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WILLIAM MIYAKAVA Análise das Ilhas de calor em Presidente Prudente SP e a vegetação como instrumento mitigatório Presidente Prudente 2023 WILLIAM MIYAKAVA Análise das Ilhas de calor em Presidente Prudente SP e a vegetação como instrumento mitigatório Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Câmpus de Presidente Prudente Orientadora Profa Dra Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim Presidente Prudente 2023 M685a Miyakava William Análise das Ilhas de calor em Presidente Prudente SP e a vegetação como instrumento mitigatório William Miyakava Presidente Prudente 2023 91 p il tabs fotos Trabalho de conclusão de curso Bacharelado Geografia Universidade Estadual Paulista Unesp Faculdade de Ciências e Tecnologia Presidente Prudente Orientadora Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim 1 Clima urbano 2 Ilhas de calor urbana 3 Ritmo climático 4 Cobertura vegetal 5 Sensoriamento remoto I Título Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp Biblioteca da Faculdade de Ciências e Tecnologia Presidente Prudente Dados fornecidos pelo autora Essa ficha não pode ser modificada UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO Câmpus de Presidente Prudente ATA DEFESA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE GRADUAÇÃO Aos 16 do mês de fevereiro de 2023 foi defendido peloa estudante William Miyakava o Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Bacharelado em Geografia intitulado Análise das Ilhas de calor em Presidente Prudente SP e a vegetação como instrumento mitigatório tendo como nota final a média das notas dos três componentes da banca examinadora conforme discriminado abaixo Profa Dra Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim Orientadora 95 Profa Dra Danielle Cardozo Frasca Teixeira 95 Ms Luis Flávio de Araújo 95 Média Final 95 Faculdade de Ciências e Tecnologia Rua Roberto Simonsen 305 CEP 19060900 Presidente Prudente SP Tel 18 2295375 depgeoprudenteunespbr À minha família e amigos que me incentivaram e me deram todo o apoio para que eu pudesse alcançar todos os meus sonhos AGRADECIMENTOS Escrever para todos os momentos vividos e pessoas que passaram por essa trajetória é muito difícil se não impossível de se realizar Esta parte da monografia foi a escrita mais fluida que tive afinal me fez relembrar que nunca caminhamos sozinhos em busca de nossos sonhos mas que suas materializações cabem a cada um de nós E o limite sempre se torna suportável se partilharmos as conquistas e angústias junto àqueles que nos fazem bem Este trabalho representa a finalização uma trajetória para assim dar início a outras Dessa forma não posso deixar de expressar meus agradecimentos À minha família que sempre me apoiou e fez morada no meu coração mesmo longe durante longos 6 anos de graduação À minha mãe Nayr por me dar a vida Ao meu pai Helio por nunca me deixar sozinho Vocês me ensinaram a ser forte e correr atrás de todos os meus sonhos enquanto davam todo o suporte necessário para tal À minha irmã Paula por sempre estar junto comigo desde nossa infância até os dias atuais Meu sincero obrigado À Ziza e Diego grandes professores de Geografia do meu ensino médio Sem vocês eu não teria me apaixonado por essa ciência que me move todos os dias e que através das vivências aprendi a amála com o passar do tempo Carrego através de suas aulas o amor em ensinar e a esperança de um mundo melhor através das lentes geográficas Jamais esquecerei dos aulões aos fins de semana na praça Victor Civita para a preparação do vestibular e todas as conversas que me tranquilizaram durante este processo À espiritualidade por ter me guiado até onde me encontro e me ensinar a ser uma melhor pessoa junto à oportunidade de acordar todo dia e fazer diferente Nela aprendi a me cuidar e ter força para vencer as batalhas do dia a dia Compreendi que devemos ter paciência e que o tempo e a fé movem muito mais do que montanhas Através dela pude enxergar minha força e acreditar nos meus sonhos Ao Ilê Asé Ogum Mege Oni Irê Alaketu AEU Ogum Mege Pai Joaquim de Aruanda e minha família de Axé meu sincero obrigado pelo acolhimento e por ser meu refúgio em meio a tantas preocupações e demandas do dia a dia A meus amigos minha família que eu criei laços em Prudente ao longo destes anos de caminhada agradeço por terem feito minha estadia mais leve e feliz Àquele que fiz morada que esteve comigo desde o primeiro dia de graduação Jota muito obrigado por sempre estar do meu lado nas mais diversas situações que passamos até aqui Àquela que admiro muito e nunca negou ajuda quando mais precisei Carolina Simon agradeço por ter compartilhado os saberes e me tranquilizar durante diversos momentos da graduação e vida cotidiana À dupla que ajudou a tornar a pandemia mais humana Daiane e Giuliana não tenho palavras para descrever nossa amizade Agradeço por todos os rolês viagens conversas jantas e as boas taças de vinho Tenho muito orgulho da caminhada de cada uma e adoro têlas por perto À Jaqueline minha irmã e amiga muito obrigado por me fazer companhia nesses últimos tempos Sua energia é contagiante sua risada cura qualquer frustração medo e tristeza Basta um olhar uma expressão para nos entendermos que no fim sempre acaba em um prazeroso sorriso À Bia por estar presente em minha vida mesmo tão distante Me orgulho muito de sua caminhada e adoro ver como nossas conversas fluem do mesmo jeito que 2014 Você é incrível e vai ganhar o mundo À Bateria Furiosa por ser minha morada durante a graduação Nela eu pude crescer amadurecer aprender ensinar viajar conhecer pessoas novas e estreitar relações com aquelas que jamais imaginei um dia estar junto Agradeço por ter me ensinado tanto que este espaço seja cada vez mais presente dentro da Universidade Em especial ao meu naipe do coração Tamborim não poderia deixar de agradecer por toda parceria e tirações de onda que deixaram minha caminhada mais leve Eternizar a estrela dourada em nossa polo junto ao estandarte de Tamborim de Ouro definitivamente foi um dos momentos mais marcantes durante toda essa trajetória Tamborim é assim À Margarete por ter me ensinado escutado orientado e principalmente acalmado meu coração durante todo este percurso meu sincero agradecimento Através das oportunidades concebidas fui criando coragem para adentrar o mundo acadêmico Ao Luís pelos saberes compartilhados e por mostrar que o processo pode e deve ser mais leve Todas as conversas desabafos companhias no GAIA e reuniões foram fundamentais para a finalização deste trabalho tal qual para adentrar ao Mestrado em Geografia Ao Grupo de Pesquisa Interações na Superfície Terrestre Água e Atmosfera GAIA por ter sido e ser minha morada durante o trajeto da pesquisa Todos os saberes compartilhados cafés estudos e convivência me ensinam a levar o meio acadêmico de uma forma mais prazerosa e menos maçante Às funcionárias e funcionários contratados e terceirizados que mantêm a UNESP limpa oxigenada e agradável meu sincero agradecimento Sem vocês a Universidade a comunidade acadêmica e externa não funcionaria Por fim à todas e todos que não pude expressar em palavras neste agradecimento mas que contribuíram e tornaram possível a realização de um sonho e a conclusão de mais uma etapa que estará sempre em minhas memórias O presente trabalho foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq e PróReitoria de Pesquisa PROPe da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica PIBIC editais nº 042021 e 042022 Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje Ditado Iorubá RESUMO A interferência humana materializada a partir das diversas relações nos espaços urbanos e rurais proporcionam alterações na paisagem podendo ser sazonais ou permanentes A transformação da natureza em meio à necessidade humana é indissociável ocorrendo concomitantemente à expansão territorial urbana sendo capaz de produzir climas urbanos Fatores como a impermeabilização massiva do solo retirada de cobertura vegetal original combinada com as características físicas dos materiais construtivos encontrados nas cidades resultam em alterações dos elementos climáticos como a temperatura do ar Tais modificações se espacializam mais expressivamente na escala local sendo responsável pela compreensão da forma de organização do clima devido a sua proximidade com a superfície alterada Como produto dessas modificações geramse as ilhas de calor afetando diretamente o conforto térmico e a saúde dos citadinos Desta forma o estudo do clima urbano ambiciona fornecer subsídios ao planejamento territorial das cidades ao tornarse capaz de responder as indagações e necessidades da sociedade visto que o mesmo não é sentido da mesma maneira para as distintas classes sociais O presente trabalho teve como objetivo analisar a ocorrência de ilhas de calor superficiais diurnas e a intensidade e magnitude das ilhas de calor atmosféricas a partir de três pontos com características distintas de cobertura da terra em Presidente Prudente SP sendo duas áreas urbanas uma densamente construída e outra com vegetaçãoagrofloresta e um ponto representativo do rural Para o atendimento da proposta fezse o uso da contextualização física e histórica da área de estudo da espacialização e correlação das temperaturas superficiais e o índice de Vegetação por Diferença Normalizada NDVI em função dos sistemas atmosféricos atuantes da análise da ilha de calor atmosférica em meses representativos da estação chuvosa e seca e sua relação com o ritmo climático da análise do perfil de uso e ocupação da terra no aspecto vegetativo baseada na proposta das Zonas Climáticas Locais STEWART 2011 Os resultados obtidos evidenciaram que a precipitação tal qual os sistemas atmosféricos atuantes influenciam diretamente na temperatura superficial e do ar O predomínio da estiagem ocasionou temperaturas de superfície elevadas no entorno rural e uma grande proximidade ao ambiente construído devido à diminuição da biomassa Em contrapartida durante o predomínio de precipitação as temperaturas do intraurbano se elevaram se comparadas ao rural No que tange as ilhas de calor atmosféricas as maiores temperaturas foram registradas sob atuação de sistemas estáveis enquanto sob sistemas instáveis houve certa homogeneização no intraurbano e rural Em um panorama geral as áreas mais aquecidas relacionamse às parcelas de solo descobertos ou com predomínio de pastagens enquanto as menores temperaturas correspondem às áreas de adensamento vegetativo Por fim verificouse também a extrema importância da vegetação como papel mitigador das ilhas de calor atuando na amenização das altas temperaturas atmosféricas e superficiais ao proporcionar uma maior evapotranspiração diminuindo o calor sensível e o sombreamento dos raios solares apropriado ao solo mantendo a umidade e dificultando o armazenamento de calor pelos materiais urbanos Palavraschave Clima urbano Ilhas de calor urbana Ritmo climático Cobertura vegetal Sensoriamento Remoto ABSTRACT Human interference materialized from the various relationships in urban and rural spaces provide changes in the landscape which may be seasonal or permanent The transformation of nature in the midst of human needs is inseparable occurring concomitantly with the urban territorial expansion being able to produce urban climates Factors such as massive soil sealing removal of original vegetation cover combined with the physical characteristics of construction materials found in cities result in changes in climate elements such as air temperature Such modifications are spatialized more expressively at the local scale being responsible for the understanding of the form of organization of the climate due to its proximity to the altered surface As a product of these changes heat islands are generated directly affecting the thermal comfort and health of city dwellers In this way the study of urban climate aims to provide subsidies to the territorial planning of cities by becoming able to respond to the questions and needs of society since the same is not felt in the same way for the different social classes The present work aimed to analyze the occurrence of diurnal surface heat islands and the intensity and magnitude of atmospheric heat islands from three points with different characteristics of land cover in Presidente Prudente SP being two urban areas one densely built and another with vegetationagroforestry and a point representative of rural For the fulfillment of the proposal it was made the use of the physical and historical contextualization of the study area of the spatialization and correlation of the surface temperatures and the Normalized Difference Vegetation Index NDVI in function of the acting atmospheric systems of the analysis of the atmospheric heat island in representative months of the rainy and dry season and its relation with the climatic rhythm of the analysis of the land use and occupation profile in the vegetative aspect based on the proposal of the Local Climate Zones STEWART 2011 The results obtained showed that precipitation like the acting atmospheric systems directly influence the surface and air temperature The predominance of drought caused high surface temperatures in the rural surroundings and a great proximity to the built environment due to the decrease in biomass On the other hand during the predominance of precipitation intraurban temperatures increased compared to rural areas Regarding the atmospheric heat islands the highest temperatures were recorded under the action of stable systems while under unstable systems there was some homogenization in the intraurban and rural areas In a general overview the warmest areas are related to plots of bare ground or with a predominance of pastures while the lowest temperatures correspond to areas of vegetative densification Finally the extreme importance of vegetation as a mitigating role of heat islands was also verified acting in the mitigation of high atmospheric and surface temperatures by providing greater evapotranspiration reducing the sensible heat and the shading of solar rays appropriate to the soil maintaining the humidity and hindering the storage of heat by urban materials Keywords Urban climate Urban heat islands Climate rhythm Vegetation cover Remote Sensing LISTA DE FIGURAS Figura 1 Entradas caracterização e ocorrências dentro do Sistema Clima Urbano e sua integração com a sociedade 24 Figura 2 Potenciais Zonas Climáticas Locais LCZ em Presidente Prudente 39 Figura 3 Localização do município de Presidente Prudente no Estado de São Paulo 40 Figura 4 As massas de ar na América do Sul no período do inverno 45 Figura 5 As massas de ar na América do Sul no período do verão 45 Figura 6 Trajetos das massas de ar que atingem o oeste paulista 47 Figura 7 Fluxograma do objetivo geral da pesquisa e etapas realizadas para sua obtenção 49 Figura 8 Abrigo meteorológico RS3 Hobo com registrador de temperatura e umidade data logger U23002 Hobo 54 Figura 9 Localização dos pontos fixos de medição atmosférica e da Mata do Furquim no município de Presidente Prudente SP 57 Figura 10 Localização e caracterização da área referente ao sensor automático inserido no ponto rural 58 Figura 11 Localização e caracterização da área referente ao sensor automático inserido no intraurbano Sistema Agroflorestal 59 Figura 12 Área de cultivo agroflorestal urbano em Presidente Prudente SP 60 Figura 13 Localização e caracterização da área referente ao sensor automático inserido no intraurbano Bairro Santa Helena Presidente Prudente 61 LISTA DE PRANCHAS Prancha 1 Distribuição sazonal e espacial da intensidade da ilha de calor de superfície e NDVI para Presidente Prudente 2021 69 Prancha 2 Painéis espaço temporais e análise rítmica de Fevereiro de 2021 72 Prancha 3 Painéis espaço temporais e análise rítmica de Março de 2021 74 Prancha 4 Painéis espaço temporais e análise rítmica de Julho de 2021 76 Prancha 5 Painéis espaço temporais e análise rítmica de Agosto de 2021 78 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Propriedades radioativas de materiais urbanos 29 Tabela 2 Propriedades radioativas de materiais rurais 29 Tabela 3 Sistema de Geração de Produtos Landsat 50 Tabela 4 Magnitude da ilha de calor de acordo com sua intensidade 55 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CGA Circulação Geral da Atmosfera CPTEC Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos FAO Food and Agriculture Organization IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICU Ilhas de Calor Urbanas ICUATM Ilhas de Calor Urbanas Atmosféricas ICUSUP Ilhas de Calor Urbanas Superficiais INMET Instituto Nacional de Meteorologia INPE Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais LCZ Local Climate Zones NASA National Aeronautics and Space Administration NDVI índice de Vegetação por Diferença Normalizada PANC Plantas Alimentícias Não Convencionais PUC Potenciais Unidades Climáticas SAF Sistemas Agroflorestais SCU Sistema Clima Urbano TGS Teoria Geral dos Sistemas UBL Urban Boundary Layer UCL Urban Canopy Layer UR Umidade Relativa do Ar USGS United States Geological Survey SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 16 2 O CLIMA URBANO 22 21 Ilhas de calor urbanas 25 22 Sensoriamento remoto aplicado ao clima urbano 31 22 Vegetação como instrumento mitigador às