionado Por último o sofrimento causado a esta pessoa fugiria completamente às normas éticas e ao bom senso Felizmente contamos com duas técnicas muito eficazes para produzir a extinção de um reflexo que amenizam o sofrimento contracondicionamento e dessensibi lização sistemática O contracondicionamento como sugere o próprio nome consiste em condi cionar uma resposta contrária àquela produzida pelo estímulo condicionado Por exemplo se um determinado CS elicia uma resposta de ansiedade o contra condicionamento consistiria em emparelhar esse CS a um outro estímulo que elicie relaxamento uma música ou uma massagem por exemplo A Figura 210 ilustra dois exemplos nos quais há contracondicionamento As duas situações estão divididas em três momentos 1 os reflexos originais 2 o contracondicio namento e 3 o resultado do contracondicionamento No exemplo em que há o cigarro temos em um primeiro momento dois reflexos tomar xarope de Ipeca e vomitar fumar e sentir prazer Se uma pessoa tomar o xarope algumas vezes imediatamente após fumar depois de alguns emparelhamentos fumar pode passar a eliciar vômito no indivíduo o que provavelmente diminuiria as chances do indivíduo continuar fumando Uma outra técnica muito eficiente e muito utilizada para se suavizar o pro cesso de extinção de um reflexo é a dessensibilização sistemática Figura 211 Esta é uma técnica utilizada com base na generalização respondente Ela con siste em dividir o procedimento de extinção em pequenos passos Na Figura 27 vemos que quanto mais diferente é o cão daquele que atacou a pessoa menor é o medo que ele produz ou seja menor é a magnitude da resposta de medo Suponha que alguém que tenha um medo muito intenso de cães consiga um emprego muito bemremunerado para trabalhar em um canil e resolva procurar j Xarope de ipeca Vômito i Cigarro Vômito Rato Ansiedade Rato Relaxamento 0 Xarope de Ipeca que contém emetina é usado para eliciar vômito em pessoas que ingeriram substâncias venenosas Contracondicionamento Esta técnica consiste simplesmente do emparelhamento de estímulos que elidam respostas contrárias p ex ansiedade versus relaxamento prazer versus desconforto um psicólogo para ajudálo a superar seu pavor de cães O profissional não poderia simplesmente expôlo aos cães que lhe provocam pavor para que o medo diminua ele não precisaria de um psicólogo para isso nem estaria disposta a fazêlo Será possível nesse caso utilizar com sucesso a dessensibilização sistemática Em função da generalização respondente a pessoa em questão não tem medo apenas do cão que a atacou supondo que a origem do medo esteja em um ataque ou de cães da mesma raça Ela provavelmente tem medo de cães de outras raças de diferentes tamanhos e formas Alguns medos são tão intensos que ver fotos ou apenas pensar em cães produzem certo medo Para utilizar a dessensibilização sistemática seria necessário construir um escala crescente da intensidade do estímulo hierarquia de ansiedade ou seja descobrir para aquela pessoa quais são os estímulos relacionados a cães que eliciam nela maior ou menor medo Um exemplo seria pensar em cães ver fotos de cães tocar em cães de pelúcia observar de longe cães bem diferentes daquele que a atacou observar de perto esses cães tocálos e assim por diante até que a pessoa pudesse entrar no canil em que irá trabalhar sem sentir medo 42 O reflexo aprendido Condicionamento Pavloviano Figura 211 Dessensibilização sistemática A dessensibilização sistemática é uma técnica expõese o indivíduo gradativamente a estímulos que eliciam respostas de menor magnitude até o estímulo condicionado original É muito comum na prática psicológica utilizar em conjunto contracondi cionamento e dessensibilização sistemática No exemplo anterior junto à exposição gradual aos cães e aos estímulos semelhantes o psicólogo poderia utilizar uma música suave por exemplo Uma palavrinha sobre condicionamento pavloviano Costumamos dizer que algumas palavras possuem uma forte carga emocional isto é que algumas palavras nos fazem sentir emoções boas ou ruins Por que palavras simples palavras nos afetam tanto Se você disser a um bebê de 3 meses você é um inútil provavelmente o pobre bebê ficará olhando para você e sorrindo No entanto dizer isso a alguns adultos faz com que eles sintam emoções desagradáveis Como as palavras passam a eliciar emoções Boa parte dessa carga emocional das palavras está relacionada ao condicionamento pavloviano Tende mos a considerar palavras faladas como algo mais do que realmente são São estímulos como outros quaisquer São estímulos auditivos Moreira Medeiros Da mesma forma que Pavlov emparelhou o som de uma sineta a alimento e tal som passou a eliciar no cão salivação emparelhamentos da palavra falada bife um som com o próprio bife pode fazer com que o som dessa palavra nos elicie salivação bem como o emparelhamen to de algumas palavras com situações que nos eliciam sensações agradáveis ou desagradáveis pode fazer com que o som delas nos elicie sensações semelhantes àqueles eliciadas pelas situações em que elas foram ditas É co mum por exemplo que palavras como feio errado burro e estúpido sejam ouvidas em situações de pu nição como uma surra Quando apanhamos sentimos dor choramos e muitas vezes ficamos com medo de nosso agressor Se a surra ocorre junto com xingamentos emparelhamento de estímulos as palavras ditas podem passar a eliciar sensações semelhantes a que a surra eli ciou bem como a voz ou a simples visão do agressor E por esse motivo que algumas crianças ficam praticamen te paralisadas de medo na presença de seus pais Condicionamento pavloviano de ordem superior Vimos até agora que novos reflexos são aprendidos a partir do emparelhamento de estímulos incondicionados a estímulos neutros Mas o que acontece se em parelharmos estímulos neutros a estímulos condicionados No experimento rea lizado por Pavlov foi emparelhado alimento US ao som de uma sineta NS estímulo neutro Após alguns emparelhamentos o som da sineta passou a eliciar no cão a resposta de salivação A partir do momento em que o som da sineta passa a eliciar a resposta de salivação passamos a chamálo estímulo condiciona do CS Da mesma forma que o som da sineta antes do condicionamento não eliciava a resposta de salivação a visão de por exemplo um quadronegro tam bém não elicia no cão essa resposta ou seja o cão não saliva ao ver um quadro negro Você já sabe que se emparelhássemos o alimento US ao quadronegro NS o quadronegro provavelmente passaria após o condicionamento a ser um estímulo condicionado para a resposta de salivar ou seja passaria a eliciá la Mas o que aconteceria se emparelhássemos o som da sineta CS ao quadro negro NS Provavelmente aconteceria o que denominamos condicionamento de ordem superior Chamamos esse novo reflexo quadronegro salivação de reflexo condicionado de segunda ordem e o quadronegro de estímulo condi cionado de segunda ordem Se o quadronegro fosse emparelhado a um outro estímulo neutro e houvesse condicionamento de um novo reflexo chamaríamos o novo reflexo de reflexo condicionado de terceira ordem e assim por diante O condicionamento de ordem superior é um processo em que um estímulo previamente neutro passa a eliciar uma resposta condicionada como resultado de seu emparelhamento a um estímulo condicionado que já elicia a resposta v Ô89 apPBKÜdo Condiciaiwraaento Pavkwíano condicionada em questão Falamos sobre um emparelha mento CSCS Muitos casais têm uma música especial asso ciam som a sentimentos agradáveis que eles experimenta ram quando se encontraram pela primeira vez A música do casal por ter sido emparelhada a beijos e carícias do primeiro encontro amoroso tornouse um estímulo condi cionado para respostas semelhantes às eliciadas pelos beijos e pelas carícias Outros estímulos que geralmente estão pre sentes quando a música está tocando como a foto do cantor ou mesmo o som de seu nome podem passar também a eliciar as mesmas respostas condicionadas eliciadas pela música Vale lembrar que quanto mais alta é a ordem do reflexo condicionado menor é a sua força Nesse exemplo a magnitude das respostas de prazer eliciadas pelo som do nome do cantor é menor que a magnitude das respostas eliciadas pela música e é claro a magnitude das respostas eliciadas pela música é menor do que a das respostas eli ciadas pelos beijos e pelos carinhos Algumas outras aplicações do condicionamento pavloviano Robert Ader e Nicholas Cohen 1982 mostraram que o Condicionamento Pav loviano se estende a respostas imunológicas Esses pesquisadores deram simulta neamente a ratos água com açúcar e uma droga supressora do sistema imunoló gico Depois de vários emparelhamentos drogaágua com açúcar USNS a su pressão imunológica ocorreu apenas pela ingestão de água com açúcar Essa descoberta tem importantes implicações para a saúde humana Quando órgãos são transplantados há sempre o risco de rejeição uma interpretação equivocada do sistema imunológico O sistema imunológico passa a combater o órgão como se fosse um corpo estranho danoso ao organismo Os médicos contornam tal situação receitando aos pacientes remédios que têm efeito de supressão do sistema imunológico O emparelhamento dos remédios com cheiros por exemplo pode fazer com que apenas o cheiro tenha efeitos supressores sobre o sistema imuno lógico o que poderia reduzir a quantidade de medicação tomada e conseqüente mente seus efeitos colaterais Os produtores de propagandas estão o tempo todo às vezes sem saber utilizan do Condicionamento Pavloviano para tornar mais atrativos os seus produtos É muito comum nas propagandas por exemplo ver lindas modelos ou celebridades em situações de diversão Com isso os produtores esperam que o produto que querem vender seja estímulo neutro emparelhado com pessoas objetos ou Motetca Mtftehus situações de que os consumidores gostam Após vários emparelhamentos as propagandas passam repetidas vezes na televisão o produto anunciado irá eliciar respostas prazerosas nas pessoas portanto tornarseá algo agradável a elas Pavlov descobriu que a maneira mais eficaz de se estabelecer o condicionamento é apresentar o estímulo neutro e logo em seguida 05 segundos depois apresen tar o estímulo incondicionado O mesmo vale para as propagandas de televisão a maneira mais eficaz de estabelecer o condicionamento é apresentar o produto e logo em seguida pessoas bonitas ou situações agradáveis Fatores que influenciam o condicionamento pavloviano Em vários momentos do livro dissemos que o condicionamento pode ocorrer e não que ele de fato ocorreria Assim o fizemos porque não basta emparelhar estímulos para que haja condicionamento pavloviano Há alguns fatores que aumentam as chances de o emparelhamento de estímulos estabelecer o condicio namento bem como definem o quão forte será a resposta condicionada Frequência dos emparelhamentos Em geral quanto mais freqüentemente o CS é emparelhado com o US mais forte será a resposta condicionada No entanto em alguns casos ingestão de alimentos tóxicos ou eventos muito traumáticos como um acidente de carro ou um estupro basta apenas um emparelhamento para que uma resposta condicionada de alta magni tude surja Tipo do emparelhamento Respostas condicionadas mais fortes surgem quan do o estímulo condicionado aparece antes do estímulo incondicionado e permanece quando o US é apresentado Intensidade do estímulo incondicionado Um US forte tipicamente leva a um condicionamento mais rápido Por exemplo um jato de ar US dire cionado ao olho elicia a resposta incondicionada de piscar Emparelha mentos de jato de ar com som fazem com que a resposta de piscar ocorra ao se ouvir o som Nesse exemplo um jato de ar mais forte levaria a um condicionamento mais rapidamente do que um jato de ar fraco levaria Grau de predição do estímulo condicionado Para que haja condicionamento não basta que ocorra apenas o emparelhamento USNS repetidas vezes O estímulo neutro deve ter um caráter preditivo da ocorrência do estímulo incondicionado Um som que ocorre sempre antes da apresentação de alimento eliciará com mais facilidade a salivação do que um som que às vezes ocorre antes da apresentação da comida ou às vezes não ocorre 46 O reflexo aprendido Condicionamento Pavloviano Principais conceitos apresentados neste capítulo Condicionamento Pavloviano Generalização respondente Condicionamento de ordem superior Extinção respondente Recuperação espontânea Estimulo neutro NS Estímulo incondicionado US Estímulo condicionado Resposta incondicionada Resposta condicionada É uma forma de aprendizagem em que um estímulo previamente neutro passa após o emparelhamento com um estímulo incondicionado a eliciar uma resposta reflexa Fenômeno em que estímulos parecidos com um estímulo condicionado também eliciam a resposta condicionada Condicionamento pelo emparelhamento de estímulo neutro com um estímulo condicionado Diminuição gradual da força de um reflexo pela apresentação repetida do estímulo condicionado na ausência do estímulo incondicionado Aumento espontâneo na força de um reflexo após ter havido extinção Após o emparelhamento do som dos aparelhos utilizados pelo dentista com a dor produzida durante uma obturação esse som pode passar a eliciar respostas de medo suar frio tremer etc Ter medo ao ouvir barulhos parecidos com o som de aparelhos de dentista como por exemplo o som de um liquidificador A resposta de medo pode ser eliciada ao ouvir o nome do dentista Ouvir o som do aparelho de dentista apenas em limpeza do dente sem dor várias vezes e perder o medo Após a extinção da resposta de medo voltar ao dentista meses depois e sentir medo ao ouvir o som O som do rotor após o tratamento doloroso Estímulo que ainda não elida a resposta 0 som do motor da broca do dentista antes que será condicionada do tratamento Estímulo que elicia a resposta O atrito doloroso da broca com o dente incondicionada Sua função é inata Estímulo que elicia a resposta por uma história de condicionamento É o estímulo neutro após o emparelhamento É a resposta reflexa eliciada pelo estímulo É a sensação produzida pelo atrito da broca com incondicionado Sua eliciação por esse o dente assim como reações fisiológicas estímulo não depende de uma história decorrentes desse atrito de aprendizagem É praticamente a mesma resposta produzida no reflexo incondicionado original entretanto é eliciada pelo estímulo condicionado São as mesmas sensações e alterações fisiológicas agora produzidas pelo barulho do rotor Bibliografia consultada e sugestões de leitura Catania A C 1999 Aprendizagem comportamento linguagem e cognição Porto Alegre Artmed Capítulo 12 Comportamento Respondente Condicionamento Millenson J R 1975 Princípios de análise do comportamento Brasília Coordenada Capí tulo 3 Condicionamento Pavloviano Wood E G Wood S E e Boyd D 2005 Learning On line Disponível http wwwablongmancomsamplechapter0205361374pdf Recuperado em 12 de maio de 2005 Aprendizagem pelas conseqüências o reforço A abordagem até agora foi sobre o comporta mento respondente isto é vimos um tipo de relação entre o ambiente estímulo e o orga nismo resposta na qual dizemos que um estí mulo elicia uma resposta Concluímos que nosso conhecimento sobre o comportamento respondente nos ajuda a compreen der parte do comportamento e da aprendizagem humana sobretudo no que diz respeito às emoções A despeito da grande relevância do comportamento respondente para análise compreensão e modificação intervenção do compor tamento humano ele sozinho comportamento respondente não consegue abar car toda a complexidade do comportamento humano e dos organismos em ge ral Neste capítulo conheceremos um segundo tipo de comporta mento que engloba a maioria dos comportamentos dos organismos o comportamento operante termo cunhado por B F Skinner Classi ficamos como operante aquele comportamento que produz conse qüências modificações no ambiente e é afetado por elas Logo con sideraremos como as conseqüências daquilo que fazemos nos m an têm no mesmo caminho ou afastanos dele Entender o comporta mento operante é fundamental para compreendermos como apren demos nossas habilidades e nossos conhecimentos ou seja falar ler escrever raciocinar abstrair etc e até mesmo como aprendemos a ser quem somos a ter nossa personalidade Ao estudarmos o comportamento respondente percebemos que ele é aprendido por meio do condicionamento respondente De agora em diante conheceremos um outro tipo de aprendizagem o condi cionamento operante Nesse segundo tipo de aprendizagem fare Comportamento Respondente Comportamento Operante S R R C uma alteração no ambiente elicia uma resposta do organismo uma resposta emitida pelo organismo produz uma alteração no ambiente mos referência a comportamentos que são aprendidos em função de suas conse qüências O comportamento operante produz conseqüências no ambiente A maior parte de nossos comportamentos produz conseqüências no ambiente Essas conseqüências são mudanças no ambiente Um comportamento simples como estender o braço produz a conseqüência pegar alcançar um saleiro mudança no ambiente o saleiro passa de um lugar para outro Em vez de estender o braço e pegar um saleiro é possível emitir outro comportamento que produzirá a mesma conseqüência pedir a alguém que lhe passe o saleiro No primeiro exem plo o comportamento produziu diretamente a mudança de lugar do saleiro No segundo exemplo o comportamento modificou diretamente o comportamento de outra pessoa e produziu a mudança de lugar do saleiro Veja na Tabela 31 alguns exemplos de comportamentos bem simples e de conseqüências que eles produzem Lembrese de que quando usamos o termo resposta estamos falan do sobre o comportamento do indivíduo sobre o que ele faz fala sente etc Comportamento resposta dizer Oi apertar um botão girar uma torneira fazer uma pergunta fazer 3 dever de casa dizer palavras de amor estudar fazer uma ligaçio telefônica fnncMiitôiiria ouvir um Olá chegar o elevador obter água receber a resposta ser elogiado pelo professor pnfiar um beijo obter boas notas falar com alguém 0 comportamento é afetado é controlado por suas conseqüências As conseqüências de nossos comportamentos vão influenciar suas ocorrências futuras Dizer que as conseqüências dos comportamentos chega a afetálos é o mesmo que dizer que as conseqüências determinarão em algum grau se os comportamentos que as produziram ocorrerão ou não outra vez ou se ocorrerão com maior ou menor freqüência Imagine que você peça um saleiro para uma determinada pessoa Se ela lhe passa o saleiro é provável que no futuro em uma situação parecida você lhe peça o saleiro novamente Agora imagine que você peça o saleiro a uma determi nada pessoa e ela não lhe passa o saleiro Essa situação repetese algumas vezes O que acontece então E bastante provável que em novas situações nas quais você precise do saleiro e esta pessoa esteja presente você não peça mais o saleiro a ela Tente imaginar comportamentos cotidianos seus identificando exatamente o que foi feito e o que aconteceu depois e se o que aconteceu depois a conse qüência influenciou de alguma forma no fato de você repetir o comportamento em ocasiões posteriores As conseqüências produzidas pelo comportamento ocorrem tão naturalmente no nosso diaadia que muitas vezes nem nos damos conta de que elas estão presentes o tempo todo Algo bastante interessante é que se refletirmos por alguns instantes perceberemos que só continuamos tendo uma infinidade de atitudes diárias porque determinadas conseqüências ocorrem Ainda há outras atitudes que abandonamos em função de suas conseqüências ou simplesmente em função de que uma conseqüência produzida por um determinado comporta mento deixou de ocorrer Outro aspecto interessante que diz respeito a nossos comportamentos e às conseqüências por eles produzidas é o fato de que as conseqüências não têm influência somente sobre comportamentos adequados ou socialmente aceitos elas também mantêm ou reduzem a freqüência de comportamentos inadequados ou indesejados Comportamento resposta fazer bagunça em sala de aula dirigir em alta velocidade cabular matar aula dizer que está deprimido ser grosseiro e estúpido fazer birra Conseqüência atenção do professor admiração dos colegas mais tempo ocioso atenção das pçssas respeito dofuncionários obtenção dum brinquedo Aprendizagem pelas conseqüências o reforço Você já se questionou alguma vez por que algumas crianças são birrentas e outras não Para responder a essa pergunta alguns podem argumentar sobre a natureza ruim da criança enquanto outros podem dizer simplesmente que ela é assim por ser uma criança chata Na realidade se olharmos com cuidado para a vida de crianças birrentas e nãobirrentas percebemos que aquelas que fazem birra freqüentemente conseguem o que querem Já aquelas que fazem pouca ou nenhuma birra raras vezes ou nunca receberam aquilo que queriam agindo assim na frente de por exemplo seus pais ou avós Se o comportamento é influenciado controlado por suas conseqüências isso nos dá duas possibilidades fantásticas extremamente importantes para os psicólogos a podemos manipular as conseqüências dos comportamentos para compreendermos melhor como a interação comportamento respostaconse qüência R C se dá b se os comportamentos das pessoas e também de animais nãohumanos são controlados por suas conseqüências isso significa que podemos modificar os comportamentos das pessoas e dos animais não humanos programando conseqüências especiais para seus comportamentos Exemplos simples de controle do comportamento por suas conseqüências O ratinho mostrado na Figura 31a está em uma caixa de condicionamento ope rante Caixa de Skinner Cada vez que o animal pressiona uma barra uma gota de água lhe é dada Enquanto tal situação se mantiver o ratinho continuará pressionando a barra Podemos dizer que o comportamento do ratinho é contro lado por suas conseqüências ou seja pressionar a barra é mantido porque conti nua produzindo a mesma conseqüência Algumas crianças são extremamente hábeis em controlar o comportamento de seus pais Quando elas querem alguma coisa e os pais não cedem elas simples 0 comportamento é mantido por suas consequências As figuras acima são exemplos de como as consequências do comportamento mantêm sua ocorrência O Moreira Medeiros mente aprontam o maior berreiro O que acontece então Muitos pais atendem à sua vontade dando à criança o que ela quer no momento em que está fazendo birra A Figura 31b mostra uma criança agindo assim afim de continuar na banheira após o banho Cada vez que a mãe permite que ela fique um pouco mais na banheira ao fazer birra a mãe está ensinando a criança a ser birrenta Então para a criança conseguir o doce o brinquedo ou aquilo que deseja é uma conseqüência que controla seu comportamento de fazer birra Nesse exem plo simples não é preciso ser psicólogo para imaginar como modificar o compor tamento da criança Talvez os pais até consigam que ela seja mais educada e peça adequadamente um brinquedo conversando várias vezes com essa criança Mas só talvez Duas outras atitudes dos pais que envolvem mudanças das conse qüências para os comportamentos do filho seriam muito mais eficazes a não atender o filho quando ele pedir algo de forma inadequada birra b na medida do possível atendêlo quando ele pedir educadamente Percebemos nesse caso que algumas crianças são birrentas não porque têm uma natureza ruim ou porque são chatinhas agem assim porque funciona porque birra produz conse qüências que reforçam o seu comportamento O reforço Analisamos até agora que o comportamento produz conseqüências e que é con trolado por elas Vimos também que algumas dessas conseqüências aumentam a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer Chamamos essas conse qüências de reforço Portanto reforço é um tipo de conseqüência do comporta mento que aumenta a probabilidade de um determinado comportamento voltar a ocorrer Novamente temos uma relação entre o organismo e seu ambiente na qual o organismo emite uma resposta um comportamento e produz alterações no ambiente Quando as alterações no ambiente aumentam a probabilidade de o comportamento que as produziu voltar a ocorrer chamamos tal relação entre o organismo e o ambiente de contingência de reforço que é expressa da forma se então se o comportamento X ocorrer então a conseqüência Y ocorre se o rato pressiona a barra então ele recebe água No exemplo da criança que faz birra para que seus pais a atendam podemos identificar o reforço e os seus efeitos claramente Cada vez que a criança faz birra comportamentores posta e seus pais a atendem conseqüência aumentam as chances a pro babilidade de que na próxima vez que a criança queira algo ela se comporte da mesma forma Dizemos então que esse evento receber o que está pedindo é um reforço para o comportamento de fazer birra Você consegue imaginar outros exemplos de conseqüências que mantêm alguns de nossos comportamen tos Faça esse exercício intelectual antes de continuar a leitura do livro Devemos nos lembrar sempre de que quando nos referimos ao comporta mento falamos sobre relações entre organismo e ambiente Você se lembra do comportamento respondente reflexo da relação S R Você lembra também que para afirmamos se um determinado estímulo é neutro incondicionado ou condicionado devemos sempre atentar para a relação ou seja para qual respos 52 Aprendizagem pelas conseqüências o reforço ta ele é neutro incondicionado ou condicionado Pois bem o mesmo tipo de raciocínio vale para o reforçador A fim de afirmar que determinado estímulo é um reforçador ou que uma determinada conseqüência é um reforço devemos centrarnos em sua relação com o comportamento As características físicas ou a natureza de um estímulo não podem qualificálo como reforçador Há um exem plo simples se você está há dois dias sem comer comida pode tornarse um reforçador Entretanto se você acabou de comer muito comida poderá até mesmo ser algo aversivo para você naquele momento Ainda como exemplo para algumas pessoas saltar de páraquedas pode ser um ato extremamente reforçador enquan to para outras não Portanto para determinarmos se um estímulo é um reforçador ou se uma conseqüência é um reforço devemos considerar a relação entre o comportamento e sua conseqüência verificando se a conseqüência afeta um deter minado comportamento traduzida no aumento de sua probabilidade de ocor rência Reforçadores naturais versus reforçadores arbitrários No momento em que a conseqüência reforçadora do comportamento é o produto direto do próprio comportamento dizemos que a conseqüência é uma reforçadora natural Quando a conseqüência reforçadora é um produto indireto do comporta mento afirmamos que se trata de um reforço arbitrário Por exemplo o comportamento de um músico de tocar vio lão sozinho em seu quarto é reforçado pela própria música reforço natural se ele toca em um bar por dinheiro referimonos a um reforço arbitrário Baseado no que foi apresentado até agora que resposta você daria à seguinte pergunta reforçar é o mesmo que comprar ou chantagear alguém Por exemplo se você fizer isto eu lhe dou aquilo ou se a criança fizer os exercícios de matemática ela ganha um chocolate Com certeza concor damos com o fato de que ninguém deve estudar para ganhar chocolates Mas o que então deve manter reforçar o com portamento de estudar Atenção Este é um ponto funda mental deste capítulo Muitas vezes quando as conseqüên cias reforçadoras de um comportamento não são tão óbvi as quanto ganhar um chocolate reforço arbitrário começamos a recorrer a explicações mentalistas jogar para dentro do indivíduo as explicações de seus comportamentos Exemplo Você não deve comprar seu filho dandolhe presentes para que ele es tude Você deve conscientizálo sobre a importância dos estudos para a vida dele Está afirmação lhe parece correta Vamos analisála Moreira Medeiros Conscientizar a criança sobre a importância de estudar nada mais é do especi ficar as conseqüências a longo prazo desse comportamento você deve estudar comportamento pois só assim terá respeito e um bom emprego conseqüên cia reforçadora quando for adulto Essas conseqüências são demasiado distan tes para que possam controlar o comportamento de estudar de uma criança de 5 ou 7 anos É muito pouco provável que se consiga conscientizála sobre a impor tância dos estudos É necessário que o comportamento de estudar tenha conse qüências reforçadoras mais imediatas para que a criança habituese a isso Certa mente essa conseqüência não deve ser um chocolate ou um brinquedo mas acompanhe o seguinte raciocínio se a criança não estuda não emite o comporta mento não pode haver conseqüências reforçadoras ou de qualquer natureza para esse comportamento Não são as conseqüências a longo prazo sucesso bom emprego etc que manterão o comportamento de estudar hoje No entanto é possível que ela o faça se a conseqüência disso for ganhar um brinquedo ou poder jogar videogame após a aula Com isso estabelecendo para criança que se ela estudar então ela ganha isso você está estabelecendo reforços arbitrários para tal comportamento o que é importante em um primeiro momento para que a criança emitao Ao estudar outros reforços naturais surgirão para o compor tamento ser elogiada pelos professores ter admiração dos colegas receber elogios dos pais tirar notas boas entre outros Se a matéria for matemática ela saberá calcular um troco ao comprar figurinhas na banca de revistas ou será capaz de ler corretamente algo de seu interesse Nenhuma das conseqüências reforçadoras mencionadas seria possível se a criança não estudasse em algum momento As conseqüências reforçadoras naturais não são tão óbvias quanto ganhar um brinquedo mas são conseqüências do comportamento além de serem pode rosas A partir do momento em que essas conseqüências naturais reforços natu rais surgem no ambiente da criança não será mais necessário reforçar o compor tamento de estudar com reforçadores arbitrários como chocolate e brinquedos Já que os reforçadores naturais conseqüências naturais não são tão facilmente identificados quanto os reforçadores arbitrários costumamos jogar as explica ções para dentro do indivíduo quando conseqüências reforçadoras naturais pas sam a controlar seu comportamento Outros efeitos do reforço Além de aumentar a freqüência de um comportamento reforçado o reforço ou a conseqüência reforçadora tem dois outros efeitos sobre o comportamento dos organismos Uma delas é a diminuição da freqüência de outros comporta mentos diferentes do comportamento reforçado Se por exemplo você está em um bar olhando as pessoas que por lá passam bebendo comendo e falando sobre um determinado assunto e alguém começa a prestar muita atenção no que você está falando é provável que você coma menos beba menos observe menos o movimento no bar e passe mais tempo conversando Esse mesmo efeito pode ser observado no momento em que o comportamento de pressionar a barra realizado por um rato é reforçado com água Figura 32 Aprendizagem pelas conseqüências o reforço Comportamentos Hgsra32 0 reforço de um comportamento diminui a freqüência de outros comportamentos Basta compararmos as freqüências de alguns comportamentos antes e depois de a contingência de reforço ser estabelecida comportamento em seu Nível Operante Na Figura 32 percebemos que após o comportamento de pressionar a barra ser reforçado não só sua freqüência aumentou como também a freqüên cia dos comportamentos limparse levantarse e farejar diminuiu Quando uma criança é muito birrenta os pais podem diminuir a freqüência desse com portamento simplesmente reforçando mais vezes comportamentos mais adequa dos atender os pedidos da criança quanto ela o faz de forma mais educada Um professor pode diminuir a conversa paralela em sala de aula apenas reforçando mais freqüentemente comportamentos incompatíveis com tal atitude como por exemplo ler fazer exercícios fazer perguntas ao professor etc Outro efeito do reforço é a diminuição da variabilidade na topografia na forma da resposta do comportamento reforçado Nas primeiras vezes em que um rato em uma caixa de condicionamento operante pressiona a barra ele o faz de maneiras bem diferentes com a pata esquerda com a direita com as duas entre outros À medida que o comportamento de pressão à barra é reforçado o ratinho passa a emitilo de forma cada vez mais parecida Esse efeito do reforço sobre o comportamento é muito evidente no nosso diaadia Na ocasião de alguém lhe fazer uma pergunta e sua resposta for precisa ou seja seu interlocutor não ficar com dúvidas é provável que da próxima vez que lhe fizerem a mesma pergunta você responda de forma semelhante Quanto mais vezes você responder à pergunta e for bemcompreendido mais a resposta dada Moreira Medeiros O 0 reforço diminui a variabilidade da topografia da resposta reforçada Pode não parecer mas as três foto grafias acima foram tiradas em momentos diferentes Cada uma mostra uma resposta de pressão à barra após essa resposta ter sido reforçada várias vezes será parecida com a anterior A forma como você abre portas fala escreve dirige entre outros exemplos é provavelmente quase sempre bem parecida Extinção operante Até aqui percebemos que o comportamento produz conseqüências e que essas conseqüências podem afetar a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer Analisamos também que algumas conseqüências especiais o reforço aumen tam ou mantêm a probabilidade de um comportamento ocorrer É comum que algumas conseqüências produzidas por alguns comportamentos deixem de ocor rer quando um determinado comportamento é emitido Quando isso acontece observamos no comportamento que produzia tais conseqüências efeitos exata mente contrários aos produzidos pelo reforço pela conseqüência reforçadora Quando suspendemos encerramos o reforço de um comportamento verificamos que a probabilidade de esse comportamento ocorrer diminui retoma ao seu nível operante isto é a freqüência do comportamento retoma aos níveis de antes de o comportamento ter sido reforçado Esse procedimento suspensão do refor ço e o processo dele decorrente retorno da freqüência do comportamento ao nível operante são conhecidos como Extinção Operante Portanto a suspensão do reforço procedimento de extinção do comportamento operante tem como resultado a gradual diminuição da freqüência de ocorrência do comporta mento processo de extinção do comportamento operante Se a suspensão do reforço produz uma diminuição na freqüência de um comportamento é possível concluir que os efeitos do reforço são temporários Como prova basta realizarmos um experimento com três situações distintas na primei ra situação observamos e registramos o comportamento de um organismo sem contingências de reforço na segunda reforçamos o comportamento observando e registrandoos na terceira retiramos o reforço e novamente observamos e registramos a freqüência do comportamento Se assim agíssemos para por exem plo o comportamento de um rato de pressionar uma barra obteríamos um gráfico igual ao apresentado na Figura 34 O eixo X horizontal mostra o número de sessões experimentais realizadas enquanto o eixo Y vertical mostra o número de pressões à barra em cada sessão Das sessões 1 a 12 é mostrada a freqüência do comportamento em seu nível operante isto é antes do comportamento de pressionar a barra ser reforçado Das sessões 13 a 25 o comportamento do rato de pressionar a barra é reforçado com água cada vez que ele pressiona a barra recebe uma gota de água Note que durante as sessões em que o comportamento é reforçado sua freqüência mantémse elevada em torno de 75 pressões por sessão A partir da 26a sessão há a suspensão da conseqüência reforçadora extinção É importante perceber que a freqüência do comportamento de pressio nar a barra volta a seus níveis prévios nível operante Resistência à extinção Concluímos que nas situações em que o reforço é suspenso a freqüência do comportamento diminui Mas por quanto tempo ele se mantém após a suspensão do reforço Por exemplo desistir Uma pessoa telefona quase todos os dias para o celular de um amigo comportamento e conversa com ele reforço o amigo muda o número do celular e não a avisa A pessoa liga e não é atendida suspen Nível operante Reforço Extinção Sessão experimental Extinção operante Quando um comportamento não mais produz sua conseqüência reforçadora sua freqüência retorna à frequência do nível operante Moreira Medeiros sáo do reforço extinção Quantas vezes ela ligará para o amigo antes de desistir Outro exemplo um ratinho pressiona a barra em uma caixa de Skinner compor tamento e recebe água reforço desligase o bebedouro da caixa o ratinho pressiona a barra e não recebe mais a água suspensão do reforço extinção Por quanto tempo ou quantas vezes o ratinho continuará pressionando a barra Quando fazemos perguntas como as dos exemplos mencionados estamos discutindo a resistência à extinção que pode ser definida como o tempo ou o número de vezes que um organismo continua emitido uma resposta comporta mento após a suspensão do seu reforço Afirmamos que quanto mais tempo ou maior número de vezes o comportamento continua a ser emitido sem ser reforçado maior será a resistência à sua extinção Quanto menos tempo ou menor número de vezes o comportamento continua sendo emitido sem ser reforçado menor será a resistência à sua extinção De modo geral indivíduos cujos comportamentos apresentam alta resistência à extinção são conhecidos como perseverantes empenhados cabeçasduras ou teimosos Já os indivíduos cujos comportamentos apresentam baixa resistência à extinção são os que desistem facilmente de suas atividades Rotular alguém assim perseverantes empenhados cabeçasduras ou teimosos quer dizer apenas que o indivíduo está emitindo comportamentos que não estão sendo reforçados Mas por que alguns indivíduos são mais perseverante ou teimosos que outros Por que alguns comportamentos são mais resistentes à extinção que outros Fatores que influenciam a resistência à extinção Ao analisarmos os fatores que influenciam a resistência à extinção de um compor tamento estamos na realidade perguntando por que desistimos mais facilmente de algumas coisas que de outras Por que algumas pessoas são mais perseverantes emitem comportamentos que não são reforçados que outras Por que algumas pessoas prestam vestibular para medicina 8 ou 9 vezes sem serem aprovadas enquanto algumas desistem já na primeira reprovação As respostas a estas perguntas estão na história de aprendizagem ou na história de reforçamento de cada um Basicamente três fatores influenciam a resistência à extinção de um comportamento Número de reforços anteriores O número de vezes em que um determi nado comportamento foi reforçado até haver quebra da contingência de reforço extinção ou seja até que o reforço fosse suspenso Quanto mais um comportamento é reforçado mais resistente à extinção ele será É muito mais fácil diminuir a freqüência de birras de uma criança logo quan do essa atitude começar a aparecer Uma criança que faz birras há anos demorará muito para parar de emitir esse comportamento quando as birras não forem mais reforçadas Da mesma forma uma criança que há anos pede educadamente aquilo que deseja a seus pais continuará a pedir edu cadamente por muito tempo caso os adultos à sua volta parem de reforçar esse comportamento Aprendizagem pelas conseqüências o reforço Custo da resposta Se for mais difícil desisto mais rápido Quanto mais esforço é necessário para emitir um comportamento menor será a sua resistência à extinção Por exemplo ao término de um namoro quanto mais difícil for para o namorado teimoso falar com a namorada mais rapidamente ele parará de insistir em continuar namorando Esquemas de reforçamento Veremos esquemas de reforçamento mais adiante por enquanto só podemos adiantar que quando um comporta mento às vezes é reforçado e às vezes não o é ele se tornará bem mais resistente à extinção do que um comportamento reforçado continuamente CRF reforço contínuo É mais fácil extinguir as birras de uma criança que toda vez que age assim tem esse comportamento reforçado que as birras de uma criança que às vezes são reforçadas às vezes não o são Um comportamento pode após ter sido extinto aumentar de freqüên cia sem que haja novas apresentações do reforço Chamamos esse ressur gimento da força do comportamento de recuperação espontânea Um rato por exemplo após uma sessão de extinção da resposta de pressão à barra pode no início de uma segunda sessão pressionála Mesmo nesses casos em que há recuperação espontânea se o reforço cessar o comporta mento baixa de freqüência rapidamente e as chances de recorrência de uma nova recuperação espontânea diminuem Outros efeitos da extinção O principal efeito da Extinção Operante é o retorno da freqüência do comporta mento aos níveis prévios nível operante No entanto além de diminuir a fre qüência da resposta até o nível operante a extinção produz outros três efeitos muito importantes no início do processo Aumento na freqüência da resposta no início do processo de extinção antes de a freqüência da resposta começar a diminuir ela aumenta abrup tamente Suponha que um rato tenha passado por cinco sessões de reforço contínuo CRF e que na sexta sessão o comportamento de pressionar a barra tenha sido colocado em extinção Um gráfico típico de extinção seria igual ao apresentado na Figura 35 Nela há dois gráficos apresentando os dados de uma mesma sessão de extinção O gráfico da esquerda mostra a freqüência simples o número de respostas em cada minuto O gráfico da direita mostra os mesmos dados em freqüência acumulada somatório da freqüência simples Observe que nos primeiros minutos de 0 a 20 minutos há uma alta freqüência da resposta de pressão à barra é possível deduzir isso pela inclinação da curva a linha no gráfico de freqüência acumulada ela é quase vertical Após 20 minutos o número de respostas por minuto começa a diminuir gradativamente até ficar próximo a zero a partir de 30 minutos veja que a curva a linha fica quase completamente horizontal Moreira Medeiros 59 Gráfico apresentando o processo de extinção operante No início da extinção suspensão do reforço antes da freqüência do comportamento começar a declinar verificase o seu aumento abrupto É comum também que o organis mo exiba respostas emocionais Um exemplo simples do efeito da extinção no comportamento cotidiano pode ser observado quando tocamos a campainha da casa de um amigo e não somos atendidos Provavelmente você já passou por uma situação assim O que fazemos geralmente antes de virarmos as costas e ir embora Começamos a pressionar o botão da campainha várias vezes antes de parar de pressionálo Aum ento na variabilidade da topografia forma da resposta logo no início do processo de extinção a forma como o comportamento estava sendo emitido começa a modificarse No exemplo da campainha citado acima também podemos ver o efeito da extinção além de pressionarmos várias vezes o botão da campainha também começamos a fazêlo ou com mais força ou com a mão toda ou a bater à porta Se observarmos com cuidado um rato em uma caixa de condicionamento operante no início da extinção da resposta de pressão à barra também verificaremos que a forma com que o rato a pressiona será variável pressionar com a pata esquerda a direita de lado etc Eliciação de respostas emocionais raiva ansiedade irritação frus tração etc tente lembrarse de algumas vezes em que algum comporta mento seu foi colocado em extinção quando estudou muito para um prova e tirou nota baixa quando seu parceiroa rompeu o namoro quando seu telefone por algum motivo parou de fazer ligações etc Como você se sentiu É bem provável que algumas respostas emocionais tenham surgido Afmgtm pâfaa QMttQâêncãs o reforço Modelagem aquisição de comportamento Abordamos até então como as conseqüências afetam os comportamentos que as produzem além do conceito de Reforço um tipo especial de conseqüência que mantém ou aumenta a probabilidade de um comportamento ocorrer Vimos por tanto como comportamentos já existentes são selecionados mantidos ou extin tos por suas conseqüências A partir de então analisaremos como um novo com portamento passa a fazer parte do repertório comportamental de um organismo Conforme visto em outros capítulos já nascemos com alguma preparação biológica para interagirmos com o ambiente Mas não nascemos por exemplo sabendo falar Você sabe também que não aprendemos a falar de um dia para o outro ou que não dormimos um dia sem saber engatinhar e acordamos no outro correndo pela casa Novos comportamentos não surgem do nada Os comporta m entos novos que aprendemos surgem a partir de comportamentos que já existem em nosso repertório comportamental Tomemos como exemplo uma descrição extremamente simplificada de como começamos a aprender a falar A maioria dos bebês humanos já nasce emitindo diversos sons fonemas diferentes gu da b e etc Um bebê ao nascer é capaz emitir todos os fonemas encontrados em todas línguas do mundo passando considerável período de tempo emitindoos aleatoriamente Suponha que em um desses mo mentos a mãe do bebê esteja presente ao lado do berço repetindo para seu filho mamãe mamãe e o bebê olhando para sua mãe diz gu da b ê Os minutos vão se passando e em um dado momento o bebê emite um som parecido com mã Quando isso ocorre a mãe felicíssima acaricia seu filho na barriga e sorri para ele O que acabou de acontecer Isso mesmo você acertou o Reforço O bebê emitiu um comportamento dizer mã A conseqüência desse comportamento foi receber atenção e carinho da mãe os quais geralmente são estímulos reforçadores poderosíssimos para o ser humano Essa conseqüência reforçadora aumentará a probabilidade de que o bebê volte a dizer mã quando sua mãe estiver próxima dele e ela continuará a lhe dar carinho e atenção quando ele o fizer Logo o bebê dirá mã sempre que sua mãe estiver presente Mas ele ainda não fala mamãe Continuemos o exemplo Depois de algum tempo provavelmente a mãe irá parar de dar tanta atenção e carinho quando o bebê disser apenas mã Vimos que quando um comporta mento é colocado em extinção ele aumenta sua variabilidade Isso ocorrerá com o comportamento do bebê ele dirá mãb máb mãg etc Certamente o bebê em algum momento dirá mãmã ou algo muito parecido com isso e lá estará sua mãe para reforçar esse comportamento tornando a probabilidade de o bebê voltar a emitilo mais alta e o processo continua até o bebê dizer ma mãe Denominamos o procedimento que a mãe intuitivamente utilizou para ensinar seu filho a dizer mamãe de Modelagem A Modelagem éum procedimento de reforçamento diferencial de aproximações sucessivas de um comportamento O resultado final é um novo comportamento MotBHaÀMtodfcteoí 61 O reforço diferencial consiste em reforçar algumas respostas que obedecem a algum critério e em não reforçar outras respostas similares Na Figura 36 o reforço diferencial foi usado em cada um dos seis momentos mostrados Na Fotografia 1 por exemplo somente movimentos em direção à barra eram reforçados en quanto movimentos para longe da barra não eram reforçados Antes de pressionar a barra Fotografia 6 da Figura 36 vários outros comportamentos que aproxi mavam cada vez mais do comportamentoalvo pressionar a barra e foram apreendidos ir até debaixo da barra olhar para ela cheirála colocar a cabeça acima da barra e tocála Chamamos tais etapas de aproximações sucessivas do comportamentoalvo Portanto basicamente usamos na modelagem o reforço diferencial reforçar algumas respostas e extinguir outras similares e aproximações sucessivas exigir gradualmente comportamentos mais próximos do comportamentoalvo a fim de ensinar um novo comportamento sendo uma característica fundamental da modelagem a imediaticidade do reforço ou seja quanto mais próximo tempo ralmente da resposta o reforço estiver mais eficaz ele será No exemplo do bebê imagine se a mãe reforçasse o comportamento de dizer mã de seu bebê apenas alguns minutos após ele ter emitido esse som Provavelmente a palavra mamãe demoraria bem mais para ser aprendida Modelagem reforço diferencial de aproximações sucessivas do comportamentoalvo Novos comporta mentos surgem de comportamentos anteriores As fotografias abaixo mostram como a resposta de pressionar uma barra foi gradativamente ensinada 62 Principais conceitos apresentados neste capítulo Aprendizagem pelas conseqüências o reforço Comportamento operante RC Reforço Extinção operante Modelagem Comportamento que modifica que opera sobre o ambiente e é afetado por suas modificações É um tipo de conseqüência do comportamento que aumenta a probabilidade de um determinado comportamento voltar a ocorrer É a suspensão de uma conseqüência reforçadora anteriormente produzida por um comportamento Tem como efeito o retomo da freqüência do comportamento ao seu nível operante é uma técnica usada para se ensinar um Pais e parentes reforçam o balbuciar dos bebês comportamento novo por meio de reforço exigindo cada vez mais seqüências de sons mais diferencial de aproximações sucessivas do parecidos com os sons das palavras da língua que comportamentoalvo