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Ciências Contábeis ·
Pensamento Econômico
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História do Pensamento Econômico Miguel Bruno Introdução ao pensamento econômico de Marx 2 Origens do pensamento econômico de Marx ✓Crítica da Filosofia idealista de Hegel e utilização do método dialético numa perspectiva materialista ✓Perspectiva materialista ➢ a estrutura econômica é determinante das demais estruturas da sociedade ➢ a inserção econômica dos indivíduos determina sua visão de mundo, sua ideologia, o modo como apreende a economia e a sociedade ➢sua ideologia é determinada por suas condições de vida e esta depende de sua posição numa sociedade estruturada em classes sociais ✓Método dialético ➢ a realidade, os fenômenos sociais e econômicos processam-se através de contradições, conflitos, forças antagônicas ➢ Após um certo período de tempo, as contradições se intensificam e fazem surgir novos fenômenos, novas contradições e crises econômicas e sociais ✓ Influenciado pela corrente política do socialismo francês ✓ Parte da teoria do valor-trabalho de Ricardo para uma análise detalhada da mercadoria, como forma elementar(celular) da economia mercantil capitalista 3 A teoria do valor-trabalho: de Adam Smith a Karl Marx, quais suas implicações para a Ciência Econômica? 4 Adam Smith e Wilhiam Petty já haviam percebido que toda mercadoria é produto do trabalho “Se em uma nação de caçadores abater um castor custa duas vezes mais trabalho do que abater um cervo, um castor deve ser trocado por – ou então, valer, dois cervos. É natural que aquilo que normalmente é o produto do trabalho de dois dias ou de duas horas valha o dobro daquilo que é produto do trabalho de um dia ou uma hora”. (Smith, em A Riqueza das Nações) 5 E Ricardo aceita e explora as implicações teóricas “O valor de uma mercadoria depende da quantidade relativa de trabalho necessário para sua produção, e não da maior ou menor remuneração que é paga por esse trabalho”. (David Ricardo, em Princípios de Economia Política e Tributação) 6 Por que os economistas clássicos, notadamente, Smith, Ricardo e depois Marx se preocuparam com o problema do VALOR? ➢Valor ≠ Preço ➢medida invariante do valor que possibilitasse avaliar os preços relativos ➢Homogeneizar os agregados de mercadorias como condição para se determinar a distribuição do excedente econômico entre as classes sociais de produção ➢Para Ricardo, “determinar as leis que regulam a distribuição é a principal questão da Economia Política” 7 Ricardo tinha como objetivo: • Determinar, ex ante, as magnitudes invariáveis resultantes da quantidade de trabalho necessária para produzir o agregado de mercadorias • E depois analisar como seria distribuído entre as classes de capitalistas (lucros), proprietários de terra (renda da terra) e trabalhadores assalariados (salários) 8 Sejam as seguintes relações: 𝑉(𝑀1) = 𝐿11+ 𝐿12 é a quantidade de trabalho direto + trabalho indireto (insumos) para se produzir o valor da mercadoria 𝑀1 𝑉 𝑀2 = 𝐿21+ 𝐿22 é a quantidade de trabalho direto + trabalho indireto (insumos) para se produzir o valor da mercadoria 𝑀2 Supondo-se uma taxa de salário ω, então: 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜 = ω. 𝐿11 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜= 𝐿12.ω.(1 + r) 9 Então: Considerando que a formação de preço é dada por: 𝑃 = 𝐶𝑃 + 𝐶𝑃. 𝑟 Logo 𝑃1= 𝐿11. 𝜔 + 𝐿12. 𝜔 1 + 𝑟 . 1 + 𝑟 e 𝑃1 = 𝐿11. 𝜔 1 + 𝑟 + 𝐿12. 𝜔 1 + 𝑟 2 e, analogamente, 𝑃2 = 𝐿21. 𝜔 1 + 𝑟 + 𝐿22. 𝜔 1 + 𝑟 2 10 Mas, considerando, por hipótese, as razões trabalho/meios de produção, ou capital/trabalho, como iguais em todos os setores produtivos: 𝐿11 𝐿12 = 𝐿21 𝐿22 𝑃1 𝑃2 = 𝑉(𝑀1) 𝑉(𝑀2) Os preços relativos são iguais aos valores relativos mensurados em tempo de trabalho necessário para se produzir cada mercadoria 11 Todavia, esse resultado é dependente da igualdade das razões capital/trabalho em todas as indústrias E essa hipótese não é realista, foi Piero Sraffa que, no século 20, faria a demonstração pretendida por Ricardo, na obra “Produção de Mercadorias por meio de Mercadoria” 12 Marx • Vai desenvolver a teoria do valor-trabalho de Ricardo, considerando-a mais consistente do que a versão antiga da teoria do valor-utilidade • Objetivos da análise marxiana: ➢ analisar as origens, formas de desenvolvimento e de superação histórica do capitalismo como um modo de produção historicamente determinado ➢ Parte da análise da mercadoria e com ela atinge as relações sociais de produção do MPC 13 Análise da mercadoria O ponto de partida de O Capital 14 As teorias