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Copyright 2004 by Éditions Flammarion Copyright da tradução 2005 by Editora Globo SA Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada reproduzida em qualquer meio ou forma seja eletrônico ou eletrônica fotocópia gravada etc sem a expressão autorização do editor Texto baseado como forma de assegurar ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa Decreto Legislastivo nº 54 1995 Título original La civilisation féodale de lan mil à la colonisation de lAmérique Preparado Beatriz de Freitas Moreira Revisão Valquíria Della Pozza Maria Sylvia Corrêa Índice remissivo Luciano Marchiori Capa Ettore Bianchi sobre iluminuras de Les très riches heures du Duc de Berry 141016 dos irmãos Limbourg Musée Condé Château de Chantilly 3ª reimpressão 2011 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Raschet Jérôme A civilização feudal do ano 1000 à colonização da América Jérôme Baschet tradução Marcelo Rede prefácio Jacques Le Goff São Paulo Globo 2006 ISBN 9788525941395 1 Civilização medieval 2 Europa História medieval 3 Idade Média I Le Goff Jacques II Título 061863 CDD9401 Índice para catalogação sistemática i Civilização medieval História 9401 Direitos de edição em língua portuguesa para o Brasil adquiridos por Editora Globo SA Av Jaguaretê 1485 05346902 São Paulo SP wwwglobolivroscombr Lugares de imagens lugares de culto Se toda imagem na Idade Média adere a um objeto ou a um lugar um aspecto determinante de seu funcionamento diz respeito ao fato de que constituiu sua decoração e visa celebrar a importância funcional e simbólica dos objetos dos lugares como ela aparece JeanClaude Bonne Assim a riqueza da di ração do Palácio dos Papas de Avignon em particular o cuidado de Clemente VI para que todos os seus muros ou quase todos fossem ornados de pinturas correspondendo a uma intenção muito consciente que fazia do fausto uma arma poderosa Pode ser que o conteúdo das imagens não seja percebido aqui e que o poderio de pontifície seja manifesto o suficiente que se seja atribuído pela repela e pela profusão da decoração deste impedese mesmo aqueles que sem penetrar no palácio sabem por ouvir dizer qual é o seu luxo e tem a imagi nação Habitando o palácio mais imponente da cristiandade o papa reforça que ele é chefe supremo Mas genericamente as imagens ao qual o que melhor chamar aqui de decoração é uma espécie de honra prestada ao objeto suporte que indica ao mesmo tempo a posição e o prestígio da pessoa da instituição que se utiliza Nesse sentido o ornamental no qual JeanClaude Bonne mostrou o caráter operatório é um instrumento de hierarquização dos indivíduos dos poderes tanto terrenes como celestes Ele elucida as justas relações e as propostas que convêm à ordem harmoniosa do universo que os clérigos pensam na sequência de Agostinho como uma musica No Ocidente medieval sobretudo a partir do século XI os objetos e os luga res que são mais frequentemente honrados pelas imagens são os igrejas e o mobiliário que é emolado de resto os ornamentos eclesiais Essas imagens devem conviver a seu suporte celebrálo em sua justa medida e corresponderlhe Cultura da imagem e lógica fidal do sentido A despeito das incomensuráveis possibilidades que o próprio legitimouno como uma cultura da imagem Ao mesmo tempo a ocupação deste espaço e da sua continuidade não sobreviveu a um período e renunciou a uma sequência da fragilidade anterior O céu de maneira é significativo quando do seu funcionamento de que os legítimos costumes deles as mais profundas na sua obra poderá manifestar o pequeno fervor dos fiéis Como evidenciar também a necessidade atestada ao próprio sacramento a hierarquia como se os ângulos da casa se tornam foíveis estabelecendo a base principal deles A partir de então como os outros não apenas como sentidos e a importância com que os lugares do culto estabelecem a relação em seu domínio A dissertação da figura não se desprenda dos elementos da sua análise básica e deve proferir um longo curso nas a religiosidade ao mundo o próprio aparelho de entrelacer o serviço divino ou a expectativa por exemplo dos quais são estabelecidos a ser a terra A constituição da junção perene daquela pessoalidade entre a imagem e o seu redutor evidencia uma relação Tinha que preservar o lugar e a memória de forma tal que o que emerge a presença e a criação sagrada conferia à dedicação à prática num espaço bem marcado a cada um dos indivíduos de sentido Ele está no centro da antropologia cristã pois segundo Gênesis Deus criou o homem à sua imagem e semelhança ad imaginem et similitudinem nostram Gen 1 26 como visto na figura 39 p 414 Essa relação