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Ciências Econômicas ·

Macroeconomia 1

· 2022/2

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1 TÓPICO 2: O MODELO IS-LM (OU MODELO “KEYNESIANO” GENERALIZADO) Roteiro: 1. Introdução 2. Função investimento privado 3. Função IS (equilíbrio no mercado de bens) 4. Função demanda por moeda (L) 5. Função oferta de moeda (M) 6. Função LM (equilíbrio no mercado monetário) 7. Equilíbrio simultâneo IS-LM 8. Estática comparativa 9. Política econômica 10. Debate sobre a eficiência das políticas macro 11. Conclusão 12. Apêndice matemático 1. INTRODUÇÃO  Contexto histórico: texto de Hicks (1937: Sr. Keynes e os clássicos); síntese neoclássico-keynesiana, curto prazo macroeconômico + curto prazo marshalliano.  Introdução da moeda no esquema econômico;  Salários e preços exógenos. 2. FUNÇÃO INVESTIMENTO PRIVADO  Investimento: compra de bens de capital (máquinas, equipamentos, construções).  Modelo “keynesiano” simples  I exógeno;  Modelo “keynesiano” generalizado  I = variável endógena (estudar causas e consequências de sua variação);  Ideia básica: empresas devem escolher entre duas oportunidades de aplicação: adquirir bem de capital x adquirir título (fazer aplicação financeira);  Aplicações financeiras rendem taxa de juros nominal i1;  Bens de capital rendem eficiência marginal do capital (EMgK) – conceito desenvolvido em Macro 1.  Regra p/ decisão individual de investir: obter maior retorno (esperado) possível;  Se EMgK > i compra bem de capital (investe);  Se EMgK < i  compra título (faz aplicação financeira; não investe);  Se EMgK = i  equilíbrio2. 1 No mundo real, existem muitas taxas de juros (cheque especial, cartão de crédito, capital de giro para empresas, etc.). Essa taxa de juros deve ser interpretada como uma taxa representativa dessas diversas taxas, ou seja, uma espécie de média (ponderada) delas. 2  Generalizando o conceito para a economia de um país – com muitos projetos de investimento –, podemos desenhar para todos esses projetos uma função investimento. Linearizando para simplificar:  Nomenclatura:  I é o investimento privado agregado, ou seja, o montante de investimento que os agentes privados estão dispostos a fazer para dada EMgK e dada taxa de juros; consiste no somatório do investimento de cada projeto3.  I̅ = investimento autônomo (independente da taxa de juros); pode-se pensar que depende da EMgK, quanto maior EmgK, maior I̅;  -bi = parte do investimento que depende da taxa de juros;  b = elasticidade-juros do investimento, isto é, a sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros;  Quanto maior b, maior a sensibilidade de I a variações em i. Casos extremos:  Se b = 0, I = I̅, o investimento seria insensível à taxa de juros (volta- se ao modelo “keynesiano” simples).  Se b →∞, investimento seria hipersensível à taxa de juros.  Na prática, ∞ > b > 0.  Determinação do investimento: dada a taxa de juros (i0 no gráfico abaixo), o investimento será I0 (soma dos valores utilizados para comprar bens de capital nos projetos de investimento cuja EmgK ≥ i) → trecho em azul da função investimento. 2 O modelo supõe implicitamente a existência de um mercado financeiro eficiente. Isto significa que os ofertantes de crédito estão dispostos a emprestar qualquer valor desejado à taxa de juros vigente. Na prática, porém, frequentemente ocorre racionamento de crédito, ou seja, tais ofertantes estabelecem um limite ao montante de crédito que estão dispostos a emprestar. Neste último caso, mais realista, as decisões de investimento não dependeriam apenas da EMgK e da taxa de juros, mas também da disponibilidade de crédito. 3 Repare que a função investimento é construída dispondo os projetos de investimento em ordem decrescente conforme suas respectivas EMgKs. Função Investimento I = I̅- bi I EMgK, i (%) Função Investimento I = I̅- bi I EMgK, i (%) I0 i0 » O investimento pode entéo mudar: a) porque a taxa de juros muda; b) porque a EMgkK (e portanto o investimento aut6nomo I) muda. > Primeiro exemplo: mudanga do investimento decorrente de mudanga na taxa de juros: EMgkK, i (% . = 1: e (%) Fungao Investimento I = I- bi Io i Io | I Supondo que a taxa de juros baixou de ip para 1;, e o resultado disso € um aumento do investimento de Ig para I,, resultante do deslocamento ao longo da fun¢ao investimento. E vice-versa. » Segundo exemplo: mudanga do investimento decorrente de mudanca na EMgk (e portanto no investimento aut6nomo I): EMgk, i (% ~ . = . (%) Funcao Investimentop (Ig) i - ° Ne Investimento, (1, ) I, Ip I “Estamos supondo agora que a EMgK do capital em geral baixou (de forma que o investimento aut6nomo caiu de I, para I,). O resultado disso é uma queda do investimento de Ip para I,, resultante do deslocamento da fungao investimento para baixo, e nao de uma mudang¢a da taxa de juros. 3. FUNCAO IS (EQUILIBRIO NO MERCADO DE BENS) > Conceito: combinacgao de niveis de producao/renda real (Q) e taxas de juros nominais (1) que mantém o mercado de bens (oferta e demanda agregada) em equilibrio, isto é, que faz Q = D (ou, como vimos, I = S > dai o nome da curva). > Construcao da curva IS >» Primeiro passo: aplicar a nova fun¢ao investimento. 