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Pedagogia ·
Filosofia
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Platão A República Livro III Prof Dr Julio Tomé Antes do século V aC criacago dos meninos Paideia verbo paideto Paideto Instruir formar dar formacao ensinar os valores os oficios as técnicas educacao ou cultivo das criancas Sentido de Tékhne Paideia A partir do Século V aC o termo aparece como educação integral A formação do corpo pela ginástica Da mente pela filosofia e pelas ciências e Da moral e dos sentimentos pela música mousikê e pelas artes Paideia Foi então que os gregos realizaram a síntese entre educação e cultura Deram enorme valor à arte à literatura às ciências e à filosofia A Paideia significa cultura entendida não no sentido ativo preparatório de educação mas no sentido perfectivo da palavra O estado de um espírito plenamente desenvolvido tendo desabrochado todas as suas virtualidades o estado do homem tornado verdadeiramente homem Aplicase à vida adulta à formação e à cultura à sociedade e ao universo espiritual da condição humana Paideia Assim a palavra que de início significava apenas criação dos meninos adquire nuanças que a tornam intraduzível Civilização cultura tradição literatura ou educação Porém nenhuma delas coincide plenamente com o que os gregos entendiam por Paideia Cada um desses termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global e para abranger o campo total seria necessário empregálos todos de uma vez Paideia No conceito grego da palavra está presente a ideia de educação do homem consoante o seu autêntico ser Ou seja uma educação total da pessoa física estética moral religiosa e política Podese dizer que o termo Paideia é um termo plural Procura traduzir práticas educativas divergentes mas que contribuíram notavelmente na história das ideias pedagógicas Paideia Entre elas podemos destacar três que constituíram as tradições educacionais relativas à formação do homem grego A Paideia homérica A Paideia sofística e A Paideia socráticoplatônica Paideia Homérica Homero EpopeiaPoesia épica Ilíada e Odisseia Liga às origens míticas da formação da Grécia através dos poemas Mythos Narra os Deuses antropomorfizados heroicos mas errantes A Teogonia de Hesíodo pode ser enquadrada também Paideia Homérica Conexão entre a epopeia e o mito Os mitos e as lendas heroicas que compõem a Paideia homérica são marcados pela tradição dos aristocratas guerreiros por seu estilo de vida pela atmosfera ética em que esses heróis atuam e por isso constituem um tesouro inesgotável de exemplos e modelos da nação que neles bebe o seu pensamento ideais e normas para a vida O herói homérico é então o homem hábil no falar e capaz de agir seja em tempo de guerra ou de paz nas assembleias e nos conselhos e que desenvolve suas habilidades junto a um preceptor mais velho Paideia Homérica Nesse ideal de formação está a busca da excelência humana alcançada principalmente com a prática da areté entendida como um conjunto de qualidades físicas espirituais e morais tais como a coragem a força a destreza a eloquência a capacidade de persuasão e numa palavra a heroicidade Assim os ideais cívicos e a identidade cultural de uma sociedade guerreira dominada pelas famílias aristocráticas eram veiculados por aquelas epopeias Declinio da aristocracia e surgimento da democracia Assembleias publicas retorica arte do bem falar A polis demanda um novo tipo de homem Que entendesse os mitos como fabulas que usasse a retorica para expressarse apropriadamente e que fosse ativo participante da vida na polis para ser um cidadao completo plenamente instruido Surgem os sofistas Paideia sofistica A sofística consistia muito mais num modo de ensinar que numa doutrina Considerandose praticantes do saber mestres da oratória os sofistas viviam se vangloriando de sua sabedoria para impressionar seu público Recebiam então altos salários de acordo com seu prestígio Eles se direcionavam a quem pudesse pagar pelos seus serviços a fim de adquirir a superioridade necessária ao triunfo na arena política Paideia sofistica Eles transformaram o ensino numa autêntica profissão a começar pelo fato de que cobravam por suas lições a peso de ouro comercializando o saber como se fosse uma mercadoria O objetivo do movimento educacional dos sofistas não era a educação do povo mas a dos chefes Toda a educação política dos chefes devia basearse na eloquência a qual se converteu na formação do orador Paideia sofistica Em seus ensinamentos os sofistas deixavam transparecer um caráter prático utilitário Os sofistas dedicaramse especificamente ao problema da formação do homem político do bom orador capacitando o aluno a discutir a expor suas opiniões a debatêlas em público e ainda a exporse às críticas dos outros A Paidéia sofística consiste numa educação política que privilegia a palavra persuasiva como instrumento de poder Paideia sofistica Ensinavam então a arte da retórica ou seja a arte de discutir persuadir argumentar lançando mão de argumentos lógicos em favor de sua opinião e contra a do adversário Arte decisiva para quem exerce a cidadania numa democracia direta onde as decisões são tomadas em público principalmente para os jovens que iam à assembleia do povo apresentar discursos convincentes e adequados de modo a conseguir postos de governo que estivessem à altura de sua tradição familiar Assim os sofistas procuraram romper com a tendência de acreditar em verdades absolutas e situaram a linguagem como uma mera simbolização que não atinge a essência das coisas Paideia sofistica Os sofistas operam apenas com opiniões doxa contrárias ensinando a argumentar persuasivamente tanto em favor de uma como de outra dependendo de quem lhes está pagando Não operam com a verdade alétheia que é sempre a mesma para todos A Paideia sofística era uma colorida mistura de materiais de origem vária já que não havia entre eles concordância quanto ao saber mais indicado para a formação do espírito Paideia sofistica Embora se considerassem educadores e cobrassem pelo saber que transmitiam estendendoos apenas à elite eles romperam o preconceito que sustentava ser a virtude um privilégio de nascimento e de sangue A sua finalidade era a superação dos privilégios da antiga educação para a qual a areté só era acessível aos que tinham sangue divino Protagoras foi o primeiro a oferecer um ensino do tipo comercializado Nao havia antes dele semelhante instituicao Os sofistas nao encontraram pois uma clientela ja feita foilhes necessario granjeala persuadir o publico a recorrer a seus servicgos 0 que explica toda uma série de expedientes publicitarios O Sofista vai de cidade em cidade a cata de alunos levando atras de si aqueles que ja arrebanhou mestres itinerantes Paideia socráticoplatônica Por outro lado a Paideia socráticoplatônica no seu chamado ao cuidado da alma recomenda as ciências matemáticas como o caminho certo para essa finalidade Uma Paideia interior ética derivada da consciência da natureza moral do homem fundamentada na capacidade racional do autodomínio instância ideal do filósofo capaz de ser livre e não submetido às experiências sensíveis A Paideia socráticoplatônica assentase no ideal da kalokagathia afirmandose como busca constante do aperfeiçoamento da alma dos cidadãos kalos kai agathos belo e bom ou belo e virtuoso kalokagathia homem bom e belo tanto física quanto moralmente Paideia socráticoplatônica Para Platão a Paideia era a verdadeira educação aquela que visava construir o homem da polis que tornava o homem cidadão Constituía um ideal de cultura baseado na ideia de que a comunidade e o indivíduo são reciprocamente responsáveis um pelo outro se integrando transformando e evoluindo um a partir do outro Nesse sentido a Paideia parte do princípio de que o homem é um ser racional e político e por isso capaz de agir segundo fins e valores que visam ao bem coletivo acima das necessidades individuais Paideia socráticoplatônica Significava portanto a ideia de educação como cultivo isto é como ensino dos valores e dos conhecimentos humanos necessários para o desenvolvimento do caráter e do espírito Assentavase numa concepção de educação integral pois buscava a formação plena do ser humano e não apenas o seu adestramento ou profissionalização Seu objetivo era imprimir um ideal social coletivo para que todos os membros se sentissem parte da comunidade responsáveis por sua realização e seu futuro Paideia socráticoplatônica Nesse sentido a educação promove uma mudança interior espiritual transformando e moldando o caráter a