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Análise Econômica
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Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 37 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS ACTORES CONTRATOS Y MECANISMOS DE PAGO EL CASO DEL SISTEMA DE SALUD DE NEUQUEN Monteiro Neto A Oliveira Silva R de Severian D 2023 Territórios do desemprego industrial no Brasil estruturas produtivas regionais na crise recente 20152018 Estudios econômicos 4081 pp 3767 httpsdoiorg1052292jestudecon20232730 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA Brasil ORCID httporcidorg000000020930 3062 Email aristidesmonteiroipeagovbr Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA Brasil ORCID httpsorcidorg000000021769 2731 Email Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA Brazil raphaelsilvaipeagovbr Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA Brasil ORCID httpsorcidorg00000002 9557516X Email daniloseverianipeagovbr Estudios económicos Vol XL NS N 81 Julio Diciembre 2023 3767 ISSN 0425368X versión impresa ISSN versión digital 25251295 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS REGIONAIS NA CRISE RECENTE 20152018 TERRITORIES OF INDUSTRIAL DISEMPLOYMENT IN BRAZIL REGIONAL PRODUCTION STRUCTURES IN THE RECENT CRISIS 20152018 Aristides Monteiro Neto Raphael de Oliveira Silva Danilo Severian recibido 9 junio 2021 aceptado 18 agosto 2021 Resumo Investigamos os efeitos da desaceleração econômica do período 20152018 sobre a desconcentração territorial da indústria no Brasil bem como identificamos quais estruturas setoriais são territorialmente reforçadas ou enfraquecidas As indústrias geradoras de mais alto valor agregado produtividade e salários que nas últimas três décadas têm reduzido participação na estrutura produtiva brasileira foram ainda mais negativamente impactadas na recessão recente As conclusões apontam para o reforço de um padrão de desconcentração espúria no qual porções desenvol vidas e industrializadas do território e com maior geração de valor agregado são mais afetadas perderam mais empregos industriais e mais salários que as áreas especializadas em commodities agrominerais caracterizadas por baixos níveis de produtividade e valor agregado Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 38 ESTUDIOS ECONOMICOS Palavraschave desenvolvimento regional aglomerações industriais recessão econômica Códigos JEL L60 O14 R11 ABSTRACT We investigated how the economic slowdown of the 20152018 period affected the territorial deconcentration of the Brazilian industry as well as which sectoral structures are territorially strengthened or weakened Industries with higher added value productivity and wages which have reduced participation in the Brazilian production structure in the last three decades were even more negatively impacted in the recent recession The conclusions point to the strengthening of a pattern of spurious deconcentration in which the developed and industrialized areas of the territory are more affectedthey have lost more jobs and wagesthan those spe cialized in agromineral commodities Keywords regional development industrial agglomerations economic recession JEL codes L60 O14 R11 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 39 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS INTRODUÇÃO O Brasil se apresenta com possibilidades de retomada do crescimento econômico encurtadas neste início da terceira década do século XXI A atual estru tura produtiva e seu correspondente mercado de trabalho agonizam em meio à baixa produtividade baixos salários e escassas opções de investimentos com efeitos dinamizadores setorial e regionalmente A recessão pós2015 vem potencializando efeitos estruturais de desemprego de recursos quer seja setorialmente mais nas atividades industriais e de serviços e menos na agropecuária de exportação quer seja territorialmente de maneira heterogênea nas grandes regiões do país sem que contudo um balanço claro dos efeitos depressivos esteja suficientemente elaborado Analisar territórios e atividades impactadas por crises e recessões pode con tribuir para a mobilização de políticas e instrumentos adequados à contenção de trajetórias de aumento de desigualdades regionais por elas deflagradas Tem sido comum no Brasil que no advento de recessões econômicas as regiões menos desenvolvidas se deparem com cenário de baixo investimento por tempo mais longo que as regiões mais fortes e industrializadas Para um país de expressões continentais os movimentos de expansão e crise se expressam de maneira muito variada no território e ademais a depender de como o governo federal reage à crise e coloca à disposição da sociedade instrumentos de contrapeso os reflexos sobre as economias regionais serão mais ou menos fortes eou disseminados Nesta investigação o foco está no comportamento recente das escolhas de localização da indústria brasileira Perguntamonos qual a tendência geral das transformações na dinâmica industrial durante a recessão e como se expressam as especificidades das estruturas produtivas regionais Em particular indagamos sobre questões relevantes do debate da economia política do desenvolvimento regional quais seriam as mudanças mais significativas sobre as estruturas produtivas regio nais promovidas durante o ciclo recessivo recente que repercussões tais transfor mações trazem para a leitura do processo de integração do mercado interno e quais elementos conjunturais da crise atual se tornaram mais salientes O artigo está estruturado em quatro seções além desta introdução e das con siderações finais Na primeira seção abordamos o problema da desconcentração regional da indústria no Brasil e justificamos nosso interesse em investigálo em face ao contexto da recessão econômica recente 20152018 Na segunda seção apresentamos alguns elementos configuradores da relação entre crises econômicas e efeitos territoriais na União Europeia visàvis a experiência brasileira Nas duas seções seguintes investigamos a evolução da atividade industrial ora no recorte Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 40 ESTUDIOS ECONOMICOS territorial das macrorregiões e estados terceira seção ora sob o recorte das aglo merações industriais relevantes quarta seção durante a crise econômica Em particular duas contribuições consideradas relevantes para a literatura do desenvolvimento regional são realizadas A primeira é da tipificação dos ramos industriais segundo o fator competitivo predominante cujos resultados apontam que as regiões brasileiras se mantêm em trajetória de maior especialização em atividades intensivas em recursos naturais e em mão de obra se distanciando portanto das indústrias baseadas em conhecimento inovação diferenciação de produto e escala de produção A segunda contribuição é a correspondente à men suração dos níveis de emprego e de massa salarial das aglomerações industriais nos anos de crise Concluímos pelo enfraquecimento das aglomerações mais complexas e consolidadas com maior nível de emprego e com outrora maior poder de inter ligações setoriais e regionais e pelo fortalecimento daquelas que são produtoras de commodities agrominerais geradoras de superávits na balança comercial mas ainda assim possuidoras de baixa capacidade de produção de rebatimentos inter setoriais e interregionais no mercado interno I ATIVIDADE INDUSTRIAL E PREFERÊNCIAS LOCACIONAIS O QUADRO MODIFICADO PELA CRISE Certas preferências locacionais das atividades econômicas têm se manifes tando de modo bastante diverso no país nas últimas três décadas Desde a abertura comercial e financeira indiscriminada realizada em início dos anos 1990 o parque industrial nacional passou a ser solapado pela competição internacional mais aci rrada e pelas dificuldades em realizar renovação tecnológica Noutra direção os diferenciais competitivos da base de recursos naturais passaram a ter relevância muito maior para um ávido mercado global de commodities agrominerais o qual promoveu simultaneamente a expansão do quantum demandado e do preço delas Neste contexto as decisões empresariais têm sido fortemente alteradas na sua dimensão territorial Pouco incentivo há para o investimento em plantas pro dutivas novas greenfield as atividades da indústria perdem terreno e a estratégia de inserção em cadeias produtivas globais tem corrido pelo lado das importações A indústria brasileira tornouse crescente compradora de insumos e bens de capital de suas matrizes eou de empresas externas com estrutura produtiva mais oca e curtas relações intrassetoriais Sarti Hiratuka 2017 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 41 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS Do ponto de vista territorial um prolongado processo de desindustrialização tem se manifestado em localidades de industrialização mais madura nas regiões Sudeste e Sul enquanto em áreas de fronteira de recursos naturais nas regiões CentroOeste Nordeste e Norte bem como porções restritas do Sudeste e Sul passam a ser motivo de expansão produtiva para o mercado internacional Uma nova geografia das atividades econômicas e particularmente das industriais foi colocado em curso no período de 1990 a 2015 com conotações de presença de desindustrialização precoce e baixo esforço de renovação tecnológica em direção aos padrões de fronteira do mercado mundial Diniz 2019 Brandão 2019 Para tornar mais dramático este processo a partir de 2015 um quadro recessivo tomou forma no país mostrando sinais de estar muito mais ligado ao reforço do processo de desindustrialização e menos à dinâmica do setor externo baseado na produção de commodities agrominerais Motivados por esta questão em curso investigamos de maneira aprofun dada como territórios da atividade industrial têm reagido à crise econômica que se estabeleceu no país a partir de 2015 Nossa hipótese é que a tendência de regressão estrutural das atividades industriais está sendo reforçada por elementos presentes na atual recessão os quais de um lado passam a deprimir o mercado para bens industriais pela redução da renda interna e de outro lado favorecem a expansão de bens do setor exportador de agrominerais estimulada pela demanda mundial Inicialmente explicitamos a expressão da trajetória territorial da atividade industrial pelo recurso a duas escalas espaciais complementares a uma mais tra dicional das macrorregiões e estados e b a das microrregiões geográficas Parte se do recorte temporal do período 19952015 marcado inicialmente pela esta bilização macroeconômica entre 19952002 e posteriormente por crescimento promovido por intenso ativismo fiscal entre 20032014 de maneira a contrastar a observação do emprego e da atividade econômica neste período com o cenário de crise e recessão na indústria na fase posterior de 20152018 Ao delimitar os movimentos de perdas do valor da transformação industrial VTI e do emprego apresentamos os contornos de uma certa geografia do desemprego estrutural na indústria brasileira no período recente com a finalidade de contribuir para o debate sobre como políticas macroeconômicas recessivas podem resultar em disrupção de elos urbanoregionais e setoriais da cadeia produtiva industrial Na escala territorial das macrorregiões e estados nos centramos na compo sição e trajetória do valor da transformação industrial VTI com dados da série de Produção Industrial Anual Empresa PIA do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE visando avaliar os impactos territoriais da crise econômica Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 42 ESTUDIOS ECONOMICOS do período 20152018 crise que se arrasta entretanto ainda em 2019 com taxa de crescimento anual do produto interno bruto PIB total de apenas 11 e pelo efeito negativo da queda de 41 em 2020 segundo as contas nacionais do IBGE A outra perspectiva territorial é de microrregiões geográficas do IBGE e vistas pelo conceito de Aglomeração Industrial Relevante AIR Para este nível territorial usamos os dados de emprego industrial formal da Relação Anual de Informações Socioeconômicas RAIS do Ministério da Economia do Brasil Secretaria de Produtividade e Emprego 1995 2000 2005 2010 2015 e 2018 Nesta abordagem multiescalar sobre a atividade industrial pretendese orga nizar um quadro da evolução de dinâmicas territoriais de operação da indústria e em particular dimensionar e refletir sobre os efeitos da recessão econômica recente nas diversas regiões do país Uma questão pertinente a ser escrutinada é quais regiões brasileiras foram mais afetadas pela recessão A crise tem produzido algum efeito reconcentrador regionalmente A discussão sobre a preferência locacional da atividade industrial no territó rio brasileiro retoma o conceito de aglomeração industrial relevante AIR sugerido por Diniz 1993 e Diniz e Mendes 2021 que assumiram uma AIR como uma microrregião geográfica1 do IBGE com nível de emprego apenas na indústria de transformação com 10 mil ou mais empregos formais Em face das alterações con solidadas na matriz produtiva nacional em direção ao fortalecimento da presença de ramos da extrativa incorporamos junto ao emprego da indústria de transformação o das indústrias extrativas petróleo e minérios que apresentaram papel relevante nas decisões de investimento no período Portanto diferentemente destes trabalhos citados consideramos para este estudo que emprego industrial é a soma do emprego dos ramos da indústria extrativa e dos ramos da indústria de transformação II RECESSÕES ECONÔMICAS CARACTERÍSTICAS E PERCURSOS TERRITORIAIS A seguir discutimos como a literatura especializada aborda a questão dos impactos territoriais das crises econômicas quanto a certas capacidades de reação ou de resiliência de estruturas produtivas em regiões de um país Inicialmente 1 Microrregião geográfica é um nível de divisão regional que agrega municípios de uma mesma área geográfica em uma unidade federativa com similaridades de características sociais geográficas produção econômica e de articulação espacial totalizando 558 microrregiões no país IBGE 1990 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 43 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS estudos recentes da experiência de países da União Europeia durante a crise de 20082009 são comentados e em seguida o caso brasileiro é aprofundado com a apresentação de elementos específicos da recessão recente do período 20152018 II1 Crise e território relações mais prováveis É sabido na literatura econômica brasileira do desenvolvimento regional que os ciclos econômicos apresentam características bastante heterogêneas de disseminação pelo território Durante a etapa de constituição e consolidação do núcleo produtivo industrial nos anos 19301970 foi mais comum que as regiões Sudeste e Sul apresentassem sempre evolução econômica total mais favorável e acelerada que a observada em regiões de retraso como Norte Nordeste e Centro Oeste Cano 1998 mostrou detidamente como esse processo de divergência de níveis de desenvolvimento regional ocorreu no país Contudo já a partir dos anos 1990 quando as taxas de crescimento econômico nacionais se desaceleram frente ao que era no passado as macrorregiões menos desenvolvidas apresentaram taxas em média um pouco mais elevadas Os esforços da política regional para expandir a industrialização e promover a diversificação produtiva nas regiões de retraso têm tido resultados positivos pois têm transformado as economias regionais mais resilientes às crises e mais abertas ao crescimento Observase nas décadas recentes que as regiões de menor desen volvimento ainda que sejam impactadas pelos movimentos de auge e retração dos ciclos econômicos nacionais vêm apresentando performance mais favorável que aquelas com estruturas econômicas mais maduras2 Contudo indagamos se este comportamento visto no agregado isto é na escala macrorregional também se apresenta na escala microrregional Este é um questionamento de interesse para nosso trabalho De maneira a identificar regularidades dos impactos das crises econômicas recentes em países e regiões recorremos a certa literatura da União Europeia UE sobre o assunto Identificamos que com mais frequência os estudiosos investigam os efeitos da crise sobre a atividade econômica e sobre o nível de desemprego no mercado de trabalho 2 Por exemplo a Região Nordeste com menor PIB per capita do país em torno de 50 da média nacional e também a segunda mais populosa com 573 milhões de habitantes em 2020 271 do total nacional apresentou evolução de 24 ao ano entre 20002015 para o PIB per capita enquanto para o país como um todo esta taxa foi de 17 ao ano no mesmo período Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 44 ESTUDIOS ECONOMICOS Por exemplo de Beer 2012 analisou a experiência dos países membros da UE quanto ao impacto da recessão de 2008 sobre o mercado de trabalho e a distribuição de renda e observou reações heterogêneas em cada país a depender de fatores institucionais prevalecentes em cada mercado de trabalho Nos casos em que este é muito flexível a rápida expansão do desemprego é a resposta mais corrente Para Dinamarca e Espanha países com regulamentações trabalhistas distintas veri ficou que enquanto no primeiro país as demissões recaíram sobre trabalhadores permanentes na Espanha os temporários foram mais afetados Na verdade na Espanha tanto o nível de desemprego geral se elevou entre 20082009 ao patamar de 113 como o desemprego entre os empregos temporários também aumentou mais fortemente com a taxa atingindo 184 Ainda neste mesmo estudo de de Beer 2012 concluiuse que em países com regras menos flexíveis