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KANT Immanuel Sobre a Pedagogia PROF DR JULIO TOMÉ Kant SP Introdução Sobre a Pedagogia Com base no material das preleções de Kant na Universidade de Königsberg dos anos de 1776 a 1787 seu discípulo Friedrich Theodor Rink publicou em 1803 o texto mais específico de Immanuel Kant acerca da educação Na realidade não existe a certeza sobre onde terminam as ideias de Kant e onde iniciam os pensamentos de Rink No entanto Über Pädagogik Sobre a Pedagogia se constitui na obra mais específica do filósofo alemão sobre a educação apesar de Kant tratar da educação em muitos de seus textos Tendo a participação de Rink ou não são nas páginas de Sobre a Pedagogia que Kant discorre toda a sua valiosa teoria educacional Kant SP Introduao QO livro apresenta uma estrutura em dois capitulos precedidos de uma Introdugao e tem como ideia central a educacao como arte e como tal fundada na Razao e tendo por fim o bem e a liberdade Cap U Sobre a Educacao Fisica cuidados que devem ser prestados as criancas aos bebés e que as criancas devem evitar 0 0ci0 principalmente em atividades que desenvolvam habilidades como enxergar e correr Cap 2 Sobre a Educacao Pratica 0 ser humano completo nao é aquele que detém apenas o conhecimento mas aquele que realiza os deveres em relacao a si e aos demais A educacao pratica é subdivida em negativa e positiva A parte negativa referese a disciplina A parte positiva a instrugao e direcionamento os momentos de desenvolvimento e formacao do educando Kant SP Introdução O pensamento de Kant acerca da educação está posto de forma clara e se divide em duas grandes áreas a saber A Educação Física ou cultura A cultura se divide em física que comporta a parte negativa o cuidado e a disciplina e a parte positiva a instrução ou habilidade A Educação Moral ou moralização Prática ou a moralização possui três partes habilidade prudência e moralidade A moralização ou Educação Moral contém em si a moralidade Kant SP Introdução Kant inicia com a seguinte afirmação O homem é a única criatura que precisa ser educada Dentre todas as criaturas existentes no universo o homem é a única que precisa de instrução de disciplina e de formação O homem definese também pela necessidade metafísica de educação Para que o homem seja realmente aquilo para o qual foi destinado deve ser educado Para Kant o homem não pode tornarse um verdadeiro homem a não ser pela educação Tudo o que o homem é lhe é dado pela educação A educação molda também a sua racionalidade Kant SP Introdução Kant entende a educação como a única forma de conferir racionalidade ao ser O homem possui razão mas necessita desenvolvêla Deixando a animalidade tornandose autônomo usufruindo de sua liberdade alcançando a moralidade e seguindo o caminho do bem A educação referese a um processo contínuo longo e árduo pelo qual o homem prossegue desde seu nascimento Kant SP Introdução O homem não é posto no mundo de forma acabada Pela educação acontece a saída de sua incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a ajuda de outro indivíduo É por meio da razão que o homem começa a verdadeiramente a ser humano Kant SP Introdução A educação que diz respeito à antropologia kantiana referese aos cuidados à disciplina e à instrução justamente com a formação integral O homem ao nascer é o mais frágil de todos os animais Ele é um ser totalmente dependente Porém o homem possui a razão algo distinto característica especifica deste Ser e esta quando disciplinadamente despertada transforma a animalidade em humanidade A razão no caso dos homens substitui o instinto animal no entendimento kantiano Kant SP Introdução A disciplina é meramente negativa a saber a ação pela qual se remove o elemento selvagem do homem A disciplina mesmo sendo a parte negativa da educação é necessária pois ela possibilita ao homem não se desviar de seu destino A disciplina é o que impede o homem de se desviar de seu destino de desviarse de sua humanidade através de suas inclinações animais Ela é responsável por manter a ordem a fidelidade Ela não deixa o homem perder seu destino pela vontade Kant SP Introdução O ideal educativo é a perfeição Kant admite a possibilidade de um continuo aperfeiçoamento humano Talvez que a educação se torne sempre melhor e que cada geração subsequente dê um passo em direção ao aperfeiçoamento da humanidade pois por detrás da educação alojase o grande segredo da perfeição da natureza humana De agora em diante tal pode acontecer Pois só agora se começa a avaliar correctamente e a ver com nitidez o que pertence intrinsecamente a um a boa educação Kant SP Introdução O melhoramento a partir da educação permitirá ao homem atingir níveis mais elevados do seu desenvolvimento e consequentemente rumando ao aperfeiçoamento da raça humana paulatinamente Educar é uma arte cujo exercício tem de ser aperfeiçoado através de muitas gerações Cumulada com os conhecimentos dos que já passaram cada geração pode sempre levar a cabo cada vez mais uma educação que desenvolva proporcionadamente e de modo conforme ao seu fim todas as disposições naturais do homem e assim conduzir todo o género humano à sua destinação Kant SP Introdução A educação como um dos principais requisitos para a construção de uma sociedade melhor a cada geração Um princípio da arte da educação que os homens que fazem planos para a educação deveriam ter presente é as crianças devem ser educadas não para o estado presente do género humano mas para um estado futuro melhor isto é adequado à ideia de humanidade e à sua destinação integral Este princípio é de grande importância Os pais educam com um m ente os seus filhos apenas de modo a que estes se adaptem ao mundo presente por mais corrompido que possa estar Deviam porém educálos melhor para que um estado futuro melhor possa desse modo ser produzido Kant SP Introdução A preocupação com a qualidade na formação de mestres e pais que incumbirseão de educar as gerações futuras Caso a tarefa educacional seja executada por pessoas desqualificadas perdese o propósito de avanço frente ao já conquistado uma vez que além de ter um fim nela mesmo a educação sempre deve ser praticada com vistas no melhor estado possível para a humanidade no futuro Kant SP Introdução Mesmo acreditando no valor da educação para o processo de aperfeiçoamento do humano Kant não se deixava iludir e sabia das dificuldades que isso poderia representar pois admitia que a melhora do humano dependia da sua capacidade de se dispor para o bem e que isso não estava pronto A disposição para o bem dependida em grande medida da sólida formação moral do sujeito admitindose que não é uma tarefa nada fácil A educação portanto é o maior e o mais árduo problema que pode ser proposto aos homens Kant SP Introdução Em sendo educado o homem terá a moral como guia e poderá desenvolver nele os princípios do bem O mal na verdade está vinculado à inexistência de normas para as disposições naturais Uma boa educação para Kant é a fonte de todo o bem neste mundo Apenas o próprio homem é que tem a condição de realizar sua destinação sempre e tão somente como humanidade Se o homem tiver negada a possibilidade de constituir sua destinação a condição de determinarse estará se colocando no mesmo patamar dos outros animais vivendo sob a mecanicidade de seus impulsos resultantes de seus instintos Kant SP Introdução O homem antes de sua educação tende ao estado de irracionalidade Isso tudo pelo fato de não possuir o conhecimento e a independência suficiente com relação às leis Surge então novamente a disciplina que é responsável pelas regras que impõe ao homem a obediência necessariamente às leis que emanam da razão Não seria possível viverem tantos homens livres em um mesmo ambiente sem existirem as regras Portanto a partir de Kant devese entender que é apenas pela educação que a humanidade alcançará aquilo que lhe convém Kant SP Introdução O caminho da educação kantiana é absolutamente aberto O homem é aquilo que a educação faz dele e Da mesma forma tendo em suas mãos o seu destino situação possível pelo processo educativo poderá optar por seguir o caminho que bem lhe convier Em Kant é impossível que o homem conquiste seu objetivo final como ser isolado Kant SP Introdução O processo educativo encontra sua aplicação à espécie como a verdade kantiana Para tanto analisase a condição finita do homem em contraponto ao estado de continuidade da espécie em si o verdadeiro sujeito da educação é a espécie e não o indivíduo por causa de seu caráter infinito A educação vai além do homem como ser individual Entendese a educação como um processo que necessita de continuidade impossível ao homem mas próprio da coletividade da espécie humana Kant SP Introdução O homem necessita da sociedade para cumprir sua destinação que é verse como humanidade e não como homem isolado individual Pois apesar de o fim se dar individualmente é a espécie que poderá gozar de sua inteira destinação Assim a sociedade tem no homem o agente imprescindível de sua constituição e A base dessa formação será o processo educacional O processo educacional é responsável por conduzir o homem ao esclarecimento e à condição de formar uma sociedade justa composta por homens morais Kant SP Introdução É através da educação que o homem se constitui elevandose a sua humanidade por sobre a animalidade Isso acontece pelo esclarecimento racional Se situado no contexto prático o processo educativo tem caráter necessariamente moral A educação kantiana é fundamentalmente educação moral Kant SP Introdução É necessário ter em mente que toda a Crítica da Razão Prática é permeada pela questão da liberdade A liberdade é portanto um postulado da razão prática e com o qual a educação se ocupa Ou melhor a problemática da liberdade é uma questão com a qual a razão se depara no âmbito do agir humano e é desse modo constitutivo que se fundamenta na educação A moral kantiana é alicerçada no imperativo categórico Este é uma forma universal a priori que norteia todo o agir humano É o imperativo que impera manda que se faça o bem e se evite o mal e é categórico porque se impõe por si Kant SP Introdução A lei universal a priori não procede de ninguém ela é incondicionada O homem é virtuoso se cumpre o que a lei manda custe o que custar É o dever pelo dever A liberdade portanto não reside na possibilidade de fazer ou não fazer determinada ação Se a ação é norteada pelo imperativo não há outra possibilidade isto é ela deve ser feita O agir livre neste sentido é o agir segundo a lei Quem segue a lei pela lei é um indivíduo livre Kant SP Introdução Kant busca uma educação para a liberdade que é a condição de possibilidade para que esse homem tornese esclarecido e autônomo Um homem que procura seu próprio caminho e assim se realiza enquanto homem concretizando seu plano que é o de verse enquanto humanidade Uma humanidade que é sempre fim um objetivo e nunca um meio do qual o homem possa fazer uso Kant SP Introdução Ainda dentro do princípio da autonomia Kant alerta para o conceito de dever a atitude de agir por dever e também conforme o dever O dever carrega consigo o conceito da boa vontade e para que uma vontade seja autônoma sua força deve ser originada no próprio ser em sua própria razão Ao agir conforme o dever e por dever o homem está fazendo uso da autonomia da vontade e esta mostrase como a capacidade do ser humano de darse a lei moral com valor universal Ou seja uma lei que parta do homem individual mas que tenha uma validade para todos que possa ser utilizada por todos Kant SP Introdução De mesma forma a vontade deve ser determinada primeiramente pela vontade em si e não pela vontade pelo objeto Consequentemente a vontade não deve ter sua origem em algo externo ao homem ou mesmo que seja motivada por algo externo à ele Kant assevera ainda que uma boa vontade é boa em si e sem limites e não tem necessidade de outros objetos para determinála Ela é a única coisa realmente boa e está alicerçada no princípio do querer segue o dever pelo dever e seu valor está no princípio da ação não estando vinculada ao resultado desta mesma ação É o respeito à lei que o conduz à ação Kant SP Introdução Para Kant apenas quando o homem faz com que sua razão determine a liberdade é que se encontra a liberdade moral finalidade de todo o ser racional Em Kant vemos uma educação libertadora que eleva o homem em sua condição e para tal necessita de um processo que mude drasticamente a condição primeira da vida do mesmo homem Esse estado onde se encontra o ser e que tem na natureza sua fonte deve ser colocado à distância pela disciplina a fim de que o homem atinja um novo momento Kant SP Introdução A escola tem dupla função desse modo a saber de disciplinar as vontades de tal modo que as crianças obedeçam às leis mas não porque são impostas por alguém mas sim pela própria lei As crianças são enviadas à escola de início não com o propósito de aprenderem lá algum a coisa mas para que se consigam habituar a estar sentadas em silêncio e a observarem pontualmente o que lhes é prescrito para que no futuro não possam também pôr em prática real e imediatamente tudo o que lhes passa pela cabeça Kant SP Introdução Na busca pela autonomia é necessário que se dê liberdade à criança pois assim poderá tornarse um ser racional ou seja inteligível e não somente sensível Primeiro sua liberdade será controlada delimitada para que depois ela a criança possa guiarse seja capaz de guiar da melhor forma sua liberdade O educando deve se colocar numa situação de obediência passiva na qual existe um constrangimento mecânico Kant SP Introdução Posteriormente ele usará sua reflexão e sua liberdade e conduzirseá como que por uma imposição moral O processo de formação moral perpassa pela escola mas não se restringe a ela De igual maneira iniciase na família mas deve progredir para além dela Kant SP Introdução Dessa forma Kant estabeleceu algumas regras a fim de que as crianças aprendam a usar sua liberdade A primeira é dar liberdade às crianças desde a primeira infância