concepção de mundo e construindo um conhecimento duradouro e capaz de criar e ir além do que foi ensinado superior por isso ao adestramento técnico meramente repetitivo A principal preocupação da educação será com a elevação do ser humano ao seu maior grau de perfeição ao que há de mais excelente na humanidade fazendoo através da educação do bom e do belo Paideia socráticoplatônica Ela almeja formar um tipo superior de homem modelálo por inteiro cultivando nele todas as virtudes tanto as da alma quanto as do corpo Bravura ponderação justiça piedade saúde força e beleza a fim de fazêlo elevarse para além dos sentidos Areté Virtude areté Areté seria uma condição de excelência na execução de uma função própria Assim a virtude não é exclusivamente humana nem se restringe ao aspecto ético pois se vincula à precisão e excelência técnica como a capacidade para fazer bem feito aquilo que precisa ser feito A virtude ética como excelência do caráter e da conduta moral será consequência do saber sobre o que seja e como praticar esta virtude Areté A virtude é episteme é ética é política é inerente à natureza humana e à realidade ontológica dos seres É objeto da psyché e da educação é práxis é poiésis é aísthesis É ação criação sensação e razão Esta virtude manifestase por meio do intelectorazão Mas também pelo sentir e pelas emoções pelo comportamento e pelo agir Areté É decorrente do que há de inato no ser humano Mas também é fruto do ensinado do aprendido do transmitido e recebido Por meio do processo de vida que se estabelece entre cada indivíduo inserido na pólis com a natureza que envolve indivíduo e pólis Areté No contexto grego em específico o ser virtuoso não é aquele que no intuito de aperfeiçoarse retirase da sua comunidade e se obriga a uma vida privada alheia às preocupações de sua comunidade bem como de seus semelhantes O aperfeiçoamento humano passa pela dimensão da convivência uma vez que uma das dimensões humanas inatas é a sua disposição à vida em sociedade Nesse sentido o homem está tanto mais próximo da perfeição quanto mais se dispor à vida comum e às suas necessidades Areté Não é possível a Sócrates conceber que se transmite a virtude como se esta fosse um produto manipulável como a qualquer outro produzido por mestres artesãos como ferreiros e carpinteiros Antes cada um dentro das suas possibilidades faz o caminho da dialética que é capaz de forjar o caráter as escolhas bem como as maiores aspirações humanas Areté Poderão o saber e o conhecimento ajudar a humanidade a atos melhores e ter consciência para não sofrer influência que levem a más atitudes A tese socrática que reduz a virtude ao conhecimento dos verdadeiros valores deve constituir a pedra angular de toda a educação Este seria o grande desafio da Paideia socrática tornar o homem virtuoso a partir da descoberta do seu interior Areté A virtude não é mais um atributo divino partilhado com os homens tampouco a mera instrução técnica que pode ser transmitida A virtude está relacionada ao verdadeiro saber a um tipo de sabedoria que se faz no palmilhar da existência individual do educando Areté Platão afirma que há quatro virtudes que constituem a perfeição moral Sabedoria Coragem Temperança e Justiça O mesmo se dará na cidade ideal Areté A construção do modelo de cidade perfeita para o homem perfeito implica ter presente a ideia de perfeição que se encontra para além do mundo material sendo possível alcançála somente através da educação ideal pela qual os homens atingem o bem e tornamse cidadãos ideais Cidadão Platão empreendeu seu projeto educativo a partir da questão geral Pode a virtude ser ensinada Como educar o homem moralmente bom Que tipo de educação é necessária para formar o homem virtuoso Cidadão A formação de homens com firme disposição para a prática do bem só pode se dar por meio de uma educação plena que não separe o indivíduo de seu compromisso com o coletivo Assim a virtude ou excelência do homem aquela que faz dele um homem de bem é prometida pela educação platônica Cidadão Em Platão moral e política são impartíveis o homem perfeito de bem só pode ser o perfeito cidadão O homem e o cidadão são indissociáveis A dimensão social do homem em Platão é tão forte que resulta na necessidade de ele estar junto unido com os outros O homem e a esfera social estão de tal modo ligados que não é possível pensar em um desagregado do outro Dessa forma ele unifica o propósito políticopedagógico duplo de uma estatização da educação e de uma humanização do Estado Cidadão Que modelo de homem Platão deseja formar e que sociedade ele pretende construir Em Platão residia o desejo de formar o homem ou melhor o cidadão para uma sociedade perfeita As características fundamentais do ser humano encontram condições de pleno desenvolvimento no ambiente social isto é no convívio da polis Cidadão A polis é a união de indivíduos pela ação comum comunitária e não o somatório de indivíduos isolados ela é uma forma mais primorosa da vida social A própria polis é concebida como um único ser coletivo cuja finalidade é a realização do bem de cada um dentro do bem da coletividade O ideal de cultura manifesta um caráter formativo à medida que educar é estar imerso na cultura da polis é formar o cidadão Filósofo reiRei Filósofo Estabelecer um Estado perfeito para formar o homem perfeito era o projeto de Platão em A República Para isso impôs uma condição centrar o poder político nas mãos dos filósofos reis ou dos reis filósofos O filósofo idealizado por Platão é o único com capacidades para governar a cidade com justiça pois é o que de melhor maneira recebeu educação Filósofo reiRei Filósofo Uma educação não voltada para aspectos técnicos e sim integral de maneira a desenvolver suas múltiplas capacidades Para Platão o filósofo é a medida suprema ligado ao conhecimento do Bem compreendido como princípio absoluto é o que mais conseguiu assemelharse a Deus Com objetivo da construção da polis justa o filósofo é um devoto de sua comunidade e com grandes pretensões de espírito comunitário e de solidariedade Polis O ideal de educação é formar o homem que não seja apenas centrado em si mesmo Assim o Estado deve assumir a responsabilidade pela educação Platão considera que a origem do Estado está na necessidade de cada cidadão As pessoas necessitam umas das outras para atenderem às suas necessidades Assim um indivíduo não nasce idêntico ao outro e por isso cada um está apto para exercer uma determinada função na sociedade Polis A cidade justa para Platão é aquela em que cada um se ocupa da tarefa que lhe compete ou seja cada um exerce uma ocupação de acordo com sua aptidão a fim de contribuir em favor do todo a que pertence Nesse contexto a justiça aparece quando cada classe realiza sua própria função sem ameaçar o equilíbrio geral caso que aconteceria se alguém almejasse exercer um papel que não lhe competisse e cujo resultado seria a injustiça Polis O Estado deve permanecer unido a fim de que cada um seja encaminhado à tarefa para a qual nasceu para que aos melhores jovens seja oferecida uma educação apropriada e não se modifiquem nem as leis que dirigem a educação nem a ordem do Estado Mito dos nascidos da terra Homens de ouro Classe dos guardides Homens de prata Classe dos guerreiros Homens de ferro e bronze Classe dos artifices camponeses artesaos ou comerciantes Polis A divindade em primeiro lugar ordena aos governantes que observem com muita atenção qual desses metais se encontra misturado às almas dos jovens e se um filho de homens de ouro tiver em si bronze e ferro deverá ser colocado entre os artesãos e viceversa se destes nascerem filhos que tenham ouro ou prata deverão ser colocados entre os que têm tarefas de guarda e de defesa Assim como o Estado constituido de trés classes sociais a alma é formada por trés partes A racional razao existe o prazer pela contemplacao do Ser nela ha a racionalidade e por ela se aprende é a responsavel pela vida intelectual e serve de freio das outras duas partes pensamos A irascivel ira o prazer pelo poder e a captagao das sensibilidades irritamonos A concupiscivel desejoapetitiva onde ha o prazer dos desejos fisioldgicos fome sede e outros desejos e paixdes desejamos As trés partes da alma estariam presentes nos individuos e na cidade Como é sabia e tem a fungao de velar por toda a alma a razao cumpre governar enquanto que a ira lhe deve estar submissa Polis Os guardiões cuja tarefa é dirigir a cidade deverão receber uma educação aprimorada É uma educação que visa aperfeiçoar e desenvolver plenamente todas as capacidades do