4
Logística
UNIP
49
Logística
UNIP
4
Logística
UNIP
53
Logística
UNIP
43
Logística
UNIP
54
Logística
UNIP
45
Logística
UNIP
73
Logística
UNIP
57
Logística
UNIP
4
Logística
UNIP
Texto de pré-visualização
91 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA Unidade III 7 A PEDAGOGIA DA EXCLUSÃO IMAGENS E REPRESENTAÇÕES DO NEGRO NO BRASIL Após um tópico no qual procuramos em traços muito gerais recontar um pouco da história a partir da perspectiva dos africanos e seus descendentes esperamos ter esclarecido quantas dificuldades essa população enfrentou e ainda enfrenta para romper com sua condição de desigualdade e subordinação em relação aos brancos Os estereótipos foram lentamente sendo construídos com base em uma ideologia que procurava reforçar a ideia de que o país precisava passar necessariamente pelo processo de branqueamento a fim de se igualar ao modelo liberal que pregava as máximas da Revolução Francesa Liberdade Igualdade Fraternidade Nesse sentido era preciso apagar tudo o que remetia ao nosso passado negro segundo nos conta Schwarcz 2001 pp 4849 Em 14 de dezembro de 1890 Rui Barbosa então ministro das Finanças ordenou que todos os registros nacionais fossem apagados em meio a um duplo ato falho afinal o ministro teria dito que pretendia apagar nosso passado negro Se a empreitada não teve sucesso absoluto o certo é que procurava dissimular um determinado passado e que o presente significava um começo a partir do zero Assim Quanto mais branco melhor quanto mais claro superior Aí está uma máxima difundida que vê no branco não só uma cor mas também uma qualidade social Conforme o conflito passa para o terreno subentendido fica cada vez mais complicado desvendar o problema Ao contrário ele se esconde nas brechas do cotidiano cuja decodificação é no mínimo passível de dúvidas O que a autora aponta nessa citação Que está posto portanto o mito da democracia racial fazendo com que o nosso racismo se torne cada vez mais escamoteado escondido escorregadio nas relações sociais e étnicoraciais no Brasil isto é uma ideologia cada vez mais difícil de se detectar desvendar e decodificar segundo afirma Schwarcz 71 Imagens e representações do negro na literatura na mídia e na escola a trilha do círculo vicioso São incontáveis as pesquisas realizadas pela comunidade acadêmica sobre o tema proposto neste subtópico as imagens e representações do negro nos diversos âmbitos da vida social Assim vamos 92 Unidade III fornecer um rápido panorama dessa produção visando apenas a abrir algumas janelas para que cada aluno desenvolva suas próprias pesquisas no futuro Importa destacar inicialmente que os resultados do processo de construção da ideologia do branqueamento continuam a marcar as imagens e representações feitas sobre o negro seja na mídia na literatura ou no ambiente escolar Comecemos analisando mais de perto como a literatura apresenta essa questão Há um estudo realizado por Lúcia Barbosa 2004 que analisa a imagem do negro presente nas personagens de algumas obras da literatura brasileira Apenas para tomarmos um exemplo a autora ao estudar os textos de Monteiro Lobato conclui que seus livros trazem uma visão extremamente preconceituosa sobre o negro apesar de terem sido escritos após a abolição da escravidão Essa é uma crítica corrente entre os estudiosos e militantes do movimento negro que veem nos textos de Monteiro Lobato a reprodução dos estereótipos do negro como submisso e subserviente visto que embora liberto não poderia sobreviver sem a tutela do senhor pois era hereditariamente predisposto ao trabalho servil e desprovido de qualquer autonomia enquanto pessoa Barbosa p 56 além disso em suas descrições físicas de negros os traços africanos se comparam muito aos de animais fato que inclusive foi objeto de fortes críticas a um de seus livros escolhido pelo MEC para ser distribuído aos alunos da rede pública O parecer foi dado no final de 2010 pelo Conselho Nacional de Educação CNE a respeito do livro Caçadas de Pedrinho proibindo sua distribuição nas escolas públicas do país Nesse sentido as conclusões daquela autora nos trazem elementos interessantes para essa análise Barbosa 2004 p 56 Não nos surpreende portanto a per manência dos estereótipos citados em nossos dias a literatura encarregouse de agregálos à figura do negro Talvez por isso considera mos naturais algumas atitudes piadas e ditos populares de cunho preconceituoso Derivam dessas ideias cristalizadas no âmbito da nossa sociedade os pretos de alma branca e muitos outros que se perpetuaram e criaram raiz em nossa sociedade historicamente racista Como vimos a literatura respeitadas as exceções implantou difundiu e materializou pedagogicamente fortes mecanismos de exclusão social na tentativa de escamotear as nuanças Assim se a literatura clássica brasileira ajudou a manter intactos os estereótipos de cunho racista com a mídia atual não é diferente De acordo com Araújo 2008 quando se observa as personagens na televisão interpretadas por negros percebese uma reprodução dos papéis tradicionais de subserviência e servidão elas ocupam posições subalternas próprias daqueles que estão numa escala inferior da hierarquia social Araújo destaca ainda que tais representações acabam sendo internalizadas pelos próprios negros num processo bem sucedido de aceitação passiva Barbosa 2004 p 984 93 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA No entanto o inconsciente racial coletivo brasileiro não acusa nenhum incômodo em ver tal representação da maioria do seu próprio povo e provavelmente de si mesmo na televisão ou no cinema A internalização da ideologia do branqueamento provoca uma naturalidade na produção e recepção dessas imagens e uma aceitação passiva e concordância de que esses atores realmente não merecem fazer parte da representação do padrão ideal de beleza do país Um autor que explicou muito bem como se dão esses processos foi Helio Santos 2001 Em seu livro A busca de um caminho para o Brasil a trilha do círculo vicioso ele defende a ideia de que o racismo no Brasil ocorre segundo uma metáfora a da centopeia de duas cabeças Imagine a pequena lacraia que em vez de ter a cabeça de um lado e rabo de outro teria então duas cabeças sendo uma a do branco e outra a do negro Vamos explicar melhor o raciocínio com as palavras do próprio autor Santos 2001 p 148149 A centopeia é um bicho conhecido também pelo nome de lacraia e costuma ser inofensivo A inovação que a nossa teoria traz à anatomia desse bichinho é incluir outra cabeça onde deveria estar seu rabo Com duas cabeças imaginamos que ela possa moverse em sentidos opostos Usamos essa alegoria para poder explicar o que se dá no campo racial em nosso país Em um sentido a sociedade fortalecida pelos meios de comunicação destila seu racismo e constrói os seus preconceitos contra os negros e seus valores Os valores do negro são a sua cultura Em um sentido contrário temos o próprio negrodescendente vindo e assumindo em sua cabeça como se fosse verdade aquelas ideias armadas contra si Se lembrarmos daquilo que já colocamos nas unidades anteriores de que os negros correspondem a mais de 50 da população brasileira atualmente não é difícil compreendermos que como integrante da sociedade civil mesmo não fazendo parte da sociedade dominante os negrodescendentes também colaboram na visão corrente em nossa sociedade ao mesmo tempo em que passam a introjetar contra si aspectos desfavoráveis Hélio Santos tem certeza em afirmar que se trata de uma monumental contradição 2001 p 149 e por isso um processo não tão simples de ser compreendido como já deve ter sido percebido Em primeiro lugar a sociedade que discrimina a população de ascendência negra se supõe brancoeuropeia Contudo não o é Em segundo lugar essa sociedade discriminadora é marcadamente negra em termos culturais Vive consome e tem internalizados em sua cultura valores negros Estranho não Flagramos agora uma ironia peculiar da terrabrasilis aqui os brancos ou supostos quando agridem os negros ofendem a si mesmos Isso porque eles também são meio negrosmeio brancos curtindo e vivenciando a cultura negra Santos 2001 p 149 94 Unidade III Exemplo de aplicação Esperamos que nesse ponto da leitura você já tenha conseguido fazer conexões entre o que este autor está nos dizendo e tantos outros aspectos de igual importância já tratados anteriormente neste livrotexto como o mito da democracia racial o racismo à brasileira e nossas heranças do passado colonial português Como sugestão faça uma retrospectiva dos conteúdos e tire suas primeiras conclusões Baseados nessas concepções podemos dizer que somos historicamente mestiços Para compreender essa ideia basta pensarmos onde poderíamos verdadeiramente encontrar um brancoeuropeupuro Se a própria história de conquistas e revoluções ocorridas nos últimos milênios na Europa é fruto de intensa miscigenação talvez possamos até dizer que o povo mais mestiço da terra seja o próprio europeu É possível acreditar que essa verdade histórica da miscigenação europeia foi apagada de maneira tão eficaz e definitiva E mais grave ainda que nós em especial os brasileirosbrancos tenhamos uma percepção absolutamente imaginária e ilusória de que somos de alguma forma descendentes de uma linhagem europeia pura Tratase de um engano tão cristalizado e enraizado em nossa cultura de povo colonizado que já tomou ares de verdade É preciso atentar de uma vez por todas para o fato de que não podemos separar os seres humanos em brancos negros amarelos etc Historicamente e geneticamente somos o resultado da infinita mistura de uma única raça a raça humana Portanto como já afirmamos outras vezes ao longo deste livrotexto as diferenças são construídas social e politicamente ou seja são fruto do processo identitário Assim se construímos para nós uma cultura hierarquizada e dividida imaginariamente entre brancos negros e índios estamos marchando contra nós mesmos visto que somos todos um pouco branco um pouco negro um pouco índio e assim por diante Esse é o sentido da centopeia de duas cabeças da qual falava Helio Santos É como se todas as cabeças pensassem num único sentido contra nós mesmos Outra forma de compreendermos a configuração desse racismo à brasileira é por meio da teoria de Pierre Bourdieu sociólogo francês a respeito do que ele denominou violência simbólica Bourdieu entende os mecanismos sutis de dominação social utilizados por indivíduos grupos ou instituições e impostos sobre outros Nesse sentido por meio da violência simbólica a construção da identidade brasileira se enraíza na interiorização por todos os brasileiros todos mestiços afinal de normas enunciadas pelos discursos dos estrangeiros que nos colonizaram tipificado pelo brancohomemeuropeucapitalista Explicando melhor seria assumir o universo simbólico de outro sem perceber que essa transferência foi feita na forma de uma dominação no plano simbólico Para o autor na escola também se realiza a violência simbólica quando esta passa a tratar como iguais indivíduos que são desiguais isto é procura encobrir as diferenças de raça cor classe origem etc dando a todos os alunos um único tratamento favorecendo assim aqueles que já estão na condição de favorecidos apud Chartier 1995 p 40 95 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA A ênfase deve assim ser colocada sobre os dispositivos que asseguram a eficácia desta violência simbólica que como escreveu Pierre Bourdieu 1989 só triunfa se aquelea que a sofre contribui para a sua eficácia ela só o submete na medida em que ele ela é predisposto por um aprendizado anterior a reconhecêla Desta forma podemos afirmar que os estereótipos a respeito do negro na escola também são alimentados por atitudes cotidianas tanto por parte dos alunos quanto dos professores funcionários diretores e todos os envolvidos no processo escolar independentemente de serem brancos ou negros O que Bourdieu advoga é que a interiorização desses discursos dominantes é um longo processo de aprendizado que uma vez absorvido pelos grupos desfavorecidos como no nosso caso todos nós brasileiros exerce então a eficácia dessa violência simbólica ou seja é capaz de manter cada coisa em seu lugar e cada lugar com sua coisa segundo já estudamos com DaMatta 1987 Imaginemos o exemplo de uma professora que sempre prioriza sua atenção às alunas mais bonitas da classe subentendendose aqui as mais ricas arrumadas comportadas bem vestidas perfumadas e geralmente mais brancas e loiras São elogios ao novo corte de cabelo a um novo sapato ou celular ou a uma tarefa bem realizada Observação Pensemos um pouco e todos teremos exemplos dessa natureza para contar ao longo de nossa trajetória escolar São essas imagens e representações que muitas vezes o professor traz de maneira inconsciente para sua prática cotidiana em sala de aula e que colabora para a reprodução de estereótipos impedindo portanto a igualdade racial na escola Além disso temos o desafio das professoras afrodescendentes que não reconhecem sua origem étnicoracial Por que isso acontece Porque uma criança negra por exemplo que assiste a essas cenas cotidianamente percebe e interioriza a mensagem transmitida pelas atitudes da professora não estou sendo elogiada pois não sou tão bonita não tenho um corte de cabelo tão bonito não estou tão bem vestida não sou tão inteligente isto é esses estereótipos vão sendo assimilados como verdades pela criança que é vítima dessa violência simbólica ao ponto de quando crescer um pouco querer alisar seus cabelos e pintálos de loiro por exemplo reproduzindo então os discursos construídos anteriormente a partir de um referencial branco A esse respeito comenta Menezes apud Miranda 2010 p 15 A criança negra poderá incorporar esse discurso e sentirse marginalizada desvalorizada e excluída sendo levada a falso entendimento de que não é merecedora de respeito ou dignidade julgandose sem direitos e possibilidades Esse sentimento está pautado pela mensagem transmitida às crianças de que para ser humanizado é preciso corresponder às expectativas do padrão dominante ou seja ser branco 96 Unidade III Perceba que não é somente a criança negra quem incorpora esse discurso pautado por uma referência branca e portanto não brasileira Todos nós em alguma medida temos muita dificuldade em nos definirmos por nossa cor afinal não podemos dizer que somos nem brancos puros nem negros puros nem totalmente brancos nem totalmente negros Mas já vimos que a realidade e a estrutura social e econômica que ela nos impõe se encarrega de deixar muito claro o que significa nos fazermos brancos ou negros Ou seja construirmos ou assumirmos nossa identidade étnicoracial significa também ocuparmos ou não o lugarsocial status social reservado a cada um dos grupos étnicos conforme comprovado por tantos dados estatísticos na unidade I Outra pesquisadora que tornou esse raciocínio muito claro foi Eliane Cavalleiro quando estudou a Discriminação Racial e Pluralismo nas Escolas Públicas da Cidade de São Paulo 2005 A certa altura de seu artigo a autora nos traz a seguinte situação Márcia é uma menina negra porém se autoclassifica como morena Ela ao afirmar não querer ser negra evidencia que tal recusa está ligada ao fato de as crianças negras por terem tal pertencimento racial serem vítimas de xingamentos e ofensas Portanto a fala de Márcia mostra que a vivência de tais conflitos pode dificultar a construção da identidade racial pela via do reconhecimento de seu pertencimento racial Cavalleiro 2005 p 88 Retomando Bourdieu a violência simbólica só é eficaz quando aquele que a sofre interioriza e reproduz os discursos dominantes ou seja a violência simbólica é eficaz quando contribui para manter atitudes de submissão É o que aconteceu com a garotinha do nosso exemplo 72 O processo de construção da identidade na infância e na juventude a igualdade jurídica em meio a uma sociedade hierárquica Após esta incursão por um emaranhado conceitual de complexidade sem dúvida reveladora podemos perceber que não deveria haver no Brasil qualquer visão dicotômica das relações étnicoraciais A teoria do círculo vicioso ou da centopeia de duas cabeças de Helio Santos certamente nos elucidou em que medida esses processos obedecem a um dinamismo complexo que intencionalmente produz e reproduz o racismo na cultura brasileira Portanto não é possível compreender essa questão por meio de um raciocínio bipolarizado afinal não somos uma sociedade de brancos puros e de negros puros A melhor opção para elucidar essa trilha do círculo vicioso do racismo no Brasil seria pensarmos numa série de aspectos que se entrecruzam e se autodeterminam dando o tom da especificidade do nosso racismo e ao mesmo tempo colaborando para sua perpetuação Mais uma vez é Helio Santos quem nos ajuda a elucidar esta concepção Santos 2001 p 30 O mais grave contudo é saber que no Brasil o apartheid se mantém precisamente por ser na realidade do tipo que é Isto é aqui o abismo que separa os privilegiados dos demais vem se perpetuando ao longo do tempo em virtude das mazelas sociais recaírem sempre sobre a mesma maioria A insensibilidade para a gravidade do problema decorre muito 97 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA desse particular aspecto A causa verdadeira dessa política quase todos negam é o racismo É por isso que se diz que aqui temos uma pobreza cristalizada Isto é dura antiga difícil de quebrar pois foi construída ao longo de muitos séculos Para que se compreenda a complexidade do que estamos tratando vamos investigar agora como se dão os processos identitários segundo a perspectiva das ciências sociais para então passarmos a entender como ocorre essa construção entre crianças e adolescentes brasileiros dos quais falávamos há pouco Figura 28 Disponível em httpsurx1comz6f61 Acesso em 15 ago 2023 Pensando do ponto de vista das ciências