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História
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Curso de Graduação a Distância Educação de Jovens e Adultos 4 créditos 80 horas Autor Rosimeire Martins Régis dos Santos Universidade Católica Dom Bosco Virtual wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 2 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Missão Salesiana de Mato Grosso Universidade Católica Dom Bosco Instituição Salesiana de Educação Superior Chanceler Pe Gildásio Mendes dos Santos Reitor Pe Ricardo Carlos PróReitora de Graduação e Extensão Profª Rúbia Renata Marques Diretor da UCDB Virtual Prof Jeferson Pistori Coordenadora Pedagógica Profª Blanca Martín Salvago Direitos desta edição reservados à Editora UCDB Diretoria de Educação a Distância 67 33123335 wwwvirtualucdbbr UCDB Universidade Católica Dom Bosco Av Tamandaré 6000 Jardim Seminário Fone 67 33123800 Fax 67 33123302 CEP 79117900 Campo Grande MS SANTOS Rosimeire Martins Régis dos Educação de Jovens e Adultos Rosimeire Martins Régis dos Santos Campo Grande UCDB 2016 76 p Palavraschave 1 Educação 2 Jovens e Adultos 3 Alfabetização 4 Inclusão Social 0220 3 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe multidisciplinar da UCDB Virtual com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do seu curso Elementos que integram o material Critérios de avaliação são as informações referentes aos critérios adotados para a avaliação formativa e somativa e composição da média da disciplina Quadro de Controle de Atividades tratase de um quadro para você organizar a realização e envio das atividades virtuais Você pode fazer seu ritmo de estudo sem ul trapassar o prazo máximo indicado pelo professor Conteúdo Desenvolvido é o conteúdo da disciplina com a explanação do pro fessor sobre os diferentes temas objeto de estudo Indicações de Leituras de Aprofundamento são sugestões para que você possa aprofundar no conteúdo A maioria das leituras sugeridas são links da Internet para facilitar seu acesso aos materiais Atividades Virtuais atividades propostas que marcarão um ritmo no seu estudo As datas de envio encontramse no calendário do Ambiente Virtual de Aprendizagem Como tirar o máximo de proveito Este material didático é mais um subsídio para seus estudos Consulte outros conteúdos e interaja com os outros participantes Portanto não se esqueça de Interagir com frequência com os colegas e com o professor usando as ferramentas de comunicação e informação do Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA Usar além do material em mãos os outros recursos disponíveis no AVA aulas audiovisuais vídeoaulas fórum de discussão fórum permanente de cada unidade etc Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas quanto a calendário atividades ferramentas do AVA e outros Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a suas necessidades como estudante organize o seu tempo Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua aprendiza gem contando com a ajuda e colaboração de todos 4 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Objetivo Geral Desenvolver estudos reflexões para compreensão das abordagens metodológicas específicas da educação de jovens e adultos com vistas a respeitar e valorizar a diversidade desse grupo de educandos garantindo práticas pedagógicas coerentes e políticas públicas como instrumento de cidadania e de contribuição para a redução das desigualdades sociais SUMÁRIO UNIDADE 1 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS CONCEITO E HISTÓRIA 12 11 Histórico da EJA origens reflexões e legislação 12 12 O perfil dos alunos da EJA Respeito aos saberes e às diferenças culturais 20 UNIDADE 2 PAULO FREIRE O PROPULSOR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 24 21 Abordagem metodológica de Paulo Freire 24 22 O olhar freiriano sobre o processo educacional 26 UNIDADE 3 ALFABETIZAÇÃO PARA ALÉM DA DECODIFICAÇÃO 30 31 Leitura alfabetização e letramento na EJA 30 32 Maneira de ser e estar no mundo 34 UNIDADE 4 FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE JOVENS E ADULTOS 39 41 Formação profissional do educador de jovens e adultos 39 42 Acolher Saberes necessários na prática educativa da EJA 41 43 Tecnologia digital na EJA Algumas Reflexões 44 UNIDADE 5 PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO NA EJA 49 51 Planejar e avaliar em EJA Por quê Como 49 52 A diversidade das ações didáticas 54 REFERÊNCIAS 65 EXERCÍCIOS E ATIVIDADES 69 5 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Avaliação A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar isto é a finalidade da avaliação é propiciar oportunidades de açãoreflexão que façam com que você possa aprofundar refletir criticamente relacionar ideias etc A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada além das provas no final de cada módulo avaliação somativa será considerado também o desempenho do aluno ao longo de cada disciplina avaliação formativa mediante a realização das atividades Todo o processo será avaliado pois a aprendizagem é processual Para que se possa atingir o objetivo da avaliação formativa é necessário que as atividades sejam realizadas criteriosamente atendendo ao que se pede e tentando sempre exemplificar e argumentar procurando relacionar a teoria estudada com a prática As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de cada disciplina Critérios para composição da Média Semestral Para compor a Média Semestral da disciplina levase em conta o desempenho atingido na avaliação formativa e na avaliação somativa isto é as notas alcançadas nas diferentes atividades virtuais e nas provas da seguinte forma Somatória das notas recebidas nas atividades virtuais somada à nota da prova dividido por 2 Caso a disciplina possua mais de uma prova será considerada a média entre as provas Média Semestral Somatória Atividades Virtuais Média Provas 2 Assim se um aluno tirar 7 nas atividades e 5 na prova MS 7 5 2 6 Antes do lançamento desta nota final será divulgada a média de cada aluno dando a oportunidade de que os alunos que não tenham atingido média igual ou superior a 70 possam fazer a Recuperação das Atividades Virtuais Se a Média Semestral for igual ou superior a 40 e inferior a 70 o aluno ainda poderá fazer o Exame Final A média entre a nota do Exame Final e a Média Semestral deverá ser igual ou superior a 50 para considerar o aluno aprovado na disciplina Assim se um aluno tirar 6 na Média Semestral e tiver 5 no Exame Final MF 6 5 2 55 Aprovado 6 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES O quadro abaixo visa ajudálo a se organizar na realização das atividades Faça seu cronograma e tenha um controle de suas atividades Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade consulte o calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade AVALIAÇÃO PRAZO DATA DE ENVIO Atividade 21 Ferramenta Tarefa Atividade 31 Ferramenta Tarefa Atividade 41 Ferramenta Tarefa Atividade 51 Ferramenta Tarefa 7 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 BOAS VINDAS Olá seja bemvindo a aos estudos da disciplina de Educação de Jovens e Adultos Desejo sucesso em seus estudos e espero que a disciplina possa contribuir para ampliar estudos reflexões e prática para atuação em salas de aula da Educação de Jovens e Adultos e acredito que ao final da disciplina você conseguirá ter uma visão mais ampla para explorar práticas pedagógicas com a devida capacidade de respeito e de valorização às especificidades da faixa etária dos alunos da EJA Ser estudante é uma aventura é um novo desafio que se põe e impõe em sua vida pessoal familiar e profissional E que certamente exigirá mudanças novas atitudes em sua vida É com orgulho e satisfação que nos lançaremos juntos neste ato de aprender e ensinar Desejo sucesso em seus estudos e conte comigo no aperfeiçoamento de seus conhecimentos Portanto mãos à obra Profa Drª Rosimeire Régis 8 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Préteste A finalidade deste préteste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta disciplina Não fique preocupado com a nota pois não será pontuado 1 O propulsor da Educação de Jovens e Adultos no Brasil foi a Darcy Ribeiro b Anísio Teixeira c John Dewey d Paulo Freire 2 O documento que estabelece que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família e ainda que o ensino fundamental é obrigatório e gratuito é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN b Constituição Federal de 1988 c Parecer n 0597 do Conselho Nacional de Educação d Resolução CNECEB n 1 de 5 de julho de 2000 3 A pedagogia de Paulo Freire é fundada na a Ética no respeito à dignidade e a própria autonomia do educando b Vida dos educandos não respeitando suas formas de pensar c Repetição de conteúdos d Prática como mecanismo de poder e controle 4 A década de 1970 na ditadura militar marca o início das ações do Movimento Brasileiro de Alfabetização por meio de um projeto que permaneceu durante 15 anos para acabar com o analfabetismo Estamos nos referindo ao a Mobral b Proler c Parfor d Prodocência 5 A I Conferência Internacional de Educação e Adultos que ocorreu em 1949 foi a CEJA b CENEJA c CONFINTEA d CONFEJA 6 O Parecer n 112000 é o texto que regulamenta a As Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA b O direito da Educação de Jovens e Adultos c A Doutrina para o Ensino da EJA d A diversidade de projetos e programas para a EJA 7 A escola voltada à EJA é ao mesmo tempo é um local de a Distanciamento e planejamento b Trabalho e desigualdades 9 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 c Doutrina e desencontros de culturas d Confronto de culturas e de encontro de singularidades 8 O processo de construção da identidade docente é algo a Dinâmico b Estático c Tradicional d Imutável 9 Segundo Paulo Freire a leitura do mundo precede a leitura a De vida b Da palavra c Dos livros d De revistas 10 A EJA deve constituirse em um espaço acolhedor instigando nosnas educandosas o desenvolvimento do espírito a Conservador b Reprodutivista c Crítico d Excludente 11 A SECADI é a sigla que se identifica a a Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino b Secretaria de Educação Profissional Tecnológica e Inclusão c Secretaria de Educação Básica Diversidade e Inclusão d Secretaria de Educação Continuada Alfabetização Diversidade e Inclusão Submeta o Préteste por meio da ferramenta Questionário 10 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 INTRODUÇÃO Na presente disciplina procuramos situar o contexto histórico da EJA e buscamos refletir sobre suas especificidades metodologias planejamento e avaliação no sentido de considerar estas diferençasdiversidades na sua positividade e potencialidade Na Unidade 1 apresentaremos o histórico da Educação de Jovens e Adultos EJA o contexto em que surgiu esta modalidade de ensino seus avanços nos documentos legais bem como o perfil dos alunos de modo a respeitar os saberes e diferenças culturais Na Unidade 2 aproximaremos de Paulo Freire no sentido de compreender a existência de metodologias diferenciadas para o acolhimento dos alunos e alunas da EJA Na Unidade 3 refletiremos sobre a importância da alfabetização como construção significativa por parte do sujeito e enfatizaremos a leitura e a escrita como instrumento de desenvolvimento cultural e do pensamento Na Unidade 4 abordaremos a importância da formação do educador da EJA para a compreensão do processo de construção do conhecimento e da prática pedagógica na Educação de Jovens e Adultos respeitando suas especificidades e algumas reflexões das tecnologias digitais na EJA Ao finalizarmos a disciplina na Unidade 5 enfatizaremos o trabalho de planejamento e organização do ensino na EJA destacando a avaliação como processo contínuo e permanente em todos os momentos da educação de jovens e adultos Dessa forma vamos descobrindo e traçando o próprio caminho na disciplina Avance A colcha de retalhos apresentada abaixo ao iniciar o conteúdo da disciplina Educação de Jovens e Adultos busca representar a construção das histórias de vida as quais são sempre permeadas por processos interativos que constituem identidades culturais e individuais 11 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 A COLCHA DE RETALHOS Fonte httpmigremerRrYm As identidades dos sujeitos que participam da EJA incluindo os educadores estão em constante transformação e reelaboração Por isso é importante acolher modos próprios de construção do conhecimento dos alunos da EJA respeitando suas realidades específicas e particularidades As marcas dessas histórias construídas com base nas experiências vividas e expressas metaforicamente pela colcha de retalhos são inerentes aos sujeitos e consequentemente aos processos de ensino e aprendizagem Dessa forma elas não podem ser desconsideradas nas reflexões e nos processos educativos com jovens e adultos Ao longo da disciplina vamos apresentar o contexto da EJA histórias de vida o discurso dos professores da EJA metodologias planejamento avaliação trajetórias de formação e prática na EJA ou seja são partes distintas que constituem e são constituídas pela colcha de retalhos e portanto demonstram a complexidade e a beleza da Educação de Jovens e Adultos quando se busca a inclusão e a emancipação A ideia é que estas reflexões sirvam para estimular novas possibilidades de estudo e planejamento para os educadores da EJA na perspectiva da construção de uma pratica que considere o perfil do educando Nesse caminho ao abrirmos a unidade 1 vamos conhecer um pouco do histórico da EJA 12 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 UNIDADE 1 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS CONCEITO E HISTÓRIA OBJETIVO DA UNIDADE Apresentar o histórico da Educação de Jovens e Adultos bem como os avanços dessa modalidade de ensino na legislação Compreender o perfil dos alunos da EJA respeitando seus saberes e diferenças culturais 11 Histórico da EJA origens reflexões e legislação Segundo Belmar 2014 os levantamentos do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos INEP apresentados por Beisiegel 1974 indicam que a maior parte dos estados brasileiros assumiu iniciativas de implantação do ensino de adultos a partir de 1930 Antes disso algumas iniciativas pontuais e de curta duração atenderam de certa forma uma parcela da população adulta analfabeta A educação de adultos foi alvo de maior atenção apenas na década de 1970 com a Lei n 56921971 que reestruturou o curso supletivo destinado aqueles que ainda não haviam concluido os estudos regulares ARANHA 2006 Pela primeira vez uma Lei destinou um capitulo especifico para a educação de adultos Capitulo IV PAIVA 2009 tendo por finalidade prover a escolarização regular para adolescentes e adultos que não tinham concluido os estudos na idade própria Nesse sentido o ensino supletivo devia contemplar desde o ensino da leitura da escrita da contagem e da formação profissional definidas em lei até o estudo de disciplinas do ensino regular e a atualização de conhecimentos BRASIL 1971 A Constituição Federal de 1988 foi um novo marco para o País na medida em que possibilitou novas conquistas nas politicas publicas sociais entre elas a educação O Estado tinha o dever de garantir educação a todos os indivíduos que anteriormente não tiveram acesso a ela independentemente da faixa etária Essa determinação contribuiu para a consolidação das iniciativas no âmbito da EJA reforçando o dever do Estado A partir de 1988 conforme sinalizaram Haddad e Di Pierro 2000 houve melhoria na qualidade de atendimento da EJA e o conceito de alfabetização foi ampliado e divulgado a partir de pesquisas realizadas pela Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura UNESCO 13 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Com a Constituição Federal de 1988 todo indivíduo passou a ter condições de usufruir das oportunidades educacionais a fim de satisfazer suas necessidades básicas no que diz respeito ao aprendizado Os conteúdos oferecidos deveriam desenvolver suas potencialidades trazer melhoria da qualidade de vida e apresentar soluções de problemas de modo a garantir vida mais digna aos educandos Com a aprovação da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN Lei n 9394 em 1996 foram estabelecidas as novas diretrizes e bases da educação nacional Essa legislação rompe com a concepção de ensino supletivo como sinônimo de provisão de escolaridade daqueles que não a obtiveram em parte ou totalmente no tempo regular como concebido na Lei n 56921971 e a educação de adultos passa então a ser denominada Educação de Jovens e Adultos EJA A Lei n 93941996 atribuiu a EJA a condição de modalidade de ensino passando assim a ter um perfil próprio uma feição especial diante de um processo considerado como medida de referencia Tratase pois de um modo de existir com caracteristica própria BRASIL 2000a p 26 Com essa nova concepção passase a assegurar a EJA metodologias curriculos e material adequado as necessidades especificas do seu alunado ARAUJO JARDILINO 2011 A educação independentemente da faixa etária é um direito social e humano Sabemos que a educação é um direito de todos e dever do Estado e muitos jovens e adultos de hoje não tiveram esse direito na chamada idade própria e negar uma nova oportunidade a eles é negarlhes pela segunda vez o direito à educação A atual LDBEN no Título V Capítulo II Seção V refere ao acesso e a continuidade dos estudos determinando que Art 37 A Educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos que não puderam efetuar os estudos na idade regular oportunidades educacionais apropriadas consideradas as características do alunado seus interesses condições de vida e trabalho mediante cursos e exames 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola mediante ações integradas e complementares entre si BRASIL 1997 p21 Com base no artigo 37 da LDBEN as escolas devem proporcionar gratuitamente aos alunos que não tiveram acesso a educação em tempo regular ensino de acordo com seus costumes habitos de vida e de trabalho contando com o Poder publico para tanto O Titulo III da LDBEN Do Direito à Educação e do Dever de Educar determina que 14 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Art 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de Ensino fundamental obrigatório e gratuito inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria VI oferta de ensino noturno regular adequado às condições do educando VIII oferta de educação escolar regular para jovens e adultos com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades garantindose aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola BRASIL 2007 p 22 Este artigo dispõe que o Estado deverá ofertar ensino aos alunos trabalhadores no período noturno adequandose às reais necessidades do educando de forma a garantir as condições para a sua permanência na instituição de ensino É possível também observar que a LDBEN passou a denominar a modalidade como Educação de Jovens e Adultos e não mais Ensino Supletivo pois o termo ensino é restrito a instrução enquanto que educação é mais amplo e abrange diversidades no processo de formação Contudo a nova LDBEN se preocupou com a preparação e formação para a inclusão do indivíduo na sociedade bem como a participação e a contribuição de todos para o êxito desse processo Com a finalidade de regulamentar os artigos da Lei n 93941996 referentes a EJA foi aprovado em 10 de maio de 2000 o Parecer CNECEB n 11 Nesse Parecer a EJA passa a ter tres funções reparadora acesso a um direito negado equalizadora igualdade de oportunidades e qualificadora atualização e aprendizagem continuas superando a ideia de que a função da EJA seria apenas uma forma de compensar o tempo perdido por aqueles que não tiveram acesso ao ensino na idade escolar Entre os inúmeros documentos que respaldam a educação em nosso país destacamos em âmbito nacional os que norteiam a Educação de Jovens e Adultos conforme relacionados no quadro 1 a seguir Quadro 1 Documentos que respaldam a EJA Constituição Federal CF de 1988 estabelece que a educação é direito de todos e dever do Estado e da familia e ainda que o ensino fundamental é obrigatório e gratuito Sua oferta é garantida para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN Lei n 939496 reafirma a CF mas vai além ao colocar a EJA como Modalidade de Educação Básica Parecer 0597 do Conselho Nacional de Educação aborda a questão da denominação Educação de Jovens e Adultos e Ensino Supletivo Define os limites de idade fixados para que jovens e adultos se submetam a exames supletivos Define as competências dos sistemas de ensino e explicita as possibilidades de certificação Parecer 1297 do Conselho Nacional de Educação elucida dúvidas sobre cursos e exames supletivos e outros 15 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Parecer de 112000 do Conselho Nacional de Educação faz referência às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos incorporando a EJA às normas e diretrizes nacionais da educação básica Resolução CNECEB nº 1 de 5 de julho de 2000 estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos Para consultar na íntegra os documentos acima sugiro acessar o portal do MEC Legislação e Normas Disponível em httpportalmecgovbrconaescomissaonacional deavaliacaodaeducacaosuperiorlegislacaoenormas Acesso em 29 out 2019 Fonte Adaptado de Soares 2002 A EJA enquanto modalidade educacional tem como finalidade e objetivos compromisso com a formação humana e com o acesso a cultura geral de modo que os educandos venham participar politica e produtivamente das relações sociais com comportamento ético e compromisso politico através do desenvolvimento da autonomia intelectual e moral BRASIL 1994 p 2 Percebese que os grupos existentes nas salas de educação de jovens e adultos se mesclam em diferenças de idade e também de interesses É preciso compreender a dinâmica dessas heterogeneidades como um fator importante para a efetiva dimensão política dessa modalidade de educação Para Freire 2003 a educação de jovens e adultos é simultaneamente um ato de conhecimento um ato político e também um ato de amor Um avanço decorrente que veio gradativamente demarcando as funções da EJA foi a publicação da Resolução CNECEB n 012000 que estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA BRASIL 2000a No ano seguinte a Lei n 101722001 cria o Plano Nacional de Educação que incorpora 26 metas discutidas e defendidas por todos que militavam na EJA prevendo a ampliação dos recursos publicos e a progressiva ampliação de politicas de financiamento para a EJA ARAUJO JARDILINO 2011 p 63 É válido salientar que apenas o estabelecimento de marcos legais não é suficiente para que seja assegurado o direito à educação para aqueles cidadãos que não o tiveram Para refletir As escolas lugar de educação e formação estão permitindo espaços que comuniquem vida cultura relações sociais ética compromisso político autonomia intelectual 16 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 garantido na idade certa É necessário que se estabeleçam políticas que criem possibilidades para a consecução desse direito legal como é o caso da formação docente fundamental para que se garanta esse direito O artigo 1 da Resolução CNECEB n 3 de 15 de junho de 2010 designa Diretrizes Operacionais para EJA a serem obrigatoriamente observadas pelo sistema de ensino O artigo 4 estabelece o tempo de duração dos cursos de EJA no módulo presencial e o Parecer CNECEB n 292006 eleva a quantidade total de horas letivas a serem cumpridas independente da maneira de estruturação curricular I para os anos iniciais do Ensino Fundamental a duração deve ficar a critério dos sistemas de ensino II para os anos finais do Ensino Fundamental a duração mínima deve ser de 1600 mil e seiscentas horas III para o Ensino Médio a duração mínima deve ser de 1200 mil e duzentas horas Parágrafo único Para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio integrada com o Ensino Médio reafirmase a duração de 1200 mil e duzentas horas destinadas à educação geral cumulativamente com a carga horária mínima para a respectiva habilitação profissional de Nível Médio tal como estabelece a Resolução CNECEB no 42005 e para o ProJovem a duração estabelecida no Parecer CNECEB no 372006 BRASIL 2006 p 2 Vale ressaltar que a destinação de recursos a EJA só foi garantida após a aprovação da Lei n 114942007 que regulamentou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Basica e de Valorização dos Profissionais da Educação FUNDEB Segundo Pinto 2007 foi garantida a inclusão da EJA como politica de Estado no sistema de ensino como forma de garantir o acesso a permanencia e a continuidade de estudos do educando nessa modalidade de educação A primeira década do século XXI assiste à criação de diversos programas governamentais na perspectiva de ofertar maiores oportunidades aos alunos jovens e adultos como Brasil Alfabetizado em 2003 Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Basica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos PROEJA em 2006 Programa Nacional de Inclusão de Jovens ProJovem Rural e Urbano 2007 e Programa Nacional do Livro Didatico para Educação de Jovens e Adultos PNLDEJA em 2007 O PNLDEJA garante a distribuição de livros didaticos especificamente desenhados para a Educação de Jovens e Adultos para o Ensino Fundamental No Ensino Médio são utilizados os livros didaticos do PNLDEnsino Médio regular O PROEJA e o ProJovem são voltados a Educação profissional 17 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 A Secretaria de Educação Continuada Alfabetização Diversidade e Inclusão SECADI em articulação com os sistemas de ensino implementa políticas educacionais nas áreas de alfabetização e educação de jovens e adultos educação ambiental educação em direitos humanos educação especial do campo escolar indígena quilombola e educação para as relações étnicoraciais O objetivo da SECADI é contribuir para o desenvolvimento inclusivo dos sistemas de ensino voltado à valorização das diferenças e da diversidade à promoção da educação inclusiva dos direitos humanos e da sustentabilidade socioambiental visando à efetivação de políticas públicas transversais e intersetoriais Alguns programas e ações destacados na Agenda Territorial de Desenvolvimento Integrado de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos têm o objetivo de firmar um pacto social para melhorar e fortalecer a educação de jovens e adultos EJA no Brasil Para refletir A partir da informação da UNESCO 3 milhões de alunos na EJA qualidade da educação deficiente e evasão alta quais as diferentes formas de resolver o problema 18 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Quadro 2 Programas e ações EJA Programa Brasil Alfabetizado EJA FUNDEB PNAE PNAT e PNLDEJA PROJOVEM Urbano PROJOVEM Campo Saberes da Terra PROEJA Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos EJA em Prisões Acordo Sistema S Aplicação progressiva de 23 dos recursos líquidos destinados ao SENAI e SENAC em matrículas gratuitas de cursos técnicos ou de qualificação profissional Ampliação na carga horária dos cursos de qualificação profissional com fomento a itinerários formativos e à elevação de escolaridade Redes de Formação UAB e Editais específicos SECAD formação inicial e continuada presencial e a distância Fonte SECADMEC Hoje os atores sociais da EJA são criativos ativos curiosos podendo buscar informações nos mais diversos tipos de fontes desde amigos vizinhos seminários cursos museus internet e assim por diante ou seja o aprendizado pode ocorrer fora dos limites da sala de aula Assim igual a você caroa acadêmicoa que está utilizando das interações proporcionadas pelas tecnologias digitais para ampliar o seu conhecimento a educação e o ensino escolar também estão passando por transformações dando lugar a um aprendizado que se estende por toda a vida Cada vez mais atores sociais estão se envolvendo em atividades relacionadas ao aprendizado além dos limites da sala de aula além dos limites de um material didático elaborado pelo professora Dessa maneira é importante acessar as dicas de aprofundamento Dica de aprofundamento Leia o artigo Trajetória da escolarização de jovens e adultos no Brasil de plataformas de governo a propostas pedagógicas esvaziadas Disponível em httpwwwscielobrpdfensaiov18n67a11v1867 Acesso em out 2019 O texto apresenta uma abordagem da Escolarização de Jovens e Adultos sua trajetória na história da educação no Brasil as políticas publicas bem como o seu percurso na formação de professores 19 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Por fim apresentamos os principais eventos relacionados com a EJA no contexto nacional sintetizados a seguir Quadro 3 Principais eventos relacionados à EJA décadas de 1930 a 2000 DECADA EVENTOS 1930 Criação do Ministério de Educação e Saude Promulgação da Constituição Federal de 1934 Criação do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos INEP 1940 Instituição do Fundo Nacional do Ensino Primario Instalação do Serviço de Educação de Adultos SEA Lançamento da Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos CEAA Surgimento dos primeiros livros dedicados ao ensino supletivo Criação da Organização das Nações Unidas para a Educação Ciencia e Tecnologia UNESCO Lançamento da Campanha de Educação de Adultos 1950 Criação da Campanha Nacional de Educação Rural Criação da Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo 1960 Promulgação da 1ª LDB Lei n 40241961 Criação de programas destinados a educação de adultos MEB MCP CPC e PNA Lançamento do Movimento Brasileiro de Alfabetização MOBRAL Promulgação da Constituição Federal de 1967 e Emenda de 1969 1970 Estabelecimento da Lei n 569271 Implantação dos Centros de Estudos Supletivos CES 1980 Extinção do MOBRAL Criação da Fundação Educar Promulgação da Constituição Federal de 1988 1990 Extinção da Fundação Educar Lançamento do Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania PNAC Estabelecimento da LDB 939496 Implantação de programas destinados a formação de jovens e adultos PAS PRONERA e PLANFOR Criação do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério FUNDEF Regulamentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Basica e de Valorização dos Profissionais da Educação FUNDEB 2000 Aprovação do Parecer CNECEB n 112000 Publicação da Resolução 012000 Criação do Plano Nacional de Educação Criação dos programas Brasil Alfabetizado PROEJA ProJovem Rural e Urbano e PNLDEJA Fonte Belmar 2014 20 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 12 O Perfil dos alunos da EJA Respeito aos saberes e às diferenças culturais O levantamento do perfil dos alunos da EJA é de fundamental importancia para a organização curricular que deve considerar a realidade concreta e a visão de mundo dos educandos possibilitando o estabelecimento do fio condutor políticopedagógico que permite atender suas necessidades e garantir uma formação de qualidade Quem são estes jovens O que vão buscar na escola O que significa para eles a instituição escolar Qual o significado das experiências vivenciadas neste espaço São essas perguntas que vão informar seu olhar e as relações que mantém com os jovens a compreensão das suas atitudes e expectativas Muitas vezes nos deparamos com a particularidade dos nossos alunos ao ouvilos como exemplifico a partir dos depoimentos a seguir Exemplo 1 O que faço é tirar leite todos os dias e direto faço cerca faço rego com o meu pai corto madeira ajudo na lavoura e capino Aluno da EJA 17 anos De onde será que esse aluno fala De qual contexto A verbalização desse aluno confirma que é de um segmento do campo que se ocupa das atividades do homem do campo Aqui nos deparamos com as particularidades locais desse aluno que é do campo e muitas vezes frequentando a escola da cidade no desejo de interagir com o mundo letrado procurando realizar o seu sonho de ingressar em uma Universidade O dia a dia desse aluno precisa ser vivenciado em sala de aula para socializar as riquezas de conhecimentos tradicionais do campo que ele possui para compartilhar e Sugestão de Leitura Acesse a Biblioteca Virtual do seu curso localize o livro Educação de Jovens e Adultos problemas e soluções de Leandro Jesus Nasegio e Renato da Luz Medeiros Nas páginas 82 e 84 você pode analisar o problema advindo da homogeneização dos estudantes e refletir quem são estes jovens 21 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 contribuir com a formação dos demais colegas de sala de aula O professor a que recebe o aluno apresentado no exemplo 1 precisa considerar o perfil do aluno do campo integrado ao perfil do aluno da cidade para que juntos descubram novos saberes valorizem diferentes saberes Nesse sentido concordamos com Freire 2005 p 68 ao afirmar que não ha um saber melhor ou pior ha saberes diferentes e por meio desses saberes diferentes que adquirimos novos conhecimentos e procuramos novos caminhos de aprendizagem e práticas que emergem desse convívio social A presença crescente de jovens na EJA tem trazido novas questões que demandam preparo dos professores para enfrentalas Considerar o perfil dos educandos envolve conhecer suas histórias de vida e suas trajetórias nos territórios possibilitando uma troca de experiencias significativas entre as gerações contribuindo para uma formação cultural social e ética Observe o exemplo 2 Exemplo 2 Eu sou o Paulão estava na estrada mas cheguei a tempo para fazer a minha apresentação Eu não sei ler e escrever o português correto e não gosto de matemática já tentei várias vezes retornar ao banco da escola mas desisto Nunca sentei na frente de um computador aliás tenho medo dessa tecnologia mas ela já embarca no meu caminhão Conheço de pneu frisado por rodar 30 anos na estrada Eu sou Caminhoneiro estou cansado da profissão e quero obter conhecimento para conseguir um trabalho melhor por esse motivo que estou aqui e espero ter interesse pelos assuntos tratados Aluno da EJA 53 anos O Paulão aluno caminhoneiro já circulou nesse país por 30 anos e portanto quantas riquezas ele conhece de geografia de história de hidrografia de clima da diversidade cultural etc Certamente ele passou por lugares que muitas vezes o professor de geografia ou história nunca estiveram Ou seja na vida do adulto a escola não é o único espaço de aprendizado Se ela não o é e o professora considera assim a história de vida destes alunos vai ter que reconhecer no processo de ensino e de aprendizagem nas estratégias metodológicas que é possível ter tempos e espaços diferentes possibilitando a organização individual da vida escolar e também a organização de um currículo diferente para atender por exemplo os alunos apresentados nos exemplos 1 e 2 Todos os nossos alunos da EJA ou do ensino regular têm a sua história de vida as suas particularidades que às vezes são reveladas e assim não poderíamos deixar de ler o depoimento da Beatriz 22 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Exemplo 3 Beatriz 46 anos ausente da sala de aula há 20 anos mãe de 7 filhos desempregada ao chegar na sala de aula relatou a sua trajetória de vida com dificuldades de conciliar o tempo para dedicar