do valor: qual relevância para a Ciência Econômica? • Até os fisiocratas, acreditava-se que o lucro só poderia surgir de “trocas mercantis desiguais”, ou seja, da venda por um preço maior do que o valor: P > V(M) • Esse argumento é falso: se todos os empresários capitalistas obtêm lucro apenas vendendo por preços acima dos valores, o que eles ganhariam como vendedores, perderiam em seguida como compradores • A economia seria um “jogo de soma zero”, só se poderia ganhar o que outros perdem. Além disso, esse argumento não explicaria o crescimento econômico e a acumulação de capital 15 Tipologia das teorias do valor ➢Teoria do valor-utilidade antiga: P = F(UT), o preço seria função crescente da utilidade total do bem ➢Teoria do valo-trabalho comandado (A. Smith): P = F(quantidade de trabalho que uma mercadoria pode comprar ou comandar) ➢Teoria do valor-trabalho incorporado (D. Ricardo): P = F(tempo de trabalho incorporado na produção da mercadoria) ➢Teoria do valor-trabalho socialmente necessário (K. Marx): P = F(tempo de trabalho socialmente necessário à produção da mercadoria) ➢Teoria do valor-utilidade marginal (neoclássicos e marginalistas): P = F(U; raridade ou escassez relativa)= F(Umg) 16 A teoria do valor-trabalho na formulação marxiana é a mais desenvolvida a partir da contribuição de Ricardo • Escolhe-se a mercadoria M para início da análise porque ➢ é a forma elementar ou celular da riqueza no modo de produção capitalista (MPC) ➢ é a forma que assume o trabalho humano: toda a mercadoria é, necessariamente, produto do trabalho ➢ Na HPE, William Petty (1623-1687) e Benjamin Franklin (1706-1790) foram os primeiros a reconhecer que o valor dos bens deve ser fixado com base na quantidade de trabalho despendida e contida em sua produção 17 No capítulo I de O Capital, Marx observa: “A riqueza das sociedades em que domina o modo de produção capitalista aparece como uma imensa coleção de mercadorias, e a mercadoria individual, é sua forma elementar” “A utilidade de uma coisa faz dela um valor de uso. Essa utilidade, porém, não paira no ar. Determinada pelas propriedades do corpo da mercadoria, ela não existe sem o mesmo.” “Os valores de uso são os portadores materiais dos valores de troca”. 18 Características da mercadoria M •É uma coisa útil •É produto do trabalho •É produzida para outrem •É transferida para outrem pela troca mercantil 19 Propriedades da mercadoria M a) Satisfaz uma necessidade humana ➔ tem utilidade ou Valor de Uso (VU) b) É produto do trabalho humano para a troca ➔ tem Valor de Troca (VT) 20 Análise do VU • Utilidade ➔ capacidade que tem as mercadorias de satisfazer uma necessidade humana física ou mental • Caráter objetivo ➔ criada pelo trabalho humano, torna-se qualidade inerente às coisas 21 O que dá utilidade às coisas? • as propriedades dela: • aspecto, • cor, • sabor • consistência • cheiro, • etc. ➢são propriedades físico-químicas do objeto-mercadoria 22 Que fatores dão às mercadorias estas propriedades? 1. O ser humano dotado de uma habilidade específica, uma profissão determinada 2. O uso de determinados instrumentos de trabalho 3. A utilização de matérias-primas adequadas 23 O trabalho considerado sob o ângulo do VU (utilidade) • Chama-se trabalho concreto: trabalho de um homem com certas habilidades; usando determinados instrumentos e matérias-primas adequadas • Exemplos: • para fabricar móveis é necessário o trabalho do marceneiro com suas respectivas ferramentas e insumos, como a madeira, parafusos, cola, etc. • para construir casas e prédios é necessário o trabalho do arquiteto, do engenheiro e dos operários-pedreiros • Conclusão: o trabalho concreto é que cria o VU, ou seja, dá utilidade às mercadorias. 24 Análise do VT • Valor de troca só é observado no mercado Produtor Pr1 (alfaiate): M1 Produtor Pr2 (agricultor): M2 O VT de aM1 é bM2, para Pr1 O VT de bM2 é aM1, para Pr2 25 No mercado, as duas mercadorias comparam-se e igualam-se em certas proporções de troca aM1 = bM2 1 casaco = 150 Kg de trigo 26 Chega-se a um paradoxo (absurdo, na aparência fenomenológica) • São duas coisas qualitativamente diferentes em propriedades e unidades de medida, então, como poderiam ser igualadas na troca? • Igualdade mensurabilidade unidade de medida • Como comparar elementos diferentes qualitativa e quantitativamente? • Pela lógica formal: sejam A e B dois elementos diferentes. Se for observada a igualdade A = B, então deve existir um terceiro elemento C tal que A = C e B = C. 27 Vamos chamar esse terceiro elemento (oculto, não diretamente observado) de elemento V •1 casaco = V •150 Kg de trigo = V ➢A investigação deverá responder às questões: a) Qual a substância de V? b) Como pode ser medido? c) Qual a sua forma? 