sociais precisamos considerar que o conceito de identidade só pode ser entendido em sua intersecção com dois outros conceitos os de grupo social e cultura Quando uma pessoa nasce encontra uma série de traços culturais presentes em seu grupo familiar e social que já existiam segundo uma determinada ordem ou lógica antes de sua chegada Aos poucos essa criança vai percebendo o mundo que a rodeia passa a compreender suas regras linguagens hábitos proibições etc e também é capaz de interiorizar alguns desses elementos culturais no processo de sua constituição como indivíduo sujeito de sua própria identidade Esse processo denominado pelas ciências sociais de socialização ou endoculturação tem por base a educação realizada formal ou informalmente por indivíduos que integram os grupos sociais de pertença daquela criança Laraia 2008 Kemp 2009 A partir de certo momento de sua vida esse indivíduo pode negociar com essas limitações descritas anteriormente uma vez que a cultura é algo dinâmico Isso significa que cabe a cada um selecionar entre as coisas previamente dadas pelo ambiente social aquilo que para ele faz maior ou menor sentido ou seja é preciso a cada momento ressignificar experiências relações representações enfim todas as situações cotidianas Kemp 2009 p 6566 98 Unidade III as experiências cotidianas nunca cessam de proporcionar situações que nos demandam escolhas e posicionamentos em relação a condutas e valores tanto os pessoais como os alheios Nós e os outros os semelhantes e os diferentes as noções que construímos socialmente de igualdade e diferença são a moeda de jogo de construção das identidades É nesse sentido que deixamos de pensar a cultura como algo estático e dotado de uma essência acabado e final para assumirmos a perspectiva do movimento incessante de diálogo e interrelação entre os sujeitos bem como da importância do respeito às diferenças necessários à construção identitária e às trocas simbólicas realizadas Também já afirmamos há pouco que não se trata de uma concepção dualista da construção identitária como se houvesse de um lado os brancos e de outro os negros A construção da identidade brasileira precisa passar necessariamente pela realidade da miscigenação e da constituição de nossa cultura a partir de nossas raízes negras indígenas e europeias ao mesmo tempo e em igual relevância é importante que se diga Lembrete Sabemos que essas não são teorias simples mas você já deve ter estudado tais conceitos em suas disciplinas introdutórias de Ciências Sociais nos primeiros semestres de seu curso Então após essa breve revisão podemos adentrar na questão específica da construção da identidade negra Universidade Federal de São Carlos 2004b p 45 Munanga 2003 considera que a identidade negra não surge da tomada de consciência de uma diferença na cor da pele Ela resulta conforme o autor de um longo processo histórico que se inicia com a chegada dos navegantes portugueses ao continente africano Dito de outra forma o processo de colonização e escravização do continente africano e de seus povos é o contexto histórico no qual devemos pensar a construção da chamada identidade negra no Brasil A identidade negra é entendida aqui como um processo construído historicamente em uma sociedade que padece de um racismo ambíguo e do mito da democracia racial Como qualquer processo identitário ela se constrói no contato com o outro na negociação na troca no conflito e no diálogo ser negro no Brasil é tornarse negro Para que seja possível entender o que significa tornarse negro segundo essa perspectiva é preciso considerar que a identidade se constrói no plano simbólico isto é no conjunto de significações valores crenças e gostos que vão sendo assumidos em uma relação com os outros relações estas permeadas por estereótipos raciais preconceitos e desigualdades conforme temos trabalhado até este ponto da disciplina 99 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA Daí a enorme dificuldade enfrentada por crianças e adolescentes brancos e negros brasileiros para construírem sua identidade numa sociedade tão paradoxal em que as leis lhes garantem igualdade de direitos e oportunidades mas cujas relações sociais revelam uma estrutura claramente hierarquizada e encharcada com um racismo às escondidas negado e escamoteado como já afirmamos algumas vezes Como educadores ou profissionais da saúde por exemplo cabenos o papel de mudar esse contexto propiciando um ambiente escolar ou institucional de respeito às diferenças e desenvolvendo uma prática condizente com os valores de justiça e equidade étnicoracial Esse será o assunto do último tópico Saiba mais A construção da identidade negra não é uma trajetória fácil para crianças e adolescentes tampouco para professores coordenadores e para toda a comunidade escolar Vimos que muitas vezes o primeiro entrave é reconhecerse enquanto negro e assim colocarse nesse lugar tão desfavorável socialmente Pensando nisso sugerimos uma série de músicas que também podem ser utilizadas como ferramentas pedagógicas visando à reflexão questionamento e crítica de cada um dos envolvidos nesse complexo processo A música ao nosso ver por ser uma linguagem que esbarra na esfera das emoções pode servir de elemento de sensibilização tanto em sala de aula quanto em reuniões pedagógicas e empresariais ou até mesmo em sessões de terapia por exemplo Essas são apenas algumas sugestões BALEIRO Z Canção pra ninar um neguim Intérprete Zeca Baleiro In Concerto São Paulo Saravá Discos 2014 CD Faixa 4 BOSCO J O mestresala dos mares Intérprete João Bosco In Novo Millennium São Paulo Universal Music 2005 CD Faixa 4 BUARQUE C Não existe pecado ao sul do equador Intérprete Chico Buarque In Ao vivo Paris Paris BMG 1990 CD Faixa 16 CANDEIA Dia de graça Intérprete Candeia In Mestres da MPB São Paulo WEA 1992 CD Faixa 1 CAYMMI D PINHEIRO P C Estrela da Terra Intérprete Nana Caymmi In Mudança dos Ventos São Paulo EMI 1980 CD Faixa 7 CAYMMI D Retirantes Intérprete Dorival Caymmi In Novo Millennium Dorival Caymmi São Paulo Universal 2005 CD Faixa 1 100 Unidade III CAYMMI D PINHEIRO P C Flor da Bahia Intérprete Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro In Brazilian Serenata São Paulo Warner Music 1991 CD Faixa 7 CONTINO G Lavagem cerebral Intérprete Gabriel o Pensador In Gabriel o Pensador Rio de Janeiro Sony Music 1993 CD Faixa 5 DUARTE M PINHEIRO P C O canto das três raças Intérprete Clara Nunes In Brasil de A a Z Clara Nunes 2007 CD Faixa 1 GARFUNKEL J GARFUNKEL P Cruzeiro do Sul Intérprete Renato Braz In Outro Quilombo São Paulo Atração 2002 CD Faixa 12 GIL G A Mão da limpeza Intérprete Gilberto Gil In Raça Humana São Paulo Warner Music 1984 CD Faixa 9 GONZAGA L TEIXEIRA H Assum preto Intérprete Luiz Gonzaga In Volta pra curtir ao vivo São Paulo Sony Music 2006 CD Faixa 6 NASCIMENTO JÚNIOR L G É Intérprete Gonzaguinha In Corações Marginais Rio de Janeiro MolequeWEA 1988 Faixa 5 PEREIRA P P S Negro drama Intérprete Racionais Mcs In Nada como um dia após o outro São Paulo Unimar Music 2002 CD Faixa 5 SOARES E A carne Intérprete Elza Soares In Do coccix até o pescoço São Paulo Tratore Maianga 2002 CD Faixa 6 SILVA B Preconceito de cor Intérprete Bezerra da Silva In Justiça social São Paulo BMG 1987 CD Faixa 11 VELOSO C GIL G Haiti Intérprete Caetano Veloso In Noites do Norte ao vivo São Paulo Universal Music 2002 CD Faixa 6 Para que se possa perceber as possibilidades pedagógicas dessas canções sugerimos que seja feita uma busca na internet sobre as letras das composições tendo em vista promover a interpretação e análise a reflexão e a sensibilização no tocante às questões étnicoraciais e da africanidade no Brasil 101 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA 8 IDENTIDADE INTERAÇÃO E DIVERSIDADE POR UMA EDUCAÇÃO CIDADÃ Conforme aludimos no tópico anterior a identidade é um processo construído a partir da interação entre os sujeitos que na contraposição de suas diferenças e no respeito a essa diversidade atribuem significados ao universo simbólico que passa a compor sua visão de mundo influindo em suas escolhas e nos caminhos que irá percorrer Uma importante professora Ronilda Iyakemi Ribeiro a partir de suas análises da tese de Helio Santos sobre a qual tratamos no item anterior afirmou o seguinte RIBEIRO 1998 p 64 Às implicações do rebaixamento da autoestima nas esferas de poder econômico político e social têm sido dada importância inferior à merecida autoestima rebaixada e autoimagem negativa inibem qualquer movimento reivindicatório seja no âmbito intelectual seja no afetivo Príncipes encantados em sapos creemse capazes apenas de coaxar até que se quebre o encantamento e seja então possível reapropriarse da realeza Por exemplo a força advinda da reapropriação dos valores de origem certamente propicia a passagem do medo e vergonha de não ser branco ao orgulho de ser negro e estimula o impulso de reivindicação de direitos humanos entre os quais os de cidadania daí a importância de pensarmos o uso de recursos que possibilitem a ressignificação de conceitos como negro África africanos de modo a transformar no imaginário coletivo representações negativas em positivas Na vida da criança e do jovem a escola certamente será um desses caminhos que deverão ser percorridos para a construção de si até que se tornem sujeitos autônomos e capazes de fazer sua própria história Sendo assim uma das principais figuras nessa mediação é o professor cujo trabalho exige persistência e intencionalidade bem como a opção por valores éticos Somente assim se poderão realizar ações educativas que promovam a igualdade racial no ambiente escolar e favoreçam aos alunos o reconhecimento de sua origem étnicoracial e a construção saudável e feliz de sua identidade negra 81 Diversidade livro didático e currículo desafios para a prática educativa Desenvolver um trabalho pedagógico ou profissional que leve em conta a diversidade étnicoracial e cultural é uma das tarefas mais difíceis a serem enfrentadas pela escola e pelas instituições brasileiras Todos os envolvidos no processo educacional precisam estar atentos para a desconstrução de estereótipos de raçacor para a desmistificação dos mitos raciais existentes na sociedade brasileira e para a demonstração prática em suas atitudes com os alunos de relações não discriminatórias e equitativas em sala de aula Além disso atentemos para o fato de que em muitos momentos os próprios funcionários professores e coordenadores afrodescendentes não se percebem enquanto negros mas veem a si mesmos como brancos Nesse sentido um importante instrumento utilizado por professores e alunos para colaborar com o aprendizado é o livro didático Em muitas comunidades ele é a única fonte de leitura dos alunos e de sua família dada a escassez de livros e revistas em algumas classes sociais e regiões do país Em certos casos 102 Unidade III tornase também a única referência para o professor no preparo de sua aula e das atividades didáticas que irá realizar com seus alunos Figura 29 Disponível em httpsurx1comz6f61 Acesso em 15 ago 2023 Inúmeras pesquisas têm sido produzidas pelas universidades no sentido de verificar de que forma os livros didáticos abordam a questão das diversidades sejam as de gênero étnicoraciais socioculturais religiosas de papéis sociais profissões etc Os resultados demonstram que a maioria dos livros didáticos trazem uma representação muito simplificada dos fatos históricos acabando por estigmatizar ou caricaturar segmentos sociais como mulheres negros pessoas idosas e trabalhadores por exemplo Essa simplificação colabora também no reforço de estereótipos assunto que já abordamos fartamente nos tópicos anteriores Além da questão da simplificação outro grande problema dos livros didáticos é a invisibilidade desses segmentos sociais desfavorecidos que aparecem representados no conjunto dos conteúdos didáticos numa relação desproporcional àquela existente na sociedade brasileira Explicando de outro modo basta observamos em um livro didático quantas figuras aparecem de homens de mulheres de brancos de negros É fácil verificar que mulheres homens negros pobres ou pessoas idosas aparecem numa proporção muito menor que homens brancos e provenientes da classe média o que traz um problema para as crianças que consomem esse material a falta de representatividade negra ou de figuras de pessoas negras desempenhando os mais diversos papéis sociais por exemplo faz com a criança afrodescendente não tenha parâmetros de igualdade e diversidade para a construção de sua identidade étnicoracial Como ilustração observe nas fotografias a seguir como é fácil para uma criança branca se imaginar em profissões socialmente valorizadas como médico ou engenheiro mas o mesmo não é verdade para as crianças afrodescendentes uma vez que não encontram nem nos livros didáticos nem no meio social em que vivem pessoas negras ocupando tais cargos e que possam servir de referência no processo de construção da identidade afrodescendente na infância conforme já abordamos no tópico anterior 103 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA Figura 30 Disponível em httpsl1nqcommUREW Acesso em 15 ago 2023 Figura 31 Disponível em httpsury1comyY5EV Acesso em 15 ago 2023 Vejamos o que Silva 2005 p 22 afirma A invisibilidade e o recalque dos valores históricos e culturais de um povo bem como a inferiorização dos seus atributos adscritivos através de estereótipos conduz esse povo na maioria das vezes a desenvolver comportamentos de autorrejeição resultando em rejeição e negação dos seus valores culturais e em preferência pela estética e valores culturais dos grupos sociais valorizados nas representações 104 Unidade III Observação Esperase que esteja claro nesse momento que todos os problemas conceitos e teorias expostos nos diversos tópicos deste livrotexto mantêm entre si uma relação constante e não podem portanto ser compartimentalizados Procure pensar de maneira complexa integrada e multifocada ou seja considerando em cada situação ou análise uma variedade de aspectos fenômenos causas e explicações que se complementem e se cruzem para uma compreensão da realidade segundo a perspectiva da diversidade cultural e das relações étnicoraciais Devido a todas essas conclusões das pesquisas realizadas é que as professoras e professores não podem se manter passivos na utilização dos livros didáticos ao contrário podem trabalhar ativamente na desconstrução de estereótipos na representatividade de todos os segmentos sociais e na valorização das diversidades étnicoraciais Outra importante discussão a ser feita para uma educação para a igualdade racial é a relação entre o currículo e a diversidade Como educadores precisamos estar sempre alertas para o fato de que os currículos são fruto de escolhas políticas debates calorosos e que compete a nós incluir ou excluir assuntos disciplinas ou aspectos que servem ou não ao propósito de formação da criança e do jovem O poder público brasileiro já reconheceu a partir das Leis 106392003 e 116452008 que há a necessidade urgente de incluir de uma vez por todas em nossos currículos a problemática das relações étnicoraciais por meio do estudo da História e da Cultura Africana Afrobrasileira e Indígena em todos os níveis escolares chegando também à formação universitária dos professores Acreditamos que já argumentamos o suficiente nas páginas deste texto a respeito da importância dessa mudança nos currículos para a promoção de uma sociedade que respeite as diferenças e garanta a todos os seus cidadãos as mesmas condições e oportunidades Universidade Federal de São Carlos 2004b p 7 Nesse sentido se quisermos compreender a complexa trama entre diversidade cultural e currículo teremos que enfrentar o debate sobre as desigualdades sociais e raciais em nosso país Teremos que entender o que é a pobreza e como ela afeta de maneira trágica a vida de uma grande parcela da população E ainda deveremos refletir sobre o fato de que ao fazermos um recorte étnicoracial veremos que as pessoas negras e pobres enfrentam mais e maiores preconceitos e dificuldades em nosso país Isso nos obriga a nos posicionar politicamente dentro desse debate e construir práticas efetivas e democráticas que transformem a trajetória escolar dos nossos alunos e alunas negros e brancos em uma oportunidade ímpar de vivência aprendizado reconhecimento respeito às diferenças e construção de autonomia 105 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA Para terminar este subtópico gostaríamos apenas de enfatizar é imperativo que cada um dos envolvidos no processo educacional brasileiro a começar pelos professores é claro mas também os coordenadores diretores gestores e administradores do poder público e do setor privado tomem uma decisão política pela igualdade nas relações étnicoraciais A partir da instituição da Lei 106392003 todos esses agentes estão convocados a instituir mudanças estruturais no ensino abarcando a reformulação dos currículos dos projetos pedagógicos dos planos de aula de materiais didáticos e paradidáticos enfim de toda a prática educativa de modo geral a fim de promover o reconhecimento o respeito e a garantia das diversidades culturais e de forma especial da população afrodescendente no Brasil 82 Escola e a promoção da igualdade racial estratégias e possibilidades Neste último subtópico do livrotexto pretendemos indicar algumas estratégias especialmente ao professor que demonstrem de maneira bastante prática como podemos de fato realizar uma educação cidadã livre de racismos dos estereótipos e de qualquer forma de discriminação Além das mudanças no sistema de ensino por meio de revisões curriculares nos planejamentos aulas e materiais pedagógicos de toda sorte cabe também a todos os agentes do processo de aprendizagem se colocarem mais próximos da realidade sociocultural de