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Policy Paper Nº 19 Agosto 2016 Uma Abordagem sobre o Setor de Serviços na Economia Brasileira Camila Monaro Silva Naercio Menezes Filho Bruno Komatsu 2 Uma Abordagem sobre o Setor de Serviços na Economia Brasileira Camila Monaro Silva Naercio Aquino Menezes Filho Bruno Kawaoka Komatsu Centro de Políticas Públicas Insper Camila Monaro Silva Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Centro de Políticas Públicas CPP Rua Quatá nº300 04546042 São Paulo SP Brasil camilams3insperedubr Naercio A Menezes Filho Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Centro de Políticas Públicas CPP Rua Quatá nº300 04546042 São Paulo SP Brasil naercioamfinsperedubr Bruno Kawaoka Komatsu Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Centro de Políticas Públicas CPP Rua Quatá nº300 04546042 São Paulo SP Brasil brunokkinsperedubr Copyright Insper Todos os direitos reservados É proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo deste documento por qualquer meio de distribuição digital ou impresso sem a expressa autorização do Insper ou de seu autor A reprodução para fins didáticos é permitida observandose a citação completa do documento 3 Uma Abordagem sobre o Setor de Serviços na Economia Brasileira Camila Monaro Silva Naercio Aquino Menezes Filho Bruno Kawaoka Komatsu Centro de Políticas Públicas Insper Resumo Executivo O setor de serviços assume posição de destaque na economia brasileira contemporânea seguindo uma tendência histórica de crescimento da participação desse setor no emprego com possíveis consequências para a produtividade agregada da economia Estudos recentes sobre a produtividade dos serviços descrevem o setor como com produtividade relativamente elevada composto por segmentos bastante heterogêneos e com alguns segmentos dinâmicos que contribuem para o processo de inovação e difusão de conhecimento na economia Nesse estudo procuramos estudar com mais detalhes os segmentos do setor de serviços com dados da Pesquisa Anual de Serviços PAS do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Focando no período recente de 2007 a 2013 nós verificamos aumentos nos principais indicadores de interesse no período como um todo entre eles crescimento de 58 no número de empresas média de 8 ao ano aumento de 50 no número de pessoal ocupado Como prevê a teoria ramos de serviços mais relacionados ao consumidor final serviços prestados às famílias serviços de manutenção e reparação apresentam produtividade e salários comparativamente menores No outro extremo serviços mais intensivos em capital ou tecnologia alguns segmentos de transportes telecomunicações serviços auxiliares financeiros compra venda e aluguel de imóveis próprios apresentam elevados níveis de produtividade e salários Quando segmentamos os serviços por intensidade de conhecimento observamos que de fato aqueles mais intensivos em conhecimento são mais produtivos e com maiores salários e remunerações Por último abordamos a questão do descolamento das trajetórias de produtividade e salários Nossa análise mostra que o crescimento da produtividade é inferior ao dos salários especialmente a partir de 2009 Essa constatação se repete no geral para desagregações em níveis mais detalhados de atividades além de se manter na divisão por intensidade de conhecimento Produtividade com baixo crescimento e custos crescentes com mão de obra podem representar problemas de estrangulamento do setor 4 1 Introdução A questão do produtividade no Brasil tem ganhado importância nos últimos anos Arbache 2015 No contexto atual as potenciais perdas das conquistas sociais obtidas na última década devido à recessão da economia e os debates sobre mudanças nas regras de aposentadorias privadas parecem colocar o tema com caráter de urgência uma vez que os ganhos de produtividade possuem relação com o crescimento de longo prazo da economia O setor de serviços é tradicionalmente pensado como de baixa produtividade Fisher 1939 Clark 1940 Baumol 1967 com alto grau de informalidade e baixo teor tecnológico Historicamente esse setor vem ampliando seu espaço no mercado de trabalho o que pode resultar em uma força no sentido de reduzir a produtividade da economia Mais pessoas empregadas em postos de trabalho em que produzem menos significa um produto médio por trabalhador e uma produção total menores O processo de longo prazo que altera a composição dos setores de atividade econômica isto é a participação desses setores agricultura indústria e serviços no emprego é chamado de mudança estrutural Apesar de ele ocorrer em épocas e intensidade diferentes em todas as economias observase uma trajetória de desenvolvimento semelhante a transição do setor agrícola para o setor industrial culminando com o setor de serviços Na economia brasileira a mudança estrutural em direção ao setor de serviços pode ser observada na Figura 1 A participação da mão de obra no setor de serviços é superior à do setor industrial desde o início da série anos 50 No entanto é interessante perceber como a diferença na participação nos empregos totais gerados entre os setores aumenta no tempo em 2011 637 dos empregos concentramse no setor de serviços 201 no setor industrial e 16 na agricultura quando em 1950 os percentuais eram de respectivamente 191 164 e 643 Os dados mostram que a importância dos serviços é crescente de modo que mudanças na produtividade da economia provavelmente devem passar por mudanças envolvendo esse setor 5 Figura 1 Participação dos Setores no Emprego Fonte GGDC Elaboração própria No Brasil além disso não parece haver consenso sobre se os serviços possuem um papel ativo no sentido de aumentar ou reduzir a produtividade da economia Apesar da visão pessimista sobre o papel do setor de serviços sobre a produtividade no Brasil estudos empíricos recentes têm mostrado essa imagem pode ser relativizada Em comparação com outros setores Jacinto e Ribeiro 2015 mostram que a produtividade dos serviços excluindo o comércio é elevada e apresentou crescimento entre meados dos anos 1990 e o final da década de 2000 Nesse sentido a ampliação da participação dos serviços no emprego teve o efeito de aumentar a produtividade agregada da economia Por outro lado Arbache Op cit argumenta que o crescimento da importância dos serviços no PIB brasileiro não ocorreu por efeitos de demanda aumento da renda do consumidor ou desenvolvimento industrial mas por crescimento vegetativo coincidente com a falta de dinamismo dos outros setores Os serviços no entanto constituem um agregado definido ao menos inicialmente como resíduo ou seja como atividades que não eram industriais e nem de agropecuária Souza et al 2011 Por esse motivo o setor agrega uma série de atividades bastante heterogêneas Souza et al Op cit Jacinto e Ribeiro Op cit englobando desde 64 16 16 20 19 64 10 20 30 40 50 60 70 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 Agricultura Industria Serviços 6 serviços de baixo valor adicionado como serviços de limpeza e manutenção predial até atividades com conteúdo tecnológico maior como serviços de tecnologia associados às empresas Dessa forma é possível que certos segmentos do setor sejam mais dinâmicos e apresentem ganhos de produtividade contribuindo para o crescimento da produtividade agregada da economia Nesse estudo temos como objetivo investigar mais detalhadamente a produtividade do setor de serviços procurando comparar esse setor com outros em termos de salário e composição da força de trabalho além de verificar as diferenças internas entre os segmentos do setor Utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD e da Pesquisa Anual de Serviços PAS ambas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE teremos como foco o período mais recente após 2007 Nós examinaremos adicionalmente a comparação da evolução da produtividade e dos salários e remunerações dos ocupados procurando verificar se há divergência das trajetórias ao longo do tempo O chamado descolamento dos salários e da produtividade pode representar um problema quando os primeiros crescem mais rapidamente que a última por um período de tempo razoável Nesse caso a situação poderia representar o sufocamento das empresas do setor uma vez que os custos associados à produção estariam aumentando e as empresas não estaria sendo capazes de repassar esse aumento aos preços finais Além dessa introdução esse artigo é organizado em quatro seções Na seção seguinte faremos uma breve revisão da literatura sobre produtividade e serviços Na terceira seção apresentaremos os dados e um modelo teórico simples para abordar a questão da evolução da produtividade e dos salários Na seção 4 apresentaremos os resultados e a seção 5 conclui 2 Revisão de Literatura Apesar da importância crescente assumida pelo setor de serviços seja em termos de emprego quanto de valor adicionado ainda permanece relativamente escassa a literatura relacionada ao seu impacto sobre a produtividade e o crescimento de longo prazo da economia brasileira 7 Na literatura econômica sobre produtividade os serviços eram vistos tradicionalmente com papel negativo em relação à evolução da produtividade agregada da economia porém mais recentemente passaram a ser considerados como elemento dinamizador das economias pósindustriais Silva 2006 Sob a perspectiva mais tradicional os serviços foram geralmente associado à baixa intensidade de capital e à baixa produtividade do fator de produção trabalho O setor de serviços foi visto com pessimismo pela visão tradicional como um freio aos incrementos de produtividade nas economias desenvolvidas O crescimento da sua participação no emprego e no consumo nesse sentido constituía um paradoxo como atividades de baixa produtividade poderiam aumentar a sua importância na economia Com um modelo simples Baumol 1967 traz constrói o argumento conhecido como doença de custos para explicar a contribuição negativa do setor de serviços para a produtividade agregada da economia Em linhas gerais o autor trabalha com uma economia com dois setores semelhantes à indústria e aos serviços o primeiro mais intensivo em capital e com produtividade crescente e o último mais intensivo em trabalho e com produtividade constante Supondo que os salários nos dois setores se movem conjuntamente e que eles acompanham os ganhos de produtividade das atividades industriais os serviços apresentariam crescimento dos salários em linha com os ganhos de produtividade das atividades mais dinâmicas da economia resultando em aumentos no custo unitário do produto Assim os serviços por exemplo sofreriam de uma doença de custos em que seus custos aumentam não em função dos ganhos de produtividade do próprio setor mas para equipararemse aos salários das atividades tecnologicamente mais dinâmicas Sob esse cenário admitindo que a razão dos produtos nos dois setores seja constante à medida que o setor mais dinâmico apresente ganhos de produtividade mais trabalho será transferido para o setor de serviços explicando o deslocamento total da força de trabalho para os setores menos dinâmicos e culminando com taxas de crescimento de produtividade próximas a zero Dessa maneira Baumol Op cit mostra que há uma tendência à economia de serviços e inerente a esse processo a consequência inevitável da estagnação do crescimento da produtividade comprometendo o crescimento de longo prazo das economias desenvolvidas 8 Após a década de 1970 um novo contexto internacional de produção flexível alterou as funções tradicionais dos setores de atividades Mudanças como o crescimento da divisão técnica de trabalho concentração de capital expansão de mercados o desenvolvimento da tecnologia de informação transformações no contexto institucional ajudam a explicar a expansão das atividades de serviços TorresFreire 2006 Nesse sentido atividades de serviços foram crescentemente incorporadas ao processo produtivo como insumos de produção com um aumento da interação entre os setores Souza et al Op cit Nesse novo contexto uma mudança de foco dos setor de serviços de provedores ao consumidor final para fornecedores intermediários às indústrias levaria a uma mudança de perspectiva sobre os serviços Silva Op cit Desconstruindo a visão tradicional Oulton 2001 argumenta que a expansão dos serviços destinados ao consumo intermediário dos setores industriais permitiria taxas de crescimento de produtividade positivas uma vez que a especialização dos serviços prestados e a divisão do trabalho trariam economias de escala às atividades industriais Com dados de 1973 a 1995 o autor mostra que a contribuição dos serviços empresariais e financeiros destinados ao consumo intermediário para a produtividade agregada foi bastante positiva para as economias do Reino Unido e Estados Unidos Estudos mais recentes têm destacado o setor de serviços como agentes importantes para o crescimento econômico OCDE 2005 contendo alguns segmentos intensivos em conhecimento e tecnologia de modo a tornaremse vetores de inovação para outros setores da economia Silva et al 2006 Por exemplo serviços intensivos em conhecimento ou knowledge intensive business services constituem atividades fortemente relacionadas a processos de inovação atuando em parceria com o setor produtivo no processo de assimilação de novas tecnologias TorresFreire 2006 No entanto há diferenças entre o padrão de mudança estrutural em países desenvolvidos e em países em desenvolvimento Souza et al Op cit No primeiro caso o crescimento da renda levaria a um crescimento na demanda por serviços enquanto o desenvolvimento tecnológico na indústria reduziria a quantidade de trabalho manual não qualificado realocando os trabalhadores para postos de trabalho mais produtivos no setor de serviços Nos países em desenvolvimento por outro lado os processos de crescimento populacional e de êxodo rural superaram a demanda industrial 9 por trabalho de modo a gerar um inchaço do setor de serviços com trabalhadores de baixa produtividade No Brasil Cruz et al 2008 argumenta que a transição para uma economia de serviços não foi um processo de crescimento da produtividade industrial com a consequente migração da força de trabalho para o setor de serviços isto é não foi marcada por um dinamismo favorável ao crescimento econômico Qual é então o papel do papel de serviços no Brasil Eles estão atuando no sentido de frear o crescimento da produtividade ou ao contrário possuem contribuições positivas para processos de inovação tecnológica e difusão de conhecimento Com dados recentes 1996 a 2009 Jacinto e Ribeiro Op cit trazem alguns resultados importantes sobre a produtividade dos serviços Eles mostram que nesse período os serviços no geral excluindo o comércio e a administração pública apresentaram elevados níveis de produtividade chegando a superar os da indústria em alguns anos Além disso os autores mostram que não há evidência da doença de custos a produtividade dos serviços cresceu mais do que a das indústrias que decresceu Por outro lado não há evidências de efeitos dinâmicos positivos da realocação da mão de obra para setores com produtividade crescente bônus estrutural nas indústrias e nos serviços Tais conclusões se chocam com a visão tradicional das baixas possibilidades de inovação do setor de serviços em relação ao setor industrial Nesse sentido Silva 2006 destaca que a percepção de baixa produtividade do setor pode estar relacionada com a dificuldade de apurar de maneira acurada o produto e mudanças na qualidade deste levando a uma subestimação da produtividade Aponta também uma ineficiência no processo de seleção na qual as empresas menos produtivas não necessariamente são as eliminadas do mercado reforçando a percepção de baixa produtividade do setor Arbache Op cit em contraste argumenta que o crescimento do setor de serviços não se deve ao crescimento da renda e nem ao desenvolvimento industrial porém fundamentalmente à ausência de dinamismo dos demais setores Esse argumento no entanto contrasta com o forte crescimento do setor agropecuário Campos et al 2014 Por outro lado no Brasil também há segmentos de serviços com capacidade de inovação e que têm com contribuições positivas para o processo de inovação em outros setores Kubota 2006 revela a ascensão dos serviços transmissores e desenvolvedores 10 de tecnologias conhecidos por serviços empresariais intensivos em conhecimento Os percentuais de firmas que incorporaram novas tecnologias entre as empresas de serviços são elevados com destaque para o setor de informática 36 O cenário também é positivo quando avaliada a inovação para o mercado sendo que 30 das firmas do setor de informática contribuíram com o desenvolvimento tecnológico do país 22 das firmas de PD e 15 de telecomunicações Costa Junior e Teixeira 2010 por sua vez utilizaram dados das Contas Nacionais para o período compreendido entre 1990 a 2003 agrupando as atividades econômicas em dez setores A partir do instrumental de Matriz InsumoProduto os autores computam indicadores de produtividade direta do trabalho razão entre o produto final gerado por cada setor e a quantidade de trabalho empregado produtividade indireta do trabalho relação da interdependência entre os setores e produtividade total Os autores concluem que de forma geral o setor de serviços apresenta produtividade direta do trabalho bastante inferior ao setor agrícola e manufatureiro Uma exceção importante é o setor de Comunicações o qual faz uso intensivo de tecnologia da informação e portanto registra alta produtividade direta do trabalho No entanto ao analisar o comportamento da produtividade total do trabalho percebese que há menor discrepância entre os setores isto é a interdependência do setor de serviços com os demais agregados da economia é benéfica para aqueles e esse impacto positivo aumentou durante o período avaliado Por último há indícios de restrições concretas ao crescimento da produtividade dos serviços Cruz et al 2008 indicam a baixa escolaridade dos profissionais empregados nos setores de serviços em ascensão tornase um empecilho para impulsionar a produtividade e o crescimento de longo prazo Em suma apesar de relativamente restrita a literatura acerca do impacto da crescente participação do setor de serviços sobre a economia brasileira evidencia a necessidade de avaliálo Por ora as opiniões parecem bastante divergentes tendendo tanto para uma visão pessimista de baixa produtividade do setor quanto para uma visão mais otimista realçando o surgimento de segmentos intensivos em tecnologia e altamente produtivos 11 3 Base de dados e Metodologia Nessa seção nós apresentaremos um modelo simples para abordar a questão da evolução da produtividade e dos salários e em seguida descreveremos os dados utilizados Em primeiro lugar para abordar a evolução da produtividade e dos salários seguiremos um modelo simples utilizado por Pessoa e Van Reenen 2013 Considere uma firma que maximiza lucros e produz um único produto cuja função de produção tem a forma de uma CobbDouglas 𝑄 𝐴𝐿𝛼𝐾1𝛼 4 onde 𝑄 é a quantidade do produto 𝐴 é um termo de eficiência 𝐿 é o fator trabalhoe 𝐾 é o estoque de capital Se permitirmos competição imperfeita a empresa terá um markup 𝜇 decrescente na elasticidadepreço da demanda pelo produto Sob a restrição tecnológica e dados os preços dos fatores uma condição de primeira ordem para a maximização do lucro será 𝑐 𝑃 𝛼𝜇𝑄 𝐿 5 onde 𝑐 é o custo marginal do trabalho e 𝑃 é o preço do produto Em termos de diferenças percentuais Δ ln 𝑐 𝑃 Δ ln 𝑄 𝐿 Δ ln 𝛼 Δ ln 𝜇 6 Sob a hipótese de estabilidade das preferências do consumidor e do viés de fator da tecnologia em favor do capital ou do trabalho os termos de variação dos parâmetros 𝛼 e 𝜇 seriam nulos Dessa forma o custo marginal do trabalho deflacionado pelo preço do produto cresceria à mesma taxa da produtividade real do trabalho1 Esse modelo nos coloca alguns pontos importantes Em primeiro lugar ele esclarece o motivo pelo qual se espera que as trajetórias de crescimento real da produtividade do trabalho e dos salários sejam paralelas Divergências nas trajetórias das duas variáveis poderiam dessa forma ser provenientes de mudanças de preferências ou da participação do trabalho na renda total 1 Outras formas funcionais para a função de produção poderiam levar ao crescimento não proporcional entre as duas variáveis 12 Além disso o modelo mostra que para explicitar a relação entre a produtividade e os salários as medidas adequadas para os rendimentos do trabalho e o deflator correspondente devem ser o custo efetivo do trabalho que inclui as despesas com benefícios aposentadorias e contribuições sociais pagos pelas empresas e o deflator específico do seu produto Medidas empíricas dessas variáveis podem ser obtidas por meio das tabelas da Pesquisa Anual de Serviços PAS Nesse trabalho utilizaremos esses dados dessa pesquisa para analisar de forma mais detalhada o setor de serviços Inserida no contexto de modernização das estatísticas econômicas a PAS teve início em 1998 e representa a principal base de dados sobre as características do setor de serviços não financeiros A pesquisa realiza um levantamento econômicofinanceiro anual através do envio de questionários para as empresas prestadoras de serviços sendo tais informações utilizadas para estimar séries de valor de produção pessoal ocupado valor adicionado do Sistema de Contas Nacionais Para os nossos objetivos algumas das limitações dessa pesquisa são de que ela abrange somente empresas presentes no Cadastro Central de Empresas CEMPRE do IBGE que inclui somente empresas registradas no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas CNPJ da Receita Federal Além disso a pesquisa também só inclui empresas com fins lucrativos e não inclui segmentos de serviços importantes como os de saúde e educação Os dados obtidos são divulgados no site do IBGE em formas de tabelas cobrindo os setores de serviços classificados de acordo com a CNAE 20 Classificação Nacional das Atividades Econômicas Sobre esse aspecto vale comentar que a metodologia da PAS passou por duas grandes mudanças ao longo de sua história a primeira entre 2002 e 2003 passando a adotar a CNAE 10 em detrimento da CNAE original a segunda entre 2007 e 2008 com a mudança de referência da CNAE 10 para a CNAE 20 e alteração no âmbito da pesquisa sendo o setor agentes de comércio e representação comercial extinguido da PAS e abordado na PAC Pesquisa Anual de Comércio Devido a essas mudanças as séries divulgadas nesses intervalos de tempo não podem ser diretamente comparáveis entre si por não abordarem exatamente os mesmos setores de serviços Utilizamos como medida de produtividade o valor adicionado bruto por trabalhador a chamada produtividade do trabalho Para tornar os dados mais próximos aos níveis 13 salariais da PNAD nós apresentamos todos os dados como médias mensais valore anuais divididos por 12 Um desafio para a utilização desses dados foi da construção de um deflator apropriado Deflacionamos diretamente o valor adicionado setorial utilizando dados da Contas Nacionais Trimestrais tentando aplicar categorias setoriais mais amplas 12 setores de deflatores a classes mais finas de dados setoriais2 Apesar de algum erro de medida devido à incompatibilidade entre as classificações setoriais optamos por esse método uma vez que fornecem alguma diferenciação entre categorias amplas de atividade Os valores de salários e remunerações e de gastos totais com pessoal da PAS foram deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor INPC calculado pelo IBGE Os salários e remunerações incluem retiradas e remunerações de empregadores e de trabalhadores por conta própria porém não incluem outros gastos como despesas previdenciárias e com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS Nós utilizamos adicionalmente dados da PNAD na tentativa de localizar os serviços da PAS no contexto mais amplo da economia nacional Para isso nós fizemos uma compatibilização aproximada entre as classe da CNAE 20 abrangidas pela PAS e aquelas da CNAEDomiciliar disponíveis na PNAD com base nas tabelas de correspondência disponibilizadas pela Comissão Nacional de Classificação CONCLA Apesar de imperfeita acreditamos que a correspondência traz uma ideia das principais tendências dos indicadores analisados As Figuras A1 e A2 no Anexo mostram uma comparação entre o pessoal ocupado e as médias salariais dos setores abrangidos pela PAS com dados das duas pesquisas 4 Resultados Nessa seção apresentaremos os resultados descritivos Em primeiro lugar apresentaremos alguns dados da PNAD para localizar os serviços abrangidos pela PAS no contexto mais geral da economia 2 Não seguimos Jacinto e Ribeiro 2015 no que diz respeito à aplicação de deflatores diferenciados para as receitas e para o consumo intermediário uma vez que não temos a diferenciação desses por setor nos dados da PAS 14 Figura 2 População Ocupada e Taxa de Desemprego Fonte PNADIBGE Elaboração própria A Figura 2 mostra que o pessoal ocupado apresentou crescimento ao longo de todo o período analisado O crescimento foi mais intenso até 2008 27 ao ano ano no qual a taxa de desemprego apresenta um crescimento razoável devido às oscilações derivadas da crise internacional Entre 2008 e 2013 o emprego cresceu mais lentamente 07 aa até 2013 enquanto no último ano da série o pessoal ocupado voltou a crescer de forma acelerada 29 Como o crescimento dos ocupados na década de 2000 se distribuiu entre os setores de atividade econômica A Figura 3 mostra a distribuição do pessoal ocupado total formais e informais por setor Fica claro que a tendência de mudança estrutural de longo prazo parece se manter no período recente Os serviços da PAS apresentam crescimento da participação a agropecuária apresenta redução de forma mais relevante redução de 20 em 2002 para 14 em 2014 Note que os subsetores abrangidos pela PAS possuem uma participação bastante relevante do pessoal ocupado totalizando a maior participação entre os setores O agregado de indústrias e serviços industriais de utilidade pública SIUP que reduziu sua participação de 15 em 2007 para 13 em 2016 após ligeiro crescimento a partir de 2002 quando tinha 14 O setor de construção civil também apresentou crescimento após 2004 passando de 6 naquele ano para 9 em 2014 É curioso notar que somente as atividades de 60 65 70 75 80 85 90 95 100 70 75 80 85 90 95 100 105 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 PO Milhões PO Taxa de Desemprego 15 serviços abrangidos pela PAS apresentam crescimento Os demais serviços comércio e administração pública mantiveram participação constante ao longo do período Figura 3 Distribuição da População Ocupada por Setor Fonte PNADIBGE Elaboração própria A Figura 4 mostra a evolução da escolaridade por setor medida pela proporção de trabalhadores com ao menos o ensino médio completo Podemos verificar que há um aumento geral da escolaridade em todos os setores As atividades da PAS apresentam níveis medianos de escolaridade durante todo o período passando de 37 em 2002 para 56 em 2014 Dessa forma pelo lado da oferta de trabalho a menos que haja variação significante da qualidade da educação no Brasil não é esperado que a produtividade do trabalhador tenha aumentado mais do que a da média da economia 0 5 10 15 20 25 30 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Agropecuária Indústria e SIUP Construção Comércio Pesq Anual Serv Adm Pública Outros S 16 Figura 4 Proporção de Ocupados com ao menos o Ensino Médio Completo Fonte PNADIBGE Elaboração própria A Figura 5 mostra que a proporção de ocupados formais3 apresenta crescimento no período na maioria dos setores exceto na administração pública Os segmentos industriais apresentaram crescimento relevante juntamente com comércio construção e as atividades de serviços É importante destacar que a PAS abrange somente as empresas formais de modo que ela abrange somente entre 45 e 55 dos ocupados totais Figura 5 Proporção de Trabalhadores Formais Fonte PNADIBGE Elaboração própria 3 Na tentativa de compatibilizar os dados da PNAD com os da PAS nós consideramos como formais os empregados com carteira assinada funcionários públicos estatutários além de trabalhadores por conta própria e empregadores que possuíam contribuição ao sistema público de previdência 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Agropecuária Indústria e SIUP Construção Comércio Pesq Anual Serv Adm Pública Outros S 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Agropecuária Indústria e SIUP Construção Comércio Pesq Anual Serv Adm Pública Outros S 17 Em relação aos salários a Figura 6 mostra que há crescimento real dos salários entre 2003 e 2013 na maioria dos setores Podemos observar que os salários da administração pública são os mais elevados enquanto os salário da agropecuária são os menores As atividades abrangidas pela PAS apresentam algumas das maiores médias salariais entre os setores somente abaixo daquelas da administração pública Os demais serviços apresentam médias menores apesar de terem percentuais comparativamente mais elevados de ocupados formais Esse dado sugere que alguns dos segmentos mais sofisticados dos serviços estão sendo incluídos pela PAS Figura 6 Salários Reais Fonte PNADIBGE INPCIBGE Elaboração própria A Figura 7 mostra evolução das médias salariais em termos de crescimentos proporcionais a partir de 2002 Note que apesar de a agropecuária apresentar as menores médias salariais ela mostra grande aumento proporcional no período ao que parece seguindo a evolução da produtividade Campos et al 2015 Os serviços abrangidos pela PAS ao contrário não possuem uma grande taxa de crescimento mesmo com um dos maiores níveis salariais Sob concorrência perfeita a teoria econômica mostra que o salário pago as trabalhadores devem se igualar à produtividade marginal do trabalho Dessa forma o gráfico traz alguns indícios iniciais de que a produtividade dos serviços não cresceu muito no período analisado 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 R preços de 2013 Agropecuária Indústria e SIUP Construção Comércio PAS APU Outros S 18 Figura 7 Evolução dos Salários Reais Fonte PNADIBGE INPCIBGE Elaboração própria Em seguida apresentamos os dados da PAS A Figura 8 mostra a evolução da produtividade do trabalho dos salários e dos gastos com pessoal entre 2006 e 2013 Podemos observar em primeiro lugar que os salários apresentam crescimento real sistemático durante todo o período especialmente entre 2009 e 2010 Os gastos totais com pessoal que incluem todos os gastos associados com a contração de trabalhadores apresentam evolução muito similar A produtividade do trabalho por outro lado apresenta evolução muito diferenciada Entre 2007 e 2008 esse indicador apresenta um crescimento acelerado de quase 7 A partir desse ano no entanto a produtividade passa a oscilar em torno do mesmo nível e não cresce mais do que 15 Ao que parece a partir de 2008 se verifica um descolamento entre as trajetórias de produtividade e de salários Uma tendência como essa pode no longo prazo trazer problemas gerais para o setor O aumento dos salários e gastos com pessoal representa o crescimento de custos de produção que podem não estar sendo compensados pelo crescimento da produtividade No caso extremo o crescimento dos custos acima da produtividade pode passar a sufocar as atividades econômicas e chegar a inviabilizalas 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2002 100 Agropecuária Indústria e SIUP Construção Comércio Pesq Anual Serv Adm Pública Outros S 19 Figura 8 Evolução da Produtividade dos Salários e Gastos com Pessoal Fonte PASIBGE SCNIBGE INPCIBGE Elaboração própria Como mencionamos anteriormente os serviços constituem um setor bastante heterogêneo O mesmo é válido para os serviços abrangidos pela PAS São sete subsetores incluídos na pesquisa Serviços prestados às famílias serviços de alojamento alimentação atividades culturais recreativas e esportivas serviços pessoais pe lavanderias tinturarias cabelereiros e serviços de beleza atividades de ensino continuado pe escolas de idiomas ensino de esportes artes e cultura Serviços de informação e comunicação telecomunicações tecnologia da informação serviços audiovisuais pe atividades de produção e pós produção cinematográfica de vídeos e programas de televisão distribuição de filmes e vídeos exibição cinematográfica atividades de rádio e televisão edição e edição integrada à impressão agências de notícias Serviços profissionais administrativos e complementares serviços técnicoprofissionais pe atividades jurídicas consultorias serviços de arquitetura engenharia agências de publicidade pesquisas de opinião aluguéis não imobiliários intermediação de mão de obra agências de viagens vigilância e segurança serviços paisagísticos e de apoio administrativo 99 101 103 105 107 109 111 113 115 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2007 100 Produtividade SCN Salários e Remunerações Gasto com Pessoal 20 Transportes serviços auxiliares de transportes e correios todas as modalidades de transportes de cargas e passageiros armazenamento correios e outras atividades de entregas Atividades imobiliárias compra venda e aluguel de imóveis próprios intermediação de compra venda e aluguel de imóveis Serviços de manutenção e reparação manutenção e reparação de veículos equipamentos de informática e comunicação objetos pessoais e eletrodomésticos Outras atividades de serviços serviços auxiliares financeiros pe administração de cartões de crédito intermediação de transações de títulos valores imobiliários e mercadorias avaliação de riscos e perdas corretores e agentes de seguros4 esgoto coleta tratamento de resíduos e recuperação de materiais Vamos caracterizar esses subsetores segundo alguns indicadores Em primeiro lugar a Figura 9 mostra que os subsetores de serviços prestados às famílias e de serviços profissionais prestados às empresas que possuem as maiores proporções cada um com valores entre 30 e 35 Se verifica ligeira tendência de redução da proporção de empresas de serviços prestados às famílias e crescimento das empresas de serviços profissionais sem porém alterações muito significativas Os transportes apresentam níveis de participação intermediários de cerca de 14 razoavelmente constantes ao longo do período 4 Tratase de atividades auxiliares e não incluem atividades financeiras de bancos seguradoras e previdência complementar 21 Figura 9 Distribuição das Empresas de Serviços Fonte PASIBGE Elaboração própria O subsetor com o maior ritmo de crescimento do número de empresas é aquele de atividades imobiliárias Apesar de possuir comente 2 do número de empresas o subsetor teve um crescimento de 120 ao longo do período analisado Os três subsetores com as maiores participações apresentaram taxas de crescimento comparativamente mais modestas entre 55 e 65 Por último note que entre 2010 e 2011 há um ritmo um pouco maior de crescimento para a maioria dos subsetores exceto os serviços de informação e comunicação Figura 10 Evolução do Número de Empresas de Serviços Fonte PASIBGE Elaboração própria 0 5 10 15 20 25 30 35 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 S Prest às Famílias S Info e Comunic S Profissionais e Adm Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manut e Reparação Outras Ativ Serv 100 120 140 160 180 200 220 240 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2007 100 S Prest às Famílias S Info e Comunic S Profissionais e Adm Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manut e Reparação Outras Ativ Serv 22 Além do número de empresas vamos observar a distribuição do pessoal ocupado A Figura 11 mostra a distribuição do pessoal ocupado pelos subsetores Podemos observar que a distribuição do pessoal ocupado não segue exatamente aquela do número de empresas devido à variação entre subsetores do número de ocupados por estabelecimento Os serviços prestados às famílias com estabelecimentos menores apresentam menor percentual de pessoas ocupadas Em contraste os serviços profissionais apresentam percentuais maiores uma vez que possuem estabelecimentos maiores Figura 11 Distribuição do Pessoal Ocupado nos Serviços Fonte PASIBGE Elaboração própria Como no caso do número de empresas apesar do crescimento do pessoal ocupado nos serviços observamos que não há mudanças relevantes na composição Isso indica que as oscilações da produtividade se devem mais a variações da produtividade interna aos subsetores do que ao movimento dos trabalhadores em direção a um ou outro subsetor O crescimento diferenciado entre os setores pode ser observado na Figura 12 Podemos observar que o maior crescimento percentual ocorreu novamente no subsetor de atividades mobiliárias de 70 Os maiores setores apresentam crescimento proporcionais relativamente próximos entre si entre 43 e 53 no período 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 S Prest às Famílias S Info e Comunic S Profissionais e Adm Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manut e Reparação Outras Ativ Serv 23 Figura 12 Evolução do Pessoal Ocupado nos Serviços Fonte PASIBGE Elaboração própria A Figura 13 mostra os níveis de produtividade médias mensais dos subsetores de serviços Podemos observar que as maiores níveis de produtividade são dos subsetores de serviços de informação e comunicação e de atividades imobiliárias com valores entre R10000 e R13000 para a maior parte da série As atividades de informação e comunicação envolvem empresas de telecomunicações tecnologia da informação e empresas de radiodifusão que podem envolver estabelecimentos grandes e grupos corporativos Por outro lado as atividades imobiliárias normalmente envolvem grandes valores de compras e vendas o que pode explicar o grande nível de produtividade e o reduzido número de empresas e empregados No outro extremo encontramse os subsetores de serviços prestados às famílias e os serviços de manutenção e reparação Esse resultado é esperado uma vez que esses últimos serviços constituem atividades relativamente mais simples no geral com menos intensidade tecnológica ou de conhecimento e capital A variação de produtividade entre os subsetores é bastante ampla A produtividade dos serviços de informação e comunicação é de quase seis vezes a produtividade dos serviços prestados às famílias 100 110 120 130 140 150 160 170 180 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2007 100 S Prest às Famílias S Info e Comunic S Profissionais e Adm Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manut e Reparação Outras Ativ Serv 24 Figura 13 Produtividade dos Serviços Fonte SCNIBGE PASIBGE Elaboração própria As médias salariais mostradas na Figura 14 possuem um ordenamento entre subsetores no geral semelhante àquele da produtividade da Figura 13 A diferença mais chamativa é a da trajetória salarial do subsetor de atividades imobiliárias que aparece com níveis muito menores do que aqueles dos serviços e informação e comunicação pouco menos do que a metade em todos os anos Por outro lado as atividades de serviços prestados às famílias e de manutenção e reparação apresentam novamente os maiores níveis Figura 14 Salários e Remunerações nos Serviços Fonte INPCIBGE PASIBGE Elaboração própria 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R preços de 2013 S Prest