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Pedagogia ·

Psicologia Social

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P 79110 CONTEXTO EDUCAÇÃO Editora Unijuí Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 Ciclo Vital Início Desenvolvimento e Fim da Vida Humana Possíveis Contribuições Para Educadores Josiane Peres Gonçalves1 Resumo Embora sendo difícil estabelecer padrões para a vida humana posto que fatores culturais e sociais exercem muitas influências na vida de cada pessoa existem alguns aspectos que são gerais e costumam ocorrer em populações de sociedades ocidentais industrializadas O presente estudo bibliográfico busca mediante fundamentação principal em Bee 1997 e Papalia Olds e Feldman 2013 analisar o processo de desenvolvimento humano destacando as diferentes fases da vida bem como a idade e principais características de cada fase Assim analiso inicialmente a questão do desenvolvimento para em seguida comentar sobre a concepção e o período prénatal as fases correspondentes à infância à adolescência e à idade adulta incluindo o idoso para finalmente refletir sobre a morte que marca o fim do ciclo vital Espero que o artigo possa contribuir com professores e demais profissionais que trabalham com a formação de seres humanos uma vez que todas as pessoas inclusive os profissionais da educação encontramse em alguma das fases do ciclo vital Palavraschave Prénatal Infância Adolescência Idade adulta VITAL CYCLE START DEVELOPMENT AND END OF LIFE POSSIBLE CONTRIBUTIONS FOR EDUCATORS Abstract Although it is difficult to establish standards for human life as cultural and social factors exert many influences in the life of every person there are some aspects that are general and often occur in populations of western industrialized societies This literature search study by main reasons for Bee 1997 and Papalia Olds and Feldman 2013 analyzing the human development process highlighting the various stages of life as well as age and main 1 Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Professora do Programa de PósGraduação em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus do Pantanal UFMSCPAN e dos cursos de Licenciatura em Ciências Sociais e Pedagogia Campus de Naviraí UFMCPNV Líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Desenvolvimento Gênero e Educação GEPDGE josianeperesufmsbr characteristics of each stage So initially analyze the issue of development and then comment on the conception and prenatal period the phases corresponding to childhood adolescence and adulthood including the elderly to finally reflect on death which marks the end of the life cycle I hope that the article can contribute to teachers and other professionals working with the formation of human beings since all people including professional education are in some stage of the life cycle Keywords Prenatal care Childhood Adolescence Adulthood CICLO VITAL 81 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 Ao trabalhar com a disciplina de Psicologia da Educação em cursos de Licenciatura entendo que é necessário refletir sobre o ciclo vital uma vez que nas escolas os professores trabalham com alunos de determinadas faixas etárias mas o tempo todo se relacionam com os familiares colegas de trabalho e diversas outras pessoas considerando que todos os envolvidos no processo educativo se encontram em alguma das etapas do ciclo vital Assim acredito que é importante ter noções sobre o que as pesquisas têm apresentado sobre o desenvolvimento humano em cada uma das fases da vida Como nas aulas de Graduação eu me baseava principalmente em Bee 1997 e Papalia Olds e Feldman 20132 mas trabalhava apenas em forma de esquema por não ter um texto que sintetizasse as ideias descritas nas duas obras senti a necessidade de elaborar o presente artigo para sistematizar as ideias e poder utilizálas nas aulas de Psicologia da Educação Assim a pesqui sa bibliográfica é norteada principalmente pelos autores mencionados sendo complementada por alguns outros referenciais incluindo documentos oficiais É importante destacar que fatores que antecedem a concepção de uma nova vida podem influenciar o processo de desenvolvimento humano Por exem plo se os pais têm muita expectativa em relação ao filho se a gravidez não foi planejada porém foi bemaceita se a gestação não foi planejada e também não foi bemaceita se os pais tiveram dificuldades para engravidar se os pais queriam que a criança fosse menina ou menino e se frustraram com a expectativa entre tantas outras influências Enfim são vários fatores anteriores ao surgimento do bebê que podem interferir no seu processo de desenvolvimento O ciclo vital no entanto tem um início passando por algumas fases até chegar ao seu final Às vezes o fim ocorre durante a própria gestação mediante aborto ou pode ser em qualquer outra fase da vida mas em geral a sociedade espera que a morte ocorra somente com a idade avançada já na velhice 2 Bee 1997 escreveu o livro O Ciclo Vital e Papalia Olds e Feldman 2013 o livro Desenvolvimento Humano As duas obras de pesquisa são bemcompletas e abordam sobre o desenvolvimento do ser humano incluindo a concepção o período prénatal a infância a adolescência a idade adulta a velhice e a morte JOSIANE PERES GONÇALVES 82 CONTEXTO EDUCAÇÃO Outra questão importante destacada por Bee 1997 e Papalia Olds e Fel dman 2013 é que não existe um padrão fixo para o desenvolvimento humano predominante em todas as culturas e os resultados de pesquisa apresentados são frequentes em sociedades ocidentais industrializadas Ao mesmo tempo as idades que demarcam as fases da vida após o nascimento não são rígidas tratandose apenas de aproximações que representam a média entre a maioria das pessoas Diante do exposto o presente estudo bibliográfico norteado principal mente pelas obras de Bee 1997 e Papalia Olds e Feldman 2013 tem como objetivo analisar o processo de desenvolvimento humano destacando as dife rentes fases da vida bem como a idade e principais características de cada fase Início do Ciclo Vital fecundação concepção De acordo com Bee 1997 e Papalia Olds e Feldman 2013 o desen volvimento humano inicia durante o momento da concepção ou fecundação de um óvulo com um espermatozoide O primeiro passo no desenvolvimento de um único ser humano é o momento da concepção quando um único esperma tozóide do homem penetra a parede do óvulo da mulher BEE 1997 p 86 A fecundação união de um óvulo e um espermatozóide resulta na formação de um zigoto unicelular o qual se duplica por divisão celular Papalia Olds Feldman 2013 p 103 Ao comentar como se dá esse processo inicial de for mação de uma nova vida Bee 1997 p 86 ensina Um casal que tenha relação sexual durante os poucos dias críticos quando o óvulo se encontra na trompa de Falópio possibilita que um dentre os mi lhões de espermatozoides ejaculados como parte de cada orgasmo masculino locomovase ao longo de toda a distância que vai da vagina cérvix útero e trompa de Falópio e penetre na parede do óvulo Uma criança é concebida Todo esse processo que inclui a fecundação a locomoção pelas trompas de Falópio até a chegada e fixação no útero é que caracteriza o início de uma nova vida A partir dali ela irá se desenvolver passando por muitos ciclos sendo finalizada pela morte CICLO VITAL 83 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 Quanto ao processo de desenvolvimento humano Papalia Olds e Feld man 2013 destacam que o crescimento e o desenvolvimento motor ocorrem de cima para baixo e do centro para a periferia do corpo sendo entendidos como princípios cefalocaudal e próximodistal O Princípio cefalocaudal diz que o desenvolvimento prossegue da cabeça para a parte mais baixa do tronco A cabeça o cérebro e os olhos do embrião desenvolvemse mais cedo e são desproporcionalmente grandes até o cres cimento das outras partes Aos dois meses de gestação a cabeça do embrião é metade do comprimento do corpo No nascimento a cabeça é apenas um quarto do comprimento do corpo mas ainda é desproporcionalmente grande De acordo com o princípio próximodistal o desenvolvimento prossegue das partes próximas do centro para as outas mais externas A cabeça e