para as demissões ou para redução do número de horas de trabalho Alemanha e Eslováquia ou para a redução do nível de salário nominal Reino Unido a crise resultou em baixo desemprego no curto prazo mas afetou a recuperação nos anos seguintes que transcorreu em ritmo muito lento Com interesse concentrado nos impactos da crise sobre o nível de ativi dade econômica Groot et al 2011 colocou mais ênfase de um lado no grau de ligação de cada país com a economia global por meio de suas relações financeiras e de comércio e de outro lado atribuiu também um papel relevante à diversidade setorial existente como elementos a ser considerados sobre a capacidade de reação à recessão O fato mais relevante a ser ressaltado do estudo é que a composição setorial prevalecente em cada país foi o fator de maior qualidade explicativa frente ao quadro recessivo de 2008 Países da União Europeia UE em que os seto res manufatureiros são mais relevantes e presentes em suas estruturas produtivas foram os mais afetados pelo ciclo dos negócios os setores mais sensíveis ao ciclo econômico foram os de por ordem equipamento de transportes outras manufatu ras produtos eletrônicos construção combustíveis químicos borracha e produtos plásticos enquanto os setores menos afetados foram os de agricultura mineração transportes e comunicações e serviços financeiros Adicionalmente Barkman et al 2015 e European Comission 2013 avaliaram que dimensões produtivas são mais relevantes para a resiliência às recessões entre as regiões da política regional da UE Convergiram em suas investigações que quanto maior o grau de urbanização quanto mais sofisticadas alta tecnologia as indústrias existentes bem como a forte presença de serviços financeiros e de negócios nas regiões mais resilientes elas se tornaram frente à recessão de 2008 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 45 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS No caso brasileiro algumas especificidades recentes têm se mostrado con trárias às tendências observadas em países e regiões da UE Macedo e Porto 2021 realizaram para o Brasil ampla investigação da evolução regional da economia e do mercado de trabalho no período 20002018 O estudo revelou que o crescimento econômico brasileiro medido pelo PIB do período 20022014 fase ascendente teria sido mais intenso nos territórios da base da hierarquia urbana brasileira isto é cresceram mais as cidades intermediárias capitais regionais e centros subregio nais e pequenas centros de zona e centros locais op cit p 22 Associado a esta performance positiva do PIB o mercado de trabalho emprego formal da RAIS destas subregiões neste mesmo período também teria se expandido em ritmo superior aumentando a participação destes territórios no emprego formal nacional Quando a crise se tornou realidade nos anos 20152018 segundo o estudo as regiões com estruturas produtivas menos complexas e com mais ramos de agri cultura e serviços foram menos impactadas isto é foram mais resilientes De fato perderam mais empregos formais na recessão as áreas de mais forte adensamento econômico nas chamadas grandes metrópoles São Paulo e Rio de Janeiro demais metrópoles nacionais e capitais regionais Também Santos e Saiani 2020 investigaram como a crise econômica afe tou setores produtivos das regiões Nordeste e Sudeste do país Seus resultados comparativos para o período 20022018 evidenciaram contrações mais suaves de emprego e remunerações no Nordeste visàvis a Região Sudeste mais industriali zada A inferência do estudo é que a crise foi mais acentuada no centro industrial e menos nas periferias resultado que ao seu modo convergiu com os de Macedo e Porto 2021 Os estudos acima citados cujos objetivos foram examinar como uma reces são tende a afetar as economias nacionais contribuem para a reflexão de caminhos perseguidos e resultados obtidos Observase que na UE e no Brasil o elemento que mais responde à crise ou depressão econômica é o relacionado à estrutura pro dutiva preexistente porém em cada caso a resposta opera em sinal inverso na UE quanto maior a presença de ramos industriais complexos na estrutura produtiva das regiões menos intenso tende a ser o choque recessivo No Brasil ocorre o contrá rio como indicado por Macedo e Porto 2021 são as regiões mais urbanizadas e com maior complexidade econômica as que mais perderam produção e emprego Em face destas reflexões esta investigação pretende contribuir com novos delineamentos para este debate ao dirigirse à questão de como territórios da atividade industrial no Brasil têm sido impactados pelo quadro recessivo do período pós2015 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 46 ESTUDIOS ECONOMICOS II2 A recessão econômica dos anos 20152018 no Brasil Sob efeitos da crise financeira de 2008 a economia global veio a operar com nível maior de incertezas e instabilidade nos anos subsequentes No Brasil os impactos foram sentidos muito rapidamente com uma também drástica contração de crédito por parte dos bancos privados À época o governo federal segunda gestão do presidente Lula da Silva tomou medidas para conter os efeitos negati vos da crise pelo aumento da oferta de crédito bancário das instituições públicas Caixa Econômica Federal Banco do Brasil Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES Banco do Nordeste e Banco da Amazônia No seu conjunto a resposta governamental envolveu de um lado aumentar o gasto público e de outro lado estimular a oferta de crédito pública ao investimento privado para se contrapor à recessão prolongada A economia reagiu bem entre 2008 e 2011 aos estímulos fiscais e de cré dito governamental com expansão da produção e emprego Contudo revezes nas variáveis externas trouxeram instabilidade para a situação macroeconômica entre 20112014 saídas de capitais em busca de investimentos seguros em títulos da dívida pública do tesouro dos EUA e da Europa redução das receitas do setor exportador por conta do fim do ciclo de alta de preços das commodities declínio dos preços do petróleo com impactos sobre exportações a eles associadas todos estes fatores convergiram para o comprometimento da taxa de investimento pri vado Restrições fiscais crescentes se tornaram um elemento desafiador para que a política macroeconômica pudesse executar medidas contracíclicas Medi das de desoneração tributária para amplos setores econômicos adotadas nos anos 20122014 ao reduzir ainda mais as receitas governamentais contribuíram para que a situação fiscal se deteriorasse rapidamente Como decorrência dos desarranjos internos em 2014 a taxa de crescimento do PIB nacional segundo o IBGE foi de apenas 01 revelando que a estagnação havia definitivamente se instalado na economia A política econômica a partir de janeiro de 2015 primeiro ano do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff se tornou fortemente contracionista em função de avaliações pessimistas sobre a evolução das despesas do governo federal num quadro de queda da atividade produtiva e da arrecadação Desde então as ações para garantir a solvência das contas públicas têm sido pelo lado da contração das despesas inclusive do investimento público A instituição da lei do Teto do Gasto PEC No 95 de 2016 já sob o governo Michel Temer consolidou um drástico Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 47 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS controle do gasto público o qual tendo se iniciado naquele ano deverá por lei se estender até 2026 por 10 anos Nos anos de 2015 e 2016 o PIB do país caiu consecutivamente a taxas elevadas de 35 em 2015 e de 33 em 2016 Contas nacionais IBGE A recu peração ensaiada nos anos posteriores foi modesta e incapaz de recuperar perdas Apresentou baixas taxas positivas para os anos de 2017 de 13 e 2018 de 18 Este quadro depressivo entre 20152016 e de fraca recuperação entre 20172018 não foi entretanto alterado posteriormente o PIB total cresceu a taxa de 14 em 2019 e em 2020 sob condições excepcionais relacionadas à pandemia da COVID 19 que veio exigir um lockdown total de atividades e pessoas em vários momen tos a economia desabou em 41 Contas Nacionais IBGE conformando um padrão caracterizado por deterioração do investimento público e do consumo das famílias e como resultante o desfalecimento do investimento privado O ambiente reformista passou a representar um freio nas decisões de investi mento do setor privado Afinal o ambiente mais seguro para o cálculo das margens finais de lucro dos empreendimentos somente viria a ocorrer depois que as reformas trabalhista previdenciária desregulamentações no âmbito do sistema monetário Banco Central privatizações de empresas públicas eou de parte de seus ativos Petrobrás Correios Banco do Brasil e Caixa Econômica venda de lotes de ações de empresas privadas nacionais possuídas pelo BNDES tivessem conclusão Não por outra razão que a taxa de investimento total da economia brasileira caiu e mantevese baixa durante toda a recessão O enfraquecimento de variáveis da demanda agregada investimento e massa salarial pode ser expresso para nossos propósitos pelos elementos a seguir mencionados os quais passaram a reforçar a contração da renda interna assim como limitar o tamanho do mercado interno da indústria a declínio da formação bruta de capital fixo FBCF conforme levanta mento trimestral desta variável feita por Ipea 2020 em novembro de 2014 o índice de crescimento da FBCF atingiu o patamar de 19006 comparativamente a jan2000100 No final de 2014 a economia brasi leira entrou em ciclo descendente por pelo menos três anos de queda da atividade econômica o índice de FBCF atingiu respectivamente em dez2015 dez2016 dez2017 e dez2018 os seguintes valores 14210 14517 14963 e 14822 O nível geral de investimento nestes últimos 4 anos permaneceu abaixo do atingido em fins de 2014 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 48 ESTUDIOS ECONOMICOS b forte contração do investimento público no período fazendo esta moda lidade de investimento governo federal e estatais federais cair do patamar de R 1288 bilhões em 2014 para R 983 bilhões em 2015 R 741 bi em 2016 R 697 bi em 2017 e R 552 bi em 2018 este último equivalente a 428 do observado em 2014 IFISenado Federal 2017 c redução da proporção crédito bancárioProduto interno bruto segundo dados dos Relatórios de Economia Bancária Banco Central do Brasil 2017 e 2019 a referida razão entre as variáveis passou de 537 em 2015 para 496 em 2016 para 471 em 2017 somente apresentando uma pequena recuperação em 2018 quando atingiu 474 do PIB e finalmente nova recuperação em 2019 alcançando 48 do PIB total sem voltar contudo a atingir a participação apresentada em 2016 O alarmante aqui é que a proporção entre as duas variáveis se manteve estável relativamente a um denominador que se reduziu o PIB d aumento do nível do desemprego geral da força de trabalho na econo mia com a taxa de desemprego da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio PNADIBGE no 4º trimestre de cada ano apresentando um forte aumento na verdade duplicando seu patamar de 65 em 2014 para 89 em 2015 e 120 em 2016 e se estabelecendo em 118 em 2017 e 116 em 2018 Ipea 2019 e e frágil recuperação dos salários reais em contexto de alta do desemprego o rendimento real de todos os trabalhos média do 4º Trimestre de cada ano para o Brasil como um todo caiu entre 2014 e 2017 somente apre sentou recuperação em 2018 Os valores respectivamente para cada ano de 2014 2015 2016 2017 e 2018 foram R 2 30364 R 2 22653 R 2 24036 R 2 27007 e R 2 30531 Ipea 2019 anexo estatístico O cenário em consolidação tem sido portanto o de enfraquecimento da massa salarial total da economia por efeito do aumento do desemprego no setor privado e pela contenção de aumentos salariais reais no setor público Efeitos de contração da dinâmica econômica das regiões brasileiras passa ram a se notar desde então De um lado a queda abrupta do investimento público federal e de suas empresas estatais desmobilizou projetos de investimento em empreendimentos do complexo petroquímico da Petrobras nos estados do Nordeste mais baixo PIB per capita nacional como Rio Grande do Norte Pernambuco e Bahia assim como na Região Sudeste mais alto PIB per capita nos estados Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 49 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS do Rio de Janeiro e Espírito Santo atingiu o cronograma das obras da rodovia Transnordestina e da transposição do rio São Francisco no Nordeste e atrasou a finalização das usinas hidrelétricas na região Amazônica De outro lado a retração do crédito bancário público do BNDES e dos ban cos regionais de desenvolvimento instrumentos que tinham tido entre 2003 e 2014 papel relevante no financiamento de atividades estruturadoras nas regiões Norte NO Nordeste NE e CentroOeste CO produziu onda adicional de impac tos negativos sobre o setor privado O BNDES havia financiado nacionalmente a indústria e a infraestrutura em R 3617 bilhões acumulados preços de 2018 entre 20102014 montante que foi reduzido nos mesmos setores para R 948 bilhões entre 20152018 Silva Marques 2021 Adicionalmente os recursos canalizados para as 3 grandes regiões da polí tica regional brasileira NO NE e CO provenientes dos Fundos Constitucionais de Financiamento FCF haviam atingido o patamar acumulado a preços de 2018 de R 1466 bilhões em 20102014 e sofreram redução na recessão para R 1103 bilhões entre 20152018 Desse modo foi criado o contexto favorável para aumento do nível de desemprego no mercado de trabalho para a redução da demanda poten cial para indústria e por fim para a materialização de tendência de desconcentração produtiva espúria no território III EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL E OS EFEITOS MACRORREGIONAIS DA CRISE A trajetória consolidada na atividade da indústria ao longo dos anos 1995 2015 caracterizada por baixo crescimento do seu valor adicionado bruto VAB e perda de densidade produtiva foi ainda mais duramente impactada na crise recente entre 20152018 Dados do Nível de Utilização da Capacidade InstaladaNUCI FGVIBRE 2020 na indústria manufatureira apontam para o nível de ocupação de 812 em 2014 e em seguida entre os anos de 2015 2016 2017 e 2018 para 764 739 744 e 757 atestando a fragilidade que se instalou na atividade industrial no país III1 Desconcentração territorial espúria A desconcentração territorial da atividade industrial no Brasil ocorre desde a década de 1970 até os dias atuais Foi mais acelerada entre 19701985 quando a Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 50 ESTUDIOS ECONOMICOS indústria crescia em ritmo forte e passou a desacelerar com os impactos da abrupta abertura produtiva e financeira nos anos 1990 A literatura especializada tem mos trado que a desconcentração industrial se manteve atuante no período 19952015 em meio ao processo de desindustrialização e transformação regressiva de sua estrutura produtiva Monteiro Neto Silva Severian 2020 Em contexto recessivo pós2015 na presença de fortes quedas consecutivas no PIB e na produção física industrial seguiuse ainda assim a continuidade da trajetória de desconcentração regional Por exemplo de 2010 até 2017 a Região Sudeste mais desenvolvida e industrializada perdeu 32 pontos percentuais de sua participação no PIB nacional de 561 em 2010 para 540 em 2015 e 529 em 2017 Contas Regionais IBGE As regiões Norte Nordeste e CentroOeste continuaram avançando percentuais de participação relativa no PIB total e a Região Sul manteve sua posição no cenário nacional A Região Norte tinha os seguintes percentuais nos anos de 2010 2015 e 2017 53 53 e 56 A Região Nor deste nos mesmos anos ganhou 1 ponto percentual no PIB nacional passando respectivamente de 135 142 para 145 Enquanto a Região CentroOeste apresentou 91 97 e 100 A intensidade com que a recessão impactou o valor da transformação industrial VTI em cada região se mostrou bastante heterogênea depois de ter se expandido a taxa de 32 entre 19962015 por efeito da crise a região Norte des acelerou seu ritmo de expansão do VTI para 11 ao ano entre 20152018 Houve trajetória díspar entre as suas principais economias estaduais em que se destacou a performance altista de 73 ao ano da economia Paraense impulsionada pelas exportações de minérios e o movimento contrário no estado do Amazonas isto é com queda na produção do polo industrial de Manaus cujo estado apresentou variação negativa de 43 da atividade predominante direcionada para o mercado interno nacional Todas as demais macrorregiões apresentaram reduções nas taxas anuais entre 20152018 naquele indicador as quais variaram de maiores a menores que das de 21 na região Sul com contração nos três estados de Rio Grande do Sul Santa Catarina e Paraná de 18 no CentroOeste impactada pela forte redução no VTI do estado de Goiás 47 redução de 16 na Região Nordeste de menor PIB per capita e no Sudeste a região mais rica a queda estabeleceuse em 14 e São Paulo 26 Uma das expressões mais preocupantes da recessão vista pela queda no VTI é que ela se apresenta bem generalizada territorialmente 23 economias estaduais num total de 27 apresentaram taxas negativas ou próximas a zero neste subperíodo No geral o efeito mais evidente da crise recente 2015 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 51 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS 2018 sobre a atividade industrial tem sido o de reverter a trajetória positiva do período antecedente 19962015 O VTI total estabeleceuse em 2018 no patamar de 94 do que era em 2015 A preocupação central no horizonte imediato da economia brasileira rela cionada à recuperação