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Cursos Gerais ·
Gestão de Pessoas
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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Clara Silveira EAD Editora Universitária Adventista Presidente da Divisão SulAmericana Stanley Arco Diretor do Departamento de Educação para a Divisão SulAmericana Antônio Marcos da Silva Alves Presidente do Instituto Adventista de Ensino IAE mantenedora do Unasp Maurício Lima Reitor Martin Kuhn Vicereitor para a Educação Básica e Diretor do Campus Hortolândia Henrique Karru Romaneli Vicereitor para a Educação Superior e Diretor do Campus São Paulo Afonso Ligório Cardoso Vicereitor administrativo Telson Bombassaro Vargas Próreitor de pesquisa e desenvolvimento institucional Allan Macedo de Novaes Próreitor de graduação Edilei Rodrigues de Lames Próreitor de pósgraduação lato sensu e Próreitor da educação à distância Bruno Fortes Próreitor de desenvolvimento espiritual e comunitário Wendel Tomas Lima Próreitor de Desenvolvimento Estudantil e Diretor do Campus Engenheiro Coelho Carlos Alberto Ferri Próreitor de Gestão Integrada Claudio Valdir Knoener Conselho editorial e artístico Dr Adolfo Suárez Dr Afonso Cardoso Dr Allan Novaes Me Diogo Cavalcanti Dr Douglas Menslin Pr Eber Liesse Me Edilson Valiante Dr Fabiano Leichsenring Dr Fabio Alfieri Pr Gilberto Damasceno Dra Gildene Silva Pr Henrique Gonçalves Pr José Prudêncio Júnior Pr Luis Strumiello Dr Martin Kuhn Dr Reinaldo Siqueira Dr Rodrigo Follis Me Telson Vargas Editorchefe Allan Macedo de Novaes Supervisora Administrativa Rhayane Storch Responsável editorial pelo EaD Jéssica Lisboa Pereira LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 1ª Edição 2023 Editora Universitária Adventista Engenheiro Coelho SP Ana Clara Silveira do Carmo Graduação em Jornalismo e em Letras Libras e pósgraduação em Gestão de Conteúdo e Produção Interativa pelo UNASPEC e pósgraduação em LIBRAS pelo Instituto Líbano Marques Pâmela Caroline Costa Ferramentas de produtividade e gestão do tempo livro eletrônico Pâmela Caroline Costa Marques 1 ed Engenheiro Coelho SP Unaspress 2022 PDF Bibliografia ISBN 9786554050418 1 Administração 2 Gestão de negócios 3 Produtividade 4 Tempo Administração I Título 22134421 CDD6501 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Índices para catálogo sistemático 1 Tempo Produtividade Administração 6501 Eliete Marques da Silva Bibliotecária CRB89380 Língua brasileira de sinais 1ª edição 2023 ebook pdf Designer Instrucional Nadia Menin Analistas editoriais Gabriel Alves e Gustavo Alves Projeto gráfico Ana Paula Pirani Capa Jonathas SantAna Diagramação Kenny Zukowski Caixa Postal 88 Reitoria Unasp Engenheiro Coelho SP CEP 13448900 Tel 19 38585171 38585172 wwwunaspresscombr Editora Universitária Adventista Validação editorial científica ad hoc Evelyn Queiroz Mestra em Promoção da Saúde pela UNICESUMAR Editora associada Todos os direitos reservados à Unaspress Editora Universitária Adventista Proibida a reprodução por quaisquer meios sem prévia autorização escrita da editora salvo em breves citações com indicação da fonte SUMÁRIO A SURDEZ E O MUNDO 8 Introdução 9 Principais conceitos da surdez 9 Surdomudo nunca mais 9 Preciso aprender libras 10 Causas da surdez 11 O diagnóstico 12 Profissionais importantes ao longo do processo de diagnóstico 13 Teste da orelhinha 14 Níveis de surdez 14 Novo vocabulário 15 A história da surdez no Brasil 16 Passeando pelo mundo 16 Primeiras movimentações no Brasil 17 Avanços entre o século 20 e 21 18 Leis sobre a surdez 19 Aquisição da linguagem 19 O ouvintismo e o surdo 19 O surdo pela visão socioantropológica 21 Modelo médico VS modelo social 21 Teorias de aquisição da linguagem 22 L1 e L2 22 Uso de ferramentas na aprendizagem 24 Cultura surda VS cultura ouvinte 28 Diferenças entre línguas de sinais e línguas faladas 29 Manifestações artísticas 30 Bilinguismo e educação 32 Cultura surda e aceitação da surdez 32 Considerações finais 33 Referências 34 EMENTA Introdução à Língua Brasileira de Sinais LIBRAS e a questão da pessoa com surdez aspectos clínicos educacionais e culturais Conversação em Libras Linguística das línguas espaçosvisuais e suas implicações para o ensinoaprendizagem de línguas para surdos O intérprete da Libras no contexto escolar e questões sobre o letramento de alunos surdos bilíngues eou oralizados A intervenção do professor e propostas de ensino na educação de surdos Tradução e Interpretação de músicas e narrativas em LibrasPortuguês e PortuguêsLibras 9 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS INTRODUÇÃO Olá Seja muito bemvindo a Estamos felizes por lhe receber neste espaço dedicado ao estudo da Libras Nosso desejo aqui é que você conheça os principais conceitos relacionados à Língua Brasileira de Sinais e compreenda como a comu nidade surda funciona pensando em sua responsabilidade na inclusão de surdos e na busca pela igualdade para todos sem distinção A Libras é reconhecida como a língua oficial das pessoas surdas no Brasil e é por meio dela que essa comunidade expressa o que sente pensa e faz Podemos dizer que quando um ouvinte nome dado a quem escuta aprende Libras ele adquire um novo idioma Não confunda língua com um grupo de sinais alea tórios certo Nas páginas seguintes você verá que a Libras de fato tem todos os critérios para ser chamada dessa forma assim como o é a língua portuguesa espanhola e tantas outras Nesta disciplina você será apresentado aos fundamentos básicos da Libras e entenderá a sua história tal como algumas das leis que fortalecem a divulgação dessa língua no Brasil Além disso exploraremos como a linguagem pode ser adquirida e de que forma você pode ser parte de um mundo mais inclusivo tendo em vista que você compreenderá a cultura surda e terá mais sensibilidade em relação às necessidades dessa co munidade Saiba que estaremos comprometidos em proporcionar um ambiente de aprendizado acolhedor e inclusivo em que todos possam se sentir à vontade para aprender e praticar a Libras À medida que avançarmos juntos nesta jornada encorajaremos você a se envolver ativamente com essa língua para vivenciála de forma autêntica Desejamos a você uma experiência enriquecedora e um ca minho repleto de aprendizado e descobertas Iniciemos juntos a nossa grande viagem pela Libras Os objetivos desta unidade são 1 Entender a comunidade surda com foco em seus valores história e identidade 2 Conscientizar sobre aspectos de inclusão e diversidade incentivando os estudantes à ação em seu cotidiano Bom estudo PRINCIPAIS CONCEITOS DA SURDEZ SURDOMUDO NUNCA MAIS Vamos começar o nosso estudo de uma forma direta e objetiva A expressão surdomudo não deve ser utilizada em situação alguma Essa nomenclatura é desatualizada e carrega uma série de preconceitos por isso é inadequada e de forma alguma deve ser aplicada já que não condiz com a realidade que o surdo está Estamos iniciando toda a nossa abordagem com isso pois para aprender sobre a Libras é importante nos desfazermos de ideias erradas sobre a comunidade surda e a surdez Agora devemos levar em conta pa lavraschave como inclusão diversidade e bilinguismo Voltando à expressão surdomudo você deve estar se perguntando por que ela é tão errada Pois bem a maior parte dos surdos é capaz de falar e produzir vocalizações Levando em conta que mudez se refere à 10 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS incapacidade de falar o termo mudo não pode ser vinculado aos surdos A surdez está relacionada à audição já a fala varia de pessoa para pessoa Outro problema importante é que o termo surdomudo pode fazer com que as pessoas pensem que a surdez é um erro que precisa ser corri gido a qualquer custo Isso não é verdade Até porque os surdos têm a sua própria comunidade visto que utilizam a Língua Brasileira de Sinais para a comunicação Em outras palavras a pessoa surda não deve ser vista a partir da sua deficiência auditiva afinal ela tem suas habilidades cultura língua e identidade Quando um termo como esse é usado perpetuase a desvalori zação de toda a riqueza linguística dos surdos Lembrese desde o começo de nosso estudo que respeitar a todos os grupos faz com que a sociedade seja mais igualitária e acessível A figura 1 abaixo embora cômica retrata a triste realidade de toda a comunidade surda composta também pelo intérprete o personagem principal da tirinha ainda que claramente seja a pessoa surda a que de fato sofra com tais ideias estereotipadas Figura 1 Surdomudo Fonte Reis 2016 p 10 PRECISO APRENDER LIBRAS Agora que já entendemos a importância de estudar bem o contexto de uma comunidade para não cometermos as famosas gafes vamos entender como você também pode se tornar um aliado da comunidade surda ao apren der a Língua Brasileira de Sinais Libras Vamos começar lhe apresentando al gumas razões para que você adicione esse idioma ao seu currículo e dia a dia Comunicação inclusiva você já imaginou viver em um país que não fala a sua língua Essa é a realidade de milhões de bra sileiros surdos que não conseguem se comunicar com os falan tes do português no cotidiano A Libras é uma língua natural das pessoas surdas Quando uma pessoa ouvinte aprende isso significa que ela está apta a promover mais inclusão e oportu Respeitar a todos os grupos faz com que a sociedade seja mais igualitária e acessível 11 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS nidades aos surdos por meio do diálogo e da comunicação Sempre que uma barreira comunica cional é quebrada mais pessoas são incluídas Valorização da cultura surda enxergar o mundo com os olhos dos surdos ajuda a entender me lhor as culturas e crenças dessa comunidade Assim como quando você aprende inglês espanhol ou francês a Libras também oferece uma imersão cultural e quanto maior ela for mais rápido e fácil será a aprendizagem do idioma Quando um aprendiz se dispõe a de forma altruísta aden trar esse universo a consequência natural e inevitável será a valorização dessa cultura o compar tilhamento da história dessa comunidade e a criação de novas formas de expressões linguísticas Novas habilidades de comunicação se engana quem pensa que só o surdo ganha Quem aprende Libras potencializará sua habilidade de comunicação como um todo afinal aquele que domina bem essa língua explora melhor o seu corpo as expressões faciais e a capacidade de concentração por exemplo Imagine ter mais consciência da sua movimentação nãoverbal Isso pode ser um diferencial na sua comunicação Oportunidades profissionais um currículo recheado de experiências é o sonho de qualquer pessoa Dominar a Libras pode abrir oportunidades profissionais especialmente porque o dis curso de inclusão está cada vez mais presente e já existem leis que obrigam a presença de pes soas com deficiência nas organizações Mostrar que você sabe mais do que uma língua oralaudi tiva também pode mostrar que você está preocupado com questões de diversidade Lembrese também que algumas áreas podem ser facilmente relacionadas a essa nova língua Professores psicólogos intérpretes e assistentes sociais devem estar mais preparados para receber e orientar a pessoa surda Serviços de atendimento ao cliente também precisam ser feitos da melhor forma possível logo a inclusão deve ser levada em consideração Empatia e consciência social sempre voltaremos nesse ponto afinal incluir o outro envolve necessariamente a empatia Estar sensível ao que o outro precisa é indispensável para aqueles que buscam colaborar com a justiça Se cada um aprender um pouco a transformação de velhos paradigmas e a inclusão ocorrerão mais rápido A comunicação é um caminho para isso logo não deve ser descartada ou colocada em segundo plano Quanto mais experiências você tiver mais oportunidades surgirão CAUSAS DA SURDEZ A surdez pode surgir de muitas situações Nem sempre a pessoa nasce surda ou seja a situação de surdez pode ser provocada em algum momento da vida A origem da doença pode estar associada a Causas congênitas por causa congênita podemos entender que essa perda ou ausência audi tiva ocorre ao longo do período de gestação da criança surda podendo ser adquirida ou heredi tária No primeiro caso podemos pensar em um bebê que se torna surdo quando a mãe contrai alguma infecção ao longo da gravidez adquirindo doenças como rubéola toxoplasmose herpes e outros vírus O uso de drogas durante a gestação também pode levar a uma perda auditiva durante a formação do feto sendo outro exemplo causador da surdez adquirida Durante o par to procedimentos equivocados ou falta de oxigênio no cérebro também podem desencadear a surdez do recémnascido Contudo como mencionado a surdez congênita também pode ter causas hereditárias não ligadas a doenças ou ao consumo de qualquer substância 12 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Causas hereditárias nesse caso pais surdos podem transmitir seus genes aos filhos Essa surdez pode se desenvolver de forma congênita como já mencionado ou ao longo da vida Geral mente as pessoas que nascem surdas têm algum histórico do caso na família ou quem sabe no ambiente parental pode também haver doenças e anomalias relacionadas ao ouvido que são transmitidas geneticamente Doenças infecciosas ainda que a mãe não tenha uma doença pode ser que após o nascimento o bebê contraia uma infecção Algumas doenças que comumente causam a surdez são meningi te sarampo e caxumba Lesões ou trauma traumas na cabeça lesões cranianas e exposição a ruídos intensos como explosões ou música alta podem causar danos ao ouvido interno e resultar em perda auditiva Envelhecimento é comum ver pessoas mais idosas tendo dificuldade de ouvir Isso acontece porque à medida que ocorre o envelhecimento as estruturas do ouvido podem ser prejudicadas com desgastes e danos Claramente como diz a expressão cada caso é um caso O diagnóstico pode vir por meio de uma com binação de fatores e deve ser realizado por um especialista da área geralmente um médico otorrinolaringo logista para que seja capaz de realmente definir o que levou à surdez Analise a estrutura do ouvido na figura 2 abaixo Figura 2 Estrutura do ouvido Fonte SILVA sd adaptada de Verbinskaya sd O DIAGNÓSTICO Um diagnóstico qualquer que seja pode causar certa ansiedade No caso da surdez quando os pais a descobrem em uma criança por exemplo há a possibilidade de algumas reações adversas Ainda que eles lidem com a situação da maneira correta assumindo uma postura de cuidado e inclusão a experiência não deixará de ser desafiadora Para vencer as barreiras que podem surgir há algumas dicas importantes sintetizadas na figura 3 para uma pessoa surda ou para familiares que lidam com um membro surdo em sua família 13 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 3 Dicas para lidar com a surdez Você tem pessoas ao seu lado Existe uma série de profissionais preparados para lidar com o diagnóstico da surdez Um time pode ser o suporte que o surdo e sua família precisam para lidar com o diagnóstico A consciência de que não se está sozinho também permite que a pessoa surda tenha acesso a recursos para aprender novas práticas de comunicação por exemplo Esqueça o medo e siga As emoções podem ser muitas depois de um diagnóstico Medo angústia ou até uma sensação de euforia podem aparecer no momento da descoberta Sendo uma pessoa surda permitase viver isso sabendo que o momento é natural para um diagnóstico que precisa mudar sua forma de enxergar o mundo No caso das famílias é importante que após a descoberta mantenham a calma para proporcionar um ambiente seguro onde o surdo possa se sentir acolhido Não permaneça ignorante no tema Grande parte dos medos está associada ao desconhecimento Vários preconceitos sobre a comunidade surda ainda são difundidos e podem dificultar a aceitação do diagnóstico Por isso o estudo é fundamental para assegurar que a casa estará livre de ideias equivocadas sobre a pessoa com deficiência Conheça uma rede de apoio Conhecer pessoas que passaram por uma situação semelhante é uma alternativa para acalmar os ânimos Os pais e filhos podem conversar com famílias que já receberam o diagnóstico Dessa forma eles podem oferecer suporte emocional e compartilhar experiências reais Isso pode servir de inspiração Conheça os direitos dos surdos Embora as leis voltadas para as pessoas surdas sejam recentes há uma série de iniciativas e políticas públicas para garantir que todos os direitos da pessoa surda sejam atendidos Saber isso pode ser um caminho para tomar novas atitudes Fonte elaborada pela autora PROFISSIONAIS IMPORTANTES AO LONGO DO PROCESSO DE DIAGNÓSTICO Alguns profissionais estão envolvidos no processo de diagnóstico tais como Médico de clínica geral ou pediatra ele deve ser o primeiro consultado em caso de preocupa ções com a audição A avaliação inicial desse profissional é importante para o encaminhamento Otorrinolaringologista esse médico é especializado no diagnóstico e tratamento de doenças do ouvido nariz e garganta Sendo assim qualquer aspecto relacionado à audição deve ter esse profissional agente Audiometria imitanciometria e potenciais evocados auditivos são alguns exames a serem realizados Audiologista o audiologista é um profissional de saúde especializado na avaliação e reabilita ção auditiva Ele realiza uma variedade de testes para medir a audição determinar o tipo e grau de perda auditiva e auxiliar no diagnóstico 14 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Fonoaudiólogo cada surdez é única sendo assim não se deve pensar que o fonoaudiólogo fará o surdo falar Essa não é a proposta Ele é responsável pela reabilitação e terapia da comunicação em muitos aspectos Psicólogo o diagnóstico de surdez pode ter um impacto emocional significativo na vida de uma pessoa Por isso tanto o surdo quanto a família devem ser acompanhados com suporte emocio nal e aconselhamento Especialista em educação especial em crianças com surdez um especialista em educação es pecial pode desempenhar um papel importante na avaliação das necessidades educacionais e no planejamento de intervenções adequadas para ajudar a criança a desenvolver habilidades de comunicação e aprendizado TESTE DA ORELHINHA O teste da orelhinha também conhecido como triagem auditiva neonatal ou triagem auditiva em re cémnascidos é um procedimento fundamental na detecção precoce de perda auditiva em bebês Antes mesmo da alta hospitalar o bebê passa por essa avaliação que ajuda a intervir o mais rápido possível caso haja algum dano à audição além de possibilitar maior apoio ao desenvolvimento adequado da linguagem e da comunicação tendo em vista a descoberta da surdez no estágio inicial de vida do bebê Por fim esse teste também implica na redução do impacto emocional e social permitindo que a criança receba suporte adequado desde cedo BRASIL 2011 NÍVEIS DE SURDEZ Os níveis de surdez são classificados com base na intensidade da perda auditiva Vamos conhecêlos Perda auditiva leve nesse caso a pessoa surda pode não ouvir