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Engenharia Ambiental ·

Avaliação de Risco e Impacto Ambiental

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220423 0903 Revista ESPACIOS Vol 37 Nº 06 Año 2016 httpswwwrevistaespacioscoma16v37n0616370603html 111 Espacios Vol 37 Nº 06 Año 2016 Pág 3 Análise do Risco Ambiental e a Gestão de Risco Caso do Ser Humano como Bio Indicador Analysis of Environmental Risk and Risk Management The Case of the human being as a bio indicator Douglas FETTER 1 Jorge André Ribas MORAES 2 Jair PUTZKE 3 Recibido 101015 Aprobado 28102015 Contenido 1 Introdução 2 Riscos e impactos ambientais 3 Metodologia 4 Apresentação do caso e discussão 5 Conclusão Referências RESUMO Este artigo apresenta uma discussão a respeito dos riscos ambientais Algumas definições de riscos aceitas cientificamente na bibliografia nacional e internacional e também noções construídas coletivamente pelos participantes de diversas reuniões públicas de mapeamento de riscos Foram analisados conceitos e classificações envolvendo tipos diferentes de riscos além das relações entre riscos e outros conceitos como vulnerabilidade impactos ambientais e percepção ambiental bem como gestão de risco conforme NBR ISO 31000 Ao final considerase como método a tentativa de implantação ao que sugere a CONAMA 001 que diz respeito aos riscos ambientais e as medidas de proteção bem como a implantação de Bio Indicadores Humanos para avaliação dos riscos ambientais Além disso verificase que a definição de risco ambiental mais adequada é formada por uma fusão das noções aceitas popularmente em que se une a percepção das pessoas com os conceitos já estabelecidos na literatura sobre o tema Assim abrese espaço para aplicar e adaptar os conceitos conforme as características de cada pesquisa eou dos objetivos pedagógicos de cada atividade bem como para a aplicação dos conceitos de riscos de acordo com a área estudada e a população envolvida Palavraschave Risco Ambiental Classificação de Riscos Vulnerabilidade Impacto Ambiental Percepção Ambiental Gestão de Risco ABSTRACT This article present a discussion of the environmental risks Same risk definitions scientifically in the national and international literature and also collectively constructed notions by participants from various public meetings risk mapping Concepts and classifications involving different types of risks were analyzed in addition to the relationship between risks and other concepts such as vulnerability environmental impacts and environmental perception and risk management as ISO 31000 At the end it is considered as a method to attempt to implement to suggesting the CONAMA 001 in regard to environmental risks and protective measures and the implementation of Human Bio indicators for the environmental risk assessment In addition it appears that the most appropriate definition of environmental risk is formed by a merger of the popularly accepted notions where it joins the perception of people with the concepts already established in the literature on the subject Thus there is room to apply and adapt the concepts according to the characteristics of each research and or educational objectives for each activity as well as for the application of the concepts of risk according to the study area and the population involved Keywords Environmental Risk Risk classification Vulnerability Environmental impact Environmental awareness Risk management 1 Introdução 220423 0903 Revista ESPACIOS Vol 37 Nº 06 Año 2016 httpswwwrevistaespacioscoma16v37n0616370603html 211 A abordagem dos riscos ambientais está vinculada a importantes temas intensamente debatidos no meio acadêmico como a questão da interdisciplinaridade e do papel da ciência e da tecnologia no mundo atual Sob o ponto de vista pedagógico o mapeamento de riscos ambientais tem fortalecido seu potencial de se configurar seja como estratégia de ensino formal no âmbito acadêmico