·

Letras ·

Português

Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora

Fazer Pergunta

Texto de pré-visualização

josé j veiga Os cavalinhos de Platiplanto Contos cavalinhosmioloindd 3 1615 743 PM Copyright 2015 by herdeiro de José J Veiga Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 que entrou em vigor no Brasil em 2009 Agradecemos a Gregorio Dantas pelas Sugestões de leitura sobre o autor Capa Kiko Farkas e André Kavakama Máquina Estúdio Ilustração de capa Deco Farkas Foto do autor Arquivo pessoal da família Todos os esforços foram feitos para determinar a origem da imagem publicada neste livro porém isso não foi possível Teremos prazer em creditar as fontes caso se manifestem Preparação Lígia Azevedo Revisão Isabel Jorge Cury Valquíria Della Pozza 2015 Todos os direitos desta edição reservados à editora schwarcz sa Rua Bandeira Paulista 702 cj 32 04532002 São Paulo sp Telefone 11 37073500 Fax 11 37073501 wwwcompanhiadasletrascombr wwwblogdacompanhiacombr Dados Internacionais de Catalogação na Publicação cip Câmara Brasileira do Livro sp Brasil Veiga José J Os cavalinhos de Platiplanto contos José J Veiga 1a ed São Paulo Companhia das Letras 2015 isbn 9788535925340 1 Contos brasileiros I Título 1412706 cdd86993 Índice para catálogo sistemático 1 Contos Literatura brasileira 86993 cavalinhosmioloindd 4 1615 743 PM Sumário Prefácio Silviano Santiago 9 A Ilha dos Gatos Pingados 27 A usina atrás do morro 37 Os cavalinhos de Platiplanto 54 Era só brincadeira 64 Os do outro lado 78 Fronteira 88 Tia Zi rezando 92 Professor Pulquério 100 A Invernada do Sossego 113 Roupa no coradouro 123 Entre irmãos 134 A espingarda do rei da Síria 139 Sugestões de leitura 149 Sobre o autor 155 cavalinhosmioloindd 7 1615 743 PM 27 A Ilha dos Gatos Pingados Já sei o que vou fazer Se Cedil não voltar até o fim do ano voume embora para o sítio de minha avó Lá eu vou ter uma be zerra pra tirar cria um cavalinho pra montar e muitas coisas pra fazer o dia inteiro É melhor do que ficar aqui feito bobo pensan do toda a vida na ilha nos brinquedos que a gente brincava nas coisas que Cedil e Tenisão diziam e até nos sustos que passáva mos como no dia que a jangada quase afundou com nós três Camilinho ainda anda atrás de mim mas não sei se é in fluência de Tenisão eu não gosto muito de brincar com ele Ele tem umas ideias bobas chora por qualquer coisa e tudo que a gente faz de meio estouvado ele acha de linguarar Agora eu compreendo mais por que Tenisão implicava com ele ele sem pre foi chorão e enredeiro Toda vez que a gente queria ir em algum lugar precisava combinar escondido sair sem Camilinho ver e às vezes nem assim adiantava Quando a gente ia longe lá vinha Camilinho correndo atrás chorando e pedindo pra esperar Tenisão xinga va jogava pedra mas ele não desistia Era preciso parar e esperar cavalinhosmioloindd 27 1615 743 PM 28 Aí o brinquedo perdia a maior parte da graça porque ele era pe queno e não dava conta de acompanhar não sabia pisar em es pinho sem espetar o pé à toa à toa chorava Era bobinho que só vendo tinha medo de tudo Não engolia semente de jenipapo para não virar barata na barriga não comia rolinha assada pra não dar fome canina não jogava pedra na casa de João Benedito porque ele furava um ovo com agulha e a gente ficava cego eu só joguei uma vez e de longe porque todo mundo dizia que ele era feiticeiro infalível De entoado um de nós ou nós três esta va apanhando por causa de Camilinho De maio a agosto os meses sem R ninguém podia tomar banho no rio dava febre A gente ia escondido Camilinho se guia o tempo todo aconselhando