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No Brasil e no exterior, cada vez mais os estudos interartes e da intermidialidade têm suscitado o interesse de professores e pesquisadores, cujos trabalhos focalizam a relação entre as artes e as mídias, do ponto de vista histórico-cultural ou teórico-crítico. Embora estejamos temporalmente distantes da tradição da comparação entre as artes, evocada desde a célebre máxima horaciana ut pictura poesis, ou da discussão sobre o paragone, como podemos ler no Tratado da pintura de Leonardo da Vinci – que replica a Simônídes de Céos, argumentando que “a pintura é uma poesia muda e a poesia uma pintura cega” –, ou, ainda, distantes da disputa das artes irmãs encenada por Filémon no Sonho de Filômato, essa extensa tradição não deixa de ecoar no debate contemporâneo em torno do estatuto das obras de arte e das relações que estabelecem entre si. Hoje, a discussão suscitada pelos estudos interartes encontra novos desdobramentos nas reflexões sobre a intermidialidade, sua definição e seus fundamentos, seu alcance teórico e suas práticas que se mostram tão variadas quanto a potência criativa dos artistas se revela infinita. Em seu segundo volume, o livro Intermidialidade e Estudos Interartes: desafios da arte contemporânea vem contribuir para a ampliação desse campo de estudos essencialmente interdisciplinar, ao trazer ao conhecimento do público de língua portuguesa um conjunto de dez textos redigidos por especialistas provenientes de diversos países em que os estudos de intermidialidade estão bastante avançados, e nos quais são abordadas questões de ordem conceitual, bem como as práticas intermidáticas, como o cinema e o teatro. INTERMIDIALIDADE E ESTUDOS INTERARTES: DESAFIOS DA ARTE CONTEMPORÂNEA Volume 2 INTERMIDIALIDADE E ESTUDOS INTERARTES: DESAFIOS DA ARTE CONTEMPORÂNEA 2 THAÏS FLORES NOGUEIRA DINIZ ANDRÉ SOARES VIEIRA organizadores Thaïs Flores Nogueira Diniz André Soares Vieira Organizadores INTERMIDIALIDADE E ESTUDOS INTERARTES: DESAFIOS DA ARTE CONTEMPORÂNEA Volume 2 UFMG FAPEMIG Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais fale POS-LIT Apoio: CNPq Ministério Ministério da B R A S EDUCACAO Ciência e Tecnologia GOVERNO FEDERAL Belo Horizonte Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários Faculdade de Letras da UFMG 2012 Copyright © 2012 dos Autores Universidade Federal de Minas Gerais Reitor: Clélio Campolina Diniz Vice-Reitora: Rocksane de Carvalho Norton Faculdade de Letras Diretor: Luiz Francisco Dias Vice-Diretor: Sandra Maria Gualberto Braga Bianchet Faculdade de Letras Coordenadora: Leda Maria Martins Subcoordenador: Jacyntho José Lins Brandão Projeto Gráfico e Editoração: Marco Antônio e Alda Durães Capa: Philippe Enrico, “Signos coloridos II”, 2007 A publicação deste livro foi possível graças ao auxílio financeiro da FAPEMIG, através do Programa Pesquisador Mineiro II. Impressão: Gráfica RONA ⁓ Ficha catalográfica elaborada pelas Bibliotecárias da Biblioteca FALE/UFMG 161 Intermidialidade e estudos interartes : desafios da arte contemporânea / Thaïs Flores Nogueira Diniz, André Soares Vieira, organizadores. — Belo Horizonte : Rona Editora : FALE/UFMG, 2012. v. ; il., fots. (p&b) ; 23 cm. Inclui referências. “A organização desta publicação está ligada às atividades do projeto de pesquisa intitulado “Intermidialidade em produções culturais contemporâneas”, desenvolvido na UFMG por Thaïs Flores Nogueira Diniz e financiado pelo CNPq.” ISBN: 978-85-7758-112-2 1. Arte moderna – Séc. XX-XXI. 2. Arte e tecnologia. 3. Performance (Arte). 4. Teatro. 5. Artes cênicas. 