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Farmácia ·
Microbiologia
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Texto Complementar Disciplina Microbiologia e Micologia Básica Professor Rafael Salgado COVID19 criou condições para emergência de superfungo no Brasil 21 de maio de 2021 Karina Toledo Agência FAPESP Unidades de Terapia Intensiva UTIs lotadas e equipes de saúde trabalhando no limite da exaustão física e mental Esse contexto de caos hospitalar imposto pela pandemia de COVID19 criou no Brasil condições ideais para a emergência da Candida auris microrganismo que ganhou a alcunha de superfungo pela rapidez com que desenvolve resistência aos principais medicamentos usados em seu combate Os dois primeiros casos confirmados em dezembro em um hospital de Salvador BA foram recentemente descritos no Journal of Fungi por um grupo de pesquisadores liderado por Arnaldo Colombo que coordena o Laboratório Especial de Micologia da Universidade Federal de São Paulo Unifesp O trabalho conta com apoio da FAPESP Já foram identificados outros nove casos no mesmo hospital entre colonizados quando o fungo está no organismo sem causar danos e infectados Embora ainda não exista registro desse agente em outros centros no país há motivos para preocupação estamos monitorando as características evolutivas de isolados de C auris de pacientes internados naquele hospital baiano e notamos que já há amostras exibindo menor sensibilidade ao fluconazol e às equinocandinas estas últimas pertencentes à principal classe de fármacos usada no tratamento de candidíase invasiva revela Colombo à Agência FAPESP Como explica o pesquisador os fungos do gênero Candida com exceção da C auris fazem parte da microbiota intestinal humana e só costumam causar problemas quando há um desequilíbrio no organismo O mais comum é o surgimento de infecções superficiais na mucosa da vagina candidíase ou da boca sapinho geralmente associadas à espécie C albicans Em alguns casos porém o fungo invade a corrente sanguínea e desencadeia um quadro de infecção sistêmica conhecido como candidemia semelhante ao da sepse bacteriana A invasão da corrente sanguínea e a resposta exagerada do sistema imune ao patógeno podem causar lesões em diversos órgãos e até mesmo levar à morte As evidências científicas apontam que quando a candidemia ocorre em pacientes infectados pela C auris até 60 não sobrevivem Essa espécie rapidamente se torna resistente a múltiplos fármacos sendo pouco sensível a produtos desinfetantes utilizados em centros médicos Dessa forma consegue persistir no ambiente hospitalar onde coloniza profissionais de saúde e posteriormente pacientes críticos que necessitam de internação prolongada a exemplo dos portadores de formas graves da COVID19 diz Colombo Diversos fatores tornam os pacientes infectados pelo SARSCoV2 alvos ideais para a C auris entre eles a internação prolongada o uso de sondas vesicais e cateteres para acesso venoso central uma porta de entrada para a corrente sanguínea corticoides que suprimem a resposta imune e antibióticos que desequilibram a microbiota intestinal O próprio vírus pode causar lesões na mucosa do intestino de pacientes com formas graves da COVID19 facilitando o acesso de patógenos à corrente sanguínea predispondo o paciente à candidemia afirma Colombo O pesquisador destaca que vários países estão relatando a emergência da C auris no contexto da COVID19 e alerta para a necessidade de intensificar as ações para controle de infecção hospitalar em todo o país bem como de promover o uso racional de medicamentos antimicrobianos em unidades de terapia intensiva Desde o início da pandemia antibióticos como a azitromicina têm sido amplamente prescritos a grande maioria das vezes sem qualquer necessidade Monitoramento A C auris foi isolada pela primeira vez no Japão em 2009 e só despertou a atenção da comunidade científica alguns anos depois quando surtos de candidemia causados por este agente começaram a aparecer em diversos países asiáticos e europeus Em 2016 o grupo da Unifesp descreveu no Journal of Infection a chegada da espécie nas Américas que se deu pela Venezuela Na sequência o superfungo foi identificado na Colômbia no Panamá e no Chile Em 2017 participamos de uma forçatarefa do Ministério da SaúdeAnvisa Agência Nacional de Vigilância Sanitária e elaboramos uma norma técnica o Comunicado de Risco Nº 012017 que alertava sobre os cuidados necessários para monitorar a possível chegada da C auris ao Brasil que se confirmou somente no fim do ano passado diz Colombo Desde esse momento a equipe do Laboratório Especial de Micologia da Unifesp vem monitorando a emergência de novos patógenos fúngicos em infecções de corrente sanguínea documentadas em diferentes centros médicos no país e até então a C auris não havia sido detectada Já foram descritas cinco diferentes linhagens clados de C auris no mundo