do nível de atividade no póscrise se volta para uma estru tura produtiva cuja dependência dos mercados externos tem se acentuado no país Conforme mostraremos a seguir os grupos industriais ligados ao processamento de recursos naturais e os intensivos em mão de obra continuaram a ampliar sua relevância neste período de crise fazendo deles elemento determinante de uma possível retomada III2 Reforço da especialização regressiva na recessão Se a tendência de especialização em atividades intensivas em recursos natu rais e em mãodeobra de baixo custo foi o marco do período 19902015 Monteiro Neto Silva 2018 Sampaio 2015 Macedo 2010 na crise houve reforço desta posição Estes dois grupos aumentaram a participação na composição geral da indústria nacional no período com a respectiva redução relativa dos setores mais intensivos em capital e tecnologia Avaliando estatísticas do VTI de grupos de indústria tipificados segundo o fator competitivo predominante3 em número de cinco a as indústrias intensivas em recursos naturais RN b intensivas em mãodeobra MO c intensivas em escala ESC d intensivas em diferenciação de produtos DIF e as baseadas em ciência CIE confirmamos a preponderância da indústria relacionada com pro cessamento de recursos naturais inclusive extração e refino de petróleo com cerca de metade da composição da indústria nacional A participação deste grupo até mesmo aumentou nestes anos recessivos passando de 495 em 2015 para 52 de toda a estrutura industrial em 2018 Em conjunto a participação da indústria de processamento de recursos naturais somada à dos ramos intensivos em mão de obra corresponde a 623 do total da industrial nacional em 2018 e a 609 em 2015 Ressaltese que em 1996 a participação destes mesmos grupos de indústria RN MO estava em 486 do total da indústria nacional 3 A tipologia utilizada para a indústria segundo o fator competitivo predominante toma como referên cia estudos desenvolvidos em OCDE 1987 e aplicados entre outros por Borbély 2004 e Nassif 2008 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 52 ESTUDIOS ECONOMICOS Os ramos outrora mais relevantes da estrutura industrial e relacionados a atividades mais complexas de maior valor agregado maior produtividade média e maior efeito de encadeamento interindustrial e interregional os de escala dife renciados e intensivos em ciência se reduziram segundo apuramos de 514 em 1996 para 391 em 2015 e novamente para 377 em 2018 do total da indústria estando portanto em franca perda de importância ao longo do tempo investigado Este quadro de regressão produtiva dado pela redução de complexidade téc nica da indústria está presente em todas as macrorregiões brasileiras Nas regiões CentroOeste Norte e Nordeste as indústrias associadas à base de recursos naturais RN e diferencial de mão de obra MO têm mais expressiva presença com pata mar próximo ou superior a 70 do VTI industrial Estes dois grupos de indústrias RN MO somados têm as seguintes participações na estrutura industrial das regiões Norte 648 em 2015 e 700 em 2018 Nordeste 706 em 2015 e 673 em 2018 CentroOeste 821 em 2015 e 819 em 2018 Nas regiões mais industrializadas em que a composição tende para setores mais intensivos em escala e diferenciação de produtos a tendência de expansão das indústrias de mais baixa intensidade tecnológica RN MO foi mais contida mas ainda assim esteve presente Sudeste 568 em 2015 e 580 em 2018 e Sul 640 em 2015 e 643 em 2018 Uma vez que o impulso dinâmico do vetor externo de crescimento dado por exportações de commodities agropecuárias e minerais estimado indiretamente pela presença da extrativa no total da indústria ou quando visto por fator competi tivo dos grupos de indústria de baseados em recursos naturais e intensivos em mão de obra tem efeito limitado sobre o crescimento da indústria total a retomada póscrise deverá ser lenta e com pouca reverberação interssetorial4 IV OS EFEITOS DA CRISE NAS AGLOMERAÇÕES INDUSTRIAIS RELEVANTES Diferentemente das investigações tradicionais baseadas em recortes terri toriais macrorregionais ou estaduais os estudos centrados em microrregiões ou 4 Estudos baseados em matriz insumoproduto para economia brasileira dos anos 2010 têm mostrado o baixo poder multiplicador para frente e para trás na cadeia produtiva das atividades agropecuárias e extrativas Os ramos da indústria com maiores interligações setoriais estão justamente na indústria de transformação Marconi Rocha Magacho 2016 Mollo Takasago 2019 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 53 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS até mesmo municípios são mais propícios para a visualização das suas dinâmicas produtivas Nas subseções a seguir apresentamos inicialmente o quadro geral das aglomerações industriais relevantes AIR brasileiras e em seguida realizamos análise circunstanciada dos efeitos da recessão de 20152018 sobre seu nível de emprego e massa salarial IV1 Aglomerações Industriais Relevantes quantas são e onde estão O recorte territorial das microrregiões permite observações mais detalhadas dos processos em curso na indústria A Tabela 1 a seguir registra a evolução do emprego industrial e do número de aglomerações industriais para anos escolhidos entre 1995 e 2018 Houve aumento no número de AIR de 85 em 1995 até pelo menos 2015 quando chegaram a 160 e redução posterior de maneira que em 2018 caiu para 157 unidades Sua localização predominante tem sido as regiões Sudeste e Sul com 66 AIR em 1995 e 115 em 2018 As regiões Norte Nordeste e CentroOeste respondiam por 19 unidades em 1995 e aumentaram este número para 42 em 2018 Tabela 1 Emprego e Quantidade de Aglomerações Industriais Relevantes 1995 a 2018 Aglomerações Industriais Relevantes 1995 2000 2005 2010 2015 2018 Total do Emprego Industrial mil unds 3 897 3 815 5 049 6 573 6 260 5 808 Total de AIRs unds 85 99 126 150 160 157 Norte 2 3 3 3 3 3 Nordeste 13 15 21 26 27 25 Sudeste 44 48 60 68 72 70 Sul 22 28 35 43 45 45 CentroOeste 4 5 7 10 13 14 Consideradas AIR microrregiões geográficas do IBGE com 10 mil ou mais empregos formais na Indústria Extrativa e de Transformação em 31 de dezembro de cada ano Fonte Elaboração dos autores com base nos dados brutos da RAISME Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 54 ESTUDIOS ECONOMICOS O movimento na maior parte do período foi de expansão do território do emprego industrial no país que coincide num processo contraditório com o enfraquecimento do setor industrial como motor da economia cuja performance foi caracterizada por fraca evolução da produção acompanhada por estagnação da produtividade média do trabalho e por aumento do componente importado no valor adicionado bruto Desagregando os dados sobre as AIR por unidade da federação UF e grande região para os anos de 2015 a 2018 observamos movimentos internos da crise no mercado de trabalho da indústria Tabela 2 O volume do emprego das aglomerações industriais foi reduzido em 4523 mil unidades entre 2015 e 2018 dados ponta a ponta com o correspondente número de 185 mil estabelecimentos industriais fecha dos Considerando que em 2013 o nível de emprego foi de 69 milhões a queda no emprego industrial terá chegado a 11 milhão desde o seu momento de pico As grandes perdas em volume de emprego industrial se verificaram em AIR das unidades federativas de maior peso na estrutura industrial nacional São Paulo 1939 mil RJ 692 mil RS 453 mil e MG 228 mil Porém a crise afetou negativamente também unidades da federação em regiões vulneráveis como Nordeste RN 241 mil CE 208 mil e PE 157 mil no total da região foram perdidos 865 mil empregos industriais Na Região Norte o estado do Amazonas perdeu 117 mil empregos no polo industrial de Manaus e o Pará teve queda de 24 mil entre 20152018 ponta a ponta As perdas absolutas no nível de emprego industrial foram maiores no Sudeste e Nordeste que nas demais regiões do país No primeiro caso a indústria da região mais desenvolvida tende a ser mais afetada quando a crise sobrevém pois os setores mais dinâmicos relacionados a bens de capital e voltados para altas rendas tendem a perder fôlego primeiro No caso do Nordeste região de menor desenvolvimento e de baixos salários as perdas de emprego se apresentam como motivo de preocupação pois envolvem fragilidades em setores consolidados ou em consolidação apoiados pela política industrial nacional e pela regional A forte retração dos investimentos na indústria de petróleo e derivados isto é a extrativa de petróleo e a de refino combustíveis fertilizantes nitrogenados etc impactou sobre empregos no Rio Grande do Norte Bahia e Pernambuco Foram reduzidos empregos ligados a commodities minerais no Maranhão e automóveis em Pernambuco No Ceará a redução do emprego esteve muito relacionada à queda da demanda nacional por vestuário e calçados e nas indústrias alimentícias Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 55 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS Tabela 2 Brasil Regiões e Unidades Federativas Número de Aglomerações Industriais Relevantes AIR Emprego Formal e Número de estabelecimentos 2015 a 2018 Região e UF Número de AIRs Emprego Estabelecimentos 2015 2016 2017 2018 2015 2016 2017 2018 2015 2016 2017 2018 Norte 3 3 3 3 143 632 131 943 130 678 129 555 2 914 2 826 2 767 2 679 Amazonas 1 1 1 1 99 207 89 530 88 364 87 518 1 437 1 376 1 341 1 309 Pará 2 2 2 2 44 425 42 413 42 314 42 037 1 477 1 450 1 426 1 370 Nordeste 27 23 24 25 725 949 644 842 640 039 639 410 29 270 26 562 26 472 25 926 Alagoas 3 3 3 3 62 182 60 189 56 940 51 828 1 167 1 154 1 150 1 148 Bahia 5 4 5 5 143 587 127 346 136 012 136 978 6 386 5 665 6 274 6 105 Ceará 4 4 4 4 190 215 175 452 170 733 169 441 7 693 7 359 6 997 6 826 Maranhão 1 1 1 1 11 988 11 628 11 111 11 401 779 812 780 817 Paraíba 2 2 2 2 52 351 48 868 46 071 46 079 2 014 1 954 1 932 1 903 Pernambuco 7 6 6 7 180 755 161 628 160 703 165 055 6 812 6 249 6 060 5 973 Piauí 1 1 1 1 19 856 18 526 18 364 19 520 1 276 1 219 1 207 1 189 Rio Grande do Norte 3 1 1 1 47 367 25 725 24 632 23 202 2 218 1 282 1 251 1 164 Sergipe 1 1 1 1 17 648 15 480 15 473 15 906 925 868 821 801 Sudeste 72 69 71 70 3 355 412 3 115 586 3 090 503 3 061 213 127 926 122 597 119 826 117 635 Espírito Santo 4 4 4 4 102 240 95 723 93 795 94 096 5 225 5 052 4 888 4 811 Minas Gerais 21 21 21 21 609 694 579 239 584 458 586 907 28 344 27 619 26 747 26 226 Rio de Janeiro 6 5 5 5 356 612 308 120 296 661 287 323 13 021 11 977 11 483 11 006 São Paulo 41 39 41 40 2 286 866 2 132 504 2 115 589 2 092 887 81 336 77 949 76 708 75 592 Sul 45 46 45 45 1 712 378 1 644 012 1 652 892 1 662 927 81 753 80 235 78 727 77 277 Paraná 16 16 17 17 536 657 501 387 522 735 521 786 24 922 24 043 24 107 23 753 Rio Grande do Sul 12 13 11 11 555 056 539 165 510 325 509 684 26 541 26 459 24 743 23 880 Santa Catarina 17 17 17 17 620 665 603 460 619 832 631 457 30 290 29 733 29 877 29 644 CentroOeste 13 13 13 14 323 165 300 786 305 153 315 070 17 074 16 478 16 564 16 902 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 56 ESTUDIOS ECONOMICOS Distrito Federal 1 1 1 1 27 858 26 339 25 500 26 247 2 327 2 300 2 240 2 252 Goiás 5 5 6 6 178 612 166 028 180 059 176 775 9 873 9 439 9 889 9 897 Mato Grosso 3 3 3 3 48 976 42 849 45 584 44 535 2 385 2 327 2 341 2 330 Mato Grosso do Sul 4 4 3 4 67 719 65 570 54 010 67 513 2 489 2 412 2 094 2 423 Brasil 160 154 156 157 6 260 536 5 837 169 5 819 265 5 808 175 258 937 248 698 244 356 240 419 Fonte Elaboração dos autores com base nos dados brutos da RAISME Quanto ao movimento dos estabelecimentos industriais houve uma queima firme de unidades no período que pode ser explicada ora pela extinção falência do empreendimento ora pela fusãoaquisição por um empreendimento de maior envergadura As quedas se registram consecutivamente a cada ano depois de 2015 Mesmo em anos em que o nível de emprego se recuperou o número de estabelecimentos continuou a declinar Isso significa que se a variável emprego em média consegue se restaurar em territórios produtivos já existentes e que resistiram aos efeitos da crise o mesmo não ocorre para os estabelecimentos parte expressiva dos que fecharam na recessão não foi capaz de retornar à atividade No ambiente recessivo florescem com mais frequência a redução dos espaços de competição entre firmas e a consequente concentração do mercado IV2 Aglomerações industriais mais impactadas pela recessão onde empregos e salários caíram mais A expansão do emprego e salários nas AIR brasileiras entre os anos 19952015 teve um endereço certo ocorreu predominantemente em aglomerações cujo nível de emprego varia entre 10 mil e 30 mil e corresponde ao que afirma ram Macedo e Porto 2021 às localidades urbanas de menor tamanho de popu lação e mais próximas à base da hierarquia urbana brasileira No transcorrer da crise de 20152018 por sua vez as negativamente afetadas são as de maior porte de emprego industrial mais ao topo da hierarquia urbana e que tiveram taxas de crescimento mais modestas de emprego e salário no período anterior Os níveis gerais de emprego e de salários médios sofreram redução mais significativa nas aglomerações com 50 mil ou mais unidades de emprego industrial espalhadas em todo o território brasileiro ainda que com expressiva presença na Região Sudeste Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 57 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS IV21 Efeitos sobre o emprego industrial das AIR Reportando a análise para a escala microrregional o quadro ganha novos contornos O recorte de aglomerações agrupadas segundo quatro tamanhos de emprego industrial Tabela 3 mostra o desemprego da indústria ligado às AIR de tamanho superior a 20 mil empregos industriais e em particular seu território preferencial é o das AIR com tamanho de emprego acima de 100 mil unidades Este grupo teve uma redução do nível de emprego de 3411 mil unidades Neste grupo de tamanho superior estão as maiores AIR nacionais as metró poles primazes de São Paulo e do Rio de Janeiro que vêm apresentando queda no emprego industrial não apenas por causa da recessão mas ainda antes dela desde 2010 pelo menos por força de transformações estruturais em direção à substituição da indústria por serviços produtivos eou pelos produtos da tecnologia de informação e comunicação TIC Ao lado destas duas AIR estão neste grupo as de Porto Alegre Belo Horizonte Curitiba e Campinas cujo nível de emprego se expandiu até 2015 e tiveram que desempregar parte da força de trabalho na recessão Como resultado este grupo especial apresentou redução da participação no total do emprego das AIR brasileiras de 453 em 1995 para 354 em 2018 Tabela 3 Emprego Industrial das AIR segundo grupos de tamanho do emprego 1995 2005 2015 e 2018 AIRs por nível de emprego 1995 2005 2015 2018 PerdaGanho entre 2015 e 2018 100 mil ou mais 1 758 926 2 028 481 2 372 857 2 031 722 341 135 453 404 379 350 556 de 50 mil à 999 mil 848 161 800 872 1 094 056 925 825 168 231 218 159 175 159 274 de 20 mil à 499 mil 719 765 1 377 277 1 842 470 1 738 976 103 494 185 274 294 299 169 de 10 mil à 199 mil 557 770 818 850 951 153 1 111 652 160 499 144 163 152 191 Total Geral 3 884 622 5 025 480 6 260 536 5 808 175 452 361 Fonte Elaboração dos autores com base nos dados brutos da RAISME Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 58 ESTUDIOS ECONOMICOS Na ponta inferior do agrupamento de AIR estão as de menor tamanho entre 1020 mil unidades com maior expansão numérica desde 1995 Monteiro Neto et al 2019 Estão predominantemente ligadas a atividades de commodi ties agropecuárias processamento de carnes e grãos nas regiões Sul Sudeste e CentroOeste Identificamos nas Figuras 1a e 1b as AIR com trinta maiores variações absolutas maiores perdas ou ganhos no nível de emprego durante a recessão Um grupo das 30 AIR com maiores reduções líquidas do emprego entre 2015 e 2018 apresentou diminuição de 3809 mil postos formais de trabalho na indústria equivalente a 881 das perdas totais do emprego industrial das AIR Figura 1b A contração líquida do emprego foi definitivamente mais pronunciada nas aglomerações do estado de São Paulo o berço da indústria nacional As maiores perdas neste estado estiveram nas seguintes AIR São Paulo 1030 mil Guarulhos 106 mil Campinas 106 mil São José dos Campos 79 mil Sorocaba 69 mil Osasco 68 mil e Santos 64 mil Ademais perdas significativas foram presenciadas nas AIR do Rio de Janeiro 537 mil Belo Horizonte 188 mil Porto Alegre 179 mil Fortaleza 155 mil Manaus 117 mil Curitiba 99 mil Recife 98 mil Salvador 81 mil Goiânia 62 mil e SuapePE 62 mil Figura 1 Aglomerações Industriais Relevantes com Trinta Maiores Variações Absolutas Ganhos a e Perdas b no Emprego Industrial entre 2015 e 2018 552 846 13 846 1488 8 1488 2456 5 2456 4407 4 Ganho de emprego industrial unidade 30 3453 6955 17 6955 11689 7 11689 53705 5 53705 103061 1 Perda de emprego industrial unidade 30 0 250 500 km 0 250 500 km a b Fonte Elaboração dos autores com base nos dados brutos da RAISME Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 59 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS Noutra perspectiva o grupo das aglomerações mais resilientes à crise na Figura 1a notabilizado pelo aumento do nível de emprego é formado por AIR em que se sobressaem algumas no estado de Santa Catarina com perfil médio e pequeno de tamanho de emprego Joaçaba 40 mil Canoinhas 33 mil Joinville 29 mil Chapecó 19 mil e Florianópolis 11 mil Correspondem a estruturas produtivas muito diversificadas que vão desde a produção de ervamate produtos metálicos e metalurgia até processados de carnes aves e suínos e processados de