falam Quando falamos modificamos o comportamento de outras pessoas Quando fazemos um pedido ou damos ordens por exemplo e somos atendidos as chances de pedirmos ou ordenarmos algo novamente aumenta Se nossos pedidos e nossas ordens não forem atendidos provavelmente sua emissão cessará Bibliografia consultada e sugestões de leitura Catania A C 1999 Aprendizagem comportamento linguagem e cognição Porto Alegre Artmed Capítulo 5 As consequências do responder o reforço Millenson J R 1967 Princípios de análise do comportamento Brasília Coordenada Capítulo 4 Fortalecimento operante Capítulo 5 Extinção e recondicionamento do operante Aprendizagem pelas conseqüências o controle aversivo Como já sabemos o comportamento operante é aquele que produz modificações no ambiente e que é afetado por elas Chamamos tais modificações no ambiente de conseqüências do comportamento Já se conhece também um tipo dessas conseqüências o reforço Mais especificamente foi aborda do o reforço positivo reforço porque aumenta a probabilidade do comportamento reforçado voltar a ocorrer positivo porque a modificação produzida no ambiente era sempre a adição de um estímulo Por exemplo quando o rato pressio na a barra aparece uma gota de água em seu ambiente quando a criança pede um doce ela recebe um doce ela não tinha o doce agora tem Nos exemplos de reforço positivo vistos no Capítulo 3 o organismo comportavase para que algo acontecesse para que um estímulo fosse produzido Nesse capítulo veremos que existem outros tipos de conseqüências do compor tamento que também aumentam sua freqüência reforço negativo e outras que diminuem sua freqüência punição positiva e punição negativa A esses tipos de conseqüências damos o nome de controle aversivo do comportamento Por que controle aversivo do comportamento Quase todos os seres vivos agem buscando livrarse de contatos prejudiciais Provavelmente esse tipo de comportamento desenvolvese devido ao seu valor de sobrevivência Skinner 1983 p 24 Dizemos que o reforço positivo é uma conseqüência controladora do comporta mento já que a sua ocorrência torna o comportamento mais provável Ou seja ApusiâZagern pelas conseqüências o controle aversivo se faço algo que produz uma conseqüência reforçadora continuo agindo assim senão paro Reforço negativo e punição positiva e negativa também são conseqüên cias do comportamento que exercem controle sobre ele pois interferem na probabilidade de sua ocorrência futu ra se faço algo que tem como conseqüência um reforço negativo voltarei a fazêlo se faço algo que tem como conseqüência uma punição seja positiva seja negativa não farei mais Por esse motivo dizemos que esses três tipos de conseqüência do comportamento também o controlam Mas por que controle aversivo Defendese que o controle exercido pelos três tipos de conseqüências é aversivo porque o indivíduo se comporta para que algo não aconteça ou seja para subtrair um estímulo do ambiente ou para fazer com que ele nem mesmo ocorra Os organismos tendem a evitar ou fugir daquilo que lhes é aversivo Muitas pes soas respeitam o limite de velocidade para não serem multadas muitos estudantes freqüentam as aulas para não ficarem com falta muitas pessoas não expõem suas idéias para não serem criticadas mentem para não serem punidas e assim por diante De fato é possível que em boa parte de seu diaadia o indivíduo passe emitindo comportamentos ou deixa de emitilos para que algo não aconteça O controle aversivo diz respeito à modificação na freqüência do comportamento utilizandose o reforço negativo aumento na freqüência e punição positiva ou negativa diminuição na freqüência De certa forma a extinção também se confi gura como algo aversivo sendo observadas fortes reações emocionais principal mente quando a extinção segue ao reforçamento contínuo do comportamento isto é todas as respostas eram seguidas de reforço Contudo não se considera a extinção como controle aversivo principalmente ao envolver reforçamento diferencial Estímulo Aversivo é um conceito relacional envolve relações entre eventos e funcional Não existem estímulos eminentemente aversivos que serão aversivos para todas as pessoas Por exemplo uma música do Bruno e Marrone pode ser um estímulo extremamente aversivo para algumas pessoas mas um estímulo reforçador poderoso para outras Sendo assim os estímulos aversivos serão defi nidos como aqueles que reduzem a freqüência do comportamento que os produ zem estímulos punidores positivos ou aumentam a freqüência do comporta mento que os retiram estímulos reforçadores negativos Por conseguinte so mente faz sentido falar em estímulos aversivos no reforço negativo e na punição positiva Muitas vezes utilizase reforço negativo no lugar de estímulo aversivo como se a punição positiva fosse a apresentação de um reforço negativo o que é um erro Vale lembrar que o reforço negativo produz um aumento na freqüência do comportamento não podendo participar da punição Nesse caso o correto seria dizer que na punição positiva o comportamento produz a apresentação de um estímulo aversivo resultando na diminuição da probabilidade de emissão do mesmo comportamento no futuro Contingências de reforço negativo O reforço não se dá apenas com a apresentação de estímulos como os aplausos para um solo de guitarra e água para a pressão à barra mas também pela retirada de estímulos do ambiente Por exemplo quando estamos com dor de cabeça podemos tomar um analgésico Nesse caso concluímos que o comportamento de tomar analgésico é provável de ocorrer em circunstâncias semelhantes no futuro pois o comportamento teve como conseqüência à retirada de um estímulo do ambiente a dor de cabeça Sendo assim a relação de contingência é chamada reforço porque houve um aumento na freqüênciaprobabilidade de um compor tamento negativo porque a conseqüência foi a retirada de um estímulo do ambiente O estímulo retirado do ambiente é chamado de reforçador negativo No exemplo anterior a dor de cabeça era o reforçador negativo Alguns exemplos comuns de comportamentos mantidos por reforço negativo 1 Colocar óculos de sol para amenizar a luminosidade na retina é um exem plo de comportamento mantido por reforço negativo A luminosidade é um estímulo reforçador negativo cessado pela resposta de colocar os óculos A relação entre a resposta de colocar os óculos e a retirada de luz da retina é chamada reforço negativo 2 Passar protetor solar para evitar queimaduras é um comportamento manti do por reforço negativo Ficar com queimaduras é o estímulo reforçador negativo evitado pela resposta de passar protetor solar A contingência em vigor é a de reforço negativo uma vez que a resposta de usar protetor solar é fortalecida tem probabilidade aumentada por evitar a apresenta ção de um estímulo reforçador negativo 3 Caso a namorada brigue com seu namorado quando ele fuma é provável que o namorado passe a chupar um drops após fumar um cigarro Com isso o namorado evita a briga uma vez que ela não percebe que ele fumara Nesse caso a briga é um estímulo reforçador negativo evitado pela resposta de chupar um drops Novamente temos uma contingência de reforço nega tivo em que a resposta de chupar um drops é reforçada por evitar a apresen tação da briga que é um estímulo reforçador negativo É importante notar que em todos os exemplos os comportamentos tiveram sua freqüência aumentada ou mantida O reforço negativo assim como o reforço positivo é um tipo de conseqüência do comportamento que aumenta a probabilidade de ele voltar a ocorrer A diferença básica entre reforço positivo e reforço negativo reside na natureza da operação ou seja no reforço positivo um estímulo é acrescen tado ao ambiente no reforço negativo um estímulo é retirado do ambiente Por exemplo podemos aumentar a probabilidade de um rato pressionar uma barra utilizando reforço positivo ou reforço negativo Veja o exemplo da Tabela 41 A correta compreensão do que é reforço negativo e de como ele atua sobre o comportamento dos organismos é de fundamental importância para a compreen Aprendizagem pdas conseqüências o controle aversivo Reforço positivo Situação Animal na caixa de Skinner privado de água Comportamento Pressionar a barra Conseqüência Apresentação de água Tipo de operação Adicionar estímulo água ao ambiente Animal na caixa de Skinner recebendo choque elétrico Pressionar a barra Retirada do choque Retirar estímulo choque elétrico do ambiente Reforço negativo Natureza do estímulo Estímulo reforçador positivo SR Estímulo reforçador negativo SR são do comportamento humano Essa importância se deve ao fato de que vários de nossos comportamentos cotidianos produzem supressão adiamento ou can celamento de estímulos aversivos do ambiente e não a apresentação de estímulos reforçadores Leis normas códigos de ética todos estabelecem conseqüências para nossos comportamentos que queremos evitar mentimos inventamos histó rias apresentamos desculpas esfarrapadas para os outros e para nós mesmos para evitar conseqüências aversivas Via de regra dois tipos de comportamento operante são mantidos por contingências de reforço negativo comportamento de fuga e comportamento de esquiva Comportamento de fuga e comportamento de esquiva Dois tipos de comportamento são mantidos por reforço negativo Consideramos que um comportamento é uma fuga no momento em que um determinado estímu lo aversivo está presente no ambiente e esse comportamento retirao do ambiente como no caso de um adolescente usar um creme para secar uma acne que já está em seu rosto Nesse caso a resposta de usar o creme é uma fuga mantida pela retirada da espinha da face que é um estímulo aversivo já presente Já a esquiva é um comportamento que evita ou atrasa o contato com um estímulo aversivo isto é o comportamento de esquiva ocorre quando um determinado estímulo aversivo não está presente no ambiente e emitir este comportamento de esquiva faz com que o estímulo não apareça ou demore mais para aparecer Por exemplo se o adolescente faz uma dieta menos calórica para evitar o aparecimento de espinhas nesse caso as espinhas ainda não estão presentes e a resposta compor tamento de fazer dieta evitou a apresentação do estímulo aversivo constituindo se em uma esquiva Efeito sobre Aumenta a probabilidade o comportamento de ocorrência Notação representação R SR Aumenta a probabilidade de ocorrência RSR Moreira Medeiros Alguns exemplos comuns de fuga e esquiva 1 Arrumar o quarto logo que acordamos para evitar reclamações da mãe é um exemplo de esquiva pois a mãe ainda não está reclamando Por outro lado se a mãe vê o quarto desarrumado e começa a brigar nós o arrumamos para que ela pare o que é um exemplo de fuga Nesse caso a briga já está presente 2 Fazer uma revisão no carro antes de viajar é um exemplo de esquiva O carro está funcionando perfeitamente mas a revisão é feita para que o carro não apresente problemas no meio da viagem Note que o carro ainda não está com problemas e a revisão é feita para evitar sua apresentação Entretanto se o carro começa a fazer um barulho atípico no meio da estra da o comportamento de leválo a um mecânico é um exemplo de fuga pois o estímulo aversivo ou seja o barulho já está presente 3 Fazer a barba quando a namorada já está reclamando dos beijos que arra nham sua face é um exemplo de fuga pois a reclamação já está presente Seria esquiva caso o namorado fizesse a barba antes de encontrála para evitar a reclamação que ainda não está presente 4 Alguém está lhe contando uma história muito chata e você diz Amigo me desculpe mas estou atrasado para um compromisso tenho que ir Sair de perto do chato é um exemplo de fuga já se você desconversa e sai de perto do sujeito antes de ele começar a contar histórias chatas você está se esquivando Portanto uma estratégia interessante de diferenciar os dois tipos de comporta mento consiste em considerar a esquiva como uma prevenção e a fuga como uma remediação e considerandose que prevenir é melhor do que remediar emitimos mais comportamentos de esquiva do que de fuga Isto é na esquiva prevenimos a apresentação de estímulo aversivo enquanto na fuga remediamos a situação de forma que o estímulo aversivo já presente seja suprimido É importante notar que os comportamentos fuga e esquiva somente são esta belecidos e mantidos em contingências de reforço negativo Logo não observare mos fuga e esquiva em contingências de reforço positivo e de punição A fuga é sempre a primeira a ser aprendida De início somos modelados a emitir repostas que retirem estímulos aversivos já presentes como fugir de um predador por exemplo Não temos como explicar o comportamento que ocorre sob o controle de algo que não está ocorrendo ainda De fato certos estímulos por terem precedido a apresentação de estímulos aver sivos no passado tornam a resposta de esquiva mais provável Como o sol forte precedeu as queimaduras no passado este se torna um estímulo que aumenta a probabilidade de emissão de um comportamento que as previne no caso a emis são da resposta de passar protetor solar Todavia é importante notar que o sol só adquiriu tal função comportamental por ter precedido queimaduras no pas sado Ou seja tivemos que fugir das queimaduras no passado para aprender a função aversiva do sol e só assim somos conduzidos a emitir uma resposta que Aprendizagem ptías conseqüências o conlroie aversivo evite as queimaduras em sua presença Para alguns autores não existe o com portamento de esquiva e sim comportamentos de fuga uma vez que sempre estamos fugindo de estímulos que sinalizam a apresentação de outros estímulos aversivos que é o caso do sol Chamamos o sol forte de estímulo préaversivo ao sinalizar a probabilidade de apresentação de um outro estímulo aversivo as queimaduras Um experimento simples com um rato albino exemplifica bem a distinção entre comportamento de fuga e comportamento de esquiva um rato está em uma caixa de condicionamento operante dividida em dois compartimentos onde a apresentação de um choque elétrico pode ser feita eletrificandose o piso da caixa Um timer controla a apresentação do choque a cada 30 segundos o timer ativa o choque elétrico que só é retirado desligado se rato mudar de lado dentro da caixa Rapidamente o rato aprende o comportamento de fuga Figura 41 ou seja assim que o choque é ativado o rato muda de compartimento Podemos programar para que a mudança de um compartimento para outro zere o contador do timer ou seja se o rato antes do final de 30 segundos mudar de lado dentro da caixa o contador do timer é reiniciado e um novo intervalo de 30 segundos até que o choque seja apresentado é ativado Nesse caso Figura 42 se o rato mudar de lado um pouco antes da apresentação do choque o animal evita que tal situação seja apresentada falamos então em um comportamento de esquiva Comportamento de fuga Para fugir do choque elétrico o rato passa de um lado para outro da caixa 0 rabo levantado indica que o piso da caixa está eletrificado Comportamento de esquiva procedimento esquiva de Sidman 0 rato aprendeu depois de algumas fugas que se passar de uma lado para outro antes de 30 segundos ele evita o choque e é isso o que ele está fazendo Sendo assim denominamos comportamento de fuga aqueles em que um estí mulo aversivo está presente no ambiente no momento em que o comportamento é emitido e em que a conseqüência produzida por ele é a retirada do estímulo aversivo do ambiente Chamamos comportamento de esquiva aqueles em que um estímulo aversivo não está presente no ambiente no momento em que o compor tamento é emitido e sua conseqüência é o atraso ou o cancelamento do con tato com o estímulo aversivo Tanto o reforço positivo como o reforço negativo aumentam a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer a diferença está apenas no fato de a conse qüência ser a adição ou a retirada de um estímulo do ambiente Reforço positivo aumenta a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer pela adição de um estímulo reforçador ao ambiente Reforço negativo aumenta a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer pela retirada de um estímulo aversivo punitivo do ambiente comportamentos de fuga e esquiva Punição A punição destinase a eliminar comportamentos inadequados ameaçadores ou por outro lado indesejáveis de um dado repertório com base no princípio de que quem é punido apresenta mmor Aprendizagem pelas conseqüências o controle aversivo possibilidade de repetir seu comportamento Infelizmente o pro blema não é tão simples como parece A recompensa reforço e a punição não diferem unicamente com relação aos efeitos que produzem Uma criança castigada de modo severo por brincadei ras sexuais não ficará necessariamente desestimulada de conti nuar da mesma forma que um homem preso por assalto violen to não terá necessariamente diminuída sua tendência à violência Comportamentos sujeitos a punições tendem a se repetir assim que as contingências punitivas forem removidas Skinner 1983 p 50 Algumas conseqüências do comportamento tomam sua ocorrência menos provável São elas punição positiva e punição negativa Punição em outras palavras é um tipo de conseqüên cia do comportamento que torna sua ocorrência menos provável A distinção entre punição positiva e punição negativa incide na mesma distinção feita com relação ao reforço positivo ou negativo se um estímulo é acrescentado ou subtraído do ambiente Tanto a punição positiva como a punição negativa di minuem a probabilidade de o comportamento ocorrer A punição foi o termo escolhido por Skinner para substituir os maus efeitos da lei do efeito de Thorndike O termo é definido funcionalmente como a conseqüência que reduz a freqüência do comportamento que a produz Por exemplo se ingerirmos diferentes bebidas alcoólicas e tivermos ressaca no dia seguinte esse comportamento será menos provável no futuro Dizemos portanto que tal compor tamento foi punido pela ressaca do dia seguinte Outra vez o termo punição refere se a uma relação de contingência entre um comportamento e uma conseqüência só que nesse caso o efeito da contingência é a redução da freqüência ou da proba bilidade de ocorrência desse comportamento no futuro A conseqüência será de nominada de estímulo punidor ou punitivo o qual no exemplo foi a ressaca É fundamental chamar a atenção para o fato de que a punição é definida fun cionalmente ou seja para dizermos que houve uma punição é necessário que se observe uma diminuição na freqüência do comportamento Por isso não existe um estímulo que seja punidor por natureza só podemos dizer que o estímulo é punidor caso ele reduza a freqüência do comportamento do qual é conseqüente É possível pensar que para homens heterossexuais terem de ficar rolando no chão com outro homem suado só de calção de banho puniria qualquer comportamento Entretanto muitos homens pagam caro para ter acesso a esse estímulo fazendo luta livre em uma academia Nesse situação o estímulo citado não pode ser con siderado punidor já que não reduz a freqüência do comportamento que o produz Dois tipos de punição De forma similar ao reforço existem dois tipos de punição a positiva e a negativa A punição positiva é uma contingência em que um comportamento produz a apresentação de um estímulo que reduz sua probabilidade de ocorrência futura Moreira Medeiros Por exemplo uma pessoa alérgica a camarão passa mal ao comêlo A partir desse dia não come mais camarão No caso o comportamento de comer camarão produziu a apresentação dos sintomas Como houve uma diminuição na freqüên cia desse comportamento afirmamos que este comportamento foi positivamente punido Já na punição negativa a conseqüência de um comportamento é a retirada de reforçadores de outros comportamentos Essa conseqüência tomará o comportamento menos provável no futuro Por exemplo uma pessoa que acessa sites nãoconfiáveis na internet pode ter seu computador infectado por vírus de forma que ele deixe de funcionar A pessoa deixou de acessar sites nãoconfiá veis Sendo assim a conseqüência do comportamento de acessar sites nãoseguros foi a retirada dos reforçadores de outros comportamentos disponibilizados pelo computador funcionando Como houve uma diminuição na freqüência do com portamento de acessar sites nãoseguros pela retirada dos reforçadores associados ao computador funcionando concluímos que houve uma punição negativa É importante notar que a punição seja positiva seja negativa resulta por definição na redução da freqüência ou da probabilidade do comportamento Os termos positivo e negativo indicam apenas apresentação ou retirada de estí mulos respectivamente Lembrese de ignorar seus significados na língua coti diana Em análise do comportamento positivo não é bom e negativo não é ruim simplesmente positivo é apresentação e negativo é supressão Punição positiva diminui a probabilidade de o comportamento ocorrer novamente pela adição de um estímulo aversivo punitivo ao ambiente Punição negativa diminui a probabilidade de o comportamento ocorrer novamente pela retirada de um estímulo reforçador do ambiente Exemplos de punição positiva adição de um estímulo aversivo Um rato modelado a pressionar uma barra para obter água recebe além da água um choque quando age assim e pára de fazêlo jogar bola dentro de casa levar uma surra e não jogar mais bola nesse local ultrapassar o sinal vermelho ser multado e não infringir mais essa regra dizer palavrão receber uma bronca e diminuir bastante a freqüência dessa atitude Exemplos de punição negativa retirada de um estímulo reforçador de outro comportamento do ambiente Fazer traquinagens perder a mesada e diminuir bastante a freqüência com que se faz traquinagens cometer um assalto ser preso perder a liberdade e não cometer mais crimes fumar não receber beijos da namorada por isso e diminuir bastante o número de cigarros fumados por dia dirigir embriagado perder a carteira de motorista e não mais dirigir em briagado Aprendizagem pelas conseqüências o controle aversivo Suspensão da contingência punitiva recuperação da resposta Um comportamento que outrora fora punido pode deixar de sêlo e talvez tenha sua freqüência restabelecida Uma menina que namora um rapaz que implicava com suas minissaias pode parar de usálas Sendo assim o comportamento de usar minissaia era positivamente punido pelas brigas com o namorado Caso ela troque esse namorado por outro menos chato que não implique com suas roupas seu comportamento de usar minissaia talvez volte a ocorrer Nesse caso houve uma suspensão da contingência de punição em que o comportamento de usar minissaia produzia brigas e agora não produz mais Definidos nesse caso que houve recuperação da resposta Skinner 1938 tem um estudo clássico sobre a quebra da contingência de punição no qual dois grupos de ratos foram modelados a pressionar uma barra para obterem alimento O grupo experimental passou a receber um choque toda vez que a pressionava Tal procedimento fez com que os animais rapidamente parassem de fazêlo enquanto o grupo controle que não recebera choques conti nuou pressionando a barra mantendo uma taxa constante de respostas de pres são à barra Então o choque foi desligado para o grupo experimental isto é quebra na contingência de puniçãorecuperação e foi observado um aumento na freqüência de respostas de pressão à barra Desse modo a quebra da contingên cia de punição produziu um restabelecimento na força do responder o que conhe cemos por recuperação da resposta Figura 43 Um ponto importante a ser considerado é afim de que o comportamento volte a ocorrer com a quebra da contingência de punição o reforço deve ser Quebra da contingência Quando há quebra da contingência a freqüência do comportamento retorna a seu nível operante linha de base mantido e obviamente o organismo deve se expor outra vez à contingência Em outras palavras se os animais do grupo experimental do estudo de Skinner não fossem reforçados ao pressionar a barra e não tentassem pressionála pelo menos uma vez seu comportamento não voltaria a ocorrer É fundamental que o organismo se exponha outras vezes à contingência para que ele discrimine a mudança ou seja o estímulo punidor não é mais contingente ao comportamento Tal ponto é fundamental para a clínica uma vez que temos clientes que foram punidos no passado e mesmo com a ausência da punição não voltam a emitir o comportamento previamente punido Dessa forma não têm como perceber a mudança na contingência Um dos objetivos terapêuticos é portanto criar condi ções para que o cliente se exponha novamente às contingências Por exemplo um rapaz que um dia se declarou para a namorada e ela o deixou logo em seguida teve o comportamento de se declarar negativamente punido Sendo assim esse rapaz talvez nunca mais se declare para ninguém o que também gera a perda de reforçadores Portanto a terapia poderia criar condições para que ele tentasse de novo se declarar em uma situação com baixa probabilidade de punição a fim de que o comportamento fosse restabelecido Punição negativa e extinção Um ponto que gera muita confusão entre aprendizes é a distinção entre a extin ção e a punição negativa Os dois casos são similares porque em ambos não se tem acesso a reforçadores outrora disponíveis Entretanto na extinção um com portamento produzia uma conseqüência reforçadora telefonar para a namorada era reforçado por sua voz do outro lado quando ela atendia Caso o namoro acabe e a exnamorada se recuse a atender os telefonemas o comportamento de telefonar para ela estará em extinção Ou seja não produz mais a conseqüência reforçadora que produzia Por outro lado na punição negativa um comportamento passa a ter uma nova conseqüência a qual é a perda de reforçadores Retomando ao exemplo anterior digamos que esse namorado era infiel pelo reforçamento social provido pelos amigos até que ele fora descoberto ocasionando o fim da relação Supondo que em namoros futuros esse rapaz deixe de ser infiel Aqui temos um exemplo de punição negativa pois o comportamento de ser infiel foi punido pela perda dos reforçadores associados ao namoro Essa conseqüência reduziu a freqüência do comportamento de ser infiel Note que as conseqüências que mantinham o comportamento de ser infiel permaneceram intactas Caso ele continue a ser assim seus amigos ainda reforçarão seu comportamento Então não podemos falar em extinção O que houve foi a apresentação de uma nova conseqüência retirada dos reforçadores contingentes a outros comportamentos relacionados ao namoro Outra diferença entre punição e extinção referese ao processo a punição suprime rapidamente a resposta enquanto a extinção produz uma diminuição gradual na probabilidade de ocorrência da resposta Imagine um rato em um esquema de reforçamento contínuo CRF toda vez que pressiona a barra ele recebe água Nesse caso o comportamento de pressionar a barra produz uma 7 4 Aprendizagem pdas conseqüências o controle aversivo R resposta de pressão à barra SR apresentação de água estímulo reforçador Sp apresentação de choque estímulo punidor Reforço R S R Extinção Punição R t S r R SR Sp conseqüência reforçadora apresentação da água Como já se sabe se desligássemos o be bedouro o comportamento de pressionar a barra não mais produziria a conseqüência re forçadora a apresentação de água Falamos então de extin ção ou seja houve a suspensão da conseqüência reforçadora a qual teria como efeito final no comportamento a redução de sua probabilidade de ocorrência Na extinção o reforço não é mais apresentado Já na punição o reforço continua sendo apresentado mas junto a ele é apresentado o estímulo punidor ou aversivo Imagine agora que não te mos condições de desligar o be bedouro mas temos que fazer com que o rato pare de pressio nar a barra Como poderíamos leválo a tal atitude Isso mes mo devemos usar a punição É possível nesse caso dar um choque no rato toda vez que ele pressionar a barra Se assim o fizéssemos o rato desistiria de que estava fazendo Note que no segundo exemplo não suspendemos a conseqüência reforça dora ou seja em momento algum a água deixou de ser apresentada quando o rato pressionava a barra A punição nesse exemplo é a apresentação do choque Ao aludirmos à punição não nos referimos à suspensão da conseqüência que reforça o comportamento mas sim de uma outra conseqüência que diminui a probabilidade de sua ocorrência ver Figura 43 Imagine agora o seguinte exemplo quando Joãozinho fala palavras inadequa das seus colegas riem bastante dele a risada de seus colegas é uma conseqüência reforçadora para o comportamento é o que mantém Joãzinho portandose de tal forma A mãe de Joãozinho quer que ele pare com isso para tanto ela retira a mesada de Joãozinho cessando o comportamento Nesse caso a mãe de Joãozinho puniu o comportamento dele ou colocouo em extinção Para respon der a essa pergunta devemos fazer a seguinte análise A freqüência do comportamento aumentou ou diminuiu Ela diminui portanto a retirada da mesada não pode ser um reforço Se a freqüência diminuiu só pode ser extinção ou punição A conseqüência reforçadora risada dos colegas foi retirada Não por isso não é extinção já que não houve a suspensão da conse qüência reforçadora Se a freqüência do comportamento diminuiu e a conseqüência reforçadora não foi retirada falamos então em punição A punição nesse exemplo foi a retirada de um estímulo reforçador ou a adição de um estímulo aversivo A conseqüência foi a perda da mesada retirada de um estímulo reforçador portanto tratase de punição negativa No exemplo anterior para que a freqüência do comportamento de dizer pala vras inadequadas diminuísse utilizando extinção o que deveria ser feito Deveria ser feito exatamente isso retirar suspender a consequência reforçadora a qual no caso são as risadas dos amigos de Joãozinho ou seja a mãe de Joãozinho poderia falar com os amigos dele para não rirem mais quando seu filho dissesse palavras de baixo nível Moreira Medeiros Efeitos colaterais do controle aversivo O controle aversivo de acordo com o que vimos é uma forma legítima e eficiente de aumentar ou de diminuir a probabilidade de emissão do comportamento Punir comportamentos inadequados ou indesejados é muito mais fácil e tem efeitos mais imediatos do que reforçar positivamente comportamentos adequa dos Entretanto o controle aversivo apresenta uma série de efeitos colaterais que tornam seu uso desaconselhado por vários autores comportamentais Eliciação de respostas emocionais No momento em que os organismos entram em contato com estímulos aversivos é observada a eliciação de várias respostas emocionais como tremores taquicar dia palpitações choro etc Existem algumas desvantagens na eliciação de respos tas emocionais Uma desvantagem comum ocorre quando o administrador da punição observa as respostas emocionais do organismo punido Essas respostas emocionais eliciam outras respostas emocionais no indivíduo que pune comu mente conhecidas por respostas emocionais de pena ou culpa Elas são aversivas e o indivíduo que pune pode passar a liberar reforçadores ao organismo punido como forma de se esquivar dos sentimentos de pena ou cul pa Um exemplo bem comum ocorre quando uma criança faz birra na rua para ganhar um pirulito Seus pais podem lhe dar uma palmada para punir a birra Ao receber a pal mada a criança começa a chorar e seu choro elicia respos tas emocionais aversivas nos pais as quais costumamos chamar de pena ou culpa Para se esquivar dessas respostas emocionais aversivas os pais podem dar o pirulito no fim das contas Esse procedimento é prejudicial por duas razões principais 1 Os pais treinam a relação entre o comporta mento de chorar e ganhar o que se quer aumentando a pro babilidade do choro ocorrer no futuro De fato o choro dei xa de ser exclusivamente um comportamento respondente sendo controlado principalmente por suas conseqüências isto é tornase primordialmente um operante 2 A palmada ou a punição vai preceder o reforço Sendo assim as crianças podem aprender a emitir respostas que levem a uma palmada pois tal ação adquire funções reforçadoras condicionadas Em outras palavras uma palmada deixa de ser punitiva tornandose reforçadora Existem experimentos muito interessantes nos quais a resposta de pressão à barra de um rato produz água apenas na presença de um leve choque Quando o choque não está presente as respostas de pressão à barra não são reforçadas Se incluirmos uma nova barra na caixa de Skinner e a sua pressão tiver como conseqüência a produção do choque os animais aumentarão a freqüência do comportamento de pressão à barra que produz o choque Ou seja o choque reforçará as respostas de pressão à segunda barra Outro problema na eliciação de respostas emocionais ocorre com o condiciona mento respondente Ora quem pune ou reforça negativamente em excesso acaba rá tornandose um estímulo condicionado que eliciará as mesmas respostas emocionais outrora eliciadas pelos estí mulos aversivos envolvidos Tratase do exemplo típico da criança que teme o pai severo Esse pai dirá que seu filho o respeita Na realidade seu filho o teme uma vez que a sua presença eliciará respostas emocionais aversivas De forma similar uma namorada que controla o comportamento do namorado com chantagens emocionais isto é usa o reforço negativo e a punição pode tornarse um estímulo aversivo condicionado O namorado passará a se sentir mal na presen ça da namorada pois ela se transformou em um estímulo condicionado que elicia as mesmas respostas emocionais provocadas por suas chantagens emocionais Um outro fenômeno observado é o paradoxo da apren dizagem por reforço negativo Conforme apresentado o reforço negativo aumenta a probabilidade do comporta mento que o suprime Entretanto a apresentação do estí mulo aversivo pode eliciar respostas reflexas que dificul tam a emissão do comportamento operante que retiraria o estímulo aversivo Em outras palavras o único comportamento que retiraria o estímulo aversivo tornase menos provável devido às respostas reflexas eliciadas por ele o que certamente representa um paradoxo Tomemos um gago como exemplo Caso a criança gaga fale corretamente seu pai não fala nada Por outro lado quando essa criança gagueja ouve a crítica do pai Podemos dizer que falar corretamen te é mantido por reforço negativo Quando o pai critica a criança ao gaguejar ela passa a emitir respostas reflexas que quase impedem a emissão do comporta mento operante de falar corretamente Nesse caso gaguejar tornase muito mais provável do que falar sem gaguejar Sendo assim o estímulo que serviria para motivar é justamente o que impede que o falar corretamente ocorra Supressão de outros comportamentos além do punido O efeito da punição não se restringe apenas ao comportamento que produziu a conseqüência punitiva Outros comportamentos que estiverem ocorrendo tempo Morara A Mtewt ralmente próximos ao momento da punição podem ter sua freqüência reduzida Por exemplo imagine uma festa de crianças em que o Joãozinho está correndo pulando conversando e dançando Em sua empolgação Joãozinho estoura um balão próximo a um adulto que se assusta O adulto imediatamente dá uma forte palmada em Joãozinho É provável que Joãozinho pare de estourar balões mas além disso os demais comportamentos citados deixarão de ocorrer Nesse sentido o efeito da punição possivelmente interferirá nos comportamentos aos quais ela não foi contingente O efeito disso na terapia pode ser muito prejudicial Uma vez que o terapeuta puna algum comportamento do cliente durante a sessão outros comportamentos dentro da sessão muitas vezes desejáveis ao processo terapêutico podem deixar de ocorrer Emissão de respostas incompatíveis ao comportamento punido Após a punição de um comportamento os organismos em geral passam a emitir uma segunda resposta que torne improvável a repetição do comportamento punido Essa segunda resposta é cha mada resposta incompatível ou resposta controladora uma vez que é uma forma de o organismo controlar seu próprio comporta mento A resposta é negativamente reforçada por diminuir a pro babilidade de emissão de um comportamento punido e por con seguinte de o organismo entrar em contato com a punição Um triste exemplo desse conceito pode ser o caso do rapaz que às 3 da manhã depois de ingerir cerveja telefona para à exnamora da fazendo juras de amor Mas para infelicidade do rapaz quem atende é o novo namorado dela com voz de sono Certamente essa é uma punição positiva que dispensa comentários a qual na verdade diminuirá a probabilidade de ele telefonar outras vezes Entretanto ao beber novamente às 3 da manhã ele pode sentirse tentado a fazer o maldito telefonema Para evitar que repita esse comportamento o exnamorado simplesmente entrega o celular a um amigo pegandoo só no dia seguinte Entregar o celular ao amigo é uma resposta incom patível ao comportamento de telefonar uma vez que o torna menos provável Um outro exemplo muito comum é o da menina que teve um namoro em que investiu muito Mas para infelicidade da moça seu namorado a trocou por outra pessoa Essa menina sofreu muito com o término ou seja seu comporta mento de investir em um relacionamento estável foi severamente punido Ela pode desenvolver o seguinte padrão quando começar a se envolver com alguém e perceber que está começando a gostar dessa pessoa ela rompe o relacionamento antes de se estabelecer o namoro Nesse caso a resposta de romper relacionamen tos ainda no início pode ser considerada incompatível com o comportamento de namorar o qual foi punido no passado Daí decorre a grande desvantagem da emissão de respostas incompatíveis Elas tornam impossível para o organismo discriminar que a contingência de punição não está mais em vigor uma vez que impede que o organismo se exponha à contingência novamente No caso de nossa amiga ela pode ter perdido muitas Aprendizagem pelas conseqüências o controle aversivo oportunidades de ser feliz com alguém que não a abandonaria Como ela termina uma relação an tes de começála não tem meios de perceber que dessa vez a situação será diferente Contracontrole Este talvez seja o efeito colateral do controle aver sivo mais indesejado No contracontrole o orga nismo controlado emite uma nova resposta que impede que o agente controlador mantenha o controle sobre o seu comportamento No caso da punição garantese que o comportamento punido continue a ocorrer sem entrar em contato com ela Um exemplo banal ocorre quando freiamos o carro diante de um radar colocandoo na velocidade permitida pela via e assim nos esquivamos da multa Na realidade a função punitiva do radar seria suprimir o fato de dirigir acima da velocidade permitida em toda a sua extensão e não apenas na presença dos radares A resposta de frear na presença apenas do radar é negativamente reforça da não levar multa Entretanto não foi esta a resposta esperada pelo controlador de trânsito o qual programou essa contingência de punição No caso do reforço negativo a resposta de contracontrole suprime ou evita o estímulo aversivo sem a emissão da resposta programada pelo controlador Um professor de educação física que utiliza reforço negativo para fazer com que seus alunos se empenhem nos exercícios costuma gerar respostas de contracontrole Os alunos fazem os exercícios determinados pelo professor este não tece nenhum comentário Entretanto se ele vê algum aluno parado dálhe uma bronca na frente dos colegas Em outras palavras os alunos somente fazem os exercícios para evitar a repreensão do professor reforço negativo Um contracontrole óbvio é fazer o exercício apenas no momento em que o professor está olhando assim que vira as costas os alunos ficam parados a enrolar Nesse caso a resposta de observação que é agir discriminativamente ao comportamento do professor atentar ao que o professor está fazendo é de modo negativo reforçada pelas broncas Outro exemplo ocorre quando a mãe obriga o filho a comer Se ele está comendo sua mãe não diz nada Por outro lado se o filho pára de comer a mãe começa a brigar com ele É provável que essa criança dê sua comida para o cachor ro quando sua mãe não estiver por perto e diga que já comeu tudo Ligar o chuveiro mas não se molhar fingindo que está tomando banho também é um exemplo de contracontrole comum emitido por crianças e adolescentes Como diz o verso da antiga música No mundo da lua do Biquíni Cavadão Não quero mais ouvir a minha mãe reclamar quando eu entrar no banheiro ligar o chuveiro e não me molhar A mentira como um contracontrole A mentira muitas vezes funciona como uma resposta de contracontrole como no caso do Bart Simpson dizendo para a Sra Krabappel sua professora que o Ajudante de Papai Noel seu cachorro havia comido o dever de casa Caso Bart chegasse à escola sem o dever feito sua Moreira Medeiros 79 professora administraria alguma punição como uma bronca ou uma advertên cia A fim de evitar entrar em contato com o estímulo aversivo Bart inventa a história de que seu cachorro comeu o dever de casa esquivandose Um exemplo mais banal que esse é muito comum entre namorados A namo rada que está oito quilos acima do peso emite aquela pergunta infeliz Benzinho você acha que eu engordei O pobre do namorado está em uma situação desesperadora pois caso seja sincero sua namorada mesmo chateada pode começar uma dieta ficando mais atraente para ele Entretanto a conseqüência de longe mais provável é a de que uma resposta sincera leve a uma briga homérica a qual certamente representa uma punição positiva além da punição negativa pela perda dos reforçadores primários aos quais teria acesso estando de bem com a namorada A resposta que se torna provável obviamente é O que é isso meu amor Você está linda Apesar de faltar com a verdade o namorado será recompensado por isso evitando a punição administrada pela namorada caso falasse a verdade e ainda entrando em contato com os reforçadores providos por ela Sendo assim a menti ra nesse caso é uma resposta de contracontrole pois garante que nosso amigo evite a punição Um ratinho esperto Para finalizar a discussão acerca do contracontrole deve mos saber que não se restringe a animais humanos Um experimento de controle aversivo ilustra esse ponto de maneira muito interessante Tratase de um experi mento simples em que um rato previamente modelado a obter comida com res postas de pressão à barra passa a receber um choque pela grade metálica no chão da caixa quando a pressiona continuando a receber comida como conse qüência dessa resposta ou seja punição sem extinção O pêlo do animal é um isolante elétrico e mesmo sem ser um eletricista nosso ratinho desenvolveu um método muito interessante de obter seus reforçadores evitando o contato com o estímulo aversivo Ele simplesmente deitava de costas na grade do chão da caixa colocava a cabeça no comedouro e pressionava a barra cilíndrica com o rabo Nosso malandrinho portanto com essa resposta de contracontrole obtinha ali mento e evitava o choque Por que punimos tanto Ao observarmos todos esses efeitos colaterais indesejáveis do controle aversivo uma questão permanece por que esse é o método mais utilizado para controlar o comportamento A resposta a essa pergun ta compreende três pontos 1 Imediaticidade da conseqüência Quem pune para supri mir um comportamento é negativamente reforçado de forma quase imediata Digamos que Homer esteja assistindo a um jogo de futebol americano na TV enquanto Lisa pratica seu saxofone O som do instrumento o incomoda isto é represen ta um estímulo aversivo que reforçará negativamente o com AfReRdizagem pelas onseilCM o controle aversivo portamento de Homer com sua retirada Homer prontamente pune o com portamento de Lisa gritando Lisa pare de tocar esse maldito saxofo ne Lisa pára de tocar o instrumento de imediato reforçando de modo negativo o comportamento de Homer 2 Eficácia não dependente da privação Para controlarmos positivamen te um comportamento temos de identificar quais eventos serão reforça dores para o indivíduo Além disso mesmo os reforçadores primários não são eficazes o tempo todo Caso o organismo não esteja privado do refor çador em questão esse não será eficaz Daí vem a outra vantagem do controle aversivo para quem controla uma palmada será aversiva indepen dentemente de privação Ou seja uma palmada será eficaz para punir ou para reforçar negativamente o comportamento de uma criança em qual quer situação Supondo que queremos que uma criança faça o dever de casa Podemos reforçar positivamente seu comportamento com balas En tretanto se ela não tiver privada de balas estas não serão eficazes como estímulos reforçadores ou seja não aumentarão a probabilidade do com portamento de fazer o dever Entretanto se dermos uma palmada nela caso não faça o dever de casa isto é reforçamento negativo é provável que ela faça o dever para evitar a palmada Note que para a palmada reforçar negativamente seu comportamento não foi necessário privar a criança de coisa alguma 3 Facilidade no arranjo das contingências Existem alternativas ao con trole aversivo como discutiremos a seguir Sem dúvida essas alternativas são muito mais aconselháveis do que o controle aversivo Entretanto elas dão muito mais trabalho de organizar do que as contingências de controle aversivo No caso do exemplo do Homer e da Lisa ele poderia por exemplo sentar perto da filha para ouvila quando ela tocasse o saxofone em outro horário que não o do jogo Elogiála nessas ocasiões ou saírem ambos para tomar um sorvete quando acabasse um ensaio certamente essas alternativas fariam com que a pequena Lisa parasse de tocar o instrumento na hora do jogo e evitariam os efeitos colaterais da punição Entretanto Homer teria muito mais trabalho para controlar o comportamento de Lisa 1 ouvila tocar o que não é muito reforçador para ele 2 levála para tomar sorvete organizando sua privação de sorvete 3 prestar atenção nos momentos em que estivesse tocando 4 organizar a passagem de um esquema de reforçamento em CRF para esquemas intermitentes Frente ao comportamento de dar um berro não há dúvida de que o controle positivo do comportamento envolve respostas muito mais custosas que demorarão mais para produzirem seus efeitos A conseqüência final desse processo é a de que tendemos mais a punir ou a reforçar negativamente o comportamento do que controlálo por reforço positivo a despeito de todas as desvantagens do controle aversivo Por outro lado a divul gação e a comprovação empírica dos efeitos indesejáveis desse tipo de controle Moreira Medeiros pode sensibilizar pais e educadores para que ambos utilizem meios mais positivos para controlar o comportamento O controle existe negálo somente aumenta a chance de sermos controlados Em concordância com Freud a principal razão que leva ao sofrimento psicológico é o histórico de controle aversivo do comporta mento Quais as alternativas ao controle aversivo Ao desaconselharmos com tanta ênfase o uso do controle aversivo temos que sugerir algumas alternativas Felizmente elas existem tendo maior ou menor eficácia mas na verdade apresentam menos efeitos colaterais Reforço positivo em lugar de reforço negativo Essa opção é óbvia Caso queiramos aumentar a probabilidade de emissão do comportamento podemos fazêlo por reforçamento positivo em vez de negativo Um professor de boxe pode elogiar os golpes corretos de seus alunos em vez de criticar os incorretos Uma namorada pode ser mais carinhosa com seu namorado quando ele consegue combinar o sapato com o cinto em vez de ficar emburrada toda vez que ele usa pochete na cintura Extinção em vez de punição Uma alternativa muito comum é o uso da extinção para diminuir a fre qüência do comportamento em lugar da punição Na verdade este é o mé todo menos aversivo mas também gera respostas emocionais Um expe rimento com pombos ilustra esse ponto muito bem Um pombo previa mente reforçado a bicar um disco para a obtenção de alimento é sub metido ao procedimento de extinção Durante a sessão de extinção abre se uma porta na caixa de Skinner dando acesso a um novo comparti mento com outro pombo dentro O animal em extinção bica o outro pombo até a morte Caso coloquemos um novo disco na caixa que sirva apenas para abrir a porta do outro compartimento o animal bica esse disco para ter acesso ao outro pombo Um exemplo comum é o da criança Caixa de condicionamento operante para pombos Pombos são muito utilizados em pesquisas em Análise do Comportamento Nos três discos em frente ao pombo cores e figuras são projetadas Bicar um disco específico aciona o comedouro dando milho ao pombo pri vado de comida Aprendizagem pelas conseqüências o controle aversivo que joga seu carrinho de bombeiros na parede quando este deixa de funcionar Uma outra desvantagem da extinção é que nem sempre podemos suprimir o reforçador que mantém o comportamento indesejado A maconha não deixará de produzir seus efeitos e caso sejam eles que mantenham o comportamento de consumila não poderemos utilizar extinção já que não podemos retirar o re forçador Por fim a extinção apenas diminui a freqüência do comportamento em vez de treinar novas respostas desejáveis do ponto de vista do controlador A ausência de reforçamento também pode agravar um quadro depressivo