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Ciências Contábeis ·
Antropologia Social
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ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES Profª Sonia R Arbues Decoster 2 O PODER SOBRE A EMPRESA E NA EMPRESA 3 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Interpretar conceitos que possibilitem refletir sobre a relação entre poder e atuação empresarial Analisar aspectos da relação entre Estado e empresa sob o ponto de vista do poder e de algumas formas de intervenção econômica Conhecer brevemente o conceito de liberalismo econômico de Adam Smith Interpretar discussões teóricas a respeito do poder dentro de uma organização Conhecer os conceitos de legitimidade e autoridade Entender a dinâmica entre liderança e poder 4 SUMÁRIO 1 Introdução 2 Estado a instituição de poder na sociedade 21 Estado economia e empresa 3 O poder sobre a empresa 4 O poder e o âmbito organizacional 41 O que significa poder 42 Conceito de dominação 43 Conceito de legitimidade 44 Conceito de autoridade 45 Conceito de dominação legítima 5 Gestão centralizada x gestão participativa 6 Cooperativas 7 Liderança 71 Chefe x líder 72 O carisma dos líderes 73 A liderança deve ser ensinada 8 Considerações finais 5 1 INTRODUÇÃO Uma empresa apesar de pertencer à esfera econômica da sociedade existe em um ambiente social onde interage com outras esferas A política por exemplo é uma delas Por isso o administrador ou ges tor precisa estar habilitado para analisar e refletir sobre o peso que o poder e a política têm sobre a empresa Isso é importante porque esta tem interesses a defender e a política é o meio pelo qual os interes ses de diferentes grupos são defendidos e transformados em leis ou políticas de governo Essa linha de pensamento que seguirá por todo o material tem como base a obra de Roberto Martins Ferreira 2016 6 2 ESTADO A INSTITUIÇÃO DE PODER NA SOCIEDADE O poder é um elemento importante na vida de qualquer organização Por isso para muitos autores o conceito de política pode ser aplicado a toda e qualquer empresa O Estado é a organização política da sociedade que tem soberania sobre um determinado território sendo que todos devem obedecer às leis dentro de seu limite territorial Segundo Max Weber a legitimidade do Estado moderno é de base racionallegal e é por meio dessa base que se legitima o cumprimento da lei 21 Estado economia e empresa Um tema importante a ser discutido sobre a relação entre o Estado e as empresas é sua atuação nas esferas política e econômica de uma sociedade Em outras palavras a compreensão dos diferentes níveis de intervenção do Estado na vida das empresas Ao fazermos uma retrospectiva histórica é possível entender que cada um dos diferentes períodos econômicos apresenta raízes específicas e se apoia numa determinada corrente do pensamento econômico Como aponta Ferreira 2016 o mercantilismo política econômica dos reis absolutistas foi possível na história europeia porque levou à adoção de medidas que deram aos seus reinos um grande controle sobre a economia aumentando inclusive seu poderio militar Isso era feito por meio de medidas como a criação de monopólios reais a criação de impérios coloniais o tabelamento de salários a restrição de importações e o poder que o rei tinha de permitir ou de cancelar o funcionamento de empresas O mercantilismo representava a opressão e o privilégio por instituir monopólios sendo derrubado em nome da liberdade e da igualdade Adam Smith 17231790 considerado o pai da economia moderna e importante teórico do liberalismo econonômico foi o maior crítico da política econômica mercantilista No século XVIII ele escreveu a obra A Riqueza das Nações 1776 onde orientava como os países poderiam enriquecer sendo que a primeira regra consistia em reduzir ao mínimo a intervenção do Estado na economia Segundo suas ideias as pessoas e as empresas deveriam ter a maior liberdade possível sendo que o Estado deveria Adam Smith Fonte Wikimedia 7 cuidar apenas da segurança externa contra invasões e interna garantir a lei e a ordem pois quanto menos interviesse na atividade econômica mais rico o país ficaria A obra mais famosa de Adam Smith é composta por 5 livros ou partes e foi publicada pela primeira vez em Londres em março de 1776 e quatro edições posteriores foram lançadas sendo a última edição de 1780 feita em vida pelo autor Além de análises teóricas sobre o funcionamento das chamadas sociedades comerciais as vantagens e problemas associados à divisão do trabalho ao valor à distribuição da renda e à acumulação de capital o livro traz considerações históricas e farto material empírico sendo considerado um momento de inflexão no desenvolvimento da história do pensamento econômico Publicada no mesmo ano da Declaração da Independência dos Estados Unidos a obra foi objeto de inúmeras de controvérsias por ter sido encarada como uma defesa irrestrita do individualismo e do liberalismo visão que teria sido sintetizada na metáfora da mão invisível Nasceu com sua obra o liberalismo econômico predominante durante o século XIX quando um grande crescimento econômico foi registrado especialmente na Europa Após a crise de 1929 as suas ideias perderam força passando a ser substituídas pelas ideias de John Maynard Keynes 18831946 um economista britânico que mudou fundamentalmente a teoria e a prática da macroeconomia bem como as políticas econômicas instituídas pelos governos Ele defendia uma maior presença do Estado como forma de superação da crise advogando que este seria o responsável pelo crescimento econômico Muitos autores apontam que o cresci mento econômico verificado no