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Descartes formula mais uma prova da existência de Deus conhecida como prova ontológica o pensamento desse objeto Deus é a ideia de um ser perfeito se um ser é perfeito deve ter a perfeição da existência caso contrário lhe faltaria algo para ser perfeito portanto ele existe Uma vez estabelecida por dedução a ideia inata de Deus como ser perfeito o passo seguinte seria indagar sobre a realidade das coisas materiais Para saber mais O termo ontologia vem do grego óntos que significa ser A prova cartesiana da existência de Deus é ontológica justamente porque busca provar o ser de Deus O argumento ontológico foi utilizado anteriormente por Anselmo de Aosta também conhecido como Anselmo de Cantuária ou Santo Anselmo século XI filósofo e teólogo medieval Retomado por Descartes o argumento foi criticado por Kant que o inverteu só poderíamos afirmar que um ser é perfeito se ele existisse de fato Até hoje esse argumento é controverso O mundo Como Descartes começara duvidando da existência do mundo e de seu próprio corpo chegou a levantar a hipótese de um deus enganador um gênio maligno que o tivesse obrigado a perceber um mundo inexistente No entanto quando se atinge a certeza de que Deus existe e é infinitamente perfeito concluise que não nos enganaria A existência de Deus é garantia de que os objetos pensados por ideias claras e distintas são reais e de que o mundo existe de fato E entre as coisas do mundo o meu próprio corpo existe Os objetos do mundo externo porém chegam à consciência como ideias adventícias que têm uma realidade externa e Descartes aplica seu método para verificar quais dessas ideias são claras e distintas O filósofo encontra assim a ideia de extensão uma propriedade essencial do mundo material Desse modo são secundárias as propriedades como cor sabor peso som por serem subjetivas e por não podermos ter delas ideias claras e distintas Ao intuir o cogito Descartes identifica a res cogitans coisa pensante e a ela une a res extensa coisa extensa o corpo também atributo das coisas do mundo À extensão acrescenta a ideia de movimento que Deus injetou no mundo quando o criou Para refletir A escultura ao lado universalmente usada para representar a reflexão filosófica exige ela mesma nossa reflexão Ela retrataria o momento primeiro de introspecção puramente racional na busca das ideias claras e distintas Como você interpreta a escultura de Rodin O pensador 1881 escultura de Auguste Rodin Dualismo corpoconsciência No percurso realizado por Descartes notase uma incontestável valorização da razão do entendimento do intelecto Acentuase nele o caráter absoluto e universal da razão que partindo do cogito e só com suas próprias forças descobre todas as verdades possíveis Uma consequência do cogito é o dualismo corpoconsciência em que o ser humano é um ser duplo composto de substância pensante e substância extensa De fato o corpo é uma realidade física e fisiológica e como tal possui massa extensão no espaço e movimento bem como desenvolve atividades de alimentação digestão etc por isso está sujeito às leis deterministas da natureza Por sua vez as principais atividades da mente como recordar raciocinar conhecer e querer não têm extensão no espaço nem localização Nesse sentido não se submetem às leis físicas elas são antes a ocasião da expressão da liberdade Estabelecemse portanto dois domínios diferentes o corpo objeto de estudo da ciência e a mente objeto apenas de reflexão filosófica1 Empirismo britânico A tendência empirista disseminouse principalmente na GrãBretanha De fato a tradição empirista britânica remontava às pesquisas realizadas na Universidade de Oxford no século XIII Veremos em seguida alguns expoentes do pensamento empirista nos séculos XVII e XVIII 1 Sobre o dualismo cartesiano consultar o capítulo 15 A felicidade amor corpo e erotismo No final do século XIX e início do século XX os pintores impressionistas romperam com a arte tradicional ao pintar ao ar livre exprimindo a sensação visual das transparências do ar e da água É possível relacionar o impressionismo ao empirismo porque ao pintor interessa transpor para a tela a primeira impressão que se forma na retina quando lança seu olhar para a natureza Sua mente é como diriam os empiristas uma folha em branco As pinceladas curtas soltas as puras manchas de cor e a ausência de contorno correspondem às impressões sensíveis o ponto de partida do conhecimento segundo a matriz empirista Detalhe de Ninfeias azuis 19161919 pintura de Claude Monet Francis Bacon saber é poder Francis Bacon 15611626 nobre inglês fez carreira política e chegou a chanceler no governo do rei Jaime I Como filósofo planejou uma grande obra Instauratio magna Grande instauração da qual