por exem plo Digamos que um terapeuta opte por extinguir respostas queixosas de sua cliente deprimida Sendo assim quando a cliente começar a se queixar dos filhos do marido das amigas etc o terapeuta pode colocar em extinção tal relato deixando de dar atenção De fato a cliente pode parar de falar sobre isso entretan to não estará aprendendo novas formas de obter a atenção das pessoas Uma outra conseqüência é a de abandonar a terapia uma vez que não está recebendo reforçadores Reforçamento diferencial Mais uma vez iremos nos referir ao reforçamento diferencial Sem dúvida esse é um processo comportamental de fundamental importância para explicação pre dição e controle do comportamento Relembrando o reforçamento diferencial en volve sempre reforço e extinção Como alternativa à punição poderíamos extin guir a resposta indesejada e reforçar comportamentos alternativos Nesse caso os efeitos emocionais da extinção seriam atenuados uma vez que o organismo co ntinuaria a entrar em contato com os reforçadores contingentes a outros compor tamentos Além disso produziria o aumento da probabilidade de emissão dos com portamentos desejáveis No exemplo da cliente deprimida descrito anteriormente o terapeuta poderia reforçála com atenção quando falasse de outros assuntos que não as queixas Sendo assim ela aprenderia a obter reforçadores de outras formas que não pelas queixas além de suprimilas com menos efeitos emocionais Aumento da densidade de reforços para outras alternativas Goldiamond foi um analista do comportamento que se preocupou em construir repertórios em vez de extirpar comportamentos de um repertório comportamen tal Conforme já discutido a extinção também traz fortes respostas emocionais aversivas Nesse sentido Goldiamond desaconselha até o reforçamento diferen cial uma vez que é composto de extinção A sugestão portanto é a de reforçar com mais freqüência outros comportamentos do que os indesejáveis mesmo que se mantenha o reforçamento para os indesejáveis também No caso da cliente deprimida seria dar atenção a suas reclamações também mas com freqüência e magnitude bem menores do que a dada para seus demais relatos verbais Essa alternativa também é útil para comportamentos que não podem ser extintos como o do exemplo da maconha ou mesmo o de Lisa Uma vez que não podemos tirar os reforçadores dos efeitos da droga ou do próprio som do instrumento podemos reforçar com muita freqüência outros comportamentos para que ocu pem o espaço daquele comportamento cuja freqüência queremos diminuída Sem dúvida essa é a intervenção mais lenta por outro lado é a menos aversiva para o organismo que se comporta trazendo menos efeitos colaterais indesejados Algumas conclusões importantes Baseado em tudo o que fora discutido até aqui algumas conclusões podem ser tiradas e mais alguns pequenos pontos precisam ser discutidos Em primeiro lugar fica claro para a Análise do Comportamento que o uso de controle aversivo para alterar a probabilidade de emissão de um comportamento deve ser aplicado apenas em último caso o que não significa que devemos parar de estudar esse tipo de controle tão freqüente em nosso diaadia Além disso o controle aversivo não é somente social Caso coloquemos o dedo na tomada o choque é uma punição positiva que provavelmente diminuirá a probabilidade desse comporta mento no futuro Sendo assim por mais que o evitemos o controle aversivo é natural e continuará existindo em nossa interação com a natureza Por fim não podemos confundir a recomendação de evitar o controle aversivo com a noção de que tudo é permitido Muitos pais nas décadas de 1970 e 1990 confundiram o conselho de não punir com o de deixe seu filho fazer tudo o que quiser Sem dúvida a criação sem limites é quase tão prejudicial quando a criação extremamente rigorosa De fato alguns comportamentos de nossos filhos precisam ter sua freqüência reduzida entretanto se tivermos outras alternativas à punição estas devem sempre ser as escolhidas Principais conceitos apresentados neste capítulo Controle aversivo Reforço negativo Estímulo aversivo Comportamento de fuga Controle do comportamento por contingências de reforço negativo e punição positiva e negativa Conseqüência do comportamento que aumenta sua freqüência peia retirada ou pela evitação de um estímulo aversivo Estímulo cuja retirada ou evitação aumenta a freqüência do comportamento ou cuja adição reduz a freqüência do comportamento que o produziu Comportamento mantido por reforço negativo pela remoção de um estímulo aversivo do ambiente Mentir geralmente é um comportamento mantido por reforço negativo Evitamos inúmeros estímulos aversivos mentindo Se você mente apanha passando a mentir menos Para você apanhar é um estímulo aversivo Você está em uma sessão terapêutica e o psicólogo só faz perguntas que eliciam em você respostas de ansiedade extrema Você se levanta e vai embora no meio da sessão continua Aprendizagem pdas conseqüências o controle aversivo Comportamento de esquiva Punição positiva Punição negativa Contracontrole Comportamento mantido por reforço negativo pela evitação do contato com um estímulo aversivo Conseqüência do comportamento que reduz sua freqüência pela adição de um estímulo aversivo ao ambiente Conseqüência do comportamento que reduz sua freqüência pela retirada de um estímulo reforçador de outros comportamentos do ambiente Comportamento que impede o comportamento de um agente punidor Após o evento descrito fuga você sempre inventa uma desculpa para não ir à terapia Joãozinho chega em casa embriagado toma uma bela surra de seu pai por ter bebido e pára de beber Joãozinho chega em casa embriagado perde a mesada do mês por ter bebido e pára de beber Joãozinho dorme na casa de amigos quando sai à noite e toma uns drinks a mais Bibliografia consultada e sugestões de leitura Catania A C 1999 Aprendizagem comportamento linguagem e cognição Porto Alegre Artmed Capítulo 6 As conseqüências do responder controle aversivo Millenson J R 1975 Princípios de análise do comportamento Brasília Coordenada Capí tulo 17 Contingências aversivas Skinner BF 1983 O mito da liberdade São Paulo Summus do conteúdo Neste capítulo revisaremos o que foi visto até então Como se trata de um capítulo de revisão os termos e os conceitos são apresenta dos muito sucintamente Caso haja dúvidas ou caso não se lembre muito bem de um conceito volte no capítulo em que foi dado e estudeo mais detalhadamente Este capítulo destinase sobre tudo a esclarecer a distinção entre comportamento operante e comportamento respondente Antes de começar a leitura ana lise a Tabela 51 O reflexo inato Capítulo 1 Ao estudar reflexos incondicionados você aprendeu que durante sua evolução os organismos passaram por mudanças que os tornaram o que são hoje caracte rísticas das espécies anatômicas fisiológicas e comportamentais Essas mudan ças tornaram esses organismos mais adaptados ao mundo em que vivem ou seja aumentaram suas chances de sobreviver e de se reproduzir Essas mudanças ocorreram tanto no aspecto anatômico modificando a forma desses organismos no aspecto fisiológico modificando seu funcionamento como ocorreram no as pecto comportamental modificando a forma como eles reagem ao mundo que os cerca De certa forma podemos dizer então que os organismos durante sua evolução aprenderam novas maneiras de interagir com seu mundo Todos os organismos nascem em maior ou menor grau preparados para se relacionar com o mundo que os cerca ou seja nascem com um repertório comporta m ental inato Aos comportamentos inatos dos organismos damos o nome de reflexos incondicionados Esses reflexos incondicionados são de grande importância para a sobrevi vência das espécies Em psicologia definimos um reflexo como uma relação entre um estímulo e uma resposta referindose o estímulo a aspectos mudan ças do ambiente e a resposta a aspectos mudanças do organismo Um reflexo Primeira revisão do conteúdo Comportamento respondente Comportamento Operante Definição Relação entre um estímulo e uma resposta na qual o estímulo elicia a resposta Comportamento que produz alterações no ambiente e é afetado por essas alterações Contingência SR R C Tipo de comportamento Comportamento elkiado Comportamento emitido Diferenciação em linguagem leiga Comportamento involuntário Comportamento voluntário Tipo de aprendizagem Emparelhamento SS estímuloestímulo Por meio das conseqüências Extinção Apresentação do estímulo neutro na ausência do estímulo incondicionado Quebra da contingência o comportamento deixa de produzir a conseqüência que produzia Principais autores relacionados Ivan Pavlov John B Watson B F Skinner Comportamentos relacionados Emoções sensações secreções glandulares e respostas fisiológicas em geral Movimentos dos músculos voluntários fala comportamento verbal raciocínio e uma infinidade de outros comportamentos Exemplo 1 Reflexo pupilar aumento na luminosidade elicia a contração da pupila Fala quando falamos modificamos o comportamento de outras pessoas Exemplo 2 Fobias após ser atacado por um cão ver tal animal elicia taquicardia e sudorese Evitar o contato com cães quando se tem medo deles pode ser representado pelo seguinte diagrama S R no qual a letra S representa o estímulo a letra R representa a resposta e a seta significa que o estímulo elicia a resposta isto é que o estímulo produz a resposta Percebemos a existência e a importância dos reflexos incondicionados quando encostamos nosso braço em um fio eletrificado e tomamos um choque estímulo o que faz com que a musculatura do braço contraiase resposta Nesse exemplo a intensidade do estímulo sua força pode ser dada em Volts e a magnitude da resposta a força da resposta pode ser medida pela força que seu braço faz ao se contrair Vimos que os reflexos incondicionados possuem algumas propriedades as quais estudamos Uma dessas propriedades chamada limiar de percepção diz que para que um estímulo possa eliciar uma resposta a intensidade do estí mulo deve estar acima de um certo valor Denominamos esse valor de limiar Moreira Medeiros Estímulos com intensidade acima do limiar eliciam respostas e estímulos com intensidade abaixo do limiar não eliciam respostas Nos reflexos incondicionados a intensidade do estímulo é diretamente pro porcional à magnitude da resposta Isto quer dizer que quanto maior a intensi dade do estímulo maior será a magnitude da resposta Por exemplo quanto mais forte for o choque elétrico maior será a força da contração do braço Uma outra relação entre intensidade e magnitude referese ao tempo decorrido entre a apresentação do estímulo e a ocorrência da resposta Conhecemos esse tempo por latência Nos reflexos incondicionados quanto maior a intensidade do es tímulo menor será a latência da resposta são portanto medidas inversamente proporcionais Outras propriedades dos reflexos são verificadas quando um determinado estímulo é apresentado sucessivamente em curtos intervalos de tempo ou seja quando há eliciações sucessivas desse reflexo Em alguns reflexos eliciações sucessivas podem fazer com que a magnitude da resposta diminua fenômeno chamado de habituação Já em outros reflexos ocorre o contrário ou seja eliciações sucessivas aumentam a magnitude da resposta fenômeno chamado de potenciação O comportamento reflexo ou comportamento respondente está intima mente ligado ao que denominamos de emoções Sentir medo na presença de estímulos ameaçadores sentir raiva ao termos os movimentos restringidos sentir excitação quando os órgãos genitais são manipulados sentir sensações prazerosas ao ingerir determinadas substâncias todos esses são exemplos de reflexos inatos pois circunscrevem a apresentação de um estímulo que elicia uma resposta e não dependem essas relações de uma história de aprendizagem Mais interessante ainda que conhecer as relações entre ambiente e organismo as quais se traduzem em emoções é saber que novas relações do mesmo tipo podem ser aprendidas foi o que estudamos no Capítulo 2 os reflexos condiciona dos e o condicionamento pavloviano O reflexo aprendido condicionamento pavloviano Capítulo 2 Uma outra característica que se desenvolveu nos organismos durante sua evolu ção foi a capacidade de aprender novos reflexos Os reflexos incondicionados inatos são uma preparação mínima para o organismo interagir com seu ambien te Esse ambiente no entanto não é estático Portanto aprender novas formas de se relacionar com o ambiente provou ser de grande valor para a sobrevivência dos organismos Chamamos esses reflexos aprendidos no decorrer da vida de um organismo de reflexos condicionados Um dos primeiros cientistas a estu dar sistematicamente tal capacidade de aprendizagem de novos reflexos foi Ivan Pavlov Esse tipo de aprendizagem de novos reflexos ficou conhecido como condicionamento pavloviano O procedimento que Pavlov utilizou para condicionar ensinar novos reflexos consiste basicamente no emparelhamento de um estímulo neutro que não elicia uma determinada resposta a um estí 88 Primeira revisão do conteúdo mulo incondicionado Pavlov em seu clássico experimento com um cão utili zou como estímulo neutro o som de uma sineta e como estímulo incondicio nado alimento A resposta reflexa que Pavlov estudava era a salivação de um cão Inicialmente Pavlov verificou que o som da sineta não eliciava no cão a resposta de salivação antes do condicionamento Após o condicionamento o som da sineta passou a eliciar no cão uma resposta de salivação O som da sineta que antes do condicionamento era um estímulo neutro para a resposta de salivação após o condicionamento passou a ser um estímulo condicionado para a resposta condicionada de salivação Pavlov chamou este novo reflexo som salivação de reflexo condicionado aprendido para diferenciálo do reflexo incondicionado que o originou alimento saliva ção Um reflexo incondicionado é uma relação entre um estímulo incondicionado cuja sigla é US e uma resposta incondicionada cuja sigla é UR Um reflexo condicionado é uma relação entre um estímulo condicionado cuja sigla é CS e uma resposta condicionada cuja sigla é CR Um reflexo condicionado é portanto estabelecido a partir do emparelhamento entre um NS e um US Após o condicionamento o NS adquire a funçào de CS Quando um NS é emparelhado a um US temos um condicionamento de pri meira ordem Quando um NS é emparelhado a um CS temos um condiciona mento de ordem superior Da mesma forma que os organismos têm a capacida de de aprender novos reflexos também têm a capacidade de desaprendêlos Quando um reflexo condicionado deixa de ocorrer concluímos que houve ex tinção respondente A extinção ocorre quando o estímulo condicionado é apre sentado na ausência do estímulo incondicionado É comum que alguns reflexos condicionados após extintos voltem a ocorrer sem que haja novos emparelha mentos entre o CS e o US Esse fenômeno é chamado recuperação espontânea Muitas vezes fazse necessário que o processo de extinção ocorra de forma gradual Para isso utilizamos uma técnica chamada dessensibilização sistemá Inicialmente neutro estfmuio condicionado Estímulo incondicionado Um barulho alto Bombas explodindo Um bar onde você encontra Um amigo um amigo regularmente Uma pessoa do sexo oposto Tátil estimulação sexual Maionese salada Bactéria produto estragado Resposta incondicionada Taquicardia Visão do amigo Excitação sexual Vômito Resposta condicionada Taquicardia Pensar no amigo Excitação sexual apenas em ver a pessoa Náuseas ao sentir o cheiro da maionese Dirigir na chuva Barulho alto e impacto acidente Dor sudorese taquicardia Medo de dirigir na chuva tica a qual consiste em dividir em pequenos passos o processo de extinção res pondente É possível ainda utilizar uma outra técnica que consiste em emparelhar o CS a um outro estímulo que elicie uma resposta contrária Tal técnica é chamada contracondicionamento O condicionamento pavloviano mostrouse e mostrase de grande importân cia para o estudo e para a compreensão das emoções no sentido de que os organis mos aprendem a sentir emoções em relação a estímulos que antes não produziam tais emoções O psicólogo americano John Watson demonstrou experimentalmente que respostas emocionais podem ser condicionadas Em seu experimento clássico Watson condicionou em um bebê uma resposta de medo Para tanto Watson emparelhou um som estridente estímulo incondicionado para a resposta de medo a um rato albino que Watson verificou ser um estímulo neutro para a resposta de medo pois o rato não eliciava tal resposta no bebê Após alguns emparelhamentos Watson verificou que o rato passou a eliciar uma resposta condicionada de medo no bebê O rato portanto passou a ser um estímu lo condicionado para a resposta condicionada de medo Após o condicionamento Watson verificou também que estímulos fisicamente semelhantes ao rato como um coelho branco ou uma barba branca também eliciavam a resposta condicio nada de medo A esse fenômeno deuse o nome de generalização respondente Aprendizagem pelas conseqüências o reforço Capítulo 3 As descobertas de Pavlov e Watson entre outros cientistas deram origem ao que ficou conhecido como o Paradigma Respondente que é uma forma um modelo de se estudar o comportamento O paradigma respondente abarca parte importante do comportamento no entanto ele não é suficiente para expli car toda sua complexidade Um outro paradigma o Paradigma Operante pro posto por B F Skinner mostrouse extremamente importante para a compreen são da aprendizagem dos organismos O comportamento operante é aquele que produz mudanças no ambiente e é afetado por elas Compreender o comportamento operante é essencial para saber como os organismos aprendem O tempo todo estamos nos comportando alguns desses comportamentos produzem um tipo especial de conseqüência cha mada reforço Dizemos que uma conseqüência é um reforço para o comporta mento quando ele aumenta a probabilidade de sua ocorrência e nesse caso chamamos o estímulo produzido pelo comportamento de estímulo reforçador O efeito do reforço na probabilidade de ocorrência do comportamento está intima mente ligado à aprendizagem ou melhor um organismo aprendeu a fazer algo quando observamos um aumento na freqüência de um dado comportamento No laboratório isso fica evidente É possível observar o rato em seu primeiro contato com a caixa experimental e registrar o número de ocorrências da resposta de pressão à barra Após a modelagem fazemos um novo registro desse comporta mento e verificamos um aumento na sua freqüência Ao observarmos isso dize mos sem titubear que o rato aprendeu a pressionar a barra A relação entre o Primeira revisão do conteúdo comportamento e uma conseqüência que aumente sua probabilidade de ocorrên cia chamamos contingência de reforço Podemos dizer que onde há aprendiza gem há contingências de reforço em vigor não aprendemos apenas fazendo mas sim a partir do momento em que aquilo que fazemos produz conseqüências reforçadoras Os efeitos do reforço sobre a aprendizagem tomamse ainda mais evidentes quando ele é suspenso ou seja quando um comportamento que produzia uma conseqüência reforçadora não mais a produz Nesse caso falamos em extinção operante Ao colocarmos um comportamento anteriormente reforçado em ex tinção verificamos que sua freqüência retorna a seu nível operante É possível dizer assim que o organismo aprendeu que aquele comportamento não mais produz a conseqüência reforçadora de antes Quando um determinado comporta mento é colocado em extinção sua freqüência não retorna imediatamente ao nível operante o que leva um certo tempo e exige que um certo número de respostas seja emitido sem serem reforçadas Esse número de respostas é conhe cido por resistência à extinção A resistência à extinção será maior ou menor em função de algumas variáveis como número de reforços anteriores custo da resposta e o esquema de reforçamento em que a resposta ocorria É comum chamarmos pessoas que apresentam comportamentos com alta resistência à ex tinção de perseverantes bem como atribuir pouca força de vontade a pessoas que apresentam comportamentos com baixa resistência à extinção Quando fala mos em extinção operante devemos falar também em um outro fenômeno Às vezes após um comportamento ser extinto a mera passagem do tempo pode aumentar a probabilidade do comportamento extinto voltar a ocorrer Isso é conhecido como fenômeno de recuperação espontânea Devemos lembrar no entanto que mesmo que a resposta volte a ocorrer se ela não for reforçada as chances de ocorrer recuperação espontânea tornamse cada vez menores Outro aspecto importante da aprendizagem é que ela se refere a um processo ou seja na maioria das vezes não ocorre de uma hora para outra dáse por meio do reforço e da extinção A aprendizagem de um novo comportamento parte da modificação de um comportamento preexistente Portanto aprender algo novo também implica desaprender algo A técnica comportamental conheci da como modelagem utilizase desses princípios Na modelagem de um novo comportamento reforçamos e extinguimos aproximações sucessivas da res postaalvo do comportamento que queremos ensinar Aprendizagem pelas conseqüências o controle aversivo Capítulo 4 Ao longo de nossa vida aprendemos uma miríade de comportamentos que têm como conseqüência a produção de estímulos no ambiente A essas conseqüências que aumentam a probabilidade de uma resposta pela adição de algo ao ambiente do indivíduo damos o nome de reforço positivo Apesar da relevância do reforço positivo para a aprendizagem dos organismos ele é apenas um tipo de conseqüên cia que exerce controle sobre o comportamento destes As demais formas de Moreira Medeiros controle do comportamento enquadramse no que denominamos Controle Aversivo reforço negativo punição positiva e punição negativa O reforço negativo assim como o reforço positivo torna mais provável que um determinado comportamento ocorra A diferença entre reforço positivo e reforço negativo reside no fato de que no primeiro um estímulo reforçador é adicionado ao ambiente e no segundo um estímulo aversivo é retirado do ambiente No reforço negativo o organismo comportase para que algo não ocorra Quando afirmamos que o comportamento é controlado por reforço nega tivo estamos querendo dizer que o organismo aprendeu a emitir uma resposta para que algo não ocorra Os comportamentos que são reforçados negativamente enquadramse em dois tipos comportamentos de fuga e comportamentos de esquiva A fuga referese àqueles comportamentos que retiram algo do am biente ou seja um determinado estímulo aversivo encontrase presente e o organismo emite uma resposta para retirálo do ambiente A esquiva referese àqueles comportamentos em que se cancelam ou adiam o surgimento do estímulo aversivo Um outro de tipo de controle aversivo do comportamento é a punição A punição diminui a probabilidade de ocorrência de uma determinada resposta Assim como o reforço a punição pode ser qualificada como positiva ou negativa sendo a primeira caracterizada pela apresentação de um estímulo aversivo e a segunda pela remoção de um estímulo reforçador Tanto a punição como a extinção reduzem a probabilidade de um comportamento ocorrer A distinção básica entre punição e extinção com relação ao procedimento como é feita reside no fato de que na extinção uma conseqüência reforçadora anteriormente produzida pelo comportamento deixa de ocorrer Já na punição a conseqüência reforçadora continua ocorrendo no entanto uma outra conseqüência que reduz a probabilidade do comportamento ocorrer passa a ser produzida pelo comporta mento Outra diferença entre punição e extinção referese ao processo a punição suprime rapidamente a resposta enquanto a extinção produz uma diminuição gradual na probabilidade de ocorrência da resposta Comportamento operante e comportamento respondente Reflexo Um comportamento respondente não depende de suas conseqüências a seguir para ocorrer ou deixar de ocorrer já o comportamento operante sim Compare os exemplos a seguir Em alguns não há a especificação se a ilustração é um respondente ou um operante e isso foi feito propositalmente para que você possa decidir de qual se trata Tabela 53 Interação entre operante e respondente Vimos em unidades anteriores o comportamento respondente Vimos também que alguns estímulos podem eliciar respostas agradáveis e que outros podem eliciar respostas desagradáveis que alguns estímulos podem eliciar emoções co Pfòaea revisão do coníeâcio Exemplo Sentir medo de altura Usar guardachuva quando estiver chovendo Tomar aspirina quando se tem dor de cabeça Ficar vermelho ao falar em público Após um acidente ter medo de dirigir um carro Após um acidente evitar andar de carro Ir ao dentista quando se tem dor de dente Sentir raiva ao ser ofendido Sentir medo ao ouvir o barulho dos instrumentos usados pelo dentista Sentir um friozinho na barriga ao ver o amor de sua vida Arrumarse e ficar bonito para encontrar o amor de sua vida Lacrimejar quando entra um cisco no seu olho X X X X X Respondente Operante X X X Chorar para evitar levar uma bronca do seu pai mo medo e raiva e outros podem eliciar excitação sexual entre outras respostas A separação entre comportamento respondente e comportamento operante é mera mente didática Para compreender o comportamento como um todo é preciso muitas vezes entender como se dá a interação entre o respondente e o operante Após um acidente ter medo de dirigir um carro respondente Após um acidente evitar andar de carro operante A junção das duas descrições de comportamentos citadas é um tipo de exemplo de como se dá a interação operanterespondente e de como essa interação pode às vezes constituirse em um problema na vida das pessoas 1 Antes do acidente o indivíduo não tinha medo de dirigir carros 2 Dirigir um carro portanto era um estímulo neutro para a resposta de medo 3 Por que o indivíduo passa a ter medo de dirigir Em outras palavras como dirigir um carro passa a ser um estímulo condicionado para a resposta de medo 4 Através de condicionamento pavloviano emparelhamento do estímulo neutro para esta resposta dirigir um carro com estímulos incondicio Morei árMedeãos nados para a resposta de medo dor impacto barulho altos entre outros presentes no momento do acidente 5 Após um acidente ter medo de dirigir um carro respondente 6 O medo ou todas as sensações que o caracterizam são estímulos aversi vos sempre que o indivíduo puder ele irá emitir comportamentos de esquiva ou fuga que evitem o contato com os estímulos aversivos 7 Após um acidente evitar andar de carro operante 8 Não dirigir um carro pode ser um transtorno enorme na vida de alguém Como perder esse medo 9 Perder o medo significa que deve haver extinçáo respondente ou seja estímulo condicionado deve perder a função de eliciar a resposta de medo 10 O que deve acontecer para que haja a extinção respondente 110 indivíduo deve ser exposto ao estímulo condicionado para a resposta de medo sem a presença dos estímulos aos quais foi previamente empare lhado ou seja o indivíduo deve dirigir o carro de uma forma segura livre de barulhos dor impactos etc 12 Mas a resposta de medo é também um estímulo aversivo e o indivíduo evitará entrar em contato com estímulos que a elidem ou seja evitará dirigir Neste caso o que poderia ser feito No caso deste indivíduo dirigir um carro é um evento um estímulo extremamente aversivo e ele tenderá sempre a se esquivar de tal situação No entanto ver fotos de carros de pessoas dirigindo imaginarse dirigindo entrar em um carro e não dirigir dirigir em locais desertos e dirigir em baixa velocidade talvez sejam estímulos que gerem menos medo menos aversivos portanto tenham menor probabilidade de evocar um compor tamento de esquiva Logo poderíamos expor o indivíduo gradualmente a esses estímulos até que ele voltasse a dirigir tranqüilamente seu carro Acabamos de utilizar a técnica conhecida como dessensibilização sistemática Um outro medo muito comum na maioria das pessoas é o de falar em público Parece lógico concluir que não se trata de um reflexo inato falar em público medo Se fosse inato seria bastante complicado perdêlo Muito provavelmente a maioria das pessoas tem medo de falar em público porque passou por situações aversivas ao ter que se expressar verbalmente em público Como a resposta de medo é também um estímulo bastante aversivo tendemos a fugir ou a evitar sempre que podemos tais situações Por esse motivo podemos passar longos anos de nossa vida com medo pois sem exposição ao estímulo condicionado o falar em público não há extinção desse reflexo aprendido É fundamental sabermos distinguir o comportamento operante do comporta mento respondente tendo em vista que cada um tem formas diferentes de ser trabalhado A maneira como cada um é aprendido e por sua vez extinto diferem uma da outra Mais ainda além de saber distinguilos no momento de realizar intervenções é necessário saber como eles interagem Só assim é possível fazer análises adequadas dos comportamentos dos indivíduos e assim planejar inter venções eficazes Primeira revisão do conteúdo Principais conceitos revistos Reflexos inatos incondicionados Capítulo 1 Repertório comportamental Reflexo Estímulo Resposta Organismo Ambiente Intensidade do estímulo Magnitude da resposta Eliciar Limiar Reflexos condicionados condicionamento pavloviano Capítulo 2 História filogenética Ivan Pavlov Condicionamento pavloviano Emparelhamento Reflexo condicionado Reflexo incondicionado Estímulo incondicionado US Estímulo condicionado CS Estímulo neutro NS Resposta incondicionada UR Resposta condicionada CR Comportamento respondente Extinção respondente Recuperação espontânea da resposta Respostas emocionais Respostas emocionais condicionadas John Watson Generalização respondente Contracondicionamento Dessensibilização sistemática Aprendizagem pelas conseqüências o reforço Capítulo 3 Comportamento Operante B F Skinner Conseqüência Reforço Reforço contínuo CRF Estímulo reforçador Moreira Medeiros Reforçar Contingência de reforço Freqüência e probabilidade Topografia da resposta Extinção operante Manipulação de variáveis Resistência à extinção Custo da resposta Recuperação espontânea Aproximações sucessivas Reforço diferencial Modelagem Freqüência simples Freqüência acumulada Privação Saciação Aprendizagem pelas conseqüências o controle aversivo Capítulo 4 Controle aversivo Punição Punição positiva Punição negativa Estímulo punitivo Estímulo aversivo Estímulo punidor positivo Estímulo punidor negativo Reforço positivo Reforço negativo Estímulo reforçador positivo Estímulo reforçador negativo Fuga Esquiva Controle de estímulos o papel do contexto Qual o seu nome Provavelmente você não fica dizendo o seu nome o tempo todo Há certos momentos nos quais você emite esse compor tamento dizer seu nome e outros não Há certos assuntos que você só conversa com seus amigos outros somente com seus pais e outros apenas com colegas de trabalho Em determinadas ocasiões você é mais extrovertido e em outras mais introvertido Na presença de algumas pessoas você é de um jeito e na presença de outras pessoas você é de outro jeito Por que nos comportamos às vezes de formas tão diferentes em situações diferentes Essa pergunta é tratada neste capítulo Vimos até agora como o que acontece após o comportamento a conseqüência exerce controle sobre ele Neste capítulo você verá que o que acontece antes do comportamento ou o contexto em que o comportamento ocorre também exerce controle sobre ele Lembrese dizer que o ambiente exerce controle sobre o comportamento quer dizer apenas que altera a probabilidade de ocorrência do comportamento O termo controle de estímulos referese à influência dos es tímulos antecedentes sobre o comportamento isto é o efeito que o contexto tem sobre o comportamento A despeito do principal determinante do comportamento operante ser sua conseqüência ele não ocorre no vácuo ou seja os eventos antecedentes tam bém influenciam a probabilidade de ocorrência de um comporta mento operante Essa influência dos estímulos antecedentes dá se pela relação que possuem com as conseqüências do responder Estímulos associados ao reforço aumentam a probabilidade de o comportamento ocorrer quando apresentados e os estímulos que sinalizam a extinção ou a punição diminuem a probabilidade de um comportamento ocorrer quando apresentados 0 estímulo discriminativo Di zemos que a luz acesa é um estí mulo discriminativo pois o ratinho só pressiona a barra em sua pre sença Controle de estímulos o papel do contexto Discriminação operante e operante discriminado Definimos anteriormente comportamento operante como aquele que produz mu danças no ambiente e que é afetado por elas Não nos reportamos no entanto ao contexto em que os comportamentos operantes ocorrem Quando inserimos uma nova variável o contexto passamos a falar sobre os comportamentos ope rantes discriminados ou seja aqueles que se emitidos em um determinado contexto produzirão conseqüências reforçadoras Fizemos referência portanto ao controle do comportamento por eventos antecedentes a ele Àqueles estímulos conseqüentes cuja apresentação aumenta a probabilidade de um comportamento demos o nome de reforço Àqueles estímulos que são apresentados antes do com portamento e controlam sua ocorrência chamaremos de estímulos discriminativos Ao inserirmos este novo termo na contingência R C passamos então a conhecer a unidade básica de análise de comportamento a contingência de três termos SD R C A maior parte dos comportamentos dos organismos só pode ser compreendida corretamente se fizermos referência ao contexto estímulo discriminativo simbolizado por SD ver Figura 61 à resposta do organismo e à conseqüência Por isso dizemos que a contingência de três termos é a unidade básica de análise do comportamento operante Um processo comportamental básico dos organismos é a discriminação ope rante processo no qual respostas específicas ocorrem apenas na presença de estímulos específicos Por exemplo abrimos uma garrafa de Cocacola com tampa de rosca girandoa enquanto abrimos uma lata puxando o anel Caso tentemos abrir a garrafa com a tampa de rosca puxandoa esse comportamento não será reforçado com a garrafa aberta Em contrapartida girar o anel também não pro duz a lata aberta Em outras palavras cada estímulo evoca uma resposta específi ca Os estímulos antecedentes portanto controlam qual resposta produzirá uma conseqüência reforçadora Um exemplo muito marcante disso ocorre quando um rapaz troca o nome da namorada pelo de uma exnamorada A namorada atual é um estímulo que sinaliza que a resposta de dizer seu nome será reforçada por outro lado se o rapaz emitir o nome da exnamorada na presença da atual além de não ser reforçado será severamente punido Contingência tríplice ou contingência de três termos Com a inclusão dos estímulos antecedentes no paradigma operante completamos a unidade de análise do comportamento operante Todos os comportamentos operantes dos mais simples por exemplo abrir uma lata de CocaCola aos mais complexos por exemplo escrever um poema serão analisados de acordo com a contingência tríplice ou seja uma ocasião uma resposta e uma conseqüên cia Analisar funcionalmente um comportamento significa portanto encaixá lo em uma contingência de três termos em outras palavras verificar em que circunstâncias o comportamento ocorre e quais suas conseqüências mantene doras A seguir temos uma representação esquemática da contingência de três termos Moreira Medeiros 99 0 R C onde O ocasião ou antecedente representa a ocasião R a resposta C a conse qüência do comportamento A ocasião pode se configurar em um estímulo dis criminativo ou estímulo delta como serão apresentados a seguir A reposta diz respeito à topografia da resposta isto é sua forma e a conseqüência pode ser reforçadora punitiva ou apenas não ter conseqüência isto é extinção Estímulos discriminativos SDs Os estímulos que sinalizam que uma dada resposta será reforçada são chamados de estímulos discriminativos ou SDs O relógio marcando llh 40min de sábado é um estímulo discriminativo que sinaliza que a resposta de ligar a tv na Rede Globo será reforçada com Os Simpsons Caso emitamos esse mesmo comportamen to em outras circunstâncias ele não será reforçado com Os Simpsons Sendo assim fica claro que o SD tem uma relação com a conseqüência O McDonalds com as luzes acesas também é um SD para resposta de entrarmos para comermos um lanche Caso as luzes não estejam acesas o nosso comportamento de entrar no McDonaWs não será reforçado Podemos fazer um experimento em que a luz acesa da caixa de Skinner sinaliza que as repostas de pressão à barra serão reforçadas com água enquanto a luz apagada sinaliza que as respostas não serão reforçadas Figura 62 A luz acesa portanto é um estímulo discriminativo que sinaliza a disponibilidade da água como reforço à resposta de pressão à barra Estímulos delta SA Já os estímulos que sinalizam que uma resposta não será reforçada isto é sinali zam a indisponibilidade do reforço ou sua extinção são chamados de SA Nos exemplos anteriores o relógio marcando outro horário se constitui em SApara a 0 SD está correlacionado com a presença do reforço 0 SD luz acesa neste exemplo sinaliza a ocorrência do reforço caso um determinado comportamento pressionar a barra neste exemplo ocorra 100 Controle de estímulos o papel do contexto resposta de ligar a TV para ver Os Simpsons de forma similar o McDonalds com a luz apagada também sinaliza que o reforçador não estará disponível Dizemos que o organismo está discriminando quando responde na presença dos estímulos discriminativos e não emite a resposta na presença dos estímulos delta Note que SD para uma resposta pode ser SA para outra ou ao contrário No exemplo do namoro a namorada atual é SD para o rapaz falar seu nome mas é SA para falar o nome da ex No experimento descrito anteriormente a luz apagada é um estímulo delta para a resposta de pressão à barra Treino discriminativo e controle de estímulos Dizemos que o controle discriminativo de estímulos foi estabelecido quando um determinado comportamento tem alta probabilidade de ocorrer na presença do SD e baixa probabilidade de ocorrência na presença do SA Uma discriminação que aprendemos desde cedo referese ao comportamento de pedir algo ao pai ou à mãe Figura 63 Bem cedo aprendemos a discriminar as expressões faciais de nossos pais Aprendemos que cara feia é um SA para pedir algo e que uma cara boa é um SD para o mesmo comportamento Aprendemos a discriminação porque passamos por um treino discriminativo o qual consiste em reforçar um comportamento na presença de um SD e extinguir o mesmo comportamento na presença do SA este treino chamase reforçamento diferencial Quando o pai está de cara boa pedimoslhe algo e ele geralmente atende ao pedido reforço quando está de cara feia os pedidos geralmente são nega dos extinção Depois de alguns pedidos reforçados na presença da cara boa e outros negados na presença da cara feia passamos a fazer os pedidos quase sempre na presença da cara boa A partir daí dizemos que estabele ceuse um controle de estímulos pois o estímulo cara boa passa a controlar nosso comportamento no sentido de tornálo mais provável em sua presença O tempo todo estamos passando por treinos discriminativos Todas as palavras que você sabe ler e usar corretamente os nomes das pes soas dos objetos das cores pratica mente toda a nossa aquisição de linguagem depende de treinos dis criminativos Comportarse de uma determinada maneira na sala de aula e de outra em bares de uma maneira em casa com os pais e de outra com os amigos saber usar corretamente aparelhos eletrôni s t Comportamento Extinção f 1 Pai me empresta u torro N ããããooooü L i raiprcoA o carro fl Tome aqui as chaves 1 SD C om portam ento Reforço Treino discriminativo Estímulos que geralmente antecedem um com portamento que é reforçado tornamse um SD para esse comportamento Tal processo é chamado de treino discriminativo Moreira Medeiros 101 cos saber o significado de sinais de trânsito tudo isso e muito mais depende da ocorrên cia de treinos discriminativos em nosso dia adia Paradigma Respondente SR Pagacfigtna Operame Paradigma operante e paradigma respondente Note a diferença entre a relação entre o estímulo e a resposta em cada um dos paradigmas A seta indica a produção da resposta o traço indica apenas contexto para a res posta ocorrer SDs eliciam produzem as respostas Um ponto importante que deve ser discutido e fixado é o de que SDs não eliciam pro vocam as respostas Quando há referên cia a um comportamento respondente en tendemos que um estímulo elicia uma res posta o que é dizer que o estímulo produz a resposta faz com que ela seja emitida Já ao falarmos de um comportamento operante de um operante discriminado entendemos que o estímulo apenas fornece contexto dá chances para que a resposta ocorra Um cisco no olho elicia a resposta de lacrimejar Ao ver um cisco você pode dizer isto é um cisco bem como você pode ver o cisco mas não dizer nada A Tabela 61 fornece alguns exemplos de comportamentos operantes os estí mulos apenas fornecem contexto para a resposta ocorrer e comportamentos respondentes o estímulo elicia a resposta Algumas células da Tabela 61 estão em branco Completeas dizendo se no exemplo o estímulo elicia uma resposta ou se apenas fornece contexto para que ela ocorra Generalização de estímulos operante Um fato importante do controle de estímulos é que se o comportamento de abrir uma garrafa de rosca girando a tampa for reforçado tampa aberta é provável que ao nos depararmos com uma garrafa de tampa de rosca nunca vista provavelmente tentemos abrila girando Utilizamos o termo generalização de estímulos operante nas circunstâncias em que uma resposta é emitida na presença de novos estímulos que partilham alguma propriedade física com o SD na presença do qual a resposta fora reforçada no passado Em outras palavras um organismo está generalizando quando emite uma mesma resposta na presen ça de estímulos que se parecem com um SD Se há vários aparelhos de celular bem diferentes uns dos outros e se precisarmos fazer uma ligação tentaremos fazêla do mesmo modo que fomos reforçados no passado Ou seja as respostas que foram reforçadas na presença dos aparelhos de celular com que já nos deparamos se tornam prováveis quando lidamos com aparelhos parecidos Tal processo se configura em uma generalização de estímulos operante Um ponto relevante com relação à generalização é que ela é mais provável de ocorrer quanto mais parecido o novo estímulo for com o SD É o mesmo raciocínio discutido no Capítulo 2 com a generalização respondente Portanto se uma criança foi modelada a falar bola na presença de uma bola de futebol é mais provável que ela diga bola na presença de uma bola de vôlei do que na presença Controle de estímulos o papel do contexto Estímulo Resposta Tipo da relação cisco no olho lacrimejar elicia alguém pergunta as horas você diz 1 Oh 40 min fornece contexto bater um martelo no joelho a perna flexiona barulho alto sobressalto elicia estar um lugar alto taquicardia estar um lugar alto rezar para não cair fornece contexto dor de cabeça Tomar uma aspirina alguém diz Bom dia você responde Bom dia alfinetada no braço contração do braço elicia alfinetada no braço dizer Isso dói sinal vermelho frear o carro ser xingado xingar de volta fornece contexto ser xingado ficar vermelho de raiva ouvir uma música ficar triste elicia ouvir uma música desligar o rádio ouvir o barulho dos aparelhos do dentista taquicardia e sudorese ouvir o barulho dos aparelhos do dentista Dizer Vai com calma doutor de uma bola de futebol americano Figura 65 Portanto o que conta na genera lização é a similaridade física dos estímulos Quanto maior for a similaridade física entre os estímulos maior será a probabilidade de a generalização ocorrer A generalização é um processo comportamental muito importante para nossa adaptação ao meio Imagine se tivéssemos de ser modelados a emitir uma mesma resposta na presença de cada novo estímulo que surgisse A generalização é um processo importante porque permite que novas respostas sejam aprendidas de forma muito mais rápida não sendo necessária a modelagem direta da mesma resposta para cada novo estímulo Entretanto muitas vezes um organismo não é reforçado ao generalizar Uma generalização muito comum observada em crian ças pequenas ocorre quando elas passam a chamar qualquer homem adulto de papai Nesse exemplo a criança foi reforçada a dizer papai na presença de seu pai SD Entretanto outros adultos do sexo masculino se parecem com seu pai o que torna a resposta provável de dizer papai na presença desses novos estímulos É obvio que a criança não será reforçada nesses casos Moreira Medeiros 103 Gradiente de generalização Possuímos uma forma de saber o quanto de generalização está ocorren do O gradiente de generalização Fi gura 65 mostra a freqüência de um comportamento emitido na presença de diferentes variações de um SD Na realidade o gradiente de generaliza ção é expresso em um gráfico ilus trando pelo formato da curva o quan to de generalização está ocorrendo Teste de generalização No experimento antes descrito Figu ra 62 com a luz acesa como SD e com a luz apagada como S podemos cal cular o gradiente de generalização Caso o SD seja a luz acesa em sua in tensidade máxima isto é 100 po demos apresentar outras intensidades de luz e medir quantas vezes o animal pressiona a barra na presença de cada uma dessas intensidades Figura 66 Então podemos apresentar as luzes com as seguintes intensidades 100 75 50 25 e 0 Cada intensidade deve ser apresentada o mesmo número de vezes p ex cinco vezes cada uma sua ordem de apresentação deve ser randômica alea tória durando um minuto cada uma Outro detalhe importante nesse proce dimento é que deve ser feito em extinção Caso reforcemos a resposta de pressão à barra na presença de alguma intensidade de luz p ex 75 enviesa remos os resultados pois a resposta passará a ocorrer apenas na presença dessa intensidade de luz e não na presença das demais Nosso gradiente indicaria uma generalização menor do que realmente ocorreria Por outro lado se reforça mos as pressões à barra na presença de todas as intensidades de luz observaremos uma generalização muito maior do que a real Portanto o teste de generaliza ção deve ser feito todo em extinção por isso não pode envolver muitas apresentações dos estímulos senão a freqüência do ato de responder em quais quer intensidades chegará a zero A Figura 66 mostra o gradiente de generaliza ção desse experimento O gradiente da Figura 66 expressa claramente o que fora exposto isto é quanto mais parecido o novo estímulo for com o SD maior será a freqüência de respostas na sua presença A forma do gradiente indica o quanto de generalização está ocorrendo Quando mais larga a curva maior a generalização pois estará ocorrendo um número maior de respostas em outras variações do SD Rato2 Em contrapartida quanto mais estreita a curva menor a generalização e conse qüentemente maior a discriminação pois o responder será observado apenas na presença de poucos estímulos Rato 3 Figura CS Gradiente de generalização operante Quanto mais diferente for o estímulo do SD menor serão as chances da resposta aprendida ocorrer Controle de estímulos o papel do contexto Gradiente de Generalização 50 45 3 40 X I 35 30 Rato 2 X Rato 3 0 100 75 50 25 0 Intensidade de luz Teste de generalização Note que apesar de cada gradiente de cada rato ser diferente um do outro os três apresentam uma mesma tendência quanto mais diferente é a intensidade da luz menor a frequência de respostas na sua presença Efeito do reforçamento diferencial sobre o gradiente de generalização O reforçamento diferencial produz um gradiente de generalização mais estreito ou seja diminui a generalização e aumenta a discriminação No experimento anterior faríamos um reforçamento diferencial se reforçássemos as respostas de pressão à barra na presença da luz de intensidade 100 por exemplo e extin guíssemos essas respostas na presença das outras intensidades Com a repetição desse procedimento observaríamos respostas exclusivamente na presença daquela intensidade e não na presença das demais Esse processo acontece o tempo todo em nosso diaadia Peguemos os exemplos da criança que chamava todos os adultos homens de papai Como seu comportamento de dizer papai é reforçado na presença apenas de seu pai e não na presença dos demais homens adultos ela passará a dizer papai apenas na presença do seu pai Em outras palavras ela estará discriminando Efeitos do reforçamento adicional sobre o gradiente de generalização O reforçamento adicional consiste em reforçar a resposta nas demais variações de um SD No nosso experimento seria reforçar as respostas de pressão à barra na presença de todas as intensidades de luz Esse procedimento produziria um responder freqüente na presença de todas as intensidades ou seja uma grande Moreira Medeiros 105 generalização O reforçamento adicional também faz parte do nosso cotidiano se somos modelados a dizer avião na presença de um avião de caça