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Psicologia ·

Psicologia Social

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Panorama da Psicologia do desenvolvimento da adolescência Stanley Hall Profa Dra Amanda Scartezini Gozdziejewski Panorama da Psicologia do desenvolvimento adolescência Teorias do Desenvolvimento da Adolescência v Teoria maneira particular de ver o desenvolvimento conceitos e hipóteses à descrever explicar e predizer fenômenos v Importância das teorias HISTÓRIA INICIAL v Uso da palavra adolescente à séc XV v Grécia antiga Platão Aristóteles à juventude raciocínio capacidade de escolha egocentrismo v Idade Média cças e adolescentes à adultos em miniatura v XVIII JeanJacques Rousseau à adultos v Ariès XIX sentimento de infância XX adolescência Discussão filosófica 2000 anos Estudos Científicos Séc XX Stanley Hall Fonte Bettmann ArchiveBettmann Stanley Hall 1844 1924 Pai da Psicologia da Adolescência Adolescência 1904 sua psicologia e suas relações com a fisiologia antropologia sociologia sexo crime religião e educação Sistematização teorização e questionamento Darwin of the mind Hall Freud Gesell ABORDAGEM ESPECULATIVA ABORDAGEM CIENTÍFICA E EMPÍRICA Vídeo httpswwwyoutubecomwatchvWocrCTKsIRs Influência Teoria da Evolução Darwin Ernst Haeckel à ontogênese espelha filogênese Evolução biológica Teoria Psicológica da Recapitulação Teoria da recapitulação Δ passa durante o seu desenvolvimento por estágios correspondentes ao desenvolvimento da espécie humana Ontogênese à Filogênese ESTÁGIO CORRESPONDENTE A FASE DA ESPÉCIE HUMANA ATIVIDADE Primeira Infância 04 anos Fase animal 4 pernas Engatinhar balbuciar Infância 4 8 anos Fase das cavernas préhistória caça e pesca Escondeesconde cabanas Juventude 8 12 anos Fase selvagem Lutar exercitar Adolescência 12 idade adulta Fase turbulência e transição Final civilização moderna Turbulência tempestade e tensão Fonte adaptado de Muss e College 1971 Adolescência Puberdade 1213 anos adulto pleno 2225 anos Época de Sturm und Drang Linha de fraturas e erupções vulcânicas nas famílias Vida emocional tendências contraditórias Características egoísmo vaidade abatimento e timidez Fome de ídolos e autoridades radicalismo contra autoridades Final renascimento Visão de Hall Desenvolvimento fatores internos ambientais Padrão inevitável imutável e universal à determinismo genético AULA 0403 LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA BLOCO 4 Busca em bases de dados TRABALHO ADOLESCÊNCIA E PUBERDADE Materiais Texto base 02 postado AVA 01 texto extra artigo ou capítulo de livro Objetivo diferenciar os conceitos adolescência e puberdade Descrição da atividade de entrega os alunos nos grupos previamente divididos devem trazer lido e resumido o texto base 02 01 texto extra no dia 1103 Vamos realizar a atividade em sala Valor 20 ADOLESCÊNCIA NORMAL Um enfoque psicanalítico Arminda Aberastury Mauricio Knobel Aviso ao leitor A capa original deste livro foi substituída por esta nova versão Alertamos para o fato de que o conteúdo é o mesmo e que esta nova versão da capa decorre da alteração da razão social desta editora e da atualização da linha de design da nossa já consagrada qualidade editorial A143a Aberastury Arminda Adolescência normal por Arminda Aberastury e Mauricio Knobel Trad de Suzana Maria Garagoray Ballve Porto Alegre Artes Médicas 1981 92p 22 cm 1 Adolescênciapsicologia I Knobel Mauricio II Ballve Suzana Maria Garagoray trad II Título CDU 1599228 CDU 1555 Bibliotecária responsável Patricia Figueroa CRB 10542 ISBN 8573072385 Capítulo 1 O adolescente e a liberdade ARMINDA ABERASTURY Entrar no mundo dos adultos desejado e temido significa para o adolescente a perda definitiva de sua condição de criança É o momento crucial na vida do homem e constitui a etapa decisiva de um processo de desprendimento que começou com o nascimento As mudanças psicológicas que se produzem neste período e que são a correlação de mudanças corporais levam a uma nova relação com os pais e com o mundo Isto só é possível quando se elabora lenta e dolorosamente o luto pelo corpo de criança pela identidade infantil e pela relação com os pais da infância Quando o adolescente se inclui no mundo com este corpo já maduro a imagem que tem do seu corpo mudou também sua identidade e precisa então adquirir uma ideologia que lhe permita sua adaptação ao mundo eou sua ação sobre ele para mudálo Neste período flutua entre uma dependência e uma independência extremas e só a maturidade lhe permitirá mais tarde aceitar ser independente dentro de um limite de necessária dependência Mas no começo moverseá entre o impulso ao desprendimento e a defesa que impõe o temor à perda do conhecido É um período de contradições confuso ambivalente doloroso caracterizado por fricções com o meio familiar e social Este quadro é freqüentemente confundido com crises e estados patológicos Tanto as modificações corporais incontroláveis como os imperativos do mundo externo que exigem do adolescente novas pautas de convivência são vi vidos no começo como uma invasão Isto o leva a reter como defesa muitas de suas conquistas infantis ainda que também coexista o prazer e a ânsia de alcançar um novo status Também o conduz a um refúgio em seu mundo interno para poder relacionarse com seu passado e a partir daí enfrentar o futuro Estas mudanças nas quais perde a sua identidade de criança implicam a busca de uma nova identidade que vai se construindo num plano consciente e inconsciente O adolescente não quer ser como determinados adultos mas em troca escolhe outros como ideais vai se modificando lentamente e nenhuma precipitação interna ou externa favorece este trabalho A perda que o adolescente deve aceitar ao fazer o luto pelo corpo é dupla a de seu corpo de criança quando caracteres sexuais secundários colocamno ante a evidência de seu novo status e o aparecimento da menstruação na menina e do sêmen no menino que lhes impõem o testemunho da determinação sexual e do papel que terão que assumir não só na união com o parceiro mas também na procriação Só quando o adolescente é capaz de aceitar simultaneamente seus aspectos de criança e de adulto pode começar a aceitar em forma flutuante as mudanças do seu corpo e começa a surgir a sua nova identidade Esse longo processo de busca de identidade ocupa grande parte da sua energia e é a consequência da perda da identidade infantil que se produz quando começam as mudanças corporais O adolescente se apresenta como vários personagens e às vezes frente aos próprios pais porém com mais frequência frente a diferentes pessoas do mundo externo que nos poderiam dar dele versões totalmente contraditórias sobre sua maturidade sua bondade sua capacidade sua afetividade seu comportamento e inclusive num mesmo dia sobre seu aspecto físico As flutuações de identidade se experimentam também nas mudanças bruscas nas notáveis variações produzidas em poucas horas pelo uso de diferentes vestimentas mais chamativas na menina adolescente mas igualmente notáveis no menino especialmente no mundo atual Não só o adolescente padece este longo processo mas também os pais têm dificuldades para aceitar o crescimento como consequência do sentimento de rejeição que experimentam frente à genitalidade e à livre manifestação da personalidade que surge dela Esta incompreensão e rejeição se encontram muitas vezes mascaradas debaixo da concessão de uma excessiva liberdade que o adolescente vive como abandono e que o é na realidade Diante desta atitude o adolescente sente a ameaça iminente de perder a dependência infantil se assume precocemente seu papel genital e a independência total em momentos em que essa dependência é ainda necessária Quando o comportamento dos pais implica uma incompreensão das flutuações extremamente polares entre dependência e independência refúgio na fantasiaânsia de 14 crescimento conquistas adultosrefúgio em conquistas infantis dificultase o trabalho de luto no qual são necessários permanentes ensaios e provas de perda e recuperação de ambas as idadesa infantil e a adulta Só quando a sua maturidade biológica está acompanhada por uma maturidade afetiva e intelectual que lhe possibilite a entrada no mundo do adulto estará munido de um sistema de valores de uma ideologia que confronta com a de seu meio e onde a rejeição a determinadas situações cumprese numa crítica construtiva Confronta suas teorias políticas e sociais e se posiciona defendendo um ideal Sua idéia de reforma do mundo se traduz em ação Tem uma resposta às dificuldades e desordens da vida Adquire teorias estéticas e éticas Confronta e soluciona suas idéias sobre a existência ou inexistência de Deus e a sua posição não é acompanhada pela exigência de um submeterse nem pela necessidade de submeter Mas antes de chegar a esta etapa encontrarnosemos com uma multiplicidade de identificações contemporâneas e contraditórias por isso o adolescente se apresenta como vários personagens é uma combinação instável de vários corpos e identidades Não pode ainda renunciar a aspectos de si mesmo e não pode utilizar e sintetizar os que vai adquirindo e nessa dificuldade de adquirir uma identidade coerente reside o principal obstáculo para resolver sua identidade sexual No primeiro momento essa identidade de adulto é um sentirse dolorosamente separado do meio familiar e as mudanças em seu corpo obrigamno também ao desprendimento de seu corpo infantil Só alguns conseguem a descoberta de encontrar o lugar de si mesmo no seu corpo e no mundo ser habitantes de seu corpo no seu mundo atual real e também adquirir a capacidade de utilizar seu corpo e seu lugar no mundo Este processo da vida cujo destino é o desprendimento definitivo da infância tem sobre os pais uma influência não muito valorizada até hoje O adolescente provoca uma verdadeira revolução no seu meio familiar e social e isto cria um problema de gerações nem sempre