homem Física moral intelectual propiciando à alma toda ordem e harmonia que a fazem aproximarse do bem No entanto tal privilégio é reservado a poucos na cidade platônica ideal ou seja àqueles que por sua natureza têm aptidão para tal Mulheres Platão defende a identidade de educação entre homens e mulheres Contrariando toda a tradição grega Glaucon pex afirma que seria ridículo homens e mulheres se educando juntos Platão responde que por um lado o ridículo é simultaneamente social e histórico Mulheres É histórico porque ainda não tinha passado muito tempo desde que para os Gregos pareciam feias e ridículas coisas que agora parecem tais à maior parte dos bárbaros isto é que se vissem homens nus nos ginásios E por outro é social porque está limitado àqueles espirituosos que se alimentam de piadas e não sabem ir para além da superficialidade de fato ridículo é somente o mal e os que se põem a rir perante um espetáculo que não seja o da estultícia e do mal perseguem um escopo longe do belo e do bem Mulheres Portanto é preciso ver se é possível esta educação comum de homens e mulheres Ela é possível porque a sua natureza é idêntica De fato a única diferença natural entre homens e mulheres é que o macho insemina e a fêmea dá à luz Enquanto que no que diz respeito à administração da cidade além da realização de particulares tarefas há uma identidade natural da espécie humana sem diferença entre os sexos Mulheres É que as mulheres diferem dos homens apenas por darem à luz mas não há diferença alguma a respeito da capacidade de aprenderem e exercerem esta ou aquela função na cidade Logo não haverá na administração da cidade nenhuma ocupação própria da mulher já que as qualidades naturais são distribuídas de modo semelhante Mas se assim é as mulheres devem receber a mesma educação que os homens A condição de progenitora não deve relegar a mulher a uma espécie de esterilidade política Mulheres Uma mulher médica tem a mesma natureza de médico de um homem O que é preciso verificar é precisamente se uma pessoa seja homem ou mulher está destinada naturalmente a exercer uma certa tarefa ou não Portanto se é possível uma educação igual para homens e mulheres que tenham a mesma natureza ela revelarseá também uma ótima educação precisamente porque destinará idênticas tarefas aos que tiverem qualidades naturais para as levar a cabo da arte de governar ao exercício de qualquer outra atividade útil à cidade Mulheres Todos os cidadãos da cidade nova terão a máxima comunhão de dores e de prazeres e dirão minhas as mesmas coisas de todos E isto pode acontecer só se não houver propriedade privada e se houver comunhão de mulheres e de filhos Só assim se poderá impedir que os cidadãos destruam a cidade ao chamar meu não o mesmo objeto mas uns isto outros aquilo quando na cidade nova todos tendem a um idêntico fim e é único o seu conceito de próprio A rigor de próprio os cidadãos não terão senão o próprio corpo enquanto todo o resto será comum V 464ad Mudanças Notese que Platão desenvolve ideias avançadas para seu tempo O Estado assume a educação A educação da mulher é semelhante à do homem Os estágios superiores dependem do mérito de cada um e não da riqueza Valorização da educação intelectual coroada pelo estudo das ciências com especial destaque para a matemática e pela dialética processo que eleva a alma das aparências sensíveis às ideias Mudanças Aquela educação tradicional que era reservada a uma elite aristocrática excluindo a maioria da população inclusive a mulher tem agora em Platão uma abertura uma vez que parte da compreensão de que todos compõem o corpo político ainda que de maneira diferente Além disso a educação adquire uma organização capaz de orientar o homem a uma finalidade o conhecimento do Bem absoluto que se dá por meio da elevação de sua alma Mudanças Essa fase não está condicionada aos bemnascidos isto é aos filhos da aristocracia mas pode ser acessada por quaisquer cidadãos que se destaquem desde sua tenra formação à filosofia É dentro da educação básica que será possível selecionar aqueles mais aptos ao conhecimento da essência do Bem da Justiça da Verdade enfim Mudanças Platão por outros termos está plenamente consciente de que a nova educação na cidade do futuro não pode começar pelos adultos plenamente comprometidos com as constituições e a mentalidade da cidade doente mas tem de começar com os jovens E ideias como fraternidade proveniência comum de uma sociedade na qual cada um dá o seu contributo com base nas próprias possibilidades não só devem ser demonstradas mas devem começar a fazer parte também do modo de sentir da nova humanidade E a sensibilidade dos homens novos deve ser educada justamente também com mitos Mudanças A imitação é o ponto de partida para se cultivar na alma das crianças os valores que serão indispensáveis para que sejam verdadeiras guardiãs em sua vida adulta Platão se dá conta de que graças à maleabilidade intrínseca à infância ao se cercar a criança de exemplos de uma conduta virtuosa tornase possível incutir nela noções que constituirão desde cedo um caráter nobre Mudanças Cercar os jovens com imagens do belo para que eles assimilem em si mesmos essa ideia e tornemse por meio da imitação dessas imagens belos Platão nos diz que essas imagens do belo estão em harmonia com a própria razão que é bela Há assim uma conformidade entre as imagens do belo produzidas pela arte e a bela razão A educagao dos guardides composta por duas partes ambas indispensaveis e complementares para sua formacao A musica ou poesia mousiké e a ginastica Para a cultura grega a musica e a poesia eram inseparaveis uma Unica palavra grega compreendia os dois conceitos mousiké MousikêGinástica A educação deve começar pela música porque a alma bem educada será capaz de educar de forma adequada o corpo Música era entendida pelos gregos como arte das musas englobando também a literatura dos mitos Assim a autoria das obras poéticas era atribuída às musas e os poetas eram somente os portadores da palavra divina Neste sentido o conteúdo poético e musical atuava como produto divino e o poeta ostentava o posto de artista que tem contato com os deuses MousikêGinástica O termo mousikê na República nem sempre tem identidade com um conceito estrito de música derivado da produção de sons e melodias embora esse sentido faça parte do conceito em algumas seções do texto como em 398c412b O termo mousikê abrange música e poesia porque ambas são experimentadas em conjunto Portanto a música não é um gênero limitado aos sons de instrumentos e atividades vocais Notemos que a República diz que os discursos logoi são considerados parte da mousikê Ginástica A ginástica também possuía um sentido abrangente para os gregos Em sua concepção de ginástica Platão inclui todo o domínio da higiene as prescrições concernentes ao regime de vida e notadamente ao regime alimentar assunto tratado com predileção pela literatura médica de seu tempo Nesse sentido o conceito designa bem mais do que a mera atividade esportiva mas retrata a manutenção da saúde como um meio pelo qual o indivíduo se livra das doenças que enfraquecem também a alma Ginástica A ginástica deve estar intimamente relacionada à medicina Fazse portanto uma exaltação da medicina primitiva e uma condenação da contemporânea Não se deve manter em vida por muito tempo os corpos doentes e os que não podem desempenhar as suas funções seria um dano quer para o doente quer para a cidade Ginástica Quanto à ginástica sua finalidade não é alcançar a força física de um atleta profissional mas desenvolver a coragem e a boa disposição física do guardião da cidade A educação do corpo deve visar mais a força moral do que a física para fazer com que os guardiões alcancem a temperança e o equilíbrio Primeiramente a educação física proporciona ao corpo uma saúde perfeita permitindo que a alma ultrapasse o mundo dos sentidos e melhor se concentre na contemplação das ideias Caso contrário a fraqueza física tornase empecilho à vida superior do espírito Ginástica Assim não é um corpo perfeito que será responsável pela educação da alma mas o contrário É importante para os guardiões seguir uma dieta saudável a fim de que seu corpo não adoeça com facilidade A dieta é também por sua vez baseada na simplicidade e evita os excessos e a variedade de alimentos Ginástica Platão diz que a melhor ginástica é irmã da música simples ou seja seus fundamentos são os mesmos da música e têm a simplicidade como princípio Música e ginástica têm por principal objetivo a educação da alma Isto porque cada uma incide