seja como atividade de educação não formal fora do âmbito escolar Tanto na pesquisa quanto no ensino destacamse também a vinculação com a temática localregionalglobal com grande potencial para a aplicação em estudos das escalas dos fenômenos e para as formas de representação espacial dos riscos Assim é de grande importância tornar aplicável um conceito de risco que busca a aproximação por um lado de uma definição aceita cientificamente e baseada na bibliografia internacional e por outro do entendimento popular que transpareceu durante diversas experiências de mapeamento de risco que vêm sendo realizadas ou acompanhadas diretamente desde meados dos anos 90 A ausência de um acordo na terminologia e a necessidade de tratar deste tema chegou a inspirar a inauguração de uma nova ciência desenvolvida ao longo de dois eventos promovidos pela UNESCO um em 1987 e o outro em 1989 FAUGÈRES et al 1990 Essa ciência nascente chamada de Cindínica ou Cindinicologia teria por objetivo estudar e limitar os riscos aos quais estão expostas as populações FAUGÈRES 1991 apud REBELO 2005 p 66 Para Brüseke 1997 p 124125 organizações de todos os tipos e tamanhos enfrentam influências e fatores internos e externos que tornam incerto se e quando elas atingirão seus objetivos O efeito que essa incerteza tem sobre os objetivos da organização é chamado de risco De acordo com Amaro 2003 p 117 todas as atividades de uma organização envolvem risco As organizações gerenciam o risco identificandoo analisandoo e em seguida avaliando se o risco deve ser modificado pelo tratamento do risco a fim de atender a seus critérios de risco Ao longo de todo este processo elas comunicam e consultam as partes interessadas e monitoram e analisam criticamente o risco e os controles que o modificam a fim de assegurar que nenhum tratamento de risco adicional seja requerido A Norma ISO 31000 descreve este processo sistemático e lógico em detalhes O presente trabalho busca contribuir com as questões teóricas metodológicas e práticas que envolvem essa ciência emergente que trata dos riscos em função de sua importância para o cotidiano das pessoas e para a melhoria da qualidade de vida das populações envolvidas 11 Riscos e suas questões conceituais Os conceitos de risco têm sido utilizados em diversas ciências e ramos do conhecimento e adaptados segundo os casos em questão Nessas situações frequentemente o termo riscos é substituído ou associase a potencial susceptibilidade vulnerabilidade sensibilidade ou danos potenciais Nesta pesquisa considerouse o risco como a probabilidade de que um evento esperado ou não esperado se torne realidade A ideia de que algo pode vir a ocorrer já então configura um risco Esse conceito é conhecido na cultura ocidental há muitos séculos Diferentemente disso culturas como a do Japão por exemplo não possuem um equivalente direto para a palavra risco PELLETIER 2007 Levantamentos recentes como os realizados por Marandola Junior e Hogan 2004 e por Veyret 2007 por exemplo sugerem que a disputa por um conceito unificador para trabalhar com os problemas e alterações ambientais abrange muitos termos tais como riscos acidentes áleas do inglês hazard desastres etc Muitas vezes no entanto são utilizados nomes diferentes para tratar ou designar as mesmas coisas Aqui é interessante citar um trecho que remete à visão francesa sobre os riscos principalmente a visão encontrada nos trabalhos de Monteiro 1991 segundo Marandola Junior e Hogan 2004 p 101 Os franceses conforme mostra Carlos A de F Monteiro optaram por utilizar o termo risco como tradução de hazard assim como os espanhóis Esta escolha se justifica para o autor na medida que o risco considera os componentes antropogênicos e a noção de possibilidade de perigo Indo mais a fundo na etimologia da palavra Monteiro 1991 10 argumenta ainda que risco está ligado aos termos latinos risicu e riscu ligados por sua vez a resecare que significa cortar Neste caso o