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Filosofia 3 7º ano do Ensino Fundamental Filosofia 4 Elementos fundamentais da filosofia de Platão P latão 428 aC 347 aC foi um filósofo da Grécia Clássica discípulo de Sócrates e a principal fonte de propagação do pensamento socrático Dentre suas obras destacamse A República Apologia de Sócrates e O Banquete Nascido em Atenas aproximadamente em 428 aC Platão pertencia a uma família nobre recebeu educação especial música leitura escrita poesia e envolveuse com o atletismo e com os Jogos Olímpicos durante sua juventude Inicialmente interessavase pela vida pública e quis seguir carreira política Porém ao conhecer Sócrates e tornarse seu discípulo acabou encantando se pelo seu modo de pensar e pela importância que ele dava para o conhecimento e para as virtudes humanas construindo uma relação de admiração e amizade com o mestre Assim quando houve a condenação de Sócrates e posteriormente a sua morte Platão desistiu da política opondose à democracia ateniense abandonou a cidade e passou a dedicarse à filosofia Saiba mais Fig41 Fig42 A morte de Sócrates do pintor francês JacquesLouis David 1787 A obra pintada para um mecenas mecenas eram burgueses ricos da época do Renascimento que patrocinavam o trabalho de artistas e escritores em busca de glória e prestígio mostra Sócrates na prisão sendo visitado pelos seus discípulos pouco antes de tomar o veneno O tema da obra foi escolhido pelo patrono de David mas fica claro o interesse do autor na mistura de coragem e autossacrifício presentes na história do filósofo grego O gesto e a pose rigorosos de Sócrates fazem contraste direto com os personagens desfalecidos que o cercam O pintor utiliza toques de luz e sombra para ressaltar o movimento além de banhar o protagonista da cena com uma luz divina Para realizar a obra David se inspirou na história de Sócrates contida no Fédon um dos diálogos de Platão Além disso o pintor consultou eruditos e complementou a obra com interpretações pessoais Por isso a cena é ambientada em uma sala em estilo romano e o número de discípulos é menor do que de fato ocorreu Platão entretanto é representado na pintura apesar de não ter presenciado a morte de seu mestre Detalhes da obra 1 No corredor Apolodro um dos discípulos de Sócrates aparece encostado na parede do corredor da imagem Há relatos de que Sócrates pediu a Apolodro que fosse embora pois ele estava muito nervoso e transtornado com a morte próxima de seu mestre É possível observar que o pintor retratou esse discípulo como um ser em absoluto sofrimento e tristeza 2 A posição de Sócrates na obra Socrátes é retratado com o braço levantado para cima pois ele passou as últimas horas de sua vida debatendo com seus discípulos sobre a questão da imortalidade da alma Ele se senta casualmente segurando distraído o copo de veneno deixando claro como ele estava tranquilo em relação ao seu iminente fim 3 Platão sentado na beira da cama Na verdade Platão não estava presente na hora da morte de seu mestre mas mesmo assim o pintor da obra retratao na cena A ideia transmitida é de que Platão é o único a reagir à tragédia com a mesma dignidade do mestre imóvel à beira da cama com o olhar distante de toda a dramaticidade da situação A cabeça do discípulo está curvada perdida em pensamentos enquanto contempla o destino Sócrates 4 Homem tocando o joelho de Sócrates Crito um dos discípulos mais próximos do filósofo é retratado segurando o joelho de seu mestre prestando absoluta atenção a tudo o que ele diz Há relatos de que Crito tentou convencer Sócrates a fugir Durante 12 anos Platão conheceu outras regiões aprendendo aprimorando e consolidando teorias e modos de entendimento da vida e aprofundou os ensinamentos de Sócrates Ao retornar a Atenas com 40 anos fundou a Academia onde seus discípulos reuniamse para discutir filosofia geometria matemática e ciências Nela era estimulada a fé na razão e na virtude Platão faleceu em 347 aC porém sua escola só foi fechada em 529 pelo imperador romano Justino Platão escreveu muitas obras compostas por suas teorias as quais foram únicas porém influenciadas pelos ideais socráticos Além disso ele foi essencial para manter vivos os ensinamentos de seu mentor uma vez que Sócrates não produziu nenhum escrito sobre seus conhecimentos Desse modo Platão redigiu os conceitos e as histórias em forma de diálogos com o mestre para assim poder compartilhar suas falas ao longo das eras Platão empenhouse nas mudanças na educação formulando teorias até utopias de como melhorar o ensino sempre considerando a sua importância para a construção de uma sociedade harmônica Sua obra referência para inúmeras correntes filosóficas tem importância até hoje Podemos por exemplo perguntar Será que a morte é realmente o fim de tudo Para Platão não A morte para o discípulo de Sócrates é algo essencial porque ela permite que a nossa alma seja vista de forma diferente de como se vê a matéria o nosso corpo Desse modo é possível ao ser humano buscar o verdadeiro conhecimento estando livre em sua forma mais pura De acordo com ele devemos entender a morte com racionalidade e serenidade pois é a positividade do pensamento que nos prepara para ela Além disso segundo o filósofo a morte não encerra a nossa existência apenas liberta a nossa alma para o conhecimento amplo e livre Filosofia 4 Volume 2 41 O mundo sensível e o mundo das ideias O pensamento platônico é rico em teorias e em estudos porém aprofundaremonos apenas em alguns pontos de sua filosofia como a teoria das formas que sofreu influência direta de dois filósofos présocráticos Heráclito e Parmênides Relembrando Heráclito e Parmênides Heráclito de Éfeso 540 aC 470 aC sua filosofia defende a contínua transformação de tudo no mundo inclusive do homem Diz que o estático é aparente e que nada permanece idêntico Acredita que o mundo é impulsionado por forças opostas contraditórias Para esse filósofo a mudança é vista como constante em todo o universo É dele a frase famosa Não se pode entrar no mesmo rio duas vezes A ideia de Heráclito é que tudo absolutamente tudo está sempre em constante transformação Parmênides de Eleia 510 aC 470 aC sua filosofia defende que o ser é único imutável infinito e imóvel Diz que o movimento é aparente e que o ser é sempre idêntico a si mesmo Acredita na inteligibilidade do ser ou seja que não é realidade aquilo que ele não consegue pensar Uma frase muito conhecida de Parmênides é O ser é o não ser não é ou seja para ele o movimento a transformação é uma questão aparente ilusória pois todo ser é imutável se não consegue ter uma ideia do que a coisa é não pode pensála e o que não pode ser pensado não é ser Fig43 De que forma se deu essa influência Platão acreditava na teoria das formas que afirma haver dois mundos dualismo o mundo sensível e o mundo das ideias O primeiro mundo relacionase com o pensamento de Heráclito uma vez que corresponde a tudo o que há ao nosso redor ou seja toda a matéria que é mutável e contraditória Já o mundo das ideias assemelhase de Parmênides pois para ele o ser é único imutável idêntico a si mesmo infinito e totalmente inteligível Elementos fundamentais da filosofia de Platão 5 7º ano do Ensino Fundamental O mundo sensível é o da matéria das imagens e das opiniões De acordo com Platão a natureza desse mundo é imperfeita uma vez que não é capaz de manter a identidade dos estados Tudo muda a todo instante assim só nos chega a aparência das coisas Nesse mundo a realidade é aparente pois percebemos as coisas por meio dos nossos sentidos Podemos considerar um cachorro e consequentemente pensá lo em épocas diferentes da vida como filhote como adulto ou já na velhice Ele está sempre em mudança E além disso podemos imaginar várias raças de cachorro labrador beagle maltês pastoralemão etc Isto é a ideia de um cachorro possui uma enorme multiplicidade pois o mundo sensível é mutável múltiplo e imperfeito Aqui a matéria está sujeita a alterações contínuas coerentemente com a ideologia de Heráclito ao contrário de Parmênides que vê esse mundo como uma mera ilusão Quando pensamos em um cachorro nós o imaginamos com formas variadas entretanto sempre será um cachorro independentemente de suas peculiaridades Essa noção do animal como algo único imutável perfeito e essencial é a que corresponde ao mundo das ideias Nessa esfera Platão declara que as formas as essências as verdades absolutas os seres autênticos estão como realmente são O mundo das ideias não engloba apenas o ideal de cachorro mas também o das Fig44 Fig45 virtudes como o amor a justiça a amizade a beleza os ideais invisíveis aos sentidos e que não estão em constante movimento ao contrário são permanentes Essa realidade conforme o filósofo só pode ser alcançada por meio da inteligência só o conhecimento racional é capaz de levar às causas verdadeiras uma vez que os órgãos dos sentidos nos levam apenas à aparência das coisas Segundo Platão o mundo sensível é uma imitação imperfeita do que há no mundo das ideias quer dizer o que existe no mundo material é apenas uma cópia do que é inteligível tornandose imperfeito Consequentemente ele afirma que é papel da filosofia denunciar as cópias imperfeitas presentes no mundo sensível que nada mais são que aparências copiadas do mundo das ideias perfeitas Esse processo ocorre por meio da dialética platônica que é um método de pensamento e linguagem fundado no diálogo e que vai levando gradativamente à compreensão racional de que o mundo sensível demarcado por contradições sensíveis deve ser superado Filosofia 6 Volume 2 DIALÉTICA PLATÔNICA Em grego a palavra dia quer dizer dois duplo o sufixo lética derivase de logos e do verbo legin A dialética como já vimos é um diálogo ou uma conversa em que os interlocutores possuem opiniões opostas sobre alguma coisa e devem discutir ou argumentar de modo a passar das opiniões contrárias à mesma ideia ou ao mesmo pensamento sobre aquilo que conversam Devem passar de imagens contraditórias a conceitos idênticos para todos os pensantes CHAUI Marilena Convite à Filosofia São Paulo Ática p 181 42 Alegoria da Caverna P ara tentar ilustrar o mundo sensível e o mundo das ideias Platão utilizou Alegoria da Caverna ou Mito da Caverna que nos apresenta um pouco da visão do filósofo a respeito da realidade em que vivemos Nesse mito originalmente apresentado em forma de diálogo o filósofo usa a caverna como representação do mundo sensível por conta da ilusão contradição e imperfeição associada a esse mundo Ademais relaciona o sair da caverna e o contato com a luz externa do Sol com o mundo inteligível ou seja o mundo das ideias que já não corresponde mais a uma realidade de sombras mas sim a um mundo de verdades Alegoria da Caverna Suponha que existem seres humanos mantidos acorrentados em uma caverna durante toda a vida Esses indivíduos têm o corpo preso de tal maneira que são obrigados a permanecer no mesmo lugar olhando fixamente para o fundo da caverna O ambiente é iluminado apenas por um fogo que queima a certa distância dos prisioneiros Entre eles e o fogo existe um tapume ou muro atrás do qual passam pessoas erguendo objetos como estatuetas de animais de homens etc As sombras desses objetos são projetadas pela luz do fogo no fundo da caverna Nessa situação os prisioneiros pensam que as sombras são objetos verdadeiros e a única realidade Na hipótese de que um deles fosse solto e explorasse a caverna talvez sentisse em um primeiro momento certo incômodo A luz do fogo ofuscando sua visão impediria que ele olhasse diretamente para os objetos cujas sombras são projetadas no fundo Talvez pelo desconforto e pelo estranhamento o indivíduo livre supusesse que as sombras fossem mais reais do que os objetos agora observados Fig47 Fig46 Elementos fundamentais da filosofia de Platão 7 7º ano do Ensino Fundamental Se o arrastassem para fora da caverna seus olhos doeriam em contato com a luz do Sol Seria necessário um tempo para que ele se habituasse ao mundo fora da caverna e pudesse apreciar a verdadeira realidade Primeiro ele olharia as sombras ou os reflexos das coisas e dos seres da natureza Em seguida observaria as próprias coisas e seres E finalmente poderia contemplar diretamente o Sol e perceber que ele determina a mudança das estações é a referência para a criação de nosso calendário e torna possível percebermos todo o mundo visível MELANI Ricardo Encontro com a Filosofia 2 ed v 6 p 93 Exercícios de sala 1 Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio pois quando nele se entra novamente não se encontram as mesmas águas e o próprio ser já se modificou Essa frase pertence a qual dos pensadores que influenciaram a teoria de Platão Justifique 2 Após a análise dos conteúdos sobre a filosofia platônica podese inferir que a realidade suprassensível que está além dos sentidos alicerçada sob preceitos racionais corresponde ao que para Platão seria o mundo inteligível Dê sua opinião acerca das diversas formas de se enxergarem as situações e eventualidades do cotidiano 3 A partir da analogia relação de semelhançacomparação feita por Platão no Mito da Caverna entendese que os mecanismos comparativos da narração esboçam sinteticamente sua filosofia Nela reafirmase a tese de que não há uma realidade única e inflexível no mundo há no entanto uma multiplicidade de opiniões e maneiras de entender os acontecimentos cotidianos Identifique qual a comparação utilizada por Platão para referirse à alienação das pessoas ao entenderem o mundo de uma única forma e exemplifique com alguma situação atual Texto I Filosofia 8 Volume 2 Texto II 4 Analise a tirinha e a charge acima e discorra a respeito da relação entre os dois textos e a Alegoria da Caverna de Platão 5 ENEM Para Platão o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo Lenta mas irresistivelmente a Doutrina das Ideias formavase em sua mente ZINGANO M Platão e Aristóteles o fascínio da filosofia São Paulo Odysseus 2012 Adaptado O texto faz referência à relação entre razão e sensação um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão 427 aC346 aC De acordo com o texto como Platão se situa diante dessa relação a Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas b Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles c Atendose à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis d Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento mas a sensação não e Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão Exercícios propostos 6 Faça uma pesquisa sobre quem foi o Demiurgo na filosofia platônica Elementos fundamentais da filosofia de Platão 9 7º ano do Ensino Fundamental 43 A capacidade do homem de conhecer e controlar suas emoções P latão deu grande ênfase à educação Para ele era impossível construir uma comunidade com jovens corrompidos isto é que não foram devidamente educados para viverem em uma harmonia social Dessa forma o filósofo considerou um modelo utópico de organização pública que levava em conta a formação correta de acordo com os seus ideais dos jovens desde tenra idade Platão acreditava na tripartição da alma ou seja que o comportamento humano é derivado de três fontes desejo emoção e conhecimento A primeira relacionada aos nossos impulsos e apetites resulta em cobiça e gera homens de negócios que se envolvem com artesanato comércio e indústria A segunda fonte associada à emoção à ambição e à coragem desperta homens combativos que se identificam com o poder e com os campos de batalha sendo esses os componentes de exércitos A última fonte referente ao intelecto e à razão gera homens que apreciam a meditação e a compreensão os quais se tornam filósofos seres de sabedoria Fig48 Alma Elemento Racional Elemento Emocional Elemento Sensual Corpo Alma Elemento Emocional Elemento Sensual Corpo Essa divisão no comportamento do ser humano é o que para Platão deveria definir os lugares sociais de cada indivíduo na comunidade Por exemplo como as primeiras personalidades possuem características de negociantes é no comércio que deveriam atuar Assim acontece com os que têm qualidades de guerreiros cabendo a eles participar das forças armadas dessa sociedade E por fim aqueles que se dedicam ao conhecimento seriam os homens ideais para o governo Essa lógica platônica configura um sistema político conhecido como sofocracia de sophrosine virtude da moderação o qual crê que o regime ideal seria aquele em que os mais sábios ou seja os filósofos governassem Platão defende na teoria de tripartição da alma que todos os indivíduos carregam em si as três forças todavia em graus de intensidade diferentes Desse modo a educação ideal permite aos jovens se desenvolverem e perceberem as suas qualidades identificando o seu lugar correto na sociedade Além disso o filósofo relaciona essas divisões do comportamento humano a regiões do próprio corpo utopia sf Local ou situação ideal onde tudo é perfeito O substantivo utopia vem das palavras gregas ou e topos que significam sem lugar Referese especialmente a um tipo de sociedade com uma situação econômica e social ideal Frequentemente a palavra é empregada para designar sistema ou planos de reformas considerados pouco práticos ou irrealizáveis Filosofia 10 Volume 2 o desejo tem o centro no baixo ventre parte concupiscível do corpo a emoção tem o centro no coração parte irascível e o conhecimento tem o centro na cabeça parte racional Essa imagem representa a divisão da alma para Platão Os filósofos são representados pelo cocheiro aquele que doma e guia os animais o primeiro cavalo simboliza os guerreiros que possuem obediência e o segundo cavalo corresponde aos comerciantes que agem de acordo com seus instintos No pensamento platônico o controle dos instintos e das emoções por meio da razão e do conhecimento é o papel da filosofia Cabe aos filósofos fornecerem as orientações necessárias para a vida harmônica Pensemos será que apenas alguns podem governar enquanto outros estão fadados a ser apenas atletas guerreiros ou comerciantes para sempre O que você pensa a respeito disso