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Noviembre 2017 ISSN 16968360 O BRASIL COMO PARTE INTEGRANTE DA ECONOMIAMUNDO UMA BREVE SÍNTESE SOBRE PINDORAMA SUA CONQUISTA E DINÂMICAS PRODUTIVAS CENTROPERIFERIA CICLODOAÇÚCAR E O CICLODO OURO Fausto Cheida Curadi 1 Universidade Regional de Blumenau FURB Brasil Email fcuradigmailcom Valdinho Pellin2 Universidade Regional de Blumenau FURB Brasil Email profpellintpacombr Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato Fausto Cheida Curadi y Valdinho Pellin 2017 O Brasil como parte integrante da economia mundo uma breve síntese sobre pindorama sua conquista e dinâmicas produtivas centro periferia CiclodoAçúcar e o CiclodoOuro Revista Contribuciones a la Economía octubre diciembre 2017 En línea httpeumednetce20174economiamundopindoramahtml RESUMO Este artigo procura oferecer uma breve revisão bibliográfica sobre os fundamentos mais elementares do constructo conceitual denominado economiamundo Essa perspectiva nasceu com o historiador Fernand Braudel e foi sendo aperfeiçoada por outros ilustres pensadores como Immanuel Wallerstein e Giovani Arrigui Além desse reexame analisaremos os processos de expansão da economiamundo europeia e a consequente anexação das Américas mas especificamente do Brasil Ademais buscamos analisar duas dinâmicas produtivas da colônia portuguesa na América processos denominados ciclodoaçúcar e ciclo doouro e como em essência ambos eram consequências diretas das especificidades da economiamundo PalavrasChave EconomiaMundo Brasil Ciclodoaçúcar Ciclodoouro Perspectiva Sistêmica ABSTRACT This essay brings a brief bibliografic review about the most elementary fundaments of the so called worldeconomy concept This perspective was born with the historian Fernand Braudel and was being improved by another distinguished thinkers like Immanuel Wallerstein and Giovanni Arrigui Beyond this reexamination we will analyze the expansion processes of the european world economy and the consequential attachment of the Americas specifically Brazil Futhermore we inquire to analyze two of the recently open portuguese colony in South America productive dynamics processes titled such as sugarcycle and goldcycle and how in its core both were the direct aftermath of the world economy specifities 1 Mestrando em Desenvolvimento Regional pela Universidade Regional de Blumenau FURB2018 especialista em finanças pelo Instituto Nacional de PósGraduação INPG2008 e economista pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC2004 Email fcuradigmailcom 2 Doutor em Desenvolvimento Regional e economista pela Universidade Regional de Blumenau FURB Email profpellintpacombr 2 Keywords Worldeconomy Brazil Sugarcycle Goldcycle Systemic perspective 1 INTRODUÇÃO Somos orientados a observar o mundo através das lentes dos estadosnacionais Essa naturalidade surge primeiramente como resultado da comunicação entre as pessoas a língua falada e escrita objeto geralmente comum dentro de um país Em um segundo momento essa perspectiva nacional fortalecese pelo corpo jurídico regulador das atividades do cotidiano que se impõem sobre as pessoas a constituição o código de trânsito etc Em terceiro temos os costumes e modos comuns de uma determinada territorialidade Finalmente as fronteiras administrativas e políticas dos espaços nacionais e a restrição ao trânsito livre das pessoas conclui nosso adestramento em termos estritamente nacionais Os estadosnações historicamente são entidades novas No início o século XX existiam apenas cinquenta e sete países O fim do império austrohúngaro na Europa do império otomanoturco no Oriente Médio a independência de várias colônias da Ásia e da África e o desmantelamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas URSS encorpou este número durante o século XX É um trabalho inglório quantificar os países do mundo Os números dependem da instituição e dos critérios adotados A Organização das Nações Unidas ONU por exemplo possui cento e noventa e três paísesmembros O Comitê Olímpico Internacional duzentos e seis membros A Federação Internacional de Futebol FIFA duzentos e nove MOTUARA 2014 O movimento de consolidação dos países durante este período tem relação direta com a busca da soberania popular Essa corrente eco direto do iluminismo consiste na ideia de autodeterminação das massas residentes em um específico lugar com culturas e costumes próprios O reconhecimento de nação traria possibilidades sociais culturais e econômicas para os diversos povos apátricos no mundo Neste contexto o artigo procura realizar uma breve revisão bibliográfica acerca dos fundamentos mais elementares do constructo conceitual denominado economiamundo a partir da análise dos processos de expansão da economiamundo europeia e a consequente anexação das Américas mas especificamente do Brasil Para isso buscouse efetuar análise das duas dinâmicas produtivas da colônia portuguesa na América processos denominados ciclodoaçúcar e ciclodoouro e como em essência ambos eram consequências diretas das especificidades da economiamundo 2 A PERSPECTIVA SISTÊMICA A perspectiva sistêmica inserese como uma forma diferente de enxergar as relações sociais políticas e principalmente econômicas Ela enfatiza que o globo atualmente não é 3 um espaço de economias nacionais mas um território que define uma unidade mundial E esse espaço encerra nas palavras do historiador Fernand Braudel uma EconomiaMundo A economiamundo segundo Braudel 1988 p12 envolve apenas um fragmento do universo um pedaço do planeta economicamente autônomo capaz no essencial de bastar a si próprio e ao qual suas ligações e trocas internas conferem certa unidade orgânica Tratase portanto de uma soma de espaços individualizados econômicos e não econômicos agrupados por ela É uma enorme superfície uma vasta zona de coerência no globo que transcende os limites de outros grupos maciços da história BRAUDEL 1988 A EconomiaMundo é um sistemasocial um sistema que possui limites estruturas grupos associados regras de legitimação e coerência WALLERSTEIN 1974 p337 Atualmente ela é tão abrangente que engloba todas as partes do mundo confundindose com o termo economia mundial Mas nem sempre ela teve essa configuração mundial A EconomiaMundo atual é resultado da expansão da EconomiaMundo europeia iniciada nos fins do século XV e início do século XVI com os grandes descobrimentos Wallerstein corrobora este ponto ao afirmar que A gênese deste sistema social se situa na Europa no final do século XV que de lá para cá ele se expandiu no espaço até cobrir todo o planeta no final do século XIX e que ainda engloba a terra inteira WALLERSTEIN 1995 p18 Ademais a economiamundo não foi até hoje o único tipo de sistema mundial Em outras palavras as entidades geralmente tratadas como sistemas sociais tribos comunidades naçõesestados não são sistemas totais Os únicos sistemas sociais reais segundo Wallerstein 1974 p 338 são por um lado as economias de subsistência e por outro lado os sistemas mundiais E até o momento existiram apenas dois tipos de sistemas mundiais Impériosmundo nos quais existe um único sistema político sobre a maior parte da área por mais atenuado que seja o grau do seu controle efetivo e economiasmundo sistemas em que tal sistema político único não existe sobre toda ou quase toda a sua extensão WALLERSTEIN 1974 p338 Assim sempre houve economiasmundo e impériosmundo ou como afirma Braudel 1998 p14 desde há muito tempo Se descêssemos o curso da história diríamos que a Fenícia antiga foi um esboço de uma economiamundo Também Cartago no tempo de seu esplendor Também o universo helenístico A partir destas discussões e devido ao conhecimento de inúmeras economiasmundo que surgiram desenvolveramse e ruíram Braudel 1998 captou pelo menos três regras tendenciais que definem o espaço de uma economiamundo 1ª Ela possui limites e esses lhe conferem um sentido Ora estas demarcações de uma economiamundo situamse no espaço onde começa outra economiamundo do mesmo tipo Entretanto essas zonas são inertes pouco animadas e sua ultrapassagem não agregará ganhos economicamente falando Para Braudel 1988 p16 4 são distâncias hostis pois é no interior destas dificuldades que se estabelecem crescem duram e evoluem as economiasmundos 2ª Ela possui um centro usualmente uma cidade cosmopolita que apresenta um capitalismo avançado Uma economiamundo possui sempre um polo urbano uma cidade no centro da logística de seus negócios as informações as mercadorias os capitais os créditos os homens as encomendas as cartas comerciais chegam a ela e dela voltam a sair BRAUDEL 1998 p20 Contudo esta cidade nunca está sozinha isto é sempre está rodeada de cidadesetapa que assistem e servem a super cidade Essas últimas apresentam uma forte diversificação social não podem atingir nem manter o seu alto nível de vida sem o sacrifício desejado ou não das outras cidades Assim pode haver um polo só no centro da economiamundo sendo que ruindo este capital da economiamundo fortes abalos se registram ao longe chegando até na periferia BRAUDEL 1998 3ª Ela possui espaços hierarquizados com uma divisão extensiva do trabalho Para Wallerstein 1974 p 339 as economiasmundo estão divididas em estados do centro e áreas periféricas São três as áreas de uma economiamundo uma pequena área central uma média semiperiferia e uma abrangente periferia O centro o coração reúne tudo o que há de mais avançado e de mais diversificado BRAUDEL 1998 p29 Ali se situa a cidademundo a zona eleita para acumulação onde existem as atividades