autor encara este sentido apropriado ao hazard pois este significa uma ruptura numa continuidade como um risco 220423 0903 Revista ESPACIOS Vol 37 Nº 06 Año 2016 httpswwwrevistaespacioscoma16v37n0616370603html 311 contendo a ideia de corteruptura como por exemplo numa sequência de estados atmosféricos que se bifurcasse ou dirigisse a outras trajetórias menos prováveis ou inesperadas 12 Conceito Básico de Risco Ambiental Conforme apresentado no livro do Center for Chemical Process Safety CCPS do American Institute of Chemical Engineers Gerenciamento de Riscos pode ser definido como Aplicação sistemática de políticas de gestão procedimentos e práticas de análises avaliação e controle dos riscos com o objetivo de proteger os funcionários o público em geral o meio ambiente e as instalações evitando a interrupção do processo p21 De uma maneira geral o gerenciamento de riscos pode ser entendido como um processo de acordo com a figura 1 e cujos passos básicos são 1 Identificação dos perigos 2 Análise dos riscos 3 Implementação de um plano de controleredução dos riscos 4 Monitoração do plano 5 Reavaliação periódica do plano Figura 1 Processo de Gerenciamento de risco Fonte DET NORSKE VERITAS 2006 Admitindo a probabilidade como o mecanismo de funcionamento do risco partese em direção a uma classificação Podese dizer que o risco se apresenta em situações ou áreas em que existe a probabilidade susceptibilidade vulnerabilidade acaso ou azar de ocorrer algum tipo de ameaça perigo problema impacto ou desastre Segundo Amaro 2005 p 7 o risco é pois função da natureza do perigo acessibilidade ou via de contato potencial de exposição características da população exposta receptores probabilidade de ocorrência e magnitude das consequências Em outras palavras o Amaro 2005 expõe a face premonitória sobre a análise de riscos dado que embora as definições e interpretações sejam numerosas e variadas todos reconhecem no risco a incerteza ligada ao futuro tempo em que o risco se revelará p 8 2 Riscos e impactos ambientais A definição referente aos impactos ambientais é frequentemente associada a mudanças alterações transformações que ocorrem no ambiente Porém diversos autores preferem empregar a palavra impacto somente nas situações que envolvem as mudanças bruscas ou repentinas atendose mais rigorosamente à essência desse termo Impactos ambientais para Christofoletti 1994 significam os impactos ou efeitos provocados pelas mudanças do meio ambiente nas circunstâncias que envolvem a vida dos seres humanos Entretanto Christofoletti 1994 p 427 adverte que aqui se incluem os efeitos e transformações provocadas 220423 0903 Revista ESPACIOS Vol 37 Nº 06 Año 2016 httpswwwrevistaespacioscoma16v37n0616370603html 411 pelas ações humanas nos aspectos do meio ambiente físico e que se refletem por interação nas condições ambientais que envolvem a vida humana Os impactos ou efeitos observados somente em relação à ação humana nas condições do meio natural ou seja nos ecossistemas e geossistemas correspondem aos impactos antropogênicos Outra questão conceitual importante relatada pela legislação brasileira e que causa certas dúvidas está nos conceitos de risco e impacto A noção de risco ambiental utilizada nesta pesquisa não deve ser confundida com a de impacto ambiental que entrou em voga a partir da aceitação e reprodução do vocabulário jurídico iniciado na Política Nacional do Meio Ambiente BRASIL 1981 e na Resolução 0011986 do CONAMA que trata do Licenciamento ambiental BRASIL 1986 Risco ambiental remete à possibilidade de ocorrência de eventos danosos ao ambiente enquanto que para a legislação que trata de Licenciamento a noção de impacto ambiental está ligada à repetição de algo que já aconteceu e que poderá significar um evento positivo ou negativo podendo comprometer a licença para instalar um empreendimento em determinado local Impacto ambiental tem a ver com a localização exata do fato ou a investigação