às Famílias S Info e Comunic S Profissionais e Adm Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manut e Reparação Outras Ativ Serv 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R preços de 2013 S Prest às Famílias S Info e Comunic S Profissionais e Adm Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manut e Reparação Outras Ativ Serv 25 As tendências de crescimento das duas variáveis no entanto foi bastante diferenciado Como mostramos anteriormente na Figura 8 a produtividade do setor como um todo cresceu em um ritmo menor do que o dos salários No geral a maioria dos subsetores apresenta crescimento salarial superior ao da produtividade tendo como extremo os transportes e correios cuja produtividade decresceu no período As diferenças entre essas duas variáveis no entanto variam muito entre os subsetores Os subsetores mais produtivos de serviços de informação e comunicação e de atividades imobiliárias apresentaram comportamentos muito diferenciados entre si refletindo suas diferenças de estrutura e organização Os primeiros apresentaram baixo crescimento proporcional de salário e de produtividade porém com ritmos de crescimento muito semelhantes entre si cerca de 5 Em contraste as atividades imobiliárias tiveram acelerado crescimento da produtividade e um lento crescimento dos salários Figura 15 Crescimento Percentual da Produtividade e dos Salários 20072013 Fonte SCNIBGE INPCIBGE PASIBGE Elaboração própria Cada um dos subsetores constitui um conjunto de segmentos com níveis de produtividade razoavelmente heterogêneos A Figura 16 mostra a desagregação de cada subsetor 15 10 5 0 5 10 15 20 25 30 S Prestados às Famílias S Informação e Comunicação S Prof Adm e Compl Transportes S Aux aos Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manutenção e Reparação Outras Ativ Serv Total Produtividade SCN Sal e Rem 26 Figura 16 Produtividade dos Segmentos de Serviços a S Prestados às Famílias b S Informação e Comunicação c S Profissionais Adm e Comp d Transp S aux Transp e Correios e Ativ Imobiliárias f S Manutenção e Reparação g Outras Atividade de Serviços Fonte SCNIBGE PASIBGE Elaboração própria 00 05 10 15 20 25 30 35 40 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Ensino cont At recreativas e cult S alimentação S alojamento S pessoais 0 10 20 30 40 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Ag notícias e outros Edição S audiovisuais Tec Informação Telecom 0 2 4 6 8 10 12 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Ag Viagens Alug não imob Outros S mãodeobra S escritório e apoio adm S segurança S edificios S téc Prof 0 20 40 60 80 100 120 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Armazenamento Correios Tr aquaviário Tr aéreo Tr dutoviário Tr ferroviário e metroviário Tr Rod Cargas Tr Rod passageiros 0 5 10 15 20 25 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Compra venda e al imóveis próprios Int compra venda e al imóveis 00 10 20 30 40 50 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Man Equip informática e com Man Obj pessoais e domésticos Man veículos automotores 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Esgoto e rec materiais S aux Agricopecuária S aux financ 27 Podemos observar que os serviços prestados às famílias painel a e os serviços de manutenção e reparação painel f apresentam níveis relativamente baixos de produtividade para todos os segmentos Os serviços profissionais painel c apresentam variabilidade maior de produtividade com alguns segmentos chegando a valores acima de R8000 como os serviços técnicoprofissionais e os serviços de aluguéis não imobiliários Em alguns dos demais subsetores parece haver maior intensidade de capital e tecnologia de modo que os diversos segmentos possuem maiores níveis de produtividade Nos serviços de informação e comunicação painel b o nível mínimo de produtividade é de R4500 que está acima da maioria dos serviços prestados às famílias e da maioria dos serviços profissionais Entre eles as telecomunicações despontam como o setor mais produtivo com níveis oscilando em torno de R30000 porém com uma tendência decrescente Trajetórias semelhantes ocorrem no subsetor de transportes e correios painel d em que se destaca o segmento de transportes dutoviários com níveis crescentes de produtividade Esses serviços possuem relação com o transporte de commodities da indústria extrativa e envolvem elevados valores de investimento em infraestrutura o que pode explicar o descolamento em relação às demais modalidades de transporte Com a exceção dos transportes aéreos os demais segmentos de transporte apresentaram reduções de produtividade em maior ou menor grau entre 9 e 21 no período Nas atividade imobiliárias painel e um dos subsetores com os maiores níveis de produtividade o segmento de compra venda e aluguel de imóveis próprios apresenta produtividade relativamente elevada em torno de R20000 na maior parte do período Por último nas outras atividades de serviços painel f as atividades auxiliares de serviços financeiros seguros e previdência complementar se destacam A relação entre o crescimento de salários e produtividade com a desagregação por segmentos de subsetores é apresentada na Figura 18 A linha cinza representa a reta de 45º em que o crescimento proporcional das duas variáveis seria igual Note que as variáveis parecem guardar correlação positiva entre si como mostra a linha de tendência linear azul No entanto a maioria dos pontos se situa acima da reta de 45º de modo que na maioria dos segmentos os salários e remunerações cresceram mais rapidamente do que a produtividade repetindo o padrão geral dos subsetores 28 Alguns segmentos se destacam com redução das médias de salários e remunerações agências de notícias e outros serviços de informação 25 telecomunicações 20 compra venda e aluguel de imóveis próprios 9 e atividades de ensino continuado 5 Entre essas as atividades de ensino continuado e as telecomunicações também tiveram redução de produtividade Por outro lado os serviços de compra venda e aluguel de imóveis próprios apresentaram ganhos razoáveis de produtividade Figura 17 Variação dos Salários e Produtividade 20072013 Fonte INPCIBGE SCNIBGE PASIBGE Elaboração própria Por último investigamos a evolução da produtividade de acordo com a intensidade de conhecimento dos serviços Os serviços identificados como intensivos em conhecimento possuem no geral maiores proporções de graduados no ensino superior e possuem maior contribuição para inovações Dessa forma é esperado que esses serviços sejam mais produtivos e que os salários pagos sejam também maiores Para classificar os serviços da PAS por intensidade de conhecimento utilizamos a definição do órgão estatístico europeu Eurostat para a classificação de atividades econômicas da Comunidade Européia NACE adaptada para a CNAE 20 pelas tabelas de correspondência da CONCLA A classificação da Eurostat se baseia na proporção de ocupados com graduação no ensino superior por setor A Figura 18 mostra a evolução do número de empresas segundo intensidade de conhecimento As empresas não intensivas em conhecimento no geral apresentam ritmo de crescimento igual ao das empresas intensivas em conhecimento atém 2010 A partir 30 20 10 0 10 20 30 40 50 60 40 20 0 20 40 60 80 Salários e Remunerações Produtividade 29 daquele ano as primeiras apresentam ritmo mais acelerado de crescimento especialmente entre 2010 e 2011 Figura 18 Evolução do Número de Empresas por Intensidade de Conhecimento Fonte PASIBGE Elaboração própria Na Figura 19 podemos notar que de fato os serviços intensivos em conhecimento apresentam maiores níveis de produtividade e de salários que são quase o dobro dos serviços não intensivos Figura 19 Produtividade e Salários e Remunerações por Intensidade de Conhecimento Fonte SCNIBGE INPCIBGE PASIBGE Elaboração própria 100 110 120 130 140 150 160 170 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2007 100 Não Intensivo Intensivo 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R preços de 2013 Produtividade SCN Não Intensivo Produtividade SCN Intensivo Salários e Rem Não Intensivo Salários e Rem Intensivo 30 Por fim a Figura 20 mostra a evolução da produtividade e dos salários e remunerações Apesar das diferenças de nível mostrados na Figura anterior e de flutuações aos longo dos anos podemos notar que as variações proporcionais de salários e da produtividade são semelhantes para os dois tipos de serviços entre 2007 e 2013 Os salários crescem cerca de 15 enquanto a produtividade permanece estagnada Ao que parece enquanto os serviços menos intensivos apresentam uma trajetória com menos oscilações dos salários e da produtividade os serviços mais intensivos parecem ter sofrido choque em 2009 provavelmente devido à crise econômica internacional dos anos anteriores além de apresentar decréscimo das duas variáveis nos últimos anos da série Figura 20 Evolução da Produtividade e dos Salários e Remunerações por Intensidade de Conhecimento Fonte SCNIBGE INPCIBGE PASIBGE Elaboração própria 5 Conclusões O setor de serviços assume posição de destaque na economia brasileira contemporânea Tal tendência é observada na contribuição para queda da taxa de informalidade no aumento do número de ocupações e no crescimento dos salários dos empregados nesse setor Dessa forma o entendimento das repercussões na economia da mudança estrutural em curso tornase tarefa cada vez mais importante Contrapondo as atividade de serviços abrangidas pela PAS aos demais setores de atividade econômica os dados da PNAD indicaram uma participação crescente daquele 95 100 105 110 115 120 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2007 100 Produtividade SCN Não Intensivo Produtividade SCN Intensivo Salários e Rem Não Intensivo Salários e Rem Intensivo 31 setor no total de empregos da economia No entanto aquelas atividade de serviços mantém escolaridade mediana em comparação aos demais setores além de aumentos modestos nos rendimentos do pessoal ocupado Com intuito de fundamentar o crescimento robusto do setor de serviços utilizamos dados da PAS entre 2007 e 2013 para a construção de análises descritivas nos anos mais recentes e verificouse um aumento nos principais indicadores de interesse no período como um todo entre eles crescimento de 58 no número de empresas média de 8 ao ano aumento de 50 no número de pessoal ocupado Como estudos anteriores constatamos que os segmentos de serviços apresentam grande heterogeneidade de níveis e de variação de produtividade e de salários No geral os serviços prestados às famílias e os serviços de manutenção e reparação conjuntos de atividades predominantemente destinadas ao consumidor final apresentam níveis de produtividade relativamente baixos no período e sem muita dispersão entre os segmentos de atividade No extremo oposto se destacam os serviços de informação e comunicação além das atividades imobiliárias com elevados níveis de produtividade Internamente a esses subsetores se destacam alguns segmentos de atividade altamente produtivos telecomunicações diversos segmentos de transportes aquaviários ferroviários e metroviários aeroviários com destaque para os dutoviários compra venda e aluguel de imóveis próprios e serviços auxiliares financeiros Esses segmentos são mais intensivos em capital e tecnologia e de acordo com a literatura são mais ligados ao consumo intermediário De fato quando dividimos os subsetores por intensidade de conhecimento verificamos que os serviços mais intensivos em conhecimento possuem maiores níveis de produtividade e de salários Por último na comparação da evolução da produtividade com a dos salários e remunerações nossa análise mostra que o crescimento da primeira é inferior ao dos últimos especialmente a partir de 2009 Essa constatação se repete no geral para desagregações em níveis mais detalhados de atividades além de se manter na divisão por intensidade de conhecimento Produtividade com baixo crescimento e custos crescentes com mão de obra podem representar problemas de estrangulamento do setor com dificuldades desse de repassar a elevação dos seus custos ao consumidor 32 7Bibliografia ARBACHE J Produtividade no Setor de Serviços In DE NEGRI F CAVALCANTE L R Orgs Produtividade no Brasil desempenho e determinantes Brasília IPEA vol 2 2006 p 277300 BAUMOL W J Macroeconomics of Unbalanced Growth the anatomy of urban crisis The American Economic Review vol 57 n 3 pp415426 jun 1967 CLARK C The Conditions of Economic Progress London Macmillan 504 p 1940 CRUZ V J M PORCILE G NAKABASHI L SCATOLIN D F Structural Change and the Service Sector in Brazil Universidade Federal do Paraná Departamento de Economia Working Papers n 75 2008 FISHER A G B Production Primary Secondary and Tertiary Economic Record v 15 n 1 pp2438 1939 JACINTO P A RIBEIRO E P Crescimento da Produtividade no Setor de Serviços e da Indústria no Brasil dinâmica e heterogeneidade Economia Aplicada v 19 n 3 p 401427 2015 KUBOTA C L A inovação tecnológica das firmas de serviços no Brasil In DE NEGRI J A KUBOTA L C Orgs Estrutura e Dinâmica do Setor de Serviços no Brasil Brasília IPEA 2006 p 3572 ORGANIZATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT OECD Promoting innovation in services Paris OECD Directorate for Science Technology and Industry oct 2005 OULTON N Must the Growth Rate Decline Baumols Unbalanced Growth Revisited Oxford Economic Papers vol 53 n 4 p 605627 2001 PESSOA J P VAN REENEN J Decoupling of Wage Growth and Productivity Growth Myth and Reality Centre for Economic Performance CEP Discussion Paper nº 1246 2013 SILVA A M DE NEGRI J A KUBOTA L C Estrutura e Dinâmica do Setor de Serviços no Brasil In DE NEGRI J A KUBOTA L C Orgs Estrutura e Dinâmica do Setor de Serviços no Brasil Brasília IPEA 2006 p 1533 SILVA A M Dinâmica da produtividade do setor de serviços no Brasil uma abordagem microeconômica In DE NEGRI J A KUBOTA L C Orgs Estrutura e Dinâmica do Setor de Serviços no Brasil Brasília IPEA 2006 p 73105 SOUZA K B BASTOS S Q A PEROBELLI F S As Múltiplas Tendências de Terciarização uma análise insumo produto da expansão do setor de serviços Anais do 39º Encontro Nacional de Economia Foz do Iguaçu 2011 33 TORRESFREIRE C Um Estudo sobre os Serviços Intensivos em Conhecimento no Brasil In DE NEGRI J A KUBOTA L C Orgs Estrutura e Dinâmica do Setor de Serviços no Brasil Brasília IPEA 2006 p 107132 JUNIOR C L TEIXEIRA R J Mudança Estrutural e Crescimento Econômico no Brasil uma análise do período 19902003 usando a noção de setor verticalmente integrado Nova Economia vol 20 n 1 Belo Horizonte janabr 2010 34 Apêndice Figura A1 Comparação do Pessoal Ocupado entre as Duas Pesquisas Fonte PASIBGE PNADIBGE Elaboração própria Obs os dados da PNAD incluem somente os ocupados considerados formais empregados com carteira assinada funcionários públicos estatutários trabalhadores por conta própria e empregadores com contribuição a algum sistema público de previdência Figura A2 Comparação de Médias Salariais entre as Duas Pesquisas Fonte PASIBGE PNADIBGE INPCIBGE Elaboração própria Obs os dados da PNAD incluem somente os ocupados considerados formais empregados com carteira assinada funcionários públicos estatutários trabalhadores por conta própria e empregadores com contribuição a algum sistema público de previdência 8 9 10 11 12 13 14 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Milhões PNAD PAS 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 R preços de 2013 PNAD PAS Sumário 1 Introdução 11 Justificativa e Relevância do Estudo 12 Objetivos do Trabalho 13 Estrutura do Trabalho 2 O Setor de Serviços no Brasil 31 Definição e Classificação dos Setores de Serviços 32 A Evolução do Setor de Serviços no Brasil 33 Principais Segmentos do Setor de Serviços Comércio Transporte Tecnologia Educação Saúde etc 34 Fatores que Influenciam o Crescimento do Setor de Serviços 3 Análise Comparativa Setor de Serviços Agricultura e Indústria no PIB Brasileiro 31 Participação de Cada Setor no PIB Brasileiro 32 Tendências e Projeções Futuras para os Setores 33 O Papel do Setor de Serviços no Crescimento Econômico do Brasil 4 Conclusão 41 Resumo dos Principais Achados 42 Considerações Finais 43 Sugestões para Pesquisas Futuras 5 Referências Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 181 O PIB brasileiro nos séculos XIX e XX duzentos anos de flutuações econômicas Guilherme Tombolo1 Armando Vaz Sampaio2 Resumo O objetivo desse trabalho é o de analisar o comportamento da série do PIB brasileiro entre 1820 e 2012 no que diz respeito ao seu comportamento cíclico e períodos de crescimento econômico Outro objetivo que surgiu com o anterior foi o de estimar o PIB nominal e real do Brasil entre 1820 e 1899 dada a ausência de estimativas que cobrissem esse período de forma continua Identificamos sete fases de crescimento do produto real agregado brasileiro A taxa média do período como um todo 18202012 193 anos foi de 371 aa média ponderada pela duração dos períodos Na análise do PIB per capita identificamos seis fases de crescimento A taxa média de crescimento do período como um todo foi de 293 aa No que diz respeito à volatilidade dos ciclos tal volatilidade foi em geral decrescente quando medida pelo desviopadrão dos ciclos extraídos pelo Filtro HP Palavraschave Ciclos Econômicos História Econômica do Brasil Produto In terno Bruto PIB do Brasil JEL E32 N16 E01 1 Mestre em Desenvolvimento Econômico PPGDEUFPR Doutorando em Desenvolvimento Econômico PPGDEUFPR Email guilhermetombolohotmailcom 2 Doutor em Economia Aplicada EsalqUSP Professor Adjunto Departamento de Economia UFPR e PPGDE UFPR Email avsampaioufprbr Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 182 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX Brazilian GDP in the nineteenth and twentieth centuries two hundred years of economic fluctuations Abstract The aim of this paper is to analyze the behavior of the series of Brazilian GDP between 1820 and 2012 with regard to its cyclical behavior and periods of economic growth Another goal that came with the previous one was to estimate the nominal and real Brazilian GDP between 1820 and 1899 given the absence of estimates which covered the period continuously We identified seven phases of growth in Brazilian real GDP The average rate for the period as a whole 1820 2012 193 years was 371 pa weighted average for the duration of periods In the analysis of GDP per capita we identified six phases of growth The average growth rate for the period as a whole was 293 pa With regard to the volatility of cycles such volatility was generally decreasing as measured by standard deviation of the cycles extracted by the filter HP Keywords Economic Cycles Economic History of Brazil Gross Domestic Product GDP of Brazil JEL E32 N16 E01 1 Introdução A análise dos ciclos econômicos tem uma longa tradição na ciência econômi ca tradição essa que remonta aos primórdios da disciplina com os trabalhos dos clássicos como Adam Smith David Ricardo Thomas Malthus etc No século XX o estudo dos ciclos econômicos ganha novo impulso na esteira da grande depressão econômica da década de 1930 A análise das propriedades estatísticas dos ciclos econômicos também começou a receber atenção nessa época dada a recente disponibilidade de estatísticas econômicas regulares Os autores Mitchell e Burns 1946 identificaram várias características dos ciclos econômicos da economia dos Estados Unidos assim como o fez Kaldor 1961 para economias em geral O estudo de tais propriedades é importante tanto para fins de confrontação e teste de modelos macroeconômicos quanto para a compilação de dados para a historiografia econômica Neste trabalho em particular objetivamos anali sar o comportamento da série temporal do PIB brasileiro entre 1820 e 2012 no que diz respeito ao seu comportamento cíclico e seus distintos períodos de crescimento econômico Naturalmente outro objetivo que surgiu foi o de estimar o PIB nominal e real brasileiro entre 1820 e 1899 dada a ausência de estimativas que cobrissem esse período de forma continua Estimamos também o PIB real em dólares internacionais de GearyKhamis no período Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 183 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX 18201899 a fim de comparar nossas estimativas com as de Maddison 2006 Outros autores como Furtado 1976 Leff 1972 1991 Haddad Contador 1975 e Goldsmith 1986 enfrentaram a tarefa de obter estimativas do PIB ou da renda nacional brasileira no século XIX Entretanto para se analisar o comportamento cíclico do PIB acreditamos que as nossas estimativas do PIB nominal e real para o período de 1820 a 1900 são mais acuradas e adequadas por se basearem no procedimento econométrico de análise de cointegração No que diz respeito à análise das propriedades cíclicas do PIB brasileiro durante o século XIX ou parte dele o trabalho de Araújo et al 2008 é o único que nós saibamos em que se analisam os ciclos econômicos e o crescimento do produto brasileiro na tradição da teoria do ciclo de negócios Fazem isso para o período 18502000 utilizandose da estimativa do PIB brasileiro entre 1850 e 1899 de Goldsmith 1986 encadeadas à estimativa de Haddad 1978 em 1900 e às estimativas oficiais em 1947 Este trabalho está dividido em cinco seções incluindo essa Introdução Na seção 2 O PIB nominal e real do Brasil no século XIX 18201900 nós proce demos a estimação do PIB nominal e real do Brasil O PIB nominal foi obtido de uma regressão cointegrante do log natural do PIB nominal entre 1900 e 1946 contra o log natural da população da receita geral do setor público das exportações e importações de bens e do conceito de moeda M2 O PIB real por sua vez é obtido do deflacionamento do PIB nominal por um deflator implícito do PIB Tal deflator foi estimado de uma regressão cointegrante do deflator implícito do PIB entre 1889 e 1930 contra índices de preços dos séculos XIX e XX Na seção 3 Comparações Internacionais nós convertemos para dólares in ternacionais de GearyKhamis o PIB real que nós estimamos na seção 2 a fim de comparar os nossos resultados com os de Maddison 2006 A conversão é feita por meio de uma regressão cointegrante para o período 19001946 do log do PIB brasileiro medido em dólares internacionais de 2008 contra o log do PIB brasileiro em reais de 2008 o log do deflator implícito do PIB e o log do índice de preços ao consumidor CPI dos Estados Unidos Na seção 4 PIB brasileiro períodos de crescimento e ciclos nós fizemos uma breve análise do comportamento do produto brasileiro no período 18202012 Por fim na seção 5 Conclusões nós relatamos os principais resultados alcançados no trabalho 2 O PIB nominal e real do Brasil no século XIX 18201900 É difícil estimar variáveis como o PIB para o século XIX devido à escassez Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 184 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX de dados e estatísticas que embasem tais estimativas No entanto existem estimativas indiretas do produto real do Brasil para esse período A maioria delas se baseia em variáveis fiscais do governo federal exportações e im portações agregados monetários etc Uma das primeiras estimativas é a de Furtado 1976149 que estimou a taxa de crescimento da renda per capita para o Brasil como um todo em 15 aa entre 1850 e 1900 e 23 aa para a região cafeeira no mesmo período Vale do Paraíba e oeste do Estado de São Paulo Furtado se baseou em séries de comércio internacional e fez na verdade mais uma conjectura do que uma estimativa propriamente dita Entretanto essa conjectura de Furtado foi considerada demasiado otimista por não se conformar com outros estudos Por exemplo Coatsworth 1978 quadro 1 apud Abreu Lago 20124 estima o crescimento do PIB per capita em 036 aa no período 18001860 e 040 aa no período 18601910 Por sua vez Maddison 2006520 sugere um crescimento da renda per capita de 020 aa entre 1820 e 1870 e 030 aa entre 1870 e 1913 Engerman e Sokoloff 1997270 também para a renda per capita sugerem 040 aa para 18001850 e 040 aa para 18501913 esta última destoando sobremaneira de Maddison e de Coatsworth como ressaltado por Abreu e Lago 20124 Extraindo o primeiro componente principal1 das séries de exportações impor tações e gastos do Governo Central2 todos deflacionados Contador Haddad 1975 estimam o crescimento do produto real per capita em 086 aa para o período 18611889 e 268 para o produto real agregado no mesmo período Para o período 18611900 as estimativas são 040 aa per capita e 147 aa agregado Por outro lado Leff 1991capítulo 3 e Leff 1972 se utilizando da relação de trocas da teoria quantitativa da moeda estima a taxa de cresci mento média da renda real per capita entre 1822 e 1913 no intervalo de 03 a 08 aa A média desses valores é 025 aa portanto a renda per capita de 1913 seria apenas 25 maior do que o foi em 1822 segundo as conclusões de Leff Empregando a mesma técnica usada por Leff 1972 1991 e também se baseando em Maddison 2006 e Engerman e Sokoloff 1997 Castro Gonçalves 2010 estimam o crescimento da renda per capita no Brasil em 044 aa entre 1800 e 1850 e 0207 aa entre 1851 e 1910 Uma das estimativas mais citadas do produto brasileiro no século XIX é a feita por Goldsmith 1986 O professor Goldsmith 1986 24 elaborou uma série experimental do produto interno bruto brasileiro a preços correntes tomando a média aritmética simples de quatro indicadores a saber índice de massa de salários oferta nominal de moeda M2 exportações mais importações nominais e gastos do Governo Central também em termos nominais O índice de massa de salários foi obtido multiplicando um índice de salários pagos3 por um índice de população conforme Goldsmith 198633 Dado o índice obtido 1 Análise de Componentes Principais é uma técnica estatísticomatemática 2 Governo Central corresponde ao governo federal ou ao governo da União hoje em dia 3 Índice elaborado por Lobo 1971 tomando a média de salários pagos a 20 ocupações na cidade do Rio de Janeiro entre 1850 e 1930 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 185 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX pela média aritmética dos indicadores este foi então encadeado às estimativas do professor Haddad 1978 em 1910 voltando até o ano de 1850 gerando assim uma estimativa do PIB nominal brasileiro para o período 185019104 Para obter o produto em termos reais ou a preços constantes Goldsmith 198631 construiu um índice de preços interno para o período 18501913 baseado na média aritmética simples de quatro índices de preços calculados de forma aproximada por outros quatro autores5 sendo que tais índices de preços serão abordados mais adiante nesse trabalho Dividindo a série de produto nominal pelo seu índice de preços internos Goldsmith 19862223 8283 obteve uma série do produto a preços constantes para o Brasil entre 1850 e 1910 Em preços constantes o produto no agregado teria crescido a uma taxa de 232 aa entre 1850 e 1880 e 230 aa entre 1880 e 1910 em termos per capita foi 066 aa para o período 18501880 e 0157 aa para o período 1880 e 1910 Porém as estimativas de Goldsmith 1986 são vistas com muitas reservas entre outras coisas por se basearem num índice de preços inteiramente inadequado além de depender de algumas hipóteses questionáveis sobre o funcionamento da economia do Brasil no século passado IBGE EHB 1990 88 apud ABREU LAGO 20124 Não obstante optamos nesse trabalho por uma abordagem semelhante à de Goldsmith para se calcular o PIB nominal e real brasileiro no século XIX Ao fazer isso entretanto proce demos de forma diferente empregando econometria ao invés de uma média simples das variáveis 21 Estimação do PIB nominal Nossa ideia foi estimar uma regressão cointegrante do log natural do PIB nominal calculado por Haddad 1978 entre 1900 e 1946 contra o log natural da população da receita geral do setor público das exportações e importações de bens e do conceito de moeda M2 valores monetários em Contos de Réis Os dados da população residente foram obtidos de Mortara 1941 em termos decenais para o período de 1770 a 1870 e do Ipeadata 2012 para o período 18722011 sendo que entre 1980 e 2011 os dados referemse à estimativa da população residente em 1o de julho feitas pelo IBGE Os dados de Mortara 1941 foram anualizados por interpolação cúbica e encadeados aos do Ipea data 20126 Os dados completos da população estão no apêndice estatístico 4 De fato as estimativas de Haddad 1978 cobrem o período de 1900 a 1947 sendo que as estimativas oficiais do PIB brasileiro iniciaramse em 1947 No entanto as estimativas de Haddad são menos confiáveis para o período 190019081910 embora sejam amplamente aceitas O professor Goldsmith por seu turno preferiu encadear suas estimativas ao ano de 1910 e não ao de 1908 5 Buescu 1973223 1977125 197927 Lobo 197126062 Onody 1960118 394 e Randall 1977 apud Vieira 1947 1981 6 De fato Mortara 1941 estimou a população brasileira decenalmente entre 1770 e 1919 e obteve estimativas anuais desta por meio da interpolação linear dos valores decenais Nós optamos aqui pela interpolação cúbica porque essa produz uma série mais suave da evolução da população no país Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 186 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX desse trabalho os dados decenais de população estão na Tabela 1 TABELA 1 POPULAÇÃO RESIDENTE NO BRASIL 17702010 Ano População Ano População Ano População Ano População 1770 2502000 1830 5354000 1900 17438434 1980 119011052 1780 2841000 1840 6233000 1920 30635605 1991 144825152 1790 3225000 1850 7256000 1940 41236315 1996 157070163 1800 3660000 1860 8448000 1950 51944397 2000 169799170 1810 4155000 1870 9384000 1960 70070457 2007 183987291 1820 4717000 1872 10112061 1970 93134846 2010 190732694 Fonte Para 17701870 Mortara 1941 e para 18722010 Ipeadata 2012 Com relação às receitas do setor público existem séries de receitas e despe sas gerais do governo federal que retrocedem até 1823 No que diz respeito a estados e municípios tais estatísticas são escassas para o século XIX Entre os anos de 1819 e 1822 Gama 1823 traz dados esparsos sobre as receitas e despesas das províncias do recémfundado Império do Brasil o autor Carreira 1889 p 98 311 338 mostra dados das receitas e despesas das três esferas de governo nos anos fiscais de 1823 1855 e 1870 por sua vez Cavalcanti 1890 p 279280 1724 mostra tais dados nos anos fiscais de 1840 e de 1878 até 1888 esses valores estão na tabela 2 TABELA 2 RECEITAS DO SETOR PÚBLICO POR ESFERAS DE GOVERNO 18211907 União A Províncias B Municípios C Setor Público D E A100D E 1821 3997 5711 391 10099 3958 1823 3802 12727 443 16972 2240 184041 16311 4981 935 22227 7383 18541855 36985 8323 1603 46911 7884 18591860 43807 13204 1973 58985 7427 18851886 126883 59228 8578 194688 6517 1907 536060 206653 71538 814251 6583 Fonte Gama 1823 Carreira 1889 Cavalcanti 1890 e Ipeadata 2013 Nota Valores em Contos de Réis Nota Valores interpolados De forma a obter valores mais representativos nós interpolamos os valores indicados pelos autores acima com base na série de receita geral da união e Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 187 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX encadeamos o resultado às séries de receita geral do setor público a partir de 1907 disponíveis no Ipeadata Para consultar tais dados vide o apêndice estatístico Os dados de exportações e importações de bens foram obtidos do site do Ipeadata Os dados relativos à oferta de moeda M2 também disponíveis no Ipeadata foram calculados por Pelaez Suzigan 1976 para o período de 1852 em diante Para o período entre 1839 e 1851 existem dados de depósitos a vista e a prazo para o Banco do Brasil apenas também de Pelaez Suzigan 1976 e para o período de 1810 a 1838 existem dados referentes apenas ao papel moeda emitido Em vista disso utilizamos o papel moeda emitido entre 1820 e 1838 e o M2 restrito com depósitos a vista e a prazo apenas do Banco do Brasil entre 1839 e 1851 representando o M2 e de 1852 em diante utiliza mos o M2 de fato Os resultados da regressão do log natural do PIB nominal entre 1900 e 1946 contra o log natural da população da receita geral do setor público das exportações e importações de bens e do conceito de moeda M2 valores monetários em Contos de Réis são mostrados na Tabela 3 TABELA 3 REGRESSÃO DE MQO DO LOG NATURAL DO PIB NOMINAL 19001946 Coeficiente Erro Padrão Razãot Pvalor Ln Receitas do S Público 0209187 00620204 33729 000161 Ln Exportações 0258224 00710668 36335 000076 Ln Importações 0174815 00572931 30512 000394 Ln MoedaM2 0353583 00495965 71292 000001 Ln População 0105355 00179814 58591 000001 Obs 47 R2 09999 F542 598206 rô 00108 DurbinWatson 202 Diagnóstico dos resíduos e do modelo Objeto do Teste Teste Hipótese Nula Est do Teste pvalor Normalidade Jarque Bera Qui2 2 Os erros são nor mais 38844 01434 Autocorrelação 1ª Ordem Durbin Watson Sem auto correlação 20200 03454 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados obtidos do software econométrico Gretl 19107 Nota O teste identificou três vetores de cointegração 7 Disponível para download gratuito em httpgretlsourceforgenetgretlportugueshtml Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 188 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX TABELA 3 REGRESSÃO DE MQO DO LOG NATURAL DO PIB NOMINAL 19001946 CONTINUAÇÃO Diagnóstico dos resíduos e do modelo Objeto do Teste Teste Hipótese Nula Est do Teste pvalor Autocorrelação 1ª Ordem LM de Breusch Godfrey Sem auto correlação 00048 09449 Autocorrelação 2ª Ordem LM de Breusch Godfrey Sem auto correlação 04566 06367 Heterocedasticidade LM de White Qui2 19 Sem Hete rocedastic 244503 01794 Heterocedasticidade LM de Breusch Pagan Sem Hete rocedastic 31476 05334 ARCH 1ª ordem LM Sem efeito ARCH 00047 09451 ARCH 2ª ordem LM Sem efeito ARCH 00218 09891 Estab dos parâmetros CUSUM Parâm não mu dam 01284 08985 Testes de Cointegração Teste Variante Defasagens Hipótese Nula Estatís do teste pvalor EngleGranger Sem constante 0 Sem cointe gração 67860 00001 Johansentraço Sem constante 3 Sem cointe gração 40317 00474 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados obtidos do software eco nométrico Gretl 19108 Nota O teste identificou três vetores de cointegração A regressão da Tabela 3 foi estimada em níveis não obstante a não esta cionariedade das variáveis envolvidas porque os testes de cointegração de EngleGranger e de Johansen indicaram a presença de cointegração entre as 8 Disponível para download gratuito em httpgretlsourceforgenetgretlportugueshtml Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 189 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX variáveis Portanto nossa estimativa do Log do PIB nominal para o período 18201899 foi feita de acordo com a seguinte equação LnPIB LnR LnX LnIM LnM LnPop 0 2092 0 2582 0 1748 0 3536 2 0 1054 onde LnPIB é o log natural do PIB nominal LnR é o log natural da receita total do setor público LnX é o log natural das exportações de bens LnIM é o log natural das importações de bens LnM2 é o log natural do estoque de moeda M2 e LnPop é o log natural da população residente O valor obtido pela equação ainda foi corrigido para outliers pelo programa TRAMOSEATS do software GRETL 1910 No Gráfico 1 mostramos as es timativas do PIB nominal deste trabalho a de Goldsmith 1986 e a de Con tador Haddad 1975 para efeitos de comparação Uma inspeção visual do gráfico 1 mostra que os dados de Goldsmith superestimam os dados obtidos pelo nosso trabalho e por Contador Haddad 1975 Acreditamos que no caso de Goldsmith os motivos para isso além de ele ter usado uma média simples das variáveis é que ele usou mais séries do que nós usamos em nossa estimativa como já dito antes GRÁFICO 1 ESTIMATIVAS DO PIB NOMINAL MILHARES DE CONTOS DE RÉIS 18201900 Fonte Resultados do trabalho Goldsmith 1986 2223 8283 e Contador Haddad 1975 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 190 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX A estimativa do PIB nominal para o ano de 1872 obtida na regressão acima foi de Rs 10084832617769 por seu lado Reis 2008 num trabalho des tinado a estimar a renda per capita brasileira em 1872 com base no censo demográfico nacional daquele ano estimou o PIB renda nominal de 1872 em Rs 1065776549000 Portanto nossa estimativa do PIB nominal em 1872 equivale a 9462 da estimativa de Reis 2008 a qual se utilizou de uma base de dados desagregada e nacionalmente mais abrangente Isso nós acreditamos reforça a plausibilidade de nossas estimativas10 22 Estimação do deflator implícito do PIB Para obter uma estimativa do deflator implícito do PIB o procedimento foi semelhante ao que foi feito para calcular o PIB nominal Utilizando índices de preços calculados para o século XIX e XX foi feita uma regressão cointe grante do deflator implícito do PIB calculado entre 1889 e 1908 por Villela Suzigan 1973 e entre 1909 e 1947 por Haddad 1978 contra tais índices de preços A regressão ajustada será utilizada para calcular uma estimativa do deflator implícito do PIB retroativamente até 1820 Os índices de preços para o século XIX geralmente são de preços ao consumidor calculados para uma região especifica como o de Lobo 1971 calculado para o Rio de Janeiro entre 1820 e 1930 ou são médias simples das variações de alguns preços como o índice de Onody 1960 Vieira 1947 e Buescu 1973 Outra abordagem comum para se estimar índices de preços para o século XIX é utilizar a Teoria da Paridade do Poder de Compra entre as taxas de câmbio Tal abordagem foi utilizada por Leff 1991 e Luz Peláez 1972 Este trabalho utilizou os índices de Lobo 1971 com ponderação de Affonseca Junior 1920 e Vieira 1947 além de elaborar um índice PPP nos moldes do que fizeram Leff 1991 e Luz Peláez 1972 utilizamos também um índice da taxa nominal de câmbio O índice de Buescu 1973 não será utilizado porque cobre apenas o período 18261887 O índice de Leff 1991 não será utilizado porque cobre apenas o período 18221913 além de corrigir o índice PPP pelos termos de troca A correção do índice PPP pelos termos de troca daria uma estimativa mais acurada do índice PPP no entanto não existem estimativas confiáveis de índices de preços para as exportações e importações para anos anteriores a 1850 o que acrescentaria mais incerteza ao índice PPP calculado O índice de Luz Peláez 1972 não será utilizado porque os autores utilizam o preço ao consumidor do Reino Unido para calcular o índice enquanto a teoria sugere um índice de preços no atacado O índice PPP calculado neste trabalho utilizará o índice da taxa de cambio Milréis 9 Rs é o símbolo da unidade monetária da época o MilRéis que vigorou do período colonial até outubro de 1942 quando foi substituído pelo cruzeiro 10 Além disso nossas estimativas do PIB nominal para os anos de 1871 e 1873 foram de Rs 962388061933 e Rs 1086821608577 respectivamente valores que também são próximos a estimativa para 1872 de Reis 2008 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 191 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX Libra Esterlina e o índice de preços no atacado no Reino Unido11 entre 1820 e 1930 de acordo com a seguinte fórmula PPP ITxC IPA B RU Rs RU Y onde PPP B RU é o índice de paridade do poder de compra do Brasil sobre o Reino Unido ITxC