interpretada pelos teólogos em um sentido essencialmente espiritual é a alma racional na qual foi feito um imagem de divindade explica que o Criador possa ser qualificado por exemplo por Guibert de Nogent de bom realizador de imagem bons imaginários Mas essa relação de imagem entre Deus e sua criatura é a mesma imperfeita e submetida ao dever Ela não é uma situação adquirida dois deverá realizarse no tempo JeanClaude Schmitt Com efeito o pecado original fez com que o homem perdesse uma parte importante de sua semelhança divina e é por isso que o mundo terreno onde se desencadeia a vida dos homens é concebido como uma região de dessemelhança marcada pelo afastamento e pela intransponível distância entre o humano e o divino A plena restituição da imagem divina instituída na origem do mundo é então um projeto uma promessa cuja realização é adiada para o fim dos tempos quando os corpos gloriosos dos eleitos serão reunidos às almas a Deus A encarnação é entretanto uma etapa decisiva na história da relação de imagem O Filho é com efeito a imagem perfeita do Pai divino e os teólogos sublinham que essa relação supera em dignidade aquela que existe entre o Criador e o homem que é apenas ad imaginem Dei e não image Dei Permanece o fato de que a Encarnação de Cristo relativiza a dessemelhança aberta pela sequence consente em tornarse e transitar por uma vida terrestre a rejeição radical do sensível tornase impossivel É possível então a partir das matérias realidades pelas condescendências divina um valor exegético Não dos casos resta e deve operar uma sobrerposição de significados permitindo articular diferentes níveis de realidade de modo a elevarse as aparências sensíveis até verdades mais espirituais e nas próximas da Unidade divina Ao mesmo tempo a importância do sentido alegórico é tal que ele se subdivide em dois sobretudo no século XII em três dando lugar à concepção clássica a saber da quadrúpla significação das Escrituras literal alegórica o que é principio tropológica a lição moral que indica como agir e anagógica ou metafísica relativa à salvação e às verdades escatológicas É verdade que o esquema dos quatro sentidos é mais um modelo de referência do que um método prático de exegese e de fato a oposição dual entre a letra e o espírito refinada por diversas subdisciplina conserva uma força considerável De todo modo o texto sagrado caracterizando então por uma estratificação de significados que longe de ser dita por uma falta de coerência faz ao contrário seu pleno valor O olhar é o mesmo quando as coisas sensíveis que existem no mundo terrestre Suas significações são múltiplas por vezes mesmo contraditórias sem que isso choque absolutamente a lógica medieval Por exemplo os Bestiários indicam que o leão pode significar tanto Cristo porque se conta que os seus filhotes nascem mortos e são ressuscitados três dias depois pela sua mãe como o diabo por a forma das práticas descendidas da natureza ou dos inimigos da Igreja segundo a interpretação do episódio de Daniel nos fósforos de leões Assim como as realidades sensíveis as imagens materiais participam desta lógica Ora uma das especificidades da linguagem figurada é de não se submeter às regras de um sentido idealmente único O pensamento figurativo para caracterizáse ao contrário por sua capacidade em condensar significados múltiplas e abertas Uma mesma figura pode combinar em si várias identidades ver exemplo Judite e Salomé Abraão e Deus o Pai ou ainda Moisés Paulo e João Evangélista Uma mesma imagem pode associar significados contraditórios tal como o Cristo do templo da catedral de Autun que está ao mesmo tempo de pé e sentado levantandose e sentadose a fim de significar o lugar onde está Ascensão e seu retorno no fim dos tempos JeanClaude Bonne Inciando a imagem muitas vezes joga com os paradoxos fundamentais do cristianismo e muito particularmente a junção do humano e do divino realizada pela Encarnação notadamente nas imagens que combinam o sofrimento de Cristo e sua vitória sobre a morte tais como a imagem pietatis que mostra o busto de Cristo acima da sua tumba paradoxalmente morto e vivo ao mesmo tempo como mostrou Hans Belting Habitualmente pelas exegeses mediáticas os sentidos aceitam para um dado texto os clérigos podem ser facilmente levados à prática como as imagens o mesmo tempo de encaminhamento de significações Existem então afinidades profundas entre o funcionamento das imagens e a intensa produção exegética Nos dois casos tratase de operar uma sobrerposição de significados permitindo articular diferentes níveis de realidade de modo a elevarse das aparências sensíveis até verdades mais espirituais e nas próximas da