da responsabilidade que é necessária em qualquer perícia ambiental e sua qualificação que determinará a magnitude de dano desse impacto Assim parece mais razoável a proposta de Carpi Junior 2001 p 71 que trabalha com o conceito amplo de risco ambiental evitando usar o termo impacto Os impactos ou alterações do ambiente passam a se configurarem como formas de risco ambiental que ao ser percebido ou conhecido pelo homem pode se transformar como ponto de partida para as ações que visem a melhoria da qualidade de vida juntando esforços dos diversos setores da sociedade Dessa forma mesmo sendo conceitos diferenciados a ocorrência de impactos ambientais em um local deve ser elemento indicativo na identificação e localização de riscos em outros locais ou épocas em virtude da possibilidade de repetição no espaço e no tempo daqueles eventos em situações similares Outros autores poderiam ser citados a respeito da questão dos riscos mas existe certa unanimidade em associálos às situações ou áreas que ocorrem algum tipo de perigo ameaça ou probabilidade deles O adjetivo ambiental está sendo priorizado neste trabalho pois as situações de risco ocorrem no ambiente em seu sentido amplo natural e construído pelo homem 21 Análise de Risco de acordo com a NBR ISO 31000 A análise de riscos envolve desenvolver a compreensão dos riscos A análise de riscos fornece uma entrada para a avaliação de riscos e para as decisões sobre a necessidade dos riscos serem tratados e sobre as estratégias e métodos mais adequados de tratamento de riscos A análise de riscos também pode fornecer uma entrada para a tomada de decisões em que escolhas precisam ser feitas e as opções envolvem diferentes tipos e níveis de risco NBR ISO 31000 2009 A análise de riscos envolve a apreciação das causas e as fontes de risco suas consequências positivas e negativas e a probabilidade de que essas consequências possam ocorrer Convém que os fatores que afetam as consequências e a probabilidade sejam identificados O risco é analisado determinandose as consequências e sua probabilidade e outros atributos do risco Um evento pode ter várias consequências e pode afetar vários objetivos Convém que os controles existentes e sua eficácia e eficiência também sejam levados em consideração NBR ISO 31000 2009 A forma com que as consequências e a probabilidade são expressas e o modo com que elas são combinadas para determinar um nível de risco devem refletir o tipo de risco as informações disponíveis e a finalidade para a qual a saída do processo de avaliação de riscos será utilizada Convém que isso tudo seja compatível com os critérios de risco É também importante considerar a interdependência dos diferentes riscos e suas fontes NBR ISO 31000 2009 Convém que a confiança na determinação do nível de risco e sua sensibilidade a condições prévias e premissas sejam consideradas na análise e comunicadas eficazmente para os tomadores de decisão e quando apropriado a outras partes interessadas Convém que sejam estabelecidos e ressaltados fatores como a divergência de opinião entre especialistas a incerteza a disponibilidade a qualidade a quantidade e a contínua pertinência das informações ou as limitações sobre a modelagem NBR ISO 31000 2009 220423 0903 Revista ESPACIOS Vol 37 Nº 06 Año 2016 httpswwwrevistaespacioscoma16v37n0616370603html 511 A análise de riscos pode ser realizada com diversos graus de detalhe dependendo do risco da finalidade da análise e das informações dados e recursos disponíveis Dependendo das circunstâncias a análise pode ser qualitativa semiquantitativa ou quantitativa ou uma combinação destas NBR ISO 31000 2009 As consequências e suas probabilidades podem ser determinadas por modelagem dos resultados de um evento ou conjunto de eventos ou por extrapolação a partir de estudos experimentais ou a partir dos dados disponíveis NBR ISO 31000 2009 As consequências podem ser expressas em termos de impactos tangíveis e