Segundo Colombo a que foi isolada em Salvador é mais parecida com a original asiática do que com a encontrada na Venezuela e nos demais países sul americanos o que sugere ter havido uma segunda entrada independente do superfungo no continente Ou talvez tenhamos uma fonte local ambiental para esse agente visto que nenhum dos pacientes brasileiros apresenta histórico de viagem internacional ou contato familiar com tal histórico diz o pesquisador Todos os meses desde dezembro os pesquisadores da Unifesp recebem amostras da cepa isolada no hospital baiano e testam in vitro sua sensibilidade a fármacos antifúngicos Nesses ensaios expomos o microrganismo cultivado a concentrações progressivas de antifúngicos com o objetivo de determinar a menor dose do fármaco capaz de inativálo No caso da C auris presente em amostras recentemente isoladas em Salvador por exemplo é necessária uma concentração entre quatro e cinco vezes maior do que a usada para inativar o isolado cultivado em dezembro de 2020 conta Colombo Em parceria com pesquisadores dos Países Baixos o grupo da Unifesp está sequenciando o gene que confere resistência à C auris para avaliar se ele sofreu mutação nesse período O mecanismo de resistência da espécie não é por degradação enzimática como ocorre em muitos casos de bactérias resistentes a antibióticos O fungo desenvolve modificações estruturais nas proteínas em que o fármaco se liga para inibir a síntese de parede celular glucana sintase no caso de equinocandinas estrutura importante para a sua sobrevivência E estamos vendo esse fenômeno acontecer aqui no Brasil alerta Colombo Além de redobrar os cuidados com a higiene Colombo defende ser necessário neste momento aumentar a vigilância sobre patógenos suspeitos Confirmar a presença da C auris em uma amostra não é algo trivial e requer equipamentos específicos O mais usado é um espectrômetro de massas do tipo MALDITOF sigla em inglês para tempo de voo por ionização e dessorção a laser assistida por matriz bastante utilizado em análises de microbiologia mas nem sempre presente nos hospitais do Brasil Se a análise for feita por métodos automatizados convencionais a C auris pode ser confundida com outras espécies como C haemulonii ou C lusitaniae Por isso o ideal é que qualquer cepa de Candida que apresente resistência a fármacos seja enviada para análise em laboratório de referência afirma O artigo Emergence of Candida auris in Brazil in a COVID19 Intensive Care Unit pode ser lido em wwwmdpicom2309608X73220
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está no organismo sem causar danos e infectados Embora ainda não exista registro desse agente em outros centros no país há motivos para preocupação estamos monitorando as características evolutivas de isolados de C auris de pacientes internados naquele hospital baiano e notamos que já há amostras exibindo menor sensibilidade ao fluconazol e às equinocandinas estas últimas pertencentes à principal classe de fármacos usada no tratamento de candidíase invasiva revela Colombo à Agência FAPESP Como explica o pesquisador os fungos do gênero Candida com exceção da C auris fazem parte da microbiota intestinal humana e só costumam causar problemas quando há um desequilíbrio no organismo O mais comum é o surgimento de infecções superficiais na mucosa da vagina candidíase ou da boca sapinho geralmente associadas à espécie C albicans Em alguns casos porém o fungo invade a corrente sanguínea e desencadeia um quadro de infecção sistêmica conhecido como candidemia semelhante ao da sepse bacteriana A invasão da corrente sanguínea e a resposta exagerada do sistema imune ao patógeno podem causar lesões em diversos órgãos e até mesmo levar à morte As evidências científicas apontam que quando a candidemia ocorre em pacientes infectados pela C auris até 60 não sobrevivem Essa espécie rapidamente se torna resistente a múltiplos fármacos sendo pouco sensível a produtos desinfetantes utilizados em centros médicos Dessa forma consegue persistir no ambiente hospitalar onde coloniza profissionais de saúde e posteriormente pacientes críticos que necessitam de internação prolongada a exemplo dos portadores de formas graves da COVID19 diz Colombo Diversos fatores tornam os pacientes infectados pelo SARSCoV2 alvos ideais para a C auris entre eles a internação prolongada o uso de sondas vesicais e cateteres para acesso venoso central uma porta de entrada para a corrente sanguínea corticoides que suprimem a resposta imune e antibióticos que desequilibram a microbiota intestinal O próprio vírus pode 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lusitaniae Por isso o ideal é que qualquer cepa de Candida que apresente resistência a fármacos seja enviada para análise em laboratório de referência afirma O artigo Emergence of Candida auris in Brazil in a COVID19 Intensive Care Unit pode ser lido em wwwmdpicom2309608X73220