28 •É através da observação do VT que chegamos a descobrir a existência de V •Temos de voltar ao VT, ao mercado, para investigar a origem de V 29 O elemento V • Volta ao mercado: O produtor Pr1 produz VU1 = M1 (casaco) O produtor Pr2 produz VU2 = M2 (trigo) • O que há de comum entre 1 caso e 150Kg de trigo? • Qual a substância de V? • Como é constituído? • Quem é V? 30 Pelo método de redução ao absurdo Hipótese: o elemento V é a cor, sabor, consistência, cheiro, etc. qualquer propriedade físico-química • A hipótese é falsa, pois essas propriedades são completamente diferentes: M1 é casaco, feito de tecido, tinta, botões, etc. e M2 é um vegetal comestível, trigo ➢ deve-se então abandonar o VU e tudo o que o constitui, a utilidade 31 Quando abandonamos o VU e tudo que o constitui, que lhe dá utilidade • Fica o ser humano com sua força de trabalho ➔ trabalho abstrato, isto é, abstraindo-se de todas as características operativas, que lhe faz ser trabalho do alfaiate e trabalho do agricultor • O elemento V comum às duas mercadorias é constituído de trabalho abstrato, esta é a sua substância • Conforme observa Marx: as mercadorias são materializações de trabalho humano “cristalizado”. ➢“Todo trabalho é, por um lado dispêndio de força de trabalho do ser humano no sentido fisiológico, e nessa qualidade de trabalho humano igual ou trabalho humano abstrato gera o valor da mercadoria. Todo trabalho é, por outro lado, dispêndio de trabalho do homem sob forma especificamente adequada a um fim, e nessa qualidade de trabalho concreto útil produz valores de uso.” 32 Como pode V ser medido? ▪O trabalho abstrato pode ser medido por sua duração, pelo tempo: horas, minutos, dias, etc; ▪VT e V ganham entre si a relação de forma e conteúdo ▪(V – VT): (conteúdo – forma) ▪(V – VU): (par de contrários dialéticos) ▪O valor da mercadoria, V(M), é determinado pela quantidade de trabalho abstrato nela contido. ▪Este valor manifesta-se no mercado em um valor de troca (forma fenomenal) 33 O tempo de trabalho socialmente necessário à produção de M determina V e o VT como sua forma fenomenal • Trabalho concreto cria o VU • Trabalho abstrato determina V e, no mercado, expressa-se no VT 34 No mercado 1ª fase: o mercado reconhece o VU 2ª fase: quantificação: o VT é determinado, isto é, cada produtor vai avaliar a mercadoria do outro e ver quanto vale uma pela outra pelo que gastaram em tempo de trabalho em sua fabricação 3ª fase: realização de V, o valor V é realizado quando a mercadoria M é consumida, liberando sua utilidade, seu VU. A mercadoria então deixa de ser mercadoria 35 A realização do valor V • O valor imaterial, potencial, ideal, substância, conteúdo encontra uma forma de manifestar-se. O valor deve encarnar-se, deve encontrar uma forma de manifestação mensurável e palpável realização do valor ➢Essa materialização do valor V de M1 dá-se no corpo da outra mercadoria M2 ➢V foi encontrado por dedução lógica e não por meio da observação empírica 36 Os produtores tem que ir ao mercado e o que está por trás disso? • Um reconhecimento mútuo dos respectivos valores produzidos: • Qualitativo: do VU1 como valor de uso para o indivíduo Pr2 e do VU2 para o indivíduo Pr1 • Quantitativo: ➢a igualdade entre as quantidades de trabalho gastas por cada um. ➢cada um está medindo o seu trabalho em termos do trabalho do outro: quantos kg de trigo corresponderão a um casaco? 37 Os produtores tem que ir ao mercado e o que está por trás disso? • São reconhecidos socialmente se encontram VT para se manifestarem • O V1 tem de encontrar um outro corpo para se manifestar, no caso, será o corpo do outro (V2) • VU1 e VU2 são reconhecidos socialmente: realiza-se o valor V e reconhece-se o VU. • O VU é o depositário do valor V e realiza-se no ato de consumo, mas não é quantificável. 38 E o que é o preço monetário? • É a forma de manifestação do valor V quando já existe dinheiro, moeda • É a expressão do valor V em sua forma monetária: aM1 = bM2 = cM3 = dM4=eM5 ...