soja farelos Ainda na Região Sul o estado do Paraná também se destacou embora em menor volume de emprego com os ganhos entre outros menos expressivos os da AIR de Cascavel 23 mil que é vocacionada para o agronegócio da soja e pro dução e exportação de carnes de frangos e suínos Na Região Sudeste predominou o movimento de redução no nível de emprego em todos os estados Contudo em Minas Gerais notaramse ganhos em Divinópolis 19 mil Uberlândia 19 mil Pouso Alegre 14 mil e Conselheiro Lafaiete 12 mil Contrações no nível de emprego formal durante a crise podem ser mais bem compreendidas ao se considerar as especificidades produtivas dos territórios indus triais envolvidos Para tal organizamos o território do desemprego em três grupos relevantes de aglomerações industriais i as AIR mais duramente atingidas os centros industriais mais consolidados São Paulo Campinas Belo Horizonte Rio de Janeiro Porto Alegre Curitiba Manaus Salvador Recife etc que possuem parques industriais maduros e complexos isto é com mais setores relacionados a bens de capital eou produção de intermediários mas que representam as maio res economias de aglomeração do país ii o grupo intermediário mais atingido representado pelas AIR ligadas à cadeia do petróleo impactada não só pela queda do preço do petróleo mas também pela reorientação da política dentro da Petro bras MossoróRN petróleo em terra o caso de SuapePE com a refinaria Abreu Lima Salvador Maceió perda no refino de gás natural Litoral Lagunar refinaria Riograndense Itajaí estaleiro Santos Macaé e Rio de Janeiro que se constituem em áreas de extração e refino de petróleo e iii um terceiro grupo numeroso e diverso correspondente àquelas microrregiões menos impactadas com a queda generalizada de emprego e salários na economia as AIR especializadas na indústria de alimentos mobiliário vestuário insumos da construção civil automobilística e transportes entre elas as de João Pessoa capital do estado da Paraíba vestuário e produção de bugres Caxias do Sul no Rio Grande do Sul fabricação de carroce rias de ônibus e vestuário Francisco Beltrão vestuário Goiânia capital do estado de Goiás vestuário Umuarama móveis GramadoCanela móveis chocolate e vestuário e Cachoeiro de Itapemirim pedras ornamentais Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 60 ESTUDIOS ECONOMICOS IV22 Efeitos sobre a massa salarial das AIR Estimativas realizadas para este trabalho da massa salarial do emprego industrial das AIR são apresentadas para os anos de 2015 e 2018 Contribuem para uma interpretação mais abalizada dos efeitos da recessão sobre o mercado de trabalho da indústria Para se obter o que denominamos de massa salarial na indústria das AIR calculamos inicialmente as massas mensais de salários pagos e registrados mês a mês por AIR com base nos dados da RAISME e em seguida totalizamos o valor da massa anual de salários Tabela 4 Encontramos os seguintes valores para o total nacional R 2099 bilhões em 2015 e R 1667 bilhões em 2018 com redução bruta de R 432 bilhões ou 222 da massa salarial formal da indústria em 2015 em todas as AIR O quadro recessivo se mostrou ainda mais forte do que esta perda pode a princípio revelar pois as reduções são anuais e cumulativas O valor da massa de salários em 2018 se torna menor até mesmo que aquela observada oito anos antes em 2010 indi cando quão forte foi a contração da renda do trabalho na indústria Podese sugerir um caminho provável de efeitos em cascata da depressão econômica depois de comprimir os salários formais a crise tem continuidade pela redução das remune rações do setor informal associado à indústria o qual por sua vez passa a operar impactos negativos sobre salários no setor de serviços amplificando a crise urbana Tabela 4 Massa Salarial Anual das AIR segundo grupos de tamanho de emprego 2005 2010 2015 e 2018 AIRs por nível de emprego 2005 2010 2015 2018 PerdaGanho entre 2015 e 2018 100 mil ou mais 64 903 564 964 486 101 098 502 637 554 98 648 358 413 470 70 561 390 331 423 28 086 968 082 650 de 50 mil à 999 mil 24 459 131 231 183 26 928 091 898 148 40 256 683 398 192 30 852 259 747 185 9 404 423 651 218 de 20 mil à 499 mil 29 735 807 852 223 38 499 371 224 211 48 456 250 126 231 43 542 828 304 261 4 913 421 822 114 de 10 mil à 199 mil 14 492 752 435 108 15 871 135 192 87 22 490 975 957 107 21 704 163 446 130 786 812 512 18 Total Geral 133 591 256 482 182 397 100 951 209 852 267 894 166 660 641 827 43 191 626 067 Nota Soma de valores de salários pagos mês a mês ao longo do ano deflacionados pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo IPCA do IBGE a preços de 2015 Fonte Elaboração dos autores com base nos dados brutos da RAISME Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 61 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS A distribuição por grandes regiões da queda na massa salarial da indústria para dados preparados para este estudo apresentou a seguinte composição Região Sudeste com perda de R 295 bilhões 690 do total A Região Sul R 73 bilhões 172 do total A Região Nordeste com diminuição líquida de R 35 bilhões 81 do total Na Região CentroOeste o valor da perda foi de R 14 bilhão 32 Por fim a Região Norte com a menor queda no nível de massa salarial da indústria em 2015 e 2018 em R 10 bilhão 24 A compressão da massa salarial mostrouse mais forte na área mais indus trializada do país o Sudeste responsável por 69 do total da redução havida com as demais regiões brasileiras menos atingidas pela destruição de renda do trabalho Ainda assim todas as grandes regiões sofreram impactos da crise na renda salarial Quando as AIR são vistas pelos quatro agrupamentos segundo o nível de emprego especificado tal como fizemos na seção anterior a massa salarial apre sentou mais forte aperto no grupo superior de tamanho 100 mil ou mais empregos industriais o qual foi responsável por 65 do encolhimento da massa salarial queda de R 281 bilhões Se a este grupo superior juntarmos o segundo maior com nível de emprego entre 50 mil e 999 mil as perdas chegaram ao montante conjunto de R 375 bilhões ou 868 do total de perdas Os impactos da crise em quatro anos são mais presentes em termos de diminuição da massa salarial industrial nas AIR com mais de 50 mil empregos que correspondem grosso modo às metrópoles primazes nacionais de São Paulo e Rio de Janeiro às metrópoles regionais de Porto Alegre Belo horizonte Curi tiba Salvador Recife Fortaleza e Manaus às capitais de estados como Goiânia e Vitória e AIR do interior de SP como Campinas Sorocaba Jundiaí Ribeirão Preto Limeira e Piracicaba do interior do RS Caxias do Sul e GramadoCanela e do interior de SC Blumenau e Joinville Os grupos de AIR com tamanho inferior menos de 50 mil empregos indus triais apresentaram trajetória de quedas mais suaves nos salários até pelo menos 2018 Para o conjunto desses grupos de AIR de pequeno tamanho a massa de remunerações pagas caiu em R 57 bilhões mostrando sua resiliência A queda nas remunerações do trabalho foi um fenômeno disseminado em todas as regiões do país e em todos os tamanhos de emprego das aglomeraçoes industriais De um lado as remunerações caíram mais nas aglomerações de maior quantidade de empregos industriais das metrópoles nacionais das aglomerações do interior de São Paulo e das capitais estaduais De outro lado um pequeno e pouco Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 62 ESTUDIOS ECONOMICOS significativo subconjunto de 8 AIR entre 157 apresentou aumento da massa sala rial no montante de R 166 milhões que correspondeu a 04 do valor das perdas totais Figura 2 a e b Figura 2 Aglomerações Industriais Relevantes com Maiores Variações Absolutas Ganhos a e Perdas b na Massa Salarial Industrial entre 2015 e 2018 1050616 1050616 1 1050616 11676112 2 11676112 23729507 4 23729507 74857345 1 Ganho absoluta em R 8 223524447 667958500 18 667958500 1306853875 7 1306853875 3834830078 4 3834830078 10110229363 1 Perda absoluto em R 30 0 250 500 km 0 250 500 km a b Soma de valores de salários pagos mês a mês ao longo do ano deflacionados pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo IPCA do IBGE a preços de 2015 Fonte Elaboração dos autores com base nos dados brutos da RAISME Aglomerações que expandiram massas salariais estão em Minas Gerais Uberlândia São Paulo Andradina e Lins Rio de Janeiro Vale do Paraíba flu minense no Paraná Cascavel em Santa Catarina Joaçaba e Canoinhas e no Mato Grosso do Sul Três Lagoas Neste retrato sobre os movimentos mais evidentes de perdas e ganhos do emprego industrial formal e de massa salarial correspondente sobressai a cons tatação de que a crise econômica recente teve impacto muito negativo nas aglo merações industriais de maior tamanho e já fortemente constituídas no cenário produtivo nacional Seus efeitos em particular são mais presentes em grandes Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 63 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS aglomerações do estado de São Paulo e demais estados do Sudeste assim como nas regiões Sul e Nordeste A crise apresentouse como fenômeno fortemente metropolitano pois atin giu de maneira mais significativa as AIR das metrópoles e capitais dos estados Na direção contrária AIR do interior do país ligadas à produção de commodities expor táveis ora dentro da área poligonal da desconcentração como foram os casos observados em Santa Catarina e Paraná ora em menor intensidade na Região Nordeste Bahia e Pernambuco mas também nas regiões Norte e CentroOeste foram mais resistentes e até mesmo apresentaram aumento do nível de emprego mas não dos salários industriais CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante a recessão dos anos 20152018 registramos a continuidade do pro cesso de desconcentração regional da indústria em contexto de elevada ociosidade dos seus principais ramos de atividade nas regiões mais desenvolvidas Em fase recessiva crescem a taxa de subutilização da capacidade industrial e o desinvesti mento reduzse a massa de salários Notase o reforço em meio ao quadro depressivo da tendência à especiali zação da estrutura industrial naqueles grupos de indústria cujos diferenciais com petitivos são os recursos naturais e a disponibilidade de mão de obra Na direção contrária perdem relevância como geradores de valor adicionado de empregos e salários os grupos de indústria relacionados com o tamanho de escala produtiva com a diferenciação de produtos e com o diferencial de conhecimento incorporado Conseguimos identificar e desse modo dar uma contribuição para a lite ratura do desenvolvimento regional no Brasil pelo uso do conceito de aglome rações industriais relevantes que os canais de transmissão desta crise econômica que perdura desde 2015 relacionados à massa de salários nível de emprego e número de estabelecimentos estão disseminados de maneira generalizada no terri tório nacional As maiores AIR das regiões mais desenvolvidas são as primeiras afetadas seguidas por aglomerações de maior número de emprego localizadas em todas as demais regiões do país O primeiro momento da crise foi impactar territórios industriais onde a escala produtiva já atingiu relevância e complexificação A partir daí a crise se transmitiu para as demais AIR sucessivamente de menor tamanho e relevância Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 64 ESTUDIOS ECONOMICOS inclusive atingindo até mesmo as médias e pequenas localizadas em regiões pre ferenciais da política regional Posteriormente os territórios especializados em processamento de commo dities agrominerais atrelados à dinâmica externa não foram poupados da recessão quando não perderam empregos tiveram perdas nas massas salariais Do ponto de vista da orientação de política pública estes resultados têm a sugerir de um lado que medidas de enfrentamento da crise atual devem aten tar para os efeitos multiplicadores negativos que as aglomerações industriais com estruturas produtivas diversificadas mais sujeitas a variações drásticas no produto empregos e salários tendem a acentuar no restante da economia brasileira De outro lado devem também reconhecer que o suposto benefício do ciclo altista de commodities não tem sido capaz de compensar as perdas ocorridas no nível de renda salarial e de emprego industrial nos territórios por efeito da crise Por fim é necessário alertar que as estimativas de desemprego utilizadas devem ser vistas com cautela Referemse a reduções no emprego formal da indús tria não consideram portanto as situações de informalidade do mercado de trabalho Trabalhos futuros sobre o tema poderiam se beneficiar de estatísticas e avaliações feitas por governos estaduais e organismos patronais de maneira a se obter um quadro comparativo mais amplo da trajetória das variáveis de emprego discutidas REFERÊNCIAS Banco Central do Brasil 2019 Relatórios de Economia Bancária httpswww bcbgovbrcontentpublicacoesrelatorioeconomiabancariaREB2019pdf Borbély D 2004 Competition among cohesion and accession countries com parative analysis of specialization within the EU market EIIW Discussion Paper No 122 Wuppertal University Library Brakman S Garretsen H Marrewijk C 2015 Regional resilience across Europe on urbanization and initial impact of the Great Recession Cam bridge Journal of Regions Economy and Society 82 225240 Brandão C A 2019 Mudanças Produtivas e Econômicas e Reconfiguração Territo rial no Brasil no início do século XXI Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais 212 258279 httpsrbeuranpurorgbrrbeurarticleview5840 pdf1 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 65 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS Ministério da Economia do Brasil Secretaria de Produtividade e Emprego 1995 2000 2005 2010 2015 y 2018 Relação Anual de Informações Socioeco nômicasRAIS httpwwwraisgovbrsitiosobrejsf Cano W 1998 Desequilíbrios Regionais e Concentração Industrial no Brasil 19301995 2ª ed rev Campinas UNICAMP httpswwweconomiauni campbrimagespublicacoesLivros30anosDesequilibrioregionaisecon centracaoindustrialnoBrasilpdf de Beer P 2012 The impact of the crisis on earnings and income distribution in the EU ETUI Working Paper No 01 httpswwwetuiorgsitesdefault filesWP202012200120de20Beer20WEBpdf Diniz C C 1993 Desenvolvimento Poligonal no Brasil nem desconcentração nem contínua polarização Nova Economia 31 3564 Diniz C C 2019 Corrida Científica e Tecnológica e Restruturação Produtiva impactos geoeconômicos e geopolíticos Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais 212 241257 httpsrbeuranpurorgbrrbeurarti cleview5891pdf1 Diniz C C Mendes P 2021 Tendências Regionais da Indústria Brasileira no Século XXI IPEA Texto para Discussão No 2640 httprepositorio ipeagovbrbitstream11058105561td2640pdf European Commission 2013 The urban and regional dimension of the cri sis Eighth progress report on economic social and territorial cohesion Luxembourg Publications Office of the European Union httpdxdoi org10277674866 Fundação Getúlio Vargas FGVIBRE 2020 Nível de utilização da capacidade instalada NUCI en el anexo estadístico de la sección de Indicadores Indus triais Revista Conjuntura Econômica 7412 1214 httpsportalibrefgvbrsitesdefaultfilesrevistasarquivosconjunturaeconomi ca202012baixapdf Groot S Mohlmann J L Garretsen J H Groot H L F 2011 The cri sis sensitivity of European countries and regions stylized facts and spatial heterogeneity Cambridge Journal of Regions Economy and Society 43 437456 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 1990 Divisão regional do Brasil em mesorregiões e microrregiões geográficas Biblioteca httpsbiblioteca ibgegovbrvisualizacaolivrosliv22691pdf Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2019 Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Regional Boletim Jan2019 httpsbibliotecaibgegov brvisualizacaoperiodicos229pimpfr2019janpdf Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 66 ESTUDIOS ECONOMICOS Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2017 Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Regional Boletim Jan2017 httpsbibliotecaibgegovbr visualizacaoperiodicos229pimpfr2017janpdf Instituição Fiscal Independente IFISenado Federal 2017 Relatório de Acom panhamento Fiscal No 11 Dezembro 2017 httpswww2senadolegbr bdsfbitstreamhandleid535500RAF11DEZ2017pdf Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 2019 Boletim do Mercado de Trabalho Conjuntura e Análise No 67 anexo estatístico httpswwwipeagovbr portalindexphpoptioncomcontentviewarticleid35058Itemid9 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 2020 Carta de Conjuntura Atividade Econômica httpswwwipeagovbrcartadeconjunturaindexphpcategory atividadeeconomica Instituto de Pesquisa Econômica AplicadaData 2021 Base de Dados Macro econômicos do Ipea httpsrenastonlineenspfiocruzbrrecursosipeada tabasedadosmacroeconomicosfinanceirosregionaisbrasil Acesso em janeiro de 2021 Macedo F 2010 Inserção Externa e Território Impactos do comércio exterior da dinâmica regional e urbana no Brasil 19892008 Tese de livre docência Campinas SP Universidade Estadual de Campinas Macedo F Porto L 2021 Evolução Regional do Mercado de Trabalho no Bra sil 20002018 apontamentos para a política nacional de desenvolvimento regional PNDR Ipea Texto para Discussão No 2652 httpswwwipea govbrportalimagesstoriesPDFsTDstd2652pdf Marconi N Rocha I Magacho G 2016 Sectoral capabilities and produc tive structure an inputoutput analysis of the key sectors of the Brazilian economy Brazilian Journal of Political Economy 363 470492 https bjpeorgbrrepindexphpjournalarticleview192183 Mollo M de L R Takasago M 2019 O debate desenvolvimentista no Brasil e o papel da indústria novos resultados de antigas lições Economia e Socie dade 283 885904 httpdxdoiorg101590198235332019v28n3art11 Monteiro Neto A Silva R O 2018 Desconcentração Territorial e Reestru turação Regressiva da Indústria no Brasil padrões e ritmos Ipea Texto para Discussão No 2402 httpswwwipeagovbrportalimagesstories PDFsTDstd2402pdf Monteiro Neto A Silva R O Severian D 2019 Perfil e Dinâmica das Desigualdades Regionais no Brasil em Territórios Industriais Relevantes Ipea Texto para Discussão No 2511 httpswwwipeagovbrportal imagesstoriesPDFsTDstd2511pdf Monteiro Neto A Silva R O Severian D 2020 Região e indústria no Brasil ainda a continuidade da desconcentração concentrada Revista Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 67 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS Economia e Sociedade 292 581607 httpdxdoiorg1015901982 35332020v29n2art09 Nassif A 2008 Há evidências de desindustrialização no Brasil Revista de Economia Política 281 7296 httpswwwscielobrjrepa3rVWS 9WjGrFFPS4yHMQnZzjlangptformatpdf Organization for Economic Cooperation and Development 1987 Structural Adjustment and Economic Performance Paris OECD Sampaio D 2015 Desindustrialização e Estruturas Produtivas Regionais no Brasil Tese de Doutorado Instituto de Economia Universidade Estadual de Campinas Disponível em Universidade Estadual de Campinas Santos P Saiani C C 2020 Desigualdades Setoriais dos Rendimentos do Trabalho e Conjuntura Econômica análise comparativa entre o Nordeste e o CentroSul brasileiros de 2002 a 2018 Revista Econômica do Nord este 5124 137158 httpswwwbnbgovbrrevistaindexphprenarticle view1141867 Sarti F Hiratuka C 2017 Desempenho recente da indústria brasileira no contexto de mudanças estruturais domésticas e globais Instituto de Econo mia UNICAMP Texto para Discussão No 290 Campinas Universidade Estadual de Campinas Silva R O Marques M 2021 Distribuição territorial dos desembolsos do BNDES para a indústria e infraestrutura entre 2000 e 2018 Ipea Texto para Discussão No 2625 httpswwwipeagovbrportalimagesstories PDFsTDs210126td2625webpdf 2023 por los autores licencia no exclusiva otorgada a la revista Estudios eco nómicos Este artículo es de acceso abierto y distribuido bajo los términos y con diciones de una licencia AtribuciónNo Comercial 40 Internacional CC BYNC 40 de Creative Commons Para ver una copia de esta licencia visite httpcrea tivecommonsorglicensesbync40