bem resolvido Ocorre que também os pais vivem os lutos pelos filhos precisam fazer o luto pelo corpo do filho pequeno pela sua identidade de criança e pela sua relação de dependência infantil Agora são julgados por seus filhos e a rebeldia e o enfrentamento são mais dolorosos se o adulto não tem conscientes os seus problemas frente ao adolescente O problema da adolescência tem uma dupla vertente que nos casos felizes pode resolverse numa fusão de necessidades e soluções Também os pais têm que se desprender do filho criança e evoluir para uma relação com o filho adulto o que impõe muitas renúncias de sua parte Ao perder para sempre o corpo do seu filho criança vêse enfrentado com a aceitação do porvir do envelhecimento e da morte Deve abandonar a imagem idealizada de si mesmo que seu filho criou e na qual ele se acomodou Agora já 15 não poderá funcionar como líder ou ídolo e deverá em troca aceitar uma relação cheia de ambivalências e de críticas Ao mesmo tempo a capacidade e as conquistas crescentes do filho obrigamno a enfrentarse com suas próprias capacidades e a avaliar suas conquistas e fracassos Neste balanço nesta prestação de contas o filho é a testemunha mais implacável do realizado e do frustrado Só quando pode identificarse com a força criativa do filho poderá compreendêlo e recuperar dentro de si a sua própria adolescência É neste momento do desenvolvimento onde o modo pelo qual se conceda a liberdade é definitivo para a conquista da independência e da maturidade do filho Até hoje o estudo da adolescência centralizouse somente no adolescente Este enfoque será sempre incompleto quando não se levar em conta o outro lado do problema a ambivalência e a resistência dos pais em aceitar o processo de crescimento Que motivos tem a sociedade para não modificar as suas rígidas estruturas para empenharse em mantêlas tal qual mesmo quando o indivíduo muda Que conflitos conscientes e inconscientes levam os pais a ignorar ou a não compreender a evolução do filho O problema mostra assim o outro lado escondido até hoje debaixo do disfarce da adolescência difícil é o de uma sociedade difícil incompreensiva hostil e inexorável às vezes frente à onda de crescimento lúcida e ativa que lhe impõe a evidência de alguém que quer atuar sobre o mundo e modificálo sob a ação de suas próprias transformações O desprezo que o adolescente mostra frente ao adulto é em parte uma defesa para eludir a depressão que lhe impõe o desprendimento de suas partes infantis mas é também um juízo de valor que deve ser respeitado Além disso a desidealização das figuras parentais o afunda no mais profundo desamparo Entretanto esta dor é pouco percebida pelos pais que costumam fecharse numa atitude de ressentimento e reforço da autoridade atitude que torna ainda mais difícil este processo Na adolescência uma vontade biológica vai impondo uma mudança e a criança e seus pais devem aceitar a prova de realidade de que o corpo infantil está se perdendo para sempre Nem a criança nem seus pais poderão recuperar esse corpo mesmo que pretendam negálo psicologicamente ou mediante atuações nas quais a vida familiar e a sociedade pretendam comportarse como se nada tivesse mudado A problemática do adolescente começa com as mudanças corporais com a definição do seu papel na procriação e seguese com mudanças psicológicas Tem que renunciar a sua condição de criança deve renunciar também a ser tratado como criança já que a partir desse momento se é chamado dessa maneira será com um matiz depreciativo zombador ou de desvalorização 16 Neste momento vivemos no mundo inteiro o problema de uma juventude inconformada que se enfrenta com a violência e o resultado é só a destruição e o entorpecimento do processo A violência dos estudantes não é mais do que a resposta à violência institucionalizada das forças da ordem familiar e social Os estudantes se revoltam contra todo o nosso modo de vida rejeitando as vantagens tanto como seus males em busca de uma sociedade que ponha a agressão a serviço dos ideais de vida e eduque as novas gerações visando à vida e não à morte A sociedade em que vivemos com seu quadro de violência e destruição não oferece garantias suficientes de sobrevivência e cria uma nova dificuldade para o desprendimento O adolescente cujo destino é a busca de ideais e de figuras ideais para identificarse deparase com a violência e o poder e também os usa Tal posição ideológica no adolescente é confusa e não pode ser de outra maneira porque ele está procurando uma identidade e uma ideologia mas não as tem Sabe o que não quer muito mais do que o que quer ser e fazer de si mesmo por isso os movimentos estudantis carecem às vezes de bases ideológicas sólidas Frequentemente o adolescente se submete a um líder que o guia e no fundo substitui as figuras paternas das quais está procurando separarse ou não tem mais remédio a não ser procurar uma ideologia própria que lhe permita agir de uma maneira coerente no mundo em que vive Mas sendo assim e não tendo tempo para alcançála se sente oprimido e responde com violência Erikson tem afirmado que a sociedade oferece à criança uma moratória social Da minha parte considero que esta moratória social não é mais do que o conteúdo manifesto de uma situação muito mais profunda Acontece que a própria criança precisa de tempo para fazer as pazes com seu corpo para terminar de conformarse a ele para sentirse conforme com ele Mas só chega a esta conformidade mediante um longo processo de luto através do qual não só renuncia a seu corpo de criança mas abandona a fantasia do onipotente de bissexualidade base da sua atividade masturbatória Então sim pode aceitar que para conceber um filho precisa a união com o outro sexo e conseqüentemente o homem deve renunciar às fantasias de procriação dentro do seu próprio corpo e a mulher à onipotência maternal Numa palavra a única maneira de aceitar o corpo do outro é aceitar o próprio corpo Mas isso aparentemente simples se consegue com dificuldade e no transcurso da vida e se traduz em confusões transtornos e sofrimentos para assumir a paternidade ou a maternidade Todo este processo levao a abandonar a sua identidade infantil e tratar de adquirir uma identidade adulta que quando con Mas ao mesmo tempo lhe impõe um desprendimento abandonar a solução do como se do jogo e da aprendizagem para enfrentar o sim e o não da realidade ativa que tem nas mãos Isto lhe impõe um afastamento do presente e com isso a fantasia de projetarse no futuro e ser independizandose do ser com e como os pais Portanto deve formarse um sistema de teorias de idéias um programa ao qual se agarra e também a necessidade de algo em que possa descarregar a soma de ansiedades e os conflitos que surgem de sua ambivalência entre o impulso ao desprendimento e a tendência a continuar ligado Solucionar esta crise intensa transitoriamente fugindo do mundo exterior procurando refúgio na fantasia no mundo interno com um aumento paralelo da onipotência narcisista e da sensação de prescindir do externo Deste modo cria para si uma nova plataforma de lançamento desde a qual poderá iniciar conexões com novos objetos do mundo externo e preparar a ação Sua hostilidade frente aos pais e ao mundo em geral se manifesta na sua desconfiança na idéia de não ser compreendido na sua rejeição da realidade situações que podem ser ratificadas ou não pela própria realidade Todo este processo exige um lento desenvolvimento no qual são negados e afirmados seus princípios lutando entre a sua necessidade de independência e a sua nostalgia de reafirmação e dependência Sofre crises de susceptibilidade e de ciúmes exige e precisa vigilância e dependência mas sem transição surge nele uma rejeição ao contato com os pais e a necessidade de independência e de fugir deles A qualidade do processo de amadurecimento e crescimento dos primeiros anos a estabilidade nos afetos a soma de gratificações e frustrações e a adaptação gradativa às exigências ambientais vão marcar a intensidade e a gravidade destes conflitos Por exemplo obter uma satisfação suficiente adequada no tempo às necessidades fundamentais da sexualidade infantil incluindo nesta satisfação tanto a ação como o esclarecimento oportuno dos problemas determinará no adolescente uma atitude mais livre frente ao sexo do mesmo modo que relações cordiais mantidas com a mãe determinarão no menino uma facilidade maior no seu relacionamento com a mulher o mesmo acontecerá no que se refere à menina com o pai Entretanto a realidade oferece poucas vezes à criança e ao adolescente estas satisfações adequadas Com todo este conflito interno que descrevemos o adolescente se enfrenta na realidade com o mundo do adulto que ao sentirse atacado julgado incomodado e ameaçado por esta onda de crescimento costuma reagir com total incompreensão com rejeição e com reforço de sua autoridade Nesta circunstância a atitude do mundo externo será outra vez decisiva para facilitar ou obstaculizar o crescimento Além disso devemos aceitar que a perda do vínculo do pai com o filho infantil da identidade do adulto frente à identidade da criança defrontamno com uma luta similar às lutas criadas pelas diferenças de classe como nelas os fatores econômicos têm um papel importante os pais costumam usar a dependência econômica como poder sobre o filho o que cria um abismo e um ressentimento social entre as duas gerações O adulto se agarra a seu mundo de valores que com triste freqüência é o produto de um fracasso interno e de um refúgio em conquistas típicas de nossa sociedade alienada O adolescente defende os seus valores e despreza os que o adulto quer lhe impor ainda mais senteos como uma armadilha da qual precisa escapar O sofrimento a contradição a confusão os transtornos são deste modo inevitáveis podem ser transitórios podem ser elaboráveis mas devemos perguntarnos se grande parte da sua dor não poderia ser suavizada mudando