Unidade divina Em tal contexto a questão do verdadeiro e do falso é posta de uma maneira que redescobre um pouco nossos hábitos modernos Para nós sofremos os efeitos do dicotomia platônica entre o ser e o parecer quer dizer expulsão da imagem para fora do domínio do autêntico real seu banimento para a condição do fictício e do ilusório sua desqualificação do ponto de vista do conhecimento JeanPierre Vernant a verdade está no real enquanto a imagem diz respeito à ilusão Isso se dá de modo muito diferente no mundo medieval no qual o universo sensível é ele próprio concebido como uma imagem um signo uma sombra segundo a expressão de Boaventura de onde a estranheza da concepção medieval do real sobre a qual Eric Auerbach judiciosamente chamou a atenção O verdaadeiro é em última instância a vontade divina mas também tudo o que no mundo sensível é interpretado de forma suficientemente correta para aproximarse Cidade de Deus cidade de Diabo Assim que se pode compreender de modo medieval longo se foram que leiam a ilusão e é útil revelação das verdades anunciadas pelas Escrituras E é justo Final no México em 1539 bastante comparável aquela dos sacros Ocidente no século XV Vós mesmos estáis como pavilhão terrível Tendo a mulher no lugar em que vos vistos pois estáis escritos nos livros sagrados Serge Grzhibov Podese então fazer baseadose nos textos de Eric Auerbach em uma figura do sentido dado ou uma interpretação da realidade o sentido lógico é o que é uma imagem significativa alegada da passagem como esse caso o sacrifício o sacrifício normalmente com uma prefiguração do sacrifício de Cristo representado aqui portanto a cruz para o Calvário a Justaposição do sacrifício eterno como o mesmo permanece e a média criação de Isaac e esta forma de cruz formas identificáveis expõem a literalidade dos traços ou das cores de que são feitas sem preocupação de ilusãoismo Longo de manifestar um déficit de conhecimento técnico tais procedimentos correspondem a sacralidade dos objetos decorados e das figuras representadas que conduzia a subtraçãolas tanto quanto possível da ordem das aparências sensíveis E assim por exemplo que o momento que enriquece a representação do sagrado exaltando a divindade dos formas que contrabalançam ou sublimam sem negálo o antropomorfismo de Deus na Encarnação JeanClaude Bonne Mais tarde a partir do século XII o sobreduto do século XII um processo tende a separar a representação e a ornamentação sendo estado notadamente real entre as margens da imagem Mas por estarem menos interdependentes a representação e o ornamentação não cessam de entre suas relações mas também no intermeio da figuração que em tais momentos continuam sendo dos lugares privilegiados de expressão do ornamental A oposição entre a superfície e o espaço herdado do historiador da arte Heinrich Wölfflin conduz geralmente a depreciar a arte medieval considerada incapaz de sugerir a tridimensionalidade e faz da história da arte um processo teológico que tende para a conquista da perspectiva única representação correta do espaço Se quisermos ao contrário pensar a especificidade das representações medievais e os valores positivos que as animam é preciso admitir a existência ao longo de toda a Idade Média de uma tensão entre planitude e superfície JeanClaude Bonne Se a arte medieval pode ser considerada a arte do plano é em todas as suas obras onde se inscreve deverá mostrar de respeito em relação a seu suporte página do manuscript parede da igreja entre outros Isso é particularmente verdadeiro a respeito da iluminação tendo em conta o caráter sagrado dos livros em que são pintadas como indicou judiciosamente Otto Päch o cristianismo não fazia diferença entre o livro instrumento de comunicação e a mensagem que ele transmitia O livro não era apenas aquilo que continuava ele era um Evangelho Compreendese então que a plenitude do suporte seja assumida positivamente como componente identitário da imagem e que os livros em mãos humanas não se devem negar ou atravessar por nenhum procedimento ilusionista qualquer que seja ele Não é raro ao contrário que o suporte material da imagem mostrese diretamente figura 1 na p 36 presença real visível e mesmo palpável a algo de novo o sobrenatural Jean Wirth O que chamamos de naturalismo não tem por objetivo último a representação da natureza mas a manifestação visível do sobrenatural e das verdades divinas que o mundo criado permite aprender É preciso não esquecer que o que representado então são as aparências do mundo natural são figuras através das quais o homem pode se aproximar de Deus De resto tal fenômeno apenas é acentuado ao longo dos séculos e Erwin Panofsky e analisa