o tronco do embrião desenvolvemse antes dos membros e braços e pernas antes dos dedos das mãos e dos pés Papalia Olds Feldman 2013 p 85 A partir da concepção e fixação do óvulo fecundado no útero da mãe uma nova vida surge passando por diversas fases sendo que a inicial é caracterizada como período prénatal que corresponde quando não há grandes problemas a aproximadamente nove meses de gestação PréNatal Em razão das grandes transformações que ocorrem nessa fase em que duas células invisíveis se unem e após nove meses é uma e chega a medir aproximadamente 50 centímetros Bee 1997 e Papalia Olds e Feldman 2013 afirmam que o novo ser passa por três fases diferentes sendo identificado como zigoto embrião e feto conforme apresentado na sequência Estágio Germinal da fecundação até a segunda semana Zigoto O estágio germinal corresponde ao período da fecundação até a intro dução no útero comumente a 10 dias ou duas semanas da concepção Bee 1997 p 91 A autora acrescenta que Durante os primeiros dias após a JOSIANE PERES GONÇALVES 84 CONTEXTO EDUCAÇÃO concepção o chamado estágio germinal de desenvolvimento a célula inicial dividese movimentase pela trompa de Falópio e é implantada na parede do útero Também Papalia Olds e Feldman 2013 p 85 ao comentar sobre o mesmo estágio ressaltam que Durante o período germinal da fecundação até aproximadamente duas semanas de idade gestacional o zigoto se divide tornase mais complexo e é implantado na parede do útero marcando o início da gravi dez Ou seja as duas semanas iniciais após a concepção em que normalmente a mãe desconhece todo o fenômeno que está ocorrendo em seu ventre marcam o período germinal dando início na sequência ao período embrionário Período Embrionário de duas a oito semanas Embrião Papalia Olds e Feldman 2013 p 89 mencionam que Durante o período embrionário o segundo estágio de gestação entre a segunda e oitava semana os órgãos e os principais sistemas do corpo respiratório digestivo e nervo so desenvolvemse rapidamente Os autores alertam para a complexidade dessa fase da vida Esse é um período crítico quando o embrião encontrase muito vulnerável às influências destrutivas do ambiente prénatal defeitos que ocorrem mais tarde na gravidez provavelmente serão de menor gravidade Ao comentar sobre esse mesmo período Bee 1997 p 113 descreve O segundo estágio período do embrião inclui o desenvolvimento das várias estruturas que apoiam o desenvolvimento fetal tais como a placenta bem como formas primitivas de todos os sistemas de órgãos Em geral durante a fase de embrião a mãe descobre a gravidez e já começa a tomar os devidos cuidados sendo estes dos mais complexos porque a nova vida encontrase em processo de formação Nos meses seguintes a estrutura básica está formada tendo pos sibilidade de o novo ser agora chamado de feto crescer e se aprimorar Período Fetal de oito semanas até o nascimento Feto Segundo Papalia Olds e Feldman 2013 p 89 O aparecimento das primeiras células ósseas em torno da oitava semana sinaliza o começo do período fetal a fase final da gestação Assim durante esse período o CICLO VITAL 85 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 feto cresce rapidamente até cerca de 20 vezes seu comprimento anterior e os órgãos e sistemas do corpo tornamse mais complexos Até o nascimen to desenvolvemse os arremates finais tais como as unhas dos dedos das mãos e dos pés Corroborando com a mesma ideia Bee 1997 p 113 considera que As 30 semanas finais de gestação o chamado período fetal são dedicadas basicamente ao aumento e ao aprimoramento de todos os sistemas de órgãos Ao comentar sobre algumas mudanças durante o período fetal Bee 1997 p 113 explica 10 12 semanas de gestação o sexo da criança pode ser determinado músculos pálpebras e lábios os pés e as mãos têm dedos Com 16 semanas a mãe costuma sentir os primeiros movimentos do feto agora os ossos começam a desenvolverse as orelhas estão mais bem formadas Em seguida com 22 semanas os olhos estão formados embora fechados tal como o cabelo as unhas as glândulas sudoríparas e as papilas gustativas A autora comenta que Alguns bebês nascidos com 22 ou 24 semanas sobrevivem embora a taxa de sobrevida seja baixa e seja bastante elevada a incidência de problemas Estando já com 2830 semanas os sistemas nervoso circulatório e respiratório estão suficientemente formados para dar apoio à vida embora o bebê seja ainda bastante pequeno e o sistema nervoso tenha apenas iniciado sua arrancada ao desenvolvimento dos dendritos Após esse processo de formação de uma nova vida durante o período prénatal existe um momento de transição caracterizado pelo nascimento do bebê e primeiros dias de vida Conforme Papalia Olds e Feldman 2013 p 147 O período neonatal é um tempo de transição entre a vida intrauterina e a vida extrauterina Durante os primeiros dias o neonato perde peso e depois o recupera Os autores afirmam que No nascimento os sistemas circulatórios respiratório gastrintestinal e de regulação da temperatura tornamse indepen dentes da mãe Assim passado esse processo de nascimento e sobrevivência durante as primeiras semanas o bebê continua se desenvolvendo durante a fase que corresponde à infância JOSIANE PERES GONÇALVES 86 CONTEXTO EDUCAÇÃO Infância Como em todas as fases da vida a infância tem características diferentes de acordo com a idade e por esse motivo se subdivide em 1ª 2ª e 3ª infância tendo algumas especificidades em cada momento 1ª Infância do nascimento aos 3 anos Nesta fase além do crescimento rápido a criança adquire duas impor tantes habilidades que são fundamentais para a sua sobrevivência a capacidade de andar e falar Ao comentar sobre o crescimento dos bebês Papalia Olds e Feldman 2013 p 147 mencionam que O corpo de uma criança cresce muito mais durante o primeiro ano de vida o crescimento prossegue em um ritmo acelerado mas decrescente ao longo dos três primeiros anos Também Bee 1997 p 136 relata que Os bebês triplicam o peso do corpo no primeiro ano de vida acrescentando de 30 a 38 cm ao comprimento antes dos 2 anos Nesse sentido o rápido aperfeiçoamento das habilidades locomotoras e manipulativas ocorre nos dois primeiros anos à medida que o bebê evolui do engatinhar para o andar e para o correr e de uma habilidade de pressão deficitária para uma boa preensão Bee 1997 p 136 Essa capacidade de engatinhar e em seguida caminhar sozinho repre senta uma autonomia para a criança no sentido de locomoção Para Papalia Olds e Feldman 2013 p 148 A auto locomoção gera mudanças em todos os domínios do desenvolvimento Quanto à capacidade de se comunicar Papalia Olds e Feldman 2013 p 188 relatam que Antes de usar sua primeira palavra o bebê utiliza gestos Nesse sentido a fala prélinguística inclui choro arrulho balbucio e imi tação dos sons da língua Aos seis meses o bebê aprendeu os sons básicos de sua língua e começou a vincular som e significado Por fim o bebê começa a falar A primeira palavra costuma surgir entre 10 e 14 meses dando início à fala linguística Um surto de nomeação ocorre entre 16 e 24 meses de idade CICLO VITAL 87 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 Segundo Piaget 1987 nessa fase inicial da infância a criança adquire diversas habilidades e entre elas aprende a diferenciar as pessoas de objetos e ela mesma em relação às outras pessoas obtendo a noção de eu Papalia Olds e Feldman 2013 p 230 consideram que O senso de si surge entre quatro e dez meses à medida que o bebê começa a perceber uma diferença entre ele próprio e os outros e a experimentar um senso de atuação e auto coerência Gradativamente a criança vai formando o autoconceito a partir dessa sen sação perceptual de si e se desenvolve entre 15 e 18 meses com o surgimento da auto consciência e do auto reconhecimento As duas principais habilidades adquiridas durante essa primeira fase da infância são importantes por garantir uma certa independência uma vez que a criança consegue se locomover sem precisar de ajuda e tem capacidade de se comunicar mais claramente sendo possível externalizar suas necessidades de maneira mais eficaz Além do mais tanto a linguagem quanto a capacidade de andar são aquisições que o ser humano vai utilizar