seus alunos Isso significa conhecer a comunidade escolar seu perfil socioeconômico o entorno da escola os principais problemas do bairro da cidade bem como as principais manifestações culturais da comunidade arte música religiosidade e outros aspectos que aproximem os educadores dos alunos e de seus familiares Figura 32 São inúmeras também as pesquisas realizadas a esse respeito mostrando que quando a escola se coloca ao lado da comunidade os projetos pedagógicos acontecem de maneira mais tranquila efetiva e os objetivos traçados são atingidos com maior sucesso Um bom exemplo é o artigo de Silva 2003 p 2728 no qual a autora sugere aos professores algumas estratégias bastante úteis para uma mudança de paradigma a partir da compreensão e aplicação do que sabemos sobre africanidades brasileiras Segundo Silva os professores devem 106 Unidade III buscar conhecer as concepções prévias de seus alunos a respeito do estudado ouvindoos falar sobre elas ajudar os alunos a compreender que ninguém constrói sozinho as concepções a respeito de fatos fenômenos pessoas que as concepções resultam do que ouvimos outras pessoas dizerem resultam também de nossas observações e estudos lançar desafios para que os alunos ampliem eou reformulem suas concepções prévias incentivandoos a pesquisar debater trocar ideias argumentando com ideias e dados incentivar a observação da vida cotidiana observações no contexto da sala de aula a elaboração de conclusões a comparação entre concepções construídas tanto a partir do senso comum como a partir do estudo sistemático Em se tratando de Africanidades Brasileiras é preciso acrescentar que os professores devem combater os próprios preconceitos os gestos de discriminação tão fortemente enraizados na personalidade dos brasileiros desejando sinceramente superar sua ignorância relativamente à história e à cultura dos brasileiros descendentes de africanos devem organizar seus planos de trabalho as atividades para seus alunos que os levem a pôr a mão na massa sempre informados e apoiados pelos mais experientes Dizendo de outra maneira aprender realmente o que se vive e muito pouco sobre o que se ouve falar Para concluir a autora resume em três pontos os princípios da pedagogia antirracista a saber respeito reconstrução do discurso pedagógico e estudo da recriação das diferentes raízes da cultura brasileira Também contribui com as disciplinas específicas como música e dança matemática psicologia sociologia educação física história literatura e língua portuguesa sugerindo práticas que cada um desses professores especialistas podem adotar para abordar o tema africanidades brasileiras em sala de aula Silva 2003 p 2829 Ao buscarmos em outras fontes novas possibilidades para estimular a igualdade racial na escola encontramos no Projeto São Paulo Educando pela Diferença para a Igualdade um texto que ao nosso ver representa de forma bastante genuína o encaminhamento que estamos pretendendo dar nesta conclusão Leia com calma e atenção Universidade Federal de São Carlos 2004b p 32 107 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA O que fazer Urgente Precisamos no nosso trabalho cotidiano incorporar o discurso das diferenças não como um desvio mas como algo enriquecedor de nossas práticas e das relações entre as crianças possibilitando desde cedo o enfrentamento de práticas de racismo e a construção de posturas mais abertas às diferenças e consequentemente à construção de uma sociedade mais plural Essa seria uma postura que reclama novos afetos uma nova forma de se relacionar com o diferente com o estrangeiro ou seja com a diversidade com o outro que não é mais um mesmo de mim Uma vez que é na relação com o outro que constituímos nossa subjetividade nossas diferenças é na urgência da constituição de subjetividades outras livres da clausura causada pelo modelo dito ideal que buscamos outras formas de vida já que as opções que nos são dadas encontramse por vezes pobres e sem possibilidades Precisamos de alguma forma repensar a preponderância desse modelo hegemônico de vida de ser questionandonos a que perspectiva tal modelo corresponde e com que interesses para a partir daí forjarmos asas que nos permitam escapar de toda essa homogeneização a partir da qual fomos produzidos e com a qual nos acostumamos É uma luta diária contra as formas de assujeitamento uma maneira de modelar as pessoas de uma mesma forma uma luta contra as forças que nos querem fracos tolos e servos além de racistas Precisamos recriar novos sentimentos que englobam o encantamento de si e a volta do prazer em se reconhecer a partir da perspectiva de um novo olhar que não mais é o de dominador para então verdadeiramente se encontrar por meio da pluralidade e diferenciação livrandose dessa clausura subjetiva É nesse sentido que procuramos conduzir os estudos desta disciplina por meio principalmente dos seguintes reposicionamentos mudança de discursos e de práticas respeito à pluralidade novas relações interpessoais mais afetuosas profundas e significativas uma subjetividade livre de clausuras e modelos preestabelecidos crítica ao atual modelo hegemônico de homogeneização e assujeitamento recriação de novos sentimentos e reconhecimentos especialmente em relação a si mesmo num movimento de respeito a toda forma de diversidade 108 Unidade III Saiba mais Nesta unidade preparamos uma lista de sites de instituições que de alguma forma trabalham com a problemática racial São organizações não governamentais ONGs núcleos de pesquisa movimentos sociais órgãos públicos etc Claro que com as infinitas possibilidades proporcionadas pela internet tratase apenas de uma sugestão para incentivar sua curiosidade por meio de sites confiáveis com um rico conteúdo escrito e audiovisual que podem ser bastante úteis a todas as pessoas interessadas na questão das relações étnicoraciais e na educação para a igualdade Disponível em httpsl1nkdevq0VKw Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwcriolaorgbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpsurx1comoiyZy Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpsury1com0hVim Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwucamedubr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpsl1nqcom7GBmH Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwceertorgbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwcidanorgbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwweducafroorgbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpsl1nqcomPJEue Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwpalmaresgovbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwgeledesorgbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwipeagovbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpsl1nqcomrlTu8 Acesso em 14 ago 2023 109 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA Resumo Na última unidade procuramos focar aspectos pedagógicos da implantação das Leis 106392003 e 116452008 bem como suas implicações para a prática educativa A respeito das imagens e representações do negro na literatura fizemos uma incursão pela obra infantil de Monteiro Lobato discutindo o comprometimento de alguns de seus livros no trabalho pedagógico que vise ao cumprimento da lei em referência Também observamos que a mídia continua a ser um meio de produção reprodução e reforço de estereótipos raciais segundo uma lógica conservadora da elite econômica patrocinadora destas instituições da indústria de entretenimento Todo esse caldo de cultura permeia também o ambiente escolar promovendo o que Pierre Bourdieu definiu como violência simbólica um processo de apropriação pelos grupos desfavorecidos da sociedade dos padrões e referenciais simbólicos das elites dominantes dificultando o processo de construção da identidade afrodescendente na infância e na juventude No tópico final da disciplina trabalhamos os mecanismos de construção da identidade e da diversidade no ambiente escolar a partir primeiramente de uma utilização crítica e consciente por parte dos professores dos livros didáticos e dos currículos definidos pelas políticas educacionais As estratégias e possibilidades portanto capazes de promover a igualdade racial na escola e na sociedade como um todo só poderão se efetivar a partir de um novo olhar e de um novo posicionamento dos educadores gestores e de toda a comunidade escolar visando à construção de identidades negras positivamente afirmadas e à valorização das africanidades brasileiras 110 Unidade III Exercícios Questão 1 Leia o texto a seguir No que se refere à presença da África dos africanos e de seus descendentes as imagens construídas pela educação e pela mídia são em sua maior parte imagens estereotipadas e negativas como se fossem caricaturas feias e grotescas de um desenhista de mau gosto Os livros utilizados na escola também servem de instrumento para manter a exclusão de segmentos da população e apresentam dupla moralidade pois embora tragam um discurso educativo sobre igualdade e justiça de fato carregam preconceitos de todo tipo Faltanos o modelo de Belo Negro para que nos tornemos orgulhosos de nossas africanidades Como diz CorreiaRickli CORREIARICKLI R Três raízes dez mil flores 500 anos e cultura brasileira contribuições a uma reflexão livremente antroposófica São Paulo Trópis 1993 acreditar que venho de uma gente atrasada em relação aos outros povos do mundo é bem diferente de saber que meus antepassados estão entre os principais construtores da cultura e da civilização Saber que meus antepassados não viviam com o cabelo amarrado num ossinho cozinhando brancos em caldeirões mas integravam grandes civilizações com magníficas arquiteturas escrita própria comércio internacional e refinadas obras de artes faz necessariamente uma grande diferença RIBEIRO R I Basta de educar exclusivamente para a branquitude Ano I Número 1 Revista Raízes 2002 Algumas das afirmativas apresentadas a seguir expressam meras constatações da problemática racial e outras afirmativas incluem referências a estratégias para a mudança da situação injusta Vejamos I Políticas públicas não podem ignorar a dimensão psicológica pois como sabemos a realidade é enxergada através de lentes que a educação e a mídia vão construindo em nós A educação e a mídia criam e mantêm um grande reservatório de imagens um imaginário coletivo compartilhado por todos nós II O incessante bombardeio realizado pelos meios de comunicação de massa em favor da manutenção dos estereótipos negativos da África e dos africanos e seus descendentes demanda interrupção urgente III Para a construção da identidade nacional é indispensável e inadiável o resgate da beleza poder e dignidade das diversas etnias africanas que participaram da construção da vida sociocultural brasileira IV É preciso substituir analogias indesejáveis analogias que atribuem significados negativos às palavras e imagenschave devem ser substituídas por outras que revelem qualidades culturais virtudes e peculiaridades admiráveis do povo africano V A geração de novas redes de significado possibilitará a modelagem de padrões positivos e tornam viável o projeto de adequada formação de identidades negras e possibilita que todos os brasileiros independente de sua origem étnicoracial possam reconhecer suas africanidades e orgulharse delas 111 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA Tendo ponderado sobre essas afirmativas assinale a alternativa correta A As afirmativas I III e V expressam meras constatações da problemática racial enquanto as demais incluem referências a estratégias para a mudança da situação injusta B As afirmativas II e IV expressam meras constatações da problemática racial enquanto as demais incluem referências a estratégias para a mudança da situação injusta C As afirmativas I II e V expressam meras constatações da problemática racial enquanto as demais incluem referências a estratégias para a mudança da situação injusta D As afirmativas III e IV expressam meras constatações da problemática racial enquanto as demais incluem referências a estratégias para a mudança da situação injusta E As afirmativas I II e III expressam meras constatações da problemática racial enquanto as demais incluem referências a estratégias para a mudança da situação injusta Resposta correta alternativa E Análise das afirmativas I Afirmativa que apenas possibilita constatar um fato Justificativa afirmar que 1 as políticas públicas devem considerar a dimensão psicológica e o papel da educação e da mídia na construção do grande reservatório de imagens estereotipadas e que 2 a educação e a mídia alimentam continuamente esse imaginário coletivo compartilhado por todos nós apenas possibilita constatar uma realidade mas não propõe estratégias de intervenção II Afirmativa que apenas possibilita constatar um fato Justificativa afirmar que o bombardeio realizado pelos meios de comunicação de massa em favor da manutenção dos estereótipos negativos da África e dos africanos e seus descendentes demanda interrupção urgente apenas possibilita constatar uma realidade mas não propõe estratégias de intervenção III Afirmativa que apenas possibilita constatar um fato Justificativa afirmar que o resgate da beleza poder e dignidade das diversas etnias africanas que participaram da construção da vida sociocultural brasileira é indispensável para a construção da identidade nacional apenas possibilita constatar uma realidade mas não propõe estratégias de intervenção 112 Unidade III IV Afirmativa que inclui proposta de estratégia de intervenção Justificativa a intervenção proposta por essa afirmativa é que as analogias indesejáveis que atribuem significados negativos às palavras e imagenschave sejam substituídas por outras que atribuam significados positivos V Afirmativa que inclui proposta de estratégia de intervenção Justificativa a intervenção proposta por essa afirmativa é que sejam geradas novas redes de significado que possibilitem a modelagem de padrões positivos Questão 2 Helio Santos um dos maiores expoentes nacionais da luta contra o racismo doutor em Economia e presidente do Instituto Brasileiro de Diversidade produziu vasto e respeitável material bibliográfico sobre a questão das relações raciais em nosso país Sua visão lúcida a respeito dessa questão achase bem representada na obra A busca de um caminho para o Brasil A trilha do círculo vicioso São Paulo Senac 2001 Tratase de um texto de compreensão possível para os mais diversos públicos pois o autor não quis restringir apenas ao mundo acadêmico os seus conhecimentos Partindo da constatação de que a desigualdade social no Brasil se explica pela desigualdade racial Helio retoma a questão da identidade nacional e nos convida a acompanhálo numa incursão pela complexa realidade brasileira Para melhor análise do quadro socioeconômico brasileiro o autor formula uma teoria à qual denomina trilha do círculo vicioso cujas principais características estão descritas a seguir A dinâmica das relações sociais caracterizada por complexos processos de inclusãoexclusão determina um jogo cujos perdedores e vencedores têm cartas marcadas aprisionados num inteligente circuito de exclusão para o qual concorrem agências educacionais de trabalho de comunicação de saúde todas elas apoiadas em representações sociais negativamente estereotipadas da África dos africanos e de seus descendentes e impostas para serem compartilhadas por brancos e negros os afrodescendentes encontram poucas chances quando encontram de inserção sóciopolíticoeconômica e de re construção de uma autoimagem positiva que lhes possibilite experimentar sentimentos de autoestima elevada As forças que agem nessa trilha são mais facilmente compreendidas se observamos atentamente a figura apresentada na obra citada e a seguir reproduzida 113 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA A forma como se deu a abolição 1º Passo 6º Passo 2º Passo 5º Passo 4º Passo 3º Passo Retroalimentação Retroalimentação Retroalimentação Invisibilidade Violência Meios de comunicação Repressão policial Manutenção das dificuldades Visão da sociedade Não brancos são incapazes por natureza Negrodescendentes preto e pardo Introjeção do racismo e dos preconceitos Incapacidade para alterar a situação Desmotivação Desmotivação Não indentidade racial Baxa renda Piores empregossalários Escolaridade inferior Dificuldades educacionais Modestas condições de investir em educação Dificuldades econômicas Fluxo da trilha Retroalimentação das dificuldades Dificuldades estruturais e psicológicas Figura 33 Chamamos a atenção para o fato de que as identidades individuais em contínua metamorfose sofrem o impacto igualmente contínuo das forças assinaladas na figura anterior Como constituir identidades negras positivamente afirmadas em tais circunstâncias Essa é uma pergunta que demanda resposta por parte de cada um de nós No campo educacional encontramse formidáveis potenciais de ação Daí a importância do debate amplo geral e irrestrito nesse campo A partir desses dados considere as afirmativas a seguir I Um debate amplo geral e irrestrito sobre relações étnicoraciais não é necessário num país como o Brasil onde todos os segmentos populacionais são igualmente beneficiados pelas políticas públicas II O racismo no Brasil assemelhase a uma centopeia de duas cabeças para usar uma expressão de Helio Santos além da conjuntura externa desfavorável o afrodescendente compartilha de representações negativas inscritas no imaginário coletivo III O processo contínuo de sujeição a um bombardeio de imagens negativas de tudo o que se refere à África e o entorpecimento da consciência determina que brancos e não brancos interiorizem como naturais esses estímulos IV Com pouca ou nenhuma possibilidade de re conhecimento dos valores tradicionais de seu povo de origem os afrodescendentes veemse na condição de desenvolver