3 Matematicamente: = D=Q=C+rI+G +> C=C+cR+c(1-t)Q; > G=G;,eI=I- bi. = D=Q=C+cR+c(1-t)Q+I— bi+ G; ou — O coeficiente angular nado muda em relacgao ao modelo “keynesiano” simples: c(1—t); — Coeficiente linear: C+ cR+I—bi+G > Passa a ser afetado negativamente pela taxa de juros nominal 1. > Segundo passo: mudang¢a de plano — de (Q, D) para (Q, i). Graficamente: D DFQ . DiGi<io) Dolio) | Da(in>io) @ @ 2 MP Q ; ! ee Curva IS: ! _ real e taxas de juros jf eneefen | nominais que 1 : | : i “qe ! equilibram o mercado Q Qo Q: Qp Q > Caracteristicas da curva IS: > Inclinacao Matematicamente: di = Inclinagao de uma reta = derivada = io” ; 4 » Q= C+cR+I-bitG dQ -b ~ 4-c(1-t) ? di 1-c(1-t) ae . di _ 1-c(1- = Para obter a inclinacao, basta inverter: a = —, = Lembrando que o = +4 1-c(1-t) = + > aH: 1-c(1-t) o dQ -ab’ — Significado econdmico da inclinacao negativa — se |i—TI-1D, para manter D = Q, € preciso que TQ; quando |i—7Q, e vice-versa (1 e Q inversamente relacionados); — Fatores que afetam a inclina¢ao: c, t (ou a) e b; > Se tb—Jinclinagdo— + horizontal (no limite, se b—o-—IS horizontal); e vice-versa. > Se ta (fc e/ou |t)—Jinclinagao (em médulo) IS + horizontal; e vice-versa. Graficamente: i IS, (Te; [t; Tb) So(Co,to,bo) Q = Logica econdmica: =" Quanto maior b, maior a sensibilidade do investimento a variagoes em 1 e, portanto, da demanda D, da produgao/ renda real Q a estas variac6es; e vice-versa; =" Quanto @ (maior c e/ou menor t), maior o impacto de uma certa variacao do investimento (e portanto da taxa de juros) sobre a producao/renda real; € vice-versa. IS vertical (b—0); insensibilidade = Situacao limite: on . a variacOes em i | Qo Q 5 > Deslocamentos da curva IS (mudanga coeficiente linear): Matematicamente: »" Q=D=Ct+cR+c(1-t)Q+ 1 —bi+G " Coeficiente linear: valor de 1 para 0 qual Q = 0 > 0 =C+cR+0+1—bi+G > bi=Ct+cR+I1+G . . . C+cR+I+G " Coeficiente linear = i(Q=0) —— Graficamente: md I;{C 4 IS, ISo ~ Q Observacao: Vv Alteragdes nos componentes privados da demanda agregada aut6noma sdo por vezes denominados choques autdnomos de demanda. Teremos entao choques aut6nomos favoraveis (ou positivos) de demanda se tCe/ou I, e choques desfavoraveis ou negativos nas situagdes opostas. *“* Resumindo: Ao longo da mesma IS se sua causa for uma Mudangas na mudan¢a na taxa de juros demanda Mudang¢a na agregada inclinagao se provocam Da propria funcao IS for em b* ou no deslocamentos: (nova IS) se sua causa multiplicador for mudanga em qualquer Desl : outro parametro do es i lo ce fi ° mercado de bens (c, t, b, Paralelo se lor G, R, Could) nos demais ee : parametros. ** Repare que se a demanda agregada aumentar, o deslocamento paralelo sera para cima, ou a inclinagao fica menor em mddulo (fica menos negativa, se aproximando da horizontal), e vice-versa. (*) Perceba também que alteragdes em c ou b provocam mudangas tanto na inclinagao quanto no intercepto. 6 7 4. FUNÇÃO DEMANDA POR MOEDA (L)  Como se viu em Macro 1, a definição exata do que seja moeda é um problema não totalmente resolvido na teoria econômica: há vários agregados monetários que podem ser escolhidos, e o mais relevante pode variar conforme as circunstâncias históricas de cada país.  No que segue, será adotada uma concepção restrita de moeda, ou seja, consideraremos como moeda apenas o agregado monetário M1 = papel- moeda em poder do público + depósitos à vista nos bancos comerciais (não remunerados).  O tratamento simplificado do modelo propõe que a função demanda por moeda4 resultará da escolha alternativa entre dois ativos: moeda e títulos (aplicações financeiras).  Como visto em Macro 1, a demanda por moeda pelos motivos transação e precaução costuma ser considerada como função direta da renda nominal Y = PQ, onde P é o nível geral de preços.  Quanto maiores a renda real Q e o nível de preços P, maior a demanda por moeda.  Por outro lado, os agentes estarão interessados em reter moeda ociosa em função do motivo especulação.  Lembre-se: embora a posse de moeda não renda juros, ela evita os riscos de iliquidez e de inadimplência presentes nas aplicações financeiras.  Portanto, a demanda por moeda por esse motivo é função inversa da taxa de juros, ou seja, quanto maior a taxa de juros, menor a demanda por moeda.  Portanto:  A demanda por moeda é função:  Direta, da renda nominal Y = PQ;  Inversa, da taxa de juros nominal i;  Taxa de juros nominal = custo de oportunidade de retenção de moeda ou “preço” implícito da moeda;  Matematicamente:  Usaremos a simplificação linear: L = (kQ – hi)P  Para i ≥ 0 (lembre-se que em princípio a taxa de juros nominal não pode ser negativa5); 4 Este conceito é parecido com o de preferência pela liquidez desenvolvido por Keynes na Teoria Geral. 5 Porém: 1) desde a crise de 2008 alguns bancos centrais (BCE, Japão) começaram a impor taxas de juros nominais negativas sobre depósitos que os bancos comerciais mantêm nesses bancos centrais, o que consiste em uma forma de o banco central estimular os bancos comerciais a emprestar mais; repare porém que isso só pode acontecer quando a lei obriga os bancos comerciais a manter depósitos compulsórios no banco central; 2) algumas taxas de juros reais, isso é, descontada a inflação, podem perfeitamente permanecer negativas por períodos bem longos. L = demanda nominal por moeda; k = “constante de Cambridge’, isto é, a proporcao média da renda nominal que os agentes costumam manter na forma de moeda; h = elasticidade-juros da demanda por moeda; P = indice geral de precos. > Define-se também a chamada demanda real de moeda = = kQ-hi > Graficamente: i 1 Funcao demanda por moeda: Uma versao mais realista... L = (kQ — hi)P L L Inclinagao da funcao demanda por moeda no plano 1 x L: ‘nacho = 2 Inclina¢ao aL , = L=(kQ-hip > & = —hp>S = di dL hP = Inclinagao depende do nivel geral de precos (P) e da elasticidade-juros da demanda por moeda (h); i SS e/ouTP) o\ O\440>4 0 L L,({h e/ou| P) = Deslocamentos paralelos: " Coeficiente linear = 1 para L=0 > L= (kQ —hi)P = 0=(kQ—hi)P 1 (L=0) = (k/h)Q; = Portanto, mudangas em Q e em k deslocam a curva de demanda por moeda L: 8 9 5. FUNÇÃO OFERTA DE MOEDA (Ms)  Tratamento simplificado da política monetária:  Objetivo do governo (banco central ou autoridades monetárias) consiste em determinar a quantidade de moeda em circulação, e não a taxa de juros básica (que incide sobre títulos da dívida pública);  Ms portanto é uma variável exógena, determinada pelo governo; modelo supõe perfeito controle do governo sobre essa variável (suposição convencional de oferta de moeda exógena). O gráfico abaixo ilustra a hipótese adotada para o comportamento