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Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 37 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS ACTORES CONTRATOS Y MECANISMOS DE PAGO EL CASO DEL SISTEMA DE SALUD DE NEUQUEN Monteiro Neto A Oliveira Silva R de Severian D 2023 Territórios do desemprego industrial no Brasil estruturas produtivas regionais na crise recente 20152018 Estudios econômicos 4081 pp 3767 httpsdoiorg1052292jestudecon20232730 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA Brasil ORCID httporcidorg000000020930 3062 Email aristidesmonteiroipeagovbr Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA Brasil ORCID httpsorcidorg000000021769 2731 Email Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA Brazil raphaelsilvaipeagovbr Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEA Brasil ORCID httpsorcidorg00000002 9557516X Email daniloseverianipeagovbr Estudios económicos Vol XL NS N 81 Julio Diciembre 2023 3767 ISSN 0425368X versión impresa ISSN versión digital 25251295 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS REGIONAIS NA CRISE RECENTE 20152018 TERRITORIES OF INDUSTRIAL DISEMPLOYMENT IN BRAZIL REGIONAL PRODUCTION STRUCTURES IN THE RECENT CRISIS 20152018 Aristides Monteiro Neto Raphael de Oliveira Silva Danilo Severian recibido 9 junio 2021 aceptado 18 agosto 2021 Resumo Investigamos os efeitos da desaceleração econômica do período 20152018 sobre a desconcentração territorial da indústria no Brasil bem como identificamos quais estruturas setoriais são territorialmente reforçadas ou enfraquecidas As indústrias geradoras de mais alto valor agregado produtividade e salários que nas últimas três décadas têm reduzido participação na estrutura produtiva brasileira foram ainda mais negativamente impactadas na recessão recente As conclusões apontam para o reforço de um padrão de desconcentração espúria no qual porções desenvol vidas e industrializadas do território e com maior geração de valor agregado são mais afetadas perderam mais empregos industriais e mais salários que as áreas especializadas em commodities agrominerais caracterizadas por baixos níveis de produtividade e valor agregado Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 38 ESTUDIOS ECONOMICOS Palavraschave desenvolvimento regional aglomerações industriais recessão econômica Códigos JEL L60 O14 R11 ABSTRACT We investigated how the economic slowdown of the 20152018 period affected the territorial deconcentration of the Brazilian industry as well as which sectoral structures are territorially strengthened or weakened Industries with higher added value productivity and wages which have reduced participation in the Brazilian production structure in the last three decades were even more negatively impacted in the recent recession The conclusions point to the strengthening of a pattern of spurious deconcentration in which the developed and industrialized areas of the territory are more affectedthey have lost more jobs and wagesthan those spe cialized in agromineral commodities Keywords regional development industrial agglomerations economic recession JEL codes L60 O14 R11 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 39 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS INTRODUÇÃO O Brasil se apresenta com possibilidades de retomada do crescimento econômico encurtadas neste início da terceira década do século XXI A atual estru tura produtiva e seu correspondente mercado de trabalho agonizam em meio à baixa produtividade baixos salários e escassas opções de investimentos com efeitos dinamizadores setorial e regionalmente A recessão pós2015 vem potencializando efeitos estruturais de desemprego de recursos quer seja setorialmente mais nas atividades industriais e de serviços e menos na agropecuária de exportação quer seja territorialmente de maneira heterogênea nas grandes regiões do país sem que contudo um balanço claro dos efeitos depressivos esteja suficientemente elaborado Analisar territórios e atividades impactadas por crises e recessões pode con tribuir para a mobilização de políticas e instrumentos adequados à contenção de trajetórias de aumento de desigualdades regionais por elas deflagradas Tem sido comum no Brasil que no advento de recessões econômicas as regiões menos desenvolvidas se deparem com cenário de baixo investimento por tempo mais longo que as regiões mais fortes e industrializadas Para um país de expressões continentais os movimentos de expansão e crise se expressam de maneira muito variada no território e ademais a depender de como o governo federal reage à crise e coloca à disposição da sociedade instrumentos de contrapeso os reflexos sobre as economias regionais serão mais ou menos fortes eou disseminados Nesta investigação o foco está no comportamento recente das escolhas de localização da indústria brasileira Perguntamonos qual a tendência geral das transformações na dinâmica industrial durante a recessão e como se expressam as especificidades das estruturas produtivas regionais Em particular indagamos sobre questões relevantes do debate da economia política do desenvolvimento regional quais seriam as mudanças mais significativas sobre as estruturas produtivas regio nais promovidas durante o ciclo recessivo recente que repercussões tais transfor mações trazem para a leitura do processo de integração do mercado interno e quais elementos conjunturais da crise atual se tornaram mais salientes O artigo está estruturado em quatro seções além desta introdução e das con siderações finais Na primeira seção abordamos o problema da desconcentração regional da indústria no Brasil e justificamos nosso interesse em investigálo em face ao contexto da recessão econômica recente 20152018 Na segunda seção apresentamos alguns elementos configuradores da relação entre crises econômicas e efeitos territoriais na União Europeia visàvis a experiência brasileira Nas duas seções seguintes investigamos a evolução da atividade industrial ora no recorte Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 40 ESTUDIOS ECONOMICOS territorial das macrorregiões e estados terceira seção ora sob o recorte das aglo merações industriais relevantes quarta seção durante a crise econômica Em particular duas contribuições consideradas relevantes para a literatura do desenvolvimento regional são realizadas A primeira é da tipificação dos ramos industriais segundo o fator competitivo predominante cujos resultados apontam que as regiões brasileiras se mantêm em trajetória de maior especialização em atividades intensivas em recursos naturais e em mão de obra se distanciando portanto das indústrias baseadas em conhecimento inovação diferenciação de produto e escala de produção A segunda contribuição é a correspondente à men suração dos níveis de emprego e de massa salarial das aglomerações industriais nos anos de crise Concluímos pelo enfraquecimento das aglomerações mais complexas e consolidadas com maior nível de emprego e com outrora maior poder de inter ligações setoriais e regionais e pelo fortalecimento daquelas que são produtoras de commodities agrominerais geradoras de superávits na balança comercial mas ainda assim possuidoras de baixa capacidade de produção de rebatimentos inter setoriais e interregionais no mercado interno I ATIVIDADE INDUSTRIAL E PREFERÊNCIAS LOCACIONAIS O QUADRO MODIFICADO PELA CRISE Certas preferências locacionais das atividades econômicas têm se manifes tando de modo bastante diverso no país nas últimas três décadas Desde a abertura comercial e financeira indiscriminada realizada em início dos anos 1990 o parque industrial nacional passou a ser solapado pela competição internacional mais aci rrada e pelas dificuldades em realizar renovação tecnológica Noutra direção os diferenciais competitivos da base de recursos naturais passaram a ter relevância muito maior para um ávido mercado global de commodities agrominerais o qual promoveu simultaneamente a expansão do quantum demandado e do preço delas Neste contexto as decisões empresariais têm sido fortemente alteradas na sua dimensão territorial Pouco incentivo há para o investimento em plantas pro dutivas novas greenfield as atividades da indústria perdem terreno e a estratégia de inserção em cadeias produtivas globais tem corrido pelo lado das importações A indústria brasileira tornouse crescente compradora de insumos e bens de capital de suas matrizes eou de empresas externas com estrutura produtiva mais oca e curtas relações intrassetoriais Sarti Hiratuka 2017 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 41 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS Do ponto de vista territorial um prolongado processo de desindustrialização tem se manifestado em localidades de industrialização mais madura nas regiões Sudeste e Sul enquanto em áreas de fronteira de recursos naturais nas regiões CentroOeste Nordeste e Norte bem como porções restritas do Sudeste e Sul passam a ser motivo de expansão produtiva para o mercado internacional Uma nova geografia das atividades econômicas e particularmente das industriais foi colocado em curso no período de 1990 a 2015 com conotações de presença de desindustrialização precoce e baixo esforço de renovação tecnológica em direção aos padrões de fronteira do mercado mundial Diniz 2019 Brandão 2019 Para tornar mais dramático este processo a partir de 2015 um quadro recessivo tomou forma no país mostrando sinais de estar muito mais ligado ao reforço do processo de desindustrialização e menos à dinâmica do setor externo baseado na produção de commodities agrominerais Motivados por esta questão em curso investigamos de maneira aprofun dada como territórios da atividade industrial têm reagido à crise econômica que se estabeleceu no país a partir de 2015 Nossa hipótese é que a tendência de regressão estrutural das atividades industriais está sendo reforçada por elementos presentes na atual recessão os quais de um lado passam a deprimir o mercado para bens industriais pela redução da renda interna e de outro lado favorecem a expansão de bens do setor exportador de agrominerais estimulada pela demanda mundial Inicialmente explicitamos a expressão da trajetória territorial da atividade industrial pelo recurso a duas escalas espaciais complementares a uma mais tra dicional das macrorregiões e estados e b a das microrregiões geográficas Parte se do recorte temporal do período 19952015 marcado inicialmente pela esta bilização macroeconômica entre 19952002 e posteriormente por crescimento promovido por intenso ativismo fiscal entre 20032014 de maneira a contrastar a observação do emprego e da atividade econômica neste período com o cenário de crise e recessão na indústria na fase posterior de 20152018 Ao delimitar os movimentos de perdas do valor da transformação industrial VTI e do emprego apresentamos os contornos de uma certa geografia do desemprego estrutural na indústria brasileira no período recente com a finalidade de contribuir para o debate sobre como políticas macroeconômicas recessivas podem resultar em disrupção de elos urbanoregionais e setoriais da cadeia produtiva industrial Na escala territorial das macrorregiões e estados nos centramos na compo sição e trajetória do valor da transformação industrial VTI com dados da série de Produção Industrial Anual Empresa PIA do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE visando avaliar os impactos territoriais da crise econômica Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 42 ESTUDIOS ECONOMICOS do período 20152018 crise que se arrasta entretanto ainda em 2019 com taxa de crescimento anual do produto interno bruto PIB total de apenas 11 e pelo efeito negativo da queda de 41 em 2020 segundo as contas nacionais do IBGE A outra perspectiva territorial é de microrregiões geográficas do IBGE e vistas pelo conceito de Aglomeração Industrial Relevante AIR Para este nível territorial usamos os dados de emprego industrial formal da Relação Anual de Informações Socioeconômicas RAIS do Ministério da Economia do Brasil Secretaria de Produtividade e Emprego 1995 2000 2005 2010 2015 e 2018 Nesta abordagem multiescalar sobre a atividade industrial pretendese orga nizar um quadro da evolução de dinâmicas territoriais de operação da indústria e em particular dimensionar e refletir sobre os efeitos da recessão econômica recente nas diversas regiões do país Uma questão pertinente a ser escrutinada é quais regiões brasileiras foram mais afetadas pela recessão A crise tem produzido algum efeito reconcentrador regionalmente A discussão sobre a preferência locacional da atividade industrial no territó rio brasileiro retoma o conceito de aglomeração industrial relevante AIR sugerido por Diniz 1993 e Diniz e Mendes 2021 que assumiram uma AIR como uma microrregião geográfica1 do IBGE com nível de emprego apenas na indústria de transformação com 10 mil ou mais empregos formais Em face das alterações con solidadas na matriz produtiva nacional em direção ao fortalecimento da presença de ramos da extrativa incorporamos junto ao emprego da indústria de transformação o das indústrias extrativas petróleo e minérios que apresentaram papel relevante nas decisões de investimento no período Portanto diferentemente destes trabalhos citados consideramos para este estudo que emprego industrial é a soma do emprego dos ramos da indústria extrativa e dos ramos da indústria de transformação II RECESSÕES ECONÔMICAS CARACTERÍSTICAS E PERCURSOS TERRITORIAIS A seguir discutimos como a literatura especializada aborda a questão dos impactos territoriais das crises econômicas quanto a certas capacidades de reação ou de resiliência de estruturas produtivas em regiões de um país Inicialmente 1 Microrregião geográfica é um nível de divisão regional que agrega municípios de uma mesma área geográfica em uma unidade federativa com similaridades de características sociais geográficas produção econômica e de articulação espacial totalizando 558 microrregiões no país IBGE 1990 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 43 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS estudos recentes da experiência de países da União Europeia durante a crise de 20082009 são comentados e em seguida o caso brasileiro é aprofundado com a apresentação de elementos específicos da recessão recente do período 20152018 II1 Crise e território relações mais prováveis É sabido na literatura econômica brasileira do desenvolvimento regional que os ciclos econômicos apresentam características bastante heterogêneas de disseminação pelo território Durante a etapa de constituição e consolidação do núcleo produtivo industrial nos anos 19301970 foi mais comum que as regiões Sudeste e Sul apresentassem sempre evolução econômica total mais favorável e acelerada que a observada em regiões de retraso como Norte Nordeste e Centro Oeste Cano 1998 mostrou detidamente como esse processo de divergência de níveis de desenvolvimento regional ocorreu no país Contudo já a partir dos anos 1990 quando as taxas de crescimento econômico nacionais se desaceleram frente ao que era no passado as macrorregiões menos desenvolvidas apresentaram taxas em média um pouco mais elevadas Os esforços