a própria identidade a partir de modelos ideaisdeego brancos de realização impossível dada a condição biológica e de realização indesejável por implicar em afastamento e negação da riqueza e da beleza da cultura de origem 114 Unidade III V Às implicações do rebaixamento da autoestima nas esferas de poder econômico político e social têm sido dada importância inferior à merecida autoestima rebaixada e autoimagem negativa inibem qualquer movimento reivindicatório seja no âmbito intelectual seja no afetivo VI O esquema gráfico traçado por Santos oferece uma visão sistêmica do problema e possibilita constatar o fato de que transformações nas relações raciais brasileiras demandam ação afirmativa em muitos campos entre os quais o da educação da comunicação social e do mercado de trabalho Estarão corretas todas as afirmativas anteriores Pondere e a seguir assinale a alternativa correta A Somente as afirmativas II e IV são incorretas B Somente a afirmativa I é incorreta C Somente a afirmativa V é incorreta D Somente as afirmativas I e V são incorretas E Somente as afirmativas III e VI são incorretas Resposta correta alternativa B Análise das afirmativas I Afirmativa incorreta Justificativa um amplo debate sobre relações étnicoraciais não é apenas necessário num país como o Brasil ele é indispensável e urgente Com Helio Santos constatamos que a desigualdade social no Brasil se explica pela desigualdade racial dado que na constituição demográfica de nossa sociedade o segmento negro pretos e pardos compõe praticamente a metade do contingente humano II Afirmativa correta Justificativa sobre a conjuntura externa desfavorável os dados estatísticos não deixam margem a dúvidas há escassez de oportunidades para os afrodescendentes Quanto à autoimagem difícil se mostra a construção de uma identidade positivamente afirmada sendo abundantes os estereótipos negativos de negritude inscritos no imaginário coletivo III Afirmativa correta Justificativa a inferioridade e a incapacidade dos afrodescendentes tantas vezes assinalada termina sendo naturalizada parece natural que seja assim 115 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA IV Afirmativa correta Justificativa pesquisadores da área de psicologia entre os quais assinalam esse impasse na construção de identidades negras os modelos identificatórios são brancos e afinal quem quer se identificar com o perdedor V Afirmativa correta Justificativa como os debates enfatizam muitas vezes a questão da igualdade de direitos menor ênfase recai sobre a questão da igualdade de oportunidades Pessoas que têm de si próprias uma imagem de inferioridade e de incapacidade certamente perdem poder de competitividade e como sabemos nossa sociedade é extremamente competitiva VI Afirmativa correta Justificativa dificilmente encontramos um esquema gráfico tão competente para reunir dados sobre a condição dos negros no Brasil Seu caráter sistêmico possibilita definir estratégias e táticas de combate ao racismo 116 REFERÊNCIAS Audiovisuais ALÉM da lousa culturas juvenis presente Direção Denise Martha Brasil 2000 BALEIRO Z Canção pra ninar um neguim Intérprete Zeca Baleiro In Concerto São Paulo Saravá Discos 2014 CD Faixa 4 BOSCO J O mestresala dos mares Intérprete João Bosco In Novo Millennium São Paulo Universal Music 2005 CD Faixa 4 BUARQUE C Não existe pecado ao sul do equador Intérprete Chico Buarque In Ao vivo Paris Paris BMG 1990 CD Faixa 16 CANDEIA A Dia de graça Intérprete Antônio Candeia In Mestres da MPB São Paulo WEA 1992 CD Faixa 1 CAYMMI D Retirantes Intérprete Dorival Caymmi In Novo Millennium Dorival Caymmi São Paulo Universal 2005 CD Faixa 1 CAYMMI D PINHEIRO P C Estrela da Terra Intérprete Nana Caymmi In Mudança dos Ventos São Paulo EMI 1980 CD Faixa 7 CAYMMI D PINHEIRO P C Flor da Bahia Intérprete Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro In Brazilian Serenata São Paulo Warner Music 1991 CD Faixa 7 CONTINO G Lavagem cerebral Intérprete Gabriel o Pensador In Gabriel o Pensador Rio de Janeiro Sony Music 1993 CD Faixa 5 DUARTE M PINHEIRO P C O canto das três raças Intérprete Clara Nunes In Brasil de A a Z Clara Nunes 2007 CD Faixa 1 ENCONTRANDO Forrester Finding Forrester Direção Gus Van Sant EUA Columbia Pictures 2000 136 min O FIO da memória Direção Eduardo Coutinho Brasil SagresCineFilmesFunarj 1991 120 min GARFUNKEL J GARFUNKEL P Cruzeiro do Sul Intérprete Renato Braz In Outro Quilombo São Paulo Atração 2002 CD Faixa 12 GIL G A Mão da limpeza Intérprete Gilberto Gil In Raça Humana São Paulo Warner Music 1984 CD Faixa 9 117 GONZAGA L TEIXEIRA H Assum preto Intérprete Luiz Gonzaga In Volta pra curtir ao vivo São Paulo Sony Music 2006 CD Faixa 6 KIRIKÚ e a feiticeira Kirikou et la sorcière Direção Michel Ocelot FrançaBélgicaLuxemburgo Gébeka Films 1998 74 min LIXO extraordinário Waste land Direção Lucy Walker João Jardim Karen Harley BrasilReino Unido Almega ProjectsO2 Filmes 2010 99 min MANFREDINI JÚNIOR R Índios Intérprete Renato Russo In Contando história São Paulo Marlon CDs 2012 CD Faixa 5 MARCHA Zumbi dos Palmares contra o racismo pela cidadania e a vida 16951995 Direção e roteiro Edna Cristina Brasil 1995 NASCIMENTO JÚNIOR L G É Intérprete Gonzaguinha In Corações marginais São Paulo Moleque WEA 1988 CD Faixa 5 OLHOS azuis Blue eyed Direção Bertram Verhaag e Jane Elliott EUA 1996 90 min PEREIRA P P S Negro drama Intérprete Racionais Mcs In Nada como um dia após o outro São Paulo Unimar Music 2002 CD Faixa 5 QUANDO crioulo dança Direção Dilma Lóes Brasil Ministério da Educação e do Desporto Secretaria de Educação Fundamental 1989 O RAP do pequeno príncipe contra as almas sebosas Direção Paulo Caldas e Marcelo Luna Brasil 2000 75 min SEGREDOS e mentiras Secrets and lies Direção Mike Leigh GrãBretanha 1996 142 min SILVA B Preconceito de cor Intérprete Bezerra da Silva In Justiça social São Paulo BMG 1987 CD Faixa 11 SOARES E A carne Intérprete Elza Soares In Do coccix até o pescoço São Paulo Tratore Maianga 2002 CD Faixa 6 VISTA a minha pele Direção Joel Zito Araújo Brasil 2004 27 min VELOSO C Um índio Caetano Veloso In Bicho São Paulo Universal Music 1977 CD Faixa 5 VELOSO C GIL G Haiti Intérprete Caetano Veloso In Noites do Norte ao vivo São Paulo Universal Music 2002 CD Faixa 6 118 Textuais ARAÚJO J Z O negro na dramaturgia um caso exemplar da decadência do mito da democracia racial brasileira Revista de Estudos Feministas v16 n 3 dez 2008 BAMIDELÊ Organização de Mulheres Negras da Paraíba O censo e o quesito cor e raça João Pessoa PB 2010 Disponível em httpsl1nqcomh7IeI Acesso em 15 ago 2023 BARBOSA L O jeitinho brasileiro São Paulo CampusBB 2005 BARBOSA L M de A Pedagogia da Exclusão a representação do negro na literatura brasileira In SILVÉRIO V R ABRAMOWICZ A BARBOSA L M A coords Projeto São Paulo Educando pela Diferença para a Igualdade Módulo II Ensino Médio 2004 Universidade Federal de São Carlos NEABUFSCar Disponível em httpsurx1com0GQJR Acesso em 15 ago 2023 BERNARDINO J Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial no Brasil Estudos Afroasiáticos v 24 n 2 2002 BORGES F C A filosofia do jeito um modo brasileiro de pensar com o corpo São Paulo Summus 2005 BRASIL Aprovado com emendas na Câmara Estatuto da Igualdade Racial será novamente examinado pelo Senado em 2010 Portal do Senado 2010b Disponível em httpsacesseoneTZqCT Acesso em 15 ago 2023 BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos Brasília 1988 Disponível em httpsacesseonePgGfY Acesso em 15 ago 2023 BRASIL Estatutos Portal Brasil Disponível em httpsl1nkdevxV0xM Acesso em 15 ago 2023 BRASIL Lei n 8069 de 13 de julho de 1990 Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências Disponível em httpstinyurlcom5b3akda3 Acesso em 15 ago 2023 BRASIL Lei n 9394 de 20 de dezembro de 1996 Diretrizes e Bases da Educação Nacional Disponível em httpsacesseoneGpK3b Acesso em 15 ago 2023 BRASIL Lei n 10639 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei n 9394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura AfroBrasileira e dá outras providências Disponível em httpstinyurlcom489av6nk Acesso em 15 ago 2023 119 BRASIL Lei n 11645 de 10 de março de 2008 Altera a Lei n 9394 de 20 de dezembro de 1996 modificada pela Lei n 10639 de 9 de janeiro de 2003 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura AfroBrasileira e Indígena Disponível em httpsl1nkdevLpdBe Acesso em 15 ago 2023 BRASIL Lei n 12288 de 20 de julho de 2010 Institui o Estatuto da Igualdade Racial altera as Leis n 7716 de 5 de janeiro de 1989 9029 de 13 de abril de 1995 7347 de 24 de julho de 1985 e 10778 de 24 de novembro de 2003 Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos Brasília 2010a BRASIL MEC Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação Conselho Pleno Parecer CNECP 32004 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana Brasília MEC 2004 BRASIL Plano Nacional de implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das relações Étnicoraciais e para o ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana Brasília 10 de março de 2004 Disponível em httpsl1nkdevwD5D1 Acesso em 15 ago 2023 CANHAS I Fenótipo Genética Infoescola sd Disponível em httpsurx1comEagW2 Acesso em 10 ago 2023 CASHMORE E Dicionário de relações étnicas e raciais São Paulo Selo Negro 2000 CAVALLEIRO E Discriminação Racial e Pluralismo nas Escolas Públicas da Cidade de São Paulo p 65104 In SECRETARIA de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade Educação antirracista caminhos abertos pela Lei Federal n 1063903 Brasília Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade 2005 Coleção Educação para todos CHARTIER R Diferenças entre os sexos e dominação simbólica Cadernos Pagu n 4 1995 CUNHA JUNIOR H Tecnologia africana na formação brasileira Rio de Janeiro CEAP 2010 DAMATTA R Carnavais malandros e heróis para uma sociologia do dilema brasileiro 5 ed Rio de Janeiro Guanabara 1990 DAMATTA R O que faz do Brasil Brasil Rio de Janeiro Rocco 1997 DAMATTA R Relativizando uma introdução à antropologia social Rio de Janeiro Rocco 1987 DE PAULA M HERINGER R orgs Estado e sociedade na superação das desigualdades raciais no Brasil Rio de Janeiro Fundação Heinrich Boll ActionAid 2009 120 ESTADÃO Analfabetismo entre negros é mais do dobro que entre brancos 17 de setembro de 2010 Disponível em httpsl1nqcomvWsau Acesso em 15 ago 2023 FLORES E C Nós e Eles etnia etnicidade etnocentrismo In ZENAIDE M N T SILVEIRA R M G DIAS A A orgs Direitos Humanos capacitação de educadores vol2 fundamentos culturais e educacionais de Educação em Direitos Humanos Brasília João Pessoa MEC UFPB 2008 GUIMARÃES A S A Preconceito e discriminação ed 34 São Paulo Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo 2004 GUIMARÃES A S A Racismo e antirracismo no Brasil 3 ed rev São Paulo Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo 2009 IANNI O Raças e classes sociais no Brasil Ed rev ampliada São Paulo Brasiliense 2004 IBGE Contas regionais do Brasil Rio de Janeiro n 40 2011a Disponível em httpsacesseoneqxrbP Acesso em 15 ago 2023 IBGE Produto interno bruto dos municípios 20052009 Coordenação de Contas Nacionais n 36 Rio de Janeiro IBGE 2011b Disponível em httpsacesseoneRLzSr Acesso em 11 ago 2023 IBGE Síntese de indicadores sociais uma análise das condições de vida da população brasileira Rio de Janeiro IBGE 2009 Disponível em httpstinyurlcom2p8vzb99 Acesso em 11 ago 2023 INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL IBOPE INTELIGÊNCIA Perfil social racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas pesquisa 2010 São Paulo Instituto Ethos nov 2010 Disponível em httpsl1nqcomfGQr8 Acesso em 11 ago 2023 IPEA UNIFEM Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Instituto de Pesquisa Retrato das desigualdades de gênero e raça análise preliminar dos dados 3 ed Brasília set 2008 Disponível em httpsacesseoneANETg Acesso em 15 ago 2023 KEMP K Identidade Cultural In GERREIRO S org Antropos e Psique o outro e sua subjetividade 9 ed São Paulo Olho dágua 2009 LARAIA R de B Cultura um conceito antropológico 22 ed Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008 LIMA F da S VERONESE J R P Crianças e adolescentes negros reflexos de uma discriminação velada Revista Sociologia Jurídica n 9 juldez 2009 LIMA M E O VALA J As novas formas de expressão do preconceito e do racismo Estudos de psicologia Natal v 9 n 3 dez 2004 121 LOPES R J DNA de negros e pardos no Brasil é 60 a 80 europeu Folha de SPaulo 10 fev 2011 Disponível em httpsl1nkdevQDMH5 Acesso em 10 ago 2023 MARTINS A L Mortalidade materna de mulheres negras no Brasil Caderno de Saúde Pública Rio de Janeiro v 22 n 11 nov 2006 MAZRUI A A História geral da África África desde 1935 v I VIII Brasília Unesco 2010 Disponível em httpstinyurlcommr4a6uwa Acesso em 11 ago 2023 MIRANDA D B Princesas de contos de fadas e crianças negras racismo estética e subjetividade 2010 37f Monografia Graduação em Psicologia Universidade Católica de BrasíliaUCB Brasília 2010 MISTURA de raças do Brasil é catastrófica escreveu atirador da Noruega G1 São Paulo 25 jul 2011 Disponível em httpsacesseoneFJATl Acesso em 16 ago 2023 MOURA C História do negro brasileiro 2 ed Série Princípios São Paulo Ática 1992 MUNANGA K GOMES N L O negro no Brasil de hoje Coleção para entender São Paulo Global 2006 MUNANGA K Uma abordagem conceitual das noções de raça racismo identidade e etnia In 3º SEMINÁRIO NACIONAL RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO PENESBRJ 5112003 Disponível em httpsurx1com91cFB Acesso em 15 ago 2023 NARLOCH L Guia politicamente incorreto da História do Brasil São Paulo Leya 2009 NOGUEIRA O Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil Tempo Social Revista de Sociologia da USP São Paulo v 19 n 1 jun 2007 OLIVA A R A História da África nos bancos escolares representações e imprecisões na literatura didática Estudos AfroAsiáticos Rio de Janeiro v 25 n 3 2003 OLIVEIRA R C de Caminhos da Identidade ensaios sobre etnicidade e multiculturalismo São Paulo Editora Unesp Brasília Paralelo 15 2006 OLIVIERI A C Índios O Brasil antes do descobrimento Pedagogia Comunicação Uol abr 2014 Disponível em httpsl1nkdevTwMkH Acesso em 15 ago 2023 PENA J S D et al The genomic ancestry of individuals from different geographical regions of Brazil is more uniform than expected Plos one Utah Henry Harpending 2011 Disponível em httpstinyurlcomyckvf3hn Acesso em 10 ago 2023 PÉTRÉGRENOUILLEAU O A história da escravidão São Paulo Boitempo 2009 122 PINHEIRO L et al Retrato das desigualdades de gênero e raça 3 ed Brasília Ipea SPM Unifem 2008 36 p Disponível em httpsacesseoneANETg Acesso em 15 ago 2023 POUTIGNAT P STREIFFFENART J Teorias da etnicidade seguido de grupos étnicos e suas fronteiras de Fredrik Barth São Paulo Editora Unesp 1998 QUINTAS G Amas de leite e suas representações visuais símbolos socioculturais e narrativos da vida privada do Nordeste patriarcalescravocrata na imagem fotográfica RBSE Revista Brasileira de Sociologia da Emoção v 8 n 22 abril de 2009 REGA L S Dando um jeito no jeitinho como ser ético sem deixar de ser brasileiro São Paulo Mundo Cristão 2000 RIBEIRO R I Alma africana no Brasil os iorubás São Paulo Oduduwa 1996 RIBEIRO R I Basta de educar exclusivamente para a branquitude Revista Raízes a I n 1 2002 RIBEIRO R I De boca perfumada a ouvidos dóceis e limpos ancestralidades africanas tradição oral e cultura brasileira Itinerários Araraquara 1998 RIBEIRO V M VÓVIO C L MOURA M P Letramento no Brasil alguns resultados do indicador nacional de alfabetismo funcional Educação e Sociedade Campinas dez 2002 v 23 n 81 ROCHA E J da ROSEMBERG F Autodeclaração de cor eou raça entre escolares paulistanosas Cadernos de Pesquisa Fundação Carlos Chagas São Paulo v 37 n 132 p 759799 setdez 2007 RODRIGUES Q P Desigualdades raciais no acesso de mulheres ao cuidado prénatal e no parto 98f Dissertação Mestrado em Enfermagem Escola de Enfermagem Universidade Federal da Bahia Salvador 2009 SALUM M H L Lisy África culturas e sociedades Sítio Arte Africana Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo MAEUSP São Paulo jul 2005 Disponível em httpsl1nqcomBiiUu Acesso em 15 ago 2023 SANTOS H A busca de um caminho para o Brasil a trilha do círculo vicioso São Paulo Senac 2001 SCHWARCZ L M Dos males da medida Psicologia USP v 8 n 1 São Paulo 1997 SCHWARCZ L M Nem preto nem branco muito pelo contrário cor e raça na intimidade In NOVAES F A coord História da vida privada no Brasil contrastes da intimidade contemporânea São Paulo Companhia das Letras 1998 SCHWARCZ L M Racismo no Brasil São Paulo Publifolha 2001 123 SILVA A C da A desconstrução da discriminação no livro didático In MUNANGA K org Superando o Racismo na escola 2 ed rev Brasília Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade 2005 SILVA P B G Africanidades brasileiras esclarecendo significados e definindo procedimentos pedagógicos Revista do Professor Porto Alegre v 19 n 73 janmar 2003 SILVA R J Poder Judiciário e a questão racial In SYDOW E MENDONÇA M L orgs Direitos Humanos no Brasil 2004 Relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos em parceria com Global Exchange São Paulo Fundação Heinrich Böll 2004 TORRES L de L Reflexões sobre raça e eugenia no Brasil a partir do documentário Homo Sapiens 1900 de Peter Cohen Ponto Urbe Revista do Núcleo de Antropologia Urbana da USP a 2 v 20 fev2008 Disponível em httpsurx1comVFcXj Acesso em 10 ago 2023 UFSCAR Projeto São Paulo Educando pela Diferença para a Igualdade Módulo 1 2004a Disponível em httpsury1com8Gj82 Acesso em 15 ago 2023 VIZZOLLI I Registros de alunos e professores de educação de jovens e adultos na solução de problemas de proporçãoporcentagem 245f Tese Doutorado em Educação Programa de PósGraduação em Educação Universidade Federal do Paraná Curitiba 2006 124 Informações wwwsepiunipbr ou 0800 010 9000