diretamente nos elementos que compõem a alma Ginástica Tal como a cidade educada é aquela em que tem lugar um equilíbrio harmônico entre as várias partes que a constituem Assim também o homem educado será o homem que na sua individualidade tiver conseguido instaurar um equilíbrio harmonioso em si mesmo Portanto a Paideia concerne ao corpo e à alma ou seja ao homem inteiro ao homem na sua totalidade A educação do corpo é a ginástica a da alma é a música Ginástica De fato quem faz só ginástica tornase demasiado selvagem quem se dedica só à música torna se demasiado mole Portanto é preciso visar a harmonia das várias naturezas humanas na sua totalidade entre a passional a racional e a desiderativa Sob a condução da alma racional que é a única a saber governar as outras pelo bem e utilidade não de si mesma mas de todas Ginástica A ginástica não é a parte do processo educacional exclusivamente responsável por educar o elemento corajoso da alma A ginástica é fundamental para a edificação de uma alma corajosa mas seria um tanto estranha a ideia de que os modelos apresentados através da música às crianças não incidam também sobre a parte corajosa da alma Ginástica A instrução primária por meio da mousikê e da ginástica proporciona à alma fundamentação para continuar nos estudos superiores Nesta primeira etapa todas as crianças com vocação para o posto de guardiãs devem ser educadas juntas e devem receber o mesmo tipo de instrução cuja concepção fica a cargo do Estado Segundo Platão os jovens devem ser educados por uma música com padrões estabelecidos que leve à virtude coragem e razão Ginástica Os elementos musicais são associados ao comportamento moral da audiência e diferentes combinações levam a certos tipos de comportamento A palavra o ritmo e a melodia devem respeitar normas e zelar para a manutenção da legislação Se se devem educar os guardiões na coragem é necessário eliminar da sua educação musical todos os mitos e as poesias que causam medo da morte especialmente se forem belos Tal como é preciso eliminar as poesias que representam os heróis e os deuses a chorar ou a sofrer ou que os representam como seres intemperantes e ávidos Mousikê A educação musical deve suscitar a temperança nos guardiões 386a391c Platão assim apresenta uma crítica à mousikê poesia Em relação ao conteúdo e Quanto à sua forma ou estilo Mousikê O conteúdo poético é julgado na perspectiva da sua veracidade e de suas consequências no campo da conduta moral Os mitos narrados por Homero Hesíodo e pelos demais poetas segundo Platão teriam que ser analisados por duas matrizes ou modelos de valores que serviriam de norma de conduta para a educação dos guerreiros O primeiro referiase às representações sobre as divindades e o segundo sobre a areté ou virtude humana Mousikê O exame do discurso poético sobre as divindades levandose em consideração esses parâmetros leva à necessidade da depuração do seu conteúdo e como consequência à subtração de todas as representações falsas e indignas referentes aos deuses Posteriormente depois de citar várias passagens de narrativas poéticas em especial de Homero que expõem os deuses como perversos ou nocivos com práticas de inimizade ciúme ódio ou dando destinos bons e maus entre os homens Platão chega à conclusão que é preciso estar em constante vigia sobre os autores desses relatos míticos separando os que são bons e tirando os que são maus Mousikê Assim devem ser eliminadas as passagens poéticas que transcrevem lamentos e gemidos de heróis características claras de covardia e fraqueza As referências aos heróis com abuso excessivo de prazeres na comida da bebida e do sexo também deveriam ser eliminadas por divergirem da virtude e da temperança que tinham características essenciais Mousikê Nas narrativas míticas valores e normas éticas que teriam funções educativas estavam ligados a divindades e heróis sendo modelos a serem copiados Assim a condenação desses maus exemplos ligados pela narrativa mítica novamente justificase em função às suas consequências no cenário pedagógico Mimesis Tudo o que os poetas dizem constitui uma narrativa de coisas que aconteceram no passado presente ou futuro constituindose em três formas ou estilos pelos quais as narrativas são feitas Narração Imitação e O gênero misto Mimesis Na narração simples o próprio autor é quem fala sem assumir qualquer personagem Na imitação o poeta fala como se fosse outra pessoa assumindo a identidade do personagem através da criação de diálogos que ocorrem nas tragédias e comédias Finalmente o gênero misto o que está na epopeia é aquele em que se misturam partes feitas de simples narração e partes de imitação ou diálogos em que o poeta fala como se assumisse o lugar do personagem Mimesis Entre as três formas literárias Platão concentra sua crítica sobretudo no gênero imitativo É oportuno que os guardiões não se dediquem à imitação a não ser no caso de ditos e ações de homens honestos 391c396e Portanto para o poeta imitador não haverá lugar na cidade perfeita Mimesis Deverseá expulsar da educação dos guardiões todas as melodias e harmonias que não lhes convêm como as chorosas as lânguidas e afeminadas e consentir apenas as que causarem firmeza e comportamento temperante Em suma todos os artistas e os poetas devem imitar só o bem e o belo Toda a educação se deverá adequar a um ideal de beleza honestidade harmonia e elegância porque o fim último da educação musical é precisamente o amor pelo belo Mimesis No mundo sensível não está a verdadeira realidade e sim no mundo das ideias eternas Portando a arte seria somente uma imitação do mundo Se toda a realidade sensível imita o mundo das ideias a arte seria uma dupla imitação Reproduzindo coisas e o que acontece no cotidiano tornase a arte uma imitação da imitação porque imita o já imitado Sendo assim a arte seria a aparência da aparência simulando a realidade Mimesis Sendo assim a arte de imitar distanciase do verdadeiro Não consegue representar as coisas como elas realmente são A arte não consegue perceber a totalidade do real ela capta a realidade de modo danificado Tem conhecimento apenas de pequenas partes de cada coisa e essa parte não passa de um fantasma Mimesis A poesia é inferior à filosofia Dessa forma o poeta possui ausência de conhecimento uma intuição irracional levandoo a viver uma vida fora da si e em permanente delírio Os poetas falam e desconhecem o que falam tornandose uns imitadores imitadores de terceira mão e por isso distantes três graus do ser da realidade Mimesis Platão ao criticar a poesia e a arte em geral querendo sua mudança está olhando sobretudo para o caráter espiritual da arte A questão filosófica se refere à possibilidade de criar o verdadeiro humano em nós Para o filósofo a arte pode tornar o homem divino Mas não a arte do seu tempo que servia à educação da juventude essa ao contrário era um desserviço Mimesis Para Platão era inaceitável a falsa concepção de divindade da poesia na tradição poética de seu tempo De modo geral os poetas acreditavam que os deuses estabeleciam os destinos dos homens Dos deuses derivavam todas as graças e desgraças do homem e consequentemente o sofrimento tinha justificativa Reforma da Paideia Platão propõe uma reforma da Paideia inserindose na continuidade da tradição A nova Paideia não se baseia em um conjunto de instruções prontas que levam o indivíduo a formulações acabadas certezas e respostas definitivas acerca do conhecimento Ela não é um processo no qual o mestre é o protagonista da aquisição e transmissão do conhecimento e por isso único responsável na formação do educando Na verdade a Paideia confere ao aluno um dever intransferível que é o de cuidar de sua alma de sua conduta de si Reforma da Paideia Em Platão ninguém é protagonista na busca do outro pela Verdade Esta tarefa é como um caminho estreito pelo qual somente um indivíduo pode trilhar Os educadores podem no máximo mostrar a direção conferir sentido iluminar com palavras de experiência animar frente ao desânimo mas nunca assumir a decisão de dar os passos O indivíduo no caminho do conhecimento deve trilhar de modo único e pessoal buscando cada vez mais sua autonomia de pensamento e assumindo as consequências das convicções pelas quais ele se entrega Reforma da Paideia Educação é mais que enriquecimento cultural ou instrução erudita É uma virada existencial A educação é essa possibilidade de o homem transcender a sua própria natureza carregada de medos fugas e receios complexos malditos e amaldiçoados Para Platão o fim último da existência e portanto o objetivo da educação será a assemelhação com Deus