Rs Y é o índice da taxa de câmbio MilRéisLibra Esterlina e IPARU é o índice de preços no atacado no Reino Unido No gráfico 2 estão as séries dos índices de preços de Lobo 1971 Vieira 1947 e o índice PPP calculado acima GRÁFICO 2 ÍNDICES DE PREÇOS DO SÉCULO XIX LOGS 1910100 18201930 Fonte Resultados do trabalho Lobo 1971 e Vieira 1947 Os quatro índices de preços mostrados no Gráfico 2 indicam que os preços foram crescentes no Brasil do século XIX porém a inflação foi branda para os padrões brasileiros cerca de 191 aa entre 1820 e 1889 e 279 aa entre 1820 e 1900 pela média dos índices de Lobo 1971 Vieira 1947 e do índice PPP construído acima O resultado da regressão cointegrante do deflator implícito do PIB é mostrado na Tabela 4 abaixo 11 Índice Rousseaux em Mitchell 1988471473 para 18201913 e para 19141930 Mitchell 1988388 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 192 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX TABELA 4 REGRESSÃO DE MQO DO LOG NATURAL DO DEFLATOR DO PIB 18891930 Coeficiente Erro Padrão Razãot pvalor Constante 1219920 01297260 94038 000001 Dummy 1889 0195367 00673783 28996 000650 Dummy 1890 0169363 00664746 25478 001553 Dummy 18891895 0120573 00335120 35979 000101 Ln Preços de Lobo 1971 0514991 00961621 53554 000001 Ln Preços de Vieira 1947 0200174 00592410 33790 000184 Ln Índice de Preços PPP 0140906 00764005 18443 007387 Ln Índice Tx nom de Câmbio 0149241 00503709 29628 000553 Obs 42 R2 09857 F734 3358356 rô 007026 DurbinWatson 186 Diagnóstico dos resíduos e do modelo Objeto do Teste Teste Hipótese Nula Est do Teste Pvalor Normalidade Jarque Bera Qui2 2 Os erros são normais 54356 00660 Autocorrelação 1ª Ordem Durbin Watson Sem autocor relação 18595 01045 Autocorrelação 1ª Ordem LM de Breusch Godfrey Sem autocor relação 05134 04753 Autocorrelação 2ª Ordem LM de Breusch Godfrey Sem autocor relação 06825 05077 Heterocedasti cidade LM de White Qui2 20 Sem Hetero cedastic 204289 04314 Heterocedasti cidade LM de Breusch Pagan Sem Hetero cedastic 57206 05727 ARCH 1ª Ordem LM Qui2 1 Sem efeito ARCH 11691 02796 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados obtidos do software eco nométrico GNU Gretl 1910 Nota O teste identificou um vetor de cointegração Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 193 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX TABELA 4 REGRESSÃO DE MQO DO LOG NATURAL DO DEFLATOR DO PIB 18891930 CONTINUAÇÃO Diagnóstico dos resíduos e do modelo Objeto do Teste Teste Hipótese Nula Est do Teste Pvalor ARCH 2ª Ordem LM Qui2 2 Sem efeito ARCH 09800 06126 Estab dos parâmetros CUSUM Parâm não mudam 15803 01236 Testes de Cointegração Teste Variante Defasagens Hipótese Nula Est do teste pvalor EngleGranger Com constante 0 Sem cointe gração 58948 00422 Johansen traço Com constante 2 Sem cointe gração 55891 00326 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados obtidos do software eco nométrico GNU Gretl 1910 Nota O teste identificou um vetor de cointegração A regressão da Tabela 4 foi estimada em níveis não obstante a não estaciona riedade das variáveis envolvidas porque os testes de cointegração de Engle Granger e também de Johansen indicaram a presença de cointegração entre as variáveis Além disso quando da presença de observações atípicas foram incluídas variáveis dummies de forma a tornar a distribuição dos resíduos normal Portanto nossa estimativa do Log do PIB nominal para o período 18201899 foi feita de acordo com a seguinte equação LnDef LnLobo LnVieira LnPPP LnTxC 1 22 0 525 0 20 0 1409 0 1492 onde LnDef é o log natural do deflator do PIB LnLobo é o log natural do índice de preços de Lobo 1971 LnVieira é o log natural do índice de pre ços de Vieira 1947 LnPPP é o log natural do índice de preços de paridade do poder de compra e LnTxC é o log natural do índice da taxa de câmbio nominal MilRéisLibra No Gráfico 3 mostramos o Deflator do PIB calculado neste trabalho encade ado ao índice de Villela Suzigan 1973 e o calculado por Goldsmith 1986 para efeitos de comparação Uma inspeção simples do gráfico mostra que o índice de Goldsmith é bem semelhante ao nosso no período 18501888 e sobreestima o índice de Villela Suzigan 1973 para o período 18891897 voltando a ser praticamente igual no período 18981913 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 194 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX GRÁFICO 3 DEFLATORES DO PIB LOGARITMOS 1910100 18201913 FonteResultados do trabalho e Goldsmith 1986 2223 8283 23 O PIB real no período 18201900 Na Tabela 5 nós mostramos algumas estimativas de outros autores compara das com as nossas para o crescimento do PIB real entre 1850 e 1913 A grosso modo as estimativas são semelhantes no que diz respeito a movimentos de tendência isto aumentam e diminuem ao mesmo tempo em praticamente todas as observações da tabela No Gráfico 4 são mostrados o PIB real estima do neste trabalho e o estimado por Goldsmith 1986 e Contador Haddad 1975 A inspeção do Gráfico 4 revela que a estimativa de Goldsmith sobre estima os valores por nós calculados neste trabalho e também os calculados por Contador Haddad 1975 Um exercício interessante como sugerido por Contador Haddad 1975 413 é tentar identificar na série de PIB real estimada perturbações causadas por fatos e eventos históricos Tal exercício é ilustrado na Figura 1 Depois da independência em 1822 o Brasil entrou em guerra entre 1825 e 1828 contra Argentina pela posse da então província brasileira da Cisplatina o conflito terminou em acordo no ano de 1828 com a independência da região sob o nome de República Oriental do Uruguai Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 195 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX TABELA 5 ESTIMATIVAS ALTERNATIVAS DE CRESCIMENTO DO PIB EM AA 18501910 Período Pop Contador e Haddad Goldsmith Este trabalho Agreg Per cap Agreg Per cap Agreg Per cap A B B A C C A D D A 18501860 153 259 106 239 085 18601870 147 297 150 309 162 369 222 18701880 190 183 007 160 030 168 022 18801890 197 156 041 117 080 249 052 18901900 198 016 182 151 047 193 005 19001910 300 784 484 381 081 351 051 18501900 177 199 022 243 066 18601900 183 155 028 184 001 244 061 18501910 197 229 032 261 064 18601910 206 278 072 223 017 266 059 Fonte Resultados do trabalho Contador Haddad 1975 e Goldsmith 1986 Nota Valores calculados a partir da tendência das séries calculadas pelo Filtro HP com λ 100 O período de entre 1835 e 1845 foi marcado por várias revoltas regionais como a Revolta dos Malês 1835 em SalvadorBahia a Revolta de Cabanagem 18351840 no Pará a Revolta Farroupilha 18351845 no Rio Grande do Sul a Revolta Sabinada 18371838 na Bahia a Revolta de Balaiada 1838 1841 no Maranhão e as Revoltas Liberais 1842 de Minas Gerais e São Paulo Entre 1848 e 1850 ocorreu a última rebelião interna do Império esta ocorreu no Pará e chamouse de Revolta Praieira Em 1864 o Brasil lutou contra o ditador uruguaio Aguirre e no mesmo ano entrou em guerra contra o Paraguai numa aliança com Argentina e Uruguai sendo que esta guerra durou até 1870 Também em 1864 ocorreu uma grande crise comercial e bancária no Rio de Janeiro É sabido também que entre 1875 e 1880 o nordeste brasileiro enfrentou uma seca devastadora tal período também foi marcado por uma recessão mundial Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 196 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX GRÁFICO 4 ESTIMATIVAS DO PIB REAL MILHARES DE CONTOS DE RÉIS DE 1910 18201900 Fonte Resultados do trabalho Goldsmith 1986 e Contador Haddad 1975 FIGURA 1 PIB REAL EM BILHÕES DE REAIS DE 2008 E FATOS HISTÓRICOS 18201900 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 197 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX Em 1888 foi criada uma lei autorizando a emissão de moeda por bancos par ticulares A oferta de moeda teria crescido mais de 100 entre 1888 e 1894 Em 1892 começaram as falências e concordatas no que ficou conhecido como a crise do encilhamento CONTADOR e HADDAD 1975 Entre 1893 e 1897 ocorreram as primeiras revoltas do período republicano que foram a Revolta da Armada 18931894 no Rio de Janeiro a Revolta Federalista 18931895 no sul e sudeste do Brasil e a Guerra de Canudos 18931897 no interior da Bahia Outros eventos históricos importantes nessa época foram a abolição da escravidão em maio de 1888 e a proclamação da república em novembro de 1889 Na Tabela 6 nós mostramos relações da economia brasileira do século XIX e início do XX tais como velocidades de circulação dos agregados monetários participação das exportações importações e receita geral do setor público no PIB A velocidade de circulação dos agregados monetários permaneceu praticamente constante durante o século XIX com leve movimento ascen dente no final do século XIX e início do XX A participação das exportações no PIB registrou tendência de queda durante o período Na década de 1820 essa participação era de 26 na década de 1920 havia caído para 1459 A participação das importações no PIB também mostrou tendência de queda no período Na década de 1820 essa participação era de 28 na década de 1920 havia caído para 1254 TABELA 6 COMPORTAMENTO DAS VELOCIDADES DE CIRCULAÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR E DA CARGA TRIBUTÁRIA 18201920 Vpm V0 V1 V2 XPIB IMPIB RspPIB 1820 676 2609 2807 1814 1830 491 2238 2460 1391 1840 466 2170 2478 1233 1850 541 599 550 458 2284 2608 1376 1860 567 655 504 455 2318 2088 1346 1870 547 583 459 399 1852 1556 1511 1880 643 751 537 410 1745 1434 1623 1890 482 685 387 315 2247 2018 1467 1900 564 710 518 477 2020 1310 1591 1910 579 795 470 389 1667 1261 1414 1920 798 1166 486 389 1459 1254 1233 Média 578 743 489 411 2055 1934 1454 Fonte Elaboração própria Nota Vpm V0 V1 e V2 são as velocidades do papel moeda emitido de M0 de M1 e de M2 X representa as exportações IM as importações e Rsp é a receita total do setor público Todos estão como razão do PIB nominal Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 198 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX A receita total do setor público uma proxy para a carga tributária12 oscilou entre 13 e 16 do PIB no período entre 1820 e 1920 isto é era cerca da me tade do que é hoje Na Tabela 7 mostramos a evolução do PIB real total e per capita em reais de 2008 O PIB real total aumentou 1104 vezes em 192 anos o que dá uma taxa de crescimento anual média de 374 aa O PIB real per capita por sua vez aumentou 27 vezes em 192 anos o que dá uma taxa de crescimento anual média de 174 aa TABELA 7 PIB REAL TOTAL EM MILHÕES E PER CAPITA EM REAIS R DE 2008 18202011 Ano PIB PIB per capita Ano PIB PIB per capita 1820 3025 641 1890 17657 1232 1830 3502 654 1900 18481 1060 1840 4000 642 1925 51256 1535 1850 6033 831 1950 179593 3457 1860 7188 851 1975 1076533 10141 1870 11368 1163 2000 2278662 13304 1880 12427 1053 2011 3338702 17355 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho 3 Comparações Internacionais A fim de comparar os nossos dados com os de Maddison 2006 é necessário que nossa estimativa do PIB possa ser convertida em dólares internacionais de GearyKhamis de 2008 Para obter uma estimativa de tal conversão nós estimamos uma regressão cointegrante para o período 19001946 do log do PIB brasileiro medido em dólares internacionais de 2008 contra o log do PIB brasileiro em reais de 2008 o log do deflator implícito do PIB e o log do índice de preços ao consumidor CPI dos Estados Unidos Os resultados da regressão estimada são mostrados na Tabela 8 Os testes de DurbinWatson e o teste LM de BreuschGodfrey identificaram a presença de autocorrelação de primeira ordem a pelo menos 5 de signi ficância na regressão da Tabela 8 O teste LM de White identificou heteroce dasticidade a 5 de significância e o teste LM de BreuschPagan a identificou a 10 de significância Em vista disso a regressão da tabela 8 foi reestimada por máxima verossimilhança para corrigir a autocorrelação de primeira or dem dos resíduos O resultado dessa estimação também está na Tabela 8 O PIB em dólares internacionais de 2008 estimado na regressão da tabela 8 é mostrado no Gráfico 5 juntamente com a estimativa de Maddison 2006 12 Essa receita total do setor público inclui outros tipos de receitas como empréstimos emissões de moeda venda de ativos receitas de empresas estatais etc Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 199 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX As estimativas de Maddison são continuas isto é disponíveis ano a ano en tre 1870 e 2008 Para o período anterior a 1870 existem estimativas apenas para 1820 e 1850 A fim de se obter uma melhor visualização do gráfico nós interpolamos os dados de Maddison no Gráfico 5 TABELA 8 REGRESSÃO DE MQO DO LOG NATURAL DO PIB EM DÓLARES DE GEARYKHAMIS DE 2008 19001946 Coeficiente Erro Padrão Razãot pvalor Constante 14088600 00728379 193425 000001 Dummy em 1911 00574719 00154243 37261 000060 Dummy em 1930 00482869 00153946 31366 000320 Dummy em 1943 004469860 00156855 28497 000688 Ln PIB R de 2008 07851580 0010046 781561 000001 Ln Deflator do PIB 00406152 00134131 30280 000430 Ln CPI dos EUA 011331500 00145812 77713 000001 Obs 47 R2 09992 F640 87376 rô 03204 DurbinWatson 136 Diagnóstico dos resíduos e do modelo Objeto do Teste Teste Hipótese Nula Est do Teste pvalor Normalidade JarqueBera Qui2 2 Os erros são normais 10608 05884 Autocorrelação 1ª Ordem DurbinWat son Sem autocor relação 13552 00028 Autocorrelação 1ª Ordem LM de Breus ch Godfrey Sem autocor relação 48073 00343 Autocorrelação 2º Ordem LM de Breus ch Godfrey Sem autocor relação 25590 00907 Heterocedastici dade LM de White Qui2 12 Sem Heteroce dastic 21348 00455 Heterocedastici dade LM de Breus chPagan Sem Heteroce dastic 12341 00548 ARCH 1ª Ordem LM Qui2 1 Sem efeito ARCH 12374 02660 ARCH 2ª Ordem LM Qui2 2 Sem efeito ARCH 17443 04180 Estabilidade dos parâmetros CUSUM Parâmetros não mudam 11868 02425 Fonte Resultados do trabalho a partir do software econométrico GNU GRE TL 1910 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 200 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX TABELA 8 REGRESSÃO DE MQO DO LOG NATURAL DO PIB EM DÓLARES DE GEARYKHAMIS DE 2008 19001946 Testes de Cointegração Teste Variante Defasagens Hipótese Nula Est do teste pvalor EngleGranger Com constante 0 Sem cointegração 52330 00064 Johansen traço Com constante 2 Sem cointegração 44678 00029 Estimativa em Máxima Verossimilhança com Média Móvel de uma Defasagem Coeficiente Erro Padrão Z pvalor Constante 14105300 00806924 174803 000001 MA 1 04313320 01405360 306920 0002150 Dummy de 1911 00644326 00120128 536360 000001 Dummy de 1930 00325119 00125703 258640 0009700 Dummy de1943 00473983 00118854 398800 0000070 Ln PIB R de 2008 07876630 00113639 693129 000001 LnDeflator do PIB 00402465 00144005 279480 0005190 Ln CPI dos EUA 01077910 00169484 635990 000001 Fonte Resultados do trabalho a partir do software econométrico GNU GRE TL 1910 A visualização do Gráfico 5 mostra que as duas séries tem uma tendência comum e muito próxima indicando que as nossas estimativas estão bem próximas das de Maddison 2006 para o século XIX com a vantagem de que as nossas estão disponíveis ano a ano de forma contínua Na tabela 9 mostramos uma comparação entre as nossas estimativas do PIB brasileiro em dólares internacionais de 2008 com as de Maddison 2006 Novamente constatase que os valores são bem próximos como sugerido no Gráfico 5 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 201 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX GRÁFICO 5 ESTIMATIVAS DO PIB REAL EM BILHÕES DE DÓLARES INTER NACIONAIS DE GEARYKHAMIS 18201900 Fonte Resultados do trabalho e Maddison 2006 TABELA 9 PIB BRASILEIRO EM MILHÕES DE DÓLARES DE GEARYKHAMIS DE 2008 18201890 PIB PIB per capita Taxa de cresc PIB aa Taxa cresc PIB pc aa Maddison Este Trabalho Maddison Este Trabalho Maddison Este Trabalho Maddison Este Trabalho 1820 4387 4284 930 908 1850 7472 7166 1030 988 179 173 034 028 1870 10525 12711 1077 1300 173 291 022 138 1880 13366 13305 1133 1128 242 046 051 141 1890 16976 17317 1184 1208 242 267 045 069 Fonte Maddison 2006 e resultados do trabalho A observação do Gráfico 6 revela que a renda per capita brasileira como razão da renda per capita norteamericana diminuiu sistematicamente entre 1820 e 1918 Em 1820 o Brasil tinha uma renda per capita equivalente a 48 da renda per capita norteamericana em 1918 esse número era de 1279 apenas Entre 1919 e 1980 a renda per capita brasileira aumentou como proporção da renda per capita norteamericana Em 1919 o Brasil tinha uma renda per capita equivalente a 1449 da renda per capita norteamericana em 1980 o Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 202 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX número era de 2902 a maior proporção entre a renda per capita brasileira e a norteamericana depois do ano de 1876 Entre 1981 e 2011 a razão voltou a diminuir se estabilizando por volta de 20 em 2008 GRÁFICO 6 PIB PER CAPITA BRASILEIRO EM RELAÇÃO AO DOS ESTADOS UNIDOS 18202008 Fonte Resultados do trabalho para o Brasil e Maddison 2006 para os EUA Em dólares internacionais a renda per capita brasileira cresceu de I 90813 em 1820 a I 10030 em 2008 implicando uma taxa anual média de crescimento da renda per capita em torno de 129 aa Os Estados Unidos por sua vez tiveram uma taxa anual média de crescimento da renda per capita em torno de 172 aa A diferença de apenas 043 pontos percentuais entre as duas taxas mostra como as taxas compostas podem produzir grandes diferenças em intervalos suficientemente longos de tempo Essa diferença nas taxas fez com que a renda per capita brasileira que era cerca de 50 da norteamericana em 1820 caísse para cerca de 20 em 2008 Se o Brasil tivesse uma renda per capita igual à norteamericana em 1820 então com uma taxa de crescimento média de 129 aa o Brasil teria em 2008 uma renda per capita de I 21081 ou seja equivalente a 4488 da norteamericana ou quase igual a do Chile Por outro lado se com a renda inicial de I 908 em 1820 o Brasil tivesse tido uma taxa de crescimento anual da renda per capita igual a dos Estados Unidos entre 1820 e 2008 isto é 172 aa a renda per capita do país estaria hoje em torno de I 22412 ou equivalente a 48 da norteamericana Na tabela 10 nós mostramos a renda 13 I é o símbolo de dólares internacionais Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 203 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX per capita entre 1820 e 2011 para oito países selecionados inclusive o Brasil A análise desses dados mostra como diferenças de crescimento da renda que parecem pequenas no curto prazo podem produzir grandes disparidades no longo prazo Portanto em termos da análise da série temporal do PIB apenas a atual baixa renda per capita brasileira depende em parte do baixo nível da renda inicial em 1820 e em parte da taxa média de crescimento dessa renda sendo que o primeiro fator baixa renda inicial é o mais importante na nossa visão TABELA 10 COMPARAÇÃO INTERNACIONAL DE RENDAS PER CAPITAS EM DÓLARES INTERNACIONAIS DE GEARYKHAMIS 18202008 EUA França Reino Unido Argentina Chile México Venezuela Brasil 1820 1894 1710 2570 1045 1144 692 908 1830 2073 1794 2635 1000 892 1840 2392 2151 2999 1131 852 1850 2721 2406 3511 1404 988 1860 3282 2851 4265 1648 999 1870 3683 2826 4807 1975 1944 1015 858 1300 1880 4797 3195 5239 2622 1128 1890 5111 3580 6041 3243 2963 1524 1208 1900 6164 4333 6768 4152 3306 2058 1237 1054 1925 9466 6278 7751 5906 4750 2875 3136 1379 1950 14406 7813 10455 7513 5529 3563 11243 2592 1975 24535 19523 17850 12238 6439 7772 15778 6471 2000 42892 30770 30666 12929 15533 10961 12705 8581 2008 46976 33484 35773 16567 19866 12022 15965 10030 Fonte Para o Brasil resultados do trabalho para os demais países Maddison 2006 4 O PIB brasileiro períodos de crescimento e ciclos Nessa parte do trabalho faremos uma breve análise do comportamento do produto brasileiro no período 18202012 A análise dos ciclos econômicos tem uma longa tradição na ciência econômica tradição essa que remonta aos primórdios da disciplina com os trabalhos dos clássicos como Adam Smith David Ricardo Thomas Malthus etc No século XX o estudo dos ciclos eco Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 204 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX nômicos ganha novo impulso na esteira da grande depressão econômica da década de 1930 A análise das propriedades estatísticas dos ciclos econômicos também começou a receber atenção nessa época dada a recente disponibilida de de estatísticas econômicas regulares Os autores Mitchell Burns 1946 identificaram várias características dos ciclos econômicos da economia dos Estados Unidos assim como o fez Kaldor 1961 para economias em geral Em anos mais recentes de 1980 até hoje o estudo da propriedade estatística dos ciclos econômicos foi novamente impulsionada com o advento das linhas de pesquisa dos Ciclos Reais de Negócios e da macroeconomia NovoClássica Trabalhos como o de Beverigde Nelson 1981 Nelson Plosser 1982 Backus Kehoe 1992 e Hodrick Prescott 1980 1997 são referências tí picas dessa linha de pesquisa No que diz respeito ao estudo das regularidades dos ciclos econômicos brasileiros a literatura é pequena se comparada com o estrangeiro mas crescente Estudando o PIB entre 1900 e 1990 CribariNeto 1990 e CribariNeto 1993 concluiu que o PIB brasileiro possui uma raiz unitária e que o componente cíclico é pequeno sendo que todas as flutuações seriam devidas a fatores de longo prazo Em seu trabalho Chauvet 2002 utiliza um modelo de mudança de regime markoviano para estudar o ciclo de negócios brasileiro tanto anualmente entre 1900 e 1999 quanto trimestralmente entre 198001 e 200001 em Chauvet 1998 a autora estuda as flutuações no produto por meio de um modelo com mudança de regime e fatores dinâmicos Por sua vez Ellery et al 2002 estudam as propriedades do ciclo de negócios brasileiro no póssegunda guerra mundial Estudaram relações entre PIB consumo investimento horas trabalhadas etc e simularam um modelo de equilíbrio geral dinâmico no qual concluíram que o mesmo não era capaz de replicar muitas das características dos dados brasileiros Os autores Ellery Jr Gomes 2005 replicam para o caso brasileiro o estudo de Backus Kehoe 1992 onde esses autores coletam e analisam um conjunto de evidências a respeito dos ciclos econômicos em diversos países desenvolvidos A conclusão de Ellery Jr Gomes 2005 foi a de que em geral os fatos estilizados básicos da literatura de ciclos de negócios são observados no Brasil Em seu trabalho Sampaio 200946 analisou os ciclos econômicos do Brasil entre 1980 e 2008 e concluiu que na década de 90 ocorreram períodos de expansão mais frequentes que na década de 80 sendo que o período de expansão mais persistente ocorreu a partir da segunda metade de 2003 Por seu turno Silva Gomes 2011 a persistência das flutuações no produto brasileiro durante o século XX Utilizando modelos ARFIMA e testes de raízes unitárias com quebras estruturais concluíram que o PIB e o PIB per capita brasileiros apresentam alto grau de persistência Num trabalho ao modo de Beveridge e Nelson 1981 Costa Bessaria 2012 analisam o comportamento de várias séries econômicas brasileiras entre elas o PIB a procura de ten dências estacionárias ou diferenças estacionárias Os autores concluem que Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 205 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX a maioria das séries econômicas brasileiras se caracterizam como diferenças estacionárias inclusive o PIB Por fim Araújo et al 2008 tem o único trabalho nos moldes dos acima mencionados em que se analisa os ciclos econômicos e o crescimento do produto brasileiro inclusive no século XIX Na verdade os autores fazem um estudos dos ciclos de negócios e do crescimento brasileiro entre 1850 e 1900 Para isso usam a estimativa do PIB brasileiro entre 1850 e 1899 de Goldsmith 1986 encadeadas à estimativa de Haddad 1978 em 1900 e às estimativas oficiais em 1947 Concluíram entre outras coisas que entre 1850 e 2000 a volatilidade do PIB brasileiro poderia ser dividida em três fases Uma de baixa volatilidade entre 1850 e 1875 outra de alta entre 1876 e 1975 e uma de baixa entre 1976 e 2000 Concluíram também que a volatilidade do produto brasileiro seria bastante diferente da verificada nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos principalmente no que diz respeito ao período póssegunda guerra mundial Nos países desenvolvidos o produto se mostrou menos volátil no período pósguerra comparado ao anteguerra o oposto ocorreu no Brasil segundo os autores Um problema com esse tipo de estudo é que rigorosamente falando os dados présegunda guerra não são diretamente comparáveis aos dados pósguerra Por exemplo alguns economistas afirmam que a macroeconomia keynesiana teve uma grande influencia no comportamento dos agregados econômicos como desemprego e produto no póssegunda guerra O argumento é de que a economia dos Estados Unidos teria ficado mais estável com o advento das políticas de estabilização keynesianas Entretanto numa série de artigos na metade da década de 1980 Romer 1986a 1986b desafiou esse argumento afirmando que a diminuição verifi cada na volatilidade dos dados indica uma melhora na qualidade dos próprios dados e não do desempenho da economia Para sustentar seu argumento a autora construiu séries de dados para o período pósguerra que sofreriam das mesmas deficiências dos dados préguerra Concluiu disso que a economia norteamericana seria apenas ligeiramente mais estável no pósguerra do que o era no préguerra No caso específico do Brasil acreditamos que tal ilusão dos dados deve também ser considerada quando da análise compa rativa entre o PIB no pósguerra com o do préguerra principalmente no que diz respeito ao século XIX 41 O PIB brasileiro e suas fases de crescimento 18202012 No Gráfico 7 mostramos as fases aparentes do processo de crescimento eco nômico brasileiro entre 1820 e 2012 Tal gráfico foi construído simplesmente tomando uma tendência linear do log natural do PIB entre períodos de tempo Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 206 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX distintos que pareciam diferir dos outros períodos em termos de inclinação da reta ajustada Não optamos por aplicar um Teste de Chow tradicional para identificar os pontos de quebra pois parece consensual na literatura como em CribariNeto 1990 1993 Abras et al 2004 Dias Castro Júnior 2003 e Silva Gomes 2011 entre outros de que o PIB brasileiro possui uma raiz unitária14 Tal fato tornaria infrutífero tal exercício Teste de Chow porque os coeficientes estimados na tendência linear seriam viesados e inconsistentes ou seja a regressão seria espúria Com essas resalvas em mente identificamos sete fases no crescimento do produto real agregado brasileiro 18201875 56 anos com crescimento médio de 270 aa 18761905 30 anos com 229 aa 19061945 40 anos com 434 aa 19461957 12 anos com 633 aa 19581978 21 anos com 739 aa 19792003 25 anos com 226 aa e 20042012 9 anos com crescimento médio de 380 aa A taxa média do período como um todo 18202012 193 anos foi de 371 aa GRÁFICO 7 PIB AGREGADO BRASILEIRO E SUAS FASES DE CRESCIMENTO 18202012 média ponderada pela duração dos períodos Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Nota Logaritmo natural do PIB real agregado em milhões de reais cons tantes de 2008 Repetindo o mesmo exercício para o PIB per capita no Gráfico 8 nós iden tificamos seis fases de crescimento a saber 18201875 56 anos com taxa 14 Embora alguns autores como Fava e Cati 1995 e Aguirre e Ferreira 2001 tenham rejeitado a hipótese de raiz unitária principalmente para o período 19471980 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 207 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX média de crescimento de 121 aa 18761919 44 anos com 036 aa 19201957 38 anos com 302 aa 19581978 21 anos com 464 aa 19792003 25 anos com 048 aa e 20042012 9 anos com taxa mé dia de crescimento de 293 aa A grosso modo as taxas de crescimento da renda per capita brasileira não foram ruins exceto para os períodos 1876 1919 e 19792003 totalizando 69 anos em que a taxa média de crescimento da renda per capita foi 04035 aa média ponderada dos dois períodos A taxa média do período como um todo 18202012 193 anos foi de 173 aa média ponderada pela duração dos períodos Essa taxa de 173 aa para o crescimento médio da renda per capita brasileira em reais cofirma nossa constatação anterior de que a atual baixa renda per capita brasileira comparada aos países desenvolvidos devese mais ao baixo nível da renda inicial do país no começo do século XIX do que ao seu desempenho econômico GRÁFICO 8 PIB PER CAPITA BRASILEIRO E SUAS FASES DE CRESCIMEN TO 18202012 no período 18202012 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Nota Logaritmo natural do PIB per capita em reais constantes de 2008 Da mesma forma fizemos o mesmo exercício no Gráfico 9 em relação ao PIB por trabalhador entre 1820 e 2011 Identificamos sete fases de crescimento distintas tais foram 18201875 56 anos com taxa média de crescimento de 124 aa 18761905 30 anos com 089 aa 19061926 21 anos com Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 208 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX 35 aa 19271945 19 anos com 086 aa 19461975 30 anos com 406 aa 19762004 29 anos com 012 aa e 20052011 7 anos com taxa média de crescimento de 29 aa A taxa média do período como um todo 18202011 192 anos foi de 169 aa média ponderada pela duração dos períodos o que é uma boa taxa Entretanto é claro o fraco desempenho do produto por trabalhador que a economia brasileira teve entre 1976 e 2004 onde o mesmo ficou praticamente estagnado com taxa média de crescimento de 012 aa Os dados de força de trabalho que nós utilizamos foram retira dos da PNAD do IBGE e dos censos demográficos nacionais Os dados de força de trabalho das contas nacionais registram uma população ocupada menor que a PNAD mas a tendência das duas séries é bastante semelhante o que melhoraria pouco o desempenho do produto por trabalhador no Brasil15 É consenso na literatura que o desempenho da produtividade da mão de obra brasileiro foi muito ruim nesse período GRÁFICO 9 PIB POR TRABALHADOR BRASILEIRO E SUAS FASES DE CRES CIMENTO 18202012 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Nota Logaritmo natural do PIB per capita em reais constantes de 2008 42 Comportamento cíclico do PIB brasileiro 18202012 15 Não usamos os dados das contas nacionais por que esses não cobrem todo o período analisado nesse trabalho Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 209 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX Para extrair o componente cíclico das séries nós utilizamos o filtro de Hodri ck e Prescott 1980 1997 Filtro HP com o valor do parâmetro lâmbda λ de suavização igual a 100 como foi sugerido pelos autores Na Tabela 11 nós mostramos o desviopadrão e a autocorrelação dos ciclos para alguns períodos selecionados Diferente do que Araújo et al 2008 encontraram em seu estudo a Tabela 11 mostra a volatilidade dos ciclos medida pelo desviopadrão caindo per sistentemente de 1820 até 2012 Entretanto a diferença dos dois resultados devese a inclusão do século XIX na análise pois para o século XX os resultados dos dois estudos são os mesmos dado que se baseiam no mesmo conjunto de dados para esse período Para o século XIX os autores usaram a estimativa do PIB real de Goldsmith 1986 o desviopadrão do ciclo da estimativa de Goldsmith entre 1850 e 1899 é de 493 enquanto que na nossa estimativa para o mesmo período o desviopadrão é de 546 Então desse fato resulta a diferença dos dois estudos no período relativo ao século XIX No que diz respeito a persistência dos ciclos persistência essa medida pela autocorrelação de primeira ordem os dois trabalhos o nosso e o de Araújo et al 2008 indi cam que a persistência dos ciclos aumentaram com o decorrer do tempo No Gráfico 10 mostramos o ciclo extraído do log natural do PIB real entre 1820 e 2012 O ciclo das outras duas séries PIB per capita e PIB por trabalhador é bem semelhante ao do PIB agregado então não as colocamos no gráfico TABELA 11 DESVIOPADRÃO E PERSISTÊNCIA DOS CICLOS ECONÔ MICOS NO BRASIL 18202012 Período PIB Agregado PIB per capita PIB por trabalhador Desvio Padrão Auto correlação Desvio Padrão Auto correlação Desvio Padrão Auto correlação 18201875 646 03602 648 03646 646 03609 18761905 476 04664 471 04575 475 04659 19061946 437 05061 439 05078 453 05311 19471980 408 07566 407 07450 347 06172 19812012 300 05741 298 05709 305 06202 18202012 489 04581 489 04577 485 04504 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Nota Ciclos extraídos pela aplicação do Filtro HP com λ 100 ao log natural das séries Na comparação entre os períodos préprimeira guerra 18501914 inter guerras 19201939 e póssegunda guerra 19501985 que Araújo Carpena e Cunha 2008 p 569 fizeram na Tabela 6 de seu trabalho o período pré Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 210 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX primeira guerra teve desviopadrão maior que os dois outros O mesmo ocorre em nosso trabalho com a diferença que na tabela deles o desviopadrão para o período 18501914 é de 480 enquanto na nossa estimativa o desviopadrão é de 508 para o mesmo período Para o período 19201939 o desviopadrão é de 464 e para o período 19501985 é de 435 GRÁFICO 10 COMPONENTE CÍCLICO DO PIB REAL AGREGADO BRASILEIRO EXTRAÍDO PELO FILTRO HP 18202012 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Nota Ciclo extraído pela aplicação do Filtro HP com λ 100 ao log natural do PIB em milhões de reais constantes de 2008 Nas Tabelas 12 e 13 nós mostramos os períodos de expansão e recessão da economia brasileira entre 1820 e 2012 Para isso usamos o mesmo procedi mento de Araújo et al 2008 570 para obter as fases de expansão e recessão Seja ct é o ciclo extraído pelo Filtro HP então chamamos de expansão os períodos em que ct ct1 0 e de recessão os períodos em que ct ct1 0 Identificamos 47 períodos de expansão com duração média de 206 anos cada um Os períodos mais longos foram de seis anos os quais ocorreram apenas duas vezes 19571962 e 19681973 ocorreram ainda quatro períodos de quatro anos de expansão sete de três catorze de dois e vinte períodos de um ano de expansão Com relação aos períodos de recessão identificamos 48 períodos de recessão com duração média de 198 ano cada um Os períodos mais longos foram de cinco anos os quais também ocorreram apenas duas vezes 18901894 e 19631967 ocorreram ainda cinco períodos de quatro Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 211 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX anos de expansão quatro de três dezesseis de dois e vinte e um períodos de um ano de expansão TABELA 12 FASES CÍCLICAS DO LOG NATURAL DO PIB AGREGADO 1821 2012 Ano Fase Ano Fase Ano Fase Ano Fase Ano Fase Ano Fase 1821 1853 1885 1917 1949 1981 1822 1854 1886 1918 1950 1982 1823 1855 1887 1919 1951 1983 1824 1856 1888 1920 1952 1984 1825 1857 1889 1921 1953 1985 1826 1858 1890 1922 1954 1986 1827 1859 1891 1923 1955 1987 1828 1860 1892 1924 1956 1988 1829 1861 1893 1925 1957 1989 1830 1862 1894 1926 1958 1990 1831 1863 1895 1927 1959 1991 1832 1864 1896 1928 1960 1992 1833 1865 1897 1929 1961 1993 1834 1866 1898 1930 1962 1994 1835 1867 1899 1931 1963 1995 1836 1868 1900 1932 1964 1996 1837 1869 1901 1933 1965 1997 1838 1870 1902 1934 1966 1998 1839 1871 1903 1935 1967 1999 1840 1872 1904 1936 1968 2000 1841 1873 1905 1937 1969 2001 1842 1874 1906 1938 1970 2002 1843 1875 1907 1939 1971 2003 1844 1876 1908 1940 1972 2004 1845 1877 1909 1941 1973 2005 1846 1878 1910 1942 1974 2006 1847 1879 1911 1943 1975 2007 1848 1880 1912 1944 1976 2008 1849 1881 1913 1945 1977 2009 1850 1882 1914 1946 1978 2010 1851 1883 1915 1947 1979 2011 1852 1884 1916 1948 1980 2012 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 212 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX TABELA 13 FASES DE EXPANSÃO E RECESSÃO DO LOG NATURAL DO PIB AGREGADO 18212012 Duração dos períodos anos Períodos de expansão Períodos de recessão 6 2 0 5 0 2 4 4 5 3 7 4 2 14 16 1 20 21 Total 47 48 Anos totais 97 95 Duração Média 206 198 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Considerações Finais O objetivo desse trabalho foi analisar o comportamento da série temporal do PIB brasileiro entre 1820 e 2012 no que diz respeito ao seu comportamento cíclico e períodos de crescimento econômico Outro objetivo que surgiu com isso foi o de estimar o PIB nominal e real do Brasil entre 1820 e 1899 dada a ausência de estimativas que cobrissem esse período de forma continua Identificamos sete fases no crescimento do produto real agregado brasileiro 18201875 56 anos com crescimento médio de 270 aa 18761905 30 anos com 229 aa 19061945 40 anos com 434 aa 19461957 12 anos com 633 aa 19581978 21 anos com 739 aa 19792003 25 anos com 226 aa e 20042012 9 anos com crescimento médio de 380 aa A taxa média do período como um todo 18202012 193 anos foi de 371 aa média ponderada pela duração dos períodos Na análise do PIB per capita identificamos seis fases de crescimento a saber 18201875 56 anos com taxa média de crescimento de 121 aa 18761919 44 anos com 036 aa 19201957 38 anos com 302 aa 19581978 21 anos com 464 aa 19792003 25 anos com 048 aa e 20042012 9 anos com taxa média de crescimento de 293 aa No que diz respeito à volatilidade dos ciclos essa foi em geral decrescente quando medida pelo desviopadrão dos ciclos extraídos pelo Filtro HP o desviopadrão foi de 646 no período 18201875 476 no período 1876 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 213 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX 1905 437 no período 19061946 408 no período 19471980 e 300 no período 19812012 Também concluímos que em termos da análise da série temporal do PIB apenas a atual baixa renda per capita brasileira depende em parte do baixo nível da renda inicial em 1820 e em parte da taxa média de crescimento dessa renda sendo que o primeiro fator baixa renda inicial é o mais importante na nossa visão Referências Bibliográficas ABRAS A L BORGES B SEKKEL R 2004 Breaking trend Lagrange multi plier test statistic and the presence of a unit root in the Brazilian gross domestic product Applied Economics Letters v 116 ABREU M DE P LAGO L A C DO 2012 A economia brasileira no Império 18221889 Texto para Discussão n 584 Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica JUNIOR L de A 1920 O custo da vida na cidade do Rio de Janeiro Rio de Ja neiro Imprensa Nacional AGUIRRE A FERREIRA A H B 2001 The inexistence of a unit root in Bra zilian gross domestic product Applied Economics Letters v 810 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Uma Análise Secular do Crescimento Econômico Brasileiro Revista Economia v 123 VIEIRA T Dorival 1947 A evolução do sistema monetário brasileiro Revista Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 216 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX de Administração v 12 1981 A evolução do sistema monetário brasileiro São Paulo IPEUSP VILLELA A V SUZIGAN W 1973 Política do governo e Crescimento da Eco nomia Brasileira 18891945 