aos filhos ao trabalho e a escola Beatriz interrompeu o curso para permanecer no período noturno com os filhos Segundo Arroyo 2005 p 22 os sujeitos da EJA são jovens e adultos com rosto com histórias com cor com trajetórias sócioétnicoracial do campo da periferia Se esse perfil de educação de jovens e adultos não for bem conhecido dificilmente estaremos formando um educador desses jovens e adultos De um modo geral os sujeitos da EJA são tratados como uma massa de alunos sem identidade qualificados sob diferentes nomes relacionados diretamente ao chamado fracasso escolar Arroyo 2001 ainda chama a atenção para o discurso escolar que os trata a priori como os repetentes evadidos defasados aceleraveis deixando de fora dimensões da condição humana desses sujeitos basicas para o processo educacional Ou seja concepções e propostas de EJA comprometidas com a formação humana passam necessariamente por entender quem são esses sujeitos e que processos pedagógicos deverão ser desenvolvidos para dar conta de suas necessidades e desejos ANDRADE 2004 p 1 Sobre os motivos que levaram os jovens e adultos da EJA a abandonar ou interromper os estudos algumas pesquisas como de Arroyo 2005 Prado e Reis 2012 e Soares 2005 apontam o medo de voltar a estudar medo de conviver com os mais jovens e ser discriminado distancia da residencia ou do trabalho dificuldade de conciliar o tempo para o estudo o trabalho e a família problemas de saude insatisfação com as aulas desinteresse pelos assuntos tratados dificuldade de aprendizagem problemas familiares incompatibilidade com os colegas ou o professor padrão de trabalho muito acessivel ou trabalhos pedagógicos muito dificeis tempo para cuidar dos filhos e depreciação dos estudos pelos pais A tudo isso somase a necessidade de ajudar no trabalho desenvolvido seja na zona urbana ou rural Na busca de compreender cada vez melhor nossos alunos a observação e a escuta são necessárias para saber como trabalham na sala de aula quais seus interesses suas dificuldades e facilidades sua forma de relacionar com os colegas com oa professora e suas características pessoais como timidez tranquilidade agitação concentração habilidades sua forma de pensar Além de observar e ouvir o educando é importante saber o que fazer com o que se observa ampliar os conhecimentos em relação ao que é observado 23 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 saber ouvir as vozes expressas saber reconhecer e valorizar diferenças culturais saber dialogar com respeito e acolher as diferenças Essa convivência possibilitará que aos poucos uma relação de confiança amizade carinho respeito e reciprocidade seja construída Nesse conviver que professores e alunos aprendem Antes de continuar seu estudo realize o Exercício 1 Dica de aprofundamento Conheça um pouco mais sobre Paulo Freire e o seu plano de alfabetização Título do vídeo Paulo Freire Contemporâneo Parte 1 Autor Toni Venturi Categoria TV Escola EscolaEducação Tempo 2517 Disponível em httpmigremerWbhi Acesso em 18 out 2019 O vídeo contribuirá para você compreender ainda mais a unidade 2 Vale a pena assistir 24 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 UNIDADE 2 PAULO FREIRE O PROPULSOR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS OBJETIVO DA UNIDADE Analisar as contribuições de Paulo Freire no sentido de compreender as metodologias diferenciadas para o acolhimento dos alunos e alunas da EJA 21 Abordagem metodológica de Paulo Freire Paulo Freire se destacou no cenário educacional brasileiro nos anos de 1960 por meio do Movimento de Cultura Popular MCP no Recife quando foram desenvolvidas suas primeiras experiências de alfabetização e conscientização Para ele A escola não é só um lugar para estudar mas para se encontrar conversar confrontarse com o outro discutir fazer politica a escola não é só um espaço físico É acima de tudo um modo de ser de ver Ela se define pelas relações sociais que desenvolve E se quiser sobreviver como instituição precisa buscar o que é específico dela FREIRE 2005a p 12 Paulo Reglus Neves Freire educador brasileiro tornouse um propulsor da Educação de Jovens e Adultos considerando sua trajetória de vida relacionada à educação popular preocupado tanto com a escolarização como formação da consciência Paulo Freire nasceu em Recife Pernambuco em 19 de setembro em 1921 e faleceu em 02 de maio de 1997 Suas ideias e práticas pedagógicas foram objeto de várias críticas mas em compensação deixou contribuições significativas em favor da educação popular ou seja para a educação de jovens e adultos participando ativamente dos movimentos populares em prol da educação e de melhores condições de vida para as famílias de baixa renda Fonte httpmigremerSPQp Paulo Freire é considerado um dos grandes pedagogos da atualidade e é respeitado mundialmente As suas maiores contribuições teóricas foram relacionadas ao campo da educação popular e da conscientização política de jovens e adultos operários Entre as 25 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 inúmeras obras podemos citar Pedagogia do Oprimido Medo e Ousadia Educação Popular Educação e Mudança Pedagogia da autonomia Paulo Freire trabalha dialeticamente o ensinar e aprender em seu último livro Pedagogia da autonomia saberes necessarios a pratica educativa mantendo a coerência desde os seus primeiros escritos Ele afirma nesse livro que Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender Ou seja ele introduz a ideia do reaprender e destaca ainda que não se trata apenas de aprender a aprender a fazer a conviver a ser Tratase também de aprender porque um dos pilares da educação esquecido pelo relatório Delors e de fundamental importância na pedagogia freiriana No mesmo livro Freire ressalta a importância da formação dos professores e educadores baseada numa reflexão sobre a teoria e a prática buscando ensinar os alunos a pensar certo de forma que se respeite a autonomia e os saberes dos próprios educandos O professor que pensa certo deixa transparecer aos educandos sua constante relação entre a teoria e a prática envolvendo o movimento dinâmico dialético entre o fazer e o pensar sobre o fazer ou seja é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática O educador democrático deve em sua prática pedagógica buscar sempre novos conhecimentos fazer pesquisas reciclar sua maneira de trabalhar com os educandos ser investigador curioso sem se esquecer da humildade e persistência pois sua tarefa docente não é apenas ensinar os conteúdos e sim ensinar a pensar certo com a capacidade de intervir e conhecer o mundo Paulo Freire destaca que o professor não pode somente transferir conhecimentos ao educando mas sim promover uma conscientização crítica e democrática sobre a vida que está alicerçada numa sociedade em que a ideologia dominante toma conta de todos fazendo com que acreditemos que a realidade é assim mesmo e que não se pode fazer nada para mudála Segundo Brandão 1986 Paulo Freire não tem uma teoria pedagógica definitiva mas tem o afeto e a sua prática Dessa forma fica difícil teorizar a seu respeito sem viver a prática que é o sentido desse afeto Por isso é fácil compreender o que ele tem falado e escrito quando se parte da vivência da prática do compromisso mais do que da teoria Paulo Freire acreditava que o fundamental nas relações de todas as coisas no mundo é o diálogo O diálogo é o sentimento do amor que se transforma em ação e as trocas entre o homem e a natureza são originalmente regidas pelo diálogo É na pedagogia do Oprimido sua obra maior que Paulo Freire realiza uma verdadeira síntese de uma época sob a perspectiva pedagógica Como educador pensa o mundo a vida e o próprio pensamento de seu tempo como pensador aborda a educação e 26 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 o pensamento pedagógico que lhe era contemporâneo E nessa relação entre o saber geral e o conhecimento setorizado Freire constrói em toda a sua profundidade a tensão dialética fundamental A centralidade da reflexão e da ação freiriana passa a ser a de transformar a pedagogia numa visão de mundo e numa filosofia de vida Em suma organizava o processo de conhecimento mais geral sobre o universo sobre a humanidade e sobre a cultura por meio de uma reflexão setorial específica pedagógica Ao mesmo tempo desencadeava a complexa equação da libertação humana a partir de um referencial que é essencialmente diretivo E essa tensão de promover a liberdade humana a partir do ato pedagógico que é fundamentalmente diretivo passou a ser a equação central de sua obra e de sua vida Na sugestão de leitura a seguir observe como Paulo Freire desenvolveu um método de alfabetização baseado nas experiências de vida das pessoas 22 O olhar freiriano sobre o processo educacional A pedagogia de Freire é fundada na ética no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando partindo do princípio que cada um possui a sua forma de entender o mundo e as coisas que estão à sua volta procurando respeitar sua forma de pensar seus gestos gostos e ideias Sendo assim o professor não deve fazer qualquer discriminação ao aluno ou ironizálo porque isso faz com que o educando se sinta inferior às outras pessoas rompendo com a liberdade de aprendizagem do aluno O conviver é a própria essência da obra de Paulo Freire já que ela tem como centralidade o diálogo Para Freire a educação problematizadora com base no diálogo proposta por ele assume um papel libertador estimulando o aluno a ler criticamente o contexto sociopolítico e econômico vivido e se rebelar contra essa situação rompendo com opressão que desumaniza o homem Sugestão de Leitura Método Paulo Freire de alfabetização as lembranças emocionadas da 1ª turma Disponível em httpwwwpragmatismopoliticocombr201304metodopaulofreirede alfabetizacaoaslembrancasemocionadasda1aturmahtml Acesso em out 2019 27 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Os conhecimentos dos alunos de acordo com Freire devem ser respeitados principalmente daqueles com pouca condição financeira ou seja de classes populares filhos de trabalhadores pois muitas vezes as experiências de vida do educando não são aproveitadas ou não são consideradas pelo educador que em vários casos acaba por rotular a criança ou o adulto de incapaz deixando de haver assim um aprendizado dentro do contexto da realidade do aluno Freire reforça a importância da curiosidade entre professores e alunos estando ambos movidos por ela como uma mola capaz de incentivar o ensino e o aprendizado na construção de novos conhecimentos Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move que me inquieta que me insere na busca não aprendo nem ensino Exercer a minha curiosidade de forma correta é um direito que tenho FREIRE 2003 p 85 Sendo assim é necessário que o professor proporcione um diálogo com o educando sendo capaz de ouvir e falar fazendo de suas aulas momentos de liberdade para a expressão oral interagindo com seus alunos a fim de compreender o que eles desejam Mas para que isso aconteça o professor precisa se dedicar doar trocar experiências gostar de aprender e sentir encanto em ver seu aluno adquirindo o conhecimento Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo em que vivemos Assim ele retrata a sociedade Falo da resistencia da indignação da justa ira dos traídos e dos enganados Do seu direito e do seu dever de rebelarse contra as transgressões éticas de que são vitimas cada vez mais sofridas FREIRE 2003 p101 Percebese que o autor procura argumentar como a sociedade capitalista acaba excluindo o indivíduo dessa sociedade dominandoo totalmente quanto à sua vontade e abolindo os seus direitos e deveres como cidadãos Freire argumenta também que o professor precisa ser a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo FREIRE 2003 p 103 Assim podese verificar que a educação de jovens e adultos é um processo por meio do qual o indivíduo usufrui de sua própria história de vida a fim de almejar uma perspectiva de vida melhor Isso é possível mediante a confiança que é depositada no educando na sua capacidade de aprender de descobrir de criar soluções e de enfrentar desafios Para que isso ocorra é necessário que tenhamos novas práticas educativas com o educando jovens e adultos a fim de que o aprendizado seja significativo para eles As posições de Paulo Freire 2003 com respeito à busca de novas práticas educativas nos levam a refletir sobre como está o processo de alfabetização para jovens e adultos nos dias de hoje Consideramos a alfabetização como a aquisição da língua escrita que por meio de um processo de construção do conhecimento mediante uma interação do 28 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 contexto da realidade do educando envolve também questões de ordem lógicointelectual afetiva sociocultural política e técnica Segundo Paulo Freire 2003 o educador precisa estar qualificado para atuar neste campo de ensino sabendo valorizar e respeitar as peculiaridades de cada educando existente em sua sala de aula tendo uma reflexão teóricoprática sobre sua própria prática pedagógica ou seja sobre sua própria concepção metodológica de como trabalhar com a Educação de Jovens e Adultos Freire critica severamente o conceito de educação a qual ele define como sendo uma educação bancaria em que o educador vai transformando o educando num fundo bancario ou seja vai depositando informações de forma mecanica para o educando memorizar os dados adquiridos deposita o seu saber Mediante a isso Paulo Freire 2003 descarta o método tradicional de ensino que tem a cartilha como uma única base para aquisição de conhecimentos dos estudos e principalmente para a alfabetização Paulo Freire propõe uma mudança de paradigma considerando todos os seres humanos como seres pedagógicos incompletos e inacabados Os seres humanos se complementam convivendo uns com os outros e trabalham o seu inacabamento pela educação permanente ao longo de toda a vida O autor deixa claro para todos principalmente para os educadores que o seu envolvimento com a prática educativa deve ser feito com alegria e esperança pois a esperança e o otimismo fazem parte do ser humano no sentido de se buscar a possibilidade de uma mudança para algo melhor Como a esperança de que professores e alunos juntos podem aprender ensinar construir e reconstruir percebendo os problemas e resolvendo os resistindo aos obstáculos com alegria A partir dos meus estudos e leituras de Paulo Freire agora divido com vocês meus alunos e alunas da licenciatura buscando novos diálogos novas sínteses O material didático assim como o ser humano também está incompleto está sempre se construindo Visite o repositório digital de Paulo Freire indicado no final desta unidade e saiba mais é preciso contudo estar atento ao conjunto de obras e da prática de Paulo Freire para não correr o risco de interpretações equivocadas Temos muito ainda a aprender com as obras de Paulo Freire Parafraseando Raul Seixas eu prefiro ser essa metamorfose ambulante e você Ser metamorfose é estar sempre em transformação projetando e não sendo um professora pronto a e acabadoa 29 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Convido você para ouvir a composição Metamorfose Ambulante por Raul Seixas disponível em httpswwwyoutubecomwatchvVhfxcddll8Y Acesso em 06 nov 2019 Fonte httpmigremes2mRC Vou lhe propor agora como forma de rever estes conteúdos alguns exercícios para que você se avalie e decida continuar na leitura da unidade 3 quando não para retomar alguns pontos que não ficaram suficientemente esclarecidos Antes de continuar seu estudo realize os Exercícios 2 e 3 e a Atividade 21 Dica de aprofundamento O Repositório Digital Centro de Referência Paulo Freire foi constituído com a missão de armazenar preservar estimular disseminar e compartilhar a produção intelectual do educador Disponível em httpacervopaulofreireorg8080xmluirepositoriodigital Acesso em 17 out 2019 Vale a pena consultar 30 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 UNIDADE 3 ALFABETIZAÇÃO PARA ALÉM DA DECODIFICAÇÃO OBJETIVO DA UNIDADE Refletir sobre a importância da alfabetização como construção significativa por parte do sujeito Enfatizar a leitura e a escrita como instrumento de desenvolvimento cultural e do pensamento 31 Leitura alfabetização e letramento na EJA No início a pergunta Fonte Adaptada de httpmigremerWtoE Escreva no seu caderno ou no seu computador o que é leitura alfabetização e letramento na EJA Gostaria de provocar a sua reflexão sobre a importância da alfabetização da leitura e do letramento como possibilidade de desenvolvimento cultural e do pensamento Vou ajudálao a construir uma conceituação no campo educacional que proporcionará pensar em práticas pedagógicas presentes ou futuras Os alunos da EJA buscam na classe de alfabetização de adultos sua dignidade como indivíduos sociais por meio do processo de leitura e escrita que lhes proporcionará uma nova oportunidade para não serem mais excluídos pela sociedade Gadotti 2013 ressalta que a Educação de Adultos é reconhecida pela Unesco como direito humano estando ela implícita no direito à educação reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos a começar pelo primeiro nível que é o da alfabetização De fato a alfabetização é a base para a aprendizagem ao longo da vida Nenhuma educação é possível sem a habilidade da leitura e da escrita 31 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 A alfabetização é um direito em si mesma precisamente porque sem ela as pessoas não têm oportunidades iguais na vida Aqueles que podem utilizar a escrita e a leitura para defender e exercer seus direitos legais têm vantagem significativa em relação àqueles que não podem Por intermédio da alfabetização os indivíduos obtêm os meios de participação política na sociedade RICHMOND ROBINSON SACHISRAEL 2009 p 1928 Afirma Gadotti 2013 p 25 a Educação de Adultos deve ser também uma educação em direitos humanos Para isso é fundamental que os conteudos os materiais e as metodologias utilizadas levem em conta esses direitos e os programas propiciem um ambiente capaz de vivenciálos Em relação à Educação de Adultos Gadotti 2013 afirma que deve ser entendida como elemento essencial na superação da pobreza e da exclusão social a exclusão social não significa apenas a exclusão das oportunidades de aprendizagem mas também a negação dos conhecimentos das pessoas ICAE 2009 O Documento de Incidencia da Sociedade Civil do Instituto Coroados de Aprendizagem e Estágio ICAE 2009 chama a atenção para a necessidade de atendimento às pessoas migrantes e refugiadas às idosas e o fim das praticas de discriminação para com as pessoas indigenas pessoas descapacitadas ou com capacidades diferentes e para com homens e mulheres em contextos de privação de liberdade para as quais são necessarias ações afirmativas e positivas O ICAE defende politicas e programas de alfabetização de longo prazo intersetoriais e integrais mecanismos formais explicitos de representação da sociedade civil e a destinação de no minimo 6 do PIB a educação e dentro do orçamento para a educação destinar no mínimo 6 para a Educação de Adultos Freire na obra A importancia do ato de ler argumenta a importancia da leitura em uma comunicação utilizando uma linguagem que mescla a narrativa da prática pedagógica e a reflexão crítica destacando a importância da leitura como ferramenta necessária para o desafio de reconstruir o mundo como também de transformálo O autor inicia essa obra argumentando sobre os diversos tipos de leitura de mundo e ao mesmo tempo esclarece que a leitura da palavra é precedida da leitura do mundo Ele enfatiza a importância crítica da leitura na alfabetização colocando o papel do educador em uma educação em que o seu fazer deve ser vivenciado dentro de uma prática concreta de libertação e construção da história inserindo o alfabetizando num processo criador do qual ele é também um sujeito Fonte Registro da Autora 2015 32 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Segundo Freire 1986 p11 a leitura do mundo precede a leitura da palavra É necessário entender o que acontece em sua volta para fazer uma leitura crítica das palavras do que você ouve interpretar o que você está lendo e não somente aceitar colocações formadas por alguém que deseja que você entenda o que ele quer que você entenda e não descubra o sentido que às vezes está embutido em algumas palavras Para Christofoli 2015 o ato de ler Permite ao sujeito o acesso à língua escrita uma vez que ao compreender o que lê ele se depara com novas ideias com conhecimentos novos ou com os que já domina com textos que podem fazêlo rir ficar triste ou mesmo complexo que podem conduzilo a lugares distantes ou próximos que podem fornecerlhe instruções específicas para realizar certas tarefas com textos que podem agregar argumentos de que necessita para defender determinadas posturas ou alimentar o seu imaginario CHRISTOFOLI 2010 p75 A leitura é considerada como uma produção cultural da humanidade pois a língua escrita é necessariamente um bem do qual todos os homens têm o direito de usufruir Nesse sentido a escola é um espaço privilegiado para que a língua escrita se democratize e para que todos os sujeitos possam dela se tornar usuários especialmente aqueles que a ela não tiveram acesso na idade escolar Entretanto a escola tem apresentado inúmeras dificuldades em dar conta desse que é um de seus maiores desafios o ensinar a ler CHRISTOFOLI 2010 p75 O termo alfabetização existe há séculos em nosso vocabulário porém desde que a palavra letramento surgiu a partir da segunda metade dos anos de 1980 esses termos têm se mesclado e confundido as pessoas Na realidade essas duas palavras possuem significados distintos Para Soares 1998 os conceitos de alfabetização e letramento no Brasil se superpõem se mesclam e frequentemente se confundem Embora interligados são específicos Para ela o termo alfabetização é utilizado com um sentido restrito referindose aos sujeitos que aprenderam o código escrito sendo que o termo letramento referese aos sujeitos que aprenderam a ler e a escrever e o fazem Alfabetizar é ensinar o código alfabético letrar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura e escrita A autora estabelece a diferença entre alfabetização e letramento a seguir Retomemos a grande diferença entre alfabetização e letramento entre alfabetizado e letrado um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever já o indivíduo letrado o indivíduo que vive em estado de letramento é não só aquele que usa socialmente a leitura e escrita mas que pratica a leitura e escrita que responde adequadamente às demandas sociais de leitura e 33 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 escrita SOARES apud CHRISTOFOLI 2010 p 78 O ideal seria alfabetizar letrando ou seja ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita de modo que o indivíduo se tornasse ao mesmo tempo alfabetizado e letrado Alfabetização é a ação de ensinar a ler e a escrever é oportunizar a interação do sujeito com a linguagem escrita para que ele reconstrua e dela se aproprie lendo e escrevendo Alfabetizado é o sujeito que percorreu todos os níveis da evolução da escrita e chega ao nível alfabético sendo capaz de ler e escrever qualquer palavra CHRISTOFOLI 2010 p77 É importante destacar que na alfabetização estão envolvidos os dois processos leitura e escrita Acrescenta Christofoli 2010 p83 formar jovens e adultos leitores é investir na formação de sujeitos que saibam ler e escrever com compreensão e com significado que realmente possam usufruir da função social da lingua escrita A alfabetização é a criação ou a montagem da expressão escrita da expressão oral FREIRE 1986 p21 Segundo o autor quando o aluno descobre essa forma de entender a escrita ai sim chega o momento de ele criar O ato de ler implica sempre na percepção critica interpretação e reescrita do lido FREIRE 1986 p24 Nessa perspectiva o profissional da EJA deve servir como ponte deste resgate social por meio de seu planejamento adaptando as atividades desenvolvidas na sala de aula ao cotidiano dos alunos Desta forma os educandos poderão transpor o que é construído em sala de aula para sua realidade modificando conforme a sua necessidade Essa prática permitirá que os sujeitos enxerguem a realidade a qual estão inseridos e intervenham conscientemente nela A interação dos alunos com textos reais e contextualizados facilita a sua compreensão por conter expressões presentes em seu cotidiano com conteúdo significativo e que por isso cumpre alguma função social Nessa perspectiva é importante oferecer aos alunos textos que façam parte da sua realidade que acolham suas necessidades que sejam de seu interesse como diz Freire 1985 p 21 os processos de ensino devem partir da realidade do educando e para que isso realmente aconteça o professor a precisa apresentar textos que façam parte da cultura popular do folclore regional e nacional Parlendas e provérbios por exemplo pelo fato de serem conhecidos pelos alunos são excelentes materiais que além de oportunizarem ricas discussões enriquecem o espaço da Para refletir Quais os critérios que norteiam as nossas práticas educativas 34 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 sala de aula Neste aspecto cabe ressaltar a importância de introduzilos no universo da escrita mostrandolhes vários tipos de textos existentes Outdoors panfletos receitas culinárias manuais receitas médicas bulas de remédio documentos pessoais anúncios de jornais revistas charges quadrinhos poesias letras de música bilhetes ofícios gravuras entrevistas crônicas fábulas embalagens filmes desenhos propagandas jogos enfim fazemos parte de uma sociedade letrada em que a escrita é constante nas variadas atividades do cotidiano Paulo Freire nos alerta que não é possível desencadear o processo de aprendizagem sem desencadear o processo de leitura do mundo 32 Maneira de ser e estar no mundo Proponho ao iniciar essa seção uma reflexão da real construção do conhecimento a partir do texto abaixo sobre dois operários Observem a realidade e possibilidade de recriar compreender o contexto social do qual fazem parte Certo dia um homem caminhava pela estrada e parou em frente a uma construção Viu dois operários trabalhando foi até um deles e perguntou O que o senhor está fazendo aí O operário mal levantando os olhos respondeu Uma parede Então o homem foi até o segundo operário e fez a mesma pergunta que tinha feito ao primeiro Foi surpreendido com a resposta Aqui meu senhor Estou construindo um prédio uma escola estou colaborando com a educação O senhor vê Muitas das crianças que estão passando por ai vão estudar aqui dentro Autor desconhecido 35 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Dois homens com a mesma profissão provavelmente o mesmo salário a mesma carga horária e com visões tão diferentes do trabalho que estão executando Para um é só mais uma parede enquanto que para o outro é uma escola uma turma um ano um objetivo Nesse sentido temse que concordar com Bins 2010 p107 é a partir das hipóteses levantadas pelos sujeitos na sua leitura de mundo na troca de informações e no conflito estabelecido que os sujeitos começam a apropriarse do código escrito Muitas vezes são esses alunos e saberes que nós professores e professoras encontramos na sala de aula da EJA e nesse sentido indicanos a importância de ampliar a leitura de mundo dos nossos alunos e destacar a concepção ampliada de educação de jovens e adultos para não se limitar apenas à escolarização mas também reconhecer a educação como direito humano fundamental para a constituição de jovens e adultos autônomos críticos e ativos frente à realidade em que vivem Segundo Morin 2015 p 73 sempre intersubjetiva a compreensão humana requer abertura para o outro empatia simpatia O sujeito alfabetizado é aquele que sabe ler e efetivamente ler o mundo e compreender na sua totalidade a partir do seu conhecimento com as relações intersubjetivas que estabelece A alfabetização tornase um fator de inserção social para estes sujeitos sua aprendizagem está relacionada com a busca de uma vida melhor e mais digna e também na possibilidade de interagir com outras pessoas Para refletir O que as nossas relações e os nossos processos educativos estão comunicando Será que compreendemos os nossos alunos da EJA Para refletir A EJA está favorecendo e proporcionando essa interação Se a escola não alfabetiza para a vida e para o trabalho para que e para quem alfabetizar 36 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Os sujeitos que apenas codificam não compreendem o que está à sua volta apenas realizam atos mecânicos continuando alheio às relações e percepções reais do mundo que os envolve situação exemplificada do operário que mal levantou os olhos e respondeu Uma parede Paulo Freire 1982 p3940 fala sobre a importância da alfabetização como perspectiva de leitura de mundo no momento em que os indivíduos atuando e refletindo são capazes de perceber o condicionamento de sua percepção pela estrutura em que se encontram sua percepção começa a mudar embora isto não signifique ainda a mudança da estrutura É algo importante perceber que a realidade social é transformável que feita pelos homens pelos homens pode ser mudada que não é algo intocável um fado uma sina diante de que só houvesse um caminho a acomodação a ela É algo importante que a percepção ingênua da realidade vá cedendo seu lugar a uma percepção que é capaz de perceberse que o fatalismo vá sendo substituído por uma crítica esperança que pode mover os indivíduos a uma cada vez mais concreta ação em favor da mudança radical da sociedade Portanto importa saber de que forma o sujeito utiliza e aprende a língua escrita que recursos culturais ela proporciona para que suas habilidades possibilitem uma aprendizagem e desenvolvimento da capacidade de criticar refletir participar da sociedade à qual pertence As estratégias metodológicas a serem escolhidas pelos professores deverão motivar os educandos a participarem das aulas Cabe aos professores inovar no trabalho didático Nesse sentido o plano de cada professor bem como as aulas deverão ser planejadas e executadas sempre com o acompanhamento e a orientação de um coordenador pedagógico Libâneo afirma A unidade teóricametodológica começa pela definição de objetivos comuns e é assegurada pela coordenação pedagógica e pelo trabalho conjunto e articulado dos professores É desejável que a escola tenha uma linha pedagógicadidática com a qual todos possam compartilhar ainda que ela expresse princípios e orientações mais gerais Este é também um requisito para a escola trabalhar com a interdisciplinaridade LIBÂNEO 2004 p130 Dessa forma o papel de um coordenador pedagógico junto aos educadores é o de garantir o conhecimento científico relacionandoo à prática cotidiana A opção pela metodologia pautada nos Temas Geradores sugeridos por Freire será no sentido de se adequar harmoniosamente à formação de cidadãos conscientes de seu papel como construtores da história além de aproximarse do contexto dos alunos A escolha do tema gerador traz a intencionalidade de instigar os educandos a uma análise crítica de suas realidades para atuar sobre elas Segundo Freire 1987 p115 37 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Um tema gerador não se encontra nos homens isolados da realidade nem tampouco na realidade separada dos homens Só pode ser compreendido nas relações homensmundo Investigar o tema gerador é investigar repitamos o pensar dos homens referido à realidade é investigar seu atuar sobre a realidade que é práxis Os temas geradores são uma forma de evitar a fragmentação do currículo partindo de interesses dos educandos para explorar as demais áreas do conhecimento Por exemplo o tema gerador Jovens e adultos vida e trajetórias Esse tema pode ser condizente à realidade dos educandos e favorecerlhes o acesso ao conhecimento e à cultura Muitos destes sujeitos retornaram à escola com a esperança de melhorar suas formas de sobrevivência a sua autoimagem a estabilidade nos empregos etc A EJA deve constituirse em um espaço acolhedor instigandolhes a criticidade e não visando apenas à formação técnicaprofissionalizante Justificase assim o tema escolhido por ser condizente à realidade dos educandos de modo a favorecerlhes o acesso ao conhecimento e à cultura As aulas do Curso de Educação de Jovens e Adultos na etapa da Alfabetização e do Ensino Fundamental dos Anos Iniciais 1ª e 2ª fase organizados sob a forma presencial deverão ser desenvolvidas por meio do levantamento do conhecimento prévio e de situações do cotidiano da turma aulas expositivas e explicativas interação contínua dos educandos uns com os outros pesquisa de acordo com suas limitações leituras de livros revistas jornais etc e do mundo situações simuladas exposições visitas jogos e pinturas O estudo e o aprendizado não devem ser definidos em função somente dos componentes curriculares ou conteúdos mas em função de temas escolhidos também pelo educando importantes para o crescimento individual e coletivo dessa modalidade de ensino Dica de aprofundamento O Repositório Digital Centro de Referência Paulo Freire foi constituído com a missão de armazenar preservar estimular disseminar e compartilhar a produção intelectual do educador Disponível em httpacervopaulofreireorg8080xmluirepositoriodigital Acesso em 17 out 2019 Vale a pena consultar 38 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Antes de continuar seu estudo realize o Exercício 4 e a atividade 31 Para refletir Que lições nos deixa o pensamento de Paulo Freire para pensar a educação nos dias atuais 39 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 UNIDADE 4 FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE JOVENS E ADULTOS OBJETIVO DA UNIDADE Abordar a importância da formação do educador da EJA na compreensão do processo de construção do conhecimento e da prática pedagógica na educação de Jovens e Adultos respeitando suas especificidades Refletir sobre as tecnologias digitais na EJA 41 Formação profissional do educador de jovens e adultos Nas escolas que oferecem a EJA necessário se faz ampliar as discussões teórico metodológicas bem como o debate acerca das políticas pertinentes a essa modalidade específica Isto é a discussão e o debate perpassam o processo de formação docente para e na EJA O docente comprometido com sua formação atuará de forma diferenciada com respeito à diversidade dos educandos e compromisso de garantir não só a inclusão educacional mas e principalmente contribuir efetivamente para a redução das desigualdades sócioeducacionais e culturais causadas por direitos amplamente negados durante séculos Falar de trabalho docente relacionado à formação do professor é refletir sobre educação do nosso país A formação de professores ou seja o trabalho docente tem preocupado muitos teóricos e pesquisadores da área educacional como Antonio Nóvoa 1995 Moacir Gadotti 2001 Silmara Campo 1998 Paulo Freire 2003 Philippe Perrenoud 1993 Selma Garrido Pimenta 2002 entre outros que em seus estudos retratam a questão da formação docente mediante uma prática pedagógica reflexiva apontando questionamentos e defendendo a necessidade da