da oferta de moeda:  No caso deste modelo, suporemos que o governo controle a quantidade de moeda Ms e deixe a taxa de juros básica flutuar de acordo com a oferta e a demanda pelos títulos da dívida pública6; como veremos, o governo pode afetar a taxa de juros através da quantidade de moeda que cria. 6 Outro ponto que será mais desenvolvido em Economia Monetária é que a quantidade de moeda em circulação não é determinada apenas pela vontade do banco central, mas também pela interação deste com as decisões de bancos comerciais e do “público”. Por causa disso, vertentes mais heterodoxas do pensamento econômico (por exemplo, pós- keynesianos) não aceitam a suposição de que o governo seja capaz de controlar perfeitamente a quantidade de moeda em circulação. Trabalham com a ideia de que a oferta de moeda é decisivamente influenciada pela ação dos bancos privados, caso em que a oferta de moeda seria endógena, e não exógena. Ms0 i M Ms Função oferta de moeda ↑Q,k ↓Q,k L0(Q0,k0) i L 10  Neste contexto, a política monetária é dita:  Expansionista, quando o governo ↑ Ms; e contracionista, na situação oposta7.  Graficamente:  Como o banco central faz isso? Ele dispõe de 3 instrumentos principais: 1) Compra e venda de títulos da dívida pública no mercado aberto (“open market”); 2) Aumento ou diminuição da taxa de juros do redesconto; 3) Aumento ou diminuição do % de recolhimento compulsório sobre as reservas bancárias8.  O governo não pode controlar a taxa de juros básica e, ao mesmo tempo, a quantidade de moeda; ou controla uma, ou a outra.  Uma forma alternativa de execução da política monetária (a mais utilizada hoje em dia no mundo) é a situação inversa: ao invés de controlar a oferta de moeda e deixar a taxa de juros flutuar, o governo normalmente controla a taxa de juros básica ib0 e deixa a oferta de moeda flutuar para atender à demanda a esta taxa de juros:  Graficamente: 7 Na imprensa, porém, raramente temos notícia do que acontece com a quantidade de moeda. É comum obter notícias mediante variações da taxa de juros básica (a que incide sobre os juros da dívida pública). É fácil, porém, converter a linguagem: quando a taxa de juros básica sobe, a política é dita contracionista, e vice-versa. 8 A forma exata de operação desses mecanismos será desenvolvida no curso de Economia Monetária e Financeira. i ib0 Ms Função Ms expansionista Ms0 i M Ms1 Ms2 contracionista Função Ms0 Função Ms1 Função Ms2 11  Para a teoria convencional (ortodoxa) não faz muita diferença se o governo controla a taxa de juros básica ou a quantidade de moeda, porque ele sempre poderia mudar a taxa de juros básica com o objetivo de influenciar a quantidade de moeda em circulação. 6. FUNÇÃO LM: EQUILÍBRIO NO MERCADO MONETÁRIO  Conceito: combinação de níveis de produção/renda real (Q) e taxas de juros nominais (i) que mantém o mercado de moeda em equilíbrio, isto é, que faz L = Ms (daí o nome da curva).  Construção da curva LM  Primeiro passo: considerar as funções de oferta e demanda de moeda no mesmo gráfico, gerando o equilíbrio no mercado monetário.  Oferta e demanda por moeda determinam a taxa de juros nominal; portanto, mudanças na oferta e na demanda por moeda modificam a taxa de juros nominal de equilíbrio.  Taxa de juros = fenômeno monetário nos modelos de curto prazo.  Efeitos de mudanças na oferta e demanda de moeda sobre a taxa de juros: Política monetária expansionista: ↑Ms→(dado L)→↓i i0 Função Ms Ms0 i L, Ms Função L Política monetária contracionista: ↓Ms→(dado L)→↑i L, Ms i1 Ms1 L i0 Ms0 i i1 Ms1 L i0 Ms0 i L, Ms Função Ms0 Função Ms1 Função Ms1 Função Ms0 1 Funcao Ms 1 Funcgao Ms LitQ Lo(Qo) LiQP) Msp L, Ms Msp L, Ms Efeito de um T Q(dado Efeito de uma | P (dado Ms)—tL-T1 Ms)—J|L—- |1 = Segundo passo: deslocamento de plano (i x L,Ms) para (1, Q). i Funcao Ms i Funcgao LM | } ~Lo(Qo) | L3(Q2<Qo) | Msy L, Ms Q QW QQ Q > Caracteristicas da Curva LM = Inclinacao: = Matematicamente: -» Inclinacao = & nelinagao = <> —> Ms = L= (kQ — hi)P > Escrevendo na forma i = f(Q): > Ms/P = kQ — hi (obs.: Ms/P = oferta real de moeda); > Ms/P + hi=kQ > hi=kQ-Ms/P > i= (k/h)Q — (1/h)(Ms/P) + & = portanto: aq — pe Portanto: — Como hek > 0, a fun¢ao é positivamente inclinada; — A inclinagao aumenta quando k aumenta e/ou h diminui, e vice-versa. 12 13  Graficamente:  Situações-limite:  Se h = 0, inclinação → ∞: LM vertical (= Teoria Quantitativa da Moeda – TQM – neoclássica)9.  Se h→∞, inclinação →0: LM horizontal (“armadilha da liquidez”)  A taxa de juros está tão baixa que cobre apenas os custos de transação e os riscos de crédito e iliquidez; todos esperam que ela suba.  Resultado: agentes indiferentes entre moeda e títulos;  Recentemente: situações de crise  Japão, EUA. 9 Antes da crise de 30 do século passado, muitos autores acreditavam que a TQM era válida no curto prazo, implicando uma LM vertical. Hoje em dia a grande maioria dos economistas ortodoxos acredita em sua vigência apenas no longo prazo. E alguns deles acreditam que a experiência de “relaxamento quantitativo” colocada em prática por diversos bancos centrais durante a última crise econômica mundial colocou até mesmo essa vigência a longo prazo sob suspeita. Sobre esse último ponto, vide por exemplo Lara Resende, André. Juros e conservadorismo intelectual. Em: https://www.valor.com.br/cultura/4834784/juros-e-conservadorismo-intelectual. LM2(↓k e/ou ↑h) LM0(k0; h0) i Q LM1(↑k e/ou ↓h) Q0 LM (h = 0) i Q Demanda por moeda L insensível à taxa de juros → voltamos à TQM → L = kPQ; não há moeda ociosa; não é possível convencer os agentes a emprestar mais ↑i i0 LM(h→ ∞) i Q Demanda por moeda L hipersensível à taxa de juros; agentes desejam reter apenas moeda. 