fazendo medo Tenisão dava coque nele mandava parar com a ladainha mas era mesmo que nada ele continuava choramingando dizia que a gente todos ia morrer Eu ficava com dó de ver aquele porqueirinha chorando por causa da morte inventada da gente dizia que isso de morrer era invenção prometia armar arapuca pra ele Tenisão ficava enfezado dizia que não tinha de armar arapuca nenhuma se ele contasse em casa apanhava de corrião Uma vez ele chorou tanto com uma guaspada de Tenisão que eu tive de prometer jogar burro com ele e deixar ele ganhar Com isso ele calou do choro mas não deixou de enredar Quando chegou em casa fi cou rodeando a mãe por todo canto ela mandava ele brincar ele arremanchava e não saía de perto Ela perguntou o que ele queria ele disse que era preciso fazer um chá bem forte pra Tenisão porque ele tinha nadado no rio Dona Zipa ficou nervo sa chamou Tenisão fez o coitado beber o chá mas primeiro deu uma surra nele e depois foi avisar lá em casa A minha va lença foi que eu estava na casa de vovó e lá eu não apanhava A ideia de brincar na ilha começou um dia que Cedil an dou fugido de casa por causa do namorado da irmã Ele sofria cavalinhosmioloindd 28 1615 743 PM 29 muito todo rapaz que namorava Milila achava de mandar nele ele nem podia brincar direito vivia vigiado Quando Milila começou a namorar Zoaldo a vida de Cedil piorou Zoaldo era muito bruto só falava gritando Nem Pedro Arcanjo que já tinha brigado com soldado tirava farinha com ele Uma vez brigaram no botequim do Cândido Pedro Arcanjo puxou a garrucha o povo todo saiu de perto menos Zoaldo Pedro gritou que corresse Zoaldo nem nada e ainda ficou ca çoando da garrucha dizendo que era arma alcaide arma de queijeiro que hoje em dia em cidade só se usava revólver chimi te ou parabelo Pedro Arcanjo chorava e repetia que corresse senão ele vi rava assassino O Cândido entrou no meio pediu a Zoaldo que saísse um pouquinho só pra não contrariar Zoaldo disse que favor só fazia pra quem merecia e assim mesmo quando tinha vontade Quando Pedro Arcanjo já tinha chorado bastante e olhava a garrucha na mão sem saber o que fazer dela e todo mundo em volta já ria sem medo nenhum Zoaldo chegou per to Falou manso como amigo Pedro você já brincou bastante agora me dá pra guardar e sem esperar foi tomando a garrucha e tocando Pedro pra fora a empurrões e se ele não corresse teria apanhado muito Quando Pedro já ia longe Zoaldo voltou pra dentro do botequim dizendo que ia fazer uma rifa da garrucha a um milréis o número com o dinheiro ia comprar uma botina de cano de casimira Pediu papel ao Cândido escreveu os nú meros muita gente foi assinando e botando pg ali mesmo Nos primeiros dias do namoro Zoaldo deu uma surra em Cedil por causa de uma malcriação que ele fez pra Milila Cedil estava brincando com outros meninos no barranco perto da ca sa Milila chegou na janela e chamou Ele disse que já ia e ficou brincando Ela chamou de novo ele disse pra não amolar Zoal do desceu a calçada da casa e veio vindo parecia que ia embora cavalinhosmioloindd 29 1615 743 PM 30 Mas quando passou perto de Cedil deu um bote e agarrou o coitado pelo cangote levou pra dentro debaixo de tapa e lá ainda bateu com o cinturão Quando Cedil contou isso Tenisão escachou com ele disse que ele era um pamonha mais apanhasse pra deixar de ser bobo Se fosse comigo disse eu sentava um trem na cara daquele trelente Você fala assim porque tem pai que pune por você respondeu Cedil E sua mãe por que que não pune Aí Cedil contou com muita tristeza que a mãe dele estava na cozinha moendo café quando ouviu a zoeira veio ver ficou olhando