pesquisa como elemento essencial na formação profissional do professor como também destacando a importância da trajetória docente num trabalho coletivo Caldeira 2000 traz uma importante contribuição explicando que o processo de construção da identidade docente não é algo estático mas sim dinâmico que se vincula a uma permanente construção desconstrução e reconstrução de seus elementos o que demanda redefinições constantes dependendo do contexto sociocultural em que os sujeitos se encontram 40 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Para Nóvoa 1995 uma formação não se constrói por acumulação seja ela de cursos de conhecimentos de técnicas mas de um trabalho de reflexão sobre as práticas e da reconstrução permanente de uma identidade pessoal Segundo Imbernón 2004 p 15 a formação assume um papel que transcende o ensino que pretende uma mera atualização científica pedagógica e didática e se transforma na possibilidade de criar espaços de participação reflexão e formação A formação do professor é uma prática de conhecimento que visa à aquisição de uma proposta pedagógica pautada no diálogo nos processos reflexivos nas partilhas de experiências no questionamento e na compreensão da realidade que norteia a busca de novas propostas coletivas de mudanças em que o conhecimento é apresentado como uma construção social As instituições de ensino muito têm se preocupado com a formação profissional do docente A qualidade do ensino depende praticamente da relação entre professor e aluno e das competências e habilidades que o educador tem obtido durante sua formação docente Com isso verificase que o professor precisa ser pesquisador mediante sua prática educativa ou seja precisa ter uma pesquisa baseada na açãoreflexãoação envolvendo assim teoria e prática O educador precisa buscar uma prática pedagógica uma didática críticoreflexiva para com os seus educandos analisando o contexto histórico social e político de cada aluno auxiliandoos a buscar uma sociedade mais justa e igualitária O educador da EJA necessariamente precisa se identificar e valorizar o que os educandos trazem no seu repertório de vida transformando esse repertório em conteúdo escolar Sugiro acessar o vídeo indicado a seguir para consolidar o entendimento deste tópico e ampliar os seus estudos O conceito de educação de jovens e adultos vai se movendo à medida que a realidade começa a fazer algumas exigências em relação à sensibilidade e à competência dos educadores Conforme argumenta Gadotti 2001 65 Pela educação queremos mudar o mundo a começar pela sala de aula pois as grandes transformações não se dão apenas como resultantes dos grandes gestos mas de iniciativas cotidianas simples e persistentes Dica de aprofundamento Sugiro que assista ao vídeo Ensinar Exige Respeito aos Saberes dos Educandos Disponível em httpswwwyoutubecomwatchv9e7GGNw0Dkw Acesso em 10 out 2019 41 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 A educação como ato político deve oportunizar instrumentos de leitura crítica da realidade consciência de seu lugar social e possibilidade de intervenção na sociedade Os educandos por serem atores sociais ao ingressarem ou retornarem aos estudos trazem consigo suas vivências e saberes Um currículo que dialoga com essas experiências deve desvelar a ação humana na sua qualidade social em suas dimensões individual e coletiva Reconhecendo a educação como ato político os educadores que trabalham na EJA devem promover o acesso aos bens culturais e ao conhecimento sem desconsiderar a dimensão política e histórica de todo esse processo Isso significa dizer que precisam adotar uma postura propositiva e propulsora de reflexão e ação como condição para mediação dos conhecimentos dos jovens e adultos em favor da tomada de consciência sobre os fatos do cotidiano e seu papel como agente de transformação social O professor ao ser criativo utiliza o conteúdo a ser trabalhado em sala de aula junto com a realidade do educando por meio de uma prática pedagógica contextualizada mostrando assim seu diferencial na EJA 42 Acolher Saberes necessários na prática educativa da EJA A sala de aula é o espaço da diferença da heterogeneidade acolher essas diferenças como valor como riqueza de saberes que é apresentada pelos alunos é um saber necessário na prática educativa da EJA Cada pessoa é um ser único e original com experiências histórias conhecimentos possibilidades e limitações diferentes que a constituíram como é a sala de aula é o espaço da diferença da heterogeneidade LOCH 2010 p 19 Dica de aprofundamento Você conhece como funcionam as políticas de formação continuada para professores da EJA no seu Município Conheça as Políticas de formação continuada para professores da EJA na Rede Municipal de Ensino no Município de Campo GrandeMS Sugiro consultar as páginas 3554 Disponível em httpsiteucdbbrpublicmddissertacoes15754 mestradolucianapdf Acesso em 12 out 2019 42 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Os docentes da EJA vivenciam rotineiramente uma situação em que trabalham com adolescentes jovens e adultos com distintas especificidades como visão de mundo experiências de vida e sociocultural as quais necessitam ser tratadas de forma inclusiva acolhedora integrada e agregada como nos revela o depoimento a seguir de uma aluna da EJA Certa vez em uma roda de conversa sobre as histórias de vida uma das alunas contando sobre sua infância em uma fazenda no interior do estado de MS nos relatou seu cotidiano Trabalhava na lavoura de cana de açúcar fazia a refeição cuidava da casa ordenhava vaca montava cavalo nadava no rio subia em árvores Quando perguntada pelo motivo do retorno aos estudos respondeu que como não sabia fazer nada voltou a estudar para ver se aprendia alguma coisa Valorizar as histórias e as identidades dos jovens e adultos requer conhecer a trajetória destes educandos O relato acima traz uma questão que deve ser considerada pelos educadores e convertida em conteúdo escolar Para tanto é preciso que o grupo de educadores dê sentido e significado a essas experiências e saberes para organizar o trabalho pedagógico sob outra perspectiva Do ponto de vista teóricometodológico a sistematização dessas muitas histórias necessita estar referenciada em marcadores identitários imediatos isto é a percepção de classe social as questões étnicoraciais de gênero sexualidade religiosidade de procedência deficiências entre outros Destes marcadores identitários diversos temas podem ser levantados e trabalhados Considerando que os temas extraídos dessas histórias são temas sociais o educador deve promover com os educandos exercícios reflexivos articulandoos em processos contínuos de distanciamento e aproximação com organizadores institucionais sociais como educação saúde alimentação moradia saneamento básico segurança pública cultura lazer território mobilidade urbana sustentabilidade entre outros É importante também que os educadores se questionem acerca da relevância social dos temas e onde se quer chegar com eles Isso leva a uma articulação dinâmica entre os percursos de vida individuais e sociais mais amplos conferindolhes sentidos para pensar o mundo em sua totalidade concreta revelando o caráter estruturador das histórias de vida no cotidiano dos educandos e sua importância no currículo da EJA Paulo Freire por sua vez em seu livro Pedagogia da Autonomia saberes necessarios a pratica educativa argumenta sobre a formação do educador contextualizado 43 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 de acordo com o ambiente social e cultural do educando Partindo de um questionamento ele declara o seguinte Como ensinar como formar sem estar aberto ao contorno geográfico social dos educandos Preciso agora saber ou abrirme à realidade desses alunos com quem partilho a minha atividade pedagógica Preciso tornarme se não absolutamente íntimo de sua forma de estar sendo no mínimo menos estranho e distante dela FREIRE 2003 p 137 Os educandos são sujeitos que têm suas trajetórias humanas sociais culturais e cognitivas É preciso reconhecer o jovem e o adulto na riqueza de suas trajetórias para a reflexão e proposição do currículo A metodologia pedagógica da Educação de Jovens e Adultos deve partir da presença dos saberes e histórias de vida em vez da ausencia de constituindose em uma prática libertadora e emancipatória O saber não formal muitas vezes baseado na oralidade e cultura local deve ser considerado e articulado ao saber formal em função de suas riquezas e de seus potenciais A vida que se realiza fora dos quadros do sistema formal de ensino e que impacta a aprendizagem e o enriquecimento dos educandos bem como as vivências e os conhecimentos adquiridos ao longo de suas trajetórias devem ser considerados e incorporados nesse processo de retomada dos estudos A educação para a emancipação se configura como libertadora amorosa humanizante e politicamente engajada com a causa dos oprimidos Para Freire 2002 p16 esse conceito de educação aparece como condicionamento ético no que chama de ética universal do ser humano Tal condicionamento ético materializase na concretização de uma educação libertadora no sentido de que pode oportunizar condições tanto para educandos quanto para educadores de se assumirem como sujeitos de sua própria história e sujeitos edificadores de uma sociedade justa equilibrada e igualitária libertandose assim das amarras do determinismo histórico e das formas de opressão e exclusão sociais Uma formação que oportunize a reflexão sobre as concepções e práticas educativas pode levar o professor a ressignificar sua ação pedagógica e tornarse ele próprio fomentador engajado na proposta de transformação educacional e social É desejável que o currículo da EJA seja desenvolvido de maneira diversificada rompendo com o modelo regular e tradicional de ensino e colocando os jovens e adultos numa situação de aprendizagem significativa e autônoma que atenda as necessidades culturais educacionais e sociais 44 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 O diálogo é o fundamento políticopedagógico de uma prática educativa que estabelece relações horizontais entre educandos e educadores com a compreensão de que não há saber mais ou menos importante mas saberes diferentes A prática pedagógica deve ser permeada pela proposição de atividades contextualizadas e diversificadas ênfase no trabalho coletivo e colaborativo a reorganização das rotinas dos espaços dos conteúdos em razão das necessidades dos educandos Antes de iniciar a próxima seção entenda um pouco mais da diferença da educação formal e nãoformal Quadro 4 Diferença entre educação nãoformal e formal A expressão educação nãoformal é considerada quando ocorre processos de aprendizagem por via da experiência onde os espaços são múltiplos centros comunitários centros culturais igrejas e algumas vezes a própria escola e os tempos da aprendizagem são flexíveis não são fixados a priori e as metodologias tendem a respeitar as diferenças individuais Esse tipo de educação é em geral também praticado por múltiplos atores sociais professores ou não Assim por educação formal entendese o tipo de educação praticada nas escolas seguindo certa organização e sequência em seus procedimentos com vistas a fornecer uma certificação ou formalização das experiências nela praticadas É um processo educativo altamente institucionalizado cronologicamente e hierarquicamente estruturado que se estende desde os primeiros anos da escolarização até os últimos anos do ensino superior Fonte Romans Petrus e Trillha 2003 p 19 43 Tecnologia digital na EJA Algumas reflexões Incontáveis tecnologias contribuíram e contribuiu para o ambiente em que vivemos hoje e para a nossa conexão atual por exemplo a fala escrita telégrafo telefone carro satélite computador pessoal impressora fax internet celular TV câmera sensores GPS No entanto de todas as tecnologias que nos trouxeram até aqui talvez a mais importante seja a banda larga computacional que começou a se tornar disponível às pessoas por volta do ano 2000 e desde então se dissemina de forma ampla A cada minuto na internet é gerada uma quantidade gigantesca de informações A intel uma empresa de tecnologia criou um infográfico mostrando o que acontece na internet em um minuto Vale a pena observar 45 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Figura 1 Internet em um minuto Fonte httpmigremes1RNX Podemos observar a partir do infográfico o crescimento contínuo da web e o consequente aumento de sua complexidade tornam o contexto atual extremamente propício a uma Era da Busca A explosão de conteudos causa a necessidade de mediação tecnológica para filtrar e validar as informações Hoje o aluno pode ter um smartphone e ou outro dispositivo digital e acessar qualquer conteúdo em sala de aula no entanto é importante o professor orientar o aluno para utilizar filtros adequados sempre prestando atenção naquilo que nos interessa a fim de tornarse relevante para o aluno para que eles não se dispersam e perdem atenção em um mar de informações disponíveis Professores e alunos que tenham a curiosidade de conhecer as possibilidades das tecnologias digitais redes sociais e plataformas tecnológicas poderão ampliar conexões criativas auxiliar um ao outro refletirem e aprenderem a conectaremse à novas possibilidades de aprendizagem Por exemplo qualquer pessoa hoje consegue fazer um vídeo caseiro seja pelo computador celular câmera digital legendar publicar no Youtube divulgar nas redes sociais como facebook twitter e outras e linkar com outros conteúdos Dica de aprofundamento Visite o site httpswwwyoutubecomwatchvjcamiVj81Vg que oa direcionará para um vídeo caseiro que exemplifica essa experiência 46 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Segundo Paulo Freire 1981 p 33 o desenvolvimento de uma consciencia critica que permite o homem transformar a realidade se faz cada vez mais urgente por isso também acreditamos que ao possibilitar a prática pedagógica que desafia o aluno para inventar e criar a si mesmo abrese caminhos e possibilidades para que a aprendizagem e desenvolvimento criativo se desenvolvam Tecer aprendizagem virtual que incluem a utilização de computadores tablets aparelhos de telefonias móvel TV redes sociais softwares plataformas videogames em ambiente colaborativo principalmente com as trocas entre professor e aluno é uma das mais interessantes e proficuas maneiras de interação para a construção coletiva do conhecimento Essa amplitude de recursos pode ser considerada espaços de produção de sentidos e de construção de representações sociais partilhadas que permitirão novas formas de socialização e aprendizado A compreensão do conhecimento como construção coletiva é fundamental para que o aluno entenda por exemplo que um hipertexto é uma reunião de vozes e de olhares construido por muitas mãos e aberto para todos os links e sentidos possiveis RAMAL 2002 O hipertexto informatizado é na verdade uma rede de textos superpostos que permite ao usuario passar de um ponto a outro sem interromper o fluxo comunicativo Lévy 1999 define este tipo de escrita como um conjunto de nós ligados por conexões tais nós podem ser palavras graficos imagens ou sequencias sonoras sendo que cada um pode conter uma rede inteira de associações O hipertexto e o crescimento da internet permitem ao aluno cada vez mais a medida que le associar aquilo que leu com outros textos ja lidos e de seu interesse com isso vai agregando a essas leituras suas próprias observações podendo recuperar tudo isso em sinteses próprias como por exemplo em um novo texto por ele construido Dica de aprofundamento As transformações como realidade aumentada hipertextos games são apresentadas no Livro virtual à seguir sob licença aberta e disponível em repositórios públicos para serem reutilizados amplamente Acesse o link e veja como as transformações já estão em curso como possibilidades de você conhecer vivenciar e enriquecer a sua aprendizagem Disponível em httpoerkmiopenacukpageid980VjuGtrerRD8 Acesso em 17 out 2019 Vale a pena consultar 47 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Para lidar com esses avanços o único caminho é educação digital contínua tanto de professores quanto de estudantes As transformações ocorridas com os avanços das tecnologias de informação e comunicação TIC possibilitam comunicarse a qualquer hora com qualquer pessoa em qualquer lugar ainda que não concretizada de forma absoluta obriga o aluno ao exercício de analisar estabelecer relações e interpretar a utilização das tecnologias digitais situandose como protagonista de um mundo em que tempo e espaço não são mais fatores limitadores à comunicação Segundo Allan 2002 p 207 A escola não pode ficar alheia ao universo informatizado se quiser de fato integrar o estudante ao mundo que o circunda permitindo que ele seja um indivíduo autônomo dotado de competências flexíveis e apto a enfrentar as rápidas mudanças que a tecnologia vem impondo à contemporaneidade É necessário discutir com os alunos da EJA os usos educacionais das diversas tecnologias digitais e redes sociais no processo de ensino e aprendizagem como discutir o vocabulário presente no dia a dia notícias vídeos O próprio espaço público está impregnado de informações virtuais os letreiros veiculam realidades aumentadas1 as paredes de hotéis hospitais cafés e outros exibem a notícia de última hora e os celulares conectados ao facebook apresentam informações noticiários e demandas que podem ampliar o cenário de comunicação interação e aprendizagem Que desafios e oportunidades esses avanços das tecnologias e redes sociais nos traz Fonte httpmigremerWx9v Os educandos utilizam a internet e aprendem em rede uma vez que estão inseridos na sociedade contemporânea Este fato implica em desdobramentos para a discussão curricular e o trabalho realizado em sala de aula e espaços educativos Não é mais possível alfabetizar e dar continuidade aos estudos de pessoas jovens e adultas ignorando dinâmicas concepções e tecnologias que norteiam os processos sociais contemporâneos A negação da existência das tecnologias digitais pode implicar um processo de exclusão aumentando o fosso entre as diferentes culturas e contextos e minimizando as possibilidades pedagógicas de uso de tais recursos O mundo digital é um espaço de troca de experiências e as tecnologias de informação e comunicação TIC redes sociais e dispositivos móveis são recursos a mais e que podem ser vistas como um elemento de aquisição de conhecimento 1 Veja aplicações da realidade aumentada Disponível em httpolhardigitaluolcombrvideoveja asnovasaplicacoesdarealidadeaumentada44623 Acesso em 2 nov2019 48 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 A cultura da internet inspirou uma mudança significativa no processo de ensino e aprendizagem favorecendo a capacidade crítica e criativa dos educandos e educadores Nessa perspectiva métodos técnicas e dinâmicas assumem o papel de linguagens e instrumentos dos quais o educador deve lançar mão para viabilizar a construção do conhecimento incorporando habilidades e saberes cada vez mais específicos As tecnologias digitais podem contribuir para as necessidades educacionais e nas interações pedagógicas incentivando a aprendizagem em pares o trabalho colaborativo a reorganização o desenvolvimento e a flexibilização do currículo com a proposição de pesquisas e projetos que atendam às expectativas da aprendizagem ao longo da vida É preciso inventar e socializar práticas na EJA que incentivem agregar novos sentidos à prática pedagógica com as TIC dispositivos móveis e Redes Sociais Considerando que as tecnologias digitais têm se tornado cada vez mais intuitivas e simples o aprendizado operacional para a sua utilização básica ocorra cada vez mais de forma natural e espontânea Assim a educação na era digital precisa focar muito menos na tecnologia em si e muito mais em desenvolver a capacidade analítica e crítica dos alunos para que consigam discernir sobre o que essas tecnologias representam em nossas vidas como nos afetam e como extrair conhecimentos e inteligência por meio dessas tecnologias Antes de continuar seu estudo realize o Exercício 5 e a Atividade 41 49 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 UNIDADE 5 PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO NA EJA OBJETIVO DA UNIDADE Enfatizar o trabalho de planejamento e organização do ensino na EJA Destacar a avaliação como processo contínuo e permanente em todos os momentos da educação de jovens e adultos 51 Planejar e avaliar em EJA Por quê Como O ato de planejar e avaliar faz parte da nossa vida cotidiana desde as situações mais simples às mais complexas nos caracterizando como seres que pensam sobre o que pretendem fazer e para isso se utilizam de informações sobre fatos vividos no passado no presente e projeções para o futuro Na nossa ação docente este fato se reveste de uma forma de concentração necessária Segundo Loch pensar o planejamento e a avaliação em EJA é pensar com os educandos a sua vida suas necessidades desejos e aspirações articulados com a realidade social e cultural em que vivem e redesenhála num processo conjunto em que o ver o ouvir e o agir estão interligados LOCH 2010 p 18 Loch 2010 ainda reforça que cada vez mais jovens adultos e idosos têm histórias individuais sociais e coletivas que podem ser objetos de estudo dos mesmos pois estão prenhes de conhecimento que precisam ser sistematizados desvelados e muitas vezes superados Quando visitamos uma sala de aula de EJA e vemos que nessa sala convivem um jovem morador de rua um jovem deficiente um jovem adulto trabalhador avós de 70 80 anos negros brancos pardos homossexuais todos e todas com um desejo ardente de aprender mais que têm histórias para contar não apenas pessoais mas histórias nos damos conta da riqueza desta diversidade para o planejamento a organização do ensino e da avaliação De acordo com Loch 2010 estes educandos apresentam em comum o fato de que de alguma forma pertencem ao grupo social dos que foram excluídos do processo educacional formal pela própria exclusão dos bens econômicos que ajudaram a construir O que os caracteriza na unidade é a classe social a que pertencem e ao mesmo tempo a diversidade cultural étnica de gênero de ofício Diversidade manifestada pela composição de turmas marcadas pelas diferenças não só pelas idades dos 15 até quase 90 anos como pelas origens étnicasraciais negros índios brancos como também por alunos com deficiência surdez cegueira física mental também pelas opções sexuais assumidas sejam mulheres homens gayspelo desemprego ou pelos ofícios que desempenham 50 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Embora possa parecer que estas diferençasheterogeneidades marquem uma dificuldade a mais para pensar o planejamento e a avaliação podemos reverter este pensamento hegemônico tradicional de tratar a EJA e considerar estas diferençasdiversidade na sua positividade e potencialidade O trabalho de planejamento e organização do ensino na modalidade educação de jovens e adultos EJA tem um forte componente social político e educacional É uma atividade pedagógica complexa haja vista a diversidade presente neste grupo pois se caracteriza não apenas por uma questão de especificidade etária dos discentes mas primordialmente por uma questão de especificidade cultural LOCH 2010 Loch 2010 p 22 a escola voltada a EJA é ao mesmo tempo um local de confronto de culturas e um local de encontro de singularidades Nesse sentido o trabalho pedagógico com jovens e adultos necessita mostrar que esses discentes que falam procuram ter voz e demonstram o desejo de mostrar de onde são de reforçar a sua origem Às vezes a sala de aula é uma oportunidade para comunicar suas visões de mundo Muitas vezes nesses diálogos são deixadas marcas identitárias crenças aptidões da ideologia de quem escreve ou fala Segundo Corazza 1997 é importante planejar porque a ação pedagógica especialmente em EJA é uma forma de política cultural exigindo por isto uma intervenção intencional que é sem dúvida de ordem ética É importante pelo respeito que todos devemos ter para com essa ação e para com os sujeitos dela participantes Poderíamos ainda acrescentar segundo Loch 2010 p 22 é importante planejar pesquisando sobre a vida dos jovens e adultos tornandoos também autores e participantes do planejamento ao incorporar ao currículo os processos históricos culturais políticos sociais e econômicos que constituem o seu tempo as contradições presentes na sociedade os conhecimentos que constituem a cultura popular enfim para que os sujeitos se constituam continuamente e se construam conscientes de si dos outros e do mundo Podemos observar que o planejamento não pode ser desvinculado da realidade do compromisso político do educador e ainda das relações entre escola educação e sociedade Para assimilar melhor os momentos do ato de planejar e sua relação com a avaliação Vasconcellos 1999 Pernambuco 1994 e Delizoicov 1991 apresentam propostas de planejamento que com diferentes denominações baseiamse todas na Por onde deve começar um bom planejamento 51 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 proposta freireana de açãoreflexãoação isto é perspectiva dialética de síncrese análise e síntese conforme as etapas delineadas na figura a seguir e que deverão estar presente no planejamento de longo no de médio prazo e da sala de aula Figura 2 Etapas do planejamento Fonte Loch 2010 p 23 Estudo da realidade investigação sobre a visão de mundo do aluno e da comunidade escolar pesquisa em sala de aula na escola na comunidade mobilização para o conhecimento temas de problematização falas significativas dos alunos atividades de socialização Organização do conhecimento foco ou temática a ser desenvolvida relação entre conceitos cotidianos e conceitos científicos espaço de diálogo entre alunos e entre alunos e professores atividades situações de experiência a serem vividas Aplicação do conhecimento diferentes produções dos alunos expressão globalizada das aprendizagens Para complementar esse espaço de reflexão sobre planejamento e avaliação na EJA apresentamos no quadro 5 um exemplo de planejamento organizado em forma de projeto 52 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Quadro 5 Exemplo de planejamento Projeto de Ensino Projeto de ensino Quem sou eu Tema Identidade Disciplina Educação de Jovens e Adultos Professora Rosimeire Régis Período 20161 Justificativa Desde muito cedo aprendemos a entender o mundo que nos rodeia Por isso antes mesmo de aprender a ler e escrever palavras e frases já estamos lendo bem ou mal o mundo que nos cerca FREIRE 1987 O presente projeto pretende trabalhar com a identidade cultural do aluno de EJA que está retornando à vida escolar Possibilita a reflexão sobre si mesmo e sobre sua relação com a sociedade família escola comunidade trabalho intenciona o autoconhecimento a consciência do quanto cada um é importante e pode fazer a diferença nesses grupos aos quais pertence A partir dessa reflexão pretendese contribuir para a formação de sujeitos seguros de si valorizados como cidadãos de direitos Objetivos Identificar e registrar dados pessoais e fatos históricos sobre sua vida Compreender fatos e histórias relatos próprios e dos demais colegas Reproduzir fatos histórias e relatos através da reescritura Reconhecer e localizar sua região de origem e aquela em que vivem através do manuseio de mapas Campo conceitual e questões norteadoras de estudo Identidadenomedocumentação Certidão de nascimento carteira de identidade carteira de trabalho título de eleitor certificado de reservista Origem do nome Nome dos pais e avós descendência Por que temos um nome Dados do nascimento Fatos históricos da época Localidade Cidade onde nasceu Estado Características da regiãolocal 53 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 tempo de residência nessa região Mapas Localização em mapas do local de nascimento Localização no mapa de sua cidade o bairrolocal de nascimento Transporte Trajeto percorrido até a escola Duração do trajeto Trabalho Local de trabalho Funçãoatividade Se gosta do que faz Salário recebido e considerações sobre Metodologiaorganização do conhecimento Conversas com os alunos cada um relata sua história Preenchimento de fichas de dados do aluno e de sua família Produção de texto sobre sua história pessoal Apresentação de mapas e materiais sobre o país o Estado a cidade de origem e da cidade onde está morando Produção de mapas com o trajeto de sua casa até a escola Conversas sobre o trabalho de cada aluno Relações do trabalho numa linha de tempo Avaliação A avaliação acontecerá ao longo da execução do projeto a partir de observações durante a realização das atividades propostas e das produções dos alunos preenchimento de dados produção textual e elaboração de mapas Fonte Adaptado de Loch 2010 A avaliação precisa se dar no contexto do projeto pedagógico da escola deixando claro que não deve ser realizada somente com os alunos mas também com o programa que está sendo desenvolvido Segundo Veiga 1998 p 32 a avaliação do ponto de vista critico não pode ser instrumento de exclusão dos alunos provenientes das classes trabalhadoras Deve ser democrática deve favorecer o desenvolvimento da capacidade do aluno de apropriarse de conhecimentos cientificos Portanto nessa Proposta Pedagógica a avaliação precisa ser contínua e diagnosticada devendo considerar o desempenho do educando nas atividades 54 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 propostas em termos de leitura e escrita por meio do processo de letramento aquisição de novos conhecimentos capacidade de relacionar entre si os diversos conteúdos capacidade de análise interpretação e generalização Nessa concepção fazse necessário apresentar algumas características que devem compor o processo avaliativo Ser continua o processo avaliativo devera ocorrer rotineiramente e não em um único momento com visão reflexiva que redimensione as ações pedagógicas os objetivos propostos e os conteúdos abordados Ser democratica imprescindivel que o educando seja informado sobre os critérios estabelecidos os objetivos a serem alcançados os instrumentos a serem utilizados Ser formativa a aprendizagem ocorrera de acordo com o progresso obtido pelosas educandos considerando as atividades propostas sabendo interpretar o erro e o considerando como manifestação de um processo em construção dessa forma aprendendo com o erro Ser diagnóstica através da aprendizagem que serão identificados quais conhecimentos deverão ser retomados e ainda quais práticas pedagógicas deverão ser redimensionadas Veiga 1998 afirma que A avaliação do projeto políticopedagógico numa visão crítica parte da necessidade de se conhecer a realidade escolar busca explicar e compreender criticamente as causas da existência de problemas bem como suas relações suas mudanças e se esforça para propor ações alternativas criação coletiva VEIGA 1998 p32 Portanto o professor utilizará diversos meios técnicas e estratégias para a elaboração e aplicação das avaliações sendo que elas deverão ser realizadas ao término de cada conteúdo de modo que o resultado final revele um projeto democrático e exequível para a escola e para a comunidade com vista à melhoria da realidade de ambas Sendo assim será possível realizar a recuperação paralela à medida que forem detectadas deficiências no processo de ensino e no rendimento do educando 52 A diversidade das ações didáticas A Proposta Pedagógica Específica à Educação de Jovens e Adultos tende a ser progressista e libertadora É uma atividade em que professor e aluno são mediadores do conhecimento A realidade do aluno passa a ser o conteúdo aprendido a fim de atuarem no sentido de transformação 55 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Uma prática pedagógica que vem sendo constituída por muitos educadores com jovens e adultos é a de oportunizar experiências com memórias individuais e coletivas envolvendo acontecimentos pessoas lugares identidades subjetividades tempos espaços Apresento a seguir uma atividade adaptada de Huerga 2010 p5657 para que educadores possam pensar como trabalhar a memória e as identidades de jovens adultos valorizando suas histórias de vida fortalecendo identidades pessoais de classe gênero etnia etc e simultaneamente promover encontros entre pessoas de modo fraterno e solidário Refirome ao livro da literatura infantojuvenil de Men Fox e Julie Vivas cujo título do livro é o nome do personagem Guilherme Augusto Araujo Fernandes Tratase do relato da amizade de um garoto Guilherme que era vizinho de um asilo de velhos todos seus amigos mas era de Antônia que ele mais gostava Quando soube que ela perdera a memória quis saber o que isso significava e foi perguntar aos outros do asilo Como resposta ouve que memória é algo bem antigo que faz chorar faz rir vale ouro e é quente Então monta uma cesta e vai levála à Antônia Quando ela recebe os presentes maravilhosos conchas marionete medalha bola de futebol e um ovo ainda quente cada um deles lhe devolve a lembrança de histórias Fazse a leitura do livro até a parte em que Guilherme decide procurar memórias para Dona Antônia ja que ela havia perdido as suas Entregar aos alunos uma caixinha e cinco pequenos papéis coloridos um de cada cor de preferência para que cada um dos participantes confeccione sua caixa de memórias a partir das seguintes lembranças de sua vida Fonte httpmigremerWynE Algo quente Algo bem antigo Algo que o faz chorar Algo que o faz rir Algo que vale ouro Ao final da confecção das caixas finalizar a leitura do livro apresentando as memórias objetos que Guilherme trouxe para Dona Antônia e de como essas mesmas memórias são percebidas por ela Cada participante se desejar poderá apresentar aos demais suas memórias A partir deste trabalho poderseá refletir sobre as seguintes questões As memórias possuem significados pessoais somente Podemos a partir de memórias individuais constituirmos memórias coletivas 56 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 O que são memórias privadas e públicas Que significados podem ter na vida privada e na vida pública Para um trabalho semelhante podese usar o livro E um rinoceronte dobrado no qual o autor questiona Uma caixa de sapatos é realmente um bom lugar para se guardar lembranças fantasias e segredos O que você colocaria em uma caixa de sapatos Outra opção é discutir o livro Mas sera que nasceria a macieira de Ale Abreu e Priscilla Kellen A história desse livro gira em torno de uma reflexão sobre a vida e os momentos de cada um como indivíduo dentro de uma sociedade Cada aluno poderá apresentar sua compreensão do texto por meio de uma ilustração exteriorizando e materializando no desenho sua história de vida pessoal e profissional Fonte Registro da autora O livro poderá se constituir em um valioso material de apoio didático manuseado à vontade pelos alunos que participarão deles como autores Refletir sobre como estes jovens e adultos pensam e aprendem envolve segundo Oliveira 1999 transitar por pelo menos três campos que contribuem para a definição de seu lugar social a condição de não serem crianças acima de 15 anos a condição de excluídos