mais bem remuneradas A região semiperiférica engloba uma parte maior de espaço Podem ser áreas antes centrais que recrudesceram ou áreas periféricas mais tarde promovidas devido à expansão da economiamundo Para Wallerstein A semiperiferia é um elemento estrutural e necessário numa economiamundo Estas áreas intermédias desviam parcialmente as pressões políticas que os grupos localizados primariamente nas áreas periféricas poderiam noutro caso dirigir contra os estados de centro e os grupos que operam no interior e através dos seus aparelhos do Estado WALLERSTEIN 1974 p 339 E por fim há também uma grande periferia que pode ser definida como Regiões pobres arcaizantes onde o estatuto social dominante é muitas vezes a servidão ou mesmo a escravatura São regiões que mal entraram na economia monetária em que os preços monetários quando praticados são irrisórios BRAUDEL 1998 p30 Todas essas zonas são caracterizadas como já foi salientado por uma divisão social do trabalho Nas zonas centrais localizamse as atividades mais bem remuneradas de uma 5 determinada cadeia produtiva sendo que as atividades que requerem um nível menor de qualificação e capitalização são deixadas para as zonas semiperiféricas e periféricas Aqui é necessário e importante frisar que a configuração espacial das economias mundo não é eterna isto é o espaço ocupado por elas muda periodicamente de tempos em tempos Na verdade as economiasmundo apresentam ritmos conjunturais o tempo nelas é dividido em determinados movimentos periódicos infinitamente repetidos São os famosos ciclos econômicos que podem durar apenas alguns anos Kitchin Juglar Labrousse um cinquentenário Kondratieff ou até um século inteiro o trend secular Estes ciclos sobrepõemse e apresentam subidas pontos de inflexão e descidas As subidas marcam momentos históricos de expansões e crescimento produtivo pontos de inflexão datam crises A economiamundo atual já passou por várias desestruturações São as chamadas recentragens fenômeno que indica o fim de uma determinada hegemonia na economia mundo sendo esta substituída por outra centrada em uma diferente cidademundo em diferentes formas de exploração e dominação Ratificando a análise braudeliana e wallerstaniana Giovanni Arrighi expõe uma teoria do desenvolvimento deste sistema interestatal econômico mundial capitalista com uma sucessão chamada de Ciclos Sistêmicos de AcumulaçãoCSAs Após a análise da teoria sobre a economiamundo Giovanni Arrighi captou de Fernand Braudel um esquema interpretativo acerca do capital financeiro Neste esquema O capital financeiro não é uma etapa especial do capitalismo mundial muito menos seu estágio mais recente e avançado Ao contrário é um fenômeno recorrente que marcou a era capitalista desde os primórdios na Europa do fim da Idade Média e início da era moderna Ao longo de toda a era capitalista as expansões financeiras assinalaram a transição de um regime de acumulação em escala mundial para outro Elas são aspectos integrantes da destruição recorrente de antigos e da criação simultânea de novos ARRIGHI 1994 pix Além disso Arrighi recolhe de Wallerstein o conceito de capitalismo histórico e aceita a existência de um sistema capitalista mundial que vem se desenvolvendo nos últimos quinhentos anos e recolhe de Braudel a noção do capitalismo como segmento da economia que se coloca acima do mercado e da economia de subsistência Neste processo intelectual Arrighi decompôs a duração completa do sistema capitalista mundial em unidades de análise mais manejáveis que chamou de Ciclos Sistêmicos de Acumulação Em outras palavras essa economiamundo capitalista formada por um sistema de estados nacionais atravessou desde o seu nascimento diferentes regimes específicos de acumulação sendo que uma expansão financeira assinala a substituição de um regime por outro Todos os novos regimes se processarão sobre diferentes bases e diferentes agentes de acumulação 6 Entretanto não são apenas as expansões financeiras que caracterizam os ciclos sistêmicos de acumulação Estes também são marcados por expansões materiais onde o capital migra para a esfera da produção e do comércio Neste sentido Arrighi assevera que este processo pode ser explicado como uma reafirmação da fórmula geral de Karl Marx para o capital DMD Assim entendida a fórmula de Marx nos diz que não é como um fim em si que os agentes capitalistas investem dinheiro em combinações específicas de insumoproduto com perda concomitante da flexibilidade e da liberdade de escolha Ao contrário eles o fazem como um meio para chegar à finalidade de assegurar uma flexibilidade e liberdade de escolha ainda maiores num momento futuro A fórmula também nos diz que quando os agentes capitalistas não têm expectativa de aumentar sua própria liberdade de escolha ou quando essa expectativa é sistematicamente frustrada o capital tende a retornar a formas mais flexíveis de investimento acima de tudo a sua forma monetária Em outras palavras os agentes capitalistas passam a preferir a liquidez e uma parcela incomumente grande de recursos tende a permanecer sob forma líquida Essa segunda interpretação está implícita na caracterização braudeliana da expansão financeira como um sintoma da maturidade de determinado desenvolvimento capitalista ARRIGUI 1994 p5 A ideia dos ciclos sistêmicos de acumulação deriva diretamente da ideia já citada que Arrighi recolhe de Braudel acerca do capitalismo como camada superior não especializada da hierarquia do mundo do comércio Consequentemente para Arrighi há duas fases nos CSA Primeiramente uma fase de expansão material fases DM seguida de uma fase de expansão financeira fases MD Nas fases de expansão material o capital monetário movimenta uma massa crescente de produtos que inclui a força de trabalho e dádivas da natureza tudo transformado em mercadoria nas fases de expansão financeira uma massa crescente de capital monetário libertase de sua forma mercadoria e a acumulação prossegue através de acordos financeiros Juntas essas duas épocas constituem um completo ciclos sistêmico de acumulação DMD ARRIGUI 1994 p6 Na história da economiamundo Arrighi identificou quatro CSA Um ciclo genovês do século XV ao início do XVII um ciclo holandês do fim do século XVI até decorrida a maior parte do século XVIII um ciclo britânico da segunda metade do século XVIII até o início do século XX e um ciclo norteamericano iniciado no fim do século XIX e que prossegue na atual fase de expansão financeira ARRIGUI 1994 p6 É importante frisar que esses ciclos são diferentes dos ciclos econômicos Juglar Kondrattief Esses últimos são construções empíricas cuja base teórica é incerta derivados da observação das flutuações de longo prazo nos preços das mercadorias Os ciclos sistêmicos ao contrário das logísticas de preços e dos ciclos de Kondratieff são portanto fenômenos intrinsecamente 7 capitalistas Apontam para uma continuidade fundamental nos processos mundiais de acumulação de capital nos tempos modernos ARRIGHI 1994 p8 Entretanto os ciclos seculares apresentam algumas semelhanças com os ciclos sistêmicos somam um total de quatro todos duram mais de um século e se tornam progressivamente mais curtos Mas as diferenças param por aí eles são completamente anacrônicos entre si podendo a expansão financeira de um ciclo secular surgir no começo no meio ou em seu final 3 A COLONIZAÇÃO DE PINDORAMA3 COMO RESULTADO DA EXPANSÃO DA ECONOMIAMUNDO CAPITALISTA Para se compreender o caráter da colonização brasileira é preciso recuar no tempo para antes do seu início e indagar das circunstâncias que a determinaram PADRO JR 1970 p13 Para Wallerstein a economiamundo europeia constituiuse de forma plena e concreta em começos de 1450 No final do século XV e começo do XVI nasceu o que poderíamos chamar de uma economiamundo europeia WALLERSTEIN 1999 p22 Tratase de uma única entidade econômica que em seu espaço convive com diferentes formas de entidades políticas impérios cidadesestados naçõesestado sendo maior que qualquer uma delas e por isso constituise num sistemamundial E é uma economiamundo devido a que o vínculo básico entre as partes do sistema é econômico ainda que em certa medida seja reforçado por vínculos culturais e eventualmente como veremos por arranjos políticos incluindo estruturas confederativas WALLERSTEIN 1999 p22 Ora sabemos por outro lado que os CSA são definidos por duas fases uma fase de expansão material e uma fase de expansão financeira No entanto para um determinado lapso de tempo ser identificado como um CSA é necessário que o mesmo agente ou grupos de agentes façam parte tanto da fase material quanto da fase financeira Além do mais é na fase financeira do CSA precedente que as estruturas os tipos de atividades dominantes seus respectivos agentes isto é as regras gerais de acumulação do CSA posterior são definidas Assim Arrighi identifica os alicerces do primeiro CSA na expansão financeira do fim do século XIV e início do século XV Dado que esta expansão financeira foi promovida por diferentes agentes da expansão comercial precedente ela não se configura como um CSA Contudo a partir destes dados concluímos o marco zero da economiamundo o tempo inicial 3 O termo Pindorama deriva do tupiguarani e significa Terra das Palmeiras Acreditase que seria o nome dado as terras brasileiras pelos nativos quando da chegada dos navios da esquadra comandada por Pedro Alvares Cabral 8 O traço mais importante deste período bem como de todas as fases de encerramento dos ciclos sistêmicos de acumulação foi uma súbita