para o resto da vida inclusive no período correspondente a 2ª infância 2ª Infância de 3 a 6 anos De acordo com Bee 1997 p 233 O desenvolvimento físico é mais lento dos 2 aos 6 anos embora seja ainda permanente As habilidades motoras continuam a aperfeiçoarse gradativamente Segundo Papalia Olds e Feld man 2013 p 273 As crianças progridem rapidamente quanto à aquisição de habilidades motoras grossas e finas desenvolvendo sistemas de ação mais complexo Nesse sentido As fases de produção artística que parecem refletir o desenvolvimento cerebral e a coordenação motora fina são a fase de rabiscar a fase de traçar formas a fase de desenho e a fase pictográfica Os autores também afirmam que A preferência pelo uso de uma das mãos é comum aos 3 anos refletindo o predomínio de um dos hemisférios cerebrais Algumas características importantes durante a segunda infância con forme Piaget 1987 é a questão do egocentrismo em que a criança tem difi culdade de entender os fatos sob o ponto de vista de outras pessoas além das JOSIANE PERES GONÇALVES 88 CONTEXTO EDUCAÇÃO capacidades de utilizar a imaginação e brincar de faz de conta evidenciando que se apropriou de muitos conhecimentos que fazem parte do ambiente físico e social em que está inserida Corroborando com Piaget Papalia Olds e Feldman 2013 p 310 afirmam O brincar traz benefícios físicos cognitivos e psicossociais As mudanças nos tipos de brincadeira em que a criança se envolve refletem os desenvolvimentos cognitivo e social a criança progride cognitivamente dos jogos funcionais aos jogos construtivos jogos de fazdeconta e depois jogos formais com regras Os jogos de fazdeconta tornamse cada vez mais comuns durante a segunda infância e ajudam a criança a desenvolver habilidades sociais e cognitivas Em relação às interações com outras crianças principalmente media das pelas brincadeiras Bee 1997 p 258 sinaliza que O brinquedo com os companheiros já é visível antes dos 2 anos de idade tornandose cada vez mais importante ao longo dos anos préescolares É evidente também a agressividade com os colegas mais física nos 2 e 3 anos mais verbal nos 5 e 6 anos A autora acrescenta que Amizades de curto prazo a maioria baseada na proximidade são evidentes nessa variação etária A maior parte desses pares é do mesmo sexo Outras aquisições importantes durante a segunda infância dizem res peito à descoberta da sexualidade e construção da identidade de gênero Em relação à sexualidade Chagas 2002 p 157 assinala que nessa fase a criança descobre que é divertido e prazeroso tocar partes do corpo inclusive as genitais É importante que essa liberdade de descoberta esteja assegurada O autor compreende que é um processo de conhecer o próprio corpo e por isso a criança tem o direito de explorar o que ainda é desconhecido para ela Sobre as relações de gênero Papalia Olds e Feldman 2013 p 310 consideram que A identidade de gênero é um aspecto do autoconceito em desenvolvimento e Bee 1997 p 259 evidencia que as crianças começam a aprender o que é apropriado em termos de comportamento a seu gênero Por volta dos 5 ou 6 anos a maioria das crianças desenvolveu regras bastante rígidas sobre aquilo que meninos e meninas devem fazer ou ser CICLO VITAL 89 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 As aquisições obtidas nessa fase da vida são importantes para a criança se conhecer melhor se diferenciar uma das outras e poder interagir socialmente A possibilidade de usar a imaginação brincar de faz de conta ter noções sobre a sexualidade e relações de gênero são fatores relevantes para as próximas fases da vida incluindo a 3ª infância 3ª Infância de 6 a 11 anos Ao refletir a última fase da infância Papalia Olds e Feldman 2013 p 351 sugerem que O desenvolvimento físico é mais lento na terceira infância do que nos anos anteriores Ocorrem grandes diferenças na altura e no peso Os autores também comentam que Uma criança entre 7 e 12 anos a criança está na fase das operações concretas As crianças são menos egocêntricas do que antes e mais competentes para tarefas que requerem raciocínio lógico como relações espaciais causalidade categorização raciocínios indutivo e dedutivo e conservação Contudo o raciocínio é amplamente limitado ao aqui e agora 2013 p 351 Quanto às amizades e as interações entre os pares Papalia Olds e Fel dman 2013 p 390 mencionam que O grupo de amigos ou colegas tornase mais importante na terceira infância Esses grupos geralmente consistem em crianças de idade sexo etnia e condição socioeconômica semelhantes e que vivem próximas umas das outras ou que vão juntas para a escola Os autores analisam a influência das amizades para o desenvolvimento infantil O grupo de amigos ajuda a criança a desenvolver habilidades sociais permite que ela teste e adote valores independentemente dos pais dálhe um senso de afiliação e ajuda a desenvolver o autoconceito e a identidade de gênero Também pode encorajar a conformidade e o preconceito 2013 p 390 É possível perceber que ao mesmo tempo em que as amizades contribuem para ampliar as relações sociais longe da família além de outros benefícios para a criança pode também estimular preconceitos e outras aprendizagens consideradas não muito saudáveis O importante é que o grupo de amigos tenha padrões de comportamento e valores semelhantes aos da família JOSIANE PERES GONÇALVES 90 CONTEXTO EDUCAÇÃO De acordo com Bee 1997 p 312 As relações com os companheiros tornamse cada vez mais importantes A segregação de gênero nas atividades grupais com amigos estão no auge nesses anos aparecendo em todas as culturas ou seja é comum as meninas ficarem mais com as meninas e os meninos com os meninos Tal característica mudará drasticamente na próxima fase da vida correspondente à adolescência Adolescência Embora no Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente ECA em seu artigo 2º considera que são adolescentes as pessoas que têm entre 12 e 18 anos Brasil 1990 é possível afirmar que não existe uma idade exata que determine o início desse período da vida Segundo Papalia Olds e Feldman 2013 p 432 A adolescência nas sociedades industriais modernas é a transição da infância para a vida adulta Vai dos 10 aos 11 anos até os 18 ou 19 chegando mesmo até os 2021 anos Já Bee 1997 p 346 ressalta que A adolescência é definida não apenas como um período de mudanças da puberdade mas como um período de transição entre a infância e a adoção completa de um papel adulto Também su gere que Devido à importância dessa transição ela é marcada por ritos e rituais em várias culturas embora não na maioria dos países ocidentais modernos Ferreira 2003 p 16 divide a adolescência em três fases a pré adolescência ou adolescência menor a adolescência média e a adolescência maior ou juventude Préadolescência ou adolescência menor de 11 a 14 anos Ferreira 2003 comenta que essa etapa inicia em média em torno de 11 a 13 anos para as meninas e 12 a 14 para os meninos mas as idades não são rígidas uma vez que as mudanças físicas é que marcam a saída da infância e a entrada na adolescência Pelo estirão entendido como crescimento abrupto a pessoa percebe o corpo se transformar muito rapidamente e nem sempre é uma situação muito tranquila CICLO VITAL 91 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 O préadolescente cresce rápido e desproporcionadamente As mudanças ana tômicas e fisiológicas resultam numa grande preocupação com o próprio corpo A altura o tamanho dos músculos a largura dos ombros a mudanças de voz e as espinhas são preocupações masculinas Ao passo que o desenvolvimento dos seios o alargamento dos quadris e o medo de ficar baixa ou alta demais são os temas que movimentam o pensamento feminino Ferreira 2003 p 16 Aberastury e Knobel 2008 ao comentar sobre a síndrome normal da adolescência mencionam sobre o luto pelo corpo infantil em que é preciso entender que o corpo que existia até há pouco tempo não voltará mais É neces sário portanto encarar a nova realidade e se identificar com o novo corpo que terá de agora em diante Bee 1997 menciona que no início da adolescência a autoestima costuma diminuir um pouco vindo a aumentar ao longo dos anos do mesmo período da vida De acordo com Papalia