salvo quando podem fazer mal a si mesmas e impedir ou lesar a liberdade de outrem A segunda é mostrar às crianças que podem alcançar seus propósitos exceto quando uns impedem os outros de fazerem o mesmo uma vez que essa máxima não poderia se tornar uma lei A terceira e última é demonstrar que o constrangimento ou a disciplina tem por finalidade ensinar a usar bem sua liberdade isto é educar para poder ser livre e consequentemente dispensar cuidados e coerções de outrem Kant SP Introdução Esse último aspecto tem de ser introduzido mais tardiamente porque nos primeiros anos as crianças acreditam receber por toda a vida a manutenção que agora recebem dos pais Logo uma educação que não instrui apenas adestra e ainda falha em instigar a criança a pensar por si mesmo fracassa na tarefa de contribuir para o seu desenvolvimento moral Kant SP Introdução Kant reduz a tarefa da escola desde cedo a inculcar na cabeça das crianças a necessidade de obedecerem às leis ou neste caso o imperativo Nesse processo educativo inicial Kant admite o uso de castigos para uma eficaz educação infantil Kant admite castigos como sanções a uma regra que não sofre infrações Kant SP Introdução Distingue os castigos físicos que devem ser usados como precaução Os castigos morais que são os melhores porque se dirigem a precisão que o menino sente de ser honrado Os castigos naturais consequência de faltas cometidas As punições positivas que se reservam as faltas mais graves As punições negativas que consistem em uma privação e que se aplicam a faltas de pouca importância Kant SP Introdução É pela autoconstrução favorecida pela disciplina escolar que faz a criança descobrir e cumprir a lei por si mesma o qual é identificado com a felicidade Logo esta é conseguida através do esclarecimento E isto não pode ser tomado como perfeição humana de modo individual e pessoal mas para Kant é algo próprio da humanidade em geral Seguindo este raciocínio a felicidade é consequência natural da racionalidade Ser feliz identificase como o desenvolver pleno da razão É uma felicidade racional Kant SP Introdução A felicidade desse modo é plausível quando a educação tiver quatro estágios ou elementos O primeiro e mais elementar é o da disciplina que consiste podese dizer em domar a selvageria para que a animalidade não seja a parda da humanidade O segundo nível é o desenvolvimento na cultura que compreende a instrução e os ensinamentos que proporcionam a habilidade No terceiro nível é preciso velar para que o homem se torne prudente que ele se adapte à sociedade humana que seja amado e que tenha influência Tratase do nível da civilização No quarto nível devese velar para a moralização do homem ou seja o homem não deve simplesmente ser apto a todas as espécies de fins Ele deve sobretudo adquirir o sentido moral de não escolher senão os fins que lhe sejam bons Kant SP Introdução A moralização se estabelece como o verdadeiro fim para o homem Seu conceito se une ao conceito de educação e nele é possível vislumbrar toda a evolução do ser onde ele passa pelos cuidados pela disciplina pela instrução ou cultura e pela civilização É importante salientar que apesar da obra de Kant ter como fim uma educação moral a educação kantiana não ensina o agir moral Kant SP Introdução A explicação para isso é que o agir moral é de legislação absolutamente interna ou seja advém do próprio homem e assim não há como depender de outro homem Aqui se constitui uma relativa diferença de origem entre o agir moral e a educação No primeiro a origem deve ser o próprio homem há um processo interno Já no segundo a origem é externa ou seja alguém deve educar o homem Não se pode esquecer no entanto que ambos estão ligados pois a ação dentro da moralidade exige a educação Kant SP Introdução Na verdade a educação em Kant tem o objetivo de preparar a criança para enquanto homem buscar seu agir moral através da autonomia de pensamento O pensar por si e ter sua ação alicerçada na mesma autonomia do pensamento possibilitará ao homem seu agir dentro da moralidade Todo o processo educacional se encerra com a consolidação de uma educação moral Com ela o homem supera gradativamente a propensão existente para o mal convertendoa em impulso para o bem Kant SP Introdução Devese destacar que em Kant o homem não é bom nem mau por natureza pois sua natureza não o faz um ser moral Ele só será bom ou mau quando elevar sua razão aos conceitos do dever e tornarse um ser moral Sendo um ser moral poderá escolher o caminho a tomar Poderá ser bom mas também poderá trilhar o caminho do mau Kant SP Introdução Sendo moral poderá assumir as máximas escolhidas por ele mesmo e que determinarão sua vontade Vale lembrar que Kant atrela o mal à natureza quando esta não for submetida a regras e que no homem existem germes somente para o bem De mesma forma ao atingir a moralidade o homem consolida seu caráter quer fazer algo e realmente coloca isso em prática e está apto a verse como humanidade grande objetivo de todo o processo Kant SP Introdução Kant conferiu objetivos claros que agregados formam a ideia final do papel da educação 1 Disciplinar com o objetivo de que sua animalidade não prejudique o caráter humano 2 Tornar o homem culto ou seja que tenha instrução e vários conhecimentos A cultura concerne à criação de habilidades condizentes com nossos fins 3 Fazer dele um ser prudente a fim de que permaneça em sociedade e a ela esteja unido é a civilização do homem 4 Moralizar o homem na busca de bons fins para si e ao mesmo tempo para todos Kant SP Cap 1 Educação Física tem como primeira tarefa o cuidado com o corpo o que é comum aos animais É o momento onde há a maior proximidade entre homem que conhecemos e o animal pois ambos estão ligados à uma mesma natureza que não lhes proporciona racionalidade Se não houver a ação da educação essa situação irá perdurar e no entender de Kant o ser não alcançará a condição de homem Kant a define como os cuidados materiais prestados as crianças constituindose estes da educação do corpo a educação da índole e a educação da cultura Kant SP Cap 1 A educação física assume por excelência um lócus especial no pensamento kantiano Pois há a necessidade de educar as próprias forças vitais como também reconhecer a força da razão e desenvolvêla para o bem O entendimento das forças vitais pressupõe o reconhecimento de si e do outro uma vez que não há uma razão além da natureza A razão humana é parte constitutiva também da respectiva natureza humana O reconhecimento tanto das próprias potencialidades como das limitações vão recair sobre o processo de formação moral Kant SP Cap 1 Embora o cuidado não seja garantia de moralidade este se torna fundamental ser pensado uma vez que é da educação física que se progride e se possibilita a educação prática cujo fundamento é a moralidade Assim quando Kant elabora o conceito de cuidado apresentao como precaução dos pais sobre os filhos lança a ideia de tutela ou mesmo coação isto é ainda no plano da heteronomia não existe sequer uma independência física e intelectual Kant SP Cap 1 Ainda se faz necessário que outros pensem e se responsabilizem pelo indivíduo A dependência ou mesmo insuficiência de conviver com as próprias forças limita a ação humana e consequentemente o exercício inicial da vontade sobre o agir enquanto livrearbítrio Neste instante o cuidado possibilita o sentimento de proteção e conforto no entanto requer reconhecimento e obediência de quem recebe para quem fornece Kant SP Cap 1 Na educação do corpo encontramse fragmentos instrutivos principalmente no que se refere a cuidados infantis Kant sugere que a própria natureza encarregarseá de dar sinais do que as crianças necessitam Sobre os cuidados com a educação da índole é preciso garantir que a disciplina oferecida a uma criança não a torne escrava mas sim que perceba o valor de sua liberdade e o valor da liberdade dos demais Kant SP Cap 1 Kant insiste muito na ideia de que deve ser oferecido a criança o que lhe é útil e não o que lhe é desejado Dêse à criança tudo que ela precisa e depois seja dito Você já tem o suficiente e Mesmo que a criança não tenha ainda nenhuma ideia de vergonha não se pode tolerar que ela se torne insolente A educação de cultura é o exercício da educação da índole abrange a cultura do corpo e o exercício dos sentidos É preciso fazer as crianças perceberem que podem instrumentalizar os próprios sentidos Kant SP Cap 1 A Educação Física é o início de um processo que conduzirá o homem à humanidade e possui três momentos a saber 1 Os cuidados materiais 2 A educação intelectual ou cultura da alma 3 A finalidade da educação ou a educação moral Kant SP Cap 1 Kant enfatiza a importância do cuidado dos pais aos bebês Pois sem esse cuidado os mesmos morreriam por não terem nenhuma condição de sobrevivência sozinhos É o momento em que a criança deve ter a atenção dos pais a fim de que não utilize de forma errada suas forças Kant SP Cap 1 Este cuidado dos pais é um ato de conservação de trato que vai proteger o bebê de si mesmo De outra forma no caso dos animais não existem cuidados mas somente a nutrição ou ainda o aquecimento e alguma segurança o que para Kant não se identifica como cuidado Ademais os animais fazem uso de suas forças sem que prejudiquem a si mesmos lançando mão apenas de seus instintos para a sobrevivência Kant SP Cap 1 A alimentação e a proteção são exemplos dessa atenção necessária Kant exemplifica dentro de sua teoria os benefícios do leite materno e que o mesmo é absolutamente importante para o recémnascido Rousseau Comenta sobre o leite de outros animais consumidos pelos seres humanos Assevera a importância de ministrar alimentos leves livres de sal álcool e condimentos A crença é de que o estímulo causado por eles causa uma excitação agradável que provoca desordens na criança Kant segue expondo suas convicções abordando a temperatura corporal que para ele deve ser sempre fresca para os bebês em virtude de seu sangue ser mais aquecido do que o dos adultos Kant SP Cap 1 Contra o enfaixamento dos bebes Assim como do embalo para que a criança adormeça ou para que não chore O choro é saudável A criança não deve receber cuidados sempre que chora Para Kant devese deixar a criança chorar pois logo se cansará Do contrário o adulto tornarseá suscetível aos caprichos corrompendo a criança Pode criar o hábito da dissimulação e fomentar as paixões internas Kant SP Cap 1 A liberdade de movimentos a condição de poder usar suas forças físicas o aprendizado do corpo com o devido reconhecimento de seus limites e forças são vitais Quanto mais são utilizados meios artificiais tanto mais fica o homem dependente deles Assim aplicase a todos os homens a estimulação ao uso de todos os meios naturais do ser humano Kant SP Cap 1 O uso de artifícios não soluciona problemas apenas serve como paliativo momentâneo ou que terá que ser utilizado para sempre O alerta kantiano para a não utilização de meios artificiais acompanha a situação de geração de costumes e hábitos entre as crianças Para Kant a repetição de usos e atitudes denota dependência Kant SP Cap 1 Os hábitos e costumes são realmente prejudiciais Hábito é uma tendência que afrouxa e compromete a liberdade Pior ainda quando contrariam a estrutura natural do ser Ou seja devese diferenciar o costume de alimentarse ou de dormir em certo horário Horário este que concorda com as necessidades do corpo do costume inserido pelos pais por exemplo Kant SP Cap 1 O homem também possui instintos e não se pode afirmar que os mesmos sejam todos inúteis ou mesmo nefastos O homem tem o instinto de alimentarse por exemplo o que possibilita sua boa nutrição e é condição para a vida Mas para que os instintos ruins não determinem sua conduta fazse necessário o que em Kant assumiu a condição de segundo estágio da Educação Física a disciplina Kant SP Cap 1 A disciplina doma os instintos e é a ponte que permite ao homem avançar na busca da instrução e do esclarecimento É onde ocorre a ruptura com a natureza e leva o homem da sua menoridade animal para a maioridade dandolhe condições de deixar ao mundo irracional É sem dúvida um processo ao qual Kant confere grande importância mesmo que a identifique como a parte negativa da Educação Física pelo fato de retirar o homem de sua natureza A disciplina terá atenção exclusiva posteriormente Kant SP Cap 1 Kant é claro ao diferenciar a disciplina a fim de regrar a natureza da disciplina que afronta a disposição natural do homem A disciplina que regra a natureza é lícita A disciplina que contrapõe as disposições naturais do homem é prejudicial Outrossim um hábito é uma atitude mecanizada e mais alinhada ao adestramento enquanto a disciplina transita em via contrária por assim dizer a da liberdade Kant SP Cap 1 A disciplina é o que impede ao homem de desviarse de seu destino de desviarse da humanidade através de suas inclinações animais Ela deve por exemplo contêlo de modo que não se lance ao perigo como um animal feroz ou como um estúpido Disciplinar exige atenção para evitar distorções Disciplinar não é privar de tudo mas antes de mais nada exercitar certa paciência imprimir limites O abuso e o exagero como em qualquer outra condição são equívocos A disciplina deve ser vista como imperiosa no que tange à sua aplicação ou seja é necessária tem que estar presente Kant SP Cap 1 No entanto a disciplina não se limita a representarse como uma ordenação Uma ordem não corresponde à amplitude disciplinar e do mesmo modo confere um tom de autoritarismo servil A disciplina vem para que instintos ruins não determinem a conduta e é a ponte que permite ao homem avançar na busca da instrução e do esclarecimento É onde ocorre a ruptura com a selvageria levando o homem da sua menoridade animal para a maioridade dandolhe condições de deixar o mundo irracional Kant SP Cap 1 É sem dúvida um processo ao qual Kant confere grande importância mesmo que a identifique como a parte negativa da Educação Física pelo fato de retirar o homem de sua natureza o que não se consolida como um