Rio de Janeiro IPEA Recebido em 27 de março de 2013 Aceito em 21 de maio de 2014 Noviembre 2016 ISSN 19887833 O SETOR DE SERVIÇOS E A SUA CONTRIBUIÇÃO AO PIB BRASILEIRO Genilson Valotto Patuzzo1 Professor Adjunto na Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR Palestrante e consultor empresarial e financeira Genilsonvalottogmailcom genilsonpatuzzoutfpredubr Cibele Mantovanni2 Consultora em Gestão de serviços cimantovannigmailcom Para citar este artículo puede utilizar el siguiente formato Genilson Valotto Patuzzo y Cibele Mantovanni 2016 O setor de serviços e a sua contribuição ao PIB brasileiro Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales octubrediciembre 2016 En línea httpwwweumednetrevcccss201604pibhtml Resumo Os serviços no decorrer do tempo vêm sofrendo modificações ou seja vem evoluindo e seus conceitos estão evoluindo e também seu papel nas economias dos países Para mostrar essa evolução partimos de uma análise crítica de alguns autores assim como de dados estatísticos mais relevantes que nos levou a chegar as conclusões sobre a dinâmica do setor de serviços na atualidade A economia de serviços foi marginalizada por muitas décadas no entanto o contexto atual essa concepção tem mudado de forma drástica pois a grande maioria dos países desenvolvidos assim como os em desenvolvimento suas economias estão baseadas em serviços e inclusive a brasileira Uma das características básicas dos serviços a intangibilidade hoje já falamos em tangibilizar os serviços Este setor é um dos mais dinâmicos e com maior valor agregado No entanto o Brasil é deficitário no saldo balanço de pagamentos em serviços sendo somente alguns setores que conseguirem dinamizar e principalmente exportar serviços E o comercio internacional de serviços tem servido para solidificar esta tendência no contexto globalizado das economias e principalmente com a contribuição das novas tecnologias Palavraschave Setor de serviços Comércio internacional de serviços globalização PIB EL SECTOR SERVICIOS Y SU CONTRIBUCIÓN AL PIB BRASILEÑO Resumen Los servicios en el transcurso del tiempo sufrió modificaciones o sea sus conceptos vienen evolucionando y también su papel en las economías de los países Para vislumbrar esa evolución partimos del presupuesto crítico de algunos autores así como de datos estadísticos relevantes que nos muestra e condúcenos a llegar a las conclusiones sobre la dinámica del sector de servicios en la actualidad La economía de servicios no fue tratada como debería durante muchas décadas sin 1 Doutor em Economia Aplicada pela Universidad de Alcalá Alcalá de Henares Madrid 2 Graduada em Gestão Empresarial pela Universidade Paulista UNIPSP Graduanda em Letras na Universidade Cesumar PR embargo el contexto actual esa concepción ha cambiado drásticamente pues en la mayoría de los países desarrollados así como en los subdesarrollados sus economías están basada en los servicios e incluye la economía brasileña Una de las características básicas de los servicios la intangibilidad pues hoy ya hablamos en tangibilizar los servicios Este sector es uno de los más dinámicos y de mayor valor añadido Sin embargo Brasil es un país con saldo deficitario en su balanza de pagos en el sector servicios El comercio internacional de servicios al transcurso del tiempo está solidificando como tendencia en el contexto globalizado el anclaje económico en el sector y principalmente con la contribución de las nuevas tecnologías Palabrasclave Sector de servicios Comercio internacional de servicios globalización PIB THE SERVICES SECTOR AND ITS CONTRIBUTION THE BRAZILIAN GDP Abstract Services have gone under changes as time goes by in other words has evolved and its concepts are evolving also and its role in the economies of countries To show this evolution we start from a critical analysis of some authors as well as more relevant statistics that led us to reach conclusions about the dynamics of the service sector today The Economic Services were marginalized for many decades however in the current context this view has changed dramatically because the vast majority of developed countries and developing ones including Brazil have their economies based on services One of the basic characteristics of services intangibility today we are talking about making services tangible This sector is one of the most dynamic and with higher added value However Brazil has a deficit in the balance of payments in services and only a few sectors who can enhance and export services mainly And the international trade in services has served to solidify this trend in the global context of the economy and especially with the contribution of new technologies Keywords Service sector International trade in services globalization GDP 1 INTRODUÇÃO O impulso seguido nas últimas décadas pelas economias e sociedades desenvolvidas tem colocado em evidencia que os serviços converteramse na forma dominante da atividade econômica Um agregado de atividades que responde genericamente pelo nome de serviços tende a concentrar a maior parte dos empregos e o valor da produção nas economias mais avançadas Não obstante é difícil interpretar corretamente as principais características do que se conhece como revolução terciaria ainda que suas características de identidade sejam claramente visíveis Por esta razão o papel preponderante das atividades de serviços tanto por seu peso relativo nas economias avançadas e seu papel estratégico no funcionamento dos sistemas de produção mais desenvolvidos não teve reflexo equivalente no interesse e atenção que os economistas têm dado a este setor Isto é em parte explicado pelo fato de que os serviços foram até poucas décadas atrás consideradas secundárias para a criação de renda nas nações como citam autores como Adam Smith 1776 Fisher 1939 e Clark 1940 A visão de teóricos sobre a produção terciária e sua avaliação desenvolveu e aumentou à medida que estas atividades têm vindo a exercer cada vez mais um importante papel durante a expansão econômica das sociedades e particularmente tecida com o processo de industrialização que se intensificou no século XX e adquiriu uma maior velocidade depois da segunda guerra mundial KON 1992 Assim o objetivo principal deste artigo é proporcionar sinteticamente algumas referências sobre as transformações nos conceitos definições e evolução do setor de serviços e revisando os serviços na área internacional e classificando os segmentos do setor de serviços que são considerados exportações Estes essenciais para o tratamento no comércio internacional e especialmente para a segmentação na formulação de estatísticas 2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DE SERVIÇOS A tarefa de definir e conceituar os serviços não é simples pois sobre o termo serviços compreende um conjunto de produtos heterogêneo e atividades intangíveis que são difíceis para incluir em uma simples capa de definição Por isso muitas vezes a literatura sobre serviços iludiu a definição e simplesmente exibiu sua natureza dominante e características Isso explica que ainda hoje não é possível ter uma definição amplamente aceita e só se pode falar de abordagens conceituais que submetidas a comparação mostram as mudanças de atitude que os analistas do setor têm experimentado conforme eles evoluíram os estudos relacionados ao mesmo Por um longo período na história do pensamento econômico os intangíveis como eram chamados os serviços não foram levados em consideração principal dos desejos dos pesquisadores da realidade social Adam Smith talvez foi o primeiro dos economistas que deixaram de enfatizar a importância do setor e sua contribuição econômica e social Com ele começa ao longo do tempo e por parte deste destacado tratadista do econômico uma tendência a utilizar um conceito residual de serviço Como afirma Adam Smith O trabalho de um empregado doméstico não adiciona qualquer valor a qualquer coisa O valor de algumas das classes mais respeitadas da nossa sociedade é igual aos empregados domésticos improdutivos de qualquer valor e não determina ou resulta em qualquer objeto permanente ou mercadoria vendável que dura após a realização do trabalho na mesma classe devemos incluir os membros do clero advogados artistas palhaços músicos cantores de ópera etc3 SMITH 2008 p425 Adam Smith considerava atividades de serviços improdutivos baseando suas ideias em quatro argumentos a os serviços não produzem resultados reais e visíveis que representam riqueza B os serviços derivam ou são acessórios dos produtos destacando o fato de que por não produzir bens quase não há necessidade para da prestação de serviços C Os serviços em geral são prestados internamente pelos produtores ou vendedores ligados à empresa e não representam uma área de atividade que gerasse riqueza D sendo os serviços invisíveis e temporários são insignificantes em comparação com os produtos Outros autores como Fisher 1939 e Clark 1940 também definiram o setor de serviços na categoria residual da economia ou seja aquilo que não poderia ser considerada agricultura ou indústria manufatureira As consequências deste fenômeno têm sido amplas Sua máxima expressão encontrase nas opiniões daqueles que pensam como os economistas clássicos que os serviços são atividades improdutivas embora o debate sobre a natureza produtiva dos serviços parecia terminar no final do século XIX de forma mais favorável aos serviços estimando os aspectos positivos de seu papel nas economias Com a consolidação do capitalismo moderno no século XX o setor serviços ganha importância e começa a ser reconhecido e abordado na literatura de uma forma diferente do que era no século passado com a constatação da existência de um terceiro setor econômico que não era nem a agricultura nem a indústria manufatureira Começam a falar de um terceiro setor desvinculado e ausente em grande parte das definições até então tratadas de maneira residual que eram os serviços O ambiente industrial que rege as economias ocidentais após a Segunda Guerra Mundial não era propício para o desenvolvimento que acompanhava o setor de serviços Isto resultou que as definições fossem carregadas com conotações negativas citadas anteriormente No entanto ao contrário na época formularamse uns primeiros conceitos baseados nas características mais relevantes do setor Isto supôs um passo sobre definições anteriores e deram lugar a umas reflexões cada vez mais introspectiva e profundas sobre o desenvolvimento da abordagem do setor de serviços Os esforços realizados desde meados do século XX para considerar os serviços desde um ponto de vista positivo enumerando ou apresentando as suas características particulares intangibilidade perecível difícil quantificação nãoarmazenável etc permaneceria inalterado o seu aspecto negativo que não definiria os serviços pelo que são mas sim por aquilo que não são ao contrário do que acontece com os produtos 3 Tradução livre do autor Entre as muitas tentativas de construir um conceito que foram realizados talvez a primeira tentativa séria para definir serviços e uma das interpretações mais difundidas atualmente seja a que foi proposta por Peter Hill em um artigo clássico4 de 1977 p318 Um bem como um objeto físico que pode ser apropriado e transferido entre unidades económicas e um serviço como uma mudança na condição de uma pessoa ou de bens pertencentes a uma unidade económica que se origina da atividade realizada por outra unidade econômica HILL 1977 p318 Nesta definição Hill descreve a que denominamos uma situação social do serviço ou seja uma relação social do serviço no entorno de uma operação de mudança de condições desejada ou pedida por uma unidade econômica consumidor cliente ou usuário que recorre para isso a outra unidade econômica prestador de serviços produtor Hill procura demonstrar a natureza técnica do produto dos serviços sua relação com a materialidade Cabe destacar que nessa definição e de forma diferente das definições clássicas apresentadas até o momento enfatizase a intangibilidade dos serviços O principal mérito dessa definição é baseado em características econômicas e não em aspectos formais Definese serviço a partir de seu resultado No entanto por si só tem a limitação de que não distingue claramente bens e serviços A dificuldade de encontrar uma definição geralmente aceita centrase na incapacidade de atender toda a gama de atividades que compõem esse setor Assim de acordo com Cuadrado Roura Del Rio 1993 p53 com bastante frequência a literatura em torno dos serviços iludiu sua definição e tem limitado a expor sua natureza e características dominantes Isso explica por que ainda não seja possível na atualidade contar com uma definição de aceitação comum E sim somente tratar de aproximações conceituais que submetidas a comparação põem de relevo as mudanças de atitude dos pesquisadores do setor em linha com sua própria evolução CUADRADO ROURA DEL RIO1993 p53 Cabe ressaltar que o problema é a ausência ou a falta de uma definição de serviços suportados de uma forma universal No entanto na tentativa de construir um grande número de esboços ou projetos de definições realizadas por autores como Hill Bhagwati Sampson e Snape etc Algumas delas são de caráter descritivos pelo qual destacam as características dos serviços Outros são meramente enunciativas e muitas vezes detalham uma lista das atividades que compõem os serviços Observase especialmente o contraste com a produção de bens em trabalhos de alguns autores como Sampson e Snape 1986 Bhagwati 1988 Cuadrado Roura e Del Rio 1993 e González 1999 Entre as características comum encontrada entre os autores podemos destacar abaixo Intangibilidade esta é a característica mais importante dos serviços Consiste em que os serviços não podem ser vistos analisados sentilos ou ouvilos antes de sua aquisição pelos compradores Esta característica dificulta uma série de ações que poderiam ser desejáveis fazer Os serviços não podem ser inventariados ou patenteado ser explicado ou representados facilmente etc ou mesmo avaliar a sua qualidade antes da entrega A heterogeneidade ou variabilidade dois serviços semelhantes nunca serão idênticos ou iguais Isto por várias razões as entregas do mesmo serviço são feitas por pessoas para pessoas em diferentes tempos e lugares Mudando um desses fatores o serviço não é o mesmo Mesmo isso pode ser visto apenas com a mudança de estado de espírito da pessoa que entrega ou recebe o serviço Assim na prática é necessário prestar atenção às pessoas em nome da empresa que irá fornecer os serviços Inseparabilidade nos serviços a produção e o consumo são parciais ou totalmente simultâneos A estas funções muitas vezes pode agregarse sua venda Esta inseparabilidade também se dá com a pessoa que presta o serviço Perecível os serviços não podem ser armazenados pela sua simultaneidade entre a produção e consumo A principal consequência disto é que um serviço prestado não pode ser realizado em outro momento por exemplo um voo com um assento vazio 4 A expressão artigo clássico foi descrita por BHAGWATI J 1987 International Trade in Services and its Relevance for Economic Development in the Emerging Service Economy Pergamon Press Géneve Ausência de propriedade os compradores de serviços adquirem um direito a receber uma prestação uso ou acesso de algo mas não a propriedade do serviço Depois da prestação somente existem as experiências vividas ex um concerto musical Em resumo essas definições anteriores refletem uma ampla gama de serviços que por um lado contribuem para facilitar a produção e a distribuição em comparação ao comércio de bens e por outro lado os serviços atendem às necessidades da vida pessoal dos indivíduos No entanto muitas vezes não há exatamente a distinção entre bens e serviços Se por exemplo o consumidor vai a um restaurante tipo fastfood é possível discutir se o faz para comprar a comida já preparada ou para adquirir os serviços da preparação e distribuição do mesmo Atualmente existem serviços com grande suporte de bens e bens com um grande suporte de serviços O material e o imaterial coexistem em muitos produtos dentro de cada vez mais processos de integração entre bens e serviços Neste sentido a crescente integração entre os aspectos tangíveis e intangíveis formando parte da produção de bens ou serviços tem sido objeto de discussão e propostas de vários estudiosos Neste sentido as linhas sinteticamente apresentadas até agora poderíamos ficar com a ideia de que os bens e serviços não são independentes um do outro mas há uma relação entre os dois Cuadrado Roura 1999 p925 referese a essa relação como resultado do crescimento experimentado na produção de bens industriais em consequência do incremento dos serviços Dessa forma um aumento nos serviços levaria a um crescimento em bens industriais Podese notar nas linhas acima em geral que quase todos os autores distinções entre as definições com ressalva a esta que pode ser uma das melhores definições encontradas no desenvolvimento deste trabalho foi descrito por Cuadrado e Rubalcaba 2000 p4041 Na verdade os serviços em geral são definidos pela sua função que desempenha na sociedade e portanto oferecer uma definição não é mais do que um maior esclarecimento dos elementos que compõem o seu peculiar aspecto econômico Finalizamos esta seção tendo em mente a visão da natureza heterogênea dos serviços e a possibilidade de diferentes critérios para sua classificação As discussões ao respeito continuam incorporandose a elas uma visão mais adiantada da variedade dos novos serviços e inovadores que estão surgindo na atualidade a partir da inovação tecnológica do aumento da participação dos consumidores nas operações de serviços e a criação de novas necessidades decorrentes da globalização econômica verificada intensamente desde os anos 1980 Assim Meirelles 2006 p134 cita nas considerações finais de seu trabalho que diz a respeito da discussão sobre o conceito de serviços A questão fundamental na análise conceitual dos serviços consiste em compreender que serviço é fundamentalmente diferente de um bem ou de um produto Serviço é trabalho em processo e não o resultado da ação do trabalho por esta razão elementar não se produz um serviço e sim se presta um serviço Esta perspectiva de abordagem conceitual incita mudanças significativas no tratamento até agora dado a estas atividades tanto em termos de classificação e quantificação nas contas nacionais quanto do ponto de vista do seu papel na dinâmica econômica MEIRELLES 2006 p134 3 O DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA DE SERVIÇO O setor de serviços historicamente foi marginalizado pelos economistas No entanto sem dúvida a expansão da economia de serviços constitui uma das mudanças mais importantes registradas nas economias mundiais a partir da segunda metade do século XX VALOTTO 2010a Anteriormente temos que citar que suas atividades eram consideradas como não produtivas e definidas como residuais quer dizer se não pertenciam a indústria ou as atividades agrícolas não eram importantes para a economia Sem embargo o crescimento da participação do setor de serviços nas cifras do emprego no valor agregado e em conjunto com a aparição e desenvolvimento das tecnologias da informação e de comunicação como um vetor para a inovação em outros setores da economia tem levado a uma melhor compreensão das especificidades das atividades de serviços e que estes ganharam mais prestígio por parte de alguns investigadores acadêmicos da economia de serviços Desta forma a importância do setor de serviços na geração de emprego é o vértice em todos os estudos atuais nas economias nacionais e sua presença nos setores mais dinâmicos e os produtores de insumos para a indústria tem levado a justificar a pertinência do desenvolvimento de 5 O autor menciona uma classificação realizada por Baumol 1985 que estabelece uma diferenciação nos serviços como A Serviços progressivos B Em estagnação C Assintoticamente estagnada estudos que estão contribuindo ao conhecimento do setor mais profundamente Assim Cuadrado Roura 2003 cita em seu estudo a existência de um maior número de trabalhos e estudos realizados sobre o setor de serviços na atualidade Cabe ressaltar que o setor de serviços vem ganhando importância crescente na economia mundial Enfatizamos sua importância para a geração de emprego especialmente em atividades inovadoras Notase que as empresas do setor estão diretamente envolvidas na revolução tecnológica provocada pela Tecnologias de Informação e Comunicação TIC que é sem dúvida um sector muito heterogéneo incluindo pequenas e grandes empresas Ao mesmo tempo é um campo de estudo que está ainda a ser investigada Para os fins do presente estudo destaca que o Brasil é um bom exemplo da afirmação acima VALOTTO 2010a Assim os serviços têm se destacado em agregar valor ao produto da economia seja através da geração de trabalho como também na remuneração por este trabalho realizado e também na formação de excedentes operacionais6 A capacidade de gerar produtos e emprego por parte deste setor reflete cada vez mais nas economias avançadas ou em processo de expansão embora neste último não alcança os níveis tão significativos das economias desenvolvidas mas em qualquer caso destacando o papel desempenhado por este setor na economia moderna que tende a ser caracterizada mais como uma economia de serviços o que corresponderia à evolução socioeconômica pósindustrial7 Talvez a consideração mais confiável no desenvolvimento da contraprestação da econômica de serviço esteja relacionado com as mudanças estruturais8 presentes na história econômica ao longo do século XX e principalmente as mudanças registradas nas atividades de serviços Na esfera econômica o grande desenvolvimento industrial do pósguerra deslocou os estudos das atividades de serviços para um segundo plano Somente em meados da década de 1970 quando produz uma desaceleração no processo de urbanização e industrialização e paralelamente a esse processo econômico apresentase uma mudança gradual no foco dos analistas econômicos do setor secundário para o setor terciário e consequentemente surgem novos estudos que visam uma melhor compreensão do setor de serviços Além disso o crescimento do setor de serviços revela uma situação de mudança estrutural semelhante ao que ocorre na fase de reorganização da economia rural para industrial Alguns autores9 chamam a atenção para o fato de que em algumas sociedades mudanças importantes na direção da terceirização ocorreram com mais ênfase no trabalho e não no produto Em maior ou menor grau e as diferenças que respondam às particularidades de cada país o setor de serviços hoje no século XXI é predominante em todas as economias Neste sentido a evolução de cada economia tem sido diferente e a importância dos setores primário e secundário é diversificada mas sempre sob uma condição comum o abandono gradual desses setores para se concentrar na economia do setor de serviços10 4 Os serviços na esfera internacional Como citado anteriormente nas últimas décadas o interesse que tem despertado os serviços do ponto de vista econômico tem sido notável As atividades no setor terciário aumentaram e passaram a se tornar um gerador de riqueza para a economia com uma participação muito importante expressada em percentagem do PIB e inclusive o Brasil que atualmente o setor de serviços representa 673 do PIB embora uma projeção realizada pela Empresa de Pesquisa 6 Este valor pode ser medido e expressado pelo PIB Produto Interno Bruto 7 A sociedade pósindustrial é um conceito proposto por vários economistas teóricos para descrever o estado de um sistema econômico que evolucionou segundo umas mudanças especificas em sua estrutura que correspondem a um estado de desenvolvimento posterior ao processo de industrialização clássica da Revolução Industrial Em uma sociedade pósindustrial tem produzindose uma transição econômica que reestrutura a sociedade inteira de uma economia baseada na indústria a uma outra baseada nos serviços uma divisão do capital nacional e global globalização e uma privatização massiva O pré requisito para esta mudança são os processos de industrialização e a liberalização 8 As mudanças estruturais constituem um processo que tem acompanhado o crescimento de todas as economias mais desenvolvidas Seguramente e incluso mais adequado afirmar que em nenhum país tem produzido crescimento econômico sem mudanças estruturais porque também os países em desenvolvimento têm experimentado mudanças em seus sistemas produtivos que implicam uma resignação dos seus recursos disponíveis para conseguir continuas melhoras na produtividade CUADRADO ROURA 2005 p 57 Tradução livre do autor 9 ALMEIDA W J y SILVA M C 1973 CUADRADO ROURA J R 2003 DEDECCA C y MONTAGNER P1992 FREYSSINET Jacques 2005 KON Anita 2001 y MORAIS L P 2005 10 A hipótese apresentada aqui foi feita baseado trabalhos realizados de autores como ALMEIDA A C S y RIBEIRO N R 2008 BHAGWATI J 1988 CUADRADO ROURA J R 1999 CUADRADO ROURA J R 2003CUADRADO ROURA J R2005 CUADRADO ROURA J R y DEL RÍO C G 1993 CUADRADO ROURA JR y RUBALCABA LB 2000 KON Anita 1996 KON Anita 2004 KON Anita 2008 MATIAS A N 2006 MELO et al 1997 MORA Elsa 2002 y OMC 2006 Energética EPE que a representatividade nos próximos 10 anos para ambos os setores econômicos brasileiros ficará estagnado como mostra a gráfico 1 Dada a importância dos serviços sobre o funcionamento das economias e as novas situações decorrentes das trocas comerciais de serviços no contexto internacional o comércio de serviços foi apresentado como um novo tema para o desenvolvimento não tendo regulamentações específicas Por outra parte os países não têm sido capazes de ficar de fora das mudanças que ocorreram gradualmente tanto internamente quanto com o aumento do comércio internacional de serviços11 Esta preocupação com as questões de comércio internacional de serviços tem se refletido na necessidade de uma regulamentação internacional que tende a dar forma a esta nova realidade No caminho para o desenvolvimento tecnológico e do processo de globalização econômica no final de 1990 novas formas de concorrência entre as empresas e os sistemas econômicos modelaramse e prevaleceram em vários segmentos De um ponto de vista comercial a globalização proporciona semelhanças nas estruturas de demanda e homogeneidade na oferta dos países E esse processo foi intenso com a natureza e a divisão nacional e internacional do trabalho e particularmente sobre a condição da internacionalização dos serviços KON 2006a Estes serviços assegurados a correlação entre os canais de produção e distribuição desempenhando um papel relevante no fluxo da economia mundial Para resumir esta discussão e em grande parte como consequência da internacionalização dos serviços começam a receber a devida atenção dos analistas em função do seu papel relevante na geração de renda e emprego e seu papel estratégico na coordenação das atividades econômicas que respaldam o progresso de fragmentação produtiva e integração do comércio e os investimentos Embora tradicionalmente os serviços foram caracterizados como intangível ao contrário dos produtos que são tangíveis a evolução tecnológica e a digitalização fizeram com que apesar de se manter a intangibilidade dos serviços atualmente as empresas que fornecem serviços tecnológicos podem entregar seus serviços sob uma forma física no caso de software de computador ou eletronicamente sem o ato simultâneo de produção e consumo do serviço obrigatório Assim a prestação de serviços assimilou as características de racionalização e organização das manufaturas permitindo o surgimento de verdadeiras indústrias de serviços como podemos citar as indústrias de software Gráfico 1 Projeção da evolução da participação setorial na economia brasileira 11 KIERZOKOWSKI H 1986 p95 expõe em seu trabalho que o comercio internacional de serviços tem sido durante muito tempo um órfão da teoria do comercio internacional e faz um questionamento sobre por que este esquecimento durou tanto tempo uma explicação possível mas não aceitável consiste que o comercio internacional de serviços no merece nenhum estudo especial já que é idêntico ao comercio de bens Um corolário desta afirmação seria que todas as teorias que se aplicam aos movimentos internacionais de bens aplicamse exatamente da mesma forma própria ou impropria as transações internacionais de serviços tradução livre do autor Além disso o papel dos serviços parece ter sido crucial para explicar o sucesso de alguns países no processo de incorporação de inovações próprios ou adaptados para a produção de bens e de outros serviços Estas incorporações se traduzem em novas oportunidades para a inclusão da qualidade dos fluxos comerciais trazendo dinamismo a estes fluxos 5 AS EXPORTAÇÕES DE SERVIÇOS NA ATUALIDADE Qualquer país que queira estar no mais alto nível competitivo deve aspirar em ter em vista um comércio de serviço bem desenvolvido e que ofereça possibilidades de crescimento ao conjunto das atividades econômicas RUBALCABA et al 2005 Neste contexto algumas economias têm conseguido destacarse no comércio mundial de serviços Embora a crise de 2008 tem dado reflexo a muitos países e o dinamismo dos serviços em escala mundial tem perdido força como podemos observar no quadro 1 Sem embargo se comparado ao comercio de bens observamos que alguns segmentos conseguiram reagir de forma mais rápida sendo uma característica atual de determinados setores dos serviços devido ao seu grau elevado de inovação fazendo com que este consiga reagir de forma rápida no âmbito nacional e internacional No entanto como indica a OMC 2014 as exportações mundiais de serviços comerciais alcançaram um valor de 106 bilhões de reais 46 bilhões de dólares com uma taxa de crescimento de 6 Esta taxa de crescimento foi superior à registrada pelos serviços de transporte 2 para 2013 embora os serviços relacionados a viagens tiveram um incremento de 7 e os demais serviços comerciais cresceram 6 conforme o quadro 1 Quadro 1 Exportações mundiais de bens e serviços comerciais 20052013 bilhões de reais e variação percentual anual Valor Variação anual em percentual 2013 2011 2012 2013 20052013 Bens 43276 20 0 2 8 Serviços comerciais 10683 12 2 6 8 Transporte 2081 9 1 2 6 Viagens 2725 12 4 7 7 Serviços de comunicações 276 9 5 9 9 Serviços da construção 241 7 0 2 8 Serviços de seguros 241 9 1 2 10 Serviços financeiros 770 12 3 9 8 Serviços de TI 655 17 5 10 14 Royalties e licenças 713 14 1 6 9 Serviços prestados a empresas 2863 15 4 6 9 Serviços de entretenimentos 92 17 2 8 8 Fonte OMC 2014 adaptação do autor O informe da OMC 2014 traz dados bastantes importantes dos movimentos comerciais que ocorre entre os países em âmbito internacional que podemos sinalar como As exportações de serviços financeiros da China que são serviços oferecidos por bancos e outros intermediários financeiros representadas em dólares aumentaram em 52 e alcançaram uma cifra de 3 milhões de dólares em 2013 equivalente a quase 7 milhões de reais12 No entanto os Estados Unidos mantiveram sua posição de principal fornecedor mundial de serviços com suas exportações no montante de 82 milhões de dólares aproximadamente 187 milhões de reais Outras mudanças ocorridas sinalizadas no mesmo informe da OMC 2014 foram a mudança da França pela China que se tornou o quarto maior exportador de serviços prestados as empresas incluindo serviços de engenharia serviços jurídicos e de contabilidade serviços de consultoria e de gestão serviços de publicidade e os serviços relacionados ao comércio Como podemos observar no quadro 2 que alguns países conseguiram manter suas exportações de serviços embora alguns não conseguiram manter o mesmo dinamismo de anos anteriores como de 2011 principalmente alguns países da Europa devido à forte crise econômica que enfrenta algumas economias No entanto como cita o informe da OMC 2014 p 29 em 2013 o valor em dólares das exportações mundiais de serviços comerciais foi de 46 bilhões de dólares o que significou um aumento de 5 em comparação com 2012 Gráfico 2 Participação dos serviços no PIB do Brasil Uma das regiões que o crescimento foi mais significativo nas exportações de serviços foram os países componentes da Comunidade dos Estados Independentes CEI13 com um aumento de 9 segundo a OMC2014 Embora o comercio de serviços no âmbito geral vem incrementandose anualmente e tendo uma participação cada vez mais expressiva nas economias inclusive na brasileira ver o gráfico 2 que nos últimos 10 anos tem aumentado de forma gradual com algumas variações em alguns anos mas atualmente a economia brasileira está próximo do 70 de participação no Produto Interno Bruto PIB Isto significa que hoje é uma economia de serviços embora a participação no comercio mundial ainda é pouco representativo se levarmos em consideração o volume comercial e o PIB brasileiro total Quadro 2 Comercio mundial de serviços comerciais por regiões e determinados países 20052013 milhões de dólares e porcentagens 12 Taxa de câmbio utilizada de 23 reais por dólar 13Os países que compõe a CEI são os que pertenciam a antiga União Soviética Armênia Azerbaijão Bielorrússia Cazaquistão Quirguízia Moldávia Rússia Tadjiquistão Turcomenistão Ucrânia Uzbequist ão Comentado M1 Acho que seria interessante uma análise dos valores do quadro 1 serviços comerciais 106 corresponde aos demais serviços de Transporte a Serv de Entretenimento 10657 E ainda o crescimento de serviços de TI Exportações Importações Valor Variação anual em percentual Valor Variação anual em percentual 2013 2011 2012 2013 2005 2013 2013 2011 2012 2013 2005 2013 Todo o mundo 4645 12 2 6 8 4380 12 3 5 8 América do Norte 761 10 5 5 7 566 8 3 3 6 Estados Unidos 662 11 5 5 8 432 7 4 4 6 América do Sul e Central 144 18 6 2 9 196 24 6 6 14 Brasil 37 21 5 2 12 83 23 7 7 18 Europa 2194 13 2 7 7 1800 11 2 5 6 União Europeia 28 1999 13 2 7 7 1663 11 2 5 6 Alemanha 286 11 1 8 8 317 11 1 8 5 Reino Unido 293 11 1 2 5 174 6 0 1 1 Espanha 145 15 4 6 6 92 9 5 3 4 CEI 114 20 9 9 14 174 18 18 15 14 Federação da Rússia 65 14 3 4 13 123 22 19 18 16 Ucrânia 19 14 3 4 10 16 5 10 11 11 África 90 2 7 3 6 160 13 2 1 11 Egito 18 19 12 16 3 15 1 18 5 6 África do Sul 14 6 2 6 3 16 7 11 7 4 Nigéria 2 12 10 7 4 21 13 0 9 16 Oriente Médio 125 5 9 4 9 251 16 5 7 12 Emirados Árabes 16 9 18 15 70 35 12 12 Arábia Saudita 11 7 5 5 52 8 9 4 Ásia 1217 13 7 5 11 1235 14 8 4 10 China 205 9 8 7 14 329 23 18 18 19 Japão 145 3 0 2 162 6 6 7 Índia 151 19 5 4 14 125 9 3 3 13 Singapura 122 16 7 4 128 13 9 4 Coreia 112 9 17 1 11 106 5 5 1 8 Hong Kong China 133 13 6 6 10 60 10 4 3 7 Austrália 52 11 3 0 7 62 20 4 2 10 Fonte OMC 2014 adaptação do autor Quadro 3 Principais exportadores e importadores de serviços comerciais em 2013 em milhões de dólares Saldo em Serviços Posição Exportador Valor Posição Importador Valor 1 Estados Unidos 662 230 1 Estados Unidos 432 2 Reino Unido 293 119 2 China 329 3 Alemanha 286 31 3 Alemanha 317 4 França 236 47 4 França 189 5 China 205 124 5 Reino Unido 174 6 Índia 151 26 6 Japão 162 7 Países Baixos 147 20 7 Singapura 128 8 Japão 145 17 8 Países Baixos 127 9 Espanha 145 53 9 Índia 125 10 Hong Kong 133 73 10 Rússia 123 11 Irlanda 125 7 11 Irlanda 118 12 Singapura 122 6 12 Itália 107 13 Coreia 112 6 13 Coreia 106 14 Itália 110 3 14 Canada 105 15 Bélgica 106 8 15 Bélgica 98 16 Suíça 93 40 16 Espanha 92 17 Luxemburgo 78 32 17 Brasil 83 18 Canada 77 28 18 Emirados Árabes 70 19 Suécia 75 18 19 Austrália 62 20 Dinamarca 70 10 20 Dinamarca 60 21 Rússia 65 58 21 Hong Kong 60 22 Áustria 65 20 22 Suécia 57 23 Tailândia 59 4 23 Tailândia 55 24 Macau china 54 24 Suíça 53 25 Austrália 52 10 25 Arábia Saudita 52 26 Taipei Chinês 51 9 26 Noruega 49 27 Turquia 46 27 Luxemburgo 46 28 Noruega 41 8 28 Malásia 45 29 Polônia 40 29 Áustria 45 30 Malásia 40 5 30 Taipei Chinês 42 31 Brasil 37 46 31 Indonésia 34 Fonte OMC2014 adaptação do autor 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A evolução das ideias teóricas sobre os serviços que passaram de ser consideradas improdutivas a desempenhar um papel relevante no processo de desenvolvimento econômico que foi impulsionado principalmente a partir da segunda metade do século XX Depois da evolução econômica mundial nas áreas de produção distribuição e aquisição de bens e serviços surgiram novos conceitos e metodologias de normas com a necessidade de realizar estudos mais sofisticados a respeito do crescimento econômico A literatura mostra que as atividades de serviços não são apenas dependentes da demanda de atividades manufatureiras pois elas mantêm operações com todos os tipos de atividades econômicas e detém algumas áreas próprias do mercado que estendem por localidades em que se inserem incluindo mercados internacionais Com a incorporação das novas tecnologias especialmente o setor de serviços tem sofrido mudanças em sua estrutura de comércio internacional Ressaltamos que o interesse que tem despertado os serviços desde o ponto de vista econômico a não constituir um assunto estranho posto que o mesmo como vimos tem passado a constituir um gerador de riqueza para quase todas as economias principalmente as que apresentam um maior grau de internacionalização ou globalização Sem embargo que é fundamental frisar que em qualquer nível de desenvolvimento econômico os serviços tem sido a maior fonte de geração de empregos na atualidade REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA A C S y RIBEIRO N R A relevância do setor serviços uma crítica marxiana às contas nacionais XIII Encontro Nacional de Economia Política 2008 ALMEIDA W J y SILVA M C Dinâmica do setor de serviço no Brasil emprego e produto Rio de Janeiro IPEA INPES Coleção Relatórios de Pesquisa nº 18 1973 BHAGWATI Jagdish International Trade in Services and its Relevance for Economic Development in the Emerging Service Economy Pergamon Press Géneve 1987 BHAGWATI Jagdish El Comercio de Servicios y las Negociaciones Comerciales Multilaterales In La Liberalización del Comercio Internacional de los Servicios Revista del Instituto de Estudios Económicos Nº 1 Madrid 1988 CLARK Colin The Conditions of Economic Progress Macmillan and Co Londres 1940 CUADRADO ROURA J R El Sector Servicios y el Empleo en España Evolución Reciente y Perspectivas de Futuro Fundación BBV Bilbao 1999 Expansión y dinamismo del sector de servicios Información Comercial Española nº 811 2003 Servicios a Empresas Crecimiento geografía interindustrial y Concentración Territorial En Maneco F y Pascual H Innovación Tecnológica Servicios a Empresas y Desarrollo Territorial Ed U Valladolid Valladolid 2005 CUADRADO ROURA J R y DEL RÍO C G Los Servicios en España Ediciones Pirámide Madrid 1993 CUADRADO ROURA J R y RUBALCABA LB Los Servicios a Empresas en la Industria Española Ed Instituto de Estudios Económicos Madrid 2000 DEDECCA C y MONTAGNER P Crise econômica e desempenho do terciário São Paulo em Perspectiva São Paulo v 6 n3 julset 1992 EPE Empresa de Pesquisa Energética Caracterização do Cenário macroeconómico para os próximos 10 anos Serie Estudos Econômicos nota técnica DEA 0314 Rio de Janeiro fevereiro 2014 Disponível emhttpwwwepegovbrmercadoDocumentsSC3A9rie20Estudos20de20EnergiaDEA 20031420NT20Cenario20macroeconomico2014012014pdf Acesso em 30102014 FISHER AG Production Primary Secondary and Terciary Economic Record nº 15 junio p 24 38 1939 FREYSSINET Jacques As Transformações das Estruturas de Emprego na União Européia En O Trabalho no Setor Terciário Emprego e Desenvolvimento Tecnológico DIEESECESIT Campinas São Paulo 2005 GONZÁLES F G Comercio Internacional de Servicios Revisión Conceptual y 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Encontro Nacional de Economia Política 2008 MATIAS A N Análise da Evolução Estrutural do Setor Serviços no Brasil uma abordagem de insumoproduto Dissertação Mestrado em Economia Universidade de MaringáPr 2006 MEIRELLES D S O Conceito de Serviços Revista de Economia Política vol 26 nº 1 101 janeiromarço2006 pp 119136 2006 MELO H P ROCHA F FERRAZ G DWECK R H y DI SABBATO A O crescimento dos serviços no Brasil considerações preliminares Associação Brasileira de Estudos do Trabalho V Encontro Nacional p 44966 1997 MORA Elsa Aspectos de la Valoración del Comercio Internacional de Servicios en el Marco del Acuerdo General Sobre el Comercio de Servicios Tesis Doctoral Universidad de Alcalá Alcalá de Henares 2002 MORAIS L P Mercado de Trabalho e os Serviços Pessoais e Domiciliares no Brasil Contemporâneo Modernização ou Volta ao Passado En Prêmio IPEACAIXA 2005 Tema Mercado de Trabalho 2005 OMC Organização Mundial do Comércio La Medición del Comercio de Servicios 2006 Disponível emwwwwtoorg Acesso em 25102014 OMC Organização Mundial do Comércio Informe sobre el comercio mundial 2014 Disponível em fileCUsersgenilsonSkyDriveDocumentosArquivos20GVworldtradereport14spdf Acesso em 25102014 PATUZZO GV O Setor de Serviços no Contexto Internacional VI Encontro de Engenharia do conhecimento 2014 Disponível em httpojseniaccombrindexphpAnaisarticleviewFile178208 Acesso em 03082016 RUBALCABA L B Business Services in European Industry Growth Employment and Competitiveness European Commission Brussels 1999 RUBALCABA L GAGO D y MAROTO A Relaciones entre Globalización y Servicios ventajas competitivas de los servicios europeos y españoles en el comercio Internacional En ICE nº 824 2005 SAMPSON G y SNAPE R H Identificación de los problemas en el comercio de servicios Información Comercial Española nº 636637 1986 SMITH Adam La riqueza de las naciones Traducción Carlos Rodríguez Braun Alianza Editorial Madrid 2008 UN Nações Unidas Manual de Estadísticas del Comercio Internacional de 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económica del sector servicios en Contribuciones a la Economía marzo 2011 em httpwwweumednetce2011a Acesso em 03082016