intangíveis Em alguns casos é necessário mais que um valor numérico ou descrito para especificar as consequências e suas probabilidades em diferentes períodos locais grupos ou situações NBR ISO 31000 2009 22 Avaliação de riscos A finalidade da avaliação de riscos é auxiliar na tomada de decisões com base nos resultados da análise de riscos sobre quais riscos necessitam de tratamento e a prioridade para a implementação do tratamento NBR ISO 31000 2009 A avaliação de riscos envolve comparar o nível de risco encontrado durante o processo de análise com os critérios de risco estabelecidos quando o contexto foi considerado Com base nesta comparação a necessidade do tratamento pode ser considerada IEC 31010 2009 Convém que as decisões levem em conta o contexto mais amplo do risco e considerem a tolerância aos riscos assumidos por partes que não a própria organização que se beneficia do risco Convém que as decisões sejam tomadas de acordo com os requisitos legais regulatórios e outros requisitos NBR ISO 31000 2009 Em algumas circunstâncias a avaliação de riscos pode levar à decisão de se proceder a uma análise mais aprofundada A avaliação de riscos também pode levar à decisão de não se tratar o risco de nenhuma outra forma que seja manter os controles existentes Esta decisão será influenciada pela atitude perante o risco da organização e pelos critérios de risco que foram estabelecidos IEC 31010 2009 221 Princípios para o Gerenciamento de Riscos Os princípios do gerenciamento de riscos podem ser aplicados a todos os aspectos de negócio e a todos os ramos de atividade não ficando limitado aos projetos A norma ISO 31000 2009 p 7 estabelece os seguintes princípios para uma gestão de riscos eficaz eficiente e coerente a Cria e protege valor b É parte integrante de todos os processos organizacionais c É parte da tomada de decisões d Aborda explicitamente a incerteza e É sistêmica estruturada e oportuna f Baseiase nas melhores informações disponíveis g É feita sob medida h Considera fatores humanos e culturais i É transparente e inclusiva j Dinâmica interativa e capaz de reagir às mudanças e k Facilita a melhoria contínua da organização 222 Ferramentas para Análise de Riscos Ambientais 1 Análise histórica de acidentes 2 Inspeção de segurança 3 Lista de verificação 4 Método E se 5 Análise preliminar de riscos 6 Estudo de riscos e operabilidade 7 Tipos de ruptura e análise das consequências 8 Análise de árvore de falhas 9 Análise de árvore de eventos 220423 0903 Revista ESPACIOS Vol 37 Nº 06 Año 2016 httpswwwrevistaespacioscoma16v37n0616370603html 611 10Análise de causas e consequências 11 Bioindicadores Seres Humanos Tradicionalmente quando são utilizados bioindicadores em pesquisas sobre qualidade ambiental é dada preferência a algumas espécies de peixes sensíveis à poluição hídrica eou a liquens e a outros animais sensíveis à poluição atmosférica como o caso recente de borboletas analisadas nas proximidades da Unicamp e que indicou que pelo menos para elas a qualidade ambiental está adequada NASCIMENTO 2007 Conforme o Item 2 metodologia fica evidenciado que o uso de bioindicadores como seres humanos se torna menos dispendioso e mais eficiente pois expressam valores cumulativos de alterações ambientais flutuantes e sutis que não podem ser medidos usando métodos físicos ou químicos ou seja em outras palavras e trazendo a questão dos bioindicadores para o âmbito dos riscos ambientais destacase as palavras de Carpi Junior 2001 p 57 ao considerar que de qualquer forma a referência principal para a avaliação dos riscos ambientais é o próprio homem com as possibilidades de ser atingido pelas transformações do ambiente mesmo que anteriormente afetando outros seres vivos 3 Metodologia Esta pesquisa se propõe a realizar uma abordagem bibliográfica buscando os objetivos previamente declarados utilizando também dados recentes pois segundo Bacherlard 1934 p 78 citado em Oliveira 2005 O pensamento