faz parte o Novum organum Novo órgão que por sua vez tem o significativo subtítulo Indicações verdadeiras acerca da interpretação da natureza De acordo com o espírito da nova ciência moderna Bacon aspirava a um saber instrumental que possibilitasse o controle da natureza por isso foi um crítico severo da filosofia medieval a qual considerava excessivamente contemplativa e abstrata distante do mundo físico Na obra Novum organum o termo órgão é entendido como instrumento do pensamento Assim critica a lógica aristotélica por considerar a dedução inadequada para o progresso da ciência A ela opõe o estudo pormenorizado da indução como método mais eficiente de descoberta insistindo na necessidade da experiência e da investigação de acordo com métodos precisos Quatro gêneros de ídolos Bacon inicia sua reflexão pela denúncia dos preconceitos e das noções falsas que dificultam a apreensão da realidade aos quais chama ídolos Etimologia Ídolo Do latim idolum e do grego eídolon que significam imagem Do ponto de vista religioso é a imagem de uma divindade para ser cultuada Para Bacon significa ideia falsa e ilusória Antropomórfico Do grego anthropos homem e morphé forma significa o que adquire forma humana Os ídolos da tribo estão fundados na própria natureza humana na própria tribo ou espécie humana São os preconceitos que circulam na comunidade em que se vive como expressões cômodas de verdades dadas e não questionadas Essa postura contraria o espírito científico cujas hipóteses devem ser confirmadas pelos fatos Por exemplo ele classifica a astrologia como uma falsa ciência por causa de suas generalizações apressadas Esses ídolos também recorrem a explicações antropomórficas ao atribuírem à natureza características propriamente humanas Por exemplo os antigos diziam que a natureza tem horror ao vácuo ou então explicavam os seres naturais por meio de noções como atração e repulsa em analogia com a natureza humana e não com o Universo Os alquimistas identificavam a natureza bruta com o comportamento humano ao se referir à simpatia e à antipatía de certos fenômenos Os ídolos da caverna são os provenientes de cada pessoa como indivíduo Bacon afirma Cada um tem uma caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza seja devido à natureza própria singular de cada um seja devido à educação ou conversação com os outros seja pela leitura dos livros ou pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram BACON Francis Novum organum São Paulo Abril Cultural 1973 p 27 Coleção Os Pensadores Alguns indivíduos observam as diferenças entre as coisas enquanto outros analisam as semelhanças uns são mais contemplativos e outros mais práticos Os ídolos do mercado ou do foro são os que decorrem das relações comerciais nas quais as pessoas se comunicam por meio das palavras sem perceber o efeito perturbador da linguagem que distorce a realidade e nos arrasta para inúteis controvérsias e fantasias Por exemplo ao explicar a origem do movimento com a noção de Primeiro Motor Imóvel atribuída a Deus Aristóteles não faz filosofia mas teologia Para Bacon as ciências naturais dispensam conceitos abstratos e vazios Os ídolos do teatro são os ídolos que imigraram para o espírito dos homens por meio das diversas doutrinas filosóficas e também pelas regras viciosas da demonstração Por isso compara os sistemas filosóficos a fábulas que poderiam ser representadas no palco Muitas vezes essas doutrinas mesclamse com a teologia o saber comum ou as superstições arraigadas Por esse motivo mais do que teorias valeria pesquisar as leis da natureza De formigas aranhas e abelhas Para Bacon somente após a depuração do pensamento desses ídolos que o corrompem é que o método indutivo poderia ser aplicado com rigor Não se trata porém da indução aristotélica mas de uma indução que se constitui como chave interpretativa A indução baconiana visa estabelecer leis científicas por isso deve proceder à enumeração exaustiva de manifestações de um fenômeno registrar suas variações para então testar os resultados por meio de experiências Nesse sentido Bacon critica tanto os racionalistas quanto os empiristas para ir além deles na expectativa da aliança entre as duas faculdades a experimental e a racional como ilustra a metáfora da abelha Os que se dedicaram às ciências foram ou empíricos ou dogmáticos Os empíricos à maneira das formigas acumulam e usam as provisões os racionalistas à maneira das aranhas de si mesmos extraem o que lhes serve para a teia A abelha representa a posição intermediária recolhe a matériaprima das flores do jardim e do campo e com seus próprios recursos a transforma e digere Idem ibidem p 69 A importância de Bacon decorre da valorização da experiência fundamental para o desenvolvimento da ciência