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SOLICITEI UM RESUMO DOS AUTORES ABAIXO COM BASE NO MATERIAL EM ANEXO MAS O TUTOR SIMPLESMENTE COPIOU OS TRECHOS DOS ARQUIVOS SEM MUDAR NADA AGORA PRECISO QUE FAÇAM UMA MUDANÇA NESSES TRECHOS SUPRIMIDO DOS TEXTOS PARA QUE NÃO PAREÇA UMA SIMPLES CÓPIA NO ENTANTO CUIDANDO PARA NÃO PERDER O SENTIDO LEWIS O interesse pelos preços e pela distribuição do rendimento permaneceu na era neoclássica mas a oferta de mãodeobra deixou de ser ilimitada e já então não se esperava que um modelo formal de análise económica explicasse a expansão do sistema através do tempo A mudança de hipóteses e de interesses era bastante adequada Europa onde efetivamente havia limitação na oferta de mãodeobra obra e onde durante o meio século seguinte tinhase a impressão de que a expansão económica poderia ser vista como algo automático Por outro lado na maior parte da Ásia a oferta de trabalho é ilimitada e a expansão económica não pode ser tida como garantida No entanto os problemas da Ásia atraíram muito poucos economistas na era neoclássica os próprios economistas asiáticos absorveram as suposições e preocupações da economia europeia e durante quase um século não se fez nenhum progresso no tipo de economia que serviria para ilustrar os problemas dos países com excedentes populacionais Supondo uma oferta de trabalho ilimitada e tomandoa como hipótese útil Não pretendemos repetimos uma vez mais que isso seja válido para todas as regiões do mundo Certamente não o é para o Reino Unido e para a Europa Norte Ocidental Tão pouco é válido para alguns países considerados como subdesenvolvidos por exemplo verificase aguda escassez de trabalhadores em algumas partes da África e da América Latina Por outro lado é óbvio que esta hipótese se aplica para as economias do Egito Índia ou Jamaica A nossa finalidade não é superar a economia neoclássica mas simplesmente elaborar esquema diferente para aqueles países que não podem ser encaixados dentro das hipóteses neoclássicas nem keynesianas Em várias economias dispõese de uma oferta ilimitada de mãodeobra a um nível de subsistência este era o modelo clássico O modelo neoclássico incluindo o keynesiano fornece resultados erróneos quando aplicado a tais economias As principais fontes de onde procedem os trabalhadores à medida que avança o desenvolvimento económico são a agricultura de subsistência os trabalhos eventuais o pequeno comércio o serviço doméstico as mulheres e filhas que trabalham em casa e o aumento demográfico Na maioria destes sectores embora não em todos quando o país está superpovoado em relação a seus recursos naturais a produtividade marginal de trabalho é ínfima nula ou inclusive negativa O salário de subsistência ao qual está sujeito este excedente de mão deobra pode ser determinado por uma convenção sobre o mínimo necessário para subsistir ou pode ser igual ao produto médio per capita na agricultura de subsistência mais uma certa margem Numa economia como esta o emprego no sector capitalista expandese à medida que se realiza a formação de capital A formação de capital e o progresso técnico não resultam em salários crescentes mas na elevação da participação dos lucros na renda nacional O motivo pelo qual a poupança é baixa numa economia subdesenvolvida em relação à renda nacional não é a pobreza da população mas os pequenos lucros dos capitalistas em relação à renda nacional À medida que o sector capitalista se expande os lucros aumentam relativamente e uma proporção crescente do rendimento nacional é reinvestido O capital não é somente formado pelos lucros mas também pela expansão do crédito O custo real do capital gerado pela inflação é nulo neste modelo e este capital é tão útil como o gerado de modo mais respeitável ou seja através dos lucros A inflação pode ser cumulativa quando tem a finalidade de apropriarse dos recursos necessários a uma guerra mas a inflação que tem por finalidade criar capital produtivo é autodestrutiva Os preços aumentam à medida que se cria o capital e diminuem de novo à medida que o produto chega ao mercado O sector capitalista não pode assim expandirse indefinidamente visto que a acumulação de capital pode seguir mais depressa que o aumento da população Quando o excedente é esgotado os salários começam a subir acima do nível de subsistência No entanto o país continua cercado por outros países que possuem excedente de trabalho Consequentemente assim que os seus salários começarem a aumentar terá início a imigração em massa e a exportação de capital para conter o aumento A imigração em massa de mãodeobra não qualificada poderia inclusive aumentar o produto per capita mas seu efeito seria manter os salários de todos os países próximos ao nível de subsistência dos países mais pobres A exportação de capital reduz a formação de capital no interior do país mantendo assim baixos os salários Isto pode ser compensado quando a exportação de capital torna brutos os artigos que os trabalhadores importam ou quando eleva os custos dos salários dos países competidores Mas o facto é agravado quando a exportação de capital eleva o custo das importações ou reduz os custos de países competidores A importação de capital estrangeiro não eleva os salários reais dos países com excedente de trabalho a não ser que o capital proporcione um aumento de produtividade das mercadorias produzidas para consumo próprio A principal razão pela qual os produtos tropicais comerciais são tão baratos em termos do padrão de vida que proporcionam está na ineficiência da produção tropical de alimentos per capita Praticamente todos os lucros da maior eficiência das indústrias de exportação vão para as mãos do consumidor estrangeiro enquanto a elevação da eficiência na produção de alimentos do sector de subsistência encareceria automaticamente os produtos comerciais de exportação A Lei dos Custos Comparativos é tão válida para os países com excedente de trabalho como para os demais Mas enquanto nos últimos representa um fundamento válido dos argumentos a favor do livre comércio nos primeiros representa um fundamento igualmente válido dos argumentos protecionistas RODAN Paul N RosensteinRodan deu início à sua carreira profissional no campo da Economia através de estudos sobre a teoria austríaca da demanda do consumidor o que não chega a ser surpresa para quem estudou Economia em Viena na década de 1920 No entanto não é nessa área que se encontra sua contribuição mais conhecida e reconhecida para a literatura econômica RosensteinRodan é considerado um dos pioneiros das teorias do desenvolvimento econômico sendo inclusive o autor do artigo seminal desse ramo da Economia Em seus estudos sobre teoria econômica pura aparecem investigações acerca de conceitos como a complementaridade no consumo e na produção economias de escala e o papel do tempo nos ajustes econômicos Foi exatamente a partir da investigação desse último conceito que Rosenstein Rodan passou a se interessar por problemas relacionados ao desenvolvimento econômico O que o autor pretende mostrar grosso modo é que uma mudança nos dados poderia levar não só a uma mudança de um equilíbrio final para outro como também da trajetória em direção a esse novo equilíbrio Considerar a velocidade de ajustamento da economia como não instantânea abriria espaço para questionamentos acerca da própria existência de um equilíbrio da quantidade de equilíbrios possíveis e da estabilidade de um equilíbrio mas por outro lado não deixaria dúvidas quanto à importância do estudo da trajetória para se chegar a esse equilíbrio Ele faz uma analogia entre uma perseguição de um animal predador à sua presa e a trajetória de uma economia em direção ao equilíbrio sendo que o ponto de equilíbrio da economia a ser atingido seria representado pela presa Da mesma forma que o predador tem que recalcular sua melhor trajetória a cada movimento da presa durante a perseguição a análise da trajetória de uma economia em direção ao equilíbrio precisaria ser refeita a cada mudança nos dados ou seja a cada momento do tempo O primeiro modelo de industrialização apresentado por Rosenstein Rodan é o chamado modelo russo no qual a Europa Oriental e Sul Oriental se industrializaria por conta própria sem investimento internacional através da construção de todos os tipos de indústrias integradas verticalmente A esse modelo são apresentadas algumas objeções A primeira é a de que a economia da região teria um crescimento lento uma vez que o suprimento do capital teria de ser feito por fontes internas às custas do padrão de vida e do consumo da população implicando um esforço desnecessário à economia e à sociedade A segunda objeção à adoção do modelo russo é a de que ele causaria a redução da divisão internacional do trabalho através da criação de uma economia independente da economia mundial o que tornaria o mundo mais pobre como um todo Por fim a última objeção a esse modelo se refere ao grande desperdício de recursos que seria causado pela ociosidade de novas indústrias pesadas no âmbito da economia mundial O segundo modelo de industrialização apresentado por Rosenstein Rodan em seu texto é o de inserção da Europa Oriental e Sul Oriental na economia mundial através de investimentos internacionais ou empréstimos de capitais o que conservaria as vantagens da divisão internacional do trabalho e aumentaria a riqueza mundial O autor vê vantagens neste modelo em contraposição ao modelo russo A primeira vantagem seria um menor sacrifício do consumo na região e uma menor tensão social causada por um progresso mais rápido com o emprego lucrativo de mais trabalhadores provenientes da população agrária excedente A segunda vantagem da inserção da economia da região na economia mundial seria a boa aplicação dos princípios da divisão internacional do trabalho através da especialização das regiões deprimidas em indústrias leves intensivas em mãodeobra Finalmente a última vantagem apontada pelo autor seria a de um melhor aproveitamento das indústrias pesadas já existentes nos países ricos Logicamente Rosenstein Rodan propõe que seja adotado o segundo modelo É claro que esta forma de industrialização é preferível à autárquica É um grande empreendimento quase sem precedentes históricos O primeiro passo segundo o autor para a industrialização seria o de habilitar a mão deobra ou seja transformar camponeses em operários industriais O responsável pelo treinamento da mãodeobra deveria ser um conjunto de indústrias a ser criado o Truste Industrial da Europa Oriental TIEO isso porque não seria lucrativo para um empresário fazêlo individualmente No entanto o autor argumenta que o motivo mais importante para a criação do Truste como unidade de investimento planejado em larga escala seria a complementação das diferentes indústrias essa complementação reduziria o risco de insuficiência da demanda e consequentemente reduziria os custos associados a esse risco O exemplo que é apresentado no texto é o clássico caso da fábrica de sapatos que sozinha não consegue demanda suficiente para sua produção Entretanto ao serem criadas em seu entorno fábricas de meias camisas e calças ela consegue a demanda suficiente dos trabalhadores dessas outras fábricas Este seria um caso típico de economia externa horizontal RosensteinRodan argumenta que nas regiões de baixo padrão de vida seria relativamente fácil prever o perfil da demanda de trabalhadores outrora desempregados e dessa forma se apropriar das economias externas das indústrias complementares Outro tipo de economia externa que poderia ser criada com o advento da industrialização planejada em larga escala além da horizontal complementar de demanda seria a economia externa vertical Ela poderia aparecer tanto entre firmas do mesmo ramo industrial como entre firmas de diferentes ramos No caso da fábrica de sapatos poderíamos pensar nas indústrias de borracha e couro entre outras se integrando verticalmente a ela e propiciando o aparecimento das economias externas Mais uma vez RosensteinRodan chama a atenção para a especificidade das economias internacionais deprimidas nas quais devido ao seu caráter subdesenvolvido a instalação de indústrias integradas verticalmente poderia proporcionar o aparecimento das economias externas o que não seria razoável supor para uma economia desenvolvida NURSKE Nurkse foi um estudioso dos problemas econômicos internacionais Suas análises se caracterizavam por sólida fundamentação teórica e uma articulação consistente e equilibrada entre dados estatísticos teoria e aspectos históricos Nos anos que se seguiram ao pósguerra aproximouse sensivelmente da Escola Keynesiana Dedicou especial atenção ao exame dos movimentos internacionais do capital do comércio internacional e dos problemas do equilíbrio monetário internacional Nos últimos anos de vida dedicavase ao estudo do desenvolvimento Entre as contribuições de Nurkse para o estudo dos problemas do desenvolvimento destacamse a conceituação de subdesenvolvimento a identificação dos fatores responsáveis pela sua reiteração e as medidas necessárias para a superação dessa condição Para o autor o subdesenvolvimento é uma condição em que o capital é insuficiente para alocar a população e os recursos naturais disponíveis de forma a eficiente e produtiva Assim o subdesenvolvimento é basicamente um problema de baixo nível de acumulação de capital Segundo Nurkse a única forma de romper esse círculo vicioso é ampliar a renda o que implica incrementar a capacidade produtiva Do seu ponto de vista é a capacidade de produzir que determina a capacidade de compra e nos tempos atuais a industrialização é a única forma de ampliar aceleradamente a produção Mas para ele não é toda forma de industrialização que conduz ao desenvolvimento As vias de industrialização voltadas à produção de manufaturados destinados à exportação não oferecem perspectivas seguras de desenvolvimento Os efeitos positivos da industrialização se fazem sentir com mais intensidade quando ela se orienta para abastecer o mercado local Nesse caso o primeiro grande problema a ser enfrentado é a baixa produtividade da agricultura que é a responsável pelo baixo nível de renda do trabalhador rural e por um mercado de consumo de artigos manufaturados restrito Dessa forma fica evidente que o ritmo da industrialização depende de um processo simultâneo de incremento da produtividade agrícola sem a qual não se ampliam a renda e o consumo nem a oferta de produtos agrícolas necessários ao abastecimento urbano Como os ganhos de escala são muito importantes para o incremento da produtividade industrial devese buscar a ampliação da oferta para além das fronteiras do mercado interno por meio da abertura de novos mercados em outros países e acordos alfandegários com aqueles que se encontram em estágios próximos de desenvolvimento Como podemos observar Nurkse coloca em evidência que o desenvolvimento depende de um crescimento equilibrado entre os setores da economia Ele argumenta que se os setores da economia contribuírem de forma equilibrada para a expansão será possível obter taxas mais expressivas de crescimento Afirma que os defensores do crescimento baseado num setor dinâmico responsável pela indução de estímulos aos demais tendem a desprezar o fato Teorias do crescimento e do desenvolvimento 263 de que os setores da retaguarda econômica retiram dinamismo dos que seguem à frente comprometendo o desenvolvimento Os países subdesenvolvidos não podem sair dessa condição de forma natural e espontânea Segundo Nurkse existe um grau de crescimento econômico que quando ultrapassado tende a provocar um efeito em cadeia no qual os setores da economia passam a se estimular reciprocamente Enquanto esse limite não é superado inúmeras forças atuam no sentido de manter o crescimento abaixo do limiar de estagnação Assim a ação do Estado passa a ser decisiva pois ele reúne instrumentos e condições de mobilizar poupança coordenar e direcionar investimentos numa dimensão fora de alcance da iniciativa privada local Dessa forma os países pobres só podem superar o subdesenvolvimento por meio de uma política ativa do Estado na esfera econômica complementar aos empreendimentos da iniciativa privada MYRDAL As desigualdades por ele discutidas não se apresentam apenas como uma análise estatística nos níveis de renda per capita dos países mas como abismos que se formam em questões relacionadas à justiça social e na gama de instituições que emergem a partir daí Myrdal 1972a ressalta que as questões de justiça social estão relacionadas a medidas que mitiguem as deficiências existentes no padrão de vida de grande parcela da população mundial tais como a desnutrição a ausência de cobertura básica nas áreas de saúde educação habitação saneamento segurança e demais aspectos sociais Um dos elementos centrais da argumentação de Myrdal é a análise das inadequações institucionais observadas em muitos países Para ele esse é um aspecto central que os impedem de progredir no processo histórico lento e penoso do desenvolvimento econômico Sua expressiva atuação política nos anos 1930 e 1940 o capacitou a identificar determinados entraves cruciais ao desenvolvimento das nações como um todo Nesse sentido ele elaborou uma análise multidisciplinar e adaptada às idiossincrasias do mundo real ao invés de elaborar modelos formalizados de grande abstração teórica Por isso suas publicações são repletas de elementos de análise de natureza histórica política e sociológica Em conjunto os argumentos elaborados ao longo de sua vida acadêmica sustentam diversas proposições acerca dos problemas que impedem as nações de alcançarem o desenvolvimento podese afirmar que o caráter institucionalista de Myrdal está fundamentado na multidisciplinaridade presente em suas análises característica marcante de sua terceira fase Isso remete à questão de qual era a interpretação do autor sobre a teoria institucionalista à qual se aferrou Um elemento frequente no trabalho de Myrdal nessa fase é a crítica à corrente neoclássica e ao seu alto nível de abstração Para ele a economia ortodoxa estaria limitada a pressupostos irrealistas Ou seja suas análises não consideravam como relevantes os fatores não econômicos gerando assim resultados inaplicáveis ao mundo real Myrdal acreditava que haveria um rápido desenvolvimento da abordagem institucional e que essa corrente prevaleceria Afirmou que em dado momento haveria o rompimento entre as barreiras disciplinares em prol de análises mais complexas e realistas Para a autor a teoria ortodoxa poderia eventualmente ser considerada desinteressante e irrelevante De acordo com Myrdal 1970b a desigualdade posicionase no centro do debate acerca do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos uma vez que ela relaciona as questões sociais às econômicas O autor afirma que a desigualdade e a tendência de aumento da desigualdade formam um complexo de inibições e obstáculos ao desenvolvimento desses países 1970b p 50 tradução nossa14 Dessa forma tornase necessário não apenas reverter essa tendência como também criar as condições necessárias de igualdade para que o desenvolvimento seja impulsionado Myrdal expande o conceito de desigualdade para além da diferença na distribuição de renda e riqueza e trata o tema em termos de justiça social A desigualdade social pode ser assim definida como uma extrema falta de mobilidade social A desigualdade social é a causa principal da desigualdade econômica enquanto ao mesmo tempo a desigualdade econômica serve de base à desigualdade social Myrdal ressalta a importância de resgatar o debate acerca da desigualdade social e destaca que em geral a teoria tradicional restringiuse às análises sobre produção e trocas desviandose de questões sobre distribuição de renda As razões para esse direcionamento teórico são diversas e Myrdal ressalta duas em especial A primeira seria a separação teórica16 entre produção e distribuição ocorrida a partir das análises de John Stuart Mill e adotada também pela corrente neoclássica Dessa forma a esfera produtiva obteve destaque entre os teóricos adeptos ao laissezfaire enquanto que a distributiva foi um tema evitado devido ao incômodo político que causava Para Myrdal a separação entre produção e distribuição segue um raciocínio ilógico O autor afirma que não há estudos empíricos relevantes que comprovem tal dicotomia ou que relacionem taxas de poupança e eficiência do trabalho a níveis diferentes de desigualdade Afirma ainda que os dois temas estariam fortemente interligados no sistema macroeconômico uma vez que o crescimento da produção é précondição para que haja maior distribuição Em suma a redução das desigualdades sociais é parte do sistema que sustenta o crescimento econômico Por sua vez quando aliado à melhoria dos índices sociais o crescimento econômico culmina no desenvolvimento da nação fenômeno já observado nos países desenvolvidos considerados Estados de bemestar social Segundo Myrdal para que haja promoção do desenvolvimento econômico todos os fatores devem ser analisados na realidade não há problemas econômicos sociológicos psicológicos etc mas apenas problemas e todos eles são complexos No nível macroeconômico os fatores que caracterizam o subdesenvolvimento tais como desigualdade pobreza violência e precariedade nas áreas da saúde educação e moradia estão interligados e se acumulam ao longo do tempo de forma circular afetando uns aos outros indissociavelmente A correlação entre os efeitos regressivos e propulsores e o nível de desenvolvimento de um país dáse de forma que quanto mais desenvolvida for uma região ou um país mais fortes serão os efeitos propulsores Ao alcançar determinado patamar de desenvolvimento econômico o país também apresentará processo cumulativo em movimento ascendente dos fatores não econômicos Estes efeitos propulsores garantirão a direção positiva do crescimento econômico e social Na contramão desse processo os efeitos propulsores fracos não sendo capazes de vencer os efeitos regressivos culminarão no baixo nível de desenvolvimento econômico e social característico de países subdesenvolvidos Entretanto o autor chama a atenção para o fato de que um dos grandes complicadores com respeito à preservação da eficiência dos planos econômicos é a corrupção Ela está presente de forma institucionalizada nos países subdesenvolvidos e sua prática se torna ao mesmo tempo causa e consequência de sua abrangência A corrupção é amplamente notada nas relações de poder estabelecidas nesses países caracterizados por Myrdal como soft states Tais relações promovem governos ineficazes na manutenção da ordem e no cumprimento de suas próprias legislações o que acaba beneficiando grupos de indivíduos em detrimento do restante da população Dessa forma disseminamse práticas de poder discricionário entre o governo e as elites Estas últimas mantêm seus privilégios e oferecem grande resistência às políticas de redução de desigualdades HIRSCHMAN A trajetória de vida do autor nos ajuda a entender grande parte de sua produção científica caracterizada pela variedade de temas e diferentes formas de abordálos9 Dentre sua vasta bibliografia encontrase Estratégia do Desenvolvimento Econômico O livro publicado em 1958 trata do tema do desenvolvimento econômico dos países subdesenvolvidos mais precisamente de como colocálo em prática e está inserido no mesmo contexto histórico de outros estudos sobre o tema como o de RosensteinRodan 1943 e de Lewis 1954 apresentados nos capítulos anteriores deste trabalho qual seja o da reconstrução do mundo ocidental após a Segunda Guerra Mundial incluindo a industrialização dos países subdesenvolvidos Estratégia do Desenvolvimento Econômico é muito lembrado e citado na literatura econômica pela sua herança conceitual conhecida por encadeamentos para frente e para trás O conceito que exploraremos mais adiante seria a grande contribuição de Hirschman para as teorias do desenvolvimento econômico e para a economia em geral Influenciaria não só os acadêmicos como os agentes de política econômica No entanto é importante