14  Curiosidade: provável formato real da função LM (reta = simplificação)10:  Voltando às propriedades da LM linear:  Deslocamentos paralelos:  Matematicamente (reta):  Coeficiente linear: i para o qual Q = 0;  L = Ms = (kQ – hi)P  Ms/P = kQ – hi  hi = kQ – Ms/P  i = (k/h)Q – (1/h)Ms/P  Q = 0  i(Q=0) = – (1/h)Ms/P  Como o coeficiente linear é negativo, mas a taxa de juros não cai abaixo de certo mínimo imin, é interessante desenhar a LM como abaixo:  Graficamente: 10 Neste caso a função deixaria de ser linear, pois h = f(i), quando ↑i→↓h. -(1/h)(M/P)2 -(1/h)(M/P)0 -(1/h)(M/P)1 imin LM2(↓Ms, ↑P, ↑h) LM0(Ms0; P0; h0) i Q LM1(↑Ms, ↓P, ↓h) Trecho de armadilha da liquidez: Agentes desejam reter apenas moeda (ociosa)  h→∞ i Trecho “normal”: moeda parcialmente ociosa (∞>h>0) LM i0 Q Trecho “neoclássico”: nenhuma moeda ociosa; impossível conseguir mais empréstimos ↑i; h→0 > Resumindo: Ao longo da mesma LM se sua causa for variacao Mudangas na na taxa de juros ou no oferta e produto Mudanga na demanda por inclinacao se moeda Da propria fungcao LM for variacao em provocam (nova LM) se sua causa h* ouk deslocamentos: for variagao em qualquer Desi t outro parametro do es i lowe fi ° mercado monetario (Ms, Paralelo se for h, k, P) variacao nos Oe demais parametros. ** Repare que se a demanda por moeda aumentar ou a oferta de moeda diminuir, o deslocamento paralelo sera para cima, ou a inclinacao aumentara (se aproximando da vertical), e vice-versa. (*) Perceba também que alteragdes em h provocam mudang¢as tanto na inclina¢ao quanto no intercepto. 7. O EQUILIBRIO IS-LM => Conceito: O equilibrio no modelo IS-LM ocorre para o ponto (i, Q) de interse¢ao entre as fungdes IS e LM, de modo que o referido ponto atenda as condi¢gées de equilibrio simultaneamente no mercado de bens e no mercado de moeda. = Graficamente: i fp IS Qo Q, Q QO modelo determina simultaneamente a taxa de juros nominal (ig) e oO produto/renda real (Qo) de equilibrio, e portanto também: = O nivel de emprego N e o grau de utilizacao g (diretamente relacionados a Q); =O consumo C =C + cR + c(1-t)Q; = O investimento I = I — bi; * A arrecadacao T = tQ e, portanto, 15 * O orcamento governamental O = T — (G+R). > Em principio, 0 equilibrio do produto efetivo (Q) pode ocorrer abaixo ou acima do produto potencial Qp, acarretando desaquecimento (Q < Qp) ou superaquecimento (Q > Qp). = Logicamente’’ (para versio melhor vide arquivo Estrutura logica IS-LM no sigaa): C \\ i C en ae multiplicador { dado P (via RPD) EMeK—> I sI>DA%D—-E—-QN,g / 3 Ms— 1 G A Motivo transacao > Matematicamente: > Exemplo: dados os valores abaixo, calcular oO equilibrio IS-LM; C = 10; G=15 (sendo Cg = 10 e Ig = 5); l= 20; R= 5; c = 0,75; t = 0,3; b = 10; Ms = 5000; k = 0,5; h= 0,5; P = 100. > Funcao IS: _—C+cRt+I—bi+G 10+0,75*5+20-10i+15 454 3,75 — 10i Q= 1-c(i-t) 1 — 0,75(1 — 0,3) ~ 1—0,75(0,7) 48,75-—10i 48,75-—10i 48,75 10i =-_rOOOO——_—_—_—_— FE OO > SC 1—0,525 0,475 0,475 0,475 > Funcao LM: Ms = (kQ — hi)P > 5.000 = (0,5Q — 0,5i)100 2,000 0,5Q — 0,5i > 50 = 0,5Q — 0,5i = _ - = _ Too 9Q — 0,51 SQ — 0,51 0,51 = 0,5Q — 50 — 0,5Q 50 ‘05 0,5 '' Se quiséssemos, poderiamos incluir no modelo os determinantes do orgamento governamental, de forma similar ao que foi feito no Topico anterior. Evitamos fazer isso para evitar poluir demais sua visualizagao grafica e ldgica. 16 i=Q-100 Para encontrar os valores de equilibrio: substituir LM em IS: " IS: Q = 102,63 — 21,051; = LM: I=Q- 100; — Q = 102,63 — 21,05*(Q — 100) = 102,63-21,05Q+2105; — Q = 2207,63 — 21,05Q > Q + 21,05Q = 2.207,63 — Q(1 + 21,05) = 2.207,63 — 22,05Q = 2.207,63 2.207,63 > Q= Sipe = 100,192: Substituir de volta na LM para encontrar i de equilibrio: — i=Q -100 > 100,1192 -100 = +0,1192 = 11,92%; > Para achar o valor do consumo: *C= C+ cR + c(1-t)Q = 10+0,75*5+0,75(1-0,3)100,1192 = 10+3,75+0,75* (0,7) 100,1192 = 13,75+0,525*100,1192 > C = 13,75+52,5626 = 66,3126 Para achar o valor do investimento: I = I — bi >I =20- 10i > 20 — 10.0,1192 = 20 — 1,192 = 18,808; * Investimento total: Ir =1 + Ig = 18,808 + 5 = Tins * Arrecada¢ao governamental: T = 0,3.100,1192 = ; * Orcamento: O = 30,0358 — (15 + 5) = 30,0358 — 20 = ; * Poupanca governamental: Sg = T — R— Cg = 30,0358 —5—10=+ —. @ Renda Pessoal Disponivel: RPD=Q — T+R=100,1192-30,0358 + 5 = ; Poupanga privada: Sp = RPD — C = 75,0834 — 66,3126 = + ; = Poupanga total: S = Sp + Sg = + 8,7708 + 15,0358 = ee 8. ESTATICA COMPARATIVA > Verificar o impacto que diversas mudangas nas variaveis exOgenas desse modelo causam na economia (sempre supondo tudo o mais constante — coeteris paribus). > Variaveis de politica econdmica (controladas pelo governo): ® Politica monetaria: Ms; politica fiscal: G, R e t; >» Variaveis selecionadas de decisao dos agentes privados: Choques de demanda auténoma privada C e J; Choques financeiros (mudangas em k e/ou h); “ Mudangas exogenas nos pre¢os P. 17 18  Variáveis de política econômica: Política monetária pura expansionista12 provoca deslocamento da LM para baixo e para a direita.  Resulta logicamente: ↑Ms→↓i→↑I→↑DA→...→↑Q,N  Desenvolvimento: a política em questão reduz a taxa de juros, levando à ampliação do investimento privado e da demanda agregada. O aumento da demanda agregada, através dos mecanismos descritos no tópico anterior13, leva a um aumento da produção/renda real e emprego.  Também como no tópico anterior, o efeito inicial é reforçado pelo efeito multiplicador, que retroalimenta a variação inicial na demanda agregada e, por consequência, também na produção/renda real e emprego14.  Conclusão: uma política monetária expansionista reduz a taxa de juros e expande os níveis de produção/renda real e emprego. Uma política monetária contracionista produz os efeitos opostos. Política fiscal pura expansionista:  Dois subtipos: 1) alteração em G e/ou R (deslocamento paralelo da IS); 2) alteração em t (mudança de inclinação da IS). Política fiscal expansionista colocada em prática através de aumentos em G ou R gera deslocamento paralelo da IS para a direita e para cima 12 O modelo é simples demais para diferenciar o impacto dessas políticas conforme o tipo de instrumento utilizado (mercado aberto, redesconto ou % de compulsório). 