4
Logística
UNIP
49
Logística
UNIP
4
Logística
UNIP
53
Logística
UNIP
43
Logística
UNIP
54
Logística
UNIP
45
Logística
UNIP
73
Logística
UNIP
57
Logística
UNIP
4
Logística
UNIP
Texto de pré-visualização
91 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA Unidade III 7 A PEDAGOGIA DA EXCLUSÃO IMAGENS E REPRESENTAÇÕES DO NEGRO NO BRASIL Após um tópico no qual procuramos em traços muito gerais recontar um pouco da história a partir da perspectiva dos africanos e seus descendentes esperamos ter esclarecido quantas dificuldades essa população enfrentou e ainda enfrenta para romper com sua condição de desigualdade e subordinação em relação aos brancos Os estereótipos foram lentamente sendo construídos com base em uma ideologia que procurava reforçar a ideia de que o país precisava passar necessariamente pelo processo de branqueamento a fim de se igualar ao modelo liberal que pregava as máximas da Revolução Francesa Liberdade Igualdade Fraternidade Nesse sentido era preciso apagar tudo o que remetia ao nosso passado negro segundo nos conta Schwarcz 2001 pp 4849 Em 14 de dezembro de 1890 Rui Barbosa então ministro das Finanças ordenou que todos os registros nacionais fossem apagados em meio a um duplo ato falho afinal o ministro teria dito que pretendia apagar nosso passado negro Se a empreitada não teve sucesso absoluto o certo é que procurava dissimular um determinado passado e que o presente significava um começo a partir do zero Assim Quanto mais branco melhor quanto mais claro superior Aí está uma máxima difundida que vê no branco não só uma cor mas também uma qualidade social Conforme o conflito passa para o terreno subentendido fica cada vez mais complicado desvendar o problema Ao contrário ele se esconde nas brechas do cotidiano cuja decodificação é no mínimo passível de dúvidas O que a autora aponta nessa citação Que está posto portanto o mito da democracia racial fazendo com que o nosso racismo se torne cada vez mais escamoteado escondido escorregadio nas relações sociais e étnicoraciais no Brasil isto é uma ideologia cada vez mais difícil de se detectar desvendar e decodificar segundo afirma Schwarcz 71 Imagens e representações do negro na literatura na mídia e na escola a trilha do círculo vicioso São incontáveis as pesquisas realizadas pela comunidade acadêmica sobre o tema proposto neste subtópico as imagens e representações do negro nos diversos âmbitos da vida social Assim vamos 92 Unidade III fornecer um rápido panorama dessa produção visando apenas a abrir algumas janelas para que cada aluno desenvolva suas próprias pesquisas no futuro Importa destacar inicialmente que os resultados do processo de construção da ideologia do branqueamento continuam a marcar as imagens e representações feitas sobre o negro seja na mídia na literatura ou no ambiente escolar Comecemos analisando mais de perto como a literatura apresenta essa questão Há um estudo realizado por Lúcia Barbosa 2004 que analisa a imagem do negro presente nas personagens de algumas obras da literatura brasileira Apenas para tomarmos um exemplo a autora ao estudar os textos de Monteiro Lobato conclui que seus livros trazem uma visão extremamente preconceituosa sobre o negro apesar de terem sido escritos após a abolição da escravidão Essa é uma crítica corrente entre os estudiosos e militantes do movimento negro que veem nos textos de Monteiro Lobato a reprodução dos estereótipos do negro como submisso e subserviente visto que embora liberto não poderia sobreviver sem a tutela do senhor pois era hereditariamente predisposto ao trabalho servil e desprovido de qualquer autonomia enquanto pessoa Barbosa p 56 além disso em suas descrições físicas de negros os traços africanos se comparam muito aos de animais fato que inclusive foi objeto de fortes críticas a um de seus livros escolhido pelo MEC para ser distribuído aos alunos da rede pública O parecer foi dado no final de 2010 pelo Conselho Nacional de Educação CNE a respeito do livro Caçadas de Pedrinho proibindo sua distribuição nas escolas públicas do país Nesse sentido as conclusões daquela autora nos trazem elementos interessantes para essa análise Barbosa 2004 p 56 Não nos surpreende portanto a per manência dos estereótipos citados em nossos dias a literatura encarregouse de agregálos à figura do negro Talvez por isso considera mos naturais algumas atitudes piadas e ditos populares de cunho preconceituoso Derivam dessas ideias cristalizadas no âmbito da nossa sociedade os pretos de alma branca e muitos outros que se perpetuaram e criaram raiz em nossa sociedade historicamente racista Como vimos a literatura respeitadas as exceções implantou difundiu e materializou pedagogicamente fortes mecanismos de exclusão social na tentativa de escamotear as nuanças Assim se a literatura clássica brasileira ajudou a manter intactos os estereótipos de cunho racista com a mídia atual não é diferente De acordo com Araújo 2008 quando se observa as personagens na televisão interpretadas por negros percebese uma reprodução dos papéis tradicionais de subserviência e servidão elas ocupam posições subalternas próprias daqueles que estão numa escala inferior da hierarquia social Araújo destaca ainda que tais representações acabam sendo internalizadas pelos próprios negros num processo bem sucedido de aceitação passiva Barbosa 2004 p 984 93 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA No entanto o inconsciente racial coletivo brasileiro não acusa nenhum incômodo em ver tal representação da maioria do seu próprio povo e provavelmente de si mesmo na televisão ou no cinema A internalização da ideologia do branqueamento provoca uma naturalidade na produção e recepção dessas imagens e uma aceitação passiva e concordância de que esses atores realmente não merecem fazer parte da representação do padrão ideal de beleza do país Um autor que explicou muito bem como se dão esses processos foi Helio Santos 2001 Em seu livro A busca de um caminho para o Brasil a trilha do círculo vicioso ele defende a ideia de que o racismo no Brasil ocorre segundo uma metáfora a da centopeia de duas cabeças Imagine a pequena lacraia que em vez de ter a cabeça de um lado e rabo de outro teria então duas cabeças sendo uma a do branco e outra a do negro Vamos explicar melhor o raciocínio com as palavras do próprio autor Santos 2001 p 148149 A centopeia é um bicho conhecido também pelo nome de lacraia e costuma ser inofensivo A inovação que a nossa teoria traz à anatomia desse bichinho é incluir outra cabeça onde deveria estar seu rabo Com duas cabeças imaginamos que ela possa moverse em sentidos opostos Usamos essa alegoria para poder explicar o que se dá no campo racial em nosso país Em um sentido a sociedade fortalecida pelos meios de comunicação destila seu racismo e constrói os seus preconceitos contra os negros e seus valores Os valores do negro são a sua cultura Em um sentido contrário temos o próprio negrodescendente vindo e assumindo em sua cabeça como se fosse verdade aquelas ideias armadas contra si Se lembrarmos daquilo que já colocamos nas unidades anteriores de que os negros correspondem a mais de 50 da população brasileira atualmente não é difícil compreendermos que como integrante da sociedade civil mesmo não fazendo parte da sociedade dominante os negrodescendentes também colaboram na visão corrente em nossa sociedade ao mesmo tempo em que passam a introjetar contra si aspectos desfavoráveis Hélio Santos tem certeza em afirmar que se trata de uma monumental contradição 2001 p 149 e por isso um processo não tão simples de ser compreendido como já deve ter sido percebido Em primeiro lugar a sociedade que discrimina a população de ascendência negra se supõe brancoeuropeia Contudo não o é Em segundo lugar essa sociedade discriminadora é marcadamente negra em termos culturais Vive consome e tem internalizados em sua cultura valores negros Estranho não Flagramos agora uma ironia peculiar da terrabrasilis aqui os brancos ou supostos quando agridem os negros ofendem a si mesmos Isso porque eles também são meio negrosmeio brancos curtindo e vivenciando a cultura negra Santos 2001 p 149 94 Unidade III Exemplo de aplicação Esperamos que nesse ponto da leitura você já tenha conseguido fazer conexões entre o que este autor está nos dizendo e tantos outros aspectos de igual importância já tratados anteriormente neste livrotexto como o mito da democracia racial o racismo à brasileira e nossas heranças do passado colonial português Como sugestão faça uma retrospectiva dos conteúdos e tire suas primeiras conclusões Baseados nessas concepções podemos dizer que somos historicamente mestiços Para compreender essa ideia basta pensarmos onde poderíamos verdadeiramente encontrar um brancoeuropeupuro Se a própria história de conquistas e revoluções ocorridas nos últimos milênios na Europa é fruto de intensa miscigenação talvez possamos até dizer que o povo mais mestiço da terra seja o próprio europeu É possível acreditar que essa verdade histórica da miscigenação europeia foi apagada de maneira tão eficaz e definitiva E mais grave ainda que nós em especial os brasileirosbrancos tenhamos uma percepção absolutamente imaginária e ilusória de que somos de alguma forma descendentes de uma linhagem europeia pura Tratase de um engano tão cristalizado e enraizado em nossa cultura de povo colonizado que já tomou ares de verdade É preciso atentar de uma vez por todas para o fato de que não podemos separar os seres humanos em brancos negros amarelos etc Historicamente e geneticamente somos o resultado da infinita mistura de uma única raça a raça humana Portanto como já afirmamos outras vezes ao longo deste livrotexto as diferenças são construídas social e politicamente ou seja são fruto do processo identitário Assim se construímos para nós uma cultura hierarquizada e dividida imaginariamente entre brancos negros e índios estamos marchando contra nós mesmos visto que somos todos um pouco branco um pouco negro um pouco índio e assim por diante Esse é o sentido da centopeia de duas cabeças da qual falava Helio Santos É como se todas as cabeças pensassem num único sentido contra nós mesmos Outra forma de compreendermos a configuração desse racismo à brasileira é por meio da teoria de Pierre Bourdieu sociólogo francês a respeito do que ele denominou violência simbólica Bourdieu entende os mecanismos sutis de dominação social utilizados por indivíduos grupos ou instituições e impostos sobre outros Nesse sentido por meio da violência simbólica a construção da identidade brasileira se enraíza na interiorização por todos os brasileiros todos mestiços afinal de normas enunciadas pelos discursos dos estrangeiros que nos colonizaram tipificado pelo brancohomemeuropeucapitalista Explicando melhor seria assumir o universo simbólico de outro sem perceber que essa transferência foi feita na forma de uma dominação no plano simbólico Para o autor na escola também se realiza a violência simbólica quando esta passa a tratar como iguais indivíduos que são desiguais isto é procura encobrir as diferenças de raça cor classe origem etc dando a todos os alunos um único tratamento favorecendo assim aqueles que já estão na condição de favorecidos apud Chartier 1995 p 40 95 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA A ênfase deve assim ser colocada sobre os dispositivos que asseguram a eficácia desta violência simbólica que como escreveu Pierre Bourdieu 1989 só triunfa se aquelea que a sofre contribui para a sua eficácia ela só o submete na medida em que ele ela é predisposto por um aprendizado anterior a reconhecêla Desta forma podemos afirmar que os estereótipos a respeito do negro na escola também são alimentados por atitudes cotidianas tanto por parte dos alunos quanto dos professores funcionários diretores e todos os envolvidos no processo escolar independentemente de serem brancos ou negros O que Bourdieu advoga é que a interiorização desses discursos dominantes é um longo processo de aprendizado que uma vez absorvido pelos grupos desfavorecidos como no nosso caso todos nós brasileiros exerce então a eficácia dessa violência simbólica ou seja é capaz de manter cada coisa em seu lugar e cada lugar com sua coisa segundo já estudamos com DaMatta 1987 Imaginemos o exemplo de uma professora que sempre prioriza sua atenção às alunas mais bonitas da classe subentendendose aqui as mais ricas arrumadas comportadas bem vestidas perfumadas e geralmente mais brancas e loiras São elogios ao novo corte de cabelo a um novo sapato ou celular ou a uma tarefa bem realizada Observação Pensemos um pouco e todos teremos exemplos dessa natureza para contar ao longo de nossa trajetória escolar São essas imagens e representações que muitas vezes o professor traz de maneira inconsciente para sua prática cotidiana em sala de aula e que colabora para a reprodução de estereótipos impedindo portanto a igualdade racial na escola Além disso temos o desafio das professoras afrodescendentes que não reconhecem sua origem étnicoracial Por que isso acontece Porque uma criança negra por exemplo que assiste a essas cenas cotidianamente percebe e interioriza a mensagem transmitida pelas atitudes da professora não estou sendo elogiada pois não sou tão bonita não tenho um corte de cabelo tão bonito não estou tão bem vestida não sou tão inteligente isto é esses estereótipos vão sendo assimilados como verdades pela criança que é vítima dessa violência simbólica ao ponto de quando crescer um pouco querer alisar seus cabelos e pintálos de loiro por exemplo reproduzindo então os discursos construídos anteriormente a partir de um referencial branco A esse respeito comenta Menezes apud Miranda 2010 p 15 A criança negra poderá incorporar esse discurso e sentirse marginalizada desvalorizada e excluída sendo levada a falso entendimento de que não é merecedora de respeito ou dignidade julgandose sem direitos e possibilidades Esse sentimento está pautado pela mensagem transmitida às crianças de que para ser humanizado é preciso corresponder às expectativas do padrão dominante ou seja ser branco 96 Unidade III Perceba que não é somente a criança negra quem incorpora esse discurso pautado por uma referência branca e portanto não brasileira Todos nós em alguma medida temos muita dificuldade em nos definirmos por nossa cor afinal não podemos dizer que somos nem brancos puros nem negros puros nem totalmente brancos nem totalmente negros Mas já vimos que a realidade e a estrutura social e econômica que ela nos impõe se encarrega de deixar muito claro o que significa nos fazermos brancos ou negros Ou seja construirmos ou assumirmos nossa identidade étnicoracial significa também ocuparmos ou não o lugarsocial status social reservado a cada um dos grupos étnicos conforme comprovado por tantos dados estatísticos na unidade I Outra pesquisadora que tornou esse raciocínio muito claro foi Eliane Cavalleiro quando estudou a Discriminação Racial e Pluralismo nas Escolas Públicas da Cidade de São Paulo 2005 A certa altura de seu artigo a autora nos traz a seguinte situação Márcia é uma menina negra porém se autoclassifica como morena Ela ao afirmar não querer ser negra evidencia que tal recusa está ligada ao fato de as crianças negras por terem tal pertencimento racial serem vítimas de xingamentos e ofensas Portanto a fala de Márcia mostra que a vivência de tais conflitos pode dificultar a construção da identidade racial pela via do reconhecimento de seu pertencimento racial Cavalleiro 2005 p 88 Retomando Bourdieu a violência simbólica só é eficaz quando aquele que a sofre interioriza e reproduz os discursos dominantes ou seja a violência simbólica é eficaz quando contribui para manter atitudes de submissão É o que aconteceu com a garotinha do nosso exemplo 72 O processo de construção da identidade na infância e na juventude a igualdade jurídica em meio a uma sociedade hierárquica Após esta incursão por um emaranhado conceitual de complexidade sem dúvida reveladora podemos perceber que não deveria haver no Brasil qualquer visão dicotômica das relações étnicoraciais A teoria do círculo vicioso ou da centopeia de duas cabeças de Helio Santos certamente nos elucidou em que medida esses processos obedecem a um dinamismo complexo que intencionalmente produz e reproduz o racismo na cultura brasileira Portanto não é possível compreender essa questão por meio de um raciocínio bipolarizado afinal não somos uma sociedade de brancos puros e de negros puros A melhor opção para elucidar essa trilha do círculo vicioso do racismo no Brasil seria pensarmos numa série de aspectos que se entrecruzam e se autodeterminam dando o tom da especificidade do nosso racismo e ao mesmo tempo colaborando para sua perpetuação Mais uma vez é Helio Santos quem nos ajuda a elucidar esta concepção Santos 2001 p 30 O mais grave contudo é saber que no Brasil o apartheid se mantém precisamente por ser na realidade do tipo que é Isto é aqui o abismo que separa os privilegiados dos demais vem se perpetuando ao longo do tempo em virtude das mazelas sociais recaírem sempre sobre a mesma maioria A insensibilidade para a gravidade do problema decorre muito 97 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA desse particular aspecto A causa verdadeira dessa política quase todos negam é o racismo É por isso que se diz que aqui temos uma pobreza cristalizada Isto é dura antiga difícil de quebrar pois foi construída ao longo de muitos séculos Para que se compreenda a complexidade do que estamos tratando vamos investigar agora como se dão os processos identitários segundo a perspectiva das ciências sociais para então passarmos a entender como ocorre essa construção entre crianças e adolescentes brasileiros dos quais falávamos há pouco Figura 28 Disponível em httpsurx1comz6f61 Acesso em 15 ago 2023 Pensando do ponto de vista das