O ideal baconiano segundo o qual Saber é poder designa ainda hoje a esperança desmedida nos benefícios da ciência e do progresso Etimologia Foro Do latim forum praça pública mercado Para refletir O ideal baconiano mostrouse no século XX uma experiência danosa ao se buscar o progresso a qualquer custo Converse com um colega para listar exemplos de como o desenvolvimento tecnológico pode ao mesmo tempo trazer benefícios e causar riscos e danos às pessoas e ao meio ambiente John Locke a tabula rasa O filósofo inglês John Locke 16321704 explicou e desenvolveu sua teoria do conhecimento na obra Ensaio sobre o entendimento humano que tem por objetivo saber qual é a essência qual a origem qual o alcance do conhecimento humano Locke critica a doutrina das ideias inatas de Descartes afirmando que a alma é como uma tabula rasa tábua sem inscrições como um papel em branco Por isso o conhecimento começa apenas com a experiência sensível Se houvesse ideias inatas as crianças já as teriam Outro argumento contra o inatismo a ideia de Deus não se encontra em toda parte pois há povos sem essa representação ou pelo menos sem a representação de Deus como ser perfeito Origem das ideias Ao contrário dos filósofos racionalistas que privilegiem as verdades de razão típicas da lógica e da matemática Locke preferiu o caminho psicológico ao indagar como se processa o conhecimento Distingue então duas fontes possíveis para nossas ideias a sensação e a reflexão A sensação cujo estímulo é externo resulta da modificação provocada na mente por meio dos sentidos Locke observa que pela sensação percebemos as qualidades e as características das coisas capazes de produzir ideias em nós Essas qualidades são de dois tipos primárias e secundárias As qualidades primárias são objetivas por existirem realmente nas coisas a solidez a extensão a configuração o movimento o repouso e o número Ao passo que as qualidades secundárias são em parte relativas e subjetivas variando de um sujeito para o outro calor cor som odor sabor etc A reflexão que se processa internamente é a percepção que a alma tem daquilo que nela ocorre Portanto a reflexão fica reduzida à experiência interna do resultado da experiência externa produzida pela sensação Oleiro dá forma final a vaso de argila no município de Itaboraí RJ Foto de 2010 A forma e a textura do objeto dizem respeito a suas qualidades primárias Se pensarmos em sua temperatura trataremos de uma qualidade secundária A razão reúne as ideias coordenaas compara distingue compõe ou seja as ideias entram em conexão entre si por meio da racionalidade Assim as ideias simples que vêm da sensação se combinam entre si formando as ideias complexas por exemplo as ideias de identidade existência substância causalidade etc Locke conclui que não podemos ter ideias inatas como pensara Descartes É o intelecto que constrói essas ideias por isso não se pode dizer como os antigos que conhecemos a essência das coisas Por serem formadas pelo intelecto as ideias complexas não têm validade objetiva são apenas nomes de que nos servimos para ordenar as coisas ou seja elas têm valor prático e não cognitivo Se o intelecto sozinho não é capaz de inventar ideias mas depende da experiência que fornece o conteúdo do pensamento como fica para Locke a ideia de Deus já que todo conhecimento passa necessariamente pelos sentidos Para ele só estamos menos certos com relação à existência das coisas externas mas o mesmo não ocorre quando se trata da existência de Deus Por certeza intuitiva sabemos que o puro nada não produz um ser real ora se os seres reais não existem desde a eternidade eles devem ter tido um começo e o que teve um começo deve ter sido produzido por algo E conclui que deve existir um ser eterno que pode ser denominado Deus Desse modo o empirista Locke recorre a um argumento metafísico para provar a existência de Deus Veremos a seguir como Hume aprofunda o empirismo com mais vigor Para refletir Retomando a questão dos universais tema do capítulo anterior identifique semelhanças entre as ideias complexas de Locke e a teoria nominalista de Guilherme de Ockham David Hume o hábito e a crença David Hume filósofo escocês levou mais adiante o empirismo de Francis Bacon e John Locke Conforme a tradição empirista em sua obra Tratado da natureza humana Hume preconiza o método de investigação que consiste na observação e na generalização Afirma que o conhecimento iniciase com as percepções individuais que podem ser impressões ou ideias O que diferencia ambas depende apenas da força e da vivacidade pelas quais as percepções atingem a mente As impressões são as percepções originárias que se apresentam à consciência com maior vivacidade como as sensações ouvir ver sentir dor ou prazer etc As ideias são as