alguns sons ou ruídos especial mente se estiverem distantes Ainda assim ela mantém a capacidade de ouvir uma fala em um diálogo A maioria das pessoas com perda auditiva leve podem se incomodar com ambientes barulhentos porque isso dificulta a compreensão Perda auditiva moderada para pessoas com perda auditiva moderada sons suaves fracos e muito baixos não serão ouvidos Nesse ponto pode ser que a pessoa escolha fazer uso do apa relho auditivo para potencializar a escuta e assim melhorar o que entende em uma conversa Perda auditiva severa para esse nível de perda mesmo sons altos e amplificados podem não ser percebidos pela pessoa surda A depender da porcentagem de escuta uma maneira de dia logar é por meio da leitura labial e pelo uso da língua de sinais Perda auditiva profunda esses indivíduos quase não escutam sons Aqueles que se identificam com a comunidade surda recorrem costumeiramente à sinalização A comunicação oral é quase nula tendo em vista que não conseguem ouvir ainda que os sons estejam amplificados A intensidade da perda não determina se o sujeito se considera surdo ou não tendo em vista que isso também se relaciona à escolha de cada um e à maneira como se entendem como pertencentes à comunida de surda O nível de surdez faz parte de um diagnóstico mas não é uma determinação de quem o sujeito é Todos os testes desse aspecto devem ser feitos por meio de especialistas da área 15 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 4 Escala de decibéis Fonte Nossos Doutores sd NOVO VOCABULÁRIO Agora que chegamos até aqui podemos adicionar algumas palavras ao seu vocabulário Vamos ver como o dicionário determina cada uma delas Aproveite para avaliar se elas deveriam passar por uma nova avaliação Todas elas são definições do Dicionário Online de Português sd Surdez qualidade ou condição da pessoa surda estado de quem é incapaz de ouvir ou perdeu essa capacidade Redução falta ou perda do sentido da audição da capacidade de escutar Inclusão integração absoluta de pessoas que possuem necessidades especiais ou específicas numa sociedade políticas de inclusão Introdução de algo em ação de acrescentar de adicionar algo no interior de inserção Acessibilidade qualidade do que é acessível do que tem acesso facilidade na aquisição de a acessibilidade de um emprego propriedade do material confeccionado para que qualquer pes soa tenha acesso consiga ver usar compreender dizse principalmente do material que se des tina à inclusão social de pessoas com alguma deficiência Autonomia direito ao livrearbítrio à tomada de decisões por vontade própria que faz com que alguém esteja apto para tomar suas próprias decisões de maneira consciente independência li berdade Competência para gerir sua própria vida fazendo uso de seus próprios meios vontades ou princípios AGORA É COM VOCÊ Você já adicionou algumas palavras novas ao seu vocabulário Continue buscando novos conceitos e crie um mapa mental de palavras ou termos relacionadas à surdez como educação inclusiva comunidade surda aparelho auditivo diversidade etc 16 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS A HISTÓRIA DA SURDEZ NO BRASIL Chegou a hora para compreendermos bem os contextos da Libras de entendermos ainda que de forma resumida a história da surdez no Brasil Para tanto comecemos avaliando o tema à luz de concepções estrangeiras para então chegarmos à nossa terra PASSEANDO PELO MUNDO GRÉCIA E ROMA A visão sobre os surdos variou ao longo dos anos Para os gregos antigos a surdez estava totalmente relacionada à mitologia e à religião Exemplos disso são as concepções de que a deficiência de uma pessoa era resultado de um desequilíbrio espiritual ou um castigo dos deuses Portanto essas pessoas eram vistas como amaldiçoadas e carentes do favor divino Silva 1987 pontua que em Esparta cidade grega os bebês que nasciam com deficiência eram jogados ao mar ou ao precipício Na Roma antiga assim como em outras sociedades antigas a percepção dos surdos variava e dependia de diversos fatores como crenças culturais religiosas e sociais Em alguns casos a surdez na Roma antiga era associada a uma deficiência e podia ser vista como um sinal de inferioridade ou uma falha física Havia cren ças e superstições que atribuíam a surdez a causas sobrenaturais ou castigos divinos Silva 1987 reforça que havia autorização legal para sacrificar filhos com deficiência por exemplo Além disso em alguns casos eles serviam como entretenimentos aos nobres cegos surdos deficientes mentais deficientes físicos e outros tipos de pessoas nascidos com má for mação eram também de quando em quando ligados a casas comerciais tavernas e bordéis bem como a atividade dos circos romanos para serviços simples e às vezes humilhantes SILVA 1987 p 130 Alguns romanos acreditavam que os surdos eram amaldiçoados ou possuídos por espíritos malignos No entanto nem todos os romanos tinham visões negativas em relação aos surdos Existem evidências de que alguns surdos na Roma antiga eram valorizados por suas habilidades e talentos Por exemplo há registros de surdos que se destacaram como artistas poetas e até mesmo como professores de surdos Essas habilidades e talentos podiam ser apreciados e reconhecidos pela sociedade romana Além disso alguns filósofos romanos como Sêneca defendiam a ideia de que os surdos poderiam ser educados e que a surdez não deveria ser vista como uma barreira insuperável para o aprendizado e a comunicação A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO A influência da igreja católica na percepção da pessoa surda variou ao longo dos séculos e em diferen tes regiões A igreja desempenhou um papel significativo na formação da opinião pública e das atitudes em relação às pessoas com deficiência incluindo os surdos Durante a idade média a igreja católica exerceu uma forte influência na sociedade europeia A crença católica ditava que pelo fato de o homem ter sido criado à imagem e semelhança de Deus não poderiam existir defeitos físicos Honora 2009 explica que a força da igreja católica na época influen ciava toda a vida política e portanto a percepção das pessoas Como os surdos não poderiam falar para con fessar pecados sempre estavam à parte e distantes de Deus 17 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Nesse período a deficiência era frequentemente associada a um cas tigo divino ou a uma maldição A Igreja ensinava que a deficiência era um resultado do pecado original e que as pessoas com deficiência eram moral mente inferiores Essa visão contribuiu para a estigmatização e a exclusão so cial das pessoas com deficiência incluindo os surdos No entanto ao longo do tempo as atitudes da igreja católica começaram a mudar No livro Linguagem surdez e educação a autora Maria Góes 2012 levanta alguns pontos sobre a história da surdez caminhando para algu mas conclusões no século 16 começam a surgir os primeiros documentos sobre surdos e instrução também nessa época surgem os primeiros pre ceptores para ensinar surdos O clérigo espanhol Pedro Ponce de León por exemplo desenvolveu um método de ensino por meio da língua de sinais para instruir crianças surdas Esses esforços foram apoiados por algumas ordens religiosas que reconheciam o valor da educação para as pessoas com deficiência No sé culo 18 a igreja católica desempenhou um papel importante na promoção da educação para surdos Felizmente personagens surgiram com outras narrativas como o pa dre francês CharlesMichel de lÉpée que fundou a primeira escola pública para surdos em Paris conhecida como Instituto Nacional de SurdosMu dos LÉpée defendia a ideia de que os surdos tinham a capacidade de se comunicar e aprender e seu trabalho pioneiro teve um impacto significati vo no campo da educação para surdos O abade CharlesMichel de LEpée 17121789 foi um educador filantrópico francês que ficou conhecido como Pai dos Surdos e também um dos primeiros que defendeu o uso da Língua de Sinais Reconheceu que a língua existia desenvolviase e servia de base comunicativa essencial entre os Surdos LEpée teve a disponibilidade de aprender a Língua de Sinais para poder se co municar com os Surdos Criou a primeira escola pública no mun do para Surdos em Paris o Instituto Nacional para SurdosMudos em 1760 LEpée fazia demonstrações de seus alunos em praça pública assim arrecadava dinheiro para continuar seu trabalho Estas apresentações consistiam em perguntas feitas por escrito aos Surdos confirmando que seu método era eficaz LEpée tinha grande interesse na educação religiosa dos Surdos e sabia que para isso era importante que fosse desenvolvida uma forma de comunicação que fizesse os conhecimentos sagrados possíveis HONORA 2009 p 20 PRIMEIRAS MOVIMENTAÇÕES NO BRASIL As primeiras movimentações em relação aos surdos no Brasil remon tam ao final do século 19 e início do século 20 quando começaram a surgir esforços para educar e integrar as pessoas surdas na sociedade brasileira Abade de LEpee ensina a língua de sinais para crianças e juventude Fonte SOS Pedagogia Disponível em http sospedagogiaandreablogspotcom201008 abademongecharlesmicheldelepeehtml Acesso em 13 jul 2023 18 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Alguns marcos importantes incluem Fundação do Imperial Instituto de SurdosMudos do Rio de Janeiro em 1857 o padre francês Hernest Huet fundou o primeiro instituto para surdos no Brasil o Imperial Instituto de SurdosMudos do Rio de Janeiro Essa instituição pioneira foi responsável por trazer o ensino da língua de sinais francesa e proporcionar educação e reabilitação para surdos Chegada do educador surdo francês Eduard Huet em 1880 Eduard Huet irmão de Hernest Huet chegou ao Brasil a convi te de Dom Pedro II Ele era um professor surdo e trouxe consi go um método de ensino inovador que enfatizava a língua de sinais e a comunicação visual Seu trabalho contribuiu para o desenvolvimento da educação de surdos no país Fundação da primeira escola pública para surdos em 1855 foi fundada a primeira escola pública para surdos no Brasil no Rio de Janeiro Essa escola posteriormente se tornou o Insti tuto Nacional de Educação de Surdos INES uma instituição referência no ensino de surdos até os dias de hoje SAIBA MAIS Dom Pedro I o primeiro imperador do Brasil teve uma influência significativa na educação de surdos no país Há quem diga que havia um surdo em sua família o que fez com que Dom Pedro I investisse na educação de surdos AVANÇOS ENTRE O SÉCULO 20 E 21 No século 20 tivemos importantes avanços e mudanças no contexto dos surdos no Brasil Aqui estão alguns aspectos relevantes Reconhecimento da língua de sinais a língua de sinais como o uso da Libras Língua Brasileira de Sinais foi reconhecida oficial mente como meio de comunicação e expressão da comunidade surda brasileira em 2002 por meio da Lei nº 10436 Esse reconhe cimento fortaleceu a identidade e a cultura surda no país Educação bilíngue a educação bilíngue que combina o uso da língua de sinais e do português escrito tornouse uma abor dagem pedagógica reconhecida para a educação de surdos no Brasil A ideia é proporcionar uma educação que valorize a lín gua de sinais como primeira língua e o desenvolvimento da língua portuguesa escrita como segunda língua Instituto Nacional de Educação de Surdos INES Fonte BRASIL Ministério da Educação 2022 Disponível em httpswwwgovbrmecptbr assuntosnoticiasinstitutonacionaldeeduca caodesurdoscomemora165anos Acesso em 13 jul 2023 19 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Avanços na tecnologia assistiva com o avanço da tecnologia surgiram diversas ferramentas e dispositivos voltados para a inclusão e a comunicação de pessoas surdas Isso incluiu a populari zação de videofonias aplicativos de tradução de Libras legendagem em tempo real e outros re cursos que auxiliam a comunicação e a participação de pessoas com essa condição na sociedade Movimento e ativismo surdo ao longo do século 20 houve um crescente movimento de cons cientização e ativismo surdo no Brasil Organizações associações e grupos de surdos surgiram e se fortaleceram trabalhando para promover os direitos e a inclusão das pessoas surdas além de valorizarem sua língua e cultura Esses são apenas alguns exemplos das mudanças e avanços que ocorreram no século 20 em relação aos surdos no Brasil LEIS SOBRE A SURDEZ No Brasil existem algumas leis específicas que tratam dos direitos e da inclusão das pessoas surdas Na figura 5 estão algumas das principais leis relacionadas à surdez Figura 5 Leis relacionadas à surdez Lei nº 104362002 Reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais LIBRAS Essa lei reconhece a Libras como meio legal de comunicação e expressão das comunidades surdas no Brasil Também prevê a inclusão da Libras como disciplina curricular nos cursos de formação de professores e a necessidade de tradução e interpretação de Libras nos serviços públicos e eventos oficiais Lei nº 123192010 Profissão de Tradutor e Intérprete de Libras Essa lei regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Libras no Brasil estabelecendo requisitos para o exercício da profissão e garantindo a presença desses profissionais em instituições de ensino eventos e serviços públicos Lei nº 100982000 Lei de Acessibilidade Essa lei estabelece diretrizes gerais para a promoção da acessibilidade em diversos setores incluindo a arquitetura o transporte a comunicação e a informação Ela visa garantir o acesso e a participação das pessoas com deficiência incluindo os surdos em igualdade de condições com as demais pessoas Lei º 131462015 Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência Estatuto da Pessoa com Deficiência Essa lei assegura direitos e estabelece princípios e diretrizes para a promoção da inclusão e da igualdade de oportunidades das pessoas com deficiência incluindo os surdos Ela abrange diversos aspectos como acessibilidade educação inclusiva trabalho saúde lazer e esporte Essas são apenas algumas das leis relacionadas à surdez no Brasil Fonte elaborada pela autora AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM O OUVINTISMO E O SURDO Você já ouviu falar na perspectiva ouvintista da surdez Ela se baseia na ideia de que a audição e a fala são as formas mais importantes de comunicação e que a surdez é uma deficiência que precisa ser corrigida ou 20 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS superada Isso ocasiona preconceitos e faz com que grande parte dos ouvintes se apresentados a essa teoria acreditem que ser surdo é limitante Sendo assim esse ponto de vista considera a surdez como perda ou ausência da audição e tende a valorizar a oralidade e a comunicação verbal como os únicos modos aceitáveis de interação Na abordagem ouvintista é comum enfatizar a necessidade de intervenções médicas como o uso de aparelhos auditivos ou implantes cocleares e de terapias fonoaudiológicas para buscar a reabilitação auditiva e a aquisição da fala No entanto essa necessidade de utilizar aparelhos para correção pode retirar o surdo do convívio com sua comunidade impedir a sua identificação enquanto pessoa surda e ainda incomodar tendo em vista que o uso de aparelhos por exemplo pode causar desconforto A comunicação em línguas de sinais é frequentemente desencorajada ou desvalorizada o que faz com que as pessoas surdas sejam indiretamente forçadas a se adaptarem à cultura e às práticas da comunidade ouvinte Já vimos que isso não é uma prática aceitável e que semelhante a outras situações a surdez não limita nem faz com que o surdo esteja em segundo plano em alguma coisa A estigmatização ou discriminação das pessoas surdas se torna comum quando discursos assim são difundidos Ela pode desconsiderar a identidade e a cultura surda assim como a riqueza e a expressividade das línguas de sinais No caso do Brasil a Libras O Congresso de Milão realizado em 1880 teve um impacto significativo na percepção do ouvintismo e na educação de surdos consequentemente tendo como princípio o oralismo forma institucionalizada do ouvintismo como método educacional O principal objetivo do congresso era debater o melhor método de educação para surdos e ele acabou adotando uma postura fortemente influenciada pelo ouvintismo que como já sabemos não é positivo para os surdos Durante o congresso a maioria dos participantes era favorável ao uso exclusivo da comunicação oral ou seja do oralismo e da leitura labial na educação de surdos e considerava a língua de sinais como inferior e inadequada A resolução final do congresso afirmava que o uso de sinais na educação de surdos era proibido e que os métodos orais deveriam ser adotados universalmente Essa decisão teve um impacto profundo na educa ção de surdos em muitos países ao redor do mundo incluindo o Brasil A influência do Congresso de Milão foi responsável por uma longa supressão do uso da língua de sinais nas escolas para surdos incentivando a exclusão da cultura surda e a ênfase na oralização e na leitura labial No entanto é importante destacar que essa abordagem ouvintista dominante tendo como foco o oralismo dos surdos começou a ser questionada ao longo do tempo Movimentos e pesquisas acadêmicas surgiram em defesa da língua de sinais e da valorização da identidade e cultura surda SAIBA MAIS Comunicação total essa ideia surgiu nos Estados Unidos e também foi negativa para a compreensão das línguas de sinais enquanto formas oficiais de comunicação dos surdos Ela chegou no Brasil por volta dos anos 1980 e incentivava o uso simultâneo de vários elementos para realizar a comunicação ou seja tanto a oralização quanto a sinalização de forma que os surdos mais uma vez se aproximassem de uma língua oral e se distanciassem da realidade dos surdos no mundo 21 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS O SURDO PELA VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA A perspectiva socioantropológica da surdez também conhecida como modelo sociocultural ou mo delo social da surdez enfatiza a surdez como uma diferença cultural e identitária em vez de uma deficiência que precisa ser corrigida Essa abordagem considera a surdez como uma forma válida de ser e de se comunicar e valoriza a diver sidade linguística e cultural das pessoas surdas De acordo com essa perspectiva a surdez é vista como uma experiência de vida com características próprias envolvendo uma comunidade e uma cultura surda Ela reconhece a importância das línguas de sinais como a Libras Língua Brasileira de Sinais como línguas naturais e visuais utilizadas pelas pessoas surdas para se comunicarem e expressarem sua cultura ou seja a língua de sinais é vista como uma língua completa e complexa com sua própria gramática e estrutura A abordagem socioantropológica valoriza a inclusão e a igualdade de oportunidades para as pessoas surdas promovendo o respeito pela diversidade linguística e cultural Ela defende a educação bilíngue que combina o ensino da língua de sinais como primeira língua e o desenvolvimento da língua escrita como se gunda língua visando ao