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Platão A República Livro III Prof Dr Julio Tomé Antes do século V aC criacago dos meninos Paideia verbo paideto Paideto Instruir formar dar formacao ensinar os valores os oficios as técnicas educacao ou cultivo das criancas Sentido de Tékhne Paideia A partir do Século V aC o termo aparece como educação integral A formação do corpo pela ginástica Da mente pela filosofia e pelas ciências e Da moral e dos sentimentos pela música mousikê e pelas artes Paideia Foi então que os gregos realizaram a síntese entre educação e cultura Deram enorme valor à arte à literatura às ciências e à filosofia A Paideia significa cultura entendida não no sentido ativo preparatório de educação mas no sentido perfectivo da palavra O estado de um espírito plenamente desenvolvido tendo desabrochado todas as suas virtualidades o estado do homem tornado verdadeiramente homem Aplicase à vida adulta à formação e à cultura à sociedade e ao universo espiritual da condição humana Paideia Assim a palavra que de início significava apenas criação dos meninos adquire nuanças que a tornam intraduzível Civilização cultura tradição literatura ou educação Porém nenhuma delas coincide plenamente com o que os gregos entendiam por Paideia Cada um desses termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global e para abranger o campo total seria necessário empregálos todos de uma vez Paideia No conceito grego da palavra está presente a ideia de educação do homem consoante o seu autêntico ser Ou seja uma educação total da pessoa física estética moral religiosa e política Podese dizer que o termo Paideia é um termo plural Procura traduzir práticas educativas divergentes mas que contribuíram notavelmente na história das ideias pedagógicas Paideia Entre elas podemos destacar três que constituíram as tradições educacionais relativas à formação do homem grego A Paideia homérica A Paideia sofística e A Paideia socráticoplatônica Paideia Homérica Homero EpopeiaPoesia épica Ilíada e Odisseia Liga às origens míticas da formação da Grécia através dos poemas Mythos Narra os Deuses antropomorfizados heroicos mas errantes A Teogonia de Hesíodo pode ser enquadrada também Paideia Homérica Conexão entre a epopeia e o mito Os mitos e as lendas heroicas que compõem a Paideia homérica são marcados pela tradição dos aristocratas guerreiros por seu estilo de vida pela atmosfera ética em que esses heróis atuam e por isso constituem um tesouro inesgotável de exemplos e modelos da nação que neles bebe o seu pensamento ideais e normas para a vida O herói homérico é então o homem hábil no falar e capaz de agir seja em tempo de guerra ou de paz nas assembleias e nos conselhos e que desenvolve suas habilidades junto a um preceptor mais velho Paideia Homérica Nesse ideal de formação está a busca da excelência humana alcançada principalmente com a prática da areté entendida como um conjunto de qualidades físicas espirituais e morais tais como a coragem a força a destreza a eloquência a capacidade de persuasão e numa palavra a heroicidade Assim os ideais cívicos e a identidade cultural de uma sociedade guerreira dominada pelas famílias aristocráticas eram veiculados por aquelas epopeias Declinio da aristocracia e surgimento da democracia Assembleias publicas retorica arte do bem falar A polis demanda um novo tipo de homem Que entendesse os mitos como fabulas que usasse a retorica para expressarse apropriadamente e que fosse ativo participante da vida na polis para ser um cidadao completo plenamente instruido Surgem os sofistas Paideia sofistica A sofística consistia muito mais num modo de ensinar que numa doutrina Considerandose praticantes do saber mestres da oratória os sofistas viviam se vangloriando de sua sabedoria para impressionar seu público Recebiam então altos salários de acordo com seu prestígio Eles se direcionavam a quem pudesse pagar pelos seus serviços a fim de adquirir a superioridade necessária ao triunfo na arena política Paideia sofistica Eles transformaram o ensino numa autêntica profissão a começar pelo fato de que cobravam por suas lições a peso de ouro comercializando o saber como se fosse uma mercadoria O objetivo do movimento educacional dos sofistas não era a educação do povo mas a dos chefes Toda a educação política dos chefes devia basearse na eloquência a qual se converteu na formação do orador Paideia sofistica Em seus ensinamentos os sofistas deixavam transparecer um caráter prático utilitário Os sofistas dedicaramse especificamente ao problema da formação do homem político do bom orador capacitando o aluno a discutir a expor suas opiniões a debatêlas em público e ainda a exporse às críticas dos outros A Paidéia sofística consiste numa educação política que privilegia a palavra persuasiva como instrumento de poder Paideia sofistica Ensinavam então a arte da retórica ou seja a arte de discutir persuadir argumentar lançando mão de argumentos lógicos em favor de sua opinião e contra a do adversário Arte decisiva para quem exerce a cidadania numa democracia direta onde as decisões são tomadas em público principalmente para os jovens que iam à assembleia do povo apresentar discursos convincentes e adequados de modo a conseguir postos de governo que estivessem à altura de sua tradição familiar Assim os sofistas procuraram romper com a tendência de acreditar em verdades absolutas e situaram a linguagem como uma mera simbolização que não atinge a essência das coisas Paideia sofistica Os sofistas operam apenas com opiniões doxa contrárias ensinando a argumentar persuasivamente tanto em favor de uma como de outra dependendo de quem lhes está pagando Não operam com a verdade alétheia que é sempre a mesma para todos A Paideia sofística era uma colorida mistura de materiais de origem vária já que não havia entre eles concordância quanto ao saber mais indicado para a formação do espírito Paideia sofistica Embora se considerassem educadores e cobrassem pelo saber que transmitiam estendendoos apenas à elite eles romperam o preconceito que sustentava ser a virtude um privilégio de nascimento e de sangue A sua finalidade era a superação dos privilégios da antiga educação para a qual a areté só era acessível aos que tinham sangue divino Protagoras foi o primeiro a oferecer um ensino do tipo comercializado Nao havia antes dele semelhante instituicao Os sofistas nao encontraram pois uma clientela ja feita foilhes necessario granjeala persuadir o publico a recorrer a seus servicgos 0 que explica toda uma série de expedientes publicitarios O Sofista vai de cidade em cidade a cata de alunos levando atras de si aqueles que ja arrebanhou mestres itinerantes Paideia socráticoplatônica Por outro lado a Paideia socráticoplatônica no seu chamado ao cuidado da alma recomenda as ciências matemáticas como o caminho certo para essa finalidade Uma Paideia interior ética derivada da consciência da natureza moral do homem fundamentada na capacidade racional do autodomínio instância ideal do filósofo capaz de ser livre e não submetido às experiências sensíveis A Paideia socráticoplatônica assentase no ideal da kalokagathia afirmandose como busca constante do aperfeiçoamento da alma dos cidadãos kalos kai agathos belo e bom ou belo e virtuoso kalokagathia homem bom e belo tanto física quanto moralmente Paideia socráticoplatônica Para Platão a Paideia era a verdadeira educação aquela que visava construir o homem da polis que tornava o homem cidadão Constituía um ideal de cultura baseado na ideia de que a comunidade e o indivíduo são reciprocamente responsáveis um pelo outro se integrando transformando e evoluindo um a partir do outro Nesse sentido a Paideia parte do princípio de que o homem é um ser racional e político e por isso capaz de agir segundo fins e valores que visam ao bem coletivo acima das necessidades individuais Paideia socráticoplatônica Significava portanto a ideia de educação como cultivo isto é como ensino dos valores e dos conhecimentos humanos necessários para o desenvolvimento do caráter e do espírito Assentavase numa concepção de educação integral pois buscava a formação plena do ser humano e não apenas o seu adestramento ou profissionalização Seu objetivo era imprimir um ideal social coletivo para que todos os membros se sentissem parte da comunidade responsáveis por sua realização e seu futuro Paideia socráticoplatônica Nesse sentido a educação promove uma mudança interior espiritual transformando e moldando o caráter a concepção de mundo e construindo um