período entre 1945 à 1975 deve muito à prática das ideias de Keynes aplicadas por vá rios governos Paralelamente a essa ver tente econômica estatal de viés capita lista em países em que o comunismo se viabilizou o modelo também era estatal Isso explica em parte porque o liberalismo econômico arrefeceu nes se período até retomar fôlego entre os anos 1980 e 1990 por meio de nomes como Margareth Thatcher e Ronald Reagan O modelo econô mico keynesiano deixou ensinamentos importantes também para regi ões como a América Latina John Maynard Keynes Fonte Wikimedia 8 3 O PODER SOBRE A EMPRESA O poder sobre a empresa é representado por vários atores dentre eles o Estado os sindicatos e os grupos de pressão Por ser a instância máxima de poder numa sociedade o Estado detém grande poder pela sua capacidade de coação e pela forte capacidade de interferência Utilizase de seu poder normativo para a elaboração de leis e para a punição de infrações As leis interferem sobre o que onde e como algo pode ser produzido sobre limites das propagandas sobre a relação dos empresários com os seus empregados da empresa com o meio ambiente etc A alçada desse poder de legislar é em todos os âmbitos federal estadual e municipal Quando se pensa no Brasil sabemos a quantidade expressiva de leis tributárias trabalhistas e ambientais criadas a cada ano e como elas interferem na vida das empresas A discordância com uma lei não pode existir e a mesma existe para ser cumprida O Estado possui a legitimidade para isso sendo que a constitucionalidade da lei é verificada pelo Supremo Tribunal Federal STF Caso a população não se mostre satisfeita com determinada lei por motivos legítimos em uma democracia há a possibilidade e o direito de pressionar a esfera política por meios também legais Muitas reclamações relativas às leis no contexto empresarial decorrem da ine ficácia a que certas legislações conduzem e a aspectos burocráticos algo que pode estar na origem de prejuízos no ambiente de negócios além de dificultar a entrada de novos grupos empresariais no país Segundo uma pesquisa do Banco Mundial realizada em 2013 em 185 países o Brasil é o país no qual as empresas mais consomem tempo em questões fiscais em média 2600 horas para lidar com impostos e outras questões legais Estes problemas conduziram o país à posição 130 no ranking que mede a facilidade de se fazer negócios Segundo o jornal O Globo entre 2000 e 2010 o país criou 75517 leis somando legislações ordinárias e complementares estaduais e federais além de decretos federais Isso dá 6865 leis por ano significando a criação diária de 18 leis desde 2000 FERREIRA 2016 A carga tributária é um bom exemplo de intervenção do Estado sobre a vida das empresas Ele é formado por um conjunto de organizações relativas aos três poderes e requer recursos financeiros para pagar as despesas correntes Além disso o governo poder Executivo é res ponsável por uma série de outras atividades de fundamental importân 9 cia para a sociedade criar e manter hospitais públicos criar e manter escolas públicas nos três níveis de ensino fazer pontes e estradas etc O Estado é responsável também por uma série de programas sociais que implicam outras despesas mas é importante que seus gastos se jam diretamente proporcionais ao seu tamanho Em outra área a ex cessiva carga tributária é um fator que prejudica o bom funcionamento das empresas pois eleva o preço dos produtos e serviços e tende a provocar uma redução na demanda Outra forma de intervenção do Estado na vida das empresas são as políticas governamentais adotadas por uma série de medidas re lativas às áreas de atuação mais importantes Subsídios de governo a empresas também funcionam como política de governo quando se visa desenvolver determinada região do país Sem sombra de dúvidas a política de governo que mais afeta a vida das empresas é a política econômica que permite por exemplo elevar ou diminuir a taxa de juros ou o câmbio Quadro 1 O poder do Estado sobre a empresa Forma de Intervenção Descrição Poder Normativo A produção de leis e a punição a infrações Carga Tributária Manter poderes em funcionamento requer recursos financeiros para pagar as despesas correntes Políticas de Governo Adoção de uma série de medidas em diversas áreas por exemplo programas sociais para a cultura para a educação para a saúde para a habitação para a segurança para o meio ambiente para a infraestrutura De todas as políticas conduzidas pelo governo a que mais afeta a vida das empresas é a política econômica O governo pode lançar mão de diferentes recursos como a taxa de juros e a taxa de câmbio No Brasil a elevação da taxa de juros tem sido utilizada para reduzir a inflação Adaptado de Ferreira 2016 10 4 O PODER E O ÂMBITO ORGANIZACIONAL 41 O que significa poder Na perspectiva das Ciências Sociais poder representa uma relação social que envolve atores concretos que ocupam ou posições de au toridade ou de subordinação Como salienta Chiavenato 2014 para Max Weber a ideia de poder implica potencial para exercer influên cia sobre as outras pessoas Nesse sentido o poder se relaciona com a possibilidade de influência de arbítrio por parte da pessoa sobre a conduta das outras De acordo com essa teoria um indivíduo só tem poder quando dis põe de recursos Segundo Ferreira 2016 esses recursos podem ser de dois tipos recursos de coerção que basicamente implicam em algum tipo de sanção e recursos de recompensa que moldam com portamentos É a posse desses recursos que viabiliza o que Weber compreende como obediência combinada a uma relação social de po der cuja base destaca é a desigualdade em que uma parte dispõe de mais recursos de poder