que se investiguem as origens de tal conceito e o contexto no qual ele foi criado para que o mesmo seja empregado de forma correta original e carregue todas as idéias que estão embutidas nele Hirschman inicia sua investigação sistemática sobre o problema do desenvolvimento econômico A primeira conclusão à qual o autor chega é a de que nos países subdesenvolvidos não havia escassez de fatores de produção Ou seja mais explicitamente não faltava capital trabalho recursos naturais ou qualquer outro fator que fosse de caráter psicológico ou antropológico para o desencadeamento de um processo de industrialização este associado diretamente ao desenvolvimento econômico desses países Mais importante do que o fato de haver ou não fatores de produção presentes em determinado país é a constatação do autor de que isso seria irrelevante no processo de desenvolvimento Hirschman argumenta que na falta de algum desses fatores uma sociedade em desenvolvimento conseguiria providenciálo Na verdade segundo ele existiria nos países subdesenvolvidos uma escassez disfarçada uma oferta subutilizada desses fatores de produção A grande vantagem desse tipo de abordagem do problema do desenvolvimento econômico tanto para a análise do processo quanto para a formulação de alguma estratégia segundo o próprio autor seria a de poupar tempo ao se cessar a busca inútil pelos inúmeros prérequisitos necessários ao desenvolvimento e ao se concentrar a atenção em apenas uma questão e a partir daí a pesquisa de Hirschman toma um rumo que a diferenciaria das outras teorias do desenvolvimento econômico então existentes A questão do autor então passa a ser saber como utilizar os fatores de produção subutilizados nessas economias como fazêlos saírem de trás de seus disfarces Se uma vez disparado o processo de desenvolvimento econômico os prérequisitos realmente aparecessem na sociedade o que se deveria procurar seria o modo de fazer com que esses prérequisitos aparecessem em maior número e intensidade No entanto segundo Hirschman conhecer o caminho correto a ser seguido na busca pela resposta ao problema do desenvolvimento econômico não significaria necessariamente trilhar o caminho mais fácil Se por um lado a percepção de que não faltavam fatores de produção para o desencadeamento do processo de desenvolvimento econômico nos países subdesenvolvidos evitaria armadilhas e pistas falsas na investigação por outro levaria o próprio investigador a lidar com questões desconhecidas inexploradas e por isso mesmo complicadas à primeira vista Da mesma forma conhecer os frutos do desenvolvimento econômico não implicaria para os países subdesenvolvidos conhecer os meios para colhêlos De acordo com Hirschman o que estaria em jogo num processo de desenvolvimento econômico não seria uma simples comparação de custos e lucros entre diferentes projetos de investimento No caso da igualdade entre poupança e investimento Hirschman argumenta que nas economias subdesenvolvidas ao contrário das desenvolvidas as decisões de poupança e investimento estariam intimamente ligadas ao mesmo tempo em que um aumento eventual da poupança se deveria muito mais a uma superação de alguma barreira ao investimento do que do aumento da renda per capta Sendo assim descrever o comportamento da poupança como fração da renda não seria a forma mais adequada de se tratar do assunto no caso de um processo de desenvolvimento econômico Hirschman conclui a sua busca sem sucesso no campo da economia do crescimento resumindo bem o tipo de relação contrastante entre os modelos de crescimento que tratam de economias desenvolvidas e as teorias do desenvolvimento econômico aplicáveis aos países subdesenvolvidos Hirschman define o investimento adicional como o investimento provocado diretamente por um investimento no período anterior De fato um aumento de investimento em um tipo de indústria A poderia pressionar o aumento da produção em outra indústria B pela pressão de demanda ou ainda pressionar o início ou mesmo aumento da produção na indústria C através da queda nos custos Esse efeito do investimento é o que o autor chama de efeito completivo do investimento Ele não seria relevante nos modelos de crescimento pois esses modelos considerariam o ajuste imediato marginal de uma nova oportunidade de investimento aberta por um investimento precedente Esse argumento faria sentido sim segundo o autor para economias desenvolvidas que produzissem praticamente todos os tipos de bens mas não faria sentido para economias subdesenvolvidas Sendo assim ao olharmos para o investimento adicional estaríamos abrindo uma nova porta na busca para o caminho do incentivo a novos investimentos em economias subdesenvolvidas Outra discussão muito frequente no debate acerca do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos se daria sobre a seqüência de investimentos a ser feita dentro da própria estrutura produtiva segundo o autor Tal discussão abre espaço finalmente para a introdução dos conceitos de encadeamentos para frente e para trás backward and forward linkages De acordo com Hirschman a análise da seqüência de investimentos a ser feita em estrutura produtiva nos países subdesenvolvidos guardaria estrita analogia com a análise feita anteriormente entre infra estrutura e estrutura produtiva o critério de seleção seria o mesmo qual seja a seqüência que promovesse o maior desequilíbrio proporcionando o aparecimento de investimentos induzidos Existiriam duas possibilidades de desenvolvimento para a estrutura produtiva a saber o derivado dos efeitos dos encadeamentos para trás e o derivado dos efeitos dos encadeamentos para frente A primeira se refere à pressão exercida pela demanda de atividades econômicas nãoprimárias por insumos que induziria a formação de indústrias fornecedoras desses insumos A segunda se refere à possibilidade que a implementação de atividades que não atendessem exclusivamente à procura final ofereceria ao aparecimento de novas atividades que usassem os produtos como insumos em sua produção LIST Uma das primeiras críticas teóricas feitas à Escola Clássica é de List na sua obra Sistema Nacional de Economia Política publicada em 1841 que constantemente denunciava a falta de noção histórica e a generalização das particularidades dos clássicos tachandoos de cosmopolitas Segundo List 1986 eles praticam uma ciência que ensina como a humanidade inteira pode atingir a prosperidade por meio da agricultura e do comércio ou melhor do livre comércio Seu alvo preferencial foi Smith seguido de Say afinal A riqueza das nações estava conquistando os meios acadêmicos e políticos como a Santa Inquisição conquistara a Espanha Os fundamentos dos clássicos estavam calcados no individualismo e no naturalismo para fazer frente a esses argumentos List 1986 ressaltou a nação Toda a minha estrutura está baseada na natureza da nacionalidade a qual é o interesse intermediário entre o individualismo e a humanidade inteira O que é a nação A nação a unidade nacional é o cimento aglutinador de um povo que é fundamentado na liberdade civil com instituições livres religiosa e política na pujança e na perseverança de seu povo com determinação ao trabalho nos nexos morais e éticos no farto material intelectual nos recursos naturais e no potencial de sua agricultura e sobretudo de sua indústria Para um país montar um parque industrial com capacidade para concorrer com os países que já atingiram elevado grau de desenvolvimento tecnológico é condição sine qua non proteger as indústrias enquanto estiverem com deficiências competitivas Para List 1986 o protecionismo9 age como estimulante em todos aqueles setores da indústria nacional cujos produtos embora possam ser obtidos com maior facilidade do exterior podem ser fabricados no próprio país Portanto esse era o método utilizado por List ou seja os fatos históricos concretos que levaram às conclusões que protecionismo liberdade civil e unidade territorial são condições necessárias para a constituição da nação E é justamente nesse ponto que está o erro da Escola Clássica pois ela ignora a própria natureza das nações procura excluir quase totalmente a política e o poder do Estado pressupõe a existência de um estado de paz perpétua e união universal subestima o valor de uma força manufatureira nacional e os meios para se atingir essa meta e exige liberdade absoluta de comércio List 1986 Os clássicos ao mesmo tempo que se fundamentam no individualismo pregam o cosmopolitismo imaginam a igualdade entre nações subestimando seu poder financeiro tecnológico e militar Outra crítica aos clássicos é o fato de não observarem a dicotomia entre a economia privada e a nacional Adam Smith ressaltava as benevolências da economia privada por meio da divisão técnica do trabalho geradora de produtividade e na mesma esteira desqualificava o trabalho intelectual classificandoo de improdutivo Apesar de exaltar o protecionismo List o defende apenas como um estágio necessário ao livre comércio mundial porque o sistema nacional se modifica de acordo com os estágios de progresso pelos quais cada país deve passar São três os estágios no primeiro o país adota o livre comércio com nações mais desenvolvidas como mecanismo de sair do estado de barbárie e para progredir na agricultura no segundo estágio adota o protecionismo para promover o crescimento das indústrias da pesca da navegação e do comércio exterior após atingir elevado grau de desenvolvimento econômico passa para o último estágio que é o livre comércio e a concorrência sem restrições afastando a indolência e a acomodação dos capitalistas nacionais List abomina qualquer projeto de nação conduzido pelos comerciantes porque se uma nação ficar submetida aos interesses dos comerciantes jamais constituirá sistema industrial integrado pois o comerciante importa venenos da mesma forma como importa remédios Ele enfraquece nações inteiras com o ópio e com licores alcoólicos Não lhe importa como homem de negócios se com suas importações e contrabandos dá ocupações e sustentos a centenas de milhares de cidadãos ou se com isso esses cidadãos são reduzidos à miséria Em tempo de guerra fornece ao inimigo armas e munições O comerciante segue a mesma lógica de todo capitalista acumulação pela acumulação e nesse caso a acumulação se dá por meio da comercialização de mercadorias sejam elas produzidas internamente ou importadas a procura será determinada pelo preço o List via a ferrovia como fator de integração nacional14 condição necessária para a formação da nação Defendia a construção de um Sistema Nacional de Linha Férrea para todo o Império Germânico e para a Europa e Ásia planejava uma interligação total por via férrea Seus planos foram executados em décadas posteriores com os adventos da Zollverein que estimulou a construção de ferrovias conduzindo à unidade nacional15 Segundo Landes 1994 se somarmos os investimentos sobre a demanda de bens de consumo parece lícito dizer que na década de 1840 a construção de ferrovias foi o mais importante estímulo isolado ao crescimento industrial da Europa Ocidental As estradas de ferro exigiam novos produtos e promoviam a inovação basta testemunhar a crescente habilidade para moldar e manipular grandes massas de metal Landes 1994 As teorias que deram sustentação ao modelo de substituição de importações e ao nacionaldesenvolvimentismo das décadas de 50 e 60 em parte foram baseadas no sistema nacional de List Da mesma forma que List Furtado tece elogios às políticas protecionistas implementadas por Hamilton nos Estados Unidos após as guerras da independência Furtado nunca o citou mas incorporou seu pensamento sem reconhecêlo ROSTOW Rostow propõe uma teoria dinâmica da produção baseada na observação de sociedades realmente existentes e não em modelos teóricos que consideram o desenvolvimento econômico como um processo de desdobramentos logicamente encadeados em etapas que se articulam Suas ideias foram influenciadas pela sucessão de diferentes momentos históricos que caracterizaram o desenvolvimento europeu tais como a Revolução Industrial a Segunda Guerra Mundial e a reconstrução no período do pós guerra O conceito de desenvolvimento segundo Rostow é vinculado ao crescimento econômico o qual se daria com a industrialização significando portanto modernização Nesse sentido sua perspectiva vai ao encontro da de outros autores clássicos que como Ragnar Nurse e Gunnar Myrdal construíram no mesmo período teorias sobre o subdesenvolvimento nitidamente marcadas pelas lentes políticas dos países capitalistas centrais Inserido nas discussões de sua época e reproduzindo um referencial amplamente aceito entre os economistas mais ortodoxos Rostow acreditava que o desenvolvimento econômico teria suas bases consolidadas através da intervenção setorial na economia de modo que o crescimento industrial se traduziria em modernização Rostow estabelece a possibilidade de desenvolvimento econômico em cinco etapas Tratase de EAD fases que um país deveria atravessar para atingir o desenvolvimento o que permitiria classificar as sociedades de acordo com seus estágios econômicos específicos A passagem de um estágio para outro envolveria alterações nos padrões de produção a partir do manejo de três fatores principais poupança investimento e consumo demanda Ao mesmo tempo Rostow parte do pressuposto de que para se obter uma nova ordem capitalista em nível internacional o desenvolvimento deve ser visto ideologicamente de forma que os países considerados desenvolvidos tivessem nele seu principal foco No que tange à primeira etapa esta se refere à sociedade tradicional a qual é definida em relação à sociedade moderna e se identifica liminarmente pela insuficiência de recursos Nesse sentido Rostow entende tratarse de uma economia baseada na produção rudimentar e tradicional que busca a subsistência e prioriza o trabalho cujos principais recursos provêm da agricultura e que não obtém senão limitada quantidade de capital De acordo com esta visão economicista a sociedade tradicional traduz se em incapacidade de produção de excedentes e consequentemente de acumulação sendo fadada a viver com limites bem precisos sem perspectivas de ascensão ao crescimento econômico Contudo acreditava Rostow que as mudanças sociais na sociedade tradicional estariam condicionadas a fatores internos ao passo que as sociedades que não sofressem tais evoluções e mudanças sociais as experimentariam graças à interferência de fatores externos como efeito dos processos de colonização por exemplo Na segunda etapa encontrase uma sociedade em processo de transição na qual surgem os primeiros sintomas do que o autor considera o princípio do arranco ou decolagem Diferentemente da primeira fase onde a produtividade é limitada nesta etapa buscase romper com os fatores que determinam rendimentos decrescentes sobretudo mediante o aumento da especialização do trabalho e a modernização tecnológica Ao mesmo tempo sugeremse mudanças relevantes nos itens relativos ao conhecimento na política e nos sistemas de valores os quais alavancariam a produtividade e consequentemente o desenvolvimento econômico EAD 14 Salientese que esta é considerada a etapa mais importante entre as descritas por Rostow pois ela sinaliza um marco para todas as demais as quais passam a ter suas características balizadas pelas configurações definidas nesse processo de transição No entanto como esta sociedade em transição ainda mantém características da sociedade tradicional a economia continua bastante limitada Apenas de forma incipiente começam a emergir os primeiros empreendimentos fator primordial para o desenvolvimento juntamente com a expansão dos comércios interno e externo em um Estado operativo capaz de incrementar as mudanças tecnológicas e socioculturais que a modernização exigiria Na terceira fase que o autor chama de arranco o desenvolvimento sobrepõe se às resistências e bloqueios que limitavam as mudanças econômicas e sociais já ocorridas na segunda fase Já não há amarras tecnológicas políticas institucionais morais etc que impeçam o desenvolvimento o qual é definido como uma revolução industrial Nesta etapa fomentase a industrialização e ocorre a migração de mão de obra predominantemente rural para o setor industrial Constroemse as bases da sociedade moderna não apenas do ponto de vista econômico mas também como alavanca para o surgimento de um novo sistema político institucional e social SARMENTO 2012 Da mesma forma também a quarta etapa que o autor chama de marcha para a maturidade agrega o aumento da tecnologia moderna o incentivo à produção e a busca pela diversificação de produtos A mão de obra reduzse ainda mais no campo em contraponto ao aumento da mão de obra especializada nos centros urbanos Assim graças a vários incentivos sobretudo por parte do Estado alguns bens anteriormente importados passam a ser produzidos internamente Consolidase aqui a ideia de que por meio da inovação técnica podese produzir tudo ou quase tudo e isso redunda no afloramento de novas áreas produtivas bem como na possibilidade de importação de novos produtos para o mercado SANTOS SILVA 2004 Na quinta e última etapa compreendida como era do consumo em massa Rostow completa seu modelo focando o consumo de uma sociedade industrial massificada que a partir do aumento da renda per capita estimula um sistema econômico centrado no consumo intensivo tanto de alimentos e vestuário quanto de bens duráveis Verificase por consequência além disso um aumento na busca por uma melhor distribuição de renda SANTOS SILVA 2004 Vale ressaltar que essas etapas não são separadas por demarcações nítidas no tempo As sobreposições são decorrência do modo como se processa a interação comercial e tecnológica entre as nações PERROUX Em um sistema de concorrência ou competição perfeita não existe nenhum elemento de dominação Mas na vida real sempre existe uma unidade dominante seja ela uma firma uma indústria um grupo econômico ou mesmo um país Para Tolosa 1972 esse é o cerne da Teoria a da Unidade Dominante de Perroux Essa Teoria pretende explicar como se comportam os agentes em mercados não competitivos Para chegar à Teoria dos Polos de Crescimento Perroux 1955 primeiro reformulou a noção de espaço econômico em sua obra Os Espaços Econômicos de 1950 considerando três classificações básicas a Espaço econômico definido como um plano ou programa b Espaço econômico definido como um campo de forças ou relações funcionais e c Espaço econômico definido com um agregado homogêneo o do pressuposto de que o crescimento econômico não é observado em todos os pontos do espaço econômico mas sim em espaços específicos como na seguinte passagem O fato rude mas verdadeiro é o seguinte o crescimento não aparece simultaneamente em toda parte Ao contrário manifestase em pontos ou polos de crescimento com intensidades variáveis expandese por diversos canais e com efeitos finais variáveis sobre toda a economia Assim a primeira constatação de Perroux é que o processo de crescimento econômico não implica em equilíbrio como preconizava os economistas clássicos e neoclássicos mas este sim é um processo desequilibrado por natureza Três conceitos são fundamentais nesse trabalho de Perroux em 1955 O primeiro referese à indústria motriz definida como a indústria que tem a propriedade e capacidade de aumentar as vendas e as compras de serviços de outras indústrias ao aumentar as suas próprias vendas e compras de serviços produtivos As indústrias motrizes são indústrias novas que possuem também novas tecnologias contudo nada impede que as indústrias motrizes sejam de setores maduros já implantados O segundo conceito é a indústria movida que é a indústria na qual é impactada movida pela indústria motriz e o terceiro é o conceito de indústria chave entendida como a indústria que induz na totalidade de um conjunto por exemplo de uma economia nacional um acréscimo global de vendas Outra importante contribuição ao desenvolvimento do conceito de polo de crescimento é o conceito de polo de crescimento foi frequentemente mal interpretado sendo confundido com o conceito de indústriachave ou de indústria motriz Será em outro trabalho de Perroux em 1961 que esse conceito será mais bem esclarecido Assim descreve o conceito de polo de crescimento como um conjunto de unidades motrizes que criam efeitos de encadeamento sobre outros conjuntos definidos no espaço econômico e geográfico e ainda como uma unidade motriz num determinado meio Em seu clássico LEconomie du XXe siècle 1991 Perroux abre suas baterias contra o pensamento neoclássico que classifica como um universo da adaptação sem estratégia do contrato sem combate do equilíbrio sem arbitragens conscientes e também o universo de sujeitos imóveis e iguais tudo ao contrário do universo turbulento e belicoso das sociedades históricas habitadas pelo espírito de competição e dotadas de instituições livres 1991 p140 Para Perroux o modelo neoclássico no melhor dos casos valeria para os países do primeiro mundo e sob condições tão restritivas que o tornariam praticamente inaplicável Não obstante segundo ele tratase de aplicar este modelo aos países em desenvolvimento que só podem superar sua condição graças à atividade das suas elites e de suas populações coligadas para mudar seu meio ambiente a curto e longo prazo Perroux buscava uma terceira via que superasse o individualismo capitalista e o coletivismo marxista e possibilitasse uma estrutura econômica que favorecesse o autêntico desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo contribuindo para o desenvolvimento do conceito de polos de desenvolvimento se aproximando de autores como Gunnar Myrdal Raul Prebisch e Albert Hirschman entre outros Perroux era um profundo conhecedor de Marx mas rechaçava a dialética marxista de ruptura que levaria à catástrofe e ao aniquilamento do sistema se pronunciando por uma dialética de evolução admitindo a correlação de forças Para Perroux a despeito de considerar a análise marxista excelente e estimulante para o estudo dos grupos e indivíduos desfavorecidos julgava que ela aportava muito pouco à teoria e análise do desenvolvimento A teoria dos polos de crescimento foi bastante utilizada no Brasil no período de 19641998 época do regime militar que dominou o país Naquele momento começavam a se configurar os impasses do desenvolvimento e em função deles a crise do próprio projeto nacional de desenvolvimento que tantas esperanças haviam despertado no Brasil Começava a se tornar evidente que apesar de todos os êxitos estatísticos resultantes dos esforços governamentais até então realizados a evolução econômica e social em um país de capitalismo tardio e dependente se fazia em termos distintos daqueles que marcaram a expansão capitalista nos países desenvolvidos Uma das evidências desse fato era dada justamente pela tendência a forte e regressiva concentração tanto social quanto espacial da renda nacional Podem ser formuladas três considerações acerca da presente investigação A primeira diz respeito à importância da teoria dos polos na compreensão dos mecanismos que permitem a polarização das atividades industriais dentro de uma região Essa noção de polarização influenciou uma série de estudos que tiveram como pano de fundo objetivo a possibilidade de promover o crescimento econômico de regiões atrasadas ou deprimidas através da implantação de atividades A segunda de natureza instrumental que no Brasil consistiu no fornecimento do respaldo teórico para a política de desconcentração industrial do país inspirada pela ESG e capitaneada pelo Conselho Nacional do Petróleo CNP e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social BNDES que enfrentou acirrada resistência dos estados da região Sudeste comandados por São Paulo Por fim a terceira representada pela sua metamorfose e desdobramentos no âmbito do paradigma da especialização flexível pelos desdobramentos em associação com a economia neoschumpeteriana na base teórica dos clusters arranjos produtivos e meios inovativos entre outros Em assim sendo o pensamento e a contribuição