Olds e Feldman 2013 p 432 A puberdade é desencadeada por mudanças hormonais Dura cerca de 4 anos começa mais cedo nas meninas e termina quando o indivíduo é capaz de reproduzir mas o tempo de ocorrência desses eventos varia consideravelmente Nesse sentido durante a puberdade tanto os meninos quanto as meninas passam por um surto de crescimento adolescente Os órgãos reprodutores aumentam de tamanho e amadurecem aparecendo as características sexuais secundárias Os referidos autores também afirmam O começo da adolescência é cheio de oportunidades para os crescimentos físico cognitivo e psicológico e também de riscos para o desenvolvimento saudável Padrões de comportamento de risco como o consumo de álcool o abuso de drogas atividades sexuais e em grupo e o uso de armas de fogo tendem a aumentar ao longo da adolescência mas a maioria dos jovens não experimentam problemas mais sérios 2013 p 432 Quanto às relações com a família Bee 1997 p 378 destaca que As interações entre os adolescentes e seus pais costumam ficar um tanto quanto conflitantes no início da adolescência fenômeno que possivelmente possa ter relação com as mudanças físicas da puberdade Todavia o apego aos pais permanece forte JOSIANE PERES GONÇALVES 92 CONTEXTO EDUCAÇÃO Adolescência média de 14 a 17 anos De acordo com Ferreira 2003 a adolescência média compreende o período de 13 a 15 anos para as meninas e 14 a 16 para os meninos O grupo de amigos é a característica mais marcante nessa fase Para Papalia Olds e Feld man 2013 p 467 A estrutura do grupo de amigos tornase mais elaborada envolvendo panelinhas e turmas bem como amizades Também Bee 1997 p 378 entende que As relações com os companheiros passam a ser cada vez mais importantes seja quantitativa seja qualitativamente Assim os companheiros cumprem uma função importante como se fosse uma ponte entre a dependência da infância e a independência da vida adulta Diante dessa intensa convivência com o grupo de amigos os adolescentes costumam ter vestimentas e linguagens semelhantes para se sentirem aceitos pelos colegas Assim Papalia Olds e Feldman 2013 p 433 consideram que O vocabulário e outros aspectos do desenvolvimento da linguagem sobretudo aqueles relacionados ao pensamento abstrato como perspectiva social são aprimorados na adolescência Os adolescentes gostam de jogos de palavra e criam seu próprio dialeto Quanto às relações sociais Papalia Olds e Feldman 2013 relatam que os adolescentes costumam passar mais tempo com seus pares mas que as relações com os pais continuam a ser influentes O conflito com os pais tende a ser mais frequente durante o início da adolescência e mais intenso durante meados da adolescência Educar os filhos de modo responsável assertividade traz resultados mais positivos p 467 Corroborando com essa ideia Bee 1997 p 378 analisa que as interações nas famílias com figuras de autoridade continuam a ser o melhor padrão na adolescência Os adolescentes dessas famílias são mais autoconfiantes menos aptos a utilizar drogas e possuem uma auto estima maior do que os adolescentes de famílias negligentes ou autoritárias Adolescência maior ou juventude de 17 a 20 anos Ferreira 2003 ressalta que essa fase é também chamada de mocidade e situase entre 15 e 18 anos para as meninas e 16 e 19 para os rapazes A pressão e cobrança social são as principais características além da busca pela identidade CICLO VITAL 93 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 Na adolescência maior o jovem toma posição e decide o problema da escolha profissional para planejar o seu destino como pessoa consciente Também se posiciona quanto à filosofia de vida e nas suas atitudes vai procurar estabe lecer uma hierarquia pessoal de valores Ferreira 2003 p 18 Nesse sentido a autora comenta que nessa fase de transição para a idade adulta a opção profissional a postura ética e ideológica além da escolha do companheiro ou companheira para a vida tanto para heterossexuais quanto para homossexuais evidenciam que a problemática geral é sociológica estando relacionada às cobranças impostas pela sociedade Quanto à busca pela identidade Papalia Olds e Feldman 2013 ressaltam que se trata de uma preocupação fundamental durante a adolescência a qual tem componentes ocupacionais sexuais e de valores Ferreira 2003 p 18 consi dera que a pergunta inicial do adolescente é Quem sou eu e gradativamente vai se transformando em virtude das diversas experiências vividas até chegar à afirmação Isso sou eu Ou seja a conquista da identidade que é um processo lento gradual e sofrido é importante para o êxito da idade adulta Em razão do sofrimento que costuma ocorrer durante a fase da adolescên cia especialmente na etapa final por causa das inúmeras cobranças da sociedade Bee 1997 p 379 entende que As taxas de depressão aumentam muito na adolescência e são mais elevadas entre as meninas Atos delinquentes tam bém aumentam na adolescência especialmente entre os garotos Ao comentar sobre a delinquência crônica Papalia Olds e Feldman 2013 p 467 sugerem que ela está associada a múltiplos fatores de risco interatuantes incluindo educação familiar ineficaz falta à escola influência de amigos e baixo nível socioeconômico Programas que atacam esses fatores de risco desde os primeiros anos de vida têm obtido êxito Para finalizar a discussão relativa à fase da adolescência é importante refletir sobre o que relata Ferreira 2003 p 15 Não se podem fixar fronteiras para o período por volta dos 21 ou 22 anos chega ao seu fim com a completa inserção na vida adulta JOSIANE PERES GONÇALVES 94 CONTEXTO EDUCAÇÃO Idade Adulta A idade adulta é a mais longa do ciclo vital e durante muitos anos não foi estudada porque muitos pesquisadores entendiam que o ser humano já havia alcançado o auge do seu desenvolvimento Pesquisas recentes no entanto como as de autores utilizados nesse estudo evidenciam que o ser humano encontra se em contínuo processo de desenvolvimento inclusive durante a fase adulta Assim Santos e Antunes 2007 afirmam A adultez fenômeno do desenvolvimento humano apresentase com novas responsabilidades em novos referenciais de existencialidade em novas conquistas em busca de um maior entendimento desta importante e mais abrangente etapa da vida humana Por ser a fase mais longa da existência do ser humano merece especial atenção mesmo porque há pouco tempo vem sendo entendida e percebida com tais referenciais Mosquera 1982 p 98 considera também que como nas outras fases da vida a idade adulta também tem problemas típicos para serem resolvidos cada fase tem uma problemática específica dividida em subproblemáticas que atingem as pessoas em seus momentos decisivos ante seu próprio projeto vital e suas relações com os outros Ou seja o período compreendido como adultez que se subdivide em adulto jovem meia idade e idoso tem diversos desafios a serem vivenciados e um dos primeiros é a transição entre a adolescência e o início da idade adulta Adulto Jovem de 20 a 40 anos Ao comentar sobre a transição entre a adolescência e idade adulta Pa palia Olds e Feldman 2013 p 506 expõem Em sociedades tecnologicamente avançadas o ingresso na vida adulta não é claramente demarcado ele exige mais tempo e segue caminhos mais varia dos do que no passado Deste modo alguns cientistas do desenvolvimento CICLO VITAL 95 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 sugerem que o intervalo de tempo que envolve o final da adolescência até meados dos 20 anos é um período de transição distinto denominado início da vida adulta Bee 1997 p 410 menciona que Embora se trate de uma divisão arbi trária podemos segmentar os anos de vida adulta em três períodos sendo que a primeira parte abrange os anos dos 20 aos 40 anos Argumenta ainda que não há dúvida de que entre 20 e 40 anos os adultos estão em seu auge físico e cognitivo Isso ocorre porque Durante esses anos uma pessoa possui mais tecido muscular mais cálcio nos ossos mais massa cerebral melhor acuidade sensorial maior capacidade aeróbica e um sistema imunológico mais eficiente Papalia Olds e Feldman 2013 p 506 concordam com a boa capacidade física nessa fase da vida e acrescentam Os acidentes são a causa principal de óbitos no