do que outra tanto no que diz respeito às sanções quanto às recompensas 42 Conceito de dominação Weber utiliza a palavra dominação para se referir a uma relação de poder que só existe em uma relação social e em um determinado con texto Seria o caso por exemplo de um gerente que não tem poder sobre funcionários de outros departamentos e nem pode dar ordens para seus funcionários fora do contexto de trabalho Como aponta Chiavenato 2014 a dominação é uma relação de poder na qual a pessoa que impõe seu arbítrio sobre as demais dominador acredita ter o direito de exercer o poder e os dominados consideram como sua obrigação obedecer a suas ordens 43 Conceito de legitimidade Outro ponto importante para salientar é que nenhuma ordem social se mantém baseada apenas na coerção pois o medo não é uma base sólida porque gera resistência e oposição Daí surge a questão da legitimidade que é reconhecida por Weber como aquela que propicia a estabilidade na relação de poder O conceito de legitimidade diz res peito ao que é justo e certo na ciência política Segundo Max Weber a legitimidade do Estado moderno é de base ra cionallegal Ou seja não obedecemos ao governante mas à lei O go vernante tem o direito de mandar porque foi eleito e o cargo que ocupa tem os seus atributos legalmente constituídos Para Weber a base da 11 legitimidade do poder do Estado é a mesma da legitimidade do poder do gerente pois em ambos a base da legitimidade é racionallegal No caso de uma empresa o que chamamos de lei são os regimentos internos e as normas que regem a vida da empresa O gerente tem um poder que não é de fato seu mas do cargo que ocupa dentro dos limites estabelecidos pela empresa e consequente mente espera ser obedecido Os funcionários têm conhecimento disso e sabem também que ao obedecer a uma ordem estão obedecendo a uma regra que determina que dentro dos limites aceitos o funcionário deve obedecer ao seu superior hierárquico FERREIRA 2016 44 Conceito de autoridade Quando Weber fala do poder puro ele utiliza o conceito de dominação quando fala do poder legitimamente aceito ele usa a expressão auto ridade Em outras palavras o conceito de autoridade foi criado porque a estabilidade da ordem social não pode ser explicada adequadamen te apenas em termos de coerção 45 Conceito de dominação legítima Weber utiliza o conceito de dominação legítima para caracterizar al gumas situações nas quais os que obedecem veem nos que mandam o direito de mandar Quando isso acontece há estabilidade de poder Weber cita três situações de dominação legítima a dominação tradi cional a carismática e a racionallegal A autoridade tradicional diz respeito à instituição família o pai nas sociedades paternais e a mãe nas sociedades matriarcais na ins tituição religiosa o padre bispo ou papa na instituição política o presidente do partido etc A autoridade carismática decorre das qua lidades intrínsecas das pessoas John Kennedy e Martin Luther King por exemplo são considerados lideranças baseadas na autoridade ca rismática e por fim a autoridade racional legal ou burocrática é a baseada em meritocracia com traços impessoais técnicos e racionais A autoridade racionallegal é aquela que Weber diz ser o tipo predomi nante no Estado e nas empresas onde não se obedece a uma pessoa mas a um conjunto de regras ou leis de atuação Em uma empresa por exemplo quando os funcionários de um setor obedecem às ordens do seu diretor eles o fazem porque sabem que está dentro da alçada de poder do diretor dar aquele tipo de ordem Este poder é visto como le gítimo porque é aceito e por funcionar de acordo com as expectativas FERREIRA 2016 12 5 GESTÃO CENTRALIZADA X GESTÃO PARTICIPATIVA Normalmente quando falamos de formas de exercício de poder nas empresas costumase citar autores que trabalham com diferentes for mas de participação dos funcionários sobre a gestão da empresa O pensamento gerencial diferentemente da Ciência Social não utiliza tanto conceitos mais associados à política não menciona por exem plo gestão democrática ou autoritária Baseiase então em conceitos como gestão centralizada ou gestão participativa Em livros de administração mais recentes a gestão centralizada pas sou a ser criticada em favor do modelo de gestão participativa Para entender o porquê disso precisamos reler a história das primeiras grandes empresas do século XIX Nessa época as empresas tinham uma gestão centralizada quando o dono ou os gerentes mandavam e todos deviam obedecer sem contestação É por isso que a maior participação nas decisões da empresa por parte dos trabalhadores não é algo recente Surgiu em fábricas na Europa na segunda metade do século XIX com a atuação de líderes como PierreJoseph Proudhon 18091865 por exemplo Uma das reivindicações da época que em uma fábrica os gerentes deveriam ser eleitos pelos operários é a origem do que no futuro passou a se conceber como gestão parti cipativa Em 1897 Sidney e Beatrice Webb publicaram o livro Industrial De mocracy no qual defendiam o fortalecimento dos sindicatos como instrumento para se contrapor ao poder patronal Ainda que ao longo do século XX muitas mudanças políticas sociais e nos setores pro dutivos tenham ocorrido alguns valores e concepções já presentes nessa obra mantiveramse no âmbito das possibilidades de uma ges tão participativa Como aponta Ferreira 2016 dois fatores explicam a persistência e o fortalecimento desse ideal I A atuação política dos sindicatos Predomina nos sindicatos a crença de que a gestão centralizada au menta a alienação do trabalhador e de que a democracia industrial seria uma forma de resistir além de reduzir essa alienação A atuação dos sindicatos nesse