e não fez nada só dizia meu filho meu filho coitadinho de meu filho Depois que Zoaldo bebeu o café e foi embora ela veio agradar pôs arnica nos lanhos fez beiju pra ele comer com leite antes de deitar mas ele disse que de pirraça não quis No outro dia cedo ela foi na loja e comprou um canivete Corneta pra dar de surpresa a Cedil era o brinquedo que ele mais queria Cedil ficou meio envergonhado com o que Tenisão disse mas explicou que a mãe dele era muito boa só que era nervosa e não gostava de questão Depois disso Zoaldo não deixou mais Cedil ter descanso Vivia mandando o coitado na rua fazer isso e aquilo levar e buscar cavalo no pasto e volta e meia enfiava o couro nele Di zia que era para desasnar No dia que o cavalo fugiu Cedil apanhou demais mesmo Ele tinha ido cedinho no pasto e só voltou depois do almoço e de mão abanando Contou que o cavalo tinha se amadrinhado com a égua de um tropeiro e destampado com ela pelo morro acima não deixava chegar perto Zoaldo sapateou de raiva disse que era má vontade de Cedil pra atrapalhar o ganhame que ele ia ter na viagem com o agrimensor Tomou o cabresto da mão cavalinhosmioloindd 30 1615 743 PM 31 de Cedil e com ele mesmo foi batendo sem olhar lugar Cedil correu pedindo o socorro da mãe Zoaldo atrás dando cabresta da A mãe de Cedil correu para o quarto fechou a porta e ficou rezando tão alto que de fora se ouvia Quando eu vinha da escola encontrei Cedil sentado no pa rapeito atrás da igreja com as pernas todas lanhadas chorando e riscando a pedra com um carvão Não estava pintando nem es crevendo nada era só rabisco Perguntei por que não tinha ido à escola respondeu que não ia mais nunca mais e me contou a história do cavalo Disse que não adiantava ir à escola porque estava resolvido a fugir Não sabia pra onde mas ia fugir de qual quer jeito estava esperando um caminhão pra pular em cima Eu disse que então ele ia passar apertado com os índios Ques índios perguntou ele Eu disse que todo caminhão que passava ali ia para o norte e que meu pai tinha falado que no norte dava muito índio feroz Ele ficou tristinho pensando depois perguntou uma coisa bo ba de gente que está mesmo muito desacorçoado perguntou se afogar doía se a gente ficava desesperado como quando está mergulhando em poço fundo e o fôlego acaba Eu disse que afogar era horrível que no sítio de minha vó morreu um menino afogado o Zuzezinho ficou de olhos estufados como sapo eu passei muitas noites sem dormir com medo dele Era horrível Cedil pensou e perguntou se se ele fosse viver no mato eu mais Tenisão ia todo dia brincar com ele depois da escola Eu disse que a gente levava facão cortava pau pra fazer casa levava man timento fazia caçada com espingarda de cano de guardasol Tenisão estava trabalhando uma só faltava colocar o tufo quan do achasse jeito de derreter chumbo sem a mãe dele ver E a gente escala sentinela inventa senha ninguém pas sa sem dar a senha disse ele animado parece que já esquecido da surra cavalinhosmioloindd 31 1615 743 PM 32 Eu disse que não carecia de senha nem de sentinela isso era mais pra de noite como no tempo dos revoltosos e de noite eu não podia ir e achava que Tenisão também não Ele pergun tou se minha mãe ficasse ruim pra mim e desse de me bater se eu não resolvia fugir também eu disse que aí podia ser mas era preciso pensar Nessa hora apareceu Tenisão rodando um cubertão velho brecou o bicho com o pé bem diante de nós Falamos com ele e ele achou que o melhor lugar era a ilha Lá ninguém ia o mato era fechado na beira da água mas varando o mato o resto era limpo dava muito cará e sanguedecristo Não