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RESENHA\n\nResenha do livro: CARR, Nicholas. Geração superficial: o que a internet está fazendo com nossos cérebros. Rio de Janeiro: Editora Agir, 2011. 384 p.\nResenha de: Luiz Hágmon da Silva.\nBacharelando em Sistemas de Informação.\nTrabalho produzido para a disciplina Metodologia da Pesquisa Científica, com orientação da Profª. Daniella Ferraz Amaral Montalvão.\n\nO cérebro multitarefa\n\nEm sua obra de 384 páginas, que concedeu ao importante Prêmio Pulitzer em 2011, \"A geração superficial: o que a internet está fazendo com os nossos cérebros\", publicada pela editora Agir em 2011, o autor Nicholas Carr cria uma imensa polêmica em torno da chamada neuroplasticidade e dos supostos efeitos benéficos e maléficos advindos do uso e, principalmente, do uso prolongado, contínuo e rotineiro das páginas de navegação. É uma obra voltada para um público abrangente, desde whoever interessado em tecnologia até curiosos da neurologia.\n\nCarr possui certo prestígio na área por já ter outras obras em sua carreira que tratam também sobre tecnologia, especificamente, assuntos relacionados à internet por participar de congressos, conselhos e eventos voltados para a área tecnológica. Mas, mesmo assim, há um embate acerca de suas teorias: executivos de empresas de tecnologia de ponta como a Intel e Microsoft já protestaram, convictos da impossibilidade das ideias, teorias e perspectivas de futuro propostas por Nicholas Carr serem confirmadas. Porém, não se pode dizer, com precisão, com quem está a mais provável perspectiva de como os efeitos reais do trabalho da internet realmente agem sobre nossas mentes.\n\nNa obra, o autor navega por águas bem distintas, explicando desde a invenção da prensa tipográfica de Gutenberg, pensamento no lugar de horas mergulhados em pensamentos profundos para leitura de textos complexos, pois não temos mais paciência e nem capacidade para isso, segundo Carr.\n\nO autor critica o modo como nosso cérebro está trabalhando após horas navegando na Web, porém ressalta que essas modificações podem não ser totalmente onerosas, uma vez que estamos reduzindo nossa capacidade de nos centrarmos profundamente em algo por um tempo mais prolongado. Segundo ele, nossa capacidade de realizar vários processos ao mesmo tempo também aumenta e nos tornamos uma ferramenta de trabalho capaz de processar mais de uma informação simultaneamente, o que seria proveitoso em situações como dirigir um automóvel, uma tarefa que necessita dispenser atenção em várias partes, como o controle dos pedais, visualização de semáforos e placas, outros automóveis e o trânsito em geral, a chamada atenção difusa.\n\nContudo, Carr parece estar certo quando diz que se tornará cada vez mais difícil nos concentrarmos em uma atividade específica. Com o boom da informação, somos bombardeados por todos os lados com corretes de informação, seduzidos a continuar acessando páginas e mais páginas da rede, deixando para trás nosso foco inicial. Logo no primeiro capítulo de sua obra, Carr faz uma breve narrativa do que está acontecendo com nossos cérebros:\n\nNão é apenas que tantos dos meus hábitos e rotinas estão mudando porque me tornei mais acostumado com, e dependente dos, sites e serviços da net. O próprio modo como o meu cérebro funciona parecia estar mudando. Foi então que comecei a me preocupar com a minha incapacidade de prestar atenção a uma coisa só por mais do que uns poucos minutos. Primeiramente tinha imaginado que o problema era um sintoma de deterioração mental da meia-idade. Mas o meu cérebro, percebi, não estava apenas se distraindo. Estava faminto. Estava exigindo ser alimentado do modo como a net o alimenta – e, quanto mais era alimentado, mais fã se tornava. Mesmo quando eu estava longe do meu computador, ansiava por checar os meus e-mails, clicar em links, fazer uma busca no Google (CARR, 2011, p. 31).\n\nTudo então parece se tratar de uma questão de tempo até que nós percamos nossa capacidade mental, uma vez que a tendência é ficarmos mais conectados ao avanço tecnológico. Será, então, que chegaremos à época em que realmente não se lerá mais livros? Por mais que a tecnologia avance, a resposta desta questão só dependerá de nós mesmos, se não nos for mais necessário ou mesmo prazeroso manter nossos velhos livros impressos, nossos velhos hábitos que permitem a leitura profunda e centrada, se nos entregarmos às facilidades e agrados da internet, então, realmente, estaremos nos entregando às consequências descritas por Carr. As modificações que a tecnologia produzirá em nossos modos de pensar e concretizar aqueles que optarem por isso. Será uma opção de cada um o modo como seus cérebros trabalharão.\n\nA elaboração da presente resenha deu-se com alguns desafios como pesquisar grande parte dos diversos assuntos citados pelo autor para compor descrições e considerações pertinentes ao vasto campo temático por ele explorado. Exigiu, também, uma ampliação de horizontes no que diz respeito à tecnologia e todos os aspectos que ela abrange, todas as consequências e pormenores que compõem o mundo tecnológico e suas admiráveis aplicações cotidianas.\n\nA leitura da obra é indicada, então, para vários públicos: historiadores da escrita, cientistas, profissionais da área de tecnologia, estudantes, profissionais da saúde, psicólogos e filósofos, entre outros. Esta obra proporciona uma agradável leitura para, praticamente, todos os tipos de público. Tanto os leitores iniciantes como os leitores mais experientes, certamente, terão sua criticidade amplamente estimulada pela leitura dessas páginas.