processo de separação e abandono absoluto Seu intento é um regramento uma normatização dessa natureza A natureza não é substituída simplesmente permanece sob regras Kant SP Cap 1 Kant entende que a disciplina não pode ser colocada mais tarde ou mesmo corrigida deve ser imposta desde muito cedo O que não se aplica à cultura por exemplo que possibilita correções A cultura para Kant deve simplesmente proporcionar uma aptidão sem com isso destruir uma outra já existente Kant SP Cap 1 A fim de imprimir a disciplina necessária os pais têm como prática o hábito de falar em vergonha e conveniência palavras que não fazem parte do universo infantil O resultado que isso trará é a constituição de um jovem tímido que perderá a espontaneidade natural e terá fomentadas ações dissimuladas a fim de esconder seus sentimentos A criança se tornará teimosa e perderá o respeito pelos pais Sendo assim na visão kantiana devese estimular a espontaneidade do jovem Kant SP Cap 1 A distinção entre homem e animal no entender de Kant se dá pela cultura que consiste no exercício das forças da índole É a parte positiva da Educação Física e pode diferentemente da disciplina ser corrigida e posta a qualquer tempo Kant retoma a discussão sobre os benefícios da liberdade de artifícios Quanto mais a criança agir naturalmente despojada de instrumentos melhor Kant SP Cap 1 A utilização de instrumentos nos conduz à certa comodidade nada saudável Devese sobretudo incentivar a habilidade natural Não obstante o trato com o corpo a liberdade de movimentos e as experiências fazem com que a criança não esteja apenas colocando à prova seu físico mas também e sobretudo seus sentidos Exemplo ao medir a distância entre dois pontos com os olhos ao verificar a força necessária para lançar uma pedra a criança está exercitando muito além de seu físico está mexendo com seus sentidos acrescidos pela estimulação da imaginação e pelo trabalho com a memória Kant SP Cap 1 Kant também aborda o que chamou de cultura da alma inserida ainda na Educação Física Isso é a educação intelectual que se estabelece sobre a cultura física do espírito Tanto a formação da alma como a do corpo são físicas Pois devese cultiválas procurando impedir que se corrompam mutuamente e buscar que a arte aporte algo tanto àquele como a esta Kant SP Cap 1 No entanto a formação da alma não se alinha com a formação moral porque um homem poder ser forte sadio e de espírito muito bem formado e mesmo assim fazer o mal A educação intelectual objetiva preparar o homem para conviver em sociedade Estando no campo de abrangência da educação corpórea não se pode confundir a educação da alma com a educação moral ou mesmo relacionar esta à educação prática A educação moral referese à liberdade enquanto a educação da alma sendo corpórea como é referese ao campo do cultivo da natureza Kant SP Cap 1 No entanto é preciso observar que Kant faz questão de aprofundar a educação corpórea e da necessidade de esta existir de modo sólido fortificante mesmo essa adjetivação não garantindo a moralidade Sabese de repente que se pode ter ao homem uma educação corpórea boa e moralmente este ser mal formado tornandose assim uma criatura má Porém uma educação física que já tenha sido mal formada não permite uma boa formação moral Kant SP Cap 1 A formação corpórea no campo pragmático abrange a cultura já a formação moral abrange a moralidade No cultivo do corpo o educando reconhece a partir de suas atividades aquelas que caracterizam um divertimento daquelas que existem enquanto obrigação A intenção é que com o desenvolvimento da autonomia física e intelectual a obrigação não seja mais dessa forma observada e a atividade ou ação a ser executada assim seja por dever A consciência do agir por dever é sinal de despertar pois lança ao homem a importância do agir moral sobre a humanidade Kant SP Cap 1 Sendo assim a cultura física também dividida em livre e escolástica assume papel formativo no processo de educação moral do indivíduo Cultura livre se refere ao divertimento e Cultura escolástica seria uma obrigação um trabalho Contudo Kant aponta para a necessidade de ambas as formas a fim de estruturar o homem Kant SP Cap 1 A cultura das potências do ser humano que de acordo com seu entendimento têm evolução contínua e seu cultivo dura desde a infância até o final da educação do jovem O homem deve cultivar suas potências inferiores e superiores da mesma forma No entanto as inferiores devem ser estimuladas sempre pensando nas superiores e utiliza o exemplo do desenvolvimento da imaginação inferior a serviço da inteligência superior Devese utilizar a memória para guardar o que é útil De mesma forma assim como a memória deve ser cultivada a inteligência deverá receber mesmo e cuidadoso tratamento Kant SP Cap 1 Outro ponto explorado por Kant é a instrução É preciso procurar unir pouco a pouco o saber e a capacidade e também unir ciência à palavra Com efeito a criança deve aprender a distinguir perfeitamente a ciência da simples opinião ou da crença Assim o jovem constituirá uma mente correta um gosto justo que deve ser iniciado pelo gosto dos sentidos e posteriormente das ideias Ademais Kant disserta sobre o aprendizado e o uso de regras dizendo que o melhor é que ocorram ao mesmo tempo pois o uso de algo sem regras é incerto e regras sem uma utilização tornamse abstratas Kant SP Cap 1 Kant aborda a incidência de castigos em face às mentiras ao não seguimento das orientações às transgressões às normas estabelecidas Contemplando a repreensão descreveu duas formas de punição as morais e as físicas ou ainda negativas ou positivas As penas morais tendem a humilhações e à frieza de tratamento como resposta Já as físicas exemplificamse pela negação de desejos ou aplicação de castigos Kant SP Cap 1 De outro modo as boas ações não devem resultar em recompensas sob pena de formar jovens interesseiros e com disposição de mercenários As penas negativas por sua vez remetemse à preguiça ou à imoralidade e as positivas são reservadas à malvadez Os castigos físicos devem ser empregados somente como complemento à insuficiência de penas morais Kant SP Cap 1 Quando as penas morais deixaram de ter eficácia e se recorre aos castigos físicos então não se consegue mais formar um bom caráter Mas no início a coação física deve suprir a falta de reflexão da criança Com efeito os castigos aplicados sob raiva são prejudiciais pois a criança percebe o sentimento e não fará a relação exata com os motivos e enxergará apenas como consequência de seus atos Kant SP Cap 1 A diferença entre uma criança e um adolescente é absolutamente relevante nessa discussão A criança não tem o senso do dever e sempre entenderá o dever como algo que em seu não cumprimento vai acarretar um castigo Na adolescência quando a razão já está aflorando sentimentos como vergonha já possuem sentido e podem ser explorados a fim de regrar A vergonha necessita do conceito de honra o que só terá raízes na adolescência Kant é enfático ao retratar a mentira como algo comum ao universo infantil Contudo o filósofo indica cuidado aos pais a fim de que a mentira não se transforme num hábito Kant SP Cap 1 Kant faz referência importante à socialização da criança dizendo claramente da importância de uma convivência e com relações de amizade Para Kant só um coração contente é capaz de encontrar prazer no bem referindose à alegria de viver entre outros Não obstante os sentimentos infantis devem ser ponderados de acordo com a idade Ou seja a criança deve ser cobrada como criança deve ter inteligência de criança deve agir como criança Kant SP Cap 1 A criança deve ter desde cedo a ideia de bom e mal fazendo parte da intenção de formação do caráter De mesma forma e como já mencionado a formação do caráter consiste na ação segundo certas máximas Na verdade toda a educação exige que o educador apresente ao educando as leis a serem seguidas Kant estabelece a possibilidade de a criança iniciar seu processo de autolegislação Kant SP Cap 1 Isso se dará pela tomada de decisões acerca de questões menos relevantes Nestas o educador deve atentar para a continuidade que a própria criança confere a essa decisão tomada Se ela se propôs a seguir um rumo deve seguilo Não obstante o caráter adulto deve ser evitado no jovem É uma criança iniciando seu governo mas sem deixar de ser criança Rousseau Kant SP Cap 2 No que se refere à segunda parte do livro o assunto é sobre a educação prática Nesta etapa são definidos os bons princípios que devem ser assimilados pelas crianças e que englobam a habilidade a prudência e a moralidade A habilidade é um conhecimento que possa ser aplicado para realizar uma ação e se bem fundamentada tornase o elemento essencial do caráter de um homem A prudência consiste na arte de aplicar aos homens nossas habilidades ou seja de nos servir dos demais para nossos objetos Por fim a moralidade diz respeito a formação de um bom caráter do domar algumas paixões e aprender a privarse de algumas coisas e de certas inclinações Kant SP Cap 2 Sugerese que para solidificar o caráter moral das crianças é preciso permeálas de bons exemplos de como fazer as coisas e também deixar claro quais são os deveres a cumprirse Nestes deveres o autor busca nos deveres para consigo e para com os outros uma forma de fundamentar que desde cedo as pessoas devem ter o entendimento dos preceitos de uma vida social e de respeito aos direitos humanos Dentre os deveres para consigo mesma a criança deve conservar a dignidade interior uma dignidade que é própria da natureza humana A mentira por exemplo colocase abaixo da dignidade humana e deve ser encarada com desprezo Já os deveres para com os demais pressupõese a ideia clara dos direitos humanos e a noção do que é justo ou injusto para a coletividade e de modo algum é permitido a uma criança humilhar a outra Kant SP Cap 2 Por fim o filósofo deixa uma derradeira recomendação É preciso orientálos sobre a necessidade de todo o dia examinar sua conduta para que possam fazer uma apreciação do valor da vida ao seu término Pois é facultado ao homem a possibilidade de readequar a realidade aos seus interesses ou aos interesses do coletivo Kant SP Cap 2 Enquanto a disciplina impede defeitos a cultura moral acabará por se fundar sobre máximas deduzidas do próprio homem Assim a disciplina imposta à criança pelos pais é seguida pela disciplina na escola Kant valoriza o simples fato de a criança ter que exercitar sua paciência ficando sentada por certo tempo mesmo que isso não represente um acréscimo em seu saber Toda a formação disciplinar só adquire seu sentido quando está à serviço da cultura moral a qual ela mesma não deve mais repousar sobre a disciplina mas sim sobre máximas Aprendendo a agir sobre máximas a criança preparase para as normas e os imperativos da escola e da sociedade Kant SP Cap 2 É importante salientar que apesar da obra de Kant ter como fim uma educação moral a educação kantiana não ensina o agir moral O agir moral é de legislação absolutamente interna ou seja advém do próprio homem e assim não há como depender de outro homem Diferença entre agir moral e educação Agir moral a origem deve ser o próprio homem há um processo interno Educação a origem é externa ou seja alguém deve educar o homem Kant SP Cap 2 Ambos estão ligados pois a ação dentro da moralidade exige educação Educação em Kant tem o objetivo de preparar a criança para como homem buscar seu agir moral através da autonomia de pensamento O pensar por si e ter sua ação alicerçada na mesma autonomia do pensamento possibilitarão ao homem seu agir dentro da moralidade Kant SP Cap 2 Nesse sentido Kant alerta para o conceito de dever a atitude de agir por dever e conforme o dever dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei Pelo objeto com efeito da ação em vista posso eu sentir em verdade inclinação mas nunca respeito exatamente por que é simplesmente um efeito e não a atividade de uma vontade FMC O dever carrega consigo o conceito da boa vontade e para que uma vontade seja autônoma sua força deve ser originada no próprio ser isto é em sua própria razão Kant SP Cap 2 Kant assevera ainda que uma boa vontade é boa em si e sem limites e não tem necessidade de outros objetos para determinála Ela é a única coisa realmente boa e está alicerçada no princípio do querer segue o dever pelo dever e seu valor está no princípio da ação não estando vinculada ao resultado dessa mesma ação É o respeito à lei que o conduz à ação Kant SP Cap 2 Ao agir conforme o dever e por dever o homem está fazendo uso da autonomia da vontade e esta mostrase como a capacidade do ser humano de darse a lei moral com valor universal Ou seja uma lei que parta do homem individual mas que tenha uma validade para todos que possa ser utilizada por todos O que é a base do imperativo categórico ou como o próprio Kant chamou imperativo da moralidade pois contém em si a moralidade e diz respeito ao caráter Kant afirma que se deve considerar uma ação como valiosa moralmente não porque se adapta a minha inclinação mas porque por meio dela eu cumpro o meu dever Kant SP Cap 2 É possível afirmar que em Kant o dever consiste na necessidade de uma ação em respeito à lei moral A ação moral deve eliminar em sua instância decisória todo e qualquer influência de inclinações compaixão Portanto segundo Kant a educação deve ensinar a criança que com os conceitos da própria razão é possível reconhecer a necessidade absoluta de uma ação em respeito à lei moral e viver de acordo com leis representadas por si mesmo de maneira a se tornar um indivíduo autônomo moralmente Ou seja que age a partir de um caráter moral independente do contexto sociocultural em que está inserido Kant SP Cap 2 Os outros dois alicerces da Educação Moral em Kant são a habilidade e prudência Habilidade Necessária ao talento e necessita que seja sólida e não passageira Não se deve mostrar ares de quem conhece algo que não se possa traduzir em ações A habilidade deve antes de tudo ser bem fundada e tornarse pouco a pouco um hábito de pensar Prudência