pleno desenvolvimento acadêmico e social dos surdos Além disso a perspectiva socioantropológica da surdez ressalta a importância da participação das pes soas surdas na tomada de decisões que afetam suas vidas bem como na definição de políticas públicas e na criação de espaços inclusivos Essa abordagem tem contribuído para fortalecer a identidade e a autoestima das pessoas surdas promovendo o reconhecimento de sua cultura história e contribuições para a sociedade Ela tem sido fundamental para a luta pelos direitos das pessoas surdas e para a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com a diversidade MODELO MÉDICO VS MODELO SOCIAL Agora que já vimos essas perspectivas vamos analisar na figura 6 dois modelos para lidar com a surdez Figura 6 Modelos para lidar com a surdez ENTENDENDO OS MODELOS Modelo médico Modelo social A surdez Enxerga a surdez como deficiência ou condição médica Aponta uma necessidade de tratamento Busca a correção do erro Considera a surdez uma anormalidade Percebe a surdez como uma diferença na forma de comunicação Indica que o erro é preconceito e falta de acessibilidade Reivindica as oportunidades da pessoa surda Causa e foco da intervenção Frisa a causa física da surdez Investiga a origem e busca uma solução médica Incentiva o uso de aparelhos auditivos implantes cocleares e cirurgia Busca derrubar as barreiras sociais que impedem a plena participação das pessoas surdas na sociedade Foca na acessibilidade e na inclusão Luta pelos serviços de interpretação e outras medidas 22 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Percepção da identidade e cultura surda Não se preocupa com a cultura e a identidade surda Quer adaptar a vida do surdo para o ideal do ouvinte Desvaloriza a Língua de Sinais como a Libras Valoriza a identidade e a cultura surda Reconhece a Libras como língua Valoriza a comunidade surda e a expressão desse grupo Fonte elaborada pela autora TEORIAS DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM Existem várias teorias de aquisição da linguagem que buscam explicar como as crianças adquirem a capacidade de linguagem e é válido frisar aqui estamos nos referindo também a linguagens auditivas Vamos conhecer algumas delas Teoria Behaviorista quem propôs essa teoria foi B F Skinner Para ele as crianças observam e imitam Por meio da repetição e reforço positivo elas podem começar a pronunciar corretamente Teoria Cognitivista Jean Piaget é o autor dessa teoria e reforça que a linguagem faz parte de um processo cognitivo de desenvolvimento intelectual Aos poucos as crianças constroem o próprio conhecimento sendo parte ativa desse movimento À medida que o pensamento e a inteligência evoluem a linguagem acompanha Teoria Nativista Noam Chomsky postula que a capacidade de adquirir a linguagem é inata e específica para os seres humanos Ele em certo momento acreditava no potencial de uma gra mática universal para que todas as crianças tivessem facilidade e acesso a essa língua materna e pudessem se comunicar rapidamente Teoria Interacionista esta teoria de Lev Vygotsky enfatiza o papel das interações sociais e da interação com os outros na aquisição da linguagem Segundo essa abordagem a linguagem é adquirida através de processos de interação mediação e internalização de conceitos e significa dos compartilhados na interação social Teoria da Aquisição da Linguagem TAL proposta por Elizabeth Bates e Brian MacWhinney essa teoria combina elementos de diferentes teorias e enfatiza a interação entre fatores cogniti vos sociais e linguísticos na aquisição da linguagem A TAL está comprometida com três aspec tos contexto social a influência do ambiente linguístico e a ativação de processos cognitivos L1 E L2 L1 primeira língua e L2 segunda língua são termos frequentemente usados na área da linguística e da aquisição de línguas para se referir a diferentes tipos de línguas adquiridas por um indivíduo Vamos co nhecer as principais diferenças entre elas L1 é a língua adquirida naturalmente por uma pessoa durante a infância geralmente a língua falada pelos pais ou pela comunidade em que a pessoa cresce Sabe a língua que você fala sem dificuldades Essa é sua língua materna ou nativa a L1 Veja algumas características dela Acontece naturalmente pela imersão e interação com outros indivíduos logo após o nascimento 23 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Facilmente o falante chega à fluência e proficiência isso significa que essa língua é a principal forma de comunicação e expressão do indivíduo Já a L2 é uma língua adquirida por uma pessoa além de sua língua materna ou primeira língua A aqui sição da L2 ocorre em um estágio posterior da vida geralmente durante a infância tardia adolescência ou idade adulta Veja algumas de suas características Adquirida por meio da instrução formal geralmente em cursos de idioma leituras escuta de músicas ou práticas já na fase adulta O nível de fluência e proficiência depende da prática e do quanto o falante se expõe à língua Vários fatores também influenciam nisso como memória idade nível de escolaridade e outros elementos Se a Língua Portuguesa é a sua L1 quem sabe a Libras possa ser a sua L2 Comece o processo de estu dos o quanto antes para aprender Caso seja surdo lembrese que a Libras é a sua L1 e a Língua Portuguesa possivelmente a L2 Vamos aproveitar o espaço para lhe dar algumas dicas sobre como aprender uma nova língua especialmente a Libras Acompanhe Estabeleça metas reais você se conhece Não adianta planejar estudos todos os dias se a sua agenda não permite Defina metas específicas e realistas para o seu aprendizado e escolha um prazo Você pode começar com pequenos exercícios para alcançar seus objetivos em termos de vocabulário Crie um plano de estudo não dá para aprender uma L2 sem planejamento Desenvolva um pla no de estudo que se adapte às suas necessidades e disponibilidade de tempo Gestão do tempo é um desafio Organize seu tempo de estudo de forma consistente e regular dividindoo em sessões menores e frequentes em vez de sessões longas e espaçadas Imersão no idioma se você puder conviver com pessoas que pratiquem essa língua você terá uma experiência fantástica Caso não busque oportunidades para se envolver com ela o máximo possível Assista a filmes programas de TV ou vídeos que utilizem esse recurso Pratique a conversação a vergonha é uma inimiga da aquisição da linguagem Fale muito até aprender afinal a prática de falar é essencial para se tornar fluente em um novo idioma Sempre há aplicativos e grupos de conversação que podem servir para você encontrar um parceiro de idiomas ou participar de aulas de conversação online para praticar suas habilidades Use recursos de aprendizado a tecnologia é uma excelente ferramenta nesse momento Utilize recursos de aprendizado como aplicativos cursos online e livros didáticos para aprimorar suas habilidades no idioma Existem várias ferramentas disponíveis gratuitamente na internet que podem ser muito úteis Faça anotações e revise regularmente quem não anota esquece Ao estudar faça anotações para ajudar na retenção de informações Escolha um caderno adequado e volte a ler sempre que puder para consolidar seu conhecimento e fortalecer sua memória Não tenha medo de cometer erros quem nunca cometeu aquela gafe que atire a primeira pedra não é mesmo Os erros são parte natural do processo de aprendizado Não tenha medo de cometer erros ao falar escrever ou sinalizar Aprenda com eles e siga em frente Você é capaz 24 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Envolvase na cultura conhecer a cultura associada à língua que você está aprendendo pode te ajudar a compreendêla melhor A Libras por exemplo é riquíssima em cultura e produções artísticas como veremos adiante Mantenha a motivação aprender um novo idioma requer tempo e esforço Mantenhase moti vado lembrandose dos benefícios de ser bilíngue definindo recompensas para marcos alcança dos e celebrando seu progresso ao longo do caminho USO DE FERRAMENTAS NA APRENDIZAGEM Que tal conhecer agora algumas importantes ferramentas de aprendizagem A aprendizagem da Libras semelhante a qualquer outro idioma depende do uso de elementos e ferra mentas capazes de fazer com que o ouvinte neste caso possa imergir na linguagem e a nível de intencionali dade e riqueza de interpretação na comunidade surda Como motivação para que você aprenda essa língua lembrese do quão presente ela é em nosso país afinal em qualquer lugar em que haja surdos interagindo haverá língua de sinais GESSER 2009 p 12 o que nos traz à memória a necessidade de nos conectarmos com esse universo tão amplo Vale ainda ressaltar o que Spada 2004 p 2 esclarece como fundamental Com base em pesquisas em aquisição de segunda língua Krashen propôs que por a aprendizagem em L2 ser similar à aprendizagem em L1 deveriam ser feitos esforços para criar ambientes em salas de aula de L2 que se aproximassem das condições da aquisição de L1 Ele supôs que se aprendizes de L2 fossem expos tos a um input compreensível e se recebessem oportunidades de se concentrarem mais em significados e mensagens do que em formas gramaticais e acuidade eles seriam capazes de adquirir sua segunda língua de forma parecida com que os aprendizes de L1 aprendem sua língua materna De acordo com o que já se capta em uma simples observação cotidiana as crianças escutam palavra a palavra e estão inseridas em um contexto que as faz criar reflexões das mais simples até as mais complexas sobre suas linguagens sendo a imersão assim capaz de fazer com que aprendam Rego 1995 p 63 assume que para o estudioso da linguagem Vygotsky a premissa é clara quanto à relação entre pensamento e fala ou seja por mais que se desenvolvam em aspectos diferentes e tempos numa certa altura graças a inserção da criança num grupo cultural o pensamento e a linguagem se encon tram e dão origem ao modo de funcionamento psicológico mais sofisticado tipicamente humano No entanto jovens adultos e até idosos podem querer desenvolver essa habilidade e embora os ditos populares possam desencorajar alguns desses grupos a aquisição da linguagem é possível a todos com desa fios diferentes Uma boa maneira de fazer com que isso seja possível é aproveitar o uso de TICs tecnologias da informação e da comunicação e acessar cursos de Libras disponíveis muitos deles em plataformas gratui tas e digitais que promovem a aquisição das primeiras palavras e percepções sobre a Libras Para o estudo da Libras é importante fazer uso da Linguística afinal ela se preocupa com a natureza da linguagem e da comunicação Desvendar a complexidade da linguagem humana e todas as formas criati vas da comunicação fascinam os investigadores da área QUADROS e KARNOPP 2011 p 16 25 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS VLIBRAS Criado em 2016 o VLibras é uma parceria entre Governo Federal Ministério do Planejamento Desen volvimento e Gestão e a Universidade Federal da Paraíba a UFPB que permite a ouvintes e surdos uma tradu ção de vídeos e textos com um intérprete virtual O aplicativo funciona em Android e iOS Essa ferramenta está disponível no site do governo o que mostra mais uma iniciativa relacionada ao interesse público em fazer com que as pessoas tenham acesso e compreendam o universo dos surdos e da cultura surda Com isso os ouvintes que se interessam por promover mais inclusão e debate desses temas não precisam recorrer a outra ferramenta paga por exemplo já que o governo disponibiliza esse aplicativo gratuitamente Observe sua interface na figura 7 abaixo Figura 7 Reprodução VLibras Fonte BRASIL Governo Federal Digital 2020 GLOSSÁRIO EM LIBRAS As universidades têm várias iniciativas relacionadas à promoção de glossários completos em Libras Eles são importantes para que tanto o registro da língua falada quanto a língua de sinais não se percam com o tempo Vale sinalizar ainda que historicamente eles servem para diferenciação de outros idiomas especial mente sabendo que muitos sinais da Libras podem ser confundidos com a ASL língua de sinais americana e outras manifestações de língua gestual A comunidade surda sempre criou e reivindicou os próprios sinais Ao longo dos anos especialmen te enquanto ainda não havia qualquer institucionalização dos movimentos da comunidade surda no Brasil parte dessa produção se perdia Os recursos tecnológicos nesse aspecto estavam em falta impossibilitando a fotografia ou registro em um banco de dados que não fosse composto apenas por desenhos isolados ou informações passadas entre uma pessoa e outra Aos poucos o Dicionário de Libras foi alcançando reconhecimento quanto a sua relevância para a ma nutenção da língua e perpetuação das suas produções e importância para os surdos Esse registro permitiu inclusive as comparações entre línguas de sinais explicando assim grande parte da origem dos sinais brasilei ros que têm forte paralelo com o que foi proposto pelos franceses já que o INES foi fundado por um francês Independente disso a institucionalização foi a condição ideal para que os surdos brasileiros produzis sem registrassem e perpetuassem o conhecimento que criavam em seu próprio país Com as TICS e a percep ção de que a Libras é a segunda língua oficial do Brasil o governo brasileiro já prevê no projeto de lei 398620 26 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS que ela deve ser parte do cotidiano dos brasileiros e inserida assim como disciplina curricular inclusive nos cursos de licenciatura As iniciativas de dicionários e glossários são muitas e grande parte delas está disponível em sites de fácil acesso na internet Ressaltando a importância desses registros é válido lembrar que eles conseguem re fletir a maneira como os sinais foram construídos revelando sua origem e a maneira como isso contribui para a comunidade surda e sua identidade Após constatar a importância dessas ferramentas educacionais cabe refletir sobre a relevância de uti lizar a tecnologia a favor dessa iniciativa e tornar o processo de sistematização dos sinais uma atividade em espaço digital Nascimento 2016 já acredita em um movimento para essa convergência apontada tantas vezes por Jenkins 2008 de que tudo reverteria para o digital Mesmo assim o autor por seu caráter mais realista não deixa de questionar a velocidade em que esses materiais ganham maior volume tanto impresso quanto online Mais tarde Friedrick 2019 comemora ao menos o fato de que a tecnologia aproxima o aprendiz das expressões faciais esperadas e associadas a determinados sinais O ouvinte acostumado com a grande parce la de informação que a palavra tem na língua oral se depara com uma nova realidade ao perceber que a face diz muito mais na língua de sinais e por isso em seu estudo pontua que quanto mais familiarizado se estiver com isso melhor será a aprendizagem Para educadores a visualização também é uma maneira pertinente de educar com mais profundida de Para completar isso além de palavras isoladas o glossário é também uma ferramenta que agrupa temas específicos segundo Corrêa e Cruz 2019 além de mais conciso o que o diferencia dos dicionários em geral A Universidade Federal de Santa Catarina demonstra grande aparato científico na área da Libras e está entre as instituições de ensino que publicaram glossários diversos aos interessados Uma parte interessante e de grande importância para a circulação do conhecimento é também um espaço dedicado ao envio de novos sinais que serão avaliados e direcionados às suas áreas específicas Analise a sua interface na figura 8 Figura 8 Glossário de Libras da UFSC Fonte Universidade Federal de Santa Catarina sd Disponível em httpsglossariolibrasufscbr Acesso em 13 jul 2023 Alguns outros sites que contêm esse tipo de material são o da Universidade Federal do Recôncavo Baia no e da Universidade Federal do Triângulo Mineiro Temos ainda outras iniciativas que contemplam mais do que o glossário tais como o Clube de Libras da Universidade Federal do Ceará a Plataforma Libras Acadêmica da Universidade Federal Fluminense e outras mais Cabe ressaltar que grande parte das produções foi estruturada por pessoas ouvintes o que em certo ponto diminui a credibilidade mas não a utilidade das iniciativas Tendo em vista a complexidade da língua é 27 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS tanto válido quanto necessário que sempre que possível o surdo seja incluído na produção do conhecimen to Observe a figura 9 para visualizar a referida plataforma da Universidade Federal Fluminense Figura 9 Plataforma Libras Acadêmica UFF Fonte Universidade Federal Fluminense Disponível em httpslibrasacademicauffbr Acesso em 13 jul 2023 HAND TALK Temos aqui uma forma autodidata de aprender Libras O Hand Talk é uma plataforma gratuita de tra dução do português para a Libras Ela foi criada em 2012 com o objetivo de facilitar a interpretação para sur dos e ainda a aprendizagem para ouvintes que se interessam pela língua gestualvisual Ao longo dos anos o aplicativo também aderiu a outras ações relacionadas à inclusão como o uso de personagens com caracte rísticas físicas diferentes já que desde o início utiliza um avatar para reproduzir o sinal no aplicativo de forma que o usuário entenda como representar um determinado sinal com a mão O aplicativo ainda publica séries de vídeos ensinando sobre temas e sinais específicos como frutas cores e família sendo esses exemplos de ação focada no ensinoaprendizagem No fim das contas o aplicativo é um tradutor mobile que consegue em tempo real mostrar as tradu ções que podem ser feitas partindo de textos digitados falados ou fotografados Se preferir o ouvinte ainda pode converter áudios já prontos O uso do avatar é vantajoso pela ludicidade e didática que adiciona funcio nalidade ao aplicativo Entre as suas opções também está o giro em 360º para que não fique nenhuma dúvi da quanto ao movimento das mãos O usuário pode checar quantas vezes quiser a palavra ou frase solicitada até que a compreenda e seja capaz de reproduzila Figura 10 Divulgação Hand Talk Fonte Hand Talk sd 28 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS O Hand Talk funciona portanto como uma ferramenta de tradução e consulta que pode ser útil nesse caso tanto para ouvintes quanto para surdos O ouvinte se bem disciplinado pode ter nele um forte aliado na aprendizagem do seu vocabulário em Libras Embora isento de interpretações regionais grande parte das palavras e expressões atendem ao diálogo onde quer que o ouvinte esteja no país O empreendedorismo social foi tão grande que o aplicativo criado em 2012 ganhou o reconhecimento do Ministério da Educação o MEC e da Organização das Nações Unidas a ONU Dentre as formas de apren der não há como substituir o intérprete e a convivência com a comunidade surda como imprescindíveis na aquisição da Libras como aponta Silva et al 2014 Porém para o ouvinte interessado há uma gama de faci litações no que tange a aproximação do conhecimento por meio de ferramentas tecnológicas Além do interesse