Ilhas de calor 35 3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 40 31 Formação histórica de Presidente Prudente 42 32 O clima em Presidente Prudente 43 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 48 41 Coleta e processamento dos dados de sensoriamento remoto 49 42 Coleta e processamento dos dados associados à atmosfera 53 421 Caracterização dos pontos fixos 56 43 Perfil de uso e ocupação da terra 61 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 64 51 Ilhas de calor superficiais 65 52 Ilhas de calor atmosféricas 70 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 79 REFERÊNCIAS 83 16 1 INTRODUÇÃO As complexas relações do processo de urbanização no Brasil apontadas por Santos 1994 demonstram que os núcleos urbanos refletem as contradições inerentes ao processo capitalista de produção do espaço favorecendo a lógica do capital imobiliário e resultando na segregação socioespacial junto à exclusão de grande parte de sua população Corrêa 2006 na mesma direção afirma que a diferenciação socioespacial é um processo intrínseco ao capitalismo Santos 2006 nos ajuda a compreender a cidade ao contribuir para os estudos do espaço geográfico este sendo um conjunto indissociável do sistema de objetos e ações inerente aos fixos e fluxos que ao estabelecerem constantes relações nos permitem enxergar o espaço urbano à sua articulação e fragmentação assim como seus produtos e meios Tal conjunto manifestase essencialmente complexo e desigual tal qual o meio em que o compõe podendo ser estes os elementos ambientais como os elementos climáticos e a dinamicidade da atmosfera interferindo diretamente na vida dos citadinos Desta forma as cidades se consolidam sob um sistema desigual que abarca não somente o fator social mas também o ambiental As alterações no ambiente natural resultantes do processo de urbanização acarretam novos elementos ou rearranjos que de fato impactarão de forma concentrada o ser humano O modelo de produção do espaço urbano a partir de sua expansão territorial foi marcada por rápidas e radicais alterações da paisagem natural tais como a impermeabilização do solo redução da vegetação adensamento construtivo emissão de poluentes na atmosfera dentre outros fatores que foram e são capazes de gerar alterações no clima local criando um clima próprio para estas áreas o clima urbano MONTEIRO 1976 AMORIM 2000 2020 Monteiro 1976 p 23 define o clima urbano como um sistema que abrange o clima de um dado espaço terrestre e sua urbanização podendo ser entendido como o resultado da relação entre a sociedade e natureza Oke 1978 complementa afirmando que o clima urbano é resultante do processo de modificações na superfície e proximidades atmosféricas de um dado local produzidos a partir de sua urbanização e atrelado às características urbanas e geoambientais À vista disso os estudos sobre o clima urbano surgiram a partir da complexidade de interações que envolvem distintas realidades urbanas onde se fez cada vez mais necessário pensar tais espaços como locais benéficos para a produção reprodução e manutenção da vida em toda sua plenitude 17 Monteiro 1976 a partir da Teoria Geral dos Sistemas TGS e estudos da perspectiva dinâmica climática de Sorre 1951 e Pédelaborde 1957 elaborou a proposta teórica e metodológica do Sistema Clima Urbano SCU nos permitindo investigar a cidade como um sistema aberto sob uma perspectiva integradora que propõe a adoção de uma concepção dinâmica dirigida através do ritmo de sucessão habitual dos estados atmosféricos atuantes sobre as cidades Desta forma a cidade é analisada como um sistema aberto dinâmico e integrador diferenciandose dos propósitos exclusivamente meteorológicos da climatologia tradicional OKE 1978 BRYSON 1972 LANDSBERG 1981 A concepção e construção da climatologia dinâmica não exclui a climatologia tradicional e sim a complementa ao introduzir materiais métodos e perspectivas de análise que sejam capazes de responder as indagações e necessidades da sociedade como nos remete SantAnna Neto 2001 a partir da Geografia do Clima Para estruturar a análise do clima e dos diferentes tipos de tempo no espaço urbano fundamentando seu ritmo adotouse a análise das dinâmicas atmosféricas por meio do ritmo climático proposto por Monteiro 1971 A relevância de reconhecer e identificar os tipos de tempo por meio da análise rítmica revelase através da gênese dos fenômenos climáticos que habitualmente relacionamse em caráter cronologicamente diário no cotidiano social permitindo o intercâmbio dos elementos climáticos e fatores geográficos do clima dentro de uma realidade regional ALEIXO 2014 É justamente nas escalas inferiores isto é no local e regional que há a compreensão da forma de organização do clima urbano pois segundo SantAnna Neto 2013 tais camadas são mais complexas do que a escala global devido ao fato destas serem a combinação da circulação geral da atmosfera junto à circulação secundária Desta forma se evita tamanha homogeneização dos elementos constituindose como as camadas mais importantes de análise climática sendo importante para a compreensão dos fatores que influenciam diretamente a vida dos citadinos tal qual a questão do conforto térmico e suas repercussões causadas pelo processo de uso e ocupação da terra devido à urbanização acarretando o fenômeno das ilhas de calor urbanas ICU que por definição são bolsões de ar quente registrados nos ambientes urbanos decorrentes da capacidade diferenciada dos materiais encontrados na superfície de armazenar e refletir a energia solar e da produção do calor antropogênico Resultam das diferenças no balanço de energia entre a área urbana e rural além das diferenças existentes no interior da própria cidade AMORIM 2019 p 25 18 A ICU tem influência sobre a qualidade de vida da população ao interferir diretamente no conforto e saúde dos indivíduos devido aos problemas relacionados com a temperatura como estresse térmico problemas de saúde relacionados à qualidade do ar que resulta em sérios efeitos sobre a mortalidade local e o modo que os mesmos se apresentam perante a exposição a tais fatores climáticos desiguais AMORIM 2010 GARTLAND 2010 Assim a interação entre o climasociedade não é percebida da mesma forma para todos pois nas palavras de SantAnna Neto 2012 p 36 espaços desiguais potencializam efeitos do clima igualmente desiguais Nesta perspectiva temos que admitir que o clima é uma construção social Esses espaços desiguais e consequentemente a produção de um clima desigual nos permite enxergar através das lentes da Geografia do Clima SANTANNA NETO 2001 entendendo que a vulnerabilidade climática advém dos riscos estes tendo seus eixos pautados na origem natural tecnológico e social sendo a compreensão de como são sentidos nas distintas classes sociais e revelando a injustiça social aos eventos extremos VEYRET 2007 Amorim 2000 nos aponta o caminho para se investigar as ilhas de calor ao trazer a comparação de dois pontos distintos um urbano e um rural de modo a averiguar a interferência urbana na temperatura da cidade O ideal para os estudos das alterações da atmosfera devido à urbanização seria trabalhar com dados meteorológicos de séries temporais que precedem a existência das cidades o que não é possível visto que o registro de dados não era uma prática existente neste período portanto o entorno rural próximo é utilizado nas comparações sendo considerado menos alterado em relação à paisagem original do que as cidades AMORIM 2020 Os estudos de Oke 1978 e Fernández García 1995 indicam que a intensidade e magnitude das ICU devem ser calculadas a partir das diferenças das temperaturas registradas simultaneamente no urbano e rural Na mesma perspectiva Gartland 2010 e Amorim 2020 mostram metodologias que viabilizam o monitoramento e análise das ICU As ilhas de calor se categorizam em quatro tipos distintos em função da camada em que se encontram apresentadas em Oke et al 2017 ICU subsuperficial ICU superficial utilizando técnicas de sensoriamento remoto SR para obtenção dos dados ICU atmosférica dividida entre a camada inferior e a superior aferindo a temperatura do ar O presente trabalho visa fornecer análises que se referem à ilha de calor urbana superficial e da atmosfera inferior Por mais que os estudos sobre ilhas de calor de superfície sejam menos comuns no Brasil o número de trabalhos está aumentando AMORIM 2020 muito por conta da 19 disseminação do uso das geotecnologias e do sensoriamento remoto que possibilitam novas análises sobre a superfície terrestre e suas interações Porém a ciência do sensoriamento remoto tem suas limitações pois ela por si só não consegue fornecer todos os dados e informações necessárias para as pesquisas nas diferentes áreas do conhecimento provendo somente alguma informação espacial espectral e de valor que integre e nos dê um caminho para realizála por completo JENSEN 2009 Partiuse da necessidade então de compor tal estudo a partir do coleta e tratamento de dados remotos junto à coleta de dados in loco com trabalhos de campo Assim evitouse a monotonia de dados generalizados ao coletar dados instantâneos de acordo com o fenômeno de interesse o comportamento dos alvos e temperatura mediante a presença ou não de vegetação disponível A partir de resultados obtidos apresentados em Lombardo 1985 Amorim 2000 Gartland 2010 aferese que a característica do uso e ocupação da terra tal qual a superfície urbana são fatores determinantes na configuração da ilha de calor urbana Através da implantação e manutenção de áreas verdes apontase uma melhoria nos efeitos do clima urbano considerando que é principalmente sob altas temperaturas e baixa umidade que a arborização age eficientemente regulando as condições térmicas do ambiente GOMES AMORIM 2003 p 104 A ausência da vegetação somada a materiais artificiais padronizados que são utilizados interferem na dinâmica do clima em escala local Sem a cobertura vegetal a radiação incide de forma direta na superfície seja nos materiais construtivos ou em solo nu o que promove o armazenamento de calor excessivo associado às condições do ar na atmosfera urbana deflagrando problemas na saúde humana LOMBARDO 1985 GARTLAND 2010 Dentre as áreas verdes encontradas nas cidades é recorrente a presença de espaços destinados à Agricultura Urbana que de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura FAO 2009 oferece diversos benefícios para a dinâmica da cidade e sua população ao favorecer a disponibilidade de alimentos de qualidade gestão sustentável de recursos naturais além de diminuir erosões e o aquecimento urbano propiciando a criação de cidades resilientes Silva 2018 2020 mostra que há benefícios para a qualidade do ambiente urbano e amenização de altas temperaturas superficiais e atmosféricas por meio da inserção de áreas destinadas a agricultura urbana em meio a áreas densamente construídas Em seu estudo realizado no ano de 2018 em Álvares Machado SP a temperatura do ar no período noturno 20 se mostrou menor em espaços de agricultura urbana em relação as áreas densamente construídas Já na cidade de Florianópolis SC Silva 2020 aponta que as áreas de agricultura urbana e periurbana apresentaram até 8ºC a menos de aquecimento superficial em comparação às áreas densamente ocupadas Portanto os Sistemas Agroflorestais SAF ocupam um papel importante em escala local constituindose de espaços de cultivo que tem como intuito reproduzir a dinâmica da floresta sendo para Götsch 1996 uma tentativa onde se é possível imitar a natureza criando um ambiente de sinergia para seu pleno desenvolvimento ao contrário do setor agrícola que desempenha papel adverso nesse processo contribuindo para a intensificação das mudanças climáticas através dos gases causadores de efeito estufa liberados pelo desmatamento pecuária e fertilizantes BEDDINGTON et al 2012 Para além de serem sistemas livres de agrotóxicos e garantir a disponibilidade diversa de alimentos as agroflorestas também cumprem um papel fundamental na preservação e até mesmo na recuperação de solos degradados através do controle de erosão e da manutenção da fertilidade RODRIGUEZ 2015 contribuindo também para manutenção do ciclo hídrico já que a água da chuva é incorporada no sistema por conta da presença de espécies arbóreas e de matéria orgânica BEER et al 2003 A importância de se analisar o conforto térmico mediante a ocorrência ou não das ICU reside no fato de que as áreas verdes da cidade devem proporcionar condições de bem estar para a população atuando como um condicionante fundamental no estudo das temperaturas urbanas cujo estudo de Gartland 2010 comprovou ao demonstrar que as árvores cumprem um papel fundamental na diminuição da temperatura do ar e da intensidade das ilhas de calor por conta do sombreamento que oferecem para as superfícies tal qual seu processo de evapotranspiração Considerando os impactos positivos oferecidos pela inserção e manutenção da vegetação no meio urbano para a mitigação de fenômenos climáticos junto à proposta da Geografia do Clima de SantAnna Neto 2001 buscouse neste trabalho comprovar a hipótese de que a cobertura vegetal influencia positivamente na dinâmica do clima local Desta forma este trabalho teve como objetivo analisar a ocorrência de ilhas de calor urbanas superficiais ICUSUP diurnas e a intensidade e magnitude das ilhas de calor urbanas atmosféricas ICUATM a partir de três pontos com características distintas de cobertura da terra em Presidente PrudenteSP sendo duas áreas urbanas uma densamente construída e outra com vegetaçãoagrofloresta e um ponto representativo do rural 21 Além disso buscouse verificar a densidade vegetativa no contexto urbano e rural próximo por meio da produção e interpretação das cartas de Índice de Vegetação por Diferença Normalizada NDVI relacionado a análise das características do tempo atmosférico no período de captura das imagens termais de modo a compor a análise da vegetação e sua influência no clima local 22 2 O CLIMA URBANO O crescimento acelerado das cidades devido ao processo de urbanização pautada no capital imobiliário SANTOS 1994 e no planejamento urbano visando as hierarquias sociais CORRÊA 2006 em conjunto ao perfil construtivo e de uso de superfície da terra ocasionam diversos problemas ambientais e climáticos através da transformação da paisagem natural aferindo riscos à qualidade de vida dos citadinos Na mesma perspectiva Mendonça 2011 remete grande parte dos problemas ambientais encontrados nas metrópoles ao desconsiderar o clima na elaboração do planejamento urbano ocidental O trato dos problemas ambientais para além dos fundamentos científicos requer a tomada de medidas reparadoras de natureza administrativa visto que a qualidade de vida humana está diretamente relacionada com a interferência da obra do homem no meio natural urbano LOMBARDO 1985 p 16 Tais problemas ambientais são originados através da retirada de cobertura vegetal original impermeabilização da superfície alteração no relevo e hidrografia concentração e disposição das edificações características dos materiais construtivos entre outros Estas modificações condicionam a falta de arborização nas cidades o remanejamento da drenagem urbana os fluxos de ar no interior da cidade e de absorção e reflexão de radiação solar Por outro lado as atividades desempenhadas pela sociedade tangem à emissão de materiais particulados na atmosfera fluxo de veículos e pessoas geração de calor através dos condicionadores de ar e o uso da superfície no entorno urbano AMORIM 2020 As relações de produção do espaço causam uma segunda natureza a cidade Santos 2006 em sua obra A Natureza do Espaço mostra a questão do espaço geográfico como um híbrido entre o social e o físico sendo o resultado da conjugação do sistema de objetos e ações que nos permite transitar do passado ao futuro mediante o presente e viceversa Para o autor não há mais a existência da natureza primária ou seja a natura naturans pois tudo se transforma em objeto de modo que não existem mais ecossistemas naturais sem a influência e modificação da ação humana resultando em uma natureza secundária A dominação da natureza pelo ser humano se dá a partir do processo de apropriação Assim a natureza destruída como tal terá de ser reconstruída e reconstróise já num outro plano a outro nível o de uma natureza segunda a cidade e o urbano LEFEBVRE 1973 p 15 O processo migratório do campo advindo do êxodo rural e das migrações entre cidades junto as elevadas taxas de reprodução têm provocado o crescimento urbano resultando em uma 23 má administração e desconforto térmico que ultrapassa os limites de tolerância dos habitantes LOMBARDO 1985 Desta forma urge a necessidade de estudos que possam fornecer subsídios para a urbanização e seus problemas fixando parâmetros físicos de um ambiente urbano mais compatível com a questão de qualidade de vida humana As cidades apresentam características climáticas distintas se comparada aos ambientes rurais sendo justificado pela densidade de urbanização que tem a capacidade de alterar o clima local variando de cidade para cidade em virtude do uso e ocupação da terra LANDSBERG 1981 Entendese o clima urbano como o resultado da relação entre a sociedade e natureza a partir dos estudos de Monteiro 1976 em sua contribuição à Climatologia Geográfica Brasileira por meio da proposta teórica do Sistema Clima Urbano