racional e o esforço de sistematização precedem o contato com a experiência mas que a experiência sempre esclarece todas as sistematizações racionais Dessa maneira a teoria e a realidade se completam rumo à formulação das perspectivas que se pretende vislumbrar A fim de contemplar a Resolução CONAMA001 como meio para diagnóstico de riscos ambientais sugerese a verificação dos seguintes meios conforme figura 2 a o meio físico b o meio biológico e os ecossistemas naturais c o meio socioeconômico Figura 02 Meios para Diagnóstico de Riscos Ambientais Fonte Adaptado de DET NORSKE VERITAS 2006 O uso de Bio Indicadores humanos pode ser menos dispendioso e mais eficiente do que os outros tipos de indicadores Isso fica evidenciado em Zonneveldt 1983 apud Lima e Silva 2002 p 26 ao argumentar que os Bio Indicadores frequentemente expressam valores cumulativos de alterações ambientais flutuantes e sutis que não podem ser medidos usando métodos físicos ou químicos além do fato de serem esses últimos caros eou despendem muito tempo para repetição a combinação de efeitos pode ser mais importante que os fatores separados e o uso de Bio Indicadores é uma maneira de perguntar ao paciente como ele está se sentindo 220423 0903 Revista ESPACIOS Vol 37 Nº 06 Año 2016 httpswwwrevistaespacioscoma16v37n0616370603html 711 Por sua vez as principais medidas de proteção para se evitar os riscos ambientais são as indicadas no quadro da figura 3 sendo a principal aquela relacionada ao distanciamento físico entre o agente do perigo e o recurso vulnerável Importantes ferramentas para isso são o zoneamento urbano e o planejamento ambiental Outra medida importante é a busca por projetos intrinsecamente seguros por exemplo pela eliminaçãosubstituição de substâncias poluidoras por outras menos poluentes Também a implementação de um Programa de Gerenciamento de Riscos PGR é fundamental para a redução do número de acidentes Figura 03 Medidas de Proteção para Evitar Riscos Ambientais Fonte Adaptado de DET NORSKE VERITAS 2006 A abordagem será basicamente Qualitativa do ponto de vista epistemológico Isso vem de encontro ao que afirma Oliveira 2005 Em relação ao método este será uma combinação entre o hipotéticodedutivo O método hipotético dedutivo segundo Kaplan 1972 citado em Oliveira 2005 p 57 exige que o cientista através de uma combinação de observação cuidadosa hábil antecipações e intuição científica alcança um conjunto de postulados que governam os fenômenos pelos quais está interessado daí deduz ele as consequências por meio da experimentação e dessa maneira refuta os postulados substituindoos quando necessário por outros e assim prossegue Além disso utilizarseá a metodologia da pesquisa ação que segundo Cauchick et al 2010 pode ser considerada uma variação do estudo de caso que se distingue no que tange a postura do pesquisador como um mero observador que não interfere no objeto de estudo e já na pesquisaação o indivíduo utiliza da observação participante interferindo no objeto de forma cooperativa com os outros participantes da ação objetivando a resolver um problema e a contribuir efetivamente para a base do conhecimento como é o propósito desta metodologia 4 Apresentação do caso e discussão Nas pesquisas científicas que ocorrem nas universidades é comum deixar de lado e até menosprezar os chamados fatos de domínio público ou seja as coisas que todos sabem É necessário no entanto valorizar também a riquíssima memória coletiva principalmente em relação àqueles eventos e àquelas circunstâncias que poderiam levar à identificação dos responsáveis pelas situações de risco seja no caso de acidentes que ameaçam as coletividades humanas tanto como no caso da omissão dos poderes públicos A percepção ambiental sensível e atenta dos cidadãos sejam eles trabalhadores agricultores pescadores ou pesquisadores deve ser considerada uma fonte ou um parâmetro de indicador de qualidade ambiental De acordo com pesquisa