autodidata cabe trazer à memória que o uso de uma ferramenta como essa em sala de aula pelo professor pode ser uma ajuda fundamental para o aluno Para isso o professor precisa ser ativo e testar a maneira como seus discentes reagem ao uso da ferramenta Por isso mesmo Moran 1994 diz que a tecnologia como parte da pedagogia deve facilitar os processos afinal eles sensibilizam para novos assuntos trazem informações novas diminuem a rotina nos ligam com o mundo com as outras escolas aumentam a interação redes eletrônicas permitem a personalização adaptação ao ritmo de trabalho de cada aluno e se comunicam facilmente com o aluno porque trazem para a sala de aula as linguagens e meios de comunicação do dia a dia MORAN 1994 p 48 O Hand Talk sendo um dos pioneiros em aplicativos voltados para o ensinoaprendizagem da Libras no Brasil ainda que não tenha sido feito especificamente para salas de aula senão para situações pontuais de tradução rendeu tantos vieses que repercutiu positivamente entre aprendizes e professores da Língua Brasileira de Sinais SAIBA MAIS Um detalhe importante sobre a educação voltada para os surdos no caso é o uso de imagens No livro Língua Brasileira de Sinais e Tecnologias Digi tais os autores apontam que as práticas pedagógicas eram desenvolvidas por meio desse recurso imagético SOFIATO 2016 Os autores explicam que por um período o discurso estava preocupado com a importância da imagem para incentivar a educação dos surdos sendo fundamental nas novas ferramentas tecnológicas CULTURA SURDA VS CULTURA OUVINTE Você conhece bem a palavra cultura certo Segundo o Dicionário Online de Português sd cul tura significa conjunto das estruturas sociais religiosas etc das manifestações intelectuais artísticas etc que caracteriza uma sociedade diferenciandoa de outras a cultura inca a cultura helenística Conjunto dos conhecimentos adquiridos instrução sujeito sem cultura Essas são as primeiras definições que aparecem A identidade e a cultura surda são percebidas a partir da sensação de pertencimento dos membros de uma comunidade surda Para que isso aconteça são compartilhadas várias experiências culturais e linguísticas 29 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para se identificar enquanto sujeito surdo o indivíduo precisa de uma construção própria de si e que ao mesmo tempo está relacionada aos outros ou seja é social de uma maneira em que a surdez não seja vista en quanto falha mas ao contrário como única em um processo em que exis te valorização da comunidade surda e seus costumes Você se lembra de quando analisamos as perspectivas existentes sobre a surdez Vimos que ela não deve seguir a linha ouvintista Sendo assim o surdo pode seguir com sua comunidade e idioma Vale lembrar que muitos surdos são bilíngues e se movem entre a co munidade surda e a comunidade ouvinte adaptandose aos contextos lin guísticos e culturais específicos No entanto a identidade e a cultura surda representam um importante aspecto da vida e da experiência dos surdos fornecendo um senso de comunidade apoio e orgulho em ser surdo DIFERENÇAS ENTRE LÍNGUAS DE SINAIS E LÍNGUAS FALADAS As línguas de sinais e as línguas faladas são duas formas distintas de comunicação cada uma com suas próprias características e modos de ex pressão Observe a figura 11 Figura 11 Língua visualgestual vs língua oralauditiva LÍNGUA VISUALGESTUAL LÍNGUA ORALAUDITIVA Modo de produção As expressões acontecem por meio de gestos das mãos movimentos faciais e expressões corporais São percebidas por meio de aspectos visuais das línguas e não dependem do som São transmitidas por sons articulados vocalmente produzidos através do aparelho fonador como a boca língua e cordas vocais A recepção do som acontece pela audição Modo de percepção A informação é recebida pelo olho e interpretada pelo cérebro A informação é transmitida audivelmente percebida pelos ouvidos e interpretada pelo cérebro Estrutura gramatical Estrutura gramatical e linguística próprias com regras específicas para a formação de frases concordância ordem das palavras entre outros aspectos Estruturas gramaticais específicas que variam de acordo com cada língua e compostas por elementos como fonemas morfemas sintaxe e semântica Muitos surdos são bilíngues e se movem entre a comunidade surda e a comunidade ouvinte 30 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Modalidade de comunicação Interação tridimensional face a face Interação unidirecional face a face ou comunicações remotas como telefonemas ou gravações de voz Não envolvem o uso do espaço Fonte elaborada pela autora Assim como as línguas faladas as línguas de sinais também têm variações linguísticas A Libras falada na Bahia pode ter sinais que diferem do Rio Grande do Sul por exemplo mas além da questão regional há outros aspectos que provocam essa variação Vamos pontuar alguns deles Variação sociocultural a Libras também pode apresentar variação sociocultural relacionada a fatores como idade gênero nível de educação profissão e pertencimento a determinados gru pos sociais Por exemplo algumas profissões podem ter sinais específicos associados a elas e certos grupos de usuários da Libras podem ter expressões faciais ou entonações distintas em suas interações Variação histórica a Libras também pode sofrer alterações ao longo do tempo refletindo mu danças na comunidade surda e na sociedade em geral Novos sinais podem ser criados para se referir a conceitos modernos ou tecnologias enquanto sinais antigos podem cair em desuso MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS Há ainda uma diversidade muito maior do que provavelmente você imagina a respeito das manifesta ções culturais da Libras Nesse contexto temos Poesia surda a poesia surda é uma forma de expressão artística que combina movimentos das mãos expressões faciais e recursos visuais para transmitir emoções ideias e experiências A poe sia surda pode ser apresentada em performances ao vivo ou em vídeos explorando a riqueza e a beleza da Língua de Sinais AGORA É COM VOCÊ Vamos assistir um exemplo de poesia em Libras Assim você entende melhor de que forma essa manifestação artística acontece Veja o vídeo a seguir httpswwwyoutubecomwatchvNG 709Gj0M4 Contos e narrativas surdas a literatura surda também engloba contos e narrativas escritas por autores surdos Essas histórias podem ser baseadas em experiências pessoais lendas surdas mi tos culturais ou na imaginação dos escritores surdos Elas são compartilhadas em formatos escri tos ou em vídeos com traduções em Libras Literatura infantil surda a literatura infantil surda é voltada para crianças surdas com histórias e livros que abordam temas relacionados à surdez identidade surda e inclusão Esses livros po dem apresentar personagens surdos ensinar vocabulário em Libras e promover a autoaceitação 31 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS e o orgulho da identidade surda Memórias e biografias muitas pessoas surdas têm compartilhado suas histórias de vida e expe riências por meio de memórias e biografias Essas obras oferecem uma visão única das experiên cias pessoais desafios enfrentados e conquistas alcançadas por pessoas surdas em diferentes contextos sociais e culturais Teatro e performance a literatura surda também se manifesta em performances teatrais e apre sentações artísticas que combinam expressão corporal gestualidade dança e elementos visuais O teatro surdo proporciona uma experiência estética e cultural rica trazendo narrativas surdas para o palco e valorizando a Língua de Sinais como meio artístico Veja alguns exemplos na figura 12 e 13 Figura 12 Literatura surda através de teatro Fonte Brescia 2010 Figura 13 Literatura surda através de imagens Fonte Escrita de Sinais sd 32 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BILINGUISMO E EDUCAÇÃO A educação bilíngue para surdos que envolve o uso da Língua de Sinais como língua primária e a língua oral como o português como segunda língua é amplamente reconhecida como uma abordagem importante e benéfica para a educação de surdos Existem várias razões pelas quais a educação bilíngue é importante Acesso à informação e aprendizagem efetiva a Língua de Sinais é a língua natural dos surdos e é a principal forma pela qual eles podem se comunicar plenamente e acessar informações de maneira eficaz Ao proporcionar uma educação bilíngue a esse grupo os surdos têm a oportu nidade de desenvolver plenamente suas habilidades linguísticas e cognitivas permitindo um aprendizado mais efetivo além da aquisição de conhecimento Desenvolvimento de identidade e autoestima a educação bilíngue respeita e valoriza a iden tidade surda promovendo um senso de pertencimento e autoestima Ao usar a Língua de Sinais como língua primária os surdos têm a oportunidade de se conectar com sua comunidade lin guística e cultural fortalecendo sua identidade surda e sua autoconfiança Desenvolvimento linguístico e cognitivo a exposição à Língua de Sinais a partir de uma idade precoce permite um desenvolvimento linguístico e cognitivo mais completo para os surdos A Língua de Sinais proporciona uma base sólida para a aquisição da linguagem facilitando a com preensão a expressão e o pensamento abstrato Comunicação efetiva e inclusão social a educação bilíngue capacita os surdos a se comunica rem de forma efetiva com outros surdos bem como com pessoas ouvintes Ao dominar tanto a Língua de Sinais quanto a língua oral os surdos podem se envolver plenamente na sociedade estabelecer relacionamentos interpessoais e participar de atividades sociais e profissionais Preparação para o futuro a educação bilíngue prepara os surdos para o mundo além da sala de aula oferecendo habilidades linguísticas e culturais relevantes para o ambiente de trabalho e a vida cotidiana Os surdos bilíngues têm mais oportunidades de emprego acesso a informações e recursos e são capazes de se adaptar melhor a diferentes contextos sociais e culturais CULTURA SURDA E ACEITAÇÃO DA SURDEZ O fortalecimento da cultura surda desempenha um papel fundamental na aceitação da surdez por vários motivos Construção da identidade surda a cultura surda oferece um senso de identidade e pertenci mento para as pessoas surdas Ela proporciona um espaço onde os surdos podem se reconhecer como membros de uma comunidade linguística e cultural única Ao se envolverem com a cultura surda os surdos podem explorar e afirmar sua identidade surda fortalecendo sua autoestima e aceitação da surdez Conexão com os pares a cultura surda oferece um ambiente de apoio e camaradagem permi tindo que os surdos se conectem com outras pessoas que compartilham experiências e desafios semelhantes Ao interagirem com outros surdos os indivíduos encontram senso de pertenci mento e compreensão mútua o que pode ser fundamental para aceitar e lidar positivamente com a surdez 33 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Valorização da língua de sinais a cultura surda reconhece e valoriza a Língua de Sinais como uma língua legítima e completa Ao promover o uso e a valorização da Língua de Sinais a cultura surda ajuda a combater a estigmatização da surdez como uma deficiência ou limitação Isso con tribui para que os surdos se sintam orgulhosos de sua língua e comunicação aumentando sua aceitação pessoal e a percepção positiva da surdez Empoderamento e autodeterminação a cultura surda encoraja os surdos a se tornarem de fensores de seus próprios direitos e a serem protagonistas de suas vidas Ao fortalecer a cultura surda os surdos adquirem uma voz coletiva e individual promovendo a autodeterminação e a autonomia Esse empoderamento influencia positivamente a aceitação da surdez permitindo que os surdos se vejam como indivíduos capazes e valiosos Conscientização a cultura surda desempenha um papel importante na defesa dos direitos e na conscientização sobre as questões enfrentadas pela comunidade surda Ao educar a sociedade sobre essa cultura e a importância da inclusão a aceitação da surdez é promovida em um nível mais amplo A conscientização cultural dessa condição ajuda a superar estereótipos e preconcei tos criando um ambiente mais inclusivo para os surdos CONSIDERAÇÕES FINAIS Após todas essas páginas creio ter sido possível perceber a importância e a relevância do estudo da Língua Brasileira de Sinais A Libras é muito mais do que um meio de comunicação utilizado pela comunida de surda é uma língua rica em expressividade e significado que permite a inclusão e a quebra de barreiras entre surdos e ouvintes Durante nossa jornada exploramos diversos aspectos da Libras como sua origem aplicação na educação na comunicação e na promoção da inclusão social Aprendemos sobre a cultura surda e a importância de valorizar a identidade e os direitos da comunidade surda Através do conhecimento adquirido sobre a Libras estamos mais preparados para promover a inclusão e a acessibilidade seja na educação no trabalho ou na interação cotidiana Também reconhecemos que a Libras é uma língua viva que evolui e se adapta às necessidades da co munidade surda e que devemos continuar aprendendo e aprimorando nossas habilidades em sua utilização Espero que você tenha adquirido uma compreensão mais profunda da Libras e um respeito maior pela cultura surda Nosso desejo é que você se sinta inspiradoa a continuar estudando praticando e promoven do a Libras em sua vida pessoal e profissional Lembrese de que a jornada de aprendizado da Libras é contínua À medida que você se aprofunda nesse conhecimento há sempre mais a explorar e descobrir Por isso continue buscando oportunidades de praticar a Libras de se envolver com a comunidade surda e de promover a inclusão Parabéns por seu comprometimento com o estudo da Libras e por sua disposição em ampliar seus ho rizontes linguísticos e culturais Vamos seguir em frente valorizando a diversidade linguística e promovendo a inclusão de todos independentemente de sua forma de comunicação Sucesso em sua jornada de apren dizado e espero que você possa aproveitar ao máximo os benefícios e as experiências enriquecedoras que a Libras tem a oferecer Continue a explorar aprender e se conectar pois a Libras é muito mais do que uma língua é uma porta para a inclusão e para o entendimento mútuo 34 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS REFERÊNCIAS Acessibilidade Dicionário Online de Português sd Disponível em httpswwwdiciocombr acessibilidade Acesso em 21 jun 2023 Autonomia Dicionário Online de Português sd Disponível em httpswwwdiciocombrautonomia Acesso em 21 jun 2023 BRASIL Ministério da Saúde Biblioteca Virtual em Saúde Teste da orelhinha Brasília 2011 Disponível em httpsbvsmssaudegovbrtestedaorelhinha Acesso em 14 jul 2023 BRASIL VLibras Governo Federal Digital 27 ago 2020 Disponível em httpswwwgovbrgovernodigital ptbrvlibras Acesso em 21 jun 2023 BRESCIA F Literatura em Libras estimula inclusão e desenvolvimento de crianças surdas G1 12 out 2010 Disponível em httpsg1globocomminasgeraisnoticia201110literaturaemlibrasestimula inclusaoedesenvolvimentodecriancassurdashtml Acesso em 21 jun 2023 CORRÊA Y CRUZ C R Orgs Língua Brasileira de Sinais e tecnologias digitais Porto Alegre Penso 2019 Disponível em httpsbibliotecasophiacombr9198indexaspcodigosophia797305 Acesso em 03 jul 2023 Cultura Dicionário Online de Português sd Disponível em httpswwwdiciocombrcultura Acesso em 21 jun 2023 Cinderela Surda e Rapunzel Surda Escrita de Sinais sd Disponível em httpsescritadesinais com20100830cinderelasurdaerapunzelsurda Acesso em 21 jun 2023 FRIEDRICH M A Glossário em Libras uma proposta de terminologia pedagógica PortuguêsLibras no curso de Administração da UFPel 263 f Dissertação de Mestrado em Letras Universidade Federal de Pelotas 2019 Disponível em httpguaiacaufpeledubrbitstreamprefix44801DissertacaoMC3A1rcio AurC3A9lioFriedrichpdf Acesso em 10 jul 2023 GESSER A A língua de sinais In LIBRAS que língua é essa Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda São Paulo Parábola 2009 Cap1 p 1144 Disponível em httpsbiblioteca sophiacombr9198indexaspcodigosophia144140 Acesso em 13 jul 2023 Glossário LIBRAS UFSC sd Disponível em httpswwwglossariolibrasufscbr Acesso em 21 jun 2023 GÓES M C R Linguagem surdez e educação 4 ed revista Campinas Autores Associados 2012 HANDTALK Hand Talk sd Disponível em httpswwwhandtalkmebraplicativo Acesso em 21 jun 2023 HONORA M Livro Ilustrado de Língua Brasileira de Sinais desvendando a comunicação usada pelas pessoas com surdez São Paulo Ciranda Cultural 2009 Inclusão Dicionário Online de Português sd Disponível em httpswwwdiciocombrinclusao Acesso em 21 jun 2023 JENKINS H Cultura da convergência São Paulo Aleph 2008 MORAN J M Interferências dos Meios de Comunicação no Nosso Conhecimento Revista Brasileira de Comunicação INTERCOM v17 n2 São Paulo juldez 1994 NASCIMENTO C B Terminografia em Língua de Sinais Brasileira proposta de glossário ilustrado semibilíngue do meio ambiente em mídia digital 222 f Tese de Doutorado em Linguística Universidade de Brasília Brasília 2016 Disponível em httpsrepositoriounbbrhandle1048221851 Acesso em 13 jul 2023 35 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NOSSOS DOUTORES Perda Auditiva você pode estar ficando surdo sem nem saber Nossos Doutores sd Disponível em httpsblognossosdoutorescombrperdaauditiva Acesso em 13 jul 2023 QUADROS R M KARNOPP L B Língua de sinais brasileira estudos linguísticos Porto Alegre Artmed Editora S A 2011 Disponível em httpsbibliotecasophiacombr9198indexaspcodigosophia797308 Acesso em 13 jul 2023 REGO T C Vygotsky uma perspectiva históricocultural da educação 17ª ed Rio de Janeiro Vozes 1995 REIS E S Construção discursiva do sujeito surdo em charges que circulam na internet II Congresso Internacional de Educação Inclusiva 16 a 18 nov 2016 UFPB 2016 Disponível em httpswww editorarealizecombreditoraanaiscintedi2016TRABALHOEV060MD1SA7ID253512102016055510pdf Acesso em 21 jun 2023 SOFIATO C G Ontem e hoje o uso de imagens na educação de surdos Journal of Research in Special Education Needs v 16 p 789794 2016 Disponível em httpsnasenjournalsonlinelibrarywileycomdoi epdf1011111471380212217 Acesso em 10 jul 2023 SPADA N Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Estrangeira Revista Virtual de Estudos da Linguagem ReVEL Vol 2 n2 2004 Tradução de Gabriel de Ávila Othero Disponível em httpwww revelinfbrdownloadFilephplocalentrevistaid8langpt Acesso em 13 jul 2023 SILVA K S D et al Estratégias pedagógicas para o ensino de ciências em sala de aula inclusiva II Seminário de PósGraduação para Ciências e Matemática Jataí GO 2014 SILVA M A Audição Infoescola sd Disponível em httpswwwinfoescolacomanatomiahumana audicao Acesso em 21 jun 2023 SILVA O M A Epopéia Ignorada a pessoa deficiente na história do mundo de ontem e de hoje São Paulo Cedas 1987 In CARMO Apolônio Abadio do Deficiência Física A Realidade Brasileira Cria Recupera e Discrimina Brasília MECSecretaria dos Desportos 1991 Surdez Dicionário Online de Português sd Disponível em httpswwwdiciocombrsurdez Acesso em 21 jun 2023