Nela a cidade é analisada em uma perspectiva integradora e dinâmica a partir da sucessão habitual dos estados atmosféricos ao buscarse a mensuração do ar comprometido dentro da realidade do ambiente urbano É nesta perspectiva teórica e consequentemente seus resultados que a Climatologia dinâmica se diferencia da tradicional ao analisar não somente os dados e médias por si só mas integrálos a perspectiva dinâmica da sociedade dentro de uma realidade vivida e percebida pelos distintos agentes em suas respectivas classes sociais A Geografia climatológica deve atender responder e mitigar os anseios da sociedade SANTANNA NETO 2011 Partindo destes preceitos Monteiro 1976 sugere que a análise do clima urbano se dê por meio de canais de percepção humana dentro do SCU englobando as entradas e ocorrências dentro do sistema O autor aponta os canais do Conforto Térmico Subsistema Termodinâmico Qualidade do Ar Subsistema Físico Químico e Meteoros de Impacto Subsistema Hidrometeórico sistematizando as características presentes na atmosfera que interferem diretamente à vida cotidiana Figura 1 Desta forma o ser humano é incluído dentro da problemática climática junto às questões naturais O canal do conforto térmico é o filtro perceptivo mais significativo pois afeta a todos permanentemente por englobar as componentes termodinâmicas expressadas através do calor ventilação e umidade A qualidade do ar referese entre outros fatores à poluição do ar que associada à outras formas de poluição água solo tornase uma das mais decisivas dentro da qualidade ambiental urbana O impacto meteórico agrupa todas as formas meteóricas hídricas mecânicas e elétricas que através de suas intensidades são capazes de causar impactos na vida dos citadinos MONTEIRO 1976 24 Figura 1 Entradas caracterização e ocorrências dentro do Sistema Clima Urbano e sua integração com a sociedade Fonte Monteiro 1976 Desta forma o clima urbano é produzido pela ação humana em contato com a natureza gerando condições distintas revelado por meio de seus produtos tal qual o conforto ou desconforto térmico e alterações na atmosfera na escala local Atrelase características da dinâmica da atmosfera com o uso da terra resultando na produção e ocupação do espaço urbano Os elementos do clima podem ser modificados tanto por características naturais quanto antrópicas e seus produtos decorrentes espelhamse na geração das ICU e ilhas secas desconforto térmico inversões térmicas inundações alagamentos e a poluição do ar MONTEIRO 1976 Dentre os três subsistemas do SCU o termodinâmico carrega uma importante atenção dos estudos realizados no Brasil MENDONÇA 2015 devido aos produtos consequentes deste canal terse intensificado em consonância à urbanização no ambiente tropical É nesta percepção humana do SCU que se baseia este trabalho de modo a analisar as ICUATM e ICUSUP 25 21 Ilhas de calor urbanas As cidades são responsáveis pela alteração no balanço de energia e balanço hídrico urbano causadas pela retirada de vegetação original e os efeitos do uso e ocupação da terra perante o processo de urbanização Tais alterações geram bolsões de ar quente decorrentes da capacidade diferenciada de armazenamento e reflectância de energia solar dos materiais encontrados na superfície denominadas de Ilhas de Calor AMORIM 2010 Monteiro 1976 remete o clima urbano ao resultado da interferência de todos os fatores que se processam sobre a camada limite urbana que em conjunto com a natureza são capazes de alterar o clima em escala local Oke 1978 mostrou que a característica mais importante da ilha de calor atmosférica é sua magnitude dada a partir da diferença entre o máximo da temperatura urbana e o mínimo da temperatura rural no mesmo instante Fernández García 1995 definiu a intensidade e a magnitude das ICUATM considerandose as diferenças térmicas entre o urbano e rural de acordo com os seguintes parâmetros ICUATM de fraca magnitude quando as diferenças entre os pontos mais quentes e frescos variam de 0ºC a 2ºC ICUATM de moderada magnitude quando variam entre 2ºC e 4ºC ICUATM de forte magnitude quando variam de 4ºC a 6ºC e de muito forte quando supera os 6ºC Seu efeito sobre as cidades ocorre devido à redução da evaporação aumento da rugosidade e às propriedades térmicas dos edifícios materiais construtivos e pavimentados LOMBARDO 1985 Howard 1818 foi o pioneiro a publicar os estudos das ilhas de calor atmosféricas em Londres ao constatar a queima de carvão nas indústrias como fator originário do aumento de temperatura e contaminação do ar evidenciando as maiores temperaturas na cidade em relação aos registros rurais A partir deste outros estudos foram agregando a análise do clima urbano tal qual os trabalhos clássicos de Landsberg 1956 ao analisar a alteração dos elementos climáticos ao entrarem em contato com a área urbana e Chandler 1965 ao aferir que a cidade tem a capacidade de modificar o clima e a composição da atmosfera através das alterações na superfície resultando no aumento de calor e precipitação Ambos pautam a abordagem do clima em uma perspectiva tradicional sem correlacionar a ocorrência do aumento de temperatura superficial e atmosférica com os fenômenos antrópicos advindos do processo de urbanização Estudos mais recentes com foco no ambiente tropical se materializaram a partir dos estudos de Monteiro 1976 e sua obra Teoria e Clima Urbano destacando a importância do 26 estudo da climatologia urbana ao propor uma análise dinâmica através das relações espaço tempo sociedade Tarifa 1977 ao estabelecer a correlação entre a influência da natureza do espaço e do tipo de cobertura da terra nas variações de temperatura atmosférica e umidade na cidade de São José dos Campos SP Lombardo 1985 ao trabalhar a ocorrência das ICU superficiais e atmosféricas nas metrópoles através da sua obra Ilha de Calor nas metrópoles o exemplo de São Paulo Abrangendo Presidente Prudente Amorim 2000 2020 refletiu sobre os princípios teóricos e práticos aos estudos das ICU superficiais e atmosféricas em cidades de médio e pequeno porte e propôs um roteiro metodológico para sua detecção de intensidade e magnitude Nessa mesma lógica SantAnna Neto 2002 organizou uma coletânea de estudos sobre o clima de cidades brasileiras com o objetivo de contribuir para o entendimento climático e seus elementos na produção do espaço urbano assim como a qualidade ambiental e de vida nas cidades tal qual a proposta de uma Geografia do Clima SANTANNA NETO 2001 visando incorporar a dimensão social na interpretação do clima urbano Oke et al 2017 categoriza as ilhas de calor em quatro tipos distintos em função da camada que se materializam A ilha de calor urbana subsuperficial referese aos padrões de temperatura entre o perfil subsuperficial da cidade e o tecido subterrâneo a ilha de calor urbana superficial trabalha com a temperatura dos alvos diagnosticada por meio do sensoriamento remoto a ilha de calor urbana atmosférica concerne à temperatura do ar dividida entre a camada inferior compreendida entre o nível do solo e o nível médio dos telhados e a superior sobrepondose à anterior e se estendendo até a atmosfera livre A classificação da atmosfera em duas camadas de Oke 1978 é resultado das alterações provocadas pela urbanização no clima sendo a primeira delas a Urban Canopy Layer UCL decorrente dos processos atuantes na microescala e a segunda a Urban Boundary Layer UBL resultante dos processos locais ou de mesoescala A UCL referese aos elementos da rugosidade modelandose através dos materiais e geometria do local enquanto a UBL tem suas características afetadas pela presença de uma área urbana no seu limite mais baixo AMORIM 2020 Este fenômeno tem como origem a radiação solar sendo esta um elemento fundamental no balanço energético que alteram o padrão térmico das superfícies atingidas através do processo de reflectância e emissividade dos objetos sendo mais evidente no período noturno 27 O monitoramento e medição das ICUATM podem ter diversas metodologias e fonte de dados a depender do objetivo da análise e dos recursos disponíveis Gartland 2010 e Amorim 2020 elencam alguns procedimentos com destaque para os mais empregados tais como pontos fixos por meio de estações meteorológicas ou registradores automáticos inseridos na malha urbana e no ambiente rural transectos móveis medidas itinerantes com veículos e o sensoriamento remoto Dentre estas foi empregado o uso de técnicas de SR e de medidas em pontos fixos Eriksen 1978 atribui a formação da ICU aos efeitos da transformação de energia no interior da cidade devido ao processo de gentrificação e verticalização da mesma às cores albedo e material construtivo Também ressalta a importância da vegetação e alterações antrópicas como a retirada de cobertura da terra e canalização dos córregos causando a redução da evaporação e a emissão e produção de calor antropogênico através das indústrias trânsito e habitações Amorim 2020 complementa ao reiterar a formação das ICU como resultado do balanço de energia da consequência dos aspectos naturais e urbanos destacandose dentre os fatores naturais os tipos de tempo relevo presença de superfícies com vegetação e dentre os fatores urbanos as características dos espaços construídos e as atividades humanas As condições sinóticas atuantes têm a capacidade de estabelecer o tipo de cobertura do céu velocidade e direção do vento e as precipitações causando interferências na formação e principalmente na intensidade da ICU A ausência de ventos ou sua ocorrência com menos intensidade dificulta a dispersão do calor urbano contribuindo para a maior intensificação da ICU e vice versa enquanto a nebulosidade reduz a recepção e devolução da radiação solar e modera sua intensidade PINHO 2000 Lombardo 1985 relaciona o aumento de precipitação nas áreas urbanas com a ocorrência de ICU devido a rugosidade de construções ar quente ascendente e o aumento da condensação devido a concentração de aerossóis A importância dos tipos de tempo e condições atmosféricas parte pela análise dos episódios e não dos valores médios diferenciando a perspectiva geográfica daquela puramente meteorológica no estudo do clima O diagnóstico das ICU sustentamse na análise rítmica de Monteiro 1971 aonde a sequência das características dos tipos de tempo são a peçachave para se alcançar o ritmo climático capaz de exibir a tendência habitual sem esquecer os desvios extremos MONTEIRO 2015 p 70 28 Devemos pautar o relevo também como fator necessário para se compreender a formação da ICU tendo seu papel na distribuição espacial da temperatura do ar no intraurbano e rural próximo vinculadas a altitude declividade e orientação das vertentes AMORIM 2020 Os fundos de vale são responsáveis pela diminuição das temperaturas nas áreas densamente construídas principalmente no período noturno sob atuação das massas de ar polar propiciando situações de inversão térmica AMORIM 2000 2005 Junto à vegetação a temperatura do ar tem sua diminuição através do processo de evapotranspiração e sombreamento influenciando diretamente na emissividade dos materiais construtivos encontrados nas cidades pois como enfatiza Brandão e Lucena 1999 p 67 além do sítio e dos sistemas atmosféricos os atributos urbanos têm peso significativo sobre os índices de conforto para o pleno desenvolvimento das atividades humanas Seu efeito na diminuição da temperatura é mais evidente durante o dia entretanto mesmo sendo menos evidente no período noturno também produz efeitos positivos decorrentes da diferença de calor armazenado durante os dois períodos AMORIM 2020 Por fim o ambiente urbano se torna um grande armazenador de calor devido a densidade e características dos materiais construtivos junto a impermeabilização do solo Oke 1987 classificou as propriedades radioativas de materiais urbanos Tabela 1 e rurais Tabela 2 comprovando a interferência dos processos energéticos sofridos pela atmosfera próxima à superfície 29 Tabela 1 Propriedades radioativas de materiais urbanos SUPERFÍCIE ALBEDO EMISSIVIDADE 1 Ruas com asfalto 005 020 095 2 Paredes Concreto 010 035 071 090 Tijolos 020 040 090 092 Pedras 020 035 085 095 Madeiras 090 3 Telhados Piche e Cascalho 008 018 092 Telhas 010 035 090 Ardósia 010 090 Sapé Folhagem 015 020 Chapa Ondulada 010 016 013 028 4 Janelas Vidros claros zênite Ângulo menor 40o 08 087 094 Ângulo de 40 a 80o 009 052 087 092 5 Pinturas Brancas Caiadas 050 090 085 095 Vermelha Marrom Verde 020 035 085 095 Preta 002 015 090 098 6 Áreas Urbanas Variações 010 027 085 096 Médias 015 095 Fonte adaptado de Oke 1987 p 281 Tabela 2 Propriedades radioativas de materiais rurais SUPERFÍCIE ALBEDO EMISSIVIDADE 1 Solos Escuro Úmido 005 090 Claro Seco 004 090 2 Desertos 020 025 084 09 3 Grama Alta 1m 016 090 Baixa 002m 026 095 4 Cultivos Tundra 018 025 090 099 5 Pomares 015 020 6 Florestas Decíduas Solo nu 015 097 Abandonadas 020 098 7 Coníferas 005 015 097 099 8 Água Pequeno ângulo 003 010 092 097 Zênite Grande ângulo 010 100 092 097 Zênite Fonte adaptado de Oke 1987 p 12 30 O albedo corresponde à quantidade de energia absorvida de uma determinada superfície assim quanto maior o albedo menor o aquecimento da superfície devido à reduzida quantidade de energia disponível para gerar calor DUMKE 2007 Na cidade a mudança na condutividade na capacidade calorífica e na área superficial são marcantes de maneira que os materiais armazenem mais energia que o solo natural agindo como reservatórios de radiação BARBIRATO 2007 p 76 Por outro lado quanto menor for o albedo e emissividade maior será a absorção de calor e sua permanência no ambiente de entorno FERREIRA PRADO 2003 SANTANNA NETO 2011 visto que Os diferentes tipos de revestimentos e materiais urbanos possuem albedos diferenciados Dessa forma verificase que a qualidade térmica dos recintos urbanos também será fortemente influenciada pelas propriedades termo físicas dos materiais adotados A capacidade de reflexão e absorção dos diversos materiais em relação à luz e ao calor depende diretamente de suas propriedades físicas albedo como densidade textura e cor influenciam consideravelmente na quantidade de energia térmica acumulada e irradiada para a atmosfera contribuindo para um aumento da temperatura do ar expresso pelo albedo absorção e emissividade BARBIRATO 2007 p 31 Desta forma o balanço energético encontrado nas cidades varia de uma para outra a depender das características construtivas e uso e ocupação da terra particulares de cada uma A inserção do calor antropogênico é fundamental para a compreensão das ICU pois referese ao aumento do calor gerado pelas atividades humanas A poluição pode influir na absorção e reemissão da radiação na área ocupada pela cidade onde Landsberg 1956 relacionou a concentração de poluentes sendo a maior aberração climática das condições naturais advindas da urbanização A camada de poluentes que a princípio pode apresentar certa tendência a refletir a luz solar ao mesmo tempo dificulta o escoamento e a dispersão do calor LOWRY 1967 A ilha de calor é portanto um fenômeno complexo resultado da diversidade paisagística urbana social e meteorológica do interior de cada cidade Ayoade 1986 destaca a importância de considerar os tipos de uso de ocupação da superfície nos estudos do clima urbano mantendo sempre uma articulação do urbano e do rural ao invés de ambos serem estudadas por si só Assim o armazenamento de calor no espaço construído pelas características anteriormente apresentadas e seu respectivo balanço energético não nos remete a uma situação 31 nula de energia criandose assim condições para formação das ilhas de calor e ilhas de frescor AMORIM 2000 22 Sensoriamento remoto aplicado ao clima urbano Conforme discutido até agora sobre o clima urbano e seus processos desencadeadores qualificase a importância do balanço energético dentro das cidades a fim de se analisar e aferir a intensidade e magnitude das ICUSUP tal qual a obtenção das características térmicas dos materiais construtivos Para tanto o sensoriamento remoto junto ao processo de fotogametria na banda no infravermelho termal tem auxiliado cada vez mais as análises climáticas ao permitir análises da superfície e dos alvos contidos nela O SR junto ao processo de fotogametria pode ser definido como a arte ciência e tecnologia para obter informação confiável sobre objetos físicos e o ambiente por meio do processo de registro medição e interpretação de imagens e representações digitais dos padrões de energia derivados de sistemas sensores sem contato físico COLWELL 1997 p 35 O SR é um aliado importante para a identificação das ilhas de calor superficiais por meio do tratamento de imagens de satélite que possibilitam a obtenção da temperatura aparente da superfície e que nos permite adquirir dados sobre um objeto sem a necessidade de tocálo podendo fornecer visões em diferentes escalas do desenho da temperatura local WENG 2003 Barbirato 2007 p 120 complementa ao afirmar que para transformar essas informações de interesse para os estudos do clima urbano é preciso considerar os dados dessas temperaturas com a temperatura do ar Jensen 2009 afere que todos os objetos acima do zero absoluto 0 Kelvin emitem energia eletromagnética porém nossos olhos não são capazes de detectar tais bandas termais devido a nossa limitação biológica que nos permite enxergar somente na banda do visível de 04 07 µm recorrendo ao