estruturas familiares e sociais Geralmente é o adulto que tem escrito sobre adolescência e enfatizado o problema do filho e fala muito pouco da dificuldade do pai e do adulto em geral para aceitar o crescimento estabelecendo uma nova relação com ele de adulto para adulto O adolescente sente que deve planejar a sua vida controlar as mudanças precisa adaptar o mundo externo às suas necessidades imperiosas o que explica seus desejos e necessidades de reformas sociais A dor que lhe causa abandonar o seu mundo e a consciência de que vão se produzindo mais modificações incontroláveis dentro de si levamno a realizar reformas exteriores que lhe garantam a satisfação de suas necessidades na nova situação em que se encontra agora frente ao mundo que ao mesmo tempo servemlhe de defesa contra as mudanças incontroláveis internas e do seu corpo Neste momento se produz um aumento da intelectualização para superar a incapacidade de ação que é correspondente ao período de onipotência do pensamento na criança pequena O adolescente procura a solução teórica de todos os problemas transcendent es e daqueles com os quais se enfrentará a curto prazo o amor a liberdade o matrimônio a paternidade a educação a filosofia a religião Mas aqui também podemos e devemos traçarnos a interrogacão é assim só por uma necessidade do adolescente ou também é resultante de um mundo que lhe proíbe a ação e obrigao a refugiarse na fantasia e na intelectualização A inserção no mundo social do adulto com suas modificações internas e seu plano de reformas é o que vai definindo sua personalidade e sua ideologia Seu novo plano de vida exigelhe traçarse o problema dos valores éticos intelectuais e afetivos implica o nascimento de novos ideais e a aquisição da capacidade de luta para conseguilos segue personificase numa ideologia com a qual se enfrentará com o mundo circundante A dificuldade do adulto para aceitar o amadurecimento intelectual e sexual da criança é a base dessa pseudo moratória social É destacável também que só tenham evidenciado até agora os aspectos ingratos do crescimento deixando de lado a felicidade e a criatividade plenas que caracterizam também o adolescente O artista adolescente é uma figura que a história da cultura oferece seguidamente e tanto em artistas como em homens de ciência encontramse vestígios de que toda a sua obra de maturidade não é mais do que a concretização de intuições e preocupações surgidas nessa idade O específico do conflito neste período é algo totalmente inédito no ser sua definição na procriação e a eclosão de uma grande capacidade criativa Procuram conquistas e encontram satisfação nelas Se estas conquistas são desvalorizadas pelos pais e pela sociedade surgem no adolescente sofrimento e rejeição Mas o diálogo do adulto com o jovem não pode iniciarse neste período pois deve ser algo que venha acontecendo desde o nascimento se não é assim o adolescente não se aproxima dos adultos Um exemplo evidente desta incompreensão ao adolescente se exige que defina a sua vocação e ao mesmo tempo lhe reprimem as primeiras tentativas desta vocação Essas têm o mesmo significado das primeiras tentativas na vida genital que geralmente não são valorizadas Diremos que na situação grupal familiar encontrarnosemos com o que Marcuse assinala para o social Se são violentos é porque estão desesperados À maior pressão familiar à maior incompreensão frente à mudança o adolescente reage com mais violência por desespero e desgraçadamente é neste momento decisivo da crise adolescente que os pais recorrem geralmente a dois meios de coação o dinheiro e a liberdade São três as exigências básicas de liberdade que apresenta o adolescente de ambos os sexos a seus pais a liberdade nas saídas e horários a liberdade de defender uma ideologia e a liberdade de viver um amor e um trabalho Entre estas três exigências os pais parecem ocuparse especialmente da primeira a liberdade nas saídas e horários porém mais profundamente este controle sobre as saídas e horários significa o controle sobre as outras liberdades a ideologia o amor e o trabalho Quando os pais respondem ante a demanda de liberdade restringindo as saídas ou utilizando a dependência econômica cortando a mesada é que houve algo mal conduzido na educação anterior e os pais se declaram vencidos O adolescente precoce a criança em torno dos dez anos sente uma grande necessidade de ser respeitada na sua busca desesperada de identidade de ideologia de vocação e de objetos de amor Se esse diálogo não se estabeleceu é muito difícil que no momento da adolescência haja uma compreensão entre os pais e os filhos Os adolescentes de hoje são muito mais sérios estão mais informados Valorizam mais o amor e o sexo e para eles este permite realmente um ato de amor e não uma mera descarga ou um passatempo ou umaafirmação de potência Do mesmo modo a liberdade para eles é muito mais que o fato de receber de seus pais a chave de casa ou inclusive um apartamento para viverem sós Sabem que há outra liberdade que envolve a cada um deles e a toda uma comunidade de jovens Muitos pais da geração de 30 sentemse modernos quando dão aos filhos a oportunidade de aventuras ou quando frente à filha defendem uma ideologia que consideram quase que revolucionária entretanto a posição deles frente ao amor não é a mesma da geração atual Existe na geração passada uma tendência que foi muito estudada por Freud em considerar um amor desvalorizado e um amor idealizado A geração atual é muito mais sã e tende a integrar num só objeto estes dois aspectos O amor além disso é só um aspecto da problemática da adolescência há muitos outros problemas que são profundamente importantes para eles Quase todos já sabem que a liberdade sexual não é promiscuidade porém sentem e expressam a necessidade de fazer experiências que nem sempre são totais mas que precisam viver Para que possam fazêlas têm que encontrar certa aprovação nos seus pais para não sentirem culpa Porém esta aprovação não deve ter como preço a exigência de que informem sobre seus atos Precisam viver suas experiências para eles Exigir informação é tão patológico como proibir e é muito diferente de escutar Falamos já da importância da palavra da necessidade do adolescente de falar de suas conquistas É freqüente que os pais se queixem de que já não é possível falar entre eles de que os filhos adolescentes tomam a palavra e dominam a situação Esses pais não se deram conta de que escutar é o caminho para entender o que está acontecendo com seus filhos O adolescente de hoje como o de todos os tempos está farto de conselhos precisa fazer suas experiências e comunicálas mas não quer não gosta nem aceita que suas experiências sejam criticadas qualificadas classificadas nem confrontadas com as dos pais O adolescente percebe muito bem que quando os pais começam a controlar o tempo e os horários estão controlando algo mais seu mundo interno seu crescimento e seu desprendimento O jovem sadio de hoje está ciente de muitas das problemáticas do adulto dirseia que é mais possível que o adulto aprenda do adolescente e não que o adulto possa darlhe sua experiência Os pais precisariam saber que na adolescência precoce moças e rapazes passam por um período de profunda dependência onde precisam deles tanto ou mais do que quando eram bebês que essa necessidade de dependência pode ser seguida imediatamente de uma necessidade de independência que a posição útil nos pais é a de espectadores ativos não passivos e ao aceder à dependência ou à independência não se baseiam em seus estados de ânimo mas nas necessidades do filho Para isto será necessário que eles mesmos possam ir vivendo o desprendimento do filho concedendolhe a liberdade e a manutenção da dependência madura Para fazer estas tentativas é preciso dar liberdade e para isso existem dois caminhos dar uma liberdade sem limites que é o mesmo que abandonar um filho ou dar uma liberdade com limites que impõe cuidados cautela observação contato afetivo permanente diálogo para ir seguindo passo a passo a evolução das necessidades e das modificações no filho O mundo moderno reserva aos jovens um lugar de novas dimensões quando se leva em consideração tanto a força numérica da juventude como o papel que são capazes de desempenhar nas transformações que exige o processo de desenvolvimento econômico ideológico e social Um dado aparecido na revista da UNESCO encerra dentro da sua verdade matemática um prognóstico que espantará mais de um adulto Falando da juventude assinala que o aumento da população do mundo representa a irrupção em cena de uma enorme promoção de jovens Calculase que no ano 2000 o número de habitantes entre quinze e vinte e quatro anos terá aumentado de 519 milhões a um bilhão e 128 milhões Perguntome agora se as tensões e comoções que hoje resultam da irrupção do jovem na sociedade em que vivemos e sua vontade de intervir nela de uma maneira cada vez mais ativa não surgem tanto da percepção da força que vai adquirindo como do medo do adulto O normal é que participem dentro das inquietudes que são a própria essência da atmosfera social em que vivem e se pedem a emancipação não o fazem na procura de chegar rapidamente ao estado de adultos muito longe disto senão porque precisam adquirir direitos e liberdades semelhantes aos que os adultos têm sem deixar por isso sua condição de jovens Toda a adolescência tem além da característica individual as características do meio cultural social e histórico desde o qual se manifesta e o mundo em que vivemos nos exige mais do que nunca a busca do exercício da liberdade sem recorrer à violência para restringila A prevenção de uma adolescência difícil deve ser procurada com a ajuda de trabalhadores de todos os campos do estudo do homem que investiguem para a nossa sociedade atual as necessidades e os limites úteis que permitam a um adolescente desenvolverse até um nível adulto Isto exige