conhecimento duradouro e capaz de criar e ir além do que foi ensinado superior por isso ao adestramento técnico meramente repetitivo A principal preocupação da educação será com a elevação do ser humano ao seu maior grau de perfeição ao que há de mais excelente na humanidade fazendoo através da educação do bom e do belo Paideia socráticoplatônica Ela almeja formar um tipo superior de homem modelálo por inteiro cultivando nele todas as virtudes tanto as da alma quanto as do corpo Bravura ponderação justiça piedade saúde força e beleza a fim de fazêlo elevarse para além dos sentidos Areté Virtude areté Areté seria uma condição de excelência na execução de uma função própria Assim a virtude não é exclusivamente humana nem se restringe ao aspecto ético pois se vincula à precisão e excelência técnica como a capacidade para fazer bem feito aquilo que precisa ser feito A virtude ética como excelência do caráter e da conduta moral será consequência do saber sobre o que seja e como praticar esta virtude Areté A virtude é episteme é ética é política é inerente à natureza humana e à realidade ontológica dos seres É objeto da psyché e da educação é práxis é poiésis é aísthesis É ação criação sensação e razão Esta virtude manifestase por meio do intelectorazão Mas também pelo sentir e pelas emoções pelo comportamento e pelo agir Areté É decorrente do que há de inato no ser humano Mas também é fruto do ensinado do aprendido do transmitido e recebido Por meio do processo de vida que se estabelece entre cada indivíduo inserido na pólis com a natureza que envolve indivíduo e pólis Areté No contexto grego em específico o ser virtuoso não é aquele que no intuito de aperfeiçoarse retirase da sua comunidade e se obriga a uma vida privada alheia às preocupações de sua comunidade bem como de seus semelhantes O aperfeiçoamento humano passa pela dimensão da convivência uma vez que uma das dimensões humanas inatas é a sua disposição à vida em sociedade Nesse sentido o homem está tanto mais próximo da perfeição quanto mais se dispor à vida comum e às suas necessidades Areté Não é possível a Sócrates conceber que se transmite a virtude como se esta fosse um produto manipulável como a qualquer outro produzido por mestres artesãos como ferreiros e carpinteiros Antes cada um dentro das suas possibilidades faz o caminho da dialética que é capaz de forjar o caráter as escolhas bem como as maiores aspirações humanas Areté Poderão o saber e o conhecimento ajudar a humanidade a atos melhores e ter consciência para não sofrer influência que levem a más atitudes A tese socrática que reduz a virtude ao conhecimento dos verdadeiros valores deve constituir a pedra angular de toda a educação Este seria o grande desafio da Paideia socrática tornar o homem virtuoso a partir da descoberta do seu interior Areté A virtude não é mais um atributo divino partilhado com os homens tampouco a mera instrução técnica que pode ser transmitida A virtude está relacionada ao verdadeiro saber a um tipo de sabedoria que se faz no palmilhar da existência individual do educando Areté Platão afirma que há quatro virtudes que constituem a perfeição moral Sabedoria Coragem Temperança e Justiça O mesmo se dará na cidade ideal Areté A construção do modelo de cidade perfeita para o homem perfeito implica ter presente a ideia de perfeição que se encontra para além do mundo material sendo possível alcançála somente através da educação ideal pela qual os homens atingem o bem e tornamse cidadãos ideais Cidadão Platão empreendeu seu projeto educativo a partir da questão geral Pode a virtude ser ensinada Como educar o homem moralmente bom Que tipo de educação é necessária para formar o homem virtuoso Cidadão A formação de homens com firme disposição para a prática do bem só pode se dar por meio de uma educação plena que não separe o indivíduo de seu compromisso com o coletivo Assim a virtude ou excelência do homem aquela que faz dele um homem de bem é prometida pela educação platônica Cidadão Em Platão moral e política são impartíveis o homem perfeito de bem só pode ser o perfeito cidadão O homem e o cidadão são indissociáveis A dimensão social do homem em Platão é tão forte que resulta na necessidade de ele estar junto unido com os outros O homem e a esfera social estão de tal modo ligados que não é possível pensar em um desagregado do outro Dessa forma ele unifica o propósito políticopedagógico duplo de uma estatização da educação e de uma humanização do Estado Cidadão Que modelo de homem Platão deseja formar e que sociedade ele pretende construir Em Platão residia o desejo de formar o homem ou melhor o cidadão para uma sociedade perfeita As características fundamentais do ser humano encontram condições de pleno desenvolvimento no ambiente social isto é no convívio da polis Cidadão A polis é a união de indivíduos pela ação comum comunitária e não o somatório de indivíduos isolados ela é uma forma mais primorosa da vida social A própria polis é concebida como um único ser coletivo cuja finalidade é a realização do bem de cada um dentro do bem da coletividade O ideal de cultura manifesta um caráter formativo à medida que educar é estar imerso na cultura da polis é formar o cidadão Filósofo reiRei Filósofo Estabelecer um Estado perfeito para formar o homem perfeito era o projeto de Platão em A República Para isso impôs uma condição centrar o poder político nas mãos dos filósofos reis ou dos reis filósofos O filósofo idealizado por Platão é o único com capacidades para governar a cidade com justiça pois é o que de melhor maneira recebeu educação Filósofo reiRei Filósofo Uma educação não voltada para aspectos técnicos e sim integral de maneira a desenvolver suas múltiplas capacidades Para Platão o filósofo é a medida suprema ligado ao conhecimento do Bem compreendido como princípio absoluto é o que mais conseguiu assemelharse a Deus Com objetivo da construção da polis justa o filósofo é um devoto de sua comunidade e com grandes pretensões de espírito comunitário e de solidariedade Polis O ideal de educação é formar o homem que não seja apenas centrado em si mesmo Assim o Estado deve assumir a responsabilidade pela educação Platão considera que a origem do Estado está na necessidade de cada cidadão As pessoas necessitam umas das outras para atenderem às suas necessidades Assim um indivíduo não nasce idêntico ao outro e por isso cada um está apto para exercer uma determinada função na sociedade Polis A cidade justa para Platão é aquela em que cada um se ocupa da tarefa que lhe compete ou seja cada um exerce uma ocupação de acordo com sua aptidão a fim de contribuir em favor do todo a que pertence Nesse contexto a justiça aparece quando cada classe realiza sua própria função sem ameaçar o equilíbrio geral caso que aconteceria se alguém almejasse exercer um papel que não lhe competisse e cujo resultado seria a injustiça Polis O Estado deve permanecer unido a fim de que cada um seja encaminhado à tarefa para a qual nasceu para que aos melhores jovens seja oferecida uma educação apropriada e não se modifiquem nem as leis que dirigem a educação nem a ordem do Estado Mito dos nascidos da terra Homens de ouro Classe dos guardides Homens de prata Classe dos guerreiros Homens de ferro e bronze Classe dos artifices camponeses artesaos ou comerciantes Polis A divindade em primeiro lugar ordena aos governantes que observem com muita atenção qual desses metais se encontra misturado às almas dos jovens e se um filho de homens de ouro tiver em si bronze e ferro deverá ser colocado entre os artesãos e viceversa se destes nascerem filhos que tenham ouro ou prata deverão ser colocados entre os que têm tarefas de guarda e de defesa Assim como o Estado constituido de trés classes sociais a alma é formada por trés partes A racional razao existe o prazer pela contemplacao do Ser nela ha a racionalidade e por ela se aprende é a responsavel pela vida intelectual e serve de freio das outras duas partes pensamos A irascivel ira o prazer pelo poder e a captagao das sensibilidades irritamonos A concupiscivel desejoapetitiva onde ha o prazer dos desejos fisioldgicos fome sede e outros desejos e paixdes desejamos As trés partes da alma estariam presentes nos individuos e na cidade Como é sabia e tem a fungao de velar por toda a alma a razao cumpre governar enquanto que a ira lhe deve estar submissa Polis Os guardiões cuja tarefa é dirigir a cidade deverão receber uma educação aprimorada É uma educação que visa aperfeiçoar e desenvolver plenamente todas as capacidades do homem Física moral intelectual propiciando