Generaliza remos para aviões parecidos e seremos reforçados aumentando a nossa generali zação Chamase isso de reforçamento adicional porque adiciona novos estímu los à classe de estímulos na presença da qual dizer avião será reforçado Classes de estímulos Como exposto anteriormente diversos estímulos diferentes mas que comparti lham alguma propriedade alguma característica servem de ocasião para uma mesma resposta Dizemos que um conjunto de estímulos que servem de ocasião para uma mesma resposta formam uma classe de estímulos Nesse capítulo estudaremos dois tipos de classes de estímulos a classes por similaridade física generalização estímulos que se parecem fisicamente e b classes funcionais estímulos que não se parecem mas que têm a mesma função a mesma utilidade SD Classe por similaridade física Classes por similaridade física generalização Nas classes de estímulos por generalização os estímulos servem como ocasião para uma mesma resposta por partilharem propriedades físicas Sendo assim os sapatos são unidos em uma classe de estímulos por possuírem similaridade física conseqüentemente a resposta verbal sapato será provável na presença de quais quer um de seus membros A Fi gura 67 mostra dois exemplos de classes de estímulo por generali zação A Figura 67 mostra o SD origi nal ou seja o estímulo discrimi nativo que estava presente no treino discriminativo e ao lado n outros estímulos que por se pa recerem com o estímulo presente no momento do treino discrimi nativo passam a servir também de ocasião para a emissão da mesma resposta Classes funcionais As classes funcionais são compos tas por estímulos que não se pare cem Os estímulos são agrupados arbitrariamente em uma classe apenas por servirem de ocasião para uma mesma resposta Classes por similaridade física Já pensou se tivéssemos que aprender que cada maçã ligeiramente diferente é uma maçã Controle de estímulos o papel do contexto Por exemplo a palavra escrita bolo a figura de um bolo e a palavra cake são estímulo fisicamente diferentes Entretanto a resposta de dizer bolo na presença de quaisquer um desses estímulos será reforçada o que os unirá em uma classe funcional de estímulos A classe é funcional porque seus estímulos componentes possuem a mesma função ou seja a função de servir de ocasião para uma mesma reposta Outro exemplo simples de classe de estímulos funcionais é aquela que podería mos chamar de instrumentos musicais Os três instrumentos da Figura 68 apesar de fisicamente diferentes evocam uma mesma resposta pois possuem funções iguais O atentar atenção como um comportamento A Análise do Comportamento interpreta termos psicológicos como a atenção de forma diferenciada das visões tradicionais de psicologia Para a Análise do Com portamento não existe um processo mental chamado atenção que decide por nós à qual estímulo responderemos ao qual prestaremos atenção Segundo as visões mentalistas a atenção seria uma espécie de filtro ou seletor de canais Instrumentos musicais Figura68 Classes funcionais Abaixo temos exemplos de duas classes funcionais de estímulos Uma guitarra não se parece com um piano mas ambos fornecem contexto para uma mesma resposta Moreira Medeiros 107 responsável pela decisão de quais informações podem en trar em nossas mentes Se gundo Skinner ao explicar à qual estímulo ou dimensão dele responderemos por um filtro não estamos explicando nada a não ser que explique mos o comportamento do fil tro Portanto não é a atenção sendo um processo mental que escolhe à qual estímulos responderemos na verdade comportamonos sobre o con trole discriminativo dos estí mulos do ambiente Ter atenção é comportarse sob determinado controle de estímulos Por exemplo atentamos a um filme caso consigamos discutir a seu respeito após vêlo Lidamos com estímulos complexos em nosso diaadia e atentaremos a suas determinadas propriedades dependendo de nossa história de reforçamento e punição Estímulos que sinalizaram conseqüências importantes no passado têm uma probabilidade maior de exercerem o controle sobre nosso comportamento Os postes de Brasília passaram a controlar o comportamento dos motoristas brasilienses após a colocação dos radares detectores de velocidade Atualmente atentamos aos postes de Brasília porque fomos punidos severamente com mul tas quando não atentamos a esses estímulos no passado Digamos que uma pa lestrante debata um tema interessante Caso esta palestrante seja uma mulher atraente e esteja utilizando uma roupa insinuante é possível que alguns homens da platéia fiquem mais sob controle da palestrante do que de sua fala Descreve mos portanto que esses homens atentaram mais a uma dimensão de um estímu lo complexo que consistia na palestrante e não no que ela estava falando Um psicólogo chamado Reynolds conduziu um estudo muito interessante no qual apresentou para pombos um triângulo sobre um fundo vermelho como SD e um círculo sobre um fundo verde como SA Figura 69 No experimento se os pombos bicassem um disco iluminado com o triângulo sobre o fundo vermelho eram reforçados com comida Se bicassem na presença do círculo sobre o fundo verde não eram reforçados Ao adquirirem a discriminação o experimentador fez o seguinte teste apresentou os elementos dos estímulos compostos isolada mente Figura 69 e 610 Apresentou o triângulo o círculo o fundo vermelho e o fundo verde Nenhum dos pombos bicou na presença do círculo e do fundo verde ou seja os componentes do Sa Dois pombos bicaram na presença do triân gulo e outros dois pombos bicaram na presença do fundo vermelho A Figura 610 mostra os resultados de dois pombos 105 e 107 Na fase de treino os dois pássaros bicaram muito mais no vermelho com triângulo reforço do que no verde com círculo extinção ou seja os pássaros discriminaram corretamente qual estímulo estava correlacionado com o reforço Na fase de teste percebemos Caixa operante Estímulos tre ino reforço O teste extinção O 0 O fig u ra 9 0 experimento de Reynolds Reforçouse o comportamento dos pombos de bicar no triângulo sob o fundo vermelho e extinguiuse o comportamento de bicar no círculo com o fundo verde 108 Controle de estímulos o papel do contexto Treino 40 40 Teste de atenção 20 10 Pássaro 105 20 10 Pássaro 107 LJ o 0 o Estímulo Os resultados do experimento de Reynolds 0 pássaro 105 atentou ficou sob o controle do para o triângulo já o pássaro 107 atentou para o fundo vermelho a parte mais interessante do experimento apesar de os dois pássaros terem sido ensinados a bicar no triângulo com vermelho quando as duas partes do estímu lo discriminativo foram apresentadas em separado um dos pássaros 105 conti nuou a bicar no triângulo o outro pássaro 107 bicou mais no fundo vermelho O experimento mostra que cada um dos pássaros estava sob o controle de dimensões diferentes de um mesmo estímulo cor e forma Poderíamos dizer que cada um dos pássaros estava prestando atenção a partes diferentes do estímulo Muitas crianças quando estão aprendendo novas palavras atentam para di mensões irrelevantes dos estímulos compostos Por exemplo aprendem a falar mulher na presença de uma mulher de cabelo comprido Quando se deparam com mulheres de cabelo curto não falam mulher e quando vêem homens de cabelo comprido falam mulher Essas crianças ficaram sob controle de uma dimensão irrelevante do estímulo no caso o tamanho do cabelo Outro exemplo comum é o de crianças que trocam ou confundem as letras b e p Em muitos casos o que ocorre é que o comportamento da criança de dizer b ou p está sob o controle de características irrelevantes do estímulo Uma maneira simples Moreira Medeiros 109 de se estabelecer um controle adequado de estí mulos é usar a técnica chamada de esvanecimen to ou fading Essa técnica consiste em manipu lar gradativamente uma dimensão do estímulo para facilitar sua discriminação como por exem plo usar tracejados diferentes para ensinar uma criança a escrever Figura 611 No caso de con fusão com as letras p e b modificase sua cor pouco a pouco até ambas ficarem completa mente pretas Se queremos que um organismo atente a uma propriedade do estímulo e ignore as demais de vemos treinálo especificamente para isso Cha mamos de abstração quando o organismo con segue fazêlo FÍgwati Controle de estímulos e esvanecimento Esvane cimento consiste em modificar gradualmente um dimen são do estímulo facilitando sua discriminação Abstração o comportamento de abstrair Skinner utiliza o termo abstração em substituição ao termo formação de con ceitos que foi tradicionalmente utilizado em psicologia Segundo Skinner o termo formação de conceitos implica noção de que um conceito como objeto é formado na mente da pessoa uma forma de mentalismo que Skinner se preocu pou em negar Abstrair de acordo com Skinner é emitir um comportamento sob controle de uma propriedade ou algumas propriedades do estímulo que é comum a mais de um estímulo e ao mesmo tempo não ficar sob o controle de outras propriedades ignorálas Por exemplo ao pronunciarmos mesa na presença de diversas mesas diferentes estamos sob controle de algumas pro priedades e ignoramos outras como tamanho formato altura cor material de que é feita etc Se quiséssemos por exemplo que os pombos do experimento de Reynolds respondessem apenas ao triângulo e não a cor do fundo discriminar a for ma teríamos de fazer um treino espe cífico para atingirmos esse fim De fato deveríamos reforçar as bicadas apenas na presença do triângulo manipulando a cor de fundo do SD Ao reforçarmos as bicadas apenas na presença do triân gulo independentemente da cor do fundo estaríamos extinguindo o con trole pela cor e mantendo o controle pe la forma Sendo assim estaríamos trei nando uma abstração na medida em que o pombo passaria a responder ape 110 Controle de estimule o papei do contexto nas na presença da forma isto é propriedade relevante do estímulo ignorando a cor do fun do isto é propriedade irrelevante Agora uma pergunta se apresentássemos um triângulo totalmente novo de tamanho di ferente ângulos internos diferentes ou compri mento dos lados diferentes nossos pombos res ponderiam na sua presença Provavelmente não uma vez que não os treinamos a abstraí rem essas outras propriedades irrelevantes Contudo é possível treinarmos um pombo a bicar apenas na presença de um triângulo qual quer Para tanto deveríamos fazer um treino extenso mantendo constante em SD a presença de uma figura geométrica de três lados e ao mesmo tempo variar as propriedades irrelevantes cor tamanho posição rotação tamanho dos ângulos e dos lados tanto no SD como no SA Após um treino assim se apresentássemos um triângulo novo qualquer os animais bicariam na sua presença Em outras palavras teríamos treinado os pombos a abstrair triângulo Foi conduzido um experimento parecido com esse em que os experimenta dores Herrnstein e Loveland apresentaram vários slides com figuras de pessoas como S e vários slides sem figuras de pessoas como SA Figura 613 Os experi mentadores variaram muitas propriedades irrelevantes como o número de pes soas a idade o sexo o que estavam fazendo onde estavam o cenário etc Ao final desse procedimento de treino foram apresentados novos slides com pessoas Discriminar a forma Discriminar a cor Treinar a abstração Reynolds Poderíamos fazer os pombos de Reynolds ficarem sob o controle da característi ca que escolhêssemos Figura 613 Algumas das fotografias por Herrnstein e Loveland Os pombos aprenderam o que é um ser humano Moreira Medeiros e sem pessoas e acreditem ou não os pombos bicaram apenas naqueles que tinham pessoas Podemos dizer que os pombos aprenderam a abstrair ser hu mano Reforçamento diferencial e adicional na abstração Uma abstração também pode ser definida como uma generalização dentro da mesma classe e uma discriminação entre classes diferentes Por exemplo uma pessoa abstrai quando chama de ventilador diferentes tipos de ventiladores ou seja generaliza dentro da classe dos diferentes ventiladores Ao mesmo tempo essa pessoa deve discriminar entre ventiladores e outros estímulos como exausto res hélices de aviões ventoinhas de carros etc Para alguém aprender isso é necessário que ocorra reforçamento adicional para incluirmos novos ventiladores à classe de ventiladores e reforçamento diferencial para extinguir a resposta verbal ventilador na presença de outros estímulos Portanto o reforçamento adicional garante a generalização dentro da mesma classe e o reforçamento diferencial estabelece a discriminação entre classes diferentes Encadeamento de respostas e reforço condicionado Vimos que o comportamento produz conseqüências e que elas alteram a probabi lidade do comportamento voltar a ocorrer Chamamos de reforço ou conseqüên cia reforçadora as conseqüências que aumentam a probabilidade de um compor tamento ocorrer Algumas conseqüências do comportamento geralmente ligadas a variáveis biológicas são naturalmente reforçadoras como por exemplo a apresentação de água a um rato que está há 48 horas sem bebêla Discutimos até agora como aumentar a freqüência do comportamento de pres são à barra de um rato privado de água programando como con seqüência desse comportamento apresentação de água Dizemos JÊ Ê que a apresentação de água é um reforçador incondicionado para A K P o comportamento do rato seguese aqui o mesmo raciocínio de reflexo incondicionado ou seja que não envolve história de aprendi zagem No entanto a maioria dos comportamentos operantes que ocorrem no ambiente natural fora de laboratório não tem como conseqüência direta a produção de um reforço incondicio nado Imagine por exemplo um rato que resida em um pequeno buraco de uma parede em uma casa de uma fazenda Todos os dias para que o rato possa beber água ele precisa caminhar da porta de sua toca até a parede oposta caminhar em direção à pia da cozinha subir pela lateral da pia caminhar até a borda da cuba da pia descer até seu interior e aí sim beber as gotas de água que ali estão Poderíamos falar que o comportamento de ir até a pia foi reforçado pela água que estava nela No entanto uma série de comportamentos ocorreu antes que o rato pudesse descer até a cuba da pia e beber água Cada um dos comportamentos 112 Controle de estímulos o papei do contexto Encadeamento de respostas Em uma cadeia comportamental o elo entre as contingências é o reforço condiciona do Fotografias 3 e 4 Note que o reforço condicionado e o S são o mesmo que o rato emitiu antes de chegar até borda da cuba caminhar em direção à parede oposta caminhar em direção à pia etc produziu uma conseqüência Para que os comportamentos continuem ocorrendo é necessário que suas conse qüências tenham efeito reforçador e de fato têm Voltemos ao laboratório para explicar melhor a asserção Imagine que para que o bebedouro de uma caixa operante possa ser acionado o rato tenha que pressionar na seqüência a barra da direita e a barra da esquerda Para modelar o comportamento a forma mais prática e eficaz é modelar o com portamento do rato de pressionar primeiro a barra da esquerda Após o rato aprender a pressionar a barra da esquerda fazse um treino discriminativo para que ele a pressione só quando uma luz estiver acesa Em seguida é possível modelar o comportamento de pressionar a barra da direita utilizando como reforço a ação de acender a luz Figura 614 Analisemos como isso é possível apresentar a barra da esquerda funciona como estímulo reforçador Se você começasse o procedimento ao inverso do que apresentamos teríamos inicialmente a seguinte situação se o rato pressionar a barra da direita Bd então a luz se acende ele ainda não aprendeu a pressionar a barra da esquerda Be que aciona o bebedouro Você deve concordar que para um rato privado de água a conseqüência acendera luz não seria reforçadora No entanto se ensi namos primeiro que pressionar a Be na presença da luz produz água a luz estar Moreira Medeiros acesa passa a ser um reforço condicionado para o rato e portanto aumenta a freqüência do comportamento que a produz A Figura 615 é um diagrama que representa as contingências envolvidas no exemplo citado Ela representa uma cadeia comportamental ou cadeia de respos tas ou seja uma seqüência de comportamentos que produzem uma conseqüên cia que só pode ser produzida se todos os comportamentos envolvidos forem emitidos em uma certa ordem Para que o rato possa pressionar a Be na presença da luz que produz água ele precisa antes pressionar a Bd que acende a luz Portanto acendera luz tornase um reforço condicionado para o comportamento de pressionar a Bd Note que a conseqüência da contingência 1 SRl é também o estímulo discriminativo para a contingência 2 SD2 O reforço condicionado sendo assim possui duas funções 1 conseqüência reforçadora para o com portamento que a produz e 2 estímulo discriminativo para a ocorrência do próximo comportamento Reforçadores condicionados generalizados e reforçadores condicionados simples Alguns reforçadores condicionados podem servir de ocasião para muitas respostas diferentes Denominamos tais reforçadores reforçadores condicionados gene ralizados São reforçadores porque aumentam a probabilidade de ocorrência de uma resposta são condicionados por que dependem de uma história de apren dizagem e têm dupla função estímulo discriminativo para o comportamento Contingência 1 Elo entre as contingências sD Ver a Bd Pressionar a Bd Contingências 2 SR Pressionar a I Apresentação da água Luz acesa Em uma cadeia de respostas o SD é o elo entre as contingências 0 mesmo estímulo que tem função de reforço condicionado para a contingência 1 funciona como SD para a contingência 2 Controle de estímulos o papel do contexto que sucede e reforço para o que o antecede são generalizados por servir de ocasião para várias respostas diferentes Um bom exemplo de reforçador condicionado generalizado é o dinheiro Com dinheiro em mãos uma pessoa pode emitir com suces so uma série de comportamentos comer cursar uma faculdade pegar um táxi comprar um livro etc Uma grande vantagem do reforçador condicionado generalizado reside no fato de que não é necessária uma privação específica para que esse reforçador tenha seu efeito No exemplo anterior a conse qüência do comportamento do rato de pressionar a barra da direita é o acendimento da luz reforçador condicionado simples Nesse caso para que o aparecimento da luz tenha efeito reforçador é necessária uma privação específica o rato deve estar privado de água No caso do dinheiro não é necessária uma privação específica sede sono contato social fome etc para que o reforçador condicionado generalizado tenha efeito Outro importante reforçador condicionado generalizado é a atenção de outro indivíduo Para que um pedido seu seja atendido é necessário que o outro lhe escute Bons exemplos do papel da atenção como reforçador condicionado gene ralizado são vistos no comportamento de crianças muito pequenas as quais ainda necessitam muito da ajuda de adultos Para que a criança obtenha do adulto o que ela quer várias privações diferentes podem controlar vários comportamen tos diferentes antes ela precisa obter sua atenção ver o diagrama da Figura 616 Criança privada de alimento Ver a mãe SD Dizer mãe R Dizer biscoito R2 Receber o biscoito Sr2 Atenção de outras pessoas é um reforço condicionado generalizado A atenção é um reforço generalizado condicionado porque reforça n classes de respostas independentemente de privações especí ficas sendo também um SD para a emissão de n classes de respostas diferentes Principais conceitos apresentados neste capítulo Moreira Medeiros 11b Controle de estímulos Estímulo discriminativo S Estímulo delta SA Operante discriminado Treino discriminativo Classes de estímulo Classes por generalização Classes funcionais Abstração abstrair Cadeia de respostas Reforço condicionado Controle exercido sobre o comportamento Contar piadas na frente dos amigos e não na dos por estímulos antecedentes a ele o pais ou professores contexto em que o comportamento ocorre Estímulos que antecedem uma resposta Ao ver o sinal vermelho frear o carro e fornecem a ocasião para que ela ocorra Está correlacionado com o reforço Estímulo que antecede uma resposta e Na presença de sua mãe não dizer pai fornece a ocasião para que ela não ocorra Está correlacionado com a extinção Comportamento operante que está também sob o controle de estímulos antecedentes Responder uma pergunta apenas quando ela é feita Procedimento utilizado para estabelecer o controle de estímulos consiste em reforçar o comportamento na presença do SD e extinguilo na presença do SD Conjunto de estímulos que fornecem contexto ocasião para uma mesma resposta Classe de estímulos baseada em semelhanças físicas Classe de estímulos baseada na função de cada estímulo pertencente a ela Responder sob o controle de determinadas propriedades de um estímulo e não sob o controle de outras Seqüência de respostas necessárias para a produção de um reforçador Estímulo que adquire propriedade reforçadora por aprendizagem após tornarse um SD Pode ser simples ou generalizado Ganhar pontos ao ler corretamente uma palavra e não ganhar pontos ao lêla incorretamente Dizer ser humano na presença de qualquer pessoa branca negra alta baixa etc Dizer instrumento musical na presença de qualquer objeto que sirva para tocar música Dizer mesa na presença de qualquer mesa independentemente da cor tamanho textura etc Ver um garçom chamar o garçom e na presença dele pedir um chope 0 dinheiro é um reforçador condicionado generalizado pois funciona como ocasião para vários comportamentos Bibliografia consultada e sugestões de leitura Catania A C 1999 Aprendizagem comportamento linguagem e cognição Porto Alegre Artmed Capítulo 8 Operantes discriminados controle de estímulos Millenson J R 19671975 Princípios de análise do comportamento Brasília Coordenada Capítulo 10 Discriminação Esquemas de reforçamento Nem todas as respostas são reforçadas quando emitidas Nem sem pre ganhamos uma aposta e nem sempre somos vencedores todas as vezes em que jogamos Nem todas as vezes que vamos a um bar é divertido Não é sempre que encontramos o pão de queijo há pouco saído do forno na cantina Nem sempre quando estudamos tiramos uma nota boa Nem todos os nossos pedidos são atendidos Isso quer dizer que muitos dos nossos comportamentos são apenas intermitentemente reforçados portanto um comportamento não precisa ser reforçado todas as vezes em que ocorre para continuar sendo emitido O conceito de esquema de refor çamento diz respeito justamente a que critérios uma resposta ou conjunto de respostas deve atingir para que ocorra o reforçamento Em outras palavras descre ve como se dá a contingência de reforço ou seja a que condições as respostas devem obedecer para ser liberado o reforçador Existem dois tipos de esquemas de reforçamento o contínuo e o intermitente Esquema de reforço contínuo e esquemas de reforçamento intermitente No esquema de reforço contínuo toda resposta é seguida do reforçador Em experimentação o esquema é chamado de continuous reinforcement mais conhecido pela sigla CRF Exemplos de reforçamento contínuo são comuns como um carro novo com bateria nova e tanque cheio toda vez que giramos a chave este começa a funcionar é o caso também daquele namorado amoroso que aceita todos os convites de sua namorada Nesses exemplos dizemos que as respostas girar a chave e convidar para sair sempre são seguidas de seus reforçadores ou seja são continuamente reforçadas Veja a diferença entre CRF e um esquema inter mitente na Figura 71 Note que no CRF todas as vezes em que o comportamento ocorre no exemplo pressionar a barra ele é reforçado Já no esquema de reforço intermitente algumas respostas são reforçadas e outras não Esquemas de reforçamento Reforçamento contínuo e reforçamento intermitente R representa resposta de pressão à barra e S a apresentação de água o X indica que o reforço à água não foi apresentado No diaadia no entanto nem todos os comportamentos que emitimos são reforçados Falamos nestes casos sobre esquemas de reforçamento intermitente A característica definidora dos esquemas de reforçamento intermitente é o fato de que nem todas as respostas são seguidas de reforço ou melhor apenas algumas respostas são seguidas de reforço Além dos exemplos apresentados no parágrafo introdutório podemos ver alguns outros exemplos como pregar um prego ou achar um programa interessante na TV A não ser que você seja o Karatê Kid que com suas técnicas ninjas consegue pregar um prego com apenas uma marte lada precisará emitir um certo número de marteladas Nesse caso com apenas uma martelada o reforçador isto é prego pregado na madeira não será apresen tado É necessária portanto a emissão de um número variável de respostas para que o reforçador fique disponível Outro exemplo muito comum diz respeito à mudança de canal para encontrar algum programa interessante na TV Com exceção dos sábados quando passa os Simpsons na Rede Globo ou nas quintas quando passa a Grande Família na mesma emissora sintonizar na Rede Globo é uma resposta certamente reforçada procurar um programa interessante na TV é uma tarefa inglória Em termos comportamentais significa que a reposta de procurar um programa interessan te na TV é apenas intermitentemente reforçada Somente às vezes con seguimos encontrar algo interessante Mais alguns exemplos nem sempre escapamos de fazer compras com nossos pais sábado à tarde dizendo que temos de estudar Fazer a barba envolve várias passadas da lâmina na face Procurar uma vaga muitas vezes envolve muitas passadas pelos corredores do estaciona mento e assim por diante Todos os exemplos banais envolvem reforça mento intermitente em que apenas uma parte das respostas emitidas é reforçada Os principais esquemas de reforçamento intermitente FR VR FI VI Existem quatro tipos principais de esquemas intermitentes razão fixa razão variável intervalo fixo e intervalo variável Estes se organizam a de acordo com o número de respostas para cada reforçador isto é esque mas de razão ou tempo entre reforçadores isto é esquemas de intervalo e b se o número de resposta ou o tempo entre reforçadores é sempre o mesmo isto é razão ou intervalo fixos ou muda de reforçador para reforçador isto é razão ou intervalo variáveis Esquemas de razão Os esquemas de razão se caracterizam por exigirem um certo número de respostas para a apresentação de cada reforçador isto é para que o reforço seja apresentado é necessário que um certo número de respostas mais do que uma seja emitido Existem dois tipos principais de esquemas de razão razão fixa e razão variável Razão fixa Neste esquema o número de respostas exigido para a apresen tação de cada reforçador é sempre o mesmo Em outras pala vras o organismo deve emitir um número fixo de respostas para ter seu comportamento reforçado Por exemplo Joãozi nho está na aula de educação física Para poder beber água ele deve dar cinco voltas na quadra de basquete Então toda vez que dá cinco voltas o professor o autoriza a beber água Outro exemplo comum de reforço em esquema de razão é o adotado em fábricas que pagam seus funcionário por número de peças produzidas por exemplo R 1000 a cada cinco pares de sapato produzidos pelo artesão veja a ilustração da Figura 72 Descrevemos o esquema de reforçamento como razão fixa 5 ou simplesmente FR5 do inglêsfixedratio Este termo Reforçador 1o 2 3 4 5 6 7 8 9 10o 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Média Ns de respostas 16 40 12 35 30 13 15 25 50 30 30 10 35 45 47 30 25 48 20 44 30 resume a contingência de que são necessárias cinco respostas para a apresentação de cada reforçador O comportamento de um professor corrigindo provas também está sob o con trole do esquema de razão fixa Supondo que cada prova tenha 10 questões o reforço para o comportamento de corrigir a prova isto é término da correção de uma prova é contingente à emissão de 10 respostas Concluímos então que o comportamento de corrigir provas nesse caso está em razão fixa 10 ou simplesmente FR 10 Por fim fazer uma chamada telefônica local está em FR8 em que temos de apertar sempre oito botões Exemplos de esquemas de razão fixa não são fáceis de encontrar porque o nosso ambi ente é extremamente mutável Isto é os es quemas variáveis serão sempre mais comuns O Como você pôde observar as siglas do Hvro são todas em inglês por exemplo NS US UR CS CR FR VR F1 eVI Apesar do caráter nacionalista dos autores as siglas em inglês são termos técnicos largamente utilizados no Brasil Sendo assim sua traduçãopara o português dificultaria a comunicação entre os Analistas do Comportamento Isso nãoquer dizer que você não possa traduzilas Na verdade siglas com o EN El RI EC RC RF RV IF e IV estão tão corretas quaftto as siglas em inglês Esquemas de reforçamento Esquemas de reforçamento no diaadia Que critério o comportamento deve obedecer para ser reforçado em cada uma destas atividades Razão variável Nesse esquema muito mais comum em nosso cotidiano o número de respostas entre cada reforçador se modifica isto é varia Um cabeleireiro corta cabelos neste esquema Se ele ganhar R 2000 por corte o reforço será contingente ao número de tesouradas que ele dará em cada cabelo Entretanto o número não será o mesmo de um corte para o outro Portanto o número de tesouradas para cada R 2000 obtidos é variável em outras palavras cortar cabelos está em VR do inglês variable ratio O comportamento de uma faxineira de arrumar cadeiras de um colégio tam bém está sob o mesmo esquema Ao ter de arrumar as cadeiras de 20 salas de aula sendo que cada sala possui um número diferente de cadeiras o reforça mento do término de cada sala é contingente à emissão de um número variável de respostas de pôr cadeiras no lugar Vários comportamentos nossos estão sob controle do esquema de VR como fazer a barba escovar os dentes pentear o cabelo fazer pedidos dar ordens ser bemsucedido em várias atividades do diaadia jogar alguns jogos de baralho caçaníques etc e ganhar ver Figura 72 entre vários outros comportamentos Quando dizemos que um comportamento está em razão variável 30 ou VR30 significa que em média a cada 30 respostas uma é reforçada Examinemos o seguinte experimento em que o rato devia pressionar a barra em VR30 para obter água Ao longo de uma sessão o animal recebeu 20 reforços A Tabela 71 indica quantas respostas foram dadas para a obtenção de cada um dos reforça dores Se somarmos o total de respostas emitidas temos 600 respostas para um total de 20 reforços Dividindo um valor pelo outro teremos 30 o que significa que em média foram necessárias 30 respostas para cada reforçador Em termos comportamentais nada mais do que VR30 Esquemas de intervalo Nos esquemas de intervalo o número de respostas não é relevante bastando apenas uma resposta para a obtenção do reforçador O tempo decorrido desde o último reforçador é o principal determinante de uma nova resposta ser ou não reforçada De forma similar aos esquemas de razão os esquemas de intervalo podem ser fixos ou variáveis Intervalo fixo No esquema de intervalo fixo o requisito para que uma resposta seja reforçada é o tempo decorrido desde o último reforçamento O período entre o último reforçador e a disponibilidade do próximo reforçador é sempre o mesmo para todos os reforçamentos Por isso o nome intervalo fixo ou seja os reforçadores estarão disponíveis depois de transcorridos intervalos fixos desde o último re forçador Novamente fica difícil verificar exemplos desse tipo de esquema uma vez que o nosso ambiente é bastante variável Os melhores exemplos dizem respei to a eventos regulares como programas de TV diários ou semanais Os Simpsons passa apenas uma vez por semana na Rede Globo todos os sába dos Para uma pessoa que tem Os Simpsons como reforço a resposta de ligar a TV para ver esse programa está em um esquema de intervalo fixo uma semana pois o reforço somente estará disponível em intervalos regulares de uma semana De forma similar imaginemos um adolescente que só tem seus pedidos de dinhei ro para sair atendidos pelos pais aos sábados Nesse caso se o adolescente pedir dinheiro no meio da semana seu comportamento não será reforçado Então deve transcorrer o intervalo de uma semana para que seus pedidos de dinheiro sejam reforçados Um exemplo com o rato seria assim se a resposta de pressão à barra estiver em FI 1 um minuto as respostas de pressão à barra só serão reforçadas quando passar um minuto desde o último reforço Portanto quando o animal é reforçado um cronômetro é disparado contando o tempo até um minuto Depois de passado esse minuto a próxima resposta será reforçada O cronômetro é zerado sendo disparado outra vez até atingir um minuto quando a próxima resposta será reforçada O processo se repetirá para todos os reforçadores Alguns pontos impor tantes devem ser notados Primeiro o reforço somente será liberado caso o orga nismo se comporte ou seja se não ligarmos a TV se o adolescente não pedir o dinheiro e se o rato não pressionar a barra não haverá reforço Portanto além do tempo deve ocorrer pelo menos uma resposta para que haja o reforço Além disso respostas no meio do intervalo não são reforçadas mas elas não produzem nenhum prejuízo à disponibilidade do reforço ao final do intervalo Intervalo variável O esquema de intervalo variável é similar ao intervalo fixo com a diferença de que os intervalos entre o último reforçador e a próxima disponibilidade não são os mesmos ou seja são variáveis Exemplos desse esquema são muito mais fáceis do que os de intervalo fixo Achar uma música boa no rádio mudando de estação está sob controle desse esquema De tempos em tempos variáveis nossa resposta de trocar de estação é reforçada ao achar uma música de que gostamos Achar um anúncio para estagiário de psicologia no jornal também de tempos em tempos a resposta de procurar é reforçada pela presença de algum anúncio Mas o tempo varia de reforço para reforço Arrumarse para o namorado também está sob esse esquema às vezes ele percebe e faz elogios às vezes não E não há uma regularidade temporal como no caso do intervalo fixo Em média uma vez por mês ele elogia é está mal Sendo assim dizemos que o comportamento de se arrumar está em VI 1 mês variable interval Outra vez de forma similar à razão variável ao nos referirmos ao intervalo variável 30 segundos ou simplesmente VI 30 significa que o reforço estará disponível a cada 30 segundos em média Este é o mesmo raciocínio mostrado na Tabela 71 no entanto não mencionamos o do número de respostas mas a passagem do tempo entre um reforço e a disponibilidade do próximo reforço Tempo de disponibilidade limited hold Cotidianamente os reforçadores não ficam disponíveis sem tempo definido Se demorarmos a ligar a TV no sábado perderemos o episódio dos Simpsons Se demorarmos a trocar de estação de rádio a música boa pode acabar e perderemos o reforçador Um recurso metodológico em experimentos para aumentar a simila ridade entre a situação cotidiana e a situação experimental é o tempo de disponi bilidade o qual representa um limite temporal para a resposta ser emitida Caso o organismo não responda p ex o rato não pressione a barra dentro de um limite de tempo desde o início da disponibilidade do reforço esse deixa de estar disponível sendo reiniciada a contagem do intervalo para a próxima disponibili dade Portanto se a resposta de pressão à barra estiver em FI1 com tempo de disponibilidade de 10 o reforço estará disponível após transcorridos 60 segundos desde o último reforçador Entretanto essa disponibilidade durará apenas 10 segundos Caso o rato não pressione a barra nesse intervalo de 10 segundos o reforço deixará de estar disponível sendo contados mais 60 segundos até a próxi ma disponibilidade Moreira Ke Medeiros Comparação entre esquemas intermitente e contínuo Estes dois tipos de esquemas não diferem apenas no seu funcionamento e na forma como são feitos mas também em relação aos seus efeitos sobre o comportamento Freqüência de respostas Em geral os esquemas de reforçamento intermitente produzem uma freqüência de respostas maior que os esquemas de reforçamento contínuo Isto se dá por duas razões básicas 1 como no reforçamento intermitente apenas algumas res postas são reforçadas teremos uma relação maior de respostas por reforço o que produz uma freqüência maior de respostas 2 quando o comportamento é reforçado por reforçadores primários ou incondicionados p ex água alimento sexo etc a saciação ocorre muito mais rapidamente em CRF pois o organismo entra em contato com um número maior de reforçadores com menos respostas Sendo assim a saciação é mais rápida fazendo com que os reforçadores tenham seu valor diminuído Nos esquemas intermitentes o comportamento é reforçado menos vezes demorando mais para gerar saciação e portanto o organismo acaba emitindo mais respostas Existem exceções a essa regra Alguns esquemas temporais de reforçamento como os de intervalo podem produzir uma freqüência menor de repostas que a observada em CRF quando o intervalo entre as respostas reforçadas é muito longo Aquisição do comportamento O reforçamento contínuo é muito mais eficaz para a aquisição de um novo com portamento do que o intermitente Imagine se na modelagem da resposta de pressão à barra o rato recebesse água após 10 pressões Com esse procedimento dificilmente a resposta seria aprendida uma vez que o comportamento ainda não totalmente estabelecido é mais suscetível à extinção isto é ao nãoreforça mento É provável que o animal parasse de pressionar a barra antes de emitir a décima resposta para receber o reforço As nove respostas não reforçadas pode riam ser suficientes para que o comportamento parasse de ocorrer Por outro lado quando todas as respostas são reforçadas a relação entre a resposta pressão à barra e a sua conseqüência água é rapidamente aprendi da Imaginemos um exemplo cotidiano um aprendiz de uma dança ou um aluno de karatê que deve fazer um novo passo ou golpe para receber o feedback positivo do professor isto é correto Ora se o aprendiz ainda está começando a emitir esse novo passo ou golpe é fundamental que o professor reforce continuamente para que este aprenda a relação entre a resposta isto é o passo e o golpe precisos e o feedback positivo Por outro lado caso o professor não o reforce continuamente de morará mais tempo para o aluno discriminar qual resposta levará ao reforço correndo ainda o risco de as tentativas corretas serem enfraquecidas pela extinção Não queremos dizer que nenhum comportamento pode ser aprendido por reforçamento intermitente Entretanto o esquema ideal para o estabelecimento de novos operantes é o de reforçamento contínuo Manutenção do comportamento Os esquemas intermitentes principalmente os variáveis são ideais para a manu tenção da resposta ou seja aumentam sua resistência à extinção O termo re sistência à extinção descreve o número de respostas emitidas sem reforçamen to antes que o comportamento volte ao seu nível operante Em termos cotidianos quantas vezes insistimos em fazer algo que não dá mais certo Se uma mãe por exemplo reforça as birras de seu filho às vezes sim às vezes não quando decidir não mais atender à criança quando faz birras a criança demorará mais tempo para parar de agir assim do que uma criança cuja mãe reforçava esse comporta mento sempre CRF Da mesma forma um indivíduo que é criado em um meio abundante em esquemas intermitentes nem sempre seus comportamento são reforçados tenderá a ser um adulto que não desiste facilmente de seus objeti vos mesmo quando os reforços são escassos referese então a um in divíduo perseverante veja o gráfi co comparativo da Figura 73 Nos esquemas de reforçamento intermitentes várias respostas não são reforçadas o que torna mais di fícil a discriminação entre o refor çamento intermitente e o nãore forçamento da extinção Imagine um controle remoto de alarme de carro com defeito não abrindo o carro todas as vezes em que aperta mos o botão Caso o controle remo to pare de funcionar definitiva mente tentaremos várias vezes fazêlo funcionar antes de desistir mos Isto ocorre porque quando ainda funcionava apertávamos o botão várias vezes antes de o carro abrir Portanto as tentativas não re forçadas em extinção não represen tarão nenhuma novidade ficando muito mais difícil para discriminar Perseverança é igual a resistência à extinção Reforçar sempre mos que o aparelho de fato não em CRF o comportamento pode produzir indivíduos que desistem muito funciona mais facilmente de seus objetivos Morai ftftfeifeiros Por outro lado nos esquemas de reforçamento contínuo a discriminação entre o reforçamento e o nãoreforçamento da extinção é muito mais fácil Volte mos ao controle remoto Digamos que todas as vezes que você aciona o botão o carro abre isto é reforço contínuo Agora imagine que seu filho deixou o controle remoto cair sem você ver e o controle remoto parou de funcionar definitivamente Ao utilizálo suas tentativas de abrir o carro não serão reforçadas Rapidamente seu comportamento deixará de ocorrer pois a diferença entre quando o controle funcionava todas às vezes e quando este não funciona mais é muito grande Dessa forma é provável que você tente menos vezes até a total desistência Analisemos um outro exemplo digamos que você tem um amigo que sempre aceita seus convites para sair isto é reforço contínuo Caso seu amigo tenha uma namorada possessiva que não o deixa fazer mais nada e ele pare de aceitar seus convites rapidamente você deixará de fazerlhe convites Por outro lado caso você tenha outro amigo que raras vezes aceita seus convites isto é refor çamento intermitente e ele deixe definitivamente de aceitálos você insistiria um número maior de vezes pois no passado vários convites não foram aceitos antes que vocês saíssem alguma vez de fato A história de reforçamento portanto explica em grande parte por que algumas pessoas desistem facilmente e outras não quando as coisas dão errado Demais efeitos sobre a extinção A extinção após esquemas de reforçamento intermitente produz padrões com portamentais diferentes da extinção após reforçamento contínuo A extinção após reforçamento contínuo gera um aumento na freqüência de repostas e depois a resposta deixa de ocorrer rapidamente Figura 73 Além disso são observa das respostas emocionais semelhantes às observadas na punição só que com menor magnitude Já a extinção após reforçamento intermitente produz efeitos mais amenos Não são observadas respostas emocionais nem o aumento súbito na freqüência de respostas no início da extinção Além disso a diminuição na freqüência do responder é mais lenta Note olhando a Figura 73 que a freqüência total de repostas foi muito maior na extinção após FR esquema de reforço intermitente Dizemos portanto que esquemas intermitentes geram comportamentos mais resistentes à extinção que esquemas de reforçamento contínuo Além disso não foi observado um aumento na freqüência de repostas logo após o início da extinção a diminuição na freqüência de respostas foi gradual e a resposta foi emitida por um número maior de blocos de um minuto Padrões comportamentais de cada esquema Cada um dos quatro esquemas vistos até agora produz um padrão comporta mental característico em estabilidade Nos experimentos com esquemas de refor çamento existem dois tipos de dados 1 dados de transição aqueles observados Freqüência acumulada 126 Esqueoias dc reforçamento quando o organismo acabou de ser submetido a um novo esquema de reforça mento Nesse caso seu padrão comportamental trará características da contin gência antiga e da nova contingência Dizemos portanto que seu comportamento ainda não está adaptado ao novo esquema de reforçamento trazendo traços do esquema anterior Os dados de transição são úteis para estudar os efeitos de história de reforçamento 2 estado estável dizer que um comportamento está em estado estável significa dizer que ele já se adaptou ao novo esquema e que não mudará mais mesmo que seja submetido a mais sessões experimentais nesse esquema Para ser obtido o estado estável é necessário que o organismo seja submetido a várias sessões ao esquema em vigor de forma que seu compor tamento se adapte a ele Os padrões comportamentais apresentados a seguir são observados apenas em estado estável Padrão de FR O padrão de FR é caracterizado por produzir uma taxa alta de respostas uma vez que quanto mais o organismo responder mais reforços obterá Figura 74 Ou seja como o reforço depende exclusivamente do organismo se ele responder com rapidez será reforçado imediato e freqüentemente Então será observada uma taxa alta de respostas Entretanto um outro fenômeno é observado em FR que é a pausa após o reforçamento Logo após o reforço o organismo demora um pouco para iniciar seu respon der Esse tempo é chamado de pausa após reforço Atribuise essa pausa ao fato de que o organismo nunca foi reforçado logo após um reforçamento anterior Padrões comportamentais produzidos por cada esquema Pausa pós reforço horizontal Tempo min VR t discriminando claramente que o reforço demorará a vir Essa discriminação é facilitada pelo número de respostas para cada reforçador ser sempre o mesmo Sendo assim o reforço sinaliza que as próximas respostas não serão reforçadas tornando o responder pouco provável Mas na medida em que o organismo começa a responder suas res postas atingem rapidamente uma taxa alta que permanece constante até o próximo reforço Um exemplo vai nos ajudar a entender Imagine que você está fazendo séries de abdominais em uma academia Ao terminar uma série de cem abdominais é pouco provável que você inicie a série seguinte imediatamente Mordra Medeiros Isto ocorre porque você discrimina que serão mais cem abdominais para o próximo reforço Mas quando você enfim começa faz as repetições em um ritmo constante até o final da série Padrão de VR Por outro lado o padrão de VR é caracterizado por ausência de pausas ou por apenas pausas curtas Figura 73 Isto ocorre porque não há como discriminar se o número de respostas para o próximo reforço é grande ou pequeno uma vez que é variável Então como o organismo também foi reforçado com poucas respostas no passado o último reforçador não sinaliza que as próximas respostas não serão reforçadas Assim o último reforçador não é correlacionado com o nãoreforçamento como no caso da razão fixa Portanto as pausas são bem menores ou mesmo não ocorrem nos esquemas de VR Além disso os esquemas de VR produzem altas taxas por exigirem o número de respostas para a liberação do reforço e por não apresentarem pausas após reforçamento Conseqüentemente o VR é o esquema que produz as maiores taxas de respostas Se você deseja que alguém trabalhe muito e quer pagarlhe pouco VR é o esquema mais indicado Padrão de FI Este é o esquema que produz as menores taxas de respostas por duas razões 1 não é exigido um número de respostas para a obtenção do reforço ou seja não faz diferença responder muito ou pouco e sim no momento certo Por conseguin te o organismo responderá menos do que nos esquemas de razão 2 é o esquema que produz as maiores pausas após o reforçamento uma vez que a discriminação temporal entre o reforçamento e o nãoreforçamento é facilitada pela regularidade das durações dos intervalos entre reforçamento Como o reforço depende do tempo que será sempre o mesmo é fácil para o organismo discriminar que logo após um reforçador suas respostas não serão reforçadas Portanto o padrão ca racterístico do FI envolve longas pausas após o reforço como um início lento no responder e um aumento gradual na taxa de respostas que está máxima no momento da próxima disponibilidade do reforço Essa aceleração do responder é chamada de scalop Figura 74 É importante notar que os padrões foram ob tidos em pesquisas com animais que não têm relógio nem calendário Certa mente não começamos a ligar a TV na quartafeira e ficamos ligandoa com uma freqüência cada vez mais alta quando se aproxima da hora dos Simpsons no sábado Caso não se tratasse dos Simpsons e sim de alimento e não tivéssemos formas organizadas de contar o tempo nosso padrão seria semelhante ao dos animais Padrão de VI Apesar de ser um esquema de intervalo o VI produz um padrão com uma taxa relativamente alta de respostas Uma vez que o organismo não tem como prever quando o reforçador estará disponível ele responderá quase que o tempo todo Esquemas de reforçanwnto Figura 74 Caso o organismo fique muito tempo sem responder perderá refor ços portanto ele permanecerá respondendo moderadamente o tempo todo Efeito do tamanho do esquema Nos esquemas de razão quanto maior o valor do esquema tamanho do esquema a maior a freqüência de respostas pois serão necessárias mais respostas para cada reforço e b maiores serão as pausas após o reforço pois o último reforça mento será menos correlacionado com o reforçador tanto em FR como em VR Já nos esquemas de intervalo quanto maior o valor do esquema b maiores serão as pausas após o reforço pois facilitará a discriminação temporal e c menores serão as freqüências de respostas pela mesma razão Portanto o padrão comportamental de cada esquema não é influenciado apenas pelo