um clima de espera e compreensão para que o processo não se demore nem se acelere É um momento crucial na vida do homem e precisa de uma liberdade adequada com a segurança de normas que lhe possam ir ajudando a adaptarse às suas necessidades ou a modificálas sem entrar em conflitos graves consigo mesmo com seu ambiente e com a sociedade BIBLIOGRAFIA Aberastury A El mundo del adolescente Montevideo Revista Uruguaya de Psicoanálisis III 1959 pág 3 Adolescencia y Psicopatía en A Aberastury y otros Psicoanálisis de la manía y psicopatía Buenos Aires Paidós 1966 pág 339 Erikson E H Infancia y sociedad Buenos Aires Hormé 1970 El problema de la identidad del yo Montevideo Revista Uruguaya de Psicoanálisis V 1963 págs 23 Garbarino M F de y Garbarino H La adolescencia Montevideo Revista Uruguaya de Psicoanálisis IV n 3 años 19612 Garbarino M F de Identidad y adolescencia Montevideo Revista Uruguaya de Psicoanálisis V ns 23 1963 Grinberg L El individuo frente a su identidad Montevideo Revista Uruguaya de Psicoanálisis XVII n 4 1961 Josselyn Irene M El adolescente y su mundo Buenos Aires Psique Pearson G La adolescencia y el conflicto de las generaciones Buenos Aires Siglo Veinte Capítulo 5 O pensamento no adolescente e no adolescente psicopático GELA ROSENTHAL E MAURICIO KNOBEL Neste capítulo apresentamos as idéias surgidas num grupo de estudo dirigido por Arminda Aberastury elaborando suas noções e o material surgido nas discussões do tema 1 2 Basicamente o processo da adolescência assim como está definido no capítulo sobre a síndrome da adolescência normal baseado em conceitos de Knobel 7 implica um certo grau de conduta psicopática inerente à evolução normal dessa etapa O exagero na intensidade ou na persistência destes fenômenos configura a psicopatia no sentido nosológico do termo De acordo com A Aberastury podese observar na adolescência a elaboração de três lutos fundamentais 1 luto pelo corpo infantil 2 luto pela identidade e pelo papel infantil 3 luto pelos pais da infância Vejamos como estes três lutos repercutem na esfera do pensamento Luto pelo corpo infantil Em virtude das modificações biológicas características da adolescência o indivíduo nesta etapa do desenvolvimento vêse obrigado a assistir passivamente Grupo constituído por Arminda Aberastury Adolfo Dornbusch Néstor Goldstein Mauricio Knobel Gela Rosenthal e Eduardo Salas a toda uma série de modificações que se realizam na sua própria estrutura criando um sentimento de impotência frente a esta realidade concreta que o leva a deslocar a sua rebeldia em direção à esfera do pensamento Este se caracteriza então por uma tendência ao manejo onipotente das idéias frente ao fracasso no manejo da realidade externa Vive nesse momento a perda do seu corpo infantil com uma mente ainda na infância e com um corpo que vai se tornando adulto Esta contradição produz um verdadeiro fenômeno de despersonificação que domina o pensamento do adolescente no começo desta etapa que se relaciona com a própria evolução do pensamento As palavras são as aquisições culturais transmitidas às crianças pelos pais A perda dos objetos reais vai sendo substituída por símbolos verbais que são as palavras peito e mãe reais se substituem pelas palavras correspondentes Estes símbolos podemse manejar onipotentemente na sua substituição fantasiada e à medida que o pensamento evolui o conceito simbólico substitui cada vez mais o concreto real egocêntrico 9 No adolescente normal este manejo das idéias serve também para substituir a perda de seu corpo infantil e a não aquisição da personalidade adulta por símbolos intelectualizados de onipotência reformas sociais e políticas religiosidade onde ele não está diretamente comprometido como pessoa física já que neste estado se sente totalmente impotente e incômodo mas como entidade pensante Nega assim o seu corpo infantil perdido e em flutuações incessantes com a realidade que o colocam na relação com seus pais com sua família e com o mundo concreto que o rodeia e do qual depende elabora essa perda e vai aceitando a sua nova personalidade A despersonificação do adolescente implica uma projeção na esfera de uma elucubração altamente abstrata do pensamento e explica a relação lábil com objetos reais que rapidamente perde como perde paulatina e progressivamente o seu corpo infantil Isto nos permite seguir o equilíbrio progressivo e compreender o papel específico da vida mental o qual consiste em conquistar uma mobilidade e uma reversibilidade completas impossíveis de realizar no plano orgânico 10 Este processo de despersonificação flutuante no adolescente normal pode por exagero em sua intensidade ou por fixação evolutiva adquirir as características observadas na psicopatia A simbolização fracassa o símbolo e o simbolizado se confundem e as idéias tentam se desenvolver no plano orgânico que é o que leva à ação em curtocircuito 3 Aqui a confusão pode ser extrema e o adolescente nega a sua realidade biopsíquica começando a viver papéis fantasiados que sente como verdadeiros Todo o fenômeno do impostor 11 ou do se eu fosse você 6 cabe nesta descrição Isto nos leva ao conflito de identidades e ao segundo luto Luto pela identidade e pelo papel infantil Na infância a relação de dependência é a situação natural e lógica a criança aceita a sua relativa impotência a necessidade de que outros se encarreguem de certo tipo de funções egóicas e o seu ego vai enriquecendo mediante o processo de projeção e introjeção que configura a identificação Na adolescência há uma confusão de papéis já que ao não poder manter a dependência infantil e ao não poder assumir a independência adulta o sujeito sofre um fracasso de personificação e assim o adolescente delega no grupo grande parte de seus atributos e nos pais a maioria das obrigações e responsabilidades Recorre a este mecanismo esquizóide ficando a sua própria personalidade fora de todo o processo de pensamento com um manejo onipotente é a irresponsabilidade típica do adolescente já que ele então nada tem a ver com nada e são outros os que se encarregam do princípio de realidade Assim podemos nos explicar uma característica típica da adolescência a falta de caráter surgida deste fracasso de personificação que por sua vez o leva a confrontos reverberantes com a realidade um contínuo comprovar e experimentar com objetos do mundo real e da fantasia que se confundem também permitindolhe por sua vez despersonificar os seres humanos tratandoos como objetos necessários para as suas satisfações imediatas Esta desconsideração por seres e coisas do mundo real faz com que todas as suas relações objetais adquiram um caráter embora intenso sumamente frágil e fugaz o qual explica a instabilidade afetiva do adolescente com suas crises passionais e seus arroubos de indiferença absoluta Aqui a exclusão do pensamento lógico que surge do luto pelo papel infantil convertese na atuação afetiva como o luto pelo corpo da infância se convertia na atuação motora O manejo objetal reali zado da maneira descrita levao a uma série de mudanças contínuas através das quais estabelecerá a sua identidade seguindo um processo lógico de amadurecimento Neste desenvolvimento e em parte pelos mecanismos de negação do luto e de identificação projetiva com seus coetâneos e com seus pais passa por períodos de confusão de identidade O pensamento então começa a funcionar de acordo com as características grupais que lhe permitem uma maior estabilidade através do apoio e do aumento que significa o ego dos outros com o que o sujeito se identifica Esta seria uma das bases do fenômeno das turmas onde o adolescente se sente aparentemente tão seguro adotando papéis mutáveis e participando da atuação responsabilidade e culpas grupais Estas experiências grupais são transferidas a seu próprio processo de pensamento no qual os afetos e os objetos depositários dos mesmos são também fragmentados e tratados prescindindo de uma responsabilidade pessoal Amor e ódio culpa reparação são intermitentemente vividos com intensidade e rapidamente eliminados para voltar a ocupar 82 posteriormente o pensamento num processo constante de aprendizagem que significa este jogo de manejo objetal e afetivo O exagero ou a fixação deste processo pela não elaboração do luto pela identidade e pelo papel infantil explica as condutas psicopáticas de desafeto e de crueldade com o objeto e induz à atuação e à falta de responsabilidade O psicopata trata as pessoas como objetos com desconsideração e sem culpa em forma permanente e intensa assim como o adolescente o faz transitoriamente durante a sua evolução e com capacidade de retificação O curtocircuito afetivo ao eliminar o pensamento onde a culpa pode elaborarse permite o mau trato definitivo dos objetos reais e fantasiados criando em última instância um empobrecimento do ego que tenta se manter irrealmente numa situação infantil de irresponsabilidade mas com aparente independência diferente do adolescente normal que tem conflitos de dependência mas que pode reconhecer a frustração A impossibilidade de reconhecer a frustração e aceitála obriga a bloquear a culpa e a induzir o grupo à atuação sadomasoquista não participando da mesma Pode fazêlo porque dissocia pensamento de afeto e utiliza o conhecimento das necessidades dos outros para provocar a atuação satisfazendo assim indiferentemente em aparência as suas próprias ansiedades psicóticas O adolescente normal pode nestas circunstâncias seguir os propósitos do psicopata e sucumbir na ação já que participa intensa e honestamente da mesma É assim que o conflito de identidade no adolescente normal adquire no psicopata a modalidade de uma máfé consciente que o leva à expressão de pensamento cruel desafetivo ridicularizante dos outros como mecanismos de defesa frente à culpa e ao luto pela infância perdida que não podem ser elaborados Normalmente o adolescente vai aceitando as perdas de