de François Perroux continuam vivos e importantes no arsenal de instrumentos teóricos da ciência regional SOLICITEI UM RESUMO DOS AUTORES ABAIXO COM BASE NO MATERIAL EM ANEXO MAS O TUTOR SIMPLESMENTE COPIOU OS TRECHOS DOS ARQUIVOS SEM MUDAR NADA AGORA PRECISO QUE FAÇAM UMA MUDANÇA NESSES TRECHOS SUPRIMIDO DOS TEXTOS PARA QUE NÃO PAREÇA UMA SIMPLES CÓPIA NO ENTANTO CUIDANDO PARA NÃO PERDER O SENTIDO LEWIS O interesse pelos preços e pela distribuição do rendimento permaneceu na era neoclássica mas a oferta de mão de obra deixou de ser ilimitada e já então não se esperava que um modelo formal de análise económica explicasse a expansão do sistema através do tempo A mudança de hipóteses e de interesses eram bastantes adequados na Europa onde efetivamente havia limitação na oferta de mão de obra e onde durante o meio século seguinte tinhase a impressão de que a expansão económica poderia ser vista como algo automático Por outro lado na maior parte da Ásia a oferta de trabalho é ilimitada e a expansão económica não pode ser tida como garantida No entanto os problemas da Ásia atraíram muito poucos economistas na era neoclássica os próprios economistas asiáticos absorveram as suposições e preocupações da economia europeia e durante quase um século não se fez nenhum progresso no tipo de economia que serviria para ilustrar os problemas dos países com excedentes populacionais Supondo uma oferta de trabalho ilimitada e tomandoa como hipótese útil Não pretendemos repetimos uma vez mais que isso seja válido para todas as regiões do mundo Certamente não é para o Reino Unido e para a Europa Norte Ocidental Tão pouco é válido para alguns países considerados como subdesenvolvidos por exemplo verificase escassez de trabalhadores em algumas partes da África e da América Latina Por outro lado é óbvio que esta hipótese se aplica para as economias do Egito Índia ou Jamaica A nossa finalidade não é superar a economia neoclássica mas simplesmente elaborar esquema diferente para aqueles países que não podem ser encaixados dentro das hipóteses neoclássicas Em várias economias dispõese de uma oferta ilimitada de mão de obra a um nível de subsistência este era o modelo clássico O modelo neoclássico fornece resultados erróneos quando aplicado a tais economias As principais fontes de onde procedem os trabalhadores à medida que avança o desenvolvimento económico são a agricultura de subsistência os trabalhos eventuais o pequeno comércio o serviço doméstico as mulheres e filhas que trabalham em casa e o aumento demográfico Na maioria destes setores embora não em todos quando o país está superpovoado em relação a seus recursos naturais a produtividade marginal de trabalho é ínfima nula ou inclusive negativa O salário de subsistência ao qual está sujeito este excedente de mão de obra pode ser determinado por uma convenção sobre o mínimo necessário para subsistir ou pode ser igual ao produto médio per capita na agricultura de subsistência mais uma certa margem Numa economia como esta o emprego no sector capitalista expandese à medida que se realiza a formação de capital A formação de capital e o progresso técnico não resultam em salários crescentes mas na elevação da participação dos lucros na renda nacional O motivo pelo qual a poupança é baixa numa economia subdesenvolvida em relação à renda nacional não é a pobreza da população mas os pequenos lucros dos capitalistas em relação à renda nacional À medida que o sector capitalista se expande os lucros aumentam relativamente e uma proporção crescente do rendimento nacional é reinvestido O capital não é somente formado pelos lucros mas também pela expansão do crédito O custo real do capital gerado pela inflação é nulo neste modelo e este capital é tão útil como o gerado de modo mais respeitável ou seja através dos lucros A inflação pode ser cumulativa quando tem a finalidade de apropriarse dos recursos necessários a uma guerra mas a inflação que tem por finalidade criar capital produtivo é autodestrutiva Os preços aumentam à medida que se cria o capital e diminuem de novo à medida que o produto chega ao mercado O sector capitalista não pode assim expandirse indefinidamente visto que a acumulação de capital pode seguir mais depressa que o aumento da população Quando o excedente é esgotado os salários começam a subir acima do nível de subsistência No entanto o país continua cercado por outros países que possuem excedente de trabalho Consequentemente assim que os seus salários começarem a aumentar terá início a imigração em massa e a exportação de capital para conter o aumento A imigração em massa de mãodeobra não qualificada poderia inclusive aumentar o produto per capita mas seu efeito seria manter os salários de todos os países próximos ao nível de subsistência dos países mais pobres A exportação de capital reduz a formação de capital no interior do país mantendo assim baixos os salários Isto pode ser compensado quando a exportação de capital torna brutos os artigos que os trabalhadores importam ou quando eleva os custos dos salários dos países competidores Mas o facto é agravado quando a exportação de capital eleva o custo das importações ou reduz os custos de países competidores A importação de capital estrangeiro não eleva os salários reais dos países com excedente de trabalho a não ser que o capital proporcione um aumento de produtividade das mercadorias produzidas para consumo próprio A principal razão pela qual os produtos tropicais comerciais são tão baratos em termos do padrão de vida que proporcionam está na ineficiência da produção tropical de alimentos per capita Praticamente todos os lucros da maior eficiência das indústrias de exportação vão para as mãos do consumidor estrangeiro enquanto a elevação da eficiência na produção de alimentos do sector de subsistência encareceria automaticamente os produtos comerciais de exportação A Lei dos Custos Comparativos é tão válida para os países com excedente de trabalho como para os demais Mas enquanto nos últimos representa um fundamento válido dos argumentos a favor do livre comércio nos primeiros representa um fundamento igualmente válido dos argumentos protecionistas RODAN Paul N RosensteinRodan iniciou sua carreira profissional no campo da Economia através de estudos sobre a teoria austríaca da demanda do consumidor No entanto não é nessa área que se encontra sua contribuição mais conhecida e reconhecida para a literatura econômica Rosenstein Rodan é considerado um dos pioneiros das teorias do desenvolvimento econômico sendo inclusive o autor do artigo seminal desse ramo da Economia Em seus estudos sobre teoria econômica pura aparecem investigações acerca de conceitos como a complementaridade no consumo e na produção economias de escala e o papel do tempo nos ajustes econômicos Foi exatamente a partir da investigação desse último conceito que Rosenstein Rodan passou a se interessar por problemas relacionados ao desenvolvimento econômico O que o autor pretende mostrar é que uma mudança nos dados poderia levar não só a uma mudança de um equilíbrio final para outro como também da trajetória em direção a esse novo equilíbrio Considerar a velocidade de ajustamento da economia como não instantânea abriria espaço para questionamentos acerca da própria existência de um equilíbrio da quantidade de equilíbrios possíveis e da estabilidade de um equilíbrio mas por outro lado não deixaria dúvidas quanto à importância do estudo da trajetória para se chegar a esse equilíbrio Rodan faz uma analogia entre uma perseguição de um animal predador à sua presa e a trajetória de uma economia em direção ao equilíbrio sendo que o ponto de equilíbrio da economia a ser atingido seria representado pela presa Da mesma forma que o predador tem que recalcular sua melhor trajetória a cada movimento da presa durante a perseguição a análise da trajetória de uma economia em direção ao equilíbrio precisaria ser refeita a cada mudança nos dados ou seja a cada momento do tempo O primeiro modelo de industrialização apresentado por Rosenstein Rodan é o chamado modelo russo no qual a Europa Oriental e Sul Oriental se industrializaria por conta própria sem investimento internacional através da construção de todos os tipos de indústrias integradas verticalmente A esse modelo são apresentadas algumas objeções A primeira é a de que a economia da região teria um crescimento lento uma vez que o suprimento do capital teria de ser feito por fontes internas às custas do padrão de vida e do consumo da população implicando um esforço desnecessário à economia e à sociedade A segunda objeção à adoção do modelo russo é a de que ele causaria a redução da divisão internacional do trabalho através da criação de uma economia independente da economia mundial o que tornaria o mundo mais pobre como um todo Por fim a última objeção a esse modelo se refere ao grande desperdício de recursos que seria causado pela ociosidade de novas indústrias pesadas no âmbito da economia mundial O segundo modelo de industrialização apresentado por Rosenstein Rodan em seu texto é o de inserção da Europa Oriental e Sul Oriental na economia mundial através de investimentos internacionais ou empréstimos de capitais o que conservaria as vantagens da divisão internacional do trabalho e aumentaria a riqueza mundial O autor vê vantagens neste modelo em contraposição ao modelo russo A primeira vantagem seria um menor sacrifício do consumo na região e uma menor tensão social causada por um progresso mais rápido com o emprego lucrativo de mais trabalhadores provenientes da população agrária excedente A segunda vantagem da inserção da economia da região na economia mundial seria a boa aplicação dos princípios da divisão internacional do trabalho através da especialização das regiões deprimidas em indústrias leves intensivas em mão de obra Finalmente a última vantagem apontada pelo autor seria a de um melhor aproveitamento das indústrias pesadas já existentes nos países ricos Logicamente RosensteinRodan propõe que seja adotado o segundo modelo É claro que esta forma de industrialização é preferível à autárquica É um grande empreendimento quase sem precedentes históricos O primeiro passo segundo o autor para a industrialização seria o de habilitar a mão de obra ou seja transformar camponeses em operários industriais O responsável pelo treinamento da mão de obra deveria ser um conjunto de indústrias a ser criado o Truste Industrial da Europa Oriental TIEO isso porque não seria lucrativo para um empresário fazêlo individualmente No entanto o autor argumenta que o motivo mais importante para a criação do Truste como unidade de investimento planejado em larga escala seria a complementação das diferentes indústrias essa complementação reduziria o risco de insuficiência da demanda e consequentemente reduziria os custos associados a esse risco O exemplo que é apresentado no texto é o clássico caso da fábrica de sapatos que sozinha não consegue demanda suficiente para sua produção Entretanto ao serem criadas em seu entorno fábricas de meias camisas e calças ela consegue a demanda suficiente dos trabalhadores dessas outras fábricas Este seria um caso típico de economia externa horizontal Rodan argumenta que nas regiões de baixo padrão de vida seria relativamente fácil prever o perfil da demanda de trabalhadores outrora desempregados e dessa forma se apropriar das economias externas das indústrias complementares Outro tipo de economia externa que poderia ser criada com o advento da industrialização planejada em larga escala além da horizontal complementar de demanda seria a economia externa vertical Ela poderia aparecer tanto entre firmas do mesmo ramo industrial como entre firmas de diferentes ramos No caso da fábrica de sapatos poderíamos pensar nas indústrias de borracha e couro entre outras se integrando verticalmente a ela e propiciando o aparecimento das economias externas Mais uma vez RosensteinRodan chama a atenção para a especificidade das economias internacionais deprimidas nas quais devido ao seu caráter subdesenvolvido a instalação de indústrias integradas verticalmente poderia proporcionar o aparecimento das economias externas o que não seria razoável supor para uma economia desenvolvida NURSKE Nurkse foi um estudioso dos problemas econômicos internacionais Suas análises se caracterizavam por sólida fundamentação teórica e uma articulação consistente e equilibrada entre dados estatísticos teoria e aspectos históricos Nos anos que se seguiram ao pósguerra aproximouse sensivelmente da Escola Keynesiana Dedicou especial atenção ao exame dos movimentos internacionais do capital do comércio internacional e dos problemas do equilíbrio monetário internacional Nos últimos anos de vida dedicavase ao estudo do desenvolvimento Entre as contribuições de Nurkse para o estudo dos problemas do desenvolvimento destacamse a conceituação de subdesenvolvimento a identificação dos fatores responsáveis pela sua reiteração e as medidas necessárias para a superação dessa condição Para o autor o subdesenvolvimento é uma condição em que o capital é insuficiente para alocar a população e os recursos naturais disponíveis de forma a eficiente e produtiva Assim o subdesenvolvimento é basicamente um problema de baixo nível de acumulação de capital Segundo Nurkse a única forma de romper esse círculo vicioso é ampliar a renda o que implica incrementar a capacidade produtiva Do seu ponto de vista é a capacidade de produzir que determina a capacidade de compra e nos tempos atuais a industrialização é a única forma de ampliar aceleradamente a produção Mas para ele não é toda forma de industrialização que conduz ao desenvolvimento As vias de industrialização voltadas à produção de manufaturados destinados à exportação não oferecem perspectivas seguras de desenvolvimento Os efeitos positivos da industrialização se fazem sentir com mais intensidade quando ela se orienta para abastecer o mercado local Nesse caso o primeiro grande problema a ser enfrentado é a baixa produtividade da agricultura que é a responsável pelo baixo nível de renda do trabalhador rural e por um mercado de consumo de artigos manufaturados restrito Dessa forma fica evidente que o ritmo da industrialização depende de um processo simultâneo de incremento da produtividade agrícola sem a qual não se ampliam a renda e o consumo nem a oferta de produtos agrícolas necessários ao abastecimento urbano Como os ganhos de escala são muito importantes para o incremento da produtividade industrial devese buscar a ampliação da oferta para além das fronteiras do mercado interno por meio da abertura de novos mercados em outros países e acordos alfandegários com aqueles que se encontram em estágios próximos de desenvolvimento Como podemos observar Nurkse coloca em evidência que o desenvolvimento depende de um crescimento equilibrado entre os setores da economia Ele argumenta que se os setores da economia contribuírem de forma equilibrada para a expansão será possível obter taxas mais expressivas de crescimento Afirma que os defensores do crescimento baseado num setor dinâmico responsável pela indução de estímulos aos demais tendem a desprezar o fato Teorias do crescimento e do desenvolvimento 263 de que os setores da retaguarda econômica retiram dinamismo dos que seguem à frente comprometendo o desenvolvimento Os países subdesenvolvidos não podem sair dessa condição de forma natural e espontânea Segundo Nurkse existe um grau de crescimento econômico que quando ultrapassado tende a provocar um efeito em cadeia no qual os setores da economia passam a se estimular reciprocamente Enquanto esse limite não é superado inúmeras forças atuam no sentido de manter o crescimento abaixo do limiar de estagnação Assim a ação do Estado passa a ser decisiva pois ele reúne instrumentos e condições de mobilizar poupança coordenar e direcionar investimentos numa dimensão fora de alcance da iniciativa privada local Dessa forma os países pobres só podem superar o subdesenvolvimento por meio de uma política ativa do Estado na esfera econômica complementar aos empreendimentos da iniciativa privada MYRDAL As desigualdades por ele discutidas não se apresentam apenas como uma análise estatística nos níveis de renda per capita dos países mas como abismos que se formam em questões relacionadas à justiça social e na gama de instituições que emergem a partir daí Myrdal 1972 a ressalta que as questões de justiça social estão relacionadas a medidas que mitiguem as deficiências existentes no padrão de vida de grande parcela da população mundial tais como a desnutrição a ausência de cobertura básica nas áreas de saúde educação habitação saneamento segurança e demais aspectos sociais Um dos elementos centrais da argumentação de Myrdal é a análise das inadequações institucionais observadas em muitos países Para ele esse é um aspecto central que os impedem de progredir no processo histórico lento e penoso do desenvolvimento econômico Sua expressiva atuação política nos anos 1930 e 1940 o capacitou a identificar determinados entraves cruciais ao desenvolvimento das nações como um todo Nesse sentido ele elaborou uma análise multidisciplinar e adaptada às idiossincrasias do mundo real ao invés de elaborar modelos formalizados de grande abstração teórica Por isso suas publicações são repletas de elementos de análise de natureza histórica política e sociológica Em conjunto os argumentos elaborados ao longo de sua vida acadêmica sustentam diversas proposições acerca dos problemas que impedem as nações de alcançarem o desenvolvimento podese afirmar que o caráter institucionalista de Myrdal está fundamentado na multidisciplinaridade presente em suas análises característica marcante de sua terceira fase Isso remete à questão de qual era a interpretação do autor sobre a teoria institucionalista à qual se aferrou Um elemento frequente no trabalho de Myrdal nessa fase é a crítica à corrente neoclássica e ao seu alto nível de abstração Para ele a economia ortodoxa estaria limitada a pressupostos irrealistas Ou seja suas análises não consideravam como relevantes os fatores não econômicos gerando assim resultados inaplicáveis ao mundo real Myrdal acreditava que haveria um rápido desenvolvimento da abordagem institucional e que essa corrente prevaleceria Afirmou que em dado momento haveria o rompimento entre as barreiras disciplinares em prol de análises mais complexas e realistas Para a autor a teoria ortodoxa poderia eventualmente ser considerada desinteressante e irrelevante De acordo com Myrdal 1970 b a desigualdade posicionase no centro do debate acerca do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos uma vez que ela relaciona as questões sociais às econômicas O autor afirma que a desigualdade e a tendência de aumento da desigualdade formam um complexo de inibições e obstáculos ao desenvolvimento desses países 1970 b p 50 tradução nossa Dessa forma tornase necessário não apenas reverter essa tendência como também criar as condições necessárias de igualdade para que o desenvolvimento seja impulsionado Myrdal expande o conceito de desigualdade para além da diferença na distribuição de renda e riqueza e trata o tema em termos de justiça social A desigualdade social pode ser assim definida como uma extrema falta de mobilidade social A desigualdade social é a causa principal da desigualdade econômica enquanto ao mesmo tempo a desigualdade econômica serve de base à desigualdade social Myrdal ressalta a importância de resgatar o debate acerca da desigualdade social e destaca que em geral a teoria tradicional restringiuse às análises sobre produção e trocas desviandose de questões sobre distribuição de renda As razões para esse direcionamento teórico são diversas e Myrdal ressalta duas em especial A primeira seria a separação teórica entre produção e distribuição ocorrida a partir das análises de John Stuart Mill e adotada também pela corrente neoclássica Dessa forma a esfera produtiva obteve destaque entre os teóricos adeptos ao laissezfaire enquanto que a distributiva foi um tema evitado devido ao incômodo político que causava Para Myrdal a separação entre produção e distribuição segue um raciocínio ilógico O autor afirma que não há estudos empíricos relevantes que comprovem tal dicotomia ou que relacionem taxas de poupança e eficiência do trabalho a níveis diferentes de desigualdade Afirma ainda que os dois temas estariam fortemente interligados no sistema macroeconômico uma vez que o crescimento da produção é précondição para que haja maior distribuição Em suma a redução das desigualdades sociais é parte do sistema que sustenta o crescimento econômico Por sua vez quando aliado à melhoria dos índices sociais o crescimento econômico culmina no desenvolvimento da nação fenômeno já observado nos países desenvolvidos considerados Estados de bemestar social Segundo Myrdal para que haja promoção do desenvolvimento econômico todos os fatores devem ser analisados na realidade não há problemas econômicos sociológicos psicológicos etc mas apenas problemas e todos eles são complexos No nível macroeconômico os fatores que caracterizam o subdesenvolvimento tais como desigualdade pobreza violência e precariedade nas áreas da saúde educação e moradia estão interligados e se acumulam ao longo do tempo de forma circular afetando uns aos outros indissociavelmente A correlação entre os efeitos regressivos e propulsores e o nível de desenvolvimento de um país dáse de forma que quanto mais desenvolvida for uma região ou um país mais fortes serão os efeitos propulsores Ao alcançar determinado patamar de desenvolvimento econômico o país também apresentará processo cumulativo em movimento ascendente dos fatores não econômicos Estes efeitos propulsores garantirão a direção positiva do crescimento econômico e social Na contramão desse processo os efeitos propulsores fracos não sendo capazes de vencer os efeitos regressivos culminarão no baixo nível de desenvolvimento econômico e social característico de países subdesenvolvidos Entretanto o autor chama a atenção para o fato de que um dos grandes complicadores com respeito à preservação da eficiência dos planos econômicos é a corrupção Ela está presente de forma institucionalizada nos países subdesenvolvidos e sua prática se torna ao mesmo tempo causa e consequência de sua abrangência A corrupção é amplamente notada nas relações de poder estabelecidas nesses países caracterizados por Myrdal como soft states Tais relações promovem governos ineficazes na manutenção da ordem e no cumprimento de suas próprias legislações o que acaba beneficiando grupos de indivíduos em detrimento do restante da população Dessa forma disseminamse práticas de poder discricionário entre o governo e as elites Estas últimas mantêm seus privilégios e oferecem grande resistência às políticas de redução de desigualdades HIRSCHMAN A trajetória de vida do autor nos ajuda a entender grande parte de sua produção científica caracterizada pela variedade de temas e diferentes formas de abordálos Dentre sua vasta bibliografia encontrase Estratégia do Desenvolvimento Econômico O livro publicado em 1958 trata do tema do desenvolvimento econômico dos países subdesenvolvidos mais precisamente de como colocálo em prática e está inserido no mesmo contexto histórico de outros estudos sobre o tema como o de RosensteinRodan 1943 e de Lewis 1954 apresentados nos capítulos anteriores deste trabalho qual seja o da reconstrução do mundo ocidental após a Segunda Guerra Mundial incluindo a industrialização dos países subdesenvolvidos Estratégia do Desenvolvimento Econômico é muito lembrado e citado na literatura econômica pela sua herança conceitual conhecida por encadeamentos para frente e para trás O conceito que exploraremos mais adiante seria a grande contribuição de Hirschman para as teorias do desenvolvimento econômico e para a economia em geral Influenciaria não só os acadêmicos como os agentes de política econômica No entanto é importante que se investiguem as origens de tal conceito e o contexto no qual ele foi criado para que