Há pessoas que por terem mais facilidade em liderar sempre precisarão ter a função de líder Alguém que não tem muito talento para lutar jamais poderá se especializar em alguma atividade que o leve a desenvolver habilidades físicas Há pessoas que de fato nasceram apenas para obedecer e nunca poderão ser protagonistas da própria história Como você enxerga todas essas questões Pense alguns minutos a respeito disso e tente se lembrar de algum filme a que você assistiu no Fig49 qual algum personagem apesar de parecer uma pessoa comum sem grandes talentos conseguiu buscar força dentro de si mesmo e mudou sua própria realidade resolvendo desafios enfrentando situações antes tão distantes e impossíveis O que faz com que o ser humano possa se superar a cada dia e não aceitar ser tachado eternamente de perdedor fraco incapaz Platão assim como Sócrates seu mestre já dizia há séculos que nossa alma é capaz de buscar o verdadeiro conhecimento pois é distinta do corpo físico Ela nos dá o direcionamento de tudo se quiser é capaz de buscar a liberdade mesmo que haja um aprisionamento temporário em nossa vida Pense nisso A seguir há uma metáfora indiana muito interessante utilizada para representar este conhecimento e exemplificar o que acontece com nossa mente Leiaa com atenção e tente relacionála a tudo o que dissemos até aqui O ser humano é como uma carruagem puxada por cinco cavalos Os cavalos são nossos sentidos a carruagem nosso corpo o cocheiro nossa mente que controla a força dos sentidos para irmos na direção que o passageiro nosso espírito e dono da carruagem deseja Se deixarmos os cavalos sem controle eles poderão ir a destinos que não nos interessam e a carruagem nosso corpo sofrerá na viagem Se a inteligência é bem treinada ao autoconhecimento e discernimento ela estará apta para controlar os cavalos dos sentidos através da ajuda da prática espiritual e do desapego as duas rédeas da mente O cocheiro deve manter as rédeas o tempo todo sob seu controle de outra maneira os cavalos dos sentidos irão conduzi lo para dentro da infelicidade e dos caminhos perniciosos da vida Disponível em httpbuscadaessenciablogspotcom200904mentehumanaemetaforahtml Acesso em 02 jan 2019 Elementos fundamentais da filosofia de Platão 11 7º ano do Ensino Fundamental Exercícios de sala 7 De acordo com a teoria de Platão a distribuição dos cargos na pólis grega deve se dar por meio de parâmetros preestabelecidos como qualidades específicas de cada indivíduo Assim qual o significado de sofocracia ou governo dos sábios para esse filósofo 8 Para Platão a capacidade de governar provém da razão Você concorda com a ideia de que esse é o fator fundamental para o governo da pólis grega Justifique sua resposta 9 Indique um personagem de desenho animado série ou filme para cada uma das personalidades a seguir a Alma concupiscível comerciante b Alma irascível militar c Razão filósofo ou governante 10 Relacione a filosofia platônica com o título deste tópico A capacidade do homem de conhecer e controlar suas emoções 11 Observe a imagem a seguir e de acordo com os estudos feitos anteriormente identifique o que representam o cavalo o passageiro a carruagem e o cocheiro Filosofia 12 Volume 2 44 O autocontrole e a autodisciplina C omo já foi dito Platão acreditava que os mais sábios deveriam governar a pólis sendo os mais aptos para esse ofício uma vez que se dedicavam ao conhecimento e à razão Diante disso percebese o valor que esse pensador destina ao alcance da razão qualificandoa como necessária para que um filósofo oriente um espaço público e ascenda ao mundo inteligível à verdadeira realidade O autocontrole ou inteligência emocional é outro viés que se relaciona ao incentivo do uso da razão pois ele objetiva que a pessoa domine seus impulsos e sentimentos Mediante a conquista do autocontrole o sujeito que está no comando de seu interior impede que o ambiente influa sobre ele de forma negativa Essa qualidade é coerente com as características de um líder assim como Platão considera que os filósofos são Porém o autocontrole não se restringe exclusivamente à aplicabilidade da razão pois ele consiste em ponderar o modo de agir diante de situações específicas Para ser uma pessoa autocontrolada é necessário trabalhar muito internamente buscar ser menos reativa Uma forma de se entender o autocontrole é imaginar que em nós há duas instâncias a razão e a emoção e que devemos discernir qual delas vamos alimentar em cada contexto de nossa vida Você já percebeu que existem momentos em que podemos e devemos extravasar nossas emoções chorando gritando rindo cantando Há também ocasiões em que preferimos nos conter utilizando nosso lado racional para dominar nossos impulsos e esperar uma circunstância melhor para expressar nossos sentimentos Você sabia que existem algumas formas de alimentar e exercer o autocontrole Meditar ler assistir a filmes praticar exercícios fazer coisas que nos trazem tranquilidade são excelentes para nos trazer o controle necessário em determinadas situações Fig410 Fig411 Elementos fundamentais da filosofia de Platão 13 7º ano do Ensino Fundamental Ao pensarmos em autocontrole podemos ponderar sobre outro conceito que se conecta a ele a autodisciplina uma vez que ambos se referem à prática de poder sobre nós mesmos nossos instintos e desejos Enquanto o autocontrole permitenos organizar melhor nossa razão e nossa emoção as duas instâncias supracitadas a autodisciplina é uma forma eficiente de nos levar a alcançar nossos objetivos já que mediante o domínio de nossas vontades conseguimos priorizar nossas obrigações e conquistar o que almejamos mais facilmente A autodisciplina apresenta características como comprometimento responsabilidade busca pelo equilíbrio e reflexão sobre a importância da autocobrança para o alcance dos nossos objetivos A capacidade de impor disciplina a nós mesmos portanto pressupõe que conhecemos as nossas dificuldades e sabemos aonde queremos chegar Imagine que você tenha uma prova muito difícil de um conteúdo em que você não tem facilidade e que tenha outras coisas muito divertidas para fazer como assistir a um filme jogar sair com amigos Nesse contexto é preciso ter autodisciplina para analisar o que é prioritário organizar o tempo e conseguir fazer o necessário a fim de alcançar essa prioridade e ter as atitudes favoráveis para tal conquista Complementando o valor de autodisciplina o autocontrole é essencial nessa situação visto que ele nos auxilia a manter o que foi planejado por nós não nos deixando fraquejar diante de fatores externos como a preguiça ou um lançamento de filme na Netflix Exercícios de sala 12 Relacione o conceito de autocontrole com o pensamento platônico 13 Relacione o conceito de autodisciplina com o pensamento platônico 14 Dê três exemplos de como praticar a autodisciplina em casa na escola e na sociedade em geral 15 Podemos associar autocontrole com autodisciplina Se sim de que forma 16 A ação de dizer não pode ser relacionada com os conceitos abordados anteriormente Justifique Filosofia 14 Volume 2 Exercícios propostos 17 Faça uma programação de sua rotina por um prazo de quinze dias anote tudo o que quer conseguir nesse período Atente para os horários as metas estabelecidas os sentimentos que tomam conta de você ao realizar essa programação Dia O que me propus a fazer O que fiz 18 No final desse período faça um pequeno relatório no espaço abaixo explicando como foi vivenciar sua autodisciplina e seu autocontrole Capriche Elementos fundamentais da filosofia de Platão 15 7º ano do Ensino Fundamental 5 Conhecendo a filosofia de Aristóteles A alegria que se tem em pensar e aprender faznos pensar e aprender ainda mais Aristóteles A ristóteles 384 aC 322 aC outro grande filósofo grego foi aluno de Platão e professor de Alexandre o Grande Sua filosofia é rica em tantos conteúdos que por dois mil anos Aristóteles foi denominado o filósofo Suas obras mais célebres são Ética a Nicômaco Política Organon e Retórica das paixões Nascido em Estagira no ano de 384 aC estudou na Academia de Platão e logo se tornou seu aluno favorito Assim como seu professor elaborou também um sistema filosófico que engloba diversas frentes de estudo a lógica a geometria a física a metafísica a astronomia a medicina a psicologia a ética a retórica a matemática e outras ciências No entanto seus pensamentos eram distantes das doutrinas de seu mestre Como vimos anteriormente Platão defendia a existência do mundo sensível e do mundo das ideias sendo este o verdadeiro e o que deve ser almejado A teoria aristotélica enxergava apenas um mundo o qual não é estritamente ilusório a matéria e a essência coexistem nessa esfera Aristóteles fundou um centro acadêmico que chamou de Liceu onde ensinava assuntos múltiplos Seus alunos ficaram conhecidos como peripatéticos Aristóteles morreu em 322 aC deixando um legado singular e tornandose influência para diversos pensadores no decorrer da história Ele é tido como pai da lógica e promotor da retórica Saiba mais Peripatético é uma palavra grega que significa ambulante ou itinerante Aristóteles tinha o hábito de ensinar caminhando ao ar livre por sob os portais cobertos do Liceu conhecidos como perípatoi ou sob as árvores que o cercavam O Liceu era formado por biblioteca laboratórios salas de conferências e algumas residências O grande número de obras que possuía levou à criação de princípios de classificação bibliotecária tornandose uma grande contribuição literária Finalidades da educação peripatética defender que a função principal da educação era conduzir o homem à felicidade guiar o homem ao longo da vida com o ensino de conceitos úteis e necessários à vida prática ensinar a virtude moral e do bom caráter que segundo Aristóteles não eram inatas ao ser humano Fig51 Filosofia 16 Volume 2 Conteúdo do ensino peripatético Os cursos da manhã destinados a um grupo menor de discípulos mais adiantados tratavam de temas abstratos como lógica física e metafísica À tarde havia cursos populares destinados ao público em geral como retórica política e literatura 51 O caminho do meio para Aristóteles para a filosofia e para religiões orientais Fig52 temperança qualidade de quem modera os apetites as paixões sobriedade ACADEMIA Brasileira de Letras Dicionário Escolar da Língua Portuguesa São Paulo Companhia Editora Nacional p 1 228 Ampliando o vocabulário A temperança é uma virtude fundamental na filosofia aristotélica pois personifica o que o filósofo chama de caminho do meio ou justa medida mediania Essa teoria consiste no distanciamento de extremos mostrando que há entre eles a qualidade do meio uma virtude Um exemplo clássico que ilustra essa ideia é a covardia e o arrojo atrevimento Aristóteles consideraos igualmente ruins e coloca como sábio aquele que encontra o intermediário entre eles a coragem O mesmo ocorre com a avareza e a extravagância que têm a liberdade como mediador com a rabugice e a palhaçada entre eles há o bom humor com a bagunça e a neurose entre as quais há a disciplina etc O filósofo propõe a necessidade de encontrar um equilíbrio entre o insuficiente e o excessivo julga os extremos como vícios e o caminho do meio como virtude No entanto não é tão simples achar esse caminho pois ele não é uma medida matemática exata que funciona igualmente para todas as pessoas Aristóteles defende que como todos somos diferentes para cada um esse caminho também será distinto e que devemos por nós mesmos encontrar o meio ideal favorável para o alcance de nossa própria evolução Segundo o filósofo não existe uma forma de conquistarmos a justa medida do dia para a noite A excelência provém do hábito e do treinamento e leva uma vida de autodisciplina e autocontrole para que esse equilíbrio seja conquistado Conhecendo a filosofia de Aristóteles 17 7º ano do Ensino Fundamental A excelência então não é um ato mas um hábito o bem do homem é a alma trabalhar no caminho da excelência uma vida inteira porque assim como uma andorinha só ou um único dia bonito não faz verão não é um único dia ou um curto espaço de tempo que torna um homem abençoado e feliz DURANT Will A História da Filosofa Rio de Janeiro Nova Cultural 1996 p 91 A grande dificuldade dos homens sobretudo dos jovens é sair dos extremos Por angústia e emergência de correção eles partem usualmente de um extremo a outro enxergando o ponto antagônico como melhor do que aquilo que presenciam Por exemplo uma pessoa que fala demais e se frustra com o exagero de suas palavras não objetiva diminuir gradualmente o que diz até chegar a uma posição de fala sensata mas sim almeja obter uma discrição total de uma hora para outra O certo seria de acordo com Aristóteles que as pessoas se tornassem conscientes da situação em que estão inseridas e percebessem que o caminho do meio a justa medida é o mais seguro e o que traz maiores realizações rumando portanto para ele Corrupção Deficiência Excesso Integridade Continuum das Virtudes Discernimento Amor Respeito Humildade Diligência Temperança Coragem Tolice Egoísmo Negligência Soberba Preguiça Licensiosidade Covardia Legalismo Farisaísmo Permissividade Idolatria Compulsão Laboral Rigidez Imprudência Autodegradação Exercícios de sala 1 Diferentemente de Platão Aristóteles acreditava que os sentidos são um mecanismo eficaz de obtenção de conhecimento e não um engano ou uma ilusão Sendo assim explique a experiência sensível é algo importante para Aristóteles Explique Filosofia 18 Volume 2 2 Defina o que é justa medida para Aristóteles 3 De acordo com Aristóteles existe uma única forma de alcançar as virtudes 4 Ilustre uma situação em que temos que escolher o caminho do meio sejam quais forem os extremos Exercícios propostos 5 Vamos continuar a nossa tarefa de avaliar nosso comportamento frente às ocorrências diárias anotando tudo o que for relevante por quinze dias Agora é preciso observar quais são os nossos extremos o que fazemos mais É preciso também de certa forma encontrarmos o meiotermo para melhorar o equilíbrio de nossa vida Após a observação desse faça um relatório em seu caderno de Filosofia 52 Budismo A impermanência a transitoriedade o vazio Muitos ocidentais parecem achar o budismo assustador Por quê Porque a maioria das pessoas navega pela vida em busca de algum farol externo que possa conduzilas a um porto seguro Elas buscam um chão firme mas mesmo assim naufragam nos baixios da vida e terminam dentro dágua A esta altura já é tarde demais para o farol Elas precisam de alguém que lhes lance altura já é tarde demais para o farol Elas precisam de alguém que lhes lance uma boia Você não pode convencer uma pessoa que se afoga que a boia está dentro Fig53 Conhecendo a filosofia de Aristóteles 19 7º ano do Ensino Fundamental dela O budismo nos torna conscientes da impermanência de todos os fenômenos carreiras casamentos famílias identidades casas carros fortunas sonhos de riqueza Nada é seguro ou sólido Assim a busca de um porto seguro assemelhase à busca pela felicidade Ela não pode ser concretizada Paradoxalmente talvez você só encontre o porto seguro dentro de você depois que tiver concluído que não existe porto seguro fora de você Pior ainda o budismo também ensina a você a experimentar a natureza transitória desses fenômenos Eles não apenas são impermanentes como também não têm existência contínua Assim como partículas quânticas luzes de néon e páginas da internet eles vão e vêm Algumas coisas parecem permanecer mais do que outras no espaço e no tempo uma pedra dura mais do que uma rosa mas isso é somente porque a pedra muda mais vagarosamente do que a rosa Nenhuma das duas é matéria sólida qualquer pessoa pode aprender isso com a física Ambas estão indo e vindo na existência qualquer pessoa pode aprender isso com o budismo É difícil para nós percebermos o espaço vazio que compõe a maior parte da pedra Entretanto nós humanos somos singularmente dotados para experimentar o vazio entre nossas percepções momentâneas da pedra Se você assiste a um filme o seu sistema perceptivo deixa você continuamente malinformado sobre a descontinuidade O olho humano não consegue distinguir mais de 24 quadros por segundo qualquer coisa maior parece contínua mesmo que seja apenas uma sequência discreta de imagens Se você olhar para a película do filme ou para o próprio arquivo digital verá uma sequência de imagens paradas cada uma ligeiramente diferente da anterior O que existe entre elas Nada Niente Rien Vazio total Entretanto sem o vazio entre os quadros não haveria quadros Assim as partes não existentes e imperceptíveis do filme são essenciais para as partes existentes e perceptíveis Cada quadro vai e vem da existência transitória e mesmo assim juntos parecem contar uma história contínua Onde está a aparente continuidade Onde está a história Na sua mente talvez mas não na película do filme Paradoxalmente a maior parte das pessoas tem horror ao nada Contudo nada e tudo são complementos O universo substancial parece ter emergido do nada e a maior parte da energia contida no universo é atualmente inacessível para nós pois se encontra armazenada no vácuo cósmico Assim embora tudo esteja vazio é a partir desse vazio que brota a plenitude E do vazio da sua natureza Buda brota a compreensão infinita e a compaixão inesgotável Para estar em contato com seu vazio você deve contudo ter vontade de assumir a responsabilidade de enxergar através da charada da plenitude da permanência da continuidade da segurança da solidez MARINFF Lou O Caminho do Meio Rio de Janeiro Record p 110 111 Nas tradições orientais o caminho do meio é muito presente porém sofre alterações e adaptações de acordo com o contexto a doutrina e os dogmas de cada crença em que está inserido Estudaremos agora um pouco sobre o caminho do meio pela visão budista O Budismo é uma filosofia indiana milenar iniciada por Sidarta Gautama Buda que visa ao alcance da paz interior O fundador dessa forma de ver o mundo Buda foi extremista em momentos diferentes de sua vida Na juventude por ser filho do rei possuía uma condição