ciências sociais precisamos considerar que o conceito de identidade só pode ser entendido em sua intersecção com dois outros conceitos os de grupo social e cultura Quando uma pessoa nasce encontra uma série de traços culturais presentes em seu grupo familiar e social que já existiam segundo uma determinada ordem ou lógica antes de sua chegada Aos poucos essa criança vai percebendo o mundo que a rodeia passa a compreender suas regras linguagens hábitos proibições etc e também é capaz de interiorizar alguns desses elementos culturais no processo de sua constituição como indivíduo sujeito de sua própria identidade Esse processo denominado pelas ciências sociais de socialização ou endoculturação tem por base a educação realizada formal ou informalmente por indivíduos que integram os grupos sociais de pertença daquela criança Laraia 2008 Kemp 2009 A partir de certo momento de sua vida esse indivíduo pode negociar com essas limitações descritas anteriormente uma vez que a cultura é algo dinâmico Isso significa que cabe a cada um selecionar entre as coisas previamente dadas pelo ambiente social aquilo que para ele faz maior ou menor sentido ou seja é preciso a cada momento ressignificar experiências relações representações enfim todas as situações cotidianas Kemp 2009 p 6566 98 Unidade III as experiências cotidianas nunca cessam de proporcionar situações que nos demandam escolhas e posicionamentos em relação a condutas e valores tanto os pessoais como os alheios Nós e os outros os semelhantes e os diferentes as noções que construímos socialmente de igualdade e diferença são a moeda de jogo de construção das identidades É nesse sentido que deixamos de pensar a cultura como algo estático e dotado de uma essência acabado e final para assumirmos a perspectiva do movimento incessante de diálogo e interrelação entre os sujeitos bem como da importância do respeito às diferenças necessários à construção identitária e às trocas simbólicas realizadas Também já afirmamos há pouco que não se trata de uma concepção dualista da construção identitária como se houvesse de um lado os brancos e de outro os negros A construção da identidade brasileira precisa passar necessariamente pela realidade da miscigenação e da constituição de nossa cultura a partir de nossas raízes negras indígenas e europeias ao mesmo tempo e em igual relevância é importante que se diga Lembrete Sabemos que essas não são teorias simples mas você já deve ter estudado tais conceitos em suas disciplinas introdutórias de Ciências Sociais nos primeiros semestres de seu curso Então após essa breve revisão podemos adentrar na questão específica da construção da identidade negra Universidade Federal de São Carlos 2004b p 45 Munanga 2003 considera que a identidade negra não surge da tomada de consciência de uma diferença na cor da pele Ela resulta conforme o autor de um longo processo histórico que se inicia com a chegada dos navegantes portugueses ao continente africano Dito de outra forma o processo de colonização e escravização do continente africano e de seus povos é o contexto histórico no qual devemos pensar a construção da chamada identidade negra no Brasil A identidade negra é entendida aqui como um processo construído historicamente em uma sociedade que padece de um racismo ambíguo e do mito da democracia racial Como qualquer processo identitário ela se constrói no contato com o outro na negociação na troca no conflito e no diálogo ser negro no Brasil é tornarse negro Para que seja possível entender o que significa tornarse negro segundo essa perspectiva é preciso considerar que a identidade se constrói no plano simbólico isto é no conjunto de significações valores crenças e gostos que vão sendo assumidos em uma relação com os outros relações estas permeadas por estereótipos raciais preconceitos e desigualdades conforme temos trabalhado até este ponto da disciplina 99 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA Daí a enorme dificuldade enfrentada por crianças e adolescentes brancos e negros brasileiros para construírem sua identidade numa sociedade tão paradoxal em que as leis lhes garantem igualdade de direitos e oportunidades mas cujas relações sociais revelam uma estrutura claramente hierarquizada e encharcada com um racismo às escondidas negado e escamoteado como já afirmamos algumas vezes Como educadores ou profissionais da saúde por exemplo cabenos o papel de mudar esse contexto propiciando um ambiente escolar ou institucional de respeito às diferenças e desenvolvendo uma prática condizente com os valores de justiça e equidade étnicoracial Esse será o assunto do último tópico Saiba mais A construção da identidade negra não é uma trajetória fácil para crianças e adolescentes tampouco para professores coordenadores e para toda a comunidade escolar Vimos que muitas vezes o primeiro entrave é reconhecerse enquanto negro e assim colocarse nesse lugar tão desfavorável socialmente Pensando nisso sugerimos uma série de músicas que também podem ser utilizadas como ferramentas pedagógicas visando à reflexão questionamento e crítica de cada um dos envolvidos nesse complexo processo A música ao nosso ver por ser uma linguagem que esbarra na esfera das emoções pode servir de elemento de sensibilização tanto em sala de aula quanto em reuniões pedagógicas e empresariais ou até mesmo em sessões de terapia por exemplo Essas são apenas algumas sugestões BALEIRO Z Canção pra ninar um neguim Intérprete Zeca Baleiro In Concerto São Paulo Saravá Discos 2014 CD Faixa 4 BOSCO J O mestresala dos mares Intérprete João Bosco In Novo Millennium São Paulo Universal Music 2005 CD Faixa 4 BUARQUE C Não existe pecado ao sul do equador Intérprete Chico Buarque In Ao vivo Paris Paris BMG 1990 CD Faixa 16 CANDEIA Dia de graça Intérprete Candeia In Mestres da MPB São Paulo WEA 1992 CD Faixa 1 CAYMMI D PINHEIRO P C Estrela da Terra Intérprete Nana Caymmi In Mudança dos Ventos São Paulo EMI 1980 CD Faixa 7 CAYMMI D Retirantes Intérprete Dorival Caymmi In Novo Millennium Dorival Caymmi São Paulo Universal 2005 CD Faixa 1 100 Unidade III CAYMMI D PINHEIRO P C Flor da Bahia Intérprete Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro In Brazilian Serenata São Paulo Warner Music 1991 CD Faixa 7 CONTINO G Lavagem cerebral Intérprete Gabriel o Pensador In Gabriel o Pensador Rio de Janeiro Sony Music 1993 CD Faixa 5 DUARTE M PINHEIRO P C O canto das três raças Intérprete Clara Nunes In Brasil de A a Z Clara Nunes 2007 CD Faixa 1 GARFUNKEL J GARFUNKEL P Cruzeiro do Sul Intérprete Renato Braz In Outro Quilombo São Paulo Atração 2002 CD Faixa 12 GIL G A Mão da limpeza Intérprete Gilberto Gil In Raça Humana São Paulo Warner Music 1984 CD Faixa 9 GONZAGA L TEIXEIRA H Assum preto Intérprete Luiz Gonzaga In Volta pra curtir ao vivo São Paulo Sony Music 2006 CD Faixa 6 NASCIMENTO JÚNIOR L G É Intérprete Gonzaguinha In Corações Marginais Rio de Janeiro MolequeWEA 1988 Faixa 5 PEREIRA P P S Negro drama Intérprete Racionais Mcs In Nada como um dia após o outro São Paulo Unimar Music 2002 CD Faixa 5 SOARES E A carne Intérprete Elza Soares In Do coccix até o pescoço São Paulo Tratore Maianga 2002 CD Faixa 6 SILVA B Preconceito de cor Intérprete Bezerra da Silva In Justiça social São Paulo BMG 1987 CD Faixa 11 VELOSO C GIL G Haiti Intérprete Caetano Veloso In Noites do Norte ao vivo São Paulo Universal Music 2002 CD Faixa 6 Para que se possa perceber as possibilidades pedagógicas dessas canções sugerimos que seja feita uma busca na internet sobre as letras das composições tendo em vista promover a interpretação e análise a reflexão e a sensibilização no tocante às questões étnicoraciais e da africanidade no Brasil 101 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA 8 IDENTIDADE INTERAÇÃO E DIVERSIDADE POR UMA EDUCAÇÃO CIDADÃ Conforme aludimos no tópico anterior a identidade é um processo construído a partir da interação entre os sujeitos que na contraposição de suas diferenças e no respeito a essa diversidade atribuem significados ao universo simbólico que passa a compor sua visão de mundo influindo em suas escolhas e nos caminhos que irá percorrer Uma importante professora Ronilda Iyakemi Ribeiro a partir de suas análises da tese de Helio Santos sobre a qual tratamos no item anterior afirmou o seguinte RIBEIRO 1998 p 64 Às implicações do rebaixamento da autoestima nas esferas de poder econômico político e social têm sido dada importância inferior à merecida autoestima rebaixada e autoimagem negativa inibem qualquer movimento reivindicatório seja no âmbito intelectual seja no afetivo Príncipes encantados em sapos creemse capazes apenas de coaxar até que se quebre o encantamento e seja então possível reapropriarse da realeza Por exemplo a força advinda da reapropriação dos valores de origem certamente propicia a passagem do medo e vergonha de não ser branco ao orgulho de ser negro e estimula o impulso de reivindicação de direitos humanos entre os quais os de cidadania daí a importância de pensarmos o uso de recursos que possibilitem a ressignificação de conceitos como negro África africanos de modo a transformar no imaginário coletivo representações negativas em positivas Na vida da criança e do jovem a escola certamente será um desses caminhos que deverão ser percorridos para a construção de si até que se tornem sujeitos autônomos e capazes de fazer sua própria história Sendo assim uma das principais figuras nessa mediação é o professor cujo trabalho exige persistência e intencionalidade bem como a opção por valores éticos Somente assim se poderão realizar ações educativas que promovam a igualdade racial no ambiente escolar e favoreçam aos alunos o reconhecimento de sua origem étnicoracial e a construção saudável e feliz de sua identidade negra 81 Diversidade livro didático e currículo desafios para a prática educativa Desenvolver um trabalho pedagógico ou profissional que leve em conta a diversidade étnicoracial e cultural é uma das tarefas mais difíceis a serem enfrentadas pela escola e pelas instituições brasileiras Todos os envolvidos no processo educacional precisam estar atentos para a desconstrução de estereótipos de raçacor para a desmistificação dos mitos raciais existentes na sociedade brasileira e para a demonstração prática em suas atitudes com os alunos de relações não discriminatórias e equitativas em sala de aula Além disso atentemos para o fato de que em muitos momentos os próprios funcionários professores e coordenadores afrodescendentes não se percebem enquanto negros mas veem a si mesmos como brancos Nesse sentido um importante instrumento utilizado por professores e alunos para colaborar com o aprendizado é o livro didático Em muitas comunidades ele é a única fonte de leitura dos alunos e de sua família dada a escassez de livros e revistas em algumas classes sociais e regiões do país Em certos casos 102 Unidade III tornase também a única referência para o professor no preparo de sua aula e das atividades didáticas que irá realizar com seus alunos Figura 29 Disponível em httpsurx1comz6f61 Acesso em 15 ago 2023 Inúmeras pesquisas têm sido produzidas pelas universidades no sentido de verificar de que forma os livros didáticos abordam a questão das diversidades sejam as de gênero étnicoraciais socioculturais religiosas de papéis sociais profissões etc Os resultados demonstram que a maioria dos livros didáticos trazem uma representação muito simplificada dos fatos históricos acabando por estigmatizar ou caricaturar segmentos sociais como mulheres negros pessoas idosas e trabalhadores por exemplo Essa simplificação colabora também no reforço de estereótipos assunto que já abordamos fartamente nos tópicos anteriores Além da questão da simplificação outro grande problema dos livros didáticos é a invisibilidade desses segmentos sociais desfavorecidos que aparecem representados no conjunto dos conteúdos didáticos numa relação desproporcional àquela existente na sociedade brasileira Explicando de outro modo basta observamos em um livro didático quantas figuras aparecem de homens de mulheres de brancos de negros É fácil verificar que mulheres homens negros pobres ou pessoas idosas aparecem numa proporção muito menor que homens brancos e provenientes da classe média o que traz um problema para as crianças que consomem esse material a falta de representatividade negra ou de figuras de pessoas negras desempenhando os mais diversos papéis sociais por exemplo faz com a criança afrodescendente não tenha parâmetros de igualdade e diversidade para a construção de sua identidade étnicoracial Como ilustração observe nas fotografias a seguir como é fácil para uma criança branca se imaginar em profissões socialmente valorizadas como médico ou engenheiro mas o mesmo não é verdade para as crianças afrodescendentes uma vez que não encontram nem nos livros didáticos nem no meio social em que vivem pessoas negras ocupando tais cargos e que possam servir de referência no processo de construção da identidade afrodescendente na infância conforme já abordamos no tópico anterior 103 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA Figura 30 Disponível em httpsl1nqcommUREW Acesso em 15 ago 2023 Figura 31 Disponível em httpsury1comyY5EV Acesso em 15 ago 2023 Vejamos o que Silva 2005 p 22 afirma A invisibilidade e o recalque dos valores históricos e culturais de um povo bem como a inferiorização dos seus atributos adscritivos através de estereótipos conduz esse povo na maioria das vezes a desenvolver comportamentos de autorrejeição resultando em rejeição e negação dos seus valores culturais e em preferência pela estética e valores culturais dos grupos sociais valorizados nas representações 104 Unidade III Observação Esperase que esteja claro nesse momento que todos os problemas conceitos e teorias expostos nos diversos tópicos deste livrotexto mantêm entre si uma relação constante e não podem portanto ser compartimentalizados Procure pensar de maneira complexa integrada e multifocada ou seja considerando em cada situação ou análise uma variedade de aspectos fenômenos causas e explicações que se complementem e se cruzem para uma compreensão da realidade segundo a perspectiva da diversidade cultural e das relações étnicoraciais Devido a todas essas conclusões das pesquisas realizadas é que as professoras e professores não podem se manter passivos na utilização dos livros didáticos ao contrário podem trabalhar ativamente na desconstrução de estereótipos na representatividade de todos os segmentos sociais e na valorização das diversidades étnicoraciais Outra importante discussão a ser feita para uma educação para a igualdade racial é a relação entre o currículo e a diversidade Como educadores precisamos estar sempre alertas para o fato de que os currículos são fruto de escolhas políticas debates calorosos e que compete a nós incluir ou excluir assuntos disciplinas ou aspectos que servem ou não ao propósito de formação da criança e do jovem O poder público brasileiro já reconheceu a partir das Leis 106392003 e 116452008 que há a necessidade urgente de incluir de uma vez por todas em nossos currículos a problemática das relações étnicoraciais por meio do estudo da História e da Cultura Africana Afrobrasileira e Indígena em todos os níveis escolares chegando também à formação universitária dos professores Acreditamos que já argumentamos o suficiente nas páginas deste texto a respeito da importância dessa mudança nos currículos para a promoção de uma sociedade que respeite as diferenças e garanta a todos os seus cidadãos as mesmas condições e oportunidades Universidade Federal de São Carlos 2004b p 7 Nesse sentido se quisermos compreender a complexa trama entre diversidade cultural e currículo teremos que enfrentar o debate sobre as desigualdades sociais e raciais em nosso país Teremos que entender o que é a pobreza e como ela afeta de maneira trágica a vida de uma grande parcela da população E ainda deveremos refletir sobre o fato de que ao fazermos um recorte étnicoracial veremos que as pessoas negras e pobres enfrentam mais e maiores preconceitos e dificuldades em nosso país Isso nos obriga a nos posicionar politicamente dentro desse debate e construir práticas efetivas e democráticas que transformem a trajetória escolar dos nossos alunos e alunas negros e brancos em uma oportunidade ímpar de vivência aprendizado reconhecimento respeito às diferenças e construção de autonomia 105 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA Para terminar este subtópico gostaríamos apenas de enfatizar é imperativo que cada um dos envolvidos no processo educacional brasileiro a começar pelos professores é claro mas também os coordenadores diretores gestores e administradores do poder público e do setor privado tomem uma decisão política pela igualdade nas relações étnicoraciais A partir da instituição da Lei 106392003 todos esses agentes estão convocados a instituir mudanças estruturais no ensino abarcando a reformulação dos currículos dos projetos pedagógicos dos planos de aula de materiais didáticos e paradidáticos enfim de toda a prática educativa de modo geral a fim de promover o reconhecimento o respeito e a garantia das diversidades culturais e de forma especial da população afrodescendente no Brasil 82 Escola e a promoção da igualdade racial estratégias e possibilidades Neste último subtópico do livrotexto pretendemos indicar algumas estratégias especialmente ao professor que demonstrem de maneira bastante prática como podemos de fato realizar uma educação cidadã livre de racismos dos estereótipos e de qualquer forma de discriminação Além das mudanças no sistema de ensino por meio de revisões curriculares nos planejamentos aulas e materiais pedagógicos de toda sorte cabe também a todos os agentes do processo de aprendizagem se colocarem mais próximos da realidade sociocultural