intensificação da concorrência intercapitalista Em parte alguma essa intensificação foi mais evidente do que no enclave capitalista do norte da Itália que se tornou o principal centro de expansão financeira ARRIGHI 1994 p90 E era no norte da Itália que se situavam Gênova Milão Florença e Veneza as quatro grandes as maiores cidadesestados da época E foi Gênova que saiu na frente Mais especificamente afirmase que a expansão material do primeiro CSA foi promovida e organizada por um agente dicotômico formado por um componente aristocrático territorialista ibérico que se especializou no fornecimento de proteção e na busca do poder e por um componente burguês capitalista genovês que se especializou na compra e venda de mercadorias e na busca do lucro ARRIGHI 1994 p124 A união destas duas classes permitiu a consequente expansão oceânica da economia mundo europeia À medida que essa associação se formou e que os chamados grandes descobrimentos a consolidaram o capitalismo genovês foi finalmente liberto de sua longa crise rumo ao seu momento de maior expansão Para Furtado 1980 o comércio interno europeu em intenso crescimento a partir do século XI havia alcançado um elevado grau de desenvolvimento no século XV quando as invasões turcas começaram a criar dificuldades crescentes às linhas orientais de abastecimento de produtos de alta qualidade inclusive manufaturas Com o intuito de restabelecer estas linhas os europeus contornaram o obstáculo otomano A ocupação econômica das terras americanas constitui um episódio da expansão comercial da Europa FURTADO 1980 p5 Corroborando Furtado Prado Jr escreve Em suma e no essencial todos os grandes acontecimentos desta era a que se convencionou com razão chamar de descobrimentos articulamse num conjunto que não é senão um capítulo da história do comércio europeu PADRO JR 1970 p5 Aquilo que a classe genovesa mais precisava no século XV era uma ampliação de seu espaço comercial que fosse suficiente para acolher seu imenso excedente de capital e recursos humanos e para manter vivas suas extensas redes comerciais Este movimento expansionista configurase então como uma forma das classes dominantes europeias representados pelos banqueiros italianos de aumentar suas margens de lucros e seu mercado comercial Ademais como já foi dito eles foram auxiliados pelos governantes territorialistas ibéricos que foram incentivados não só pela promessa de ganhos pecuniários e de aumento de poder mas também por motivos diferentes dos lucros calculáveis O espírito cruzadista era uma excelente garantia de que a expansão ibérica por águas desconhecidas prosseguiria ARRIGHI 1994 p126 Portugal foi o pioneiro neste movimento expansionista europeu segundo Wallerstein 9 Porque dentre os Estados europeus só ele Portugal maximiza a vontade e a possibilidade No caso de Portugal o negócio dos descobrimentos parecia ser vantajoso para muitos grupos para o Estado para a nobreza para a burguesia comercial nativa e estrangeira inclusive para o semi proletariado das cidades WALLERSTEIN 1974 p7273 Entretanto Caio Prado Jr infere que houve também um componente geográfico O papel de pioneiro nesta nova etapa caberá aos portugueses os melhores situados geograficamente no extremo desta península que avança para o mar PRADO JR 1970 p14 Os espanhóis que efetivamente descobriram as novas terras americanas tomaram as regiões das antigas civilizações do altiplano andino e da meseta mexicana regiões ricas em ouro Assim de acordo com Furtado 1980a a lenda de riquezas inapreciáveis por descobrir corre a Europa e suscita um enorme interesse pelas novas terras A partir deste ponto entram em jogo as potências em franca ascensão na época Holanda França Inglaterra que argumentavam que Espanha e Portugal só podiam deter as terras que efetivamente ocupavam Contudo para efetivamente ocupar e defender essas novas terras era necessário investir enormes recursos nas mesmas Para a Espanha que já recolhia os frutos dos descobrimentos essa tarefa era factível Portugal no entanto não tinha como cobrir os gastos de ocupação e defesa a não ser se explorasse economicamente estas mesmas terras que a princípio pareciam inúteis Por este motivo os portugueses buscaram produzir uma mercadoria que conheciam mercadoria que apresentasse uma demanda ascendente na Europa e possível de ser cultivado nessas recémdescobertas terras 31 Primeira dinâmica produtiva colonial O ciclodoaçúcar De acordo com Furtado os portugueses haviam já iniciado há algumas dezenas de anos a produção em escala relativamente grande nas ilhas do Atlântico de uma das especiarias mais apreciadas no mercado europeu o açúcar FURTADO 1980 p9 As cidades italianas que estavam no centro da economiamundo controlavam os fluxos de comércio Contudo com a entrada dos portugueses no mercado de açúcar o monopólio veneziano às fontes de produção foi rompido causando uma superprodução e uma consequente baixa nos preços do açúcar Estava provado que os canais tradicionais de comercialização cidades do Mediterrâneo não absorveriam esta nova e crescente escala a preços firmes e como forma de contornar o problema a produção portuguesa passa a ser encaminhada em proporção considerável para Flandres Neste processo entra em cena um importante ator que dará sustentação a este rentável negócio agrícola os flamengos particularmente os holandeses Os holandeses fizeram contribuições importantes para a consecução da empresa açucareira com sua experiência comercial com uma importante parte no processo de produção refinamento e distribuição e com capitais substanciais requeridos para as 10 instalações produtivas na colônia brasileira Furtado 1980 p11 assevera que poderosos grupos financeiros holandeses interessados como estavam na expansão das vendas do produto brasileiro seguramente terão facilitado os recursos requeridos apara a expansão da capacidade produtiva Ademais para a efetiva ativação desta grande empresa extrativista existia o problema da mãodeobra Não haveria como transportála da Europa devido à pequena população europeia e aos altos custos dos transportes o que inviabilizaria a empresa agrícola A solução encontrada foi à utilização de mãodeobra escrava Com todos os devidos empecilhos resolvidos a produção do açúcar se espalhou pelo Brasil desde Recife Bahia até o Rio de Janeiro de tal maneira que já em 1560 o açúcar brasileiro deu a Portugal a ascendência no comércio do artigo da Europa ainda que os lucros não fossem completamente apropriados pelos portugueses uma vez que parte escapava para as economias europeias mais avançadas que forneciam tanto capitais iniciais como escoamento industrial WALLERSTEIN 1990 Porém a fase do ouro branco português teve seu primeiro solavanco a anexação de Portugal a Espanha Na verdade o grande problema foi a luta armada que a Espanha travou contra Inglaterra e Holanda Os PaísesBaixos controlavam praticamente todo o comércio dos países europeus realizados por mar Distribuir o açúcar pela Europa sem a cooperação dos comerciantes holandeses era impraticável FURTADO 1980 p16 Neste processo Prado Jr conclui Estava praticamente perdido para Portugal o comércio asiático PADRO JR 1970 p49 Um dos teatros de operações na guerra contra os holandeses foi a própria colônia pois os batavos em 1630 tinham ocupado parte do Nordeste Brasileiro particularmente a região de Pernambuco até o sul de Alagoas e para o norte até o Maranhão Nesta época os holandeses adquiriram o conhecimento de todos os aspectos técnicos e organizacionais da indústria açucareira FURTADO 1980 p17 Apenas em 1654 os holandeses são expulsos da colônia entretanto o estrago já havia sido feito deixam o Brasil e levam consigo os conhecimentos completos da produção do açúcar conhecimentos que vão constituir a base para a implantação e desenvolvimento de uma indústria concorrente de grande escala na região do Caribe FURTADO 1980 p17 Em 1640 Portugal recuperou sua soberania No entanto o pequeno reino está pobre e sem recursos Portugal sairia arruinado da dominação espanhola a sua marinha destruída o seu império esfacelado PRADO JR 1970 p49 Ao recuperar a independência Portugal encontrouse em posição extremamente débil FURTADO 1980 p32 A partir de 1650 a indústria açucareira no Brasil entra em uma letargia secular Nas Antilhas é construída uma unidade exportadora concorrente e os preços caem a níveis que não chegam a 60 das melhores épocas Sua estrutura que permanecia intacta tanto em épocas de prosperidade quanto em épocas de depressão retrocedeu a um estágio de subsistência Enfim evidenciando mais ainda a tese sobre a economiamundo e suas ramificações percebemos a partir de tudo o que já foi exposto sobre a economia açucareira que as 11 atividades implicadas na produção do açúcar desde o fornecimento da mão de obra e dos equipamentos passando pela plantação processamento e comercialização estão distribuídas por diferentes espaços nacionais localizandose as mais rentáveis no centro da economia mundo O açúcar fabricado pelos portugueses na ilha de São Tomé era refinado por grandes empresas localizadas em Antuérpia e depois em Amsterdã os grandes centros da economia mundo do século XVI Ora na fase de desenvolvimento da economia açucareira a economiamundo atravessa a fase de expansão financeira do ciclo de acumulação genovês É nesta fase que os holandeses tomam para si parte do empreendimento agrícola e fundamentam sua posição como potencial centro da economiamundo Ratificando nossa posição Arrighi explica a razão Os estágios DM e MD superpõemse porque em