seu corpo infantil e de seu papel infantil ao mesmo tempo que vai mudando a imagem de seus pais infantis substituindoa pela de seus pais atuais num terceiro processo de luto Luto pelos pais da infância A relação infantil de dependência vai sendo abandonada paulatinamente e com dificuldade A impotência frente às mudanças corporais as penúrias da identidade o papel infantil em combate com a nova identidade e suas expectativas sociais fazem com que se recorra a um processo de negação das mesmas mudanças que concomitantemente vão se realizando nas figuras e nas imagens correspondentes dos pais e no vínculo com eles que logicamente não permanecem passivos nestas circunstâncias já que também têm que elaborar a perda da relação de submetimento infantil de seus filhos produzindose então uma integração de um duplo luto que dificulta ainda mais este aspecto da adolescência 83 Pretendese não só ter os pais protetores e controladores mas periodicamente se idealiza a relação com eles procurando uma subministração contínua que de maneira imperiosa e urgente deve satisfazer as tendências imediatas que aparentemente facilitariam a conquista da independência O pensamento se expressa aqui em forma de contradições é a necessidade imediata do automóvel familiar dependência para se mostrar como adulto e dono da potência familiar pseudoindependência A demanda desconsiderada e às vezes inoportuna de dinheiro dependência para manejarse como um indivíduo adulto e potente frente aos outros pseudoindependência As contradições de pensamento deste tipo tão frequentes na adolescência mostramnos a falta de elaboração conceitual e a permanência em níveis inferiores deste processo Esta mesma contradição produz perplexidade no manejo das relações objetais parentais internalizadas e interrompe a comunicação com os pais reais externos agora totalmente deslocados no contexto de sua personalidade Figuras idealizadas devem substituílos e então o adolescente se refugia num mundo autista de meditação análise elaboração de luto que lhe permite projetar em professores ídolos desportivos artistas amigos íntimos e em seu diário a imagem paterna idealizada Esta solidão periódica do adolescente é ativamente procurada por ele já que lhe facilita a conexão com os objetos internos neste processo de perda e de substituição dos mesmos que vai terminar enriquecendo o ego O diário que freqüentemente os adolescentes têm serve para a externalização dos objetos internos e de seus vínculos permitindo o controle e o cuidado dos mesmos no exterior Isto facilita a elaboração das relações objetais perdidas mediante a fixação das mesmas em seu diário No psicopata os pais infantis têm vigência real e permanente e a perda da subministração contínua acarreta frustrações demasiadamente intensas para serem suportadas Há aqui uma verdadeira demência das percepções 5 que o impede de verificar a realidade e o obriga a vivenciar a frustração como uma ameaça de morte da qual se defende com uma resposta em curtocircuito onde a percepção distorcida age como causa desencadeante de um efeito avassalador A negativa do automóvel por exemplo obriga ao roubo do mesmo roubo do peito onipotente e frustrador A falta de dinheiro pode levar ao ato delituoso ou criminoso que facilite a sua obtenção Há percepçãoação sem pensamento Ao invés de procurar a solidão que lhe permita a elaboração da perda dos pais infantis evitaa constantemente tentando diluir a sua personalidade através de identificações projetivas em massa com grupos de delinqüentes ou semidelinqüentes aos quais faz atuar as suas ansiedades O psicopata percebe o mundo externo como ameaçador e frustrante e na sua resposta apressada e angustiada frente a esta ameaça utiliza o seu caudal intelectual para prescindir do confronto crítico e emprega apenas uma racionalização mais ou menos coerente para expli 84 car a sua conduta cruel e desconsiderada carente aparentemente de culpa e a não necessidade de justificação já que está permanentemente na atitude de receber a subministração contínua que o adolescente normal só deseja momentânea e periodicamente O luto pelo corpo infantil perdido pela identidade e pelo papel infantil e pelos pais infantis leva consigo dentro do processo do pensamento uma dificuldade na discriminação da localização temporal do sujeito e da identificação sexual do mesmo O tempo no adolescente O adolescente entra numa crise de temporalidade 8 A criança tem um conceito fenomenológico da limitação do espaço e faltalhe o conceito de tempo que é limitado para ela O adulto tem a noção do infinito espacial e da temporalidade da existência No adolescente isto se mistura e confunde apresentando então o pensamento do adolescente as contradições de imediatismo ou de relegação infinita frente a qualquer tipo de possibilidades de realização às quais podem se seguir sentimentos de impotência absoluta É um verdadeiro estado caótico que por alguns momentos pareceria indicar a invasão e o predomínio de um tipo de pensamento primário Este vai sendo substituído pelo juízo de realidade mediante a elaboração dos três lutos enunciados que permite localizar corpo papel e pais infantis no passado aceitando o transcurso do tempo e com este o conceito de morte como processo irreversível e natural dentro do desenvolvimento No psicopata a atemporalidade se estabelece rigidamente em seu pensamento posterga e exige sem discriminação frente à realidade e atua sem esta noção limitante que permite a localização do indivíduo no mundo A periodicidade do pensamento primário observada no adolescente normal adquire caracteres de permanência no psicopata O sexo no adolescente Freud 4 estabeleceu a importância das mudanças puberais no caminho do autoerotismo à sexualidade madura genital As mudanças biológicas da puberdade impõem a sexualidade genital ao indivíduo e intensificam a urgência do luto pelo corpo infantil perdido o que implica também o luto pelo sexo perdido Na segunda metade do primeiro ano de vida de acordo com o assinalado por Arminda Aberastury a criança verifica a sua identidade sexual e através do jogo tenta elaborar a situação traumática que significa a perda do outro sexo recuperandoo de um modo simbólico através de objetos Na puberdade a definição da sua capacidade criativa marca uma nova definição sexual na procriação já que os seus órgãos genitais não só aceitam a união do casal como também a capacidade de criar Na adolescência tentase recuperar infrutuosamente o sexo perdido mediante a masturbação que é uma negação onipotente desta perda O psicopata em troca permanece numa bissexualidade fantasiada que tem para ele todo o significado da realidade psíquica e que lhe impede ter relações amorosas de objeto e a conquista do parceiro que procura e que o adolescente normal em troca pode obter Este passa por momentos de confusão de sexos que implicam fantasias homossexuais que são as que precisamente lhe permitem elaborar os lutos inerentes a esta etapa do desenvolvimento Resumo O pensamento do adolescente está determinado por um processo de tríplice luto 1 luto pelo corpo infantil 2 luto pela identidade e pelo papel infantil 3 luto pelos pais da infância O luto pela bissexualidade infantil perdida acompanha estes três processos de luto Produzse basicamente um curtocircuito do pensamento no qual se observa a exclusão do conceito lógico mediante a expressão através da ação O luto pelo corpo infantil perdido leva a uma expressão na ação motora direta O luto pela identidade e pelo papel infantil permite a atuação afetiva sem apreensão passional ou cheia de indiferença sem nenhuma consideração racional pelos objetos O luto pelos pais da infância produz uma distorção da percepção que facilita a resposta imediata global e irracional Esta tríplice situação traz consigo também a confusão sexual e a da temporalidade que caracterizam o pensamento do adolescente A elaboração incompleta dos lutos ou a não elaboração de algum deles produzirá fixação ou exageros destes processos que poderão ser identificados na conduta psicopática onde adquirem modalidades de persistência e de irreductibilidade que levando em conta estas considerações podem ser modificadas mediante o tratamento psicanalítico BIBLIOGRAFIA 1 Aberastury A La fase genital previa Buenos Aires Revista de Psicoanálisis XXI 3 págs 203213 1964 2 La existencia de la organización genital en el lactante Revista Brasileira de Psicanálise I 1 pág 18 1967 3 Arieti S Psychopatic personality Some views on its psychopathology and psychodynamics Comprehensive Psychiatry IV 5 pág 301 1963 4 Freud S Una teoría sexual Obras Completas Madrid Biblioteca Nueva II 1923 5 Gruhle Cit en E Mira y López Manual de psiquiatría Buenos Aires El Ateneo pág 483 1958 6 Klein M Sobre la identificación en Klein M y otros Nuevas direcciones en psicoanálisis Buenos Aires Paidós 1965 7 Knobel M Psicología de la adolescencia La Plata Revista de la Universidad Nacional de La Plata 16 enerodiciembre 1962 8 Merenciano F M Psicopatología de la adolescencia Valencia Metis 1947 9 Piaget J Psicología de la inteligencia Buenos Aires Psique 1955 10 La formación del símbolo en el niño México Fondo de Cultura Económica 1961 11 Zac J El impostor Contribución al estudio de la psicopatía Buenos Aires Revista de Psicoanálisis XXI 1 pág 58 1964 Aberastury os três lutos Profa Dra Amanda Scartezini Gozdziejewski Arminda Aberastury v Buenos Aires 19101972 v Pedagogia Universidad de Buenos Aires v 1937 PichonRivière v Asociación Psicanalítica Argentina APA v América do Sul Aberstury Knobel precursores psicanálise com adolescentes Fonte hpsarpinterestcompin7887633222 15991725 Visão da adolescência v Condição ou o processo de crescimento v 13 aos 23 anos 12 aos 21 14 aos 25 v Relação de dependência à entrar no mundo dos adultos perda definitiva da condição de cça Flutua dependência e independência extrema à ser independente dentro de um