= nMi = $ 550,00 39 Marx observa então: “Como os valores de troca das mercadorias não passam de funções sociais das mesmas, nada tendo a ver com suas propriedades naturais, devemos, antes de mais nada, perguntar: qual é a substância social comum a todas as mercadorias? É o trabalho. Para produzir uma mercadoria, deve-se investir nela ou a ela incorporar uma determinada quantidade de trabalho. Não simplesmente trabalho, mas trabalho social, de acordo com a divisão social de trabalho. Quando consideramos as mercadorias como valores, estamos considerando-as somente sob o aspecto de trabalho social realizado, fixado, ou, se assim quiserem, cristalizado. Consideradas desse modo, só podem ser diferenciadas umas das outras enquanto representarem quantidades maiores ou menores de trabalho; assim, por exemplo, um lenço de seda pode incorporar uma quantidade maior de trabalho do que um tijolo” 40 E continua: “Os valores das mercadorias estão na razão direta do tempo de trabalho incorporado em sua produção e na razão inversa das forças produtivas do trabalho empregado. (...) e o preço é a expressão monetária do valor”. ✓Os preços naturais dos economistas clássicos (Smith e Ricardo) são as expressões monetárias dos valores quando a oferta e a demanda são iguais e a influência das forças concorrenciais estão anuladas ou se cancelam mutuamente. ➢Os preços de mercado se diferenciam constantemente dos valores V 41 Mas, como diz Adam Smith, citado por Marx: “O preço natural é o preço central em torno do qual gravitam constantemente os preços das mercadorias. Circunstâncias diversas podem mantê-los muito acima desse ponto e, por vezes, um pouco abaixo. Quaisquer, porém , que sejam os obstáculos que os impeçam de se deter nesse centro de repouso e estabilidade, eles sempre tendem para essa direção.” (Adam Smith, A Riqueza das Nações) 42 E continua ainda Marx: • “para explicar a natureza geral dos lucros devemos partir do teorema segundo o qual as mercadorias são vendidas, em média, pelo seu valor real e que os lucros são obtidos vendendo-se as mercadorias pelos seus valores, ou seja, proporcionalmente à quantidade de trabalho nelas incorporada. • Isso parece paradoxal e contraditório com a observação de todos os dias. Mas também parece paradoxal que a Terra gire ao redor do Sol e que a água seja composta por dois gases altamente inflamáveis. • As verdades científicas são sempre paradoxais quando julgadas pela experiência de todos os dias, que somente capta a aparência enganadora das coisas.” (Marx, Salário, Preço e Lucro) 43 Os componentes do valor da mercadoria V(M) V (M) = c + v + m c = capital constante = máquinas, equipamentos, instalações, energia, combustível, matérias-primas v = capital variável = valor da força de trabalho = custo de reprodução da força de trabalho (valor equivale ao salário natural dos economistas clássicos) m = mais-valor ou valor excedente sobre o total dos custos de produção (plus value) 44 Uma comparação dos conceitos Teoria neoclássica (Contabilidade empresarial) • Capital fixo • Máquinas • Equipamentos • Instalações • Capital circulante • Matérias-primas • Combustíveis • Energia • Salários Teoria marxista Capital constante Capital variável 45 O conceito de capital na teoria econômica marxista • Uma relação social de produção historicamente determinada ➢É dinheiro $, instrumentos de trabalho, máquinas, equipamentos só se tornam capital sob determinadas condições materiais de produção e de distribuição ➢ Não se encontra “capital” em sociedades primitivas (Ver Stone Age Economics de Marshal Sahlins) que não se estruturam com objetivos de lucro, de valorização, de ganho 46 Tipos de circulação mercantil Característica Objetivo M – M’ Troca direta ou escambo (sem interveniência do dinheiro) Obtenção de VU M – D – M’ Troca com mediação do dinheiro Obtenção de VU D – M – D’ Troca com a mediação da mercadoria, efetuada se D’ > D Obtenção de VT ou lucro sob forma monetária D – D’ Troca direta “dinheiro por dinheiro”, efetuada se D’ > D Obtenção de VT ou lucro sob forma monetária, mas sem passar pela produção Os dois últimos tipos de troca caracterizam a circulação do Capital, como relação social de produção e apropriação historicamente determinada. 47 Conceitos básicos a) Mais-valor (plus value) = excedente sobre o total dos custos de produção (c + v) b) Taxa de mais-valor (m’) = 𝑚 𝑣 é a razão entre o mais-valor e o capital variável (= custo de reprodução da força de trabalho) c) Composição orgânica do capital (g) = 𝑐 𝑣 é a razão entre o capital constante e o capital variável (modernamente equivaleria ao conceito de intensidade do capital ou volume de capital fixo por trabalhador assalariado) d) Taxa de lucro (r) = 𝑚 𝑐+𝑣, é definida como a razão entre o valor excedente e o custo total de produção. 