geral o agente e as estruturas de acumulação típicos de cada estágio ascenderam à proeminência na economia mundial capitalista durante a fase MD de expansão financeira do estágio precedente ARRIGHI 1994 p237 32 Segunda dinâmica produtiva colonial ciclodoouro Após a degeneração da indústria açucareira as despesas para manter a colônia começaram a sobrecarregar o erário português Mais uma vez era necessário encontrar recursos para manter os gastos de ocupação e defesa do território colonial Entretanto a possibilidade de se encontrar um produto comercializável na mesma escala que o açúcar era uma tarefa improvável A única saída encontrada estava na descoberta de metais preciosos Assim regrediuse a ideia inicial de que as terras americanas apenas se justificavam economicamente se chegassem a produzir ditos metais FURTADO 1980 p73 Apenas em 1696 fizeramse as primeiras descobertas de ouro no centro do que hoje constitui o Estado de Minas Gerais onde atualmente se acha a cidade de Ouro Preto PRADO JR 1970 O ouro encontrado no Brasil se localizava em formações geológicas diferentes daqueles encontrados na meseta mexicana e no altiplano andino O ouro brasileiro era o ouro de aluvião e ficava depositado nos fundos e nas margens dos rios O tipo de empresa que se estabeleceu para produzir o ouro era completamente diferente da empresa agrícola Enquanto esta última requeria um investimento elevado produção em grande escala e inúmeros trabalhadores a empresa mineira podia funcionar apenas com um escravo Na verdade apenas o próprio empresário poderia começar a produção poupar um capital e depois comprar alguns escravos ficando ele apenas na administração A empresa mineira deveria ter uma alta mobilidade pois o ouro depositado nos rios era rapidamente extraído e outra jazida deveria ser explorada para a continuação da acumulação A empresa mineira deveria também ser altamente especializada isto é todos os recursos deveriam ser aplicados diretamente na produção do ouro Sobre esta última 12 característica Furtado infere que a excessiva concentração de recursos nos trabalhos mineratórios conduzia sempre a grandes dificuldades de abastecimento A fome acompanhava a riqueza nas regiões do ouro FURTADO 1980 p76 Diferente do que aconteceu na agricultura a mineração foi submetida desde o início a um regime especial de minuciosa e rigorosa a disciplina Representantes do reino estavam sempre fiscalizando a produção aurífera a qual era tributada em 20 de sua produção Os seus princípios da exploração mineira fundamentais permaneceriam definitivamente apesar das modificações posteriores estabeleciase a livre exploração embora submetida a uma fiscalização estreita e a coroa reservavase como tributo a quinta parte de todo ouro extraído PRADO JR 1970 p57 Devido a inúmeros fatores não foram criados nas regiões mineiras vínculos e formas permanentes de atividades econômicas Assim era esperado que o declínio da produção de ouro viesse acompanhado de uma forte e geral decadência da colônia As empresas iam se descapitalizando devido às dificuldades de localizar novas jazidas aos custos fixos da mãode obra escrava e aos onerosos tributos De acordo com Prado Jr chegase em fins do século XVIII a um momento que já se tinham esgotado praticamente todos os depósitos auríferos superficiais em toda a vasta região em que ocorreram PRADO JR 1970 p62 Como resultado a economia mineira provoca uma brusca mudança do contingente populacional da colônia durante os anos de mineração muitos imigrantes embarcaram para o Brasil com a ideia de acumular grandes somas do referido minério Para isso liquidavam os seus bens no Reino e aventuravamse para cá Assim a população da colônia que era majoritariamente negra foi ultrapassada e tornouse minoria A economia mineira abriu um ciclo migratório europeu totalmente novo para a colônia Ao Brasil o ouro permitiu financiar uma grande expansão demográfica que trouxe alterações fundamentais à estrutura de sua população na qual os escravos passaram a constituir minoria e o elemento de origem europeia maioria FURTADO 1980 p74 Segundo Prado Jr 1970 p64 O afluxo de população para as minas é desde o início do século XVIII considerável um rush de proporções gigantescas Neste contexto quais foram às implicações para a economiamundo desta nova forma de acumulação na colônia portuguesa Como já foi dito Portugal encontravase bastante debilitado financeira e politicamente Com intuito de fortalecer sua posição frente às demais superpotências europeias Portugal alienou parte de sua soberania e se transformou em um vassalo da Inglaterra situação que Furtado descreve da seguinte maneira O espírito dos vários tratados firmados entre os dois países nos primeiros dois decênios que se seguiram à independência De Portugal em relação à Espanha era sempre o mesmo Portugal fazia concessões econômicas e a Inglaterra pagava com garantias e promessas políticas FURTADO 1980 p33 13 A partir do momento que o declínio econômico da colônia resultante do fim do ciclodo açúcar fez Portugal perder grande parte de sua capacidade para importar percebeuse a necessidade de fomentar a produção manufatureira em seu reino Contudo a descoberta do ouro no país entorpeceu esse movimento na Metrópole O acordo de Meuthen em 1703 marcou o fim deste pensamento protecionista Para Furtado 1980 p34 este acordo significou para Portugal renunciar a todo desenvolvimento manufatureiro e implicou transferir para a Inglaterra o impulso dinâmico criado pela produção aurífera no Brasil Ora este processo acabou gerando um fluxo contínuo de ouro que em última instância ia alimentar as turbinas da economia inglesa em franco desenvolvimento já que esta exportava predominantemente tecidos Para a Inglaterra o ciclo do ouro brasileiro trouxe um forte estímulo ao desenvolvimento manufatureiro uma grande flexibilidade à sua capacidade para importar e permitiu uma concentração de reservas que fizeram do sistema bancário inglês o principal centro financeiro da Europa Com todas estas informações podemos argumentar que o impulso aurífero se deu em meados do século XVIII século que assistia a fase MD do ciclo de acumulação holandês Ora mais uma vez percebemos como as fases dos ciclos superpõemse enquanto acontecia a fase MD do ciclo holandês as bases para o ciclo seguinte britânico começavam a se desenvolver Uma diferença fundamental entre estes dois ciclos é o fato de a esfera de acumulação passar do comércio ciclo holandês para a indústria ciclo britânico A análise de Celso Furtado sobre o desenvolvimento manufatureiro na Inglaterra corrobora esta afirmação Do ponto de vista da economia europeia em seu conjunto o ouro do Brasil teve um efeito tanto mais positivo quanto o estímulo por ele criado se concentrou no país que melhor aparelhado estava para dele tirar o máximo proveito Com efeito a Inglaterra graças às transformações estruturais de sua agricultura e ao aperfeiçoamento de suas instituições políticas foi o único país da Europa que seguiu sistematicamente em todo o século que antecedeu à revolução industrial uma política clarividente de fomento manufatureiro FURTADO 1980 p82 Deste modo a Inglaterra fortalecia sua posição como potência hegemônica e passava os PaísesBaixos sendo considerada a nova zona central da economiamundo O ciclo sistêmico de acumulação britânico estava nascendo 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A perspectiva sistêmica permite uma análise bastante diferente da qual estamos acostumados a fazer Ela ilumina algumas causalidades antes sombreadas por nosso treinamento em olhar o mundo através das lentes dos estadosnações Essa abordagem iniciada com Fernand Braudel e Imannuel Wallerstein vem ganhando adeptos ao redor do mundo sendo Giovani Arrigui um de seus maiores expoentes 14 Este estudo bibliográfico mostrou que a economiamundo capitalista incorporou as Américas em sua expansão pelo mundo e que seu desenvolvimento tanto do Brasil quanto dos países europeus de modo geral foi resultado desta integração Em outros termos estamos inferindo que houve e ainda há em curso processos mundiais que suplantam as fronteiras nacionais dos países impactando no modo de vida de sua população e nas características econômicas de sua produção O modelo de análise proposto neste estudo que parte da teoria dos sistemas é útil no sentido de apontar como a evolução deste Sistema Mundial nos ritmos chamados de Ciclos Sistêmicos de Acumulação molda as realidades nacionais Foi possível demonstrar como o Brasil desde a época colonial é parte integrante desta EconomiaMundo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARRIGHI G O Longo Século XX Rio de Janeiro Contraponto Editora 1996 394p BRAUDEL F Civilização Material Economia e Capitalismo O Tempo do Mundo São Paulo Martins Fontes 19983v Escritos sobre a História São Paulo Perspectiva 1992 FURTADO C Formação Econômica do Brasil 17 ed São Paulo Companhia Editora Nacional 1980 250 p Pequena introdução ao desenvolvimento enfoque interdisciplinar São Paulo Nacional 1980 HUBERMAN L História da Riqueza do Homem 17ª ed Rio de Janeiro Zahar Editores 1959 318p MOTUARA M Quantos países existem atualmente 2014 Disponível em httpmundoestranhoabrilcombrmateriaquantospaisesexistematualmente acessado em 12072016 PRADO JR C História Econômica do Brasil 26 ed São Paulo Brasiliense 1970 WALLERSTEIN I Capitalismo Histórico e Civilização Capitalista Rio de Janeiro Contraponto Editora 1995 144p Após o Liberalismo Petrópolis Vozes 2002 O Sistema Mundial Moderno Porto Alegre Edições Afrontamento 1974 3v