início da vida adulta Observase que durante a fase de adulto jovem as pessoas encontram se no auge das suas habilidades físicas Por esse motivo profissões que se baseiam essencialmente em atividades corporais como esportistas modelos dançarinos etc são predominantes nessa fase da vida Ao mesmo tempo os adultos jovens não têm muita preocupação com a morte tornandose muitas vezes prepotentes Consequentemente os óbitos ocorridos entre os 20 e 40 anos de vida costumam estar associados à contextos de violência como acidentes e assassinatos Para Rodrigues 2003 esses tipos de mortes violentas são mais frequentes entre o público masculino Quanto ao aspecto cognitivo Papalia Olds e Feldman 2013 p 507 sinalizam que A maioria dos adultos jovens ingressa atualmente na universidade ou em instituições de ensino superior Mais mulheres do que homens entram na universidade hoje em dia em um número cada vez maior buscam áreas em que tradicionalmente predominavam os homens Bee 1997 p 411 argu menta que Medidas de habilidade cognitiva assim como a habilidade física mostram declínio com a idade embora esse declínio ocorra bastante mais tarde em habilidades como o vocabulário problemas diários de memória e solução normal de problemas JOSIANE PERES GONÇALVES 96 CONTEXTO EDUCAÇÃO Acontecimentos importantes que marcam o início dessa fase são assim relatados por Bee 1997 p 444 As tarefas centrais no início da vida adulta são a aquisição e o aprendizado de três principais papéis parceirocônjuge pais e profissional O processo tem início com a saída de casa o que envolve separação física e emocional dos pais Segundo Papalia Olds e Feldman 2013 p 541 A idade adulta emergente o período que envolve aproximadamente os 18 anos até início ou mesmo o final da segunda década de vida frequentemente é um tempo de experimentação antes de se assumir papéis e responsabilida des de adultos estáveis Tarefas evolutivas tradicionais como encontrar um trabalho estável e desenvolver relacionamentos afetivos de longa duração agora podem ser adiadas até os 30 anos ou mais Cada vez mais os adultos jovens ampliam a educação escolar e protelam a paternidadematernidade É possível perceber que as idades não são rígidas e que a questão da paternidadematernidade embora esteja sendo protelada costuma ocorrer com maior intensidade durante a fase de adulto jovem em razão principalmente do auge das habilidades físicas que interfere no contexto familiar Para Bee 1997 p 445 A paternidade traz as alegrias e o estresse de um novo papel a ser aprendido Em média a satisfação conjugal declina após o nascimento do primeiro filho e permanece baixa durante a maior parte do início da vida adulta Quanto à profissão Bee 1997 p 445 comenta que O trabalho ou carreira específicos que um adulto escolhe são afetados por sua formação acadêmica inteligência valores e recursos familiares personalidade e sexo Nesse sentido A maior parte dos adultos opta por ocupações que combinam com as normas culturais de sua classe social e sexo A autora também afirma que Os adultos tendem a escolher e a serem mais felizes em trabalhos que se adaptem à sua personalidade Podemos pensar na carreira ligada ao papel profissional como tendo dois estágios no início da vida adulta o da tentativa ou estabelecimento em que são explorados caminhos alternativos e um estágio de estabilização em que se firma o caminho profissional Para as mulheres ocorre com frequência um estágio adicional de entrada e saída em que as responsa CICLO VITAL 97 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 bilidades familiares alternamse com períodos de trabalho fora de casa Quando ambos os parceiros trabalham as responsabilidades familiares não são divididas com igualdade as mulheres continuam a desempenhar mais desse trabalho e sentem maior conflito de papéis Bee 1997 p 445 No que se refere à personalidade Bee 1997 p 445 afirma Parece existir mudanças partilhadas na personalidade Entre os 30 e 40 anos os jovens adultos tornamse mais independentes mais confiantes mais afirmativos mais voltados para as conquistas mais individualistas e menos governados por regras sociais A autora considera porém que Esses padrões diferem um pouco nos adultos que não adotam um ou mais dentre os principais papéis tais como os que não se casam ou os que não têm filhos Conforme Papalia Olds e Feldman 2013 p 541 Os adultos jovens procuram intimidade emocional e física nos relacionamentos com pares e par ceiros afetivos A auto revelação e um sentimento de integração são aspectos importantes da intimidade Os autores também comentam que A maioria dos adultos jovens têm amigos mas crescentemente limitam o tempo que passam com eles As amizades femininas tendem a ser mais íntimas do que a dos ho mens Assim como a maternidadepaternidade têm sido proteladas Papalia Olds e Feldman 2013 p 541 analisam que isso também tem ocorrido com a questão afetiva Hoje mais do que no passado mais adultos adiam o casamento ou nunca se casam Entre as razões para uma pessoa manterse solteira incluemse as oportunidades da carreira viagens liberdade sexual e de estilo de vida desejo de auto realização maior auto suficiência da parte das mulheres menor pressão social para casarse medo do divórcio dificuldade para encontrar um par adequado e falta de oportunidades de namoro ou de pares disponíveis Por outro lado Papalia Olds e Feldman 2013 p 542 expõem que Com a nova etapa da idade adulta emergente e com o aumento da idade para o casamento o concubinato aumentou e tornouse norma em alguns países e JOSIANE PERES GONÇALVES 98 CONTEXTO EDUCAÇÃO argumentam que O concubinato pode ser um casamento experimental uma alternativa para o casamento ou em alguns lugares algo praticamente indistin guível do casamento Baseandose em diversas pesquisas Papalia Olds e Feldman 2013 p 542 entendem que o casamento em uma grande variedade de formas é universal e satisfaz às necessidades básicas econômicas emocionais sexuais sociais e de criação dos filhos Inclusive em relação aos homossexuais os autores sugerem que Os ingredientes de satisfação de longo prazo são simi lares nos relacionamentos homossexuais e heterossexuais Com a ausência de normas aprovadas pela sociedade entretanto os casais homossexuais podem ter dificuldades para definir seus relacionamentos O sucesso no casamento pode depender da felicidade que os parceiros sentem com o relacionamento da sensibilidade de um para com o outro da validação dos sentimentos mútuos e de suas habilidades de comunicação e gestão de conflitos A idade em que ocorre o casamento é um indicador importante de sua durabilidade Resiliência compatibilidade apoio emocional e diferentes expectativas da parte do homem e da mulher podem ser fatores importantes Papalia Olds Feldman 2013 p 542 Também baseandose em resultados de pesquisas Papalia Olds e Fel dman 2013 p 542 afirmam que Os padrões familiares variam de cultura a cultura e se modificaram enormemente nas sociedades ocidentais Hoje as mulheres têm menos filhos e os têm mais tarde na vida e um número crescente opta por não têlos Ao mesmo tempo Os pais geralmente se envolvem me nos na criação dos filhos do que as mães mas alguns dividem igualmente as obrigações de criálos e alguns são os responsáveis pelos primeiros cuidados Apesar dessa colaboração masculina os autores alertam que Na maioria dos casos a carga de um estilo de vida em que ambos os cônjuges têm trabalhos remunerados recai mais fortemente sobre a mulher Diante desse contexto Papalia Olds e Feldman 2013 p 542 consideram que Se a divisão desigual do trabalho contribuirá ou não para o desgaste conjugal é algo que pode depender de como os cônjuges percebem seus papéis CICLO VITAL 99 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 Muitas vezes o casamento não resiste aos inúmeros problemas que surgem com a vida familiar resultando em divórcio o que não significa que os indivíduos ficarão sozinhos posto que muitos optam por constituir nova família Nesse sentido Papalia Olds e Feldman 2013 p 542 enfatizam que A maioria das pessoas divorciadas casase novamente dentro de alguns anos mas os novos casamentos tendem a ser menos estáveis do que o primeiro Nesse