sentido pode se dar de duas maneiras Por meio de ações políticas que visem alterar algum aspecto da legislação Um exemplo disso teria se dado na legislação alemã que estabelece que em qualquer empresa com mais de 13 mil empregados diretores serão escolhidos por um conselho composto metade pelos acionistas metade pelos funcionários A ação direta sobre as empresas para que elas criem órgãos eou mecanismos internos que viabilizem a participação dos empregados II Vem das próprias empresas e do pensamento gerencial Temos consciência que um trabalhador motivado produz mais e o fator que mais motiva os trabalhadores é o sentimento de participação ou seja de que ele é valorizado pela empresa em que atua Um exemplo bastante comum dessa concepção é o que se vê no chamado Toyo tismo em que a empresa ao criar mecanismos para os empregados participarem no processo de produção passam a ter conhecimentos sobre todo o processo de trabalho Um dos pilares desse modelo é o grupo de trabalho que consiste em fazer com que todos os trabalha dores que formam um grupo responsável por uma tarefa na produção se envolvam igualmente indicando soluções que podem tanto reduzir custos quanto aumentar a rapidez na execução de tarefas 14 6 COOPERATIVAS Outra forma de autogestão é o das cooperativas Formada por uma cooperativa de trabalhadores são menos comuns do que a de produ tores e de consumidores no entanto o seu número tem crescido em bora mais lentamente do que a de outros tipos A gestão democrática é um dos princípios que todas as cooperativas procuram seguir signi ficando que nenhum membro pode ter mais poder sobre as decisões gerais a respeito dos rumos da cooperativa seguindo o princípio de um homem um voto FERREIRA 2016 15 7 LIDERANÇA 71 Chefe x líder A quase totalidade dos livros sobre liderança no campo da administra ção exalta a figura do líder em contraposição à figura do chefe Apesar do chefe e o líder conseguirem alterar o comportamento de outros pelo fato de que ambos têm a seu lado o acatamento de seus funcio nários há uma diferença fundamental entre eles A figura do chefe tem encarnado o passado da administração representando uma atuação que se utiliza em grande parte de recursos tradicionais tais como a balança de recompensas e sanções Diferentemente o líder com todas as virtudes que lhes são atribuídas seria o único capaz de con duzir as empresas nesses novos tempos sendo capaz de alterar o comportamento da equipe através da persuasão e do diálogo orien tando as pessoas e levandoas antes de tudo a acreditarem no que de fato é o melhor a ser feito 72 O carisma dos líderes Etimologicamente o termo carisma tem origem no grego khárisma que significa graça ou favor Dáse o nome de carisma a uma fa culdade excepcional de uma pessoa que a diferencia das demais O carisma decorre de certas características pessoais marcantes e de um certo magnetismo pessoal que sejam capazes de uma grande influên cia Diante disso podese dizer que o chefe usa o poder enquanto o líder usa a influência As pessoas não estão obrigadas a seguir o líder elas o seguem porque o veem como objeto de admiração e porque além de permanecer no discurso ele também age claramente de modo co erente sem tergiversações Um verdadeiro líder alia a teoria à prática de modo claro em sua atuação e é por isso que é capaz de mediar conflitos e de aglutinar em torno de si pessoas que pensam diferente Seu carisma é importante porque é uma ferramenta que fortalece ain da mais sua atuação 73 A liderança deve ser ensinada O pensamento gerencial defende que os gestores devem deixar de ser chefes e renunciar aos seus cargos para se tornarem líderes Por esse raciocínio entendese que os líderes nada mais são do que che 16 fes que adotam determinadas atitudes na sua relação com os seus subordinados Por isso a liderança pode ser ensinada e uma vez que o chefe adote essas atitudes ele se tornaria um líder disposto a ouvir e a aceitar incorporando pontos de vistas diferentes do seu para criar um consenso Por isso o que se defende mais que uma figura caris mática é uma atitude de diálogo e de negociação 17 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao término deste material o aluno terá sido apresentado à discussão em torno do peso que o poder e a política têm sobre e dentro das or ganizações Sob a luz dessa diretriz pôdese entrar em contato com importantes aspectos de atuação do poder do Estado sobre as em presas suas formas de intervenção bem como o poder dentro das empresas os conceitos de autonomia e liderança capazes de permitir que o administrador esteja capacitado a avaliar e a refletir sobre a dimensão política inerente à vida de qualquer empresa Pôdese ain da apresentar brevemente a ideia de liberalismo econômico de Adam Smith um contraponto às ideias de Karl Marx apresentadas em ma teriais anteriores INDICAÇÕES DE LEITURA OBRIGATÓRIA CERQUEIRA H Adam Smith e o Surgimento do Discurso Econômico Revista de Economia Política vol 24 nº 3 95 julset 2004 ANGARITA A SICA L P DONAGGIO A Estado e empresa uma relação imbricada Coleção Acadêmica Livre 1ª ed São Paulo FGV pp 1431 2013 VIEIRA P Resenha Adam Smith em Pequim origens e fundamentos do século XXI de Giovanni Arrigai Textos de Economia Florianópolis 11 1 p129134 2008 18 INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR GANEM A O mercado como ordem social em Adam Smith Walras e Hayek Economia e Sociedade Campinas Vol 21 n1 pp 143164 abr 2012 INDICAÇÃO DE VIDEO O Encontro do Século Brasil videoaula EJA O vídeo apresenta um curioso encontro entre os pensadores Adam Smith e Karl Marx em um debate sobre suas principais ideias Discurso de Martin Luther