realizada por Lima e Silva 2002 p 25 o ser humano pode ser considerado um importante Bio Indicador pois possui alta sensibilidade às alterações ambientais não só através dos efeitos de diminuição da vitalidade como também por sintomas externos característicos devido à sua alta capacidade perceptiva Por outro lado trazendo a questão dos Bio Indicadores para o âmbito dos riscos ambientais destaca se as palavras de Carpi Junior 2001 p 57 ao considerar que De qualquer forma a referência principal para a avaliação dos riscos ambientais é o próprio homem com as possibilidades de ser atingido pelas transformações do ambiente mesmo que anteriormente afetando outros seres vivos 220423 0903 Revista ESPACIOS Vol 37 Nº 06 Año 2016 httpswwwrevistaespacioscoma16v37n0616370603html 811 O respeito às diferentes opiniões e interpretações sobre o ambiente e sobre o que representa risco e o estímulo para que essas diferenças venham à tona contribuem para fortalecer o debate e o conhecimento de realidades diversas como por exemplo problemas enfrentados num determinado local e que se repetem em outro A esse fato se dá o nome de comunicação de risco e tem conquistado cada vez mais espaço nos meios acadêmicos como por exemplo a pesquisa de Di Giulio 2006 sobre Comunicação de Risco realizada no Vale do Ribeira entre São Paulo e Paraná Além de um processo de autoconhecimento e de exercício da participação em que o cidadão ao identificar os riscos que lhe são próximos pode ser despertado para perceber seu papel ativo em muitos processos generativos ou propagantes de riscos e por outro lado fornece ferramentas que lhe permitam buscar os responsáveis por tal risco Sem desmerecer o debate sobre as indenizações das seguradoras e os ajustes de conduta quando fica comprovada uma situação de risco o que mais interessa é a capacidade que os grupos sociais têm para se informar e se conscientizar sobre os riscos que os ameaçam As figuras 04 e 05 apresentam de forma resumida a ideia de percepção dos riscos ambientais e de que forma é possível categorizálos tendo o fator humano como Bio Indicador na avaliação Figura 04 Processo Avaliação de Riscos Ambientais Fonte Adaptado da Norma NBR ISO 31000 2009 Figura 05 Grau de Importância e tipo de estudo a ser realizado de acordo com análise de Risco Fonte Adaptado da NBR ISO 310002009 A identificação de riscos ambientais depende muito da percepção das pessoas em relação ao ambiente ou seja às características próprias apresentadas pela paisagem de uma determinada porção da superfície terrestre Assim qualquer roteiro de levantamento de riscos deve ser elaborado 220423 0903 Revista ESPACIOS Vol 37 Nº 06 Año 2016 httpswwwrevistaespacioscoma16v37n0616370603html 911 de forma adaptada a cada realidade local conforme a dimensão territorial os vínculos das pessoas com a área em estudo o adensamento populacional o fato de ser a área predominantemente rural ou ser urbana e o nível de organização social dessa população entre outros Dessa forma a figura 6 apresenta de forma resumida a ideia copilada para a análise de risco baseada no gerenciamento conforme a NBR ISO 31000 adaptando o fator humano como Bio Indicador na avaliação dos Riscos Ambientais Figura 06 Processo Gerenciamento de risco Fonte Adaptado da Norma NBR ISO 310002009 5 Conclusão A avaliação de riscos é uma tentativa de estimar matematicamente as probabilidades de um evento e a magnitude de suas consequências além da aplicação de um juízo de valor para discutir a importância dos riscos e suas consequências sociais econômicas e ambientais O gerenciamento dos riscos é um termo que engloba o conjunto de atividades de identificação estimação comunicação e avaliação de riscos associado à avaliação de alternativas de minimização dos riscos e suas consequências A avaliação de riscos como a avaliação da importância de impactos implica juízo de valor Seria possível determinar alguma média de aceitabilidade de risco Para