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Noviembre 2017 ISSN 16968360 O BRASIL COMO PARTE INTEGRANTE DA ECONOMIAMUNDO UMA BREVE SÍNTESE SOBRE PINDORAMA SUA CONQUISTA E DINÂMICAS PRODUTIVAS CENTROPERIFERIA CICLODOAÇÚCAR E O CICLODO OURO Fausto Cheida Curadi 1 Universidade Regional de Blumenau FURB Brasil Email fcuradigmailcom Valdinho Pellin2 Universidade Regional de Blumenau FURB Brasil Email profpellintpacombr Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato Fausto Cheida Curadi y Valdinho Pellin 2017 O Brasil como parte integrante da economia mundo uma breve síntese sobre pindorama sua conquista e dinâmicas produtivas centro periferia CiclodoAçúcar e o CiclodoOuro Revista Contribuciones a la Economía octubre diciembre 2017 En línea httpeumednetce20174economiamundopindoramahtml RESUMO Este artigo procura oferecer uma breve revisão bibliográfica sobre os fundamentos mais elementares do constructo conceitual denominado economiamundo Essa perspectiva nasceu com o historiador Fernand Braudel e foi sendo aperfeiçoada por outros ilustres pensadores como Immanuel Wallerstein e Giovani Arrigui Além desse reexame analisaremos os processos de expansão da economiamundo europeia e a consequente anexação das Américas mas especificamente do Brasil Ademais buscamos analisar duas dinâmicas produtivas da colônia portuguesa na América processos denominados ciclodoaçúcar e ciclo doouro e como em essência ambos eram consequências diretas das especificidades da economiamundo PalavrasChave EconomiaMundo Brasil Ciclodoaçúcar Ciclodoouro Perspectiva Sistêmica ABSTRACT This essay brings a brief bibliografic review about the most elementary fundaments of the so called worldeconomy concept This perspective was born with the historian Fernand Braudel and was being improved by another distinguished thinkers like Immanuel Wallerstein and Giovanni Arrigui Beyond this reexamination we will analyze the expansion processes of the european world economy and the consequential attachment of the Americas specifically Brazil Futhermore we inquire to analyze two of the recently open portuguese colony in South America productive dynamics processes titled such as sugarcycle and goldcycle and how in its core both were the direct aftermath of the world economy specifities 1 Mestrando em Desenvolvimento Regional pela Universidade Regional de Blumenau FURB2018 especialista em finanças pelo Instituto Nacional de PósGraduação INPG2008 e economista pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC2004 Email fcuradigmailcom 2 Doutor em Desenvolvimento Regional e economista pela Universidade Regional de Blumenau FURB Email profpellintpacombr 2 Keywords Worldeconomy Brazil Sugarcycle Goldcycle Systemic perspective 1 INTRODUÇÃO Somos orientados a observar o mundo através das lentes dos estadosnacionais Essa naturalidade surge primeiramente como resultado da comunicação entre as pessoas a língua falada e escrita objeto geralmente comum dentro de um país Em um segundo momento essa perspectiva nacional fortalecese pelo corpo jurídico regulador das atividades do cotidiano que se impõem sobre as pessoas a constituição o código de trânsito etc Em terceiro temos os costumes e modos comuns de uma determinada territorialidade Finalmente as fronteiras administrativas e políticas dos espaços nacionais e a restrição ao trânsito livre das pessoas conclui nosso adestramento em termos estritamente nacionais Os estadosnações historicamente são entidades novas No início o século XX existiam apenas cinquenta e sete países O fim do império austrohúngaro na Europa do império otomanoturco no Oriente Médio a independência de várias colônias da Ásia e da África e o desmantelamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas URSS encorpou este número durante o século XX É um trabalho inglório quantificar os países do mundo Os números dependem da instituição e dos critérios adotados A Organização das Nações Unidas ONU por exemplo possui cento e noventa e três paísesmembros O Comitê Olímpico Internacional duzentos e seis membros A Federação Internacional de Futebol FIFA duzentos e nove MOTUARA 2014 O movimento de consolidação dos países durante este período tem relação direta com a busca da soberania popular Essa corrente eco direto do iluminismo consiste na ideia de autodeterminação das massas residentes em um específico lugar com culturas e costumes próprios O reconhecimento de nação traria possibilidades sociais culturais e econômicas para os diversos povos apátricos no mundo Neste contexto o artigo procura realizar uma breve revisão bibliográfica acerca dos fundamentos mais elementares do constructo conceitual denominado economiamundo a partir da análise dos processos de expansão da economiamundo europeia e a consequente anexação das Américas mas especificamente do Brasil Para isso buscouse efetuar análise das duas dinâmicas produtivas da colônia portuguesa na América processos denominados ciclodoaçúcar e ciclodoouro e como em essência ambos eram consequências diretas das especificidades da economiamundo 2 A PERSPECTIVA SISTÊMICA A perspectiva sistêmica inserese como uma forma diferente de enxergar as relações sociais políticas e principalmente econômicas Ela enfatiza que o globo atualmente não é 3 um espaço de economias nacionais mas um território que define uma unidade mundial E esse espaço encerra nas palavras do historiador Fernand Braudel uma EconomiaMundo A economiamundo segundo Braudel 1988 p12 envolve apenas um fragmento do universo um pedaço do planeta economicamente autônomo capaz no essencial de bastar a si próprio e ao qual suas ligações e trocas internas conferem certa unidade orgânica Tratase portanto de uma soma de espaços individualizados econômicos e não econômicos agrupados por ela É uma enorme superfície uma vasta zona de coerência no globo que transcende os limites de outros grupos maciços da história BRAUDEL 1988 A EconomiaMundo é um sistemasocial um sistema que possui limites estruturas grupos associados regras de legitimação e coerência WALLERSTEIN 1974 p337 Atualmente ela é tão abrangente que engloba todas as partes do mundo confundindose com o termo economia mundial Mas nem sempre ela teve essa configuração mundial A EconomiaMundo atual é resultado da expansão da EconomiaMundo europeia iniciada nos fins do século XV e início do século XVI com os grandes descobrimentos Wallerstein corrobora este ponto ao afirmar que A gênese deste sistema social se situa na Europa no final do século XV que de lá para cá ele se expandiu no espaço até cobrir todo o planeta no final do século XIX e que ainda engloba a terra inteira WALLERSTEIN 1995 p18 Ademais a economiamundo não foi até hoje o único tipo de sistema mundial Em outras palavras as entidades geralmente tratadas como sistemas sociais tribos comunidades naçõesestados não são sistemas totais Os únicos sistemas sociais reais segundo Wallerstein 1974 p 338 são por um lado as economias de subsistência e por outro lado os sistemas mundiais E até o momento existiram apenas dois tipos de sistemas mundiais Impériosmundo nos quais existe um único sistema político sobre a maior parte da área por mais atenuado que seja o grau do seu controle efetivo e economiasmundo sistemas em que tal sistema político único não existe sobre toda ou quase toda a sua extensão WALLERSTEIN 1974 p338 Assim sempre houve economiasmundo e impériosmundo ou como afirma Braudel 1998 p14 desde há muito tempo Se descêssemos o curso da história diríamos que a Fenícia antiga foi um esboço de uma economiamundo Também Cartago no tempo de seu esplendor Também o universo helenístico A partir destas discussões e devido ao conhecimento de inúmeras economiasmundo que surgiram desenvolveramse e ruíram Braudel 1998 captou pelo menos três regras tendenciais que definem o espaço de uma economiamundo 1ª Ela possui limites e esses lhe conferem um sentido Ora estas demarcações de uma economiamundo situamse no espaço onde começa outra economiamundo do mesmo tipo Entretanto essas zonas são inertes pouco animadas e sua ultrapassagem não agregará ganhos economicamente falando Para Braudel 1988 p16 4 são distâncias hostis pois é no interior destas dificuldades que se estabelecem crescem duram e evoluem as economiasmundos 2ª Ela possui um centro usualmente uma cidade cosmopolita que apresenta um capitalismo avançado Uma economiamundo possui sempre um polo urbano uma cidade no centro da logística de seus negócios as informações as mercadorias os capitais os créditos os homens as encomendas as cartas comerciais chegam a ela e dela voltam a sair BRAUDEL 1998 p20 Contudo esta cidade nunca está sozinha isto é sempre está rodeada de cidadesetapa que assistem e servem a super cidade Essas últimas apresentam uma forte diversificação social não podem atingir nem manter o seu alto nível de vida sem o sacrifício desejado ou não das outras cidades Assim pode haver um polo só no centro da economiamundo sendo que ruindo este capital da economiamundo fortes abalos se registram ao longe chegando até na periferia BRAUDEL 1998 3ª Ela possui espaços hierarquizados com uma divisão extensiva do trabalho Para Wallerstein 1974 p 339 as economiasmundo estão divididas em estados do centro e áreas periféricas São três as áreas de uma economiamundo uma pequena área central uma média semiperiferia e uma abrangente periferia O centro o coração reúne tudo o que há de mais avançado e de mais diversificado BRAUDEL 1998 p29 Ali se situa a cidademundo a zona eleita para acumulação