48 A lei da queda tendencial da taxa geral de lucro (r) 49 lim 𝑡→∞ 𝑟𝑡 = 𝑚𝑡 𝑐𝑡 + 𝑣𝑡 = 𝑚′ 𝑔𝑡 + 1 𝑚𝑡 = mais-valor 𝑐𝑡 = capital constante 𝑣𝑡 = capital variável 𝑔𝑡 = composição orgânica do capital = 𝑐 𝑣 𝑚′ = taxa de mais-valor = 𝑚 𝑣 𝑟𝑡 = taxa geral de lucro da economia 𝑡 = tempo histórico À medida em que o processo de acumulação capitalista se desenvolve, a composição orgânica do capital 𝑔𝑡 cresce mais rapidamente do que a taxa de mais-valor, levando à queda da taxa de lucro, uma vez que 𝑔𝑡 expressa a velocidade de substituição de força humana de trabalho por máquinas, equipamentos, robôs e inteligência artificial. Fatores de contratendência a) Aumento do grau de exploração da força de trabalho (prolongamento das jornadas, reduções dos salários) b) Aumento dos ganhos de produtividade c) Inovações tecnológicas d) Descobrimento de novas fontes de matérias-primas e energias e) Barateamento do capital constante f) Exportação de capitais para regiões subdesenvolvidas g) Comércio exterior h) Aumento da produtividade nas indústrias de bens-salário 50
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É natural que aquilo que normalmente é o produto do trabalho de dois dias ou de duas horas valha o dobro daquilo que é produto do trabalho de um dia ou uma hora”. (Smith, em A Riqueza das Nações) 5 E Ricardo aceita e explora as implicações teóricas “O valor de uma mercadoria depende da quantidade relativa de trabalho necessário para sua produção, e não da maior ou menor remuneração que é paga por esse trabalho”. (David Ricardo, em Princípios de Economia Política e Tributação) 6 Por que os economistas clássicos, notadamente, Smith, Ricardo e depois Marx se preocuparam com o problema do VALOR? ➢Valor ≠ Preço ➢medida invariante do valor que possibilitasse avaliar os preços relativos ➢Homogeneizar os agregados de mercadorias como condição para se determinar a distribuição do excedente econômico entre as classes sociais de produção ➢Para Ricardo, “determinar as leis que regulam a distribuição é a principal questão da Economia Política” 7 Ricardo tinha como objetivo: • Determinar, ex ante, as magnitudes invariáveis resultantes da quantidade de trabalho necessária para produzir o agregado de mercadorias • E depois analisar como seria distribuído entre as classes de capitalistas (lucros), proprietários de terra (renda da terra) e trabalhadores assalariados (salários) 8 Sejam as seguintes relações: 𝑉(𝑀1) = 𝐿11+ 𝐿12 é a quantidade de trabalho direto + trabalho indireto (insumos) para se produzir o valor da mercadoria 𝑀1 𝑉 𝑀2 = 𝐿21+ 𝐿22 é a quantidade de trabalho direto + trabalho indireto (insumos) para se produzir o valor da mercadoria 𝑀2 Supondo-se uma taxa de salário ω, então: 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜 = ω. 𝐿11 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑟𝑒𝑡𝑜= 𝐿12.ω.(1 + r) 9 Então: Considerando que a formação de preço é dada por: 𝑃 = 𝐶𝑃 + 𝐶𝑃. 𝑟 Logo 𝑃1= 𝐿11. 𝜔 + 𝐿12. 𝜔 1 + 𝑟 . 1 + 𝑟 e 𝑃1 = 𝐿11. 𝜔 1 + 𝑟 + 𝐿12. 𝜔 1 + 𝑟 2 e, analogamente, 𝑃2 = 𝐿21. 𝜔 1 + 𝑟 + 𝐿22. 𝜔 1 + 𝑟 2 10 Mas, considerando, por hipótese, as razões trabalho/meios de produção, ou capital/trabalho, como iguais em todos os setores produtivos: 𝐿11 𝐿12 = 𝐿21 𝐿22 𝑃1 𝑃2 = 𝑉(𝑀1) 𝑉(𝑀2) Os preços relativos são iguais aos valores relativos mensurados em tempo de trabalho necessário para se produzir cada mercadoria 11 Todavia, esse resultado é dependente da igualdade das razões capital/trabalho em todas as indústrias E essa hipótese não é realista, foi Piero Sraffa que, no século 20, faria a demonstração pretendida por Ricardo, na obra “Produção de Mercadorias por meio de Mercadoria” 12 Marx • Vai desenvolver a teoria do valor-trabalho de Ricardo, considerando-a mais consistente do que a versão antiga da teoria do valor-utilidade • Objetivos da análise marxiana: ➢ analisar as origens, formas de desenvolvimento e de superação histórica do capitalismo como um modo de produção historicamente determinado ➢ Parte da análise da mercadoria e com ela atinge as relações sociais de produção do MPC 13 Análise da mercadoria O ponto de partida de O Capital 14 As teorias do valor: qual relevância para a Ciência Econômica? • Até os fisiocratas, acreditava-se que o lucro só poderia surgir de “trocas mercantis desiguais”, ou seja, da venda por um preço maior do que o valor: P > V(M) • Esse argumento é falso: se todos os empresários capitalistas obtêm lucro apenas vendendo por preços acima dos valores, o que eles ganhariam como vendedores, perderiam em seguida como compradores • A economia seria um “jogo de soma zero”, só se poderia ganhar o que outros perdem. Além disso, esse argumento não explicaria o crescimento econômico e a acumulação de capital 15 Tipologia das teorias do valor ➢Teoria do valor-utilidade antiga: P = F(UT), o preço seria função crescente da utilidade total do bem ➢Teoria do valo-trabalho comandado (A. Smith): P = F(quantidade de trabalho que uma mercadoria pode comprar ou comandar) ➢Teoria do valor-trabalho incorporado (D. Ricardo): P = F(tempo de trabalho incorporado na produção da mercadoria) ➢Teoria do valor-trabalho socialmente necessário (K. Marx): P = F(tempo de trabalho socialmente necessário à produção da mercadoria) ➢Teoria do valor-utilidade marginal (neoclássicos e marginalistas): P = F(U; raridade ou escassez relativa)= F(Umg) 16 A teoria do valor-trabalho na formulação marxiana é a mais desenvolvida a partir da contribuição de Ricardo • Escolhe-se a mercadoria M para início da análise porque ➢ é a forma elementar ou celular da riqueza no modo de produção capitalista (MPC) ➢ é a forma que assume o trabalho humano: toda a mercadoria é, necessariamente, produto do trabalho ➢ Na HPE, William Petty (1623-1687) e Benjamin Franklin (1706-1790) foram os primeiros a reconhecer que o valor dos bens deve ser fixado com base na quantidade de trabalho despendida e contida em sua produção 17 No capítulo I de O Capital, Marx observa: “A riqueza das sociedades em que domina o modo de produção capitalista aparece como uma imensa coleção de mercadorias, e a mercadoria individual, é sua forma elementar” “A utilidade de uma coisa faz dela um valor de uso. Essa utilidade, porém, não paira no ar. Determinada pelas propriedades do corpo da mercadoria, ela não existe sem o mesmo.” “Os valores de uso são os portadores materiais dos valores de troca”. 18 Características da mercadoria M •É uma coisa útil •É produto do trabalho •É produzida para outrem •É transferida para outrem pela troca mercantil 19 Propriedades da mercadoria M a) Satisfaz uma necessidade humana ➔ tem utilidade ou Valor de Uso (VU) b) É produto do trabalho humano para a troca ➔ tem Valor de Troca (VT) 20 Análise do VU • Utilidade ➔ capacidade que tem as mercadorias de satisfazer uma necessidade humana física ou mental • Caráter objetivo ➔ criada pelo trabalho humano, torna-se qualidade inerente às coisas 21 O que dá utilidade às coisas? • as propriedades dela: • aspecto, • cor, • sabor • consistência • cheiro, • etc. ➢são propriedades físico-químicas do objeto-mercadoria 22 Que fatores dão às mercadorias estas propriedades? 1. O ser humano dotado de uma habilidade específica, uma profissão determinada 2. O uso de determinados instrumentos de trabalho 3. A utilização de matérias-primas adequadas 23 O trabalho considerado sob o ângulo do VU (utilidade) • Chama-se trabalho concreto: trabalho de um homem com certas habilidades; usando determinados instrumentos e matérias-primas adequadas • Exemplos: • para fabricar móveis é necessário o trabalho do marceneiro com suas respectivas ferramentas e insumos, como a madeira, parafusos, cola, etc. • para construir casas e prédios é necessário o trabalho do arquiteto, do engenheiro e dos operários-pedreiros • Conclusão: o trabalho concreto é que cria o VU, ou seja, dá utilidade às mercadorias. 24 Análise do VT • Valor de troca só é observado no mercado Produtor Pr1 (alfaiate): M1 Produtor Pr2 (agricultor): M2 O VT de aM1 é bM2, para Pr1 O VT de bM2 é aM1, para Pr2 25 No mercado, as duas mercadorias comparam-se e igualam-se em certas proporções de troca aM1 = bM2 1 casaco = 150 Kg de trigo 26 Chega-se a um paradoxo (absurdo, na aparência fenomenológica) • São duas coisas qualitativamente diferentes em propriedades e unidades de medida, então, como poderiam ser igualadas na troca? • Igualdade mensurabilidade unidade de medida • Como comparar elementos diferentes qualitativa e quantitativamente? • Pela lógica formal: sejam A e B dois elementos diferentes. Se for observada a igualdade A = B, então deve existir um terceiro elemento C tal que A = C e B = C. 27 Vamos chamar esse terceiro elemento (oculto, não diretamente observado) de elemento V •1 casaco = V •150 Kg de trigo = V ➢A investigação deverá responder às questões: a) Qual a substância de V? b) Como pode ser medido? c) Qual a sua forma? 