tinha era canoa a que costumava ter tinham tirado com certeza justamente pra menino não atravessar O jeito era fazer uma jangada de toro de bananeira Fazer a jangada foi fácil manejar a bicha é que deu panca Não fizemos direito pusemos os toros com a ponta mais grossa para um lado só era tão fácil ver que não dava certo mas nin guém reparou acho que foi a pressa de botar na água Dentro da água ela teimava em afundar na parte de trás chegamos pra frente e ela afundou a frente pra igualar Chegamos na ilha es candalosamente molhados da cintura para baixo No primeiro dia fincamos as estacas da casa amarramos as traves e cortamos uma braçada de varas para trançar as paredes Cedil queria fazer uma parede de qualquer jeito com ramo de assapeixe mesmo só pra poder dormir a primeira noite En quanto ele varria o chão da casa muito entusiasmado eu saí com Tenisão e combinamos que era preciso desistir Cedil de fugir improvisado a gente primeiro fazia uma casinha caprichada com jirau e tudo pra dormir depois ele mudava pra ela se ainda tivesse inclinação Cedil tinha esquecido a contrariedade tinha brincado e da do risada tinha até corrido atrás de Tenisão com uma cobra na cavalinhosmioloindd 32 1615 743 PM 33 ponta de um pau ameaçando jogar nele mas quando falamos que era hora de voltar que de jeito nenhum ele devia de ficar ele caiu na tristeza de novo fazia tudo com moleza até cami nhava sem vontade como a gente faz quando tem de recitar em festa de escola Depois que a casa ficou pronta o nosso brinquedo era só na ilha Eu nem queria mais almoçar quando voltava da escola preparava merenda escondido mamãe não sabia e ralhava para eu comer meu pai era que não ligava dizia que quando barriga está cheia goiaba tem bicho Mamãe dizia que assim eu acabava doente que ele devia comprar um xarope pra abrir o meu apeti te ele respondia que o xarope que eu precisava não se vende em farmácia é comprido e cheira a couro daí a pouco estavam dis cutindo eu aproveitava e saía Eu gostava bem da ilha mas acho que gostava mais era por causa de Cedil Ele tinha deixado de falar em afogar ou fugir decerto porque Zoaldo estava viajando ajudando seu Zaco no serviço de guardafio Diziam que Milila não ia mais ser namo rada dele não sei se era certo mamãe zangou quando pergun tei Mas Cedil não parecia o mesmo todo dia inventava um brinquedo novo Fizemos monjolinho de gameleira é fácil de torar e furar pilava à toa o dia inteiro quando a gente ia embora escorava ele levantado como monjolo de verdade Fizemos usi na de luz com represa casa de turbina poste subindo e descen do morro copinho de isolador fio e tudo gastamos acho que dois carretéis de linha A ilha não tinha nome era tratada só de ilha Tenisão disse que carecia de dar um nome mas não achamos nenhum que prestasse Eu disse um Tenisão disse que era bobo Cedil disse outro já tinha Um dia pegamos a falar de bicho eu disse que pra meu gosto o bichinho mais perfeito que tem é o preá até dá vontade de criar em quintal aquele corpinho peludo chamusca cavalinhosmioloindd 33 1615 743 PM 34 do os olhinhos balançando de nervoso o bigodinho tremendo quando vê gente Eu só não pelejava pra pegar um porque tinha medo que ele morresse de susto Tenisão disse que o bichinho mais bonito do mundo inteiro até nacional e o mais custoso de achar era o gato pingado tinha uns até pingados de ouro e esses então nem se fala Eu não sabia que tinha esse bicho Cedil também não mas mostrou logo influência Disse que se a gente juntasse dinheiro vendendo banana do quintal de cada um quem sabe se não podia comprar um casal e tirar cria na ilha Aí ficava