da política regional para expandir a industrialização e promover a diversificação produtiva nas regiões de retraso têm tido resultados positivos pois têm transformado as economias regionais mais resilientes às crises e mais abertas ao crescimento Observase nas décadas recentes que as regiões de menor desen volvimento ainda que sejam impactadas pelos movimentos de auge e retração dos ciclos econômicos nacionais vêm apresentando performance mais favorável que aquelas com estruturas econômicas mais maduras2 Contudo indagamos se este comportamento visto no agregado isto é na escala macrorregional também se apresenta na escala microrregional Este é um questionamento de interesse para nosso trabalho De maneira a identificar regularidades dos impactos das crises econômicas recentes em países e regiões recorremos a certa literatura da União Europeia UE sobre o assunto Identificamos que com mais frequência os estudiosos investigam os efeitos da crise sobre a atividade econômica e sobre o nível de desemprego no mercado de trabalho 2 Por exemplo a Região Nordeste com menor PIB per capita do país em torno de 50 da média nacional e também a segunda mais populosa com 573 milhões de habitantes em 2020 271 do total nacional apresentou evolução de 24 ao ano entre 20002015 para o PIB per capita enquanto para o país como um todo esta taxa foi de 17 ao ano no mesmo período Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 44 ESTUDIOS ECONOMICOS Por exemplo de Beer 2012 analisou a experiência dos países membros da UE quanto ao impacto da recessão de 2008 sobre o mercado de trabalho e a distribuição de renda e observou reações heterogêneas em cada país a depender de fatores institucionais prevalecentes em cada mercado de trabalho Nos casos em que este é muito flexível a rápida expansão do desemprego é a resposta mais corrente Para Dinamarca e Espanha países com regulamentações trabalhistas distintas veri ficou que enquanto no primeiro país as demissões recaíram sobre trabalhadores permanentes na Espanha os temporários foram mais afetados Na verdade na Espanha tanto o nível de desemprego geral se elevou entre 20082009 ao patamar de 113 como o desemprego entre os empregos temporários também aumentou mais fortemente com a taxa atingindo 184 Ainda neste mesmo estudo de de Beer 2012 concluiuse que em países com regras menos flexíveis para as demissões ou para redução do número de horas de trabalho Alemanha e Eslováquia ou para a redução do nível de salário nominal Reino Unido a crise resultou em baixo desemprego no curto prazo mas afetou a recuperação nos anos seguintes que transcorreu em ritmo muito lento Com interesse concentrado nos impactos da crise sobre o nível de ativi dade econômica Groot et al 2011 colocou mais ênfase de um lado no grau de ligação de cada país com a economia global por meio de suas relações financeiras e de comércio e de outro lado atribuiu também um papel relevante à diversidade setorial existente como elementos a ser considerados sobre a capacidade de reação à recessão O fato mais relevante a ser ressaltado do estudo é que a composição setorial prevalecente em cada país foi o fator de maior qualidade explicativa frente ao quadro recessivo de 2008 Países da União Europeia UE em que os seto res manufatureiros são mais relevantes e presentes em suas estruturas produtivas foram os mais afetados pelo ciclo dos negócios os setores mais sensíveis ao ciclo econômico foram os de por ordem equipamento de transportes outras manufatu ras produtos eletrônicos construção combustíveis químicos borracha e produtos plásticos enquanto os setores menos afetados foram os de agricultura mineração transportes e comunicações e serviços financeiros Adicionalmente Barkman et al 2015 e European Comission 2013 avaliaram que dimensões produtivas são mais relevantes para a resiliência às recessões entre as regiões da política regional da UE Convergiram em suas investigações que quanto maior o grau de urbanização quanto mais sofisticadas alta tecnologia as indústrias existentes bem como a forte presença de serviços financeiros e de negócios nas regiões mais resilientes elas se tornaram frente à recessão de 2008 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 45 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS No caso brasileiro algumas especificidades recentes têm se mostrado con trárias às tendências observadas em países e regiões da UE Macedo e Porto 2021 realizaram para o Brasil ampla investigação da evolução regional da economia e do mercado de trabalho no período 20002018 O estudo revelou que o crescimento econômico brasileiro medido pelo PIB do período 20022014 fase ascendente teria sido mais intenso nos territórios da base da hierarquia urbana brasileira isto é cresceram mais as cidades intermediárias capitais regionais e centros subregio nais e pequenas centros de zona e centros locais op cit p 22 Associado a esta performance positiva do PIB o mercado de trabalho emprego formal da RAIS destas subregiões neste mesmo período também teria se expandido em ritmo superior aumentando a participação destes territórios no emprego formal nacional Quando a crise se tornou realidade nos anos 20152018 segundo o estudo as regiões com estruturas produtivas menos complexas e com mais ramos de agri cultura e serviços foram menos impactadas isto é foram mais resilientes De fato perderam mais empregos formais na recessão as áreas de mais forte adensamento econômico nas chamadas grandes metrópoles São Paulo e Rio de Janeiro demais metrópoles nacionais e capitais regionais Também Santos e Saiani 2020 investigaram como a crise econômica afe tou setores produtivos das regiões Nordeste e Sudeste do país Seus resultados comparativos para o período 20022018 evidenciaram contrações mais suaves de emprego e remunerações no Nordeste visàvis a Região Sudeste mais industriali zada A inferência do estudo é que a crise foi mais acentuada no centro industrial e menos nas periferias resultado que ao seu modo convergiu com os de Macedo e Porto 2021 Os estudos acima citados cujos objetivos foram examinar como uma reces são tende a afetar as economias nacionais contribuem para a reflexão de caminhos perseguidos e resultados obtidos Observase que na UE e no Brasil o elemento que mais responde à crise ou depressão econômica é o relacionado à estrutura pro dutiva preexistente porém em cada caso a resposta opera em sinal inverso na UE quanto maior a presença de ramos industriais complexos na estrutura produtiva das regiões menos intenso tende a ser o choque recessivo No Brasil ocorre o contrá rio como indicado por Macedo e Porto 2021 são as regiões mais urbanizadas e com maior complexidade econômica as que mais perderam produção e emprego Em face destas reflexões esta investigação pretende contribuir com novos delineamentos para este debate ao dirigirse à questão de como territórios da atividade industrial no Brasil têm sido impactados pelo quadro recessivo do período pós2015 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 46 ESTUDIOS ECONOMICOS II2 A recessão econômica dos anos 20152018 no Brasil Sob efeitos da crise financeira de 2008 a economia global veio a operar com nível maior de incertezas e instabilidade nos anos subsequentes No Brasil os impactos foram sentidos muito rapidamente com uma também drástica contração de crédito por parte dos bancos privados À época o governo federal segunda gestão do presidente Lula da Silva tomou medidas para conter os efeitos negati vos da crise pelo aumento da oferta de crédito bancário das instituições públicas Caixa Econômica Federal Banco do Brasil Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES Banco do Nordeste e Banco da Amazônia No seu conjunto a resposta governamental envolveu de um lado aumentar o gasto público e de outro lado estimular a oferta de crédito pública ao investimento privado para se contrapor à recessão prolongada A economia reagiu bem entre 2008 e 2011 aos estímulos fiscais e de cré dito governamental com expansão da produção e emprego Contudo revezes nas variáveis externas trouxeram instabilidade para a situação macroeconômica entre 20112014 saídas de capitais em busca de investimentos seguros em títulos da dívida pública do tesouro dos EUA e da Europa redução das receitas do setor exportador por conta do fim do ciclo de alta de preços das commodities declínio dos preços do petróleo com impactos sobre exportações a eles associadas todos estes fatores convergiram para o comprometimento da taxa de investimento pri vado Restrições fiscais crescentes se tornaram um elemento desafiador para que a política macroeconômica pudesse executar medidas contracíclicas Medi das de desoneração tributária para amplos setores econômicos adotadas nos anos 20122014 ao reduzir ainda mais as receitas governamentais contribuíram para que a situação fiscal se deteriorasse rapidamente Como decorrência dos desarranjos internos em 2014 a taxa de crescimento do PIB nacional segundo o IBGE foi de apenas 01 revelando que a estagnação havia definitivamente se instalado na economia A política econômica a partir de janeiro de 2015 primeiro ano do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff se tornou fortemente contracionista em função de avaliações pessimistas sobre a evolução das despesas do governo federal num quadro de queda da atividade produtiva e da arrecadação Desde então as ações para garantir a solvência das contas públicas têm sido pelo lado da contração das despesas inclusive do investimento público A instituição da lei do Teto do Gasto PEC No 95 de 2016 já sob o governo Michel Temer consolidou um drástico Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 47 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS controle do gasto público o qual tendo se iniciado naquele ano deverá por lei se estender até 2026 por 10 anos Nos anos de 2015 e 2016 o PIB do país caiu consecutivamente a taxas elevadas de 35 em 2015 e de 33 em 2016 Contas nacionais IBGE A recu peração ensaiada nos anos posteriores foi modesta e incapaz de recuperar perdas Apresentou baixas taxas positivas para os anos de 2017 de 13 e 2018 de 18 Este quadro depressivo entre 20152016 e de fraca recuperação entre 20172018 não foi entretanto alterado posteriormente o PIB total cresceu a taxa de 14 em 2019 e em 2020 sob condições excepcionais relacionadas à pandemia da COVID 19 que veio exigir um lockdown total de atividades e pessoas em vários momen tos a economia desabou em 41 Contas Nacionais IBGE conformando um padrão caracterizado por deterioração do investimento público e do consumo das famílias e como resultante o desfalecimento do investimento privado O ambiente reformista passou a representar um freio nas decisões de investi mento do setor privado Afinal o ambiente mais seguro para o cálculo das margens finais de lucro dos empreendimentos somente viria a ocorrer depois que as reformas trabalhista previdenciária desregulamentações no âmbito do sistema monetário Banco Central privatizações de empresas públicas eou de parte de seus ativos Petrobrás Correios Banco do Brasil e Caixa Econômica venda de lotes de ações de empresas privadas nacionais possuídas pelo BNDES tivessem conclusão Não por outra razão que a taxa de investimento total da economia brasileira caiu e mantevese baixa durante toda a recessão O enfraquecimento de variáveis da demanda agregada investimento e massa salarial pode ser expresso para nossos propósitos pelos elementos a seguir mencionados os quais passaram a reforçar a contração da renda interna assim como limitar o tamanho do mercado interno da indústria a declínio da formação bruta de capital fixo FBCF conforme levanta mento trimestral desta variável feita por Ipea 2020 em novembro de 2014 o índice de crescimento da FBCF atingiu o patamar de 19006 comparativamente a jan2000100 No final de 2014 a economia brasi leira entrou em ciclo descendente por pelo menos três anos de queda da atividade econômica o índice de FBCF atingiu respectivamente em dez2015 dez2016 dez2017 e dez2018 os seguintes valores 14210 14517 14963 e 14822 O nível geral de investimento nestes últimos 4 anos permaneceu abaixo do atingido em fins de 2014 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 48 ESTUDIOS ECONOMICOS b forte contração do investimento público no período fazendo esta moda lidade de investimento governo federal e estatais federais cair do patamar de R 1288 bilhões em 2014 para R 983 bilhões em 2015 R 741 bi em 2016 R 697 bi em 2017 e R 552 bi em 2018 este último equivalente a 428 do observado em 2014 IFISenado Federal 2017 c redução da proporção crédito bancárioProduto interno bruto segundo dados dos Relatórios de Economia Bancária Banco Central do Brasil 2017 e 2019 a referida razão entre as variáveis passou de 537 em 2015 para 496 em 2016 para 471 em 2017 somente apresentando uma pequena recuperação em 2018 quando atingiu 474 do PIB e finalmente nova recuperação em 2019 alcançando 48 do PIB total sem voltar contudo a atingir a participação apresentada em 2016 O alarmante aqui é que a proporção entre as duas variáveis se manteve estável relativamente a um denominador que se reduziu o PIB d aumento do nível do desemprego geral da força de trabalho na econo mia com a taxa de desemprego da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio PNADIBGE no 4º trimestre de cada ano apresentando um forte aumento na verdade duplicando seu patamar de 65 em 2014 para 89 em 2015 e 120 em 2016 e se estabelecendo em 118 em 2017 e 116 em 2018 Ipea 2019 e e frágil recuperação dos salários reais em contexto de alta do desemprego o rendimento real de todos os trabalhos média do 4º Trimestre de cada ano para o Brasil como um todo caiu entre 2014 e 2017 somente apre sentou recuperação em 2018 Os valores respectivamente para cada ano de 2014 2015 2016 2017 e 2018 foram R 2 30364 R 2 22653 R 2 24036 R 2 27007 e R 2 30531 Ipea 2019 anexo estatístico O cenário em consolidação tem sido portanto o de enfraquecimento da massa salarial total da economia por efeito do aumento do desemprego no setor privado e pela contenção de aumentos salariais reais no setor público Efeitos de contração da dinâmica econômica das regiões brasileiras passa ram a se notar desde então De um lado a queda abrupta do investimento público federal e de suas empresas estatais desmobilizou projetos de investimento em empreendimentos do complexo petroquímico da Petrobras nos estados do Nordeste mais baixo PIB per capita nacional como Rio Grande do Norte Pernambuco e Bahia assim como na Região Sudeste mais alto PIB per capita nos estados Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 49 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS do Rio de Janeiro e Espírito Santo atingiu o cronograma das obras da rodovia Transnordestina e da transposição do rio São Francisco no Nordeste e atrasou a finalização das usinas hidrelétricas na região Amazônica De outro lado a retração do crédito bancário público do BNDES e dos ban cos regionais de desenvolvimento instrumentos que tinham tido entre 2003 e 2014 papel relevante no financiamento de atividades estruturadoras nas regiões Norte NO Nordeste NE e CentroOeste CO produziu onda adicional de impac tos negativos sobre o setor privado O BNDES havia financiado nacionalmente a indústria e a infraestrutura em R 3617 bilhões acumulados preços de 2018 entre 20102014 montante que foi reduzido nos mesmos setores para R 948 bilhões entre 20152018 Silva Marques 2021 Adicionalmente os recursos canalizados para as 3 grandes regiões da polí tica regional brasileira NO NE e CO provenientes dos Fundos Constitucionais de Financiamento FCF haviam atingido o patamar acumulado a preços de 2018 de R 1466 bilhões em 20102014 e sofreram redução na recessão para R 1103 bilhões entre 20152018 Desse modo foi criado o contexto favorável para aumento do nível de desemprego no mercado de trabalho para a redução da demanda poten cial para indústria e por fim para a materialização de tendência de desconcentração produtiva espúria no território III EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL E OS EFEITOS MACRORREGIONAIS DA CRISE A trajetória consolidada na atividade da indústria ao longo dos anos 1995 2015 caracterizada por baixo crescimento do seu valor adicionado bruto VAB e perda de densidade produtiva foi ainda mais duramente impactada na crise recente entre 20152018 Dados do Nível de Utilização da Capacidade InstaladaNUCI FGVIBRE 2020 na indústria manufatureira apontam para o nível de ocupação de 812 em 2014 e em seguida entre os anos de 2015 2016 2017 e 2018 para 764 739 744 e 757 atestando a fragilidade que se instalou na atividade industrial no país III1 Desconcentração territorial espúria A desconcentração territorial da atividade industrial no Brasil ocorre desde a década de 1970 até os dias atuais Foi mais acelerada entre 19701985 quando a Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 50 ESTUDIOS ECONOMICOS indústria crescia em ritmo forte e passou a desacelerar com os impactos da abrupta abertura produtiva e financeira nos anos 1990 A literatura especializada tem mos trado que a desconcentração industrial se manteve atuante no período 19952015 em meio ao processo de desindustrialização e transformação regressiva de sua estrutura produtiva Monteiro Neto Silva Severian 2020 Em contexto recessivo pós2015 na presença de fortes quedas consecutivas no PIB e na produção física industrial seguiuse ainda assim a continuidade da trajetória de desconcentração regional Por exemplo de 2010 até 2017 a Região Sudeste mais desenvolvida e industrializada perdeu 32 pontos percentuais de sua