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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Clara Silveira EAD Editora Universitária Adventista Presidente da Divisão SulAmericana Stanley Arco Diretor do Departamento de Educação para a Divisão SulAmericana Antônio Marcos da Silva Alves Presidente do Instituto Adventista de Ensino IAE mantenedora do Unasp Maurício Lima Reitor Martin Kuhn Vicereitor para a Educação Básica e Diretor do Campus Hortolândia Henrique Karru Romaneli Vicereitor para a Educação Superior e Diretor do Campus São Paulo Afonso Ligório Cardoso Vicereitor administrativo Telson Bombassaro Vargas Próreitor de pesquisa e desenvolvimento institucional Allan Macedo de Novaes Próreitor de graduação Edilei Rodrigues de Lames Próreitor de pósgraduação lato sensu e Próreitor da educação à distância Bruno Fortes Próreitor de desenvolvimento espiritual e comunitário Wendel Tomas Lima Próreitor de Desenvolvimento Estudantil e Diretor do Campus Engenheiro Coelho Carlos Alberto Ferri Próreitor de Gestão Integrada Claudio Valdir Knoener Conselho editorial e artístico Dr Adolfo Suárez Dr Afonso Cardoso Dr Allan Novaes Me Diogo Cavalcanti Dr Douglas Menslin Pr Eber Liesse Me Edilson Valiante Dr Fabiano Leichsenring Dr Fabio Alfieri Pr Gilberto Damasceno Dra Gildene Silva Pr Henrique Gonçalves Pr José Prudêncio Júnior Pr Luis Strumiello Dr Martin Kuhn Dr Reinaldo Siqueira Dr Rodrigo Follis Me Telson Vargas Editorchefe Allan Macedo de Novaes Supervisora Administrativa Rhayane Storch Responsável editorial pelo EaD Jéssica Lisboa Pereira LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS 1ª Edição 2023 Editora Universitária Adventista Engenheiro Coelho SP Ana Clara Silveira do Carmo Graduação em Jornalismo e em Letras Libras e pósgraduação em Gestão de Conteúdo e Produção Interativa pelo UNASPEC e pósgraduação em LIBRAS pelo Instituto Líbano Marques Pâmela Caroline Costa Ferramentas de produtividade e gestão do tempo livro eletrônico Pâmela Caroline Costa Marques 1 ed Engenheiro Coelho SP Unaspress 2022 PDF Bibliografia ISBN 9786554050418 1 Administração 2 Gestão de negócios 3 Produtividade 4 Tempo Administração I Título 22134421 CDD6501 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Índices para catálogo sistemático 1 Tempo Produtividade Administração 6501 Eliete Marques da Silva Bibliotecária CRB89380 Língua brasileira de sinais 1ª edição 2023 ebook pdf Designer Instrucional Nadia Menin Analistas editoriais Gabriel Alves e Gustavo Alves Projeto gráfico Ana Paula Pirani Capa Jonathas SantAna Diagramação Kenny Zukowski Caixa Postal 88 Reitoria Unasp Engenheiro Coelho SP CEP 13448900 Tel 19 38585171 38585172 wwwunaspresscombr Editora Universitária Adventista Validação editorial científica ad hoc Evelyn Queiroz Mestra em Promoção da Saúde pela UNICESUMAR Editora associada Todos os direitos reservados à Unaspress Editora Universitária Adventista Proibida a reprodução por quaisquer meios sem prévia autorização escrita da editora salvo em breves citações com indicação da fonte SUMÁRIO A SURDEZ E O MUNDO 8 Introdução 9 Principais conceitos da surdez 9 Surdomudo nunca mais 9 Preciso aprender libras 10 Causas da surdez 11 O diagnóstico 12 Profissionais importantes ao longo do processo de diagnóstico 13 Teste da orelhinha 14 Níveis de surdez 14 Novo vocabulário 15 A história da surdez no Brasil 16 Passeando pelo mundo 16 Primeiras movimentações no Brasil 17 Avanços entre o século 20 e 21 18 Leis sobre a surdez 19 Aquisição da linguagem 19 O ouvintismo e o surdo 19 O surdo pela visão socioantropológica 21 Modelo médico VS modelo social 21 Teorias de aquisição da linguagem 22 L1 e L2 22 Uso de ferramentas na aprendizagem 24 Cultura surda VS cultura ouvinte 28 Diferenças entre línguas de sinais e línguas faladas 29 Manifestações artísticas 30 Bilinguismo e educação 32 Cultura surda e aceitação da surdez 32 Considerações finais 33 Referências 34 EMENTA Introdução à Língua Brasileira de Sinais LIBRAS e a questão da pessoa com surdez aspectos clínicos educacionais e culturais Conversação em Libras Linguística das línguas espaçosvisuais e suas implicações para o ensinoaprendizagem de línguas para surdos O intérprete da Libras no contexto escolar e questões sobre o letramento de alunos surdos bilíngues eou oralizados A intervenção do professor e propostas de ensino na educação de surdos Tradução e Interpretação de músicas e narrativas em LibrasPortuguês e PortuguêsLibras 9 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS INTRODUÇÃO Olá Seja muito bemvindo a Estamos felizes por lhe receber neste espaço dedicado ao estudo da Libras Nosso desejo aqui é que você conheça os principais conceitos relacionados à Língua Brasileira de Sinais e compreenda como a comu nidade surda funciona pensando em sua responsabilidade na inclusão de surdos e na busca pela igualdade para todos sem distinção A Libras é reconhecida como a língua oficial das pessoas surdas no Brasil e é por meio dela que essa comunidade expressa o que sente pensa e faz Podemos dizer que quando um ouvinte nome dado a quem escuta aprende Libras ele adquire um novo idioma Não confunda língua com um grupo de sinais alea tórios certo Nas páginas seguintes você verá que a Libras de fato tem todos os critérios para ser chamada dessa forma assim como o é a língua portuguesa espanhola e tantas outras Nesta disciplina você será apresentado aos fundamentos básicos da Libras e entenderá a sua história tal como algumas das leis que fortalecem a divulgação dessa língua no Brasil Além disso exploraremos como a linguagem pode ser adquirida e de que forma você pode ser parte de um mundo mais inclusivo tendo em vista que você compreenderá a cultura surda e terá mais sensibilidade em relação às necessidades dessa co munidade Saiba que estaremos comprometidos em proporcionar um ambiente de aprendizado acolhedor e inclusivo em que todos possam se sentir à vontade para aprender e praticar a Libras À medida que avançarmos juntos nesta jornada encorajaremos você a se envolver ativamente com essa língua para vivenciála de forma autêntica Desejamos a você uma experiência enriquecedora e um ca minho repleto de aprendizado e descobertas Iniciemos juntos a nossa grande viagem pela Libras Os objetivos desta unidade são 1 Entender a comunidade surda com foco em seus valores história e identidade 2 Conscientizar sobre aspectos de inclusão e diversidade incentivando os estudantes à ação em seu cotidiano Bom estudo PRINCIPAIS CONCEITOS DA SURDEZ SURDOMUDO NUNCA MAIS Vamos começar o nosso estudo de uma forma direta e objetiva A expressão surdomudo não deve ser utilizada em situação alguma Essa nomenclatura é desatualizada e carrega uma série de preconceitos por isso é inadequada e de forma alguma deve ser aplicada já que não condiz com a realidade que o surdo está Estamos iniciando toda a nossa abordagem com isso pois para aprender sobre a Libras é importante nos desfazermos de ideias erradas sobre a comunidade surda e a surdez Agora devemos levar em conta pa lavraschave como inclusão diversidade e bilinguismo Voltando à expressão surdomudo você deve estar se perguntando por que ela é tão errada Pois bem a maior parte dos surdos é capaz de falar e produzir vocalizações Levando em conta que mudez se refere à 10 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS incapacidade de falar o termo mudo não pode ser vinculado aos surdos A surdez está relacionada à audição já a fala varia de pessoa para pessoa Outro problema importante é que o termo surdomudo pode fazer com que as pessoas pensem que a surdez é um erro que precisa ser corri gido a qualquer custo Isso não é verdade Até porque os surdos têm a sua própria comunidade visto que utilizam a Língua Brasileira de Sinais para a comunicação Em outras palavras a pessoa surda não deve ser vista a partir da sua deficiência auditiva afinal ela tem suas habilidades cultura língua e identidade Quando um termo como esse é usado perpetuase a desvalori zação de toda a riqueza linguística dos surdos Lembrese desde o começo de nosso estudo que respeitar a todos os grupos faz com que a sociedade seja mais igualitária e acessível A figura 1 abaixo embora cômica retrata a triste realidade de toda a comunidade surda composta também pelo intérprete o personagem principal da tirinha ainda que claramente seja a pessoa surda a que de fato sofra com tais ideias estereotipadas Figura 1 Surdomudo Fonte Reis 2016 p 10 PRECISO APRENDER LIBRAS Agora que já entendemos a importância de estudar bem o contexto de uma comunidade para não cometermos as famosas gafes vamos entender como você também pode se tornar um aliado da comunidade surda ao apren der a Língua Brasileira de Sinais Libras Vamos começar lhe apresentando al gumas razões para que você adicione esse idioma ao seu currículo e dia a dia Comunicação inclusiva você já imaginou viver em um país que não fala a sua língua Essa é a realidade de milhões de bra sileiros surdos que não conseguem se comunicar com os falan tes do português no cotidiano A Libras é uma língua natural das pessoas surdas Quando uma pessoa ouvinte aprende isso significa que ela está apta a promover mais inclusão e oportu Respeitar a todos os grupos faz com que a sociedade seja mais igualitária e acessível 11 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS nidades aos surdos por meio do diálogo e da comunicação Sempre que uma barreira comunica cional é quebrada mais pessoas são incluídas Valorização da cultura surda enxergar o mundo com os olhos dos surdos ajuda a entender me lhor as culturas e crenças dessa comunidade Assim como quando você aprende inglês espanhol ou francês a Libras também oferece uma imersão cultural e quanto maior ela for mais rápido e fácil será a aprendizagem do idioma Quando um aprendiz se dispõe a de forma altruísta aden trar esse universo a consequência natural e inevitável será a valorização dessa cultura o compar tilhamento da história dessa comunidade e a criação de novas formas de expressões linguísticas Novas habilidades de comunicação se engana quem pensa que só o surdo ganha Quem aprende Libras potencializará sua habilidade de comunicação como um todo afinal aquele que domina bem essa língua explora melhor o seu corpo as expressões faciais e a capacidade de concentração por exemplo Imagine ter mais consciência da sua movimentação nãoverbal Isso pode ser um diferencial na sua comunicação Oportunidades profissionais um currículo recheado de experiências é o sonho de qualquer pessoa Dominar a Libras pode abrir oportunidades profissionais especialmente porque o dis curso de inclusão está cada vez mais presente e já existem leis que obrigam a presença de pes soas com deficiência nas organizações Mostrar que você sabe mais do que uma língua oralaudi tiva também pode mostrar que você está preocupado com questões de diversidade Lembrese também que algumas áreas podem ser facilmente relacionadas a essa nova língua Professores psicólogos intérpretes e assistentes sociais devem estar mais preparados para receber e orientar a pessoa surda Serviços de atendimento ao cliente também precisam ser feitos da melhor forma possível logo a inclusão deve ser levada em consideração Empatia e consciência social sempre voltaremos nesse ponto afinal incluir o outro envolve necessariamente a empatia Estar sensível ao que o outro precisa é indispensável para aqueles que buscam colaborar com a justiça Se cada um aprender um pouco a transformação de velhos paradigmas e a inclusão ocorrerão mais rápido A comunicação é um caminho para isso logo não deve ser descartada ou colocada em segundo plano Quanto mais experiências você tiver mais oportunidades surgirão CAUSAS DA SURDEZ A surdez pode surgir de muitas situações Nem sempre a pessoa nasce surda ou seja a situação de surdez pode ser provocada em algum momento da vida A origem da doença pode estar associada a Causas congênitas por causa congênita podemos entender que essa perda ou ausência audi tiva ocorre ao longo do período de gestação da criança surda podendo ser adquirida ou heredi tária No primeiro caso podemos pensar em um bebê que se torna surdo quando a mãe contrai alguma infecção ao longo da gravidez adquirindo doenças como rubéola toxoplasmose herpes e outros vírus O uso de drogas durante a gestação também pode levar a uma perda auditiva durante a formação do feto sendo outro exemplo causador da surdez adquirida Durante o par to procedimentos equivocados ou falta de oxigênio no cérebro também podem desencadear a surdez do recémnascido Contudo como mencionado a surdez congênita também pode ter causas hereditárias não ligadas a doenças ou ao consumo de qualquer substância 12 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Causas hereditárias nesse caso pais surdos podem transmitir seus genes aos filhos Essa surdez pode se desenvolver de forma congênita como já mencionado ou ao longo da vida Geral mente as pessoas que nascem surdas têm algum histórico do caso na família ou quem sabe no ambiente parental pode também haver doenças e anomalias relacionadas ao ouvido que são transmitidas geneticamente Doenças infecciosas ainda que a mãe não tenha uma doença pode ser que após o nascimento o bebê contraia uma infecção Algumas doenças que comumente causam a surdez são meningi te sarampo e caxumba Lesões ou trauma traumas na cabeça lesões cranianas e exposição a ruídos intensos como explosões ou música alta podem causar danos ao ouvido interno e resultar em perda auditiva Envelhecimento é comum ver pessoas mais idosas tendo dificuldade de ouvir Isso acontece porque à medida que ocorre o envelhecimento as estruturas do ouvido podem ser prejudicadas com desgastes e danos Claramente como diz a expressão cada caso é um caso O diagnóstico pode vir por meio de uma com binação de fatores e deve ser realizado por um especialista da área geralmente um médico otorrinolaringo logista para que seja capaz de realmente definir o que levou à surdez Analise a estrutura do ouvido na figura 2 abaixo Figura 2 Estrutura do ouvido Fonte SILVA sd adaptada de Verbinskaya sd O DIAGNÓSTICO Um diagnóstico qualquer que seja pode causar certa ansiedade No caso da surdez quando os pais a descobrem em uma criança por exemplo há a possibilidade de algumas reações adversas Ainda que eles lidem com a situação da maneira correta assumindo uma postura de cuidado e inclusão a experiência não deixará de ser desafiadora Para vencer as barreiras que podem surgir há algumas dicas importantes sintetizadas na figura 3 para uma pessoa surda ou para familiares que lidam com um membro surdo em sua família 13 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 3 Dicas para lidar com a surdez Você tem pessoas ao seu lado Existe uma série de profissionais preparados para lidar com o diagnóstico da surdez Um time pode ser o suporte que o surdo e sua família precisam para lidar com o diagnóstico A consciência de que não se está sozinho também permite que a pessoa surda tenha acesso a recursos para aprender novas práticas de comunicação por exemplo Esqueça o medo e siga As emoções podem ser muitas depois de um diagnóstico Medo angústia ou até uma sensação de euforia podem aparecer no momento da descoberta Sendo uma pessoa surda permitase viver isso sabendo que o momento é natural para um diagnóstico que precisa mudar sua forma de enxergar o mundo No caso das famílias é importante que após a descoberta mantenham a calma para proporcionar um ambiente seguro onde o surdo possa se sentir acolhido Não permaneça ignorante no tema Grande parte dos medos está associada ao desconhecimento Vários preconceitos sobre a comunidade surda ainda são difundidos e podem dificultar a aceitação do diagnóstico Por isso o estudo é fundamental para assegurar que a casa estará livre de ideias equivocadas sobre a pessoa com deficiência Conheça uma rede de apoio Conhecer pessoas que passaram por uma situação semelhante é uma alternativa para acalmar os ânimos Os pais e filhos podem conversar com famílias que já receberam o diagnóstico Dessa forma eles podem oferecer suporte emocional e compartilhar experiências reais Isso pode servir de inspiração Conheça os direitos dos surdos Embora as leis voltadas para as pessoas surdas sejam recentes há uma série de iniciativas e políticas públicas para garantir que todos os direitos da pessoa surda sejam atendidos Saber isso pode ser um caminho para tomar novas atitudes Fonte elaborada pela autora PROFISSIONAIS IMPORTANTES AO LONGO DO PROCESSO DE DIAGNÓSTICO Alguns profissionais estão envolvidos no processo de diagnóstico tais como Médico de clínica geral ou pediatra ele deve ser o primeiro consultado em caso de preocupa ções com a audição A avaliação inicial desse profissional é importante para o encaminhamento Otorrinolaringologista esse médico é especializado no diagnóstico e tratamento de doenças do ouvido nariz e garganta Sendo assim qualquer aspecto relacionado à audição deve ter esse profissional agente Audiometria imitanciometria e potenciais evocados auditivos são alguns exames a serem realizados Audiologista o audiologista é um profissional de saúde especializado na avaliação e reabilita ção auditiva Ele realiza uma variedade de testes para medir a audição determinar o tipo e grau de perda auditiva e auxiliar no diagnóstico 14 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Fonoaudiólogo cada surdez é única sendo assim não se deve pensar que o fonoaudiólogo fará o surdo falar Essa não é a proposta Ele é responsável pela reabilitação e terapia da comunicação em muitos aspectos Psicólogo o diagnóstico de surdez pode ter um impacto emocional significativo na vida de uma pessoa Por isso tanto o surdo quanto a família devem ser acompanhados com suporte emocio nal e aconselhamento Especialista em educação especial em crianças com surdez um especialista em educação es pecial pode desempenhar um papel importante na avaliação das necessidades educacionais e no planejamento de intervenções adequadas para ajudar a criança a desenvolver habilidades de comunicação e aprendizado TESTE DA ORELHINHA O teste da orelhinha também conhecido como triagem auditiva neonatal ou triagem auditiva em re cémnascidos é um procedimento fundamental na detecção precoce de perda auditiva em bebês Antes mesmo da alta hospitalar o bebê passa por essa avaliação que ajuda a intervir o mais rápido possível caso haja algum dano à audição além de possibilitar maior apoio ao desenvolvimento adequado da linguagem e da comunicação tendo em vista a descoberta da surdez no estágio inicial de vida do bebê Por fim esse teste também implica na redução do impacto emocional e social permitindo que a criança receba suporte adequado desde cedo BRASIL 2011 NÍVEIS DE SURDEZ Os níveis de surdez são classificados com base na intensidade da perda auditiva Vamos conhecêlos Perda auditiva leve nesse caso a pessoa surda pode não ouvir alguns sons ou ruídos especial mente se