o ambiente a dificuldade é maior pois muitas vezes tratase de riscos impostos e não voluntários e a fonte de risco é a atividade exercida por um terceiro e não pelo próprio indivíduo mas sim o indivíduo ser humano passa a ser o receptor do risco e como fonte de indicação de análise passa a interpretar e responder a informações relevantes do ambiente como forma de Bio Indicador Este trabalho supõe que a população que convive com as situações de risco ambiental é tão indicada para identificar tais situações quanto os técnicos e pesquisadores que as estudam cientificamente Assim essa abordagem de riscos só poderá ser considerada bem sucedida na medida em que for colocado em primeiro plano o respeito e a valorização da percepção e as formas pelas quais os diferentes setores da sociedade podem contribuir para a identificação das situações de risco e prevenção aos danos a elas associados Referências ABNT ISO GUIA 732009 Gestão de riscos VocabulárioBio AMARO A Para uma cultura dos riscos Territorium Coimbra n10 p 113120 2003 AMARO A Consciência e cultura do risco nas organizações Territorium Coimbra n 12 p 59 2005 220423 0903 Revista ESPACIOS Vol 37 Nº 06 Año 2016 httpswwwrevistaespacioscoma16v37n0616370603html 1011 BRASIL Conselho Nacional de Meio Ambiente Resolução nº 00186 de 23 de janeiro de 1986 Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental Diário Oficial da União Brasília DF 23011986 BRÜSEKE F J Risco social risco ambiental risco individual Ambiente Sociedade Campinas v 1 n 1 p 117134 1997 CARPI JÚNIOR S Processos erosivos riscos ambientais e recursos hídricos na Bacia do Rio MogiGuaçu 2001 188 f Tese Doutorado em Geociências e Meio Ambiente Instituto de Geociências e Ciências Exatas Universidade Estadual Paulista Rio Claro SP 2001 Disponível em httpwwwnepamunicampbrdownloadstesefinalsalvadorpdf Acesso em 05092015 CAUCHICK M et al Metodologia de pesquisa em engenharia de produção e gestão de operações Atlas São Paulo 2010 CHRISTOFOLETTI A Aplicabilidade do conhecimento geomorfológico nos projetos de planejamento In GUERRA A T CUNHA S B Org Geomorfologia uma atualização de bases e conceitos Rio de Janeiro Bertrand Russel 1994 p 415441 DET NORSKE VERITAS Risco e Impacto Ambiental Ministério do Meio Ambiente Rio de Janeiro 2006 DI GIULIO G M Divulgação científica e comunicação de risco um olhar sobre Adrianópolis Vale do Ribeira 2006 191 f Dissertação Mestrado em Política Científica e Tecnológica Universidade Estadual de Campinas ESTUDOS POPULACIONAIS 12 2000 Caxambu Anais Caxambu ABEP 2000 Disponível em httpwwwabepnepounicampbrdocsanaispdf2000Todosambt152pdf Acesso em 06092015 FAUGÈRES L La géocindynique géoscience du risque Bulletin de lAssociation de Géographes Français Paris n 3 p 179193 1991 FAUGÈRES L VASARHELYI P VILLAINGANDOSSI C Le risque et la crise Malta Foundation for International Studies 1990 HOGAN D CUNHA J CARMO R OLIVEIRA A Urbanização e vulnerabilidades socioambientais diferenciadas o caso de Campinas In ENCONTRO NACIONAL DE IEC 31010 Risk management Risk assessment guidelines LIMA E SILVA A Aterros sanitários impactos gerados na paisagem local aterro sanitário metropolitano de Santa Tecla Município de Gravataí RS 2002 Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Geografia Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2002 MARANDOLA JUNIOR E HOGAN D J Natural Hazards o estudo geográfico dos riscos e perigos Ambiente Sociedade Campinas v 7 n 2 p 95110 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Tecnologia Ambiental UNISC e Bolsista CAPES Email douglasfetteryahoocom 2 Doutor em Engenharia de Produção UFSC e Professor na UNISC Email jorgeuniscbr 3 Doutor em Biologia UFRGS e professor da UNISC Emai jairputskeuniscbr 220423 0903 Revista ESPACIOS Vol 37 Nº 06 Año 2016 httpswwwrevistaespacioscoma16v37n0616370603html 1111 Vol 37 Nº 06 Año 2016 Índice En caso de encontrar algún error en este website favor enviar email a webmaster