o mesmo seja empregado de forma correta original e carregue todas as ideias que estão embutidas nele Hirschman inicia sua investigação sistemática sobre o problema do desenvolvimento econômico A primeira conclusão à qual o autor chega é a de que nos países subdesenvolvidos não havia escassez de fatores de produção Ou seja mais explicitamente não faltava capital trabalho recursos naturais ou qualquer outro fator que fosse de caráter psicológico ou antropológico para o desencadeamento de um processo de industrialização este associado diretamente ao desenvolvimento econômico desses países Mais importante do que o fato de haver ou não fatores de produção presentes em determinado país é a constatação do autor de que isso seria irrelevante no processo de desenvolvimento Hirschman argumenta que na falta de algum desses fatores uma sociedade em desenvolvimento conseguiria providenciálo Na verdade segundo ele existiria nos países subdesenvolvidos uma escassez disfarçada uma oferta subutilizada desses fatores de produção A grande vantagem desse tipo de abordagem do problema do desenvolvimento econômico tanto para a análise do processo quanto para a formulação de alguma estratégia segundo o próprio autor seria a de poupar tempo ao se cessar a busca inútil pelos inúmeros prérequisitos necessários ao desenvolvimento e ao se concentrar a atenção em apenas uma questão e a partir daí a pesquisa de Hirschman toma um rumo que a diferenciaria das outras teorias do desenvolvimento econômico então existentes A questão do autor então passa a ser saber como utilizar os fatores de produção subutilizados nessas economias como fazêlos saírem de trás de seus disfarces Se uma vez disparado o processo de desenvolvimento econômico os prérequisitos realmente aparecessem na sociedade o que se deveria procurar seria o modo de fazer com que esses prérequisitos aparecessem em maior número e intensidade No entanto segundo Hirschman conhecer o caminho correto a ser seguido na busca pela resposta ao problema do desenvolvimento econômico não significaria necessariamente trilhar o caminho mais fácil Se por um lado a percepção de que não faltavam fatores de produção para o desencadeamento do processo de desenvolvimento econômico nos países subdesenvolvidos evitaria armadilhas e pistas falsas na investigação por outro levaria o próprio investigador a lidar com questões desconhecidas inexploradas e por isso mesmo complicadas à primeira vista Da mesma forma conhecer os frutos do desenvolvimento econômico não implicaria para os países subdesenvolvidos conhecer os meios para colhêlos De acordo com Hirschman o que estaria em jogo num processo de desenvolvimento econômico não seria uma simples comparação de custos e lucros entre diferentes projetos de investimento No caso da igualdade entre poupança e investimento Hirschman argumenta que nas economias subdesenvolvidas ao contrário das desenvolvidas as decisões de poupança e investimento estariam intimamente ligadas ao mesmo tempo em que um aumento eventual da poupança se deveria muito mais a uma superação de alguma barreira ao investimento do que do aumento da renda per capta Sendo assim descrever o comportamento da poupança como fração da renda não seria a forma mais adequada de se tratar do assunto no caso de um processo de desenvolvimento econômico Hirschman conclui a sua busca sem sucesso no campo da economia do crescimento resumindo bem o tipo de relação contrastante entre os modelos de crescimento que tratam de economias desenvolvidas e as teorias do desenvolvimento econômico aplicáveis aos países subdesenvolvidos Hirschman define o investimento adicional como o investimento provocado diretamente por um investimento no período anterior De fato um aumento de investimento em um tipo de indústria A poderia pressionar o aumento da produção em outra indústria B pela pressão de demanda ou ainda pressionar o início ou mesmo aumento da produção na indústria C através da queda nos custos Esse efeito do investimento é o que o autor chama de efeito completivo do investimento Ele não seria relevante nos modelos de crescimento pois esses modelos considerariam o ajuste imediato marginal de uma nova oportunidade de investimento aberta por um investimento precedente Esse argumento faria sentido sim segundo o autor para economias desenvolvidas que produzissem praticamente todos os tipos de bens mas não faria sentido para economias subdesenvolvidas Sendo assim ao olharmos para o investimento adicional estaríamos abrindo uma nova porta na busca para o caminho do incentivo a novos investimentos em economias subdesenvolvidas Outra discussão muito frequente no debate acerca do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos se daria sobre a seqüência de investimentos a ser feita dentro da própria estrutura produtiva segundo o autor Tal discussão abre espaço finalmente para a introdução dos conceitos de encadeamentos para frente e para trás backward and forward linkages De acordo com Hirschman a análise da seqüência de investimentos a ser feita em estrutura produtiva nos países subdesenvolvidos guardaria estrita analogia com a análise feita anteriormente entre infraestrutura e estrutura produtiva o critério de seleção seria o mesmo qual seja a seqüência que promovesse o maior desequilíbrio proporcionando o aparecimento de investimentos induzidos Existiriam duas possibilidades de desenvolvimento para a estrutura produtiva a saber o derivado dos efeitos dos encadeamentos para trás e o derivado dos efeitos dos encadeamentos para frente A primeira se refere à pressão exercida pela demanda de atividades econômicas nãoprimárias por insumos que induziria a formação de indústrias fornecedoras desses insumos A segunda se refere à possibilidade que a implementação de atividades que não atendessem exclusivamente à procura final ofereceria ao aparecimento de novas atividades que usassem os produtos como insumos em sua produção LIST Uma das primeiras críticas teóricas feitas à Escola Clássica é de List na sua obra Sistema Nacional de Economia Política publicada em 1841 que constantemente denunciava a falta de noção histórica e a generalização das particularidades dos clássicos tachandoos de cosmopolitas Segundo List 1986 eles praticam uma ciência que ensina como a humanidade inteira pode atingir a prosperidade por meio da agricultura e do comércio ou melhor do livre comércio Seu alvo preferencial foi Smith seguido de Say afinal A riqueza das nações estava conquistando os meios acadêmicos e políticos como a Santa Inquisição conquistara a Espanha Os fundamentos dos clássicos estavam calcados no individualismo e no naturalismo para fazer frente a esses argumentos List 1986 ressaltou a nação Toda a minha estrutura está baseada na natureza da nacionalidade a qual é o interesse intermediário entre o individualismo e a humanidade inteira O que é a nação A nação a unidade nacional é o cimento aglutinador de um povo que é fundamentado na liberdade civil com instituições livres religiosa e política na pujança e na perseverança de seu povo com determinação ao trabalho nos nexos morais e éticos no farto material intelectual nos recursos naturais e no potencial de sua agricultura e sobretudo de sua indústria Para um país montar um parque industrial com capacidade para concorrer com os países que já atingiram elevado grau de desenvolvimento tecnológico é condição sine qua non proteger as indústrias enquanto estiverem com deficiências competitivas Para List 1986 o protecionismo9 age como estimulante em todos aqueles setores da indústria nacional cujos produtos embora possam ser obtidos com maior facilidade do exterior podem ser fabricados no próprio país Portanto esse era o método utilizado por List ou seja os fatos históricos concretos que levaram às conclusões que protecionismo liberdade civil e unidade territorial são condições necessárias para a constituição da nação E é justamente nesse ponto que está o erro da Escola Clássica pois ela ignora a própria natureza das nações procura excluir quase totalmente a política e o poder do Estado pressupõe a existência de um estado de paz perpétua e união universal subestima o valor de uma força manufatureira nacional e os meios para se atingir essa meta e exige liberdade absoluta de comércio List 1986 Os clássicos ao mesmo tempo que se fundamentam no individualismo pregam o cosmopolitismo imaginam a igualdade entre nações subestimando seu poder financeiro tecnológico e militar Outra crítica aos clássicos é o fato de não observarem a dicotomia entre a economia privada e a nacional Adam Smith ressaltava as benevolências da economia privada por meio da divisão técnica do trabalho geradora de produtividade e na mesma esteira desqualificava o trabalho intelectual classificandoo de improdutivo Apesar de exaltar o protecionismo List o defende apenas como um estágio necessário ao livre comércio mundial porque o sistema nacional se modifica de acordo com os estágios de progresso pelos quais cada país deve passar São três os estágios no primeiro o país adota o livre comércio com nações mais desenvolvidas como mecanismo de sair do estado de barbárie e para progredir na agricultura no segundo estágio adota o protecionismo para promover o crescimento das indústrias da pesca da navegação e do comércio exterior após atingir elevado grau de desenvolvimento econômico passa para o último estágio que é o livre comércio e a concorrência sem restrições afastando a indolência e a acomodação dos capitalistas nacionais List abomina qualquer projeto de nação conduzido pelos comerciantes porque se uma nação ficar submetida aos interesses dos comerciantes jamais constituirá sistema industrial integrado pois o comerciante importa venenos da mesma forma como importa remédios Ele enfraquece nações inteiras com o ópio e com licores alcoólicos Não lhe importa como homem de negócios se com suas importações e contrabandos dá ocupações e sustentos a centenas de milhares de cidadãos ou se com isso esses cidadãos são reduzidos à miséria Em tempo de guerra fornece ao inimigo armas e munições O comerciante segue a mesma lógica de todo capitalista acumulação pela acumulação e nesse caso a acumulação se dá por meio da comercialização de mercadorias sejam elas produzidas internamente ou importadas a procura será determinada pelo preço o List via a ferrovia como fator de integração nacional14 condição necessária para a formação da nação Defendia a construção de um Sistema Nacional de Linha Férrea para todo o Império Germânico e para a Europa e Ásia planejava uma interligação total por via férrea Seus planos foram executados em décadas posteriores com os adventos da Zollverein que estimulou a construção de ferrovias conduzindo à unidade nacional15 Segundo Landes 1994 se somarmos os investimentos sobre a demanda de bens de consumo parece lícito dizer que na década de 1840 a construção de ferrovias foi o mais importante estímulo isolado ao crescimento industrial da Europa Ocidental As estradas de ferro exigiam novos produtos e promoviam a inovação basta testemunhar a crescente habilidade para moldar e manipular grandes massas de metal Landes 1994 As teorias que deram sustentação ao modelo de substituição de importações e ao nacionaldesenvolvimentismo das décadas de 50 e 60 em parte foram baseadas no sistema nacional de List Da mesma forma que List Furtado tece elogios às políticas protecionistas implementadas por Hamilton nos Estados Unidos após as guerras da independência Furtado nunca o citou mas incorporou seu pensamento sem reconhecêlo ROSTOW Rostow propõe uma teoria dinâmica da produção baseada na observação de sociedades realmente existentes e não em modelos teóricos que consideram o desenvolvimento econômico como um processo de desdobramentos logicamente encadeados em etapas que se articulam Suas ideias foram influenciadas pela sucessão de diferentes momentos históricos que caracterizaram o desenvolvimento europeu tais como a Revolução Industrial a Segunda Guerra Mundial e a reconstrução no período do pós guerra O conceito de desenvolvimento segundo Rostow é vinculado ao crescimento econômico o qual se daria com a industrialização significando portanto modernização Nesse sentido sua perspectiva vai ao encontro da de outros autores clássicos que como Ragnar Nurse e Gunnar Myrdal construíram no mesmo período teorias sobre o subdesenvolvimento nitidamente marcadas pelas lentes políticas dos países capitalistas centrais Inserido nas discussões de sua época e reproduzindo um referencial amplamente aceito entre os economistas mais ortodoxos Rostow acreditava que o desenvolvimento econômico teria suas bases consolidadas através da intervenção setorial na economia de modo que o crescimento industrial se traduziria em modernização Rostow estabelece a possibilidade de desenvolvimento econômico em cinco etapas Tratase de EAD fases que um país deveria atravessar para atingir o desenvolvimento o que permitiria classificar as sociedades de acordo com seus estágios econômicos específicos A passagem de um estágio para outro envolveria alterações nos padrões de produção a partir do manejo de três fatores principais poupança investimento e consumo demanda Ao mesmo tempo Rostow parte do pressuposto de que para se obter uma nova ordem capitalista em nível internacional o desenvolvimento deve ser visto ideologicamente de forma que os países considerados desenvolvidos tivessem nele seu principal foco No que tange à primeira etapa essa se refere à sociedade tradicional a qual é definida em relação à sociedade moderna e se identifica liminarmente pela insuficiência de recursos Nesse sentido Rostow entende tratarse de uma economia baseada na produção rudimentar e tradicional que busca a subsistência e prioriza o trabalho cujos principais recursos provêm da agricultura e que não obtém senão limitada quantidade de capital De acordo com esta visão economicista a sociedade tradicional traduz se em incapacidade de produção de excedentes e consequentemente de acumulação sendo fadada a viver com limites bem precisos sem perspectivas de ascensão ao crescimento econômico Contudo acreditava Rostow que as mudanças sociais na sociedade tradicional estariam condicionadas a fatores internos ao passo que as sociedades que não sofressem tais evoluções e mudanças sociais as experimentariam graças à interferência de fatores externos como efeito dos processos de colonização por exemplo Na segunda etapa encontrase uma sociedade em processo de transição na qual surgem os primeiros sintomas do que o autor considera o princípio do arranco ou decolagem Diferentemente da primeira fase onde a produtividade é limitada nesta etapa buscase romper com os fatores que determinam rendimentos decrescentes sobretudo mediante o aumento da especialização do trabalho e a modernização tecnológica Ao mesmo tempo sugeremse mudanças relevantes nos itens relativos ao conhecimento na política e nos sistemas de valores os quais alavancariam a produtividade e consequentemente o desenvolvimento econômico Salientese que esta é considerada a etapa mais importante entre as descritas por Rostow pois ela sinaliza um marco para todas as demais as quais passam a ter suas características balizadas pelas configurações definidas nesse processo de transição No entanto como esta sociedade em transição ainda mantém características da sociedade tradicional a economia continua bastante limitada Apenas de forma incipiente começam a emergir os primeiros empreendimentos fator primordial para o desenvolvimento juntamente com a expansão dos comércios interno e externo em um Estado operativo capaz de incrementar as mudanças tecnológicas e socioculturais que a modernização exigiria Na terceira fase que o autor chama de arranco o desenvolvimento sobrepõe se às resistências e bloqueios que limitavam as mudanças econômicas e sociais já ocorridas na segunda fase Já não há amarras tecnológicas políticas institucionais morais etc que impeçam o desenvolvimento o qual é definido como uma revolução industrial Nesta etapa fomentase a industrialização e ocorre a migração de mão de obra predominantemente rural para o setor industrial Constroemse as bases da sociedade moderna não apenas do ponto de vista econômico mas também como alavanca para o surgimento de um novo sistema político institucional e social SARMENTO 2012 Da mesma forma também a quarta etapa que o autor chama de marcha para a maturidade agrega o aumento da tecnologia moderna o incentivo à produção e a busca pela diversificação de produtos A mão de obra reduzse ainda mais no campo em contraponto ao aumento da mão de obra especializada nos centros urbanos Assim graças a vários incentivos sobretudo por parte do Estado alguns bens anteriormente importados passam a ser produzidos internamente Consolidase aqui a ideia de que por meio da inovação técnica podese produzir tudo ou quase tudo e isso redunda no afloramento de novas áreas produtivas bem como na possibilidade de importação de novos produtos para o mercado SANTOS SILVA 2004 Na quinta e última etapa compreendida como era do consumo em massa Rostow completa seu modelo focando o consumo de uma sociedade industrial massificada que a partir do aumento da renda per capita estimula um sistema econômico centrado no consumo intensivo tanto de alimentos e vestuário quanto de bens duráveis Verificase por consequência além disso um aumento na busca por uma melhor distribuição de renda SANTOS SILVA 2004 Vale ressaltar que essas etapas não são separadas por demarcações nítidas no tempo As sobreposições são decorrência do modo como se processa a interação comercial e tecnológica entre as nações PERROUX Em um sistema de concorrência ou competição perfeita não existe nenhum elemento de dominação Mas na vida real sempre existe uma unidade dominante seja ela uma firma uma indústria um grupo econômico ou mesmo um país Para Tolosa 1972 esse é o cerne da Teoria a da Unidade Dominante de Perroux Essa Teoria pretende explicar como se comportam os agentes em mercados não competitivos Para chegar à Teoria dos Polos de Crescimento Perroux 1955 primeiro reformulou a noção de espaço econômico em sua obra Os Espaços Econômicos de 1950 considerando três classificações básicas a Espaço econômico definido como um plano ou programa b Espaço econômico definido como um campo de forças ou relações funcionais e c Espaço econômico definido com um agregado homogêneo O pressuposto de que o crescimento econômico não é observado em todos os pontos do espaço econômico mas sim em espaços específicos como na seguinte passagem O fato rude mas verdadeiro é o seguinte o crescimento não aparece simultaneamente em toda parte Ao contrário manifestase em pontos ou polos de crescimento com intensidades variáveis expandese por diversos canais e com efeitos finais variáveis sobre toda a economia Assim a primeira constatação de Perroux é que o processo de crescimento econômico não implica em equilíbrio como preconizava os economistas clássicos e neoclássicos mas este sim é um processo desequilibrado por natureza Três conceitos são fundamentais nesse trabalho de Perroux em 1955 O primeiro referese à indústria motriz definida como a indústria que tem a propriedade e capacidade de aumentar as vendas e as compras de serviços de outras indústrias ao aumentar as suas próprias vendas e compras de serviços produtivos As indústrias motrizes são indústrias novas que possuem também novas tecnologias contudo nada impede que as indústrias motrizes sejam de setores maduros já implantados O segundo conceito é a indústria movida que é a indústria na qual é impactada movida pela indústria motriz e o terceiro é o conceito de indústria chave entendida como a indústria que induz na totalidade de um conjunto por exemplo de uma economia nacional um acréscimo global de vendas Outra importante contribuição ao desenvolvimento do conceito de polo de crescimento é o conceito de polo de crescimento foi frequentemente mal interpretado sendo confundido com o conceito de indústriachave ou de indústria motriz Será em outro trabalho de Perroux em 1961 que esse conceito será mais bem esclarecido Assim descreve o conceito de polo de crescimento como um conjunto de unidades motrizes que criam efeitos de encadeamento sobre outros conjuntos definidos no espaço econômico e geográfico e ainda como uma unidade motriz num determinado meio Em seu clássico LEconomie du XXe siècle 1991 Perroux abre suas baterias contra o pensamento neoclássico que classifica como um universo da adaptação sem estratégia do contrato sem combate do equilíbrio sem arbitragens conscientes e também o universo de sujeitos imóveis e iguais tudo ao contrário do universo turbulento e belicoso das sociedades históricas habitadas pelo espírito de competição e dotadas de instituições livres 1991 p140 Para Perroux o modelo neoclássico no melhor dos casos valeria para os países do primeiro mundo e sob condições tão restritivas que o tornariam praticamente inaplicável Não obstante segundo ele tratase de aplicar este modelo aos países em desenvolvimento que só podem superar sua condição graças à atividade das suas elites e de suas populações coligadas para mudar seu meio ambiente a curto e longo prazo Perroux buscava uma terceira via que superasse o individualismo capitalista e o coletivismo marxista e possibilitasse uma estrutura econômica que favorecesse o autêntico desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo contribuindo para o desenvolvimento do conceito de polos de desenvolvimento se aproximando de autores como Gunnar Myrdal Raul Prebisch e Albert Hirschman entre outros Perroux era um profundo conhecedor de Marx mas rechaçava a dialética marxista de ruptura que levaria à catástrofe e ao aniquilamento do sistema se pronunciando por uma dialética de evolução admitindo a correlação de forças Para Perroux a despeito de considerar a análise marxista excelente e estimulante para o estudo dos grupos e indivíduos desfavorecidos julgava que ela aportava muito pouco à teoria e análise do desenvolvimento A teoria dos polos de crescimento foi bastante utilizada no Brasil no período de 19641998 época do regime militar que dominou o país Naquele momento começavam a se configurar os impasses do desenvolvimento e em função deles a crise do próprio projeto nacional de desenvolvimento que tantas esperanças haviam despertado no Brasil Começava a se tornar evidente que apesar de todos os êxitos estatísticos resultantes dos esforços governamentais até então realizados a evolução econômica e social em um país de capitalismo tardio e dependente se fazia em termos distintos daqueles que marcaram a expansão capitalista nos países desenvolvidos Uma das evidências desse fato era dada justamente pela tendência a forte e regressiva concentração tanto social quanto espacial da renda nacional Podem ser formuladas três considerações acerca da presente investigação A primeira diz respeito à importância da teoria dos polos na compreensão dos mecanismos que permitem a polarização das atividades industriais dentro de uma região Essa noção de polarização influenciou uma série de estudos que tiveram como pano de fundo objetivo a possibilidade de promover o crescimento econômico de regiões atrasadas ou deprimidas através da implantação de atividades A segunda de natureza instrumental que no Brasil consistiu no fornecimento do respaldo teórico para a política de desconcentração industrial do país inspirada pela ESG e capitaneada pelo Conselho Nacional do Petróleo CNP e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social BNDES que enfrentou acirrada resistência dos estados da região Sudeste comandados por São Paulo Por fim a terceira representada pela sua metamorfose e desdobramentos no âmbito do paradigma da especialização flexível pelos desdobramentos em associação com a economia neoschumpeteriana na base teórica dos clusters arranjos produtivos e meios inovativos entre outros Em assim sendo o pensamento e a contribuição de François Perroux continuam vivos e importantes no arsenal de instrumentos teóricos da ciência regional