estiverem distantes Ainda assim ela mantém a capacidade de ouvir uma fala em um diálogo A maioria das pessoas com perda auditiva leve podem se incomodar com ambientes barulhentos porque isso dificulta a compreensão Perda auditiva moderada para pessoas com perda auditiva moderada sons suaves fracos e muito baixos não serão ouvidos Nesse ponto pode ser que a pessoa escolha fazer uso do apa relho auditivo para potencializar a escuta e assim melhorar o que entende em uma conversa Perda auditiva severa para esse nível de perda mesmo sons altos e amplificados podem não ser percebidos pela pessoa surda A depender da porcentagem de escuta uma maneira de dia logar é por meio da leitura labial e pelo uso da língua de sinais Perda auditiva profunda esses indivíduos quase não escutam sons Aqueles que se identificam com a comunidade surda recorrem costumeiramente à sinalização A comunicação oral é quase nula tendo em vista que não conseguem ouvir ainda que os sons estejam amplificados A intensidade da perda não determina se o sujeito se considera surdo ou não tendo em vista que isso também se relaciona à escolha de cada um e à maneira como se entendem como pertencentes à comunida de surda O nível de surdez faz parte de um diagnóstico mas não é uma determinação de quem o sujeito é Todos os testes desse aspecto devem ser feitos por meio de especialistas da área 15 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Figura 4 Escala de decibéis Fonte Nossos Doutores sd NOVO VOCABULÁRIO Agora que chegamos até aqui podemos adicionar algumas palavras ao seu vocabulário Vamos ver como o dicionário determina cada uma delas Aproveite para avaliar se elas deveriam passar por uma nova avaliação Todas elas são definições do Dicionário Online de Português sd Surdez qualidade ou condição da pessoa surda estado de quem é incapaz de ouvir ou perdeu essa capacidade Redução falta ou perda do sentido da audição da capacidade de escutar Inclusão integração absoluta de pessoas que possuem necessidades especiais ou específicas numa sociedade políticas de inclusão Introdução de algo em ação de acrescentar de adicionar algo no interior de inserção Acessibilidade qualidade do que é acessível do que tem acesso facilidade na aquisição de a acessibilidade de um emprego propriedade do material confeccionado para que qualquer pes soa tenha acesso consiga ver usar compreender dizse principalmente do material que se des tina à inclusão social de pessoas com alguma deficiência Autonomia direito ao livrearbítrio à tomada de decisões por vontade própria que faz com que alguém esteja apto para tomar suas próprias decisões de maneira consciente independência li berdade Competência para gerir sua própria vida fazendo uso de seus próprios meios vontades ou princípios AGORA É COM VOCÊ Você já adicionou algumas palavras novas ao seu vocabulário Continue buscando novos conceitos e crie um mapa mental de palavras ou termos relacionadas à surdez como educação inclusiva comunidade surda aparelho auditivo diversidade etc 16 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS A HISTÓRIA DA SURDEZ NO BRASIL Chegou a hora para compreendermos bem os contextos da Libras de entendermos ainda que de forma resumida a história da surdez no Brasil Para tanto comecemos avaliando o tema à luz de concepções estrangeiras para então chegarmos à nossa terra PASSEANDO PELO MUNDO GRÉCIA E ROMA A visão sobre os surdos variou ao longo dos anos Para os gregos antigos a surdez estava totalmente relacionada à mitologia e à religião Exemplos disso são as concepções de que a deficiência de uma pessoa era resultado de um desequilíbrio espiritual ou um castigo dos deuses Portanto essas pessoas eram vistas como amaldiçoadas e carentes do favor divino Silva 1987 pontua que em Esparta cidade grega os bebês que nasciam com deficiência eram jogados ao mar ou ao precipício Na Roma antiga assim como em outras sociedades antigas a percepção dos surdos variava e dependia de diversos fatores como crenças culturais religiosas e sociais Em alguns casos a surdez na Roma antiga era associada a uma deficiência e podia ser vista como um sinal de inferioridade ou uma falha física Havia cren ças e superstições que atribuíam a surdez a causas sobrenaturais ou castigos divinos Silva 1987 reforça que havia autorização legal para sacrificar filhos com deficiência por exemplo Além disso em alguns casos eles serviam como entretenimentos aos nobres cegos surdos deficientes mentais deficientes físicos e outros tipos de pessoas nascidos com má for mação eram também de quando em quando ligados a casas comerciais tavernas e bordéis bem como a atividade dos circos romanos para serviços simples e às vezes humilhantes SILVA 1987 p 130 Alguns romanos acreditavam que os surdos eram amaldiçoados ou possuídos por espíritos malignos No entanto nem todos os romanos tinham visões negativas em relação aos surdos Existem evidências de que alguns surdos na Roma antiga eram valorizados por suas habilidades e talentos Por exemplo há registros de surdos que se destacaram como artistas poetas e até mesmo como professores de surdos Essas habilidades e talentos podiam ser apreciados e reconhecidos pela sociedade romana Além disso alguns filósofos romanos como Sêneca defendiam a ideia de que os surdos poderiam ser educados e que a surdez não deveria ser vista como uma barreira insuperável para o aprendizado e a comunicação A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO A influência da igreja católica na percepção da pessoa surda variou ao longo dos séculos e em diferen tes regiões A igreja desempenhou um papel significativo na formação da opinião pública e das atitudes em relação às pessoas com deficiência incluindo os surdos Durante a idade média a igreja católica exerceu uma forte influência na sociedade europeia A crença católica ditava que pelo fato de o homem ter sido criado à imagem e semelhança de Deus não poderiam existir defeitos físicos Honora 2009 explica que a força da igreja católica na época influen ciava toda a vida política e portanto a percepção das pessoas Como os surdos não poderiam falar para con fessar pecados sempre estavam à parte e distantes de Deus 17 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Nesse período a deficiência era frequentemente associada a um cas tigo divino ou a uma maldição A Igreja ensinava que a deficiência era um resultado do pecado original e que as pessoas com deficiência eram moral mente inferiores Essa visão contribuiu para a estigmatização e a exclusão so cial das pessoas com deficiência incluindo os surdos No entanto ao longo do tempo as atitudes da igreja católica começaram a mudar No livro Linguagem surdez e educação a autora Maria Góes 2012 levanta alguns pontos sobre a história da surdez caminhando para algu mas conclusões no século 16 começam a surgir os primeiros documentos sobre surdos e instrução também nessa época surgem os primeiros pre ceptores para ensinar surdos O clérigo espanhol Pedro Ponce de León por exemplo desenvolveu um método de ensino por meio da língua de sinais para instruir crianças surdas Esses esforços foram apoiados por algumas ordens religiosas que reconheciam o valor da educação para as pessoas com deficiência No sé culo 18 a igreja católica desempenhou um papel importante na promoção da educação para surdos Felizmente personagens surgiram com outras narrativas como o pa dre francês CharlesMichel de lÉpée que fundou a primeira escola pública para surdos em Paris conhecida como Instituto Nacional de SurdosMu dos LÉpée defendia a ideia de que os surdos tinham a capacidade de se comunicar e aprender e seu trabalho pioneiro teve um impacto significati vo no campo da educação para surdos O abade CharlesMichel de LEpée 17121789 foi um educador filantrópico francês que ficou conhecido como Pai dos Surdos e também um dos primeiros que defendeu o uso da Língua de Sinais Reconheceu que a língua existia desenvolviase e servia de base comunicativa essencial entre os Surdos LEpée teve a disponibilidade de aprender a Língua de Sinais para poder se co municar com os Surdos Criou a primeira escola pública no mun do para Surdos em Paris o Instituto Nacional para SurdosMudos em 1760 LEpée fazia demonstrações de seus alunos em praça pública assim arrecadava dinheiro para continuar seu trabalho Estas apresentações consistiam em perguntas feitas por escrito aos Surdos confirmando que seu método era eficaz LEpée tinha grande interesse na educação religiosa dos Surdos e sabia que para isso era importante que fosse desenvolvida uma forma de comunicação que fizesse os conhecimentos sagrados possíveis HONORA 2009 p 20 PRIMEIRAS MOVIMENTAÇÕES NO BRASIL As primeiras movimentações em relação aos surdos no Brasil remon tam ao final do século 19 e início do século 20 quando começaram a surgir esforços para educar e integrar as pessoas surdas na sociedade brasileira Abade de LEpee ensina a língua de sinais para crianças e juventude Fonte SOS Pedagogia Disponível em http sospedagogiaandreablogspotcom201008 abademongecharlesmicheldelepeehtml Acesso em 13 jul 2023 18 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Alguns marcos importantes incluem Fundação do Imperial Instituto de SurdosMudos do Rio de Janeiro em 1857 o padre francês Hernest Huet fundou o primeiro instituto para surdos no Brasil o Imperial Instituto de SurdosMudos do Rio de Janeiro Essa instituição pioneira foi responsável por trazer o ensino da língua de sinais francesa e proporcionar educação e reabilitação para surdos Chegada do educador surdo francês Eduard Huet em 1880 Eduard Huet irmão de Hernest Huet chegou ao Brasil a convi te de Dom Pedro II Ele era um professor surdo e trouxe consi go um método de ensino inovador que enfatizava a língua de sinais e a comunicação visual Seu trabalho contribuiu para o desenvolvimento da educação de surdos no país Fundação da primeira escola pública para surdos em 1855 foi fundada a primeira escola pública para surdos no Brasil no Rio de Janeiro Essa escola posteriormente se tornou o Insti tuto Nacional de Educação de Surdos INES uma instituição referência no ensino de surdos até os dias de hoje SAIBA MAIS Dom Pedro I o primeiro imperador do Brasil teve uma influência significativa na educação de surdos no país Há quem diga que havia um surdo em sua família o que fez com que Dom Pedro I investisse na educação de surdos AVANÇOS ENTRE O SÉCULO 20 E 21 No século 20 tivemos importantes avanços e mudanças no contexto dos surdos no Brasil Aqui estão alguns aspectos relevantes Reconhecimento da língua de sinais a língua de sinais como o uso da Libras Língua Brasileira de Sinais foi reconhecida oficial mente como meio de comunicação e expressão da comunidade surda brasileira em 2002 por meio da Lei nº 10436 Esse reconhe cimento fortaleceu a identidade e a cultura surda no país Educação bilíngue a educação bilíngue que combina o uso da língua de sinais e do português escrito tornouse uma abor dagem pedagógica reconhecida para a educação de surdos no Brasil A ideia é proporcionar uma educação que valorize a lín gua de sinais como primeira língua e o desenvolvimento da língua portuguesa escrita como segunda língua Instituto Nacional de Educação de Surdos INES Fonte BRASIL Ministério da Educação 2022 Disponível em httpswwwgovbrmecptbr assuntosnoticiasinstitutonacionaldeeduca caodesurdoscomemora165anos Acesso em 13 jul 2023 19 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Avanços na tecnologia assistiva com o avanço da tecnologia surgiram diversas ferramentas e dispositivos voltados para a inclusão e a comunicação de pessoas surdas Isso incluiu a populari zação de videofonias aplicativos de tradução de Libras legendagem em tempo real e outros re cursos que auxiliam a comunicação e a participação de pessoas com essa condição na sociedade Movimento e ativismo surdo ao longo do século 20 houve um crescente movimento de cons cientização e ativismo surdo no Brasil Organizações associações e grupos de surdos surgiram e se fortaleceram trabalhando para promover os direitos e a inclusão das pessoas surdas além de valorizarem sua língua e cultura Esses são apenas alguns exemplos das mudanças e avanços que ocorreram no século 20 em relação aos surdos no Brasil LEIS SOBRE A SURDEZ No Brasil existem algumas leis específicas que tratam dos direitos e da inclusão das pessoas surdas Na figura 5 estão algumas das principais leis relacionadas à surdez Figura 5 Leis relacionadas à surdez Lei nº 104362002 Reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais LIBRAS Essa lei reconhece a Libras como meio legal de comunicação e expressão das comunidades surdas no Brasil Também prevê a inclusão da Libras como disciplina curricular nos cursos de formação de professores e a necessidade de tradução e interpretação de Libras nos serviços públicos e eventos oficiais Lei nº 123192010 Profissão de Tradutor e Intérprete de Libras Essa lei regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Libras no Brasil estabelecendo requisitos para o exercício da profissão e garantindo a presença desses profissionais em instituições de ensino eventos e serviços públicos Lei nº 100982000 Lei de Acessibilidade Essa lei estabelece diretrizes gerais para a promoção da acessibilidade em diversos setores incluindo a arquitetura o transporte a comunicação e a informação Ela visa garantir o acesso e a participação das pessoas com deficiência incluindo os surdos em igualdade de condições com as demais pessoas Lei º 131462015 Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência Estatuto da Pessoa com Deficiência Essa lei assegura direitos e estabelece princípios e diretrizes para a promoção da inclusão e da igualdade de oportunidades das pessoas com deficiência incluindo os surdos Ela abrange diversos aspectos como acessibilidade educação inclusiva trabalho saúde lazer e esporte Essas são apenas algumas das leis relacionadas à surdez no Brasil Fonte elaborada pela autora AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM O OUVINTISMO E O SURDO Você já ouviu falar na perspectiva ouvintista da surdez Ela se baseia na ideia de que a audição e a fala são as formas mais importantes de comunicação e que a surdez é uma deficiência que precisa ser corrigida ou 20 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS superada Isso ocasiona preconceitos e faz com que grande parte dos ouvintes se apresentados a essa teoria acreditem que ser surdo é limitante Sendo assim esse ponto de vista considera a surdez como perda ou ausência da audição e tende a valorizar a oralidade e a comunicação verbal como os únicos modos aceitáveis de interação Na abordagem ouvintista é comum enfatizar a necessidade de intervenções médicas como o uso de aparelhos auditivos ou implantes cocleares e de terapias fonoaudiológicas para buscar a reabilitação auditiva e a aquisição da fala No entanto essa necessidade de utilizar aparelhos para correção pode retirar o surdo do convívio com sua comunidade impedir a sua identificação enquanto pessoa surda e ainda incomodar tendo em vista que o uso de aparelhos por exemplo pode causar desconforto A comunicação em línguas de sinais é frequentemente desencorajada ou desvalorizada o que faz com que as pessoas surdas sejam indiretamente forçadas a se adaptarem à cultura e às práticas da comunidade ouvinte Já vimos que isso não é uma prática aceitável e que semelhante a outras situações a surdez não limita nem faz com que o surdo esteja em segundo plano em alguma coisa A estigmatização ou discriminação das pessoas surdas se torna comum quando discursos assim são difundidos Ela pode desconsiderar a identidade e a cultura surda assim como a riqueza e a expressividade das línguas de sinais No caso do Brasil a Libras O Congresso de Milão realizado em 1880 teve um impacto significativo na percepção do ouvintismo e na educação de surdos consequentemente tendo como princípio o oralismo forma institucionalizada do ouvintismo como método educacional O principal objetivo do congresso era debater o melhor método de educação para surdos e ele acabou adotando uma postura fortemente influenciada pelo ouvintismo que como já sabemos não é positivo para os surdos Durante o congresso a maioria dos participantes era favorável ao uso exclusivo da comunicação oral ou seja do oralismo e da leitura labial na educação de surdos e considerava a língua de sinais como inferior e inadequada A resolução final do congresso afirmava que o uso de sinais na educação de surdos era proibido e que os métodos orais deveriam ser adotados universalmente Essa decisão teve um impacto profundo na educa ção de surdos em muitos países ao redor do mundo incluindo o Brasil A influência do Congresso de Milão foi responsável por uma longa supressão do uso da língua de sinais nas escolas para surdos incentivando a exclusão da cultura surda e a ênfase na oralização e na leitura labial No entanto é importante destacar que essa abordagem ouvintista dominante tendo como foco o oralismo dos surdos começou a ser questionada ao longo do tempo Movimentos e pesquisas acadêmicas surgiram em defesa da língua de sinais e da valorização da identidade e cultura surda SAIBA MAIS Comunicação total essa ideia surgiu nos Estados Unidos e também foi negativa para a compreensão das línguas de sinais enquanto formas oficiais de comunicação dos surdos Ela chegou no Brasil por volta dos anos 1980 e incentivava o uso simultâneo de vários elementos para realizar a comunicação ou seja tanto a oralização quanto a sinalização de forma que os surdos mais uma vez se aproximassem de uma língua oral e se distanciassem da realidade dos surdos no mundo 21 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS O SURDO PELA VISÃO SOCIOANTROPOLÓGICA A perspectiva socioantropológica da surdez também conhecida como modelo sociocultural ou mo delo social da surdez enfatiza a surdez como uma diferença cultural e identitária em vez de uma deficiência que precisa ser corrigida Essa abordagem considera a surdez como uma forma válida de ser e de se comunicar e valoriza a diver sidade linguística e cultural das pessoas surdas De acordo com essa perspectiva a surdez é vista como uma experiência de vida com características próprias envolvendo uma comunidade e uma cultura surda Ela reconhece a importância das línguas de sinais como a Libras Língua Brasileira de Sinais como línguas naturais e visuais utilizadas pelas pessoas surdas para se comunicarem e expressarem sua cultura ou seja a língua de sinais é vista como uma língua completa e complexa com sua própria gramática e estrutura A abordagem socioantropológica valoriza a inclusão e a igualdade de oportunidades para as pessoas surdas promovendo o respeito pela diversidade linguística e cultural Ela defende a educação bilíngue que combina o ensino da língua de sinais como primeira língua e o desenvolvimento da língua escrita como se gunda língua visando ao pleno desenvolvimento acadêmico e social dos surdos Além disso a