onde existem as atividades mais bem remuneradas A região semiperiférica engloba uma parte maior de espaço Podem ser áreas antes centrais que recrudesceram ou áreas periféricas mais tarde promovidas devido à expansão da economiamundo Para Wallerstein A semiperiferia é um elemento estrutural e necessário numa economiamundo Estas áreas intermédias desviam parcialmente as pressões políticas que os grupos localizados primariamente nas áreas periféricas poderiam noutro caso dirigir contra os estados de centro e os grupos que operam no interior e através dos seus aparelhos do Estado WALLERSTEIN 1974 p 339 E por fim há também uma grande periferia que pode ser definida como Regiões pobres arcaizantes onde o estatuto social dominante é muitas vezes a servidão ou mesmo a escravatura São regiões que mal entraram na economia monetária em que os preços monetários quando praticados são irrisórios BRAUDEL 1998 p30 Todas essas zonas são caracterizadas como já foi salientado por uma divisão social do trabalho Nas zonas centrais localizamse as atividades mais bem remuneradas de uma 5 determinada cadeia produtiva sendo que as atividades que requerem um nível menor de qualificação e capitalização são deixadas para as zonas semiperiféricas e periféricas Aqui é necessário e importante frisar que a configuração espacial das economias mundo não é eterna isto é o espaço ocupado por elas muda periodicamente de tempos em tempos Na verdade as economiasmundo apresentam ritmos conjunturais o tempo nelas é dividido em determinados movimentos periódicos infinitamente repetidos São os famosos ciclos econômicos que podem durar apenas alguns anos Kitchin Juglar Labrousse um cinquentenário Kondratieff ou até um século inteiro o trend secular Estes ciclos sobrepõemse e apresentam subidas pontos de inflexão e descidas As subidas marcam momentos históricos de expansões e crescimento produtivo pontos de inflexão datam crises A economiamundo atual já passou por várias desestruturações São as chamadas recentragens fenômeno que indica o fim de uma determinada hegemonia na economia mundo sendo esta substituída por outra centrada em uma diferente cidademundo em diferentes formas de exploração e dominação Ratificando a análise braudeliana e wallerstaniana Giovanni Arrighi expõe uma teoria do desenvolvimento deste sistema interestatal econômico mundial capitalista com uma sucessão chamada de Ciclos Sistêmicos de AcumulaçãoCSAs Após a análise da teoria sobre a economiamundo Giovanni Arrighi captou de Fernand Braudel um esquema interpretativo acerca do capital financeiro Neste esquema O capital financeiro não é uma etapa especial do capitalismo mundial muito menos seu estágio mais recente e avançado Ao contrário é um fenômeno recorrente que marcou a era capitalista desde os primórdios na Europa do fim da Idade Média e início da era moderna Ao longo de toda a era capitalista as expansões financeiras assinalaram a transição de um regime de acumulação em escala mundial para outro Elas são aspectos integrantes da destruição recorrente de antigos e da criação simultânea de novos ARRIGHI 1994 pix Além disso Arrighi recolhe de Wallerstein o conceito de capitalismo histórico e aceita a existência de um sistema capitalista mundial que vem se desenvolvendo nos últimos quinhentos anos e recolhe de Braudel a noção do capitalismo como segmento da economia que se coloca acima do mercado e da economia de subsistência Neste processo intelectual Arrighi decompôs a duração completa do sistema capitalista mundial em unidades de análise mais manejáveis que chamou de Ciclos Sistêmicos de Acumulação Em outras palavras essa economiamundo capitalista formada por um sistema de estados nacionais atravessou desde o seu nascimento diferentes regimes específicos de acumulação sendo que uma expansão financeira assinala a substituição de um regime por outro Todos os novos regimes se processarão sobre diferentes bases e diferentes agentes de acumulação 6 Entretanto não são apenas as expansões financeiras que caracterizam os ciclos sistêmicos de acumulação Estes também são marcados por expansões materiais onde o capital migra para a esfera da produção e do comércio Neste sentido Arrighi assevera que este processo pode ser explicado como uma reafirmação da fórmula geral de Karl Marx para o capital DMD Assim entendida a fórmula de Marx nos diz que não é como um fim em si que os agentes capitalistas investem dinheiro em combinações específicas de insumoproduto com perda concomitante da flexibilidade e da liberdade de escolha Ao contrário eles o fazem como um meio para chegar à finalidade de assegurar uma flexibilidade e liberdade de escolha ainda maiores num momento futuro A fórmula também nos diz que quando os agentes capitalistas não têm expectativa de aumentar sua própria liberdade de escolha ou quando essa expectativa é sistematicamente frustrada o capital tende a retornar a formas mais flexíveis de investimento acima de tudo a sua forma monetária Em outras palavras os agentes capitalistas passam a preferir a liquidez e uma parcela incomumente grande de recursos tende a permanecer sob forma líquida Essa segunda interpretação está implícita na caracterização braudeliana da expansão financeira como um sintoma da maturidade de determinado desenvolvimento capitalista ARRIGUI 1994 p5 A ideia dos ciclos sistêmicos de acumulação deriva diretamente da ideia já citada que Arrighi recolhe de Braudel acerca do capitalismo como camada superior não especializada da hierarquia do mundo do comércio Consequentemente para Arrighi há duas fases nos CSA Primeiramente uma fase de expansão material fases DM seguida de uma fase de expansão financeira fases MD Nas fases de expansão material o capital monetário movimenta uma massa crescente de produtos que inclui a força de trabalho e dádivas da natureza tudo transformado em mercadoria nas fases de expansão financeira uma massa crescente de capital monetário libertase de sua forma mercadoria e a acumulação prossegue através de acordos financeiros Juntas essas duas épocas constituem um completo ciclos sistêmico de acumulação DMD ARRIGUI 1994 p6 Na história da economiamundo Arrighi identificou quatro CSA Um ciclo genovês do século XV ao início do XVII um ciclo holandês do fim do século XVI até decorrida a maior parte do século XVIII um ciclo britânico da segunda metade do século XVIII até o início do século XX e um ciclo norteamericano iniciado no fim do século XIX e que prossegue na atual fase de expansão financeira ARRIGUI 1994 p6 É importante frisar que esses ciclos são diferentes dos ciclos econômicos Juglar Kondrattief Esses últimos são construções empíricas cuja base teórica é incerta derivados da observação das flutuações de longo prazo nos preços das mercadorias Os ciclos sistêmicos ao contrário das logísticas de preços e dos ciclos de Kondratieff são portanto fenômenos intrinsecamente 7 capitalistas Apontam para uma continuidade fundamental nos processos mundiais de acumulação de capital nos tempos modernos ARRIGHI 1994 p8 Entretanto os ciclos seculares apresentam algumas semelhanças com os ciclos sistêmicos somam um total de quatro todos duram mais de um século e se tornam progressivamente mais curtos Mas as diferenças param por aí eles são completamente anacrônicos entre si podendo a expansão financeira de um ciclo secular surgir no começo no meio ou em seu final 3 A COLONIZAÇÃO DE PINDORAMA3 COMO RESULTADO DA EXPANSÃO DA ECONOMIAMUNDO CAPITALISTA Para se compreender o caráter da colonização brasileira é preciso recuar no tempo para antes do seu início e indagar das circunstâncias que a determinaram PADRO JR 1970 p13 Para Wallerstein a economiamundo europeia constituiuse de forma plena e concreta em começos de 1450 No final do século XV e começo do XVI nasceu o que poderíamos chamar de uma economiamundo europeia WALLERSTEIN 1999 p22 Tratase de uma única entidade econômica que em seu espaço convive com diferentes formas de entidades políticas impérios cidadesestados naçõesestado sendo maior que qualquer uma delas e por isso constituise num sistemamundial E é uma economiamundo devido a que o vínculo básico entre as partes do sistema é econômico ainda que em certa medida seja reforçado por vínculos culturais e eventualmente como veremos por arranjos políticos incluindo estruturas confederativas WALLERSTEIN 1999 p22 Ora sabemos por outro lado que os CSA são definidos por duas fases uma fase de expansão material e uma fase de expansão financeira No entanto para um determinado lapso de tempo ser identificado como um CSA é necessário que o mesmo agente ou grupos de agentes façam parte tanto da fase material quanto da fase financeira Além do mais é na fase financeira do CSA precedente que as estruturas os tipos de atividades dominantes seus respectivos agentes isto é as regras gerais de acumulação do CSA posterior são definidas Assim Arrighi identifica os alicerces do primeiro CSA na expansão financeira do fim do século XIV e início do século XV Dado que esta expansão financeira foi promovida por diferentes agentes da expansão comercial precedente ela não se configura como um CSA Contudo a partir destes dados concluímos o marco zero da economiamundo o tempo inicial 3 O termo Pindorama deriva do tupiguarani e significa Terra das Palmeiras Acreditase que seria o nome dado as terras brasileiras pelos nativos quando da chegada dos navios da esquadra comandada por Pedro Alvares Cabral 8 O traço mais importante deste período bem como de todas as fases de encerramento dos ciclos sistêmicos de