13 Ou seja, o aumento na demanda agregada produz aumento nas vendas, que resulta em queda de estoques e, finalmente, aumento da produção e do emprego. 14 O aluno pode ainda tentar entender porque o consumo privado (C) e a poupança privada (Sp) aumentam; a demanda por moeda (L) aumenta; a arrecadação tributária (T), orçamento (O) e a poupança governamentais (Sg) aumentam; e a poupança total (S) aumenta. i1 Q1 Q0 i0 IS LM0(Ms0) i Q LM1(↑Ms) i LM NTS 0(Gos Ro) Qo Q Q Resulta logicamente: _ +<—_——_——_. TG —TDA—...—-TQ,N Desenvolvimento: a politica em questao amplia diretamente a demanda agregada. O aumento desta, através dos mecanismos descritos no topico anterior’, leva a um aumento da producao/renda real e emprego. > Também como no topico anterior, 0 efeito inicial é reforg¢ado pelo efeito multiplicador, que retroalimenta a variacdo inicial na demanda agregada e, por consequéncia, também na produc¢ao/renda real e emprego. > Contudo, diferentemente da politica monetaria, a politica fiscal expansionista € acompanhada por uma elevac¢aéo da taxa de juros, pois: TQ—7TL(dado Ms)—11 = Repare que, diferentemente da politica monetaria, agora nao ha aumento da oferta de moeda. Porém, 0 aumento da renda real tende a fazer com que, pelo motivo transagao, a demanda por moeda aumente. A taxa de juros sobe entaéo, para manter o mercado monetario em equilibrio. = Surge agora o efeito deslocamento (ou crowding out) parcial: a elevacao da taxa de juros reduz o investimento privado. Ti- {I * Isso, por sua vez, tenderia a reduzir a demanda agregada: mm —, JI—|DA—...>- ]Q,N ** Observando toda a cadeia de raciocinio: = <<— . << ____—. TG —TDA—...- TQ TL fi lI |DA—...- ]Q 'S Ou seja, o aumento na demanda agregada produz aumento nas vendas, que resulta em queda de estoques e, finalmente, aumento da producao e do emprego. 19 > Como o primeiro efeito sobre a demanda agregada é mais forte que 0 segundo r : 16 roo. ~ (exceto no caso em que a LM é vertical)’, os niveis de producao/renda real e emprego de fato aumentam. ** Conclusao: uma politica fiscal expansionista expande os niveis de producgao/renda real e emprego (como no modelo anterior), a despeito de também produzir ~ : ~ . . . 17 rae elevacao da taxa de juros e redu¢ao do investimento privado °. Uma politica fiscal contracionista produz os efeitos opostos. > Contudo, a expanséo é€ menor que no modelo anterior, ja que o efeito : : rs : 18 deslocamento parcial opera em sentido contrario, reduzindo sua forga ~. «Se o aumento fosse de R, ao invés de G, o resultado seria similar, apenas o soy . . . 19 inicio da cadeia seria um pouco diferente *: tR->TC TDA... Politica fiscal expansionista colocada em pratica através de reducdes em t gera rotacao da IS no sentido anti-horario. 1 LM iF PF Isi(ly) — — NTSo(to) Qo Qi : Q ** Resulta logicamente: mM ~~. {to TC —TDA—...-TQ,N '© Quando o governo aumenta seus gastos tomando empréstimos dos agentes privados, aumenta a demanda por moeda, fazendo subir a taxa de juros. Se esses agentes nao mantivessem moeda ociosa (h = 0, LM vertical), a Unica forma que teriam de emprestar para 0 governo seria cortando os proprios gastos exatamente no mesmo montante do aumento do gasto publico (efeito deslocamento total). Se porém os agentes mantém moeda ociosa (h > 0, LM positivamente inclinada), quando a taxa de juros sobe os agentes mobilizam parte dessa moeda para emprestar para o governo. Assim, 0 corte de gastos privados nao precisara ser do mesmo montante que o aumento de gastos por parte do governo, e o efeito em questo sera apenas parcial. '7 © aluno pode ainda tentar entender porque o consumo e a poupanga privada aumentam; a demanda por moeda aumenta; a arrecadacao tributaria aumenta, mas o orgamento governamental piora; a poupanca governamental e a poupanga total podem aumentar ou diminuir (conforme a politica fiscal seja resultante de um aumento de Ig ou de Cg e/ou R). '8 Veremos mais adiante no curso que a introducao do chamado efeito acelerador na fungio investimento provocara um efeito contrario (crowding in) ao do efeito deslocamento parcial (crowding out). O efeito da politica fiscal sobre o investimento privado ficara dubio, com a inclinacéo da LM se tornando no fator chave para decidir a direcao que ele tomara. '° Em termos quantitativos, continua a ser verdade que uma variacio em G gera efeitos mais fortes sobre o produto/renda real que uma varia¢gao em R. 20 ** Desenvolvimento: com exce¢éo do inicio, muito parecido com o caso anterior (inclusive efeito crowding out). ** Conclusao: no contexto dos modelos de curto prazo em que estamos trabalhando, o uso de politicas fiscais mediante variacao de t, R ou G so difere em termos de intensidade, mas nao de qualidade. ** Variaveis selecionadas de decisdo dos agentes privados: n roe . A 720 Choques auténomos desfavoraveis de demanda privada (J C, I)” deslocam a IS paralelamente para baixo e para a esquerda. i LM Qi Q 1X Q ** Resulta logicamente (cadeia logica completa): a <<_ ———— : < J C, I> |DA—...>]Q—|L— |i - TI TDA—... TQ ** Desenvolvimento: 0 choque em questéo reduz a demanda agregada. Essa nl , . . oe 21 diminuicdo, através dos mecanismos descritos no topico anterior’, leva a uma redu¢ao da producao/renda real e emprego. > Também como no topico anterior, 0 efeito inicial é reforg¢ado pelo efeito multiplicador, que retroalimenta a variacao inicial na demanda agregada e, a , ~ 22 por consequéncia, também na producao/renda real e emprego™. = Conclusao: um choque dessa natureza reduz os niveis de producao/renda real e emprego, a despeito da redugado da taxa de juros que ocasiona. O efeito deslocamento ou expulsao parcial, operando agora no sentido inverso, nao produz °° Variacdes na propensdo marginal a consumir (c) também provocam choques de demanda auténoma privada, mas deslocam a IS paralelamente e, ao mesmo tempo, mudam sua inclinagéo. Também provocam efeito deslocamento parcial. “! Ou seja, a queda na demanda agregada produz queda nas vendas, aumento dos estoques e diminuigdo da producio e do emprego. 