da escola e a condição de membros de determinados grupos culturais Outras atividades e possibilidades para a organização do conhecimento na EJA Filme Histórias de um Brasil alfabetizado despertando a criticidade de cada aluno o filme retrata situações limite em que se dá o processo de alfabetização de jovens e adultos Em 72 minutos são apresentados os desafios de cinco personagens Jovens de periferia quilombolas empregadas domésticas cortadores de cana professores e catadores de lixo Histórias de vida que formam um mosaico rico e diverso sobre o ato de aprender a ler e escrever Sugerir busca de poemas músicas e ditos populares que venham ao encontro dos trabalhos desenvolvidos em aula estes podem também ser construídos pelos próprios alunos educandos para a realização de um sarau literário É válido recordar que precisamos contemplar o currículo como uma construção que permita uma postura de valorização dos saberes dos educandos vinculando os seus conhecimentos aos conteúdos Muitas outras situações podem ser encontradas no cotidiano dos alunos e alunas da EJA Por exemplo o registro de dados como 57 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Leitura do relógio que controla o consumo de luz da residência ou do medidor que controla o consume da água Apresentar embalagens cada uma com as características próprias e com produtos diferenciados possibilita exercer a criatividade aplicando conhecimentos da área de língua portuguesa ciências da natureza matemática sustentabilidade entre outros Legendas de fotografias para estudo ou para servirem de referência registrando dados de lugares pessoas eventos objetos etc Ler cartões de vacinas de uma criança adulto ou animal Analisar a epidemia de dengue na região fatores que interferem eou determinam a disseminação de dengue propor estratégias para o controle da disseminação e proliferação do mosquito Aedes aegypti Elabore outras ideias adequadas aos seus alunosalunas Ajude os seus alunos e alunas entender melhor o que estão aprendendo O que eu já sei O que eu queropreciso saber sobre o assunto O que eu aprendi após as atividades Outro procedimento do processo de ensino e aprendizagem é pensar em trabalhos em grupo Grupo é o conjunto de duas ou mais pessoas em situação de interação e agindo em função de um objetivo comum Segundo Haydt 2006 p 183 em termos didáticos os principais objetivos do trabalho em equipe são facilitar a construção do conhecimento permitir a troca de ideias e opiniões possibilitar a prática da cooperação para conseguir um fim comum Na escola em geral na sala de aula no Ambiente Virtual de Aprendizagem o trabalho em equipe desempenha uma função importante criando oportunidade para o diálogo e a troca de ideias e informações Haydt afirma que ao participar dessa troca de experiencias possibilitada pelo trabalho em equipe o indivíduo precisa organizar seu pensamento a fim de exprimir suas ideias de forma a serem compreendidas por todos Na dinâmica do trabalho em grupo o aluno fala ouve os companheiros analisa sintetiza e expõe ideias e opiniões questiona argumenta justifica avalia HAYDT 2006 p 183 Podemos dizer que o trabalho em equipe também favorece o convívio social como por exemplo ouvir com atenção os colegas e esperar a vez de falar respeitar a opinião alheia planejar em conjunto as etapas de um trabalho 58 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Ao longo das unidades de estudo procurei fazer você pensar não apenas a função de ensinar eu diria a responsabilidade a formação a ética o compromisso do que são ensinados procurando enfrentar os problemas e as incertezas com que toda existência humana se depara Para ensinar dizia Platão precisase de Eros ou seja do amor Sempre existiram e sempre existem professores e professoras possuídos pelo Eros pedagógico Nosso convite é para que continuemos esse diálogo seja com nossos amigos colegas professores alunos e alunas duvidando de nossas certezas e dando vida e movimento ao legado de Paulo Freire o semeador do amor da esperança da alegria da boniteza da pedagogia dialógica Para finalizar seu estudo realize os Exercícios 6 e 7 e a Atividade 51 Para refletir Será que a nossa educação ou maneira de comunicar educação é enriquecida de temáticas apaixonantes proporciona diálogo permanente encoraja o aluno a enfrentar as incertezas incita o aluno a ser humano está ajudando a formar pessoas integradas e felizes abertas aos outros capazes de doaremse e também de receberem aquilo que os outros podem oferecer enxergando os outros como próximo e tendo uma vivência comunitária 59 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Concluindo Ao longo das unidades apresentamos sugestões de leitura para aprofundamento agora convido você para tomar um café cultural e relembrar o que direcionavam as leituras A sabedoria moderna não pode deixar de ser um pouca louca Ou mais do que isso ela deve ser substituída por uma arte de viver sempre pronta a recomeçar sempre pronta a reinventar MORIN 2015 p37 Vamos dialogar com a nossa sabedoria moderna e recordar Desde Paulo Freire todos aprendemos que sobretudo na educação de jovens e adultos temos que partir dos saberes dos educandos e de suas vivências O ideal é oportunizar espaços para que os jovens adolescentes e adultos da EJA coloquem as suas indagações sobre a vida sobre a sua condição sobre seu futuro sobre a cidade a sociedade Segundo Arroyo 2007 não devemos nos esquecer de que um jovem e um adulto já têm uma travessia longa uma travessia de saberes de percepções de indagações que tentou responder ainda que não saiba ler nem escrever Não é só quem sabe ler e escrever que se faz indagações sérias e busca respostas sérias Essa é a nossa concepção letrada que não valoriza os saberes aprendidos na leitura do mundo Como articular letramento e leitura do mundo Os gestores de ambas as redes públicas de ensino admitem que o modelo escolar predominante da EJA não é suficientemente flexível relevante ou atrativo para boa parte dos cidadãos aos quais se destina No caso dos gestores municipais essa admissão impulsiona a procura por alternativas mais efetivas como a criação de escolas especiais para adultos a adesão a programas de alfabetização que se desenvolvem nas comunidades como é o caso do Mova ou do Programa Brasil Alfabetizado que oferecem algum auxílio econômico aos estudantes como é o caso do ProJovem Urbano ou que proporcionam qualificação profissional como é o caso do ProejaFIC Cabe destacar que o ProJovem nasce como um programa experimental que se reveste de características peculiares cujo teor aponta para o art 81 da LDB e só se torna efetivamente parte da modalidade Educação de Jovens e Adultos em 2011 quando passa a ser gerido pelo Ministério da Educação Assim podese identificar a existência de três diferentes objetivos em torno do ProJovem a escolarização de jovens que enfrentam as maiores condições de vulnerabilidade a contribuição para a construção de uma educação mais conectada às especificidades e expectativas dos sujeitos jovens especialmente no âmbito da EJA o impulso à criação de políticas públicas de juventude orientadas para a efetivação de 60 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 direitos Ao ser implementado em parceria entre União e municípios sua gestão e execução requeriam uma articulação intersetorial tanto no âmbito do governo federal como no dos governos municipais Nesses sete anos de existência o programa sofreu alterações importantes Em 2007 passou a se chamar ProJovem Urbano PJU além de se estender até os 29 anos de idade o ProJovem Original atendia a faixa dos 18 aos 24 anos e a exigência de não ter carteira de trabalho assinada deixar de existir Nesse período o Programa enfrentou desafios e provocou debates e embates em torno de sua proposta Do ponto de vista gerencial devese destacar como importante mudança a transferência do programa que em 2012 saiu da Secretaria Nacional de Juventude e foi para o Ministério da Educação criando inclusive a Diretoria de Políticas Educacionais para a Juventude no âmbito da Secretaria de Educação Continuada Alfabetização Diversidade e Inclusão Secadi Em agosto de 2002 foi instituído o Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos Encceja pela Portaria n 2270 do Ministério da Educação Tratava sede uma política formulada pelo Governo Federal para a Educação de Jovens e Adultos EJA com dois objetivos principais 1 ser uma alternativa aos exames supletivos aplicados nos Estados como forma de certificação de conclusão do ensino fundamental e do ensino médio colaborando para a correção do fluxo escolar e 2 integrar o que o então ministro da Educação Paulo Renato de Souza denominou de ciclo de avaliações da educação basica SOUZA 2002 p 8 juntamente com o Sistema de Avaliação da Educação Básica Saeb e o Exame Nacional do Ensino Médio Enem Dessa forma o Encceja foi criado no contexto do grande desenvolvimento das avaliações externas em larga escala nos anos 1990 servindo também como meio de avaliação das políticas públicas de EJA com vistas a melhorar a oferta da educação para jovens e adultos no Brasil Em 2009 a certificação do ensino médio passou a ser feita por meio do Exame Nacional do Ensino Médio Enem Esse exame vinha ampliando significativamente seu alcance principalmente quando passou a ser usado como mecanismo de seleção para ingresso no ensino superior com o Programa Universidade para Todos Prouni a partir de 2005 e o Sistema de Seleção Unificado Sisu em 2009 Nesse ano a matriz de referência foi modificada e a prova ampliada visando adequála à função seletiva ao mesmo tempo em que lhe era acrescentada a função certificadora Foi nesse momento que o Encceja se restringiu ao ensino fundamental dentro do território nacional e ao mesmo tempo marcou o momento em que passou a sofrer maior intermitência em sua realização Em 2012 o Encceja completou dez anos de existência como uma política ainda pouco consolidada Ao longo desse período sua execução foi marcada por inconstâncias depois da ediçãopiloto em 2002 o exame foi suspenso e ficou dois anos sem ser aplicado 61 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 no Brasil Em 2009 a prova não ocorreu ainda que tenham sido realizadas as inscrições dos participantes e a edição de 2010 ocorreu só no início de 2011 e deixou de ocorrer novamente em 2012 Em um quadro aparentemente contraditório o exame assumiu uma importância crescente ao longo dos anos com grande incremento do número de inscritos e de adesões por parte das secretarias de educação apesar das inconstâncias de sua aplicação Agravando os problemas gerados pela falta de periodicidade de sua execução o Encceja não foi ainda analisado e avaliado criteriosamente de modo a favorecer uma consolidação bem informada de sua política ou de sua substituição por outra Considerando que o Encceja é uma política muito debatida mas ainda pouco analisada no âmbito da Proposta de Trabalho da Ação Educativa apoiada pelo Inep foi proposta uma pesquisa que incluiu a análise de bases de dados do exame disponibilizadas pelo Inep entrevistas com gestores responsáveis pela condução do exame em diferentes fases e com membros dos Fóruns de EJA e articulações que reúnem gestores educadores pesquisadores e ativistas na defesa do direito à educação de jovens e adultos em todo o País Foram realizados também estudos de caso em cinco Estados um em cada região do País Tocantins Maranhão São Paulo Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul Finalmente foi feita uma análise pedagógica das provas aplicadas entre 2002 e 2008 procurando compreender em que medida se mantinha a coerência entre a concepção avaliativa expressa em seu Livro Introdutório e os exames realizados Os estudos de caso nos cinco Estados evidenciam que os efeitos do Encceja na oferta de EJA dependem muito da política implementada no nível local Não é necessariamente a existência do exame que fragiliza a EJA mas em alguns casos é a falta de investimento dos governos estaduais no desenvolvimento da EJA que faz o exame mais atrativo tornandose algumas vezes a única solução possível para que um jovem ou adulto avance nos estudos e obtenha a certificação Segundo Ribeiro e Haddad 2015 O exemplo de Mato Grosso do Sul é destaque nesse Estado existe um diálogo grande com o Fórum e há investimento na construção de uma política de EJA que garanta as diferentes formas de atendimento tanto por vagas nas escolas como pelos exames de certificação Mato Grosso do Sul é um dos três Estados brasileiros em que houve crescimento do número de matrículas de EJA no período analisado e tratase de um crescimento expressivo 184 entre 2002 e 2010 Outro indicativo do lugar ocupado pela política de EJA são as diversas informações encontradas no site da Secretaria de Educação sobre a modalidade que é divulgada para possíveis interessados e que tem uma proposta elaborada Esse foi também o único Estado que seguiu as discussões nacionais sobre a idade mínima de ingresso na EJA elevando para 18 anos a idade de ingresso no ensino fundamental O incentivo à matrícula no Encceja é abordado pelos 62 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 gestores como parte desse investimento na EJA e o exame é visto como uma alternativa importante para as pessoas que não têm condições de frequentar a escola e como meio de dar continuidade aos estudos Por esse motivo a secretaria faz um trabalho amplo de divulgação do exame com envio de comunicados às escolas e informações no site da Secretaria Como reflexo desse investimento em Mato Grosso do Sul o número de inscritos no Encceja chegou a representar 478 do número de matrículas na EJA Ensino Fundamental em 2009 e 832 do número de matrículas na EJA Ensino Médio em 2008 Avançar rumo à qualidade na educação é também valorizar a diversidade combatendo desigualdades que não são só de renda mas também de gênero região campocidade idade orientação sexual deficiências etc Se pensarmos nessa perspectiva segundo Ribeiro e Haddad 2015 a EJA constitui uma das faces mais explícitas do desafio educacional e da afirmação dos direitos humanos no País e assim deve ser reconhecida pelos governantes e movimentos sociais comprometidos com a justiça social A prática da avaliação na EJA por sua vez precisa ter essa perspectiva e reconhecer o caráter afirmativo da política o que implica não simplesmente alinhar e comparar a EJA com o ensino regular em termos de resultados mas abordála como fenômeno complexo integrante de processos de transformação eou de reprodução de desigualdades para os quais o principal insumo é o compromisso político Espero que essa disciplina tenha contribuído ainda mais com a sua formação Reflita a importância do curso para você na conquista que estará fazendo ultrapassando seus próprios limites permitindose crescer pessoalmente e profissionalmente Chegamos ao final dessa disciplina mas a sua aventura na Graduação a aventura de ser estudante apenas começou Obrigada pela acolhida e um forte abraço 63 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 E AGORA Lembrase da colcha de retalhos ao iniciar a disciplina Recortamos os retalhos e fizemos a nossa colcha Vamos reunir e costurar as nossas lembranças dos conteúdos estudados A colcha de retalhos busca representar a construção das histórias de vida as quais são sempre permeadas por processos interativos que constituem identidades culturais e individuais Ficam estas reflexões da disciplina no anseio e compromisso de novas perguntas novas aprendizagens e sempre inquietações Sugestão de filmes Pro dia nascer feliz Direção João Jardim 2006 Situações de preconceito violência e esperança fazem parte do cotidiano dos adolescentes brasileiros nas escolas O documentario Pro dia nascer feliz se passa em tres estados brasileiros e mostra a situação de jovens de diversas classes sociais e seus professores auxiliando no debate sobre como melhorar a educação que representa hoje uma das áreas mais debilitadas no Brasil À margem da imagem Direção Evaldo Mocarzel 2003 Documentário sobre a sobrevivência o estilo de vida e a cultura dos moradores de rua de São Paulo Temas como exclusão social desemprego alcoolismo loucura e religiosidade permeiam a narrativa e estimulam a discussão sobre essas comunidades marginalizadas e esquecidas em meio ao fluxo da cidade A Última Hora The 11th Hour Direção Nadia Conners Leila Conners Petersen 2007 Descreve o último momento em que ainda é possível alterar o rumo das mudanças climáticas e os impactos consequentes sobre ecossistemas e o modo de vida das pessoas Veja outros filmes no site httpmigremerWols Sugestão de leituras A revista EJA em Debate é um periódico científico de publicação eletrônica semestral e objetiva disponibilizar conteúdos relativos à educação de jovens e adultos Fonte httpmigremes2obY 64 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Associação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Educação ANPED GT 18 Educação de Jovens e Adultos da ANPED A avaliação da EJA no Brasil insumos processos resultados Esta publicação resulta de projeto financiado pelo Inep e desenvolvido pela Ação educativa e busca contribuir para o aprimoramento da cultura avaliativa no campo da Educação de Jovens e Adultos EJA Revista Brasileira de Educação de Jovens e Adultos A Revista Brasileira de Educação de Jovens e Adultos é um periódico semestral da Universidade do Estado da Bahia UNEB editado pelo Núcleo de Educação de Jovens e Adultos NEJA As interfaces entre a Educação de Jovens e Adultos EJA e as questões contemporâneas da epistemologia da cultura da história e da política são os interesses desta revista Associado às questões específicas da EJA a Revista também receberá artigos dedicados às discussões sobre a Educação e áreas afins 65 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 REFERÊNCIAS ALLAN Luciana Maria Vaz Informática In Carlos Emílio Faraco Org PCN Ensino Médio Orientações educacionais complementares aos parâmetros curriculares nacionais 1edBrasília Ministério da Educação 2002 v 1 p 207238 Disponível em httpportalmecgovbrsebarquivospdflinguagens02pdf Acesso em 03 nov2019 ANDRADE Eliane Ribeiro Os jovens da EJA e a EJA dos jovens In OLIVEIRA Inês Barbosa de PAIVA Jane Org Educação de jovens e adultos Rio de Janeiro DPA 2004 ARANHA Maria Lúcia A História da educação e da pedagogia geral e Brasil 3 ed São Paulo Moderna 2006 ARAÚJO Regina Magna Bonifácio JARDILINO José Rubens Lima Educação de Jovens e Adultos as políticas os sujeitos e as práticas pedagógicas um olhar sobre a produção do campo 2006 a 2010 EccoS Revista Científica São Paulo n 25 p 5975 janjun 2011 ARROYO Miguel A educação de Jovens e Adultos em tempos de exclusão In Construção coletiva Contribuições a Educação de Jovens e Adultos Brasilia UNESCO MEC RAAAB 2005 Disponível em httpportalmecgovbrindexphpoptioncomdocmanviewdownloadalias655 vol3constpdfItemid30192 Acesso em 12 out2019 BEISIEGEL Celso Rui Estado e educação popular um estudo sobre a educação de adultos São Paulo Pioneira 1974 BELMAR César Cristiano A escolha dos conteúdos de ensino pelos professores de Matemática do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos EJA um estudo no município de Juína Mato Grosso Dissertação Mestrado em Educação Universidade Católica Dom Bosco Campo Grande 2014 Disponível em httpsiteucdbbrpublicmd dissertacoes13564cesarcristianopdf Acesso em 12 out2019 BINS Katiuscia Lara Genro Alfabetismo e inclusão de jovens e adultos deficientes mentais na EJA In Jussara Margareth de Paula Loch et al Org EJA planejamento metodologias e avaliação Porto Alegre RS Mediação 2010 v 2 BRANDÃO Carlos Rodrigues O que é o método Paulo Freire São Paulo Brasiliense 1996 BRASIL Lei n 569271 de 11 de agosto de 1971 Fixa diretrizes e bases para o ensino de 1 e 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Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos Resolução CNECEB n 1 de 5 de julho de 2000 Brasília MEC 2000 Ministério da Educação Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino médio Brasília v 3 2000b Disponível em httpportalmecgovbrsebarquivospdfbookvolume02internetpdf Acesso em 16 out 2019 Parecer n 11 de 10 de maio de 2000 Propõe as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos Diário Oficial da União Brasília 2000a Disponível em httpportalmecgovbrsecadarquivospdfejalegislacaoparecer112000pdf Acesso em 12 out 2019 Ministério da Educação Orientações curriculares para o ensino médio ciências da natureza matemática e suas tecnologias Brasília v 2 2006 Disponível emhttpportalmecgovbrsebarquivospdfbookvolume02internetpdf Acesso em 16 out 2019 CALDEIRA Ana Maria Salgueiro A história de vida como instrumento para compreensão do processo de construção da identidade docente Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino ENDIPE 10 Anais cdroom Rio de Janeiro 2000 CAMPOS Silmara O trabalho docente na Educação de Jovens e Adultos Trabalhadores Gestão ErundinaPaulo Freire no Município de São Paulo 19891992 Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Educação Campinas 1998 dissertação de mestrado Disponível em httplibdigiunicampbrdocumentcodevtls000135898 Acesso em 21 out 2019 CHRISTOFOLI Maria Conceição Pillon As possibilidades de leitura na EJA In Jussara Margareth de Paula Loch et al Org EJA planejamento metodologias e avaliação Porto Alegre RS Mediação 2010 v 2 CORAZZA Sandra Mara Planejamento como estratégia de política cultural In MOREIRA Antonio Flavio Barbosa Org Currículo questões atuais Campinas SP Papirus 1997 DELIZOICOV Demétrio Conhecimento Tensões e Transições Tese Doutorado em Educação São Paulo FEUSP 1991 FREIRE Paulo Educação e mudança São Paulo Paz e Terra 1981 Ação cultural para a liberdade Rio de Janeiro Paz e Terra 1982 A importância do ato de ler São Paulo Ed Cortez 1985 Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 67 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa São Paulo Paz e Terra 2003 Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa 31 ed São Paulo Paz e Terra 2005 GADOTTI Moacir ROMÃO José E Org Educação de jovens e adultos teoria prática e proposta 3 ed São Paulo Cortez Instituto Paulo Freire 2001 Educação de Adultos como Direito Humano EJA em debate Florianópolis Ano 2 n 2 Jul 2013 Disponível em httpperiodicosifscedubrindexphpEJAarticleview1004VjGVo7erRD8 Acesso em 12 out2019 HADDAD Sérgio DI PIERRO Maria Clara Escolarização de jovens e adultos Revista Brasileira de Educação São Paulo n 14 p 108130 maiojunjul 2000 Disponível em httpwwwscielobrpdfrbedun14n14a07 Acesso em 13 out 2019 HAYDT Regina Célia Cazaux Curso de Didática Geral 8 ed São Paulo Editora Ática 2006 HUERGA Susana Memória identidade e uma oficina na EJA In LOCH J M P et al Planejamento Metodologias e Avaliação Porto Alegre Mediação 2010 ICAE Documento de incidência da sociedade civil Montevideo ICAE 2009 IMBÉRNON Francisco Formação docente e profissional formarse para a mudança e a incerteza São Paulo Cortez 2004 LÉVY Pierre Cibercultura Rio de Janeiro Editora 34 1999 LIBÂNEO José Carlos Organização e Gestão da Escola Teoria e Prática 5 ed Goiânia Alternativa 2004 LOCH Jussara Margareth de Paula Planejamento e Avaliação em EJA In LOCH J M P et al Planejamento Metodologias e Avaliação Porto alegre Mediação 2010 MORIN Edgar Ensinar a Viver Manifesto para mudar a educação Porto Alegre Sulina 2015 NÓVOA Antonio Os professores e as histórias da sua vida in NÓVOA A org Vidas de Professores Porto Porto Editora 1995 OLIVEIRA Marta Kohl Jovens e Adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem Revista Brasileira de Educação v 12 p 5973 1999 Disponível em httpwwwcerejaorgbrarquivosuploadeducacaoexerciciodiversidadepdfpage59 Acesso em 08 out 2019 PAIVA Jane Direito formal e realidade social da Educação de Jovens e Adultos In SAMPAIO Marisa Narcizo ALMEIDA Rosilene Org Práticas de Educação de Jovens e Adultos complexidades desafios e propostas Belo Horizonte Autêntica 2009 PERNAMBUCO Marta Educação e escola como movimento do ensino de ciências à transformação da escola pública Tese São Paulo FEUSP 1994 68 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 PERRENOUD Philippe Práticas pedagógicas profissão docente e formação perspectivas sociológicas Lisboa Dom Quixote 1993 PIMENTA Selma Garrido Org Saberes pedagógicos e atividade docente 3 ed São Paulo Cortez 2002 PRADO Di Paula Ferreira REIS Sônia Maria Alves Oliveira Educação de Jovens e Adultos o que revelam os sujeitos XVI Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino ENDIPE Didática e Práticas de Ensino compromisso com a escola pública laica gratuita e de qualidade 2012 CampinasSP Didática e Práticas de Ensino na Realidade Escolar Contemporânea constatações análises e proposições AraraquaraSP JunqueiraMarin Editores 2012 Disponível em httpwwwinfotecainfbrendipesmartytemplatesarquivostemplateuploadarquivosa cervodocs3479ppdf Acesso em 12 set 2019 RAMAL Andrea Educação na cibercultura hipertextualidade leitura escrita e aprendizagem Porto Alegre Artmed 2002 RICHMOND Mark Robinson Clinton SachIsrael Margarete Org O desafio da alfabetização global um perfil da alfabetização de jovens e adultos na metade da Década das Nações Unidas para a Alfabetização 20032012 Brasília UNESCO 2009 Disponível em httpunesdocunescoorgimages0016001631163170porpdf Acesso em 08 set 2019 ROMANS Mercè PETRUS Antoni TRILLA Jaume Profissão educador social Trad Ernani Rosa Porto Alegre Artmed 2003 SOARES Leôncio Educação de jovens e adultos Rio de Janeiro DP 2002 Aprendendo com a diferença estudos e pesquisas em educação de jovens e adultos Belo Horizonte Autêntica 2005 SOARES Magda Letramento Belo Horizonte Autêntica 1998 VASCONCELLOS Celso dos Santos Planejamento Projeto de ensino aprendizagem e Projeto Político Pedagógico São Paulo Libertad 1999 VEIGA Ilma Passos Alencastro RESENDE Lúcia Maria G de Orgs Escola espaço do projeto político pedagógico São Paulo Papirus 1998 69 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 EXERCÍCIOS E ATIVIDADES EXERCÍCIO 1 1 Analise os enunciados a seguir I A educação de adultos foi alvo de maior atenção apenas na década de 1970 II A Lei n 56921971 reestruturou o curso supletivo destinado aqueles que ainda não havia concluido os estudos regulares III A Lei n 56921971 atribuiu a EJA a condição de modalidade de ensino IV O artigo 1 da Resolução CNECEB n 3 de 15 de junho de 2010 define Diretrizes para fechamento de cursos para EJA a Apenas os enunciados I e II estão corretos b Apenas os enunciados III e IV estão corretos c Apenas os enunciados I e III estão corretos d Apenas os enunciados II e III estão corretos e Apenas os enunciados I e IV estão corretos 2 Assinale a alternativa que completa de maneira correta o enunciado a seguir A primeira década do século assiste à criação de diversos programas governamentais na perspectiva de ofertar maiores oportunidades aos alunos jovens e adultos a XXI b XV c XVI d XX 3 Para Paulo Freire 2003 a educação de jovens e adultos é simultaneamente um ato de a Conhecimento ação e punição b Planejar resistir e não aceitar as diferenças c Silenciar vozes fixar padrões e preconceito d Conhecimento político e de amor Verifique seu aprendizado realizando o Exercício no Ambiente Virtual de Aprendizagem 70 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 ATIVIDADE 21 Com base na unidade 2 do material de aula e dica de aprofundamento organize um texto de cunho próprio referente à Educação de Jovens e Adultos sob as perspectivas do teórico Paulo Freire de no máximo 20 linhas Todo texto necessita de título começo meio e fim preocupandose com o rigor científico e ético mediante as pesquisas realizadas inserindo sempre as referências das fontes pesquisadas no final da atividade Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa EXERCÍCIO 2 1 Paulo Reglus Neves Freire educador brasileiro tornouse um propulsor da Educação de Jovens e Adultos a Verdadeiro b Falso 2 Pedagogia da autonomia é uma obra de Carlos Rodrigues Brandão a Verdadeiro b Falso 3 A pedagogia de Freire é fundada na ética no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando a Verdadeiro b Falso 4 Paulo Freire propõe uma mudança de paradigma considerando todos os seres humanos como seres pedagógicos incompletos e inacabados a Verdadeiro b Falso 5 Para Paulo Freire o professor precisa se dedicar doar trocar experiências gostar de aprender e sentir encanto em ver seu aluno adquirindo o conhecimento a Verdadeiro b Falso Verifique seu aprendizado realizando o exercício no Ambiente Virtual de aprendizagem 71 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 EXERCÍCIO 3 Assinale a alternativa que completa de maneira correta os enunciados a seguir 1 A centralidade da reflexão e da freiriana passa a ser a de transformar a pedagogia numa visão de e numa filosofia de a Prática técnica vida b Ação mundo vida c Prática vida mundo d Observação diferença vida 2 acreditava que o fundamental nas relações de todas as coisas no mundo é o O diálogo é o sentimento do amor que se transforma em ação e as trocas entre o homem e a natureza são originalmente regidas pelo diálogo a Paulo Freire diálogo b Bins diálogo c Morin amor d Libâneo diálogo 3 Os temas são uma forma de evitar a fragmentação do partindo de interesses dos para explorar as demais áreas do conhecimento a Curriculares sistema professores b Geradores currículo educadores c Curriculares currículo educandos d Geradores currículo educandos Verifique seu aprendizado realizando o exercício no Ambiente Virtual de aprendizagem 72 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 EXERCÍCIO 4 1 Os alunos da EJA buscam na classe de alfabetização de adultos sua dignidade como indivíduos por meio do processo de e que lhes proporcionará uma nova oportunidade para não serem mais excluídos pela sociedade a Sociais leitura escrita b Excluídos alfabetização formação c Sociais exclusão analfabetismo d Sociais instrumentalização repetição 2 Sobre o sujeito que apenas codifica podemos afirmar que a Apresenta uma forma de memorizar de forma correta b Valoriza tudo que está a sua volta c Não compreende o que está à sua volta d Implica sempre na percepção critica interpretação e reescrita do lido 3 A leitura é considerada como uma produção cultural da humanidade a Verdadeiro b Falso 4 A língua escrita é necessariamente um bem do qual todos os homens têm o direito de usufruir a Verdadeiro b Falso 5 Letrar é ensinar o código alfabético a Verdadeiro b Falso 6 Alfabetizar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura e escrita a Verdadeiro b Falso Verifique seu aprendizado realizando este Exercício no Ambiente Virtual de Aprendizagem 73 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 ATIVIDADE 31 Com base na leitura da seção 32 Maneira de ser e estar no mundo da unidade 3 produza um texto de pelo menos 15 linhas relatando a importância da alfabetização como perspectiva de leitura de mundo Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa EXERCÍCIO 5 1 A educação como ato político deve oportunizar instrumentos de leitura crítica da realidade consciência de seu lugar social e possibilidade de intervenção na sociedade a Verdadeiro b Falso 2 Os educandos por serem atores sociais ao ingressarem ou retornarem aos estudos trazem consigo suas vivências e saberes a Verdadeiro b Falso 3 Segundo Loch 2012 a sala de aula é o espaço da diferença da heterogeneidade a Verdadeiro b Falso 4 Valorizar as histórias e as identidades dos jovens e adultos requer excluir a trajetória destes educandos a Verdadeiro b Falso 5 A metodologia pedagógica da Educação de Jovens e Adultos deve partir da presença dos saberes e histórias de vida em vez da ausência de constituindose em uma prática libertadora e emancipatória a Verdadeiro b Falso 74 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 6 A educação para a emancipação se configura como excludente impedindo a presença do aluno em debates a Verdadeiro b Falso Verifique seu aprendizado realizando o exercício na ferramenta questionário no Ambiente Virtual de aprendizagem ATIVIDADE 41 Situaçãoproblema Você foi convidado a para substituir uma professora para os anos iniciais do Ensino Fundamental da EJA referente à disciplina de Matemática Ao chegar à escola a coordenadora solicitou que no dia da aula você apresentasse o seu Plano de Aula sobre adição e subtração Partindo dessa situaçãoproblema e dos estudos desenvolvidos no decorrer da disciplina bem como estudos realizados na unidade 5 elabore um Plano de Aula para a execução da referida aula na qual você será a professora substituta Atenção Desenvolver a atividade em dupla Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa EXERCÍCIO 6 1 Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas dos enunciados abaixo Segundo Veiga 1998 a avaliação do ponto de vista crítico não pode ser instrumento de exclusão dos alunos provenientes das classes trabalhadoras Deve ser deve favorecer o desenvolvimento da capacidade do aluno de apropriarse de conhecimentos a Formativa tradicionais b Democrática científicos c Democrática tradicionais d Dialógica técnicos 2 A avaliação do ponto de vista crítico não pode ser instrumento de exclusão dos alunos provenientes das classes trabalhadoras a Verdadeiro 75 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 b Falso É importante planejar porque a ação pedagógica especialmente em EJA é uma forma de política cultural exigindo por isto uma intervenção intencional que é sem dúvida de ordem ética a Verdadeiro b Falso O trabalho pedagógico com jovens e adultos necessita mostrar que esses discentes que falam procuram ter voz e demonstram o desejo de mostrar de onde são de reforçar a sua origem a Verdadeiro b Falso Para pensar o planejamento e a avaliação na EJA é importante desconsiderar a diferençasdiversidade a Verdadeiro b Falso Verifique seu aprendizado realizando este Exercício no Ambiente Virtual de Aprendizagem EXERCÍCIO 7 1 Assinale a alternativa correta O trabalho de planejamento e organização do ensino na modalidade educação de jovens e adultos EJA tem um forte componente a Social político e educacional b Linguístico arcaico artesanal c Racional conservador tecnicista d Formativo tecnicista conteudista 2 Associe as duas colunas 1 Avaliação Formativa por meio da aprendizagem que será identificado quais conhecimentos deverão ser retomados e ainda quais práticas pedagógicas deverão ser redimensionadas 2 Avaliação Diagnóstica imprescindível que o educando seja informado sobre os critérios estabelecidos os objetivos a serem alcançados os instrumentos a 76 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 serem utilizados 3 Avaliação Democrática a aprendizagem ocorrerá de acordo com o progresso obtido pelos educandos considerando as atividades propostas sabendo interpretar o erro e o considerando como manifestação de um processo em construção dessa forma aprendendo com o erro a 2 1 3 b 1 3 2 c 3 2 1 d 3 1 2 e 2 3 1 3 A Proposta Pedagógica Específica à Educação de Jovens e Adultos deve a ser a Progressista e libertadora b Interacionista e democrática c Progressista e conservadora d Positivista e tecnicista Verifique seu aprendizado realizando este Exercício no Ambiente Virtual de Aprendizagem ATIVIDADE 51 Com base nos estudos realizados durante a disciplina Educação de Jovens e Adultos observamos que o professor é aquele que a partir da realidade vivenciada com os seus educandos é capaz de aprender os conhecimentos necessários a serem adquiridos e transpôlos em ensinamentos Assim é necessário também saber avaliar o processo de aprendizagem para aperfeiçoar o processo de ensino Partindo deste pressuposto construa um texto de no máximo 1 lauda opinando sobre avaliação em sala de aula na EJA Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa
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Curso de Graduação a Distância Educação de Jovens e Adultos 4 créditos 80 horas Autor Rosimeire Martins Régis dos Santos Universidade Católica Dom Bosco Virtual wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 2 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Missão Salesiana de Mato Grosso Universidade Católica Dom Bosco Instituição Salesiana de Educação Superior Chanceler Pe Gildásio Mendes dos Santos Reitor Pe Ricardo Carlos PróReitora de Graduação e Extensão Profª Rúbia Renata Marques Diretor da UCDB Virtual Prof Jeferson Pistori Coordenadora Pedagógica Profª Blanca Martín Salvago Direitos desta edição reservados à Editora UCDB Diretoria de Educação a Distância 67 33123335 wwwvirtualucdbbr UCDB Universidade Católica Dom Bosco Av Tamandaré 6000 Jardim Seminário Fone 67 33123800 Fax 67 33123302 CEP 79117900 Campo Grande MS SANTOS Rosimeire Martins Régis dos Educação de Jovens e Adultos Rosimeire Martins Régis dos Santos Campo Grande UCDB 2016 76 p Palavraschave 1 Educação 2 Jovens e Adultos 3 Alfabetização 4 Inclusão Social 0220 3 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe multidisciplinar da UCDB Virtual com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do seu curso Elementos que integram o material Critérios de avaliação são as informações referentes aos critérios adotados para a avaliação formativa e somativa e composição da média da disciplina Quadro de Controle de Atividades tratase de um quadro para você organizar a realização e envio das atividades virtuais Você pode fazer seu ritmo de estudo sem ul trapassar o prazo máximo indicado pelo professor Conteúdo Desenvolvido é o conteúdo da disciplina com a explanação do pro fessor sobre os diferentes temas objeto de estudo Indicações de Leituras de Aprofundamento são sugestões para que você possa aprofundar no conteúdo A maioria das leituras sugeridas são links da Internet para facilitar seu acesso aos materiais Atividades Virtuais atividades propostas que marcarão um ritmo no seu estudo As datas de envio encontramse no calendário do Ambiente Virtual de Aprendizagem Como tirar o máximo de proveito Este material didático é mais um subsídio para seus estudos Consulte outros conteúdos e interaja com os outros participantes Portanto não se esqueça de Interagir com frequência com os colegas e com o professor usando as ferramentas de comunicação e informação do Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA Usar além do material em mãos os outros recursos disponíveis no AVA aulas audiovisuais vídeoaulas fórum de discussão fórum permanente de cada unidade etc Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas quanto a calendário atividades ferramentas do AVA e outros Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a suas necessidades como estudante organize o seu tempo Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua aprendiza gem contando com a ajuda e colaboração de todos 4 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Objetivo Geral Desenvolver estudos reflexões para compreensão das abordagens metodológicas específicas da educação de jovens e adultos com vistas a respeitar e valorizar a diversidade desse grupo de educandos garantindo práticas pedagógicas coerentes e políticas públicas como instrumento de cidadania e de contribuição para a redução das desigualdades sociais SUMÁRIO UNIDADE 1 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS CONCEITO E HISTÓRIA 12 11 Histórico da EJA origens reflexões e legislação 12 12 O perfil dos alunos da EJA Respeito aos saberes e às diferenças culturais 20 UNIDADE 2 PAULO FREIRE O PROPULSOR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 24 21 Abordagem metodológica de Paulo Freire 24 22 O olhar freiriano sobre o processo educacional 26 UNIDADE 3 ALFABETIZAÇÃO PARA ALÉM DA DECODIFICAÇÃO 30 31 Leitura alfabetização e letramento na EJA 30 32 Maneira de ser e estar no mundo 34 UNIDADE 4 FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE JOVENS E ADULTOS 39 41 Formação profissional do educador de jovens e adultos 39 42 Acolher Saberes necessários na prática educativa da EJA 41 43 Tecnologia digital na EJA Algumas Reflexões 44 UNIDADE 5 PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO NA EJA 49 51 Planejar e avaliar em EJA Por quê Como 49 52 A diversidade das ações didáticas 54 REFERÊNCIAS 65 EXERCÍCIOS E ATIVIDADES 69 5 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Avaliação A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar isto é a finalidade da avaliação é propiciar oportunidades de açãoreflexão que façam com que você possa aprofundar refletir criticamente relacionar ideias etc A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada além das provas no final de cada módulo avaliação somativa será considerado também o desempenho do aluno ao longo de cada disciplina avaliação formativa mediante a realização das atividades Todo o processo será avaliado pois a aprendizagem é processual Para que se possa atingir o objetivo da avaliação formativa é necessário que as atividades sejam realizadas criteriosamente atendendo ao que se pede e tentando sempre exemplificar e argumentar procurando relacionar a teoria estudada com a prática As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de cada disciplina Critérios para composição da Média Semestral Para compor a Média Semestral da disciplina levase em conta o desempenho atingido na avaliação formativa e na avaliação somativa isto é as notas alcançadas nas diferentes atividades virtuais e nas provas da seguinte forma Somatória das notas recebidas nas atividades virtuais somada à nota da prova dividido por 2 Caso a disciplina possua mais de uma prova será considerada a média entre as provas Média Semestral Somatória Atividades Virtuais Média Provas 2 Assim se um aluno tirar 7 nas atividades e 5 na prova MS 7 5 2 6 Antes do lançamento desta nota final será divulgada a média de cada aluno dando a oportunidade de que os alunos que não tenham atingido média igual ou superior a 70 possam fazer a Recuperação das Atividades Virtuais Se a Média Semestral for igual ou superior a 40 e inferior a 70 o aluno ainda poderá fazer o Exame Final A média entre a nota do Exame Final e a Média Semestral deverá ser igual ou superior a 50 para considerar o aluno aprovado na disciplina Assim se um aluno tirar 6 na Média Semestral e tiver 5 no Exame Final MF 6 5 2 55 Aprovado 6 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES O quadro abaixo visa ajudálo a se organizar na realização das atividades Faça seu cronograma e tenha um controle de suas atividades Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade consulte o calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade AVALIAÇÃO PRAZO DATA DE ENVIO Atividade 21 Ferramenta Tarefa Atividade 31 Ferramenta Tarefa Atividade 41 Ferramenta Tarefa Atividade 51 Ferramenta Tarefa 7 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 BOAS VINDAS Olá seja bemvindo a aos estudos da disciplina de Educação de Jovens e Adultos Desejo sucesso em seus estudos e espero que a disciplina possa contribuir para ampliar estudos reflexões e prática para atuação em salas de aula da Educação de Jovens e Adultos e acredito que ao final da disciplina você conseguirá ter uma visão mais ampla para explorar práticas pedagógicas com a devida capacidade de respeito e de valorização às especificidades da faixa etária dos alunos da EJA Ser estudante é uma aventura é um novo desafio que se põe e impõe em sua vida pessoal familiar e profissional E que certamente exigirá mudanças novas atitudes em sua vida É com orgulho e satisfação que nos lançaremos juntos neste ato de aprender e ensinar Desejo sucesso em seus estudos e conte comigo no aperfeiçoamento de seus conhecimentos Portanto mãos à obra Profa Drª Rosimeire Régis 8 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Préteste A finalidade deste préteste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta disciplina Não fique preocupado com a nota pois não será pontuado 1 O propulsor da Educação de Jovens e Adultos no Brasil foi a Darcy Ribeiro b Anísio Teixeira c John Dewey d Paulo Freire 2 O documento que estabelece que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família e ainda que o ensino fundamental é obrigatório e gratuito é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN b Constituição Federal de 1988 c Parecer n 0597 do Conselho Nacional de Educação d Resolução CNECEB n 1 de 5 de julho de 2000 3 A pedagogia de Paulo Freire é fundada na a Ética no respeito à dignidade e a própria autonomia do educando b Vida dos educandos não respeitando suas formas de pensar c Repetição de conteúdos d Prática como mecanismo de poder e controle 4 A década de 1970 na ditadura militar marca o início das ações do Movimento Brasileiro de Alfabetização por meio de um projeto que permaneceu durante 15 anos para acabar com o analfabetismo Estamos nos referindo ao a Mobral b Proler c Parfor d Prodocência 5 A I Conferência Internacional de Educação e Adultos que ocorreu em 1949 foi a CEJA b CENEJA c CONFINTEA d CONFEJA 6 O Parecer n 112000 é o texto que regulamenta a As Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA b O direito da Educação de Jovens e Adultos c A Doutrina para o Ensino da EJA d A diversidade de projetos e programas para a EJA 7 A escola voltada à EJA é ao mesmo tempo é um local de a Distanciamento e planejamento b Trabalho e desigualdades 9 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 c Doutrina e desencontros de culturas d Confronto de culturas e de encontro de singularidades 8 O processo de construção da identidade docente é algo a Dinâmico b Estático c Tradicional d Imutável 9 Segundo Paulo Freire a leitura do mundo precede a leitura a De vida b Da palavra c Dos livros d De revistas 10 A EJA deve constituirse em um espaço acolhedor instigando nosnas educandosas o desenvolvimento do espírito a Conservador b Reprodutivista c Crítico d Excludente 11 A SECADI é a sigla que se identifica a a Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino b Secretaria de Educação Profissional Tecnológica e Inclusão c Secretaria de Educação Básica Diversidade e Inclusão d Secretaria de Educação Continuada Alfabetização Diversidade e Inclusão Submeta o Préteste por meio da ferramenta Questionário 10 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 INTRODUÇÃO Na presente disciplina procuramos situar o contexto histórico da EJA e buscamos refletir sobre suas especificidades metodologias planejamento e avaliação no sentido de considerar estas diferençasdiversidades na sua positividade e potencialidade Na Unidade 1 apresentaremos o histórico da Educação de Jovens e Adultos EJA o contexto em que surgiu esta modalidade de ensino seus avanços nos documentos legais bem como o perfil dos alunos de modo a respeitar os saberes e diferenças culturais Na Unidade 2 aproximaremos de Paulo Freire no sentido de compreender a existência de metodologias diferenciadas para o acolhimento dos alunos e alunas da EJA Na Unidade 3 refletiremos sobre a importância da alfabetização como construção significativa por parte do sujeito e enfatizaremos a leitura e a escrita como instrumento de desenvolvimento cultural e do pensamento Na Unidade 4 abordaremos a importância da formação do educador da EJA para a compreensão do processo de construção do conhecimento e da prática pedagógica na Educação de Jovens e Adultos respeitando suas especificidades e algumas reflexões das tecnologias digitais na EJA Ao finalizarmos a disciplina na Unidade 5 enfatizaremos o trabalho de planejamento e organização do ensino na EJA destacando a avaliação como processo contínuo e permanente em todos os momentos da educação de jovens e adultos Dessa forma vamos descobrindo e traçando o próprio caminho na disciplina Avance A colcha de retalhos apresentada abaixo ao iniciar o conteúdo da disciplina Educação de Jovens e Adultos busca representar a construção das histórias de vida as quais são sempre permeadas por processos interativos que constituem identidades culturais e individuais 11 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 A COLCHA DE RETALHOS Fonte httpmigremerRrYm As identidades dos sujeitos que participam da EJA incluindo os educadores estão em constante transformação e reelaboração Por isso é importante acolher modos próprios de construção do conhecimento dos alunos da EJA respeitando suas realidades específicas e particularidades As marcas dessas histórias construídas com base nas experiências vividas e expressas metaforicamente pela colcha de retalhos são inerentes aos sujeitos e consequentemente aos processos de ensino e aprendizagem Dessa forma elas não podem ser desconsideradas nas reflexões e nos processos educativos com jovens e adultos Ao longo da disciplina vamos apresentar o contexto da EJA histórias de vida o discurso dos professores da EJA metodologias planejamento avaliação trajetórias de formação e prática na EJA ou seja são partes distintas que constituem e são constituídas pela colcha de retalhos e portanto demonstram a complexidade e a beleza da Educação de Jovens e Adultos quando se busca a inclusão e a emancipação A ideia é que estas reflexões sirvam para estimular novas possibilidades de estudo e planejamento para os educadores da EJA na perspectiva da construção de uma pratica que considere o perfil do educando Nesse caminho ao abrirmos a unidade 1 vamos conhecer um pouco do histórico da EJA 12 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 UNIDADE 1 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS CONCEITO E HISTÓRIA OBJETIVO DA UNIDADE Apresentar o histórico da Educação de Jovens e Adultos bem como os avanços dessa modalidade de ensino na legislação Compreender o perfil dos alunos da EJA respeitando seus saberes e diferenças culturais 11 Histórico da EJA origens reflexões e legislação Segundo Belmar 2014 os levantamentos do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos INEP apresentados por Beisiegel 1974 indicam que a maior parte dos estados brasileiros assumiu iniciativas de implantação do ensino de adultos a partir de 1930 Antes disso algumas iniciativas pontuais e de curta duração atenderam de certa forma uma parcela da população adulta analfabeta A educação de adultos foi alvo de maior atenção apenas na década de 1970 com a Lei n 56921971 que reestruturou o curso supletivo destinado aqueles que ainda não haviam concluido os estudos regulares ARANHA 2006 Pela primeira vez uma Lei destinou um capitulo especifico para a educação de adultos Capitulo IV PAIVA 2009 tendo por finalidade prover a escolarização regular para adolescentes e adultos que não tinham concluido os estudos na idade própria Nesse sentido o ensino supletivo devia contemplar desde o ensino da leitura da escrita da contagem e da formação profissional definidas em lei até o estudo de disciplinas do ensino regular e a atualização de conhecimentos BRASIL 1971 A Constituição Federal de 1988 foi um novo marco para o País na medida em que possibilitou novas conquistas nas politicas publicas sociais entre elas a educação O Estado tinha o dever de garantir educação a todos os indivíduos que anteriormente não tiveram acesso a ela independentemente da faixa etária Essa determinação contribuiu para a consolidação das iniciativas no âmbito da EJA reforçando o dever do Estado A partir de 1988 conforme sinalizaram Haddad e Di Pierro 2000 houve melhoria na qualidade de atendimento da EJA e o conceito de alfabetização foi ampliado e divulgado a partir de pesquisas realizadas pela Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura UNESCO 13 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Com a Constituição Federal de 1988 todo indivíduo passou a ter condições de usufruir das oportunidades educacionais a fim de satisfazer suas necessidades básicas no que diz respeito ao aprendizado Os conteúdos oferecidos deveriam desenvolver suas potencialidades trazer melhoria da qualidade de vida e apresentar soluções de problemas de modo a garantir vida mais digna aos educandos Com a aprovação da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN Lei n 9394 em 1996 foram estabelecidas as novas diretrizes e bases da educação nacional Essa legislação rompe com a concepção de ensino supletivo como sinônimo de provisão de escolaridade daqueles que não a obtiveram em parte ou totalmente no tempo regular como concebido na Lei n 56921971 e a educação de adultos passa então a ser denominada Educação de Jovens e Adultos EJA A Lei n 93941996 atribuiu a EJA a condição de modalidade de ensino passando assim a ter um perfil próprio uma feição especial diante de um processo considerado como medida de referencia Tratase pois de um modo de existir com caracteristica própria BRASIL 2000a p 26 Com essa nova concepção passase a assegurar a EJA metodologias curriculos e material adequado as necessidades especificas do seu alunado ARAUJO JARDILINO 2011 A educação independentemente da faixa etária é um direito social e humano Sabemos que a educação é um direito de todos e dever do Estado e muitos jovens e adultos de hoje não tiveram esse direito na chamada idade própria e negar uma nova oportunidade a eles é negarlhes pela segunda vez o direito à educação A atual LDBEN no Título V Capítulo II Seção V refere ao acesso e a continuidade dos estudos determinando que Art 37 A Educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos que não puderam efetuar os estudos na idade regular oportunidades educacionais apropriadas consideradas as características do alunado seus interesses condições de vida e trabalho mediante cursos e exames 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola mediante ações integradas e complementares entre si BRASIL 1997 p21 Com base no artigo 37 da LDBEN as escolas devem proporcionar gratuitamente aos alunos que não tiveram acesso a educação em tempo regular ensino de acordo com seus costumes habitos de vida e de trabalho contando com o Poder publico para tanto O Titulo III da LDBEN Do Direito à Educação e do Dever de Educar determina que 14 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Art 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de Ensino fundamental obrigatório e gratuito inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria VI oferta de ensino noturno regular adequado às condições do educando VIII oferta de educação escolar regular para jovens e adultos com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades garantindose aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola BRASIL 2007 p 22 Este artigo dispõe que o Estado deverá ofertar ensino aos alunos trabalhadores no período noturno adequandose às reais necessidades do educando de forma a garantir as condições para a sua permanência na instituição de ensino É possível também observar que a LDBEN passou a denominar a modalidade como Educação de Jovens e Adultos e não mais Ensino Supletivo pois o termo ensino é restrito a instrução enquanto que educação é mais amplo e abrange diversidades no processo de formação Contudo a nova LDBEN se preocupou com a preparação e formação para a inclusão do indivíduo na sociedade bem como a participação e a contribuição de todos para o êxito desse processo Com a finalidade de regulamentar os artigos da Lei n 93941996 referentes a EJA foi aprovado em 10 de maio de 2000 o Parecer CNECEB n 11 Nesse Parecer a EJA passa a ter tres funções reparadora acesso a um direito negado equalizadora igualdade de oportunidades e qualificadora atualização e aprendizagem continuas superando a ideia de que a função da EJA seria apenas uma forma de compensar o tempo perdido por aqueles que não tiveram acesso ao ensino na idade escolar Entre os inúmeros documentos que respaldam a educação em nosso país destacamos em âmbito nacional os que norteiam a Educação de Jovens e Adultos conforme relacionados no quadro 1 a seguir Quadro 1 Documentos que respaldam a EJA Constituição Federal CF de 1988 estabelece que a educação é direito de todos e dever do Estado e da familia e ainda que o ensino fundamental é obrigatório e gratuito Sua oferta é garantida para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN Lei n 939496 reafirma a CF mas vai além ao colocar a EJA como Modalidade de Educação Básica Parecer 0597 do Conselho Nacional de Educação aborda a questão da denominação Educação de Jovens e Adultos e Ensino Supletivo Define os limites de idade fixados para que jovens e adultos se submetam a exames supletivos Define as competências dos sistemas de ensino e explicita as possibilidades de certificação Parecer 1297 do Conselho Nacional de Educação elucida dúvidas sobre cursos e exames supletivos e outros 15 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Parecer de 112000 do Conselho Nacional de Educação faz referência às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos incorporando a EJA às normas e diretrizes nacionais da educação básica Resolução CNECEB nº 1 de 5 de julho de 2000 estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos Para consultar na íntegra os documentos acima sugiro acessar o portal do MEC Legislação e Normas Disponível em httpportalmecgovbrconaescomissaonacional deavaliacaodaeducacaosuperiorlegislacaoenormas Acesso em 29 out 2019 Fonte Adaptado de Soares 2002 A EJA enquanto modalidade educacional tem como finalidade e objetivos compromisso com a formação humana e com o acesso a cultura geral de modo que os educandos venham participar politica e produtivamente das relações sociais com comportamento ético e compromisso politico através do desenvolvimento da autonomia intelectual e moral BRASIL 1994 p 2 Percebese que os grupos existentes nas salas de educação de jovens e adultos se mesclam em diferenças de idade e também de interesses É preciso compreender a dinâmica dessas heterogeneidades como um fator importante para a efetiva dimensão política dessa modalidade de educação Para Freire 2003 a educação de jovens e adultos é simultaneamente um ato de conhecimento um ato político e também um ato de amor Um avanço decorrente que veio gradativamente demarcando as funções da EJA foi a publicação da Resolução CNECEB n 012000 que estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA BRASIL 2000a No ano seguinte a Lei n 101722001 cria o Plano Nacional de Educação que incorpora 26 metas discutidas e defendidas por todos que militavam na EJA prevendo a ampliação dos recursos publicos e a progressiva ampliação de politicas de financiamento para a EJA ARAUJO JARDILINO 2011 p 63 É válido salientar que apenas o estabelecimento de marcos legais não é suficiente para que seja assegurado o direito à educação para aqueles cidadãos que não o tiveram Para refletir As escolas lugar de educação e formação estão permitindo espaços que comuniquem vida cultura relações sociais ética compromisso político autonomia intelectual 16 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 garantido na idade certa É necessário que se estabeleçam políticas que criem possibilidades para a consecução desse direito legal como é o caso da formação docente fundamental para que se garanta esse direito O artigo 1 da Resolução CNECEB n 3 de 15 de junho de 2010 designa Diretrizes Operacionais para EJA a serem obrigatoriamente observadas pelo sistema de ensino O artigo 4 estabelece o tempo de duração dos cursos de EJA no módulo presencial e o Parecer CNECEB n 292006 eleva a quantidade total de horas letivas a serem cumpridas independente da maneira de estruturação curricular I para os anos iniciais do Ensino Fundamental a duração deve ficar a critério dos sistemas de ensino II para os anos finais do Ensino Fundamental a duração mínima deve ser de 1600 mil e seiscentas horas III para o Ensino Médio a duração mínima deve ser de 1200 mil e duzentas horas Parágrafo único Para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio integrada com o Ensino Médio reafirmase a duração de 1200 mil e duzentas horas destinadas à educação geral cumulativamente com a carga horária mínima para a respectiva habilitação profissional de Nível Médio tal como estabelece a Resolução CNECEB no 42005 e para o ProJovem a duração estabelecida no Parecer CNECEB no 372006 BRASIL 2006 p 2 Vale ressaltar que a destinação de recursos a EJA só foi garantida após a aprovação da Lei n 114942007 que regulamentou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Basica e de Valorização dos Profissionais da Educação FUNDEB Segundo Pinto 2007 foi garantida a inclusão da EJA como politica de Estado no sistema de ensino como forma de garantir o acesso a permanencia e a continuidade de estudos do educando nessa modalidade de educação A primeira década do século XXI assiste à criação de diversos programas governamentais na perspectiva de ofertar maiores oportunidades aos alunos jovens e adultos como Brasil Alfabetizado em 2003 Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Basica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos PROEJA em 2006 Programa Nacional de Inclusão de Jovens ProJovem Rural e Urbano 2007 e Programa Nacional do Livro Didatico para Educação de Jovens e Adultos PNLDEJA em 2007 O PNLDEJA garante a distribuição de livros didaticos especificamente desenhados para a Educação de Jovens e Adultos para o Ensino Fundamental No Ensino Médio são utilizados os livros didaticos do PNLDEnsino Médio regular O PROEJA e o ProJovem são voltados a Educação profissional 17 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 A Secretaria de Educação Continuada Alfabetização Diversidade e Inclusão SECADI em articulação com os sistemas de ensino implementa políticas educacionais nas áreas de alfabetização e educação de jovens e adultos educação ambiental educação em direitos humanos educação especial do campo escolar indígena quilombola e educação para as relações étnicoraciais O objetivo da SECADI é contribuir para o desenvolvimento inclusivo dos sistemas de ensino voltado à valorização das diferenças e da diversidade à promoção da educação inclusiva dos direitos humanos e da sustentabilidade socioambiental visando à efetivação de políticas públicas transversais e intersetoriais Alguns programas e ações destacados na Agenda Territorial de Desenvolvimento Integrado de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos têm o objetivo de firmar um pacto social para melhorar e fortalecer a educação de jovens e adultos EJA no Brasil Para refletir A partir da informação da UNESCO 3 milhões de alunos na EJA qualidade da educação deficiente e evasão alta quais as diferentes formas de resolver o problema 18 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Quadro 2 Programas e ações EJA Programa Brasil Alfabetizado EJA FUNDEB PNAE PNAT e PNLDEJA PROJOVEM Urbano PROJOVEM Campo Saberes da Terra PROEJA Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos EJA em Prisões Acordo Sistema S Aplicação progressiva de 23 dos recursos líquidos destinados ao SENAI e SENAC em matrículas gratuitas de cursos técnicos ou de qualificação profissional Ampliação na carga horária dos cursos de qualificação profissional com fomento a itinerários formativos e à elevação de escolaridade Redes de Formação UAB e Editais específicos SECAD formação inicial e continuada presencial e a distância Fonte SECADMEC Hoje os atores sociais da EJA são criativos ativos curiosos podendo buscar informações nos mais diversos tipos de fontes desde amigos vizinhos seminários cursos museus internet e assim por diante ou seja o aprendizado pode ocorrer fora dos limites da sala de aula Assim igual a você caroa acadêmicoa que está utilizando das interações proporcionadas pelas tecnologias digitais para ampliar o seu conhecimento a educação e o ensino escolar também estão passando por transformações dando lugar a um aprendizado que se estende por toda a vida Cada vez mais atores sociais estão se envolvendo em atividades relacionadas ao aprendizado além dos limites da sala de aula além dos limites de um material didático elaborado pelo professora Dessa maneira é importante acessar as dicas de aprofundamento Dica de aprofundamento Leia o artigo Trajetória da escolarização de jovens e adultos no Brasil de plataformas de governo a propostas pedagógicas esvaziadas Disponível em httpwwwscielobrpdfensaiov18n67a11v1867 Acesso em out 2019 O texto apresenta uma abordagem da Escolarização de Jovens e Adultos sua trajetória na história da educação no Brasil as políticas publicas bem como o seu percurso na formação de professores 19 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Por fim apresentamos os principais eventos relacionados com a EJA no contexto nacional sintetizados a seguir Quadro 3 Principais eventos relacionados à EJA décadas de 1930 a 2000 DECADA EVENTOS 1930 Criação do Ministério de Educação e Saude Promulgação da Constituição Federal de 1934 Criação do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos INEP 1940 Instituição do Fundo Nacional do Ensino Primario Instalação do Serviço de Educação de Adultos SEA Lançamento da Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos CEAA Surgimento dos primeiros livros dedicados ao ensino supletivo Criação da Organização das Nações Unidas para a Educação Ciencia e Tecnologia UNESCO Lançamento da Campanha de Educação de Adultos 1950 Criação da Campanha Nacional de Educação Rural Criação da Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo 1960 Promulgação da 1ª LDB Lei n 40241961 Criação de programas destinados a educação de adultos MEB MCP CPC e PNA Lançamento do Movimento Brasileiro de Alfabetização MOBRAL Promulgação da Constituição Federal de 1967 e Emenda de 1969 1970 Estabelecimento da Lei n 569271 Implantação dos Centros de Estudos Supletivos CES 1980 Extinção do MOBRAL Criação da Fundação Educar Promulgação da Constituição Federal de 1988 1990 Extinção da Fundação Educar Lançamento do Programa Nacional de Alfabetização e Cidadania PNAC Estabelecimento da LDB 939496 Implantação de programas destinados a formação de jovens e adultos PAS PRONERA e PLANFOR Criação do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério FUNDEF Regulamentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Basica e de Valorização dos Profissionais da Educação FUNDEB 2000 Aprovação do Parecer CNECEB n 112000 Publicação da Resolução 012000 Criação do Plano Nacional de Educação Criação dos programas Brasil Alfabetizado PROEJA ProJovem Rural e Urbano e PNLDEJA Fonte Belmar 2014 20 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 12 O Perfil dos alunos da EJA Respeito aos saberes e às diferenças culturais O levantamento do perfil dos alunos da EJA é de fundamental importancia para a organização curricular que deve considerar a realidade concreta e a visão de mundo dos educandos possibilitando o estabelecimento do fio condutor políticopedagógico que permite atender suas necessidades e garantir uma formação de qualidade Quem são estes jovens O que vão buscar na escola O que significa para eles a instituição escolar Qual o significado das experiências vivenciadas neste espaço São essas perguntas que vão informar seu olhar e as relações que mantém com os jovens a compreensão das suas atitudes e expectativas Muitas vezes nos deparamos com a particularidade dos nossos alunos ao ouvilos como exemplifico a partir dos depoimentos a seguir Exemplo 1 O que faço é tirar leite todos os dias e direto faço cerca faço rego com o meu pai corto madeira ajudo na lavoura e capino Aluno da EJA 17 anos De onde será que esse aluno fala De qual contexto A verbalização desse aluno confirma que é de um segmento do campo que se ocupa das atividades do homem do campo Aqui nos deparamos com as particularidades locais desse aluno que é do campo e muitas vezes frequentando a escola da cidade no desejo de interagir com o mundo letrado procurando realizar o seu sonho de ingressar em uma Universidade O dia a dia desse aluno precisa ser vivenciado em sala de aula para socializar as riquezas de conhecimentos tradicionais do campo que ele possui para compartilhar e Sugestão de Leitura Acesse a Biblioteca Virtual do seu curso localize o livro Educação de Jovens e Adultos problemas e soluções de Leandro Jesus Nasegio e Renato da Luz Medeiros Nas páginas 82 e 84 você pode analisar o problema advindo da homogeneização dos estudantes e refletir quem são estes jovens 21 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 contribuir com a formação dos demais colegas de sala de aula O professor a que recebe o aluno apresentado no exemplo 1 precisa considerar o perfil do aluno do campo integrado ao perfil do aluno da cidade para que juntos descubram novos saberes valorizem diferentes saberes Nesse sentido concordamos com Freire 2005 p 68 ao afirmar que não ha um saber melhor ou pior ha saberes diferentes e por meio desses saberes diferentes que adquirimos novos conhecimentos e procuramos novos caminhos de aprendizagem e práticas que emergem desse convívio social A presença crescente de jovens na EJA tem trazido novas questões que demandam preparo dos professores para enfrentalas Considerar o perfil dos educandos envolve conhecer suas histórias de vida e suas trajetórias nos territórios possibilitando uma troca de experiencias significativas entre as gerações contribuindo para uma formação cultural social e ética Observe o exemplo 2 Exemplo 2 Eu sou o Paulão estava na estrada mas cheguei a tempo para fazer a minha apresentação Eu não sei ler e escrever o português correto e não gosto de matemática já tentei várias vezes retornar ao banco da escola mas desisto Nunca sentei na frente de um computador aliás tenho medo dessa tecnologia mas ela já embarca no meu caminhão Conheço de pneu frisado por rodar 30 anos na estrada Eu sou Caminhoneiro estou cansado da profissão e quero obter conhecimento para conseguir um trabalho melhor por esse motivo que estou aqui e espero ter interesse pelos assuntos tratados Aluno da EJA 53 anos O Paulão aluno caminhoneiro já circulou nesse país por 30 anos e portanto quantas riquezas ele conhece de geografia de história de hidrografia de clima da diversidade cultural etc Certamente ele passou por lugares que muitas vezes o professor de geografia ou história nunca estiveram Ou seja na vida do adulto a escola não é o único espaço de aprendizado Se ela não o é e o professora considera assim a história de vida destes alunos vai ter que reconhecer no processo de ensino e de aprendizagem nas estratégias metodológicas que é possível ter tempos e espaços diferentes possibilitando a organização individual da vida escolar e também a organização de um currículo diferente para atender por exemplo os