King Discurso de 28 de agosto de 1963 durante a Marcha de Washington em defesa dos direitos dos negros norte americanos TEDxOrangeCoast The 7 secrets of the greatest speakers in history 19 FIPECAFI Todos os direitos reservados A FIPECAFI assegura a proteção das informações contidas nesse material pelas leis e normas que regulamentam os direitos autorais marcas registradas e patentes Todos os textos imagens sons vídeos eou aplicativos exibidos nesse volume são protegidos pelos direitos autorais não sendo permitidas modificações reproduções transmissões cópias distribuições ou quaisquer outras formas de utilização para fins comerciais ou educacionais sem o consentimento prévio e formal da FIPECAFI CRÉDITOS Autoria Sonia R Arbues Decoster Coordenação de Operações Juliana Nascimento Design Instrucional Patricia Brasil Design Gráfico e Diagramação Dejailson Markes Captação e Produção de Mídias Erika Alves Gabriel Rodrigues Gabriel dos Santos e Maurício Leme Revisão de Texto Patricia Brasil e Thiago Batista REFERÊNCIAS CERQUEIRA H Adam Smith e o surgimento do discurso econômico Revista de Economia Política vol 24 n 3 95 julset 2004 DRUCKER Peter F The Coming of the New Organization Harvard Business Review vol 66 n1 p 45 1988 FERREIRA R M Sociedade e empresa sociologia aplicada à administração São Paulo Saraiva 2016 SANTOS V M Sociologia da administração 2ª ed Rio de Janeiro LCT 2016 SCHAEFER R T Fundamentos da sociologia 6ª ed Porto Alegre AMGH 2016
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carisma dos líderes 73 A liderança deve ser ensinada 8 Considerações finais 5 1 INTRODUÇÃO Uma empresa apesar de pertencer à esfera econômica da sociedade existe em um ambiente social onde interage com outras esferas A política por exemplo é uma delas Por isso o administrador ou ges tor precisa estar habilitado para analisar e refletir sobre o peso que o poder e a política têm sobre a empresa Isso é importante porque esta tem interesses a defender e a política é o meio pelo qual os interes ses de diferentes grupos são defendidos e transformados em leis ou políticas de governo Essa linha de pensamento que seguirá por todo o material tem como base a obra de Roberto Martins Ferreira 2016 6 2 ESTADO A INSTITUIÇÃO DE PODER NA SOCIEDADE O poder é um elemento importante na vida de qualquer organização Por isso para muitos autores o conceito de política pode ser aplicado a toda e qualquer empresa O Estado é a organização política da sociedade que tem soberania sobre um determinado território sendo que todos devem obedecer às leis dentro de seu limite territorial Segundo Max Weber a legitimidade do Estado moderno é de base racionallegal e é por meio dessa base que se legitima o cumprimento da lei 21 Estado economia e empresa Um tema importante a ser discutido sobre a relação entre o Estado e as empresas é sua atuação nas esferas política e econômica de uma sociedade Em outras palavras a compreensão dos diferentes níveis de intervenção do Estado na vida das empresas Ao fazermos uma retrospectiva histórica é possível entender que cada um dos diferentes períodos econômicos apresenta raízes específicas e se apoia numa determinada corrente do pensamento econômico Como aponta Ferreira 2016 o mercantilismo política econômica dos reis absolutistas foi possível na história europeia porque levou à adoção de medidas que deram aos seus reinos um grande controle sobre a economia aumentando inclusive seu poderio militar Isso era feito por meio de medidas como a criação de monopólios reais a criação de impérios coloniais o tabelamento de salários a restrição de importações e o poder que o rei tinha de permitir ou de cancelar o funcionamento de empresas O mercantilismo representava a opressão e o privilégio por instituir monopólios sendo derrubado em nome da liberdade e da igualdade Adam Smith 17231790 considerado o pai da economia moderna e importante teórico do liberalismo econonômico foi o maior crítico da política econômica mercantilista No século XVIII ele escreveu a obra A Riqueza das Nações 1776 onde orientava como os países poderiam enriquecer sendo que a primeira regra consistia em reduzir ao mínimo a intervenção do Estado na economia Segundo suas ideias as pessoas e as empresas deveriam ter a maior liberdade possível sendo que o Estado deveria Adam Smith Fonte Wikimedia 7 cuidar apenas da segurança externa contra invasões e interna garantir a lei e a ordem pois quanto menos interviesse na atividade econômica mais rico o país ficaria A obra mais famosa de Adam Smith é composta por 5 livros ou partes e foi publicada pela primeira vez em Londres em março de 1776 e quatro edições posteriores foram lançadas sendo a última edição de 1780 feita em vida pelo autor Além de análises teóricas sobre o funcionamento das chamadas sociedades comerciais as vantagens e problemas associados à divisão do trabalho ao valor à distribuição da renda e à acumulação de capital o livro traz considerações históricas e farto material empírico sendo considerado um momento de inflexão no desenvolvimento da história do pensamento econômico Publicada no mesmo ano da Declaração da Independência dos Estados Unidos a obra foi objeto de inúmeras de controvérsias por ter sido encarada como uma defesa irrestrita do individualismo e do liberalismo visão que teria sido sintetizada na metáfora da mão invisível Nasceu com sua obra o liberalismo econômico predominante durante o século XIX quando um grande crescimento econômico foi registrado especialmente na Europa Após a crise de 1929 as suas ideias perderam força passando a ser substituídas pelas ideias de John Maynard Keynes 18831946 um economista britânico