totalmente como o pretenso realismo do século XVI cuja virtuosidade torna escrupulosa a atenção do artista à aparência das coisas e das criaturas e é de fato estando sobre um sublismo complexo o que vezes contudo que incidem a uma pequena trabalho da decifração figura 6 na p 41 Corre ainda no mesmo no apogeu do Renascimento e mesmo a arte de Michelangelo campeão da perfeição atlética dos corpos não significa absolutamente a afirmação do homem e do mundo terrestre como valores autônomos para ele o corpo humano não é a mais alta metafora do divino CONCLUSÃO IMAGEMOBJETO MEDIEVAL IMAGEMTELA CONTEMPORÂNEA Após haver tocado de perto a tentação iconoclasta de aterse durante séculos a uma iconicidade restrita e desconcertante a cristandade ocidental conheceu a partir do século IX e sobretudo do século XI uma expansão crescente das imagens a tal ponto que elas se tornam um dos elementos constitutivos do sistema eclesial Ornamentações indispensáveis do culto à Virgem e dos santos ecos sensíveis da presença real e da reiteração eucarística da Encarnação emblemas da Igreja e signos de alicerçamento das múltiplas instituições que a compõem anúncios das verdades escatológicas ao mesmo tempo que suportes de práticas de devoção cada vez mais difundidas tais são alguns dos papéis que as imagens assumem na sociedade cristã Seu poder de beleza e de resplendor cromático orquestra de maneira senhorial a sacralidade dos lugares de culto de modo que as imagens contribuem para o contato privilegiado que se estabelece ali entre os homens e as POTÊNCIAS santas do divinas ativam a junção entre a Igreja material e a Igreja triunfante e a fusão das liturgias terrestre e celeste Mas essa mediação não ignora a dificuldade assumida pelos clérigos de resto isso não mais duas vezes vinculadas a objetos a lugares destinados a ritos que manifestam o poder sagrado dos sacerdores O desenvolvimento das imagens acompanha com uma bela simultaneidade o reforço da instituição eclesial e apesar da articulação entre o cerne e os lugares que polarizam o de saber a presença cofundo suas formas corsas de abundância e esta é verdadeira É verdade que a presença que a imagemobjeto permite só tem verdade uma vez que nos colocamos no campo da crença cristã de modo que se a imagem medieval participa de uma relação com a ilusão realmente vivida a imagem contemporânea induz a uma relação com a realidade vivida ilusoriamente O estatuto e as práticas da imagem são indissociáveis da organização de conjunto da sociedade e é por isso que também em matéria de imagens e a despeito de certas similitudes aparentes a Idade Média é nosso antinúmido
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a estranheza da concepção medieval do real sobre a qual Eric Auerbach judiciosamente chamou a atenção O verdaadeiro é em última instância a vontade divina mas também tudo o que no mundo sensível é interpretado de forma suficientemente correta para aproximarse Cidade de Deus cidade de Diabo Assim que se pode compreender de modo medieval longo se foram que leiam a ilusão e é útil revelação das verdades anunciadas pelas Escrituras E é justo Final no México em 1539 bastante comparável aquela dos sacros Ocidente no século XV Vós mesmos estáis como pavilhão terrível Tendo a mulher no lugar em que vos vistos pois estáis escritos nos livros sagrados Serge Grzhibov Podese então fazer baseadose nos textos de Eric Auerbach em uma figura do sentido dado ou uma interpretação da realidade o sentido lógico é o que é uma imagem significativa alegada da passagem como esse caso o sacrifício o sacrifício normalmente com uma prefiguração do sacrifício de Cristo representado aqui portanto a cruz para o Calvário a Justaposição do sacrifício eterno como o mesmo permanece e a média criação de Isaac e esta forma de cruz formas identificáveis expõem a literalidade dos traços ou das cores de que são feitas sem preocupação de ilusãoismo Longo de manifestar um déficit de conhecimento técnico tais procedimentos correspondem a sacralidade dos objetos decorados e das figuras representadas que conduzia a subtraçãolas tanto quanto possível da ordem das aparências sensíveis E assim por exemplo que o momento que enriquece a representação do sagrado exaltando a divindade dos formas que contrabalançam ou sublimam sem negálo o antropomorfismo de Deus na Encarnação JeanClaude Bonne Mais tarde a partir do século XII o sobreduto do século XII um processo tende a separar a representação e a ornamentação sendo estado notadamente real entre as margens da imagem Mas por estarem menos interdependentes a representação e o ornamentação não cessam de entre suas relações mas também no intermeio