6. Intermidialidade. I. Diniz, Thaïs Flores Nogueira. II. Vieira, André Soares. III. Título. CDD: 700.185 Ao José Silvério, pelos 50 anos de amor incondicional. "Enquanto a distinção entre arte e não-arte ainda tiver alguma função, pode-se considerar como arte, independentemente de considerações estéticas, textos compostos dentro de um determinado sistema sígnico, que a comunidade interpretativa permite, ou mesmo exige, que sejam lidos como 'obra de arte'" CLUVER, Claus. Estudos Interartes: Introdução Crítica. In: BUESCU, Helena; FERREIRA DUARTE, João; GUSMÃO, Manuel (Orgs). Floresta Encantada: Novos Caminhos da Literatura Comparada. Lisboa: Publicações Dom Quixote Lda, 2001, p. 338. SUMÁRIO Thaïs Flores Nogueira Diniz André Soares Vieira Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . 11 PARTE I Carol DUNCAN Quem rege o mundo da arte? . . . . . . . . . 17 Dick HIGGINS Intermídia . . . . . . . . . . . . . . 41 Irina RAJEWSKY A fronteira em discussão: o status problemático das fronteiras midiáticas no debate contemporâneo sobre intermidialidade . . . . . . . . . . . 51 Jürgen E. MÜLLER Intermidialidade revisitada: algumas reflexões sobre os princípios básicos desse conceito . . . . . . . 75 PARTE II Karl PRÜMM O trabalho da câmera: uma prática intermidíatica: A concepção de imagem do cameraman Eugen Schüfftan (1886-1977) . . . . . . . . . . 99 Chiel KATTENBELT O teatro como arte do performer e palco da intermidialidade . . . . . . . . . . . 115 PARTE III Klaus Peter DENCKER Da poesia concreta à poesia visual: um olhar para o futuro dos meios eletrônicos . . . . . . . . . . . 133 Claus CLÜVER "Arte transgênica": a biopoesia de Eduardo Kac . . 155 Hans LUND A 'história da cegonha', de Karen Blixen, e a noção de ilustração . . . . . . . . . . . . . . 171 Pascal LEFÈVRE Ontologias visuais incompatíveis?: A adaptação problemática de imagens desenhadas . . . . . . . . . 189 Notas sobre os Colaboradores . . . . . . . . . . . . 209 Notas sobre os Tradutores . . . . . . . . . . . . . . 211 Apresentação Esta publicação concretiza mais uma vez parte dos objetivos do Grupo de pesquisa Intermídia: Estudos sobre a Intermidialidade, por representar a continuação do trabalho iniciado com a organização da antologia intitulada Intermidialidade e Estudos Interartes: desafios da arte contemporânea. A presente obra reúne mais alguns textos que auxiliarão na análise crítica de obras contemporâneas constituídas de textos em diferentes mídias e que, como no primeiro volume da série, foram traduzidos em sua totalidade por professores, membros do grupo. O volume é dividido em três partes. Na primeira parte, tratamos das questões ideológicas responsáveis pela canonização das obras de arte em geral e de algumas questões conceituais sobre intermidialidade: sua aparição no discurso crítico e seu posterior tratamento no discurso contemporâneo. A segunda parte apresenta dois textos que tratam respectivamente do trabalho da câmera como uma prática intermidática, e do teatro como palco da intermidialidade. Por sua vez, a terceira parte trata de algumas formas de intermidialidade específicas, a saber: poesia concreta e visual; biopeosia; ilustração polifônica e adaptação de histórias em quadrinhos. O texto de Carol Duncan discute o poder exercido por críticos e profissionais enquanto manipuladores e mediadores das relações sociais do mundo da arte. Segundo a autora, o trabalho do artista só se faz visível como arte em três situações: ao ser reconhecido pela crítica especializada, pela exposição num espaço de arte ou pela venda a colecionadores. Envolvida num discurso mediador e exposta num contexto que induz sua leitura como arte, a obra tem seu valor estético associado ao valor econômico, forçando o artista a observar as tendências do mercado e a falar de sua obra usando termos críticos em voga. Por outro lado, como o desrespeito a regras transformou-se numa nova regra, a irreverência, a rebeldia ou a absurdidade são valorizadas e transformadas em mercadoria de troca. A autora acrescenta ainda que a inovação e a originalidade são aceitas apenas por serem ideologicamente úteis, como “prova” da liberdade proclamada pela sociedade. 11