Consiste em aplicar aos homens nossa habilidade ou seja de nos servir dos demais para os nossos objetivos Kant SP Cap 2 Habilidade e prudência correspondem aos imperativos hipotéticos Estes representam uma ação como necessária para chegar a um resultado estão postos como meio e não como fim são prescrições Já o imperativo categórico é necessário por si só Kant SP Cap 2 É lei Sendo assim as coações dos imperativos podem ser ou regras de habilidade conselhos de prudência ou ainda leis de moralidade Assim sendo a moralidade diz respeito ao caráter e a formação do caráter depende primordialmente do domínio de si para que inclinações não se transformem em paixões E isso está ligado à resistência capacidade advinda da disciplina no momento em que existe uma resolução firme de querer fazer algo e colocálo realmente em prática Kant SP Cap 2 Percebese que o pensamento pedagógico kantiano encaminha a educação prática para a consolidação da formação do caráter e da moralidade como fim Na constituição desse itinerário formação moral do indivíduo a habilidade enfatiza o pensar como hábito Aqui não se age apenas por costume mas por convicção Kant SP Cap 2 Pensar não se torna mais uma atividade extraordinária mas habitual ou seja constante A prudência que permite aplicar objetivos próprios aos demais pode ser encarada como uma espécie de ensaio do próprio imperativo categórico como fórmula da ação humana Para que a ação repouse no crivo da moralidade é necessário num primeiro plano que seja cultivado no homem a consciência dos próprios atos e que este seja capaz de a partir de si ao pensar o outro estar ciente do que é bom e do que é mal Kant SP Cap 2 Tratandose de uma educação prática o filósofo ainda apresenta a necessidade de uma educação que visa deveres Esse dever não é mais obrigação nem tampouco é sujeição ao desejo ou tutela de outrem Partese do dever para consigo mesmo como princípio da dignidade humana O dever para consigo mesmo porém consiste diríamos em que o homem preserve a dignidade humana em sua própria pessoa Kant SP Cap 2 Desse princípio partese a consciência da lei moral ou seja não se valoriza o ato pelo benefício que pode causar tanto a pessoa como a circunstância mas pelo fim que possui em si mesmo Dever para consigo mesmo e dever para os demais é um exercício primordial na formação do sujeito moral Tanto um como o outro invalida a mentira A mentira torna o homem um ser digno do desprezo geral e é um meio de tirar a estima e a credibilidade que cada um deve a si mesmo Kant SP Cap 2 A educação prática é pois chave de compreensão do problema pedagógico como problema moral em Kant A compreensão da educação prática como cultivo da autonomia referese à autonomia da vontade enquanto moralidade É inviável pensar uma educação como prática sem relacionála a um elemento enquanto condição de possibilidade moral A liberdade de fazer uso do próprio entendimento Somente um ser que usufrui do próprio entendimento tornase digno através da consciência do dever que possui que dá vida e fundamento a um processo pedagógico moral Kant SP Cap 2 O sentimento esclarece Kant faz com que o homem se torne suscetível às ações externas ou seja se o homem faz caridade por sentimento poderá se enganado for deixar de ser caridoso Contudo se a ação de benevolência for por dever e não por inclinação ele não sofrerá influência de outros para continuar fazendo boas ações Ele será bom por dever Objetivamente e relacionado com a atitude de caridade Kant considera aqui a relação entre o ser individual e os outros seres Kant SP Cap 2 Kant aborda também os apetites humanos os vícios e as virtudes Os apetites humanos podem ser 1 Formais concernentes à liberdade e ao poder são seus exemplos a ambição das honras do poder e das riquezas 2 Materiais relativos a um objeto traduzidos por volúpia bemestar material e o gosto do entretenimento 3 De prazer assim são o amor à vida à saúde à comodidade 4 ou referentes ao mesmo tempo aos materiais e de prazer Kant SP Cap 2 Por sua vez os vícios são 1 Da malignidade concernentes à inveja ingratidão e à alegria pela desgraça alheia 2 Da baixeza congregamna a injustiça a infidelidade e a incontinência 3 De estreiteza de ânimo dos quais há exemplo a dureza de coração a avareza e a preguiça Kant SP Cap 2 Já as virtudes podem ser 1 De puro mérito que compreendem a magnanimidade a beneficência e o domínio de si mesmo 2 De estrita obrigação que são a lealdade a decência e a pacificidade 3 De inocência ou seja a honradez a modéstia e a temperança Kant SP Cap 2 A virtude é o que pode lançar o homem a ser moralmente bom o que é explicado por Kant pelo fato de o homem não ser nem bom nem mau por natureza Pois na natureza ele não é um ser moral o que só ocorrerá quando elevar sua razão até os preceitos do dever e da lei Como já analisado o homem nasce com inclinações naturais e instintos que quando domados e regrados pela disciplina dãolhe a possibilidade de percorrer outro caminho o da construção de sua razão Orientado pela mesma poderá optar por ser bom ou mau Kant SP Cap 2 A origem do mal está exatamente no afastamento da lei moral Para o homem que é corrompido pelo mal o filósofo alemão prevê em sua educação a busca por uma espécie de conversão baseada na moral e na religião a fim de restabelecer sua disposição para o bem Essa conversão supõe um processo infinito para um ser finito e isso remete novamente à necessidade de o homem entenderse como humanidade Kant SP Cap 2 Por fim no entender de Kant apenas a educação pode fazer de um homem um verdadeiro homem e assim construir uma sociedade justa onde reine o direito a igualdade a liberdade e a moral Assim apenas uma sociedade que seja justa pode formar homens morais a fim de que se alcance o fim supremo que é uma vida moral digna e livre O cultivo da liberdade é explicitamente o exercício da busca por uma independência imediata e desta por sua vez para uma autonomia moral Kant SP Cap 2 Kant apresenta três passos que fundamentam tal cultivo 1 Permitir a criança liberdade de expressarse 2 Ensinar que existe a possibilidade de adquirir as próprias metas desde que permita aos demais também tal conquista e por fim 3 Evidenciar que o constrangimento imposto tem a tarefa de ensinar a fazer bom uso das opções de escolhas dispensando algum dia os cuidados alheios Kant SP Cap 2 A primeira regra é fundamental para a compreensão de que embora seja permitido expressar seu desejo anseios angústia não se deve desrespeitar o espaço do outro de modo que desde cedo é preciso aprender a manifestar os próprios sentimentos Acreditase ser esse o principal exercício dessa regra a qual expõe a necessidade de manifestação dos sentimentos que constituem a natureza humana e propõe um modo saudável dessa manifestação É um grande desafio para quem ainda está conhecendo as próprias forças e que desde já é cobrado o domínio das mesmas Kant SP Cap 2 A segunda regra consiste no ensinoaprendizado considerando os princípios que movimentam tal dinamismo Devese lhe mostrar que ela pode conseguir seus propósitos com a condição de que permita aos demais conseguir os próprios Aprender o que lhe é ensinado e assim por diante O filósofo chama atenção para não confundir disciplina com adestramento A primeira proporcionada aos homens enquanto a segunda aos animais O adestramento no processo educacional consiste na recusa da formação de uma capacidade de julgar Kant SP Cap 2 Tornase claro que ao homem cabe o treino a disciplina a instrução mecanicamente ou ser em verdade ilustrado No entanto embora admita que também os homens possam ser treinados reconhece que não é suficiente treinar as crianças urge que aprendam a pensar Reconhece que a criança tende a aprender usar de liberdade para agir Kant SP Cap 2 Porém enquanto a mesma se encontra no processo de reconhecimento de suas forças no uso do livrearbítrio e necessita por enquanto de tutela Não se pode transformar a disciplina numa espécie de ação escravizante nem tampouco acomodar a criança para uma perpétua dependência Nesse intuito os conceitos de coação legal e disciplina não podem significar escravização da vontade da própria criança Pois é preciso realmente evitar que a disciplina escravize devendose deixar sempre a criança sentir sua liberdade Kant SP Cap 2 Terceira regra Se faz importante porque se trata da reflexão gerada tanto pelo educador como pelo educando sobre a necessidade e localização da coação ou constrangimento com o intuito de usufruir bem da liberdade Fazer o que quiser não coincide necessariamente com ser livre Tem por finalidade ensinar a usar bem da sua liberdade que a educamos para que possa ser livre um dia Compreensão inicial da conquista da autonomia por parte do indivíduo Kant SP Cap 2 É preciso reconhecer a máxima da ação e sobretudo o princípio da vontade Esse exercício deve gerar a condição de dispensa dos cuidados alheios Inevitavelmente essa dispensa remetese a duas questões próprias da educação nos moldes iluministas 1 Num plano geral sobre a proposta de esclarecimento que urge do indivíduo o seu alcance da maioridade 2 Num plano específico sobre a conquista da autonomia Elementos que coexistem no processo de uma educação da razão Kant SP Cap 2 A moralidade conforme exposição é o ápice do processo educativo Até atingila vários estágios são fundamentais e as práticas de constrangimentos sujeições devem existir como ensinamento ou mesmo exercício de um indivíduo que no reconhecimento das próprias forças busca agir por dever no alcance de máximas universais à atender a satisfação pessoal Mas que relação pode existir entre a moralidade e a educação na dimensão formal e informal ou mesmo privada e pública Kant SP Cap 2 Ainda no seio familiar onde a educação privada se faz presente e atuante a criança no reconhecimento de seus limites adquire obediência sendo capaz de não simplesmente fazer o que quer para obedecer aos seus tutores Por enquanto a condição passiva mera obediência transforma a educação num processo mecânico No segundo instante em que já há presença da reflexão e da liberdade o constrangimento não é mais mecânico Kant SP Cap 2 aquele que lhe é permitido usar a sua reflexão e a sua liberdade desde que submeta uma e outra a certas regras No primeiro período o constrangimento é mecânico no segundo é moral O constrangimento moral existe quando se inicia já o exercício da liberdade ou mesmo da escolha particular sem influência direta de terceiros Pois tal exercício já pressupõe um ensaio possível de autonomia A partir do momento que se toma decisões por si é preciso observar se as certas regras no pensamento se fazem presentes no crivo da ação Kant SP Cap 2 Os pais aqueles que compõem a educação privada precisam estar cientes da responsabilidade pedagógica que possuem na formação educativa e moral dos seus respectivos filhos caso não tenham tempo capacidade ou não o queiram por outras pessoas que os ajudem nessa tarefa mediante uma recompensa Percebese que independentemente de quem seja o tutor é necessário que ele exista a qualquer modo É fundamental que alguém permita à criança o espaço do reconhecimento de si das próprias forças que forneça limites e até castigos Kant SP Cap 2 Diante da necessidade da educação privada a educação pública servirá como um aperfeiçoamento daquela Embora seja necessária a educação privada esta não pode ser totalizante Pois também apresenta riscos uma vez que cada família estabelece seu princípio didáticopedagógico ou seja o modo de educar a criança segundo as próprias crenças e os hábitos sociais tende a engendrar defeitos do próprio âmbito além de propagálos Kant SP Cap 2 A educação deve durar até o momento em que a natureza determinou que o homem governe a si mesmo Ou até que nele se desenvolva o instinto sexual Até que ele possa tornarse pai e seja obrigado por sua vez a educar A postura de Kant coincide com a ideia de progresso Uma vez que a própria natureza madura o suficiente para tornarse reprodutora lança espaço para o surgimento de uma nova geração É chegada a hora assim de um aperfeiçoamento dos princípios dos valores das ações Kant SP Cap 2 A condição de progresso o qual enfatiza na história em Kant a ideia de um melhoramento de uma educação que tende a se tornar perfeita no aperfeiçoamento das gerações suscita os dois modos de existir teórica e prática um mesmo fim a moralidade Assim a educação quer seja no âmbito privado informal quer seja no âmbito público formal tende a construirse perante o princípio do bem e consequentemente da moralidade Kant SP Cap 2 Cada qual com sua especificidade estabelece uma relação de mútua dependência não de competição O educando deve ter uma base sólida familiar e aperfeiçoála no espaço escolar observado por Kant como obrigatório e vantajoso A escola não é espaço exclusivo de diversão Pelo contrário é espaço onde as regras tornamse mais veementes e onde não deve existir nenhuma espécie de privilégios daí a menção do aperfeiçoamento da educação privada Kant SP Cap 2 Enquanto a família se preocupa em formar bem o ser humano a escola busca tornar esse humano também um bom cidadão A educação pública tornase também além do espaço físico o personagem simbólico responsável pela formação da melhor imagem do futuro cidadão Kant defende a educação pública como mais vantajosa que a doméstica Isso não somente em relação à habilidade mas com respeito ao verdadeiro caráter do cidadão Kant SP Cap 2 A educação doméstica além de engendrar defeitos do âmbito familiar os propaga Como complemento a educação humana no crivo da formação mesmo que seja da constituição da essência formação do caráter da identidade pessoal o filósofo defende que o processo de educar se dá inicialmente pelo cuidado Por cuidados entendemse as precauções que os pais tomam para impedir que as crianças façam uso nocivo de suas forças Por este perpassa o zelo a higienização corporal abrange ainda a troca de sentimentos de afeto Isso põe em evidência a divergência humana com os animais que ao contrário não necessitam de cuidados específicos