28 •É através da observação do VT que chegamos a descobrir a existência de V •Temos de voltar ao VT, ao mercado, para investigar a origem de V 29 O elemento V • Volta ao mercado: O produtor Pr1 produz VU1 = M1 (casaco) O produtor Pr2 produz VU2 = M2 (trigo) • O que há de comum entre 1 caso e 150Kg de trigo? • Qual a substância de V? • Como é constituído? • Quem é V? 30 Pelo método de redução ao absurdo Hipótese: o elemento V é a cor, sabor, consistência, cheiro, etc. qualquer propriedade físico-química • A hipótese é falsa, pois essas propriedades são completamente diferentes: M1 é casaco, feito de tecido, tinta, botões, etc. e M2 é um vegetal comestível, trigo ➢ deve-se então abandonar o VU e tudo o que o constitui, a utilidade 31 Quando abandonamos o VU e tudo que o constitui, que lhe dá utilidade • Fica o ser humano com sua força de trabalho ➔ trabalho abstrato, isto é, abstraindo-se de todas as características operativas, que lhe faz ser trabalho do alfaiate e trabalho do agricultor • O elemento V comum às duas mercadorias é constituído de trabalho abstrato, esta é a sua substância • Conforme observa Marx: as mercadorias são materializações de trabalho humano “cristalizado”. ➢“Todo trabalho é, por um lado dispêndio de força de trabalho do ser humano no sentido fisiológico, e nessa qualidade de trabalho humano igual ou trabalho humano abstrato gera o valor da mercadoria. Todo trabalho é, por outro lado, dispêndio de trabalho do homem sob forma especificamente adequada a um fim, e nessa qualidade de trabalho concreto útil produz valores de uso.” 32 Como pode V ser medido? ▪O trabalho abstrato pode ser medido por sua duração, pelo tempo: horas, minutos, dias, etc; ▪VT e V ganham entre si a relação de forma e conteúdo ▪(V – VT): (conteúdo – forma) ▪(V – VU): (par de contrários dialéticos) ▪O valor da mercadoria, V(M), é determinado pela quantidade de trabalho abstrato nela contido. ▪Este valor manifesta-se no mercado em um valor de troca (forma fenomenal) 33 O tempo de trabalho socialmente necessário à produção de M determina V e o VT como sua forma fenomenal • Trabalho concreto cria o VU • Trabalho abstrato determina V e, no mercado, expressa-se no VT 34 No mercado 1ª fase: o mercado reconhece o VU 2ª fase: quantificação: o VT é determinado, isto é, cada produtor vai avaliar a mercadoria do outro e ver quanto vale uma pela outra pelo que gastaram em tempo de trabalho em sua fabricação 3ª fase: realização de V, o valor V é realizado quando a mercadoria M é consumida, liberando sua utilidade, seu VU. A mercadoria então deixa de ser mercadoria 35 A realização do valor V • O valor imaterial, potencial, ideal, substância, conteúdo encontra uma forma de manifestar-se. O valor deve encarnar-se, deve encontrar uma forma de manifestação mensurável e palpável realização do valor ➢Essa materialização do valor V de M1 dá-se no corpo da outra mercadoria M2 ➢V foi encontrado por dedução lógica e não por meio da observação empírica 36 Os produtores tem que ir ao mercado e o que está por trás disso? • Um reconhecimento mútuo dos respectivos valores produzidos: • Qualitativo: do VU1 como valor de uso para o indivíduo Pr2 e do VU2 para o indivíduo Pr1 • Quantitativo: ➢a igualdade entre as quantidades de trabalho gastas por cada um. ➢cada um está medindo o seu trabalho em termos do trabalho do outro: quantos kg de trigo corresponderão a um casaco? 37 Os produtores tem que ir ao mercado e o que está por trás disso? • São reconhecidos socialmente se encontram VT para se manifestarem • O V1 tem de encontrar um outro corpo para se manifestar, no caso, será o corpo do outro (V2) • VU1 e VU2 são reconhecidos socialmente: realiza-se o valor V e reconhece-se o VU. • O VU é o depositário do valor V e realiza-se no ato de consumo, mas não é quantificável. 38 E o que é o preço monetário? • É a forma de manifestação do valor V quando já existe dinheiro, moeda • É a expressão do valor V em sua forma monetária: aM1 = bM2 = cM3 = dM4=eM5 ...= nMi = $ 550,00 39 Marx observa então: “Como os valores de troca das mercadorias não passam de funções sociais das mesmas, nada tendo a ver com suas propriedades naturais, devemos, antes de mais nada, perguntar: qual é a substância social comum a todas as mercadorias? É o trabalho. Para produzir uma mercadoria, deve-se investir nela ou a ela incorporar uma determinada quantidade de trabalho. Não simplesmente trabalho, mas trabalho social, de acordo com a divisão social de trabalho. Quando consideramos as mercadorias como valores, estamos considerando-as somente sob o aspecto de trabalho social realizado, fixado, ou, se assim quiserem, cristalizado. Consideradas desse modo, só podem ser diferenciadas umas das outras enquanto representarem quantidades maiores ou menores de trabalho; assim, por exemplo, um lenço de seda pode incorporar uma quantidade maior de trabalho do que um tijolo” 40 E continua: “Os valores das mercadorias estão na razão direta do tempo de trabalho incorporado em sua produção e na razão inversa das forças produtivas do trabalho empregado. (...) e o preço é a expressão monetária do valor”. ✓Os preços naturais dos economistas clássicos (Smith e Ricardo) são as expressões monetárias dos valores quando a oferta e a