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Policy Paper Nº 19 Agosto 2016 Uma Abordagem sobre o Setor de Serviços na Economia Brasileira Camila Monaro Silva Naercio Menezes Filho Bruno Komatsu 2 Uma Abordagem sobre o Setor de Serviços na Economia Brasileira Camila Monaro Silva Naercio Aquino Menezes Filho Bruno Kawaoka Komatsu Centro de Políticas Públicas Insper Camila Monaro Silva Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Centro de Políticas Públicas CPP Rua Quatá nº300 04546042 São Paulo SP Brasil camilams3insperedubr Naercio A Menezes Filho Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Centro de Políticas Públicas CPP Rua Quatá nº300 04546042 São Paulo SP Brasil naercioamfinsperedubr Bruno Kawaoka Komatsu Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Centro de Políticas Públicas CPP Rua Quatá nº300 04546042 São Paulo SP Brasil brunokkinsperedubr Copyright Insper Todos os direitos reservados É proibida a reprodução parcial ou integral do conteúdo deste documento por qualquer meio de distribuição digital ou impresso sem a expressa autorização do Insper ou de seu autor A reprodução para fins didáticos é permitida observandose a citação completa do documento 3 Uma Abordagem sobre o Setor de Serviços na Economia Brasileira Camila Monaro Silva Naercio Aquino Menezes Filho Bruno Kawaoka Komatsu Centro de Políticas Públicas Insper Resumo Executivo O setor de serviços assume posição de destaque na economia brasileira contemporânea seguindo uma tendência histórica de crescimento da participação desse setor no emprego com possíveis consequências para a produtividade agregada da economia Estudos recentes sobre a produtividade dos serviços descrevem o setor como com produtividade relativamente elevada composto por segmentos bastante heterogêneos e com alguns segmentos dinâmicos que contribuem para o processo de inovação e difusão de conhecimento na economia Nesse estudo procuramos estudar com mais detalhes os segmentos do setor de serviços com dados da Pesquisa Anual de Serviços PAS do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Focando no período recente de 2007 a 2013 nós verificamos aumentos nos principais indicadores de interesse no período como um todo entre eles crescimento de 58 no número de empresas média de 8 ao ano aumento de 50 no número de pessoal ocupado Como prevê a teoria ramos de serviços mais relacionados ao consumidor final serviços prestados às famílias serviços de manutenção e reparação apresentam produtividade e salários comparativamente menores No outro extremo serviços mais intensivos em capital ou tecnologia alguns segmentos de transportes telecomunicações serviços auxiliares financeiros compra venda e aluguel de imóveis próprios apresentam elevados níveis de produtividade e salários Quando segmentamos os serviços por intensidade de conhecimento observamos que de fato aqueles mais intensivos em conhecimento são mais produtivos e com maiores salários e remunerações Por último abordamos a questão do descolamento das trajetórias de produtividade e salários Nossa análise mostra que o crescimento da produtividade é inferior ao dos salários especialmente a partir de 2009 Essa constatação se repete no geral para desagregações em níveis mais detalhados de atividades além de se manter na divisão por intensidade de conhecimento Produtividade com baixo crescimento e custos crescentes com mão de obra podem representar problemas de estrangulamento do setor 4 1 Introdução A questão do produtividade no Brasil tem ganhado importância nos últimos anos Arbache 2015 No contexto atual as potenciais perdas das conquistas sociais obtidas na última década devido à recessão da economia e os debates sobre mudanças nas regras de aposentadorias privadas parecem colocar o tema com caráter de urgência uma vez que os ganhos de produtividade possuem relação com o crescimento de longo prazo da economia O setor de serviços é tradicionalmente pensado como de baixa produtividade Fisher 1939 Clark 1940 Baumol 1967 com alto grau de informalidade e baixo teor tecnológico Historicamente esse setor vem ampliando seu espaço no mercado de trabalho o que pode resultar em uma força no sentido de reduzir a produtividade da economia Mais pessoas empregadas em postos de trabalho em que produzem menos significa um produto médio por trabalhador e uma produção total menores O processo de longo prazo que altera a composição dos setores de atividade econômica isto é a participação desses setores agricultura indústria e serviços no emprego é chamado de mudança estrutural Apesar de ele ocorrer em épocas e intensidade diferentes em todas as economias observase uma trajetória de desenvolvimento semelhante a transição do setor agrícola para o setor industrial culminando com o setor de serviços Na economia brasileira a mudança estrutural em direção ao setor de serviços pode ser observada na Figura 1 A participação da mão de obra no setor de serviços é superior à do setor industrial desde o início da série anos 50 No entanto é interessante perceber como a diferença na participação nos empregos totais gerados entre os setores aumenta no tempo em 2011 637 dos empregos concentramse no setor de serviços 201 no setor industrial e 16 na agricultura quando em 1950 os percentuais eram de respectivamente 191 164 e 643 Os dados mostram que a importância dos serviços é crescente de modo que mudanças na produtividade da economia provavelmente devem passar por mudanças envolvendo esse setor 5 Figura 1 Participação dos Setores no Emprego Fonte GGDC Elaboração própria No Brasil além disso não parece haver consenso sobre se os serviços possuem um papel ativo no sentido de aumentar ou reduzir a produtividade da economia Apesar da visão pessimista sobre o papel do setor de serviços sobre a produtividade no Brasil estudos empíricos recentes têm mostrado essa imagem pode ser relativizada Em comparação com outros setores Jacinto e Ribeiro 2015 mostram que a produtividade dos serviços excluindo o comércio é elevada e apresentou crescimento entre meados dos anos 1990 e o final da década de 2000 Nesse sentido a ampliação da participação dos serviços no emprego teve o efeito de aumentar a produtividade agregada da economia Por outro lado Arbache Op cit argumenta que o crescimento da importância dos serviços no PIB brasileiro não ocorreu por efeitos de demanda aumento da renda do consumidor ou desenvolvimento industrial mas por crescimento vegetativo coincidente com a falta de dinamismo dos outros setores Os serviços no entanto constituem um agregado definido ao menos inicialmente como resíduo ou seja como atividades que não eram industriais e nem de agropecuária Souza et al 2011 Por esse motivo o setor agrega uma série de atividades bastante heterogêneas Souza et al Op cit Jacinto e Ribeiro Op cit englobando desde 64 16 16 20 19 64 10 20 30 40 50 60 70 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 Agricultura Industria Serviços 6 serviços de baixo valor adicionado como serviços de limpeza e manutenção predial até atividades com conteúdo tecnológico maior como serviços de tecnologia associados às empresas Dessa forma é possível que certos segmentos do setor sejam mais dinâmicos e apresentem ganhos de produtividade contribuindo para o crescimento da produtividade agregada da economia Nesse estudo temos como objetivo investigar mais detalhadamente a produtividade do setor de serviços procurando comparar esse setor com outros em termos de salário e composição da força de trabalho além de verificar as diferenças internas entre os segmentos do setor Utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD e da Pesquisa Anual de Serviços PAS ambas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE teremos como foco o período mais recente após 2007 Nós examinaremos adicionalmente a comparação da evolução da produtividade e dos salários e remunerações dos ocupados procurando verificar se há divergência das trajetórias ao longo do tempo O chamado descolamento dos salários e da produtividade pode representar um problema quando os primeiros crescem mais rapidamente que a última por um período de tempo razoável Nesse caso a situação poderia representar o sufocamento das empresas do setor uma vez que os custos associados à produção estariam aumentando e as empresas não estaria sendo capazes de repassar esse aumento aos preços finais Além dessa introdução esse artigo é organizado em quatro seções Na seção seguinte faremos uma breve revisão da literatura sobre produtividade e serviços Na terceira seção apresentaremos os dados e um modelo teórico simples para abordar a questão da evolução da produtividade e dos salários Na seção 4 apresentaremos os resultados e a seção 5 conclui 2 Revisão de Literatura Apesar da importância crescente assumida pelo setor de serviços seja em termos de emprego quanto de valor adicionado ainda permanece relativamente escassa a literatura relacionada ao seu impacto sobre a produtividade e o crescimento de longo prazo da economia brasileira 7 Na literatura econômica sobre produtividade os serviços eram vistos tradicionalmente com papel negativo em relação à evolução da produtividade agregada da economia porém mais recentemente passaram a ser considerados como elemento dinamizador das economias pósindustriais Silva 2006 Sob a perspectiva mais tradicional os serviços foram geralmente associado à baixa intensidade de capital e à baixa produtividade do fator de produção trabalho O setor de serviços foi visto com pessimismo pela visão tradicional como um freio aos incrementos de produtividade nas economias desenvolvidas O crescimento da sua participação no emprego e no consumo nesse sentido constituía um paradoxo como atividades de baixa produtividade poderiam aumentar a sua importância na economia Com um modelo simples Baumol 1967 traz constrói o argumento conhecido como doença de custos para explicar a contribuição negativa do setor de serviços para a produtividade agregada da economia Em linhas gerais o autor trabalha com uma economia com dois setores semelhantes à indústria e aos serviços o primeiro mais intensivo em capital e com produtividade crescente e o último mais intensivo em trabalho e com produtividade constante Supondo que os salários nos dois setores se movem conjuntamente e que eles acompanham os ganhos de produtividade das atividades industriais os serviços apresentariam crescimento dos salários em linha com os ganhos de produtividade das atividades mais dinâmicas da economia resultando em aumentos no custo unitário do produto Assim os serviços por exemplo sofreriam de uma doença de custos em que seus custos aumentam não em função dos ganhos de produtividade do próprio setor mas para equipararemse aos salários das atividades tecnologicamente mais dinâmicas Sob esse cenário admitindo que a razão dos produtos nos dois setores seja constante à medida que o setor mais dinâmico apresente ganhos de produtividade mais trabalho será transferido para o setor de serviços explicando o deslocamento total da força de trabalho para os setores menos dinâmicos e culminando com taxas de crescimento de produtividade próximas a zero Dessa maneira Baumol Op cit mostra que há uma tendência à economia de serviços e inerente a esse processo a consequência inevitável da estagnação do crescimento da produtividade comprometendo o crescimento de longo prazo das economias desenvolvidas 8 Após a década de 1970 um novo contexto internacional de produção flexível alterou as funções tradicionais dos setores de atividades Mudanças como o crescimento da divisão técnica de trabalho concentração de capital expansão de mercados o desenvolvimento da tecnologia de informação transformações no contexto institucional ajudam a explicar a expansão das atividades de serviços TorresFreire 2006 Nesse sentido atividades de serviços foram crescentemente incorporadas ao processo produtivo como insumos de produção com um aumento da interação entre os setores Souza et al Op cit Nesse novo contexto uma mudança de foco dos setor de serviços de provedores ao consumidor final para fornecedores intermediários às indústrias levaria a uma mudança de perspectiva sobre os serviços Silva Op cit Desconstruindo a visão tradicional Oulton 2001 argumenta que a expansão dos serviços destinados ao consumo intermediário dos setores industriais permitiria taxas de crescimento de produtividade positivas uma vez que a especialização dos serviços prestados e a divisão do trabalho trariam economias de escala às atividades industriais Com dados de 1973 a 1995 o autor mostra que a contribuição dos serviços empresariais e financeiros destinados ao consumo intermediário para a produtividade agregada foi bastante positiva para as economias do Reino Unido e Estados Unidos Estudos mais recentes têm destacado o setor de serviços como agentes importantes para o crescimento econômico OCDE 2005 contendo alguns segmentos intensivos em conhecimento e tecnologia de modo a tornaremse vetores de inovação para outros setores da economia Silva et al 2006 Por exemplo serviços intensivos em conhecimento ou knowledge intensive business services constituem atividades fortemente relacionadas a processos de inovação atuando em parceria com o setor produtivo no processo de assimilação de novas tecnologias TorresFreire 2006 No entanto há diferenças entre o padrão de mudança estrutural em países desenvolvidos e em países em desenvolvimento Souza et al Op cit No primeiro caso o crescimento da renda levaria a um crescimento na demanda por serviços enquanto o desenvolvimento tecnológico na indústria reduziria a quantidade de trabalho manual não qualificado realocando os trabalhadores para postos de trabalho mais produtivos no setor de serviços Nos países em desenvolvimento por outro lado os processos de crescimento populacional e de êxodo rural superaram a demanda industrial 9 por trabalho de modo a gerar um inchaço do setor de serviços com trabalhadores de baixa produtividade No Brasil Cruz et al 2008 argumenta que a transição para uma economia de serviços não foi um processo de crescimento da produtividade industrial com a consequente migração da força de trabalho para o setor de serviços isto é não foi marcada por um dinamismo favorável ao crescimento econômico Qual é então o papel do papel de serviços no Brasil Eles estão atuando no sentido de frear o crescimento da produtividade ou ao contrário possuem contribuições positivas para processos de inovação tecnológica e difusão de conhecimento Com dados recentes 1996 a 2009 Jacinto e Ribeiro Op cit trazem alguns resultados importantes sobre a produtividade dos serviços Eles mostram que nesse período os serviços no geral excluindo o comércio e a administração pública apresentaram elevados níveis de produtividade chegando a superar os da indústria em alguns anos Além disso os autores mostram que não há evidência da doença de custos a produtividade dos serviços cresceu mais do que a das indústrias que decresceu Por outro lado não há evidências de efeitos dinâmicos positivos da realocação da mão de obra para setores com produtividade crescente bônus estrutural nas indústrias e nos serviços Tais conclusões se chocam com a visão tradicional das baixas possibilidades de inovação do setor de serviços em relação ao setor industrial Nesse sentido Silva 2006 destaca que a percepção de baixa produtividade do setor pode estar relacionada com a dificuldade de apurar de maneira acurada o produto e mudanças na qualidade deste levando a uma subestimação da produtividade Aponta também uma ineficiência no processo de seleção na qual as empresas menos produtivas não necessariamente são as eliminadas do mercado reforçando a percepção de baixa produtividade do setor Arbache Op cit em contraste argumenta que o crescimento do setor de serviços não se deve ao crescimento da renda e nem ao desenvolvimento industrial porém fundamentalmente à ausência de dinamismo dos demais setores Esse argumento no entanto contrasta com o forte crescimento do setor agropecuário Campos et al 2014 Por outro lado no Brasil também há segmentos de serviços com capacidade de inovação e que têm com contribuições positivas para o processo de inovação em outros setores Kubota 2006 revela a ascensão dos serviços transmissores e desenvolvedores 10 de tecnologias conhecidos por serviços empresariais intensivos em conhecimento Os percentuais de firmas que incorporaram novas tecnologias entre as empresas de serviços são elevados com destaque para o setor de informática 36 O cenário também é positivo quando avaliada a inovação para o mercado sendo que 30 das firmas do setor de informática contribuíram com o desenvolvimento tecnológico do país 22 das firmas de PD e 15 de telecomunicações Costa Junior e Teixeira 2010 por sua vez utilizaram dados das Contas Nacionais para o período compreendido entre 1990 a 2003 agrupando as atividades econômicas em dez setores A partir do instrumental de Matriz InsumoProduto os autores computam indicadores de produtividade direta do trabalho razão entre o produto final gerado por cada setor e a quantidade de trabalho empregado produtividade indireta do trabalho relação da interdependência entre os setores e produtividade total Os autores concluem que de forma geral o setor de serviços apresenta produtividade direta do trabalho bastante inferior ao setor agrícola e manufatureiro Uma exceção importante é o setor de Comunicações o qual faz uso intensivo de tecnologia da informação e portanto registra alta produtividade direta do trabalho No entanto ao analisar o comportamento da produtividade total do trabalho percebese que há menor discrepância entre os setores isto é a interdependência do setor de serviços com os demais agregados da economia é benéfica para aqueles e esse impacto positivo aumentou durante o período avaliado Por último há indícios de restrições concretas ao crescimento da produtividade dos serviços Cruz et al 2008 indicam a baixa escolaridade dos profissionais empregados nos setores de serviços em ascensão tornase um empecilho para impulsionar a produtividade e o crescimento de longo prazo Em suma apesar de relativamente restrita a literatura acerca do impacto da crescente participação do setor de serviços sobre a economia brasileira evidencia a necessidade de avaliálo Por ora as opiniões parecem bastante divergentes tendendo tanto para uma visão pessimista de baixa produtividade do setor quanto para uma visão mais otimista realçando o surgimento de segmentos intensivos em tecnologia e altamente produtivos 11 3 Base de dados e Metodologia Nessa seção nós apresentaremos um modelo simples para abordar a questão da evolução da produtividade e dos salários e em seguida descreveremos os dados utilizados Em primeiro lugar para abordar a evolução da produtividade e dos salários seguiremos um modelo simples utilizado por Pessoa e Van Reenen 2013 Considere uma firma que maximiza lucros e produz um único produto cuja função de produção tem a forma de uma CobbDouglas 𝑄 𝐴𝐿𝛼𝐾1𝛼 4 onde 𝑄 é a quantidade do produto 𝐴 é um termo de eficiência 𝐿 é o fator trabalhoe 𝐾 é o estoque de capital Se permitirmos competição imperfeita a empresa terá um markup 𝜇 decrescente na elasticidadepreço da demanda pelo produto Sob a restrição tecnológica e dados os preços dos fatores uma condição de primeira ordem para a maximização do lucro será 𝑐 𝑃 𝛼𝜇𝑄 𝐿 5 onde 𝑐 é o custo marginal do trabalho e 𝑃 é o preço do produto Em termos de diferenças percentuais Δ ln 𝑐 𝑃 Δ ln 𝑄 𝐿 Δ ln 𝛼 Δ ln 𝜇 6 Sob a hipótese de estabilidade das preferências do consumidor e do viés de fator da tecnologia em favor do capital ou do trabalho os termos de variação dos parâmetros 𝛼 e 𝜇 seriam nulos Dessa forma o custo marginal do trabalho deflacionado pelo preço do produto cresceria à mesma taxa da produtividade real do trabalho1 Esse modelo nos coloca alguns pontos importantes Em primeiro lugar ele esclarece o motivo pelo qual se espera que as trajetórias de crescimento real da produtividade do trabalho e dos salários sejam paralelas Divergências nas trajetórias das duas variáveis poderiam dessa forma ser provenientes de mudanças de preferências ou da participação do trabalho na renda total 1 Outras formas funcionais para a função de produção poderiam levar ao crescimento não proporcional entre as duas variáveis 12 Além disso o modelo mostra que para explicitar a relação entre a produtividade e os salários as medidas adequadas para os rendimentos do trabalho e o deflator correspondente devem ser o custo efetivo do trabalho que inclui as despesas com benefícios aposentadorias e contribuições sociais pagos pelas empresas e o deflator específico do seu produto Medidas empíricas dessas variáveis podem ser obtidas por meio das tabelas da Pesquisa Anual de Serviços PAS Nesse trabalho utilizaremos esses dados dessa pesquisa para analisar de forma mais detalhada o setor de serviços Inserida no contexto de modernização das estatísticas econômicas a PAS teve início em 1998 e representa a principal base de dados sobre as características do setor de serviços não financeiros A pesquisa realiza um levantamento econômicofinanceiro anual através do envio de questionários para as empresas prestadoras de serviços sendo tais informações utilizadas para estimar séries de valor de produção pessoal ocupado valor adicionado do Sistema de Contas Nacionais Para os nossos objetivos algumas das limitações dessa pesquisa são de que ela abrange somente empresas presentes no Cadastro Central de Empresas CEMPRE do IBGE que inclui somente empresas registradas no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas CNPJ da Receita Federal Além disso a pesquisa também só inclui empresas com fins lucrativos e não inclui segmentos de serviços importantes como os de saúde e educação Os dados obtidos são divulgados no site do IBGE em formas de tabelas cobrindo os setores de serviços classificados de acordo com a CNAE 20 Classificação Nacional das Atividades Econômicas Sobre esse aspecto vale comentar que a metodologia da PAS passou por duas grandes mudanças ao longo de sua história a primeira entre 2002 e 2003 passando a adotar a CNAE 10 em detrimento da CNAE original a segunda entre 2007 e 2008 com a mudança de referência da CNAE 10 para a CNAE 20 e alteração no âmbito da pesquisa sendo o setor agentes de comércio e representação comercial extinguido da PAS e abordado na PAC Pesquisa Anual de Comércio Devido a essas mudanças as séries divulgadas nesses intervalos de tempo não podem ser diretamente comparáveis entre si por não abordarem exatamente os mesmos setores de serviços Utilizamos como medida de produtividade o valor adicionado bruto por trabalhador a chamada produtividade do trabalho Para tornar os dados mais próximos aos níveis 13 salariais da PNAD nós apresentamos todos os dados como médias mensais valore anuais divididos por 12 Um desafio para a utilização desses dados foi da construção de um deflator apropriado Deflacionamos diretamente o valor adicionado setorial utilizando dados da Contas Nacionais Trimestrais tentando aplicar categorias setoriais mais amplas 12 setores de deflatores a classes mais finas de dados setoriais2 Apesar de algum erro de medida devido à incompatibilidade entre as classificações setoriais optamos por esse método uma vez que fornecem alguma diferenciação entre categorias amplas de atividade Os valores de salários e remunerações e de gastos totais com pessoal da PAS foram deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor INPC calculado pelo IBGE Os salários e remunerações incluem retiradas e remunerações de empregadores e de trabalhadores por conta própria porém não incluem outros gastos como despesas previdenciárias e com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS Nós utilizamos adicionalmente dados da PNAD na tentativa de localizar os serviços da PAS no contexto mais amplo da economia nacional Para isso nós fizemos uma compatibilização aproximada entre as classe da CNAE 20 abrangidas pela PAS e aquelas da CNAEDomiciliar disponíveis na PNAD com base nas tabelas de correspondência disponibilizadas pela Comissão Nacional de Classificação CONCLA Apesar de imperfeita acreditamos que a correspondência traz uma ideia das principais tendências dos indicadores analisados As Figuras A1 e A2 no Anexo mostram uma comparação entre o pessoal ocupado e as médias salariais dos setores abrangidos pela PAS com dados das duas pesquisas 4 Resultados Nessa seção apresentaremos os resultados descritivos Em primeiro lugar apresentaremos alguns dados da PNAD para localizar os serviços abrangidos pela PAS no contexto mais geral da economia 2 Não seguimos Jacinto e Ribeiro 2015 no que diz respeito à aplicação de deflatores diferenciados para as receitas e para o consumo intermediário uma vez que não temos a diferenciação desses por setor nos dados da PAS 14 Figura 2 População Ocupada e Taxa de Desemprego Fonte PNADIBGE Elaboração própria A Figura 2 mostra que o pessoal ocupado apresentou crescimento ao longo de todo o período analisado O crescimento foi mais intenso até 2008 27 ao ano ano no qual a taxa de desemprego apresenta um crescimento razoável devido às oscilações derivadas da crise internacional Entre 2008 e 2013 o emprego cresceu mais lentamente 07 aa até 2013 enquanto no último ano da série o pessoal ocupado voltou a crescer de forma acelerada 29 Como o crescimento dos ocupados na década de 2000 se distribuiu entre os setores de atividade econômica A Figura 3 mostra a distribuição do pessoal ocupado total formais e informais por setor Fica claro que a tendência de mudança estrutural de longo prazo parece se manter no período recente Os serviços da PAS apresentam crescimento da participação a agropecuária apresenta redução de forma mais relevante redução de 20 em 2002 para 14 em 2014 Note que os subsetores abrangidos pela PAS possuem uma participação bastante relevante do pessoal ocupado totalizando a maior participação entre os setores O agregado de indústrias e serviços industriais de utilidade pública SIUP que reduziu sua participação de 15 em 2007 para 13 em 2016 após ligeiro crescimento a partir de 2002 quando tinha 14 O setor de construção civil também apresentou crescimento após 2004 passando de 6 naquele ano para 9 em 2014 É curioso notar que somente as atividades de 60 65 70 75 80 85 90 95 100 70 75 80 85 90 95 100 105 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 PO Milhões PO Taxa de Desemprego 15 serviços abrangidos pela PAS apresentam crescimento Os demais serviços comércio e administração pública mantiveram participação constante ao longo do período Figura 3 Distribuição da População Ocupada por Setor Fonte PNADIBGE Elaboração própria A Figura 4 mostra a evolução da escolaridade por setor medida pela proporção de trabalhadores com ao menos o ensino médio completo Podemos verificar que há um aumento geral da escolaridade em todos os setores As atividades da PAS apresentam níveis medianos de escolaridade durante todo o período passando de 37 em 2002 para 56 em 2014 Dessa forma pelo lado da oferta de trabalho a menos que haja variação significante da qualidade da educação no Brasil não é esperado que a produtividade do trabalhador tenha aumentado mais do que a da média da economia 0 5 10 15 20 25 30 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Agropecuária Indústria e SIUP Construção Comércio Pesq Anual Serv Adm Pública Outros S 16 Figura 4 Proporção de Ocupados com ao menos o Ensino Médio Completo Fonte PNADIBGE Elaboração própria A Figura 5 mostra que a proporção de ocupados formais3 apresenta crescimento no período na maioria dos setores exceto na administração pública Os segmentos industriais apresentaram crescimento relevante juntamente com comércio construção e as atividades de serviços É importante destacar que a PAS abrange somente as empresas formais de modo que ela abrange somente entre 45 e 55 dos ocupados totais Figura 5 Proporção de Trabalhadores Formais Fonte PNADIBGE Elaboração própria 3 Na tentativa de compatibilizar os dados da PNAD com os da PAS nós consideramos como formais os empregados com carteira assinada funcionários públicos estatutários além de trabalhadores por conta própria e empregadores que possuíam contribuição ao sistema público de previdência 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Agropecuária Indústria e SIUP Construção Comércio Pesq Anual Serv Adm Pública Outros S 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Agropecuária Indústria e SIUP Construção Comércio Pesq Anual Serv Adm Pública Outros S 17 Em relação aos salários a Figura 6 mostra que há crescimento real dos salários entre 2003 e 2013 na maioria dos setores Podemos observar que os salários da administração pública são os mais elevados enquanto os salário da agropecuária são os menores As atividades abrangidas pela PAS apresentam algumas das maiores médias salariais entre os setores somente abaixo daquelas da administração pública Os demais serviços apresentam médias menores apesar de terem percentuais comparativamente mais elevados de ocupados formais Esse dado sugere que alguns dos segmentos mais sofisticados dos serviços estão sendo incluídos pela PAS Figura 6 Salários Reais Fonte PNADIBGE INPCIBGE Elaboração própria A Figura 7 mostra evolução das médias salariais em termos de crescimentos proporcionais a partir de 2002 Note que apesar de a agropecuária apresentar as menores médias salariais ela mostra grande aumento proporcional no período ao que parece seguindo a evolução da produtividade Campos et al 2015 Os serviços abrangidos pela PAS ao contrário não possuem uma grande taxa de crescimento mesmo com um dos maiores níveis salariais Sob concorrência perfeita a teoria econômica mostra que o salário pago as trabalhadores devem se igualar à produtividade marginal do trabalho Dessa forma o gráfico traz alguns indícios iniciais de que a produtividade dos serviços não cresceu muito no período analisado 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 R preços de 2013 Agropecuária Indústria e SIUP Construção Comércio PAS APU Outros S 18 Figura 7 Evolução dos Salários Reais Fonte PNADIBGE INPCIBGE Elaboração própria Em seguida apresentamos os dados da PAS A Figura 8 mostra a evolução da produtividade do trabalho dos salários e dos gastos com pessoal entre 2006 e 2013 Podemos observar em primeiro lugar que os salários apresentam crescimento real sistemático durante todo o período especialmente entre 2009 e 2010 Os gastos totais com pessoal que incluem todos os gastos associados com a contração de trabalhadores apresentam evolução muito similar A produtividade do trabalho por outro lado apresenta evolução muito diferenciada Entre 2007 e 2008 esse indicador apresenta um crescimento acelerado de quase 7 A partir desse ano no entanto a produtividade passa a oscilar em torno do mesmo nível e não cresce mais do que 15 Ao que parece a partir de 2008 se verifica um descolamento entre as trajetórias de produtividade e de salários Uma tendência como essa pode no longo prazo trazer problemas gerais para o setor O aumento dos salários e gastos com pessoal representa o crescimento de custos de produção que podem não estar sendo compensados pelo crescimento da produtividade No caso extremo o crescimento dos custos acima da produtividade pode passar a sufocar as atividades econômicas e chegar a inviabilizalas 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2002 100 Agropecuária Indústria e SIUP Construção Comércio Pesq Anual Serv Adm Pública Outros S 19 Figura 8 Evolução da Produtividade dos Salários e Gastos com Pessoal Fonte PASIBGE SCNIBGE INPCIBGE Elaboração própria Como mencionamos anteriormente os serviços constituem um setor bastante heterogêneo O mesmo é válido para os serviços abrangidos pela PAS São sete subsetores incluídos na pesquisa Serviços prestados às famílias serviços de alojamento alimentação atividades culturais recreativas e esportivas serviços pessoais pe lavanderias tinturarias cabelereiros e serviços de beleza atividades de ensino continuado pe escolas de idiomas ensino de esportes artes e cultura Serviços de informação e comunicação telecomunicações tecnologia da informação serviços audiovisuais pe atividades de produção e pós produção cinematográfica de vídeos e programas de televisão distribuição de filmes e vídeos exibição cinematográfica atividades de rádio e televisão edição e edição integrada à impressão agências de notícias Serviços profissionais administrativos e complementares serviços técnicoprofissionais pe atividades jurídicas consultorias serviços de arquitetura engenharia agências de publicidade pesquisas de opinião aluguéis não imobiliários intermediação de mão de obra agências de viagens vigilância e segurança serviços paisagísticos e de apoio administrativo 99 101 103 105 107 109 111 113 115 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2007 100 Produtividade SCN Salários e Remunerações Gasto com Pessoal 20 Transportes serviços auxiliares de transportes e correios todas as modalidades de transportes de cargas e passageiros armazenamento correios e outras atividades de entregas Atividades imobiliárias compra venda e aluguel de imóveis próprios intermediação de compra venda e aluguel de imóveis Serviços de manutenção e reparação manutenção e reparação de veículos equipamentos de informática e comunicação objetos pessoais e eletrodomésticos Outras atividades de serviços serviços auxiliares financeiros pe administração de cartões de crédito intermediação de transações de títulos valores imobiliários e mercadorias avaliação de riscos e perdas corretores e agentes de seguros4 esgoto coleta tratamento de resíduos e recuperação de materiais Vamos caracterizar esses subsetores segundo alguns indicadores Em primeiro lugar a Figura 9 mostra que os subsetores de serviços prestados às famílias e de serviços profissionais prestados às empresas que possuem as maiores proporções cada um com valores entre 30 e 35 Se verifica ligeira tendência de redução da proporção de empresas de serviços prestados às famílias e crescimento das empresas de serviços profissionais sem porém alterações muito significativas Os transportes apresentam níveis de participação intermediários de cerca de 14 razoavelmente constantes ao longo do período 4 Tratase de atividades auxiliares e não incluem atividades financeiras de bancos seguradoras e previdência complementar 21 Figura 9 Distribuição das Empresas de Serviços Fonte PASIBGE Elaboração própria O subsetor com o maior ritmo de crescimento do número de empresas é aquele de atividades imobiliárias Apesar de possuir comente 2 do número de empresas o subsetor teve um crescimento de 120 ao longo do período analisado Os três subsetores com as maiores participações apresentaram taxas de crescimento comparativamente mais modestas entre 55 e 65 Por último note que entre 2010 e 2011 há um ritmo um pouco maior de crescimento para a maioria dos subsetores exceto os serviços de informação e comunicação Figura 10 Evolução do Número de Empresas de Serviços Fonte PASIBGE Elaboração própria 0 5 10 15 20 25 30 35 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 S Prest às Famílias S Info e Comunic S Profissionais e Adm Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manut e Reparação Outras Ativ Serv 100 120 140 160 180 200 220 240 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2007 100 S Prest às Famílias S Info e Comunic S Profissionais e Adm Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manut e Reparação Outras Ativ Serv 22 Além do número de empresas vamos observar a distribuição do pessoal ocupado A Figura 11 mostra a distribuição do pessoal ocupado pelos subsetores Podemos observar que a distribuição do pessoal ocupado não segue exatamente aquela do número de empresas devido à variação entre subsetores do número de ocupados por estabelecimento Os serviços prestados às famílias com estabelecimentos menores apresentam menor percentual de pessoas ocupadas Em contraste os serviços profissionais apresentam percentuais maiores uma vez que possuem estabelecimentos maiores Figura 11 Distribuição do Pessoal Ocupado nos Serviços Fonte PASIBGE Elaboração própria Como no caso do número de empresas apesar do crescimento do pessoal ocupado nos serviços observamos que não há mudanças relevantes na composição Isso indica que as oscilações da produtividade se devem mais a variações da produtividade interna aos subsetores do que ao movimento dos trabalhadores em direção a um ou outro subsetor O crescimento diferenciado entre os setores pode ser observado na Figura 12 Podemos observar que o maior crescimento percentual ocorreu novamente no subsetor de atividades mobiliárias de 70 