social e econômica alta vivendo luxuosamente Após seu primeiro contato com pessoas em uma situação contrária à sua decidiu abrir mão do seu antigo modo de vida e renunciar a todo bem material que detinha Viveu como mendigo e errante sem posses acreditando que essa seria a maneira de alcançar seus objetivos Assim experimentou os dois extremos o luxo e a miséria Percebeu por fim que tanto viver sob a ilusão da riqueza quanto sob as mazelas da pobreza resulta em sofrimento Sendo assim o caminho do meio para Buda é evitar os extremos por meio do exercício da moderação e da busca pelo equilíbrio Para ele ao alcançar esse equilíbrio o ser humano é capaz de compreender o seu próximo e as diferenças entre si e o outro Dessa forma é possível se tornar menos egoísta e mais hábil para praticar a compaixão pelo sofrimento alheio Filosofia 20 Volume 2 Saiba mais Buda é uma figura histórica e a 9ª encarnação de Vishnu A concepção dele lembra muito o ocorrido no cristianismo sua mãe sonhou com um elefante branco segurando uma flor de lótus na tromba Quando ele nasceu sua mãe o pariu pelo lado do corpo Brahma e outros deuses seguraram a criança que deu sete passos e começou a falar Em sua forma humana ele era o príncipe Gautama que vivia cercado de luxo e beleza Mas durante um passeio viu a dor a velhice e a doença abandonou o palácio e viveu sete anos na floresta meditando em busca da iluminação Certa vez sentouse sob uma figueira para entender o sofrimento Os deuses se alegraram no céu mas Mara o deus da morte e da sedução tentou distraílo sem sucesso Depois de 49 dias Gautama atingiu a iluminação e se tornou Buda o Iluminado Brahma então o incentivou a deixar a floresta e iniciar uma pregação O budismo que nasceu de uma costela do hinduísmo tornouse uma religião que se espalhou pelo sul da Ásia até chegar ao Japão Fig54 Vishnu responsável por proteger e conservar a ordem cósmica do Universo Quando vem ao mundo físico usa diversas formas chamadas avatares são seres humanos animais ou uma combinação entre os dois Sua consorte é Lakshmi deusa da prosperidade da riqueza e da beleza Ambos são muito populares entre os indianos Fig55 Brahma Parte da trindade maior hindu é o criador do Universo ou melhor dos muitos universos cíclicos Alguns relatos o apresentam surgindo do umbigo de Vishnu Outros apontam que apareceu de um ovo de ouro chamado Hiranyagarbha Fig56 Conhecendo a filosofia de Aristóteles 21 7º ano do Ensino Fundamental Mara é o oposto de Buda ou seja uma vez que Buda representa a iluminação Mara é a ilusão Isso é personificado como o demônio Mara que teria tentado impedir Siddhartha Gautama de alcançar a iluminação e também vive no interior de cada pessoa tentando mantêla adormecida na ilusão Maya do mundo Fig57 53 A busca da felicidade aristotélica E ntendemos que o caminho do meio é o processo de afastamento dos extremos e o encontro com um equilíbrio entre eles No entanto por que devemos nos dar o trabalho de sair dos vícios e nos esforçar para alcançar as virtudes Para Aristóteles a justa medida é o instrumento que nos leva à felicidade o que para ele é o maior objetivo da vida humana a sua finalidade Em Ética ele diz A felicidade é portanto a melhor a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo ou seja é possível para o autor sermos felizes nesta vida porém viver sob extremos nos afasta da derradeira felicidade De acordo com o filósofo todos nós temos propósitos na vida e sua realização é o que nos garante sermos felizes Ele defende ainda que possuímos a capacidade de conquistar esses propósitos porém necessitamos do desenvolvimento de nossas virtudes escolhendo o caminho do meio para que isso ocorra E para desenvolvêlas Aristóteles crê na necessidade de condições favoráveis para a prática da mediania como famílias conscientes e presentes culturas funcionais e sistemas políticos e econômicos eficientes Ou seja o progresso do nosso potencial e a possível conquista da felicidade dependem tanto de nossa própria vontade quanto de fatores externos a nós Por isso precisamos sempre buscar ambientes e pessoas em harmonia com nossos propósitos de vida para que a nossa caminhada em direção ao ser feliz seja mais fácil Então segundo a teoria aristotélica a finalidade da vida é ser feliz e para isso devemos desenvolver nossas virtudes as quais por sua vez resultam do nosso encontro com o caminho do meio e da fuga dos extremos da vida que são fundamentalmente vícios Desse modo podemos realizar nossos propósitos e alcançar a felicidade Diante disso pensemos que instrumento nos permite tudo isso e nos Fig58 Filosofia 22 Volume 2 permite sermos felizes Para Aristóteles a nossa felicidade depende da razão que para o autor se apresenta na conduta ética a partir da prudência ou seja a moral em Aristóteles está ligada a uma forma de ação fundada na ação racional e prudente no interior da cidade A nossa capacidade de raciocínio é o que garante nosso discernimento e nossas escolhas consentindonos concretizar nossos objetivos e sermos felizes A razão é a condição para a realização e consequentemente para a felicidade Mediante essa lógica o filósofo difere o ser humano dos outros animais Por que escolhemos a felicidade por ela mesma e nunca com vistas a qualquer coisa além dela ao passo que escolhemos a honra o prazer o intelecto porque acreditamos que através dessas coisas seremos felizes Aristóteles DURANT Will A História da Filosofia Rio de Janeiro Nova Cultural 1996 p 90 Saiba mais TEORIA DAS QUATRO CAUSAS DE ARISTÓTELES Aristóteles defende que tudo na natureza tem uma causa e ele buscou encontrar e explicar essas causas de maneira universal Ao investigálas concomitantemente investigou suas finalidades uma vez que a causa determina tanto o propósito dos elementos materiais quanto dos humanos Dessa forma Aristóteles formulou a teoria das quatro causas a qual afirma que tudo possui uma causa final uma eficiente uma formal e uma material As duas primeiras relacionamse com a ideia de transformação que é intrínseca a tudo as últimas dizem respeito à constituição dos seres Causa material matériaprima do que é feito o ser Ex madeira Causa formal essência forma do ser Ex cadeira Causa eficiente quem ou o que molda o ser Ex marceneiro Causa final objetivo finalidade do ser Ex sentar Qual seria a primeira causa de tudo que existe Para Aristóteles seria o Primeiro Motor a causa original de tudo correspondente ao que nossa cultura chama de Deus Com exceção do Primeiro Motor todos os outros seres humanos e materiais seguem a constituição das quatro causas Como pudemos observar para Aristóteles tudo o que existe no universo é matéria uma vez que tudo o que conhecemos é por meio de nossos sentidos Esse filósofo foi um importante estudioso em muitas áreas do conhecimento e não há como negar o quanto ele foi importante para o início dos estudos científicos ou seja aqueles baseados em experimentação observação comprovação e que acima de tudo estão estritamente ligados à racionalidade humana O conhecimento científico tem um caráter objetivo ele procura estabelecer regras gerais válidas para todas as experiências as quais necessariamente devem ser repetidas quantas vezes forem necessárias Esse tipo de conhecimento não se baseia na mera opinião ele busca as causas e os porquês dos fatos Uma das principais características Fig59 Final por quê Eficiente quem Formal como Material o quê Conhecendo a filosofia de Aristóteles 23 7º ano do Ensino Fundamental desse tipo de conhecimento o que o diferencia dos demais é o fato de que as experiências e constatações podem ser reproduzidas quantas vezes forem necessárias para se provar que a tese é verdadeira A fim de que uma tese científica tenha valor vários recursos são utilizados Não é possível encontrar a verdade científica sendo superficial aceitando resultados imediatos ou com pouca reflexão pelo contrário o cientista tem que se aprofundar muito em seu objeto de estudo para descobrir o maior número possível de informações sobre tal objeto E isso tudo foi experimentado há muito tempo por Aristóteles e seus discípulos pois esse filósofo sempre buscou por meio do mundo sensível não causar dúvida quanto às suas descobertas E você o que pensa a respeito da ciência Você considera que ela seja o caminho para se encontrar uma verdade temporária e confiável De que forma a ciência se estabelece em seu dia a dia Quais são as suas percepções sobre o mundo de hoje levando em consideração toda a contribuição do filósofo de Estagira Exercícios de sala 6 O que é felicidade para Aristóteles e como alcançála 7 Por que a razão é importante para que possamos ser felizes 8 A partir do que estudamos você acha que Platão concordaria com a possível conquista de felicidade neste mundo Por quê 9 Escolha qualquer elemento e identifique sua causa formal material eficiente e final 10 Mandala é uma palavra de origem sânscrita que significa círculo relacionada com a representação geométrica da relação entre o homem e o cosmo A sand mandala é uma tradição budista tibetana envolvendo a criação e destruição de mandalas feitas de areia colorida A mandala de areia é ritualisticamente destruída depois de ter sido concluída esse rito requer paciência e muita dedicação O Fig510 Filosofia 24 Volume 2 processo de criação das sand mandalas começa com o tingimento das areias com tintas que depois são aplicadas usando pequenos tubos funis e raspadores chamados chakpur Elas levam cerca de várias semanas para ficarem prontas devido à quantidade de detalhes e à maneira em que são criadas geralmente os monges trabalham em equipe começando do centro para fora A destruição de uma mandala de areia também é altamente cerimonial Os símbolos que representam as divindades são removidos em uma ordem específica junto com o resto da geometria até que a mandala se desfaça A areia é coletada em um frasco que é então transportado para um rio ou qualquer lugar com água em movimento onde é liberado de volta para a natureza Isto simboliza a impermanência da vida e do mundo Disponível em httpwwwviacosmoscombrsandmandalasviacosmos Seu professor colocará uma música tranquila enquanto você escolhe as cores para colorir a sua mandala Faça esse exercício com concentração e observe como a sua respiração faz parte da plenitude de tudo o que você busca em sua vida Fig511 Exercícios propostos 11 ENEM A felicidade é portanto a melhor a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos das coisas a mais nobre é a mais justa e a melhor é a saúde porém a mais doce é ter o que amamos Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades e entre essas a melhor nós a identificamos como felicidade ARISTÓTELES A Política São Paulo Cia das Letras 2010 Conhecendo a filosofia de Aristóteles 25 7º ano do Ensino Fundamental Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos Aristóteles a identifica como a busca por bens materiais e títulos de nobreza b plenitude espiritual e ascese pessoal c finalidade das ações e condutas humanas d conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas e expressão do sucesso individual e reconhecimento público 12 ENEM Se pois para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no interesse desse fim evidentemente tal fim será o bem ou antes o sumo bem Mas não terá o conhecimento porventura grande influência sobre essa vida Se assim é esforcemonos por determinar ainda que em linhas gerais apenas o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra Ora a política mostra ser dessa natureza pois é ela que determina quais as ciências que devem ser estudadas num Estado quais são as que cada cidadão deve aprender e até que ponto e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço como a estratégia a economia e a retórica estão sujeitas a ela Ora como a política utiliza as demais ciências e por outro lado legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras de modo que essa finalidade será o bem humano ARISTÓTELES Ética a Nicômaco ln Pensadores São Paulo Nova Cultural 1991 Adaptado Para Aristóteles a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que a o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses b o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade c a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade d a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente e a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum 54 Platão x Aristóteles O pintor renascentista Rafael Sanzio em sua obra Escola de Atenas ilustra a Academia de Atenas e retrata alguns personagens da filosofia clássica Se ampliarmos parte da pintura encontraremos Platão e Aristóteles professor e aluno discutindo sobre algo e perceberemos que o mestre aponta para cima e seu discípulo para baixo Essa ideia de Rafael visa a mostrar a diferença de pensamento entre esses filósofos Simbolicamente Platão aponta para cima em defesa do mundo das ideias onde se encontra a essência de tudo que existe as virtudes e os conhecimentos verdadeiros Dessa forma valoriza o Fig512 SANZIO Rafael Escola de Atenas 15091511 Filosofia 26 Volume 2 mundo inteligível e racional e restringe o mundo material à ilusão e à instabilidade como é ilustrado na Alegoria da Caverna Em contrapartida Aristóteles aponta para baixo pois advoga que a essência de tudo pode ser encontrada no plano material tanto as virtudes como a felicidade por meio do bom uso da razão Para ele só há um mundo o sensível mas que também é inteligível ele acredita na diferença e a multiplicidade dos seres não diminui o seu valor Exercícios de sala 13 Diferencie a filosofia de Platão e a de Aristóteles Com qual você mais se identifica 14 Há pontos em que podemos relacionar as teorias dos dois filósofos Quais 15 ENEM No centro da imagem o filósofo Platão é retratado apontando para o alto Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a a suspensão do juízo como reveladora da verdade b realidade inteligível por meio do método dialético c salvação da condição mortal pelo poder de Deus d essência das coisas sensíveis no intelecto divino e ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade Exercícios propostos 16 Pesquise na internet e descubra outros filósofos muito conhecidos e que foram retratados na obra A escola de Atenas de Rafael Sanzio Fig513 Detalhe de Escola de Atenas de Rafael Sanzio Conhecendo a filosofia de Aristóteles 27 7º ano do Ensino Fundamental 6 O declínio da pólis grega uma nova perspectiva dos valores P ara entendermos como se deu o declínio da pólis grega temos que nos lembrar de algumas características da organização política e territorial na Grécia Clássica Ela se situava na península Balcânica e para o objetivo deste capítulo grosso modo em duas partes península Ática e península do Peloponeso A primeira banhada pelo Mar Egeu era onde ficava a cidadeEstado de Atenas Essa cidade é conhecida pela prática da democracia grega onde os cidadãos homens atenienses livres maiores de 18 anos podiam votar diretamente nas leis públicas da pólis e pelo seu grande aparato cultural Por ser uma cidade rica em comércio as trocas culturais eram progressivas e plurais o que permitiu o surgimento de filósofos como Platão e Aristóteles Já o Peloponeso banhado pelo Mar Jônio era onde ficava Esparta outra cidadeEstado todavia com características divergentes às de Atenas Em Esparta o governo era aristocrata governo de poucos e eles investiam muito no militarismo Todos eram educados para se tornarem soldados a vida em Esparta era em torno do mundo da guerra e por isso uma das peculiaridades de sua cultura era a xenofobia Durante o Período Clássico séculos VI IV aC ocorreram as Guerras Médicas quando os persas em busca de expansão territorial tentaram TESALIA BEOCIA ÁTICA PELOPONESO FÓCIDA Delfos Platea Tebas Corinto ARCADIA Mantinea Argos Mesenia Esparta Pilos LACONIA Atenas Megara Fig61 Fig62 Aristóteles ensinando Alexandre o Grande invadir a Grécia Nesse momento Atenas formou a Liga de Delos e Esparta e a Liga do Peloponeso Essas duas frentes impediram o domínio persa No entanto após essa guerra a hegemonia ateniense passou a se consolidar exercendo influência cultural e política sobre as outras cidades gregas o que incomodou os espartanos Assim Esparta declarou guerra contra Atenas e as duas ligas se enfrentaram na chamada Guerra do Peloponeso Filosofia 28 Volume 2 que durou aproximadamente 27 anos Atenas foi vencida sua democracia derrotada e ficou sob o domínio espartano Porém como ambas as potências ficaram devastadas no período pósguerra o Império Macedônico viu uma oportunidade de invadir as pólis gregas e assim colocou fim à memorável Grécia Clássica Em seguida iniciouse o Período Helenístico séculos III e II aC que foi conhecido sobretudo pelo governo de Alexandre o Grande aluno de Aristóteles pela grande expansão territorial que conquistou Nesse momento histórico houve uma miscigenação cultural intensa devido à fusão de diferentes civilizações especialmente a grega a egípcia e a persa Essa civilização mista e rica sofreu uma enorme difusão por todo o Oriente e foi muito importante para a História Antiga No entanto com a morte de Alexandre o território enfraqueceuse e permitiu que gradualmente a Grécia fosse tomada pelos romanos encerrando o Helenismo e a unidade grega 61 A importância de práticas humanitárias na construção dos valores Q uando alguma coisa dá errado em nossa vida precisamos de um momento de recuperação observação e reconstrução de nós mesmos ou de algum projeto que realizamos O mesmo acontece quando uma sociedade entra em crise sofre um terremoto ou quando é dominada por outro povo e perde a sua autonomia como ocorreu com a pólis grega A partir do contexto do declínio da Grécia Clássica vamos estudar alguns valores humanos necessários nesse processo de reflorescimento do ser humano como povo e como indivíduo 62 Solidariedade e a construção da cidadania solidariedade 1 Qualidade de solidário 2 Sentimento de cooperação despertado pela identificação companherismo amizade 3 Manifestação desse sentimento