participação no PIB nacional de 561 em 2010 para 540 em 2015 e 529 em 2017 Contas Regionais IBGE As regiões Norte Nordeste e CentroOeste continuaram avançando percentuais de participação relativa no PIB total e a Região Sul manteve sua posição no cenário nacional A Região Norte tinha os seguintes percentuais nos anos de 2010 2015 e 2017 53 53 e 56 A Região Nor deste nos mesmos anos ganhou 1 ponto percentual no PIB nacional passando respectivamente de 135 142 para 145 Enquanto a Região CentroOeste apresentou 91 97 e 100 A intensidade com que a recessão impactou o valor da transformação industrial VTI em cada região se mostrou bastante heterogênea depois de ter se expandido a taxa de 32 entre 19962015 por efeito da crise a região Norte des acelerou seu ritmo de expansão do VTI para 11 ao ano entre 20152018 Houve trajetória díspar entre as suas principais economias estaduais em que se destacou a performance altista de 73 ao ano da economia Paraense impulsionada pelas exportações de minérios e o movimento contrário no estado do Amazonas isto é com queda na produção do polo industrial de Manaus cujo estado apresentou variação negativa de 43 da atividade predominante direcionada para o mercado interno nacional Todas as demais macrorregiões apresentaram reduções nas taxas anuais entre 20152018 naquele indicador as quais variaram de maiores a menores que das de 21 na região Sul com contração nos três estados de Rio Grande do Sul Santa Catarina e Paraná de 18 no CentroOeste impactada pela forte redução no VTI do estado de Goiás 47 redução de 16 na Região Nordeste de menor PIB per capita e no Sudeste a região mais rica a queda estabeleceuse em 14 e São Paulo 26 Uma das expressões mais preocupantes da recessão vista pela queda no VTI é que ela se apresenta bem generalizada territorialmente 23 economias estaduais num total de 27 apresentaram taxas negativas ou próximas a zero neste subperíodo No geral o efeito mais evidente da crise recente 2015 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 51 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS 2018 sobre a atividade industrial tem sido o de reverter a trajetória positiva do período antecedente 19962015 O VTI total estabeleceuse em 2018 no patamar de 94 do que era em 2015 A preocupação central no horizonte imediato da economia brasileira rela cionada à recuperação do nível de atividade no póscrise se volta para uma estru tura produtiva cuja dependência dos mercados externos tem se acentuado no país Conforme mostraremos a seguir os grupos industriais ligados ao processamento de recursos naturais e os intensivos em mão de obra continuaram a ampliar sua relevância neste período de crise fazendo deles elemento determinante de uma possível retomada III2 Reforço da especialização regressiva na recessão Se a tendência de especialização em atividades intensivas em recursos natu rais e em mãodeobra de baixo custo foi o marco do período 19902015 Monteiro Neto Silva 2018 Sampaio 2015 Macedo 2010 na crise houve reforço desta posição Estes dois grupos aumentaram a participação na composição geral da indústria nacional no período com a respectiva redução relativa dos setores mais intensivos em capital e tecnologia Avaliando estatísticas do VTI de grupos de indústria tipificados segundo o fator competitivo predominante3 em número de cinco a as indústrias intensivas em recursos naturais RN b intensivas em mãodeobra MO c intensivas em escala ESC d intensivas em diferenciação de produtos DIF e as baseadas em ciência CIE confirmamos a preponderância da indústria relacionada com pro cessamento de recursos naturais inclusive extração e refino de petróleo com cerca de metade da composição da indústria nacional A participação deste grupo até mesmo aumentou nestes anos recessivos passando de 495 em 2015 para 52 de toda a estrutura industrial em 2018 Em conjunto a participação da indústria de processamento de recursos naturais somada à dos ramos intensivos em mão de obra corresponde a 623 do total da industrial nacional em 2018 e a 609 em 2015 Ressaltese que em 1996 a participação destes mesmos grupos de indústria RN MO estava em 486 do total da indústria nacional 3 A tipologia utilizada para a indústria segundo o fator competitivo predominante toma como referên cia estudos desenvolvidos em OCDE 1987 e aplicados entre outros por Borbély 2004 e Nassif 2008 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 52 ESTUDIOS ECONOMICOS Os ramos outrora mais relevantes da estrutura industrial e relacionados a atividades mais complexas de maior valor agregado maior produtividade média e maior efeito de encadeamento interindustrial e interregional os de escala dife renciados e intensivos em ciência se reduziram segundo apuramos de 514 em 1996 para 391 em 2015 e novamente para 377 em 2018 do total da indústria estando portanto em franca perda de importância ao longo do tempo investigado Este quadro de regressão produtiva dado pela redução de complexidade téc nica da indústria está presente em todas as macrorregiões brasileiras Nas regiões CentroOeste Norte e Nordeste as indústrias associadas à base de recursos naturais RN e diferencial de mão de obra MO têm mais expressiva presença com pata mar próximo ou superior a 70 do VTI industrial Estes dois grupos de indústrias RN MO somados têm as seguintes participações na estrutura industrial das regiões Norte 648 em 2015 e 700 em 2018 Nordeste 706 em 2015 e 673 em 2018 CentroOeste 821 em 2015 e 819 em 2018 Nas regiões mais industrializadas em que a composição tende para setores mais intensivos em escala e diferenciação de produtos a tendência de expansão das indústrias de mais baixa intensidade tecnológica RN MO foi mais contida mas ainda assim esteve presente Sudeste 568 em 2015 e 580 em 2018 e Sul 640 em 2015 e 643 em 2018 Uma vez que o impulso dinâmico do vetor externo de crescimento dado por exportações de commodities agropecuárias e minerais estimado indiretamente pela presença da extrativa no total da indústria ou quando visto por fator competi tivo dos grupos de indústria de baseados em recursos naturais e intensivos em mão de obra tem efeito limitado sobre o crescimento da indústria total a retomada póscrise deverá ser lenta e com pouca reverberação interssetorial4 IV OS EFEITOS DA CRISE NAS AGLOMERAÇÕES INDUSTRIAIS RELEVANTES Diferentemente das investigações tradicionais baseadas em recortes terri toriais macrorregionais ou estaduais os estudos centrados em microrregiões ou 4 Estudos baseados em matriz insumoproduto para economia brasileira dos anos 2010 têm mostrado o baixo poder multiplicador para frente e para trás na cadeia produtiva das atividades agropecuárias e extrativas Os ramos da indústria com maiores interligações setoriais estão justamente na indústria de transformação Marconi Rocha Magacho 2016 Mollo Takasago 2019 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 53 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS até mesmo municípios são mais propícios para a visualização das suas dinâmicas produtivas Nas subseções a seguir apresentamos inicialmente o quadro geral das aglomerações industriais relevantes AIR brasileiras e em seguida realizamos análise circunstanciada dos efeitos da recessão de 20152018 sobre seu nível de emprego e massa salarial IV1 Aglomerações Industriais Relevantes quantas são e onde estão O recorte territorial das microrregiões permite observações mais detalhadas dos processos em curso na indústria A Tabela 1 a seguir registra a evolução do emprego industrial e do número de aglomerações industriais para anos escolhidos entre 1995 e 2018 Houve aumento no número de AIR de 85 em 1995 até pelo menos 2015 quando chegaram a 160 e redução posterior de maneira que em 2018 caiu para 157 unidades Sua localização predominante tem sido as regiões Sudeste e Sul com 66 AIR em 1995 e 115 em 2018 As regiões Norte Nordeste e CentroOeste respondiam por 19 unidades em 1995 e aumentaram este número para 42 em 2018 Tabela 1 Emprego e Quantidade de Aglomerações Industriais Relevantes 1995 a 2018 Aglomerações Industriais Relevantes 1995 2000 2005 2010 2015 2018 Total do Emprego Industrial mil unds 3 897 3 815 5 049 6 573 6 260 5 808 Total de AIRs unds 85 99 126 150 160 157 Norte 2 3 3 3 3 3 Nordeste 13 15 21 26 27 25 Sudeste 44 48 60 68 72 70 Sul 22 28 35 43 45 45 CentroOeste 4 5 7 10 13 14 Consideradas AIR microrregiões geográficas do IBGE com 10 mil ou mais empregos formais na Indústria Extrativa e de Transformação em 31 de dezembro de cada ano Fonte Elaboração dos autores com base nos dados brutos da RAISME Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 54 ESTUDIOS ECONOMICOS O movimento na maior parte do período foi de expansão do território do emprego industrial no país que coincide num processo contraditório com o enfraquecimento do setor industrial como motor da economia cuja performance foi caracterizada por fraca evolução da produção acompanhada por estagnação da produtividade média do trabalho e por aumento do componente importado no valor adicionado bruto Desagregando os dados sobre as AIR por unidade da federação UF e grande região para os anos de 2015 a 2018 observamos movimentos internos da crise no mercado de trabalho da indústria Tabela 2 O volume do emprego das aglomerações industriais foi reduzido em 4523 mil unidades entre 2015 e 2018 dados ponta a ponta com o correspondente número de 185 mil estabelecimentos industriais fecha dos Considerando que em 2013 o nível de emprego foi de 69 milhões a queda no emprego industrial terá chegado a 11 milhão desde o seu momento de pico As grandes perdas em volume de emprego industrial se verificaram em AIR das unidades federativas de maior peso na estrutura industrial nacional São Paulo 1939 mil RJ 692 mil RS 453 mil e MG 228 mil Porém a crise afetou negativamente também unidades da federação em regiões vulneráveis como Nordeste RN 241 mil CE 208 mil e PE 157 mil no total da região foram perdidos 865 mil empregos industriais Na Região Norte o estado do Amazonas perdeu 117 mil empregos no polo industrial de Manaus e o Pará teve queda de 24 mil entre 20152018 ponta a ponta As perdas absolutas no nível de emprego industrial foram maiores no Sudeste e Nordeste que nas demais regiões do país No primeiro caso a indústria da região mais desenvolvida tende a ser mais afetada quando a crise sobrevém pois os setores mais dinâmicos relacionados a bens de capital e voltados para altas rendas tendem a perder fôlego primeiro No caso do Nordeste região de menor desenvolvimento e de baixos salários as perdas de emprego se apresentam como motivo de preocupação pois envolvem fragilidades em setores consolidados ou em consolidação apoiados pela política industrial nacional e pela regional A forte retração dos investimentos na indústria de petróleo e derivados isto é a extrativa de petróleo e a de refino combustíveis fertilizantes nitrogenados etc impactou sobre empregos no Rio Grande do Norte Bahia e Pernambuco Foram reduzidos empregos ligados a commodities minerais no Maranhão e automóveis em Pernambuco No Ceará a redução do emprego esteve muito relacionada à queda da demanda nacional por vestuário e calçados e nas indústrias alimentícias Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 55 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS Tabela 2 Brasil Regiões e Unidades Federativas Número de Aglomerações Industriais Relevantes AIR Emprego Formal e Número de estabelecimentos 2015 a 2018 Região e UF Número de AIRs Emprego Estabelecimentos 2015 2016 2017 2018 2015 2016 2017 2018 2015 2016 2017 2018 Norte 3 3 3 3 143 632 131 943 130 678 129 555 2 914 2 826 2 767 2 679 Amazonas 1 1 1 1 99 207 89 530 88 364 87 518 1 437 1 376 1 341 1 309 Pará 2 2 2 2 44 425 42 413 42 314 42 037 1 477 1 450 1 426 1 370 Nordeste 27 23 24 25 725 949 644 842 640 039 639 410 29 270 26 562 26 472 25 926 Alagoas 3 3 3 3 62 182 60 189 56 940 51 828 1 167 1 154 1 150 1 148 Bahia 5 4 5 5 143 587 127 346 136 012 136 978 6 386 5 665 6 274 6 105 Ceará 4 4 4 4 190 215 175 452 170 733 169 441 7 693 7 359 6 997 6 826 Maranhão 1 1 1 1 11 988 11 628 11 111 11 401 779 812 780 817 Paraíba 2 2 2 2 52 351 48 868 46 071 46 079 2 014 1 954 1 932 1 903 Pernambuco 7 6 6 7 180 755 161 628 160 703 165 055 6 812 6 249 6 060 5 973 Piauí 1 1 1 1 19 856 18 526 18 364 19 520 1 276 1 219 1 207 1 189 Rio Grande do Norte 3 1 1 1 47 367 25 725 24 632 23 202 2 218 1 282 1 251 1 164 Sergipe 1 1 1 1 17 648 15 480 15 473 15 906 925 868 821 801 Sudeste 72 69 71 70 3 355 412 3 115 586 3 090 503 3 061 213 127 926 122 597 119 826 117 635 Espírito Santo 4 4 4 4 102 240 95 723 93 795 94 096 5 225 5 052 4 888 4 811 Minas Gerais 21 21 21 21 609 694 579 239 584 458 586 907 28 344 27 619 26 747 26 226 Rio de Janeiro 6 5 5 5 356 612 308 120 296 661 287 323 13 021 11 977 11 483 11 006 São Paulo 41 39 41 40 2 286 866 2 132 504 2 115 589 2 092 887 81 336 77 949 76 708 75 592 Sul 45 46 45 45 1 712 378 1 644 012 1 652 892 1 662 927 81 753 80 235 78 727 77 277 Paraná 16 16 17 17 536 657 501 387 522 735 521 786 24 922 24 043 24 107 23 753 Rio Grande do Sul 12 13 11 11 555 056 539 165 510 325 509 684 26 541 26 459 24 743 23 880 Santa Catarina 17 17 17 17 620 665 603 460 619 832 631 457 30 290 29 733 29 877 29 644 CentroOeste 13 13 13 14 323 165 300 786 305 153 315 070 17 074 16 478 16 564 16 902 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 56 ESTUDIOS ECONOMICOS Distrito Federal 1 1 1 1 27 858 26 339 25 500 26 247 2 327 2 300 2 240 2 252 Goiás 5 5 6 6 178 612 166 028 180 059 176 775 9 873 9 439 9 889 9 897 Mato Grosso 3 3 3 3 48 976 42 849 45 584 44 535 2 385 2 327 2 341 2 330 Mato Grosso do Sul 4 4 3 4 67 719 65 570 54 010 67 513 2 489 2 412 2 094 2 423 Brasil 160 154 156 157 6 260 536 5 837 169 5 819 265 5 808 175 258 937 248 698 244 356 240 419 Fonte Elaboração dos autores com base nos dados brutos da RAISME Quanto ao movimento dos estabelecimentos industriais houve uma queima firme de unidades no período que pode ser explicada ora pela extinção falência do empreendimento ora pela fusãoaquisição por um empreendimento de maior envergadura As quedas se registram consecutivamente a cada ano depois de 2015 Mesmo em anos em que o nível de emprego se recuperou o número de estabelecimentos continuou a declinar Isso significa que se a variável emprego em média consegue se restaurar em territórios produtivos já existentes e que resistiram aos efeitos da crise o mesmo não ocorre para os estabelecimentos parte expressiva dos que fecharam na recessão não foi capaz de retornar à atividade No ambiente recessivo florescem com mais frequência a redução dos espaços de competição entre firmas e a consequente concentração do mercado IV2 Aglomerações industriais mais impactadas pela recessão onde empregos e salários caíram mais A expansão do emprego e salários nas AIR brasileiras entre os anos 19952015 teve um endereço certo ocorreu predominantemente em aglomerações cujo nível de emprego varia entre 10 mil e 30 mil e corresponde ao que afirma ram Macedo e Porto 2021 às localidades urbanas de menor tamanho de popu lação e mais próximas à base da hierarquia urbana brasileira No transcorrer da crise de 20152018 por sua vez as negativamente afetadas são as de maior porte de emprego industrial mais ao topo da hierarquia urbana e que tiveram taxas de crescimento mais modestas de emprego e salário no período anterior Os níveis gerais de emprego e de salários médios sofreram redução mais significativa nas aglomerações com 50 mil ou mais unidades de emprego industrial espalhadas em todo o território brasileiro ainda que com expressiva presença na Região Sudeste Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 57 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS IV21 Efeitos sobre o emprego industrial das AIR Reportando a análise para a escala microrregional o quadro ganha novos contornos O recorte de aglomerações agrupadas segundo quatro tamanhos de emprego industrial Tabela 3 mostra o desemprego da indústria ligado às AIR de tamanho superior a 20 mil empregos industriais e em particular seu território preferencial é o das AIR com tamanho de emprego acima de 100 mil unidades Este grupo teve uma redução do nível de emprego de 3411 mil unidades Neste grupo de tamanho superior estão as maiores AIR nacionais as metró poles primazes de São Paulo e do Rio de Janeiro que vêm apresentando queda no emprego industrial não apenas por causa da recessão mas ainda antes dela desde 2010 pelo menos por força de transformações estruturais em direção à substituição da indústria por serviços produtivos eou pelos produtos da tecnologia de informação e comunicação TIC Ao lado destas duas AIR estão neste grupo as de Porto Alegre Belo Horizonte Curitiba e Campinas cujo nível de emprego se expandiu até 2015 e tiveram que desempregar parte da força de trabalho na recessão Como resultado este grupo especial apresentou redução da participação no total do emprego das AIR brasileiras de 453 em 1995 para 354 em 2018 Tabela 3 Emprego Industrial das AIR segundo grupos de tamanho do emprego 1995 2005 2015 e 2018 AIRs por nível de emprego 1995 2005 2015 2018 PerdaGanho entre 2015 e 2018 100 mil ou mais 1 758 926 2 028 481 2 372 857 2 031 722 341 135 453 404 379 350 556 de 50 mil à 999 mil 848 161 800 872 1 094 056 925 825 168 231 218 159 175 159 274 de 20 mil à 499 mil 719 765 1 377 277 1 842 470 1 738 976 103 494 185 274 294 299 169 de 10 mil à 199 mil 557 770 818 850 951 153 1 111 652 160 499 144 163 152 191 Total Geral 3 884 622 5 025 480 6 260 536 5 808 175 452 361 Fonte Elaboração dos autores com base nos dados brutos da