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KANT Immanuel Sobre a Pedagogia PROF DR JULIO TOMÉ Kant SP Introdução Sobre a Pedagogia Com base no material das preleções de Kant na Universidade de Königsberg dos anos de 1776 a 1787 seu discípulo Friedrich Theodor Rink publicou em 1803 o texto mais específico de Immanuel Kant acerca da educação Na realidade não existe a certeza sobre onde terminam as ideias de Kant e onde iniciam os pensamentos de Rink No entanto Über Pädagogik Sobre a Pedagogia se constitui na obra mais específica do filósofo alemão sobre a educação apesar de Kant tratar da educação em muitos de seus textos Tendo a participação de Rink ou não são nas páginas de Sobre a Pedagogia que Kant discorre toda a sua valiosa teoria educacional Kant SP Introduao QO livro apresenta uma estrutura em dois capitulos precedidos de uma Introdugao e tem como ideia central a educacao como arte e como tal fundada na Razao e tendo por fim o bem e a liberdade Cap U Sobre a Educacao Fisica cuidados que devem ser prestados as criancas aos bebés e que as criancas devem evitar 0 0ci0 principalmente em atividades que desenvolvam habilidades como enxergar e correr Cap 2 Sobre a Educacao Pratica 0 ser humano completo nao é aquele que detém apenas o conhecimento mas aquele que realiza os deveres em relacao a si e aos demais A educacao pratica é subdivida em negativa e positiva A parte negativa referese a disciplina A parte positiva a instrugao e direcionamento os momentos de desenvolvimento e formacao do educando Kant SP Introdução O pensamento de Kant acerca da educação está posto de forma clara e se divide em duas grandes áreas a saber A Educação Física ou cultura A cultura se divide em física que comporta a parte negativa o cuidado e a disciplina e a parte positiva a instrução ou habilidade A Educação Moral ou moralização Prática ou a moralização possui três partes habilidade prudência e moralidade A moralização ou Educação Moral contém em si a moralidade Kant SP Introdução Kant inicia com a seguinte afirmação O homem é a única criatura que precisa ser educada Dentre todas as criaturas existentes no universo o homem é a única que precisa de instrução de disciplina e de formação O homem definese também pela necessidade metafísica de educação Para que o homem seja realmente aquilo para o qual foi destinado deve ser educado Para Kant o homem não pode tornarse um verdadeiro homem a não ser pela educação Tudo o que o homem é lhe é dado pela educação A educação molda também a sua racionalidade Kant SP Introdução Kant entende a educação como a única forma de conferir racionalidade ao ser O homem possui razão mas necessita desenvolvêla Deixando a animalidade tornandose autônomo usufruindo de sua liberdade alcançando a moralidade e seguindo o caminho do bem A educação referese a um processo contínuo longo e árduo pelo qual o homem prossegue desde seu nascimento Kant SP Introdução O homem não é posto no mundo de forma acabada Pela educação acontece a saída de sua incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a ajuda de outro indivíduo É por meio da razão que o homem começa a verdadeiramente a ser humano Kant SP Introdução A educação que diz respeito à antropologia kantiana referese aos cuidados à disciplina e à instrução justamente com a formação integral O homem ao nascer é o mais frágil de todos os animais Ele é um ser totalmente dependente Porém o homem possui a razão algo distinto característica especifica deste Ser e esta quando disciplinadamente despertada transforma a animalidade em humanidade A razão no caso dos homens substitui o instinto animal no entendimento kantiano Kant SP Introdução A disciplina é meramente negativa a saber a ação pela qual se remove o elemento selvagem do homem A disciplina mesmo sendo a parte negativa da educação é necessária pois ela possibilita ao homem não se desviar de seu destino A disciplina é o que impede o homem de se desviar de seu destino de desviarse de sua humanidade através de suas inclinações animais Ela é responsável por manter a ordem a fidelidade Ela não deixa o homem perder seu destino pela vontade Kant SP Introdução O ideal educativo é a perfeição Kant admite a possibilidade de um continuo aperfeiçoamento humano Talvez que a educação se torne sempre melhor e que cada geração subsequente dê um passo em direção ao aperfeiçoamento da humanidade pois por detrás da educação alojase o grande segredo da perfeição da natureza humana De agora em diante tal pode acontecer Pois só agora se começa a avaliar correctamente e a ver com nitidez o que pertence intrinsecamente a um a boa educação Kant SP Introdução O melhoramento a partir da educação permitirá ao homem atingir níveis mais elevados do seu desenvolvimento e consequentemente rumando ao aperfeiçoamento da raça humana paulatinamente Educar é uma arte cujo exercício tem de ser aperfeiçoado através de muitas gerações Cumulada com os conhecimentos dos que já passaram cada geração pode sempre levar a cabo cada vez mais uma educação que desenvolva proporcionadamente e de modo conforme ao seu fim todas as disposições naturais do homem e assim conduzir todo o género humano à sua destinação Kant SP Introdução A educação como um dos principais requisitos para a construção de uma sociedade melhor a cada geração Um princípio da arte da educação que os homens que fazem planos para a educação deveriam ter presente é as crianças devem ser educadas não para o estado presente do género humano mas para um estado futuro melhor isto é adequado à ideia de humanidade e à sua destinação integral Este princípio é de grande importância Os pais educam com um m ente os seus filhos apenas de modo a que estes se adaptem ao mundo presente por mais corrompido que possa estar Deviam porém educálos melhor para que um estado futuro melhor possa desse modo ser produzido Kant SP Introdução A preocupação com a qualidade na formação de mestres e pais que incumbirseão de educar as gerações futuras Caso a tarefa educacional seja executada por pessoas desqualificadas perdese o propósito de avanço frente ao já conquistado uma vez que além de ter um fim nela mesmo a educação sempre deve ser praticada com vistas no melhor estado possível para a humanidade no futuro Kant SP Introdução Mesmo acreditando no valor da educação para o processo de aperfeiçoamento do humano Kant não se deixava iludir e sabia das dificuldades que isso poderia representar pois admitia que a melhora do humano dependia da sua capacidade de se dispor para o bem e que isso não estava pronto A disposição para o bem dependida em grande medida da sólida formação moral do sujeito admitindose que não é uma tarefa nada fácil A educação portanto é o maior e o mais árduo problema que pode ser proposto aos homens Kant SP Introdução Em sendo educado o homem terá a moral como guia e poderá desenvolver nele os princípios do bem O mal na verdade está vinculado à inexistência de normas para as disposições naturais Uma boa educação para Kant é a fonte de todo o bem neste mundo Apenas o próprio homem é que tem a condição de realizar sua destinação sempre e tão somente como humanidade Se o homem tiver negada a possibilidade de constituir sua destinação a condição de determinarse estará se colocando no mesmo patamar dos outros animais vivendo sob a mecanicidade de seus impulsos resultantes de seus instintos Kant SP Introdução O homem antes de sua educação tende ao estado de irracionalidade Isso tudo pelo fato de não possuir o conhecimento e a independência suficiente com relação às leis Surge então novamente a disciplina que é responsável pelas regras que impõe ao homem a obediência necessariamente às leis que emanam da razão Não seria possível viverem tantos homens livres em um mesmo ambiente sem existirem as regras Portanto a partir de Kant devese entender que é apenas pela educação que a humanidade alcançará aquilo que lhe convém Kant SP Introdução O caminho da educação kantiana é absolutamente aberto O homem é aquilo que a educação faz dele e Da mesma forma tendo em suas mãos o seu destino situação possível pelo processo educativo poderá optar por seguir o caminho que bem lhe convier Em Kant é impossível que o homem conquiste seu objetivo final como ser isolado Kant SP Introdução O processo educativo encontra sua aplicação à espécie como a verdade kantiana Para tanto analisase a condição finita do homem em contraponto ao estado de continuidade da espécie em si o verdadeiro sujeito da educação é a espécie e não o indivíduo por causa de seu caráter infinito A educação vai além do homem como ser individual Entendese a educação como um processo que necessita de continuidade impossível ao homem mas próprio da coletividade da espécie humana Kant SP Introdução O homem necessita da sociedade para cumprir sua destinação que é verse como humanidade e não como homem isolado individual Pois apesar de o fim se dar individualmente é a espécie que poderá gozar de sua inteira destinação Assim a sociedade tem no homem o agente imprescindível de sua constituição e A base dessa formação será o processo educacional O processo educacional é responsável por conduzir o homem ao esclarecimento e à condição de formar uma sociedade justa composta por homens morais Kant SP Introdução É através da educação que o homem se constitui elevandose a sua humanidade por sobre a animalidade Isso acontece pelo esclarecimento racional Se situado no contexto prático o processo educativo tem caráter necessariamente moral A educação kantiana é fundamentalmente educação moral Kant SP Introdução É necessário ter em mente que toda a Crítica da Razão Prática é permeada pela questão da liberdade A liberdade é portanto um postulado da razão prática e com o qual a educação se ocupa Ou melhor a problemática da liberdade é uma questão com a qual a razão se depara no âmbito do agir humano e é desse modo constitutivo que se fundamenta na educação A moral kantiana é alicerçada no imperativo categórico Este é uma forma universal a priori que norteia todo o agir humano É o imperativo que impera manda que se faça o bem e se evite o mal e é categórico porque se impõe por si Kant SP Introdução A lei universal a priori não procede de ninguém ela é incondicionada O homem é virtuoso se cumpre o que a lei manda custe o que custar É o dever pelo dever A liberdade portanto não reside na possibilidade de fazer ou não fazer determinada ação Se a ação é norteada pelo imperativo não há outra possibilidade isto é ela deve ser feita O agir livre neste sentido é o agir segundo a lei Quem segue a lei pela lei é um indivíduo livre Kant SP Introdução Kant busca uma educação para a liberdade que é a condição de possibilidade para que esse homem tornese esclarecido e autônomo Um homem que procura seu próprio caminho e assim se realiza enquanto homem concretizando seu plano que é o de verse enquanto humanidade Uma humanidade que é sempre fim um objetivo e nunca um meio do qual o homem possa fazer uso Kant SP Introdução Ainda dentro do princípio da autonomia Kant alerta para o conceito de dever a atitude de agir por dever e também conforme o dever O dever carrega consigo o conceito da boa vontade e para que uma vontade seja autônoma sua força deve ser originada no próprio ser em sua própria razão Ao agir conforme o dever e por dever o homem está fazendo uso da autonomia da vontade e esta mostrase como a capacidade do ser humano de darse a lei moral com valor universal Ou seja uma lei que parta do homem individual mas que tenha uma validade para todos que possa ser utilizada por todos Kant SP Introdução De mesma forma a vontade deve ser determinada primeiramente pela vontade em si e não pela vontade pelo objeto Consequentemente a vontade não deve ter sua origem em algo externo ao homem ou mesmo que seja motivada por algo externo à ele Kant assevera ainda que uma boa vontade é boa em si e sem limites e não tem necessidade de outros objetos para determinála Ela é a única coisa realmente boa e está alicerçada no princípio do querer segue o dever pelo dever e seu valor está no princípio da ação não estando vinculada ao resultado desta mesma ação É o respeito à lei que o conduz à ação Kant SP Introdução Para Kant apenas quando o homem faz com que sua razão determine a liberdade é que se encontra a liberdade moral finalidade de todo o ser racional Em Kant vemos uma educação libertadora que eleva o homem em sua condição e para tal necessita de um processo que mude drasticamente a condição primeira da vida do mesmo homem Esse estado onde se encontra o ser e que tem na natureza sua fonte deve ser colocado à distância pela disciplina a fim de que o homem atinja um novo momento Kant SP Introdução A escola tem dupla função desse modo a saber de disciplinar as vontades de tal modo que as crianças obedeçam às leis mas não porque são impostas por alguém mas sim pela própria lei As crianças são enviadas à escola de início não com o propósito de aprenderem lá algum a coisa mas para que se consigam habituar a estar sentadas em silêncio e a observarem pontualmente o que lhes é prescrito para que no futuro não possam também pôr em prática real e imediatamente tudo o que lhes passa pela cabeça Kant SP Introdução Na busca pela autonomia é necessário que se dê liberdade à criança pois assim poderá tornarse um ser racional ou seja inteligível e não somente sensível Primeiro sua liberdade será controlada delimitada para que depois ela a criança possa guiarse seja capaz de guiar da melhor forma sua liberdade O educando deve se colocar numa situação de obediência passiva na qual existe um constrangimento mecânico Kant SP Introdução Posteriormente ele usará sua reflexão e sua liberdade e conduzirseá como que por uma imposição moral O processo de formação moral perpassa pela escola mas não se restringe a ela De igual maneira iniciase na família mas deve progredir para além dela Kant SP Introdução Dessa forma Kant estabeleceu algumas regras a fim de que as crianças aprendam a usar sua liberdade A primeira é dar liberdade às crianças desde a primeira infância