apoio ajuda ACADEMIA Brasileira de Letras Dicionário Escolar da Língua Portuguesa São Paulo Companhia Editora Nacional p 1 194 A solidariedade é um valor fundamental para que uma sociedade se mantenha harmônica e produtiva Isso ocorre porque uma pessoa solidária é aquela que não vê o outro com indiferença mas sim percebe a sua situação e age de maneira a auxiliá lo em suas dificuldades E dessa forma o solidário não luta apenas por seus direitos individuais mas engloba as necessidades de outrem em suas lutas formando uma democracia mais rica e responsável Fig63 Fig64 O declínio da pólis grega uma nova perspectiva dos valores 29 7º ano do Ensino Fundamental Podemos ver a política como uma instância que necessita de solidariedade Vemos políticos brigando discutindo sobre questões banais e esquecendo que eles estão na posição de representantes de todos os brasileiros não apenas de seus próprios interesses Quando o mundo político é solidário a sociedade permite que todos os seus componentes tenham oportunidades de crescimento e que alcancem seus sonhos No contexto da Grécia Clássica por exemplo práticas solidárias deveriam estar presentes para que após seu domínio as pessoas se sentissem apoiadas umas nas outras para superarem esse impasse Ser solidário porém não engloba apenas essas circunstâncias abrangentes como a política e a sociedade mas também ações individuais Ser solidário com um colega de classe que é diferente de você é essencial para que o funcionamento da escola seja tranquilo Ser solidário com os pais em casa também é importante pois eles precisam de nós na mesma proporção que nós precisamos deles E além disso é indispensável que sejamos solidários conosco respeitando quem somos o que queremos e o que precisamos fazer É não cobrarmos de nós mesmos o melhor o tempo todo e nos tratarmos com respeito É claro que a soma de pequenas ações pessoais altera uma comunidade inteira com sorte até o mundo inteiro entretanto se objetivarmos ser solidários no nosso dia a dia de pouco em pouco já estaremos praticando honradamente essa virtude Você pode ser solidário em qualquer profissão que escolher e com qualquer pessoa que encontrar na rua Ser solidário é exercer constantemente a prática do amor da empatia e da compaixão com o próximo É obter consciência dos problemas à sua volta e utilizar os instrumentos que você tem para alterálos na intensidade com que for capaz Já foi solidário hoje Fig67 Fig65 Fig68 Ajudar os pais com a louça suja é uma forma de solidariedade Fig66 Visitar hospitais também é uma forma de solidariedade Filosofia 30 Volume 2 Exercícios de sala 1 Afinal de contas o que é ser solidário Dê exemplos práticos 2 De que forma você e seus amigos podem usar a virtude da solidariedade na escola Explique 3 Releia este trecho A solidariedade é um valor fundamental para que uma sociedade se mantenha harmônica e produtiva De que forma podemos afirmar que a solidariedade é um valor fundamental para a harmonia social e para que tudo seja mais produtivo Exercícios propostos 4 Durante esta semana de hoje até a próxima aula de Filosofia observe todas as situações de solidariedade que você presenciar na escola em casa na televisão nas redes sociais Depois escolha a situação de que mais gostou e faça um relato em seu caderno É PRECISO QUE FAÇAMOS UMA DISTINÇÃO ENTRE JUSTIÇA E CARIDADE De acordo com a justiça nunca se deve violar a dignidade das pessoas nunca tratar ninguém como se fosse inferior lembrando que ser justo é observar se o que eu possuo e mereço é também o que o outro cidadão possui e merece Não é justo por exemplo eu por ter mais conhecimento ou mais dinheiro que alguém comer beber ter roupas ter acesso à educação enquanto há pessoas com menos conhecimento menos dinheiro sem acesso a nada vivendo indignamente não tendo seus direitos básicos acessíveis No entanto vemos que o mundo não é justo Nem sempre encontramos justiça social justiça humana pois o homem quando não segue as virtudes e não exerce os valores humanos não trata seu semelhante como semelhante Há sempre uma disputa uma concorrência desleal Isso não é justiça Justiça é poder concorrer com alguém que tem a mesma capacidade que eu Mas é comum acontecer isso na sociedade A caridade por outro lado muitas vezes se confunde com o valor da justiça pois ela de certa forma fomenta e promove a dignidade Muitas vezes com desinteresse com uma genuína vontade de ajudar o ato da caridade pode fazer a diferença Será que é justo que cidadãos sejam tratados com caridade e não com justiça Vamos refletir a respeito disso O declínio da pólis grega uma nova perspectiva dos valores 31 7º ano do Ensino Fundamental 63 A ética como pilar para a vida de um cidadão O s filósofos clássicos Platão e Aristóteles buscando aprender o significado da vida discutiram muito sobre o que é ser cidadão e como viver com ética Diante disso e do contexto de valores que estamos abordando neste capítulo tentaremos entender um pouco da ética no âmbito da cidadania Primeiramente temos que saber o que é ser um cidadão Tradicionalmente a cidadania consiste num conjunto de deveres e direitos de um indivíduo garantindo a sua participação na vida política e pública de uma sociedade Esse conceito de cidadania porém vem sendo alterado tornandose mais complexo e englobando instâncias que antes não eram compreendidas Hoje ser cidadão é analisar as diferenças e necessidades de cada um e garantir uma vida digna independentemente do contexto político social econômico racial e de gênero em que o sujeito se insere Além disso é zelar pelo conjunto social que esse cidadão compõe fazendo o possível para melhorar a sua realidade dentro desse espaço e dos outros indivíduos que também o constituem Esse cidadão dentro de uma sociedade deparase com uma multiplicidade de fatores condições e pessoas Quando esse sujeito age visando a criar e a manter situações harmônicas entre ele e essas instâncias evitando violência cenários constrangedores e ações desrespeitosas portase de maneira ética Isso ocorre porque ele reflete sobre o seu comportamento e procede da forma que considera correta Assim ética é agir mediante os princípios e valores coerentes com o que julgamos correto para nós objetivando dessa forma uma vida melhor dentro da comunidade Quando percebemos que a ética é a prática de ações pensadas previamente que buscam direcionar o comportamento humano para um melhor convívio em sociedade observamos que nós como cidadãos ainda falhamos muito em sua prática As normas sociais que estabelecemos nas cidades estados e países são baseadas em preceitos éticos e quando avaliamos a quantidade de crimes que são cometidos podemos imaginar as faltas éticas que ainda são constantes em nossa sociedade Nos vários âmbitos em que a ética se enquadra a ética no trabalho na escola dentro das relações interpessoais na política no meio ambiente etc há um grande histórico de ausência desse valor Visto que a sociedade está em crescimento assim como todos os humanos que a compõem podemos crer nas mudanças incessantes deste mundo A cidadania da Grécia Antiga estabelecia os direitos dos indivíduos que viviam nas cidades Os cidadãos eram iguais perante as leis e considerados aptos para colaborar com os rumos da sociedade Percebemse no entanto algumas características específicas para os filósofos Platão Aristóteles O Estado tem o papel de educar os cidadãos para o conhecimento e cabe a ele formar os vários estratos operacionais da população Defende a divisão da sociedade em 3 classes baseadas nas virtudes da alma sabedoria os sábios seriam a cabeça do Estado por terem o caráter ouro e por utilizarem a razão coragem os corajosos seriam o peito do Estado e possuindo o caráter prata atuariam como soldadosguardiões temperança os temperantes seriam o baixo ventre do Estado tendo caráter bronze e por serem movidos pelo caráter sensível seriam os trabalhadores da sociedade Defesa da sofocracia sistema de governo em que somente os filósofos podem governar por serem os mais sábios Três etapas de preparação do cidadão Almas de Bronze 20 anos trabalhos braçais Almas de Prata 30 anos proteção da sociedade Almas de Ouro 50 anos governo da cidade A justiça se baseia na harmonia entre as classes O homem é um animal político zoon politkon ou seja o homem nasceu para viver em sociedade e só encontra a felicidade quando convive com outros homens Ética do meioermo a virtude é o equilíbrio entre o excesso e a carência que são vícios O homem não nasce bom mas se torna bom a partir da prática da virtude A felicidade está na busca pelo aperfeiçoamento Filosofia 32 Volume 2 A cidade para Platão era entendida como um organismo moral o berço onde o homem se prepara para a vida contemplativa filosófica O objetivo fundamental da educação era a formação do homem individual como kaloskagathos A partir do século V aC além de formar o homem a educação devia formar o cidadão essa é a ideia de Paideia para Platão A antiga educação baseada na ginástica na música e na gramática deixa de ser suficiente pois esperase que a tarefa de construir o homem leve em consideração transformálo também em um verdadeiro cidadão Para Platão o verdadeiro cidadão precisa saber como se comportar em sociedade precisa de fato compreender a importância de seguir as leis obedecer às regras pois tudo isso faz parte de uma educação de excelência muito mais do que apenas aprender bem o idioma e a matemática Por exemplo imagine você um aluno do 7º ano tirando excelentes notas em todas as avaliações no entanto não consegue entender a importância de não jogar lixo pela janela do carro ou de se levantar em um transporte público para que uma pessoa mais velha ou para que um adulto segurando um bebê possa se sentar em seu lugar Quem você imagina estar mais preparado para levar uma vida digna na cidade na sociedade Um excelente aluno que também saiba respeitar as leis ou um excelente aluno mas que acredita que por ser privilegiado pode deixar o lixo jogado na praça de alimentação ou ainda por acreditar que essa não é uma função digna dele recusase a levar seu prato sujo ao lugar indicado A importância fundamental da educação na estruturação e organização da vida política para Platão levava em consideração as quatro virtudes fundamentais justiça sabedoria temperança e coragem E essas virtudes precisavam ser verdadeiramente aprendidas pelo cidadão pois apenas de posse delas seria possível conviver na pólis Por quê Apesar de as pólis estarem distantes de nossa época podemos tomar como exemplo a nossa vida atualmente em nossas cidades Precisamos ser justos para exigir que todos os direitos sejam respeitados não apenas a poucos mas a todos os cidadãos Na época da Grécia Antiga em Atenas por exemplo o senso de justiça era bem diferente do que vemos hoje não é mesmo Para os atenienses era normal haver escravos E como ficava a justiça social então A sabedoria é outra virtude extremamente necessária para se conviver na cidade pois é por meio dela que podemos de fato discernir o certo do errado ter a perspicácia necessária para saber lidar com as diferenças A temperança nos dá o equilíbrio necessário para a convivência social já que nem sempre estaremos na presença de pessoas que pensam exatamente como nós E finalmente a coragem virtude essencial para enfrentar a vida cotidiana e saber como lidar com as situações que certamente serão postas à nossa frente O cidadão grego então depois de muito trabalhar essas virtudes e de conhecer as coisas do mundo deveria dedicarse à vida contemplativa da sabedoria o que Platão chamava de vida filosófica a vida mais digna de ser vivida A vida contemplativa não excluía o exercício da cidadania afinal era dentro da pólis que o homem se tornava virtuoso Afinal quem acha que para se tornar virtuoso basta subir uma montanha bem alta nos Himalaias e ficar meditando horas e horas até que todas as virtudes sejam parte de nós Não isso não existe Aprendemos a ser virtuosos na convivência familiar escolar religiosa e principalmente quando caminhamos pelas ruas de nossa cidade olhando nos olhos de nossos semelhantes e buscando justiça para todos sabedoria em todos os lugares temperança para nossas escolhas e coragem para enfrentar o que vier pela frente O que se espera de nós desde a época de Platão é que consigamos viver em harmonia na cidade e assim sejamos verdadeiros políticos No período em que Alexandre O Grande conquistou a Grécia e adotou o estilo de governo do território conquistado e a expansão cultural Aristóteles divulgou seus textos sobre política Ele afirmava que a cidade só encontraria felicidade na pólis se ela fosse governada com O declínio da pólis grega uma nova perspectiva dos valores 33 7º ano do Ensino Fundamental autossuficiência e justiça Assim esses eram considerados elementos fundamentais para ser feliz Para Aristóteles o cidadão é aquele que participa das magistraturas de caráter de tempo limitado Para ele ser cidadão diverge de sua cor classe social e sexo resultando assim várias espécies de cidadãos mas os verdadeiros são os que participam das questões políticas Para o Estagirita deve ser utilizada a Constituição para a satisfação das necessidades comuns da população a qual segundo ele é o princípio máximo de uma congregação política é seu corpo orgânico sua ordem sua estrutura Nas palavras de Aristóteles a cidadania que deve ser soberana depende da organização das autoridades públicas Para Platão a alma humana é formada por uma tríade racionalidade ira e apetite No entanto cada ser humano vai viver essa tríade numa intensidade Enquanto uns são mais racionais e preocupados com a observação de seus atos outros se deixam entregar mais aos instintos inegavelmente movidos pelas paixões Isso nos traz um problema muito grande o da convivência humana Devemos conviver com a diferença mas para isso é preciso haver normas e regras que facilitem esse processo Surge assim a questão moral Para Platão e Aristóteles é importante buscar o viver bem ou seja buscar a felicidade Você já parou para se perguntar Todo mundo tem o direito de ser feliz Até mesmo os assassinos os estelionatários que se dizem felizes assim Opa E quem é o responsável por sua felicidade E o que faz com que todos sejam felizes É possível dizer que o que me faz feliz é o mesmo que faz feliz meu cantor preferido ou meu vizinho ou o moço que caminha ao meu lado na calçada O que vem a ser essa felicidade Segundo Platão e Aristóteles ser feliz é buscar a vivência de suas virtudes é viver a sua vocação de maneira plena No entanto não podemos nos esquecer de que ambos são originados de uma vida aristocrática em cuja época por exemplo havia escravidão a qual era vista por ambos como uma coisa normal Por isso para eles a noção de ética baseavase na forma como eles enxergavam o mundo na época Para esses dois filósofos a felicidade deriva do equilíbrio e da prudência independentemente da classe social a que se pertença um escravo por exemplo pode ser feliz se estiver cumprindo seu papel social Dessa forma para ambos o estabelecimento do prazer da política e da contemplação levando em conta nossas normas de convivência poderia trazer a felicidade ou seja a ética e a moral Resumidamente para Platão a ética é buscar o caráter buscar o equilíbrio entre ética e moral Para Aristóteles a ética é buscar a felicidade por meio da vivência plena de virtudes e vocações fazendo bem a você e ao universo à sua volta Exercícios de sala 5 Se há algum ato de caridade social isso pressupõe que haja justiça para todos Justifique sua resposta Filosofia 34 Volume 2 6 Dê um exemplo de uma situação em que há caridade mas não existe a presença de justiça social 7 Observe as imagens a seguir e relacioneas com a questão da ética discutida anteriormente formulando um pequeno texto para cada item a b c Fig69 Fig610 Fig611 O declínio da pólis grega uma nova perspectiva dos valores 35 7º ano do Ensino Fundamental d Fig612 8 Considerando o que foi estudado sobre cidadania dê alguns exemplos de formas de como podemos exercêla em nosso dia a dia 9 Podemos relacionar solidariedade cidadania e ética Como 10 Baseandose nas imagens do exercício 1 ilustre uma situação em que haja a falta de ética em qualquer âmbito político de relacionamento ambiental etc 11 A moral depende da cultura e do momento histórico de um país e é um conjunto de valores que norteiam nossos comportamentos Podemos afirmar que a moral pode ser mudada ou questionada Filosofia 36 Volume 2 12 ENEM A ética precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a ser constantemente retomado e rediscutido porque é produto da relação interpessoal e social A ética supõe ainda que cada grupo social se organize sentindose responsável por todos e que crie condições para o exercício de um pensar e agir autônomos A relação entre ética e política é também uma questão de educação e luta pela soberania dos povos É necessária uma ética renovada que se construa a partir da natureza dos valores sociais para organizar também uma nova prática política CORDI et al Para filosofar São Paulo Scipione 2007 Adaptado O século XX teve de repensar a ética para enfrentar novos problemas oriundos de diferentes crises sociais conflitos ideológicos e contradições da realidade Sobre esse enfoque e a partir do texto a ética pode ser compreendida como a instrumento de garantia da cidadania porque através dela os cidadãos passam a pensar e a agir de acordo com os valores coletivos b mecanismo de criação de direitos humanos porque é da natureza do homem ser ético e virtuoso c meio para resolver conflitos sociais no cenário da globalização pois a partir do entendimento do que é efetivamente a ética a política internacional se realiza d parâmetro para assegurar o exercício político primando pelos interesses e ação privada dos cidadãos e aceitação de valores universais implícitos numa sociedade que busca dimensionar a sua vinculação a outras sociedades Anotações 37 7º ano do Ensino Fundamental Referências Anotações Filosofia 38 Volume 2