à alma toda ordem e harmonia que a fazem aproximarse do bem No entanto tal privilégio é reservado a poucos na cidade platônica ideal ou seja àqueles que por sua natureza têm aptidão para tal Mulheres Platão defende a identidade de educação entre homens e mulheres Contrariando toda a tradição grega Glaucon pex afirma que seria ridículo homens e mulheres se educando juntos Platão responde que por um lado o ridículo é simultaneamente social e histórico Mulheres É histórico porque ainda não tinha passado muito tempo desde que para os Gregos pareciam feias e ridículas coisas que agora parecem tais à maior parte dos bárbaros isto é que se vissem homens nus nos ginásios E por outro é social porque está limitado àqueles espirituosos que se alimentam de piadas e não sabem ir para além da superficialidade de fato ridículo é somente o mal e os que se põem a rir perante um espetáculo que não seja o da estultícia e do mal perseguem um escopo longe do belo e do bem Mulheres Portanto é preciso ver se é possível esta educação comum de homens e mulheres Ela é possível porque a sua natureza é idêntica De fato a única diferença natural entre homens e mulheres é que o macho insemina e a fêmea dá à luz Enquanto que no que diz respeito à administração da cidade além da realização de particulares tarefas há uma identidade natural da espécie humana sem diferença entre os sexos Mulheres É que as mulheres diferem dos homens apenas por darem à luz mas não há diferença alguma a respeito da capacidade de aprenderem e exercerem esta ou aquela função na cidade Logo não haverá na administração da cidade nenhuma ocupação própria da mulher já que as qualidades naturais são distribuídas de modo semelhante Mas se assim é as mulheres devem receber a mesma educação que os homens A condição de progenitora não deve relegar a mulher a uma espécie de esterilidade política Mulheres Uma mulher médica tem a mesma natureza de médico de um homem O que é preciso verificar é precisamente se uma pessoa seja homem ou mulher está destinada naturalmente a exercer uma certa tarefa ou não Portanto se é possível uma educação igual para homens e mulheres que tenham a mesma natureza ela revelarseá também uma ótima educação precisamente porque destinará idênticas tarefas aos que tiverem qualidades naturais para as levar a cabo da arte de governar ao exercício de qualquer outra atividade útil à cidade Mulheres Todos os cidadãos da cidade nova terão a máxima comunhão de dores e de prazeres e dirão minhas as mesmas coisas de todos E isto pode acontecer só se não houver propriedade privada e se houver comunhão de mulheres e de filhos Só assim se poderá impedir que os cidadãos destruam a cidade ao chamar meu não o mesmo objeto mas uns isto outros aquilo quando na cidade nova todos tendem a um idêntico fim e é único o seu conceito de próprio A rigor de próprio os cidadãos não terão senão o próprio corpo enquanto todo o resto será comum V 464ad Mudanças Notese que Platão desenvolve ideias avançadas para seu tempo O Estado assume a educação A educação da mulher é semelhante à do homem Os estágios superiores dependem do mérito de cada um e não da riqueza Valorização da educação intelectual coroada pelo estudo das ciências com especial destaque para a matemática e pela dialética processo que eleva a alma das aparências sensíveis às ideias Mudanças Aquela educação tradicional que era reservada a uma elite aristocrática excluindo a maioria da população inclusive a mulher tem agora em Platão uma abertura uma vez que parte da compreensão de que todos compõem o corpo político ainda que de maneira diferente Além disso a educação adquire uma organização capaz de orientar o homem a uma finalidade o conhecimento do Bem absoluto que se dá por meio da elevação de sua alma Mudanças Essa fase não está condicionada aos bemnascidos isto é aos filhos da aristocracia mas pode ser acessada por quaisquer cidadãos que se destaquem desde sua tenra formação à filosofia É dentro da educação básica que será possível selecionar aqueles mais aptos ao conhecimento da essência do Bem da Justiça da Verdade enfim Mudanças Platão por outros termos está plenamente consciente de que a nova educação na cidade do futuro não pode começar pelos adultos plenamente comprometidos com as constituições e a mentalidade da cidade doente mas tem de começar com os jovens E ideias como fraternidade proveniência comum de uma sociedade na qual cada um dá o seu contributo com base nas próprias possibilidades não só devem ser demonstradas mas devem começar a fazer parte também do modo de sentir da nova humanidade E a sensibilidade dos homens novos deve ser educada justamente também com mitos Mudanças A imitação é o ponto de partida para se cultivar na alma das crianças os valores que serão indispensáveis para que sejam verdadeiras guardiãs em sua vida adulta Platão se dá conta de que graças à maleabilidade intrínseca à infância ao se cercar a criança de exemplos de uma conduta virtuosa tornase possível incutir nela noções que constituirão desde cedo um caráter nobre Mudanças Cercar os jovens com imagens do belo para que eles assimilem em si mesmos essa ideia e tornemse por meio da imitação dessas imagens belos Platão nos diz que essas imagens do belo estão em harmonia com a própria razão que é bela Há assim uma conformidade entre as imagens do belo produzidas pela arte e a bela razão A educagao dos guardides composta por duas partes ambas indispensaveis e complementares para sua formacao A musica ou poesia mousiké e a ginastica Para a cultura grega a musica e a poesia eram inseparaveis uma Unica palavra grega compreendia os dois conceitos mousiké MousikêGinástica A educação deve começar pela música porque a alma bem educada será capaz de educar de forma adequada o corpo Música era entendida pelos gregos como arte das musas englobando também a literatura dos mitos Assim a autoria das obras poéticas era atribuída às musas e os poetas eram somente os portadores da palavra divina Neste sentido o conteúdo poético e musical atuava como produto divino e o poeta ostentava o posto de artista que tem contato com os deuses MousikêGinástica O termo mousikê na República nem sempre tem identidade com um conceito estrito de música derivado da produção de sons e melodias embora esse sentido faça parte do conceito em algumas seções do texto como em 398c412b O termo mousikê abrange música e poesia porque ambas são experimentadas em conjunto Portanto a música não é um gênero limitado aos sons de instrumentos e atividades vocais Notemos que a República diz que os discursos logoi são considerados parte da mousikê Ginástica A ginástica também possuía um sentido abrangente para os gregos Em sua concepção de ginástica Platão inclui todo o domínio da higiene as prescrições concernentes ao regime de vida e notadamente ao regime alimentar assunto tratado com predileção pela literatura médica de seu tempo Nesse sentido o conceito designa bem mais do que a mera atividade esportiva mas retrata a manutenção da saúde como um meio pelo qual o indivíduo se livra das doenças que enfraquecem também a alma Ginástica A ginástica deve estar intimamente relacionada à medicina Fazse portanto uma exaltação da medicina primitiva e uma condenação da contemporânea Não se deve manter em vida por muito tempo os corpos doentes e os que não podem desempenhar as suas funções seria um dano quer para o doente quer para a cidade Ginástica Quanto à ginástica sua finalidade não é alcançar a força física de um atleta profissional mas desenvolver a coragem e a boa disposição física do guardião da cidade A educação do corpo deve visar mais a força moral do que a física para fazer com que os guardiões alcancem a temperança e o equilíbrio Primeiramente a educação física proporciona ao corpo uma saúde perfeita permitindo que a alma ultrapasse o mundo dos sentidos e melhor se concentre na contemplação das ideias Caso contrário a fraqueza física tornase empecilho à vida superior do espírito Ginástica Assim não é um corpo perfeito que será responsável pela educação da alma mas o contrário É importante para os guardiões seguir uma dieta saudável a fim de que seu corpo não adoeça com facilidade A dieta é também por sua vez baseada na simplicidade e evita os excessos e a variedade de alimentos Ginástica Platão diz que a melhor ginástica é irmã da música simples ou seja seus fundamentos são os mesmos da música e têm a simplicidade como princípio Música e ginástica têm por principal objetivo a educação da alma Isto porque cada uma incide diretamente nos elementos que compõem