salvo quando podem fazer mal a si mesmas e impedir ou lesar a liberdade de outrem A segunda é mostrar às crianças que podem alcançar seus propósitos exceto quando uns impedem os outros de fazerem o mesmo uma vez que essa máxima não poderia se tornar uma lei A terceira e última é demonstrar que o constrangimento ou a disciplina tem por finalidade ensinar a usar bem sua liberdade isto é educar para poder ser livre e consequentemente dispensar cuidados e coerções de outrem Kant SP Introdução Esse último aspecto tem de ser introduzido mais tardiamente porque nos primeiros anos as crianças acreditam receber por toda a vida a manutenção que agora recebem dos pais Logo uma educação que não instrui apenas adestra e ainda falha em instigar a criança a pensar por si mesmo fracassa na tarefa de contribuir para o seu desenvolvimento moral Kant SP Introdução Kant reduz a tarefa da escola desde cedo a inculcar na cabeça das crianças a necessidade de obedecerem às leis ou neste caso o imperativo Nesse processo educativo inicial Kant admite o uso de castigos para uma eficaz educação infantil Kant admite castigos como sanções a uma regra que não sofre infrações Kant SP Introdução Distingue os castigos físicos que devem ser usados como precaução Os castigos morais que são os melhores porque se dirigem a precisão que o menino sente de ser honrado Os castigos naturais consequência de faltas cometidas As punições positivas que se reservam as faltas mais graves As punições negativas que consistem em uma privação e que se aplicam a faltas de pouca importância Kant SP Introdução É pela autoconstrução favorecida pela disciplina escolar que faz a criança descobrir e cumprir a lei por si mesma o qual é identificado com a felicidade Logo esta é conseguida através do esclarecimento E isto não pode ser tomado como perfeição humana de modo individual e pessoal mas para Kant é algo próprio da humanidade em geral Seguindo este raciocínio a felicidade é consequência natural da racionalidade Ser feliz identificase como o desenvolver pleno da razão É uma felicidade racional Kant SP Introdução A felicidade desse modo é plausível quando a educação tiver quatro estágios ou elementos O primeiro e mais elementar é o da disciplina que consiste podese dizer em domar a selvageria para que a animalidade não seja a parda da humanidade O segundo nível é o desenvolvimento na cultura que compreende a instrução e os ensinamentos que proporcionam a habilidade No terceiro nível é preciso velar para que o homem se torne prudente que ele se adapte à sociedade humana que seja amado e que tenha influência Tratase do nível da civilização No quarto nível devese velar para a moralização do homem ou seja o homem não deve simplesmente ser apto a todas as espécies de fins Ele deve sobretudo adquirir o sentido moral de não escolher senão os fins que lhe sejam bons Kant SP Introdução A moralização se estabelece como o verdadeiro fim para o homem Seu conceito se une ao conceito de educação e nele é possível vislumbrar toda a evolução do ser onde ele passa pelos cuidados pela disciplina pela instrução ou cultura e pela civilização É importante salientar que apesar da obra de Kant ter como fim uma educação moral a educação kantiana não ensina o agir moral Kant SP Introdução A explicação para isso é que o agir moral é de legislação absolutamente interna ou seja advém do próprio homem e assim não há como depender de outro homem Aqui se constitui uma relativa diferença de origem entre o agir moral e a educação No primeiro a origem deve ser o próprio homem há um processo interno Já no segundo a origem é externa ou seja alguém deve educar o homem Não se pode esquecer no entanto que ambos estão ligados pois a ação dentro da moralidade exige a educação Kant SP Introdução Na verdade a educação em Kant tem o objetivo de preparar a criança para enquanto homem buscar seu agir moral através da autonomia de pensamento O pensar por si e ter sua ação alicerçada na mesma autonomia do pensamento possibilitará ao homem seu agir dentro da moralidade Todo o processo educacional se encerra com a consolidação de uma educação moral Com ela o homem supera gradativamente a propensão existente para o mal convertendoa em impulso para o bem Kant SP Introdução Devese destacar que em Kant o homem não é bom nem mau por natureza pois sua natureza não o faz um ser moral Ele só será bom ou mau quando elevar sua razão aos conceitos do dever e tornarse um ser moral Sendo um ser moral poderá escolher o caminho a tomar Poderá ser bom mas também poderá trilhar o caminho do mau Kant SP Introdução Sendo moral poderá assumir as máximas escolhidas por ele mesmo e que determinarão sua vontade Vale lembrar que Kant atrela o mal à natureza quando esta não for submetida a regras e que no homem existem germes somente para o bem De mesma forma ao atingir a moralidade o homem consolida seu caráter quer fazer algo e realmente coloca isso em prática e está apto a verse como humanidade grande objetivo de todo o processo Kant SP Introdução Kant conferiu objetivos claros que agregados formam a ideia final do papel da educação 1 Disciplinar com o objetivo de que sua animalidade não prejudique o caráter humano 2 Tornar o homem culto ou seja que tenha instrução e vários conhecimentos A cultura concerne à criação de habilidades condizentes com nossos fins 3 Fazer dele um ser prudente a fim de que permaneça em sociedade e a ela esteja unido é a civilização do homem 4 Moralizar o homem na busca de bons fins para si e ao mesmo tempo para todos Kant SP Cap 1 Educação Física tem como primeira tarefa o cuidado com o corpo o que é comum aos animais É o momento onde há a maior proximidade entre homem que conhecemos e o animal pois ambos estão ligados à uma mesma natureza que não lhes proporciona racionalidade Se não houver a ação da educação essa situação irá perdurar e no entender de Kant o ser não alcançará a condição de homem Kant a define como os cuidados materiais prestados as crianças constituindose estes da educação do corpo a educação da índole e a educação da cultura Kant SP Cap 1 A educação física assume por excelência um lócus especial no pensamento kantiano Pois há a necessidade de educar as próprias forças vitais como também reconhecer a força da razão e desenvolvêla para o bem O entendimento das forças vitais pressupõe o reconhecimento de si e do outro uma vez que não há uma razão além da natureza A razão humana é parte constitutiva também da respectiva natureza humana O reconhecimento tanto das próprias potencialidades como das limitações vão recair sobre o processo de formação moral Kant SP Cap 1 Embora o cuidado não seja garantia de moralidade este se torna fundamental ser pensado uma vez que é da educação física que se progride e se possibilita a educação prática cujo fundamento é a moralidade Assim quando Kant elabora o conceito de cuidado apresentao como precaução dos pais sobre os filhos lança a ideia de tutela ou mesmo coação isto é ainda no plano da heteronomia não existe sequer uma independência física e intelectual Kant SP Cap 1 Ainda se faz necessário que outros pensem e se responsabilizem pelo indivíduo A dependência ou mesmo insuficiência de conviver com as próprias forças limita a ação humana e consequentemente o exercício inicial da vontade sobre o agir enquanto livrearbítrio Neste instante o cuidado possibilita o sentimento de proteção e conforto no entanto requer reconhecimento e obediência de quem recebe para quem fornece Kant SP Cap 1 Na educação do corpo encontramse fragmentos instrutivos principalmente no que se refere a cuidados infantis Kant sugere que a própria natureza encarregarseá de dar sinais do que as crianças necessitam Sobre os cuidados com a educação da índole é preciso garantir que a disciplina oferecida a uma criança não a torne escrava mas sim que perceba o valor de sua liberdade e o valor da liberdade dos demais Kant SP Cap 1 Kant insiste muito na ideia de que deve ser oferecido a criança o que lhe é útil e não o que lhe é desejado Dêse à criança tudo que ela precisa e depois seja dito Você já tem o suficiente e Mesmo que a criança não tenha ainda nenhuma ideia de vergonha não se pode tolerar que ela se torne insolente A educação de cultura é o exercício da educação da índole abrange a cultura do corpo e o exercício dos sentidos É preciso fazer as crianças perceberem que podem instrumentalizar os próprios sentidos Kant SP Cap 1 A Educação Física é o início de um processo que conduzirá o homem à humanidade e possui três momentos a saber 1 Os cuidados materiais 2 A educação intelectual ou cultura da alma 3 A finalidade da educação ou a educação moral Kant SP Cap 1 Kant enfatiza a importância do cuidado dos pais aos bebês Pois sem esse cuidado os mesmos morreriam por não terem nenhuma condição de sobrevivência sozinhos É o momento em que a criança deve ter a atenção dos pais a fim de que não utilize de forma errada suas forças Kant SP Cap 1 Este cuidado dos pais é um ato de conservação de trato que vai proteger o bebê de si mesmo De outra forma no caso dos animais não existem cuidados mas somente a nutrição ou ainda o aquecimento e alguma segurança o que para Kant não se identifica como cuidado Ademais os animais fazem uso de suas forças sem que prejudiquem a si mesmos lançando mão apenas de seus instintos para a sobrevivência Kant SP Cap 1 A alimentação e a proteção são exemplos dessa atenção necessária Kant exemplifica dentro de sua teoria os benefícios do leite materno e que o mesmo é absolutamente importante para o recémnascido Rousseau Comenta sobre o leite de outros animais consumidos pelos seres humanos Assevera a importância de ministrar alimentos leves livres de sal álcool e condimentos A crença é de que o estímulo causado por eles causa uma excitação agradável que provoca desordens na criança Kant segue expondo suas convicções abordando a temperatura corporal que para ele deve ser sempre fresca para os bebês em virtude de seu sangue ser mais aquecido do que o dos adultos Kant SP Cap 1 Contra o enfaixamento dos bebes Assim como do embalo para que a criança adormeça ou para que não chore O choro é saudável A criança não deve receber cuidados sempre que chora Para Kant devese deixar a criança chorar pois logo se cansará Do contrário o adulto tornarseá suscetível aos caprichos corrompendo a criança Pode criar o hábito da dissimulação e fomentar as paixões internas Kant SP Cap 1 A liberdade de movimentos a condição de poder usar suas forças físicas o aprendizado do corpo com o devido reconhecimento de seus limites e forças são vitais Quanto mais são utilizados meios artificiais tanto mais fica o homem dependente deles Assim aplicase a todos os homens a estimulação ao uso de todos os meios naturais do ser humano Kant SP Cap 1 O uso de artifícios não soluciona problemas apenas serve como paliativo momentâneo ou que terá que ser utilizado para sempre O alerta kantiano para a não utilização de meios artificiais acompanha a situação de geração de costumes e hábitos entre as crianças Para Kant a repetição de usos e atitudes denota dependência Kant SP Cap 1 Os hábitos e costumes são realmente prejudiciais Hábito é uma tendência que afrouxa e compromete a liberdade Pior ainda quando contrariam a estrutura natural do ser Ou seja devese diferenciar o costume de alimentarse ou de dormir em certo horário Horário este que concorda com as necessidades do corpo do costume inserido pelos pais por exemplo Kant SP Cap 1 O homem também possui instintos e não se pode afirmar que os mesmos sejam todos inúteis ou mesmo nefastos O homem tem o instinto de alimentarse por exemplo o que possibilita sua boa nutrição e é condição para a vida Mas para que os instintos ruins não determinem sua conduta fazse necessário o que em Kant assumiu a condição de segundo estágio da Educação Física a disciplina Kant SP Cap 1 A disciplina doma os instintos e é a ponte que permite ao homem avançar na busca da instrução e do esclarecimento É onde ocorre a ruptura com a natureza e leva o homem da sua menoridade animal para a maioridade dandolhe condições de deixar ao mundo irracional É sem dúvida um processo ao qual Kant confere grande importância mesmo que a identifique como a parte negativa da Educação Física pelo fato de retirar o homem de sua natureza A disciplina terá atenção exclusiva posteriormente Kant SP Cap 1 Kant é claro ao diferenciar a disciplina a fim de regrar a natureza da disciplina que afronta a disposição natural do homem A disciplina que regra a natureza é lícita A disciplina que contrapõe as disposições naturais do homem é prejudicial Outrossim um hábito é uma atitude mecanizada e mais alinhada ao adestramento enquanto a disciplina transita em via contrária por assim dizer a da liberdade Kant SP Cap 1 A disciplina é o que impede ao homem de desviarse de seu destino de desviarse da humanidade através de suas inclinações animais Ela deve por exemplo contêlo de modo que não se lance ao perigo como um animal feroz ou como um estúpido Disciplinar exige atenção para evitar distorções Disciplinar não é privar de tudo mas antes de mais nada exercitar certa paciência imprimir limites O abuso e o exagero como em qualquer outra condição são equívocos A disciplina deve ser vista como imperiosa no que tange à sua aplicação ou seja é necessária tem que estar presente Kant SP Cap 1 No entanto a disciplina não se limita a representarse como uma ordenação Uma ordem não corresponde à amplitude disciplinar e do mesmo modo confere um tom de autoritarismo servil A disciplina vem para que instintos ruins não determinem a conduta e é a ponte que permite ao homem avançar na busca da instrução e do esclarecimento É onde ocorre a ruptura com a selvageria levando o homem da sua menoridade animal para a maioridade dandolhe condições de deixar o mundo irracional Kant SP Cap 1 É sem dúvida um processo ao qual Kant confere grande importância mesmo que a identifique como a parte negativa da Educação Física pelo fato de retirar o homem de sua natureza o que não se consolida como um