acumulação foi uma súbita intensificação da concorrência intercapitalista Em parte alguma essa intensificação foi mais evidente do que no enclave capitalista do norte da Itália que se tornou o principal centro de expansão financeira ARRIGHI 1994 p90 E era no norte da Itália que se situavam Gênova Milão Florença e Veneza as quatro grandes as maiores cidadesestados da época E foi Gênova que saiu na frente Mais especificamente afirmase que a expansão material do primeiro CSA foi promovida e organizada por um agente dicotômico formado por um componente aristocrático territorialista ibérico que se especializou no fornecimento de proteção e na busca do poder e por um componente burguês capitalista genovês que se especializou na compra e venda de mercadorias e na busca do lucro ARRIGHI 1994 p124 A união destas duas classes permitiu a consequente expansão oceânica da economia mundo europeia À medida que essa associação se formou e que os chamados grandes descobrimentos a consolidaram o capitalismo genovês foi finalmente liberto de sua longa crise rumo ao seu momento de maior expansão Para Furtado 1980 o comércio interno europeu em intenso crescimento a partir do século XI havia alcançado um elevado grau de desenvolvimento no século XV quando as invasões turcas começaram a criar dificuldades crescentes às linhas orientais de abastecimento de produtos de alta qualidade inclusive manufaturas Com o intuito de restabelecer estas linhas os europeus contornaram o obstáculo otomano A ocupação econômica das terras americanas constitui um episódio da expansão comercial da Europa FURTADO 1980 p5 Corroborando Furtado Prado Jr escreve Em suma e no essencial todos os grandes acontecimentos desta era a que se convencionou com razão chamar de descobrimentos articulamse num conjunto que não é senão um capítulo da história do comércio europeu PADRO JR 1970 p5 Aquilo que a classe genovesa mais precisava no século XV era uma ampliação de seu espaço comercial que fosse suficiente para acolher seu imenso excedente de capital e recursos humanos e para manter vivas suas extensas redes comerciais Este movimento expansionista configurase então como uma forma das classes dominantes europeias representados pelos banqueiros italianos de aumentar suas margens de lucros e seu mercado comercial Ademais como já foi dito eles foram auxiliados pelos governantes territorialistas ibéricos que foram incentivados não só pela promessa de ganhos pecuniários e de aumento de poder mas também por motivos diferentes dos lucros calculáveis O espírito cruzadista era uma excelente garantia de que a expansão ibérica por águas desconhecidas prosseguiria ARRIGHI 1994 p126 Portugal foi o pioneiro neste movimento expansionista europeu segundo Wallerstein 9 Porque dentre os Estados europeus só ele Portugal maximiza a vontade e a possibilidade No caso de Portugal o negócio dos descobrimentos parecia ser vantajoso para muitos grupos para o Estado para a nobreza para a burguesia comercial nativa e estrangeira inclusive para o semi proletariado das cidades WALLERSTEIN 1974 p7273 Entretanto Caio Prado Jr infere que houve também um componente geográfico O papel de pioneiro nesta nova etapa caberá aos portugueses os melhores situados geograficamente no extremo desta península que avança para o mar PRADO JR 1970 p14 Os espanhóis que efetivamente descobriram as novas terras americanas tomaram as regiões das antigas civilizações do altiplano andino e da meseta mexicana regiões ricas em ouro Assim de acordo com Furtado 1980a a lenda de riquezas inapreciáveis por descobrir corre a Europa e suscita um enorme interesse pelas novas terras A partir deste ponto entram em jogo as potências em franca ascensão na época Holanda França Inglaterra que argumentavam que Espanha e Portugal só podiam deter as terras que efetivamente ocupavam Contudo para efetivamente ocupar e defender essas novas terras era necessário investir enormes recursos nas mesmas Para a Espanha que já recolhia os frutos dos descobrimentos essa tarefa era factível Portugal no entanto não tinha como cobrir os gastos de ocupação e defesa a não ser se explorasse economicamente estas mesmas terras que a princípio pareciam inúteis Por este motivo os portugueses buscaram produzir uma mercadoria que conheciam mercadoria que apresentasse uma demanda ascendente na Europa e possível de ser cultivado nessas recémdescobertas terras 31 Primeira dinâmica produtiva colonial O ciclodoaçúcar De acordo com Furtado os portugueses haviam já iniciado há algumas dezenas de anos a produção em escala relativamente grande nas ilhas do Atlântico de uma das especiarias mais apreciadas no mercado europeu o açúcar FURTADO 1980 p9 As cidades italianas que estavam no centro da economiamundo controlavam os fluxos de comércio Contudo com a entrada dos portugueses no mercado de açúcar o monopólio veneziano às fontes de produção foi rompido causando uma superprodução e uma consequente baixa nos preços do açúcar Estava provado que os canais tradicionais de comercialização cidades do Mediterrâneo não absorveriam esta nova e crescente escala a preços firmes e como forma de contornar o problema a produção portuguesa passa a ser encaminhada em proporção considerável para Flandres Neste processo entra em cena um importante ator que dará sustentação a este rentável negócio agrícola os flamengos particularmente os holandeses Os holandeses fizeram contribuições importantes para a consecução da empresa açucareira com sua experiência comercial com uma importante parte no processo de produção refinamento e distribuição e com capitais substanciais requeridos para as 10 instalações produtivas na colônia brasileira Furtado 1980 p11 assevera que poderosos grupos financeiros holandeses interessados como estavam na expansão das vendas do produto brasileiro seguramente terão facilitado os recursos requeridos apara a expansão da capacidade produtiva Ademais para a efetiva ativação desta grande empresa extrativista existia o problema da mãodeobra Não haveria como transportála da Europa devido à pequena população europeia e aos altos custos dos transportes o que inviabilizaria a empresa agrícola A solução encontrada foi à utilização de mãodeobra escrava Com todos os devidos empecilhos resolvidos a produção do açúcar se espalhou pelo Brasil desde Recife Bahia até o Rio de Janeiro de tal maneira que já em 1560 o açúcar brasileiro deu a Portugal a ascendência no comércio do artigo da Europa ainda que os lucros não fossem completamente apropriados pelos portugueses uma vez que parte escapava para as economias europeias mais avançadas que forneciam tanto capitais iniciais como escoamento industrial WALLERSTEIN 1990 Porém a fase do ouro branco português teve seu primeiro solavanco a anexação de Portugal a Espanha Na verdade o grande problema foi a luta armada que a Espanha travou contra Inglaterra e Holanda Os PaísesBaixos controlavam praticamente todo o comércio dos países europeus realizados por mar Distribuir o açúcar pela Europa sem a cooperação dos comerciantes holandeses era impraticável FURTADO 1980 p16 Neste processo Prado Jr conclui Estava praticamente perdido para Portugal o comércio asiático PADRO JR 1970 p49 Um dos teatros de operações na guerra contra os holandeses foi a própria colônia pois os batavos em 1630 tinham ocupado parte do Nordeste Brasileiro particularmente a região de Pernambuco até o sul de Alagoas e para o norte até o Maranhão Nesta época os holandeses adquiriram o conhecimento de todos os aspectos técnicos e organizacionais da indústria açucareira FURTADO 1980 p17 Apenas em 1654 os holandeses são expulsos da colônia entretanto o estrago já havia sido feito deixam o Brasil e levam consigo os conhecimentos completos da produção do açúcar conhecimentos que vão constituir a base para a implantação e desenvolvimento de uma indústria concorrente de grande escala na região do Caribe FURTADO 1980 p17 Em 1640 Portugal recuperou sua soberania No entanto o pequeno reino está pobre e sem recursos Portugal sairia arruinado da dominação espanhola a sua marinha destruída o seu império esfacelado PRADO JR 1970 p49 Ao recuperar a independência Portugal encontrouse em posição extremamente débil FURTADO 1980 p32 A partir de 1650 a indústria açucareira no Brasil entra em uma letargia secular Nas Antilhas é construída uma unidade exportadora concorrente e os preços caem a níveis que não chegam a 60 das melhores épocas Sua estrutura que permanecia intacta tanto em épocas de prosperidade quanto em épocas de depressão retrocedeu a um estágio de subsistência Enfim evidenciando mais ainda a tese sobre a economiamundo e suas ramificações percebemos a partir de tudo o que já foi exposto sobre a economia açucareira que as 11 atividades implicadas na produção do açúcar desde o fornecimento da mão de obra e dos equipamentos passando pela plantação processamento e comercialização estão distribuídas por diferentes espaços nacionais localizandose as mais rentáveis no centro da economia mundo O açúcar fabricado pelos portugueses na ilha de São Tomé era refinado por grandes empresas localizadas em Antuérpia e depois em Amsterdã os grandes centros da economia mundo do século XVI Ora na fase de desenvolvimento da economia açucareira a economiamundo atravessa a fase de expansão financeira do ciclo de acumulação genovês É nesta fase que os holandeses tomam para si parte do empreendimento agrícola e fundamentam sua posição como potencial centro da economiamundo Ratificando nossa posição Arrighi explica a razão Os estágios DM e