que mudou fundamentalmente a teoria e a prática da macroeconomia bem como as políticas econômicas instituídas pelos governos Ele defendia uma maior presença do Estado como forma de superação da crise advogando que este seria o responsável pelo crescimento econômico Muitos autores apontam que o cresci mento econômico verificado no período entre 1945 à 1975 deve muito à prática das ideias de Keynes aplicadas por vá rios governos Paralelamente a essa ver tente econômica estatal de viés capita lista em países em que o comunismo se viabilizou o modelo também era estatal Isso explica em parte porque o liberalismo econômico arrefeceu nes se período até retomar fôlego entre os anos 1980 e 1990 por meio de nomes como Margareth Thatcher e Ronald Reagan O modelo econô mico keynesiano deixou ensinamentos importantes também para regi ões como a América Latina John Maynard Keynes Fonte Wikimedia 8 3 O PODER SOBRE A EMPRESA O poder sobre a empresa é representado por vários atores dentre eles o Estado os sindicatos e os grupos de pressão Por ser a instância máxima de poder numa sociedade o Estado detém grande poder pela sua capacidade de coação e pela forte capacidade de interferência Utilizase de seu poder normativo para a elaboração de leis e para a punição de infrações As leis interferem sobre o que onde e como algo pode ser produzido sobre limites das propagandas sobre a relação dos empresários com os seus empregados da empresa com o meio ambiente etc A alçada desse poder de legislar é em todos os âmbitos federal estadual e municipal Quando se pensa no Brasil sabemos a quantidade expressiva de leis tributárias trabalhistas e ambientais criadas a cada ano e como elas interferem na vida das empresas A discordância com uma lei não pode existir e a mesma existe para ser cumprida O Estado possui a legitimidade para isso sendo que a 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de decretos federais Isso dá 6865 leis por ano significando a criação diária de 18 leis desde 2000 FERREIRA 2016 A carga tributária é um bom exemplo de intervenção do Estado sobre a vida das empresas Ele é formado por um conjunto de organizações relativas aos três poderes e requer recursos financeiros para pagar as despesas correntes Além disso o governo poder Executivo é res ponsável por uma série de outras atividades de fundamental importân 9 cia para a sociedade criar e manter hospitais públicos criar e manter escolas públicas nos três níveis de ensino fazer pontes e estradas etc O Estado é responsável também por uma série de programas sociais que implicam outras despesas mas é importante que seus gastos se jam diretamente proporcionais ao seu tamanho Em outra área a ex cessiva carga tributária é um fator que prejudica o bom funcionamento das empresas pois eleva o preço dos produtos e serviços e tende a provocar uma redução na demanda Outra forma de intervenção do Estado na vida das empresas são as políticas governamentais adotadas por uma série de medidas re lativas às áreas de atuação mais importantes Subsídios de governo a empresas também funcionam como política de governo quando se visa desenvolver determinada região do país Sem sombra de dúvidas a política de governo que mais afeta a vida das empresas é a política econômica que permite por exemplo elevar ou diminuir a taxa de juros ou o câmbio Quadro 1 O poder do Estado sobre a empresa Forma de Intervenção Descrição Poder Normativo A produção de leis e a punição a infrações Carga Tributária Manter poderes em funcionamento requer recursos financeiros para pagar as despesas correntes Políticas de Governo Adoção de uma série de medidas em diversas áreas por exemplo programas sociais para a cultura para a educação para a saúde para a habitação para a segurança para o meio ambiente para a infraestrutura De todas as políticas conduzidas pelo governo a que mais afeta a vida das empresas é a política econômica O governo pode lançar mão de diferentes recursos como a taxa de juros e a taxa de câmbio No Brasil a elevação da taxa de juros tem sido utilizada para reduzir a inflação Adaptado de Ferreira 2016 10 4 O PODER E O ÂMBITO ORGANIZACIONAL 41 O que significa poder Na perspectiva das Ciências Sociais poder representa uma relação social que envolve atores concretos que ocupam ou posições de au toridade ou de subordinação Como salienta Chiavenato 2014 para Max Weber a ideia de poder implica potencial para exercer influên cia sobre as outras pessoas Nesse sentido o poder se relaciona com a possibilidade de influência de arbítrio por parte da pessoa sobre a conduta das outras De acordo com essa teoria um indivíduo só tem poder quando dis põe de recursos Segundo Ferreira 2016 esses recursos podem ser de dois tipos recursos de coerção que basicamente implicam em algum tipo de sanção e recursos de recompensa que moldam com portamentos É a posse desses recursos que viabiliza o que Weber compreende como obediência combinada a uma relação social de po der cuja base destaca é a desigualdade em que uma parte dispõe de mais recursos de poder do que outra tanto no que diz respeito às sanções quanto às recompensas 42 Conceito de dominação Weber utiliza a palavra dominação para se referir a uma relação de poder que só existe em uma relação social e em um determinado con texto Seria o caso por exemplo de um gerente que não tem poder sobre funcionários de outros departamentos e nem pode dar ordens para seus funcionários fora do contexto de trabalho Como aponta Chiavenato 2014 a dominação é uma relação de poder na qual a pessoa que impõe seu arbítrio sobre as demais dominador acredita ter o direito de exercer o poder e os dominados consideram como