processo de separação e abandono absoluto Seu intento é um regramento uma normatização dessa natureza A natureza não é substituída simplesmente permanece sob regras Kant SP Cap 1 Kant entende que a disciplina não pode ser colocada mais tarde ou mesmo corrigida deve ser imposta desde muito cedo O que não se aplica à cultura por exemplo que possibilita correções A cultura para Kant deve simplesmente proporcionar uma aptidão sem com isso destruir uma outra já existente Kant SP Cap 1 A fim de imprimir a disciplina necessária os pais têm como prática o hábito de falar em vergonha e conveniência palavras que não fazem parte do universo infantil O resultado que isso trará é a constituição de um jovem tímido que perderá a espontaneidade natural e terá fomentadas ações dissimuladas a fim de esconder seus sentimentos A criança se tornará teimosa e perderá o respeito pelos pais Sendo assim na visão kantiana devese estimular a espontaneidade do jovem Kant SP Cap 1 A distinção entre homem e animal no entender de Kant se dá pela cultura que consiste no exercício das forças da índole É a parte positiva da Educação Física e pode diferentemente da disciplina ser corrigida e posta a qualquer tempo Kant retoma a discussão sobre os benefícios da liberdade de artifícios Quanto mais a criança agir naturalmente despojada de instrumentos melhor Kant SP Cap 1 A utilização de instrumentos nos conduz à certa comodidade nada saudável Devese sobretudo incentivar a habilidade natural Não obstante o trato com o corpo a liberdade de movimentos e as experiências fazem com que a criança não esteja apenas colocando à prova seu físico mas também e sobretudo seus sentidos Exemplo ao medir a distância entre dois pontos com os olhos ao verificar a força necessária para lançar uma pedra a criança está exercitando muito além de seu físico está mexendo com seus sentidos acrescidos pela estimulação da imaginação e pelo trabalho com a memória Kant SP Cap 1 Kant também aborda o que chamou de cultura da alma inserida ainda na Educação Física Isso é a educação intelectual que se estabelece sobre a cultura física do espírito Tanto a formação da alma como a do corpo são físicas Pois devese cultiválas procurando impedir que se corrompam mutuamente e buscar que a arte aporte algo tanto àquele como a esta Kant SP Cap 1 No entanto a formação da alma não se alinha com a formação moral porque um homem poder ser forte sadio e de espírito muito bem formado e mesmo assim fazer o mal A educação intelectual objetiva preparar o homem para conviver em sociedade Estando no campo de abrangência da educação corpórea não se pode confundir a educação da alma com a educação moral ou mesmo relacionar esta à educação prática A educação moral referese à liberdade enquanto a educação da alma sendo corpórea como é referese ao campo do cultivo da natureza Kant SP Cap 1 No entanto é preciso observar que Kant faz questão de aprofundar a educação corpórea e da necessidade de esta existir de modo sólido fortificante mesmo essa adjetivação não garantindo a moralidade Sabese de repente que se pode ter ao homem uma educação corpórea boa e moralmente este ser mal formado tornandose assim uma criatura má Porém uma educação física que já tenha sido mal formada não permite uma boa formação moral Kant SP Cap 1 A formação corpórea no campo pragmático abrange a cultura já a formação moral abrange a moralidade No cultivo do corpo o educando reconhece a partir de suas atividades aquelas que caracterizam um divertimento daquelas que existem enquanto obrigação A intenção é que com o desenvolvimento da autonomia física e intelectual a obrigação não seja mais dessa forma observada e a atividade ou ação a ser executada assim seja por dever A consciência do agir por dever é sinal de despertar pois lança ao homem a importância do agir moral sobre a humanidade Kant SP Cap 1 Sendo assim a cultura física também dividida em livre e escolástica assume papel formativo no processo de educação moral do indivíduo Cultura livre se refere ao divertimento e Cultura escolástica seria uma obrigação um trabalho Contudo Kant aponta para a necessidade de ambas as formas a fim de estruturar o homem Kant SP Cap 1 A cultura das potências do ser humano que de acordo com seu entendimento têm evolução contínua e seu cultivo dura desde a infância até o final da educação do jovem O homem deve cultivar suas potências inferiores e superiores da mesma forma No entanto as inferiores devem ser estimuladas sempre pensando nas superiores e utiliza o exemplo do desenvolvimento da imaginação inferior a serviço da inteligência superior Devese utilizar a memória para guardar o que é útil De mesma forma assim como a memória deve ser cultivada a inteligência deverá receber mesmo e cuidadoso tratamento Kant SP Cap 1 Outro ponto explorado por Kant é a instrução É preciso procurar unir pouco a pouco o saber e a capacidade e também unir ciência à palavra Com efeito a criança deve aprender a distinguir perfeitamente a ciência da simples opinião ou da crença Assim o jovem constituirá uma mente correta um gosto justo que deve ser iniciado pelo gosto dos sentidos e posteriormente das ideias Ademais Kant disserta sobre o aprendizado e o uso de regras dizendo que o melhor é que ocorram ao mesmo tempo pois o uso de algo sem regras é incerto e regras sem uma utilização tornamse abstratas Kant SP Cap 1 Kant aborda a incidência de castigos em face às mentiras ao não seguimento das orientações às transgressões às normas estabelecidas Contemplando a repreensão descreveu duas formas de punição as morais e as físicas ou ainda negativas ou positivas As penas morais tendem a humilhações e à frieza de tratamento como resposta Já as físicas exemplificamse pela negação de desejos ou aplicação de castigos Kant SP Cap 1 De outro modo as boas ações não devem resultar em recompensas sob pena de formar jovens interesseiros e com disposição de mercenários As penas negativas por sua vez remetemse à preguiça ou à imoralidade e as positivas são reservadas à malvadez Os castigos físicos devem ser empregados somente como complemento à insuficiência de penas morais Kant SP Cap 1 Quando as penas morais deixaram de ter eficácia e se recorre aos castigos físicos então não se consegue mais formar um bom caráter Mas no início a coação física deve suprir a falta de reflexão da criança Com efeito os castigos aplicados sob raiva são prejudiciais pois a criança percebe o sentimento e não fará a relação exata com os motivos e enxergará apenas como consequência de seus atos Kant SP Cap 1 A diferença entre uma criança e um adolescente é absolutamente relevante nessa discussão A criança não tem o senso do dever e sempre entenderá o dever como algo que em seu não cumprimento vai acarretar um castigo Na adolescência quando a razão já está aflorando sentimentos como vergonha já possuem sentido e podem ser explorados a fim de regrar A vergonha necessita do conceito de honra o que só terá raízes na adolescência Kant é enfático ao retratar a mentira como algo comum ao universo infantil Contudo o filósofo indica cuidado aos pais a fim de que a mentira não se transforme num hábito Kant SP Cap 1 Kant faz referência importante à socialização da criança dizendo claramente da importância de uma convivência e com relações de amizade Para Kant só um coração contente é capaz de encontrar prazer no bem referindose à alegria de viver entre outros Não obstante os sentimentos infantis devem ser ponderados de acordo com a idade Ou seja a criança deve ser cobrada como criança deve ter inteligência de criança deve agir como criança Kant SP Cap 1 A criança deve ter desde cedo a ideia de bom e mal fazendo parte da intenção de formação do caráter De mesma forma e como já mencionado a formação do caráter consiste na ação segundo certas máximas Na verdade toda a educação exige que o educador apresente ao educando as leis a serem seguidas Kant estabelece a possibilidade de a criança iniciar seu processo de autolegislação Kant SP Cap 1 Isso se dará pela tomada de decisões acerca de questões menos relevantes Nestas o educador deve atentar para a continuidade que a própria criança confere a essa decisão tomada Se ela se propôs a seguir um rumo deve seguilo Não obstante o caráter adulto deve ser evitado no jovem É uma criança iniciando seu governo mas sem deixar de ser criança Rousseau Kant SP Cap 2 No que se refere à segunda parte do livro o assunto é sobre a educação prática Nesta etapa são definidos os bons princípios que devem ser assimilados pelas crianças e que englobam a habilidade a prudência e a moralidade A habilidade é um conhecimento que possa ser aplicado para realizar uma ação e se bem fundamentada tornase o elemento essencial do caráter de um homem A prudência consiste na arte de aplicar aos homens nossas habilidades ou seja de nos servir dos demais para nossos objetos Por fim a moralidade diz respeito a formação de um bom caráter do domar algumas paixões e aprender a privarse de algumas coisas e de certas inclinações Kant SP Cap 2 Sugerese que para solidificar o caráter moral das crianças é preciso permeálas de bons exemplos de como fazer as coisas e também deixar claro quais são os deveres a cumprirse Nestes deveres o autor busca nos deveres para consigo e para com os outros uma forma de fundamentar que desde cedo as pessoas devem ter o entendimento dos preceitos de uma vida social e de respeito aos direitos humanos Dentre os deveres para consigo mesma a criança deve conservar a dignidade interior uma dignidade que é própria da natureza humana A mentira por exemplo colocase abaixo da dignidade humana e deve ser encarada com desprezo Já os deveres para com os demais pressupõese a ideia clara dos direitos humanos e a noção do que é justo ou injusto para a coletividade e de modo algum é permitido a uma criança humilhar a outra Kant SP Cap 2 Por fim o filósofo deixa uma derradeira recomendação É preciso orientálos sobre a necessidade de todo o dia examinar sua conduta para que possam fazer uma apreciação do valor da vida ao seu término Pois é facultado ao homem a possibilidade de readequar a realidade aos seus interesses ou aos interesses do coletivo Kant SP Cap 2 Enquanto a disciplina impede defeitos a cultura moral acabará por se fundar sobre máximas deduzidas do próprio homem Assim a disciplina imposta à criança pelos pais é seguida pela disciplina na escola Kant valoriza o simples fato de a criança ter que exercitar sua paciência ficando sentada por certo tempo mesmo que isso não represente um acréscimo em seu saber Toda a formação disciplinar só adquire seu sentido quando está à serviço da cultura moral a qual ela mesma não deve mais repousar sobre a disciplina mas sim sobre máximas Aprendendo a agir sobre máximas a criança preparase para as normas e os imperativos da escola e da sociedade Kant SP Cap 2 É importante salientar que apesar da obra de Kant ter como fim uma educação moral a educação kantiana não ensina o agir moral O agir moral é de legislação absolutamente interna ou seja advém do próprio homem e assim não há como depender de outro homem Diferença entre agir moral e educação Agir moral a origem deve ser o próprio homem há um processo interno Educação a origem é externa ou seja alguém deve educar o homem Kant SP Cap 2 Ambos estão ligados pois a ação dentro da moralidade exige educação Educação em Kant tem o objetivo de preparar a criança para como homem buscar seu agir moral através da autonomia de pensamento O pensar por si e ter sua ação alicerçada na mesma autonomia do pensamento possibilitarão ao homem seu agir dentro da moralidade Kant SP Cap 2 Nesse sentido Kant alerta para o conceito de dever a atitude de agir por dever e conforme o dever dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei Pelo objeto com efeito da ação em vista posso eu sentir em verdade inclinação mas nunca respeito exatamente por que é simplesmente um efeito e não a atividade de uma vontade FMC O dever carrega consigo o conceito da boa vontade e para que uma vontade seja autônoma sua força deve ser originada no próprio ser isto é em sua própria razão Kant SP Cap 2 Kant assevera ainda que uma boa vontade é boa em si e sem limites e não tem necessidade de outros objetos para determinála Ela é a única coisa realmente boa e está alicerçada no princípio do querer segue o dever pelo dever e seu valor está no princípio da ação não estando vinculada ao resultado dessa mesma ação É o respeito à lei que o conduz à ação Kant SP Cap 2 Ao agir conforme o dever e por dever o homem está fazendo uso da autonomia da vontade e esta mostrase como a capacidade do ser humano de darse a lei moral com valor universal Ou seja uma lei que parta do homem individual mas que tenha uma validade para todos que possa ser utilizada por todos O que é a base do imperativo categórico ou como o próprio Kant chamou imperativo da moralidade pois contém em si a moralidade e diz respeito ao caráter Kant afirma que se deve considerar uma ação como valiosa moralmente não porque se adapta a minha inclinação mas porque por meio dela eu cumpro o meu dever Kant SP Cap 2 É possível afirmar que em Kant o dever consiste na necessidade de uma ação em respeito à lei moral A ação moral deve eliminar em sua instância decisória todo e qualquer influência de inclinações compaixão Portanto segundo Kant a educação deve ensinar a criança que com os conceitos da própria razão é possível reconhecer a necessidade absoluta de uma ação em respeito à lei moral e viver de acordo com leis representadas por si mesmo de maneira a se tornar um indivíduo autônomo moralmente Ou seja que age a partir de um caráter moral independente do contexto sociocultural em que está inserido Kant SP Cap 2 Os outros dois alicerces da Educação Moral em Kant são a habilidade e prudência Habilidade Necessária ao talento e necessita que seja sólida e não passageira Não se deve mostrar ares de quem conhece algo que não se possa traduzir em ações A habilidade deve antes de tudo ser bem fundada e tornarse pouco a pouco um hábito de pensar Prudência