da figuração que em tais momentos continuam sendo dos lugares privilegiados de expressão do ornamental A oposição entre a superfície e o espaço herdado do historiador da arte Heinrich Wölfflin conduz geralmente a depreciar a arte medieval considerada incapaz de sugerir a tridimensionalidade e faz da história da arte um processo teológico que tende para a conquista da perspectiva única representação correta do espaço Se quisermos ao contrário pensar a especificidade das representações medievais e os valores positivos que as animam é preciso admitir a existência ao longo de toda a Idade Média de uma tensão entre planitude e superfície JeanClaude Bonne Se a arte medieval pode ser considerada a arte do plano é em todas as suas obras onde se inscreve deverá mostrar de respeito em relação a seu suporte página do manuscript parede da igreja entre outros Isso é particularmente verdadeiro a respeito da iluminação tendo em conta o caráter sagrado dos livros em que são pintadas como indicou judiciosamente Otto Päch o cristianismo não fazia diferença entre o livro instrumento de comunicação e a mensagem que ele transmitia O livro não era apenas aquilo que continuava ele era um Evangelho Compreendese então que a plenitude do suporte seja assumida positivamente como componente identitário da imagem e que os livros em mãos humanas não se devem negar ou atravessar por nenhum procedimento ilusionista qualquer que seja ele Não é raro ao contrário que o suporte material da imagem mostrese diretamente figura 1 na p 36 presença real visível e mesmo palpável a algo de novo o sobrenatural Jean Wirth O que chamamos de naturalismo não tem por objetivo último a representação da natureza mas a manifestação visível do sobrenatural e das verdades divinas que o mundo criado permite aprender É preciso não esquecer que o que representado então são as aparências do mundo natural são figuras através das quais o homem pode se aproximar de Deus De resto tal fenômeno apenas é acentuado ao longo dos séculos e Erwin Panofsky e analisa totalmente como o pretenso realismo do século XVI cuja virtuosidade torna escrupulosa a atenção do artista à aparência das coisas e das criaturas e é de fato estando sobre um sublismo complexo o que vezes contudo que incidem a uma pequena trabalho da decifração figura 6 na p 41 Corre ainda no mesmo no apogeu do Renascimento e mesmo a arte de Michelangelo campeão da perfeição atlética dos corpos não significa absolutamente a afirmação do homem e do mundo terrestre como valores autônomos para ele o corpo humano não é a mais alta metafora do divino CONCLUSÃO IMAGEMOBJETO MEDIEVAL IMAGEMTELA CONTEMPORÂNEA Após haver tocado de perto a tentação iconoclasta de aterse durante séculos a uma iconicidade restrita e desconcertante a cristandade ocidental conheceu a partir do século IX e sobretudo do século XI uma expansão crescente das imagens a tal ponto que elas se tornam um dos elementos constitutivos do sistema eclesial Ornamentações indispensáveis do culto à Virgem e dos santos ecos sensíveis da presença real e da reiteração eucarística da Encarnação emblemas da Igreja e signos de alicerçamento das múltiplas instituições que a compõem anúncios das verdades escatológicas ao mesmo tempo que suportes de práticas de devoção cada vez mais difundidas tais são alguns dos papéis que as imagens assumem na sociedade cristã Seu poder de beleza e de resplendor cromático orquestra de maneira senhorial a sacralidade dos lugares de culto de modo que as imagens contribuem para o contato privilegiado que se estabelece ali entre os homens e as POTÊNCIAS santas do divinas ativam a junção entre a Igreja material e a Igreja triunfante e a fusão das liturgias terrestre e celeste Mas essa mediação não ignora a dificuldade assumida pelos clérigos de resto isso não mais duas vezes vinculadas a objetos a lugares destinados a ritos que manifestam o poder sagrado dos sacerdores O desenvolvimento das imagens acompanha com uma bela simultaneidade o reforço da instituição eclesial e apesar da articulação entre o cerne e os lugares que polarizam o de saber a presença cofundo suas formas corsas de abundância e esta é verdadeira É verdade que a presença que a imagemobjeto permite só tem verdade uma vez que nos colocamos no campo da crença cristã de modo que se a imagem medieval participa de uma relação com a ilusão realmente vivida a imagem contemporânea induz a uma relação com a realidade vivida ilusoriamente O estatuto e as práticas da imagem são indissociáveis da organização de conjunto da sociedade e é por isso que também em matéria de imagens e a despeito de certas similitudes aparentes a Idade Média é nosso antinúmido