esquema em si mas também pelo tamanho do esquema Esquemas nãocontingentes e o comportamento supersticioso Existem dois tipos principais de esquemas em que não há a relação de contingên cia Isto é o reforço é liberado independentemente de uma resposta específica Tratase de dois esquemas exclusivamente temporais ou seja o reforço é apresen tado de tempos em tempos sem a necessidade da emissão de uma resposta Eventos climáticos como sol e chuva mesadas pensões alimentícias aposen tadorias todos são reforçadores apresentados em esquemas nãocontingentes isto é o reforço vem sem que seja necessário emitir algum comportamento Tempo fixo FT fixed time Este esquema é caracterizado pela apresentação dos reforçadores em intervalos de tempos regulares mesmo que nenhuma resposta seja emitida Exemplos desse esquema são no caso a mesada a pensão alimentícia ou a aposentadoria nos quais o indivíduo recebe o reforço todo mês sem precisar se comportar Descre veríamolos como FT30 dias Em um experimento de laboratório poderíamos dar água manual mente para o animal de 10 em 10 segundos Nesse caso estaríamos executando um FT 10 Note que não há uma relação de contingência como no esquema de intervalo fixo FI No FI o reforço está dispo nível em intervalos fixos caso ocorra uma resposta No caso do FT o reforço não é produzido por uma resposta e sim é apresentado re gularmente mesmo que o organismo fique parado Um fenômeno muito interessante comumente observado em ex perimentos como o antes descrito é o fortalecimento de um com portamento supersticioso por reforçamento acidental O ani mal dentro da caixa de Skinner está sempre se comportando sendo provável que ele esteja emitindo uma resposta qualquer por exemplo Moreira St Medeáos levantando a cabeça no momento em que o reforço é liberado Conseqüente mente como observamos na modelagem é provável que a resposta aumente de freqüência Esse processo é chamado de reforçamento acidental em que não há uma relação de contingência entre uma resposta e uma conseqüência e sim uma mera contigüidade temporal ou seja uma resposta e um reforço estão próximos no tempo Como essa resposta aumenta de freqüência é muito prová vel que ela esteja ocorrendo quando o próximo reforço for apresentado fortale cendo ainda mais a relação supersticiosa entre a resposta e o reforço Tratase de uma relação supersticiosa uma vez que o reforço não é conseqüência da resposta não é uma relação de contingência e sim de mera contigüidade temporal entretanto para o organismo que se comporta não faz a menor diferença Exemplos de comportamentos supersticiosos são freqüentes em nosso diaa dia como fazer simpatias colocar o Santo Antônio de cabeça para baixo para se casar usar sempre a mesma cueca antes de um jogo de futebol importante conver sar com São Pedro para que não chova no churrasco empurrar com a mão a bola de boliche já lançada quando esta se aproxima da canaleta usar um trevo de quatro folhas para dar sorte entre outros Entretanto em nosso diaadia os reforçadores raramente são apresentados em tempos regulares Em geral os tempos entre as apresentações dos reforçadores variam o que constitui o esquema de tempo variável Tempo variável VT variable time Quando os reforçadores são apresentados em intervalos irregulares de tempos independentemente de uma resposta dizemos que temos um esquema de tempo variável Esse esquema se assemelha muito ao VI contudo no esquema de VI é necessária a emissão da resposta enquanto que no VT não Quando dizemos que a liberação de água para o rato está em VT15 isso significa que o reforço será apresentado a cada 15 segundos em média independentemente da emissão de qualquer comportamento Exemplos cotidianos de tempo variável dizem respeito a eventos climáticos vitórias do time favorito para o torcedor músicas boas tocadas no rádio da sala de espera de um consultório médico etc Note que os reforçadores são apresenta dos de tempos em tempos independentemente de alguma resposta do organismo e esses tempos variam Um fenômeno comum observado em VI e FT é a ausência no responder Se não tem contingência não tem comportamento É o ditado só se aprende a nadar quando a água bate no bumbum Esquemas reguladores da velocidade do responder taxa de respostas Existem esquemas desenvolvidos para controlar quão rápido devem ser as respos tas do organismo Esses esquemas utilizam o reforçamento diferencial no qual não se trata de uma resposta específica que é selecionada e sim da velocidade Esquemas te reforçamento taxa com que esta é emitida ou seja nesses esquemas o responder rápido ou o responder lento é reforçado Reforçamento diferencial de altas taxas de respostas DRH differential reinforcement of high rates O DRH é um esquema desenvolvido para produzir um responder rápido em outras palavras somente taxas altas de respostas serão reforçadas Seu funcio namento é parecido com um esquema de razão ou seja um número de respostas deve ser emitido para a liberação do reforço Entretanto o DRH possui um requi sito extra esse número de respostas deve ser emitido dentro de um tempo prede terminado para que o reforço seja apresentado Em termos cotidianos podemos dizer que o DRH é um esquema que impõe um prazo para que emitamos um número de respostas Se colocássemos o rato em um DRH20 em 30 o animal teria de emitir 20 respostas para ser reforçado Entretanto essas 20 respostas deveriam ocorrer dentro de 30 Caso o tempo se esgotasse seriam zerados o cronômetro e o contador de respostas O animal teria de emitir mais 20 repostas para ser reforçado novamente dentro do prazo de 30 segundos Fica evidente que não podemos começar com um DRH muito exigente Devemos iniciar com um DRH indulgente e gradativamente ir aumentando seu rigor Caso coloquemos o animal em um DRH alto logo de início é provável que ele pare de responder por nãoreforçamento antes de discri minar a contingência de responder rapidamente que está em vigor Um bom exemplo cotidiano é a prova de digitação ou datilografia para os mais antigos Nelas um certo número de toques deveria ser dado por minuto para que o candidato não fosse eliminado do concurso o que produzia um respon der muito rápido índices para participação de torneios em provas de velocidade também são um exemplo de DRH O corredor tem que emitir um certo número de passadas em 1010 segundos para ser classificado para as olimpíadas Quem deixa para estudar na véspera da prova também se submete a um DRH tendo de ler muitas páginas ou fazer muitos exercícios em um prazo curto Em todos esses exemplos apenas o responder com taxa alta será reforçado e os demais serão extintos Reforçamento diferencial de baixas taxas de respostas DRL differential reinforcement oflow rates Em DRL as respostas serão reforçadas apenas se forem espaçadas temporalmente ou seja o organismo deve esperar um tempo desde o último reforço para respon der senão além de não ser reforçado no momento em que responde perde o próximo reforçador O DRL é parecido com o esquema de intervalo fixo FI ou seja as respostas serão reforçadas em intervalos fixos Em FI caso o organismo responda antes da disponibilidade do reforço ele não perde o reforço seguinte quando vencer o intervalo a primeira resposta será seguida do reforço No DRL por outro lado caso o organismo responda antes de vencer o intervalo o cronôme tro é zerado e o intervalo é reiniciado Ou seja caso o organismo não espace Moreira Metleiros suas respostas em um tempo maior que o intervalo é negativamente punido com o atraso da próxima disponibilidade Em outras palavras o apressado será o último a ser servido Submeter um rato a um DRL1 significa que respostas serão reforçadas de minuto em minuto desde que o animal não responda antes de passado um minuto desde o último reforçador Caso a resposta ocorra o cronômetro é zerado e um novo intervalo de um minuto é iniciado Um pintor de paredes está sob esse esquema Ao terminar uma mão de tinta ele deve esperar a tinta secar para passar a nova mão senão ele estragará a primeira mão e terá de repetir o trabalho Uma mãe também pode controlar o comportamento do filho de pedir dinheiro para sair utilizando um DRL Caso ela coloque o filho em um DRL7 dias esse terá de esperar 7 dias para pedir dinheiro novamente Senão ele ficará mais sete dias sem poder pedir dinheiro para sair O padrão comportamental de DRL é caracterizado por um responder pouco freqüente com longas pausas após o reforçamento As pausas serão sempre maiores que a duração do DRL Reforçamento diferencial de outros comportamentos DRO O DRO é a principal alternativa comportamental para reduzir a freqüência de um comportamento sem a utilização de punição Consiste apenas em reforçar todos os comportamentos exceto aquele que se deseja reduzir a freqüência É uma combinação de extinção para o comportamento indesejado e reforço para outros comportamentos Caso desejemos que um rato previamente modelado a pressionar uma barra para obter água deixe de pressionála podemos reforçar com água qualquer um de seus demais comportamentos Rapidamente a fre qüência de pressão à barra cairá Podemos utilizar DRO para diminuir a freqüência do comportamento de con tar vantagem de um amigo Podemos reforçar com atenção e admiração quando ele falar qualquer coisa menos as verbalizações que envolvem se vangloriar de algo O DRO é preferível como forma de reduzir a freqüência do comportamento em relação à punição e à extinção pois produz menos efeitos colaterais como respostas emocionais e contracontrole Este tipo de esquema é bastante utilizado para reduzir a freqüência de comportamentos autolesivos bater cabeça contra a parede arrancar cabelos morderse etc Esquemas compostos Existem esquemas que envolvem a combinação de mais de um esquema como os múltiplos mistos concorrentes encadeados tandem e de segunda ordem Esses esquemas compostos foram desenvolvidos para descrever com maior preci são as situações do nosso diaadia A complexidade das situações enfrentadas Esquemas de reforçamento diaadia não é facilmente descrita pelos esquemas simples de reforçamento já apontados Portanto os esquemas tentam simular de forma mais fidedigna a complexidade dos determinantes do comportamento Examinemos alguns deles Esquema múltiplo e esquema misto Nesse esquema composto ocorre a alternância de mais de um esquema de re forçamento Cada um dos esquemas permanece em vigor por um período de tempo por um número de respostas ou por um número de reforçadores obtidos Além disso cada um dos esquemas é sinalizado por um estímulo diferente mas a resposta requerida é sempre a mesma Os esquemas múltiplos são utilizados principalmente para estudar o controle de estímulos antecedentes sobre o com portamento operante Como vimos cada esquema de reforçamento produz um padrão comportamental diferente Portanto é esperado que em estado estável o organismo sob o controle desse esquema já passe a emitir o padrão comporta mental pertinente a cada esquema meramente por entrar em contato com o estímulo sinalizador Um experimento hipotético poderia envolver um DRH20 em 30 luz verme lha por 10 reforços uma extinção luz apagada por 5 minutos e um FI1 luz verde por 15 minutos Cada um dos esquemas do múltiplo é chamado de compo nente do múltiplo Note que cada um dos esquemas durará um certo período ou número de reforços e será sinalizado por um estímulo visual Após a estabilidade é esperado que o animal responda rápido sem pausas na presença da luz verme lha isto é padrão de DRH não responda no escuro isto é extinção e responda com pausas após o reforço na presença da luz verde isto é padrão de FI Note que o organismo pode conseguir quantos reforços forem possíveis em cada esque ma em vigor Um exemplo deste esquema na vida cotidiana são aquelas crianças que fazem muitas birras quando estão com a avó poucas quando estão com a mãe e nenhu ma quando estão com pai Nesse exemplo mãe pai e avó são os estímulos dis criminativos correlacionados com cada componente do esquema múltiplo a avó reforça as birras em CRF o pai nunca reforça as birras extinção e mãe ocasio nalmente reforça uma birra razão variável Os esquemas mistos seguem o mesmo raciocínio dos esquemas múltiplos cada esquema componente está em vigor em um momento isoladamente Em todos os componentes a resposta e o reforço são os mesmos no entanto ao contrário do múltiplo no misto não há estímulos discriminativos que sinalizam qual esquema está em vigor O organismo deve discriminar o esquema em vigor pelo próprio contato com a contingência Esquemas encadeados Os esquemas encadeados foram desenvolvidos para estudar cadeias comporta mentais Raras vezes uma resposta produz um reforçador primário como água alimento e sexo A maioria de nossos comportamentos está imersa em longas cadeias de respostas O ponto crucial nas cadeias de respostas é que o reforço de Moreira Medeiros 133 um comportamento é o estímulo que sinaliza o comportamento seguinte Nos esquemas encadeados da mesma forma a ocorrência de um reforço sinaliza a passagem para o próximo esquema é o SD Nos esquemas múltiplos cada componente está em vigor em um dado momento e um não depende do outro Nos esquemas encadeados cada componente também está em vigor em um dado momento no entanto eles surgem sempre na mesma ordem e a ocorrência de um depende da ocorrência do anterior Um exemplo simples com o rato pode ser FR 10 barra da esquerda e FI20 barra da direita 10 pressões à barra da direita acendem uma luz estando a luz acesa após se passarem 20 segundos a primeira pressão à barra da esquerda é reforçada com água Esquemas concorrentes e a Lei da Igualação Esquemas concorrentes são com certeza os mais presentes e importantes em nossa vida Falamos sobre esquemas concorrentes quando temos dois ou mais fontes de reforço disponíveis ao mesmo tempo por exemplo ir à escola ou ficar em casa vendo TV jogar futebol ou ir ao cinema no domingo à tarde ou no caso do rato pressionar a barra da esquerda produz água em esquema VI 10 e a da direita produz água em esquema VI20 Figura 75 Nesse exemplo os dois esquemas estão em vigor ao mesmo tempo ou seja tudo o que o rato tem que fazer é responder em uma das barras o reforço de um esquema não depende do outro Você deve ter percebido que quando falamos em esquemas concorrentes estamos nos referindo à escolha à preferência Estudar esquemas concorrentes nos ajuda a compreender melhor por que e como as pessoas tomam decisões como e por que escolhem fazer ou deixar de fazer algo Analisemos o experimento da Figura 75 para entender melhor co mo funciona pelo menos em parte a preferência Como a barra da esquerda está VI 10 pressionála produz duas vezes mais reforço que pressionar a bar ra da direita Como ela produz mais re forços que a barra da esquerda o rato tenderá a preferila Dizer que ele terá preferência por ela quer dizer simples mente que ele pressionará mais na direi ta que na esquerda e passará mais tem po no esquema VI 10 do que no esque ma VI20 O mais impressionante no entanto é que o rato não ficará somente pressionando a barra da direita ele dis tribuirá suas respostas nas duas barras e fará isso proporcionalmente à quanti dade de reforços disponíveis em cada es quema se um esquema produz o dobro Esquemas concorrentes A fotografia mostra uma situação típica em experimentos sobre esquemas concorrentes Pressionar a barra da esquerda é reforçado em VI 10 e pressionar a barra da direita em VI 20 134 Esquemas de reforçamento de reforços do outro isto é VL10 e VI20 o rato pressionará a barra do es quema que produz o dobro de reforços duas vezes mais do que pressionará a outra barra O tempo que ele passará em cada esquema também será proporcional Essa relação entre comportamento e reforço foi apontada de modo experimen tal pela primeira vez por um psicólogo chamado Herrnstein em 1961 e ficou conhecida como a Lei da Igualação A Lei da Igualação trata portanto de como os organismos distribuem seus comportamentos em situações onde há esquemas concorrentes Seu pressuposto básico é de que há uma relação de igualação entre o comportamento e vários parâmetros do reforço por exemplo a quantidade de reforço produzido em cada ocorrência da resposta a qualidade do reforço o atraso do reforço quanto tempo demora para o reforço ser apresentado após a resposta ser emitida e o esquema de reforçamento em vigor para determinado comportamento Observações da adequação da Lei da Igualação para descrição e previsão do comportamento são mais simples do que se possa pensar Se observarmos um jogador de basquete atuando e registrarmos seus arremessos e cestas percebere mos que a quantidade de arremessos de três e dois pontos é proporcional à quanti dade de cestas de três e dois pontos que ele geralmente faz a distribuição do tempo que passamos realizando uma ou outra atividade é proporcional à quanti dade qualidade e freqüência dos reforçadores disponíveis em cada esquema Estudar a preferência do indivíduo por um ou outro esquema isolandose os parâmetros do reforço apontados acima é relativamente fácil e até certo ponto possui resultados intuitivos todavia quando os parâmetros do reforço são levados em conta em conjunto o problema tornase mais complexo É fácil prever que um rato preferirá um VI 10 a um VI20 Mas se no VI20 o reforço for sacarose açúcar ou se as gotas de água em VI20 tiverem o triplo de mililitros das gotas liberadas em VI 10 ou se as gotas em VI 10 só aparecessem 5 depois da resposta e as gotas liberadas em VI20 fossem liberadas imediatamente após a resposta qual seria a preferência do rato Como ele distribuiria seus comporta mentos entre os esquemas As respostas a estas perguntas infelizmente não serão encontradas neste livro Nosso objetivo é só apresentar resumidamente esse campo de estudo discutilo mais a fundo foge do escopo deste livro Principais conceitos apresentados neste capítulo Esquemas de reforçamento intermitente Esquemas de razâo Critérios que definem quais respostas serão reforçadas Esquemas nos quais o reforço depende da ocorrência de um certo número de respostas Podem ser de razão fixa ou variável A maior parte de nossos comportamentos não são reforçados sempre que ocorrem Estudar e tirar 10 na prova VR continua Moreira Medeiros Esquemas de Esquemas nos quais o reforço depende intervalo da passagem de um período de tempo e da emissão de pelo menos uma resposta Podem ser de intervalo fixo ou variável Esquemas de tempos Esquemas em que o reforço não é contingente à resposta Abrir a caixa de emails e encontrar novas mensagens VI Usar uma camisa velha e o time ganhar VT Padrão de respostas Resistência à extinção DRLe DRH DRO Forma característica como o organismo emite uma determinada resposta Tempo ou número de ocorrências de uma resposta necessário para que ela se extinga Esquemas reguladores de velocidade da resposta DRL baixas taxas DRH altas taxas Reforço diferencial de outros comportamentos Todos os comportamento exceto o alvo são reforçados Esquemas compostos Esquemas nos quais dois ou mais esquemas simples estão presentes Lei comportamental que estabelece uma relação de proporção entre comportamento e reforço Lei da Igualação Timidez Prestar vestibular 5 vezes não passar e continuar tentando Datilografia A velocidade é importante Reforçar qualquer verbalização menos contar vantagem Os principais são múltiplos encadeados e concorrentes Ler três vezes mais livros de ficção científica do que de poesia Bibliografia consultada e sugestões de leitura Catania A C 1999 Aprendizagem comportamento linguagem e cognição Porto Alegre Artmed Capítulo 10 Esquemas de reforço Capítulo 11 Combinação de esquemas sín tese comportamental Herrnstein R J 1961 Relative and absolute strength of response as a function of frequency of reinforcement Journal of the Experimental Analysis of Behavior 4 p 267272 Millenson J R 19671975 Princípios de análise do comportamento Brasília Coordenada Capítulo 7 Reforçamento interm itente Todorov J C e Hanna H S 2005 Quantificação de escolha e preferências In J Abreu Rodrigues e M R Ribeiro Orgs Análise do Comportamento pesquisa teoria e aplicação p 159174 Porto Alegre Aitmed revisão do conteúdo No Capítulo 6 analisamos como os eventos antecedentes ao comportamento podem passar a exercer controle sobre ele ou seja para entender o comportamento temos que entender não só suas conseqüências mas também o contexto em que ocorrem No Capítulo 7 analisamos que dependendo da forma como o reforço é apresentado o padrão de respostas do organismo muda Analisamos também diversos critérios que podem ser estabelecidos para que o comporta mento seja reforçado Chamamos esses critérios de esquemas de reforçamento Neste capítulo faremos breve revisão dos Capítulos 6 e 7 Controle de estímulos o papel do contexto Capítulo 6 Os organismos também aprendem em que circunstâncias seus comportamentos serão reforçados Chamamos de operantes discriminados os comportamentos que estão sob o controle de estímulos antecedentes e conseqüentes isto é compor tamentos cuja ocorrência é determinada tanto pelo contexto em que ocorrem quanto pelas conseqüências que produzem A maior parte do comportamento dos organismos não ocorre no vácuo mas em situações específicas na presença de determinados estímulos e não na presença de outros Chamamos os estímulos que fornecem ocasião para uma resposta e que sinalizam a presença do reforço de estímulos discriminativos SD e aqueles que sinalizam a extinção do com portamento de estímulos delta SA O controle que os estímulos que antecedem o comportamento exercem sobre ele está diretamente ligado à aprendizagem sobretudo de comportamentos complexos como leitura e escrita A discriminação de estímulos ou seja responder de forma diferente a estímulos diferentes é estabelecida por meio do treino discriminativo que consiste em reforçar um determinado comportamento na presença do SD e extin guilo na presença do SA Após o estabelecimento do controle do comportamento por um determinado estímulo aqueles semelhantes ao estímulo discriminativo í Segunda revisão do conteúdo podem passar a controlar o comportamento do organismo sem que novos trei nos discriminativos sejam realizados Esse fenômeno é conhecido como genera lização de estímulos operante Na generalização de estímulos quanto mais o estímulo apresentado for parecido com o estímulo discriminativo presente no treino discriminativo maior será o controle exercido por esse novo estímulo A variação da generalização do estímulo em função de sua semelhança com o estí mulo discriminativo presente na situação de aprendizagem é expressa em gradien tes de generalização O estabelecimento do controle discriminativo pode ser facilitado utilizandose uma técnica chamada esvanecimento fading que con siste na variação gradativa de características relevantes do estímulo discriminativo É oportuno dizer que quando falamos sobre operantes discriminados fazemos referência sempre às classes de respostas e classes de estímulos Quando di zemos que um comportamento foi reforçado na realidade estamos dizendo que uma classe de respostas um conjunto de respostas que produzem uma mesma conseqüência foi reforçada Da mesma forma afirmar que um comportamento está sob o controle de um estímulo equivale a definir que esse comportamento está sob o controle de uma classe de estímulos Essas classes de estímulos podem ser definidas por características físicas dos estímulos bem como por sua função Ao inserirmos o estímulo discriminativo como variável importante no controle e na previsão do comportamento a unidade de análise do comportamento ope rante passa a ser a contingência tríplice O R C que expressa relações regulares entre o organismo e seu ambiente estímulos antecedentes resposta e estímulo conseqüente Encadeamento de respostas e reforço condicionado Nem sempre os comportamentos produzem diretamente a conseqüência refor çadora incondicionada Um indivíduo por exemplo privado de alimento emite uma série de comportamentos até estar sentado em um restaurante diante de um suculento filé Nesse caso há referência a um encadeamento de respostas ou cadeia comportamental Uma cadeia de respostas consiste em uma se qüência cadeia de respostas cujo elo final é o evento reforçador incondicionado Para otimizar a aprendizagem de uma cadeia comportamental ela deve ser estabelecida de trás para frente ou seja da última para a primeira resposta emitida A razão disso está no duplo papel adquirido pelos estímulos discrimi nativos componentes da cadeia Quando a conseqüência de um dado comporta mento consiste na produção de um estímulo discriminativo para um comporta mento seguinte o estímulo discriminativo adquire uma segunda função a de estímulo reforçador condicionado Estímulos reforçadores condicionados são muito importantes para a compreensão dos processos de aprendizagem De fato boa parte do repertório comportamental dos organismos é mantida por reforço condicionado sobretudo estímulos reforçadores condicionados generali zados como dinheiro e atenção que não dependem de privações específicas para terem efeito reforçador sobre o comportamento Moreira Medeiros 139 Possível estimulo discriminativo Resposta Provável reforço Telefone tocando Atender ao telefone Falar com quem ligou Carta endereçada a você Abrir a carta Ler a carta Um tijolo caindo sobre um pedreiro agradeamento do pedreiro Gritar Cuidado 0 tijolo não acertar o pedreiro Dor de cabeça Tomar uma aspirina Redução da dor de cabeça Ansiedade Ingerir bebidas alcoólicas Redução da ansiedade Pensar sobre uma tarefa que você precisa fazer Fazer a tarefa Tarefa feita parar de pensar na tarefa 0 garçom pergunta Do que você gostaria Um sanduíche Receber o sanduíche Presença da mãe Chocolate Receber o chocolate Botões em um painel de elevador Apertar o botão 6 Chegar ao piso 6 0 pai segura uma bola e diz bola 0 filho diz bola Pai diz Isso mesmo bola 0 relógio marca 10h 45min Sair para um compromisso às 11h Chegar em tempo no compromisso 0 rosto de João Oi João João dizer Oi Semáforo na cor vermelha Parar no sinal vermelho em um cruzamento Evitar multa Batidas na porta Abrir a porta Receber alguém evitar o bater a porta Não conseguir achar um endereço Perguntar a um pedestre Achar o endereço Esquemas de reforçamento Capítulo 7 Um outro aspecto importante sobre os processos básicos de aprendizagem apre sentados neste livro diz respeito não à conseqüência em si do comportamento mas à forma esquema como ela é apresentada Falamos em esquemas de reforçamento Existem cinco tipos principais de esquemas de reforçamento um contínuo CRF e quatro intermitentes razão fixa razão variável intervalo fixo e intervalo variável Cada tipo de esquema de reforçamento produz efeitos característicos sobre o comportamento Os esquemas de reforçamento são respon sáveis entre outras coisas pela aprendizagem de algumas características que admiramos por exemplo perseverança alta motivação persistência etc e ou tras que olhamos em certas circunstâncias com repreensão nas pessoas por exemplo insistência teimosia baixa motivação preguiça procrastinação etc Esquemas intermitentes variáveis razão variável e intervalo variável fazem com que o indivíduo aprenda a se comportar de tal forma que poderíamos qua lificálo como persistente perseverante ou mesmo teimoso Em outras pala vras seus comportamentos apresentam alta resistência à extinção ou seja se o reforço para determinado comportamento deixar de ocorrer indivíduos cujos comportamentos têm alta resistência à extinção permanecerão por mais tempo emitindoos Pense um pouco sobre quando você chama alguém de perseverante ou de teimoso Você perceberá que chamamos alguém de perseverante quando ele está emitindo um comportamento que não está produzindo conseqüências reforça doras por exemplos aquele colega que estuda bastante e só tira notas ruins mas nem por isso pára de estudar pelo menos por um tempo considerável Chamamos alguém de teimoso também quando permanece por muito tempo emitindo comportamentos que à primeira vista parecem não estar sendo reforça dos Chamamos de perseverante se consideramos o comportamento bom ou adequado p ex estudar e de teimoso ou chato quando consideramos o com portamento ruim ou inadequado p ex oa namoradoa que não pára de ligar depois que dizemos que não queremos mais nada com elea O esquema de reforçamento contínuo CRF é adequado para a instalação e para fortalecimento de comportamentos operantes ao passo que esquemas inter mitentes são adequados para a manutenção desses comportamentos visto que é necessário reforçálos menos vezes e que na maioria das vezes não queremos que as pessoas somente com poucos fracassos parem de emitir determinados comportamentos Esquemas de intervalo fixo podem fazer com que os indivíduos aprendam a se comportar de uma forma tal que os chamamos de preguiçosos Alguns traços da personalidade de cada indivíduo como frustrarse facilmente ou empenharse em tarefas árduas são aprendidos em função de sua história de reforçamento ou seja dos esquemas de reforçamento que mantiveram ou man têm seus comportamentos ao longo de sua vida Esquemas variáveis razão ou intervalo sobretudo esquemas de razão são excelentes quando queremos altas taxas de respostas com poucos reforços por exemplo se quero que alguém traba lhe muito e não tenho muito dinheiro para pagar é melhor que eu pague reforce em esquema de razão variável é claro que não podemos esquecer as questões éticas quando empregamos técnicas comportamentais elas são poderosas e de vem ser utilizadas para melhorar a qualidade de vida das pessoas e não para piorála Existem ainda dois tipos de esquemas em que não existe a relação de contin gência tempo fixo FT e tempo variável VT Isto é o reforço é liberado inde pendentemente de uma resposta específica ou melhor a resposta não produz a conseqüência Tratase de dois esquemas exclusivamente temporais ou seja o reforço é apresentado periodicamente sem a necessidade da emissão de uma resposta Tais esquemas são responsáveis pela aprendizagem daqueles comportamentos que chamamos de supersticiosos Alguns esquemas foram desenvolvidos para controlar quão rápido devem ser as respostas do organismo Differential reinforcement of low rates DRL e Diffe rential reinforcement of high rates DRH Estes esquemas utilizam o reforçamento Ufmrfofrnr fl 4 Jfifitfiffeiril Moreaa ec Meoroo diferencial no qual não se trata de uma resposta específica selecionada e sim a velocidade taxa com que esta é emitida ou seja nesses esquemas o responder rápido DRH ou o responder lento DRL é reforçado Outro esquema estudado foi o reforço diferencial de outros comportamentos DRO Esse é um bom esquema para se reduzir a freqüência de comportamentos difíceis de se colocar em extinção No DRO podemos reforçar outros comporta mentos ou simplesmente a nãoocorrência do comportamentoalvo Vimos também os chamados esquemas compostos Um deles é o esquema múltiplo Nesse esquema composto ocorre a alternância de mais de um esquema de reforçamento Cada um dos esquemas permanece em vigor por um período de tempo por um número de respostas ou por um número de reforçadores obti dos Além disso cada um dos esquemas é sinalizado por um estímulo diferente mas a resposta requerida é sempre a mesma Os esquemas múltiplos são utilizados principalmente para estudar o controle de estímulos antecedentes sobre o com portamento operante Outro tipo de esquema composto é o encadeado Os esquemas encadeados foram desenvolvidos para estudar cadeias comportamentais A maioria dos nossos comportamentos está imersa em longas cadeias de respostas O ponto crucial nas cadeias de respostas é que o reforço de um comportamento é o estímulo que sinaliza o seguinte comportamento Nos esquemas encadeados da mesma forma a ocorrência de um reforço sinaliza a passagem para o próximo esquema é o SD Por fim vimos os esquemas concorrentes Esquemas concorrentes são com certeza os mais presentes e importantes em nossa vida Falamos em esquemas concorrentes quando temos duas ou mais fontes de reforço disponíveis ao mesmo tempo por exemplo ir à escola ou ficar em casa vendo TV jogar futebol ou ir ao cinema no domingo à tarde ou no caso do rato pressionar a barra da esquerda produz água em esquema VI 10 emquanto pressionar a barra da direita produz água em esquema VI20 Ao estudarmos os esquemas concorrentes conhecemos A Lei da Igualação que aborda como os organismos distribuem seus comportamentos em situações onde há escolhas para se fazer Seu pressuposto básico é o de que há uma relação de igualação entre o comportamento e vários parâmetros do reforço por exemplo a quantidade de reforço produzido por uma ocorrência da resposta a qualidade do reforço o atraso do reforço quanto tempo demora para o reforço ser apresen tado após a resposta ser emitida e o esquema de reforçamento em vigor para determinado comportamento Psicologia e aprendizagem Não há muito consenso entre os psicólogos sobre o que vem a ser aprendizagem No entanto poderíamos definir genericamente aprender como relacionarse de novas formas com o mundo que nos cerca e com nós mesmos Definindo assim talvez consigamos expressar de uma forma relativamente adequada a importância da aprendizagem na compreensão do indivíduo em interação com seu ambiente De fato considerando tudo o que vimos nesta disciplina é legítimo afirmar que os indivíduos aprendem a andar falar ler escrever nomear pensar sentir e produ zir emoções a ter persistência ou frustrarse com facilidade a relacionarse com as pessoas a serem tímidos ou extrovertidos preguiçosos ou trabalhadores entre uma infinidade de outras coisas Enfim nascemos com alguma preparação para nos relacionarmos com o mundo à nossa volta mas é ao longo de nossa vida que aprendemos a ser quem somos Aprendemos tanto comportamentos adequados socialmente aceitos como inadequados socialmente rejeitados aprendemos comportamentos que facilitam nossa interação com o mundo bem como compor tamentos que a dificultam Nesse sentido tomase crucial ao psicólogo não só aquele que atuará na área da educação mas ao clínico ou a qualquer outro psicó logo de qualquer área entender como os indivíduos aprendem e sobretudo dominar técnicas efetivas de intervenção que possam alterar esse processo chamado aprendizagem ajudando os indivíduos que procuram tais profissionais a aprender ou reaprender a lidar de forma mais adequada com mundo que os cerca e consigo mesmos Aprofundamos até então bastante como os indivíduos aprendem Mas como o próprio nome do livro estabelece você conheceu princípios básicos de aprendi zagem ou seja o que há de mais simples na aprendizagem dos organismos Esses processos são a base para a compreensão de formas mais complexas de aprendizagem que você conhecerá oportunamente Entretanto não se deixe enga nar pelo termo princípios básicos Os tópicos vistos já lhe tornam capaz de intervir de forma efetiva em alguns aspectos da aprendizagem dos indivíduos promoven do mudanças em seus comportamentos se necessário Principais conceitos revistos Controle de estímulos o papel do contexto Capítulo 6 Operante discriminado Controle de estímulos Estímulo discriminativo SD Estímulo delta SD Discriminação de estímulos Treino discriminativo Generalização de estímulos Gradiente de generalização Classe de respostas Classe de estímulos Procedimento versus Processo Contingência tríplice Encadeamento Reforço condicionado Estímulo reforçador condicionado Estímulo reforçador condicionado simples Moreira Medeiros Estímulo reforçador condicionado generalizado Cadeia de respostas Cadeia comportamental Esquemas de reforçamento Capítulo 7 Esquema de reforçamento Esquema de reforçamento contínuo CRF Esquema intermitente Esquema de razão Esquema de intervalo Razão fixa FR Razão variável VR Intervalo fixo FI Intervalo variável VI Tempo Fixo FT Tempo Variável VT Differential reinforcement oflow rates DRL Differential reinforcement of high rates DRH Esquemas compostos Esquemas múltiplos Esquemas encadeados Esquemas concorrentes Lei da Igualação Se quisermos entender a conduta de qualquer pessoa mesmo a nossa própria a primei ra pergunta a fazer é O que ela fez o que significa dizer identificar o com portam en to A segunda pergunta é O que aconteceu então o que significa dizer identificar as conseqüências do comportamento Certamente mais do que conseqüências determ i nam nossa conduta m as as primeiras perguntas freqüentem ente hão de nos dar uma explicação prática Se quisermos m udar o comportamento m udar a contingência de reforçamento a relação entre o ato e a conseqüência pode ser a chave Muitas vezes gostaríamos de ver algumas pessoas em particular m udar para m e lhor mas nem sempre temos controle sobre as conseqüências que são responsáveis por sua conduta Se o temos podemos m udar as conseqüências e ver se a conduta também muda Ou podemos prover as mesmas conseqüências para a conduta desejável e ver se a nova substitui a antiga Esta é a essência da análise de contingências identificar o comportamento e as conseqüências alterar as conseqüências ver se o comportamento muda Análise de contingências é um procedimento ativo não um a especulação intelectual E um tipo de experimentação que acontece não apenas no laboratório mas tam bém no m undo cotidiano Analistas do comportamento eficientes estão sempre experimentando sem pre analisando contingências transform andoas e testando suas análises observando se o comportamento crítico mudou se a análise for correta m udanças nas contingên cias mudarão a conduta se for incorreta a ausência de m udança comportamental dem andará um a abordagem diferente Sidman 1995 p 104105 O trecho acima expressa com maestria a essência da análise do comportamento identificar relações funcionais entre os comportamentos dos indivíduos e sua conseqüências Chamamos esse tipo identificação de relações de Análise Funcio nal ou como colocado por Sidman de análise de contingências Apesar da precisão dos conceitos discutidos até o momento neste livro para descrever o comportamento e seus determinantes caso não demonstremos sua aplicabilidade na compreensão do comportamento eles serão de pouca valia Uma reclamação muito comum dos alunos de Análise Experimental do Compor tamento é o questionamento Muito bonito mas para que isso serve Sem dúvida acreditamos ser essa a forma mais útil de se descrever o comportamento caso contrário não teríamos escrito este livro Portanto este é o momento de A análise funcional aplicação dos conceitos apresentar a aplicabilidade dos princípios da análise do comportamento para lidar com ele em seu estado natural Análise funcional do comportamento Os eixos fundamentais de uma análise funcional são os paradigmas respondente e principalmente o operante A análise funcional nada mais é do que a busca dos determinantes da ocorrência do comportamento Sob uma perspectiva beha viorista radical esses determinantes estão na interação do organismo com o meio Skinner defende a existência de três níveis de causalidade do comporta mento que em maior ou menor medida estarão sempre atuando em confluência na ocorrência ou não de uma resposta de um comportamento São eles a Filo gênese a nossa interação com o meio advém da evolução de nossa espécie Nossas características fisiológicas e alguns traços comportamentais comporta mentos reflexos e padrões fixos de ação são determinados pela filogênese Nes se sentido certos comportamentos podem ser aprendidos por humanos outros não como respirar embaixo dágua por exemplo Além disso determinantes filogenéticos podem se dar no indivíduo e não apenas na espécie Pessoas altas podem aprender certos comportamentos que pessoas baixas provavelmente não aprenderiam como enterrar uma bola de basquete na cesta ou mesmo o contrá rio dificilmente alguém de 190 m conseguiria aprender o duplo mortal carpado da Dayane dos Santos b Ontogênese individual esse nível de análise aborda a modificação do comportamento pela interação direta com o meio durante a vida do organismo Em outras palavras tratase da aprendizagem por experiên cias individuais com o meio Na realidade Skinner defende que esse seria o nível de análise ao qual a psicologia deveria concentrar os seus esforços uma vez que são os determinantes do comportamento mais relacionados à subjetivida de e à individualidade de cada ser Ao observarmos os campos de atuação do psicólogo veremos que eles estão constantemente manipulando os determinantes ontogenéticos do comportamento Na ontogênese o comportamento é modificado pelas suas conseqüências ou seja dependendo da conseqüência de uma resposta essa tende ou não a se repetir c Ontogênese Sociocultural por fim o nosso comportamento será determinado por variáveis grupais como moda estilo de vida preconceitos valores etc Nosso contato com a cultura estabelecerá a função reforçadora ou aversiva da maioria dos eventos Além disso podemos aprender pela observação de modelos ou por instruções o que compreende a aprendizagem social responsável pela emissão de grande parte dos comportamentos humanos Segundo Skinner se realmente insistirmos em utilizar a palavra causa em psicologia devemos levar em consideração os três níveis de análise do comporta mento Mas um ponto que deve ficar claro na abordagem comportamental radical da determinação do comportamento é a sua ênfase na relação de troca do organis mo com o ambiente Skinner negou com veemência a atribuição de causa do comportamento aos eventos mentais hipotéticos como traços de personalidade emoções vontade desejo impulso etc esses dizem respeito aos comportamen tos e devem ser explicados em seu próprio direito e não serem colocados como Moreira Medeiros causas de outros comportamentos Portanto se quisermos explicar predizer e controlar o comportamento precisamos analisálo funcionalmente buscando no ambiente externo e interno os seus determinantes Analisar o comportamento funcionalmente referese a uma busca da função do comportamento e não de sua estrutura ou forma isto é topografia Compor tamentos de mesma topografia podem ter funções muito distintas Por exemplo um namorado dizer eu te amo pode ser determinado por diferentes variáveis no início e no final do namoro Em geral no início do namoro ele pode dizer eu te amo sob controle discriminativo de seus estados internos e de quanto a presen ça da namorada é reforçadora Por outro lado com o desgaste da relação a presen ça da namorada não é mais tão reforçadora assim nem é acompanhada dos estados internos citados Entretanto caso o namorado pare de dizer que a ama ela começará a chorar brigar fazer chantagem emocional etc eventos que certa mente são aversivos para o namorado Ele nesse caso pode dizer que a ama não sob controle dos estímulos antecedentes mas sob controle das conseqüências aversivas com as quais entrará em contato caso não diga o que sua namorada quer ouvir Sendo assim o dizer que ama passa a ser controlado pela conseqüên cia reforçadora negativa mesmo tendo a mesma topografia da resposta anterior mente analisada Ainda temos o caso do namorado que diz que ama como forma de apressar o ingresso na vida sexual do casal Em resumo temos a emissão de uma mesma topografia de resposta com funções bem distintas Ainda temos os casos das respostas que possuem topografias bem distintas mas que apresentam funções semelhantes Um exemplo muito interessante é observado quando namorados emitem as respostas não quero mais namorá la e Eu te amo te adoro não quero te perder mas por favor mude o seu jeito comigo porque eu não agüento mais Essas respostas em topografia são bem diferentes Uma parece demonstrar que o namorado não gosta mais de sua namo rada enquanto a segunda expressa justamente o contrário Entretanto tais res postas podem possuir a mesma função ambas são mantidas pela mudança no comportamento da namorada Com efeito é muito comum observarmos namora dos que ao estarem insatisfeitos com sua relação não possuem repertório para discutila com a parceira Nesse caso emitem a resposta verbal não quero mais namorar você quando na realidade serão reforçados pela mudança no com portamento da namorada e não com o término do namoro conforme especifi cado pela topografia de sua resposta Em geral são reforçados pelo menos por algum tempo Isto é a namorada para não perdêlo começa a agir de forma que o agrade entretanto com o tempo é provável que os padrões comportamentais que incomodam o namorado retornem nesse exemplos é óbvio que as análises feitas para o namorado valem também para a namorada Chamamos de asser tivos os namorados que conseguem emitir a segunda resposta verbal nessas mes mas circunstâncias Ou seja se o reforço é a mudança o ideal é o namorado emitir uma resposta que especifique a mudança como reforço Em suma temos respostas verbais de topografias distintas que possuem a mesma função ou seja são determinadas pelas mesmas variáveis Com esses exemplos hipotéticos tentamos demonstrar que uma análise do comportamento deve ser funcional e não topográfica Não encontraremos na 148 A análise funcional aplicação dos conceitos estrutura do comportamento na sua forma e sim em sua função seus determi nantes E é exatamente isso que faz uma análise funcional buscar relações fun cionais entre o comportamento e o ambiente buscar as funções do comporta mento A interação funcional do comportamento com o seu ambiente será descrita em conformidade com os paradigmas respondente e operante São eles Parrôma rrspnndmtr Exemplo S R S R o cisco elicia o lacrimejar onde o S simboliza o estímulo o R a resposta e a seta significa a relação de eliciação entre o estímulo e a resposta Em outras palavras o estímulo S elicia a resposta R Podemos exemplificar esse paradigma com o cisco no olho sendo o estímulo S que elicia a resposta R de lacrimejar Estudar a relação entre um cisco no olho e lacrimejar talvez não seja muito de seu interesse mas provavelmente estudar os aspectos emocionais do compor tamento humano é Compreender os comportamentos respondentes e saber identificálos é fundamental para o psicólogo entender como funcionam as emoções e os sentimentos Para relembrar como reflexos ou comportamentos respondentes estão relacionados às emoções releia os Capítulos 1 e 2 O segundo paradigma comportamental e o principal que deve ser considerado em uma análise comportamental é o paradigma operante cujo principal ponto referese ao papel que as conseqüências desempenham na aprendizagem e na manutenção do comportamento opcwntó xeatp àg SA R Sc SA R s vitória do serve de pedir o carro produz empréstimo Flamengo ocasião para emprestado do carro onde o SA simboliza a ocasião em que a resposta R ocorre Sc simboliza o estímulo conseqüente à resposta o travessão significa serve de ocasião e a seta significa produz Portanto essa relação de contingência pode ser formulada por extenso da seguinte forma uma resposta R produzirá um determinado estímulo conseqüente Sc na presença da ocasião SA Por exemplo a resposta de pedir o carro emprestado para o pai flamenguista será reforçada com o empréstimo do carro na presença da vitória do Flamengo É importante notar que no comportamento respondente o principal deter minante do comportamento é o estímulo antecedente isto é o que vem antes da resposta enquanto no comportamento operante o principal determinante é o 149 estímulo conseqüente ou seja aquele produzido pela resposta A função do estímulo anteceden te no comportamento operante advém da sua relação com a con seqüência sinalizando para o or ganismo que se comporta a dis ponibilidade ou não da conse qüência A tarefa em uma análise fun cional consiste basicamente em encaixar o comportamento em um dos paradigmas e encontrar os seus determinantes Uma vez que encontremos os determi nantes do comportamento po demos predizêlo prever a sua ocorrência e controlálo au mentar ou diminuir deliberadamente sua probabilidade de ocorrência Esse é o objetivo da psicologia encarada como ciência do comportamento ou mesmo Aná lise do Comportamento Entretanto para que consigamos analisar funcionalmente o comportamento precisaremos dominar outros princípios comportamentais discutidos neste livro como privação e saciação esquemas de reforçamento generalização abstração controle aversivo etc e conceitos que não são abordados como controle por regras aprendizagem por observação de modelos metacontingências comporta mento verbal etc Outro ponto fundamental a se destacar é o de que a apresentação separada dos paradigmas operante e respondente é apenas didática Uma análise mais compreensiva do comportamento revelará que ambos estão em constante inte ração e precisamos descrever como se dá essa interação se quisermos lidar com o comportamento de uma forma mais abrangente Por fim uma discussão que não pode ficar de fora de uma análise funcional gira em torno da relevância de se incluir a história de reforçamento Diversos autores em análise do comportamento defendem a irrelevância de se abordar a história de reforçamento ao se conduzir uma análise funcional uma vez que para um comportamento estar ocorrendo é necessário que existam contingências atuais que o