processo As famílias reconstituídas podem passar por diversas etapas de ajustamento As mulheres tendem a ter mais dificuldade para serem madrastas do que os pa drastos indicando que nem sempre é fácil encarar a nova realidade Na maioria das vezes porém as pessoas ainda preferem tentar novamente construir outro relacionamento ou família ao invés de ficarem sozinhas Se casamento profissão maternidadepaternidade força física e cogni tiva são características importantes da fase inicial da vida adulta vários outros compromissos marcam a nova fase denominada de adulto médio ou meia idade Meia Idade de 40 a 60 anos Conforme Papalia Olds e Feldman 2013 p 582 O conceito de meiaidade é um constructo social Ele passou a ser usado quando a crescente expectativa de vida levou a novos papéis na fase intermediária da vida A vida adulta intermediária é uma época de ganhos e de perdas Os autores argumen tam que A maioria das pessoas de meia idade possui boas condições físicas cognitivas e emocionais Elas têm muitas responsabilidades e múltiplos papéis e se sentem competentes para lidar com eles Talvez por esse motivo a meia idade é considerada uma época para fazer um balanço e tomar decisões em relação aos anos de vida restantes Também Bee 1997 p 476 entende que Aos 40 anos a expectativa de vida é de 35 a 40 anos adicionais e esse dado tem aumentado consistentemente a extensão de vida diferentemente tem probabilidade de permanecer até cerca de 110 anos A autora menciona que Muitas funções físicas mostram mudanças pequenas aos 40 50 e 60 anos somente algumas evidenciam mudanças signi JOSIANE PERES GONÇALVES 100 CONTEXTO EDUCAÇÃO ficativas Assim Camadas acrescidas ao cristalino do olho com uma perda também da elasticidade reduzem notadamente acuidade visual durante os 40 50 anos A perda auditiva é mais gradativa É possível perceber que diferentemente da fase anterior durante a meia idade as capacidades físicas já começam a declinar inclusive no que se refere à procriação Nesse sentido Bee 1997 p 476 relata A perda da capacidade de reprodução chamada de climatério nos homens e mulheres ocorre lentamente nos homens embora com mais rapidez nas mulheres Aqueles produzem cada vez menos esperma viável e uma menor quantidade de fluido seminal A menopausa costuma ocorrer entre 45 e 55 anos com consequência de uma série de mudanças hormonais o que inclui declínios rápidos de estrogênio e progesterona Um dos principais sintomas é a onda de calorões Também Papalia Olds e Feldman 2013 p 582 comentam que Embora os homens possam continuar a gerar filhos em idade avançada muitos de meia idade sofrem um declínio da fertilidade e na frequência de orgasmo Dessa forma A atividade sexual geralmente diminui apenas de modo leve e gradual mas a qualidade das relações sexuais pode melhorar Quanto à questão de saúde Bee 1997 p 477 faz menção de que A taxa de doença e mortalidade elevase notavelmente na meiaidade Jovens adultos apresentam mais doenças agudas adultos na meiaidade apresentam mais doenças crônicas Em relação às questões de gênero As duas principais causas de morte na meia idade são câncer e doenças cardíacas As taxas de mortalidade para essas duas doenças são mais elevadas entre os homens Não obstante As mulheres evidenciam significativamente mais doenças do que os homens mesmo que venham a falecer mais tarde Ao comentar sobre o aspecto cognitivo Bee 1997 p 477 evidencia que As habilidades cognitivas são geralmente mantidas em bom estado nos anos de vida adulta intermediária a não ser por algumas habilidades não exerci tadas ou no caso daquelas que requeiram velocidade Papalia Olds e Feldman 2013 p 583 salientam que Muitos adultos ingressam na universidade em uma CICLO VITAL 101 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 idade não tradicional Adultos vão à escola principalmente para aperfeiçoar habilidades e conhecimentos relacionados ao trabalho ou para prepararse para uma mudança de carreira E ao participar das atividades educativas as pessoas de meia idade têm condições de ampliar as suas relações sociais além da que ocorre entre os familiares Para Bee 1997 p 508 Adultos na vida adulta intermediária possuem interações familiares significativas para cima e para baixo na cadeia de gera ções criando um achatamento de gerações ou uma geração sanduíche Por esse motivo os Adultos na meia idade oferecem mais assistência em ambas as direções e tentam influenciar os que os antecedem e os que os precedem No que se refere à geração que antecede ou seja os pais que estão ve lhos se já não faleceram Papalia Olds e Feldman 2013 p 621 esclarecem A medida que a vida se estende mais e mais pais idosos se tornam depen dentes de cuidados de seus filhos de meia idade Aceitar essa necessidade de dependência é a marca da maturidade do filho e pode ser o resultado de uma crise filial Essa crise pode ocorrer porque as pessoas de meia idade percebem a fragilidade dos pais ou mesmo sua ausência e se dão conta de que a próxima geração a passar pela mesma situação é a sua pois existe outra geração que o precede compreendida pelos filhos que estão crescendo ou já saindo de casa Quando os filhos saem de casa os pais podem se sentir aliviados por ter cumprido a sua parte em educar a nova geração ou viver uma crise existencial por perder as funções relativas à paternidade ou maternidade Para Bee 1997 p 508 Há poucos sinais de que os pais na meia idade tenham reações ne gativas quando ocorre o ninho vazio momento em que o último filho deixa o lar Ao contrário a redução nas exigências do papel pode contribuir para um aumento na satisfação de vida nessa idade Corroborando com essa ideia Papalia Olds e Feldman 2013 p 621 argumentam que O ninho vazio é libertador para a maioria das mulheres mas pode ser estressante para casais cuja identidade depende do papel de pai e mãe ou para aqueles que agora têm de enfrentar problemas conjugais anteriormente adiados Os autores também relatam que na atualidade mais adultos jovens estão adiando a partida das casas dos pais ou estão retornando a elas algumas vezes com suas próprias JOSIANE PERES GONÇALVES 102 CONTEXTO EDUCAÇÃO famílias Os ajustes tendem a ser mais tranquilos quando os pais veem os filhos adultos se encaminhando na conquista da autonomia Esse fenômeno em que os filhos demoram mais tempo para sair de casa tem sido chamado de geração canguru e o fato de voltarem para a casa dos pais depois de já terem saído e muitas vezes voltam com filhos e companheiros é chamado de síndrome da porta giratória Rodrigues 2003 De acordo com Bee 1997 p 508 há outro aspecto importante nas relações familiares durante essa fase da vida A maior parte dos adultos torna se avô na meia idade Muitos mantêm relações afetuosas e carinhosas com os netos embora existam muitas relações de afastamento Uma minoria dos avós achase envolvida no cuidado diário dos netos Nesse sentido Papalia Olds e Feldman 2013 p 621 analisam que Mais adultos tornamse avós na meia idade e que Um número crescente de avós está criando seus netos cujos pais são incapazes de fazêlo Educar netos pode criar dificuldades físicas emocio nais e financeiras Apesar de tantas tarefas durante o período de meia idade especialmente relacionadas ao cuidado das gerações anteriores e posteriores Bee 1997 p 508 ressalta que Há vários sinais de que os anos de meia idade são menos estressantes e mais felizes do que o início da vida adulta Talvez um dos mo tivos para tal satisfação esteja relacionado ao aspecto afetivo uma vez que A satisfação conjugal costuma ser maior na meia idade do que antes Isso parece deverse basicamente a uma redução nos problemas ou nos encontros negativos Paralelamente Papalia Olds e Feldman 2013 p 620 sugerem que Divórcio na meia idade é relativamente incomum mas está aumentando e pode ser es tressante porém pode acarretar uma mudança de vida Quanto à homossexualidade nesta fase da vida Papalia Olds e Feldman 2013 p 621 acreditam que Em razão de muitos homossexuais adiarem as sumir sua posição perante a vida na meia idade eles ainda estão estabelecendo relacionamentos íntimos Por outro lado os autores afirmam que Casais de homossexuais tendem a ser mais igualitários do