2 © aluno pode ainda tentar entender os efeitos sobre os demais agregados macroeconémicos, como o consumo e a poupanga privada; a demanda por moeda; a arrecadac4o tributaria, or¢amento e a poupanca governamentais; e a poupang¢a total. 21 um aumento suficientemente forte do investimento privado para compensar a queda da demanda agregada disparada pelo choque inicial. Um choque similar favoravel produz os efeitos opostos. > O efeito expulsdo parcial, seja no sentido original ou no reverso, nao € uma exclusividade_da_ politica fiscal: qualquer forga que desloque a IS o desencadeia. E desde que h > 0, este efeito sempre amortece, sem inverter, a direc¢ao do movimento inicial. Quedas de precos (J P) deslocam a LM paralelamente para baixo e para a direita (“efeito-Keynes’’). LM(Po) i LM,({P) “Nis, QW Q ° Q ** Resultado logico: . {P—|L- |i-TI- TDA... TQ => Desenvolvimento: o choque em questao reduz a taxa de juros, levando a ampliacgao do investimento privado e da demanda agregada. O aumento da , : . roe : 3 demanda agregada, através dos mecanismos descritos no topico anterior™’, leva a um aumento da produ¢ao/renda real e emprego. > Também como no topico anterior, 0 efeito inicial é reforg¢ado pelo efeito multiplicador, que retroalimenta a variacao inicial na demanda agregada e, por consequéncia, também na produc¢ao/renda real e emprego. = Conclusao: uma queda de pre¢os tem efeitos similares a uma politica monetaria 7 24 : ros ~ expansionista*’: reduz a taxa de juros e expande os niveis de produ¢ao/renda real 25 . . - e emprego~’. Um choque de precos em sentido oposto gera os efeitos contrarios. Choques financeiros desfavoraveis (Tk) aumentam a inclinagéo da LM (rotacgao para a esquerda). °3 Ou seja, o aumento na demanda agregada produz aumento nas vendas, que resulta em queda de estoques e, finalmente, aumento da producao e do emprego. 4 Por isso alguns textos preferem dizer que reducdes em Ms/P deslocam a LM para a esquerda e para cima, sejam causadas por aumentos de P ou reducées de Ms. °> Perceba que a operagdo do efeito Keynes depende da hipotese de que a variavel de controle da politica monetaria é a oferta de moeda. Se fosse empregada a hipdtese contraria de fixagao da taxa basica de juros, o referido efeito nao ocorreria, e mudangas nos niveis de precos nao afetariam o nivel de producao e renda real através desse mecanismo. 22 | LM,(1k) i LMo(ko) Qi Qo Q ** Resultado logico: . tk tL-ti- JI | DA... |Q = Desenvolvimento: o choque em questao produz os efeitos simétricos e opostos ao descrito no grafico anterior, leva a uma queda da produc¢ao/renda real e emprego e aumento da taxa de juros. > Também como no topico anterior, 0 efeito inicial é reforg¢ado pelo efeito multiplicador, que retroalimenta a variacdo inicial na demanda agregada e, por consequéncia, também na produc¢ao/renda real e emprego. > Conclusao: um choque financeiro adverso tem efeitos similares a uma politica monetaria contracionista. Um financeiro favoravel gera os efeitos contrarios. 9. POLITICA ECONOMICA = Objetivo: estabilizar os niveis de produg¢ao e emprego no nivel 6timo Qp, com equilibrio orgamentario. Graficamente: i LM W=Q, Q O | Og QQ -(G+R) 23 = Instrumentos que podem ser mobilizados: politicas fiscal e monetaria; > Problema 1: insuficiéncia de demanda agregada (Q<Qp, desemprego elevado). > Solucoes possiveis: = Politica monetaria pura expansionista (tMs); ® Politica fiscal pura expansionista (TG, TR e/ou |t). = Conclusao: em principio, e do ponto de vista puramente tedrico, ambas as politicas sao igualmente boas para lidar com o problema de insuficiéncia da demanda agregada no curto prazo. > Perceba, porém, que no que concerne a composicao da demanda agregada, elas sao diferentes: «Uma politica monetaria expansionista provoca um aumento tanto do investimento quanto do consumo (via efeito multiplicador); «Uma politica fiscal expansionista provoca também um aumento do consumo (via multiplicador e/ou diretamente), mas, devido ao efeito expulsao parcial, causa uma queda do investimento privado; = Do ponto de vista da estabilizagéo do produto no curto prazo, a composi¢ao da demanda agregada é indiferente; o que importa é conseguir aumentar a demanda agregada de modo a fazer D = Q = Qp. = Solucgdes possiveis para evitar 0 efeito deslocamento e a queda do investimento privado: a) dar preferéncia ao uso da politica monetaria expansionista; b) combinacao de politicas monetaria e fiscal expansionistas (especialmente se for necessario expandir o investimento publico em infraestrutura). Neste ultimo caso, faz-se uma expansao fiscal, combinada com uma expansdo monetaria (ambas menos expansionistas que no caso puro). A politica monetaria visa impedir a subida da taxa de juros, evitando assim a queda do investimento privado. | __JLMo(Mso) : 7 LM,i(tMs 1 Kt ) A\_ 1816) S18 9(Go) Qo Q; Q > Problema 2: excesso de demanda agregada (superaquecimento/aumento de precos) — intersecao IS-LM a direita de Qp. > Solucoes possiveis: © Politica monetaria pura contracionista (|Ms); Politica fiscal pura contracionista (|G, |R e/ou ft). = Também podemos pensar em uma politica contracionista mista. 24 25  É sempre importante lembrar que mesmo que política econômica consiga colocar a economia sobre o ponto Qp com equilíbrio orçamentário, ainda assim o problema da estabilização dos níveis de produção, renda e emprego não acabou:  Choques ocorrem o tempo todo na economia e tendem a fazê-la sair do equilíbrio previamente alcançado, deslocando as curvas IS e LM. O problema se recoloca o tempo todo. 10. DEBATE SOBRE A EFICIÊNCIA DAS POLÍTICAS MACRO  Em princípio, tanto a política fiscal quanto a monetária parecem eficazes para combater tanto uma insuficiência de demanda agregada quanto um superaquecimento da economia.  