mantenham Seria possível identificar a contingência atual e modi ficála sem fazer menção à história de estabelecimento desse comportamento Entretanto outros autores defendem a relevância de se abordar a história de reforçamento Em primeiro lugar a história de estabelecimento do comportamen to pode nos fornecer dicas de quais contingências atuais são responsáveis por sua manutenção Além disso temos casos em que apenas as contingências atuais não são capazes de explicar um padrão comportamental em uma análise mais ampla Um exemplo clássico disso envolve o subproduto da punição chamado de respostas incompatíveis As respostas incompatíveis são negativamente refor r fl Controlar comportamento quer dizer apenas tor nar sua ocorrência mais ou menos provável Não significa necessariamente obrigar alguém a fazer algo contra sua vontade Quando você faz uma pergunta está controlando comportamen to quando pára diante de um cruzamento seu comportamento está sendo controlado O tempo todo estamos controlando o comportamento dos outros e os outros estão controlando o nosso A Análise do Comportamento busca simplesmente entender melhor como funcionam essas relações de controle relações funcionais lg f j 150 A análise funcional aplicação dos conceitos çadas por evitar que um comportamento anteriormente punido seja emitido Esse tipo de comportamento claramente determinado por contingências prévias impede o contato com as contingências atuais e por conseguinte impede que elas exerçam o controle sobre o comportamento Por exemplo um rapaz que apaga os números de telefones de mulheres que conheceu em danceterias pode estar emitindo uma resposta incompatível Diga mos que ao namorar uma mulher que conheceu em uma danceteria ele fora traído e sofrera muito Desde então ele pode até trocar telefone com as mulhe res que conhece em tais lugares mas apaga os números depois como forma de impedir que uma relação se estabeleça De fato apagar os números de telefone é uma resposta incompatível ao impedir que um comportamento punido no passado ocorra Entretanto muitas dessas mulheres talvez não o traíssem em uma relação estável Em outras palavras as contingências atuais de namorar algumas dessas mulheres seriam de reforço e não de punição mas não exercem controle sobre o comportamento pois a história de punição estabeleceu a resposta incompatível de apagar o número dos telefones que é incompatível à exposição às contingências atuais Como visto em capítulos anteriores o comportamento pode pro k duzir vários tipos de conseqüências diferentes Vimos que os diferen I tes tipos de conseqüências produzem diferentes efeitos no comporta I I mento Tabela 91 M Em tais relações comportamentoconseqüência está a explica ção de por que os organismos fazem o que fazem e de como aprende ram a fazêlo Portanto é crucial para o psicólogo conhecêlas e saber identificálas pois só assim caso necessário saberá desfazêlas A fim de identificar as relações o psicólogo faz o que chamamos de análise funcional que nada mais é do que a identificação das relações entre o indivíduo e seu mundo ou seja é observar um comportamento e saber que tipo de conseqüência ele produz reforço positivo punição negativa etc Para iden tificar estas relações você deve seguir os seguintes passos A conseqüência do comportamento aumentou ou diminuiu sua freqüência 1 Caso tenha aumentado então verificase se a Um estímulo foi acrescentado ou retirado do ambiente Se foi acrescentado a conseqüência é um reforço positivo Se foi retirado a conseqüência é um reforço negativo a O estímulo estava presente ou ausente no momento em que o comportamento foi emitido i Se estava presente tratase de um comportamento de fuga ii Se estava ausente tratase de um comportamento de esquiva 2 Se diminuiu verificase se O comportamento parou de produzir uma conseqüência reforça dora Moreira Medeiros 151 Reforço positivo Reforço negativo Punição positiva Punição negativa Extinção ausência do reforço Recuperação ausência da punição Tipo da conseqüência Aumenta a freqüência Aumenta a freqüência Diminui a freqüência Diminui a freqüência Diminui a freqüência Aumenta a freqüência Efeito no comportamento Apresentação de um estímulo Retirada ou evitação de um estímulo Apresentação de um estímulo Retirada de um estímulo Suspensão do reforço Suspensão da punição Tipo da operação Se sim houve extinção operante Se não houve uma punição a Um estímulo foi acrescentado ou retirado do ambiente i Se foi acrescentado tratase de uma punição positiva ii Se foi retirado tratase de uma punição negativa Análise funcional de um desempenho em laboratório No Capítulo 4 sobre o controle aversivo vimos um exemplo muito interessante de contracontrole emitido por um rato Nesse experimento um animal previa mente modelado a receber comida ao pressionar uma barra passa a receber cho ques contingentes a esse mesmo comportamento O aspecto curioso desse proce dimento é o de que o alimento permanece sendo disponibilizado com a resposta de pressão à barra mesmo com a liberação do choque Temos aí uma situação curiosa de conflito Ou seja a resposta de pressão à barra possui duas conseqüên cias uma reforçadora positiva apresentação do alimento e outra punitiva posi tiva apresentação do choque O aspecto curioso nessa situação resulta no seu valor heurístico isto é nos deparamos com diversas contingências conflitantes no nosso cotidiano Como acender um cigarro por exemplo entramos em contato com o efeito reforçador da droga ao fumar reforçador para quem fuma é claro Entretan to diversos outros estímulos aversivos são contingentes a esse comportamento como bem advertem os dizeres dos maços de ci garro no Brasil sem contar a namorada que deixa de beijálo ao vêlo fumar O esperado nessa situação experimental seria o animal conti nuar pressionando a barra comendo e recebendo choque caso sua intensidade fosse menor que o valor reforçador do alimento ou o animal parar de pressionar a barra caso a intensidade do O 0 valor reforçador do alimento dependerá da privação do animal quanto maior a privação maior o valor reforçador do alimento e do fato de ele comer ou não fora da sessão experimental sistema de economia aberta ou de a co mida que obtém advir apenas da sessão experimental sistema de economia fechada Obviamente rro segundo caso a comida con tingente à resposta de pressão à barra terá maior valor reforçador A anâSce ftmdcml apBcao do conceitos choque fosse maior que o valor reforçador do alimento Entretanto podemos observar que alguns animais desenvolvem um padrão comportamental comple xo Eles deitam de costa na grade que compõe o chão da caixa colocam a cabeça no comedouro e pressionam a barra com o rabo Procedendo dessa forma os nossos sujeitos se mantêm obtendo o alimento com a resposta de pressão à barra e ao mesmo tempo evitam o choque uma vez que seus pêlos são um excelente isolante elétrico Nesse exemplo temos alguns comportamentos a serem considerados 1 a resposta de pressão à barra 2 as repostas emocionais na presença do choque 3 as respostas emocionais na presença da barra pressionada 4 o deitar de costas no chão da caixa A resposta de pressão à barra Conforme descrito a resposta de pressão à barra pertencerá a duas contingências operantes uma de reforço positivo e uma de punição positiva Reforço positivo Se levarmos em conta a modelagem prévia e apenas essa contingência pode mos prever sem dificuldades que a reposta de pressão à barra será provável caso o animal esteja privado de alimento Entretanto essa mesma resposta perten ce a uma outra contingência Punição positiva Estímulo aversivo condicionado De acordo com essa contingência a resposta de pressão à barra se torna pouco provável Temos portanto uma resposta que pertence a duas contingências uma que aumenta a sua probabilidade de ocorrência e outra que a diminui Essas contingências conflitantes alterarão a probabilidade da resposta de pres são à barra entretanto podem fazer com que a resposta de contracontrole seja emitida h M fittn U in A t TiiífriiÜnifrrui v v JW pUgg CKlTBTICtiiJB As repostas emocionais na presença do choque Obviamente o choque será um estímulo incondicionado US que eliciará uma série de repostas fisiológicas incondicionadas UR como contrações musculares palpitações e taquicardia O ponto interessante desse comportamento reflexo para a análise é o de que ocorrerá o condicionamento de um novo reflexo pelo emparelhamento de um estímulo neutro a esse reflexo incondicionado US UR choque elida contração muscular taquicardia palpitações As respostas emocionais na presença da barra pressionada Como o estar pressionado a barra precede a apresentação do choque observare mos o condicionamento de um novo reflexo Estar com a pata na barra é um estímulo neutro NS o qual será emparelhado ao choque que é um estímulo incondicionado Após alguns emparelhamentos isto é o animal insistir em pres sionar a barra tomando choque estar com a pata na barra passará também a eliciar respostas fisiológicas semelhantes às observadas na presença do choque Nesse caso serão chamadas de respostas condicionadas CR que serão eliciadas por estar com a pata na barra que é um estímulo condicionado CS A despeito de toda a discussão conceituai envolvida tradicionalmente em psicologia deno minase essas repostas condicionadas de respostas de ansiedade NS estar pressionando a barra US UR choque elicia contração muscular taquicardia palpitações Note Que a csfltraçlo mascular foi omitida De faía não existem reftttoniRSOtoojmdi donaraeme spastes mascu iates A análise funcional aplicação dos conceitos Um ponto a se considerar aqui é que essas respostas de ansiedade são aversi vas ou seja podem punir positivamente ou reforçar negativamente um compor tamento Essa nova função aversiva condicionada pode fazer com que o animal emita respostas incompatíveis ao comportamento punido de pressionar a barra Portanto um outro efeito observado nesse tipo de estudo é o do animal que passa a sessão experimental recolhido ao canto da caixa oposto ao da barra Em outras palavras esse animal estaria emitindo uma resposta incompatível ao com portamento punido Além disso temos uma clara interação entre o comporta mento operante e o respondente Como estar com a pata na barra ou mesmo próximo a ela elicia respostas emocionais aversivas condicionadas o animal emi tirá uma resposta de esquiva mantendose no canto oposto da caixa É importante notar que a barra não era aversiva para esse animal no início do experimento muito pelo contrário Entretanto devido ao condicionamento respondente da barra com o choque ela adquiriu funções aversivas condicionadas podendo punir ou reforçar negativamente o comportamento operante O deitar de costas no chão da caixa Por fim analisaremos a resposta de contracontrole que é o pressionar a barra deitado de costas na grade obtendo o alimento e se esquivando do choque As contingências conflitantes são uma condição ideal para a observação da resposta de contracontrole nas quais o organismo continua obtendo reforços ao emitir uma resposta de punida anteriormente Devido à privação de alimento este ad quire uma forte função reforçadora que garante uma alta probabilidade de qual quer resposta que o produza Por outro lado o choque dependendo da sua in tensidade é mais do que suficiente para suprimir quaisquer comportamentos que o produzam Entretanto caso seja possível a emissão de uma segunda res posta a qual evita que a pressão à barra seja seguida do choque esta segunda resposta será certamente provável E exatamente o que ocorre nesse experimento a segunda resposta no caso deitar de costas na grade do chão da caixa passa a ocorrer sendo negativamente reforçada por evitar que a resposta de pressão à barra seja positivamente punida com o choque Podemos resumir as contingências descritas da seguinte maneira a resposta de contracontrole produz a quebra na contingência de punição positiva recupera ção fazendo com que apenas a contingência de reforço opere sobre o comporta mento Dessa forma é observado o aumento na freqüência de respostas já que não existem mais contingências conflitantes É importante lembrar que se além da punição da resposta de pressão à barra com o choque ela deixasse de produzir alimento também não observaríamos resposta de contracontrole pois não have ria contingências conflitantes Voltando ao experimento original temos novamente a eliciação de respostas emocionais Conforme analisado a própria emissão do comportamento punido se torna um estímulo condicionado que elicia respostas emocionais semelhantes às observadas quando a punição é apresentada Portanto ao emitir a resposta de contracontrole deitar de costas na grade e a resposta punida pressionar à barra o organismo tem respostas emocionais eliciadas Um exemplo claro disso Moreira Medeiros 155 é quando mentimos que é na maioria das vezes uma resposta de contracontrole É muito comum vermos a eliciação de respostas emocionais quando o comporta mento de mentir é emitido É justamente nesse princípio que se baseiam os detectores de mentiras utilizados pela polícia Na realidade os testes não detectam a mentira e sim as respostas emocionais eliciadas quando mentimos Uma vez que o comportamento de mentir foi punido no passado passa a eliciar respostas emocionais semelhantes às observadas no momento da punição Análise funcional de um caso clínico A análise funcional de um desempenho de laboratório é mais complexa do que parece à primeira vista Dediquemonos então a uma tarefa mais ousada utilizar os princípios da análise do comportamento para descrever o comportamento humano Mais especificamente será abor dado um caso clínico de promiscuidade masculina analisando funcio nalmente alguns dos comportamentos emitidos por um cliente em terapia Apresentamos a seguir um resumo do caso Marcos é um homem de 25 anos que trabalha em um tribunal e mora com os pais Marcos é formado em direito efaz uma especialização em sua área Faz musculação em uma academia três vezes por semana ejoga futebol aos sábados Veio à terapia queixando se estar em uma sinuca de bico Marcos namora Paula 24 anos há quatro anos Eles se conheceram na faculdade Relata que sua namorada é muito ciumenta possessiva e agressiva Além disso no último ano do namoro ela tem cobrado constantemente um compromisso mais sério isto é que se casem ou pelo que menos fiquem noivos Marcos relata não querer mais continuar com o relacionamento desejando escapar do casamento a qualquer custo Entretanto não consegue romper com Paula relatando as seguintes razões Não quero quebrar minha coerência Você sabe no início do namoro apaixona do a gente fala cada coisa que depois se arrepende Então eu falei que a amaria para sempre que ela era a mulher da minha vida que queria casar com ela etc Como é que agora de uma hora para outra viro e digo que não a amo mais e que quero terminar Além disso eu sei que não mas há vezes que eu penso que ela vai morrer ou fazer alguma besteira se eu terminar Ela é tão nervosa e tão dependente de mim que eu não sei não Marcos desde que começou a paquerar com 16 anos nunca ficara solteiro Sempre emendava um relacionamento em outro e em geral traia sua namorada do momento com a próxima namorada Os poucos amigos de Marcos estão todos comprometidos e ele não tem com quem sair caso fique sozinho Marcos se diz muito tímido para fazer amigos apesar de ter uma excelente fluência verbal e conseguir falar sobre diversos assuntos Marcos não parece ter problemas para conseguir parceiras uma vez que sempre manteve casos fora do relacionamento Entretanto relatou que desde criança se achou inferior aos outros Achavase feio sem graça muito magro cabeio ruim etc Toda situação de conquista o fazia se sentir melhor Relatava que se alguém queria ficar com ele então só aí ele sentia que tinha valor E de fato no início da adolescência suas investidas amorosas não foram bem Os nomes apresentados no re lato do caso sao fictícios sucedidas Apesar de não relatar sentir culpa pelas traições queria mais liberdade para viver esses casos Eu pegaria muito mais mulher se não estivesse encoleirado Algumas das mulheres que conheceu ao trair sua namorada eram muito interessantes e ele as perdeu por estar namorando Para conseguir manter sua infidelidade Marcos inventa todo c tipo de desculpa para sair sozinho Costuma deixar sua namorada em casa cedo para sair com outras mulheres depois É obsessivo com o celular nunca o deixa dando sopapara que Paula não comece a mexer no aparelho Além disso está sempre apagando as chamadas e as mensagens do celular Só leva suas amantes para locais onde não possa ser identificado por ninguém Marcos também relata que gostaria de passar mais tempo com seus amigos mas como Paula exige muito sua presença ele não consegue vêlos com a freqüência que gostaria Marcos relata que adora encontrar seus amigos e contar seus casos de infideli dade Seus amigos riem muito das suas histórias e chamamno de canalha calhorda garanhão pegador com mel etc Quando confrontado em relação às conseqüências em curto e em longo prazo de seus comportamentos Marcos começa a chorar dizendo que é um monstro mesmo Fica repetindo isso até que a terapeuta mude de assunto Já elogiou a aparência e as roupas da terapeuta algumas vezes puxando assuntos cotidianos com ela Em toda sessão leva um chocolate ou um doce para a terapeuta Além disso em uma sessão Marcos emitiu as seguintes falas Se minha namorada fosse como você assim uma mulher controlada decidida e compreensiva eu gostaria muito mais dela e Pô se eu encontrasse você num bar certamente eu ia dar uma cantada em você Marcos também fala de si mesmo em muitas sessões de forma sedutora olhares e expressões corporais como se estivesse se vangloriando das mulheres que conquista Marcos explica sua infidelidade dizendo que se sente um homem melhor ao trair Aprendeu a admirar homens assim Seu pai traia sua mãe com freqüência e contava seus casos para os filhos homens dizendo Eu sei que é errado mas homem é assim mesmo Se pintar uma gostosa você vai dar para trás Marcos e seus irmãos gargalha vam quando o pai contava essas histórias Marcos também fala com um sorriso maroto que trai porque sua namorada briga demais com ele é como se fosse uma forma de se vingar de sua agressividade Outra razão apontada por Marcos foi a de que precisava experimentar outras pessoas para testar o seu amor por Paula Só chifro para eu ver se é dela mesmo que eu gosto Apesar da conivência com o pai Marcos tem uma forte relação de afeto com a mãe que parece muito com a namorada do ponto de vista comportamental controladora possessiva e agressiva Relatou trocar amor por mãe e mãe por amor com muita freqüência Apresenta um padrão comportamental de submissão com a mãe e com a namorada sendo agressivo de tempos em tempos Iniciaremos nossa análise pela queixa trazida por Marcos Ele relata que não consegue terminar seu namoro apesar de ser o que gostaria de fazer Novamente nos deparamos com um comportamento em contato com contingências conflitantes Verificamos as conseqüências em curto e em longo prazo de terminar o namoro Em primeiro lugar apresentaremos as contingências que tornam esse compor tamento provável caso termine Marcos terá mais tempo livre para flertar e I m m para estar de fato com outras mulheres ou seja terá um contato maior com reforçadores aos quais têm pouco acesso por viver uma relação estável conversa com Paula novas parceiras Além disso com o término Marcos também terá mais tempo para passar com seus amigos entrando em contato com os diversos reforçadores envolvidos Outra conseqüência é a reforçadora negativa de se livrar do risco do casamento que segundo o relato é aversivo para ele Sem dúvida para Marcos o casamento representa o agravamento de todas as conseqüências aversivas de estar namoran do Paula Por fim temos outra conseqüência reforçadora negativa que é a retirada das brigas e reclamações de Paula Essas conseqüências reforçadoras positivas e negativas tornam o comporta mento de terminar mais provável Por outro lado esse comportamento tem fre qüência igual a zero Sendo assim temos de verificar as conseqüências punitivas que implicam nãoocorrência desse comportamento O fato de quebrar sua coerência e de ser cobrado por isso certamente dimi nuí a probabilidade de romper o namoro Como Marcos prometeu muitas coisas no início do namoro e o término implica não cumprilas presume que será 158 A análise funcional aplicação dos conceitos cobrado por elas Essa cobrança é um estímulo aversivo que diminui a probabi lidade de terminar R conversa i s terminar cobrança da com Paula coerência Além disso Marcos não pretende arcar com o ônus do sofrimento de Paula caso termine temendo até que ela faça alguma besteira Sendo assim ver o sofrimento de Paula é um estímulo aversivo que diminui a probabilidade de Marcos terminar o relacionamento S R SP conversa terminar gfkfZ sofrimento com Paula de Paula Um comentário nesse ponto deve ser incluído Temos contingências confli tantes especificamente para esse caso de punição Vamos analisálo de acordo com o paradigma de autocontrole de Rachlin Nesse caso terminar agora produ zirá conseqüências aversivas de magnitude moderada Por outro lado caso se adie o término a magnitude da conseqüência aversiva será muito maior uma vez que Paula terá investido muito mais tempo na relação sentindose no direito de cobrar muito mais de Marcos Além disso Mar cos terá vivido uma rela ção insatisfatória por muito mais tempo Temos aqui portanto um esque ma concorrente Em uma alternativa Marcos entra rá em contato com estí mulos aversivos de mag nitude moderada em cur to prazo Entretanto na outra alternativa a magnitude da conseqüência aversiva será muito maior mesmo demorando mais a vir Sendo assim Marcos escolhe terminar agora ou esperar mais para entrar em contrato com as conseqüências aversivas Rachlin chama a tendência de adiar o contato com as conseqüências aversivas mesmo sendo elas de maior magnitude de reposta de impulsividade enquanto que se Marcos terminar agora entrando em contato com os estímulos aversivos de menor mag nitude imediatamente estará de acordo com Rachlin emitindo uma resposta de autocontrole Alternativa 1 Terminar agora Atraso curto 1 1 M agnitude sofrimento moderado de Paula Alternativa 2 1 V is t i Mbibtigir 1 1 ünUlBáW Moreira Medeiros 159 Uma outra conseqüência aversiva de terminar o namoro é a perda dos refor çadores proporcionados por Paula Nesse caso teríamos uma punição negativa Apesar de esse não ser um aspecto enfatizado no relato essa hipótese é pertinente uma vez que Marcos nunca ficou sozinho Marcos sempre esteve namorado iniciando um relacionamento logo após o término do anterior Além disso seus amigos estão todos comprometidos e mesmo que Marcos tenha mais tempo para eles não necessariamente conseguirá encontrálos na freqüência desejada Portanto parece provável que Marcos não tenha repertório para ficar sozinho preferindo se manter em uma relação pouco reforçadora R f 7 SP conversa terminar protéz perda dos reforçadores com Paula proporcionados por Paula Essas contingências conflitantes nos ajudam a começar a explicar a infidelida de de Marcos Com sua resposta de infidelidade Marcos obtém parte dos refor çadores aos quais teria acesso caso estivesse solteiro isto é a companhia de outras mulheres Além de ter acesso a esses reforçadores Marcos mantém os reforçadores do seu namoro e evita as conseqüências aversivas de terminar R i f receptividade de respostas de ptoduz contato com outras mulheres infidelidade outras mulheres Mas ainda falta explicar por que ficar com outras mulheres é tão reforçador Comecemos pelas contingências atuais Ora seus amigos refor çam com atenção e admiração reforçadores condicionados gene ralizados as suas aventuras amorosas receptividade de outras mulheres R sí2fSsii respostas de infidelidade atenção e admiração dos amigos Além das contingências atuais podemos recorrer à história de reforçamento de Marcos a qual estabeleceu a função reforçadora condicionada de estar com mulheres Vários eventos contribuíram para esse quadro como sua privação na adolescência e o modelo de promiscuidade do pai Parece que a constatação de Marcos de que ele tem valor como pessoa ou como homem depende das suas aventuras com mulheres Uma única mulher não é suficiente para O Um ponto a se discutir aqui é que de acordo com o relato Mar cos é chamado de canalha e calhorda por seus amigos Es sas palavras em sua definição lite ral são consideradas críticas En tretanto essas têm um efeito re forçador sobre o comportamento de Marcos como se fosse bom ser chamado de canalha ou calhorda De fato para Marcos e seus ami gos ser chamado de canalha e calhorda representa reforço e não punição Tal constatação somente serve para ilustrar que devemos analisar a função dos estímulos e não sua estrutura A aaáse funcional aplkaçio du concciios Marcos discriminar o seu valor como homem Sendo assim ele se sente melhor sempre que fica com uma nova mulher Quanto mais mulheres Marcos ficar mais valor dará a si mesmo Sendo assim a admiração dos amigos e sua história de reforçamento estabelecem a função reforçadora de estar com outras mulhe res que ultrapassa a função reforçadora primária da estimulação sexual Podemos dizer que os principais reforçadores de estar com mulheres dependem de sua história de reforçamento com forte influência do terceiro nível de causalidade o sociocultural É importante notar que quando emitimos um comportamento que fora refor çado no passado a sua mera observação já é reforçadora Um exemplo banal disso ocorre quando resolvemos um problema difícil de matemática ou física Mesmo que não tenha ninguém para elogiar nosso feito ocorre um aumento na probabilidade de tentarmos resolver novos problemas meramente por observar mos que acertamos a questão Sendo assim Marcos não precisa estar constante mente contando para seus amigos as suas aventuras amorosas Ao observar que conseguiu ficar com uma mulher cobiçada por seus pares o seu comportamento de tentar novas conquistas aumenta de probabilidade Em outras palavras ficar com outras mulheres adquire funções reforçadoras condicionadas reforçando per si as respostas que produzem tais conseqüências Podemos utilizar a interação operanterespondente para compreender a função reforçadora condicionada de se observar ficando com mulheres Ficar com mulhe res era um estímulo neutro que foi emparelhado com os reforçadores apresenta dos pelos amigos Esses reforçadores são estímulos condicionados que eliciam respostas emocionais que costumamos cotidianamente chamar de satisfação alegria ou felicidade Como o relato de ficar com mulheres e conseqüentemente a observação desse comportamento precedem os reforçadores apresentados pelos amigos deparamonos com um emparelhamento de estímulos o qual resultará em um condicionamento de ordem superior Por fim meramente a observação de ficar com mulheres eliciará em Marcos respostas emocionais reforçadoras uma vez que ele se comportará para sentir tais emoções outra vez N S observação de ficar com mulheres C S 1 ordem C R 1 ordem inferior atenção e admiração elicia respostas emocionais de dos amigos satisfação alegria etc CS ordem superior CR ordem superior observação de ficar com mulheres elicia respostas emocionais de satisfação alegria etc Moreira Medeiros 161 Na interação com o operante sd vAíiv R SR e CS CR receptividade 1 respostas de t observação de respostas emocionais de de outras w infidelidade ficar com mulheres satisfação alegria etc mulheres E provável que nesse esquema a situação de flerte e a receptividade de outras mulheres também adquiram função eliciadora das respostas emocionais de satisfa ção Em outras palavras Marcos se comportará de forma a entrar em contato com situações de flerte Alguns homens e mulheres fiéis se comportam dessa maneira interagindo com outras pessoas para que as situações de flerte ocorram mesmo que a resposta de infidelidade não se concretize O comportamento dessas pessoas pode estar sendo reforçado pelos efeitos respondentes que as situações elidam Não é necessário dizer que Marcos não conta para sua namorada as suas respostas de infidelidade senão seria certamente punido Sendo assim as res postas de infidelidade participam também de contingências aversivas SD àV R SP receptividade de respostas de briga com Paula outras mulheres í infidelidade magoar Paula Jkfíà SP termino por parte de Paula Outra vez nos deparamos com contingências conflitantes ao mesmo tempo em que as respostas de infidelidade produzem reforçadores também geram pu nidores positivos e negativos Mais uma vez estamos diante da situação ideal para a ocorrência de repostas de contracontrole como mentir apagar chamadas e mensagens do celular ir para lugares discretos com as outras mulheres etc Ao respostas de contracontrole são negativamente reforçadas por evitar que as respostas de infidelidade produzam as conseqüências punitivas De forma similar ao ratinho que deita de costas no chão da caixa de Skinner Marcos emite uma série de repostas de contracontrole de forma a evitar que Paula descubra a sua infidelidade Como essas respostas evitam a punição das respostas de infidelidade é provável que Marcos continue emitindo as respostas de infidelidade uma vez que as contingências de reforço que mantêm esse com portamento ainda estão em vigor Marcos nas sessões de terapia apresenta um comportamento muito interes sante Ele começa a chorar quando confrontado até que a terapeuta mude de assunto O choro parece em sua topografia com comportamento respondente que nesse caso seria eliciado pelos temas que estariam discutindo no momento da terapia Entretanto nesse caso seria mais apropriado tratar esse choro como um comportamento operante Isto é o choro de Marcos é controlado pelas suas conseqüências e não apenas eliciado pelos estímulos antecedentes De fato os temas discutidos na terapia eliciam respostas emocionais mas as conseqüências reforçadoras negativas da mudança de assunto por parte do terapeuta também determinam a ocorrência da resposta de chorar O choro de Marcos portanto é uma resposta multicontrolada como as outras discutidas até aqui tendo sua probabilidade de ocorrência determinada por aspectos operantes e respondentes Sem dúvida se a terapeuta continuar a mudar de assunto toda vez que Marcos chorar esse comportamento de fuga irá se manter Uma alterna tiva útil seria o uso do reforçamento diferencial que consistiria em insistir no assunto mesmo com Marcos chorando extinção e mudar de assunto quando Marcos pedir diretamente reforço negativo Essa postura da terapeuta também fará com que a confrontação perca sua função eliciadora caso haja por um processo de extinção respondente Ao ser obrigado a se deparar com o estímulo que elicia as respostas emocionais como o choro o estímulo perderá sua função eliciadora condicionada Diante desse panorama relativamente complexo tentamos descrever as variá veis controladoras dos comportamentos mais relevantes apresentados por Marcos É evidente que o caso traz outros comportamentos que também poderiam ser abordados como as suas respostas de racionalização por exemplo Mas os com portamentos escolhidos foram úteis para se demonstrar a aplicabilidade dos prin cípios comportamentais Para tanto foi necessário utilizar vários conceitos estu dados como reforço punição estímulos discriminativos estímulos condiciona dos respostas condicionadas condicionamento de ordem superior extinção ope rante e respondente entre outros Skinner já dizia infelizmente para o psicólo go o comportamento é complexo Ou seja para explicar predizer e controlar o comportamento temos de lançar mão de todo conhecimento acumulado e sermos capazes de aplicálo às situações cotidianas como foi o caso de Marcos Uma última nota Neste capítulo apresentamos algumas noções acerca da análise funcional do comportamento e para que ela serve Foram dados dois exemplos para ilustrar como se procede a análise um exemplo de laboratório e um exemplo clínico Defendemos que a análise funcional é um instrumento essencial para se estu dar o comportamento com fins de produção de conhecimento e fins tecnológicos Uma vez que se identificam e descrevem as variáveis determinantes do comporta mento podemos enfim compreendêlo predizêlo e controlálo Para finalizar este capítulo gostaríamos de fazer uma ressalva mais uma so bre os termos predizer e controlar comportamento e determinantes do comportamento Predizer o comportamento Quando falamos em predição do comportamento referimonos apenas ao ato de conhecer um pouco melhor do que já conhecemos sobre em que circunstâncias Moreira Medeiros as pessoas fazem o que fazem pensam o que pensam ou sentem o que sentem Quando você por exemplo fica receoso em dizer algo a alguém por temer a reação de pessoa está fazendo predição do comportamento quando você sabe que uma determinada pessoa ficará embaraçada se tocar em determinado as sunto está fazendo predição do comportamento sempre que você arrisca um palpite sobre o que alguém irá fazerpensarsentir em determinada situação está fazendo predição de comportamento Nesse sentido o que a Análise do Comportamento como ciência do comportamento tenta fazer é buscar novos conhecimentos e novas técnicas que melhorem nossas predições de comporta mento ou seja que passemos a entender melhor sob quais circunstâncias as pessoas fazem ou pensam ou sentem aquilo que fazem ou pensam ou sentem Controlar o comportamento O leigo freqüentemente ao ouvir a expressão controlar comportamento associaa a obrigar alguém a fazer algo A forma como usamos o termo controle em Análise do Comportamento é muito mais ampla do que a forma como o leigo a usa Quando falamos em controlar comportamento o que se quer dizer é dispor as condições necessárias e suficientes para que o comportamento se torne provável de ocorrer O terapeuta ao fazer perguntas ao seu cliente está controlado o comportamento dele O cliente ao responder aos questionamentos do terapeuta está controlan do o comportamento do terapeuta Quando dizemos a alguém o quanto vai ser divertido ir a por exemplo um espetáculo estamos tentando controlar seu com portamento o comportamento de ir ao espetáculo Quando no laboratório apresentamos água ao rato quando ele pressiona a barra estamos controlando seu comportamento Quando o rato pressiona a barra novamente após termos dado água a ele está controlando nosso comportamento Quando dizemos preste atenção no que estou dizendo estamos controlando comportamento Quando fazemos pedidos ou quando atendemos aos pedidos que nos fazem estamos controlando comportamento A mãe ao atender as birras do filho está controlando o comportamento dele ou seja está tornando mais provável a sua ocorrência no futuro No contraponto quando a birra do filho cessa ao ter seu pedido atendido o filho está controlando o comportamento da mãe de atendêlo ou seja está tornado mais provável que a mãe emita esse comportamento no futuro pois foi reforçado negativamente por cessar a birra Sendo assim controlar comportamento não tem nenhum sentido pejora tivo e não se refere apenas à coerção Determinantes do comportamento Skinner assim como Freud acreditava que o comportamento não ocorre por acaso ou seja ambos acreditavam que existem fatores que determinam se um comportamento irá ou não ocorrer A diferença é que Freud mencionava um determinismo psíquico e Skinner mencionava um determinismo ambiental À anáUse funcional aplicação dos conceitos Quando falamos em determinantes do comportamento referimonos ao que leva as pessoas a emitirem certos comportamentos É verdade que a Análise do Comportamento estuda somente o comportamen to Sim é verdade só que para ela pensamento sentimento emoção raciocínio criatividade memória e tudo mais que é estudado na psicologia é comportamento Portanto em Análise do Comportamento estudase tudo que se estuda em qual quer área da psicologia nada que diz respeito à compreensão global do ser humano é deixado de fora Bibliografia consultada e sugestões de leitura Medeiros CA e Rocha GM 2004 Racionalização um breve diálogo entre a psicaná lise e a análise do com portam ento In Brandão MES org Sobre o comportamento e cognição v 13 p 2738 Santa André ESETEC Rachlin H 1974 Self control Behaviorism 2 94107 Sidman M 1995 Coerção e suas Implicações Tradução de Maria Amélia Andery e Tereza M aria Sério Campinas Editorial Psy Atividades de laboratório Os livros de psicologia das mais diversas áreas e abordagens apresentam uma infinidade de teorias sobre uma miríade de assuntos que dizem respeito ao ser humano e em alguns casos aos organismos vivos em geral Nos livros e nos manuais de psicologia é possivel encontrar deze nas de teorias sobre a aprendizagem muitas delas fornecendo explica ções diferentes para um mesmo fenômeno Por que tantas teorias sobre o mesmo assunto Todas elas estão certas e se completam Existem várias porque nenhuma de fato é correta ou completa Só há uma maneira de comprovar a veracidade de uma teoria su b e n te n d o a a o te ste e m p íric o ou seja verificando na prática e de preferência no laboratório onde podemos controlar melhor as situações que criamos para avaliar as teorias Neste capítulo abordaremos a descrição de várias atividades que podem ser desenvolvidas no laboratório com ratos albinos para o estudo do comportamento Teoria versus teste empírico um exemplo simples Há alguns séculos alguém fez a seguinte pergunta Se soltarmos dois objetos de pesos diferentes ao mesmo tempo de uma mesma altura em ambiente onde não haja atrito eles tocaram o solo ao mesmo tempo As opiniões dos cientistas da época se dividiram várias teorias foram criadas e muito se discutiu sobre o assunto Porém boa parte das teorias e as argumentações foi derrubada no momento em que o homem chegou à superfície da lua não há atrito no espaço e soltou de uma mesma altura e ao mesmo tempo uma pena e um martelo ambos tocaram o solo ao mesmo tempo Este é o momento mágico da ciência Nele todas as teorias se calam e os dados obtidos através da experimentação da prática falam mais alto É por este motivo que a ciência deve recorrer ao teste empírico e sempre que possível a uma situação controlada o laboratório É nesse sentido que dizemos que a psicologia deve ser científica O Entenda por empírico partir para a prática fazer algo Na realidade Galiieu já havia resolvido de forma empírica esse problema 0 exemplo é apenas uma ilustração 166 Atividades de laboratório Por que estudar o comportamento de animais em um curso de psicologia Continuidade biológica e comportamental Médicos e farmacêuticos ao formularem um novo medicamento não os testam diretamente em seres humanos mas em animais como ratos e macacos Eles assim o fazem porque o medicamento produzirá nos animais efeitos semelhantes aos que produzirá nos seres humanos Se isso acontece então quer dizer que a fisiologia de tais animais se parece em algum grau com a fisiologia humana ou seja o funcionamento dos órgãos e os sistemas desses ani mais se assemelha ao do ser humano Se não fosse assim não adiantaria testar os novos medicamentos nesses animais Tal fato está relacionado com a teoria da Evolução das Espé cies de Charles Darwin de que existe uma continuidade biológica entre as espécies Do mesmo modo que humanos e nãohumanos comparti lham algumas características do seu funcionamento interno sua fisiologia também compartilham algumas caracterís ticas comportamentais como por exemplo ser o compor tamento de todos os organismos animais sensível a suas conseqüências Sendo assim da mesma forma que por questões práticas e éticas o médico estuda o efeito de um remédio para um ser humano em um rato o psicólogo também estuda os comportamentos de ratos em laboratório para tentar compreender melhor o comportamento do ser humano Estudar o comportamento de ratos nos fornece insights sobre o comportamento humano isto é surgem idéias interessantes que nos ajudam a compreender melhor o com portamento humano Nas aulas práticas de laboratório geralmente trabalhamos com o rato albino da raça Wistar experimentalmente ingênuo nunca foi ao labo ratório antes privado de água por 24 ou 48 horas antes do experimento mantido no Biotério da instituição de ensino Questões práticas e éticas Muitos experimentos de laboratório são demorados duram meses ou anos e enfadonhos por isso dificilmente conseguiríamos convencer pessoas a participar deles motivo pelo qual usamos animais Algumas manipulações de variáveis necessárias para se compreender o comportamento não podem ser realizadas com seres humanos como por exemplo intervenções cirúrgicas aplicação de choques privação de água e alimento exposição a eventos estressantes por exemplo temperaturas e barulhos excessivos administração de fármacos nesses casos utilizamos animais Para estudar depressão e ansiedade por exemplo devemos produzilas em laboratório e não é correto deprimir alguém para estudar a depressão bem como induzir em pessoas estados de ansiedade Cerca de 98 do código genético do bofiobo é igual ao do ser humano Moreira Medeiros Mas por que pombos e ratos Por que não macacos os quais são geneticamente ainda mais parecidos com seres humanos É claro que estudos em psicologia são feitos com macacos mas pombos e ratos têm manejo mais fácil e custo de manutenção hospedagem alimentação e trato mais acessível por isso são tão comuns em laboratórios de condicionamento operante Complexidade e história de aprendizagem Sempre que estudamos um determinado assunto devemos partir do mais simples para o mais complexo e não ao contrário Seres humanos com certeza são os mais complexos habitantes deste planeta em todos os aspectos inclusive e princi palmente o comportamental Ratos e pombos são bem mais simples por isso começamos por eles Se não conseguimos entender o comportamento de um rato em uma situação controlada de laboratório devemos no mínimo suspeitar daquilo que achamos que entendemos do comportamento humano Outro fator extremamente importante que nos leva à pesquisa com animais é a história de aprendizagem Todo o nosso passado interfere no modo como nos comportamentos hoje e o passado de todos os organismos é diferente É por isto que duas pessoas em uma mesma situação se comportam de formas diferentes Quando fazemos pesquisa com humanos eles já trazem uma bagagem de apren dizagem gigantesca e toda ela interfere nos comportamentos que queremos estudar Já com animais a situação é mais fácil Temos acesso a praticamente tudo o que acontece na vida deles Quando os levamos ao laboratório sabemos quase tudo o que ele aprendeu até aquele momento O laboratório de condicionamento operante O laboratório de condicionamento operante é uma local onde podemos testar empiricamente na prática algumas teorias ou hipóteses sobre a aprendizagem dos indivíduos É um local onde contamos com situações controladas ou seja Figura 101 A Caixa de Skinner caixa de condicionamento operante 1 luz 2 barra da esquerda 3 bebedouro 4 barra da direita Existem variações da caixa com alavancas mais luzes argolas e outros dispositivos situações livres de interferências indesejáveis A maior parte dos laboratórios de condicionamento operante é elaborado para trabalhar com pombos e ratos é claro que existem também laboratórios para se estudar o comportamento huma no Ratos e pombos são bastante sensíveis a variáveis como barulhos e tempera tura Se realizamos pesquisas em um ambiente nãocontrola d o as variáveis po dem enviesar mascarar os dados obtidos Se um dia realizo um experimento com temperatura ambiente baixa e no outro realizo exatamente o mesmo experi mento com temperatura ambiente alta os organismos com os quais estou traba lhando podem comportarse de forma diferente em função da temperatura por isso devo controlála ou seja mantêla constante Em um experimento de psicologia queremos saber que tipos de eventos alte ram o comportamento dos organismos e principalmente como os afetam O comportamento dos organismos é extremamente sensível a mudanças em seu ambiente Dezenas ou mesmo centenas de alterações ambientais podem alterar um mesmo comportamento é daí que vem a complexidade do comportamento Devemos estudar cada efeito isoladamente às vezes é necessário dezenas de experimentos para se estudar todos os eventos que afetam um comportamento Como queremos conhecer como cada evento ambiental afeta isoladamente o comportamento antes de observar o efeito global devemos sempre controlar manter constantes todos os eventos que não estamos estudando no momento e no laboratório isso é possível O principal equipamento utilizado em um laboratório de condicionamento ope rante é a Caixa de Condicionamento Ope rante ou Caixa de Skinner Figura 101 Esse equipamento foi projetado pelo psicó logo B F Skinner para o estudo do compor tamento operante ou seja do comporta mento que produz alterações no ambiente e que é afetado por elas As caixas utilizadas para estudos com ratos e pombos geralmen te são equipadas com duas barras uma luz e um bebedouro Quando uma das barras é pressionada acionase o bebedouro dispo nibilizando água para o animal geralmente privado de água por 24 horas antes da ses são experimental 102 Um típico laboratório de condicionamento operante Basicamente temos as caixas de Skinner e computadores para operálas Atividade prática 1 Modelagem O B S Todas as Folhas de Registro de que você irá precisar para realizar as ativida des práticas estão no final do capítulo Esta será sua primeira atividade no laboratório Na realidade são três atividades realizadas em seqüência registro do nível operante treino ao bebedouro e a mo delagem propriamente dita Também será a primeira vez que seu ratinho irá entrar na Caixa de Skinner Você realizará todos os experimentos com o mesmo ratinho Registro do nível operante No laboratório fazemos intervenções manipulação de variáveis para estudar seus efeitos sobre o comportamento É importante portanto saber como o sujeito experimental se comporta antes da intervenção para sabermos se ela alterou seu comportamento Por esse motivo antes de uma intervenção ou experimento fazemos sempre o registro do nível operante Nível Operante é a forma com que o sujeito opera age sobre o ambiente antes de qualquer intervenção experimental ou seja é como os organismos com portamse em um determinado ambiente antes que qualquer manipulação delibe rada seja feita para modificar seu comportamento Para determinar o efeito de uma variável sobre o comportamento de um organismo é necessário saber como ele já se comporta antes da introdução da nova variável Objetivo da atividade de laboratório Obter uma linha de base do comportamento do sujeito experimental é a meta a ser alcançada ou seja obter dados sobre como o sujeito se comporta antes da intervenção que será realizada para comparar esses dados com os que serão co letados após a intervenção Esperase que a freqüência dos comportamentos de tocar a barra e principalmente de pressionar a barra que será ensinado posterior mente seja baixa em relação aos demais comportamentos observados farejar levantar e limparse comportamentos que já pertencem ao repertório do sujeito Procedimento a ser seguido para realizar a atividade 1 O registro do nível operante terá duração de 20 minutos 2 Você utilizará a Folha de Registro 1 para registrar os comportamentos que o sujeito emitir durante os 20 minutos 3 Preencha o cabeçalho da folha 4 O registro será feito mesclandose registro de evento com registro por intervalo Você registrará minuto a minuto o número de ocorrências de cada comportamento solicitado na Folha de Registro 1 5 Marque um traço na coluna e na linha apropriadas para cada ocorrência dos comportamentos indicados na tabela Registro do Nível Operante Veja um exemplo na página 170 6 Definições operacionais dos comportamentos a serem registrados para registrar quantas vezes um comportamento ocorre é preciso sabe identi ficálo com precisão a Pressionar a barra considere uma ocorrência desse comportamento quando o animal tocar a barra com uma ou duas patas dianteiras ou com a cabeça produzindo uma pressão na barra de tal forma que se ouça o clique característico do mecanismo da barra em funcionamento Atividades de laboratório V s Registro do Nível Operante Min Pressionar Tocar a barra Farejar Levantar Limparse a barra 01 III 02 I I II 03 I II I III 20 b Tocar a barra considere uma ocorrência desse comportamento se rato apenas tocar a barra com uma ou duas patas dianteiras ou com o focinho mas sem produzir depressão eou o clique já mencionado c Farejar considere uma ocorrência des se em rápida susseção comportamento quando o animal aproximar o focinho enrugandoo do piso ou das paredes da caixa experimental sem contudo reti rar as duas patas dianteiras do piso Para contar uma nova ocorrência o animal deve ficar sem farejar por pelo menos dois segundos d Levantarse considere uma ocorrência deste comportamento quando o animal levantarse nas patas traseiras aproxi mando o focinho do teto ou do topo