limite de necessária dependência Início impulso ao desprendimento temor à perda do conhecido Modificações corporais exigências do mundo externo à novas pautas de convivência confusões contradições e fricções com o mundo familiar e social Desequilíbrios e instabilidades extremas Síndrome normal da adolescência perturbada e perturbadora para o mundo do adulto mas necessária para o adolescente estabelecer sua identidade Três lutos Luto pelo corpo infantil Luto pelo papel e a identidade infantis Luto pelos pais da infância Luto pelo corpo infantil v Mudanças biológicas se impõem à senbmento de impotência desloca a rebeldia à esfera do pensamento manejo onipotente das ideias frente ao fracasso da realidade externa Perda do corpo infanbl à novos status Sêmen e menstruação à determinação sexual v Vive a perda do seu corpo infanbl com uma mente ainda na infância e um corpo que vai se tornando adulto Luto pelo papel e identidade infantis v Renúncia da dependência aceitação de responsabilidades v Perda da identidade infantil à nova identidade CS ICS v Progressiva independência à confusão de papéis dependência infantil independência adulta à v Pensamento Fracasso de personificação Grupo Pais Atributos características Responsabilidades obrigações calvinharoldobr HAROLDO E EU ESTAMOS SAINDO DESTA FAMÍLIA MÃE É MESMO É NÓS VAMOS PEGAR MEU TRENÓ E NOS MUDAR PRO ALASCA PUXA ISSO É MUITO LONGE EU SEI AQUI ESTÁ UMA LISTA DOS SANDUÍCHES E PROVISÕES QUE A GENTE PRECISA E POR QUE EU DEVERIA PROVIDENCIAR ISTO TUDO SE VOCÊ ESTÁ SAINDO DA FAMÍLIA PORQUE EU AINDA NÃO SAÍ CARACA QUE TIPO DE MÃE É VOCÊ FACULDADES pequeno PRÍNCIPE v Despersonificar as pessoas à relações objetais caráter intenso frágil e fugaz instabilidade afetiva à jogo de manejo objetal e afetivo v Grupo maior estabilidade sentese seguro v Conflito Iden à máfé consciente pensamento cruel ridicularizante dos outros defesa frente à culpa e ao luto pela infância perdida Luto pelos pais da infância v Pais luto pelo corpo do filho pequeno pela identidade de criança e pela sua relação de dependência infantil Filho criança à filho adulto Imagem idealizada de si mesmo à ambivalências e de críticas Reedição de ansiedades v Filhos Desprezo frente ao adulto defesa desprendimento de suas partes infantis desidealização profundo desemparo Hostilidade desconfiança ideia de não ser compreendido Pensamento em formas de contradições dependente independente capaz incapaz Solidão periódica conexão e substituição dos objetos internos Diário externalização dos objetos internos à facilitar a elaboração das relações objetais perdidas As modificações psicológicas que se produzem nesse período e que são o correlato de modificações corporais levam a uma nova relação com os pais e o mundo o que só é possível se se elabora lenta e dolorosamente o conflito pelo corpo de criança pela identidade infantil e pela relação dos pais da infância ABERASTURY 1980 p 24 Toda elaboração de conflito exige tempo Freud Profa Dra Amanda Scartezini Gozdziejewski Texto base Três ensaios sobre a teoria da sexualidade 1905 à III AS TRANSFORMAÇÕES DA PUBERDADE Freud Fonte hpsptwikipediaorgwikiSigmundFreud Teoria psicossexual Confusão de sexual X genital Sexualidade pulsão sexual primeira infância Desenvolvimento sexualidade à fases de organização da libido zonas erógonas Alvo sexual da pulsão infanVl à provocar saVsfação por meio da esVmulacão apropriada da zona erógena escolhida Pulsão demarcação entre o psíquico e o sico Pulsão à forma de saVsfação que precisa ser escoada Fase Oral 1º ano de vida Zona erógena boca lábios língua Libido prazeres orais amamentação e ato de sugar modelo de manifestação da sexualidade Sexualidade se apoia na função biológica Fonte hpsbebesyembarazoscomdos momentosdelafaseoralenlosbebes Fase Anal 2 3 anos Zona erógena região anal Apoio da sexualidade em funções do corpo Ato de defecação adquire importância na economia lidibinal 1º expulsar depois reter prazer que envolve um terceiro Desconforto Isico causa excitação no aparelho psíquico renunciar o gozo do próprio corpo em troca do socialdo laço Introjeção social começa a entender que o outro espera algo dele Fonte hpcronicasdamaternidadecomcontentimages2 01501freudjpg Fase Fálica 45 anos Zona erógena órgãos genitais sexos à simbolizar as diferenças entre as pessoas Disnção fálicocastrado à atribui ao pênis o lugar de falo à representante do poder Complexo de Édipo complexo da castração Fonte hpwwwodisseiamaternacombr201511fase falicasimelachegouaquihtml Complexo Édipo CE Compreendido pela manifestação de afetos 1º modelo e experiência afe2va da cça Freud CE à mito individual narraEva não aconteceu à construção de uma história para dar contorno ao desamparo Momento organizador do desenvolvimento sexual infan2l aprende a se posicionar enquanto homem ou mulher posição subjeEva Relação de amor e ódio que a cça estabelece com as figuras parentais acontecimento universal que organiza a sexualidade humana à sexualidade humana é uma construção a parEr do CE CE menino e menina Baseiase em 3 universais existência da sexualidade infanRl as crianças elaboram teorias para procurar dar senRdo a essa sexualidade à desconhecimento da diferença entre os sexos à atribuise a todos a posse de um pênis premissa fálica a mãe ser o primeiro objeto de amor da criança Organização na fase fálica é marcada pela anHtese entre possuir e ser castrado Saída do CE apresenta as coordenadas à escolha objetal que só é possível fazer quando sai do édipo Complexo de Castração Experiência psíquica inconscientemente vivida pela criança e decisiva para sua futura escolha de objeto Acontecimento principal separação entre mãe e criança no momento que a cça se descobre castrada Ilusão da onipotência à experiência da castração Experiência da castração é constantemente renovada ao longo de toda a vida PeríodoFase de Latência 6 anos puberdade preocupações com corpo Pulsão sexual sublimada à funções reproduRvas estão adiadas Energia para o social amizades habilidades sociais adultos fora da família Fontehpswwwgeledesorgbroqueafastacriancas eadolescentesnegrosdaescola Fase Genital 12 anos Zona erógena órgãos genitais encontra sua maturação Início da puberdade sexualidade começa tomar sua forma adulta Até esse momento a pulsão sexual era predominantemente auto eró7ca agora encontra o objeto sexual Até ali ela atuava par7ndo de pulsões e zonas erógenas dis7ntas que independendo umas das outras buscavam um certo 7po de prazer como alvo sexual exclusivo Agora porém surge um novo alvo sexual para cuja consecução todas as pulsões parciais se conjugam enquanto as zonas erógenas subordinamse ao primado da zona genital Freud 1905 Fonte hpswwwfotoseimagenesnetfasegenital Fase Genital Prazer preliminar prazer pela excitação de zonas erógenas e prazer final na evacuação de substâncias sexuais perigo da ação preparatória toma o lugar da meta sexual normal A pulsão sexual à privilégio dessa zona na ordem da inscrição do prazer Fonte de prazer não será apenas o seu corpo à outro Primeiras escolhas objetais genuínas fora do núcleo familiar Escolha de objeto em dois tempos A primeira tem início entre as idades de dois e cinco anos e A segunda vem com a puberdade e determina a configuração definiva da vida sexual Freud 1905 à Revisitação do que foi construído no Édipo possibilidade de exercício da sexualidade madura Fase Genital Desligamento da autoridade dos pais uma das realizações psíquicas mais significaRvas e também mais dolorosas da época da puberdade o des prendimento da autoridade dos pais através do qual se cria a oposição tão relevante para o avanço cultural da nova geração em face da anRga há pessoas que nunca superam a autoridade dos pais e não reRram deles sua ternura ou só o fazem de maneira muito incompleta Em sua maioria são moças que para a alegria dos pais persistem em seu amor infanRl muito além da puberdade Freud 1905 Busca em bases de dados eletrônicas Profa Dra Amanda Scartezini Gozdziejewski O que é uma base de dados eletrônica Repositório online que armazena uma coleção organizada e acessível de artigos acadêmicos e científicos Finalidade plataforma centralizada para pesquisadores acadêmicos profissionais e estudantes acessarem e pesquisarem informações relevantes em seus campos de estudo à papel fundamental no avanço da pesquisa e no compartilhamento do conhecimento científico Acesso remoto Atualização contínua An official website of the United States government Heres how you know National Library of Medicine National Center for Biotechnology Information Log in Pub Med Search Advanced PubMed comprises more than 36 million citations for biomedical literature from MEDLINE life science journals and online books Citations may include links to full text content from PubMed Central and publisher web sites Learn About PubMed FAQs User Guide Finding Full Text Find Advanced Search Clinical Queries Single Citation Matcher Download E Utilities API FTP Batch Citation Matcher Explore MeSH Database Journals Fonte httpspubmedncbinlmnihgov Como escolher a base de dados Tema de pesquisa o tema ajuda a direcionar a sua busca para bases de dados que se especializam nessa área Considere acesso e custo acesso à base de dados por meio de sua instituição educacional biblioteca ou afiliação profissional FPP à Computador da biblioteca à Pesquisa nas bases liberadas pela CAPES Qualidade dos artigos artigos revisados por pares Busca de artigo de fonte primária ou secundária Experimente Área da saúde o PubMed mantida pela National Library of Medicine NLM dos EUA área da saúde o Embase literatura biomédica inclui o PubMed o Scopus multidisciplinar área da saúde o ScienceDirect multidisciplinar revistas científicas publicadas pela Elsevier ciências da saúde oWeb of Science Multidisciplinar Linkado ao Scopus oCochrane Library medicina e outras especialidades de saúde revisões sistemáticas e