perspectiva socioantropológica da surdez ressalta a importância da participação das pes soas surdas na tomada de decisões que afetam suas vidas bem como na definição de políticas públicas e na criação de espaços inclusivos Essa abordagem tem contribuído para fortalecer a identidade e a autoestima das pessoas surdas promovendo o reconhecimento de sua cultura história e contribuições para a sociedade Ela tem sido fundamental para a luta pelos direitos das pessoas surdas e para a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com a diversidade MODELO MÉDICO VS MODELO SOCIAL Agora que já vimos essas perspectivas vamos analisar na figura 6 dois modelos para lidar com a surdez Figura 6 Modelos para lidar com a surdez ENTENDENDO OS MODELOS Modelo médico Modelo social A surdez Enxerga a surdez como deficiência ou condição médica Aponta uma necessidade de tratamento Busca a correção do erro Considera a surdez uma anormalidade Percebe a surdez como uma diferença na forma de comunicação Indica que o erro é preconceito e falta de acessibilidade Reivindica as oportunidades da pessoa surda Causa e foco da intervenção Frisa a causa física da surdez Investiga a origem e busca uma solução médica Incentiva o uso de aparelhos auditivos implantes cocleares e cirurgia Busca derrubar as barreiras sociais que impedem a plena participação das pessoas surdas na sociedade Foca na acessibilidade e na inclusão Luta pelos serviços de interpretação e outras medidas 22 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Percepção da identidade e cultura surda Não se preocupa com a cultura e a identidade surda Quer adaptar a vida do surdo para o ideal do ouvinte Desvaloriza a Língua de Sinais como a Libras Valoriza a identidade e a cultura surda Reconhece a Libras como língua Valoriza a comunidade surda e a expressão desse grupo Fonte elaborada pela autora TEORIAS DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM Existem várias teorias de aquisição da linguagem que buscam explicar como as crianças adquirem a capacidade de linguagem e é válido frisar aqui estamos nos referindo também a linguagens auditivas Vamos conhecer algumas delas Teoria Behaviorista quem propôs essa teoria foi B F Skinner Para ele as crianças observam e imitam Por meio da repetição e reforço positivo elas podem começar a pronunciar corretamente Teoria Cognitivista Jean Piaget é o autor dessa teoria e reforça que a linguagem faz parte de um processo cognitivo de desenvolvimento intelectual Aos poucos as crianças constroem o próprio conhecimento sendo parte ativa desse movimento À medida que o pensamento e a inteligência evoluem a linguagem acompanha Teoria Nativista Noam Chomsky postula que a capacidade de adquirir a linguagem é inata e específica para os seres humanos Ele em certo momento acreditava no potencial de uma gra mática universal para que todas as crianças tivessem facilidade e acesso a essa língua materna e pudessem se comunicar rapidamente Teoria Interacionista esta teoria de Lev Vygotsky enfatiza o papel das interações sociais e da interação com os outros na aquisição da linguagem Segundo essa abordagem a linguagem é adquirida através de processos de interação mediação e internalização de conceitos e significa dos compartilhados na interação social Teoria da Aquisição da Linguagem TAL proposta por Elizabeth Bates e Brian MacWhinney essa teoria combina elementos de diferentes teorias e enfatiza a interação entre fatores cogniti vos sociais e linguísticos na aquisição da linguagem A TAL está comprometida com três aspec tos contexto social a influência do ambiente linguístico e a ativação de processos cognitivos L1 E L2 L1 primeira língua e L2 segunda língua são termos frequentemente usados na área da linguística e da aquisição de línguas para se referir a diferentes tipos de línguas adquiridas por um indivíduo Vamos co nhecer as principais diferenças entre elas L1 é a língua adquirida naturalmente por uma pessoa durante a infância geralmente a língua falada pelos pais ou pela comunidade em que a pessoa cresce Sabe a língua que você fala sem dificuldades Essa é sua língua materna ou nativa a L1 Veja algumas características dela Acontece naturalmente pela imersão e interação com outros indivíduos logo após o nascimento 23 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Facilmente o falante chega à fluência e proficiência isso significa que essa língua é a principal forma de comunicação e expressão do indivíduo Já a L2 é uma língua adquirida por uma pessoa além de sua língua materna ou primeira língua A aqui sição da L2 ocorre em um estágio posterior da vida geralmente durante a infância tardia adolescência ou idade adulta Veja algumas de suas características Adquirida por meio da instrução formal geralmente em cursos de idioma leituras escuta de músicas ou práticas já na fase adulta O nível de fluência e proficiência depende da prática e do quanto o falante se expõe à língua Vários fatores também influenciam nisso como memória idade nível de escolaridade e outros elementos Se a Língua Portuguesa é a sua L1 quem sabe a Libras possa ser a sua L2 Comece o processo de estu dos o quanto antes para aprender Caso seja surdo lembrese que a Libras é a sua L1 e a Língua Portuguesa possivelmente a L2 Vamos aproveitar o espaço para lhe dar algumas dicas sobre como aprender uma nova língua especialmente a Libras Acompanhe Estabeleça metas reais você se conhece Não adianta planejar estudos todos os dias se a sua agenda não permite Defina metas específicas e realistas para o seu aprendizado e escolha um prazo Você pode começar com pequenos exercícios para alcançar seus objetivos em termos de vocabulário Crie um plano de estudo não dá para aprender uma L2 sem planejamento Desenvolva um pla no de estudo que se adapte às suas necessidades e disponibilidade de tempo Gestão do tempo é um desafio Organize seu tempo de estudo de forma consistente e regular dividindoo em sessões menores e frequentes em vez de sessões longas e espaçadas Imersão no idioma se você puder conviver com pessoas que pratiquem essa língua você terá uma experiência fantástica Caso não busque oportunidades para se envolver com ela o máximo possível Assista a filmes programas de TV ou vídeos que utilizem esse recurso Pratique a conversação a vergonha é uma inimiga da aquisição da linguagem Fale muito até aprender afinal a prática de falar é essencial para se tornar fluente em um novo idioma Sempre há aplicativos e grupos de conversação que podem servir para você encontrar um parceiro de idiomas ou participar de aulas de conversação online para praticar suas habilidades Use recursos de aprendizado a tecnologia é uma excelente ferramenta nesse momento Utilize recursos de aprendizado como aplicativos cursos online e livros didáticos para aprimorar suas habilidades no idioma Existem várias ferramentas disponíveis gratuitamente na internet que podem ser muito úteis Faça anotações e revise regularmente quem não anota esquece Ao estudar faça anotações para ajudar na retenção de informações Escolha um caderno adequado e volte a ler sempre que puder para consolidar seu conhecimento e fortalecer sua memória Não tenha medo de cometer erros quem nunca cometeu aquela gafe que atire a primeira pedra não é mesmo Os erros são parte natural do processo de aprendizado Não tenha medo de cometer erros ao falar escrever ou sinalizar Aprenda com eles e siga em frente Você é capaz 24 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Envolvase na cultura conhecer a cultura associada à língua que você está aprendendo pode te ajudar a compreendêla melhor A Libras por exemplo é riquíssima em cultura e produções artísticas como veremos adiante Mantenha a motivação aprender um novo idioma requer tempo e esforço Mantenhase moti vado lembrandose dos benefícios de ser bilíngue definindo recompensas para marcos alcança dos e celebrando seu progresso ao longo do caminho USO DE FERRAMENTAS NA APRENDIZAGEM Que tal conhecer agora algumas importantes ferramentas de aprendizagem A aprendizagem da Libras semelhante a qualquer outro idioma depende do uso de elementos e ferra mentas capazes de fazer com que o ouvinte neste caso possa imergir na linguagem e a nível de intencionali dade e riqueza de interpretação na comunidade surda Como motivação para que você aprenda essa língua lembrese do quão presente ela é em nosso país afinal em qualquer lugar em que haja surdos interagindo haverá língua de sinais GESSER 2009 p 12 o que nos traz à memória a necessidade de nos conectarmos com esse universo tão amplo Vale ainda ressaltar o que Spada 2004 p 2 esclarece como fundamental Com base em pesquisas em aquisição de segunda língua Krashen propôs que por a aprendizagem em L2 ser similar à aprendizagem em L1 deveriam ser feitos esforços para criar ambientes em salas de aula de L2 que se aproximassem das condições da aquisição de L1 Ele supôs que se aprendizes de L2 fossem expos tos a um input compreensível e se recebessem oportunidades de se concentrarem mais em significados e mensagens do que em formas gramaticais e acuidade eles seriam capazes de adquirir sua segunda língua de forma parecida com que os aprendizes de L1 aprendem sua língua materna De acordo com o que já se capta em uma simples observação cotidiana as crianças escutam palavra a palavra e estão inseridas em um contexto que as faz criar reflexões das mais simples até as mais complexas sobre suas linguagens sendo a imersão assim capaz de fazer com que aprendam Rego 1995 p 63 assume que para o estudioso da linguagem Vygotsky a premissa é clara quanto à relação entre pensamento e fala ou seja por mais que se desenvolvam em aspectos diferentes e tempos numa certa altura graças a inserção da criança num grupo cultural o pensamento e a linguagem se encon tram e dão origem ao modo de funcionamento psicológico mais sofisticado tipicamente humano No entanto jovens adultos e até idosos podem querer desenvolver essa habilidade e embora os ditos populares possam desencorajar alguns desses grupos a aquisição da linguagem é possível a todos com desa fios diferentes Uma boa maneira de fazer com que isso seja possível é aproveitar o uso de TICs tecnologias da informação e da comunicação e acessar cursos de Libras disponíveis muitos deles em plataformas gratui tas e digitais que promovem a aquisição das primeiras palavras e percepções sobre a Libras Para o estudo da Libras é importante fazer uso da Linguística afinal ela se preocupa com a natureza da linguagem e da comunicação Desvendar a complexidade da linguagem humana e todas as formas criati vas da comunicação fascinam os investigadores da área QUADROS e KARNOPP 2011 p 16 25 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS VLIBRAS Criado em 2016 o VLibras é uma parceria entre Governo Federal Ministério do Planejamento Desen volvimento e Gestão e a Universidade Federal da Paraíba a UFPB que permite a ouvintes e surdos uma tradu ção de vídeos e textos com um intérprete virtual O aplicativo funciona em Android e iOS Essa ferramenta está disponível no site do governo o que mostra mais uma iniciativa relacionada ao interesse público em fazer com que as pessoas tenham acesso e compreendam o universo dos surdos e da cultura surda Com isso os ouvintes que se interessam por promover mais inclusão e debate desses temas não precisam recorrer a outra ferramenta paga por exemplo já que o governo disponibiliza esse aplicativo gratuitamente Observe sua interface na figura 7 abaixo Figura 7 Reprodução VLibras Fonte BRASIL Governo Federal Digital 2020 GLOSSÁRIO EM LIBRAS As universidades têm várias iniciativas relacionadas à promoção de glossários completos em Libras Eles são importantes para que tanto o registro da língua falada quanto a língua de sinais não se percam com o tempo Vale sinalizar ainda que historicamente eles servem para diferenciação de outros idiomas especial mente sabendo que muitos sinais da Libras podem ser confundidos com a ASL língua de sinais americana e outras manifestações de língua gestual A comunidade surda sempre criou e reivindicou os próprios sinais Ao longo dos anos especialmen te enquanto ainda não havia qualquer institucionalização dos movimentos da comunidade surda no Brasil parte dessa produção se perdia Os recursos tecnológicos nesse aspecto estavam em falta impossibilitando a fotografia ou registro em um banco de dados que não fosse composto apenas por desenhos isolados ou informações passadas entre uma pessoa e outra Aos poucos o Dicionário de Libras foi alcançando reconhecimento quanto a sua relevância para a ma nutenção da língua e perpetuação das suas produções e importância para os surdos Esse registro permitiu inclusive as comparações entre línguas de sinais explicando assim grande parte da origem dos sinais brasilei ros que têm forte paralelo com o que foi proposto pelos franceses já que o INES foi fundado por um francês Independente disso a institucionalização foi a condição ideal para que os surdos brasileiros produzis sem registrassem e perpetuassem o conhecimento que criavam em seu próprio país Com as TICS e a percep ção de que a Libras é a segunda língua oficial do Brasil o governo brasileiro já prevê no projeto de lei 398620 26 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS que ela deve ser parte do cotidiano dos brasileiros e inserida assim como disciplina curricular inclusive nos cursos de licenciatura As iniciativas de dicionários e glossários são muitas e grande parte delas está disponível em sites de fácil acesso na internet Ressaltando a importância desses registros é válido lembrar que eles conseguem re fletir a maneira como os sinais foram construídos revelando sua origem e a maneira como isso contribui para a comunidade surda e sua identidade Após constatar a importância dessas ferramentas educacionais cabe refletir sobre a relevância de uti lizar a tecnologia a favor dessa iniciativa e tornar o processo de sistematização dos sinais uma atividade em espaço digital Nascimento 2016 já acredita em um movimento para essa convergência apontada tantas vezes por Jenkins 2008 de que tudo reverteria para o digital Mesmo assim o autor por seu caráter mais realista não deixa de questionar a velocidade em que esses materiais ganham maior volume tanto impresso quanto online Mais tarde Friedrick 2019 comemora ao menos o fato de que a tecnologia aproxima o aprendiz das expressões faciais esperadas e associadas a determinados sinais O ouvinte acostumado com a grande parce la de informação que a palavra tem na língua oral se depara com uma nova realidade ao perceber que a face diz muito mais na língua de sinais e por isso em seu estudo pontua que quanto mais familiarizado se estiver com isso melhor será a aprendizagem Para educadores a visualização também é uma maneira pertinente de educar com mais profundida de Para completar isso além de palavras isoladas o glossário é também uma ferramenta que agrupa temas específicos segundo Corrêa e Cruz 2019 além de mais conciso o que o diferencia dos dicionários em geral A Universidade Federal de Santa Catarina demonstra grande aparato científico na área da Libras e está entre as instituições de ensino que publicaram glossários diversos aos interessados Uma parte interessante e de grande importância para a circulação do conhecimento é também um espaço dedicado ao envio de novos sinais que serão avaliados e direcionados às suas áreas específicas Analise a sua interface na figura 8 Figura 8 Glossário de Libras da UFSC Fonte Universidade Federal de Santa Catarina sd Disponível em httpsglossariolibrasufscbr Acesso em 13 jul 2023 Alguns outros sites que contêm esse tipo de material são o da Universidade Federal do Recôncavo Baia no e da Universidade Federal do Triângulo Mineiro Temos ainda outras iniciativas que contemplam mais do que o glossário tais como o Clube de Libras da Universidade Federal do Ceará a Plataforma Libras Acadêmica da Universidade Federal Fluminense e outras mais Cabe ressaltar que grande parte das produções foi estruturada por pessoas ouvintes o que em certo ponto diminui a credibilidade mas não a utilidade das iniciativas Tendo em vista a complexidade da língua é 27 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS tanto válido quanto necessário que sempre que possível o surdo seja incluído na produção do conhecimen to Observe a figura 9 para visualizar a referida plataforma da Universidade Federal Fluminense Figura 9 Plataforma Libras Acadêmica UFF Fonte Universidade Federal Fluminense Disponível em httpslibrasacademicauffbr Acesso em 13 jul 2023 HAND TALK Temos aqui uma forma autodidata de aprender Libras O Hand Talk é uma plataforma gratuita de tra dução do português para a Libras Ela foi criada em 2012 com o objetivo de facilitar a interpretação para sur dos e ainda a aprendizagem para ouvintes que se interessam pela língua gestualvisual Ao longo dos anos o aplicativo também aderiu a outras ações relacionadas à inclusão como o uso de personagens com caracte rísticas físicas diferentes já que desde o início utiliza um avatar para reproduzir o sinal no aplicativo de forma que o usuário entenda como representar um determinado sinal com a mão O aplicativo ainda publica séries de vídeos ensinando sobre temas e sinais específicos como frutas cores e família sendo esses exemplos de ação focada no ensinoaprendizagem No fim das contas o aplicativo é um tradutor mobile que consegue em tempo real mostrar as tradu ções que podem ser feitas partindo de textos digitados falados ou fotografados Se preferir o ouvinte ainda pode converter áudios já prontos O uso do avatar é vantajoso pela ludicidade e didática que adiciona funcio nalidade ao aplicativo Entre as suas opções também está o giro em 360º para que não fique nenhuma dúvi da quanto ao movimento das mãos O usuário pode checar quantas vezes quiser a palavra ou frase solicitada até que a compreenda e seja capaz de reproduzila Figura 10 Divulgação Hand Talk Fonte Hand Talk sd 28 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS O Hand Talk funciona portanto como uma ferramenta de tradução e consulta que pode ser útil nesse caso tanto para ouvintes quanto para surdos O ouvinte se bem disciplinado pode ter nele um forte aliado na aprendizagem do seu vocabulário em Libras Embora isento de interpretações regionais grande parte das palavras e expressões atendem ao diálogo onde quer que o ouvinte esteja no país O empreendedorismo social foi tão grande que o aplicativo criado em 2012 ganhou o reconhecimento do Ministério da Educação o MEC e da Organização das Nações Unidas a ONU Dentre as formas de apren der não há como substituir o intérprete e a convivência com a comunidade surda como imprescindíveis na aquisição da Libras como aponta Silva et al 2014 Porém para o ouvinte interessado há uma gama de faci litações no que tange a aproximação do conhecimento por meio de ferramentas tecnológicas Além do interesse autodidata cabe trazer à memória que o uso de uma ferramenta como