MD superpõemse porque em geral o agente e as estruturas de acumulação típicos de cada estágio ascenderam à proeminência na economia mundial capitalista durante a fase MD de expansão financeira do estágio precedente ARRIGHI 1994 p237 32 Segunda dinâmica produtiva colonial ciclodoouro Após a degeneração da indústria açucareira as despesas para manter a colônia começaram a sobrecarregar o erário português Mais uma vez era necessário encontrar recursos para manter os gastos de ocupação e defesa do território colonial Entretanto a possibilidade de se encontrar um produto comercializável na mesma escala que o açúcar era uma tarefa improvável A única saída encontrada estava na descoberta de metais preciosos Assim regrediuse a ideia inicial de que as terras americanas apenas se justificavam economicamente se chegassem a produzir ditos metais FURTADO 1980 p73 Apenas em 1696 fizeramse as primeiras descobertas de ouro no centro do que hoje constitui o Estado de Minas Gerais onde atualmente se acha a cidade de Ouro Preto PRADO JR 1970 O ouro encontrado no Brasil se localizava em formações geológicas diferentes daqueles encontrados na meseta mexicana e no altiplano andino O ouro brasileiro era o ouro de aluvião e ficava depositado nos fundos e nas margens dos rios O tipo de empresa que se estabeleceu para produzir o ouro era completamente diferente da empresa agrícola Enquanto esta última requeria um investimento elevado produção em grande escala e inúmeros trabalhadores a empresa mineira podia funcionar apenas com um escravo Na verdade apenas o próprio empresário poderia começar a produção poupar um capital e depois comprar alguns escravos ficando ele apenas na administração A empresa mineira deveria ter uma alta mobilidade pois o ouro depositado nos rios era rapidamente extraído e outra jazida deveria ser explorada para a continuação da acumulação A empresa mineira deveria também ser altamente especializada isto é todos os recursos deveriam ser aplicados diretamente na produção do ouro Sobre esta última 12 característica Furtado infere que a excessiva concentração de recursos nos trabalhos mineratórios conduzia sempre a grandes dificuldades de abastecimento A fome acompanhava a riqueza nas regiões do ouro FURTADO 1980 p76 Diferente do que aconteceu na agricultura a mineração foi submetida desde o início a um regime especial de minuciosa e rigorosa a disciplina Representantes do reino estavam sempre fiscalizando a produção aurífera a qual era tributada em 20 de sua produção Os seus princípios da exploração mineira fundamentais permaneceriam definitivamente apesar das modificações posteriores estabeleciase a livre exploração embora submetida a uma fiscalização estreita e a coroa reservavase como tributo a quinta parte de todo ouro extraído PRADO JR 1970 p57 Devido a inúmeros fatores não foram criados nas regiões mineiras vínculos e formas permanentes de atividades econômicas Assim era esperado que o declínio da produção de ouro viesse acompanhado de uma forte e geral decadência da colônia As empresas iam se descapitalizando devido às dificuldades de localizar novas jazidas aos custos fixos da mãode obra escrava e aos onerosos tributos De acordo com Prado Jr chegase em fins do século XVIII a um momento que já se tinham esgotado praticamente todos os depósitos auríferos superficiais em toda a vasta região em que ocorreram PRADO JR 1970 p62 Como resultado a economia mineira provoca uma brusca mudança do contingente populacional da colônia durante os anos de mineração muitos imigrantes embarcaram para o Brasil com a ideia de acumular grandes somas do referido minério Para isso liquidavam os seus bens no Reino e aventuravamse para cá Assim a população da colônia que era majoritariamente negra foi ultrapassada e tornouse minoria A economia mineira abriu um ciclo migratório europeu totalmente novo para a colônia Ao Brasil o ouro permitiu financiar uma grande expansão demográfica que trouxe alterações fundamentais à estrutura de sua população na qual os escravos passaram a constituir minoria e o elemento de origem europeia maioria FURTADO 1980 p74 Segundo Prado Jr 1970 p64 O afluxo de população para as minas é desde o início do século XVIII considerável um rush de proporções gigantescas Neste contexto quais foram às implicações para a economiamundo desta nova forma de acumulação na colônia portuguesa Como já foi dito Portugal encontravase bastante debilitado financeira e politicamente Com intuito de fortalecer sua posição frente às demais superpotências europeias Portugal alienou parte de sua soberania e se transformou em um vassalo da Inglaterra situação que Furtado descreve da seguinte maneira O espírito dos vários tratados firmados entre os dois países nos primeiros dois decênios que se seguiram à independência De Portugal em relação à Espanha era sempre o mesmo Portugal fazia concessões econômicas e a Inglaterra pagava com garantias e promessas políticas FURTADO 1980 p33 13 A partir do momento que o declínio econômico da colônia resultante do fim do ciclodo açúcar fez Portugal perder grande parte de sua capacidade para importar percebeuse a necessidade de fomentar a produção manufatureira em seu reino Contudo a descoberta do ouro no país entorpeceu esse movimento na Metrópole O acordo de Meuthen em 1703 marcou o fim deste pensamento protecionista Para Furtado 1980 p34 este acordo significou para Portugal renunciar a todo desenvolvimento manufatureiro e implicou transferir para a Inglaterra o impulso dinâmico criado pela produção aurífera no Brasil Ora este processo acabou gerando um fluxo contínuo de ouro que em última instância ia alimentar as turbinas da economia inglesa em franco desenvolvimento já que esta exportava predominantemente tecidos Para a Inglaterra o ciclo do ouro brasileiro trouxe um forte estímulo ao desenvolvimento manufatureiro uma grande flexibilidade à sua capacidade para importar e permitiu uma concentração de reservas que fizeram do sistema bancário inglês o principal centro financeiro da Europa Com todas estas informações podemos argumentar que o impulso aurífero se deu em meados do século XVIII século que assistia a fase MD do ciclo de acumulação holandês Ora mais uma vez percebemos como as fases dos ciclos superpõemse enquanto acontecia a fase MD do ciclo holandês as bases para o ciclo seguinte britânico começavam a se desenvolver Uma diferença fundamental entre estes dois ciclos é o fato de a esfera de acumulação passar do comércio ciclo holandês para a indústria ciclo britânico A análise de Celso Furtado sobre o desenvolvimento manufatureiro na Inglaterra corrobora esta afirmação Do ponto de vista da economia europeia em seu conjunto o ouro do Brasil teve um efeito tanto mais positivo quanto o estímulo por ele criado se concentrou no país que melhor aparelhado estava para dele tirar o máximo proveito Com efeito a Inglaterra graças às transformações estruturais de sua agricultura e ao aperfeiçoamento de suas instituições políticas foi o único país da Europa que seguiu sistematicamente em todo o século que antecedeu à revolução industrial uma política clarividente de fomento manufatureiro FURTADO 1980 p82 Deste modo a Inglaterra fortalecia sua posição como potência hegemônica e passava os PaísesBaixos sendo considerada a nova zona central da economiamundo O ciclo sistêmico de acumulação britânico estava nascendo 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A perspectiva sistêmica permite uma análise bastante diferente da qual estamos acostumados a fazer Ela ilumina algumas causalidades antes sombreadas por nosso treinamento em olhar o mundo através das lentes dos estadosnações Essa abordagem iniciada com Fernand Braudel e Imannuel Wallerstein vem ganhando adeptos ao redor do mundo sendo Giovani Arrigui um de seus maiores expoentes 14 Este estudo bibliográfico mostrou que a economiamundo capitalista incorporou as Américas em sua expansão pelo mundo e que seu desenvolvimento tanto do Brasil quanto dos países europeus de modo geral foi resultado desta integração Em outros termos estamos inferindo que houve e ainda há em curso processos mundiais que suplantam as fronteiras nacionais dos países impactando no modo de vida de sua população e nas características econômicas de sua produção O modelo de análise proposto neste estudo que parte da teoria dos sistemas é útil no sentido de apontar como a evolução deste Sistema Mundial nos ritmos chamados de Ciclos Sistêmicos de Acumulação molda as realidades nacionais Foi possível demonstrar como o Brasil desde a época colonial é parte integrante desta EconomiaMundo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARRIGHI G O Longo Século XX Rio de Janeiro Contraponto Editora 1996 394p BRAUDEL F Civilização Material Economia e Capitalismo O Tempo do Mundo São Paulo Martins Fontes 19983v Escritos sobre a História São Paulo Perspectiva 1992 FURTADO C Formação Econômica do Brasil 17 ed São Paulo Companhia Editora Nacional 1980 250 p Pequena introdução ao desenvolvimento enfoque interdisciplinar São Paulo Nacional 1980 HUBERMAN L História da Riqueza do Homem 17ª ed Rio de Janeiro Zahar Editores 1959 318p MOTUARA M Quantos países existem atualmente 2014 Disponível em httpmundoestranhoabrilcombrmateriaquantospaisesexistematualmente acessado em 12072016 PRADO JR C História Econômica do Brasil 26 ed São Paulo Brasiliense 1970 WALLERSTEIN I Capitalismo Histórico e Civilização Capitalista Rio de Janeiro Contraponto Editora 1995 144p Após o 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