Os maiores setores apresentam crescimento proporcionais relativamente próximos entre si entre 43 e 53 no período 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 S Prest às Famílias S Info e Comunic S Profissionais e Adm Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manut e Reparação Outras Ativ Serv 23 Figura 12 Evolução do Pessoal Ocupado nos Serviços Fonte PASIBGE Elaboração própria A Figura 13 mostra os níveis de produtividade médias mensais dos subsetores de serviços Podemos observar que as maiores níveis de produtividade são dos subsetores de serviços de informação e comunicação e de atividades imobiliárias com valores entre R10000 e R13000 para a maior parte da série As atividades de informação e comunicação envolvem empresas de telecomunicações tecnologia da informação e empresas de radiodifusão que podem envolver estabelecimentos grandes e grupos corporativos Por outro lado as atividades imobiliárias normalmente envolvem grandes valores de compras e vendas o que pode explicar o grande nível de produtividade e o reduzido número de empresas e empregados No outro extremo encontramse os subsetores de serviços prestados às famílias e os serviços de manutenção e reparação Esse resultado é esperado uma vez que esses últimos serviços constituem atividades relativamente mais simples no geral com menos intensidade tecnológica ou de conhecimento e capital A variação de produtividade entre os subsetores é bastante ampla A produtividade dos serviços de informação e comunicação é de quase seis vezes a produtividade dos serviços prestados às famílias 100 110 120 130 140 150 160 170 180 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2007 100 S Prest às Famílias S Info e Comunic S Profissionais e Adm Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manut e Reparação Outras Ativ Serv 24 Figura 13 Produtividade dos Serviços Fonte SCNIBGE PASIBGE Elaboração própria As médias salariais mostradas na Figura 14 possuem um ordenamento entre subsetores no geral semelhante àquele da produtividade da Figura 13 A diferença mais chamativa é a da trajetória salarial do subsetor de atividades imobiliárias que aparece com níveis muito menores do que aqueles dos serviços e informação e comunicação pouco menos do que a metade em todos os anos Por outro lado as atividades de serviços prestados às famílias e de manutenção e reparação apresentam novamente os maiores níveis Figura 14 Salários e Remunerações nos Serviços Fonte INPCIBGE PASIBGE Elaboração própria 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R preços de 2013 S Prest às Famílias S Info e Comunic S Profissionais e Adm Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manut e Reparação Outras Ativ Serv 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R preços de 2013 S Prest às Famílias S Info e Comunic S Profissionais e Adm Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manut e Reparação Outras Ativ Serv 25 As tendências de crescimento das duas variáveis no entanto foi bastante diferenciado Como mostramos anteriormente na Figura 8 a produtividade do setor como um todo cresceu em um ritmo menor do que o dos salários No geral a maioria dos subsetores apresenta crescimento salarial superior ao da produtividade tendo como extremo os transportes e correios cuja produtividade decresceu no período As diferenças entre essas duas variáveis no entanto variam muito entre os subsetores Os subsetores mais produtivos de serviços de informação e comunicação e de atividades imobiliárias apresentaram comportamentos muito diferenciados entre si refletindo suas diferenças de estrutura e organização Os primeiros apresentaram baixo crescimento proporcional de salário e de produtividade porém com ritmos de crescimento muito semelhantes entre si cerca de 5 Em contraste as atividades imobiliárias tiveram acelerado crescimento da produtividade e um lento crescimento dos salários Figura 15 Crescimento Percentual da Produtividade e dos Salários 20072013 Fonte SCNIBGE INPCIBGE PASIBGE Elaboração própria Cada um dos subsetores constitui um conjunto de segmentos com níveis de produtividade razoavelmente heterogêneos A Figura 16 mostra a desagregação de cada subsetor 15 10 5 0 5 10 15 20 25 30 S Prestados às Famílias S Informação e Comunicação S Prof Adm e Compl Transportes S Aux aos Transp e Correios Ativ Imobiliárias S Manutenção e Reparação Outras Ativ Serv Total Produtividade SCN Sal e Rem 26 Figura 16 Produtividade dos Segmentos de Serviços a S Prestados às Famílias b S Informação e Comunicação c S Profissionais Adm e Comp d Transp S aux Transp e Correios e Ativ Imobiliárias f S Manutenção e Reparação g Outras Atividade de Serviços Fonte SCNIBGE PASIBGE Elaboração própria 00 05 10 15 20 25 30 35 40 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Ensino cont At recreativas e cult S alimentação S alojamento S pessoais 0 10 20 30 40 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Ag notícias e outros Edição S audiovisuais Tec Informação Telecom 0 2 4 6 8 10 12 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Ag Viagens Alug não imob Outros S mãodeobra S escritório e apoio adm S segurança S edificios S téc Prof 0 20 40 60 80 100 120 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Armazenamento Correios Tr aquaviário Tr aéreo Tr dutoviário Tr ferroviário e metroviário Tr Rod Cargas Tr Rod passageiros 0 5 10 15 20 25 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Compra venda e al imóveis próprios Int compra venda e al imóveis 00 10 20 30 40 50 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Man Equip informática e com Man Obj pessoais e domésticos Man veículos automotores 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R mil preços de 2013 Esgoto e rec materiais S aux Agricopecuária S aux financ 27 Podemos observar que os serviços prestados às famílias painel a e os serviços de manutenção e reparação painel f apresentam níveis relativamente baixos de produtividade para todos os segmentos Os serviços profissionais painel c apresentam variabilidade maior de produtividade com alguns segmentos chegando a valores acima de R8000 como os serviços técnicoprofissionais e os serviços de aluguéis não imobiliários Em alguns dos demais subsetores parece haver maior intensidade de capital e tecnologia de modo que os diversos segmentos possuem maiores níveis de produtividade Nos serviços de informação e comunicação painel b o nível mínimo de produtividade é de R4500 que está acima da maioria dos serviços prestados às famílias e da maioria dos serviços profissionais Entre eles as telecomunicações despontam como o setor mais produtivo com níveis oscilando em torno de R30000 porém com uma tendência decrescente Trajetórias semelhantes ocorrem no subsetor de transportes e correios painel d em que se destaca o segmento de transportes dutoviários com níveis crescentes de produtividade Esses serviços possuem relação com o transporte de commodities da indústria extrativa e envolvem elevados valores de investimento em infraestrutura o que pode explicar o descolamento em relação às demais modalidades de transporte Com a exceção dos transportes aéreos os demais segmentos de transporte apresentaram reduções de produtividade em maior ou menor grau entre 9 e 21 no período Nas atividade imobiliárias painel e um dos subsetores com os maiores níveis de produtividade o segmento de compra venda e aluguel de imóveis próprios apresenta produtividade relativamente elevada em torno de R20000 na maior parte do período Por último nas outras atividades de serviços painel f as atividades auxiliares de serviços financeiros seguros e previdência complementar se destacam A relação entre o crescimento de salários e produtividade com a desagregação por segmentos de subsetores é apresentada na Figura 18 A linha cinza representa a reta de 45º em que o crescimento proporcional das duas variáveis seria igual Note que as variáveis parecem guardar correlação positiva entre si como mostra a linha de tendência linear azul No entanto a maioria dos pontos se situa acima da reta de 45º de modo que na maioria dos segmentos os salários e remunerações cresceram mais rapidamente do que a produtividade repetindo o padrão geral dos subsetores 28 Alguns segmentos se destacam com redução das médias de salários e remunerações agências de notícias e outros serviços de informação 25 telecomunicações 20 compra venda e aluguel de imóveis próprios 9 e atividades de ensino continuado 5 Entre essas as atividades de ensino continuado e as telecomunicações também tiveram redução de produtividade Por outro lado os serviços de compra venda e aluguel de imóveis próprios apresentaram ganhos razoáveis de produtividade Figura 17 Variação dos Salários e Produtividade 20072013 Fonte INPCIBGE SCNIBGE PASIBGE Elaboração própria Por último investigamos a evolução da produtividade de acordo com a intensidade de conhecimento dos serviços Os serviços identificados como intensivos em conhecimento possuem no geral maiores proporções de graduados no ensino superior e possuem maior contribuição para inovações Dessa forma é esperado que esses serviços sejam mais produtivos e que os salários pagos sejam também maiores Para classificar os serviços da PAS por intensidade de conhecimento utilizamos a definição do órgão estatístico europeu Eurostat para a classificação de atividades econômicas da Comunidade Européia NACE adaptada para a CNAE 20 pelas tabelas de correspondência da CONCLA A classificação da Eurostat se baseia na proporção de ocupados com graduação no ensino superior por setor A Figura 18 mostra a evolução do número de empresas segundo intensidade de conhecimento As empresas não intensivas em conhecimento no geral apresentam ritmo de crescimento igual ao das empresas intensivas em conhecimento atém 2010 A partir 30 20 10 0 10 20 30 40 50 60 40 20 0 20 40 60 80 Salários e Remunerações Produtividade 29 daquele ano as primeiras apresentam ritmo mais acelerado de crescimento especialmente entre 2010 e 2011 Figura 18 Evolução do Número de Empresas por Intensidade de Conhecimento Fonte PASIBGE Elaboração própria Na Figura 19 podemos notar que de fato os serviços intensivos em conhecimento apresentam maiores níveis de produtividade e de salários que são quase o dobro dos serviços não intensivos Figura 19 Produtividade e Salários e Remunerações por Intensidade de Conhecimento Fonte SCNIBGE INPCIBGE PASIBGE Elaboração própria 100 110 120 130 140 150 160 170 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2007 100 Não Intensivo Intensivo 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 R preços de 2013 Produtividade SCN Não Intensivo Produtividade SCN Intensivo Salários e Rem Não Intensivo Salários e Rem Intensivo 30 Por fim a Figura 20 mostra a evolução da produtividade e dos salários e remunerações Apesar das diferenças de nível mostrados na Figura anterior e de flutuações aos longo dos anos podemos notar que as variações proporcionais de salários e da produtividade são semelhantes para os dois tipos de serviços entre 2007 e 2013 Os salários crescem cerca de 15 enquanto a produtividade permanece estagnada Ao que parece enquanto os serviços menos intensivos apresentam uma trajetória com menos oscilações dos salários e da produtividade os serviços mais intensivos parecem ter sofrido choque em 2009 provavelmente devido à crise econômica internacional dos anos anteriores além de apresentar decréscimo das duas variáveis nos últimos anos da série Figura 20 Evolução da Produtividade e dos Salários e Remunerações por Intensidade de Conhecimento Fonte SCNIBGE INPCIBGE PASIBGE Elaboração própria 5 Conclusões O setor de serviços assume posição de destaque na economia brasileira contemporânea Tal tendência é observada na contribuição para queda da taxa de informalidade no aumento do número de ocupações e no crescimento dos salários dos empregados nesse setor Dessa forma o entendimento das repercussões na economia da mudança estrutural em curso tornase tarefa cada vez mais importante Contrapondo as atividade de serviços abrangidas pela PAS aos demais setores de atividade econômica os dados da PNAD indicaram uma participação crescente daquele 95 100 105 110 115 120 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2007 100 Produtividade SCN Não Intensivo Produtividade SCN Intensivo Salários e Rem Não Intensivo Salários e Rem Intensivo 31 setor no total de empregos da economia No entanto aquelas atividade de serviços mantém escolaridade mediana em comparação aos demais setores além de aumentos modestos nos rendimentos do pessoal ocupado Com intuito de fundamentar o crescimento robusto do setor de serviços utilizamos dados da PAS entre 2007 e 2013 para a construção de análises descritivas nos anos mais recentes e verificouse um aumento nos principais indicadores de interesse no período como um todo entre eles crescimento de 58 no número de empresas média de 8 ao ano aumento de 50 no número de pessoal ocupado Como estudos anteriores constatamos que os segmentos de serviços apresentam grande heterogeneidade de níveis e de variação de produtividade e de salários No geral os serviços prestados às famílias e os serviços de manutenção e reparação conjuntos de atividades predominantemente destinadas ao consumidor final apresentam níveis de produtividade relativamente baixos no período e sem muita dispersão entre os segmentos de atividade No extremo oposto se destacam os serviços de informação e comunicação além das atividades imobiliárias com elevados níveis de produtividade Internamente a esses subsetores se destacam alguns segmentos de atividade altamente produtivos telecomunicações diversos segmentos de transportes aquaviários ferroviários e metroviários aeroviários com destaque para os dutoviários compra venda e aluguel de imóveis próprios e serviços auxiliares financeiros Esses segmentos são mais intensivos em capital e tecnologia e de acordo com a literatura são mais ligados ao consumo intermediário De fato quando dividimos os subsetores por intensidade de conhecimento verificamos que os serviços mais intensivos em conhecimento possuem maiores níveis de produtividade e de salários Por último na comparação da evolução da produtividade com a dos salários e remunerações nossa análise mostra que o crescimento da primeira é inferior ao dos últimos especialmente a partir de 2009 Essa constatação se repete no geral para desagregações em níveis mais detalhados de atividades além de se manter na divisão por intensidade de conhecimento Produtividade com baixo crescimento e custos crescentes com mão de obra podem representar problemas de estrangulamento do setor com dificuldades desse de repassar a elevação dos seus custos ao consumidor 32 7Bibliografia ARBACHE J Produtividade no Setor de Serviços In DE NEGRI F CAVALCANTE L R Orgs Produtividade no Brasil desempenho e determinantes Brasília IPEA vol 2 2006 p 277300 BAUMOL W J Macroeconomics of Unbalanced Growth the anatomy of urban crisis The American Economic Review vol 57 n 3 pp415426 jun 1967 CLARK C The Conditions of Economic Progress London Macmillan 504 p 1940 CRUZ V J M PORCILE G NAKABASHI L SCATOLIN D F Structural Change and the Service Sector in Brazil Universidade Federal do Paraná Departamento de Economia Working Papers n 75 2008 FISHER A G B Production Primary Secondary and Tertiary Economic Record v 15 n 1 pp2438 1939 JACINTO P A RIBEIRO E P Crescimento da Produtividade no Setor de Serviços e da Indústria no Brasil dinâmica e heterogeneidade Economia Aplicada v 19 n 3 p 401427 2015 KUBOTA C L A inovação tecnológica das firmas de serviços no Brasil In DE NEGRI J A KUBOTA L C Orgs Estrutura e Dinâmica do Setor de Serviços no Brasil Brasília IPEA 2006 p 3572 ORGANIZATION FOR ECONOMIC COOPERATION AND DEVELOPMENT OECD Promoting innovation in services Paris OECD Directorate for Science Technology and Industry oct 2005 OULTON N Must the Growth Rate Decline Baumols Unbalanced Growth Revisited Oxford Economic Papers vol 53 n 4 p 605627 2001 PESSOA J P VAN REENEN J Decoupling of Wage Growth and Productivity Growth Myth and Reality Centre for Economic Performance CEP Discussion Paper nº 1246 2013 SILVA A M DE NEGRI J A KUBOTA L C Estrutura e Dinâmica do Setor de Serviços no Brasil In DE NEGRI J A KUBOTA L C Orgs Estrutura e Dinâmica do Setor de Serviços no Brasil Brasília IPEA 2006 p 1533 SILVA A M Dinâmica da produtividade do setor de serviços no Brasil uma abordagem microeconômica In DE NEGRI J A KUBOTA L C Orgs Estrutura e Dinâmica do Setor de Serviços no Brasil Brasília IPEA 2006 p 73105 SOUZA K B BASTOS S Q A PEROBELLI F S As Múltiplas Tendências de Terciarização uma análise insumo produto da expansão do setor de serviços Anais do 39º Encontro Nacional de Economia Foz do Iguaçu 2011 33 TORRESFREIRE C Um Estudo sobre os Serviços Intensivos em Conhecimento no Brasil In DE NEGRI J A KUBOTA L C Orgs Estrutura e Dinâmica do Setor de Serviços no Brasil Brasília IPEA 2006 p 107132 JUNIOR C L TEIXEIRA R J Mudança Estrutural e Crescimento Econômico no Brasil uma análise do período 19902003 usando a noção de setor verticalmente integrado Nova Economia vol 20 n 1 Belo Horizonte janabr 2010 34 Apêndice Figura A1 Comparação do Pessoal Ocupado entre as Duas Pesquisas Fonte PASIBGE PNADIBGE Elaboração própria Obs os dados da PNAD incluem somente os ocupados considerados formais empregados com carteira assinada funcionários públicos estatutários trabalhadores por conta própria e empregadores com contribuição a algum sistema público de previdência Figura A2 Comparação de Médias Salariais entre as Duas Pesquisas Fonte PASIBGE PNADIBGE INPCIBGE Elaboração própria Obs os dados da PNAD incluem somente os ocupados considerados formais empregados com carteira assinada funcionários públicos estatutários trabalhadores por conta própria e empregadores com contribuição a algum sistema público de previdência 8 9 10 11 12 13 14 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Milhões PNAD PAS 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 R preços de 2013 PNAD PAS Sumário 1 Introdução 11 Justificativa e Relevância do Estudo 12 Objetivos do Trabalho 13 Estrutura do Trabalho 2 O Setor de Serviços no Brasil 31 Definição e Classificação dos Setores de Serviços 32 A Evolução do Setor de Serviços no Brasil 33 Principais Segmentos do Setor de Serviços Comércio Transporte Tecnologia Educação Saúde etc 34 Fatores que Influenciam o Crescimento do Setor de Serviços 3 Análise Comparativa Setor de Serviços Agricultura e Indústria no PIB Brasileiro 31 Participação de Cada Setor no PIB Brasileiro 32 Tendências e Projeções Futuras para os Setores 33 O Papel do Setor de Serviços no Crescimento Econômico do Brasil 4 Conclusão 41 Resumo dos Principais Achados 42 Considerações Finais 43 Sugestões para Pesquisas Futuras 5 Referências Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 181 O PIB brasileiro nos séculos XIX e XX duzentos anos de flutuações econômicas Guilherme Tombolo1 Armando Vaz Sampaio2 Resumo O objetivo desse trabalho é o de analisar o comportamento da série do PIB brasileiro entre 1820 e 2012 no que diz respeito ao seu comportamento cíclico e períodos de crescimento econômico Outro objetivo que surgiu com o anterior foi o de estimar o PIB nominal e real do Brasil entre 1820 e 1899 dada a ausência de estimativas que cobrissem esse período de forma continua Identificamos sete fases de crescimento do produto real agregado brasileiro A taxa média do período como um todo 18202012 193 anos foi de 371 aa média ponderada pela duração dos períodos Na análise do PIB per capita identificamos seis fases de crescimento A taxa média de crescimento do período como um todo foi de 293 aa No que diz respeito à volatilidade dos ciclos tal volatilidade foi em geral decrescente quando medida pelo desviopadrão dos ciclos extraídos pelo Filtro HP Palavraschave Ciclos Econômicos História Econômica do Brasil Produto In terno Bruto PIB do Brasil JEL E32 N16 E01 1 Mestre em Desenvolvimento Econômico PPGDEUFPR Doutorando em Desenvolvimento Econômico PPGDEUFPR Email guilhermetombolohotmailcom 2 Doutor em Economia Aplicada EsalqUSP Professor Adjunto Departamento de Economia UFPR e PPGDE UFPR Email avsampaioufprbr Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 182 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX Brazilian GDP in the nineteenth and twentieth centuries two hundred years of economic fluctuations Abstract The aim of this paper is to analyze the behavior of the series of Brazilian GDP between 1820 and 2012 with regard to its cyclical behavior and periods of economic growth Another goal that came with the previous one was to estimate the nominal and real Brazilian GDP between 1820 and 1899 given the absence of estimates which covered the period continuously We identified seven phases of growth in Brazilian real GDP The average rate for the period as a whole 1820 2012 193 years was 371 pa weighted average for the duration of periods In the analysis of GDP per capita we identified six phases of growth The average growth rate for the period as a whole was 293 pa With regard to the volatility of cycles such volatility was generally decreasing as measured by standard deviation of the cycles extracted by the filter HP Keywords Economic Cycles Economic History of Brazil Gross Domestic Product GDP of Brazil JEL E32 N16 E01 1 Introdução A análise dos ciclos econômicos tem uma longa tradição na ciência econômi ca tradição essa que remonta aos primórdios da disciplina com os trabalhos dos clássicos como Adam Smith David Ricardo Thomas Malthus etc No século XX o estudo dos ciclos econômicos ganha novo impulso na esteira da grande depressão econômica da década de 1930 A análise das propriedades estatísticas dos ciclos econômicos também começou a receber atenção nessa época dada a recente disponibilidade de estatísticas econômicas regulares Os autores Mitchell e Burns 1946 identificaram várias características dos ciclos econômicos da economia dos Estados Unidos assim como o fez Kaldor 1961 para economias em geral O estudo de tais propriedades é importante tanto para fins de confrontação e teste de modelos macroeconômicos quanto para a compilação de dados para a historiografia econômica Neste trabalho em particular objetivamos anali sar o comportamento da série temporal do PIB brasileiro entre 1820 e 2012 no que diz respeito ao seu comportamento cíclico e seus distintos períodos de crescimento econômico Naturalmente outro objetivo que surgiu foi o de estimar o PIB nominal e real brasileiro entre 1820 e 1899 dada a ausência de estimativas que cobrissem esse período de forma continua Estimamos também o PIB real em dólares internacionais de GearyKhamis no período Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 183 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX 18201899 a fim de comparar nossas estimativas com as de Maddison 2006 Outros autores como Furtado 1976 Leff 1972 1991 Haddad Contador 1975 e Goldsmith 1986 enfrentaram a tarefa de obter estimativas do PIB ou da renda nacional brasileira no século XIX Entretanto para se analisar o comportamento cíclico do PIB acreditamos que as nossas estimativas do PIB nominal e real para o período de 1820 a 1900 são mais acuradas e adequadas por se basearem no procedimento econométrico de análise de cointegração No que diz respeito à análise das propriedades cíclicas do PIB brasileiro durante o século XIX ou parte dele o trabalho de Araújo et al 2008 é o único que nós saibamos em que se analisam os ciclos econômicos e o crescimento do produto brasileiro na tradição da teoria do ciclo de negócios Fazem isso para o período 18502000 utilizandose da estimativa do PIB brasileiro entre 1850 e 1899 de Goldsmith 1986 encadeadas à estimativa de Haddad 1978 em 1900 e às estimativas oficiais em 1947 Este trabalho está dividido em cinco seções incluindo essa Introdução Na seção 2 O PIB nominal e real do Brasil no século XIX 18201900 nós proce demos a estimação do PIB nominal e real do Brasil O PIB nominal foi obtido de uma regressão cointegrante do log natural do PIB nominal entre 1900 e 1946 contra o log natural da população da receita geral do setor público das exportações e importações de bens e do conceito de moeda M2 O PIB real por sua vez é obtido do deflacionamento do PIB nominal por um deflator implícito do PIB Tal deflator foi estimado de uma regressão cointegrante do deflator implícito do PIB entre 1889 e 1930 contra índices de preços dos séculos XIX e XX Na seção 3 Comparações Internacionais nós convertemos para dólares in ternacionais de GearyKhamis o PIB real que nós estimamos na seção 2 a fim de comparar os nossos resultados com os de Maddison 2006 A conversão é feita por meio de uma regressão cointegrante para o período 19001946 do log do PIB brasileiro medido em dólares internacionais de 2008 contra o log do PIB brasileiro em reais de 2008 o log do deflator implícito do PIB e o log do índice de preços ao consumidor CPI dos Estados Unidos Na seção 4 PIB brasileiro períodos de crescimento e ciclos nós fizemos uma breve análise do comportamento do produto brasileiro no período 18202012 Por fim na seção 5 Conclusões nós relatamos os principais resultados alcançados no trabalho 2 O PIB nominal e real do Brasil no século XIX 18201900 É difícil estimar variáveis como o PIB para o século XIX devido à escassez Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 184 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX de dados e estatísticas que embasem tais estimativas No entanto existem estimativas indiretas do produto real do Brasil para esse período A maioria delas se baseia em variáveis fiscais do governo federal exportações e im portações agregados monetários etc Uma das primeiras estimativas é a de Furtado 1976149 que estimou a taxa de crescimento da renda per capita para o Brasil como um todo em 15 aa entre 1850 e 1900 e 23 aa para a região cafeeira no mesmo período Vale do Paraíba e oeste do Estado de São Paulo Furtado se baseou em séries de comércio internacional e fez na verdade mais uma conjectura do que uma estimativa propriamente dita Entretanto essa conjectura de Furtado foi considerada demasiado otimista por não se conformar com outros estudos Por exemplo Coatsworth 1978 quadro 1 apud Abreu Lago 20124 estima o crescimento do PIB per capita em 036 aa no período 18001860 e 040 aa no período 18601910 Por sua vez Maddison 2006520 sugere um crescimento da renda per capita de 020 aa entre 1820 e 1870 e 030 aa entre 1870 e 1913 Engerman e Sokoloff 1997270 também para a renda per capita sugerem 040 aa para 18001850 e 040 aa para 18501913 esta última destoando sobremaneira de Maddison e de Coatsworth como ressaltado por Abreu e Lago 20124 Extraindo o primeiro componente principal1 das séries de exportações impor tações e gastos do Governo Central2 todos deflacionados Contador Haddad 1975 estimam o crescimento do produto real per capita em 086 aa para o período 18611889 e 268 para o produto real agregado no mesmo período Para o período 18611900 as estimativas são 040 aa per capita e 147 aa agregado Por outro lado Leff 1991capítulo 3 e Leff 1972 se utilizando da relação de trocas da teoria quantitativa da moeda estima a taxa de cresci mento média da renda real per capita entre 1822 e 1913 no intervalo de 03 a 08 aa A média desses valores é 025 aa portanto a renda per capita de 1913 seria apenas 25 maior do que o foi em 1822 segundo as conclusões de Leff Empregando a mesma técnica usada por Leff 1972 1991 e também se baseando em Maddison 2006 e Engerman e Sokoloff 1997 Castro Gonçalves 2010 estimam o crescimento da renda per capita no Brasil em 044 aa entre 1800 e 1850 e 0207 aa entre 1851 e 1910 Uma das estimativas mais citadas do produto brasileiro no século XIX é a feita por Goldsmith 1986 O professor Goldsmith 1986 24 elaborou uma série experimental do produto interno bruto brasileiro a preços correntes tomando a média aritmética simples de quatro indicadores a saber índice de massa de salários oferta nominal de moeda M2 exportações mais importações nominais e gastos do Governo Central também em termos nominais O índice de massa de salários foi obtido multiplicando um índice de salários pagos3 por um índice de população conforme Goldsmith 198633 Dado o índice obtido 1 Análise de Componentes Principais é uma técnica estatísticomatemática 2 Governo Central corresponde ao governo federal ou ao governo da União hoje em dia 3 Índice elaborado por Lobo 1971 tomando a média de salários pagos a 20 ocupações na cidade do Rio de Janeiro entre 1850 e 1930 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 185 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX pela média aritmética dos indicadores este foi então encadeado às estimativas do professor Haddad 1978 em 1910 voltando até o ano de 1850 gerando assim uma estimativa do PIB nominal brasileiro para o período 185019104 Para obter o produto em termos reais ou a preços constantes Goldsmith 198631 construiu um índice de preços interno para o período 18501913 baseado na média aritmética simples de quatro índices de preços calculados de forma aproximada por outros quatro autores5 sendo que tais índices de preços serão abordados mais adiante nesse trabalho Dividindo a série de produto nominal pelo seu índice de preços internos Goldsmith 19862223 8283 obteve uma série do produto a preços constantes para o Brasil entre 1850 e 1910 Em preços constantes o produto no agregado teria crescido a uma taxa de 232 aa entre 1850 e 1880 e 230 aa entre 1880 e 1910 em termos per capita foi 066 aa para o período 18501880 e 0157 aa para o período 1880 e 1910 Porém as estimativas de Goldsmith 1986 são vistas com muitas reservas entre outras coisas por se basearem num índice de preços inteiramente inadequado além de depender de algumas hipóteses questionáveis sobre o funcionamento da economia do Brasil no século passado IBGE EHB 1990 88 apud ABREU LAGO 20124 Não obstante optamos nesse trabalho por uma abordagem semelhante à de Goldsmith para se calcular o PIB nominal e real brasileiro no século XIX Ao fazer isso entretanto proce demos de forma diferente empregando econometria ao invés de uma média simples das variáveis 21 Estimação do PIB nominal Nossa ideia foi estimar uma regressão cointegrante do log natural do PIB nominal calculado por Haddad 1978 entre 1900 e 1946 contra o log natural da população da receita geral do setor público das exportações e importações de bens e do conceito de moeda M2 valores monetários em Contos de Réis Os dados da população residente foram obtidos de Mortara 1941 em termos decenais para o período de 1770 a 1870 e do Ipeadata 2012 para o período 18722011 sendo que entre 1980 e 2011 os dados referemse à estimativa da população residente em 1o de julho feitas pelo IBGE Os dados de Mortara 1941 foram anualizados por interpolação cúbica e encadeados aos do Ipea data 20126 Os dados completos da população estão no apêndice estatístico 4 De fato as estimativas de Haddad 1978 cobrem o período de 1900 a 1947 sendo que as estimativas oficiais do PIB brasileiro iniciaramse em 1947 No entanto as estimativas de Haddad são menos confiáveis para o período 190019081910 embora sejam amplamente aceitas O professor Goldsmith por seu turno preferiu encadear suas estimativas ao ano de 1910 e não ao de 1908 5 Buescu 1973223 1977125 197927 Lobo 197126062 Onody 1960118 394 e Randall 1977 apud Vieira 1947 1981 6 De fato Mortara 1941 estimou a população brasileira decenalmente entre 1770 e 1919 e obteve estimativas anuais desta por meio da interpolação linear dos valores decenais Nós optamos aqui pela interpolação cúbica porque essa produz uma série mais suave da evolução da população no país Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 186 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX desse trabalho os dados decenais de população estão na Tabela 1 TABELA 1 POPULAÇÃO RESIDENTE NO BRASIL 17702010 Ano População Ano População Ano População Ano População 1770 2502000 1830 5354000 1900 17438434 1980 119011052 1780 2841000 1840 6233000 1920 30635605 1991 144825152 1790 3225000 1850 7256000 1940 41236315 1996 157070163 1800 3660000 1860 8448000 1950 51944397 2000 169799170 1810 4155000 1870 9384000 1960 70070457 2007 183987291 1820 4717000 1872 10112061 1970 93134846 2010 190732694 Fonte Para 17701870 Mortara 1941 e para 18722010 Ipeadata 2012 Com relação às receitas do setor público existem séries de receitas e despe sas gerais do governo federal que retrocedem até 1823 No que diz respeito a estados e municípios tais estatísticas são escassas para o século XIX Entre os anos de 1819 e 1822 Gama 1823 traz dados esparsos sobre as receitas e despesas das províncias do recémfundado Império do Brasil o autor Carreira 1889 p 98 311 338 mostra dados das receitas e despesas das três esferas de governo nos anos fiscais de 1823 1855 e 1870 por sua vez Cavalcanti 1890 p 279280 1724 mostra tais dados nos anos fiscais de 1840 e de 1878 até 1888 esses valores estão na tabela 2 TABELA 2 RECEITAS DO SETOR PÚBLICO POR ESFERAS DE GOVERNO 18211907 União A Províncias B Municípios C Setor Público D E A100D E 1821 3997 5711 391 10099 3958 1823 3802 12727 443 16972 2240 184041 16311 4981 935 22227 7383 18541855 36985 8323 1603 46911 7884 18591860 43807 13204 1973 58985 7427 18851886 126883 59228 8578 194688 6517 1907 536060 206653 71538 814251 6583 Fonte Gama 1823 Carreira 1889 Cavalcanti 1890 e Ipeadata 2013 Nota Valores em Contos de Réis Nota Valores interpolados De forma a obter valores mais representativos nós interpolamos os valores indicados pelos autores acima com base na série de receita geral da união e Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 187 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX encadeamos o resultado às séries de receita geral do setor público a partir de 1907 disponíveis no Ipeadata Para consultar tais dados vide o apêndice estatístico Os dados de exportações e importações de bens foram obtidos do site do Ipeadata Os dados relativos à oferta de moeda M2 também disponíveis no Ipeadata foram calculados por Pelaez Suzigan 1976 para o período de 1852 em diante Para o período entre 1839 e 1851 existem dados de depósitos a vista e a prazo para o Banco do Brasil apenas também de Pelaez Suzigan 1976 e para o período de 1810 a 1838 existem dados referentes apenas ao papel moeda emitido Em vista disso utilizamos o papel moeda emitido entre 1820 e 1838 e o M2 restrito com depósitos a vista e a prazo apenas do Banco do Brasil entre 1839 e 1851 representando o M2 e de 1852 em diante utiliza mos o M2 de fato Os resultados da regressão do log natural do PIB nominal entre 1900 e 1946 contra o log natural da população da receita geral do setor público das exportações e importações de bens e do conceito de moeda M2 valores monetários em Contos de Réis são mostrados na Tabela 3 TABELA 3 REGRESSÃO DE MQO DO LOG NATURAL DO PIB NOMINAL 19001946 Coeficiente Erro Padrão Razãot Pvalor Ln Receitas do S Público 0209187 00620204 33729 000161 Ln Exportações 0258224 00710668 36335 000076 Ln Importações 0174815 00572931 30512 000394 Ln MoedaM2 0353583 00495965 71292 000001 Ln População 0105355 00179814 58591 000001 Obs 47 R2 09999 F542 598206 rô 00108 DurbinWatson 202 Diagnóstico dos resíduos e do modelo Objeto do Teste Teste Hipótese Nula Est do Teste pvalor Normalidade Jarque Bera Qui2 2 Os erros são nor mais 38844 01434 Autocorrelação 1ª Ordem Durbin Watson Sem auto correlação 20200 03454 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados obtidos do software econométrico Gretl 19107 Nota O teste identificou três vetores de cointegração 7 Disponível para download gratuito em httpgretlsourceforgenetgretlportugueshtml Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 188 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX TABELA 3 REGRESSÃO DE MQO DO LOG NATURAL DO PIB NOMINAL 19001946 CONTINUAÇÃO Diagnóstico dos resíduos e do modelo Objeto do Teste Teste Hipótese Nula Est do Teste pvalor Autocorrelação 1ª Ordem LM de Breusch Godfrey Sem auto correlação 00048 09449 Autocorrelação 2ª Ordem LM de Breusch Godfrey Sem auto correlação 04566 06367 Heterocedasticidade LM de White Qui2 19 Sem Hete rocedastic 244503 01794 Heterocedasticidade LM de Breusch Pagan Sem Hete rocedastic 31476 05334 ARCH 1ª ordem LM Sem efeito ARCH 00047 09451 ARCH 2ª ordem LM Sem efeito ARCH 00218 09891 Estab dos parâmetros CUSUM Parâm não mu dam 01284 08985 Testes de Cointegração Teste Variante Defasagens Hipótese Nula Estatís do teste pvalor EngleGranger Sem constante 0 Sem cointe gração 67860 00001 Johansentraço Sem constante 3 Sem cointe gração 40317 00474 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados obtidos do software eco nométrico Gretl 19108 Nota O teste identificou três vetores de cointegração A regressão da Tabela 3 foi estimada em níveis não obstante a não esta cionariedade das variáveis envolvidas porque os testes de cointegração de EngleGranger e de Johansen indicaram a presença de cointegração entre as 8 Disponível para download gratuito em httpgretlsourceforgenetgretlportugueshtml Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 189 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX variáveis Portanto nossa estimativa do Log do PIB nominal para o período 18201899 foi feita de acordo com a seguinte equação LnPIB LnR LnX LnIM LnM LnPop 0 2092 0 2582 0 1748 0 3536 2 0 1054 onde LnPIB é o log natural do PIB nominal LnR é o log natural da receita total do setor público LnX é o log natural das exportações de bens LnIM é o log natural das importações de bens LnM2 é o log natural do estoque de moeda M2 e LnPop é o log natural da população residente O valor obtido pela equação ainda foi corrigido para outliers pelo programa TRAMOSEATS do software GRETL 1910 No Gráfico 1 mostramos as es timativas do PIB nominal deste trabalho a de Goldsmith 1986 e a de Con tador Haddad 1975 para efeitos de comparação Uma inspeção visual do gráfico 1 mostra que os dados de Goldsmith superestimam os dados obtidos pelo nosso trabalho e por Contador Haddad 1975 Acreditamos que no caso de Goldsmith os motivos para isso além de ele ter usado uma média simples das variáveis é que ele usou mais séries do que nós usamos em nossa estimativa como já dito antes GRÁFICO 1 ESTIMATIVAS DO PIB NOMINAL MILHARES DE CONTOS DE RÉIS 18201900 Fonte Resultados do trabalho Goldsmith 1986 2223 8283 e Contador Haddad 1975 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 190 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX A estimativa do PIB nominal para o ano de 1872 obtida na regressão acima foi de Rs 10084832617769 por seu lado Reis 2008 num trabalho des tinado a estimar a renda per capita brasileira em 1872 com base no censo demográfico nacional daquele ano estimou o PIB renda nominal de 1872 em Rs 1065776549000 Portanto nossa estimativa do PIB nominal em 1872 equivale a 9462 da estimativa de Reis 2008 a qual se utilizou de uma base de dados desagregada e nacionalmente mais abrangente Isso nós acreditamos reforça a plausibilidade de nossas estimativas10 22 Estimação do deflator implícito do PIB Para obter uma estimativa do deflator implícito do PIB o procedimento foi semelhante ao que foi feito para calcular o PIB nominal Utilizando