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razões da crítica\nLUIZ CAMILLO OSÓRIO\narte+\nJORGE ZAHAR EDITOR Waltercio Caldas\nA um passo do estado\nferro pintado e sapatose sobre tapete, 1977\n15 x 300 x 300 cm LUIZ CAMILLO OSÓRIO\nrazões da crítica\nJORGE ZAHAR EDITOR\nRIO DE JANEIRO\ncoleção arte,\ndireção: Glória Ferreira\nRazões da crítica\nLocal/global: Arte em trânsito\nMoacir dos Anjos\nO legado dos anos 60 e 70\nLígia Canongia\npróximos lançamentos\nObjeto / arte contemporânea\nFernando Cocchiarella\nA condição do artista atualmente\nRicardo Basbaum\nArte conceitual\nCristina Freire Copyright © 2005, Luiz Camillo Osorio\n\nEsta edição detalhada de 2005:\nJorge Zahar Editor Ltda.\nRua Maria 15, 2º andar\n22230-148 Rio de Janeiro, RJ\nTel.: (21) 2222-0625 / (21) 2222-5123\nE-mail: zahar@zahar.com.br\nwww.zahar.com.br\n\nTodos os direitos reservados.\nA proposta da edição é clara: Zahar\nRevista biográfica: Ana Maria Grijó e Henrique Tampólia\n\na copyright Desgin\n\nCIP-Brasil. Catalogação-na-fonte:\nSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ\n\nOsorio, Luiz Camillo, 1939-\nO229 Crítica e estética na arte / Luiz Camillo Osorio. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.\n(Arte)\n\nISBN 85-7110-897-X\n\n1. Crítica de arte. 2. Estética. 3. Título. 4. Série.\n\nCDU 701.18\nCDU 7.027.7/196\"197\" introdução\n\nEste livro pretende pôr em discussão o papel e os lugares da crítica na atualidade. É evidente o conhecimento da crítica jornalística nas últimas décadas, mas por que isto se deu? A redução de espaço é um problema exclusivo da crítica? Por que concentrar sua discussão na parede de um veículo? Que outras formas de circulação, para além dos jornais, ganhou a reflexão sobre arte? Como se transformou, nestas últimas décadas, a estética da crítica e sua maneira de dialogar com os processos de criação? Como as obras chamaram o público para o interior de seu campo de sentido, e como a crítica atuou neste processo? A presença frequente dos artistas nas universidades não seria uma aproximação da criação à crítica, e não uma afastamento? Atuando em paralelo na universidade, sinto que essa discussão não pode ser deixada de lado em nome de uma nostalgia estéril.\n\nO que mais se ouve (falado do meio das artes visuais) é \"como era boa a época de Mário Pedrosa\"! Independentemente de ser ele a maior referência nacional e ética da crítica no Brasil, ficar nesta nostalgia não ajuda em nada, e é urgente pensar sobre os desdobramentos contemporâneos. Creio que há hoje no Brasil uma discussão sobre arte bastante intensiva e autores qualificados atuando em muitos, unidades, universidades e, inclusive, na imprensa.\n\nO meio de arte é bastante democrático de ponto de vista das múltiplas possibilidades de serem dadas obras. A pluralidade é a regra. Há de um um musui. Isto é extremamente feliz e razão maior para a necessidade crítica de juízo. Por outro lado, é também um meio atravessado por hierarquias, no qual a estética crítica se desqualifica indiscutivelmente, mas limita constantemente a presença de outro, do público não-especializado. Limina muito a ideia de eternar muitas vezes romper com determinadas poéticas, ações pelo mercado e institucionalizadas. Seja no Brasil, seja no exterior, há uma retroposição aos meios e processos criativos em tanto redutores. Na fórmula para enfrentar esses vícios de crítica. É evidente, muitos desses artistas são de qualidade indiscutível. O problema é a criação de modelos poéticos que se propagam em produção e criação, e isso pode mais crítica, não menos. O papel A filosofia de Kant, por ter sido inaugural da estética moderna e da noç ão de crítica, sé r a um referencial fundamental. O próprio título deste livro é sua homenagem. Então, quero crer que a crítica segue se diversificando, assumindo-se como parte integrante (...) liberdade de manifestação e dissenso. Quando a desorientação se faz uma questão para o pensamento e a disposição para julgar afirma nosso compromisso com o mundo, abrem-se novos horizontes de sentido. A crítica é a salvaguarda da desorientação (...) A incerteza ontológica da arte contemporânea, a oscilação constante entre ser e não-ser, implicam uma outra relação entre crítica e obra, entre crítica pública, onde se pode recordar o próprio estatuto da crítica. Coisas que não necessariamente se abrem (...) sempre que decidimos escrever sobre arte. Talvez essa superação possa nos fazer pensar justamente em uma escrita que comece a se preparar criticamente, ne\nsso como um meio de representar um sentido da obra analisada, portanto de ser uma escrita sobre a obra,\npara assumir de modo mais exploratório, parti\ncipando do processo aberto de crítica e de criação e de sentido, sendo assim uma escrita contra as obras. A discussão sobre a prática crítica ganha seu desdobramento mais à frente pretende dar conta desta mudança de atitude de posicionamento da crítica, que deve se refletir no seu modo de recepção.\n\nUm outro aspecto dedicado à relacionado imediatamente crítica a falar há. Há que se descobrir esta equação para se pôr em foco uma função mais positiva, que inclua criatividade, para a crítica. Não se quer com defender uma escrita meramente apologética, nem se neutralizar a crítica mais contundente da crítica jornalística. Por sinal, o tom da escrita irá variar muito de acordo com a utilização. A rapidi\n\nzão do jornal implica uma maior rapidez de to\ndos, há espaço para grandes divagações da que se procura. Não se quer apaixonar\n\nas a crítica, retirar-lhe um posicionamento e uma parcialidade negativa. Não é esse o intuito da desconstruç\n\não, mas sim alargar os modos de sua abordagem. Já uma crítica mais ensaística, na maioria das vezes ligada à universidade, requer uma outra densidade conceptual, que muda o tom da escrita e visa, evidentemente, um público bem mais especiali\nzado e reduzido.\n\nNa verdade, a relação da crítica, especialmente a que ainda atua nos âmbitos da forma, com o público, que quer ver o \"sangue\", agora uma pole\nmica, mas também, principalmente, com a obra, é crítico, a história, enfim, com a arte. Dito de outro modo: a crítica é escrita para o público, mas serve de arte. Cabe também, eu insisto, re-\n\nse no espaço de produzido pelas obras, que, por outro caso, amplitude. O que se traz para a reflexão é que a crítica sempre atenta às transfor\nmações que por essas obras se desencadeiam, desconstruindo convenções e certas aquisições. Essa desconstrução estratégica nos abrigou constantemente por entender que, para nossa proposta, nos ajudaria a ver e pensar, tornando-nos mais abertos a experimen\n\ntação e menos rígidos diante das hesitações poéticas. Afinal, há que se pensar a crítica deslo-\n\ncando-a da posição do juiz (meio) entendido (mas não voltado) para a defesa, e assumindo, desde um texto crítico há que assumir um mínimo de autorida-\nhismo). Deve-se estar à frente do produto artístico, ou da arte, e\ntão, isto se assumiu como um tra-\n\nçado de um conjunto de \"saberes relacionais\". Assim de tudo, deve-se estar disponível frente às exi