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Filosofia 3 7º ano do Ensino Fundamental Filosofia 4 Elementos fundamentais da filosofia de Platão P latão 428 aC 347 aC foi um filósofo da Grécia Clássica discípulo de Sócrates e a principal fonte de propagação do pensamento socrático Dentre suas obras destacamse A República Apologia de Sócrates e O Banquete Nascido em Atenas aproximadamente em 428 aC Platão pertencia a uma família nobre recebeu educação especial música leitura escrita poesia e envolveuse com o atletismo e com os Jogos Olímpicos durante sua juventude Inicialmente interessavase pela vida pública e quis seguir carreira política Porém ao conhecer Sócrates e tornarse seu discípulo acabou encantando se pelo seu modo de pensar e pela importância que ele dava para o conhecimento e para as virtudes humanas construindo uma relação de admiração e amizade com o mestre Assim quando houve a condenação de Sócrates e posteriormente a sua morte Platão desistiu da política opondose à democracia ateniense abandonou a cidade e passou a dedicarse à filosofia Saiba mais Fig41 Fig42 A morte de Sócrates do pintor francês JacquesLouis David 1787 A obra pintada para um mecenas mecenas eram burgueses ricos da época do Renascimento que patrocinavam o trabalho de artistas e escritores em busca de glória e prestígio mostra Sócrates na prisão sendo visitado pelos seus discípulos pouco antes de tomar o veneno O tema da obra foi escolhido pelo patrono de David mas fica claro o interesse do autor na mistura de coragem e autossacrifício presentes na história do filósofo grego O gesto e a pose rigorosos de Sócrates fazem contraste direto com os personagens desfalecidos que o cercam O pintor utiliza toques de luz e sombra para ressaltar o movimento além de banhar o protagonista da cena com uma luz divina Para realizar a obra David se inspirou na história de Sócrates contida no Fédon um dos diálogos de Platão Além disso o pintor consultou eruditos e complementou a obra com interpretações pessoais Por isso a cena é ambientada em uma sala em estilo romano e o número de discípulos é menor do que de fato ocorreu Platão entretanto é representado na pintura apesar de não ter presenciado a morte de seu mestre Detalhes da obra 1 No corredor Apolodro um dos discípulos de Sócrates aparece encostado na parede do corredor da imagem Há relatos de que Sócrates pediu a Apolodro que fosse embora pois ele estava muito nervoso e transtornado com a morte próxima de seu mestre É possível observar que o pintor retratou esse discípulo como um ser em absoluto sofrimento e tristeza 2 A posição de Sócrates na obra Socrátes é retratado com o braço levantado para cima pois ele passou as últimas horas de sua vida debatendo com seus discípulos sobre a questão da imortalidade da alma Ele se senta casualmente segurando distraído o copo de veneno deixando claro como ele estava tranquilo em relação ao seu iminente fim 3 Platão sentado na beira da cama Na verdade Platão não estava presente na hora da morte de seu mestre mas mesmo assim o pintor da obra retratao na cena A ideia transmitida é de que Platão é o único a reagir à tragédia com a mesma dignidade do mestre imóvel à beira da cama com o olhar distante de toda a dramaticidade da situação A cabeça do discípulo está curvada perdida em pensamentos enquanto contempla o destino Sócrates 4 Homem tocando o joelho de Sócrates Crito um dos discípulos mais próximos do filósofo é retratado segurando o joelho de seu mestre prestando absoluta atenção a tudo o que ele diz Há relatos de que Crito tentou convencer Sócrates a fugir Durante 12 anos Platão conheceu outras regiões aprendendo aprimorando e consolidando teorias e modos de entendimento da vida e aprofundou os ensinamentos de Sócrates Ao retornar a Atenas com 40 anos fundou a Academia onde seus discípulos reuniamse para discutir filosofia geometria matemática e ciências Nela era estimulada a fé na razão e na virtude Platão faleceu em 347 aC porém sua escola só foi fechada em 529 pelo imperador romano Justino Platão escreveu muitas obras compostas por suas teorias as quais foram únicas porém influenciadas pelos ideais socráticos Além disso ele foi essencial para manter vivos os ensinamentos de seu mentor uma vez que Sócrates não produziu nenhum escrito sobre seus conhecimentos Desse modo Platão redigiu os conceitos e as histórias em forma de diálogos com o mestre para assim poder compartilhar suas falas ao longo das eras Platão empenhouse nas mudanças na educação formulando teorias até utopias de como melhorar o ensino sempre considerando a sua importância para a construção de uma sociedade harmônica Sua obra referência para inúmeras correntes filosóficas tem importância até hoje Podemos por exemplo perguntar Será que a morte é realmente o fim de tudo Para Platão não A morte para o discípulo de Sócrates é algo essencial porque ela permite que a nossa alma seja vista de forma diferente de como se vê a matéria o nosso corpo Desse modo é possível ao ser humano buscar o verdadeiro conhecimento estando livre em sua forma mais pura De acordo com ele devemos entender a morte com racionalidade e serenidade pois é a positividade do pensamento que nos prepara para ela Além disso segundo o filósofo a morte não encerra a nossa existência apenas liberta a nossa alma para o conhecimento amplo e livre Filosofia 4 Volume 2 41 O mundo sensível e o mundo das ideias O pensamento platônico é rico em teorias e em estudos porém aprofundaremonos apenas em alguns pontos de sua filosofia como a teoria das formas que sofreu influência direta de dois filósofos présocráticos Heráclito e Parmênides Relembrando Heráclito e Parmênides Heráclito de Éfeso 540 aC 470 aC sua filosofia defende a contínua transformação de tudo no mundo inclusive do homem Diz que o estático é aparente e que nada permanece idêntico Acredita que o mundo é impulsionado por forças opostas contraditórias Para esse filósofo a mudança é vista como constante em todo o universo É dele a frase famosa Não se pode entrar no mesmo rio duas vezes A ideia de Heráclito é que tudo absolutamente tudo está sempre em constante transformação Parmênides de Eleia 510 aC 470 aC sua filosofia defende que o ser é único imutável infinito e imóvel Diz que o movimento é aparente e que o ser é sempre idêntico a si mesmo Acredita na inteligibilidade do ser ou seja que não é realidade aquilo que ele não consegue pensar Uma frase muito conhecida de Parmênides é O ser é o não ser não é ou seja para ele o movimento a transformação é uma questão aparente ilusória pois todo ser é imutável se não consegue ter uma ideia do que a coisa é não pode pensála e o que não pode ser pensado não é ser Fig43 De que forma se deu essa influência Platão acreditava na teoria das formas que afirma haver dois mundos dualismo o mundo sensível e o mundo das ideias O primeiro mundo relacionase com o pensamento de Heráclito uma vez que corresponde a tudo o que há ao nosso redor ou seja toda a matéria que é mutável e contraditória Já o mundo das ideias assemelhase de Parmênides pois para ele o ser é único imutável idêntico a si mesmo infinito e totalmente inteligível Elementos fundamentais da filosofia de Platão 5 7º ano do Ensino Fundamental O mundo sensível é o da matéria das imagens e das opiniões De acordo com Platão a natureza desse mundo é imperfeita uma vez que não é capaz de manter a identidade dos estados Tudo muda a todo instante assim só nos chega a aparência das coisas Nesse mundo a realidade é aparente pois percebemos as coisas por meio dos nossos sentidos Podemos considerar um cachorro e consequentemente pensá lo em épocas diferentes da vida como filhote como adulto ou já na velhice Ele está sempre em mudança E além disso podemos imaginar várias raças de cachorro labrador beagle maltês pastoralemão etc Isto é a ideia de um cachorro possui uma enorme multiplicidade pois o mundo sensível é mutável múltiplo e imperfeito Aqui a matéria está sujeita a alterações contínuas coerentemente com a ideologia de Heráclito ao contrário de Parmênides que vê esse mundo como uma mera ilusão Quando pensamos em um cachorro nós o imaginamos com formas variadas entretanto sempre será um cachorro independentemente de suas peculiaridades Essa noção do animal como algo único imutável perfeito e essencial é a que corresponde ao mundo das ideias Nessa esfera Platão declara que as formas as essências as verdades absolutas os seres autênticos estão como realmente são O mundo das ideias não engloba apenas o ideal de cachorro mas também o das Fig44 Fig45 virtudes como o amor a justiça a amizade a beleza os ideais invisíveis aos sentidos e que não estão em constante movimento ao contrário são permanentes Essa realidade conforme o filósofo só pode ser alcançada por meio da inteligência só o conhecimento racional é capaz de levar às causas verdadeiras uma vez que os órgãos dos sentidos nos levam apenas à aparência das coisas Segundo Platão o mundo sensível é uma imitação imperfeita do que há no mundo das ideias quer dizer o que existe no mundo material é apenas uma cópia do que é inteligível tornandose imperfeito Consequentemente ele afirma que é papel da filosofia denunciar as cópias imperfeitas presentes no mundo sensível que nada mais são que aparências copiadas do mundo das ideias perfeitas Esse processo ocorre por meio da dialética platônica que é um método de pensamento e linguagem fundado no diálogo e que vai levando gradativamente à compreensão racional de que o mundo sensível demarcado por contradições sensíveis deve ser superado Filosofia 6 Volume 2 DIALÉTICA PLATÔNICA Em grego a palavra dia quer dizer dois duplo o sufixo lética derivase de logos e do verbo legin A dialética como já vimos é um diálogo ou uma conversa em que os interlocutores possuem opiniões opostas sobre alguma coisa e devem discutir ou argumentar de modo a passar das opiniões contrárias à mesma ideia ou ao mesmo pensamento sobre aquilo que conversam Devem passar de imagens contraditórias a conceitos idênticos para todos os pensantes CHAUI Marilena Convite à Filosofia São Paulo Ática p 181 42 Alegoria da Caverna P ara tentar ilustrar o mundo sensível e o mundo das ideias Platão utilizou Alegoria da Caverna ou Mito da Caverna que nos apresenta um pouco da visão do filósofo a respeito da realidade em que vivemos Nesse mito originalmente apresentado em forma de diálogo o filósofo usa a caverna como representação do mundo sensível por conta da ilusão contradição e imperfeição associada a esse mundo Ademais relaciona o sair da caverna e o contato com a luz externa do Sol com o mundo inteligível ou seja o mundo das ideias que já não corresponde mais a uma realidade de sombras mas sim a um mundo de verdades Alegoria da Caverna Suponha que existem seres humanos mantidos acorrentados em uma caverna durante toda a vida Esses indivíduos têm o corpo preso de tal maneira que são obrigados a permanecer no mesmo lugar olhando fixamente para o fundo da caverna O ambiente é iluminado apenas por um fogo que queima a certa distância dos prisioneiros Entre eles e o fogo existe um tapume ou muro atrás do qual passam pessoas erguendo objetos como estatuetas de animais de homens etc As sombras desses objetos são projetadas pela luz do fogo no fundo da caverna Nessa situação os prisioneiros pensam que as sombras são objetos verdadeiros e a única realidade Na hipótese de que um deles fosse solto e explorasse a caverna talvez sentisse em um primeiro momento certo incômodo A luz do fogo ofuscando sua visão impediria que ele olhasse diretamente para os objetos cujas sombras são projetadas no fundo Talvez pelo desconforto e pelo estranhamento o indivíduo livre supusesse que as sombras fossem mais reais do que os objetos agora observados Fig47 Fig46 Elementos fundamentais da filosofia de Platão 7 7º ano do Ensino Fundamental Se o arrastassem para fora da caverna seus olhos doeriam em contato com a luz do Sol Seria necessário um tempo para que ele se habituasse ao mundo fora da caverna e pudesse apreciar a verdadeira realidade Primeiro ele olharia as sombras ou os reflexos das coisas e dos seres da natureza Em seguida observaria as próprias coisas e seres E finalmente poderia contemplar diretamente o Sol e perceber que ele determina a mudança das estações é a referência para a criação de nosso calendário e torna possível percebermos todo o mundo visível MELANI Ricardo Encontro com a Filosofia 2 ed v 6 p 93 Exercícios de sala 1 Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio pois quando nele se entra novamente não se encontram as mesmas águas e o próprio ser já se modificou Essa frase pertence a qual dos pensadores que influenciaram a teoria de Platão Justifique 2 Após a análise dos conteúdos sobre a filosofia platônica podese inferir que a realidade suprassensível que está além dos sentidos alicerçada sob preceitos racionais corresponde ao que para Platão seria o mundo inteligível Dê sua opinião acerca das diversas formas de se enxergarem as situações e eventualidades do cotidiano 3 A partir da analogia relação de semelhançacomparação feita por Platão no Mito da Caverna entendese que os mecanismos comparativos da narração esboçam sinteticamente sua filosofia Nela reafirmase a tese de que não há uma realidade única e inflexível no mundo há no entanto uma multiplicidade de opiniões e maneiras de entender os acontecimentos cotidianos Identifique qual a comparação utilizada por Platão para referirse à alienação das pessoas ao entenderem o mundo de uma única forma e exemplifique com alguma situação atual Texto I Filosofia 8 Volume 2 Texto II 4 Analise a tirinha e a charge acima e discorra a respeito da relação entre os dois textos e a Alegoria da Caverna de Platão 5 ENEM Para Platão o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo Lenta mas irresistivelmente a Doutrina das Ideias formavase em sua mente ZINGANO M Platão e Aristóteles o fascínio da filosofia São Paulo Odysseus 2012 Adaptado O texto faz referência à relação entre razão e sensação um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão 427 aC346 aC De acordo com o texto como Platão se situa diante dessa relação a Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas b Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles c Atendose à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis d Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento mas a sensação não e Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão Exercícios propostos 6 Faça uma pesquisa sobre quem foi o Demiurgo na filosofia platônica Elementos fundamentais da filosofia de Platão 9 7º ano do Ensino Fundamental 43 A capacidade do homem de conhecer e controlar suas emoções P latão deu grande ênfase à educação Para ele era impossível construir uma comunidade com jovens corrompidos isto é que não foram devidamente educados para viverem em uma harmonia social Dessa forma o filósofo considerou um modelo utópico de organização pública que levava em conta a formação correta de acordo com os seus ideais dos jovens desde tenra idade Platão acreditava na tripartição da alma ou seja que o comportamento humano é derivado de três fontes desejo emoção e conhecimento A primeira relacionada aos nossos impulsos e apetites resulta em cobiça e gera homens de negócios que se envolvem com artesanato comércio e indústria A segunda fonte associada à emoção à ambição e à coragem desperta homens combativos que se identificam com o poder e com os campos de batalha sendo esses os componentes de exércitos A última fonte referente ao intelecto e à razão gera homens que apreciam a meditação e a compreensão os quais se tornam filósofos seres de sabedoria Fig48 Alma Elemento Racional Elemento Emocional Elemento Sensual Corpo Alma Elemento Emocional Elemento Sensual Corpo Essa divisão no comportamento do ser humano é o que para Platão deveria definir os lugares sociais de cada indivíduo na comunidade Por exemplo como as primeiras personalidades possuem características de negociantes é no comércio que deveriam atuar Assim acontece com os que têm qualidades de guerreiros cabendo a eles participar das forças armadas dessa sociedade E por fim aqueles que se dedicam ao conhecimento seriam os homens ideais para o governo Essa lógica platônica configura um sistema político conhecido como sofocracia de sophrosine virtude da moderação o qual crê que o regime ideal seria aquele em que os mais sábios ou seja os filósofos governassem Platão defende na teoria de tripartição da alma que todos os indivíduos carregam em si as três forças todavia em graus de intensidade diferentes Desse modo a educação ideal permite aos jovens se desenvolverem e perceberem as suas qualidades identificando o seu lugar correto na sociedade Além disso o filósofo relaciona essas divisões do comportamento humano a regiões do próprio corpo utopia sf Local ou situação ideal onde tudo é perfeito O substantivo utopia vem das palavras gregas ou e topos que significam sem lugar Referese especialmente a um tipo de sociedade com uma situação econômica e social ideal Frequentemente a palavra é empregada para designar sistema ou planos de reformas considerados pouco práticos ou irrealizáveis Filosofia 10 Volume 2 o desejo tem o centro no baixo ventre parte concupiscível do corpo a emoção tem o centro no coração parte irascível e o conhecimento tem o centro na cabeça parte racional Essa imagem representa a divisão da alma para Platão Os filósofos são representados pelo cocheiro aquele que doma e guia os animais o primeiro cavalo simboliza os guerreiros que possuem obediência e o segundo cavalo corresponde aos comerciantes que agem de acordo com seus instintos No pensamento platônico o controle dos instintos e das emoções por meio da razão e do conhecimento é o papel da filosofia Cabe aos filósofos fornecerem as orientações necessárias para a vida harmônica Pensemos será que apenas alguns podem governar enquanto outros estão fadados a ser apenas atletas guerreiros ou comerciantes para sempre O que você pensa a respeito disso Há pessoas que por terem