índices de preços calculados para o século XIX e XX foi feita uma regressão cointe grante do deflator implícito do PIB calculado entre 1889 e 1908 por Villela Suzigan 1973 e entre 1909 e 1947 por Haddad 1978 contra tais índices de preços A regressão ajustada será utilizada para calcular uma estimativa do deflator implícito do PIB retroativamente até 1820 Os índices de preços para o século XIX geralmente são de preços ao consumidor calculados para uma região especifica como o de Lobo 1971 calculado para o Rio de Janeiro entre 1820 e 1930 ou são médias simples das variações de alguns preços como o índice de Onody 1960 Vieira 1947 e Buescu 1973 Outra abordagem comum para se estimar índices de preços para o século XIX é utilizar a Teoria da Paridade do Poder de Compra entre as taxas de câmbio Tal abordagem foi utilizada por Leff 1991 e Luz Peláez 1972 Este trabalho utilizou os índices de Lobo 1971 com ponderação de Affonseca Junior 1920 e Vieira 1947 além de elaborar um índice PPP nos moldes do que fizeram Leff 1991 e Luz Peláez 1972 utilizamos também um índice da taxa nominal de câmbio O índice de Buescu 1973 não será utilizado porque cobre apenas o período 18261887 O índice de Leff 1991 não será utilizado porque cobre apenas o período 18221913 além de corrigir o índice PPP pelos termos de troca A correção do índice PPP pelos termos de troca daria uma estimativa mais acurada do índice PPP no entanto não existem estimativas confiáveis de índices de preços para as exportações e importações para anos anteriores a 1850 o que acrescentaria mais incerteza ao índice PPP calculado O índice de Luz Peláez 1972 não será utilizado porque os autores utilizam o preço ao consumidor do Reino Unido para calcular o índice enquanto a teoria sugere um índice de preços no atacado O índice PPP calculado neste trabalho utilizará o índice da taxa de cambio Milréis 9 Rs é o símbolo da unidade monetária da época o MilRéis que vigorou do período colonial até outubro de 1942 quando foi substituído pelo cruzeiro 10 Além disso nossas estimativas do PIB nominal para os anos de 1871 e 1873 foram de Rs 962388061933 e Rs 1086821608577 respectivamente valores que também são próximos a estimativa para 1872 de Reis 2008 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 191 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX Libra Esterlina e o índice de preços no atacado no Reino Unido11 entre 1820 e 1930 de acordo com a seguinte fórmula PPP ITxC IPA B RU Rs RU Y onde PPP B RU é o índice de paridade do poder de compra do Brasil sobre o Reino Unido ITxC Rs Y é o índice da taxa de câmbio MilRéisLibra Esterlina e IPARU é o índice de preços no atacado no Reino Unido No gráfico 2 estão as séries dos índices de preços de Lobo 1971 Vieira 1947 e o índice PPP calculado acima GRÁFICO 2 ÍNDICES DE PREÇOS DO SÉCULO XIX LOGS 1910100 18201930 Fonte Resultados do trabalho Lobo 1971 e Vieira 1947 Os quatro índices de preços mostrados no Gráfico 2 indicam que os preços foram crescentes no Brasil do século XIX porém a inflação foi branda para os padrões brasileiros cerca de 191 aa entre 1820 e 1889 e 279 aa entre 1820 e 1900 pela média dos índices de Lobo 1971 Vieira 1947 e do índice PPP construído acima O resultado da regressão cointegrante do deflator implícito do PIB é mostrado na Tabela 4 abaixo 11 Índice Rousseaux em Mitchell 1988471473 para 18201913 e para 19141930 Mitchell 1988388 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 192 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX TABELA 4 REGRESSÃO DE MQO DO LOG NATURAL DO DEFLATOR DO PIB 18891930 Coeficiente Erro Padrão Razãot pvalor Constante 1219920 01297260 94038 000001 Dummy 1889 0195367 00673783 28996 000650 Dummy 1890 0169363 00664746 25478 001553 Dummy 18891895 0120573 00335120 35979 000101 Ln Preços de Lobo 1971 0514991 00961621 53554 000001 Ln Preços de Vieira 1947 0200174 00592410 33790 000184 Ln Índice de Preços PPP 0140906 00764005 18443 007387 Ln Índice Tx nom de Câmbio 0149241 00503709 29628 000553 Obs 42 R2 09857 F734 3358356 rô 007026 DurbinWatson 186 Diagnóstico dos resíduos e do modelo Objeto do Teste Teste Hipótese Nula Est do Teste Pvalor Normalidade Jarque Bera Qui2 2 Os erros são normais 54356 00660 Autocorrelação 1ª Ordem Durbin Watson Sem autocor relação 18595 01045 Autocorrelação 1ª Ordem LM de Breusch Godfrey Sem autocor relação 05134 04753 Autocorrelação 2ª Ordem LM de Breusch Godfrey Sem autocor relação 06825 05077 Heterocedasti cidade LM de White Qui2 20 Sem Hetero cedastic 204289 04314 Heterocedasti cidade LM de Breusch Pagan Sem Hetero cedastic 57206 05727 ARCH 1ª Ordem LM Qui2 1 Sem efeito ARCH 11691 02796 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados obtidos do software eco nométrico GNU Gretl 1910 Nota O teste identificou um vetor de cointegração Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 193 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX TABELA 4 REGRESSÃO DE MQO DO LOG NATURAL DO DEFLATOR DO PIB 18891930 CONTINUAÇÃO Diagnóstico dos resíduos e do modelo Objeto do Teste Teste Hipótese Nula Est do Teste Pvalor ARCH 2ª Ordem LM Qui2 2 Sem efeito ARCH 09800 06126 Estab dos parâmetros CUSUM Parâm não mudam 15803 01236 Testes de Cointegração Teste Variante Defasagens Hipótese Nula Est do teste pvalor EngleGranger Com constante 0 Sem cointe gração 58948 00422 Johansen traço Com constante 2 Sem cointe gração 55891 00326 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados obtidos do software eco nométrico GNU Gretl 1910 Nota O teste identificou um vetor de cointegração A regressão da Tabela 4 foi estimada em níveis não obstante a não estaciona riedade das variáveis envolvidas porque os testes de cointegração de Engle Granger e também de Johansen indicaram a presença de cointegração entre as variáveis Além disso quando da presença de observações atípicas foram incluídas variáveis dummies de forma a tornar a distribuição dos resíduos normal Portanto nossa estimativa do Log do PIB nominal para o período 18201899 foi feita de acordo com a seguinte equação LnDef LnLobo LnVieira LnPPP LnTxC 1 22 0 525 0 20 0 1409 0 1492 onde LnDef é o log natural do deflator do PIB LnLobo é o log natural do índice de preços de Lobo 1971 LnVieira é o log natural do índice de pre ços de Vieira 1947 LnPPP é o log natural do índice de preços de paridade do poder de compra e LnTxC é o log natural do índice da taxa de câmbio nominal MilRéisLibra No Gráfico 3 mostramos o Deflator do PIB calculado neste trabalho encade ado ao índice de Villela Suzigan 1973 e o calculado por Goldsmith 1986 para efeitos de comparação Uma inspeção simples do gráfico mostra que o índice de Goldsmith é bem semelhante ao nosso no período 18501888 e sobreestima o índice de Villela Suzigan 1973 para o período 18891897 voltando a ser praticamente igual no período 18981913 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 194 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX GRÁFICO 3 DEFLATORES DO PIB LOGARITMOS 1910100 18201913 FonteResultados do trabalho e Goldsmith 1986 2223 8283 23 O PIB real no período 18201900 Na Tabela 5 nós mostramos algumas estimativas de outros autores compara das com as nossas para o crescimento do PIB real entre 1850 e 1913 A grosso modo as estimativas são semelhantes no que diz respeito a movimentos de tendência isto aumentam e diminuem ao mesmo tempo em praticamente todas as observações da tabela No Gráfico 4 são mostrados o PIB real estima do neste trabalho e o estimado por Goldsmith 1986 e Contador Haddad 1975 A inspeção do Gráfico 4 revela que a estimativa de Goldsmith sobre estima os valores por nós calculados neste trabalho e também os calculados por Contador Haddad 1975 Um exercício interessante como sugerido por Contador Haddad 1975 413 é tentar identificar na série de PIB real estimada perturbações causadas por fatos e eventos históricos Tal exercício é ilustrado na Figura 1 Depois da independência em 1822 o Brasil entrou em guerra entre 1825 e 1828 contra Argentina pela posse da então província brasileira da Cisplatina o conflito terminou em acordo no ano de 1828 com a independência da região sob o nome de República Oriental do Uruguai Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 195 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX TABELA 5 ESTIMATIVAS ALTERNATIVAS DE CRESCIMENTO DO PIB EM AA 18501910 Período Pop Contador e Haddad Goldsmith Este trabalho Agreg Per cap Agreg Per cap Agreg Per cap A B B A C C A D D A 18501860 153 259 106 239 085 18601870 147 297 150 309 162 369 222 18701880 190 183 007 160 030 168 022 18801890 197 156 041 117 080 249 052 18901900 198 016 182 151 047 193 005 19001910 300 784 484 381 081 351 051 18501900 177 199 022 243 066 18601900 183 155 028 184 001 244 061 18501910 197 229 032 261 064 18601910 206 278 072 223 017 266 059 Fonte Resultados do trabalho Contador Haddad 1975 e Goldsmith 1986 Nota Valores calculados a partir da tendência das séries calculadas pelo Filtro HP com λ 100 O período de entre 1835 e 1845 foi marcado por várias revoltas regionais como a Revolta dos Malês 1835 em SalvadorBahia a Revolta de Cabanagem 18351840 no Pará a Revolta Farroupilha 18351845 no Rio Grande do Sul a Revolta Sabinada 18371838 na Bahia a Revolta de Balaiada 1838 1841 no Maranhão e as Revoltas Liberais 1842 de Minas Gerais e São Paulo Entre 1848 e 1850 ocorreu a última rebelião interna do Império esta ocorreu no Pará e chamouse de Revolta Praieira Em 1864 o Brasil lutou contra o ditador uruguaio Aguirre e no mesmo ano entrou em guerra contra o Paraguai numa aliança com Argentina e Uruguai sendo que esta guerra durou até 1870 Também em 1864 ocorreu uma grande crise comercial e bancária no Rio de Janeiro É sabido também que entre 1875 e 1880 o nordeste brasileiro enfrentou uma seca devastadora tal período também foi marcado por uma recessão mundial Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 196 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX GRÁFICO 4 ESTIMATIVAS DO PIB REAL MILHARES DE CONTOS DE RÉIS DE 1910 18201900 Fonte Resultados do trabalho Goldsmith 1986 e Contador Haddad 1975 FIGURA 1 PIB REAL EM BILHÕES DE REAIS DE 2008 E FATOS HISTÓRICOS 18201900 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 197 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX Em 1888 foi criada uma lei autorizando a emissão de moeda por bancos par ticulares A oferta de moeda teria crescido mais de 100 entre 1888 e 1894 Em 1892 começaram as falências e concordatas no que ficou conhecido como a crise do encilhamento CONTADOR e HADDAD 1975 Entre 1893 e 1897 ocorreram as primeiras revoltas do período republicano que foram a Revolta da Armada 18931894 no Rio de Janeiro a Revolta Federalista 18931895 no sul e sudeste do Brasil e a Guerra de Canudos 18931897 no interior da Bahia Outros eventos históricos importantes nessa época foram a abolição da escravidão em maio de 1888 e a proclamação da república em novembro de 1889 Na Tabela 6 nós mostramos relações da economia brasileira do século XIX e início do XX tais como velocidades de circulação dos agregados monetários participação das exportações importações e receita geral do setor público no PIB A velocidade de circulação dos agregados monetários permaneceu praticamente constante durante o século XIX com leve movimento ascen dente no final do século XIX e início do XX A participação das exportações no PIB registrou tendência de queda durante o período Na década de 1820 essa participação era de 26 na década de 1920 havia caído para 1459 A participação das importações no PIB também mostrou tendência de queda no período Na década de 1820 essa participação era de 28 na década de 1920 havia caído para 1254 TABELA 6 COMPORTAMENTO DAS VELOCIDADES DE CIRCULAÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR E DA CARGA TRIBUTÁRIA 18201920 Vpm V0 V1 V2 XPIB IMPIB RspPIB 1820 676 2609 2807 1814 1830 491 2238 2460 1391 1840 466 2170 2478 1233 1850 541 599 550 458 2284 2608 1376 1860 567 655 504 455 2318 2088 1346 1870 547 583 459 399 1852 1556 1511 1880 643 751 537 410 1745 1434 1623 1890 482 685 387 315 2247 2018 1467 1900 564 710 518 477 2020 1310 1591 1910 579 795 470 389 1667 1261 1414 1920 798 1166 486 389 1459 1254 1233 Média 578 743 489 411 2055 1934 1454 Fonte Elaboração própria Nota Vpm V0 V1 e V2 são as velocidades do papel moeda emitido de M0 de M1 e de M2 X representa as exportações IM as importações e Rsp é a receita total do setor público Todos estão como razão do PIB nominal Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 198 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX A receita total do setor público uma proxy para a carga tributária12 oscilou entre 13 e 16 do PIB no período entre 1820 e 1920 isto é era cerca da me tade do que é hoje Na Tabela 7 mostramos a evolução do PIB real total e per capita em reais de 2008 O PIB real total aumentou 1104 vezes em 192 anos o que dá uma taxa de crescimento anual média de 374 aa O PIB real per capita por sua vez aumentou 27 vezes em 192 anos o que dá uma taxa de crescimento anual média de 174 aa TABELA 7 PIB REAL TOTAL EM MILHÕES E PER CAPITA EM REAIS R DE 2008 18202011 Ano PIB PIB per capita Ano PIB PIB per capita 1820 3025 641 1890 17657 1232 1830 3502 654 1900 18481 1060 1840 4000 642 1925 51256 1535 1850 6033 831 1950 179593 3457 1860 7188 851 1975 1076533 10141 1870 11368 1163 2000 2278662 13304 1880 12427 1053 2011 3338702 17355 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho 3 Comparações Internacionais A fim de comparar os nossos dados com os de Maddison 2006 é necessário que nossa estimativa do PIB possa ser convertida em dólares internacionais de GearyKhamis de 2008 Para obter uma estimativa de tal conversão nós estimamos uma regressão cointegrante para o período 19001946 do log do PIB brasileiro medido em dólares internacionais de 2008 contra o log do PIB brasileiro em reais de 2008 o log do deflator implícito do PIB e o log do índice de preços ao consumidor CPI dos Estados Unidos Os resultados da regressão estimada são mostrados na Tabela 8 Os testes de DurbinWatson e o teste LM de BreuschGodfrey identificaram a presença de autocorrelação de primeira ordem a pelo menos 5 de signi ficância na regressão da Tabela 8 O teste LM de White identificou heteroce dasticidade a 5 de significância e o teste LM de BreuschPagan a identificou a 10 de significância Em vista disso a regressão da tabela 8 foi reestimada por máxima verossimilhança para corrigir a autocorrelação de primeira or dem dos resíduos O resultado dessa estimação também está na Tabela 8 O PIB em dólares internacionais de 2008 estimado na regressão da tabela 8 é mostrado no Gráfico 5 juntamente com a estimativa de Maddison 2006 12 Essa receita total do setor público inclui outros tipos de receitas como empréstimos emissões de moeda venda de ativos receitas de empresas estatais etc Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 199 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX As estimativas de Maddison são continuas isto é disponíveis ano a ano en tre 1870 e 2008 Para o período anterior a 1870 existem estimativas apenas para 1820 e 1850 A fim de se obter uma melhor visualização do gráfico nós interpolamos os dados de Maddison no Gráfico 5 TABELA 8 REGRESSÃO DE MQO DO LOG NATURAL DO PIB EM DÓLARES DE GEARYKHAMIS DE 2008 19001946 Coeficiente Erro Padrão Razãot pvalor Constante 14088600 00728379 193425 000001 Dummy em 1911 00574719 00154243 37261 000060 Dummy em 1930 00482869 00153946 31366 000320 Dummy em 1943 004469860 00156855 28497 000688 Ln PIB R de 2008 07851580 0010046 781561 000001 Ln Deflator do PIB 00406152 00134131 30280 000430 Ln CPI dos EUA 011331500 00145812 77713 000001 Obs 47 R2 09992 F640 87376 rô 03204 DurbinWatson 136 Diagnóstico dos resíduos e do modelo Objeto do Teste Teste Hipótese Nula Est do Teste pvalor Normalidade JarqueBera Qui2 2 Os erros são normais 10608 05884 Autocorrelação 1ª Ordem DurbinWat son Sem autocor relação 13552 00028 Autocorrelação 1ª Ordem LM de Breus ch Godfrey Sem autocor relação 48073 00343 Autocorrelação 2º Ordem LM de Breus ch Godfrey Sem autocor relação 25590 00907 Heterocedastici dade LM de White Qui2 12 Sem Heteroce dastic 21348 00455 Heterocedastici dade LM de Breus chPagan Sem Heteroce dastic 12341 00548 ARCH 1ª Ordem LM Qui2 1 Sem efeito ARCH 12374 02660 ARCH 2ª Ordem LM Qui2 2 Sem efeito ARCH 17443 04180 Estabilidade dos parâmetros CUSUM Parâmetros não mudam 11868 02425 Fonte Resultados do trabalho a partir do software econométrico GNU GRE TL 1910 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 200 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX TABELA 8 REGRESSÃO DE MQO DO LOG NATURAL DO PIB EM DÓLARES DE GEARYKHAMIS DE 2008 19001946 Testes de Cointegração Teste Variante Defasagens Hipótese Nula Est do teste pvalor EngleGranger Com constante 0 Sem cointegração 52330 00064 Johansen traço Com constante 2 Sem cointegração 44678 00029 Estimativa em Máxima Verossimilhança com Média Móvel de uma Defasagem Coeficiente Erro Padrão Z pvalor Constante 14105300 00806924 174803 000001 MA 1 04313320 01405360 306920 0002150 Dummy de 1911 00644326 00120128 536360 000001 Dummy de 1930 00325119 00125703 258640 0009700 Dummy de1943 00473983 00118854 398800 0000070 Ln PIB R de 2008 07876630 00113639 693129 000001 LnDeflator do PIB 00402465 00144005 279480 0005190 Ln CPI dos EUA 01077910 00169484 635990 000001 Fonte Resultados do trabalho a partir do software econométrico GNU GRE TL 1910 A visualização do Gráfico 5 mostra que as duas séries tem uma tendência comum e muito próxima indicando que as nossas estimativas estão bem próximas das de Maddison 2006 para o século XIX com a vantagem de que as nossas estão disponíveis ano a ano de forma contínua Na tabela 9 mostramos uma comparação entre as nossas estimativas do PIB brasileiro em dólares internacionais de 2008 com as de Maddison 2006 Novamente constatase que os valores são bem próximos como sugerido no Gráfico 5 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 201 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX GRÁFICO 5 ESTIMATIVAS DO PIB REAL EM BILHÕES DE DÓLARES INTER NACIONAIS DE GEARYKHAMIS 18201900 Fonte Resultados do trabalho e Maddison 2006 TABELA 9 PIB BRASILEIRO EM MILHÕES DE DÓLARES DE GEARYKHAMIS DE 2008 18201890 PIB PIB per capita Taxa de cresc PIB aa Taxa cresc PIB pc aa Maddison Este Trabalho Maddison Este Trabalho Maddison Este Trabalho Maddison Este Trabalho 1820 4387 4284 930 908 1850 7472 7166 1030 988 179 173 034 028 1870 10525 12711 1077 1300 173 291 022 138 1880 13366 13305 1133 1128 242 046 051 141 1890 16976 17317 1184 1208 242 267 045 069 Fonte Maddison 2006 e resultados do trabalho A observação do Gráfico 6 revela que a renda per capita brasileira como razão da renda per capita norteamericana diminuiu sistematicamente entre 1820 e 1918 Em 1820 o Brasil tinha uma renda per capita equivalente a 48 da renda per capita norteamericana em 1918 esse número era de 1279 apenas Entre 1919 e 1980 a renda per capita brasileira aumentou como proporção da renda per capita norteamericana Em 1919 o Brasil tinha uma renda per capita equivalente a 1449 da renda per capita norteamericana em 1980 o Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 202 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX número era de 2902 a maior proporção entre a renda per capita brasileira e a norteamericana depois do ano de 1876 Entre 1981 e 2011 a razão voltou a diminuir se estabilizando por volta de 20 em 2008 GRÁFICO 6 PIB PER CAPITA BRASILEIRO EM RELAÇÃO AO DOS ESTADOS UNIDOS 18202008 Fonte Resultados do trabalho para o Brasil e Maddison 2006 para os EUA Em dólares internacionais a renda per capita brasileira cresceu de I 90813 em 1820 a I 10030 em 2008 implicando uma taxa anual média de crescimento da renda per capita em torno de 129 aa Os Estados Unidos por sua vez tiveram uma taxa anual média de crescimento da renda per capita em torno de 172 aa A diferença de apenas 043 pontos percentuais entre as duas taxas mostra como as taxas compostas podem produzir grandes diferenças em intervalos suficientemente longos de tempo Essa diferença nas taxas fez com que a renda per capita brasileira que era cerca de 50 da norteamericana em 1820 caísse para cerca de 20 em 2008 Se o Brasil tivesse uma renda per capita igual à norteamericana em 1820 então com uma taxa de crescimento média de 129 aa o Brasil teria em 2008 uma renda per capita de I 21081 ou seja equivalente a 4488 da norteamericana ou quase igual a do Chile Por outro lado se com a renda inicial de I 908 em 1820 o Brasil tivesse tido uma taxa de crescimento anual da renda per capita igual a dos Estados Unidos entre 1820 e 2008 isto é 172 aa a renda per capita do país estaria hoje em torno de I 22412 ou equivalente a 48 da norteamericana Na tabela 10 nós mostramos a renda 13 I é o símbolo de dólares internacionais Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 203 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX per capita entre 1820 e 2011 para oito países selecionados inclusive o Brasil A análise desses dados mostra como diferenças de crescimento da renda que parecem pequenas no curto prazo podem produzir grandes disparidades no longo prazo Portanto em termos da análise da série temporal do PIB apenas a atual baixa renda per capita brasileira depende em parte do baixo nível da renda inicial em 1820 e em parte da taxa média de crescimento dessa renda sendo que o primeiro fator baixa renda inicial é o mais importante na nossa visão TABELA 10 COMPARAÇÃO INTERNACIONAL DE RENDAS PER CAPITAS EM DÓLARES INTERNACIONAIS DE GEARYKHAMIS 18202008 EUA França Reino Unido Argentina Chile México Venezuela Brasil 1820 1894 1710 2570 1045 1144 692 908 1830 2073 1794 2635 1000 892 1840 2392 2151 2999 1131 852 1850 2721 2406 3511 1404 988 1860 3282 2851 4265 1648 999 1870 3683 2826 4807 1975 1944 1015 858 1300 1880 4797 3195 5239 2622 1128 1890 5111 3580 6041 3243 2963 1524 1208 1900 6164 4333 6768 4152 3306 2058 1237 1054 1925 9466 6278 7751 5906 4750 2875 3136 1379 1950 14406 7813 10455 7513 5529 3563 11243 2592 1975 24535 19523 17850 12238 6439 7772 15778 6471 2000 42892 30770 30666 12929 15533 10961 12705 8581 2008 46976 33484 35773 16567 19866 12022 15965 10030 Fonte Para o Brasil resultados do trabalho para os demais países Maddison 2006 4 O PIB brasileiro períodos de crescimento e ciclos Nessa parte do trabalho faremos uma breve análise do comportamento do produto brasileiro no período 18202012 A análise dos ciclos econômicos tem uma longa tradição na ciência econômica tradição essa que remonta aos primórdios da disciplina com os trabalhos dos clássicos como Adam Smith David Ricardo Thomas Malthus etc No século XX o estudo dos ciclos eco Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 204 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX nômicos ganha novo impulso na esteira da grande depressão econômica da década de 1930 A análise das propriedades estatísticas dos ciclos econômicos também começou a receber atenção nessa época dada a recente disponibilida de de estatísticas econômicas regulares Os autores Mitchell Burns 1946 identificaram várias características dos ciclos econômicos da economia dos Estados Unidos assim como o fez Kaldor 1961 para economias em geral Em anos mais recentes de 1980 até hoje o estudo da propriedade estatística dos ciclos econômicos foi novamente impulsionada com o advento das linhas de pesquisa dos Ciclos Reais de Negócios e da macroeconomia NovoClássica Trabalhos como o de Beverigde Nelson 1981 Nelson Plosser 1982 Backus Kehoe 1992 e Hodrick Prescott 1980 1997 são referências tí picas dessa linha de pesquisa No que diz respeito ao estudo das regularidades dos ciclos econômicos brasileiros a literatura é pequena se comparada com o estrangeiro mas crescente Estudando o PIB entre 1900 e 1990 CribariNeto 1990 e CribariNeto 1993 concluiu que o PIB brasileiro possui uma raiz unitária e que o componente cíclico é pequeno sendo que todas as flutuações seriam devidas a fatores de longo prazo Em seu trabalho Chauvet 2002 utiliza um modelo de mudança de regime markoviano para estudar o ciclo de negócios brasileiro tanto anualmente entre 1900 e 1999 quanto trimestralmente entre 198001 e 200001 em Chauvet 1998 a autora estuda as flutuações no produto por meio de um modelo com mudança de regime e fatores dinâmicos Por sua vez Ellery et al 2002 estudam as propriedades do ciclo de negócios brasileiro no póssegunda guerra mundial Estudaram relações entre PIB consumo investimento horas trabalhadas etc e simularam um modelo de equilíbrio geral dinâmico no qual concluíram que o mesmo não era capaz de replicar muitas das características dos dados brasileiros Os autores Ellery Jr Gomes 2005 replicam para o caso brasileiro o estudo de Backus Kehoe 1992 onde esses autores coletam e analisam um conjunto de evidências a respeito dos ciclos econômicos em diversos países desenvolvidos A conclusão de Ellery Jr Gomes 2005 foi a de que em geral os fatos estilizados básicos da literatura de ciclos de negócios são observados no Brasil Em seu trabalho Sampaio 200946 analisou os ciclos econômicos do Brasil entre 1980 e 2008 e concluiu que na década de 90 ocorreram períodos de expansão mais frequentes que na década de 80 sendo que o período de expansão mais persistente ocorreu a partir da segunda metade de 2003 Por seu turno Silva Gomes 2011 a persistência das flutuações no produto brasileiro durante o século XX Utilizando modelos ARFIMA e testes de raízes unitárias com quebras estruturais concluíram que o PIB e o PIB per capita brasileiros apresentam alto grau de persistência Num trabalho ao modo de Beveridge e Nelson 1981 Costa Bessaria 2012 analisam o comportamento de várias séries econômicas brasileiras entre elas o PIB a procura de ten dências estacionárias ou diferenças estacionárias Os autores concluem que Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 205 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX a maioria das séries econômicas brasileiras se caracterizam como diferenças estacionárias inclusive o PIB Por fim Araújo et al 2008 tem o único trabalho nos moldes dos acima mencionados em que se analisa os ciclos econômicos e o crescimento do produto brasileiro inclusive no século XIX Na verdade os autores fazem um estudos dos ciclos de negócios e do crescimento brasileiro entre 1850 e 1900 Para isso usam a estimativa do PIB brasileiro entre 1850 e 1899 de Goldsmith 1986 encadeadas à estimativa de Haddad 1978 em 1900 e às estimativas oficiais em 1947 Concluíram entre outras coisas que entre 1850 e 2000 a volatilidade do PIB brasileiro poderia ser dividida em três fases Uma de baixa volatilidade entre 1850 e 1875 outra de alta entre 1876 e 1975 e uma de baixa entre 1976 e 2000 Concluíram também que a volatilidade do produto brasileiro seria bastante diferente da verificada nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos principalmente no que diz respeito ao período póssegunda guerra mundial Nos países desenvolvidos o produto se mostrou menos volátil no período pósguerra comparado ao anteguerra o oposto ocorreu no Brasil segundo os autores Um problema com esse tipo de estudo é que rigorosamente falando os dados présegunda guerra não são diretamente comparáveis aos dados pósguerra Por exemplo alguns economistas afirmam que a macroeconomia keynesiana teve uma grande influencia no comportamento dos agregados econômicos como desemprego e produto no póssegunda guerra O argumento é de que a economia dos Estados Unidos teria ficado mais estável com o advento das políticas de estabilização keynesianas Entretanto numa série de artigos na metade da década de 1980 Romer 1986a 1986b desafiou esse argumento afirmando que a diminuição verifi cada na volatilidade dos dados indica uma melhora na qualidade dos próprios dados e não do desempenho da economia Para sustentar seu argumento a autora construiu séries de dados para o período pósguerra que sofreriam das mesmas deficiências dos dados préguerra Concluiu disso que a economia norteamericana seria apenas ligeiramente mais estável no pósguerra do que o era no préguerra No caso específico do Brasil acreditamos que tal ilusão dos dados deve também ser considerada quando da análise compa rativa entre o PIB no pósguerra com o do préguerra principalmente no que diz respeito ao século XIX 41 O PIB brasileiro e suas fases de crescimento 18202012 No Gráfico 7 mostramos as fases aparentes do processo de crescimento eco nômico brasileiro entre 1820 e 2012 Tal gráfico foi construído simplesmente tomando uma tendência linear do log natural do PIB entre períodos de tempo Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 206 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX distintos que pareciam diferir dos outros períodos em termos de inclinação da reta ajustada Não optamos por aplicar um Teste de Chow tradicional para identificar os pontos de quebra pois parece consensual na literatura como em CribariNeto 1990 1993 Abras et al 2004 Dias Castro Júnior 2003 e Silva Gomes 2011 entre outros de que o PIB brasileiro possui uma raiz unitária14 Tal fato tornaria infrutífero tal exercício Teste de Chow porque os coeficientes estimados na tendência linear seriam viesados e inconsistentes ou seja a regressão seria espúria Com essas resalvas em mente identificamos sete fases no crescimento do produto real agregado brasileiro 18201875 56 anos com crescimento médio de 270 aa 18761905 30 anos com 229 aa 19061945 40 anos com 434 aa 19461957 12 anos com 633 aa 19581978 21 anos com 739 aa 19792003 25 anos com 226 aa e 20042012 9 anos com crescimento médio de 380 aa A taxa média do período como um todo 18202012 193 anos foi de 371 aa GRÁFICO 7 PIB AGREGADO BRASILEIRO E SUAS FASES DE CRESCIMENTO 18202012 média ponderada pela duração dos períodos Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Nota Logaritmo natural do PIB real agregado em milhões de reais cons tantes de 2008 Repetindo o mesmo exercício para o PIB per capita no Gráfico 8 nós iden tificamos seis fases de crescimento a saber 18201875 56 anos com taxa 14 Embora alguns autores como Fava e Cati 1995 e Aguirre e Ferreira 2001 tenham rejeitado a hipótese de raiz unitária principalmente para o período 19471980 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 207 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX média de crescimento de 121 aa 18761919 44 anos com 036 aa 19201957 38 anos com 302 aa 19581978 21 anos com 464 aa 19792003 25 anos com 048 aa e 20042012 9 anos com taxa mé dia de crescimento de 293 aa A grosso modo as taxas de crescimento da renda per capita brasileira não foram ruins exceto para os períodos 1876 1919 e 19792003 totalizando 69 anos em que a taxa média de crescimento da renda per capita foi 04035 aa média ponderada dos dois períodos A taxa média do período como um todo 18202012 193 anos foi de 173 aa média ponderada pela duração dos períodos Essa taxa de 173 aa para o crescimento médio da renda per capita brasileira em reais cofirma nossa constatação anterior de que a atual baixa renda per capita brasileira comparada aos países desenvolvidos devese mais ao baixo nível da renda inicial do país no começo do século XIX do que ao seu desempenho econômico GRÁFICO 8 PIB PER CAPITA BRASILEIRO E SUAS FASES DE CRESCIMEN TO 18202012 no período 18202012 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Nota Logaritmo natural do PIB per capita em reais constantes de 2008 Da mesma forma fizemos o mesmo exercício no Gráfico 9 em relação ao PIB por trabalhador entre 1820 e 2011 Identificamos sete fases de crescimento distintas tais foram 18201875 56 anos com taxa média de crescimento de 124 aa 18761905 30 anos com 089 aa 19061926 21 anos com Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 208 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX 35 aa 19271945 19 anos com 086 aa 19461975 30 anos com 406 aa 19762004 29 anos com 012 aa e 20052011 7 anos com taxa média de crescimento de 29 aa A taxa média do período como um todo 18202011 192 anos foi de 169 aa média ponderada pela duração dos períodos o que é uma boa taxa Entretanto é claro o fraco desempenho do produto por trabalhador que a economia brasileira teve entre 1976 e 2004 onde o mesmo ficou praticamente estagnado com taxa média de crescimento de 012 aa Os dados de força de trabalho que nós utilizamos foram retira dos da PNAD do IBGE e dos censos demográficos nacionais Os dados de força de trabalho das contas nacionais registram uma população ocupada menor que a PNAD mas a tendência das duas séries é bastante semelhante o que melhoraria pouco o desempenho do produto por trabalhador no Brasil15 É consenso na literatura que o desempenho da produtividade da mão de obra brasileiro foi muito ruim nesse período GRÁFICO 9 PIB POR TRABALHADOR BRASILEIRO E SUAS FASES DE CRES CIMENTO 18202012 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Nota Logaritmo natural do PIB per capita em reais constantes de 2008 42 Comportamento cíclico do PIB brasileiro 18202012 15 Não usamos os dados das contas nacionais por que esses não cobrem todo o período analisado nesse trabalho Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 209 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX Para extrair o componente cíclico das séries nós utilizamos o filtro de Hodri ck e Prescott 1980 1997 Filtro HP com o valor do parâmetro lâmbda λ de suavização igual a 100 como foi sugerido pelos autores Na Tabela 11 nós mostramos o desviopadrão e a autocorrelação dos ciclos para alguns períodos selecionados Diferente do que Araújo et al 2008 encontraram em seu estudo a Tabela 11 mostra a volatilidade dos ciclos medida pelo desviopadrão caindo per sistentemente de 1820 até 2012 Entretanto a diferença dos dois resultados devese a inclusão do século XIX na análise pois para o século XX os resultados dos dois estudos são os mesmos dado que se baseiam no mesmo conjunto de dados para esse período Para o século XIX os autores usaram a estimativa do PIB real de Goldsmith 1986 o desviopadrão do ciclo da estimativa de Goldsmith entre 1850 e 1899 é de 493 enquanto que na nossa estimativa para o mesmo período o desviopadrão é de 546 Então desse fato resulta a diferença dos dois estudos no período relativo ao século XIX No que diz respeito a persistência dos ciclos persistência essa medida pela autocorrelação de primeira ordem os dois trabalhos o nosso e o de Araújo et al 2008 indi cam que a persistência dos ciclos aumentaram com o decorrer do tempo No Gráfico 10 mostramos o ciclo extraído do log natural do PIB real entre 1820 e 2012 O ciclo das outras duas séries PIB per capita e PIB por trabalhador é bem semelhante ao do PIB agregado então não as colocamos no gráfico TABELA 11 DESVIOPADRÃO E PERSISTÊNCIA DOS CICLOS ECONÔ MICOS NO BRASIL 18202012 Período PIB Agregado PIB per capita PIB por trabalhador Desvio Padrão Auto correlação Desvio Padrão Auto correlação Desvio Padrão Auto correlação 18201875 646 03602 648 03646 646 03609 18761905 476 04664 471 04575 475 04659 19061946 437 05061 439 05078 453 05311 19471980 408 07566 407 07450 347 06172 19812012 300 05741 298 05709 305 06202 18202012 489 04581 489 04577 485 04504 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Nota Ciclos extraídos pela aplicação do Filtro HP com λ 100 ao log natural das séries Na comparação entre os períodos préprimeira guerra 18501914 inter guerras 19201939 e póssegunda guerra 19501985 que Araújo Carpena e Cunha 2008 p 569 fizeram na Tabela 6 de seu trabalho o período pré Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 210 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX primeira guerra teve desviopadrão maior que os dois outros O mesmo ocorre em nosso trabalho com a diferença que na tabela deles o desviopadrão para o período 18501914 é de 480 enquanto na nossa estimativa o desviopadrão é de 508 para o mesmo período Para o período 19201939 o desviopadrão é de 464 e para o período 19501985 é de 435 GRÁFICO 10 COMPONENTE CÍCLICO DO PIB REAL AGREGADO BRASILEIRO EXTRAÍDO PELO FILTRO HP 18202012 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Nota Ciclo extraído pela aplicação do Filtro HP com λ 100 ao log natural do PIB em milhões de reais constantes de 2008 Nas Tabelas 12 e 13 nós mostramos os períodos de expansão e recessão da economia brasileira entre 1820 e 2012 Para isso usamos o mesmo procedi mento de Araújo et al 2008 570 para obter as fases de expansão e recessão Seja ct é o ciclo extraído pelo Filtro HP então chamamos de expansão os períodos em que ct ct1 0 e de recessão os períodos em que ct ct1 0 Identificamos 47 períodos de expansão com duração média de 206 anos cada um Os períodos mais longos foram de seis anos os quais ocorreram apenas duas vezes 19571962 e 19681973 ocorreram ainda quatro períodos de quatro anos de expansão sete de três catorze de dois e vinte períodos de um ano de expansão Com relação aos períodos de recessão identificamos 48 períodos de recessão com duração média de 198 ano cada um Os períodos mais longos foram de cinco anos os quais também ocorreram apenas duas vezes 18901894 e 19631967 ocorreram ainda cinco períodos de quatro Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 211 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX anos de expansão quatro de três dezesseis de dois e vinte e um períodos de um ano de expansão TABELA 12 FASES CÍCLICAS DO LOG NATURAL DO PIB AGREGADO 1821 2012 Ano Fase Ano Fase Ano Fase Ano Fase Ano Fase Ano Fase 1821 1853 1885 1917 1949 1981 1822 1854 1886 1918 1950 1982 1823 1855 1887 1919 1951 1983 1824 1856 1888 1920 1952 1984 1825 1857 1889 1921 1953 1985 1826 1858 1890 1922 1954 1986 1827 1859 1891 1923 1955 1987 1828 1860 1892 1924 1956 1988 1829 1861 1893 1925 1957 1989 1830 1862 1894 1926 1958 1990 1831 1863 1895 1927 1959 1991 1832 1864 1896 1928 1960 1992 1833 1865 1897 1929 1961 1993 1834 1866 1898 1930 1962 1994 1835 1867 1899 1931 1963 1995 1836 1868 1900 1932 1964 1996 1837 1869 1901 1933 1965 1997 1838 1870 1902 1934 1966 1998 1839 1871 1903 1935 1967 1999 1840 1872 1904 1936 1968 2000 1841 1873 1905 1937 1969 2001 1842 1874 1906 1938 1970 2002 1843 1875 1907 1939 1971 2003 1844 1876 1908 1940 1972 2004 1845 1877 1909 1941 1973 2005 1846 1878 1910 1942 1974 2006 1847 1879 1911 1943 1975 2007 1848 1880 1912 1944 1976 2008 1849 1881 1913 1945 1977 2009 1850 1882 1914 1946 1978 2010 1851 1883 1915 1947 1979 2011 1852 1884 1916 1948 1980 2012 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 212 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX TABELA 13 FASES DE EXPANSÃO E RECESSÃO DO LOG NATURAL DO PIB AGREGADO 18212012 Duração dos períodos anos Períodos de expansão Períodos de recessão 6 2 0 5 0 2 4 4 5 3 7 4 2 14 16 1 20 21 Total 47 48 Anos totais 97 95 Duração Média 206 198 Fonte Elaboração própria a partir dos resultados do trabalho Considerações Finais O objetivo desse trabalho foi analisar o comportamento da série temporal do PIB brasileiro entre 1820 e 2012 no que diz respeito ao seu comportamento cíclico e períodos de crescimento econômico Outro objetivo que surgiu com isso foi o de estimar o PIB nominal e real do Brasil entre 1820 e 1899 dada a ausência de estimativas que