a alma Ginástica Tal como a cidade educada é aquela em que tem lugar um equilíbrio harmônico entre as várias partes que a constituem Assim também o homem educado será o homem que na sua individualidade tiver conseguido instaurar um equilíbrio harmonioso em si mesmo Portanto a Paideia concerne ao corpo e à alma ou seja ao homem inteiro ao homem na sua totalidade A educação do corpo é a ginástica a da alma é a música Ginástica De fato quem faz só ginástica tornase demasiado selvagem quem se dedica só à música torna se demasiado mole Portanto é preciso visar a harmonia das várias naturezas humanas na sua totalidade entre a passional a racional e a desiderativa Sob a condução da alma racional que é a única a saber governar as outras pelo bem e utilidade não de si mesma mas de todas Ginástica A ginástica não é a parte do processo educacional exclusivamente responsável por educar o elemento corajoso da alma A ginástica é fundamental para a edificação de uma alma corajosa mas seria um tanto estranha a ideia de que os modelos apresentados através da música às crianças não incidam também sobre a parte corajosa da alma Ginástica A instrução primária por meio da mousikê e da ginástica proporciona à alma fundamentação para continuar nos estudos superiores Nesta primeira etapa todas as crianças com vocação para o posto de guardiãs devem ser educadas juntas e devem receber o mesmo tipo de instrução cuja concepção fica a cargo do Estado Segundo Platão os jovens devem ser educados por uma música com padrões estabelecidos que leve à virtude coragem e razão Ginástica Os elementos musicais são associados ao comportamento moral da audiência e diferentes combinações levam a certos tipos de comportamento A palavra o ritmo e a melodia devem respeitar normas e zelar para a manutenção da legislação Se se devem educar os guardiões na coragem é necessário eliminar da sua educação musical todos os mitos e as poesias que causam medo da morte especialmente se forem belos Tal como é preciso eliminar as poesias que representam os heróis e os deuses a chorar ou a sofrer ou que os representam como seres intemperantes e ávidos Mousikê A educação musical deve suscitar a temperança nos guardiões 386a391c Platão assim apresenta uma crítica à mousikê poesia Em relação ao conteúdo e Quanto à sua forma ou estilo Mousikê O conteúdo poético é julgado na perspectiva da sua veracidade e de suas consequências no campo da conduta moral Os mitos narrados por Homero Hesíodo e pelos demais poetas segundo Platão teriam que ser analisados por duas matrizes ou modelos de valores que serviriam de norma de conduta para a educação dos guerreiros O primeiro referiase às representações sobre as divindades e o segundo sobre a areté ou virtude humana Mousikê O exame do discurso poético sobre as divindades levandose em consideração esses parâmetros leva à necessidade da depuração do seu conteúdo e como consequência à subtração de todas as representações falsas e indignas referentes aos deuses Posteriormente depois de citar várias passagens de narrativas poéticas em especial de Homero que expõem os deuses como perversos ou nocivos com práticas de inimizade ciúme ódio ou dando destinos bons e maus entre os homens Platão chega à conclusão que é preciso estar em constante vigia sobre os autores desses relatos míticos separando os que são bons e tirando os que são maus Mousikê Assim devem ser eliminadas as passagens poéticas que transcrevem lamentos e gemidos de heróis características claras de covardia e fraqueza As referências aos heróis com abuso excessivo de prazeres na comida da bebida e do sexo também deveriam ser eliminadas por divergirem da virtude e da temperança que tinham características essenciais Mousikê Nas narrativas míticas valores e normas éticas que teriam funções educativas estavam ligados a divindades e heróis sendo modelos a serem copiados Assim a condenação desses maus exemplos ligados pela narrativa mítica novamente justificase em função às suas consequências no cenário pedagógico Mimesis Tudo o que os poetas dizem constitui uma narrativa de coisas que aconteceram no passado presente ou futuro constituindose em três formas ou estilos pelos quais as narrativas são feitas Narração Imitação e O gênero misto Mimesis Na narração simples o próprio autor é quem fala sem assumir qualquer personagem Na imitação o poeta fala como se fosse outra pessoa assumindo a identidade do personagem através da criação de diálogos que ocorrem nas tragédias e comédias Finalmente o gênero misto o que está na epopeia é aquele em que se misturam partes feitas de simples narração e partes de imitação ou diálogos em que o poeta fala como se assumisse o lugar do personagem Mimesis Entre as três formas literárias Platão concentra sua crítica sobretudo no gênero imitativo É oportuno que os guardiões não se dediquem à imitação a não ser no caso de ditos e ações de homens honestos 391c396e Portanto para o poeta imitador não haverá lugar na cidade perfeita Mimesis Deverseá expulsar da educação dos guardiões todas as melodias e harmonias que não lhes convêm como as chorosas as lânguidas e afeminadas e consentir apenas as que causarem firmeza e comportamento temperante Em suma todos os artistas e os poetas devem imitar só o bem e o belo Toda a educação se deverá adequar a um ideal de beleza honestidade harmonia e elegância porque o fim último da educação musical é precisamente o amor pelo belo Mimesis No mundo sensível não está a verdadeira realidade e sim no mundo das ideias eternas Portando a arte seria somente uma imitação do mundo Se toda a realidade sensível imita o mundo das ideias a arte seria uma dupla imitação Reproduzindo coisas e o que acontece no cotidiano tornase a arte uma imitação da imitação porque imita o já imitado Sendo assim a arte seria a aparência da aparência simulando a realidade Mimesis Sendo assim a arte de imitar distanciase do verdadeiro Não consegue representar as coisas como elas realmente são A arte não consegue perceber a totalidade do real ela capta a realidade de modo danificado Tem conhecimento apenas de pequenas partes de cada coisa e essa parte não passa de um fantasma Mimesis A poesia é inferior à filosofia Dessa forma o poeta possui ausência de conhecimento uma intuição irracional levandoo a viver uma vida fora da si e em permanente delírio Os poetas falam e desconhecem o que falam tornandose uns imitadores imitadores de terceira mão e por isso distantes três graus do ser da realidade Mimesis Platão ao criticar a poesia e a arte em geral querendo sua mudança está olhando sobretudo para o caráter espiritual da arte A questão filosófica se refere à possibilidade de criar o verdadeiro humano em nós Para o filósofo a arte pode tornar o homem divino Mas não a arte do seu tempo que servia à educação da juventude essa ao contrário era um desserviço Mimesis Para Platão era inaceitável a falsa concepção de divindade da poesia na tradição poética de seu tempo De modo geral os poetas acreditavam que os deuses estabeleciam os destinos dos homens Dos deuses derivavam todas as graças e desgraças do homem e consequentemente o sofrimento tinha justificativa Reforma da Paideia Platão propõe uma reforma da Paideia inserindose na continuidade da tradição A nova Paideia não se baseia em um conjunto de instruções prontas que levam o indivíduo a formulações acabadas certezas e respostas definitivas acerca do conhecimento Ela não é um processo no qual o mestre é o protagonista da aquisição e transmissão do conhecimento e por isso único responsável na formação do educando Na verdade a Paideia confere ao aluno um dever intransferível que é o de cuidar de sua alma de sua conduta de si Reforma da Paideia Em Platão ninguém é protagonista na busca do outro pela Verdade Esta tarefa é como um caminho estreito pelo qual somente um indivíduo pode trilhar Os educadores podem no máximo mostrar a direção conferir sentido iluminar com palavras de experiência animar frente ao desânimo mas nunca assumir a decisão de dar os passos O indivíduo no caminho do conhecimento deve trilhar de modo único e pessoal buscando cada vez mais sua autonomia de pensamento e assumindo as consequências das convicções pelas quais ele se entrega Reforma da Paideia Educação é mais que enriquecimento cultural ou instrução erudita É uma virada existencial A educação é essa possibilidade de o homem transcender a sua própria natureza carregada de medos fugas e receios complexos malditos e amaldiçoados Para Platão o fim último da existência e portanto o objetivo da educação será a assemelhação com Deus