demanda são iguais e a influência das forças concorrenciais estão anuladas ou se cancelam mutuamente. ➢Os preços de mercado se diferenciam constantemente dos valores V 41 Mas, como diz Adam Smith, citado por Marx: “O preço natural é o preço central em torno do qual gravitam constantemente os preços das mercadorias. Circunstâncias diversas podem mantê-los muito acima desse ponto e, por vezes, um pouco abaixo. Quaisquer, porém , que sejam os obstáculos que os impeçam de se deter nesse centro de repouso e estabilidade, eles sempre tendem para essa direção.” (Adam Smith, A Riqueza das Nações) 42 E continua ainda Marx: • “para explicar a natureza geral dos lucros devemos partir do teorema segundo o qual as mercadorias são vendidas, em média, pelo seu valor real e que os lucros são obtidos vendendo-se as mercadorias pelos seus valores, ou seja, proporcionalmente à quantidade de trabalho nelas incorporada. • Isso parece paradoxal e contraditório com a observação de todos os dias. Mas também parece paradoxal que a Terra gire ao redor do Sol e que a água seja composta por dois gases altamente inflamáveis. • As verdades científicas são sempre paradoxais quando julgadas pela experiência de todos os dias, que somente capta a aparência enganadora das coisas.” (Marx, Salário, Preço e Lucro) 43 Os componentes do valor da mercadoria V(M) V (M) = c + v + m c = capital constante = máquinas, equipamentos, instalações, energia, combustível, matérias-primas v = capital variável = valor da força de trabalho = custo de reprodução da força de trabalho (valor equivale ao salário natural dos economistas clássicos) m = mais-valor ou valor excedente sobre o total dos custos de produção (plus value) 44 Uma comparação dos conceitos Teoria neoclássica (Contabilidade empresarial) • Capital fixo • Máquinas • Equipamentos • Instalações • Capital circulante • Matérias-primas • Combustíveis • Energia • Salários Teoria marxista Capital constante Capital variável 45 O conceito de capital na teoria econômica marxista • Uma relação social de produção historicamente determinada ➢É dinheiro $, instrumentos de trabalho, máquinas, equipamentos só se tornam capital sob determinadas condições materiais de produção e de distribuição ➢ Não se encontra “capital” em sociedades primitivas (Ver Stone Age Economics de Marshal Sahlins) que não se estruturam com objetivos de lucro, de valorização, de ganho 46 Tipos de circulação mercantil Característica Objetivo M – M’ Troca direta ou escambo (sem interveniência do dinheiro) Obtenção de VU M – D – M’ Troca com mediação do dinheiro Obtenção de VU D – M – D’ Troca com a mediação da mercadoria, efetuada se D’ > D Obtenção de VT ou lucro sob forma monetária D – D’ Troca direta “dinheiro por dinheiro”, efetuada se D’ > D Obtenção de VT ou lucro sob forma monetária, mas sem passar pela produção Os dois últimos tipos de troca caracterizam a circulação do Capital, como relação social de produção e apropriação historicamente determinada. 47 Conceitos básicos a) Mais-valor (plus value) = excedente sobre o total dos custos de produção (c + v) b) Taxa de mais-valor (m’) = 𝑚 𝑣 é a razão entre o mais-valor e o capital variável (= custo de reprodução da força de trabalho) c) Composição orgânica do capital (g) = 𝑐 𝑣 é a razão entre o capital constante e o capital variável (modernamente equivaleria ao conceito de intensidade do capital ou volume de capital fixo por trabalhador assalariado) d) Taxa de lucro (r) = 𝑚 𝑐+𝑣, é definida como a razão entre o valor excedente e o custo total de produção. 48 A lei da queda tendencial da taxa geral de lucro (r) 49 lim 𝑡→∞ 𝑟𝑡 = 𝑚𝑡 𝑐𝑡 + 𝑣𝑡 = 𝑚′ 𝑔𝑡 + 1 𝑚𝑡 = mais-valor 𝑐𝑡 = capital constante 𝑣𝑡 = capital variável 𝑔𝑡 = composição orgânica do capital = 𝑐 𝑣 𝑚′ = taxa de mais-valor = 𝑚 𝑣 𝑟𝑡 = taxa geral de lucro da economia 𝑡 = tempo histórico À medida em que o processo de acumulação capitalista se desenvolve, a composição orgânica do capital 𝑔𝑡 cresce mais rapidamente do que a taxa de mais-valor, levando à queda da taxa de lucro, uma vez que 𝑔𝑡 expressa a velocidade de substituição de força humana de trabalho por máquinas, equipamentos, robôs e inteligência artificial. Fatores de contratendência a) Aumento do grau de exploração da força de trabalho (prolongamento das jornadas, reduções dos salários) b) Aumento dos ganhos de produtividade c) Inovações tecnológicas d) Descobrimento de novas fontes de matérias-primas e energias e) Barateamento do capital constante f) Exportação de capitais para regiões subdesenvolvidas g) Comércio exterior h) Aumento da produtividade nas indústrias de bens-salário 50