sistema de infravermelho termal possibilitando o contato com um vasto mundo de informações anteriormente invisíveis aos olhos humanos As leis da radiação termal especificam que em uma situação teórica um corpo negro compõese de uma entidade que tem a possibilidade de absorver toda radiação que o atinge e radiar tal energia na máxima taxa possível por unidade de área em cada comprimento de onda para uma dada temperatura Porém o mundo é composto de corpos que radiam seletivamente 32 pois nenhum objeto da natureza é passível de tal hipótese como rocha vegetação solo e água JENSEN 2009 Para tal utilizase a lei da emissividade sendo esta a razão entre a radiância seletiva emitida por um corpo do mundo real e um corpo negro à mesma temperatura termodinâmica JACOB et al 2004 Todos os corpos que radiam seletivamente têm emissividade variando entre 0 1 onde 0 significa menos emissivo e 1 mais emissivo destacandose a água 092 098 concreto 07109 asfalto 095 tijolo 093 vegetação aberta e fechada 096 098 respectivamente e grama 097 SABINS 1997 LILLESAND KIEFER 2003 Se a refletividade aumenta então a emissividade deve diminuir Por exemplo a água absorve quase toda a anergia e reflete muito pouco Portanto a água é um emissor muito bom e tem uma alta emissividade perto de 1 Ao contrário um teto metálico reflete a maior parte da energia incidente e absorve muito pouco gerando uma emissividade muito menor que 1 JENSEN 2009 p 260 Os sistemas de infravermelho termal de SR atuam na banda invisível aos olhos humanos de 3 14 µm e são capazes de registrar a radiação infravermelha termal Quattrochi e Luvall 2004 mostram que podem ser utilizadas para determinar o tipo do material com base em sua emissão térmica e mudanças significativas que ocorreram nestas características termais ao longo do tempo O domínio das técnicas de SR tem sido muito útil para mensurar temperaturas e outras características de diferentes superfícies como variações de cobertura da terra pavimentação vegetação e temperatura dos alvos A energia eletromagnética emitida ou refletida por uma área geográfica ou objeto tornase um meio para a obtenção de dados e resultados sendo estas convertidas em informação utilizando técnicas visuais ou de processamento digital de imagens estas sendo visíveis ou não visíveis aos olhos humanos JENSEN 2009 Para obtenção das imagens termais é comumente utilizado os satélites em maior escala de imageamento e as aeronaves em escalas menores Voos em aeronaves espaciais viabilizam uma maior acurácia de detalhes da temperatura de superfície pela sua proximidade à mesma aumentando significantemente a resolução das imagens obtidas entretanto são caros e necessitam de autorização para voar a altitudes mais baixas do que normalmente é permitido AMORIM 2020 Em contrapartida são utilizadas imagens do Satélite Landsat 5 e 7 na banda 6 do infravermelho termal com resoluções espaciais de 120 e 60 metros respectivamente e o 33 Landsat 8 bandas 10 e 11 do infravermelho termalTIRS 1 com resolução espectral de 106 1119 µm e resolução espacial de 100 metros tratadas e disponibilizadas com pixel de 30 metros pela United States Geological Service Serviço Geológico dos Estados Unidos USGS A operação do satélite em órbita é administrada pela National Aeronautics and Space Administration Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço NASA e a produção e comercialização de imagens ficam sob os cuidados da USGS O financiamento governamental junto à ciência global nos permite desfrutar de tais dados através do acesso e uso disponibilizados de forma gratuita através dos sítios eletrônicos das instituições responsáveis pelas imagens captadas As imagens termais geradas e obtidas a partir do sensor Landsat 8 possibilitam maior detalhamento das temperaturas dos alvos do que comparado as imagens geradas pelo Landsat 5 e 7 devido à sua maior resolução espacial determinante do menor tamanho de objeto que pode ser identificado em uma imagem Uma cena do Landsat 8 é composta por 11 bandas espectrais sendo a banda 5 infravermelho próximo 6 infravermelho médio e 7 infravermelho médio registram a radiação eletromagnética no infravermelho termal e as bandas 10 e 11 oferecem continuidade a aquisição de dados captados pela banda 6 com resolução espacial de 100 metros resolução radiométrica de 12 bits resolução temporal de 16 dias e uma área imageada de 185 quilômetros km NASA 2013 A partir do trabalho pioneiro de Lombardo 1985 o número de trabalhos relacionados às ICUSUP têm aumentado particularmente nas regiões metropolitanas e em cidades de grande porte ANDRADE 2007 COLTRI et al 2007 Na última década as cidades de pequeno e médio porte tornaremse objeto de estudo das temperaturas superficiais destacandose Barbosa Vecchia 2009 Amorim Monteiro 2011 Lima 2011 Ortiz Amorim 2011 Mauro 2020 dentre outros Andrade 2007 em seu estudo sobre as ICUSUP na cidade de São José dos Campos SP utilizou imagens do Landsat 5 120m e imagens do sensor Hyperspectral Scanner System HSS com resolução espacial de 27m e 83m a fim de comparar sua ocorrência no período diurno e noturno De acordo com a autora a amplitude térmica entre a área urbana e rural foi de 6ºC a 8ºC às 10h local podendo ser ampliada em horários de maior emissão superficial as 14h e 15h local Coltri et al 2007 comparou as ICUSUP das estações de outono e inverno na área urbana do município de Piracicaba SP por meio de imagens termais do Landsat 7 com 34 resolução espacial de 60 metros Verificouse a média das ICUSUP no inverno de 2471ºC e no outono de 2140ºC tendo a intensidade no inverno atrelada principalmente à condição da cobertura da terra no entorno da cidade advindo da cultura da cana de açúcar época em que o solo rural está exposto Barbosa e Vecchia 2009 analisaram a ICUSUP em São Carlos SP através das imagens do Landsat 7 Os autores demonstraram que as áreas de comércio e serviço residencial apresentaram magnitudes térmicas na classe de 45ºC a 48ºC enquanto menores valores na faixa de 29ºC a 33ºC foram identificados com maior extensão nas áreas verdes Amorim e Monteiro 2011 analisaram diferença de temperaturas intraurbanas em duas cidades de porte médio com latitudes distintas Porto Portugal e Presidente Prudente Brasil em episódios de verão a partir de imagens do Landsat 7 Em ambas as cidades mesmo com as diferenças construtivas foi verificado que as menores temperaturas advinham das áreas verdes em torno dos 21ºC Em Presidente Prudente as maiores temperaturas de superfície foram detectadas nas habitações populares devido à característica construtiva tais como as coberturas de fibrocimento e baixa densidade vegetativa alcançando os 27ºC Já no Porto os bairros mais aquecidos foram o centro a zona industrial e áreas densamente construídas com vias de circulação rápida e intensa apresentando temperaturas acima de 38ºC Lima 2011 combinou a análise da ICU superficial e atmosférica inferior junto ao Índice de Vegetação por Diferença Normalizada NDVI com intuito de verificar a qualidade ambiental na cidade de Nova Andradina MS Os resultados permitiram aferir a influência e importância da vegetação na temperatura da superfície e do ar Através das imagens do Landsat 7 verificouse que os locais na faixa dos 25ºC a 26ºC apresentaram baixa densidade vegetativa enquanto áreas com maior índice vegetal Parque Florestal configuraramse como áreas de menores temperaturas 15ºC a 17ºC Em estudo realizado por Ortiz e Amorim 2011 foi analisado as diferenças nas temperaturas da superfície intraurbana na cidade de Cândido Mota SP ao comparálas com a área rural no entorno A partir de imagens do Landsat 7 de 04 de março de 2003 identificou se diferenças de temperatura de superfície de aproximadamente 115ºC sendo a mínima 23ºC e a máxima de 35ºC Verificouse mais uma vez que as maiores temperaturas se relacionam com as áreas densamente construídas enquanto as menores temperaturas associaramse as áreas com maior cobertura vegetal arbórea Mauro 2020 em sua dissertação verificou a relação entre a expansão das áreas construídas de Presidente Prudente e a intensidade da temperatura aparente da superfície nos 35 anos de 1989 1999 2009 e 2019 O autor atestou por meio de imagens do Landsat 5 e 8 que durante o período de estiagem seco houve o ressecamento da vegetação das áreas rurais ocasionando o aumento da temperatura dos alvos tendendo a igualar as temperaturas do urbano e rural próximo Já no período referente à estação chuvosa observouse o aumento expressivo das ilhas de calor superficiais se comparado ao período seco por conta do desenvolvimento vegetativo e aumento da biomassa Dessa forma a partir dos resultados obtidos nas diversas obras e estudos citados acima verificase que a característica do uso e ocupação da terra tal qual a superfície urbana são fatores determinantes na configuração do que Oke 1982 considerou as ICU como uma anomalia térmica O padrão de análise atmosférica e superficial tende a apresentar menores temperaturas com a maior presença de vegetação arbórea e vice versa Nesse contexto a elaboração de cartas termais por meios do SR constituise como um processo imprescindível na identificação das características térmicas dos alvos sendo uma grande aliada na descrição interpretação e análise da ICU atmosférica inferior e do clima urbano de Presidente Prudente no recorte temporal descrito 22 Vegetação como instrumento mitigador às Ilhas de calor O ambiente urbano tornase um grande armazenador de calor perante a densidade característica dos materiais construtivos e a impermeabilização da superfície A geometria das edificações resulta em superfícies rugosas que tem a capacidade de modificar as trocas de energia entre a superfície e a baixa troposfera AMORIM 2020 Stewart 2011 destacou a partir das Local Climate Zones Zonas Climáticas Locais a disparidade de complexidade entre a estrutura urbana e o rural com suas diversas superfícies horizontais e verticais para a captura e absorção de radiação solar que porventura influencia no albedo fluxo de ar e armazenamento de calor durante o dia As estruturas urbanas de alta massa térmica e inércia asfalto edifícios concreto têm capacidade de armazenar o calor durante o dia e liberálo lentamente durante a noite Já no rural pelas características opostas resfriase rapidamente logo após a cessão de incidência solar se comparado com o urbano Desta maneira Cardoso 2015 comprovou estatisticamente que há influência da morfologia urbana e cobertura da terra na atmosfera local através do procedimento de modelagem da temperatura do ar relacionada com as características da superfície Além disso a autora identificou e selecionou as unidades que melhor representam o campo térmico da 36 cidade verificados em LCZ Vegetação arbórea densa LCZ Vegetação arbórea esparsa LCZ Compacta de baixa elevação com vegetação rasteira Através do mapa das Potenciais Zonas Climáticas LCZ em Presidente Prudente Figura 2 especificouse a análise vegetativa comparando três zonas climáticas sendo duas relacionadas à vegetação e uma ao urbano Assim complementase a análise das ilhas de calor com o efeito da cobertura da terra no quesito vegetativo O termo uso da terra referese ao modo como a terra é utilizada pelos seres humanos enquanto a cobertura da terra referese aos materiais biofísicos encontrados sob a superfície terrestre JENSEN 2009 Estas informações são necessárias em ambientes urbanos para diversas aplicações e finalidades sendo neste caso aplicada para uma contribuição dos estudos do clima urbano Desta forma a LCZ Compacta de baixa elevação com vegetação rasteira possui morfologia densamente construída que para além dos edifícios baixos e pequenos com materiais construtivos pesados pedra cimento tijolo e telhados de fibrocimento e cerâmica apresenta também áreas permeáveis de vegetação rasteira no entorno das pavimentações Sua ocorrência é notável nas porções Oeste Sudoeste e Noroeste da cidade apresentando temperatura média do ar no verão de 274ºC e no inverno 219ºC CARDOSO 2015 A autora classificou a LCZ Vegetação arbórea densa em paisagens densamente arborizadas e árvores dispersas em terrenos permeáveis com vegetação rasteira com pouco edifício e fluxo de tráfego nulo ou baixo em seu entorno Estendese desde pequenos fragmentos no intraurbano até o entorno rural próximo à cidade e fundo de vales vegetados apresentando temperatura média do ar no verão de 255ºC e 198ºC no inverno A autora também caracterizou a LCZ Vegetação arbórea esparsa apresentando paisagens levemente arborizadas com a presença de árvores dispersas em áreas permeáveis cobertas por vegetação rasteira com a presença de vias edifícios e fluxo de tráfego moderado a alto em seu entorno Concentrase no entorno rural próximo podendo ser encontrada no intraurbano Parque do Povo tendose como temperatura média do ar no verão 271ºC e 216ºC no inverno A partir dessas três LCZs com dados de temperatura média do ar no verão e inverno dos anos de 2013 e 2014 observase a importância da vegetação na regulação do clima urbano Os dados apresentados do perfil construtivo mesmo que superior aos índices vegetativos foi o que apresentou menores temperaturas em relação às demais construções compactas de baixa elevação 37 Em contrapartida o perfil de vegetação densa apresentou menores temperaturas médias do ar no verão e inverno de 2013 e 2014 do que as demais LCZs em um panorama geral Mesmo o perfil vegetativo esparso tendo sua presença no intraurbano se comparada com a média das demais LCZs vegetativas inseridas na cidade ainda apresenta menores temperaturas devido à presença de vegetação ao invés do uso de materiais construtivos Romero 2007 p 94 expôs o papel das áreas verdes nos ambientes urbanos através dos seguintes aspectos A vegetação tem menor capacidade calorífica e condutibilidade térmica que os materiais dos edifícios A radiação solar é em grande parte absorvida pelas folhas e a reflexão é pequena albedo baixo A taxa de evaporação é muito mais alta nas áreas verdes que nas sem plantas As folhas podem filtrar a poeira e a contaminação do ar A vegetação reduz a velocidade do vento e as flutuações próximas do solo O efeito da vegetação na diminuição da temperatura é mais evidente durante o dia mas também produz efeitos positivos decorrentes do menor armazenamento de calor durante o dia para o período noturno A diferença vegetativa não se restringe somente a temperatura do ar mas também interfere na velocidade do vento umidade do ar e na temperatura radiante AMORIM 2020 Chen e Wong 2006 demonstraram que a introdução de vegetação arbórea nos ambientes urbanos é uma estratégia fundamental para se criar o efeito oásis e mitigar as ilhas de calor urbanas Para os autores quando a vegetação é distribuída ao longo da cidade o balanço energético urbano pode ser modificado pela adição de mais radiação absorvida e superfícies evaporativas Desta forma o calor sensível pode ser dissipado em forma de calor latente reduzindo a temperatura do ar Nesse sentido destacase a necessidade das cidades mais sujeitas à geração de ilhas de calor de incluir em seus planejamentos urbanoterritoriais ações que priorizem as questões ambientais com ênfase no clima urbano Como elencado anteriormente a vegetação cumpre um papel fundamental na manutenção do conforto térmico nas cidades e pode ser inserido no intraurbano a partir de práticas agrícolas urbanas De acordo com a FAO 2009 p 4 38 A gestão paisagística multifuncional com a integração de agricultura terras e florestas ajuda a tornar as cidades mais resilientes Isso é feito não apenas com a diversificação das fontes de alimentos urbanos e oportunidades de renda mas também mantendo áreas verdes abertas aumentando a superfície de vegetação e a infiltração aquática e contribuindo para a gestão sustentável da água e dos recursos naturais A silvicultura urbana incluindo a agrossilvicultura ajuda especialmente a melhorar a qualidade do ar reduzir o aquecimento urbano frear a erosão e aumentar a biodiversidade urbana A multifuncionalidade para Mougeout 2005 e Moreira 2008 referese à produção do alimento próximo ao consumidor a diminuição das despesas com a logística da distribuição menor uso de combustíveis fósseis produto final com menor custo uso de procedimentos alternativos frente à agricultura convencional como a produção de alimentos orgânicos a agroecologia sendo uma prática para além da obtenção de alimento ao preocuparse com os resíduos sólidos compostos orgânicos e o uso da água Historicamente definese a prática agrícola como atividade exclusiva do espaço rural enquanto a cidade se assenta sobre a indústria e comércio seguindo a clássica divisão do trabalho Embora haja diferenças entre a agricultura urbana e rural não se deve tratálas como antagônicas ou independentes e sim como uma relação sistêmica sendo o espaço periurbano mediador entre o urbano e o rural PINHEIRO FERRARETO 2010 Portanto os produtos da agricultura urbana agroflorestal podem ser tão diversificados quanto os desenvolvidos nos espaços rurais com o diferencial de extensão da produção onde no intraurbano não requer grandes lotes de terra horizontais podendo ser praticada em canteiros suspensos fragmentos de mata quintais conforme o manejo empregado ROESE 2003 SORZANO 2009 39 Figura 2 Potenciais Zonas Climáticas Locais LCZ em Presidente Prudente Fonte Cardoso 2017 40 