de seus alunos Isso significa conhecer a comunidade escolar seu perfil socioeconômico o entorno da escola os principais problemas do bairro da cidade bem como as principais manifestações culturais da comunidade arte música religiosidade e outros aspectos que aproximem os educadores dos alunos e de seus familiares Figura 32 São inúmeras também as pesquisas realizadas a esse respeito mostrando que quando a escola se coloca ao lado da comunidade os projetos pedagógicos acontecem de maneira mais tranquila efetiva e os objetivos traçados são atingidos com maior sucesso Um bom exemplo é o artigo de Silva 2003 p 2728 no qual a autora sugere aos professores algumas estratégias bastante úteis para uma mudança de paradigma a partir da compreensão e aplicação do que sabemos sobre africanidades brasileiras Segundo Silva os professores devem 106 Unidade III buscar conhecer as concepções prévias de seus alunos a respeito do estudado ouvindoos falar sobre elas ajudar os alunos a compreender que ninguém constrói sozinho as concepções a respeito de fatos fenômenos pessoas que as concepções resultam do que ouvimos outras pessoas dizerem resultam também de nossas observações e estudos lançar desafios para que os alunos ampliem eou reformulem suas concepções prévias incentivandoos a pesquisar debater trocar ideias argumentando com ideias e dados incentivar a observação da vida cotidiana observações no contexto da sala de aula a elaboração de conclusões a comparação entre concepções construídas tanto a partir do senso comum como a partir do estudo sistemático Em se tratando de Africanidades Brasileiras é preciso acrescentar que os professores devem combater os próprios preconceitos os gestos de discriminação tão fortemente enraizados na personalidade dos brasileiros desejando sinceramente superar sua ignorância relativamente à história e à cultura dos brasileiros descendentes de africanos devem organizar seus planos de trabalho as atividades para seus alunos que os levem a pôr a mão na massa sempre informados e apoiados pelos mais experientes Dizendo de outra maneira aprender realmente o que se vive e muito pouco sobre o que se ouve falar Para concluir a autora resume em três pontos os princípios da pedagogia antirracista a saber respeito reconstrução do discurso pedagógico e estudo da recriação das diferentes raízes da cultura brasileira Também contribui com as disciplinas específicas como música e dança matemática psicologia sociologia educação física história literatura e língua portuguesa sugerindo práticas que cada um desses professores especialistas podem adotar para abordar o tema africanidades brasileiras em sala de aula Silva 2003 p 2829 Ao buscarmos em outras fontes novas possibilidades para estimular a igualdade racial na escola encontramos no Projeto São Paulo Educando pela Diferença para a Igualdade um texto que ao nosso ver representa de forma bastante genuína o encaminhamento que estamos pretendendo dar nesta conclusão Leia com calma e atenção Universidade Federal de São Carlos 2004b p 32 107 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA O que fazer Urgente Precisamos no nosso trabalho cotidiano incorporar o discurso das diferenças não como um desvio mas como algo enriquecedor de nossas práticas e das relações entre as crianças possibilitando desde cedo o enfrentamento de práticas de racismo e a construção de posturas mais abertas às diferenças e consequentemente à construção de uma sociedade mais plural Essa seria uma postura que reclama novos afetos uma nova forma de se relacionar com o diferente com o estrangeiro ou seja com a diversidade com o outro que não é mais um mesmo de mim Uma vez que é na relação com o outro que constituímos nossa subjetividade nossas diferenças é na urgência da constituição de subjetividades outras livres da clausura causada pelo modelo dito ideal que buscamos outras formas de vida já que as opções que nos são dadas encontramse por vezes pobres e sem possibilidades Precisamos de alguma forma repensar a preponderância desse modelo hegemônico de vida de ser questionandonos a que perspectiva tal modelo corresponde e com que interesses para a partir daí forjarmos asas que nos permitam escapar de toda essa homogeneização a partir da qual fomos produzidos e com a qual nos acostumamos É uma luta diária contra as formas de assujeitamento uma maneira de modelar as pessoas de uma mesma forma uma luta contra as forças que nos querem fracos tolos e servos além de racistas Precisamos recriar novos sentimentos que englobam o encantamento de si e a volta do prazer em se reconhecer a partir da perspectiva de um novo olhar que não mais é o de dominador para então verdadeiramente se encontrar por meio da pluralidade e diferenciação livrandose dessa clausura subjetiva É nesse sentido que procuramos conduzir os estudos desta disciplina por meio principalmente dos seguintes reposicionamentos mudança de discursos e de práticas respeito à pluralidade novas relações interpessoais mais afetuosas profundas e significativas uma subjetividade livre de clausuras e modelos preestabelecidos crítica ao atual modelo hegemônico de homogeneização e assujeitamento recriação de novos sentimentos e reconhecimentos especialmente em relação a si mesmo num movimento de respeito a toda forma de diversidade 108 Unidade III Saiba mais Nesta unidade preparamos uma lista de sites de instituições que de alguma forma trabalham com a problemática racial São organizações não governamentais ONGs núcleos de pesquisa movimentos sociais órgãos públicos etc Claro que com as infinitas possibilidades proporcionadas pela internet tratase apenas de uma sugestão para incentivar sua curiosidade por meio de sites confiáveis com um rico conteúdo escrito e audiovisual que podem ser bastante úteis a todas as pessoas interessadas na questão das relações étnicoraciais e na educação para a igualdade Disponível em httpsl1nkdevq0VKw Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwcriolaorgbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpsurx1comoiyZy Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpsury1com0hVim Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwucamedubr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpsl1nqcom7GBmH Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwceertorgbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwcidanorgbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwweducafroorgbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpsl1nqcomPJEue Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwpalmaresgovbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwgeledesorgbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpwwwipeagovbr Acesso em 14 ago 2023 Disponível em httpsl1nqcomrlTu8 Acesso em 14 ago 2023 109 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA Resumo Na última unidade procuramos focar aspectos pedagógicos da implantação das Leis 106392003 e 116452008 bem como suas implicações para a prática educativa A respeito das imagens e representações do negro na literatura fizemos uma incursão pela obra infantil de Monteiro Lobato discutindo o comprometimento de alguns de seus livros no trabalho pedagógico que vise ao cumprimento da lei em referência Também observamos que a mídia continua a ser um meio de produção reprodução e reforço de estereótipos raciais segundo uma lógica conservadora da elite econômica patrocinadora destas instituições da indústria de entretenimento Todo esse caldo de cultura permeia também o ambiente escolar promovendo o que Pierre Bourdieu definiu como violência simbólica um processo de apropriação pelos grupos desfavorecidos da sociedade dos padrões e referenciais simbólicos das elites dominantes dificultando o processo de construção da identidade afrodescendente na infância e na juventude No tópico final da disciplina trabalhamos os mecanismos de construção da identidade e da diversidade no ambiente escolar a partir primeiramente de uma utilização crítica e consciente por parte dos professores dos livros didáticos e dos currículos definidos pelas políticas educacionais As estratégias e possibilidades portanto capazes de promover a igualdade racial na escola e na sociedade como um todo só poderão se efetivar a partir de um novo olhar e de um novo posicionamento dos educadores gestores e de toda a comunidade escolar visando à construção de identidades negras positivamente afirmadas e à valorização das africanidades brasileiras 110 Unidade III Exercícios Questão 1 Leia o texto a seguir No que se refere à presença da África dos africanos e de seus descendentes as imagens construídas pela educação e pela mídia são em sua maior parte imagens estereotipadas e negativas como se fossem caricaturas feias e grotescas de um desenhista de mau gosto Os livros utilizados na escola também servem de instrumento para manter a exclusão de segmentos da população e apresentam dupla moralidade pois embora tragam um discurso educativo sobre igualdade e justiça de fato carregam preconceitos de todo tipo Faltanos o modelo de Belo Negro para que nos tornemos orgulhosos de nossas africanidades Como diz CorreiaRickli CORREIARICKLI R Três raízes dez mil flores 500 anos e cultura brasileira contribuições a uma reflexão livremente antroposófica São Paulo Trópis 1993 acreditar que venho de uma gente atrasada em relação aos outros povos do mundo é bem diferente de saber que meus antepassados estão entre os principais construtores da cultura e da civilização Saber que meus antepassados não viviam com o cabelo amarrado num ossinho cozinhando brancos em caldeirões mas integravam grandes civilizações com magníficas arquiteturas escrita própria comércio internacional e refinadas obras de artes faz necessariamente uma grande diferença RIBEIRO R I Basta de educar exclusivamente para a branquitude Ano I Número 1 Revista Raízes 2002 Algumas das afirmativas apresentadas a seguir expressam meras constatações da problemática racial e outras afirmativas incluem referências a estratégias para a mudança da situação injusta Vejamos I Políticas públicas não podem ignorar a dimensão psicológica pois como sabemos a realidade é enxergada através de lentes que a educação e a mídia vão construindo em nós A educação e a mídia criam e mantêm um grande reservatório de imagens um imaginário coletivo compartilhado por todos nós II O incessante bombardeio realizado pelos meios de comunicação de massa em favor da manutenção dos estereótipos negativos da África e dos africanos e seus descendentes demanda interrupção urgente III Para a construção da identidade nacional é indispensável e inadiável o resgate da beleza poder e dignidade das diversas etnias africanas que participaram da construção da vida sociocultural brasileira IV É preciso substituir analogias indesejáveis analogias que atribuem significados negativos às palavras e imagenschave devem ser substituídas por outras que revelem qualidades culturais virtudes e peculiaridades admiráveis do povo africano V A geração de novas redes de significado possibilitará a modelagem de padrões positivos e tornam viável o projeto de adequada formação de identidades negras e possibilita que todos os brasileiros independente de sua origem étnicoracial possam reconhecer suas africanidades e orgulharse delas 111 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA Tendo ponderado sobre essas afirmativas assinale a alternativa correta A As afirmativas I III e V expressam meras constatações da problemática racial enquanto as demais incluem referências a estratégias para a mudança da situação injusta B As afirmativas II e IV expressam meras constatações da problemática racial enquanto as demais incluem referências a estratégias para a mudança da situação injusta C As afirmativas I II e V expressam meras constatações da problemática racial enquanto as demais incluem referências a estratégias para a mudança da situação injusta D As afirmativas III e IV expressam meras constatações da problemática racial enquanto as demais incluem referências a estratégias para a mudança da situação injusta E As afirmativas I II e III expressam meras constatações da problemática racial enquanto as demais incluem referências a estratégias para a mudança da situação injusta Resposta correta alternativa E Análise das afirmativas I Afirmativa que apenas possibilita constatar um fato Justificativa afirmar que 1 as políticas públicas devem considerar a dimensão psicológica e o papel da educação e da mídia na construção do grande reservatório de imagens estereotipadas e que 2 a educação e a mídia alimentam continuamente esse imaginário coletivo compartilhado por todos nós apenas possibilita constatar uma realidade mas não propõe estratégias de intervenção II Afirmativa que apenas possibilita constatar um fato Justificativa afirmar que o bombardeio realizado pelos meios de comunicação de massa em favor da manutenção dos estereótipos negativos da África e dos africanos e seus descendentes demanda interrupção urgente apenas possibilita constatar uma realidade mas não propõe estratégias de intervenção III Afirmativa que apenas possibilita constatar um fato Justificativa afirmar que o resgate da beleza poder e dignidade das diversas etnias africanas que participaram da construção da vida sociocultural brasileira é indispensável para a construção da identidade nacional apenas possibilita constatar uma realidade mas não propõe estratégias de intervenção 112 Unidade III IV Afirmativa que inclui proposta de estratégia de intervenção Justificativa a intervenção proposta por essa afirmativa é que as analogias indesejáveis que atribuem significados negativos às palavras e imagenschave sejam substituídas por outras que atribuam significados positivos V Afirmativa que inclui proposta de estratégia de intervenção Justificativa a intervenção proposta por essa afirmativa é que sejam geradas novas redes de significado que possibilitem a modelagem de padrões positivos Questão 2 Helio Santos um dos maiores expoentes nacionais da luta contra o racismo doutor em Economia e presidente do Instituto Brasileiro de Diversidade produziu vasto e respeitável material bibliográfico sobre a questão das relações raciais em nosso país Sua visão lúcida a respeito dessa questão achase bem representada na obra A busca de um caminho para o Brasil A trilha do círculo vicioso São Paulo Senac 2001 Tratase de um texto de compreensão possível para os mais diversos públicos pois o autor não quis restringir apenas ao mundo acadêmico os seus conhecimentos Partindo da constatação de que a desigualdade social no Brasil se explica pela desigualdade racial Helio retoma a questão da identidade nacional e nos convida a acompanhálo numa incursão pela complexa realidade brasileira Para melhor análise do quadro socioeconômico brasileiro o autor formula uma teoria à qual denomina trilha do círculo vicioso cujas principais características estão descritas a seguir A dinâmica das relações sociais caracterizada por complexos processos de inclusãoexclusão determina um jogo cujos perdedores e vencedores têm cartas marcadas aprisionados num inteligente circuito de exclusão para o qual concorrem agências educacionais de trabalho de comunicação de saúde todas elas apoiadas em representações sociais negativamente estereotipadas da África dos africanos e de seus descendentes e impostas para serem compartilhadas por brancos e negros os afrodescendentes encontram poucas chances quando encontram de inserção sóciopolíticoeconômica e de re construção de uma autoimagem positiva que lhes possibilite experimentar sentimentos de autoestima elevada As forças que agem nessa trilha são mais facilmente compreendidas se observamos atentamente a figura apresentada na obra citada e a seguir reproduzida 113 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA A forma como se deu a abolição 1º Passo 6º Passo 2º Passo 5º Passo 4º Passo 3º Passo Retroalimentação Retroalimentação Retroalimentação Invisibilidade Violência Meios de comunicação Repressão policial Manutenção das dificuldades Visão da sociedade Não brancos são incapazes por natureza Negrodescendentes preto e pardo Introjeção do racismo e dos preconceitos Incapacidade para alterar a situação Desmotivação Desmotivação Não indentidade racial Baxa renda Piores empregossalários Escolaridade inferior Dificuldades educacionais Modestas condições de investir em educação Dificuldades econômicas Fluxo da trilha Retroalimentação das dificuldades Dificuldades estruturais e psicológicas Figura 33 Chamamos a atenção para o fato de que as identidades individuais em contínua metamorfose sofrem o impacto igualmente contínuo das forças assinaladas na figura anterior Como constituir identidades negras positivamente afirmadas em tais circunstâncias Essa é uma pergunta que demanda resposta por parte de cada um de nós No campo educacional encontramse formidáveis potenciais de ação Daí a importância do debate amplo geral e irrestrito nesse campo A partir desses dados considere as afirmativas a seguir I Um debate amplo geral e irrestrito sobre relações étnicoraciais não é necessário num país como o Brasil onde todos os segmentos populacionais são igualmente beneficiados pelas políticas públicas II O racismo no Brasil assemelhase a uma centopeia de duas cabeças para usar uma expressão de Helio Santos além da conjuntura externa desfavorável o afrodescendente compartilha de representações negativas inscritas no imaginário coletivo III O processo contínuo de sujeição a um bombardeio de imagens negativas de tudo o que se refere à África e o entorpecimento da consciência determina que brancos e não brancos interiorizem como naturais esses estímulos IV Com pouca ou nenhuma possibilidade de re conhecimento dos valores tradicionais de seu povo de origem os afrodescendentes veemse na condição de desenvolver