metanálise Psicologia BVS Biblioteca virtual em saúde publicações bibliográficas produzidas pelo Ministério da Saúde bem como informações gerais na área de ciências da saúde PsycINFO Desenvolvida e mantida pela American Psychological Association APA acesso restrito Área de psico e disciplinas correlatas PEP Psychoanalytic Electronic Publishing conteúdo da área de Psicanálise Acesso restrito PePSIC Portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia acesso aberto LILACS Literatura Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde revistas teses capítulos de teses livros capítulos de livros anais de congressos e conferências relatórios técnicocientíficos e publicações governamentais acesso gratuito SciELO periódicos científicos brasileiros em diferentes áreas do conhecimento aberto Para pesquisar Temas de pesquisa Descritorestermo de indexaçãotermo de busca Sinônimos ou termos relacionados Consultar vocabulários controlados exemplo MeSH Medical Subject Headings Pensar na relação entre descritores operadores booleanos AND OR NOT 3º D MUSS Rolf COLLEGE Goucher Teorias da adolescência Belo Horizonte Interlivros LTDA 1971 CAPÍTULO II A PSICOLOGIA BIOGENÉTICA DA ADOLESCÊNCIA DE G STANLEY HALL G Stanley Hall 18441924 tem sido freqüentemente considerado como o pai da Psicologia da Adolescência Foi o primeiro psicólogo a propor a psicologia da adolescência como campo distinto de conhecimento e a usar métodos científicos no seu estudo da adolescência Podese dizer que ele constituiu uma ponte entre a abordagem filosófica especulativa do passado e a abordagem científica e empírica do presente Hall expandiu o conceito da evolução biológica de Darwin em uma teoria psicológica de recapitulação Nesta teoria estabeleceu que a história experimental da espécie humana se tornou parte da estrutura genética de cada indivíduo A lei da recapitulação afirmava que o organismo do indivíduo durante o seu desenvolvimento passa através de estágios correspondentes aos que ocorreram durante a história da humanidade Isto é o indivíduo revive todo o desenvolvimento da espécie humana desde o estágio quase animal nas eras primitivas num estado de selvageria até os mais recentes modos civilizados de vida que caracterizam a maturidade Hall afirmou que o desenvolvimento se processou por força de fatores fisiológicos E ainda que estes fatores fisiológicos eram geneticamente determinados que forças internas direcionais seriam o fator predominante do controle e direção do desenvolvimento do crescimento e do comportamento Dessa teoria decorre que o desenvolvimento e seus acompanhamentos comportamentais ocorrem num padrão inevitável imutável e universal a despeito do meio ambiente sóciocultural Os antropólogos e sociólogos culturalistas desafiaram este ponto de vista e mostraram que a posição assumida por Hall era extrema e insustentável à luz da evidência acumulada Mais ainda refutaram a afirmação de que as predisposições de comportamento decorrentes das exigências fisiológicas como mencionadas na teoria de recapitulação possam ser altamente específicas Hall afirmou que tipos de comportamentos socialmente inaceitáveis que caracterizam fases históricas arcaicas devem ser tolerados por pais e educadores pois são estágios indispensáveis no desenvolvimento social Entretanto tranquilisava pais e educadores ao afirmar que este comportamento socialmente inaceitável desapareceria nos próximos estágios do desenvolvimento sem qualquer correção educacional ou esforços disciplinares Vestígios desta afirmação podem ser encontrados no conceito de maturação de Gesell Um corolário da teoria de recapitulação de Hall é o seu conceito de estágios do desenvolvimento humano as características de uma determinada idade no desenvolvimento do indivíduo correspondem a alguns estágios históricos primitivos do desenvolvimento da espécie humana Hall não dividiu o desenvolvimento nos três estágios preconizados por Aristóteles e por muitos psicólogos atuais Adotou um padrão composto de quatro estágios semelhante ao proposto por Rousseau Os principais está Os seus métodos científicos foram evidentemente aqueles de seu tempo G Stanley Hall se tornou especialmente famoso pelo uso e desenvolvimento de questionários como método de obter dados objetivos Hall também se interessou pelos diários como fonte de informação particularmente relevante no estudo dos adolescentes 24 25 gios do desenvolvimento segundo Hall eram Primeira Infância Infância Juventude e Adolescência O estágio da primeira infância inclui os primeiros quatro anos de vida Enquanto a criança está engatinhando ela está revivendo a fase animal da espécie humana quando o homem caminhava sobre quatro pernas Durante este período o desenvolvimento sensorial é dominante a criança adquire aquelas habilidades sensomotoras necessárias à autopreservação O período da infância que se estende de 4 a 8 anos presumivelmente corresponde à época cultural quando a caça e a pesca eram as principais atividades do homem Esta é a época em que a criança brinca de escondeesconde bandido e mocinho e faz uso de armas de brinquedo etc A construção de cabanas e outros esconderijos é paralela à cultura do homem das cavernas da préhistória A juventude de 8 aos 12 anos inclui o período hoje conhecido como préadolescência Durante este estágio a criança revive a vida monótona dos selvagens de há muitos milênios Este é um período de vida no qual a criança tem uma grande predisposição para agir e exercitarse quando o treinamento e exercício de hábitos são mais apropriados Nunca mais haverá tal susceptibilidade para o exercício e para a disciplina tal plasticidade para a formação de hábitos nem tal prontidão para o ajustamento a novas condições É a idade do treinamento externo e mecânico Leitura escrita desenho treinamento manual técnica musical línguas estranheiras e sua pronúncia a manipulação de números e elementos geométricos e muitos outros tipos de habilidades têm então sua época áurea e se este período passa sem ser aproveitado estas habilidades não poderão ser adquiridas mais tarde senão com pesado esforço desvantagem ou perda 41 página XII Adolescência é o período que se estende desde a puber dade aproximadamente aos 1213 anos até atingir o estado adulto pleno De acordo com Hall a adolescente termina comparativamente tarde entre 22 e 25 anos de idade Hall descreveu a adolescência como sendo um período de Sturm und Drang tempestade e tensão Na literatura alemã da qual Hall tomou emprestado o termo o período de Sturm und Drang inclui entre outros os trabalhos de Schiller e os escritos de Goethe É um movimento literário cheio de idealismo compromissos com um objetivo revolução contra o arcaico manifestação de sentimentos pessoais paixão e sofrimento Hall notou uma analogia entre este grupo de escritores do fim do século XVIII e as características psicológicas da adolescência Nos termos da teoria da recapitulacao a adolescência corresponde à época em que a raça humana passava por um período de turbulência e transição Hall descreveu a adolescência como um renascimento para que possam nascer características mais elevadas e mais plenamente humanas 41 página XIII As caracteristicas do Sturm und Drang adolescente são detalhadas no capítulo Sentimentos e evolução psíquica Hall percebeu a vida emocional do adolescente como uma oscilação entre tendências contraditórias Energia exaltação e superatividade são seguidas por indiferença letargia desprezo Uma alegria exuberante gargalhadas e euforia cedem lugar à disforia depressão e melancolia O egoísmo a vaidade e presunção são tão característicos deste período como o abatimento humilhação e timidez podemse observar vestígios de um egoísmo infantil evidente e um aumento de altruismo idealista Bondade e virtude nunca são tão puras mas nunca mais tentações tão fortes preocuparão o pensamento O adolescente deseja solidão e reclusão mas se encontra emaranhado em paixonites e amizades Nunca mais o grupo de companheiros de idade terá tamanha influência sobre o indivíduo As vezes poderá demonstrar extrema sensibilidade e ternura outras será insensível e cruel Apatia e inércia alternam com a curiosidade entusiástica e urgência em descobrir e explorar Há uma fome de ídolos e autoridades que não exclui um radicalismo revolucionário dirigido contra qualquer tipo de autoridade Hall alude a estes impulsos antagônicos de um entusiasmo de Prometeu e profun NT Weltschmerz do alemán significando desilusão desengano 27 do weltschmerz sentimental quando usa o conceito de Sturm und Drang que para ele é tão característico do adolescente Na adolescência terminal o indivíduo recapitula o estágio do começo da civilização moderna Este estágio corresponde ao término do processo de desenvolvimento o indivíduo alcança então a sua maturidade IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS Desde que Hall considerou os estágios de desenvolvimento bem como o fenómeno da adolescência como devidos principalmente à natureza do processo de desenvolvimento há pouco lugar em sua teoria para a influência dos fatores ambientais Este conceito evolutivo encontra sua expressão educacional apropriada na prática de educar a criança com paciência e tolerância Embora não tão radicalmente como Rosseau Hall acreditava que o adulto não deveria interferir no processo natural do desenvolvimento que é controlado por forças direcionais internas A psicologia genética de Hall não via o ser humano como um produto final e acabado do processo de desenvolvimento acena com a possibilidade de uma continuação indefinida do aperfeiçoamento humano CAPITULO III A TEORIA PSICANALÍTICA DO DESENVOLVIMENTO DO ADOLESCENTE Ainda que a teoria da adolescência de G Stanley Hall não tenha tido provavelmente influência direta sobre Sigmundo Freud 18561939 é digno de nota que Hall foi o primeiro americano que lhe propiciou reconhecimento acadêmico convidandoo