sua obrigação obedecer a suas ordens 43 Conceito de legitimidade Outro ponto importante para salientar é que nenhuma ordem social se mantém baseada apenas na coerção pois o medo não é uma base sólida porque gera resistência e oposição Daí surge a questão da legitimidade que é reconhecida por Weber como aquela que propicia a estabilidade na relação de poder O conceito de legitimidade diz res peito ao que é justo e certo na ciência política Segundo Max Weber a legitimidade do Estado moderno é de base ra cionallegal Ou seja não obedecemos ao governante mas à lei O go vernante tem o direito de mandar porque foi eleito e o cargo que ocupa tem os seus atributos legalmente constituídos Para Weber a base da 11 legitimidade do poder do Estado é a mesma da legitimidade do poder do gerente pois em ambos a base da legitimidade é racionallegal No caso de uma empresa o que chamamos de lei são os regimentos internos e as normas que regem a vida da empresa O gerente tem um poder que não é de fato seu mas do cargo que ocupa dentro dos limites estabelecidos pela empresa e consequente mente espera ser obedecido Os funcionários têm conhecimento disso e sabem também que ao obedecer a uma ordem estão obedecendo a uma regra que determina que dentro dos limites aceitos o funcionário deve obedecer ao seu superior hierárquico FERREIRA 2016 44 Conceito de autoridade Quando Weber fala do poder puro ele utiliza o conceito de dominação quando fala do poder legitimamente aceito ele usa a expressão auto ridade Em outras palavras o conceito de autoridade foi criado porque a estabilidade da ordem social não pode ser explicada adequadamen te apenas em termos de coerção 45 Conceito de dominação legítima Weber utiliza o conceito de dominação legítima para caracterizar al gumas situações nas quais os que obedecem veem nos que mandam o direito de mandar Quando isso acontece há estabilidade de poder Weber cita três situações de dominação legítima a dominação tradi cional a carismática e a racionallegal A autoridade tradicional diz respeito à instituição família o pai nas sociedades paternais e a mãe nas sociedades matriarcais na ins tituição religiosa o padre bispo ou papa na instituição política o presidente do partido etc A autoridade carismática decorre das qua lidades intrínsecas das pessoas John Kennedy e Martin Luther King por exemplo são considerados lideranças baseadas na autoridade ca rismática e por fim a autoridade racional legal ou burocrática é a baseada em meritocracia com traços impessoais técnicos e racionais A autoridade racionallegal é aquela que Weber diz ser o tipo predomi nante no Estado e nas empresas onde não se obedece a uma pessoa mas a um conjunto de regras ou leis de atuação Em uma empresa por exemplo quando os funcionários de um setor obedecem às ordens do seu diretor eles o fazem porque sabem que está dentro da alçada de poder do diretor dar aquele tipo de ordem Este poder é visto como le gítimo porque é aceito e por funcionar de acordo com as expectativas FERREIRA 2016 12 5 GESTÃO CENTRALIZADA X GESTÃO PARTICIPATIVA Normalmente quando falamos de formas de exercício de poder nas empresas costumase citar autores que trabalham com diferentes for mas de participação dos funcionários sobre a gestão da empresa O pensamento gerencial diferentemente da Ciência Social não utiliza tanto conceitos mais associados à política não menciona por exem plo gestão democrática ou autoritária Baseiase então em conceitos como gestão centralizada ou gestão participativa Em livros de administração mais recentes a gestão centralizada pas sou a ser criticada em favor do modelo de gestão participativa Para entender o porquê disso precisamos reler a história das primeiras grandes empresas do século XIX Nessa época as empresas tinham uma gestão centralizada quando o dono ou os gerentes mandavam e todos deviam obedecer sem contestação É por isso que a maior participação nas decisões da empresa por parte dos trabalhadores não é algo recente Surgiu em fábricas na Europa na segunda metade do século XIX com a atuação de líderes como PierreJoseph Proudhon 18091865 por exemplo Uma das reivindicações da época que em uma fábrica os gerentes deveriam ser eleitos pelos operários é a origem do que no futuro passou a se conceber como gestão parti cipativa Em 1897 Sidney e Beatrice Webb publicaram o livro Industrial De mocracy no qual defendiam o fortalecimento dos sindicatos como instrumento para se contrapor ao poder patronal Ainda que ao longo do século XX muitas mudanças políticas sociais e nos setores pro dutivos tenham ocorrido alguns valores e concepções já presentes nessa obra mantiveramse no âmbito das possibilidades de uma ges tão participativa Como aponta Ferreira 2016 dois fatores explicam a persistência e o fortalecimento desse ideal I A atuação política dos sindicatos Predomina nos sindicatos a crença de que a gestão centralizada au menta a alienação do trabalhador e de que a democracia industrial seria uma forma de resistir além de reduzir essa alienação A atuação dos sindicatos nesse sentido pode se dar de duas maneiras Por meio de ações políticas que visem alterar algum aspecto da legislação Um exemplo disso teria se dado na legislação alemã que estabelece que em qualquer empresa com mais de 13 mil empregados diretores serão escolhidos por um conselho composto metade pelos acionistas metade pelos funcionários A ação direta sobre as empresas para que elas criem órgãos eou mecanismos internos que viabilizem a participação dos empregados II Vem das próprias empresas e do pensamento gerencial Temos consciência que um trabalhador motivado produz mais e o fator que mais motiva os