mais facilidade em liderar sempre precisarão ter a função de líder Alguém que não tem muito talento para lutar jamais poderá se especializar em alguma atividade que o leve a desenvolver habilidades físicas Há pessoas que de fato nasceram apenas para obedecer e nunca poderão ser protagonistas da própria história Como você enxerga todas essas questões Pense alguns minutos a respeito disso e tente se lembrar de algum filme a que você assistiu no Fig49 qual algum personagem apesar de parecer uma pessoa comum sem grandes talentos conseguiu buscar força dentro de si mesmo e mudou sua própria realidade resolvendo desafios enfrentando situações antes tão distantes e impossíveis O que faz com que o ser humano possa se superar a cada dia e não aceitar ser tachado eternamente de perdedor fraco incapaz Platão assim como Sócrates seu mestre já dizia há séculos que nossa alma é capaz de buscar o verdadeiro conhecimento pois é distinta do corpo físico Ela nos dá o direcionamento de tudo se quiser é capaz de buscar a liberdade mesmo que haja um aprisionamento temporário em nossa vida Pense nisso A seguir há uma metáfora indiana muito interessante utilizada para representar este conhecimento e exemplificar o que acontece com nossa mente Leiaa com atenção e tente relacionála a tudo o que dissemos até aqui O ser humano é como uma carruagem puxada por cinco cavalos Os cavalos são nossos sentidos a carruagem nosso corpo o cocheiro nossa mente que controla a força dos sentidos para irmos na direção que o passageiro nosso espírito e dono da carruagem deseja Se deixarmos os cavalos sem controle eles poderão ir a destinos que não nos interessam e a carruagem nosso corpo sofrerá na viagem Se a inteligência é bem treinada ao autoconhecimento e discernimento ela estará apta para controlar os cavalos dos sentidos através da ajuda da prática espiritual e do desapego as duas rédeas da mente O cocheiro deve manter as rédeas o tempo todo sob seu controle de outra maneira os cavalos dos sentidos irão conduzi lo para dentro da infelicidade e dos caminhos perniciosos da vida Disponível em httpbuscadaessenciablogspotcom200904mentehumanaemetaforahtml Acesso em 02 jan 2019 Elementos fundamentais da filosofia de Platão 11 7º ano do Ensino Fundamental Exercícios de sala 7 De acordo com a teoria de Platão a distribuição dos cargos na pólis grega deve se dar por meio de parâmetros preestabelecidos como qualidades específicas de cada indivíduo Assim qual o significado de sofocracia ou governo dos sábios para esse filósofo 8 Para Platão a capacidade de governar provém da razão Você concorda com a ideia de que esse é o fator fundamental para o governo da pólis grega Justifique sua resposta 9 Indique um personagem de desenho animado série ou filme para cada uma das personalidades a seguir a Alma concupiscível comerciante b Alma irascível militar c Razão filósofo ou governante 10 Relacione a filosofia platônica com o título deste tópico A capacidade do homem de conhecer e controlar suas emoções 11 Observe a imagem a seguir e de acordo com os estudos feitos anteriormente identifique o que representam o cavalo o passageiro a carruagem e o cocheiro Filosofia 12 Volume 2 44 O autocontrole e a autodisciplina C omo já foi dito Platão acreditava que os mais sábios deveriam governar a pólis sendo os mais aptos para esse ofício uma vez que se dedicavam ao conhecimento e à razão Diante disso percebese o valor que esse pensador destina ao alcance da razão qualificandoa como necessária para que um filósofo oriente um espaço público e ascenda ao mundo inteligível à verdadeira realidade O autocontrole ou inteligência emocional é outro viés que se relaciona ao incentivo do uso da razão pois ele objetiva que a pessoa domine seus impulsos e sentimentos Mediante a conquista do autocontrole o sujeito que está no comando de seu interior impede que o ambiente influa sobre ele de forma negativa Essa qualidade é coerente com as características de um líder assim como Platão considera que os filósofos são Porém o autocontrole não se restringe exclusivamente à aplicabilidade da razão pois ele consiste em ponderar o modo de agir diante de situações específicas Para ser uma pessoa autocontrolada é necessário trabalhar muito internamente buscar ser menos reativa Uma forma de se entender o autocontrole é imaginar que em nós há duas instâncias a razão e a emoção e que devemos discernir qual delas vamos alimentar em cada contexto de nossa vida Você já percebeu que existem momentos em que podemos e devemos extravasar nossas emoções chorando gritando rindo cantando Há também ocasiões em que preferimos nos conter utilizando nosso lado racional para dominar nossos impulsos e esperar uma circunstância melhor para expressar nossos sentimentos Você sabia que existem algumas formas de alimentar e exercer o autocontrole Meditar ler assistir a filmes praticar exercícios fazer coisas que nos trazem tranquilidade são excelentes para nos trazer o controle necessário em determinadas situações Fig410 Fig411 Elementos fundamentais da filosofia de Platão 13 7º ano do Ensino Fundamental Ao pensarmos em autocontrole podemos ponderar sobre outro conceito que se conecta a ele a autodisciplina uma vez que ambos se referem à prática de poder sobre nós mesmos nossos instintos e desejos Enquanto o autocontrole permitenos organizar melhor nossa razão e nossa emoção as duas instâncias supracitadas a autodisciplina é uma forma eficiente de nos levar a alcançar nossos objetivos já que mediante o domínio de nossas vontades conseguimos priorizar nossas obrigações e conquistar o que almejamos mais facilmente A autodisciplina apresenta características como comprometimento responsabilidade busca pelo equilíbrio e reflexão sobre a importância da autocobrança para o alcance dos nossos objetivos A capacidade de impor disciplina a nós mesmos portanto pressupõe que conhecemos as nossas dificuldades e sabemos aonde queremos chegar Imagine que você tenha uma prova muito difícil de um conteúdo em que você não tem facilidade e que tenha outras coisas muito divertidas para fazer como assistir a um filme jogar sair com amigos Nesse contexto é preciso ter autodisciplina para analisar o que é prioritário organizar o tempo e conseguir fazer o necessário a fim de alcançar essa prioridade e ter as atitudes favoráveis para tal conquista Complementando o valor de autodisciplina o autocontrole é essencial nessa situação visto que ele nos auxilia a manter o que foi planejado por nós não nos deixando fraquejar diante de fatores externos como a preguiça ou um lançamento de filme na Netflix Exercícios de sala 12 Relacione o conceito de autocontrole com o pensamento platônico 13 Relacione o conceito de autodisciplina com o pensamento platônico 14 Dê três exemplos de como praticar a autodisciplina em casa na escola e na sociedade em geral 15 Podemos associar autocontrole com autodisciplina Se sim de que forma 16 A ação de dizer não pode ser relacionada com os conceitos abordados anteriormente Justifique Filosofia 14 Volume 2 Exercícios propostos 17 Faça uma programação de sua rotina por um prazo de quinze dias anote tudo o que quer conseguir nesse período Atente para os horários as metas estabelecidas os sentimentos que tomam conta de você ao realizar essa programação Dia O que me propus a fazer O que fiz 18 No final desse período faça um pequeno relatório no espaço abaixo explicando como foi vivenciar sua autodisciplina e seu autocontrole Capriche Elementos fundamentais da filosofia de Platão 15 7º ano do Ensino Fundamental 5 Conhecendo a filosofia de Aristóteles A alegria que se tem em pensar e aprender faznos pensar e aprender ainda mais Aristóteles A ristóteles 384 aC 322 aC outro grande filósofo grego foi aluno de Platão e professor de Alexandre o Grande Sua filosofia é rica em tantos conteúdos que por dois mil anos Aristóteles foi denominado o filósofo Suas obras mais célebres são Ética a Nicômaco Política Organon e Retórica das paixões Nascido em Estagira no ano de 384 aC estudou na Academia de Platão e logo se tornou seu aluno favorito Assim como seu professor elaborou também um sistema filosófico que engloba diversas frentes de estudo a lógica a geometria a física a metafísica a astronomia a medicina a psicologia a ética a retórica a matemática e outras ciências No entanto seus pensamentos eram distantes das doutrinas de seu mestre Como vimos anteriormente Platão defendia a existência do mundo sensível e do mundo das ideias sendo este o verdadeiro e o que deve ser almejado A teoria aristotélica enxergava apenas um mundo o qual não é estritamente ilusório a matéria e a essência coexistem nessa esfera Aristóteles fundou um centro acadêmico que chamou de Liceu onde ensinava assuntos múltiplos Seus alunos ficaram conhecidos como peripatéticos Aristóteles morreu em 322 aC deixando um legado singular e tornandose influência para diversos pensadores no decorrer da história Ele é tido como pai da lógica e promotor da retórica Saiba mais Peripatético é uma palavra grega que significa ambulante ou itinerante Aristóteles tinha o hábito de ensinar caminhando ao ar livre por sob os portais cobertos do Liceu conhecidos como perípatoi ou sob as árvores que o cercavam O Liceu era formado por biblioteca laboratórios salas de conferências e algumas residências O grande número de obras que possuía levou à criação de princípios de classificação bibliotecária tornandose uma grande contribuição literária Finalidades da educação peripatética defender que a função principal da educação era conduzir o homem à felicidade guiar o homem ao longo da vida com o ensino de conceitos úteis e necessários à vida prática ensinar a virtude moral e do bom caráter que segundo Aristóteles não eram inatas ao ser humano Fig51 Filosofia 16 Volume 2 Conteúdo do ensino peripatético Os cursos da manhã destinados a um grupo menor de discípulos mais adiantados tratavam de temas abstratos como lógica física e metafísica À tarde havia cursos populares destinados ao público em geral como retórica política e literatura 51 O caminho do meio para Aristóteles para a filosofia e para religiões orientais Fig52 temperança qualidade de quem modera os apetites as paixões sobriedade ACADEMIA Brasileira de Letras Dicionário Escolar da Língua Portuguesa São Paulo Companhia Editora Nacional p 1 228 Ampliando o vocabulário A temperança é uma virtude fundamental na filosofia aristotélica pois personifica o que o filósofo chama de caminho do meio ou justa medida mediania Essa teoria consiste no distanciamento de extremos mostrando que há entre eles a qualidade do meio uma virtude Um exemplo clássico que ilustra essa ideia é a covardia e o arrojo atrevimento Aristóteles consideraos igualmente ruins e coloca como sábio aquele que encontra o intermediário entre eles a coragem O mesmo ocorre com a avareza e a extravagância que têm a liberdade como mediador com a rabugice e a palhaçada entre eles há o bom humor com a bagunça e a neurose entre as quais há a disciplina etc O filósofo propõe a necessidade de encontrar um equilíbrio entre o insuficiente e o excessivo julga os extremos como vícios e o caminho do meio como virtude No entanto não é tão simples achar esse caminho pois ele não é uma medida matemática exata que funciona igualmente para todas as pessoas Aristóteles defende que como todos somos diferentes para cada um esse caminho também será distinto e que devemos por nós mesmos encontrar o meio ideal favorável para o alcance de nossa própria evolução Segundo o filósofo não existe uma forma de conquistarmos a justa medida do dia para a noite A excelência provém do hábito e do treinamento e leva uma vida de autodisciplina e autocontrole para que esse equilíbrio seja conquistado Conhecendo a filosofia de Aristóteles 17 7º ano do Ensino Fundamental A excelência então não é um ato mas um hábito o bem do homem é a alma trabalhar no caminho da excelência uma vida inteira porque assim como uma andorinha só ou um único dia bonito não faz verão não é um único dia ou um curto espaço de tempo que torna um homem abençoado e feliz DURANT Will A História da Filosofa Rio de Janeiro Nova Cultural 1996 p 91 A grande dificuldade dos homens sobretudo dos jovens é sair dos extremos Por angústia e emergência de correção eles partem usualmente de um extremo a outro enxergando o ponto antagônico como melhor do que aquilo que presenciam Por exemplo uma pessoa que fala demais e se frustra com o exagero de suas palavras não objetiva diminuir gradualmente o que diz até chegar a uma posição de fala sensata mas sim almeja obter uma discrição total de uma hora para outra O certo seria de acordo com Aristóteles que as pessoas se tornassem conscientes da situação em que estão inseridas e percebessem que o caminho do meio a justa medida é o mais seguro e o que traz maiores realizações rumando portanto para ele Corrupção Deficiência Excesso Integridade Continuum das Virtudes Discernimento Amor Respeito Humildade Diligência Temperança Coragem Tolice Egoísmo Negligência Soberba Preguiça Licensiosidade Covardia Legalismo Farisaísmo Permissividade Idolatria Compulsão Laboral Rigidez Imprudência Autodegradação Exercícios de sala 1 Diferentemente de Platão Aristóteles acreditava que os sentidos são um mecanismo eficaz de obtenção de conhecimento e não um engano ou uma ilusão Sendo assim explique a experiência sensível é algo importante para Aristóteles Explique Filosofia 18 Volume 2 2 Defina o que é justa medida para Aristóteles 3 De acordo com Aristóteles existe uma única forma de alcançar as virtudes 4 Ilustre uma situação em que temos que escolher o caminho do meio sejam quais forem os extremos Exercícios propostos 5 Vamos continuar a nossa tarefa de avaliar nosso comportamento frente às ocorrências diárias anotando tudo o que for relevante por quinze dias Agora é preciso observar quais são os nossos extremos o que fazemos mais É preciso também de certa forma encontrarmos o meiotermo para melhorar o equilíbrio de nossa vida Após a observação desse faça um relatório em seu caderno de Filosofia 52 Budismo A impermanência a transitoriedade o vazio Muitos ocidentais parecem achar o budismo assustador Por quê Porque a maioria das pessoas navega pela vida em busca de algum farol externo que possa conduzilas a um porto seguro Elas buscam um chão firme mas mesmo assim naufragam nos baixios da vida e terminam dentro dágua A esta altura já é tarde demais para o farol Elas precisam de alguém que lhes lance altura já é tarde demais para o farol Elas precisam de alguém que lhes lance uma boia Você não pode convencer uma pessoa que se afoga que a boia está dentro Fig53 Conhecendo a filosofia de Aristóteles 19 7º ano do Ensino Fundamental dela O budismo nos torna conscientes da impermanência de todos os fenômenos carreiras casamentos famílias identidades casas carros fortunas sonhos de riqueza Nada é seguro ou sólido Assim a busca de um porto seguro assemelhase à busca pela felicidade Ela não pode ser concretizada Paradoxalmente talvez você só encontre o porto seguro dentro de você depois que tiver concluído que não existe porto seguro fora de você Pior ainda o budismo também ensina a você a experimentar a natureza transitória desses fenômenos Eles não apenas são impermanentes como também não têm existência contínua Assim como partículas quânticas luzes de néon e páginas da internet eles vão e vêm Algumas coisas parecem permanecer mais do que outras no espaço e no tempo uma pedra dura mais do que uma rosa mas isso é somente porque a pedra muda mais vagarosamente do que a rosa Nenhuma das duas é matéria sólida qualquer pessoa pode aprender isso com a física Ambas estão indo e vindo na existência qualquer pessoa pode aprender isso com o budismo É difícil para nós percebermos o espaço vazio que compõe a maior parte da pedra Entretanto nós humanos somos singularmente dotados para experimentar o vazio entre nossas percepções momentâneas da pedra Se você assiste a um filme o seu sistema perceptivo deixa você continuamente malinformado sobre a descontinuidade O olho humano não consegue distinguir mais de 24 quadros por segundo qualquer coisa maior parece contínua mesmo que seja apenas uma sequência discreta de imagens Se você olhar para a película do filme ou para o próprio arquivo digital verá uma sequência de imagens paradas cada uma ligeiramente diferente da anterior O que existe entre elas Nada Niente Rien Vazio total Entretanto sem o vazio entre os quadros não haveria quadros Assim as partes não existentes e imperceptíveis do filme são essenciais para as partes existentes e perceptíveis Cada quadro vai e vem da existência transitória e mesmo assim juntos parecem contar uma história contínua Onde está a aparente continuidade Onde está a história Na sua mente talvez mas não na película do filme Paradoxalmente a maior parte das pessoas tem horror ao nada Contudo nada e tudo são complementos O universo substancial parece ter emergido do nada e a maior parte da energia contida no universo é atualmente inacessível para nós pois se encontra armazenada no vácuo cósmico Assim embora tudo esteja vazio é a partir desse vazio que brota a plenitude E do vazio da sua natureza Buda brota a compreensão infinita e a compaixão inesgotável Para estar em contato com seu vazio você deve contudo ter vontade de assumir a responsabilidade de enxergar através da charada da plenitude da permanência da continuidade da segurança da solidez MARINFF Lou O Caminho do Meio Rio de Janeiro Record p 110 111 Nas tradições orientais o caminho do meio é muito presente porém sofre alterações e adaptações de acordo com o contexto a doutrina e os dogmas de cada crença em que está inserido Estudaremos agora um pouco sobre o caminho do meio pela visão budista O Budismo é uma filosofia indiana milenar iniciada por Sidarta Gautama Buda que visa ao alcance da paz interior O fundador dessa forma de ver o mundo Buda foi extremista em momentos diferentes de sua vida Na juventude por ser filho do rei possuía uma condição social e econômica alta