alunos apresentados nos exemplos 1 e 2 Todos os nossos alunos da EJA ou do ensino regular têm a sua história de vida as suas particularidades que às vezes são reveladas e assim não poderíamos deixar de ler o depoimento da Beatriz 22 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Exemplo 3 Beatriz 46 anos ausente da sala de aula há 20 anos mãe de 7 filhos desempregada ao chegar na sala de aula relatou a sua trajetória de vida com dificuldades de conciliar o tempo para dedicar aos filhos ao trabalho e a escola Beatriz interrompeu o curso para permanecer no período noturno com os filhos Segundo Arroyo 2005 p 22 os sujeitos da EJA são jovens e adultos com rosto com histórias com cor com trajetórias sócioétnicoracial do campo da periferia Se esse perfil de educação de jovens e adultos não for bem conhecido dificilmente estaremos formando um educador desses jovens e adultos De um modo geral os sujeitos da EJA são tratados como uma massa de alunos sem identidade qualificados sob diferentes nomes relacionados diretamente ao chamado fracasso escolar Arroyo 2001 ainda chama a atenção para o discurso escolar que os trata a priori como os repetentes evadidos defasados aceleraveis deixando de fora dimensões da condição humana desses sujeitos basicas para o processo educacional Ou seja concepções e propostas de EJA comprometidas com a formação humana passam necessariamente por entender quem são esses sujeitos e que processos pedagógicos deverão ser desenvolvidos para dar conta de suas necessidades e desejos ANDRADE 2004 p 1 Sobre os motivos que levaram os jovens e adultos da EJA a abandonar ou interromper os estudos algumas pesquisas como de Arroyo 2005 Prado e Reis 2012 e Soares 2005 apontam o medo de voltar a estudar medo de conviver com os mais jovens e ser discriminado distancia da residencia ou do trabalho dificuldade de conciliar o tempo para o estudo o trabalho e a família problemas de saude insatisfação com as aulas desinteresse pelos assuntos tratados dificuldade de aprendizagem problemas familiares incompatibilidade com os colegas ou o professor padrão de trabalho muito acessivel ou trabalhos pedagógicos muito dificeis tempo para cuidar dos filhos e depreciação dos estudos pelos pais A tudo isso somase a necessidade de ajudar no trabalho desenvolvido seja na zona urbana ou rural Na busca de compreender cada vez melhor nossos alunos a observação e a escuta são necessárias para saber como trabalham na sala de aula quais seus interesses suas dificuldades e facilidades sua forma de relacionar com os colegas com oa professora e suas características pessoais como timidez tranquilidade agitação concentração habilidades sua forma de pensar Além de observar e ouvir o educando é importante saber o que fazer com o que se observa ampliar os conhecimentos em relação ao que é observado 23 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 saber ouvir as vozes expressas saber reconhecer e valorizar diferenças culturais saber dialogar com respeito e acolher as diferenças Essa convivência possibilitará que aos poucos uma relação de confiança amizade carinho respeito e reciprocidade seja construída Nesse conviver que professores e alunos aprendem Antes de continuar seu estudo realize o Exercício 1 Dica de aprofundamento Conheça um pouco mais sobre Paulo Freire e o seu plano de alfabetização Título do vídeo Paulo Freire Contemporâneo Parte 1 Autor Toni Venturi Categoria TV Escola EscolaEducação Tempo 2517 Disponível em httpmigremerWbhi Acesso em 18 out 2019 O vídeo contribuirá para você compreender ainda mais a unidade 2 Vale a pena assistir 24 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 UNIDADE 2 PAULO FREIRE O PROPULSOR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS OBJETIVO DA UNIDADE Analisar as contribuições de Paulo Freire no sentido de compreender as metodologias diferenciadas para o acolhimento dos alunos e alunas da EJA 21 Abordagem metodológica de Paulo Freire Paulo Freire se destacou no cenário educacional brasileiro nos anos de 1960 por meio do Movimento de Cultura Popular MCP no Recife quando foram desenvolvidas suas primeiras experiências de alfabetização e conscientização Para ele A escola não é só um lugar para estudar mas para se encontrar conversar confrontarse com o outro discutir fazer politica a escola não é só um espaço físico É acima de tudo um modo de ser de ver Ela se define pelas relações sociais que desenvolve E se quiser sobreviver como instituição precisa buscar o que é específico dela FREIRE 2005a p 12 Paulo Reglus Neves Freire educador brasileiro tornouse um propulsor da Educação de Jovens e Adultos considerando sua trajetória de vida relacionada à educação popular preocupado tanto com a escolarização como formação da consciência Paulo Freire nasceu em Recife Pernambuco em 19 de setembro em 1921 e faleceu em 02 de maio de 1997 Suas ideias e práticas pedagógicas foram objeto de várias críticas mas em compensação deixou contribuições significativas em favor da educação popular ou seja para a educação de jovens e adultos participando ativamente dos movimentos populares em prol da educação e de melhores condições de vida para as famílias de baixa renda Fonte httpmigremerSPQp Paulo Freire é considerado um dos grandes pedagogos da atualidade e é respeitado mundialmente As suas maiores contribuições teóricas foram relacionadas ao campo da educação popular e da conscientização política de jovens e adultos operários Entre as 25 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 inúmeras obras podemos citar Pedagogia do Oprimido Medo e Ousadia Educação Popular Educação e Mudança Pedagogia da autonomia Paulo Freire trabalha dialeticamente o ensinar e aprender em seu último livro Pedagogia da autonomia saberes necessarios a pratica educativa mantendo a coerência desde os seus primeiros escritos Ele afirma nesse livro que Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender Ou seja ele introduz a ideia do reaprender e destaca ainda que não se trata apenas de aprender a aprender a fazer a conviver a ser Tratase também de aprender porque um dos pilares da educação esquecido pelo relatório Delors e de fundamental importância na pedagogia freiriana No mesmo livro Freire ressalta a importância da formação dos professores e educadores baseada numa reflexão sobre a teoria e a prática buscando ensinar os alunos a pensar certo de forma que se respeite a autonomia e os saberes dos próprios educandos O professor que pensa certo deixa transparecer aos educandos sua constante relação entre a teoria e a prática envolvendo o movimento dinâmico dialético entre o fazer e o pensar sobre o fazer ou seja é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática O educador democrático deve em sua prática pedagógica buscar sempre novos conhecimentos fazer pesquisas reciclar sua maneira de trabalhar com os educandos ser investigador curioso sem se esquecer da humildade e persistência pois sua tarefa docente não é apenas ensinar os conteúdos e sim ensinar a pensar certo com a capacidade de intervir e conhecer o mundo Paulo Freire destaca que o professor não pode somente transferir conhecimentos ao educando mas sim promover uma conscientização crítica e democrática sobre a vida que está alicerçada numa sociedade em que a ideologia dominante toma conta de todos fazendo com que acreditemos que a realidade é assim mesmo e que não se pode fazer nada para mudála Segundo Brandão 1986 Paulo Freire não tem uma teoria pedagógica definitiva mas tem o afeto e a sua prática Dessa forma fica difícil teorizar a seu respeito sem viver a prática que é o sentido desse afeto Por isso é fácil compreender o que ele tem falado e escrito quando se parte da vivência da prática do compromisso mais do que da teoria Paulo Freire acreditava que o fundamental nas relações de todas as coisas no mundo é o diálogo O diálogo é o sentimento do amor que se transforma em ação e as trocas entre o homem e a natureza são originalmente regidas pelo diálogo É na pedagogia do Oprimido sua obra maior que Paulo Freire realiza uma verdadeira síntese de uma época sob a perspectiva pedagógica Como educador pensa o mundo a vida e o próprio pensamento de seu tempo como pensador aborda a educação e 26 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 o pensamento pedagógico que lhe era contemporâneo E nessa relação entre o saber geral e o conhecimento setorizado Freire constrói em toda a sua profundidade a tensão dialética fundamental A centralidade da reflexão e da ação freiriana passa a ser a de transformar a pedagogia numa visão de mundo e numa filosofia de vida Em suma organizava o processo de conhecimento mais geral sobre o universo sobre a humanidade e sobre a cultura por meio de uma reflexão setorial específica pedagógica Ao mesmo tempo desencadeava a complexa equação da libertação humana a partir de um referencial que é essencialmente diretivo E essa tensão de promover a liberdade humana a partir do ato pedagógico que é fundamentalmente diretivo passou a ser a equação central de sua obra e de sua vida Na sugestão de leitura a seguir observe como Paulo Freire desenvolveu um método de alfabetização baseado nas experiências de vida das pessoas 22 O olhar freiriano sobre o processo educacional A pedagogia de Freire é fundada na ética no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando partindo do princípio que cada um possui a sua forma de entender o mundo e as coisas que estão à sua volta procurando respeitar sua forma de pensar seus gestos gostos e ideias Sendo assim o professor não deve fazer qualquer discriminação ao aluno ou ironizálo porque isso faz com que o educando se sinta inferior às outras pessoas rompendo com a liberdade de aprendizagem do aluno O conviver é a própria essência da obra de Paulo Freire já que ela tem como centralidade o diálogo Para Freire a educação problematizadora com base no diálogo proposta por ele assume um papel libertador estimulando o aluno a ler criticamente o contexto sociopolítico e econômico vivido e se rebelar contra essa situação rompendo com opressão que desumaniza o homem Sugestão de Leitura Método Paulo Freire de alfabetização as lembranças emocionadas da 1ª turma Disponível em httpwwwpragmatismopoliticocombr201304metodopaulofreirede alfabetizacaoaslembrancasemocionadasda1aturmahtml Acesso em out 2019 27 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Os conhecimentos dos alunos de acordo com Freire devem ser respeitados principalmente daqueles com pouca condição financeira ou seja de classes populares filhos de trabalhadores pois muitas vezes as experiências de vida do educando não são aproveitadas ou não são consideradas pelo educador que em vários casos acaba por rotular a criança ou o adulto de incapaz deixando de haver assim um aprendizado dentro do contexto da realidade do aluno Freire reforça a importância da curiosidade entre professores e alunos estando ambos movidos por ela como uma mola capaz de incentivar o ensino e o aprendizado na construção de novos conhecimentos Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move que me inquieta que me insere na busca não aprendo nem ensino Exercer a minha curiosidade de forma correta é um direito que tenho FREIRE 2003 p 85 Sendo assim é necessário que o professor proporcione um diálogo com o educando sendo capaz de ouvir e falar fazendo de suas aulas momentos de liberdade para a expressão oral interagindo com seus alunos a fim de compreender o que eles desejam Mas para que isso aconteça o professor precisa se dedicar doar trocar experiências gostar de aprender e sentir encanto em ver seu aluno adquirindo o conhecimento Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo em que vivemos Assim ele retrata a sociedade Falo da resistencia da indignação da justa ira dos traídos e dos enganados Do seu direito e do seu dever de rebelarse contra as transgressões éticas de que são vitimas cada vez mais sofridas FREIRE 2003 p101 Percebese que o autor procura argumentar como a sociedade capitalista acaba excluindo o indivíduo dessa sociedade dominandoo totalmente quanto à sua vontade e abolindo os seus direitos e deveres como cidadãos Freire argumenta também que o professor precisa ser a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo FREIRE 2003 p 103 Assim podese verificar que a educação de jovens e adultos é um processo por meio do qual o indivíduo usufrui de sua própria história de vida a fim de almejar uma perspectiva de vida melhor Isso é possível mediante a confiança que é depositada no educando na sua capacidade de aprender de descobrir de criar soluções e de enfrentar desafios Para que isso ocorra é necessário que tenhamos novas práticas educativas com o educando jovens e adultos a fim de que o aprendizado seja significativo para eles As posições de Paulo Freire 2003 com respeito à busca de novas práticas educativas nos levam a refletir sobre como está o processo de alfabetização para jovens e adultos nos dias de hoje Consideramos a alfabetização como a aquisição da língua escrita que por meio de um processo de construção do conhecimento mediante uma interação do 28 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 contexto da realidade do educando envolve também questões de ordem lógicointelectual afetiva sociocultural política e técnica Segundo Paulo Freire 2003 o educador precisa estar qualificado para atuar neste campo de ensino sabendo valorizar e respeitar as peculiaridades de cada educando existente em sua sala de aula tendo uma reflexão teóricoprática sobre sua própria prática pedagógica ou seja sobre sua própria concepção metodológica de como trabalhar com a Educação de Jovens e Adultos Freire critica severamente o conceito de educação a qual ele define como sendo uma educação bancaria em que o educador vai transformando o educando num fundo bancario ou seja vai depositando informações de forma mecanica para o educando memorizar os dados adquiridos deposita o seu saber Mediante a isso Paulo Freire 2003 descarta o método tradicional de ensino que tem a cartilha como uma única base para aquisição de conhecimentos dos estudos e principalmente para a alfabetização Paulo Freire propõe uma mudança de paradigma considerando todos os seres humanos como seres pedagógicos incompletos e inacabados Os seres humanos se complementam convivendo uns com os outros e trabalham o seu inacabamento pela educação permanente ao longo de toda a vida O autor deixa claro para todos principalmente para os educadores que o seu envolvimento com a prática educativa deve ser feito com alegria e esperança pois a esperança e o otimismo fazem parte do ser humano no sentido de se buscar a possibilidade de uma mudança para algo melhor Como a esperança de que professores e alunos juntos podem aprender ensinar construir e reconstruir percebendo os problemas e resolvendo os resistindo aos obstáculos com alegria A partir dos meus estudos e leituras de Paulo Freire agora divido com vocês meus alunos e alunas da licenciatura buscando novos diálogos novas sínteses O material didático assim como o ser humano também está incompleto está sempre se construindo Visite o repositório digital de Paulo Freire indicado no final desta unidade e saiba mais é preciso contudo estar atento ao conjunto de obras e da prática de Paulo Freire para não correr o risco de interpretações equivocadas Temos muito ainda a aprender com as obras de Paulo Freire Parafraseando Raul Seixas eu prefiro ser essa metamorfose ambulante e você Ser metamorfose é estar sempre em transformação projetando e não sendo um professora pronto a e acabadoa 29 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Convido você para ouvir a composição Metamorfose Ambulante por Raul Seixas disponível em httpswwwyoutubecomwatchvVhfxcddll8Y Acesso em 06 nov 2019 Fonte httpmigremes2mRC Vou lhe propor agora como forma de rever estes conteúdos alguns exercícios para que você se avalie e decida continuar na leitura da unidade 3 quando não para retomar alguns pontos que não ficaram suficientemente esclarecidos Antes de continuar seu estudo realize os Exercícios 2 e 3 e a Atividade 21 Dica de aprofundamento O Repositório Digital Centro de Referência Paulo Freire foi constituído com a missão de armazenar preservar estimular disseminar e compartilhar a produção intelectual do educador Disponível em httpacervopaulofreireorg8080xmluirepositoriodigital Acesso em 17 out 2019 Vale a pena consultar 30 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 UNIDADE 3 ALFABETIZAÇÃO PARA ALÉM DA DECODIFICAÇÃO OBJETIVO DA UNIDADE Refletir sobre a importância da alfabetização como construção significativa por parte do sujeito Enfatizar a leitura e a escrita como instrumento de desenvolvimento cultural e do pensamento 31 Leitura alfabetização e letramento na EJA No início a pergunta Fonte Adaptada de httpmigremerWtoE Escreva no seu caderno ou no seu computador o que é leitura alfabetização e letramento na EJA Gostaria de provocar a sua reflexão sobre a importância da alfabetização da leitura e do letramento como possibilidade de desenvolvimento cultural e do pensamento Vou ajudálao a construir uma conceituação no campo educacional que proporcionará pensar em práticas pedagógicas presentes ou futuras Os alunos da EJA buscam na classe de alfabetização de adultos sua dignidade como indivíduos sociais por meio do processo de leitura e escrita que lhes proporcionará uma nova oportunidade para não serem mais excluídos pela sociedade Gadotti 2013 ressalta que a Educação de Adultos é reconhecida pela Unesco como direito humano estando ela implícita no direito à educação reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos a começar pelo primeiro nível que é o da alfabetização De fato a alfabetização é a base para a aprendizagem ao longo da vida Nenhuma educação é possível sem a habilidade da leitura e da escrita 31 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 A alfabetização é um direito em si mesma precisamente porque sem ela as pessoas não têm oportunidades iguais na vida Aqueles que podem utilizar a escrita e a leitura para defender e exercer seus direitos legais têm vantagem significativa em relação àqueles que não podem Por intermédio da alfabetização os indivíduos obtêm os meios de participação política na sociedade RICHMOND ROBINSON SACHISRAEL 2009 p 1928 Afirma Gadotti 2013 p 25 a Educação de Adultos deve ser também uma educação em direitos humanos Para isso é fundamental que os conteudos os materiais e as metodologias utilizadas levem em conta esses direitos e os programas propiciem um ambiente capaz de vivenciálos Em relação à Educação de Adultos Gadotti 2013 afirma que deve ser entendida como elemento essencial na superação da pobreza e da exclusão social a exclusão social não significa apenas a exclusão das oportunidades de aprendizagem mas também a negação dos conhecimentos das pessoas ICAE 2009 O Documento de Incidencia da Sociedade Civil do Instituto Coroados de Aprendizagem e Estágio ICAE 2009 chama a atenção para a necessidade de atendimento às pessoas migrantes e refugiadas às idosas e o fim das praticas de discriminação para com as pessoas indigenas pessoas descapacitadas ou com capacidades diferentes e para com homens e mulheres em contextos de privação de liberdade para as quais são necessarias ações afirmativas e positivas O ICAE defende politicas e programas de alfabetização de longo prazo intersetoriais e integrais mecanismos formais explicitos de representação da sociedade civil e a destinação de no minimo 6 do PIB a educação e dentro do orçamento para a educação destinar no mínimo 6 para a Educação de Adultos Freire na obra A importancia do ato de ler argumenta a importancia da leitura em uma comunicação utilizando uma linguagem que mescla a narrativa da prática pedagógica e a reflexão crítica destacando a importância da leitura como ferramenta necessária para o desafio de reconstruir o mundo como também de transformálo O autor inicia essa obra argumentando sobre os diversos tipos de leitura de mundo e ao mesmo tempo esclarece que a leitura da palavra é precedida da leitura do mundo Ele enfatiza a importância crítica da leitura na alfabetização colocando o papel do educador em uma educação em que o seu fazer deve ser vivenciado dentro de uma prática concreta de libertação e construção da história inserindo o alfabetizando num processo criador do qual ele é também um sujeito Fonte Registro da Autora 2015 32 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Segundo Freire 1986 p11 a leitura do mundo precede a leitura da palavra É necessário entender o que acontece em sua volta para fazer uma leitura crítica das palavras do que você ouve interpretar o que você está lendo e não somente aceitar colocações formadas por alguém que deseja que você entenda o que ele quer que você entenda e não descubra o sentido que às vezes está embutido em algumas palavras Para Christofoli 2015 o ato de ler Permite ao sujeito o acesso à língua escrita uma vez que ao compreender o que lê ele se depara com novas ideias com conhecimentos novos ou com os que já domina com textos que podem fazêlo rir ficar triste ou mesmo complexo que podem conduzilo a lugares distantes ou próximos que podem fornecerlhe instruções específicas para realizar certas tarefas com textos que podem agregar argumentos de que necessita para defender determinadas posturas ou alimentar o seu imaginario CHRISTOFOLI 2010 p75 A leitura é considerada como uma produção cultural da humanidade pois a língua escrita é necessariamente um bem do qual todos os homens têm o direito de usufruir Nesse sentido a escola é um espaço privilegiado para que a língua escrita se democratize e para que todos os sujeitos possam dela se tornar usuários especialmente aqueles que a ela não tiveram acesso na idade escolar Entretanto a escola tem apresentado inúmeras dificuldades em dar conta desse que é um de seus maiores desafios o ensinar a ler CHRISTOFOLI 2010 p75 O termo alfabetização existe há séculos em nosso vocabulário porém desde que a palavra letramento surgiu a partir da segunda metade dos anos de 1980 esses termos têm se mesclado e confundido as pessoas Na realidade essas duas palavras possuem significados distintos Para Soares 1998 os conceitos de alfabetização e letramento no Brasil se superpõem se mesclam e frequentemente se confundem Embora interligados são específicos Para ela o termo alfabetização é utilizado com um sentido restrito referindose aos sujeitos que aprenderam o código escrito sendo que o termo letramento referese aos sujeitos que aprenderam a ler e a escrever e o fazem Alfabetizar é ensinar o código alfabético letrar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura e escrita A autora estabelece a diferença entre alfabetização e letramento a seguir Retomemos a grande diferença entre alfabetização e letramento entre alfabetizado e letrado um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever já o indivíduo letrado o indivíduo que vive em estado de letramento é não só aquele que usa socialmente a leitura e escrita mas que pratica a leitura e escrita que responde adequadamente às demandas sociais de leitura e 33 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 escrita SOARES apud CHRISTOFOLI 2010 p 78 O ideal seria alfabetizar letrando ou seja ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita de modo que o indivíduo se tornasse ao mesmo tempo alfabetizado e letrado Alfabetização é a ação de ensinar a ler e a escrever é oportunizar a interação do sujeito com a linguagem escrita para que ele reconstrua e dela se aproprie lendo e escrevendo Alfabetizado é o sujeito que percorreu todos os níveis da evolução da escrita e chega ao nível alfabético sendo capaz de ler e escrever qualquer palavra CHRISTOFOLI 2010 p77 É importante destacar que na alfabetização estão envolvidos os dois processos leitura e escrita Acrescenta Christofoli 2010 p83 formar jovens e adultos leitores é investir na formação de sujeitos que saibam ler e escrever com compreensão e com significado que realmente possam usufruir da função social da lingua escrita A alfabetização é a criação ou a montagem da expressão escrita da expressão oral FREIRE 1986 p21 Segundo o autor quando o aluno descobre essa forma de entender a escrita ai sim chega o momento de ele criar O ato de ler implica sempre na percepção critica interpretação e reescrita do lido FREIRE 1986 p24 Nessa perspectiva o profissional da EJA deve servir como ponte deste resgate social por meio de seu planejamento adaptando as atividades desenvolvidas na sala de aula ao cotidiano dos alunos Desta forma os educandos poderão transpor o que é construído em sala de aula para sua realidade modificando conforme a sua necessidade Essa prática permitirá que os sujeitos enxerguem a realidade a qual estão inseridos e intervenham conscientemente nela A interação dos alunos com textos reais e contextualizados facilita a sua compreensão por conter expressões presentes em seu cotidiano com conteúdo significativo e que por isso cumpre alguma função social Nessa perspectiva é importante oferecer aos alunos textos que façam parte da sua realidade que acolham suas necessidades que sejam de seu interesse como diz Freire 1985 p 21 os processos de ensino devem partir da realidade do educando e para que isso realmente aconteça o professor a precisa apresentar textos que façam parte da cultura popular do folclore regional e nacional Parlendas e provérbios por exemplo pelo fato de serem conhecidos pelos alunos são excelentes materiais que além de oportunizarem ricas discussões enriquecem o espaço da Para refletir Quais os critérios que norteiam as nossas práticas educativas 34 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 sala de aula Neste aspecto cabe ressaltar a importância de introduzilos no universo da escrita mostrandolhes vários tipos de textos existentes Outdoors panfletos receitas culinárias manuais receitas médicas bulas de remédio documentos pessoais anúncios de jornais revistas charges quadrinhos poesias letras de música bilhetes ofícios gravuras entrevistas crônicas fábulas embalagens filmes desenhos propagandas jogos enfim fazemos parte de uma sociedade letrada em que a escrita é constante nas variadas atividades do cotidiano Paulo Freire nos alerta que não é possível desencadear o processo de aprendizagem sem desencadear o processo de leitura do mundo 32 Maneira de ser e estar no mundo Proponho ao iniciar essa seção uma reflexão da real construção do conhecimento a partir do texto abaixo sobre dois operários Observem a realidade e possibilidade de recriar compreender o contexto social do qual fazem parte Certo dia um homem caminhava pela estrada e parou em frente a uma construção Viu dois operários trabalhando foi até um deles e perguntou O que o senhor está fazendo aí O operário mal levantando os olhos respondeu Uma parede Então o homem foi até o segundo operário e fez a mesma pergunta que tinha feito ao primeiro Foi surpreendido com a resposta Aqui meu senhor Estou construindo um prédio uma escola estou colaborando com a educação O senhor vê Muitas das crianças que estão passando por ai vão estudar aqui dentro Autor desconhecido 35 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Dois homens com a mesma profissão provavelmente o mesmo salário a mesma carga horária e com visões tão diferentes do trabalho que estão executando Para um é só mais uma parede enquanto que para o outro é uma escola uma turma um ano um objetivo Nesse sentido temse que concordar com Bins 2010 p107 é a partir das hipóteses levantadas pelos sujeitos na sua leitura de mundo na troca de informações e no conflito estabelecido que os sujeitos começam a apropriarse do código escrito Muitas vezes são esses alunos e saberes que nós professores e professoras encontramos na sala de aula da EJA e nesse sentido indicanos a importância de ampliar a leitura de mundo dos nossos alunos e destacar a concepção ampliada de educação de jovens e adultos para não se limitar apenas à escolarização mas também reconhecer a educação como direito humano fundamental para a constituição de jovens e adultos autônomos críticos e ativos frente à realidade em que vivem Segundo Morin 2015 p 73 sempre intersubjetiva a compreensão humana requer abertura para o outro empatia simpatia O sujeito alfabetizado é aquele que sabe ler e efetivamente ler o mundo e compreender na sua totalidade a partir do seu conhecimento com as relações intersubjetivas que estabelece A alfabetização tornase um fator de inserção social para estes sujeitos sua aprendizagem está relacionada com a busca de uma vida melhor e mais digna e também na possibilidade de interagir com outras pessoas Para refletir O que as nossas relações e os nossos processos educativos estão comunicando Será que compreendemos os nossos alunos da EJA Para refletir A EJA está favorecendo e proporcionando essa interação Se a escola não alfabetiza para a vida e para o trabalho para que e para quem alfabetizar 36 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Os sujeitos que apenas codificam não compreendem o que está à sua volta apenas realizam atos mecânicos continuando alheio às relações e percepções reais do mundo que os envolve situação exemplificada do operário que mal levantou os olhos e respondeu Uma parede Paulo Freire 1982 p3940 fala sobre a importância da alfabetização como perspectiva de leitura de mundo no momento em que os indivíduos atuando e refletindo são capazes de perceber o condicionamento de sua percepção pela estrutura em que se encontram sua percepção começa a mudar embora isto não signifique ainda a mudança da estrutura É algo importante perceber que a realidade social é transformável que feita pelos homens pelos homens pode ser mudada que não é algo intocável um fado uma sina diante de que só houvesse um caminho a acomodação a ela É algo importante que a percepção ingênua da realidade vá cedendo seu lugar a uma percepção que é capaz de perceberse que o fatalismo vá sendo substituído por uma crítica esperança que pode mover os indivíduos a uma cada vez mais concreta ação em favor da mudança radical da sociedade Portanto importa saber de que forma o sujeito utiliza e aprende a língua escrita que recursos culturais ela proporciona para que suas habilidades possibilitem uma aprendizagem e desenvolvimento da capacidade de criticar refletir participar da sociedade à qual pertence As estratégias metodológicas a serem escolhidas pelos professores deverão motivar os educandos a participarem das aulas Cabe aos professores inovar no trabalho didático Nesse sentido o plano de cada professor bem como as aulas deverão ser planejadas e executadas sempre com o acompanhamento e a orientação de um coordenador pedagógico Libâneo afirma A unidade teóricametodológica começa pela definição de objetivos comuns e é assegurada pela coordenação pedagógica e pelo trabalho conjunto e articulado dos professores É desejável que a escola tenha uma linha pedagógicadidática com a qual todos possam compartilhar ainda que ela expresse princípios e orientações mais gerais Este é também um requisito para a escola trabalhar com a interdisciplinaridade LIBÂNEO 2004 p130 Dessa forma o papel de um coordenador pedagógico junto aos educadores é o de garantir o conhecimento científico relacionandoo à prática cotidiana A opção pela metodologia pautada nos Temas Geradores sugeridos por Freire será no sentido de se adequar harmoniosamente à formação de cidadãos conscientes de seu papel como construtores da história além de aproximarse do contexto dos alunos A escolha do tema gerador traz a intencionalidade de instigar os educandos a uma análise crítica de suas realidades para atuar sobre elas Segundo Freire 1987 p115 37 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Um tema gerador não se encontra nos homens isolados da realidade nem tampouco na realidade separada dos homens Só pode ser compreendido nas relações homensmundo Investigar o tema gerador é investigar repitamos o pensar dos homens referido à realidade é investigar seu atuar sobre a realidade que é práxis Os temas geradores são uma forma de evitar a fragmentação do currículo partindo de interesses dos educandos para explorar as demais áreas do conhecimento Por exemplo o tema gerador Jovens e adultos vida e trajetórias Esse tema pode ser condizente à realidade dos educandos e favorecerlhes o acesso ao conhecimento e à cultura Muitos destes sujeitos retornaram à escola com a esperança de melhorar suas formas de sobrevivência a sua autoimagem a estabilidade nos empregos etc A EJA deve constituirse em um espaço acolhedor instigandolhes a criticidade e não visando apenas à formação técnicaprofissionalizante Justificase assim o tema escolhido por ser condizente à realidade dos educandos de modo a favorecerlhes o acesso ao conhecimento e à cultura As aulas do Curso de Educação de Jovens e Adultos na etapa da Alfabetização e do Ensino Fundamental dos Anos Iniciais 1ª e 2ª fase organizados sob a forma presencial deverão ser desenvolvidas por meio do levantamento do conhecimento prévio e de situações do cotidiano da turma aulas expositivas e explicativas interação contínua dos educandos uns com os outros pesquisa de acordo com suas limitações leituras de livros revistas jornais etc e do mundo situações simuladas exposições visitas jogos e pinturas O estudo e o aprendizado não devem ser definidos em função somente dos componentes curriculares ou conteúdos mas em função de temas escolhidos também pelo educando importantes para o crescimento individual e coletivo dessa modalidade de ensino Dica de aprofundamento O Repositório Digital Centro de Referência Paulo Freire foi constituído com a missão de armazenar preservar estimular disseminar e compartilhar a produção intelectual do educador Disponível em httpacervopaulofreireorg8080xmluirepositoriodigital Acesso em 17 out 2019 Vale a pena consultar 38 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Antes de continuar seu estudo realize o Exercício 4 e a atividade 31 Para refletir Que lições nos deixa o pensamento de Paulo Freire para pensar a educação nos dias atuais 39 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 UNIDADE 4 FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE JOVENS E ADULTOS OBJETIVO DA UNIDADE Abordar a importância da formação do educador da EJA na compreensão do processo de construção do conhecimento e da prática pedagógica na educação de Jovens e Adultos respeitando suas especificidades Refletir sobre as tecnologias digitais na EJA 41 Formação profissional do educador de jovens e adultos Nas escolas que oferecem a EJA necessário se faz ampliar as discussões teórico metodológicas bem como o debate acerca das políticas pertinentes a essa modalidade específica Isto é a discussão e o debate perpassam o processo de formação docente para e na EJA O docente comprometido com sua formação atuará de forma diferenciada com respeito à diversidade dos educandos e compromisso de garantir não só a inclusão educacional mas e principalmente contribuir efetivamente para a redução das desigualdades sócioeducacionais e culturais causadas por direitos amplamente negados durante séculos Falar de trabalho docente relacionado