Contudo, os primeiros keynesianos que haviam vivido a experiência da Grande Depressão acreditavam que as tentativas de combatê-la através da política monetária expansiva haviam falhado; os bancos tinham acumulado reservas muito além do necessário e não haviam emprestado o dinheiro.  Propunham então o uso da política fiscal → “fiscalistas”: Samuelson, Okun, Galbraith, etc..  Metáforas p/ descrever ineficácia da política monetária: elástico; etc..  Argumentação econômica em torno da inclinação das curvas IS e LM.  1o argumento fiscalista: Estudos econométricos mostravam que o investimento era pouco elástico (sensível) a mudanças na taxa de juros (b≅0);  Motivo: mudanças frequentes nas expectativas de LP (EMgK) dominam as decisões de investimento26;  Resultado: Curva IS bastante inclinada, quase vertical: 26 Argumentava-se também que em meio a uma depressão, com baixo grau de utilização da capacidade instalada, uma baixa da taxa de juros não seria suficiente para incentivar o investimento. Apenas após a economia retomar um grau de utilização mais elevado é que surgiria a necessidade de investir. Trata-se, no fundo, de uma crítica à própria teoria do investimento anteriormente apresentada, que deveria ser substituída pela teoria do acelerador, na qual o principal determinante do investimento é o próprio grau de utilização da capacidade (vide Macro 3). LM Qp Q0 i0 IS (b→0) i Q Consequéncia: a linha tracejada Qp cruza a IS apenas para taxa de juros nominal negativa (impossivel de ser atingida); = Deslocamentos na LM (politica monetaria) poderiam, no maximo, reduzir a taxa de juros a zero; mas, como o investimento é pouco sensivel a mudangas na taxa de juros, seu aumento seria insuficiente para fazer a renda real aumentar significativamente; Nas circunstancias mostradas no grafico, isto seria insuficiente para expandir a renda real até Qp. = 2° argumento fiscalista: se a curva IS cruza a LM em seu trecho de “‘armadilha da liquidez” (h—), a politica monetaria torna-se ineficaz porque nao consegue reduzir a taxa de juros; = Motivo: 0 aumento na oferta de moeda é retido pelos agentes, ja que, dada a baixa taxa de juros vigente nas condi¢des da armadilha da liquidez, estes julgam que nao é rentavel emprestar; = Resultado: uma politica monetaria expansiva nao consegue deslocar LM no trecho em que esta intercepta a IS: i LM (Msp : IS 7 LM,(tMs) Qo Q, Q * A politica monetaria expansionista sO desloca o trecho da curva LM que nao intercepta a curva IS; a expansao monetaria nao reduz os juros; o investimento nao aumenta; a demanda agregada, e portanto a producao, a renda real e 0 emprego nao aumentam. > Conclusao dos fiscalistas: a politica monetaria sera provavelmente ineficaz e pouco confiavel; melhor utilizar a politica fiscal e manejar a politica monetaria de forma residual, apenas para nao perturba-la (por exemplo, impedindo que a taxa de juros suba, como no caso da combina¢ao de politicas). i ISo(Go) ~~‘ IS, (7G) ‘nig y LM Qo Q, Q 26 27  A política fiscal expansionista é eficaz mesmo que a curva IS seja vertical e a economia esteja na armadilha da liquidez.  Perceba que, na condição de armadilha pela liquidez, a expansão fiscal não gera subida da taxa de juros e, portanto, não gera o efeito de expulsão ou deslocamento (crowding out) do investimento.  Outra posição: “monetaristas”  Líder: Milton Friedman;  Posição básica: ao contrário dos fiscalistas, defendiam que a política fiscal era ineficaz e o melhor era utilizar a política monetária.  1o argumento monetarista: estudos econométricos demonstravam que a elasticidade-juros da demanda por moeda era estatisticamente insignificante (h→0).  Resultados:  Demanda por moeda independente da taxa de juros (L = kPQ);  Curva LM vertical:  Como vimos anteriormente, neste caso ocorreria o efeito expulsão (ou deslocamento ou crowding out) total, e não apenas parcial.  Em compensação, política monetária seria completamente eficaz:  2o. argumento monetarista – desenvolvido por Don Patinkin a partir de observações de A. Pigou (efeito-Pigou/ efeito saldo real/ efeito riqueza);  Função consumo nos modelos keynesianos demasiadamente simples → não incorpora efeitos de variações no patrimônio real dos agentes sobre a Q i1 IS1(↑G) LM Qp Q0 i0 IS0(G0) i i1 i0 IS LM0(Ms0) Qp Q0 i LM1(Ms1) coincidente com Qp decisao de consumir; Oferta real de moeda Ms/P faz parte do patrim6nio real dos agentes: entao, tMs/P—fpatriménio real—7 consumo! > Resultado: politica monetaria expansionista pode deslocar a IS também! (excecao) i | ISo(Ms/P)) — IS,(tMs/P) Qo Q, — Contra-argumento fiscalista: testes econométricos do efeito-Pigou mostram-se estatisticamente muito pequenos, quase insignificantes”’. =O debate prosseguiu, cada vez mais sofisticado, com argumentos mais e mais complicados. > Hoje: diminuicao significativa das divergéncias. > Maioria dos economistas ortodoxos aceita a ideia de que a funcao LM tem 3 segmentos; > Com economias hoje mais abertas que no passado, o foco do debate passou para o campo da Macro aberta (retomado em Macro 3), considerando os varlos regimes cambiais; «Com cambio flutuante, maioria dos economistas acha que ambas as politicas podem ser eficazes; > Pragmatismo: receita conforme o diagnostico. = Recessao com juros altos — ¢ oferta de moeda Ms; @ Recessdo com juros proximos de zero — 7 G e/ou R e/ou | t. > Em condicgdes normais, preferéncia da maioria dos economistas ortodoxos pela politica monetaria. Maior facilidade de implanta¢gao; = Receio de descontrole da politica fiscal (mecanismos cumulativos) causar descontrole da politica monetaria e infla¢gao; * Defasagens da politica fiscal maiores que as da monetaria; mas a maioria também nao recomendaria equilibrar 0 orgamento em qualquer circunstancia. °7 Economistas mais heterodoxos apresentam outras criticas ao efeito-Pigou: 1) na verdade trata-se de uma politica fiscal expansionista disfarg¢ada, e ndo um mecanismo automatico de ajuste do sistema econdmico; 2) ele pode ser mais que contrabalancado pelo chamado efeito-Fisher (a deflacao redistribui renda de devedores — com alta propensdo a gastar - para credores, com baixa propensao, baixando a propensao média a gastar). 