percepções derivadas cópias pálidas das impressões e portanto mais fracas O sentir impressão distinguese do pensar ideia apenas pelo grau de intensidade Além disso a impressão é sempre anterior e a ideia é dela dependente Desse modo Hume rejeita as ideias inatas As ideias por sua vez podem ser complexas quando pela imaginação as combinamos entre si por meio de associações Hume dá os exemplos de uma montanha de ouro e de um centauro Quem é David Hume 17111776 filósofo e historiador escocês foi um estudioso precoce leitor de obras dos mais diversos teores Ensaísta brilhante seu pensamento crítico e naturalista é representativo do Iluminismo sobretudo por significativa presença na França onde teve contato com os enciclopedistas Empirista convicto e conhecedor do progresso científico de sua época insiste na impossibilidade de o conhecimento ir além da experiência A crítica à religião e a postura cética lhe valeram a acusação de ateísmo A originalidade do seu pensamento influenciou decisivamente os filósofos posteriores seja para rejeitálo seja para considerar a ferina crítica à metafísica Suas principais obras são Tratado da natureza humana Investigação sobre o entendimento humano História da Inglaterra e História natural da religião David Hume 1766 pintura de Allan Ramsay 2 Mais referências à teoria de Hume nos capítulos 6 O que podemos conhecer e 16 Teorias éticas abordagem cronológica 127 Descartes nobre filósofo francês formulou através de seus estudos a prova antológica uma nova evidência da existência de Deus Para ele ao passo em que é estabelecido a ideia de Deus como um ser perfeito o próximo passo seria refletir sobre a realidade das coisas materiais O MUNDO A priori Descartes iniciara os seus estudos duvidando da existência do mundo nem como do seu próprio corpo Todavia ao constatar a existência de Deus e que ELE é perfeito Descartes conclui que a existência de Deus é a garantia e que o mundo realmente existe DUALISMO CORPOCONSCIÊNCIA Seguindo em seus estudos Descartes propôs o dualismo em que o ser humano é comporto de uma duplicidade ou seja uma substância pensante e uma extensa O termo substância pensante referese ao campo das ideias como recordar raciocinar e afins é o objeto da reflexão filosófica enquanto o corpo é uma realidade física que possui massa e extensão no espaço é o objeto de estudo da ciência EMPIRISMO BRITÂNICO O empirismo britânico se alastrou na GrãBretanha por volta do século XVIII A seguir alguns defensores do empirismo FRANCIS BACON SABER É PODER Francis Bacon foi um filósofo político inglês que teve seus estudos embasados no empirismo Ele foi um crítico da filosofia medieval pois ansiava por um conhecimento que proporcionasse o controle da natureza Bacon pretendi mostrar a relevância dos conhecimentos científicos na prática Segundo Bacon os ídolos estavam baseados em pseudos hábitos e noções imbuídos na mentalidade humana Na concepção de Bacon a crença nesses ídolos afetavam o desenvolvimento da ciência Diante disso o filósofo em suas reflexões criticou os falsos ídolos que são Ídolos da tribo fundados na própria espécie humana ídolos da caverna são os provenientes de cada um ídolos do mercado são procedentes da linguagem e comunicação dos indivíduos e os ídolos do teatro são os ídolos oriundos dos campos culturais filosóficos e científicos que migram para os homens a partir das diversas doutrinas e regras Além disso Bacon afirmou que após a correção desses pensamentos dos ídolos é que o método indutivo pode ser aplicado Fazendo uma analogia com a aranha abelha e formiga Bacon salienta que é salutar acumular extrair e recolher aquilo que é proveitoso para o conhecimento JONH LOCKE A TÁBULA RASA Jonh Locke foi um filósofo francês que explicou a teoria do conhecimento Em sua obra Ensaio sobre entendimento humano Locke criticou a doutrina das ideias inatas e argumentou que o indivíduo é semelhante a uma tábula rasa isto é uma folha em branco e o conhecimento inicia apenas com as experiências sensíveis Se porventura já existissem ideias inatas as crianças já as saberiam Além disso ao contrário dos racionalistas Locke optou pelo caminho psicológico e definiu duas fonte para o processamento do conhecimento a sensação é a fonte das origens das ideias a reflexão é a percepção das ideias Ou seja é possível compreender ideias exteriores bem coo ideias que são originárias minhas DAVID HUME O HÁBITO E A CRENÇA Hume continuou com o empirismo proposto por Locke e Bacon Hume afirma que o conhecimento é iniciado a partir de percepções sejam elas impressões ou ideias A impressões são as nossas sensações e paixões Já as ideias são inferiores às impressões pois são cópias das impressões O pensar distinguese do sentir simplesmente pelo grau de intensidade