das paredes da caixa experimental e Limparse considere uma ocorrência deste comportamento quando o animal esfregar as patas dianteiras na cabeça e ou focinho eou corpo duas ou três vezes 7 Prepare seu relógio ou cronômetro 8 Quando estiver preparado introduza o ani mal na caixa ou peça ao professor ou ao monitor para fazêlo 9 Assim que o animal estiver dentro da caixa comece a fazer o registro dos comporta mentos na Folha de Registro 1 10Terminados os 20 minutos de registro do nível operante dê início imediatamente à prática de Treino ao Bebedouro Moreira tâfôclètfos Nível operante Seu gráfico deve se parecer com este O B S Os dados que você coletar durante o registro do nível operante serão trans formados em um gráfico como o apresentado na Figura 103 Para fazer o gráfico faça o somatório das ocorrências dos comportamentos e anote no local adequado na Folha de Registro 1 Treino ao bebedouro Não há aprendizagem sem motivação A motivação do seu sujeito rato albino será feita colocando o animal em privação de água por 48 horas antes da sessão experimental Você o ensinará utilizando água como conseqüência para seus comportamentos Portanto devese ensinar ao rato onde haverá água quando o bebedouro for acionado Objetivo da atividade de laboratório O Treino ao Bebedouro tem como objetivo fazer com que o animal se aproxime do bebedouro quando ouvir o seu ruído de funcionamento O ruído produzido pelo funcionamento do bebedouro pode produzir no animal comportamentos indesejáveis afastarse da barra ou do próprio bebedouro ou ficar parado Con tudo o fato de o animal encontrar uma gota de água cada vez que o bebedouro for acionado gradualmente reduzirá a freqüência e a magnitude das respostas e começará aproximarse do bebedouro quando ouvir o ruído produzido pelo seu acionamento Tal prática é fundamental para o posterior condicionamento da resposta de pressão à barra pois a conseqüência imediata às respostas de pressão à barra será o ruído e não a água em si Por conseguinte o animal aprenderá a pressionar a barra para produzir o ruído uma vez que este sinaliza a disponibilidade da água no bebedouro x V Procedimento a ser seguido para realizar a atividade 1 Identifique no equipamento utilizado em sua instituição o controle manual de liberação de água no bebedouro verifique a sua posição com o professor ou monitor 2 Para que uma gota de água fique disponível para o rato é necessário que acione o controle Provavelmente é uma espécie de botão 3 Acione o botão Solteo espere mais cinco segundos e aperteo novamente Repita o procedimento até que o animal beba a água Passe em seguida para o item 4 4 Assim que o animal beber a água mantenhao próximo ao bebedouro Você fará isso liberando uma nova gota de água assim que ele retirar a cabeça do bebedouro faça isso 3 ou 4 vezes 5 Gradativamente espere que o animal afastese do bebedouro para liberar a água até que ele se encontre cerca de 5 cm longe do bebedouro e aproxi mese ao ouvir o som do dispositivo 6 Quando o rato tiver associado o som do bebedouro à presença de água inicie a Modelagem da Resposta de Pressão à Barra Modelagem da resposta de pressão à barra Nesta prática há dois princípios básicos de aprendizagem 1 Novos comportamentos não surgem do nada mas de algum outro compor tamento já existente Para ensinar você deve estar atento ao que o organis mo já faz e escolher um ponto de partida 2 As conseqüências do que os organismos fazem são extremamente importantes para que um novo comportamento seja aprendido bem como para que um comportamento já existente deixe de ocorrer O rato estará a 48 horas privado de água Tal operação privação tomará bas tante provável que tudo aquilo que o rato fizer que produza água em seu ambiente volte a ser feito novamente ou seja os comportamentos que ele emitir que tiverem como conseqüência a produção de água se tomarão mais prováveis de ocorre rem novamente Chamase a relação entre a emissão de um comportamento e a produção de uma conseqüência que aumente sua freqüência de reforço Na Figura 104 temos um exemplo de Modelagem de um comportamento novo a qual mostra os passos que Skinner utilizou para modelar o comportamen to de saltar de um cão No exemplo o cão estava privado de alimento Quando o animal emitia um comportamento desejado um comportamento que fosse próximo ao de saltar seu comportamento era reforçado ou seja ele recebia alimento O primeiro comportamento seleciona M bvUK IDâÇZini Ui Ofi M3I0 i r i de 1952 p 17ftgurarçtada do 01 aProximarse da parede O segundo ioi levantar a cabeça O Websife terceiro olhar para as linhas e assim por diante Algo parecido http lwwwbehavtwflfrçfumali será feito você ensinará um rato a pressionar uma barra tndfXcfmpateatitti3A para ensinar o cão a saltar para Modelar seu comportamento Ue nner fez utilizar os procedimentos Reforço apre sentação de alimento quando uma resposta adequada é emitida Moreira Ensinando um cão Em 20 minutos Skinner ensinou o cão a saltar utilizando modelagem do comportamento e Extinção não apresentar o alimento quando uma resposta inadequada é emiti da Em outras palavras utilizou o reforçamento diferencial Objetivo da atividade de laboratório Esta prática tem como objetivo ensinar ao rato um novo comportamento pres sionar a barra de respostas da esquerda que se encontra no interior da caixa de condicionamento operante Para fazêlo você deve usar Reforço apre sentação de água e Extinção suspensão da apresentação da água Procedimento a ser seguido para realizar da atividade 1 A caixa possui duas barras de resposta O animal será treinado a pressionar a barra que fica à sua esquerda do rato quando ele estiver de frente para as barras Caso a caixa da sua escola contenha apenas uma barra você treinará o animal a pressionála 2 Seleção do Comportamento Inicial o primeiro comportamento a ser reforçado apresentação de água para o rato dependerá dos comporta mentos que seu sujeito o rato apresentar no início da sessão Por exemplo olhar em direção à barra caminhar em direção à barra cheirar a barra lamber a barra tocar na barra etc veja a Fotografia 1 da Figura 105 3 Definir os passos da modelagem o comportamento final desejado é o de pressionar a barra da esquerda Para que esse comportamento possa ocorrer o rato deve estar com as duas patas dianteiras levantadas e estar Ensinando um roedor As fotografias mostram alguns dos passos comportamentos ensinados durante a modelagem do comportamento de pressionar a barra ns 6 próximo à barra da esquerda tão próximo que possa tocála Modele pri meiro o comportamento de se aproximar da barra esquerda ou da barra em seguida o de levantarse depois o de tocar a barra e por último o de empurrála para baixo pressionála Veja a Figura 105 a Seleção dos passos da modelagem os passos selecionados não devem ser nem muito pequenos nem muito grandes Se o comportamento inicial foi olhar para a barra você irá reforçálo ou seja cada vez que o rato olhar para barra você acionará o bebedouro assim como feito no treino ao bebedouro e fará isso até que o animal ao tirar a cabeça do bebedouro emita imediatamente o comportamento que está sendo reforçado b Após o comportamento escolhido ter sido aprendido tirar a cabeça do bebedouro e logo em seguida emitilo você irá colocálo em extinção ou seja quando o rato emitir este comportamento no exemplo olhar para a barra você não irá mais reforçálo ou seja não apresentará água para o animal Isso fará com que varie o comportamento que o rato estava emitindo Uma dessas variações o levará mais próximo à barra c O próximo comportamento a ser reforçado poderá ser dar um ou dois passos em direção à barra ou qualquer outro comportamento que o aproxime mais da barra Reforceo de 3 a 5 vezes e coloque tal com portamento em extinção passando a exigir a emissão de um compor tamento que se aproxime mais da resposta final Assim gradativa mente você reforçará e extinguirá os comportamentos iniciando pelos que se aproximam menos até aos que se aproximam mais da resposta Moreira Medâtxs de pressão à barra exigindo um comportamento cada vez mais próximo ao comportamento final para a liberação do reforço d Perda da seqüência de passos suponha que você esteja no terceiro passo selecionado para modelagem O rato está próximo à barra O passo seguinte é levantarse Ao passaremse mais de 60 segundos sem que o rato emita o comportamento selecionado reforce novamente duas ou três vezes o comportamento referente ao passo anterior e Cuidados importantes a não reforce demais uma única resposta pois você pode saciar o animal sendo necessário interromper a sessão experimental b não exija passos muito longos a passagem de um comportamento para outro não deve ser muito abrupta pois é provável que o animal pare de responder antes de obter um novo reforço c não faça barulhos nem durante a modelagem nem após a emissão da resposta de pressão à barra isto é comemorações exageradas pois sons altos são aversivos para o animal e podem punir o comportamento que estiver ocorrendo no momento do barulho 4 Critério para encerramento da modelagem após o rato pressionar a barra 10 vezes sem interrupções não será mais necessário que você acione o botão do bebedouro Quando o animal pressionar a barra o bebedou ro será acionado automaticamente Opere o controle do seu equipa mento para a configuração automática Desta forma as respostas de pres são à barra serão automaticamente reforçadas pelo próprio mecanismo eletromecânico da caixa 5 Após modelar o comportamento registre na Folha de Registro 1 Passos da Modelagem os passos da modelagem comportamentos que você reforçou e a quantidade de gotas de água apresentadas em cada comporta mento Atividade prática 2 reforço contínuo da resposta de pressão à barra CRF Quando um novo comportamento é aprendido ele deve ser fortalecido ou seja deve ser reforçado continuamente para que sua aprendizagem seja consolidada Isto é feito reforçandose todas as respostasalvo emitidas Nesse caso a resposta alvo é a de pressão à barra e o reforço é a apresentação de água Você notará que ao final da sessão o animal estará pressionando a barra com uma freqüência maior do que a do seu início bem como as formas com que o rato pressiona a barra ficarão cada vez mais parecidas umas com as outras Objetivo da atividade de laboratório Fortalecer o comportamento de pressionar a barra fortalecer um comportamento significa aumentar sua freqüência até que ela se estabilize CRF significa refor Atividades de laboratório Comparação LB versus CRF Seu gráfico deve ficar parecido com este çamento contínuo do inglês contínuos reinforcement CRF é um esquema de reforçamento forma como o comportamento é reforçado em que todas as respostasalvo no caso pressionar a barra são reforçadas ou seja para cada comportamento de pressionar a barra há a apresentação do reforço Ao final da sessão você construirá um gráfico como o da Figura 106 compa rando os dados registrados na Folha de Registro 1 nível operante com os dados da Folha de Registro 2 CRF Procedimento a ser seguido para realizar a atividade 1 Cada vez que o rato pressionar a barra o comportamento será reforçado ou seja terá como conseqüência a apresentação de uma gota dágua A apresentação da água após a pressão à barra será feita automaticamente pela caixa Para tanto esta deve estar configurada no modo automático a Se após ficar um minuto dentro da caixa de condicionamento operante o rato não pressionar a barra repita o procedimento de modelagem até que ele o faça 2 Registre durante 20 minutos os comportamentos do animal em um proto colo semelhante à Folha de Registro 1 Folha de Registro 2 a Você iniciará o registro após 10 pressões à barra 3 Após o final do registro o sujeito continuará trabalhando Feche a caixa de condicionamento operante 4 Faça o somatório dos comportamentos 5 Responda às questões da Folha de Respostas Moreira Medeiros Atividade prática 3 extinção e recondicionamento Da mesma forma que comportamentos seguidos de conseqüências reforçadoras aumentam de freqüência e continuam sendo emitidos se os comportamentos não forem mais reforçados ou seja não produzirem mais a conseqüência reforçadora eles diminuem de freqüência voltando a ocorrer quando ocorre rem em uma freqüência próxima à que ocorriam antes de serem fortalecidos reforçados Objetivo da atividade de laboratório Na sessão de reforçamento contínuo CRF foi verificado um aumento na proba bilidade da resposta de pressão à barra Atribuise o aumento na freqüência à conseqüência programada a apresentação de água O objetivo da prática é confirmar se a resposta de pressão à barra é realmente mantida por suas conse qüências nesse caso a apresentação de água Se a apresentação da água é a variável responsável pelo aumento da freqüência da resposta de pressão à barra retirar a apresentação da água deve produzir um efeito contrário ou seja dimi nuição na freqüência da resposta O procedimento suspender a apresentação do reforço é chamado de extinção Com a quebra da contingência Pressão à Barra R Receber Água C esperase que a freqüência da resposta de pressão à barra retorne ao seu nível operante Esperase também que antes de a freqüência retornar ao seu nível operante ela inicialmente aumente de forma abrupta aumentando também a variabilidade da forma da resposta Além disso é provável que o sujeito apresente algumas respostas emocionais como morder a barra e pressionála com mais força Após o período inicial é esperado que o animal pare de pressionar a barra em poucos minutos Procedimento a ser seguido para realizar a atividade 1 No início da sessão o rato ficará em CRF por cinco reforços 2 Após a quinta resposta reforçada o comportamento do pressionar a barra será colocado em extinção ou seja quando o animal pressionar a barra não será apresentado mais água a ele suspensão do reforço Configura a caixa no modo desligado 3 A partir desse momento você observará o comportamento do rato até que fique 5 minutos consecutivos sem pressionar a barra Durante tal período observe se o animal pressionará a barra de forma diferente ou até mesmo se começará a mordêla 4 Após o animal ficar 5 minutos consecutivos sem pressionar a barra inicie o registro do comportamento utilizando a Folha de Registro 3 O registro durará 20 minutos 5 Ao final do registro faça novamente o procedimento de Modelagem ensi ne o rato a pressionar a barra novamente Quando o animal estiver pres sionando a barra coloque a caixa no modo automático 6 Feche a caixa de condicionamento operante e deixe o animal trabalhando 7 Responda às questões da Folha de Respostas Atividade prática 4 esquema de reforçamento razão fixa e razão variável Os comportamentos não precisam ser reforçados em todas as suas emissões para continuar ocorrendo Existem várias maneiras diferentes de se reforçar o com portamento de forma intermitente ou seja às vezes sim às vezes não para que ele continue ocorrendo Essas maneiras de se reforçar o comportamento são de nominadas de esquemas de reforçamento intermitente Uma das formas de se re forçar o comportamento é utilizar como critério o número de comportamentos respostas emitidos pelo organismo Por exemplo o organismo receberá um re forço a cada cinco vezes que emitir uma determinada resposta comportamento Os esquemas de reforçamento intermitente de razão ou seja baseados no nú mero de respostas emitidas podem ser feitos de duas maneiras razão fixa e razão variável Na razão fixa exigese sempre o mesmo número de respostas para que o comportamento seja reforçado na razão variável o número de respostas necessá rias para que o comportamento seja reforçado muda a cada novo reforçamento sendo que o número de respostas gira em torno de uma média Tabela 101 Note na Tabela 101 que a média do número de respostas exigidas a cada refor ço no esquema de razão variável é igual a 5 2 75466J6 5 Por tal motivo o esquema é chamado de razão variável 5 cuja sigla é VR 5 em média no exemplo o rato pressionou a barra 5 vezes para obter uma gota dágua como reforço Objetivo da atividade de laboratório O que se almeja com tal atividade é pôr o comportamento do sujeito experimental pressionar a barra da esquerda sob o controle de esquemas de razão fixa e Razão fixa 5 FR5 Razão variável 5 VR5 Ns de respostas Reforço Ns de respostas Reforço 5 pressões à barra apresentação de água 2 pressões à barra apresentação de água 5 pressões à barra apresentação de água 7 pressões à barra apresentação de água 5 pressões à barra apresentação de água 5 pressões à barra apresentação de água 5 pressões à barra apresentação de água 4 pressões à barra apresentação de água 5 pressões à barra apresentação de água 6 pressões à barra apresentação de água 5 pressões à barra apresentação de água 6 pressões à barra apresentação de água Moreira Medeiros razão variável Sua tarefa será identificar os esquemas que serão programados Esta atividade é uma sugestão de como se trabalhar esquemas de reforçamento em experimento didático Contudo esta só pode ser feita em equipamentos con trolados por computador Procedimento a ser seguido para realizar a atividade 1 Você observará o animal por 1 hora 2 Durante esse tempo vários esquemas de razão fixa e variável serão progra mados automaticamente pelo computador Essa atividade foi idealizada para caixas controladas por computador o qual estabelece o esquema de reforçamento automaticamente0 3 Durante os primeiros 10 minutos o esquema em vigor será O Para o professorneste expe o CRF Nesses 10 minutos apenas observe o comportamento rimento você programarádiferen do animal tes vaores FR e VR alternados randomicamente para o aluno 4 Apos 10 mmutos um novo esquema sera programado Voce identiflcáos na aua pràtica deve tentar descobrir qual esquema foi programado e fazer as devidas anotações solicitadas na Folha de Registro 4 5 Você preencherá cada linha da tabela da Folha de Respostas 6 Vários esquemas serão programados Continue observando e fazendo suas anotações até se passar uma hora desde o início da sessão 7 Você deverá dizer se é um esquema de razão fixa ou razão variável além de identificar a razão 2 4 5 10 etc 8 Caso você perceba que o comportamento de pressionar a barra está deixan do de ocorrer chame o tutor para orientálo Fique sempre atento ao com portamento do sujeito experimental Atividade prática 5 esquema de reforçamento intervalo fixo e intervalo variável Sabese já que o comportamento não precisa ser reforçado todas as vezes em que ocorre para continuar sendo emitido Sabese também que uma das formas de se reforçar o comportamento intermitentemente são os esquemas de razão Uma outra forma de se reforçar o comportamento intermitentemente são os esquemas de intervalo intervalo fixo e intervalo variável Os esquemas de reforçamento intermitente de intervalo ou seja baseados na passagem do tempo para que uma resposta possa ser reforçada podem ser feitos de duas maneiras intervalo fixo e intervalo variável No intervalo fixo exigese sempre que um mesmo intervalo de tempo transcorra para que uma resposta seja reforçada no intervalo variável o intervalo de tempo exigido para que uma resposta seja reforçada muda a cada novo reforçamento sendo que o intervalo de tempo gira em torno de uma média Tabela 102 Note na Tabela 102 que a média do intervalo exigido para que uma resposta seja reforçada no esquema de intervalo variável é igual a53 5 l 765l4l9 8 5 Por tal motivo o esquema é chamado de intervalo variável 5 segundos Atividades de laboratório Intervalo Fixo FI5 Após 5s 1a Resposta SR Intervalo Variável VI5 Após 3s 1a Resposta SR Após 5s 1a Resposta SR Após Bs 1a Resposta SR Após 5s 1a Resposta SR Após Is 1a Resposta SR Após 5s 1a Resposta SR Após 7s Ia Resposta SR Após 5s 1a Resposta SR Após 6s 1a Resposta SR Após 5s 1a Resposta SR Após 5s 1a Resposta SR Após 5s 1a Resposta SR Após 4s 1a Resposta SR Após 5s 1a Resposta SR Após 9s 1a Resposta SR cuja sigla é VI5 em média no exemplo o rato pressionou a barra uma vez a cada 5 segundos para obter uma gota dágua como reforço SR Objetivo desta atividade de laboratório Colocar o comportamento do sujeito experimental pressionar a barra da es querda sob o controle de esquemas de intervalo fixo e intervalo variável Sua tarefa será identificar os esquemas que serão programados Essa atividade é uma sugestão de como se trabalhar esquemas de reforçamento em experimento didático Contudo esta só pode ser feita em equipamentos controlados por computador Procedimento a ser seguido para realizar esta atividade 1 Você observará o animal por 1 hora 2 Durante esse tempo vários esquemas de intervalo fixo e variável serão programados automaticamente pelo computador essa atividade foi idea lizada para caixas controladas por computador o qual estabelece o esquema de reforçamento automaticamente 3 Durante os primeiros 10 minutos o esquema em vigor será VR2 razão variá vel 2 Nesses 10 minutos apenas observe o comportamento do animal 4 Após esses 10 minutos um novo esquema será programado Você deve tentar descobrir qual esquema foi programado e fazer as devidas anotações solicitadas na Folha de Respostas 5 Você preencherá cada linha da tabela da Fo lha de Registro 5 marque no cronômetro o 0 pgg q professorneste expe tempo decorrido entre um reforço e outro rimento você programará diferen 6 Vários esquemas serão programados Conti tes valores de Fl e VI alternados nue observando e fazendo suas anotações até randomicamente para o aluno se passar uma hora desde o início da sessão identificálos na aula prática 180 Moreira Medeiros 7 Você deverá dizer que não somente se trata de um esquema de intervalo fixo ou variável mas também qual o intervalo 2 4 5 10 etc Todos os intervalos estarão em segundos 8 Caso você perceba que o comportamento de pressionar a barra está sendo extinto chame o tutor para orientálo Fique sempre atento ao comporta mento do sujeito experimental Atividade prática 6 treino discriminativo o papel do contexto O tempo todo estamos cercados por vários estímulos pessoas objetos sons etc no entanto não são todos os estímulos que exercem controle sobre o com portamento Chamamos aqueles estímulos que exercem controle sobre o compor tamento operante de estímulos discriminativos SD A partir desse momento passamos a falar então de controle do comportamento por estímulos discriminativos ou estímulos anteceden tes e estímulos conseqüentes e nossa unidade de análise do comportamento passa a ser a contingência de três termos SD R SR O estímulo discriminativo sinaliza para o organismo que se determinado comportamento for emitido no momento em que ele SD está presente o comportamento será reforçado esta é função do estí mulo discriminativo Nessa prática será ensinado ao rato pressionar a barra na presença de uma luz e a não pressionála na sua au sência Tal processo chamase discriminação de estí mulos A discriminação de estímulos é um processo fun damental do comportamento que descreve a influência de eventos antecedentes sobre o comportamento ope rante Novamente o reforçamento diferencial se faz pre sente estabelecendo a discriminação operante as respos tas de pressão à barra serão reforçadas na presença da luz enquanto não serão seguidas de água caso emitidas na sua ausência Com isso após algum tempo de treino discriminativo a resposta de pressão à barra será emitida apenas na presença da luz O objetivo dessa prática portanto é o de estabelecer uma discriminação operante utilizando o reforçamento diferencial para tanto Objetivo da atividade de laboratório O objetivo da atividade é ensinar o sujeito experimental a pressionar a barra apenas quando a luz que se localiza sobre ela estiver acesa ou seja fazer com que a luz adquira a função de estímulo discriminativo para a resposta de pressão à barra Atividades de laboratório Procedimento a ser seguido para realizar da atividade 1 A janela da caixa estará coberta por um anteparo preto com uma pequena abertura através do qual você irá observar o comportamento do animal Buscase aumentar a discriminabilidade do SD ou seja tornálo mais evi dente Já que o estímulo discriminativo nesse experimento é uma luz quanto mais escura a caixa estiver mais nítido será o estímulo 2 O experimento será iniciado com a luz sobre a barra acesa SD 3 Nos períodos em que o estímulo discriminativo estiver presente luz acesa o comportamento de pressão à barra será reforçado o computador fará isso nas caixas controladas por computador Nas demais você as colocará em modo automático e acenderá a luz E as deixará no modo desligado quando apagar a luz Nos momentos em que a luz estiver apagada SA lê sdelta o comportamento de pressionar a barra será colocado em extinção O procedimento de treino discriminativo portanto consiste em reforçar o comportamento na presença do SD e colocálo em extinção na presença doS 4 As apresentações de SD e SA serão feitas alternadamente da seguinte forma três reforços na presença do SD e 10 segundos de apresentação do SA Caso durante esses 10 segundos o sujeito pressionar a barra um novo intervalo de 10 segundos em extinção na presença do SD deverá ser iniciado 5 Iremos considerar que o controle discriminativo foi estabelecido quando o sujeito passar por cinco períodos consecutivos na presença do SA luz apagada pressionando a barra no máximo uma vez em cada período 6 Durante uma hora será registrado na Folha de Registro 6 minuto a minu to o número de pressões à barra na presença do SD ou seja quantas vezes o animal pressionou a barra enquanto a luz estava apagada 7 Caso você perceba que o comporta mento de pressionar a barra esteja parando de ocorrer no claro mais de 2 minutos sem pressionar a barra abra a caixa e reforce manualmente o comportamento independentemente de a luz estar acesa ou apagada Atividade prática 7 encadeamento de respostas comportamentos em seqüência Os comportamentos estudados até agora produziam diretamente o reforço incondi cionado No entanto no mundo real para que um reforçador seja produzido o orga nismo deve emitir uma série de comporta mentos uma cadeia comportamental Moreira Medeiros 183 Nessa atividade de laboratório você verá o que é uma cadeia comportamental e como um estímulo discriminativo passa a ter uma segunda função a de reforço condicionado ou seja estímulos discriminativos em uma cadeia de respostas funcionam também como reforço condicionado aprendido para os comporta mentos que o antecedem Objetivo da atividade de laboratório O que se quer é ensinar o sujeito experimental a emitir uma cadeia comportamen tal Você condicionou ensinou o sujeito experimental a pressionar a barra da esquerda somente quando a luz acima da barra estivesse acesa SD Nessa atividade de laboratório você ensinará o rato a emitir um comportamento pressionar a barra da direita que tem como conseqüência acen der a luz A luz passará então a ter duas funções 1 Estímulo discriminativo para a resposta de pressionar a barra da esquerda 2 Reforço condicionado para a resposta de pressionar a barra da direita Portanto no final da sessão você deve observar a seguinte se qüência de eventos seguinte cadeia comportamental 1 pressão à barra da direita 2 luz acesa 3 pressão à barra da esquerda 4 apresentação da água Procedimento a ser seguido para realizar a atividade 1 Seu primeiro passo será modelar o sujeito experimental a pressionar a barra da direita você fará isso da mesma forma que fez para ensinálo a pressionar a barra da esquerda 2 Você poderia modelar o comportamento de pressionar a barra da direita utilizando como reforço não a água mas simplesmente a luz sobre a barra A luz que se tomou um estímulo discriminativo para o comportamento de pressionar a barra da esquerda pode tornarse um reforçador condicionado 3 No momento em que o rato pressionar a barra da direita automaticamente a luz sobre a barra da esquerda acenderá Aguarde até que o rato pressione a barra da esquerda Quando ele assim o fizer a luz será apagada e o bebedouro será ativado de imediato 4 Caso o rato não pressione outra vez a barra da direita aguarde cerca de 30 segundos continue a modelagem A partir do momento em o sujeito experimental estiver retirando a cabeça do bebedouro e pressionando a barra da direita pare de reforçar o comportamento com água 5 Consideraremos que a cadeia comportamental foi estabelecida quando o rato emitila 10 vezes consecutivas O Alguns modelos de caixa não possuem duas barras Entretanto podem possuir uma argola ou um trapézio os quais são acoplados em um orifício no teto da caixa Nesses casos você modelará as respostas de passar por dentro da argola ou de puxar o trapézio que terão como conseqüência o acio namento da luz que sinaliza a dis ponibilidade do reforço para as respostas de pressão à barra Folha de Atividades de Laboratório Alunoa Sujeito Número Matrícula Marque a atividade com 48 horas de antecedência Preenchido pelo aluno Unidade Data Hora ft Preenchido pelo técnico de laboratório Privado em OK Observações às I I às I I às I I às I I às I I às I I às às I I às I I às às I I às I I às às Anotações Folha de Registro 1 Data Número do sujeito N da Caixa Operante Aluno a Matrícula Registro do Nível Operante Min Pressionar a barra Tocar a barra Farejar Levantar Limparse 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Total Passos da Modelagem 011 061 021 071 03 081 041 091 051 101 Anotações Guarde esta folha Você precisará destes dados nas próximas atividades de laboratório 186 Atividades de laboratório Folha de Registro 2 Data Número do sujeito Na da Caixa Operante Alunoa Matrícula Registro do Nível Operante Min Pressionar a barra Tocar a barra Farejar Levantar Limparse 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Total Anotações Guarde esta folha Você precisará destes dados nas próximas atividades de laboratório Moreira Medetni 187 Folha de Registro 3 Data Número do sujeito N da Caixa Operante Alunoa Matrícula Registro do Nível Operante Min Pressionar a barra Tocar a barra Farejar Levantar Limparse 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Total Anotações Guarde esta folha Você precisará destes dados nas próximas atividades de laboratório Folha de Registro 4 Data Número do sujeito N da Caixa Operante Aluno a Matrícula Inicie o registro após 10 minutos período em que o animal estará em CRF Após uma resposta de pressão à barra anote o número de respostas de pressão à barra que o animal irá emitir até a apresentação do próximo reforço nas colunas de 1 a 10 Ao chegar na coluna 10 mude para a linha debaixo Só preencha as colunas Média e Esquema no final da sessão As duas primeiras linhas são de exemplo Esquemas de Razão 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Média Esquema 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 FR 2 5 3 2 3 5 7 4 6 3 2 4 VR 4 Anotações M UI vtfY R p n o u circis Folha de Registro 5 Data Número do sujeito Na da Caixa Operante Alunoa Matrícula Inicie o registro após 10 minutos Após uma resposta de pressão à barra anote o tempo decorrido em segundos até o próximo reforço nas colunas de 1 a 10 Só preencha as colunas Média e Esquema no final da sessão As duas primeiras linhas são de exemplo Esquemas de Intervalo 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Média Esquema 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 Fl 2 5 3 2 3 5 7 4 6 3 2 4 VI 4 Anotações Mvtâades de laboratório Folha de Registro 6 D ata Número do sujeito Na da Caixa Operante Alunoa M atrícula Treino Discriminativo Min Respostas Total Min Respostas Total Ex 6 30 01 31 02 32 03 33 04 34 05 35 06 36 07 37 08 38 09 39 10 40 11 41 12 42 13 43 14 44 15 45 16 46 17 47 18 48 19 49 20 50 21 51 22 52 23 53 24 54 25 55 26 56 27 57 28 58 29 59 Anotações Algumas normas e dicas para se redigir um relatório científico Todo e qualquer conhecimento produzido só faz sentido se puder ser comunicado e utilizado Ao fazer um curso de ensino superior você deve aprender não só o conhecimento existente relativo a seu curso mas também a refletir sobre ele transformálo e retransmitilo de forma clara e compreensível A comunicação do conhecimento produzido através de relatórios e artigos científicos é um dos pontos que dá ao conhecimento científico bastante credibilidade pois mentiras ou erros não perduram por muito tempo já que outros pesquisadores podem replicar sua pesquisa para confirmar os resultados obtidos por você Para que outros pesquisadores possam replicar suas pesquisas ou seja para que possam refazer sua pesquisa exatamente da forma como você fez é ne cessário que sua comunicação relatório ou artigo científico tenha todas as in formações necessárias e suficientes para que seja compreendida Isto é ao co municar uma pesquisa seu texto não deve ter mais informação que o necessá rio nem menos informação que o suficiente para que outra pessoa ao lêla tenha condições de saber como você realizou a pesquisa e fazêla de forma igual Como centenas de pesquisadores publicam quase que diariamente centenas de artigos e relatórios científicos é preciso haver certa organização na divulgação delas pois isso facilita o estudo das publicações Dois exemplos simples podem ajudálo a entender como a organização normas para se escrever facilita a vida dos leitores 1 Exigência do resumo todo trabalho deve ter um resumo com informações básicas da pesquisa assunto objetivo método e resultados ao ler o resu mo do trabalho que é bem pequeno já temos informações suficientes para saber se aquele texto nos interessa ou não 2 Palavraschave as palavraschave são aquelas que expressam o conteúdo do texto Quando queremos achar textos sobre determinado assunto e digitamos o nome do assunto seja em um buscador da internet isto é googleyahoo seja no computador da biblioteca é por meio das palavras chave que os textos são encontrados Algumas normas e dicas pan se redigir um relatório científico No Brasil temos dois grandes conjuntos de regras para escrever um texto científico muito usados pela psicologia as normas da ABNT Associação Brasilei ra de Normas Técnicas site httpwwwabntorgbr e as normas da APA American Psychological Association site httpwwwapaorg Como as normas da APA têm sido mais usadas recentemente pela psicologia trabalharemos com elas lembrese de que lhes daremos apenas algumas das normas técnicas para publicação de artigos ou relatórios científicos e com algumas orientações elabo radas por nós A habilidade de transmitir informação de forma escrita é essencial para qual quer profissional esteja ele ou não voltado para a área de pesquisa Tenha certeza de que não importa a área da psicologia na qual você trabalhará envolvendo ou não pesquisa saber transmitir informação escrita de forma adequada será um diferencial em sua carreira Agora que você já sabe qual a importância de se aprender a redigir um texto científico comecemos a aprender a seguir algumas normas básicas para redigilos Noções gerais para confecção do relatório científico No momento em que redigimos um relatório científico é necessário que atente mos a duas principais características 1 Conteúdo um relatório científico deve conter apenas as informações necessárias e suficientes para informar ao leitor de onde partiu o trabalho e qual foi o seu resultado e esse conteúdo deve ser apresentado de forma clara e objetiva 2 Aspectos formais do relatório tipo de fonte margens seções espaça mento entre linhas seções do relatório etc Portanto ao redigir um relatório científico você deve estar atento ao que escrever e a como escrever Estrutura geral resumida do relatório Um relatório científico deve conter as seguintes partes os itens representados por números devem começar cada um em páginas separadas 1 Capa 2 Resumo 3 Sumário 4 Introdução 5 Método a Sujeito b Ambiente materiais e instrumentos c Procedimento 6 Resultados Moreira Medeiros 7 Discussão 8 Referências Bibliográficas 9 Anexos Regras gerais para a confecção do relatório científico Deve ser impresso em folha tamanho A4 Usar fonte tipo de letra Arial tamanho 14 para o título e tamanho 11 para o restante do relatório ou Times New Roman tamanho 16 para o título e tamanho 12 para o restante do trabalho Espaçamento entre linhas deve ser de 20 o espaçamento entre as linhas é pedido para que as correções possam ser feitas nele Apenas no resumo usar espaçamento simples entre linhas Margens da página Superior inferior e direita 25 cm Esquerda 4 cm a margem esquerda deve ser maior para que a encader nação não dificulte a leitura Os subtítulos Sumário Resumo Método Resultados Dis cussão e Referências Bibliográficas devem estar em negrito e ali nhados ao centro da página com todas as letras maiúsculas Os subtítulos Sujeito Ambiente materiais e instrumentos Pro cedimento devem estar em negrito e alinhados à esquerda da página Na introdução não coloque o subtítulo Introdução Essa seção já começa com o texto O tipo de alinhamento de texto exceto o alinhamento da capa e do resumo que são justificados deve ser à esquerda O alinhamento justificado é esteticamente mais interessante mas dificulta a leitura espaçamento irregular entre as palavras por isso deve ser à esquerda Todas as páginas exceto a capa devem estar numeradas Observar o uso correto das normas ortográficas e gramaticais da Língua Portuguesa culta Capa A capa deve conter as seguintes informações 1 Nome da instituição 2 Curso 3 Disciplina 4 Título 5 Nome dos autores 6 Cidade onde foi realizado trabalho 7 Data mês por extenso e ano Todos os itens da capa devem estar alinhados ao centro da página O título do relatório deve ser sugestivo ou seja o título deve ser capaz de dar ao leitor de seu relatório uma idéia clara sobre o que se trata o relatório Um bom título é um aspecto fundamental de um trabalho lembrese de quantos textos você já leu ou pelos menos teve curiosidade em folhear apenas porque achou o título inte ressante Em um relatório científico um bom título deve conter as variáveis estudadas a variável independente e a variável dependente Se você está estudando por exemplo motivação seu título deve fazer referência à motivação variável depen dente e à variável independente relacionada ã motivação como por exemplo privação esquemas de reforçamento dificuldade da tarefa etc Se a variável dependente for por exemplo ansiedade seu título deve fazer referência à ansie dade e à variável independente relacionada a ela por exemplo o papel da se rotonina o nome de uma droga utilizada no experimento a história de aprendi zagem do sujeito etc Também é interessante incluir no título com quem foi feita pesquisa animais crianças universitários etc Título e nome do autor devem estar vertical e horizontalmente centraliza dos A capa de seu relatório deverá ter a seguinte forma Algumas normas e dicas para se redigir um relatório científico Nome da Instituição Curso de Psicologia Nome da Disciplina Título VI e VD Nome do autor 1 matrícula Nome do autor 2 matrícula Brasília Novembro de 2004 Resumo e palavraschave Apesar de ser o segundo item do relatório ele vem após a capa o resumo cor responde à última etapa de sua confecção só é possível resumir um texto que já foi escrito O resumo deve informar ao leitor sobre todo o seu trabalho em no mínimo 15 e no máximo 20 linhas O resumo portanto deve conter de forma Moreira Medeiros sucinta o assunto os objetivos do trabalho o método os resultados e a conclu são do estudo O resumo deve ter uma página só para ele Deve ser feito em um único parágrafo Veja o exemplo Um dos grandes desafios históricos e atuais da Análise Experimental do Comportamento consiste em explorar conceituai e metodologicamente como estímulos ou relações entre estímulos passam a controlar um determinado comportamento sobretudo o comportamento humano Os trabalhos inicia dos por Sidman 1971 alargaram os horizontes da Análise do Comportamen to neste campo de estudos em especial o comportamento simbólico Suas extensões ramificações e derivações têm gerado desde então incontáveis trabalhos empíricos e teóricos A natureza do operante discriminado tomou vultos bastante complexos O presente trabalho teve como objetivo propor um procedimento de treino discriminativo alternativo às propostas atuais sobre responder relacional e emergência de relações entre estímulos baseandose em discrimina ções simples simultâneas e utilizandose de estímulos compostos Os resulta dos obtidos mostram ser o procedimento viável para o estudo do responder relacional e da emergência de estímulos Os resultados sugerem ainda uma reflexão sobre as ca racterísticas definidoras do responder relacional e da emergência de relações entre es tímulos Indicam também que o repertório comportamental dos participantes é uma variável bastante relevante e que deve ser considerada e estudada com mais atenção Palavraschave Responder relacional Discriminações simples Discriminações simultâneas Lembrese de que o resumo deve parecer um quadradinho não há parágra fos e o espaçamento entre as linhas é simples O resumo deve estar em uma página só para ele e para as palavraschave As palavraschave devem vir logo após o resumo saltar uma linha Você deve colocar pelo menos três palavraschave separadas por ponto e vírgula A primeira letra de cada palavra deve ser maiúscula Note que uma palavrachave pode ser composta por mais de uma palavra por exemplo Responder relacional OBS O negrito foi utilizado apenas para facilitar a identificação dos componentes do resumo assunto objetivo do experimento método e resultados Não recorra a tal distinção negrito no seu trabalho Sumário O Sumário deve estar em uma página só para ele e conter os seguintes itens da forma como se apresentam Resumoi Sumário ii Introdução01 Método99 Algumas normas e dicas para se redigir um relatório cientifico Resultados Discussão Referências bibliográficas Anexos 99 99 99 99 Introdução Na introdução deve ser apresentado ao leitor o assunto referente a seu trabalho especificando termos e conceitos utilizados bem como citando trabalhos de outros autores relevantes para o assunto de que você está tratando Pense na introdução como um funil de informações partese do assunto geral para o específico Uma boa introdução geralmente contém os seguintes itens 1 Um parágrafo ou alguns parágrafos introdutório que fale do as sunto estudado de forma bastante clara e atraente um bom início pode encorajar o leitor a continuar a leitura Sugestão leia com atenção os parágrafos introdutórios dos textos que você tem em mãos sobre o assunto que deseja estudar e em seguida formule o início de sua introdução Neste parágrafo você deverá justificar a importância do tem a de sua pesquisa para a área de investigação para a psicologia ou mesmo para a humanidade se for o caso 2 Apresentação do contexto teórico no qual o trabalho se desenvol veu Por exemplo trabalho sobre Responder Relacional em Análi se Experimental do Comportamento Um dos grandes desafios histó ricos e atuais da Análise Experimental do Comportamento AEC consiste em explorar conceituai e metodologicamente como estímulos ou relações entre estímulos passam a controlar um determinado comportamento ou seja como se estabelecem as discriminações Para melhor compreensão do assunto será discutido brevemente a seguir como o conceito de operante discriminado evoluiu até os tempos atuais Tal discussão se faz necessária para situar melhor o leitor no contexto em que o trabalho foi elaborado 3 Apresentação dos termos e conceitos relevantes para o seu traba lho Exemplo Nesta definição de operante há um importante avanço o operante é entendido não como uma resposta única mas como um conjun to de respostas semelhantes classe de respostas cuja semelhança é defini da por suas conseqüências no ambiente ou seja o operante deve ser defi nido por sua função e não por sua topografia Um segundo tipo de classe de estímulos são as classes funcionais Estímulos que não possuem simila ridade física ou atributos comuns mas que ocasionam a ocorrência de uma resposta comum podem tornarse funcionalmente equivalentes Ca tania 1999 de Rose 1993 Tonneau 2001 Moreira Medeiros 4 Descrição de forma resumida de trabalhos anteriores ao seu que tratam do mesmo assunto apresentado método resultados e dis cussão desses trabalhos Por exemplo Reynolds 1961 realizou um interessante experimento sobre o comportamento de atentar em pombos em que fica evidente o controle do comportamento por propriedades espe cíficas dos estímulos Reynolds submeteu dois pombos a um treino dis criminativo para respostas de bicar em um disco transiluminado utilizando dois estímulos cada um com duas características físicas bem distintas um triângulo sobre um fundo vermelho AR e um círculo sob um fundo verde OG O experimento de Reynolds propõe uma reflexão sobre o pri meiro termo de uma contingência tríplice estímulo discriminativo neste experimento o que de fato controlava o comportamento do pombo só poderia ser identificado via experimentação pois não havia como estabele cer a propriedade saliente do estímulo a priori A apresentação de pesqui sas similares também tem o objetivo de sustentar teórica e empiricamente as hipóteses de sua pesquisa 5 Problemas que ainda não foram resolvidos na área relacionando os às contribuições que seu trabalho proverá para o desenvolvi m ento da psicologia Por exemplo Apesar dos inúmeros experimentos já realizados com humanos e nãohumanos para a verificação da emergên cia de relações entre estímulos muitas questões importantes ainda não foram resolvidas Não há também consenso sobre a capacidade de não humanos ou de organismos sem linguagem poderem formar classes de equivalência Não há nem mesmo consenso sobre o que vem a ser o proces so denominado responder relacional Como sugere Hineline 1997 dife rentes pesquisadores da equivalência têm abrangido apenas partes do pro cesso muito embora considerem que estejam estudando o fenômeno como um todo Há poucos dados na literatura que evidenciam o uso de procedi mentos de treino discriminativo com discriminações simples na investiga ção do responder relacional e da emergência de relações entre estímulos por exemplo Debert 2003 Moreira e Coelho 2003 Uma maior atenção deve ser dada às discriminações simples na investigação desses fenômenos já que tais discriminações podem estar diretamente relacionadas à efeti vidade dos procedimentos de treino ao desenvolvimento do processo e aos resultados utilizados e verificados nas pesquisas sobre responder rela cional e emergência de relações entre estímulos 6 Finalizar a introdução com o objetivo do trabalho explicitandose as variáveis independente e dependente estudadas Por exemplo O objetivo deste trabalho foi verificar se é possível a emergência de relações condicionais arbitrárias entre estímulos nãotreinadas diretamente utilizan dose um procedimento de treino de discriminação simples simultânea com estímulos compostos duas classes com três estímulos cada classe Algumas normas e dicas para se redigir um relatório científico IMPORTANTE Na introdução você não apresentará detalhes de co mo foi feito o seu experimento nem sobre os resultados que encontrou Dicas para a coerência e coesão do texto Atente para a coerência e para a coesão de seu texto uma redação é diferente de um amontoado de parágrafos Em uma redação um parágrafo se conecta ao outro as idéias seguem uma seqüência lógica e conectamse umas às outras O texto deve fluir fazendose sempre referência ao que foi escrito anteriormente Algumas palavras conjunções ou expressões podem ajudálo a fazer isso PalavraExpressão Quando usar e mas também mas ainda exprime uma relação de soma de adição mas porém todavia no entanto exprime uma idéia contrária à da outra entretanto contudo oração uma oposição logo portanto por isso exprime uma conclusão da idéia contida na por conseguinte pois outra oração porque que pois exprime uma explicação Algumas normas técnicas para a redação da introdução Citações de outros textos Muitas das informações e das idéias que são apresentadas em uma introdução foram extraídas de obras de outros autores Quando isso ocorre você deve infor mar ao leitor a fonte de sua informação especificando o autor último nome dele e o ano em que a obra referida foi publicada entre parênteses autor ano Por exemplo não use negrito no seu trabalho o negrito foi usado aqui apenas para fins didáticos o experimento hipotético citado exige a adição de um quarto termo à contingência tríplice Catania 1999 que é um outro estímulo que fornece contexto para o responder chamado de estímulo condicional ou estímulo contextuai Sidman 1994 Esses dois operantes variabilidade e responder relacional bem como imitação reforçamento para novas respostas leaming set e comportamento verbalmando tato e autoclítico Skinner 1957 são chamados de operantes de ordem superior Catania 1999 Todorov 2002 Quando a citação for literal o trecho citado deve vir entre aspas e a página em que a citação está no texto original deve ser informada Uma classe funcional de estímulos não é definida apenas pelo compartilhamento de uma mesma resposta entre os estímulos que a compõem Para que uma classe de estímulos constituase em uma classe funcional deve ser demonstrado que quando