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SOLICITEI UM RESUMO DOS AUTORES ABAIXO COM BASE NO MATERIAL EM ANEXO MAS O TUTOR SIMPLESMENTE COPIOU OS TRECHOS DOS ARQUIVOS SEM MUDAR NADA AGORA PRECISO QUE FAÇAM UMA MUDANÇA NESSES TRECHOS SUPRIMIDO DOS TEXTOS PARA QUE NÃO PAREÇA UMA SIMPLES CÓPIA NO ENTANTO CUIDANDO PARA NÃO PERDER O SENTIDO LEWIS O interesse pelos preços e pela distribuição do rendimento permaneceu na era neoclássica mas a oferta de mãodeobra deixou de ser ilimitada e já então não se esperava que um modelo formal de análise económica explicasse a expansão do sistema através do tempo A mudança de hipóteses e de interesses era bastante adequada Europa onde efetivamente havia limitação na oferta de mãodeobra obra e onde durante o meio século seguinte tinhase a impressão de que a expansão económica poderia ser vista como algo automático Por outro lado na maior parte da Ásia a oferta de trabalho é ilimitada e a expansão económica não pode ser tida como garantida No entanto os problemas da Ásia atraíram muito poucos economistas na era neoclássica os próprios economistas asiáticos absorveram as suposições e preocupações da economia europeia e durante quase um século não se fez nenhum progresso no tipo de economia que serviria para ilustrar os problemas dos países com excedentes populacionais Supondo uma oferta de trabalho ilimitada e tomandoa como hipótese útil Não pretendemos repetimos uma vez mais que isso seja válido para todas as regiões do mundo Certamente não o é para o Reino Unido e para a Europa Norte Ocidental Tão pouco é válido para alguns países considerados como subdesenvolvidos por exemplo verificase aguda escassez de trabalhadores em algumas partes da África e da América Latina Por outro lado é óbvio que esta hipótese se aplica para as economias do Egito Índia ou Jamaica A nossa finalidade não é superar a economia neoclássica mas simplesmente elaborar esquema diferente para aqueles países que não podem ser encaixados dentro das hipóteses neoclássicas nem keynesianas Em várias economias dispõese de uma oferta ilimitada de mãodeobra a um nível de subsistência este era o modelo clássico O modelo neoclássico incluindo o keynesiano fornece resultados erróneos quando aplicado a tais economias As principais fontes de onde procedem os trabalhadores à medida que avança o desenvolvimento económico são a agricultura de subsistência os trabalhos eventuais o pequeno comércio o serviço doméstico as mulheres e filhas que trabalham em casa e o aumento demográfico Na maioria destes sectores embora não em todos quando o país está superpovoado em relação a seus recursos naturais a produtividade marginal de trabalho é ínfima nula ou inclusive negativa O salário de subsistência ao qual está sujeito este excedente de mão deobra pode ser determinado por uma convenção sobre o mínimo necessário para subsistir ou pode ser igual ao produto médio per capita na agricultura de subsistência mais uma certa margem Numa economia como esta o emprego no sector capitalista expandese à medida que se realiza a formação de capital A formação de capital e o progresso técnico não resultam em salários crescentes mas na elevação da participação dos lucros na renda nacional O motivo pelo qual a poupança é baixa numa economia subdesenvolvida em relação à renda nacional não é a pobreza da população mas os pequenos lucros dos capitalistas em relação à renda nacional À medida que o sector capitalista se expande os lucros aumentam relativamente e uma proporção crescente do rendimento nacional é reinvestido O capital não é somente formado pelos lucros mas também pela expansão do crédito O custo real do capital gerado pela inflação é nulo neste modelo e este capital é tão útil como o gerado de modo mais respeitável ou seja através dos lucros A inflação pode ser cumulativa quando tem a finalidade de apropriarse dos recursos necessários a uma guerra mas a inflação que tem por finalidade criar capital produtivo é autodestrutiva Os preços aumentam à medida que se cria o capital e diminuem de novo à medida que o produto chega ao mercado O sector capitalista não pode assim expandirse indefinidamente visto que a acumulação de capital pode seguir mais depressa que o aumento da população Quando o excedente é esgotado os salários começam a subir acima do nível de subsistência No entanto o país continua cercado por outros países que possuem excedente de trabalho Consequentemente assim que os seus salários começarem a aumentar terá início a imigração em massa e a exportação de capital para conter o aumento A imigração em massa de mãodeobra não qualificada poderia inclusive aumentar o produto per capita mas seu efeito seria manter os salários de todos os países próximos ao nível de subsistência dos países mais pobres A exportação de capital reduz a formação de capital no interior do país mantendo assim baixos os salários Isto pode ser compensado quando a exportação de capital torna brutos os artigos que os trabalhadores importam ou quando eleva os custos dos salários dos países competidores Mas o facto é agravado quando a exportação de capital eleva o custo das importações ou reduz os custos de países competidores A importação de capital estrangeiro não eleva os salários reais dos países com excedente de trabalho a não ser que o capital proporcione um aumento de produtividade das mercadorias produzidas para consumo próprio A principal razão pela qual os produtos tropicais comerciais são tão baratos em termos do padrão de vida que proporcionam está na ineficiência da produção tropical de alimentos per capita Praticamente todos os lucros da maior eficiência das indústrias de exportação vão para as mãos do consumidor estrangeiro enquanto a elevação da eficiência na produção de alimentos do sector de subsistência encareceria automaticamente os produtos comerciais de exportação A Lei dos Custos Comparativos é tão válida para os países com excedente de trabalho como para os demais Mas enquanto nos últimos representa um fundamento válido dos argumentos a favor do livre comércio nos primeiros representa um fundamento igualmente válido dos argumentos protecionistas RODAN Paul N RosensteinRodan deu início à sua carreira profissional no campo da Economia através de estudos sobre a teoria austríaca da demanda do consumidor o que não chega a ser surpresa para quem estudou Economia em Viena na década de 1920 No entanto não é nessa área que se encontra sua contribuição mais conhecida e reconhecida para a literatura econômica RosensteinRodan é considerado um dos pioneiros das teorias do desenvolvimento econômico sendo inclusive o autor do artigo seminal desse ramo da Economia Em seus estudos sobre teoria econômica pura aparecem investigações acerca de conceitos como a complementaridade no consumo e na produção economias de escala e o papel do tempo nos ajustes econômicos Foi exatamente a partir da investigação desse último conceito que Rosenstein Rodan passou a se interessar por problemas relacionados ao desenvolvimento econômico O que o autor pretende mostrar grosso modo é que uma mudança nos dados poderia levar não só a uma mudança de um equilíbrio final para outro como também da trajetória em direção a esse novo equilíbrio Considerar a velocidade de ajustamento da economia como não instantânea abriria espaço para questionamentos acerca da própria existência de um equilíbrio da quantidade de equilíbrios possíveis e da estabilidade de um equilíbrio mas por outro lado não deixaria dúvidas quanto à importância do estudo da trajetória para se chegar a esse equilíbrio Ele faz uma analogia entre uma perseguição de um animal predador à sua presa e a trajetória de uma economia em direção ao equilíbrio sendo que o ponto de equilíbrio da economia a ser atingido seria representado pela presa Da mesma forma que o predador tem que recalcular sua melhor trajetória a cada movimento da presa durante a perseguição a análise da trajetória de uma economia em direção ao equilíbrio precisaria ser refeita a cada mudança nos dados ou seja a cada momento do tempo O primeiro modelo de industrialização apresentado por Rosenstein Rodan é o chamado modelo russo no qual a Europa Oriental e Sul Oriental se industrializaria por conta própria sem investimento internacional através da construção de todos os tipos de indústrias integradas verticalmente A esse modelo são apresentadas algumas objeções A primeira é a de que a economia da região teria um crescimento lento uma vez que o suprimento do capital teria de ser feito por fontes internas às custas do padrão de vida e do consumo da população implicando um esforço desnecessário à economia e à sociedade A segunda objeção à adoção do modelo russo é a de que ele causaria a redução da divisão internacional do trabalho através da criação de uma economia independente da economia mundial o que tornaria o mundo mais pobre como um todo Por fim a última objeção a esse modelo se refere ao grande desperdício de recursos que seria causado pela ociosidade de novas indústrias pesadas no âmbito da economia mundial O segundo modelo de industrialização apresentado por Rosenstein Rodan em seu texto é o de inserção da Europa Oriental e Sul Oriental na economia mundial através de investimentos internacionais ou empréstimos de capitais o que conservaria as vantagens da divisão internacional do trabalho e aumentaria a riqueza mundial O autor vê vantagens neste modelo em contraposição ao modelo russo A primeira vantagem seria um menor sacrifício do consumo na região e uma menor tensão social causada por um progresso mais rápido com o emprego lucrativo de mais trabalhadores provenientes da população agrária excedente A segunda vantagem da inserção da economia da região na economia mundial seria a boa aplicação dos princípios da divisão internacional do trabalho através da especialização das regiões deprimidas em indústrias leves intensivas em mãodeobra Finalmente a última vantagem apontada pelo autor seria a de um melhor aproveitamento das indústrias pesadas já existentes nos países ricos Logicamente Rosenstein Rodan propõe que seja adotado o segundo modelo É claro que esta forma de industrialização é preferível à autárquica É um grande empreendimento quase sem precedentes históricos O primeiro passo segundo o autor para a industrialização seria o de habilitar a mão deobra ou seja transformar camponeses em operários industriais O responsável pelo treinamento da mãodeobra deveria ser um conjunto de indústrias a ser criado o Truste Industrial da Europa Oriental TIEO isso porque não seria lucrativo para um empresário fazêlo individualmente No entanto o autor argumenta que o motivo mais importante para a criação do Truste como unidade de investimento planejado em larga escala seria a complementação das diferentes indústrias essa complementação reduziria o risco de insuficiência da demanda e consequentemente reduziria os custos associados a esse risco O exemplo que é apresentado no texto é o clássico caso da fábrica de sapatos que sozinha não consegue demanda suficiente para sua produção Entretanto ao serem criadas em seu entorno fábricas de meias camisas e calças ela consegue a demanda suficiente dos trabalhadores dessas outras fábricas Este seria um caso típico de economia externa horizontal RosensteinRodan argumenta que nas regiões de baixo padrão de vida seria relativamente fácil prever o perfil da demanda de trabalhadores outrora desempregados e dessa forma se apropriar das economias externas das indústrias complementares Outro tipo de economia externa que poderia ser criada com o advento da industrialização planejada em larga escala além da horizontal complementar de demanda seria a economia externa vertical Ela poderia aparecer tanto entre firmas do mesmo ramo industrial como entre firmas de diferentes ramos No caso da fábrica de sapatos poderíamos pensar nas indústrias de borracha e couro entre outras se integrando verticalmente a ela e propiciando o aparecimento das economias externas Mais uma vez RosensteinRodan chama a atenção para a especificidade das economias internacionais deprimidas nas quais devido ao seu caráter subdesenvolvido a instalação de indústrias integradas verticalmente poderia proporcionar o aparecimento das economias externas o que não seria razoável supor para uma economia desenvolvida NURSKE Nurkse foi um estudioso dos problemas econômicos internacionais Suas análises se caracterizavam por sólida fundamentação teórica e uma articulação consistente e equilibrada entre dados estatísticos teoria e aspectos históricos Nos anos que se seguiram ao pósguerra aproximouse sensivelmente da Escola Keynesiana Dedicou especial atenção ao exame dos movimentos internacionais do capital do comércio internacional e dos problemas do equilíbrio monetário internacional Nos últimos anos de vida dedicavase ao estudo do desenvolvimento Entre as contribuições de Nurkse para o estudo dos problemas do desenvolvimento destacamse a conceituação de subdesenvolvimento a identificação dos fatores responsáveis pela sua reiteração e as medidas necessárias para a superação dessa condição Para o autor o subdesenvolvimento é uma condição em que o capital é insuficiente para alocar a população e os recursos naturais disponíveis de forma a eficiente e produtiva Assim o subdesenvolvimento é basicamente um problema de baixo nível de acumulação de capital Segundo Nurkse a única forma de romper esse círculo vicioso é ampliar a renda o que implica incrementar a capacidade produtiva Do seu ponto de vista é a capacidade de produzir que determina a capacidade de compra e nos tempos atuais a industrialização é a única forma de ampliar aceleradamente a produção Mas para ele não é toda forma de industrialização que conduz ao desenvolvimento As vias de industrialização voltadas à produção de manufaturados destinados à exportação não oferecem perspectivas seguras de desenvolvimento Os efeitos positivos da industrialização se fazem sentir com mais intensidade quando ela se orienta para abastecer o mercado local Nesse caso o primeiro grande problema a ser enfrentado é a baixa produtividade da agricultura que é a responsável pelo baixo nível de renda do trabalhador rural e por um mercado de consumo de artigos manufaturados restrito Dessa forma fica evidente que o ritmo da industrialização depende de um processo simultâneo de incremento da produtividade agrícola sem a qual não se ampliam a renda e o consumo nem a oferta de produtos agrícolas necessários ao abastecimento urbano Como os ganhos de escala são muito importantes para o incremento da produtividade industrial devese buscar a ampliação da oferta para além das fronteiras do mercado interno por meio da abertura de novos mercados em outros países e acordos alfandegários com aqueles que se encontram em estágios próximos de desenvolvimento Como podemos observar Nurkse coloca em evidência que o desenvolvimento depende de um crescimento equilibrado entre os setores da economia Ele argumenta que se os setores da economia contribuírem de forma equilibrada para a expansão será possível obter taxas mais expressivas de crescimento Afirma que os defensores do crescimento baseado num setor dinâmico responsável pela indução de estímulos aos demais tendem a desprezar o fato Teorias do crescimento e do desenvolvimento 263 de que os setores da retaguarda econômica retiram dinamismo dos que seguem à frente comprometendo o desenvolvimento Os países subdesenvolvidos não podem sair dessa condição de forma natural e espontânea Segundo Nurkse existe um grau de crescimento econômico que quando ultrapassado tende a provocar um efeito em cadeia no qual os setores da economia passam a se estimular reciprocamente Enquanto esse limite não é superado inúmeras forças atuam no sentido de manter o crescimento abaixo do limiar de estagnação Assim a ação do Estado passa a ser decisiva pois ele reúne instrumentos e condições de mobilizar poupança coordenar e direcionar investimentos numa dimensão fora de alcance da iniciativa privada local Dessa forma os países pobres só podem superar o subdesenvolvimento por meio de uma política ativa do Estado na esfera econômica complementar aos empreendimentos da iniciativa privada MYRDAL As desigualdades por ele discutidas não se apresentam apenas como uma análise estatística nos níveis de renda per capita dos países mas como abismos que se formam em questões relacionadas à justiça social e na gama de instituições que emergem a partir daí Myrdal 1972a ressalta que as questões de justiça social estão relacionadas a medidas que mitiguem as deficiências existentes no padrão de vida de grande parcela da população mundial tais como a desnutrição a ausência de cobertura básica nas áreas de saúde educação habitação saneamento segurança e demais aspectos sociais Um dos elementos centrais da argumentação de Myrdal é a análise das inadequações institucionais observadas em muitos países Para ele esse é um aspecto central que os impedem de progredir no processo histórico lento e penoso do desenvolvimento econômico Sua expressiva atuação política nos anos 1930 e 1940 o capacitou a identificar determinados entraves cruciais ao desenvolvimento das nações como um todo Nesse sentido ele elaborou uma análise multidisciplinar e adaptada às idiossincrasias do mundo real ao invés de elaborar modelos formalizados de grande abstração teórica Por isso suas publicações são repletas de elementos de análise de natureza histórica política e sociológica Em conjunto os argumentos elaborados ao longo de sua vida acadêmica sustentam diversas proposições acerca dos problemas que impedem as nações de alcançarem o desenvolvimento podese afirmar que o caráter institucionalista de Myrdal está fundamentado na multidisciplinaridade presente em suas análises característica marcante de sua terceira fase Isso remete à questão de qual era a interpretação do autor sobre a teoria institucionalista à qual se aferrou Um elemento frequente no trabalho de Myrdal nessa fase é a crítica à corrente neoclássica e ao seu alto nível de abstração Para ele a economia ortodoxa estaria limitada a pressupostos irrealistas Ou seja suas análises não consideravam como relevantes os fatores não econômicos gerando assim resultados inaplicáveis ao mundo real Myrdal acreditava que haveria um rápido desenvolvimento da abordagem institucional e que essa corrente prevaleceria Afirmou que em dado momento haveria o rompimento entre as barreiras disciplinares em prol de análises mais complexas e realistas Para a autor a teoria ortodoxa poderia eventualmente ser considerada desinteressante e irrelevante De acordo com Myrdal 1970b a desigualdade posicionase no centro do debate acerca do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos uma vez que ela relaciona as questões sociais às econômicas O autor afirma que a desigualdade e a tendência de aumento da desigualdade formam um complexo de inibições e obstáculos ao desenvolvimento desses países 1970b p 50 tradução nossa14 Dessa forma tornase necessário não apenas reverter essa tendência como também criar as condições necessárias de igualdade para que o desenvolvimento seja impulsionado Myrdal expande o conceito de desigualdade para além da diferença na distribuição de renda e riqueza e trata o tema em termos de justiça social A desigualdade social pode ser assim definida como uma extrema falta de mobilidade social A desigualdade social é a causa principal da desigualdade econômica enquanto ao mesmo tempo a desigualdade econômica serve de base à desigualdade social Myrdal ressalta a importância de resgatar o debate acerca da desigualdade social e destaca que em geral a teoria tradicional restringiuse às análises sobre produção e trocas desviandose de questões sobre distribuição de renda As razões para esse direcionamento teórico são diversas e Myrdal ressalta duas em especial A primeira seria a separação teórica16 entre produção e distribuição ocorrida a partir das análises de John Stuart Mill e adotada também pela corrente neoclássica Dessa forma a esfera produtiva obteve destaque entre os teóricos adeptos ao laissezfaire enquanto que a distributiva foi um tema evitado devido ao incômodo político que causava Para Myrdal a separação entre produção e distribuição segue um raciocínio ilógico O autor afirma que não há estudos empíricos relevantes que comprovem tal dicotomia ou que relacionem taxas de poupança e eficiência do trabalho a níveis diferentes de desigualdade Afirma ainda que os dois temas estariam fortemente interligados no sistema macroeconômico uma vez que o crescimento da produção é précondição para que haja maior distribuição Em suma a redução das desigualdades sociais é parte do sistema que sustenta o crescimento econômico Por sua vez quando aliado à melhoria dos índices sociais o crescimento econômico culmina no desenvolvimento da nação fenômeno já observado nos países desenvolvidos considerados Estados de bemestar social Segundo Myrdal para que haja promoção do desenvolvimento econômico todos os fatores devem ser analisados na realidade não há problemas econômicos sociológicos psicológicos etc mas apenas problemas e todos eles são complexos No nível macroeconômico os fatores que caracterizam o subdesenvolvimento tais como desigualdade pobreza violência e precariedade nas áreas da saúde educação e moradia estão interligados e se acumulam ao longo do tempo de forma circular afetando uns aos outros indissociavelmente A correlação entre os efeitos regressivos e propulsores e o nível de desenvolvimento de um país dáse de forma que quanto mais desenvolvida for uma região ou um país mais fortes serão os efeitos propulsores Ao alcançar determinado patamar de desenvolvimento econômico o país também apresentará processo cumulativo em movimento ascendente dos fatores não econômicos Estes efeitos propulsores garantirão a direção positiva do crescimento econômico e social Na contramão desse processo os efeitos propulsores fracos não sendo capazes de vencer os efeitos regressivos culminarão no baixo nível de desenvolvimento econômico e social característico de países subdesenvolvidos Entretanto o autor chama a atenção para o fato de que um dos grandes complicadores com respeito à preservação da eficiência dos planos econômicos é a corrupção Ela está presente de forma institucionalizada nos países subdesenvolvidos e sua prática se torna ao mesmo tempo causa e consequência de sua abrangência A corrupção é amplamente notada nas relações de poder estabelecidas nesses países caracterizados por Myrdal como soft states Tais relações promovem governos ineficazes na manutenção da ordem e no cumprimento de suas próprias legislações o que acaba beneficiando grupos de indivíduos em detrimento do restante da população Dessa forma disseminamse práticas de poder discricionário entre o governo e as elites Estas últimas mantêm seus privilégios e oferecem grande resistência às políticas de redução de desigualdades HIRSCHMAN A trajetória de vida do autor nos ajuda a entender grande parte de sua produção científica caracterizada pela variedade de temas e diferentes formas de abordálos9 Dentre sua vasta bibliografia encontrase Estratégia do Desenvolvimento Econômico O livro publicado em 1958 trata do tema do desenvolvimento econômico dos países subdesenvolvidos mais precisamente de como colocálo em prática e está inserido no mesmo contexto histórico de outros estudos sobre o tema como o de RosensteinRodan 1943 e de Lewis 1954 apresentados nos capítulos anteriores deste trabalho qual seja o da reconstrução do mundo ocidental após a Segunda Guerra Mundial incluindo a industrialização dos países subdesenvolvidos Estratégia do Desenvolvimento Econômico é muito lembrado e citado na literatura econômica pela sua herança conceitual conhecida por encadeamentos para frente e para trás O conceito que exploraremos mais adiante seria a grande contribuição de Hirschman para as teorias do desenvolvimento econômico e para a economia em geral Influenciaria não só os acadêmicos como os agentes de política econômica No entanto é