a própria identidade a partir de modelos ideaisdeego brancos de realização impossível dada a condição biológica e de realização indesejável por implicar em afastamento e negação da riqueza e da beleza da cultura de origem 114 Unidade III V Às implicações do rebaixamento da autoestima nas esferas de poder econômico político e social têm sido dada importância inferior à merecida autoestima rebaixada e autoimagem negativa inibem qualquer movimento reivindicatório seja no âmbito intelectual seja no afetivo VI O esquema gráfico traçado por Santos oferece uma visão sistêmica do problema e possibilita constatar o fato de que transformações nas relações raciais brasileiras demandam ação afirmativa em muitos campos entre os quais o da educação da comunicação social e do mercado de trabalho Estarão corretas todas as afirmativas anteriores Pondere e a seguir assinale a alternativa correta A Somente as afirmativas II e IV são incorretas B Somente a afirmativa I é incorreta C Somente a afirmativa V é incorreta D Somente as afirmativas I e V são incorretas E Somente as afirmativas III e VI são incorretas Resposta correta alternativa B Análise das afirmativas I Afirmativa incorreta Justificativa um amplo debate sobre relações étnicoraciais não é apenas necessário num país como o Brasil ele é indispensável e urgente Com Helio Santos constatamos que a desigualdade social no Brasil se explica pela desigualdade racial dado que na constituição demográfica de nossa sociedade o segmento negro pretos e pardos compõe praticamente a metade do contingente humano II Afirmativa correta Justificativa sobre a conjuntura externa desfavorável os dados estatísticos não deixam margem a dúvidas há escassez de oportunidades para os afrodescendentes Quanto à autoimagem difícil se mostra a construção de uma identidade positivamente afirmada sendo abundantes os estereótipos negativos de negritude inscritos no imaginário coletivo III Afirmativa correta Justificativa a inferioridade e a incapacidade dos afrodescendentes tantas vezes assinalada termina sendo naturalizada parece natural que seja assim 115 RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS E AFRODESCENDÊNCIA IV Afirmativa correta Justificativa pesquisadores da área de psicologia entre os quais assinalam esse impasse na construção de identidades negras os modelos identificatórios são brancos e afinal quem quer se identificar com o perdedor V Afirmativa correta Justificativa como os debates enfatizam muitas vezes a questão da igualdade de direitos menor ênfase recai sobre a questão da igualdade de oportunidades Pessoas que têm de si próprias uma imagem de inferioridade e de incapacidade certamente perdem poder de competitividade e como sabemos nossa sociedade é extremamente competitiva VI Afirmativa correta Justificativa dificilmente encontramos um esquema gráfico tão competente para reunir dados sobre a condição dos negros no Brasil Seu caráter sistêmico possibilita definir estratégias e táticas de combate ao racismo 116 REFERÊNCIAS Audiovisuais ALÉM da lousa culturas juvenis presente Direção Denise Martha Brasil 2000 BALEIRO Z Canção pra ninar um neguim Intérprete Zeca Baleiro In Concerto São Paulo Saravá Discos 2014 CD Faixa 4 BOSCO J O mestresala dos mares Intérprete João Bosco In Novo Millennium São Paulo Universal Music 2005 CD Faixa 4 BUARQUE C Não existe pecado ao sul do equador Intérprete Chico Buarque In Ao vivo Paris Paris BMG 1990 CD Faixa 16 CANDEIA A Dia de graça Intérprete Antônio Candeia In Mestres da MPB São Paulo WEA 1992 CD Faixa 1 CAYMMI D Retirantes Intérprete Dorival Caymmi In Novo Millennium Dorival Caymmi São Paulo Universal 2005 CD Faixa 1 CAYMMI D PINHEIRO P C Estrela da Terra Intérprete Nana Caymmi In Mudança dos Ventos São Paulo EMI 1980 CD Faixa 7 CAYMMI D PINHEIRO P C Flor da Bahia Intérprete Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro In Brazilian Serenata São Paulo Warner Music 1991 CD Faixa 7 CONTINO G Lavagem cerebral Intérprete Gabriel o Pensador In Gabriel o Pensador Rio de Janeiro Sony Music 1993 CD Faixa 5 DUARTE M PINHEIRO P C O canto das três raças Intérprete Clara Nunes In Brasil de A a Z Clara Nunes 2007 CD Faixa 1 ENCONTRANDO Forrester Finding Forrester Direção Gus Van Sant EUA Columbia Pictures 2000 136 min O FIO da memória Direção Eduardo Coutinho Brasil SagresCineFilmesFunarj 1991 120 min GARFUNKEL J GARFUNKEL P Cruzeiro do Sul Intérprete Renato Braz In Outro Quilombo São Paulo Atração 2002 CD Faixa 12 GIL G A Mão da limpeza Intérprete Gilberto Gil In Raça Humana São Paulo Warner Music 1984 CD Faixa 9 117 GONZAGA L TEIXEIRA H Assum preto Intérprete Luiz Gonzaga In Volta pra curtir ao vivo São Paulo Sony Music 2006 CD Faixa 6 KIRIKÚ e a feiticeira Kirikou et la sorcière Direção Michel Ocelot FrançaBélgicaLuxemburgo Gébeka Films 1998 74 min LIXO extraordinário Waste land Direção Lucy Walker João Jardim Karen Harley BrasilReino Unido Almega ProjectsO2 Filmes 2010 99 min MANFREDINI JÚNIOR R Índios Intérprete Renato Russo In Contando história São Paulo Marlon CDs 2012 CD Faixa 5 MARCHA Zumbi dos Palmares contra o racismo pela cidadania e a vida 16951995 Direção e roteiro Edna Cristina Brasil 1995 NASCIMENTO JÚNIOR L G É Intérprete Gonzaguinha In Corações marginais São Paulo Moleque WEA 1988 CD Faixa 5 OLHOS azuis Blue eyed Direção Bertram Verhaag e Jane Elliott EUA 1996 90 min PEREIRA P P S Negro drama Intérprete Racionais Mcs In Nada como um dia após o outro São Paulo Unimar Music 2002 CD Faixa 5 QUANDO crioulo dança Direção Dilma Lóes Brasil Ministério da Educação e do Desporto Secretaria de Educação Fundamental 1989 O RAP do pequeno príncipe contra as almas sebosas Direção Paulo Caldas e Marcelo Luna Brasil 2000 75 min SEGREDOS e mentiras Secrets and lies Direção Mike Leigh GrãBretanha 1996 142 min SILVA B Preconceito de cor Intérprete Bezerra da Silva In Justiça social São Paulo BMG 1987 CD Faixa 11 SOARES E A carne Intérprete Elza Soares In Do coccix até o pescoço São Paulo Tratore Maianga 2002 CD Faixa 6 VISTA a minha pele Direção Joel Zito Araújo Brasil 2004 27 min VELOSO C Um índio Caetano Veloso In Bicho São Paulo Universal Music 1977 CD Faixa 5 VELOSO C GIL G Haiti Intérprete Caetano Veloso In Noites do Norte ao vivo São Paulo Universal Music 2002 CD Faixa 6 118 Textuais ARAÚJO J Z O negro na dramaturgia um caso exemplar da decadência do mito da democracia racial brasileira Revista de Estudos Feministas v16 n 3 dez 2008 BAMIDELÊ Organização de Mulheres Negras da Paraíba O censo e o quesito cor e raça João Pessoa PB 2010 Disponível em httpsl1nqcomh7IeI Acesso em 15 ago 2023 BARBOSA L O jeitinho brasileiro São Paulo CampusBB 2005 BARBOSA L M de A Pedagogia da Exclusão a representação do negro na literatura brasileira In SILVÉRIO V R ABRAMOWICZ A BARBOSA L M A coords Projeto São Paulo Educando pela Diferença para a Igualdade Módulo II Ensino Médio 2004 Universidade Federal de São Carlos NEABUFSCar Disponível em httpsurx1com0GQJR Acesso em 15 ago 2023 BERNARDINO J Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial no Brasil Estudos Afroasiáticos v 24 n 2 2002 BORGES F C A filosofia do jeito um modo brasileiro de pensar com o corpo São Paulo Summus 2005 BRASIL Aprovado com emendas na Câmara Estatuto da Igualdade Racial será novamente examinado pelo Senado em 2010 Portal do Senado 2010b Disponível em httpsacesseoneTZqCT Acesso em 15 ago 2023 BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos Brasília 1988 Disponível em httpsacesseonePgGfY Acesso em 15 ago 2023 BRASIL Estatutos Portal Brasil Disponível em httpsl1nkdevxV0xM Acesso em 15 ago 2023 BRASIL Lei n 8069 de 13 de julho de 1990 Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências Disponível em httpstinyurlcom5b3akda3 Acesso em 15 ago 2023 BRASIL Lei n 9394 de 20 de dezembro de 1996 Diretrizes e Bases da Educação Nacional Disponível em httpsacesseoneGpK3b Acesso em 15 ago 2023 BRASIL Lei n 10639 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei n 9394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura AfroBrasileira e dá outras providências Disponível em httpstinyurlcom489av6nk Acesso em 15 ago 2023 119 BRASIL Lei n 11645 de 10 de março de 2008 Altera a Lei n 9394 de 20 de dezembro de 1996 modificada pela Lei n 10639 de 9 de janeiro de 2003 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura AfroBrasileira e Indígena Disponível em httpsl1nkdevLpdBe Acesso em 15 ago 2023 BRASIL Lei n 12288 de 20 de julho de 2010 Institui o Estatuto da Igualdade Racial altera as Leis n 7716 de 5 de janeiro de 1989 9029 de 13 de abril de 1995 7347 de 24 de julho de 1985 e 10778 de 24 de novembro de 2003 Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos Brasília 2010a BRASIL MEC Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação Conselho Pleno Parecer CNECP 32004 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana Brasília MEC 2004 BRASIL Plano Nacional de implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das relações Étnicoraciais e para o ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana Brasília 10 de março de 2004 Disponível em httpsl1nkdevwD5D1 Acesso em 15 ago 2023 CANHAS I Fenótipo Genética Infoescola sd Disponível em httpsurx1comEagW2 Acesso em 10 ago 2023 CASHMORE E Dicionário de relações étnicas e raciais São Paulo Selo Negro 2000 CAVALLEIRO E Discriminação Racial e Pluralismo nas Escolas Públicas da Cidade de São Paulo p 65104 In SECRETARIA de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade Educação antirracista caminhos abertos pela Lei Federal n 1063903 Brasília Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade 2005 Coleção Educação para todos CHARTIER R Diferenças entre os sexos e dominação simbólica Cadernos Pagu n 4 1995 CUNHA JUNIOR H Tecnologia africana na formação brasileira Rio de Janeiro CEAP 2010 DAMATTA R Carnavais malandros e heróis para uma sociologia do dilema brasileiro 5 ed Rio de Janeiro Guanabara 1990 DAMATTA R O que faz do Brasil Brasil Rio de Janeiro Rocco 1997 DAMATTA R Relativizando uma introdução à antropologia social Rio de Janeiro Rocco 1987 DE PAULA M HERINGER R orgs Estado e sociedade na superação das desigualdades raciais no Brasil Rio de Janeiro Fundação Heinrich Boll ActionAid 2009 120 ESTADÃO Analfabetismo entre negros é mais do dobro que entre brancos 17 de setembro de 2010 Disponível em httpsl1nqcomvWsau Acesso em 15 ago 2023 FLORES E C Nós e Eles etnia etnicidade etnocentrismo In ZENAIDE M N T SILVEIRA R M G DIAS A A orgs Direitos Humanos capacitação de educadores vol2 fundamentos culturais e educacionais de Educação em Direitos Humanos Brasília João Pessoa MEC UFPB 2008 GUIMARÃES A S A Preconceito e discriminação ed 34 São Paulo Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo 2004 GUIMARÃES A S A Racismo e antirracismo no Brasil 3 ed rev São Paulo Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo 2009 IANNI O Raças e classes sociais no Brasil Ed rev ampliada São Paulo Brasiliense 2004 IBGE Contas regionais do Brasil Rio de Janeiro n 40 2011a Disponível em httpsacesseoneqxrbP Acesso em 15 ago 2023 IBGE Produto interno bruto dos municípios 20052009 Coordenação de Contas Nacionais n 36 Rio de Janeiro IBGE 2011b Disponível em httpsacesseoneRLzSr Acesso em 11 ago 2023 IBGE Síntese de indicadores sociais uma análise das condições de vida da população brasileira Rio de Janeiro IBGE 2009 Disponível em httpstinyurlcom2p8vzb99 Acesso em 11 ago 2023 INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL IBOPE INTELIGÊNCIA Perfil social racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas pesquisa 2010 São Paulo Instituto Ethos nov 2010 Disponível em httpsl1nqcomfGQr8 Acesso em 11 ago 2023 IPEA UNIFEM Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Instituto de Pesquisa Retrato das desigualdades de gênero e raça análise preliminar dos dados 3 ed Brasília set 2008 Disponível em httpsacesseoneANETg Acesso em 15 ago 2023 KEMP K Identidade Cultural In GERREIRO S org Antropos e Psique o outro e sua subjetividade 9 ed São Paulo Olho dágua 2009 LARAIA R de B Cultura um conceito antropológico 22 ed Rio de Janeiro Jorge Zahar 2008 LIMA F da S VERONESE J R P Crianças e adolescentes negros reflexos de uma discriminação velada Revista Sociologia Jurídica n 9 juldez 2009 LIMA M E O VALA J As novas formas de expressão do preconceito e do racismo Estudos de psicologia Natal v 9 n 3 dez 2004 121 LOPES R J DNA de negros e pardos no Brasil é 60 a 80 europeu Folha de SPaulo 10 fev 2011 Disponível em httpsl1nkdevQDMH5 Acesso em 10 ago 2023 MARTINS A L Mortalidade materna de mulheres negras no Brasil Caderno de Saúde Pública Rio de Janeiro v 22 n 11 nov 2006 MAZRUI A A História geral da África África desde 1935 v I VIII Brasília Unesco 2010 Disponível em httpstinyurlcommr4a6uwa Acesso em 11 ago 2023 MIRANDA D B Princesas de contos de fadas e crianças negras racismo estética e subjetividade 2010 37f Monografia Graduação em Psicologia Universidade Católica de BrasíliaUCB Brasília 2010 MISTURA de raças do Brasil é catastrófica escreveu atirador da Noruega G1 São Paulo 25 jul 2011 Disponível em httpsacesseoneFJATl Acesso em 16 ago 2023 MOURA C História do negro brasileiro 2 ed Série Princípios São Paulo Ática 1992 MUNANGA K GOMES N L O negro no Brasil de hoje Coleção para entender São Paulo Global 2006 MUNANGA K Uma abordagem conceitual das noções de raça racismo identidade e etnia In 3º SEMINÁRIO NACIONAL RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO PENESBRJ 5112003 Disponível em httpsurx1com91cFB Acesso em 15 ago 2023 NARLOCH L Guia politicamente incorreto da História do Brasil São Paulo Leya 2009 NOGUEIRA O Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil Tempo Social Revista de Sociologia da USP São Paulo v 19 n 1 jun 2007 OLIVA A R A História da África nos bancos escolares representações e imprecisões na literatura didática Estudos AfroAsiáticos Rio de Janeiro v 25 n 3 2003 OLIVEIRA R C de Caminhos da Identidade ensaios sobre etnicidade e multiculturalismo São Paulo Editora Unesp Brasília Paralelo 15 2006 OLIVIERI A C Índios O Brasil antes do descobrimento Pedagogia Comunicação Uol abr 2014 Disponível em httpsl1nkdevTwMkH Acesso em 15 ago 2023 PENA J S D et al The genomic ancestry of individuals from different geographical regions of Brazil is more uniform than expected Plos one Utah Henry Harpending 2011 Disponível em httpstinyurlcomyckvf3hn Acesso em 10 ago 2023 PÉTRÉGRENOUILLEAU O A história da escravidão São Paulo Boitempo 2009 122 PINHEIRO L et al Retrato das desigualdades de gênero e raça 3 ed Brasília Ipea SPM Unifem 2008 36 p Disponível em httpsacesseoneANETg Acesso em 15 ago 2023 POUTIGNAT P STREIFFFENART J Teorias da etnicidade seguido de grupos étnicos e suas fronteiras de Fredrik Barth São Paulo Editora Unesp 1998 QUINTAS G Amas de leite e suas representações visuais símbolos socioculturais e narrativos da vida privada do Nordeste patriarcalescravocrata na imagem fotográfica RBSE Revista Brasileira de Sociologia da Emoção v 8 n 22 abril de 2009 REGA L S Dando um jeito no jeitinho como ser ético sem deixar de ser brasileiro São Paulo Mundo Cristão 2000 RIBEIRO R I Alma africana no Brasil os iorubás São Paulo Oduduwa 1996 RIBEIRO R I Basta de educar exclusivamente para a branquitude Revista Raízes a I n 1 2002 RIBEIRO R I De boca perfumada a ouvidos dóceis e limpos ancestralidades africanas tradição oral e cultura brasileira Itinerários Araraquara 1998 RIBEIRO V M VÓVIO C L MOURA M P Letramento no Brasil alguns resultados do indicador nacional de alfabetismo funcional Educação e Sociedade Campinas dez 2002 v 23 n 81 ROCHA E J da ROSEMBERG F Autodeclaração de cor eou raça entre escolares paulistanosas Cadernos de Pesquisa Fundação Carlos Chagas São Paulo v 37 n 132 p 759799 setdez 2007 RODRIGUES Q P Desigualdades raciais no acesso de mulheres ao cuidado prénatal e no parto 98f Dissertação Mestrado em Enfermagem Escola de Enfermagem Universidade Federal da Bahia Salvador 2009 SALUM M H L Lisy África culturas e sociedades Sítio Arte Africana Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo MAEUSP São Paulo jul 2005 Disponível em httpsl1nqcomBiiUu Acesso em 15 ago 2023 SANTOS H A busca de um caminho para o Brasil a trilha do círculo vicioso São Paulo Senac 2001 SCHWARCZ L M Dos males da medida Psicologia USP v 8 n 1 São Paulo 1997 SCHWARCZ L M Nem preto nem branco muito pelo contrário cor e raça na intimidade In NOVAES F A coord História da vida privada no Brasil contrastes da intimidade contemporânea São Paulo Companhia das Letras 1998 SCHWARCZ L M Racismo no Brasil São Paulo Publifolha 2001 123 SILVA A C da A desconstrução da discriminação no livro didático In MUNANGA K org Superando o Racismo na escola 2 ed rev Brasília Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade 2005 SILVA P B G Africanidades brasileiras esclarecendo significados e definindo procedimentos pedagógicos Revista do Professor Porto Alegre v 19 n 73 janmar 2003 SILVA R J Poder Judiciário e a questão racial In SYDOW E MENDONÇA M L orgs Direitos Humanos no Brasil 2004 Relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos em parceria com Global Exchange São Paulo Fundação Heinrich Böll 2004 TORRES L de L Reflexões sobre raça e eugenia no Brasil a partir do documentário Homo Sapiens 1900 de Peter Cohen Ponto Urbe Revista do Núcleo de Antropologia Urbana da USP a 2 v 20 fev2008 Disponível em httpsurx1comVFcXj Acesso em 10 ago 2023 UFSCAR Projeto São Paulo Educando pela Diferença para a Igualdade Módulo 1 2004a Disponível em httpsury1com8Gj82 Acesso em 15 ago 2023 VIZZOLLI I Registros de alunos e professores de educação de jovens e adultos na solução de problemas de proporçãoporcentagem 245f Tese Doutorado em Educação Programa de PósGraduação em Educação Universidade Federal do Paraná Curitiba 2006 124 Informações wwwsepiunipbr ou 0800 010 9000