variáveis são aplicadas diretamente sobre um estímulo da classe elas têm efeito similar sobre os demais de Rose 1993 p 288 Moreira Medeiros Se a citação literal exceder 40 palavras ela deve ser colocada em um parágrafo separado sendo que as margens esquerda e direita deste parágrafo devem ser 1 cm menores que as do corpo do texto Esses achados levaram Sidman a elaborar uma extensa agenda de trabalhos cf Dinsmoor 1995 e explorar as ramificações teóricas advindas desses trabalhos Sidman 1994 considerou que seu procedimento Sidman 1971 produziu algo além de uma discriminação condicional Nós trouxemos à tona assuntos que eram novos para a Análise do Comportamento Entre esses estavam a nossa demonstração de que algo mais estava acontecendo do que o olho pode ver no procedimento de discriminação condicional Sidman 1994 p 119 Para Sidman os procedimentos de discriminação condicional e MTS são idênticos mas os resultados produzidos por eles o processo de discriminação condicional e o processo de matching verdadeiro são diferentes Quando você fizer uma citação indireta ou seja citar um autor cujo trabalho você não leu diretamente mas leu em outro autor use a palavra apud em itálico que significa citado por No exemplo anterior há uma citação de Sidman 1994 Caso você desejasse citar o que Sidman 1994 disse mas não tivesse lido à obra de Sidman você leu apenas neste livro você poderia fazer assim Sidman 1994 apud Moreira Medeiros 2007 afirmou que se algo mais que olho pudesse ver estaria acontecendo durante um procedimento de emparelhamento com o modelo Dessa forma o leitor saberá que você não leu diretamente o que Sidman falou sobre o assunto mas que você leu sobre o que Sidman disse em um texto de outro autor Nas Referências Bibliográficas no final do relatório devese colo car apenas a obra consultada No caso do exemplo anterior você não colocaria referência completa de Sidman 1994 Colocaria apenas Moreira e Medeiros 2007 que foi a obra realmente lida Evite sempre que possível utilizar citações indiretas Ao fazêlas correse o risco de estar apresentando a interpretação de um autor sobre as idéias de outro e não as ideais originais do autor citado indiretamente Uso do sujeito indeterminado Um texto científico deve ser impessoal motivo pelo qual usase o sujeito indeter minado na oração Dá se à diferenciação do responder na presença de estímulos diferentes o nome de discriminação de estímulos Catania 1999 Quando um pombo bica um disco na presença de uma luz verde SD mas não na presença de uma luz vermelha SA ou simplesmente na ausência da luz verde dizse que o pombo consegue discriminar entre os dois estímulos e também que um controle de estímulos foi estabelecido O 200 Algumas normas e dicas para se redigir um relatório cientifico procedimento utilizado para se produzir controle de estímulos é denominado treino discriminativo ou procedimento de discriminação Whaley e Malott 1981 Nunca utilize a lâ pessoa do singular nem do plural e seu trabalho Método No método será informado como o experimento foi realizado quais foram os sujeitos suas características que tipos de materiais foram necessários as caracte rísticas do local onde o experimento foi realizado Enfim apresentar todas as informações necessárias e suficientes para que o leitor de seu trabalho possa entender como ele foi feito bem como ser capaz de replicálo ou seja o método deve ser escrito de uma forma tal que o leitor de seu trabalho possa ser capaz de refazêlo exatamente da mesma forma que você o fez O método é dividido em três partes principais SujeitosParticipantes Ambiente materiais e instrumentos Procedimento Sujeitosparticipantes No seu trabalho será utilizado como subtítulo ou Sujeitos para organismos nãohumanos ou Participantes para organismos humanos Nessa parte do relatório devese informar quais as características dos sujeitosparticipantes que sejam relevantes para sua pesquisa ou seja aquelas características dos sujeitos participantes que poderiam alterar os resultados de sua pesquisa caso não fos sem respeitadas Veja na Tabela 111 algumas informações mais comuns Exemplo 1 Participantes Participaram do experimento 17 estudantes do curso de psicologia e 16 alunos e 1 professor do curso de engenharia de telecomunicações do Instituto de Educa Sujeitos náohumanos ratos pombos macacos Participantes pessoas Qual a experiência prévia com o tipo de tarefa envolvida no experimento Idade e gênero Tempo de privação água comida antes do experimento Peso Raça linhagem procedência de onde veio Número de sujeitos Qual a experiência prévia com o tipo de tarefa envolvida no experimento Idade e gênero Grau de escolaridade Nível socioeconômico É universitário Qual o curso Número de participantes Moreira Medeiros ção Superior de Brasília IESB cursando respectivamente o segundo e o quarto semestres do curso todos sem contato prévio com a situação experimental As idades dos participantes variaram entre 17 e 46 anos sendo 20 participantes do gênero feminino e 14 do gênero masculino Exemplo 2 Sujeitos Foram utilizados 8 ratos Wistar machos com 2 meses e pesos corporais entre 150 e 250g no início do experimento proveniente de nossa colônia PPGCF CBMUFES Os animais foram mantidos em gaiolas individuais em ambiente com temperatura controlada 25C e com ciclo claroescuro natural de 12h Ambiente materiais e instrumentos Nesta parte do relatório informarseá ao leitor quais foram os recursos necessá rios para se realizar a pesquisa As informações giram em torno das características do local onde a pesquisa foi realizada quais os materiais caneta papel mesas brinquedos etc e os instrumentos testes computadores softwares questioná rios etc utilizados Lembrese de que as descrições devem ser claras e precisas colando sempre que possível medidas objetivas para fazer tais descrições por exemplo errado o experimento foi feito em uma sala grande certo o experimento foi feito em uma sala medindo 7x5 m2 As sessões experimentais foram realizadas em três cubículos experimentais idênticos com isolamento acústico medindo aproximadamente 12m3 Nos cubí culos havia uma mesa uma cadeira e um microcomputador com processador de 21Ghz 256Mb de memória RAM sistema operacional Windows 2000 mouse duas caixas acústicas e monitor de 14 com tela sensível ao toque A coleta dos dados foi feita utilizandose o software MTSDSS 10 especialmente projetado pelo autor para estudos sobre discriminação de estímulos Fotos desenhos ou esquemas dos ambientes e equipamentos assim como cópias dos protocolos de registros instruções escritas eou questionários podem ser colocados nos anexos Porém os anexos deverão ser citados no texto Por exemplo as instituições descreviam a tarefa experimental Anexo 1 Procedimento Nesta parte do relatório será descrito em detalhes como a pesquisa foi realizada Na descrição do procedimento devese atentar para a clareza e para a objetividade da linguagem Evite termos vagos imprecisos ou ambíguos Todos os estímulos foram apresentados centralizados dentro de retângulos de cor branca medindo 325cm de altura por 4lcm de comprimento Cada fase teve tempo máximo para ser realizada de 10 minutos Como o experimento já foi realizado o tempo verbal de toda a descrição do procedimento deve estar no passado bem como o sujeito da oração deve estar indeterminado Algumas normas e dicas para se redigir um relatório científico Utilizouse um procedimento de treino discriminativo O treino AB foi composto de no máximo 64 tentativas no mínimo 32 e teve como critério de encerramento o acerto de 16 tentativas consecutivas Foram treinadas no treino AB as seguintes relações entre estímulos A1B1 e A2B2 Em cada tentativa eram apresentados ao participante um estímulo composto positivo e um estímulo composto negativo Os estímulos compostos positivos Tabela 2 eram formados por membros de uma mesma classe variandose as posições relativas ao outro estímulo componente dos estímulos componentes como mostrado na Figura 11 Os estímulos compostos negati vos foram formados por membros de classes diferentes A1B2 e A2B1 A descrição do procedimento deve ser feita na seqüência em que ele foi reali zado Descreva passo a passo como o experimento foi realizado quantos sessões foram realizadas quais os critérios para o encerramento ou para a mudança de cada fase do experimento e o que os sujeitosparticipantes deveriam realizar durante cada sessão Se em vez de um relatório você estiver fazendo um projeto de pesquisa que é muito similar ao relatório você usará o tempo verbal no futuro no relatório você já realizou a pesquisa no projeto você ainda realizará a pesquisa Resultados Na seção de resultados devese apresentar ao leitor os dados que você coletou já analisados e descritos em forma de gráficos eou tabelas e descrevêlos para o leitor informando o que eles significam Os gráficos devem ser apresentados centralizados horizontalmente Todos os seus gráficos devem ter 1 Título 2 Rótulo dos eixos 3 Legenda quando necessário 4 Nome Figura 1 Gráfico de Figura 2 Gráfico de etc e uma descrição do que os gráficos estão mostrando Alinhe este item com as bordas da figura 5 O eixo Y deve ter cerca de 80 do tamanho do eixo X horizontal 6 É importante que todos os elementos do gráfico sejam facilmente visuali zados Após inserir o gráfico no texto faça uma pequena descrição dele comentado os resultados Os dados mostrados nas Figuras 19 e 20 apesar de menos consistentes que aqueles obtidos nos testes relacionais evidenciam que o procedimento de treino utilizado neste trabalho pode ser efetivo para a produção da relação chamada por Sidman de transitividade bem como da relação de equivalência simetria da transitividade Além de gráficos a seção de resultados de seu relatório poderá conter tabelas As tabelas devem ter a seguinte formatação Moreira Medeiros 2000 O 1500 O S 1000 cry 500 0 Figura 111 Comparação entre a freqüência acumulada de respostas em esquema de reforçamento CRF e Fl25 50 minutos de registro Título acima da tabela com indicação do número da tabela As únicas linhas que a tabela deve conter são as apresentadas na tabela exemplo abaixo Ou seja a tabela contém apenas linhas horizontais Ta belas não possuem linhas verticais Tabela 1 Desempenho do sujeito em cada sessão experimental Sessão M de Respostas N de Reforços RespostasReforço CRF 15 15 1 Sessão 1 100 10 10 Sessão 2 20 2 10 Sessão 3 120 6 20 Sessão 4 40 4 10 A tabela deve estar centralizada e o título deve estar alinhado a suas margens Após inserir a tabela no relatório faça uma breve descrição dela por exemplo A Tabela 1 apresenta o desempenho dos sujeitos em cada uma das Os dados mostram que houve aumento Já da Sessão 2 para a Sessão 3 houve uma dimi nuição na relação respostareforço de Discussão Todo experimento tem um objetivo Nesta seção do relatório apresentase a discussão dos resultados em relação ao objetivo do trabalho baseado no que os resultados nos dizem Aigwuas normas e dicas para se iSgir um rdatóno científico Na discussão devese mostrar se seu objetivo foi atingido relatando proble mas que você encontrou durante a execução do experimento e apontando possí veis modificações para replicações futuras de seu experimento É conveniente retomar o objetivo de seu trabalho no início da discussão Este trabalho teve como objetivo verificar se é possível a emergência de relações arbitrá rias entre estímulos nãotreinadas diretam ente utilizandose um procedimento de treino de discriminações simples sim ultâneas com estímulos compostos duas classes com três estímulos cada classe Os resultados obtidos m ostrara que o procedimento de treino utilizado neste traba lho pode produzir responder relacional diretam ente treinado e responder relacional emergente Os resultados tam bém fornecem apoio empírico a dois outros trabalhos que utilizaram estratégias de ensino de relações arbitrárias semelhantes Moreira e Coelho 2003 eDebert 2003 ambos utilizando discriminações simples simultâneas no primeiro e sucessivas no segundo e estímulos compostos A despeito das possíveis contribuições deste trabalho para a compreensão do res ponder relacional podemos destacar algumas modificações que devem ser feitas em futuras replicações A primeira delas seria inserir na linha de base e nos testes mais um estímulo comparação o que provavelmente diminuiria a ocorrência de altos desem penhos na linha de base bem como aum entaria a confiabilidade dos dados obtidos nos testes Nesse sentido tam bém poderia ser aum entado o núm ero de tentativas nos testes o que poderia evidenciar padrões de controle de estímulos diferentes daque les programados pelo experimentador Referências bibliográficas Nas referências bibliográficas você deve colocar a referência completa dos textos que foram citados no trabalho Por exemplo se você citou na introdução Catania 1999 você deve colocar nas referências bibliográficas a indicação de como o leitor pode encontrar a obra que você está citando A forma como você deve colocar a referência pode variar de acordo com a norma usada em Psicologia geralmente se usa as normas da APA ou da ABNT Veremos algumas normas da APA American Psychological Association Regras gerais 1 Coloque nas referências todas as obras que foram citadas no restante do trabalho 2 Coloque apenas as obras que foram citadas se você leu um artigo sobre o assunto mas não o citou não o coloque nas referências 3 Ao escrever a referência se ela ocupar mais de uma linha as linhas abaixo da primeira devem estar alinhadas a partir da terceira letra da primeira linha 07 cm Por exemplo Nalini L E 2002 Determinação empírica da nomeabilidade de estí mulos implicações para o estudo da relação de nomeação Tese de doutorado Universidade de Brasília Brasília Moreàa 4 As referências devem ser colocadas em ordem alfabética pelo sobreno me do primeiro autor Exemplo Catania A C 1999 Aprendizagem comportamento linguagem e cognição Porto Alegre Artmed Debert P 2003 Relações condicionais com estímulos compostos Tese de Doutorado Pontifícia Universidade Católica de São Paulo São Paulo Dinsmoor J A 1995 Stimulus Control Part II The Behavior Analyst 18 253269 Galvão O F 1993 Classes funcionais e equivalência de estímulos Psi cologia teoria e pesquisa 9 547554 Hayes S C 1989 Nonhumans have not yet shovvn stimulus equiva lence Journal of the Experimental Analysis of Behavior 51 385392 Existem vários tipos de textos científicos que podemos citar em nossos trabalhos para cada um deles há maneiras diferentes de se escrever as referências ou seja ao escrever a referência completa você deve saber se o texto em questão é de um livro de um periódico científico de fontes na internet se o livro foi feito por organizadores etc Aqui listaremos apenas algumas das possibilidades Referências de livros Último sobrenome do autor Iniciais do nome ano de publicação Nome do liro Cidade em que foi impresso Nome da editora Exemplos Catania A C 1999 Aprendizagem comportamento linguagem e cognição Por to Alegre Artmed Keller F S e Schoenfeld W N 1950 Principies of Psychology Nova York AppletonCenturyCrofts Referências de artigos de periódicos Último sobrenome do autor Iniciais do nome ano de publicação Nome do artigo Nome do periódico Volume página inicialpágina final Exemplos Moreira M B e Coelho C 2003 Discriminações condicionais discrimina ções simples e classes de equivalência em humanos Estudos Vida e Saúde 30 10231045 Todorov J C 2002 A evolução do conceito de operante Psicologia Teoria e Pesquisa 18 123127 Referências de capítulo de livro Em alguns livros cada capítulo é escrito por um autor diferente e geralmente um dos autores é responsável pela organização do livro Nesses casos faça a citação da seguinte forma Algumas normase dicas para se redigir um relatório científico Último sobrenome do autor do capítulo Iniciais do nome ano de publicação Título do capítulo Em iniciais do nome do organizador do livro último sobrenome do organizador do livro org Título do livro número da edição página inicial página final do capítulo Cidade em que foi impresso Nome da editora Exemplos Banaco R A 1997 Podemos nos beneficiar das descobertas da ciência do comportamento Em R A Banaco org Sobre comportamento e cognição aspectos teóricos metodológicos e de formação em análise do comportamento e terapia cognitiva Ia Edição 543555 Santo André Arbytes Todorov J C Moreira M B Moreira M 2005 Contingências entrelaçadas e contingências nãorelacionadas Em J C Todorov M B Moreira e R C Martone orgs Metacontingências comportamento cultura esociedade Ia Edi ção 5559 Santo André ESETec Informações obtidas em mídia eletrônica in tern et Todas as referências começam com as mesmas informações que seriam providas para uma fonte impressa Se a informação for obtida por meio da internet a infor mação da web é colocada no final da referência É importante usar Recuperado de e a data porque os documentos na internet podem ter o conteúdo modificado mudar de lugar ou serem removidos daquele endereço Último sobrenome do autor Iniciais do nome ano de publicação Nome do artigo ou do site Online Disponível endereço completo do site Recuperado em data em que o site foi acessado Exemplos Koen B V 2001 Contingencies of Reinforcement to Maintain Student Progress Throughout a WebBased PSI Course Online Disponível http wwweecskumamotouacjpITHET01proc037pdf Recuperado em 07 de maio de 2004 Moreira M B 2005 Esquemas de Reforçamento Online Disponível httpwwwwalden4combr Recuperado em 28 de setembro de 2004 Anexos Os anexos representam a última parte do relatório Em muitos casos sua pre sença é opcional Ele contém fotos desenhos figuras instruções protocolos de registro dados brutos ou seja informações complementares que não seriam pertinentes dentro do texto Diferentemente das demais partes do relatório os anexos iniciam com uma folha em branco com a palavra Anexos impressa no centro da folha tanto na horizontal quanto na vertical Apenas essa folha necessita vir numerada Moreira Medeiros 207 Esboço de como ficará o relatório Su m ário R e s u m o 01 S u m á rio 02 In tro d u ç ã o 03 M é to d o s 05 R e s u lta d o s 06 C o n clu são 07 R efe rên c ias b ib lio g ráfic as 08 A n ex o s 09 N om e da Instituição Curso de Psicologia N om e da D isciplina Título N om e do au to r 1 m atrícula N om e do au to r 2 m atrícula Brasília N ovem bro de 2004 R esu m o xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Palavraschave XXX X XXX XXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXX M é to d o S u jeito XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX A m b ien te m a te ria is e in s tru m e n to s XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX P ro c e d im e n to XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX R esu lta d o s XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Figura 1 XXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX D iscu ssã o XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXX R eferên cia s biblio gráficas C a la n ia AC 1 9 9 9 A prendizagem com portam ento linguagem e cognição P o rto A leg re A rtm e d M ille n so n JR 1 9 7 5 Princípios de análise do com portam ento B rasília C o o rd e n a d a 208 Checklist o que checar após finalizar o relatório m H Algumas normas e dicaspara seredigir uxn relatório científico Quanto à formatação geral Configurei para papel A4 Imprimi em papel A4 Usei fonte Arial 11 ou Times New Roman 12 Configurei as m argens corretamente Usei espaçam ento duplo entre linhas Iniciei cada seção do relatório em páginas separadas As páginas estão num eradas Quanto à Capa Todos os itens estão presentes 0 título está adequado VI e VD Alinhei corretam ente os itens ao centro Quanto ao Resumo e palavraschave 0 resumo tem entre 15 e 20 linhas Inseri três palavraschave após o resumo 0 resumo apresenta assunto objetivo método resultados e conclusão A formatação do resum o está correta Ele parece um quadradinho Quanto ao Sumário Os núm eros das páginas foram colocados corretamente A formatação foi feita corretamente Quanto à Introdução O Essa tabeta tem o objetivo de ajudálo a verificar se você fez o relatório levando em consideração todos os aspectos relevantes Moreira Medeiros 209 Finalizei a introdução com a apresentação do objetivo do trabalho Citei corretamente os trabalhos apresentados autor ano Fiz uso do sujeito indeterminado dizse concluiuse etc Quanto ao Método Descrevi os SujeitoParticipantes Ambiente materiais e instrumentos e Procedimento Separei os itens acima em subtópicos O método contém as informações necessárias e suficientes para a replicação da pesquisa Usei o tempo verbal no passado e sujeito indeterminado Quanto aos Resultados Apresentei todos os resultados relevantes Formatei corretamente os gráficos Descrevi e comentei corretamente os gráficos Formatei corretamente as tabelas Descrevi corretamente as tabelas Apresentei os dados de forma coerente com os objetivos do trabalho Quanto à Discussão Iniciei a discussão retomando os objetivos do trabalho Demonstrei se os objetivos foram atingidos Fiz referências aos resultados apresentados Apresentei de forma clara as contribuições do trabalho para a Ciência Discuti os problemas enfrentados durante a pesquisa casa haja algum Apresentei sugestões para futuras replicações Quanto às Referências Bibliográficas Estão em ordem alfabética Coloquei a referência de todas as obras que citei no trabalho Coloquei a referência apenas das obras que citei no trabalho Formatei corretamente de acordo com o tipo de publicação C A P l T U L O 12 B F Skinner análise do comportamento e o behaviorismo radical Todos os assuntos abordados neste livro baseiamse na abordagem psicológica chamada Análise do Comportamento cujo criador e maior expoente é Burrhus Frederic Skinner A concepção de ser humano as concepções epistemológicas a proposta de objeto de estudo da psicologia o modelo de causalidade as discussões conceituais acerca dos fenômenos psicológicos entre outras discussões filosóficas que embasam essa abordagem são da alçada do Behaviorismo Radical também concebido por Skinner como a filosofia da ciência do comportamento Neste capítulo veremos um pouco sobre quem foi Skinner e o que é Análise do Compor tamento e o Behaviorismo Radical Burrhus Frederic Skinner A carreira Skinner nasceu em 20 de março de 1904 no Estado norteamericano de Nova York Sua primeira formação acadêmica é em Letras Skinner queria ser escritor Essa carreira no entanto teve vida breve Aos 24 anos 1928 após ter entrado em contato com as obras de John Watson e Ivan Pavloy Skinner interessase pela área ingressando no pósgraduação de psicolo gia da Universidade de Harvard onde três anos mais tarde recebe seu PhD em psicologia 1931 Depois de vários pósdoutorados Skinner foi dar aulas na Universidade de Minnesota de 1936 a 1945 e na Universidade de Indiana de 1945 a 1947 na qual foi chefe do Departamento de Psicologia pelo mesmo período Em 1948 Skinner retoma a Harvard onde permanece como professor do Departamento de Psicologia até 1990 ano de seu falecimento no dia 18 de agosto Ao longo de sua carreira Skinner produziu muitos trabalhos de grande relevância para a psicologia o que lhe conferiu inúmeras honras e vários prêmios como por exemplo a Medalha Nacional de Ciência 1968 Honra concedida pelo presidente norteameri Informações confiáveis sobre a obra e a carreira de Skinner po dem ser encontradas no site httpwwwbfskinnerorg 212 B F Skinner análise do comportamento e o behaviorismo radical cano aos cidadãos compatriotas que realizaram importantes contribuições para as ciências sociais ciências do comportamento biologia química engenharia matemática e física a Medalha de Ouro da American Psychological Foundation 1971 em 1989 recebeu o Distinguished Scientific Contribution Awards da American Psychological Association a mais importante associação de psicologia norteamerica na hoje com cerca de 150 mil membros As idéias Skinner foi um homem profundamente preocupado com as questões humanas Trabalhou incessantemente para que a psicologia chegasse a um estágio tal que fosse possível por meio dela construir um mundo melhor Skinner acreditava ser possível conhecer o homem e a natureza humana de uma forma muito mais profunda que a proposta pela psicologia de sua época e também pela de hoje Skinner acreditava que por mais complexo que seja o comportamento huma no ou o ser humano é possível estudálo de forma científica Essa é uma carac terística marcante de seu pensamento Para ele a Ciência é o caminho mais rápido e mais seguro para a construção do conhecimento Enquanto muitos sus tentavam concepções de que o comportamento humano é muito complexo para ser estudado cientificamente ou de que a subjetividade humana está além do alcance da ciência Skinner trabalhou arduamente em seus laboratórios mostran do a viabilidade de uma ciência do comportamento e da inclusão dos fenômenos subjetivos nessa ciência Com esse esforço produziu conhecimentos que são a base hoje para o trabalho de milhares de psicólogos em todo o mundo Seus trabalhos de seus colaboradores e de seus seguidores embasam a atuação de psicólogos nas mais diversas áreas na clínica nas organizações nas escolas no contexto hospitalar nos esportes na educação especial no tratamento do autismo nas comunidades no planejamento cultural no tratamento das mais diversas psicopatologias nos laboratórios de pesquisa psicológica com animais ou humanos na psicofarmacologia na psicologia jurídica no auxílio às crianças com déficit de aprendizagem ou de atenção apenas para pontuar algumas En fim os ensinamentos deixados por Skinner podem ser encontrados hoje em praticamente todas as áreas nas quais o psicólogo pode atuar A obra Ao longo de sua produtiva carreira Skinner escreveu e pesquisou sobre quase todos os assuntos necessários à compreensão do ser humano aprendizagem desenvolvimento memória ansiedade o self a subjetividade a consciência as psicopatologias a criatividade o pensamento a cognição as emoções a persona lidade a linguagem os aspectos sociais e culturais do ser humano as vontades os desejos os insights e a introspecção Enfim quase tudo senão tudo o que diz respeito ao ser humano em seus aspectos psicológicos pode ser encontrado na obra de Skinner É necessário ressaltar apenas que a forma como Skinner aborda todos esses assuntos diverge da forma como outros grandes nomes da psicologia os abordaram por enquanto Freud Jung Adorno e Moreno Moreira Medeiros Em quase sete décadas dedicadas à pesquisa e à produção de conhecimento em psicologia Skinner escreveu e publicou algo em torno de 300 artigos e cerca de 20 livros Suas publicações abrangeram os mais diversos assuntos Apenas para ilustrar essa diversidade apresentamos aqui os títulos de algumas de suas obras O Comportamento Verbal Ciência e Comportamento Humano A Ciência de Aprender e a Arte de Ensinar Superstição em Pombos Os Efeitos de Certas Drogas e Hormônios no Condicionamento e na Ex tinção Uma Conferência sobre como Escrever um Poema A medida da Atividade Espontânea A Aliteração nos Sonetos de Shakespeare Um estudo sobre o comporta mento literário O que é comportamento psicótico O Planejamento de Culturas O Estudante Criativo Análise do comportamento A Análise do Comportamento é uma abordagem psicológica que busca compreen der o ser humano a partir de sua interação com seu ambiente condicionamento pavloviano contingências de reforço e punição esquemas de reforçamento o papel do contexto entre outros tipos de interação É importante ressaltar que o conceito de ambiente para a Análise do Comportamento vai muito além do seu significado comum Ambiente em Análise do Comportamento referese ao mundo físico as coisas materiais ao mundo social interação entre com outras pessoas à nossa história de vida e à nossa interação com nós mesmos tudo isso é ambiente para a Análise do Comportamento Falar simplesmente que duas pessoas que estão no mesmo lugar ou duas crianças que foram criados na mesma casa estão no mesmo ambiente parte de uma compreensão estreita do conceito Em Análise do Comportamento como você estudou ao longo deste livro tentamos identificar como os indivíduos interagem com seus ambientes a partir dos conceitos de condicionamento pavloviano condicionamento operante discri minação de estímulos esquemas de reforçamento etc para tentar prever saber sob quais circunstâncias o comportamento tem maior probabilidade de ocorrer e controlar o comportamento por exemplo intervenções psicoterápicas A idéia central exceto para condicionamento respondente é a seguinte as conseqüências que determinado comportamento produziu no passado selecionaram esses comportamentos ou seja influenciam se ele continua ou não ocorrendo Sendo assim se mudarmos as conseqüências do comportamento hoje o comportamento muito provavelmente será alterado controle do comportamento Vejamos um exemplo de como é possível prever comportamentos quando conhecemos a histó ria de interação do indivíduo com seu ambiente 214 B F Skinner análise do comportamento e o behaviorismo radical Nosso exemplo começa com dois irmãos gêmeos que chamaremos de Joaquim e João no terceiro dia de aula de ambos do préescolar momento em que suas personalidades são ainda muito parecidas Ambos são extrovertidos e bastante faladores O quadro a seguir apresenta algumas situações vivenciadas pelos dois irmãos ao longo de sua vida escolar Joaquim A professora pede a Joaquim que mostre o desenho que fez em casa João A professora pede a João que mostre o desenho que fez em casa Joaquim se levanta e mostra para a turma o desenho que fez João se levanta e mostra para turma o desenho que fez A professora diz que Joaquim não se esforçou e fez um desenho muito ruim A turma ri de Joaquim A professora elogia bastante o desenho e os colegas dizem frases do tipo Que legal Bonito Joaquim A professora pede a Joaquim que leia um pequeno texto João A professora pede a João que leia um pequeno texto Joaquim sem os óculos de grau no dia lê e erra muitas palavras João lê corretamente o texto A professora o repreende e os colegas fazem brincadeirinhas A professora elogia a leitura de João Joaquim Joaquim leia a sua resposta diz a professora João João leia a sua resposta diz a professora A professora interrompe a resposta no meio e diz É zero Joaquim não me venha com desculpas A turma diz Vish Vish A professora diz Excelente João quisera eu que todos os alunos fossem como você A turma o elogia na hora do recreio Várias situações semelhantes às descritas ocorrem com Joaquim e João ao longo do ensino médio Joaquim que teve febre alta no dia anterior responde Não fiz porq João responde corretamente Joaquim A professora diz Amanhã será a apresentação oral do trabalho João A professora diz Amanhã será a apresentação oral do trabalho Na última situação apresentada no exemplo na faculdade consideremos que dois comportamentos distintos tenham sido emitidos pelos dois irmãos 1 Moreira Medeiros fazer a apresentação oral sem problemas 2 inventar uma desculpa e faltar à aula no dia da apresentação Qual desses dois comportamentos você acha que Joaquim tenha emitido Parece mais lógico dizer que Joaquim é quem tenha inventado a desculpa Prever comportamento não é nada mais que isso É claro que estamos falando de um exemplo caricato e simples mas em essência fazer análises funcionais é fazer o que fizemos no exemplo É possível que João fosse quem tivesse inventado a desculpa Sim é claro que é possível Mas isso invalida a análise E claro que não só indicaria que a análise está incompleta E como chegamos à conclusão de que fosse mais provável que Joaquim e não João que inventasse a desculpa Chegamos a essa conclusão porque conhecíamos situações nas quais o comporta mento de fazer apresentação oral ocorreu e quais foram as conseqüências desse comportamento naquelas situações Podemos concluir também que o comporta mento de inventar a desculpa só ocorreu porque teve aquelas conseqüências naque las situações no passado É neste sentido que dizemos que em decorrência de interações passadas os com portam entos atuais são controlados por seus estímulos antecedentes situações e por seus estímulos conseqüentes ou conse qüências São essas interações das pessoas com seus ambientes que a Análise do Com portamento estuda para tentar entender por que as pessoas se comportam da maneira que se comportam em determinadas situações Ao entender isso torna se possível fazer com que as pessoas se comportem de formas diferentes Se Joaquim hoje evita situações nas quais tem que se expor em público reforço negativo em função das conseqüências passadas de se expor em público é lícito dizer que se alterarmos as conseqüências de tais comportamentos de hoje em diante provavelmente o comportamento mudará As evidências empíricas práticas de que os argumentos apresentados são verdadeiros foram e continuam sendo produzidas por uma disciplina científica chamada Análise Experimental do Comportamento Tudo o que você estudou neste livro já foi validado no Laboratório com humanos e com nãohumanos pela Análise Experimental do Comportamento e teve sua efetividade confirmada por seus usos nos mais diferentes contextos em que o psicólogo atua por analistas do comportamento O behaviorismo radical de Skinner É comum ver as pessoas confundirem Análise do Comportamento e behaviorismo bem como é comum vêlas confundirem Behaviorismo Radical representado por Skinner e a grande força do Behaviorismo atual quiçá a única com outras modalidades de Behaviorismo ou mesmo ignorarem que existem diferentes behaviorismos Apesar da estreita relação Análise do Comportamento e Behaviorismo são coisas diferentes Análise do Comportamento é uma abordagem psicológica Beha viorismo é um tipo de filosofia da ciência do comportamento É análogo a uma lente que usamos para ver o mundo e as pessoas que nele habitam Examinemos 216 B F Skinner análise do comportamento e o behaviorismo radical algumas palavras do próprio Skinner sobre o Behaviorismo Radical Skinner 1982 O Behaviorismo não é a ciência do com portam ento hum ano mas sim a filosofia dessa ciência Algumas das questões que ele propõe são É possível tal ciência Pode ela explicar cada aspecto do com portam ento hum ano Que m étodos pode empregar São suas leis tão válidas quanto as da física e da biologia Proporcionará ela um a tecnologia e em caso positivo que papel desem penhará nos assuntos hum anos São particularm ente im portantes suas relações com as formas anteriores de tratam ento do mesmo assunto O com portam ento hum ano é o traço mais familiar do m undo em que as pessoas vivem e deve ter sido dito mais sobre ele do que sobre qualquer outra coisa E de tudo o que foi dito o que vale a pena ser conservado p 7 É com o trecho anterior que Skinner inicia o livro Sobre o Behaviorismo É im portante destacar que se inicia o livro dizendo que o Behaviorismo não é uma ciência do comportamento mas a filosofia que embasa essa ciência Sendo assim não podemos comparar o Behaviorismo Radical com a Psicanálise a Psicologia da Gestalt ou a Psicologia Cognitiva por exemplo uma vez que o Behaviorismo Radi cal não é uma abordagem psicológica Já ao contrário a Análise do Comporta mento sim é uma abordagem psicológica como as citadas O Behaviorismo Radical simplesmente fornece o embasamento filosófico da Análise do Comportamento Outro ponto de destaque é a preocupação de Skinner em conhecer mais sobre o comportamento humano por meio dos métodos da ciência O próprio Watson fez im portantes observações acerca do com portam ento instintivo e foi na verdade um dos primeiros etologistas no sentido moderno impressionouse m uito porém com as novas provas acerca daquilo que um organism o podia aprender a fazer e fez algumas alegações exageradas acerca do potencial de um a criança recém nascida Ele próprio considerouas exageradas mas desde então tais alegações têm sido usadas para desacreditálo Sua nova ciência nascera por assim dizer prem atura m ente Dispunhase de m uito poucos fatos relativos ao com portam ento particular m ente o com portam ento hum ano A escassez de fatos é sempre um problema para um a ciência nova mas para o program a agressivo de W atson em um campo tão vasto quanto o do com portam ento hum ano era particularm ente prejudicial Faziase m ister um suporte de fatos maior do que aquele que Watson foi capaz de encontrar e por isso não é de surpreender que m uitas de suas declarações pareçam simplificadas e ingênuas Eles W atson e Pavlov foram tam bém forçados a fazer interpretações apressadas do com portam ento complexo Watson afirmando que o pensam ento era apenas um a fala subvocal e Pavlov que a linguagem não passava de um segundo sistem a de sinais Nada ou quase nada tinha Watson a dizer a respeito de intenções propósitos ou criatividade Ele acentuava a promessa tecnológica de um a ciência do comportamento mas seus exemplos não eram incompatíveis com um controle m ani pulador Mais de 60 anos se passaram desde que Watson publicou seu manifesto e m uita coisa ocorreu nesse período A análise científica do com portam ento tem feito progressos dramáticos e as deficiências da apresentação de W atson são agora creio eu principalmente de interesse histórico p 910 Moreira Medeiros 217 Como apresentamos anteriormente o interesse de Skinner pela Psicologia começa ao tomar contato com as obras de Watson e Pavlov No entanto no trecho anterior fica claro que Skinner mesmo reconhecendo a importância das contri buições de Watson e Pavlov para a psicologia discorda dos modelos simplistas de análise do comportamento desses dois autores Se você prestar bem atenção perceberá que as críticas que Skinner ao behaviorismo de Watson são as mesmas que os menos avisados fazem hoje ao behaviorismo de Skinner Isto é quando as pessoas criticam o behaviorismo de Skinner hoje na verdade elas estão criti cando o behaviorismo de Watson fazendo as mesmas críticas que Skinner fez há mais de quatro décadas As pessoas criticam um behaviorismo que já faz parte da história da psicologia A afirmação de que os behavioristas negam a existência de sentimentos sensações idéias e outros traços da vida m ental precisa ser bem esclarecida O behaviorismo metodológico de Watson e algumas versões do positivismo lógico excluíam os aconte cimentos privados porque não era possível um acordo público acerca de sua validade A introspecção não podia ser aceita como um a prática científica e a psicologia de gente como Wilhelm W undt e Edward B Titchener era atacada por isso O behavio rismo radical todavia adota uma linha diferente Não nega a possibilidade da autoobservação ou do autoconhecimento ou sua possível utilidade mas questiona a natureza daquilo que é sentido ou observado e portanto conhe cido Restaura a introspecção mas não aquilo que os filósofos e os psicólogos intros pectivos acreditavam esperar e suscita o problema de quanto do nosso corpo pode mos realm ente observar O mentalismo ao fornecer um a aparente explicação alternativa m antinha a atenção afastada dos acontecimentos externos antecedentes que poderiam explicar o comportamento O Behaviorismo Metodológico fez exatam en te o contrário com haverse exclusivamente com os acontecimentos externos antece dentes desviou a atenção da autoobservação e do autoconhecimento O Behavio rismo Radical restabelece um certo tipo de equilíbrio Não insiste na verdade por consenso e pode por isso considerar os acontecimentos ocorridos no m undo priva do dentro da pele Não considera tais acontecimentos inobserváveis e não os descarta como subjetivos Simplesmente questiona a natureza do objeto observado e a fidedig nidade das observações p 1819 grifo nosso Percebemos explicitamente neste trecho que Skinner ou seu Behaviorismo Radical não nega a existência de sentimentos sensações e idéias O que o Behaviorismo Radical questiona é apenas o papel de tais eventos na determinação da conduta humana Para Skinner ou um pensamento ou sentimento ou um desejo não podem ser a explicação para um comportamento por exemplo agredi porque estava com raiva pois são comportamentos também e portanto devem ter suas próprias explicações Este ponto merece um pouco mais de atenção Skinner propõe a distinção entre eventos privados e eventos públicos Os eventos Vate ressaltar que parte destas compreendem estímulos antecedentes respostas e conseqüências críticas dirigidas a Watson étam que quando são observáveis por mais de uma pessoa ao mesmo rut0 ncomPfeensao sua obra tempo são chamados de públicos Quando os eventos são observa 218 B P Skinner análise do comportamento e o behaviorismo radical dos por apenas quem se comporta são considerados privados Para o Behavio rismo Metodológico e para outras visões de psicologia os eventos inobserváveis publicamente são considerados de natureza diferente dos eventos publicamente observáveis Sendo assim conferiam o caráter de físico aos eventos externos o comportamento publicamente observável e de metafísico aos eventos internos lembranças medos pensamentos sonhos imaginações fantasias etc Dessa forma era mantida a dicotomia mente e corpo nãofísico e físico uma reedição da concepção dualista cartesiana Skinner rompe radicalm ente com o dualismo adotando o monismo para a psicologia Para Skinner os eventos privados eram tão físicos quanto os eventos públicos Minha dor de dente é tão física quanto a minha máquina de escrever Pensamentos sentimentos emoções não são consideradas ocorrências isto é coisas que acontecem com as pessoas e sim são considerados comportamentos Em outras palavras são coisas que as pessoas fazem da mesma forma que o comportamento público São físicos e como comportamentos serão estudados pela psicologia mesmo que não seja possível sua observação direta Resumindo precisa ficar claro que para o Behaviorismo Radical que é uma filosofia da ciência a Análise do Comportamento deverá estudar quaisquer comportamentos e seus determinantes sejam eles públicos por exemplo jogar bola ou privados por exemplo fantasiar pisar na lua A despeito de ser menos extremista em suas posições o termo Radical do Behaviorismo de Skinner evoca reações de oposição à sua forma de ver o mundo Entretanto quando Skinner qualifica o Behaviorismo como Radical ele quer dizer duas coisas 1 Nega radicalmente a causalidade mental ou seja nega o mentalismo O Behaviorismo Metodológico mesmo sem estudar os eventos privados con cedeos caráter nãofísico e causal sobre o comportamento publicamente observável Visões tradicionais em psicologia defendem a imaterialidade dos eventos privados conferindolhes status causal sobre o comportamento defendendo que a psicologia deveria se ocupar exclusivamente de eventos mentais Para tais noções de psicologia o comportamento seria apenas um subproduto do mais importante o mundo mental Além de romper com o dualismo Skinner sustenta que os eventos privados precisam ser explicados da mesma forma que os eventos públicos Para ele sua privaci dade não os torna diferentes especiais e principalmente não os tornam causas para o comportamento público Skinner sustenta que a atribuição de causalidade aos eventos privados advém da necessidade de explicações em vez de descrições do comportamento O Behaviorismo Radical foi forte mente influenciado por uma visão pragmática de ciência portanto em vez de buscar verdades acerca do comportamento o Analista do Comporta mento visaria a prever e a controlar o comportamento Para tanto em vez de especular causas hipotéticas como desejos impulsos drives vontades e traços de personalidade simplesmente procuraria descrever em quais condições o comportamento ocorre Ao se identificar o que deve acontecer Moreira Medeiros para o comportamento público ou privado ser emitido podemos prevêlo e controlálo Portanto o Behaviorismo Radical tem esse adjetivo por negar radicalmente a causalidade especulativa de eventos mentais nãofísicos Não nega os eventos mentais nega apenas que eles existam à parte do comportamento e que sejam sua causa observável publi camente 2 A outra razão do adjetivo Radical presente no Behaviorismo de Skinner é decorrente da primeira Para Skinner as explicações baseadas em eventos mentais são superficiais e não chegam à raiz dos determinantes do compor tamento Por exemplo se dizemos que alguém fica enrubescido ao falar em público porque é tímido ficamos muito longe de explicar de fato esse comportamento Não podemos prever nem controlar esse comporta mento Explicar esse comportamento pela timidez segundo Skinner é parar a investigação transmitindo uma tranqüilidade enganosa de que o explicamos De fato precisamos buscar na história de interação dessa pessoa com o meio para explicarmos por que ela reage dessa forma quando precisa falar em público Como no caso de João e Joaquim precisamos olhar para sua história de condicionamentos operantes e respondentes se quisermos ajudálos Nesse sentido a explicação mental é considerada superficial por Skinner O Behaviorismo seria radical ao buscar a raiz isto é a gênese do comportamento nas profundidades de sua interação com o ambiente Ao contrário do que sustentam os críticos o Behaviorismo Ra dical é profundo em suas análises apontando a superficialidade das con cepções mentalistas Para finalizar este livro apresentaremos uma lista de idéias completamente equivocadas que as pessoas geralmente têm sobre o Behaviorismo Radical de Skinner Eis como exemplo algumas das coisas comumente ditas sobre o Behaviorismo Radi cal ou a ciência do comportamento Creio que são todas falsas 1 O Behaviorismo ignora a consciência os sentimentos e os estados mentais 2 Negligencia os dons inatos e argum enta que todo comportamento é adquirido durante a vida do indivíduo 3 Apresenta o comportamento simplesmente como um conjunto de respostas a estí mulos descrevendo a pessoa como um autômato um robô um fantoche ou uma máquina 4 Não tenta explicar os processos cognitivos 5 Não considera as intenções ou os propósitos 6 Não consegue explicar as realizações criativas na arte por exemplo ou na música na literatura na ciência ou na matemática 7 Não atribui qualquer papel ao eu ou à consciência do eu 8 E necessariamente superficial e não consegue lidar com as profundezas da mente ou da personalidade 220 E F Skinner análise do comportamento e e behaviorismo radical 9 Limitase à previsão e ao controle do com portamento e não apreende o ser ou a natureza essencial do homem 10 Trabalha com animais particularm ente com ratos brancos mas não com pessoas e sua visão do com portam ento hum ano atémse por isso àqueles traços que os seres hum anos e os animais têm em comum 11 Seus resultados obtidos nas condições controladas de um laboratório não podem ser reproduzidos na vida diária e aquilo que ele tem a dizer acerca do com porta m ento hum ano no m undo mais amplo tom ase por isso um a metaciência não comprovada 12 Ele é supersimplista e ingênuo e seus fatos são ou triviais ou já bem conhecidos 13 Cultua os métodos da ciência mas não é científico limitase a em ular as ciências 14 Suas realizações tecnológicas poderiam ter sido obtidas pelo uso do senso comum 15 Se suas alegações são válidas devem aplicarse ao próprio cientista behaviorista e assim sendo ele diz apenas aquilo que foi condicionado a dizer e que não pode ser verdadeiro 16 Desumaniza o homem é redutor e destrói o hom em como homem 17 Só se interessa pelos princípios gerais e por isso negligencia a unicidade do indivi dual 18 É necessariam ente antidem ocrático porque a relação entre o experimentador e o sujeito é de m anipulação e seus resultados podem por essa razão ser usados pelos ditadores e não pelos hom ens de boa vontade 19 Encara as idéias abstratas tais como moralidade ou justiça como ficções 20 E indiferente ao calor e à riqueza da vida hum ana e é incompatível com a criação e o gozo da arte da música da literatura e com o amor ao próximo Creio que estas afirmações representam uma extraordinária incompreensão do significado e das realizações de uma empresa científica Como se pode explicar isso A história dos primórdios do movimento talvez tenha causado confusão O primeiro behaviorista explícito foi John B Watson que em 1913 lançou um a espécie de manifesto cham ado A Psicologia tal Como a Vê um Behaviorista Como o título m ostra ele não estava propondo um a nova ciência mas afirmando que a psicologia deveria ser redefinida como o estudo do comportam ento Isto pode ter sido um erro estratégico Skinner 1982 p 79 Principais conceitos apresentados neste capítulo BF Skinner Análise do Comportamento Análise Experimental do Comportamento Behaviorismo Radical Fundador e maior expoente da Análise do Comportamento Áiea de investigação conceituai empírica e aplicada do comportamento Área de pesquisa e produção empírica da Análise do Comportamento 0 Behaviorismo não é a ciência do comportamento humana mas sim a filosofia dessa ciência Moreira Medeiro Bibliografia consultada e sugestões de leitura Skinner BF 1982 Sobre o behaviorismo Tradução de Maria da Penha Villalobos São Paulo CultrixEDUSP Trabalho original publicado em 1974