vivendo luxuosamente Após seu primeiro contato com pessoas em uma situação contrária à sua decidiu abrir mão do seu antigo modo de vida e renunciar a todo bem material que detinha Viveu como mendigo e errante sem posses acreditando que essa seria a maneira de alcançar seus objetivos Assim experimentou os dois extremos o luxo e a miséria Percebeu por fim que tanto viver sob a ilusão da riqueza quanto sob as mazelas da pobreza resulta em sofrimento Sendo assim o caminho do meio para Buda é evitar os extremos por meio do exercício da moderação e da busca pelo equilíbrio Para ele ao alcançar esse equilíbrio o ser humano é capaz de compreender o seu próximo e as diferenças entre si e o outro Dessa forma é possível se tornar menos egoísta e mais hábil para praticar a compaixão pelo sofrimento alheio Filosofia 20 Volume 2 Saiba mais Buda é uma figura histórica e a 9ª encarnação de Vishnu A concepção dele lembra muito o ocorrido no cristianismo sua mãe sonhou com um elefante branco segurando uma flor de lótus na tromba Quando ele nasceu sua mãe o pariu pelo lado do corpo Brahma e outros deuses seguraram a criança que deu sete passos e começou a falar Em sua forma humana ele era o príncipe Gautama que vivia cercado de luxo e beleza Mas durante um passeio viu a dor a velhice e a doença abandonou o palácio e viveu sete anos na floresta meditando em busca da iluminação Certa vez sentouse sob uma figueira para entender o sofrimento Os deuses se alegraram no céu mas Mara o deus da morte e da sedução tentou distraílo sem sucesso Depois de 49 dias Gautama atingiu a iluminação e se tornou Buda o Iluminado Brahma então o incentivou a deixar a floresta e iniciar uma pregação O budismo que nasceu de uma costela do hinduísmo tornouse uma religião que se espalhou pelo sul da Ásia até chegar ao Japão Fig54 Vishnu responsável por proteger e conservar a ordem cósmica do Universo Quando vem ao mundo físico usa diversas formas chamadas avatares são seres humanos animais ou uma combinação entre os dois Sua consorte é Lakshmi deusa da prosperidade da riqueza e da beleza Ambos são muito populares entre os indianos Fig55 Brahma Parte da trindade maior hindu é o criador do Universo ou melhor dos muitos universos cíclicos Alguns relatos o apresentam surgindo do umbigo de Vishnu Outros apontam que apareceu de um ovo de ouro chamado Hiranyagarbha Fig56 Conhecendo a filosofia de Aristóteles 21 7º ano do Ensino Fundamental Mara é o oposto de Buda ou seja uma vez que Buda representa a iluminação Mara é a ilusão Isso é personificado como o demônio Mara que teria tentado impedir Siddhartha Gautama de alcançar a iluminação e também vive no interior de cada pessoa tentando mantêla adormecida na ilusão Maya do mundo Fig57 53 A busca da felicidade aristotélica E ntendemos que o caminho do meio é o processo de afastamento dos extremos e o encontro com um equilíbrio entre eles No entanto por que devemos nos dar o trabalho de sair dos vícios e nos esforçar para alcançar as virtudes Para Aristóteles a justa medida é o instrumento que nos leva à felicidade o que para ele é o maior objetivo da vida humana a sua finalidade Em Ética ele diz A felicidade é portanto a melhor a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo ou seja é possível para o autor sermos felizes nesta vida porém viver sob extremos nos afasta da derradeira felicidade De acordo com o filósofo todos nós temos propósitos na vida e sua realização é o que nos garante sermos felizes Ele defende ainda que possuímos a capacidade de conquistar esses propósitos porém necessitamos do desenvolvimento de nossas virtudes escolhendo o caminho do meio para que isso ocorra E para desenvolvêlas Aristóteles crê na necessidade de condições favoráveis para a prática da mediania como famílias conscientes e presentes culturas funcionais e sistemas políticos e econômicos eficientes Ou seja o progresso do nosso potencial e a possível conquista da felicidade dependem tanto de nossa própria vontade quanto de fatores externos a nós Por isso precisamos sempre buscar ambientes e pessoas em harmonia com nossos propósitos de vida para que a nossa caminhada em direção ao ser feliz seja mais fácil Então segundo a teoria aristotélica a finalidade da vida é ser feliz e para isso devemos desenvolver nossas virtudes as quais por sua vez resultam do nosso encontro com o caminho do meio e da fuga dos extremos da vida que são fundamentalmente vícios Desse modo podemos realizar nossos propósitos e alcançar a felicidade Diante disso pensemos que instrumento nos permite tudo isso e nos Fig58 Filosofia 22 Volume 2 permite sermos felizes Para Aristóteles a nossa felicidade depende da razão que para o autor se apresenta na conduta ética a partir da prudência ou seja a moral em Aristóteles está ligada a uma forma de ação fundada na ação racional e prudente no interior da cidade A nossa capacidade de raciocínio é o que garante nosso discernimento e nossas escolhas consentindonos concretizar nossos objetivos e sermos felizes A razão é a condição para a realização e consequentemente para a felicidade Mediante essa lógica o filósofo difere o ser humano dos outros animais Por que escolhemos a felicidade por ela mesma e nunca com vistas a qualquer coisa além dela ao passo que escolhemos a honra o prazer o intelecto porque acreditamos que através dessas coisas seremos felizes Aristóteles DURANT Will A História da Filosofia Rio de Janeiro Nova Cultural 1996 p 90 Saiba mais TEORIA DAS QUATRO CAUSAS DE ARISTÓTELES Aristóteles defende que tudo na natureza tem uma causa e ele buscou encontrar e explicar essas causas de maneira universal Ao investigálas concomitantemente investigou suas finalidades uma vez que a causa determina tanto o propósito dos elementos materiais quanto dos humanos Dessa forma Aristóteles formulou a teoria das quatro causas a qual afirma que tudo possui uma causa final uma eficiente uma formal e uma material As duas primeiras relacionamse com a ideia de transformação que é intrínseca a tudo as últimas dizem respeito à constituição dos seres Causa material matériaprima do que é feito o ser Ex madeira Causa formal essência forma do ser Ex cadeira Causa eficiente quem ou o que molda o ser Ex marceneiro Causa final objetivo finalidade do ser Ex sentar Qual seria a primeira causa de tudo que existe Para Aristóteles seria o Primeiro Motor a causa original de tudo correspondente ao que nossa cultura chama de Deus Com exceção do Primeiro Motor todos os outros seres humanos e materiais seguem a constituição das quatro causas Como pudemos observar para Aristóteles tudo o que existe no universo é matéria uma vez que tudo o que conhecemos é por meio de nossos sentidos Esse filósofo foi um importante estudioso em muitas áreas do conhecimento e não há como negar o quanto ele foi importante para o início dos estudos científicos ou seja aqueles baseados em experimentação observação comprovação e que acima de tudo estão estritamente ligados à racionalidade humana O conhecimento científico tem um caráter objetivo ele procura estabelecer regras gerais válidas para todas as experiências as quais necessariamente devem ser repetidas quantas vezes forem necessárias Esse tipo de conhecimento não se baseia na mera opinião ele busca as causas e os porquês dos fatos Uma das principais características Fig59 Final por quê Eficiente quem Formal como Material o quê Conhecendo a filosofia de Aristóteles 23 7º ano do Ensino Fundamental desse tipo de conhecimento o que o diferencia dos demais é o fato de que as experiências e constatações podem ser reproduzidas quantas vezes forem necessárias para se provar que a tese é verdadeira A fim de que uma tese científica tenha valor vários recursos são utilizados Não é possível encontrar a verdade científica sendo superficial aceitando resultados imediatos ou com pouca reflexão pelo contrário o cientista tem que se aprofundar muito em seu objeto de estudo para descobrir o maior número possível de informações sobre tal objeto E isso tudo foi experimentado há muito tempo por Aristóteles e seus discípulos pois esse filósofo sempre buscou por meio do mundo sensível não causar dúvida quanto às suas descobertas E você o que pensa a respeito da ciência Você considera que ela seja o caminho para se encontrar uma verdade temporária e confiável De que forma a ciência se estabelece em seu dia a dia Quais são as suas percepções sobre o mundo de hoje levando em consideração toda a contribuição do filósofo de Estagira Exercícios de sala 6 O que é felicidade para Aristóteles e como alcançála 7 Por que a razão é importante para que possamos ser felizes 8 A partir do que estudamos você acha que Platão concordaria com a possível conquista de felicidade neste mundo Por quê 9 Escolha qualquer elemento e identifique sua causa formal material eficiente e final 10 Mandala é uma palavra de origem sânscrita que significa círculo relacionada com a representação geométrica da relação entre o homem e o cosmo A sand mandala é uma tradição budista tibetana envolvendo a criação e destruição de mandalas feitas de areia colorida A mandala de areia é ritualisticamente destruída depois de ter sido concluída esse rito requer paciência e muita dedicação O Fig510 Filosofia 24 Volume 2 processo de criação das sand mandalas começa com o tingimento das areias com tintas que depois são aplicadas usando pequenos tubos funis e raspadores chamados chakpur Elas levam cerca de várias semanas para ficarem prontas devido à quantidade de detalhes e à maneira em que são criadas geralmente os monges trabalham em equipe começando do centro para fora A destruição de uma mandala de areia também é altamente cerimonial Os símbolos que representam as divindades são removidos em uma ordem específica junto com o resto da geometria até que a mandala se desfaça A areia é coletada em um frasco que é então transportado para um rio ou qualquer lugar com água em movimento onde é liberado de volta para a natureza Isto simboliza a impermanência da vida e do mundo Disponível em httpwwwviacosmoscombrsandmandalasviacosmos Seu professor colocará uma música tranquila enquanto você escolhe as cores para colorir a sua mandala Faça esse exercício com concentração e observe como a sua respiração faz parte da plenitude de tudo o que você busca em sua vida Fig511 Exercícios propostos 11 ENEM A felicidade é portanto a melhor a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos das coisas a mais nobre é a mais justa e a melhor é a saúde porém a mais doce é ter o que amamos Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades e entre essas a melhor nós a identificamos como felicidade ARISTÓTELES A Política São Paulo Cia das Letras 2010 Conhecendo a filosofia de Aristóteles 25 7º ano do Ensino Fundamental Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos Aristóteles a identifica como a busca por bens materiais e títulos de nobreza b plenitude espiritual e ascese pessoal c finalidade das ações e condutas humanas d conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas e expressão do sucesso individual e reconhecimento público 12 ENEM Se pois para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no interesse desse fim evidentemente tal fim será o bem ou antes o sumo bem Mas não terá o conhecimento porventura grande influência sobre essa vida Se assim é esforcemonos por determinar ainda que em linhas gerais apenas o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra Ora a política mostra ser dessa natureza pois é ela que determina quais as ciências que devem ser estudadas num Estado quais são as que cada cidadão deve aprender e até que ponto e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço como a estratégia a economia e a retórica estão sujeitas a ela Ora como a política utiliza as demais ciências e por outro lado legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras de modo que essa finalidade será o bem humano ARISTÓTELES Ética a Nicômaco ln Pensadores São Paulo Nova Cultural 1991 Adaptado Para Aristóteles a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que a o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses b o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade c a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade d a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente e a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum 54 Platão x Aristóteles O pintor renascentista Rafael Sanzio em sua obra Escola de Atenas ilustra a Academia de Atenas e retrata alguns personagens da filosofia clássica Se ampliarmos parte da pintura encontraremos Platão e Aristóteles professor e aluno discutindo sobre algo e perceberemos que o mestre aponta para cima e seu discípulo para baixo Essa ideia de Rafael visa a mostrar a diferença de pensamento entre esses filósofos Simbolicamente Platão aponta para cima em defesa do mundo das ideias onde se encontra a essência de tudo que existe as virtudes e os conhecimentos verdadeiros Dessa forma valoriza o Fig512 SANZIO Rafael Escola de Atenas 15091511 Filosofia 26 Volume 2 mundo inteligível e racional e restringe o mundo material à ilusão e à instabilidade como é ilustrado na Alegoria da Caverna Em contrapartida Aristóteles aponta para baixo pois advoga que a essência de tudo pode ser encontrada no plano material tanto as virtudes como a felicidade por meio do bom uso da razão Para ele só há um mundo o sensível mas que também é inteligível ele acredita na diferença e a multiplicidade dos seres não diminui o seu valor Exercícios de sala 13 Diferencie a filosofia de Platão e a de Aristóteles Com qual você mais se identifica 14 Há pontos em que podemos relacionar as teorias dos dois filósofos Quais 15 ENEM No centro da imagem o filósofo Platão é retratado apontando para o alto Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a a suspensão do juízo como reveladora da verdade b realidade inteligível por meio do método dialético c salvação da condição mortal pelo poder de Deus d essência das coisas sensíveis no intelecto divino e ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade Exercícios propostos 16 Pesquise na internet e descubra outros filósofos muito conhecidos e que foram retratados na obra A escola de Atenas de Rafael Sanzio Fig513 Detalhe de Escola de Atenas de Rafael Sanzio Conhecendo a filosofia de Aristóteles 27 7º ano do Ensino Fundamental 6 O declínio da pólis grega uma nova perspectiva dos valores P ara entendermos como se deu o declínio da pólis grega temos que nos lembrar de algumas características da organização política e territorial na Grécia Clássica Ela se situava na península Balcânica e para o objetivo deste capítulo grosso modo em duas partes península Ática e península do Peloponeso A primeira banhada pelo Mar Egeu era onde ficava a cidadeEstado de Atenas Essa cidade é conhecida pela prática da democracia grega onde os cidadãos homens atenienses livres maiores de 18 anos podiam votar diretamente nas leis públicas da pólis e pelo seu grande aparato cultural Por ser uma cidade rica em comércio as trocas culturais eram progressivas e plurais o que permitiu o surgimento de filósofos como Platão e Aristóteles Já o Peloponeso banhado pelo Mar Jônio era onde ficava Esparta outra cidadeEstado todavia com características divergentes às de Atenas Em Esparta o governo era aristocrata governo de poucos e eles investiam muito no militarismo Todos eram educados para se tornarem soldados a vida em Esparta era em torno do mundo da guerra e por isso uma das peculiaridades de sua cultura era a xenofobia Durante o Período Clássico séculos VI IV aC ocorreram as Guerras Médicas quando os persas em busca de expansão territorial tentaram TESALIA BEOCIA ÁTICA PELOPONESO FÓCIDA Delfos Platea Tebas Corinto ARCADIA Mantinea Argos Mesenia Esparta Pilos LACONIA Atenas Megara Fig61 Fig62 Aristóteles ensinando Alexandre o Grande invadir a Grécia Nesse momento Atenas formou a Liga de Delos e Esparta e a Liga do Peloponeso Essas duas frentes impediram o domínio persa No entanto após essa guerra a hegemonia ateniense passou a se consolidar exercendo influência cultural e política sobre as outras cidades gregas o que incomodou os espartanos Assim Esparta declarou guerra contra Atenas e as duas ligas se enfrentaram na chamada Guerra do Peloponeso Filosofia 28 Volume 2 que durou aproximadamente 27 anos Atenas foi vencida sua democracia derrotada e ficou sob o domínio espartano Porém como ambas as potências ficaram devastadas no período pósguerra o Império Macedônico viu uma oportunidade de invadir as pólis gregas e assim colocou fim à memorável Grécia Clássica Em seguida iniciouse o Período Helenístico séculos III e II aC que foi conhecido sobretudo pelo governo de Alexandre o Grande aluno de Aristóteles pela grande expansão territorial que conquistou Nesse momento histórico houve uma miscigenação cultural intensa devido à fusão de diferentes civilizações especialmente a grega a egípcia e a persa Essa civilização mista e rica sofreu uma enorme difusão por todo o Oriente e foi muito importante para a História Antiga No entanto com a morte de Alexandre o território enfraqueceuse e permitiu que gradualmente a Grécia fosse tomada pelos romanos encerrando o Helenismo e a unidade grega 61 A importância de práticas humanitárias na construção dos valores Q uando alguma coisa dá errado em nossa vida precisamos de um momento de recuperação observação e reconstrução de nós mesmos ou de algum projeto que realizamos O mesmo acontece quando uma sociedade entra em crise sofre um terremoto ou quando é dominada por outro povo e perde a sua autonomia como ocorreu com a pólis grega A partir do contexto do declínio da Grécia Clássica vamos estudar alguns valores humanos necessários nesse processo de reflorescimento do ser humano como povo e como indivíduo 62 Solidariedade e a construção da cidadania solidariedade 1 Qualidade de solidário 2 Sentimento de cooperação despertado pela identificação companherismo amizade 3 Manifestação desse sentimento apoio ajuda ACADEMIA Brasileira