essa em sala de aula pelo professor pode ser uma ajuda fundamental para o aluno Para isso o professor precisa ser ativo e testar a maneira como seus discentes reagem ao uso da ferramenta Por isso mesmo Moran 1994 diz que a tecnologia como parte da pedagogia deve facilitar os processos afinal eles sensibilizam para novos assuntos trazem informações novas diminuem a rotina nos ligam com o mundo com as outras escolas aumentam a interação redes eletrônicas permitem a personalização adaptação ao ritmo de trabalho de cada aluno e se comunicam facilmente com o aluno porque trazem para a sala de aula as linguagens e meios de comunicação do dia a dia MORAN 1994 p 48 O Hand Talk sendo um dos pioneiros em aplicativos voltados para o ensinoaprendizagem da Libras no Brasil ainda que não tenha sido feito especificamente para salas de aula senão para situações pontuais de tradução rendeu tantos vieses que repercutiu positivamente entre aprendizes e professores da Língua Brasileira de Sinais SAIBA MAIS Um detalhe importante sobre a educação voltada para os surdos no caso é o uso de imagens No livro Língua Brasileira de Sinais e Tecnologias Digi tais os autores apontam que as práticas pedagógicas eram desenvolvidas por meio desse recurso imagético SOFIATO 2016 Os autores explicam que por um período o discurso estava preocupado com a importância da imagem para incentivar a educação dos surdos sendo fundamental nas novas ferramentas tecnológicas CULTURA SURDA VS CULTURA OUVINTE Você conhece bem a palavra cultura certo Segundo o Dicionário Online de Português sd cul tura significa conjunto das estruturas sociais religiosas etc das manifestações intelectuais artísticas etc que caracteriza uma sociedade diferenciandoa de outras a cultura inca a cultura helenística Conjunto dos conhecimentos adquiridos instrução sujeito sem cultura Essas são as primeiras definições que aparecem A identidade e a cultura surda são percebidas a partir da sensação de pertencimento dos membros de uma comunidade surda Para que isso aconteça são compartilhadas várias experiências culturais e linguísticas 29 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Para se identificar enquanto sujeito surdo o indivíduo precisa de uma construção própria de si e que ao mesmo tempo está relacionada aos outros ou seja é social de uma maneira em que a surdez não seja vista en quanto falha mas ao contrário como única em um processo em que exis te valorização da comunidade surda e seus costumes Você se lembra de quando analisamos as perspectivas existentes sobre a surdez Vimos que ela não deve seguir a linha ouvintista Sendo assim o surdo pode seguir com sua comunidade e idioma Vale lembrar que muitos surdos são bilíngues e se movem entre a co munidade surda e a comunidade ouvinte adaptandose aos contextos lin guísticos e culturais específicos No entanto a identidade e a cultura surda representam um importante aspecto da vida e da experiência dos surdos fornecendo um senso de comunidade apoio e orgulho em ser surdo DIFERENÇAS ENTRE LÍNGUAS DE SINAIS E LÍNGUAS FALADAS As línguas de sinais e as línguas faladas são duas formas distintas de comunicação cada uma com suas próprias características e modos de ex pressão Observe a figura 11 Figura 11 Língua visualgestual vs língua oralauditiva LÍNGUA VISUALGESTUAL LÍNGUA ORALAUDITIVA Modo de produção As expressões acontecem por meio de gestos das mãos movimentos faciais e expressões corporais São percebidas por meio de aspectos visuais das línguas e não dependem do som São transmitidas por sons articulados vocalmente produzidos através do aparelho fonador como a boca língua e cordas vocais A recepção do som acontece pela audição Modo de percepção A informação é recebida pelo olho e interpretada pelo cérebro A informação é transmitida audivelmente percebida pelos ouvidos e interpretada pelo cérebro Estrutura gramatical Estrutura gramatical e linguística próprias com regras específicas para a formação de frases concordância ordem das palavras entre outros aspectos Estruturas gramaticais específicas que variam de acordo com cada língua e compostas por elementos como fonemas morfemas sintaxe e semântica Muitos surdos são bilíngues e se movem entre a comunidade surda e a comunidade ouvinte 30 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Modalidade de comunicação Interação tridimensional face a face Interação unidirecional face a face ou comunicações remotas como telefonemas ou gravações de voz Não envolvem o uso do espaço Fonte elaborada pela autora Assim como as línguas faladas as línguas de sinais também têm variações linguísticas A Libras falada na Bahia pode ter sinais que diferem do Rio Grande do Sul por exemplo mas além da questão regional há outros aspectos que provocam essa variação Vamos pontuar alguns deles Variação sociocultural a Libras também pode apresentar variação sociocultural relacionada a fatores como idade gênero nível de educação profissão e pertencimento a determinados gru pos sociais Por exemplo algumas profissões podem ter sinais específicos associados a elas e certos grupos de usuários da Libras podem ter expressões faciais ou entonações distintas em suas interações Variação histórica a Libras também pode sofrer alterações ao longo do tempo refletindo mu danças na comunidade surda e na sociedade em geral Novos sinais podem ser criados para se referir a conceitos modernos ou tecnologias enquanto sinais antigos podem cair em desuso MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS Há ainda uma diversidade muito maior do que provavelmente você imagina a respeito das manifesta ções culturais da Libras Nesse contexto temos Poesia surda a poesia surda é uma forma de expressão artística que combina movimentos das mãos expressões faciais e recursos visuais para transmitir emoções ideias e experiências A poe sia surda pode ser apresentada em performances ao vivo ou em vídeos explorando a riqueza e a beleza da Língua de Sinais AGORA É COM VOCÊ Vamos assistir um exemplo de poesia em Libras Assim você entende melhor de que forma essa manifestação artística acontece Veja o vídeo a seguir httpswwwyoutubecomwatchvNG 709Gj0M4 Contos e narrativas surdas a literatura surda também engloba contos e narrativas escritas por autores surdos Essas histórias podem ser baseadas em experiências pessoais lendas surdas mi tos culturais ou na imaginação dos escritores surdos Elas são compartilhadas em formatos escri tos ou em vídeos com traduções em Libras Literatura infantil surda a literatura infantil surda é voltada para crianças surdas com histórias e livros que abordam temas relacionados à surdez identidade surda e inclusão Esses livros po dem apresentar personagens surdos ensinar vocabulário em Libras e promover a autoaceitação 31 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS e o orgulho da identidade surda Memórias e biografias muitas pessoas surdas têm compartilhado suas histórias de vida e expe riências por meio de memórias e biografias Essas obras oferecem uma visão única das experiên cias pessoais desafios enfrentados e conquistas alcançadas por pessoas surdas em diferentes contextos sociais e culturais Teatro e performance a literatura surda também se manifesta em performances teatrais e apre sentações artísticas que combinam expressão corporal gestualidade dança e elementos visuais O teatro surdo proporciona uma experiência estética e cultural rica trazendo narrativas surdas para o palco e valorizando a Língua de Sinais como meio artístico Veja alguns exemplos na figura 12 e 13 Figura 12 Literatura surda através de teatro Fonte Brescia 2010 Figura 13 Literatura surda através de imagens Fonte Escrita de Sinais sd 32 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS BILINGUISMO E EDUCAÇÃO A educação bilíngue para surdos que envolve o uso da Língua de Sinais como língua primária e a língua oral como o português como segunda língua é amplamente reconhecida como uma abordagem importante e benéfica para a educação de surdos Existem várias razões pelas quais a educação bilíngue é importante Acesso à informação e aprendizagem efetiva a Língua de Sinais é a língua natural dos surdos e é a principal forma pela qual eles podem se comunicar plenamente e acessar informações de maneira eficaz Ao proporcionar uma educação bilíngue a esse grupo os surdos têm a oportu nidade de desenvolver plenamente suas habilidades linguísticas e cognitivas permitindo um aprendizado mais efetivo além da aquisição de conhecimento Desenvolvimento de identidade e autoestima a educação bilíngue respeita e valoriza a iden tidade surda promovendo um senso de pertencimento e autoestima Ao usar a Língua de Sinais como língua primária os surdos têm a oportunidade de se conectar com sua comunidade lin guística e cultural fortalecendo sua identidade surda e sua autoconfiança Desenvolvimento linguístico e cognitivo a exposição à Língua de Sinais a partir de uma idade precoce permite um desenvolvimento linguístico e cognitivo mais completo para os surdos A Língua de Sinais proporciona uma base sólida para a aquisição da linguagem facilitando a com preensão a expressão e o pensamento abstrato Comunicação efetiva e inclusão social a educação bilíngue capacita os surdos a se comunica rem de forma efetiva com outros surdos bem como com pessoas ouvintes Ao dominar tanto a Língua de Sinais quanto a língua oral os surdos podem se envolver plenamente na sociedade estabelecer relacionamentos interpessoais e participar de atividades sociais e profissionais Preparação para o futuro a educação bilíngue prepara os surdos para o mundo além da sala de aula oferecendo habilidades linguísticas e culturais relevantes para o ambiente de trabalho e a vida cotidiana Os surdos bilíngues têm mais oportunidades de emprego acesso a informações e recursos e são capazes de se adaptar melhor a diferentes contextos sociais e culturais CULTURA SURDA E ACEITAÇÃO DA SURDEZ O fortalecimento da cultura surda desempenha um papel fundamental na aceitação da surdez por vários motivos Construção da identidade surda a cultura surda oferece um senso de identidade e pertenci mento para as pessoas surdas Ela proporciona um espaço onde os surdos podem se reconhecer como membros de uma comunidade linguística e cultural única Ao se envolverem com a cultura surda os surdos podem explorar e afirmar sua identidade surda fortalecendo sua autoestima e aceitação da surdez Conexão com os pares a cultura surda oferece um ambiente de apoio e camaradagem permi tindo que os surdos se conectem com outras pessoas que compartilham experiências e desafios semelhantes Ao interagirem com outros surdos os indivíduos encontram senso de pertenci mento e compreensão mútua o que pode ser fundamental para aceitar e lidar positivamente com a surdez 33 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Valorização da língua de sinais a cultura surda reconhece e valoriza a Língua de Sinais como uma língua legítima e completa Ao promover o uso e a valorização da Língua de Sinais a cultura surda ajuda a combater a estigmatização da surdez como uma deficiência ou limitação Isso con tribui para que os surdos se sintam orgulhosos de sua língua e comunicação aumentando sua aceitação pessoal e a percepção positiva da surdez Empoderamento e autodeterminação a cultura surda encoraja os surdos a se tornarem de fensores de seus próprios direitos e a serem protagonistas de suas vidas Ao fortalecer a cultura surda os surdos adquirem uma voz coletiva e individual promovendo a autodeterminação e a autonomia Esse empoderamento influencia positivamente a aceitação da surdez permitindo que os surdos se vejam como indivíduos capazes e valiosos Conscientização a cultura surda desempenha um papel importante na defesa dos direitos e na conscientização sobre as questões enfrentadas pela comunidade surda Ao educar a sociedade sobre essa cultura e a importância da inclusão a aceitação da surdez é promovida em um nível mais amplo A conscientização cultural dessa condição ajuda a superar estereótipos e preconcei tos criando um ambiente mais inclusivo para os surdos CONSIDERAÇÕES FINAIS Após todas essas páginas creio ter sido possível perceber a importância e a relevância do estudo da Língua Brasileira de Sinais A Libras é muito mais do que um meio de comunicação utilizado pela comunida de surda é uma língua rica em expressividade e significado que permite a inclusão e a quebra de barreiras entre surdos e ouvintes Durante nossa jornada exploramos diversos aspectos da Libras como sua origem aplicação na educação na comunicação e na promoção da inclusão social Aprendemos sobre a cultura surda e a importância de valorizar a identidade e os direitos da comunidade surda Através do conhecimento adquirido sobre a Libras estamos mais preparados para promover a inclusão e a acessibilidade seja na educação no trabalho ou na interação cotidiana Também reconhecemos que a Libras é uma língua viva que evolui e se adapta às necessidades da co munidade surda e que devemos continuar aprendendo e aprimorando nossas habilidades em sua utilização Espero que você tenha adquirido uma compreensão mais profunda da Libras e um respeito maior pela cultura surda Nosso desejo é que você se sinta inspiradoa a continuar estudando praticando e promoven do a Libras em sua vida pessoal e profissional Lembrese de que a jornada de aprendizado da Libras é contínua À medida que você se aprofunda nesse conhecimento há sempre mais a explorar e descobrir Por isso continue buscando oportunidades de praticar a Libras de se envolver com a comunidade surda e de promover a inclusão Parabéns por seu comprometimento com o estudo da Libras e por sua disposição em ampliar seus ho rizontes linguísticos e culturais Vamos seguir em frente valorizando a diversidade linguística e promovendo a inclusão de todos independentemente de sua forma de comunicação Sucesso em sua jornada de apren dizado e espero que você possa aproveitar ao máximo os benefícios e as experiências enriquecedoras que a Libras tem a oferecer Continue a explorar aprender e se conectar pois a Libras é muito mais do que uma língua é uma porta para a inclusão e para o entendimento mútuo 34 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS REFERÊNCIAS Acessibilidade Dicionário Online de Português sd Disponível em httpswwwdiciocombr acessibilidade Acesso em 21 jun 2023 Autonomia Dicionário Online de Português sd Disponível em httpswwwdiciocombrautonomia Acesso em 21 jun 2023 BRASIL Ministério da Saúde Biblioteca Virtual em Saúde Teste da orelhinha Brasília 2011 Disponível em httpsbvsmssaudegovbrtestedaorelhinha Acesso em 14 jul 2023 BRASIL VLibras Governo Federal Digital 27 ago 2020 Disponível em httpswwwgovbrgovernodigital ptbrvlibras Acesso em 21 jun 2023 BRESCIA F Literatura em Libras estimula inclusão e desenvolvimento de crianças surdas G1 12 out 2010 Disponível em httpsg1globocomminasgeraisnoticia201110literaturaemlibrasestimula inclusaoedesenvolvimentodecriancassurdashtml Acesso em 21 jun 2023 CORRÊA Y CRUZ C R Orgs Língua Brasileira de Sinais e tecnologias digitais Porto Alegre Penso 2019 Disponível em httpsbibliotecasophiacombr9198indexaspcodigosophia797305 Acesso em 03 jul 2023 Cultura Dicionário Online de Português sd Disponível em httpswwwdiciocombrcultura Acesso em 21 jun 2023 Cinderela Surda e Rapunzel Surda Escrita de Sinais sd Disponível em httpsescritadesinais com20100830cinderelasurdaerapunzelsurda Acesso em 21 jun 2023 FRIEDRICH M A Glossário em Libras uma proposta de terminologia pedagógica PortuguêsLibras no curso de Administração da UFPel 263 f Dissertação de Mestrado em Letras Universidade Federal de Pelotas 2019 Disponível em httpguaiacaufpeledubrbitstreamprefix44801DissertacaoMC3A1rcio AurC3A9lioFriedrichpdf Acesso em 10 jul 2023 GESSER A A língua de sinais In LIBRAS que língua é essa Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda São Paulo Parábola 2009 Cap1 p 1144 Disponível em httpsbiblioteca sophiacombr9198indexaspcodigosophia144140 Acesso em 13 jul 2023 Glossário LIBRAS UFSC sd Disponível em httpswwwglossariolibrasufscbr Acesso em 21 jun 2023 GÓES M C R Linguagem surdez e educação 4 ed revista Campinas Autores Associados 2012 HANDTALK Hand Talk sd Disponível em httpswwwhandtalkmebraplicativo Acesso em 21 jun 2023 HONORA M Livro Ilustrado de Língua Brasileira de Sinais desvendando a comunicação usada pelas pessoas com surdez São Paulo Ciranda Cultural 2009 Inclusão Dicionário Online de Português sd Disponível em httpswwwdiciocombrinclusao Acesso em 21 jun 2023 JENKINS H Cultura da convergência São Paulo Aleph 2008 MORAN J M Interferências dos Meios de Comunicação no Nosso Conhecimento Revista Brasileira de Comunicação INTERCOM v17 n2 São Paulo juldez 1994 NASCIMENTO C B Terminografia em Língua de Sinais Brasileira proposta de glossário ilustrado semibilíngue do meio ambiente em mídia digital 222 f Tese de Doutorado em Linguística Universidade de Brasília Brasília 2016 Disponível em httpsrepositoriounbbrhandle1048221851 Acesso em 13 jul 2023 35 A SURDEz E O MUNDO LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NOSSOS DOUTORES Perda Auditiva você pode estar ficando surdo sem nem saber Nossos Doutores sd Disponível em httpsblognossosdoutorescombrperdaauditiva Acesso em 13 jul 2023 QUADROS R M KARNOPP L B Língua de sinais brasileira estudos linguísticos Porto Alegre Artmed Editora S A 2011 Disponível em httpsbibliotecasophiacombr9198indexaspcodigosophia797308 Acesso em 13 jul 2023 REGO T C Vygotsky uma perspectiva históricocultural da educação 17ª ed Rio de Janeiro Vozes 1995 REIS E S Construção discursiva do sujeito surdo em charges que circulam na internet II Congresso Internacional de Educação Inclusiva 16 a 18 nov 2016 UFPB 2016 Disponível em httpswww editorarealizecombreditoraanaiscintedi2016TRABALHOEV060MD1SA7ID253512102016055510pdf Acesso em 21 jun 2023 SOFIATO C G Ontem e hoje o uso de imagens na educação de surdos Journal of Research in Special Education Needs v 16 p 789794 2016 Disponível em httpsnasenjournalsonlinelibrarywileycomdoi epdf1011111471380212217 Acesso em 10 jul 2023 SPADA N Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Estrangeira Revista Virtual de Estudos da Linguagem ReVEL Vol 2 n2 2004 Tradução de Gabriel de Ávila Othero Disponível em httpwww revelinfbrdownloadFilephplocalentrevistaid8langpt Acesso em 13 jul 2023 SILVA K S D et al Estratégias pedagógicas para o ensino de ciências em sala de aula inclusiva II Seminário de PósGraduação para Ciências e Matemática Jataí GO 2014 SILVA M A Audição Infoescola sd Disponível em httpswwwinfoescolacomanatomiahumana audicao Acesso em 21 jun 2023 SILVA O M A Epopéia Ignorada a pessoa deficiente na história do mundo de ontem e de hoje São Paulo Cedas 1987 In CARMO Apolônio Abadio do Deficiência Física A Realidade Brasileira Cria Recupera e Discrimina Brasília MECSecretaria dos Desportos 1991 Surdez Dicionário Online de Português sd Disponível em httpswwwdiciocombrsurdez Acesso em 21 jun 2023