3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Presidente Prudente localizase no Oeste do Estado de São Paulo Figura 3 à 22º 07 04 de latitude sul e 51º 22 57 longitude oeste distante cerca de 560km da capital paulista com população de 207610 habitantes IBGE 2010 Figura 3 Localização do município de Presidente Prudente no Estado de São Paulo Fonte IBGE Elaboração Miyakava 2023 É considerada capital regional de uma extensa área agropastoril caracterizada como importante centro de comércio serviços e universitário com setor industrial pouco expressivo quando comparado com outras áreas do Estado de São Paulo SPOSITO 2011 Assentada sob o planalto ocidental paulista tem sua altitude média de 472m acima do nível do mar sendo essencialmente constituído por rochas do grupo Bauru apresentando relevo com predomínio de colinas médias e amplas junto a morrotes alongados e espigões AMORIM 2000 A porção Norte do município carrega a característica das colinas amplas nas margens do rio do Peixe enquanto na extremidade sul são observadas as colinas médias onde se 41 encontra o córrego do Cedro e os morrotes e espigões predominantes no município abrangendo cerca de 80 de seu território AMORIM 2000 p 45 A área urbana de Presidente Prudente está situada sobre um espigão divisor de águas das bacias do rio do Peixe ao norte e Paranapanema ao sul tendo a bacia do rio Santo Anastácio que deságua no Paraná ao sulsudeste O sistema hidrográfico é constituído por pequenos cursos dágua formadores dos córregos do Cedro e Limoeiro ambos afluentes do Santo Anastácio e os córregos do Gramado e Cascata que são formadores do rio Mandaguari o qual por sua vez é afluente do rio do Peixe localizado no setor lestenordeste da cidade SUDO LEAL 1996 p 362 A porção Oeste do município apresenta maior crescimento territorial com sua extensão originada da Vila Goulart devido ao fato do relevo ser menos acidentado e a implantação da estação ferroviária em contrapartida da porção leste como aponta Amorim 2000 sendo justificado pelas fortes declividades no relevo que favorece a área central pela mesma estar sobre o divisor espigão de águas O processo de urbanização proporcionou alterações significativas na paisagem natural materializada por meio de canalizações de córregos e retirada de cobertura vegetal original para fins construtivos contribuindo para a formação das ICU Presidente Prudente apresenta grande diversidade de ocupação da terra tendo seus bairros mais antigos densamente construídos e com média cobertura vegetal arbórea nas calçadas e quintais AMORIM 2000 2020 Entretanto as áreas residenciais mais recentes sendo a grande maioria da área urbana da cidade tem como característica edificações esparsas com gramado e vegetação arbórea contrastando socialmente com as classes menos favorecidas como Amorim 2005 elucida o exemplo dos conjuntos habitacionais apresentando menor tamanho materiais construtivos menos adequados ao clima tropical e ao conforto térmico que acabam por absorver e armazenar muito calor em sua estrutura inércia térmica O conceito de periferia comumente encontrado na literatura associado à pobreza e às grandes distâncias sociais e espaciais adquire novo contorno em Presidente Prudente A porção Sul da cidade qualificouse como um espaço de moradia de famílias de alta renda e em um movimento contrário a porção Norte destinouse às classes de menores rendimentos na cidade MELAZZO et al 2003 Assim os bairros populares e conjuntos habitacionais concentramse na porção Norte Conjunto Habitacional João Domingos Netto Conjunto Brasil Novo Leste Conjunto 42 Habitacional Diolina Flor do Nascimento Conjunto Habitacional José Rotta e Sudoeste Conjunto Habitacional Mário Amato Conjunto Habitacional Ana Jacinta Em vista das características aqui apresentadas justificase a escolha de Presidente Prudente SP mediante ao fato da mesma ser uma cidade de porte médio com importância econômica social e de centralidade urbana no contexto regional associada à presença de elementos que permitem a reflexão das atividades na área urbana junto aos elementos climáticos na escala local 31 Formação histórica de Presidente Prudente A região de Presidente Prudente tem sua história pautada no cultivo do café quando a mesma era chamada de Vale do Paranapanema representando o Oeste paulista e tendo sua paisagem transformada de leste a oeste incrementado pela procura de novas terras presença de mão de obra imigrante e pela alta dos preços do grão WHITACKER 1997 p 126 A expansão do café no Oeste paulista valorizou os espigões do planalto ocidental de São Paulo ao criarem oportunidades locais de trabalho e consequentemente a criação e ocupação de cidades sendo incrementada pela Estrada de Ferro Sorocabana se expandindo pela região entre os rios do Peixe e Paranapanema ocupando os espigões AMORIM 2000 Abreu 1972 esclarece que Presidente Prudente nasceu da união de dois núcleos urbanos criados para fins financeiros pelo Coronel Goulart e Coronel Marcondes dando origem a Vila Goulart e Marcondes Desta forma a cidade surgiu da colonização de glebas rurais com negociações de terras e demandas exploratórias tendo seu crescimento voltado para o campo A instalação da ferrovia foi importante para a dinâmica da ocupação e dispersão territorial servindo não somente como uma barreira física mas sim social que sempre dividiu a cidade em duas partes distintas SPOSITO 1995 A crise do café na década de 1930 abalou o sistema econômico da cidade porém mesmo esta sendo a principal atividade econômica da época não parou de crescer O algodão e gado sucederam o café na década de 1940 contribuindo para o desenvolvimento urbano de Presidente Prudente que ao passar dos anos foi se tornando um centro comercial da área agrícola e prestação de serviços ABREU 1972 A pecuária se caracterizou como principal atividade econômica da região a partir de 1960 propiciando uma concentração maior ainda de capital enquanto no final da década de 1950 60 e 70 o crescimento atrelouse ao estabelecimento de frigoríficos e curtumes dando 43 origem ao êxodo rural visto que o campo passou a apresentar precárias condições de vida e trabalho AMORIM 2000 A migração em massa para a cidade acelerou o ritmo da urbanização de Presidente Prudente contribuindo para a alteração da paisagem e configuração urbana atual A cidade constitui uma forma de transformação intensa da paisagem natural mesmo que em escala local pois seu impacto advém da alteração da morfologia do terreno quanto das mudanças nas condições do meio ambiente e atmosfera FERNANDEZ GARCÍA 1995 MONTEIRO 2003 Portanto tornase imprescindível o conhecimento histórico do município para analisarse a forma urbana atual relacionandoa com o clima urbano e aspectos físicosociais climáticos presentes no recorte da pesquisa explicitados através da ocorrência do fenômeno das ilhas de calor urbanas 32 O clima em Presidente Prudente A cidade está inserida em um contexto climático que apresenta um período quente e chuvoso entre outubro e março e outro mais ameno e seco entre abril e setembro sob um regime de clima tropical com estação seca de inverno Aw segundo a classificação de Köppen DUBREUIL et al 2018 Por localizarse em uma área de transição climática a atuação da maioria dos sistemas atmosféricos atuantes na América do Sul se faz presente SANTANNA NETO TOMMASELLI 2009 Presidente Prudente apresenta um clima tropical com duas estações definidas um período de verãooutono mais quente temperaturas médias das máximas entre os 27ºC e 29ºC e muito chuvoso entre 150 e 200mm mensais e invernos amenos com temperaturas médias das mínimas entre os 16ºC e 18ºC e menos úmidos chuvas mensais entre os 20 e 50mm AMORIM MONTEIRO 2011 p 5 A importância da caracterização climática regional está inserida dentro das escalas geográficas do clima revelada através da gênese dos fenômenos climáticos espacializados em meio ao clima urbano As escalas globais possibilitam apenas a generalização dos elementos e processos enquanto as regionais proporcionam a compreensão de suas formas de organização de forma mais especializada e complexa Desse modo As escalas do clima não devem ser entendidas apenas como as dimensões espaciais ou temporais nas quais os elementos climáticos se manifestam mas assim como processos dinâmicos dotados de atributos altamente sensíveis aos 44 ritmos variações e alterações de todas as forças terrestres atmosféricas e cósmicas que de alguma forma exercem ou provocam qualquer tipo de interferência no sistema climático SANTANNA NETO 2013 p 75 Monteiro 1999 propôs em uma abordagem geográfica que as escalas superiores milhões de Km² como a global estabelecem relações generalizantes e aproximativas devido as correlações entre a dinâmica atmosférica Circulação Geral da Atmosfera CGA e os grandes conjuntos das paisagens planetárias massas oceânicas e continentais cadeias montanhosas e extensas planícies A escala regional de caráter intermediário centenas ou milhares de Km² viabiliza a compreensão dos diversos níveis de organização espacial e a observação da paisagem natural e socioeconômica Nela entendese a circulação secundária dos sistemas atmosféricos e suas relações com os fatores geográficos rugosidade do relevo influência da continentalidade nas variações diárias e sazonais altitude perfil vegetativo e antrópico As escalas inferiores ou seja os climas locais e microclimas inferiores a dezenas de Km² permitem a identificação dos tipos de tempo e ritmo climático associados ao perfil socioambiental apresentando um nível de espacialização e detalhamento associado à produção do espaço e as formas urbanas e rurais SANTANNA NETO 2013 Visto a importância da atuação dos sistemas atmosféricos na gênese climática local e regional ressaltamse os principais atuantes na área de estudo conforme a Figura 4 que revela a atuação dos sistemas no inverno e a Figura 5 no verão 45 Figura 4 As massas de ar na América do Sul no período do inverno Fonte Monteiro 1973 p17 Figura 5 As massas de ar na América do Sul no período do verão Fonte Monteiro 1973 p 17 46 A região de Presidente Prudente é influenciada pelos sistemas atmosféricos tropicais como a Massa Tropical Atlântica Ta que se origina no anticiclone do Atlântico atuando o ano todo sobre o Oeste paulista causando estabilidade de tempo no inverno e instabilidade na parte inferior no verão Ao adentrar o continente a mesma se modifica dando origem a uma variante a Massa Tropical Atlântica continentalizada Tac apresentando temperaturas mais elevadas umidade relativa baixa e pressões em ligeiro declínio BARRIOS SANTANNA NETO 1996 As áreas de baixas pressões da América do Sul denominada de Depressão do Chaco e seu relevo contribuem para que a Massa Equatorial Continental Ec e a Massa Tropical Continental Tc atuem periodicamente na região de estudo tendo sua influência bem definida na primavera e verão ocasionando o aquecimento da mesma através da Tc e o aumento de umidade relativa do ar UR precipitações e aquecimento pela Ec MONTEIRO 1973 Fruto do anticiclone migratório polar as massas polares se dividem no sul do continente apresentando a Massa Polar Atlântica Pa tratandose de um sistema estável com temperaturas baixas pouca umidade e elevada pressão atmosférica atuando principalmente no outono e inverno Após alguns dias de domínio a mesma perde pressão e a temperatura aumenta gradativamente passando a se denominar Massa Polar Atlântica Tropicalizada Pt tendo sua natureza secundária com alteração permanente de suas características originais apresentando maior amplitude térmica nos dias de inverno e queda singela nos índices de UR SANTANNA NETO TOMMASELLI 2009 Na Figura 6 podemos observar os trajetos das massas de ar que atingem o oeste paulista sintetizado através de sua orientação e denominação 47 Figura 6 Trajetos das massas de ar que atingem o oeste paulista Fonte Boin 2000 Os sistemas frontais são provocados pelo choque dos sistemas tropicais e polares gerando instabilidade atmosférica e acabam atingindo a área de estudo A Frente Polar Atlântica FPA apresentase mais rigorosa no inverno porém pode deixar sua influência no território paulista durante o ano todo e sua passagem gera elevada nebulosidade precipitação e diminuição da temperatura LIMA 2009 Para além dos sistemas atmosféricos descritos considerase também os sistemas climáticos regionais tais quais as Instabilidade Tropical IT Zona de Convergência do Atlântico Sul ZCAS e Zona de Convergência de Umidade ZCOU A IT ocorre através do movimento convectivo intenso associado às correntes de ar que se deslocam do litoral para o interior dos continentes sendo comuns no verão e tem como característica nebulosidade e precipitações A ZCAS é uma região de convergência de umidade com orientação noroeste para sudeste cruzando o Brasil associada a abundante nebulosidade e longas precipitações com no mínimo 3 dias ocorrendo entre os meses de outubro a abril enquanto a ZCOU carrega as mesmas características com uma atuação de no máximo 2 dias CARDOSO 2012 48 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para o desenvolvimento desta pesquisa fora realizado o levantamento bibliográfico a partir de livros teses dissertações periódicos e documentações oficiais nacionais e internacionais A seleção dos trabalhos utilizados se deu pela relação direta e indireta na linha de pensamento à climatologia geográfica climatologia urbana Geografia do Clima ilhas de calor e suas técnicas de análise Associado a estes temas realizouse a busca por informações históricas aspectos do uso e ocupação da terra e do processo de urbanização do município de Presidente Prudente sendo estes prováveis fatores responsáveis pelas modificações no clima local A pesquisa teve por base teóricametodológica a proposta do SCU de Monteiro 1976 sob a ótica da Teoria Geral dos Sistemas TGS permitindo a análise do clima urbano por meio de uma perspectiva integradora entre o homem e a natureza através das relações no espaço modificado levandose em consideração suas respectivas trocas de fluxos de energia e matéria Dentro de sua proposta tendo em vista que as ilhas de calor atmosféricas se materializam no canal de percepção humana do conforto térmico utilizouse do subsistema termodinâmico A ênfase da pesquisa pautouse na análise da ilha de calor urbana associada à cobertura da terra com foco na característica vegetativa Em conjunto com este subsistema utilizouse roteiros metodológicos para estudos de ICU em cidades de pequeno e médio porte proposto por Amorim 2020 sendo justificado pela complementaridade da análise do fenômeno a partir da apresentação e inserção da técnica do sensoriamento remoto que permitiu a elaboração das cartas termais de superfície e NDVI de modo a compor os resultados obtidos Partiuse do pressuposto de Amorim 2020 de que a análise da interferência das cidades nas temperaturas e consequentemente a geração das ilhas de calor urbanas pode ser realizada através da perspectiva espacial Deste modo a análise da expansão territorial urbana e a ocupação da terra pelo processo da urbanização levandose em consideração a localização das estações meteorológicas pode fornecer subsídios para a compreensão das características dos elementos climáticos sendo destacada a temperatura À vista disso a análise espacial tem predominado por meio do método de registros que permitem aferir os efeitos da urbanização sobre as temperaturas e demais elementos climáticos como os registros em pontos fixos os transectos móveis e o sensoriamento remoto Esta perspectiva de análise permite o levantamento de dados primários levandose em consideração 49 a diversidade das paisagens encontradas tanto no urbano quanto no rural não dependendo somente da obtenção e análise de dados secundários Todavia a análise dos dados primários recai sobre uma realidade de registros em curtos períodos muitas vezes sem analisar e verificar o ritmo de sucessão habitual dos tipos de tempo Desta forma se deve tratar as duas perspectivas de análise das ICU de forma complementar quando possível pois ambas se integram de modo a prover dados e reflexões a partir de seus resultados de uma maneira mais fidedigna à realidade Portanto para o atendimento dos objetivos propostos à pesquisa foram realizadas quatro etapas principais Figura 7 Figura 7 Fluxograma do objetivo geral da pesquisa e etapas realizadas para sua obtenção Fonte Elaboração própria 2023 41 Coleta e processamento dos dados de sensoriamento remoto Para a geração dos mapas de intensidade de temperatura referente às ilhas de calor superficiais foram utilizadas imagens do satélite Landsat 8 Coleção 2 nível 1 da banda 10 do canal infravermelho termalTIRS 1 apresentando resolução espectral de 1061119 µm e resolução espacial disponibilizada pela USGS de 30 metros 50 Todos os dados da Coleção 2 Landsat 89 OLITIRS coleta 2 nível 1 são processados utilizando o sistema de Geração de Produtos Landsat LPGS que contam com os parâmetros aplicados como disposto na Tabela 3 Tabela 3 Sistema de Geração de Produtos Landsat PARÂMETRO Tamanho do pixel 1 Bandas termais TIRSTIRS2 100 metros reamostradas para 30 metros para corresponder às bandas multiespectrais Característica dos dados 2 Reamostragem de GeoTIFF COG Convolução Cúbica CC otimizada para nuvem 3 Projeção de mapa Universal Transversa de Mercartor UTM 4 Sistema Geodésico Mundial WGS 84 Datum 5 Erro circular de 12 