sendo a Ilha dos Gatos Pingados Tenisão disse que para comprar era baixo que não achava nem um quanto mais dois O nome ficava bom mas só se tivesse os gatos Mas como nenhum de nós arranjou outro ficamos com esse mesmo por enquanto Camilinho vivia desconfiado que a gente devia ter um lu gar escondido só nosso e andava sempre atrás adulando ofere cendo brinquedo me deu uma lente de óculo tão forte que até acendia papel no sol Às vezes me dava remorso de ver o besti nha brincando sozinho uns brinquedos sem graça de botar be souro pra carrear caixa de fósforo fazer zorra que nunca zoava ajuntar folha de folhinha mas quando falei pra Tenisão que a gente devia levar Camilinho ao menos uma vez pra ver os brin quedos da ilha Tenisão deu na mala disse que nem por um óculo que ele era muito chorão parecia moenda Acho que um dia Camilinho pombeou nós três e viu quan do tiramos a jangada da moita e atravessamos para a ilha Quan do foi de noite na porta da igreja ele me perguntou onde a gente tinha ido na jangada e outro dia na escola um tal Estogildo menino muito entojado que vivia passando rasteira nos outros disse que ele também ia fazer uma jangada pra passear longe no rio Depois eu vi Camilinho muito entretido com uma garrucha de taquara dessas que jogam bucha de papel uma mesma que cavalinhosmioloindd 34 1615 743 PM 35 eu tinha visto na mão de Estogildo Eu não contei pra Tenisão pra ele não bater em Camilinho porque de nós três ele era o que mais não gostava de Estogildo mas aí eu principiei a des confiar que o brinquedo da ilha ia acabar acabando E nem demorou muito parece até que eles estavam só es perando uma vaza Passamos uns dias sem ir lá porque Tenisão andou de dedo inchado com panariz doía muito foi preciso lancetar e brinquedo sem ele desanimava Nesses dias a gente ia pra beira do rio e ficava olhando a ilha De longe ela parecia mais bonita mais importante Quando vimos o fumaceiro cor remos lá eu e Cedil Tenisão ainda não podia Estava tudo espandongado a casa a usina os postes arran cados o monjolinho revirado Cedil chorava de soluço corria pra cima e pra baixo mostrando os estragos clamando da ruinda de Eu quase chorei também só de ver a tristeza dele Para nós a ilha era brinquedo pra ele era consolo Tenisão parece que não ligou muito disse que ia arranjar outro lugar melhor e mais escondido mas nunca tinha anima ção pra procurar quando Cedil perguntava ou eu ele dizia que tinha tempo Assim foi indo até que d Zipa mandou Tenisão para o colégio dos padres em Bonfim Mais ou menos nesse tem po Zoaldo voltou de viagem e pegou de novo em namoro com Milila batia mais ainda em Cedil acho que pra descontar o tempo que não bateu Nós todos lá de casa fomos para o sítio de vovó esperar a folia Eu quis levar Cedil mas Zoaldo disse que podíamos tirar o cavalo da chuva Quando voltamos acho que um mês depois todo mundo falava em Cedil tinha fugido de madrugada ninguém sabia pra onde Deixou o canivete Corneta pra mim sabia que eu ia gostar de possuir Sei que ele quis me agradar mas foi pior por que eu passava o dia inteiro pensando nele Mamãe ralhava di zia que era melhor eu ir tratando de esquecer Ouvindo todo dia cavalinhosmioloindd 35 1615 743 PM 36 sempre a mesma coisa eu ficava mais triste ainda Qual era a vantagem de esquecer Pois eu até tinha medo de acordar um dia e descobrir que tinha esquecido Cedil completamente ele tão menino e já sofrendo longe no mundo Acho que tem certas coisas que a gente não deve esquecer é como uma obrigação Se depender de mim nunca eu hei de esquecer a Ilha dos Gatos Pingados cavalinhosmioloindd 36 1615 743 PM