RAISME Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 58 ESTUDIOS ECONOMICOS Na ponta inferior do agrupamento de AIR estão as de menor tamanho entre 1020 mil unidades com maior expansão numérica desde 1995 Monteiro Neto et al 2019 Estão predominantemente ligadas a atividades de commodi ties agropecuárias processamento de carnes e grãos nas regiões Sul Sudeste e CentroOeste Identificamos nas Figuras 1a e 1b as AIR com trinta maiores variações absolutas maiores perdas ou ganhos no nível de emprego durante a recessão Um grupo das 30 AIR com maiores reduções líquidas do emprego entre 2015 e 2018 apresentou diminuição de 3809 mil postos formais de trabalho na indústria equivalente a 881 das perdas totais do emprego industrial das AIR Figura 1b A contração líquida do emprego foi definitivamente mais pronunciada nas aglomerações do estado de São Paulo o berço da indústria nacional As maiores perdas neste estado estiveram nas seguintes AIR São Paulo 1030 mil Guarulhos 106 mil Campinas 106 mil São José dos Campos 79 mil Sorocaba 69 mil Osasco 68 mil e Santos 64 mil Ademais perdas significativas foram presenciadas nas AIR do Rio de Janeiro 537 mil Belo Horizonte 188 mil Porto Alegre 179 mil Fortaleza 155 mil Manaus 117 mil Curitiba 99 mil Recife 98 mil Salvador 81 mil Goiânia 62 mil e SuapePE 62 mil Figura 1 Aglomerações Industriais Relevantes com Trinta Maiores Variações Absolutas Ganhos a e Perdas b no Emprego Industrial entre 2015 e 2018 552 846 13 846 1488 8 1488 2456 5 2456 4407 4 Ganho de emprego industrial unidade 30 3453 6955 17 6955 11689 7 11689 53705 5 53705 103061 1 Perda de emprego industrial unidade 30 0 250 500 km 0 250 500 km a b Fonte Elaboração dos autores com base nos dados brutos da RAISME Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 59 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS Noutra perspectiva o grupo das aglomerações mais resilientes à crise na Figura 1a notabilizado pelo aumento do nível de emprego é formado por AIR em que se sobressaem algumas no estado de Santa Catarina com perfil médio e pequeno de tamanho de emprego Joaçaba 40 mil Canoinhas 33 mil Joinville 29 mil Chapecó 19 mil e Florianópolis 11 mil Correspondem a estruturas produtivas muito diversificadas que vão desde a produção de ervamate produtos metálicos e metalurgia até processados de carnes aves e suínos e processados de soja farelos Ainda na Região Sul o estado do Paraná também se destacou embora em menor volume de emprego com os ganhos entre outros menos expressivos os da AIR de Cascavel 23 mil que é vocacionada para o agronegócio da soja e pro dução e exportação de carnes de frangos e suínos Na Região Sudeste predominou o movimento de redução no nível de emprego em todos os estados Contudo em Minas Gerais notaramse ganhos em Divinópolis 19 mil Uberlândia 19 mil Pouso Alegre 14 mil e Conselheiro Lafaiete 12 mil Contrações no nível de emprego formal durante a crise podem ser mais bem compreendidas ao se considerar as especificidades produtivas dos territórios indus triais envolvidos Para tal organizamos o território do desemprego em três grupos relevantes de aglomerações industriais i as AIR mais duramente atingidas os centros industriais mais consolidados São Paulo Campinas Belo Horizonte Rio de Janeiro Porto Alegre Curitiba Manaus Salvador Recife etc que possuem parques industriais maduros e complexos isto é com mais setores relacionados a bens de capital eou produção de intermediários mas que representam as maio res economias de aglomeração do país ii o grupo intermediário mais atingido representado pelas AIR ligadas à cadeia do petróleo impactada não só pela queda do preço do petróleo mas também pela reorientação da política dentro da Petro bras MossoróRN petróleo em terra o caso de SuapePE com a refinaria Abreu Lima Salvador Maceió perda no refino de gás natural Litoral Lagunar refinaria Riograndense Itajaí estaleiro Santos Macaé e Rio de Janeiro que se constituem em áreas de extração e refino de petróleo e iii um terceiro grupo numeroso e diverso correspondente àquelas microrregiões menos impactadas com a queda generalizada de emprego e salários na economia as AIR especializadas na indústria de alimentos mobiliário vestuário insumos da construção civil automobilística e transportes entre elas as de João Pessoa capital do estado da Paraíba vestuário e produção de bugres Caxias do Sul no Rio Grande do Sul fabricação de carroce rias de ônibus e vestuário Francisco Beltrão vestuário Goiânia capital do estado de Goiás vestuário Umuarama móveis GramadoCanela móveis chocolate e vestuário e Cachoeiro de Itapemirim pedras ornamentais Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 60 ESTUDIOS ECONOMICOS IV22 Efeitos sobre a massa salarial das AIR Estimativas realizadas para este trabalho da massa salarial do emprego industrial das AIR são apresentadas para os anos de 2015 e 2018 Contribuem para uma interpretação mais abalizada dos efeitos da recessão sobre o mercado de trabalho da indústria Para se obter o que denominamos de massa salarial na indústria das AIR calculamos inicialmente as massas mensais de salários pagos e registrados mês a mês por AIR com base nos dados da RAISME e em seguida totalizamos o valor da massa anual de salários Tabela 4 Encontramos os seguintes valores para o total nacional R 2099 bilhões em 2015 e R 1667 bilhões em 2018 com redução bruta de R 432 bilhões ou 222 da massa salarial formal da indústria em 2015 em todas as AIR O quadro recessivo se mostrou ainda mais forte do que esta perda pode a princípio revelar pois as reduções são anuais e cumulativas O valor da massa de salários em 2018 se torna menor até mesmo que aquela observada oito anos antes em 2010 indi cando quão forte foi a contração da renda do trabalho na indústria Podese sugerir um caminho provável de efeitos em cascata da depressão econômica depois de comprimir os salários formais a crise tem continuidade pela redução das remune rações do setor informal associado à indústria o qual por sua vez passa a operar impactos negativos sobre salários no setor de serviços amplificando a crise urbana Tabela 4 Massa Salarial Anual das AIR segundo grupos de tamanho de emprego 2005 2010 2015 e 2018 AIRs por nível de emprego 2005 2010 2015 2018 PerdaGanho entre 2015 e 2018 100 mil ou mais 64 903 564 964 486 101 098 502 637 554 98 648 358 413 470 70 561 390 331 423 28 086 968 082 650 de 50 mil à 999 mil 24 459 131 231 183 26 928 091 898 148 40 256 683 398 192 30 852 259 747 185 9 404 423 651 218 de 20 mil à 499 mil 29 735 807 852 223 38 499 371 224 211 48 456 250 126 231 43 542 828 304 261 4 913 421 822 114 de 10 mil à 199 mil 14 492 752 435 108 15 871 135 192 87 22 490 975 957 107 21 704 163 446 130 786 812 512 18 Total Geral 133 591 256 482 182 397 100 951 209 852 267 894 166 660 641 827 43 191 626 067 Nota Soma de valores de salários pagos mês a mês ao longo do ano deflacionados pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo IPCA do IBGE a preços de 2015 Fonte Elaboração dos autores com base nos dados brutos da RAISME Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 61 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS A distribuição por grandes regiões da queda na massa salarial da indústria para dados preparados para este estudo apresentou a seguinte composição Região Sudeste com perda de R 295 bilhões 690 do total A Região Sul R 73 bilhões 172 do total A Região Nordeste com diminuição líquida de R 35 bilhões 81 do total Na Região CentroOeste o valor da perda foi de R 14 bilhão 32 Por fim a Região Norte com a menor queda no nível de massa salarial da indústria em 2015 e 2018 em R 10 bilhão 24 A compressão da massa salarial mostrouse mais forte na área mais indus trializada do país o Sudeste responsável por 69 do total da redução havida com as demais regiões brasileiras menos atingidas pela destruição de renda do trabalho Ainda assim todas as grandes regiões sofreram impactos da crise na renda salarial Quando as AIR são vistas pelos quatro agrupamentos segundo o nível de emprego especificado tal como fizemos na seção anterior a massa salarial apre sentou mais forte aperto no grupo superior de tamanho 100 mil ou mais empregos industriais o qual foi responsável por 65 do encolhimento da massa salarial queda de R 281 bilhões Se a este grupo superior juntarmos o segundo maior com nível de emprego entre 50 mil e 999 mil as perdas chegaram ao montante conjunto de R 375 bilhões ou 868 do total de perdas Os impactos da crise em quatro anos são mais presentes em termos de diminuição da massa salarial industrial nas AIR com mais de 50 mil empregos que correspondem grosso modo às metrópoles primazes nacionais de São Paulo e Rio de Janeiro às metrópoles regionais de Porto Alegre Belo horizonte Curi tiba Salvador Recife Fortaleza e Manaus às capitais de estados como Goiânia e Vitória e AIR do interior de SP como Campinas Sorocaba Jundiaí Ribeirão Preto Limeira e Piracicaba do interior do RS Caxias do Sul e GramadoCanela e do interior de SC Blumenau e Joinville Os grupos de AIR com tamanho inferior menos de 50 mil empregos indus triais apresentaram trajetória de quedas mais suaves nos salários até pelo menos 2018 Para o conjunto desses grupos de AIR de pequeno tamanho a massa de remunerações pagas caiu em R 57 bilhões mostrando sua resiliência A queda nas remunerações do trabalho foi um fenômeno disseminado em todas as regiões do país e em todos os tamanhos de emprego das aglomeraçoes industriais De um lado as remunerações caíram mais nas aglomerações de maior quantidade de empregos industriais das metrópoles nacionais das aglomerações do interior de São Paulo e das capitais estaduais De outro lado um pequeno e pouco Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 62 ESTUDIOS ECONOMICOS significativo subconjunto de 8 AIR entre 157 apresentou aumento da massa sala rial no montante de R 166 milhões que correspondeu a 04 do valor das perdas totais Figura 2 a e b Figura 2 Aglomerações Industriais Relevantes com Maiores Variações Absolutas Ganhos a e Perdas b na Massa Salarial Industrial entre 2015 e 2018 1050616 1050616 1 1050616 11676112 2 11676112 23729507 4 23729507 74857345 1 Ganho absoluta em R 8 223524447 667958500 18 667958500 1306853875 7 1306853875 3834830078 4 3834830078 10110229363 1 Perda absoluto em R 30 0 250 500 km 0 250 500 km a b Soma de valores de salários pagos mês a mês ao longo do ano deflacionados pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo IPCA do IBGE a preços de 2015 Fonte Elaboração dos autores com base nos dados brutos da RAISME Aglomerações que expandiram massas salariais estão em Minas Gerais Uberlândia São Paulo Andradina e Lins Rio de Janeiro Vale do Paraíba flu minense no Paraná Cascavel em Santa Catarina Joaçaba e Canoinhas e no Mato Grosso do Sul Três Lagoas Neste retrato sobre os movimentos mais evidentes de perdas e ganhos do emprego industrial formal e de massa salarial correspondente sobressai a cons tatação de que a crise econômica recente teve impacto muito negativo nas aglo merações industriais de maior tamanho e já fortemente constituídas no cenário produtivo nacional Seus efeitos em particular são mais presentes em grandes Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 63 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS aglomerações do estado de São Paulo e demais estados do Sudeste assim como nas regiões Sul e Nordeste A crise apresentouse como fenômeno fortemente metropolitano pois atin giu de maneira mais significativa as AIR das metrópoles e capitais dos estados Na direção contrária AIR do interior do país ligadas à produção de commodities expor táveis ora dentro da área poligonal da desconcentração como foram os casos observados em Santa Catarina e Paraná ora em menor intensidade na Região Nordeste Bahia e Pernambuco mas também nas regiões Norte e CentroOeste foram mais resistentes e até mesmo apresentaram aumento do nível de emprego mas não dos salários industriais CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante a recessão dos anos 20152018 registramos a continuidade do pro cesso de desconcentração regional da indústria em contexto de elevada ociosidade dos seus principais ramos de atividade nas regiões mais desenvolvidas Em fase recessiva crescem a taxa de subutilização da capacidade industrial e o desinvesti mento reduzse a massa de salários Notase o reforço em meio ao quadro depressivo da tendência à especiali zação da estrutura industrial naqueles grupos de indústria cujos diferenciais com petitivos são os recursos naturais e a disponibilidade de mão de obra Na direção contrária perdem relevância como geradores de valor adicionado de empregos e salários os grupos de indústria relacionados com o tamanho de escala produtiva com a diferenciação de produtos e com o diferencial de conhecimento incorporado Conseguimos identificar e desse modo dar uma contribuição para a lite ratura do desenvolvimento regional no Brasil pelo uso do conceito de aglome rações industriais relevantes que os canais de transmissão desta crise econômica que perdura desde 2015 relacionados à massa de salários nível de emprego e número de estabelecimentos estão disseminados de maneira generalizada no terri tório nacional As maiores AIR das regiões mais desenvolvidas são as primeiras afetadas seguidas por aglomerações de maior número de emprego localizadas em todas as demais regiões do país O primeiro momento da crise foi impactar territórios industriais onde a escala produtiva já atingiu relevância e complexificação A partir daí a crise se transmitiu para as demais AIR sucessivamente de menor tamanho e relevância Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 64 ESTUDIOS ECONOMICOS inclusive atingindo até mesmo as médias e pequenas localizadas em regiões pre ferenciais da política regional Posteriormente os territórios especializados em processamento de commo dities agrominerais atrelados à dinâmica externa não foram poupados da recessão quando não perderam empregos tiveram perdas nas massas salariais Do ponto de vista da orientação de política pública estes resultados têm a sugerir de um lado que medidas de enfrentamento da crise atual devem aten tar para os efeitos multiplicadores negativos que as aglomerações industriais com estruturas produtivas diversificadas mais sujeitas a variações drásticas no produto empregos e salários tendem a acentuar no restante da economia brasileira De outro lado devem também reconhecer que o suposto benefício do ciclo altista de commodities não tem sido capaz de compensar as perdas ocorridas no nível de renda salarial e de emprego industrial nos territórios por efeito da crise Por fim é necessário alertar que as estimativas de desemprego utilizadas devem ser vistas com cautela Referemse a reduções no emprego formal da indús tria não consideram portanto as situações de informalidade do mercado de trabalho Trabalhos futuros sobre o tema poderiam se beneficiar de estatísticas e avaliações feitas por governos estaduais e organismos patronais de maneira a se obter um quadro comparativo mais amplo da trajetória das variáveis de emprego discutidas REFERÊNCIAS Banco Central do Brasil 2019 Relatórios de Economia Bancária httpswww bcbgovbrcontentpublicacoesrelatorioeconomiabancariaREB2019pdf Borbély D 2004 Competition among cohesion and accession countries com parative analysis of specialization within the EU market EIIW Discussion Paper No 122 Wuppertal University Library Brakman S Garretsen H Marrewijk C 2015 Regional resilience across Europe on urbanization and initial impact of the Great Recession Cam bridge Journal of Regions Economy and Society 82 225240 Brandão C A 2019 Mudanças Produtivas e Econômicas e Reconfiguração Territo rial no Brasil no início do século XXI Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais 212 258279 httpsrbeuranpurorgbrrbeurarticleview5840 pdf1 Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 65 TERRITÓRIOS DO DESEMPREGO INDUSTRIAL NO BRASIL ESTRUTURAS PRODUTIVAS Ministério da Economia do Brasil Secretaria de Produtividade e Emprego 1995 2000 2005 2010 2015 y 2018 Relação Anual de Informações Socioeco nômicasRAIS httpwwwraisgovbrsitiosobrejsf Cano W 1998 Desequilíbrios Regionais e Concentração Industrial no Brasil 19301995 2ª ed rev Campinas UNICAMP httpswwweconomiauni campbrimagespublicacoesLivros30anosDesequilibrioregionaisecon centracaoindustrialnoBrasilpdf de Beer P 2012 The impact of the crisis on earnings and income distribution in the EU ETUI 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1214 httpsportalibrefgvbrsitesdefaultfilesrevistasarquivosconjunturaeconomi ca202012baixapdf Groot S Mohlmann J L Garretsen J H Groot H L F 2011 The cri sis sensitivity of European countries and regions stylized facts and spatial heterogeneity Cambridge Journal of Regions Economy and Society 43 437456 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 1990 Divisão regional do Brasil em mesorregiões e microrregiões geográficas Biblioteca httpsbiblioteca ibgegovbrvisualizacaolivrosliv22691pdf Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2019 Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Regional Boletim Jan2019 httpsbibliotecaibgegov brvisualizacaoperiodicos229pimpfr2019janpdf Estudios económicos N 81 Julio Diciembre 2023 3767 66 ESTUDIOS ECONOMICOS Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2017 Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Regional Boletim Jan2017 httpsbibliotecaibgegovbr visualizacaoperiodicos229pimpfr2017janpdf Instituição Fiscal Independente IFISenado Federal 2017 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