à formação do professor é refletir sobre educação do nosso país A formação de professores ou seja o trabalho docente tem preocupado muitos teóricos e pesquisadores da área educacional como Antonio Nóvoa 1995 Moacir Gadotti 2001 Silmara Campo 1998 Paulo Freire 2003 Philippe Perrenoud 1993 Selma Garrido Pimenta 2002 entre outros que em seus estudos retratam a questão da formação docente mediante uma prática pedagógica reflexiva apontando questionamentos e defendendo a necessidade da pesquisa como elemento essencial na formação profissional do professor como também destacando a importância da trajetória docente num trabalho coletivo Caldeira 2000 traz uma importante contribuição explicando que o processo de construção da identidade docente não é algo estático mas sim dinâmico que se vincula a uma permanente construção desconstrução e reconstrução de seus elementos o que demanda redefinições constantes dependendo do contexto sociocultural em que os sujeitos se encontram 40 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Para Nóvoa 1995 uma formação não se constrói por acumulação seja ela de cursos de conhecimentos de técnicas mas de um trabalho de reflexão sobre as práticas e da reconstrução permanente de uma identidade pessoal Segundo Imbernón 2004 p 15 a formação assume um papel que transcende o ensino que pretende uma mera atualização científica pedagógica e didática e se transforma na possibilidade de criar espaços de participação reflexão e formação A formação do professor é uma prática de conhecimento que visa à aquisição de uma proposta pedagógica pautada no diálogo nos processos reflexivos nas partilhas de experiências no questionamento e na compreensão da realidade que norteia a busca de novas propostas coletivas de mudanças em que o conhecimento é apresentado como uma construção social As instituições de ensino muito têm se preocupado com a formação profissional do docente A qualidade do ensino depende praticamente da relação entre professor e aluno e das competências e habilidades que o educador tem obtido durante sua formação docente Com isso verificase que o professor precisa ser pesquisador mediante sua prática educativa ou seja precisa ter uma pesquisa baseada na açãoreflexãoação envolvendo assim teoria e prática O educador precisa buscar uma prática pedagógica uma didática críticoreflexiva para com os seus educandos analisando o contexto histórico social e político de cada aluno auxiliandoos a buscar uma sociedade mais justa e igualitária O educador da EJA necessariamente precisa se identificar e valorizar o que os educandos trazem no seu repertório de vida transformando esse repertório em conteúdo escolar Sugiro acessar o vídeo indicado a seguir para consolidar o entendimento deste tópico e ampliar os seus estudos O conceito de educação de jovens e adultos vai se movendo à medida que a realidade começa a fazer algumas exigências em relação à sensibilidade e à competência dos educadores Conforme argumenta Gadotti 2001 65 Pela educação queremos mudar o mundo a começar pela sala de aula pois as grandes transformações não se dão apenas como resultantes dos grandes gestos mas de iniciativas cotidianas simples e persistentes Dica de aprofundamento Sugiro que assista ao vídeo Ensinar Exige Respeito aos Saberes dos Educandos Disponível em httpswwwyoutubecomwatchv9e7GGNw0Dkw Acesso em 10 out 2019 41 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 A educação como ato político deve oportunizar instrumentos de leitura crítica da realidade consciência de seu lugar social e possibilidade de intervenção na sociedade Os educandos por serem atores sociais ao ingressarem ou retornarem aos estudos trazem consigo suas vivências e saberes Um currículo que dialoga com essas experiências deve desvelar a ação humana na sua qualidade social em suas dimensões individual e coletiva Reconhecendo a educação como ato político os educadores que trabalham na EJA devem promover o acesso aos bens culturais e ao conhecimento sem desconsiderar a dimensão política e histórica de todo esse processo Isso significa dizer que precisam adotar uma postura propositiva e propulsora de reflexão e ação como condição para mediação dos conhecimentos dos jovens e adultos em favor da tomada de consciência sobre os fatos do cotidiano e seu papel como agente de transformação social O professor ao ser criativo utiliza o conteúdo a ser trabalhado em sala de aula junto com a realidade do educando por meio de uma prática pedagógica contextualizada mostrando assim seu diferencial na EJA 42 Acolher Saberes necessários na prática educativa da EJA A sala de aula é o espaço da diferença da heterogeneidade acolher essas diferenças como valor como riqueza de saberes que é apresentada pelos alunos é um saber necessário na prática educativa da EJA Cada pessoa é um ser único e original com experiências histórias conhecimentos possibilidades e limitações diferentes que a constituíram como é a sala de aula é o espaço da diferença da heterogeneidade LOCH 2010 p 19 Dica de aprofundamento Você conhece como funcionam as políticas de formação continuada para professores da EJA no seu Município Conheça as Políticas de formação continuada para professores da EJA na Rede Municipal de Ensino no Município de Campo GrandeMS Sugiro consultar as páginas 3554 Disponível em httpsiteucdbbrpublicmddissertacoes15754 mestradolucianapdf Acesso em 12 out 2019 42 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Os docentes da EJA vivenciam rotineiramente uma situação em que trabalham com adolescentes jovens e adultos com distintas especificidades como visão de mundo experiências de vida e sociocultural as quais necessitam ser tratadas de forma inclusiva acolhedora integrada e agregada como nos revela o depoimento a seguir de uma aluna da EJA Certa vez em uma roda de conversa sobre as histórias de vida uma das alunas contando sobre sua infância em uma fazenda no interior do estado de MS nos relatou seu cotidiano Trabalhava na lavoura de cana de açúcar fazia a refeição cuidava da casa ordenhava vaca montava cavalo nadava no rio subia em árvores Quando perguntada pelo motivo do retorno aos estudos respondeu que como não sabia fazer nada voltou a estudar para ver se aprendia alguma coisa Valorizar as histórias e as identidades dos jovens e adultos requer conhecer a trajetória destes educandos O relato acima traz uma questão que deve ser considerada pelos educadores e convertida em conteúdo escolar Para tanto é preciso que o grupo de educadores dê sentido e significado a essas experiências e saberes para organizar o trabalho pedagógico sob outra perspectiva Do ponto de vista teóricometodológico a sistematização dessas muitas histórias necessita estar referenciada em marcadores identitários imediatos isto é a percepção de classe social as questões étnicoraciais de gênero sexualidade religiosidade de procedência deficiências entre outros Destes marcadores identitários diversos temas podem ser levantados e trabalhados Considerando que os temas extraídos dessas histórias são temas sociais o educador deve promover com os educandos exercícios reflexivos articulandoos em processos contínuos de distanciamento e aproximação com organizadores institucionais sociais como educação saúde alimentação moradia saneamento básico segurança pública cultura lazer território mobilidade urbana sustentabilidade entre outros É importante também que os educadores se questionem acerca da relevância social dos temas e onde se quer chegar com eles Isso leva a uma articulação dinâmica entre os percursos de vida individuais e sociais mais amplos conferindolhes sentidos para pensar o mundo em sua totalidade concreta revelando o caráter estruturador das histórias de vida no cotidiano dos educandos e sua importância no currículo da EJA Paulo Freire por sua vez em seu livro Pedagogia da Autonomia saberes necessarios a pratica educativa argumenta sobre a formação do educador contextualizado 43 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 de acordo com o ambiente social e cultural do educando Partindo de um questionamento ele declara o seguinte Como ensinar como formar sem estar aberto ao contorno geográfico social dos educandos Preciso agora saber ou abrirme à realidade desses alunos com quem partilho a minha atividade pedagógica Preciso tornarme se não absolutamente íntimo de sua forma de estar sendo no mínimo menos estranho e distante dela FREIRE 2003 p 137 Os educandos são sujeitos que têm suas trajetórias humanas sociais culturais e cognitivas É preciso reconhecer o jovem e o adulto na riqueza de suas trajetórias para a reflexão e proposição do currículo A metodologia pedagógica da Educação de Jovens e Adultos deve partir da presença dos saberes e histórias de vida em vez da ausencia de constituindose em uma prática libertadora e emancipatória O saber não formal muitas vezes baseado na oralidade e cultura local deve ser considerado e articulado ao saber formal em função de suas riquezas e de seus potenciais A vida que se realiza fora dos quadros do sistema formal de ensino e que impacta a aprendizagem e o enriquecimento dos educandos bem como as vivências e os conhecimentos adquiridos ao longo de suas trajetórias devem ser considerados e incorporados nesse processo de retomada dos estudos A educação para a emancipação se configura como libertadora amorosa humanizante e politicamente engajada com a causa dos oprimidos Para Freire 2002 p16 esse conceito de educação aparece como condicionamento ético no que chama de ética universal do ser humano Tal condicionamento ético materializase na concretização de uma educação libertadora no sentido de que pode oportunizar condições tanto para educandos quanto para educadores de se assumirem como sujeitos de sua própria história e sujeitos edificadores de uma sociedade justa equilibrada e igualitária libertandose assim das amarras do determinismo histórico e das formas de opressão e exclusão sociais Uma formação que oportunize a reflexão sobre as concepções e práticas educativas pode levar o professor a ressignificar sua ação pedagógica e tornarse ele próprio fomentador engajado na proposta de transformação educacional e social É desejável que o currículo da EJA seja desenvolvido de maneira diversificada rompendo com o modelo regular e tradicional de ensino e colocando os jovens e adultos numa situação de aprendizagem significativa e autônoma que atenda as necessidades culturais educacionais e sociais 44 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 O diálogo é o fundamento políticopedagógico de uma prática educativa que estabelece relações horizontais entre educandos e educadores com a compreensão de que não há saber mais ou menos importante mas saberes diferentes A prática pedagógica deve ser permeada pela proposição de atividades contextualizadas e diversificadas ênfase no trabalho coletivo e colaborativo a reorganização das rotinas dos espaços dos conteúdos em razão das necessidades dos educandos Antes de iniciar a próxima seção entenda um pouco mais da diferença da educação formal e nãoformal Quadro 4 Diferença entre educação nãoformal e formal A expressão educação nãoformal é considerada quando ocorre processos de aprendizagem por via da experiência onde os espaços são múltiplos centros comunitários centros culturais igrejas e algumas vezes a própria escola e os tempos da aprendizagem são flexíveis não são fixados a priori e as metodologias tendem a respeitar as diferenças individuais Esse tipo de educação é em geral também praticado por múltiplos atores sociais professores ou não Assim por educação formal entendese o tipo de educação praticada nas escolas seguindo certa organização e sequência em seus procedimentos com vistas a fornecer uma certificação ou formalização das experiências nela praticadas É um processo educativo altamente institucionalizado cronologicamente e hierarquicamente estruturado que se estende desde os primeiros anos da escolarização até os últimos anos do ensino superior Fonte Romans Petrus e Trillha 2003 p 19 43 Tecnologia digital na EJA Algumas reflexões Incontáveis tecnologias contribuíram e contribuiu para o ambiente em que vivemos hoje e para a nossa conexão atual por exemplo a fala escrita telégrafo telefone carro satélite computador pessoal impressora fax internet celular TV câmera sensores GPS No entanto de todas as tecnologias que nos trouxeram até aqui talvez a mais importante seja a banda larga computacional que começou a se tornar disponível às pessoas por volta do ano 2000 e desde então se dissemina de forma ampla A cada minuto na internet é gerada uma quantidade gigantesca de informações A intel uma empresa de tecnologia criou um infográfico mostrando o que acontece na internet em um minuto Vale a pena observar 45 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Figura 1 Internet em um minuto Fonte httpmigremes1RNX Podemos observar a partir do infográfico o crescimento contínuo da web e o consequente aumento de sua complexidade tornam o contexto atual extremamente propício a uma Era da Busca A explosão de conteudos causa a necessidade de mediação tecnológica para filtrar e validar as informações Hoje o aluno pode ter um smartphone e ou outro dispositivo digital e acessar qualquer conteúdo em sala de aula no entanto é importante o professor orientar o aluno para utilizar filtros adequados sempre prestando atenção naquilo que nos interessa a fim de tornarse relevante para o aluno para que eles não se dispersam e perdem atenção em um mar de informações disponíveis Professores e alunos que tenham a curiosidade de conhecer as possibilidades das tecnologias digitais redes sociais e plataformas tecnológicas poderão ampliar conexões criativas auxiliar um ao outro refletirem e aprenderem a conectaremse à novas possibilidades de aprendizagem Por exemplo qualquer pessoa hoje consegue fazer um vídeo caseiro seja pelo computador celular câmera digital legendar publicar no Youtube divulgar nas redes sociais como facebook twitter e outras e linkar com outros conteúdos Dica de aprofundamento Visite o site httpswwwyoutubecomwatchvjcamiVj81Vg que oa direcionará para um vídeo caseiro que exemplifica essa experiência 46 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Segundo Paulo Freire 1981 p 33 o desenvolvimento de uma consciencia critica que permite o homem transformar a realidade se faz cada vez mais urgente por isso também acreditamos que ao possibilitar a prática pedagógica que desafia o aluno para inventar e criar a si mesmo abrese caminhos e possibilidades para que a aprendizagem e desenvolvimento criativo se desenvolvam Tecer aprendizagem virtual que incluem a utilização de computadores tablets aparelhos de telefonias móvel TV redes sociais softwares plataformas videogames em ambiente colaborativo principalmente com as trocas entre professor e aluno é uma das mais interessantes e proficuas maneiras de interação para a construção coletiva do conhecimento Essa amplitude de recursos pode ser considerada espaços de produção de sentidos e de construção de representações sociais partilhadas que permitirão novas formas de socialização e aprendizado A compreensão do conhecimento como construção coletiva é fundamental para que o aluno entenda por exemplo que um hipertexto é uma reunião de vozes e de olhares construido por muitas mãos e aberto para todos os links e sentidos possiveis RAMAL 2002 O hipertexto informatizado é na verdade uma rede de textos superpostos que permite ao usuario passar de um ponto a outro sem interromper o fluxo comunicativo Lévy 1999 define este tipo de escrita como um conjunto de nós ligados por conexões tais nós podem ser palavras graficos imagens ou sequencias sonoras sendo que cada um pode conter uma rede inteira de associações O hipertexto e o crescimento da internet permitem ao aluno cada vez mais a medida que le associar aquilo que leu com outros textos ja lidos e de seu interesse com isso vai agregando a essas leituras suas próprias observações podendo recuperar tudo isso em sinteses próprias como por exemplo em um novo texto por ele construido Dica de aprofundamento As transformações como realidade aumentada hipertextos games são apresentadas no Livro virtual à seguir sob licença aberta e disponível em repositórios públicos para serem reutilizados amplamente Acesse o link e veja como as transformações já estão em curso como possibilidades de você conhecer vivenciar e enriquecer a sua aprendizagem Disponível em httpoerkmiopenacukpageid980VjuGtrerRD8 Acesso em 17 out 2019 Vale a pena consultar 47 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Para lidar com esses avanços o único caminho é educação digital contínua tanto de professores quanto de estudantes As transformações ocorridas com os avanços das tecnologias de informação e comunicação TIC possibilitam comunicarse a qualquer hora com qualquer pessoa em qualquer lugar ainda que não concretizada de forma absoluta obriga o aluno ao exercício de analisar estabelecer relações e interpretar a utilização das tecnologias digitais situandose como protagonista de um mundo em que tempo e espaço não são mais fatores limitadores à comunicação Segundo Allan 2002 p 207 A escola não pode ficar alheia ao universo informatizado se quiser de fato integrar o estudante ao mundo que o circunda permitindo que ele seja um indivíduo autônomo dotado de competências flexíveis e apto a enfrentar as rápidas mudanças que a tecnologia vem impondo à contemporaneidade É necessário discutir com os alunos da EJA os usos educacionais das diversas tecnologias digitais e redes sociais no processo de ensino e aprendizagem como discutir o vocabulário presente no dia a dia notícias vídeos O próprio espaço público está impregnado de informações virtuais os letreiros veiculam realidades aumentadas1 as paredes de hotéis hospitais cafés e outros exibem a notícia de última hora e os celulares conectados ao facebook apresentam informações noticiários e demandas que podem ampliar o cenário de comunicação interação e aprendizagem Que desafios e oportunidades esses avanços das tecnologias e redes sociais nos traz Fonte httpmigremerWx9v Os educandos utilizam a internet e aprendem em rede uma vez que estão inseridos na sociedade contemporânea Este fato implica em desdobramentos para a discussão curricular e o trabalho realizado em sala de aula e espaços educativos Não é mais possível alfabetizar e dar continuidade aos estudos de pessoas jovens e adultas ignorando dinâmicas concepções e tecnologias que norteiam os processos sociais contemporâneos A negação da existência das tecnologias digitais pode implicar um processo de exclusão aumentando o fosso entre as diferentes culturas e contextos e minimizando as possibilidades pedagógicas de uso de tais recursos O mundo digital é um espaço de troca de experiências e as tecnologias de informação e comunicação TIC redes sociais e dispositivos móveis são recursos a mais e que podem ser vistas como um elemento de aquisição de conhecimento 1 Veja aplicações da realidade aumentada Disponível em httpolhardigitaluolcombrvideoveja asnovasaplicacoesdarealidadeaumentada44623 Acesso em 2 nov2019 48 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 A cultura da internet inspirou uma mudança significativa no processo de ensino e aprendizagem favorecendo a capacidade crítica e criativa dos educandos e educadores Nessa perspectiva métodos técnicas e dinâmicas assumem o papel de linguagens e instrumentos dos quais o educador deve lançar mão para viabilizar a construção do conhecimento incorporando habilidades e saberes cada vez mais específicos As tecnologias digitais podem contribuir para as necessidades educacionais e nas interações pedagógicas incentivando a aprendizagem em pares o trabalho colaborativo a reorganização o desenvolvimento e a flexibilização do currículo com a proposição de pesquisas e projetos que atendam às expectativas da aprendizagem ao longo da vida É preciso inventar e socializar práticas na EJA que incentivem agregar novos sentidos à prática pedagógica com as TIC dispositivos móveis e Redes Sociais Considerando que as tecnologias digitais têm se tornado cada vez mais intuitivas e simples o aprendizado operacional para a sua utilização básica ocorra cada vez mais de forma natural e espontânea Assim a educação na era digital precisa focar muito menos na tecnologia em si e muito mais em desenvolver a capacidade analítica e crítica dos alunos para que consigam discernir sobre o que essas tecnologias representam em nossas vidas como nos afetam e como extrair conhecimentos e inteligência por meio dessas tecnologias Antes de continuar seu estudo realize o Exercício 5 e a Atividade 41 49 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 UNIDADE 5 PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO NA EJA OBJETIVO DA UNIDADE Enfatizar o trabalho de planejamento e organização do ensino na EJA Destacar a avaliação como processo contínuo e permanente em todos os momentos da educação de jovens e adultos 51 Planejar e avaliar em EJA Por quê Como O ato de planejar e avaliar faz parte da nossa vida cotidiana desde as situações mais simples às mais complexas nos caracterizando como seres que pensam sobre o que pretendem fazer e para isso se utilizam de informações sobre fatos vividos no passado no presente e projeções para o futuro Na nossa ação docente este fato se reveste de uma forma de concentração necessária Segundo Loch pensar o planejamento e a avaliação em EJA é pensar com os educandos a sua vida suas necessidades desejos e aspirações articulados com a realidade social e cultural em que vivem e redesenhála num processo conjunto em que o ver o ouvir e o agir estão interligados LOCH 2010 p 18 Loch 2010 ainda reforça que cada vez mais jovens adultos e idosos têm histórias individuais sociais e coletivas que podem ser objetos de estudo dos mesmos pois estão prenhes de conhecimento que precisam ser sistematizados desvelados e muitas vezes superados Quando visitamos uma sala de aula de EJA e vemos que nessa sala convivem um jovem morador de rua um jovem deficiente um jovem adulto trabalhador avós de 70 80 anos negros brancos pardos homossexuais todos e todas com um desejo ardente de aprender mais que têm histórias para contar não apenas pessoais mas histórias nos damos conta da riqueza desta diversidade para o planejamento a organização do ensino e da avaliação De acordo com Loch 2010 estes educandos apresentam em comum o fato de que de alguma forma pertencem ao grupo social dos que foram excluídos do processo educacional formal pela própria exclusão dos bens econômicos que ajudaram a construir O que os caracteriza na unidade é a classe social a que pertencem e ao mesmo tempo a diversidade cultural étnica de gênero de ofício Diversidade manifestada pela composição de turmas marcadas pelas diferenças não só pelas idades dos 15 até quase 90 anos como pelas origens étnicasraciais negros índios brancos como também por alunos com deficiência surdez cegueira física mental também pelas opções sexuais assumidas sejam mulheres homens gayspelo desemprego ou pelos ofícios que desempenham 50 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Embora possa parecer que estas diferençasheterogeneidades marquem uma dificuldade a mais para pensar o planejamento e a avaliação podemos reverter este pensamento hegemônico tradicional de tratar a EJA e considerar estas diferençasdiversidade na sua positividade e potencialidade O trabalho de planejamento e organização do ensino na modalidade educação de jovens e adultos EJA tem um forte componente social político e educacional É uma atividade pedagógica complexa haja vista a diversidade presente neste grupo pois se caracteriza não apenas por uma questão de especificidade etária dos discentes mas primordialmente por uma questão de especificidade cultural LOCH 2010 Loch 2010 p 22 a escola voltada a EJA é ao mesmo tempo um local de confronto de culturas e um local de encontro de singularidades Nesse sentido o trabalho pedagógico com jovens e adultos necessita mostrar que esses discentes que falam procuram ter voz e demonstram o desejo de mostrar de onde são de reforçar a sua origem Às vezes a sala de aula é uma oportunidade para comunicar suas visões de mundo Muitas vezes nesses diálogos são deixadas marcas identitárias crenças aptidões da ideologia de quem escreve ou fala Segundo Corazza 1997 é importante planejar porque a ação pedagógica especialmente em EJA é uma forma de política cultural exigindo por isto uma intervenção intencional que é sem dúvida de ordem ética É importante pelo respeito que todos devemos ter para com essa ação e para com os sujeitos dela participantes Poderíamos ainda acrescentar segundo Loch 2010 p 22 é importante planejar pesquisando sobre a vida dos jovens e adultos tornandoos também autores e participantes do planejamento ao incorporar ao currículo os processos históricos culturais políticos sociais e econômicos que constituem o seu tempo as contradições presentes na sociedade os conhecimentos que constituem a cultura popular enfim para que os sujeitos se constituam continuamente e se construam conscientes de si dos outros e do mundo Podemos observar que o planejamento não pode ser desvinculado da realidade do compromisso político do educador e ainda das relações entre escola educação e sociedade Para assimilar melhor os momentos do ato de planejar e sua relação com a avaliação Vasconcellos 1999 Pernambuco 1994 e Delizoicov 1991 apresentam propostas de planejamento que com diferentes denominações baseiamse todas na Por onde deve começar um bom planejamento 51 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 proposta freireana de açãoreflexãoação isto é perspectiva dialética de síncrese análise e síntese conforme as etapas delineadas na figura a seguir e que deverão estar presente no planejamento de longo no de médio prazo e da sala de aula Figura 2 Etapas do planejamento Fonte Loch 2010 p 23 Estudo da realidade investigação sobre a visão de mundo do aluno e da comunidade escolar pesquisa em sala de aula na escola na comunidade mobilização para o conhecimento temas de problematização falas significativas dos alunos atividades de socialização Organização do conhecimento foco ou temática a ser desenvolvida relação entre conceitos cotidianos e conceitos científicos espaço de diálogo entre alunos e entre alunos e professores atividades situações de experiência a serem vividas Aplicação do conhecimento diferentes produções dos alunos expressão globalizada das aprendizagens Para complementar esse espaço de reflexão sobre planejamento e avaliação na EJA apresentamos no quadro 5 um exemplo de planejamento organizado em forma de projeto 52 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Quadro 5 Exemplo de planejamento Projeto de Ensino Projeto de ensino Quem sou eu Tema Identidade Disciplina Educação de Jovens e Adultos Professora Rosimeire Régis Período 20161 Justificativa Desde muito cedo aprendemos a entender o mundo que nos rodeia Por isso antes mesmo de aprender a ler e escrever palavras e frases já estamos lendo bem ou mal o mundo que nos cerca FREIRE 1987 O presente projeto pretende trabalhar com a identidade cultural do aluno de EJA que está retornando à vida escolar Possibilita a reflexão sobre si mesmo e sobre sua relação com a sociedade família escola comunidade trabalho intenciona o autoconhecimento a consciência do quanto cada um é importante e pode fazer a diferença nesses grupos aos quais pertence A partir dessa reflexão pretendese contribuir para a formação de sujeitos seguros de si valorizados como cidadãos de direitos Objetivos Identificar e registrar dados pessoais e fatos históricos sobre sua vida Compreender fatos e histórias relatos próprios e dos demais colegas Reproduzir fatos histórias e relatos através da reescritura Reconhecer e localizar sua região de origem e aquela em que vivem através do manuseio de mapas Campo conceitual e questões norteadoras de estudo Identidadenomedocumentação Certidão de nascimento carteira de identidade carteira de trabalho título de eleitor certificado de reservista Origem do nome Nome dos pais e avós descendência Por que temos um nome Dados do nascimento Fatos históricos da época Localidade Cidade onde nasceu Estado Características da regiãolocal 53 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 tempo de residência nessa região Mapas Localização em mapas do local de nascimento Localização no mapa de sua cidade o bairrolocal de nascimento Transporte Trajeto percorrido até a escola Duração do trajeto Trabalho Local de trabalho Funçãoatividade Se gosta do que faz Salário recebido e considerações sobre Metodologiaorganização do conhecimento Conversas com os alunos cada um relata sua história Preenchimento de fichas de dados do aluno e de sua família Produção de texto sobre sua história pessoal Apresentação de mapas e materiais sobre o país o Estado a cidade de origem e da cidade onde está morando Produção de mapas com o trajeto de sua casa até a escola Conversas sobre o trabalho de cada aluno Relações do trabalho numa linha de tempo Avaliação A avaliação acontecerá ao longo da execução do projeto a partir de observações durante a realização das atividades propostas e das produções dos alunos preenchimento de dados produção textual e elaboração de mapas Fonte Adaptado de Loch 2010 A avaliação precisa se dar no contexto do projeto pedagógico da escola deixando claro que não deve ser realizada somente com os alunos mas também com o programa que está sendo desenvolvido Segundo Veiga 1998 p 32 a avaliação do ponto de vista critico não pode ser instrumento de exclusão dos alunos provenientes das classes trabalhadoras Deve ser democrática deve favorecer o desenvolvimento da capacidade do aluno de apropriarse de conhecimentos cientificos Portanto nessa Proposta Pedagógica a avaliação precisa ser contínua e diagnosticada devendo considerar o desempenho do educando nas atividades 54 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 propostas em termos de leitura e escrita por meio do processo de letramento aquisição de novos conhecimentos capacidade de relacionar entre si os diversos conteúdos capacidade de análise interpretação e generalização Nessa concepção fazse necessário apresentar algumas características que devem compor o processo avaliativo Ser continua o processo avaliativo devera ocorrer rotineiramente e não em um único momento com visão reflexiva que redimensione as ações pedagógicas os objetivos propostos e os conteúdos abordados Ser democratica imprescindivel que o educando seja informado sobre os critérios estabelecidos os objetivos a serem alcançados os instrumentos a serem utilizados Ser formativa a aprendizagem ocorrera de acordo com o progresso obtido pelosas educandos considerando as atividades propostas sabendo interpretar o erro e o considerando como manifestação de um processo em construção dessa forma aprendendo com o erro Ser diagnóstica através da aprendizagem que serão identificados quais conhecimentos deverão ser retomados e ainda quais práticas pedagógicas deverão ser redimensionadas Veiga 1998 afirma que A avaliação do projeto políticopedagógico numa visão crítica parte da necessidade de se conhecer a realidade escolar busca explicar e compreender criticamente as causas da existência de problemas bem como suas relações suas mudanças e se esforça para propor ações alternativas criação coletiva VEIGA 1998 p32 Portanto o professor utilizará diversos meios técnicas e estratégias para a elaboração e aplicação das avaliações sendo que elas deverão ser realizadas ao término de cada conteúdo de modo que o resultado final revele um projeto democrático e exequível para a escola e para a comunidade com vista à melhoria da realidade de ambas Sendo assim será possível realizar a recuperação paralela à medida que forem detectadas deficiências no processo de ensino e no rendimento do educando 52 A diversidade das ações didáticas A Proposta Pedagógica Específica à Educação de Jovens e Adultos tende a ser progressista e libertadora É uma atividade em que professor e aluno são mediadores do conhecimento A realidade do aluno passa a ser o conteúdo aprendido a fim de atuarem no sentido de transformação 55 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Uma prática pedagógica que vem sendo constituída por muitos educadores com jovens e adultos é a de oportunizar experiências com memórias individuais e coletivas envolvendo acontecimentos pessoas lugares identidades subjetividades tempos espaços Apresento a seguir uma atividade adaptada de Huerga 2010 p5657 para que educadores possam pensar como trabalhar a memória e as identidades de jovens adultos valorizando suas histórias de vida fortalecendo identidades pessoais de classe gênero etnia etc e simultaneamente promover encontros entre pessoas de modo fraterno e solidário Refirome ao livro da literatura infantojuvenil de Men Fox e Julie Vivas cujo título do livro é o nome do personagem Guilherme Augusto Araujo Fernandes Tratase do relato da amizade de um garoto Guilherme que era vizinho de um asilo de velhos todos seus amigos mas era de Antônia que ele mais gostava Quando soube que ela perdera a memória quis saber o que isso significava e foi perguntar aos outros do asilo Como resposta ouve que memória é algo bem antigo que faz chorar faz rir vale ouro e é quente Então monta uma cesta e vai levála à Antônia Quando ela recebe os presentes maravilhosos conchas marionete medalha bola de futebol e um ovo ainda quente cada um deles lhe devolve a lembrança de histórias Fazse a leitura do livro até a parte em que Guilherme decide procurar memórias para Dona Antônia ja que ela havia perdido as suas Entregar aos alunos uma caixinha e cinco pequenos papéis coloridos um de cada cor de preferência para que cada um dos participantes confeccione sua caixa de memórias a partir das seguintes lembranças de sua vida Fonte httpmigremerWynE Algo quente Algo bem antigo Algo que o faz chorar Algo que o faz rir Algo que vale ouro Ao final da confecção das caixas finalizar a leitura do livro apresentando as memórias objetos que Guilherme trouxe para Dona Antônia e de como essas mesmas memórias são percebidas por ela Cada participante se desejar poderá apresentar aos demais suas memórias A partir deste trabalho poderseá refletir sobre as seguintes questões As memórias possuem significados pessoais somente Podemos a partir de memórias individuais constituirmos memórias coletivas 56 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 O que são memórias privadas e públicas Que significados podem ter na vida privada e na vida pública Para um trabalho semelhante podese usar o livro E um rinoceronte dobrado no qual o autor questiona Uma caixa de sapatos é realmente um bom lugar para se guardar lembranças fantasias e segredos O que você colocaria em uma caixa de sapatos Outra opção é discutir o livro Mas sera que nasceria a macieira de Ale Abreu e Priscilla Kellen A história desse livro gira em torno de uma reflexão sobre a vida e os momentos de cada um como indivíduo dentro de uma sociedade Cada aluno poderá apresentar sua compreensão do texto por meio de uma ilustração exteriorizando