para serie de conferências no vigésimo aniversário da Universidade de Clark em 1909 Além disso Hall ajudou a divulgar as idéias de Freud nos Estados Unidos como evidencia o prefácio por ele escrito para a edição americana da Introdução Geral à Psicanálise 22 Nas conferências pronunciadas por Freud durante o período de 191517 podese encontrar uma exposição abrangente de sua teoria do desenvolvimento da libido A teoria psicanalítica do desenvolvimento adolescente tem uma idéia fundamental em comum com a teoria evolucionista da recapitulacao de Hall ambos consideram a adolescência como um período filogenético A psicanálise não inclui uma teoria específica da recapitulacao mas Freud afirmou que o indi 29 PUBERDADE E ADOLESCÊNCIA Amanda Scartezini Gozdziejewski Puberdade e adolescência são dois temas que apesar de intimamente relacionados geram por vezes dúvidas em relação a sua diferenciação Visando esclarecer tal fato são feitos apontamentos referentes a cada um Puberdade O termo puberdade é derivado do latim pubertas que significa crescimento de cabelo De acordo com Santrock 2014 puberdade referese a um processo biológico que ocorre aproximadamente entre 9 e 16 anos no qual acontece uma rápida maturação física abrangendo alterações hormonais e corporais Shaffer 2005 ainda nos lembra que é com a puberdade que o indivíduo alcança a maturidade sexual e tornase assim fisicamente capaz de conceber Não há um consenso no que diz respeito ao fator que dá início a puberdade Sabese porém que diversos são os fatores que confluem para tal Santrock 2014 aponta que entre eles estão hereditariedade hormônios peso gordura corporal e fatores socioculturais e ambientais A hereditariedade indica a possibilidade de o início da puberdade estar relacionado ao biológico Já no que diz respeito aos hormônios duas classes mais específicas estão em mudança nesse período os androgênios testosterona formam a principal classe de hormônios sexuais masculinos e os estrogênios estradiol a principal classe de hormônios femininos Há um aumento de ambos os hormônios porém nos meninos o aumento da testosterona é maior 18x nos meninos e 2x nas meninas e nas meninas do estradiol é maior 8x nas meninas 2x nos meninos Santrock 2014 Pesquisadores apontam que o peso e a gordura corporal também podem influenciar o início da puberdade Os dados não são unanimes porém falase em torno de 48kg para desencadear a menarca e 17 de gordura corporal presente Já no que diz respeito aos fatores ambientais e socioculturais fatores como morar em países mais desenvolvidos e grandes áreas urbanas podem estar ligados com o início mais precoce da puberdade Santrock 2014 Outro marco que ocorre nessa fase é o estirão do crescimento isto é a rápida aceleração na altura e peso Nas meninas a média de início do estirão é de 9 anos tendo seu pico aos 11 anos e 6 meses e nos meninos de 11 anos pico aos 13 anos e 6 meses Geralmente em concomitância com o estirão do crescimento ocorre a maturação sexual Nos meninos as características puberais em geral desenvolvem se na seguinte ordem aumento do tamanho do pênis e dos testículos aparecimento dos pelos pubianos lisos pequena mudança de voz primeira ejaculação espermarca aparecimento de pelos pubianos encaracolados início do crescimento máximo crescimento de pelos nas axilas mudanças de voz mais detectáveis e crescimento de pelo facial Já nas meninas ocorrem geralmente na ordem desenvolvimento do seio aparecimento de pelos pubianos e em seguida dos pelos nas axilas A partir dessas mudanças a menina cresce em altura e seus quadris começam a ficar mais largos do que os ombros Santrock 2014 Ao discorrer sobre o principal sinal de maturidade sexual Papalia Olds e Feldman 2009 afirmam que nos meninos é a produção de esperma e nas meninas a menstruação Interessantemente a idade com que as meninas têm sua menarca vem diminuindo ao longo do tempo Isso se chama tendência secular Shaffer 2005 aponta que esse fato ocorre devido a uma melhor nutrição e aos avanços nos cuidados com a saúde Segundo o autor as crianças atualmente são mais aptas a atingir seus potenciais genéticos para maturação e crescimento pois são mais bem alimentadas e menos propensas a experimentar doenças que atrasariam seu crescimento Adolescência O outro tema que vem em conjunto com a puberdade é adolescência A palavra adolescência por sua vez deriva da palavra adolescere que significa crescer ou crescer até a maturidade Muss College 1971 De acordo com Outerial 2008 esse é um fenômeno psicológico e social Sendo assim a adolescência possui diferentes particularidades a depender do ambiente social econômico e cultural Mas afinal quando começa e quando termina a adolescência Outeiral 2008 aponta que a adolescência geralmente tem início com a puberdade O próprio autor explana o termo geralmente Segundo ele por vezes é possível observar crianças de 7 8 ou 9 anos que ainda possuem um corpo infantil mas que já adotam uma postura adolescente Provavelmente estimuladas pelo ambiente elas adolescem mais cedo Assim podese falar que a adolescência geralmente iniciase com a biologia e termina na cultura Levando em conta que Papalia Olds e Feldman 2009 p 11 apontam que a divisão de períodos do ciclo vital é uma construção social uma idéia sobre a natureza da realidade amplamente aceita por membros de uma sociedade em determinado período com base em percepções subjetivas ou suposições compartilhadas duas diferentes realidades para estabelecimento dos limites da adolescência são apresentadas a seguir Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente apud Digiácomo Digiácomo 2013 Art2º Considerase criança para os efeitos desta Lei a pessoa até doze anos de idade incompletos e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade Isto é em termos legais o adolescente é o indivíduo entre 12 e 17 anos e 11 meses Porém a mesma Lei nos lembra Tratase de um conceito legal e estritamente objetivo sendo certo que outras ciências como a psicologia e a pedagogia podem adotar parâmetros etários diversos Uma outra delimitação do limite superior da adolescência diz respeito a visão de um psicanalista gaúcho Luis Carlos Osório apontada por Outeiral 2008 Segundo Osório apud Outeiral 2008 o término da adolescência ocorre quando os seguintes critérios são preenchidos 1 Estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de estabelecer relações afetivas estáveis 2 Capacidade de assumir compromissos profissionais e possuir independência econômica 3 Aquisição de um sistema de valores pessoais moral própria 4 Relação de reciprocidade com a geração precedente REFERÊNCIAS DIGIÁCOMO Murillo José DIGIÁCOMO Ildeaea de Amorim Estatuto de Criança e do Adolescente anotado e interpretado Curitiba SEDS 2013 MUSS Rolf E COLLEGE Goucher Teorias da Adolescência Belo Horizonte Interlivro 1971 OUTEIRAL José Adolescer 3edrevampl Rio de Janeiro Revinter Ltda 2008 PAPALIA Diane E OLDS Sally Wendkos FELDMAN Ruth Duskin Desenvolvimento Humano 8ed Porto Alegre Artmed 2009 SANTROCK John W Adolescência 14ed Porto Alegre AMGH 2014 SHAFFER David S Psicologia do desenvolvimento infância e adolescência São Paulo Pioneira Thomson Learning 2005 Panorama da Psicologia do desenvolvimento da adolescência Stanley Hall O panorama da Psicologia do Desenvolvimento da Adolescência especialmente através da lente de Stanley Hall oferece uma compreensão multifacetada dessa fase crucial da vida Hall frequentemente chamado de pai da Psicologia da Adolescência destacouse por sua abordagem sistemática teorização e questionamento dentro deste campo A noção de adolescente remonta ao século XV embora tenha sido explorada de maneiras variadas ao longo da história Na Grécia antiga figuras como Platão e Aristóteles consideravam a juventude como uma fase de desenvolvimento marcada pela capacidade de raciocínio e escolha mas também pelo egocentrismo Na Idade Média crianças e adolescentes eram muitas vezes vistos como adultos em miniatura No século XVIII pensadores como JeanJacques Rousseau começaram a diferenciar a infância da idade adulta enquanto Philippe Ariès nos séculos XIX e XX explorou a ideia emergente de adolescência como uma fase distinta Stanley Hall nascido em 1844 e falecido em 1924 é reconhecido como um pioneiro na Psicologia da Adolescência Sua obra seminal Adolescência 1904 abordou uma variedade de temas incluindo as relações entre a adolescência e aspectos como fisiologia antropologia sociologia sexo crime religião e educação Hall foi elogiado por sua capacidade de sistematização teorização e questionamento sendo frequentemente comparado ao Darwin da mente devido à sua abordagem evolucionista Sua influência se estendeu para além da Psicologia da Adolescência e ele foi contemporâneo e às vezes colaborador de figuras como Freud e Gesell Hall e outros pensadores da época foram influenciados pela Teoria da Evolução de Darwin e Ernst Haeckel que propunha que a ontogênese desenvolvimento individual refletia a filogênese evolução da espécie Uma teoria importante associada a Hall é a Teoria da Recapitulação que sugere que o desenvolvimento humano segue estágios correspondentes ao desenvolvimento da espécie humana Segundo essa teoria a adolescência é uma fase de turbulência e transição refletindo o período de transição da civilização antiga para a moderna Na adolescência características como egoísmo vaidade abatimento e timidez podem ser observadas juntamente com uma busca por ídolos e autoridades muitas vezes acompanhada por um radicalismo contra as figuras de autoridade Hall via o desenvolvimento como influenciado por fatores internos e ambientais enfatizando um padrão inevitável imutável e universal determinado principalmente por fatores genéticos Essa visão abrangente e complexa da adolescência delineada por Stanley Hall continua a ser uma referência importante na compreensão do desenvolvimento humano nesta fase da vida