que os casais heterossexuais mas vivenciam problemas semelhantes no que diz respeito a contrabalançar os compromissos familiares com os da carreira CICLO VITAL 103 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 Quanto à carreira embora muitos estejam se aposentando ou se preparan do para se aposentar Bee 1997 p 508509 destaca que Perda do emprego traz também aumento de risco de perturbações emocionais e doenças físicas ambos influenciados diretamente pela perda da segurança econômica e indiretamente pela deterioração das relações conjugais e perda da autoestima Ou seja são muitos os problemas causados pela perda de emprego nessa fase da vida prin cipalmente para quem depende da renda para sobreviver Em uma sociedade industrial e tecnológica tornase cada vez mais difícil pessoas de meia idade conseguir um novo trabalho com a mesma remuneração que tinha anteriormente Para finalizar a análise sobre a meia idade é importante destacar sobre as crises principalmente aos 40 50 ou 60 anos Conforme Papalia Olds e Feldman 2013 p 620 Pesquisas não confirmam uma crise normativa de meia idade É mais interessante se referir a uma transição que envolve uma revisão da meia idade e que pode ser um momento psicológico de decisão Chegando ao final dessa fase o ser humano estará entrando na última fase do ciclo vital ou seja de pessoa idosa ou velhice Idoso ou Velhice mais de 60 anos De acordo com o artigo 1º do Estatuto do Idoso do Brasil são conside radas pessoas idosas aquelas que têm idade igual ou superior a 60 anos Brasil 2003 Quanto a isso Papalia Olds e Feldman 2013 p 666 esclarecem que Especialistas no estudo do envelhecimento algumas vezes se referem às pessoas da faixa entre 65 e 74 anos como idoso jovem aos de 75 ou mais como idoso idoso e aos acima de 85 anos como idoso mais velho Já Bee 1997 p 547 relata que Os que têm mais de 65 anos podem ser divididos para facilitar entre os idosos mais jovens 6575 e os idosos mais velhos 75 Conforme Papalia Olds e Feldman 2013 p 666 A proporção de pessoas idosas entre as populações em todo o mundo é maior do que antes e esperase que continue a crescer Pessoas acima dos oitenta são o grupo de idade que cresce mais rápido Os autores salientam que A expectativa de vida aumentou sensivelmente e quanto mais as pessoas vivem mais querem viver JOSIANE PERES GONÇALVES 104 CONTEXTO EDUCAÇÃO Também Bee 1997 p 547 destaca que O percentual da população acima de 65 anos tem aumentado rapidamente nas últimas décadas e continuará a aumentar no próximo século Em relação ao aspecto físico Papalia Olds e Feldman 2013 p 666 consideram que Em geral a maioria dos sistemas continua a funcionar muito bem mas o coração começa a ficar mais suscetível a doenças Embora o cérebro mude com a idade as mudanças em geral são modestas Elas envolvem perda ou diminuição das células nervosas e uma diminuição geral de respostas Entretanto o cérebro também parece ser capaz de gerar novos neurônios e construir novas conexões na fase avançada da vida Problemas auditivos e visuais talvez interfiram na vida diária mas em geral podem ser corrigidos Apesar da gradativa fragilidade do corpo Bee 1997 p 547 menciona que Muitos adultos mais velhos continuam sexualmente ativos embora isso se torne menos comum com o aumento da idade Papalia Olds e Feldman 2013 p 666 concordam com essa ideia sobre a sexualidade de pessoas idosas e acrescentam que A inteligência tende a prognosticar longevidade Assim Papalia Olds e Feldman 2013 p 705 salientam que À medida que a expectativa de vida aumenta também aumenta a potencial longevidade do casamento Mais homens do que mulheres são casados na terceira idade Os casamentos que duram até a terceira idade tendem a ser relativamente satisfa tórios Para Bee 1997 p 574 As relações conjugais na fase tardia da vida adulta são em média relações entre pessoas com elevada satisfação conjugal com forte lealdade e afeto mútuo No caso de um dos cônjuges ter alguma incapacitação o cônjuge saudável proporciona o atendimento Em relação ao divórcio Papalia Olds e Feldman 2013 p 705 enfatizam é relativamente incomum entre as pessoas mais velhas e a maioria dos adultos mais velhos que se divorciaram casaramse novamente O divórcio pode ser difícil principalmente para pessoas mais velhas Os segundos ca samentos podem ser mais tranquilos na terceira idade CICLO VITAL 105 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 Por outro lado Papalia Olds e Feldman 2013 p 705 recordam de Uma pequena mas crescente porcentagem de adultos atinge a terceira idade sem se casar Adultos que nunca se casam são menos propensos a ser solitários do que os divorciados e os viúvos Da mesma forma Os homossexuais mais velhos como os heterossexuais têm necessidade de intimidade contato social e geratividade Muitos gays e lésbicas se adaptam ao envelhecimento com relativa facilidade A adaptação pode ser influenciada pelo status assumido Ao refletir sobre as perdas de funções sociais durante a velhice Bee 1997 p 574 menciona que A fase tardia da vida adulta é um período em que desaparecem muitos papéis grandes ou pequenos Os que permanecem possuem menos conteúdos Isso pode proporcionar mais licença para a individualidade e a escolha Em parte esse desaparecimento de papéis ocorre porque Muitos adultos mais velhos perdem o papel de esposo devido à elevada taxa de viuvez Isso é muito mais comum entre mulheres mais velhas entre as quais a maioria é de viúvas As relações familiares especialmente com netos costumam ser importan tes pois muitos já estão crescidos ou se casaram surgindo os bisnetos Segundo Papalia Olds e Feldman 2013 p 705 Os bisavôs são menos envolvidos com a vida das crianças do que os avôs mas a maioria encontra satisfação nesse papel Ocorre que nem sempre os netos e bisnetos moram muito perto ou têm contatos frequentes posto que as gerações mais novas estão comprometidas com outras atribuições características das suas etapas do ciclo vital As relações de amizade com outras pessoas são importantes na velhice mas quanto mais passa o tempo menor número de amigos com a mesma faixa etária Bee 1997 p 574 ressalta que O grau de contato com os amigos está relacionado à satisfação geral da vida entre adultos mais velhos As mulheres nesse grupo etário continuam a ter amplas redes sociais Os homens confiam mais em sua esposa na busca de apoio social ao passo que as mulheres confiam nos amigos e nos filhos No que diz respeito às formas de sobrevivência Papalia Olds e Feldman 2013 p 704 argumentam JOSIANE PERES GONÇALVES 106 CONTEXTO EDUCAÇÃO Algumas pessoas mais velhas continuam trabalhando pela remuneração mas a maioria está aposentada Contudo muitas pessoas aposentadas começam novas carreiras ou trabalham meio período ou como voluntárias Frequen temente a aposentadoria é um fenômeno passageiro A aposentadoria é um processo em andamento e seu impacto emocional deve ser analisado no contexto Recursos pessoais econômicos e sociais bem como a extensão de tempo em que uma pessoa está aposentada podem afetar o seu ânimo Por fim Papalia Olds e Feldman 2013 p 704 sinalizam que Em países em desenvolvimento os idosos frequentemente vivem com filhos ou netos Em países desenvolvidos a maioria das pessoas mais velhas vive com um cônjuge e uma crescente minoria mora sozinha Considerando que cada vez mais pessoas optam por ter apenas um filho ou até mesmo por não ter filhos é possível afirmar que teremos na sociedade um aumento de pessoas idosas morando sozinhas sendo necessário criar alternativas de convivência ou mesmo de moradia de qualidade para todos os que conseguiram chegar até a fase final do ciclo vital Fim do Ciclo Vital Morte Após passar por algumas ou todas as fases da vida a morte marca o final de um processo único caracterizado pelo desenvolvimento de cada ser humano Algumas curiosidades sobre a morte de acordo com Bee 1997 p 605 são as seguintes Até cerca de 6 ou 7 anos as crianças não compreendem que a morte é perma nente inevitável e que envolve perda das funções Entre adultos a morte possui vários significados um sinal de mudanças nos papéis familiares uma punição pelo fracasso em viver uma boa vida uma transição a outro estado