metros precisão global de 90 de confiança para OLIOLI2 6 Erro circular de 41 metros precisão global de 90 de confiança para TIRSTIRS 2 7 Valores de pixel de 16 bits Fonte Adaptado de USGS 2020 Assim obtevese imagens através da plataforma Earth Explorer no sítio eletrônico da USGS1 para a elaboração das cartas termais superficiais e NDVI referentes ao ano de 2021 2104 2607 1108 1209 2512 abarcando uma heterogeneidade do uso e cobertura da terra no intraurbano e rural tal qual a sazonalidade da temperatura dos alvos superficiais mediante os episódios climáticos no clima urbano Em conjunto à obtenção das imagens fora levantado dados de precipitação que antecedem a tomada das imagens dividas em períodos de cinco dez vinte e trinta dias antes das mesmas Este método baseouse nos trabalhos de Amorim 2018 2020 de modo a analisar a distribuição da chuva e sua sazonalidade em relação ao comportamento da temperatura e vegetação no intraurbano Os reservatórios de água encontrados no recorte das cartas termais e NDVI Balneário da Amizade Represa da Cica e a Cidade da Criança foram delimitados por polígonos na cor azul a fim de diferenciálos do restante da análise e seus valores isolados do resultado final Sua presença na metodologia da análise da temperatura dos alvos superficiais e índice vegetativo causa interferências devido a água ser um corpo com baixo albedo 003 010 e alta emissividade 092 097 OKE 1987 sendo justificado seu isolamento Todavia ao contrário das superfícies terrestres os corpos dágua transferem energia primariamente por meio da convecção sendo responsável pela uniformidade da temperatura de superfície durante o dia e à noite resultando em uma alta inércia termal que implica em corpos 1 Disponibilizadas gratuitamente em httpsearthexplorerusgsgov 51 dágua relativamente mais frios do que a terra durante o dia e relativamente mais quentes do que as terras vizinhas ao amanhecer JENSEN 2009 Em relação ao NDVI os corpos dágua não respondem à fórmula Equação 3 de forma positiva visto que este índice é altamente correlacionado com o índice de área foliar IAF Assim os reservatórios de água apresentavam índices muito baixos de vegetação por diferença normalizada não mantendo um padrão de confiabilidade para a análise em específico Cabe afirmar que a escolha das imagens foram somente do período diurno e tiveram tal recorte temporal devido à dificuldade na seleção apropriada das mesmas para a implementação do algoritmo necessário que para Lombardo 1985 p 46 consiste na necessidade de se encontrar condições de estabilidade atmosférica favoráveis céu claro ausência de nebulosidade baixo teor de vapor dágua pois estas são capazes de alterar a confiabilidade dos resultados e inviabilizam sua utilização O processamento da banda termal do Landsat 8 Banda 10 se deu no programa ArcGIS Pro2 com a ferramenta Raster Calculator utilizando fórmulas que transformam os níveis de cinza NC ou Digital number de uma imagem de satélite para radiância espectral e posteriormente em temperatura Kelvin K sendo convertida para graus Celsius ºC por meio da subtração de cada pixel por 273153 A conversão dos níveis de cinza da imagem em radiância se materializou perante a aplicação da seguinte equação L λ ML Qcal AL 1 Onde L λ Radiância do topo da atmosferaRadiância espectral Wattsm²srum ML Fator multiplicativo de redimensionamento 00003342 AL Fator aditivo de redimensionamento 01000 Qcal Valores de pixel quantificados e calibrados do produto padrão Banda 10 A temperatura da superfície foi obtida através da transformação da radiância em graus Kelvin e posteriormente graus Celsius mediante a aplicação da disposta equação 2 de acordo com Becker e Ugeda Júnior 2019 Tsup K2lnk1 L λ1 27315 2 2 Um produto EsriTM sob licença cedida aos laboratórios pela UNESP 3 As equações e parâmetros estão disponibilizados em httpswwwusgsgovmediafileslandsat8datausers handbook 52 Sendo Tsup Temperatura da superfície em graus Celsius ºC k1 e K2 Constantes a depender do sensor No sensor OLI os valores de k1 e K2 são respectivamente 7748853 e W m2sr1μm1 e 13210789 K L λ Radiância do topo da atmosferaRadiância espectral Wattsm²srum Após este processamento os valores de temperatura contidos em cada pixel foram subtraídos do menor valor médio presente em área vegetada independente do período do ano sendo este o Parque Ecológico Municipal Chico Mendes Mata do Furquim Figura 9 em Presidente Prudente 22º 05 S e 51º 22 O O ponto foi padronizado para todos os mapas termais com a finalidade de se obter as diferenças das temperaturas dos alvos das áreas em relação a uma paisagem vegetada gerandose assim a intensidade de temperatura em graus celsius Para a análise vegetativa utilizouse do NDVI inserido nos índices de vegetação sendo estes medidas radiométrica adimensionais as quais indicam a abundância relativa e a atividade da vegetação verde incluindo índice de área foliar IAF porcentagem de cobertura verde teor de clorofila biomassa verde e radiação fotossinteticamente ativa absorvida JENSEN 2009 p 384 Por meio do NDVI mudanças sazonais e interanuais no desenvolvimento e atividade da vegetação podem ser monitoradas resultando em valores que variam de 1 a 1 sendo os índices próximos a 1 representantes das vegetações ativas As bandas utilizadas neste processo correspondem as bandas 4 vermelho e 5 infravermelho próximo do Landsat 8 aplicada pela equação 3 disposta a seguir NDVINIRRedNIRRed 3 Onde NIR NearInfrared Band Banda 5 RED Red Band Banda 4 As metodologias aqui descritas e seus respectivos resultados foram organizadas no formato de cartas comparativas de forma a facilitar a demonstração visual das mudanças 53 sazonais e sua associação concomitante com os elementos climáticos e características atmosféricas atuantes 42 Coleta e processamento dos dados associados à atmosfera Uma das formas de se investigar a interferência urbana na temperatura referese à comparação entre dois pontos distintos um urbano e outro rural Para tal é fundamental que a escolha da área de instalação do sensor automático ocorra em locais representativos de cada ambiente No urbano devese escolher uma área construída típica da cidade e no rural a que seja mais próxima as características naturais anteriores à ocupação o entorno rural próximo AMORIM 2000 Para uma análise mais detalhada da ICUATM por meio da utilização dos pontos fixos requer uma grande quantidade de sensores instalados no intraurbano em comparação com as características rurais próximas da malha urbana Porém devido ao custo manutenção e disponibilidade dos mesmos nem sempre é possível o uso de diversos sensores automáticos A investigação das ilhas de calor em cidades de pequeno e médio porte apresenta certas facilidades para o registro das temperaturas na medida em que seu território reduzido possibilita melhor detalhamento dos ambientes intraurbanos AMORIM 2020 p 46 Assim quando disponível é fundamental complementar a análise dos dados primários obtidos a partir dos sensores automáticos com a especificação dos aspectos físicos da área e dados secundários para caracterização dos tipos de tempo e identificação dos sistemas atmosféricos atuantes nos dias de registro Nesse sentido visando complementar a análise espacial dos registradores fixos fezse necessário a identificação dos sistemas atmosféricos atuantes no período analisado por meio do gráfico de análise rítmica MONTEIRO 1971 Para tal utilizouse imagens do satélite GOES 164e as cartas sinóticas de superfície da Marinha do Brasil5 Em conjunto foi obtido os dados referentes à precipitação temperatura umidade relativa do ar UR pressão atmosférica direção do vento velocidade do vento nebulosidade oriundos da estação automática A707 do Instituto Nacional de Meteorologia INMET6 4 Disponível em httpsatelitecptecinpebracervogoes16formulariologic 5 Disponível em httpswwwmarinhamilbrchmdadosdosmmcartassinoticascartassinoticas 6 Disponível em httpstempoinmetgovbrTabelaEstacoesA001 54 localizada no município de Presidente Prudente sob a latitude geográfica 22120000 longitude 51408611 e altitude de 43192 metros acima do nível do mar A fim de complementar e aumentar a acurácia dos dados obtidos utilizouse dados da estação da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CETESB7 localizada dentro da Faculdade de Ciências e Tecnologia campus Presidente Prudente da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita filho UNESP A partir do tratamento e tabulação dos dados em planilhas Excel8é possível a identificação dos sistemas atmosféricos junto aos elementos do clima para assim obterse o ritmo climático MONTEIRO 1976 e analisar a dinamicidade da atmosfera articulado com as ICUATM no período estudado O registro dos pontos fixos ocorreu por meio de três sensores data loggers da marca HOBO U23002 com acurácia de 021C 0 a 50 C e resolução de 002C HOBO Data Loggers 2017 Os mesmos foram protegidos da incidência de radiação solar direta por abrigo RS3 da mesma marca e instalados a 150 metros do solo de modo a não sofrer interferência da radiação terrestre Figura 8 Figura 8 Abrigo meteorológico RS3 Hobo com registrador de temperatura e umidade data logger U23 002 Hobo Fonte AMORIM 2020 7 Disponível em httpscetesbspgovbrarqualar 8 Um produto MicrosoftTM 55 Desta forma tornouse possível obter e analisar os dados de temperatura e umidade relativa do ar em três pontos com características distintas de cobertura da terra em Presidente Prudente sendo duas áreas urbanas uma densamente construída e outra com vegetação agroflorestal e um ponto representativo do rural A coleta se deu em dois meses da estação chuvosa fevereiro e março e dois meses da estação seca julho e agosto do ano de 2021 para fins de comparação entre ambas Para a análise dos dados registrados em cada área estudada foi calculada a intensidade de temperatura e UR através da diferença dos dados de cada ponto em relação ao ponto 1 representativo rural determinado como o ponto de referência Em sequência foram elaborados painéis espaço temporais de temperatura e UR para cada mês em três horários representativos dos períodos do dia 9h 15h e 21h através do programa Surfer9 11 A partir destes três horários representativos dos períodos diurno e noturno se faz possível analisar o intervalo da manhã e o aquecimento matutino o intervalo vespertino junto à maior incidência de raios solares durante o dia e monitorar o intervalo noturno em relação a ocorrência das ICUATM noturnas Com as intensidades calculadas foi possível observar a influência das características de cada área no microclima e no clima local Ressaltase que devido a geração e identificação da ICU pautarse na diferença do urbano com o rural é através de sua intensidade que obtemos os importantes resultados assim como as características do fenômeno Assim as análises referentes a ICU atmosférica inferior baseouse nas magnitudes de Fernández García 1995 como disposto na Tabela 4 Tabela 4 Magnitude da ilha de calor de acordo com sua intensidade MAGNITUDE INTENSIDADES Fraca 0ºC 2ºC Moderada 2ºC 4ºC Forte 4ºC 6ºC Muito forte 6ºC Fonte Adaptado de Fernández García 1995 p 264 Amorim 2000 2020 complementa ao apontar que quando os valores de intensidades se encontram abaixo de 0ºC temse o fenômeno da ilha de frescor sendo este o oposto da ilha de calor determinado pela porção do urbano apresentar menos aquecimento do que o rural por diversos fatores como o relevo sombreamento precipitação vegetação dentre outros 9 Um produto Golden SoftwareTM sob licença cedida aos laboratórios pela UNESP 56 Assim como as cartas termais e NDVI a disposição dos painéis espaço temporais de temperatura e UR gráficos de análise rítmica e localização dos registradores fixos foram organizadas no formato de cartas comparativas de modo a facilitar a demonstração visual das mudanças sazonais e o ritmo climático 421 Caracterização dos pontos fixos Para a seleção dos pontos fixos de medição dos dados foram considerados o padrão de uso e ocupação da terra do município de Presidente Prudente de modo a aferir a temperatura e umidade relativa do ar a fim de analisar e comparar as diferenças existentes entre a cidade e o rural em 3 pontos distintos Figura 9 Para a elaboração do mapa de localização dos registradores automáticos fora utilizado a base cartográfica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE do ano de 2021 respeitando as divisões políticoadministrativas do Brasil a partir das unidades da federação Estados Municípios Distritos e Subdistritos A fim de estudos estatísticos e geográficos o IBGE subdivide tais áreas em unidades ainda menores os setores censitários sendo uma unidade territorial de coleta e divulgação de dados estatísticos do IBGE Cada setor censitário recebe uma classificação de acordo com suas características geográficas Dentro da área urbana temos três subdivisões área urbana de alta densidade de edificações área urbana de baixa densidade de edificações processos de expansão urbana áreas verdes desabitadas entre outras e o núcleo urbano sendo aglomerações urbanas separadas das cidades e vilas por menos de 1km ou que superando essa distância apresentem características urbanas loteamentos conjuntos habitacionais e condomínios IBGE 2022 Na área rural temos o aglomerado rural caracterizado pelo caráter aglomerado de domicílios normalmente distantes entre si não mais que 50 metros e separados da franja das cidades e vilas por mais de 1km com exceção dos núcleos urbanos subdividido entre povoado existência de comércio e serviços núcleo vinculado a um único proprietário fazenda ou estabelecimento agropecuário e lugarejo não dispõe de comércio e serviços como o povoado e a área rural determinada pela dispersão de domicílios e presença usual de estabelecimentos agropecuários IBGE 2022 57 Figura 9 Localização dos pontos fixos de medição atmosférica e da Mata do Furquim no município de Presidente Prudente SP Fonte IBGE Elaboração Miyakava 2023 58 Na área rural do município encontrase o ponto 1 da pesquisa Figura 10 Localizase na porção sudeste fora da malha urbana sob as coordenadas 22113409S e 51231085O a aproximadamente 449 metros de altitude em relação ao nível do mar no km 561 da Rodovia Raposo Tavares e possui no entorno cobertura vegetal rasteira e arbórea AMORIM 2016 Figura 10 Localização e caracterização da área referente ao sensor automático inserido no ponto rural Fonte Google Earth Elaboração Miyakava 2022 No intraurbano situase o ponto 2 da pesquisa a Agrofloresta Figura 11 Localiza se dentro da malha urbana na porção centrooeste sob as coordenadas 22 73901S e 51242700O a aproximadamente 447m de altitude em relação ao nível do mar sendo o entorno ocupado por condomínios fechados e prédios de alto padrão No local funciona o Seminário Diocesano Nossa Senhora Mãe da Igreja uma instituição religiosa voltada a formação de padres 59 Figura 11 Localização e caracterização da área referente ao sensor automático inserido no intraurbano Sistema Agroflorestal Fonte Google Earth Elaboração Miyakava 2022 O Sistema Agroflorestal urbano estava em início de manejo porém já apresentava características necessárias para a coleta de dados Figura 12 GÖTSCH 1996 entende o princípio agroflorestal como um consórcio de diferentes espécies vegetais alimentícias ou não considerando o interior do espaço ocupado por área verde onde são cultivadas espécies frutíferas plantas alimentícias não convencionais PANCs ervas medicinais entre outras Além do consórcio foi possível observar o princípio de estratificação Figura 12 apresentando predomínio de espécies arbóreas frutíferas de pequeno médio e grande porte em diferentes estágios de desenvolvimento que contribuem para a maior divisão da radiação solar no solo e manutenção dos elementos climáticos como a umidade relativa do ar por conta do efeito de sombreamento 60 Figura 12 Área de cultivo agroflorestal urbano em Presidente Prudente SP Vegetação em diferentes extratos e estágios de desenvolvimento Sensor automático instalado na área no início do manejo Vegetação frutífera de extrato médio e baixo Vegetação de baixo médio e alto extrato Fonte Goes 2022 61 Por fim o ponto 3 da pesquisa Figura 13 localizase dentro da malha urbana próximo ao centro da cidade sob as coordenadas 22 7471S e 51235416O a aproximadamente 424 metros de altitude em relação ao nível do mar apresentando média cobertura vegetal arbórea nas calçadas e quintais característica dos bairros mais antigos de Presidente Prudente SP Tratase de uma área densamente construída com alta pavimentação do solo com entorno caracterizado por edificações de alvenaria com telhados de cerâmica vermelha AMORIM 2016 Figura 13 Localização e caracterização da área referente ao sensor automático inserido no intraurbano Bairro Santa Helena Presidente Prudente Fonte Google Earth Elaboração Miyakava 2022 43 Perfil de uso e ocupação da terra Para compor a análise do uso e ocupação da terra com foco no perfil vegetativo utilizouse o mapa das potenciais Zonas Climáticas Locais LCZ em Presidente Prudente de Cardoso2015 Sua elaboração pautouse na classificação de Stewart 2011 Local Climate Zones Zonas Climáticas Locais LCZ baseada na capacidade da modificação do clima local devido à radiação térmica rugosidade umidade e propriedades antropogênicas Stewart 2011 criou uma classificação centrada na paisagem seguindo o princípio da modificação da