importante que se investiguem as origens de tal conceito e o contexto no qual ele foi criado para que o mesmo seja empregado de forma correta original e carregue todas as idéias que estão embutidas nele Hirschman inicia sua investigação sistemática sobre o problema do desenvolvimento econômico A primeira conclusão à qual o autor chega é a de que nos países subdesenvolvidos não havia escassez de fatores de produção Ou seja mais explicitamente não faltava capital trabalho recursos naturais ou qualquer outro fator que fosse de caráter psicológico ou antropológico para o desencadeamento de um processo de industrialização este associado diretamente ao desenvolvimento econômico desses países Mais importante do que o fato de haver ou não fatores de produção presentes em determinado país é a constatação do autor de que isso seria irrelevante no processo de desenvolvimento Hirschman argumenta que na falta de algum desses fatores uma sociedade em desenvolvimento conseguiria providenciálo Na verdade segundo ele existiria nos países subdesenvolvidos uma escassez disfarçada uma oferta subutilizada desses fatores de produção A grande vantagem desse tipo de abordagem do problema do desenvolvimento econômico tanto para a análise do processo quanto para a formulação de alguma estratégia segundo o próprio autor seria a de poupar tempo ao se cessar a busca inútil pelos inúmeros prérequisitos necessários ao desenvolvimento e ao se concentrar a atenção em apenas uma questão e a partir daí a pesquisa de Hirschman toma um rumo que a diferenciaria das outras teorias do desenvolvimento econômico então existentes A questão do autor então passa a ser saber como utilizar os fatores de produção subutilizados nessas economias como fazêlos saírem de trás de seus disfarces Se uma vez disparado o processo de desenvolvimento econômico os prérequisitos realmente aparecessem na sociedade o que se deveria procurar seria o modo de fazer com que esses prérequisitos aparecessem em maior número e intensidade No entanto segundo Hirschman conhecer o caminho correto a ser seguido na busca pela resposta ao problema do desenvolvimento econômico não significaria necessariamente trilhar o caminho mais fácil Se por um lado a percepção de que não faltavam fatores de produção para o desencadeamento do processo de desenvolvimento econômico nos países subdesenvolvidos evitaria armadilhas e pistas falsas na investigação por outro levaria o próprio investigador a lidar com questões desconhecidas inexploradas e por isso mesmo complicadas à primeira vista Da mesma forma conhecer os frutos do desenvolvimento econômico não implicaria para os países subdesenvolvidos conhecer os meios para colhêlos De acordo com Hirschman o que estaria em jogo num processo de desenvolvimento econômico não seria uma simples comparação de custos e lucros entre diferentes projetos de investimento No caso da igualdade entre poupança e investimento Hirschman argumenta que nas economias subdesenvolvidas ao contrário das desenvolvidas as decisões de poupança e investimento estariam intimamente ligadas ao mesmo tempo em que um aumento eventual da poupança se deveria muito mais a uma superação de alguma barreira ao investimento do que do aumento da renda per capta Sendo assim descrever o comportamento da poupança como fração da renda não seria a forma mais adequada de se tratar do assunto no caso de um processo de desenvolvimento econômico Hirschman conclui a sua busca sem sucesso no campo da economia do crescimento resumindo bem o tipo de relação contrastante entre os modelos de crescimento que tratam de economias desenvolvidas e as teorias do desenvolvimento econômico aplicáveis aos países subdesenvolvidos Hirschman define o investimento adicional como o investimento provocado diretamente por um investimento no período anterior De fato um aumento de investimento em um tipo de indústria A poderia pressionar o aumento da produção em outra indústria B pela pressão de demanda ou ainda pressionar o início ou mesmo aumento da produção na indústria C através da queda nos custos Esse efeito do investimento é o que o autor chama de efeito completivo do investimento Ele não seria relevante nos modelos de crescimento pois esses modelos considerariam o ajuste imediato marginal de uma nova oportunidade de investimento aberta por um investimento precedente Esse argumento faria sentido sim segundo o autor para economias desenvolvidas que produzissem praticamente todos os tipos de bens mas não faria sentido para economias subdesenvolvidas Sendo assim ao olharmos para o investimento adicional estaríamos abrindo uma nova porta na busca para o caminho do incentivo a novos investimentos em economias subdesenvolvidas Outra discussão muito frequente no debate acerca do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos se daria sobre a seqüência de investimentos a ser feita dentro da própria estrutura produtiva segundo o autor Tal discussão abre espaço finalmente para a introdução dos conceitos de encadeamentos para frente e para trás backward and forward linkages De acordo com Hirschman a análise da seqüência de investimentos a ser feita em estrutura produtiva nos países subdesenvolvidos guardaria estrita analogia com a análise feita anteriormente entre infra estrutura e estrutura produtiva o critério de seleção seria o mesmo qual seja a seqüência que promovesse o maior desequilíbrio proporcionando o aparecimento de investimentos induzidos Existiriam duas possibilidades de desenvolvimento para a estrutura produtiva a saber o derivado dos efeitos dos encadeamentos para trás e o derivado dos efeitos dos encadeamentos para frente A primeira se refere à pressão exercida pela demanda de atividades econômicas nãoprimárias por insumos que induziria a formação de indústrias fornecedoras desses insumos A segunda se refere à possibilidade que a implementação de atividades que não atendessem exclusivamente à procura final ofereceria ao aparecimento de novas atividades que usassem os produtos como insumos em sua produção LIST Uma das primeiras críticas teóricas feitas à Escola Clássica é de List na sua obra Sistema Nacional de Economia Política publicada em 1841 que constantemente denunciava a falta de noção histórica e a generalização das particularidades dos clássicos tachandoos de cosmopolitas Segundo List 1986 eles praticam uma ciência que ensina como a humanidade inteira pode atingir a prosperidade por meio da agricultura e do comércio ou melhor do livre comércio Seu alvo preferencial foi Smith seguido de Say afinal A riqueza das nações estava conquistando os meios acadêmicos e políticos como a Santa Inquisição conquistara a Espanha Os fundamentos dos clássicos estavam calcados no individualismo e no naturalismo para fazer frente a esses argumentos List 1986 ressaltou a nação Toda a minha estrutura está baseada na natureza da nacionalidade a qual é o interesse intermediário entre o individualismo e a humanidade inteira O que é a nação A nação a unidade nacional é o cimento aglutinador de um povo que é fundamentado na liberdade civil com instituições livres religiosa e política na pujança e na perseverança de seu povo com determinação ao trabalho nos nexos morais e éticos no farto material intelectual nos recursos naturais e no potencial de sua agricultura e sobretudo de sua indústria Para um país montar um parque industrial com capacidade para concorrer com os países que já atingiram elevado grau de desenvolvimento tecnológico é condição sine qua non proteger as indústrias enquanto estiverem com deficiências competitivas Para List 1986 o protecionismo9 age como estimulante em todos aqueles setores da indústria nacional cujos produtos embora possam ser obtidos com maior facilidade do exterior podem ser fabricados no próprio país Portanto esse era o método utilizado por List ou seja os fatos históricos concretos que levaram às conclusões que protecionismo liberdade civil e unidade territorial são condições necessárias para a constituição da nação E é justamente nesse ponto que está o erro da Escola Clássica pois ela ignora a própria natureza das nações procura excluir quase totalmente a política e o poder do Estado pressupõe a existência de um estado de paz perpétua e união universal subestima o valor de uma força manufatureira nacional e os meios para se atingir essa meta e exige liberdade absoluta de comércio List 1986 Os clássicos ao mesmo tempo que se fundamentam no individualismo pregam o cosmopolitismo imaginam a igualdade entre nações subestimando seu poder financeiro tecnológico e militar Outra crítica aos clássicos é o fato de não observarem a dicotomia entre a economia privada e a nacional Adam Smith ressaltava as benevolências da economia privada por meio da divisão técnica do trabalho geradora de produtividade e na mesma esteira desqualificava o trabalho intelectual classificandoo de improdutivo Apesar de exaltar o protecionismo List o defende apenas como um estágio necessário ao livre comércio mundial porque o sistema nacional se modifica de acordo com os estágios de progresso pelos quais cada país deve passar São três os estágios no primeiro o país adota o livre comércio com nações mais desenvolvidas como mecanismo de sair do estado de barbárie e para progredir na agricultura no segundo estágio adota o protecionismo para promover o crescimento das indústrias da pesca da navegação e do comércio exterior após atingir elevado grau de desenvolvimento econômico passa para o último estágio que é o livre comércio e a concorrência sem restrições afastando a indolência e a acomodação dos capitalistas nacionais List abomina qualquer projeto de nação conduzido pelos comerciantes porque se uma nação ficar submetida aos interesses dos comerciantes jamais constituirá sistema industrial integrado pois o comerciante importa venenos da mesma forma como importa remédios Ele enfraquece nações inteiras com o ópio e com licores alcoólicos Não lhe importa como homem de negócios se com suas importações e contrabandos dá ocupações e sustentos a centenas de milhares de cidadãos ou se com isso esses cidadãos são reduzidos à miséria Em tempo de guerra fornece ao inimigo armas e munições O comerciante segue a mesma lógica de todo capitalista acumulação pela acumulação e nesse caso a acumulação se dá por meio da comercialização de mercadorias sejam elas produzidas internamente ou importadas a procura será determinada pelo preço o List via a ferrovia como fator de integração nacional14 condição necessária para a formação da nação Defendia a construção de um Sistema Nacional de Linha Férrea para todo o Império Germânico e para a Europa e Ásia planejava uma interligação total por via férrea Seus planos foram executados em décadas posteriores com os adventos da Zollverein que estimulou a construção de ferrovias conduzindo à unidade nacional15 Segundo Landes 1994 se somarmos os investimentos sobre a demanda de bens de consumo parece lícito dizer que na década de 1840 a construção de ferrovias foi o mais importante estímulo isolado ao crescimento industrial da Europa Ocidental As estradas de ferro exigiam novos produtos e promoviam a inovação basta testemunhar a crescente habilidade para moldar e manipular grandes massas de metal Landes 1994 As teorias que deram sustentação ao modelo de substituição de importações e ao nacionaldesenvolvimentismo das décadas de 50 e 60 em parte foram baseadas no sistema nacional de List Da mesma forma que List Furtado tece elogios às políticas protecionistas implementadas por Hamilton nos Estados Unidos após as guerras da independência Furtado nunca o citou mas incorporou seu pensamento sem reconhecêlo ROSTOW Rostow propõe uma teoria dinâmica da produção baseada na observação de sociedades realmente existentes e não em modelos teóricos que consideram o desenvolvimento econômico como um processo de desdobramentos logicamente encadeados em etapas que se articulam Suas ideias foram influenciadas pela sucessão de diferentes momentos históricos que caracterizaram o desenvolvimento europeu tais como a Revolução Industrial a Segunda Guerra Mundial e a reconstrução no período do pós guerra O conceito de desenvolvimento segundo Rostow é vinculado ao crescimento econômico o qual se daria com a industrialização significando portanto modernização Nesse sentido sua perspectiva vai ao encontro da de outros autores clássicos que como Ragnar Nurse e Gunnar Myrdal construíram no mesmo período teorias sobre o subdesenvolvimento nitidamente marcadas pelas lentes políticas dos países capitalistas centrais Inserido nas discussões de sua época e reproduzindo um referencial amplamente aceito entre os economistas mais ortodoxos Rostow acreditava que o desenvolvimento econômico teria suas bases consolidadas através da intervenção setorial na economia de modo que o crescimento industrial se traduziria em modernização Rostow estabelece a possibilidade de desenvolvimento econômico em cinco etapas Tratase de EAD fases que um país deveria atravessar para atingir o desenvolvimento o que permitiria classificar as sociedades de acordo com seus estágios econômicos específicos A passagem de um estágio para outro envolveria alterações nos padrões de produção a partir do manejo de três fatores principais poupança investimento e consumo demanda Ao mesmo tempo Rostow parte do pressuposto de que para se obter uma nova ordem capitalista em nível internacional o desenvolvimento deve ser visto ideologicamente de forma que os países considerados desenvolvidos tivessem nele seu principal foco No que tange à primeira etapa esta se refere à sociedade tradicional a qual é definida em relação à sociedade moderna e se identifica liminarmente pela insuficiência de recursos Nesse sentido Rostow entende tratarse de uma economia baseada na produção rudimentar e tradicional que busca a subsistência e prioriza o trabalho cujos principais recursos provêm da agricultura e que não obtém senão limitada quantidade de capital De acordo com esta visão economicista a sociedade tradicional traduz se em incapacidade de produção de excedentes e consequentemente de acumulação sendo fadada a viver com limites bem precisos sem perspectivas de ascensão ao crescimento econômico Contudo acreditava Rostow que as mudanças sociais na sociedade tradicional estariam condicionadas a fatores internos ao passo que as sociedades que não sofressem tais evoluções e mudanças sociais as experimentariam graças à interferência de fatores externos como efeito dos processos de colonização por exemplo Na segunda etapa encontrase uma sociedade em processo de transição na qual surgem os primeiros sintomas do que o autor considera o princípio do arranco ou decolagem Diferentemente da primeira fase onde a produtividade é limitada nesta etapa buscase romper com os fatores que determinam rendimentos decrescentes sobretudo mediante o aumento da especialização do trabalho e a modernização tecnológica Ao mesmo tempo sugeremse mudanças relevantes nos itens relativos ao conhecimento na política e nos sistemas de valores os quais alavancariam a produtividade e consequentemente o desenvolvimento econômico EAD 14 Salientese que esta é considerada a etapa mais importante entre as descritas por Rostow pois ela sinaliza um marco para todas as demais as quais passam a ter suas características balizadas pelas configurações definidas nesse processo de transição No entanto como esta sociedade em transição ainda mantém características da sociedade tradicional a economia continua bastante limitada Apenas de forma incipiente começam a emergir os primeiros empreendimentos fator primordial para o desenvolvimento juntamente com a expansão dos comércios interno e externo em um Estado operativo capaz de incrementar as mudanças tecnológicas e socioculturais que a modernização exigiria Na terceira fase que o autor chama de arranco o desenvolvimento sobrepõe se às resistências e bloqueios que limitavam as mudanças econômicas e sociais já ocorridas na segunda fase Já não há amarras tecnológicas políticas institucionais morais etc que impeçam o desenvolvimento o qual é definido como uma revolução industrial Nesta etapa fomentase a industrialização e ocorre a migração de mão de obra predominantemente rural para o setor industrial Constroemse as bases da sociedade moderna não apenas do ponto de vista econômico mas também como alavanca para o surgimento de um novo sistema político institucional e social SARMENTO 2012 Da mesma forma também a quarta etapa que o autor chama de marcha para a maturidade agrega o aumento da tecnologia moderna o incentivo à produção e a busca pela diversificação de produtos A mão de obra reduzse ainda mais no campo em contraponto ao aumento da mão de obra especializada nos centros urbanos Assim graças a vários incentivos sobretudo por parte do Estado alguns bens anteriormente importados passam a ser produzidos internamente Consolidase aqui a ideia de que por meio da inovação técnica podese produzir tudo ou quase tudo e isso redunda no afloramento de novas áreas produtivas bem como na possibilidade de importação de novos produtos para o mercado SANTOS SILVA 2004 Na quinta e última etapa compreendida como era do consumo em massa Rostow completa seu modelo focando o consumo de uma sociedade industrial massificada que a partir do aumento da renda per capita estimula um sistema econômico centrado no consumo intensivo tanto de alimentos e vestuário quanto de bens duráveis Verificase por consequência além disso um aumento na busca por uma melhor distribuição de renda SANTOS SILVA 2004 Vale ressaltar que essas etapas não são separadas por demarcações nítidas no tempo As sobreposições são decorrência do modo como se processa a interação comercial e tecnológica entre as nações PERROUX Em um sistema de concorrência ou competição perfeita não existe nenhum elemento de dominação Mas na vida real sempre existe uma unidade dominante seja ela uma firma uma indústria um grupo econômico ou mesmo um país Para Tolosa 1972 esse é o cerne da Teoria a da Unidade Dominante de Perroux Essa Teoria pretende explicar como se comportam os agentes em mercados não competitivos Para chegar à Teoria dos Polos de Crescimento Perroux 1955 primeiro reformulou a noção de espaço econômico em sua obra Os Espaços Econômicos de 1950 considerando três classificações básicas a Espaço econômico definido como um plano ou programa b Espaço econômico definido como um campo de forças ou relações funcionais e c Espaço econômico definido com um agregado homogêneo o do pressuposto de que o crescimento econômico não é observado em todos os pontos do espaço econômico mas sim em espaços específicos como na seguinte passagem O fato rude mas verdadeiro é o seguinte o crescimento não aparece simultaneamente em toda parte Ao contrário manifestase em pontos ou polos de crescimento com intensidades variáveis expandese por diversos canais e com efeitos finais variáveis sobre toda a economia Assim a primeira constatação de Perroux é que o processo de crescimento econômico não implica em equilíbrio como preconizava os economistas clássicos e neoclássicos mas este sim é um processo desequilibrado por natureza Três conceitos são fundamentais nesse trabalho de Perroux em 1955 O primeiro referese à indústria motriz definida como a indústria que tem a propriedade e capacidade de aumentar as vendas e as compras de serviços de outras indústrias ao aumentar as suas próprias vendas e compras de serviços produtivos As indústrias motrizes são indústrias novas que possuem também novas tecnologias contudo nada impede que as indústrias motrizes sejam de setores maduros já implantados O segundo conceito é a indústria movida que é a indústria na qual é impactada movida pela indústria motriz e o terceiro é o conceito de indústria chave entendida como a indústria que induz na totalidade de um conjunto por exemplo de uma economia nacional um acréscimo global de vendas Outra importante contribuição ao desenvolvimento do conceito de polo de crescimento é o conceito de polo de crescimento foi frequentemente mal interpretado sendo confundido com o conceito de indústriachave ou de indústria motriz Será em outro trabalho de Perroux em 1961 que esse conceito será mais bem esclarecido Assim descreve o conceito de polo de crescimento como um conjunto de unidades motrizes que criam efeitos de encadeamento sobre outros conjuntos definidos no espaço econômico e geográfico e ainda como uma unidade motriz num determinado meio Em seu clássico LEconomie du XXe siècle 1991 Perroux abre suas baterias contra o pensamento neoclássico que classifica como um universo da adaptação sem estratégia do contrato sem combate do equilíbrio sem arbitragens conscientes e também o universo de sujeitos imóveis e iguais tudo ao contrário do universo turbulento e belicoso das sociedades históricas habitadas pelo espírito de competição e dotadas de instituições livres 1991 p140 Para Perroux o modelo neoclássico no melhor dos casos valeria para os países do primeiro mundo e sob condições tão restritivas que o tornariam praticamente inaplicável Não obstante segundo ele tratase de aplicar este modelo aos países em desenvolvimento que só podem superar sua condição graças à atividade das suas elites e de suas populações coligadas para mudar seu meio ambiente a curto e longo prazo Perroux buscava uma terceira via que superasse o individualismo capitalista e o coletivismo marxista e possibilitasse uma estrutura econômica que favorecesse o autêntico desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo contribuindo para o desenvolvimento do conceito de polos de desenvolvimento se aproximando de autores como Gunnar Myrdal Raul Prebisch e Albert Hirschman entre outros Perroux era um profundo conhecedor de Marx mas rechaçava a dialética marxista de ruptura que levaria à catástrofe e ao aniquilamento do sistema se pronunciando por uma dialética de evolução admitindo a correlação de forças Para Perroux a despeito de considerar a análise marxista excelente e estimulante para o estudo dos grupos e indivíduos desfavorecidos julgava que ela aportava muito pouco à teoria e análise do desenvolvimento A teoria dos polos de crescimento foi bastante utilizada no Brasil no período de 19641998 época do regime militar que dominou o país Naquele momento começavam a se configurar os impasses do desenvolvimento e em função deles a crise do próprio projeto nacional de desenvolvimento que tantas esperanças haviam despertado no Brasil Começava a se tornar evidente que apesar de todos os êxitos estatísticos resultantes dos esforços governamentais até então realizados a evolução econômica e social em um país de capitalismo tardio e dependente se fazia em termos distintos daqueles que marcaram a expansão capitalista nos países desenvolvidos Uma das evidências desse fato era dada justamente pela tendência a forte e regressiva concentração tanto social quanto espacial da renda nacional Podem ser formuladas três considerações acerca da presente investigação A primeira diz respeito à importância da teoria dos polos na compreensão dos mecanismos que permitem a polarização das atividades industriais dentro de uma região Essa noção de polarização influenciou uma série de estudos que tiveram como pano de fundo objetivo a possibilidade de promover o crescimento econômico de regiões atrasadas ou deprimidas através da implantação de atividades A segunda de natureza instrumental que no Brasil consistiu no fornecimento do respaldo teórico para a política de desconcentração industrial do país inspirada pela ESG e capitaneada pelo Conselho Nacional do Petróleo CNP e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social BNDES que enfrentou acirrada resistência dos estados da região Sudeste comandados por São Paulo Por fim a terceira representada pela sua metamorfose e desdobramentos no âmbito do paradigma da especialização flexível pelos desdobramentos em associação com a economia neoschumpeteriana na base teórica dos clusters arranjos produtivos e meios inovativos entre outros Em assim sendo o pensamento e a contribuição de François Perroux continuam vivos e importantes no arsenal de instrumentos teóricos da ciência regional SOLICITEI UM RESUMO DOS AUTORES ABAIXO COM BASE NO MATERIAL EM ANEXO MAS O TUTOR SIMPLESMENTE COPIOU OS TRECHOS DOS ARQUIVOS SEM MUDAR NADA AGORA PRECISO QUE FAÇAM UMA MUDANÇA NESSES TRECHOS SUPRIMIDO DOS TEXTOS PARA QUE NÃO PAREÇA UMA SIMPLES CÓPIA NO ENTANTO CUIDANDO PARA NÃO PERDER O SENTIDO LEWIS O interesse pelos preços e pela distribuição do rendimento permaneceu na era neoclássica mas a oferta de mão de obra deixou de ser ilimitada e já então não se esperava que um modelo formal de análise económica explicasse a expansão do sistema através do tempo A mudança de hipóteses e de interesses eram bastantes adequados na Europa onde efetivamente havia limitação na oferta de mão de obra e onde durante o meio século seguinte tinhase a impressão de que a expansão económica poderia ser vista como algo automático Por outro lado na maior parte da Ásia a oferta de trabalho é ilimitada e a expansão económica não pode ser tida como garantida No entanto os problemas da Ásia atraíram muito poucos economistas na era neoclássica os próprios economistas asiáticos absorveram as suposições e preocupações da economia europeia e durante quase um século não se fez nenhum progresso no tipo de economia que serviria para ilustrar os problemas dos países com excedentes populacionais Supondo uma oferta de trabalho ilimitada e tomandoa como hipótese útil Não pretendemos repetimos uma vez mais que isso seja válido para todas as regiões do mundo Certamente não é para o Reino Unido e para a Europa Norte Ocidental Tão pouco é válido para alguns países considerados como subdesenvolvidos por exemplo verificase escassez de trabalhadores em algumas partes da África e da América Latina Por outro lado é óbvio que esta hipótese se aplica para as economias do Egito Índia ou Jamaica A nossa finalidade não é superar a economia neoclássica mas simplesmente elaborar esquema diferente para aqueles países que não podem ser encaixados dentro das hipóteses neoclássicas Em várias economias dispõese de uma oferta ilimitada de mão de obra a um nível de subsistência este era o modelo clássico O modelo neoclássico fornece resultados erróneos quando aplicado a tais economias As principais fontes de onde procedem os trabalhadores à medida que avança o desenvolvimento económico são a agricultura de subsistência os trabalhos eventuais o pequeno comércio o serviço doméstico as mulheres e filhas que trabalham em casa e o aumento demográfico Na maioria destes setores embora não em todos quando o país está superpovoado em relação a seus recursos naturais a produtividade marginal de trabalho é ínfima nula ou inclusive negativa O salário de subsistência ao qual está sujeito este excedente de mão de obra pode ser determinado por uma convenção sobre o mínimo necessário para subsistir ou pode ser igual ao produto médio per capita na agricultura de subsistência mais uma certa margem Numa economia como esta o emprego no sector capitalista expandese à medida que se realiza a formação de capital A formação de capital e o progresso técnico não resultam em salários crescentes mas na elevação da participação dos lucros na renda nacional O motivo pelo qual a poupança é baixa numa economia subdesenvolvida em relação à renda nacional não é a pobreza da população mas os pequenos lucros dos capitalistas em relação à renda nacional À medida que o sector capitalista se expande os lucros aumentam relativamente e uma proporção crescente do rendimento nacional é reinvestido O capital não é somente formado pelos lucros mas também pela expansão do crédito O custo real do capital gerado pela inflação é nulo neste modelo e este capital é tão útil como o gerado de modo mais respeitável ou seja através dos lucros A inflação pode ser cumulativa quando tem a finalidade de apropriarse dos recursos necessários a uma guerra mas a inflação que tem por finalidade criar capital produtivo é autodestrutiva Os preços aumentam à medida que se cria o capital e diminuem de novo à medida que o produto chega ao mercado O sector capitalista não pode assim expandirse indefinidamente visto que a acumulação de capital pode seguir mais depressa que o aumento da população Quando o excedente é esgotado os salários começam a subir acima do nível de subsistência No entanto o país continua cercado por outros países que possuem excedente de trabalho Consequentemente assim que os seus salários começarem a aumentar terá início a imigração em massa e a exportação de capital para conter o aumento A imigração em massa de mãodeobra não qualificada poderia inclusive aumentar o produto per capita mas seu efeito seria manter os salários de todos os países próximos ao nível de subsistência dos países mais pobres A exportação de capital reduz a formação de capital no interior do país mantendo assim baixos os salários Isto pode ser compensado quando a exportação de capital torna brutos os artigos que os trabalhadores importam ou quando eleva os custos dos salários dos países competidores Mas o facto é agravado quando a exportação de capital eleva o custo das importações ou reduz os custos de países competidores A importação de capital estrangeiro não eleva os salários reais dos países com excedente de trabalho a não ser que o capital proporcione um aumento de produtividade das mercadorias produzidas para consumo próprio A principal razão pela qual os produtos tropicais comerciais são tão baratos em termos do padrão de vida que proporcionam está na ineficiência da produção tropical de alimentos per capita Praticamente todos os lucros da maior eficiência das indústrias de exportação vão para as mãos do consumidor estrangeiro enquanto a elevação da eficiência na produção de alimentos do sector de subsistência encareceria automaticamente os produtos comerciais de exportação A Lei dos Custos Comparativos é tão válida para os países com excedente de trabalho como para os demais Mas enquanto nos últimos representa um fundamento válido dos argumentos a favor do livre comércio nos primeiros representa um fundamento igualmente válido dos argumentos protecionistas RODAN Paul N RosensteinRodan iniciou sua carreira profissional no campo da Economia através de estudos sobre a teoria austríaca da demanda do consumidor No entanto não é nessa área que se encontra sua contribuição mais conhecida e reconhecida para a literatura econômica Rosenstein Rodan é considerado um dos pioneiros das teorias do desenvolvimento econômico sendo inclusive o autor do artigo seminal desse ramo da Economia Em seus estudos sobre teoria econômica pura aparecem investigações acerca de conceitos como a complementaridade no consumo e na produção economias de escala e o papel do tempo nos ajustes econômicos Foi exatamente a partir da investigação desse último conceito que Rosenstein Rodan passou a se interessar por problemas relacionados ao desenvolvimento econômico O que o autor pretende mostrar é que uma mudança nos dados poderia levar não só a uma mudança de um equilíbrio final para outro como também da trajetória em direção a esse novo equilíbrio Considerar a velocidade de ajustamento da economia como não instantânea abriria espaço para questionamentos acerca da própria existência de um equilíbrio da quantidade de equilíbrios possíveis e da estabilidade de um equilíbrio mas por outro lado não deixaria dúvidas quanto à importância do estudo da trajetória para se chegar a esse equilíbrio Rodan faz uma analogia entre uma perseguição de um animal predador à sua presa e a trajetória de uma economia em direção ao equilíbrio sendo que o ponto de equilíbrio da economia a ser atingido seria representado pela presa Da mesma forma que o predador tem que recalcular sua melhor trajetória a cada movimento da presa durante a perseguição a análise da trajetória de uma economia em direção ao equilíbrio precisaria ser refeita a cada mudança nos dados ou seja a cada momento do tempo O primeiro modelo de industrialização apresentado por Rosenstein Rodan é o chamado modelo russo no qual a Europa Oriental e Sul Oriental se industrializaria por conta própria sem investimento internacional através da construção de todos os tipos de indústrias integradas verticalmente A esse modelo são apresentadas algumas objeções A primeira é a de que a economia da região teria um crescimento lento uma vez que o suprimento do capital teria de ser feito por fontes internas às custas do padrão de vida e do consumo da população implicando um esforço desnecessário à economia e à sociedade A segunda objeção à adoção do modelo russo é a de que ele causaria a redução da divisão internacional do trabalho através da criação de uma economia independente da economia mundial o que tornaria o mundo mais pobre como um todo Por fim a última objeção a esse modelo se refere ao grande desperdício de recursos que seria causado pela ociosidade de novas indústrias pesadas no âmbito da economia mundial O segundo modelo de industrialização apresentado por Rosenstein Rodan em seu texto é o de inserção da Europa Oriental e Sul Oriental na economia mundial através de investimentos internacionais ou empréstimos de capitais o que conservaria as vantagens da divisão internacional do trabalho e aumentaria a riqueza mundial O autor vê vantagens neste modelo em contraposição ao modelo russo A primeira vantagem seria um menor sacrifício do consumo na região e uma menor tensão social causada por um progresso mais rápido com o emprego lucrativo de mais trabalhadores provenientes da população agrária excedente A segunda vantagem da inserção da economia da região na economia mundial seria a boa aplicação dos princípios da divisão internacional do trabalho através da especialização das regiões deprimidas em indústrias leves intensivas em mão de obra Finalmente a última vantagem apontada pelo autor seria a de um melhor aproveitamento das indústrias pesadas já existentes nos países ricos Logicamente RosensteinRodan propõe que seja adotado o segundo modelo É claro que esta forma de industrialização é preferível à autárquica É um grande empreendimento quase sem precedentes históricos O primeiro passo segundo o autor para a industrialização seria o de habilitar a mão de obra ou seja transformar camponeses em operários industriais O responsável pelo treinamento da mão de obra deveria ser um conjunto de indústrias a ser criado o Truste Industrial da Europa Oriental TIEO isso porque não seria lucrativo para um empresário fazêlo individualmente No entanto o autor argumenta que o motivo mais importante para a criação do Truste como unidade de investimento planejado em larga escala seria a complementação das diferentes indústrias essa complementação reduziria o risco de insuficiência da demanda e consequentemente reduziria os custos associados a esse risco O exemplo que é apresentado no texto é o clássico caso da fábrica de sapatos que sozinha não consegue demanda suficiente para sua produção Entretanto ao serem criadas em seu entorno fábricas de meias camisas e calças ela consegue a demanda suficiente dos trabalhadores dessas outras fábricas Este seria um caso típico de economia externa horizontal Rodan argumenta que nas regiões de baixo padrão de vida seria relativamente fácil prever o perfil da demanda de trabalhadores outrora desempregados e dessa forma se apropriar das economias externas das indústrias complementares Outro tipo de economia externa que poderia ser criada com o advento da industrialização planejada em larga escala além da horizontal complementar de demanda seria a economia externa vertical Ela poderia aparecer tanto entre firmas do mesmo ramo industrial como entre firmas de diferentes ramos No caso da fábrica de sapatos poderíamos pensar nas indústrias de borracha e couro entre outras se integrando verticalmente a ela e propiciando o aparecimento das economias externas Mais uma vez RosensteinRodan chama a atenção para a especificidade das economias internacionais deprimidas nas quais devido ao seu caráter subdesenvolvido a instalação de indústrias integradas verticalmente poderia proporcionar o aparecimento das economias externas o que não seria razoável supor para uma economia desenvolvida NURSKE Nurkse foi um estudioso dos problemas econômicos internacionais Suas análises se caracterizavam por sólida fundamentação teórica e uma articulação consistente e equilibrada entre dados estatísticos teoria e aspectos históricos Nos anos que se seguiram ao pósguerra aproximouse sensivelmente da Escola Keynesiana Dedicou especial atenção ao exame dos movimentos internacionais do capital do comércio internacional e dos problemas do equilíbrio monetário internacional Nos últimos anos de vida dedicavase ao estudo do desenvolvimento Entre as contribuições de Nurkse para o estudo dos problemas do desenvolvimento destacamse a conceituação de subdesenvolvimento a identificação dos fatores responsáveis pela sua reiteração e as medidas necessárias para a superação dessa condição Para o autor o subdesenvolvimento é uma condição em que o capital é insuficiente para alocar a população e os recursos naturais disponíveis de forma a eficiente e produtiva Assim o subdesenvolvimento é basicamente um problema de baixo nível de acumulação de capital Segundo Nurkse a única forma de romper esse círculo vicioso é ampliar a renda o que implica incrementar a capacidade produtiva Do seu ponto de vista é a capacidade de produzir que determina a capacidade de compra e nos tempos atuais a industrialização é a única forma de ampliar aceleradamente a produção Mas para ele não é toda forma de industrialização que conduz ao desenvolvimento As vias de industrialização voltadas à produção de manufaturados destinados à exportação não oferecem perspectivas seguras de desenvolvimento Os efeitos positivos da industrialização se fazem sentir com mais intensidade quando ela se orienta para abastecer o mercado local Nesse caso o primeiro grande problema a ser enfrentado é a baixa produtividade da agricultura que é a responsável pelo baixo nível de renda do trabalhador rural e por um mercado de consumo de artigos manufaturados restrito Dessa forma fica evidente que o ritmo da industrialização depende de um processo simultâneo de incremento da produtividade agrícola sem a qual não se ampliam a renda e o consumo nem a oferta de produtos agrícolas necessários ao abastecimento urbano Como os ganhos de escala são muito importantes para o incremento da produtividade industrial devese buscar a ampliação da oferta para além das fronteiras do mercado interno por meio da abertura de novos mercados em outros países e acordos alfandegários com aqueles que se encontram em estágios próximos de desenvolvimento Como podemos observar Nurkse coloca em evidência que o desenvolvimento depende de um crescimento equilibrado entre os setores da economia Ele argumenta que se os setores da economia contribuírem de forma equilibrada para a expansão será possível obter taxas mais expressivas de crescimento Afirma que os defensores do crescimento baseado num setor dinâmico responsável pela indução de estímulos aos demais tendem a desprezar o fato Teorias do crescimento e do desenvolvimento 263 de que os setores da retaguarda econômica retiram dinamismo dos que seguem à frente comprometendo o desenvolvimento Os países subdesenvolvidos não podem sair dessa condição de forma natural e espontânea Segundo Nurkse existe um grau de crescimento econômico que quando ultrapassado tende a provocar um efeito em cadeia no qual os setores da economia passam a se estimular reciprocamente Enquanto esse limite não é superado inúmeras forças atuam no sentido de manter o crescimento abaixo do limiar de estagnação Assim a ação do Estado passa a ser decisiva pois ele reúne instrumentos e condições de mobilizar poupança coordenar e direcionar investimentos numa dimensão fora de alcance da iniciativa privada local Dessa forma os países pobres só podem superar o subdesenvolvimento por meio de uma política ativa do Estado na esfera econômica complementar aos empreendimentos da iniciativa privada MYRDAL As desigualdades por ele discutidas não se apresentam apenas como uma análise estatística nos níveis de renda per capita dos países mas como abismos que se formam em questões relacionadas à justiça social e na gama de instituições que emergem a partir daí Myrdal 1972 a ressalta que as questões de justiça social estão relacionadas a medidas que mitiguem as deficiências existentes no padrão de vida de grande parcela da população mundial tais como a desnutrição a ausência de cobertura básica nas áreas de saúde educação habitação saneamento segurança e demais aspectos sociais Um dos elementos centrais da argumentação de Myrdal é a análise das inadequações institucionais observadas em muitos países Para ele esse é um aspecto central que os impedem de progredir no processo histórico lento e penoso do desenvolvimento econômico Sua expressiva atuação política nos anos 1930 e 1940 o capacitou a identificar determinados entraves cruciais ao desenvolvimento das nações como um todo Nesse sentido ele elaborou uma análise multidisciplinar e adaptada às idiossincrasias do mundo real ao invés de elaborar modelos formalizados de grande abstração teórica Por isso suas publicações são repletas de elementos de análise de natureza histórica política e sociológica Em conjunto os argumentos elaborados ao longo de sua vida acadêmica sustentam diversas proposições acerca dos problemas que impedem as nações de alcançarem o desenvolvimento podese afirmar que o caráter institucionalista de Myrdal está fundamentado na multidisciplinaridade presente em suas análises característica marcante de sua terceira fase Isso remete à questão de qual era a interpretação do autor sobre a teoria institucionalista à qual se aferrou Um elemento frequente no trabalho de Myrdal nessa fase é a crítica à corrente neoclássica e ao seu alto nível de abstração Para ele a economia ortodoxa estaria limitada a pressupostos irrealistas Ou seja suas análises não consideravam como relevantes os fatores não econômicos gerando assim resultados inaplicáveis ao mundo real Myrdal acreditava que haveria um rápido desenvolvimento da abordagem institucional e que essa corrente prevaleceria Afirmou que em dado momento haveria o rompimento entre as barreiras disciplinares em prol de análises mais complexas e realistas Para a autor a teoria ortodoxa poderia eventualmente ser considerada desinteressante e irrelevante De acordo com Myrdal 1970 b a desigualdade posicionase no centro do debate acerca do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos uma vez que ela relaciona as questões sociais às econômicas O autor afirma que a desigualdade e a tendência de aumento da desigualdade formam um complexo de inibições e obstáculos ao desenvolvimento desses países 1970 b p 50 tradução nossa Dessa forma tornase necessário não apenas reverter essa tendência como também criar as condições necessárias de igualdade para que o desenvolvimento seja impulsionado Myrdal expande o conceito de desigualdade para além da diferença na distribuição de renda e riqueza e trata o tema em termos de justiça social A desigualdade social pode ser assim definida como uma extrema falta de mobilidade social A desigualdade social é a causa principal da desigualdade econômica enquanto ao mesmo tempo a desigualdade econômica serve de base à desigualdade social Myrdal ressalta a importância de resgatar o debate acerca da desigualdade social e destaca que em geral a teoria tradicional restringiuse às análises sobre produção e trocas desviandose de questões sobre distribuição de renda As razões para esse direcionamento teórico são diversas e Myrdal ressalta duas em especial A primeira seria a separação teórica entre produção e distribuição ocorrida a partir das análises de John Stuart Mill e adotada também pela corrente neoclássica Dessa forma a esfera produtiva obteve destaque entre os teóricos adeptos ao laissezfaire enquanto que a distributiva foi um tema evitado devido ao incômodo político que causava Para Myrdal a separação entre produção e distribuição segue um raciocínio ilógico O autor afirma que não há estudos empíricos relevantes que comprovem tal dicotomia ou que relacionem taxas de poupança e eficiência do trabalho a níveis diferentes de desigualdade Afirma ainda que os dois temas estariam fortemente interligados no sistema macroeconômico uma vez que o crescimento da produção é précondição para que haja maior distribuição Em suma a redução das desigualdades sociais é parte do sistema que sustenta o crescimento econômico Por sua vez quando aliado à melhoria dos índices sociais o crescimento econômico culmina no desenvolvimento da nação fenômeno já observado nos países desenvolvidos considerados Estados de bemestar social Segundo Myrdal para que haja promoção do desenvolvimento econômico todos os fatores devem ser analisados na realidade não há problemas econômicos sociológicos psicológicos etc mas apenas problemas e todos eles são complexos No nível macroeconômico os fatores que caracterizam o subdesenvolvimento tais como desigualdade pobreza violência e precariedade nas áreas da saúde educação e moradia estão interligados e se acumulam ao longo do tempo de forma circular afetando uns aos outros indissociavelmente A correlação entre os efeitos regressivos e propulsores e o nível de desenvolvimento de um país dáse de forma que quanto mais desenvolvida for uma região ou um país mais fortes serão os efeitos propulsores Ao alcançar determinado patamar de desenvolvimento econômico o país também apresentará processo cumulativo em movimento ascendente dos fatores não econômicos Estes efeitos propulsores garantirão a direção positiva do crescimento econômico e social Na contramão desse processo os efeitos propulsores fracos não sendo capazes de vencer os efeitos regressivos culminarão no baixo nível de desenvolvimento econômico e social característico de países subdesenvolvidos Entretanto o autor chama a atenção para o fato de que um dos grandes complicadores com respeito à preservação da eficiência dos planos econômicos é a corrupção Ela está presente de forma institucionalizada nos países subdesenvolvidos e sua prática se torna ao mesmo tempo causa e consequência de sua abrangência A corrupção é amplamente notada nas relações de poder estabelecidas nesses países caracterizados por Myrdal como soft states Tais relações promovem governos ineficazes na manutenção da ordem e no cumprimento de suas próprias legislações o que acaba beneficiando grupos de indivíduos em detrimento do restante da população Dessa forma disseminamse práticas de poder discricionário entre o governo e as elites Estas últimas mantêm seus privilégios e oferecem grande resistência às políticas de redução de desigualdades HIRSCHMAN A trajetória de vida do autor nos ajuda a entender grande parte de sua produção científica caracterizada pela variedade de temas e diferentes formas de abordálos Dentre sua vasta bibliografia encontrase Estratégia do Desenvolvimento Econômico O livro publicado em 1958 trata do tema do desenvolvimento econômico dos países subdesenvolvidos mais precisamente de como colocálo em prática e está inserido no mesmo contexto histórico de outros estudos sobre o tema como o de RosensteinRodan 1943 e de Lewis 1954 apresentados nos capítulos anteriores deste trabalho qual seja o da reconstrução do mundo ocidental após a Segunda Guerra Mundial incluindo a industrialização dos países subdesenvolvidos Estratégia do Desenvolvimento Econômico é muito lembrado e citado na literatura econômica pela sua herança conceitual conhecida por encadeamentos para frente e para trás O conceito que exploraremos mais adiante seria a grande contribuição de Hirschman para as teorias do desenvolvimento econômico e para a economia em geral Influenciaria não só os acadêmicos como os agentes de política econômica No entanto é importante que se investiguem as origens de tal conceito e o contexto no qual ele foi criado