como a vida após a morte uma perda de oportunidades e relacionamentos Para Papalia Olds e Feldman 2013 p 737 Embora os adolescentes geralmente não pensem muito sobre a morte a violência e a sua ameaça fazem parte da rotina diária de alguns deles Os adolescentes tendem a assumir riscos desnecessários Por outro lado A percepção e a aceitação da inevitabilidade da morte aumentam ao longo da idade adulta CICLO VITAL 107 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 Tanto Bee 1997 p 605606 quanto Papalia Olds e Feldman 2013 p 737 referemse a cinco estágios que as pessoas costumam vivenciar quando sabe que vão morrer negação raiva barganha depressão e aceitação Bee 1997 p 606 ressalta no entanto que As pesquisas não conseguem apoiar a afirmação de que todos os adultos mostram todos os cinco ou que os estágios necessariamente ocorrem nessa ordem E o ingrediente mais comum é a de pressão Conforme Papalia Olds e Feldman 2013 p 737 À medida que a morte foise tornando um fenômeno da última fase da idade adulta passou a ser em grande parte invisível a assistência aos doentes terminais é prestada por profissionais e ocorre em isolamento Os autores também destacam que As pessoas costumam passar por declínios cognitivos e funcionais pouco antes da morte Quanto aos rituais praticados após a morte Bee 1997 p 606 analisa que Funerais ou outros rituais de morte atendem a diferentes funções o que inclui a definição dos papéis para os enlutados a aproximação da família e o proporcionar um sentido à vida e à morte do falecido Ou seja faz parte do processo de luto a família e amigos poder vivenciar um ritual sendo muitas vezes caracterizado por estilos diferentes de velórios ou funerais dependendo de cada cultura Para finalizar é importante destacar as ideias de Papalia Olds e Feld man 2013 p 738 que relatam Quanto mais significado e propósito a pessoa encontrar em sua vida menos ela tenderá a temer a morte Dessa forma A reavaliação da vida pode ajudar as pessoas a se preparar para a morte e darlhes uma última chance de concluir tarefas inacabadas Assim Até mesmo o morrer pode ser uma experiência de desenvolvimento Diante de tudo o que foi exposto sobre o ciclo vital ou processo de desenvolvimento humano tornase necessário sintetizar as principais ideias abordadas por Bee 1997 e Papalia Olds e Feldman 2013 em suas obras sendo tais ideias evidenciadas no Quadro 1 JOSIANE PERES GONÇALVES 108 CONTEXTO EDUCAÇÃO Quadro 1 Síntese sobre o ciclo vital Identificação Classificação Idade Aproximada Principais Características Concepção Início ciclo vital 0 União entre um óvulo e um espermatozoide PréNatal Ovo ou zigoto 0 a 14 dias Multiplicação das células Embrião 14 dias a 3 meses Formação dos órgãos Feto 3 a 9 meses Crescimento e aprimoramento do corpo Infância 1ª infância 0 a 3 anos Linguagem e locomoção 2ª infância 3 a 6 anos Imaginação brincadeiras e noções de gênero 3ª infância 6 a 11 anos Amizades e aprendizagem escolar Adolescência Préadolescência 11 a 14 anos Mudanças corporais Adolescência 14 a 17 anos Grupos de amigos panelinhas Juventude 17 a 20 anos Exigências sociais e escolha profissional Idade Adulta Adulto jovem 20 a 40 Definição de profissão procriação auge da força física e intelectual Meia idade 40 a 60 Climatério filhos saem de casa ocupação com as gerações anteriores e posteriores Velhice ou Idoso 60 anos em diante Aposentadoria tempo livre gradativa fragilidade física e cognitiva Morte Fim ciclo vital Indefinido Rituais e funerais Fonte A autora 2015 Considerações Finais Ao fazer a análise sobre as etapas do ciclo vital com fundamentação principal em Bee 1997 e Papalia Olds e Feldman 2013 é possível afirmar que embora não se trate de vivências universais elas são muito características de cada fase da vida Por exemplo apesar de muitas pessoas deixarem para ter CICLO VITAL 109 Ano 31 nº 98 JanAbr 2016 filhos mais tardiamente o período mais indicado para a procriação é a fase de adulto jovem depois poderá ser mais difícil ou até impossível como é o caso das mulheres que entram na menopausa e geralmente param de procriar Por outro lado é importante que os seres humanos façam essa análise sobre as etapas já vividas e as outras que estão por vir para tentar se organizar e quem sabe planejar melhor a fase final do ciclo vital Exemplificando em uma sociedade em que cada vez mais existe a opção por ter um único filho há a possibilidade de dois adultos cuidarem de uma criança e adolescente durante um determinado período da vida e depois esse mesmo filho ter de cuidar de dois idosos por período indeterminado Esse cuidado pode ser financeiro mas é principalmente afetivo Em uma fase da vida em que o filho único possivelmente esteja também cuidando dos seus filhos e carreira profissional poderá ter de as sumir a responsabilidade de atender afetivamente as necessidades de dois idosos No caso da escola os professores estão vivendo algumas experiências próprias de cada fase do ciclo vital as quais poderão influenciar em sua prática educativa Por exemplo se os professores estiverem em fase de adulto jovem provavelmente vão procriar e assumir as responsabilidades relativas à materni dadepaternidade Ou se estiverem na fase de meia idade poderão se preocupar com os filhos que estão saindo de casa ou mesmo com os pais que poderão estar em idade avançada Tratase da tarefa de cuidar das gerações que antecedem aos adultos de meia idade e que consequentemente costumam interferir no aspecto emocional bem como na rotina de todos os envolvidos Ao mesmo tempo os professores trabalham com alunos que estão em alguma faixa etária específica como a infância que tem características diferentes se estiver na 1º 2º ou 3º ou mesmo adolescentes que estão preocupados com questões relativas à mudança corporal grupo de amigos sexualidade etc sem estarem muito motivados para cumprir as exigências escolares Considerando a longevidade e que com isso as pessoas tendem a viver mais e voltar a estudar mesmo na idade adulta é possível os professores terem de trabalhar com adultos de diversas idades uma vez que podem estar inseridos na Educação Básica ou Ensino Superior e esses adultos também estarão vivenciando situações relativas a sua fase da vida JOSIANE PERES GONÇALVES 110 CONTEXTO EDUCAÇÃO Enfim embora não seja uma regra geral ou um padrão que deve ocorrer com todas as pessoas tentar entender melhor o que acontece com os seres hu manos nas diferentes fases do ciclo vital é importante porque a escola contribui com esse processo formativo e lida com pessoas o tempo todo sejam alunos professores funcionários da escola ou familiares Referências ABERASTURY Arminda KNOBEL Maurício Adolescência normal um enfoque psicanalítico Porto Alegre Artmed 2008 BEE Helen O ciclo vital Tradução Regina Garcez Porto Alegre Artmed 1997 BRASIL Lei n 8069 de 13 de julho de 1990 Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente Brasília CBIA 1990 Lei n 10741 de 1º de outubro de 2003 Dispõe sobre o Estatuto do Idoso Brasília CNDI 2003 CHAGAS Eva Regina Carrazoni Sexualidade e educação sexual In FERREIRA Berta Weil RIES Bruno Edgar Orgs Psicologia e educação desenvolvimento humano infância 3 ed Porto Alegre EDIPUCRS 2002 p 147169 V 1 FERREIRA Berta Weil Adolescência caracterização e etapas do desenvolvimento In FERREIRA Berta Weil RIES Bruno Edgar Orgs Psicologia e educação de senvolvimento humano adolescência e vida adulta 2 ed Porto Alegre EDIPUCRS 2003 p 1519 V 2 MOSQUERA Juan José Mouriño STOBÄUS Claus Dieter Vida adulta visão existen cial e subsídios para teorização Educação Porto Alegre n 5 p 94112 1982 PAPALIA Diane E OLDS Sally Wendkos FELDMAN Ruth Duskin Desenvolvimento humano 12 ed Porto Alegre Artmed 2013 PIAGET Jean O nascimento da inteligência na criança 4 ed Rio de Janeiro LTC Ed 1987 RODRIGUES Elaine Wainberg O adulto médio In FERREIRA Berta Weil RIES Bruno Edgar Orgs Psicologia e educação desenvolvimento humano adolescência e vida adulta 2 ed Porto Alegre EDIPUCRS 2003 p 135150 V 2 SANTOS Bettina Steren dos ANTUNES Denise Dalpiaz Vida adulta processos motiva cionais e diversidade Educação Porto Alegre ano XXX n 1 p 149164 janabr 2007 Recebido em 1192015 Aceito em 1º82016