superfície possibilitando o diagnóstico do grau em que o aspecto técnico 62 cultural se sobrepõe à superfície físiconatural Desta forma as áreas são detalhadas em relação às propriedades que impactam o clima próximo à superfície tendo a exposição de forma clara e padronizada das informações o que possibilita uma interpretação mais fidedigna do clima urbano CARDOSO 2015 As potenciais zonas climáticas locais foram mapeadas em um primeiro momento a partir do conhecimento prévio da autora com o auxílio da imagem GeoEye1 de 5 de março de 2013 adquirida pelo Programa de Pós Graduação da FCTUNESP permitindo a definição das classes temáticas que apresentaram semelhanças com os diferentes arranjos da paisagem urbana de Presidente Prudente Durante este processo utilizouse do programa ArcGIS pela técnica de interpretação visual A identificação das características se deu através da metodologia dos transectos móveis para medir os dados de temperatura ao longo de percursos que expressassem a diversidade das LCZs sendo adicionado pela autora o adjetivo potencial à nomenclatura original de Stewart zonas climáticas locais devido à abrangência de áreas que não seriam atingidas A ênfase de dados referiuse à temperatura não equivalendo aos demais elementos climáticos tais como a umidade do ar direção e velocidade do vento entre outros A obtenção da temperatura do ar se deu de forma manual de quarteirão em quarteirão da cidade distância média de 100m entre os pontos com base em técnicas de interpretação visual e validação em campo A temperatura dos alvos foi obtida de quadra a quadra por meio de termômetro digital infravermelho pela janela do carro em direção ao objeto ou superfície Após a tabulação dos dados fora elaborado modelagens espaciais das ilhas de calor através do cálculo de regressões lineares realizado no programa IDRISI10 referente ao cálculo da frequência de cada LCZ em janelas com tamanhos variados 3x3 pixels 90x90m até 33x33 pixels 990x990m A partir destas frequências obtevese a frequência média de cada classe no entorno dos pontos Desta forma foram identificadas 20 classes possibilitando a visualização da distribuição das LCZs na malha urbana de Presidente Prudente e os locais onde as alterações da superfície são mais significativas Justificase a inserção das LCZs a partir da metodologia descrita para obtenção dos resultados desta pesquisa considerando a importância do uso e ocupação da terra e sua influência no clima urbano utilizandose somente das classificações de zonas climáticas relacionadas à presença de vegetação sendo estas Vegetação arbórea densa Vegetação arbórea 10 IDRISI é marca registrada da Clark Labs Geospatial Software for Monitoring and Modeling the Earth System 63 esparsa Vegetação rasteira Também foi utilizado a unidade climática construtiva com a presença de vegetação Compacta de baixa elevação com vegetação arbórea esparsa Compacta de baixa elevação com vegetação rasteira Grandes construções de baixa elevação com vegetação rasteira CARDOSO AMORIM 2017 64 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES Lombardo 1985 afirma que a indissociável relação entre o uso da terra e elevação das temperaturas encontradas nas cidades impõe uma análise partindose de diferentes escalas referente aos padrões de uso do solo urbano Nessa perspectiva Amorim 2000 e Cardoso 2015 verificaram a partir de seus trabalhos referentes a Presidente Prudente que A morfologia da superfície afeta o clima local por meio da modificação do fluxo de ar e do transporte de calor no ar enquanto a cobertura da terra modifica o albedo a disponibilidade de umidade e o potencial de aquecimentoresfriamento do solo AMORIM 2020 p 60 Desta forma conforme apresentado na introdução deste trabalho partiuse da hipótese de que o uso e cobertura da terra em específico a cobertura vegetal influencia positivamente na dinâmica do clima urbano Gomes e Amorim 2003 em seu estudo de caso nas praças públicas de Presidente Prudente aferiram que as espécies de médio e grande porte desencadeiam ventilação e sombreamento ao mesmo tempo de ser uma reguladora do campo térmico urbano Foram inseridas na análise as características das temperaturas da superfície destacandose a importância das técnicas de sensoriamento remoto ao modo que a conversão dos dados obtidos em cartas termais e índice vegetativo permitiu uma melhor visualização dos fenômenos atmosféricos complementando assim a da ilha de calor atmosférica inferior Amorim 2020 argumenta a utilização das imagens termais como o primeiro passo para se diagnosticar as fontes de calor dispostas na superfície considerandose os totais de precipitação nos períodos que antecederam a tomada das imagens de modo a compreender as diferenças nas intensidades das ICU superficiais e como estas podem interferir na temperatura do ar Assim partiuse do pressuposto teóricometodológico de Monteiro 1976 a respeito do Sistema Clima Urbano considerandose o paradigma da Geografia do Clima SANTANNA NETO 2001 de modo que este trabalho possa responder às indagações e necessidades da sociedade perante o clima e seus fenômenos atmosféricos perpassando pelos procedimentos metodológicos propostos por Lombardo 1985 e Amorim 2000 2014 2020 no que tange a análise e diagnóstico das ilhas de calor urbanas 65 51 Ilhas de calor superficiais As temperaturas da superfície têm maior variabilidade espacial e temporal no período diurno do que as temperaturas do ar devido a variabilidade das características térmicas da cobertura da terra GARTLAND 2010 LOMBARDO 1985 WENG 2003 Weng 2003 argumentou que poucos estudos analisaram as temperaturas dos alvos e consequentemente a ocorrência da intensidade das ICUSUP para além somente das características do uso da terra mas englobando fatores como a sazonalidade e variabilidade de precipitação comuns nos ambientes tropicais Nesta perspectiva Amorim 2018 demonstrou que durante o período diurno a variabilidade espacial da temperatura da superfície está associada às condições atmosféricas no período que antecede a tomada da imagem termal sendo as maiores diferenças entre as áreas construídas e não construídas no período chuvoso Os resultados da análise das imagens termais e vegetativas Prancha 1 evidenciaram que os contrastes de intensidade de temperatura e vegetação estão diretamente relacionados com a ocorrência ou não de precipitação nos períodos antecedentes à tomada de imagens Quando há menor total de precipitação a vegetação fica menos exuberante diminuindo os gradientes entre o urbano e o rural devido ao fato da cidade apresentar diversos tipos de cobertura da terra no intraurbano e o ponto rural temporariamente apresentar menos índice vegetativo aparente Entretanto quando há maior total de precipitação a vegetação tem suas folhas mais desenvolvidas e maior umidade no solo resultando em menores temperaturas superficiais do que comparado aos ambientes construídos Há também épocas mais propícias que outras para extração de informações biofísicas da vegetação biomassa a partir do SR Os ciclos fenomenológicos das plantas referemse às que perdem folhas sazonalmente decíduas e as que mantêm suas folhas em todas as estações do ano perenifólias JENSEN 2009 Isto também se aplica à realidade fora do sensoriamento remoto visto que a presença da vegetação é fator decisivo para a intensidade de temperatura dos alvos no urbano e no rural Os resultados aqui obtidos conversam diretamente com os apresentados em Mauro 2020 para o município de Presidente Prudente O autor referenciou sua análise das temperaturas superficiais em um período de trinta anos com um recorte temporal de dez anos referente à estação seca e chuvosa sendo estes 1989 1999 2009 e 2019 66 O predomínio das ilhas de calor superficiais durante os anos de 1989 e 1999 no período de estiagem seco foram de magnitude fraca 0ºC a 2ºC e moderada 2ºC a 4ºC devido ao ressecamento da vegetação em áreas rurais ocasionando o aumento da temperatura dos alvos respectivos tendendo a igualar as intensidades entre o urbano e rural próximo Já no período chuvoso o predomínio fora de moderada magnitude localizadas principalmente na porção central da cidade abrangendo mais de 50 da área total Durante os anos de 2009 e 2019 durante o período seco certas porções do território rural apresentaram ICUSUP de moderada forte 4ºC a 6ºC e muito forte maior que 6ºC magnitudes devido a intensa estiagem precedente à tomada de imagens ocasionando inclusive algumas ilhas de frescor no intraurbano No período chuvoso mantevese o percentual das ICUSUP de forte magnitude ao mesmo tempo de um aumento expressivo de magnitudes muito fortes por todo o recorte geográfico chegando a 40 da área urbana de Presidente Prudente no ano de 2019 Desta forma segundo Mauro 2020 o fenômeno das ilhas de calor superficiais intensificouse nos anos de 2009 e 2019 com preponderância das magnitudes forte e muito forte ao mesmo tempo que comprovou o acréscimo das áreas edificadas na cidade de Presidente Prudente As novas formações de ICUSUP relacionamse diretamente com as regiões da mancha urbana que surgiram ao longo dessas três décadas devido às características construtivas dos loteamentos urbanos brasileiros sendo certo que tal fator constitui papel importante porém não exclusivo na elevação das temperaturas superficiais do ambiente intraurbano principalmente em períodos de precipitação Em relação ao ano de 2021 referente à precipitação Presidente Prudente apresentou um perfil extremamente seco se comparado à série histórica de dados registrados na estação meteorológica localizada na FCTUNESP O total de precipitação acumulado em milímetros mm deste ano foi de 8234 mm11 sendo os meses referentes às imagens termais obtidas abril 4mm julho 28mm agosto 288mm setembro 21mm dezembro 464mm Ressalta se que estes valores se referem ao mês como um todo portanto apresentam diferenças ao serem comparadas à precipitação anterior a tomada de imagens Os valores históricos 1969 2015 para Presidente Prudente apresentam uma média anual de precipitação de 1318mm sendo para escala mensal 70mm em abril 42mm em julho 37mm em agosto 79mm em setembro 173mm em dezembro TOMMASELLI 2016 11 Dados oriundos da estação automática A707 Presidente PrudenteINMET Disponível em httpstempoinmetgovbrTabelaEstacoesA001 67 Os alvos comportamse de modo distinto da temperatura do ar onde Mutiibwa et al 2015 mostraram que há forte relação entre a temperatura da superfície e a temperatura do ar próxima à superfície embora ambas tenham condições atmosféricas diferentes e sua capacidade de responder as mais diversas indagações da sociedade Deste modo as ilhas de calor de superfície apresentaram uma magnitude muito forte acima de 10ºC nos períodos com total inferior de precipitação e média magnitude acima de 6ºC no período com total elevado de precipitação destacandose as altas temperaturas nos diferentes materiais urbanos quando comparado ao entorno rural próximo Nas cartas termais de superfície todos os dias analisados do ano de 2021 Prancha 1 dias 2104 2607 1108 2512 com exceção do dia 12 de setembro apresentam baixos índices de precipitação aos 5 dias que antecedem o imageamento resultando na menor intensidade de temperatura encontrado no intraurbano em relação ao entorno rural próximo Isto não significa que a cidade ficou mais fresca e sim que o campo ficou mais quente devido à diminuição da biomassa AMORIM 2018 Nos dias em que houve uma homogeneização entre o campo e a cidade e com baixa diferença de temperatura entre as áreas vegetadas e construídas 210421 260721 110821 251221 não foi constatada a presença do fenômeno da ilha de calor superficial pois somente alguns fragmentos do intraurbano apresentaram maiores diferenças se comparado com o rural Somente no dia 21 de abril de 2021 na porção Oeste e Leste da cidade apresentaram maior intensidade se comparado com o campo Em contrapartida no dia 12 de setembro de 2021 as áreas construídas se apresentaram mais quentes do que as áreas vegetadas no rural sendo comum no período chuvoso e portanto com a ocorrência da ICUSUP Entretanto a chuva abarcou somente a porção noroeste da cidade sendo evidenciada na carta termal causando uma disparidade de temperaturas no intraurbano A esse respeito Essas características observadas no período chuvoso ocorrem porque a vegetação depende da precipitação para se manter exuberante Nesse período a vegetação rasteira pastagem predomina no entorno de Presidente Prudente Há também alguns fragmentos de vegetação arbórea particularmente nos fundos de vale que possuem folhas bem desenvolvidas e que possibilitam que o ambiente rural apresente temperaturas dos alvos menores do que as áreas construídas e com solo exposto AMORIM 2020 p 65 A superfície coberta por vegetação manifesta maior capacidade térmica e necessita de maior quantidade de energia para que sua temperatura aumente 1ºC quando comparado com os materiais urbanos JENSEN 2009 Portanto o NDVI apresenta um papel fundamental ao ser 68 comparado com a intensidade da ICUSUP comprovandose a importância do maior desenvolvimento da cobertura vegetal na diferenciação entre o urbano e o rural Jensen 2009 também aponta que o solo coberto por vegetação perde energia por meio do processo de evaporação e evapotranspiração ao transformar o calor sensível em calor latente e transferilo para a atmosfera sem ocasionar o aumento de temperatura Assim as áreas cobertas por vegetação mesmo que rasteira apresentaram menores temperaturas verificado a partir do Ponto 1 Rural Figura 10 que apresentou menor intensidade ºC ou equivalência da mesma no recorte temporal proposto porém nunca maior se comparado com o Ponto 2 Agrofloresta Figura 11 e Ponto 3 Urbano Figura 13 Durante os períodos de estiagem além da diminuição da umidade do solo há o declínio da evaporação e evapotranspiração ocasionando solos secos e sem vegetação abundante Estes apresentam menos albedo e retém mais calor resultando em temperaturas elevadas na área rural e muito próximas com as do ambiente construído As áreas mais quentes foram registradas em algumas parcelas de solos descobertos ou com predomínio de pastagens enquanto as superfícies com menores temperaturas corresponderam as áreas de adensamento vegetativo matas de galeria e em alguns bairros da cidade com exceção do dia 26 de julho de 2021 onde houve uma homogeneização da temperatura no intraurbano À vista disso os maiores contrastes de temperatura no período mais seco ocorreram entre as áreas com densa cobertura arbórea capazes de reter umidade por meio da vegetação mesmo em períodos de estiagem e os outros alvos localizados tanto no urbano quanto no rural Amorim 2020 relaciona a sazonalidade das ilhas de calor superficiais e sua magnitude com os períodos do ano Estas são mais evidentes durante os períodos com maior precipitação especialmente quando bem distribuídas durante os 30 dias que antecedem a tomada das imagens resultando em uma vegetação mais vigorosa nas áreas rurais Em síntese os resultados obtidos equipararamse conforme os apontamentos de Amorim 2020 A alta precipitação aumenta a intensidade da ICU superficial pois ela causa o aumento da atividade fotossintética na área rural que diminui a temperatura dos alvos Já no período seco diminuise a intensidade da ICUSUP em comparação com o rural causando um contraste inverso AMORIM 2000 Neste caso aumentase as diferenças intraurbanas devido as características construtivas encontradas nas coberturas 69 Prancha 1 Distribuição sazonal e espacial da intensidade da ilha de calor de superfície e NDVI para Presidente Prudente 2021 70 52 Ilhas de calor atmosféricas Através dos dados obtidos dos sensores automáticos instalados no intraurbano e rural próximo partindo do pressuposto de Monteiro 19711976 e metodologia de Fernández García 1995 fora identificada as magnitudes encontradas para o recorte da pesquisa A numeração dos pontos foi organizada de sul para norte para coerência espacial dos painéis espaço temporais de temperatura e umidade relativa do ar assim como suas caracterizações disposto na seção 421 Foram coletados dados referente a estação chuvosa fevereiro e março e seca julho e agosto de 2021 mas como posto na seção 51 este ano foi extremamente seco com irregularidade de precipitação e baixa sazonalidade Foi acumulado 3868mm de precipitação referente aos meses de janeiro fevereiro e março representativos do verão de 2021 e 924mm de precipitação dos meses de junho julho e agosto representativos do inverno de 202112 Tais dados confirmam as proposições referente à circulação atmosférica no extremo Oeste paulista BARRIOS SANTANNA NETO 1996 sendo que Sob condições de atmosférica instáveis FPA FQ ZCOU ZCAS IT com presença de vento eou precipitação as características da temperatura tendem se a se homogeneizar tanto no intraurbano como em relação ao rural de entorno Já sob condições de estabilidade atmosférica Ta Tac Tc Pa Pt a manifestação das diferenças de temperatura entre o campo e acidade é evidente e as ilhas de calor atingem as maiores intensidades e magnitudes AMORIM 2020 p 30 O mês de fevereiro Prancha 2 apesar de habitualmente ser considerado como representativo do período chuvoso em Presidente Prudente no ano de 2021 foram registrados eventos de precipitação em apenas 4 dias A Organização Meteorológica Mundial OMM considerou o ano de 2021 marcado por temperaturas