cobrissem esse período de forma continua Identificamos sete fases no crescimento do produto real agregado brasileiro 18201875 56 anos com crescimento médio de 270 aa 18761905 30 anos com 229 aa 19061945 40 anos com 434 aa 19461957 12 anos com 633 aa 19581978 21 anos com 739 aa 19792003 25 anos com 226 aa e 20042012 9 anos com crescimento médio de 380 aa A taxa média do período como um todo 18202012 193 anos foi de 371 aa média ponderada pela duração dos períodos Na análise do PIB per capita identificamos seis fases de crescimento a saber 18201875 56 anos com taxa média de crescimento de 121 aa 18761919 44 anos com 036 aa 19201957 38 anos com 302 aa 19581978 21 anos com 464 aa 19792003 25 anos com 048 aa e 20042012 9 anos com taxa média de crescimento de 293 aa No que diz respeito à volatilidade dos ciclos essa foi em geral decrescente quando medida pelo desviopadrão dos ciclos extraídos pelo Filtro HP o desviopadrão foi de 646 no período 18201875 476 no período 1876 Revista de Economia v 39 n 3 ano 37 p 181216 setdez 2013 213 TOMBOLO A G SAMPAIO A V O PIB Brasileiro nos séculos XIX e XX 1905 437 no período 19061946 408 no período 19471980 e 300 no período 19812012 Também concluímos que em termos da análise da série temporal do PIB apenas a atual baixa renda per capita brasileira depende em parte do baixo nível da renda inicial em 1820 e em parte da taxa média de crescimento dessa renda sendo que o primeiro fator baixa renda inicial é o mais importante na nossa visão Referências Bibliográficas ABRAS A L BORGES B SEKKEL R 2004 Breaking trend Lagrange multi plier test statistic and the presence of a unit root in the Brazilian gross domestic product Applied Economics Letters v 116 ABREU M DE P LAGO L A C DO 2012 A economia brasileira no Império 18221889 Texto para Discussão n 584 Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica JUNIOR L de A 1920 O custo da vida na cidade do Rio de Janeiro Rio de Ja neiro Imprensa Nacional AGUIRRE A FERREIRA A H B 2001 The inexistence of a unit root in Bra zilian gross domestic product Applied Economics Letters v 810 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2016 O setor de serviços e a sua contribuição ao PIB brasileiro Revista Contribuciones a las Ciencias Sociales octubrediciembre 2016 En línea httpwwweumednetrevcccss201604pibhtml Resumo Os serviços no decorrer do tempo vêm sofrendo modificações ou seja vem evoluindo e seus conceitos estão evoluindo e também seu papel nas economias dos países Para mostrar essa evolução partimos de uma análise crítica de alguns autores assim como de dados estatísticos mais relevantes que nos levou a chegar as conclusões sobre a dinâmica do setor de serviços na atualidade A economia de serviços foi marginalizada por muitas décadas no entanto o contexto atual essa concepção tem mudado de forma drástica pois a grande maioria dos países desenvolvidos assim como os em desenvolvimento suas economias estão baseadas em serviços e inclusive a brasileira Uma das características básicas dos serviços a intangibilidade hoje já falamos em tangibilizar os serviços Este setor é um dos mais dinâmicos e com maior valor agregado No entanto o Brasil é deficitário no saldo balanço de pagamentos em serviços sendo somente alguns setores que conseguirem dinamizar e principalmente exportar serviços E o comercio internacional de serviços tem servido para solidificar esta tendência no contexto globalizado das economias e principalmente com a contribuição das novas tecnologias Palavraschave Setor de serviços Comércio internacional de serviços globalização PIB EL SECTOR SERVICIOS Y SU CONTRIBUCIÓN AL PIB BRASILEÑO Resumen Los servicios en el transcurso del tiempo sufrió modificaciones o sea sus conceptos vienen evolucionando y también su papel en las economías de los países Para vislumbrar esa evolución partimos del presupuesto crítico de algunos autores así como de datos estadísticos relevantes que nos muestra e condúcenos a llegar a las conclusiones sobre la dinámica del sector de servicios en la actualidad La economía de servicios no fue tratada como debería durante muchas décadas sin 1 Doutor em Economia Aplicada pela Universidad de Alcalá Alcalá de Henares Madrid 2 Graduada em Gestão Empresarial pela Universidade Paulista UNIPSP Graduanda em Letras na Universidade Cesumar PR embargo el contexto actual esa concepción ha cambiado drásticamente pues en la mayoría de los países desarrollados así como en los subdesarrollados sus economías están basada en los servicios e incluye la economía brasileña Una de las características básicas de los servicios la intangibilidad pues hoy ya hablamos en tangibilizar los servicios Este sector es uno de los más dinámicos y de mayor valor añadido Sin embargo Brasil es un país con saldo deficitario en su balanza de pagos en el sector servicios El comercio internacional de servicios al transcurso del tiempo está solidificando como tendencia en el contexto globalizado el anclaje económico en el sector y principalmente con la contribución de las nuevas tecnologías Palabrasclave Sector de servicios Comercio internacional de servicios globalización PIB THE SERVICES SECTOR AND ITS CONTRIBUTION THE BRAZILIAN GDP Abstract Services have gone under changes as time goes by in other words has evolved and its concepts are evolving also and its role in the economies of countries To show this evolution we start from a critical analysis of some authors as well as more relevant statistics that led us to reach conclusions about the dynamics of the service sector today The Economic Services were marginalized for many decades however in the current context this view has changed dramatically because the vast majority of developed countries and developing ones including Brazil have their economies based on services One of the basic characteristics of services intangibility today we are talking about making services tangible This sector is one of the most dynamic and with higher added value However Brazil has a deficit in the balance of payments in services and only a few sectors who can enhance and export services mainly And the international trade in services has served to solidify this trend in the global context of the economy and especially with the contribution of new technologies Keywords Service sector International trade in services globalization GDP 1 INTRODUÇÃO O impulso seguido nas últimas décadas pelas economias e sociedades desenvolvidas tem colocado em evidencia que os serviços converteramse na forma dominante da atividade econômica Um agregado de atividades que responde genericamente pelo nome de serviços tende a concentrar a maior parte dos empregos e o valor da produção nas economias mais avançadas Não obstante é difícil interpretar corretamente as principais características do que se conhece como revolução terciaria ainda que suas características de identidade sejam claramente visíveis Por esta razão o papel preponderante das atividades de serviços tanto por seu peso relativo nas economias avançadas e seu papel estratégico no funcionamento dos sistemas de produção mais desenvolvidos não teve reflexo equivalente no interesse e atenção que os economistas têm dado a este setor Isto é em parte explicado pelo fato de que os serviços foram até poucas décadas atrás consideradas secundárias para a criação de renda nas nações como citam autores como Adam Smith 1776 Fisher 1939 e Clark 1940 A visão de teóricos sobre a produção terciária e sua avaliação desenvolveu e aumentou à medida que estas atividades têm vindo a exercer cada vez mais um importante papel durante a expansão econômica das sociedades e particularmente tecida com o processo de industrialização que se intensificou no século XX e adquiriu uma maior velocidade depois da segunda guerra mundial KON 1992 Assim o objetivo principal deste artigo é proporcionar sinteticamente algumas referências sobre as transformações nos conceitos definições e evolução do setor de serviços e revisando os serviços na área internacional e classificando os segmentos do setor de serviços que são considerados exportações Estes essenciais para o tratamento no comércio internacional e especialmente para a segmentação na formulação de estatísticas 2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DE SERVIÇOS A tarefa de definir e conceituar os serviços não é simples pois sobre o termo serviços compreende um conjunto de produtos heterogêneo e atividades intangíveis que são difíceis para incluir em uma simples capa de definição Por isso muitas vezes a literatura sobre serviços iludiu a definição e simplesmente exibiu sua natureza dominante e características Isso explica que ainda hoje não é possível ter uma definição amplamente aceita e só se pode falar de abordagens conceituais que submetidas a comparação mostram as mudanças de atitude que os analistas do setor têm experimentado conforme eles evoluíram os estudos relacionados ao mesmo Por um longo período na história do pensamento econômico os intangíveis como eram chamados os serviços não foram levados em consideração principal dos desejos dos pesquisadores da realidade social Adam Smith talvez foi o primeiro dos economistas que deixaram de enfatizar a importância do setor e sua contribuição econômica e social Com ele começa ao longo do tempo e por parte deste destacado tratadista do econômico uma tendência a utilizar um conceito residual de serviço Como afirma Adam Smith O trabalho de um empregado doméstico não adiciona qualquer valor a qualquer coisa O valor de algumas das classes mais respeitadas da nossa sociedade é igual aos empregados domésticos improdutivos de qualquer valor e não determina ou resulta em qualquer objeto permanente ou mercadoria vendável que dura após a realização do trabalho na mesma classe devemos incluir os membros do clero advogados artistas palhaços músicos cantores de ópera etc3 SMITH 2008 p425 Adam Smith considerava atividades de serviços improdutivos baseando suas ideias em quatro argumentos a os serviços não produzem resultados reais e visíveis que representam riqueza B os serviços derivam ou são acessórios dos produtos destacando o fato de que por não produzir bens quase não há necessidade para da prestação de serviços C Os serviços em geral são prestados internamente pelos produtores ou vendedores ligados à empresa e não representam uma área de atividade que gerasse riqueza D sendo os serviços invisíveis e temporários são insignificantes em comparação com os produtos Outros autores como Fisher 1939 e Clark 1940 também definiram o setor de serviços na categoria residual da economia ou seja aquilo que não poderia ser considerada agricultura ou indústria manufatureira As consequências deste fenômeno têm sido amplas Sua máxima expressão encontrase nas opiniões daqueles que pensam como os economistas clássicos que os serviços são atividades improdutivas embora o debate sobre a natureza produtiva dos serviços parecia terminar no final do século XIX de forma mais favorável aos serviços estimando os aspectos positivos de seu papel nas economias Com a consolidação do capitalismo moderno no século XX o setor serviços ganha importância e começa a ser reconhecido e abordado na literatura de uma forma diferente do que era no século passado com a constatação da existência de um terceiro setor econômico que não era nem a agricultura nem a indústria manufatureira Começam a falar de um terceiro setor desvinculado e ausente em grande parte das definições até então tratadas de maneira residual que eram os serviços O ambiente industrial que rege as economias ocidentais após a Segunda Guerra Mundial não era propício para o desenvolvimento que acompanhava o setor de serviços Isto resultou que as definições fossem carregadas com conotações negativas citadas anteriormente No entanto ao contrário na época formularamse uns primeiros conceitos baseados nas características mais relevantes do setor Isto supôs um passo sobre definições anteriores e deram lugar a umas reflexões cada vez mais introspectiva e profundas sobre o desenvolvimento da abordagem do setor de serviços Os esforços realizados desde meados do século XX para considerar os serviços desde um ponto de vista positivo enumerando ou apresentando as suas características particulares intangibilidade perecível difícil quantificação nãoarmazenável etc permaneceria inalterado o seu aspecto negativo que não definiria os serviços pelo que são mas sim por aquilo que não são ao contrário do que acontece com os produtos 3 Tradução livre do autor Entre as muitas tentativas de construir um conceito que foram realizados talvez a primeira tentativa séria para definir serviços e uma das interpretações mais difundidas atualmente seja a que foi proposta por Peter Hill em um artigo clássico4 de 1977 p318 Um bem como um objeto físico que pode ser apropriado e transferido entre unidades económicas e um serviço como uma mudança na condição de uma pessoa ou de bens pertencentes a uma unidade económica que se origina da atividade realizada por outra unidade econômica HILL 1977 p318 Nesta definição Hill descreve a que denominamos uma situação social do serviço ou seja uma relação social do serviço no entorno de uma operação de mudança de condições desejada ou pedida por uma unidade econômica consumidor cliente ou usuário que recorre para isso a outra unidade econômica prestador de serviços produtor Hill procura demonstrar a natureza técnica do produto dos serviços sua relação com a materialidade Cabe destacar que nessa definição e de forma diferente das definições clássicas apresentadas até o momento enfatizase a intangibilidade dos serviços O principal mérito dessa definição é baseado em características econômicas e não em aspectos formais Definese serviço a partir de seu resultado No entanto por si só tem a limitação de que não distingue claramente bens e serviços A dificuldade de encontrar uma definição geralmente aceita centrase na incapacidade de atender toda a gama de atividades que compõem esse setor Assim de acordo com Cuadrado Roura Del Rio 1993 p53 com bastante frequência a literatura em torno dos serviços iludiu sua definição e tem limitado a expor sua natureza e características dominantes Isso explica por que ainda não seja possível na atualidade contar com uma definição de aceitação comum E sim somente tratar de aproximações conceituais que submetidas a comparação põem de relevo as mudanças de atitude dos pesquisadores do setor em linha com sua própria evolução CUADRADO ROURA DEL RIO1993 p53 Cabe ressaltar que o problema é a ausência ou a falta de uma definição de serviços suportados de uma forma universal No entanto na tentativa de construir um grande número de esboços ou projetos de definições realizadas por autores como Hill Bhagwati Sampson e Snape etc Algumas delas são de caráter descritivos pelo qual destacam as características dos serviços Outros são meramente enunciativas e muitas vezes detalham uma lista das atividades que compõem os serviços Observase especialmente o contraste com a produção de bens em trabalhos de alguns autores como Sampson e Snape 1986 Bhagwati 1988 Cuadrado Roura e Del Rio 1993 e González 1999 Entre as características comum encontrada entre os autores podemos destacar abaixo Intangibilidade esta é a característica mais importante dos serviços Consiste em que os serviços não podem ser vistos analisados sentilos ou ouvilos antes de sua aquisição pelos compradores Esta característica dificulta uma série de ações que poderiam ser desejáveis fazer Os serviços não podem ser inventariados ou patenteado ser explicado ou representados facilmente etc ou mesmo avaliar a sua qualidade antes da entrega A heterogeneidade ou variabilidade dois serviços semelhantes nunca serão idênticos ou iguais Isto por várias razões as entregas do mesmo serviço são feitas por pessoas para pessoas em diferentes tempos e lugares Mudando um desses fatores o serviço não é o mesmo Mesmo isso pode ser visto apenas com a mudança de estado de espírito da pessoa que entrega ou recebe o serviço Assim na prática é necessário prestar atenção às pessoas em nome da empresa que irá fornecer os serviços Inseparabilidade nos serviços a produção e o consumo são parciais ou totalmente simultâneos A estas funções muitas vezes pode agregarse sua venda Esta inseparabilidade também se dá com a pessoa que presta o serviço Perecível os serviços não podem ser armazenados pela sua simultaneidade entre a produção e consumo A principal consequência disto é que um serviço prestado não pode ser realizado em outro momento por exemplo um voo com um assento vazio 4 A expressão artigo clássico foi descrita por BHAGWATI J 1987 International Trade in Services and its Relevance for Economic Development in the Emerging Service Economy Pergamon Press Géneve Ausência de propriedade os compradores de serviços adquirem um direito a receber uma prestação uso ou acesso de algo mas não a propriedade do serviço Depois da prestação somente existem as experiências vividas ex um concerto musical Em resumo essas definições anteriores refletem uma ampla gama de serviços que por um lado contribuem para facilitar a produção e a distribuição em comparação ao comércio de bens e por outro lado os serviços atendem às necessidades da vida pessoal dos indivíduos No entanto muitas vezes não há exatamente a distinção entre bens e serviços Se por exemplo o consumidor vai a um restaurante tipo fastfood é possível discutir se o faz para comprar a comida já preparada ou para adquirir os serviços da preparação e distribuição do mesmo Atualmente existem serviços com grande suporte de bens e bens com um grande suporte de serviços O material e o imaterial coexistem em muitos produtos dentro de cada vez mais processos de integração entre bens e serviços Neste sentido a crescente integração entre os aspectos tangíveis e intangíveis formando parte da produção de bens ou serviços tem sido objeto de discussão e propostas de vários estudiosos Neste sentido as linhas sinteticamente apresentadas até agora poderíamos ficar com a ideia de que os bens e serviços não são independentes um do outro mas há uma relação entre os dois Cuadrado Roura 1999 p925 referese a essa relação como resultado do crescimento experimentado na produção de bens industriais em consequência do incremento dos serviços Dessa forma um aumento nos serviços levaria a um crescimento em bens industriais Podese notar nas linhas acima em geral que quase todos os autores distinções entre as definições com ressalva a esta que pode ser uma das melhores definições encontradas no desenvolvimento deste trabalho foi descrito por Cuadrado e Rubalcaba 2000 p4041 Na verdade os serviços em geral são definidos pela sua função que desempenha na sociedade e portanto oferecer uma definição não é mais do que um maior esclarecimento dos elementos que compõem o seu peculiar aspecto econômico Finalizamos esta seção tendo em mente a visão da natureza heterogênea dos serviços e a possibilidade de diferentes critérios para sua classificação As discussões ao respeito continuam incorporandose a elas uma visão mais adiantada da variedade dos novos serviços e inovadores que estão surgindo na atualidade a partir da inovação tecnológica do aumento da participação dos consumidores nas operações de serviços e a criação de novas necessidades decorrentes da globalização econômica verificada intensamente desde os anos 1980 Assim Meirelles 2006 p134 cita nas considerações finais de seu trabalho que diz a respeito da discussão sobre o conceito de serviços A questão fundamental na análise conceitual dos serviços consiste em compreender que serviço é fundamentalmente diferente de um bem ou de um produto Serviço é trabalho em processo e não o resultado da ação do trabalho por esta razão elementar não se produz um serviço e sim se presta um serviço Esta perspectiva de abordagem conceitual incita mudanças significativas no tratamento até agora dado a estas atividades tanto em termos de classificação e quantificação nas contas nacionais quanto do ponto de vista do seu papel na dinâmica econômica MEIRELLES 2006 p134 3 O DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA DE SERVIÇO O setor de serviços historicamente foi marginalizado pelos economistas No entanto sem dúvida a expansão da economia de serviços constitui uma das mudanças mais importantes registradas nas economias mundiais a partir da segunda metade do século XX VALOTTO 2010a Anteriormente temos que citar que suas atividades eram consideradas como não produtivas e definidas como residuais quer dizer se não pertenciam a indústria ou as atividades agrícolas não eram importantes para a economia Sem embargo o crescimento da participação do setor de serviços nas cifras do emprego no valor agregado e em conjunto com a aparição e desenvolvimento das tecnologias da informação e de comunicação como um vetor para a inovação em outros setores da economia tem levado a uma melhor compreensão das especificidades das atividades de serviços e que estes ganharam mais prestígio por parte de alguns investigadores acadêmicos da economia de serviços Desta forma a importância do setor de serviços na geração de emprego é o vértice em todos os estudos atuais nas economias nacionais e sua presença nos setores mais dinâmicos e os produtores de insumos para a indústria tem levado a justificar a pertinência do desenvolvimento de 5 O autor menciona uma classificação realizada por Baumol 1985 que estabelece uma diferenciação nos serviços como A Serviços progressivos B Em estagnação C Assintoticamente estagnada estudos que estão contribuindo ao conhecimento do setor mais profundamente Assim Cuadrado Roura 2003 cita em seu estudo a existência de um maior número de trabalhos e estudos realizados sobre o setor de serviços na atualidade Cabe ressaltar que o setor de serviços vem ganhando importância crescente na economia mundial Enfatizamos sua importância para a geração de emprego especialmente em atividades inovadoras Notase que as empresas do setor estão diretamente envolvidas na revolução tecnológica provocada pela Tecnologias de Informação e Comunicação TIC que é sem dúvida um sector muito heterogéneo incluindo pequenas e grandes empresas Ao mesmo tempo é um campo de estudo que está ainda a ser investigada Para os fins do presente estudo destaca que o Brasil é um bom exemplo da afirmação acima VALOTTO 2010a Assim os serviços têm se destacado em agregar valor ao produto da economia seja através da geração de trabalho como também na remuneração por este trabalho realizado e também na formação de excedentes operacionais6 A capacidade de gerar produtos e emprego por parte deste setor reflete cada vez mais nas economias avançadas ou em processo de expansão embora neste último não alcança os níveis tão significativos das economias desenvolvidas mas em qualquer caso destacando o papel desempenhado por este setor na economia moderna que tende a ser caracterizada mais como uma economia de serviços o que corresponderia à evolução socioeconômica pósindustrial7 Talvez a consideração mais confiável no desenvolvimento da contraprestação da econômica de serviço esteja relacionado com as mudanças estruturais8 presentes na história econômica ao longo do século XX e principalmente as mudanças registradas nas atividades de serviços Na esfera econômica o grande desenvolvimento industrial do pósguerra deslocou os estudos das atividades de serviços para um segundo plano Somente em meados da década de 1970 quando produz uma desaceleração no processo de urbanização e industrialização e paralelamente a esse processo econômico apresentase uma mudança gradual no foco dos analistas econômicos do setor secundário para o setor terciário e consequentemente surgem novos estudos que visam uma melhor compreensão do setor de serviços Além disso o crescimento do setor de serviços revela uma situação de mudança estrutural semelhante ao que ocorre na fase de reorganização da economia rural para industrial Alguns autores9 chamam a atenção para o fato de que em algumas sociedades mudanças importantes na direção da terceirização ocorreram com mais ênfase no trabalho e não no produto Em maior ou menor grau e as diferenças que respondam às particularidades de cada país o setor de serviços hoje no século XXI é predominante em todas as economias Neste sentido a evolução de cada economia tem sido diferente e a importância dos setores primário e secundário é diversificada mas sempre sob uma condição comum o abandono gradual desses setores para se concentrar na economia do setor de serviços10 4 Os serviços na esfera internacional Como citado anteriormente nas últimas décadas o interesse que tem despertado os serviços do ponto de vista econômico tem sido notável As atividades no setor terciário aumentaram e passaram a se tornar um gerador de riqueza para a economia com uma participação muito importante expressada em percentagem do PIB e inclusive o Brasil que atualmente o setor de serviços representa 673 do PIB embora uma projeção realizada pela Empresa de Pesquisa 6 Este valor pode ser medido e expressado pelo PIB Produto Interno Bruto 7 A sociedade pósindustrial é um conceito proposto por vários economistas teóricos para descrever o estado de um sistema econômico que evolucionou segundo umas mudanças especificas em sua estrutura que correspondem a um estado de desenvolvimento posterior ao processo de industrialização clássica da Revolução Industrial Em uma sociedade pósindustrial tem produzindose uma transição econômica que reestrutura a sociedade inteira de uma economia baseada na indústria a uma outra baseada nos serviços uma divisão do capital nacional e global globalização e uma privatização massiva O pré requisito para esta mudança são os processos de industrialização e a liberalização 8 As mudanças estruturais constituem um processo que tem acompanhado o crescimento de todas as economias mais desenvolvidas Seguramente e incluso mais adequado afirmar que em nenhum país tem produzido crescimento econômico sem mudanças estruturais porque também os países em desenvolvimento têm experimentado mudanças em seus sistemas produtivos que implicam uma resignação dos seus recursos disponíveis para conseguir continuas melhoras na produtividade CUADRADO ROURA 2005 p 57 Tradução livre do autor 9 ALMEIDA W J y SILVA M C 1973 CUADRADO ROURA J R 2003 DEDECCA C y MONTAGNER P1992 FREYSSINET Jacques 2005 KON Anita 2001 y MORAIS L P 2005 10 A hipótese apresentada aqui foi feita baseado trabalhos realizados de autores como ALMEIDA A C S y RIBEIRO N R 2008 BHAGWATI J 1988 CUADRADO ROURA J R 1999 CUADRADO ROURA J R 2003CUADRADO ROURA J R2005 CUADRADO ROURA J R y DEL RÍO C G 1993 CUADRADO ROURA JR y RUBALCABA LB 2000 KON Anita 1996 KON Anita 2004 KON Anita 2008 MATIAS A N 2006 MELO et al 1997 MORA Elsa 2002 y OMC 2006 Energética EPE que a representatividade nos próximos 10 anos para ambos os setores econômicos brasileiros ficará estagnado como mostra a gráfico 1 Dada a importância dos serviços sobre o funcionamento das economias e as novas situações decorrentes das trocas comerciais de serviços no contexto internacional o comércio de serviços foi apresentado como um novo tema para o desenvolvimento não tendo regulamentações específicas Por outra parte os países não têm sido capazes de ficar de fora das mudanças que ocorreram gradualmente tanto internamente quanto com o aumento do comércio internacional de serviços11 Esta preocupação com as questões de comércio internacional de serviços tem se refletido na necessidade de uma regulamentação internacional que tende a dar forma a esta nova realidade No caminho para o desenvolvimento tecnológico e do processo de globalização econômica no final de 1990 novas formas de concorrência entre as empresas e os sistemas econômicos modelaramse e prevaleceram em vários segmentos De um ponto de vista comercial a globalização proporciona semelhanças nas estruturas de demanda e homogeneidade na oferta dos países E esse processo foi intenso com a natureza e a divisão nacional e internacional do trabalho e particularmente sobre a condição da internacionalização dos serviços KON 2006a Estes serviços assegurados a correlação entre os canais de produção e distribuição desempenhando um papel relevante no fluxo da economia mundial Para resumir esta discussão e em grande parte como consequência da internacionalização dos serviços começam a receber a devida atenção dos analistas em função do seu papel relevante na geração de renda e emprego e seu papel estratégico na coordenação das atividades econômicas que respaldam o progresso de fragmentação produtiva e integração do comércio e os investimentos Embora tradicionalmente os serviços foram caracterizados como intangível ao contrário dos produtos que são tangíveis a evolução tecnológica e a digitalização fizeram com que apesar de se manter a intangibilidade dos serviços atualmente as empresas que fornecem serviços tecnológicos podem entregar seus serviços sob uma forma física no caso de software de computador ou eletronicamente sem o ato simultâneo de produção e consumo do serviço obrigatório Assim a prestação de serviços assimilou as características de racionalização e organização das manufaturas permitindo o surgimento de verdadeiras indústrias de serviços como podemos citar as indústrias de software Gráfico 1 Projeção da evolução da participação setorial na economia brasileira 11 KIERZOKOWSKI H 1986 p95 expõe em seu trabalho que o comercio internacional de serviços tem sido durante muito tempo um órfão da teoria do comercio internacional e faz um questionamento sobre por que este esquecimento durou tanto tempo uma explicação possível mas não aceitável consiste que o comercio internacional de serviços no merece nenhum estudo especial já que é idêntico ao comercio de bens Um corolário desta afirmação seria que todas as teorias que se aplicam aos movimentos internacionais de bens aplicamse exatamente da mesma forma própria ou impropria as transações internacionais de serviços tradução livre do autor Além disso o papel dos serviços parece ter sido crucial para explicar o sucesso de alguns países no processo de incorporação de inovações próprios ou adaptados para a produção de bens e de outros serviços Estas incorporações se traduzem em novas oportunidades para a inclusão da qualidade dos fluxos comerciais trazendo dinamismo a estes fluxos 5 AS EXPORTAÇÕES DE SERVIÇOS NA ATUALIDADE Qualquer país que queira estar no mais alto nível competitivo deve aspirar em ter em vista um comércio de serviço bem desenvolvido e que ofereça possibilidades de crescimento ao conjunto das atividades econômicas RUBALCABA et al 2005 Neste contexto algumas economias têm conseguido destacarse no comércio mundial de serviços Embora a crise de 2008 tem dado reflexo a muitos países e o dinamismo dos serviços em escala mundial tem perdido força como podemos observar no quadro 1 Sem embargo se comparado ao comercio de bens observamos que alguns segmentos conseguiram reagir de forma mais rápida sendo uma característica atual de determinados setores dos serviços devido ao seu grau elevado de inovação fazendo com que este consiga reagir de forma rápida no âmbito nacional e internacional No entanto como indica a OMC 2014 as exportações mundiais de serviços comerciais alcançaram um valor de 106 bilhões de reais 46 bilhões de dólares com uma taxa de crescimento de 6 Esta taxa de crescimento foi superior à registrada pelos serviços de transporte 2 para 2013 embora os serviços relacionados a viagens tiveram um incremento de 7 e os demais serviços comerciais cresceram 6 conforme o quadro 1 Quadro 1 Exportações mundiais de bens e serviços comerciais 20052013 bilhões de reais e variação percentual anual Valor Variação anual em percentual 2013 2011 2012 2013 20052013 Bens 43276 20 0 2 8 Serviços comerciais 10683 12 2 6 8 Transporte 2081 9 1 2 6 Viagens 2725 12 4 7 7 Serviços de comunicações 276 9 5 9 9 Serviços da construção 241 7 0 2 8 Serviços de seguros 241 9 1 2 10 Serviços financeiros 770 12 3 9 8 Serviços de TI 655 17 5 10 14 Royalties e licenças 713 14 1 6 9 Serviços prestados a empresas 2863 15 4 6 9 Serviços de entretenimentos 92 17 2 8 8 Fonte OMC 2014 adaptação do autor O informe da OMC 2014 traz dados bastantes importantes dos movimentos comerciais que ocorre entre os países em âmbito internacional que podemos sinalar como As exportações de serviços financeiros da China que são serviços oferecidos por bancos e outros intermediários financeiros representadas em dólares aumentaram em 52 e alcançaram uma cifra de 3 milhões de dólares em 2013 equivalente a quase 7 milhões de reais12 No entanto os Estados Unidos mantiveram sua posição de principal fornecedor mundial de serviços com suas exportações no montante de 82 milhões de dólares aproximadamente 187 milhões de reais Outras mudanças ocorridas sinalizadas no mesmo informe da OMC 2014 foram a mudança da França pela China que se tornou o quarto maior exportador de serviços prestados as empresas incluindo serviços de engenharia serviços jurídicos e de contabilidade serviços de consultoria e de gestão serviços de publicidade e os serviços relacionados ao comércio Como podemos observar no quadro 2 que alguns países conseguiram manter suas exportações de serviços embora alguns não conseguiram manter o mesmo dinamismo de anos anteriores como de 2011 principalmente alguns países da Europa devido à forte crise econômica que enfrenta algumas economias No entanto como cita o informe da OMC 2014 p 29 em 2013 o valor em dólares das exportações mundiais de serviços comerciais foi de 46 bilhões de dólares o que significou um aumento de 5 em comparação com 2012 Gráfico 2 Participação dos serviços no PIB do Brasil Uma das regiões que o crescimento foi mais significativo nas exportações de serviços foram os países componentes da Comunidade dos Estados Independentes CEI13 com um aumento de 9 segundo a OMC2014 Embora o comercio de serviços no âmbito geral vem incrementandose anualmente e tendo uma participação cada vez mais expressiva nas economias inclusive na brasileira ver o gráfico 2 que nos últimos 10 anos tem aumentado de forma gradual com algumas variações em alguns anos mas atualmente a economia brasileira está próximo do 70 de participação no Produto Interno Bruto PIB Isto significa que hoje é uma economia de serviços embora a participação no comercio mundial ainda é pouco representativo se levarmos em consideração o volume comercial e o PIB brasileiro total Quadro 2 Comercio mundial de serviços comerciais por regiões e determinados países 20052013 milhões de dólares e porcentagens 12 Taxa de câmbio utilizada de 23 reais por dólar 13Os países que compõe a CEI são os que pertenciam a antiga União Soviética Armênia Azerbaijão Bielorrússia Cazaquistão Quirguízia Moldávia Rússia Tadjiquistão Turcomenistão Ucrânia Uzbequist ão Comentado M1 Acho que seria interessante uma análise dos valores do quadro 1 serviços comerciais 106 corresponde aos demais serviços de Transporte a Serv de Entretenimento 10657 E ainda o crescimento de serviços de TI Exportações Importações Valor Variação anual em percentual Valor Variação anual em percentual 2013 2011 2012 2013 2005 2013 2013 2011 2012 2013 2005 2013 Todo o mundo 4645 12 2 6 8 4380 12 3 5 8 América do Norte 761 10 5 5 7 566 8 3 3 6 Estados Unidos 662 11 5 5 8 432 7 4 4 6 América do Sul e Central 144 18 6 2 9 196 24 6 6 14 Brasil 37 21 5 2 12 83 23 7 7 18 Europa 2194 13 2 7 7 1800 11 2 5 6 União Europeia 28 1999 13 2 7 7 1663 11 2 5 6 Alemanha 286 11 1 8 8 317 11 1 8 5 Reino Unido 293 11 1 2 5 174 6 0 1 1 Espanha 145 15 4 6 6 92 9 5 3 4 CEI 114 20 9 9 14 174 18 18 15 14 Federação da Rússia 65 14 3 4 13 123 22 19 18 16 Ucrânia 19 14 3 4 10 16 5 10 11 11 África 90 2 7 3 6 160 13 2 1 11 Egito 18 19 12 16 3 15 1 18 5 6 África do Sul 14 6 2 6 3 16 7 11 7 4 Nigéria 2 12 10 7 4 21 13 0 9 16 Oriente Médio 125 5 9 4 9 251 16 5 7 12 Emirados Árabes 16 9 18 15 70 35 12 12 Arábia Saudita 11 7 5 5 52 8 9 4 Ásia 1217 13 7 5 11 1235 14 8 4 10 China 205 9 8 7 14 329 23 18 18 19 Japão 145 3 0 2 162 6 6 7 Índia 151 19 5 4 14 125 9 3 3 13 Singapura 122 16 7 4 128 13 9 4 Coreia 112 9 17 1 11 106 5 5 1 8 Hong Kong China 133 13 6 6 10 60 10 4 3 7 Austrália 52 11 3 0 7 62 20 4 2 10 Fonte OMC 2014 adaptação do autor Quadro 3 Principais exportadores e importadores de serviços comerciais em 2013 em milhões de dólares Saldo em Serviços Posição Exportador Valor Posição Importador Valor 1 Estados Unidos 662 230 1 Estados Unidos 432 2 Reino Unido 293 119 2 China 329 3 Alemanha 286 31 3 Alemanha 317 4 França 236 47 4 França 189 5 China 205 124 5 Reino Unido 174 6 Índia 151 26 6 Japão 162 7 Países Baixos 147 20 7 Singapura 128 8 Japão 145 17 8 Países Baixos 127 9 Espanha 145 53 9 Índia 125 10 Hong Kong 133 73 10 Rússia 123 11 Irlanda 125 7 11 Irlanda 118 12 Singapura 122 6 12 Itália 107 13 Coreia 112 6 13 Coreia 106 14 Itália 110 3 14 Canada 105 15 Bélgica 106 8 15 Bélgica 98 16 Suíça 93 40 16 Espanha 92 17 Luxemburgo 78 32 17 Brasil 83 18 Canada 77 28 18 Emirados Árabes 70 19 Suécia 75 18 19 Austrália 62 20 Dinamarca 70 10 20 Dinamarca 60 21 Rússia 65 58 21 Hong Kong 60 22 Áustria 65 20 22 Suécia 57 23 Tailândia 59 4 23 Tailândia 55 24 Macau china 54 24 Suíça 53 25 Austrália 52 10 25 Arábia Saudita 52 26 Taipei Chinês 51 9 26 Noruega 49 27 Turquia 46 27 Luxemburgo 46 28 Noruega 41 8 28 Malásia 45 29 Polônia 40 29 Áustria 45 30 Malásia 40 5 30 Taipei Chinês 42 31 Brasil 37 46 31 Indonésia 34 Fonte OMC2014 adaptação do autor 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A evolução das ideias teóricas sobre os serviços que passaram de ser consideradas improdutivas a desempenhar um papel relevante no processo de desenvolvimento econômico que foi impulsionado principalmente a partir da segunda metade do século XX Depois da evolução econômica mundial nas áreas de produção distribuição e aquisição de bens e serviços surgiram novos conceitos e metodologias de normas com a necessidade de realizar estudos mais sofisticados a respeito do crescimento econômico A literatura mostra que as atividades de serviços não são apenas dependentes da demanda de atividades manufatureiras pois elas mantêm operações com todos os tipos de atividades econômicas e detém algumas áreas próprias do mercado que estendem por localidades em que se inserem incluindo mercados internacionais Com a incorporação das novas tecnologias especialmente o setor de serviços tem sofrido mudanças em sua estrutura de comércio internacional Ressaltamos que o interesse que tem despertado os serviços desde o ponto de vista econômico a não constituir um assunto estranho posto que o mesmo como vimos tem passado a constituir um gerador de riqueza para quase todas as economias principalmente as que apresentam um maior grau de internacionalização ou globalização Sem embargo que é fundamental frisar que em qualquer nível de desenvolvimento econômico os serviços tem sido a maior fonte de geração de empregos na atualidade REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA A C S y RIBEIRO N R A relevância do setor serviços uma crítica marxiana às contas nacionais XIII Encontro Nacional de Economia Política 2008 ALMEIDA W J y SILVA M C Dinâmica do setor 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