de Letras Dicionário Escolar da Língua Portuguesa São Paulo Companhia Editora Nacional p 1 194 A solidariedade é um valor fundamental para que uma sociedade se mantenha harmônica e produtiva Isso ocorre porque uma pessoa solidária é aquela que não vê o outro com indiferença mas sim percebe a sua situação e age de maneira a auxiliá lo em suas dificuldades E dessa forma o solidário não luta apenas por seus direitos individuais mas engloba as necessidades de outrem em suas lutas formando uma democracia mais rica e responsável Fig63 Fig64 O declínio da pólis grega uma nova perspectiva dos valores 29 7º ano do Ensino Fundamental Podemos ver a política como uma instância que necessita de solidariedade Vemos políticos brigando discutindo sobre questões banais e esquecendo que eles estão na posição de representantes de todos os brasileiros não apenas de seus próprios interesses Quando o mundo político é solidário a sociedade permite que todos os seus componentes tenham oportunidades de crescimento e que alcancem seus sonhos No contexto da Grécia Clássica por exemplo práticas solidárias deveriam estar presentes para que após seu domínio as pessoas se sentissem apoiadas umas nas outras para superarem esse impasse Ser solidário porém não engloba apenas essas circunstâncias abrangentes como a política e a sociedade mas também ações individuais Ser solidário com um colega de classe que é diferente de você é essencial para que o funcionamento da escola seja tranquilo Ser solidário com os pais em casa também é importante pois eles precisam de nós na mesma proporção que nós precisamos deles E além disso é indispensável que sejamos solidários conosco respeitando quem somos o que queremos e o que precisamos fazer É não cobrarmos de nós mesmos o melhor o tempo todo e nos tratarmos com respeito É claro que a soma de pequenas ações pessoais altera uma comunidade inteira com sorte até o mundo inteiro entretanto se objetivarmos ser solidários no nosso dia a dia de pouco em pouco já estaremos praticando honradamente essa virtude Você pode ser solidário em qualquer profissão que escolher e com qualquer pessoa que encontrar na rua Ser solidário é exercer constantemente a prática do amor da empatia e da compaixão com o próximo É obter consciência dos problemas à sua volta e utilizar os instrumentos que você tem para alterálos na intensidade com que for capaz Já foi solidário hoje Fig67 Fig65 Fig68 Ajudar os pais com a louça suja é uma forma de solidariedade Fig66 Visitar hospitais também é uma forma de solidariedade Filosofia 30 Volume 2 Exercícios de sala 1 Afinal de contas o que é ser solidário Dê exemplos práticos 2 De que forma você e seus amigos podem usar a virtude da solidariedade na escola Explique 3 Releia este trecho A solidariedade é um valor fundamental para que uma sociedade se mantenha harmônica e produtiva De que forma podemos afirmar que a solidariedade é um valor fundamental para a harmonia social e para que tudo seja mais produtivo Exercícios propostos 4 Durante esta semana de hoje até a próxima aula de Filosofia observe todas as situações de solidariedade que você presenciar na escola em casa na televisão nas redes sociais Depois escolha a situação de que mais gostou e faça um relato em seu caderno É PRECISO QUE FAÇAMOS UMA DISTINÇÃO ENTRE JUSTIÇA E CARIDADE De acordo com a justiça nunca se deve violar a dignidade das pessoas nunca tratar ninguém como se fosse inferior lembrando que ser justo é observar se o que eu possuo e mereço é também o que o outro cidadão possui e merece Não é justo por exemplo eu por ter mais conhecimento ou mais dinheiro que alguém comer beber ter roupas ter acesso à educação enquanto há pessoas com menos conhecimento menos dinheiro sem acesso a nada vivendo indignamente não tendo seus direitos básicos acessíveis No entanto vemos que o mundo não é justo Nem sempre encontramos justiça social justiça humana pois o homem quando não segue as virtudes e não exerce os valores humanos não trata seu semelhante como semelhante Há sempre uma disputa uma concorrência desleal Isso não é justiça Justiça é poder concorrer com alguém que tem a mesma capacidade que eu Mas é comum acontecer isso na sociedade A caridade por outro lado muitas vezes se confunde com o valor da justiça pois ela de certa forma fomenta e promove a dignidade Muitas vezes com desinteresse com uma genuína vontade de ajudar o ato da caridade pode fazer a diferença Será que é justo que cidadãos sejam tratados com caridade e não com justiça Vamos refletir a respeito disso O declínio da pólis grega uma nova perspectiva dos valores 31 7º ano do Ensino Fundamental 63 A ética como pilar para a vida de um cidadão O s filósofos clássicos Platão e Aristóteles buscando aprender o significado da vida discutiram muito sobre o que é ser cidadão e como viver com ética Diante disso e do contexto de valores que estamos abordando neste capítulo tentaremos entender um pouco da ética no âmbito da cidadania Primeiramente temos que saber o que é ser um cidadão Tradicionalmente a cidadania consiste num conjunto de deveres e direitos de um indivíduo garantindo a sua participação na vida política e pública de uma sociedade Esse conceito de cidadania porém vem sendo alterado tornandose mais complexo e englobando instâncias que antes não eram compreendidas Hoje ser cidadão é analisar as diferenças e necessidades de cada um e garantir uma vida digna independentemente do contexto político social econômico racial e de gênero em que o sujeito se insere Além disso é zelar pelo conjunto social que esse cidadão compõe fazendo o possível para melhorar a sua realidade dentro desse espaço e dos outros indivíduos que também o constituem Esse cidadão dentro de uma sociedade deparase com uma multiplicidade de fatores condições e pessoas Quando esse sujeito age visando a criar e a manter situações harmônicas entre ele e essas instâncias evitando violência cenários constrangedores e ações desrespeitosas portase de maneira ética Isso ocorre porque ele reflete sobre o seu comportamento e procede da forma que considera correta Assim ética é agir mediante os princípios e valores coerentes com o que julgamos correto para nós objetivando dessa forma uma vida melhor dentro da comunidade Quando percebemos que a ética é a prática de ações pensadas previamente que buscam direcionar o comportamento humano para um melhor convívio em sociedade observamos que nós como cidadãos ainda falhamos muito em sua prática As normas sociais que estabelecemos nas cidades estados e países são baseadas em preceitos éticos e quando avaliamos a quantidade de crimes que são cometidos podemos imaginar as faltas éticas que ainda são constantes em nossa sociedade Nos vários âmbitos em que a ética se enquadra a ética no trabalho na escola dentro das relações interpessoais na política no meio ambiente etc há um grande histórico de ausência desse valor Visto que a sociedade está em crescimento assim como todos os humanos que a compõem podemos crer nas mudanças incessantes deste mundo A cidadania da Grécia Antiga estabelecia os direitos dos indivíduos que viviam nas cidades Os cidadãos eram iguais perante as leis e considerados aptos para colaborar com os rumos da sociedade Percebemse no entanto algumas características específicas para os filósofos Platão Aristóteles O Estado tem o papel de educar os cidadãos para o conhecimento e cabe a ele formar os vários estratos operacionais da população Defende a divisão da sociedade em 3 classes baseadas nas virtudes da alma sabedoria os sábios seriam a cabeça do Estado por terem o caráter ouro e por utilizarem a razão coragem os corajosos seriam o peito do Estado e possuindo o caráter prata atuariam como soldadosguardiões temperança os temperantes seriam o baixo ventre do Estado tendo caráter bronze e por serem movidos pelo caráter sensível seriam os trabalhadores da sociedade Defesa da sofocracia sistema de governo em que somente os filósofos podem governar por serem os mais sábios Três etapas de preparação do cidadão Almas de Bronze 20 anos trabalhos braçais Almas de Prata 30 anos proteção da sociedade Almas de Ouro 50 anos governo da cidade A justiça se baseia na harmonia entre as classes O homem é um animal político zoon politkon ou seja o homem nasceu para viver em sociedade e só encontra a felicidade quando convive com outros homens Ética do meioermo a virtude é o equilíbrio entre o excesso e a carência que são vícios O homem não nasce bom mas se torna bom a partir da prática da virtude A felicidade está na busca pelo aperfeiçoamento Filosofia 32 Volume 2 A cidade para Platão era entendida como um organismo moral o berço onde o homem se prepara para a vida contemplativa filosófica O objetivo fundamental da educação era a formação do homem individual como kaloskagathos A partir do século V aC além de formar o homem a educação devia formar o cidadão essa é a ideia de Paideia para Platão A antiga educação baseada na ginástica na música e na gramática deixa de ser suficiente pois esperase que a tarefa de construir o homem leve em consideração transformálo também em um verdadeiro cidadão Para Platão o verdadeiro cidadão precisa saber como se comportar em sociedade precisa de fato compreender a importância de seguir as leis obedecer às regras pois tudo isso faz parte de uma educação de excelência muito mais do que apenas aprender bem o idioma e a matemática Por exemplo imagine você um aluno do 7º ano tirando excelentes notas em todas as avaliações no entanto não consegue entender a importância de não jogar lixo pela janela do carro ou de se levantar em um transporte público para que uma pessoa mais velha ou para que um adulto segurando um bebê possa se sentar em seu lugar Quem você imagina estar mais preparado para levar uma vida digna na cidade na sociedade Um excelente aluno que também saiba respeitar as leis ou um excelente aluno mas que acredita que por ser privilegiado pode deixar o lixo jogado na praça de alimentação ou ainda por acreditar que essa não é uma função digna dele recusase a levar seu prato sujo ao lugar indicado A importância fundamental da educação na estruturação e organização da vida política para Platão levava em consideração as quatro virtudes fundamentais justiça sabedoria temperança e coragem E essas virtudes precisavam ser verdadeiramente aprendidas pelo cidadão pois apenas de posse delas seria possível conviver na pólis Por quê Apesar de as pólis estarem distantes de nossa época podemos tomar como exemplo a nossa vida atualmente em nossas cidades Precisamos ser justos para exigir que todos os direitos sejam respeitados não apenas a poucos mas a todos os cidadãos Na época da Grécia Antiga em Atenas por exemplo o senso de justiça era bem diferente do que vemos hoje não é mesmo Para os atenienses era normal haver escravos E como ficava a justiça social então A sabedoria é outra virtude extremamente necessária para se conviver na cidade pois é por meio dela que podemos de fato discernir o certo do errado ter a perspicácia necessária para saber lidar com as diferenças A temperança nos dá o equilíbrio necessário para a convivência social já que nem sempre estaremos na presença de pessoas que pensam exatamente como nós E finalmente a coragem virtude essencial para enfrentar a vida cotidiana e saber como lidar com as situações que certamente serão postas à nossa frente O cidadão grego então depois de muito trabalhar essas virtudes e de conhecer as coisas do mundo deveria dedicarse à vida contemplativa da sabedoria o que Platão chamava de vida filosófica a vida mais digna de ser vivida A vida contemplativa não excluía o exercício da cidadania afinal era dentro da pólis que o homem se tornava virtuoso Afinal quem acha que para se tornar virtuoso basta subir uma montanha bem alta nos Himalaias e ficar meditando horas e horas até que todas as virtudes sejam parte de nós Não isso não existe Aprendemos a ser virtuosos na convivência familiar escolar religiosa e principalmente quando caminhamos pelas ruas de nossa cidade olhando nos olhos de nossos semelhantes e buscando justiça para todos sabedoria em todos os lugares temperança para nossas escolhas e coragem para enfrentar o que vier pela frente O que se espera de nós desde a época de Platão é que consigamos viver em harmonia na cidade e assim sejamos verdadeiros políticos No período em que Alexandre O Grande conquistou a Grécia e adotou o estilo de governo do território conquistado e a expansão cultural Aristóteles divulgou seus textos sobre política Ele afirmava que a cidade só encontraria felicidade na pólis se ela fosse governada com O declínio da pólis grega uma nova perspectiva dos valores 33 7º ano do Ensino Fundamental autossuficiência e justiça Assim esses eram considerados elementos fundamentais para ser feliz Para Aristóteles o cidadão é aquele que participa das magistraturas de caráter de tempo limitado Para ele ser cidadão diverge de sua cor classe social e sexo resultando assim várias espécies de cidadãos mas os verdadeiros são os que participam das questões políticas Para o Estagirita deve ser utilizada a Constituição para a satisfação das necessidades comuns da população a qual segundo ele é o princípio máximo de uma congregação política é seu corpo orgânico sua ordem sua estrutura Nas palavras de Aristóteles a cidadania que deve ser soberana depende da organização das autoridades públicas Para Platão a alma humana é formada por uma tríade racionalidade ira e apetite No entanto cada ser humano vai viver essa tríade numa intensidade Enquanto uns são mais racionais e preocupados com a observação de seus atos outros se deixam entregar mais aos instintos inegavelmente movidos pelas paixões Isso nos traz um problema muito grande o da convivência humana Devemos conviver com a diferença mas para isso é preciso haver normas e regras que facilitem esse processo Surge assim a questão moral Para Platão e Aristóteles é importante buscar o viver bem ou seja buscar a felicidade Você já parou para se perguntar Todo mundo tem o direito de ser feliz Até mesmo os assassinos os estelionatários que se dizem felizes assim Opa E quem é o responsável por sua felicidade E o que faz com que todos sejam felizes É possível dizer que o que me faz feliz é o mesmo que faz feliz meu cantor preferido ou meu vizinho ou o moço que caminha ao meu lado na calçada O que vem a ser essa felicidade Segundo Platão e Aristóteles ser feliz é buscar a vivência de suas virtudes é viver a sua vocação de maneira plena No entanto não podemos nos esquecer de que ambos são originados de uma vida aristocrática em cuja época por exemplo havia escravidão a qual era vista por ambos como uma coisa normal Por isso para eles a noção de ética baseavase na forma como eles enxergavam o mundo na época Para esses dois filósofos a felicidade deriva do equilíbrio e da prudência independentemente da classe social a que se pertença um escravo por exemplo pode ser feliz se estiver cumprindo seu papel social Dessa forma para ambos o estabelecimento do prazer da política e da contemplação levando em conta nossas normas de convivência poderia trazer a felicidade ou seja a ética e a moral Resumidamente para Platão a ética é buscar o caráter buscar o equilíbrio entre ética e moral Para Aristóteles a ética é buscar a felicidade por meio da vivência plena de virtudes e vocações fazendo bem a você e ao universo à sua volta Exercícios de sala 5 Se há algum ato de caridade social isso pressupõe que haja justiça para todos Justifique sua resposta Filosofia 34 Volume 2 6 Dê um exemplo de uma situação em que há caridade mas não existe a presença de justiça social 7 Observe as imagens a seguir e relacioneas com a questão da ética discutida anteriormente formulando um pequeno texto para cada item a b c Fig69 Fig610 Fig611 O declínio da pólis grega uma nova perspectiva dos valores 35 7º ano do Ensino Fundamental d Fig612 8 Considerando o que foi estudado sobre cidadania dê alguns exemplos de formas de como podemos exercêla em nosso dia a dia 9 Podemos relacionar solidariedade cidadania e ética Como 10 Baseandose nas imagens do exercício 1 ilustre uma situação em que haja a falta de ética em qualquer âmbito político de relacionamento ambiental etc 11 A moral depende da cultura e do momento histórico de um país e é um conjunto de valores que norteiam nossos comportamentos Podemos afirmar que a moral pode ser mudada ou questionada Filosofia 36 Volume 2 12 ENEM A ética precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a ser constantemente retomado e rediscutido porque é produto da relação interpessoal e social A ética supõe ainda que cada grupo social se organize sentindose responsável por todos e que crie condições para o exercício de um pensar e agir autônomos A relação entre ética e política é também uma questão de educação e luta pela soberania dos povos É necessária uma ética renovada que se construa a partir da natureza dos valores sociais para organizar também uma nova prática política CORDI et al Para filosofar São Paulo Scipione 2007 Adaptado O século XX teve de repensar a ética para enfrentar novos problemas oriundos de diferentes crises sociais conflitos ideológicos e contradições da realidade Sobre esse enfoque e a partir do texto a ética pode ser compreendida como a instrumento de garantia da cidadania porque através dela os cidadãos passam a pensar e a agir de acordo com os valores coletivos b mecanismo de criação de direitos humanos porque é da natureza do homem ser ético e virtuoso c meio para resolver conflitos sociais no cenário da globalização pois a partir do entendimento do que é efetivamente a ética a política internacional se realiza d parâmetro para assegurar o exercício político primando pelos interesses e ação privada dos cidadãos e aceitação de valores universais implícitos numa sociedade que busca dimensionar a sua vinculação a outras sociedades Anotações 37 7º ano do Ensino Fundamental Referências Anotações Filosofia 38 Volume 2

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