28 29 11. CONCLUSÃO  O modelo IS-LM ainda é o principal instrumento para introdução às discussões sobre política econômica na macroeconomia, e apresenta algumas vantagens em relação ao modelo “keynesiano” simples, tais como:  Introdução da política monetária;  Função investimento um pouco mais completa;  Contudo, além de preservar várias das limitações que já estavam presentes no modelo anterior, o modelo IS-LM apresenta também uma série de novas limitações decorrentes das hipóteses comportamentais introduzidas:  Simplicidade ainda excessiva da função investimento, que não discute os efeitos de muitas variáveis efetivas e esperadas28:  Grau de utilização da capacidade;  Avanço tecnológico;  Grau de racionamento de crédito29;  Margens de lucro;  Salários nominais;  Taxa de juros esperada para o futuro30;  Taxa de inflação;  Preços dos ativos (ações, imóveis, etc.); entre outras.  Se ao invés de controlar a quantidade de moeda ofertada e deixar a taxa de juros básica flutuar, o modelo tivesse adotado o tratamento mais utilizado na prática da política monetária, na qual o governo controla a taxa de juros básica e deixa a oferta de moeda flutuar para atender à demanda de moeda (a esta taxa de juros), alguns resultados importantes do modelo seriam alterados: 28 Há também uma vertente heterodoxa (a sraffiana) que considera o investimento produtivo, pelo menos no longo prazo, insensível a mudanças na taxa de juros. 29 Como veremos posteriormente, a hipótese de que o sistema financeiro empreste (e os demais agentes possam tomar emprestado) quantidades ilimitadas de crédito à taxa de juros de mercado (ausência de “racionamento de crédito”) é muito irrealista. 30 E, portanto, do efeito das políticas monetária e fiscal sobre tais expectativas. De acordo com certas visões ortodoxas, por exemplo, uma política fiscal expansionista pode acabar tendo efeitos recessivos se provocar expectativas de forte elevação nas taxas de juros futuras. = A estrutura lo6gica do modelo seria entao alterada: C VF t Wf C Efeito multiplicador | dado P (via RPD) EMaK TOT DA vendas>EQONg aa Moe t Motivo transacao P @ A oferta de moeda®' se tornaria enddgena, isto é, passaria a flutuar em resposta a demanda por moeda; “ A curva LM se tornaria horizontal ao nivel da taxa de juros estabelecida pelo governo, mesmo que nao houvesse “armadilha da liquidez”’; = Por consequéncia: — A oferta de moeda aumentaria endogenamente sempre que a IS se deslocasse para a direita (aumentando o produto e portanto a demanda por moeda), e vice-versa; > A taxa de juros basica nao mudaria em resposta a deslocamentos da IS nem a mudangas de precos, mas apenas quando o governo quisesse”’; — Nao existiria mais politica fiscal pura, pois qualquer mudan¢a nas varlaveis fiscais afetaria automaticamente a oferta de moeda; > O modelo IS-LM foi desenvolvido no contexto histérico e de paises nos quais mudangas nas taxas de juros tinham efeito muito pequeno (desprezivel) sobre as financgas publicas (lembre-se que 0 pagamento de juros da divida publica faz parte das transferéncias governamentais para o setor privado R). No contexto atual e em certos paises, porém, elevagdes da taxa de juros basica pelo governo poderiam gerar um efeito fiscal expansionista (deslocar a IS para direita!) nada desprezivel. Consequéncias: = Também nfo existiria mais politica monetaria pura: mudangas na taxa de juros basica (politica monetaria) afetariam também a politica fiscal (R); " Os efeitos de uma elevacao da taxa de juros deixam de ser necessariamente contracionistas; dependendo de varios fatores, nao ¢ *! O tamanho da divida publica também deixaria de depender exclusivamente de decisio governamental. °° As demais taxas de juros poderiam mudar também quando os spreads mudassem por causa de alteragdes no grau de concorréncia no setor financeiro e/ou na percepcao de risco de crédito pelo mesmo. 30 impossivel que ela se torne expansionista; e ainda se o efeito final for contracionista, este pode ser significativamente reduzido por este impacto expansionista. > Numero excessivamente restrito de ativos (moeda, titulos, bens de capital); Outros modelos ortodoxos incorporam um numero maior de ativos — p.ex., modelo de Tobin (Macro 3); > Confusao de fluxos (curva IS) e estoques (curva LM); Curva LM se movimentaria sempre que Q>0; = Equilibrio estatico IS-LM, a rigor, impossivel. = A despeito de seus defeitos, € uma ferramenta Util, para entender tanto a visao ortodoxa quanto algumas criticas heterodoxas. > Resultados importantes a partir de modelo simples (didatico); > Deve ser vista como limitada aquilo que pretende tratar: politicas de estabilizagao da renda, produ¢ao e emprego. Nao se presta a outras finalidades. 12.Apéndice matematico = Matematicamente: ~ A CteRtI-bitG, > Funcao IS: Q eaep > Funcao LM: Ms/P =kQ — hi Para resolver o sistema para 0 produto efetivo (Q) e a taxa de juros (1): ** Escrever a funcao LM isolando a taxa nominal de juros 1: Ms/P = kQ — hi Ms/P + hi=kQ hi=kQ-M/P i= <a ou i = (k/h)Q — (1/h)(Ms/P) > Substituir a expressao obtida para i na funcgao IS _ THcR+1+6-b[(F)o-O&| Q= 1-c(1-t) Q [1-c(1-t)] =C + cCR+1+ G— (bk/h)Q + (b/h)\(Ms/P) 31 Q [1-c(1-t)] + (bk/h)Q = C + cR+1+G + (b/h)(Ms/P) Q[1-c(1-t)+(bk/h)] = C + CR + 1 + G + (b/h)(Ms/P); ou > Substituindo essa expressao no lugar de Q na funcao IS, podemos achar os determinantes da taxa de juros: i= (k/h)Q — (1/h)(Ms/P) . C+cR+i+G+(?)(SS) - _ falle+eR++6+G)(S) al -ea-0+ GIF | 1-c(1-t)+(**) - _ [allCeeR+T+G1+ (2) lalla -9+ IEF 1-c(1-t)+(7*) - _ [allC+eR+T+al+ (2) )-(i2) Lalla 1-c(a-t)+(95) 32