extremas e estiagem para a porção Sul e Sudeste do Brasil sendo sinais dos padrões da mudança climática em alerta nos países em desenvolvimento OMM 2021 Os sistemas atmosféricos predominantes foram respectivamente a Massa Polar Atlântica Tropicalizada Pt Massa Tropical Atlântica Ta Massa Polar Atlântica Pa seguidas da Frente Polar Atlântica FPA e Repercussão da FPA A maior ocorrência de sistemas polares gerou maior estabilidade atmosférica justificando a baixa ocorrência de precipitação no mês 12 Dados oriundos da estação automática A707 Presidente PrudenteINMET Disponível em httpstempoinmetgovbrTabelaEstacoesA001 71 A Pa tem seu deslocamento facilitado pela calha do relevo da bacia do Paraná alcançando as mais baixas altitudes e atua sobre todo o centro Sul e Leste do continente Suas características térmicas e higrométricas são o frio e redução da umidade do ar e chuvas no centro do Brasil no período do inverno NIMER 1979 A Pt tem sua natureza secundária com alteração permanente de suas características originais Pa apresentando uma maior amplitude térmica nos dias de inverno e uma queda singela nos índices de umidade relativa do ar O predomínio de estabilidade atmosférica nos traz uma observação bastante expressiva sob as dinâmicas microclimáticas de cada ponto estudado Foram registradas diferenças consideráveis entre os pontos 1 Rural 2 Agrofloresta e 3 Urbano especialmente às 09h e 21h sendo o ponto 2 mais ameno em relação a variabilidade climática do que o densamente construído Durante a atuação dos sistemas atmosféricos estáveis as temperaturas diurnas 15h e noturnas 21h dos pontos 2 e 3 quando relacionadas com o ponto 1 se mostraram mais altas da mesma forma que a umidade esteve menor salvo exceções como o caso do dia 13 de fevereiro de 2021 que no horário das 15h o ponto 2 apresentou menores temperaturas e maior índice de UR do que o rural após a passagem de uma FPA Isto ocorreu devido à baixa precipitação ocasionando uma proximidade da temperatura do ar entre o ponto rural e agroflorestal No período noturno se torna evidente o papel da cobertura da terra tanto para amenizar a temperatura do ar quanto para aumentar a UR Apesar dos pontos 2 e 3 estarem inseridos no intraurbano devido ao perfil de cobertura da terra seus resultados foram completamente distintos Este mês apresentou magnitude forte da ilha de calor com intensidade de 56ºC representada nos dias 18 e 19 de fevereiro de 2021 às 09h 72 Prancha 2 Painéis espaço temporais e análise rítmica de Fevereiro de 2021 Elaboração Miyakava Goes 2022 73 No decorrer do mês de março de 2021 Prancha 3 os sistemas atmosféricos predominantes respectivamente foram a Massa Tropical Atlântica Ta Massa Polar Atlântica Tropicalizada Pt Frente Polar Atlântica FPA e Instabilidade Tropical IT apresentando cenários diversos de instabilidade atmosférica sendo confirmados com a maior presença de precipitação 10 dias A maior presença de sistemas de instabilidade atmosférica FPA e IT ocasionaram maiores diferenças de umidade relativa entre o rural e a cidade nos três horários Já a diferença de temperatura foi mais notável no período noturno tendo o rural apresentado menores temperaturas durante os dias de precipitação A homogeneização da temperatura no intraurbano em relação ao rural principalmente no período matutino e em alguns dias do período vespertino ocorreu devido a atuação dos sistemas instáveis IT FPA junto à precipitação Isto ocasionou uma menor magnitude se comparado ao mês de fevereiro apresentando intensidades de 4ºC no período noturno sendo classificada como forte 74 Prancha 3 Painéis espaço temporais e análise rítmica de Março de 2021 Elaboração Miyakava Goes 2022 75 No mês de julho de 2021 Prancha 4 predominou a Massa Polar Atlântica Pa seguida respectivamente da Massa Tropical Atlântica Ta Massa Polar Atlântica Tropicalizada Pt e Frente Polar Atlântica FPA Apresentou características de estabilidade atmosférica na maioria dos dias devido a ocorrência dos sistemas estáveis Pa Ta Pt Houve pouca precipitação neste mês sendo registrados somente dois dias de chuva causadas pela instabilidade atmosférica advinda da FPA nos dias 27 e 28 de julho de 2021 que em sua vanguarda e domínio podem ocasionar respectivamente chuvas com possíveis trovoadas e aguaceiros geralmente acompanhados de granizo e trovoadas AYOADE 2003 Sob condições de estabilidade atmosférica a manifestação da ilha de calor atmosférica se torna mais evidente Porém às 09h e 15h fora registrada uma certa homogeneidade da temperatura entre o entorno rural e o urbano com exceção do ponto 2 que apresentou maior intensidade ºC comparado aos outros dois pontos no período vespertino dias 0507 0607 0707 0807 2107 Neste caso o período de estiagem explica tal fato de modo que no período de inverno tornase mais claro o diagnóstico de ilhas de calor atmosféricas apresentando uma magnitude forte 48ºC de intensidade devido à diferença gerada a partir do armazenamento de calor nos materiais construtivos e o menor aquecimento do solo rural devido à vegetação mesmo que menos exuberante 76 Prancha 4 Painéis espaço temporais e análise rítmica de Julho de 2021 Elaboração Miyakava 2022 77 Já o mês de agosto de 2021Prancha 5 a Massa Polar Atlântica Pa tomou a frente do mês seguida respectivamente da Massa Tropical Atlântica Continentalizada Tac Massa Polar Atlântica Tropicalizada Pt FPA e Massa Tropical Atlântica Ta Num panorama geral o mês apresentou estabilidade atmosférica Apesar dos sistemas atmosféricos estáveis manifestarem maior intensidade e magnitude de ilha de calor atmosférica neste mês assim como o mês de julho apresentou certa homogeneização das temperaturas no período diurno chegando em situações inversas aonde o ponto urbano apresentou menores temperaturas do que o entorno rural 15h do dia 26 e 27082021 Já o período noturno 21h apresentou uma maior intensidade de temperatura tendo se como padrão os dois pontos urbanos Ponto 2 e 3 mais aquecidos do que o entorno rural Ponto 1 Mesmo assim o ponto da agrofloresta apresentou menores intensidades ºC do que comparado ao ponto urbano A estiagem e consequentemente a redução vegetativa proporcionou uma realidade atípica a ser notada no mês de agosto de 2021 tendo o urbano apresentado menores temperaturas ou sua equivalência junto a uma homogeneização de intensidade ºC se comparado ao rural próximo Devido a este fato a intensidade aferida foi de 32ºC classificandose como média Analisandose as características das temperaturas nos meses de estudo no decorrer do dia e nos diferentes pontos registrados observase as maiores intensidades das ICUATM no período noturno 21h 06h particularmente naqueles sem precipitação justificado pela sua maior ocorrência e intensidade no inverno Os sistemas atmosféricos instáveis que proporcionaram maior precipitação ou velocidade do vento nos quatro meses de análise foram a FPA Repercussão da FPA Rep e Instabilidade Tropical As maiores intensidades das ICUATM foram registradas sob a atuação de sistemas estáveis ocorrendo nos meses de fevereiro e julho de 2021 sob atuação da Ta Pa e Pt A ausência de precipitação e nebulosidade combinada com os sistemas atmosféricos estáveis proporcionaram maiores diferenças entre o rural e a cidade especialmente no período noturno onde a ICUATM é mais evidente AMORIM 2020 Já no período com maior presença de instabilidade associado a maior precipitação e nebulosidade tevese uma homogeneização das características da temperatura tanto no intraurbano quanto rural 78 Prancha 5 Painéis espaço temporais e análise rítmica de Agosto de 2021 Elaboração Miyakava 2022 79 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS As ações humanas materializadas nos espaços urbanos e rurais proporcionam a alteração nos balanços energéticos e hídricos que podem interferir nos elementos do clima urbano como a temperatura A transformação da natureza em meio à necessidade humana é indissociável como aponta Santos 2006 ocorrendo em uma velocidade crescente junto à expansão territorial das áreas urbana o que implica em alterações a partir das interações entre a baixa troposfera e a superfície terrestre que são capazes de produzir climas antrópicos AMORIM 2020 Assim a atmosfera urbana também é em grande parte resultado de como se produz o espaço ROMERO 2019 Como produto das modificações antrópicas o clima evidenciase através das anomalias em seus elementos gerando as ilhas de calor que afetam diretamente o conforto térmico dos citadinos e podem acarretar problemas de saúde O conforto térmico é entendido como a zona delimitada por valores térmicos em que o maior número de pessoas manifeste sentirse bem FERNÁNDEZ GARCÍA 1995 p 198 Desta forma o estudo do clima urbano através de uma perspectiva integrada incluise uma análise espacial ambiental e regional a fim de fornecer subsídios ao ordenamento territorial urbano que deva lançarse na busca pelo conforto térmico dos ambientes intraurbanos AMORIM 2000 No presente trabalho buscouse mostrar que para o diagnóstico das ilhas de calor além da análise das características da superfície sejam elas naturais ou antrópicas é fundamental considerar a dinâmica da atmosfera por meio da análise do ritmo climático e o desencadeamento dos tipos de tempo Os dados e análises apresentados nas seções 5 51 e 52 contribuíram para o alcance do objetivo geral da pesquisa que se pontuou na identificação e análise da ilha de calor em Presidente Prudente confirmando a hipótese de que a cobertura vegetal influencia positivamente na dinâmica do clima local Ao analisar a geração das ilhas de calor em Presidente Prudente percebeuse que somente o levantamento da temperatura dos alvos superficiais assim como a temperatura do ar não sustentam a discussão de sua ocorrência por completo Se faz necessário compor tais análises com dados dos elementos climáticos informações históricas da área de análise perfil de uso e ocupação da terra e atributos físicos do sítio urbano A utilização de dados obtidos por processamento digital das imagens de satélite Landsat 8 possibilitou identificar no momento de captura a distribuição da temperatura dos 80 alvos superficiais através das cartas termais de superfície assim como realizar a análise da temperatura em relação a cobertura da terra e a precipitação Os resultados permitem averiguar que a precipitação tal qual os sistemas atmosféricos atuantes influenciam diretamente na temperatura superficial Os dias com menor precipitação devido à presença de sistemas estáveis apresentaram solos secos e sem vegetação abundante ocasionando em temperaturas elevadas no entorno rural e muito próximas ao ambiente construído Conforme Amorim 2018 isto não significa que a cidade ficou mais fresca e sim que o campo ficou mais quente devido à diminuição da biomassa Em contrapartida durante a presença de sistemas atmosféricos instáveis e a maior ocorrência de precipitação há o aumento da umidade do solo que ocasiona a elevação da evaporação e evapotranspiração apresentando mais albedo e retendo menos calor resultando em temperaturas elevadas no intraurbano se comparado ao rural As áreas mais quentes foram registradas em algumas parcelas de solos descobertos ou com predomínio de pastagens enquanto as menores temperaturas corresponderam as áreas de adensamento vegetativo que mesmo durante a estiagem foram capazes de reter umidade por meio da vegetação resultando em menores intensidades ºC Em relação a temperatura do ar a maior intensidade das ilhas de calor atmosféricas se deu no período noturno durante o inverno época que se torna mais evidente sua análise e diagnóstico ocorrendo particularmente nos dias sem a ocorrência de chuva Isto ocorre devido à alta capacidade de retenção de calor durante o dia e sua liberação lenta durante a noite proveniente das estruturas urbanas de alta densidade construtiva Já no ambiente rural pelas características opostas resfria rapidamente após o pôr do sol quando se compara ao urbano Desta forma a atmosfera sobre a cidade entendese no aquecimento durante a noite armazenando o calor até o nascer do sol período em que o ambiente rural se aquece com maior rapidez em decorrência da insolação direta AMORIM 2020 As maiores temperaturas foram registradas sob atuação de sistemas estáveis enquanto sob a atuação dos sistemas instáveis houve uma certa homogeneização das características da temperatura no intraurbano e rural Portanto a intensidade e magnitude das ilhas de calor estão diretamente relacionadas com as propriedades térmicas não somente dos materiais urbanos mas também das características da vegetação no ambiente rural Desta forma urge a necessidade de se mitigar o fenômeno das ilhas de calor encontradas nas cidades compreendendo a vegetação como um fator de extrema importância na amenização das altas temperaturas e regulador da umidade do solo 81 Conforme Wong e Chen 2005 as pesquisas sobre o papel da vegetação na diminuição da temperatura dividemse em três categorias1 registros meteorológicos e imagens de satélite no estudo de áreas verdes nas cidades em nível macro 2 estudos detalhados com medidas em campo para analisarse o efeito do resfriamento da vegetação em nível micro 3 estudos utilizandose cálculos numéricos para predizer os benefícios termais da vegetação nas cidades Foram utilizadas as categorias dois e três para compor a análise vegetativa no perfil de uso e ocupação da terra aferindo que a presença do vapor dágua ameniza as intensidades das ilhas de calor ao retirar o calor sensível da atmosfera e transformálo em calor latente amenizando as diferenças entre o rural e o urbano Junto a ela o sombreamento proporcionado pela cobertura vegetal protege a superfície da incidência direta dos raios solares mantendo o índice de umidade no solo e dificultando o armazenamento de calor pelos materiais urbanos Destacase a amplitude da vegetação ao aliála com os fatores sociais do uso da terra utilizandose espaços urbanos para a inserção da agricultura agroflorestal que resulta em impactos positivos na dinâmica da cidade ao favorecer alimentos de qualidade gestão e conservação sustentável dos recursos naturais e diminuição do desconforto térmico dos citadinos A análise do clima urbano deve ser primordial para o desenvolvimento urbano não apenas porque pode interferir na escala local do clima mas pelo fato de que nas cidades habitam grande parte das pessoas na escala nacional e planetária AMORIM 2020 Sua análise não deve ser rasa ao analisarmos o clima pelo clima e sim entendêlo como parte integradora da sociedade visto que o mesmo interfere diretamente na produção do espaço e território ao ser construído de forma desigual perante a uma sociedade de classes SANTANNA NETO 2011 A escala local climática retrata o próprio cotidiano da sociedade assim como os ciclos da natureza urbana sendo o local responsável pela compreensão da forma de organização da sociedade e suas alterações no clima urbano de forma mais evidente Cabe destacar que os bairros populares e conjuntos habitacionais representam as áreas mais aquecidas no intraurbano o que conversa diretamente com a soberania do poder e consequentemente capacidade de viver entendido através do biopoder sendo este o domínio da vida sobre o qual o poder estabeleceu o controle FOUCAULT 1997 Da mesma forma a subjugação da vida ao poder da morte Necropolítica submetem vastas populações a condições de vida que lhes conferem o estatuto de mortosvivos MBEMBE 2018 O mais importante é o modo como o poder de morte opera 82 Lá eles nascem pouco importa onde ou como morrem lá não importa onde ou como É um mundo sem espaço os homens vivem uns sobre os outros A cidade do colonizado é uma cidade com fome fome de pão de carne de sapatos de carvão de luz A cidade do colonizado é uma vila agachada uma cidade ajoelhada MBEMBE 2018 p41 Assim aferese que o clima não é sentido de forma igual para todas e todos perpassando o fator físico e adentrando também ao social revelando a injustiça social aos eventos extremos a partir da classificação de Veyret 2007 ao entender o risco como um fenômeno natural tecnológico social e a vulnerabilidade socioambiental sua espacialização nas distintas classes sociais Portanto a Geografia em especial a Climatologia Geográfica deve e se faz capaz de contribuir na análise dos processos e dinâmicas em escalas regionais e locais de modo a responder as indagações e necessidades da sociedade 83 REFERÊNCIAS ABREU D S Formação histórica de uma cidade pioneira paulista Presidente Prudente Presidente Prudente Faculdade de Filosofia Ciências e Letras 1972 339p ALEIXO N C R SANTANNA NETO J L Condicionantes Climáticos e Internações por Pneumonia Estudo de Caso em Ribeirão PretoSP Revista do Departamento de Geografia USP v27 2014 p 120 Disponível em httpsdoiorg1011606rdgv27i0503 Acesso em 07 jul 2022 AMORIM M C C T As temperaturas da superfície e do ar contribuições aos estudos de clima urbano In X Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica V Simpósio Paranaense de Climatologia Reunião da COCUGI 2014 Curitiba Anais Curitiba UFPR 2014 p 11221130 AMORIM M C C T Ilhas de calor em cidades tropicais de médio e pequeno porte teoria e prática 1 ed Curitiba Appris 161 p 2020 AMORIM M C C T Ilhas de calor urbanas métodos e técnicas de análise Revista brasileira de climatologia s L p 2246 2019 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