e materializando no desenho sua história de vida pessoal e profissional Fonte Registro da autora O livro poderá se constituir em um valioso material de apoio didático manuseado à vontade pelos alunos que participarão deles como autores Refletir sobre como estes jovens e adultos pensam e aprendem envolve segundo Oliveira 1999 transitar por pelo menos três campos que contribuem para a definição de seu lugar social a condição de não serem crianças acima de 15 anos a condição de excluídos da escola e a condição de membros de determinados grupos culturais Outras atividades e possibilidades para a organização do conhecimento na EJA Filme Histórias de um Brasil alfabetizado despertando a criticidade de cada aluno o filme retrata situações limite em que se dá o processo de alfabetização de jovens e adultos Em 72 minutos são apresentados os desafios de cinco personagens Jovens de periferia quilombolas empregadas domésticas cortadores de cana professores e catadores de lixo Histórias de vida que formam um mosaico rico e diverso sobre o ato de aprender a ler e escrever Sugerir busca de poemas músicas e ditos populares que venham ao encontro dos trabalhos desenvolvidos em aula estes podem também ser construídos pelos próprios alunos educandos para a realização de um sarau literário É válido recordar que precisamos contemplar o currículo como uma construção que permita uma postura de valorização dos saberes dos educandos vinculando os seus conhecimentos aos conteúdos Muitas outras situações podem ser encontradas no cotidiano dos alunos e alunas da EJA Por exemplo o registro de dados como 57 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Leitura do relógio que controla o consumo de luz da residência ou do medidor que controla o consume da água Apresentar embalagens cada uma com as características próprias e com produtos diferenciados possibilita exercer a criatividade aplicando conhecimentos da área de língua portuguesa ciências da natureza matemática sustentabilidade entre outros Legendas de fotografias para estudo ou para servirem de referência registrando dados de lugares pessoas eventos objetos etc Ler cartões de vacinas de uma criança adulto ou animal Analisar a epidemia de dengue na região fatores que interferem eou determinam a disseminação de dengue propor estratégias para o controle da disseminação e proliferação do mosquito Aedes aegypti Elabore outras ideias adequadas aos seus alunosalunas Ajude os seus alunos e alunas entender melhor o que estão aprendendo O que eu já sei O que eu queropreciso saber sobre o assunto O que eu aprendi após as atividades Outro procedimento do processo de ensino e aprendizagem é pensar em trabalhos em grupo Grupo é o conjunto de duas ou mais pessoas em situação de interação e agindo em função de um objetivo comum Segundo Haydt 2006 p 183 em termos didáticos os principais objetivos do trabalho em equipe são facilitar a construção do conhecimento permitir a troca de ideias e opiniões possibilitar a prática da cooperação para conseguir um fim comum Na escola em geral na sala de aula no Ambiente Virtual de Aprendizagem o trabalho em equipe desempenha uma função importante criando oportunidade para o diálogo e a troca de ideias e informações Haydt afirma que ao participar dessa troca de experiencias possibilitada pelo trabalho em equipe o indivíduo precisa organizar seu pensamento a fim de exprimir suas ideias de forma a serem compreendidas por todos Na dinâmica do trabalho em grupo o aluno fala ouve os companheiros analisa sintetiza e expõe ideias e opiniões questiona argumenta justifica avalia HAYDT 2006 p 183 Podemos dizer que o trabalho em equipe também favorece o convívio social como por exemplo ouvir com atenção os colegas e esperar a vez de falar respeitar a opinião alheia planejar em conjunto as etapas de um trabalho 58 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Ao longo das unidades de estudo procurei fazer você pensar não apenas a função de ensinar eu diria a responsabilidade a formação a ética o compromisso do que são ensinados procurando enfrentar os problemas e as incertezas com que toda existência humana se depara Para ensinar dizia Platão precisase de Eros ou seja do amor Sempre existiram e sempre existem professores e professoras possuídos pelo Eros pedagógico Nosso convite é para que continuemos esse diálogo seja com nossos amigos colegas professores alunos e alunas duvidando de nossas certezas e dando vida e movimento ao legado de Paulo Freire o semeador do amor da esperança da alegria da boniteza da pedagogia dialógica Para finalizar seu estudo realize os Exercícios 6 e 7 e a Atividade 51 Para refletir Será que a nossa educação ou maneira de comunicar educação é enriquecida de temáticas apaixonantes proporciona diálogo permanente encoraja o aluno a enfrentar as incertezas incita o aluno a ser humano está ajudando a formar pessoas integradas e felizes abertas aos outros capazes de doaremse e também de receberem aquilo que os outros podem oferecer enxergando os outros como próximo e tendo uma vivência comunitária 59 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Concluindo Ao longo das unidades apresentamos sugestões de leitura para aprofundamento agora convido você para tomar um café cultural e relembrar o que direcionavam as leituras A sabedoria moderna não pode deixar de ser um pouca louca Ou mais do que isso ela deve ser substituída por uma arte de viver sempre pronta a recomeçar sempre pronta a reinventar MORIN 2015 p37 Vamos dialogar com a nossa sabedoria moderna e recordar Desde Paulo Freire todos aprendemos que sobretudo na educação de jovens e adultos temos que partir dos saberes dos educandos e de suas vivências O ideal é oportunizar espaços para que os jovens adolescentes e adultos da EJA coloquem as suas indagações sobre a vida sobre a sua condição sobre seu futuro sobre a cidade a sociedade Segundo Arroyo 2007 não devemos nos esquecer de que um jovem e um adulto já têm uma travessia longa uma travessia de saberes de percepções de indagações que tentou responder ainda que não saiba ler nem escrever Não é só quem sabe ler e escrever que se faz indagações sérias e busca respostas sérias Essa é a nossa concepção letrada que não valoriza os saberes aprendidos na leitura do mundo Como articular letramento e leitura do mundo Os gestores de ambas as redes públicas de ensino admitem que o modelo escolar predominante da EJA não é suficientemente flexível relevante ou atrativo para boa parte dos cidadãos aos quais se destina No caso dos gestores municipais essa admissão impulsiona a procura por alternativas mais efetivas como a criação de escolas especiais para adultos a adesão a programas de alfabetização que se desenvolvem nas comunidades como é o caso do Mova ou do Programa Brasil Alfabetizado que oferecem algum auxílio econômico aos estudantes como é o caso do ProJovem Urbano ou que proporcionam qualificação profissional como é o caso do ProejaFIC Cabe destacar que o ProJovem nasce como um programa experimental que se reveste de características peculiares cujo teor aponta para o art 81 da LDB e só se torna efetivamente parte da modalidade Educação de Jovens e Adultos em 2011 quando passa a ser gerido pelo Ministério da Educação Assim podese identificar a existência de três diferentes objetivos em torno do ProJovem a escolarização de jovens que enfrentam as maiores condições de vulnerabilidade a contribuição para a construção de uma educação mais conectada às especificidades e expectativas dos sujeitos jovens especialmente no âmbito da EJA o impulso à criação de políticas públicas de juventude orientadas para a efetivação de 60 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 direitos Ao ser implementado em parceria entre União e municípios sua gestão e execução requeriam uma articulação intersetorial tanto no âmbito do governo federal como no dos governos municipais Nesses sete anos de existência o programa sofreu alterações importantes Em 2007 passou a se chamar ProJovem Urbano PJU além de se estender até os 29 anos de idade o ProJovem Original atendia a faixa dos 18 aos 24 anos e a exigência de não ter carteira de trabalho assinada deixar de existir Nesse período o Programa enfrentou desafios e provocou debates e embates em torno de sua proposta Do ponto de vista gerencial devese destacar como importante mudança a transferência do programa que em 2012 saiu da Secretaria Nacional de Juventude e foi para o Ministério da Educação criando inclusive a Diretoria de Políticas Educacionais para a Juventude no âmbito da Secretaria de Educação Continuada Alfabetização Diversidade e Inclusão Secadi Em agosto de 2002 foi instituído o Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos Encceja pela Portaria n 2270 do Ministério da Educação Tratava sede uma política formulada pelo Governo Federal para a Educação de Jovens e Adultos EJA com dois objetivos principais 1 ser uma alternativa aos exames supletivos aplicados nos Estados como forma de certificação de conclusão do ensino fundamental e do ensino médio colaborando para a correção do fluxo escolar e 2 integrar o que o então ministro da Educação Paulo Renato de Souza denominou de ciclo de avaliações da educação basica SOUZA 2002 p 8 juntamente com o Sistema de Avaliação da Educação Básica Saeb e o Exame Nacional do Ensino Médio Enem Dessa forma o Encceja foi criado no contexto do grande desenvolvimento das avaliações externas em larga escala nos anos 1990 servindo também como meio de avaliação das políticas públicas de EJA com vistas a melhorar a oferta da educação para jovens e adultos no Brasil Em 2009 a certificação do ensino médio passou a ser feita por meio do Exame Nacional do Ensino Médio Enem Esse exame vinha ampliando significativamente seu alcance principalmente quando passou a ser usado como mecanismo de seleção para ingresso no ensino superior com o Programa Universidade para Todos Prouni a partir de 2005 e o Sistema de Seleção Unificado Sisu em 2009 Nesse ano a matriz de referência foi modificada e a prova ampliada visando adequála à função seletiva ao mesmo tempo em que lhe era acrescentada a função certificadora Foi nesse momento que o Encceja se restringiu ao ensino fundamental dentro do território nacional e ao mesmo tempo marcou o momento em que passou a sofrer maior intermitência em sua realização Em 2012 o Encceja completou dez anos de existência como uma política ainda pouco consolidada Ao longo desse período sua execução foi marcada por inconstâncias depois da ediçãopiloto em 2002 o exame foi suspenso e ficou dois anos sem ser aplicado 61 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 no Brasil Em 2009 a prova não ocorreu ainda que tenham sido realizadas as inscrições dos participantes e a edição de 2010 ocorreu só no início de 2011 e deixou de ocorrer novamente em 2012 Em um quadro aparentemente contraditório o exame assumiu uma importância crescente ao longo dos anos com grande incremento do número de inscritos e de adesões por parte das secretarias de educação apesar das inconstâncias de sua aplicação Agravando os problemas gerados pela falta de periodicidade de sua execução o Encceja não foi ainda analisado e avaliado criteriosamente de modo a favorecer uma consolidação bem informada de sua política ou de sua substituição por outra Considerando que o Encceja é uma política muito debatida mas ainda pouco analisada no âmbito da Proposta de Trabalho da Ação Educativa apoiada pelo Inep foi proposta uma pesquisa que incluiu a análise de bases de dados do exame disponibilizadas pelo Inep entrevistas com gestores responsáveis pela condução do exame em diferentes fases e com membros dos Fóruns de EJA e articulações que reúnem gestores educadores pesquisadores e ativistas na defesa do direito à educação de jovens e adultos em todo o País Foram realizados também estudos de caso em cinco Estados um em cada região do País Tocantins Maranhão São Paulo Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul Finalmente foi feita uma análise pedagógica das provas aplicadas entre 2002 e 2008 procurando compreender em que medida se mantinha a coerência entre a concepção avaliativa expressa em seu Livro Introdutório e os exames realizados Os estudos de caso nos cinco Estados evidenciam que os efeitos do Encceja na oferta de EJA dependem muito da política implementada no nível local Não é necessariamente a existência do exame que fragiliza a EJA mas em alguns casos é a falta de investimento dos governos estaduais no desenvolvimento da EJA que faz o exame mais atrativo tornandose algumas vezes a única solução possível para que um jovem ou adulto avance nos estudos e obtenha a certificação Segundo Ribeiro e Haddad 2015 O exemplo de Mato Grosso do Sul é destaque nesse Estado existe um diálogo grande com o Fórum e há investimento na construção de uma política de EJA que garanta as diferentes formas de atendimento tanto por vagas nas escolas como pelos exames de certificação Mato Grosso do Sul é um dos três Estados brasileiros em que houve crescimento do número de matrículas de EJA no período analisado e tratase de um crescimento expressivo 184 entre 2002 e 2010 Outro indicativo do lugar ocupado pela política de EJA são as diversas informações encontradas no site da Secretaria de Educação sobre a modalidade que é divulgada para possíveis interessados e que tem uma proposta elaborada Esse foi também o único Estado que seguiu as discussões nacionais sobre a idade mínima de ingresso na EJA elevando para 18 anos a idade de ingresso no ensino fundamental O incentivo à matrícula no Encceja é abordado pelos 62 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 gestores como parte desse investimento na EJA e o exame é visto como uma alternativa importante para as pessoas que não têm condições de frequentar a escola e como meio de dar continuidade aos estudos Por esse motivo a secretaria faz um trabalho amplo de divulgação do exame com envio de comunicados às escolas e informações no site da Secretaria Como reflexo desse investimento em Mato Grosso do Sul o número de inscritos no Encceja chegou a representar 478 do número de matrículas na EJA Ensino Fundamental em 2009 e 832 do número de matrículas na EJA Ensino Médio em 2008 Avançar rumo à qualidade na educação é também valorizar a diversidade combatendo desigualdades que não são só de renda mas também de gênero região campocidade idade orientação sexual deficiências etc Se pensarmos nessa perspectiva segundo Ribeiro e Haddad 2015 a EJA constitui uma das faces mais explícitas do desafio educacional e da afirmação dos direitos humanos no País e assim deve ser reconhecida pelos governantes e movimentos sociais comprometidos com a justiça social A prática da avaliação na EJA por sua vez precisa ter essa perspectiva e reconhecer o caráter afirmativo da política o que implica não simplesmente alinhar e comparar a EJA com o ensino regular em termos de resultados mas abordála como fenômeno complexo integrante de processos de transformação eou de reprodução de desigualdades para os quais o principal insumo é o compromisso político Espero que essa disciplina tenha contribuído ainda mais com a sua formação Reflita a importância do curso para você na conquista que estará fazendo ultrapassando seus próprios limites permitindose crescer pessoalmente e profissionalmente Chegamos ao final dessa disciplina mas a sua aventura na Graduação a aventura de ser estudante apenas começou Obrigada pela acolhida e um forte abraço 63 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 E AGORA Lembrase da colcha de retalhos ao iniciar a disciplina Recortamos os retalhos e fizemos a nossa colcha Vamos reunir e costurar as nossas lembranças dos conteúdos estudados A colcha de retalhos busca representar a construção das histórias de vida as quais são sempre permeadas por processos interativos que constituem identidades culturais e individuais Ficam estas reflexões da disciplina no anseio e compromisso de novas perguntas novas aprendizagens e sempre inquietações Sugestão de filmes Pro dia nascer feliz Direção João Jardim 2006 Situações de preconceito violência e esperança fazem parte do cotidiano dos adolescentes brasileiros nas escolas O documentario Pro dia nascer feliz se passa em tres estados brasileiros e mostra a situação de jovens de diversas classes sociais e seus professores auxiliando no debate sobre como melhorar a educação que representa hoje uma das áreas mais debilitadas no Brasil À margem da imagem Direção Evaldo Mocarzel 2003 Documentário sobre a sobrevivência o estilo de vida e a cultura dos moradores de rua de São Paulo Temas como exclusão social desemprego alcoolismo loucura e religiosidade permeiam a narrativa e estimulam a discussão sobre essas comunidades marginalizadas e esquecidas em meio ao fluxo da cidade A Última Hora The 11th Hour Direção Nadia Conners Leila Conners Petersen 2007 Descreve o último momento em que ainda é possível alterar o rumo das mudanças climáticas e os impactos consequentes sobre ecossistemas e o modo de vida das pessoas Veja outros filmes no site httpmigremerWols Sugestão de leituras A revista EJA em Debate é um periódico científico de publicação eletrônica semestral e objetiva disponibilizar conteúdos relativos à educação de jovens e adultos Fonte httpmigremes2obY 64 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Associação Nacional de PósGraduação e Pesquisa em Educação ANPED GT 18 Educação de Jovens e Adultos da ANPED A avaliação da EJA no Brasil insumos processos resultados Esta publicação resulta de projeto financiado pelo Inep e desenvolvido pela Ação educativa e busca contribuir para o aprimoramento da cultura avaliativa no campo da Educação de Jovens e Adultos EJA Revista Brasileira de Educação de Jovens e Adultos A Revista Brasileira de Educação de Jovens e Adultos é um periódico semestral da Universidade do Estado da Bahia UNEB editado pelo Núcleo de Educação de Jovens e Adultos NEJA As interfaces entre a Educação de Jovens e Adultos EJA e as questões contemporâneas da epistemologia da cultura da história e da política são os interesses desta revista Associado às questões específicas da EJA a Revista também receberá artigos dedicados às discussões sobre a Educação e áreas afins 65 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 REFERÊNCIAS ALLAN Luciana Maria Vaz Informática In Carlos Emílio Faraco Org PCN Ensino Médio Orientações educacionais complementares aos parâmetros curriculares nacionais 1edBrasília Ministério da Educação 2002 v 1 p 207238 Disponível em httpportalmecgovbrsebarquivospdflinguagens02pdf Acesso em 03 nov2019 ANDRADE Eliane Ribeiro Os jovens da EJA e a EJA dos jovens In OLIVEIRA Inês Barbosa de PAIVA Jane Org Educação de jovens e adultos Rio de Janeiro DPA 2004 ARANHA Maria Lúcia A História da educação e da pedagogia geral e Brasil 3 ed São Paulo Moderna 2006 ARAÚJO Regina Magna Bonifácio JARDILINO José Rubens Lima Educação de Jovens e Adultos as políticas os sujeitos e as práticas pedagógicas um olhar sobre a produção do campo 2006 a 2010 EccoS Revista Científica São Paulo n 25 p 5975 janjun 2011 ARROYO Miguel A educação de Jovens e Adultos em tempos de exclusão In Construção coletiva Contribuições a Educação de Jovens e Adultos Brasilia 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Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos Resolução CNECEB n 1 de 5 de julho de 2000 Brasília MEC 2000 Ministério da Educação Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino médio Brasília v 3 2000b Disponível em httpportalmecgovbrsebarquivospdfbookvolume02internetpdf Acesso em 16 out 2019 Parecer n 11 de 10 de maio de 2000 Propõe as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos Diário Oficial da União Brasília 2000a Disponível em httpportalmecgovbrsecadarquivospdfejalegislacaoparecer112000pdf Acesso em 12 out 2019 Ministério da Educação Orientações curriculares para o ensino médio ciências da natureza matemática e suas tecnologias Brasília v 2 2006 Disponível emhttpportalmecgovbrsebarquivospdfbookvolume02internetpdf Acesso em 16 out 2019 CALDEIRA Ana Maria Salgueiro A história de vida como instrumento para compreensão do processo de construção da identidade docente Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino ENDIPE 10 Anais cdroom Rio de Janeiro 2000 CAMPOS Silmara O trabalho docente na Educação de Jovens e Adultos Trabalhadores Gestão ErundinaPaulo Freire no Município de São Paulo 19891992 Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Educação Campinas 1998 dissertação de mestrado Disponível em httplibdigiunicampbrdocumentcodevtls000135898 Acesso em 21 out 2019 CHRISTOFOLI Maria Conceição Pillon As possibilidades de leitura na EJA In Jussara Margareth de Paula Loch et al Org EJA planejamento metodologias e avaliação Porto Alegre RS Mediação 2010 v 2 CORAZZA Sandra Mara Planejamento como estratégia de política cultural In MOREIRA Antonio Flavio Barbosa Org Currículo questões atuais Campinas SP Papirus 1997 DELIZOICOV Demétrio Conhecimento Tensões e Transições Tese Doutorado em Educação São Paulo FEUSP 1991 FREIRE Paulo Educação e mudança São Paulo Paz e Terra 1981 Ação cultural para a liberdade Rio de Janeiro Paz e Terra 1982 A importância do ato de ler São Paulo Ed Cortez 1985 Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 67 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa São Paulo Paz e Terra 2003 Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa 31 ed São Paulo Paz e Terra 2005 GADOTTI Moacir ROMÃO José E Org Educação de jovens e adultos teoria prática e proposta 3 ed São Paulo Cortez Instituto Paulo Freire 2001 Educação de Adultos como Direito Humano EJA em debate Florianópolis Ano 2 n 2 Jul 2013 Disponível em httpperiodicosifscedubrindexphpEJAarticleview1004VjGVo7erRD8 Acesso em 12 out2019 HADDAD Sérgio DI PIERRO Maria Clara Escolarização de jovens e adultos Revista Brasileira de Educação São Paulo n 14 p 108130 maiojunjul 2000 Disponível em httpwwwscielobrpdfrbedun14n14a07 Acesso em 13 out 2019 HAYDT Regina Célia Cazaux Curso de Didática Geral 8 ed São Paulo Editora Ática 2006 HUERGA Susana Memória identidade e uma oficina na EJA In LOCH J M P et al Planejamento Metodologias e Avaliação Porto Alegre Mediação 2010 ICAE Documento de incidência da sociedade civil Montevideo ICAE 2009 IMBÉRNON Francisco Formação docente e profissional formarse para a mudança e a incerteza São Paulo Cortez 2004 LÉVY Pierre Cibercultura Rio de Janeiro Editora 34 1999 LIBÂNEO José Carlos Organização e Gestão da Escola Teoria e Prática 5 ed Goiânia Alternativa 2004 LOCH Jussara Margareth de Paula Planejamento e Avaliação em EJA In LOCH J M P et al Planejamento Metodologias e Avaliação Porto alegre Mediação 2010 MORIN Edgar Ensinar a Viver Manifesto para mudar a educação Porto Alegre Sulina 2015 NÓVOA Antonio Os professores e as histórias da sua vida in NÓVOA A org Vidas de Professores Porto Porto Editora 1995 OLIVEIRA Marta Kohl Jovens e Adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem Revista Brasileira de Educação v 12 p 5973 1999 Disponível em httpwwwcerejaorgbrarquivosuploadeducacaoexerciciodiversidadepdfpage59 Acesso em 08 out 2019 PAIVA Jane Direito formal e realidade social da Educação de Jovens e Adultos In SAMPAIO Marisa Narcizo ALMEIDA Rosilene Org Práticas de Educação de Jovens e Adultos complexidades desafios e propostas Belo Horizonte Autêntica 2009 PERNAMBUCO Marta Educação e escola como movimento do ensino de ciências à transformação da escola pública Tese São Paulo FEUSP 1994 68 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 PERRENOUD Philippe Práticas pedagógicas profissão docente e formação perspectivas sociológicas Lisboa Dom Quixote 1993 PIMENTA Selma Garrido Org Saberes pedagógicos e atividade docente 3 ed São Paulo Cortez 2002 PRADO Di Paula Ferreira REIS Sônia Maria Alves Oliveira Educação de Jovens e Adultos o que revelam os sujeitos XVI Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino ENDIPE Didática e Práticas de Ensino compromisso com a escola pública laica gratuita e de qualidade 2012 CampinasSP Didática e Práticas de Ensino na Realidade Escolar Contemporânea constatações análises e proposições AraraquaraSP JunqueiraMarin Editores 2012 Disponível em httpwwwinfotecainfbrendipesmartytemplatesarquivostemplateuploadarquivosa cervodocs3479ppdf Acesso em 12 set 2019 RAMAL Andrea Educação na cibercultura hipertextualidade leitura escrita e aprendizagem Porto Alegre Artmed 2002 RICHMOND Mark Robinson Clinton SachIsrael Margarete Org O desafio da alfabetização global um perfil da alfabetização de jovens e adultos na metade da Década das Nações Unidas para a Alfabetização 20032012 Brasília UNESCO 2009 Disponível em httpunesdocunescoorgimages0016001631163170porpdf Acesso em 08 set 2019 ROMANS Mercè PETRUS Antoni TRILLA Jaume Profissão educador social Trad Ernani Rosa Porto Alegre Artmed 2003 SOARES Leôncio Educação de jovens e adultos Rio de Janeiro DP 2002 Aprendendo com a diferença estudos e pesquisas em educação de jovens e adultos Belo Horizonte Autêntica 2005 SOARES Magda Letramento Belo Horizonte Autêntica 1998 VASCONCELLOS Celso dos Santos Planejamento Projeto de ensino aprendizagem e Projeto Político Pedagógico São Paulo Libertad 1999 VEIGA Ilma Passos Alencastro RESENDE Lúcia Maria G de Orgs Escola espaço do projeto político pedagógico São Paulo Papirus 1998 69 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 EXERCÍCIOS E ATIVIDADES EXERCÍCIO 1 1 Analise os enunciados a seguir I A educação de adultos foi alvo de maior atenção apenas na década de 1970 II A Lei n 56921971 reestruturou o curso supletivo destinado aqueles que ainda não havia concluido os estudos regulares III A Lei n 56921971 atribuiu a EJA a condição de modalidade de ensino IV O artigo 1 da Resolução CNECEB n 3 de 15 de junho de 2010 define Diretrizes para fechamento de cursos para EJA a Apenas os enunciados I e II estão corretos b Apenas os enunciados III e IV estão corretos c Apenas os enunciados I e III estão corretos d Apenas os enunciados II e III estão corretos e Apenas os enunciados I e IV estão corretos 2 Assinale a alternativa que completa de maneira correta o enunciado a seguir A primeira década do século assiste à criação de diversos programas governamentais na perspectiva de ofertar maiores oportunidades aos alunos jovens e adultos a XXI b XV c XVI d XX 3 Para Paulo Freire 2003 a educação de jovens e adultos é simultaneamente um ato de a Conhecimento ação e punição b Planejar resistir e não aceitar as diferenças c Silenciar vozes fixar padrões e preconceito d Conhecimento político e de amor Verifique seu aprendizado realizando o Exercício no Ambiente Virtual de Aprendizagem 70 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 ATIVIDADE 21 Com base na unidade 2 do material de aula e dica de aprofundamento organize um texto de cunho próprio referente à Educação de Jovens e Adultos sob as perspectivas do teórico Paulo Freire de no máximo 20 linhas Todo texto necessita de título começo meio e fim preocupandose com o rigor científico e ético mediante as pesquisas realizadas inserindo sempre as referências das fontes pesquisadas no final da atividade Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa EXERCÍCIO 2 1 Paulo Reglus Neves Freire educador brasileiro tornouse um propulsor da Educação de Jovens e Adultos a Verdadeiro b Falso 2 Pedagogia da autonomia é uma obra de Carlos Rodrigues Brandão a Verdadeiro b Falso 3 A pedagogia de Freire é fundada na ética no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando a Verdadeiro b Falso 4 Paulo Freire propõe uma mudança de paradigma considerando todos os seres humanos como seres pedagógicos incompletos e inacabados a Verdadeiro b Falso 5 Para Paulo Freire o professor precisa se dedicar doar trocar experiências gostar de aprender e sentir encanto em ver seu aluno adquirindo o conhecimento a Verdadeiro b Falso Verifique seu aprendizado realizando o exercício no Ambiente Virtual de aprendizagem 71 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 EXERCÍCIO 3 Assinale a alternativa que completa de maneira correta os enunciados a seguir 1 A centralidade da reflexão e da freiriana passa a ser a de transformar a pedagogia numa visão de e numa filosofia de a Prática técnica vida b Ação mundo vida c Prática vida mundo d Observação diferença vida 2 acreditava que o fundamental nas relações de todas as coisas no mundo é o O diálogo é o sentimento do amor que se transforma em ação e as trocas entre o homem e a natureza são originalmente regidas pelo diálogo a Paulo Freire diálogo b Bins diálogo c Morin amor d Libâneo diálogo 3 Os temas são uma forma de evitar a fragmentação do partindo de interesses dos para explorar as demais áreas do conhecimento a Curriculares sistema professores b Geradores currículo educadores c Curriculares currículo educandos d Geradores currículo educandos Verifique seu aprendizado realizando o exercício no Ambiente Virtual de aprendizagem 72 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 EXERCÍCIO 4 1 Os alunos da EJA buscam na classe de alfabetização de adultos sua dignidade como indivíduos por meio do processo de e que lhes proporcionará uma nova oportunidade para não serem mais excluídos pela sociedade a Sociais leitura escrita b Excluídos alfabetização formação c Sociais exclusão analfabetismo d Sociais instrumentalização repetição 2 Sobre o sujeito que apenas codifica podemos afirmar que a Apresenta uma forma de memorizar de forma correta b Valoriza tudo que está a sua volta c Não compreende o que está à sua volta d Implica sempre na percepção critica interpretação e reescrita do lido 3 A leitura é considerada como uma produção cultural da humanidade a Verdadeiro b Falso 4 A língua escrita é necessariamente um bem do qual todos os homens têm o direito de usufruir a Verdadeiro b Falso 5 Letrar é ensinar o código alfabético a Verdadeiro b Falso 6 Alfabetizar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura e escrita a Verdadeiro b Falso Verifique seu aprendizado realizando este Exercício no Ambiente Virtual de Aprendizagem 73 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 ATIVIDADE 31 Com base na leitura da seção 32 Maneira de ser e estar no mundo da unidade 3 produza um texto de pelo menos 15 linhas relatando a importância da alfabetização como perspectiva de leitura de mundo Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa EXERCÍCIO 5 1 A educação como ato político deve oportunizar instrumentos de leitura crítica da realidade consciência de seu lugar social e possibilidade de intervenção na sociedade a Verdadeiro b Falso 2 Os educandos por serem atores sociais ao ingressarem ou retornarem aos estudos trazem consigo suas vivências e saberes a Verdadeiro b Falso 3 Segundo Loch 2012 a sala de aula é o espaço da diferença da heterogeneidade a Verdadeiro b Falso 4 Valorizar as histórias e as identidades dos jovens e adultos requer excluir a trajetória destes educandos a Verdadeiro b Falso 5 A metodologia pedagógica da Educação de Jovens e Adultos deve partir da presença dos saberes e histórias de vida em vez da ausência de constituindose em uma prática libertadora e emancipatória a Verdadeiro b Falso 74 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 6 A educação para a emancipação se configura como excludente impedindo a presença do aluno em debates a Verdadeiro b Falso Verifique seu aprendizado realizando o exercício na ferramenta questionário no Ambiente Virtual de aprendizagem ATIVIDADE 41 Situaçãoproblema Você foi convidado a para substituir uma professora para os anos iniciais do Ensino Fundamental da EJA referente à disciplina de Matemática Ao chegar à escola a coordenadora solicitou que no dia da aula você apresentasse o seu Plano de Aula sobre adição e subtração Partindo dessa situaçãoproblema e dos estudos desenvolvidos no decorrer da disciplina bem como estudos realizados na unidade 5 elabore um Plano de Aula para a execução da referida aula na qual você será a professora substituta Atenção Desenvolver a atividade em dupla Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa EXERCÍCIO 6 1 Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas dos enunciados abaixo Segundo Veiga 1998 a avaliação do ponto de vista crítico não pode ser instrumento de exclusão dos alunos provenientes das classes trabalhadoras Deve ser deve favorecer o desenvolvimento da capacidade do aluno de apropriarse de conhecimentos a Formativa tradicionais b Democrática científicos c Democrática tradicionais d Dialógica técnicos 2 A avaliação do ponto de vista crítico não pode ser instrumento de exclusão dos alunos provenientes das classes trabalhadoras a Verdadeiro 75 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 b Falso É importante planejar porque a ação pedagógica especialmente em EJA é uma forma de política cultural exigindo por isto uma intervenção intencional que é sem dúvida de ordem ética a Verdadeiro b Falso O trabalho pedagógico com jovens e adultos necessita mostrar que esses discentes que falam procuram ter voz e demonstram o desejo de mostrar de onde são de reforçar a sua origem a Verdadeiro b Falso Para pensar o planejamento e a avaliação na EJA é importante desconsiderar a diferençasdiversidade a Verdadeiro b Falso Verifique seu aprendizado realizando este Exercício no Ambiente Virtual de Aprendizagem EXERCÍCIO 7 1 Assinale a alternativa correta O trabalho de planejamento e organização do ensino na modalidade educação de jovens e adultos EJA tem um forte componente a Social político e educacional b Linguístico arcaico artesanal c Racional conservador tecnicista d Formativo tecnicista conteudista 2 Associe as duas colunas 1 Avaliação Formativa por meio da aprendizagem que será identificado quais conhecimentos deverão ser retomados e ainda quais práticas pedagógicas deverão ser redimensionadas 2 Avaliação Diagnóstica imprescindível que o educando seja informado sobre os critérios estabelecidos os objetivos a serem alcançados os instrumentos a 76 wwwvirtualucdbbr 0800 647 3335 serem utilizados 3 Avaliação Democrática a aprendizagem ocorrerá de acordo com o progresso obtido pelos educandos considerando as atividades propostas sabendo interpretar o erro e o considerando como manifestação de um processo em construção dessa forma aprendendo com o erro a 2 1 3 b 1 3 2 c 3 2 1 d 3 1 2 e 2 3 1 3 A Proposta Pedagógica Específica à Educação de Jovens e Adultos deve a ser a Progressista e libertadora b Interacionista e democrática c Progressista e conservadora d Positivista e tecnicista Verifique seu aprendizado realizando este Exercício no Ambiente Virtual de Aprendizagem ATIVIDADE 51 Com base nos estudos realizados durante a disciplina Educação de Jovens e Adultos observamos que o professor é aquele que a partir da realidade vivenciada com os seus educandos é capaz de aprender os conhecimentos necessários a serem adquiridos e transpôlos em ensinamentos Assim é necessário também saber avaliar o processo de aprendizagem para aperfeiçoar o processo de ensino Partindo deste pressuposto construa um texto de no máximo 1 lauda opinando sobre avaliação em sala de aula na EJA Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa