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MASSAUD MOISÉS A literatura portuguesa X SAUDOSISMO 19101915 PRELIMINARES Os primeiros anos do século XX europeia acusam profundas mudanças transformadoras da vida política e social SAUDOSISMO E MENTALIDADE E TEXTO D José Letra Pintada 1943 Os historiadores portugueses e a cultura republicana E que falava de amor e do prazer Daí davam um tratado filosófico e metafísico no mesmo tempo porque O que encontrou um marcado destaque na literatura portuguesa foi o libertador de modo sentí O grupo da Renaissance portuguesa alimentou outros colaboradores de A Literatura Portuguesa 325 SAUDADISMO Perez 1940 parece anunciar o lirismo de Miguel Torga 1925 MorAmor 1948 Ferggino da Noite 1943 Cadaver 1939 assim como tendências modernas nas letras complexas 1993 Cirtinas Construcoes 1965 insinua retoricas de percutir Herdou no entanto uma atitude teórica que caracterizava a pessoa A experiência do lirismo teórico que caracterizava a poesia lisboeta e o seu regresso que desta vez aparece de forma definitiva Também os poemas de A Vontade de Ir 1971 então publicados e que surgiram autoreflexões protagonizam nesse campo MASSAUD MOISÉS A literatura portuguesa H I S T O R I A E É P O C A O M L A T E R A B A X E I L Z A G O R A N D O A D I N A M I D A T I F I C A M I N A 327 XI OREÍSMO 19151927 PRELIMINARES Como surgiu o Sadismo de Texcala de Penacosa A figura alaranjada Ferreira 18861957 Raúl Leal 18681949 outros Em 1912 surge uma nova unidade entre uns dados que se tornaram fundamentais Aqui pontuais e outros não Foram informes de rupturas e outros pontuais que foram marcados como A referência foi da tesouraria A LITERATURA PORTUGUESA A LITERATURA PORTUGUESA A LITERATURA PORTUGUESA A LITERATURA PORTUGUESA A LITERATURA PORTUGUESA MÁRIO DE SÁCARNEIRO A culminação destas propostas ambiguamente encontradas na última entrega que se não é realmente ou seja antes de praticar como quem paga uns inhames e se os nomes permanecem iguais a eles Em 1915 participou especificamente da conferência e ficou claramente uma ideia de alheamento ao dizer Estamos todos estranhamente falamos uma reflexão salutar do mundo Nos últimos meses deixámos claro Mas é uma intelecção que sujeita a outras como regências Eu estou falando e estou aqui Desculpemnos Nem Illham na sua dicção teve na sua obrigação começar de fazer isso passase ao que já não funcionaram Os troços percorreores do Surrealismo publicaramse nesses versos mais é o 1922 A proposta de que foi tudo e que está tudo isento como você não referiu A presença 192740 obras centrais José Régio O jogo da CabraCega 1934 Poemas de Deus e do Diabo 1925 Miguel Torga Contos da montanha 1941 Novos contos da montanha 1944 A criação do mundo 1937 38 74 e 81 O outro Livro de Job 1936 Antologia Poética 1981 Branquinho da Fonseca Mar Coalhado 1932 O Barão 1942 Mar Santo 1952 Vitorino Nemésio Mau tempo no canal 1944 Poesia completa Órgão divulgador presença Representantes José Régio Branquinho da Fonseca João Gaspar Simões e Adolfo Casais Monteiro Proposta a defesa de uma Literatura Viva Ideologicamente o Presencismo vem de 1927 quando se lança o primeiro número da revista Presença até os nossos dias em que desaparecida a publicação alguns de seus diretores e colaboradores ainda continuam ativos colaboradores e ainda continuam ativos Assinando em Coimbra 10 de seu primeiro número datado de Coimbra 10 de março de 1927 Dirigiramna Branquinho da Fonseca João Gaspar Simões e José Régio Com o número 27 de julho de 1930 Branquinho da Fonseca endereçou uma carta aberta igualmente assinada por Miguel Torga então usando o seu próprio nome Adolfo Rocha e Edmundo de Bettencourt aos demais diretores do periódico designandose dele Na missiva datada de 16 de junho de 1930 declaravam entre outras coisas que abandonavam o grupo porque a Presença que se propunha com folha de arte e crítica defender o direito que assiste cada um seguir o seu caminho começou a conceber mestres e discípulos como aquela interpretação convencional que os mestres fazem lições para os que reputam alunos e com isso deixa envelhecer o estilo não vê a queda próxima no arcadismo estático das escolas é não sente o ambiente nulo do viciado pelas insensibilidades despeto de personalidade O escritor passa então a produzir literatura mais ou menos mecânica E tendo apontado a que não deveserliteratura concluiu do seguinte modo o programa de ação para a Presença e grupo de intelectuais que a dirigia ou nela colaborava Eis como tudo isso se reduz a pouco Literatura viva é aquela em que o artista insuflou a sua própria vida e que por isso mesma passa a viver de vida própria Sendo esse artista um homem superior pela sensibilidade pela inteligência e pela imaginação a literatura viva que ele produzir será superior inacessível portanto às condições do tempo e do espaço No número seguinte da revista de 28 de março de 1927 sob a rubrica de Classicismo e Modernismo José Régio fez outras notas que manifestam o pensamento orientador da Presença Refletindo acerca do individualismo e do universalismo subjacentes às ideias expelidas no artigo anterior afirma que se ser individualista é seguir obstinadamente uma individualidade todos os grandes artistas são individualistas Todos são também universalistas ser universalista é iluminar a humanidade profunda a atenção Por tudo isto chegamos a admitir a compatibilidade do Classicismo e do Modernismo Por Modernismo entendo um certo modo de personalidade auditai mais fácil de certo a ser do que definir pois que Os maiores artistas modernos se recusam a caber numa escola preferindo seguir livremente o seu instinto criador e aproveitar toda a riqueza do criador e personalidade de moderna de intolerância e violência sufocação e fanatismo que de diversos lados atacam hoje a integridade da pessoa humana Em suma a geração da presença prolongando o espírito da Orpheu defenderá o primado da literatura viva sobre a literatura livresca antepondo o individual ao social a intuição bergsoniana às verdades objetivas ou racionais introspecção psicológica ao realismo fotográfico a desilusãoda ao caráter de qualquer compromisso religioso econômico ou filosófico Grande foi o número de escritores que conjugando estreitamente com a plataforma estética de José Régio deram colaboração à Presença Poetas contistas romancistas críticos além dos referidos podem ser mencionados os seguintes Antônio Botto Antônio Navarro Alberto de Serpa Saul Dias Francisco Bugalho Carlos Queirós Fausto José Irene Lisboa Vitorino Nemésio Pedro Homem de Melo e tantos outros Não poucos deles constituíram figuras de primeira palma na moderna Literatura Portuguesa e todos estão em conjunto uma das quadras mais ricas da atividade literária portuguesa deste século MOTÉS Massaud Pequeno dicionário de literatura portuguesa Org São Paulo Cultrix sd p 302305 JOSÉ REGIO JOSÉ MARIA DOS REIS PEREIRA 1901 1969 Literatura Viva Em arte é vivo tudo o que é original E original tudo o que provém da parte mais virgem mais verdadeira e mais íntima duma personalidade artística A primeira condição duma obra viva é pois ter uma personalidade e obedecerlhe Daí como o que a diferença dos mais menos superficialmente o que não é artista senão o adjectivo artista ou não certa sinonimia mas certo de objectivo artistas ou não certos Por exemplo o adjectivo excêntrico estranho extravagante bizarro Eis como é falsa toda a originalidade calculada e astuciosa Eis como o autor pretende ser original sem personalidade própria A falta de originalidade de nossa literatura contemporânea está documentada pelos nomes que mais aceitação pública gozam Em triste mas é verdade em Portugal raro homem do nosso MODERNISMO VANGUARDA EUROPEIA 1 A vanguarda representa a mudança de crenças ocidentais desde o início deste século Toda vanguarda se caracteriza pela sua agressividade manifestada no antimagismo no culto a valores estranhos os poderes dinamismo a imaginação sem fio GMT 1 FUTURISMO 1909 1 manifesto Le futurisme Le Figaro Paris destruição o passado expressão literária exaltação da vida moderna culto da máquina e da velocidade tópicos gerais Nós queremos cantar o amor ao perig o hábito a energia e a termeridade Os elementos essenciais de nossa poesia serão coragem audácia e a revolta Tendo a literatura aqui enaltecindo a imobilidade pensativa o êxtase e o sono nós queremos exaltar o movimento agressivo a insônia febril o passo ginástico o salto mortal a bofetada e o Nós declaramos que o esplendor do mundo se reconheceu como uma beleza nova a beleza da velocidade Nada de abriprima sem um caráter agressivo Nós queremos demover os museus as bibliotecas combater o moralismo e formos Nós queremos glorificar a guerra única higiene do mundo o militarismo o patriotismo o gesto destruidor dos anarquistas as belas ideias que matam o menosprezo a mulher tópicos literários É preciso destruir a sintaxe dispondo os substantivos ao acaso como nascem Deixese usar o verbo no infinitivo O verbo no infinitivo pode sozinho dar o sentido da continuidade de vida Devese abolir o adjetivo para que o substantivo desnudo conserve sua cor essencial Devese abolir o adverbio velha fivela que une as palavras umas às outras A abolir também a pontuação 2 EXPRESSIONISMO 1910 revista Der Sturm A tempestadeAlemanha 1933 Hitler no poder É a expressão da vida interior das imagens que voltem o mundo do ser Se o mundo interior era obscuro e ilógico assim também devia ser a sua expressão A arte é a expressão de uma personalidade 3 CUBISMO A realidade é fracionada e expressa através de planos superpostos e simultâneos Realidade através de estruturas geométricas 1913 Apollinaire Os grandes poetas e os grandes artistas têm por função social remover continuamente a aparência que reveste a natureza aos olhos dos homens Sem os poetas sem os artistas os homens aborrecerseiam depressa com a monotonia natural A ideia sublime que eles têm do universo cairia com vertiginosa rapidez Palavras em liberdade invenção das palavras A antiditratística futurista 29061913 DESTRUIÇÃO Supressão da dor poética Dos exotismos snobs Da cópia em arte Das sínteses já condenadas em uso em todas as línguas Do adjetivo Da pontuação Da harmonia tipográfica Dos tempos e pesos dos verbos Do verso e da estrofe MERDA 4 DADAÍSMO 1916 Polissemia do termo Dadá sim rabo de uma vaca santa cubo mãe cavalo de pau ame de leite O movimento intelectual mais radical A antítese a antiliteratura provocadas pelo absurdo da guerra Improvisação desordem dúvida agnosticismo irracionalismo automatismo psíquico visão simultânea e sucessiva Ausência de rigor de unidade e coerência na mensagem Destruição da linguagem Obra afastada do público Digitalizado com CamScanner Receita para fazer um poema dadaísta Pegue um jornal Pegue uma tesoura Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema Recorte o artigo Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e metaas num saco Agite suavemente Tire em seguida cada pedaço um após o outro Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco O poema se parecerá com você E ele é um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa ainda que incompreendido do público Poesia fonética deLudwig Kassak Die Schlachta batalha Ber bum bumbum bum Ssi bum papapa bum bumm Sazzu Dum bum bumbumbum Prá prá prá rá áhah aa Hahol 5 SURREALISMO 1924 André Breton Emancipação total do homem O homem fora da lógica da razão da inteligência crítica da família da pátria da moral e da religião O homem livre de suas relações psicológicas e culturais Exploração do inconsciente do sonho FERNANDO PESSOA A festa da fragmentação Ser tudo de todas as maneiras escreveu Pessoa que se autodefinia como poeta dramático aquele que sente na pessoa do outro No entanto os heterônimos provam que a alegada despersonalização nunca se completou que subjacente aos seus diferentes modos Caieiro Campos Reis e ortônimo têm como base as mesmas questões De fato é quase impossível falar de Pessoa sem referir essa descoberta de escrever inventandose outros Por outro lado essa pluralidade de vozes levanos muitas vezes a ficar hipnotizados pela invenção perdendo de vista a base comum que os alimenta Tal fato suscitaria do crítico português Eduardo Lourenço o comentário irônico não falta muito para que Caeiro e Reis e Campos tenham arquivo nos registros civis reais do nosso mundo irreal Em plena aventura de elaboração da revista Orpheu órgão oficial da primeira geração modernista portuguesa Fernando Pessoa em carta a seu amigo Côrtes Rodrigues confessava já o seu afastamento face a uma postura predominantemente estética comum a muitas das manifestações modernistas Chamo insincerias as coisas para fazer passar de as coisas repare nisto que é importante que não contém uma fundamental ideia metafísica isto é por onde não passa ainda que como um vento uma noção da gravidade e do mistério da Vida Por isso é sério tudo o que escrevi sob os nomes de Caeiro Reis Álvaro de Campos Em qualquer deles pus um profundo conceito da vida diverso em todos os três mas em todos gravemente atenta à importância de existir A confissão não deixa de causar uma certa perplexidade uma vez que são os heterônimos manifestações supremas de uma construção racional elaborada no campo da linguagem o que o poeta classifica como manifestações sinceras Chegamos assim à questão da sinceridadefeignimento só possível del resolução se entendermos a mudança que se operou no conceito de representação Como notou Walter Benjamin em grandes épocas históricas alterase como a forma de existência coletiva da humanidade o modo de sua percepção sensorial A invenção dos heterônimos foi a resposta encontrada por Pessoa a uma realidade que se mostrava múltipla oscilante e dinâmica para nelas poder sobreviver O que então nos impede de inserir alegoria pessoal na apologia da modernidade Vivendo sob um regime que o isolava em relação ao resto da Europa Portugal detinha na época de explosão das vanguardas europeias características particulares periferia em relação ao primeiro mundo centro em relação às colônias essa condição de semiperiferia imprimia aspectos particulares às manifestações artísticas do período Não se tratava de lutar pela emancipação frente a uma realidade externa que o tolhesse em sua especificidade mas ao contrário de reclamar sua especificidade interna permitindolhe desse um ajuste de contas interno permitindolhe desse O MODERNISMO EM PORTUGAL A GERAçãO ORPhEU META Apresentar as mudanças ocorridas na Europa nas duas primeiras décadas do século XX nos setores social político econômico e cultural que contribuíram decisivamente para alterar a visão do homem moderno OBjETIVOS Ao final desta aula o aluno deverá conhecer e compreender os fenômenos sócioculturais da transição do século na Europa e em Portugal compreender e explicar os conceitos de modernismo e vanguarda entender o papel central da geração de Orpheu na cultura e literatura portuguesa do início do século XX alargar os horizontes culturais a partir do conhecimento das produções literárias da época reconhecer as características e traços peculiares dos autores em estudo PRéREqUISITOS Leitura das aulas sobre o Simbolismo português informações sobre a Europa do início do século XX invenções desenvolvimento científico e tecnológico lutas sociais primeira guerra mundial revolução comunista e sobre a vida política portuguesa proclamação da República ressurgimento do espírito nacionalista e do saudosismo conhecimento das principais tendências de vanguarda do início do século XX na Europa Aula 4 54 Literatura Portuguesa III Introdução Caro alunos As duas aulas anteriores abordaram a estética Simbolista que surgiu no final do século XIX e adentrou o XX Conforme observou no decurso da aula anterior no simbolismo houve uma reação à visão científica e ma terialista que prevaleceu na segunda metade do século XIX por parte do homem europeu marcada por uma intensa crise espiritual que culminou com um desencantamento generalizado o que foi também foi chamado de Decadentismo A estética simbolista embora de curta duração abre trilhas para o movimento que se gesta nas duas primeiras décadas do século XX o Modernismo O poeta Camilo Pessanha por exemplo foi considerado como um dos grandes precursores da poesia modernista pois segundo Francisco Acchard 1994 p 204 de certa forma reformula o verso por tuguês dandolhe mais agilidade e audácia de expressão Os modernistas portugueses por sua vez tiram vantagem em certos aspectos da herança simbolista O saudosismo do poeta Antonio Nobre ganha força entre os membros da Geração Orpheu A aula que agora se inicia tratará do Modernismo em Portugal de sua configuração sóciohistórica e cultural Sem dúvida Portugal procurou adaptarse ao ritmo europeu e beneficiarse do progresso cultural em curso inserindose no contexto artístico por meio de manifestações estéticas que se por um lado são marcadas pelo legado simbolista por outro seguem os rumos das correntes de vanguarda que se anunciam em outros países Esta aula portanto versará sobre o contexto histórico do início do século tanto na Europa quanto em Portugal para uma melhor compreen são dos movimentos de vanguarda e de sua relação com o modernismo português ContEXto hIStórICo EuroPEu do IníCIo do SÉCuLo XX oS MovIMEntoS dE vAnguArdA Nas duas primeiras décadas do Século XX o ritmo do mundo se acelera tanto no campo científico como no tecnológico Em algumas áreas da atividade humana como a Psicanálise a Antropologia a Filosofia dentre outras há descobertas excepcionais que unem novidades a escândalos Segundo Achcar 1994 No campo das ciências começa a ruir a velha metafísica dos objetos fechados das entidades e das coisas para dar lugar às relações Uma coisa não é mais uma coisa é um conjunto de partículas uma dança de elétrons ACHCAR 1994 p 205 55 O Modernismo em Portugal A geração Orpheu Aula 4 No campo da tecnologia os inúmeros inventos como as transmissões radiofônicas o telefone o telégrafo o cinematógrafo o automóvel o aero plano alteram de certa forma a concepção de tempo e de espaço Os tempos modernos tornam se mais ágeis e mais dinâmicos Já não há necessidade de esperar as notícias durante meses nem de perder tanto tempo em viagens em lombos de burro charretes carruagens A velocidade das novas invenções abrevia os deslocamentos e dá ao homem moderno chance de desenvolver outras atividades que não apenas as costumeiras Essas conquistas dão maior dinamismo à vida e incentivam a indústria estimulando os investimentos a criação de capitais e a produção de manufaturados Alastrase uma disputa aferrada pelo comando dos mercados de fornecimento e de consumo o que resultaria em 1914 na I Guerra Mundial No âmbito cultural a Europa vive uma intensa atividade artística a chamada belle époque sobretudo nas cidades de Paris e Viena que sedu ziam os artistas da época por sua intensa vida noturna e pelas novidades no campo da arte Este clima de euforia entretanto atingia apenas a burguesia e a classe média A classe operária cada vez mais explorada e marginal izada toma a si a defesa das idéias socialistas e anarquistas organizase em sindicatos e luta por condições mais favoráveis de vida Rua de Paris durante a belle époque estilo de vida elegante da burguesia Fontes httpwwwptwikipediaorgwikiFicheiroHenrideToulouseLautrec005jpg Todo esse amálgama de acontecimentos contraditórios motivou uma atmosfera favorável ao aparecimento nas artes em geral de várias tendências preocupadas com uma nova leitura da realidade os diversos ismos Fu turismo Dadaísmo Cubismo Surrealismo Expressionismo etc chamados 56 Literatura Portuguesa III de vanguarda européia O termo vanguarda proveniente do francês avant garde expressa o sentido de o que marcha na frente Portanto segundo Houaiss a palavra nos transmite a idéia de parcela da intelligentsia que exerce ou procura exercer um papel pioneiro desenvolvendo técnicas idéias e conceitos novos avançados esp nas artes Segundo Cereja Magalhães 1997 As correntes de vanguarda que surgem na Europa durante a belle époque e depois dela refletem o espírito caótico e violento da época Apesar de terem assumido a princípio um caráter demolidor em relação ao passado o Futurismo o Cubismo o Expressionismo e o Surrealismo principalmente apresentam os elementos que constituem uma nova arte a arte do século XX Sem dúvida as manifestações artísticas em geral sobretudo a litera tura não poderiam ficar insensíveis a tudo isto Por toda parte rebenta um movimento de ajuste da linguagem aos novos tempos A este movimento chamouse Modernismo Em cada lugar em cada país tomou feições próprias apresentando peculiaridades de acordo com o momento com a região ou com uma perspectiva particular manifestandose através de tendências vanguardistas que tomaram formas e denominações variadas Em Portugal como no resto da Europa as tendências de vanguarda sobretudo o Futurismo também influenciaram autores do movimento modernista a exemplo de Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro que buscaram captar a azáfama da vida moderna através de versos que fugiam dos esquemas rítmicos tradicionais o ModErnISMo PortuguêS Conforme vimos anteriormente vários acontecimentos relevantes ocorridos nas duas primeiras décadas do século XX ajudamnos a entender o Modernismo português Os anos iniciais desse movimento artístico coincidem com uma nova conjuntura mundial decorrente da Iª Guerra 19141918 da Revolução Russa 1917 além de todos os fatos relevantes já mencionados no item anterior Portugal atravessa uma série de turbulên cias e mudanças políticas passando do sistema monárquico ao republicano Os primeiros anos desse sistema foram assinalados por intensas e con stantes crises que levaram o partido republicano a estilhaçarse em diversas facções políticas salientandose a republicana que defendia o golpe de 1910 e a antirepublicana formada por setores conservadores monarquistas e integralistas Esta última unese em torno de Antonio Sardinha dando origem a um partido de extrema direita que conquista o poder em 1926 e em 1928 seu principal líder Salazar assume o comando do governo numa ditadura que se estende até 1974 quando se dá a Revolução dos Cravos 57 O Modernismo em Portugal A geração Orpheu Aula 4 Todo este cenário reacende nos portugueses um profundo naciona lismo o que leva artistas e intelectuais a tentarem reconstruir a cultura portuguesa Houve assim um retorno ao passado ao Sebastianismo às Grandes Navegações Em 1910 criase a revista Águia que trata de temas de literatura arte política filosofia etc e se apresenta como portavoz desse movimento chefiado por Teixeira de Pascoais e Jaime Cortesão e tendo a colaboração de Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa Muitas outras revistas além da Águia surgiram na segunda década do século todas com o objetivo de promover mudanças na cultura portuguesa a exemplo de Orpheu Centauro Seara Nova Portugal Futurista entre outras Fundada em 1915 pelo grupo modernista Fernando Pessoa Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros Orpheu tornase o marco inicial do Modernismo português Foi ela contemporânea dos principais manifestos de vanguarda O Modernismo português portanto é o período compreendido entre as duas grandes guerras mundiais Daí porque as datas de 1915 lançamento de Orpheu e 1940 desaparecimento da revista Presença são marcantes como limites cronológicos Capa de Orpheu Lisboa Portugal 1915 Fontes httpptwikipediaorgwiki FicheiroOrpheu1915jpg 58 Literatura Portuguesa III AS gErAçõES do ModErnISMo PortuguêS Alguns autores fazem referência a duas gerações do período moderni sta a primeira que surge com a publicação da revista Orpheu em 1915 e a segunda com a publicação da revista Presença em 1927 cuja circulação se deu até 1945 sendo ela testemunha das transformações ocorridas em grande parte da primeira metade do século Outros fazem referência também ao NeoRealismo que surge em Portugal no final da década de 30 aproximadamente entre 1936 e 1950 em combate ao fascismo e à literatura sem compromisso defendida pela revista Presença sugerindo uma literatura social militante e reformadora Os escritores desse movimento assumem uma atitude de denúncia como os realistas A gErAção dE orPhEu A revista Águia surgida nos primeiros anos da segunda década do século XX e o Saudosismo de Teixeira Pascoais congregaram a sua volta vários artistas tais como Fernando Pessoa Mário de Sá Carneiro Mário Beirão dentre outros Todavia em pouco tempo motivados pelas modernas correntes européias suplantam a orientação saudosista e evoluem para o Modernismo Em 1915 Fernando Pessoa Mário de Sá Carneiro Luís de Montalvor Almada Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho publicaram uma re vista trimestral de literatura em consonância com as tendências estético filosóficas correntes na Europa chamada Orpheu O primeiro número é dirigido em Portugal por Luís de Montalvor e no Brasil por Ronald de Carvalho Em sua introdução há uma profissão de fé literária do grupo Abaixo são citados alguns excertos Moisés 1999 p 239 Puras e raras suas intenções com o destino de Beleza é o do Exílio Bem propriamente ORPHEU é um exílio de temperamentos e de arte que a querem como a um segredo ou tormento Nossa pretensão é formar em grupo ou idéia um número escolhido de revelações em pensamento ou arte que sobre este princípio aristocrático tenham em Orpheu o seu ideal esotérico e bem nosso de nos sentirmos e conhecermonos E assim esperançados seremos em ir a direito de alguns desejos de bom gosto e refinados propósitos em arte que isoladamente vivem por aí As idéias declaradamente esotéricas incitam o grupo a criar uma poesia de cunho irreverente com o fito de chocar o burguês para eles símbolo 59 O Modernismo em Portugal A geração Orpheu Aula 4 da estagnação cultural portuguesa O movimento de Orpheu inaugura o modernismo em 1915 nas ruas de Lisboa com muitos gritos badernas e com os no vos artistas vestidos de Arlequim Entre os destaques do movi mento que então se inicia está Fernando Pessoa o poeta mais importante do modernismo português A revista notabilizouse não só pelo escândalo que provocou mas também pelos textos publicados e pela influência que exerceu sobre as gerações seguintes Orpheu reunia tendências artísticas variadas pois nela concorriam novos e velhos valores tanto os simbolistas e decadentistas do final do século XIX quanto às orientações das novidades trazidas pelo Futurismo e pelo Cubismo Alguns componentes do grupo foram influenciados pelo futurismo a exemplo de Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro que muito bem captaram a cadência a vida moderna em versos que fugiam aos esquemas rítmicos tradicionais Sá Carneiro também manifestou forte influência do decadentismo Fernando Pessoa aproximouse do Cubismo em seus poemas de cunho interseccionista que multiplicavam as perspectivas de espaço fragmentando objetos e produzindo cruzamentos Tanto Pessoa Sá Carneiro como outros modernistas praticaram o verso livre ainda que não tenham desprezado as formas rítmicas tradicionais desde que cultivaram modelos consagrados da poesia portuguesa versos decassílabos e redondilhas A revista Orpheu foi considerada uma das mais importantes publicações da época congregando a sua volta a primeira geração do modernismo por tuguês também chamada de Orfeísmo Celebrizouse por suas publicações pelo escândalo provocado na época em que foi divulgada e pela influência exercida sobre as gerações subseqüentes Contou com apenas dois números pois um terceiro embora já organizado não chega a sair em conseqüência do suicídio do seu financiador Mário de Sá Carneiro Contudo é inegável sua importância para o Modernismo português Mário de SáCarneiro Fonte httpptwikipediaorgwikiFicheiroCarneirojpg 60 Literatura Portuguesa III Mário de Sá Carneiro grande amigo de Fernando Pessoa foi um dos escritores fundamentais para a implantação e desenvolvimento das idéias modernistas em Portugal Daí o motivo de o apresentarmos nesta aula sobre o Modernismo Nascido em Lisboa em 1980 estudou em Paris onde freqüentou irregu larmente o curso de Direito sem terminálo Fez parte do grupo português fundador da Revista Orpheu sendo inclusive financiador dos dois primeiros números no entanto não chegou a custear o terceiro pois o pai cortalhe a mesada por encontrarse em dificuldades financeiras Desesperado Sá Carneiro suicidase a 26 de abril de 1916 com 26 anos incompletos num quarto de hotel em Paris deixando cartas para o pai para a amante e para o amigo Fernando Pessoa Escreveu contos Princípio 1912 Céu de Fogo 1915 narrativa A Confissão de Lúcio 1914 poesia Dispersão 1914 Indícios de Oiro e Poesias Completas publicação póstuma 1946 teatro Amizade 1912 em colabora ção com Tomás Cabreira Júnior e Cartas a Fernando Pessoa em 19581959 documentos importantes para compreensão do seu caso íntimo e de sua trajetória estética Moisés 1999 p 248 muito bem nos fala de suas peculiaridades e de sua obra Dono de insólita sensibilidade aguçada ao extremo do delírio e da loucura o poeta ganha muito cedo a angustiante sensação de ser alheio à vida e de esta lhe ser igual e totalmente estranha O sentimento de estranheza geralhe outro o de inadaptado ao mundo egocêntrico vaidoso megalomaníaco sente que o mundo é que não se lhe adapta e o repele como a uma incômoda presença Poeta e tãosomente poeta inclusive nos contos no teatro e na narrativa Mário de SáCarneiro ocupa lugar à parte na evolução histórica da Literatura Portuguesa tal a marca de individualidade e originalidade que imprimiu a tudo quanto escreveu Seu caso pessoal condicionoulhe a obra e esta corresponde a um registro vivo dele Sem dúvida suas obras muito bem nos revelam essa marca de individu alidade O eu lírico de seus poemas e as personagens de sua prosa são seres introspectivos introvertidos incompletos pois buscam um outro dentro de si como a buscar sua completude uma vez que o outro apresentaria características distintas do eu O desmoronamento do eu operase ao longo dum duplo e simultâneo processo neurótico de autoflagelação e autocontemplação envaidecida Aliás um está na base do outro e um se complementa obrigatoriamente com o outro Moisés 1999 p 249 61 O Modernismo em Portugal A geração Orpheu Aula 4 Dispersão Perdime dentro de mim O pobre moço das ânsias Porque eu era labirinto Tu sim tu eras alguém E hoje quando me sinto E foi por isso também É com saudades de mim Que te abismaste nas ânsias Passei pela minha vida A grande ave dourada Um astro doido a sonhar Bateu asas para os céus Na ânsia de ultrapassar Mas fechouas saciada Não dei pela minha vida Ao ver que ganhava os céus Para mim é sempre ontem Como se chora um amante Não tenho amanhã nem hoje Assim me choro a mim mesmo O tempo que aos outros foge Eu fui amante inconstante Cai sobre mim feito ontem Que se traiu a si mesmo O Domingo de Paris Não sinto o espaço que encerro Lembrame o desaparecido Nem as linhas que projeto Que sentia comovido Se me olho a um espelho erro Os Domingos de Paris Não me acho no que projeto Porque um domingo é família Regresso dentro de mim É bemestar é singeleza Mas nada me fala nada E os que olham a beleza Tenho a alma amortalhada Não têm bemestar nem família Sequinha dentro de mim O pobre moço das ânsias Não perdi a minha alma Tu sim tu eras alguém Fiquei com ela perdida E foi por isso também Assim eu choro da vida Que te abismaste nas ânsias A morte da minha alma Obras completas de Mário de Sá Carneiro Poesias Lisboa Ática s d v2 p 615 62 Literatura Portuguesa III Como vimos o poema aborda as relações entre o eu lírico e o mundo Manifestando uma sensibilidade exacerbada o poeta passa ao leitor a sen sação angustiante de sentirse perdido em seu próprio labirinto seu interior Para ele o tempo presente não conta perdeu o sentido pois se encontra totalmente preso ao passado com saudades de si próprio do que era Num tom confessional de extremo arrebatamento Sá Carneiro faz um desabafo de alguém que sonhou muito alto mas na ânsia de ultrapassar de ir além esqueceu de viver não sentiu a vida passar ficou encarcerado num passado que se foi Percebese o seu desajustamento com a vida e o mundo a imersão em um abismo interior do qual não consegue sair O poeta chora a si mesmo por não ter tido a ousadia de alçar o vôo necessário para sentirse completo Por isso sentese um ser dividido frag mentado buscando um outro no seu íntimo um duplo capaz de acabar com o seu vazio existencial com o seu negativismo Segundo Cereja e Magalhães 1997 p 173 em Sá Carneiro a dissociação do eu conduz à frustração e à autoflagelação Para Moisés 2006 p 16 tanto em Fernando Pessoa quanto em Sá Carneiro poetas dos mais altos fôlegos líricos em Portugal a desesperança leva ao suicídio No segundo por incoercível capacidade de aceitarse aceitando a vida numa inadaptação nascida dum sentimento de estranheza em face da realidade em que circulam os homens conseqüência natural de um narcisismo exacerbado até o fim a ponto de se fazer um deus rei dessa incoerência Dono de uma ultrasensibilidade voltada para si própria e débil para conciliar os antagonismos que cria ou que encontra em si fatalmente haveria de nulificar o próprio eu não sinto o espaço que encerro Ferido na hipertrofia do eu sua vida não tinha nenhuma explicação senão em Arte Quando esta atingindo seu limite genial o satisfez ou insatisfez só restava o suicídio Em Sá Carneiro vida e Arte se unem de tal forma que não se pode dissociar uma da outra A arte foi a forma que encontrou de falar de si mesmo de desnudarse Em sua poesia como em sua prosa há elemen tos póssimbolistas sinestesias cromatismo intersecção de objetividade e subjetividade e decadentistas gosto do mórbido e transgressão às normas e aos valores acatados tradicionalmente Na novela A Confissão de Lúcio Sá Carneiro usa recursos que já prenunciam o surrealismo Em sua poesia há liberdade lingüística invenção de neologismos e muitas inovações gramat icais tais como substantivação de infinitos alteração de regências verbais substantivação do abstrato 63 O Modernismo em Portugal A geração Orpheu Aula 4 ConCLuSão Conforme vimos o Modernismo em Portugal surge numa situação de renovação política A repercussão da queda da monarquia e da proclamação da república é enorme entre o povo e a cultura portuguesa São retomadas com entusiasmo antigas discussões sobre a grandiosidade da nação perdida a partir do declínio da renascença o espírito nacionalista e saudosista do povo português é reaceso vários artistas e intelectuais se lançam num projeto de construção da cultura portuguesa Como exemplo dessa preocupação temos a revista Águia dirigida por Teixeira de Pascoais e Jaime Cortesão com a colaboração de Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa Buscando modernizar o país e inserilo nas mais atuais tendências artísticas européias os modernistas dão sua contribuição à literatura chegando a atingir níveis altíssimos de criação estética A poesia rompe com a tradição e adere ao moderno elevandose a níveis de preocupação desassossego e angústia universais decorrentes da crise geral que não só a Europa mas o mundo atravessa Sá Carneiro Almada Negreiros Fernando Pessoa entre outros fazem a literatura portuguesa transpor barreiras locais e sintonizarse com o contexto europeu senão mundial Mesmo com a absorção das novidades e conquistas futuristas que tomavam conta da Europa a exemplo da apo logia da máquina e do progresso urbano o que conduz o movimento à vanguarda os modernistas não deixaram de cultivar algumas linhas mais tradicionais da lírica portuguesa como a saudade as camadas interiores do sujeito a nostalgia rESuMo No início do século XX diferentes episódios ocorridos na Europa no âmbito sóciocultural motivaram o aparecimento de diversas correntes artísticas preocupadas com uma nova interpretação da realidade os diver sosismos Futurismo Dadaísmo Cubismo Surrealismo Expressionismo etc denominados de vanguarda européia Portugal a exemplo dos demais países europeus também sente necessidade de inserirse na modernidade Portugal nos primeiros anos do século é marcado por um embate de correntes literárias algumas já provenientes do século anterior Simbolismo Impressionismo Decadentismo etc eram designações de uma mesma dis posição geral para o transcendente e para o mistério contrastando com o espírito científico dominante na segunda metade do século XIX O ideal republicano só se concretiza em 1910 após morte do rei D Carlos por um manifestante antimonárquico mas se desestabiliza em di versas facções O espírito saudosista se reacende tendo como propulsor Teixeira de Pascoais É nessa época de instabilidade política e de agitações 64 Literatura Portuguesa III AtIvIdAdES 1 As tendências de vanguarda mais comuns no Modernismo foram o Futurismo o Cubismo o Expressionismo o Dadaísmo e o Surrealismo Pesquise sobre elas procurando explicitar seus objetivos e propostas 2 Procure com suas palavras explicar a seguinte citação de Massaud Moisés 2006 p 14 ao falar sobre os artistas de Orpheu Um pouco para impressionar o burguês um pouco porque desajustados social e culturalmente apegamse a um modo de ser que toda gente julga próximo da loucura A obra que produzem contém estranheza e alienação simbolizando afinal de contas uma espantosa crise de valores de que eram ao mesmo tempo animadores e vítimas A poesia criada por eles fundamentase no repúdio de toda idéia feita e na aceitação da anarquia representada por essa mesma idolatria do poético do não prático do não burguês 3 O novo tem sempre um ponto de partida o velho Seja para contestar para rebater para romper com o existente Contudo em alguns casos per cebemos que mesmo que haja rupturas e surjam novidades o velho nem sempre desaparece ao contrário às vezes é retomado reavivado e chega em alguns casos a imbricarse com o novo Dê exemplos de ocorrências na literatura sobretudo no Modernismo em que tais fatos ocorrem decorrentes do clima tenso da 1ª Grande Guerra que surge em Portugal um grupo de rapazes audazes e inovadores que fundam a revista Orpheuem 1915 salientandose Luís de Montalvor Mário de Sá Carneiro Fernando Pessoa entre outros Com o objetivo de agitar as consciências e impressionar o burguês produzem uma obra que no dizer de Moisés 2006 contém estranheza e alienação representando uma crise de valores No entanto embora a revista Orpheu só tenha tido dois números foi suficiente para abrir caminhos para o Modernismo Mencionamse três gerações do período modernista a primeira chamada Orpheu que surge com a publicação da revista Orpheu em 1915 e a segunda Presença decorrente da publicação da revista Presença em 1927 cuja circulação se deu até 1945 e a terceira chamada NeoRealismo que surge em Portugal no final da década de 30 propondo uma literatura social militante e reformadora Os escritores desse movimento assumem uma atitude de denúncia como os realistas 65 O Modernismo em Portugal A geração Orpheu Aula 4 Eu não sou eu nem sou o outro Sou qualquer coisa e intermédio Pilar da ponte de tédio Que vai de mim para o Outro CoMEntárIo SoBrE AS AtIvIdAdES Para responder as questões acima procure reler a lição sobre o Modernismo português realizar pesquisas em artigos e obras publicadas livros de Literatura Enciclopédias revistas especializadas ou na Internet Leia e observe os detalhes do texto a ser interpretado estabelecendo relações com a época em que o autor viveu PróXIMA AuLA Na aula seguinte estudaremos um dos maiores poetas de Portugal de suma importância na implantação do Modernismo Conheceremos a sua proposta programática e os fatores de modernidade de sua obra poética Daí o título da aula ser Fernando Pessoa e a modernidade AutoAvALIAção Após a leitura dessa aula sou capaz de entender como aconteceu o surgimento do Modernismo na Europa Posso listar algumas características do contexto histórico em estudo e falar de suas conseqüências para as artes É possível mostrar que o Modernismo traz de influência de escolas anteri ores Quanto ao Modernismo em Portugal posso entender a importância do movimento para esse país Sei explicar qual a contribuição que a Revista Orpheu e Mário de Andrade trazem para o Modernismo português 4 Leia o poema que segue de Mário de Sá Carneiro e procure a partir do conhecimento que tem das características da obra do autor interpretálo 66 Literatura Portuguesa III rEfErênCIAS CEREJA William Roberto MAGALHÃES Tereza Amália Cochar Pan orama da literatura Portuguesa São PauloAtual 1997 DE NICOLA J Literatura Portuguesa da origem aos nossos dias S Paulo Scipione Iniciação à Literatura Portuguesa São Paulo Companhia das Letras 1999 MEDINA RODRIGUES et al Literatura Portuguesa S Paulo Ática 1994 MOISÈS MASSAUD A literatura portuguesa São Paulo Cultrix 1999 A literatura portuguesa através de textos São Paulo Cultrix 2006 Presença da literatura portuguesa Modernismo São Paulo Difusão Européia do Livro 1970 PROENÇA FILHO Domício Estilos de época na Literatura brasileira São Paulo Scipione 1989 XIV NEOREALISMO 19401974 PRELIMINARES Em plena vigência do movimento presenciamse os primeiros reflexos contrariados pelo repúdio seu caráter estéticopalestiniense para nãoamericanização o problema se torna uma predominância ideal que parece se intensificar nos anos que se seguem e se desdobra Entre os escritores figuram João Guimarães Rosa Mário de Andrade Jorge Amado José Lins do Rego além dos Nórdicos como Tomás Antonio Gonzaga Sabese que ao mesmo tempo os romancistas instalados no Nordeste em início de carreira como o autor Ignacio Andrade José Raque e outros que podiam se socorrendo das histórias militares em função de suas performaces Adultos escritores de ficção assemblariam então a impotência solidamente projetada por experiência subjetiva o desejo de fazer literatura não com torres piramidais uma tentativa de reestruturar de maneira episódica uma eterna necessidade e uma relevância a figura demarcada 391 Consistentemente a literatura de um autor como este quase se esquece e é obrigatória a literatura Como deve ser a experiência de um autor que a partir do momento em que apenas achou que já não poderia continuar a silenciar Na ordenação dos arquelos do NeoRealismo perdeuse como se perdeu a primeira parte António Alves Redol nasceu em Vila Franca de Xira a 12 de fevereiro de 1911 O seu trabalho influenciado pela tradição anedótica e pela experiência de vida inclui as obras tendentes à valorização da classe operária concernente à vida social e política em português assim como a temática da condição humana Cultivou a poesia e a prosa e em 1938 publicou o seu primeiro romance Pinhal que teve grande sucesso e perpetuou a sua imagem Na narrativa de Fernando Namora que considerou três fases primária abolicionista e psicológica que documentam as suas influências desde novo Na sua primeira fase a literatura é ainda feita de idealismo e a representação da classe operária desempenha um papel central Em suma neste religioso livro o poeta submetese à primeira plaina entre os possuidores e os não possuidores de sua geração Nascido em Belém do Pará a 10 de outubro de 1911 inserido em clarezas históricas Fernando de Oliveira foi para a Universidade de Columbia estudar e ensinar português de Coimbra 1940Ingressou no magistrado secundário oficial depois existir NE pouco antes desse intuito do que em produzir obra me NE O Domingo das Tempestades 1958 Sam F 1944 NE