para que o mesmo seja empregado de forma correta original e carregue todas as ideias que estão embutidas nele Hirschman inicia sua investigação sistemática sobre o problema do desenvolvimento econômico A primeira conclusão à qual o autor chega é a de que nos países subdesenvolvidos não havia escassez de fatores de produção Ou seja mais explicitamente não faltava capital trabalho recursos naturais ou qualquer outro fator que fosse de caráter psicológico ou antropológico para o desencadeamento de um processo de industrialização este associado diretamente ao desenvolvimento econômico desses países Mais importante do que o fato de haver ou não fatores de produção presentes em determinado país é a constatação do autor de que isso seria irrelevante no processo de desenvolvimento Hirschman argumenta que na falta de algum desses fatores uma sociedade em desenvolvimento conseguiria providenciálo Na verdade segundo ele existiria nos países subdesenvolvidos uma escassez disfarçada uma oferta subutilizada desses fatores de produção A grande vantagem desse tipo de abordagem do problema do desenvolvimento econômico tanto para a análise do processo quanto para a formulação de alguma estratégia segundo o próprio autor seria a de poupar tempo ao se cessar a busca inútil pelos inúmeros prérequisitos necessários ao desenvolvimento e ao se concentrar a atenção em apenas uma questão e a partir daí a pesquisa de Hirschman toma um rumo que a diferenciaria das outras teorias do desenvolvimento econômico então existentes A questão do autor então passa a ser saber como utilizar os fatores de produção subutilizados nessas economias como fazêlos saírem de trás de seus disfarces Se uma vez disparado o processo de desenvolvimento econômico os prérequisitos realmente aparecessem na sociedade o que se deveria procurar seria o modo de fazer com que esses prérequisitos aparecessem em maior número e intensidade No entanto segundo Hirschman conhecer o caminho correto a ser seguido na busca pela resposta ao problema do desenvolvimento econômico não significaria necessariamente trilhar o caminho mais fácil Se por um lado a percepção de que não faltavam fatores de produção para o desencadeamento do processo de desenvolvimento econômico nos países subdesenvolvidos evitaria armadilhas e pistas falsas na investigação por outro levaria o próprio investigador a lidar com questões desconhecidas inexploradas e por isso mesmo complicadas à primeira vista Da mesma forma conhecer os frutos do desenvolvimento econômico não implicaria para os países subdesenvolvidos conhecer os meios para colhêlos De acordo com Hirschman o que estaria em jogo num processo de desenvolvimento econômico não seria uma simples comparação de custos e lucros entre diferentes projetos de investimento No caso da igualdade entre poupança e investimento Hirschman argumenta que nas economias subdesenvolvidas ao contrário das desenvolvidas as decisões de poupança e investimento estariam intimamente ligadas ao mesmo tempo em que um aumento eventual da poupança se deveria muito mais a uma superação de alguma barreira ao investimento do que do aumento da renda per capta Sendo assim descrever o comportamento da poupança como fração da renda não seria a forma mais adequada de se tratar do assunto no caso de um processo de desenvolvimento econômico Hirschman conclui a sua busca sem sucesso no campo da economia do crescimento resumindo bem o tipo de relação contrastante entre os modelos de crescimento que tratam de economias desenvolvidas e as teorias do desenvolvimento econômico aplicáveis aos países subdesenvolvidos Hirschman define o investimento adicional como o investimento provocado diretamente por um investimento no período anterior De fato um aumento de investimento em um tipo de indústria A poderia pressionar o aumento da produção em outra indústria B pela pressão de demanda ou ainda pressionar o início ou mesmo aumento da produção na indústria C através da queda nos custos Esse efeito do investimento é o que o autor chama de efeito completivo do investimento Ele não seria relevante nos modelos de crescimento pois esses modelos considerariam o ajuste imediato marginal de uma nova oportunidade de investimento aberta por um investimento precedente Esse argumento faria sentido sim segundo o autor para economias desenvolvidas que produzissem praticamente todos os tipos de bens mas não faria sentido para economias subdesenvolvidas Sendo assim ao olharmos para o investimento adicional estaríamos abrindo uma nova porta na busca para o caminho do incentivo a novos investimentos em economias subdesenvolvidas Outra discussão muito frequente no debate acerca do desenvolvimento dos países subdesenvolvidos se daria sobre a seqüência de investimentos a ser feita dentro da própria estrutura produtiva segundo o autor Tal discussão abre espaço finalmente para a introdução dos conceitos de encadeamentos para frente e para trás backward and forward linkages De acordo com Hirschman a análise da seqüência de investimentos a ser feita em estrutura produtiva nos países subdesenvolvidos guardaria estrita analogia com a análise feita anteriormente entre infraestrutura e estrutura produtiva o critério de seleção seria o mesmo qual seja a seqüência que promovesse o maior desequilíbrio proporcionando o aparecimento de investimentos induzidos Existiriam duas possibilidades de desenvolvimento para a estrutura produtiva a saber o derivado dos efeitos dos encadeamentos para trás e o derivado dos efeitos dos encadeamentos para frente A primeira se refere à pressão exercida pela demanda de atividades econômicas nãoprimárias por insumos que induziria a formação de indústrias fornecedoras desses insumos A segunda se refere à possibilidade que a implementação de atividades que não atendessem exclusivamente à procura final ofereceria ao aparecimento de novas atividades que usassem os produtos como insumos em sua produção LIST Uma das primeiras críticas teóricas feitas à Escola Clássica é de List na sua obra Sistema Nacional de Economia Política publicada em 1841 que constantemente denunciava a falta de noção histórica e a generalização das particularidades dos clássicos tachandoos de cosmopolitas Segundo List 1986 eles praticam uma ciência que ensina como a humanidade inteira pode atingir a prosperidade por meio da agricultura e do comércio ou melhor do livre comércio Seu alvo preferencial foi Smith seguido de Say afinal A riqueza das nações estava conquistando os meios acadêmicos e políticos como a Santa Inquisição conquistara a Espanha Os fundamentos dos clássicos estavam calcados no individualismo e no naturalismo para fazer frente a esses argumentos List 1986 ressaltou a nação Toda a minha estrutura está baseada na natureza da nacionalidade a qual é o interesse intermediário entre o individualismo e a humanidade inteira O que é a nação A nação a unidade nacional é o cimento aglutinador de um povo que é fundamentado na liberdade civil com instituições livres religiosa e política na pujança e na perseverança de seu povo com determinação ao trabalho nos nexos morais e éticos no farto material intelectual nos recursos naturais e no potencial de sua agricultura e sobretudo de sua indústria Para um país montar um parque industrial com capacidade para concorrer com os países que já atingiram elevado grau de desenvolvimento tecnológico é condição sine qua non proteger as indústrias enquanto estiverem com deficiências competitivas Para List 1986 o protecionismo9 age como estimulante em todos aqueles setores da indústria nacional cujos produtos embora possam ser obtidos com maior facilidade do exterior podem ser fabricados no próprio país Portanto esse era o método utilizado por List ou seja os fatos históricos concretos que levaram às conclusões que protecionismo liberdade civil e unidade territorial são condições necessárias para a constituição da nação E é justamente nesse ponto que está o erro da Escola Clássica pois ela ignora a própria natureza das nações procura excluir quase totalmente a política e o poder do Estado pressupõe a existência de um estado de paz perpétua e união universal subestima o valor de uma força manufatureira nacional e os meios para se atingir essa meta e exige liberdade absoluta de comércio List 1986 Os clássicos ao mesmo tempo que se fundamentam no individualismo pregam o cosmopolitismo imaginam a igualdade entre nações subestimando seu poder financeiro tecnológico e militar Outra crítica aos clássicos é o fato de não observarem a dicotomia entre a economia privada e a nacional Adam Smith ressaltava as benevolências da economia privada por meio da divisão técnica do trabalho geradora de produtividade e na mesma esteira desqualificava o trabalho intelectual classificandoo de improdutivo Apesar de exaltar o protecionismo List o defende apenas como um estágio necessário ao livre comércio mundial porque o sistema nacional se modifica de acordo com os estágios de progresso pelos quais cada país deve passar São três os estágios no primeiro o país adota o livre comércio com nações mais desenvolvidas como mecanismo de sair do estado de barbárie e para progredir na agricultura no segundo estágio adota o protecionismo para promover o crescimento das indústrias da pesca da navegação e do comércio exterior após atingir elevado grau de desenvolvimento econômico passa para o último estágio que é o livre comércio e a concorrência sem restrições afastando a indolência e a acomodação dos capitalistas nacionais List abomina qualquer projeto de nação conduzido pelos comerciantes porque se uma nação ficar submetida aos interesses dos comerciantes jamais constituirá sistema industrial integrado pois o comerciante importa venenos da mesma forma como importa remédios Ele enfraquece nações inteiras com o ópio e com licores alcoólicos Não lhe importa como homem de negócios se com suas importações e contrabandos dá ocupações e sustentos a centenas de milhares de cidadãos ou se com isso esses cidadãos são reduzidos à miséria Em tempo de guerra fornece ao inimigo armas e munições O comerciante segue a mesma lógica de todo capitalista acumulação pela acumulação e nesse caso a acumulação se dá por meio da comercialização de mercadorias sejam elas produzidas internamente ou importadas a procura será determinada pelo preço o List via a ferrovia como fator de integração nacional14 condição necessária para a formação da nação Defendia a construção de um Sistema Nacional de Linha Férrea para todo o Império Germânico e para a Europa e Ásia planejava uma interligação total por via férrea Seus planos foram executados em décadas posteriores com os adventos da Zollverein que estimulou a construção de ferrovias conduzindo à unidade nacional15 Segundo Landes 1994 se somarmos os investimentos sobre a demanda de bens de consumo parece lícito dizer que na década de 1840 a construção de ferrovias foi o mais importante estímulo isolado ao crescimento industrial da Europa Ocidental As estradas de ferro exigiam novos produtos e promoviam a inovação basta testemunhar a crescente habilidade para moldar e manipular grandes massas de metal Landes 1994 As teorias que deram sustentação ao modelo de substituição de importações e ao nacionaldesenvolvimentismo das décadas de 50 e 60 em parte foram baseadas no sistema nacional de List Da mesma forma que List Furtado tece elogios às políticas protecionistas implementadas por Hamilton nos Estados Unidos após as guerras da independência Furtado nunca o citou mas incorporou seu pensamento sem reconhecêlo ROSTOW Rostow propõe uma teoria dinâmica da produção baseada na observação de sociedades realmente existentes e não em modelos teóricos que consideram o desenvolvimento econômico como um processo de desdobramentos logicamente encadeados em etapas que se articulam Suas ideias foram influenciadas pela sucessão de diferentes momentos históricos que caracterizaram o desenvolvimento europeu tais como a Revolução Industrial a Segunda Guerra Mundial e a reconstrução no período do pós guerra O conceito de desenvolvimento segundo Rostow é vinculado ao crescimento econômico o qual se daria com a industrialização significando portanto modernização Nesse sentido sua perspectiva vai ao encontro da de outros autores clássicos que como Ragnar Nurse e Gunnar Myrdal construíram no mesmo período teorias sobre o subdesenvolvimento nitidamente marcadas pelas lentes políticas dos países capitalistas centrais Inserido nas discussões de sua época e reproduzindo um referencial amplamente aceito entre os economistas mais ortodoxos Rostow acreditava que o desenvolvimento econômico teria suas bases consolidadas através da intervenção setorial na economia de modo que o crescimento industrial se traduziria em modernização Rostow estabelece a possibilidade de desenvolvimento econômico em cinco etapas Tratase de EAD fases que um país deveria atravessar para atingir o desenvolvimento o que permitiria classificar as sociedades de acordo com seus estágios econômicos específicos A passagem de um estágio para outro envolveria alterações nos padrões de produção a partir do manejo de três fatores principais poupança investimento e consumo demanda Ao mesmo tempo Rostow parte do pressuposto de que para se obter uma nova ordem capitalista em nível internacional o desenvolvimento deve ser visto ideologicamente de forma que os países considerados desenvolvidos tivessem nele seu principal foco No que tange à primeira etapa essa se refere à sociedade tradicional a qual é definida em relação à sociedade moderna e se identifica liminarmente pela insuficiência de recursos Nesse sentido Rostow entende tratarse de uma economia baseada na produção rudimentar e tradicional que busca a subsistência e prioriza o trabalho cujos principais recursos provêm da agricultura e que não obtém senão limitada quantidade de capital De acordo com esta visão economicista a sociedade tradicional traduz se em incapacidade de produção de excedentes e consequentemente de acumulação sendo fadada a viver com limites bem precisos sem perspectivas de ascensão ao crescimento econômico Contudo acreditava Rostow que as mudanças sociais na sociedade tradicional estariam condicionadas a fatores internos ao passo que as sociedades que não sofressem tais evoluções e mudanças sociais as experimentariam graças à interferência de fatores externos como efeito dos processos de colonização por exemplo Na segunda etapa encontrase uma sociedade em processo de transição na qual surgem os primeiros sintomas do que o autor considera o princípio do arranco ou decolagem Diferentemente da primeira fase onde a produtividade é limitada nesta etapa buscase romper com os fatores que determinam rendimentos decrescentes sobretudo mediante o aumento da especialização do trabalho e a modernização tecnológica Ao mesmo tempo sugeremse mudanças relevantes nos itens relativos ao conhecimento na política e nos sistemas de valores os quais alavancariam a produtividade e consequentemente o desenvolvimento econômico Salientese que esta é considerada a etapa mais importante entre as descritas por Rostow pois ela sinaliza um marco para todas as demais as quais passam a ter suas características balizadas pelas configurações definidas nesse processo de transição No entanto como esta sociedade em transição ainda mantém características da sociedade tradicional a economia continua bastante limitada Apenas de forma incipiente começam a emergir os primeiros empreendimentos fator primordial para o desenvolvimento juntamente com a expansão dos comércios interno e externo em um Estado operativo capaz de incrementar as mudanças tecnológicas e socioculturais que a modernização exigiria Na terceira fase que o autor chama de arranco o desenvolvimento sobrepõe se às resistências e bloqueios que limitavam as mudanças econômicas e sociais já ocorridas na segunda fase Já não há amarras tecnológicas políticas institucionais morais etc que impeçam o desenvolvimento o qual é definido como uma revolução industrial Nesta etapa fomentase a industrialização e ocorre a migração de mão de obra predominantemente rural para o setor industrial Constroemse as bases da sociedade moderna não apenas do ponto de vista econômico mas também como alavanca para o surgimento de um novo sistema político institucional e social SARMENTO 2012 Da mesma forma também a quarta etapa que o autor chama de marcha para a maturidade agrega o aumento da tecnologia moderna o incentivo à produção e a busca pela diversificação de produtos A mão de obra reduzse ainda mais no campo em contraponto ao aumento da mão de obra especializada nos centros urbanos Assim graças a vários incentivos sobretudo por parte do Estado alguns bens anteriormente importados passam a ser produzidos internamente Consolidase aqui a ideia de que por meio da inovação técnica podese produzir tudo ou quase tudo e isso redunda no afloramento de novas áreas produtivas bem como na possibilidade de importação de novos produtos para o mercado SANTOS SILVA 2004 Na quinta e última etapa compreendida como era do consumo em massa Rostow completa seu modelo focando o consumo de uma sociedade industrial massificada que a partir do aumento da renda per capita estimula um sistema econômico centrado no consumo intensivo tanto de alimentos e vestuário quanto de bens duráveis Verificase por consequência além disso um aumento na busca por uma melhor distribuição de renda SANTOS SILVA 2004 Vale ressaltar que essas etapas não são separadas por demarcações nítidas no tempo As sobreposições são decorrência do modo como se processa a interação comercial e tecnológica entre as nações PERROUX Em um sistema de concorrência ou competição perfeita não existe nenhum elemento de dominação Mas na vida real sempre existe uma unidade dominante seja ela uma firma uma indústria um grupo econômico ou mesmo um país Para Tolosa 1972 esse é o cerne da Teoria a da Unidade Dominante de Perroux Essa Teoria pretende explicar como se comportam os agentes em mercados não competitivos Para chegar à Teoria dos Polos de Crescimento Perroux 1955 primeiro reformulou a noção de espaço econômico em sua obra Os Espaços Econômicos de 1950 considerando três classificações básicas a Espaço econômico definido como um plano ou programa b Espaço econômico definido como um campo de forças ou relações funcionais e c Espaço econômico definido com um agregado homogêneo O pressuposto de que o crescimento econômico não é observado em todos os pontos do espaço econômico mas sim em espaços específicos como na seguinte passagem O fato rude mas verdadeiro é o seguinte o crescimento não aparece simultaneamente em toda parte Ao contrário manifestase em pontos ou polos de crescimento com intensidades variáveis expandese por diversos canais e com efeitos finais variáveis sobre toda a economia Assim a primeira constatação de Perroux é que o processo de crescimento econômico não implica em equilíbrio como preconizava os economistas clássicos e neoclássicos mas este sim é um processo desequilibrado por natureza Três conceitos são fundamentais nesse trabalho de Perroux em 1955 O primeiro referese à indústria motriz definida como a indústria que tem a propriedade e capacidade de aumentar as vendas e as compras de serviços de outras indústrias ao aumentar as suas próprias vendas e compras de serviços produtivos As indústrias motrizes são indústrias novas que possuem também novas tecnologias contudo nada impede que as indústrias motrizes sejam de setores maduros já implantados O segundo conceito é a indústria movida que é a indústria na qual é impactada movida pela indústria motriz e o terceiro é o conceito de indústria chave entendida como a indústria que induz na totalidade de um conjunto por exemplo de uma economia nacional um acréscimo global de vendas Outra importante contribuição ao desenvolvimento do conceito de polo de crescimento é o conceito de polo de crescimento foi frequentemente mal interpretado sendo confundido com o conceito de indústriachave ou de indústria motriz Será em outro trabalho de Perroux em 1961 que esse conceito será mais bem esclarecido Assim descreve o conceito de polo de crescimento como um conjunto de unidades motrizes que criam efeitos de encadeamento sobre outros conjuntos definidos no espaço econômico e geográfico e ainda como uma unidade motriz num determinado meio Em seu clássico LEconomie du XXe siècle 1991 Perroux abre suas baterias contra o pensamento neoclássico que classifica como um universo da adaptação sem estratégia do contrato sem combate do equilíbrio sem arbitragens conscientes e também o universo de sujeitos imóveis e iguais tudo ao contrário do universo turbulento e belicoso das sociedades históricas habitadas pelo espírito de competição e dotadas de instituições livres 1991 p140 Para Perroux o modelo neoclássico no melhor dos casos valeria para os países do primeiro mundo e sob condições tão restritivas que o tornariam praticamente inaplicável Não obstante segundo ele tratase de aplicar este modelo aos países em desenvolvimento que só podem superar sua condição graças à atividade das suas elites e de suas populações coligadas para mudar seu meio ambiente a curto e longo prazo Perroux buscava uma terceira via que superasse o individualismo capitalista e o coletivismo marxista e possibilitasse uma estrutura econômica que favorecesse o autêntico desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo contribuindo para o desenvolvimento do conceito de polos de desenvolvimento se aproximando de autores como Gunnar Myrdal Raul Prebisch e Albert Hirschman entre outros Perroux era um profundo conhecedor de Marx mas rechaçava a dialética marxista de ruptura que levaria à catástrofe e ao aniquilamento do sistema se pronunciando por uma dialética de evolução admitindo a correlação de forças Para Perroux a despeito de considerar a análise marxista excelente e estimulante para o estudo dos grupos e indivíduos desfavorecidos julgava que ela aportava muito pouco à teoria e análise do desenvolvimento A teoria dos polos de crescimento foi bastante utilizada no Brasil no período de 19641998 época do regime militar que dominou o país Naquele momento começavam a se configurar os impasses do desenvolvimento e em função deles a crise do próprio projeto nacional de desenvolvimento que tantas esperanças haviam despertado no Brasil Começava a se tornar evidente que apesar de todos os êxitos estatísticos resultantes dos esforços governamentais até então realizados a evolução econômica e social em um país de capitalismo tardio e dependente se fazia em termos distintos daqueles que marcaram a expansão capitalista nos países desenvolvidos Uma das evidências desse fato era dada justamente pela tendência a forte e regressiva concentração tanto social quanto espacial da renda nacional Podem ser formuladas três considerações acerca da presente investigação A primeira diz respeito à importância da teoria dos polos na compreensão dos mecanismos que permitem a polarização das atividades industriais dentro de uma região Essa noção de polarização influenciou uma série de estudos que tiveram como pano de fundo objetivo a possibilidade de promover o crescimento econômico de regiões atrasadas ou deprimidas através da implantação de atividades A segunda de natureza instrumental que no Brasil consistiu no fornecimento do respaldo teórico para a política de desconcentração industrial do país inspirada pela ESG e capitaneada pelo Conselho Nacional do Petróleo CNP e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social BNDES que enfrentou acirrada resistência dos estados da região Sudeste comandados por São Paulo Por fim a terceira representada pela sua metamorfose e desdobramentos no âmbito do paradigma da especialização flexível pelos desdobramentos em associação com a economia neoschumpeteriana na base teórica dos clusters arranjos produtivos e meios inovativos entre outros Em assim sendo o pensamento e a contribuição de François Perroux continuam vivos e importantes no arsenal de instrumentos teóricos da ciência regional