trabalhadores é o sentimento de participação ou seja de que ele é valorizado pela empresa em que atua Um exemplo bastante comum dessa concepção é o que se vê no chamado Toyo tismo em que a empresa ao criar mecanismos para os empregados participarem no processo de produção passam a ter conhecimentos sobre todo o processo de trabalho Um dos pilares desse modelo é o grupo de trabalho que consiste em fazer com que todos os trabalha dores que formam um grupo responsável por uma tarefa na produção se envolvam igualmente indicando soluções que podem tanto reduzir custos quanto aumentar a rapidez na execução de tarefas 14 6 COOPERATIVAS Outra forma de autogestão é o das cooperativas Formada por uma cooperativa de trabalhadores são menos comuns do que a de produ tores e de consumidores no entanto o seu número tem crescido em bora mais lentamente do que a de outros tipos A gestão democrática é um dos princípios que todas as cooperativas procuram seguir signi ficando que nenhum membro pode ter mais poder sobre as decisões gerais a respeito dos rumos da cooperativa seguindo o princípio de um homem um voto FERREIRA 2016 15 7 LIDERANÇA 71 Chefe x líder A quase totalidade dos livros sobre liderança no campo da administra ção exalta a figura do líder em contraposição à figura do chefe Apesar do chefe e o líder conseguirem alterar o comportamento de outros pelo fato de que ambos têm a seu lado o acatamento de seus funcio nários há uma diferença fundamental entre eles A figura do chefe tem encarnado o passado da administração representando uma atuação que se utiliza em grande parte de recursos tradicionais tais como a balança de recompensas e sanções Diferentemente o líder com todas as virtudes que lhes são atribuídas seria o único capaz de con duzir as empresas nesses novos tempos sendo capaz de alterar o comportamento da equipe através da persuasão e do diálogo orien tando as pessoas e levandoas antes de tudo a acreditarem no que de fato é o melhor a ser feito 72 O carisma dos líderes Etimologicamente o termo carisma tem origem no grego khárisma que significa graça ou favor Dáse o nome de carisma a uma fa culdade excepcional de uma pessoa que a diferencia das demais O carisma decorre de certas características pessoais marcantes e de um certo magnetismo pessoal que sejam capazes de uma grande influên cia Diante disso podese dizer que o chefe usa o poder enquanto o líder usa a influência As pessoas não estão obrigadas a seguir o líder elas o seguem porque o veem como objeto de admiração e porque além de permanecer no discurso ele também age claramente de modo co erente sem tergiversações Um verdadeiro líder alia a teoria à prática de modo claro em sua atuação e é por isso que é capaz de mediar conflitos e de aglutinar em torno de si pessoas que pensam diferente Seu carisma é importante porque é uma ferramenta que fortalece ain da mais sua atuação 73 A liderança deve ser ensinada O pensamento gerencial defende que os gestores devem deixar de ser chefes e renunciar aos seus cargos para se tornarem líderes Por esse raciocínio entendese que os líderes nada mais são do que che 16 fes que adotam determinadas atitudes na sua relação com os seus subordinados Por isso a liderança pode ser ensinada e uma vez que o chefe adote essas atitudes ele se tornaria um líder disposto a ouvir e a aceitar incorporando pontos de vistas diferentes do seu para criar um consenso Por isso o que se defende mais que uma figura caris mática é uma atitude de diálogo e de negociação 17 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao término deste material o aluno terá sido apresentado à discussão em torno do peso que o poder e a política têm sobre e dentro das or ganizações Sob a luz dessa diretriz pôdese entrar em contato com importantes aspectos de atuação do poder do Estado sobre as em presas suas formas de intervenção bem como o poder dentro das empresas os conceitos de autonomia e liderança capazes de permitir que o administrador esteja capacitado a avaliar e a refletir sobre a dimensão política inerente à vida de qualquer empresa Pôdese ain da apresentar brevemente a ideia de liberalismo econômico de Adam Smith um contraponto às ideias de Karl Marx apresentadas em ma teriais anteriores INDICAÇÕES DE LEITURA OBRIGATÓRIA CERQUEIRA H Adam Smith e o Surgimento do Discurso Econômico Revista de Economia Política vol 24 nº 3 95 julset 2004 ANGARITA A SICA L P DONAGGIO A Estado e empresa uma relação imbricada Coleção Acadêmica Livre 1ª ed São Paulo FGV pp 1431 2013 VIEIRA P Resenha Adam Smith em Pequim origens e fundamentos do século XXI de Giovanni Arrigai Textos de Economia Florianópolis 11 1 p129134 2008 18 INDICAÇÃO DE LEITURA COMPLEMENTAR GANEM A O mercado como ordem social em Adam Smith Walras e Hayek Economia e Sociedade Campinas Vol 21 n1 pp 143164 abr 2012 INDICAÇÃO DE VIDEO O Encontro do Século Brasil videoaula EJA O vídeo apresenta um curioso encontro entre os pensadores Adam Smith e Karl Marx em um debate sobre suas principais ideias Discurso de Martin Luther King Discurso de 28 de agosto de 1963 durante a Marcha de Washington em defesa dos direitos dos negros norte americanos TEDxOrangeCoast The 7 secrets of the greatest speakers in history 19 FIPECAFI Todos os direitos reservados A FIPECAFI assegura a proteção das informações contidas nesse material pelas leis e normas que regulamentam os direitos autorais marcas registradas e patentes Todos os textos imagens sons vídeos eou aplicativos exibidos nesse volume são protegidos pelos direitos autorais não sendo permitidas modificações reproduções transmissões cópias distribuições ou 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