Consiste em aplicar aos homens nossa habilidade ou seja de nos servir dos demais para os nossos objetivos Kant SP Cap 2 Habilidade e prudência correspondem aos imperativos hipotéticos Estes representam uma ação como necessária para chegar a um resultado estão postos como meio e não como fim são prescrições Já o imperativo categórico é necessário por si só Kant SP Cap 2 É lei Sendo assim as coações dos imperativos podem ser ou regras de habilidade conselhos de prudência ou ainda leis de moralidade Assim sendo a moralidade diz respeito ao caráter e a formação do caráter depende primordialmente do domínio de si para que inclinações não se transformem em paixões E isso está ligado à resistência capacidade advinda da disciplina no momento em que existe uma resolução firme de querer fazer algo e colocálo realmente em prática Kant SP Cap 2 Percebese que o pensamento pedagógico kantiano encaminha a educação prática para a consolidação da formação do caráter e da moralidade como fim Na constituição desse itinerário formação moral do indivíduo a habilidade enfatiza o pensar como hábito Aqui não se age apenas por costume mas por convicção Kant SP Cap 2 Pensar não se torna mais uma atividade extraordinária mas habitual ou seja constante A prudência que permite aplicar objetivos próprios aos demais pode ser encarada como uma espécie de ensaio do próprio imperativo categórico como fórmula da ação humana Para que a ação repouse no crivo da moralidade é necessário num primeiro plano que seja cultivado no homem a consciência dos próprios atos e que este seja capaz de a partir de si ao pensar o outro estar ciente do que é bom e do que é mal Kant SP Cap 2 Tratandose de uma educação prática o filósofo ainda apresenta a necessidade de uma educação que visa deveres Esse dever não é mais obrigação nem tampouco é sujeição ao desejo ou tutela de outrem Partese do dever para consigo mesmo como princípio da dignidade humana O dever para consigo mesmo porém consiste diríamos em que o homem preserve a dignidade humana em sua própria pessoa Kant SP Cap 2 Desse princípio partese a consciência da lei moral ou seja não se valoriza o ato pelo benefício que pode causar tanto a pessoa como a circunstância mas pelo fim que possui em si mesmo Dever para consigo mesmo e dever para os demais é um exercício primordial na formação do sujeito moral Tanto um como o outro invalida a mentira A mentira torna o homem um ser digno do desprezo geral e é um meio de tirar a estima e a credibilidade que cada um deve a si mesmo Kant SP Cap 2 A educação prática é pois chave de compreensão do problema pedagógico como problema moral em Kant A compreensão da educação prática como cultivo da autonomia referese à autonomia da vontade enquanto moralidade É inviável pensar uma educação como prática sem relacionála a um elemento enquanto condição de possibilidade moral A liberdade de fazer uso do próprio entendimento Somente um ser que usufrui do próprio entendimento tornase digno através da consciência do dever que possui que dá vida e fundamento a um processo pedagógico moral Kant SP Cap 2 O sentimento esclarece Kant faz com que o homem se torne suscetível às ações externas ou seja se o homem faz caridade por sentimento poderá se enganado for deixar de ser caridoso Contudo se a ação de benevolência for por dever e não por inclinação ele não sofrerá influência de outros para continuar fazendo boas ações Ele será bom por dever Objetivamente e relacionado com a atitude de caridade Kant considera aqui a relação entre o ser individual e os outros seres Kant SP Cap 2 Kant aborda também os apetites humanos os vícios e as virtudes Os apetites humanos podem ser 1 Formais concernentes à liberdade e ao poder são seus exemplos a ambição das honras do poder e das riquezas 2 Materiais relativos a um objeto traduzidos por volúpia bemestar material e o gosto do entretenimento 3 De prazer assim são o amor à vida à saúde à comodidade 4 ou referentes ao mesmo tempo aos materiais e de prazer Kant SP Cap 2 Por sua vez os vícios são 1 Da malignidade concernentes à inveja ingratidão e à alegria pela desgraça alheia 2 Da baixeza congregamna a injustiça a infidelidade e a incontinência 3 De estreiteza de ânimo dos quais há exemplo a dureza de coração a avareza e a preguiça Kant SP Cap 2 Já as virtudes podem ser 1 De puro mérito que compreendem a magnanimidade a beneficência e o domínio de si mesmo 2 De estrita obrigação que são a lealdade a decência e a pacificidade 3 De inocência ou seja a honradez a modéstia e a temperança Kant SP Cap 2 A virtude é o que pode lançar o homem a ser moralmente bom o que é explicado por Kant pelo fato de o homem não ser nem bom nem mau por natureza Pois na natureza ele não é um ser moral o que só ocorrerá quando elevar sua razão até os preceitos do dever e da lei Como já analisado o homem nasce com inclinações naturais e instintos que quando domados e regrados pela disciplina dãolhe a possibilidade de percorrer outro caminho o da construção de sua razão Orientado pela mesma poderá optar por ser bom ou mau Kant SP Cap 2 A origem do mal está exatamente no afastamento da lei moral Para o homem que é corrompido pelo mal o filósofo alemão prevê em sua educação a busca por uma espécie de conversão baseada na moral e na religião a fim de restabelecer sua disposição para o bem Essa conversão supõe um processo infinito para um ser finito e isso remete novamente à necessidade de o homem entenderse como humanidade Kant SP Cap 2 Por fim no entender de Kant apenas a educação pode fazer de um homem um verdadeiro homem e assim construir uma sociedade justa onde reine o direito a igualdade a liberdade e a moral Assim apenas uma sociedade que seja justa pode formar homens morais a fim de que se alcance o fim supremo que é uma vida moral digna e livre O cultivo da liberdade é explicitamente o exercício da busca por uma independência imediata e desta por sua vez para uma autonomia moral Kant SP Cap 2 Kant apresenta três passos que fundamentam tal cultivo 1 Permitir a criança liberdade de expressarse 2 Ensinar que existe a possibilidade de adquirir as próprias metas desde que permita aos demais também tal conquista e por fim 3 Evidenciar que o constrangimento imposto tem a tarefa de ensinar a fazer bom uso das opções de escolhas dispensando algum dia os cuidados alheios Kant SP Cap 2 A primeira regra é fundamental para a compreensão de que embora seja permitido expressar seu desejo anseios angústia não se deve desrespeitar o espaço do outro de modo que desde cedo é preciso aprender a manifestar os próprios sentimentos Acreditase ser esse o principal exercício dessa regra a qual expõe a necessidade de manifestação dos sentimentos que constituem a natureza humana e propõe um modo saudável dessa manifestação É um grande desafio para quem ainda está conhecendo as próprias forças e que desde já é cobrado o domínio das mesmas Kant SP Cap 2 A segunda regra consiste no ensinoaprendizado considerando os princípios que movimentam tal dinamismo Devese lhe mostrar que ela pode conseguir seus propósitos com a condição de que permita aos demais conseguir os próprios Aprender o que lhe é ensinado e assim por diante O filósofo chama atenção para não confundir disciplina com adestramento A primeira proporcionada aos homens enquanto a segunda aos animais O adestramento no processo educacional consiste na recusa da formação de uma capacidade de julgar Kant SP Cap 2 Tornase claro que ao homem cabe o treino a disciplina a instrução mecanicamente ou ser em verdade ilustrado No entanto embora admita que também os homens possam ser treinados reconhece que não é suficiente treinar as crianças urge que aprendam a pensar Reconhece que a criança tende a aprender usar de liberdade para agir Kant SP Cap 2 Porém enquanto a mesma se encontra no processo de reconhecimento de suas forças no uso do livrearbítrio e necessita por enquanto de tutela Não se pode transformar a disciplina numa espécie de ação escravizante nem tampouco acomodar a criança para uma perpétua dependência Nesse intuito os conceitos de coação legal e disciplina não podem significar escravização da vontade da própria criança Pois é preciso realmente evitar que a disciplina escravize devendose deixar sempre a criança sentir sua liberdade Kant SP Cap 2 Terceira regra Se faz importante porque se trata da reflexão gerada tanto pelo educador como pelo educando sobre a necessidade e localização da coação ou constrangimento com o intuito de usufruir bem da liberdade Fazer o que quiser não coincide necessariamente com ser livre Tem por finalidade ensinar a usar bem da sua liberdade que a educamos para que possa ser livre um dia Compreensão inicial da conquista da autonomia por parte do indivíduo Kant SP Cap 2 É preciso reconhecer a máxima da ação e sobretudo o princípio da vontade Esse exercício deve gerar a condição de dispensa dos cuidados alheios Inevitavelmente essa dispensa remetese a duas questões próprias da educação nos moldes iluministas 1 Num plano geral sobre a proposta de esclarecimento que urge do indivíduo o seu alcance da maioridade 2 Num plano específico sobre a conquista da autonomia Elementos que coexistem no processo de uma educação da razão Kant SP Cap 2 A moralidade conforme exposição é o ápice do processo educativo Até atingila vários estágios são fundamentais e as práticas de constrangimentos sujeições devem existir como ensinamento ou mesmo exercício de um indivíduo que no reconhecimento das próprias forças busca agir por dever no alcance de máximas universais à atender a satisfação pessoal Mas que relação pode existir entre a moralidade e a educação na dimensão formal e informal ou mesmo privada e pública Kant SP Cap 2 Ainda no seio familiar onde a educação privada se faz presente e atuante a criança no reconhecimento de seus limites adquire obediência sendo capaz de não simplesmente fazer o que quer para obedecer aos seus tutores Por enquanto a condição passiva mera obediência transforma a educação num processo mecânico No segundo instante em que já há presença da reflexão e da liberdade o constrangimento não é mais mecânico Kant SP Cap 2 aquele que lhe é permitido usar a sua reflexão e a sua liberdade desde que submeta uma e outra a certas regras No primeiro período o constrangimento é mecânico no segundo é moral O constrangimento moral existe quando se inicia já o exercício da liberdade ou mesmo da escolha particular sem influência direta de terceiros Pois tal exercício já pressupõe um ensaio possível de autonomia A partir do momento que se toma decisões por si é preciso observar se as certas regras no pensamento se fazem presentes no crivo da ação Kant SP Cap 2 Os pais aqueles que compõem a educação privada precisam estar cientes da responsabilidade pedagógica que possuem na formação educativa e moral dos seus respectivos filhos caso não tenham tempo capacidade ou não o queiram por outras pessoas que os ajudem nessa tarefa mediante uma recompensa Percebese que independentemente de quem seja o tutor é necessário que ele exista a qualquer modo É fundamental que alguém permita à criança o espaço do reconhecimento de si das próprias forças que forneça limites e até castigos Kant SP Cap 2 Diante da necessidade da educação privada a educação pública servirá como um aperfeiçoamento daquela Embora seja necessária a educação privada esta não pode ser totalizante Pois também apresenta riscos uma vez que cada família estabelece seu princípio didáticopedagógico ou seja o modo de educar a criança segundo as próprias crenças e os hábitos sociais tende a engendrar defeitos do próprio âmbito além de propagálos Kant SP Cap 2 A educação deve durar até o momento em que a natureza determinou que o homem governe a si mesmo Ou até que nele se desenvolva o instinto sexual Até que ele possa tornarse pai e seja obrigado por sua vez a educar A postura de Kant coincide com a ideia de progresso Uma vez que a própria natureza madura o suficiente para tornarse reprodutora lança espaço para o surgimento de uma nova geração É chegada a hora assim de um aperfeiçoamento dos princípios dos valores das ações Kant SP Cap 2 A condição de progresso o qual enfatiza na história em Kant a ideia de um melhoramento de uma educação que tende a se tornar perfeita no aperfeiçoamento das gerações suscita os dois modos de existir teórica e prática um mesmo fim a moralidade Assim a educação quer seja no âmbito privado informal quer seja no âmbito público formal tende a construirse perante o princípio do bem e consequentemente da moralidade Kant SP Cap 2 Cada qual com sua especificidade estabelece uma relação de mútua dependência não de competição O educando deve ter uma base sólida familiar e aperfeiçoála no espaço escolar observado por Kant como obrigatório e vantajoso A escola não é espaço exclusivo de diversão Pelo contrário é espaço onde as regras tornamse mais veementes e onde não deve existir nenhuma espécie de privilégios daí a menção do aperfeiçoamento da educação privada Kant SP Cap 2 Enquanto a família se preocupa em formar bem o ser humano a escola busca tornar esse humano também um bom cidadão A educação pública tornase também além do espaço físico o personagem simbólico responsável pela formação da melhor imagem do futuro cidadão Kant defende a educação pública como mais vantajosa que a doméstica Isso não somente em relação à habilidade mas com respeito ao verdadeiro caráter do cidadão Kant SP Cap 2 A educação doméstica além de engendrar defeitos do âmbito familiar os propaga Como complemento a educação humana no crivo da formação mesmo que seja da constituição da essência formação do caráter da identidade pessoal o filósofo defende que o processo de educar se dá inicialmente pelo cuidado Por cuidados entendemse as precauções que os pais tomam para impedir que as crianças façam uso nocivo de suas forças Por este perpassa o zelo a higienização corporal abrange ainda a troca de sentimentos de afeto Isso põe em evidência a divergência humana com os animais que ao contrário não necessitam de cuidados específicos